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Full text of "Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo"

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| 1068954 
































a a 


ua. 


REVISTA : 


dos Historic & Gengraphic 


SÃO PAULO 





Indice do Volume VIII 


Uma data historica—pelo er. João Lourenço Rodrigues . 
Dr. Americo Bruziliense— Biograpbia—pelo dr. Carlos 
Vilalva . hi 
Contribuição para a Historia da Capitania de S. Paulo 
Governo de Rodrigo Cesar de Menezes — pelo dr. 





Washington Luiz +... en 

O apostolo 8. Thomé na America-por monsenhor C. Pas- 
salequa . cc Ria Erg 

Da evolução historica do vocabulario geographico no Bra- 
zil-—pelo dr, Theodoro Sampaio. . ...... 

Os Guayanás da Capitania de S. Vicente-—pelo dr. Theodoro 
Sampaio... Ros 

Homens é aspectos--Coronel Jonquim Quirino dos Santos 
— pelo dr. Julio Mesquita... 


Proclamação da Republica em S. Paulo-Do 15 a 18 de 
Novembro de 1889-—polo dr. Joto Moraes. . .. 

A ultima sessão do Conselho de Estado—Subsidio para a 
Historia Patria—pelo dr. João Moraes. . ... 

Historia de Iguape—pelo sr. Ernesto Guilherme Young. 

As abelhas socises do Brazil é suas denominações ee 
—polo dr. H. Von Ihering. +... 

Relação do alguns documentos existentes no Archivo da 
Camara Municipal do S. Pnulo, os quaes servem de 
subsidio para a historia de S. Paulo (1638-1683) — 
pelo sr. Francisco 1. X. de Assis Moura. . . 

As Bandeiras paulistas (de 1601 a 1604-pel dr. Orvillo 
A DERDgS do Said pec Vas RS de 8 TE SEA, 


PAGS. 
à 


222 


399 


Vá 


E == 


A Questão do Acre—pelo dr. João Conlho Gomes Ribeiro. 

A batalha de Ituzaingo (20 de Fevereiro 1827)—pelo dr. 
J. C. Gomes Ribeiro, +... a 

A origem dos Sambaquis—pelo dr. H. Von Theriag 

Os Sambnquis—pelo dr. Alberto Lófgren.. 

Doação da Capella da Graça feito por José Adorno e sun 
mulher Catharina Monteiro em 1589-—copia, pelo dr, 
Manoel Guimarmes. 

O lando de Roma—Conferencia da: de Orvilla Derbpl. 

O laudo de Roma—Resposta no professor O, Derby por A. 

O Jaudo da Guyana —pelo dr. J, C. Gomes Ribeiro . 

O lando de Roma—Resposta ao ar, A. da Gazeta de No- 
ticiar—pelo dr. Orvilla A. Derby . 0. 

Discurso oficial pronunciado nn sessho magna do 9.º am 
versario do Instituto pelo orador dr. Theodoro Sampaio. 





Relatorio da Directoria. . 2... 

Eango is easalia a! doapeas (da aii ida BOSS polo ia 
sonreiro dr. Carlos Reis... cc. 

Quadros dos socios neenitos em 1903... .... 


Relação geral dos membros do Instituto Historico e Geo- 
graphico de S. Panlo. 
Relação dos socios que, durante o anno “de 190: 
tam a joia da admissho. 
Relação dos socios cujas Sad Sano a aid 
do 1903... .. Es REA CR, 
Actas das sessões esa am 1908, . caras 
Lista dus ofertas durante v anno de 1908. . 0. 
Nota relativa à escriptara de doação da enpella da Graça 
ERA sperm mm nado É ojue ss 








PAG. 
42 


as 
446 
458 





Uma data historica 





MEMORIA APRESENTADA AO INSTITUTO HISTORICO K GROGRAPHICO 
DI SÃO PAULO 


7 e já muito debatida, mas ainda não satisfactoriamento 
é a da verdadeira data do descobrimento do Brazil. 
Sabe-se que em 1823, ES so tentava de inaugura 
nossa primeira Constituinte, José Bonifacio propôz em conselho 
que a abortura se ronlizasse a 3 de Maio, em honra co descobri- 
mento do Brasil, 
Assim se foz e assim se continuou a fuzer tacitamente 
emquanto durou a monarchia; mas proclamada a republica, o 
Governo Provisorio decretou que a festividade de 3 do Maio 
tivesse motivo explicito a descoberta de Cabral, 
PAU, va! Oonmiinigão: da Répuliios estabalêco. quai 
abertura do congresso sa do sempre a 3 de Maio, consa; 
sesim o uso adoptado no regimen monarchico, o que equivale a 
a meia dos motivos invocados pelo patriarcha 
da independencia. 


E ainda mais, si levamos em consideração certas informações 
fornecidas por chronistas da antiga metropole, reconhoceremos 
que o costume de celebrar a 3 de Maio o descobrimento do Brazil 
remonta nos primeiros tempos da colonização, tendo, pois, uma 
origem muito anterior no estabelecimento da monarchia, 

Co 1, pois, reconhecer nisto a existencia de uma tradição 
cont «que, vindo do periodo colonial ao imperio e do impe- 
vão á republica, foi finalmente consagrada em lei, no dom; esta, 

nem poderá ignorar hoje que essa tradição está em 
desharmonia com 4 historia eseripta ? 

o Ata no estudante da historia patria em que dia 
chegou Cabral ás nossas plagas, o, por mais imberbe que elle 
seji mos necnsar nbertamente a tradi de haver per- 
um grosseiro anachronismo. De facto, n historia con- 

pela vor dos seus orgams mais autorizados, assegura 
armada de Cabral, sabindo do Tejo a 8 de Março de 1500, 

ds Indias, houve vista das Terras do Brazil n 22 do 


















contemporanea, dizemos nós, e dizemol-o proposi- 










talmente, por isso que ató o princípio deste soculo a tradição e 
a historia onizaram-so perfeitamento neste ponto, usseve- 
zando ambas o mesmo facto, a saber :—que o Brazil foi descoberto 
a 8 de Maio de 1500. Até então esta data tinha por si todos 
os suffragios. 

Zerra de Vera Cruz, fora o primitivo nome do Brazil, e 
essa denominação não podia deixar de suggerir a idén de 
uma coincidencia entre n chegada dos portuguezes o n festivi- 
dade ceclesinstica da invonção da Santa Cruz. 

vulgo devia ligar forçosamente esses dois factos isolados, 
concluindo dahi que, si o Brazil se chamou a principio Terra 
de Santa Cruz, é que o seu descobrimento se deu no dia de 
Santa Cruz, isto 6, à 3 do Maio, 

Não era costumo dos portuguezes, em suas expedições, ba- 
ptisar o» logares descobertos com os nomes das santas que lhes 
marenva a calenda ? 

Importa reconhosermos agora que o primitivo nom de nosso 
paiz não se liga a uma razão chronologica, mas sim 4 uma razão 
astronamica, 

Numa obra recentamento publicada em Portugal, sobre o 
descobrimento do Brazil, diz o ilustrado escriptor Alberto Pi- 
mentel: «Si o aspecto da terra era para elles um livro fechado, 
cujos segredos desejavam conhecer, o aspecto do céu não os dovia 
impressionar menos, nessa primeira noite de Brazil, pela profusão 
dos sous astros pelo brilho das suas constellações entro as quaos 
avultava aos olhos dos portuguezes o Cruzeiro do Sul, figuração 
luminosa do lenho sagrado onde expirára o Deus que elles ado- 
ravam e que, por uma suggestão maravilhosa, parecia tel-os attra- 
hido alli. 

«Brilhante constelação do céu dos tropicos, grupo deslum- 
brante de estrellas fulgidas: que parece perpetumr no firmamento 
a divina tradição do Calvnrio: 








Foi gente nossa a primoita 
Que to viu na osphora austral : 
Ólhos foram portuguezos, 

E maves de Portngals. 


Pelo que ahi fica, é lícito conjocturar que o Cruzeiro so 
apresontasso aos olhos dos pilotos portuguczes como a mais 
propria, entre as constelações visinhas do polo do sul, para 
caracterizar a situnção astronomica do paiz descoberto: dahi a 
denominação de terra da Vera Cruz, que lhe deu o descobridor, 

Esta bypotheso afigura-so-nos muito mais plansivel do que 












o valor deste argumento, não foi 

in acima assigualada, entre a tra 

vorsi ppareceu 

Fr El-Rei D. Manoel, de Portugual, por Pedro Vaz 
inha, escrivão da armada de Cabral. 


por bo até 
que, em 1817, por ara fe ar is rarenda di pe is 
traças, vir estabelecer a verdado historica, que a tradição 
avia jaltecado. 


Extrahimos della os seguintes topicos, que mais interesse 
oferecem: a elucidação do nosso assumpto. 
«E homi ingo, 20 do dito mz fhiareo), ás 10 horas pouco 
mais on menos, howvemos vista das ilhas de Cabo Verde, ber 
da ilha de S. Nicolau, seguudo o dito de Pedro Escobar, piloto, 
e à noite seguinte, à segunda feira, lhe amanheceu, se perdeu 
da frota Vasco de Athnide, com a sun núv, sem nhi haver tempo 
forte nem contrario para poder sor, 
«Fex o Capitão suas diligências para o achar cm uma é 
ontras partes, e não npparecen mais, o assim seguimos nosso ca- 
minho por este mar de longo, até terça-feira, oitava de Paschon, 
que foram 2! de Abril, que topúmos alguns signnes de torra, 
sendo da dita ilha, segundo pilotos disseram, obra do seis cen- 
tas e sessenta ou oitenta Jeguas, as quaes eram muita quanti- 
dado de hervas compridas, a que os mareantos chamam botelho, 
e assim outras a que chamam rabo de asno; o à quarta-feira se- 
guinte, pela manhã, topâmos aves, à que chamam fura-briuchas, 
e neste dia, 4 horas de vespera, houvemos vista de terra, a sa- 
Der: primeiramente do um grande morro muito alto, redondo, e 
do outras serras mais baixas, ao sul delle, o do terra chh com 
E arvoredos, no qual monte alto o capitão poz o nome o 
fonte Pashoal, e à terra o de Vera Cruz. Mandou lençar o pros 
mo; acharam vinto 6 cinco braças, é ao sol posto, obra de 6 Je- 
guas da terra, surgimos ancoras em dezenovo braços, ancora— 
gem limpa. E 
Ali ficamos toda aquela noite», 
- | Como so vê pelos trechos transcriptos, a armada de Cabral 
“avistou, isto é, descobriu o Brazil, no dia 22 de Abril, No dia 
into deu-se o desembarque de uma parte da tripolação, a 
qual subiu a explorar o litoral. Os portuguezes demoraram-se 

































em Porto Seguro até 2 de Mnio, dia em que levantaram anco- 
ras, para continuar sua derrota com destino ás Ink 

Darci da carta de Vas Caminha, cujo valor, como fonte 
bistorica, é realmente inestimavel, ruiu por terra a chronologia 
da tradição, e o 22 de Abril, sem respeitar direitos ris 
reconquistou as glorias que o 3 de Maio lhe havia usurpado 
por mais de tres seculos, 

Confrontando as duas datas, verifica-se haver entre ellas 
uma diferença de 11 dias. 

Os nossos bistorindores, tempos depois do aparecimento da 
carta de Vaz Caminha, puxcramse a investigar as cansas que 
podiam ter dado logar no anachronismo, 

O erro em patente, mas algum motivo devia haver a jus- 
tifical-o, 

Em uma memoria lida poranto o Instituto Historico do Bra- 
«il, o marechal Beaurepaire Rohan sustentou que a origem do 
erro estava na reforma do calendario, levada a effeito em 1582 
pelo Papa Gregorio XIII. 

O calendario juliano, instituido por Julio Cesar no começo 
da era christã, em virtude de um erro do alguns minutos no 
caleulo do anno tropico, npresentava já um atrazo de 10 dins 
na epocha do duscobrimento do Brazil. 

Assim quando o calendario marcava 1.º do Janeiro, já era om 
realidade 11 de Janeiro, havendo identica diflerença em todas as 
datas do anno. 

Esse atrazo trazia como consequencia uma antecipação em to- 
do o eyelo das festas moveis da Egreja, dando margem a continuas 
confusões 

O Papa Gregorio XIII, usando das suas prerogativas de chefe 
da Egreja, resolveu por isso reformar o calendario e, como primeiro 

para essa reforma, ordenou que o dia seguinte a 4 de Outubro 
le 1582 fosso considerado, não como 5, mas como 15 de Outubro, 

Essa suppressão de 10 dins, devia ter por efeito restabelecer 
as festas movais do anno em suas epochas precisas. Posto isto, veja- 
mos si é possivel explicar pela reforma gregoriana o anachronismo 
acima apontado, 

Notemos de passagem que o costume de celebrar a à de Maio o 
descobrimento de Cabral já existia no Brazil antes de ser levada a 
effeito a refurma do calendario juliano, 

(P, Raphael Galanti, Lições de Historia do Brazil). 

Demos, porém, de barato que a carta de Caminha fosse conho- 
eidn já naquella epocha: qe o annivorsario até 1582, se tivessa 
celebrado sempre a 22 de Ábril, e ouo a mudança fosse detormina- 
da depois, pela intenção de corrigir o erro do antigo estylo. 








pos 


Como efiectuar essa correcção ? 
Seria preciso, evidentemente, que a partir de 2 de Abril 
vespera do sao) se fizesse o mesmo salto de 10 dias, ore 
lo pelo Pa; 





O dia seguinte, que devia sor 22 de Abril, passaria a sor 2 do 
Maio. Notemos bem —? de Maio o não 3, como geralmente afirmam 
os compendios. Para passar de 21 de Abrila 3 de Maio, seria pre- 
eiso enpprimir um dia mais, portanto LI dias. 

Vê-se pois, que o recurso lembrado pelo marechal B. Rohan, 
para harmonizar a tradição com a historia, é falho, inutil, não de- 
aii: como tal ser acceito a titulo de solução definitiva do pros 

lema. 

Varnhngem, perfilhando a opiniho do marechal B. Roban, pa- 
reco todavia ter reconhecido o Indo yulneravel dessa explicação, 
Assim é que, procurando illudir a dificuldade, opina elle que, cor 
mo verdadeiro dia do descobrimento, se deve considerar o dia 23 
de Abril, por isso que, segundo a carta de Vaz Caminha, só a 23 se 
ellectuou o desembarque dos portuguezes em terras do Brazil, 

Por essa reforma consegue-se sffectivamente conciliar as cousas, 

Com maia um pouco de boa vontade, chegariamos com o 22 de 
Abril a 4 do Maio, O então torinmos que a Paschoa, no anno de 
1500, so deu a primeiro do Maio, o que seria verdadeiramente um 
facto fin de siécle. 

É lícito, pois, pôr em duvida a validade das explicações de B. 
Roban e Varnhngem, reconhecendo muito embora a grande sucto- 
ridade desses dois escriptores, 

De facto, só por um capricho inexplicavel se poderia ter dado 
ema pretendida rectificação, quando outras datas egualmente nota- 
veis da nossa historia não sofireram alteração alguma e permane- 
com onde astavam antes da reforma. 

Para sermos consequentes, seria mister mudar à data da des- 
coberta da America para 23 de Ontubro, a da fundação de S. Panlo 

ra 5 de Fevereiro, o assim todas ns demais datas anteriores á re- 
ma secgorinna. 

Mas isso leyarmos-ia a uma verdadeira Babel, dir-me-ho prova- 
velmente os purtidarios da explicação supra citada. 

De pleno accordo, mas então cumpre renunciar-mos tambem á 
bypothese de rectificação quanto á data do descobrimento do Bra- 
ob pena de cabirmos numa verdadeira incongruencia. 

Fica assim secentuado o seguinte facto: si desde o princi- 

io da colonização se commemorava no dia 3 de Maio o desco- 

Esonto do Brazil, trata-so de um costume anterior á reforma, 
e q intervenção desta não tem razão de ser. 

Com efeito, a explicação de um uso por um facto posterior 

















À introdueção do mesmo uso, por mais engenhosa que seja, sorá 


sempro um absurdo, 

it sutisfactoria que essa epileinão é a bypothese 
formulada pelo P. Raphael Galanti, professor do colegio de Yti, 
em suas Lições de Historia do Brazil. 

A 3 do Maio, afirma elle, não se commemora o descobri- 
mento do Brazil, mas sim o [neto da posse, que delle tomou Ca- 
hral em nome da coroa de Portugal. Os colonos preferiram ao 
dia do descobrimento o din da posse, que, na opinião delles, so 
realizou a 3 Maio, 

Essa opinião (dos colonos) baseava-se no sentir commum 
de diversos chronistas do reino (Damião de Góes, João de Bar- 
ros, Castunheda, ete,) 08 quaes não tendo conhecimento da car- 
ta do Vaz Caminha (descoberta om 1817) afirmavam que Ca- 
bral avistou a terra da Vera Cruz a 24 do Abril 6 tomou posse 
della a 3 de Maio de 1500, 

Esta é, em nossa opinião, a unica hypothose aecoitavel na 
actualidade: cabe agora nos competentes decidir si ella encerra 
a verdadeira doutrina com relação á origem desse antigo ana- 
ehronismo, que deve desapparecer quanto antes, para credito da 
nossa chronologin. 

Resumamos as nossas conclusões, 

Em toda esta conteoversin verifica-se a existencia de dois erros, 

1.º um erro. dos chronistas, que sem buscar suas conelus 
em boas fontes historicas pasearam para 24 de Abril um frcto 
occorrido a 22 o descobrimento, passando consoquentomento para 
3 de Maio outro facto occorrido a 1º de Maio — a posse, 

2 um erro do vnlgo, confundindo a comemoração da pas- 
se, com a do descobrimento do Brazil. 

Devemos ponderar, pois, que, si ba uma correcção que so 
imponha logicamente, essa deve consistir em mudar a festivida- 
de de 3 de Maio para o dia 1.º do mesmo mez. 

Isto não significa, porém, que nos declaremos partidarios 
do abiquas innovação nesse sentido, 

José Bonifacio em 1828 já devia conhecer à carta do Vaz 
Caminha, a qual fora publicada em 1817, como dissemos no co- 
meço desto trabalho. 

—Que motivo o levou a dar preferencia ao 3 de Maio? 

—A tradição, sem duvida. 

A continuidade tradicional exige, com efeito, que a fosti- 
vidade permaneça onde atá hoje tem estado; e, como diz um 
opuseulo, editado ha algas annos pela casa Luemmert, desde 
que, já agora se trata de uma lei, só nos cumpre acatal-a. 











João Lovunsço Ropriaues. 





DR. AMERICO BRAZILIENSE 



































” 
Dr. Americo Braziliense 


Mro cano MinaxDa ÁzevaDO. 


Pediu-me, para a Revista do Tustituto Historico, a biogra- 
phia do nosso inolvidando Americo, que sabia ter eu escripto e 
publicado na roça, por ocensião do seu passamento. 

ão pondo negar-lh'a, pois bem sabo como lhe sou obediente ; 
mas, declarei quo desejava retocar o escripto, que fóra feito em con- 
dições especines, como nelle proprio confessei. Que sim, disse-me, 

Pois bem! Volto atraz, o entrego a minha noticia, tal qual 
a publiquei em Março de 96, Eis porque: 

u penso que vasei naquelle despretencioso trabalho inspi- 
zado por erneiante saudade — todo o men devotamento pelo nosso 
infeliz amigo; agora, pareceme que não seria berma Jeal modificar 
do qualquer modo aquillo que então cu disse; mesmo na fórma 
não Jo quero tocar, pois assim poderia, talvez, infortanadamente, 
— desnaturar os conceitos que expendi. Demais, este modesto 
trabalho foi meu titulo de admissão como socio effectivo do Ine- 
tituto Historico: não tenho o direito de alternl-o. 

Keléve-me, pois; e si julgar que esse escripto assim desata- 
viado merece ter muior vóga, e que isso traduziri mais uma pe- 
paia homenagem no grande patriota, vá que o admita entre as 

paginas da Revista, 

Para isso envio-lhe os numeros do Botucatúense que o edi- 
torou em 1896, como vê: 


« DR, AMERICO BRAZILIENSE 


* Falleceu no Rio, victima de terrivel enfermidade, o grande 
brazileiro Dr. Americo Braziliense de Almeida Mello. 

Desde o dia 20 que, mesmo de longe, acompanhavamos com un» 
ciedade n marcha fatal da molestin: diariamente quasi, nos eram 
tranemittidas noticias do cstado do illastro enfermo, hoje extineto, 

Amigo do emerito cidadão, companheiro em suas alegrias, 
como em suas tristezas ; curtindo com elle amargos dissabores em 
épocha hem conhecida; ligado a elle pelos laços de uma amizade 
intima, do um grande respeito, do uma admiração enorme, de 
uma adoração mesmo, precisamos vencer a dôr que nos acabru- 





sa 





uba para posta diha este ultimo preito, que o dever de piodade 
por assim dizor — filinl — nos impõe; lançar aqui, currente calamo, 
e com o auxilio dy momoria, as notas mais salientes da vida do 
grande brazil ou contar ns raras virtudes q o exornavam, 
e os netos de civismo que lho encheram os 62 amnos de uma 
existencia toda dedicada à familia, no seu Estado natal, 4 patria, 
à Repubica. 











Nasceu no dia 8 de Agosto do 1833, na Cepital do S, Pnulo. 

Com 22 anos de edade estava Americo Braziliense 
formado em sciencias jurídicas e socines, deixava a Academia e 
train para a vida pratica uma inteligencia brilhante, burilada 
por estudos acurados das sciencias e lottras. 

Bua carreira academica foi toda cheia de triumphos : a es- 
tima e a especinl consideração dos mestres; O respeito e 4 gran- 
de admiração dos collegus, eram provas do quanto se distinguira 
na Faculdade o estudante Americo Brazilionso. 

Assim, trazia cá para fóra um nome feito, prestigioso. 

Indo encetar sua carreira de advogado na cidade de Soro- 
caba, onde residia seu venerando pae, Dr. Francisco Antonio de 
Almeida Mello, o novel advogado não poude resistir á vocação 
qo ha pars a politica, e, iniciando-so nella, não tardou a ser 
elevado no alto posto de chefe do partido liberal, a cuja bandei- 
ra so ncolhera desde o seio da academia. 

Notou-se então um facto curioso e foi que Americo Brazi- 
Jisnse teve de lustar politicamente contra seu pue, que era chefo 
do partido conservador da localidade . 

Moço de educação aprimorada, summamente respeitador de 
sou vonerundo pao, à quem adorava, Americo não sentiu-se cons- 
trangido em contrapôr as suas idéias politicas ás de seu proge- 
nitor, que, apezar disso, não estimou menos o filho, mas, ao con= 
trario, mostrava aprecinr-lhe a independencia. 

Eleito logo Deputado à Assembléia da então Provincia de S. 
Paulo, teve o mandato renovado nas legislaturas seguintes des- 
empenhando sempre no seio daquela corporação papel salien- 
Ussimo, quer na tribuna, onda alcançou por muitas vezes trium- 
phos notáveis, quer como director da Assembléa, do que foi pre- 
aidente por largo periodo de tempo. 

Tambem foi magistrado. Como juix municipal e de orphams 
da Faxina, soube se haver com tanta justiça e prudeneis que 
ainda hoje seu nomo é pronunciado com respeito polos po- 
vos do termo que então era extensissimo. A! braadura no tratar 
os homens rusticos elle sabia unir a energia na execução da Jei. 














Distribuia a justiça com calma e reetidão e prendia como auctos 
ridade policial — os criminosos, sem alarde nem perseguição. (1) 
Em 1860, Americo Brnsilienso defendeu iso perante a 
Congregação da Faculdade de Direito, para doutorar-se. Foi mais 
um assigunlado triumpho academico, pois deu-se o fncto exco- 
peional de sujeital-o n Congregação 1 provas rigorosissimas. 

Em 1862, casou-se o dr, Americo com a exma. sm. d. Mar 
cellina Lopes Chaves, filha do barão e da baroneza de Santa 

mea, 

Deste consorcio nasceram & filhos, —o dr, Americo Braziliense 
Filho, ilustre elinico em 8, Paulo, d, Alics Brazilionso, d. Zu- 
leika Braziliense, d. Eponina (casada com o sr. Joaquim Pa; 
conecitundo negociante em 8. Paulo) d. Ruth (casada ha um mez 
com o dr. José Mariano de Camargo Aranha, advogado em São 
Paulo), « 3 meninos. A todos elles deu o dr. Americo — esme- 
mada educação, a todos e ú digna consorte distribuia tantos 
e taes afectos e carinhos por tal modo retribuidos, que era de 
encantar 4 harmonia da fam 

Em Maio de 1864 foi à Europa 4 conselho medico, pois 
tinha a saúde alterada pelo excesso de trabalho, principalmento 
na Assembléu Legislativa, na qual fizera sempre uma figura proe- 
minente. 

Restabelocida quasi a sua precaria saúde, disse-lhe o sem 
medico em Pariz que devia elle voltar no Brazil ou passar o 
inverno no meio dia do velho continente. 

Pnssou então para a Ttalia, e em seguida percorreu os pai 
xes mais adeantados do velho mundo, em busca de novos co- 
mbecimentos, occupando o seu tempo em ler o estudar, privando 
com os sabios da velha Europa, e desse modo ilustrando ain 
mais o seu enlto espirito, revigorando as snas idêns liberaes. 

Retornando da Europa, onde permanecera 2 annos, foi, em 
1866, nomeado presidente da provincia da Parahyba do Norte, 
cargo esso que teve de deixar para tomar assento no Parlamento, 
Fi, fim, nêmo memo anno, eleito. deputado pela provincia da 

Paulo. 

Em 1867 foi convidado para presidir a provincin de Por- 
mambuco, mas excusou-se e o governo neceitou-lhe a excusa por- 
que não podia dispensar os seus serviços no seio do parlamento, 
onde effsctivamente o dr, Americo representou um papel muito 
distineto na sustontação das idéas ministorines, 

Em 1868 porém, teve de acceitar, mesmo pera prestigiar o 
Governo, —s presidencia da importante provincia do Rio de Ja- 











(LF P. Rangel Pestana, 1876. 


dat PQ dm 





neiro, posto case que deixou a 16 de Julho dessa mesmo ano, 
em virtudo da mudança politica que se operou no pair, substi- 
tuindose o Ministerio harias (liberal) pelo que organizon 
então o visconde de Itaboraly (conservar 

“Tombem por esse facto perdeu o dr. Americo a sma cadeira 
de deputado, porque apresentando-se o Gabinote Itaborahy d Ca- 
mara tempornria, e, exposto pelo Presidenta do Conselho o pro- 
grammn do novo Governo, suscitou-so n questão de confiança, 
na qual tomaram parte, pelo lado do governo Itaborahy o Pa- 
iba ea ilado da: e ppoeiidia== Joaê: Bonifacio Sálina bs Ma 
uho, Christiano Ottoni e Tavares Bastos, 

Tendo-se de votar a moção, aleançou o Gabinete apenas LO 
votos contra 82, pelo que, propoz e obtovo da Corda a disso- 
lação da Camara. 

Voltando a 5, Paulo, o eminento parlamentar entregon-se 
de novo às lides do fôvo, dedicando-se tambem à causa da abo- 
lição, doutrinando com a palavra e com exemplo, pois ao mesmo 
tempo que convertia em regra da Maçonaria (na qual oceupava 
o primeiro posto) «que seus membros nho podinm possuir eserte 
vos», libertava todos os que acabavam de lhe tocur no inven= 
tario do barão o buronozs da Santo Branca, 

Nessa crugada sunta o dr. Brazilionso teve por companheiro 
— Americo de Campos o o negro Luis Gama, alma branca e pura 
como à causa que lidava, e que foi estimulo para os abnegados 
companhoiros o condemuação para os falsos abolicionistas, explo- 
radoros de peculios dos escravos, 

A esse tempo concorreu o dr. Americo a ums cadeira de 
lente da Faculdade de Direito. Fez um coneurso brilhante, mas 
não foi nomendo, porque, dizia-se, «não púde um governo 
monarchieo nomenr um republicano. 

Efectivamente, o dr. Amer de hu muito desiludido de 
ver a liberdade implantada no paiz, tratava de fazer proselytos 
para a idéa republicana e fundava o partido de que foi glorioso 

e 

De 1870 a 1873 residiu em Campinas, a conselho medico, 
pois a sua saúdo de novo so alterara. 

Naquela cidade, que elle tomou em pouco tempo a 
«Capital da demoerncia brazileiras, dedicou-se com afin no 
death do partido republicano, 

Em pról das idéas avançadas da democracia pura, o denodado 
lustador, além dos conselhos nos seus prosolytos, das lições nos 
neopbytos que mais tarde foram os seus espezinhadores, além 
das polemicas que entreteve pela imprensa, encaminhou a 














= p= 


campineira a senda da republica, com muita deli- 
e fino tacto, Ennio de asa de Historia patria, 


Erlaaçõos juo foram apanhados tachigraphicamento 

por José Maria, Lisbôa a quem o anctor doou q 

de, formaram um belissimo livro, tão procurado que 

edição logo exgottada. 

esta excellonto obra, a melhor que possuimos de historia 

da é e6ilo da anérado no Tostitato Fistocido a Quogia= 

Druzileiro. 

Em 1874, tendo a saúde restaurada, voltava o dr, Americo 
li na Capital, trabalhando ainda com maior afinco no 
zação do partido ropublicano. 

Em 1876 teve a gloria de ver o seu nome suflragado por 
dida votação de correligionarios seus, como candidato 
ido a uma cadeira no Parlamento. 

880 foi eleito verendor da Capital e em 1881, por 

o da 1.º eleição de deputados pelo systema directo, foi o 

o democrata sufiragado por 2 distritos da Provincia de 









Em 1882 entrava de novo em concurso a uma vaga de 
ma Fuculdade de Direito, e obtendo por unanimidade o 1.º 
ma classificação dos candidatos, não poude o Governo, 
vez, deixar de nomeal-o, apozar do muito que o temia, 
pois, a esse tempo, já havia o novo lente dado à publicidade o 
seu primoroso livro de combate—<O Progeamma dos Partidos e 

2 Imperios, — em que, habilmente e com inteirn verdade 
oceupou da exposição do principios que mnis tarde (nu 2,º 

da obra) havia de explanar. 

Tafoligmente ficou em meio aquella obra maguifica. Tambem 
elle havia conseguido, a golpes do seu poderoso camartello, o 
nenhum dos enfatuados chofes governistas de boje pondo 
ca alcançar, isto é—fazer-se popular, querido dos seus e 

o pelos ndversarios. 

“ que a sua melhor gloria, o grando merito que nenhum 

o teve como elle, foi exhibir sempre uma vida pura, honesta, 

culada, santa. A sua liomestidade e rectidão de juizo ha 












hit passaram em proverbio, para todos que o conheceram 

Pes rodeio aqualies! qua por abapeito e FE nho puderam 
a sun crescenta influencia politica. 

or muito tempo, a casa do grande cidadão foi o contro do 

uniões de grandes e pequanis de todos os partidos. Homens 
“todas ns crenças alli se reuniam amigavelmente e não 
m em receber-lhe o conselho ungido da sinceridade, A 

















VI 





order ae a ig 
4 toleruncia, a sua linguagem, a 
honestidade de sens juizos, à cordura e delicadeza nos modos, a 
amabilidade sem exageros, a generosidade, aliados a earaetoros 
pbisicos, como fossem-—estatura cia pe cebolta, pie 
nomia sypathica em extremo, coração bom 
esses que determinaram a angração de rep dd fera 
en, mais popular, talhado para apostolo do novo evangelho 
tico 
Do btt indoor o sho resonbncido de partido republi- 
enno de Sho Paulo, o que lhe valeu enormes sacrifícios du smúde, 
dos bens de fortuna, e por ultimo, depois de ganha a victoria, pro 
eclamada a Papatitaas (Quem tal diria!) innumeros desgostos, oriun- 
dos de in ves e ciumes, 
Quínido se ; proclamou a Republica, Americo Braziliense não 





(A, *Nema, caem do, canto do Largo da Bá, reunemso hablsualmento conservadores, 
libernos, republicanos, nltramontanos o eatholicos livro, 
Todos ve cstimam, conversam o discutem vindo À Dalla as questões da apocha, Nin- 
gera go fomita o à Barmen reina tampre date os froquemtataro da “ala cornea 
republicano. 
E MAmiravei à concordancia que crio naquela amembida, na qual at malérias o 
Em 








tras a todos, enfim, e estimam, 
ro, que 6 mia dou corações malx gone- 





ronegueim a con- 








Nenhuim dos presentes se incomoda co 

Bsbem que sao 

As 2 hora elle 
sseripiorio no companheiro, 
Actoal guração, 

O parinmontar, o Jarinoenwalto, o sidadão que é um nomo feito, a cura hora enslga 
Mistoria patria de meninas do collogio « Bangol Pestana» 

RE ahi que 9 dr. Amorioo Rrauilionio acnquista pelo falonto, o por outros dotoa au. 

da alima om mais rirentes Touros Dara A aum coró de patriota 

Aquolias mentnos, que sontom verdadeiro orgulho aa sntarom-so doanto dollo, ão 

do ser as futuras imhoe da EerAÇÃO Mova QUO terá de fazor a mais completa Justiça ao 


vom civismo, 
8, mos dedo tum brasileiro IMustrado, como ba poucor, mor 


praticar um novo glorioso que o 








Bo ai como 
tes que ama nus pó 
isso tambem o jóves. parto republicano não podia aeuar um homem mala dit. 
et reprosental-o no pleito eleitoral que Gsm sou 
“Americo Braslllense na lucia Iegal em prÔl da FepuISA vale Uma legião. 
on, qui Sort à derreta, mas Fostarihod A gloria do haver feito digiamante a 
bandeira do seu partido, 
nato do rula eropitbio deusa amem 4 














rea ao 
e trocar com 


8. Panto, Outubro da 1476, 


— 18 — 


era de facto o chefe do partido, Porque havia muito que discordava 
dos meios empregados na propaganda. 

Apezar disso, é de mostrar-se apprebensivo pelo futuro da 
Republica militarmente feita, ou por isso mesmo, como doutrinário 
que era e patriota (reproduziremos o que elle nos disse a tal res- 

eito em 15 de Novembro), aceitou a incumbencia de redigir a 
nstituição do Estado de São Paulo, como já havia acceitado a de 
fazer parte da commissão encarregada de formular o Projecto de 
Constituição dos Estados Unidos do Brazil; commissão de que foi 
o Vice-Presidente, e á qual apresentou, como os demais membros, 
o seu Projecto, que foi adoptado para base desses estudos. 

Este procedimento do Dr. Americo, acceitando essas incum- 
bencias poderá parecer contradictorio com o seu modo de pensar 
relativamento aos meios empregados para proclamar-se a repu- 
Blica, (pois já deixamos prever que elle os não applaudiu), mas 
como homem de abnegação e patriotismo, não pondo negar o 
seu concurso, para que se corrigisse logo o vicio de que vinha 
eivado o nascente regimen. Isto confirma o que: nos disse a 
15 de Novembro de 1889 o grande cidadão. 

Fomos dos primeiros a procural.o nesse dia para abraçal-o 
e felicital-o. Achamol-o sem enthusiasmo, frio mesmo, quasi 
indiferente. Deu-nos a razão do facto: «auguro mal desta re- 
publica feita por soldados. Quizera que ella não viesse hoje para 
poder ser duradoura e felicitar o povo. O militarismo que ahi 
vem, que ahi está, nos hade trazer torturas. Mas, já que está 
feita assim a republica, trabalhemos para concertal-a.» 

Eis abio que ditava a prudente sabedoria de Americo 
Braziliense. 

O futuro confirmou o seu vaticinio: o militarismo implan- 
tou-se, ergueu o cóllo, dominou e domina ainda. 

Deixará um dia a sua proeminencia? 

Duvidamos. 

Abi estão os jornaes de hontem a nos dar noticia da moção 
do Club Militar. 

Prudente de Moraes procurou tornar civil o seu governo. 
Como alguma vez quasi o conseguiu, inventou-se uma conspira- 
ção restauradora, abafada pelos militares, que, desse modo, põem- 
se de novo na frente. 











Estas ligeiras notas sobre a vida de Americo Braziliense, 
talvez sirvam de adminiculo para a biographia do illustre bra- 
sileiro, a qual ha de ser escripta um dia «pelo arrependimento 

ellos que desconheceram a delicadeza do seu coração, é o 
melindre do seu pudor politico» na phrase de José do Patrocinio. 








=p — 


E! esta uma prophecia que se ha de verificar em breves 
pois já vimos não só muitos desses darem ao ilustre extineto a 
insigne honra de acompanhal-o à morada ultima, como alguna 
até contribuiram com o seu rico dinheiro dia subseripção que: 
amigos abriram afim de erigirlhe um condigno mausoléu. 


No ofício em que o Governador do Estado, dr. Prudente 
de Moraes convidava-o para n dificil missão de elaborar o nos- 
so Codigo Politico, foi ainda uma vez o Dr. Amorico Brazilien- 
se reconhecido como glorioso fundador do partido republicano 

lista. 

A nenhum outro, (dizia mais ou menos o Governador) cabo 
a tarefa gloriosa de redigir a constituição repablicana do Esta- 
do de 8, Paulo, sinto dquelle que à grande competencia de 

Iblicista emerito liga a qualidade de chefe do partido. 

Sentimos não poder reproduzir textualmente esse oficio : 
citamos de memoria, pois não o temos presente; mas elle corre 
impresso janto uo projecto que o sabio mestre confeccionou, & 
que com pequena alteração é n Constituição do Estado, promul- 
gado a 14 de Julho do 1891 (1). 

Guardamos ainda e, guardaremos sempre, como uma lem- 
brança do pranteado amigo o original desse projecto que nos 
foi por elle offerecido como recompensa à insignificante parte que 
nelle tivemos, 





11) Bojo podemos dar a Intogra dessa omcio: esl-a : 


Governo do Estado de S, Paulo. 
Actos Ofjficiaes. Rexpedionto do loverna do Fatado do E. Pranto. 
2» SECÇÃO 


Si Paulo, 25 do Julho de 1890, 


Gabinete do Governador. 


Cidadão: 
Pstando doerotada 1 Constituição dos Batados Unidos do Brazil. vá referendum do 





eso fimportant 
geral doe paniletas, vanho uolleltar 
competencia, Saúdo q fratornidado 


Ao distincto cidadão Dr. Americo Irasiltensa da Almolda Melia 
PRUDENTE). DE MORAES BARROSO. 






E 


como é sabido, era elle o chefs a quem tocavam 
esj tarefas. que neceitava prestar 
á Republica, ipi lada fieis phrase 


o tardou, porém, que se munifestasse a ingratidão daqueles 
jos correligionarios que se arvoramm em directores 
de publica substituindo-se no eleitorado para designar, 

ram, os eleitos do povo à constituinte republicana. 
o Dodo todo fosse deslembrado 0 glorioso chefe na con= 
; ta dos candidatos, pois teve a Aonra de ser designado 

ira um logar de Deputado, 

“Não era esse porém o seu logar: onde quer que houvesso 
nontes, honras superiores, essas deveriam tocar-he, 
to 0 desinteressado como era, Americo Braziliense não se 
jodou com o facto, apenas recusou a honraria o ficou silen- 








Seus amigos porém rebateram a afltonta e sufiragaram o seu 

b ara O cargo de senador da Republica. 
uma divida de honra que elles procuravam pagar; não o 
giro, mas por que o nascente rezimen, que começãra aban- 
O Riiniea democêntico as indicações pelo eleitorado, ini= 
tambem o processo commodo e simples, hoje muito conhecido 

“no paiz—da eleição a bico de ponna, 
+ Uma vantagem porém col e foi—tomar-se bem conho- 
cido o syndicato empreiteiro de eleições dos filhotes, 


A ) Amen 


—  Foiesseo primeiro ervo dos directores da republica, não foi 
' n o unico, pois Jogo viram-se 08 mesmos em um theatro mais 
faltar á palavra dada de suftragarem a candidatura do Deo- 
presidencia da Republica. 

dahi natoralmente a elevação de Americo Braziliense 
go do Governador do Estado de S, Paulo, cargo que aecoitou 
patriotismo tão sómento, como é fneil reconhecerem os que o 
usem incapaz de netos desses, sabendo que elle estava então 
Ministro Plenipotencinrio em Portugal, e que para lá 
viria a esse tompo. 

& de Março de 91 assumia o poder, isto é, atirava-se à Jucta, 
ingente e patriotica, em que no mesmo tempo que organizava 
sobra as solidas bases dos saôs principios demoeraticos, 

à distancia os assaltantos do poder. 
Houve já quem dissesso dello nos tempos da propaganda: «No 
vepul o que a maior parte o sai panos 

o que ha de solido na sua organização deve-se À prudente sa- 

















| 


am 


bedoria do Dr, Americo Braziliense cujo nome laureado foi o pri- 
meiro centro em torno do qual so agraparam as primeiras molecu- 
los, destinadas a constituir o grando corpo que já bojo so denuncia, 
Não fórn a confiança que elle incutin, não foram os seus esforços € 
ia europe o partido republicano não seria o que é.» 

je podemos copiar essas mosmas palavras applicadas á orga- 
nização do partido e dizer;—tudo o que ha de solido na organiza- 
ção do Estado deve-se à subiu administração de Americo Brazi- 
liense a qual, posto que curta, foi efficaz em netos de henemerencia. 

No curto périodo de Março 8 Agosto se mostrara adminis- 
trador tão provecto que, momendo Ministro e Soeretario dos 
Negocios da Fazenda da União, teve de recusar seus serviços, 
aliás necessarios ao Governo Federal, afim de continuar a hon- 
rar a cadeira de Presidente do Estado para que foi eleito por 
unanimidade dos votos do Congresso. Codeu assim no impulso 
de seu patriotismo, como às instancias do Congresso, e de to- 
das ns clusses socises que lhe representaram para que ficasse. 

E' que viam todos, amigos é advarsarios (innumeros destes 
adberiram à Republica, a ess6 tempo) no Governo de então— 
garantias de bem estar e de liberdade, 

Efectivamente, a liberdade do voto, por exemplo, foi então 
uma realidade. 

Confirma-o um facto bem significativo, passado a proposito 
das eleições para o Congresso constituinte do Estado, que rea- 
lizaram-se n 30 de Abril de 1891. 

Sabem todos aquelles que acompanharam o Governo de 91, 
não negarko mesmo aquelles que se fizoram nbyssinios, quo o Go- 
verno tinha resolvido não patrocinar nome algum nessas eleições; 
não intervir de qualquer maneira, porém antes, deixar correr o plei- 
to inteiramente livre. Disto mesmo estavam bem certos 08 gê- 
neralistas, npezar da pantomima que fizoram pedindo garantias 
para que o agente do correio em Campiuas votasse com elles, 

A resposta n um tal pedido não se fez esperar: por ella ti- 
veram os ndveranrios o campo livre para a E que foi des- 
enfreada: o Governo absolutamente não intervoio na eleição. 

Isto está na consciencia de todos; nenbuma eloição dispu- 
tada se deu ainda neste Estado, que corresse em tanta ordem e 
tão livremente como aquella. 

Por acaso encontramos entre os papeis daquella epocha o 
mn. 121 do «Jornal do Commercio » do Rio, de 2 de Maio de 1891, 
e na secção telegraphica deparamos com esta correspondencia: 

«S. Paulo, 1.º de Maio. 

O resultado conhecido da eleição dá aos governistas 18.000 
votos e à opposição 3.000. 











ms SÁ 


Os chefes das repartições receberam ordens para que cs 
empregados votassem com a maxima liberdade. Ainda hoje o 
Secretario d'Estado, Dr. Villalva, foi cumprimentado pelo pes- 
soal das repartições, pela maneira imparcial porque se portou 
o Governo. Segundo disseram os empregados publicos, votaram 
pela primeira vez independentemente, livres de solicitações por 
parte do Governo ». 

Si a opposição não conseguiu eleger um só dos seus can- 
didatos, a depéito da enorme cabala exercida até mesmo dentro 
das Repartições, não foi sinão porque a opinião publica era a fa- 
vor do Governo. 

Verificou-se então um facto extranho: o Dr. Americo Bra- 
siliense que havia conseguido converter ao republicanismo todos 
quantos se mostravam indiferentes & este é até mesmo os que se 
conservaram fiéis ao monarchismo decahido; elle, que tornou a 
republica acceita por todos, empregando como meio-—a politica 
da conciliação, que desenvolveu com extrema delicadeza, não 
mereceu o apoio de uns tantos republicanos, que de tal modo o 
molestaram, que elle preferiu resignar o poder a deixar correr 
o sangue de seus compatriotas. 

Disse-se e acreditou-se geralmente que o dr. Americo Bra- 
ziliense havia sido deposto. 

Não é verdade. Elle não foi deposto : deixou o poder, não 
exponte sua porque isto não lh'o permitia o seu dever de pa- 
triota, mas, para não ter que derramar sangue. Bom, leal é 
generoso, não estava na sua indole consentir que se abrisse à 
lucta armada. 

Nem mesmo teve logar a tal deposição indirecta, como con- 
sequencia de deposição das municipalidades. 

E' muito sabido que taes deposiçõos não passaram de uma 
comedia pelo telegrapho. 

Elle resignou o alto cargo de chefe do Estado, estando aliás 
prestigiado pela opinião em geral; mas & sua abnegação, o seu 
desinteresse o aconselharam a dar aquelle passo para poupar os 
seus concidadãos á lucta fratricida. 

Esta é a verdade incontestavel. 

No entanto, era preciso para dar força e prestigio (que 
não tinham) sos adyenticios, propalar-se que a deposição deu-se, 
fugindo o Dr. Americo, á noite, pelos fundos do Palacio. 

Não é verdade. 

Quem por acaso, se achou nas immediações do Palacio do 
Governo, na manhã do dia 15 de Dezembro, viu sahir o dr. 
Americotra, nquillamente, ao lado d'aquelle que traça estas linhas 








p 











Nonhum grapo, monhuma posta das lepífes friemphantos, noso Ala 08 nom nmtorio. 
res, foi a Palacio oxigir que eu deixamo q governo, 

Portanto-o prosidento de 8. Paulo mem foi deporto gelo poco armada, nam saiu 
fugido do Palacio. 









E 
nho A resp 
“No teamo 


esteve durante múnha permanen- 
vinha. parilu de ds- 
lonagem a comenta 





eia, am espião 
ao telegraph 





Das Cartas Politévos ao de, F. Rangel Pestana, oxtenNitas da Opinião Kacional, 





V. male a curta soguinto + 


= So dia 15 fui procurar o fine, wo Dr. Miranda nas salas, ende cu suppunha 
trvejamm dormlto, o não, 08 encontre, para combinarmos astra a Dora “em” que em dez 
tam 











pa enter a prenidonia, apena pude falar o dr, Visa, n quem arvore) 
Der ao (trinco. 
tarde soube que o Er, é o Dr. Miranda taham sabido codo, 
mmuniquer Áquelos que ta Fotirarmo para à casa da mem genro, convidandoos 


a me acompanharem (ás 8 húcno). 

AO E. YIMACO recompendes que quando dah voltasam tolographamo ao Presidenta 
da Republica «commanicando ter eu passado o governo a cllo s consultando al devia 
conserval.o ou entregalo ao vieosprosidento». e dim então que immedistumenta- 
=fosta À sua cash ou mandasse official de confiança avisar do ocorrido, a que Lotmases 

essa do mou genro, le O Dr. 
ua, € em se 














— 19 — 


Resignado, sem guardar odios, nem desejos de vingança, 
voltou o dr. Americo á sua vida modesta e aos labores costu- 
mados, de doutrinar na cathedra da Faculdade (de que não quiz 
ser o Director), e em revistas extrangeiras, principalmente na 
« Revista dos Estudos Livres >, de Portugal, de que foi reda- 
ctor e eminento polygrapho Theophilo Braga ; de novo dedi- 
cou-se á imprensa de que foi eximio mestre, e dirigiu a Opi- 
nião Nacional. 

Nessa folha escreveu ello por muio tempo, com a preoceu- 
pação unica de sanear a politica republicana, «empestada pela 
trabição dos que se diziam os seus maiores sacerdotes. 

Não conspirou: não estava no seu caracter fazer-se conju- 
rado; no contrario, aconselhou sempre com sinceridade os meios 
licitos de combate. 

E deu o exemplo attacando de viseira erguida, com toda a 
lealdade os erros do Governo. 

Por isso, a perseguição dos homens odientos, que galgaram 
o poder por emboscadas é trahições, não ponde alcançal-o, posto sé 
desenvolvesse contra muitos de seus companheiros. 

Espiritos malignos e deslenes, julgaram os mais por si, é vitam 
conspiradores em todos os companheiros do chefe decahido. 

O dr. Americo Braziliense foi poupado is agraras do des- 
terro e nos martyrios das prisões; não o foi porém, mais tarde 
aos murmurios injuriosos daqueles mesmos que o havinm reco- 
nhecido honesto, honrado, integro e virtuoso, que so abeirando 
às areas do Thesouro as viram repletas e verificaram que dos 
dinheiros publicos despendidos durante seu governo, nenhum 
ceitil havia sido distrahido dos destinos legaes (1). 











mos em mão pelo proprio Dr, Americo Braziliense 
genro o Sr. Joaquim Pavão, e asim e explica 
poder à do Dr. Furtado, tendo cu entr jos rs, Drs. Henri- 
que Coelho e (, Vilinlva em tempo» (Extrahido do uma carta dirigida pelo dr. Americo 
Brasilienco ao Desembargador Raymundo Fartado, publicada como annexo aos «Nortos 
iliustrese do dr. Miranda Azevedo.) 
Ha nessa carta mais um pequeno engano que, pela minha parte, preciso retificar. 
Dovo uma explicação à passagem da carta sopra que diz: «Chegando á casa do 
gonto fiz o dr. Vilinlva lavrar, a pedido, as demiecies delle, do oficial de gabinete 
e nata». Sendo conhecidas do pablico essas Portarias, devo explicar que dellas a quo 
a mim so refero a foi por mim escript a 1.º parto ou narto princi da 
exoneração, sendo do proprio punho do dr. Americo Brazilicoso as palavras do 
que so dignou enderoçar-mo. 
(1), Do Commercio de São Paulo. do 5 do Maio de 1902: 
“« Preeidindo o Estado de 8, Paulo. procurou conciliar todos os homens, escolheu para 
o Congresso do Estado os competentes. prlucipalmente às lentes da nossa Faculdade do 
Direito, foi honesto, não persezuia nineuem € deixou o Thesonro farto de dinheiro. tanto 
que o ministro da Fazenda de sen rubstituto deelaron que so S, Paulo devesse alzuma 
cousa, para ser cifectuado esse pagamento hastava apenas o tempo do ser contado o 
dinheiro. que estava no Thesonro, 
ão é mais preciso ndeantar nada para aquilatar-se da honestidade dessa admi- 
nistração e de quem então oceupava o cargo de presidente do Estado de 8. Paulo. » 
























— 20 — 


Mas porque então esses murmurios? Porque Americo Bra- 
xilionse havia acceitado uma cadeira de Ministro do Supremo 
Tribunal de Justiça Federal! Propalava-se então que elle cur- 
vara-so, humilhara-se o jacobinismo. 

No emtanto, sabem tedos, ao menos os que leram as « Cartas 
Politicas a Rangel Pestana » — que nenhum attricto, nenhum es- 
tremecimento houvera entre Americo Braziliense e Floriano Pei- 
xoto; que este fôra extranho á farça representada em S. Paulo, 
para depôr o seu presidente; que Floriano era illudido pelos 
seus autões; que, portanto, sem quebra de sua dignidade e da 
do augusto Tribunal, podia muito bem alli ter assento o dr. Ame- 
rico Braziliense. 

Elle porém estava acima desses pequeninos attaques da ma- 
ledicencia. 

Acceitou o lugar incondicionalmente ; não foi um humilhado, 
um vencido. 

Comprovou-o honrando a toga de juiz, tanto como o puris- 
simo Joaquim de Toledo Piza e Almeida ! 





Terminemos estas ligeiras notas. 


A vida de Americo Braziliense precisa ser estudada. 

Ha em toda ella—exemplos de abnegação e de civismo, de 
cordura e tolerancia, que bem deviam ser imitados por todos 
quantos têm as responsabilidades de governo. Infelizmente po- 
rém, é certo que a republica só tem tido homens intolerantes, cru- 
eis, barbaros, na sua suprema direcção. 

E cho esses os arigos do povo, os que se julgam capazes 
de arredar a republica do despenhadeiro em que elles mesmos 
a precipitaram ! 

Ah! bem mostra que cerraram ouvidos aos prudentes con- 
selhos e ús sabias lições de Americo Braziliense ! 

Pela nossa parte, orgulhamo-nos do haver merecido a con- 
fiança inteira do homem integro e virtuoso a quem prestamos 
esta fraca homenagem.» 











Botucatú, 27 de Março de 1896. 


Abi está, meu caro Miranda Azevedo, o meu escripto de 96. 
Para completalo ou corrigil-o, junto-lhe «Uma pagina de his 
toria patria», um bello escripto publicado no «Commercio de 














Seu muito am.* e discipulo, 
C, Vitianva. 
SUMA PAGISA DA MIRTORIA PATRIA + 


ipEraphlons que. fovido À gontlasa do, rodnctor 40 Commercio de São 
Andos À panticiaado como am prilto da homenazam ao amnahto pantista 
Brasilionse de Almeida Selio, não. foram completos o manta-nos a Impar- 
elalinado que sslientamas aqui, testo despratancioso merinto, na bellas qualidados, na 

lastro cidadão que cosamava am ai A sincoridado o que deso- 











orem ropuniiema o propa. 

Tendo. COMO seus cophoheiros de Tia os festejndos. escriplors drs,. Laogol 
e Amor o Campos PODIA” dot, Nora LN (o Diario Ppolr 

De amas serviços, à 80M dodisação pela anusa domosratiaa, À sum Dplniho Tenhcamente 

extoruada am brilhantes artigos que Gava puniicidado pelas oolumnas do sou jornal, no 

ransmissor das ilóss do partido republicano de que sexo. era mal Iegitimamento ros 

= Como chora anpremo, o am palastras Intimas de Amigos, Pols GIO. 0R0, GA 











Undos 08 paaliatas por ooensião da proclamação da Itopublion, quando todos 
prsatariho ohodiancia, “againão 04 amas comalhos e Mando Comprimento As ans 
abas instroçõe. porque Já ara, um homem cheio da secriços À oanen, pablica o muito 
primeipalmento no do. Pánlo, não foram emu norvicos, digamos à variado, das 
Vidngmento recompesandos + atá o ara nomo fo) apontado como am anepelio, 
andinira e elmoroas inlusica ! 

Amorico Urasiiionso cr um parriota, om sou coração bem formado não podiam ter 
atra paixhes incandescentes, lada Lirroriatas 0 múlto mono contrárias ao ama amplie 
mio refloctido é mais digno “do nota — profund mente evolucionista, 
Ropablios não vita folicitar O Brazil, mas A deaojava pola ovolação 
e não pls sabinvação de quartas. pois poridis, pela tenhição. Ninguem respolinva, é 
tim mis à Imperador do qui tio am aum ria um Gensliro bor todos Os litioa 
epeliabilleimo, digno do admiração, o cu) » serviços ao seu pals são inolvidavois t 
Quais Mapa. im no queria 6 cegimem À viianio, dosprosara om maior lho. 

por (eo fot um martyr de nona provrias convioções, 

O de. Campos Balios. suthoritario político, somo, sempre so tom rovolado om toda à 
suyida politica, em publisações feitas pelos jornnes desta Capital quis espul-o ao redículo 





























mostar, que nada attendoria ora lt À Academia dar 
Reg alumnoe 

ão foi um ambicioso valgar, Jámais guie tomar à adoantoira a quem quor que soja, 

a por Mo mútico, x mea que ara O chefe do partido repablitano da 8. Paulo, tnve O 

do ver o neu namo incluido ontre os candidatos À deputação fodoral, quando à 

a poção do hr Mo dava O dirt do Decupar tm logar Oniro om canas À 

"prndonta, respoitador da lol a um dos mais conaplenos membros da commissão do 

do nos Gonstituição Federal, e 0 presidente que promalgou à nossa Constituição 

* ora dolxon o goroemo do 1 Púnlo, mas FIGAANO Plena, Poconincendd a. 

superior entro lodus os republicanos paulistas, conhecedor de suas virtudes civivas, com 

aa nomoot.o mitisro do Bpremo Tribanal Pegar. ns 

“essa nomeação da approvação do Senado Poderal, em virtudo do nomas 

eia vigentos. indos sabem x grande campanha quo all se dosenvolvou no insaito da não 

er “aquela nomeação, para deamerecala nos olhos lá nação, expondo no 

“um chato repniiicamo álgno de tanto respeito  considoração. 

“Por mulio. ponços votos foi ella approvada, e todos sabem que dapols domo facto, 

moema do sens amigos desorente da Hopublica, fol wo reconcontrando 8 

te uma molnatia traçócira mincu-lho A existencia « para sempro desnpurecom 

aco da tarra nm omam superior, cujo exemplo dove mr apontado À EUrAçãO FUTUPA, 

po dor o que ninguem contostará — am verdadeiro homem de bem.-—Um asigmane » 
































CONTRIBUIÇÃO 
PARA à 
Historia da Capitania de São Paulo 
(GOVERNO DE RODRIGO CESAR DE MENEZES ) 


POR 


WASHINGTON LUIS 






aliatas fol a pri. 

to Paulo, esto 
ação do pá 
Ouiveina Manrino (0 Brasil e as colonias). 





CAPITULO I 


À CAPITANIA DE $. PAULO, SEUS LIMITES, ADMINISTRAÇÃO, MAGISTRA- 
TURA, CLERO, INDIOS, COMMERCIO, AGRICULTURA, FORTIFICAÇÕES. 
A CAPITAL, À POPULAÇÃO, COSTUMES. RODRIGO CESAR DE MENE- 
ZES, PRIMEIRO GOVERSADOR. 





Reorganizando, pelo alvará de 2 de Dezembro de 1720, o 
sul da colonia americana, D. João V estabeleceu a nova capi- 
tania de Minas Geraes no districto das minas, desmembrado da 
capitania de São Paulo, o acerescentou a esta, parte do territorio 
da do Rio de Janciro. Doe. V. 4.º Pg. 7a 9. 

A enpitania de São Paulo, assim reconstituida, comprehen- 
dia um territorio que, a leste, in entestar com a recem-crenda 
capitania de Minas Geraes, guardados os limites entre as ouvi- 
dorias de São Panlo e a do Rio das Mortes, e que se desenvol- 
via pelo litoral abrangendo as villas de Paraty, Ubatuba, São 
Sebastião, Santos, desannexadas do Rio de Janeiro, e mais vill 
que ficassem ao sul, até ás indeterminadas fronteiras hespanholas ; 





— 23 — 


pelo sertão, no norte e a oeste, os seus limites seriam aquelles que 
a ousadia dos paulistas traçasse com suas aventuras e conquistas. 

Dentro desses indecisos limites ficavam, além de pequenas 
povoações, a capital S. Paulo, unica cidade, e ns seguintes villas: 


1 Guaratinguetá. 

2 Pindamonhangaba. 
3 Taubaté. 

4 Jacareby. 

5 Mogy das Cruzes. 
6 Pamabyba. 

T Yu. 

8 Jundiaby. 

9 Sorocaba. 

10 Curytiba 

11 Paraty 

12 Ubatuba 

13 S. Sebastião 
14 Santos 

15 S. Vicente 





17 Iguape 
18 Cananca 

19 Paranaguá 
20 S. Francisco 
21 Laguna. 


O porto de Santos ficava livro o aberto nos navios do reino, 
sujeitos abi ao pagamento dos direitos que até então pagavam 
no Rio de Janeiro. 

S. Paulo entrava no regimen commum com eguacs prero- 
gativas às das outras capitanias dependentes do Estado do Bra- 
zil, cuja séde estava então na Bahia. 

A sua administração era exercida por um governador com o 
titulo de capitão-general, ad-honorem, sujeito as ordens do vice- 
rei e capitão-general de mar o terra do Brazil, desde que não 
encontrassem as da secretaria do rei, as do conselho ultramarino 
ou no notorio interesso do serviço real. 

[og inres, dous tenentes de mes- 





º governador tinha, como aux 
tre de campo-general, um ajudante de tenente, seus officines de 
sala, é um secretario; administrava por espaço de tres annos, 
e mais emquanto não lhe fosse dado successor; vencia um soldo 
de 8.000 cruzados annunaes e 2.000 cruzedos de ajuda de custo, 
pagos em moedas e por quartel, tirados dos rendimentos da ca- 








pitania de Minas, emquanto a de S. Paulo não tivesse rendas 
ias 


Ao governador é seus auxiliares ora expressamonto = 
dio) maribsiaçda ootimieralos ba 





Nessa capitania immensa havia, apenas, para distribuir jus 
tiça, um ouvidor s um juiz de fóra em Santos. 

Havia, porém, nas villas os juizes ordinarios, impertigados 6 
eroetos, e, pola maior parte, ignorantes é arbitrarios; havia mais 
o apa ndi que, com a deploravel confusto de poderes, era 
tudo. 


O cargo do capitão-mór, trionnal, com rocondueção, era pro- 
vido nas pessoas principaes por aum nobreza e fortuna; o, apesar 
de gratuito, era requestado ardentemente, 

No sen distrieto superintendia a policia, a milícia, o recra= 
tamento, as obras publicas, o tambem concorria com a camara 6 
pus am todos os casos graves. (João Mendes. Notas geneal. 

TE funeções policites, promovia a quiotação a so- 
cego entro os povos, evitando dissenções e inimisades e fazendo 
prisõos, ás quaes todos eram obrizados a prestar axílio. 

Dava ajuda, favor e protecção nos ministros da justiça, quane 
do em funcções; podendo denuncial-os se fossem omissos no 
cumprimento do sous dovoros. 

O capitão-mór era o ebefe local das ordenanças, cujos ofi= 
cines 6 soldados eram obrigados n obedecer-lho inviolavelmente, 
sem pedir raso do que lhes fosse ordenado. 

As ordenanças oram constituidas por todos homens validos 
do 16 n 60 annos, não alistados no exercito ou nas milícias, for 
mando regimentos de 600 homens, divididos em companhias de 
60, sem soldo. 

Como chefe das ordenanças, para formar os respectivos re- 
É prvesçõe Engia o capitão-mor o recrutamento e escolhia os sol- 

em listas lovantadas semestralmento, oude constavam os 
nomes dos chefes de familias, nomes e edades de todos os filhos. 

Por meio dessas deynssas semestraes, conhecia toda n gente de 
seu districto. 

Quando um dessos tyrannetes apparecia, nos grupos as con- 
versações emmudeciam, o os homens descobriam-se respeitosa 
monto. 








Sondo rio da nataroza humana o abusar da auctoridado 
absoluta, ca] o que não fariam esses reizinhos lendo ou 


— 25 — 


ouvindo lêr as Ordenações do Livro V, inspirando-se na pre- 
potencia dos governadores, e tendo em suas mãos o recrutamento! 

Com uma justiça, assim incompleta e manca, exercida por 
incapazes, a peita, o suborno, a concussão e o peculato eram vu) 
gares e ccmpletavam a desmoralização. 

Em 13 de Fevereiro do 1725 seria expedida uma carta 
régia, um remedio indicativo do mal existente, porque já se 
referia a decretos identicos, onde se prohibiria terminantemente 
que os presidentes de tribunaes, ministros, officiaes, seus filhos 
e mulheres fossem procuradores das partes ou dessem cartas de 
favor e memorias. 

E, continuava a alludida carta régia no seu estylo pittoresco, 
porque póde succeder receberes algumas cartas de recommendação 
da rainha, minha sobre todas muito amada e prezada mulher, ou 
do principe, meu sobre todos muito amado e prezado filho, ou 
dos infantes, meus muito amados e prezados filhos e irmãos, fio 
de vosso zelo que as referidas recommendações vos não moverão 
a obrares cousa alguma que possa encontrar a justiça ou preju- 
dicar a terceiro; não consentindo que, por causa das recomnen- 
dações referidas, se altere a lei, regimento ou ordem alguma. 

Além de corrompida a justiça era cara e demorada; os 
feitos eternizavam-se porque, no Brazil, só havia um tribunal 
na Bahia, indo os outros recursos para os tribunaes de Lisboa 
num tempo em que as communicações eram raras e dificeis. 

Si assim era a justiça, o clero formava parelha digna. 

A par de alguns sacerdotes virtuosos, dignos desse nome 6 
do respeito publico, eram sem conta os depravados, bebados, 
imoniacos e desordeiros. 

As discordias e Inctas, nos conventos, nas quaes a populaça 
tomava parto pró é contra, eram continuas é deixavam um 
rastro de sangue, só terminando com a ajuda do braço secular 6 
a remessa para Lisboa dos frades mais turbulentos. 

A relaxação dos costumes, entre os religiosos, era extraor- 
dinaria. 

Chegados ao Brazil, perdiam a vergonha e atiravam-se á 
vida como desbragados ; os que aqui estavam não ficavam atráz, 
dando todos os mais perniciosos exemplos. 

As cartas régias repetiamse probibindo expressamente a 
vinda de veclesissticos para as colonias. 

Na sua linguagem oficial resavam ellas que a experiencia 
tinha demonstrado que não se dovia permittir a vinda de religio- 
sos, por causa do grande damno e perturbação que faziam nas 
minas, para onde logo so passavam. 





pre 





A vigilancia exercida sobre iria ue nenham 
mestro de barco obtinha despacho de parti Eng pais 
das ilhas, sem que primeiro declarasse, por termo, que não 
levava, em suas embarcações, religioso algum, sob pena de pagar 
2.000 eruzados, pena que seria executada no primeiro porto do 
Brasil à que el 80. (Doc, V. 16 Pag, 48-4). 

Mas essa vi cia era iludida, passando os religiosos para 
o Brazil, o ao chegar a São Paulo atiruvam os habitos s orti= 
gas, e, disfarçados, inm-se para as minas. (Doc. V. 20 Pag. 68). 

Era, emtim, Instimavel o vivor do elero, cujos membros 
faziam o maior escandalo, uecendo-se dos deveres do seu 
estado, ludibriundo as aueto: les, à quem  descompunham ras- 

damente, e dando nos seculnres o mais dissolvente exemplo. 
(Doe. V. 32 Pag. 37). 

A case pessoal, administrativo o religioso, ostava entregue 
a sorte do indigena, 

No Bruvil inteiro a situação do indigona foi sempre vacil- 
lanto; é seria até 1751, porque vacillante e contraditoria era a 
logislação qus a regulova, feita « dosfeita no snbor dos intercs- 
ses dominantes, Já vinha de longe essa vacillação, oriunda das 
luctas entre os missionarios jesuitas e os colonos. 

Naqnelle tempo, jesuitas aldeayam os indios para a 
doutrina, para a catech: 

Jus tão ubnegados intuitos não guinvam os colonos, homens 
da temperamentos rudes e violentos, 4 abandonar a mãe-patria ; 
alles eram, ao contrario, trazidos pelo desejo nspero de fazer 
fortuna, pola ambição ardente do ganhar dinheiro; lançavam-so 
à agricultura e as suas lavouras prosperavam ; o braço, o grande 
problema dos paizes novos, vinha a fultar. 

O unico meio, na época, para a acquisição do trabalhadores, 
eram ns ontraday no sertão, acompnhadas sempre do guerras, 
que claramente faziam prever a sorte do indio vencido: a morte 
ou a escravidão. 

Dadas essas cireumstancias, n escravização do indio era uma 
consequencia logica, tornava-se indispensavel no colono que cedo 
ou tardo so havia do rebellar contra o systema dos jesuítas. 

O Jesuita aldeava em proveito proprio, fazendo os indios ten 
hulharom nas fazendas da Companhia, sogregando.os da colonia, 
evitando até que elles tivessem communicações com os colonos— 
queixavam-=se estes, 

Os portuguezes veduziam o indigena a uma escravidão cruel, 
mil vezes peor que a barbarie do sertão; não queriam homens, 
queriam escravos, machinns de trabalho, para os quacs não tinham 
picdade—aceusavam os josuitas, 



































—97— 


E a lIncta, estnbelecida e accesa na colonia, era decidida na 
metropole que, conforme pendia para um ou para outro Indo, as- 
sim fazia as suas leis, protegendo ou restringindo a liberdade do 
indigena. 

Mas este era indolento e imprevidente, não tinha habitos de 
trabalho nem desejos de accumular bens; manifestava-se, pois, 
precario instrumento para o desenvolvimento da colonia; os co- 
lonos voltavam-se para as costas da Africa é começon a impor- 
tação do escravo negro, sofredor e resignado, que veiu garantir 
a prosperidade da colonia e, em parto, affrouxar a Incta travada. 

Com a substituição do braço trabalhador, a sorte do indi- 
gena melhorou consideravelmente. 

Os indios, de que os brancos se apoderavam, viviam em 
aldeas ou sob a administração dos potentados e dos jesuitas nas 
fazendas. 

Esses só tinham adquirido da civilização o habito á 
ção, à corrupção dos costumes, a perversão moral, a syphi 
a variola que faziam verdadeiras devastações. 

Eram chamados serviços forros; mas entre administração é 
escravidão só havia a dificrença dos vocabulos. 

As aldêas deviam compor-se de cem casaes pelo menos, em 
uma legua de terra em quadra, de dominio das aldêas e não dos 
missionarios, situadas à vontade dos indios, com approvação da 
junta das missões. Essas aldêas estavam sob a direção de mis- 
sionarios e de um administrador e eram regidas e governadas 
pelo capitão general, pelo ouvidor e pela camara. 

Essa abundancia de administradores só trazia confusão e 
prejuizo para os aldeados. (Arouche. R. H. IB. 

Havia, então, a aldêa de S. Miguel, sob a direcção dos Ca- 
puchos; a dos Pinheiros sob a dos Benedictinos; a da Baruery 
sob a dos Carmelitas, e outras. 

Essas tinham sido fundadas antes desse regimen e não eram 
mais do que viveiros de trabalhadores para as obras publicas, 
estradas, Aortificações, transporte de bagagem, recados, etc. 

Estavam sempre desfaleadas de indios: uns eram levados 

ra ns minas pelos governadores quando passavam por S. Pau- 
jo; ontros abandonavam-nas, preferindo viver nas povoações ao 
acaso da sórte, desmoralizados e preguiçosos, ou nas mattas, para 
onde fugiam, desquitando-se de uma civilização de que só co- 
nheciam o lado doloroso 6 pesad: 

Nas proximidades das povoações existiam tribus inoffensivas, 
mais ou menos errantes, habitando tabas pouco populosas, dei- 
xadas em paz pelos paulistas, os quaes com o atacal-as não en- 
contravam lucro farto. 

















Havia ainda os indios indomados do sertão— Payaguás, Quay- 
corús, Cogupós e outros—que defendiam o seu sólo e se vingavam 
das entradas dos paulistas, com valentia e coragem, em Juetas tres 
mendas e sórte varia; ora exterminavam complo! to ns ben- 
deiras, as expedições que se aventuravam no sertão, ora eram ba- 
tidos * trucidados. 

Essas Inctas constituam verdadeiras guerras, darariam por 
muitos annos é seriam a preoceupação dos governadores, 

A importação de escravos negros, das costas do continente 
africano, fuxiwse em larga o faria escala e era o preço 
existencia colonial do Brazil. 

Destes, muitos fugiam, estabolecendo bons relações com os 
indios das immediações, vivendo das depredações nas fazendas 
vizinhas, formando quilombos, que davam que fazer ás auetori- 
dades loenes, as quaes viam, em cada um delles, nucleo de novos 
palmares. 

A agricultura tinha prosperado; e, no seculo XVII, rara 
era a fazenda que não produzia vinho e trigo para o seu 
consummo. 

Mas a agricultura, tarda na retribuição ao trabalho, não se 
compadecia com o desejo febril de enriquecer rapidamento; 
definhava, estiolava-se, o recebia golpe de morto com a dosco- 
borta das minas de ouro, que, excessivamente remuneradoras 
apesar dos quintos, absorviam a actividado do todos: dos que 
estavam e dos que chegavam. 

O ouro era a unica mercadoria de exportação; tudo o mais 
em importado do reino. O commercio local ora mais que insigni- 
ficante. 

O sal era introduzido, na capitania, em virtude de monopo- 
Jos 0º garantidos por contractos arrematados em Lisboa, 

Po aminhos havia; a não ser os de Mogy a Santos, de 
São Paulo para as Minas e para Santos, intransitavel, as vias de 
comunicação eram os rios somendos do sultos e cachociras, 
correndo quasi todos para o sertão. 

Santos, o melhor e o mais usado porto maritimo da cnpita- 
nin, achnva-se no mais desolador estado. 

Apesar da invasão e saque da cidade do Rio de Janeiro, em 
am1t, por Deguay-Trouin ; apesar do receio de novos saques por 
piratas extrangeiros attralidos pela cobiça do ouro que fartas 
mento se extrahia no territorio paulista, não existiam, em San- 
tos, fortificaçõos dignas desse nome, 

A fortaleza da barra da Bertioga era um reducto de tres 
fnces, feira do fachina e estacadas de madeira, arrminadas e apo- 
drecidas; tinha cinco peças de artilharia, sem reparos, e uma 














— 99 — 


guarnição composta de um sargento, seis soldados e um arti- 
Mheiro. (Doe. V. 18 Pag. 111) 

Em 1700, o governo portuguez tinha cogitado de, como 
melhor, mais rapido e mais economico meio de defesa, entupir a 
darra da Bertioga, plano geninl que não chegou a ser levado a 
efeito. (Doe. V. 16 Pag. 45). 

A da barra de Santo Amaro não tinha casa para polvora ; 
nella estava o melhor da artilheria—trinta e duns peças— que 
não funccionavam porque as carretas estavam tão damnificadas que 
não supportavam o peso das peças; tinha uma guarnição nomi- 
nal de 300 homens, tirada do Rio de Janeiro, mas sempre in- 
completa, desfalcada pelas continuas deserções por falta de pa- 
gemento do soldo, não attingindo o efectivo a 80 homens. (Doc. 
V. 16 Pag. 36, V. 18 Pag. 146). a 

Após a invasão franceza de 1711, o governo portuguez 
mandou levantar um plano de fortificações para as barras de 
Santos, pelo brigadeiro João Massé, e, seguindo o velho costume 
de nada despender, ainda que para segurança e protecção dos 
seus mais avultados rendimentos—o ouro bracileiro —mandou in- 
sinuar, em 1715, que acceitava o oferecimento de Manoel de 
Castro de Oliveira, que promettia executar as obras planejadas, 
correndo as despesas por sua conta, mediante a morcê do fôro 
de fidalgo, o habito de Christo, com 808000 de tença, outro 
babito de Christo, com 402000 de tença para seu filho, pagas na 
fazenda real de Santos, e um officio nas minas com 4UGU0O de 
renda. (Doe. V. 18 Pag. 5 e 6). 

Manoel de Castro de Oliveira começou as obras em Santo 
Amaro, fazendo os angulos que constituiriam a penella, leyan= 
tando-os até quatro palmos acima da superficie da terra 0... 
parou. > 

Em 1717 já tinha ella parado; ou porque visse que as mer- 
cês promettidas não compensariam as despesas n fzer, ou porque 
reconhecesse que essas mercês, pagas pela fazenda resl de San- 
tos, não teriam effectividade cm uma fazenda cujas consignações 
não bastavam para pagamento dos soldados e da folha ecclesias- 
tica. (Doe. V. 18 Pag. 19). 

O forte de Santa Cruz de Itapema era apenas uma posição 
estrategica, com fortificações primitivas, que só constituiriam 
defesa contra ataques de indios. 


Apesar de ser a unica cidade elevada por alvará de 11 de 
Julho de 1711, e ser a capital do governo, S. Paulo ern, rela- 
tivamente, uma localidade insignificante. Até bem pouco tem- 


== 90 Em 





po, Pamalyba o Yti quiere ita a primazia, o Taubaté che. 
gúra a cmpanar-lhe o brilho. " 

Estava assentada na colina, à cavalleiro dos riaclos Anhan- 
sabalai e Tamanduatchy, e era tho pequena, que a cada, es- 
tando junta ao convento de 8. Francisco, já so nchnva fóra das 
vuns publicas. 

us so chama hoje centro era, por assim dizer, toda a 
cidade de então, com as suas fortuosus runs serpenteando no 
cabaço da collina, estreitas mum ponto, largas nontro, recortadas 
de casas baixas, de enormes beiradas do telhados a protegerem 
as paredes de taipa, branqueadas, quando o eram, de tabatinga 

De costas para o Tamanduntehy, erguia-se, de taipa feito, 

o collegio dos jesuitns, encinmado a vigiar a povonção que ti- 
nha gerado e cujos primeiros passos tina guiado. 
Mais adeante, na orla da mesma collina, estava o convento 
de 8. Bento, no logar mesmo, onde outrora erguera a sua cho- 
qu Tibiriçá, o chefs tupiniqui amigo dos pertmgateos e dos 
Jesuitas e por estes baptizado com o nome de Martim Affonso, 
em homenagem 4o primeiro donatario da capitan 

Pode-se dizer ui a cidado oceupava a área contida pelo 
collogio dos jesuitas, hoje Palacio do Governo, pelos conventos 
do S. Bento, S. Francisco e Carmo que, 4 esse tempo, já exis= 
tiam; além dessa árca as ensas iam xareando, já apparcciam as 
chacaras, os sitios, us fazendas. 

Pelo gue dra a em ital pódese nvaliar o que seriam as on- 
tras localidades, A villa de Ytú, por exemplo, que promottin 
desenvolver-se muito, por ser ponto obrigado da passagem dos 
mineiros para Cuyabá, compunha-se duns 800 cases, com 7 
Jeguas de distrieto, uma egreja matriz, um convento de 
Francisco, um oficio de terceiros do Carmo e uma egreja do 
Senhor Bom Jesus. (Doc, v. 18 pag, 209). 

A população compunha-se de brancos, vermelhos e negros, é 
dos productos dos cruzamentos dessas raças : mulatos (brancos e 
negros), mamelucos (brancos e vermelhos), caribocas ou cafusos 
(negro e vermelho). 

Desses cruzamentos—concorrendo cada raça com a sua qua- 
lidade predominante : n inteligencia, a tenacidade do branco; o 
pat de aventura para devassar florestas, n possibilidade de 
adaptação ao meio, do indio; a resistencia individual no soffri- 
mento, a resignação ao trabalho, do negro—é que sahiriam os 
paulistas, esses heroes dos fins do seculo XVI e do seculo XVII, 
sobre os quaes veponson o trabalho geandioso da constituição 
geographica do paix. 

Nessas corcerias audazes o ferozes pelo interior iguoto da 








a BD ms 


America os paulistas foram estabelecendo a réde arterial, por 
ss furia a circulação vivificante do futuro puiz. 

Só elles poderiam, com Antonio Raposo, num impeto que 
faz incredulos, atravessar o continente de sudoeste a noroeste, 
escalar vs Andes, chegar s aguas do Pacífico, no Peri, inter- 
marso no valle do Amazonas «seossalendo tesra e mar pare o seu 
veis, numa expedição de annos, na quala lueta com os homens, 
com a natureza, as privações, os sofitimentos os desfigarariam 
tantos, que ao recolher-so ao lar 05 seus parentes não os reco- 
mheceriam. 

Delles à Paschoal Pes de Araujo, varando o interior da 
America, indo acampar nas margens do Tocantins. 

Descendentes delles é Luiz Pedroso de Barros, capitão da 
infanteria de soccorro à Pernambuco, na guerra hollandeza; É 
elle quem, talando o sertão, vne morrer ás mãos dos Serranos, 
no Porú, em 1662. 

Chamavam-se Fernão Dias Paes, Manoel de Borba Gatto, 
quando devassam e desvendam Minas Geraes, 

São Manoel Preto, Francisco Xavier Pedroso, Francisco Dias 
Mai quando destroem as redueções do Guayrá, ns missões 
jesuíticas, no Uruguay, aprisionando indios, em obediencia a 
um phenomeno historico. 

Bão... innumeros, enja lista seria interminavel, 

São os descobridoros de minas, são os auctores dessas acções 
extraordinarins o maravilhosas, cuja cpopéa ainda não encontrou 
cantor. 

Com esses feitos heroicos, formaram o periodo heroico da 
capitania, mais duradouro que o bronze. 

A sus obra grandiosa estava, porém, a concluirse, e esse 

irito do aventura entrava em decndencia: a derrota sofrida 
mos ultimos ataques és missões, à descoberta o exploração das 
minas, 4 sorte contraria ma guerra contra os emboabus, davam 
mova direcção nos espiritos e outra oceupação à setividade. 

Acenmulavam-so já grossas fortunas, que ereavam o gosto 
pelo conforto, faziam perder o amor à vida quasi nomada do 
outrora e davam habitos sedentarios, 


Tendo à distineção da opulencia, aspirnvam o mando o vinham 
a ser capitdes-móres; queriam distineção da nobreza e fuzimm já 
as justificações de genero, para provar a pureza do sangue exe 
treme, tranemittido sem quebra de bastardia ou de ofhcio me- 
chanico, nas quaes erum obscurecidas as origens americanas e 
ei as curopéas para entroncarem-so nas casas fidalgas do 


















Pouco depois appareceria o primeiro Cpo e Pedro 
Taques, que prestaria relevantes serviços à historia de sua terra, 
com a aum obra, infolismente truncada, 

Os fidalgos, os habitos de Christo eram qa 
dos ardentemente; as cartas recebidas dos senhores que 
nosso tempo eram prodigos dessa cspecio de distineção que nada 
lhes custava, agradecendo os serviços prestados e incitando a 
novos, eram guardadas e acatadas como preciosidades de valor. 

Ricos, localizavam-se nas povonções; « mitis commummente 
nas suas fazendas que eram verdadeiras villas, pela a quan 
tidade do casaria que alli bavia devidamente arru; e 
uumero dos habitantes, compostos da familia, aggregados, indios 
peqisirado o ss E Er à 

i erguiam capelas sob a invocação santo da especial 
devoção, ndornadas E Prá dourada, trabalhadas por nrtificos 
de profissão, vindos do reino, onde annunlmente celebravam as 
festas do padroeiro com vitavarios de missas cantadas, sacra= 
mento exposto, sermões n varios santos, e bandas de musicas 
vindas dos povoados, Durante essas festas, iruito concorridas 
pelos visinhos, parentes o pelos religiosos das communidades 
existentes em 8, Paulo, borborinhava o povo numa agitução de 
muitos dias. 

Nessas, e em ontras oceasiões, praticavam a hospitalidade 
com maguificencia. Havia alguns que paramentavam, para aga- 
salho de seus hospedes, cem camas, todas com cortinados pro- 

rios, lenções finos de bretanha, gunmecidos de rendas, e uma 
Ea, prata, sem pedir nada emprostado. 

A mesa abundante estava sempre posta. Era a ocensião 
propícia para exbibição dns custosas buixellas de prata, pesando 
uuitas arrobas, truzidas do Peri nas antigas correrias, herdadas 
dos maiores e sempre augmentadas, 

Es maguificencia dobrava, consumindo-so rios de dinheiro, 
quando hospedavam os recomendados do rei. 

As fazendas assim constituídas foram o nucleo de grande 
ora existontos. 

Ensiam instruir os filhos nos estudos de grammatica e phi- 
losopia no colegio dos jesuitas, e, nhi, muitos vestinm a rou= 

ta ou iam tomar o habito das outras communidades religiosas. 
Dara arara filiadas principaos que não tinha dois, tres é 
mais membros religiosos, (uando um dos filhos ordenavaso a 
missa mova que cantava era celebrada com festividades religio- 
eus, é com canas, encsntroadas, escaramuças, reliquias medie- 
vues em quo se parodiavam os torneios 

Evam os excreicios da força e da habilidadado, nos quaes 
























muitos e destros cavnliciros ostentavam o sou miroso gnrbo, om 
eavnllos carissimos, ricamente ajacrados, fazendo prodigios de 
agilidade que arrancavam estrepitosos applausos da assistencia 
enthusiasmada, nos muitos dias que duravam essas festas, que 
chegaram ató nós com a denominação de cavalhadas. 

Nas festas executadas, quando 8, Paulo foi elevado a ci- 

ficou memoravel o jogo das sertilhas, no qual Antonio de 
Oliveira Leitão, arrancou applansos pelas sortos feitas, applan= 
sos que tocaram no delirio, quando de um golpe separou com 4 
Cesta o pescoço do um dos touros (Pedro Taques). 

Outrora atravessavam as povoações com sequito numeroso 
de indios armados de Hexas: agora vinham n povoado, com des 
prezo da pragmatica, vestidos de tecido enros, cobertos de ouro 
e prata. Seguinm-nos escravos, com a libró da casa, nogros, é 
mulatos tão claros que na côr competiam com a gente branca, 
e nisto estava o geande luxo, 

Julgar-so iam robaixados se não so fizessem seguir de pagens 
de pé ou a cavalo. 

A riquesa ern tão grande que um àellos, José de Góes e 
Mornes, compraria no Marquez de Cnscnes a capitania de 8. 
Amnro, si D. Joko V não tivesse atravessado o negocio. (P. Tae 
ques—Nob. B. 1 H. B.) 

Guardando um respeito exagerado no principio de auctorida- 
de rodeavam-se de extrema severidade no seio da família, onde 
a vida afectiva em árida; os filhos saudavam os paes *dizando- 
Thos; «Louvado seja Nosso Senhor Jesus Christo» e nada mais 
se animavam a secrescentar, silencio respeitoso que guardavam 

um dennte dos mais velhos. 

As mãos de familia, as Donas, matronas choias de virtudes 
mas vnsias do expansões carinhosas, levavam uma vida reco- 
Jhida e reconcentrada ; e, se por acaso, sabiam À rua para irem 
di egreja, envolvinm-ss em mantos que lhes escondinm comple- 
tamente o rosto € fuzinm-se conduzir em endeirinhas de toju- 
dilho, tiradas por escravos. 

Os casamentos dos filhos eram resolvidos entro os respocti- 
vos paes, e os noivos quasi sempre se vinm pela primeira vez, 
na egreja, 4 hora do acto. 


A classe dirigente panlista, no principio do seento XVII, 

Os principaes da terra, eram pessoas graves, que já tinham o que 

+ desojosos de fidalguia, venerando o rei e acatando os 
representantes delle, 











Essa si que haveria de permittir, som revoltas, as. 
violencias do Rodrigo Cesar de an que viria cercar as. 
cortinas sobre o passado de aventuras portentosas o de altiva 
dida aso e inaugorar « administração paulista, q 

? per isso que o periodo administentivo desse capitão so 
neral marca a ópoca do transição entro a vida antiga cn 
nova amollecida pela riqueza. Ainda appareceriam casos do he- 
xoismo praticados por homens dos ontros tempos, mas spo 
cos e nnachronicos na nova sociedade quo se in inaugurar. 

Quando Rodrigo Cesar de Menezas terminasse 0 seu governo, 

o nome de paulista estaria obscurecido para deixar apparecer o 
de Capitania de São Paulo, movendo-se sem nttrictos na engres 
nagem administrativa colonial. 

Tso é que faria crer, como depois so ropotiu, que só nossa 
época os paulistas reconheceram o dominio da corda portugueza, 





Para a nova capitania de São Paulo foi nomeado govema- 
dar ePades Alacês Otra iuouno farm posso! do pb 
ni Jogar valo demasia Rodo (OGsaE da Mens 

Polo sou muscimento o novo governador era fidalgo de 
linhagem o portencia a uma das mais nobres familias de 
Portugal, 

A varonia de sua essa era Cesar, à procedia de Pedro Pires 
Gasr, cidadão de Leiria, que já andava nomeado no foral que 
D. Sancho I dou a essa cidade cm 13 de Abril do 1195. 

Scus antopasados concorreram e participaram das glorias de 
Portugal, praticando façanhas em Ásia e Aftica, onde se illus- 
tenram. 

Um delles, Vasco Fermandos Cesar, capitão do afim, 
durante o reinado de D. Manoel, commandando uma fusta, com 
ella desbaratou seis chuvecos mouros. 

D. Manoel, por isso, abraçou-o dizendo-lho: — «Isso é feito 
de Cesar», — trocadilho que se perpetuon na familia, 

D. Jono IE acerescentonlhe, ao brazão de armas, sois galés, 
em memoria desse feito, 

Durante o largo pariodo da affiemação da independencia de 
Portugal, que vai de D, João IV a D. Pedro II, a rivalidade 
entro os Cesar c os Mascarenhas interessou c emocionou Lisboa, 
constituindo uma lucta de gigantes, na phrase de Camillo 
Castello Branco que n estudaria com amor. 

Por parto dos Cesar distinguiram-so o arechispo do Lisboa, 
d. Sebastião Cesar de Menezes e froi Diogo Cesar de Menezes, 








— 85 — 


proscial dos Franciscanos no Algarve; aquelle dissimulado o 
ypocrita, este, irritavel e violento, ambos cheios de talentos, 
irmãos do bisavô do novo governador. Essas duas faces do 
caracter daquelles religiosos se reuniam, sem os talentos, em 
Rodrigo Cesar, 

Rodrigo Cesar de Menezes era filho segundo de Luiz Cesar 
de Menezes, que fora governador do Rio de Janeiro, de Angola 
e depois governador geral do Brazil, donde sahiu em 1710. 

A sun familia materna era Lenenstre, que procedin de 
D. Jorge, filho natural de D. João IL; por essa bastardia Ro- 
drigo Cesar era aparentado com a cnsa real do Portugal. 

Seu irmão mais velho, Vasco Fernandes Cesar de Menezes, 
rimeiro conde de Sabugosa. herdeiro da casa, vice-rcinava no 
razil, desde 23 de Novembro de 1720, ao tempo em que elle 

fôra nomeado governador de São Paulo. (Dice. Hist. e Geog. do 
Port. Pinho Leal, V. 8. Pags. 301 6 seg.) 

Rodrigo Cesar estudou em Coimbra; logo, porém, trocou a 
carreira literaria pela vida militar, tendo sido nomeado briga- 
deiro de um dos regimentos de infantaria da côrte. 

Nesse posto estava quando, em Lisbon, se começou a mur= 
murar dos amores que o moço rei D. João, o quinto do nome, 
trazia com d. Felippa de Noronha, dama do Paço. 

O galanteio, refere um chronista, deveria ter começado, por 
17,04, quando D. João, ainda principe real, teria uns 15 annos € 
d. Felippa 22; para vencer os escrapulos 6 receios de d. Felippa 
o principe déra um escripto de casamento. 

D. Felippa acreditou, não só pela fé devida à um principe, 
como tambem porque sendo ella nobre o casamento era possivel, 
e... deixou-se vencer; as conveniencias, porém, da politica 
aconselharam a reclusão de d. Felippa no convento de Santa 
Clara. 

D. João V, para evitar um confiicto e cobrir o escandalo, 
recorrera ao expediente sediço de casar d. Felippa; e, para tal 
fim, escolhera Rodrigo Cesar de Menezes, um excellente córte de 
marido. 

Mas d. Felippa recusou o alvitre e as murmurações da côr- 
te encarregaram-se de mallograr tal casamento. 

Nessa oecasião a credula d. Felippa escreven ao rei uma 


carta celebre, considerada por alguns como apocrypha, mas cu- 

A ; Ev 
jas copias existem na hibliotheca do Evora, codices 5 “US, o 
na biblintheca d'Ajuda. (Alb. Pimentel, Est. hist. As amantes 
de D. João V). 


Acerescenta o chronista que talvez não fosse extranho à 














a E mm 
posdeade de: Pes Co qua o 


casamento; quereria afastar-se da córte. 
esse casamento 





pouso escrupnloso brigadeiro, 

Poderia, sim, ter havido malícia da parto de D, João V, 
o governador da capitania do 8. Panlo, constituída, 

em paia: pela do Santo Amaro, adquirida ultimamente ao Mar- 

quez 


O que parece muis provavel é que n boa vontade de Rom 
drigo Cesar lhe tivesse grangendo as graças do rei D. Joho V, 
é, estando passados oa tempos nurcos da Índia, viosse elle des- 
ado para o Bruil, ondo então so accommodava a Di 
aqui bons logares para os filhos segundos das casas nobres. 
Rodrigo Cesar achavaso em plena maturidade, no vigor dos. 
seus 45 aunos, quando acceitou o governo paulista 
A 2 de Abril de 1721 se embarcou em Lisboa e, após uma. 
viagem de cinco mezes, chegou a S. Paulo a 3 de Setembro ; 
tres dias depois, 6 de Sotambro, tomou posse do governo, 
ranto o Senado da Camara. (Doe. V. 20 pg. 51, v. 32 pg: 16 





CAPITULO TI 


À CHEGADA DO GOVERNADOR ; SUA OPINIÃO SOBRE 05 PAULISTAS 7 
A SITUAÇÃO DA CAPITAL. Os AUXILIARES. ÍNICIO DA ADMI= 
NISTRAÇÃO, 


Era esse, a traços mais que Jargos, o estado da capitania de 
8. Paulo, quando Rodrigo Cesar de Menezes tomou posse, u 5 de 
Setembro de 1721. 

Vindo por Santos, chegára a S. Paulo o nobre brigadeiro da 
córte de D. João V acompanhado de seus officines de sala, os tem 
nentes de mestre de campo general David Marques Pereira e 
Cardoso dos Santos, do ajudante de tenente João Ro- 
diques do Valle, o do secretario do governo Gervasio Leite Re- 

o, que já tinha occupado identico logar no Maranhão. 

Vuidoso de sua pesson, orgulhoso de sum grapis, o novo 
governador admirava-so o guardava profundo dospoito é rancor 

quasi indiferença com que fóra recobido. 

Os governadores precedentes, da capitania unida de S. Paulo 
e Minas Gerues, tinham eleito moradia na villa do Carmo, hoje 





= + 


«cidade de Marianna, em Minas Geracs, por ficar mais proxima das 
lavras e lá se achava todo o archivo da administração. 

Chegando a S. Paulo foi residir nas casas de d. Simão de 
Toledo Piza, nas qunes já costumavam a assistir os seus antecesto- 
res quando passavam por S. Panlo. 

Essas casas, agora alugadas e mais tarde compradas pela me- 
tropole deveriam estar situadas na hoje, rua do Carmo e na rua da 
Fundição, visinhando o collegio dos jesuitas. 

Era abi o palacio do governador. 

Em 7 de Setembro de 1721 Rodigo Cesar communicou a sua 
“posse ás camaras das villas da capitania, e determinou, já que es- 
pontaneamente nenhuma o tinha feito, que cada nma dellas en- 
viasse um membro para lhe dar as informações necessarias ao real 
serviço de S. M. 

Para fazer crer que toda a auctoridade estava enfeixada em 
suns mãos, e que estava acabado o tempo dos donatarios, o seu 
“Primeiro acto foi, em obediencia à carta régia de 1.º de Fevereiro 
de 1721, dar baixa em todas as nomeações para os postos de orde- 
nanças feitas por Antonio Caetano Pinto Coelho, capitão-mór de 
Itanhaem e loco-tenente do Conde da Ilha. 

Rodrigo Cesar de Menezes chegára previnilissimo contra o 
povo que vinha administrar, formando sobre o caracter delle, o 
mais deploravel conceito, apoiados em atonrdas que, naquelle tem- 
po passavam por verdades, o que não deve admirar, porque histo- 
riadores contemporaneos ainda as repetom em seus livros. 

A acção dos paulistas, no correr do seculo XVII, fora tão 
surprehendente, que a sua historia, a par de traços caracteristicos 
verdadeiros, andava enfumaçada por lendas abstrusas e incon- 

entes e tão inverosimeis que só o desconhecimento completo 
lesse povo lhes poderia dar credito. 

E, assim, julgava-se qne «os paulistas, intrepidos é perse- 

raça descendente de condemnados deportados (1) dos 
diferentes povos da Europa (2) e de mulheres indigenas, do- 
tados de uma energia quasi selvagem, gostos de aventuras e 
de independencia levados so estremo, qualidades e defeitos 
dos elementos de que provinham, tinham se estabelecido em 
S. Paulo, (3) logar cercado de montanhas por todos os lados, 
dando accesso unicamente por uma garganta ostreita, guardada 
rigorosamente (4); ahi constituiram uma especie de republica 








Annan AARA 


(1) Paul Leroy Beoutieu. De la colonisation ches les penplos modêrnes. Paris 
2871, cltado por Americo Brasiliense, Historia Patria, Pg. 115 em nota, 

(2) Abreu Lima. Ristoria do Brasil, 1843. pag. 205 A 208. 

(8) Froger. Voyage du Sud. Amelerdam, 1716. 

(4) Vougiem, citado por Ayres do Casal, Chorographia, 1833, pag. 184. 



















4 


Prata e 
« que cocavam como manadas da bois, oppuzeram-se no 
« de civilização soguido polos josuitas, expulsamm a estes de 
« sua cidado capital, e, formando uma especie do seita composta 
« do christianismo misturado com as superstições indigenas, no- 
« memrum um papa, bispos e curas, e escreverum sobre uma 
« case de arvore uma especio de evangelho do sua invenção, 
(4) em quo era progada uma doutrina favorayel nos seus 
surdidos interesses. (5) Por este meio 4 nova seita ganhou os 
om indios convertidos pelos jesuítas, e ajudados por elles, ta- 
caram « arruinarna os estabelecimentos do Paraguay» (6) 
«Organizando tambom uma nova fórma de governo, cercaram 
« tribunnes, e se constituíram inteiramente independentes e Ti- 
« vres do todo o dominio extrunho. Assim foi que esses ho- 
«mens intrepidos, erigindose em exploradores exclusivos do 
« Brasil, fizoram correrias no interior, nfrontaram o governo 
« bespanhol, arruinaram todas as povonções indigenas, form 
«no Guayri, pelos padres da Companhia, arrebataram e redu- 


asas 











Muy Uolation des voyagos do França 
ITUMA 


(Abrogi do Fhietai 






a (1, E) copiadas gor La Marge 

Yo 0) é Magnal (Mintoiro dtablimmamemt, V. 
are. Noxnges Gan la provinen de A, Paul, 180, pg. 24, VOL Lj 
ções recolhidas em Fermambuso, em L6f%, por dois rol PER 


1 do Plano Saint Iiaire, Obra citada, paz. 42. 
ei, a do Brasil, 1810, V. 26: pg: 04 0 06 Wardem. Mlioiro da 
Farçira e, ”v. 
) 


ca 
 Bobgnabos— Meire do la Clvilination, 100, Pais, alnda dis que o» paa- 
Vistas no aeculo 1% constitairam um povo independonto. 

6) Americo Brasilicnse, Carai o Halnt Illalro citam cotas opiniões para mostrar 
quão pouco conhecidos eram os paalistas. 





— 39 — 


«ziram á escravidão mais de 40.000 neophitos, invadiram a 
« provincia do Urnguay, e, ensoberbecidos com estes felizes sue 
« cessos, continuaram suas depredações até ao Paraguay. 

« Essa horda de aventureiros, esses piratas da terra, tão 
« crueis como os Mamelucos do Egypto, não achando mais em 
«que cevar a sua cobiça, voltaram as suas aggressões para 
« Ciudad Real e Villa Rica do Paraguay, destruindo e arruinan- 
« do completamente as duas cidades hespanholas. » 

Desnaturada per essas novellas, sem pés nem cabeça, corria 
a historia dos paulistas. 

E' verdade que, a par dessas tolices, estuvam factos verda- 
deiros que concorriam para dar aos paulistas um aspecto phan- 
tastico, mysterioso e atterrador. 

As luctas sanguinolentas das familias Pires e Camargos; a 
a expulsão dos jesuitas; a destruição das missões e consequente 
escravização dos indios; a acelamação de Amador Bueno; o 
episodio de Bartholomeu Faria, distribuindo o sal a preço ra- 
zoavel; as arruaças populares que obrigaram o ouvidor Souto 
Maior a fugir da capitania, por ter faltado o respeito a uma- 
menina paulista, com quem depois tevo de casar; a guerra sus. 
tentada contra os emboabas; as explorações audazes pelo sertão 
virgem; a descoberta das minas; as suas riquezas fabulosas ; 
tudo isso, decerto, contribuia para crear aos paulistas uma re- 
putação nada sympathica ao representante de D. João V, o rei 
absoluto. 

Para elle os paulistas eram mentirosos, quasi todos trope- 
cavam nesse vicio; eram dados à preguiça, geral achaque na 
America ; alimentavam uma vaidade doentia que não conhecia 
convniencias; defraudavam a fazenda real; eram turbulen- 
tos perigosos, matadores incorrigiveis. 

Mentirosos, ladrões, preguiçosos, assassinos, vaidosos, eram 
os bellos atributos que a opinião do governador emprestava aos 
paulistas. 

Mais tarde ello modificaria esse conceito mais que injusto ; 
por emquanto mantinha-o e, de aecôrdo com elle, agiria pondo 
em acção primeiro a dissimulação, depois a violencia. 

Verdade era que o estado anormal da capital, de aspecto 
pouco tranquillizador, dava uns visos de verdade ú epinião do 
governador. 

S. Paulo era o ponto obrigado da passagem para as minas 
de Cuyabá; para ahi convergiam forasteiros, adventícios, vindo de 
Portugal, de Minas Geraes, de todas as capitanias do Brazil, 
pobres, andrajosos, carregados de dividas, sem responsabilidades 
é sem impntabilidade, avidos de dinheiro, sequiosos da riqueza, 
brutaes é turbulentos 











= 40 — 





Os bandos amados, que se organizavam a ação 
das minas, compostos, Et de Fim dolo Erico a o 
lucos é brancos da mais infima classo » dos mais baixos sonti- 
mentos, compostos da ralé e da escoria, vasa que a paixão do 
lucro atirnva e revolvia na enpitania, punham uma nota de mpi 
tação feroz, davam cidade um aspecto de porto de embarque 
dotpoliciado, 
Essa gente, depravada e violenta, emquanto esperava as 
monções, enchia os cantos excusos das tabernas lobregças, dedos 
do os dados e as cartas, embriagando-se com bebidas aleoolicas ; 
dahi as desordens continuas, on tumultos om que havia mortes, 
A pequenina cidade adquiria assim uma população numoro- 
sa e Quctuunte, que não deixava yer a verdadeira feição 
lista occorrendo ninda que os paulistas não se ngglomeravam na 
sua ital, vivendo, no contrario, em sous sítios e fazendas, no 
município de 8. Paulo nos cirenmvisinhos. 
Rodrigo Cesar, porém, apanhava esses fictos 8 ontros detu 
dos por informações de má té, e, sem poder ou sem querer estos 
generalizava erradamente, concluindo pela tarba- 
Tencia dos paulistas, considerando-os um perigo permanente, olhan- 
do-os com receio e com despreso, 
As desordens porém partiam principalmente dos seus amxilia- 
res, os dois tenentos de mestre de campo jogadores, violontos « 
dissolutos—que, logo no chegar, encheram a capitania com o écho 
dos seus vícios. 
Vendo-se só, insulado, Rodrigo Cesar pretendeu reprimilos 
pela brandura, chamal-os no cumprimento de seus deveres por pala. 
vras de amigo; mas fructo nlgum colhem. 
O primeiro tenente, David Marques Pereira, era famoso pela 
soltura de suns palavras; a sua lingua era mais afiada e cortava 
mais que a sua espada, 
Em 8. Paulo não conheceu conyeniencias; nas ruas publicas 
referin-so às pessons principres chamando-as bebedas e cornudas 
Foram taes os sens excessos que Rodrigo Cesar foi solicitado, por 
petições, n reprimilos; chegou a tal ponto que os padres da Com- 
nhia se julgaram obrigados a intervir, fóra das horas costumadns 
GNARLS pa pb 
dio a tão odioso proceder, 
Do seu ordenado eram tirados 128000 mensaes para o susten- 
to de sua familia, que ficira om Lisboa na misoria ; desconto em 
que consentiu a principio, mas a que s6 oppoz, por fim, nos gritos 
e em descompostaras, 
O segundo tenente, Antonio Cardoso dos Santos, era ninda 
mais indigno; aproveitando-se do posto que oceupava, fazin um 































=p Cp 


soldo supplementar, pedindo dinheiro emprestado com a intonção 
deliberada de não re: ivs dos inferiores, dos que tinham depen- 
dencins com u administração, dos timidos, extorquia dinheiro com 
amenças é com violencias. 

Pora elle os habitantes na capitania eram minas ambulontes 
que elle explorava com proveito e vileza, 

Além de valentão, era dissoluto e depravado, 

Den brado e ficou celebre o caso da cadoa. 

Foi o caso que tendo sido encarcorada uma mulher por ordem 
do ouvidor geral, o tenente A. Cardoso dos Santos visitava-a e 
sustentavo-a pablicamente, levando o desvergonhamento a ir pas- 
sar as noites nn endên e desenfadarse com eln, nssim queixava-se 
Rodrigo Cesar, sem força moral para evitar tal escundalo, 

ouvidor geral, para pôr termo nos amores baratos do faça- 
mhudo tenente, apressou o processo da mulher, condemnando-a em 
69000 o & anhie para fóra da comarca, 

Essa solução enchou o tenenta do ruva a de despeito; ela- 
mou cous o terra, promottendo dosforras formidaveis, injuriando 
o feridos, quo se achava ausonto, amençando-o até com pan- 
cndas. 

Tomou abertamente n proteeção da presa e em nome del- 
le fez petição no governador que não a attendeu. Attribuindo 
esse insuccesso no secretario do governo. Gervasio Leito Ro- 
bello, andaciosamente, nas barbas do governo, debaixo das ja- 
nellas de palacio, às 9 horas da noite, com tres capangas arma- 
dos, no meio do gritos obsconos, aggredin o secretario, forindo-o 
gravemente, 

Ferin-o no Aipocondrio pela parte posterior, queixava-se 
constemado Rodrigo Cesar ao vice-rei do Brazil. 

De outra feita, os dois tenentes, acompanhados do pessoas 
armadas, fizeram uma assuada ao ouvidor geral, da qual resul- 
tou ficar ferido o meirinho da ouvidoria. 

Receioso dos paulistas, deante da insubordinação de sems 
auxiliares, insulado no governo, como deveria ser consolador 

Rodrigo Cosur o interesse solicito de Sebastião Fernandes 

jo Rego, olferecendo-ss para montar á sua custa um. esquadrão 

de cavnlinria, comprando 40 a 50 cavalos, enfroiados e arrein- 
“dos, todas as nemas o fardas para os soldados, e construindo os 
O assis. Como lho devora. saber tone offsria o como 
elle deveria ficar grato no seu autor! 

Sebastião Fernandes do Rego, reinol habil e nudaz, furejou 
logo o fraco do governador —vaidnde « violencin—e tratou de 
conquistar-ho as boas graças ; com esse oferecimento generoso 
achou o caminho estreito do coração de Rodrigo Cesar. 

















ia A mi 


Pela ercação desso esquadrão, único meio a sou ver de so. 
conservar o respeito na terra paulista, empenbavaso o gover- 
mador enlorosumente em todas as suas cartas no rei e no il 

E, emquanto esper! esso esquadrão, não viria, Jimi 
ton-se nos meios preventivos o recwrreu à intimidação: deter- 
minou que todos os forasteiros lhe dessem parte de sum chega- 
da a 8 Paulo, sob pena de tantos dius de prisão quantos aprou- 
vessem no seu sabor, a fez bandos rigorosos sobre armas e 





A forca Jevantada outr'ora em S, Paulo, earcomida polo tom- 
po, abalada pelos ventos, abandonada pelo desuso, tinha. desap- 
arocide governador mandou erguer uma outra no mesmo 
gar da antiga, dizendo, porém, que a vista só do instrumento 
do supplicio não bastava, que era necessario exceutar alguns, 
na propria cidade de S. Paulo, para escurmento dos outros; é 
logo queria utilizar-se da ardem da regente d. Catharina, que 
permittia nos governadores mandarem entorear negros, mulatos 
e carijós, sem appellação para a Bahia. 
robibiu terminantemente o uso de armas a quem quer 
que fosse, sob pona de perda das armas, da multas pecuniarias, 
o de açoutes para os meros, mulatos o indios forros, 

Por esso modo desarmava todo o mundo e acabaya com as 
rixas sanguinolentas, 

Mas n probibição ora excessiva; numa capitania sem poli 
cia, infestada de homens do toda a casta, onde a vida cireula- 
va principalmente pelos sertões, a tranquillidade o a segurança 
perigavam ainda mais o q medida ficava infeuctifera: os maus 
infringiriam os bandos, trazendo as armas oceultas e os bons fi- 
cariam inormes, 

A tal respeito representou a Camara, em 29 de Julho do 
1722; e 0 govemador, que já tinha recebido carta régia zegu- 
lando o uso de armas, publicou outro bando no qual, fazendo 
crer que attendia á SeprSprDiaão! da Camara, permitiu o uso 
do armas nos homens bons, aos da governança, o aos oficines 
de guerra e uos escravos que os acompanhassem, 

Sabre o jogo o sen zelo foi tambem excessivo; ordenou que 
os negros que fossem encontrados a jogar, seriam presos e Jo- 
variam pola primeira vez, 200 açoutes, junto no pelourinho da 
cidade, e, na reincidencia, serium castigados com a maior 
munstração que elle fosse servido ; mais tarde proibiu o jogo a 
todo o mundo, sob pena de 608000 de multa « 2 mezes de prisão 
na fortaleza do Santos; é, como a sua policia só podia sor foi- 
ta pela dilação, prometteu aos denunciantes 0 segredo e a terça 
parto da condemnação pecuniarin. 














— 48 — 


Essas providencias, por demais rigorosas, não foram approvi 
das pelo rei, porque a materia já estava regulada nas ordena- 
ções do reino. Os bandos, que as presereviam, foram cassados. 

Mas os forasteiros, os vagabundos que, com jogos, bebedei- 
ras é desordens faziam receiar pela tranquillidade da capitania, 
eram portuguezes, filhos do reino e das eclonias. 

Não havia extrangeiros nos dommios de d. João V; se al- 
gum conseguia entrar era perseguido e logo expulso. 

As relações com os navios extrangeiros estavam severa é 
minuciosamente reguladas em leis, é era expressamente prohi- 
dido o comercio com elles. 

O medo de uma aggressão extrangeira, attrahida pelo ouro, 
era tão grande, que Rodrigo Cesar probibiu a mineração em 8. 
Francisco, Paranaguá, Iguape, S. Sebastião e Ubatuba, emfim 
em todas as villas imaritimas, sob pena de confisco de bens, de- 
gredo para a Angola, 400 açoutes para os negros e indios, por- 
que essas villas, estando no littoral e sem defesa, poderiam fa- 
cilmento ser presas dos piratas. 

O remedio empregado era daquolles que cortavam o mal 
pela raiz; para evitar a molestia matava-se o doente; para que 
o ouro não fosse roubado, se lhe prohibia a extracção. 

O governo portuguez assim, porém, não entendeu podia 
acontecer que algum ouro escapasse á cobiça extrangeira—e 
cassou os bandos prohibitivos do governador. 

Entretanto a verdade era que a capitania não podia oppôr 
a menor resistencia a qualquer ataque. 

As fortalezas da barra de Santos estavam imprestaveis, com 
as guarnições desfalcadas por continuas deserções, devido ao não 
pagamento dos soldos. 

Os governadores dessa praça, para completarem as guarni- 
ções, recrutavam na villa de 8. Vicente, recrutamento que en- 
contrava viva opposição da parto dos moradores; além disso a 
retirada de homens validos dessa villa de poucos habitantes e 
tão proxima a Santos, deixava-a inerme e abria facil caminho 
para Santos. 

Prohibiu-se o recrutamento em S. Vicente, a concessão de 
baixas e trocas do soldados, era indispensavel tomar algumas 
provincias para os melhoramentos materiaes e imprescindíveis 
para defesa do porto de Santos, a—porta, por assim dizer, da 
capitania. 

Auctorizou a metropole, e em 1721, a consignação de 4.000 
cruzados annuaes, tirados dos rendimentos dos dizimos, na Al- 
fandega do Rio de Janeiro, para as despesas das fortificações 
de Santos. 





























ES Vi 





Essa defesa não ficou só nisso; deu-se mais um passo de 
grande estratogia e um clarão genial illuminou o governo por- 
tm, = para evitar qualquer invasão que alguma nação extran- 

ra quizesse fazer nesta conquista fo mandou expulsar da 
jitamia todos os extrangeiros e tapar os tres caminhos que, 
do villin do Mogy iam a Santos; os moradores que se sorvissom 
do icecsinbatda: DO Patos tro picada Vence da SE 
ro, freguesia de 8. Paulo a Hanhaem; e os moradores das vi 
de Taubatá e de suas vizinhas, para ns euns necessidades com- 
mercinos, fossem a Llha Grande, natorulmento por onde podessem, 

Expulsos todos os extrangeiros, tapados os caminhos de 
Mogy a Santos, abertas apenas algumas picadas para o commner- 
elo dos habitantes, feitos alguns concertos nas fortificações de 
Santos, entupida a barra da Bertioga, estaria mais que defen- 
dido o sertão de 8, Paulo, a terra do ouro! 

As arrebentadas fortalezas de Santos defenderiam o caminho 
da serra; e que não defendessem, essa cominho se defendarin a 
si mermo, porque, embora fosso chamado caminho do Padre José 
(Anchieta). era o caminho do diabo, que se vencia trepando com 
pés e mbos agurrados ás raizes das arvores. 

E tudo isso já era muito para uma terra, aos olhos do rei 
portugues, de vistas Jarguissimas, ainda era apenas uma con— 
quista. 

Com a primeira consignação dos 4.000 eruzados, abandonada 
a idén da entnpição, fez-se a fortificação da barra da Bertioga, 
do pedra o cal, gastando-so 1:7708000; fizeram-se os reparos nas 
carretas pura as peças de Santo Amaro, terminou=se a cortadura, 

ue já estava começada, e construiu=se a casa de polvora, tudo 
de 'acenedo dom aa male, qua” recomendadas; plântas “do Sad 
deiro Josá Massé, nas quaes o governo portugues punha especial 
enpenho em que fossem fielmente executadas, 

Isso ficou prompto por 1725. 

“Tambem as 4,000 cruzados não foram pagos com regularidade, 
[er impossibilidade em que se achava a fazenda real do Rio de 

janeiro, de oceorrer a essas despesas. 


Entretanto, contuvam-se por centenas as arrobas de ouro que 
annualmento eram remettidas ao reino; mas casas ram productos 

juíntos, dinheiro sagrado, no qual não se podia tocar, des 
tinado inviolavelmente à construeção do Mafra, a engorda dos 
conegos da Patriarchal, ao engorgitamento do Vaticano, que ga- 
Inrdoaria D. João V com o titulo do Pidolissimo. 

Esse dinhoiro tinha tambom outro destino; servia para ro- 
camar de brocados, acolchoar de sedas e encher de perfumes a 


- 45 — 


eella mimos de Soror Paula, em Odivellos, à amante do roi 
beato e devasso. 


Cosar procurava fortificar-se e fortificar a capitani 
preparando-sa pa as pingos colhaitas nas minas de ouro. 

“As minas do ouro imn-lho onchor todo o governo; por isso 
estudando esse governo vamos acompanhar os paulistas na pro- 
enta e exploração das minas, nas correrias no sortão com suas 
bandeiras heroicas, dirigindo-se para todos os Indos. 

Para o norte, para as regiões quontes das Horestas immensas, 
a onda paulista esprainva-se em enormes cachões, cavando palmo 
a palmo, numa conquista lenta mas segura, territorios sem donos, 
habitados por índios; para o sul tambem, para az regiões frias 
das vastas campinas, à onda doscia implacavel é tonaz, mos- 
queando o dorso do continente americano com arraises, uns ephe- 
meros, outros nucleos de povoações, futuras capitaes do futuros 
estados, caminhando sempre, num esforço incorsciente o grandi 
Bo, para n constituição geographica da nação brazileira. 

do espirito de aventura dos paulistas estava confiado o tra- 
balho hereuleo da definição termtorinl do Brazil. 

Leguas e leguns das terras sul-americanas tanto poderiam 
ser hespanholas como portuguesas ; ou melhor seriam hespanholas 
si se attendesso à [umosa demarcação feita pelo Papas Alexan- 

ainda mesmo modificada pelo tratado de Tordesilhas, 

A historia repetia-se, 

Assim como, soparado da monarchia loonoga o condado por- 
tncallenso, os ricos homens portugueses, no seculo XII, com seus 

los e mlgnras, no tempo da primavera, das colheitas fartas, 
em corrorins do saque e de deprodação, iam extrabindo territo- 
zio do poder dos sarraconos para constituir Portugal ; assim tam. 
bem, descobertas as terras de Santa Cruz e appropriado apenas 
o seu littoral, os paulistas com suas bandeiras, nu épocha das 
monções, fazendo entradas ao sertão, para a caçada faroz do indio 
bravio « para o pesquizar obstinado de minas incognitas, iam 
Juntando territorios pora a constituição geographica do Brazil, 

Si lá, ns vezes, a onda portueallanse, depois de ter avan- 
qado, recuava, jogada para traz, numa reneção mussulmana, aqui 
tambem a onda paulista, algumas vozes, voltava-so sobro si mosmo, 
torneando o impecilho indigina; mas, por fim, ambas avoluman- 

superavam os obstaculos encontrados, e destruindo ou as- 
similando, espruinvam-se dando à regino inteira uma mesma to- 
nalidade. 
O grande quadro, esboçado rudemente no seculo XVII, com 














io 








40 


as entradas no sertão para descer indios, ir, no seculo 
com a investigação das minas do ouro, receber contornos nitidos 
que o destacaram, como territorio homogeneo, do resto do con- 
uente sul-americano 
Os tractados diplomaticos de limites, mais tarde, nho seriam 
mais que n homologação do trabalho anteriormente feito. 


CAPITULO 3º 


A PANiLIA Campos.—Axvoxio Pres pr Campos.—O pesconri- 
MENTO E A POSSE DE Cuvaná-—PascoaL Morena CABRAL — 
Frusanvo Dias Farcão, 


A familia Campos, em 8. Paulo, descendia de hollandezes 
e de portuguezes. Foi seu tronco Felippe do Campos, natural 
de Lisbon, filho de Francisco Vanderburg e de Antonia de Cam- 
pos, aquello do Anvers, na Flandres, o esta do Lisboa, 

Felippe de Campos, depois de fazer seus estudos de gram- 
mutiea no colegio de Santo Antão, foi para a Universidade de 
Coimbra, onde fez algumas matriculas e wma morte, «por acei- 
dentes do tempo 6 extravagancias da mocidade, o que o obri- 
zon a passar para o Brazil a mctter tempo em meio», na phra- 
se pittoresea do genenlogista Pedro Taques. 

Em S. Paulo, para onde veia em 1643, casou-se vom Mar- 
garida Bicudo, filha de Manoel Pives, da familia dos Pires, uma 
dus mais poderosas da capitania. Esses Pires iam, pela linha 
feminina, nté Piquiroby, maioral da tribu de Ururahy, da nação 
gunyaná, 

Emquanto mottia tempo em meio, Felippe de Campos pror 
pagou prole numerosa, que se ilustrou nos aonaes da capitania. 

De seus filhos, alguns preferiram o recolhimento dos claus- 
tros; ontros lançaramse á vida aventurosa dos sertões, 

Em outro meio, em Portuzal, por seus feitos heroicos e por 
suas letras, seriam generos é bispos; no Brasil ficaram chefes 
de bandeiras e simples religiosos. 

Felippo de Campos o Estanisltu de Campos militaram sob 
a disciplina ecclesiastica e deram os seus nomes—esto, à Socio- 
dade de Jesus, e nquello À ordem dos clerigos. 

Felippe de Campos viveu tão pin e santamento, que, depois 
de morto, afirma a superstição da épocha, n sur cabeça ficou 
admiravelmente conservada e espargia grato perfume todos os 
sabbados 

Estanislán de Campos foi mm dos maiores harretes da Com- 
punhia; instewidissimo em philosophia, oceupon altos cargos re- 















dies 


ligiosos, tendo sido provincial na Bahia. A sua biographia cor- 
re impressa. 

José de Campos Bicudo e Bernardo de Campos Bicudo fo- 
ram os primeiros povoadores das minas do Pitanguy. 

Porém o que mais fama grangeou, nas armas, foi Manoel 
de Campos Bicudo que fez 24 entradas no sertão, desde o pla- 
nalto dos Parecis, até à parte meridional do Paraguay. 

Antonio Pires de Campos, um de seus filhos, continuou-lhe 
as façanhas. 

Antonio Pires de Campos desde menino apprendera a vida 
na escola rude das bandeiras. 

Trilhando continuamente o sertão, destruindo malocas, em 
abalroadas ao gentio, adquirira noticia exacta dos usos e costu- 
mes indigenas, e perfeito conhecimento de toda a zona fechada 
entre o Paraná e o Paraguay, o que lhe permitiria fazer a res- 

eito uma Memoria, que o Instituto Historico do Brazil havia 
À acalhêr ini paginas de sun Revista. 

Poucos como elle sabiam alliar, no desesperado viver do 
sertão, uma perfeita prudencia a uma coragem calma; manter 
para com seus subordinados o respeito e a benignidade, de modo 
a ser delles amado é temido. 

Quantos bandeirantes, sentindo a falta do amparo moral do 
cabo, as privações do sertão, vendo sepultar um companheiro ao 
pé de uma urvore, amuaram cu impacatam, tornando se praças 
mortas, inyalidos que acompanhavam a expedição como testemu- 
nhas de vista ou que desertavam fazendo mallograr a empresa. 

Conhecedor disso, Antonio Pires de Campos fazia-se adorar 
por seus subordinados, dos qures tornava-se companheiro e ami- 
£o, à tal ponto que, terminada a empresa, todos delle se des- 
pediam com lagrimas. 

Os indios, seus administrados, e elle possuia uns 600, na 
sua fazenda Itaicy, chamavam-lhe Pae-Pirá. 

Bandeirar era, sem duvida, a forte e grando affeição de sua 
vida; e descobrir minas era tambem bandeirar: por isso, leva- 
do, talvez, pelo acordar de suas reminiscencias de criança, An- 
tonio Pires de Campos resolvera uma entrada ao sertão. 

Deante do apreço e do afan com que se exploravam minas, 
lembrar-se-ia de que, em tempos já muito apartados, elle tinha 
visto, tocado muito ouro. Fôra por 1673 quando, com, escassos 
14 aunos, tomára parte na bandeira de seu pae, a qual percor- 
rera os sertões ignotos do iznoto Brasil. 

Agora o valor, que se dava no ouro, vasculharia a sua me- 
moria, e, já na edade madura, acudiriam em tropel as reminis- 
cencias da meni 


























— AO 


Ao approximar da velhice parece que n natureza se deleita 
em fazer revivor o puseado; ns recordações da infancin se tornam 
mais precisas, mais nitidas, é se apresentam luminosas como se 

m do bontem, 

Na sua memoria de sertanista intrepido, Antonio Pires da 
Campos, porventura, reviveria todo esso passado saudoso 8 lon- 

inquo, mas que, por esse phenomeno conhecido, se apresentava. 
terminado em todos os seus contornos, 

A” frente du Bandeira, n conquistar os serranos, caminhava 

ne, ousado 6 corpulento como nenhum lhe egunlava, ro= 
dendo dos filhos, entro os quaes estava clle, que punha a sus 
houra em mostrar que os seus 14 annos supportavaro bravamente 
ae diga: Er ora da- 

Eram so todo 60 homens. 

Sortancjaram por muitos mezes, chegando além da linha di- 
visoria entre as aguas do Amazonas e as do Prata. 

O divortium aquarium, entre a bucia amazonica e n platina, 
é constituido por uma tortuosa e fragmentada linha que, vindo 
do hoje Estudo de Goyaz, entra no de Matto-Grosso a rumo S, 
O. apartando as visinhas nascentes do Aragunya e as do Sucuriú, 
tributario do Paraná; ahi dobra-se abruptamente para N. O, se- 
parando os afluentes do Araguaya dos manancises do 8, Lon- 
renço, galho do Paraguay; inelinando-so para O, e 8. O, vai 
deixando de um lado as fontes do rio das Mortes, e de outro as 
cabeceiras do Cuyabi; tormesndo sinnosamente n estas é nosma 
nadeiros do Paraguay vai separando-os das origens dos tributa- 
rios do Amazonas, quo «om alguns logares nascom tão ontrela- 
<ados como raizes de arvores plantadas em logar apertado », e 
entra no territorio boliviano n 3. 8. E, da cidade de Matto-Gro: 

Esse divisor é uma das porções de menor relevo no conti= 
mente sul-americano; não forma propriamente uma crista de serras; 
constitue um verdadeiro planalto que se estende (com uma ele- 
vação média de 500 m., atingindo em alguns pontos a 900 m,) 
desdo aa immodiações do Argguaya « Paraná até um pouco a 
ooste das nascenças do Guaporá, ramificando-se à direita o à os- 
querda; or abaixando-se sunvemonte a ir morrer nas vnrseas, 
ora terminando-se por declives escarpados, carcomidos pelos ex- 
gottos das aguns. 

As bordas elevadas do plaualto alvejam, seintillam, quando 
batidas pelos raios do sól, sho os Araxds. 

Nesses chapadões, os picos, chamados Itambés, erigem acima, 
da vestimenta dá arvores, sems cabeços lisos, comparaveis a cas- 
tollos em ruinas, à gigantescos edificios trabalhados pela mão 
dos homens, 

















A 


no espirito do sertanejo, já ain 

tnrde, nessa hora em que a natureza, propicia ao so- 
põe miragens encantadoras ou terríveis nos olhos 
viajor, elles di 














o meio dessa serra, nos pedernaes de erystal, que se em 
n para o alto, à natureza desenhara toscamente umas 
com a corón, lança e cravos do martyrio o da paixão 
o, desenho que a imaginação religiosa dos sertanejos 


“Esse desenho daria o nome à sorra: Martyrios. 
 Marchando para o norte, encontraram um rio, com muitos 
botos do mar, e enjas aguas eram da cór do leite, o por isso 
mento Paranatinga, o mar branco. (Tres Barras on 8 
| afluente do Tapajós.) 
“Approximando-se mais da sorrania, abandonaram eso é en- 
ram outro rio lorgo, cujas aguas minguavam na secca, 
lo apenas peças; por ehamaram-n'o Paraupara o 
do, ira do Xingu?) 
- Nesse rio in ello brincar, apanhando, a iãos cheins, grani- 
os do ouro, cuja côr brilhante o seduzia, cujo valor ignorava 
ue dava de presente nos parentes. 
— Uma dessas folhetos, com o peso era de 13 oitavas, foi 
4 para S. Paulo e collocada no braço de Nossa Senhora da 
a, e, mais tarde, transformada em resplendor para o Menino 





n que tinha o mesmo nome do pat 
herdando a coragem, berdaria tambem o appellido heroi 
Pudo isso lho tumultuava na memorias o ngora, quasi 40 
is, tanto furi punha na exploração das minas 
L iria descobrir outi muito mais ricas, iria descobrir 
dos Martyrios, o ouro do Paraupava, 








| 





sm 150 Lenir 


Para descobril-as deveria, depois de subir o rio Cayabá, 
procurar o rumo (—entre norte e poente, levando á direita o 
sertão dos Bacarys, os qunes, segundo elle, estavam proximos 
às nascentes do rio Maranhão, passando o sertão dos Aguilys—) 
do gentio Mamberiara, da lingua geral. 

E com essas indicações vas, nuscidas das suns recordações 
dn infancia, Antonio Pires de Campos organiza uma bandeim 
para se internar no sertão immenso a procura dos Martyrios, 
guardando o segredo do fim principal dessa entrada, 

So não descobrisse os Martyrios, conquistaria o gentio, mo= 
vel ostensivo da expedição, 

Socegado o enlmo—com o socego o calma que os paulistas 
punham nas suas temerarias empresas, nos seus feitos heroicos, 
socego e culina que fazem lembrar a inconsciencia—por LT1G ou 
pouco antes, nrroja-se para a bacia do Prata, na vertente da 

'araguay, em obediencia no seu escasco roteiro. 

Qual a estrada por elle seguida para attingir o Paraguay ? 

Teria seguido o antigo caminho dos Paulistas, que iu de 8. 
Pano a Sorocaba, dahi à fazenda de Botueani, que foi dos pa- 
dres, desta a S. Miguel, junto ao Paranápanoma, é costeando 
este rio, pela esquerda, passava por Encarnação, Santo Xavier, 
Santo Ignacio—missões jesuiticas destruidas—e depois navegava 
osso vio, desde o salto das canõas atô 4 sus barra no Paraná 
(2 dias) em seguida pelo Paraná ató à barra da Ivinhoima, é 
por este nté quasi as suas cabeceiras, onde abandonando as ca- 
nõas atravessava por terra os campos da vacearia, passando 
pela povonção tambem chamada Santo Ignacio, para mais adennto 
tornar a embarcar no Aguaray ou Corrientes e chegar assim no 
Paraguay ? 

Ou teria seguido a vin fuvial, pelo Tietê ao Paraná, por 
esto no Pardo até o Anhanduhy, e por este acima até o vara 
douro por terra no Aquidauana, e por este ao Paraguas ? (1) 

Provavelmento seguiu esta ultima derrota até o Paraguay, 
na contluencia do S, Lourenço ; depois por este até ao seu afluente 
o Cnyahi e por este até o Coxipó-mitim. Dbi seguiram por 


(1) Na firece Notícia. palilleada na Kecista do Instituto Mistorioo do Brazil, vol 2 
pag, Als, que dá Antonio Pires de Campos sobre o guntio, que ha nm derrota para ns 
minas da Cuyaba, não fala abeolutamente no Paranâpanéma. Ivinhelva, Aguaray ou 
Corrlontes; o que demonstra não conhecor cllo a rigião banhada por cesta rios ou polo 
menos não a conhecer como bandeirante, A contrario, nessa moticia, dis elly que 
Tiuto é 4 primeiro rio, que «e navega, subindo de povoado para aa minas de Cuyabá. 
E rua brovavel, DO, que elle tivento segrido pela. VIA Masi que tina 0 varatonro 
mo Anbanduboy. 

À via Muvial, com o varadonro no Camapuan, começas « ser praticada posteriormente 
desta expedição, 








6 Em 


a serra da Canastra, nome que a serra já tinha tro- 

“de 8. Jerunymo, desde a primeira expedição, em 1673, 

sertanistas a ella se neolhe fugindo de uma tem- 
te a qual bradavam por 5. Jerongymo. 

Da serra de 8, Jeronymo tomou o rumo do nascente até o 

Casca, afluente do Manso que por sua vez é tributario 


enveredou para o morte, demandando o Paranatinga, 
jã, à procurar as minas famosas, 

o que se interna no sertão, na peseguição de sua chi- 
da phantasia que lhe povór o cerebro—n descoberta dos 
himera e phantasia que faziam moradia em sua 
e que ello amorosamente guardaria até ú sus extrema 


a 


“A enta dessas minas levará annos, porque, durante annos, o 
vai-se apagar nos feitos da capitania, 

outras bandeiras, não menos auducioras, eruzayam tam 
sertão: levadas pelo mesmo movel ou apenas desejosus 
neuistar o gontio ? 


Aa o sabe ? 
4716, Paschonl Moreixa Cabral Leme, descendente de 
antiga familia paulista, à frente de uma bandeira, composta 
6 homens brancos, nlém de escravos « servos, andava tam- 
pelo sertão, conquistando reinos do gentia para o gremio 
e diligenciando descubrir ouro prate e pedras preciosas. 
um tempo seguiu o mesmo rumo, trilbava, por 
er, ns pégadas de Antonio Pires de Campos. 
os nrrúines, de que ha notícia, fui feito no logar 
pois sgohasido com 6 nome do Arrainl Velho ou Casa do 'To- 
ua babis do Bananal, no rio do Cuyabá, proximo a um gi- 
o aterrado, obra enorme attribuida aos sertanistas, mas 
o (ad provavelmente executada pelos indigenas, 
Antonio Pires de Campos, Pascosl Moreira Cabral 
com a sua tropa, subiu, explorando, o rio Cuyabá, até a 
a do Cozipó-mivim, no logar denominado S. Gonçalo. 
Como o seu precursor, deixou ahi as canôns e continuou a 
ração por terra; margcando o Coxipó-mirim, guiado por um 
as, 08 Aripoconés, encontrou-lhes logo as ran= 
onde havia peixes seceando ao sol, junto à barra dum 
» que foi chamado Rio dos Peixes. 
O gentio andava nas proximidades: mas recuando cautelo- 
mente deante da bandeira, para a distanciar do sem arraial, 
"ação continuou, com o euidado e a attenção Fe 
m expedições dessa natureza, até a barra do Rio Bo- 

































” | 


— 52 — 


tuca, assim denominado por causa das innumeravois moscas, enor- 
mes, que Aagollavam homens e animaes, 

esse logar, em poucas horas e com um prato de pau, como 
instrumento de minerar, foram ticadas dn terra tres oitavas de 
ouro. 
Era isso que procurava a bandeira ou éra a guerra com o 
gentio? Ambas as cousas, asseverava Pascoal Moreira. 

A exploração continuou ainda: na madrugada do dia sem 
guinte, porém, avistou os, alojamentos dos bravos Aripoconés que, 
ou por vorem a inferioridado numerica de bandeira on por se te— 
rem collocado estrategicamente, provocavam ao combato. 

Por detris de trincheiras, feitas de ramagens, esperavam os 
Aripoconés. 

Pascoal dispôs o ataque, 

Um silvo estridente e prolongado echoou na floresta; gritos 
de combato encheram os ares; buzinas, maraciis, num barulho 
dissonante é ensurdecedor. cantavam os cantos de guerra; nu— 
vens de flexas escureceram o horizonte, 

Os paulistas deitaram-se no chão, era essa q tactica usada, 
e vesponderam com uma desenrga contra as trincheiras, que al- 
cançou os indigenas, ouvindo se gritos de dôr, gritos de raiva, 
gritos terrivei: 

Atrás das trincheiras mostravam»se bustos de selvagons, ges- 
ticulando extraordinariamente, num formigar humano, numa con- 
fusão indescriptivel, que permittiu aos paulistas enrregarom de 
novo as suas armas. 

O combate estava travado. 

Nuvens de flechas settenvam os brancos ; tiros, estrondando, 
faravam as trincheiras, varando corpos. 

Mas, gritos de dor se faziam ouvir tambem do lado dos 
bandeiran as settas, attingindo so alvo, sellavam com o san- 
gue paulista o territorio de Cuyabá; muitos mordiam já a terra 
ms ancia da morte. 

A bandeira redobrava do ardor, de coragem ; dennte do nu- 
mero e da valentia do gentio já não contava com à victoria, 
tratava só da defesa dos vivos, para evitar o nprisionamento. 

Os Aripoconés abandonaram as trincheiras levando a vieto- 
ria, que as suas buzinas o maracás celebravam numa melodia 
monotona € triste que a matta echoavn tristemente, 

Paschoal reuniu a sua gente e vin que havia 5 mortos é 
14 feridos. 

Deante desse insiecesso foi resolvida a volta para o arraial; 
ea bandeira retrocedou carregando em redes os feridos e mor- 
tos, tristes despojos do combato infeliz. 























desastre nssegurou o descobrimento das minne, n posso 
ou Paschoal á historia como seu descobridor. 
talvez a bundeira de Paschonl continunsse nu sua 
enrregada de prisioneiros voltasse no povoado, anon 
outras E percorreram o sertão; vencida v 
e arraial, om 


perdido o Aripoconé, mas ostava achado o ouro nas 
abundantes do Coxipó-mirim. 
então resolvida, no correr de 1718, a exploração do 
metal que dá a riqueza, e, com a riqueza, o descanço 
dades dn vida. 
“bandeirantes viam naquelle invento o fim de seus pono- 

08, 4 abundancia futura, 

lo ei então, os ranchos, fizeram-se cas 

terra virgem as giras sementes para 
Passados alguns as Por, avistaram-se ennôns nos 
a dos indígenas encorajados pela victoria obtida ? 

] istas ! gritaram das canóas. 

! responderam dos ranchos, 

o tram inimigos; era o conforto, o auxilio, era n ban- 

Inci 





os que ficaram tinham achado mais 










o ainda abrangi de Nim 

Dessa missão for ancarregado Antonio Antunes Maciel que 

“com q sun bandeira, 
No seu descobrimento ficou Paschonl Moreira, mas em situ- 
precaria e trisve: já havia pio 8 homens brancos, fóra 
muitos estavam feridos; já não tinha polvora, nem 

Ibo, nem meios de oppor qualquer resistência nos ntaques 

porventara, lhe fizossem os indigenas; estava, como elle 

10 O confessava, sentenciado á morte pelo ger 

nessa Jamentavel posição quando, nos fins do 1718, 

ou no arraial a bandeira do Fernando Dias Falcão, compos- 

À O homens, que foi um soccorro inesperado tanto para 
“O prestava como para quem o recebia, 

6 osamente, com a sua tropa, fez Fernando Dins Falcão 
“entradas no gentio bravo, desinfestando as novas minas 
ecendo n tranquilidade para os novos mineiros, 
da importancia do descobrimento feito por Pas 


















A 


= os 


choal Moreira, Fernando Dias Falcão deixar-lho-in soccorro de 
gente e de municão e partin para 8, Panlo, afim de organizar 
uma expedição capaz de explorar proveitosumento as novas minas, 

Devendo estar conhecido o seu doscobrimento, Paschoal Mo- 
reira quiz garantir o seu direito do descobridor ; foi então lavra- 
do o seguito termo: 


«Aos 8 dias do mez de Abril de 1719 annos, moste arraial 
de Cuyabá, fez junta o capitio-môr Paschoal Moreira Cabral com 
os sous companheiros « lhos requereu a elles este termo do des= 
cobrimanto novo, que achamos no ribeirão do Coxipo, invocação 
de Nos Senhora du Ponha da Prança; depois que foi o nosso 
enviado, o capitão Antonio Antunes, com as amostras, que levou 
do ouro ao sr. general, com à petição do dicto capitho-mór, foz 
a primeira entrada onde assistiu um dia e achou pinta de um 
vintem, de dois e de quatro vintens e meia pataca; e a mesma 
pinta fez na segunda entenda, em que assistin 7 dias, à todos 
05 sous companheiros, ás suns custas, com grandos pordas € ris- 
co, em serviço do Sua Real Magestade; c como de facto tem 
perdido 8 homens brancos fóra negros; e para que a todo o tempo 
vá isto à noticia de Sna Real Magestade « seus governos, para não 
perderem seus direitos, « por assim ser verdade, nos assignamos 
neste termo, o qual en passei bem e folmento a fé de meu oficio, como 
escrivão deste Ariabals== Pavcon Moreira Cabral— Simão Rodri- 
gues Moreira—Manuel dos Santos Coimbra—Manuel Garcia Vo- 
lho—Barthazar Ribeiro Navarro — Minual Pedroso Lousano—To- 
ão do Anhaia do Lemos—Francisco de Siqueira—Ascenzo Fere 
naudes —Diogo Domiagos—Manuel Ferrara Antonio Ribeiro— 
Alberto Velho Moreira—Toão Moreira —Manuel Parreira de Men- 
donça— Antonio Goreia Velho —Pedro da Goca—Josó Pernandes— 
Antonio Moreira—lgnacio Pedroso—Manucl Rodrigues Moreira 
—José da Silva Paes.» 

Esse termo era uu documento da previdencia para garan- 
tia futura das mercês e postos que o governo portugnez concedia 
nos descobridores de minas, 

Naturalmente transformaram-se os bandeirantes em minei- 
ros, e comprehenderam a necessidade de uma direcção superior 
a de um cabo de bandeira: tomaram então algumas providencias 
administrativas, reduzidas a escripto, constam, 

E' do termo seguinte: 

«No mesmo dia, anno e mex atriz nomeados, elegeu o po- 
evo em vox alta o capitão-mor Paschoal Moreira Cabral por 
« sou gunrdamór rogonto, até d ordem do senhor general, para 
« poder guardar todos os ribeiros de onto, socavar, examinar, 





























respeito, que poderá tirar au- 
tra aquollos quo forom rogulos, amotinadores o 
sendo ex) o perdendo todos os seus di = 
pagar dividas; e nenhum so rocolhori até quo venha o 
i i o que todos lovamos a bem». 
ehefo do bandeira passara Paschonl Moreira Cabral a 
mér regente das novas minas por deliberação do seus 
ros, nté novas ordens do govermador da enpitania, sun- 
vel que lhe fosse confirmado esse posto que, segundo 
era dado nos descobridoro 






as explorações nos ribeiros adjacentos; a 24 do Junho des- 
a uma deira, sob as ordens de Manoel Garcia Velho, 
e descobriu os ribeiros S, João e Santo Antonio, onde encon- 
“ouro, 
A noticia do descobrimento das novas minas, levadas ofi- 
mente por Antonio Antunes Maciel, n d. Pedro de Almeida, 
a pela capitania como uma onda avassaladora de alegrias e 











Nusmerosas expedições se formavam para ir desemberaçar a 
de seus ilõos auriferos; e o arraial ongrossava-so com os 
nvindos, marcando mais uma posse, atirando para o ocei- 
a fronteira do Brasi), sacando do serão virgem mm terri- 
o Matto Grosso, onde folgadamente podem so aecommodar 
milhõos de habitantes. 
— Paschoal Moreira depois de ter veservado, nas terras mine- 
m data de el-rei, reportia o vesto polos que estavam e pe- 
que chegavam, não se esquecendo da arreendação dos di- 
renes que, q exemplo de Minas Geres, foram fixados em 
15 & meia oitavas annuaes por pessoa, qualquer que fosso o 
do que exercesse, 
Em 1720 ahi chegaram, entra outros, José de Sá Arruda, 
ho Barbosa Topes, João Carvalho da Silva, os irmãos João 
de Almeida e Innocencio Martina do Almeida, João 
te de Barros, José Pires de Almeida, Pedro Corrêa de Go- 
Fr. Florencio dos Anjos, carmelita, Jeronymo Botelho e 
é dos Santos Queiroz, ambos do habito de 8. Pedro a fr. 
fico dos Anjos, tranciscano, irmão de Jucintho Barbosa Lopé: 
Tambem lá chegaram 05 irmãos João Leme da Bilva o Lou- 
Leme da Silva, que tie tristemento haviam de acabar, e 
Antunes Maciel, capitão-mor do Sorocaba, 








— 56. 


Nesse mesmo anno ou em fins do anterior, tambem regres- 

sou Fernando Dias Falcão, depois de .. de Abril de I719, por- 

jo nessa data se achava em Sorocaba, mas já de partida, le- 

vando enorme bagagem o mais de 40 negros. entre os quaes 
havia forreiros, carpinteiros e alfnintes. 

Tendo prestado socsorros a Paschoal Moreira Cabral Leme 
eavaliado a importancia do novo descobrimento, viera a povoado, 
onde com a sua longa pratica de sertanista, de explorador do 
minas, adquirida nas gerass, organizou uma expedição numerosa 
e habilitada. 

O conceito em que era tido o seu bom senso, o calor que 
punha em animar os timidos, em acoroçonr 03 abastados, a gene 
rosidado com que abria a bolça, emprestando grandos quantias 
áquelles a quem sobrava ousadia, mas a quem minguavam cabo- 
daes, decidiram muitos a incorporarem-se a expedição. 

Desses emprestimos, enjo pagamento deveria ser feito na 
volta, aproveitaram-se Braz Mendes Paes, Gabriel Antunes, José 
Pompeu, Antanio Antunes, * outros de menor representação. 

Já não era uma bandeira ousada e imprevidente á esta de 
aventura, enstentando-se, ao acaso, do mel que colhesse ou da 
ença que encontrasse ; era, ao contrário, uma expedição provida- 
mente munida de todos os recursos que à época permittia, pre 
venida com todas as condições de resistencia, que seguin para ir 
à emquista do sertão e das mincs, em serviço de Sua Majestade, 
Eai declarava o seu chofo em requerimento feito à Camara do 

rocuba 














natural de Parnahyba, proximo a S. 
to arrojado e emprehendedor; no mar 
nejo integro dos dinheiros de orphams e ansentos, quando juiz 
em Sorocaba, tinha justamente grangendo fama de homem honrado, 

Conbecedor da disciplina militar, como sargento-mór das 
ordenanças e capitio-mór que tinha sido em Sorocaba, estava já 
habitando ao mando, 

Fórn elle quem, encarregado por D. Braz Baltbazar da Sil- 
veira, governador de 8, Paulo e Minas, creara a villa de Pitas 
suy e nella levantára o pelourinho, 

A" sua intogridado moral, ao seu valor possoal romnia o ros- 

eito que naturalmente inspirava nos que delle se approximavam. 
Erro bobo di expedição e ia ser a alma creadora e organiza- 
dora das novas minas. 

De facto n sua chegada ás minas, com um reforço numeroso 
de possoal escolhido, de instrumento de minerar, de muuições de 
ataque e defuss, infundiu alento e coragem, fazendo a esperança 
do bom exito bater em todos os peitos. 



















a 


fins de 1720 foi abandonado o arraial de 8. Gonçalo, e 
subindo o Coxipó, estabeleceram-se na Horquilha, 


novo 

levantaram uma la, sob a invocação de N. S, da 
De Ee onto oo CBS ral inos pal que 
o padre Jeronymo Botelho, cleito para tal ss 


a exploração de minas não ia só gente boa; como ecra 
1, atirava-so todo o mundo, gente do todas as classes & de 
os os sentimentos, formando um pessnal heterogenoo, rude, 
feroz, dificil de ser dirigido, e no qual havia eim garmem, 
ns actas, o que constituin um perigo permanente do dis 
pre sungrentas. 
dos arredores, nho vendo com indiffe- 
o estabelecimento dos invasores, procurava defender aquelle 
considerava seu, com ataques continuos, trucidando os 
que se aventuravam Jonge do arraial. 
“Nessas condições a direeção das minas, nemes tempos da 
do 3082, reclamava mais É um capitão do bandeira 
valoroso ; exigia um chofo energi ue, pela sua 
disciplioa, despreso no perigo, inicintiva propria, co- 
mento exacto das mocessidades dos mineiros, infepandencia 
nniaria, im puzesso unidade ús ordens e rospeito às deliberações. 
“« Paschoal Moreira Cabral era um paulista dos hons, chão, 
d pouco polido de agudo entendimento, trabalhador e 
il mincio; mas era homem sem maldade, sincero, caritativo 
extremo, sorvindo a todos com o que tinha « que podin» 
So bem que corajoso, cheio de valor pessoal, ora um homem 
Idade, era um bom; mas o areais] precisava de um 
“Os mineiros confusamente sentiam que Jhes faltava uma 
forto, capaz di tir o bom exito da empresa, agora 
visinhavam os cas 
Teso andava no ar avise e só era amortecido pelo 
ceio de desagradar à Prschonl Moreira. 
“Todo o mundo estava já convencido do que o forte, o capaz 
com proveito a direcção das minas, estava indi 
em Fernando Dias Falcão que, além do m 


ito opulento. 

Jono Leme da Silva o Lourenço Leme da Silva rosoluta- 
“aeubaram com as hesitaçõos dos mineiros, o puzeram-so 

do movimento, que devia entregar o mando a Fernando 





























=. 


BB 


Promoveram uma reunião dos mineiros, na qual foi eleito 
Fernando Dias Falcão para chefe absoluto das minas, com o no- 
mo de cabo maior, ficando tambem assentado conseruar-se Paschoal 
Moreira no posto do guarda-múr de sous descobrimentos. 

Reduzidas n eseripto essas deliberações, divigiram-se À pou= 
sada de Fernando Dias Falcão, onde foi lido o termo por elles 
assignado. 

Terminada n leitura, Fernando Dias Palcão, extremamente 
commovido apenas poude responder: 

« Visto ser para bem commum de todos e para o serviço de 
8. M, necoito o farei toda a minha obrigação bom o fielmento.» 
ea eleição exprimia a unanimidade om apenas o maio 
O que se pode afirmar é que ella foi nentada. 

A Paschonl Moreira estava reservada a sorte de todos os 
descobridores: o abandono, o esquecimento, a pobreza. 

Ainda eca conservado gunrda-mór das minas que descobrira; 
mas a maior parte dos poderes « das vantagens respectivas lhe 
fugia das mãos, deixando-lho apenas uma storidado adminis 
traltiva ou puramento nominal, 

Não eva mais que wu sabaltermo de Permando Dias Paleão, 
chefe smpremo, que podiv fazer 4 enerm, compor e fazer pagar 
as dividas, resolver os ensos imprevistos, que encerrava, em 
suma, o poder absoluto. 

Apesar du suu bondade, Paschoal Moreira aceeiton do 
bom grado essa modificação de sua situação; porque a 15 de 
Julho de 1722 fazin um requerimento so rei d. João V, no 

ual-allo, o 05 seus descobrimentos, tão grandiosos como os 
la Minos-Geraos, feitos com innumeraveis riscos de vida, peno- 
sos trabalhos, ruins de sua fazenda, perda de um filho, quinze 
brancos 9 alguns escravos mortos a comidos pelo gentio—mos 
trava achar-co podvo, destituído do eabodnes, com mulhor, um 
filho o duas filhas: « poi isso supplicava que o roi pusoise os 
olhos em vassalo tão leal, que tinha enriquecido a corda sem 
nada ter luerudo, conceilendo-lm sem nenhum outro mandedo 
que o impedisse naquella conquista, a confirmação do posto de 
guarda mór, em que so achava, en nomenção de capitiomór 
regente das minas de ouro do sertão de Cuyabá. 

Sobre tal podido o rei mandaria Rodrigo Cesar informar; é 
este, concordando com à confirmação do posto de suarda-mór. não 
acharia justa a nomeação de enpitio-mór regente, porque Pas 
choal Moreira cra já adeantado em annos 0 «pouca disposição 
tinha para tal incúmbencias. 



































cês, foros de fidalgos, habitos de Christo, tão 
nos descobridoros de minas, no alvará de 18 do Março 
sumizam-se como se somo o fumo varrido pelo vento, 
sto de gunrda-mór, em quo Paschon) Moreira Cabral 
oi confirmado, pela srta regia de 28 de Julho de 1725, 
o cerin encandado com o 6ti de velho imprestavel 
lie teria aproveitado porque elle morreria nesse mesmo 
de 1725, em Cuyabá pobre o ignorado, aos 70 amnos de 









— Como quer que sejr a escolha do Fernando Dias Falcão foi 
n e officas ; organizou logo diversas bandeiras para o 
ao gentio das imediações que, pelos seus nssaltos re- 
era uma amença constante à vida do armial ;e,n ferro 
je fel-o reconr para o interior, descortinando assim uma 
vasta onde os mineiros podiam se etrogar à mineração «ao 
cobrimento do novas lavras, com acgurança relativa, 
Excitudo, por alguns mais turbulentos, houve un começo 
Li mostrava poder reaccander-se ahi a lucta que 
inas Gernes, a lueta entro paulistas e portu- 






o 
tara, 








As feridas estavam frescas, as cicatrizes ainda doloridas ; os 
istas, com trabalho insano, descobriam minas das quaes todos 
veitavam, era a queixa corrente. 

— Houvo, por, isso, quem pensasse em não admittir o expulsar 

“das novas minas os portuguexes, os emboabas. 

E Mas bem diversas dus de Minas-Gerues erum us condições 

“de existencia nas novas minas. 

— Cuyabá era um sertão lomgunquo com difficilimos meios de 

O MREIinação som o povondos, oonlhado de selvagens, sempro 

ouptos a repellir com umas a invasão extrangeira; por isso 

interesse comentam, o da propria conservação, unia e ligava 
sem distineção de origom. Facil foi, pois, a Fernando 
o sufocar os prodromos dessa lucta, que perniciosa seria 

escnvolvimento das novas minas. 

A fama aurea de Cuyabi continuava attrahir aventureiros: 







arte das expedições inexperiontomente organizadas, cho- 
' izimadas pelas molestias, pela fome e pela guerra com 


“ Apezar dessas vicissitudes, que eram de sobra conhecidas, 
que de 8. Paulo levavam no Cunyabá, formigaram de 
18 conduzindo eia para a exploração do ouro facil e abun- 
5 om 1721 já havia naquellos sertões mais de dois mil 










ae By See 


Em 1722 chegou o padre Francisco Justo, do habito de 8, 
Pedro que em breve entraria em lucta com os irmãos Lemes) 
feito vigario de Cayabá, domorando-se sois mezos no Carandá, 
onde levantou altar, por ter tido noticia que nas nas minas não 
havia mantimentos. 

Em Ontubro desse mesmo anno de 1722, Miguel Sutil, 
natural de Sorocaba, subiu o rio Cuyabá, levando alguns cama- 
radas para tratar das roças que previdentemente tinha mandado 
plantar 

Não podendo esperar recursos dos povoados, pela demora 
difficuldados dos transportos, ossas roças eram a condição de 
vida para os mineiros que se abulançavam a tão afastadas pa- 
ragens. Era preciso pois, plantar e esperar que a terra produ- 
aisse ; é, Amquanto esperavam, a alimentação consistia na pesca 
e no mel. 

Chegado u sua roça, Miguel Sutil mandou dois indios, seus 
camaradas, com machados e cabaças, procurarem mel para a 
subsistencia durante a sus estada ahi 

A noite voltaram os indios sem mel; Sutil entureceu-se o 
descompoz violentamento os camaradas desidiosos. 

Um delles, porém, com a calma que lhe dava a segurança 
Ee applacar coleras mnis terriveia, responden-lhe. 

— Vieste procurar mel ou buscar ouro ? 

E, assim, falando, tirou de seio 23 granetos de onto, que 
pesavam 120 oitavas, explicando que os achára á fôr da terra, 
a não grande distancia dali, onde ainda havia muito e muito, 

Como ns tempastados devastadoras do sertão do Cuyabã, 
passam celeres, deixando dias caplendidos, assim da nlma de 
Sutil varrewse a colera, substituida por uma alegria immnoderada. 

Era já noite, e nho podia anguir immediatamente para o 
sitio ditoso Como essa noite foi longa, como ella arrustou-so 
posad como chumbo ! 

O somno reparador não visitou Sutil; na sua rêde de ser- 
tanista, o sorocabano revolvia-se sem cessar, erguendo castelos 
que uma duvida pungente logo derribava Não teria o indio 
mentido ? Não seria essa historia uma fabula arranjada com onro 
roubado é que agorm apresentava, para se livrar do castigo me- 
recido. 

Mas, porque havia o indio de mentir? 

E de novo começavam os custellos, sonhos que elle ncorda- 
do fazia o desfazia. . . 

Na manhã seguinte, ainda com escuro, Miguel Satil lançou- 
seda rodo sem saudades, a em companhia dos indios é de um 
comnrada portuguoz, de nome João Francisco, alcunhado o 




















por causa da longa barba que lhe chegava no peito, 
para o logar indicado. . . 
lio não tinha mentido. Em granetes fulvos, lá estava 
por sobre a terra, offerecendo-so abundante 6 fheil. 
il generosamente dispensou o Barbado, permittindo-|he 
Muntasse para si proprio, 
dia todo consumiram colhondo ouro; no eahir da tardo, 
ido os olhos já não divisavam o robrilhar do metal querido, 
til rocolheu-=se com meia arroba e o Barbado apenas com 280 




















ndo resolvido participar a seus companheiros o maravi- 
descobrimento, para que elles tambem partilhassem da for- 
benefica, desceram, no dia seguinte o Cuyabá e subiram o 
ipó, até o arraial da Forquilha. 

A generosa nova alarmou o arraial que, em massa, passou- 
“separa ns lavras do Sutil. Es j 
Abi estabeleceu-se um novo arraial, o terceiro que nas pro- 

do rio Cuyabá, levantaram os mineiros 

A futura cidado de Cuyabá tinha ido por tentativas, como 
apalpesse o terreno, estabelecendo-se então definitivamente. 
Nas lavras do Sutil consngravam-se as minas do Cnyabá. 
A região era riquissima 6 a muior mancha encontrada até 
então, e a sua exploração permaneceria largos e fartos annos. 

esse mesmo anno, Jacinto Barbosa Lopes, o futuro pros 
t, Jovanton, coberta de palhas, uma eapella sob invocação 
“do Senhor Bom Jesus de Cuyabá, sendo a primeira missa cole- 
“brado por seu irmão, Fr, Pacifico dos Anjos, 

Estava dado o nomo no uraial:; mais tardo seria apenas le- 


= 


Tambem, nesse anno, abi chegou a noticia de que a capi- 
tania de ulo, se) a de Gernes, já tinha novo 
o era o reverso da medalha. 
Um novo governador? 
“Mas, deveria a certeza da tranquilidade, da ordem na 
ação, da garantia do trabalho de cada um, a certean, em- 
da justiça. 
Devoria ser, Mas a longa experiencia dos mineiros lhes 
que era o contrario de tudo isso; que um novo gover- 
br era a uppressão dos povos, era a extorsão dos impostos, 
um reprezador impiedoso dos quintos para a real corôn, 








| 





a 


E Es 


CAPITULO 4.º 


Os mãos Leme. Primemos MBIOS DE GOVERNO DR RobrIGO 
Cesar ve Menszes. Sunastião PersasDes no Rego. 





Assim se desenvolva a situação no Cuyabá, alnrgando-se 
rapidamente à zona explorada ; cobrindo-se o territorio, até pon- 
co desconhecido, de armines que marcarinm a posse portugueza, 
de capellas que affirmuvam o poder da Bgreja Cutholica, 

O insuccesso, na guerra feita nos embonbas, tinha onea- 
minhado os paulistas para o contro do continente desertos é elles 
já se achavam em terras que tinham conquistado com a força 
de seu braço, lavrando um terreno que sua audacia descobrira. 

O sertanistas, transformados em mineiros, ignorantes da 
auetoridado portugueza, continuavam, por iniciativa propria, a fa- 
xer a guera ao gontio, a crcar cargos e a provelos, impor tri- 
butos, regular as relações dos escravos com seus senhores, dos 
indios escravizados com seus administradores. 

Tudo isso faziam, não com a preoceupação intencional de 
inculcar uma autonomia, de que conscientemente não cogitavam 
mas muito vaturalmente, por estarem obliteradas as relações de 
obediencia, quo os deveriam ligar ao soborano ou aos seus dele- 
gados, 

Jamais a vida municipal fora tão forte e vigorosa, como no 
seculo XVII: gosavam os paulistas de uma autonomia municipal 
ampla, temperada por uma especie de plebicito. Isso não estava 
nas leis; mas fizeraso aos poucos, incorporando-so nos usos é 
costumes, e transmittindo-se como um patrimonio de que nin- 
guem duvidava. 

Era um regimen em que, quando se tratava do interese 
cominum, o povo se reunia, não para impôr, porque em geral 
agiam todos de accordo, mas para dar a conhecer a resolução 
colectiva, que, no seu entender, se Jegalizava, adquiria força 
obrigatorio, pela adopção por parte do senado da camara, 

uados, no decorrer de seculos, a cese regimem, quan 
do se tratava das empresas particulares, dessas longas e peri- 
gosas travessias do sertão, pediam ordens ds suas forças é aos 
seus intesses. 

A unica auctoridade, que sentiam, era a dos donatarios, por 
demais frouxa, e que, de longo em longe, sc manifestava na 
creação de villas e no provimento de alguns cargos. 

Tm insucesso completo tinha acompanhado a distribuição 
da America Portugucra em donatarias a vassalos da corôn; a 
estes fallecinm recursos de dinheiro e de gente, para transfor- 























=] — 


os seus vastos desertos em culturas produetivas, de modo 
os foram abendonando, desinteressados desses presentes 
prejuiso lhes causavam. 
Nas capitanias de S, Vicente o Santo Amaro, ao sul, 8 
idade dos donatarios, já amortecida, confundia-se e entra- 
mais, com as questões judicinos entro as ensas de Vimi- 
“e Monsanto, represontantes dos primitivos donatari 
“Longe da metropole, com communicações | dificeis e raras, 
pmulistas viviam meio esquecidos o abandonados, de modo 
o governamental, quando lhes chegava, pnsssava, 







“Dos reis portugucros apenas conheciam lisonjeiras enrtas do 
nto, Ea os elevavam acima de sua com e vas- 
nham 





















nssava à ser crime. 
— Certamente em alguns desses actos havia excessos; se re— 
pormenores barburos de que a Europa estava choia; 
ay e a impunidade de alguns neoroçonsse ontros; que essa 
e En so ebamasse vingança, e que mais tarde, fosse in- 
ocê morvir 05 instinctos bostines desses homens, 
50 abuso é proprio da natureza humana, 
” isso er provavel, er fatal mesmo, dado o estado de 
“abandono em que se encontrava n colonia. 
Nossas cirenmstancins achavam-se alguns nas minas de 
; entre elles sobresabiam os irmãos Lemes que, pelas 
de parentesco, pelo numeroso do seu sequito, que 
om sus fortuna e goncrosidade sustentavam, constituíam uma 
a e um poder. Como elles muitos outros existimo na eapi- 
de São Paulo, 
E, Para arcar com essa força 6 esse poderio, estava em São 
lo rigo Cesar de Menezes com seus indisciplinados offi- 
de sala, sem tropas, odioso como representante do fisco, 
como patricio dos embonbas, suspeito como orgam da 


de. 
igo Cesar sentia a falsidade de sua posição na capita- 
Sao Paulo. Mais como particular Peres TE] 










sa 





meo as 


obtinha notícias de Cuyabá, conseguindo saber do estado das 
minas prios que para lá despachava, e pelas informações 
que solieitava dos sertunistas, que vinham a povendo, cbamados 
por suas necessidades, 

Essas informações, agradnveis quanto á permanencia e abun- 
dancia do ouro, enchia o seu espírito de apprebensões morti- 
ficantes quanto à docilidade dos sertanistas, não neclimatados á 
submissão incondicional que, naquelle tempo, constituia pedra 
angular do edificio administrativo, 

— Às cousas estão vidrentas, suspirava Cesar em todas us 
suas cartas no rei e no vice-rei. 

E, nos seus receios, que chegavam a ser insensatos ou pro- 
porsitalmento exaggerados para apanhar soldados de que tanto 
Casciaçidirhaça do fddlidoda: doe ánliatad; presa a A 
elles podiam ir prestar obediencia a quem melhor os nttendesse, 
ao casta lhanho, por exemplo, que se achava grande distancia. 

Era para recuar; mas o onto cuyabono, brilhante o sedu- ] 
etor, entregando-se num abandono oppulento e promettedor de 
quintos sem conta, lá estava para chumbar Rodrigo Cesar na 
enpitania de Sho Paulo. 

O que elle ignorava, era que o espirito de aventura en- 
trava em decadencia no povo paulista, e que uma immigração 
numeros de habitantes do reino, conhecedora dos direitos do 
rei é dus obrigações de vassallos, entrava em larga escala, in- 
singando-se em todas as camadas como uma força ponderadora 
a estabelecer o equilibrio na capitania, a dar uma nova phy- 
sionomin, a formar, por assim dizer, uma nova sociedade, na 
qual os antigos elementos não podendo eliminar, desappareciam 
nesimilados, embora assimilando tambem, 

Esses factores, completamente desconhecidos de Rodrigo Cor 
mar, concorrium eficazmente para que com exito inangurasse 
uma politiza astutamente hypocrita, surrateiramente tortuosa E 
elle denominada do prudencia, affabilidade, industria, temperilhos 
com que levava aquella gente, 

a sua opiniho, o genio dos paulistas era diferente do dos 
outros homens; e, nelles, n vaidade, vício que neste elíma e em 
taes homens mais se conserva, se antepunha a qualquer conyo- 
niencia. 

Certo disto começou a explorar, epistolarmente, a vaidade 
dos paulistas. 

O seu secretario, Gervasio Leite Rebello, não tinha des- 
canso; oram cartas e mis cartas para as pessoas principaes da 
capitania; não ia portador para as minas que não levasse cartas 
do governador. 





























Os mais poderosos, os que tinham maior sequito, é que, por 
consequencia, eram os mais perigosos, eram os que possuiam as 
suas solicitas lotras. 

Nellas mostrava-se tolerantemente paternal, aberto a todos 
os esquecimentos, deixando entrever hanras, fóros de fidalgo, 
acenando com babitos militares, promettendo mercês, de que 
todos eram dignos. 

Assim communicava a sua chegada tempos dopois: 

— Sua Magestade, que Deus Guarde, foi servido nomenreme 
por Governador e Capitho-General desta capitania e seu dis- 
fricto, attendendo às muitas representações quo lhe fizeram a 
respeito do ser preciso separar esto governo do de Minas Geraes, 

serem os moradores desta cidade, e das mais villas que 

ram annoxas q clle, mais perto o recurso, donde prompta- 
mento podem atendidos, e supposto achei a noticia certa 
logo que tomei posse deste governo, que Ymce. so achaya na 
importante diligencin da novo descobrimento de Cuyabá, espero 
que pela sua intelligencia, actividade e prestimo, se consiga o 
que todos Vmces. desejam; tocando a Vmee. a maior parte deste 
serviço, por ser o primeiro que intentou fazel-o, e 8. M. que 
Deus guarde, não deixará de remuneral-o, o eu não me escu= 
sarel a sor procurador dos augmentos a V. Mareê, sando norador 
dellos, as suas prondas, é merecimentos, e não he de menos 
importancia a bos união que eutre V. Mercô deve haver, porque 
com ella se faz melhor serviço de Deus, o de 5, M. e se con 
seguem tambem ns maiores fortunas. 

Pelas incertas noticias, daqui tonho tido, me resolvo man- 
dar o Capitão Francisco Sutil de Oliveira que sem mais into- 
resse, que o serviço de 8. M. se expõe, a jornada tão trabalhosa. 

Espero que V. Merck me diga com toda a individuação, o 
que se tam feito, e so os castelhanos, ou gentios intentaram 
embaraçar a diligencia, advertindo a V, Morcô senão deve de 
Tuzer hostilidade alguma aos Castelhnnos que como temos com 
esia nação hoja paz, devemos conservar com elles bon amizade 

no assim o ordena S. M, que Deus guarde. Da parte do 

sr, seguro a V, M. sorá muito bem atendido, o serviço 
que lhe fizer, e eu não me descuidarei em dar gosto a V. Mercã 
segurando-lho, que em tudo que for do seu augmento ma em- 
à para adimntal-o com bon vontado. Deus gunrde V. 

à muitos annos. 8. Paulo, 4 do Outubro de 1721. 

Maior servidor de V. Meê. e não menos empenhado em 
seus aumentos, 

















Rodrigo Cesar de Menezes, 


ses gl — 





Essa carta “era uma especie de cirenlar dirigida a Pascoal 
Moreira Cabral, Fernando Dias Faleno, Braz Mendes Pay, João: 
Ra Maciel, Domingos Rodrigues do Prado, Lourenço Leme 








va, 

A estes dois ultimos, enjos crimes já o governador conhecia, 
acerosentava mais um capitulo: 

“Tambem mo parece diser a V. Meô que lhe será 
muito ntil, não só para seus requerimentos, mas ainda 
para seus despachos, intentar, ou para melhor dizer, 
conseguir abrir o Caminho, pois o sem poder e netivi- 
dudo o prostimo seguram ainda mais dificultosas em- 
presas, eto, 

Essas cartas visavam mostrar entre lisonjas e adulações, a 
dependencia dos paulistas para com o rei portugnez, o cofre das 

açns, é dar a entender que o enpitho-general era o canal 
essas lonins, por onde ellas correriam, inundando à capitania 
de 8. Paulo. 

A Rodrigo Cesar, o governador que reclamava soldados, que 
pedia forças, auctoritario o violento como os acontecimentos iam 
demonstrar, muito deveria custar o escrevelas. 

Entretanto ja-se sujeitando ; e se conformava até com actos 
administrativos dos paulistas, nas minas ; como quando foi da 
eleição do Fernando Falcão e Pascoal M. Cabral, para cabo 
maior e guarda-mór, por ser necessario levar aquella gente, com 
algum temperilho, que, em similhantes oceusiões, é o que mais 
vence. 

As primeiras cartas, apesar do tão dulçurosas, não encon 
traram bom agasalho, nem mereceram as honras de resposta ; 
mas à inisistencia epistolar delle era tão tenaz que foi amol- 
ledendo, dissolvendo o gélo panlistn, até conseguir cartonrse, 
recober novas das minas. Estava ganho um ssrunda passo; O 
reconhecimento de sua auctoridade, 

Ao rei pedia continuamente o perdão pars os crimes de 
algus paulistas que estavam nas minas, por serem intelligentes 
e poderosos, parecendo-lha que só com mercês se poderiam con- 
tentar ; porque a vaidade os obrigava mais que quelquer con- 
vendencia; à PRINCIPALMENTE PORQUE DISPOXDO DI GRANDIS PODIIL 
X, ACHANDO-SE À GRANDE DISTÂNCIA, XENHUM MAL SD LHES PO- 
DIRIA “AZER. 

João e Lourenço Leme eram citados nominalmente, e no 
perdho delles se punha especial empenho. 

Nessn diplomacia adulatorin e vesga consumiu 1721 e 1722 
para poder forrar no dorso paulista a ventosa que havia de 
sugar os quintos renes. 





















a) O = 


“4719 achavam-ss, nas minas do Cuyabá, os irmãos 

y Leme da Silva e João Leme da Silva e um seu pri 
“Leme da Silyn. 

descendentes de familia originaria de Flandres, donde 

— passou-se para Portugal, corrompondo em Leme o 


u— ! 

Brazil, a familia vicejou, mumerosa e importante, do 

o tronco Antão Lomo que, vindo do Funchal, na ilha da 

n era em 1544 juiz ordinario em S, Vicente. 

nes tinham o seu nome associado nos antecedentes 

“da capitania. 

de um delles, Pedro Leme, aleunhado o torto, pas 

Jodo e ço Leme que, em uma das entradas ao sertão, 

paragens da Vacearia, onde se encontrára com uma expe- 
hespanhola, simples soldado de uma bandeira paul 

A jadamente um papel, um termo que a habilidade 
luana tinha já consoguido da simplicidado dos oficines de 

Cria reconhecendo nesse territorio o dominio da corda 







— Deante do neto insolito, o commandante hespanhol só poude 
um insulto: 

—Mirem el turto! 

—E ecocho tambem, necrescentou Pedro Leme, mas que 

jece os direitos de Portugal eu ousadia dos castelhanos. 

e oecultava num corpo torto e cocho uma alma 

e inteiriça, 

Lourenço Leme tinham se creado e educado nessa 
nturosa e semi-barbara dos sertões, em contacto directo 

os indios forozes, no meio de brancos crueis; o melhor do 

a fora consumida em entradas ao sertão, nas quaes se ma- 

fome comendo mel, e se sncinva a sédo chupando raizes 

“id 

Opulentos por suns riquezas, duramente necumuladas, eram 

rosos pelo seu numeroso sequito, necessario para as suas 








rias empresas. 
“alorosos e atrevidos, eram os primeiros a se atirarem is 
ns mais arriscadas; generosos até à Ls prot ea 
T e auctoritarios, desdenhavam as vontades acima das 

mão conheciam as que estavam abaixo; despoticos, deci- 
o as s ão estrondo das armas; vingativos até no te- 
da eruoldade, deveriam sor odiados, mas eram temidos o 


ns, como esses, inspiram dodienções que vho no fana= 
n odios que só terminam com o sangue. 




















ás BB me 


Os Lemes não constituam um caso isolado, mas eram 
caso épico da capitania de 8. Paulo. Ainda hoje elles dona! 
produzem nos mandões de aldéas, cuja vida é um complexo 
actos generosos e de factos repugmantes. RE) 

tinham estado nas lavras de Minas Gerase, donde ss. 

tinham passado para os novos descobrimentos de Cuyabá. 

camin) a no sitio do Rio Pardo, obrigaram. 
lre André dos Santos Queiroz a celebrar o casamento de uma. 
ha bastarda de Lourenço Leme, com Domingos Fernandes ; aflir- 
mando, para salvar as apparencias, que para isso tinham licen— 
ca do padre Manuel Bicudo de Campos, ultimamente nomeado 
vigario de Cuyabi. 

Em Camapuan, João Leme, que levava em sua companhia, 
para desenfado das longas noites do sertão, uma carijó do sua 
administração, descobre que era trabido, 

A india entregava-se no branco; mas partilhava seus amo- 
res com um corijó seu patrício, concorrendo para as suas entre- 
vistas um ra] de sua raça. 

Conhecido o facto, João Lome, via simulacro odioso de jus 
tiça, decrera a morte dos tres, proporciona-lhes os socearros es= 
pirituaes da confissão pelo padre Antonio Gil, e ful-os executar. 

Ao rival, porém joho Leme, transtornado por uma alluci= 
bedis  ajuntou uma tortura barbara e humilhante; 
enstrou-o antes da morte, e, após, esquartejou-o com suas 
Li mãos, saciando no ci er o ciume bravio que tinha ceya- 

O vivo, 

Em Cuyabá, dando largas no seu genio sequioso de mando, 
tinha encaminhado, dirigido, obrigado até, a oleição de novas 
anetoridades para as minas, 

Por ventura, 0s novos eleitos tiveram velloidados de inde- 
pedencia, porque, mais tarde, elles hão de empenhar-se, fazer 
questão capital da demissão de Fernando Dias Faleho, o cabo 
maior regente, eleito por sua influencia, 

Em Cuyabá, o padro Francisco Justo, vigario da vara, fôra 
substituido pelo RAS Manuel Campos Bicudo, e recusava-se 
passar a jurisdicção, sob o pretexto de que não estuva exgottado 
O tempo da provisão. 

Formaram-se partidos a favor do dous padres, e a lucta tra- 
vou-se. 

Os Lemes mostram-se parcines de Manoel Bicndo de Campos; 
Francisco Justo anulla o casamento da filha bastarda de 
renço Leme, feito em Rio Pardo. 

Lemes, enfurecidos, decidem summariamento o conflicto 
pelas armas, mandando dar uma descarga va casa de Fra 
















” 


seu antecessor, Antes desses factos, em Ltú, 

mão consentia no casamento de mina de suas Glhas 
Unrdoso ; os Lemes roubaram a moça, fizeram casal-a 
pretendente, dotando-a com os proprios bens do pae, 






raram-se violentamente 
o mesmo Jono Cabral, e as 


cousa que ainda Jhe restava, 
ram Antonio Fernandes de Abreu, descendente do hon- 
egual uome que, no terço de Domingos Jorge, 
de valor, no ataque e destruição dos Palmares, 
















rosnrio longo de infumias e monstraosidades farinm ver, 
, scelorados excepeionnes, si elles não tivessem 
o num pedaço abandonado dos dominios do D, João V, 
o apodrecido alvorecer do seculo XVIII, proverbial pela 
vação e erneldado dos costumes. 
“Que ha qua maravilho em ver colonos da inculta America 
rem, esti o assassinaram, quando, em Lisbon, o rei 
iras, entro pias de agua benta; 
perimentavam suas armas na maruja 
Les matavam em bandos, pelas ruas 
origem illustre prostituinm smas con- 
rimeira nobreza, 


& no vice-rei, instava para que os Lemes fossem perdon- 
dos com mercês pecuniarias, premiados com habitos 


embora por politica, mantinha com elles uma correspon- 

amistosa, na qual se mostrava todo disvellos, todo cuida- 

a o engrandecimento deles. 

1 de Maio da 1722, ainda escreveu-lhes carta amavel, 

encontrou em caminho, porquanto em Janeiro de 1725 
chegaram a Sorocaba, acompanhados dos indios de 

nistração, com arcos e flechas, dos mamelucos, seus ca- 








Sms JO) é 


maradas, e de negros, seus escravos, com mosquetes e areabu- 
ues. 

Vinham encommendar mais escravos e comprar mantimen- 
tos, nocesaarios para o exito eficaz de sua exploração nas minas. 

Sabedor de sua chegada, Rodrigo Cesar convidou-os a se 
apresentarem, em palacio, convite qua elles rocnsaram; receia- 
vam, sem duvida-—ingenuidado de sertanista-que os seus eri— 
mes não estivessom esquecidos, ou entenderam que nada havia 
de commum entro elles e o govemo de 8, Paulo, 

Foi então que Rodrigo Cesar fez todas as instancina, em- 
pregon todos os esforços para que ellos viessem « sua prosonça ; 
convites, ordens, rogos, tudo salvaguardado por uma carta de 
seguro, concebida nestes termos. 






Rº Cesar do Meneses Por me constar que 08 
Cupitães Lourenço Leme da Silva e Joto Leme ds 
Silva, pessõas principaes desta capiituia vieram do no- 
vo descobrimento das minas de Cuyabá, e se acham na 
de Sorocaba do districto desto governo, O sor necessn- 
rio que venham a minha presença, para com toda a 
individuação me informarem, não só d'aquelle descobri 
mento, mus de ynrios particulares pertencentes do El- 
rey, meu Senhor: Ordeno nos ditos Lourenço Leme 
da Silva e João Leme da Silva, venham a minha pro= 
sença, para o que se for necessario lhe dou neste se= 
guro real, em nome do dito sr, debaixo do qual po 
derão vir o tornar a voltarem, o poderão fazer em (1) 
«.. us, € armas, que lhe forem necessarias, para sua 
guarda, ed... de guerra pago, ou da ordenança, Mie 
nistros, oflicines ... desta capitania, mem ontra qual- 
quer pesson poderão . «+ com ellos, porque axsim O or 

leno por ser conveniente ao serviço de Sua Magestade 
no Deus guarde é esta ordem se registará nos Livros 
In Secretaria deste Governo. Dado nesta cidade de 
S, Paulo nos 27 dias do Janeiro de 1723, — O Secro- 
tario do Governo, Gervasio Leyte Rebello o fes— Rodrigo 
Cezar de Menezes. 

Vivia, nesse tempo, em S. Panlo, Sebastião Fernandes do 
Rego, filho do Portugal, sujeito macio, serviçal, lisongeiro até à 
adulnção sorvil, dessos que nunca ofendem, que não incommo- 
dam, cuja palavra o cujo gesto jâmais se cançam na arto de 
Pp inteligente é velhaco, porverso até o crime, sabendo, 
porém, fazer as cousas, de modo a não se ficar mal, a não doj- 
xar rastro, 























mm E us 






“esperto, soubora, com oflerecimentos adequados, in- 
e no animo de Rodrigo Cesar, a ponto de dominal-o, de 
prol de seus interesses incon! 
o essas qualidades a serviço de nm desejo aspero de | 
não recuava dennte do torpezas ardilosas é totreiras 
mular cruzados, objecto de toda a comedin de sua vida, 
co de sun sabida de Portugal. 
F. do Rego farejou os Lemes a sentiu que nel- 
o começo de sua fortuna, 


hocimentos travados com os surrões aureos dos Lemes. 
O valido do governador era incansavel, multiplicava-se ; in 
enva n sun longa pratica de negocios, as suas extensas reln- 
“com o commercio da metropole e com os mercndores do 
da costa da Africa. Conhecia o valor de uma peça, 4 
modo de nudar. 

“Era um homem precioso, Sebnstito Fernandes do Rego, Em 
Paulo só se fallava nos Lemes; na sua coragem, nas suas 
atrevidas, no seu poder, nas riquezas, que deslum- 











— Habituados a serem temidos, os Temes encontravam um 
“doleite novo na adulação assuearada de Sebastião do Rego, e 
jog € obsequios que de todos os lados recebiam. 
vão e Lourenço Leme, resolveram, emfim, à se apresentar 
ásia da. seidencin governamental, mas cosas ds d. Simão do 
do Piza, 
Rodrigo Cesar recebeu-os entro poderoso e paternal; um 
ixto de reservae aflabilidade, rodeando-os, entretanto, de atten- 


Indagou novas dns minas, produeção e permanencia; elogiou 
enracter dos paulistas e particularmonto o dos Lemes a 
te sermoneou-os sobre as culpas, que elle esquecia e 5, M. 
ava os seus vassallos estimados; incidente 6 ligeiramente 





= 19 — 





alludiu á qualidade de general, às forças do que dispunha em 
Santos, ao irmão vice-rei do Brazil; chega mesmo a mentir, 
dando a entender que podia puxar um terço da infanterin do 
Rio de Janeiro; e nenbou prsmettendo-lhes habitos militares, 
honras, fóros de fidalgo e assegurando-lhes todo o seu vali- 
mento para obtenção dessas mercês, mais que justas e ds quass 
elles tinham incontestavel direito 

Os Lemes protestaram que ontra consa não os movia sinão 
o real serviço de 8. M. e sabiram encantados deses entrevista, 
seguros da bondade, crentes na amizade do governador. 

Voltaram para a ensa do seu hospede, Sebastião Fernandes 
do Rego, outro amigo. Decididamente S. Paulo estava um pa 
ruixo à seno habitantes gente bôn, gente amiga, 

Precisavam comprar escravos, mantimentos e fazendas, é 
quem melhor poderia encarregar-se dessa acquisição que o sen 
hospede, amigo e obsequindor, para quem tudo era tão facil; e, 
depois, talvez fosse ofensa encarregar a outrem, 

Entrogaram, pois, avultada somma a Sebastião F, do Rego, 
para que este comprasse negros, fazendas o mantimentos de que 
necessitavam ; talvez mesmo lhe confiassem grande parte 
de sua fortuna, recolheram-se à villa de Ytú. Esses negocios 
fuzinm-+e sob palavras, não se passavam documentos; e para que 
exigilos do hospede prestadio, do amigo do general? 

Em S. Paulo o prestigio dos Lemes nugmentava sempre. 

Querendo tomar nlgumas providencias sobre as minas de 
Cuyabá, e quiçá ropartir responsabilidades o estabelecer solida- 
riedade, o governador reuniu, em palacio, o ouvidor geral, 08 
officines do Senado da Camara e os principaes da terra. 

Nassa reunião, depois de approvadas algumas medidas, co- 
gitando-se sobre quem seriso encarregado da cobrança do impos- 
to do ouro, todos a uma voz, sem discrepancia, concordaram em 
que nho podin ser outro sinão Lourenço Leme, paulista dos 
principnes, activo e intelligente, conhecedor das minas, e pode- 
xoso, tanto de parentes, como de escravos, 

Essa resolução tomada a 7 de Maio de 1723, foi reduzida 
aterro, assignado pelo governador, ouvidor Manoe] de Mello 
Godinho Manso, Manoel das Neves Silva, Manoel do Prado de 
Siqueira, Padro Gonçalvos Meira, Pedro “Taques Pires, Baltha- 
“ar da Cunha Bueno, o vereadores Manoel Luiz Ferraz, José de 
Gúes e Moraes, João Dias da Silva, Diogo de Toledo Lara, Po- 
dro Dias da Silva, José Pinto Guedes, Matbeus de Siqueira, 
Joho do Figueirós da Silva, José do Mattos, Antonio de Siqueira 
Albuquerque, Francisco Rois Guerra, Antonio de Camargo Or 
tia e Podro Taques de Almeida. 


















Cezar do Menezes, de nccôrdo com essa resolução, 

curenço Leme da Silva, provedor dos quintos e, por 

pro Ef Lema da Silva sargento-mór 

1; O envion as nomeações em carta lisongeira, por Se- 

des do Rego, que pressurosamente partiu de S, 

25 de Maio de Tod com destino a Ytú, onde estavam 

sido por asp e parada are F. do 
E) ndor o ou iligencia, 

ua pa= tiro doa: olieiaem da palaaio od pop dia prio 

foi Sobastião, inteiramente axtranho 4 administração 2 


+ naturalmonto, no espirito deste já s ha formulado 
inultamento sue- 





















À enppresto dos Lemes era n fortuna para o gatuno a 
j os Lemes, my justiça, os los. 
[é alo csedados “enmltimiho nai caboo Daboia 


ninguem conta. 

que os Éemes lhe tinham ea ntaia sommas de ou - 
quantum dessas sommas era ignorado, era segredo que 
“elle ficaria, após a morte do seus pt a 
"o mal era que o governador, fiel ainda á sua politica hy- 
de agradar; sustentava 05 Lemes; mas nos penetraes de 
inteligencia porvorsa, Se in certeza de encontrar 
para chegar ao descjado 

os Lemes neceitussem as nomeações feitas pelo governa- 
sem plano recuava, o, quem sabe, talvez sa desfizesso ; 
indespensavel, pois, que olles recusassem, s com estrondo, 
ro que só indispuzessem sóriamento com o governador; 
ERsssação de tal fim, a sua presença junto dos Lemes era 


elle, pois, o portador das cartas de nomeação; obtido 
o resto corria por sua conta. 
cil foi conseguir do governador essa tarefn; e eil-o 
ho Xit, onde chegou, com tres dise de vingum. 
“Lá foi hospede dos Lemes, que requintaram em rotribuir as 
recebidas so 8. Paulo. pm: já 
te) vou a preparar as suas victimas, porque dois 
is obuinha as recusna dos Lemes. 
de Maio despachou para S. Paulo o ajudante Pedro 
a com tres enrtas para o governador; uma sua, outra de 
e outra de Lourenço Leme, 
a rezava assim : 













] 





Exmo. Sr. 


Muito men Senhor: cheguei a esta Villa com tres dias de 
viagem, fazendo a entrega das Cartas de V. Ex.” nos Lemes, 
ficando Lourenço Leme da Silva muito isfeito com o empre- 
go de Provedor dos Quintos com qual conheceria V. Ex*. gran 
de serviço que havia de fazer a sun Magestade, 0, não ficou o 
seu Irmão Jono Leme da Silva, com a patente de Sargento-mór, 
dizendo que nas Minas Gerses havin ocupado maiores em- 
pregos, como o do Capitão-mor Regente, o que a nho ha- 
vello sido, lhe bastava ser quem era pº nas minas do 
Cuyabá, sem emprego algum, eotservar o seu respeito; como 
qual bavia feito rogento delas a Feroando Dias, por elle 
não queror ser a eleição do Povo é por lhe parecer que o d* 
desempenharia a eleição do ca o que sentindo agora em 
contrario, e, querendo fazer serviço a S. Magestade, havia pro- 
tendido oceupar o posto de Marechal de Campo Regente ; é que 
a V. Ex” o não havelo por bem, lhe não podia ter a mal o 
não acceitar outra nlgõa Ineumbencia; a adyertio a seu irmão 
que sem vir o Regimento, o as ultimas Ordens para por elas 
ver si er Provedor Supremo, nho estava bem aceitar ; no que 
ultimamente respondeu Lourenço Leme da Silva ficar de qual- 
quer modo satisfeito, porem quo visto elle o não estar com o 
emprego a seu gosto, o tinha de não neceitar tambem algum, 
pois tendo sido sempre o seu fiel companheiro em todos 08 tra- 

alhos, queria o Fossa nas bonanças, e com a vantagem do mais 
velho, « por mais geitos que nestes dias Ibe tenho buscado por 
todos os modos The não odio algum de tomarem outra resolução, 
mais do que a de partirem para Ryo abnix, dondo com mais 
Sigurança esperam a ultima Resolução de V. Exa. na resposta 
E mandão, querendo mais brevemente seguir jornada ; e dizen- 

o ultimamente que Fernando Dins não ha de exercer oceu) 
ção de Regente, « que só se satisfirão que ontrem o seja. Não 
ignoro o cuidado que estas «oisas dum a V. Exn, a quem Deus 
permitta dar Divinos auxílios para se haver com acerto que em 
tudo costuma seu prudentissimo Zelo, para o bem comnum, so- 
cogo dos povos « estabelecimento daquelas ruivas, e maior ser- 
viço de El-Rei, meu sonhor, que tam pouco provimento tem mes- 
ta comaren, para se poder fuzer algum melhor cumprimento de 
Justiça. Achome impedido de ir a Sorocaba tratar dos mais 
prrtienlares que tanto importão em haver n grande desconfinn- 
qa que os ditos tem do tenente-coronel Jon Antunes o da con- 
versação que com elle se tenhn; o lhe occultei as de V. Ex, 
para o Thomé de Lara, e las remetti por um proprio junto 




































- 75 — 


de V. Exn. Recebi (e muito lhe rondo as 
E e lhe remeity, o Relogio, e o mais 
v 


não querorá io 
Fazer do na 
Pedro du Silva, 


curta vivas e logo que chegar o portador de Sorocaba, 
com V. Exa., pois não posso tratar do outra, ou re- 

ptamente com a resposta das cartas de Mannel 
que até agora não sho apparecidas, e o irmão as man- 


procurar, 
Gaspar de Godoy Moreira está para se receber com a sogra 
IIS com quem muito selada; é sáti daUA MES 
dis mãos as enrtas que V. Exa. mandar pelo Padre Anto- 
de Souza, é isto digo com a corteza de que elles procuram 
de todas as que V. Exa, remetter para estas minas, o so 
o o oceultará algúa de que desconficm; como para Fer- 
o Dias, e assim se haverá V. Exa. com n prevenção neces. 
sem duvida que se mostrarho muito obrigados ás honras 
Exa. e dizem mostrarão seu dezempenho com grandeza, 
menos a sua obediencia no recebimento que pertendem 
no caminho, na certeza que vn nt monção vin— 
“ iii logo faro partir ao Padre André dos Santos para 
o pratico, 














) es hiam som duvida ao sitio dos Penteados 
o Dr. Ouvidor Geral, de que mostrado contentamento, 

o em caminho onda me foram esporurho axpus; porem 
“» resolução de so retirarem o não fazem; e tambem dou 
“ao diguo Ministro. Cá Soho Leme disse não ser V. Exa. 
edor de que elle onvesso ocenpado postos, nem eu subia ; 
quem lhe representasse fico muito certo no serviço de V. 
a ea Decos com saude e prosporidade de sen desejo guar- 
p licissimos annos. Ytú 30 de Mayo de 1723, Beija os 
“de V. Exa, seu reverente crindo Sebastião Fernandes do 






 enrta de Lourenço Leme era nssim concebida: 
Sr. 
o men Sr —Recebi a carta de V. Exa. e nella incluso 
mento da provedoria das minas, de que lhe rendo a V. 
as gmças de tão grande merçe o honra que mo faz, Mas co- 
e meu Temo abalacemus das minas se mais outro nenhum 








= Tt 





sentido do que dar a saber a V. Exa. e no povo que nós hera= 
mus obedientes n Sua Magostad e nos seus generaes 6 ministros, 
e não rebois nem levantados porque n quorermos sello não bus- 
carinmus meyos tão pncificus como os que buscamus, 


Como tão vê sendo o maior empenho o vermês de que sorte 
poderá Sua Mugestade que Dens imarde Ser mais vê. mais ser- 
vido e a ema real fazenda augmentada, e como V. Exa, não ig- 
mora que nós fomus o verdadeiro enstrnmento para que na 
son de fernãodo dias. Se fizeSe anomeação de Capitão Mayor 
gente pois de ontra nebuma Sorte o Serin. 


Entendendo que elle poderin exercer o dito carga buscando 
emtudo o angmento da real fazenda de Sua Majestade que Deus 
guarde e quictação do povo, achamus que nelle se entondo tudo 
o contrario, porque nem a real fazenda poderá deixar do perecor, 
e não ter augmento nenhum, nem o povo deixará de andar Sem- 
pro embirsçado, notes termos queriamus que V. Tra rop 
no dito posto de fornãodo dias, outro coalquer homem pois nas 
ditas minas os não faltão capazes para poderem ocupar o dito 
posto e fuzem nelle hum grande Serviço a Sua Majestade que 

eus gunrde e o povo ficar satisfeito o que não sendo asain fim 
cara muito duvidoso e contingente o augmento da Real Fazenda. 
e quistação das minas, porque meu Lrinão João Leme da Silva 
Se exbime de ocupar a Incumbeneia que V. Exa. lhe encaR- 
regou-n, achando-lhe eu em tudo rezão; pois ia servir de Capi- 
tão Mayor Regente em outras ocazioons é não pareco justo que 
aguora ocupe posto inferior, nestes termos me põe nos da mesma 
Sorte, em não pader aceitar a mecê e honra que v. exa, me faz, 
porque em todas ns materias dez.” dar gosto nod.” meo Irmão. 

EmecoRendo pºisto as rezoins de Sor mais velho c Ser Sempre 
Companheiro p*os trabalhos e molestias e descobrimentos o Seia 
ão bê pºas bonanças « honras, e fazendo-ma v. exa a mi to 
grande na mesma forma queria, que men Irmão fusse Satisfeito 
que elle pell Sua vontado ofica ipuito todas vozos que v exa 
prover na pessoa de outro conlquer homo, o dito posto de Capit 
tão Mayor Regente não sendo fernãodo dias pelas resoins que 
diguo à v exa pois sendo da maneira que esta detrominado 
usou uê o dito mou Irmão podemos servir as ocupações quo 
nos enCaRegua. 














tempo, 0 que não faroi Sé novas crdens do v exa 4 quem N 8 
guardo felices annos Beiia as mãos de y exa Seu menor Criado 





od A mma 


e fiel Opto-—Lourenço Leme da Silva, João Leme, na sua corta, 
abundava em identicas considerações. 

Por essas cartas, vêsa que os Lomes recusavam ns nomeações , 
ratio Dias  Falsão cri: comsarvado a logar do /sngll 
tão mór regente das mivas de Cuyabá; ou porque aspirassem exer- 
cer q logar por elle ocenpado, ou porque pipe vêl-o rebai- 
xado da suctoridade de que até então tinha gosado. O qua não 
padece duvida é que Sebastião F. do Rego, com a habilidade de 
quo dispunha podia dissuadir os Lemes da resolução tomada é 

uadir-lhes que, si o governador assim tinha obrado sra por 
e que João Leme já tinha occupado postos superiores, à 
por desconhecer u opinito que elles formavam sobro Falcão; 6, 
conhecedor do estado de espirito de Rodrigo Cesar, assegurar. 
Mies que tudo se arcanjaria facilmente a contento de ambos ; mas 
esen solução não lhe quadrava; convindo justamente excitar as 
disposições dos Lemes e oxploral-as. 

Salientar raidosamente que os Lemes fazinm questão da des 
missão de Fernando Dins Fuleno, contra n opinião e desejos do 

ador, era colloeur Fernando Dias Falcão abertamente no 

lo deste. Era um auxilio valioso para a politica official o 
vinha fsvorecer ns traças de Sebastião P. do Rego, 

Incontestavelmente essas tres cartas são da lavra exelusiva 
de Sebastião do Rego: a linguagem adulatoria, que não seria 
propria dos Lemes, homens rudes e auctoritarios; as expressões 
ofhicines nellas empregadas; os rodeios tortuosos para expressar 
a recusa, que elles escroveriam em quatro palavras grosseiri 
que não escreveriam; a similhança indubitavel do estylo lison- 
jeiro e sgachado ; tudo fórça n convicção de que, 

dous Lomes, só ba delles a letra mais incorrecta o n ortho 
graphia mais pitoresca. 

E, é natural que Sebastião FP. do Rego, o amigo, se oflera- 
ces caroavelmente para normar as respostas a Rodrigo Cesar 
do Mencate; e, só asim so comprebende que, nossas cartas, 
appaseça insistentemente o aviso, insidiosamente collocado, de 
pe elles, com toda a pressa, com toda a brevidade, se appara- 

ava para a jornada do sertão, dando a ontondor que à ro- 
cusa era uma desafio, uma declstação de guerra, o que elles já 
se precavinm, pondose fóra do alcance do governador, inter- 
mando-se no sertão. Porque esse dasafio, se nté então o gover= 
mador se mostrava tho bom disposto a favor delles? Porque essa 

de guerra por uma simples recusa de postos, que olles 
nho eram obrigados a neceitar ? 

Tudo era armado pel perfidia da Sebastião do Rogo, gran- 
demente interessado na suppressão dos Lemes, 




















ms Bm 


Na sua carta, a intenção cavillosa de Sebastião PF. do Rego 
está patente, quando affirma quo não obteve dos Lemes ontra 
resolução que « de partirem rio abaixo, onde com mars snGur 
nança iam esperar a ultima resolnção de Rodrigo Cesar de 
Menezes; accroscontando-lhos ultimamente que Fernando Dias 
Falcão não vivia de exercer a occupação de Espenio e que só se 
salisfaziam si outrem o fosse, 

Conhecendo o temperamento violento da Rodrigo Cesar, fi 
zia chegar a seus olhos essa vecnsa como uma desobediencia 
msolente, e patontcava as intenções em quo estavam os Lemes, 
de, protervamente, se opporem a actos de administração, impe= 
dindo que fanceionrios exercessem cargos; e necentuando a 

avidado dos factos, por não ignorar que essas cousas iam dar 
lhe cuidado, pedia para elle os divinos aucilios para so haver 
com o acerto que em tudo costumava o seu prudentissimo zelo ; 
e habilmente insinnando o descalabro da administração, mostra- 
va que o bem comum, o socego dos povos, o estabelecimento 
das minas, o maior serviço de el-rei tinham pouco provimento 
nesta comarca, e reclamavam algum cumprimento de justiça, 
Deixando entrever que os Lemes estavam abertamente hostis 
« prevendo a explosão do governador contrariado, indicava-lhe 
os meios de fazer a sun correspondencia, sem quo fosse interco- 
ptada pelos Lemes, porque elle tinha à certeza de que elles pro- 
curatam saber de todas as cartas que clle mandava para as 
minas. 

Tudo isso devia encharcar de coleras o espirito do 
nador irritadiço ; mas, antepondo sua politica à sua ira, soube 
reprimil-as, 6 «resolvem encarragar a Jojo Leme a regência é 
a Lonrenço a provedoria dos quintos, visto como o seu governo 
era todo de engonsos ; é rom ORA não devia obrar cousa alguma 
que não fosse por geito, principalmente não dispondo de forças 
milituves; e ninda que as tivesse, na conjunctaa presente, va-= 
lia mais o modo e a industria, corso o demonstrava n sua expo 
riencin; as cousas estavam tão vidrentas que era necossario cui- 
dar muto em contentar esses homens, principalmente os Lemes ; 
porque, voltando elles ús minas com o sequito que nelas tinha, 
e o mais que so The havia aggregar, por não se compor a, 
capitania sinão de homens criminosos, fugindo sempre de seguir 
o partido do el-rei, sem davida se desmancharia o que estava 
feito é resultaram irremediaveis consequencias; era o caso em 
que as eircumstancias obrigavam a fazar do ladrão fiel )V. 20, 
pag: 68. Carta ao vice-roi, do 15 de Junho de 1725). 

Essns e outras reflexões salvarimm os Lemes, si não cxis= 
tisse Sebastião Fernandes do Rego, ou se com este não estives- 




































— 79 — 





Lemos, om todo o caso adisram os planos de 
“recebeu do governador a seguinte carta, escri- 
nte para sor mostrada : 

Fernandes do Rego, em a villa de Yeú. 


Entregume o ajudante Pedro da Silva a carta de 
Eres vendo o que me diz, si me offerece responder- 
lhe louvo muito a boa amizade com Louven- 

Leme da Silva e seu irmão Joko Lemo, pois se fa- 

os de todi a attenção, mas não posso deixar 
wa Vmeô de lhes não dizer, ouvindo as suas 
a pouca ou nenhuma razão, que tinham para 
A fazer; a 1º é que estando ambos comigo, si não 
declararam, então, como agora o fazem, no intento de 
sun pretenção; n 2.º é que en ignorava o emprego que 
asia ocenpado Joo Lemo da Silva, porque, n cons 
tar-me, lho não daria patente inferior a que tinha 
tido; e, em atenção de suns mesmas pessons, consere 
vava a Fernando Dias Faleão, porque tendo razões 
com elle de parentesco, seria injurioso offendondo-o ; 
demais que vindo elle para povoado, como confirmam, 
ficava substituindo o seu emprego, que é que no raili- 
tar se pratica; tudo isto dovin Veê. dizec-lhe, porque 
então suportua à sam queixa, o bom poderiam 
elles, pela attenção qo me têm tido, não vir-lhes ao 
; ento a mais levo desconfiança, porque quando 
ehego n estimar é para não me arrepender; mas como 
de meu animo não tem ninda o conhecimento que bus- 
ta, os não culpo, sendo que me parece sobrava o que 
a seu respeito tenho tomado sobre mim. 

O ajudante fica e o despaço com brovidade, assim 
para levar a patente para João Leme, como o regi- 
mento para Lourenço Leme, que quando Ymcô so 
ausentou já estava principiado, e como à sus viagem 
era para mais tarde o detives 6 o que posso dixer a 
vmee, que Deus guarde muitos annos. 
8. Paulo, 4 de Junho de 1723. 


Rodrigo Cesar de Menezes 
po e Lourenço Leme eserovou tambem cartas egures 

























Sr, meu—Como pelo ajudante Pedro da Silva, que 
— despeço brevemente com carta para ymce, lhe bei de 
eseraver com mais vagar, nho digo ngorm o que para 





= Qi 


então reservo; só pa eu é que devia ser o quei- 
xoso, pois ncbandose na minha presença me 
não representou o seu intento com que agora me fala, 
Babendo que por toda: jo dar-lhe gosto como 

rimenton e sempre exporimentará. Guarde Deus a ymee. 


muitos annos. 
S, Paulo, 4 de Junho de 1723. 


Servidor de ymee: 
Rodrigo Cesar dv Menezes 


O governador de S. Paulo vergara e codera dennte das 
exigencias dos Lemes, o nomeou João Leme da Silva mestre de 
Campo Regente das Minas de Cuyabá. 

Desapentado “deveria: fear, em Yi, Sebmaiião Formando 
do Rogo com o caminho que as cousas tomaram ; não contava 
decerto com tamanha franqueza de Rodrigo Cesar, 





CAPITULO 5.º 


Aixoa os Teãos Lexes, Novos Muros DE GovERso bm Robii= 
co Cesar. João Axtuxes Macizi = O ouvinor MANUBL DE 
Mento Govrsão Maxso. 

Até entho Rodrigo Cesar mostrara aponas, uma das modali- 
dades de seu caracter; a habilidade, e 05 temperilhos, reminiscen- 
cias do estudante de Coimbra, herança moral de sea tio o bis= 
po Conde de Arganil, Sebastio Cesar de Menezes; agora ia des- 
vendar a outra: a violencia soez, habitos de brigadeiros dos re- 
gimentos de D. João V, herança do outro tio, o geral dos Fran- 
cisennos, no Algarve, Diogo Cesar do Menozes, 

Si os primeiros meios empregados, a dissimulação o a hypo- 
erisia, já tinham produzido resultados profeuos, para o ostabo- 
lecimento de sun auctoridade, sem duvida, os novos, a tyrannia 
e a arbitrariedade, completarinm a obra. 

Desapontado ficara em Ytú Sebustiho Fernandes do Rego, 
com a fraqueza do governador; no seu despeito ruminava 08 
os meios de levar a cabo a empresa sinistra de se apoderar do 
ouro dos Lemes, que como seu já oliva, é que seu havia de ficar. 

Para elle Lavia apenas um adiamento é Lreve; porque sa- 
bia que as exprossões amistosas do governador, na carta nos Le- 
mes, não tinham sentido, eram bolas pandas de ar, que elle com 
fncilidade furarin. 

Voltou immedintamente a S. Paulo, onde conferencion com 
o governador. 








da industria. 
lustrara os principaes dis- 
informações, que 


Oeccorria ainda que Falcão o Maciel eram eunbados de Lou- 
Leme; e, em caso de rompimento, a família de Thomé do 
sogro commun d'elles, fenria neutral ou contra os Lemes. 

ainda o mestre de campo Balthazar Ribeiro da Mo- 

Antonio Fernandes de Abreu, filho do assassinado « os seus 

tes, os de João Cabral, todos contra os Lemes. O caso pois, 

va muito de figura. 

-E v. exa. 

el-rei para 







E” 


Essas informações calarinm profundamente no animo de Ro- 
drigo Cesar; mas o capitão-general não podia decentemente tomar 
novo caminho, por já ter escolhido esses homens para postos de 
confiança o de honra, é solicitado no roi o pordão do sous erimos, 

Sebastião F. do Rego suggeriria então o plano salvador, 

Do morto Antonio Fernandes de Abreu, de Yti, ficou um 
filho, de egual nome, que se retirou para as Geraes; manda-se 
secretamente chamal-o, afim de que, pela morto do seu pac, dê 
queixa contra os Lemes, perante o cuvidor Godinho Manso. 

E, enquanto, com Eno o segredo se formava o processo, elle 
Sebastião do Rego, que possuia a confiança dos dois sertanistas 
e corria com algumas de suas encommendas, as ia demorando, 
para que elles não se retirassem para o sertão, € pudesse à pri= 
são ser eflectunda em Ytá, em virtude de processo requerido por 

e. 

"Tanto não era preciso para que Rodrigo Cesar se conven- 
cesso da excellencia do plano; e, na grando alegria de achar as 
cousas tão bem dispostas para vingança das humilhações sofridas, 
para desatar o seu temperamento que se violentava nos engon- 
sos do governo, para dar omfim um exemplo estrondoso de sua 
auctoridade, não reparava siquer no interesso que Sebastião do 
Rego punha no negocio. Só via os dois Lemes, os mais pode- 
rosos, os mais temidos, presos miseravelmento, rondidos ds suas 
mãos ; já pensava até em os fazer justiçar alli mesmo, na praça 
publica de S, Paulo, como aviso sinistro o escarmento cruel aos 
outros paulistas. 

Snfloenr na alma sertanista a altivez, extirpar, por violencias, 
o espirito de aventura, que em n afirmação do caracter paulista 
nos seculos XVI e XVII, esmagar esses sequitos poderosos, xojar 
os seus chefes de rastros, tremulos e acobardados nas salas de 
palacio, er o projecto que triumpbava no son espirito ferrenho, 
era o projecto que triumpharia na capitania, 

Era um golpo de mestre para intimidar, para cortar certa q 
soltura com que todos viviam no Brasil, e a liberdade de que 
abusavam os paulistas; esta não se destruia com outra cousa que 
com o poder, finalizava as suas reflexões, 

A estroiteza do animo violento de Rodrigo Cesar não dei- 
xava ver, que esses mesmos sequitos, essa mesma altivoz, esse 
viver aventuroso tinham conquistado o sertão e o gentio, alar- 
gando os dominios da corõa portugueza, e arrancando do solo 
o ouro, cujos quintos canalizados para Lisbõa, bastayam a todas 
as loucuras fradescas e devassus de d. João V, o monarcha asia- 
tico. 

















o dxisea o plano suggerido por Sebastião 


Minas fi chamado Antonio Fernandes Abren que, se- 
otecção do governador, deu queixa contra os Lemes, 
morte de scu pac, como das mais violencias por elles 







; feito pelo ouvidor geral, Manocl do Mello Go= 
DR isanoo estcra a delio sisda draiipinoo. 
Em Ytú, os novos poderes supremos das minas de Cuyabá 
vram tranquillamente, fiados das marcas de distineção e 
n de amizade recebidas de Rodrigo Cesar; «, com in- 
e bia fé esperavam us suas encommendas que Sebastião 
com falas amigas, ia demorando, para dar tempo á con- 
o do processo, 
is as consas—obtida ordem de prisão passada pelo 
r Godinho, apalavradas us pessoas importantes da capita- 
restavam á diligencia, puxadas as forças dus for- 
de Santos—traton-se da execução final do plano. 
pesar de tudo os adversários eram respeitaveis o toda a 
era indispensavol; e, assim, om amxilio da violencia, 
ya-se a traição cobarde, 
“Setembro, o mez do reverdecimento das arvores, da reno- 
da vido, ia em moio, quando a Ytú chogaram as forças 
8 À prisão dos Lemos; eram ellas—35 soldados da guar- 
do Santos, commandados pelo ajudante do tenente, João 
do Valle, ns ordenanças de Sorocaba, sob o mando de 
tunes Mncic], com seus homens e escravos, as ordenan— 
Parahyba, as do Ytú, todas sob n direcção suprema do 
Sis Aitoo quê ei” prssdás prágidia “& cdilganedo 
Cesar d a=se ficar em S. Paulo: mas na ordem 
5 tombro de 1723, dispuzera o ataque é o cerco; to- 
deviam obediencia ao ouvidor Godinho Manso; c o cerco, 
so praticava no militar, seria feito de modo a não deixar 
r hir pesson alguma; e, em caso de assalto, a van- 
das ordenanças, ficando a melhor gente, na- 
n os los de Santos, na rectaguarda, em reserva 
ara qualquer incidente. 
hegadas a Ytú, as forças se emboscaram á espera da noiter 
4 qual lhes seria dado o signal de ataque por Sebastião 
- Esto tinha ido antes, em visita amavol aos seus poderosos 
08, que o rins magnificamente, regalando, como con- 
“valido do governador. 





































ca E) == 


* Ofereceram-lhe banquete, no qual as iguarias oram abun- 
dantes é os vinhos generosos, 

Adi, nessa intimidade suave e agradavel que convidava a 
expansões, Sobastião do Rego amiudava brindes, tentando em- 
brigar os seus convivas, valentes tambem à mesa. 

Terminada a ceia procuraram repouso: o silencio do uma 
casa que adormece, a ceia Inuta, a tranquilidade de espirito para 
logo trouxeram somno profundo nos despreoceupados Lemes. 

Então Sebastião do Rogo, que antes vorificira só haver na 
casa alguma gente de serviço, cautelosamento foi no cabido 
armas, descarregou-as, e tirando aesim a possibilidade de qual= 
quer defesa, deu 0 signal convencionado. 

A noite, já em madrugada, era calma u macia. 

As forças fizeram silenciosas o cerco da casa, cingindo-a em 
diversos cordões, tal a quantidade de soldados; depois, com gran- 
de estrondo de armas, penetraram dentro aos gritos de: « Em 
nome de al-pei », « ordem de prisão do dr. ouvidor ». 

Com ossa abalroada acordaram os Lemes, precipitaram-se 
para armas 6 encontraram-nas descarregadas. 

— Sebastião do Rego, .. exclamaria um, h 

— Miseravel traidor !, ., responderia o outro, | 

Instinctiyamente apagaram as luzes, e fez-se o escuro, que 
devia gerar a confusão. 

'Travou-se a lueta entre os sitiantes e os familiaros da casa; 
estrondaram as armas nos brados do ouvidor, el-rei, prisão, 
formidavel tiroteio sacudiu a pncatez de Ytú, abalando-lho 
quietude habitual. 

Comprehendendo a impossibilidade de se defenderem com 
exito, 0s dois truidos viram na fuga a salvação unica; Joho 
Leme rompeu o cerco saltando os muros do quintal, e Lourenço | 
rosolutamente arrancou por entre a multidão que cngasgava a 
porta, atravessou-a, ferindo-se levemente em uma das mãos. 

Protegidos pelas sombras da noite, os dois irmãos consejgui- | 
ram escapar-se, ajuntando-se ponco ndeante; e, calados, com a 
raiva no coração, indignados com a perdia de Sobastião do 
Rogo, espantados com a dobrez do governador, jurando vingança 
do ouvidor, de ceroulas e camisa, como da cama haviam sabi 
em desapoderado galope caminharam para Ararytaguaba. | 

Ao longe ainda ouviam, perdidos, os échos dos ultimos tiros. 

Na casa cessou o ntaque; cinco escravos mortos, sete feridos, 
emaprehonsho de alfaias foram os resultados da diligencia, só 














— 85 — 


frnctifera para Sebastião do Rego que socegava folgando; pois 
o governador empenhára-se em vereda sem volta, 6 o ouro dos 
Lemes, presos ou perseguidos, já não era mais dos Lemes. 


Em S. Paulo, Rodrigo Cesar publicava bardo: 





Rodrigo Cesar de Menezes, ete. 


Por ser conveniente ao serviço de Sua Magestade, que Deus 
guarde, v prenderem-se os regulos Lourenço Leme da Silva é 
João Leme da Silva, e se evitarem as mortes, roubos e insolen- 
cias, que têm causado nas novas minas de Cuynbá, ordeno é 
mando a todos os moradores, de qualquer estado é condição que 
sejam, das villas de Ytú o Sorocaba, e de qualquer outra desta 
capitania, dêm toda a ajuda e favor, que lhes tor pedido, para 
serem presos ou mortos os ditos regulos; e todo que os matar, 
sendo Tranco, ficará perdoado de qualquer crime que tiver, não 
sendo de lesa-magestado divina ou humana e, não tendo crime, 
se lhe darão 4008000 é o mesmo se dará a qualquer bastardo, 
indio ou preto fôrro, e sendo escravo, ficará livre; e todos os 
moradores ou outras quaesquer pessoas desta capitania ou de 
fóra que nella se acharem, brancos ou negros, que derem ajuda 
e favor aos ditos regulos Lourenço Leme da Silva e João Leme 
da Silva, incorrerão no crime de traidores á coroa de el-rei, mem 
senhor, e lhe serão confiscados todos os seus bens para a fazen- 
da real, é incorrerão em todas as mais penas que são impostas 
em similhantes casos. E para chegar a noticia a todos e não 
poder ninguem allegar ignorancia, em tempo algum, mandei fa- 
zer este bando, etc., etc. 


S. Paulo, 15 de Sotembro de 1728. 
Rodrigo Cesar de Menezes. 








Ahi Rodrigo Cesar se arrogava todos os poderes majestati- 
cos: ordens de prisão, decretos de morte, confiscos de bens, con- 
cessão de liberdade, perdão de crimes, distribuição de premios 
pecuniarios. 

Falava em prisão, mas ordenava a morte: quem prendesse 
os Lemes premio algum receberin; mas, quem os matasse fica- 
ria perdoado dos crimes que tivesse, ganharia premios, ficaria 
livre, se escravo fosse. 

Era a determinação e a solicitação do assassinato por todos 
os meios; o galardão, a ameaça, a ordem expressa a todos da 
capitania e áquelles mesmo que, nella, estivessem de passagem. 

Pelas ruas de S. Paulo, ao rufar de tambores, berravam os 









Bh 
mastins de palneio us penas inauditas do famoso bando. Em Ytú, 
Sorocaba, Parnalyba, renetia-o a mesma scena do E 
Rodrigo Cesar jogava a capitania inteira do 8, Panlo con 
tra 08 Lemes, sob pena do traição à corõa, confisco de bons e 
mais penas que em similhantos casos são impostas. 

Era o regimon do terror. 


Começon então a caçada feroz, sem troguas nem piedade, 
contra os dois paulistas, que tinham tido a ingenuidade de nove - 
ditar na palavra da auctoridade portugueza, 

Em Ararytaguaba, os Lemes conseguiram reunir, à pressa, 
vinte e tantas pessoas, com cavallos e algumas arimas. 

O seu intento era, nataralmento, reorganizar o sou sequito 
de homens d'armas, arranjar remadores para as suns vinte 6 pon 
cas eunôas e seguir o Tietê abaixo, em demanda do sertão. 

Mas, atacados de improviso, —não tendo provisões de bocen 
mem de guern, com a maior parto de seus homens espalhados, 
—bem criticas eram as circumstancias dos dois Lemes, quando dois 
dias após o cerco em Ytú, lhes chegou a nova de que o ouvidor 
Godinho Manso, à frente das tropas, vinha atacal-os. 

Impotontos para a lucta immediata, prefariram internar-se ma 
matt, por picadas feitas ú força de machados, por onde trans- 
portassem cavalos e munições. 

Querendo, porém, siguificar o seu dasprezo pelo ouvidor Go- 
dinho o pola gonto que o acompanhava, aflizaram, nas picadas, 
carteis do desaho petulante, onde se lia :—«Si o ouvidor aqu vier, 
este é 0 caminho. 











Entretanto, à feente do numerosas tropas, chegou a Arary— 
tagunba Godinho Manso que das Lemes só encontrou o enrtal 
provocador :— «Si o ouvidor aqui vier, este é o caminhos. 

Raivoso, mandou destruir as vinte e tantas candas que es- 
tavam no porto ; «, se aquelle era 0 caminho, dispoz-se u seguilo. 

Beam 4 horas da tarde, quando nu picada, que já nleançava 
obra de meia legua, uma sentinclia ahi postnda pelos Lemes, 
deu o alarme, grito ultimo da sua vida, porque aliar da 
arrancada por wa descarga da tropa que avançava rapida. 

O redneto doa fugitivos foi atacado vigorosamente, sendo 
aprisionadas vinte e poucas pessoas, com armas, cavallos o ba- 

gens ; ns os Lemes mais uma ver conseguiram escapar-so, 
sem que ninguem os tivesse visto. 








Esse successo, incompleto embora, cortava aos Lemes a 
provavel retirada para Coyabá, e insulava-os na matta do 
Ararytaguaba, onde, continuando à caçada, nho er diffeil pre- 
ver-lhes o resultado, 





e Bim 


A capitania estava paralyzada pela surpreza é pelo modo; 
sufocada por essa enscenação violenta de ernoldades desusadas, 
mãio doixava ver um protesto, um vislumbra siquer do revolta, 
do brio ofendido, quo fizesse receinr uma contlngração para evi- 
tar a caçada torpe a dous paulistas que, embora grandes cri- 
minosos, eram os mis respeitados peln sun riqueza e pelos 
sens eliontes, 6 se achavam ligados, pelos laços de sangue, aos 
principaos habitantes de S. Paulo, 

ais tranquilo quanto à tolerancia paulista, o govormador 
angmentava a energin de suas providencias, temperando-as ainda 
com afngos n cosa gente, que desprezava mas que ainda temia. 
Esrolava a sua espada na batina coimbra. 


Ao mestre de enmpo, Balthazar Ribeiro de Mornes, no sam 

to-mór, Antonio Femandes de Abreu, ao capitão João Rodri- 
gues do Valle, agradeceu pressurosmente os serviços prestados 
no cerco de Ytá, e encarregon-lhes novos, no Cnyabá, receiando 
apesar de tudo, que os dous infelizes conseguissem lá chegar, 

Para essas minas escrovou annunciando que «os exccrandos 
eubominaveis delictos de Lourenço e João Leme, que enchia 
o sertão e ns villas de clamoves de justiça, tinham-no obrigado 
go merecido para ntalhar maiores damnos e poupar aos 
panlistas (santo interesso!) egnaes afirontas, » 

Baltbazar de Moraes, A, Fernandes de Abreu e João Rodri- 
ques, portadores de mm bando, reprodneção mais vislenta do de 
15 de Setembro, partiram para o Cuyabá em caróas que a go- 
veruador mandara apromptar, 

Segundo as determinações de um regimento, adrede pre- 
parado, haviam de tomar posso do sitio de Camapuam e de tudo 
que alli houvesse portencento nos Lemes, confiscando para a far 
zonda real; ahi deixariam gente para a colheita dos mantimen- 
tos; prondoriam Domingos Leme, irmão das victimas, e todas as 
mais pessoas que encontrassem, remettendoos para 5, Panlo por 
A. Fernandes de Abreu ou por pessor de confiança: em Cuyal 
receberiam de Antão Leme, outro irmão, um negro e um carijó; 
arrecndarinm todo o ouro pertencento nos Lemos, 6 bem assim 
todos os creditos, cuja cobrança promoveriam, e muis haveres 
que achassem. 

Pelo caminho, à todas as tropas, a todos os roceiros, a todns 
as (cepa emfim. intimariam do bando, afim de que fossem 
conhecidas” ns smas ordens e as penas, cm quo incorerinm, si 
prestassom ajuda o favor nos dous regulos. 

Na capitania de 8. Panlo soprava um vento de descontinm- 
quo de pavor. 





























A morte dos Lemes pairava nos aros com a tenacidade das 
idéas fixas; não se falava de outra cousa, não se discutia outro 
assumpto. 

Os escravos, os negros arrancados das adustas costas da 
Afrieu, olbnvam e procuravam essa morte como a sun carta de 
alforria, a libardade que os restituíria nos paúes da Angola e 
Guiné, para elles o logar abençoado de seu nascimento, 

Os criminosos de todas as origens buscavam-na como a agua 
Mastral, que 05 limpuria dos outros crimes o lhes traria impar 
nidade. 


Alguns, despidos de eserapnlos, com a alma vasia de son- 

timontos de bumanidado e a ambição a ferverlhes em todos 08 

pés esfalfavam-se para conseguir os 4008000, premio das ca- 
los Lemes. 

Uns por odio nos Lemes, tinham algama ofensa inulta, a 
maior parto por modo, deunte das penas de traição à corôn de 
el-rei, do confisco de bens, e das outras que em tres casos amo 
impostas, sentença vaga e mysteriosa que maior pavor infandia, 
panham-se abertamente ao lado do governador, fornecendo gon- 
to, prestando serviços pessones. 

A paz da familia paulista estava quebrada, despedaçada; a 
intriga imperava traiçoeira e covarde; vinganças mesquinhas 
eram «xorcidas; denuncias anonymas de que Fulano era a fa 
mer dos Lemes, Beltrano dava-lhes ajuda, chegavam no gover- 
nador. 


Sebastião F, do Rogo, conhecido pela sus privança em Pa- 
lacio, era incansavel em divulgar esses boatos, que augmenta- 
vam o terror e traziam a população em continuo sobresalto: por 
um moço de soa casa, mandou dizer a Francisco Rodriguos Pen- 
tendo, que o governador estava informado do que ollo fzora a 
Lourenço Leme uma carta de aviso. 

O eapitão Matheus de Mattos dizia publicamente, que Ros 
drigo Cesnr estava no par e muito molestado com o nuxilio, que 
Manuel Corrôn Páciindo dava nos Lemes, 

Desses homens, descendentes do sertanistas gloriosos, o go- 
vernador recebus cartas de desculpas, de submissão, em lingua- 
gem servil e desprozivel; raprasentantos, os proprios fllhns, des- 
ses chofas de familia respeitados iam e! esson rolarse nos 
do governador, significar-lho a sun eujoição, a sun lealdade, o 
desejo de ngradar-lhe; e, num rebaixamento que deixa a magua 
no coração, manifestar-lhe que estavam promptos para prender 
os proprios filhos, comtanto que isso dásse prazer á nobilissima 
pessoa do representanto do D. Joho V, cujos pás boijavam. 








— 89 — 


Mesmo assim ninguem se julgava em segurança; desconfia. 
vam de todos, suspeitavam uns dos outros. No interior das ca- 
sas as conversações emmudeciam, as pessoas calavam-se receio- 
sas de se comprometter. 

As ordenanças das principaes villas estavam em armas; a 
guarnição de Santos ostentava o seu luzimento pelas ruas da 
capital; e ainda o governador falava de puxar a infanteria do 
Rio de Janeiro, e alludia frequentemente a seu irmão, o vice- 
rei. 

E tudo isso era nada; o principal era que o governador, 
com um simples bando e alguns mfos de caixa, podia quebrar 
a sujeição secular dos escravos, mandando que matassem seus 
senhores, para adquirir a liberdade; podia açular todos os cri- 
minosos da capitania contra um chefa de familia, promettendo- 
lhes o perdão de crimes, so fizessem mais um crime; podia ex- 
citar no homicidio aqueles que ainda não eram criminosos, 
pondo cabeças a premio, pago com us bens confiseados das pro- 
prias victimas. 

Era isso que se sentia, que se respirava, é ninguem espe- 
rava remedio; porque todas essas violencias eram dirigidas con- 
tra os Lemes, opulentos e poderosos, e que tinham recebido ma- 
nifestações inequivocas de estima do governador. 


Na Matta de Ararytaguaba continuava a caçada, sob a di- 
recção infatigavel do ouvidor Godinho Manso, que esporeado por 
Sebastião F. do Rego, e por aquello desnio— «Se o ouvidor aqui 
vier, este é o caminhos — desenvolvia zelo, que dava na vista e 
que, mais tarde, mereceria de Rodrigo Cesar louvores e belas 
referencias a elrei. 

Mandara vir habeis trilbadores da matta, para a deyassa- 
rem, índios cujo faro passava o dos cães; um sobretudo, de 
nome Cavichy, escravo que era dos Lemes, prestava serviços 
admiraveis. 

A matta era assim batida, palmo a palmo, esquadrinhada em 
todos os recantos, percorrida em todas as veredas ; mas os Lemes 
tinham desapparecido sem deixar signal, como desaparece a 
rama! dentada as rompée: do acl, 

Duráva, comtudo, essa caçada humana havia 26 dias, sem 
resultados; João e Lourenço Leme, abandonados sem armas, 
sequalidos, m 88 roupas rasgadas por espinhos, a pello dilace- 

a por cipós e galhos de arvores; emmagrecidos, alimentando 
se unicamente de raizes é palmitos, continuavam A esconder so 
na matta. 











En rm 





Porventura começava o desanimo a entrardhes na alma. 
Joho Leme, um dis, resolveu acolher-se ao sitio de sam ma 
Epa Marin do Chaves, o qual era por alli, nas margons do 


té. 

A sua chegada a esse sitio produziu o efeito de mma bom- 
ba; a velha, meio imbecilisada pelo terror, tremeu, vendo já em 
cima de si as penas terrivois dos bandos do governador; vo 
sada, a mesquinha mandon guizar um jantar para seu áfilhado, 
e fez aviso ao ouvidor Godinho, que, com as tropas, não estava 
longo. 

 Relatiramênte tranquillo, com um ss de alívio, João 
Lome começou o seu jantar; levantou um olhar doseuidado para 
o rio que corria proximo ... 

—Que? Fardas ? Soldados 2 Era o cerco de novo! 

O onvidor recobora o aviso com um grito de triumpho, O 
sem perder um instante fora pôr cerco á casa. 

endo-se João Leme tenhido, por um movimento instineti= 
vo, acommnetteu contra a linha de soldados e, vnloroso ainda, 
conseguiu rompel-a e lançar-se ao Tietê a tropa foi no encal- 
«o dello « fez-lhe uma descarga que o attinziu, mas que não o 
matom, porque elle continuou a nadar. 

Em sun perseguição, Covíchy, rapido, ativou-so tambem ao 
rio. 

João Leme continuava a Drace jar, com ancia, deixando atraz 
de si uma esteira de sangue que avermelhava as aguas do Tie- 
té: visivolmento sa enfiaqueeia, ia talvez se afandar, morrer ali 
mesmo, mas o desespero lho deu novas forças e nim arranco 
supremo conseguiu agarrar-se no barranco do rio, suspendor-so 
e ganhar a margem opposta. 

Perto estava n mntta... Era a salvação? | 

Não; Cavichy, forto, vigoroso, terrivel, tamnem pendura- | 
va-so do barranco, suspendinee 

Uma nuvem amortalhow os olhos de João Leme titubeante; 
com as forças exgottadas pelo excesso de nadar, pelo sangue que 
corria de suas feridas, onfraquecido por uma alimontação insuf- 
ficiente durante 26 dias; abandonado o trabido pelos sous, per- 
seguido a tiros como uma besta feroz, sem armas, para que ya 
lina fuga? 

Podia ganhar a matta; mas Cavichy, enja audncia e cuja 
grando pratica de trilhador muito conhecia, estava no seu en- 
calço; convencewse de que não podia se escapar. / 

Um desalento doido apertou-lhe o coração, e logo um gran- 
do descsporo, quando vio Caciehy apanhar a margem e atirar- 
so para ello. 




















me Nm, 


“com o envijó, ambos ennovellaram-se, rolaram no 
cta titanica vizinha da morte, 

outros da tropa tambem atravessaram o rio em auxilio 
Hut, é Joho Leme foi preso, 


- Es 
prisão de João Leme da Silva veiu dar novo alento aos 
empenhavam na diligencia. 

apparecora no sítio de Maria Chaves, Lourenço não 


estar longe. 
O ouvidor Godinho banhava-so em alegeia=stinha vindo e 
“nebndo o caminhos—s continunria a soguil-o até encon- 
9 outro fugitivo. 
de facto, a mata foi batida e trilhada com afan novo, 
tro de dias a tropa so achou à vista da casa 
da de Nosé Cardoso; nesta, dous homens dormiam. 
n Lourenço Leite « um índio, que so lhe conservara 
infortunio ; cansados, esfalfados, dormiam pesadamente, 
“Os da tropa so consultaram ; nada de cerco, quo os homens 
jam sempre, e assim er nm nunca acabar; o melhor 
lisar, alli, com uma descarga, que puzesso cobro a essas 
neias fatigantes. 
Silenciosos levaram as armas à cara. Ouviuse uma des- 
as balas das escopozas forum se alojar nos corpos ador- 




















O cadaver do Lourenço Lopes da Silva foi transportado 
 Yui, onde recebeu sepultura na egreja do convento do 


- João Temo da Silva foi lovado para a fortaleza do Santos, 
a Bahia, ondo foi degolado nesse mesmo anno 


“E Pedro Leme, o cumplice do seus primos? 

esse ninguem se importo, sem duvida, por não pe 
que excitassem a cobiça dos potentados; a pobre- 

e gurântia da vida, 


todrigo Cesnr no rei e ao vice rei, em uma especie de cir- 
deu conta da empresa gloriosa. 
-Em o novo descobrimento das minas do Cuyabá assis 
us homens irmãos, ou para melhor dizor, duas feras, que 
o merecem as tyrannias de que usavam, o porque se 
a atalhalas, npplicando-lhe o remedio conveniente, o 
in difficultoso nquella distancia, e como elles sê resolye- 





p= - 





ram a vir 4 povoado se refazer do preciso ae assistirem na- 
uelle Certão, tendo em a cortoza da sua chegada convoquel as- 
sim 03 homens bons desta capitania, como o ouvidor geral, o 
Procurador da Corda, o à Cumara e todos uniformemente con 
vieram em que os mandasse vir a minha presença, não só para 
onvilos mas para reprebendel.os o que fiz, e chegando n fulmr 
mo lhes mostrei que hera general, no que lhe disso, não faltan- 
do a tudo aquillo, que me pareceu necescario para fazer-lhe co- 
alpose o poder qua tlnua ponto: toada 0a Sra é SEA 
hua larga pratica, que lhe fiz, procurarão destruir parte 
eulpas, que se lhe imputarão mostrando arrependimento das que 
tinham e promettondo emendar aquela soltura com quo cos- 
tumavam viver so que os despedi dibendo, que se procedessem 
como deviam e fizessem serviço a S. Magestade que Deus guar- 
do seriam attendidos. Passados alguns dias procurando pessoa 
capaz da incumbencia da Cobrança dos quintos naquellas minas, 
emquanto eu a ellas não passava assentaram todos os que acima 
nomeio ser mui conveniente prover por hora aquella occupação 
em um dos dons Irmãos, assim por ser mais capaz de ter ré= 
forma, como porque o sou respeito facilitaria melhor a cobran- 
a, o attendendo ao que me representaram por não aeharlho 
outro remedio mandei passar a provisão tornando a repetir-lho 
as advertencias precisas, para o melhor procedimento, e remeti- 
ih o aaonmiib oa 'o male valé ca dem coração. fio om 
respondeu com tal desattenção como à de mandarmo dizer, que 
não lhe ficava lugar para neceitar o provimento senão acomo- 
dasse n seu Irmão em o porto de Manoel de Campo Regente, 
e que me ficasse embora pois elles se embarcarão para seguir 
sua vingem, cuja resolução, e insolencia me despertarão para 
logo darlhe o castigo que merecião, porém a distancia em que 
se achavão, que hero mais de trinta Jeguas, e a multidao de 
escravos, e gentios criminosos que tinhão, e as poucas forças 
com que ou me achava fasia cotardar aquella demonstração que 
a sua infedilidade pedia, em cujos termos me vali ds industria, 
e do modo, que em tues casos podem mais que a mesma força, 
o assim obsiguei a quem lhe corria com as suas encommendas, 
para que lhe as fosse demorando emquanto ou me prevenin pa 
ru u execução do castigo, e porque ao mesmo tempo me havia 
chegado um proprio fidedigno que eu tinha mandado aquele 
descobrimento, a examinar o que era preciso saber, declarou os 
delictos que naquello certão, e pelo Caminho havião foito cor 
tificando o logo muitas tropas que à elle seguirão; 6 como ain- 
no sitio em que estavão, aqui em povondo continuarão 08 
mesmos absurdos sem se lembrarem que ou estava neste logar 











— 98 — 













juntamente da justiça, dizendo que não haveria 

quo os prendesse, mesas circumstancias me obri- 
» demorar-lho o Castigo, e tondo tudo disposto na 
para não poderem escapor, consegui pelo confi- 
quem me havia declarado, tellos ambos em hits casa 
dá hora destinada envestilos, tomm tambem suce- 
a muita confiança dos que lovarão ordem para pren- 
esusa do fugirem, hindo um com a mão quebrada, 
ambos para sous citios, que erdo casas fortos, 

am estendas incubertas com abida para o Rio halli 
m a tocar caixas, é a disparar armas, dizando que os 
prender, ao quo logo promptamento mandei destruirlhe 
tantas cunous, que tinbam para seguir viagem, man- 
y os banir, e ordenando no Desembargador Ouvidor geral 
ta de Thenente com trinta e cinco soldados, que 
guarnição da praça de Santos, e algumas ordenanças 
nas cosas fortes em que estavam, o que não espera- 
se vesolverho n meterse no muto, que para elles e a pra- 
Bolgrado, escolhendo terreno por sun natureza deficultoso 
so entrar, em o qual puzeram todas as suas monições 
ora é Cavalos e escravos, pata estavão 
m, as quatro horas 














r que se Ibo prezionarão 
de setenta almas, entro escravos, e gentios armas e ca- 
e toda a mais bagagem escapando elles fugindo precita- 
e como lhe havia mandado por um cerco, por toda a par. 
*, nho tendo por onde sabir estiverão vinte, e seis dias dentro 
o sustentandosse de palmitos, e alguas ruizos e pondo 
7 runção foi percizada hum depois de perse- 
lançasse so rio, nadando, e mergulhando, e sem duvida 

ae dous soldados o não pia que em breve tempo 
carão, este flca preso na fortaleza de Santos, e outro pas- 
amais alguns dias, como o ceseo durava, o os trilhadores 
o não ino, dando com elle e com hum unico Bugre, 
o acompanhava, sondo as suas armas duas pistollns, e hua 
nho ndo se renderem os obrigou dous tiros que den- 
mein hora perderão ú vida. Parece me que posso dizer 
Exa. pa dumnozas consequencias que no seguito da vi 
tes log pequenos serviços que na 



















E 





dosso com muito valor, zelo e actividade e assim espero que 
V. Exa. lho agradeça, porque se fas digno de toda a 

e coma está tirando a AEDES verá V. Exa. entretanto parte 
das culpas que remeto, 

Hé preciso dizer a V, Exa, o que já tenho representado a 
Sua Mugestado, que Deus guarde, o quanto Lé necessario hu 
companhia de Cavallos nesta Cidade e como ha quem a levante 
com as conveniências á fazenda real, que mandei dizer, não devo. 
baver razão que embaraco fazerce, o V. Exa. muito bem sabe 
que em parte algãa se conserva o respeito, se fas bom servis 
sem força, e já o meu estivera arrisendo se me não valer 
dar a entender muitas vezes, que puxarei um terço de infante- 
ria do Rio de Janeiro para assim os intimidar, No Brasil vivem 
todos com a soltura que V. Exa. não ignora, é os Paulistas com 
mais liberdade que todos, e esta não se destroe com outra cousa 
que com o poder 





S. Puulo, 80 de Outubro de 1723. 


Rodrigo Cesar de Menezes. 


Obscura, contradictoria, mentirosa e perversa era casa cir= 
eular, por ondo historiadores graves fizeram a narração do acon= 
tocimento. 

Como quer que fosse, o procedimento do capitão general 
foi aprovado e louvado por D. Jodo V. 

Rae alin Tao rode una eae 
capitania de 5, Paulo, e que para sempre deixou em sangus o 
coração dos paulistas, não «stava ainda terminada. 

O governador, precisando de um cpilogo condigno que à 
rematasse, pondo o terror em todas as casas e o espanto em todos 
os corações, mandou abrir uma devassa geral para apurar a ros 
pena ade daquelles que se tinham mostrado favoraveis aos 

emes, 

Era isso o lance de uma vêdo enorme, em cujas malhas de- 
vastadoras cabiria todo o mundo, si a intenção do governador 
nho fosse apenas intimidar, para humilhar. 

Rodrigo Cesar de Menezes tinha vencido: tinha destruido a 
liberdade; tinha mostrado o que cra o seu poder; nas salas de 
Púlacio em 8. Paulo, tinha visto os representantes das principaes 
umílias paulistas, tremulos e ncobardados, a desfuzerem-se em 
doseulpas. 














folgava, porém, com tado isso, era Sebastião Fernan- 
mais babil o o a a que, nos tem- 
“assolou 8. Paulo. Esse sim, é que exultava, pois 
enminharam á medida dos desejos delle, vealizan= 
planos delinendos, 
dos por mão de justiça, já não existiam os Lomes; 
pesava as arrobas de ouro, que tinham sido delles, 
pertenciam. k q 
o em ponco os seus bens teriam um valor superior a 
amil cruzad 


ntariado em seguida o confisco feito nos Lemes, apurou- 

us o que fôra apprehendido em Cuyabã, Camapuan e os 

indios, cavallos o bagagens tomados em Araratyguaba é 
né juso fo! recolhido à fazenda renl, em 1725. 

que estava em poder de Sebastião do Rego sumiu-se, 

o apenas a 544 oitavas de onro; quantia essa mesma 

or 4 quo deviam os Lemes polos dizimos, segundo declara- 

ya O proprio Sebastião, já a esse tompo, arrematante desse con— 


Apezar dos officios do governador ao ouvidor; deste a Se- 
ho do Rego; do Sebastião do Rego quelle, nada mais se 
e mada mais se procurou achar. 
- Domingos da Silva Leme, que continuava preso e com todos 
TOR + 86 conseguira à liberdado em 1724, o ordem 
à restituição dos bens em 1.º de Julho de 1725, 
Distribuiram-se então as recompensas, 
Sebastião Fernandes do Rego, que já tinha obtido a arre- 
nção dos dizimos reues das minas de Cuyabi, não quiz hon- 
5 em 16 de Agosto de 1%24, fez-se nomear provedor dos 
os em Ytá. 
— Não so contentando com os rendimentos do seu cargo, co- 
p nessa casa de quintos, a fazer dinheiro por todos os 
intava por conta propria, e de tal maneira, que os 
tos, que já tinham pago esse imposto em Ytú, viam 
rigados a l-o de novo em São Paulo; é força intima- 
mineiros a venderem, por Espa muito inferior ao 
nte, todo o ouro que traziam, e, allegando o seu trabalho, 
“um ainda extorquia duas oitavas. 
João Rodrigues do Valle pediu o govemador que fos- 
lo mais um posto de tenente de mestre de campo gene- 









Pa 





























TT es 





za], visto como, na empresa da prisão e morte dos Lemes, exe- 
emtou us ordens promptidao, portando-se nellas com valor. 

Para Joho Antunes Maciel obteve um habito de Christo, 
com 50S000 de tença aomual, pesa nos rendimentos das minas 
de Cuyabá; em 28 de Junho de 1724, por patente laudatoria. 
dos serviços prestados na captura e morte dos Lemes, nomeon-o 
superintendente das minas de Cuyabá. 

Para o onvidor Godinho Manso, chamou a attenção real de 
que se fazia digno. 

A Fernando Dins Falcão, que já se achava em Sho Paulo 
e que talves involuntarismente, apenas prestára o serviço da 
neutralidade, perdoou em 13 de Janeiro de 1724, todos 05 eri- 
mes que tivesse; fez de esponja ociosa limpando o passado de 
Falcão, que o tinha puro, pois não consta que tivesse praticado 
erimo algum. 

Em 27 de Abril de 1724, nomeowo enpitão-mór regente das 
minas de Cuyabá, posto que com o nome de cabo-maior, elle já 
exereiu por eleição popular. 

Nao se esquecendo de si mesmo, nho se futigou O governa 
dor de solicitar a sttenção do rei pura seus incomparáveis ser- 
viços, no oliminação dos Lemes, um dos maiores que já so tinha 
praticado na America. 


CAPITULO 6º 


As mixas Dm Govaz. BarrnoLomsu Bueno DA SILVA, O SmGUNDO 
ASHASGUNRA, SUA TENACIDADE. João Lerre DA Siva Orig 
MaARTYRIOS INTANGIVEIS. 


Enquanto a capitania de B. Paulo, apavorada, assistia ao 
enterramento do seu glorioso passado, Bartholomeu Bueno 
Silva, homem de ontros tempos, « POR SUAS ACÇÕES VALOROSAS 
SE JA A LELDA MORTE LIBE TANDO,> 

Nas veias de Bartholomeu Bueno da Silva circulava o 
sangue hespanhol, misturado o portugues, do envolta com O 
indigena. 

Bartholomeu Bueno da Ribeira, hespanhol de Sevilha, na 
Andaluzia, estabelecendo-se em 8, Paulo, em 1571, casou com 
Maria Pires, que remontar n sua ascendencia até Antonio Ro- 
drigues, unido a uma filha de Pequiroby, o maioral de Uraraby, 
no tempo da chegada de Martim Afonso de Souza à S. Vicente. 

Desse Bartholomeu da Hibeira foi filho Amador Bueno que, 
em 1641, us restusração poriugueza, sensatamente regeitou a 





— 97— 


realeza que lhe foi offerecida pelos filhos de S. Paulo; realeza 
(1) ephemera que, se distinguia Amador entre os seus contem- 
poraneos, não tinha outro elemento de triumpho que o enthu- 
siasmo pairiotiso dos paulistas ou o sentimento hespanhol dos 
genros hespanhoes do acclamado. 

Do Acclamado, que esse nome lhe conservou a historia, foi 
irmão Francisco Bneno, pae de Bartholomeu Bueno da Silva, o 
primeiro Anhanguéra, o diabo-velho. 

A fazer entradas no sertão, para descer indios, mistér pre- 
dilecto em que se comprazia o seu gemio fogoso e aventureiro, 
passou o primeiro Anhanguéra a sua vid inteira. 

Forte, valente, com um olho furado, a physionomia terrivel, 
conhecedor da lingua e dos costumes barbaros dos indigenas, elle 
domava por farças aquelles que suas armas não venciam 

Em uma feita, para subjugar a indios, que resistiam tenaz- 
mente a seus ataques, gritou-lhes que os mataria á sêde, si 
quizesse, pois tinha o poder de queimar as aguas, acabando com 
os rios. 

Acto continuo, lançou na rocha quantidade de aguardente, 
ateou-lhe fogo e logo, com ruido crepitante, ns labareddas celeres 
lamberam o chão. 

Os indios, tremulos e espavoridos, exclamavam— Anhanguéra 
—e entregavam-se sem resistencia, reconhecendo-se impotentes 
para luctar com o diabo-velho, que lhes appurecia encarnado 
naquelle invasor de feroz aspecto. 

Desde os 14 annos de edade, cursando rios, escalando mon- 
tanhas, Bartholomeu Bueno da Silva, filho do Anhanguéra é 
herdeiro de sen appellido, frequentava os sertões, afiando uma 
vontade de aço, enrijando musculos que não conheciam cansaço. 

A região central do Brazil, ahi onde nuscem pigmeus os 
rios, que depois são gigantes, não tinha segredos para elle, que 

va, com justa razão, por ser um dos mais babeis sertanistas 

lo seu tempo. 

Na pequena villa de Parnahyba, onde nasceu e onde mora- 
va, soffria as suggestões de sua épocha e anceiaya tambem por 
descobrir minas, descobrir os Martyrios, encantadora sereia que 
o desafiava com a seducção do mysterio e da riqueza. 

Martyrios! 

Existiria realmente essa serra ? 

Guardaria em suas entranhas o ouro tão procurado ? 

Lenda ou realidade, mentira ou verdade ? 








(1) Realeza contestada pelo Sr, Moreira de Azevedo -Bov. Ind. Hist. Brastl, v. 60, 
pag. 2 parte, 














o Fio é certo é que, na capitanin de S, Paulo, no começo 
seculo , ennovellada em tradições, porventura tm 
o croseida na imaginação popular, era corrente a 
dossas minas encantadas, e ninguem hesitava em afirmar 
no interior ignoto do Brazil, estavam as fabulosas 
porejando onto como poreja snor n fronte cansada. 

Viviam ainda muitos que, da existencia dessas minas, pre- 
tavam depoimento seguro. Antonio Pires de Campos contava a 
entrada que, quando creança, fizera em companhia: do seu pae, 
o destemido Manoel de Campos Bicudo; elle mesmo, Bar 
men Bueno da Silva, tambem menino, lá estivera com seu poe 
o fóra os a sua primeira proeza seriancja. 

Antonio Pires de Campos, por ventura avivadas as suas ro- 
cordações na memoria de sem pae, que vivem até 1722, se tinha. 
lançado no sortão, traçando a Frete por onde Paschoal Moreira 
Cabral Lemo devassa o ouro de Cuyabá, 

E clle, o segundo Anhanguéra, já em edado provecta, vivia. 
o toma iai da. Jembraniça dos pesando procurando, má /rIqU ARA 
inealenlaveis, ouro, prata e pedras preciosas, entrevistas nos Mar- 
tyrios. (1) 

m dia decidiu-se; chamou seus genros, João Leite da Silva 
Ortiz e Domingos Rodrigues do Prado, e expoz-lhes a resolução, 







































(190 ur, Alencastro, nos Anuare de Goyas, custos que Bsrtholomeu Evan morreu nos 
de Betombro do 1740, dos 7 annos de clio (RL HD. Vy 2 DE Bh Ze D.) O colo 
nos Martyrios om 1654 nos ht atnos de odada [Idom pg, 8 
Bartolomeu nasceu em 1670, « teria. quano part cm LESS, 
indo ao não é propriamente tm volho, 
=08 todiea. 170 como o anno em que no realizou 
essa primeira entenda, dando A Bartholomes 12 nonos do odndo, facto vm que estão 
todos concordes, sendo pois 1088 0 ano do nascimento do doscobridor de Coyam, 
Paroto estar Boathey mais proximo da enrdado. 
Antonio do Prado de Siqueira, visinho por muitos auoos amigo Intimo de Antanto 
ava om 27 do Agosto do (700 IM. LM. B. V. Go py 
"ampos morrera havia 39 amor ou cm 1340 aos dO annos de edade, 
annos eim 1740 dovoria tor nasollo om 1609, o 
ia wo borla realizado em 1053. 
ntrada aos Aorlgrior, em quo Plros a Hartholomem, 
ambos meninos, lá se encontraram,  Mypolhese qua encontia certa conf 
requerimonto fo 1736 (Doo. V. 24 pg. 922) por pavlistas pri 
goraneos de Barthulumen que m case tetapo alada vIvia, no qualse dis que Hartholomem 
Sobra gas: com 90 amos ododo vislvimanto xoggnrada, st x alo conaidaras 
mos comu equivalente a «entrado mor 70» mesmo considero em relação à volta no jo- 
geo 11725) mas que apparenava do dovenbidor, alvos ie grandos aofeimentos do 
era, 
Xesso requerimento 





































provar odado, mae inoidontemonto mostrar 0 
adiantado dos atos de wo Ho arriscada emprega, o que não teria rabo 
de vor ao Bartholomoa tivocso 6 fº aúnos que lho dava Aenexitro, epocha de plena 
mataridade principalmente em sorsantstas. 

Tartholamom Bueno da Milva teria, pois, nascido do I6S£a 1669, renlizado a primeira 
entrada aos Nartyrios entre NOTO m 107), anmos, partido em T$2% com 04 om GT 
amino» o morrido vm 4749 com 82 ou Bb anos, mais moço ainda esim que O som emula 
Antono Piegs do Csmpos que fallocou nos RO aanus, 















tava, do ir buscar os Martyrios ; não lhes oceulton que 
n muito longe, que os caminhos oram asperos, 

barbnros, cuja conquista era preciso 

ar o bom exito do descobrimento, 
proposta foi acolhida ealorosamente pelos genros, qua 
mm acompanhalo. Ahi mesmo posayam todas ns dificul- 
“obstaculos com que toriam de luctar, o ficou resolvido, que 
sa a ão arriscada (6 'dispondiods” exipísa, (6h O 
concedesse, a ellos 6 os que os acompanbassem, ns 
e mercês do estylo, e ns passagens dos rios que depen- 
canças, com sesmarias de terras, onde pudessem plan- 
imen ra fornecerem nos sertanistas. Bartholomeu 
fds Bllva, João Leito da Silva Ortiz é Domingos Rodete 
Prado fizeram entho um requerimento a D. João V of 
p 9 descobrimento de novas minas de ouro, em troca das 

















rox imento, acompanhado do informações favoraveis 
o Camara de S, Paulo, foi envindo a Lisboa, talvez 
ncipios de 1720. 
14 de Fevereiro de 1731, em tempo em que Rodrigo 
de Menezes não havia ainda partido de Lisbon, D. Joto 
u ao governador de S. Paulo n tratar com os peti= 
jos e a prometter-lhos ns mercês pedidas, caso levassem a 
o descobrimento que anwunciaram. 
Jono V, o rei perdulario, devin nadar em gozo: Minas 
fornecia-lhe ouro ús arrobas; Cuyabá já estava descoberto, 
o promottodor, à ainda, espontancamento, lhe ofereciam 






tado sem trabalho, sem dispendio, pois que as recompen- 
itadas suhiriam do proprio descobrimento, nada tirando 
portugues. 
ndo a 8. Paulo, Rodrigo Cesar do Menezes já encom- 
carta regia de 14 de Fevereiro do 1721, e cinco dins 
de sua posse, 10 de Setembro de 1721, já tinha colhido 
lotas é favoraveis informações sobre a capacidade & posses 
omeu Bueno o do seus genros, 
à chamal-os a sua presença; porém, só Bariholomem 
a, porque os outros se achavam ausentes á grande 










audiencia mesma ficon assentado que, logo que os seus 
se recolhessem e que Junho, epocha da verdadeira 
fosse ebegado, Bartholomen Bueno daria começo à di= 

Rodrigo Cesar garantia n concessão das mereês pedidas 
le que os descobrimentos fossem foitos em terras por- 






be 








— 100 — 


tuguezas, porque si o fossem nos dominios de Castela, em vez 
de premios terium castigos — 2000 cruzados de multa é degredo 
perpetuo para 5. Thomé. 

Só Jono Leite da Silva Ortiz se recolheu a baias estando 
Domingos Rodrigues do Prado todo entregue ás minas do Cuyabá ; 
com aquello organizon Bartholomeu Bueno a bandeira quo se 
compoz de 300 armas, e da qual fizeram parte Simão Bueno, sem 
irinão, Manoel Peres Calhamares, seu cunhado, Antonio Ferraz de 
Araujo, seu sobrinho, diversos linguas pa praticarem com o 
gentio, e dous religiosos bencdictinos, Frei Jorge o Frei Cosme, 
que iam como capellães. 

O governador auxiliou a expedição com 20 indios, tirados 
das aldeias da capitania, é um rogimento de instrucções. Esse 
regimento determinava de antemão providencias administentivas 
nas minas à descobrir, taes como: nomeação de João Leite da 
Silva Ortiz para guarda-mór; de Antonio Ferraz de Araujo para 
escrivão; 6 Pe posson idonen para thesoureiro; a escolha das 
datas para el-rei nas melhores paragens das minas; a arrecada- 

dos quintos e mais rendimentos, e respectivas remessas para 

. Paulo; aconselhava a paz com os indigenas, não só para que 
abraçassom estes a Santa Fé, trabalho commattido nos dous 
nedietinos, como tambem para que, amigos, indicassem os logares 
do ouro, e fossem, depois, descidos à encher as aldeias da capi- 
tania exhausta de habitantes; mas anetorizava a guerra, guerra 
de extorminio e de enptivação, caso os indigenas pondo-se em, 
peleja impedissem « marcha da expedição. 

Dos captivados se tiraria para el-rei o quinto que, enviado 
a 8. Paulo seria vendido pela fazenda real. 

Bartholomen Bueno, cabo smpremo da bandeira, a quem 
todos deviam obediencia, podin distribuir castigos, nté n prisão 
inclusive; remetendo, porém, ao goyornador aquelles que de- 
vemem sofrer penas mais graves. 

Essas instrncções foram approvadas pela carta régia de 16 
de Outubro de 1723 

Solenne foi a partida da bandeira, a 80 de Junho de 1728, 

Todos— brancos, indios e negros — forum confessados por 
Frei Jorge e Froi Cosmo o destes recaberam 4 communhão, 
que, indo PRETA; tivessem bom successo e achassem Dous 
propício ú jornada 

Ao partir, já Bartholomeu Bueno levava a resolução delibe- 
radamente feita, inabnlavelmente formada de descobrir o que ia 
procurar ou morrer na emprevas. 

Essa arriscada travessia do sertão ignoto, cujas dificulda- 
des conhecia, cujos obstaculos tinha de sobra acotovellado, elle 









| 






= 401 — 


Anhanguéra, mais que as 
imeira entrada nas parmgent 


Grande, 3 

tado, e ondo hoje prosporam os municípios de 
inas, Mogy, Casa Branca, Batataes, Franca é 
atravessou o que hoje se chama triangulo minciro, core 

o Rio Grande, o Rio dns Velhas, até no Parnahyba ; trans. 

“Paroabyba, começou a descambar para o poente, 

o Guacocumbá e o Meia-Ponte, atá barrar 'com à “Ho 

espessa a que chamavam Matto-Grosso, larga de nove 
se estendia do rio das Almas até o centro da re- 

do Casal denominou Cayaponia, 
tura, ao chegar ahi, já teria começado n estação das 
que vao de Outubro a Abril, emquanto duram as tro- 


















do, talvez, essa floresta, descambando ainda para 
como quem procura a região ao norte de Cuyabá, a 
ra seguiu ús apalpadellas, tactenndo como um cego, titu- 
pelo sertão mysterioso, À procura dos Martyrios. 
à por deante dificil é reconstituir, com exactidão, o ro- 
da bandeira; porque apagadas, confusas e incertas são as 
deixadas pelos chronistas, como confuso é incerto foi 
o 0 caminhar da propria bandeira. 
tacando, entretanto, de sua tropa bandeiras pareines para 
sm o ouro, Bartholomen Bueno porseverantomente ex- 
as torras, que atravessava, sem todavia colher fructo, 
y pes, de um din de 1723, Joao Leite Ortiz 8 
companheiros, por entre o estrondar de tiros, se reco- 
ao acompamento geral, onde foram recebidos com a mes- 
; prevendo successo feliz, outras bandeiras parciaes, 
gualmenta voltaram, descarregavam tambem as armas. 
) sertão impassível echonva esse tiroteio, manifestação da 
dos sertanistas. 
1 Jogo, Joho Leite conton o resultado de sua diligencia ; 
tn daquelle Matto-(Grosso, no rio Fildes, logar que se 
“das Palmeiras, tinha encontrado o ouro! 
















108 — 


O rosto de Bartholomeu resplandecen; pois, já não julgava 
tão facil atingir o fim da empresa. 


Os aventureiros todos respiraram idosa alegria, vendo 


terminados seus trabalhos, recompensados seus esforços, 


queriam vêr, apalpar o ouro, que foi logo pesado, dando 82. 


oitavas. 
João Leito triumphanto, desercvia o logar da descoberta ; à 
roporção que a sua descripção avançava. a physionomia de 
rtholomeu carregave-se de sombras o desappurecia-lhe o con- 
tentamento 

No dia soguinto, em junta, que fizeram, ficom resolvido que, 
dando parte da feliz nova, se enviasse o ouro a Rodrigo 

Escreveram-se ns cartas, arrumou-se o ouro, escolheuse o 
portador... 

Mas Bartholomeu, que ficára mudo npós a descripção do 
logar da descoberta e que talvez tivesse ido reconhecel-o, so 
oppoz terminantemente à partida do portador. 

—Era ouro aquilo, o logar promettia muito; mas não era 
o onro dos Martyrios, Lá havia muito mais, muito mait, para 
fazor a riqueza do todos, o era esse que so devia procurar 
Em vista da afirmação cathegorica do cubo, à contragosto 
vez, submettense a bandeira e continuon a exploração. 

A's vozes, n ala de uma serra, a volta de um rio, aconfor- 
mação do uma planície, fazia estremecor Bartholomeu que en- 
tão suppunha proximo o fim almejado; mas ao se approximar 
zecolhin apenas mais uma desilusão, que in juntar a tantas ou- 
tras, nessa jornada de fadigns e do torturas, 

Porem cada desillusãc, cada decepção só conseguia afirmar 
a sua vontade, aguçar a sua tonacidado. 

E a bandeira continunva a ernzar o sertão desapiedado, ven- 
do rios ainda sem nome, serras virgens é espera de baptismo, 
As unicas nominadas, os Markyrios, essas pareciam intangiveis ; 
recusvam e escondiam-se como n'um jozo infernal do cabri-cega, 

A tropa sentia que Bartholomen tinha perdido o ramo. 

— Quem sabe ai serin melhor voltar, já se murmurava, 

Abandonar à empresa? Não; descobrir ou morrer era m reg 
posta continua do obstinado cabo Bartholomeu caminhou mais 
para o norte, ntravessando uma região coberta de catingas, mate 
to carrasquento, de vegetação tortuosa e rachitica, 

Quem ET descrever 03 ntrozes soflrimentos da expedi- 
«ão mesquinha ? 

Nova estação de secea tinha começado; e, nesses dias de 
sol ardente, que belisca a pelle « ofusca a vista, a sede so faz 
sentir do modo torturante. 



























— 108 — 


leur nas horas quentes do dia é supplício insuppor- 

Aperta-se aspern « irritada n garganta do viajante ; 
ndeiam-se-lho os olhos que anceinm qualquer com- 
zumbem-lho os ouvidos, e o sangue aflue nfoguea- | 
ceubeça azoada. 

que arqueja de fadiga a natareza intoira. Ha um 
nento vasto, que e prompto lenitiv 

occulta, inerte de quem vao desmaia: 

rev Us coqueiros encolhem us compridas 

foliolos perdem a graciosa e ondulante fe: 
ao halito das aragens, crepitam em voz de ci 
corregos, os ribeirões estão soccos, deixando na terra 
o vergão de seu leito, como comprida cicatriz de areia ; 
ra obter ngua é preciso cavar o chão e esperar que o solo 
ir humor viscoso, parecendo gomma desfeita, onde se en- 
sodo, 
“E Jonge de ncceitar a paz oferecida, o gontio feroz sonda 

andeirantes, ntacando-os ás vezes furioenmento, em continuos 
, MOS quacs já muitos homens pereceram. 
após, em ataques suceessivos e sem piedade, atiraram 
p para o norte; e esta, batida pelos indios, vogava 
sertão, sem rumo, como a núu desarvorada, batida pelas ondas, 



























Mais adennte a região mudou de aspecto; caminhando avis- 
uma serra, cuju direcção geral era do nascento puta o 
Ao chegarem ahi, nenbaram-se os viveres, quo levavam 
m enecos; é por isso a serra chamou-se do Acaba-Saceo, deno- 
nação miseravelmente expressiva que denotava a penuria da 


Obrigada pela necessidade e segundo o costume paulista, 
sa Ve apenas marchas do meio-dia; na NÓS! 
o do dia procuraram o ouro e a substancia na segunda. 
Esta seria n ença e o mel, quando atravessassom as mattas, 

quando se avisinhassem dos rios. 
nem sempre encontrarmn o que ençar ou onde pescar ; 
e Jeguas de terra a natureza mostrava-se madrasta 
165 apresentava as arêas do deserto, 
Tinham tocado a ultima extremidade; já haviam comido 
os cães e alguns cavallos da tropa ; enpezar disso tres ou 
bandeirantes já tinham morrido de fomo. Para animar 
companheiros Urbano do Couto, moço do 20 annos que assen- 
de soldado aventureiro na bandeira de Dartholomeu, 
te e alegre, cameçou a pregar, como elle dízia, e fe 
sem mudar de thema. 


”. 


mi! EO a 





Confortava-os certificando que para deanto encontrariam 
peixes, cumpos de muitos veados, mattas de muita caça, mel e 
ro 


bas. 

— Quando? perguntaram os miseraveis com os olhos brilhan— 
tes por tão deliciosa perspoctiva. 

—Nestes dias; respondia convicto o prógador. 

Uma vez, em que, em uma expedição al, Urbano do 
Couto e alguns companheiros descobriram um rio, que chama- 
ram Pasmadas, com muita pinta de ouro, Antonio Perraz de 
Araujo, sobrinho de Bartholomeu, temperamento irrequieto e in- 
flammado, mostrou a conveniencia da voltaa povoado, acrescen= 
tando que só elle, Urbano do Conto, bem falante, poderin con- 
veneor ao cabo a que arribasse, fazendo um do seus sermões, 

Tibano do Couto, pouco confiante no exito de sua palavra, 
recusou-se; mas tues foram os rogos instantes de Ferraz, que se 
resolveu, chegando ao acampamento, a pregar ao cabo... 

Mas foi o seu ultimo sermão, que este lhe in custando a 
vida, tão enfurecido ficára Bartholomeu. — Bartholomeu Bueno 
encolerizavia-se com essas resistencins, já por vezes manifies! 
por quasi todos; ug sun grande alma, não comprehendia que se 
eres em arribar a povondo, sem so ter descoberto o ouro 

os Martyrios, 

A serra do Acaba-Sacco vae pouco a pouco se abaixando 
até se confundir com as planícies; depois, as planícies se su— 
ecedem umas ús outras, ondulando como as vagas do oceano, casan- 
na orla do horizonte longinquo, com os espaços azulados 
O, Sem UI MOrrO, Sem um oiteiro para interromper a vas= 
tidao dessa solidao intérmina. 

Caminhando por ossas planicios, debaixo de um sol impla- 

cavel, a caravana chegou ás margens do Aragunya, onde acam- 
pou. 
Pe pormando ilhas verdejantes e Ingos plucidos, o Araguaga 
corria entre praias de arts branca, bordadas de tiras de matto 
que, à distância, similhavam juncaes; as suas aguas, massa gi 
gantesca de mil metros de largura, deslisavam mansa e serena- 
mente, sem uma ruga que lhes encrospasse a superficio lisa. 

A magestade do rio, a vastidão das planícies, a serenidade, 
da solidio punham uma nota de desanimo profando, de abati 
mento desconhecido na alma dos expedicionarios perdidos, dei- 
xandoos sem vontade, é sem energia. 

Ahi, nessas noites limpidas, varridas de nuvens, allumia- 
das pola claridade mystoriosa da lua, que aperta no coração uma. 
saudade indizivel, infinita, emquanto, nas suas rêdes dormiam os 
bandeirantes, junto à sus, porventura, Bartholomeu seismava. 

















— 105 — 


Era bem visivel o descontentamento de sua tropa; já não 
se lhe obedecia com aquella presteza, que denota confiança; já 
se murmurava da sua pertinacia, que não era corônda de bom 
exito. 

O proprio Ortiz, seu braço direito, seu genro, andava in- 
tratavel, resmungão, aggressivo: e Bartholomeu, com desgosto, 
lembrava-se do péga, que com elle tivera, em que appareceram 
as armas, e, quem sabe, appareceria tambem o sangue si não 
fôra a intervenção dos dois benedictinos. 

Deante dessa natureza tão grandiosa, os interesses humanos 
amesquinhavam-se, ficavam Pegreninos, despreziveis; e, talvez, 
não valêra a pena tanto padecimento, tanto sacrifício para pro- 
curar um ouro que -eimava em não Apparecer. 


Mas elle tinha so oferecido para descobrir o ouro dos Mar 
tyrios; e todos tinham acreditado, porque era a palavra do ser- 
tanista valente, do paulista audaz que fazia o oferecimento... 


— Não; não desistiria da empresa; quando criança tinha 
visto os Martyrios, havia pois de encontralos agora. 


Então o seu olhar adquiria a fixidez da fé que arrasta 
montanhas. 

A morte? 

Que importava a morte, si a ella já se tinha condemnado 
si não descobrisse o ouro cruel ? 

— Descobrir o que procurava ou morrer na empresa, dis- 
séra elle ao partir e repetia ainda. 

Adandonando essas planicies, continuou a bandeira a ex- 
ploração do sertão descaroavel. 

Mezes e mezes de novo passaram indiferentes, trazendo no- 
vas estações. 

A's vezes, na hora do meio-dia, avistavam um burity, a 
palmeira gigantesca, todo em braza, ennovellando para o céo 
colunas de fumaça espessa. 

Era o prenuncio do ataque dos selvagens. 

A* noite, esse signal indicava apenas o ponto de reunião 
para og indios tranviados no deserto; ao meio-dia era o signal 
le combate. 

O gentio, bacorejando a escravização cruel, as oppressões 
futuras, a exterminação sem piedade, acossava os invasores com 
ataques continuos, em perseguição incessante, matando brancos, 
matando negros. 

Além disso, muitos bandeirantes, com o organismo enfra- 
quecido pelas privações do deserto, morriam de febres. 

A desunião lavrava abertamente entre os expedicionarios; a 











DE 





opiniho eram os Martyrios não existiam, ou si exis 
fimo Fere Es E dá sua situação. 

Bartholomeu sentia, com desespero a desmoralização de 
sua tropas porém cheio de confiança no descobrimento que ba- 
via do fazer, apezar do todos os revézes, procurava levantar o 
animo abatido de seus companheiros, esqueleticos e famintos, in- 
cutindo-lhes coragem com à palavra e com o exemplo. 

Deviam estar pela altura do Paraná que, rennindo-se no Mu= 
ranhho, fórma o Tocantins. 

Começaram as doserções: alguns bandeirantes, abandonando 
o cabo, entreguvamse aos rios desconhecidos, que corriam para 
o norte, e, pelo Tocantins, depois de trabnlhos insanos, inm pa 
rar na capitania do Maranhão: ontros voltaram sobre seus pas 
sos o procuraviun com ancia tornar ús terras de S, Paulo, 

A bandeira que partira com 300 armas estava reduzida a 
pouco mais de 70: e, vacillante, titubiava ainda pelo sertão, at 
rastada pela vontade tenas é pela firmeza infloxivol de sou cabo. 
Porventura, na sua incerteza, passava, por vezes, onde já tinha 
passado, descortinava serranias já descortinadas, avistava sios nn 
tes avistndos. 

Durava ess porfinda batalha com o desconhecido havia 
mais de dous ánnos. 

Estariam, então, esses restos da bandeira, no logar ondo 
hoje existo 8, Felix. 

Todos estayam convencidos de que os Martyrios eram in- 
tangíveis; continuar, depois de tanto tempo consumido inutil- 
mente, de tantas mortes pela guerra, pela peste e pela fome, era 
Jonenra. 

Houve um panico, 

Os bandeirantes revoltaram-se o terminantemente intimaram 
a Bartholomeu a não proseguir na exploração inutil; entre os 
revoltosos estavam os gerentes de Bartholomen: estava o proprio 
Jono Leite da Silva Ortiz, sen genro, seu socio no requerimento 
a D. Joio V oferecendo o descobrimento do ouro maldito, 

la, primeiro pela morte e depois pela deserção, aca- 
bava-se com a revolta a bandeira de Burtholomeu. 


Faltava essa triste corôn para completar-lhe o triste fndario 
de descobridor. 


Nao o abatimento, mas uma tristeza grando, lho invadiu a 
alma nobre. 














 — Voltassem os quo quizossem : deixassem-n'o al 
tivessa forças continuaria sósinho a exploração, e depo 
a morte. 


emquanto 
« depois 





] 


— 197 — 


Descobrir 0 que procurava ou morrer na empresa, tinha ju- 
zado e saberia cumprir o seu juramento, 

Tanta firmeza, tanta abnegação tocariam, decerto, esses ho- 
mens, que resolveram participar do destino de Bartholomeu — a 
morte — porque descobrir ora impossivel, 


Em S. Paulo as primeiras noticias chegaram em Março de 
1725, enviadas em cartas polo marques do Abrantes, que as 
houvera do governador do Maranhão. 

Contando as torturas das tropas e a tenacidade do chefe, 
cinco desertores da expedição, num estado miseravel, tinham 
chegado ao Maranhão. 

Ponco depois, fugidos, appareceram em 8, Paulo 12 dos 20 
indios, cedidos pelo governador, que confirmaram as noticias en- 
vindas pelo Marquez de Abrantes. 

Convencido então das riquezas do sertão resolveu Rodrigo 
Cesar mandar n Bartholomeu soccorro de gente e munição, que 
asse; o 0 descobrimento das minas e livrar a vida do cabo 
e as de seus poncos companheiros, seriamente em perigo. 

Attondondo às noticias aflictivas chegadas do sertão dos 
Gugases o à certeza, que nutria Bartholomeu, do descobrimento 
de ouro, em 1.º de Abril de 1725 faz correr um bando em que 
ordenava a todas as pessons, que quizessem ir n esse sertão fator 
serviço a S, M., se puzessem promptas para acompanhar n tropa, 
que so in expodir, fornecendo o governo polvora e munição nos 
pobres e deferindo os requerimentos que tivessem. 

Ao rei participou essa resolução, que foi muito lonvada, em 
a carta regia de 25 de Setembro de 1725, « por não ser justo 
q indo Bartholomeu em serviço real e em benofício dos mora- 

ores da capitania arriscasso a vida», ponderando-so que «se 
Mouvessa perigo de nho se descobrir o ouro, fizesso recolher o 
cabo da tropa, pois não convinha que elle persistisse em um tra- 
balho infructuoso, » 

A 10 do Abril de 1725, por escripto, instava o governador 
junto a Francisco Vaz Muniz, sertunista capaz e experiente, que 
acompanhasso a tropa que ia ser enviada ao sertão dos Guynzes, 
à salvar a primeira expedição, descobrir novos terrenos o di- 

tar os dominios da corte de Portugal. 

Rodrigo Cesar applicando com todo o calor e cuidado, como 
ella dizia, escrevia e eserovia muito, falava e falava muito, mas 
Abril, Maio, Junho, Julho « Agosto já tinham passado sem quo 
em seus dias nada tivesse feito. 


























= 1108 — 


A 21 de Ontubro de 1725 chegou a 8, Paulo Bartholomom 
Bueno, com os restos de sua bandeira, annunciando ao governa- 
dor haver descoberto nos sertões de Guyazes cinco ribeiros com 
muito ouro, e assegurando no novo descobrimento gran= 
dezas is de Cnyabá, com n vantagem de não serem os ares tão 
contagiosos, assim informava Cesar u seu rei. 

Apox tres annos, tres mexes é vinte o um dias do um luctar 
constant, ininterrompido, tenaz, inflexivel ; depois de considera- 
veis prejuizos na ema fazenda e na de seus companheiros — só 
Jono 








Leite da Silva Ortiz havia perdido 22 escravos — depois 
de tor visto à sun tropa disimada pelas fezadas dos indios, pela | 
agonin da poste e da fome, drefslcada. pelas desceções, nullifcada 





quasi pela revolta, Bartholomen Bueno, o segundo Anhanguera, 
recolheu.se tendo descoberto o que buscava 

Tinha vencido; tinha conseguido deitar a mão a esse onto 
cruel e lançava-o nos pés da magestade portugueza, com justa 
satisfação de quem sonbera cnmprir a sua palavra. 

Mas quem se desvanecia é a todos os ventos tamborilava as 
minas do Goyaz, cra Rodrigo Cesar quo se atrogava todas 88 
glorias da empreza, fazendo valer os serviços proprios, que, va- 
lha a verdade poderiam ser prestados por qualquer capitão-mór, 
pois não passaram do cumprimento de ordens reses, provocadas 
pelo oferecimento dos paulistas, 

Estavam descobertas as minas de Goyaz, estava descortinado 
o futuro estado de Goyng ; esse descobrimento marcava mais uma 
posse e ligava S, Paulo ao centro do continente, formando o pilo 
de novas explorações que logo se inm fazer e que o ligariam, 
por terra, para o norte, vo Estado do Maranhão, para leste a 
Minas e Bahia, e para cesta a Cuyabi, a Matto Grosso, dando 
ao Braail um corpo homogenco, sem soluções de continuidado. 

Os Martyrios, porém, se envolviam nas nuvens do desco- 
nhecido, intangiveis como um noyo Eldorado, no centro do Brazil. 

Não deixa, por isso, de ser grande o serviço de Bueno; não 
foi menor a gloria de Colombo com o descobrir da America, 
quando procurava o caminho das Indias. 


Aos descobridores, Rodrigo Cesar de Menezes, por provisão 
de 2 de Julho de 1725, fez effectivas as mercês das passagens 
dos rios Yquatibaia, Joguary, Mogy, Pardo, Sapucahy, Grande, 
das Velhas, Pornahybo, Guacorumbá, Meia Ponte, e Pramados, 
por tres vidas, sujeita à lei mental; e, adjacentes a essas passa- 
gens, concedeu sesmarias de terras, com seis leguas de testada 


”. 







— 109 — 


rr a pc ço 
ei com Bartholomeu Paes de Abreu, para ex- 
das minas, os descobridoros traspassaram-lhe é renun- 
ES 











odos d'essa jornada, e lhes foi promettido que esse serviço 
vel ficaria ua real attenção indo e ea 
auetores. 
ois de ter jastamente descansado « tendo se quest tão 
tompo para guarecer das mo- 
de 1738, pariiu de novo Bar. 
brimentos, em o 


CAPITULO 7.º 


Viagem A Cuvaná. À TRAVESSIA DOS n1Os. Os SELVAGENS. 
HEGADA À TERRA DO OURO, 


Na monção de 1726, Rodrigo Cesar de Menezes, governa- 
Ee enpitão-general de 8. Paulo, resolyera seguir para as mi- 


a 
“Em 1923, não realizára essa jornada, porque as ordens reaos, 
a permitiam, chogaram fóra de monção, que só era pro- 
Dois do Maio à principios de Agosto. 
Em 1725 tinha tornado publica a resolução do partir, cujo 
ds minas; ndidra, porém, cssa dilntada viagem, 
como a sua presença em S, Paulo; atalhar a perturbação 
poderiam causar os excessos do ouvidor Godinho Manso, 

essas, Ea menos, as justas razões que poz na real pre- 
a de 8. M, D. João V, em carta de Outubro 1725. 

“Agora, porém, tendo sido já tomadas as ultimas providen- 

para a sua ausencia da enpital, a rosolução era irroyoga- 
ld; e, para augmento da real fazenda, a preoccupação de sua 
estava o governador realmente disposto a entregar-se aos 
*& perigos dessa longa, monotona e penosa travessin do 


“Já fizera correr o bando de 17 de Março de 1726, no qual 

terminantemente que alguem se embarcasse antes de 
» ida, sob pena de confisco de bens e de degredo por tres 
para a Colonia do Sacramento; já tinha elaborado um 















— 110 — 


minucioso regimento para guia de Domingos Rodrigues da Fon- 
seca Leme, à quem confiava a regencia de 5. Paulo, emquanto 
duzasse o impedimento do capitio-mór José de Góes e Mornes; 
e, com o padre Estanislín de Campos, já conferenciár, recom- 
mendando-lho o substituto, depois de advertir a esto que nada 
resolvesse sem os prudentes ussertos do venoravel soptuagenário 
paulista, cujos conselhos elle mesmo não desdenhava ouvir em 
negocios administrativos; já estava de posse da ordem régia que 
avetorizava as despesas da viagem por conta do erário, à, tal- 
vez, da que lhe concedia soldo dobrado duranto a sua perma- 
mencis nas minas, 

A principio, logo que chegou a S. Paulo, quiz Rodrigo Ce- 
sar immediatamento se passar para ns minas de Cuyabá; depois 
se apos a todos os pretextos para ir ndinndo essa viagem, 
enrolando-a num futuro sempre recundo, é, quem subs até, tor- 
nal-n esquecida. 

Era que pelo espirito do govormador curopem, já augmen- 
tadas pela distancia, já onnovelladas na lenda sertancjá, por- 
passavam as lutosas tragedias tio cominuns nossas travessias 
ousadas do sertão americano. 

Conhecia elle bem as pungontes historias das monções des- 
troçadas, nas quaes as canõas se arrebentavam nas corredeiras 
vertiginosas ; os mantimentos se corrompiam com as chuvas tor- 
rencines; e 05 sertanistas miseravelmente morriam de fome, a 
pavorosa fome que a tantos ceifava, ou sorviam de pasto ás fo- 
xns, dopois de ntormentados por milhões de mosquitos impla- 
caveis. 

Honve comboios da ennôns em que pereceram todos, dei- 
xando pelos rios uma esteira lugubre do mantimentos apodro- 
cidos 9 de cadaveres putrefactos, nos roductos e barrancos, 

Em 1720, Josó Pires de Almeida perdeu toda a escrava- 
tura e todos os generos que levava; e, elle, na alucinação, na 
loucura da fome, troedra um onlatinho, que tinha em conta de 
filho, por um peixe pacá, 

Maiores foram os tormentos da monção de 1722, destruida 
pela fome, pola peste « pelas féras ; os que passaram, depois fo- 
ram encontrando, nas margens dos rios, as comõas abandonadas 
tresandando podridão, e, nos ranchos, dentro das rádes em que 
so haviam deitado antas, os cadaveros dos aventureiros, na pos- 
tura em quo a morto os deixira, 

Nessas mouções, quando se fazia sentir a ponuria de vive- 
ves, não era «mo abandonar-se os doentes, os imprestavois, 
aqueles que só comeriam sem prestar serviços, nas margens dos 











= 
dos que partiam, abandonando lar, mulher e filhos, 
pela sede do ouro, não tinham pilotos, não se proviam 
eios necessarios para resistir ao sertão; é a sum inex| 
| fazendo, com lagrimas o horrores, a chronologia das 





juntando-se a todas essas miserias mais uma mi- 
esses perigos mais um perigo, lá estava o Paiaguá 
), em vinganças tremendas, exterminando os que se aven- 





a essas paragens, 
1725, eapitumesndo um troço de 20 canoas, com uns 
“homens, Diogo do Souza de Araujo, já no Paraguay proximo 
Xanês, da Inguna Mandioró, fora nccommettido pelos 
uás, acabando ahi todos, excepto um branco c um negro. 
os que levavam a cabo essa viagem de innenarraveis mar- 
ehegaram a Cuynbá num lnstimoso estado: roidos pelos 
postulentos, deformados pela anasarcha, tremendo com 
O Epa hieierás iriico Milstados, lenantidaodo duas 
macúlo ou corrupção: e, apesar do desejo aspero de 
“o ouro das entranhas da terra, nos primeiros tampos só 
n cuidar em convaloseor, 
- E nesse Cuyabi tão opulento, que a lenda se comprazia em 
u nas esçadas, o ouro substitui o chumbo nas espin- 
+ que de ouro eram as pedras da lareira em que se pu- 
as las a cosinhar; que, para o tirar, bastava arrancar 
capim, porque nas ruizes vinham pegados granetes 
ilhantes, 4 penuria o a miseria eram grandes. 
“Os viveres, que escapavam no gentio, chegavam podres o 
taveis ; a agricultura vodimentar sofria das inundações ou 
as, e, principalmente, dos ratos vorazes, que 
multiplicavam  prodisgiosamente, constituindo um verdadeiro 
cello, comparnvel is progas do Egypto Por isso um essal 
gatos custava uma libro do ouro (1928000, valor do tempo) 
diam-se gatinhos a 20 e DO oitavas cada um. 
Faltava o milho; havia quem desse um gegro por quatro 
do milho; não havia sal; comprava-se um frasco por 
oitavas, e, para os baptisados, mendigavas pedras de sal 
indo assim, muitas ercanças morriam pagãs! 
é de rosas a vida desta gente, devia murmurar 
Cesar, avrepindo e sumido, na evocação de tantos horrores, 
acima de tudo isso, sobrepujando altancivo, pairava o 
ando, extorquindo, nova cspuda do Bronno nessa balança 



























EEE === 


— 2 — 


Jonquim Pinto comprou um jahú por uma quarta de ouro 
fel-o Eau posa e as vendeu nas lavras ganhando o dobro, 

Sabedores d'isso, os agentes do erario confisearam-lho os 
bons, para tirarem o quinto de el-roi, devido pelo negocio. 

[e outro, que comprara uma abobora por 4 oitavas, fizera 
uma especie de cosido e o vendera por 20 oitavas, teve tambem 
os bens confiscados. 

Do fisco, porém, não se receinva o governador que, em 
mente, já apparelhava um novo mechanismo com o qual havia 
de, com maior abundancia, extrabir da pelle resequida do mineiro 
os quintos renes, 

E fôra ello quem lembrára, quem provocéra essa mm 
a Cuyabá, é si não a realisara logo, fôra porque recebera um 
aviso do vice-rei communicando-lhe que era necessario ordem 
expresea do rei. 

Mas, então, as primoiras noticias só falavam cousas gostosas ; 
na abundancia do onro; na facilidade do o extrabir; na mansi- 
dão do gentio; agora, porém, o gentio exterminova, a peste 
dizimava, as inundações destruinm e a fome matava aquelles que 
ousnssem continuar o desvirginamento do sertão, 

— Emfim era preciso partir, suspirou o governador num arranco 
de decisão. 

A 6 de Julho de 1726 partiu do S. Paolo o governador 
Rodrigo Cosa do Menozes com a sua comitiva, 

Acompanharan-n'o o ouvidor de Paranaguá, Antonio Alves 
Lanhas Peixoto, o padre Lourenço de Toledo Taques, nomeando, 
pelo bispo do Rio à pps Era ed vigario do Cuynbá, o 
secretario Gorynsio Leite Rebello, o ajudante de tenente Joho 
Rodrigues do Valle, os soldados de sua guarda, 28 negros seus 
escravos e 8 indios. 

Sem official de sala, o tenente de mestre de campo Antonio 
Cardozo dos Santos, recusou-se a acompanhal-o allegando um 
vago o mal disfarçado motivo de molestia; e o outro, David 
Marques Pereira, porque se lhe receava a insubordinação, foi 
mandado pára à vila de Laguna, sob pretexto de diligencias do 
serviço rel. 

Essa comitiva in consideravelmente engrossada com muitos 
europeus e paulistas que, em honra do governador, lhe fizeram 
cauda atá o porto de Araritaguaba. 

As 23 leguas, que d'esse porto separavam a capital, foram 
percorridas em triumpho, recebendo Rodrigo Cesar as homena- 
gens dos poderosos da terra, esquecidos decerto do triste fim 
dos Lemes. a 

No seu sitio Piedade, da freguezia de Araçariguama, Fran- 











— 113 — 


eisco Rodrigues Penteado, tres dias, demorou-o e aos mais da 
comitiva, banqueteando-os no meio de continsas festas. 

Araritaguaba, hoje Porto Feliz, não chegava a ser uma po- 
voação; era apenas um porto de embarque, com uma capelinha, 
sob n invocação de N. S. da Penha, num paredão vertical do 
Tieté, e alguns ranchos debuxando uma praça chamada Pateo 
da Penha. 

Apezar de ter Rodrigo Cesar revogado o seu bando de 17 
de Março de 1726, permittindo assim que partissem sertanistas 
antes de seu embarque, grande era o numero de pessoas— 
approximava-se de 3 000 entre brancos e negros—que se desti- 
navam ás minas de Cuyabá, naquella monção, em um comboio de 
308 canóas, das quaes 23 pertenciam ao governador. 

Desusado movimento dava á Ararytaguaba, nos meiados 
d'aquelle Julho, a apparencia de uma rectaguarda de exercito 
acampado : e, realmente, não era outra cousa sinão o acampa- 
mento de um exercito, que se aprestava para, em combate de- 
sesperado com a natureza, saquear-lhe o ouro. 

Centenares e centenares de barracas, erguidas sem alinha- 
mento, umas de panno, outras improvisadas com palmas de co= 
queiros, coalhavam o solo, como crupção violenta de molestia 
maldita. 

Portuguezes e paulistas e negros semi-barbaros e indios meio 
civilizados e mestiços d'essas raças formigavam, borborinhavam, 
num latejar continuo, num ruido surdo, como o roncar do oceano 
a distancia. 

Montes de canastrões de couro; pilhas de caixas de ma- 
deira: rolos de pannos; pipas, barricas, caixotes embaraçavam 
eireulação. 

Cães, amarrados ás portas das barracas, do cauda em terra 
é focinho prra o ar, soltavam Intidos, que se iam amiudando, 
num uivar lugubre. 

Fornsteiros retardatarios chegavam ainda guiando carros 
puchados por bois, chiando monctonamente, em ondas de poeira 
amffocante ; tropas de burros, gemendo sob o peso da carga, 
ainda apontavam, encorajadas com os gritos roucos dos tropeiros 
ageis. 

Com tó approximar da noite, porém, tudo ia serenando, 
olvendo-se num murmurio vago, confuso, persistente. 

Aºs portas das barracas os bandeirantes, extenuados do 
trabalho de carregar canôas, assentavam-se com suspiros de 
allivio. 

Nas ramagens das arvores proximas armavam-se as rêdes ; 
no interior das barracas estendiam-se as camas. 








bi 


No escuro d'essa noite fria de Julho, o fogo, companheiro 
inecparavel do sertanista, começava a brilhar em fogueiras espar- 
sas; em roda d'estas, saudoso do seu clima adusto, o africano 
infantil esquecia-se, agnchado, de mãos pendentes, sem. idéas, 
sem planos, animalmente a cosinhar-se no brazoiro. Dosconfiado, 
o indio suspondia-se nn sua réde, num desprezo inconscionte 
por todo nquelle trabalho para a colheita de pedaços amarelos 
que elle desprezára, na meninice, e que, na virilidade achava 
inferior no ferro de sun foice. 

Enrollado em pannos, por cima dus camastras, o embonba, 
ao avisinhar do somno, lançava ao céo um derradeiro olhar, 
uma suppliea muda para riquezas inexgortaveis que assom) 
Lisbõa. 

O paulista, calmo e rnde, amadurecido por essas aventuras, 
adormecia tranquilamente, deanto dessa viagem ao sertão, por 
elle devassado, por elle conquistado. 

Ao longe, o chorado timido duma viola punha uma nota 
melancholica nesse acampamento que reponsava. 

As vinte e tres canõas do governador carregavam (cada 
uma) 40 a 60 arrobas de gensros da terra e do reino, (3) cuida- 
dosamento cobertos com encarados, empilhados pala providencia 
do Rodrigo Cesar que, segundo a sua propria expressão, não 
contava com as estalagens do sertio—os rios o as mattos ;— 
nellas estavam tambem duas peças de artilberia: symbolo da 
força que Cuyabá ia conhecer. 

Ao amanhecer do dia 16 do Julho de 1726, foi ouvida a 
missa na capella de Ararytaguaba, insuficiente para conter todos 
os aventureiros. Depois, no pateo, n multidão immensa, contricta, 
em religioso recolhimento, recebia de um sacerdote a bençam da 
viagem. 

Estava prestes a partida. 

O guin em mestre, 08 pilotos praticos, os remadores e 
proeiros vigorosos, Na sua camôn, protegida por um toldo, e em 
cuja popa tremulava levemento a bandoira portuguesa, já Ro- 
drigo Cesar estava accomodado, 

Salvas de mosquetes, aeclamações da multidão enchiam 
os ares. 

— Desamarra! gritaram. E, num impulso vigoroso de remos, 
ajudado pela correnteza do rio, a menção deslisou pelas aguas 
do Tietê, 

Logo abaixo do porto passou euecessivamento as cachosiras 
de Acanguéra, de Jurú-mirim e a de Abarémanduaba, cujo 
nome tupy conserva a tralição credula e ingenua, de que o 











-— 115 — 


mchicta, tendo ahi cahido, fora achado, debaixo 
tranquilamente no seu breviario, 
“começaram os rudes trabalhos da pesada navegução 


o antigo Anhemby, demandando o Paraná, desen- 
Ararytaguabo umas cento e quarentaa cento é cin 
por um Jeito sinuoso e secidentado, desdobrando 
oeiras é jtaipavas, que embaraçam e intorrompem a 









am algumas d'essas cachoeiras, aproveitando cs canaes, que 
sistem, so pnssam 1s canoas com toda ou parte da car- 

|, conforme à altura da agua; em certas navegam as canõas 
enrga € com muito perigo; em umas os pilotos e proeiros 
ham por dentro d'agua, levando as caudas n mão ou se 
“em “cordas, desviando-as dos baixios, dirigindo-as pelos 
à ppp impedindo-as de se arremeçarem impetuosa- 





correnteza abaixo—6 o trabalho da sirga, chamado— 
nos saltos, varam-se as candas, costeando-se por 
dificuldade insuperavel, com as cargas nas cabeças 
e as canôns arrastadas em paus roliços dispostos nos va- 
varndouvos raia vezes, toom Kilometros de extensão 
nem dias e dias se ! 
 Cueheeiras ho em que essas fudigas se alternam, começando 
m com meia carga, varando depois e ncabando á sirga. 
“E' uma verdadeira lucta braçal, continua é cheia de surpro- 
“ams, que os cunociros, modestos e desconhecidos, travam, por 
aesim dizer, corpo a corpo com as cachoeiras, vencedores quasi 
vencidos ús vezes. 
Que do cuuõas, batendo na aresta dum rochedo traiçoeiro, 
nancham afogando os tripolantes ou rachando-lhes os era- 
na pedra viva! 
Nessas passagens perigosas, n vida dos navegantes e nu se- 
nça das cargas estão nas mãos do guia e dos pilotos. 
exercem, como dixin mais tarde um capitão-general, que 
havia de pussar, cuma arte maior do que se representa 
vista, porque é necessario estarem esses homens com 
em uma viagem tão cumprida, de mais de com 
da parte o fórma porque ns hão de tomar, sendo 
sas minas das outras é cada uma em si mesma, à me- 
os rios levam mais on menos agua; tendo de Iuctar 
dades que so escondem embnixo d'agua, que os pilo- 
conhecem tanto pao experiencia como pelo movimento dessu 
na agun, no qual so mostra onde é fundo ou baixo, ondo 
anal ou pedras ». 



































de QU: a 


E cssas dificuldades se reproduzem em dous 
anhundava e Itapura—e em mais de cincoenta cachoeiras 6 
pavas, que tantas tem o Tieté, e por todas elias passou m 


ção de Rodrigo Cosur. “ 

Entretanto a viagem era amenizada com as spa? fartas, 
e as pescas maravilhosas, nas quaes apanhavam-se dourados im- 
mensos, jaliis, que pediam dous homens para os em 8 
não raro, encontravam-se suenris grossos como troncos de ar- 
vores. 

A” noite, depois que as candas abicavam no barranco do rio, 
no fim de um estirão, (7) procurando porto, em terra, dentro das 
barracas armadas para o pouso, os eanoeiros contavam ns lendas 
de que o 'Pisté se povonva. Um falava das canõas sem rema- 
dores que, em noites escuras, deslisavam silenciosamente pelas 

unidas do rio quieto: eram as almas pesadas dos una 
sertanistas ahi perecidos. Outro navrava o que tinha ouv 
dos poços fervescentes, onde habitam ns mães d'agua, monstros 
terriveis cuja vista aterra. 

Essas historias calavam profundamente na alma simples do 
anditorio que as esentava, deixando wma impressão penosa, que se 

rolongava pela noite a dentro nté pela madrugada, que ahi é 
rico, por causa da cerração em que se onvolve o Tieté até 
tarde. 

Depois entraram no Paraná magestoso, em cujas aguas 4 
travessia perdia o pitoresco sem pordor os perigos; porque osse 
rio, já abi largo de meia legua, offereco uma vasta superficie 
nos ventos, cujo sopro o encapella, sossobrundo as caudas, que 
não sho feitas pa resistir ie ondas. 

Por elle fizeram umas trinta é cinco leguns-— passando polo 
Jupiá, especie de sorvedouro com rodamoinhos, do qual as cas 
nõas, seguras umas ás outras, e a força remos, passam o mais 
afastado possivel para não serem engolidas—ató 4 barra do 
Pardo, 

Subiram umas setenta o quatro leguns contra a corrento do 
Rio Pardo, tão violenta que o que se desce em um dia sobe-se 
em dez. Nessa navegação, os enrociros empregam os vai 
só usando de remos quando é grando a profundidade do rio. 
Elles correm para n prós da canõa, lançam o varejão no fundo 
do rio, e, apoiados na extremidade com peito e mãos, vão 
prós a popa do passo endeneindo, voltando para recomeçar esse 
penoso trabalho, no qual consomem o dia tudo, interrompido de 
quando em vez pelos saltos e cachoeiras, que o Pardo posse 
em maior numero o mais perigosas que o Tietê, 

Subindo sempre, deixaram a esquerda o Anhanduy-assi, af- 










































— UT — 


finonto do Pardo, caminho antigo dos sertanistas, que, por elle 
e por um varadouro extenso, procuravam o Embotetei ou Aqui- 
para chegar ao Paraguay, Dahi a 70u 8 dias chegam 
[gar ao grande salto do Cajari que, atá ha bam pouco tem- 
po, finalizava a navegação pelo Pardo. 
Ahi os sertanistas baldeavam as cargas por terra até ao Ta- 
mary, embarcavan-se nas candas dos viajantes vindos do Cuyne 
Ba, quaos iam aproveitar-so das que tinham ficado no Ca- 


Agora, seguindo o exemplo dos irmãos Lemes que, arroja- 
dos o temorarios, foram os primeiros a modificar esse itinerario, 
vararam o salto e continuaram a subir o Pardo, deixando, em 
poucos dias, o sou pequeno tributario, Vormelho, cujas aguas 
rubras tingem-n'o por muito tempo, acabando por tormal-o es- 








Dahi em deante ns ngaas do Pardo são eristallinas é puras ; 
RitpRerdtndo a sua cór caracteristica, perde o nome, tomando 
do Sanguesuga, nome do porto onde termina u sum navo- 
Eação 


Nessa porto os homens da monção abandongram as verten. 
tes do Paraná em busca das do Paraguay, por um divisor 
relevo suavo, chamado o Varadouro de Camapuan, longo de seis 
amil duzentas e trinta braças, 

Dias, ou melhor noites, porque essa trabalho exa feito d 
moite para evitar a ardentia do sol, foram consumidas em trans- 
ie por terra as cargas e canôns, até ao sitio de Camapuan, 

puan era um sítio dos irmãos Lemes, que nbi tinham lan= 
ado roças para so fornecerem de mantimentos, nessa jornada 
longa é sem recursos. 

Rodrigo Cesar nbi nbasteceu-se de generos, aproveitando a 
providencia desses homens, que mandára matar e cujos bens, 
entre os quars o sitio de Camapuan, confiscára. 

Essa região era dominada pelos Cayapós, 08 indios das flo- 
restos, que chegaram ao Pardo o até 90 Paraná. 

Esses indigenas untavam-so com mel e cobriamso com fo 
Mas, para se confundirem com a mata, em que viviam: rapie 
dos é trniçoeiros, só atacavam grupos pouco mumorosos ou nos 
sertanistas desgurrados ou retardados na caça. 

O ribeirão de Camapuan bunha o sítio de seu nome, com 
tão poncas aguas, que n monção foi procuralo d'abi a meia le- 
gua, onde já engrossado por pequenos afluentes, permito uma 
Eremação penosa e dificil até no Coxim, no qual ativaso com 
uma força tal, que os canoeiros usam de varejões, não para im- 
pellir, mas para diminuir a marcha 


e 
o 














-— 418 — 





O Coxim, como o Camapuan, tem o sou leito embaraçado 
por numerosos troncos de arvores esidas, que se cruzam no fundo 
e que, em muitos pontos, ntravessam-n'o de barranco a barranco, 

A cada momento a monção era forçada a parar para cortar | 
essos troncos; em alguns, quando à altura permitia, passavam 
as canõas por baixo, deitando-se os passageiros para evitar o cho- 
que das rúsoturas, 

O Coxim corta impemoso, encanado em alguns logures por 
paredões altissimos, cortados n prumo, oppondo, em uma navega 
ção de 25 leguas, si a isso so pude chamar navegação, 94 ca- 
chociras dilicultosas, e precipita-se no Taquary, que o espera 
com mais uma enchoeira, que én ultima da jornada para Chya 
bá, mas que tem setecentas e vinte cinco braças da extensão. 

A algumas leguns abnixo, pelo Taquary, estava o Pouso 
Alegre, alegre sem duvida porque d'ahi em deante os navegan- 
tes ficavam livra de eschoeiras. 

No resto do seu curso, o Taquary é um rio de planici 
verdadeiro rio do sortão americano, improvidonte e rico, vae des- 
baratando as suas e as aguas que lhe entregam os tributarios, 
por uma multidão de bracinhos, que formam lagôns ou somem-= 
“e nos terrenos baixos que o rodeinm. Como elle, são o 8. 
Lourenço, Cuyabá até o porto, afluentes superiores do Para- 
guay, o proprio Paraguay até o Jnurú, 

Essa ráde fluvial desenvolve-se em terrenos baixos é pan= 
tanosos, que se inundam com as menores cheias, formando um 
vasto Ingo d'umas cem leguas de comprido, por quarenta de largo, 
mosqueado de ilhas, coberto de agunpés Aoridos de variadas 
côres, 

Era a regino dominada pelos Payoguás, 08 indios canoeiros, 
senhores dos rios. 

Então todas as cautelas eram tomadas e a maior vigilancia 
era exercida; algumas canôas armadas reuniam-se em conserva, 
debaixo dum commando e collocavam-se á vanguarda é á xom 
etaguarda da monção, para protecção dns outras, receiosas do 
ataques inesperados ou de emboscadas, nos furos das Ingõas ou 
nas embocaduras dos rios. 

A noite, nos pousos, que em toda a jornada eram feitos em 
torra, omquanto uns adormaciam, outros volavam, sobre as aguas 
Pr a terra, ajudados por cães de vigia, pela segarança de 

os. 

Durante os ponsos, dentro das barracas a conversação cala 
naturalmente sobre os Payaguás, ainda ponco conhocidos. 

Um indio velho, conhecedor daquellas paragens, interrogado 
informava que os Payaguis eram gentio de corso, sem morada 

















” 






— VIO — 


as aguas, sustentando-ss do montaria pelo 
tanaes proximos 4 gentos em ontro tem 
o inligeçios do Paraguay, dondo haviam fugido, 
contra os padres é brancos, 
quanto Guató teve força, Payaguá nunca fez avent 
neo tinha acabado com Cuató a já Poyaguá tinha ganj 
como branco tinha acabado com Guató, fosse ncabur com 


de Payaguás, a tribu que, mais inazmente e com melhor 
deu a torra Ena ea CAES das missões dos 
q famintos de escravos + de ouro, estavam destina- 
ipalmente depois de sun alliança com os Guycuris, os 
ivalleiros, os senhores dos enmpos, n fazer perigar por 
to, as explorações do sertão. 
idos nadadores, os rios mais enudalosos, como o Para- 
and, não davam sepurança contra elles; mergulha- 
uma voragem e iam sair a uma grande distancia, con 
O-s0 tanto tempo debaixo d'agua, que era crença que olles 
n eomsigo oras por ondo respirava, 
aum completamente mis; porque o genero de vida am- 
o, que levavam, não permittia vestidura alguma. 
Cada familia tinha uma canõa, comprida e estreita, de ex 
curvas, arromedando a lan nova, construidas sem popa 
“próa, o que permittia movel-as em qualquer direcção, im= 
“por um só remo, comprido o findo, que timbem servia 
















MN Des mois saivosos que andassem ventos o ondas, nada tomia 
agua que, posto em uma das extremidades de sua embar— 
; a correr metado fôra d'aguns o se ella chegava a 
O quo raras vezos ncontecia, immediatamento cavalgava a 
como a um boi marinho. 
armas tinha dardos, arco o fecha; accommettido por 
go superior, elle mesmo virava a sun cunôn e qurgin 
la, protegido a esso escudo, respirando dentro como 
ho de mergulhar, Os seus ataques eram violentos é 
tiam-s3 incessantemonto. 
Essa mas suas fabulas, se reputava progênio do peixe 
a Rara depois de sua morte, wn paraizo em que as almas 
ayaguás viveriam, entro plantas aquaticas, banque- 
com peixes e crocodilos, 
pois, arriscada a travessia que fez a monção pelo Ta- 
Paraguay, S. Lourenço nté o Cuyabá. 
Pouso-Álogre, na margem direita do Taquars, e tambem 
08 pontos, conforme o estado das inundações, costumavam 









— 120 — 


as monções a deixar o alveo do rio, e pelos nlagados, 
Moridos do nguapés, ir até no Paraguny nas Tres pao ou no 
8. Lourenço no Alegre, ou ainda, atravossando este rio, ir do. 
Cuyabi, não longe da povoação, : 

Rodrigo Cestr seguiu a uavegação comum, passando pelo 
Paraguay, S. Lourenço e Coyabá e indo desembarcar no porto go- 
sl, 4 uma milha da povoação. 

A 16 de Novembro de 1726 chegou Rodrigo Cesar no arraial 
do Cuyabá, emmagrecido e desfigurado, tendo vencido em quatro 
mezos as 580 leguns dessa rade, penosa e longa viagem fluvial. 

Os moradoros recaberam-n'o com as festas quo o tempo q 
logar permittiam. 

86 então o governador readquiriu a sua personalidade, su 
mida e desapparecida, darante toda a viagem. 


CAPITULO 8.º 


O axnaras om Covaná. BANDEIRAS DE CONQUISTA DISCOMRI= 
MESTO A MiNIRAÇÃO. Os IMPOSTOS ACANRUNHADORES. O 
OURO EXPORTADO. À SNCCA. À MISBRIA. À DEBANDADA. Deus 
ão Quem À YOLTA B O Fix DA ADMISISTRAÇÃO DE Ropiigo 
Cesau po Mexnzns. 


Nas extremidades das colinas, que se estendem das abns da 
Serra até n margem esquerda do rio Cuyabá, ahi mesmo onde 
Subeil fez o seu invento—s maior mancha encontrada que 
num mez deu quatrocentas arrobas de ouro—ficou o arraial de 
Cuyabá, 

Com o horizonte limitado por morros, excepto na parte oo- 
cidental, ntmavessado por tum pequeno cormgo, que chega a 
desapparecer durante a secea, e que na estação chuvosa corre 

lello no caminho para o Porto Geral no Cuyabá, o arraial 
não tinha belleza, nem della cuidaram os fandadores. 

Febricitantes, não tendo tempo a perder, os investigadores 
do onto não se preocenparam com a esthetica do novo arriinl, 
e, som alinhamento amontosram-lhe as habitações em ruas as 
treitas, tortuosas e sempre dentedas pela saliencia das casas, que 
espe todas de capim, havendo apenas sete ou oito cobertas de 
telhas. 

A rapidez o desconforto das instalações, o atamancado das 
obras claramente mostravam quanto tudo isso cra considerado 
egrisario pelos mineiros, que acampavam pelo »ó tempo de co- 
lher ouro. 

Na nomenclatura de povonções, em aquelle tempo, essa de 








l 


do de Cuyabi, havia nas suns immodiações outros 
cesar exploradas: Ribeirão, a meia legua; 
distancia pelo sertão adeanto com uma cam 
nhora ; Chcaes, n nove ou dez leguas ; Chapa- 
havia um " engenho de canna do assucar pertonconte a 

io de Almeida Lara; Arraial Velho, 
o ipa 







a ixo, 6 por ans cinco rio acima, as margens osta- 
“corcadas do roças de milho, feijão e mandioca; o bom mai 
las, O arroz era nativo, 






A umas seis Togais do arraial do Bom Jesus, ao pé da sorra 
a y esa a uma lagõe, se tinha situado Antonio 
de Essa lagos ainda hoje é chamada do Pires é 

assim n situação é as taperas 

eoiando sem duvida ficar compromettido ma grande de- 
“mandada abrir pelo governador após a eliminação dos Le- 

“Antonio Pires de Campos, já viuvo, abandonara n sua fa- 

Itaicy e em companhia de sens quatro filhos, um dos 

es, Antonio, seria na praça Adonis e Marte no sertão, o de 

“escravos índios, talvez uns 600, so rotirara para o Cuyabá, 
cama instinetiva e, como sentinella de sen sonho 
izavol, num dos pontos conhecidos do roteiro para os Mar- 


cextranhavo e mofava da tenacidade de Bartholomeu 
(o secundo Anhanguéra, procurando as afurmdas minas 
onhecidos sertões quando o verdadeiro caminho er pelo 


io Pires de Campos er o provedor do Registro, no 
| Ea, fo seria mera por Domingos Leme da Silva, 
















a 


— 93 — 


Jacintho Barbosa Lopes er o provedor dos quintos, João 
Antunes Maciel superinteudento e o capitão-mór regente Por- 
ad Dita NAL SE sEr 6  prsdedos dá a La y 

Paschoal Moreira Cabral Leme, o descobridor, pobre e sem 
importancia, já tinha morrido obseuramento. 

Chegando no arraial, com os membros quasi ankilosados da 
longa viagem, Rodrigo Cesar foi morar na melhor casa de telha, 
que se ficou chameudo palacio. 

Querando significar que as proprias anetoridades superiores 
estavam tambem sujeitas nos preceitos das leis mandou logo 
gar os diroitos de entrada do scus 28 escravos; mas esse salu= 
tur exemplo não passava de magnifica farça porque imnedinta- 
mente pediu ao rei restituição desses impostos, pagos unicas 
mente para fucilitar a cobrança nos contribuintos, 

Tratou Rodrigo Cesar de desompenhar-se do fim ostensivo 
de sua viagem que era erigir à nova villa. . 

Tomatam-se casas para a Camara, e o ouvidor Lanhas 
Peixoto foz os pelomos donde enhiram juizes ordinarios Rodrigo 
Bicudo Chassim, João de Queiroz Mascarenhas, vereadores 
Marcos Soares de Faria, Francisco Xavier de Mattos, João de 
Oliveira Garcia, procurador do conselho Paulo de Anhuin Leme, 
escrivão Luiz Teixcira do Almeida, é almotacés Antonio de 
Almeida Lara e Antonio José de Mello. 

No dia 1.º de Janeiro de 1727 teve logar a solemne creação 
da villa do Sr. Bom Jesus do Cuyabi. 

A nobreza, povo, o enpitão-genoral, o onvidor com às aucto- 
ridades eleitas, indo on frente Mathias Soares de Faria que 
hasteava o estandarte da villa, caminharam para a praça e ahi 
Fernando Dias Falcão levanta o pelourinho, entre aplausos do 
todos, que aeelimavam a Villa Kool do Senhor Bom Jesus do 
Cuyabá, a Sua Magestade Pidelissima, « Santa Religião, ao 
capitão general, etc, 

Por armas à villa vecemerenda deu Rodrigo Cesur um escu= 
do com campo verde, tendo no meio um monte salpicado do 
folhetas o granitos do ouro, 

Chegara Rodrigo Cesar em má epocha; porque as grandes 
seceas, quo duravam havia dous anos, sinham estragado as 
plantações é difficultavam o trabalho da mineração ; é, nas pro 
ximidades das lamas, inquietando os mineiros, matando-os q 
comendo-os, nações do gentios guerreiros impediam o dilatamento 
da conquista. 

Procuron o governador meter os indios de paz, mandando. 
lhes pombeiros e mimos de facas flamongas etabaco de fumo, para 
seduzilos ao aldeiamento. Mas elles não accoitaram, engeitando 
























— 123 — 


matar os emissarios e declarando que eram 
o 05 mais 6 só se entregariam ú força de nemas. 
de Janeiro de 1727, o governador organizou uma espe. 
mando do capitão Antonio Preto, ordenando-lhe que 
Tonto “ánolhor” antendomo. para conquistar 6 gentio dos 
de sorte a não escapar nenhum, passundo-os à espada e 
0:08 se não se randessem. 
apresentou-se trabalhosa porque foi preciso atacar 
vigorosamente primeira e segunda vox defendendo-se 
com tanta força e valor que só depois de verem mortos 
dos seus se entregaram. 
“Os captivos, dopoi do tirada delles a quinta parto para a 
real, fovam distribuidos como administrados pelos expe- 










essas praticns do tempo; em geral, o indigena reco- 
a a paz licraabla por sabel-a méntiscas, provando-lhes nu- 
precedentes que a reducção era captiveiro, Disso não 
tambem concluir, por um sentimentalismo piegas, que 
fossem prototypos da lealdade no cumprimento dos trata- 
elles eram tambem homens, à bomens selvagens em 
dados menos que rudimentares. 
Com identicos intuitos e ainda para novos descobrimentos, 
m 17 de Jnmeiro de 1727, mandou o governador a Antonio 
lho do Almoida que fosso is cabeceiras do rio S. Louronço 
captivar, matar indídios, descobrir ouro é procurar nos 
, jras de cores azul, vermelha, verde, amarela e 
transparente, a ver se eram transparentes. 
“E como Rodrigo Cesar não sabia mandar sem amençar, 
iu que partiseo alguem antes de Borralho, sob pona de 
remessa part povoado à propria custa e 
da prisão. 
Procurando dilatar a área explorada e augmentar os ranos 
is, ainda outras bandeiras de conquista o descobrimento 
nizou 0 governador, 
Essas diligencias, porem, não so reporeutinm no povo que 
cia, nmollecendo os quo lhes ncceitavam a ineumbenci; 
ultando-lhes n realização ; para nullificar esse inconveniente 
DANDO em que acenava com hontas, habitos das 
ordens militares nos descobridores, e promettia 502000 de 
fazenda águelles que lhe denunciassem os escamecedores, 
. 8 oram os trabalhos do corpo, ns fadigas do espi- 
manifesto o periso da vida para aqueles que buscavam 
ra consa essa que, a não ser tão coma, se faria in- 
eospantosa» já assim pensava Manocl Bernardes o com razão. 









de 








cá 


— 184 — 


Penosa por demais era a vida om Cuyabá. : 

Aqueles homens, audazes sertanistas, eram pessimos mi= 
neiros; elles se tinham formado na escola de mineração das 
Geracs, no sento dos seus proprios trabalhos, ajudados pela pra- 
tiex rudimentar dos africanos, sem o nuxilio das noções mais ale 
moentares da arto de conhocer 0 terrenos auritoros, de extrabir 
ouro e do preparal-o, 

A sua arte era mais que embryonaria, consistindo os seus 
instrumentos, por assim dizer, no escravo negro nrmado da 
bntêa e do almocrafe, e nos cureos dos rios, desligando natu- 
ralmonte ou canalizados para os bolinetos o canõas. 

E usando dosse methodo imperfeito e insuliciente, Jimi- 
tavam-se os mineiros, nos terrenos de alloviões auriferos, a catar 
ma superficie da terra ou arranhar nos montes, O ouro nativo 
Epi desagujação lenta ou necidental dos quartos, por acção 

tempo ou por convulsões telluvicas, por ahi tinha espalhado 
fartamente. 

Aproveitavam, dizin mais tardo Pimenta Bueno, os rinchos, 
taboleiros o guapiaras que ofereciam riquezas na suporficio da 
[ea du rd Da due ar que ainda ficam 
rinm até nossos dius. 

Era a ignorani rofunda que fazin os sertanistas restrin- 
girem as explorações do ouro que se vê, nho sabendo elles que 
a terra guarda tembem o ouro que se não vê é só o entrega a 
quem sabe buscal-o. 

Em Cuyabá jamais houve minas, so por minas entender-so 
a cavidade artificial da terra, para, por galerias e poços, desen- 
tranbar-lho o ouro, 

O que houve foi o que com justeza se chamaram lavras 
entas; os mineiros não faziam muis que lavrar e entar na terra, 
abandonando-a desde que, com o rovolyimento suporficial não. 
encontravam mais folhetas, granetos, grãos, emfim o ouro que 
so vi 








ê 

Cuidando só em aperfeiçoar o systhema tributario, a metros 
pole esquecia-se de, por uma direção inteligente, difundir 
amplamente conhecimentos mineralogicos e metallurgicos que 
transformassem o faixador ignorante em mineiro habil, 

Rodrigo Cesar suppunha que a sua presença bastava para 
melhorar os mothodos empregados, rosultando muito ouro nos 
mineiros e immensos quintos ao 

Em vista da falada abundancia do ouro e da relativa pe- 
qu da colheita fiscal, o capitho-general só enchergava a 

fraudação dos direitos Tones, não vendo que à arte mineira, 
ainda na primeira infancia, esperdiçaya o precioso anetal, con= 








- JE - 
trabalho e dinheiro, com insigaificante remune- 


o em que tacitamente consentin a metropole, man= 
aliado fizesse vista grossa. ; 

usa politica do picdado (toxtual) só devia existir om 

dos descobrimentos, não se nchando ainda ostabelecidas 


O roi. 
a netividade era febril, nessa epocha das chuvas, an- 
mente esperada pelos desvirginadores da terra. 
Nas suas datas os senhores presidiam o trabalho dos escravos 
N6ETOS, MuUmMerosos, que, apenas com uma tanga a lhes cingir os 
eireulavam por toda a parts. 
anno (1727) havia em Cuyabá 2607 escravos negros, 
indios administrados que ponco serviço prestavam, 
ndes covas quadradas, negros vigorosos encordoando 
eavavam a terra ató encontrar o cascalho, assentado 
para o desmancharem com a alavanca, como s 
uma parede; outros com o almocrave, punham o cas 
desfeito na bata; e os corregos e lagos conlhavam-se de 
los, 4 moverem circularmente a batia, 
to o suja, desprendendo as pedras, 
mo fundo o ouro. 















commumente, 4 beira dos corregos cu dos lugos, fuziam- 
É paralellogrammno, om plano inclinado, com o fundo 
ra dura a força de ser butida, e os lados fechados de taboas, 
epto na parte que recebia a agua, para ahi canalisada, isso, 
so elamava canoa, quando pequeno, e bolinate, quando 
cera dopositada n torra aunfora, extrahida dos montes, 
e gunpinras, e transportada ma cabeça dos negros, em 
“enrreiro como formigas a desbastarem Inrangeiras, para ser 
pela agua que, fervendo om cachões, comendo continua- 
dissolvia os terrões, levava a luma o, por mais pesado, 
ra o ouro ainda em lodo. 
o olhar izador dos senhores, negros, escorrendo 
cães ET beira das canons on holinates, me- 
temente nesse Jodo; outros o tomavam nas batõns, 














— 128: = 


e, nos corregos as iam revolver, como se peneirassem, para de 
ver separar o ouro que então apparecia em folhotas tão leves 
que fuetunram, em pedacinhos toscamento redondos, alguns se- 
a e crespos, outras lisos com povides de melão, muitos xe- 
ondos e mindos como grãos de munição, e, ús vezes, grossas como 
punhos do homem. 

Como Ruth, ontrora n entar ns espigas que cabinm dos 
carros de Booz, alguns que não tinham datas proprias, mandavam os. 
esermvos upanhur pelos campos e montes o ouro que cuhia dos 
que o extrabinm. A isso chamava-sa faiscar. 

Era um continuo vac-vem do negros somi-mis, horculcos à 
ingenuos, 

Com taboleiros na cabeça negras, forras o captivas, lam para 
as lavras vender quitandas, excitando os patrícios, quo mineira- 
vam ou faiscavam, a uma volupia facil, nedente e animal, 

Ahi mesmo, no rebrilhar de uma folheta, tratavam os seus 
amores; e, de noite, vas tubernas e ranchos da villa e dos at= 
ruines, verdadeiros aleouces, por entre bebedeiras, gritos 6 tiros 
que ensurdeciam, 5 devassidão fervia, 

Para essas casas, à noite, com facas de ponta « armados de 
paus curtos dissimulados pelos capotes em que se envolviam, os 
negros se dirigiam a consumir o onro que roubavam aos senho- 
res e as ferramentas que lhe desencaminhavam. 

Os taverneiros, pouco eserupulosos, os recolhiam apoderan— 
do-se dos furtos a troco de bebidas aleoolidas e de bugigangas, 
o preço dos amoros africanos 

Por causa d'esses desvios os senhores maltratavam os escra- 
vos, chegando alguns a chumbal-os pelas costas a tiros. Dahi 
us fugas dos escravos que se revoltavum, matavam os brancos, 
« engrossavam os quilombos dos arredore; 

Isso comstituia um perigo permanente para a ordem, nesses 
logares longes de recursos, com indios bravios e onde os negros 
eram no maior numero, 

Rodrigo Cesar procmrava reprimir severamente esse estado 
do cousas «que dava consideravel prejuizo sos senhores, à fa- 
zenda real, no bem commam e a Deus fazia grando ofensa», 
açontando Os negros « negras captivos ou fvros, pelas ruas pu= 
blieas da villn, impondo grossas maltas pecuniarias nos taverneiros, 
e organizando minuciosos regimentos para os capitãos de matto, 
que eram uma instituição. 

Com o intuito de intimidar, sem formalidades, Rodrigo Ce- 
«ar mandava enforcar escravos, pendurar cabeças do negros, como 
dizia a sus linguagem figurado. 

A licença dos costumes, o ouro facil animayam o jogo, é 






































183.181,  275A42TSTDO 


Renderam os quintos, segundo esses dados insufliciantes, 
188.618! /o oitavas, que, 4 1.500, produziram, valor d'esse tempo, 
2754278750, 

Dizimo eva n porção dos fructos da terra que o povo pa- 
gava d Teveja para a sustentação dos seus ministros. 

Dividinm-se em antigos, novos, ecclesiasticos, infendados, 
grossos, miudon, insolitos, ordinarios, novaes, pessoaes, prodiaes, 
primícios, verdes, 

Tendo sido os descobrimentos maritimos portuguezes, feitos 
pela infanta D, Henrique de Sugras, grandementa ajudados pelos 
rendimentos da ordem militar de Christo, fiburam pertencendo a 
essa ordem, como compensação, o producto dos dizimos nas novas 
terras descobertas. 

Subindo no throno portuguez D. Manoel, succassor do in- 
fanto D. Henrique no grão-mestrado de Christo, ficaram os rem- 
dimentos dos dirimos pertencendo à Coroa e a esta n obrigação de 
pagura fotha eeelesiastica, a congrua dos prelados, e dos parochos. 

O tributo dos dizimos eram triennalmente postos em con- 

publica; e ahi arrematados no maior laneo oferecido, 
por particulares que os cobravam depois, com direita 
a via executiva, 

Os arrematantes ou contractantes dos dizimos como eram cha 
mados, ficavam sujeitos a encargos é obrigações a pagar diversas pros 
pinasao governador, ao juiz dos feitos, ao procurador da fazenda, nos 











tudo sobr os quinios du ouro aprosaotando um resultado Infwrior ao que ab! fica, o que 
no om Cuyabá tambem ni tos. 










tudos a do exitiu meripruração dous Impéu 

ES postos 46, coufundlam una com oa cutzos;& leglala. 

(ão fiscal, VA, dOÍxAva marggom s numordios à ropolídos 
A dofrandação dos tambem grando Por nam ostatietioa que 

tamos, sendo o quinto 1856! o tolal do ouro extrahido a oi ou 

2 arrobas o a oitavas, oito ammos. Entretanto todos 08 ehronistas estão 

na lovros do Snllil deram só nom mer 400 arrobas, o dobro quisl que 








o A Mota eutatístion. 
à defraudação mão. podia ter ido (ão, extrso Anal temo qua, conclar 
osias, o grandes, que Rodrigo Cossr não fou acompanhar do oxrtas. 















“conselho ultramarino, e de ordinaria e de munições 

De o tsc di arrumação pra a nba pião 

a de satisfeita a folha ceclesiastica. 
8. Paulo, do producto d'esse contracto se tiraram os 

, seus auxiliares e secretario. 

8, Paulo, renderam: 

no triennio até 1722 — 56.000 cruzados 

vs de 1722 à 1725 — 61,000 & 






> > > 1722 » 1725 — 45000 » 
Sqa à 175 > 1738 — 120000 » 
Total... 28200 » 


Os dous re trionnios foram arrematados por Sebastião 
n o Rego. 
tempo, os dizimos abrangiam tambem as entradas nas 
e, assim vê-se que as alfandegas do Rio de Janeiro 
eujos contractos andaram unidos, renderam : 


“No trionnio de 1720 a 1725. . 499.500 cruzados 
O» > IMBalN6.. 2000 » 
1228500» 


entradas foram tentadas por Antonio de Albuquerque 
idas em 1713 já em tempo do govemo 
Braz Balthazar da Silveira. 
eram os tributos que recabiam sobro os generos 
dos na capitunia, pagos nos diversos registros estabele- 
nos caminhos, que constituam verdadeiras alfandegas ter- 
tendo se tributavam generos, já tributados nas alfundegas 
do Rio do Janciro e de Santos. 
Esses tributos eram tambem postos em arrematação publica, 
muitas vezes eram arrecadados por administração; quando 
y Os contractantes eram obrigados ús mesmas propi- 
mos 
ugmentadas sempre, variavam continuamente as taxas a 
vam sujeitos os generos importados. 
eseravos negros pagavam-se taxas diversas conforme 
porto de embarque o no proprio porto de embarque; assim 
e os procedentes de Angola pagavam-se 78000: da Mina 
; de Cacheu 38640 so eram negros lotados, isto é, os sem 
| e sem defeitos, « 1$790 se eram mascavos, isto 6, mole 











com barba ou com defeitos; das outras capitanias 
Bahia o Rio) 48500. 






sobre cada negro 
PeESVa. no registro, mais (4 oia 
o to 750 rs. (meia oitava) para o ti 
erivão, Cada E dessa secco pagava de entrada. 
do molhado ) cabeça de gado vaceum ou c: 
+8500 e mais uma pataca de onto pelo registro. 

E para serem commerciados, os donos pngavam em 
seccos T5SODO (50 oitavas) egual quantia em de molh 
SESO0O (64 oitavas) em de ambas as especies. 

Em 1726 entravam em Ouyabá S74 negros 698 cargas 
molhado e 94 de seceos, 

E tmdo isso para lá chegar in sendo tributado nas dis 
passagens dos rios, + 
rena dos rios consistiam em certas quotas que, por 
cargas, eavallos, escravos, pagavam as pessoas por cursar 
rios enudalosos da capitania, os que dependiam de canôns, é 
vulgarmente 56 dizin. 
via innumeras passagens porque muitos eram os ri 
caudalosos que de 8. Paulo so interpunham até us diversas 
mas « nté o Rio de Janeiro, 

Esses impostos eram tambem arrematados por con! 
triennaes, e, nesse caso os contractantes ficavam sujeitos a 
pinas, excepto as do conselho ultramarino, ordimarias em 
! ções, e, algumas vozes, eram concedidos por premio aos de 

bridoves de minas, aos abridores de caminhos, ete. 
| As passagens para Cuyabá andaram arrematadas, nos trien 
nios de 1722 a 1798, por Sebustiho F. do Rego, por ponco mais 





























Os officines de justiça e do fazenda da capitani 
zinm purte dos rendimentes do fisco, estava ip) 
jeitos apenas aos mucos direitos; dep proprietarios er 
obrigados tunbem a pagar donativos é terça parte 
- Esses oficios emquanto não tinham proprietários, so 
a Teriam às pessoas idoneas que offerecessem donativos, em 
de arrematação, us quaes ainda ficavam obrigadas a contril 
no fim de ct anno, com a terça parte dos rendimentos, aval 
dos estes pelo governador e pelo ouvidor, 
Os ofhícios, guior rendimentos fossem menores de 2008000, 
estavam isemptos du terça parte, mas sujeitos aos donativos e 
vos direitos. 






= va8l — 


co ainda se ingorgitava com impostos provenientes de 
s introduzidos na eapitimia por privilegio, como o sal, 
além das mais entradas e passagens, pri em Santos 
por alqueire, e vendia annnalmento 64 eruzados; os 
do solimno, das cartas de jogar; o da pesca da bala, 
explorado e rendoso por cnusa do azeite com que se illu- 
m us cos pobres, e da came que, convenientemento 

irado, servia de alimentação para os escravos. 
Havia mais as contribuições voluntarins, que de voluntarins 
tinham o qualiicativo, derramadas pelo povo para occorrar 
despesas de noivados o de cazamontos renes, festas, ate. E 
ninda os confiscos frequentes que, só elles, davam tanto 

o 08 quintos. 














— E como se nrreendavam asses tributos? 
— Paravam todas as cobranças e todas as execussões por divi- 
RR tiras, emquanto durava a percepção dos impostos. 

o chegar a monção, dizem as ebroniens, ia «um ajodunte 
“palacio com alguns homens de campanha a buscal-a li a 
do Cayabá, para receber as entradas das fazendas que 

os viajantes, Se as não paguvam logo, punham-lhes as 

3 E em praça, onde se as nrrematavam todas ns vezes que 
“eobriam os direitos renes e os salarios dos ajudantes à dos mais 
“companheiros que exam duas oitavas de ouro pes cada um del- 
- Em tul fórma se executava isso que chegaram muitos a 


























To as cnrregações que traziam, e por barato se verem li- 
do “ellas por não incorrerem em mais penas; «outros fugiam 
P o sertão, a muitas legnas do distancia; mas lá mesmo o 
ERNANI loca trasendo-os presos. 
«Com esse Inbyrinto de execuções, continia o chonista, pes 
nos que vinham de povoado, à pelos quintos à pelos 
os de fructos nos que estavam, ficaram os povos tão exte- 
os que, preferindo à morte vos Larrancos dos rios, muitos 















secens, impossibilitando a mineração do ouro, e minando 
terra ns sementes de tal modo que tres plantas annuaes só 

n milho em espigas sem grão, trazinm a extrema enrestia 
attingindo a preços fabnlosos os generos de primeira 


— «Entrou com isto o povo a bromar as minas em conaterna- 
“sem lavra alguma de conta, do que fasqueiras Já es 

d eram só miserias, queixas e lamentos; a terra falta 
tos por falbarem as roças; ns doenças acabrunhan- 


— 132 — 


do os que escapavam da fome, assim que tudo era gemer, cho- 
rar 6 morrer» informa e chronista, na sua ingenua  eloquencia. 
Como, porém, os quintos tinham augmentado, entendia. igo 
Cesar, gue, com « mu chegada, todos tinham vobrado novos 
alentos 





Os capitdes-goneraes não tinham regimento preciso que, 
definindo as funeções lhes delimitasse a auctoridado. 

Regulavam-se pelo regimento dado a D. Manoel Lobo, em 
7 de Janeiro do 1679, quando governador do Rio de Janeiro, é 

las mais instrueções e ordens regias posteriores, feitas para 
casos oecorrentes. 

Os governadores, arrogundo-se, então, uma autoridade sem 
limites, estubeleciam praticas arbitrarins, verdadeiros abusos a 
que chamavam estylos. 

Rodrigo Cesar julgara que o posto de capitão-general lhe 
dava o direito não só de fazer justiça, como de adyertir e cas 
tigar os quo a não ndministrassem; entendia quo, superior a 
todas as justiças o milicias, podia reger e governar os vassalos 
no Brazil; com n mesma amplitude do que dispunha o Princi- 
pe no Reino; que, como loco-tenente do Principe, podin avocar 
qualquer feito judicial e tomar conhecimento delle, ficando as- 
sim suspensa a jurisdicção da magistratura. 

Por sux vez os ouvidores se suppunham completamente in- 
dependentes da auctoridade administrativa. 

Nisso estava 9 origem do frequentes conflictos entre os dous 
poderes que s6 enfraqueciam e se desmoralisavam. 

Apoz o tragico incidente dos Lemes, entrou o governador 
em lucta com Godinho Manso, de quem queria até saber 
quo despresnra a beca o andava em corpo de bastão o espada 

As camaras municipnos de Santos, Taubaté e Mogy toma 
amaram o partido do governador, chegando esta ultima n pedir 
que o ouvidor fosse deposto. 

Com Francisco da Cunha Lobo, substituto de Godinho Maa- 
80, pouco tempo de paz teve o governador; o mesmo sucedeu 
com Lanhas Peixoto, no Cuyabi, por ter este se recusado a 
prender e 4 sentanciar de morto individuos que Cesar queria 
castigar. 

O ouvidor Lanhas Peixoto, que já tinha sido excomman— 
gado pelo visitador Lourenço de Toledo Taques, por ter man- 

ado soltar o vigario Manoel Rebello preso acintosamento por 
aquelle, largou os cargos que exercia € se ficou nas minas como. 
simplos particular, 



























. — 84 — 
Lisboa, onde, tendo sido abortos, não foi 
o de munição! 2, 
sido furtados os renes quintos de ouro! 









05, 
ida de novos minciros; mas que as cartas, dirigidas 
Paulo ou a Lisboa, significando a farça se desencan 
Oútros se persundiram quo na propria Lisbon se fizera a 
tituição, para mostrar que os moradores de 8, Paulo eram 
gulos e alevantados, dando assim satisfação 1 córte de 
ne se queixava do procedimento dos sertanistas nos domin 
"ella. Avançavam alguns, e estes fortemente secundados. 
Cnldeira Pimentel e Sebastião F, do Rego, que tinha sido 
driga Cesar 0 autor do farto; e ainda outros, com inteira 
cedencia, asseveraram que o furto fora feito em S, Paulo, 
posedEs, or Sebastião P, do Rego apmecirado com Calde 
imentel, (1 4 
O povo, o ingenuo povo só viu no facto a intervenção 
Divina Justiça, transformando o ouro em chumbo, em d 
daquellos que, para lisongenr o monarca e grangear-lhe 
gtaças, extorquiam, dos pobres misernveis em lagrimas, as 
sendas € escravos com que ensgrassissem os quintos renes. 
A metropole, não neeeitando o milagre popular, mand 
abrir sobre o censo rigorosa devassa, na qual ficaram envolvic 
o ram Sebastião Formandos do Rego e Jucintho Barbosa 
pes. (2) 


O que parveo mais p 
lap a a Pa 


do dam pouoss. 
cia a carta 


(87 dneintho Tachos 110 
aonos atô 


ÇA vem documento algam 
osso solo, do cufene uma” 
Remedios, no 


do x, th dos 














Bibliographia 


Historia, de Portmgot. 
O Real a au colonial 
Mistoria da Dortmgul. 


Primo não historico, Gengraphico, ate. 


Emap a o a rot 

Momo para Cap, do 8, Via 
o Cup, des. 1 

Apoatmentos.* CP 








America Portugueia. 
ru Tintorveo, 
iemeno usgraçios do Bit rasto. 
Pai do do irapolagia (Re, do Tast, Hist, do 
= Chino do pah ch da Tuut. Hist do 8, 


ria poi 
— > Nombarhia pista (hm, da Fat, Mat, do 











Amam da Prom do Gaga (him do Ima, Mot, 
= — aman ie a 

do Arado rp É 

— — Memoria sobre Goya (Re, do Inat, Jul, do 


Cirusid, Vo 15) 
= = — — Corege e de Mato Gr (im do Pat Hint, 


rom de Maito Gromo (Ren.do 


Comet io Tato o de 8 Poda, V.) 
hero do It. Hl. do Brosik Fo 
Mec li Aunlo Mol. do Mean, Y ” 
Je to Inal, Tist do 
Nina qu la do Ta? Milo Ara 28) 
Tutvros Ce: do Taste Mit, da Dewsi, 7.0) 
ES Mabe mta 1 o td 
— Relação de viagem tlm. do Inst. Hat. do Brasil V. 3) 
- pe ces do Inst. Hint. do Hiram 


— = —  Aiaréo de viagem (la do Tua Ml, do Brnoil 1.69 

= = — Noticias Praticar Mor do Iwi Hot do Bram 8) 

— DD = antruaão o Governo da Udo Minos 
Sera a do dai 

— — —  Memariar Chromologicor (Her. 
Hran, V. 18) 











o Lato Nil da 


mente o principalmente o Archivo Publico de S. 
a publicação dos Documentos Interessantes—nos vo- 
| É E 16, 18, 20, 24, 92, 34, valiosa colecção 
te feita. 































O Apostolo S. Thomé, na America 


Estudo lilo na sessão do Tustituto Uistórico e Geographico de S. Paulo 


eu 


d DE SETEMBRO DE 1902 
ro 


MONSENHOR DR. CAMILLO PASSALACQUA 


Excmo, Sr. Presidente e Caros Consocios: 





Devido menos no grande intoresse que mo inspira a vida e 
prosperidade do nosso Instituto, do que à concurrencia dos dias 
« tambem das horas, em que se realizam as sons sessões, com 
as minhas oceupações, é que não tenho acompanhado presen 
cinlmento nos seus trabalhos. 

Não tenho, porém, perdido de vista; antes, procuro sempre 
suber, já pelas noticias dos jornaes e já pelas informações dos socios 
assiduos, a sun marcha social; os ilustres membros do Insti- 
tuto sabem em quanta consideração tenho a nossa associação, 
não só como ponto concentrico de escolhidas actividades scienti- 
ficas, mas ainda porque vejo, em meio do desappurecimento de 
tantas outras, mais ou menos congeneres que se hão fundado 
entre nós, o Instituto Histórico o Geographico vae, embora om 
lenta marcha, solidificando-se cada vez mais 6 até impondo-se ao 
respeito e à admiração dos contemporaneos 

Aproveito, pois, a presente oceasião, para congratular-me 
com todos os membros do Instituto e faço votos os mais since- 
tos pelo maior progresso, de que é 



















— 199 — 


s+s. Consocios, data venia, desobrigar-me de um 

tempos do trazer ao co) mento do 

tas que pude tomar em leituras teitas sobre 
phin, que me parecem interessantes pela 

primórdios da civilização da America, antos 

descobrimento pelos encopeus. Refiro-me nos traços 

vivos de evangelização ehristan o conforme tradi- 

não são para desprezar, direi mesmo apostolica. Esses 

tradições vêm indicados em varios documentos, quiçã 

idos, alguns dos quaes remontam ao seculo 16, 













las essas motas que procurei colligir em momentos de 
formei uma convicção, que si não reveste ainda o co 
certeza histórica, enuncio-a como possivel caminho nos | 
entes do que eu e que talvez nos leve a uma afir- 

o s o que ha de verdadesobre a evangeli- 
America e até do Brazil em particular pelo Apostolo | 
Thomé, um dos doze envindos por Nosso Senhor Jesus 

“para doctrivar 0 mundo. 


s 
“e 


meu trabalho, qua tenho a honmm de confiar à illus- 
dos membros do Instituto, não se contém, repito a ultima 
sobre o assumpto. Aq contrario disso, confesso que tive 
decepções, compulsando várias obras. Onde pensei 
copiosa luz, só encontrei, sobra o assumpto, inextrica- 
oras phrases, ainda mais annuviadas o complexas 
unexão dos assumptos, cireumstancia essa que me fez 
uma vez desistir da levar a termo o men trabalho. 
o menos desmimava-me o lembrar-me de que para pro- 
methodizado estudo, preciso era resolvor não poucas 
e q ao assumpto se prendem. Entro fazer e não 
balho que vos apresento, preferi proseguit, embora 








entremos no assumpto. 

“ha duvida, srs, que os membros do Colegio apostolico, 

sso de seu Mestre divino, evangelizaram todo o mun: 
elaro que fallo da totulidade moral). Geographos 
toriadores emeritos o atestam, já nos roteiros que 

Já nas narrações que fizeram dos trabalhos dos apos- 















5 


=— 140 — 


Não deixa do sor intoroseante saber, por exemplo, que 8. 
chefe dessa ração divinamente tabalicada trio e 

lém, percorrendo pias eia aq e foi à Anti 

ntão era a, enpi o Oriente, no mesmo tempo 

Copia da Syria e Rr cidado do universo, ERES a 

das maravilhas do mundo—totius orbis compendium, rivali 

em esplendor com Alexandria e Roma, e da qual lemos em 

no capitulo TE de sun oração Pro Arehia, «er o centro intel 
do Oriente, a cujo brilho nas lettras e nas artos rivalizava 
a magnificencia de seus palacios, de seus tomplos, de seus 
e bazares, onde se encontravam todas as riquezas 
Por isso mesmo e para christianizar todos esses generos de hu= 
manas netividades, S. Pedro estabeleceu nessa formosa cidade à 
sua séde primacial, e nella permaneceu durante 7 amnos, am 
que se transferisse para o Occidente. Deixando em bôas c 
a evangelização dessa cidade e metropole, confiando a sua co 
tinuação a prepostos sens, nie com direcção á mel 
do Occidente, Roma, passando por Napoles, Livorno e Piza, 
por onde semeára n doutrina do Evangelho. Devendo 
sidir á memoravel assemblén apostolica em Jerusalém, par- 
tiu de Roma, e, de pussagem, pregou a Bôn—Nova no Ponta, | 
na Galaein, na Cappadocia, na Bythinia e em varias outras ci- 
lades da Asia-Menor, inclusive a parte littoral: Orthosia, Ara- 
dos, Bulunén, Paltos e Gabala, até ú Tnodicêa, em todas fun= 
dundo súdes episcopass e ereando os respectioos bispos, Em Je- | 
rusulém, recobeu a famosa visita de S. Paulo. descripção, — 
que apenas deixo esboçuda, nos dá uma idén da prodigiosa, para — 
não dizer miraculosa actividade dos apostolos. Encerrados os 
trabalhos da assembléa, volta S, Pedro para Roma, passando 

Gallias o pela Inglaterra o pela Hespanha, onde fundou tambem | 
estejam elegando no destino mo nono 42 da éra christan e rei= 
nando o imperador Clandio. Desse nnno, contam os auctores o 
estabelecimento de sua séde Roma, convertendo-a em centro | 
realmente tem sido da civilização christan o do mundo ea 
tholico. Omitto, srs, por não vir aqui muito ao caso, à historia 
dos triumphos do clristiunismo, nttestados ainda loje, naquela 
cidade, pelos munumentos, que se conservam, do movimento 
ovangolizador prima e que se continuou atravis dos seculos, 
influindo em todas as phases da historia, movimento que o mesmo 
Apostolo S. Pedro, juntamente com 8, Paulo, 

sou sangue, no dia 29 de Junho do anno 66, roi 
rador Nero, Omitto, pela mesa razão e mesmo para nho 
do plano modesto a que me propus, reproduzir o que diz a bisto- 
rim dus multiplas é penosas guerras, gloriosas viugens dos demais 

































TELAS er 





“America pelo estreito Ra 


do Norte, sob a direcção techmica di 
que se Já em sem relatorio: que, à vista dos maros 
que lhes povôam as costas, dificilmente se póde distinguir o 
começam o onde acabam q Asia e a America. Os na 
pelas ilhas Aloucionas o que chegaram até Kamtschatha 
oninsula de Alaska, afirmam a mesma cousa, isto é a im) 
hitidnde de determinar os limites dos dois continentes, 
realmente separados. O povoumento, portanto, da America so. 
effsetuou pelo nordoeste, sendo que, pela Lslandia e a Grotulan= 
din, esse povoamento se fez por immigrantes europeus, pelo 
nordesto, 

Ficam implicitamente ontondidas as cansas que dotermina- 
ram à actaal situação geographica, todas cllas exploraveis e de 
facto exploradas pela marcha e complicações de supervenientes 
modificações atmosphéricas e dos mares, que, como se sabe, o 
unem e ora separam torras. 

Quem nho fór inteiramente leigo nesse genero de estudos. 
e tivêr noticin de vários eatuclysmas e revoluções ntmosphericas 
de que tem sido thestro o nossso globo, envando ora profundos 
valles, ora fazendo impor altas montanhas « ora produzindo eru=. 
pções de natureza diversa, se convencerá facilmente do que fica 
dito. Haja vista os estudos de diversos Eeólogos, entra os 
quaes citaremos apenas Boncher de Perthe é Carlos Lyell, cujos 
trabalhos põem em cvidencia seientifica a vordado dos livros sun— 
tos e outros do notaveis lydrographos, como Tissam, Dupetit 
Thouars, Hamilton Smith & Morton, que sustentam que, onde 
os antigos só viram a grande corrente equatorial, dirigindo-se 
uniformemente de Jesto para sueste, existom contra-correntes 
que desembocam no seio dos mares. E os navegantes teem achado 
por exemplo no ocemno Pacifico um segundo Gulf-Stream, que, 
passando ao mar do Japão, vae para a America, como o primeiro 
“o dirigo da Torra-Nova às costas do mundo antigo, [o que 
importante saber é que a corrente Tessam levou para 
as costas da California mais de uma embarcação, da mesma ma-. 
neira que o Gulf-Stream Iançára sobre as plngas dos Açõres 
varios escalóres o restos do embarcações, facto este, quo os mens 
ilustres const sabem, convenceu Colombo da existencia de 
um outro mundo. Do Oriente e mui provavelmente do Japão, 
navegantes penetraram na America, assim como n grande cor 
rente equatorial atlantica levou homons para a America meridional 
e para o golpho do Mexico, inmigrantes da Africa. 























e 





"+ 


— 144 — 


bora, denuncia a de quem s imprimiu, Não estarão 
nesse casso as lendas e tradições populi e entre os abori- 
genes da America existem, apesar de Roçs tantos seculos ? 
No estarho nesse caso as que se leem e se ouvem a respeito da 
evangelização da America e do Brazil, pelo apostolo 8. Thomé? 

É facto. incontestavel, Enio, que  Jesus-Obristo, antos de 
derramar seu sangue pela salvação de todo o gencro humano, 
sentado sobre a vertente da formosa montanha das Oliveiras, 
em face de Jerusalém, rodendo de sous apostolos, annuncia-lhes 

ignaes preeursoros da ruina dessa cidade, E acerescentou 
«e este Evangelho (do reino de Deus) será pregado em todo o 
globo, testemunhado por todas as nações, « então dar-se-á con- 
summaçãos. 

E” certo tambem que, sabidos do Cenacul 
taram do cumprir essa prophecia do Mestre divino, cuja doutri- 
na, 8, Paulo dizia já no anno 60 da nossa éra, eresela o frueti- 
ficava no universo—erescit et fructificat, attrahindo multidões 
innumeras, mesmo das regiões remotissimas do orbe, conforme 
escrevem Busebio ; Multitudines innumera, etiam ex remotissimis 
orbis regiomibus (1) 

Nio menos incontestavel é o fucto da dispersão dos nposto- 
tolos para evangelizarem o mundo, enbendo no apostolo S. Tho- 
mé ns vastas regiões denominadas Indias, Com effsito, pene- 
trou esse envindo de Jesus-Christa pelas terras dos Purthns, Médas, 
Pereus, Hircanos « Bnotrios, que «rum então vastos impérios orien- 
taos. Jeso roteiro gigante, que só podia sor levado a efloito por 
Apostolo de Jesus, vem plenamente explanado mas licções do 
Breviario, no dia que lhe é consagrado pela Egreja Latina, em 
21 de Dezembro de cada amo, nos seguintes termos claros é 
eoncisos, qual sõe ser a nossa Lithurgia; Postremo ad Indos ae 
conferens, cos in christiana religivne erudirit, Ora é sabido, srs. 
consocios, que, sob a denominação de Indos, estuvam comprehen- 
didos todos os povos das vastissimas regiões asinticas penintul- 
res, supuradas pelo rio Ganges, sendo que uma, áquem do rio, 
chamada cisgangética ou Industão, que tem actmalmente uma su- 
perfície de 3.800.000. ilometros quadrados, com uma população 

la 245 milhões; outra, além do mo, a transgangética ou Tudo- 

China, bojo retalhada, tem 2,100,000 kilometros quadrados, com 
nulação de 36 milhões, E! muito possivel que essas ro- 

giões tivesse mpo maior extensão. E/ um facto mara- 
vilhoso tor podido esse Apostolo percorrél-as, e para que não 














os Apostolos tra- 












































UND RE prosdleabunt hoc Exangolloam cogul ta untverao orde, ba vestimontum omal= 
due gontibus + ot nunc vonit consummmumatio. Math. XAIV. 14, 


no constante, não o podia ollo 


não dispensam a intervenção do 
asse 


quão enorme foi a sun incredulidade por ocensião da 

É da seu Mestre, A phrase: Dominus meus et Deus 
com que annunciou sen arrependimento, foz dollo um dos 

os evangelizadores do nome de seu Senhor e seu 








seculos d 
do apostolado desse 
basta lembrar o que 
oficio dos Jacobitas, na festa que elles colebram em sua 
3 de Julho: Thomé, cuja commemoração hoje celobra- 
“enviado ás Indias pelo Senhor e obteve a corôa do mar- 
e os Nestorianos cantam: O' Thomé, qas À VORA pre- 
os Indianos aspiraram o perfume da vida e, como abando- 
r os costumes da gentilidade, viram florescer o pudor. E' sa- 
a China fnzin, nesse tempo, purte do Imperio Persa e 
seguindo a lithurgin imalabar, assim romemoram os fai- 

| nosso Apostolo : 

58. Thumé os Chinezes e os Exhiopes foram convertidos ; 
S. Thomé receberam o baptismo; por S. Thomé, o reino do 
ma China E g 
egação foi tão consistente o resistonto, quo o Je- 
em sus Historia da lição da China, publi= 
no anno de 1618, diz que, até o 1 











j meus srs. uttendendo à approximação em que csse 
lo se achava du America é às considerações geodésicas e 
os 4! bericos, que acima refirimos e, por conseguinte, 
veis o scientificamento demonstradas dos poyoa- 
la America pela communicação facil do bojo estreito de 
o não admitir que S, Thomé se tivesse transpor- 
meiga os Es 
sinho, como explicar as tradicções ainda hoja se en- 
Es pspelto desse Apostolo, como daqui ba pouco mostra- 
| já não quero, srs, porque non est hie locus, invocar a 







= qi = 


izar-se, o que aliús dello se lê atestado om. 
que ainda hoje se conserva num templo da cidade 
Cantão, hoje mais conhecida por Kouang-teheou-fou, na Cl 
em um blóco de pedra quadrada. Pregava ahi o Apostolo, q 
do um anjo de Deus e otaro 80 transportou para a Pala 
afim da assistir, com os demais membros do collegio apostól 
aos solennes funeraes da Santissima Virgem. Esse facto é 
lo e citado por Monsenhor Guillemin, notavel Bi 
Cantão. Si está eseripto que o proprio demonio gozn desse poder 
de so transportar sine intervallo temporis intermedio, como 
eusal-o nos mensageiros da verdade e do bem ? Mas, como. 
disse, nho quero servir-me desse genero de provas, que ces 
mente dispensa todos os recnrsos de ordem physiea para demon 
strar à possibilidade de haver 8. Thomé evangelizado n Amer 
Eu quero aqui adduzir provas de outro Rendro, ainda que, 
aquellas me mereçam, como a todo o homem de fé, o maior re- 
s) 
























ito. 

e Humboldt, srs., que vai falar; são as sábias obras de 

La Brasseur de Bourbourg, que se incumbom do attestar os 
muitos vestígios desse Apostolo em sua tarefa evangelizadora. 
Assim como as descobertas de fosseis, de medalhas, de ruinas, 
de colossues templos, palncios numerosos ete. encontrados por 
esses vinjantes, provam evidentemente um estado de civilização 
ls uma edade extincta ; assim tambem as tradieções religiosas | 
com que depararam entre os indigenas americanos demonstram 
com a mesm evidencia um estado religioso primitivo, 

Sinto, dovéras, não me permittir a escassez do tempo, pois, 
em uma paciente confrontação dessas tradições, encontramos qua- 
si exactas os principnes dogmas do christianismo. Sabemos que, 
na úpoca do descobrimento da America por Colombo, foi notado, 

or nos povos do norte, quer nos do sul, uma sévio de verda- 

les articuladamente conformes as verdades christis. O cele- 

bre Las Casas, que desembarcou na costa do Yucatan, em 1552, 
attesta essas factos. 

Querois um testomunho claro quanto possivel de que S. 
Thomé evangelizou a America, escutas o que escreveu 5, 
Martyr, que testou do nosso assumpto, ainda que incidente- 

] mente. Diz elle « que interrogados os povos americanos do nor- 
to o do sul, porque derramavam agua em fórma de eruz sobro 
a cabeça dos recem-nascidos, os sacerdotes dessas povoações, de 
modo partienlar nas Antilhas, responderam cathegoricamente: Um 
homem, de grande formosura, passou outrora por este paize 


Ea ic cá 

















— 147 — 


gos ensinoo a fuser cosas cousas — Transivisas aliquando virum 


mam per cos tractus, qui ea ipsis roliquerit ». 
+ Um testemunho, que nos é, principalmente para mim, muito 
n te, encontra-se na famosa Historia da nevegação do 
|, escripta por João Lerio, e é o seguinte: estando no 
achei que os indigenas acreditavam na immortalidade da 
alma. Falleilhes do verdadeiro Deus e de seu culto, da crea- 
do mundo, da queda original e de ontros pontos da religião 
istan; e, depois de me haverem ouvido durante mais de duas 
com admiração e constante attenção, um velho tomou a 
evdisse: nós sabemos por tradicção que um homem ves- 
como vós, e como vós trazendo n barba (os indigenas não 
meavam barba ) passou por este nosso paiz; tevo à mesma lin- 
guagem que vós, & esforçou-se por converter os nossos antepas- 
sados no culto de Deus, Mas nossos pues recusaram-se a isso... 
Esso homem foi-se; e, depois que se partiu, apparecen um ou- 
tro que lançou-lhs uma espada em sigual de maldicção ; e, des- 
de esse tempo, us guerras e as disenções têm sido continuas 
entre nós». Essa citação, quasi textunl, Jê-so tambem no his- 
torindor Tlonio, livro 3.º, capitulo XIV, pag. 219. 

Mais elavo ainda 6 o que sa lê na elassica obra do Cornelio 
de Lapide, em seu monumental Commentario sobre as Escriptu- 
ras, no cap. X. vers. 17 da Epistola do 3. Paulo aos Roma- 
nos, diz: «Emmanuel Nobrega, secrotatis nostre, in Brasilia pro- 
pincialis, seribit in Braxilia extare én ripa fluminis vestígio 

hominis sancti, quê ut infideles se persequentes eflageret, 
super flumen ambulavit et pertransit, comque ab incolis pocaré 
Tome, qui non videtur esse olius quam sanctus Thomas», cuja 
tradusção om vornnculo é: «Manoel da Nobrega, da nossa com 
bia (de Jesus), provincial do Brazil, escreveu que existe no 
il, na margem de um rio o sigual dos pés um santo 

mm que, para cseapar ú perseguição dos infieis, andou 
tobre o rio e o ntravessou. Os habitantes o chamam Zomé, que 
não e ser outro que santo Thomê. 

do menos explicita é unit narração (eita pelo superior de 
missionarios franciscanos mandado 4 America do Sul, em 1538, 
a João Bernal Dias do Lugo, membro do conselho dos Indios 
estabelecido em Sevilha, Vou resumir o que disse; tres chris- 
“Sãos no Porto 5. Francisco contaram-nos que ha quatro annos 
“um Indio, chamado Etiguéra, percorreu mais de 200 leguns 
Edenia nos indigenas que logo viriam varios christãos, 
tmhos e diacipulos de 8. Thomé para lhes administrarem o ba- 
ismo, e que a esses santos homens déssem bom agnsalhos. 
oix, no seu livro sobre a tribu dos Manacicas, diz que 







































A 


+ termina o notavel hisi 
Humboldr 


» pag, 28%, Ele 
conservava essa mesma tradição, de que 8. Thomé a 
aára, e que os aborigenes lhe chamaram com o nome de G 
de ia Tulá, conhecido por ontros com o nome de 
tealeoatt 


E, para aproveitar mais um tostimunho nho menos su 
to, citarei a nota explicativa da palavra Meire Humane, que 
encontra na obra de Hans Staden, edição de 1900, feita p 
nosso Instituto, por oceasião do 4.º centenario, Esse Meire 
mane que esse eseriptor diz que os brazilicos entendiam ti 
sido um propheta ou apostolo, é assim explicado na referida 
ta: «do certo o mysterioso personagem que, é tradição entre 
selvagens, se do ga do HAS a nona direcção a rei 
depois que, molestado por alguns, se desgoston e deu 
E a missão de legislador e mestre de todos elles, E 
Obamayam-n'o o Sumé ou Zumé entro as tribus do littoral 
bruzilico. Nas Antihas, entre os Coruíbas, ndoravase (presta- 
va-se-lhe veneração) um Sumi, denominado Zomi no Haiti. 


No Paraguay chamava-se Pay-Zomé, e em outros 
se dizia: Zone, Pysome, Summay e Zamna na ps qi, 
tral, E a lucidada citação, conelúe: «o nome transmittido por 
Staden para porém, estar alterado na letira inicial do segun- 
do vocabulo, devendo-se ler Maire Zumeane, ou talvez Man Zu- 
mane, em vez de Maire Humano, 

Essa apprecinção concorda com o que temos citado. 






: 
se 


E aqui chegado, illustres membros do Instituto, ponho ponto 
final. Não sei si, com o que ficou dito, correspondi á vossa il- 
Iustrada expectativa, Em todo caso, repito, não entrou, 
o principio, em meus calculos, trazer um trabalho definitivo so= — 
bre o assumpto, nem q sun ultima palavra, pelas razões que ex. 
perdi: quala de não dispór de elementos inteiramente positivos. 

mui bôa mente, deixo essa gloria a quem mais competente 
do que eu, queira occupar-se nesse interessante estudo, 








Da evolução historica do vocabnlario geographico no Brazil 


ron 
THEODORO SAMPAIO 


As observações que se seguem fôram-me suggeridas pela eri- 
tiea que, ac meu livro sobre o Tupy na Geographia Nacional, ba 
onco publicado, fizeram alguns cultores das cousas patrias é 
omens do lettras que se dignaram prestar-lho um pouco de 
uttenção, 

Devo dentre estos destacar n José Verissimo qne, pelo Correio 
da Manhã (1), fez sobre o meu livro mais larga apreciação e 
emitiu conceitos, alguns dos quaes não pódem passar sem con- 
tradicta da minha parte, já em bem da verdade historica, já no 
interesso do proprio objecto debutido. 

Não viu o abnlisado eritico do Correio da Manhã, no meu 
citado livro, um verdadeiro trabalho histórico restaurando yoca- 
bolos do uma lingua que já não ora precisamente a que elle 
considerou, isto 6, a primitiva lingua tapy ou guarany de Mon- 
toya o do Restivo do que tão especialmento se oceupou, e de 
modo brilhante, Baptista Cactano, O meu ponto de vista não 
foi, como pensou o crítico, o do purismo linguístico, não foi o 
de depuração para restituir no topy n sun primitiva feição, mas 
sim o do interpretar ou explicar v vocabulario geographico in- 
digena, segundo a sun origem e procedencia, considerando a tupy 
—gunrany, não pelo que diz respeito à pureza e correcção per- 
feita dessa lingua, tal como nol-a transmittiram os que primeiro 
tratoram della, mas tal como era falada é corrente entre as po- 
pplações neo-perimeuers, ao tempo em que De sorte ao dee 

ravaram e se fóram  povoundo, e a quem de facto se dove & 
quasi totalidade das denominações da logares que a nossa actual 
geographia conserva. 

Nunca foi empenho nosso, ao escrever esso livro, aquello 
ge o abalisado critico considerou como o muior padrão de glorin 

le Baptista Cnetano, isto €, ... «.... o de ter procurado no es 
tudo do guarany, a que especinlmente se dedicou, o que era a 

















0 Correio da Monha-Rosenha de Niyroe—nrtigo edictorial por Josó Verlesimo-n 
204 de 1º de Jauelro de 102, 





no. 





a é ta 














nento ou antes do descobrimento e conquista, se- 
ERRA paro jero Sasori descobridores e a 
ç » 


€ lingua. 
mpenho foi justamente o contrario ; era o de expli- 
nbulario geograpbico indigena, sem perder de vista o 
sem despresar o phenomeno evolutivo da lingua- 
dubitavelmente devia reagir sobre as denominações desses 
o esquecendo, comtudo, como na verdade não esqueci, 
lar as difisrenças entre a lingua pura e a que resul- 
1 on preparada evolução, 
tria decerto o meu alvo si, para explicar o referido vo- 
o, deixasso em olvido a sua genesia historica, a sua for- 
nos varios periodos em que a lingua so achou em contacto 
coma A dos enropeus, para só mo oceupar com res- 
pureza della. 
bem certo que o tapi, durante n conquista europea, bas- 
modificor, não só em vocalização, como na expressão 











isto um facto que não soffre contestação, 
disso, ao resumir a grammatica tupi para o fim de as- 
as bases explicativas do vocabulario a imterpretar, pare- 
Indispensavel assignalar as modificações sofiridas, as diffe- 
dialectaes, as modalidades do Falar. Não importa isso, de- 
sacrificio da grammnática classica, nem tão pouco trou- 
o, viciando as noções como disse o critico do Correio 
relevo as alterações sofiridas pela lin 
adeante teriam de ser invocadas 
, tal como elle se formou. 
justificar isto, busta descrever a largos traços a evo- 
torien do vocabnlario geographico indigena. Apparecea 
ta] como hoje o temos, como um corollavio natura) do po- 
nto do paiz sob o influxo civilizado dos auraçe E' gra- 
sup e que as denominações das localidades de pro- 
i, são obra de selvagens, e que 0s portuguezes não 
do que receber do gentio e conservar o vocabula- 
phico que hoje existe no Brazil. Poucos, bem os 
momes do lugar que tiveram essa ori, Quasi todos são 
lencia ms rtugueza. Vieram dos mistas, dos ban 
dos a ba de sertão que quasi todos falavam 
vam essa lingua como um recurso de alta valia 
ções pelo interior, 
é de prever-so, o europeu, aportando ás nossas pla- 
pira vez, e desconbecendo a lingua dos naturaes, 





















não podia certamento dar nos 

cobrindo denominações de 

Assim é que vemos, na costa do Norte, onde com 
de Hojeda, Pi imeiros 







costa oriental onde os 
brimento; as donomin: 
Vera Cruz, Santo es 
de Janeiro, Angra Reis, 8. Sebastião, e 8. Vicente, 
endas desde as primeirys viagens, attestam claramente ul 
ta próvia do calendario christão, à medido que aos navegadores 
so deparavam novas paragens. 
As denominações locaes de procedencia indigna só depois 
que apparecem nos roteiros e nas cartas de marcar. + 
Vê-se bem que o trato com os naturnos da asa 
amizade, o conhecimento de sua lingua, cousa só possi js 
qo commercio os appraximou do europeu, são condições que 
viam preceder a quassquer outras relações visando o conhe- 
cimento do pix e a denominação das localidades, É 
Durante trinta anvos depois do descobrimento, não se fez 
nas costas do Brazil outro commercio que não o do pau brazil 
eo das aves e animaes que se colhiam nas feitorias esparsas e | 
hemeras que os contractadores aqui mantinham, Nessa periodo 
ro, & costa, todavia, se tornou conhecida; não faltava! 










tonio, Ponta do irão, ilhas dos Abrolhos, Cabo Frio, Rio de 
Janeiro, Ilha Grande, Ilha de São Sebastiao, rio de São Vie. 
cente, Cananta, Santa Catharina, Cabo de Santa Maria. Os nos 
mes selvagens ainda não tomam a proeminencia. 

Só depois que a colonização regular começou, que aii 
se dividiu em enpitanias, e que mais tarde a metropole 
fundar um governo regnlar na colonia, é que o elemento in-. 
digena mais solicitado e tornado indispensavel à satisfação das 





— 158 — 







ovas, começou a ir e a influir sobre à com- 
n seus varios ns) Ling 


é então a predominar na colonia o influxo do amissio- 
suita transforma o selvagem no eabocola que vem a 
annos o tronco robusto donde descende 1 maivria 





imitiva, euja natural tendencia 
raça invasora mais forte, se 
logo ao estudar o desenvolvimento e modificação quo 
“experimentou por influencia dos europeus. E 
q lingua indigena, pelo influxo dos catechistas, 
um vebiculo genernlizado na população da colonia; 
o tupi não só tornou lingua corrente na cidade o nas 
lações novas que se iam assentando ppa o inte 
nda não recebem um nome tirado da lingua dos naturees, 
missionarios não denominaram pela lingua do gentio 

q do as primeiras aldêss quo então fundaram, 
Das cartas dos jesuitas se vê que as primeiras aldêns que 
hisaram não tinham outros nomes que não os tirados 
ndario christão. Em torno da cidade do Salvador que 
de Souza neabava de fundar os discipulos de Santo 
iam ensinar no gentio para as uldêas do Espirito Santo, 
do, Santo Antonio como nolo refers Fernão Cardim. 
quarto de seculo depois, já npparece em grande nume- 
a maioria da população neo-portugueza do Brazil, 
ehristãos dos submettidos, os descendentes erusados do 
es e do gentio, falando quasi todos a lingua deste — a 








emtão o predomínio do tupi nas denominações de 
jus se descobrem para O interior, ou que apparecem no 
“como um nucleo de população nascente. 
Staden em 1557, nas suas vingens e cnptiveiro entre 
nó il, ci já um grande numero de Joca- 
emos ali, ulem de Pernambuco 
ue elle grmpha Pranembuke e Tamereá, Garasth 
ú (actual cidade da Olinda), Supereguy, Ju- 
“Acuti, Urbioneme, Imbiassape, Iguaquaçupe, Bertioga, 
, Mteroenne ( Nictheroy ), Zycoarype, Parahy- 
“Mambucaba, Ocaruçã, Aririaba, Taquaraçutyba é 


annos mais tarde, o Roteiro do Brasil do Gabmel 

















— 154 — 


que Ee so d 
com relação às denominações de logares por influencia da 
meo-portugueza.  Vê-so ahi em toda a extenção da costa 
já penetrou a civilisação pelo concurso dessa raça, as d 
ções tupis prevalescendo é conseryando-se tho somente os 
eringuenes naquella região ondo a colonização não 

'ercorrendo-se n serie de nomes com que ahi se designam 
Dos, rios, bubias e ensendas, desde o Amazonas até perto da P 
ribyba, à este tempo o estabelecimento mais avan 
tuguezes na costa do norte, nota-se logo o 
portuguezes como ; Amazonas, vio da Lama, a 
ilha des Voccas, bahia dos Santos, rio de Jodo de Lisboa, 
dos Reis, rio do Percel, rio do Meto, bahia de Anno Bom, 
lia da Corôu, vio Grande dos Tapuyas, rio dos Negros, B 
ras Vermelhas, Ponto dos Fumos, rio da Cruz, rio do Pare 
rio das Ostras, o monte de Li, bahia dos Arrecifes, rio de S. 
Miguel, Cabo Corso, bahia das Tartarugas, rio Grande, Cabo de. 
8. Roque, vio Pequeno, que os indios tambem chamavam 

Grande, porto dos Busios, Ponta da Pipa, bahia da 


nando logares della: rio de Maranham, 
pe. Juguaribe, Guarapari, ou Guaripari, Itapitanga, Ttucoal 
gare, por Jacuatiara, Tabatinge e Aratipicaba. 

ns da Parabyba para o sul, ondo à civilização portugueza 
Já domina, a numenclatua dos logares em ves de ser portugue-. 
xa, é quasi que exclusivamente tupi, como, por exemplo, Jagua- 
ripe, Aramame, Abionabiajá, Capivari-mirim, Itamaracá, Iga- 
raçú, Pernambuco, Paraceury quo so alterou para Percaauri 
ainda para Pero-Cavaim, rio Jaboatão, riw Ipojuca, rio Mara-. 
caipe, rio Una, Camaragibe, porto Jaragué, porto de Sapeliba 
rio Cururipe e muitissimos outros pela costa ao sul, entre os 
quncs, por excepção, ainda perduram os primitivos nomes porta- 
guezes applicados pelos primeiros navugadores o donntarios, 
como : Coneeiçã da, Cabo de Santo Agostinho, Sunto Alei- 

guel, rio Farmoso, rio de S. Francisco. 
Sobrelóva, porém, notar que, medida que o povonmento 
do littoral se estende, 2 nomenclatura portugueza primitiva mos- 
tra tendencia pum desaparecer, substituindo-se por denomina- 
ções tupi. O nome Parahyba substitio para sempre o de rio 









OG = 












Ds md 


ida Sorte, para além de 6: Roque, (oesa sabe titatE 
mais radical. O nome substitio o de rio 


hoje as barreiras do Camocim. A Ponta 
chamando Jericoacoara, O rio da Cruz 
“Acaraci; o do Parcel, Avacaty-assi, junto de cuja 
está o porto dos Barcos. O rio das Ostras trocou o seu 
lo de Curú, e o monte de Li, eujo nome é ainda um 
a na nossa historia da geographia, é bojo provavelmente 
tudo pelas alturas do Choró, talvez a Pedra Aguda, 
a o surgidouro dos Pareeis, entre 0 dito monto e 
da do Mocoripe é a actual de Iguape. O rio Jaguaribe 
nO seu nome primitivo, mas o afluente da es 
» segundo Gabriel Soares, dividia os Potiguaras do 
Tapuyas do sertão, perdeu o seu nome primeiro de 
de 4 passou a chamar-se Banabuhiá. 
transformação do vocabulario, do portuguea para o tupi 
facto que só no littoral se observa, porque no interior 
só por excepção é que a nomenclatura local so altera. 
facto, à nomenclatura à toda indigena, quer rece- 
lla do proprio selvagem, quer applicada pelos conquistadores, 
geral, sendo Paulistas, falavam n lingua do gentio. 
todo o logar onde penetrou a influencia paulista, a no- 
geographica tupi prevulescom O Padre Vieira rofere 
commum, se falava n lingua do gentio entre as familias 
to o que o portugues so in aprender ús escholas. 
n + historiadores contam que nenhuma exploração no 
se levaya n effeito sem o concurso do gentio manso, que 
iu 08 guias é o grosso da expedição. Os guias 
“nessas arriscadas empresas. Delles dependia o sue- 
bandeira ou da entrada. « Elles são os que fazem os 

























netrado Inrgamente. É aa. 
A lingua o lo + terceiro seculo de 4 
aobaliienta a Era dono pebssdo, do é irocabaliria bra 
que a nossa geographin conserva, já não podia ser o tupi puro, 
o de momento ou de antes do descobrimento e conquista de 
so EP Baptista Caetano é que o illustre critico do Co 
da Manhã julgou que cu tambem devia guardar extreme dee 
fusões, separandoo do que foi após o contacto com os euro 
Seguir porem essa trilha, no escrever o Tupina (Geog 
Nacional, é que seria positivamente enar o meu nlvo, poi 
o vocnbulario geogmpbico de um paiz devo incontestavelmen 
reflectir o estado, O to de pureza, perfeição ou decadencia da. 
lingua de que procede. 
So ns regiões centrnos do Brasil devassadas « começadas | 
povoar no seculo XVIII exhibem hojo um vocabulario 
phico tupi, é porque o tupi ainda era nesso tempo a lingua fa-. 
lada entre os seus primeiros exploradores, e, decerto, a lingom 
corrente no Brazil meridional no seculo XVIIL entre as 
lações do campo, não era sino um tupi corrupto, um tupi mo- 
dificado pela prosodia do europeu e influenciado pelas idéas deste. 
Porque mr romper com essa condição historica, nfustando- 
me do meio linguístico real, coevo, ne veportar-me por um es- 
erupolo de purista no tupi pre-columbiano ou contemporaneo do | 
descobrimento ? 
A minha these exigia, so contrario, que eu não despresasse 
os dinlectos, que não desconhecesse a influencia modificadora do 
tempo e do contacto com povos estranhos, factores inilludivois 
da alteração da linguagem, 
Por effeito disso, 0 proprio vocabulario tupi melhorou e pro- 
sredin. Muitos nomes CPE do localidades, rios e monta-. 






















(4). Eimão de Vasconcellos — Chronhea da Companhia de Jara 


descol 
sertão, o cu 
rio 


to Tietê. 
só elle, entre tantos outros que na região se en- 
recia uma navegação regular, conduzindo no in- 
continente. Ao norte, ficavam rios impraticavois 
1) no sul via-se ainda outro grande rio 
a Tao A denominação Vistã, substituin- 
à primitiva (Anhemby), exprimo decerto um progresso cu 
do de um conhecimento mais perfeito do paiz interior ; 
evidentemente de procedencia mameluca. 
mesma procedencia, como algures já o assignaloi, é O 
i ou inha usado no sul para Goias monta- 
inquas, ou os montes cleyados sobre os quacs as nu- 
palavra hybrida que quer dizer—cavallo das mu 












“nome Tupã, cujn interpretação, por mim dada, foi tida 

o como cthnologicamento falsa, dado o ponto de vis- 
ue este se colocou, teve com toda a certesa mais do 
ido desde o tupi puro, primitivo, até a lingua geral, es 
indamenta influenciada pela enltura envopéa, 


o, vam até esp 
superior, Deus, o Altissimo, 


— 158 — 


O missionario, ocatechumeno descobriria no nome Tupã mais 
alguma cousa certamente. Tupi pode provir de tup-pue, e à 
alto, erguido, superior, e, portanto, significarin tambem pae su- 
perior, pae do alto, pao que está nas alturas ou no ceu, como 
crê o verdadeiro christão. 

Assim, pois, si ethnologicamente como disse o meu ilustre 
critico, o nome Tupã não pode ter a interpretação que lhe dei 
porque importaria considerar «o indio brazileiro que se achava 
em cheio no animismo fetichista, um monotheista», pode comtudo, 
admittila como uma a de vocabulo em satisfação de 
uma necessidade nova. Si ethnologicamente a interpretação é 
falsa, historicamente não o é, e este era o meu alvo a attingiry 
porquanto, escrevendo o Tupi na Geographia Nacional, nho visei 
só o indio puro, o selvagem livre de influencia extranha, mas 
tambem o culumim entechumeno, o gentio baptisado e compas 
nheiro do homem branco na conquista dos sertões, o mameluco 
que recebia de sua mão india christã as primeiras noções da 
religião nova, o grosso da população neo-portugueza que se foi 
constituindo e a quem se deve em bia parta, ou na maxima 
part, o nosso vocabulario geographico de beja. 















por 
THEODORO SAMPAIO 


tratando-se aqui no Instituto da verdadeira gra- 

em razão de algumas duvidas que so- 

suscitaram, dissemos com Gabriel Soares que os 

ia de S. Vicento tinham por habitat os 

pos de Piratinin, 

Eae Vasconcellos chamou o parado da gentilidado: 
n então as opiniões a rospeito. 

no de Abreu, emerito investigador da Historia Pa- 

q Ai no assumpto todos reconhecemos, aflr- 

que 03 Guayanãs ou Cuayandis como elle preferia gra- 

guerra penetraram nos campos de Piratininga, e, 

que ao eram alli moradores e nem sinham dominio 

umpos. A seu ver, não eram Guyanás, mas Vupinikins, 

s entechizados pelos Jesuitas em Piratininga, sendo des= 

ipa aa e Oaiuby e bem assim a gen- 













nego ae aaa opinei pela tradição paulista, pois que en- 
ue tão minudentemente escreveu Ga- 

no sem e do Brasil a respeito dos Guayanas de S. 

o, com Rsenmentos de maior valia e que cathogoricamen- 


Es quasi sempre tag bom informado, descreve 
como a indios dominadares dn Capitania, ocen= 
as costas e ns terras interiores, limitando-se no nor- 
e ao sul com 03 Carijós, cuja lingua enton- 
como indios bonachões, amizos dos brancos, 

“os seus prisioneiros, não os comendo como faziam 
indios, dextros guerreiros em tanto que não sahiam 
onde moravam om covas abertas no chão. Descri- 















Robe = 


tão minuciosa, de ordinario anda) 
ET SRD lonar-nos ui 


diz Anchicta, referindo-se a Gai 
pitania de 8, Vicente, Caiuby, y 
uina (mulher) de sua nação, tambem muito velha, da qual ti 
um filho homem, muito principal, e muitas filhas casadas, sej 
do seu modo, com indios principaes de toda a aldoia do Je 
tiba, com muitos neto: sem ombargo disso, casou com 
que er Gunyanh das do matto, sus escrava tomada em gi 
a qual tinha por mulher.» 
Como se vê da citação, a nova mulher do chefe de Jeri- 
batiba não era da sua nação, mas guayanã das dv mato, sua | 
cruva tomada em guerra. 
Não se pode concluir daqui que havia duas 
Grnayanãs, os do mato é os do campo, & que uns é outros 
inimigos e se faziam a guerra ? 
no se infere tambem dai qe Caiaby seria um gu 
do campo, do typo deseripto por Gubriel Sonres, e que sun 
meira mulher tambem era guayanã do campo? 
A hypothese é perfoitamonte cabivel e fayoravel à 
lista; e, sendo assim, eram guaganas do campo os um K 
los pelos Jesuitas no fandarem S. Paulo de Piratininga. Nó 
easo, porém, o nome de quayanã designnria apenas um ramo d 
raça tupy, porque, de facto, do tupy eram a Arte e Vocal 
escriptos por Anchieta, e porque os nomes dos chefes e p 
paes dentre esses indios e bem assim os das localidades na re-. 
gião E elles ocenpada eram todos procedentes desta lingua. 
guayanã, portanto, a prevalecer osta h: 
nação tupy como o era o tapynikim do litto; 














porém, esta hypothese, o nome guaganã (guag-and), 

cima da serra pelos outros indios do litoral, traduz-se mui le 
gitimamente—aquelle que é parente. Esta é a tradição paulista, 
que até agora tem sido mente acevita. 

Entretanto, força é considerar outra hypothese não 
cabivel, a de serem Cuiuby e sua primeira mulher tup 
sendo to sómente Guayana e, portento, de nação diversa 
a segunda mulher. Que isso dizer que, 









a dos do campo e do matto, os indios da 
Jeribatida, da tribo de Cauby, como os de Piratininga 
de Tibiriçá, isto é, os catechisados polos Padres da Com- 

8. Panlo, erum todos da nação tupyníkim, e nssim 
ta mação estendia o seu dominio do litoral nos campos 
da serra, polo sertão dentro. E” de suppor então que, 

| começado a invadir esto territorio pelo 1 do mar, o 
nikim, em epoca precedente À chegada dos enropens con= 
expulsar o gentio primitivo, o Guayana provavelmente, 
0-0 para o interior, forçundo-o a rofuginr-se nas mattas 
serra, nas montanhas, onde permanecia ilhado, em nu— 
pipes, diante da invasão inimiga para elle irresistível. 

“Guayana daquelle tempo representava assim, deanto do 








kim pel que hoje reprosenta o Coroado dean- 
atm brisas Rae, 

Guayanã era, portanto, um vencido, refagindo nas mattas, 
to nas nba gs mano descin sómento em ocensião sznda 
mama curpresa no inimigo, na fina das vinganças inolvida- 


















Como é de suppôr, o Tupinikim devia luctar sempre por e: 

04 sitios conquistados como por alargar os seus dominios. 

prisionviros, snerificava or bomens mos festina de authiro- 

gia o as mulheres guardava-as como ereruvas, encorpo- 
us se Ra tribu, quando as nho tomava por consorte, como 
Caiuby, 

EFE ao tampô di javasão dos Portagueiás; Toplai= 
eram os índios que dominavam no littoral e no sertão de 

ininga onde só em guerra penetravam Guayanhs. 

Bem examinada osta bypothese, a favor da qual tão pode- 
maões militam, chega-se à conclusão de que, de facto os 
iros catechumenos do Piratininga, os indios que concorre- 

qura a fundação de 8. Pnulo, não eram gunyinhs. Trium- 

8 versão contraria ú tradição paulista. 

razão, distinguia Vasconcellos os Gnayanãs como na- 
is, considerando estes como dos mansos Bi- 
sta é fulundo todos o mesmo idioma de 

Anchieta compoz Arte Universal, o classificando os Gunya- 

“miuda que dos mansos, como de out ospecie, falando Jin- 
diferente, qu Examinomos as provas, 

mesmo chronista refere que os indios christãos de Pira- 
tendo tomado em guerra um guayanã contrario, dispu- 





Blmbo do Vasconcellos, Chronica da Companhia do Jeshs. Liv. 1 8 191 o 163. 
















103 — 


mham-se já a comel.o num dos seus costumados festins 
os Padres cormjosamente o obstaram. (2) 

Os indios christãos de Piratininga nho eram portanto 
nÃs, mas inimigos destes. 

Haus Staden que, por algum tempo, viveu entre os indios. 

da Capitania de S Vicente, pelos unos de 1553 e 1554, diz « 
seguinte a respeito dos Tapinikins: «Os portuguezes que 
moram têm por amiga wma nação brazileira que se chama 
Jkin, cujas terras so extondem pelo sertão a dentro, cerca do 80 
Teguas e ao longo do mar umas 40 leguas (9) Tão extenso do- 
minio attribuido pelo viajante allemão aos Tapinikins não 
sq compadeco com o que, trinta o tres annoa depois, Gas 
briel Soares attribuiu aos Guayanás no territorio da mesma Ca= 
pitania. Cumpre porém, notar que Staden fala cx auctoritete 
propria como testemunha presoncinl, no passo que o nuctor do 
Roteiro do Brazil guia-se por informações. 
Staden, de ordinario tão verdadeiro, dá nos Tapinikins o 
que Gabriel Sonros dá aos Guayanás, « necrescenta que aquellos 
tinbawm por inimigos do lado do sul os Carijós e do lado do 
norte os Tuppin-Imbds. 
Está verificado que o Tapinikin no é o mesmo que o 
Guayaná, Portanto, a ser verdadeira a opinino do autor do 
Roteiro, é preciso admittir que entre 155L o 1587, os Guavana- 
“es, vencedores dos Tupinikins, os expulsaram do territorio da 
apitamin de 8. Vicente, a despeito do serem estes indios ami 
go» e allindos dos Portugnezes, o se estabeleceram no mesmo 
territorio, tucto que a Historia absolutamente não confirma, 

Guayanás, cortamente que os havia na Capitania, não como 
senhores e ppa do seu litoral e dos sous eortões, mas 
como vencidos refugiados nas montanhas, 

Fallando delles, diz Hans Saden: «Na serra habita uma 
raça de gente selvagem que se chama Wayganná. (4) Estes 
mão têm habitações fixas como os ontros que moram deante é 
por detraz da Serra, Os mesmos Wangannas estão em guerra 
com todas as outras nações e quando apanham algum inimigo o 
devoram; os outros tambem fazem o mesmo com elles 
«Vão n procura da caça na sora, sho peritos para matar 































12) Nom. Táv. 1, mg: 110. 

184 Haus Biadoa Vcs e eaprlvelro entes cs solemssas do Brant, 

187 O autor aqui aoneica opinião que Já combatoa. Nac Nolas a Hans Sade (Vida, 
Ealeção Commemoratica do 4 Centenario do Dscobrimento do Erisl, convenaido Já 
da que 9 (uayaná não portonos ao ramo Eyph. 











— 163 — 


com q arco e habeis em outras cousas como em fazer laços e 
armadilhas, com que apanham caça,» (5), 

O Guayanh cu Waygana de Staden deixa crescer o caballo 
na cabeça é conserva 05 unhas compridas, é antropophago o 
mus cruel com os seus inimigos do que estes o sho pars com 
alle; por exemplo, corta-lhes os braços » pernas emquanto vivos 
pela grando Ei que o distingue, ao passo quo os ontros indios 
só despedaçam as suas vietimas dopois do mortas O Guayanã 
do Gabriel Sonres, é, ao contrario, um gentio inoffensivo 

A opinião de Stnden « aqui incontestavolmente de maior 

so 

ao vinjanto allemho fala de sciencia propria, Elle vivem 
muito tempo entre os Tamoyos ou Tupinambás como prisioneiro 
de gnerra, e teve conhecimênto diracto do gentio que descreve, 
Dando-nos noticia da região ocenpada pelos Tapinambis que o 
eaptivaram, os quaos tinham saas habitações em frente da grando 
NENE: aU fúnto AD star, 0ceupands abisda Mota, Parto 
dos seus mma porsão do valle do ACID, eis como o viajante 
Tocalisa o Wayganna ou Guayani: «Do lado do norta confinam. 
(os 'Pamoyos) como uma raça de selvagens que se chamam TFoet- 
laka (Guaytacã) e são seus inimigos; do ludo do sul chamam-se 
seus inimigos Zupin-Ikin, e do lado da terra a dentro seus ini- 
migos sho chamados Karaya, Depois vem os Wayganna, que 
moram na serra, perto deles, e mais uma raça que so chama 
Morkayé que habita entre estes. (6) 

Como se vê da citação, o Gunyana ficave encravado no tere 
ritorio dos 'Lamoyos ou Tupinambás, na grande serra, situada 
entre o mar e o vallo do Paralyba, 

Pareco averizuado que o Guayana, repellido do littoral, se 
mfagiára, da longa data, na Serra do Mar, e que ahi sa con- 
sorvou por muitos annos, fazendo suas incursões ao longo desta 
cordilhoira, orn para 0 lado do mar, or para o lado do sertão, 
surgindo aqui o ali, e sendo muitas vezes conhecido por nomes 
diversos, sezundo n região, nté, que a civilização crescento, de 
todo, o desalojou do seu esconderijo 

E assim que sé explica, segundo Vasconcellos, que os Ca- 
situados de Canauca par o sul, traziam guerras intestinas 
com Guayanis (7): que os indios entechisados pelos jesuítas nos 
campos de Piratinings podiam tomar em guerra um 























(8) Mame Staden—Sase viagons o osptivoiro ontro oe solvigans do Hradl--Varda- 
delem e curta narração do commervio o costumos dos Tupim-lmbar e, Caps TA, pas. 180, 
WBáleção Comimamorativay 

E8), Mane Stan, eins viazens o camiivelros untro ou sclvagens do Braall Cap, IV 
Jos: 121, (lição Commamorativa do 4 contanario) 

7 Bimão de Vasconcellos, Chronica da Companhia, lv. 1 & 68 pag. UV. 








— 164 — 


contrario Br que Caiuby pode adoptar por segunda mulher umã. 

wyanã das do matto, gua escrava tomada em guerra; que os 
am joyos de Ubatuba ou Tupinambás tintam por seos visinhos 
€ inimigos os Wayganna ou Guayanás, segundo Hans Stadem. 
E' ninda por esta eircumstancia geo ingles Antonio Knivet, 






Simão de Vasconcellos assignal ii 
pivito Santo, quando nos refere que Vasco Fernandes Coutinho 
ahi tovo apertadas guerras do uma parte com a nação dos Guaya- 
nás, e de outra com a de Topinaqués (10). 

O Guayana era, portanto, no primeiro seculo da conquista, 
assignalado de sul a norte, desde Santa Catharina até ás visi- 
nhanças do Espirito Santo (10-4), oceupando as mattas da Serra 
do Mar, mas sem ahi constituir dominio permansnts e continno 
em tão extenso territorio, pois que nessa serrunia se refugiavam 
outras tribus vencidas como 08 Puris, Maracayas, Papanás, repele 
lidos das praias do mar, 

O habitat do Guayanã, durante o primeiro seculo da con= 
quista, foi principalmente a cordilheira maritima, com as suas 
espessas mattas tropicaos, onde, ao par da segurança maior, en- 
contrava ello 0 moios do subsistencin mais abundantos, uma 
ver perdida a posse do mar. 

ae seá ugori—o Gunrand tão espalhado, e portanto, 
tão numeroso, teria desappurecido de todo, sem deixar vesti= 

ios? O Guaranã de que tratam as primeiras relações dos vin- 
Jantes « dos Padres da Companhia não teria deixado represen= 
tante algum entre as tribus selvsgens ninda existentes ou mais 
recentemente desappareeidas? 

E” bom provavel que o Quaynã não tenha de todo dessppa- 
recido como um typo ethuico, mas tão sómente como nome nã- 
cional. No segundo seculo da conquista, pelo menos, o repre- 

















(1) Simho de Vi 


ncollom, Chronica da Companhia, Lv. [, & 197 pag. 10, 
Antonto Ken 


—Sarração da visgom que nos amos do 1501 » soguintos far 
terra do Mar de Sal vm eompaabia de Thomas Cavendich. Mer 
ist. a Lost, BisL OL 4T, pre 154, 

onceltos. Chroujea, Liv. 1, g D% 

eontearam Guayanhe nO serino 








nhia, no vallo do Amamoas, 











— 165 — 


do Ea parece que existia ainda, se bom, que com 


“Eua, CM de nomes era cousa communissima naquelles tem- 
denominações das tribas selvagens nunca foram bem fi 
ou definidas. 
E relações de vigem da primeira Gpoca, us noticins e nar- 
ativas contemporaneas do primeiro povoamento do paiz sho de 
confusto desesperadora, omissas e contradictorias em se 
ndo desta materia. Os pormguezes, por exemplo, imitando 
tio de S, Vicecto, chamayam Tamoyos (Tembi-avo) nos 
do Rio de Janeiro, cujos dominios pela costa vinham até 
o da ilbn de S. Sebustião, Os francezes, porém, chamavam a 
mesmos indios Tupinambás ou Tupinambaoults, (11) que, 
nto, não era senão uma denominação generiea, porque 
= DR ros bo ronbontaivaim indico iria Déia spo Dia 
ranhão. 
Para uma mesma tribu bavis 
ps é honorificos que é como w tribu propriamente se appeli- 
va, nomes do afecto de amizade que y como a tratava, os 
e los e nomes pejorativos ou depoimentos 
“que eram dados pelos adversar Os indios do Rio de Janeiro, 
is. Thevet e Hans Staden, so chamavam tambor Tabaga- 
Orm, o nome Tabayara, o mesmo quo Tuba-yora, se 
rs senhor das aldéas ou o melhor o possuidor de povoa- 
ções, o que é dono de povoados. E! portanto, um nome 
a tetco que o selyngem escolheu para si mesmo. O nome 7a- 
E ESA é appellido ou nleunha amistosa, no pusso que o 
Ep it de Tupi) é simples 
tante do de raça ou de familia. 
Bastava ama tribu madar de logar, ou tão sómente ganhar 
Va perder a afeição ou estima dos seus visinhos para ser logo 
diferentemente. Os mesmos indios, individualmente, 
“gostavam de tomar outros nomes, trocar ou ajuntar appellidos 






























omo se sabe, nomes enfati- 








PR arnigio 
averiguado que até poco antes do fim do seculo XVI, 
nome Guagand era comum entre os colonos. As relações de 
m, as informações e correspondencins fazem menção delle. 
faz-se um silencio inexplicavol sobre essa raça selvagem. 
papeis publicos não mais sé lhs menciona o nome. Nas re- 
siri da Camara de S, Paulo, pedindo de castizar o atre- 
nto dos indios, enjos crimes se multiplicavam sem a devida 





= Mhevot e Lery. 
RE) SI, escroven Townijar, dizendo que sigulfca 
qu a og ilêsei e pa 


a LOG = 





| punição, não se citam sinão Tupis, 'Pupinikins, Tupindes, Tamoyos 
é Curijós, não so vê o nome Guayana. Teria osto enhido no 
olvido pelo aniquilamento do selvagem ou por simples trocn do 
nome ? 

O aniquilamento ou 1 expulsão para o intimo dos sertões | 
não pode ter sido total. Rofugiado nas suas mattas sobre a serra, 
oceupando posições quusi inexpugnaveis, e que ainda ly no | 
meio de povoados, guardam o seu aspecto de sortão, o Guayanh 
podia resistir indefinidamente, e receber o influxo do homem ci- 
vilizado em muito menor intensidade do que as tribus mais fortes 
e aguorridas que o haviam dosalojado das praias do mar. 

O Tupininkim e oTamoyo terisza sem duvida desapparecido, 
ow perdido sua individualidade no meio da corrente eivilizadora 
antes que o Guayana, menos aguerrido porém mais bronco, ti= 
vesse cedido às seducções do branco invasor ou no arrojo das ban- 
deiras ençadoras do escravos. 

Tudo faz exer que o Guayanh, no alto das suas montanhas, 
no centro das suas mattas, resistiu por mais tempo, conserçou= 
se melhor, « muis lentamente foi recuando para os sertões, 

N'esse interim, porem, perdeu o nome primitivo o passou a 
ser designado por outro appellido, (19) 

Os Meramimis ou Guaramimis, allitão proximos de 8, Vi- 
cente, indios do que as relações primitivas não fazem menção, 
sinão depois de meio seculo da conquista não serão por ventura 
os mesmos Guayanãs tão cedo olvidados nas chronicas e nurra- 
tivas dos viajantes? Não formariam elles uma das tribus da 
nação Guayana? 

Vejamos quem são os Maramomis e como os descreveu Vas- 
concellos, (14) ao tratar dos selvagens Tapuyas: «Falun (os 
Tapuyas ) diversas linguns é andam pelos campos, brenhas e sere 
ras como à bandos à maneira de animes silvest; Entro estes 
ba uma nação a que chamam Maramomis, que habitam especial- 
mente a Capitauia de 8. Vicente e se extendem por uma parte 
200 legnas pelo sertão « para outra chegam é Capitania do Es- 
pirito Santo, quasi outro tanto. “Têm lingua facil de aprender, 
nos que sabem a geral da torra; andam nús, como todos ou ou 
tros, tem suas aldêns e voçarias de legumes, milho, aboboras, 
mandioca, posto que desta curam menos, presam-se de não cos 
mer carne humana, tendo nos que a comem por mãos ; nho furam 
os beiços e commumente tém uma só mulher. Foram sempre 




















a, Savino do Abrea. pane que vs Curvndos de bojo são os representantes dos 
(14) Simão do Vasconcellos, Vida do Anchieta, Liv. UK, Cap. LX, pag 164. 


| sd 
















= 167 — 


ozes, chamam-se sens tes; é a ax) 

pe matalos q seu ger fazom ; es 
ia gente de criações, porque tem segura em sous arcos 
do mato, ainda a mais sugar e ligeira e vem a ser esta 
dificuldade de sua conversão o andar sempre pelos mattos 
“caçadores do que bão de comer. » 
“Outro biographo de Anchieta, o Padre Pero Rodrigues, tra- 

do pato Muramimi ou Maramomi diz que este «era vi- 
da ioga na costa entre 5, Sebastião o S, Vicente, 
lingua era diferente da geral de toda a costa, Anchiata 

Ei della fez arte e cathecismo para o ensino desses 


» 
Abi temos o Maramimi oceupando uma extensão territorial 
de e na mesma região como a que se attribuira ao 
ani; com lingua diferente da geral, mas facil de aprender 
já sobem esta, lingua de que Anchieta fez Azte e Ca 
cimo. Ahi temos o Maremimi com n mansidio e costumes 
Gabriel Sonres attribue ao Guayanã, inimigo de came hu- 
É e sempre aliado dos portuguezes. 
 Vesificuse portanto que o Gusyanã do autor do Roteiro do 
Brasil tem o mesmo esraeter e modo de vida que o Maramimi 
biographos do Ancbista; oceupa a mesma região montanho- 
o Guayand (Waygannd) de Mans Stadem, diferindo desto 
apanto, À amtropophngia. O Maramimi não é canibul. O 
de Staden o é e erudelissimo, cortando os membros de 
imas antes de us matar, 


detras dos Tamoyos de Ubatuba, tenha descido um pouco 
para o sul, aproximando-se dos Tupinikins ou melhor dos 
guezes de 8, Vicente, seus amigos e nllindos « se tenham 

nas mattas dn mesma Serra, no trecho comprebendido 







Padre Pero Rodrigues, Vilds de Anchieta, Manuscripto de 1007, da Dibllotheca 





| 





= 88) — 


entra a Bertioga e 8. Sebastião, onde, mais tarde, 08 foi cathe- 
cuisar o Padre José de Anchieta, sendo então conhecidos por 
Maraminmis (18) Guaramomis ou mais provavelmente C 

mis (Guay-a-momê) que significa — aquelle que é opprimido, o 
humilde, o abatido, tratameno decerto dado pelos sens protectos 
vos ou polos seus contrarios, o perdendo o antigo nomo 
cnã, 6 parente, que lhe cra dado pelos que lhe entendiam um 
pouco a lingua, a qual, comquanto difisrente da geral, era en- 
tendida pelos Carijós como o refere Gabriel Sonves, e fucilmen- 
te aprendida pelos que sabiam esta, como nolo diz o ehronista 
da Companhia de Jesus. 

Terminando, chego às seguintes conclusões que se me afi- 
guram provaveis 1.º que os Guayanas do tempo da conquista 
oceupavam grando extensão de territorio, ainda que com sola 
ções do continuidade, ao longo da Sorra do Mar, desde Santa 
Catharina até o Espirito Santo; 2.º que os Tamoyos, 'Dapini- 
kins e Carijós oceupavam, no lndo delles, o territorio littoral, 
deixando comtudo alguma aberta er onde os mesmos Gunyanhs, 
que nanea se opartavam muito do mar, chegavam até esta, 
como em Angra dos Reis e Paraty; 3.º que os Guayanãs, oceu- 
pando as montanhas, visinhas dos campos, tinham cabildas nes- 
tes, razão porque se os podia distinguir em sunyana do mato o 
Guayanhs do campo; 4.º que dos Guayanãa da Serra, visinhos dos 
Tomuyos de Ubatuba procediam decerto as cabildas selvagens 
que vieram babitar nas proximidades dn Bertioga, conhecidas 
pelo nome do Maramomés ou melhor Guayamomés; 5.º finalmen- 
que a lingua dos Guayamomés não era do ramo tupi, mas conti- 
nha elementos delle assimilados que, de algum modo, a torna- 
vam comprehensivel aos que sabiam a lingua geral, 

Depois disto, somos ninda levados a concluir que o gentio 
dominador noscampos de Piratininga não era da nação Gusyaná; 
que Tibiriçá, Caiuby e os da sua tribu não eram dessa nação, 
mas daquela de que uma parte se rebelou em 1502, atacando 
8, Paulo, à tando Fer cabeças os parentes dos que tinham 
manecido fiois aos Padres, nação tupi como eram os Tupinikins os 
Tamoyos e os Carijós; que o gentio dominador tanto no litoral 
da capitania como no seu sertão erada raça tupi, do cuja line 
gua procede quasi todo o vocabulario geographico paulista; que 
da lingua gunyaná que era tupi, como o declararam os escripto- 
res e chronistas da Companhia de Jesus, nada se conhece hoje, 
nem della ficou vestigio nas denominações dos logares e, fnal- 
































VB) Maramomi é corranção de Myramiomi, do 


Myra — gente, povo ; mome 08 mimi 
muvadigo, andrJo, FeVOINCIONAdO, NOMAGA ; MeIe- MEM! MEnINCA 45 


pertado, opyrinido. 


«il 






— 169 — 


mistiça, a dos memelucos, donde subiram os 
parade sertão, não era do sam, 


onde 


pequeno no numero, mus le no beroismo, 
TE Tropical, em quasi metade do continente do 
ndamentos de uma nacionalidade nova, 


“Paulo, 15 de Julho de 1908, 








Homens e aspectos 





EL JOAQUIM QUIRINO DOS SANTOS 
I 


O amigo, a quem pedi que me envinsse notas biographicas 
do anudoso coronel Jouquim Quirino, disse-me, dias depois do 
meu pedido, pouco mais ou menos o seguinte: 

Joasutus Quisino dis Bantie. oásira nONia: nógua a FoPRDA 
cidnde de Campinas, em 15 da Maio do 1820 e aqui morrem em 
28 de do Fovatoiro do 1889. Ardou, pois, sessenta aunos o lu- 
me daquella preciosa existencia. Era filho do mrjar Joaquim. 
Quirino dos Santos e de sun primeira esposa, a exma. sim. do 
Mnnoela Jonquina de Oliveira. Não nasceu rico e morreu pai- 
perrimo. Entre 0 berço « o tumulo, porém, abriwse-lhe mm largo 
periado do franca prosperidade e até de relativa opulencia, Foi, 
Ee muitos nunos, commercinnte feliz a praça, em segui 
avrador abastado neste uberrimo municipio, capitalista e, final= 
mento commissario em Santos, Troin-o à Fortuna fallaz à ulti— 
ma hora, quasi pelas costas, porque quando o empobreceu, já 
ello estava com um pé na sepultara, a despedir-so deste mundo, 
Militou em politica, activamente, como todos ou quasi todos os 
prulistas da sua Gpocha, de discussão o pleito. Pertenceu sompre 
no partido conservador, do qual chegou a ser, por unanimo ae- 
clamação dos amigos e dos contrarios, um dos proceres conspi= 
euos. Os seus correligionarios confinramhe, em duas ou tres 
situações, n delegnein de policin, e, na guarda nacional, subiu, 
do premoção em promoção, em 1 de Março do 1878, no posa 
culminante de commandante superior dos aguercidos batalhões 
e esquadrões da cavalaria, da infantaria e da artilheria da co 
marea. Em 1 de Agosto da 1872, a munificencia imperial, re- 
compensando relevantes serviços à cansa publica, tinha-lhe pen- 
durado no peito n venera da luzida ordem da Rosa, 

Rezam ebronicas antigas que, annos depois, quasi foi bnrão, 

Do rosto (acerescentou o meu amigo entre dois cumprimen- 
tos trivines disfarçados o perfumados por duas phraso gentis) 
do resto, você é tão sabedor como eu. 






















Nunca me cheguei muito no coronel Joaquim Qui 
quem aliás mon Poe (meu Pae nunca so esquecou do 
Abe fizeram) me fullavo, quasi todos os dias, com muita 
e gratidão sincera, Quando pela primeira vez nos vimos, 
um homem e eu uma creança Mais tarde, ao reponta- 
os primeiros, tenues fios de bigode negro, o delle era já 
te branco na faca gorda o purpurina, mas enrugada, 
e moços do mom tempo inm frequentemente, em plena libor— 
conversar e rir, almoçar e jantar áquella conhecida casa da 
eommercio, cxsu de solteirho jovial e generoso, cujas portas 

n vam pela madrugada o só À noite se fechavam. Tam- 
vivi (um dos mais doces annos da minha vida) nesse quicto 
árho, quo fica entre a rua do Caracol e a do Barreto Le- 
fiel e inolvidavel socio dos brinquedos da minha infan- 
das slegrins da minha mocidade, o André Couto (que ti- 

a pharmacia em frente da minha morada) muitas vezes ins— 

| comigo para irmos juntos almoçar ou jantar, conversar o 
meza farta e hospedeira do nosso vizinho, Recusei, syste- 
mente, o convite. Tinha fmmensa vontade de ir, porque, 
“do mais, o André à os ontros me diziam maravilias da 
ricia do cozinheiro e, principalmente, da qualidade dos vinhos, 
eram dos mais puros a saborosos que então se rexetiam 
ortugal o da Traça para o Brazil. Mas, quem quizesso 

o goso di instalar difinitivamento na intimidade do 
primeiro tinha do fechar os olhos e avançar depois, 
dlução e comgem, atravéz de uma verdedeira butega de 
de linguagem, que não magonvam, porque eram de 
innocentissimas, mas que, em todo caso, não attrainm, 
m attrair os timidos como cu, é sou ainda que nem siquer 
banhos feios consegui hnbitume-me. Ainda não lhe pude poe 
O terror, que me incutem antes, pelo bem que mo sabem 
lepois. À minha timidez, portanto, venceu a mi— 
deliberação, como no Hamlet; e eu mudei-me do Campinas 
8, Paulo, é o coronel Quitino mudou-se de Campinas para 
o paiz mysterioso donde um viajor siquer ha rogressado 
nos approximarmos. Eu passava (habitualmente do outro 

da rua) 6 comprimentava-o, com grande respeito, Elle da 
“correspondia, com egual delicadeza. Além disto, con- 
recordação de termos estado na mesma roda, nlgumas ve- 
em tardes calmosas de verão, no largo da Matriz 
ha, á porta do Mornes, e lembro-me de que, um dia, uma 
ba de domingo rumuroso é alegre, elles nos apanhou 































o. 


pm 


— 179 — 


na run Direita, a mim e no Leopoldo, e nos levou de pnsseio, 
no seu luxuoso Landau descoberto, pelos campos longiquos, 
beira do mato humido de orvalho, sob o seu vasto « claro, 
Nada mai 

Todavi 





v coronel Joaquim Quirino dos Santos nunca dei- 
xou de ser uma das minhas mais forvorosws e queridas sympa- 
th 8.0 seu nome é o que de preferencia costumo invocar, & 
à bistoria da sua vida é à que mais me apras contar quando, 
entro gentes de outras terras, preciso pôr em realce bem vivos 
bem nitido e bem forte us excelentes virtudes cívicas da gente 
da minha terra. 








a 


Eis aqui, em resumo e com algum methodo, o que em pro- 
lixa e amotinadamente conto nos que me ouvem, fingindo que. 
aã5 percebo o doreito do remota o leva nocibéria. comi GNiGaN 
acolhem e acompanham a ingenua exuberancia do meu derru= 
mado enthusinsmo de campineiro. 

Em primeiro logar digo (e, insensivolmente, repito com em- 
phase um conceito commum) aquilo que o coronel Jonquim Qui- 
vino dos Santos foi, a si mesmo e a si só o deveu. Sem pas era 
lnvrudor, e remediado; mas, como tivesse muitos filhos e não 
lhe fosse possivel assegurar ua layoura o futuro de todos, des- 
tinou alguns no commercio. Ora, os senhores sabem que por via 
de regra, no commercio, os vadios, os estupidos e até os desa- 
nimados não enriquecem. No commercio, não é hoje, 8 nunca O 
foi, como era na lavoura, antigamente, Antigamente, na lavou 
ra, para que om homem (om uma mulher) um moço (ou uma v6- 
lha) enriquecesse, era necessario sómente que o negro tral 
lhasse e a torra produzisse. E unda mais certo, é mais fneil, do 
que o trabalho do negro a a produeção da terra: se o negro 
não trabalhasse espontaneamente, como lhe cumpris, o chicote 
do feitor attento obrigava-o a trabalhar, retalhando-lhe as car 
nes; quanto à terra, Campinas ninda é, para muitos entendidos, 
o torrão privilegindo desta zona privileginda de S. Paulo, a mais 
prodigioaa e infatigavelmento fertil desto vasto o fortilissimo. 

razil. O lavrador, por conseguinte, podia baloiçar-se e dormir 
tranquilo na molls rêde, suspensa á sombra mena da varanda: 
que por wm mysterio, ainda não desvendado, da sabedoria divi= 
na, infinitamente justa, lá fóra, no embrazcamento inclemente 
do sol dos tropicos, o suor sanguineo e abundante dos escravos 
era como réga abençoada tombando, de instante a instante nos 
sulcos fofos que, dia u din as ensadas iam rasgando nas mattas 
virgens derrubadas, 








«sd 











.*e 
is (contimio ), ainda não conhoei maior nem melhor co- 

os menos, ainda não mo trouxeram noticia do ninguem 
iosamente dudivoso, Dar em mais do que 
, era uma necessidade, uma exigência da sua 
Dava a parentes e a oxtranhos, nos que lhe pediam 
aos que não Ih'o pediam, pessoal e collectivamonto, 
as, como manda o Evangelho, ou ás claras, com alarde, 







E epidemia do bixigas. Quem pódo retirar-sa retiron-so im- 
te, para as farondas dos arrodores. Os pobres ficaram. 
vento frio é constante (em no inverno) tremulavum aqui o 
inistramente, sobre as calçadas desertas, bandeirinhas de pan- 
to e branco. ( Funha-so bandeirinhas ás portws das cam 
“o mal tinha invadido, As do panno branco indicavam 
mansas e as de panno preto bexigas bravas). Os me- 
n poucos, faltavam enfermeiros e os remedios que a mu— 
de comprava, não ebegavam para os doentes que oram 
O coronel Jonquim Quirino, que tinha ficado ma cida- 
os pobres, abriu um hospital à sua custa é levou para 
miseraveis, cujas carnes apodrecidas calm nos pedaços, no 
ono o 4 mingou. Despendeu em poncos dias mais do vinte 
3 mais do duzentos AD 
Outra ves (como a memoria me vai auxiliando!) pouco 
“a morte de Jonquim Corrêa de Mello (o Joaquinzinho da 
Tundon-se em Campinas uma associação (dr. Barata d 
eujo fim em perpotunr a memoria veneranda daquello 
odesto, mas ilustre sabio brazileiro, ao menos entre campinciros 
im de cumprir 0 seu patriotico destino, a associação edificaria, 
praça, tm predio escolar, gravaria, no topo da porta da 
em letiras de ouro, o nome fistejado do oparoso sabio, 
in ali, por toda a eternidade, uma escola para meninos 
Erguen-so O predio, gravan=se 0 nome, abrin-so à 
cola, mas ao cabo de alguns mezes (sl 0 dr. Barata fosso rico 
ho er patriota! *,,,) 0 dinhoiro csenssenva para se pagarem 
ores contratados. Jonquim Quirino, que felizmente era 
etor associação, Pa logo que nho se nborreces- 
eompanheiros, nem encommodassem, porque elle sosinho 
aria à escola. Si bom o disse, melhor o fez, emquanto 































o 









— 174 — 


Rovolvam-so os archivos omposivados do Culto Sei 
da Santa Casa de Misericordia, das outras instituições pias de. 
Campinas, nacionaes e extrangei Lá se nebará o sem n 
entre os dos maiores bemfeitoros dy todas. 4 
“Tinha sobrinhos e sobrinhas ás dezenas, orphams de p 
Ainda vivem. Perguntem-lhes se houve nunca pae mais ax 
e carinhoso! 3 
Percorram-se os mais afústados e humildes buirros da cida. 
de, e à porta das mais arruinadas choupanas, olhem-so para o 
chão! Lú se verá ninda o vestígio quasi apagado das pegadas 
do bondoso coronel, enja esmola munca faltou sos mecessil * 
T os loilves do prendas em benoficio dos bospitaes o das. 
escolas, loilões que, outrora, na minha terem, so roalizavam, um 
por mez, sem exaggcração?!, Si não existisse o coronel Joa- 
quim Quirino e si elle não gastasse, como gastava, contos e cone 
tos de réis om enda um, com certeza nho se realizariam dois, 
do cinco em cinco annos!* Os famosos leilões de prendas cam- 
pineiros não foi elle quem os inventou, mas é certo que quem os 
inventou, inventou-os para elle, para sua inexgotavel caridade ! 
Podem replicar os senhores (dirijo-me aos extranhos, que me 
escutam sorrindo ) que 0 malhor dos homens não é o que mais dá, 
Aqui estamos nús, sem o esperirimos a pique do nos enre- 
darmos, lastimavelmente, na basta é complicadissima tessitura 
do um dos mais remontados e ponderosos problemas de Moral 
Social. Mas ou rompo-a o vou por dente, Noto somente, 
emquanto posso. que o antipoda de um coronel Joaquim Quirino 
sena um usurario: um animal inferior e repugnante. No N 
é exacto, largo espaço so rsgaria para o homem equilibrado o 
economico: mas, a economia, que é uma qualidade pessoal de 
primeira ordem, «e na collectividade uma força utellissima, nho 
me commove. E 





















Proseguindo : 
Eu não quero dizer que o coronel Joaquim Quirino dos 
Santos foi simplesmente uma alma em extremo caridosa, o mi 
to longe de mim a idéa mesquinha de o confundir com um des 
ses bonncheirões simplovios, que o povo explom, às vezes ada 
In, mas, afinal, despreza. Não. O coroncl soube ser tambem 
cidudho e patriota. Dava tios de dinheiro aos pobres, mas não 
se esquecia de muxiliar, sem pôr direetumente as vistas no um 
ero provavel, os grandes commettimentos de que dependiam o 
progresso e o bem-estar dos seus patrícios, mormento os dos que 
tinham nascido na mesma cidade em que elle nasceu, Foi um 
dos fundadores do theatro de 5, Carlos e da Companhia do Gaz, 








| 
| 
| 





= AS — 





tomou grando numero de seções da Companhia de Aguas à Ex- 

e ompregou muitos enpitaos na Mogyana, quando ainda 
mem sonhar so podia com o ospantoso desenvolvimento que, no 
eorrer dos tempos, veia a ter essa foliz o poderosa empresa do 
ias. férreas; quando os ultimos cafezaes da provincia eram os 
de Mogy-mirim: quando Casa Branca (alli mesmo, uma rapida 
sisgem de recreio) vra um sertão temeroso « invio, densas do 
estas povoadas de animaes bravios e campos extensos cheios do 
emas ariscas. 

Bonacheirão, o coronel! 

Simplorio, Joaquim Quirino! 

Mas, para eu tal suppõe, seria necessario que o não tives 
conhecido, que não soubesse que sangue lhe corria pelas velas, 
ou que delle nem siquer tivesse ouvido Enllnr, 

Seu pao foi o velho major Quirino, que é como quem diz 
um homem às direitos, de antes quebrar que torcer, paulista 
inteiriço, typo completo s genuino da severa lealdade dos ya 
mães de outras éras. Teste filho, de que lhes falo, era capitão 
do um esquadrão do cavalaria, que cello commandava, e, um 
dia, por molestia não participada, ou por esquecimento, ou pro- 
a ante, Faltou a uma revista, O pas, iunado com y 

ta, a seus olhos do redobrada gravidade, porque era com 
metida por um filho, ordenou que o procurassem pela cidade, 
que o prendessem e quo o recolhessem preso no quartel, por 
oito dias, Apesar de todos os pedidos e empenhos, a prisão se 
effoctnou, pelo tempo determinado, horn n hora. 

Talvez não lhes sejam desconhecidos os nomes dos drs, 
João Quirino do Nascimento e Prancisco (Quirino dos Santos: 
dois formosissimos talentos, dois advogados eminentes, dois pros 
sadores correctissimos, dois poetas inspirados. O primeiro nho 
o eheguei a conhecer bem. Voltando 04 olhos do espirito para 
as recordações quasi extinctas da minha primcira meninice, di- 
viso apenas, vagamente, passando fugas, o perfil loiro « suave 
de mm moço osbolto e femuzino, paldo, como um tnhareuloso 

er, a vojo, numa canevonda manhan do outono, uma terça- 

úra, 86 não mo cegano, toda uma população, vestida do preto, 
esminhando devagar atrás de um caixão, que ia para o cemit 
Fio. Choravam nus torres os sinos de tadas ns egrejas, o mui 
Sos dos que enminhavam atrás do caixão, vestidos de preto, 
ehoravnm tambem. O segundo conhecio muito, porque foi 
meu mestro e meu amigo intimo. Morreu ha treze annos, nes 
tá capital, mas ainda agora, quando lhe ouço 0 nome, é como 
o vidsso do volta do sou entarro e mao estivomsom gomendo aos 
ouvidos, agitadas pelos grandes ventos do alto, as casuarinas la- 









































— W6 — 


mentosas do campo-santo da Consolação, Tambem tinha o cor 
y debil e a fuce meiga o ta dolenta do Filho da Escrava. 
aiba-se, porém, que eram dois leões estes dois irmãos do coro- 
nel Joaquim Quirino: dois caracteros de aço, dois Iuctadores in- 
trépidos, temerarios. Assim se esconde, sob o velludo finissimo 
e macio dos estojos de luxo, a lamina, que não verga, dos pu- 
mhaes de Toledo, 
Já lhes disse que, om duas ou tres situações, os corroligio- 
marios do nosso homem lhe confiaram a delagacia de policia, 
Vou dizer-lhes agora, bravemento, que espécie de delegado elle 
Foi, sem duvida alguma, a mais activa, a mais energica, a 
justiceira, a melhor auctoridade, emfim, que nunca em Cam- 
pinas empunhou a vara symbolica. Antes delle, Campinas era, 
com ponca diferença, o que era Botucatú, quando a voz potente 
do actual senador faderal, dr. Manoel de Moraes Barros trove- 
jm indignações republicanas no recinto monarchico da assem- 
léa legislativa da provincia, contraa prepotencia apadrinhada do 
famigerado Tito Corrêa de Mello. Havia em cada esquina, um 
Jupanar barnto, donde ú noite, à luz impudente dos Inmpeõos 
vermelhos das calos os Lais despejados se debruçavam quasi 
núus, para os burguezes honestos o paentos, que passavam já 
suficientemente codilhados no voltarete do Teixeira. Elle, se 
não extinguiu, modarou o vicio ntrevido, Jogava-se desbraga- 
damento nos bilhares, nos hoteis, em casas particulares. Derre- 
tinm-se fortunas e fortunas, ao calor das velas, sobre o pano 
verda das mesas da batota. Elle acabou com o jogo, positiva. 
mente acabou, movendo lhe tenaz perseguição, dentro e fóra da 
lei, invadindo bilhares, hoteis, destruindo rolotas, baralho o mo- 
bilias, dando assaltos inesperados a muitas casas particulares 
(algumas de amigos intimos) o prendendo os jogadores, fossem 
elles lá quem fossem. Annos depois do elle ter axercido a de- 
legacia, ninda não so jogavam, em Campinas, jogos prahil 
Além disto, perturbavo-se todas as noites o socego das ruas, ns 
ealtavamese e ferinm-se os transeuntes inermes—e tudo impune- 
mente.  Divinse baixinho que oram pessoas das melhores fami- 
Mas 08 mais sanhudos valentõos, os mais teimosos desordeiros— 
e tudo se esquecia, Mas, para aquelle rude plebeu, que o traba- 
Mo ennobrecera, a lei era egual para todos, é, ao esforço perseyo- 
rante da ema actividade, da sua energia e da sua justiça, à ordem 
se estabeleceu a Campinas se civilizou, de uma voz pará sempre! 
Realizava-so, uma noite, um assento, pelo qual se uniam 
duas das muis distinctas familias cnmpineiras, e assistiam á 
solemnidade, correctamente vostidos de enssen, gravata q Jum 
vas brancas, dois rapazes, irmhos da noiva gentil, que est 












































— NM — 






por erime Eb que tentativa de 


naquella casa, pavorosamente 
estabelecido o Banco Mercantil de Santos e na 
de Menezes foi assassinado, rua do Bom Jesus, 
do Rosario. O coronel Quirino, que sempre 
s,e á sun custa, diligentissimos nuxilinres, nho 
em saber que 08 criminosos viriam À festa, como aliás, 
dins antes, se annunciara, com tal ou qual provocação, 
immediatamento á cadêa, saiu com todas as praças do des- 
nto e, minutos depois, estava o quarteirão rigorosamente 
o dentro, na essa em que as auspiciosas bodas se 
o baile deslumbranto batlait son , attingia o som 
o explendor c n sun mais irradiante animação, Subita- 
mo silencio momentaneo de um intervallo de quadrilha, 
no corredor primas estrepitosas e pausadas : 
* —Quem será? .. 
Era o coronel Quirino. 
 —Ob, coronel, quanto gosto e quanta honra! Queira fnzer 
“o favor de entrar. Venha tomar comnosco mma taça de chompagne. 
 —Nião entro, nem vim beber. O que eu quero, em 
tias palavras, é arrancar dabi para a cadea os criminosos, que 
“ahi estão, dançando e folgando, com grave escandalo ds lei, 
O —Prá eadon?! 
A noticia caiu o estalou como um raio no salão iluminado, 
Os homens protestaram, apopleticos; senhoras decotadas des- 
“maiavam; as creanças, de susto, rompiam num longo chõro lan- 






















Certo tenente-coronel, que es no Paraguay e, em tempo, 
“com bravurm notorin, cominandara a brigada policial da Córte, 
“deu dois passos á frente e, empertigado, marcialmente, objectou 
 —Mas, além de ser um desrespeito ús senhoras e cavalh 

“ro8 que aqui se reuniram hoje em festa de familia, é um gran- 

disaforo. Deixo primeiro terminar o baile e depois... 

E, depois, o coronel Jouquim Quirino do corredor para a 
com a maior plncidoz, como si aquillo não fosse com elle: 









temente, o tenente-coronel deu dois passos á retagunr= 
entre os grupos i 





e bambeando o peito amplo, vo qual treminm duns ou 
svorações de guerra. 
“Senhoras nterradas e donzellas lacrimosas intervicram, sup- 


Bi 


licos; mas, O coronel permaneceu inabalavel, como um rochedo, 

ita então Juan Rep dio (0º fofaro: marqui de Eri Ra 
e, sob sua palavra do bonça, prometteu que, dentro de meia 
hora, os eximinosos seriam entregues á anctoridade, á porta da 
prisão. O coronel Quixino levantou à cerco e retiron-se com as 
praças do destacamento, Meia hora depois, minto a minuto, 
contados em relogio, as pesadas portas do carcere bumido e som- 
brio rangiam nos gonzos e fechavam-se sobre os dois criminosos, 
correctamente vestidos da ensacn, gravata e luvas brancas, 

—Ordinario | Canalha! Safado ! 

Que é isto? Eram os presos que, segundo a regra, em grita 
desenfreinda protestavam contra aquela INQUALIMICAVEL VIO= 
LESCIA, 

O coronol Quirino que, de ratirada, já ia om meio largo da 
Matriz (mais ou menos nas altaras do cartorio do Juca de Pontes) 
dá serenamente meia volta à direita, toma a entrar na cadêa, 
toma a subir as escadas, torna a abrir as portas da prisão e, 
fronto à fronto com os prosos cneasneados é posscssos, sercna- 
mento recomenda ao Brito, enregroir 

— Si este barulho continuar, desça-os para a enxovia, lá 
onde estão os Dutras. 

(Os Datras eram uns facinoras celebres que por muitos mezes. 
andaram foragidos é que, na vespera, tinam sido apanhados 
numa matta proxima á cidade). 

—B si, dinda assim, não cs aquietarem, ponha-lhes os pulsos 
é os pés no vira-mundo, 

—No vira-mundo ? ! 

—No vira-mundo: porque não ? 

Foi como agua fria na forvura. Dormiram a somno solto, 
toda a noite, os dois prosos revoltados, os seus companheiros do 
prisão, é os visinhos da cadêa. 

Lá para deante, pela calada da noite, quem por acaso esti- 
vesse necordado só ouveria, de vez em quindo, o brado do alerta, 
tremulo e prolongado, da sentinella fatigada e aborrecida, , 


ur 











Os deveres do seu cargo obrigaram-no, uma tarde, a ir á 
estação da Paulista com a sua ordenança, que era um caboclo 
alto, espadudo e reforçado. Sonva a hora tumultuosa da che- 
gada e da partida dos trens, Muito movimento na platafórma. 
Homens, mulheres e ercanças eruzavam-se, encontravam-se, 
ncotovellavam-se na enorme confusão. Carregadores suados 
cortavam o espaço cimentado, em todos os sentidos, com malas 






= 179 — 





Bodavam por entre o povo, com dificuldade, as 
de bagagens e encommendas. De repente, um grito 
» saido tempo de mil boceas, atrõa os ares e, num 
y mpacta multidão primeiro se biparte e depois 
a dispersar-so allucinada, tu o pelos wagons, sal- 
para a linha, precipitando-se cégamente para o saguão, 

ra ns sulas de espera, para o botequim e part o largo! 

Um soldado, um eabo de cavallntia de um regimento, que 
destacado em Campinas, dava então o seu hygienico 
vespertino e lembrarase de entrar pela estação, à galope, 
escurraçar aquelle povo u golpes de espuda o a pauta de 


É — Sain-lho cara e lembrança A ordenança do coronel Qui- 
19 atirou-se valentemente its redeas do cavallo disparado, do- 
o, arrancou do selim o cabo embriagado e, cumprindo á 
as ordens que recobia, alli mesmo, no logar do delicto, em 
do povo ainda pallido, de smeto, pôr-lhe os ossos num feixe 
o seu honesto sabre de policia | 
ou cinco dins depois, Campinas, ao que dixinm os 
teria de festejar o baronnto do coronel Jonquim Quirino 



















E elle, naquela sua voz arrastada dos ultimos annos, mas 







ur + 
— Que os...lnmben! Nem que eu estivesse a sernomendo 


o Tinha de apanhar! 
beim interrompam, senhores! Eu sei o que mo vão 


— Ha uma coisa sagrada, n que nas sociedades civilizadas 








— 180 — 


se costuma dar o nome de Lei, e da qual esse coronel, que você 
tão onthusiasticamence louva, não era um escrupuloso o! q 

Perfeitamente de accôrdo, Entretanto, perdemos o tempo 
da interrupção, porque eu tambem não me detenho a discutir 
questões politicas, ., A lei, a Jei! Sublime palavra e idéa mais 
sublime ainda! Mas, já antes de Cesar, isto não era paradoxal : 
ás vezes, é preciso sacrificar a lei para salvar a lei, 

e 

O que lhes posso garantir é que não sei de ninguem que, 
sem o desejar, se tenha feito alvo, numa cidade, de tanta e tão 
firmo veneração, Sem o desejar, e até trabalhando pelo contras 
rio... Porque, o coronel Quirino, fandamentalmente um santo, 
era na apparencia um antipathico, um violento, um aggressivo 

Como elle se divertia no entrado! Como parecia grosseiro 
e brutal! 

Começava um mez, pelo menos, antes dos tres dias dn lei: 
«, “quanto nós outros cá em cims, na rua Direita e no largo 
do Rosario, nos molhavamos, ou molhavamos as moças das ja- 
nellas, e us que passavam, com delicadissimas Inranjinhas de 
eéra amarella transparente, cheias de agua cheirosa, elle, na rua 
do Commercio, mergulhava as amas infelizes vietimas numa 
immensa tina a transbordar de agua chilra do poço, ou punha-as 
a escorrer, ensopadas como pintos, a grossos e pesados jactos de 
uma bomba de extinguir incendios! Fôsss quem fósse; de uma 
ou de outra maneira, tinha de tomar o desagradabilissimo banho, 
Nem o dr. Ricardo escapava ! 

(O dr. Hicardo, aquelle medico, muito alto e muito magro é 
muito exquisito, de grande saber em therapeutica e vastissima 
elinica. Brazileiro naturalizado, teve posição eminente na poli- 
tica da Provincia. Foi, ba muitos annos, presidente da assem- 
bléa provincial). Esse, si recebia em dia de entrudo algum 
chamado 4 que não podia deixar de acudir, vinha de casa até 
4 esquina do major Azevedo e, depois, resguardando com a al- 
tissima golla da longa sobrecasnea preta or setenta juneiros fra- 
geis, quebrava a esquina e passava polo largo da Matriz Velha: 

—Não se póde passar pela rua do Commercio, sr. Bento 
Quirino... Sinhá corronel ndo quer, dizia elle, escondendo sob 
um amavel sorriso de resignado ancião irlandoz, consoryador € 
catholico, a sua ironia nguda « penetrante de feniano sempre 
joven e sempre rebelde. 

Que seenas as dos leilões de prendas! Numa ocensião (era 
na epocha em que o enfé a seis mil réis por arroba fez as maio- 
res fortunas da provincia; e o Club Semanal, como sempre em 


































281 


daquella natureza, itava do cavalheiros, senhoras é 
Roberto 





mais fina talçioad O aim 
ERR Ea uni fa a o açantnhos do see 
cr enprichosamento lados a fios de ouro pela 


de um ilustre titular, e oxclama com 4 sua voz 
1 e vibrante de leiloeiro nato; 






















—  Honve un momento de silencio, em que o uim Rober- 
1 1 para os assistentes, especinlmente para d. Flavia, des- 
' e, ao mesmo tempo, como que « implorar perdão de 
“ter entre os sous dedos aquelle preciosissimo objecto. 
—Quanto 2... 
Houve outro momento de silencio, em que o Joaquim Ro- 
erto continuou a sorrir, nn mesma attitude. 

—Cem mil réis, brada do meio da sala o sr. Lucio Fagun- 
a, mas para serom oflerecidos — esses mimosos sapatinhos de 
— ao meu respeitavel tio, o sr. major Manoel Fagundes, 


me neba presenta. 

A familia Fagundos, que tambem era da sociedade fina, os- 
ligada, por laços de amizado intima, & familia de d. Fla- 
eo sr. major Manel Fagundes, a quem o seu sobrinho Lu- 

te ra o par de sapatinhos côr de rosa, era um velho 

— voceiro, muito alto e muito corpulonto, que, provavelmente, nem 
Rets tetnçes idos da levo a lépida mocidade, aenhára proir= 
ler os calos e 0s joanetes dos pés bojudos em tão exiguas e 

O caso, por conseguinte, não provocou escandalo, Algu- 
o tias com grande desapontamento do velho, 

Quirino, do seu canto: 

tou amil réis pelos sapatinhos para serem oferecidos 

Simões ! 

Imagine-se, O Simões era então o que ninda hoje é, o 
sempre ser, si o Thomaz Alves der licença: um magoi 
de barbas brancas, eternamente vostido de brim, meio 

meio philosopho, com a sua rodinha especial, inteira o 

talmente arredado da brilhante sociedade dos salões elo- 

incorrigivel, por acuso passara pela porta 

, por acaso entrara e por acaso se sentara ao 

tio, 0 tio Quim, como elle lho chamava, 

tos mil réis, dis Lucio Fagundos, visivolmente 

magoado, para não serem oferecidos ao sr. Simões. 

— —Quutrocentos para o seram, responde o coronel, e ncres= 












m-— 182 — 





cents, em moio das mais esteondosas gargalhadas: essses sapa- 
tinhos, 6 evidente, não foram feitos para os pês do sr Major 
Manoel Fagundes ou, então, os pts da st. major Manoel Pagun- 
des não foram feitos para esses sapatinhos. 

Encurtomos o conto: todos os membros da família in 
des, que assistiam à lucta, picaramse o fizcram-so solidarios 
com o sr. Lucio; ns, afinal, quem ficou com os sapatinhos 
(por dois contos da réis, se nho ma engano) mimosos sapatinhos 
le sotim côr de voa, caprichosamenta bordados a fio de oiro 
pelas mãos tidalgas de d. Flavia do Almeida, foi o coronel Joa- 
quim Quirino, que os ofereceu no sobrinho, o pachorrento Si= 
mõos, quo ainda hoje os possne é conserva, como uma ditosa 
rocordação da mocidade, diria elle, si a sun mocidade já tivesse 
passado com a das outros. 








EF 


Mas, de todas as do coronel (e eu, sa palestrasso com cam- 
pineiros, não lhes fallavia, onfadando.os, do coisas sabidas o re- 
aabidas) a melhor, inquestionavelmente, é n que, por ultimo, vom 
contar. E, pelo menos, a que define com mais releyo a estima 
eo respeito que toda a gento am Compinus lhe dedicava. Foi, 
om 1878, quando o digna cidadão Floriano de Campos recebo 
do seu partido n nomeação do commandante superior da guarda 
uncional 

Ao inangurarse naquela ano a situnção liberal com o ce 
lebre gabinete Sinimbit, Floriano de Campos foi nomeado, mas 
Jonquim Quirino não toi exonorado ! 

O fasto era realmente estranho e só jurisconsultos abalisados 
podoriam resolvelo... Enche-se Jonquim Quirino de paciencia a 
vai a todos os jurisconsultos, do baixo no alto, começando no 
João Boquinha (um meirinho muito lido) e terminando no mais 
considerado e consideravel cansídico da cidade. Todos, à uma, 
Me fizerun ver que a exoneração, si de direito não tinha vindo, 
de facto viera: era, para todos os efísitos, como si estivesso ex- 
pressa em decreto à parte, Este decreto [até certo ponto o eo 
ronel tinha razão! era necessario: mas, (tão relaxados os goyer- 
nos da monarebia!) não era indispensavel,  Sabentendia-se. 

O coronel não se deu por convencido 0, para cortar termi- 
nantemento a subtilisima questão, deliberou conferenciar com 
Floriano de Campos em pessõa : 

— O colega é que ha de pór os pontos nos ii. E sem 
demóra, porque estamos na Semana Santa. A solução é urgente, 























EAN e 


m ma sexta-feira da dolorosa semana da Con- 
Morte, 0 coronel Quirino, fardado em 
ro uniforme, acompanhava lentamente, no lado do vigario, 
e exangue do Juato sacrificado. 1, na modru- 
al do demingo da Resurreição, qu se erguesso 
“o veria, ainda fardado, sob o pallio, à direita do sacer- 
que conduzin com ox olhos no ceu crepuseular, o vaso ste 
rticnlas 

Sex iva, no meio dia, ainda não se 

lo entre os dois coroneis, e até só 





entra monção conservadora, 

“Puro engano — que os homens daquella tempera não conhecom 
o desimtir, Sexta-feira, ao meio dia, mais ou menos, es- 
vito ou dez amigos à porta (respeitosamente cerrada) da 
do Pimenta ou da charmtaria do Alfredo Pinheiro... 
sinão quando, dobra o coronel n esquina da raa da Cadên, 
ca amparando-se na grossa bengala de castão de prata 
urrastando a perna, pé aqui, pé acolá, run Direita acima. 
— — Aonde se dirige nestas horas com esto sol, sol de torrar? 

intou-lho alguem do nosso grupo, 

— Vou alli ao Floriano de Campos. Está exgottado a prazo 
lhe marquei ante-hontem. Quero saber si é elle ou sou cu 
mandante superior da guarda nacional de Campinas. 

E rindose: 
8i for eu, já está o cavalo prompto. Eston velho, mas 
esto corpô desembaraçado, apezar do theumatismo, ainda não 
má figum, em ci do bucephalo, Agóra si for ella... 
“E, sem concluir, rin-se ainda mais. O sr Floriano de Cam- 
s (6 necessario dizel-o) era muito baixo, mas excessivamente 

















pesado 
Um de nós pegou na plrase: 
— Si for elle... 
— Si fór elle, remedeiaso. Manda-se fazer um cavallo de 
que os da carne e osso não o aguentam, e içuse o com 
nte por uma corretilho 
se Foi, caha-cahin, rua Direita acima, 
a po ello disso ao coronel Floriano do Campos e 

o coronel Floriano de Campos lhe disse. Jaz sepultado 

ndo segredo o dinlogo seintillanto e arguto daquele 
daquele Mertemnich. Sabean sômento que, uma 
hi assomou ao longe, o coronel Quirino, cuhin-caha, 
o seu renmathismo, rua Direita absixo. 
“radiante é tentava estugar o passo. 













— 184 — 


— Então, coronal? 

— Tudo resolvido. Chegâmos a um aceórdo. Elle fica com 
o commando da freguegia de cima, a do Nossa Senhora da Con- 
ceição, e eu com o da de baixo, de Santa Cruz. 

E, piscando os olhos mindinhos e vivos: 

Passeilhe à perna. Na freguesia de cima não ha Semana 


nta 

A” noite, lá ia elle, semblante magoado, espada d cinta, cha- 

Re armado na who, compungido, medindo soleunemente o prsso 
melodia lenta e chorosa da marcha fanebro da procissão do 
Enterro ! 

Mas, depois da procissão, é quo esa Naquela noite nine 
guem mais governava a cidade. Inspeetores de quarteirão, com- 
mandante do destacamento, delegado de policia, juizes, vignrios 
e condjuctores, e todas ns auctoridades, absolutamente todas, ab- 
dicavam e transforiam tacitamento para as mãos do coronel, os 
poderes divinos ou humanos de que se achavum investidos. Era 
um tyranno, um deita, um prefeito municipal absolnto, De 
Campinas Velhas à Estação, « do Vaquaral no Tanquinho, pes- 
sõns o coisas, tudo lhe obedecia cegamente. 

(Naquello nuno, o se, Floriano de Campos, dormindo 4 somuo 
solto, não protestou contra aquella elarissima usuparção o, ao 
outro dia, aebou-lho graça, 

Pois, si até o padre Chico não se rebellava! 

As LL horas da noite, ma Matriz Velha, logo depois do 
sermão da Soledade, um moço, que poucos dina antes havia 
chegado da Córte e se astabolecera com uma loja de modas para 
damas, no largo do Rosario, estava brandamente recostado a uma 

orta lateral do vetusto templo, que mal podin conter a multidão 
ja fieis, e deixava enir os olhos ternos o nssucarados (os olhos 
classicos dos commoreiantes de modas para damas) num grupo de 
moças que, depois do haverem beijado o Senhor Morto, balbu- 
ciavim, ajoelhadus, e efeetivamento contrictas, o acto de 
contricção. 

O padre Chico passou, fez um signal imparcaptivel nos 
soldados que gusrdavam a porta, e, tum instante, o moço 
dn Córte foi preso, 

Que elle, o nosso rispido vigario, ora asaim: «Numoro é na 
rua, seus pntifes». 

ra Acudam-me, acudamme, que me prendom e eu não fiz 
nada! 

Precisamente como si quizesse corresponder a um chamado, 
entrava, erecto e firmo, o coronel Quirino, arrastando a espada 
e sacudindo as plunas ondeantes do vistoso chapeu armado, 



























| — 185 — 


Que é Tá isso? Fórque vai preso o senhor? 
O padre Chico, descontindo, apressow-se om explicar: 
peso; porque namorou na egreja—esto herejo, este 


vamos ver, insistia o coronel; mamorou moças om 


Moças, atalhou vivamente a pobre victima do vigario, 
ra quem Juziu logo uma esperança, coma um relumpago. 

— E... feias ou bonitas 
— Bonitas, coronel, muitissimo bonitas. Pois, si eu sou da 


camaradas, sentenciou Joaquim Quirino, 
olhar siquer para o padre Chico. Namorar moças bonitas 
é crime nem do: 6 obrigação. Prondam, duzam À 
depois, por minha ordem, remettam ao hospício de 
o idiota que cair na asneira de namorar velhas ou feim 
Os soldados obodecerum immedintamen 
Quanto no padro Chico, rijo 6 alentado tinemontano nascido 
senso em Campinas, esse, pusmado, attonito, fez-se livido de 
recolhida e concentrada. Depois, estremeceu o visrunlhe 
os rolistas de varrer nquillo tudo a rajadas de tocha como 
“do outro Indo do oceano, em dia folgado de romaria, so 
“varrem as feiras a ronco de pau. Mas (por serdes vós quem soi 
“sr. coronel!) conteve-se, e o moço da Córto foi em paz, para a 
porta da outra banda do templo—continnar o namoro levemente 
Anterrompido, com os olhos cada vex mais tornos e mais assuca- 


Para desafogarse, o padre Chico, bufindo, fozlho umm.. 
















Ora! objsctam, ironicos, os meus pacientes ouvintes: nas 
(e Campinas, embóra você se magõe com 
" o, não é uma expital) factos como esse são muito 
n Nós sabemos: quem tem dinheiro manda e quem não 

“o tem é mandado, O coronol. 
Mas, então, tenho perdido de todo o meu latim, porque não 
com a devida atenção o que minuciosamente lhes digo, 

mais do uma hora ! 

Já os informei do que isto se passou nos ultimos annos da 
de Joaquim Quirino dos Santos, e os senhores sabem que o 

u ei morreu pauperrimo, 
iso informalos ngóra de que elle, muito legitima 6 
nobremente orgulhoso, no sentir-se dosapiedadamento ferido 
do cruel combate da vida—não perdeu o aprumo. Como 
d outrora, não cambaleou na sells nem sequer levou m mão 









— 185 — 





ao arção. Foi como si o não tivora aleamçado o golpo mortal 
que u fortuna falas vibroa pelas costas, d ultima bora. 

A galeria, os espectadores, forçoso é reconhecel.o, portarame 
bom, O golpo foi visivel, mas ninguem o viu. Raro, inveros 
si quizerem, mas real. E" possivel que, dos anti; 
bajuladores do rico empobrecido, o seu mais apressado recadeiro, 
o sen mais afanoso eubientario o tenha abandonado na ocensião 
incerta. O Joho Couto, porém, (e no mundo não ha um Jono. 
Couto a6) nmigo corto, foi até o fim seu dedicadissimo guarda- 
lr sem remuneração, porque já não ha livros que 

uivdar. 
4 Vão lá oferecer-lhe quinhentas libras, ouro, ao cambio do 5, 
pelo relogio inglez de quaronta, cambio 27, com que o coronel 
o presenteou, hu mutios annos, ao regressar de um passcio à 
Europa! 
edondamente que não. está elavo. A agencia do Banco de 
Sho Paulo dá pouco, mas dá para viver com honra, 6 à ingra- 
tidão, digam lá o que disserem, é quasi uma infamia, 

















z 
na 
Deponho agórm a ponna do biograplo que, n podido de 
Antonio Sarmento, manejei pela primeiro ou segunda vez na 
minhas vida, Não sei si aserovi de menos, si escrevi de miss 
Si de menos, melhor para quem ma fo. Si de mais, pordôoman'o, 
mas eu, decididamente, não me desdigo do uma só palavra, nem 
digo menos mma sylaba do que disse, O coronel Quirino é um 
dos vnltos dileetos da minha adinivação do campineiro e paulista, 
e eu, todas as manhnns, vendo graças a Deus, porque ainda não 
sou nem misanthropo, nem hypocondriaco, nem pessimista. O 
liquido azedo e exustico do figado doente destes contrariados 
infltrasedhos pelns raizes mais profundas da nlma e estiôladho 
as mais bellas faculdades, Penho ainda om pleno viço a facal- 
dade de admirar que, como se sabe e já se disse, é do to 
mais bella e a mais consoladora. 


São Paulo, 16309, 











Jenio Mesquira. 





Katos artigos focam pablicatos no Jstado de S. Pont 
xindo cum admiravei verfado ampoctos da vida salvam! o da 





Escola da Relação. 



















Narrativa 


PROCLAMAÇÃO DA REPUBLICA 
EM 
Sião Paulo 
(DE 154 18 DE xovemuRo DE 1889) 


“Os que se esforçam para romir documentos incditos nos ar- 
desta nesocinção, com o fim, do facilitar no futuro, n 
ão da Historia, comparando cases documentos com as 
us possuimos, terão observado que os escriptores, 
hecinm muitos factos importantes da nossa vida nacional 
ram incompletos o omissos relativamento a outros, 
Os grandes acontecimentos nacionacs, muitas vezes são des- 
por tal fócma, que trazem completa obscuridade, quer 
re à origem, quer sobre a parta philosophica que a historia 
demonstrar, 
às grandes luctas, que procederam à Indepen- 
ao 7 de Abril, Restauração e Maioridade, os homens po- 
» dnquelles povíoilos ngitados, escreviam as clmonicas, mar- 
os acontecimentos, dominados pelas ideas o interesses da 
n que se achavam ligados. 
Para um grande numero de elconistas, os Evaristos, Le- 
| Jnnuarios, Honorios, Albuquerques, Andradas e tantos ou- 
forum homens vulgores, nho escapando dessas opiniões 
+ nem mesmo o muior estadista, o político mais previ- 
T u tempo, o genial Beraucdo Pereira de Vasconcellos. 
Si hoje, nos deixassemos inflnenciar pela parcialidade de 
os aseriptoros, contamporanvos daquella notavel homem de 






stado, sua memoria, teria chegado bem deturpada a nossos dias, 
“Salva-o, daqueles julgamentos parcines—o estarmos en 

lo continuamente nos nossos codigos, nos annaes do partamen- 

ercução, organização q direcção prtidavia, os traços lu- 

da passagem do grande codificador de nossas leis mais 









» guiada pela calma, que só o tempo pro- 
lo um dever patriotico, vai pouco a pouco orga- 
o Pantheão das Grandes Braziloiros. 





== PBB— 


De 1842 até 1889, 0 desenvolvimento da imprensa, e o le- 
vantamento da intelectualidade nacional, abrandando os costu- 
mos e à irrascibilidado produzida polas luetas politicas, torna- 
ram mais justo o julgamento do adversario, e portanto, mais 
verdadeira nu chronica. 

Ainda assim, o espirito de observação, nho se tem descn- 
volvido em nosso paix, como fôra de desejar, e os acontocimen- 
tos, continuam a ser descriptos sob a impressão do momento. 

Os grandiosos fnctos—libertação do ventre escravo, a ex- 
tineção da eseravidao, a proclamação da Republica, que refun- 
diu completamente a vida nacional, são acontecimentos modor- 
nissimos. O ultimo, data apenas de 14 annos—e, nós, que as- 
os ao ruir de um throno, estamos verificando diariamente 

me todas as marr: desse acontecimento, são incompletas e 
ivergontes, 

Si é cedo ninda para se escrever a historia daquelle impor- 
tante evento, não o é para que, nus associações litterarias e 
no nosso Instituto, se vá organizando o depositorio das «bio 
nicas, para que no futuro o homem da scioncia, calma o refle- 
tidamente, trausponha para a Historia, aquelle facto grandioso, 
que nos foi dado presencear. 

Para chegar à esse desideratum, lembreime do oferecer no 
Instituto uma narrativa da proclumação da Repablica em S, Paulo, 

Por si só, ella não teria valor, si não estivesse, bascada em 
circumstancias, factos, autographos e no testemunho valioso de 
muitos consocios, que heido invocar. 

Simples ehronista, narro fielmente, sem reflexões, nem come 
mentarios, tudo quanto me foi permettido presencear desde a 
manhan de 16 de Novembro de 1889, até o dia 18, quando se- 
guiado o exemplo do vensrando chefe da União Conservadora, 
por uma fórma solenne, em publica reuniao com grande nu 
mero de amigos, adherimo: às novas instituições, 

A posição que então oceupava, ma habilita a dar conheci- 
mento origem de certos factos de que se não tom cogitado 
explicar. 

Naquelle tempo era eu político em actividade. Acabava de 
representar pela 5.º vez a Provincia de S. Paulo, na assembléa 
provincial, e meu nome estava incluido na chapa do partida con- 
servador evolucionista para a cloição que so ia realizar, Colla- 
borava no Correio Paulistano, desde o dia em que foi adquiri 
do pelo illastre chefe da Uniao Conservadora, e a 15 de No- 
vembro, nchava-me na gerencia daquella jornal, logar, que só 
deixei, quando posteriormonto realizamos sua venda a dois il- 
































— 184 — 


+ ma ausencia de Antonio Prado, então na 


im disso, havia sido o indicado para lavrar a acta da 
de 18 de Novembro, cujo autographo venho hoje cífbre- 
Tostituto. 
parte nos aconteci- 
daquellos dins, é elles, hho—de com o seu testemunho, 
complotar ou altorar a parte da narrativa em que se 
E falta de minha memoria. 
Si, para a vida de um povo, o espaço do 14 nnnos, eymbo- 
“apenas algumas linhas da folha de um grande livro para 
a outros é enorme aquello percurso, porquanto representa, mais 
çã Ear parte de nossa existencia. 
ed convem pois, que se adio por mnis tempo este dever. 
Do contrario, poderemos estacar na curta jornada, sem termos 
eontribuido para deixar, nos archivos deste Instituto, nossas im- 
messões de chronistas, relutivas nos factos produzidos nesta Cu- 
tal, po na que se deram no Rio de Janeiro a 15 de 
remb o, 
E, para que possam sor devidamente aprociados, em remoto 
em rapida synthese, remontarei aos acontecimentos poli- 
mezes anteriores à proclamação da Republica. 















A queda da situação conseryadora, e a consequente disso- 
da Camara dos Deputados em 1889, causou profando abalo, 
e exsitou o animo de uma. erando parto da popalação do pais 
Es pesto: do poder doabira ão roaizaE :8 prata 
reforma humanitária da emancipação dos escravos, maioria dedi- 
endo o sustentava em ambas as casas do parlamento, e no sou 
vgramna se achavam inscriptas reformas importantes. 
4 Constitucionalmente, a mudança .da situação fôra um at- 










E hoje subido, que o ultimo golpe do Estado na monarehia, 
ho ido, porque tornaram suspeito à coroa o partido conser- 
dor—ncensado de facilitar o desenvolvimento das idéns radi- 

mão rengindo contra ellas. 

D idas as Camaras, Antonio Prado, o chefo do partido 
dor paulista, resolveu desde logo comparecer às urnas, 
tando o partido debaixo de uma bandeira que symboli- 
suas aspirações politicas, 

ropublicanos, apresent -se sustentando programma 
udança da forma de governo—e proclamavam a ne- 









— 190 — 





cessidade e conveniencia de realizar csso ideal, mesmo, revolun— 
cionnriumente. 

O partido liberal, pela voz anetorizada do chefe do gabi 
note, desfraldava a bandeira da resistencia. Referindo-se à 
tação republicana, dizia «que ella era percursora de grandes ana] 
porque pretendia expôr o paiz aos graves inconvenicutes de in= 
stituições para os quaes não estava preparado, e que portanto, 
cumpria ao governo, enfrequecer 0 INDTILIZAR aquellas falsas idéas. 

Diante destes dois programmas reyoluncionarios, o patriotico 
chefe do partido conservador paulista, observando o desenvolvi 
mento das idéns demoeraticas, compreendeu que não mis se 
lhe podia levantar obstaculos 

Vio, que em chegado o momento de caminhar com a opinião, 
dirigil-n, satisfazendo em parte, as idéus populares, accommo- 
dundo-as às condições dn existencia dn sociedade. 

Para chegar no ponto desejado, só encontrava um meio— 
promover reformas que alterassem a organização politica e ad- 
ministrativa da nação, 

Entre as que reconhecia, como necessarias e Imprescindiveis 
figurava a da autonomia completa das Provincias, para que ollas 
tivossem a direcção de seus negocios e a organização do sua 
administração, 

Esta exposição, já é conhecidu da chronica-resta agora 
transportar para ella, a pagina intima, do partido conservador, 
relativa a estes acontecimentos, 














T' necessario que a historia ullirme, que não podia ser, nem 
mais patriotica, nem mais habil n direcção que Antonio Prado 
deu ao partido que lhe confiara o mundo. Os acontecimentos 
posteriores, vieram confirmar sua previdencia. 

Calmo, e profundo observador, comprehendeu, que o golpe 
de estado no passo que enfraquecera a instituição monarehica, 

elo dospeito do partido, que havia sido despedido do poder, 
fortalecera c tornara mais decisiva a attitude dos republicanos, 
cujo ndvento, devisava, 2m futuro breve, opinião que sempre 
manifestava a seus amigos, na intimidade, 

Querendo evitar a revolução, sempre acompanhada de um 
cortejo do horrores, resolveu adoptar como programma do parti- 
do o processo da evolução, não resistindo de frente as ideas 
descentralizadoras, mas, caminhando sempre, tomando parto no 
movimento, pugnando pelas reformas amais adeantadas, dirigindo 
o partido para as fronteiras da republica para que elle, Roo 
no momento opportuno, transpor us divisas, pela evolução. 











Dos correligionarios presentes, aponas Rodrigo Silva apre- 
sentou reservas, Entendi aquelle notabilissimo paulista, que o 
programa ora inconveniente, naquelle momento, por ser exces 
sivamente descentrnlizador. Além disso, parecia-lho que a fede- 
ração ora incompatível com o regimen monarchico, heriditario 
representativo, mas, desde logo, fez notar, que a opinião que 
manifestava, não influiria de modo algum em seu procedimento. 
politico, — Estaria sempre, no lado do seu chefe, nho creando o 
menor emburaço ú politica, que por elle e pelo partido fosso 
adoptada na Provincia. Pedia apenas, para não tomar parte na 
direção do movimento, porque tendo sido ministro do ultimo 
gabinete conservador, não queria que attribuissem seu procedi- 
mento ao despeito. Peita ossa reserva, passava a ser pisca E) 
iria pleitear à eleição, no -posto, que lhe fosse designado pelo 
chefe e pelo amigo. 

Este facto intimo da vida da União Conservadora, continun- 
mento se reprodunia. 

Quando a maioria do Conselho Director, resolvia uma me- 
dida politica, o membro divergente, se tornava solidario com seus 
amigos — 6 os que assim procediam, ersn homens da enversga- 
dura de Rodrigo Silva, Duarte de Azevedo, Dutra Rodrigues & 
Barão de Jaguara. 

Antonio Prado, era o primeiro a dar esse exemplo. 

Muitas vezes, como elle proprio declarou nn reunião do 14 
de Julho, codia de suas opiniões, deante do maior numero. 

Essa admiravel solidariedade, foi o segredo da força o do 
prestigio, que aquelle partido adquirio no governo do pix. 

Esta pagina intima da direcção da União Conservadora, bem 
como os factos que acabo de refurir, pódem ser, desde já confir- 
mados em todos os pontos, pelo testemunho inabalavel e precio- 
sissimo de um dos mais illustres servidores da patria, Duarte de 
Avevedo, o fecundo ministro de Justiça do gabinet de 7 de Março, 
Conselheiro de Estado effectivo, leader da camara dissolvida, 
membro do Directorio da União Conseryadora, cuja opinião era 
ouvida e aeatada com respeito, e que ora bonra o Instituto, pre- 
sidindo nossos trabalhos, confirmará, a verdade dos facto que 
acabo de referir. (L) 

Regressando a esta Capital, Antonio Prado, convocou a grande 
reunião do partido, que se realizou em It de Julho de 1889, 

Nessa memoravel e concorrida nssemblén, o notavel paulista 
expôz o seu pensamento, desenvolveu suas idéns, e demonstrou 
a conveniencia de serem ellas adoptadas, 











(1) O Consolhoiro Dubrto, que presidia a sessão — confirmou esta parte da tarrasivar 








— 193 — 


a reforma, désse as províncias o 
eba Papa 
ie lo 







sua jeratidão, sê fecais das luctas politicas para guardar os 
cimentos ». 

— Coneluida a ano exposição, onvida com grande ancio- 

Dunrto de Azevedo e Almeida Nogueira, interpretando o 

sentimento goral, neceitaram sem reservas o programma apre- 

do, e por acclumação, conforme proposta, desenvolvida pelo 

Rio Rsdiiguas Alves, “ficou “resolvido que a «União San: 

ra adoptasse para sou programina, a reforma constitucio- 












n Sho Paulo, não foi completa a vietorin. Passaram no 
* escrutinio os candidatos libernes do 7.º e 8.º districtos. Eram 
republicanos seus competidores, voneeu o candidato da Uniho no 
9.º districto. 
“O Correio Peulistano, orgam do partido na imprensa, feanea 
“e lealmente sustentou a conveniencia de serem os votos conser- 
doros, dados nos candidatos republicanos, porquanto ellos si 
victoriusos, pleitenriam com esforço pela decentraliza- 
administrativa das provincins, parte da programma conservador. 
A imprensa, ropresentante do partido no poder, atacou pes- 
mente no Pi onte da União, afirmando que elle exorbi- 
ava, e que a opinião do Correio era individunl, e não exprimia 
“o pensamento de todos os membros do conselho director. 
Tho issistentes se tornaram os ataques, tantas ve: 
uzidas aquellas afirmações, que a duvida parcceu so apo- 
rar do espirito do eminente cidadão, 
Querendo conbecer o terreno e clarear a situação, encarres 
de apresentar nos membros do Conselho Director, uma 
ção eseripta e assignada por sou proprio punho. 











exposição na roantho de 14 de Julho de 184%, Correio Fonlistono do 16 do 
“es, cujo numero ofereceu ao Jastituto com cutros documentos 










— 194 — 


« Si algum delles, não estiver de necôrdo com o Correiy, 
retiro-me da direcção do partido, mas agora, continnarei só, ma 
imprensa puguando por minhas idéus.> 

Insinuavão, que o benemerito paulista Barão de Jaguara era 
a dos que censuravam os conselhos dados pelo orgam conser- 
vador. 

Entretanto, aquelle yenerando paulista, eymbolo da lenldade 
e da dedicação, subserevendo o autogenpho que lhe aprosontol, 
| E ço estas expressivas palavras: «ha mais tempo, nós, 

overiamos ter ido adeante do pensamento do Prado. » 

O Correio Paulistano de 29 de Setembro de 1889, publicou 
a declaração que passo a lêr. 


UNIÃO CONSERVADORA 


« Os abaixo assisuados, membros presentes do Conselho Di- 
rector da União Conservadora, declaram, que estão de acedrdo 
com o Correio Paulistano, que continua à ser legitimo orgam do 
partido na impronsa. 

* Ha completa solidariedade de vistas entro o Conselho Di- 
rector e a redacção do Correio, com relação no procedimento 
aconselhado nos nossos nmigos do 7.º e 8.º distritos, para o 2.º 
escrutínio da oleição geral. 

8. Paulo, 28 de Setembro de 1889. 


Axtoxto Prano, 
Arroxto Proosr RopovaLuo. 
(8) Barko DE Jaguara, 





Duarte do Azevedo, que se achava no Rio, consultado, res- 
pondeu em telegrama estar de pleno necórdo com o Presidenta 
da União Conservadora. 


Poriu-se o 2 º escrutínio, e ainda dessa vez coube a victoria 
aos canditatos do Governo. 

Antes porêm, que se tivesse apagado ao longo o echo dos 
ultimos canticos da vict acontecimento emocionanto so de- 
semrollou no Rio de Janeiro reperentindo em toda o pais, 

Suas consequencias neste Estado, nssim as deserevi no mem 
Diario. 








[17 Esto antographo fica portonsondo ao utituto, 





% — 105 — 


15 de Novembro de 1889, ao chegar á rodacção do 

RE e bc a 

no Rio um movimento ravolucionario. 

indo de indagar o que havia de verdade nas noticins 
soube, terem sido elas transmittidas da Corte, pelos 

4 suus filines menta 

















ci no Correio Paulistano os des- 
já ora então grande a anciadado 


: paralysação do comercio, Ministro 


ido, adenntaya noticias, nas incisivas phraços: 
«Ministerio cahiu. Conflicto militar.» 
4 se vê, os primeiros telegrammas transmittidos do Rio, 
se veferinm ainda à proclamação da Republica 
Foram aflixados ás 11 1/2 horas. 
Com a demora dus noticias, crescia u anciedade publica, 
A ras da «Imperatriz, hojo 15 de Novembro, e as redac- 
«ões dos jornaes se achavam apinhadas de povo. 
No escriptorio do Correio Piutistano, fui procurado por 
“Tibarcio Leite Penteado, para avisar-mo de que o illnstre 
republicano Campos Salles, chamava-mo ao seu escriptorio, 
era no predio que foi demolido, para sor substituido por 
em que hoje funeciona o Banco do Commercio o Indus- 

de Sho Paulo. 
O Correis Pu mo suas oficinas, funccionavam onde 
ergue o moderno edificio do A Platén. 
Eatre o escriptorio do Chereic, e o do Campos Salles a 

rdino de Cam edeava apenas o espaço oceupado pelo 
torrao onda existia e oxisto uma loja do forragons, 
Asudindo no chamado, encontroi juntos aquollos dois nota- 
iros. 

Campos Salles, disse-ms que havia incumbido a um amigo 

prevenisso nu Antonio Prado, de que precisava ter com elle 
ferêneia urgente, mns, demorandose a resposta, queria 








nr” T 


— 196 — 





que fosso transmittir aquelle pedido no chefe da União Conser— 
vadora, na ensa de sua residencia, , 

Antonio Prado, já se achava na rodacção da Correio cerca 
do de grande numero de amigos, que bavinm desde logo recla- 
mado sun presença 

Sabendo que não seria recusada a conferencia, attentas as 
relações existontos entre os dois chefes, lembrei que podia ella 
se venlizar na sala da expedição do Correio Paulistano, situnda, 
além das oficinas, o com entrada pela travessa do Commercio, 
naquello tempo intransitavel e quasi dosorta. 

Acceito 0 alvitro lembrado, deixamos o escriptorio Campos 
Salles, para dar volta pela rua do + Commercio», e quem escreva 
esta narrativa para transmittic a Antonio Prado o que fóra 
combinado, 

Neste tempo já havia sido o ilustre chefe conservador pre- 
venido pela pessoa antes incumbida de podir a conferencia, e 
que creio ter sido o dr. Martinho Prado Junior. 

Poucos momentos depois, pela travessa deserta do «Com- 
mercio», chegava o infntigavel propagandista, e realizava-se a 
conferencia, ignorada por quasi todos que se achavam na sala 
e no escriptorio do Correia. 

Que teve logar essa conferencia, é facto geralmente sabido. 

O que porém, nella se disse, sô agora vai ser conhecido 
em todas ns suns minndencias. 

Essa revelação vai tornar patente os motivos que predomi- 
naram no pensamento dos chefos republicanos, para estabelece- 
rem governo provisorio de tres membros. 

s razões políticas, sho interessantes, altamente Donrosas 
para os chefes daquelle partido, dignas portanto de figurar om 
nossas ehronicas, 

Repraduzirei com extrema fidelidade, tanto quanto possivel, 
as palavras e o pensamento dos dois ilustres chefes. 

Referindo-se nos acontecimentos do Rio, constantes dos te- 
legrammas perguntou O. Salles, o que 4 respeito pensava An- 
tonio Prado, 

Respondeu-lhe este, que até nquelle momento nada podi 
prever, mas, conjecturava, que si de facto o ministerio se reti- 
rara deanto de um movimento militar, era provavel e mosmo 
matural, que o genoral Deodoro fosse incumbido de organizar no- 
vo gabinete. 

«Engana-se, disse-lhe Campos Salles. O que so está pas 
sando no Rio, é de summa gravidade. A retirada do ministe- 
rio importa na proclamação da Republica. No começo do mex, 
Aristides Lobo preveniu-me, que algum facto grave se realizas 
























TI mm 





9, por ocensião do baila na Tlha fiscal. Des- 
reunidos ú espera dos acontecimentos. “Peudo 
dis 9, som so ter dado o movimento, enviamos no Rio 
o para nos dar conhecimento do que nlli fosse oc- 
Esso emissário, levon um codigo, euja chave se rem 
a negocios da actualidade— «Foi resolvido o emprestimo», 
dizer, está marcado dia para a revolta. «No dia Lô assig- 
escreptura», equivale, no dia 15 rebenta o movimento, 
issario ninda nada nos communicou, mas ante-hon= 
tino, trasida pelo Medeiros de 
que, na qual previne-me para estar alerta. 
— «Conta, que os republicanos do Rio, de accordo com officines 
do exercito, cujos nomes declina, esperavam apenas n 
< de Deodoro, que tem estado irresoluto. Afirmava mes- 
mo que Benjwnim Constant removerin essa dificuldade, o que 
portanto, em dois ou tres dias tudo estaria resolvido. 
* «Convoquei os amigos, chamei o Prudente pela segunda vez 
1 ima, e aqui estamos esperando as noticias, contando 
a de linha cujos oflicines são nossos ami; 
«Correndo na cidade as noticias de revolta no Rio, procurei 
A nas estações telegruphicas, se haviam despachos a mim 


rigidos. Tive conhecimento de que a linha está interceptada. 
A hei para Santos, no Tolles Netto, pedindo noticias, e 
: is recebia duquelle amigo, não resposta do meu te- 
mas a seguinte pergunta :— «Diga o que houve no 
0?» Ora, tudo isto, me convence que a Republica estik pro- 
elamada, De necordo com o Bernardino, Pestana, Manoel Lopes, 
“8 08 poucos que estão conhecedores da situação, já providencie- 
se organizar governo, logo que se torne conhecido o 
iltado do movimento, e resolvemos que esse governo snrix de 
membros, porquanto os republicanos paulistas, inaugurando 
0 novo regimen, pars demonstrar os sentimentos de consiliação 
de concordia de que se acham animados, querem, que os tres 
os, atá agora militantes em S. Paulo, tenham seus repre- 

H no governo provisorio. 
«O nosso, será o Prudente, e tendo sido o ekefe da União 
1 indicado para fazer parte da junta provisoria, quis 
saber, si terin duvida em collnborar no governo do nossa 
























O pensamento conciliador, apresentado por C. Salles, e 
ito pelos scus companheiros, será hoje conhecido dos poucos 
tomaram parte nas primitivas deliberações. Muitos já dosap- 













p—=—. = 


— 198 — ' 


pareceram infelizmente, pelo que, torna-se necessario que fique 
constando nas chronicas o facto que acabo do narrar. 

No momento da victoria, despreocenpados de toda ambição 
pessonl, os mais nrdentes batalhadores da propaganda, trabalha- 
vam para imprimir no governo dictatorial, uma foição de con= 
cordia * de conciliação, pura que não ficasse abalado o espirito 
publico, 

Foi com «esse nobre intuito, que procuraram obter a colla- 
boração do chefe de um gerando partido, que pouco antes havia 
desfraldado a bandeira da revisão, e que pelos serviços prests= 
dos à enusa yublica, se tornara merecedor da gratidão racional. 

Antonio Prado, agradecendo ao convite, terminantemente 
declarou que não poderia colaborar no governo provisorio. 

Quando isso lhe fosse permittido, ainda assim não neceitaria. 

Era contrario nos governos de entidade collectiva. Entens 
dia ser sempre preferivel a organização politica é administrati- 
va, que investo do attribuições executivas a um só individuo. 
Si a deliberação reclama o concurso de varias mentalidades, a 
execução é sempre mais vigorosa, Ma dirigida por um só 
pensamento (1) os governos do entidade colleetiva só servem 
para dificultar é enfraquecer as administrações. Mas, si prev 
cosso aquella idéa, entendia que para o governo provisorio, de- 
voriam ser chamados tão somente os republicanos da propagan- 
da porquanto a elles cabia a responsabilidade dos acontecimon— 
tos, competindo-lhes, portanto, estabelecer praticamente as nor= 
mas do portido republicano federativo. 

Campos sales, nho acecitou desde logo aquelles motivos de 
recusa, - 

Entendia que as idéas adeantadas do chefe do partido con- 
servador paulista, não o separavam de tal modo dos republica- 
nos, que o impossibilitasso de collaborar juntamente com elles 
no governo. 

«Existe motivo poderoso para determinar minha recusa, 
Sou Senador do Imperio, é uaquella corporação, permanecerei ao 
lado de meus collegas, não abandonando o posto em que fui 
colloendo pelo generoso partido que confiou-me a sun direcção, 

Objectou ainda o dr. C. Sullos—que, proclamada a repabli- 
ca, extinctas ficarinm aquellas corporações monarchicas. 

«Mesmo assim—emquanto não se renlizar essa hypothese, 
sou Senador do Imperio. 

















(1) Estas Idóns ainda foram posteriormente expedidas em artigos do Correto Pas 
Ustamo, é ainda não as abandonou q Nlustro Prefeito da Camara Municipal de 8, Paulo 





— 199 — 


- depois, continuará a recusar seus serviços 4 cnusa 


reclaro cidadão, procedorei do necordo 

inha çonsciencia. Agora, si de facto está 

a Republica, o que neredito, desde que sei que o 

imtervem no movimento, é de summa conveniencia, que 

“do organizar governo, pu der, no momento dado, 

a ordem o a tranquilidade publi 'ara nuxilial-o, póde 

com meu esforço e o de 

elles tomarbi conhecido meu pengara, 

lo Compos Salles se retirava, disse-lho Antonio 


em suns esperanças, si de feto está 
ida a republica, organize desde logo o governo do 
Da cita ferida 1 "Gi Soda Toa provincias servidas 
a aconselhando-as a que procedam do mesmo 

ia os Estados, e só elles, que organizem a seu turno 








contral. — á j 
Si permittirem quo o centro intervenha na organização dos 
dos, nunca teremos Republica Federativa», 
mta previsão, quanto pntriotismo e sinceridade nesse 
1 








onsalho 

A uma hora mais ou menos, o «Correio» recebia o primeiro 
| ma, do seu correspondente va Córte, o sr. Emesto 
no do «Jornal do Commercio». 

LU Era elle completo, circunstanciado, e, devo notar, que foi o 
primeiro, que dava conhecimento dos importantos suceessos quo 
haviam desenrollado no Rio, o primeiro que noticisva a 

roclamação da Republica. 


Eis a sua integra: 


Exercito, unido, intimou o governo a retirarse, Este, 
o no Quartel do Campo da Acclamação, foi obrigado 









dimittir-se 

“Exercito e armada, tendo a frente Deodoro, Quintino, 
pp, Benjumim Constant, Jardim, Lopes Trovão, Alberto 
ete. proclamaram a republi 

Constitue-se um governo provisorio. 

A Escola Militar compareceu armada e foi acclamada polo 


Barão de Ladario, foi intimado pelo general Deodoro a 
z não necedeu o foi atirado, 


por quem. 







Este importante despacho, não foi aflixado, ter Ant 
Prado edênsão ue se espersssa a OnnE aa A 
conhecimento delle a alguns amigos. - 
á apto ad o pe gd der ] 
lente em Santos a confirmação que e o 
Westem, como fora e ettadas REA ve a 
. EA proclamada a Republica, pelo exercito, 
o yiarechal Deodoro à frente do movimento. 
« Foi proclamado governo provisorio, que declarou gi 
ordem na córte, 


Confirmada n ea instado peli 
as quaes o dr. Martinho Prado Fios alia Mesqui 
dar publicidade ao primeiro telegramma, depois ie pe 
promessa formal, de que não o retirariam do quadro, em od 
costumava afixar as notícias telegraphicas. 
al o coloquei, 4 porta do eseriptório, pude tales 
arrebatades, o no meio da rua, o Martinho 
ato vozos, é alli, o au 
or neiras st ao 
são Anta, eá Replica 2 roda: 
nie Cospeia as 
rmnnento, foram Pa re pr da 
lente de Mornes, Pestana o Mursa. 
Tão poucos annos estão decorridos, e Eri por p 
drazileiros, baquearam na curta jornada da 








= w— 


“da acelamação, CG. Salles, Pestana, Martinho Prado 
de Oliveira e outros, foram a Palacio dar conhe- 
“no general Couto Magalhães, do Es so nebava organi- 

Ile entregasse a admi- 


oral, aa que se distituiria logo que recebesse 
governo central, » Fx 
ane, , corria com insistencia o bonto de que o 

d ão bands o cargo, contando, como contava com 





publica. Corria mesmo como certo que havia 
rnb a ds dos membros da commissão permanente (1) 
Para que m deliberar conjuctamente em qualquer 
gencia, ETR Salles, Prudente de Mornes, Pestana e Gordo, 
tur na vma Direita n. 33, na ensa commercial de Ma- 

noel Dora de Oliveira. 
ERES Ga Campos Salles o o Gordo dormiram como pedras Eu 
eo Pestana não pudemos consiliar o somno um só momento! 
«Na manhan de 16 estavamos exmustos. O Pestana, mais fraco 
“e doente, foi necomettido do prolongada vertigem, logo apos a 











« Felimente estavam preventes o Miranda Azevedo e o 
] “Ouros Botelho, que o medicaram com carinho (2). 
Fato facto E Eqttanitoo; Eee do pio drive 
to de Moraes. 


Cad historico, 
do « carta de Aristides Lobo, previnindo de que sé 
raio o movimento revolucionario, foi Campos Salles 
ocurar o Bernardino do Campos, que então residia à ram 7 do 
bril e do commum accordo resolveram previnir tão somente 4 
o numero do amigos, recejosos de que o segredo transpi- 
fosse conhecido de muitos. 
C. Salles retirava-se, perguntou-lhe Bernardino de 


; Para complotar a chronica, consignarei alguns factos que 
















de vaes d'qui?a—uo Pestana.» Fazes muito bem!» 
"or motivos rllacionados com a direcção partidaris, mezes 
bavia-se dado uma divergencia entre aquelles dois chefes, 





ue que ev pao paga o Ti um DADA de 1, para 
mesolvara a uti: partida, afim de aDecer 
da io pera to pos elem qui por ventura margisem, até 


O governo 
"O de. Mirando AAVUOãO ÃO ee GCHA em 
chefes políticos o do povo, com 
€ Postago, que sós, haviam entrado em Palacio, à tomar conta do Euvarno. 











— og — 


Recebendo aviso do ui planejava no Rio, entendeu Come 

pos Salles, quo era chegado o momento da mostrar que já hu= 

via apagado de sou espirito a lembrança do quo so bavia dado, 

Eno tpm dirigiu-se ao escriptorio da « Provincia de São 
nulo» 

Vendo-o entrar em sua sala de trabalho, comprehendon Pos- 
tana que algum fato gravo estava imminento. 

Atentamente ouviu as communicações que The foram feitas 
por Campos Salles, e as esperanças que alimentavam os Republi= 
canos do Rio. Mas, afinal, sabendo que a carta recebida era de 
Aristidos Tuobo, riu-se, é doclntou, que devia ficar tudo do qua- 
rentena, por quanto a impacioncia e o enthbusiasmo tornavam o 
o missivista, «um grando visionario ». 

« Visionario ou não, precisamos ficar de sobre aviso o dar— 
mos conhecimento da noticia a alguns amigos». 

Acquiescou Pestana, e ficou resolvido rcunirem-so nessa noi- 
te na residencia do dr. Luiz Pereira Barreto, á run do Visconde 
do Rio Branco, onde exista hoja a explendida hiblioheca do 
nosso sempre lembrado consocio Eduardo Prado, 

Esiveram presentes a essa reunião, C. Salles, Pestana, Bar— 
retto, Mello Oliveira, Carmillo, Francisco Lobo, Miranda Azevedo, 

Como era nataral, traton-se de resolver sobre organização 
do governo, caso se realizasse o movimento. 

"Tenda um dos presentes lembrado o nomo de Campos Sallos, 
para assumir o govemo, fez elle notar, que tendo-se dedicado 
netivamento à propaganda foi obrigado n manifestar suus idéns 
com o nrdor egual ús convicções que o animavam. Por esse mo= 
tivo havia adquixido desnfectos. 

Muitos adversarios o consideravam violento e intolerante, 
quando era serto que não procedia com odio, nem guardava 
o menor resentimento pessoal contra seus adversarios políticos (1). 

Acreditava, que no mesmo caso sc achavam seus compa- 
nheiros, pelo que, parecia-lhe, que o governo provisario devoria 
ser constituido com tres membros, para que cada partido tivesso 
nelle seu representantes 

Com esse procedimento os republicanos paulistas demons- 
trariam o espirito de tolerancia e de concordia que os animava 

Lembrou o nome de Americo Braziliense para ser o repre 
sente do partido no governo provisorio. Exa um dos mais res- 





(1) (O ministro do Justiça do Governo Proviseorio, durante a aaa adminiatração confie. 
mou plenamonte aquolias suas palavras, Exeossivamanto tolerante, são procurava indagar 


às rheeo politios dos que o provaravai. 
'8” Attanden x sous Amigos politicos, ão Tepolin as pretensões dos adverarios da 


vespero, quando justas, Sua Imparolaiidade sorncu-se notoria, 








im Bm 


elefea, Foraum dos organizadores da Convenção do 
tinha relações pessones com os chefes dos partidos 

os, pelo que sua escolha seria goralmanto bem recebida. 
indicação foi neceita por todos os presentes, ficando 
Salles encarregado de se entender com Americo Bra- 


havida entre aquelles dois chefes, nada 
ido, Americo Brazili tambem não confiava nas 
transmitidas por Aristides Lobo, 
à la 2.º vez, reuninm-se os conjurados na rua 

pitanga mn 31, residencia do Manoel Lopes de Oliveira. 
; presentes a ella Prudonto do Moraos o Gebriol do 
sledo Piza, chnmados por Campos Salles. 

Creio, que nessa reunido ficou resolvido, definitivamente 

os nomes dos representantes dos partidos, republicano « 
thicos que deviam ser convidados para fazerem parto do 
rerno sorio 
“Ha E aunos, em conversa intima com o pranteado Pru- 
te de Moraes, disse-me elle, que nho esteve presente á reu- 














nião na qual fora indicado Americo Brazilionse para fazer parto 

“do governo, mas que applaudiu aquella escolha. 

Posteriormente quando foi sabedor de que seria elle 0 re- 

tante do partido, declarou que obedeceria ns ordens par- 

mas pediu para ter antes, uma conferencia com o sau- 
sorocabano, para ver si consezuia quo fosso elle represen= 

os icanos no Governo Provisorio. 

Para esse fim, acompanhado de Campos Salles, o procurara 
oa manhan de 15, na sun residencia à run das Flores. 
olvidando, o remomorando-os, É meu 

historia. 








no meio dia, Prudente de Moraes o Rangel Pos- 
compromisso na Camara Municipal, Presidin 
o commendador Domingos Sertorio, presentos 
d oão Garcia, Theophilo de Azambuja e Victorino 
úllo, este Ro aquelles conservadores 
“Da Camara Municipal, seguiram os membros do governo 
p » onde entraram, apenas, Prudente e Rangel Pestana. 
— Campos Balles e outros chefes, ie um motivo de delicadeza 
é aiatdo no grande portão do jardim, impedindo que 
f es 


o dad 


la corpor 






seguidos pelo povo, 
de ter feio ep do governo, retirou-se o Gone- 









— 204 — 


ral Couto de Magalhães, acompanhado por Prudenta de Moraes 
o de alguns amigos. 

Seguiu-se uma seeua emocionante, que demonstrará no fas 
turo a generosidade e grandeza do paulista. 

Pequeno grupo, atravessava o jurdim do Palacio. 

Na frente o general, — a seu lado, Prudento, com a phy- 
sionomia mais austero que de costume. 

Enorme massa popular, muda e silenciosa, ostacionava no 
portão do Jardim, 

Quando o general Couto do Magalhães e Prudente enfren- 
tram o povo, os chefes republicanos, e todos que alli se 
vam descobriram-se respeitosamente dando-lhes passagem. 

Caminhando entre as alas silenciosus, estas se fechavam 
para acompanhal-os. 4 

Prudente seguiu até a entrada da rua da Imperatriz, o alli 
despediu-so do general, que seguiu por aquella rus, acompa- 
nbado polos Drs, Augusto Queiros, Alburquerque Lins o outros 
amigos 

Desde porém, que Prudente separou-se do general para vol- 
tar a Palacio, romperum freneticos vivas ú Republica, nccluma» 
qões, que o povo inteiro soube calar, em quanto esteve presente 
o ultimo representante da monarchia. 

O facto, narrado, tal qual o presenciei, me parece pela sua 
grandeza, sem precedentes nos fastos revolucionarios. 

Vem a Penais consignar uma anedoeta, 

Campos Salles, que desdo os primeiros dins do moz so achava 
em constante actividade, tomara ainda a si, resolver grandes 
dificuldades na manha de 15 de Novembro. 

Encnrregara-se da delicada missão de se entender com os 
commandantes das forças do linha e provincial. 

E' hoje nosso consacio o ilustre official que commandavya a 
força provincial, e elle tomará conhecida n conferencia que teve 
com o chefa republicano, na manha de 15 de Novembro. 

Narrarei apenas o que so deu com o commandante da força 
da linho, 

Residia elle para os lados da run da Gh 

Prevenido de que era procurado, quiz 
do visitante matutino. 

Pouco depois voltava a ordenança, com a resposta, de que 
j commandante só o poderin receber no Quartel depois das 10 

oras. 

« Volte, e diga no commandante, que é aqui em sua casa 
que desejo fular-lhe e não no (Quartel. » 

Nova recusa do prudente official. 








sabor o nome 






n perder tempo, Campos Salles corre ao Quartel, narm 
nos officiass, com os quaes estava a muito de pleno 
e novamente delles recebe o compromisso formal, de 
do Coronel não seriam cumpridas, si estivessem 
do com o pensamento geral. 
seguinte, quando chegavam a Palacio os membros 
o isorio, e os chefes republicanos recebiam ns fo- 
ue se haviam conservado ao lado do governo de- 
dos que se havi do no lado do d 
lo, nté o ultimo momento, o Coronel, avistando Campos 
e pondo de parte à prudencin da vespers, foi um dos 
os a precipitar-se em seus brmços, bradando com pro- 
o intima convicção : 
bens! Parabens! Ahi está Ella e feita por Nós! 
pois desta nota caracteristica, reatemos nossa narrativa. 
— Eitanha o chofo E União ea innumeros tela- 
“Ersmmas do amigos politicos, pedindo que os aconselhasse sobre 
“a posição quo deveriam posiia deante do inesperado aconte- 


O partido conservador, como é enbido, já estava praparado 
“para acompanhar q evolução que so operava na nossa sociodado. 

; nas fronteiras da republica, desde que adoptara 
a ynma de 14 de Julho—endo mais o seduzinm, os euro- 
ca realeza, nem se arreceavam de que o Brazil entrasse 
“e o convivio das nações que se regiam por forma de governo 
— mais democratica (1). 

Nesta capital grande numero de amigos, desejavam desde 
aecoitar os factos consummados, mas, esperavam a palavra 
“de ordem do chofo cuja direcção haviam sompro aentado. 
Cora necessariamente estaria de accórdo com os principios que 
fizera o partido adoptar (2). 

Si antos, aconselhara o processo da evolução, para impedir 

“a revolução, cujas consequencias desastrosas são sempre inevita- 
o i lizados e de educação politica adean- 
mos ocensião de ver confirmada a 

“poucos dias, horrorizados deante dos morticinios de Belgrado, 
era Antonio Prado adepto da moderna esclola que sustenta, 

as revoluções retardam a liberdade, como PRadan acons 
we aseu partido resistencia aum facto consunmado, com acquies= 
cia ), sem abalo, sem lucta sem oxeassos 2 


ea em aa 
Lopes Chavi 



























nl 
ao lofellimento não concesulmos obter, Ml 
já da amparar o ebofo da Unido Consorendo 












— 206 — 


Coberonte com suas ideas, resolveu por uma forma solomne 
tornar conhecido seu modo de pensar, dando, porém, a acus ami= 
gos políticos, ampla e completa liberdade, para que cada um Sem 
guisse naquella emergencia, o que a consciencin e o patriotismo 
aconselhassem, 

Para esse fim de aecordo com o Dr. Augusto Queiroz, co- 
nhecido e Fu ntndo chefe da situação deenhida, e cuja inter- 
venção naquelle momento será explicada por um outra de nossos 
consocios, resolveram convocar uma reunião para tornar conhe- 
cido sen modo de pensar. 

Convocada a rennino para o din 18, nessa manha, compa- 
receram elles em Palacio, é recabidos pelos membros do governo. 
provisorio, communicaram a resolução tomuda de adherirem ás 
novas instituições. Foi longa a conferencia. Nella discutiram 
« enenraram as dificuldades erendas, peln nova ordem de consas, 
e o modo pelo qual deveriam ser resolvidas. A essa conferoncia 
esteve presente Francisco Glycerio, 

A? tudo, no theatro de 8, José, que já desappareceu, con= 
sumido por um incendio, e que era situado no Largo da Cadea, 
posteriormente da Assembléa e agora do Dr João Mendes, rea- 
lizou-se aquella reunião. 

O que nella oceorreu, diz a neta original que vou ler, para 
completar esta narrativa, embom já tivosse sido esse documento 
preledo pelo nosso consocio Dr, Miranda de Azevodo, no sem 
livro— Mortos ilustres. 











«Acta da reunião popular que renlizon-se nesta Cidade de 
Sho Paulo, no theatro de São José, na dia 18 de Novembro de 
1589, promovida pelos Drs. Antonio da Silva Prado e Augusto 
do Sonza (Queiroz, para o fim do adberir à forma de governo, 
proclamada no paix, 








No dia 18 de Novembro de 1889, ds sois horas da tardo 
reunidos no edifício do theatro do São José, crescido e impo- 
nente numero de cidadãos, representantes de todas as classes so= 
cines, que aendiram & convocação foita pelos Drs. Antonio da 
Silva Prado e Augusto de Souza Queiroz, para o fim de ma- 
nifestarem solomnemento sua adhesho à forma de governo pro- 
elamada no pais, depois dos acontecimentos do din 15 de No= 
vembro corrente, oceuparam a presidencin da referida rennino os 
Dis. Antonio da Silva Prado e Augusto do Souza Queiroz, ten— 
do sido os mesmos recebidos pela multidho com prolongada salya 
de palmas. 








— 907 — 


mida, tomando a palavra o de Antonio da Silva 

e ollo foi dito, quo tendo os ultimos suecessos doter- 

7 transformação política, é «reado um estado de 

' o, que não pode oferecer segura garantia, á 

« iranquillidade publiza e aos grandes interesses socinos, 

ndia, que todos os brazileiros, esquecendo antigas dissenções 

deviam confraternizar no unico pensamento, de co- 

para a organização politica da a livre, formando 
o partido nacional—o gennde partido Republicano. 

Para eso fim convocaram a presente reunião, pars darem 

testomucho de suas convicções, para o que oferecia a 

va a ler, e que era do teor seguinto. 







y 
! que ello possa cumprir o seu devera, Esta imoção, 
im como o disenrso, foram constantemente interrompidos por 
livantos applnusos. 
Em seguida usou da palavra o dr. Augusto Queiroz, e de- 
iron, que, como representante do partido liberal extincto, con- 
iva as palavras do chefe do partido conservador na monar- 
e que, com amigos adherin ú moção, que não era 
do o consociamento dos antigos partidos, que nunca 
inha oco feonteiras perfeitamente definidas, e que agora 
unem-se, para a gloria da patria e para constituição da Repn- 
Mica Federativa. Suns palavras foram constantements applaudidas, 
k do de novo à palavra o dr. Antonio da Silva Prado, 
darom que se lavraria uma acta desta solemne reunião, pai 
assignada polas pessoas presentes qua quizessem adhorir á 
Entendia, que a melhor fórma de fazol-n votar, ora, bra- 
dar; Viva Republica dos Estados Unidos do Brasil! Viva o 
ado de São Panlo! — saudações essas quo foram frenctica- 
Cr pela maltidao que enchia n espaçosa sala da 
im seguida foram levantados muitos vivas, e suspensa 
ião, recobondo cu, João Baptista do Moraes, ordem para 
esta nota, o que fiz e assigno. Joho Baptista do Mornes, 
o as assignataras na seguinto ordem, 























à a Queiroz, Manool da Al- 
M. Froire, Antonio Proost Rodovalho, José Laizdo Al- 
“Nogueira, João Baptista de Moraes, João Alvares Rubião 










— 808 — 


Junior, Trinem Villela, Dr, Frederico Abranches, João Thomaz 
Alves Nogueira, João Carlos L. Penteado, Gabriel Militão Villa 
Nova Machado, Aurelio Lopes Baptista dos Anjos, José Custo- 
dio Alves de Lima, Antonio Luiz Tavares, Nabor Jordão, Wen- 
ceslin de Queiroz, Antonio Leme da Fonseca, José Maria de 
Azevedo Marques, José Jonquim de Azevedo Soares, José Mar- 
condes de Toledo, Ernesto Vaz, Firmino Moreira Lyrio, eseri- 
«ão do jury, João Antonio de Oliveira Campos, Padre Nicola de 
Gincomo Navario, Joaquim Fernandes Continho Sobrinho, Jos- 
quim M. Galvão Bueno, rdo de Monra Telles, Eloy Mon- 
teiro da C, Salgado, Francisco Antonio Pedroso, Vicento G. de 
Azevedo, Tenente-Coronel Joaquim Antonio Dias, José Augusto 
de Toledo Barbosa, Manoel Corrêa Dias, Gabriel Marques Cou= 
tinho, Ildefonso Archer de Castilho, Domingos Ferreira, Pedro 
Alcantara Lendemberg, Joaquim Roberto de Azevedo Marques, 
Joho Baptista da Silva, Carlos Augusto Ramalho, Antonio M. de 
8. Aymberé, Dr. Ulysses Cruz, Paulino G. F. de Campos, Brau- 
Jio Ludgero de Almeida, Francisco C. da Silva, Paulo E. de 
Oliveira Carvalho, Antonio 'Pavares, Francisco Alves da Canha 
Horta Junior, Juvenal Malheiros, Adolpho Augusto Pinta, Al- 
varo de Carvalho, Alfredo Guedes, Antonio Teixeira da Silva, 
João Vergneiro Bonamy, Jono de Oliveira Rocha, A. J. Dias da 
Costa, Francisco Malaquias de Almeida Lisboa, Adelino Jorge 
Montenegro, Dr. João B. da Rocba Conceição, Virgilio M, Pe- 
reira, José da Silva Vieira Guimarães, José Maria Diniz, Ma- 
noel José Ferreira, Alexandro R. Martins, Alfredo P. do P. Pau- 
dista, Luiz Cesar do Amaral Gama, Joho Ferreira Machado, Ju- 
venal E, Parada, Antonio Terra Pereira, Miguel L., Joho Pinto 
Gonçalves, Pamplilo Manoel E. de Carvalho, Jonquim Carlos 
Bernardino e Silva, Augusto Sá, Americo ra, Antonio Per 
reira de Aquino, Joaquim G. Bacellar, Geraldo da G, Bentes, 
João Bernardo da Silva, Fortunato Moreira de Souza, C. Mar 
tins dos Santos, João Augusto Pereira, Luiz DB. Detoldi, Arthur 
Prado de Q. Telles, Antonio Marcondes dos Ri Jono Luiz A. 
Ribeiro, Herculano H. Gomes, Joaquim Anto: nehado, Pran- 
cisco de Assis Pacheco Junior, Luiz Lopes B. de os, Anto- 
nio D. Junior, Diniz do Prado Azambuja, Bernardino Ferreira 
Leite, Francisco Sonres de Azevedo, Sebastião C. e Silva, Cos 
saro Puccinelli, Francisco Americo de Furin, Francisco de Souza 
Ribeiro, José H. dos Santos Leme, Manoel Martins, Antonio 
Cardoso Pinto, José de Deus da Silva Serra, Aquilino E. de 
Moraes, João Roiz de Sonza, Flaminio de Souza, Hippolito G 
Pujol, ). A. do Andrade, João Marques, Francisco Xavier de 
Muttos Salles, Francisco Carlos Augusto de Andrade, Jonquim 









































— 204 — 


Xavier, Angelo João Zancbi, Manoel Ferreira do Al- 
Pilho, Antunio 'T. Corrta Filho, Bernardo Brenn 
ar a S B. A nerlo Pereira = tia so 
iveira, Tarquimo G. . Lopes, jim Corrêa de 
ida, “Orear W. 'T, Severiano José Ramos, Joté 
io Oliveira Arruda, Antonio Loureiro, Luiz Vieira jo 
Dumingos de Mello Reiz Loureiro, Achilles Spulborgs, Ju- 
Anro dorico, Silvestre João da Silveira, Soho da Oli- 
E Guimarães, Luiz A. Corrêa Galvão, Arlindo Vieira Pues, 
Nestor F. de Carvalho, Paulino Sonres de Souza, Joaquim 
de Azambuja, José Venancio Ferreira, José Antonio Li- 
ma Vieira, Guilherme Nogueira, José Manoel de Arevedo Mar- 
Francisco de P. Bonnova, José Augusto de Souza Lima, 
“Eulalio da O. Carvalho, Antonio A, Azevedo Antunes, 
Guilherme von Auzinche, Elias Antoni: heco e Chaves, A, 
“J. Argolo Castro, Domingos A, C. Ritton, Francisco de Assis 
“Carvalho, Jono José B. Janior, Antonio J. da Silva Vargas, 
“Frederico J. W. Martins, Antonio dos Santos Oliveira, Marcinio 
Antonio de Souza, Henrique A. de A. Whitaker, José B, Gal- 
“ xvãho, Luiz Sppinelli, Clodomiro P. Ricardo Alfredo Medina, Apri- 
j Es Godoy, José V. de A. Aymberé, José Corrên de Mo 
— Francisco do Almeida Garret, José Luiz Gonçalves, Joaquim 
José Luzaro Madeira, Bento José de Andrade, Pearo Rocha, José 
— Antunes de Carvalho, Candido Luiz Gonçalves, Braulio Aurelio 
— de Azevedo Marques, Francisco de Paula Xavier de Toledo. 
Encorrada a reunião, os que vella compareceram, dirigiram- 
a E Recebidos pelo Dr. Prudente de Moraes, Anto- 
Prado, em patriotico discurso, referiu o que se dera na reu- 
nião, o concluindo, len a moção, que nesbava de ser votada. 
Prudente de Morass, enlientando o procedimento dos que 
“acabavam de dar tho elevada prova do patriotismo, saudou a 
“nova putria, desde aquelle momento unida, por uma só idéa, 
od o desapparecimento dos tres antigos partidos. Phrase 
A! 











— Entre 05 nossos consocios, além de outros, dois existem, 
h tomaram parte muito directa nos acontecimentos que acabo 
do daserever, & que podem completar ce” pontos omissos desta 


O Dr, Mirauda do Azevedo, com seu reconhecido talento, 
ct para o Instituto, memoria, das resoluções tomadas pelo 
no Club Republicano, muitas das quses não foram tra- 


publico, 








— 210 — 





as, mais tardo será escripta q 
historia daquelles memoraveis acontecimentos. 





Ao arehivo do Instituto vou confiar esto precioso auto- 
grapho, 

Muitos dos seus signatarios já repousam no seio da eter- 
nidado. 

Alguns, recuaram do compromisso tomado. 

Outros porém, confiantes no faturo da patria, permanecem 
no posto que assumiram naquela solenno reunião, 


5 de Agosto de 1908. 





João Moxazs, 


APPENDICE 


A ultima sessão do Conselho d'Estado 


Percortendo velhos jornaes, encontramos as duas cartas que 
ndeante transerevemos, por conterem enviosas informações sobre 
os ultimos acontecimentos politicos que antecederam do dias da 
proclamação da Republica. 

Essas cartas feram publicadas no Correio Paulistano em co- 
meço do unno de 1890, foram eseriptas pelo Dr. Jono Moraes 
nosso consocio que se dedica com exforço ao estudo das cousas 
de historia patria e que tem oferecido a este Instituto preciosos 
autographos inéditos, que tem servido para clarear muitos pontos 
da nosso historia. 

O nosso consocio procurou as informações para o seu tra- 
balho, ouvindo a algumas das testemunhas presenciues dos factos 
por elle narrados. 

Transeripto em alguns jornses do Rio « do paiz — aquella 
narrativa não soffreu contestação alguma, porque tornou-se do- 
cumento digno de ser consultado embora redigido em linguagem 
ardente, reflexa ninda das paixões de momento. 

E' um complemento do seu interessante trabalho lido no 
Instituto que ora publicamos. —N, da R. 














= epi 













fo) que alli entrasse desprevenido, não 
de ir pressuroso apresentar seus respeitos ao que lhe 
Si dr nad emb do parodiar naquella 
um provinciano so Jembrasse nag! LO 
o acto Eitoiio do Muciv Scayola, com certeza a vida do impe 
estarin tão garantida como estava n de Porsenna. 
Antes de começar a festa governamental, o Club dos Mili- 
tares, em sessão secrota, presidida pelo sr. Benjamim Constant, 
lançava as bases finaes da revolução, tendo antes feito acceitar 
do Club preliminares que, por inepeis, não foram comprehen- 
Aídas pelo governo, entregue como se achava ás es 
O ter ro fu Já porte conhecido, realizou 
terceiro facto, já em conheci se y 
naquele dia memoravel, foi a reunião do Conselho de Estado, 
Que se deu essa reunião, soube o paiz, não só pela convo- 
cação havida, como tambem pelo resultado—a approvação do — 
grodito do ar contos, para uuxilio ás provincias do norte 
seven, 
O que, porém, muitos ignoram, são os fnetos que se deram 
na ultima sessão daquelle Conselho, e. 
Como 6 sabido, nos seus ultimos tempos, aquella corporação 
| não cra mais o vrgam consultivo do imperador; uão era mais 0. 
Jogar escolhido por se estudar com eslma, reflexão e 
as ide questões do Estado; mas, sim, o campo onde iam-se 
degladiar os partidos e as ambições! 
Foi esse o logar escolhido para se dar o ultimo ataque 
situação conservadora, que desuppurecen em Junho do anno. 



























udo, 

Fora abi que o sr. Ouro-Proto, animado pela presença dos 
chefes runes da conspiração de palacio, consegwu pela calumuia 
e pelo desmantelamento dos earnetéres, fazer dali ao velho 
monarcha que o gabinete conservador—sacrilicava as Binanças em 
favor dos Loyos, e o Imperio, pela demasiada tolerancia para com 
os republicanos ! 

“dra nessa mesma sala, qne, no din 9 de Novembro, o sr, 
Ouro-Preto reunia o vonselho e lhe expunha em poucas palavras. 
os motivos justificativos da ubertura do ercdito. ei 

Na fórima dos estylos, tomou a palavra em primeiro logar o 
sr. Conde d'Eu. 

Declarou o principe—que dava o seu voto a favor do ere- 
dito, atendendo ao fim a que se destinava, Fes v0r, entrotanto 
—que, sendo elevadissima à quantia de que so tratava, melhor 
serin que o governo solicitasse essa auctorização do poder 1 
lativo; visto como já estava oficinlmente doclarado haver no Rio 














— B18 — 


«O erodito é para ser distribuido aos bancos privilegiados, 
alguns dos quase 38 estavam fallidoss o cas "V. ML. não Aguoeas 

« O cradito só tem por fim manter por mais algam tem 
esse jogo desenfreado que reina na nossa praça, jogo pf é 
no qual, á Rreciso dizer n verdade, fica em grande perigo a 
corôn de V. M. (textual). » 

No desenvolvimento dessas idéns, nprosentou o illustro con- 
solheiro varias outras considerações com a mesma franqueza € 
rudeza de fórma, 

Emquanto fullava o notavol brasileiro, o st Onto Preto 
dava repetidos signaes do irritação, batendo na mesa do conse- 
lho, tevolvendo [reneticamente os papeis de sua pasta, interrom- 
pendo o orador com treguentes apartes, e mal se contendo com 
os continnos ncenos de mão do Imperador. 

O sr. Ouro Preto, cantestoa em seguida ns razões do voto 
do sr. Figueira o declarou que se ndmiraya da opposição dello 
à abertura de credito, quando antes, para o gabinete de 10 de 
Março, o sr. Figueira tinha votado por outro menos favoravel é 
quasi sem justificação, 

Disso que não houve corrupção; que o governo não intor- 
veio nas eleições; e que abla-iha a gloria não ter havido der= 
ramamento de sangue. 

Ao fazer costa declaração, olhava ironicamente para o sr. 
Andrade Bigueira, querendo accentuar assim que alludia aos 
acontecimentos de 8, José dos Tocantins. 

Veio a replica: 

Com ealma esmagadoura, disse o sr. Figueira pouco mais 
ou menos o seguinte: 

«O ministro de V. M. fulta à verdade, quando declara que 
jt votei aqui um eredito em peiores cireumstancias talvez, pe- 
dido pelo gabinete 10 do Março. 

oderei tolo feito, se a exposição mo houveiso conyoncido 
de sua necessidade, Não O volei, porém; pois mo achava au- 
sente: como V. M. não ignora. 

Aleanço a insinnação que me foi ativada pelo ministro do 
V. Magestade, 

Elle, em sua consciencia, sube que nunca neonselhei, nem 
tomei parte em violencia; di potieesmo pela primeira vez para o 
“rs Ouro Preto ) mas, enenrundo-o, como costumo encarar os homens, 
declaro quo — se fosse governo e so tivesse de Innçar mão de um 
dos meios, preferia a violencia ú corrupção; por que esta avilta, 
nho sómente a quem é corrompido, mas tambem a quem corrompe!» 

Ao ouvir as palavras incisivas do sr. Figueira, o sr. Ouro 
Preto ficira com o semblanto apopletico. 


































o imperador apressou-se, em pedir o pa- 
elheiro, e levantou a sessão mal recebera o 


bl mada. + «Proelamada! o por quem ?» «Pelos ami- 
de V. Alteza» «Oh! muito tarde conhecemos y. exc.! to 
A” noite deu-se o baile na Tha Fiscal. 

dos conselh de Estado que assistira á reunião, foi 






i Conselho percorrer as salas com seu 

tivo, já não se Jembrando da sessão da Conselho e 

perigos imminentes que ameaçavam as instituições monar- 

e e que só dolle eram desconhecidos, —repetiu por varias 

“vezes, quando demandava terra: «E? de força o Celso, mas está 
“morta a monarchia!s (1) 

momento recebi o presidento do Conselho o golpe 











do dia 15: 

Or. Benjamim Constant, então presente, deanto do minis- 
“Mo, e na presença dos oficines chilenos, sustentava à these de 

o militar tem o direito de desobodecer no governo quando 
“osto ordenar o cumprimento de ordens que parecem-lho ille- 
“goes e aviltantes!> 
— Fo Visconde continuou a dançar... 

Tacrro. 

Rio, 23 de Abril de 1890. 





“AINDA À ULTIMA SESSÃO DO CONSELHO D' ESTADO 


Rio, 29 de Maio do 1890. 


Tendo dirigido no Correio Paulistano nos primeiros dias 
mes uma carta com a episraphe 4 ultima sessão do con- 
de Estado, tive a satisfação de verificar, que essa despre- 
porém verídica descripção, fóra bem aeceita pola im- 


1 Uma dessas pesons era 0 padre João Manost 0 a outra 0 conselheiro Jogo Alfredo, 














— mo — 


prio e iso do Eid 
um mes impronsa, o 

os que leram esse artigo e n carta de João Hora 
corrente, devo dar as razões que me levaram « cons 


e cireumstanciada de tudo quanto occorren no paço da ci 

desde o dia 1 no meio-dia até o dia 16 até ds 4 horas da 

drugada.  Comquanto tenha de repetir muitas cf 

ibidas do publico, ninda assim darei conhecimento de o 

factos que não vieram até hoje no conhecimento do pais. 
Devo declarar desde já, que as particularidades e min 

eins desta carta são verdadeiras em todos os seus pontos é 

foram narradas por pessoa que nelles tomom pes 

Nuda protendo acerescontar; aponas mo limitarei a fazer 

commentarios precisos, sem os rasgos de imaginação, tão com 

muns no ilustrado autor das Cartas do Rio. 

No din 15 de Novembro do anuo findo, ás 11 boras da n 

mban, não havia quem igmorasse 08 factos que occorreram das 

















procurar seus pontos habituses de reunião, para asim pod 
mais facilmente conhecer a marcha da crise. 
Por esse motivo muitos membros notaveis do partido con- 
servador se acharam reunidos no escriptorio do Conselheiro Fer-. 
veira Vianna, Um distincto chefe desse partido, sempre intema- 
vato, no envez dos outros procurou desdo logo o Quartel Goneral, 
onde se dizia que estavam presos os ministro 
Desejava onvir delles proprios a narração cireumstum 
dos acontecimentos. o 
Alli chegando, ninda encontrou os srs ministro da guerra, 
da justiça e o presidente do conselho, » com este travou o 
guinte dialogo: 
«O que toi isto? O aconteceu a y, exe, 2 
«O mesmo que amanhan hado acontecer a v, oxe., disse o 
se. Quro Preto com ar desabrid ! 
. não aconteceri; 
minações ; não vim para censural-o. Sabendo que se ncbava 
dificil, quero collocar-me ao Indo do v. u 


o que fôr possivel, » 















































— 87 


 Cnhindo em si, admirado da nobreza o procedimento do sem 
* ão politico, o Visconde, em rapidas phrasca narrou o 
“que havia oecorrido, concluindo por afirmar que estava deposto, 
“que nho em imuis governo, e que essa resolução já communicara 
| do Trsperador. A 
isto offereeia no sou interlocutor uma tira de papel, 
— onde se lis o seguinte; 
. «Copin—Senhor.—O ministerio situado no ltel-general 
da guerra, a excepção do sr. ministro da marinha, que consta 
estar ferido em uma casa proxima, e diante das doelarações dos 
ses, + rg Visconde de Maracajú, Floriano Peixoto e Barão 
do Apa, de que não inspira confiança a força que tem, não 
ma possibilidade Es vesistir com eficacia a intimação de exone- 
ração feita pelo Marochal Deodoro, npesar das ordens, que para 
resistencia se deram, vem depór nas mhos de V, M. o sou 
pedido de exoneração. 

Ao concluir n leitura desse telogramma, ainda fez o inter- 
Tocutor do sr. Ouro Preto a seguinto observação, 

V. exe, nho pode tor esse procedimento, 

Seu dever obriga-o a dirigir-se à secretaria, é eu me ofo- 


reço mhal-o, 
imo Não sou ministro nem para despachar o ex= 
onte. 

Não preciso dizer no leitor o nome do cidadao que fôra 
procnrar o presidents do conselho. Com certeza, ella já ndvi- 
thou que não podia ser outro senão o sr. Andrade Figueira, 

A“ uma hora da tarde achavam-se reunidos no escriptorio 
do sr. Ferreira Viuuna, como acima disso, muitos homens im- 
Renta do partido conservador, anciosos para conhecerem o 

ho da revolução, 

Pouco antes das tres horas souberam que o Imperador che- 
gara do Petropolis é so recolhera ao Paço da cidade, onde tivera 
tapida conferencia com o Visconde de Ouro Preto. 

Momentos depois, novo emissário vinha anunciar que o 
sr. Ouro Preto doclararm no monareha, que não continuaria no 
k nem mesmo para actos de mero expediente, e que constava 
que o sr. ex-presidente do lho rscebera ordem do Imperador 
para telegmphar no sr. Silveira Martins, convidaudo-o a com- 
parecer no o, logo que chegasse do Rio Grande. 
Os cavalheiros que se achavam reunidos no gabinete do 
“trabalho do conselheiro Ferreira Vianna, rosolveram procurar e 

o soparadamente derigicam-se ao Paço, onde tambem 


Imperador 
sopnradamento foram recebidos pelo mouarcha, 













— 218 — 
' 


Entre esses cavalheiros, alguns haviam já sido chamados 
pela Prineezn, A pessoa encarregada dessa commissão não tim 
nha encontrado a muitos delles, 

A esses, à Princezn dirigia-se com grande interesse e pro- 
curava saber a verdade das oceorrencias 

Quando entrou no salão o sr Figueira, a Princess com 
elle conversou algum tempo, e a pessoa que commanicon-me os 
fnetos que estou relatando, ouviu-a pronunciar a seguinte phras 

«Vá, e falle a meu Pre com à sua costumada enorgia>, 

O Imperador se achava na sala contigua, e recebia as pes: 
sons que 0 procuravam. 

Conversava ligeiramente sobra os ncontecimentos parecendo 
completamento despreoceupado. 

«Não me assusto. Não sou marinheiro de primeira via- 
gem», disse elle a uma das pessoas que desereviam a impor- 
tancia do movimento « a necessidade de se organizar de prom- 
pto novo ministorio, 

Diversas vezes ropotia: «Já mandei chamar o Deodoro, Mão 
do ver que isto dá em nada. 

Diant« dessa confiança, dizemos mesmo, dessa ingenuidade, 
como que ficavam conctos 05 que com clle conversavam, e Té 
tirayam-so tristes e desanimados. 

A Princesa entretanto, com sangue (rio adiniravel, ouvia 
as discussões, tomava parte nelas, o só se impressionaya com 
a demasiada inercia do Imperador, 

Não cesava de apoiar a opinião daquelles que ss manis 
festavam pela conveniencia da rapida organização de um mi- 
nisterio. 

A 5 horas da tardo rotivaram-so as ultimas pessoas que 
alli tinham comparecido, e a familia imperial ficou só com seus 
famulos « empregados de semuna. 

4% 8 horas da noite achavam-se de novo no Paço os que 
havinm comparecido durante o dia, 

A todos a Princexa communicava que o Imperador ainda 
se conservava impussivel, nho querendo chamar organizador sem 
que obtivesse resposta do sr. conselheiro Gaspar, 

A's 9 horas chegava o sr. Saraiva, à chamado do Impora- 
dor. Teve com elle longa conferencia, finda a qual retirou-se 
immedintamente, 

Neste tempo diversos alvitres eram lembrados pelos amigos 
presentes. Alguem fallou em conselho de estado, o esta idén 
foi imediatamente adoptada pela princeza, na esperança” de 
ser ánaai 6. iara cena a cp gana SER 
ta de um ministerio. 
























= 44 — 


E À princeza a sala onde se achava o pae que, de 
má vontade resolveu satisfazer os dosejos da sua filha, 
A nuctorização, a princeza rapidamento acorcon-so 
grapos que se formavam no salão é convidou os 

heiros para se reunirem ao imperador. 
un 20 minntos dn noite começou n deliberar o 
ho sob a presidencin do imperador o com a presonça dos 
Paulino, Cruzeiro, Dantas, Jono Alfredo, Paranaguá, Leão 
Visconde de Cavalcanti, Dunrte de Azevedo, B. Rohan, 

d Figueira e Silva Costa. 

— Provocada pela princeza a opinião dos presentos, todos com 
nas variantes, se manifestaram pela organização do um 












Inistorio . 
— Para não tomar-mo prolixo demais, apenas reproduzirei o 
do sr. conselheiro Figueira. 
Não devo notar o leitor o rveferir-mo tantas vezes n osso 
tre cidadão. O respeito que elle goza em todo o pais, que 
mira sua lealdado e nltivez obrigam-me a colocar n opinião 
da tão conspicao brazileiro ácima da dos cavalheiros que pre- 
nciaram e tomaram parte nos acontecimentos que descrevo, 
e 4 do sr. A. Pigueira foi mais ou menos o seguinte: 
ho em reconhecer a necessidade da se organisar ga- 
comquanto já mo pareça inutil essa providencia. 
evo declarar que a escolha do er. Silveira Martins nas 
eta eircumstancias é inconvenientissima. 
« Direi mais a v. m. so ossa indicação não tivesse partido 
se. Ouro-Preto, ou nereditaria que se está trnhindo a corôn. 
«O sr. Gaspar é odindo pelo exercito, o só esta considera- 
bastaria para que seu nome não fosse lembr Oceultam 
am. eireumstancias importantes, A republica 
D governo provisorio organisado, muil provincias 
“ho movimento. So alguma providencia resta à tomar É 
duvida a organisação de um governo, » 
Esta opinião foi apoinda por todo o conselho. Alguns mem- 
d m no imperador o nome do sr. Figueira, com o 
capaz de conjurar o perigo, pois não lhe faltava patrio- 
o, prudencia e encrgia. 
A indicação de meu nome é infeliz ! 


Estou no mesmo censo do sr, consclheiro Silveira Martins, 
Ka Camara dos Deputados, nunca deixei do consurar a indisci- 
lina que ha muitos annos laven no exereito—sou odiado por elle. 
E nas aetunos circumstancias, está mais no enso de 
esse serviço do que o st. Saraiva, 





















— 290 — 


Elle gosa de estima geral, e folizmente não se envolveu 
até hoje em questões com militares. » 

Pronuneiou o Imperador as seguintes palavras, dignas de 
ficarem registradas na nossa historia, por que servem de dofesa 
a muitas accusações que lhe foram feitas, 

«Se mé agora insisti na recusa de encarregar a organiza- 
ção do um ministerio a ontro que não o ar. Gaspnr, foi porque 
ha muitos annos, salvo mudança de situação, tomei por norma, 
da qual nunca mo apartei, chamar para as organizações minis- 
terincs o nome que me era indicado pelo presidente do conse- 
lho demissionario. 

Mandem chamar o sr. Saraiva. 

Suspenden-se a sessão, e já passuva do meia-noite quando 
se foi dar conhecimento ao sr, Saraiva dos desejos do Imperador. 

Pouco depois de uma hora da madrugada chegava ao Paço 
o velho estadista, e não pôde reeusar-se nos desejos do chefe 
do Estado. Exigiu porém plona liberdado do neção, e fez de- 

ender a sua acceitação de uma conferencia com o general 
eodoro. 

Deelnrou então a Princesa que o Imperador já mandara di= 
vorsas vezes chamar o general, porém, seus crmssarios nunca 
pudoram chegar até elle. Era esta uma nova dificuldade que 
appareeia ! 

«Se v. exe. quer escroyer no sr, Deodoro, eu me compro- 
metto à fuzer esforços para que a carta chegue a suas mÃoss : 
disse o sr, Andrade Figueira. 

Acesito o oferecimento, alli mesmo na mesa do conselho foi 
escripta n carta e entregue ao sr. Figueira, que se rotirou vol- 
tando minutos depois. 

Dove-se calcular a impaciencia das pessons presentes pela 
resposta do general ! 

Voltando o mensngeiro, teve elle entrada no salho onde sé 
achavam reunidos a Princeza, o Conde d'Eu, os conselheiros e 
mais pessoas consideradas. 

Ditheil, tinha sido no official, a quem recorrera o sr. Figueira, 
o cumprimento de sua missão. 

Amigo intimo da familia do senoral, consoguira chogar & 
presença da digna esposa do chefe do governo que conduziu-o 
junto do leito em que dormia o valente soldado opprimido pela 
fobre e fadigas do dia ! 

Acordado bruscamente, leu a carta e voltado para o official: 

«Diga no Sarniva que é tardo. 

Em n sentença de morte da monarchia, + como tal foi re- 
cebida pelas pessons presentes. 











281 — 





ofundo o desanimo. 
beu a resposta com calma admiravel, Con- 
indagou quaes ns causas de queixa do 


não ouvindo bem, e compreendendo que se tra- 


Pa e 


uaturalmento, ficou perturbada com a ta 
ial com entma repetin ao Moeda as bordo 
corda. 


ata hados foram-se retirando os conselheiros o 
e re 

mais voltou d sala do conselho, e poueo depois 
ofi eilencio na residencia imperial ! 
mais de 3 horas da madrugada 
vê 0 leitor, não me era possivel considerar este con- 
sendo—sessão do conselho do Estado. 
consideral-o, deveriam ter 
ionaes, como muito bem 











como tal se pudes; 


das ns Formulas con; 
o conselheiro Paulino. 
es convocação regular, nem esteve a elle presente 


ido muito pode-se considerar o que houyo como sendo 
] sessão do conselho da Pamílio Imper 
Aceresce ainda a estas mma raso 
reuniu-se quasi ás 11 da noil 
já estava proclamada a Republica. O governo 
mpletamente organizado recebera durante o dia à 
muitas províncias, e o que & anais notam já 
os decretos que dissolviam o Senado e a ca- 
tados, e extinguis o conselho de estado. 
ois, por essas razões, permitta Joho Horácio, que q 
ptor destas linhas e com elle a historia, continuem 
reunião do dia 12 de Novembro como sendo a 
do conselho do estado ». 
À noite, como se deve convencer o ilustro us- 
in se dar—sessão plena do conselho de es- 
hora em que elle se rcuniu—já se tinham ce- 
da monarchia brazileira. 


glky, hoje corunel, Tucrro. 








r 


Historia de Iguape 


AO LEITOR 


E” muito util, sinão absolutamente necessario » um [oa 
conhecer a historia de seus antepassados. Esta verdade é sediça, 

Si possivel fosse reunir as historias dos municipios, conse- 
guir-se-ia fazer a historia minuciosa e verdadeira de todo o 
puiz. Neste presupposto, desejando fazer alguma cousa que es 
timúlo os competontes à tarefi, árdua sem duvida, de fazer a 
historia de Iguape, lemos não poucos livros e muitos documen= 
tos, enfadonhos e sem encantos, e apprehendemos factos e cos 
tumes dos quaes só existem recordações va poeira dos velhos 
arebiyos, 

Dessa leitura nascermn as notas que trazemos enfeixadas 
neste opusculo, as quaes oferecemos nos estudiosos, como sim- 
ples subsídios para n historia de Igunpe. 

Verdado seju que fnctos, oceorridos em logares taos como 
Iguape, que paréce parte isolada do portentoso tedo do Estado de 8, 
Paulo, pouca ou nenhuma influencia manifesta podem ter exer= 
cido na evolução social ou no progresso material do pais, Teso 
não obsta, entretanto, que o municipio iguapense seja parto in= 
tegrante deste grandioso quiz e que, mais de uma vez, tenha 
prestado, em ocensião de envestia, relevantes serviços de celeiro 
aos governos de Sao Paulo e do Rio de Janeiro. 

Houye época om quo a população de Iguapo ora mais ener- 
gica, mais activa, mais válida e a voz de filhos seus levantava- 
se nentnda nos Conselhos Administrativos. Si hoje—raros exce- 
ptundos—vivem os igunpenses em estudo de somnolencin, deye- 
mos lançar a culpa à educação, que não oppõe resistencia ás 
inclinações da indolencia naturalissima nesta região de marayi- 
lhosa fecundidade. Estará ainda remoto o futuro renascimento da- 
quella era de energias? Deus o anbe. 

Ao começar nosso modesto trabalho não ignoravamos as dif- 
ficuldades que fatalmente teriamos de superar na colheita dos 
documentos que servissem de base, é ao mesmo tempo de prova, 
à hi de Iguape, desdo sun fundação até a geração netual. 
Sabiamos da existencia de documentos de inestimavel valor para 
a reconstrueção da historia local, sinão para a xveconstrucção da 
historia do Brazil. Lemos esses documentos e, com a curiosidade 
sttrabida para o passado, extendemos nossas pesquisas. Tenta- 














— 298 — 


ge muita verança, muita pnciencin. Foi 
des que Walter Scott fez reviver no Teanloe a 
saxonio e do barão normando é que Manzoni faz 
a vida inteira do Milanez, sob o dominio hespa- 
mhbel, no começo do XVII seculo, 
— Tufeliamente documentos importantissimos existem em poder 
particulares que, por motivo inexplieavel, recusam-so forne- 
“ col-os para tirar cópia, Outros foram subtrabidos de archivos 
qe apr e, consta, achum-se em mão de pessõas quo 
e ra de Igunpe, Abi estão sérias dificuldades. Em vom- 
“pensação pódese contar com a franco auxilio de iguapenses cri- 
“toriosos e adeantados. Com esse auxilio conseguimos rennir os 
“documentos, de valor incontestavel, que ilustram esto esboço. 
No archivo da Camara Municipal existem livros e docu- 
mentos, enja data remonta a 1666. Por um recibo passado pelo 
Escrivão da Camara, em 4 de Janeiro do 1845, verifica-se que 
Risos doa para cá perderamse ou foram subtrnhidos diversos 
f antigos, do Archivo municipal; existem, pois, lacunas que 
dificilmente podem ser preenchidas. Sobre esta falta voltaremos 
“com muis minudencia, opportunamente, «e demoustraremos, então, 
entre os livros desapparecidos ha os que remontam a época 
“anterior a 1606. 

a Revista do Instituto Historico e Geographico de São 
“Paulo, vol, 1, foi publicado um nosso esboço da historia da 
À e Tguapé o no vol. IV foi estampado um tigo sobra 
“a mineração de ouro nesta zona, Sobre o primeiro habitante eu- 
ropeu desta vegiho escrevemos um pequeno artigo que O 
“Estado de S. Peulo publicou em sua edição de 23 de Julho de 
1909. Neste opusculo somos obrigados q fasor referencia q esses 
“trabalhos, para evitar a fastidiosa transcripção de documentos 
“que os acompanham. 
tamos agora novos documentos que derramam mais 

sobre a fundação da povoação igunpense, os quaes ainda não 
iamos encontrado, quando escrevemos o citado esboço, 
Cingimo-nos eserupulosamente aos suecessos comprovados 
“por documentos, Mais de uma vez, porém, fomos obrigados a re. 
4 tradição, explicar e conentonar suecessos insuíi- 
to indiendos nos documentos que estudámos, 
Iguape, Janeiro de 1403, 

















Enxesro Guri Young. 
Boclo honorario do Instituto Jlstorico e Ucographico de 8, raulo 




























— 224 — 
FUNDAÇÃO DE IGUAPE 


Para demonstaar o principio verdadeiro da eidado do 
e seu municipio é necesario fazer um ligeiro resumo do 
histórico da Sá pe pReAado m u 
leitores do prese pusculo. 
E" innegavel, em vista dos documentor existentes 4 
em diversas obras, q o primeiro europeu conhecido como 
oi um bacharel 





que 
costa, no mez de maio A 
6 O local onde 
deixaram o bacharel desterrado, por causa da deseripção da 
calidade e posição da Tlba que os primeiros navegantes cl 
vam «Ilha de Cananéav, mas que hoje é conhecida pelo 
de «Ilha do Abrigo» o mais ninda por causa do «padrão» 
pedra erigido na mesma occasião de ser elle posto em terra, 
«padrão» mais tarde foi levado para pum o Rio de Janeiro 
Affonso Botelho de Sampaio ; como tambem pelo que está es 
eripto no «Diario da Navegação» Je Martim Affonso do Sousa, 
Em 1508 partiu do Hespanha uma feota commandada por 
Vicenta Yanez Pinzão e Juan do Solis, para explorar a 
desta tora da «Vera Cruz» o chegando em viagem à 
23 1/4 Sul, portaram em torra, ficando ahi perdidos set Caste- 
banos; e o commandante, por este facto, poz o nome de «Rio 
Race dao neste eh PRA 
lgumas pessôns em lem duvidar que este log 
ficaram perdidos os sete Cartolhinas, fosse Pás de C 
E causa da ida de latitude ; na reconhecida, 
je, a inexactidão sições notadas pelos cosmogra, 
quelle tempo, e neando a combinação ai fetos peiro 
teriormente om relação a esto logar, temos razão para nen 
que o «kio dos Innocentess de Juan de Solis, ora a barra 
«Rio de Cananéia de Americo Vespucio e de Martim Affonso 
Sonsa, cujo logar incontestavelmente é n barra de Cananés | 


hoje. 

ú Em fins de 1596 ou em principio do 1597, Di 
ehegou a esta costa o numa bahia chamada sJtto dos o 
encontrou um bacharel portugues que lho forneceu carne, pois 
ete, o deu-lho um genro seu que lhe serviu do im 
Prova isto que Diogo Garciy, pelis cartas cosmographicas, ; 
conhecia o ge ebauado eftio dus Tunvcenteso. Provavelmente a 















































— 226 — 


gou e fundeou suas embarcações proximas ú Ilha de Cunanéa e, 
como diz no diario eseripto pelo seu irmão Pero Lopes de Sousa 
«antra ella o a terra», combivando a dascripção que elle dá desta 
Tocalidade perfeitamente com a configuração da Nha do Abrigo 
“e do logar onde hoje é o ancoradouro dos navios. 

Martim Affonso dahi mandou, em uma embarcação, Pedro 
“Annes Piloto para ver se podia ter communicação com os indi- 
genas e, no dia 17 do mesmo mez, voltou «Pedro Annes Piloto 
mo bargantim e com elle viu Francisco de Chaves e o Bacharel e 
eíneo ou seis castelhanos Este bacharel havia trinta annos que 
estava degradado nesta terra, e o Francisco de Chaves era mui 
grande lingua desta terras, 

Até agora 4 historia dos diversos factos citados combina per- 
foitamente, e nho podemos duvidar que, tanto o bacharel como 
os Fespanhões que existiam duranta o aspaço de muitos annos, 
convivendo com os Indigenas, como podemos deduzir do 
facto de Francisco de Chaves ser «grande lingua desta terras, ti- 
nham todos formado familias, tanto mais que o bacharel, em 
1526, forneceu um genro seu para sorvir de interprete ao Diogo 

a. 

Neste ligeiro resumo dos fuctos históricos está provada a 
existencia, nas proximidades da barra de Cananén, no sumo de 
1581, de sete ou oito homens europãos e agora veremos si é 

êvel provar quo estes mesmos homens foram os vordadeiros 

lores do nucleo de Iguape. Para isto, verificando os fa- 
etos eitados e documentos apresentados no «Esboço histórico da 
de Iguape», voremos que a primeira povonção e villa 
“do Igunpo de que temos provas incontestaveis, oxistia ao pó de 
um pequeno monte chamado «Oiteiro do Bacharelo. 
otundo o que diz no «Diario da Navegação de Martim 
Aponso de Sousa» n respeito du direcção fmcado por Pedro Annes 
“o diz «por esto rio arriba», parcee claro que elle seguiu 
em direcção à Iguape; como exualmente reparándo no tempo em 
ne elle estove ausente da barra de Cananéa, é tambem fóra de 
devida que noste espaço teria elle tampo de chegar com facili- 
dade ao «Oiteiro do Bacharel» o voltar com os referidos ho- 
mens em sua companhia. 

Esto «Qiteiro do Bacharel» é um pequeno monte em frente 
4 barra de Tenpnra pelo Indo de dentro e que hoje é conhecido 
“pelo nome do «Morro do Icapara». 













históricos, ainda que, pelo correr tempos, ficam corro 
esta, SRA ÇE nome do monte, parece que p 
eólume até a data de hoje. o 
Podemos considerar este «Oiteiro do Bacharel» como. 
Epa que os homens que foram 
na barra de Cananéa, e) 
o mais se confirma tal 
notando os factos históricos que se seguem e que dão 
Si é licito considerar como verídicos os 
cimentos descriptos que tiveram relação com este logar am! 
à chegada de Martim Affonso de Sousa, os quites são 
rados por seu irmão, devemos, com mais razão, aceeitar os: 
posteriores a esta data e que podem ser provados por doeume: 
tos originaes existentes. 

E' impossivel olvidar que, geralmente, os auctores mm 
escreviam suas historias debaixo de um certo preconceito 
repellin a deixar no osquecimento certos factos os gre 
lientados, poderiam diminuir o lustre do povo que elles d 
viam. Por esta razão é preciso ter o maior cuidado, nfim d 
mho asseverar como fretos tudo nquillo que póde ser desm 
por documentos existentes. Ha grande desncvórdo entre as O 
em relação a esto logar, escriptas por Froi Gaspar e h 
levoix é não podemos neceitar estas obras em sum totalidade e 
verídicas. 
Por documentos incontestaveis que existem em Iguape, 
guns das qunes foram por nós copindos e reunidos no « 
Aliióripo dl fuldaçno de Tguiides, é privado; que 
pernação ao pé do «Oiteiro do Bacharel» anteriormente no anná 

577, nuno esto em que aberto um Livro do Tombo da 
dedicada a Nossa Sonhora das Neves. er 

Sobre a existencia deste livro e do nnno em que foi ru 
endo nho podem existir duvidas, em vista das cortidões e 
seripões deste dito livro tiradas em diversas ocensides, cujas 
tidõos e transcripções so acham em livros da Camara Mun 
e do cartorio desta cidade. 
Um fueto notavel é que os homens velhos de Iguape, | 









— 227 — 


suas vidas têm occuppado cargo administrativo, eoncor— 
Eai Ruy Garcia de Masqueira como um ae Ee 
primeira povoação & consta que no antigo Livro do 
mho (ipi facto da elle ter sido do debaixo do arco 
cruzeiro ja, 
É Frei Gaspar da Madre do Deus, em suas «Memorias pera a 
Historia de Vicente», diz: «As façanhas de Moschera não 
de um ente dao razão, semelhante ao Hirco-cervo, que 08 
à m'outro tempo»; mas, em occasião opportuna 
“demonstraremos que havia algo de verdade em relação à estada 
“dello em Ixaape e os netos praticados duranto aquelle tempo. 
Não deyomos entrar om controversias a respeito de ter sido 
“elle ou outro qualquer que deu causa á guerra entre 0 povo de 
São Vicente e o de Iguape no intervallo de tempo decorrido de 
1593 a 1587; porém, devemos acreditar que esta guerra teve 
a ma ordem que Gonçalo Monteiro, o Capitão-commandante 
do litoral, nomeado por Martim Affonso deu, intimando os mora- 
- dores de Iguape a se reunirem em São Vicente. Esta ordem 
naturalmente não foi cumprida pelos Tespanhoes por cansa dos 
reconceitos nacionaes, é, ao mesmo tempo, por 
enusa das relações familiares existontes entro elles e os indigonas, 
relações eram das mais intimas, 
Frei Gaspar procura desaereditar os factos citados na historia 
“de Charlevoix, relativamento a esta guerra; não obstante os 
mentos existente: em parte, a favor de Charleyoix; 
sinho veremos: Frei Guspar confessa que o Livro do Tombo, que 
Martim Affonso de Souza mandou fazer, foi perdido logo depois 
do dito Martim Afonso ter-se retirado para a Europa Char- 
Ievoix diz que o povo de Eguapo saqueou a Villa de São Viconte, 
levando entre outras couas o Livro do Tombo, Varmhagem diz 
“que na escriptura da venda que fizeram os herdeiros de Ruy 
to, O registro da doação foita em 28 de Fevereiro da 1533, 
estava registrado no Livro do Tombo que Martim Afonso havia 
feito; mas, «por se perder o livro do tombo (que foi levado pelos 
“moradores de Iguape) se tornou a registar em outro livro que 
ora se fes. E fica nelle registado hoja 20 de Agosto em 5. 
“Vicente "de 1537, por mim Antonio do Vallo, Tabellidos. Em 
vista deste documento É inutil qualquer apreciação. 

j de erer que os europeus estabelecidos em Tgunpe, secun- 
“Bndos pelos indigenas, fizeram emboscada parn 05 homens vindos 
“de São Vicente, é que, aproveitando a divisho das forças d'aquella 
villa, foram atacal«; porém, reunidas estas forças o capitanendos 
Rino e Pero Gides, o povo de Lsnape foi obrigado a 


do estava estabelecido, Ao mesmo tempo é natural 







































ja de Nosa 5 
« Oteiro do Ba 


em 
Jo; à fundação de uma villa ? 
odeia Isto simplesmente casualidade ? 

Não é aeceitavol tal opinião — porque, o local onde 
a povoação não é d'aquelles que seriam escolhidos por 
vindo de proposito para fundar uma villa; mas, sim, é 
mento aquele que seria ncceito por algum pobre degradado 
p que continuadamente hnvin de lançar sua vista so 
a vastidão do ocenno que se descortina em fronte do « Uiteiro 









» 
Por falta do primitivo Livro do Tombo, que desaparecem 
amo de 1858, não podemos verificar quem era o primeiro sa- 
cordote, nem donde ello veiu; porém, à tradição relativa a esto 
assumpto é corroborada por escriptus aceeitos como veridicos, 
Dix n tradieção que o primeiro padre da egreja velha 

discipulo do Padro Anchieta do nomo Pedro Corrida, o, quo, 

depois da inauguração desta ogreja, partindo em direeção no Sul, 
foi morto pelos indigenas, no logar onde existe hoje a povoação 
de aged ri Esta tradição, em parte, é corrobornda ni 1 
nica da Companhia de Jesuv» do padre Simão de Vascon 
segunda dicção, paginas 91,92 e 93;a morto de Pedro Co 
deve tor sido no fim do anno de 1554 ou no principio de 1555, 
tendo ella partido da Cananéa em direcção no Sul, no din 5 de 
Outubro da 1554 e sendo morto na volta da sua viagem, h 

' Em vista do exposto podemos julgar que fosse elle o seus 
companheiros os primeiros sacerdotes que aparecerun aqui, prin- 
eipiando em seguida a edificação da egreja para assim cumprir 

a promessa que elle deu no povo de «fazer um der separado 
onde todos pudessem ejuntar-se a ouvir a doutrina chrstãa». 


Os primeiros habitantes europeus 















Não podemos duvidar que o primciro habitante europeu que 
se estabeleceu nesta zona fosse o bacharel desterrado na Ilha do 
Cardozo, em Fevereiro de 1501. a 

Duranto quatro seculos o nome desta homem ficou no olvido,. 


ne 






— 399 — 
mamueiando papeis velhos que temos a mão, 
inferir a que o seu Gp po Fernandes ou 
*esson. 
entar as ruzões que tivemos para imaginar esto 
je do homem tão celebre na historia ae 
E um resumo do pequeno artigo apresentado 
H e Geographico de São Panlo sob o titulo 
tores de assim como a transcrever alguns tre- 
ppsiaiações que relativamente ao mesmo artigo foram 
diguo consocio Dr. Theodoro Sampaio. 
ti lançar mho das tradicções para saber que o 
o itante europeu em Iguape foi o bacharel desterrado 
e ha tantos documentos comprovando que o primeiro 
de terras (exceptunndo os Indigenas) era um homem 
merecimento, e ao mesmo tempo um grande criminoso 
podia voltar à sem paiz, ora chamado Cosme Feman- 
Cosme Fernandes Pesson, que, fazendo uma simples de- 


racional destes documentos, somos obrigados à acreditar 
“grande criminoso Cosme Fernandes seja 0 mesmo 
terrado, 








muitos documentos em Iguape, uns no archivo da 
Municipal e outros em cartorio, que se referem no pri- 
o de terras qui, entre os quues ha um em que 
leclarado ter sido a primeira villa estabelecida ao pé do 
ro do Bacharel», em terras do mesmo, e ontros em que 08 
declara ei Cosme Fernandes, possuindo 
passado igio «ab-inicios, 
o estes documentos à carta de confirmação passada 
io de Oliveira, concedendo terras om São Vicente a 
no dia 25 de Outubro de 1542, devemos presumir 
Femandos so achava estabelecido em terras no ne 
o do Bacharel» enteriormente ádatada fundação 
Sho Vicente, retirando-se do Iguape naquelin ocensião 
E em terras concedidas a elle pelo proprio 
Affonso de Souzn. Esta carta de confirmação prova que 
em questão foram concedidas no « Mestro Cosme, bacha- 
proprio Governador, e tambem prova que a demora 
Cosme, lo, era de pouco tempo, visto que 
Monteiro, durante sua administração, concedeu à Pero 
da as mesmas terras, por se acharem devolutas. 
suppór que a retirada do Mestre Cosmo tivesse 
te 0 tempo do questões entro o era de Iguape o 
. Vicente, que devexia ser no ano de 1534 ou no de 
indo talvez ntó Santa Catharina com seus antigos com- 


















— 280 — 


À psi rêm, consta Cosme Fernandes 

Oy ess inelnaido dra alguns annos no 

neto oceupudo por uma casa velha que o povo diz 

dos Jesuitas, enjo Vogue designado em diversas eseriptoras 

o nome de Tapéra Si o Mestre Cosme, bacharel, de São Vi 

& 0 mesmo Cosme Fernandes, de Iguape, é claro que, depois 

sua estada naquela villa, elle veltou para esta. , 
Devemos julgar que os primeiros sete annos de seu d 

foram passados no meio dos indigenas, sem ter companh 

europto, chegando então a se reunirom com elle os seto ci b 

nos perdidos da frota commandada por Vicente Yanez Pin 

Juan de Solis. E 
Em relação aos companheiros do bacharel, a histori 

omissa, chegando sómente a doclarar o nemo de um del 

Francisco de Chavos; declarando mais que, em 1591, haviam est 

dous homens, que tinham cinco ouseis castelhanos por companheiros. 
Diz a bistorin que, no amno do 1536, o pop ini 

a Diogo Garcia mantimentos e um genro seu para servir-lhe 

orgs 


homem Francisco de Chaves, a unica noticia histórica publica= 
da é do sem encontro com Martim Affonso de Sonsa, em Cana- 
néa, e ada promessa que lhe fez, de que «em dezmezes tornava 
ao dito porta, com quatrocentos escravos carregados de prata e ouros. 
Agora, esta promessa feita por Prancisco de Obaves obriga- 
nos a reconhecer q) 5 homens que habitavam Tguapo maquel 
época tinham conhecimento da existencia dos roferidos mineraes 
no interior do pair, Os auctores antigos suppuseram que estas 
minas existiam nas immediações de Curyliba. No «Esboço histó- 
fundação de Iguape» aventurâmos nidéia de que fossem 
dns ns imediações de Iporanga; mas, por estudos 
delongados, reunindo as diversas noticias historicas, e fazen: 
deducção das nossas pesquisas, somos convencidos de que o iti. 
nerario seguido pelos oitenta homens de Martim Aflonso era o. 
mesmo seguido anteriormente por Aleixo Garcia € seus compa- 
nheiros, os quaos, com a excepção de dous homens o uma criança, 
foram mortos pelos indigenas ma volta dos confins de Peri. 
Pam que Martim Affonso dispensasse os serviços de oitenta 
homens na oceasião que ia em derrota ao Sul, é natural sup) 
que as noticias recebidas em relação à riquera existente no in- 
terior do pais, fossem comprovadas com amostras. Tambera, es. 
tudando o que diz Pero Lopes de Sousu no seudiario: «Parte 





= 281 — 


ram desta ilha, ao primeiro dia de Setembro de mil e quinhentos 
e trinta e hum os quarenta bésteiros e os quarenta ospingardeiros», 
parece que Martim Affonso estava convencido da necessidade de 
uma força armada para conquistar as desejadas riquezas. Si as 
minas que aqueles homens iam explorar estivessem nas imme- 
diuções do Curytiba ou mas margens do rio Ribeira, seriu de 
Redes o proprio conmandante da frota fosse pessonlmente exa- 
al-s, porque não podemos acreditar que elle deixasse seus 
partir sem saber, mais on menos, 4 distancia que tinham 
de OPrOr, 
Aceeitando a hypothese de que estes homens seguiram o 
o roteiro de Aleixo Garcia, somos então forçados a erer que este 
m tambem foi habitante de Igunpe e companheiro do Ba- 
eharel o de Francisco de Chaves, como tambem Sedenho, de 
quem fax referencia o historiador Ruy Dins de Gusman, 
Não podemos concordar com a asserção dos historiadores 
Ea dizem que Aleixo Garcia, com centenares de indios, partiu 
porto do São Vicente em 1524, visto que, naquella epocha, 
ahi so achavam estabolecidos os dois homens celebres—Jono Ra- 
molho e Antouio Rodrigues, que, naturalmente, haviam de ter 
conhecimonto de semelhante expedição, uma vez quo partisse 
d'aquello porto; tanto mais, sendo João Ramalho gonto do celo- 
bre 'Tybiriçã, Ao mesmo tempo, à informação dada para Martim 
Affonso, em Cananéa, da existencia das riquezas no interior do 
ptiz, em conjancto com as medidas tomadas para o bom exito da 
expedição, mandando só homens armados, cuja força partiu do 
littoral sote annos depois da mallograda expedição de Aleixo 
Garcia, são factores importantes a favor da hypotheso de ter 
sido o ponto de pnrtida deste homem nas imimodiscões de Cana- 
mea. é fneto de Francisco de Chaves ser, como diz Pero Lopes, 
«grando lingua da terras, nos faz imaginar que devia ter sido 
um dos companheiros de Aleixo Garcia na sua viagem, e, sendo 
assim, podia com mais certeza influir no animo de Martim Affonso, 
<ontando-lhe as peripecins da vingem c apresentando-lhe algumas 
“das amostras que Garcia mandou pelos companheiros que procu- 
zavam reforços. 
A expedição de Sedenho, que seguia o roteiro de Aleixo 
in, e que foi rechassadu pelos indios, talvez fosse n de 
Martim Affonso de Souza, havendo, porém, outra hypothose que 
lemos aventurar em relação a essa expedição, é que fosse uma 
wexpedição organizada pelus companheiros de Aleixo Garcia, em 
zesposta no seu pedido de soccorro, mas estes homens desapj 
xeceram de tal modo que, até hoje, não se sabo com exactidão 
do fim delles, 









Continuando com as nossas pesquizas, vemos. 
historiadores declaram pa ótcica europeus dos que vi 
Juan de Solis, sendo in! dos indigenas da exis 
de riquezas immensas no intorior do pniz, resolveram ir 
ralas, Encontrando estas quem avisaram seus compan] 

e não quizeram seguir m'aquella vingem; porém, vol 
(of eh prai dra Eri pelos indios | 
margens do rio Paraguay. Dizem mais, que, entro os q 

izeram ac os cinco dores, havia um c 

arique Montes e outro Melchior Ramirez, os quaes 
estabeloaanas junto à ilha de Santa Catharina. 

Nesta historia encontramos relação estricta com a de A! 
Garcia, e não podemos duvidar que com cello seguiram quatro 
companheiros, ficando os dois já citados por seus nomes e - 
enchendo assim o numero dos sete castelhanos perdidos na Bahia 
dos Innocentes. 


Insistimos nesta parte da historia patria, porque temos 
esperança de poder derramar luz sobre o assumpto. 

Parece que existe uma incongruencia, por serem cinco ou 
seis o numero dos castelhanos quo se apresentaram poranto 
Martim Affonso em companhia de Francisco de Chaves, visto 
q i estos homens eram daqueles sete perdidos por Jum de. 

, & sendo estes soto o celebro Aleixo Garcia e sous compa- 
nheiros, não podia ter sido mais que quatro o numero dos que 
existinm no tempo da chegada de Martim Affonso, sendo estes. 
os dois que nho seguiram com a expedição e os dois que volta 
ram della; porém, temos de ncerescentar o facto seguinte :. n 
fins do anno de 1525, Rodrigues de Acuna, commandante da 
néu São Gabriel, chegou na costa do Brazil, em logar onde e 
contron diversos companheiros de Solis, que, fornecendo-lho man. 
timentos, ete, informaram-lha de riquesaa tam que a notícia, 
incitando a cubiça dos tripolantes, deu rasão a que alguns di 
se resolyessem n ficar em terra. Não consta a posição onde D.. 
Rodrigues nportou; mas o facta de encontrar os comganheiros de 
Solis que lhe forneceu mantimentos e n noticia das riquezas 
terra, suppor que seja o mesmo logar ondo aconteecu seme-. 
lunnte facto a Martim Affonso, isto é, mn barra de Canmnés, 
Ahi temos explicada qualquer incongrnencia que havia, relativo — 
no numero dos hespanhões que existinm naquella epocha mesas 
immediaçõos, 
Us facto que cansou bastantes discussões em Tguspe, foi o 
achado de um machado de bronze no rio Ribeira, o 
Henrique Ernesto Bauer, e que ba annos se acha 
























— 238 — 
d do Rio de Janeiro, cujo mackado é considerado 


é provavel que 0 dito machado tenha sido trazido 
ros de, Aleixo Gnrein, quando vira procurar e 
ibeira? 


provavel E seguisse com D. Alvaro Nunes Cabesa 
em sua celebre viugem atravez dos montes e rios exis 
Sonta Catharina e as margens do rio Paraná, 

podemos duvidar que Ruy Mosqueim era homem tnr- 
oe o Em 1548, elle com Miguel de Rati 

de Oriate e Nuflo de Chaves, foram à cidado de Lima 

rimentar o Vice Rey Padre Pedro de la Gasca, smnome 

Martinez de Irala. No anno seguinte Mosqueira 

ud Santa Catharina em companhia de Ruy Dias do Mel- 

indo dabi outra vez para o Rio da Prata ondo demorou 

em cujo anno chegou em Tgunpe, e, falecendo aqui 
foi enterrado debaixo do arco cruzeiro da Igreja edi 


o ocnmanto que acompanha o «Esboço His- 
> que, om 1650. Camara uanicon E Capitão Bernardo 
, bomem já velho, o ser elle genro do Frameisco Al- 
Marinho, que deu as terras para o estabelecimento da Villa 
onde hoja existe a netunl cidade. 

1679, os Capitães Manocl da Costa e Francisco do Pontes 
assigoaram um documento de doação à Camara de duzentos 
ta braços de terra em quadra, como se vê pelo doen- 
acompanha o artigo «Subsídios para a historia de T- 
No termo da donção, consta bem claro 

homens herdeiros de Cosmo Fernandes, 


gi 
em outro capitulo. Nas allegações feitas por parte de 





— 284 — 





D. Francisca de Chaves Alvim, hn uma em que declara ser ella 
legitima possuidora das terras que pertenciam a seus ante) 

dos desdo muitos nnnos antes da mudança da villa, quando estas 
terras pertenciam ao Bernardo de Chaves, neto de Francisco de 
Chaves. A easa oveupada em 1839 por D.” Francises da Chaves 
Alvim, está situada no logar conhecido, em diversos documentos 
antigos, pelo nome de Tapera, cujo logar fica annexo ao quadra 
de duzentos e cincoenta braças de terras dadas por termo á Car 
mara no anno de 1679. 

Ora, si estas terras nnnexas no quadro medido e demareado 
no din 2 de Julho do 1679 na presença do Capitão Mor e Ou- 
vidor Luiz Lopes de Carvalho, pertenciam a Bernardo de Chaves, 
neto de Francisco de Chaves, antes da mudança da Villa, é por- 
que havia parentesco entre os Chaves e Francisco Alvares Mari- 
nho, como tambem entro aquellos o Cosme Fornandas, em vista 
da declaração no termo de doação, de serem os doadores herdei- 
ros de Cosme Fernandes. Portanto podemos estabelecer o racio- 
cinio seguinte: 





1,º possuidor — Cosme Fernandes -—- bacharel; 

no <— —Pranciscode Obaves, genro de Cosme Fernandes; 

j É = 

4º «  — Bormardo de Chaves, noto de Francisco do 
Chaves ; 

« — Capitão Francisco Alvares Marinho, 

« — Capitão Bernardo Roiz Bueno, genro de Fran- 
sco Alynres Marinho; 

itão Manoel dn Costa, casado com D.* 

Anna Maria das Dores, filha de Bernardo 

Roiz Bueno; e Capitão Francisco de Pontes 

Vidal Filho, casado com uma outra filha do 

mesmo Bernardo Roiz Bueno. 








7.º possuidores — 








Não podemos ainda estabolecer o grau de parentesco entro 
Francisco Alvares Marinho « Bernardo de Chaves; porem, havia 
algum visto os netos d'aquelle declararem ser herdeiros de Cos- 
me Fernandes. 

No cartorio desta cidade, entre os papeis velhos e noslivros 
antigos, existem muitas transcripções de vendas do terras, de re- 
querimetos de mudições e demareações de sosmarias concedidas, 
testamentos, doações etc, comprovando a existencia de muitas 
familias no fim do seenlo dezeseis; como tambem ha documentos 
no archivo da Camara municipal no mesmo sentido, pelos quaes 
pudemos compilar à lista seguintes de nomes, 








” 





de Pontes Vidal. 
co de Rosi designado <o moços, 
Ferveira Lima. 

Soares de Azevodo, 
Leitão, 


eitados existem netualmento ropresentantes das 
iu, Alyares Marinho, Pontes Vidal, Cunha, Nunes 
os quaes se consideram como dessendentes dos 
dores de Iguape. 

que haja mais esclarecimentos preciosos entre os 
os existentes, a dezcjamos que appareçam para auxi- 
o dos escombros do passado, 








Antiguidade da villa de Igunpo 


Ha divergencias nas ooras 


q elovada; porém, 
aqui, somos obrigados a reconhecer 
PRESA era Fernado pelo nome de Vilia 


Para dire este facto temos, io 
2 do « historico da fundação de 
dica a Oto jpteaa Qpitá E 
la Motta, no dia 8 de Dezembro de 1637, 
rimento de Francisco de Pontes Vidal 
sesmarias de terras, Nesto documento diz: 
a mim me fez petição v Capitão Praneisco 
endo em ella que elle hera marado) 


um titulo de medição de terras no pr 
falln-se diversas vezes na «Villa Velha 
tra-se no mesmo documento o seguinte: 
tomeu Gonçalves, vendia e douva a Antonio Fernandes 5 
um terço de mega Zegua, ande chamo a Villa Velha as q 
terras lho ficou de erança do defunto seu pay o 
ves, us quaes terras he possuhidor à entrequo pela 
Sua Allesa e por hima poce viva que lhe 
novo pelo Doutr Manoel Dias 
partição do Sul, por quanto lhe tinha tomado por ardem do S 
Magestada para Villa ne faser, e como não veyo o effeito 
neltas villa lhe tornarão a dar » Ainda d 
se encontra o seguinte: «Bartholum 
villa de Nossa Senhora das Neves de Iguape, que 0 seu 
defunto possuhir junto a barra mega legoa de terras, 

villa Oficiaes da Camara a 


us quaes lhe não deram nem servia para villa e agora se 
a chamar lhes terras do conselho e lhe fazem pesar 
dellas. Pelo que pede a Vossa Merece visto não lhe deram 
o mande metto de poco de suas terrax outra ves. 
Merce — Respondão os Oficiaes à du Epi ha 






















do mudança da villa, em 
té E 

1) 
blicado, pas- 
nça da villa 
prestar a Incalidudo onde existia, cuja mudança foi ef- 
muitos annos antes do 1660. 
mais o documento n. 1 do mesmo «Esboço», 
licn de uma carta em nosso ler, escripta em 26 de 

1635 com endereço a Villa do Nossa Senhora das Ne- 


pe. 

per de notas, numero dois, do esrtorio do Cananéa, a 
trinta em diante, existe um traslado de escriptura publica 
e carta de sesmaria em quo diz o seguinto; «Auto 
e das terras de Piratiúque 0 Juiz Ordinario San Soão 
deu «4 Simão Leitão e do Podre Francisco da Silva, 
o Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil e 
os é desenoue annos, aos trinta e um dias du mes de 
dito anno nesta Villa de Nossa Senhora day Neves», 
que nestes documento nho diz onde & esta vil; mas, 
haver duvida que se refere á de Nossa Senhora das 


a: com cuidado estes documentos citados, vorifi- 

existia uma Villa ao pé do «Oiteiro do Bacharelo, em 

à barra do Teapara e que a Camara tomou posse de terras 
a ella para augmental-a ; porem, não se utilizou destas 

não serom apropriadas no fim desejado. 

a Camara tomou posse destas terras, sobro o que não 
tar davida, é evidente que já havia villa, porque não 
ver Camara sem villa. 

sinha fosso a declnvação de teor sido 03 Officines 

pediram as terras do dito Bartholomeu Gonçal- 

que as palavras enílla velha» se roteriam a uma 












— 286 — 





voação lesmente, a qual o povo costuma chamar valgar- 
ento de vil ho mas, em eps Spire dos termos da potição 
e da resposta da Camara em 1667, não podemos acceitar tal idéa, 

Para tirar toda a duvida que winda possa existir, em virtude 
de qualquer transeripção mal copindn dos referidos documentos, 
tomos no Archivo da Camara Municipal de Iguape, um livro dos 
termos de Vereança (actas da Camara) em o qual sé verifica 
que no dia 15 de Janeiro de 1076 os vereadores citam o fucto 

ls Bartholomeu Gonçalves ter requerido e conseguido a entroga 
das terras que os Ofcinos da Camara pediram para se fazer 
nellas villa. (doe, n. 2) 

Este documento original desvanece qualquer duvida que se 
baseie em enganos nas transcripções ou traslados dos documen- 
tos citados referentes ao mesmo facto, 

Portanto, fica provado que a primitiva villa do Igunpe exis- 
tia em frente é barra do ed sendo d'ahi mudada para o 
local onde actualmente se ncha colocada n cidade do mesmo 
nome, e que esta mudança foi oftectuada durante os munos im- 
mediatamente anteriores a 1637, em cuja data ficou concluida a 
Igreja Matriz. Esta mudança não podia ter sido feita com muita 
rapidez em vista da construcção da Tereja ser de pedra é cal, 
o do seu tamanho regular, o que é facil verificar ninda pelos 
alicercos existentes até hoje, cujo trabalho naturalmente seria 
demorado naquela epoca por falta de pessoal habilitado e pelas 
dificuldades no transporte do material preciso. 

Exa fim, em vista dos documentos, não podemos duvidar que 
a povoação de Iguape, estabelecida em frento ú barra de Ica- 
para, tinha foro de Villa, tornando indiseutivel a existencia 
délia muito antes dn ern a qual gemmento se attribuo sum ele- 
vação, 





Descripção do local 





Não so púde afirmar hoje de modo positivo, quaes os mo- 
tivos que determinaram a mudança da villa do local onde oxia- 
tia, proximo à barra do leapara; mas, pode-se, à vista daquello 
local e pela leitura dos documentos istentes, conjecturar com 
bons fundamentos que, em parte, foi tal mudança ocensionnda 
pela falta de commodidade no territorio da antiga villa o, em 
parte, pela facilidade existente, no local escolhido para a nova 
villa, de communicarem os moradores estabelecidos nas margens 
do Mur-pequeno com os das margens do rio Ribeira, 

Assim parece natural, que o povo, não podendo edificar suas 
casas em logar commodo, em virtude de ser o local acanhado é 
ainda distante da unica travessia facil entre o Mar-pequeno e o 




















-— 289: — 








Ribeira, então preferido para os estabelecimentos agricolas, 

Jembrawo do mudar a villa para esta planície, onde encontraria 

para seu augmento futuro, materiaos para suas constru- 
lo proximidade dos sítios que se am formando, 

O terreno escolhido para a cdificação da nova villa, é par- 
te de uma vasta plan que começa ao pé de uma pequena, 

ira e extendese em dirceção S O numa distancia de 
vinte e quatro kilometros, acompanhando o Mar pequeno nesta di- 
zecção. À Isrgura da planicie, ao pé da cordilheira citada o 
em direcção N O, entre o Marpequeno « o rio Ribeira é dous 
e meio Kkilometros; porém, axtende-so ainda n'uma distancia 
consideravel do lado opposto do dito rio. A altura desto torro- 
mo sobre o nivel do mar varia entre O e 10 metros, sendo na 
maior parte 5 a 6 metros acima das marés cheias. 

Numa distancia de ceren de cinco kilometros, medindo da 
cordilheira em dirceção S O, havia sómente um corrego muitis- 
simo pequeno, deriyado da cordilheira, desuguando no Mar-pe- 
queno. Hoje verifica-se a existentia de outros correzos, os quaos 
porém, são simplesmento vallos feitos em diversas epochas pelos 
antigos possuidores dou terrenos, para conduzir agua às suas 
propriedados. 

A pequena cordilheira citada, corre em direcção N E até 
proximo a barra do rio Ribeira, e dell nassem um grande nu- 
mero de pequenos corregos, que desaguam, algnns no referido 
rio, outros no Mar-pequeno e outros no Oceano, entre a barra 
do Tenpara e a do rio Ribeira. 

A agua potavel para uso domestico dos habitantes da cida- 
do, provem principalmente de um pequeno corrego, que tem 
sun nascente na face S O da referida cordilheira, Este corrego 
antigamente corria para o lado do rio Ribeira, desaguando n'a- 
ma logos, que em tempos remotos indubitavelmente foi leito do 
referido rio, 

Pelo que se podo col: da leitura de trochos de nutos 
velhos, traslados de documentos antigos, escripturas de vendas, 
ete., neveditase que haviam nestr planície, proximo ao logar 
cedido para a villa, dois estabelevimentos que remontavam a um 
tempo anterior à mudança da villa pelo menos de oitenta au- 
nos. Um destes estabelecimentos achava-se situado na proxi- 
midade do logar onde existe actualmente à igreja do S, Bene- 
disto, em terreno, que no anno de 1840 pertencia a D. Pran- 
eisca de Chaves alelo, descondento de Francisco de Chavos 
que encontrou com Martim Affonso de Souza em 1531. O ontro 
erguin-se em terreno do lado N O da actusl praça do Duque 
de Caxias, no fim do vallo que esti aberto ao Indo do cemite- 




















—- mo — 






rio, Esso vallo foi facilitar a chegada do 
do Mar-pequeno até o SLi Ambos estes lo 
citados em diversos documentos velhos Plast 1 
e não podemos ninda decidir qual dos feras do 
se o primeira red rp nos parece que a proc 
cabe ao mais afastado 

Meias ascolEião : pino /a elifcaçãa dá igreja MRE 
proximo ao Mar no, e naturalmente concorrem para 
escolha a facil que havia de transportar as pedras para a 

r meio de canoas é balças, não podendo ter sido 

estas pedras nau RE EE sino pelo mar-] 

SR O lgreja. 

O edificio para servir de casa da Camara é de cadeia, q 
levantado dotraz da Matriz a oitenta metros de distan 
demolido em 1827, para dur logar á conclusão da 

Nos livros da notas, do archivo do dg a existe um g 
de numero de escriptaras de venda de casas, pelas Err: pode- 
se, com trabalho, reconstruir com mais ou menos exactidão 
planta da posição das casas primitivas da villa, RES EE 
tambem auxilio dos livros da Camara, que fazem 

as quaes foram demolidas e reedificadas com mo- 
inhamento 
casas foram edificadas sem que os respectivos | 
pror as tarios cogitassem do alinhamento, como snceedia em to-. 
as localidades daquelin época, sendo em geral destacados os 
edifícios uns dos outros, porém, nchogados o mais possivel á Ma- 
triz e á casu da Camara. 

Com o augmento do numero dos moradores da villa, estes 
foram levantando sous predios, intorenllando-os nos outros e es— 
colhendo de proforencia a margem do Mar-poqueno, JE enusa 
da facilidade de comunicação entre a villa 6 sous a 

A casa mais antiga da actonl cidade é a hoje Pe 
designada pelo nome do «Cadeia velho», que foi edificada por 
ocensião da mudança da villa, com o fim de ser occupada com 
oficinas para a fundição de ouro. Ha outras mui 
tre as quaes uma pertencente no Sr. Francisco Firmino ptimes 
de Oliveira, pitada em fi uo Foram de Bernardo de Cha- 
vos, o da Lgrej enedicto, a qual casa, 
Per e pp No 
do Largo da Matriz e porto do General Ozorto, que em 1688 
tencia no Roverendo Padra Vigario da Vara o fazor dos 
ns iloixados no au testamonto à Camara, Não conseguirmos 
ainda saber do que modo perdeu a Camara esta propri 
pr Pis ia respeito um termo de 





















—— DAL — 


veronnça do din 1.º de Abril de 1692. (doc, n, 168) Outra 
casa antiquissima, ultimamente concertada e situada no Largo 
“dn Matrix no indo da Pharmacia Popular, pertencia em 1690 
mo Reverendo Padre Antonio Barbosa de Mendonça, 0 mesmo 
Coal 22 de Janeiro de 1696 comprou os terrenos do logar 
jo Ypiranga, 08 pie hoje pertencem à Municipalidade, 

sem que podessemos esclarecer u transferencia, Existem outras 
casas que remontam 4 mesma época, como uma que pertence á 
Trmandade do Senhor Bom Jesus, ao lado da Matriz; em cuja casa 
se achava o archivo que foi queimado por ordem do Corregedor 
Comarca, Pedro Unhão de Castello Branco no anno de 1677. 

Ao tempo de sua fundação, havia em frente à villa um es- 
paço grande coterto de mangue, que ponco a pouco foi dos- 
truido, existindo alguns pedaços até o nuno do 1899, quando foi 
totalmente arrasado. 

terrenos, por ocensião da mudança da villa, pertenciam 
a Francisco Alvares Marinho, descendente de Cosme Fernandes o 
Francisco de Chaves, 

No ano de 1660 a Camara fed uma certidão (documen- 
ton. 3) na qual declarou ter sido elle quem deu os terrenos 
para a villa é quem mudou-a para esta localidade. 

Esto terreno pertencente a Francisco Alyares Marinho fazia 
frente no Mur-pequeno, desde o logar conhecido pelo nome Tia- 
guá em direeção SO nté o rio Sorocaba, e em direeçro NO até o 
beira, como se vê de traslados de sesmarias adjacentes o 
«escripturas de venda de terras passadas em diflorentes occasiões,, 

ara esclarecer a exposição relativa no modo pelo qual à 
primeira doação legitima de terras para a villa foi feita á Ca- 
mara, é necessario tratar da geneologia da familia de Francisco 
Alyares Marinho durante duas ou tres gorações, Não nos foi 

ivel suber de seus ascendentes, sinão que elle fui herdeiro 

Cosme Fernandes e de Francisco de Chaves; porém, em re- 
Jação aos seus descendentes, tornaso mais facil, em vista do 
grando numero de escripturas de vendas de casas e terras que 
existem, Não consta que Francisco Alvares Marinho tivesse fi- 
Thos, e, ainda que os tivesse, nho existiam na occasiho da doa- 
qão, como se infere dos documentos; porém, tinha duas filhas, 
uma casada com Prancisco de Pontos Vidal e a outra com Ber- 
mardo Roix Bueno. Este Francisco de Pontes Vidal era o mes- 
mo no qual se referiu o requerimento feito em 1687, pedindo 
uma sesmaria de duas loguas de terra, com a designação o emosso», 

de documento n, 2 do «Esboço Historicos) o é desnecessario 
Sa agora a prole delle, visto ser nm dos proprios doa- 
dores das terras. 






















— sag — 


Bernardo Rodrigues Bueno, genro de Francisco Al 
Marinho, tinha uma aílha, de nome Anna Maria das Dores, 
casou-se com Manoel da Costa, de cujo matrimonio mas 
diversos filhos e filhas, entro os quaos um do nomo 
Rodrigues Bueno, que ocenpou diversos cargos na admini 
da villa e casou-se com Mnrin Nunes Chaveiros. 

O referido Manoel da Costa, em virtude de sem casâment 
com Anna Maria das Dores, filha de Bernardo Rodrigues B 
no, tornou-se herdeiro da metade das terras pertoncentes a 
cisco Alvares Marinho, sendo que a outra m pertencia, 
mo herdeiro deste, ao Francisco de Pontes Vidal, por parte 
sua mulher, 

Podemos inferir que a dadiva feita à Cumara na o 
da mudança por Francisco Alvares Marinho, certificada 
officiaos da Camara no requerimento de Bernardo Rod 
Bueno, fosse verbalmente; porque, no dia 2 de Julho do 
a Camara declarou ao capitão-mór e ouvidor da comarca, Luz 
Lopes de Carvalho, que ella não possuia terras, e, neste m 
mo din, sendo chamados os senhores Francisco de Pontes Y 
é Manonl da Costa, estes deram ú Camara 250 braças em 
dro de terreno cuja demarcação foi feita como consta o 
mento n, 4. 

Sendo este documento de doação aesignado por Francisco 
de Pontes Vidal e Manoel da Costa e não constando que axis. 
tissem outros pretendentes ús terras do fullecido Francisco Alva, 
res Marinho, é razoavel afirmar que não haviam outros 
tos senão aquelles que assignaram a doação, e seus descendentes 
Egunlmente devemos inferir que até aquela data os her- 
deiros da Francisco Alvares Marinho, ou como dizem no 
da donção «herdeiros de Cosmo Fornandesa, não tinbam rep 
do entre si as reforidas terras, senão, não havia razão dos d 
assigonrem a escriptura; porêm, mais tarde, entre os annos de. 
1679 o 1696, as terras de Cosme Fernandes foram divididas, 
ficando Manoel da Costa e seus herdeiros com a parte que, 
2ia feente no Mar-pequeno, e os herdeiros do Francisco do P: 
tes Vidal com a parte que fazia frente no Rio Ribeira, sendo 
linha divisoria em distanci approximadamente cgual entro. 
Mar-pequeno e o Rio Ribeira. 

Pareco que asta divisão foi feita logo depois da morto de 
Francisco de Pontos Vidal no anno de 1680; er a divi 
é provada pela escriptura da venda de terras feita em 1696, 
lr qual Maria Nunes Chaveiro, viuva de Sebastião E 
Bueno, filho de Manoel da Costa, vendeu ao Reverendo Pi 


— 249 — 




































“Antonio Barbosa de Mendonça a parte que existia entre a bar- 
za do Ypiranga o o pedra de Ytaguh, (doc, m. 5). 


Factos relacionados com as obras feitas para melho- 
rar o fornocimonto do aqua potavel 


Umas das primeiras obras de necessidade que ns autoridades 
fuzer em bem dos moradores da villa er conduzir 
a agua potavel mais proximo às habitações. 
Como já ficou dito, na descripção da localidade escolhida 
a villa na ocasião da mudança, o pequeno corrego d'onde 
O povo tirava a agua, para seu uzo domestico, nascia na fralda 
do morro no lado NO dn villa e corrin para o vio Ribeira sendo 
a fonto distante da Igreja 1600 metros npproximadamente. 
Anterior no anno de 1692 as auctoridades fallaram em me- 
Morar o fornecimento da agua; porém, somente no dia 15 de 
Janeiro desse anno é que os Officinos da Camara concordam 
em mudar o curso do corrego e trazer aagua da fonte do « Se 
ahor Bom Jesus» por mcio do um vallo, que, passando ao pé de 
diversas casas ia leval-a ao mar-pequeno no logar chamado 
e Ypirangas. No livro dn « Vereança a doste anno existem di- 
versos termos layrados que provam o andamento da obra pelo 
3 mas, transercyi sómente o de 15 do Junciro, dia om que 
se resolveu dar começo à dita obra. (Doe. n. 6.) 
O nome— « Fonte do Senhor Bom Jesus », que conserva nté 
hoje, foi posto por enusa de ter sido Inyada a Imagem do dito 
or mesto logar na occasiho em que foi trazida a esta villa 
em 1047, como consta no documento n. 12 do « Esboço historico, » 
Desde o anno em que a Camara mandou divitir o curso do 
Corrego, 0 povo constantemento limpava-o, como se prova por 
muitos tormos da « Vereanço >; porém, ainda que tentasse da lim- 
pesa do corrego, parece que não se utilizava da agua que pas- 
dava polo novo eurso sinho para lavagem, indo sempre ao pê do 
morro buscar a agua que necessitava para o serviço culinario, 
Reclamando continuadamento o povo para melhoramento da 
fonte, os Vecendores no anno de 1737 resolveram chamar con- 
correntes para a construeção de numa caixa ao pé do morro, e, 
estando nesta oceasiho o pelourinho em mi estado, como consta 
dos livros da Camara, foram lavrados cditaes chamando concor- 
rentes para ambas as obras. Esto serviço foi contractado com o 
Capitto Jono Pereira Valle no dia 1.º de Dezembro de 1797 
doe. m. 7) sendo estipulado que n caixa para a agua seria feita 
pedra o cal, feitio de aboboda, com dois canos para saida do 
“gua e com um tanque ao pé, para a lavagem de roupas, ctc.; 











fornecendo a Camara sómento os dois canos, ficando 
etante obri; a fornecer os materines necessarios e 
mão e concluir a obra antes da festa de Agosto do a e 

Nos termos da « Vereança » verifica-se a obra ficou 
eluida o entregue à Camara no mos de bo de 1738, 
prova da sus solides existe no facto de que a dita caixa ainé 
está em perfeito estado e nho encontrar notícias sino 
dois concertos feitos nel Frete sua construcção até o 
de 1890, TA 

Na occasião de estar nesta villa o Ouvidor geral, no dia 15 
de Março de 1740, os verendores da Camara com elle fizeram 
vistoria na referida eaixa, como consta no livro da « Ve 
e do livro das Provisões do Onvidor, enjo facto refure-se no 
cumento nm, 14, como tambem que estando a porta da caixa 
pn a Camara no dia 8 de Agosto de 1757 mandou 
certal-n. 

Luctando ainda com a dificuldade ocensionada 
cia desta fonte do centro da villa e tomando-se cada ves mais 
instante n necessidade de meluorar o fornecimento de agua para 
o uso dos habitantes da villa, e, nho podendo a Camara por 
falta de meios dotal-a com o melhoramento precise, o povo no 
anno do 1780 começou por iniciutiva particular a 
de um muro de pedra e cal desde ao pé da caixa em direcção 
à villa, com intenção do trazer a agua mais proxima a ella, por 
meio de telhas nssontadas sobre o dito muro, Durante q 
annos esta obra teve pouco andamento, até que, no dia 8 de. 
Agosto de 1787, o ouvidor geral Francisco Leandro de Toledo | 
Mendonça ordenou ú Camara para continunr com q dita obra, 
pagando os trabalhadores como se vê pelo documento n. 8. 

“Trabalharam nesta obra de conformidade com os meios 
a Camara podia dispor, até que, no fim de LTB8 mandou collo- 
ear telhas grandes sobre o dito muro e am Janeiro de 1789 co. 
meçou correr a agou por meio dellas até o fim do muro que 
tinha tire do comprimento, 

Em 1804, sendo a cada passo quebradas as telhas, a Camara 
resolveu a mandar tirar Dicas de m para substituir as 
telhas ; porem, não consta que fossem as taes bicas colocadas 
sobre o muro. 

No din 26 de Agosto de 1809, o Onvidor geral Antonio Ri- 
beiro de Carvalho, estando em correição nesta villa, passou uma 
Provisão (doe. n. 9) mandando n Camara limpar e conservar 
aqueducto, como elle chamava o rego por onde u agua passava 





























vila, 
No nnno de 1822, Ignacio Marianno, morador aqui, come- 


— 245 — 





“ou a constracção de um Engenho ao pá do morro entre esta 
e a caixa da agua, querendo utilisar-se desta agua para mover 
seu oogenho; porem, a Camara embargou a obra, cujo em- 

foi approvado no dia 3 de Setembro de 1823 pelo Onvi- 
dor José da Azuvado Cabral. (doe, n. 10). 

Pela acta da Camara om sessão do dia 27 de Maio de 1827, 
vê-se que ella mandou reformar as telhas quebradas que haviam 
sobre o muro PE onde passava agua, e, em sessão do din 19 de 
Fevereiro de 1833, respondendo a um ofsio do Governo relativo 
ds obras de mais urgencia a se fazerem noste municipio, a Ca- 
mara informou da necessidade de encanamentos de agua e uma 

tendo sido anteriormente orçada esta obra em 7008000, 
isto é, para 4 construcção de uma enixa o q colocação de tubos 
do barro em logar das telhas sobre o reforido muro, (doc. n. 11) 
Neste mesmo anno Candido Papo, requereu & Camara po- 
| dindo que fosse mudado o curso das aguas da fonte que pas- 
savam pela villa para seu antigo leito, cujo requerimento enusou 
bastanto discussão e por fim foi resolvido, em sossão de 15 de 
do mesmo anno, que se «consertasse o canal para as 
aguas vude actualmente existe, por onde foi feito para servir ow 
da Villa antigamente a. 

Em sessão de 16 do Julho de 1836, por cansa de damnos 
ocensionados pelo transbordar das aguas do canal, Jombraram-so 
de dar subida a uma parta das aguas por outro logar, sendo 

posta a abertara de um canal directo ao «Ipiranga», ou um 

o ao «Vallo do Rocio; porém, ficou adiada à diseussão 
sem ser resolvido esto serviço. Somento no anno de 1839 e 
pia de ter havido diversas discussões, foi que a Cumura res 

vem mandar abrir mn dos vallos propostas, partindo este da 
frente da chacara de D. Francisca de Chavos Alvim directo ao 
«Ipiranga», cujo serviço foi feito neste mesmo amno; porém, 
começou incontinente uma questão suscitada por Dona Francisca 

2 manutenção da agua em som curso antigo. 

Em sessão do din 14 de Abril de 1840 o Procurador da 

|) Camara aprosentou um projecto para trazer a agua em canos de 
| ehumbo ao Largo de 3. Francisco, sendo orçada a obra em... 







No ano de 1842 foi aborto um canal para levar as nguas 
uma pequena fonte, chamada «da Sandade» para o mar, des- 
E ns aguas do seu antigo curso por onde corriam ao 


SA 

No dia 1.º de Fevereiro de 1843 a Camara dirigiu um 
Oficio (doc, n, 12) no Presidente do São Paulo, em reforoncia & 
questão suscitada por Dona Francisca de Chaves Alvim, fazendo 


— 246 — 


ver que as aguas foram divertidas do seu curso nataral, como 
df ficou eitado, para a serventia do povo, e, que, como sempre 
tinha estado debaixo do dominio da Camara, esta, em 1839, para 
evitar damnos a propricdados e à sando publica divartiu parto 
das aguas; porém, tratando sempre de conservar parto das 
aguas passando pela propriedade da dita senhora. 

Com data de 30 de Junho do mesmo anno a Camara vece- 
beu um Officio do Presidente de São Panlo (doe, n. 13) em que 
diz: que, «sendo obrigado pelo art. 4! da Lei de 1.º de Qutu- 
bro de 1828 a fazer, repor em seu antigo estudo as servidões 

mblicas, não consentindo que os habitantes de som Municipio 
iqnom privados daquelias vantagens em enjo oso estavam desde 
longos tempos, cumpre-lhes defender tars direitos por via de seu 
Procurador, devendo todavia aconselhar-so d respeito com adyo- 
gados de conceito, para que tenha bom oxito a lide, que se pro- 
põem a sustentar.» 

Em Julho desto anno, por meio de umn subscripção, o Pros 
eurador da Camara mundon fazer na fonte da Saudade uma pa- 
rede de pedra e cal para servir de açude, com um cano collo- 
cado em altura conveniente para a passagem da agua à no pé 
da dita parede um tanque foito de pedra e cal pra ser oceu- 
pado na lavagem de roupa. Esta obra custou 858800 dos quaes 
a Camara forneceu 3 JO como vefera o documento n. 14. Neste 
mesmo documento, que é cópia da neta da sessão da Camara 
do dia 18 de Dezembro de 1843, ver-se-ha que nesta data es 
tava concluida a obra na fonte da Saudade, e começada uma 
outra mais ou menos semelhante montra pequena fonte em que 
puzerum o nome «de Todos or Santos.» 

Esta ultima obra foi começada para evitar quo qualquer 
morador da villa fizesse ahi alguma obra para depois chamar a 
si a posse da referida fonte de agan. 

Na mesma sessão foi approvada a indicação apresentada, de 
rohibir «iodo o corto de madeira no morro» como igunlmento 
icou resolvido a mandar fuzer alguns reparos 14 caixa de agua 

da fonte do Senhor Bom Jesus, e, em vista da caixa tor sido 
construida sobre a pedra que os romeiros devotos procuravara 
ara levar cada qual um pedacinho, ficasse à chave da porta & 
isposição do Procurador ga Irmandade do Senhor Bom Jesus. 

Continuando a questão começada em 1839, por causa da 
modificação do curso das aguas, a Camara, em Janeiro de 1844, 
tratou com um advogado, Dr, Isidoro Boucnult, pelo preço de 
1008000 para defondola na acção proposta por Dona Francisca 
de Chaves Alvim, e no fim desta mesmo mez entregon-lhe 
508000 ficando o restante para ser pago no fim da acção, 








—u— 
do dia 16 de Janeiro de 1845 n Camara oficion 
mn. 15) mandando fazer diversas obras nos vallos 


e tanques a lavagem de roupa, 
ad ein do” e MD sendo Lea 





do pre- 

No dia 

Corda nto a Cam 

ello assignado um contracto da referida obra (doc, 
velo pelo preço de 650800 e comprometendo-se n con- 
antes do mez de Outubro do anno seguinte. Não havendo 
cofre da Camara para o prgamento da obra, o ve- 
sé Jacintho de Toledo, garantin-a com a condição de 
seu dinheiro logo que a Camara tivesse snldo no co- 

dia 26 do Feyereiro de 1848 ficou concluida a obr: 
neste dia recobela o entregala no uso dos hal 
villa; porém, não duron muito tompo esta encana- 
barro, sendo necessario no começo da 1851 concertos 















vieram abundantes chuvas durante o mez de Janeiro 
“ficando as aguas estagnadas em diversas partes da cida- 
alamando n Camain no Prenidento de Sho Fnulo algumas 
par melhorar esta estado de cousas, o Governo antori- 
ira de exgottos necessarios para dur sabida as aguas 

as. Em sessão do din 8 de Abril deste anno, o encur- 
do serviço dem parte à Camara de ter concluido o dito 
havendo entre outros vallos feitos, mandado abrir 
tindo de perto do logar chamado « Tapera» om linha 
té o « Pallo do Rocio» passanbo ao lado da chacara do 
ntonio da Silva e nos fundos das terras pertencentes u 
“ranciseo Cambanda e tendo gusto na abertura dos 
vallos a quantia de 5888400. 
sessão de 4 de Outubro de 1852 0 varcador Baptista 
indicou que se mandasse limpar o sobre citado vallo, 


18 
1 Eis Março do 1854 a Camara pediu ao Govemo 
a construcção de um Ohafuriz no Largo de 8, 










— 248 — 


Francisco com encanamento eu ligasse este com n fonte do So- 
nhor Bom Jesus, cuja obra foi orçada em 32008000. 

Nesta data os habitantes da cidade eram obrigados a man= 
dar buscar a ngon para beber à caixa do Senhor Bom Jesus om 
4 fonte da Saudade, sendo que o encanamento de barro estava 
inutilisado ; portanto estavam ainda nas mosmas condições a respeito 
do abastecimento de agua potavel como no sumo de 1708, tendo 
somente mais parto ás suas cnsas 4 agun necnasaria para lavagem, 

Logo que o vallo foi aberto dando sabida ás aguas vindas 
da fonte do Senhor Bom Jesus a o « Vallo do Rocio» no principio do 
do nnno de 185L,a Camara mandou entulhar o antigo curso des- 
de o ponto de partida do novo valo nté proximo no Ypiranga, 
obrigando os proprietarios dos terrenos por onde passava a fuzer 
oeste serviço a suns custas, 

Os diflerentes serviços feitos anteriormente ao anno de 1854 
sho demonstrados no mappa que ocompanha esto opusculo. 


Jencessões de terrenos 


E' natural suppor que os primeiros moradores europeus se 
estabolecossem nas immodiações da villa, tomando posso dos tors 
renos que wuis conveniencin lhes efferecessem sem terem outro 
titulo á propriadade senna o usucapino. 

Mais túrde começaram as concessões por sesmarias, na maior: 
parte com meia legua de frente, havendo, porém, algumas maio- 
ros, entre as quass uma de quatro laguns de terras. 

Em divoras escripturas de venda de terras ancontra-sa 
menção da terem sido as reforidas terras concedidas aos ante- 





passados dos vendedores pelo. Donatario da capitania, no prin- 
cipio da : em outras achas a declaração do terem sido 
dados, por sesmaria, por Gonçalo Corroia do Sá, capitio-mór da 


S. Vicente. Estas doclarações sho muito vagas, e, ainda que: si 
possa precisar que o referido Gonçalo Correm de Sá achava-so 
em 8 Vicente no anno de 1618, todavia não se pode suber ao 
corto que existisa uma concessão de terrenos neste municipio 
anterior à sesmaria concedida a Francisco de Pontes Vidal é 
seu filho no auno do 1637, na qual dis; comessando da data 
de Francisco Alvares Marinho. 

Com datas postorioras à esta, existam muitos documentos, 
uns originaes o outros traslados, que provam concossões do soa- 
murias nté o anno de 1820 approximadamente . 

E' para notar que nas escripturas antigas existentes, rola 
tivas is terms que fazem frente ao Mur-pequeno e se acham 
comprehondidas entre o «Oiteiro do Bacharel» e o Rio Sorocaba, 





-— 240 — 






“os vendedores consignam a declaração de terem sido ndqueridas 
seus antepasendos, por posse, ou como dir Bnrtholomom 
enlves em 1669: « por huma poce viva. » 
Pelo estudo cartas do sesmarias pode-se conhecer a 
expanção do povo para o interior desta zoua, começando dos 
estabelecimentos proximos à Villa a extendendo-sa grudualmens 
te, À intornar-so cada ver m porém, acompanhando sempra o 
rio Ribeira e sous afluentes, especismonte os rios Una e Poronpaba, 
Ba, nataral que O povo procurasso as margons do máiças- 
À toso rio Ribeira, para abi fundar estabelecimento, em virtude 
| da fucilidade do transportar os productos do seu trabalho e da 
fertilidade do solo das margens ribeirinhas, Logo que essas ter- 
ros se achavam povoadas, naturalmente eram procurados os d 
| versos affluentes do Ribeira que fucultassem os mesz10s meios 
do transporte. 

Temos em nosso podor uma lista de 37 sesmarias, organisa- 
da no auno de 1836, pelo juiz do Par, José Bonifacio do An- 
dinda (doe N. 184); mas dovemos obsorvar que ha nosta lista 

| alguns pequenos equivocos, originados da difieuldado, anão im- 
possibilidade, de coligir os dados precisos para tal fim 

O numero das sesmarias concedidas na zona do Rio Ribeira 
e seus affinentes, no Mar-paqueno, no Rio Una do Preludo, 6 
mas Prains de Juvtá, Verde e Una, é muito maior do que oque 
consta da referida lista. 

Não nos é lícito duvidar que a maior parte das terras des 
te municipio fosse adquirida simplesmente por posse usucapiana, 

| e quo essas terras mais tarde fossem partilhadas entre os ber- 
deiros dos primitivos possuidores, ou vendidas, ficando dosta ar- 

te os novos habitantes com documentos comprobntorios do seu 

inio, e, assim 6 que neste municipio, 4 despeito de sun enor- 

me extensão, poucos terrenos devolutos uetunlmente existem. 

*Pivemos. oscasião, ha alguns annos, de munuscar os regi 

| tros de terras feitos durante os nunos de 1855 e 1856, e delles 
pudemos averiguar que alguns registros exitem relativos a exten- 

bes enormes de terrenos, dos quass os registrantes não decla, 

raram de modo algum como é que os possuiam, e em cujos torre- 

nos não existia naquolle tempo mais que um ou dous alquei 

U de terras em cultura, sendo o resto todo coberto de matas vire 

No cartorio do tabollião Francisco Firmino Pontes Oliveira, 

desta cidade, encontram-se escripturas de venda de meia legua 
do terras polo preço infimo de quatro mil s oitocentos réis. Tam- 
bem encontram-se avaliações de bens, de enjos termos consta 
ter sido ayalindo polo preço de dous mil e quatrocentos róis, uma 
































— 250 — 


extensão do meia legua de torras, o vorificaso do masmo docu- 
mento terem sido avaliados os serviços de uma Indigena por 
cincoenta mil ré 

Havia outrora muitas questões entre visinhos relativamen= 
to ás divisas e rumos de suas propricdades confinantes, ns quass, 
na maior na eram decididas pelas auctoridades competentes 
por meio de concilisção entre os contendores, 

São poneas as sesmarias antigas que existem ma sua inte 
gridade, conforme a concessão feita, Entre essas poncas pode- 
se citar a do Cambixo nas margens do Rio Una. Egualmento 
são poucos os qroprietarios do terras neste municipio que pos- 
snem mappas dos seus terrenos npprovados pelo Governo. 








Os Indigenas e suas obras existentes em Iguape 


Sinto-me verdadeiramente acanhado neste momento, no co- 
meçar este capitulo, pois necessito a penna de um mestre para 
desenvolvel.o da fórma que merece; porém, como é preciso em 
todas ns grandes obras os serviços de serventes para colloear 
os materises à disposição dos mestres, não recuo ante este tra- 
balho, ninda que bastante pesado ds minhas forças. 

8i fosso possivel descortinar o passado, parece-me que a 
bistorin de igunpo seria uma das mais interessantes e notaveis 
do todo o Brazil, 

Relativamente nos primitivos moradores desta parto do 
litoral, existem monumentos que provam a existencia aqui, 
prebistoricamente, de um povo em população densa; porêm, é 
sómente pelos estudos archeologicos que podemos levantar uma 
pequena ponta do veu opaco que encobre a vida daquele povo. 

Não podemos contestar o facto de que pelos estudos scien- 
tíficos, são resolvidos certos problemas relativos ao passado, os 
quaes, á primeira vista, parecem insoluveis; e ao mesmo term 
somos obrigados n confessar que ns soluções oflerecidas rolnti- 
vamente ao povo desta costa do Brazil, na ocasião da cons= 
trucção dos Sambaquis são bastante divergentes. 

Estes resultados discordes dos estudos feitos até hoje são 
em parte derivados do defeito de nho reunir-se os diversos eles 
mentos deste problema antes de procurar o incoguito, 

E! innegavol que alguns mmetores avançam idéns relativas 
nos habitantes primitivos do litoral do Brazil sem o menor es- 
tudo scientifico do assumpto, resolvendo a seu modo esto pro- 
blema, que é dos mais interessantes a historia patri 

Esaminando o terreno proximo no Ocegno, mar-pequeno 
& os rios que sentem a influencia das marés, neste municipio, 




























em 26] — 


contramos um numero elevado de Sambaquis que hoje são 
“monumentos os estados areheologicos. Talvez não haja 
“outra parte do Brazil onde na mesma área encontre-se tantos 
ia como aqui em Iguape; e parece que esto facto prova 
a existencia de um povo que os formava em numero relativa- 
mente grande. 
Não é logar proprio para entrar em estudos n respeito deste 
mem das razões que teve de loyantar semelhantes montões 
de cascas; porém, não posso deixar de salientar um facto que 
mão encontrei mencionado em obr alguma das que tive o pra- 
ser do Jor sobre n formação dos Sambaquis do Brazil. 

Não admitto discussão, a força podorosa que a superstição 
exerce sobre o animo de todo e qualquer povo, especialmente 
daquello entre os quaes os raios luminosos da civilisação ninda 
não desvaneceram certos preconecitos. Recordando este elemento 
« encontrando-so ainda hoje um povo que so alimenta, em grando 
parte, de molluscos € que constroo actualmente estos montões de 
cascas, semelhantes nos nossos Sambaquis, devemos acceitar as 
mugõos deste procedimento existenta como o producto da trans- 
missão horiditaria de costumes dos antepassados. 

Acceitando esta conclusão natural da transmissão dos costa- 
mes e das superstições, e conhecendo que existem indigenas que 
fazem seus Sambaquis mais ou menos egunes nos que encontra- 
mos na costa do Brazil, devemos concordar quo a razão que os 
impelle a construil-os hoje, seja a mesma que já impelliu o povo 
prehistorico a fuzel-os. 

Esta razão é puramente a euperstição, que faz erer a estes 
indigenas que as cascas deixadas espalhadas trará dossraça, 
fánto mais, ei estas cascas, depois do terem sido dospojadas dos 
seus conteúdos, chegarem a entrar no mar, visto que, na opinião 
deste povo, será um aviso da destruição que esperava aos mol- 
Juscos, fazendo-os fugir destas imediações, 

Eis ahi a razão do procedimento dos indigenas que ainda 
existem nas costas inhospitas da Terra do Fogo, e si estes fazem 
semelhantes obras, impellidos simplesmente pela superstição, de- 
vemos concordar quo o mesmo elemento fosse um dos maiores, 
sinho o unico, da construcção dos Sambaquis pelo povo prolisto- 
aico do Brazil. (Veja pag. 194, termo de veresnça). 

E” natural concluir-se que estos Sambaquis, sinão todos, pelo 
menos a maior parto dolles, fossem feitos anteriormento da ehe- 

dos europens em 1500; porém, para se armar que todos 
N feitos anteriormente a esto tempo, baseando-se na roferen- 
ein que o Padra Anchicta fez n respeito da quantidade de ostras 
“e ilhas cheias do cascas de que 05 europeus faziam cal para 































— 98 — 


sems edificios, essa roforencia não é suficientemente clara para 
servir de buse à uma decisão positiva. Ao mesmo tempi 
falta de corroborção, não pomos neceitar em sua integridade 
e relnção que faz o Frei Gaspar da Madre de Deus, em suas 
«Memo para a historia da Capitania de São Ficenter, onde 
elle diz: «Exte territorio, e toda q Custa circumvisinha, assim 
para o Norte, como para o Sul, pertencia a varias Aldêas situa. 
das no campo sobre as Serras: as Ilhas de São Vicente, à Santo 
Amaro, é lambem a terra firme adjacente, e suas praias 

dião os indios, pela unica” conveniencia de nellas pescarem, é ma 
riscarem. Ela aqui a razão, por que Martim Affonso não viu 
Aldêa alguma, depoia que passou a Enseada dos Maromomis. 
Indios particulares em todo o tempo, e Povos inteiros em certos 
mezes, vinham mariscar na Costa: escolhiam entre os Mangues 
algum logar enxuto, aonde se orranchavam, e dalli sahiam como 
encames de abelhas a extrahir do lodo os testaceos maritimos 
He indizivol a immensidade, que volhiam de ostras, berbigões, 
cmejous, sururás de varias costas, e outros mariscos; mus «a pese 
ce principal era de ostras é berbigdes, ou porque gostassem mais 
dollos, ou porque ox encontrassem em maior copia, e colhessem 
com facilidade. De todo isto havia, e ainda hoje ha muita abun- 
dancia nos Mangues da Capitania de São Paulo, Com os tass 
marixcor se sustentavão, em quanto durava a pescaria, 0 resto 
seccavão, e antim beneficiado conduzido para auas Alitas, onda 
lhes servia de alimento por algum tempo. As conchas lançando 
à hum parte do logar, unde estavto congregadas, e com ellas fare 
mardo montões tão grandes, que parecem outeiros, a quem agora 
os rá sotterrados, Daqui nasceu escreverem alguns Authores, que 
ho mineral a materia, de que se faz a cal em varias pertes da 
America. Enganardo-se, mas com desculpa; porque a terra con 
duzida pelas aguas, e ventos para cima daqueles montes, for= 
mon sobre elles crostas tão grossas, que molgumas partes chegão 
a ter capacidade para vustentarem, como sustentão, arvores bastan- 
temente altas, que sobre elas nascerdo, e se conservão sempre 
ciumes. Tanta he a antiguidade destas Ostreiras (assim lhe clicam 
mão na Capitania de São Paulo) que a humidade pelo decurso 
dos tempos veio a dissolver as conchas de algumas delas, redu— 
aindo-as « huma massa branda, a qual petrificando-se pouco a 
pouco com o calor, formou pedras tao solidas, que he necessario 
quebral-as com marrões, ou alavancas, ontes de as condustrem 
para 08 fornos, onde es resolvem em cal. Destas conchax dog 
mariscos, que eomerão os Indios, se tem feito toda a cal dos edê 
ficios desta Capitania desde o tempo da fundação até agora, e 
tarde se acabarão as Ostreiras de Santos, 5. Vicente, Conceição, | 


















— 858 — 


Conanta, etc. Na maior parte dellas ainda se conser= 
inteiras as conchas, e nalgumas achão-se machados, (08 dou 
Indios erão de seixo muito pedaços de panellas quebradas, 
e ossos de defuntos, pois que algum Índio morria no tempo de 
servia de comiterio a (Ustreira, na qual depositavão o 


cadarer, e d o cobrião com conchas». 

Afistando do nós estas informações duvidosas e raciocinando 
mm ponco, somos obrigados a concordar que a maior parte, sinão 
todos, dos Sambaquis feitos nesta zona, são prehistoricos, não 
podendo ter sido feitos em tão elevado uumero depois dn che- 

dos europeos sem ter chamado mais n attenção sobre seme- 
Ihantes obras; ao mesmo tempo, não podemos afirmar positiva- 
mente que os indigenas não continuaram depois daquela epocha 
com o costume de consteuil-os, visto que, naturalmente, bavism 
do afugentarso dos logaros onde os enropeos estabeleceram os 
seus centros de commercio. 

Existem ainda ceren do com Sambaquis conhecidos na zona 
comprehendida entre n burra do rio Una do Prelado e a de 
Ararapira, alguns dos quass excedem cm volume a 40.000 metros 






Reparando bem na posição destes Sambaquis havemos de 
notar, que quasi todos são colocados sobre pequenas eminencias, 
em logares onde a seção das marés não pode desmanchal-os, 

Todos elles são foitos pela collocação das cascas dos mollus- 
cos em camadas irregulares, sendo estas camadas de diflerontes 
fgosnras, coma tambem predominando aollas diferantos propore 
qões dns diversas qualidados de cascas que os formam. 

Que na construcção dos Sambaquis gasturho-se muitos annos, 
jue havia espaço de tompo mutis ou menos prolongado entro 
das diversas camadas, não podemos duvidar; visto a 
espessura dos files de torra que sepavim estas camadas de cas— 
cas uma das outras Em certos logares estes filõos de terra são 
apenas perceptíveis; porém, em ouiros atingem até 20 centi- 
metros e mais de espessura, os quaes nho podiam ter alcançado 
semelhante espessura em pequeno espaço de tempo. Egualmento 
& motavel a grossura da camada de terra que os encobre, sendo 
a 30 centimetros esta coberta, havendo, porém, 
ares ainda maior grossura e com especinlidade onde 
os sho situados dentro da matta virgem. 

Que havia relação entre 05 indigenas encontrados aqui pe- 

Jos europeos e os que fizeram estes Sumbaquis, é natura] sup- 
em vista dos nomes pelos quaes são conhecidos até hoje, 
dois Jo; nesta song, distante um do outro de 48 kilo- 
“metros, ambos conhecidos pelo nome « Zabatingueiru», siguiticando 















— O 


esta palavra—ponto da extincta aldêa; cujo facto parece provar 
o conhecimento da existencia de nldêns nestes logares anterior= 
mente 4 oecasilo em que foram postos estes nomes, Em ambos 
logares existem Sambaquis grandes, sendo quo o mais proximo 
à cidade de Iguape é dis muiores até hoje encontrados, 

Qua existiam aqui grande numero de Indigenas, e que elles 

viviam ma maior harmonia com o bacharel portuguez o os hos 

anhoes não ha menor duvida; e reparando na nomenclatura 
os rios, voltas dos rios, morros, lagoas, etc, somos obrigados a 
reconhecer que estes nomes foram postos em sun maior parto 
pelos Indigenas. 

E” muito nntural que os nomes dos rios maiores € mais pro- 
ximos ás villas fossem postos polos Indigenas, e por elles trans- 
mitindos aos europeus; mas, neste municipio temos muitos eor- 
regos, nos centros das mattas, que não dao passagem por canoas, 
cujos terienos ainda não são cultivados, os quacs possuam no- 
mes da mesma origem, provando este facto que estas localida- 
des, par mais reconditas que sejum, foram visitadas pelos europens 
em companhia dos Indigenas que puzeram estes nomes do combina- 
ção com alguma coisa notavel do logar, como cra o seu costume. 

Infelizmente não posso ainda conhecer qual fosse a tribu 
ou tribus que habitavam esta zona em 1502, auno em que ficou 
desterrado o bacharel portuguez, sendo que o documento mais 
antigo que encontrei, no qual faz menção ú tribu de Indigenas 
aqui residentes é o numero 12 que acompanha o «Esboço histo 
torico da fuulação de Iguapes, em que dia: «Que sendo no «uno 
de mil e seiscentos e quarenta e sete, mandados dois Indios «Bu- 
gats», eta 

Pela leitura deste documento podemos saber que alguns re- 
presentantes daquela tribu existiam em Iguape em 1847; po- 
tém, pareeo que baviam cgualmente de outras tribus, visto a 
descriminação de serem esto dous— Buçaes. 

Um outro documento que encontrei com data de 1720, (does 
n. 19) prova que existiam em Iguape Indigenas da tribu dos 
Carijós; porém, nem este, nem o outro citado, podem servir para 
conhecer quaes foram os habitantes no oceasião do principiar a 
colonização enropoa, 

No documento n, 187 escripto em 25 de Agosto de 1816, 
ver-se-i quo diz: «os incursos são,,. tantos, os Bugaes,,« 
tantos, 08 chrismados, . tantos 

Pela leitura desta e da do documento já citado do 1647 
devemos julgar que esta tribu—Buçacs—era 1 raça original dos 
Indigenas que viviam em harmonia com o bacharel; mas, não 
ha prova positiva disto. 




















= 280 — 


Serin da maior interesse si podessemos esclarecer esto ponto 
“obscnro da nossa historia; mas, por infelicidade nossa os nossos 
q los em logar de colleecionsrem e conservarem os dados 
necessarios relativos a esta raca, para confeccionar a historia pa- 
tria, fariam tudo possivel para desbaratal-a, avastalando-a é 

varrendo o solo dos representantes prelistoricos doste paiz, 
do um pouso as Jeis promulgadas relativas ao tra- 
tamento dos Indigenas, não podemos deixar de conhecer que s 
verdadeira mira dos colonizadores eru n anniquilação desta raça, 
ainda que, para encobrir um pouco scus intentos, usavam da 
capa especiosa da cristandade. Basta lor com attenção as cartas 
«dos encarregados desta missão, como dos pndres Nobrega, Au= 
ebieta e outros, para reconhecer que as medidas por elles sug- 
idas, tinham por fim a desapparição deste povo em logar da 

da sua imoralidade, 
archivo da Camara existe uma copia da lei promulzada 
r Dam Felippe em 1611, (doc. n. 20) e, com data de 26 de 
o rsesiro de 1680 uma ordem do Corregedor João da Ro- 
“ha Pita, relativamente à libertação dos filhos dos Indigenas 
idos em escravidão; (doc. n. 21) como tambem uma ordem 
do Conde de Sarzedas de 14 de Março de 1733, mandando recon- 
duzir os Indigenas «Paracise ás suas nldens, (doe, m. 27). 

No cartorio desta cidade existem elevado numero de testa- 
mentos, pelos quaes podemos verificar que entre os annos de 
1670 à 1810 os escravos indigenas eram considerados como do 
valor egual nos africanos. 

Não existe documento que prove a existencia do indigonas 

em estado de liberdade nesta zona, desde o anno de 1532 à 
1834; porém, não podemos deixar de julgar que algumas tribus 
habitavam os sertões desta vasta região. 
No anno de 1834, alguns cnçadores, indo na matta adja- 
cente ao rio Itariri, foram offendidos pelos indigenas, cujo facto 
causou a remessa de uma força armada desta villa para ente- 
chizar 08 offensores. Para essa diligencia houve grande prepa- 
rativo como podemos verificar pelos livros da Camara, sendo o 
seu resultado evidenciado pelos documentos ns, 29 « 24. Por 
estes versed que as primeiras diligencias feitas para catechizar 
os indigenas com polvora e chumbo, produziram a morte do um 
dos homens que faziam parto desta commissão. 

Tornando a apparecer os indigenas em Julho do 1835, foi 
zemettida outra vez à munição necessaria para catechizal-os, 
como se vê pelo documento m. 25; po no mesmo tempo, a 
“Camara mandou vir de Itapetininga um indigena manso, conhe- 

pelo nome de Capitão Guassá s dois homens do Xiririca 































-— 956 — 


acostumados a and sertão, os quaes, enc 
os speed pisca pas que cpped as 


suppôr qu indigenas 
a liberdade e n Eis vida errante, não sujeitavamae 
tratados como escravos, e portanto, procuravam os meios de fi 
girem, como podemos cri pela leitura do documento 

Em vista do registro do um oficio dirigido no Pre 
da Provincia é provado que, em áiaao época anterior, | 
sido demarcado um terreno reservado para o aldeamento dos 
digenas. Ver sed por este officio (doe. n. 30) que n Cum 
Iguape diz: vista do que o Juii del Par Fesp 
no no rio do Peixe, Braço do Etariri depois do de j 
] colocou w Aldeamento desses Indigenas, onde moram até 
porém, estes terrenos em 1853 estavam sendo oceupados 
trusos, não constando que ss nuctoridades competentes 
com que fossem res 7 os a límitos do pe sli 
parecem ai oje, de vez em quando, algumas fami 

qa iam no sertão inculto da Serra dos [itins; mas, não 
listante o dia em que desapparecerá desta zona o ultimo re) 
sentante puro desta raça, cuja origem remonta ao tempo 
| historico do Brazil. 


] Terreno da Cidade e Porto du Ribeira 









Talvez não huja outra parte da historia de Iguspe tho 
k vidada pelas autoridades unielgada como esta Eres n 
de de terreno que pertence á cidade, seu Rocio 





| E" fucilimo provar que antigamente n Comara tinha 
e dominio de uma grande extensão de terras, muito al 
ue actualmente tem; porém, parece impossivel var, 
esnetidho, a quantidade a muito 'menos a locação delas”. 
Os homens velhos contam, por tradição, que os ter 
rtoncentes à cidade, foram dondos por diversas pessoas 
ifforentes epocas, é que pma parto foi concedida pelo Gov: 





“Examinando os documentos juntos havemos de encontrar ntó 
ponto, a confirmação desta tradição, ainda que nho pro- 
RR nano da ie que diz E sido 

j “alentim igues, como igualmente em relação a 
E rticncadids Governo, que não a tor concedido o 
“terreno entre a Ipiranga e o morro, como será provado oppor- 


Nao ha contestação, que Francisco Alvares Marinho cedeo 
“terreno para o estabelecimento da villa na ocessiho da mudança, 
esta cessão no foi feita legalmente, em vista do que, a 
Con no dia 2 de Julho de 1679, declarou não ter «terras 
“medédas e demarcadas», como consta no documento n. 4. Neste 
“mesmo din os senhores Francisco de Pontes Vidal é Manoel da 
Costa deram 250 braças em quadra de terreno, exja doação 
— comprehende pelos limites demarcados, exactamente a parte 
“principal du cidade, incluindo no seu perimetro as Igrejas exis. 
tes ; parecendo assim, que esta doação, não er mais do que 
q legalização da donção feita anteriormente por Francisco 
“Alynres Marinho. 
Pelo documento n. 5, já foi provado que, o terreno entre 
80 morro até à pedra «Iagua», foi vendido em 22 
de ro de 1696 pola vinva Maria Nunes Chaveira, no Vi- 
gario Antonio Barboza de Mendonça ; portanto, seudo este ter- 
Teno particular, nho podia o Governo concedelo á esta villa, 
or uma carta de aforamento de terrenos passada no dia 
29 de Novembro de 1719, (doc. n. 31) verse-ha quo neste dia 
Curlos Pinto de Reis, em sua petição, diz: «que elle sup. tem 
“aforado desde abimício ax terras competentes a este Cenado per 
mellas fazer suas Lavouras pagando o foro da Renda que se lhe 
tem ordenado nesta Cenado Cuias terras torna a pedir a vms é 
quer ComeSar de hua Corrigo uindo a Sua Serea athe hit tan- 
que no çítio correndo Rio asima do Mar pequeno Com 





















Por uma outra petição, aprosentada no mesmo din, (doe. m. 
“verificamos que Francisco Barreto dis: «q' elle supplicante 
tem onde possa mais comodamt fazer sua chacra e intonta- 
ee a fazer no Rocio desta villa para o que quer arrendar ou 
“efordr duzentas Brasas de terras do Consolho deste Rocio Comes 






4=s 





— 958 — 






sando de húa paregem é ue de adiante do sítio de 
Carlos Pinto do Reis tha pres no ares das FRANS oo 
| Rossio na quadra da viuva caterina Rangel e sendo tenho 
das duzentas brassas todas quer o supplicante a ficar e pagar o 
foro Raçionavel que por vms for taxado». 
Pela Ioitura destes dois documentos, fica provado que os. 
terrenos concedidos eram annexos e ao lado sudoeste da villa; 
porém, ha uma dificuldade na locação destes terrenos, por não 
podermos deseriminar o logar do citado corrego, somente Ro von 
siderassem como corrego o antigo Vallo do Rocio, cujo facto não 
seria provavel, visto que, em documentos anteriores encontramos 
menção do dito vallo com o nome de «Vallo do Rocio». 
No din 2 de Jnnho de 1773, Antonio Rodrigues Cunha pe- 
dio por nforamento os terrenos aque se achão desde a Barra da 
Lagoa Ribeyra aStima athe o fim a donde asiste Nazario Dor 
mingueso, cuja petição a Camura deferiu, marcando o preço do | 
aforo annual em cento & sessenta réis. (doe. mn. 33 
Em sessão do dia 31 de Maio de 1788, diversas possas 
pediram torreno no Rocio da Villa, som declararem em que par- 

















te; e, no termo lavrado nesta sessão, (doc, n, 4) dig; «o que sen- | 
do visto e ouvido pelos ditos Juit. ordinario e Presidente da 
Camera e mais Vereadores o requerimento dos ditos nomeados, | 


forão pessoalmente medir as ditas terras. A quantia do terras 
demarcadas e concedidas à sete pessons neste dia attingio a 562 
braças de extensho. 

Pelo termo de Vereança do dia 16 de Julho de 1803, (doe. 
n. 85) ver-se-ha que a Camara mandou chamar «a sua presen 
ga «us moradores do Rocio Grande, us quais sendo presentes Bhes ] 
encarregurão, que d'aqui em diante se quizesem morar ne fer= 
va do Rocio, fiessem seus requerimentos, para ae lhes conferir 
Cartas de Dactas para pagarem furos Paquella porçoena de bra- 
sas que Carreseremo, Por este documento parece que havia nes 
te tempo mais do que um logar designado pelo nome «Rocias, 
visto a descriminação do «Rocio grandes. 

No din 11 do Outubro do 1828, Salvador Rodrigues Lima 
apresentou á Camara um requerimento em que diz; «scr senhor 
e possuidor de huma Sesmeria que comprehende do cominho da. 
Xaera do Sargento mor Benta Pupo de Gouvea the o Porto da 
Ribeira seguindo tho perto do rio Soracaba o requerendo que se 
prohibisse o concedesse terreno dentro da dito Sesmaria para , 
qualquer moradia, posse ou exltivaçãos. (doe. n. 36). 

Em 1880 houve uma questão cutre o referido Salvador Ro- 
drigucs Lima e seus parentes, por causa deste mesmo terreno y 
e por uma certidão tirada do livro das audiencias dos Jules de 











at 97) ver-se-ha, não obstante os contenciosos dizerem 
ores om do terreno em questão, por não ter 
) , eomtudo elles consideravam existir algum 
b no Porto da Ribeira. 
sessão do dia 21 de Abril do mesmo amo, à Camara 
“avivar a demarcação dos seus terrenos no lado Noroeste 
onda faziam divisas com os de Salvador Rodrigues 


am as reclamações por parte de Salvador, contra 
ane que a Camara fazia de terrenos para edificações 
“Porto da Ribeira (como consta por diversas netas); porém, 
amaro não deu importancia a estas reclamações, 
“ Em Janeiro de 183%, a Camara mandou construir uma ponte 
desembarque no Porto da Ribeira, gastando neste serviço 
2 probibiu a construcção de edificios sem previo 
nto do armador da Camara. 
“Com data de 17 do Maio de 1840, um ndyogado de São 
respondeu algumas perguntas feitas pelo dito Sulvador 
E Lima, velativumente à questão entre elle e a Camara, 
Por esta carta (doe, n, 38) vemos Sulvador dizer: que os donos 
los terrenos, antecessores delle, a novas instâncias da Camara 
deram mais um pedaço até wm logar chamado «Ponte de 
Pupo», confirmando nacim a tradição a respeito da divisa 
do lado Noroeste da cidade, 
No anno de 1844, Joaquim José Teixeira dos Santos prin- 
a com de um predio no Porto da Ribeira, em 
mto ú ponte de desembarque, embaraçando o transito publica ; 
“e sendo a Camara avisada deste facto por um oficio do Fiscal, 
“o dito oficio entregue à Commissão permanente para dar 
parecer. A comissão, em sessão de LL de Juneiro de 1845 
om sem parecer, é nesta documento (n.39) ver-se-ba que 
commnissão diz: «A commissão observa que não entra 
eluvida serem os terrenos no porto da Ribeira, junto «o Rio 
lo propriedade Municipal udquerida por uma posse immemo- 
nunca contradicta, co menos sermidão publica de embarques 
barques. Com effeito hé sabido que tudos os edificios e 
ali construidos o forão pelos antigos honde bem They 
o sem contradicção e menos onposição de Raimunio Rodrie 
prietario do Sitin chamado do Porto da Ribeiras 
ia Camara reconheceu que o terreno oceupado pelo 
no Porto da Riboira, fazer parto do sitio que outrora 
era Reyaundo Rodrignes Pareire,, pai de Enlvador Ee 
Lima: porém, como desde os tempos maia remotos, os 
Paqualle sitio nunca prohibiram a udificação das ensas e 

































— 280 — 


armazens construidos nesto logar, oram, por osto facto q 
dominio sobro & referida iate lo sitio, No mesmo 
ver-se-ha que a Commissho diz: «O Porta da Ribeira Pê lego 
“uma povoação, que vas índo em augmento: huma das Camaras 
pessadas mandou alinhar huma ruas os dinheiros Municipaes 
tem sido ali dispendidos em uterros é beneficio de terreno para 
facilitar 0 embarque e desembarque, e o transporte dos efeitos 
da Lavoura ; só em huma ponte se dispendio sincoenta e tantas 
mil reis: a Camara que sérvio no cnno de 1837, tomou huma 
deliberação respeito a obras quassquer na margem do Rio, pelo 
prohíbio toda e qualquer construcção na dila margem atéa 
casa de Nicolau Drey, afim de se não embaraçar o transito pum 


nte : «he evidente que seje qual for oi 
pelo qual Joaquim José Teixeira dos Santos se inculca pro- 
prietario de certos terrenos do Porto da Ribeira, elle não tem 
diroito de fazer obra alguma ali com que embarace a servidão 
publica». Em vista deste parecer a Camára resolveu mandar 
desmanchar a obra começada e repôr o terreno em seu antigo 
estado para a servido publica. 

No dia 6 de Novembro de 1863, o Presidenta da Camara 
Francisco Pereira de Mendonça, oficiou ao Prosidento da Pro 
vincia a respeito do terreno do Rocio desta cidade, em cujo do- 
cumento (n. 40) verificamos a razho porque hoje a Municipali- 
dade oncontra-se esbulhada de grande parte do terreno, que 
antigamente pertencia-lhe. 

Não ha a menor duvida que antigamente as Camaras da 
villa de Iguape estavam de posse e dominio d'nma grande ex 
tensão de terreno, apesar de não podermos nté hoje conhecer q 
sua extensão e muito menos a procedencia verdadeira desta do- 

As camaras foram concedendo estes terrenos a particu- 
lares, n titulo de nforamento, em diversas epocas, havendo entro 
essas concessões algumas que comprebendiam superfícios nssaz 
grandes, como a de Carlos Pinto oa Rois, de 900 braças em 
quadra, e a de Prancisco Barreto, que pelo menos tem a mesma 
superficie 

Não podemos censurar o aforamento dos terrenos feitos pelas 

















houve N x) 
e pertilhados pelos herdeiros dos aforadoros. 

Nno podin legalmente ter sido vendido ou partilhado o 
terreno cer por sor asto bom proprio da villa, mas como as 
Camaras não protestaram na oceasião da venda ou partilha, os 
novos propristurios foram ficando com titulos (dos quass muitos 







os em Juizo) hoje são valiosos e contra 08 quaesnada 
mal Erg ney fa tomaram idencius a 
do 1804, como vento 


como prova um documento existente 
livro das provisões dos Ouvidoros, escripto no dia 
do mesmo anno por ordom do Ouvidor Antonio 


possa 
na factura de Escripturas de vendas dos bens, 

a a dei Ve qem lhe apresentarem co 

tregue pelo conste, qua se acho pago o lau- 

Camara como reconhecimentado Senhorio directos. 


infelizmente ha annos que emo livro desencaminhou-se ou 
dos mubtrahido, e hoje que com ella muito so aprovcifaria, não 
ce e ni) sabes. 
Até agora limitei-me nos documentos que encontrei refa- 
s nos terrenos desta cidade e Porto da Ribeira, que tivo- 
como procedencia, doações particul; restando-me tratar 
parte que foi concedida pelo Governo, e que compre- 
implesmente os terrenos de Marinha. E necessario es. 
o que honyo relativamento a isto para que fique de- 
tado os direitos que a camara municipal de Igunpe tem 
os referidos terrenos. O documento antigo que 
istro de uma circular do Presidente da Provincia 
de Fevereiro de 1832, ordenando u camara para 
É he quaes os terrenos de Marinha que eram precisos 
ra: logradouros publicos. (doc. u. 41). 
Em resposta a esta circular, a Camara no dia 14 de Jalho 
b mesmo nnno, remetteu mma doseripção dos terrenos que n'a- 
Ia data serviam como logradouros publicos. (doc. n. 42). 
festa deseripção a Camara incluo como terreno de Marinha 
Largos: «o primeiro oo Nordeste na extremidade da Villa, 
ao Morro, seguindo o alinhamento demarcado, que tem 
é vinte palmos de frente ao mar: o Segundo Largo 
y do Funil no fim da rua do mesmo nome com qua 
e noventa palmos de frente, e o terceiro o Largo do 
extromidade ao Sul com quatrocentos e qua- 


a fpaimos da frentes, 
































E 


— BG3 — 


Não posso imaginar, com quo diveito a Camara considorom 
o primeiro e ultimo dos tres referidos logares como terrono do 
Marinha, sendo como são terrenos dos mais elevados da cidudo, 
o inda com n especialidade, quo o Largo conhecido naquele 
tempo pelo nome «do Cemitérios o hoje pelo «do Iosarior & 
bastante retirado do mar à tem uma rua com casas o quintnes 
de permeio, Concordo que o antigo Largo «do Funil» hoje 
sdo Commendador Luis Alvaress fosso terreno de Marinha, 
comprelieudendo em seu perimetro a pequena enseada elpiran- 
ga», e que ainda atá hoje é banhado em quasi toda « superfi- 
cie do Largo pelas aguas das marés altas. 

No din 1% de Outubro do mesmo anno, n Camara oficiou 
no Governo secusando à recepção de um oficio recebido com 
data de 5 de Setembro, cuja cópin não existe no livro dos res 
gistros d'aquella epoca. No tem ofhicio (doc. n. 43) a Camara 
refero em termos vagos, a mudança da villa, o declara ontrar 
em duvida relativamente aos terrenos que lhe pertencem se 
deviam on não ser classificados como terrenos de Marinha, de 
conformidade com a lei de 15 de Novembro do 1881, visto 
que, sendo a villa estabelecida em terreno pnrtienlar, parto do 
uma antiquissima sesmaria, foi este terreno doado à Camara sem 
elausula alguma que reservasse semelhante direito no Governo, 
por cujo facto não podia ser sujeito a noya lei citada. 

A Camara para provar que os terrenos aonde estava collo- 
cada a villa foram particulares e não nacionaes, ajuntou no sem 
officio, cópia dos dois documentos que com os numeros 2 a 4 
acompanham esta obra. Não vejo que ruzio teve a Camara em 
apresentar o do numero 2 nosta ocessiho, porque, os terrenos 
de Bartholomeu Gonçalves à que refere-se esto documento eram 
annexos a Villa Velha e portanto, nada tinha que ver com 4 
questão de terrono de Marinha, no pó da villa nova. Podemos 
crer, que foi remettido em falta do outro de mais valor, é quan- 
to muis, que a Camara diz: «além dos documentos juntos ainda 
a Camara tem novas doaçoens dadas pelos proprieterios, que au- 
gmentam seu terreno, e esta de posse d'elless, porém, ninda que 
afirme ter posso deste terrono, comtudo não ajuntou os docu- 
mentos comprovativos destas novas doações 

Na neta da Sessão da Camara do dia 17 de Janeiro de 1838, 
encontra-se o seguinte: « A Commissão Permanente a EE 
entregue na Sessão passada hha indicação do Senhor Ga ea 
«Junqueira em que prpuz que « Camara pedisse d Authorid* com 
petente os terrenos da veira mar, que se diz da Marinha, desde 
a pedra Itagua té o Sorocaba, apresentou 0 parecer seguinte — A 
Commissão Permanente encarregado de dar o ue parecer sobre a 











Senhor Vereador Junqueira apresentada na reunião 
pondo que esta Camara peça a Authoridade compe- 
Servidão publica os terrenos maritimos desde « pedra 
ua ate a darra do Rio Sorocaba; he de parecer que de re- 
ta à Assemblea Geral Legislativa pedindo-se tão somente om 


0 barra do Canal ate a do Rio Sorocaba, porque 
“me em que elles possão servir para o publico, e alem disso 
“os terrenos estão efectivamente occupados E ga 
dos Sítios a margem do mar pequeno, ja Camara 
lunicipal dezesete de Janeiro de mil oito centos e trinta e oito 
— Cruz — Toledo. Posto o parecer em discussão o Senhor Ve= 
or Andrade pedio a palavra, que lhe foi concedida, e disse, 
“a Camara deve pedir os terrenos desde a pedra Iagua ate 
tímites do Rocio da Villa da parte do Sudueste onde divide 
terras de propriedade de João Maneio da Silva Franco, não 
“o aforar, e sim para so utilizar deltos, e conceder datas aos 
sem onus algum. No mesmo sentido fallou o Senhor Ve- 
Junqueira. Suficientemente discutida a materia venceo- 
e por cinco votos que se reprozentasse a Authorid' competente 
“nO sentido da emenda do parecer da Commissão ». 
— Xm vista desta resolução, no dia 19 do mesmo mez, à Ca- 
io ao Governo (doe. Nº 44) 08 terrenos a beira mar 
q pedra Itagua da parte do Nordeste te a divisa de 
Mencio da Se Franco da porte do Sudueste onde finalisa os 
doados para a mesma Villa, para deposito de madeiras, 
“canoa, estaleiros, ranaos de pescaria e maia servidões publicas»” 
Respondendo este oficio com um de Y de Outubro do mesmo 
(doc. Nº 45) o Presidente diz: «Só hê permittida a con- 
de de Marinha às Camaras para logradouros pu- 
e ndo p" todos os fins pr q ella pede os di» terrenos ». 
— Pela leitura do parecer da Commissão do dia 17 de Janoiro, 
ofício do 19, pareco que não havia duvida que, os limitos 
o pelo Indo de Sudueste, fossem onde começavam os ter- 
uesta oeeasino pertenciam ao Senhor João Mancio da 
; porem, creio que isto é um grande engano, por 
o, espero ainda alcançar documentos necessarios para pro- 
os referidos terrenos, que om 1838 pertenciam no dito 
neio da Silva Franco, fuzimm parte das quatrocentas 5 





















— Pd — 


santas braças ses fu Camara, aos Sonhores Carlos Pinto 
dos Reis e Prancisco Barreto, em 29 de Novembro de 1719. 

No din 13 de Outubro de 1838, a Camara tornou a i 
no Governo que «lhe concede livre de penção para Servidão 
publica desde o Iagua to a Valla para tambem ella dar gra- 
tuitamt aos que quizerem levantar edificio só com o onus de Sd 
cues « sua custa pelo alinhamento murcado, isto para melhor ser- 
vídão, segurança das propriede « ellegancia da Villa ». (doe. Nº 46) 

P, dois annos, a Camara mais uma vez officiou ao Go- 
vorno, pedindo o mesmo terreno, (doe, n. 47) cujo oficio tevo 
resposta com dam de 16 de Novembro de 1840, (doc, n. 48) na 

do Presidente da Provincia diz: « que concede o terreno pes 

ido pela mesma Camara para servidão publica, 
quanto antes a necessaria demarcação». 

Este officio do Governo foi lido em sessão do dia 1.º de De- 
zembro do mesmo aano, e ficou deliberado «que se procudesse a 
dita demarcação o que seria feita pelo Fiscal com asistencia dos 
Senhores Vereadores Gonçalves e Peniche, neste acto nomeados 
para especionaria este trabalhos. (doe n. 49) Esta deliberação 
da Camara não foi cumprida durante seis annos, como é prova- 

la indicação do Vereador Camargo, em sessão do din 12 
do Março de 1816. (doc. n. 50) 

Em vista do exposto é evidente, que bouve grande descuido 
por parte das nucthoridade em certas epocas. Consta em termos 
vagos, que houve doações de terrenos para o asgmento da Villa, 
mas, nem siquer foi nomendo o doador ou citada epoca deste 
acontecimento. Recebiam as doações, para mais tarde serem des- 

ojadas delas, sem a menor reclamação, « sómente se Jembravam 
e apra quando tudo era inutil. Desta forma é que hoje 
a Municipalidade acha-se lesada, o só por uma acção cnergica 
poderá ainda conservar a si o dominio sobre uma pequena parte 
dnquelles terrenos que antigamente pertenciam-lho. 


Melhoramentos nas ruas, largos e caminho no 
Porto da Ribeira 


Podemos julgar que anteriormente à mudança da villa, exis- 
tia um caminho para o transito do povo entro o Mar-pequeno 
e o Parto dn Ribeira, e pela tradição consta que o caminho 
usado pelo povo em 1837 passava no mesmo logar aonde nos 
tempos primitivos desta villa foi aberto, 

Pelos termos de Vercança mais antigos que até hojo exis- 
tem, verifica-se que o povo fazia o serviço Es limpeza e con= 


d 


— 265 — 


curtos das ruas, pateos e caminhos, de mão commum, é por estes 
termos podemos provar mais, que continuadamento o povo con- 
cortava o caminho paro o Porto da Ribeira, e entretanto não 
encontrei documento algum que indicasse ter sido a sun dire- 
eção mudada antes do anno 1837, quando a Cumara tratou de 
indiveital-o, 

Por um termo lavrado em 15 de Abril ds 1781, ve-se que 
a Curmnro mandou fazer certos serviços, e entre estes, a derru- 
bada de matto existente no largo do Rocio. 

Por termo de correição lavrado por ordem do Ouvidor 
geral, em Agosto de 1787, ve-se que, neste anno, foi dado q 
primeiro passo ofliciul para o melhoramento das ruas desta villa, 
constituindo isto na prohibição da edificação de predios sem pré- 
vio alinhamento feito pelos empregados da Camara. Nesta occa- 
siho, ns ruas existentes, eram as seguintes: do Mar, Grande, 
do Funil, da Ipiranga, do Campo e das Casinhas. Flavia tres 
travessas som nomes e quatro beecos que davam comunicação 
ao Mar-pequeno, conhecidos pelos nomes: «do Meixedo», «da 
DOR Ice nas: cio Porio-grandos à ado; Mojoroj além. demais 
um, sabindo da ras da Ipiranga com o nome de becco do «Con- 
tra-Mestres. 

Em Junho de 1808 a Camara mandou o povo arrancar os 
cepos das arvores, quo ainda existiam no largo do Rocio,e em 26 
de Agosto do mesmo anno, resolveu começar a construeção de 
um cies de pedra o cal no Porto-grande, encarregando o Ve- 
rendor Josá Alves Cnrneiro deste serviço. 

No principio do anno de 1827 a Camara mandou demolir 
a casa em que funcoionava, a qual ao mesmo tempo servia de 
cadên, tendo anteriormente recebido ordens n este respeito de diversos 
Ouvidores, bom como, Portarias do Governo; porém, não podendo 
conseguir outra casa que servisse, foi deixando do cumprir as 
ordens recebidas. Esta casa era propriedade da Camara; tendo 
sido feitas pelo povo para este fim, na ocensião da mudança da 
villa, A razão dn demolição desta ensa era a precisão do local 
para 4 continuação da obra da Matris nova, em construeção, a 
qual não podia [continuar porque a referida casa existia no logar 
onde hoje é a eapella mór da Matriz. Para conseguir esta mu- 
dança, aliás nocessnria, a Camara alngou uma casa na ria do 
Funil, do cidadão José Antonio dos Anjos, para servir om tas 
sessões, pelo preço de 28560 por mez; pondo os presos numa 
casa que nesta oceasião estava servindo como quartel dos Milicianos. 

No nnno de 1826, n Camara tratou do escolher um local 
para a o de uma nova casa, o dopois do varias propos- 
tas foi resolvido que se fizesse na esquina da rua do Campo, 





= 208 — 


com a frento do edificio para o lurgo do Rocio, enjo terreno 
foi cedido por carta de data, A Camnra em sessão do din 21 de 
dr Outubro do mesmo anno mandou a quantia do 768800 
ao proprietario, com o fim de cedeko para a constracção da 
nova casa da Camara e Cada, 


No din 7 de Setembro de 1827, estando o Ouvidor geral, 
Jonquim Teixeira Peixoto nosta villn, foi por elle demarenda 
esta nova casa, (doc. u 51) de conformidade com uma planta 
apresentada por Euzebio da Cunha Paiva, mestre canteiro da 
obra du Matriz nova, sendo-lhe nesta ocensião pago pela Ca- 
mara, a quantia de dez mil réis pela dita planta, Em seguida 
começarmn com as obras desta cam, sendo pagos Os serviços 
pelo cofre municipal; porem, as rendas da villa não admitiiam 
grandes dispendios, em vista do que, à Camara pediu por di- 
vorsas vezes, auxilio do Governo. Esta obra, como se vê pelo 
documento acima, foi enleulnda om troz contos de reis; porém, 
é impossivel que fosse um calculo exacto em virtude das pro- 
porções do edificio começado, e ns despezas feitas em sus con= 
strueção. Não posso descriminar ns quantius exactas gastas nesta 
obra; mas é certo, que entro os annos do 1828 a 1854 foi dis— 
pendido cerca de oito contos de reis. Pelas contas dos adminis 
tradores da obra e dos Procuradores da Camara, ueste espaço 
de tempo, verifica-se que a Camara gastou pelo menos quatro 
contos € novecentos mil réis; não podendo preeizar da somma 
exacta por falta de esclarecimentos nus ditas contas da Camara. 
Pelos documentos que encontrei está provado que o Govemmo 
auxilio a edificação desto prodio com diversas quantias, sendo 
em 1835 com 8008000, em 1842 com B0U$000 o em 1845 com 
1:0008000, e talyer mais, o que não consta dos livros existentes aqui. 
Assim, temos prova de tor sido dispendido ; e, em 
sessão do dia 14 de Janeiro de 1854, a Camara informou ao Go- 
Termo que, para a conclusho desta obra, seria nucessaria a quan- 
tia de dez contos de reis, podendo ser concluido um lanço do 
edificio pela quantia de quatro contos. 

E' voz geral aqui, que nest obra foi gasto mais de 18 
contos de reis, antes do anno de 1860; porem, a sun conclusno, 
somente se reulizou dopois de 1890; é assim mesmo com modi. 
ficação da primitiva planta, desmanchazdose parto das pi 
feitas, mudando-se a frente do edificio e deixundo-se muito me- 
nor do que foi projectado em 1827. 

O numero das casas existentes ma villa no anno de 1815, 
era de duzentos e vinto o nove; em 1823 era duzentos o ses— 
senta e quatro o em 1828, era duzentos e setenta o tres, No 



























— 7 — 


da Ribeira em 1828, tinha dezoito casas e em 1893 tinha 
oa ta e duas ensas. 
sessão do dia 26 de Maio do 1827 a Camara mandou 
ircar o pateo das Cazinhas, hoje Largo de 8, Praneisco. 
sessão de 21 de Março de 1829 foi resolvido reservar o 
“detraz da Matriz nova epara qualquer crescimento que para 
haja de fazer à bem da mesma Igreja», 
dia 11 de Outubro de 1883, os cidadãos Antonio Vaz 
ira, Antonio Percirm Mendes e Jono Jose de Queiroz Aze- 
pediram d Cnmara «os terrenos no fundo da Igreja nova 
a de uma cara de opera» sendo despachado o seu 
nto da seguinte forma: «Com plano e estatistica do esta- 
3 3, Volta». Em sessão de 11 de Fevereiro do anno se- 
te voltou o requerimento com planta, ete, recebendo desta 
o despacho seguinte: «Ao Reverendo Paracho e «o Proeura- 
da Irmandade do Senhor Bom Jesus para informar, A esto 
mada mais consta no arebivo da Camara. 
— No mez de Março de 1829, a Camara começou uma questão 
som os senhores Joho Antonio da Costa Mendonça c Antonio 










ibeira, por terem estes fechado com cerca um beco, 





“que existia entre seus predios para dar passagem da rua do Campo, 
so canto do pnteodas Cuzinhas. Esta questão foi decidida somente 
+ tempo em que a Camara mandou demolir a cerca o 
ir uma ponte de pedra e cal sobre o corrego, que nesta 


passas a) 
E: si. 
“ruas desta villa, e encontrando dificuldade na ma do Campo, 
Ena de uma casa que pertencia a Anna dos Passos, con- 

lecida pelo nome de «Vinva de Meixedo, entrou em combinação 

- com ella, ficando a Camara obrigada a mandar construir uma 

essa nova em logar escolhido pela viuva, para dar emtroca, d'a- 

que era necessario modificar. 

— Para sntisfazer esta combinação, 1 Camara chamou concor- 
— entes por editues, impondo a condição de edificar uma casa igual, 

o 6 numero de commodos, da viuva, o contractante 
com à antiga casa e obrigandose a demolir a frentepara 
cu quatorze palmos. 

— Semente no anno do 1832, é que a Camara conseguio este 
“serviço, sendo que no dia 9 de Sotembro de 1888, o contractanto 
entregou a nova casa à Anna dos Passos, como se verifica pela 
E do documento n.º 52. 

“Amtoriormento no anno de 1829, a commanicação por carros 
a villa e os morros donde extrabimos as pedras, saibro, 

























e 


-— 068 — | 


barro, ote para os edificios, partia do canto do Pateo das Cazi- 
nhas, e, dando volta ao terreno baixo da piada em diree- 
ção ú fonte da Saudade; porem, neste anno a ra mandom 
fnzor uma ponte sobre a barra da Ipiranga, abrindo assim, com- 
municação da rua de Ipiranga, direita ao pé do morro. Esta 
ponte era baixa; pesa com alguns reparos servio ate 18425 
tempo em que, os cidadãos Luiz Álvares da Silva, Berardo An- 
tonio Neves, Antonio Jose Pinto, Joaquim Antonio Neves e Jose 
Pinto Pereira, fizoram um aterro em nivol, do fim da rua da I- 
piranga, ao pé da dita ponte, e depois pediram, em Abril do 
1842, auxilio da Camai ara elevar a ponte e concluir o nterro 
no lado defronte; visto a grande utilidade deste serviço para a 
condueção dos matoriaes de construcção, cujo pedido foi attcudido, 
mandando a Camara concluir o serviço, 

Dorante o anno de 1885, houve muitos pedidos de terrenos 
para a edificação de predios nos fundos d'aquelles situados na 
rua do Mar entre os s de Dona Ursula é do Major; o no dia 
1º de Fevereiro de 1836, os proprietários das casas neste logar 
reuniram-se e pediram a Camara para não conceder ú pessoa al. 
guma os terrenos entre suas propricdndes e o mar, visto que 
tonham em mor parte feito cárs de pedra e cal a sun custa para 
a sogurança do terreno, cujo cães havia annos tinha sido utili 
sado com servidão publica, A Cumura tomando em devida con= 
sidorução este pedido, resolveo a não conceder o referido terreno 
a pesou alguma, 

Em sessão do dia 15 de Abril de 1836, o Vereador José 
Jacintho de Toledo indicou, que a camara mandasse abrir uma 
rua, partindo do canto do sen predio, em linha recta ao Porto 
da Ribeira, sendo resolvido mandar orçar este serviço. No dia 
16 de Julho, o senbor Toledo falou outra vez sobre a abertura 
da rua, que foi orçada em 1508000; porém, achando a Camara 
muito dispendioso o serviço necessario ficou adiado «por tempo 
mais opportunos, Em sessão de 13 de Julho de 1837 foi resolvi- 
do mandar abrir esta rua, partindo do canto do predio do Br. Po- 
ledo, mas a sua conclusão levou muito tempo o din 1o de 
Abril de 1839 foi posto o nome de «Rua Direito» e demarcadas 
no mesmo dia as ruas transversass até os limites dos terrenos 
pertencentes a villa, mas em Julho de 1847 a Camara não von 
sentiu ainda a passagem de esrros por esta nova rum. 

Anteriormente ao anno de 1810, os concertos do caminho 
do Porto da Ribeira forum foitos de mão commum, polo povo. 
Entre 1810 e 1897, estes concertos erho feitos a custa dos do= 
nos das carroças, que existiam na villa, sendo elles obrigados a 
darem com esses veiculos dous dias de serviço em cada mez, 




















=” 





de Gonves, para o plantio de arroz, com a 
“os mattos derrubados, as plantas cercadas para evitar ques- 
os donos do animaes, soltos na villa, e depois de terem 
as panos cercas desmanchados, ficando 
a Camara 


Teo é hoje conhecido pelo nome de Praça « Duque de 
teve quatro nomes além deste; sendo conhecido des- 

da villa até 1827 pelo nome Largo do Rocio: 

4827 a 1540 foi chamado Largo da Cadeia nova: sendo 
conhecido pelo nome Largo do Cemiterio, por algumas 
















* por outras, polo do Largo do Rosario, cujo nome 6, ain- 
+ hoj à ER E pri 

q O ra, que hoje existe no Porto-grane esta 

“eidado, foi ei no dia 92 de Fevereiro do 1850; porém, 

q serviço foi feito antes de 1853, quando foi contractada 

bra pelo preço de 1:0008000, como consta dos livros da 


— Em sessão de 28 de Março de 1854 foi apresentada mma 
ta à orçamento para a constracção de um mercado no logar 
PT nome Porto das Dores, sendo esta obra orçada 
A cujo serviço mais tarde foi começado, mas não 


Estradas o os meios de transportes 


Infelizmente para Iguape, os meios de communieação etran- 
entre as diversas partes do seu municipio e seus visinhos, 
via de estradas, o até hoje em estado de atrazo incom- 
ivel com as necessidades do progresso deste seculo. 
— Pela localisação da cidade, das froguezias e dos bairros po- 
os do municipio, verificase a razão desta falta manifesta, 
bá relativamente ús estradas, 
Sendo como é, cortado em todas as direcções pelo magestoso 
Ribeira o sons aíinentos, era natural quo os primitivos es- 
lecimentos agricolas fossem assentados nas margens destas 
vias naturnes de transporte. 
“Tomando em consideração o percurso do rio Ribeira dentro 
municipio de Iguape, veremos que a sua barra até a barra 
rio Juquiá existe uma zona de 90 kilometros em extensão, 
la por uma via de transporto das mais economicas, po- 
lendo er na o 0 nesta extensão dia é noite por vapo- 
e aproprindos. Além doste, temos os seus affuentes, os rios 

















-— B70 — 


Una, Peraupaba, Mumana, Pariquera-mivim, Pariquera-sesi, Jam 
eupiranga o Juquiá com sous alliuontos, g offoracem transporto 
por canoas em extensão superior a mil kilometros, e dos quaes 
200 kilometros podem ser utilisados por lanchas a vapor. 

Por esta forma fica demonstrado o factor poderoso contra a 
construcção de estradas neste municipio. 

E" conhecido que antigamente a maior parte, sinho todo o 
serviço de abertura de caminhos e seus concertos foi feito a 
eusta do povo. 

Encontrando-se aqui o rio Ribeira e seus afiuentes que po- 
diam servir com a maior facilidade ao povo para o transporte 
dos productos da lavoura, e som que tivesse necessidade de abrir 
om concertar similbante meio, teria sido contra seu proprio in— 
teresso so procurasso afastar as vias do communicação dosta 
natureza. 

Ligados directamente a um porto de mar, tendo vida pro= 
pria pela Indo agricola, nho necessitavam os moradores deste mu- 
nicipio ligar-so por meio de estradas com os do interior da São 

o, tanto mais que, para o producto de suas lavouras, como 

ra 05 generos que eram obrigados a importar, os dois merea- 
los principaes, Santos e Rio de Janeiro estavam naturalmente 
ligados ao porto de Lzuape pelo mar. 

Zona vastissima do terreno uberrimo, cortada de rios navega- 
veis, em comunicação facil aos mercados ; eis a razão de não 
possuir o municipio de Tguape uma unica estrada de rodagem, 

Havia desdo os tempos primitivos da povoação, um caminho 
entre São Vicente, Conceição de Itanhaen e Iguape, passando na 
muior parte da sua extensão nas praias do mar, existindo grando 
numero de documentos que referem-se nos concertos feitos neste 
caminho, pelo povo espalhado entre n barm do rio Una q esta 
villa, de mão commum, sendo sômento de 1838 para cá, que o 
Governo mandou auxilinr este serviço com algumas pequenas 
quantins em dinheiro. 

Ainda que, anteriormente so anno de 1824, nada consta 
aqui, a respeito de estradas para o intorior, nem por isso não 
podemos deixar de conhecer que havia intercurso, por meio 
picadas dos eaçadoros, entro os moradores do vio Juquiá com os 
de Sorocaba, como tambem antro os de Xirivica com os do Pam 
ranapanema. 

elas apreciações do Brigadeiro Daniel Pedro Muller, rela- 
tivamente À representação do Cupitho de Fraguta Carlos Lou= 
renço Dankwnrd, (doe. mn. 111) é provado que em 1819 tinha 
sido projectada a abertara de uma estrada entro Sorocaba 0 O 
rio Juquit. 























uma, 
8 de iseabro de 
Em 


din: e 


desde já recebe ax benções 
nos consta, se eai abrir de Sorocaba 





abertura do outra estrada que sahindo da Capital, 
, pelos Campos d esquerda da Freguezia da 
va reunir-se « estrado que se fizer de Sorocaba para Ju- 
aquela porte onde foi possivel junto e Serra. Assegurão= 
he possível esta obra: muito conveniente hê, que o 
Fssimo lho mande desde já examinar a possibili= 
de abrindo-se huma picada, 0 que esperemos do Esxccellentissimo 
o», 
Tendo-se este trecho em 1902 parece que a Camara do 
4 cra dotada com a fuculdade de presciencia em olevado gritu; 
ainda hoje a Camara de Iguape repetir, «Ozald que 
em pratica e se conclua com a maior brevidade 
leitura do livro do Tombo da Camara, fica demonstrado, 
7 em Régia à eclobre enchente do rio Ribeira que se 
no dia 29 de Janeiro de 1807, o povo para refazer a falta 
pela mortandade do sen gado, Da buscar animaes 
«de Paranapanema, passando-os pelo sertão com grande difficul- 
dade, Para fazerem isto, é evidente que haviam picadas por 
o povo podia transitar; porém, parece que sómente 
la 1828 é quo a Camara tratou de melhorar esto en- 
“minho uzado, ordenando ao Juiz de Paz da Freguozin de Xiri- 
“xiea A reunir o povo para concortar o referido caminho, 
demonstrar os diversos serviços feitos pura o melho- 
nto da comunicação por meio de estradas neste municipio, 
o pelos documentos existentes nos livros da Camara, não 
rã grande trabalho: porém, é dos mais importuntos, para 
“os vindouros fiquem conhecendo as luctas que houve para 
r, nO menos, algnns caminhos para o transito de animes 
os, porque estrada nenhuma ainda existe. 
- documento n. 5% vor-se-ha quo, om sessão da Camara 
“do dia 17 de Julho do 1828, foi lida uma petição asciznada 
“por Josá Jacintho de Toledo, João Vieira de Sã e José Bonifu- 

























de into 





cio de Andrade, em que informou a Camara de ter sido feita 
uma subscripção entre os moradores da villa, para a abortura 
de uma estrada que ligasse esta villa com a freguezia de Xiri= 
rica, pedindo autorisação pars fazer esto serviço o a nomeação 
de uma pessoa para dirigir os trabalhos. A Camara annuindo 
a petição nomeou José Jacinto de Toledo, para promover os 
meios de conseguir a abertura da referida estrada. 

Nho podemos seguir por documentos os primeiros passos 
dados a este respeito; mas, consta que, para conseguirom uma 
idea muis ou menos exacta dus dificuldades que teriam de ven= 
car, offerecaram um premio de duzentos mil réis, para ser entregue 
& primeira possoa que trouxesse uma boiada do Xiririca a Igumpe, 

terra, 

Pela leitura das netas da Camara de Dezembro de 1529, o 
fucto de ter sido oferecido um premio está averiguado; e pelo 
documento n.º 54 verificamos que tinha chegado ao rio Sabaiúna 
algum gado vindo por terra de Xicirica, e que a Camara ordenou 
o Fiscal para providencinr de forma que, os moradores da mar- 
gem da Mar-pequeno, não pozessom embaraços no transito desse 
gado até a cidade, 

Neste documento declara que o conduetor do gado preten= 
dia continuar sua marcha do rio Sabaúma a «esta Villa para o 
fim de vencer o pagamento ajustado da d.* contribuição voluntas 
ria»; porem, não cita a importancia da subseripção, nem da quan- 
tia do premio oferecido e nem o nome do condnctor do gado, 

Foi por este meio que ficou provada 4 possibilidade da trans 
porta de animnes por term, entro Xiririca e Tgnnpe, e, no anno 

je 1830, a Cumara autorisou no exams do logar por onde 

sou o referido gado, e depois encarregou no cidadão Joko Dias 
Baptista, para explorar o dito caminho, como se vê pelo docu= 
mento n.º 55. 

Durante algum tompo nada mais consta a respeito deste ca- 
minho. 

Na acta da sessão da Camara do dia 10 de Julho de 1882, 
encontramos o seguintes « Fui lído um oficio do Bem. Presiden- 
te da Provincia de vinte e vito de Junho do corrente anna, or 
denando é esta Camara hoja de mandar concertar a estrada que 
cummunica Paranapanema com a Freguesia de Xiririca na par= 
te que pertence ao Districto deste Município. Resolveo a Cama- 
ra que se oficiasse ao Fiscal da Freguesia de Xéririca para pro- 
ceder ay exame da mencionada estrada de Paranapanema na par- 
te que pertence a este Districto e informar à Camara o que se- 
vá mais commudo, se, eoncertar a actual estrada que consta esm 
tar bastantemento arruimada, ou se, abrir novo caminho por outro 








md 





” is | 


— Did — 


Camara «está dando andamento a abertura do dita estradas; 
porêm, o serviço não foi começado sinão no dia 25 de Janeiro 
1847, quando João Raphael de Almeida principiou os trabnlhos 
ao pé da Villa de Xivirica, sendo no dia 1." de Fevereiro deste 
auno que começaram pelo lado de Iguape. O administrador, 
Anselão Martins começou o serviço na margem do rio Sorocal 
com uma turma de 16 trabalhadores escravos, ganhando 640 réis 
por dia cada um e sustentando-se à sua custa. 

Consta que o serviço desta estrada foi feita por contracto; 
porém, mão posso saber o nome do contractanto; sómente, por 
ofhicios dirigidos aos Senhores João Dias Baptista e Thomé da 
Costa Chaves, (doc. u. 54) fien confirmado o fncto de ter sido 
arvomatada vsta obra. 

Com data de 22 de Novembro do mesmo anno, a Camara 
informou ao Governo tér sido dispendido os quatro contos de 
réis, abrindo 41/2 legõas de estrada proxima a Xiririca e 10 
logoas do ludo de Igunpe, ficando approximadamente 2 legoas 
por abrir. (doe. mn. 65). 

No principio do auno de 1848, alguns moradores do rio 
São Lourenço, um dos afluentes do rio Juquiá, representaram 
no Guverno, mostrando a nocessidade da abertura de mma es 
tendo d'ahi à freguezin de Pirapora, ou da Nossa Senhora de 
Piedade. Esta representação foi pelo Governo remettida à Ca- 
mara de Igunpe, para informar; e ellu em data de 20 de Agosto 
oficiou ao Subdolegado de Policia de Juquiá (doc. n. 66) pa- 
dindo o orçamento da obra, Em 30 de Setembro, esto respon— 
deu dizendo que, naquela occusido, não podia cumprir a ordem 
recebida, em vista de ausencia de homens praticos, que podiam 
ausxilialo no caleulo necessario, No dia 27 de Outubro, a Ca- 
mara podio ao Governo 1008000 para o serviço da exploração 
desta projectada estrada, euja quantia foi concedida em 11 de 
Novembro do mesmo anno. Em consequencia-á esta solução fa- 
voravel do seu pedido, a Camara ordenou ao Subdelegado de 
Juquit, que mandasse abrir a picada, sendo por oste encarregado 
o cidadão Pedro José Vaz, do serviço; como consta de um ofi= 
cio do dito Subdelegado com data de 8 de iro de 1849, 

Parece que o Governo reconhecia a importancia desta pro- 
joetada estrada, visto que, em 26 de Janeiro de 184) pedio in- 
formações cireunstanciadas a seu respeito. Recebido este pedido, 
a Camara respondeu, que tinha sido ordenado os serviços, mas, 
que até aquela data, 17 de Fevereiro, nada sabia relativamente 
nos trabalhos feitos, Com data do 18 de Abril foram remetti- 
das no Governo as contas da despesa feita com à exploração, que 
importou em 1278780, pedindo o pagamento do excedente da 


























— 275 — 





tia auctorizada n desponder, o doclarando que a distancia 
o calenlada em 12 legons de sortão e a factura da estrada em 
dez contos de réis. O Presidento da Provincia, respondendo a 
esta informação no din 2 de Mnio nuetorizou o pagamento dos 
258780, e declarou que não havendo dez contos do réis dispo- 
niveis na occasião para serem applicados à construcção desta 
estrada, seria levada ao conhecimento da Assembléia Provincial 
a necessidade deste serviço em tempo opportuno. 

Durante os ultimos mezes do ano de 1848 foi suscitada 
a questão dn abertura de uma estrada para ligar a villa de 
Txuape com a povoação de Juquiá, e no dia 12 de Janeixo de 
1849, a Camara dirigin um oficio ao Governo neste sentido. 
doe. m. 67). Ver-se-ú por esto oficio, que pediram a quantia 

2008000 para a exploração da Soto atento, cêfi pedido, 
renovado em 17 de Fevereiro, foi annuido. A Camara, logo 

os recebeu aviso de ter concedido o dinheiro, encarregou João 
es Adomo, morador no rio Peronpaba, do serviço da explora- 

5 porém, em 16 de Junho revogou a ordem dada n esto ci- 

» Respondendo no afficio da Camara por ter suspendido o 
serviço, o dito Adorno demonstrou a faeilidado da abertura des- 
tm estrada, e quanto era util no povo deste districto; fuzendo 
ver no mesmo tempo us dificuldades que haviam de encontrar, 
se desvinssem da direcção por ello indicada. (doc. n. 68). 

No principio deste mesmo asno, nu Camara pediu uo Go- 
vemo, à quantia de 1:5008000, que tinha sido votada para a 
conelusão da abertura da estrada entre Iguape o Xiririen, é em 
data de 29 de Janeiro foi nuctorizada a entrega desta quantia, 

Passou-se algum tempo sem que houvesse a menor menção 
mas aetas da Camara volativamento ds estradas neste distrieto, 
até que, no dia 24 de Março de 1852, numa relação das obras 
mecessarias neste municipio, a Camara declarou que existia uma 
picada entre Iguape e o rio Juquiá, pela qual tinha descido 
algum gado, vindo de Sorra-ncima. Pediu nesta ocensião no 
Governo para mandar fazer uma exploração com o fim do co- 
nhecer a molhor localidade para a abertura de uma estrada en- 
tre estes dois pontos. 

No dia 17 de Fevereiro n'um outro relatorio das necessi- 
dades do municipio, (doe, mn. 69) a Camara chamom a attenção 
sobre as estradas de Iguape à Xiririca e d'ahi à Paranapano- 
ma, como tambem das de Iguape ao rio Juquiá e duhi a So- 
rocaba e Itapetininga. 

Foi contemplado na Lei do orçamento neste anno com a 

de 1:5008000, n estrada de Iguape à Jnquiúy e, pedindo 
m entrega desta quantia, o Governo respondeu com duia de 17 











EAN 


de Dezembro perguntando, si a estrada era já feita ou si era 
simplesmente projectada, e, neste ultimo caso, ordenando a re- 
messa da planta e orçamento das obras a fazer, sem o que não 
podia ser entreguo à roforida quota. 

A Camara respondeu no dia 14 de Janciro de 1854, di- 
sendo que existia sómente uma picada entre Igunpe e o rio 
Juquiá, cuja distancia não excedia a dez legoas, e, no dia 4 de 
Abril, mandou o orçamento em que foi calculada a obra na im— 
portancia de 1:0088000. (doe. n, 70). 

Com duta de 18 de Abril o Governo 
sido posta ú sua disposição a quantia de 
ctura desta estrada, 





sou à Camara ter 
5008000 para a fim 


Em Janeiro deste mesmo anno, à Cam tinha informado 
ao Govemo, que a estrada de Igunpe a ca achava-se em 
meimo estado, e, em vista de ter sido votada a verba de 
:5008000 para os reparos que necessitava, pesio que fosse en 
tregue esta quantia; porem, o Presidente da Provincia respondeo 
dizendo: que nho podia ser entregue sem previo orçamento do 
serviço n fazer. Em vista disto, a Camara no dia 28 de Março 
remetteo o orçamento, na importancia de 1:6908000, (doe. mn, 71). 
Durante tres anos, nenhum passo foi dado para melhorar 
as comunicações neste districto, despertando-se sa apotbia 
no dia 7 de Fevereiro de 1857, quando a Camara remerteo uma 
representação à Assmbléa Provincial, queixando-se da falta dos 
móios de transporte, Nesta representação, (doc, n. 72) ver-se-ha 
que a Camara diz: «promove por mais esta vez e somente, a 
vossa protecção para o emjeltz Municipio de Iguape que vive 
somente do seus fraco reeursore Mais adiante, tentando da 
utilidade de uma estrada entro a cidade o Xiririca, alem de 
outras ruzões citadas, diz: «ja porque estendo-se medindo wm 
territorio para os colonos, neste espaço, foz-se necessario que se 
empregue ow meios precisos para que este territorio seja hum mu 
cleo de colunos uteis a esta Cidade e q Villa de Xiririca» Na 
rte relativa aos benefícios que haviam de resultar pela conclusão 
estrada de Igunpe a Sorocaba, diz: «Sobre tudo pela facili= 
dade do transporte de Sal para equelte Municipio.» 

Relativamente a esta ultima estrada, a Camara, em 3 de 
Dezembro do mesmo anno, tornou outra vez a pedir a fuctura 
della como se vê pelo documento n. 73. 

Mais uma vez, em 25 de Janeiro de 1859, reclamou a Ca- 
mara a falta dos meios de comunicação, como igualmente q 
fez em data de 28 de Juneiro de 1862; e no dia 18 de Peve- 
reiro de 1863, quando, por um extenso relatorio, referente ás 
necessidades do municipio, fez ver o nenhum resultado obtido 




















— 277 — 


mté esta data, ara a conclusão do qualquer «strada mosto dis- 
fricto. Neste relatorio, na parte em que trata dos meios de com- 
municação, (doc. n. 74) podemos ver que a Camara ligava, & 
maior importuncin à factura de uma estrada que, fncilitanse O 
transporte das merendorins entre esta zona é a de Serra-acima, 
Pela leitura deste documento ver-se-ba que, por iniciativa par= 
ticular, tinha sido aberta uma picada dos Campos Largos de 
Txspetinínga à povoação das Seta Barras, 
Acompanhando a marcha do movimento local referento às 
para o interior, tom deixado de trator, sinho por pou- 
cas palavras, da chamada «Estrada da Marinhas, em cuja con- 
servação o Governo tem gasto quasi todos os annos, desde 1838, 
ente quantias de dinheiro. 
Do nnno de 1863 para cá, tem sido despendido grande somma 
de dinheiro, com o fim de melhorar a estrada entro Iguape e 
iririca; porem, é preciso confessar, que a maior parto deste 
sro tem so feito som rosultado efetivo para a conclusão 











E” indisentivel, que, as auctoridades competentes concordam 
em simples roçados de caminhos, abertura do desvios para evitar 
a passagem em logares onde o caminho fica estragado: loitio de 

tos é boieiros sem a devida capacidade e estabilidade, cujos 

dios de dinheiro nunca aleançarão o fim desejado pelo povo 


do Iguape. 

E” fncilimo provar que, no trecho co hondido entro o 
logar chamado «Sabaúma» o n cidade de Xiririca, têm sido feito 
muitos pedaços de caminho, os quaes, no fim de um ou dous 
amnos têm sido desprosados. 

Tom havido diversas explorações para o melhoramento desta 
estrada na parte entre Sabaúma e à Logucsia de Jacupiranga, 
chegando estas no ponto de fuzer largos picadões, para depois 
serem abandonadas. 

Tem-se gasto contanas do contos de ráis, à comtudo não re- 
Seio contestação afirmando que nho existe um unico kilometro 
de estrada verdadeiramente concluida, 

Ha talvez mais de dez kilometros de estrada de rodagemno 
morta é sul da sóde da Colonin de Pariquára-assá, cujo serviço 
tem sido feito com capricho; porém, ainda não podemos consi- 

os como concluidos. 

Us effsitos das chuvas torrencines, que as vezes cahem nesta 
mona, são demasiado conhecidos, e si esta estrada não fôr cal. 
gado por uma camada de saibro ou de macadam, em pouco tem- 
po será arruinada pelas chuvas e pelo transito dos nnimass. Bi 
«as poderes competentes mandassem concluir o serviço da con= 












strneção dosta estrada nas partes já começadas, não teriam anmunl- 
mento de despenderem as quantias, assaz grandes, que a titulo 
de concertos, são gastas actualmonte. 

A distancia total entro Izuape é Xiririca é de 79 kilome- 
tros; sendo, de Iguapo à encruzilhada do caminho do porto de 
Sabaúma 24 kilometros, dabi à sda da Colonia de Pariquéra- 

19 Kkilometros; da sóde à fregaegia do Jacupiranga 14 kilo- 
metros e desta à Xirivica 22 kilometros, 

Uma estrada entro estas duns cidades tem de passar em ter- 
renos dos mais uberrimos, com mais à circunstancia de percor- 
rer approximadamente 28 kilometros em terrenos pertencentes d 
Colonia Pariquéra-assit, de cujo valor agricola encontramos pro- 
vas nos relatórios annunes do Governo, 

Por ostes relatorios oficines verificamos que esta Colonia 
compara-se favoravolmente com as outras Colonias do Estado, e 
portanto, si, abandonada como é, sem meios da transporto ade- 
quado no sou desenvolvimento, ella pódo sustentar esta posição, 
quanto mais si fosso dotada com imcios de communicação egua 
aos que sho fornecidos às outras Colonias. 

e Xiririca a Paranapanema não existe hoje nem picada 
transitavel, quanto mais estrada. 

Entro Juquiá e Sorocaba, como tambem das Seto Barras a 
São Miguel de Archanjo, existem picadas em estado tão ruim, 
que sómente com o maior trabalho póde o povo passar por elas. 

Relativamente á estrada para a commanicação entre O rio 
São Loutenço o a Capital do Estado, o Govorno, durante os ul- 
timos annos, tem empregado uma certa actividade em sua explo- 
ração, chegando u despender muito além de duzentos contos de 
réis neste serviço. 

O valor desta estrada é incontostavel, v pareco incrivel que 
sendo do tanto interesse no progresso desto municipio e de seus 
visinhos, até ainda hoje não passou do limite de exploração. 

Exuminemos agora em traços rapidos os melhoramentos 
tos o projectados, para melhorar 0s meios do transporte pelas 
vias fluvines neste torritorio ao sul deste Estado, 

Pelos livros da camara verificamos que desde o ano de 
1824, o durante o espaço de trinta annos, era um serviço conti- 
muo à abertura de furados, para cortar ns voltas dor diversos 
rios deste municipio, sendo parto deste serviço feito de mão com- 
mum pelos moradores proximos aos ditos furados e parte pelos 
cofres publicos. 

No anno da 1824, à Camara podia a abertura de um canal 
pare ligar o rio Una do Prelado com o rio Una da Aldéu, (doe 

















«ca 


ao AD = 
NS, 103) em cuja obra tem sido gasto grande somma do dinheiro 
sem proveito algum. 

Por posturas organizadas em 1891 ficou obrigatoria aos mo= 
radores nas margens dos rios, a retirada dns aaa ua 
truiso o livre transito por canõas nos referidos rios. E 
com isto, posto dizer que, finalisou o serviço prestado pela Ca- 
mara Municipal de Igunpe para o melhoramento dos meios de 
comunicação fluvial deste territorio. 

A navegação a vapor, que durante cerca do trinta anos 
tem fornecido transporte, um tanto irregular, entro as cidades 
de Iguapo e Xiririca, foi estabelecida por iniciativa particular. 
Durante alguns aunos, esta navegação conservouso servindo sós 
mente os interesses dos seus promotores, sem importar-se com 
os interessos publicos; porém, não podendo continar deste modo 
fermou-se a companhia Iguapense, à qual contratou a navega- 
ção do rio Ribeim entro Lgunpe é Xiririca, percebendo do 
Governo a subvenção annual do doze contos da réis, para fazer 
duas vingens mensaes entre estos dous portos. Mais tarde, foram 
incluidas em seu contracto duas viazens por mez, no rio Jacu- 
pda até n freguesia do Butujurá, e elevada a subvenção à 

goito contos de réis annunes. Relativamente às vingens no vio 
Jacapiranga a Companhia Igunpense nunca as foz. Entretanto 
que por interesse particular faziam duas viagens mensnes no 
rio Una uté o engenho de pilar arroz pertenconte a um dos 
maiores accionistas da Companhia. 

Até o anno de 1887, pouco ou nenhum resultado tivou a 
Companhia desta navegação, e por falta dos reparos necessarios 
tinha deixado seus vaporcs chegarem a um estado tho deplora- 
vel que não poderam mais navegar com segurança, Neste esta- 
do, não podendo continuar com a navegação e faltando os te- 
cursos precisos para os concertos dos vapores, à Companhia ven- 
don-os no sr. Walter Jobn Hamando, e esto em Novembro do 
1888, assignou um contracto com o Govemo do Estado obrigan- 
do-se a fazer pelo menos duns vingens por mez em cada um 
dos seguintes rios: Ribeira até n villa de Xiririca; Juquiá até 
a freguesia de Prainha; Jacupiranga até a freguezia do mesmo 
mome e Una até o ponto terminal da navegação neste rio, A 
subvenção garantida por este contracto era de vinte e cinco con- 
tos de réis anmuaes; mas, para receber esta quantia era preciso 
que o omprozario mandasso  desobstuir os rios Juquiá e Jacu 
piranga, das madeiras ng glomeradas em diversas partes dos rios, 
* pozese em serviço, material novo aproprindo ao serviço além 
«do concerto do material existente. 























— 280 — 


O empresario começou o serviço da desobstrueção 
peso lou fd Di fazer Es 
nos vaj rar 0 serviço da ny 
ção do rio Ribeira, por, ão tando ly cita nes 
Em o estabelecimento do serviço nas n 
Peça do organizar uma Companhia para este dito, 0 
pedi e tendo excedido o prago estipulado sem 
do cumpridas as elausulas do contracto de 1888, 0 Go 
nho O interromper a nevegação, refo o 
por um outro, assignado em ao e de 1893, pela 





Ts PRE trabalhou para ia a navegação em pé mi 
condições exigidas no sem contracto ; porém, n crise comme 
tenmstornou sous caleulos, não podondo conseguir lovantar o 
capital necessario, 
Pelo novo contracto tinha de fazer tres viagens mensnes 
rios Ribeira, Jugmá e Jacupiranga e duns norio Una, recebendo 
a subvenção de vinte e cinco con le reis annuaos, 
Durante tres annos a Companhia cumprio com o € 
na parte relativa no mumero das vingons, mas não na 
tiva 4 desobstrucção dos rios, concerto do 
pra de matorinl novo. 

Trabalhando em rios chei 
tanga, não podia fazer estas 
no ao seu material, e não have 


era de 1898 a da 
ça o seu contracto, q caduco, em as 
ER foi combinado provisorimnente o serviço da navegação do 
beira entre Iguape e Xiririca, fazendo tres viagens por 
n subvenção de trinta e seis contos de veis annusos, 
esta pó está a niveradão hoje; e, podemos dizer com 
a seriedade, em peiores con lições q que anterior ao anno de 18 
quando a Companhia Iguapense fazia duas viagens por mes, 1 
cebendo do Govesno dezoito contos da réia por anno 
Sorá assim que o desenvolvimento dos meivs de 
há de trazer o progresso n esta zona? 
Passemos agora um relanee de vista sobre as pro 


estradas de 
precadin estradas de ferro para. 
to 


Desde ha annos têm sido 
dar communicação entre o porto de Iguape eo dáaice detida 


















te 1 
o Carlos Alberto Morsing. 
numero de pandas de privilegios 
Orar esta zona; cons 






















ntos, indo concessão mina estrada 
rea pieces pole boa 


“João do Oliveira Fagundes e ontros pedindo privilegi 
oie dvesoarrUds Ernode, ars do Dna 


io Ferreira da Silva Carneiro, pequdo privilegio 
H a de bonds de Igunpea Colonia 
ORA goétisho Adolpho da Sea 
á rada de ferro de gançe ao rio Parnal 
L joga, pedindo privi- 
de pe até encontrar a es 
“de ferro de Paranaguá a Curitiba e um ramal de Niririca 
É encontrar o ao leritemas da Sorocabana entro Botucatú é 
Santa Cruz do Pardo. 
— * Do Engenheiro José Rerpes Garcia Redondo, solicitando 
é o para uma estrada do ferro da cidado de Faxina a 


” «Da Companhia da estrada de ferro Sul Paulista, pedindo 
legio para um ramal da linha ferren Sal Panlista, estas 
o de S. Antonio do Juquiá à Villa de S. Sebastião do Tiju- 


De Affonso da Cunha Brilhante, pedindo concessão para 
estrada de ferro de Sorocaba à Riboira de [guape. 
Ricardo Guimarães Filho, pedindo privilegio para uma 
ostrada de forro de Igunpo a Jacopirango. 
«Da Companhia Lavoura e Colonização pedindo previlegio 
p estrada de ferto da Iguape a Paranapanema. 
Engenhoiro Raymundo de Castro Maia, pedindo provi- 
“uma estrada de ferro do Salto grande no rio Para- 
ponto por Tijuco Preto e Bom Successo e dabi 
a Ribeira até Iguape. 
Dr. Francisco de Paula Pinto, solicitando previlegio 
estrada de ferro de Paraty a Iguape, 
“seria incompativel com a verdade declarar que alguns 
os foram simplesmentos efeitos de especulação ; po- 


rém, entro elles ha alguns feitos por possoas quo conhecem per- 
feitamento o valor da zona a percorrer, e que realmento desejam 
o desenvolvimento dos meios de transporto neste municipio de 
Tgunpe. 





Edifícios que pertencem á Municipalidade 


E! incontestavol que a Camara, dosdo a mudança da villa 
de Tguapo até o ano de 1827 possuia una casa propriamente 
sua, em que realizava as suis sessões e que, no mesmo tempo, 
servin do cadên, cuja casa foi demolida para dar logar à conti- 
nuação da edificação da Igreja Matriz actual. 

Nunca mais, até hoje, poude à Camara possuir uma outra; 
comtudo, creio que se as auctoridades conhecessem como deviam, 
a sua historia, ba muito tempo terin sido dotada esta cidade com. 
um edificio proprio às sessões da Camara, sem que tivessem do 
dispender grundo soma de dinheiro para esse fim. 

Existo nesta cidado uma casa das mais antigas, enja con- 
strucção remonta à uma epocha antexior ao anno de 1678 como 
ostá provado positivamente pelo documento n. 185. Naquela 
ocensião serviu como oficina de fundição do ouro, e, ainda quo 
não existam documentos quo derramem luz sobre a epocha exacta 
de sun construcção, existem, comtudo, bastantes em que dizem 
ser esto edificio pertencente à villa, ninda que durante alguns 
unnos ns ETR olvidassem este facto, 

Pelo documento n. 75 verificamos que, no dia 7 de Mnio de 
1736, a Camara chamou concorrentes pura o concerto desta casas 
mas, paroce quo não fizeram este serviço, visto que em 20 de 
Outubro do anno seguinte tornou a contractar o serviço do con- 
certo. (doe. n. 76) 

No dia 7 do Agosto de 1778 num termo de Vereança, (doe. 
n. 77) encontramos o seguinte: «E sendo chy pelos dictor affi- 
ciaes da Camara foi mandado ebrir huma certa do Sargento 
Mor Comandante da Praça de Santos Francisco Aranha Bare 
reto, em a qual lhe dizia que por lhe determinar o Hhustrissimo 
« Excellentissino Senhor General desta Cupitaniaque 08 ditos ajfi= 
ciaes da Camara emprestussem a Caza que sercio de oficinas é 
fundição em outro tempo, do Capitam Gregorio Gonçalves da 
Rocha, pera servir de Quartol de Ansxilizros, ao que determinarão 
as ditos aficiaas a mandar lho entregar a dita casa qo referido 
Capitem Gregorio Gonçalves da Roche, poremquanto devam parte 
“o iltustrissimo e Excellentissimo Senhor General de Sam Paula 
por huma carta que lhe eserevidos. 














ud 





— 283 — 








Em data do 4 Foverciro de 1817,0 Governo de São Paulo, 
euviou um oficio á Camara (doe, n, 78) em que diz; «ser muito 
te «o Real Serviço a conservação de huma pequena cuza 
situada na Víllo de Iguape para nelta se equartalar a irroç 
allê destacada, a qual tendo servido em outra tempo pare Fu 
são de oiro, fora posteriormente reservada para o Quartel da re- 
Ho ex=lGovernador e Capitão General das Capi- 
tania Martim Lopes Lobo de Saldanho, Se ordena co Sargento 
Mor graduado Bento Pupo Gouvea Comandante Militar da dita 
Villa de Iguape posse e tomar conta da Sobre dita Cast para 
mella se aquertellar a Propa da suo guarnição mandando-e re= 
e fazer as divisoins neceçarias, tanto para melhor, como 
para serem capturados aquelles que cometerem faltas peles quais 
devido ser punidos conforme a ordem do sercisso, tudo «e emste do 
predito Sargento Mor na conformidade da sue nfferto exereda 
no oficio, que subre esto materia dirigia ao seo respectivo Coronel. 
No anno de 1825 louvo uma questão entro a Camnra o 
José Xavier Modrigues, Capitão Commandante da Milicia, por 
causa da permunencia de polvora ma dita casa, cujo facto exusou 
receio nos moradores visinhos. No din 4 de Junho a Camara 
officiou no dito Capitão, (doe, n. 79) intimando-o à retirar a pol- 
vora no prazo do dez dias, respondendo ello no dia 6 o decla- 
ando que havia edezaxeis nrrobas de polvora bem acondicionada, 
mo sobrado do dito Quertela e negando a retiralia sem quo q 
Camara desso «huas cases seguras de pedra e cul fora desta 
villa» (doe. nm, 80). 
Ea data de 25 do mesmo mez a Camara tomou a intimar 
o Capitho para retirar a polvora, (doe, n. SL) para «as Chzas 
sado F 


| 











co Ferreira de Nação Hespanhola por estar em. lugar 
mais retirados, Respondendo este officio, José Xavier Rodrigues 
dizz ento ponha duvida passar a polcora para es ditas coz 
ficando a Camara responsavel pelo damno que pode haver visto 
o mal estado das citadas cama. (doc n. 82). 

Neste intervallo de tempo percorrido depois do primeiro ofi- 
elo da Camara do dia 4, 0 Capitão oficiou so Coronel comman- 
dante informando-o do facto ocorrido ; porém, pareco que des- 
viou-se da vordado, visto um officio dirigido ao Prosidente da 
Provincia pele Cumara com data de 22 de Agosto do mesmo 
anno. Neste ofíício, (doc. n. 89) ver=se-bn que a Camara de- 
pois de esclarecer os fartos diz; «Por esta sincera narração co- 

Vossa Exrcellencia que o unico movel, que dirígio esta 
 ecigindo a mudança da polvora foi o dezejo de cumprir 
com seus deveres « prol da segurança publico, e bem comun 
dos habitantes deste Vito, assim como conhecerá que se no pode 











vincia dirigiu um officio á Camara em que diz que, 
asê da Camara a respeito 
Quartel 


mtilizar-se 


Mendo prodençãos (doe. aa 89) 





umas paredes velhas do uma antiç a tt pera defun- 
elas sedidas vos Meliciunos junta da fuzenda 
rea lificarem a sua custa, como requeriam, o 
edificaram, concorrendo especialme 

Pao Sacra o Sargento-môr Bento Pupo de 
Todavia se Ptebema destas circumstancias vossa senhoria 
eo Quorial deve ser avaliado, cumprivei ax ordens de vossa 
Senhoria Iguape dois de eae 
— Tlwstrissimo Senhor Dou 
Joaquim Teixeira eve aa 

ocencio Alves Alvim— Juiz Presidenteço 
rante seis annos nada honve referente a esta ensn, nté 
a de Julho de 1833, a Camara oficiou no Capitão da 
À, exigindo a entrega da prisão militar para sor— 
cia publica. (doe. n. 91) 










— 286 — 





Não posso saber o que hove entro esta data e o dia 14 de 
Janeiro de 1834, dia este em que o Presidonto da Provincia de- 
elaxou em um oficio quo, «o conselho do Goserno tendo eelibe- 
rado que o capitão Commandante da 1.º Companhia da Guarda 
Nacional dessa villa entregue e Vuc a chove do Quartel da 
extincta 2.º linha afim de 0 converterem em Codeia, como pres 
tendem». (doe. n. 92 

Recebido esto oficio o Presidente da Camara requereu a 
entrega da chave do Tenente-coronel da Guarda Nacional, como 
so vê pelo documento n. 93. 

Estudando estes documentos varificamos que costa casa foi 
construida anteriormente no anno de 1668, não podendo provar 
a custa de quem foi edificada. Serviu como oficina para a fun- 
dição de ouro ntô 1763, quando, no din 12 do Abril, a Camara 
por ordem do Governo do Rio do Janeiro recolheu as forra- 
mentas existentes e tomou conta do edifício, como prova o dom 
cumento n. 9 Dabi a 1778 ficou abandonada e foi reservada. 
neste anno para servir de quartel militar; porêm, estando em 
ruinas, sómente em 1817 6 que foi utilizada para ese fim, de- 
pois que Bento Pupo de Govêa concertou-a à sun custa, Du- 
rante 17 anmos servia do quartel, e de 183 para cá tem sido 
concertada por divorsas vozes, com auctorização do Govomo para 
faxor as necessarias despesas, servindo, até ha ponco tempo, de 
cadeia, e tambem durante alguns annos foi utilizada a parte su- 
perior do edificio para sala das sessões da Camara e Jury 

Em vista do exposto, pares que esta casa é propriodado 
da municipalidade, o si não é, nho seria dificil obrr do Go- 
verno a cessão dos seus direitos em favor da Camara, com o fim 
de modifical-a de fórma a servir pura suas sessões. 




















Canal para a comu 
Mar-p 






E' incontestavel que um dos primeiros deveres dos Gover- 
nos e do povo do todo e qualquer paiz é facilitar quanto possivel 
os meios de communicação e transporto dos generos da lavoura 
e do commercio, Ão mesmo tempo é innegavel que às vezes, os 
meios postos em pratica, não sho os mais apropriados para o des 
senvolvimento da zona servida « que, pelo contrario, ds vezes 
tornam-se prejudiciaes Ho progresso. 

Estes prejuizos causados podem ser inteiramente particulares 
e, neste caso, sendo isto um dos efeitos resultantes do preceito 
— que o bem commum é saperiorao bem particular — devemos 


— 287 — 


npoiar a construeção dos meios de Capeia mitigando quanto 
vel os damnos causados nos particulares. 

Podom, egualmente, estos meios postos em pratica com in- 
senção de melhorar o transporte, tormarem-se mais tarde preju- 
dicinos à população inteira de uma cidade e uté do uma zona 
extonsa. Para provar isto, existe o facto seguinte: No começo do 
desenvolvimento das estradas de ferro neste pais, o Govemo, 

conseguir a construeção dessas obras, foi obrigado 1 conce- 

garantia da zona percorrida, sem o que naquella época, nho 
podia ter conseguido os capitaos necesenvios; porem, est conces- 
são fechou quazi completamente a concorrencia, que é a alavanca 
do progresso, prejndicando assim, não semente a zona percorrida, 
as tambem aquela qua, limitropho, tem de ntilizar-se desso 
meio de transporte. 

Não entenrei na apreciação agora relativamente au facto, si 
o Canal aberto para dar communieação entre o vio Ribeira e o 
Mar-pequeno de Igunpe é duquellas obras que prejndicam alguns 
itislásos em bem do povo em geral, ou +i 6 das que preju- 

icam a zona servida por esta via de transporte, 

Escripto esta como parte intregranto da historia de Iguape 
o sendo o mesmo canal uma das obras que mais esperanças of- 
foreciam ao povo, pata o desenvolvimento da zona immensa do 
xio Ribeira, cinjo-me o mais possivel à simplosmento produzir 
documentos indubitaveis que possam demonstrar tudo o que houve 
a seu respeito, desdo que foi proposta a sua abertura, até que 
as aguas do dito rio, passando em maior parte pelo canal, prin- 
eipinram a causar prejuizos, motivando por isso reclamações do 
povo desta cidade. 

Sorin incongmente «i deserevesae as diversas phases desta 
obra, desde que foi projectada até hojo, sem que fizesso certas 
apreciações em vista dos documestos apresentados, ainda que al- 
guns dos meus leitores julguem que uão deviam entrar estas 

reciações aqui; porem, é um facto incontostavel que o Canal 

to para À communicação entre o rio Ribeira eo Mar-poqueno 
é do maior interesso para a historia de Iguape, visto que, é uma 
das obras que mais desgosto deu no povo deste municipio é ao 
Governo do Estado de São Paulo. 

Finalisarei esta descripção com um ligeiro resumo dos da- 
mmos causados e das obras que por ordom do Governo tôm sido 
feitas E antánio os ultimos doe annos, como fim de minorar estes 
Ed O documento mais antigo que encontrei, com data de 20 do 
Abril de 1779 (doe. n.º 95) foi copiado d'um liyro das correições 
feitas pelos Ouvidores da Comarca e prova que a Camara ante: 




















demonstrando que 
Niído no ipevo na abártio d'um vallo, e que 08 habitant 
Villa de emão concorrer para a 
do Nesta data acima citada o Ouvidor auetorisou 










e não parecia ser justo intentar somelhant 
Ra ncia ql para o dem cumu do 
oe. mn. 
6 Em 26 de Outubro do mesmo ano o Juiz ordinario, 
io Rodrigues Cunha dirigiu um 
ao Ouvidor (doc. 97) avizando-lho de ter informado ao 
vernador da Capitania a vespeito do projectado Vallo, euja o 
o dito Governador approvou como consta deste oficio. 
e d 


foi escripto um oficio uo Senhor General Go 

Paulo, Antonio José de França e Horta, fazendo ver as 
sidades da abertura do «anal, mostrando ter sido feita uma 
cripção do «trasentos e dous mil reis, entre trinta e seis ho 
alem de darem as Suas Escracaturas para o Serviços, pedindo de 
Govemador «ordem para o poco hr nelle por esquadras 
cada esquadra des dias, dando-se-lhes o sustento necessario, é 
sendo-se as mesmas despezas pella quantia que contribuem ou 
mesmos moradorese, (do. N.º 99) 

Com data de 17 de Junho o Governador respondeu a Car 
(doe. N.º E) elogiando-a é dizendo: «conhecida a utilidade ge 
ral dessa Obra, de que primeiro fui informado por huma Ro 
zentação de Antonio da Silva Franco, não só aprovo q fao 
delle como o detalhe por vosas merces feitas de trabalhar o 
por Esquadras da mensira que me o.» 

Este oficio recebido pela Camara, como consta do termo. 
vereança do dia 29 do mesmo mez; (doc. N.º 101) porem, 
meceu outra vez a idén desta obra durante quinae nunos, 
que em data de 19 de Agosto de 1820, (doe, N * 102) Car 
suscitou à questão outra vez desta obra, referindo se ao 








pm 


do Governador supra citado; comtudo, ainda assim não era cho- 
gada a ocasião para o começo dos trabalhos. 

Pelo documento N.* 108 vor-se-ba que no dis 18 de De- 
zombro de 1824 foi dirigida uma representação ao Presidente da 
Provincia, em resposta a uma circular de 4 do mesmo mex, em 
que elle pedia informações a respeito das obras mais necessárias 
neste districto, 

Este documento é bastante extenso, mas copiei-o em sua in- 
tegra, por causa de ser obrigado a referil-o em outros capitulos 
da presente obra, Ver-se-ha por esta representação que foram 
oflorocidos & apreciação do Governo trez modos de conseguir a 
abertura do Canal; 1.º obrigando o povo à fazel-o de mão com- 
mum: 2,º encarregando uma pesson para abril-o com capitaos seus 
e por preço fixo, estabelecondo um imposto sobre o povo para o 
pagamento do enpital dispendido e juros competontes ; 3.º contra- 
etando com uma pessoa para abrilo e conserval.o com a condição 
do contractante cobrar durante o espaço de dez annos de todos 
us generos que passarem por este canal, uma taxa igual á im- 
portancia que pagavam os donos dos generos para transportalos 
am carros entre 0 porto do Ribeira o a Villa, 

Pela leitura do termo de vorcança do dia 12 de Fevereiro 
de 1825, (doc, N.º 104) ver-se-ba que foi apresentado um reque- 
zimento assignado por Jose Innocencio Alves Alvim e Jose An 
tonio dos Anjos, com despacho do Governo, para que a Camara 
desse o seu parecer sobre o dito requerimento, « como fosse do- 
elusado no despacho: «ouvindo aos cirladaons tados de muis cone 
aeito e probidade desta Villa e seu termos ficou vosolvido lnvra- 
zem-se editaos, convidando o povo de Iguape o Xivirica para 
uma reunião no dia 26 do mesmo mez para dar «o seu paroser 
a Espeto do dito valas. 

documento n. 105 é copia do registro de um oficio que 
o Juiz ordinario desta villa dirigiu em data de 14 de Feyerciro 
no Capitão Comandante da froguezia do Xiririea, convidando-o 
com ns pessoas de mais emecito daquella fregueziu para uma 
reunião que devin effecimar-se no dia 26 do mesmo mez. 

Esta reunião não se realizou no dia marcado, como fica pro 
vado pela acta da sessão da Camara do dia 5 de Março, (doc, 
n. 106) onde diz: mandarão declarar que tendo-se destinado o 
dia vinte e seis de Fevereiro, em vereança da doze do dito mes 
para se Informar o Requerimento do Alferes Jozé Innoeencio 
Alves Alvim, e de outro Seo Socio, respeito ao Vallo pertendido 
da comonicação das agoas para o mar pequeno desta ville, ndo 
de informou no dia detriminado pela rozto de Se ter contos 
cado ao Cidadaons da Preguesia de Nirírica não comparecerão 


— 280 — 





editaes convocando-o para uma reunião na casa da Comura no 


O edital para ser publiendo na freguezia de Xiririca foi 
Insrado em Iguape no dia 12 6 cuja copin foi remetida à Xi- 
ririca, como se vê pelo documento ne 107. 

No dia 24 foi lavrado um edital para ser publicado polas 


diçõos offerocidas polos proponentes 
Vallo, As condições eram quatro: 





De conformidade com os editaes, rounitum-so as pessoas 
mais importantes do distrieto, no dia 26 de Março de 1825, na 
casa da Camara e nesta ocasião foi apresentado um outro pla- 
no pelo cidadão Antonio Borges Diniz, para a abertura do dito 
Vallo, cujo plano foi approvado pela maioria das pessons pres 
sentes. Esto plano apresentado pelo dito Antonio Borges Diniz 
era o soguinto: 





1º Sera da attribuição da Camara combinar-ss com q 
Capam Mor à Commandte desta Vílla, para dirigir o trabalho 
da abertura do dte canal, que será dividido por esquadra cada 
compe por seus respecticos Copities regulando us Serviços, sem 
gunda a possibilidt de cada famillia; obrigando aos remiços que 
se excurarem quando por seiúy Cabos forem chamados, sem exen- 
ção de pessoa alguma. 

2º Os negociantes que não tiverem escravos para empregar 
no me serviço comeurerito com dinheiro q proporsão dos fundos 
de cala hum para comprar mantim e sustentar os b 
res durante d abertura do mmo Canal; bum como ferramenta pas 
va o meo Serviço aos indigentes que a não tirercm, ' 














os segundo a institu tos, 

ei mesma maneiro se continuard o serviço de conserto 
“faro que ia vez aberto o Cond, 

ar "aenpre, ixen to de tributo, ou outro quelquer emcargo, é li- 

poderão todos om individuos trangitarem pelo mo quando 

he eonvier, Para cujo fim me oferece, com todas as mi- 

forças, serviços dos mens escravos, sustentados a mº custa, 

seguirão livramte todos os Snrt* que concordarem no 

Iguape vinto e seis de Fovro de 1825, Antonio 













A acta da Vereança deste dia (doc, n. 109) estã assignada 
vinte pessoas alóm do Secretario da Camara, ficando rvesol- 
o fazer-se uma outra reunião «visto neste acto de vercança 
não ter reunido mis pessoas e Cidadaens por não se achas 
ma Villa.» 
— No din 4 de Abril do mesmo anno houve outra reunião em 
apresentado dois planos com que meio delles da- 
O seu parecer», e, como diz na acta da sessão: «logo por 
«asignarão no plano ofericido pello Capitão Antonio Sorgo 
», sendo mais treze pessoas que assignarão neste dia 
“vor do referido plano, (doe. n. 110). 
No mento m. 111, que é um relatorio apresentado ao 
pelo Capitão do Fragata, Castos, Lotrento Dakward, 
do Brigadeiro Daniel Pedro Muller, relativa- 
o carr melhoramentos projeetados no littoral, ver-se-h 
Ed Epesad opinam favoravelmente pela abertura de um Canal 
dar communicação frunea entro o rio Ribeira e o Mar-pe- 












+ Em sessão da Cumara, do dia 15 de Outubro do mesmo 
“ano, os vereadore paetrira, sele abrir o Vallo do Porto do 
Ra exta villa, para cujo fim assentario que se devera 
mandar pedir hum agendar, pa para destinor lugar mais proprio 

uficiente para este: obrie», (doe. n. 112). 
Para satisfazer este pedido da Camara, o Governo mandon 
“o Engenheiro Tenente Coronel Euzebio Gomes Barreiros estu 
ir À questão do Canal e dar sen parecer relntivamente no lo- 
“por onde devia ser aberto, como podemos verificar pela lei- 
da acta da Sessão da Camara do din 11 de Agosto de 1829, 
que elle opinava para que fosse aberto o Canal pelo 
o do Nora da Vila, as referencias a seu respeito na 
acta da Camara; (doe, n. 124) sofirendo elle alguns des- 




















tor se mostrado favoravel 4 abertura por ost 
ETTA Em 


No officio re a Camara dirigiu ao Governo em. 
22 de Outubro de 1825. (doc. 113) relutivo à memoria ap 
tada pelo Capitho Carlos Lourenço Dankward « 
Brigadeiro Daniel Pedro Mallor, reconhecemos que nesta, 
ao risca na abertura Rupee estavam divididos 
is idos, sendo que a maioria essous queriam que 
Fniagta Sul, é EA diz o referido o; eponco Ro r 
so e igualmente plano como aquelle designado sem 08 gravissi- 
vo Dc aai aa e dos a 
sídade qual o da aqua que farta exta villa e 08 da pedra auíbra 
os edificios, fltando-se na dependencia de ponte que. 
conservar-se nas inundações pariodicas da Ribeira», 
Neste officio vêso que a Camara nesta data declara positiva- 
mente que este logar, no Sul da Vills, é «igualmente plano com 
Ê mo aquela designados. Chamo a attenção sobra este age por 
enusa das allegações que honve muis tarde em con! e 7 
Mais adianto no mesmo officio encontramos o seguinto; ema. 
certeza de que sendo por onde quasi geralmente se deseja q 
| tro lada eo Sul da Villa, não faltarão contribuentes; como 7 
uns já se offerecerão pera abrir a sua custa quando por outro 
modo “ne não possa efectuar.» 
No auno de 1826, estando em Iguape em comissão refes 
rente ás sesmarias e terreno da marinha o chefe da divisho, 
Paulo Freire de Andrado, a Camara om sessão do din 7 de Agosto 
oficion-lhe pedindo sua opânião relativamente à abertura do canal — 
e qual o local preferivel, si no Norte ou ao Sulda villa (Doe 
nm. 114) ” 
Nesta oconsião o senhor Panlo Freira do Andrade acbava-so 
ma villa havia algumas somanas, desempenhando a comissão do. 
que estava encarregado, e durante este tempo elle naturalmente: 
deseo projecto para a abertura do um Canal e ns di- 
versas opiniões que havia a respeito no local por ondo doviasar 
aberto, Isto elle demonstra mais ou menos pela sum resposta, 
(doc: n 115) com data de 8 de Agosto, enja resposta é de grande. 
valor, por ser a opiniho de um profissional, e dada na proprin. 
localidade da obra «m questão. 

Nesto documento encontramos o seguinte: «Quando asor. 
dens de Sua Magestade Imperial me não obrigassem a concorrer 
com todos vs meus bem limitados conhecimentos para a prospe-. 
rídade desta Província, bastaria que sómente a Vossas feia 
podir-me « minha opinião sobre o assumpto de tanta monta « 
augmento desta villa para que eu de prompto aunuisse a hum 






























| 





— 208 — 


lal pedido, e dissesse com franquezao meu parecer sobre hum tal 
objecto — Se o terreno desde o Rio Ribeira te an da Capara ro- 
sestisse a impetiosidade da corrente, eu díria, que o Canal de- 
veria r pelo meio da Villa ; não reziste, nem póde resistir ; 
logo deve passar ao Norte ou av Sul della.» 

Em poucas palavras fica ragistrado aqui o facto da Camara, 
antes do começar a obra, tor sido avisada por um homem, con 
7 <omo competente para resolver a questão do Canal, que, 
o terreno por onde tinha de passm este projectado Canal, não 

ia resistir á impetuosicade da correntera dus aguas, e, por- 
tanto, ns allegações feitas mais tarde pelo povo, quando ns aguas 
fomm eorroendo as margens do Canal e causando prejuizos, de 
nho ter sido avisado do dumno que podia haver, não tém fun= 
damento, 

Tornando no oficio de Paulo Freire de Andrade veremos 
que alle dia; « Passando pelo Norta, cinda que o Canal sequisso 
sempre q mesma direcção de hum «o qulro rio, suflreria imme- 
adiatomente a violencia da cheia do Rio da Ribeira, que nesse 
tempo sobe de um a treze pés do seu estado actual, e o Canal, tanto 
no “eu principio, ao entrar da corrente, como em toda à qua ec 
lenção, seria damnificado em breve; a parte do Norte do Canal 
por ser Montanhoza dura, se resisteria, e só 0 terreno proxima é 
Villa sofreria toda a perda. » Mais adiante encontramos outro 
trecho em que diz: «Aberto o Canal pela parte do Sul, ficão 
os habitantes gomando de tudo, que gueilo, sem receio de que a 
corrente lhe possa levar o terreno, procima as suas cazas; e clém. 
alisto com a vantagem das embarcaçoens passarem de um ao outro 
Rio, porque então a ponte se não precisa e no porto mesmo da 
Féla, poderão ter as produecçoens do terreno adjacente ao Canal, 
mandar buscar aqui 24 embarcaçõens lhe comduzivem, a onde as 
Canoas com mais meia duzia de remadas poderão abordar. Eis 
aqui porque prefiro o Canal aberto pela parta do Sul, Talves 
me perguntem, sendo o Canal feito pela parte do Sul não des- 
fruirá o terreno adjacente? Vai a responder, He na Alugoa 
que forma o Porto Ribeira desta Villa, pelto Canal, já pela na- 
tuúreza aberto, « que passa polo sítio de Senoel Coelho, que julgo 
que deve por ali passar o Cancl, seguindo sempre a mesma di= 
reeção, e « mais provémo a entrar o Rio da Ieapare, A aque 
do corrente do Ri Ribeira entra na Alagoa perdendo parte da 

Ihada em todos as direeçõens da referida Alagoa, entra, 
Já no Canal eom pouco e por consequencia não sofre tanto dummo, 
e como o Canal seguindo a direcção que indico, passara distante 
da Vília, aínda que as cheias sejão grandes não terão os habi= 
fontes motivos de justo receio, que de repente o terreno da Villa 
seja pela corrente transportado, » 





— 994 — 


Aqui veremos que Paulo Freire de Andrada considerava quo, 
sendo o Canal aberto pelo Indo do Norte da Villa, sua per 
seria uma continuação em linha recta do curso natural do Ri 
Ribeira acima da embocadura do dito Canal e que assim em 
breve tempo a força da correnteza transportaria o terreno mar— 
ginal; porém, que, sendo no lado do Norte do Canal «monta- 
mhoze dura» não sofreria damno esta margem, causando, por 
este facto, ser prejudicada mais a margem do Sul ou do lado da 
Villa, a qual pela sun proximidade no loenl do projectado 

seria brevemente damnificada. Ao mesmo tempo vemos, que elle 
considerava de grande utilidade a possibilidade de formar uma di- 
vergencia de curso da correnteza das aguas vindas pelo rio Ri= 
beira, evitando assim que ellas entrassem no novo curso que ia 
ser aberto com a impetuosidade proveniente da sua velocidade e 
seu peso, A idóa apresentada de deixar as aguas perderem a sua. 
velocidade no espaço compreendido pela lagos, no Porto da Ri» 
beira, para entrarem no Canal, era bastante sensata, porque des 
morava por algum tempo a acção corrosiva da correnteza das 
aguas nas margens do Canal, porém, não podia esta modificação 
do curse impedir totalmente essa acção corrosiva e por essa 

sendo o Canal aberto ao Sul da Villa e longe della, os habitantes 
não podiam ter «motivos de justo receio que de repente o terreno. 
da Villa» fosse levado pelas aguas do rio Ribeira, 

Veremos agora outras razões que elle allegou e que deviam 
ter influido na escolha do local para & projectada obra. 

Diz elle: « Ainda mesmo, suppondo que o canal não sofre 
pela corrente ; quo se conservará sempre no mesmo estado ; o que 
não devo conceder-lhe; outras muitas couzas dignas de madura 
comsideração aberto v Canal pela porte do Norte, fica cortada, 
não só « agua para beberem os habitantes da Villa ; mas tambem. 
a pedra, e o barro para edificarem ; dir-me-hão, que tudo êslo. 
pode vir a Villa por ponte que se forme, ou em serviço de Canoa, » 
Mais adianto diz: «O canal he feito para se aumentar a in- 
dustria, animar o commercio e facilitar a passagem de hum a 
outro io; o assucar « vutros muitos geniros que se podem ir 
buscar as nascentes do Riv da Ribeira, ho natural que se vão. 
buscar em saveiros pois que púus para canoas já vão faltando, e 
essas, pouca carga conduzem, e que para se evitar de aqua 
rem quo os mesmos saveiros conduzão os generos a das 
embarcaçoens que estão no Rio Capara; por onde hão de elles 

? por baixo da ponte: serd precizo que a ponte seja muito 
alte e muito distente entre si e os póus que a sustentarem o que 
muito a enfraquecará. O Rio de Capara não tem lugar comodo. 
para nelle se carenarem Sumacas, Brigues etcetera ; estes lugares. 



























mirdo no Rio da Ribeira, querendo aproveitar o Canal 
= embarcuaçõens passarem de hum a outro Rio; como hão. 
por cima ou por baixo da ponte?» 
vo de Tguape, como parece pela leitura desta parte 
Paulo Freire de Andrade, tevo idéa do ntiliaar o 
vjec Canal a passagem de embarcações do alto mar, 
Tio Ribeira, onde neste tempo havia estaleiros pars a construcção 
a navios, ao Mur-pequeno; então nho podia ter intenção de 
sómente com um pequeno vallo, que apenas desso passagem 
1 canoas; mas sim, esperava que abrindo um pequeno vallo, este 
m pouco tempo seria augmentado pela força das aguas, tornan- 
— do-se assim suliiciente para dar passagem a embarcações grandes. 
Ames desta ópocha, o povo do Iguape tinha aborto furados 
— em diversas partes do rio Ribeira e conhecia perfeitamente o 
— effeito da força da correnteza e o peso do volume de agua deste 
“vio, e, portanto, não podia deixar de prevêr o prejuizo que ha- 
“via de resultar pela corrosão das margens do projectado Canal, 
“ainda que Paulo Freire de Andrade tivesso deixado de chamar 
atenção da Camara a isto, no seu officio. 
Para comprovar o facto do povo saber o resultado que havia 
“de esperar pela abertura de um Canal ao pé da Villa e em ter- 
“xeno todo arenoso, veremos o documento n. 116 quo é copia do 
“um io lo ao Vice-Presidente da Provincia com data 
“do 16 de Agosto do mesmo anno, incluindo o citado officio de 
Paulo Freire de Andrado, Diz a Camara mosto documento ; 
<A experiencia Excellentissimo Senhor, que he a grande e ver- 
“dadeiro Mestre de tudo, tendo aqui mostrado, que qualquer 
vallo feito em terreno arenoso em breve se alarga pro- 
E ente, ainda que não haja maior impulso de agoas correntes, 
“tem ha muito tempo radicado em grande parte do Povo desta 
Villa a erença, de que no cazo de se abrir o Canal pelo Norte 
“da Villa sem duvida terá esta de sofrer pelo correr dos tempos, 
— sindo total, ao menos grande ruina, pela proximidade em que 
Oanal, visto que a grande força das inchontes da Ri- 
a necessariamente v hão de ry sobre O terreno arenoso 
— da mesma Víltas 
Adianto no mesmo oficio encontramos o seguinte: «tem feito 
e hororoso à projecto do Canal pelo Norte, e de mais 
4 mais furtificado em tempo do Capitão General Antonio Jozê 
França e Horta por um habil oficial da engenharia João da 
Ferreira; o qual examinando o terreno e attendendo ao 
a perigo que poderia rezultar a Villa, e tambem «s neces- 
e cas quanto a pedra, barro, lenha e ogua, declurou 
que jamais se deveria abrir o Canal pelo Norte, e sim pelo Sul, 
é 







































visto que deste lado podia ser aberto, sindo com maior ao 
com tanta facilidade em maior distancia da Villa sem i 
inconveniente algums 

Neste documanto encontramos, 
nião do En i 
fosse mandado 
tonio Josá de ça é Horta, cuja opinião combina com a d 
Paulo Froiro de Andrado, e demonstra que elle João da 
Fesreira que O terreno nas margens do p 
havia de ser corroido pelas agons do rio Ribeira, e, 
era necessario que o dito Canal fosse distante da a a 
evitar-lho os damaos o prejuizos. 5 

“Temos aqui prova de que a Camara conhecia os resultados. 
que haviam de sobrevir com a abertura do projectado Canal; 
sendo certo que o Engenheiro Joho da Costa Prtoliad foz sen— 
tir a necessidade do dito canal ser affastado da Villa; a Camara. 
confessa que a experiencia tinha demonstrado quanto era peri- 
goso abrir um vallo em terreno arenoso, para dar passagom Ás 
aguns do rio Ribeira, e, comtudo, não somente consentiu que o. 

leynsse a efeito o tal projecto, como mais tarde outras 
Samaras municipaes de Iguape reclamaram por não torem sido. 
previstos os prejuizos por parte de profissionaes, olvidando total= 
mente os factos que constam nos livros da seu archivo, 

Neste mesmo officio supra citado a Camara declarou: «Que 
no caso de ordenar-se n abertura pelo Norte, infallivelmente so 
não coneluirá a obra pela falta de meios o pelo elesgosto Pct , 
(excepto se a fazenda publica concorrer) visto que muitos 

bem estabelecidos, que podem contribuir, têm declarado que 
Jamais o farão para o Norte, pois que não querem com seos 
nheiros concorrer para a ruina « calamidade publicas ! 

Em data de 4 de Sotombro, o Vice-Presidente de São Pnalo 
dirigiu um oficio à Camara em que encontramos o seguintes 
«O Vice Presidente desta Provincia tendo em vista que a Ca- 
nara da Villa de Iguape declara no seo oficio de dezeseis do mex 
proximo passado haverem Cídadaons que estão promptos a 
«correr com 08 donativos para a abertura do projectado “Canal, 
comtanto que se realize «o Sul da mesma Villa e não au Norle, 
lhe ordena que remetta com toda À brevidade huma rellação de 
sens nomes « das quantias que oferecerem, por isso que já existo 
ma Secretaria ontra dos que concorrem para que se abra «o 
Norte» (doce m. 117) 

Paroeo pola Jeitura deste officio e pelo do da Camara citado 
mesto, que o Governo quiz aproyeitar do capricho dos habitan— 


























— 297 — 


tes desta Villa, pondo-os em aetividado com o fim de conseguir 
a maior quantia possivel de dinheiro para a obra projecta 

Em sessão do dia 21 de Outubro a Camara remetteu a São 
Paulo um outro officio incluindo uma lista dos subscriptores e 
x quantins assignadas para a abertura do Canal pelo Indo do 


Villa; porem, a copia desta lista não existe nos livros 








da 
da Camara. Neste oficio, (doc. n. 218) ver-se-ha que a Camara 
diz: «He publico nesta Villa que houvera quem afirmasse a 
Vossa lleneia que o Canal pelo Sul importará dobrada quan- 
tia do que pelo Norte, visto que o terreno ao Sul he mais alto ; 
se lie verdade que tal se afirmou cumpre desmintir tal «sserção, 
ando a Camara a V. Eeellencia que ha pouco, hum par- 
ticular inteligente bem que não seja Engenheiro de profissão 
io e escropulozamente observou ambos os terrenos que já tinhão 
tobem sido examinados pelo Chefe de Divisão Paulo Freire de 
Andrade, e por esta ultima medição e observação rezultau a Ca- 
mara a inteira convicção de que o terreno do Sul se não he mais 
baixo pelo menos tem « mesma altura que o do Norte 

Com data de 27 de Outubro o Presidente da Provincia pe- 
diu novamente a lista dos subscriptores. (doe. n. 119). 

No din 28 foi remetido qa Presidente da Camara de Iguape 
um outro officio pmrticipando ao Govemo, «que a subseripção 
feita na Freguezia de Xiririca para a abertura do Canal rendeu 
a quantia de cento e dezacete mil e oitocentos reis, e nella se 
ashão assignados cento e onze Cidadaonss. (doe, m. 120). 

Procurando documentos entre papeis que pertenciam ao finado 
José Jacintho de Toledo, encontrei as folhas de pagamento dos 
trabalhadoros vceupados no serviço da abertura do Vallo o mais 
notas a este respeito, cujas folbas provam ter sido este serviço 
começado durante a semana anterior ao din 27 do Agosto de 
1827, dia este em que foi paga a primeira turma de trabalha- 
dores empregados nesta obra. 

Existem 78 folhas de pagamentos, datadas e assignadas pelo 
feitor ou Cabo do serviço, com approvação das contas assignadas 
pelos administradores e com recibo passudo pelo dito Cabo, de- 
elavando ter recebido a quantia correspondente à folha do Sur 
Thesoureiro, Estas folhas são numeradas de 18 79; porom, na 
numeração escapou é numero 71 como está provado pelas datas 
das ditas folhas e por um resumo junto pa mesmas, sendo a 
primeira com data de ax da Agosto de 1897 e a de numero 79 
com data do 22 de Feverviro de 1829. As folhas numero 1.6 
? estão um pouco estragadas, por isso copiei a de numero 3 como 
documento m. 121. 





, 





pes — 


— 298 — 





Em vista destas folhas de pagamento, parece que havia 
uma certa obrigatoriodade pela qual cada bairro deste districto 
fornecia trabulhadores para este sorviço em vista da divisão nas 
ditas folhas, como se óde verificar pelo documento supra, ci 
tado, 

O Thesouseiro durante o espaço de tempo comprebendido 
por estas folhas era o senhor Berardo Antonio Neves, 

Os Administradores nté 24 de Agosto de 1828 eram os se- 
mhores José Antonio Peniche e Bartholomeu da Costa Almeida 
e Cruz. Desta data em diante foi o senhor José Xavier Ro- 
drigues até LL de Janeiro de 1829 e em seguida a este voltou 
ao logar o senhor Bartholomeu da Costa Almeida e Cruz. 

primeiro eabo ou feitor foi Luiz José, que serviu até 
16 de Novembro de 1828; depois entrou Josó Joaquim de Abrem 
o serviu até 18 de Janeiro de 1820, e José Domingues, en- 
trando neste dia, dirigiu os trabalhadores durante as ultimas. 
cinco semanas. 

Os ordenados pagos durante este tempo cram do 180 à 
240 réis por dia para os homens livres e escravos, e do feitor 
320 réis diarios. 

A somma total das férias, em que estão incluidos os con- 
certos de ferramentas, compras de taboas etc, montou EM seem 
S0BTADES, 

Cito estes dados colhidos de documentos particulares en 
contrados fóra dos Archivos publicos, por causa da deficiencia 
que ha a respeito do principio desta obra, nos termos da ve- 
reança da Camara, durante o espaço de tempo comprebendido 
pelas referidus folhas de pagamentos. 

Nao podemos ter a menor duvida sobre a anthenticidade 
destas folhas e de outros papeis encontrados juntos, nos quaes 
constam as importancias pagas por férias desde a semana finda 
em 19 de Dezembro de 1890 a 5 de Janeiro de 1833, escri- 
ptas pelo finado Josá Tnnocencio Alves Alvim à com notas das 

quantias recebidas por subseripções, emprestimos, auxílios do 
overno, da Camara, ete,, durante este tempo, cujas notas e 
resumo dos pagamentos são comprovados por documentos postes 
riores da Camara Municipal. 

Do dia 28 de Outubro de 1826 nté o mez de Março de 
1829, parece que a Camara desta Villa abandonou completa- 
mente esta obra, visto que não consta uma só palavra a seu 
respeito nos termos de vereança lavrados durante este tempo. 
O livro dos termos d'aquella epocha existe em perfeito esf e 
por elle verificamos que à Camara reuniu-se em sessão nos dias: 
15 de Julho; 2, 11, 19 e 26 de Agosto do amno de 1827, la- 



















e 05 termos competentes, que são bem legiveis, e, en- 
mão mencionam o começo da obra, cujo nei foi prin- 
ma semana anterior ao dia 27 de Agosto de 1827, 

te nos livros dos Registros não consta ter sido 
lo ou dirigido oficio algum relativo no canal durante cer. 
tres annos. 








recob 
do 
to de 1829, a Camara reuniu-se em ses 
sho extraordinaria de conformidade com a ordem recebida de 
8 Paulo, por officio datudo de 7 de Julho do mesmo unno, con- 
vidando as cs mais importantes da Villa a comparecerem 
para o fim de se tratar da continnação da obra do canal. 
Pela leitura da acta lavrada nessa sessão (doc, u, 122) e do 
officio dirigido ao Vice-Presidente da Provincia no dia 17 do 
mesmo mez (doc. n 123) ver-se-ú que o projecto indicado era 
de cada um dos propriotarios mandar seus escravos trabalhar no 
serviço do referido canal. Esta proposta foi neceita por novo 
pessoas presentes, entre as quaes o Presidente da Camara 
* tres verendores; porém, foram contrarios a esta indicação dois 
vereadores, o fiscal da Camara o mais vinto 6 tres pessoas, fi- 
cando resolvido, em vista desta diyergencia marcar-se o dia 11 
do mesmo mez para uma nova reunião. 
Estudando à acta da sessão do dia 1 (doc. n. 124) verifi- 
eamos que até esta data todo o serviço feito para a abertura 
« tinha sido à custa do povo, como tambem que o Go- 
o tinha anetorisado esta abertura pelo lado do Sul da Vi 
cuja auctorisação não encontrei registrada nes livros da Ca- 
mara, nem noticia della nas actas das sessões d'aquelle tempo, 
mente ve-se por este documento que os partidarios ainda 

















Ê 


Em 20 de Julho de 1830 o Vice-Presidento da Provineia 
pedindo «huma circumstanciada informação 
de adiantamento ou atrazo em que 8º acha O serviço 
abertura do canalv. (doc. n 125) Recebido este oficio no 
dia 2 de Agosto, a Camara nomeou uma commissão de tres mem- 
sendo estes os senhores João Chrysostomo de Oliveira Sal- 
£ Bueno, José Jacintho de Toledo e Rafael Gomes Malta 
iro; para examinar com todo o cuidado a obra em execu- 
e dar parecer a is . 
Em sessão do dia 5 de Novembro npresentaram o seu pare- 
cópia de um oficio para ser remettido ao Governo, os 







EE 


Ê 







$ 


É! 




















, depois de terem sido discutidos foram 
Comara. Este ofício (doe, n. 126) 
fornecida pelo istrador da obra 
eencio Alves é de bastante ai pra 
mente a autbenticidade 6 exactidão das de pagamento 
outras notas encontradas fóra dos Archivos publicos a ito 
do serviço do canal. Igunlmente prova Ka que nada consta 
a esta respeito nos livros da Camara, que o Governo, posterior 
ao mez de Agosto de 1829 tivesso mandado continuar os traba- 
lhos, remetendo para esse fim a quantia de um conto do réis 
que figura como emprestimo da Fazenda Nucional. Por este 
oficio sube-se que os Engenheiros, Srs. Brigadeiro João da 
Costa Ferreira « Tenonto-Coronel Euzobio Gomes Barreiros ha- 
vium nivellado o terreno é calculado que as aguas do rio Ri- 
beira, na embocadura do canal, ficavam seis palmos acima do 
nivel do Mar-pequeno. : 



































tancia que existe do curso natural do rio Ri 
dura do canal até a barra do dito rio, cuja diferença era um 
dos elemantos mais poderosos que podiam existir para motivar 
com mais rapidez a corrosão do terreno marginal deste canal. 


Vemos pela loitura deste oficio que o administrador da 
obra contava com a força das aguas, proveniente dessa diffe- 
rença de nivel, para tar a conclusão da mesma obra, Elle 
eita as quantias dispendid, uella data é podemos verifi- 
car o seguinte: EA Ena administração dispendeuso a quan- 
tia de 10765093: Na administração de José Xavier Rodri- 
gues, a quantia de 8558450 e na de Bartholomeu dn Costa AL 
meida « Cruz 968380, cujas quantias, prefazem exactamente o 
total de 2:0378923, como consta polas folhas do pagamentos ei- 
tadas, é anteriores ao dia 22 de Fevereiro de 1829. Tn um 
engano neste documento, onde diz: «c subscripção chegou a 
quanta de réis dois contos novecentos e sete mil é quatro conm 
tos véiso. A quantia da subseripçõo feita pelo povo como cons- 
ta por uma nota junta ás folhas de pagamento era de 2: 

e não de 29078400 da qual havia sido recebida até o dia 22 
de Fevereiro de 1829 a quantia de um conto oitocentos e dez 
mil quatro centos e tres réis, ficando a recobor duzentos e oi 
tonta O seis mil nove centos e noventa e sete réis; porém, 
sr. Bartholomeu da Costa Almeida e Cruz tinha adiantado 
ventos e vinte « sute mil quinhentos e vinte réis, 


Voltando 4 referida nota do ndministrador, no oficio acima, 


















— 301 — 


emos perfeitamente o engano pela propria somma total que ella 
dá, porque: 
A subscri) do povo até 22 de Fevereiro de 1892 


E a 
Emprostimo do sr, Bartholomou da Costa, , . . 2278520 
Co» da Fazenda Nacional. . . +. . 1:0008000 

8:8248920 





quantia citada pelo administrador no dito officio, 
As despesas até esta data foram as seguintes: 


Despesa antorior uo dia 22 do Fevoreiro do 1829 . 20378928 
» feitos por José Innocencio Alves Alvim .  SITELTE 


"Total despendido até o dia 5 de Novembro de 1890, 2:9158098 
A receber da subseripção o. 0.0 28689M 
Dinheiro existente Ls cr Tl2EBBS 


Total. + 2. SOLAGO: 


Pela deseripção da obra feita nesta data, podemos julgar que 
o dinheiro despendido havia sido bem emprogado. 

No dia 14 de Maio de 1831, a Camara, em resposta a uma 
eircalar do Governo, do dia 7 de Março, a respeito fis obras mais 
necessarias nesto districto e ontros assumptos, remeteu um ofi- 
cio (doc. n. 127), em que diz: enenhua obra se aprasenta de 
maior é indispensavel necessidade do que a do Canal de Commu- 
nicação da Ribeira com o Mar da Villas. 

Por este documento ver-se que o Governo até esta duta 
não havia auxilindo esta obra, sinho com a quantia de um conto 
de réis, emprestimo da Junta du Fuxzenda Nacional; é, comtudo, 
a obra proseguin, como provam as notas do administrador Alves 
Alvim em mau poder, sendo que as férias pagas do dia 19 de 
Dozembro da 1830 a 30 de Abril da 1837 importavam na qua 
tia do 5008440. 

Com data de 18 de Janeiro 1882 a Camara pediu qucto 
risação no Governo pam despender a quantin de quatrocentos 
mil réis das suns rendas em bencficio do Comal, para dar «hum 
impulso, que, quando não a posa concluir, animará talvez os 
movas prestações dos mesmos, ou outros contribuinteso (doc. n. 128), 

No dia 7 de Maio do mesmo ano, tendo sido auctorisado 
o dispendio da quantia pedida de quatrocentos mil réis, 0% 
mistrador da obra offciou ú Camara (doe, n, 129) pedindo que 
fosse ordenado ao Procurador da Camara para fazer o puzamento 




















— 302 — 


das férias dos trabalhadores oceupados no serviço do Canal; 
oficio n Camara respondeu (doe, n. 180) avisando tor expedid 
ordem para que a referida quantia fosse entreguo ao dito admi- 
nistrador. 

Pelas contas do sr. José Innocencio Alves Alvim verifica se 
que até o din 5 de Jancito do 1833 as quantias recebidas edos- 
pendidas na abertura do Canal foram as seguintes: 


RECEITA 
Subseripção recebida até 22 de Fevereiro de 1829 . 1:8/08408 
Emprestada por Bastholomeu da Costa. . «22715520 
> da Fazenda Nacional, +, 2. 
Subscripção de 22 de Fevoreiro de 1829 a 5 de Jar 
mero da 4598, qm simao Jaco NE var PESE 048800 
Emprestimo da Fazenda Nacional, 4 (24 3008000 
Auxilio da Camara . ca sur. 4008000 


Réis. . 52018853 





DESPESA 


Anterior ao dia 22 de Fevereiro de 1829, . . . 20378923 

Desta data a 30 de Outubro de 1830, , . « .  STIGITS 
> » >» 30 de Abril do 1891. . 4... 
>» » 12 de Novembro de 1881 o.» 66280 
>  » > 18 de Maio do 1832, . . . . , 1818220 
>» » > be Jmeiro do 1833, . , . . 9838400 


Reis, . 52018853 





Na escripturação das despesas relativas ao periodo compre- 
hendido entre os dias 30 de Abril de 1851 e 12 de Novem- 
bro do mesmo anno, diz o sr. Alves Alvim: «Despesas 
do Canal, trabalhando melle os escravos de varios cidadãos sem 
effectico pagamento, suprindo com o din” pº o feitor e mais des= 
pezas de concertos de ferramente « gumelas o actual administram 
dora. E do periodo seguinte a'é o dia 18 de Mniode 1832, diz: 
«Pura pagament do feitor e mais despesasdas 24 ferias em fronta 
supprio o admindor pf emprestimo as seg! quentiasm 

Nas notas relativas, entre 18 de Maio de 1832 e 5 de Ja- 
neiro de 1833, diz: «Escripturação das despesas do Canal, cujos 
trabalhos vão ser continuados pelo supprimento que fez « Fazenda 
Nacional de 3008000 e suprimento da Camara Municipal de 
400000 e « subsripção de alg4 cidadanso. 












— 308 — , 


o oncontroi nos erp da Camara menção alguma do su, 
to da quantia de 3008000 pela Fazenda Nacional citas 
motas; porém, não posso duvidar sua exactidno, visto as 

que existem nos livros da Camara a respeito de fr. 
“relativos às subseripções o contas apresentadas pelo mesmo 


jinistrador. 
Ns Coin data de 14 de Ss de 1833, o administrador, res= 
adesão a um oficio da Camara, declaron que com menos de 
“um conto de réis não podia concluir a obra do Canal (doe, n. eae 
Por uma informação quo a Camara mandou so Pre: 
“Provincia, no dia 1L de Julho de 1835 (doe, n. 152), 
“ tinha sido recebida a quantia de seiscentos mil réis para 
obra, e que desta informação consta: «Jo portanto necessario 
a continuação de huma obra tão util, é que para concluila 
ecizu talvez dispender tanto quanto se tem despendido», 


au 
precisos à concl são jo da oh la obra, Po designado 
o q te de Novembro para essa reunião (doc. N. 193), 
Chegado o dia marcado, compareenram apenas tros cidadaos 
além dos membros da camara, em vista do que, depois de varios 
“ulyitres apresentados, foi resolvido abrir uma nova subscripção, 
momeando-so para esse fim una comissão composta dos SS ae 
— José Innocencio Alves Alvim, Josó Jacintho de Toledo e Anto- 
mão José Peniche (doe. N. 134). O senhor presidente ponderou 
ue todos concorrecem par hum objecto de 
idade desta Villa, e o melhor meio hera que 









ra voluntariam.tt prestarem 
“cada hum 2 dias de serviços, dando a Caixa da Sobscrição o sus- 
ento, into hé à aqueles que não possam sobserever com alguma 
“quantias. Foi tambem resolvido ofieiar-sa no Prosidente da Prn- 
ia communicando as Pi apl tomadas o pedindo-lhe nu- 
“ailio Nosto oficio (doe. N. 135) à camara podiu «a quantia ao 
menos de hum conto de réis, a qual reunida a mais alguma 
quantia que se ponde obter por Sobserição entre a população, 
ias. será bastante para se concluir esta obra do Canal». 
comissão encarrogada pela camara para angariar dona- 
re luetando com dificuldades, por causa das divergências que 
via entre o povo à respeito desta obra, pouco pode conseguir 
«dos habitantes da Villa, e, no dia 17 de Fovereiro de 1836 off 
— eiou á camara informando-n do máu exito do seus trabalhos e 
ndo-lhe que «o unico meio mais efficas e terminante para 
Do dvd e elamar aos idodãos ca remar doa dust 























deveres, hora impor-se huma taxa razoavel no genero erros, . 
mais se exporta deste Paizo. % 

Nesta di 
sumpto e pela acta desta sessão (doc. N. 136) 
sumo do officio da commissão apresentado por José Jncintho 
Toledo e Antonio José Peniche, como tambem um projecto 
lei que ofereceram à Camara, relativamente n um imposto 
vinte reis de cada nlqueire de arroz exportado para fóra do ma 
micípio. Sendo tomada em consideração a presentada. 
e o plano oferecido, foi resolvida, por un tado do VMA 
einco vereadores presentes, a nomeação de nma commissão es 
pecial para organisar uma postura no sentido do citado plano 
e apresentalo no dia seguinte à Camara, 

De facto, no dia 18 de Fevereiro a cominissão especial apre- 
sentou seu parecer do modo seguinte: c4 Comissão en- 
carregada de dar o seo parecer sobre a representação que fazem 
08 Cidadãos nomeados para à provimento da Subscrição, 

e conclusão do Canal de communicação da Ribeira com o mar 
pequena desta Villa em a qual ponderão as dificuldades que to- 
mão encontrado em muitas pessoas em não quererem concorrer 

ra tão util quanto conhecido bem que se espera desta obra 

uma ver concluida é franca de pesagem ao mesmo tempo que 
outros Cidadãos prestando ate de boa vontade com sua asigua- 
tura e quota, mais que esta desigualdade o resultado hé parati 
sação della e finalmente a vista de taes ponderações Oferecendo | 
dum pleno u reduzir o artigo de posturas, unico meio de todos 
eomcorrerem, e de huma vez ver-se o desejado fim desta abertura | 
do Canal, fonte da riqueza deste Município. (doe. N. 137) 

Os artigos da perca apresentada, soffvendo algumas emen- 
das, foram approvados, resolvendo-se enviar cópin da mesma no 
Presidente da provi pedindo-lhe que fosse approvada pela 
Assemblén Provincial, sendo no mesmo din remettida com tm 
officio (doe, N. 138) a Sho Paulo. Este projecto da Camara foi 
convertido em lei pela resolução da Assembléa Provincial em 
14 de Marco de 1897, 

Poe officio do senhor Gavião Peixoto, Presidenta da Pro- 
vincia, de 20 de Novembro de 1837, o administrador da obra 
do canal foi muetorisado n emprestar dinheiro para a continus- 
ção do serviço; porem, não encontrou quem emprestasse quantia 
alguma para eso fim. Não encontrei copin desse officio, mas nm. 
ii com dats de 28 do Novembro de 1539 refere-se a oste 

to, 
Em sessão da Camara do din 1.º de Fevereiro de 1889 foi 
apresentala uma representação sseignada por 56 pessoas, pes 































p” causa do local de sua edificação ser composto de aria q 
Den una icaindo: 4-smnêndo o do Neem sal so 
quazi tudo o q se tem feito a custa de tanto trabalho, 
“e avultada somma com "que ox recorrentes em princípio 
ibuirão debaixo de boas eranças de utilidade comum 
NOR ie 99 /da Jilbo focnseno amais fora pronta do o 
mutação no mesmo sentido à do din 1.º de Fevereiro, 
j Camara nomendos os vereadores Junqueira e Toledo em 
omunvissho para dar parecer sobre a dita representação, cujo pure- 
E natido io dia 16 do Agusti dio sogulitas ad” Cormiásão 
alventarregada de dar 0 seu parecer sobre 0. requerimis dos 
yntes, larradores e mais Poio desta Vília, que ecbve huma 

o dirigia ao” Bam Governo om 
taxa de vinte veis por alqueire 








ue pedem a sus 
delgadas 








a de Vala de comunicação da Ribeira ao mar, e 
los unanimemente derão seo parecer que em nada se ajosta da 
cem que está a Commissão, A mesma Commissão reco- 
de Summa necessidade huma Valla de communicação «o 
e julga o maior dos beneficios que se pode fazer a este 
ndeípio, tão bem não desconhece que esta principiada, que 

muito custo, e com grande Somma de dinheiro poderá 
r transito (te hoje não realizado) por ser feito por hum local 
0zo com mais de vinte pulmos de fundo, e sem preceito de 
a, é que peas circumstancias em que se axa por se 















































estar a tantos 
rimeiro 
a se 
com 


s3s 


: 


vindo por is 

a q ee acha 

bem por dois Engenheiros disso! 

há muito tempo que examinarão qu por esta 

emfim ella está principiada, e tem hum grande impulso, 
e seria sem duvida o maior dos. absurdos deixar de instar para 


ue a Nação deixe de concluir, A 
fes conhecer o erro de se ententar a el 
Villa, é fundado nisto 08 mesmos panagyristas 
je e voltar em oppositores; verdade tro demonstrada 

elles mesmos fazem a môr parte dos Cidadãos asinados na So- 
bre dita representação, e ate aqueles mesmos que em qualidade 
de vereadores da Camara transacta pedirão a Sobredita impozi= 
ção, cunhecendo o passo não acertado taobem se axo 
não por volubitidade, mas por conhecerem que a tantos annos a 
trabalhar-so (apesar das boas espe 
Adminisirador do Bum Choro; ainda” 
transito livre. A Commissão sem ab incipios, 
que nas circunstancias achuaes vê os *Negociantes, agricultores a 
todo o Povo desta Villa exasperado queizando-se desta taxa, lan- 
cando em rosto serviços e dinhe prestados e alguns com grande 
Soma, não escapando alguem de entrar como teu 

dao munca sofrerem emposições, a alem disto se 
achão cnerados com empostos; que a peste tom morto os animaes 
carreiros, pelo que augmenta o preço da condução mais de cento 
por cento, e que com esta tara vem a r duas 
primeiro nos carros, e a Segunda para 0 imposto da tara para 
huma Valla não realizada, quo querem sim pagar mais seja 
quando ella der transito ou alias que a Nação ou os interessa 
dos passem os Saccos «sua custa não se esquecendo muis de 
publicarem que os autores délla pela parte “ão Sul se oforeca- 
vão a fazer a aua custa, esta hé a vos geral dos Cidadãos deste 
Pais, Ainda mais avança a mesma commissão que a conclusão. 
delta para ficar perfeita talvez exceda a oito contos de reis, e hé 
hum impossivel 4e concluir ella com este imposto sento em or= 
bita de onnos, por quanto o rendimento de hum anno dará para 
pouco mais de hum a dous mezes de Serviço, e o resto do anno 
Jicará paralizada, e sendo como bié pe em area volta-se huma 
mova ta de Penelope, que fasia e desfazia e só o braço Nacional 






















— 407 — 


«capaz de desencantar este nó gordia prestando à dinheiro para 
hum só golpe se concluir, que então tendo transito tudos os 
Cidadãos se obrigão a pagar os vinte reis da tara presente. He 
portanto a Commissão do parecer que esta Camara envia todos 
estes papeis av Ermo Presidente, em cuja Secreteria estarão todos 
vw mais à este respeito, hem como os ufleios do primeiro Admi- 
nistrador, recta ver que esta tara indescretamento pedida pele 
fronscela Ciumara tem exasperado todo o povo, principalmente d 
aqueles que em boa fé, ua esperanca de nunca serem tributados 
prestarão seos dinheiros e contingentes; instando tâobem esta Cos 
mara para que sejão ntendídas as justas suplicas de hum Povo 
respeitaor das Leys e Authoridades Constituidas, e que huma ves 
que por oras não se pode dor transito aos Saceos sendo q custa 
fatarios, que talvez será mais conforme a razão prestar 
ve da Caixa Provincial dinheiro para de um só golpa se fazer 
concluir a dita Vala e depois de sua concluzdo se impror a 
mesmuz taxa ce vinte reis por alqueire de arroz pilado pelos que 
por ella passarem, que então todos saptisfeitos pagarão. He este 
o parecer da Commissão= Paço da Camara Municipal da Ville 
alo Iguape dezeseis de Agosto de mil oitocentos e trinta e nove= 
Junqueira— Toledo.» 
ho encontrei cópia do oficio divigido no Governo nesta 
data; porém, com data de 9 de Setembro o Presidente da Pro- 
vincia dirigiu uma Portaria à Camara, (Doc. Nº 140), avizando-a 
que in apresentar a dita representação á Assembléu Provincial 
na sna proxima futura sessão e prevenindo-n que «não con- 
vinha antecipar juizo algum a esse respeito já por star assas 
prozéma « reunião da ms Assemblea já pr q de hum oficio do 
Administrador da obra de 20 do mme Agosto consta estar ella em 
andemts com esperanças de ver a huma concluzão facoravel o q 
faz q ve desvaneça hha das rozões allegadas na representação (u 
do fatia de emprego do producto da taxa) e q não seja prudente 
tolher ja de húa vez esse cndam'o sem haver dados positivos e 
mais seguros de q" a obra he impraticavel ou absolutam's inutil ». 
Neste officio consta mais: « convem poix que a Camara afim 
de participar ou ditos cidadãos esta resultado de sua reprezen- 
tação, aproveitar-se da tentativa q' faz au Administrador da obra 
actralmie para adiantala como de hua experiencia mais p? ilus 
trar a inconveniencia, au inutilidade do Canal ». 
Esta Portaria foi lida em sessão da Camara do din 7 do 
Outubro, ficando resolvido avizar aos assignantes da referida 
entação o conteudo da dita Portaria, publicando-se editues 
neste sentido e marcando-so o dia 11 para uma reunião para 
tratar desto assumpto. 


Ê 





== BO | cs 


No dia designado não appareceu nenhum dos assignantes da 
representação e então o Sead Junqueira pedindo a palavra, 
disse: «que não orava a favor de partido algum, que não trazia 
om lembrança cousa algita, mas que ha vez que estava esta obra 
em andamento seria hum terrivel absurdo deixar de concluir, e 
deo a este respeito varias razões, mostrou as circumstancias, pos 
rem que de hum só golpe so concluir hora do parecer que esta 
Camara pedisse a Astemblea Provincial para suprir até seis 
contos de reis e aststir quanto fusse necessario lançar mão deste 
dinheiro e que para isto desde ja ficaria hypotecado para sea pa- 

amento o mesmo rendimento da taxa de vinte reis ate o pagar ». 
ess tambem pela acta lavrada desta sessão, que, estando pre- 
sente o Administrador José Juciutho de Toledo e pedindo a pa- 
lnvra disse: «que se opinião de se 
pedir a Assemblea Provincial dinheiro para a concluzão do dito 
Canal » Posta em discussão toi unanimemente approvada pelos. 
seis vereadores presentes, que resolveram oficiar no Governo 
neste sentido. 

Com data de 26 do mesmo mez foi remettido o dito officio 
(doe. Nº 141) communicando que havia sido resolvido pola Ca- 
mara em sessão do dia 11, o por esto documento ver-se-l o 
Camara declarou não ter tido anteriormento conhecimento do of- 
ficio que o Governo cirigiu ao Administrador da obra em 20 de 
Novembro de 1837, nutorisando-o a pedir dinheiro emprestado 
para auxiliar a conclusão do Conal. 


Não soi qual foi a resolução do Governo a respeito da re- 
presentação do Povo, 

Parece que durante os doze annos seguintes, o serviço do 
Canal continuou com uma marcha lenta, sendo as despesns pagas 
pela renda do imposto sobre arroz, sem comtudo ficar o Canal em 
condições do dar passagem franca A canoas, sendo que durante esto 
espaço de tempo nenhum apontamento existe sobre este servi 
mos livros da Camara. Com duta de 12 e de 17 de Novembro 
1841, como igualmente em 13 de Março de 1844, n Camara, 
respondendo so Governo sobre as obras mais necessárias ao me- 
Thoramento deste Municipio, nada diz a respeito do Canal. 

No dia 9 de Outubro de 1851, a Camara remetiendo d As- 
sembléa Provincial um aficio, (doe. Nº 142) pedindo que a me- 
tado da recoita da taxa sobro arroz fosse concedida para a obra 
da nova Matriz, diz: + o producto desta taxa era applicado para 
a concluzão do Cenal, que communica a Ribeira com o mar pem 
queno ; porem hoje que esse Canal dá um transito quaz constante 
a Camara Municipal julga, que só a metade do producto é bas= 




















pum entulho 
m 3 de Junho do anno seguinte o Vice-Presidenta da 
Hippolito José Soares de Sousa pediu á Camara in 
a respeito do Canal e que visse si a metade da taxa 
in ser applicula d uma outra obra, (doc. Nº 148). Em vista 
sto n Camara resolven exigir do Inspector do Canal «os escla- 
nentos 4 saber, e q referido Canal da transito 
al, e si ja se pode dividir a taxa applicada para a construeção 
quelto ». (doe. Nº 144) 
“No dia 13 do mesmo mez o Inspector respondeu á Camara, 
Nº 145) sendo o seu oficio remettido no Governo, no qual 
no era de esperar, elle oppunha-se à divisão da taxa, apre- 
tando as suas razões é declarando que era publico « notorio 
“o Camial em oecaxiões de marés, tem dado desde muito tempo 
ua a dar transito livre para as maiores canoas e baiças 

























io encontrei cópin do ofício que a Camara dirigiu no Go 
remetendo o do Inspector, portanto nãc posso dizer si 
de necôrdo com opinião do dito Inspector, ou si a Camara 
va O que afirmou em seu ofício do dia 9 do Outubro de 
1. Comtudo, o oficio de Julho de 1852 não podia ter coo- 
do para a divisão da taxa, visto ua por Lei Nº 13 de 17 
“Julho do mesmo anno, artigo 6º, ficou determinado que «os 
reis por alqueire será applicado metade para o Canal e a 
metade para a conclusão da Matriz» desta cidade. Esta 
p ilgnda no dia 17 prova ug divisão dn taxa estava 
ivida antes de chegar a São Paulo o oficio que a Camara 
ou acompanhando o do Inspector, do dia 13 do mesmo mex. 
data de 24 de Novembro de 1854 encontrei o registro 
wum oficio dirigido no Ex”" Presidente da Província, cujo 
tro em sua imtegro transcrevo 1 
cedilimo e Ermo Senr. A Camara Municipal da Cidade 
pe; fel e zeloca representante de seus Municipes, vem 
osumente perante V. Eres representar « cerca de neces 
lo da abertura de hum canal, que communique a Pibei- 
v mer pequeno, qual deve ser ao lado do Norte da Ci- 
de, visto que a longa é doloroza experiencia tem demonstrado 
actual Canal ao lado do Sul da mesma não satisfaz à 
tiverão em vista seus capeiozos autores Estr ne- 
a Exmo Senr. é tão altamente reclamada desde 0 come- 
abertura do Canal cetual, descutida desde sua criação 
de dos seus Municipes é hum facto tão clara= 


que repugna à opínido sensata oppor cbjem 

















rções querido 

aver do Ur piada ia 
Senr. sobre que ora esta representa: he um facto 
stante de muitas e repetidas observações de Eng 


jenheiros 
cionaes; é hum facto assento sobre as bases de conhecimentos. 













to Jixmo Senr, pela sua mal a; 
Ee que tem tido na abertura e cm 
nal, pelo pessimo local em que foi aberto e sem mdo arinaiod 
Imposto que pesa e pesará indifinita e eternamente sobre 

Municipio em quanto o Governo consentir que prosiga een 
te obra pelo local em que está. Para comprovar a verdade des- 

ta axsersão é bastante olhar-se para us documentos juntos onde 
se obsereão as quantias orçedas para a abertura e concluzdo dae 









unici, h 
; porem não pode pic: us 
braços cruzados ser muda Pedais do desperdício de tanto 
dinheiro gasto em excovações infinitas, como que lancado ao 
Mart! Hum Cancl que fama tal communicação é necesario, 
e muito; porem ndo pelo lado existente, porque para isso seria 
necessaria que este Comara, pudesse feichar os olhos e deimar 
ue 08 vindouros continuar à sofrer o do imposto se 
rn fa semntoio a cem doporança: do sonaliuaão e manto — 
nal, pera poder ter ulgum exito seria mister os 
cos fossem estecados; porem, como estacar 1128 de a 
no areisco de 30 a 35 palmos de altura do nivel dagoa? E 
quando possivel, como, sem grande e extraordinaria despesa? E 
essa estucada poderá por sua natureza e por causa das agoas, 













pe 


es LD e 


ora salubres, e ora doces, tom huma duração tel que satisfissa 
ms necessidades dos povos e dispense q estes do tributo? por cer- 
to que não, porque ella é corruptível. Por este lado, portanto 
Exmo Senr. não pode aquella obra melhorer, e muito menos al. 
liviar o povo do imposto. Em 1825 quando pela ves primeira 
ae projectou o Canal, as principaes pessoas do lugar reunindo-se 
na casa da Camara Municipal para dar seus votos de protes 
eção e concorrencia para sua abertura; dous projectos se appre- 
sentarão sobre o local que devia ser escolhido, hum para o lado 
do Sul e outro para o do Norte da Cidade; ducs listas se apre- 
sentario em que devão assignar os cidedãos para ajuderem na 
abertura do cancl e então foi acesito o plano de parte do Nor- 
te; concorrendo com sues asvignaturas as pessoas mais abilita- 
das do lugar, apezar porem da maioria de asvignantes venceo, 
o poder caprirvzo de 2 ou 3 potentados, revistidos de autoridam 
ale e contra todas as considerações e vantagens, a obra principiou 
ao Sul. Os documentos Sob n, 1, 2 e 5 demonstram esta ver= 
dede. Em 1830, segundo se deduz dos documentos havido ja 
gasta 353248920; sendo vs jornaleiros muito baratos, e pediose 
mais um conto de reis para conclusão da obre” Algumas quen- 
tias foram dadas pelo Cofre Provincial ersando-se a Lei Provin- 
cial “do 1837; tem se por fim gasto, sem mencionar à producto 
de algumas subscripções voluntarias e trabalho quasi que força= 
do dar pesos menos abastadas, de trinta e quatro a 35 com 
tos, conforme os algarismos, de meneira que, esse canal, que, 
como mé infere dos documentos, devia importar em quatro contos 
trezentos e vinte e quatro mil nove centos e vinte, até je im 
portou naquella espantoza de 94 a 35 contos, e o que he mais, 
será talves necessario duplicar a quantia para polo em estado 
de poder servir commodamente, No exame vindo por supernível, 
procedido por o Dr, Carlos Raths, a convite desta Comara, se 
observa que « extensão do terreno da parte do norte é menos, 
que sua maior altura e de dezenove palmos, e este somente em 
huma pequena extenção cerca de 300 braças nendo em o mais 
derreno baixo argilloso e barro e ua maior parte alagado. Por= 
tento não pode esta Comare à vista de taes cireumstancias, dei= 
sur de dirigir suas suplicas sobre huma necessidade, que recla- 
ama prompto remedio. E' de presumir Exeo Senr que o espirito 
de politica e de opposição que a esta Camara se impoen alguns 
habitantes do Vílla de Xéririco representa a Vo Es contre O 
cenal projectado; porem esta Camara assevera a V. Ex. com 
todos as forças de sue convicção que a oppressão é aystematica 
sem outra qualquer fundamento, Esta Camara confia na sabia 
e imparcial administração de V. Erste e espera que será atten= 








le 1851, 
o canal da um transil ra um 
e ins 


ui 

verno, e ainda mais, da copin da representação que este refira 
do sr. Luiz Kruchely; porque é do cror que esto cidadão re- 
elamou contra o damno que o canal estava produzindo no su= 
goradonro dos navios em fronte á cidade, catsado pelo deposito 
de araia transportada pela agua que passava no dito canal, 

Vo-sa que a camara declara tor mandado «Sobre-star a aber- 
tura» do canal 6 diz que de então para cá não conste que tal 
obra continuasse. 
Por um officio registrado no dia 13 de Janeiro de 1860, 
(doc N, 147) vorse-ha que a camara deelara ú Assombléa Pro- 
vincial que as obras do canal se achão concluídas, dando o dito 
canal livre transito ús canoas e pedindo que a metado da taxa 
atá est dati applicada nas referidas obras, fosse concedida para 
ser empregada nas obras que convierem em bencficio e augman= 
to da agua potavel desta cidade, 

Com data de 9 de Abril de 1861 foi apresentada (ei cida- 
dao Luiz Krmehely mma representação à Camara Municipal 
« por ella romettda ao Govorno juntando um officio; porém, o 
registro do tal officio não exis 

Esta representação é o primeiro documento que encontrei, 
tratande do verdadeiro e mais evidente pio enusado pela 
abertura do canal, de cujo detrimento à Villa, nenhum dos 
profissionaes que examinaram o que deram os seus pareceres 
antes do começo da obra, lembrou de advertir 0 povo, 

Por este facto transcrevo Real a representação por inteiro, 

edito Snr. Presidente e Vereadores, Os homens estão sum 
jeitos a certas leia de sua organização a quem não podem aub- 




















— 813 — 


trahir-se, Acho-mo eu infelismente nesta mal fadada posição, 
peso estou profundamente convencido, embora minha razão 
a esse, de deixar emeulver em negocios a que eu des 

a estranho na m.º qualidade de estrangeiro não posso 
porem calar-mo mais tempo quando nada veja providenciar a 
E emo perigo que se approxima surrateiramente o que 
umença em brete tempo desgracar toda a cidade e uma popt= 
lação Intern e porque na orem economica dos povos tudo está 
ligado. Peço pois venia a Tlm Camara de levantar a minha 
fraca vos uma outra vez em negocio da Valla. Longe de mim 
w pretenção de querer instruir a Camara de algum facto novo 
bjs the seja desconhecido de todos as ilustres vereadores mais 
do que por mim e não ha membro da Camara actual mem das 
tronsarias que não so tinha feita essa pregunta: O que sorá 
etioaara-ém alguna anos? Animado pois que na pressão 
conjectura eu não faço mais do que expor ax ídeas da Camara 
Municipal e da todo o povo da comaree quero somente as reunir 
ehamar a um exame norio sobre uma questão que está intei- 
ramente ligada a propria existencia da cidade de Iguape; quero 
faltar da Valla que mette em communicação o Porto da Ribeira 
com o mar. Permittame Senhor Presidente remontar a origem 
da Valia. Os homens promotores da abertura da Valla furão 
movidos pelo desejo como é sabido de evitar o transporte por 
terra numa extensão de 1,500 braços dos generos da lavoura 
que venhão pela Ribeira e seus afluentes. As melhores tenções 
a enémena de certo; elles não pensavio que a Valle havia de 
trster as consequencias que todos estão apreciando — Como wu ca- 
mada da superfica do terreno é compasta de uma arêa ligada é 
compacta, ox promotores da Valla poderão pensar que us bar= 
rancos ou antes os taludos, havião da conservar-sesem avaria sen 
sivel, O resultado não responde a tão lizongeira esperança e 
mimguem admira. O pais era novo ndo havia homens proficio= 
naes que puilessem esclarecer um negocio tão melindroso. Foi 
que a experiencia mestre soberano em toda a apiaiddaão 

de obra, viese esclarecer os graves inconvenientes da Vala. A 
camada superficial e composta de terreno assentado sobre uma 
aréa solta, não póde conserar e resguardar ox taludes da Valla, 
A camada inferim ficou solapada pelaa aguas e derão lugar aos 
desbarrancamentos da parte auperior que era compacta. Pouco 
a poneo os grandes turrões mettidos em contacto com as aguas des- 
compozerdo-se.  Vierão depois as enchentes da Ribeira que care 
rerão e varrem seguidamente as arêos no rio do mar de Igua- 
po. 4 ação das aguas das enchentes foi desastrosa pare 0 por- 
to de Iguape. Formardo-se imensas buixios que tomão toda 














ura eo fu 
gão com grande 
virão e de e 


nar se o 
poucas, na 
conservará sem; 

navios. O vio do mar de Iguape tem como é sabido da 
ras, à barra da Capara ao Norte e a barra de Cananea o 






não 
Aqua, O ria póde ter to de 
salta se tem dia 194 15 braças 
as aguas da valla são bastantes para carregar muitas aréas no 
rio, mas insuficientes para exercer qualquer aeção de chau som 
bre as da maré. Alem desse insuficiencia uma distancia de 2 
legoas do porto ate a barra da Capara ou de 10 ate Cananea e 
« existencia de duas barras excluem toda idea de itidulo 
de produzir hum chau que deixe um canal aberto à navegação. Os 
Jactos em que fundamento minhas argumentações são todos bem 
conhecidos da Ml.ma Camara, não tenha de certo a pretenção de 
nada direi que ella ignora, mas precisara estabelecer us factos 
para prover a impossibilidade em conservarem as aguas um eq. 

nal aberto para a entrada e sahida dos navios. Pederei agora 
qual é a sorte reservada ao porto de Iguape? A resposta pa= 
rece terminante, Emquanto existir a causa do entulhamento 
produzido; em igual periodo de tempo, ou 15 aunos para cd 
não se póde avaliar em menos de 8 palmos da altura sobreposto 
a 2.º camada; a primeira perguntasse então que será feito do 
porto de Iyuape. A imaginação recua espantado dus conse= 
quencias. A cidode de Iguepe de enja toda sua existencia está 










pr 


— 815 — 


mo commercio o no embarque de seus arrozes, privado do seu 
porto cahirô em um plate abandono, sua população não ten- 
do industria propria se desunica immediatamente; daki a ani= 
quilação de muito grande capitees empregados coxas, dahi 
o ntrazo irremediavel de lavoura do cuja não direi a proprie- 
dade, mas a propria existencia está na facil exportação de seus 
produetos, dahi « uniquilação de grande somma de dinheiro de 
euja lavoura é devida o commereio de Iguape, E desafia de 
refutar no mais pequeno topico as circumstancias inevitaveis + 
falaea do entilhamento do Porto, Conjuro vos pois Ilmo Sur. 
Vereadores a dor a mais seria attenção a esse negocio, A en 
trada das aquas da Ribeira no porto de Iguape é uma merda- 
deira espada de Damoeley suspendida sobre toda e Comarca. A 
demora do uma medida que precacia o futuro ja foi alem do 
que devia de ser, a vista dos factos. Nova Cassandra, almeja 
mão ter de verter lagrimas com o povo inteiro sobre a proficui= 
dado de minhas predicções. Sou com a maior consideração de 
V. 88 Atera Fen” Obr Luiz Kruchely— Iguape 3 de Abril 
de 1801». 

No livro dos Registros onde existe este documento acha-se 
o seguinte: « Acompanhou esta representação que foi remetti- 
da an Ex.» Governo um oficio da Camara assignádo pelos Ve- 
readares, Francisco Pereira de Mendança-—Joze Joaquim Egas. 
=—Amtonio Joaquim de Araujo Aquiar— Antonio Vas Ferreira, 
— Manoel Homem Pamplona —João Baptista da Silva Carneiro, 
—Antonio Pereira e Antonio Francisco de Athayde Peniche. — 
Está conforme — Iguape à de Abril de 1561, — Joaquim Jose de 
Oliveiras. 

Pela leitura desta representação podemos julgar que a di- 
rigida no Governo pelo mesmo cidadão e que a Camara em data 
de 28 de Abril de 1856 declurou ser cintempestiva e filha tal- 
uez de falsas informações» fosse relativa ao entulho do ancora- 
donro êm frente á cidade de Igunpe, 

Parece imposivel que os profissionnes que examinaram o lo- 
cal anteriormente ao começo dos trabalhos, não se lembrassem 
do grade deposito de arein que havia forçosamente de so for- 
mar no mar-pequeno ; porem, nada encontramos nos documentos 
existentes sobre o resultado quo era de esperar, devido ú qua- 
lidade do terreno por onde resolveram abrir o canal. 

Nho é de admirar que nesta representação o seu autor di- 
gaz «O pois era novo não havia homens proficionaes que pudes- 
sem esclarecer um negocin tão melindroso »; porque, não ha muitos 
annos que uma Camara Municipal desta cidado, reclamando do 
Governo providencias para obstar os prejuizos cansados pelo des- 




















E 


moronamento do terreno nas margens do canal e en! 
do porto, declarou que o serviço da abertnra deste canal foi 
to sem provio exame de profissionaes. 

Por mais do uma voz durante os ultir 


com 
hecimento 
























As pessoas que dizem que o serviço foi começado sem pre- 
vio examo de profissionnes, com certoza ignoram os exames 
feitos anteriormente no din 8 de Agosto de 1826 pelo Chefe da 
Divisão Paulo Freira de Andrade, Brigadeiro Jono da Costa 
Ferreira e Tenonto Coronol Euzobio Gomos Barreiros. 


Pelos documentos apresentados verificamos que os dois pri- 
meiros citados, deram suas opiniões favoravelmente á abertura 
do Indo do Sul da Villa, logar esto por onde em Agosto de 
1827 principiou os trabalhos do Canal. 

O vereador José Jacinto de Toledo em sessão do dia 1L 
de Agosto de 1829, diz: «obtiverem ordem do Exm. Governo 

abrir-se o dito Cunal pelo Sul»; cuja asserção foita por 
um membro da Camara naquela épocha destroe totalmente ng 
asserções daquelles que hoje dizem o contrario. 

Relativamente ús declarações de, não esperar que o Canal 
atingisse as proporções nctuncs, vejamos primeiramente o que og 
documentos já citados dizem a este respeito. Temos as opini= 
des dos profissionses Paulo Freire de Andrade e Joko da Costa 
Ferreira vecommendando a abertara do Canal longa Villa 
para ovitar prejuizos, sendo que o primeiro declara positivamen— 
to que o torrono om contorno da Villa «não resiste, nem 
resintir;a a impotuosidade du correnteza do rio Ribeira. 
destus opiniões temos o oficio da Camara de 16 de Agosto de 
1826 em que diz que a experiencia tem demonstrado «que qual- 

















BT 






valo feito em terreno arenoso em breve se alarga 










mo sufliciontos ostos documentos para provar que o po- 
via sido avisado por rossi maes, como tanbem que pela 
periencia: subia 0 que era de esperar com a abertura do Ca- 
5 parem, existem ontros documentos que provam que a Ca- 
Municipal do Iguape no anno de 184) e igualmente om 
iniu este desmoronamento das margens do dito Canal, 
da sessão do dis 16 de Abril de 1840 encontramos 







— Camara mandou medir o referido terreno, encontrando 354 pal- 
mos entre as ditas terras do senhor Passos e o Cunal, e decla- 
ando nesta sessão que « preciza, junto a mesma Valla de 220 
palmos para uzo e servidão publica +. ( doe. n. 148) 
Em vista da deliberação tomada em 1840 e a declaração «que 
poderá desharrancar o terreno com as enchentes,» é evidente 
que as autoridades de então eram previdentes, reservando uma 
ar de quatrocentos e quarenta palmos que podia ser cavada 
aguas que passassem pelo Caual sem prejudicar as proprie- 
Ame o povo ia edificando. 
E SS que em certos logares a acção dus nguas do rio 
Ribeira encontrando-se com a das marés enchentes, eavaram es- 
q de pequenas encoiadas, e, que, nestes logares a Inrguara 
“do Canal u alem de quatrocentos e quarenta palmos; po- 
“rem, mos logares onde as margens são linha mais ou menos rec- 
o Canal não attingia ainda os limites previstos em 1840, 
demos olvidar o fucto de alguns particulares terom 
o prejuizos devidos no Canal; mus o verdadeiro damno, por 
er do publico em geral, é aquelle que não foi previsto pelos 
di deviam ter conhecido quanto ern nocivo o deposito 
immenso volume de areia no pequeno de Iguape, 


















































— 818 — 


O prejuizo é grande, sendo como é o entulhi 
dé assados dos Doria detalo Esria ani tc 

No anno de 1876 os vapores o embarcações a vella 
demandavam este porto, ancorayvam em frento ao cas 
«Porto-grande» em distanciamenor de 100 metros; hojo são obri- 
gados a ancorarem em frente ao « Morro do Espia >, distante mais 
de um Kilometro do « Porto-grande >. 

O maior desmoronamento do terreuo nas margens do Canal, 
douso entro os amos de 1875 e 1890, quando as aguas do rio 
Ribeira, procurando o curso mais curto para chegar to mar, co- 
imeçaram a se despejar com uran força vertiginosa por este novo 
caminho e dia por din foram vencendo o fraco impedimento offe- 
recido pelo terreno areneso até que a largura do Canal podesse 
comportar volume normal da agua do dito rio, 

Consta-me que o Dr. Bicalho examinou ha annos a obras 
mas não encontrei informação a respeito e que provasse sua vi- 
aita a esta cidade, 

Em 1888 o Governo mandou estudar as obms necessarias 
afim de evitar os damnos que o canal estava enusando, ral 
engenheiros Drs. Domingos Sergio Saboia e Silva, o Luiz Mar- 
tinho de Moré ficando resoly construcção de uma bar- 
ragem para i 
com uma comporta, para dar pas: 
siões opportunas das marés; porem, ainda que em 1889 começas- 
dora oo trabalhos, não chegou 4 dor renlisada A difa ola. 

Podemos dizer que o melhor serviço feito até esta data, 
consiste na construecão de uma especie de revestimento da mar- 
gem no Indo da cidade ao pó do Porto da Ribeira: cujo servi 
co feito com systema por Dr. Martinho de Moraes, tem provado 
durante cerea de dez nnnos a acertada medida tomada por elle, 
e, inda que esto serviço foi feito simplesmente com ras sec- 
cas, tem se conservado até hoje no estado por elle deixado, 

Alem deste, têm sido feitos alguns pequenos serviços para 
evitar a corrosão desta margem do canal em diferentes logures ; 
consistindo estes trabalhos em deitar uma grande quantidade de 
pedras sem symotria ao pé do barranco nestos logaros, Contudo, 
ainda que mal feito esto serviço, existe, em parto até hoje, é 
isto simplesmente por ter chegado o Canal a uma largura m 
on menos sufficiente pnra dar passagem so volume normal das 
aguas do rio Ribeira. 

Esta questão do Canal é das mais importantes para o fuc- 
turo de Iguape e o desenvolvimento da zona riquissima do rio 

ibeira, e é necessario estudal-a com o mair criterio. 





“ão 














= "814 — 





Não devemos censurar os nossos antepasend 
to este meio de cummunicação entre o rio Ribeira e o Mar-| 
quedo, visto o fim que tinham em vista sor o melhoramento do 
transpoate do producto das suas lavouras. 

E" porem, censuravel o procedimento do Governo, que, de- 
pois de ter gasto sommas assaz consideraveis em estudos e em 
pequenas obras, mandou suspender os trabalhos sem finalisar o 
sem tratar de modo algum de remover o mais pernicioso effeito 
do Canal de Iguape, o entulhamento de seu porto. 


Igrejas « povoações 


Relntivamente 4 primeira Igreja edificada em Iguape, não 
ha descripção, e parece que devia ter sido construida de ma- 
deira, visto não encontrar-se signal nlgum de seus alicerces 

A segunda, construida de pedra e cal, tinha 180 palmos 
de comprimento por £O palmos de largura externa, como se 
vê pelos alicerces, que hoje sustentam um gradil em volta de 

ueno jardim conservado pela Camara, no local oceupado 
pela antiga Igreja. 

Não so encontra hoje uma descripção do exterior dosso edi- 
ficio ; porém por uma informação dude ao Bispo de 8, Paulo 
em 1525 pelo vigario João Chrysostomo de Oliveira Salgado 
Bueno, encontra-se a eeguinte deseripção da parte interna. Diz 
elle: Esta Igreja Matriz fi erecta ha perto de Duzentos annos. 
A sua Padruelra he q Virgen Mai de Deus, com a intocação das 
Neves. Não consta que tivesse anteriormente outro Orago, e deve 
se presumir, que a primeira villa, que, como já disse, existiu 
distante desta uma legoa, a tivesse já por sua Padroeira, Esta 
Jureja tem tres Allares, todos de Nave antiga, e não muito 

ntes, mas que se orndo nas oecasioens das festividades, Sen- 
do o lateral da parte do Esangalho o do Senhor Bom Jesus, e 
qutro, que lhe corresponde 0 da Senhora do Rosario, e ornado 
todos com varias Imagens. No Altar Maior esté q Padroeira; 
neste mesmo em dous pequenos Níchos aos lados para dentro da 
banqueta estão es Imagens da Senhora do Carmo e de Santo 
Antonio, aos dous lados do dito Altar as da Senhora da Con- 
ceição e de 8. Joto Baptista de uma parte, e da outra as da 
Santa Luzia e 8. Sebastino; no Altar do Senhor Bam Jesus, 
as da Senhora da Conceição e 8. Francisco de Assis ; eno altar 
da Senhora do Rastro as de Senta Anna, de São Miguel e 5. 
Benedicio, Deste mesmo lado está um pequeno Altar com húa 
respeitovel Imagem de ordinaria estatura, perfeitissima da Se- 
nhora das Dores, no qual se não pode celebrar pela pequenez. 





— 3% EA 


A sacristia he bem indecente, 0 areas velho, e sem commodos; 
sobra alle está hãa Imagem do Senhor Crueificado de mediona 
grandeza, e no Jim da sachrístia ha tobem em hum nicho him 
grande Imagem de 8, Francisco de Paula. O Altur do Senhor 
Bom Jesus he privelegiado desdo 29 Janeiro de 1782, por carta 
de privelegio do Exmo. Remo. Dom Frei Manoel da Resurreição 
Bispo de 8. Paulo, em consequencia de Breve Apostolico do 
Santo Padre Clemente 14 de gloriosa memoria de 18 de Julho 
de 1781 que se acha copiado no livro dos capitulos de Visitas 
a |. 14 vor, Tem esta Igreja dous socrarios, hum no Altar Maior 
e outro mais decente no Altar do Senhor Bom Jesus, onde se 
conserva sempre o Santíssimo Sucrumento, cuja despesa de azeite 
e cora se faz por conta do mesmo Senhor. Tem húa Pia Bap- 
tismal de Marmore, boa, hua capsula ou ambula de prata, para 
ou olsos sagrados, que se conservão em hum poqueno armario 
iunto a dita Pia, e lia concha de prata para a administração 
do Baptismo, He repartida em sepulturas, que todas pertence a 
Fabrica, exceptuando quatro asima das grades, e quatro logo 
abaixo, que são da Irmandade do Santissimo Sacramento assi 
nalados ; e tres logo au pé da porta principal, que forão cedidos 
a Irmandade do Rosario em 1750 pelo Doutur Manoel de Jesus 
Pereira, Vigorio Capitular deste Bispado, sede vacante; todas 
são numeradas, Tem tres Sinos, hum, a que chamão grande, é 
dous mais pequenos. 

Esta Egreja foi demolida em 1858, depois de terem sido 
trasladadas as imagens para a nova Matriz, Relativamente d Igreja 
matrig existente, podemos verificar ns suas dimansões pela Jeitara 
do documento N. 149,4 sua construeção é simples, porem. solida. 
Os seus alicerces, paredes e torres são de granito, tirado dos 
morros que cercam a planicia onda está colocada a cidade pelo 
lado do Nordeste, 

Não consta ao eerto, em livro algum da Camara ou da Igreja 
em quo amo foi prineipinda esta obra; porem, julgo que foi 
começada em 1787 mais ou menos. 

Existem divorsos documentos que declaram terem sido feitos 
os alicerces a custa do povo, recebendo somente oitenta réis din 
rios, cada pessoa, para seu sustento. 

Pela leitora do documento N.º 150, ver-se-ba que Bernardo 
Jose de Lorena, tinha ordenado a factura da obra por esquadras, 
eujo facto Forçosmento deu-se entre 1788 o 1797, epocha om que 
elle foi Governardor da Capitania de São Paulo. 

No archivo do cartorio existem papeis do anno de 1788 entroos 
quacs algumas listas constando de into nomes cadanma, declarando 
serem estos nomes de moradores de certos bairros, cujas listas 





































Hm. 






— 321 — 


ma noticia escripta no livro do Tombo no anno 
diz: «Hade haver mais de trinta annos que se 
a Nova Matriz ; esta ficou para depois de se haver 
materiaes, é tirado om alicerces, talvez por dis. 
os administradores da obra. Sei que 0 povo tra- 
E le em esquadras de pic able ope 
je a dezeja, e está prompto ; 0 povo sempre he bum e 
havendo que O dlriga bem Ata agi. tomaído inuteis os 
de se levantar hua Matriz decente, o tal he a desgraça de 
que podendo na sua infancia e pobreza erigir Matris, nos 
seus dias florescentes não tem hum homem, que sacrifique por 
tempo os interesses pessoaes e se revista do espirito de 
obra publica, para cuidar em hua obra de tanto mo- 
mecessidadev. . 

Com data de 26 de Setembro de 1804 a Camara officiou ao 
Governardor de São Paulo, pedindo renovação da ordem expedida 
por Bernardo Jose de Lorena « confirmação de um tributo volun- 
tario ae o povo se ofereceu a pagarem bencfício da dita obra, 

.º 151) Respondendo este oficio no dia 91 de Outubro 
* 152) 0 Governador doelaron ir expedir ordens a respei- 
to do tmbalho dos milicinnos; mas que, como a importancia da 
dita obra execdin a quantia em que os provedores das Comarcas 
podiam estabelecer impostos, por semelhantes obras, tornava-se 
necessario que a Camara obtivesse confirmação do tributo do con- 
selho ultramarino. 

Consta por uma informação dada no Bispo ds São Paulo 
MN ais Vigario Antonio Osmeiço da Silva Braga, que daraeto 

tos anos O povo pagava um tributo sobre arroz, cuja receita 
foi applicada na construeção desta Igreja; porem creio que este 
teibuto que o Vigario refere não era o que a Camara pedio em 

amas sim, à taxa estabelecida pela lei Nº 13 de 17 de Ju- 
lho de 1852, que concedeu n metade da receita proveniente da 
contribuição para n obra do Canal que liga o rio Ribeira com o 
Mar-pequeno, Ainda mais, em 12 de Setembro de 1895, respon— 
dendo uma circular do Bispo, o Vigario de Iguape Joho Chry- 
sostomo de Oliveira Salgado: Bueno, remetteu uma extensa infor- 
mação em que encontramos 0 seguinte: 

«o Não ha Capeltas mosta Vílla, nem mesmo no seu cir- 
euêto, Deo-se princípio ha quazi quarenta annos a levantar-se uma 
mova Matriz, maior que a antiga, e magestoza, em razão da de= 
eadencia e ruinas que ameaça; esta obra tão necessaria parou 
logo no seo começo, tendo-se tirado apenas parte dos alicerces; 
“porem novos esforços, e deligencias de alguns devotos fizerão com 
que em Agosto de 1822 tornou-se q principiar, e presentemente 




























ER qe 






se acha com parte das paredes laterces, e da Copela-Mor. 
ventadas a pouca altura, e com a muior de contaria 
vrada. Não sendo porem bastante o dinheiro do Senhor Bom | 
Jesus, as esmolas, e donativos, e o serviço dos Parochianos, para 
o andamento e conclusão da Obra, esta pouco se adianta, é esti 
em circumstancias de parar outra vez, não sem grande pezar de 
vermos frustrados nossos esforços, e desejos, e a qe ses 
dor com de em particular me tenho prestado, A pr 
licoa desta Villa he ainda hum obstaculo a continuação da Obraz 
velha, pequena, E indecente, immunda, quando se tratou de 
edificar a nova Matriz assentou se em deitar abaixo este 
dieiro, e fazel-a nova em outro logar; mas, apezar disto, a dos 
reiterados provimentos, e ordens positivas dos Corregedores, he 
tal o desleixo, e criminoso omissão dos empregados em Camara, 
que ate o presente xe não tem dado o primeiro passo a este fim. 
Em attenção pois as cirewnstancias em que estamos a respeita 
de Matriz, hé de esperar com razão que Sua Magestade Imperial, 
haja rr Der matar da Lê por algas Tenaricins du Rum 
das da Provincia cum algum subsidio, para e factura da nova 
que temos principiade, ou ao menos para a Capella-Mór, como 
parece de justiça e ha exemplos, Alem disto pertondemos de Sua 
Magestade Imperial a confirmação de hha Contribuição voluntam 
ria, por nove annos, emquanto durar a Obra, nos generos de 
exportação, à que we obrigarão por termo assignado, « maior 
parte dom Negociantes e Lavradores deste Districto, cujo Reque- 
rimento com os competentes Documentos já levamos à Augusta 
Prezença do Sun Megestute Imperial, e tem sido informado 
Camara desta Villa, pelo Corregedor da Comarca, + pelo Govar= 
no de Provincias 
Pela leitura desto trecho ver-se-á que em 1825 ainda não 
tinham consegaido a confirmação do tributo voluntario sobre 
arroz proposto em 1804. . 
E' impossivel hoje saber-se quanto custou a construcção 
desta Igreja, por falta de competentes assentos, sendo feita pelo 
trabalho do povo, em porte voluntario e em parte obrigado po 
las ordens dos Governadores: por verbas votadas e loterias con- 
cedidas pela Assembloa Provincial; por auxilio das Irmandados 
existentes em Iguape; por subseripções e, finalmente, pela re- 
ceita proveniente da taxa sobre arroz exportado por este porto, 
Conseguiram desta forma n conclusão da obra, em estado 
do recebor a bonção, cuja ceremonia tevo logar no dia 27 de 
Julho de 1856 e no dia 8 de Agosto do mesmo anno, com gran- 
des festividades foram traslndadas as Imagens da antiga Matriz 
para n nova Igreja, 



































— 384 — 


Para conhecer à inconstancia das opiniões e as contradic- 
ções em que dam as pessous que desejavam conservar ostw 
nova Tgreja como pertencente 4 Irmandade da Senhor Bom Je- 
sus, é suficiente estudar o documento mn. 154, que é parte de 
uma informação remettida d Assembléa Provincial com data de 
17 de Fevereiro de 1853 o assignado por sete vereadores, in— 
eluindo Luiz Alvares da Silva, Presidente da Camara. 

Declarnm positivamente que a velha Matriz so conserva 

em toda a sua extensão o que sun duração é «pouco 
effiançavel ;» como tambem ver-se-i que, tratando das obras da 
nova Igreja, dizinm—e da mova Matriz », elogiando o zelo do: 
procurador da Irmandade, Sr. Luiz Alvares da Silva, 

Igualmente ver-se-á polo documento nm. 155, que as roclu= 
mações dirigidas ao Governo em 1856 pela Camara, Procurador 
da Irmandade do Senhor Bom Jesus e outras pessous contra a 
estabilidade da velha Matriz, chegaram ao ponto de obrigar o 
Chefe de Policia a ordenar no Delegado em O naDE: «por todos 
os meios legaes, obstar a que se celebre a festa do Snr. Bom - 
Jesus na antiva Igreja Matriz.» 

Esta questão teve solução pela Lei n. 11 de 3 de Março 
do 1858, declarando que a Isreja Matriz dosta cidade ficasso 
sob 4 invocação do Senhor Bom Jesus de Iguape. 

Decidida esta questão, foi resolvida a demolição da antiga 
Matriz até a altura de seus alicerces e mais tarde a Camara Mu- 
nicipal mandou colocar um gradil de ferro em volta, de modo 
a conservar-se o logar occupado pela dita Igreja, como um pe- 
queno jardim publico. 

Anteriormente honve uma questão relativamente ao dominio 
sobro a Igreja do Nossa Senhora das Novos. O povo reclamava 
que n dita Igreja foi construida a custa dos seus antepassados, 
sem nuxilio algum do Governo ou dos chefes da relígino, e, por 
tanto, pertencia ao povo e não nos padres. No din 5 de Agosto 
de 1731 0 povo reunido na casa da Camara mandou passar pro- 
curação bastante para o procurador da Camara tratar desto as- 
sumpto. No dia 12 do mesmo mez 0 padre Manoel Alves Vianna 
requerem da Camara a posse da dita Igreja, como verifica-se pelo 
documento m. 156. Não podemos, pelos archivos existentes em 
Tguape, saber O fim dosta questão. 

lou documentos existentes, podemos conhecer que em dife 
rentes opoeas havia dificuldade em ter-se um padre nesta villa, 
Por um termo de yorcança do dia 7 de Agosto do 168% ( 
m. 157), verificamos que o povo reclamava a subsistencin aqui 
do padre Antonio Barbosa de Mendonça, condjntor da villa de 
Cananés; porém, no dia 5 de Julho do mesmo anno o Bispo 





” 





-— 825 — 











tor aos emfermos, 
Crevy a todas us Villas para auer esta providenCia E 
gua tem Segido E uai produZindo aprousita- 
Tambem a Sua Mag.te tenho dado parta destas inConne- 
mionton mais hathe agora Se lhe não tem dado Remedio: Pedem- 
me Fins. que uv Viyro dessa Vo Seja tambem da Vara, fico para 
tomar emfurmaÇão sobre distanCias E breuemte Respondarey. 
Deo q a Vns Rio de Jan Vinte e Seis do feuro de mil e 
Sete tos e onze—Pranº Bispo do Rio de Jantes. 
Com data de 8 de Agosto de 1691 foi uomendo pelo prove- 
dor de Paranaguá, Gaspar Teixeira do Arevedo, o padre Frei 
“Antonio de Assumpção, como enpellão das Minas do Ouro do di- 
stricto de Igunpo. 
Por tradição consta que a Igreja existente no logar chama- 
do Tecpurunduba foi edificada pelos mineiros anteriormente a 
sesta opoca, o podemos julgur veridica esta tradição, visto que 
não serin qeovazel a nomeação de um padre especinlmento como 
minns sem que tivesse igreja já construida, tanto 
lembrando-se das dificuldades que haviam por falta de padres. 
A igreja de Ivapuranduba é pequena, simples e construida 
de pedra c cal, parecendo ser antequissima a sua edificação. 
“Relativamente primeira Igreja de Xiririca, nho é possivel 
encontrar aqui os dados necessarios para conhecer a epoca da sum 
fun podendo somente suber-se que esta povonção foi elevada 
dé fregueria no dia 17 de Juneiro ds 1763, No anno de 1807 
— ouve uma enchente ne rio Ribeira que destruio esta frogucata, 
“dando prejuizos enormes nos seus habitantes, (doe. N.º 155). 











= 








— 896 — 


Esta calamidade causou uma questão relativamento d mu- 
dança da feognezin, à qual durou atá o dia 10 do Sotombro de 
1835, dia este em que o Governo ordenou a mudança para o local 
onde hoje esiste a cidude. 

A sun elevação á villa foi concedida pela Lei n.º 28 de 10 
do Março de 1812 c ú cidade do anno de 1897, 

Resolvendo o Governo de São Paulo nugmentar o numero 
das povonções, foi mandado a Iguape Affonso Botelho de Sampaio 
e Sousa para tratar deste assumpto e pelo documento Ne 159 
ver-se-ha que no dia 7 de Janeiro de 1767 foi escolhido um 
logar ao Sul do vio Sabaúma, no sitio do Capitão-mor João 
Bapiista da Costa para ahi ser estabelecida uma mova villa. Os 
verendores da Camara e mais pessoas assistiram a estn escolha ; 

orêm, os termos de verennça demonstram que a Camara de 
'sunpo não olhava favoravelmente a crenção desta povoação 6 
no din 2 de Fevereiro, reunida em sessão, resolveo escrever no 
Governador da Capitania de São Paulo pedindo para se não 
obrigassem a hir « dito povoação.» (doe. N.º 160.) 

Afonso Botolho, no começo, tinha nomeado como Director 
da proposta povoação o cidadão Diogo Poreira Paes o ordenado 
A Camara intimasse todos os habitantes do districto de Iguape 
o do Cananéa que nho possuem terras, para irem estabelecer-se 
no logar demarcado. No dia 4 de Março o Director requereo 
Camara para notificar o povo a este respeito, marcando o dia 14 
do mesmo mez para este fim, (doc. N.º 161) No din 16 o Director 
tornou a requerer a entrega dos notificados, como se ve pelo 
documento N.º 162, a Camara desculpando esta falta documpri- 
mento is parte do povo alegando o estado de miseria em que 
vivia, Houve diversas reclamações da Camara contra o estabele- 
cimento de uma povoação no logar escolhido e no dia 28 de 
Junho do mesmo anno o Director avisou à Camara do ter rece- 
Dido ordem de São *aulo para examinar outras localidades afim 
de ver se encontrava onde mais conviesse á fundação do mma 
Villa. (doc. N.º 163). 

Com este fim foram examinados diversos logares, entre outros, 
o Jocal da antiga Aldês dos Indigenas no rio Una, como tambem, 
o buirro dos Engenhos e outro logar na Ilha Comprida em frente 
ao rio Sabniina, chamado —da Lege, 

Em 9 de Agosto do mesmo anno foi lavrado no livro dos 
termos da vereança o seguinte; 

« Termo de Vereança, a respeito das novas povoaçoens, 

Aos nove dias do mez de Agosto de mil sete centos e secenta 
o sete annos nesta villa de Iguape e nos paços do Concelho e 
Casas da Camara a onde foy vindo o Juiz ordinario o Alferes 





“sl 







— 297 — 


je Sousa Faria e os vereadores Alferes Jodo Teiregra de 
n Lopes co 


Sousa 
Ijudante das ordens requerido d dita 
mal Neru a porte o, suficiente para 
povonçõens visto terem representado ao 





o na Lage e como neste não ha pedra nem 
eu goma he cermelhe, aecentarão se formasse no lugar de 


de fronte do vio de Piraupaba para cujo ogto momea- 
elles juizes e Vereadores para Reqt E a 
Ferreyra hum dos vereadores da mesma Camara por 

pese inteligente e morar mais perto da dita paragem cuja 
hm de ser fundado com os cazais que assistem pella 

x acima « abaixo por ter muitos moradores e todas as 
— mais comodidades nesessarias e de estençõens da dita morada ; 
director dâquella de Sabaúma aprovarão fosse 0 mesmo 

Peregro Pais por lhe ter já dado principio eujo lugar 
e dita povoação chamada Sabaiime modou entre esta villa e a 
de Conanea e paro estabelecimento desta povoação ficão os cam 
que lu em esta vila de Tgoape e a de Camanen por serem 
jorclores perto da dita paragem na qual se achão todas as 

cias necesmarias para parar a vida humana « para o 
de Sua Magestade que deos goarde e para que elles Ca- 
Jicosem certos das ordens do Tlustrissimo e Excelen- 
Senhor Governador « Capitão General lhes foy lído um 
o das ordens que o mesmo Senhor foy servido mandar ao 
te em vinte e hum de Julho do presente cuno cuja 
o seguinte--A mim se me tem representado que o cítio 
ade una ho muito mais vontajoro e mais aeit de povoar que o 
e comi Vossa merce Lá esid meia perto e o pode 

ina o eo seua olhos, de Driacino e povoação Ee 
vantajuzo e mais facil, pois devemos preferir 

“e melhores pen e perdi Coricdos emauento ha 
o abundancia em que escolher ; cu não tenho empenho que 
voe mesta ou naquella parte o que me importa he exsecutar 

























ms ordens de Sua Magestudle fazendo convocar os povos em pos 
coaguens civis, as commodidodes e conventencias dos Lugares he 
que hão de detriminar os votos para as eleisoens dos citios em 
que ao hão de fundar as ditas povoaçoens, cujo Capítulo lhes 
fou lido tres vezes aos ditos juizes e vereadores para que em 
tempo olgum mão ouvesse pretecto de se ndo ecsecularem as 
ordens do Tlustrissimo e Earcelentissimo Senhor General o me 
tudo visto e ouvido pellos ditos oficias da Camara 

sciente de todo à referido e porque não ouvesse mais e 
deliberaçõens como tem havido até agora convieram em 

as ditas duas povoçoens por lhes parecer asim mais util “au ser. 
viço de Sua Magestade é utilidade dos moradores e bem comum 
e por não haver mais que prover e cuidar nesta materia man- 
darão finalisar este termo em que depois de feyto e lido asigna- 
rão tudos e eu Carlos Manoel Pereyra da Silva escrivão da 
Camara que o escrevy—faria— Azevado— Oliveira— PW.— Franco 
— Antonio Botelho de S. Pago e Souza. 

Pela leitura deste documento verifica-se que ficou resolvi- 
vida a fundação de duas povoações, uma na mirgem do rio 
Ribeira e outro no logar escolhido no dia 7 de Jaeiro ante- 
vior, (Quem conhece a localidade escolhida no rio Ribeira, ba 
de concordar que não em logar apropriado para o estaboleci- 
mento de uma povoação, como (nao todos hão de con- 
cordur que os meios propostos para povoul-a, com moradores já 
situados em diversas partes mi argens do dito rio, não po- 
diam produzir os resultados dezejados pelo Governo. 

Percorrendo os livros da Camara, verifica-se ainda que os 
SER uão tratavam de facilitar o desenvolvimento destes 
nucleos; pelo contrario, faziam todo o postivel para int 
dificuldades ao progresso destes stovlesimnDimo sem 

Rolstivamento à povcação de Sabaúma não existem os 
esclarecimentos precisos para se conhecer das razões desta não 
progredir ou de ser mudada mais tarde para local da Tha Com- 
prida citado no termo lavrado no din 9 de Agosto e conhecido 

lo nome na Lage; porém podemos julgur que csta mudam 
fosse o resultado das tacticas postas em acção pela Camara 
Iguape, à qual não convinha ter uma povoação situada naquela 
localidade, escolhida por Affonso Potelho. 


No supracitado termo declara-se positivamente que não ha- 
viam materines para a construcção, nem agua potavel no lo- 
gar chamado na Lage; «omtudo, no dia 14º de Agosto de 1770, 
foi erecta em villa, uma povoação alli estabelecida, com o nome 
de Villa de Nossa Senhora da Conceição da Marinha. 

















Vara a demarcação do territorio pertenconto à nova villa 
reuniram-se, ordem de Affonso Botelho de Sampaio e Souza 
“as Camaras di Iguape e Cananéa, para combinarem sobre as di- 
“visas que deviam ser respeitadas, ficando esta questo resolvida 
mo mesmo dia da elevação da villa, Pouco porém duron esta, é 
cem 1779 ordem do Governo foi reintegrada ás villas de 
po o Cananéa a sua antiga divisa, recolhendo-s os livros, 
e ornamentos da Igreja de Nossa Senhora da Conceição 
“da Marinha a esta villa de jsuapes 
Existe em períeito estado o livro rubricado por ordem de 
“Afionso Botelho em que foram lançados no dia 1.º do Agosto 
“de 1770 os tes termos ; 

Do estabelecimento da nova vila; (doc. n. 164). 

Da repartição do distrieto desta nova villa com as de Igua- 
poe Cananta; 

“Do logar destinado para patrimonio do conselho e para 
Cadên ; 

Nomeação das pessoas para servirem durante o anno de 
AR9T mos enrgos publicos, 

Nada consta a respeito da edificação da Igreja do Nossa 
Senhora da Conceição da Marinha; mas é de suppor que fosse 

ja de madeira, visto não haver pedras no logar e mes- 
mo porque não existe hoje o menor vestigio dolln. 

Por uma informação dada no Bispo em L,º de Junho de 

copiada no livro dos Capítulos das Visitas, encontramos o 
seguinto: 

«Dentro da villa se acha tdobem começada hãa capela que 
se propoem erigir a Irmandade da Senhora do Rosario dos Pre- 
tos, cuja obra estã parada por falta do meios. Ao Nordeste ne 
distancia de cinco legoas e meiu no Bairro denominado «Prado 
de Jureas, tia hãa Capelinha on Ermida, pobrissima e sem pa- 
trimonio, dedicada à Senhora de Guadalupe. No Rio Juquia 
na distancia de tres dias de viagem da Villa ao Oeste para o 
Sertão, acha-se ja levantada húa Igreja de madeira (que promette 
curta duração) para servir de Capella Curuda, cujo Districto foi 
por mim demareado de ordem de Sua Exeellencia Reverendissima, 
quando por este fim foi áquello Sertão em Fevereiro do anna pro- 
imo passado». 

Por esto trecho da informação, verificamos que existiu uma 
“Capelinha na Praia do Jurea, mus não declara em que epoca 
“ai edificada. No livro do Tombo desta Capella não ha notícia 
certa da epoca da construção della; porém, em uma descrip- 
“ção, no auno de 1852, encontramos c seguinte: 

















que conta A elade de 05 annos maios ou menos relativa ao 
aparecimento de N. 8. do Agua de Lupe na Jurea, em IS00. 
mais ou menos havia hum homem, Chamado, Lucas de Souza, e 
este tinha huma rede, grande, que Custumaca a lancear em huma 
geande Tagoa que tinha no lugar Saamirim, Rencha da 

barra da Ribeira que por ahi hera em otro hora, em hum bello 
dia foi lançear para Cassar peiche' dando o lança, foi Cassade 
a dita Imogem, este Lucas de Souza, como dono da rede, é mo= 
rador neste bairro, troche a N. 8. Para Sua Caza, demde Res 
sídio com seu Irmão Francisco de Souza, donde tiverão N. 8. 
por elguns annos, Colocado Sobre hume pequena mesa que estes 
«adorario com o milhor zelo e Estima e isto foi contando para 
os povos não só do bairro como de otros lugares, fordo tomando 
conhecimento, que aquella Imegem hera muito milagrosa, Fo 
quem nella tinha fé, ove à boa lembrança de hum homem 

mado Cap" (iregorio, convidar os povos deste bairro para fazes 
rem huma pequena capela de esteios de pau, sendo de boa ma- 
deira de lei, assim foi Edificada, sendo este Capm Gregorio o 
administrador orviliado pelo povos do bairro, estando esta obra 
pronta foi mudada No 8. de Caza de Fran de Souza e Lucas de 
Sunsa para « Sua Capella. Sendo Chuveiro e zelador Manoel 
Ribeirinho Passado alguns cnnos, Foi deliberado a fazer a Cam 
polla, constroida de Pedra e Cal da qual Hui administrada Por 
o Salgento mor Pinto, orxviliado pelo Povos do bairro, Contino a 
ser zelador Mt Ribeirinho, despois. Me Rodrigues Pereira, neste 
o Casião passou « ser Thezoureiro Joao Pinto de Faria, 
Bernardo Pinto de Faria, despois Muximianno Pinto de Faria, des- 
pois Fran firmino de Paulo, despois João Selao da Cunha, Chaveie 
vo Baldoino Luiz de Macedo, despois Frans Saldinha de Paulos. 

No livro do Tombo da Igreja Matriz de Iguape, a pagina 
24 verso, encontramos o seguinte : 

«A pequena Capella ou Ermida da Senhora de Guadalus 
pe, ereta na Praia de Jurta tem cento e cincoeta braças da 
terras no lugar onde está situada dita Capella, as quaes Me 
servem como de Patrimonio e vem a ser: com braças deixadas 
por Lucas da Silva, o qual as houve p compra q. fez no valor 
de quatro mil réis (dinheiro que tinha das esmolas” dadas pelos 
Devotos d mesma Senhora) à Raquel de Souza, que as possuia 
Pp. herança de seus antepassados, om quaes ay tinhão havido por 
Sesmaria concedida pelo Donatario o Conde da Tha do Princi- 
pe e fuzião antigamente parte de húa sesmaria de meia legoa. 
E cincoenta hraças «o Sul, mixios os mesmas, dadas pelo Re- 
verendo Vigario Diogo Rodrigues Silva, as quaes perteneerão & 














= 88) 


Gareia, filha de Agepito Garcia, de quem herdára, e 
“deixadas p. aquela para o seu enterramento, como o 
Revd Vigario se encarregasse de toda a despesa do mesmo, 
TS isso ncando, e como possuidor dellas as de 
Ee de lalupe, para que juntas as referidas cem 
raças, estas duas porçõens de terras fazendo o Patri= 
m mencionada a ta. Pare em todo 0 tempo eomstar, é 
tirar toda qualquer duvida qu se posse oferecor a respeito das 
mencionadas terras, faço aqui esta declaração. Iguape 23 de 
vaneiro de 1828 João Chrisustomo de Olveira Salgado Bueno— 
Vigario Collado e da Vara. 
Na informação remettida no Bispo em 1830, declara não 
ter patrimonio n Capella do Nosta Senhora do Guadalupe ; po- 
“rém, pela leitura do documento acima, transcrito do livro do 
Tombo, verificamos que o padre Jodo Chrisortomo na ocensião 
i em que deu a tal informação, esqueceu aquillo que tinha es 
pto anteriormente, 

Relativamente à Capella que, em 1830, o povo estava edi- 
ficando na pensão do rio Juquia, no dia 8 de Outubro deste 
anao foi celebrado a primeira missa nella; Do tarde no mesmo 
dia foi levada da casa do senhor José Correia de Azevedo n 

de Santo Antonio, dondo por aquelle cidadao e no dia 
seguinto houve a festa do Padroeiro daquela Capella. Esta 
inda + fundada em Fevereiro de 1829, foi creada Capella 
em 4 de Novembro de 1831 o elevada Á freguezin por 
lei mn, 11 de 16 do Abril do 1853. 
A capells começada, como diz n informação dada em 1830, 
b pela Irmandade do Nossa Senhora do Rosario dos Pratos, estava 
sendo edificada pelas Irmandades de Nossa Senhora do Rosario 
e de 5. Benedicto. Logo em sen começo honve dessecordo com 
a Camara por causa do alinhamento, tendo de ser removidos 
os alicerces começados do logar onde se achavam para o local 
onde hoje existe a Capella de Nossa Senhora do Rosario, 'ra- 
bulhavam juntas us dunas Trmandades até a conclusão da obra 
' em estado de receber n benção, o que foi renlisado no dia 6 de 
de 1841 o no dia seguinte foram trosladadas as Imagens 
fossa Senhora do Rosario e de S. Benedicto da Igreja 
Matriz ú esta Capella. 


em seguida a Irmandade de 8. Benedicto resolveu 
edificar uma cspella sua ; porém, sómente no dia 1.º de Agosto 
«de 1891 recebeu a benção, sendo trasladada a Imagem até ahi, 
“no dia 4 do mesmo mes, 















e 


— Ba — 


Na margem direita do rio Jacapiram, foi estabelecida 
uma povoação, conhecida peio nome de Butujuru, a qual, por 
lei n. 56 de 5 Abril do 1870, ficou elovada ú freguezia. 

À povoação estabelecida | na margem esquerda do rio É. 
Lourenço braço do rio Juquia, com o nome de Prainha, foi 
declarâda por lei n. 35 de 6 Abril de 1872 elevada ú cu 
ria de feeguezia, logo que tivesso uma Capella construida, é 
por lei n. 20 do 16 do Março de 1878 foram demarcadas as 
divisas da nova freguezia com o nome de Nossa a 
Dores da Prainha, sendo a Lgreja, já edificada, por portaria do 
26 Abril do mesmo anno declarada como Capella 

Relativamento ao patrimonio pertencente ás diversas Igrejas 
deste municipio, além do da Capella de Nossa Senhora da 
Guadalupe já descripto, parece me que nenhuma outra possua 
patrimonio nlgum. 

Antigamento a Irmandade do Nossa Senhora do Rosario 
possuia duns casas e a de 8. Benedicto uma; porém, em 1880 
nn ocensião da edificação da Cupella construda por estas duas 
Irmandades, conseguiram ordem do Bispo para vendor as rofori- 
das ensas é aplicar a importancia da. vendo nas obras da dita 

apela, 

» Eleje à Irmandade do 5. Beneditto possuo uma cosis aos 
não posso saber si foi comprado ou doada à Lrmandado, 

nforme diversos documentos existentes, a Irmandade do 

Senhor Bom Jesna em L815 possuia cinco casas nesta cidade; 
porém, encontrei sómente um documento que esclarece a 
vonioncia de uma dellas, cujo ducumento (n. 165) é a eseriptu- 
sa da venda feita à Irmandade em 14 de Dezembro de 1790, 

Ta diversas escripturas om cartorio provando que em tem- 
pos passados esta Irmandade emprestava dinheiro a juros e foi 
em consequencia de um destes emprestimos que, em 170, pnsson- 
se a escriptura da sobredita cnsa. 

Existem algums sítios proximos á cidade que diversas 
pessoas consideram como pertencentes a uma Irmandade, ha 
auncs extineta,o que era conhecida pelo nome «das Almas 
porém, estes sitios nunca pertenceram à [rmandade das Almas, 
como é facilimo verificar pela leitura dos documentos existentes 
a respeito. Um destes sitios, no bairro chamado « Enceadas fai 
deixado arrendado em 20 de Agosto de 1685 pelo Vigario Fram- 
eisco Pereira da Silva, com a condição especial de a renda ser 
paga pelos arrendatarios em certo e determinado numero de 
missas, que tinham de mandar rezar anualmente na Igreja 











“Matriz. Ficaram estabelecidas as condições do arrendamento que 


dovia ser feito dáquella epoca em diante por seus testamentei- 









— dg — 


ros ou, em falta delles, Vigari cossores, chi 

O celçe Saia pquio “E partávia MEneinto 
por certo numero de annos. A escriptnra 

1685 rdoçdaia e pabiicade no =Ahdogo:bipiarias do o: 


d Tombo da matriz ba o seguinto assento, feito 
vigario João Chrisostomo d'Oliveira Salgado 








ado a Era 1685. een 
ul esta pensão em húa Missa por anno 
Dor Manoel du Costa de Andróide, Porém 


se tem 
um anno, conforme a instituição 
Legado. À certidão he lançada em outro caderno proprio, 
transcrevi o titulo que achei mo antigo Livra do Tombo 
mesmo Bairroestão sitas duzentas e dez braças 

nfinão com o sitio de Dona Narciza Dias Bap- 

e au Nord'este com q sitio de Theodozio Perei 


; é Antonio dos Reis e Ignacio da Costa pelos 
rços de que são fureiros, mando dizer hita Missa 
se aumentará o numero dellas conforme a estima- 











Em vista destes documentos é claro que o dominio sobre 
estes sítios pertencia antigamente aos Vigarios desta Parochia ; 
im, desde ha muitos annos têm dataado de enidar nas suas 
des a respeito e algumas partes destes sitios já forno 
das sem haver protesto por parte dos ditos Vigarios. 


— Relativamente no Cemiterio desta cidade, verificamos que 
o nono de 1842, os corpos dos falecidos eram enterrados 
ntro du Matriz velha e un um em volta dela, como consta 
documentos existentes, entre outros do seguinte 











= 884 ,— 


trecho de um officio que a Camara dirigiu no Presidente da 
Provincia em data de 5 de Outubro de 1541: 

* 4 obra do Comiterio, sendo de tanta necessidade so acha 
paralisada, é muitos annos, entretanto que O triste aspenibal 
a terrivel abuso de se enterrarem os mortos no meio da rua, em, 
volta da Matriz continua, não sendo possivel evitar-se que os 
ossos de nossos Irmãos se espalhem do adro, por causa não só 
do transito dos carros, como pelo pouco cuidado dos que fazem 
as sepulturas, que de ordinario, feitas por escravos, estes, cus 
tumados a dureza, arrancão os cadaveres desapiedadamento a 
golpex de enxadas, espalhando assim os tristes restos dos ainda 
incorruptos corpos, e depois nenhum cuidado tem em torna los 
a sepultar, e sendo esta obra de grande necessidade não tem 
sido possivel até o presente achar-se algum meio para continua- 
ção, e só temus o pequeno redito da fabrica, que para nada 
chega, e por isso que tão bem se faz mister que a Assembleia 
Provincial consigue alguma quantia para esta obra.» 

Por causa das reclamações bavidas nesta epoca a Camara, em 
sessão de 15 de Abril do 1842, resolveu que os corpos dos fal- 
Tecidos fossem enterrados dentro da Matriz nova, como se yeri- 
fiea pela leitura do documento N. 165, ainda que esta obra não 
estivesse concluida. 

O comiterio actual, foi demarcado no anuo de 1830 e prin- 
cipiado o serviço de cerculo com muros por iniciativa do Vi- 
gnrio Joho Chrisostomo, que luctou com bastunte dificuldade 
para começar o dito serviço por causa do preconceito arraigado 
no espirito do povo, que não querin que os fnllecidos fossem 
enterrados atustados da Igreja, Por esta razão, elle não tinha o 
apoio do povo e por mais que fizesse, as subseripções por elle 
promovidas pouco produziram. A conclusão desta obra foi au- 
xilinda mais tarde por verbas votadas pela Assemblea Provincial. 

Neste cemiterio existo uma poquena Capella, começada em 
1852, cuja constmeção pouco se adisnton até 18 de Setembro 
do 1858, dia este em que o Governo mandou demolir à antiga 
Matriz é ordenou que os materises Fossem applicados na 
obra do cemiterio, em vista do que,a maior parte das pedras da 
antiga Matriz foram utilisados na edificação da Capella do 
cemitério. 

No dia 20 do Agosto de 1850, o Governo expediu ordem 
expressa para que a Camara nho consentisso o enterramento de 
corpos dos fallecidos dentro das Igrejas, em cuja data princi= 
piarum os enterramentes no  cemiterio municipal desta cidade. 

E" bastante notavel a falta que ha no archivo ecelesinstico 
desta cidade de Iguape, onde o livro mais antigo que encon= 


| 























— 835 — 


remonta sómente no anno de 1702, sendo este o dos assen- 
tos de baptismos. 

Encontrei em poder de um particular um livro aberto e 
“rubricado no dia 10 de Agosto de L760 r Antonio José de 
“Abrou para Registro das Pastornes e dos Capitulos das Visitas. 

Não admite duvida a existencia de um Livro do Tombo, 
vemontava no anuo de 1577, e da livro foram copiados. 
4 trechos no sumo de 1858 pelo Vigario Antonio Carneiro 
da Silva Braga, na occasino da questão relativa á Matriz novo 
desta cidade, Além deste livro do Tombo, havia um outro ru 
bricado em 1747 pelo Vignrio Antonio Ribeira, em cumprimen- 
“to do uma ordem do Bispo Dom Bernardo Rodrigues Nogueira; 
Ria, nenhum destes livros acha-se no archivo ecelesinstico 
pe. 

anico livro do Tombo que existe hoje aqui, foi rubrica- 
do em 8 de Agosto de 1816. Pos ada aà EAR hoje dif. 
ficillimo colligir os dados precisos, sendo queos poucos concon- 
los deixam grandes Incanas nesta parte da historia de 











documento eeelesiastico mais antigo que encontrei é a 
ko visão do Padre Bernardo Sanches, passada na Villa de 
me Faz José de Barros Alareão, Bispo do Rio de Janeiro 
[ mo din 5 de Julho do 1683. Esta provisão publicada no «Exho- 
doricos pavece conter uma anomalia, visto quo diz: emen- 
que lha pasass o prezl” pella qual o provemos ao dito 
Bernardo Sanches na seruentia de condjutor da igreja do 
Bom Jezus de Igoape » Ora náquelln epoca n unica Igreja 
Cr existia em Iguape era n Matriz, dedicada a Nossa Senhora 
Novos, 0 comtudo o Bispo, estando em Iguape, declarou 
' na dita provisão « condjutor da Igreja do Bom Jesus 
Pouco pademos saber relativamente nos nomes das vigarios 
ou padres que assistiam mosta feeguezia antigamente; porém, 
documentos já transcriptos verificamos que em 1685 o Pa- 
Francisco Pereira da Silva cra Vigario desta Paroe 
mm, pela escriptara da venda de tortas que Maria 
Chaveira passou em 1696, verificamos que neste anno Antonio 
de Mendonça em Vigario do Lguapo. 
Em 1691 o padre Frei Antonio de Assumpção tinha sido 
“nomeado capellão das minas de onro desta distrito. 
Por uma licença passada om 1703 pala Camara, ficamos sabondo 
“que o padro Vieira o Souza assistia nesta Villa. 
Recorrendo no documento N, 22 do « Esboço historico» ve- 
“xifleamos que em 1707 o padte Antonio Riceiadelli residia nes- 
“ta villa. 

























— 380 — 


Em 1716 o padre Antonio Carvalho comprou um sitio no 
logar chamado « Acarahy>, como consta pela escriptura no nrchi= 
vo do tubellião. 

No dia 27 de Grs 1724 foram riso 
ra serem registradas, tres provisões pelo padre Frei Jolo 
do São Domingos. (doe. Ns, 167 « 168). 

Pela leitura destes documentos ver-se-ha que 4 primeira 
provisho pasanda por ordem do Rei Dom João no dia 4 de Ou 
tubro 1709, concedeu previlegio aos sindicos e cirurgiões dos 
conventos no Brazil pertencentes a ordem de São Francisco, fi- 
cando elles, como diz na dita provisão: 

« Izentos e esCuzos de pagar nenhumas fintas reais pedídas, 
seruiços, nem emprestimos que estejão ou forem Lançadas no di- 
to Estedo, nem Sejão obrigados a Companhar presos, nem dinhei 
ros nem o serem tutores, nem Curadores de nenhumas pesoas 
Seluo Se as tais Itorias forem ledimas, nem possão Ser Constrans 
gidos a Soruirem oficios, mem Cargos de Conselhos Contra sua 
tontade, nem acjão postos par hosteiros de Conto Se athe agora 
o não fordo; e da mesmas maneira hey por bem e me pras q. 
mão paguem Jagados nem euteuos de pão e Vinho nem outras 
Couzas de que Se Costuma pagar, nem pouzem Com elles em 
Suas Cazas de morada adega nom Caualaria, nem lhe tomem 
Seu pio, Vinho, Roupa, lenha, Galinhas, e Suas Bestas de Sella 
mem de albarda nem outra algua couza do Seu contra Sua Vons 
tade nem vão a Seruir a nenhumas Guerras por Mar mem por 
Terra nem outras nenhumas partes que nejão pera donde possão 
Ser chamados, mens sejão acontiados em Cuauallos e Armas nem 
em bestas, Gelinhas em em outras nenhumas quantias posto 
que tenhão fazenda para atirem, nem aparessão em aLardos, 
que de tudo o que dito hes e em especial ou hey por vewell 
e exzentos e Liures Como São os Sindicos e Harbeiros de Sam 
Francisco da obseruancia q. está na Ilha da Madeira. 

A segunda provisão passada por ordem do mesmo Dom João 
no dia 3 de Dezembro de 1716 estabuleceu um imposto sobre as 
Camaras das Villas existentes pri ave sustentação dos religi 
que uinão nos Santos Lugares de nossa redempedo em Tora 

A terceira, passada na Bahia no dia 12 de Fevereiro de 
1722 por Vasco TS Cezar de Menezes, concedeo nos sin- 
dicos da Casa Santa de Jerusalem os mesmos privilégios e as 
exempções que sua Magestade havia concedido aos da ordem de 
São Francisco. 

No anno de 1731 o padre Manoel Alves Vianna Eos 
posse da Lereja Mutrix como se ve polo docmmento N. 156. 











— 2” — 





Por um testamento feito em 1759 ficamos sabendo que o 
Manoel Alves Cameiro, filho de José Alves Carneiro, as- 


iatros dos Capítulos das V5 
rp de 


O mesmo Vigario da Vara. 
Amaro Antunes da Conceição, Condjutor, 
Tosé Alvares Carneiro, Condjuetor, 
Joho Baptista Ferreira, Vigario. 
» 1843; João Alvares Carnciro, Viga 
> 1847; Antonio Cameiro da Silva Braga, Condjntor; sen- 
Cc o ultimo registro m livro, feito no dia 29 de Outubro 
1847 é assignado pelo Vigario José Alvares Cars 
No primeiro assento no livro dos Capítulos das as 
pelo visitador, Padre Antonio José de Abreu no dia 10 
À gosto de 1768, documente N. 169, ver-se-ha qne diz; « deter- 
“mário, q. 0 R$ Parocho ao menos ha vez Cala mez faça os 
Esperença e Curid.t explicitos em voz alta, in. 
o vae repetendo es mesmas pala- 
Cuthoticos obrigados a fazer estes actos 
Theologos (ainda q. varião no tempo ) 





e oso - Reconmendo ao R.do Parocho q, pro- 
| extirpar este ebuso dos Limites de Sua Parocho, e Constan- 
Se fuzem, Condemnará ao dono da Caza 
reis q. applica p'a Cada hum dos assistentes em 
Centas e quarenta reis q applica ps a Fabrica desta Igreja 
disso lhes advertirá q. incorrem no Excomunhão 
imponto em hiia das pastoraes do Eseme Br bo Def 
+. Antonio de Guadalupe.» 
ue fica bem patente que a Caridade, como o 
de Abreu entendia a palavra, consistia em probibir 







Io 


— 888 — 


a unica qualidade do dança em uso pelos pobres habitantes desta 
freguezia, impondo uma multa aos contraventores, da quantia de 
tres amil reis, preço porque naquella época foram avaliados 
diversos sitios da oa braças de terras, como provam in- 
ventarios existentes em cartorio, 

Nesto mesmo livro de registros acha-se a cópia da carta de 
qi concedida ao Altar do Senhor Bom Jesas, e, como ha 

ivorsas a uinteaa a respeito dessa concessão, vae copinda no do- 
cumento N 170, 

Pelo documento N. 171, copindo de uns pedaços de um li- 
vro velho pertencente no archivo ecelesinstico, ver-se-ba o ri- 
gor relativo à desobriga do povo para com a Egreja. Esto ri- 
gor, era uma arma terrivel rigido contra um povo sem educa- 
ção e da qual os padres. sinão todos, muitos delles, tiravam o 
maior proveito. 

A publicação dos nomes dos rebeldes, com especinlidnde os 
que viviam amancebados, verifica-se por diversos assentos, como. 
tambem as penas impostas a estes que, para livrarem-se do rigor 
contra elles uzado, querinm se cusar. 


N'um despacho dado em 1823 pelo Vigatio Jodo Chrisosto- 
mo de Oliveira Salgado Bueno, ú petição de Antonio Cesario 
da Silva o Maria Luiza, pobres que tinham estado amancebudos 
e queriam casar-se, encontramos o seguinte: 

«Em tres dias festivos irão a Igreja Matriz e estando o 
povo junto antes da Missa Conventual q varrerdo desde 0 
teria ateas grades; nesses mesmos dias assistirão a Mesma Missa 
de pé nos cancellos com vellas de meia libra acesas cuja rema- 
mentes se dará a Fubrica; vezarão tres Rosarios d Pessãa de Ma» 
ria Sanetissima; farão hum jejum commum em sufragio pelas 
Almas; serão examinados da utrina Christan; se confessa- 
vão o Commungarão hha vez e messe mesmo dia rezarão hha Es 
tação ao Sanctissimo Sacramento; E com certidão jurada do 
Revdo Parocho de terem tudo cumprido, voltarão pira Se lhes 
deferir a vista da necessidade da Disps, Iguape 30 do To de 
1823= Bueno » 

Nos informações dadas aos Bispos, os Vigários de Iguape 
queixayam-so da pobreza desta freguezia, como podemos provar 
com diversos documentos, entre estes 0 N. 172, e, relativamente nos 
ornamentos da Igreja e ás Irmandades e: os acha-se m'uma 
informação remettida no dia 14 do Setembro de 1825, o seguinte; 


« He muito pobre de alfaias e ornamentos. Os que tem; são 
o% seguintes 

















— 889 — 


PERTENCENTES A FABRICA 


2 Calices de prata doirados por dentro. 

2 Chaves do Sacrario, de prata. 

1 Capsula ou Ambula com 3 casos pequenos, 

1 de prata que serve com os Santos Óleos, 

1 emicha de prata, que servo para «a administração do Da- 
ptismo. 

1 Cruz de páu para us Procesoens. 

1 Cazula, Dalmaticas, e Frontal de Damasco branco, guar- 
necidos de yallão de retroz já muito velhos. 

1 Cazula de damasco branco com gallio de retroz. 

1 Cazula, Dalmaticas, frontel de damasco roxo, du mesma 
sorte muito velhos. 

1 Cazula de damasco encarnado, muito velho do mesmo galão. 

1 Cazula de damasco roxo, mesmo galão ainda nota. 

2 Cazulas de damasco verde muito velhas do mesmo galão. 

1 Cazula de belbute preto do mesmo galão. 

2 Capas de uspergis de damasco branco, e incarnado com 
galão de retroz. 

2 Veos de ombros, hum branco e outro incarnado muito 
velhos, do mesmo galão. 

2 Frontaes de damasco verde, muito velhos do mesmo galiw, 

1 Pallio de damasco branco, muito velho do mesmo galão, 

1 Benqueta com Imagem de Christo crucificado, 6 catiçaes, 
4 ramos, ou Tentorius de pão duirados. 





VERTENCENTES AO 8. 8. SACRAMENTO 

1 Custodia de prata. 

2 Ambulas de prata, doiradas por dentro, que servem no Sa- 
crario, 

1 Cruz de prata que serve nas Processuens. 

1 dita pequena no (iuião. 

1 Vara de prata. 

1 Baquelino, ou Throneto de damasco branco, com galão e 
franja de oiro por dentry, e por fora de vellulo carmozim, com 
prezilhos e extremos de praia, que serve quando sahe o 5. 8. 
“Sacramento aos enfermos. 

1 Umbeila de damasco encarnado forrada de seda branca, 
com gulão e franja dentro. 


PERTENCENTE A PADROEIRA 


1 Cruz de prata. que serve nus Processoens. 
1 D pequena no Guião. 
2 Catiçaes de prata pequenos, que estão junto ao Nico. 







RA [o 


TERTENCENTES AG SENHOR BOM JESUS 


1 Pallio de Damasco encarnado, com galão de oiro, já Sa 
1 Cuzula, e Dulmaticas de seda é viro, guarnecidas de 
galão de oiro, muito velhas e rotas, 
1 Veo de Ombros da mesma e da mesma sorte, 
1 Capa de Asperges da mesma e da mesma sorte, 

 Prantaes de mesma e da mesma sorto, os quacs servem 
mos 3 Altares. 
1 Caeula, sem Dalmaticas, de damasco encarnado, com galão 
de airo, nova, 
1 Frontal do mesmo, que serve no seu Altar. 
Ho nesta Villa as Irmandades seguintes: a do Sanctissimo. 
Sacramento, a da Padroeira, a do efa e Jesus, a das 
Almas, a da Senhora do Rosario dos mulatos e pretos é à 
8. Benedicto dos mesmos. A do Sanctissimo Sacramento, a 
Alnas e a da Senhora do Rosario, têm cm , 
pelo Ordinario, A da Padroeira mem tem compromisso, nem 
forma de Irmandade; contemplão já Irmaons todos os brancos 
aqui cazados, os quaes devem pagar de aunuces 160 réis, mas 
que a maior parte não paga; por cujo motivo he tão plenlic 
Irmandade, que o seu rendimento não chega de oca ao 
Parocho hão Capella de Missas, te diz nos 
e do Mestre da Uapela. por locar Orgão na ocrasião da mena. 
A chamada Irmandade Binhoe. Soo dera da 
mente Irmandade. Elegem-se a Votos os Officians, dose 
da Meza, que são ox «eladores das alfaias, dinheiros e esmolas, 
e do mais que dia respeito. Todas «atas Irmandades são pobres, 
e têm o seu Patrimonio na piedade dos n Todo o seu renm 
dimento he proveniente dos annuass dos Trmaons, e do límitis 
dégsimo aluguel Casas, isto he, as que têm, o qual so. 
dispende nas les proprias e noornato dos seus Altares 
e Imagens. A do Senhor Bom Jezus tem quatro p 

Cazas, e recebe annualmente algas esmoles > 

















= — 
podemos verificar, pelos livros 

leante havia durante muitos aunos 
nã aa e, em resposta a um officio do 
Abril de 1830, incluindo um outro do 


rig com data do 18 do Março do mosmo anno, 
«João Chrisostomo de Oliveira Salgado Bueno escrovem 


, peieemianio sé amjreção no trabalho da Firochia, 
pensanei Ade (com anfficiente congrua) por- 
ango hãa grande extensão, e não só 
far, Ra mui principalmente para o centro, 
e que sobem a mais de cinco mil se achão es- 
nos dáfferentes Bairros, muitos deles a dois ou tres 
“de viagem, não incluindo neste mumaro ow moradores do 
“referido Juquid, Além destes Sacerdotes empregados são preci- 
o o ti ou trez para ax funeçoens do culto, e xolemnida- 
, eo de lganpe em 1880 era tanta, que havendo 5 
(um dos quaes morava no seu engenho eo outro era rcos- 
À “= musica), 0 vigario ainda pediu mais dois ou tres, 6 não 
sÚmente isto, mas em outra informação, dada ao Bispo pelo 

7 vigario, encontramos o seguinto: 

« Esta Prequesia he de grande utilidade a lyreja e ao 
tudo: A Igreja, porque com o Pasto Espiritual e q doutrina, 


Dio droçõe para a defesa da Pátria em que muiica -vênea 
sido empregados, apresentando ha Agricultura, apesar 
muitos obstaculos, já adiantada, e concorrendo finalmente 
“a riqueza da Nação, com a ovitltada Somma de Dezimos, 
ostos e varias contribuiçoens. » 


á as contra corsarios e negreiros « forne- 
cimento de mantimentos ás praças do Rio de 
Janeiro o Santos. 


“Consta de tradição, , por diversas ve: os moradores 
Villas de Iguape e a baaãa foram roubados pelos piratas 
m esta costa; porém, não encontrei documentos que 
aiinilhênto noticia, inda que existam muitos referentes as 






























— 882 — 


E 
pn ÇA QUE iido 
ca e da Tcapara, 

No dia 5 de Setembro do 1710, Manoel Gomes 
Governador da Villa de Santos, escreveu à Camara do 
seguintos 

« Ontem q. se Contavão 4 do corrente Ressibi ha Ca 
Gov” do Rio de Janeyro em que me dizia aparessia m'aqu 
Barra Sinco navius he hua ma Balandra q. quizerão emi 
entrar no Rio de Joneyro e q. as fortelleZes lho 
da Sidade de Sam SeBastião tive carta do Sargte em 
me dis q. 08 Set navius faZião forsa de vela pº o Sub faço 
VM este aviZa pe q. puchs Logo peltas Orde ; 
trito Pe boca a praga em parte donde 
pode bom sono nessesario 
em 


J7O Servo de Van Aos ofiiais da Camera de Igoappe—. 
Gomes Barboza», + 
A noticia da vinda em direcção ao Sul, destes navios, cau— 
sou um panico entre os moradores desta parte do litoral, como. 
se collige pelos livros da Camara, a qual se limitou a pedir 
munições, sem tratar da defesa das barras, 

"Tomando posse os novos vereadores, no dia 1,º de Janeiro — 
de 1511, escreveram no Governador da villa de Santos a seguinte 
cartas 

« Senhor Mestre de Campo E Governador — A Camara o 










presiste este onno de mil e Soto sentos e onZe o mas q da 
suada: Damos « Vossa Sinhoria he por bem E a nos proprios 
mollo damos de seu gouerno de Pesa Sinhoria. Estivemos ja mos 
so emposo de por diante ReConhecando Na sua Pessoa todo 
o favor pº nos favoreCer. Consta nos q. o nossos antesesores 
pedirão a Vssa Sinhoria: Munisois e aprestes pº qualquer emva- 
Zão de Juimigos que possa suseder: porem forão tão limitados 
no pedir que mos E nessesario emjormar 'a essa sinhoria Em 
Como a Ve da Cananoga esta asituada na barra deste Rio em qu 
esta fundada a Ve de Igoappe, E se aquella Se acha Com Sim- 
Coenta Moradores pobres, estamos obrigados a SoCorrela todas as. 
veZes que for nessisaria, pois q. desta Ve dista Sobmte des 

E 08 moradores de hua e outra Vº Porão este mesmo na 
mesma distancia So Dre dita, Suposto o Referido Deve vssa Se aten 
der q. « barra deste Rio eapre pe Resseberal qr Ja, E 

aesta Ve Sem empedim” Algum tanta plo Capassidade da Rio Como. 








— 843 — 


por felta de defensão. E assim pode essa 8º emformar ao Sº go- 
vernitor destas Cupitenias pe q mande forte ficar « esta Barra de 
Cananega Com quatro ou Seis pessas de Artelharia E Munisoins 
Nessesarian e aprestes: q. Com dous Artelheros E quarnição (e 
guardas) digo dos mesmas moradores desta e «aqllia Va fiCava 
Segura a dit Barra. E os moradores deste Rio, em sosego é todos 
teremos mo q. agradeser a Vesa So Em ql Vasa So emforma o 
q propomos E Comveniente pedimos a Vasa S q magia embar- 
queCão q. vier pa a da Barra nos SoCora Com hum Barril de 
potesra E hum Cunhete de Ballas E hua Duzia de Mosquetes 
Com o marrão Nessesario ; pº o q. enuiarimos Ressibo; FÉ pe- 
dindo a Camera da Vº de Cananega o mesmo SoCorro Como 
Sopomos poderemos então pormo nus em defeZa E esta seria em- 
tão a ReZiio por onde os Snrex generais quiZerdo exZemtar esta 
Va da opresio das móos emformados de toda a verdade E emte- 
«lemos q. este Va ha a Realidale por q. Rio onde Se fabricão 
Navios de Alto bordo tão bem pode então Eture mº os do Inimi- 
gos o Sargento Mor desta Cap pode emformar a Vasa Sº meu 
dam de toda a verdade q” Como tem Conhesimto de toda este 
Costa Barras « pragas tambem o tem da empossibilidade don sus 
abitadores nito se offerese de preZente mais fiCarmos a hordem 
de Visa Sema CuZa Pessoa de Vesa Se guarde Deos mto annos 
Com as felticidades q. DeZeja Vossa Nº Fgoappe aje o pro de 
«Junto do mil e Sete sentos e onZe annos— Servidor da Vese 
SeBastido teixre— Fran Roiz Pontes— Gregorio da Silva Vianna 
=Pantalio Perre— felipe Pio Nunes ». 
Não se póde saber, pelo archivo da Camara de Tguape se o 
Governo mandou ns munições pedidas n& carta supra, 
No mez de Setembro do mesmo anno o Governador de Santos 
diu a remessa de mantimentos com a maior urgencia, no Rio 
Je Janeiro, que nessa occasito estava cercado pelos Prancezes, 
como se vê pela carta seguinte: 
«Senhores Meos. Vais este portadora leuar a Ymes estas cartas 
q es à Remetão Logo a Cananeya peq. as passem Logo a 
va por quando emportão mº oo Seruisso de Nua Mag! po que 
se Comcorrão Com mantmto pro Rio de Janre deZaseis Naucos 
FranceZas Lançarão perto de Coatro mil homes em terras e tem 
aitiado a Cidade por mar e por terra eserico à Cananeya é a per- 
magua p* q. mandem o Remetão aqui ox mentimotg. por La es- 
tiverem nas EmBerCasoins q. Le estão pº aqui lhe darem as hor- 
dens E Signal p" entrarem no Bio, q. o governador do Rio tem 
mto gente parem poucos mentimi e qa Sua Breuidate de Ymes 
em pasarem estas Cartas esta o bom ou mao soseso do Rio 














E p" seruir a Vimos pronto, Deus gi a Ymes Santos 
Setembro de PP A Gomes Barbosa. 

Por ordem da Camara foram reunidos todos os 
disponiveis com o fim de serom remettidos em soceorro do povo 
do Rio do Janeiro; porêm, nho podemos saber à quantidade, nem 
quaes eram os generos remettidos. “a 

Neste mesmo amo foi decretada uma lei prohibindo o com 
mercio do Brazil a entreter relações com os extrangeiros, só ad-. 
mittindo transaeções mercantis si os múvios fossom encorporados. 
com as frotas portuguezas. (dec. Nº 178) 

Durante 08 sete anos sexuintes o desta parte da costa, 
vivia sempra em sobresalto, por causa dos navios que appareciam 
do vos em quando na Barea de Cananda, chegando ao ponto de 
os olficines qa Milicianos se retirarem para os seus sitios. Este 
abandono deu orizem a que o Sargento Mór Joho Martina Claro 
oscrovessa em 1718 á Camara desta Villa a enrta soguinto: 

pesar rd Ação gr ras o . 
pe Siderando q. p* aCudira qualquer das villes desta 
a estão q meu Cargo Como Sargento mor desta Capitania por 

rt patente de Sua Mogestade que deus guarde me pareseu 
asituarmo nesta de Igoape pº poder aCudir a de Cananea ou a 
de ComSeipQão onde mais neCesario for e for Chamado p* os 
em tempo de Inimigos e Como co pres! esta q de 
Canemea Com a Barra empedida de piratas e tanto em Risco 
de Ser invadida e não menos esta uendo q' o Cep da 
taria da ordinança Se Retirou manoel Rois Bueno por Seus 
uenienças ou por Cumprir Suas Romarias em tempo tão neCe- 
sario pedi Requeri e protestei a Vmes por hia Carta e da parte 
de Sua Magosteda que deon guarde em Seu Real Seruisso q den= 
tro em Seis dias me elegenem Captem de Infantaria da ordenança: 
e Seu ofisial pr o SoCoros que se ofereser pedirem a qualquer 
uillas de minha Jurisidisoo e Como E vie he o dia ultimo em 
So a prest é 
dito Sr o man- 





























ue espero de Vmttusr me prouído de Captem 
Sremiaito Requeiro e protesto a Vmes da parte 
dem Logo Cumprir Como espero e tenho emtendido do Zello de 
6 is uasollos que deor a Vime muitos annos uílla 
de Igoape em uinte de Março de mil e Sete Sentos e deZoito— 
mtº Seruidor de Yme — João Martins Claro a. 
No fim do nnno de 1726 houve pedidos reiterados do Go- 
verno para a remessa de farinha desta villa á do Santos, e, 
no dia 3 de Fevereiro do anno seguinte, foi aa em sts= 


















=H5=— 


a seu respeito nos 
Porém, pelos referidos livros verificamos que na nano 
jr bi a patria aa E rras de 

n vendo consideravel correspondencia tro- 
entro a Camara Municipal e as uuthoridades de Santos é 

— Com data de 1.º de Novembro de 1839 a Carama Manici 

de Iguape remotteu ao Presidente da Provincia o seguinte 


hoje, não oficial, ria os eorsarios estão na Ilha do 
“Abrigo onde tal detidos percudão fazer-se forte a ponto de apoio, e que 
7 Embarcações Formig 








pratico da mesma barra. 
a villa de Iguape, húa das que per- 
dofezo alque, que a unica pessa de 
















--846 — 


campanha que tinha, essa mesma fosse mandada a j 
que na fts Capara existe hãa 
não tenha armamento polvora o balla, e que consta a esta 
mara que vó existem oitenta armas e não muito boas, 
destas mesmas se repartirem com a villa de Cananda, « 
essim De hum el aa poder rebater as forças ini) 
que naturalmente trarão artilharia, O ted he eminento, 
se promplo sucearros e portento esta Camara a bem do seo 
uicipio e pera tranquilidade publica recorre a Vo Bu" e 
providencias não só quanto aprestes e munições de guerra, é 
corça maritima para expulsa-los da mesma Ilha do A 
fla da sua parte fará tudo que estever c seo alcance, é 
a ufficiar os Authoridades competentes ; e tâobem conhecendo 
não se pode soecorrer equelle ponto em canoa, passa a p 
) denciar à estrada desta Villa a barra de Capara para dar tran 
f sito livro q força armada quando necessario seja hir, ) 
para as participações oficiaes e promptos soceorros, e 
que V, Er approvard esto deliberação providencicado a 
nisação das despezas que se fizerem, e nome de V. Ex” tem 
encarregado esto trabalho «o Inspetor das Estradas. Deos 
de a V. Ext. Paço da Camara Municipal da Villa de Eça 
em sessão extraordinaria de 1.º de Novembro de 1889 al 
Ermo Sur. Manoel Machado Nunes. Presidente desta a 
Joaquim Pio Pupo—Frand. Manoel Junqueira-—José Bonifa- 
cio de Andrada — Antonio José Gonçalves —João Baptista de 
Sitra Carneiro — João antonio Peniche.» z 
No dia 21 de Novembro deste anno, Josê Antonio Pimenta. 
Bueno, Juiz Direito da Comarea, escreveu de Santos no Tenente 
Coronel José Jncintho de Toledo a seguinte carta: q 

«mo Sur. Tenho o prazer de communicar a VS q appros 
vando o Governo Imperial àx medidos que propus ao 
desta Provincia, mandou a este porto o Brigue de Guerra Real 
Pedro e authorisou o armar-se em guerra kum outro Drigue do. 
Commercio pe q sahino deste porto na commissão de levar 240 
praças de Je Linha a Paranagua e igualmet para perseguerem 
os Corsarios, 

O Bemo Preste de Prov" q pr proteger esta Villa veio a es 
ta cidade, tendo me ouvido deliberou o segte :Nestes 8 wu 4 dias 
Sahirão deste porto ox 2 Brigues armados levando a seu bordo 
a tropa que vao desembereer em Parcnogua, na hida daqui elles 
se dirigirão direitamtea Nha do Abrigo « ver se encontrão os 
Corsarios e Capturão, dahi seguirão a Paranagua, desembarcar 
“tropa, e voltarão d'ali dando comboio as emi es mercan=. 
tis ate à Hha do Abrigo, onde fundiarão, então entrará a barra 








— 87 — 


Ê 


do er uma Lanza q levará po sigual huma bandeira trans 
eu em huma vora na proa, é hira desembarcar o deixar as ordens 
da VS 2 pessas de Campanha 40 armas de Infantaria 12 arro- 
bas de polera e mais artigos q entto communicar-lhe-hei. Mira 
Mtohem mess oceaam o Major Ramalho de Artilharia po servão 
sob as ordens de VS hum modello de carretio e provavolmie 2 
carpinteiros p* fazer montar a artilharia tanto de Cananea co- 
mo de Capara reqularm'e, fazer vellas de composição e espoletas, 
devendo VS eproceitar oecazido pe por no melhor pé possivel os 
fortes desses 2 partos. Depois de desembarcados asse trem sem 
guira o Brique de Guorra Real Pedro dando comboio as Embar 
cações do mmercio desde a Ilha do Abrigo ate a altura da 
Nx grande donde ellas seguirão para seus destinos e voltara o dito 
Brigue pro Cruzeiro da Costa vindo primeira entrar neste porto 
PP receber es convenientes instrueções. He de mister q VS pro- 
pidencie sobre o recebimento dos ditos artigus em Canquea e q 
“faça avizar av Embarcações do Commercio de Iguape p* q este 
Jão premptas, afim de q logo de Cananea venha ao avizo, ellas 

e vão para Ilha do Abrigo aproveitar-so do comboio do 
Brigue Real Pedro. Outro Brigue armado Li da Tha do Abri- 
go no regresso de Paranagua vira direitamte a este parto onde 
se tratara de armar-se à Lanrão de q já falleia VS p" estar 
prompta a soecorrer esse porto em reforço do Cruzeiro, He com 
sumna acptisfacção q communico esto à VS q o fará pres” a 
Camara Municipal dessa Villa a quem por falta “de tempo não 
possa afliciar. 

Cumpre q VS a diti Camara é mais euthoridades dossas 
Fillas levam seus votos de gratidão a presença do Exmo Preste 
ela Prova q tanto se tem empenhedo pela segurança desses Mu- 
uieípios confiados a sua authorilte vigilancio e protecção. Queira 
FS faser seguir. pº Paranagua o incluso oficio q leva os Nig- 
naeé da entrada dos Brigues nat porto. Guarde o VS. 
Santos 18 de Novembro de 1899. Nim Sur Tens Cort Juze 
«Jucintho de Toledo Jose Antonio Pimenta Bueno, » 

Pareco que ns providencias tomadas pelo Governo socegou 
o povo do Iguape, em vista da seguinte indicação, extrahida 
da acta da Sessão extraordinaria da Camara do dia 24 de No- 
wembro do mesmo anno : 

«Não posso deixar em silencio as energicas « acertadas pro- 
videncias que nosso Ermo Presidente da Provincia Manoel Ma- 
chado Nunes tem dada afim de obstar qualquer tentativa que os 

jog de Peretinim fiação em quererem entrar nesta Villa ee 
de Cananéa, não ponpando este digno Exmo Presidtt todos os 
meios de providenciar a bem da segurança destes dous Munici- 











do “lema distinguido cont (o eninor di 
das ordens do Ex: 









Manoel Machado 
Nunes, bem como o Digno e incansavel Juis de Direito Jose An 
Eai Bueno, Magistrado digno de todo o merecimento. 
e a “a tem; mos conhecemos, e do mesmo tempo 
lover a Eertuidada ira que se tem prestadoo Tenente 
Coronel Commandante Jose Jacinto de Toledo, « esta Camara. 







circão esta costa, Iguape 24 de Novembro e mil oito centos e. 
trinta e nove.— doce Bonifucio de Andrada. Entrando toda a 
materia em discussão e sendo umeníme a e «e todos os Sem 
20 ofliciasso ao Exmo 
Presidente da Provincia, «o Juiz de Dre, é € Tenente Coronel 
Command agradecendo-lhes e bem acertadas providencias por 
elles dadas n bem deste Município e de Cinta 






Paroce que esta fosso n nltima vez que o povo 
foi inquietado pelos corsarios, não constando einen então pre 
cá noticia alguma a respeito, 


vor geral aqui esta Jocalidade serviu durante muitos 
a raia de escravos africar E 





População, impostos, receita o despeza 

a população deste municipio antigamente, é 
“impossivol apresentar-se uma estatistica satisfactorin. 

Não obstante minhas acuradas investigações, ainda não en- 

contrei sinho ligeiras noticius que provam a pouca importancia 

nossos ante) dos À esta materia, 

4 documento N, 158, cópia de um termo Invrado no livro 

Tombo da Camara em 81 de Dezembro de 1807, vê-se que; 

«Declarow que dentro nesta Villa e seo Destricko hubitão 

nco mil Seis Sentos Oitenta e duas Almos entre a Freguesia 

Xiririca e esta de Iguape que tudo he do mesmo Destrito e 

Numero de Pessoas DE corrida todus os habitantes 

n Sexo masculino Como do Sexo feminino aSim pardos 

pardas Túbertos e Captiwos e Negros é Negras Libertos e Cam 

desdo a primeira idade the a maior, e que disto não pode 

mte fazer huma mdividual declaração do Numero das 

gas com especificação das Suas idades e qualidades porque de- 

do de reportar-se ao mappa geral que todos 08 annos Se 

“compoin neste Destrito te aínda sinão esta feito e legalizado para 

tirar huma Instrucção Certa que Se possa escrever neste 


uns pedaços de um livro de desobri tencente no 
ecelesiastico, pode-se colligir os prai, mr : 








Na villa de Iguape, existiam 
Em 1814, 822 fogos e 9258 pessous. 
15, 882 » > 3876 > 















— 350 — 







Na Villa de Cananta : 
Em 1815, existinm 1506 pessons. 
816, » 1496 










y 
» 1817, > 296 fogos o 1471 pessons. 
> 18186 > 287» » 1415 
» 1821, » 197% pessons, 

1822, > 513 Fogos e 1388 pessons. 





cemoas de Confensãa a saber, 
2791 Brancos e libertos entre muiores o menores incluindo ja 
neste numero 1246 homens e 1545 mulheres; 1188 Escravos 
entre maiores e menores, incluindo-se neste numero 692 ho- 
mens e 491 mulheres, 08 quaes todo fezem a Somma de BATA, 
q satisfazem «os preceitos. Torem, q população toda entre to- 
dos os sexos, idades, estados e condiçoes manta a BôTi pessois 
como se vê melhor dos Mappas incluzos». 4 
N'uma outra informação com data de 13 do Janeiro de 
1897, acha-se o seguinte: 
« Comprehende esta Ereguezia pelo Rol de Desobriga do an=. 
no passado de 1826, 961 Fogos e 407] Pessoas». 

Reparando no numero das pessoas consignadas annual- 
mente nas listas de desobrigas, ver-se-ha que estão separadas. 
as fregmegias, como tsnbem que estes numeros são sómente 
daquelas pessoas que tinham à instrmeção suficiente para co- 
nhocerem as obrigações estabolocidas pelos preceitos da Igreja, 

Podemos salientar mais este facto, pelo seguinte trecho co- 
pindo do Rol de Desobriga da Villa de Iguape: 

«Certifico ser este o Rol de Desobriga desta Freguezia da, 
Villa de Iguape, neste anmo de [8170 qual se compoem de 
VHS Fogos, comprehendondo 356% Pessoas de Desobriga, entre 
vs quaes se comprehendem os brancos e libertos em numero de 
2,042 e 05 Escravos em numero de 920, selo maiores 200 q" 
vãs lançados ne primeira linha com este Signal=0.C—e ox 
desta linha com este Signal=C=são os Neophitos ou bu 
que Se confessarão somente por não estarem instruídos ma 
trina Christa, os mais são de confessão e comunhão; sendo 
menores 312 que vão lançados na segunda linha com este Si- 
gual=0=", - 

Vê-se por este trecho que os menores incluidos neste Rol 
de Desobriga não attingiam a 10 */, do numero total 
sons, e», por isso não podemos tomar os numeros citados como. 




























— 351 — 


sendo a totalidade dos habitantes de Iguape, sinão a que foi 
fornecida pelo Vigário om 1824 de 5,575 pessous, 

À respeito da divisão deste municipio em distritos de Paz, 
no neto lavrado da sessão do dia 19 de Fevereiro de 1833 en- 
contramos o seguinte: 

«A Cominissão Permanente a quem fui encarregada a di- 
visito dos Districtos deste Município em consequencia do Ofi- 
eia do Ermo Presidente da Província de primeiro de Dezembro 
do aumo passado o qual acompanhou por copia o Capitulo pri- 
metro do Codigo do Processo Criminal e chamando o sé todos 
os esclarecimentos tanto do Juiz de Pos deste Villa como de 
Freguesia de Xéririca, pensou com madureza e consultou sobre 
este objecto a fim de hir a par com a Lei e commodidade dos 

e por isso lhe pareceu acertado dividir em cinco Distri- 
clas o qual abraça o circulo deste Municipio, cuja divisão par- 
Ho pela maneira seguinte: 

1º Pertoncorá a este Destricto à Vólla, Hocio da mesma, 
Porto da Ribeira, Mar pequeno e Villa nova da terra firme, 
Rio de Sabaume, The do Mar e Ville nova, Encendo, Vila 
velha e Copara, Prainha, Barra da Ribeiro, Proia de Jurea e 
Prelaido, Una do Prelado, Ribeira abaixa e Piulú, Rio de Pirau- 
peva, Ribeira acima desde a barra d'alagoa da Porto da Ri- 
beira té o antigo registo, que findard no Sitio de Antonio Ma- 
noel, compreendendo os rios de Mununa, Pariqueras e Jacu- 

ja, em cuja divizão achdo-se coxas habitadas, Setecentos e 
trênto cínco, 

2º Pertencerá à este Distrito o Rio de Una desde o 
tio de Anna dos Passos, n'embocadura deste rio té seo confim, 
leçando ox Rios Rio Pequeno, Saptanduba, Ttimirim, Ttingusu, 
* Rio das Pedras, em cujo Districto comprehendo casas habita- 
das, Setenta é cinco=75, 

3º Pertencerá à esto Districto o Juqued, o qual princi 
piará sua divizão logo acima do Sítio de Antonio Manoel no 
antigo registo comprehendendo a Barro de Bon Vivo, e asim 

irá Ribeira acima té o Barra do Juqueã sujeitando o mes- 
mo Rio de Juquei, Quilombo, Juqueiguasá, São Lourenço, Ita- 

e os mais hairros destes rios em cujos limites existem ca- 
zes habitadas oitenta e huma=81. 

de Pertencerá d este Districto que principiará sua divizão 
da barra do Juquei Ribeira acima compreendendo os bairros 
da Jurumirim, Iepamirim, larangeiras, Soto Farras, Ribeirão 

h , Rapoza, Bananal do Saco, Primeira Hha, Tha 
Raza, Caiucanga, Abobral, Bananal pequeno, Cupuava, e Ilha 














qual rá desde ga do as Ee 
princi) no Sítio de 

dícto acima da Hha cr da e asim seguirá Ribeira acima 

sando a Prequesia e seo bairva, e a ão de Nic Vi 
suia, Taquaratim, Meninos, Bananal Ribeirão de Ta- 
query, Cutia, Serrinha, Jaguary, pri Fozendas, 

Ribeirão de Pedro Cubas, Ribeirão do Batatal, Cafezal, Caroni. 
ra das Cordas, Andre Lopes, França, Vopurindido, 

e Piloins, em cujo districto achão-se casas habitadas 
trinta é seis=150. 

Tendo por tanto em todos estes & dístrictos com) 
neste ato o numero de mil cento e trinta o quatro casas 
habitados, A Commnissão depois de apresentar o quadro da 
prmenis Gio: qua gola ain! abrem Gr 
affarece o Mappa junto pelo qual mostra ter mil e cento e trin- 
fr e quatro cazas habitadas e mil quatro centos e setenta o dois 
fogos, e a vista do numero de cazas e habitantes julga-se ha 
cosas suficientes para mais districtos elem dos divididos; porem, 
a Commissão querendo dar hum paço acertado, chamou o si fm 
dos os dedos que julgou precizos, e enfregondo-se as mais serias 

ns não encontrou mais limites onde pulesse colocar algum 
outro distrieto, alem dos divididos; pois não he estranho que em 
muitos bairros, huns sucessivos aos outros, não se encontra Eres 
sas suficientes para os empregos que a lei requer, e por 
tendo de recahir as nomeaçõens de Justiça de Pas em pie 
pessoas habitantes Vequelles lugares, em vez de abençoarem as 
novas instituçoins terião de amaldizerem, pois que a ignorancia 
faria romper nesses exceasos, e muito mais os recorrentes, que 
não itens quis os guiasse em suas dependencias, terião de 
sujeitar-se q boa ou má justiço, inda mesmo tendo o recurso da 
lei, e por ixso a Commissão achou mais ceertado chamar «ao pré 
meiro distrício maior numero de casas, não so como mais tê 
zinho, e por isso os habitantes com mais facilidade recorem- 






se as Authoridades quando dellas depemlem, como porque 
encontram todos os recurso que aspirão, o que não aconteceria 





de E tiairo pobres 










| 
] 





districtos fot dévi- 
quantos buirros, quan- 
le cada districto e a som- 
















— Sendo posto em discussão o parecer e o Mappa foi unani- 

memente » e deliberou a Camara se exty em copias 

“do parecer » do Mappa para ser remettido com oficio ao Exmo. 

P ta da Provincia,» 

- Relativamente à receita o despeza durante a administração 
Conselhos, anteriormente à promulgação da lei dos Munici- 
em 1828, ocha-se no archivo da Camara alguns livros, pe- 

» ainda quo estejam cm mau catado o em parte carco- 
consegui organizar uma lista compreendendo os annos 

1696 a 1828 inclusivé. (d) 175 






ue a exportação de Congonha ou Herva Mate prin- 
em 1724, sendo neste anno o primeiro lançamento no li- 










— 354 — 


vro da receita deste genero que durante 10 annos tornou-se 
fonte principal da receita do Conselho, 

Pelos termos da vareança verificamos que em 1734 foram. 
chamado concorrentes para o serviço da cobrança dos impostos 
correspondentes aos annos de 1735, 1796 e 1797, não havendo 
quem offsrecosso mais que 3728000 para o tormo dos tres annos, 
por cujo proço foi contactado. 

Em sã, na concorroncia aberta para o serviço durmnte os 
tres annos seguintes, a Camara não alcançou melhor oferta do 
que 3: ) 
No fim de 1741 o contrmetanto abandonou o serviço por 
enusa dos prejuizos o om 1744 a Camara contractou o serv) 
por espaço de um anno pelo preço de 858500, cujo preço foi 
elevado no nnno seguinte á quantia de 1208000. 

Dahi, durante alguns aunos o procurador da Camara era 
quem recêbin os impostos, como provain os assontos no livro da 
receita, 

Nos assentos do anno de 1752, em logar de parcellns de- 
elarando os nomes das pessoas que pagavam os impostos, en- 
contramos estos da forma seguinte: 


Por dee: Recebeu do contratador Alferes De Carnº 
Braga v prim* coortel dos Sucídios de coutró 
mezes como consta do Livro da Vereansias, com 

Se Say trinta o sete mil o dusentos e vinte 
AA PE DT ME CA PE aTas20 

Por dr que Recebeu do emtratador De Car 
Braga de dois coarteis dor Susídios de oyto 
mozes setenta à coctro mil coatro centos e co- 
renta e sinco Reis com que Se Say + vv TRAD.» 


Desta dnta em diante a cobrança dos impostos de gensros 
importados e nxportados er contractado, cujo systems contintom 
até 1776, anno em que o Procurador do Conselho tornou outra 
vez n cobral-os como anteriormente. 

Encontrei uma nota nos assentos do ano de 1794 que diz 


o seguinte : 
« Impostos, 


Chxaça do rio pataca e mega 
Caxaça de canna eruzado 
Vinho Cruzado 
Vinagre pataca 

a medida. » 


















livros dos termos da Vorcança da epoca comprehen- 

entre 1784 e 1776, verificamos que houve muitas reclama- 

to dn exorbitancia do imposto sobre aguardente, 

bem, durante o tempo em que os impostos eram cobrados 

contrnctantes o povo continundamento reclamava sobro a 
tiça com que os ditos contractantes faziam este serviço, 

No livro da Receiia e Despeza do anno de 1835 ha o se- 


« Observações as presentes contas. 


“Formão os fundos do rendimento desta Camara da Vila de 
os artigos seguintes debaixo da denominaçãode Subsidios: 


Por cada huma Pipa de aquardente de Cana. 


“Por cada hum Sacco de algodro qr feito qr vazios. 
Por cada hum dito do que leve 3 alqueires. 

cada hum Sexto de fumo independ! ou Saciedte, 
culta huma arroba de fumo de 8. Sebastião em Rollo, 
cada hum alqueire de Congonha ou Erva mate. 


Estes Subsiclion tem sido administrados por conta da Ca- 
ra é cobrados pela Procurador, Estarão em vigor por uzo é 
me desde a creação desta Villa, e provimentos dos antigos 
eres como se vê dos Livros dos Cumeras transuetas, e 
nte estão approvados pelo Conselho Geral, como se nã 
iro artigo das Posturas. Faz tambem fundos do ren 
do o imposto de Afiriçuins de pesos e medidas tanto de 
como de molhedos que remonta de mesma data. Finalmente 


7" 





— 358 — 


«es multas impostas por Leis e Posturas quando são 

cresce o mesmo rendimento. Villa de rir 13 de presiso: 
1835 — Jocquim Manoel Junqueira é Canto — Luiz Alvares da 
Silva — Joaquim de Souza Castro — Bernardo Antonio Neves — 
José Bonifacio de Andrade—Manvel Duarte de Cratro—Rafael 
Dias dos Reisa, 

A respeito dos Dizimos pagos ao Governo, encontrei notas. 
referentes nos annos de 1815, 1823, 1826 e 1827, que são os 
lançamentos das enzas que existiam naqueles annos na Villa de 
Iguape e frequezia de Xiririca. Nestes lançamentos das cazas 
constam o nome do proprietario, run é numero, valor locativo, 
dizima e com annotações dos que foram pagos. Por elles orga- 
nisei a seguinte tabella. 


VILLA DE IGUAPE 


Em 1815 existiam 270 casas, importando o dizimo em Bá 
» 1823 s 264 » » > » » 1748611 
99 


» 1826 o» 23 » , vo» Bi 
» 187 + OU , >» 17BS9IS 
FRECUBZIA DE XIRIRICA 
Em 1815 exitiam — 66 casas. importando o dizimo em 10792 
» 1826 o» “> > » o» > UgW5 
Gi 280 4 a bra , Do a 4d 


Percorrendo a lista da receita o despeza documento N. 
197 notar-se-á que no anno de 1701 não honvo receita alguma. 
e no livro competente existe o seguinto tormo! 

« dos Vinte e nove dias do mes de dezembro de mil e sete 
sentos e hum annos nesta Vílla de nossa senhora das Neves 
de Igoape nos Cazas do Comselho della prezentes os ofisiais Juiz 
e Vereadoros e procurador do CoÁvelho foi mandado a mim es- 
crivão fisece este termo de deClarasão em Como neste prezente 
uno ndo ou Verum  susídios nenhú mem Rendimento Algum 
nesta Camera q. se pudesso lanSar neste linro Como Consta no 
tiuro do adecVer estar esta Cozu do Codiselho douendo cs despa- 
sas do dº anno de q. fis este termo eu Pº Rois Pontes 0 eserivmyo 

No auno de 1714 a receita atingiu sómente 28200 e em 
1712 foi do 48160, A primeira vez que passou do cem mil 
réis foi no anno de 1736 o de 1814 para cá é que augmentom 
sensivelmente, 

Examinando as despezas feitas, verifica-se que durante 
muitos annos, uma das verbas mniores do conselho era a cam 
anda pelas festas. Com por exemplo, em 1699 (doc N, 177) o 








— 857 — 


peuas era 228840, ainda quo o procurador declara 
320, o desta quantia, em cera, enfoitas para à Igreja e 
gastarho og0DO. 1 mente em 1702, (doe N. 138 a 

, das quues, a quantia de 28640 








leitura dos livros antigos da receita e despesa pode- 
formar uma idea da vida economica dos Conselhos e o rigor 
ido pelos Corregedores a respeito de qualquer des] por 
É que não estivesse legalmente autorisada. 
“As despezas feitas com levar officios a Sho 
Paulo, a, ou outro ps ao do insignificantes que 
pareco impossivel poder-se ter conseguido uma que, por 
tal preço, so encarregusse desse serviço. E' verdade que naquell 
epoca o povo era escravo das autoridades que o obrigavam a 
4 e podia considorar-se feliz em receber o seu sustento, 
“que durante muitos annos não passou ulém de BO réis por dia; 
r ado me esusou admiração o encontrar o assento, que 
transcrevo, no livro da despeza do anno de 1755: 
« Por din” que despendeo por horden dos ditos af o Joam 
para Suslento no leva do Edital do Ministro es minas 
de, a none Sentus e Sesenta réis 
s despesas correspondentes aos amnos de 1750 a 1828 
* encontramos algumas vezes nssentos relativos nos mantimentos 
necidos pola Camara para os trabalhadores oecupados em 
concertos do caminho entro Conceição e Iguape, de cujas des- 
pesas, n maior quantia gasta num unno foi de 168000 no nuno 
le 1777 e consta do seguinte: 
«Por Dinheiro que despendeu para pagamento do Susten- 
dos trabalhadores, que por Ordem do Hlustrissimo e Excellen= 
O RRDE Genero) desta Capitariia dirigido ao Sorgento mor 
cisco José Monteiro da Villa de Pernague Se mandou Col 
o caminho do morro da Jurega, cujo gasto Se a 
Hequênto, para duas arobas e meia e trese livras de Tou- 
alqueires e quarta de feijam, hum alqueire de Sal, 
“Boy, oito alqueires A gi dez ponellas, síneo cestos 
de feijam e Sal, para a dita Jureya, e medida é 
de azeite para alumiar huns presos, que ludo aSima faz 
de dezaseis mil e Seis centos réis com que Se Cuy cuja 
a fizemos em comprimento da carta do nosso correg 
ada no Lº a fo 182, 
este nssonto' yorifica-so que o preço do mantimentos 
epoca era buratissimo, como igualmente o de cal para 
» que não passou além de 40 réis por alqueire, como 




































— 458 — 
gira diversos assentos, entre outros o seguinte do anno de 


« Por Dinheiro que despendeu por mandado para pagar 
dous mil, trezentos e trinta e cinco alqueires e meyo de Cal 
que Sa gastarão na obra da fonta nova, que todos emporiaram 
« quantia de noventa, e tres mil, quatro centos e vinte réis 

Durante muito tempo a Camara pagava no Corregedor da 
Comarca à quantia annual de vinte mil réis; porém, não 
averiguar a titulo de que fosse esto imposto. Ko termo lavrado 
em sessão da Camara do dia 15 de Julho de 1688, documento 
N. 179, ba referencia e este imposto, como tambem em diversos 
assentos no livro das despezas e em um outro termo lavrado 
no din 3h de Dezembro de 1700. (doe N. 180) 

Neste mesmo anno o Governador de Sho Paulo ofliciou 
Camara avisando-a de ter sido nomendo um Ouvidor geral para 
esta Capitania e intimando-a a mandar um representante a 3. 
Paulo para tratar dos ordenados Ens davia de ser pagos ao 

(e 





dito Ouvidor geral, Nesto oficio (doe N. 181) vyer-se-ha 
trata de estabelecer um ordenado, pago em comum por tos 
as Camaras, e, podemos julgar que da mesma forma tinha sido 
anteriormento estabelecido o imposto citado dos vinte mil réis 
annunes para o Corregedor, 

Os empregados de então trabalhavam quazi de graça, po- 
dita. genhRE ae qui Binin ia imultoa anca o] = Ata A 
de ordenado somente 38000 por nano, cujo ordenado combina 
com o direito estabelecido em 1692 como consta do documento 
N. 182. Porem, relativamente no ordenado do escrivão, que 
neste documento declara ser de 64000 por anno, encontramos 
nos assentos do mmno de 1702 (doe mn o seguinte; «Mais 
«a EsCrivão da Camera a Conta do Seu Salario dois mil réisço 
e, em I705 0 seguinte: «Assim mais Se deu o ordenado do ese 
Crinão da Camera que este feze SobesCrino Antonio Bois Ma- 
deira de hum Anno sinco mil réis 

Para o sustento dos “prezos pobres a Camara estava anto- 
torisada a despender até GO veis por dia, cuja quantia foi au- 
gatatida, por pedido da Camara feito em sessho do dia 9 de 

utubro de 1833, ú 100 reis. 

A respeito da receita e despeza do anno de 1828 ate costa 
data, não foi possivel organisar-se uma lista completa, por falta 
de alguns dos livros respectivos: 














Diversas notas historicas e costumes antigos 


Em epoca anterior ao anno de 1712, qualquer melhora- 
mento de que necessitava esta villa, sómente poderia ser feito 







— 859 — 


torização dos Corregedores e Ouvidores da com: 

de intermedinrios em todos 3 negocios Leoa entro 
os e o Governo: porem, no anno de 1719, começou 

n directa por ge desta villa perante o Go- 

o do São Paulo, por ordem como podemos verificar 

a carta seguinte: 

aM + 4 piedade E fraternal amor com q' Sua 
que Deus g.ºº tratão os pouos desta ComarCk e proCura 

18 aumentos e 




















A lades q RepreZentão ao mesmo 
a q todos se posam tratar e expor ao mesmo tempo fasso 

e VM auiZo po q" Logo chegão huca pessoa nobre deste pom 
ua a mais auturizado e disCrita q! winhão bem emformado de 
“tudo 0 q" for nessesario p* este efeito e Cual se ade achor 
sta Sídalo em 20 de Janeiro em Cujo dia se au de propor « 
negosios p* o q Vmt* lhe Jasão proCuraCão 

senado de q' tudo o q por ele for requerido 
asustado a fuuor desse Republica se terão por firme e 
q Vme nesta materia se ajam com 0 maior 
eruisso Deos « de ua Megie q" Deos ge bem a Com 
Deos gi a Vm mt aunos=Sam Paulo 14 de 
1712 annos— Servo de Vme  Sebastiom Galmão 












Camara para ir a São P E 
falta do livro respectivo dos termos da Vereança, como tam- 

n mesma razão, relativa à carta seguintos 
Mate q” Deus gi foi seruido mandar me Gouernar 
“esta Capitania de Sam Paulio que Deuídio do gouerno das Mi- 


notícia para saibam a onde rrecorer as portes 
o e para este efeito mandaram Vime rregistar esta 
mas Líuros da Camara desta Villa e depois q' arseeheram 
“hum de Vm a esta Cidade fallar me para que tenho ne- 
o Comonicar-lhe do seruiço Sua Magestade Deos gta 
Sam Paulo sinco de Sentembro de mil e sete sentos e 
e ha.— Rodrigues Cezar de Menezes — Senhores oficiais da 
da Villa do Jgoapper 
“Por muitos documentos existentes podemos verificar que 
nte o povo tinha certos costumes, que para nós hoje 










75 





— 860 — 






pr muito extravagantes. Para provar isto vejamos o st=. 
nte: h 
e «Termo de nerean ' 
ep tardia Mayo do dito anno de mil 
sete sentos e trinta annos nesta Villa de Iguape em a casa é 
pessos do Conselho della se ajuntarto or oficiais da Camera, 
Juiz ordinario Vereadores e procurador do conselho e por ella 
fui requerido que mandasem pasar quartel para que nenhãa 
pesva de qualquer calidade que seja não fação ranchos mem la 
var na Barra da Carahy, nem na Barra do Conapoly, nem do 
Rio de Piráque da Tlha, nem matam peixe com calhos nas di- 
tas paragens, só sim poderão matar peixe com redes nas ditas 
paragens mas não lauarão o peixe aly e o Ieuardo a lavar fora 1 
da paragen por não empedirem a entrar o peixe nos ditos rios 
para que se posão aproveitar todos os pobres; e outro sim man 
dasem pasar mandados para nas ditas paragens hauerdo homens 
nos ditos mandados para que empesão o lauarsse pei= 
ce nas ditas paragens com perna de que todo aquelle que se 
achar lavando peixe nas ditas paragens ou matando peixe com 
facho perder todo o peixe que delle se achar poçoido ser preso 
e da cadea pagar seis mil reis de condennação e os vis que 
asim O consentirem emcorrerão ma mesma penna as quaes pen= 
nas serdo ametade para quem acusar e a outra ametade para 
o conselho, o que visto pellos ditos oficiais da Camera, asim O 
mandarão faser por ser prol o bem comum de que m 
fazer este termo que asinarão E eu Christvdo Fernandes Es- 
erivão da Cam* que à escrivy.— Costa — Veras — Azevedo — Gra- 
ci Santosm. 
Termos semelhantes a este, ha muitos nos livros da Ca- 
mara, provando que durante aunos o povo itava que 
vando os peixes mortos nas barras dos rios, concorria para 
impedir a entrada dos vivos nos ditos rios. Esta creança es 
tava arraigada no espirito de homens entro os mais intelli- 
tes da localidade o que oceupavam cargos publicos como ja 
ou provado. 
no seria isto uma superstição transmittida de geração desde 
os primitivos habitantes--Índigenas ? ] 
Outra crença que, algumas vezes as autoridades procuravam 
eradicar da mente do povo era a denominada feitiçaria, cuja 
crença infelizmente indo tem “Seda adeptos n4 População deste 
muniei Por maia de uma vez foi tratado em sessão da Ca- 
mara este assumpto o postas em execução medidas energicas 
contra os intitulados curandeiros de feitiço, o que os obrigou 
durante algum tempo a se conservarem oceultos, para mais tarde 

















— JO 


inte indicação apresentada em sessão Er 
ke Julho do 1833: 

RUE) Gs ei ma 
dous individuos, falto de conheci- 








) Res psp di mais 
ERRO a uiemo porque obimaha cana do não Senhor tem emje- 
— Micitado os mizeraveis eredulos e de huma maneira tal adquerido 
ir 7 entre elles, a ponta de estabelecer sua residencia no Dis- 
de Paz de Una onde tem feito epoca depois de ter-se ex 
tabelecido na Encsada, ou Capara, e na barra da Ribeira, mais 
“temando-se da authoridade Policial deste Districto, asentou que 
só no Rio de Una fazia sua fellecidade, como de facto ali se acha, 
continuando na múis excandaloza, quanto infimo e ver; 
Deste escravo, Senhor Previdente, eu tinho hum vasto 
por conhecer a mais de quinse anno ; nunca ouvi, 
é nem nunca me contou, que fosse mais do que hum cavador de 
“terra, e por consequencia hum individuo sem arte, sem luzes, emttm 
ípio algum, sem que ao menos conheça a virtuds simples 
hi erva, nem mesmo pratica para aplicação dellas na 
leve doença caxeira, mais acentou que a vadiação mai 
“odos os vícios lhe era mais grato, e que porisso devia descu= 
hnia outra vida apropriada ao seo bel prasel ; erpalhou por- 
Z era curador de feitiços, cuja vos ectondou-se polos des- 




















que tudo acreditão, teve de ir fuzer sua residencia na 
da Ribeira, e ali foi ande acolhe hha grande porção de 
de quem se fes acreditar como curador, derramando a 













= 

















— 3682 — 


discordia entre familias a quem elle indegitava como factores « 
taes males, pondo as assim em hum totel abandano e : 
embre secos vizinhos sem outro socorro mais que as lagrimas. 
Outros muitos males Senhor President que longa seria de estro 


Juz uso pera as suas curas, e sendo emfim acossado 
authoridades desta Villa, passou ao districto de Una onde tem 
praticado as maiores barbaridades sem que o Juiz de Paz dam 
quello Districto desperte para reprimir; portanto indico que esta 
camara tome todas «us medidas que julgar convenientes para obstar 
hum mal de tão funebre consequencia. Paço da Camaro Muni= 
cipal onze de Julho de mil oitocentos « trinta e trez—Luis Al- 
vares da Silva, Sendo posta em discussão foi appromada e deli= 
berou «a Camara que se Oficiasse do Juis de Pos do Rio de Una, 
e mesmo no desta Vílla, e aa de Juquiá para que haja de inda- 
garem « constendo lhes que em seos Districtos existem pessoas 
com tac Oficios, digo pessoas que forem libortos, a a intitula- 
rem exrador de Peitico os processe nu furma da Lei, e os que 
forem capticos principalmente sobre o que versa « indicação, a 
Juiz de Paz respectivo “faça vir a sua prezença debaixo de Vara 
ao Senhor, e ahi o conitranja a axinar termo de jamais consentir 
o dito escravo sahir da sua caza, para fora, e nem nella mesma 
fazer applicação de remedio algum obrigando a desdizer-se que E 
não he Curador de Fuitiços 

O antigo costume de punir cortos crimes, expondo os eri= 
minosos no Pelourinho e castigando-os publicamente, conservou= 
se aqui até pouco tempo passado. Ta muitas pessons que me 
afirmam terem visto ao pé do antigo chafariz, existente no Largo 
da Misericordia, esto symbolo dos tempos barbaros, com entes 
bumanos seguros a ello durante dias o noites, sofrendo assim as 
muiores torturas. A ultima noticia que encontrei em documento 
é do nuno de 1833 e prova que até aquella data o logar do 
castigo era no pé da casa da Camara, no pateo da Igreja, sendo 

Jo neste auno no logar indicado por pessoas existentes. 
documento comprobntorio é a acta da Sessão da Camara do dis 
15 de Janeiro de 1833, onde consta 0 seguinte: 

«Forão interrompidos os trabalhos da Camara pelos gritos 
dolorosos de hum infeliz preto, sobre quem pesava o castigos 
Nesta ocenzião o Senhor Presidente propos de remover a 
onde devem ser castigados os Cupticos, para o fim de evitar o 
escandelo; visto que esta execução se pratica no meio da Villa, 


















o mais publico deila, habitado de familias muito de 
corpo dor nc pd a 


api de gente, e «o 
sofre q Moral Publica. Deliberon a 
mimidade de votos que Se removesse o lugar do 
Captivos para o mencionado lugar, alto da 
masmo se passa a urdenar ao Procurador desta 
collocar ali hum poste quadrado, em que lhe 
por duis Argoloins de ferro, Oficiando-se ao Juiz de Pas 
la mesma oceasm, participandi-lhe esta deliberação», 
Outro costumo, que folzmente desappareceu totalmente do 
nús, era a conservação de uma forca levantada nesta Villa, 
qual temos noticia por diversas vezes, nté o amno de 1828 
que este costume teve origem no nuno de 1718 em 
termo seguinte; 
vinto hi dias do mez de Junho do ano do nasi- 
moso Senhor «Jezu Cristo da era de mil e sete sentos e 
mesta villa de nosa Sra das neves de Igoape estando nella o 



















or Raphasl Pires Pardinho onidor geral o corregedor 
ade de Sam paulo « aua comarca pello dito Sr foi man- 
lo Leuantar forea Como ensínia de Justisa em que asistirão a 
fa exzeCusão o Juís ordinario e dos orfons o Caps Dionísio 
“fe! Lobo Com os mais ofisiais de Camora todos abaixo asigua- 
dos e se leuantou na paragem publica e mais conueniento pera 
exemplo dos mal feitures emCaregando ao proC'urador da Ce- 
nera é cor mais que ao diante vierem e susederem no dito Car 
o Cuidado de a edificar todas as veses que nesosario Fr a 
ta dos da dita Camera e Requerem deucsa se a Causa 
achar cortado «Bulida» uu fora de seu tuger, fazendo pren- 
“mo malfeitore Culpado na euxovia pe desta vila donde sara 
nado o ugreçor do tal delito nas penas que o ouidor geral 
gedor da Comarec quizer por aus sentença é lho parecer 
“ pie dara o dito proCurador Conta do tl Crime o 
e «Sim aCordarão em Camera mandarão fazer este 
o por mim tabelião do publico e Judimial e notas, De de 
Teia" que ao prezente e por ausencia do esCriudo da 
a 0 fiz esCreuy= Dionísio Frenso Lobo==Rofael Marques= 
o de Veras= Ante frzo x 
Creio que o costume de conservar uma foren levantada 
“villa foi abandonado em 1828, visto como nho consta cou- 
ma a respeito nos livros da Camara desde esta epoca á 





do anno de 1838, quando forum sentenciados à pena do morto 
dois escravos, constando do termo da sessão da Camara do dia 
20 de Abril deste nuno o seguinte; 

«Fui lido hum oficio de Bernardo Antonio Neves, Juiz Mus 
nicipal interino, datado de hoje, participando, que na forma da 
Portaria do Governo da Provincia tinha de fazor excoutar a 
Sentença do Jury deste Termo que condenou « pena de morte 
08 Reus Domingos e Monvel pelo crime de homisídio perpetra- 
do nos pessoas de seus senhores Bento Jose de Figueiredo, « 
sua mulher e filhos, o para cujo fim se fazia necessario que a 
Camara providencie mandar erigir hum patíbulo no lugar que 
julgar conveniente, assim tavbem nomear hum sacerdote que asis- 
ta cos Reos té o lugar do Suplicio, bem como nomear hãa pese 
soa que sirva de Carrasco. Entrando o objecto em discussão re= 
aolveo a Camara, quanto ao primeiro artigo, que fosso mareado 
o Pateo da mova Cadea para ali ser erigido o patibulo, euj 
obra o Fiscal deverá mandar fazer, concorrendo Procurador 
com a necessaria despesa: quanto ao Segundo que se Ofhicie co 
Reverendo Vigario para providenciar sobre o Sacerdote que deve 
asistir uquelle acto: quanto uy terceiro artigo sobre a nomeação 
de uma pessoa pare servir de Carrasco, que ficasse adiado, para 
no dia de amanha se decidir.» 

Relativamento nos crimos praticados nesta villa, oncontra- 
se nos livros de notas uma grande quantidade de escripturas, 
abrangendo um espaço de tempo superior a 50 annos, as quase 
provam o costume que havia dos prejudicados perdonrem nos 
criminosos por escriptura publica. Destas ditas escripturas copiei 
as seguintes: 

« Escritura de perdão q. da Teabel Barboza a Frans 
Bicudo — Saibam quantos este po Tnstrumto de perdão virem que 
no anno do naCimt de nosso Senhor Jesus Christo de amil e note 
Sentos e des Em os Vinte de Abril do dito anno nesta Villa de 
Nossa Senhora das Neves de Igoappe Em esta dita Villa mas pot 
aadas de Izabel Barboza Viuua donde Eu pº Tabalião ao diante 
nomeado e avignedo fui a sou chamado e sendo por ella me fui 
dito perante as testemunhas ao diante nomeados e asignados q. 
por quanto auera quer quatro annos pouco mois ou menos q. 
mesta Ve Se matou o seu marido Pedro Vieira de Souza que Deos 
aia em gloria da qual morte denunçiara q. Frant* Biendo era 
Cul; ma dita morte e que pela morte e paíxão de Nosso 
5º Jezus Christo e porq. queira perdoar a clma do déto defunto 
seo marido Pedro Vicirs e a sua quando la for que por esta 
presente esCritura em a melhor forma e uia que podia perdoara 
Como Com efeito perdoou ao dito Frans Bicudo a morte do dita 


























imento de Aguiar », 
e sOritura de perdão que da Caterina Maciel a Breu grs” 
Je Ps Nunes e France da Cunha e nos mais culpados na morte 
“deseo Marido. Saibam q! Este pº Instrumt de EsUritura de 
virem que no anno do nacim! de Nosso Senhor «Jexus 
do de mil e selesentos e dezoito Em ox os tre dias do mes 
-Nouembro do dito enno em esta Villa do nossa Sra das Neues 
Igoappe Capia de nossa Senhora da Comsepção esta da Bra 
— em as pousadas de mim Tem ao deante nomeado apareseu 
Caterina Maciel Víuna que jicou de Joto do Cunha 







de farias e sua molher Eva 
em dinersas denunçiaçoins e que pella morte e paixão 

mosso Sr Jesu Christo e porque queria perdoace a alma do dito 
lefunto seo marido e della qt desta uúda partir e asim e pf sem 
que por este prezente esCriptura e na melhor forma de dirt 
foda perdoaua Como Com esse Logo perdoou desta dia 
sempre ao dilo Capptem Bertolomeu frz de farias e a 

a Front da Cunha e 0 L$º Pro Nunes a morte do dito 

à e à todos os mais Culpados na dita morte por saber 
estão ignoCentes e toda e qualquer Culpa que por ra- 

a podia ser dado o q. da quarella e denhiçiação 
6 aClneação q. contra elles se fiz se apartam Coma defeito 
a Sua Magé que Deus guarde tudo o direito e 

















— 366 — 







demumpçiação que contra elles e seus bens tinha de tudo se 
taua deste dia p* todo sempre que se obrigaua Como defe 
obrigon por sua pessoa e Bens a não hir nem uir 

esta ext 






deira tm o eseruy—Crus do 

Caterina Maciel Mant tetoro — Me Sardinha, 

« Termo de perdem q. da Sebastiana Furtada a j 

de luas pancados—dos tres dias dias do mes de Nouembro de 

mil e Sete Sentos e Corenta e tres annos nesta Vê de Tg My 

apareCem Prozento Sebastiana Furtada em presenCa do Juiz ore 
in Monoel Frz Sardinha ahy pela queixosa Sebaxtiana Purtada 

foi requerido e mt vir em Juizo a EsColastica e foi tirada da 

Cade e ahy em prezença do Juiz a perdam Sebastiana Enrtada 

a esColastica pe nenhum tempo poder io fia panCadas 






em Juizo nom fora dello e pº firmeza de tudo foi mto vip eu ese 
Crivito pº efeito de der o perdam e por ella foi dado de que de 
tudo pe Constar mm q dito Juiz fazer este termo q. o dº Juiz 
eSignou e a de parte + en Franco Xabier Podrozo esCrivão 
o enCruy— Met fre Sardinha Cruz e Signal de Sebaste + 
tade 













Relativamente às moédas em cirenlação no fim do seculo 
dezeseto, nchei n'um livro do Registros da Camara Municipal o 
seguinte traslado de uma ordem dada pelo Rei Dom Pedro em 
1691: 

e Trestado da ordem do gonerwe g! q. for paçada em nome 
de Sua Mogtt Cuio tor he o seguinte— Antonio glz da Cama 
Coitinho do conSelho cel Rey mer! comendado das comendas de 
São Miguel de bobadella, de minsa São Salumdor da matdrio al 
motacel mor do Reino gonernador geral do Brasil eteo pr qe Sum 
Magestada Se Seruro passar elvara Sob do Cuto theor ha o Segte— á 
Dom Pe graças de Deos Rey de portugal algarue da que de 
tem mar em africa Srde guine e da comquista de nauegação 
Comerçio thiopia erahia persia e da India. etes pr qt auends ctim | 
mandado considerando 0x graues emconenientes q. Resultaudo as 
Beins e comquistas de ndo ser igual em todas as partes à moeda: | 
e acendendo com toda a circompenção q. devo ao bem unibersal 
de meus naxalos fuj seruido Iesolner quo asenta da mintein qu 
mesta cúlado card sob 0 aleuantamento da moeda pe di 
nullo o de nembum efeito emtendendose o ualor della a Respo do 

«tinha no Reino e não da maioria com q. coria neste estado 
Rem Tegolidade e ser presiso q. so as moedas miudas e 
Corro p preço serto e esim p se obitar a bem das compras e 











— 367 — 


E CE dd DO Aa aq 
compras múudas q. pe cabedal hey por q. as 
uinteins im meste estado a quatro as de quatro a sínco 
sinco a seix o as que ainda ha do seis uinteins a oito o ax 
q. entigamt foram tostoins e q. tinha marca de sento e 
a reis a dois tostois e para as moedas da futura nona 
neste estado ter mais preço q. aquelas q. correm no 
E porque isperiencia mostrou que as modas da fabrica 
tostais é duzentos e sincoenta reis q. se manda- 
correr q tres e a seis lostuis ndo tendo obitio de serta era 
ultozo uisinelmto Se auiam tido algo terteio mandoi declarar 
p iditais q. tanto q. e moeda de sinco tontois tem em oiro e fio 
de seis oitanos q. da mesma sorte chegaçem «o peso de sei 
eligo que chegacem ao pezo de trez oitauas e combem q. 
“e pratique tambem neste estado q. se ebitem uzar com 
e verdadeiras alquas moedas deste genero tendose se a dar é 
correndo a moeda por sem uisto « ser causador de perigos e 
os de terseiros de q. Jeusultara contentarse o Comerção com 
“amais mertosa em beneficio cumun de todos meus usalos ayim de 
sa moedas tenham o mesmo ualor nas eis Dea q. no Reino 
ode a de dose nínteins exclusine p* aima de descembe e asim 
ate em deante nesta cidade e em todas as Cuppitanias e do 
pelo que pezão oiro e flo em mosa moeda aos que não 
a moeda corrente que nelle aera logo em resultado e 
não ser Justo que fique nº aluredio dos ourives faço o que devo 
“ter o oiro e prata que cabirem não se auendo os pezos que come 
pares estes metnis a preço que combem tem do valor intrinsiquo 
“da sua lei o oiro que me lavrar era de vinto quilates e meio que 
a vitava a mil e quatro sentos Reis a onça a onze 
duzentos Reis o marco de iotenta q nove mil e seissentos 
e ax moedas do fibrica nova correm e quatro mil eotioseutos 
«8 meas moedas a dois mil à quatrogentos Reis e as quartas 
e dusentos Reis e e preta lebrada tera delei den dinheiros 





























« prata sem exceiçam de alguma de qualquer fabrica que 
ficam sendo terteadas proibidas e comprendidas nas dispuzi- 
e penas das leis que sob esta materia ne tem publicado « que 

te xe não entendera nas moedas meas moedas « quartos de 
das fabricas antigas pataquos mecs pataquos Reoles dobrado 
que se ha mendado correr a peso na forma desta Le 
es della emeorreram. nas penas estabolecidas nay leia 
o he ultimamente por ser « dita ley fundada na utilidade 
em beneficio de meus Reinos e vacalos pare aliviar do 



















— 368 — 


cm ellas lhe pode Resultar e não pode terem todos o. 
ta efeito continuamente com que fui servido mandalla esp 
eir sem estas leys por bem delas as que todas as dividas contra 


se depois della se contraisem e no lierasem sem eram 
dos devedores para que csim se chitem as percaçois 
demandas que se podem se ouver sob a respeitaçom da mesma 
ley se asim se não declarar mando ao Doutor Manoel 
de Sa fidalgo de minha cosa chanceler da Relaçam dos estado frço 
publicar e faça goardar pontualmtesta lej cuia: observancia comem 
sora a ter efeito do dia em que foi publicada Sem embargos da 
ordenação em contrario L n.º 20 8 10 e pq. sua notoriedade 
se Registara nos livros do estado e deée della a q, vem feita 
mesta do Salvador Bahia de lodos os Santos em os tres de Junho 
emno de mil e seis sentos e noventa e hum Bernardo usira Ram 
dasco fiz escrever = Ant.* Luiz gls da comera coitinho - e por 
que sé tem já publicado na chancelaria p.* mais largam, ge 
terem tendido no Povo a forma da mesma ley mandei patar o 
presente edital Sob meu sinal somente o qui se Registara nos 
livros da Ceeretaria do estado com ella inserta e se fichara no 
lugar da praça ilesta Cidade e «a Copia delta firmada pelo 
Cecretario do estado no Ingar mais publico da parça dele — 
Menoel Rogeiro q fiz nesta Cidade de Salvador Bahia de todas 
os Santos em os des dias do mez de Junho anno mil é seissentos 
e noventa e há = Bernardo veira Rabasco 0 fez escrater=Ant& 
Lutz gle da camera Coitinho-os edital q' vosa Sinhoria teve p, 
on reias: mor ooo ey de fa AM ou pe 
moerla-— Registada a folhas sincoeuta para nosa Sinhoria ver —— 
Registada « folha sincoenta ete* o qual treslado de ordem atraz 
e asim contenda eu Miguel fr" Bicudo esçrivdo da Camara o 
tresladei do proprio original ao" me Reporto em os quatro dias 
do mes de Agosto de mil e seis sentos e noventa e dois ennos— 
fica Registada no lwro do Regista da Camara a folhas sincoenta 
quatro athe sincoonta e sinco por mim escrivão da Camara — 
Miguel fr" Bicudo». 

Em 1699, estava sendo recolhida a moeda velha e substi- 
tuida Vo nova, como podemos verificar pelos traslados seguintes ; 

«Treslados de hua ordem do Senhor Arthur de eme 
mezes governador ql euio lheur he o seguintes 

Hu carta eserivi a Uns ha tempos em que lhes emformava 
mandasse 0 seu din à casa da moeda e esta cidada pa se comer 
terem moeda nova provincial como Sua Mage q! Dous gi mana 
dou veio q" athe aqui não tem surtido menhh efeito este Avizo q 
«q sinto muito pello prejuizo q" ao depuis ham de ter todos eseg 





— 870 — 


oleas serão Custigados Em assim me parecer Justiça e fiquem 
emtendidos q o do q não for a Casa da moeda não ficará tendo 
nenhu Valor em nenhum tempo e Como de prá está pe hér 
dre de são Peullo é desta Ve pº o Rio de Janeiro podem Vis 
mandor se lhes parecer nesta oCasião tudo qto les for possivel 
porq vera Com mº brevidade porq deixeis ordenado q 

dlro pronto pe q chegando esto ve troque e o treslado desta minha 
Carta mendará Vms pº todas es Villas da Sua Cappitania pe q 
da mesma sorte fução a diligencia Como a Vas lhe ordeno e sera 
Com toda a brevidade pº q possais aleançara embarceçais E Ler? 
q evo sobredito==g Deos gi a Vms muitos annos Santos desoito 
de outubro de mil seis sentos e noventa e nove anuos=Artur de 
sa e menezes=para 08 Juizes e mais affteiaes da Cameca da Vê 
de nossa senhora das Neves de Iguape.» 

«Treslado de outra ordem do Sr governador Artur de ga o 
Menezes euio thior he o seguinte: 

Artur De sa e Menezes do conselho de Sua Magt governa 
dor Cappr geral do Rio de Janeiro e São Visente e São Peulo 
E des mais capitanias do Sul com Jurisdição amplicima Co- 
mendador das Comendas de São Pedro de Tolgozinho da ordem 
de Christo e Ssante Maria, Por ser «a moeda hua dus base q. 
Sustenta 08 monarquios e q. asim fazem formidaueis com a fal. 
ta della o q. as akuine e como o cuidado e fim de Sua Maqée 
he angmt dos seus Vassalos por ente cousa mandon « casa da 
moeda do estado do Brasil tanto a custo de Sua Real fanda 
pºebitar a mã calídade do dr q. estava entrodusíndo neste es- 
tado e por me ter chogado a nolísia q. nesta mudansa da moeda 
alguas pessoas a reculhia asim pera mandaram desfazer em pra- 
ta lobrada Sem atenderem o Crime em q. Emcorrem não pre- 
nendo o dano q. fazem a Sua Patria ordeno e mando q ne- 
nhua pessoa do qualquer calidade estado ou condisão q. sejãy 
possão desfazer ou mandar desfazer moeda corrente ou uelha 
com Cominação de q. quem o contrario fizer ficarão emeurso 
nas penas q. dispom «lei q. são des annos degredado pe o 
dto fica comfiscado metade de sua fazenda hua parto pê o consa- 
dor e a outra parte pera a fazenda Real c deste procedêmts hoi- 
de mandar tirar denassa no tempo q. me parecer mais ComVe- 
miente pe q. sejão Castigados 08 Culpados com toda « seusriada- 
de e pera q. choque à notisia de todos estes se lanço a tom de 
Caixas Registando-sse nos liuros de SeOretaria e honde mais 
tocar e se fichard na parte Custumada dado nesta Villa de Santos 
Aos dezenove dias do mez de outubro de mil e seis sentos e no- 
uenta » noue-o Selretario Joseph Rabello Perdigão o escreuy-— 
Artur de sa e Menezes», 


dd 


— 31 — 





Percorrendo os livros da Camara e comparando o compor- 
“tamento das auctoridades destes ultimos cem anos com o dus do 
tempo anterior, é impossivel não sentir-se uma impressão des- 
lavol. Parece que os antigos se compenetrayam melhor dos 
deveres de seus cnrgos, e, si bem que bastante nutocratas, não 
«deixavam de cumprir com us obrigações que contrabian pelo 
logar que oceupavam. Si por doença ou outra qualquer razão não 
otima comparecer às sessõ0s, ofliciavam explicando os motivos 
sua ausencia. Si tal não fizessem, nho so livravam de serem 
multados, como está provado pelo termo de vereança do dia 15 
de Agosto de 1734, quando o vereador Manoel Francisco Sar- 
dinha foi multado na pena estabelecida do «hum tostdis por 
faltar à sessão daquelle dia, Súmente de 1785 para cá é que as 
ametoridades tornaram-se, como algumas vezes se observa, bas- 
tanto rolaxadas, como provam os netos das sessões, rogistros da 
correspondencia, termos lavrados pelos Ouvidores gernes, ete. 
ano de 1787, em virtude de alguns dos vercadores 
ausentaram-se da villa, o Ouvidor geral na sun visita durante 
o mez de Agosto, deixou cseripto no livro das vereanças o ter- 
mo nte 

Visto em Correm de 1787 Os Juizes e mais Oficiaes da 
Camara, q. ucabdu, devem servir de Almotaces no Seguinte enmo, 
de cujo Cargo não se pole elles exêmir, e menos podem ser dis- 
pengados senão plo Corregedor da Com com conhocimto do 
eauza, por serem Almotaces foitos emediatos pela Leis e no por 
eleição dos mesmos Oficinas da Camara, Não deve Oficial ul= 
quam desemparar o Seu lugar, e sair po fóra do termo de Villa 
sem legitima tico do seu Superior, pena ide se lhe dar em Culpa: 
"Daobem não deve faltar us Vercanços mem leg? empedimento sob 
pena de ser multado ma fre da Leio Fiquem pois de tudo ad- 
ertidos pr lhes não desculpar « iguoroncia—Rendons. 

Houve outra vez censura da parte do Uuvidor no nuno de 
1804, em virtude de os vereadores não fuzerem as sessões nos 
dins marcados, como se vê pelo seguinte: 

«Vit em Corrm de JSOL, Devem os Autos de Conferencia 
da Samara Ser Celabrados nos dias decretados pela Ley que são 
mos quartos e sabados de cada Semane, Nos mn Aumto pum 
blicos e particulares em que Se flor nos Offcices da Camera, 
que tem Servido, deve nzar-se pt com eltes da espreção do—ho- 
mens que tem Servido os Cargos da Governança desta Va — por 
ser o nome que e Ley lhes dá; é abolido absolutam! pe deles 
se uzar a palavra Republicanos —a que he Bem impropria do 
Estado Monarchico, que temos a fortuna de sermos governado 
por elle, por Ser o mais perfeito é o quo maes Se aparrelha «o 























— sT2 — 


Divino. Tudo o referido Se observe Com a pena de Culpa, cos 
eg” do Camara e Estem obrando o contrario, Procede os afi- 
ciaes da Camera Sem demora em marcar o encanar a agoa da 

se 


Por diversas vezes houve indicações apresentadas, com o 
fim de tratar da conservação dos livros e documentos 
centes á municipalidade; porém, nenhuma destas chegou no fim 
desejado pelo seu untor, À penultima destas indienções que en- 
contrei foi feita em sessão do din 19 de Abril de 1847, cons- 
tando da forma seguinte : 


«Sur Vereador Camargo fez a seguinte indicação: Snrs, 
Não he por nos desconhecido o estado em que se achão os Livros 
desta Camara, pois que tendo passado pelas mãos de varias Em- 
pregados, a Cargo de quem tem estado os papeis e documentos da 
mesma, forçoso he dizer que descuidarão-se em conservalos em 
boa guarda, para delles tirar-mos o que conviesse d nossa hig= 
toria, e para poderemos pugnar pelos direitos de propriedade 
desta Camara; acontece que varios destes Livros e documentos 
desaparecerão enja falta nos agora lastimamos, e os que existem. 
achdo=se em tis mau estado que brecemente se tornarão sem ser 
ventia. Indico portanto para we mandar encadernar todos aquel= 
les Livros, mendando-se egualmente fazer hum Armario 
para o árchivo da Camara, aplicando-se a quantia de 0000 
para o dito fim. Puço da Camara Muuicipal de Iguape 19 de 
Abril de 1847. Camargo Jose. Foi a Comissão de contas. 

Nesta Commissão de contas ficou, nada constando mais a 
xvespeito do nrchivo nté a sessão do dia 13 de Janeiro do 1862, 
quando José Joaquim Egas apresentou n seguinto indicação: 

«Indico que esta Camara nomeie de seus mombros uma Com- 
missão para com w Secretario passar a examinar é balancear o 
archico della, tomando ox devidos apontamentos com 
ção de todos os livros, papeis, leis, bens e todos 08 trastes que a 
mesma pertence, afim de que tudo fique descripto e dsbaixo da 
responsabilidade de quem competir. Sala das Sessões da Camara 
13 de Janeiro de 1862 Egas— Sendo epprovada a Camara no- 
meiou cus Senhores Egas e Vaz kerreira para membros da Com- 
missão indicada», 





= 373 — 










“Nas investigações que fiz com cuidado a respeito, nada en- 
contrei que so referisse a qualquer solução dada por esta com 
Até o anno de 1828, no fim de cndn anno os procuradores 
da Camara lançavam nos livros competentes uma lista dos obje- 

pertencentes a mesma, e na neta da sessão do dia 4 de Ja- 
meiro do 1845, consta os livros que foram entregues pelo ex- 
eserivão da Camara, Manoel Joaquim Martius a Antonio Martins 
de Castro, que nesse dia entrou em serviço como escrivão, 
Consta dessa liata 08 seguintes: 


« & livros de Vereança 


n 
declarações do extrangeiros 
Provimento 

Posturas 

Registros de cartas de datas 


Contas 
o de 1º de Outubro de 1828 
ia 


a 
Posse dos empregados 
Fiança Edi 
Aferições 
mas 
Crianças expostas 
Memorias 
, Arrematações 
A planta da nova Cadea e dirersos papeis,» 


Dos livros constantes da lista acima falta-nos hoja diversos, 
«8, entra ellos, um dos actos de vereança ou das sessões da Ca- 
“amaro, sendo quo os que existem actualmente no archivo abran- 

t gem 0s annos seguintes ; 


Livro que servio de 1675 à 1692 

” , » o» 1729» 1749 
1749 +» 1759 
1776 » 1789 
1788 » 1800 


des miss Bbos vtd d 


mummwwrS= Fam nm 





1 
1 
al 
1 
1 
1 
1 
1 
1 


vevuses 
vuvvsur 
unusuvu 


1891 » 1894 


= STA 


1 > > » » 1836 > 1838 
1 » > . » 1838 > 1834 
1 > > »  » 1839 » 1842 
10 do » 18422 1845 


Fica assim provado que dos livros entregues em 1845 falta 
nos nm dos 14 citados; porem, por esta lista verificamos que 
faltam os dos annos seguintes, 


Os anteriores ao anno de 1675; 
De 1692 ú 1729 ou de 27 annos; 
De 1759 á 17 ou de 17 annos; 
Do 188t ú 1836 ou do 2 anos; 





Este ultimo livro, parece-me devia ter sido entregue em 
1845, visto tur sido eseripto pelo proprio Manoel Joaquim Mar- 
tins que serviu de escrivão de Camara do 1828 ató n data om 
que entrou Antonio Martins do Castro; portanto, devemos jul- 
gar que os que faltam do tempo anterior uo de 1776 nho existiam. 
mo arehivo da Camara em 1845. 

Em 1728, em data de 29 de Janeiro, o Governador de Sho 
Paulo Rodrigues Cezar de Menezes, mandou um officio pedindo 
notícias dos Archivos e Cartorios desta villa, para serem man= 
dadas à Academin Real Portugueza; porem. nada pudemos saber 
sobra o que deveriam conter taes noticias e nem si foram re- 
mettidas ou não. 

Em data de 15 de Março de 1845 o Presidento da Provin= 
eia mandou à Camara de Izuape a seguinte carta ; 

« Determinando Sua Magestulo o Imperador por Avizos 
expedidos pela Secretaria dos Negocios do Imperio, em data de 
9 de Março e HU de Decembro de IS44 que sendo necessario 
providenciar para que os Documentos que podem interessar a 
nossa Historia. e que se acham desseminados pelas diversas Re- 

ii day Provincias não desappareçam ou completamente se 
inutitizem por falta de cuidado, que se faz êndispensavel para a 
sua conservação, esta Presidencia remetta d mesma Secretaria de 
Estado todas aqueltos de que tractam às $$ 3, 6 e 8 do Artigo 
6 do Regulamento Nº 2 do 2 de Jeneiro de 1898, e que exis= 
tem no Archivo des Providencias pertencentes ao Govérmo, e 
procure com destelo obter tambem aqueles que existirem nos de 
quaesquer Corporeções, e cinda mesmo em mãos de particulares, 
ontendendo-se pare isso com ds respecticos possuidores, que sem 
duvida não os deixarão de prestar, sendo pela mesma Presiden= 
cia convenientemente selicitutas, e fim de serem taes documentos 











— 576 — 


recolhidos no Archivo Publico do Imperio, O Presidente da Pro 
réncio recommenda d Camara Municipal da Ville de Iguape, 
para que prescrutando o Archivo de sua Repartição, c fusendo 
selecção dos documentos que julgar podem interessar u nossa 
Historia, 08 transmita a esta Prezidencia, esperando que igual» 
mente solicitará de mãos de particulares aquelles de que tiver 
núticia existem em taes mãos; afim de terem o destino ordenado 
nos citados Avizos, Palacio do Governo de São Paulo, 15 de 
Março de 18º Manuel de Fonseca Lima e Silca.» 

Em 9 de Maio de 1856 o Governo pediu copia autentica 
das inseripções nas Igrejas, ete; porém, paroco que a unica so- 
lução que tevo esto pedido, como os anteriores, foi a nomeação 
de uma commissão para tratar do assumpto, visto como não consta 
coisa algnma posteriormente n este respeito nos livros da Camara. 

Não podemos negar que ha muitas lacunas na escripturação 
das Camaras passadas; mas no mesmo tempo, não devemos julgar 

ue assumptos de tanta importancia tivessem solução sem que 

a fizessem constar nas netas das sessões em que forem resol- 
vidos. E! verdade que existem nos livros de Registros copias 
de Officios romettidos pela Camara e de cujos Oficios não so faz 
menção no livro das actas das sessões; como igualmento nestas 
ba referencia de Offcios que não forem registrados. Em vista 
disso não podemos afirmar que não fossem remettidos no Govor- 
no alguns documentos ou livros; porém. si assim fizeram, sem 
constar a remessa de qualquer forma, as autoridades de então 
são merecedoras da maior censura, 

Seria um neto louyavel quo as autoridades competentes man- 
dassem examinar todos livros e papeis existentes nos archivos 

pessou habilitada, para escolher aquelles documentos qu 
contem materia de valor historico, e, depois mandassem imprimir 
estos, para assim conserval-os para o uso dos vindouros. Ha 
diversos documentos entre aquelles dos qunes mo utilisci neste 
estudo, que, não sendo 4rátndo devidamente, em pouco tempo fi- 
enrão em estado de não poderem ser mais aproveitados, e ereio 
que ainda existem muitos no Caxtorio que são de grando valor, 
porém, depende de tempo para examinal-os com a necessaria 
attenção e cuidado, 

Concluindo ngora esta pequena obra, não deixarei de pro- 
curar no futuro reunir quaesquer documentos que possam derra- 
mar Ju sobre o passado deste municipio, que, pela sun posição 
e riqueza natural, está destinado a oceupnr posição saliente na 
historia futura do Brazil, 














Esso Gintmeame Youx, 


Às abelhas socices do Brasil 6 suas denominações topis 


rom 


H. VON IHERING 


As abelhas socines indigenas do Brasil pertecem à familia 
das Meliponidas, que se distingue das Apidas pela falta de ferrão 
sines secreção da cera, que se dá nos segmentos dorses do 
abdomem nas Meliponidas, nos segmentos vontraes nas Apidas, 
das quaos o representante mais conhecido é a Apis mellefica La 
a abelha da Europa, importada tambem no Brasil ba muito tem 

Si a vida da Apis é muito bem conhecida, bem pouco 55! 
se até agóra da biologia das Meliponidas. 

A preencher esta lacana é destinado um estudo meu come- 
quado ha 22 annos no Rio Grande do Sul e concluido no amo 
passado. 

No correr dosse estudo sempre liguei grande nttenção nos 
nomes indigeuas das abelhas e à explicação otymologica d'estas 
denominações. 

Foisme de grande utilidade n'este sentido um manuscripto 
que me ofiercceu o ilustre Sr, Lafayotte de Toledo, nosso con 
socio, que nelle reúniu, do modo maia completo que lho foi pos- 
sível, os dados referentes ás nossas abelhas, às vespas e nos seus 
nomes, Jnlguei por algum tempo que me seria possivel ajuntar 
no manuseripto os nomes scientificos das especies discutidas, mas 
não o consegni o, acredito que scrá conveniente publicar o ma- 
nuscripto—tal qual é—, visto que muito tempo passará nté que 
seja possivel reunir por todo o Brasil dados semelhantes nos que 
agora temos para o Estado de S. Paulo. 

Já toquei deste modo a maior dificuldade que se oppõe ao 
progresso do estudos desta ordém: a inseifisioncia de neqsoa is 
nhecimentos aetunes da fauna do Brasil no sentido roologico tão 
bem como no biologivo, 

Outra grande dificuldade consiste na orthograpbia incorta 
dos nomes tupis. 














A mesma abelha é denominada em diversas localidados— 
mandari, mandorim, mondori e munduri—o n abelha tujuva, so 
apresenta tambem sob as denominações de—teubc e teúva. Estas 
variações dão lugar 1 grande numero de etymologins. Recorri 
meste sentido no nuxilio de diversos especinlistas dos mais com- 
| elo como o Dr. Julio Platemann em Leipzig e nos nossos 

eonsocios Dr. Theodoro Sampaio e (sl. Jorge Maia. Peço 
& todos estes distinctos collegas acceitarem a expressão do meu 
sincero reconhecimento. Não obstante estes valiosos auxílios, por 
muito tompo não fiz progresso n'esto estudos,e a ultima vez que 
o Dr, Theodoro Sampaio commigo conversou sobre o assumpto, 
achou-me desanimado é disposto a não proseguir na tarefa. Si 
afinal venci a maior parte das difienidades, o devo a duas exel= 
lentes obras, ao Diccioxanio Axoxmo DE PraTamexs, edição de 
1891, e ao Vocanucario px Bartista CanTANO DE ALMEIDA 
Nocuxina (Annaes da Bibliotheca Nacional, Rio de Juneiro 1879). 

Acompanho perfeitamente as palavras elogiosas pelas quars o 
Sar, Platamann ao a minha attenção no exellente diceronario 

Nogueira. 

Já a explicação dos nomes geographicos provenientes do Tupi 
tem encontrado grandes dificuldades provenientes do organismo da 
Ee tupi; para a fds dos nomes dos animaes estas difi- 

lades augmentam de um modo assustador, o passo que as deno- 
minações geographicas na maior parte são indiferentes, podendo 
Tepetir-se em outras localidades, os nomes soologicos estão 
intimamente ligados com os caracteres organicos e biologicos dos 
Animncs a que se referem. 

A stymologin por conseguinte muitas vezes exige conhecimentos 
exaetos da vida dos respectivos animues e estos conhecimentos em 
muitos casos nem temos, nem pela litteratura os podemos obter, 

O indigeno do Brasil era admiravel na observação da natu- 
rezo e muitos factos lhe eram familiares que & sciencia ainda 

são desconhecidos. A prova desta afirmação fornecerá n 
seguinte exposição, cujo fim é ilustrar no lho da lingua topy 
os conhecimentos que o indigena teve da biologia do nossas abe- 
Thas sociues. 

No interesso da seguinte disenssão preciso dar em primeiro 
ulgumas informações sobre a biologia das Meliponidas, 

Temos n distinguir os dois genoros Metiroxa e Trigosa. O 
primeiro pc encerra em geral as especies maiores, cujas azas 
em comprimento nho excedem o abdomen; «ão de bellas córes, 
todas mansas e produzem excellente mel. As especies de Tri- 
GOxA, no contrário, tem as azas mais compridas que o corpo e 
são na maior parte do tamanho de uma mosca, sendo algumas 








— 818 — 


especies do tamanho dos menores mosquitos. No seu modo de 
viver ns especies do TriGosA divergem muito entre si, sendo 
parte dellas mansns, no passo quo outras, denominadas fores 
cubellos, são bravas, atacando o homem, entrando nos cabellos, na 
vista, ete. e mordendo. Uma especio, a 'TrIGOSA CAGA-POGO (2) 
larga um liquido enustico que na pello queima como fogo. 

Pareco que a natureza commetteu um erro deixando ficar 
rudimentar o ferrão, vendo-se mais tarde obrigada a munir a 
abelha de novos meios de defesa. 

Os ninhos destas abelhas, cortiços, são cm geral colocados 
om localidades bom abrigadas, especislmente em arvoros deass 
mas ha abelhas tambem que constróem o seu ninho no chão o 
outras que os fazem livres em arvores ou arbustos, semelhante- 
mente aos enpins das Tormitidas. 

Considerando como typo o ninho feito om páu deco, podemos 
dar a seguinte descripção. Uma chapa borizontal construida de 
barro nas Mitavoxas, de eêra e breu ras Tricoxas, separa tanto 
em cima como em baixo o ninho do resto dn cavidade da arvore, 
Esta chapa divisoria é denominada pelos enipiras batumen, 

A entrada do ninho representa em geral um buraco pequeno, 
no aneio de uma chapa de etra ou de argila. 

Em varias especies de Trigona a entrada prolonga-se num 
tubo de côra que de noite é fechado na extremidado. [sto so dá 
com a jatuhy e outras especies mansus, no passo que os tubos 
largos dos force-enhellos se conservam sempro abertos. 

O centro do ninho ocenpa a eria, acondicionada em favas 
horixontnes e que por fóra são circumdados por delicadas mem- 
branas de cêra, que formam o envóluero. 

O resto du cavidade é ocenpado pelos potes de cêra, que 
contêm em parte mel o em parte a samóra. 

Esta ultima palavra bem conhecida entre os caipiras e que 
não devo ser confundida com salmoura, referem-se ao pollen que as 
abelhas buscam nas flóres e que úsua progenitura serve de mutri= 
mento, As cellulas, das quaes se compoem o favo, ficam providas 
de pollen misturado com um pouco de mel o, depois que a rainha 
nellas depositou o seu oyo, são fechadas por uma chapa do eéra. 

Em cada cortiço ha só uma abelha mestra ou rainha que é 
uma femea fecundnda,no passo que a grando massa das outras 
abelhas, as obreiras, são femeas abortivas e nho fecundadas 

A rainha madura tem o abdomen muito entumecido, de modo 
que não póde mais vôar, ficando presa no cortiço do qual é a mãe. 

Os machos npparecem só em certa épocha do anno, especial. 
mento no verdo ; não trabalham, ão recolhem mel ou pollen, 
vivendo unicamento para satisfazer os seus instinctos sexuace 


















— s9 — 


n por conseguinto um elemento inutil depois da 
Era colas meio de enxames, € sho, po) 
em fins do verão. Observei o facto nos 

de observação, notando que os machos, 

ra do ninho, são mortos. 

factos curiosos que se notun na biologia das Me- 
merece menção especial n occorrencin de abelhas bri- 

tam outros cortiços, matando as abelhas « to- 


uu tupi não designe com nomes especiaes e caracteristicos 
ibolias asanltadoras. 
contrario, a lingua tupi so refere a outro facto interes- 
a symbiose de algumas especies de abelhas com co- 
Tormitidas, conhecidas sob os nomes de cupins. 
Não é bem claro o fim desta symbiose, parecendo-me, entro- 
que as Termitidas se associam ás abelhas por serem estas 
corajosas, 
o ussumpto que já aqui seja mencionado é a oecorren— 
mel venenoso em cartas especies de abelhas, como tam- 
e vespas. 
ra podermos tratar dos nomes tapis das abelhas, é neces- 
ibrarmo-nos que muitas Ventre ellos se assemelham ds 
tendo muitas vezes sido confundidas com estas, polos na- 
viajantes, factos do qual provem a grando confusão 
q na literatura. O mesmo, entretanto, não so di 
“indigenas que, com facilidade e certeza, disting 
socines, sempre desprovidas de ferrão, das vespas, Es- 
18 são designadas na lingua tupy por «eichuo (5), ou 
+ de modo que as denominações, em cuja composição 
estas palavras, podem ficar fóra de nosso exame, por so 
vespas. 
“denominação tupi da abelha é, segundo Platamann, Dice. 
o pas 826, gre-mage, significando — gra — mel— o 
manha — vigiar, espiar ou vigia (5). 
a esperteza da vigia do ninho era a propricda- 
as abelhas, que mais impressionou os nossos indigenas, 
para os povos europeus a sua diligencia é proverbial, 
de modélo inimitavel. Neste sentido a palavra — ma 
manda, tem quasi a significação de abelha, entrando na 
o do muitas denominações. 
menciona Martius, uma abelha denominada muanda- 
in ou abelha grande. Outra especie, caracteristica 
entrada prolongada em fórma de tubo, à Trigona ihe- 


























ano io qua Mom dee 
o nomo me, segun ntoya, se refere fin 
tra, PS ineo tas as outras abelhas dn col: 
E" preciso notar, entretanto, que tub fica sempro 
abelha individual, no passo que a collectividade dellas é d 
da por ira ou eira, do mesmo modo como o mel que o 
comprehen- — 


der as d postas, Como o tamanho 
maior 






que quer dizer abelhcsinha on abelha peq 
cante como von Martius diz (Ethnographie, pagina 671), pela 

de não ter esta especie ferrão. 

Muitas vezes, estas especies pequenas são denominadas sim- 
plesmente mirim on emerim o que quer dizer pequeno, e como entre 
ellas ha diversas variedades, acontece o 


dellas ser denomii 1 fest 
contramos ainda em S. Paulo a denominação guira mirim, «p 9 
pequenos, sondo talvez n palavra guira applienda em vez de ira. — 
Aos cnrmeteres individunes dns abelhas pertencem particu 
mente suas côres que, entretanto, em geral não são muito variadas, 
o que torna bastante dificil n distineção das numerosas espocia 
Ha entre as côres, duas que são particularmente indicadas por. 
denominações especines, que são à preta e a amarelia. 
De côr uniforme preta é a Tubuna, “sujo nome tambem 
aj ta sob a fórma de tibuna, Esta variabilidade na proni 


é mais notavel ainda er a tujuba—tub 


amarolla— que tambem é denominada tíuha, teúba o teúra. 


— BEI — 


Acredito que o nome da jatahy ou jati entre tambem nesta 
cathegoria, significando abeltia branca, sendo a composição da “pa- 
lavra emanho-ti vigia brancas. O nome—jatahy—ou jatihy é o 
de uma conhecida arvore s composto de jati e hy oque é o 
mesmo que-—iba-—arvore. Dizem que esta arvore servo de pro- 
ferencia para moradia desta especie, o que ao menos no Estado de 
8. Paulo nho parece confirmado. Para bem estudar u etymolo- 
gia deste nome, é necessario conhecer à sua forma primitiva, que, 
segundo Maurice Girard, no Estado de Bahia, é conservada na 
denominação de nha-ti, corrompida ao meu ver de manha-ti. Em 
favor desta minha etymologia fala ainda a cirenmstancia de que 
esta nbolha, Trigona jaty Sm. no norte do Brasil inclusive n Bahia 
é conhecida tambem pelo nome popular de «Moça-brancas. 


A abelha tem o abdomen estreito e alongado, é do côr clara 
amarella, poucas vezes encontrada nas abelhas, é justificando por 
E a denominação—ti ou branco. 

vozes é dificil interpretar a significação dos nomes com- 


A Trigona tubiba, por exemplo, conhecida em 8. Paulo é 
Rio Grande do Sul como «tapissuás é denominada no Rio de Ja- 
neiro, tubi ou tubíba, sendo este ultimo nome talvez, composto 
de tubé o aíba ruim ou mão, 0 que corresponderia com o caracter 
bravo desta abelha. Parece-me provavel que tapissud é cor 
euptela de tubi=çã ou tubi grande. 


Uma das especies mais bravas, n Trigona amalthea Oliv. 
tem O nome sanharó, que quer dizer bravo, sendo, entretanto, a 
palavra corrompida de nharon; o Diccionnrio anonymo de Plate- 
mano indica A pena da como significando ira, À abelha mais 
bravia que existo a Trigonaccagufogo goralmento conhecida 
sob esta denominação como sob as de barra fogo, botafogo, tem 
ma lingua tupi a mesma denominação de abelha de fogo: ta- 
taira ou eitátá. 

Tratando-se do cortiço observo que a palavra datumen não 
se encontra vos varios diecionarios ; escreveu-me porém o Dr. 
“Th. Sampaio que a palavra é do portuguez clulo, significando 
o facho ou parede tomada a barro ou com qualquer cousa se- 
melbante. 

Ao contrario, a palavra—samdre—que significa o pollen 

nos potes do cortiço, é apenas corrompida de teborá 
ou heborá, cuja significação, segundo Nogueira, é que «ha de ter 
mels ou comida day abelhas, como diz Montoya. 

Esta palavra conservou-se ainda va forma de—rorá—na de- 
mominação de algumas especies de 'Tmcosa, sem que pelo mo- 














ongado. Já encontramos esta palavra na 
abelha mendaguai e a mesma se nos apresenta 
nome da abelha — eiraquarti— a que so refere uma à 
Padre José de Anchieta, de 31 de Maio de (*) 1560. Como elle 
dizia ma mesma carta, o nome significa «mel de muitos 
e esta descripção sem duvida se refere à Zrigonc limao | 
qual tratarei ainda de um modo mais minucioso. 
Entre todas estas abelhas indigenas as que têm os m 
cortiços é maior abundancia de mel são a M Ep nigra 
e diversas especies do Zrigona denominadas Mombuca, 
Estas ultimas são denominadas tambem — iruçú—, o q 
juor dizer mel grande é o mesmo nome na fórma de úruc 
lado no Rio do Janeiro e na Bahia à especie indicada de 3 
lipome. E! assim que, passo a passo, a biologia scientifica 
de confirmar as observações depositadas pelos nossos abori 
nas suas denominações tapis. 
Quanto ús localidades em que se acham construídos os 
tiços, temos do tratar em primeiro logar dos que são feitos 
chão, cuja denominação tupiz ibu ou nbú — entra na composi 
dos respeetivos nomes. FE á 
Assim guarubu, escripto às vezos quaripú ou quaraipo 
de quará, perfarar, varar, e ubú ou ibú, terra, E ordude 
os ninhos desta especie são feitos em páus dcos, mas ser 
na parte mais baixa do tronco, donde lhe vem a denom 
«pé de púu» usado pelos caipiras, prolongando-se o ninho mu 
tas vozes nus raizes mais grossas. A palavra biuira é comp 
de ubi-ira. 
Resta-mo ajuntar que a palavra Mombuca r dizer 
rando, representando pois denominação apropriada para um 
abelha que penetra no chão para alh estabolecer o seu 
Entre 05 ninhos construidos livres em arbustos ou 
merece em primeiro Ingar menção o de Trigona ruflerus, a 
nhecida irapoan, palavra que, ás vi se apresenta co 
em arapud. A etymologiu E a de ira-puan, ninho de 
redondo, A opinião de Nogueira de que o nome significa 
puê, abelha levantada, deve ser rejeitada por não se nc] 
conformidade com a biologia da abelha, 


































C) Pd, de Anchieta, Epistola quam plurimaram rerum natorallom, ele, 


Ii draxim, a Trigona helleri, constróo o 
“de modo semelhante no da precedente e om geral entro 
plantas AS feed conseguinto de fórma o 

m plica-se assim a etymologia de 
minho de a erespo ; a denominação tupi de—crespo 
o Nogueira, chai e, segundo Platamann no Dice. 


—ou a 
em 8. Paulo outra especie d'estas abelhas que con- 
u ninho de fórma arredondada em arbustos, a Lrigono 
denominada—cupira. Difiere das outras pela en- 
feito de barro em fórma de bocen aberta, o que 
“nereditar que o nome de «bocen do barros mencionndo 
ESPERE Daft sgdte fd 
ei dois eram feitos em arbustos, um construido na 
uma caga e um achava-se num tronco óco, 
tendo obtido em bôns condições esto ultimo, não sei 
iva combinado com um termiteiro ou cupim, O nome cu- 
etymologia é cupim-ira, ninho de abelha ou mel da 
indicar a associação biologiea com um cupim q 
o tambem ao aspeeto exterior do ninho, que é com 
o de um cupim construido em arvore. Acerescen- 
se que a maior parte da massa do ninho consisto na 
textum labyrinthica completamente se asseme- 
é claro que estes ninhos por fóra não pódem 























já mencionei, algumas abelhas vivem em symbioso 
ping é não podemos duvidar que os indigenas tivessem 
“conhecimento deste facto singular A cspecio para à 
eu verifiquei esta symbiose 6 a Trigona fulviventres Guel 
nda aqui mel de enchorro, sendo de presumir que ono! 
a era o de eupira. 
“corto a symbiose por mim examinada existirá cm certo 
de outras especies. Deixando por esta razho de Indo a ety- 
i eupira, temos m prova da exactidão do que tenho dito 
o de que alem de cupira oceorre tambem a palavra cu 
da por exemplo por Pixo (loe, city pg. 56) Desta pa- 
é ivel outra etymologia que a de cupim-uara, se- 
, como qual se apresenta a abelha cnjo ninho é 
no meio do cupim. 
outra abelha que constrós um minho livre redondo 
a Trigona amalthea e cujo nome trivial não co 










— 884 — 


nheço, desconfiando que seja sanharô nome aliás applicado tam- 
bem uma lha que nidifica em páus ôcos, 

mel de varias especies de Triguna é venenoso, mas não 
consta ainda quaos sejam estas especies. Meu amigo Theodoro 
Bischof' em Mundo Novo, Rio Grando do Sul, contoume que, 
em companhia de varias outras pessóns, por ocensião de uma 
dermbada de matto, encontrou o cortiço de uma abelha de exjo 
mel não gostou, porque a samora era quasi liquida, misturando so 
de modo desagradavel com o mel. A unica pessõa que tomára 
uma porção regular desta mel ficou depois de Ló minutos doente, 
com signaes evidentes de envenenamento, de modo, que tiveram 
de interromper o serviço afim de levar o doente á sua casa, 

A roferida pessoa yomitou fortemento e teve ataque do 
convulsões, O sr. Bischoff e alguns de seus companheiros que 
muito pouco tinham tomado d'aquelle mel, mesmo assim, vomi- 
taram. Mais tarde encontrando outra vez a mesma abelha o Sr. 
Bischoff repetiu a experiencia, com o mesmo resultado. 

Outra observação referonte ao mel de uma abelha do chão 
publica A. de Saint-Hiluire na eua viagem a Goyaz vol, IL 

w. 50. Ainda uma outra observação analoga devemos ao 
Endro Josi de Anchieta que, na sua carta que já citei anterior 
mente, afirma que, pouco tempo depois do tomars: certo mel, a 
possõa fica doente, sentindo fraqueza nas juntas, dores, vomitos 
e convulsões. O nome desta abelha indica elle ser eé 
referindo-so ús numerosas boceas de entrada do ninho, Esta des- 
cripção parece que se refere à Trigona limao San., da qual já no 
Rio Grande do Sul me informaram ser o seu mel venenoso, 
Chamam-n'a alli iratim, o que signiflen nariz ou focinho (tim) de 
mel e que se refere no enorme tubo de entrada do minho. E” 
singular que já von Martius, no seu livro «Sprachenkund Brasi- 
liensa pag. 52, afirma ser esta uma abelha cujo mel faz tetano, 

Alem das indicadas, temos muitas outras provas na lingua 
tupi dos efieitos perníciosos do mel de certas abelhas, sem que 
pelo momento nos seja possivel tentar exactamento do asgum) 

Assim, já fala Pizo n'uma especie que denomina «cibé, isto 
é, aib-i, comida ruim. 

Outra especie é denominada iremboi, palavra provavolmento 
corrompida de irá o mboaci, que quer dizer mel que faz dôr 
segundo Nogueira, no Fe que Baptista Caetano dá a etymo- 
logia de aremboú nbelha que faz tremer. 

Temos de referir-nos afinal à abelha denominada foiti- 
coira ou «vamos embora» Trigona recurva Smith, Não é facil 
a explicação da phrase, mas à superstição dos trabalhadores do 
masto julga logo entregue á morte a pesso que tal phrase pro= 











munciar depois de ter bebido desse mel, O que pnrece ser 
certo é que oste mel tem um efeito embringador, impedindo as 
pessõas, que o tomaram, de achar a saida matto. 

E” preciso mencionar nesta oecasiho que tambem o mel de 
“varias especios de vespas socines tem propriedades toxicas, As- 

Azara o relata da vespa tatú Tutua morio Fabr. e o 
viajanto francez A. de Saint-Hilairo experimentou, na sun 
proprio. pessõa. nã do eus companheiços, o efeito do mel do 
vespa — och —(Caba lecheguana Latr.) Omel produziu 
lhes uma exaltação nervosa extesordinaria e afinal vomitos, Um 
«os companheiros do viajante, que provavelmente havia tomado 
mel em maior quantidade que os outros, pozse a correr sem 
destino pelos gompos e a gritar como se fora mm lonco. 

Lafayette de Toledo diz que na Serra do Barriga, em Ceará, 
uma abelha denominada—abrou, «cujo mel prodaz embria- 
caracter assaz curioso; o embriagado berra como bode», 

Parece-me provavel que o respectivo mel procnde de uma 
vespa, visto que, em geral, os effeitos toxicos do mel venenoso 
das nbelbas são paralisantes e os do mel das vespas excitantes. 
Não consta que estes envenenamentos tivessem resultados fatnes, 

Si até agora n sciencia quusi nho tem conhecimento destes 
factos, bem conhecidos dos nossos aborigenes, e nho podemos 
nem no menos indicar as especies de abelhas cujo mel é vene- 
noso, muito menos ainda sabe-se de um outro grupo de abelhas 
cujo mel parece produzir cexemas ou sarnas. O nome da abe- 
Iha—curuo—talvez corrompido de curi e ei parece indicar do 
mesmo modo como o da abelha curara uma especio cujo mel 
produz uma eczema, 

Segundo Nogueira — eurub — significa sarna e — curuboi— 
sarna má ou lepra, A palaves curupira, significando diabo, no 
mon ver, não é nada sinão—curupi—ara—, dono da lepra, À 
abelha curúpireira, que Pizo tem entre as denominações das 
abelhas de Pernambuco, não pode ser traduzida de outro modo 
que «mel de dinbo». 

voltar ainda à etymologia da palavra curupira, obser- 

vo que J. Barbosa Rodriguos. na sua admiravel obra «Poran- 

Amazonenses (Arm, Bibl. Nac. do Rio de Janeiro, Vol. 

XIV 1890 pagina 21) diz que a palavra pode significar n le. 

tem à roça ou que jas no matto, Diz ninda Barbo- 

sa Rodrigues, si derivarmos de curu—sarna, Jepra c pyr pelle, 

Será O sarnento, o que vai de encontro á tradição, pois que o 
earupira nunca se apresenta nffectado de molestins de pele. 

RO sos, fernando sta observação, mibéo árblm pode- 
mos conservar a etymologia de curú apresentando o dinbo não 


E 





— 886 — 


como sarnento, mãs como o dono da lepra, o curupi—ara, quê 
à gente manda a lepra, 

Os nomes tupis nos apresentam ainda muitos problemas, 
Assim encontramos entre ns denominações de abelhas as de wriu- 
tueira indicando xelações entro uma abelha c a venenosa cobra 
urutú, e a guaiguiquira composta de—ira mel=e quaiquica ese 
pecie de raposa do genero Didelphys. 

Temos de mencionar tambem a especie denominada—ta- 

disira—o que significa mel de anta, nome sob o qual uma abe- 
lia é conhecida no Oeste do Estado de 8, Paulo, 

Desconfio que a especie comprehendido sob este nome seja 
a Melipona titonia Grib, uma das especies maiores que exis= 
tem, referindo-se provavelmente o nome ús dimensões extraordi- 
narias da abolha e de seu favo. 

Dou em seguida a lista das Meliponidas até agora por mim 
observadas no Estado de S. Pnulo, e observo que, continuando 
nestes cstudos, espero que em poucos annos possa oferecer da- 
dos completos em relação ás Meliponidas do Brasil meridional, 

E' por esta razão que nesta oceasião limito-me is abelhas 
do Estado de S. Paulo, que sho as seguintes especies: 

















MELIPONA droryana Friesa (Jatahy mosm 
ade uito) 
anthidioides Lep, (Mandassaio) pi Friese (Abelha mosquito) 
bicolor Lep. avipennis Priese. 
fnscinta Late, fuscipennis Frieso, 
marginata Lop.(Mandurim, Gua-|fulviventels Guer, var, nigra 
«rupú do mudo) Fritse (Mel de cachorro), 
nigra Lep. (Guarupii). helleri Pritse (Traxim). 
rufivontris Lop. (Zujuba.) bynlinata Lep. 
fitania Grib, (joty Sim. (Jatahy amarello), 
vicin Lep. pa Friso CMmiequary, 
imao Sin. (Lindo ou Iracim). 
TRIGONA molesta Pai (Tujuvinha) 
amalthea Oliy (Nanharó). mosquito Sum. (Lujuvinha mirim). 
bilincata Say. muelleri Pritso. 
bipunctata Lep. (Tubuna) quadripunciata Lep. (Guira-uçã 
eapitata Sm. var. virgilii Friese| ou Iraçú mineira). 
(Mombuca), ruficras Latr. (Irapoan). 
elavipes Fabr. (Ford). schrotikyi Friúse (Mirim pre- 
cagafogo Múller (Caga-fogo). | guiça). 
cupira Sm. (Irazim). snbterranoa Friésa (Truçã). 
dorsalis Sm. (Tujá-mirim).  ltubiba Sm, (Tapissud). 



























— 5 — 


“Dou em seguidn da litoratur: is importante 
* referente Thisgia a Meliênidia do Brasil. o pipa 


oe E elques observations sur la Melipone scutellniro, 
me: in 8.º Bordeaux 1872 (Infelizmente não me é aeces- 


Maurice, Notes sur les Mocurs des Melipones ct de 

— Trigones du Brésil, Ann, Soc. Entomol, France. Paris 

1874, Sério Y, tome IV, pp. 567—578. 

Thering, Dr. H. von. Der Stachel der Meliponen, Eatomo- 
Jogischa Nachrichten, Berlin 1886, XII n. 12, pp. 177— 188. 

Muller, Dr. Fritz. Poeys Beobachtangen úuber die Naturge- 
sehichte der Honigbiene von Cuba, Melipona falvipes Gnér. 
Sm. Auszug u. mit Anmerkung. Zool, Garten Frankfurt 
a. M. 1875. XVI n. 8 pp. 291297. 

Múller, Dr. HM. Stachellose brasilianischo Honigbienen zur Ein- 
eis in goologische Gaerten empfohlen. Ibidera n. 3 pp. 
41—55, 

Peckolt, Dr, Th, Ueber brasilinnische Bienen. Die Natur 42 
Jabrg. 1898 pp. 579581; 43 Jhg. 1804 pp. 87—91, 
223— 225 n 253 — 294, 

Perez, I. On the Production of males and females in Melipona 
and Trigona. Ann. and Magaz. of Nat. Hist. 6 Series, Vol. 
XVI. London 1895 pp. 125127 (Aux Comptes Rendues t. 
CXX, 1895 pp. 278— 975. 

Piso et Maregraf, Historia Naturalis Brasiliao Austelodami 1648, 

Bpinola, Maximilien Observations sur les Apisires Meliponides. 
Anmales de Seiences Naturelles, Paris 1840 II XII pp. 

116— 140, 


Concluindo, tenho de referir-me novamente a um ponto já 
aqui mencionado, que é o do profundo conhecimento que da bio- 
login das abelhas socines tiveram os indigenas, especialmente os 

po — tupi-guarani. 

certo os indigenas não tiveram conhecimento de muitos 
problemas que interessam o estudo seientifico, mas em tudo que 
se refere no só no Indo pratico-economico, mas tambem à pos- 
sibilidade de distinguir as diversas especies pelos seus costu 
ninhos etc, apresentam-se-nos os indios como obseryadores 
bela é intelligentes, e 05 nomes que deram ús diversas especies 
de abelhas quasi sempre são bem característicos, 








ie nesto sentido verificamos com relação ás 
er tambem pelo estudo de outros gru) 


Pais. Ao men vê Re pu 
ais. Ao men vêr, 05 nomes tupis. 


podem e não devem deixar de apro-. 









E" neste ponto que os tapis excedem à muior parte dos | 
nat Be A 
fes. como o indios da, America do Norte são notaveis 

sua habilidade nas suas em erra é caça, parece 
E ao MRS ae 









tros 








os não civilisados não existe outro que esceda nos 
os deste solo, os indios tupis, 





“RELAÇÃO de alguns documentos existentes no Archivo da Camara Muni- 
| cipal de 8. Panlo, os quaes servem de subsidio para a llistoria do 


Estado de S. Pando, Fxtrabido do mesmo por—Erancisco Ignacio 
Xavier do Assis Moura. 


nda 


Massos do papeis avolsos 
i 1638 


5 — Officio da Camara de Santos à Cumara de 8. Paulo, 
pedindo providencias e auxílio por estarem ameaçados de 
ser atacados pelos Gantios dos Patus e precisarem de força 

dofonder a villa. 
Maio, 9 de 1698. 


1640 


7| — Portaria do Governador a alcaido-mór do Santos, par- 
ticipando à Camara de S, Paulo que áquelle porto chegou 
uma lancha precedente da Capitania do Espirito Santo, que 
vinha fugida dos Hollandezes, dando parte que no porto 
da mésms capitania está uma forte esquadra Hollanda e 
que n'um assalto que lhe dera matara a dois o apresionara 
a outros tantos, é diz que essa ed segue para tomar 
esta capitania e para se refaserom de mantimentos e viveres 
estão escassos naquella, e ordena que se façam listas e 
que siga para aquello porto, em sua defesa, dois capitães 
com 50 praças cada um e mais cem indios para defenderem 
a fortuleza, levando viveres para abastecimento da villa. 
Santos, 18 de Novembro de 1640. 


1640 









10] — Oficio da Camara de S. Vicente, em que apa 
Filho lido na matriz da Villa de Santos pelos Piá s da 
pa de Jesus, uma representação a Sua Suntidado 

a Sua Magestado Real em que pedia a liberdade dos in- 

dios dotidos e havidos a mais de 30 annos, e pedindo à 


AE 





N. a 
coliceção 


” 


13 


14 


17 





— 390 — 
Massos de papols avulsos 


Camara que se passasse copia dessa representação e lhva 
enviasse e, quando não a tivesse, pedisse à de Parnabyba 
ou Mogy-merim. (Mogy das Cruzes hoje) para se lhe en- 
viar traslado e que convide as Camaras da capitania a 
pedirem que não seja attendida essn requisição por ser con= 
traria nos interesses dos sens republicanos — assignado 
-—Gaspar de Carvalho—Franeisco ,..... (2) Antonio Ma- 
deira Salvadores. — Francisco Ribeiro Tinoco, — Antonio 
Vieira de Mornes. 

20 de Maio de 1640. 

— Oficio do Administrador e Quvyidor das Minas Anto- 
nio Mariz oferecendo perdão aos que seguirem para o ser- 
tho em companhia do Padre Pedro Gonçalves Ribeiro na 
descoberta de minas de ouro ou esmeralda e enviando um 
edital para se fazor bando. 

14 de Maio de 1641, 


1641 


— Ofkcio do Ouvidor Francisco Pinto Raposo mandando 
prohibir a entrada para o sertão de pessoas de São Paulo 
e Purnabyba, sob pena de sequestro de todos os seus bens 
e tomadas dos gentios de seu poder. 

Santos, 8 de Outubro, 

— O juiz Francisco do Camargo manda sutoar numa carta 
dirigida por André Mendes Ribeiro a João de Godoy em 
que se queixa da injustiça feita a elle o no seu sogro, 8 
em que dizin nada mais temer por sor destimido. 

1,º de Outubro. 


— Oficio da Camara de Santos, pedindo gente e tropa 
do infantaria—não declarando para que fim—assiguado por 
—Manoel de Vasconcellos—Manoel Gonzalves Ribeiro Mi- 
guel Coelho é Munosl Guedes. 

(Sem data.) 


1642 


— Carta de Salvador Corrêa de Sá a Benevides, em que 
diz que a bom do serviço do Sua Magestado precisa do 
fuzer diligencias para a descoberta de minas de ouro, es 
meralda e prata e que no mar de Guaratiba lhes foram 
mostrados alguns os de ouro, 

(Datado de 2 de Março, sem indicar procedencia.) 














| 


18 


ds SE (um 


Mossos de papeis Avultos 
1649 


— Certidão passada pelo escrivão do Almoxarifado da 
Fazenda da Villa de Santos, Gaspar Gomes, em que de- 
clara que a Bulla sobre os indios—Brazis—fôra publi 
nas tres egrejas daquella villa pelos padres du Companhia 
de Jesus (veja-se n. 10). 





1644 


— Embargos feitos pelos officiaes da Camara e povo desta 
villa para que o provedor Pero Cubas não tire a devassa 
gue dizem querer tirar paro, conhecer do uma provisto do 

jovernador-geral, Gaspar de Souza, para ser informado 
das noticias de como se faziam as conquistas dos indios no 
sertão, 

(Não traz data.) 

1645 


— Carta de despedida de Salvador Corrta de Sá a Be- 
nevides, na qual recomenda a doscoberta de novas minas 
de ouro o à cunhagem do mesmo na casa da moeda; é la- 
mentando a discordia que existe entre a Camara e o povo 
desta villa. 


Rio de Janeiro, 24 de Junho. 


— Carta de Salvador Corrta do Sá e Benevides, parti- 
cipando estar nomeado para o conselho ultramarino e Go- 
vernador geral das minas é nomeando Thesoureiro da casa 
da moeda o Padre Fernando de Faria e escrivão Francisco 
Barbosa de Aguiar. 


Rio de Janeiro, em 9 de Abril, 


— Carta dos officines da Camara de Sant'Anna das Cra- 
zos (Mogy das Crazos) assignada pelos officines Antonio de 
Faria Albenas, Gaspar Gonçalves, Manoel Abreu, Francis- 
cisco Gomes, pedindo pessoas para irem no sertão (2). 


(Datada de 22 de Janeiro.) 


— Carta do Governador do Rio de Janeiro, Antonto Ma- 
ria Loureiro, acusando a participação quo lho fez a Ca- 


s 


32 


B 


as 


87 

















Massos de papele avulsos 


mara sobre o ofarosimanto feito pelo Padro Joho de Ca 
das Bello cura do Maruery—(Baruery) do indio Domingo 


Lya 
Santos, 2 de Novembro. 


— Carta do Sargento-mór Froncisco Garcez do 4 
Camara pedindo uma duzia de índios à requisição do 
vernador geral, Duarte Corrân Vasques Annnes. 

Santos, 13 do Julho, 


pauta do mesmo pedindo uma duria de indios 
terem o mento Cubatão é ta 
Enio, 18 da alho, 


— Autos requeridos por Francisco Jorge peranto Paulo 
do Amaral juiz ordinario requerendo sequestro em um en- 
genho de ferro na villa de Parnahyba pertencente a Bal 
thazar Fernandes: 

(Sem data.) 





1046 


— Carta do Sargento-mór da Villa de Santos, partici- 
pando que virá a esta villa para seguir em desco 
novas minas de ouro, prata e esmeralda. 

Santos, em 29 de Janeiro, 


— Q Padra Domingos Gomes Alberndz, vigario da Villa 
de S, Paulo, qua fôra espulso pelo povo, por «or ida- 
rio da libe: dos indios, pregada pelos PP. da 

de Jesus, envia ú Camara um nttestado sobre a i 


listas e sua fidelidade a Elreir e pele ser 
ido á sua parochia, 


“ 
— Carta de Fr. Simão do Salvador, Guardião do Con- 

vento do Carmo, pedindo ú Camara que receba como vi- 

gario ao Padro Domingos Gomes Albernas. 
(Santos, 2 de Abril.) 


— Oficio da Camara da villa do Santos remettondo co- . 
pia do concerto feito no Rio de Janeiro com os Padros 
companhia de Jesus para voltarem para a capitanin (não. 
se encontrou a copia). 

Em 20 de Maio de 1645, 









Massoe do papeis avulsos 


irmado por João Dias Mendos respondendo á 
que lhe fez a Camara de 8. Paulo em relação á 
suns Pre em vista da sentença dada 
res, (Esto ea ções 
É terrânos dados à Camara 
Cola em nome de Martins À! 
so se encontra a fis, 113 do livro 
anno de 1636). 





psrochia. 
Santos, 28 de Março. 


— Carta de Frei po da Victoria, D. Abade de S, Bento, 
recommendando do n protecção para os monges do 


desta Vi 
Rio do Janeiro, 21 do Abril. 


— Offcio do Sargento-mór Francisco da Fonseca Faleno, 
dando à Camara os poderes de seu cargo até que possa vir 
a esta Villa, 

Santos, 21 de Janeiro. 


— Offcio do Governador Duarte Corrêa Vasques Annacs, 
partecipando ter encarrogado ao Alteros Antonio Corrêa de 
reunir gente desobrigada, afim de seguirem para o presídio 
do Rio de Janeiro, por se ter recomeçado n guerra em 
Pernambuco. 

Rio de Janeiro, 9 de Janeiro. 















— Attestado passado por Bertholomen ni de Fa 
ria, Thezonreiro dos aulas do ouro, sobre o bom proce- 
dimento que têm tido os veroadores e oflcinos da Camara 
no serviço de 85. Mages 

28 de Março. 








— Carta de André Fernandes, fundador da villa de Par- 
mabyba, convidando a Camara de 8, Paulo para accordarem 
nas suas devisas a bem dos povos. 

Parnabyba, 24 de Março. 














52 


58 


59 





— 84 — 


Massos do papols avulsos 
1647 


— Oficio do governador geral Antonio Telles da Silva, 
dirigido da Bahia a 11 de Março do mesmo anno, parti— 
cipando à Camara que ha um mez Segismundo está sobre 
aquela praça com trinta navios de vella, tomando posto 
uu villa de itapariea, com intento de continuar com o cerco 
por muito tempo, « nessas condições vem pedir a esta Ca- 
mara remetta à maior quantidade de generos é que 
puder, para sustentar o sitio e relaxar o inimigo hollandez, 


— Oficio do Capitão-Mór Francisco Telles Falcão, pe- 
dindo á Camara que remetta com urgencia o maior numero 
de individuos possiveis, para reforçar nquella praça que 
terá ser Atana polo ioticigo Nallandis, 

Santos, 22 de Julho. 


1648 


— Oficio da Camara do Rio de Janeiro, pedindo soccorro 
de generos e força para rengirem contra a armada hollan- 
dezo no enso de tentar esta forçar aquella praça. 

22 de Junho. 

1050 


— Carta do Conde do Obidos, escripto da Bahia, lem- 
brando o amor, zclo « lealdado dos povos da capitania de 
S. Paulo, no tempo do domínio de Castela para com os 
Reis de Portugal, e que, estando opprimida a Bahia, será 

reciso em bom dos dominios o do serviço particular de 
El-Rei, quo vão soccorrer aquella praça, visto que os Wens 
moradores nada podem fazer para expulsarem o inimigo 
dollandez que n infesta. 

Bahia, 20 de Março. 

1651 


— Offeio de Diogo da Costa Carvalho, envindo da Bahia 
à Capitania de 5, Paulo pelo Conde de Obidos, que traz o 
perdão do alguns homiziadas, e pie não inovará mada 
em relação uos PP. da Companhia de Jesus; que com 
justa causa tem obrado a Camara; e mandando a sentença 
de dessggravo alcançada pelos Religiosos de S, Francisco, 

Santos, 3 do Julho. 











E Massos de papeis avultos 
61) — Recibo passado por Gaspar Gonçalves Vaz Caminha, 


mestre da barca Nossa Senhora do Rosario, acompanhado 
de uma relação de generos que foi remertido pelos morn- 
dores de S. Paulo para a Capitania da Babia. 

Santos, 43 de Novembro. 


62 | — Carta do Dr. Joto Velho de Azevedo, participando 
estar nomendo administrador geral das repartições do sul. 
E Rio de Janeiro, 26 de Abril, 


e — Officio do Vigario geral do Bio de Janeiro, pedindo 
& Camara que termino a lucta que traz com o Vigario da 
q Parochia e seu condjutor. 
|) Rio, 20 de Março. 
1658 
E 66 -— Oficio do governador geral Salvador Corrêa do Sá 
Benevides, mandando fazer nesta villa, por ordem de Sun 
Masgentade, os mantimentos precisos para a tropa e armada 
que se acham na Bahia em defeza daquella praça, contra 
08 hollundezes. 
|] Rio de Janeiro, 26 de Julho, 


1662 


es — Oficio do governador da Bahia Francisco Barreto, orde- 
nando á Camara que faça finta sobre os moradores de S, Paulo 
e Jundiahy do 80 réis por pessoa e por cada anno para sup- 
prir os poucos cubedues em que se acham os moradores de 
sua Eis e por ser um serviço particular feito a Sua 
Magestade, 
Jabin, 4 do Novembro. 


o — Oficio da Camara de 8. Vicente, por ordem do Ca- 
pitão-mór Gypriano Tavares; avisa à Camara que convide 
os procuradores das Camaras de Santa Anna do Parnahyba, 
de ess Senhora da Candelaria de Outu-nsu (Itú) da Villa 
Formosa do Nessa Sonhora do Desterro de Jundiahy e de 
Santa Anna das Cruzes de Mogy (Mogy dus Cruzes) para 
se reunirem no din 8 de Setembro, afim de deliberarem o 
o meio de sé lançar o donativo Real de quatro mil eruza- 
dos gor anno. no eapaço do dezescis annos para o sorviço 
de Sua Real Mugestade, 

S. Vicente, & do corrente (2) 















Po 





Na 
eslicoção 


75 


ii 


78 


79 


a 





— 595 — 


Manos de papeis nvulaos 


— Precatoria da Camara da Villa de Parnahyba, declaran— 
& e appellado para o Rio de Janeiro, de ordem do Ouvidor 
Pedi dé Meyise Portugal, sobrei o Inral de, da 
com Sa e, e pedindo "serifáão do termo de medição do 
22 de Fevereiro, E) 


— Carta do Governador geml dn Bahin Alexandre de 
Souza, pedindo nova remessa de generos e gente para 


aquella capitania. 
Bahia, 14 de Outubro. 


1671 


Quitação gassada pela Comara da Babia a Dstovam 
Ribeiro Bayão Parente de mil cruzados do donativo Real 
q os officines da Camara remetteram no Thesoureiro Bar- 
olomeu Monteiro. 
Bahia, 4 de Maio. 
1674 


— Oficio de Affonso Furtado de Castro Mendonça da 
Bahia de 9 de Novembro ordenando que faça recolher 
às aldeias os indios e indias delas retirados. 


1676 


— Carta do sobre limites de sum Cum 
itunia e demanda com a Condessa de Viemeiros, sobre 
lemaronções, 6 do Março. 


1678 


— Carta do D. Rodrigo Castello Branco partici go 
que seguia para Paranaguá e que não virão 8 Pa 
suber que vasallos tem 5. M que não se faz pre a 
vínda, 20 de Novembro. 

1678 


= Oficio da Camara de Purnayba sobre a certidão pe 
dida por esta Camara de ser criminoso Manoel da Fonseca 








= 897 — 
Massos de papols avulsos 4 


Osorio ea foi tomar de Ouvidor daquela Villa, 
de 18 de Dezembro. o Ee ) 


— Quarta do D. Rodrigo Castello Branco fazendo ver a 

de a potente de Capitão a um Ir 

mão de Mathias Cardozo de Almeida (não ro o PrENe4 

| se; as Minas de Sabará hussu (1). intos, 
dm 8a Desembro, 


— Carta de D. Rodrigo Cnstello Branco felicitando os 
Officises da Camara por sun eleição. Santos, 5 de Janeiro. 


— Carta de D. Manoel Lopo, que vem em servissos de 


S. Alteza Real, participando que por esta nos ul- 
timós dias do mea do Betambio, Do Bantor à 98 da Agosto. 


1680 


— Oficio de D. Rodrigo Castello Branco pedindo indios 
para minerar a terra do Jnraguá, Sem data, 

Termo de ofício dn Camara sobr soccorro pedido pelo 
Governador Geral para Manoel Lopo que se acha nas mi- 
nas. Sem data. 


— Portaria da Camara ordenando a Antonio Domingues 
e outros pra RED a A ORA DA ER E 
vendo sorá suas fazendas responsaveis. Do 6 do Novombro. 


1681 


— Portaria do Ouvidor João da Rocha Pitta ordenando 
à Camara que faça recolher ás suns aldeas os indios que 
vivem em casas particulares. Rio, 18 de Junho. 


— Portaria da Camara mandando ao Oficial do Justiça 

que siga para os sertões de Minas afim de aprehender va- 

fita indios em poder de Manoel de Campos e outros. 30 de 
aneiro, 






Begnndo a Nobilloreho de Pedro Taquir-aues patento foi pasado» Joko Pi. 
Torta “dao genro” de Fernão Pata quem primeiro nolis 
“ldsão de Babark no Betado, do Minas. 





































— 398 — 







Massos de papeis avulsos 


— Portaria do Juiz Ordinario Mans! Penso do y 
sobre indios que devem ser recolhidos ás nideas, Sem 


90 | | — Termo de juram: nto ia e 
ira inata Dessa ao 
do ea) e se não havia a o los 


vem 
1683 


91] — Cmta de D, José (1) E je Rio de Janeiro 
cendo & Camara seus servi 
Pontifice a Breve à 
indios, Rio, 18 de Janeii 


92 | == Mandado expedido pelo Provedor Francisco Lambe: 
peida ser sequestrado os bens deixados pelo Adminii 

le Sabhrá-nssú D, Rodrigo lo Branco, | 

27 de Maio, 


1), Pato Dispo é D. dosá do Barros Marecem, 1 + Blspo o Rio do Janeiro que to- 
ovo do Pu toco ai cd Sundo de TSER  PiDO do o 
Relnava no Eolla Ponvlio &.8, Papa lanocencio X1. 
















As bandeiras paulistas 
DE 1601 A 1604, 
POR 
ORVILLE A, DERBY 


Numa nota impressa no volume IV da revista deste Insti- 
tuto, intitulada O roteio de uma das primeiras bandeiras pau- 
lústa, combinei as informações constantes do roteiro do hollindez 
Guilherme Glimmer, conservado na obra de Pizo e Maregraff, 
com né tiradas por Pedro Taques de Almeida e Azevedo Marques 
dos archivos de 8, Paulo, para tentar restaurar a historia de 
uma das primeiras bandeiras que de 8. Paulo partiram para o 
sertão que hoje constitue o Estado de Minas Gerses, Nesta ten- 
tativa, adoptei a bypothese, que então pareceu a mais plausivel, 
que todas as tros notas acima mencionadas se referiam a um só 
acontecimento, 

Ultimamente, o nosso ilustre consocio, dr. Washington Luiz 
Pereira do Sousa, teve a bôa fortuna de descobrir o inal do 
documento citado por Pedro Taques é dois inventários de ban- 
deirantes fallecidos no sertão, que esclarecem perfeitamente a 
historia e demonstram que as bandeiras eram em numero de duas, 
Devo à extrema gentileza do dr. Washington Luiz a communi- 
cação destes importantes documentos, bem como de outros en- 
contrados no archivo da camara de 8. Paulo, que vêm repro- 
duzidos VE extenso em annexos e que me proporcionam ocensino 
emendar e ampliar a referida nota. 

O primeiro documento, bastante deteriorado e sómente em 
parte decifravel, não é, como diz Pedro Taques, a instracção 
dada a uma bandeira que in partir para o sertão, mas um re- 
gimento dado para outro fim, que apenas traz, incidentemente, 
uma referencia a uma bandeira commandada por André de Leão, 
euja volta estava sendo esperada u 19 de Julho de 1601. Andei, 

rtanto, em erro emendando para o anno de 1601 a data de 
1602 dada por Azevedo Marques como a da partida da bandeira 








de Nicolau Barreto, com a qual identifiquei a que foi acompa- 
nhada pelo hollandez Glimmer. Esta referencia, combinada com 





Á à 


=" 


— 400 — 


os inventarios de handoirantos da comitiva de Nicolau Barreto, 
fallecidos no sertão, estabelece positivamente o fucto que houve 
duas bandeiras nos annos suecessivos de 1601 e 1602, sendo que 
o roteiro de Glimmer so refere ú oira e não á segunda. 

A historia quo se deduz dos documentos agora descobertos 
é a seguinte: , 

A 19 de Julho de 1601 o governador d. Francisco de Souza 
estava á espera da volta de uma bandeira por elle mandada al- 
guns mozes antes sob o commando de André do Loko. Esta, 
confórme o roteiro de Glimmer, gastou nove mezes na viagem 
e penetrou até perto do rio Sho Francisco, no espigão entre os 
rios Paraopeba e rio das Velhas, provavelmente na visinhança 
da actual cidade de Pitanguy. Depois da volta desta bandeira, 
organisou:se uma outra, commandada por Nicolau Barreto. 

Um dos bandeirantes, Braz Gonçalves, o moço, fazendo os 
seus preparativos de viagem, contrahiu varias dividas das quaos 
os titulos conservados trazem datas entro 22 de Julho e 8 do 
Setembro de 1602, A 17 de Fevereiro de: 1603, ostando a ban- 
deira nas margens do rio Guaibibi, Braz Gonçalves passou outra 
obrigação de divida, e, adoecendo depois, fez testamento a 29 
de Julho, que foi apresentado por seu pre ao capitão Nicolau 
Barreto, em 31 de Julho de 1603 e registado em São Paulo em 
9 de Setembro de 1604, Os bens do fallecido bandeirante foram 
vendidos em leilão no mesmo dia da apresentação do testamento 
e mezos depois, em 14 de Março de 1604, em logar incerto, foi 
feita a partilha dos indios escravisados, tocando ao espolio de 
Braz Gonçalves tres homens, tres mulheres e tres crianças. 

Um outro bandeirante, Manoel de Chaves, tendo levado uma. 
fechada dos indios, fez testamento em 22 do Março de 1603 o 
tulloceu em 2 de Abril nas margens do rio Pavacatú, onde se 
fez inventario e leilão dos seus bens A 14 de Agosto o seu 
testamenteiro fez uma declarmeão n'um logar designado como 
«sertão termo 6 limites que povoam os gentios Temininos», que 
é a mesma designação dada no logar do fullecimonto de Braz 
Gonçalves uns quinze dins antes. 

Dahi se conclua que a bandeira de Nicolâu Barreto partiu 
do São Paulo logo depois do 8 de Sotembro de 1602, e que 
cinco mezes depois tinha penetrado até as margens do rio Guai- 
bihi, que, com pouco risco de errar, se pode identificar com o 
Gunicuhy ou rio das Velhas. (*) 












Coronelil, de 108%, dá a um rio que pela sum posição 
a ds Ven some do dba? que dent md À 
tarto de Bras Gonçalves do que à fórma mudorna do Qualcuby, 








— 401 — 






| Cerca de um mes depois houve um encontro com os indios 
“em que Manoel de Chaves ficou tão gravemente ferido que fez 
testamento a 22 de Março, vindo a fallecer nas margens do rio 
Paracatá, onde a bandeira se achava om £ de Abril, dia em que 
se fez o inventario do falecido bandeirante, Quatro mezes 
a bandeira se achava no territorio oceupado pelos indios 
ininos, cuja posição não pódo ser determinada mas que se 
ivelmento colloear no sertão no oéste do rio São Fran- 
cisco e provavelmente no norte do rio Parncatú. A 14 de Março 
de 1604, foi feita partilha dos indios eseravisados em logar in- 
certo, mas provavelmente em im ponto do caminho, de volta 
a villa de Sho Paulo, onde n bandeira chegou antes de 8 
Setembro do mesmo auno. A duração da visgem era por= 
tanto ceres de dois annos. 
Conformo as referencias registrados na Camara de S. Paulo 
& bandeira consistia de corea do 300 pessoas brancas «e mais 
po e essravos do guerras e pelo testamento de Manoel de 
es snbe-se que este tinha por sua conta tres destes depen- 
] dentes dos quaes um era mulher. Nos dois inventarios o na 
| mota de Azovodo Marques vêm mencionados 55 nomos que se 
tomar como sendo exclusivamente de soldados cujo mume- 
zo, n julgar pelo caso de Manoel de Chaves, era provavelmente 
inferior à terça parte da totalidade da bandeira que provavel- 
mente orçava em mais de mil almas. 
Us nomes conservados são os de Aleixo Lemos, Antonio 
À Luiz Grau, Antonio Bicudo, Antonio Pedroso, Antonio Pinto, 
Antonio de Andrade, Antonio Roiz Velho (Arnã), Andrá de 
! Escudoiro, Ascenso Ribeiro, Braz Gonçalves, o velho, Braz 
Gonçalves, o moço, Balthazar Gonçalves, Balthazar de Godoy, 
Bento Fernandes, Domingos Barbosa, Domingos Dias, Domi 
Fernandes, Domingos Gonçalves, Domingos Pereda, Du 
Machado, Estevam Ribeiro, Francisco de Alvarenga, Franeis- 
| «co Nunes Cubas, Francisco Iibeiro, Francisco de Siqueira, Ge- 
raldo Corrta, Henrique da Cunha, João Bernal, João Dias, João 
Gago, Jnho Morzelho, Jorge Jono, Jorge Rodrigues, José Gas 
r Sanches, Lourenço da Costa, Lourenço Nunes, Luiz Ennes, 
moel Affonso, Manoel de Chaves, Manoel Mendes Alemão, 
Manoel Paes, Manoel Preto, Manoel Roiz, Manoel de Soveral 
(eserivno), Matheus Gomes, Matheus Neto, Nicolau Barreto (cn- 
itho) Nicolau Machado, Pasconl Leite, Paulo Guimarhes, Pedro 
Rs Pero Martins, Pero Nunes, Rafacl de Proença, Salvador 
Pires, Simho Leitão, Simão Borges Cerqueira e Sebastião Pires, 
Na partilha dos indios escravisados cabia a Braz Gonçal- 
ves nove eneças» e à Manoel de Chaves o mesmo numero de 





”o. 





— 409 — 


adultos necompanhados por quatro creanças, Tomando em dez 
(entre adultos é ereanças) o quinhão de cada soldado da ban- 
deira seria preciso 540 cativos para satisfazer os cujos nomes 
vem mencionados acima, Porém, como é provavel que houve 
carea de 300 pessoas que tinbam direitos egunes na perita; o 
mumero total de entivos devia ter sido de cerca de 3000, Estes 
pela maior parto parecem ter sido da tribu Temininos. 

Em quanto a bandeira andava pelo sertão levantaram-se 
em S. Paulo queixas do despovonmento da villa devido à faga 
dos escravos. Em 24 de Novembro de 1602 a camara tomou 
conhecimento destas queixas o dirigiu um requerimento ao ca- 
pitiomor, Diogo Lopes de Castro, em que vem uma referencia 
ú bandeira de Nicolau Barreto como tendo sido mandada pelo 
capitão-mor anterior, Roque Barreto, irmão do Nicolau. Por 
esta referencia consta que dez ou doze homens que deviam ter 
seguido com u bandeira mudaram de rumo e foram pelo Anhembi 
(Tietã) abaixo. 

Conforme as investigações do dr, Washington Luiz, a fami- 
lin Barreto daquela epocha consistia dos tres irmãos Roque, 
Nicoláu e Francisco, filhos de Alvaro Barreto. Roque Barreto 
que tinha sido capitro-mór na oceasino da partida, ou pelo mes 
nos da organização da bandeira, já não o era a 24 de Novembro 
de 1602, mas tornava a ocenpar o logar antes de Março de 1608. 
O mesmo investigador encontrou o inventário, com a data de 
Agosto do 1664, do um Nicoliu Barreto cuja viuva, Juliana de 
de Oliveira, declarava que ello tinha feito testamento, mas que 
este so achava no Rio do Janeiro. Não 6 imposivel que forse 
o proprio du bandeira de 1602, parecendo porém mais provavel 
que fosse nlgum descendente ou parente. 

Em 22 de Março de 1608, a camara pediu explicações de 
Roque Barreto, que tinha voltado a oceupar o curgo de capitão- 
mór, sobre notícias de uma nova entrada projectada no sertão, 
protestando que a enpitania mão tinha gente para ísto e mos- 
trando receios dos Indios Guarimimis da visinhança, Nesto docu- 
mento vem a interessanto informação de que a bandeira de Nicolim 
Barreto consistia em perto de tresentas pessoas u mais gentio e es 
cravos de guerra. Nesta occasiho Roque Barreto respondia 
só mandaria gente para «alimpur ladrociras» o quo mandaria cha- 
mar o seo irmão Nicoliu. 

Mais tarde, em 19 de Julho de 1603, a camara protestava 
ao novo governador, Diogo Botelho, sobre diversos nssumptos e 
entro esses o da noticia que corria que o governo in exigir para 
si 4 terça parto dos escravos quo seriam trazidos pela bandeira, 
cantão músente. - Por am oficio de 13 da Janeiro de 1608 dirEta 















— 405 — 


“do no donatario da capitanin o traneeripto por Azeredo Marquesa, 
-s8 que esta exigencia foi depois reduzida a um quinto, 
que ainda assim foi motivo de muito descontentamento. Que 
n fosso à facilmente comprehensivel visto que a bandeiranta 
“Gonçaves contrabiu dividas, parn preparativos de viagem, 
ja de 97 eruzados (988800) e, a julgar pelo leilão 
hão de Manoel de Chaves, o valor dos eseravos que to- 
— cavam a cada bandeirante regulava, proximamente, no dobro dos- 
“quantia apenas. 
“No referido officio do 1608, n camara declara que as cinco 
villas então existentes com a Cananén podiam pôr em campo 
de 300 portuguazes com imais de 1.500 «sernyos «gente usada 
“no trabalho do sertão, quo com bom esndilho passam ao Perú 
terra, e isto não é fabulas. Como porém a camara menciona 
logo em seguida a bandeira de Nicolau Barreto como a mais 
“motavel façanha nesta sentido até então eflectuada, é quasi corto 
y antes de 1608 não tinha bavido nos sertões ao norte de 
E. Paulo sinho as bandeiras do André de Leão e de Nicolnu 
Barreto. Evidentemente u enmura de 8. Paulo julgava que esta 
mltima bandeira tinha penctrado até proximo nos limites do 
em s não so pode qualificar de muito inexacta esta spprecia- 
os Tito que os Hepanhóes daquele tempo, «como os seus 
lentes de hoje, pretenderam abranger com este nome 
grande parte da Dacia do Amazonas. 


4 de Junho de 1904 














Onrvicte A. Denny. 


— Rromusro no Carsrão Diono Gru Laço que LHE DEU O Br 
Govoou Dou Francisco ve Souza 


Primeiramente. ( . ssa id da a 
“o capitão desta villa e heus 






ce e ++ + doscoborta é por descobrir desta 
que vos obedecerão conforme a dita provisão que 
minhn do dito enrgo. . . , daveis e não consentireis 
alguma possa por ora ir as minas ja descobertas. . . 
(eee de de Ivo Affonso Sardinha o velho e 
' Bardinha o moço aos quies deixo ordem do que neste par- 
poderão fazer que vos mostrarão por sor os di 
é p.'* que bem entendem que. +. cr cas 
cre www + « disto corro em principio, À cousa de 
» consentir irem outras neubias pescas assim as minas des- 






















— 404 — | 


cobertas como as por descobrir, é entre outras porque. . 

- - + cada dia estou esperando com com a favor 
do Deus | por mineiros é ordem que Sua Magistado ba de mandar 
a benefício destas minas e bem q aos q forão descobertas se não 
bula até a vinda dos ditos mineiros e mais officines e os achem 
Tabietos é cvajha tai 1 : q 





- o conte fizer disto o q delles não espero, a 
me mandareis emprazado , css 
PRE ZE 2 

5 a «fazer a - “a 
ordenareis hã capitão RS . 
.. voe o + farão rensoba da gonto 


Pa de listava 


da e defensão da terra 6 ser-vos-n mandando 


detida alguns monquetes e arcabusos petreiros —— 
2 « - com que não haja descuido antes 
muito enidado como de vos. . - confio e seguirseda 


neste particular a ordem da dito lei das ordenações como Sua 
Magistado de novo mande se faça, 


Sendo easo com o favor de Deus e da virgem N. S. de 
Monsorente venha recado do serem achadas as minas do prata 
que Andre do Lito com mais companbis foi buscar logo orde- 
nureis de me avisos, DOME; “é a do jo a do . 
2240) conforme digo, . ç 
o troueerem já o que . «vc + 
a + + traslado delle em, . - 
ao O espião Roque Barreto é o provedor Pedro 
Cabos vos dem . . PR 
. embarcação no porto da villa de. . 
or conta da fazenda de Sua Magistado e todo o mais aviamento 
necesunrio Eng lhes pedirdos e Eira RR 
de so mandar este aviso. , . é Su nd 
não fordes causo, . . -. - uão 0 consentireis a ninguem 
que va as ditas minas de prata, . . . O favor de Deus 
= e 4. + pelo perigo que correra os q astim forem dos 
inimogos q la no caminho, 


q poder succeder. 






ád 







— 405 — 





ue Andre de Lião ou pessoa q om seu lugar 

ami vos pe al ave o ind pa ls na q 

e a + MeCESSArIO pOr, 

«+ q la nchar logo procurar de succorrer « com 

à ponto data caput e e + tambem = ajuda 
; | dito epitão: Roque Barreto 














Tal * + somente « DAM TE A ar ad 

“o - conho E 4d o é, Rd: 

indo qo cs - do mais que meceder 2 20. ERES 
socorro como. . sv ua a faVOE 4 0 a 
* «descobrindo os ditos Affonso Sardinha, . 

consa 'do novo q sea. . . importancia e querendo 


se me avisar ordanareis que va o dito aviso pela maneira atraz 
* +, O dito q no mais que se oferecer vos om- 
commendo o cuiddo vigilaneia que de vos espero e bem assim 
de todos os moradores a villa qual com o favor divino hn de 
ser cidade antes de muito tompo e hão de ter grandes ais 
e mercês que lhes hei de a com Sua Magistade porque 
a pra “ a pd parte donde mediante o favor de Deus 
minas, este regimento mando se registo no 

livro da aa desta villa para que todos, 
Dado em São Paulo n 19 do Julho de 1601 ânnos.—O gor 

Dom Francisco de Souza. 


(Ancmivo Da Camara MusicrraL DE 8. PavLo, 
Liv. 55, Tit. 1600, fls. 36). 





1604 


Ixvestarto que o Jutz nos OpuÃos 
BersanDO DE e AO 
a <= c rhzen DA 
Fazenda que ricou nm Braz (uz 
O MOÇO DEPUNTO. 


Anno dos nascto de Nosso Snr, Jesus Christo de mil e sei= 
sentos e quatro annos aos nove dias do mez de Setembro da 
dita era no termo da villa do 8, do do S. V.” do que 
é capitão e governador o Sr. Lopo do Souza por el-rei noseo 
senhor, etc. no termo desta villa aonde chamam Gerabatibe nas 
casas e fazenda de Braz Glz. o moço defunto nonde o dito juiz 








— 406 — 


foi a fnzor inventario do dito defunto e logo deu juramento dos 
santos envangelhos a viuva Catarina do Burgos mulher que ficou 
do dito Braz Glz. defonto. . 2 0 0% pelodito jura 
ento. . sw . . da toda, E por falleco” do 
seu marido o promoteu fazor O assignou por. +. «wu 
Juiz Senastião Limp 

EE SA fee ol va CORCRIVÃO: BCE 





Bo ve Quanros Sesasrião Laws. 


( Seguemese : 

Termo em que são escolhidos avaliadores Francisco de Gama, 
e João da Costa, 

Deseripção das peças do defunto e mais bens, 

Termos de curados à lido à Juan Santanna. 

Termo de venda da negra Appollonia a Bartholomeu Bueno 
por 27.097 14). 


(Acostado ao inventario feito em 8. Paulo está 0:) 


« Auto de inventario que mandou fazer o Capitão-mór deste 
arenial Niculau Barreto neste sertão por morte e fallecimento de 
Braz Glz. o moço dos bens que ss lhe acharam que logo man 
don vendor =. 

Anno de nasem,* de nosso Senhor Jesus KPto da era de mil 
e seis centos e tres annos aos trinta e um dias do mez de Julho 
do dito anno neste sertão de limites q" povodo hos gentios Te- 
miminos perante o capitão-mor deste arraial do descrbrimento 
de minas de ouro e prata c mais metaes Niculao Barreto pare- 
ceu Braz Gly. o velho m.º” na villa de S. Paulo ando eu escri- 
lda o a a io o PE rr 
ondo » dito capitão estava o logo pelo dito Braz Gla lho foi 
apresentado o testamento q' adiante vai aqui ncostado requerendo 
lo o mandasse sun meree comprir como se nela continha q! hora 
de seu filho defunto Braz Glz o aesim mais mandasso vender 
em Jeilão os bens q" avião ficuado do dito seu filho defunto a 
quem por elos mais de e pogar em S Paulo om ia dachegada 

festa jornada a dois mezes primeiros seguintes para os erdeiros 
do dito defunto postos em pnz. + e em salyo na dita villa. 
E logo pelo dito capitão Niculao Barreto foi dado jur.* dos san= 
tos evangelhos em bu livro deles no Braz Glz. q" decrasso e dese 
PEDE RE = aqui tudo o que nvin ficundo 

dito seu filho defunto nssim o prometteu aséraiogo apresentou 
as cousas seguintes. . «+ termos das, . 4 « 
e ondas parese. + + « «0 dito capitão mandou por em 


— 47 — 


almoeda e om publico leilão a quem por eles mais dese pagar 
conforme as decrarassoes dos ditos termos. E mandou o dito 
espitão se cumprisse o test”, . do dito defunto e mandou fa- 
ser este auto de inventario como dito he o assinou aqui com o 
dito Braz Glz. quo recebeu o dito juramento 6 sob cargo dele 
o fazia curador conforme dito testamento rezava e que procu= 
rasse todo o bem dos orphãos o que assinou como ntras fiqua 
dito do que assim requeresse, E eu Manoel de Soveral escrivão 
desto arraial sobredito que ho eserivi. 


Braz Giz, 
O caprrão NycuLao Barnero. 


TESTAMENTO 


Em nome de Deus amem. Saibão quantos esta cedula de 
testamento veram em como no anno da nascimento de nosso Snt, 
Jesus XPO de mil e seisentos o tres anos aos vinte e noye 
dias do mez Junho do dito anno neste sertão domde me acho 
eu Braz Glz o moço me acho enfermo de doensa q. o Snr. Deus 
me den o estando cm mou verdadeiro juizo o entendemento ro- 
gei a Fr. Nunes Cubas que fizesse escriyesse este testamento 

. deseargo dn mínha consiensin por não saber quando Nosso 

1. será setvido mo loyar para si no qual enconmendo minha 
alma pois me creou e +. . mioporsou prosioso sangue é 
peso ao ++ é 05 bemaventurados apostulos 8. Padro e 

Paulo enjo din hoje he sejam meus avogados e intersessores 
e alcanção perdão de meus pecados amem. 

Decraro q. sou £º legitimo de Braz Glz o do Margarida 

Fra. sun mulher que Deus baja, 

ecraro que sou casado cô C.º de Burgos f.º de André de 
Burgos e de sua mulher. . . . . ambos. - temosos filhos 
asgintes à sabor Bartholomeu, Isabel o Andro e Margarida cs 
quones são erdeiros do minha fazenda. 

Mando que me digão hua missa cantado e hu oficio de 
=. por minha alma e ce duma desmola o ..... 
Mando que se mo diga ao anjo do minha gonrda duas miscas o 





bua no santo de meu nome, . . . o bemaventurado São Braz 
€ Nossa Senhora do Rosario tres missas e noss Sur. do Carmo 
duas o hua missa . . . detodosos suntos . . . seus 


respostos por minha alma. 


— 408 — 





Mando que pagas minhas dividas e legados so de desmola. 
e page o que tenho prometido pelos . . .... que se 
achar q. prometi. 

deeraro que sendo ensado uvi dous filhos de bua escrava 
minha. hu por nome Domingos « outro Baltezur nos quones por 
não serem erdeiros. . . . . os ontro deixo o remanescente + 
de minha terra e os recommendo a meu pai Braz Cla dos quones 
será curador e dos outros tambem e os mandars eriar o doutri- 
nar porquanto os forão e tome os ditos meninos Domingos é 
Bultozar em minha terra, 
docraro 6 deixo. + «cu ww ww sa 





entregue . +. que + 


si leg 

mando que se não venda o marido da negra de quem uvi os 
dous £.ºs, que se chama Paulo nem sua mulher Apolonia porque 
avendo terra eu os forro. . cc 
ce + + + NOS ditos meus fºs e nho buvendo . +. 
que podem servir na creação nos ditos meus fºs. mando 
melhor meu pai ordenar q. cada bum tinha +. 22. 
crer, 0 £º julio £.º da dita Apolonia fazse mn. 
delle e dos mais cativos o q. for rezão e justiça. 
decraro que tenho de meu serviço ns peças segintas Jerony- 
mo é Polipa sua mulher . +. ceu fiiho Aloixo e mais 
hua moça por nome Juliana e Ant”, e destes são forros é dar 
se-a a mens erdeiros o q. lhes conber e encommendo quo os 
tratam bora a asi mando de. . . . . quinhão e prrtilha do 
que me couber deste descobrimento encommendo no capitão aja 
respoito a meu serviço o à meu pai fará por segurança do q 
me couber q. for rezão e justiça. 

decraro que n meu irmao Domingos Glz devo em minha 
consiensia pouco mais on menos cinco ou seis cruzados será o 
que ele dizer sempre cinco ou seis se lhe page e é isto de nos- 
sas contas, decraro q" o q! se achar por meus asinado 1 se de- 
vo sa page, deeraro sou pago e satisfeito do meu pao da legi- 
tima que me conbo erdar do minha mae q' Deus tem noi, , 
p* «della p” me ter pago e asi estou pago da legitima e dos 
te de minha mulher dos, . cce aqsho, 

- de meu cunhado, me n de dar gitação das nos- 
contur do q' page a, . + + * por conta do inventa- 














— 409 — 





, duas 
calderinhas que tondo de nosso serviço e hu relicairo do prata 
ele trouxe por meu, . , . «+. de trazer fazer 
o gusto nesta entrada". . .dorio goinbibi onde. , . 


o omté e ler; . . +. povoado encommendo a meu 
irmaos a favoresão e leve pois cu o fazia por amor de Deus. 
se pondo em arrematação e que se achar meu q' meu 
tezar decrarará, e por isto ser minha derradeira e ul 
tima vontade Requeiro ás justiças de sua magestade de em to- 
do cumprir e mandar cumprir esto como se nelle cótem o qual 
ami asinei como o dito Fr Nunes Cubas e Jorge João e Jorgo 
iz e Ant” Pinto o Manoel Faes e Joho Berna] e Joho Morze- 
lho como tndo dito, * , * . ntraz escripto Fro Nunes 
Cubas, Braz Glz, Antonio Pinto. Jorge Joho. Jorge Roiz. João 
Jorge Roiz. Jobo Morzelho. João Bernal! Manoel Paes. 
arou mais ele dito Braz Gla. testador que fazendo in= 
zame com sun consiensia achava não ser seu filho o menino 
por nome Domingos atraz nomeado o quosl dizia em Deus é 
om sua consiencia não ser seu filho o Bria por revogado tocan- 
te nelle e o deixava por cativo como era e quanto ao outro por 
mome Baltazar ase decrava ser seu filho e o tomava na sua terra 
para que fosse filho e so cumprisso o desso o atraz tocanto a 
elle em seu testamento . . + . € para cumprimento deste 
testamento e deeração q”... fazia momeava por 
testamenteiro sua mulher C.º de Burgos e o sem pae Braz Gon- 
qalçes juntamento para o effsito de se cumprir o que dito he e ns 
testamanhas que se acharam presentes foram Antonio do Andrade 
e Antonio Pinto e Jorge João o Jorge Roiz e Mathias Gomes e 
Baltazar Gonçulves todos . . . que asinaram co- 
igo Francisco Nunes Cubas que deeraro estar o testador em 
seu entendimento perfeito que Nosso Senhor lhe deu e mo. 
o e detormmar . , «esta decração 
es , aos treze dias do mez de Julho de mil e soi- 
sentos e tros annos, 
Fre Nunes Cubas . . . Asino por mi e pelo tostador 
por... 2 + - «ser lhe tremer a mão por doen- 
sa 6 fez é nsina sómente 











Free Nunes Cubas 
Jorge João. Baltazar Gla. Antonio dandrade 
Matias Gomes , , , Antonio Pinto. 





— 40 — 


E logo neste dia, mez e anno atras. . cs 
neste avcal pelo capitão mor d'ello Nyculao Barreto foi man- 
dado vender em leilão as cousas seguintes a pagar em d'º nã 
villa de S. Paulo & paz « em salvo para os erdeiros do de- 
funto Braz Glz. da chegada deste sertão a dous mezes posto- 
riores seguintes, E al de Soveral escrivão deste areal 
que ho escrivi. 

O Capitão Nyculan Barreto. 

Um gibau de . . . mas sem mangas . . . are 
matada a Luis Eannes m.” cm 5, Paulo, findor Antonio Pe- 
droso. 5.700. 

Duns pratos de estanho pequenos forum arrematadas a Bal- 
tazar de Godoy 600 rs. fiador Simão Borges. 

“Pres cunhas de corto qualsadas em 10 cruzados a Dos, Gla, 
irmão do defunto, 

Hua eisco com seu fuzil a Duarte Machado em 640 19. fia- 
der Geraldo Corros, 

Um vestido de panno pardo . «à Mathias 
Gomes em 7.000, fiador Baltazar Gla. ambos m.'* em S. Paulo, 

Uma sexoulas de algodão novas a Balthasar Glz o volho 
1.º" em S. Paulo em 8. 

Um chápeo pardo usado a Antonio Pedroso em hum cruzado 
fiador Pascoal Leite ambos mo."* em 8. Paulo, 

huas meias de ln encarnadas o um sapatos de carnera a 
Pascoal Leite em 3,000, 

Hum fouco de serviço a Paulos Gurm, em 800 1 findor 
Geraldo Correa. 

Huma rede de dormir usada a Jose Gaspar Sanches findor 
João Bernal 1.000. 

Hum manteo de olarida a João Morzelho em 1 pataca 
fiador Sebastião Peres. 

Hum espada a Balthasar Glz. o moço, irmão do defanto 5.200 
fiador Manoel Affonso. 

am de couro do anta à Rafacl de Proença findor 
Sebastião Peres, 


Aos 16 dezeseis dias do mez do Março de mil e seis cento 
e quatro confesso o curador do inventario Braz Glz o vel 
estar satisfeito é baver recebido & cruzados de Balthazar Glz o 
moço q here a dever de suas seroulas ete, 








— 411 — 


das pesas que foram dadas no defunto em questão. 

Aos quatorze dins do mez de Março de anno de mil e seis 
centos e quatro foram dados em quinhno do defunto Braz 
Gl tres negros e tres negras e duas crianças e mais hu ra- 
pas mag s que estario.......4.,. COM 08 
mais que neste sertão se repartirão dos negros torniminos 
enc es ++. A8 quones recebeu o curador deste inventario 
Braz Glz o velho para levar a povoado aos erdeiros . Pro 
ma ave ww» + mandado do capitão e a requerimento do dito enva- 
dor por não aver quem as comprasse sendo postas em leilho 
no terreiro desto nmial e não se nchar outro remedio para 
em arrequadasão de que eu escrivão fez este termo de 








(Seguem depuis os mais termos do inventário em São Paulo), 

[merdas credores apresentam conhecimentos de dividas em 

rios de papel a parte que copiamos). 
o Digo 2 Pao Bananas à Gr morador na villa do 5. 
Paulo «2d é verdade que eu devo a Braz Mendes treze cruzados 
em dinheiro de contado os quaes lho pagarei em vindo desta 
entrada que faz Nicolau Barreto capitão os quaes lho daroi da 
Cs a um mez lhe darei a elle ou a quem esto mostrar e 

ro que lhe darei uma rapariga ou um rapaz concertando 
os ambos e não concertando lhe darei os treze cruzados 
em d.” Por ser verdado lhe dei esto por mim assignudo e ro- 
garem e Antonio Pinto q este fizesse e assignasso como testa- 
munha=-Feito hoje 8 dias do mez de Sotembro de 1602 a An- 
tonio Pinto Braz Glz. 

E declaro este conhecimento foi da um pouco de sal que me 
vendou, 

« Digo eu Braz Glz mt mu villa de 8. Paulo q é vordade 


ue devo a Manoel . . m. na dita villa 21 eruzados em dº 
contado os quaes sao de fazenda qua me vendeu nesto sor- 
tão em . om pannos dargodão os quaes 2L cru 





sados lhe pagarei da chegada a minha casa a 8, Paulo a dous 
mezes o qual pagamento farei a elle ona quem me este mostrar 
é sendo cnusa que Nosso Senhor faça de mim alguma cousa 
neste sertão mando que se lho paguo de minha fazenda que 
aqui se achar epor . . . sepassar na verdado roguci Ant? 
Pinto qne este fizesso e nssignasse como testemunha. Feito hoje 
22 de Junho de 1603. . : Braz Glz, Antonio Pinto, » 

= Digo eu Braz Gls o moco morador na villa do 8, Paulo 
q 6 verdado q eu devo a João + . . . + + oito erizados 
em d.” de contado de um pouco de fazendaque me vendeu digo 
doze patncas as quaes lhe pagarei em vinda desta entrada em q" 


— 412 — ' 


vou com Nicolau Barreto e por ser verdade roguei a Sobnstião 
Mendes 9 este fizesso e assi, com testamunha, Hoje 22 de 
Agosto de 1602 Sebastião Mendes. Braz Glz, » 
« Digo eu Braz Glz o moço q 6 verdade que cu devo a 
cw + do Lara 30 crus m d.º de contado os quass 
lhe pagarei em vinda desta entrada que faz Nicolau Burretoao 
sertão, os quaes 35 cruzados são de vm vestido que me vendem 
e de fazenda e panno de algodão e pratos, e mão indo agora 
lhe pagarei doje dia de S. Lourenço a um anno 6 por ser ver- 











le roguei a Antoi into que este fizesse e assiguusse como 
pets - - Hoje 10 de Agosto de 1602 Blax Glz. Anto- 
nio Pinto. » 


« Digo eu Braz Glz o moço é verdade que devo a Domin- 
gos Barbosa tres cruzados de. . .. . 0. e me 
vendeu os qunes tres cruzados me obriga lhe pagar a elle ou a 
quem me este mostrar em. . «2 20MO. + + o = 
neste arraial . «+ « « «me pediro por verdade roguei 
a Frato, Nunes Cubas que este fizesse e o assignasse hoje nesta 
rio de Gonibihi aos 17 de Fevereiro da 1603 Fr Nunes Cubas. 
Braz Gle. , . «raro que será no rio dannembo «, 

« Digo ou Braz Glz o moço que 6 verdade que eu devo a 
Manoel Paes dous cruzadosdumas . . . . Djas quo me vem 
os quaes dous cruzados darei em dinheiro de contado trazer 
me 50 Sonhor desta viagem e lhos darei a ella ou a quem, 
me mostrar € por ser verdade roguei a Joho Francisco que 
este fizesse e ussignusse como testamunha feito hoje 24 de Agosto 
de 1602. Jono Francisco. Braz Gly. 

« Digo ou Braz Glz o moço que é verdade que ou devo a 
Numo Vaz Pinto quinze cruzados de muitas cousas que 
comprei os quaes quinze cruzados lhe pagarei em dinheiro tanto 
que Nosso Sr. me trouxer do sertão desta entrada que vas Ni 
colau Barreto por capitão e não indo elle pagarei da foi 
deste a um anno e por que é verdado roguei a quocste fizesso 
e assignasse como testamunha, Hoje 26 de Julho de 1602 anmos. 


Braz Glz. 








Braz Gy. 


AUTO DE INVENTÁRIO QUE MANDOU FAZER O CAPITÃO-MOR NICULÃO 
Bannsvo pon raLLSCIMENTO DE MANOBL DE CHAVES SOLDADO 
DESTE ARRAIAL. 


Anno de nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil 
seiscentos e tres annos neste sertão e rio de Parncatú, nos 



















— 413 — 


moz de Abril do dito anno no rancho de Domingos Dias 
Manoel de Chaves defunto onde eu escrivão fui e o 
capitão estava por elle foi dado juramento a Domingos Dias 
va mão dos santos evangelhos que deelnrasse todas as cou- 
ficaram de seu irmão defuncto Manoel do Chaves é o 
tou fazer e ussignaram aqj Eu Manoel de Soveral es- 

o deste arraial que o escrevi. 


O capitão Nyculão Barreto. — Domingos Dias. 





“Tiuso pe Juramento DADO A Pexo Nuxes w a ALuixo Lexk 
PARA SERVIRKM DI AVALIADORES DA FAZENDA DO DEPUNCTO 
Mason pm Caves. 


E logo no dito a e anno atraz escripto pelo dito ca 
pião Nyculão Barreto foi dado juramento dos santos evangelhos 
a cruz a Pero Nunes e a Aleixo Leme para que elles ava- 
Jiassem as consas que foram do defuncto Manoel de Chaves e o 


aqui com o dito capitão, E eu Manoel de Soveral 


0 escrevi, 
O enpitão Nyculho Barreto. 
, Aleixo Leme —Po. Nunes. 





vao» 8000 
valindos em, 2.000 
corra e» 8.000 
RA 1.640 

o ess 85600 

+ 1000 


sem bainha... 
poucos de anzões e alfinotes. . 





— 444 — 





Declarou o dito Domingos Dias que havia mais tres 
— Antonio, e Rodrigo e Leonor e disse que não havia mais 
zenda de scu irmão defuncto e o assignaram aqui-— Eu Manoel 
Soveral escrivão eserivi, 
O capitão Nyenlio Barreto; 
Aleixo Leme. —P,” Nunes. 





TESTAMENTO 
JESUS 


Em nome de Deus amem. Saibam quantos esta cedula de 
testamento virem que no anno do nascimento do Nosso Senhor 
«Jesus Christo de mil seiscentos é tres annos estando eu Manoel 
de Chaves doente de uma frechada que me deram os tapias com. 
todo meu juizo perfeito os 22 dias do mez de Março da dita 
era detorminci fazer esta cedula de tosta!o p.* nella declarar ns 
cousas seguintes. 

« primeiramente encomendo minho alma a Nosso Senhor Jesus 
Christo que a remio por seu precioso sangue queira haver mi- 
sevicordia de minha alma < rogo a virgem nossa senhora que 
queira interceder avogada de seu bento filho, amem. 

« mando que me digão um officio de novs lieções e Jhes par 
gara com... aqui tiver. 

emundo que me digão cinco missas rezadas a honra do nosso. 
senhor Jesus Uristo. á 

emando mais outra rezada a honra do bemaventurado 8, Fra? 
supe da a outra cantada a Na. Sa, da mizericordia. 

«ontra missa a Na. Sa, da Concoição rezada. 

cerco ros Na, Su. da Piedade regada. 

« declaro que sou ensado. ..... « Dias da qual tenho um filho 
oquile.......... fazenda. 

«declaro mais que em casa de . 
flha a qual deixo o remanecente . 
legados compridos. 








voe + ++ tonho uma 
+ + terta depois dos 









e deslaro ....sess meu conhado . cc cre us 
de 8, Sebastião tres patacas, 
« declaro que o que devo as confrarias que. . casos 


« declaro que devo a meu conhado Matheus Leme . . 

« declaro que a pessoa que jurar que en lhe deyo se lho 

« declaro que do... ...+» confraria de Na. Sa, da Concoição 
deste cru 4 patocs 

«declaro que de, . ... o. conferia de bemaven. S. 
Antonio duas patacas. 











— 46 — 


— «declaro que Gonçalo Mndeira me deve nho sei quanto por 
juramento sera erido o se lhe descontará em assiguado meu 
que dever tomara 

«declaro que Antonio Roiz Arai, . . + . «curador do 
“orfão meu entendo e quo se achar que me deve sa arreendara 
E assim mais se arrecadara o que, + 4. cem + 
— de meu sogro Anto, , Lc rs rs 

« declaro que tenho um moço serviço forro por nome. 
= - outro por nome Aleixo casado com uma escrava, € 

mome Paulo e nssim mais uma india. . (0. 

com duns filhas c ontra por nome Leanor 
« declaro que me vendeu uma negra por, « 
=» ou por vinte cruandos o por ser . . 








mus dallo tenho , . ri car rs va ww é 
re» meu (cinco linhas roídas) pao cinco patacas 

- «declaro mais que meu pac me deve cinco mil réis de um 
vestido de que tenho assignado 


« declaro que os serviços forros que tenho declarado são ser- 
viços de obrigação de minha casa eassim por noma Vietoria. 
E assim houye esta ceduls por acabada por esta ser minha der- 
madeira vontade e rogo as justiças de sum image scanedar e man- 
dam comprir por. +... - quantos soacham. . 
que rogue, . 2.1 +» Pascoal Leite qua esto f- 
esse e o assignasse comigo e com as testamunhas abaixo as- 
“signadas hoje 30 de Março 1603. 


Manoel de Chavas Pascoal Loito Aleixo Leme 
Bento Fernandes . . .. . Leme Antonio Luiz Grau 
Mateus Neto Antonio Bicudo. . 





Aos quatro dias do mez de abril de mil e seiscentos e tres 

annos neste sertão e rio de Paracutá onde se achava aposeatado 

o capitão-mor Nyenlão Barreto em seu arraial foi mandado ven- 

der a fazenda do defuncto Manoel de Chaves que neste inven- 

— tario está lançada a qual mandou vender em leilão publico a 

quem por ella mais desse e form trazido... . pregão 

por um indio forro. +... . «por nome Jorge e por não 

aaa e e o + + <ASSigNAS, NÃO AssignOI DAS. +... 

haver porteiro neste rr: E cu Manool de Soveral escrivão 
O escrevi. 








O cupitão Nvcurao Banniro. 



































— 418 — 





Foi arrematado as armas de algodão. +... quil 
dusentos reis Manoel Mendes Allemho, a pagar em di- 
nhbeiro na villa de S, Paulo em paz o a salvo para os orphãos. 
do nossa chegada a dous mezes primeiros seguintes do nossa 
chegada, e o fiador e principal pagador digoa. + +. «O 
capitão 8 o assignaram aqui. Eu Manoel de Soveral que o 
crivi. Manoel Mendes Allemão. . . Domingos Dias 
O Capitão Nyculão Barreto. 


(Seguem os diversos termos de arrematação que todos leram as 
mesmas formalidades, os quaes por amor à brevidade se 
ommitem aqui dando apencs os nomes dos arremalantes e de 


seus fiadores.) 

Jono Bernal fiador Francisco Ribeiro 
Duarto Machado Geraldo Correa 
Andre de Escudeiro Pascoal Loite 
Manoel Affonso Mathias Gomes 
Francisco de Siqueira Domingos Tins 
Pero Martins Fran. de Siqueira 
Domingos Fernandes Capitão 

Mathias Gomes Manoel Affonso 
Andre de Escudeiro Lourenço Nunes 
Geraldo Correa Aleixo Leme 
Lourenço da Costa Mathins Gomes 
Braz Gonçalves Manoel Roiz 
Niculão Machado Antonio Pedroso 
Francisco Nunes Cubas Capitão 

Duarto Machado Gorsldo Correa 
Antonio Pedro Domingos Dias 


Termo que requeren Aleixo Leme, 
Aos 4 dias de Abril de 1603 appareceu Aleixo Leme mora- 
dor na villa de S, Paulo perante o capitão Nicolau Barreto e 
por elle foi dito que elle como procurador de seu sogro Domin- 
£os Dias pae do defuncto Manoel de Chaves requeria a sum 
mercê que não mandasse vender em leilão a espada que mosto 
inventario. . , +, que bayin estado em podor do 
dito defuncto, por quanto era do dito seu sogro Domingos Dias 
ue havia emprestado no filho defuncto para trazer nesta jorna- 
In e que a houvesse por depositada na mão do curador e testa- 
menteiro Domingos Dias irmão do defuncto para que a entre- 
ease a seu pai cuja era e que elle se obrigara a tirar a sua 
mercê em paz em salvo de que por elle contra elle dito capitão 

















'TARIO ESTÃO DECLARADAS 


14 do Agosto de 1603 neste sertão tormos e límitos 
m os gentios temininos nesta tranqueira onde era . 
E - de capitão isso Barreto am Cai am 
rainl min escrivão apparecen Domingos curador e 
is do seu irmão Munoel de Chaves dofuneto e outro 
dor Pires morador em 5, Paulo se obrigou 
Machado cinco mil reis conforme o dito Dunrte 
s em a dever neste inventario em dans di 

uma dellas está as cinco folhas deste inventario volta 
diz serem de duns camizas de nlgodão que lhs foram arre- 
em 4.000 e outra esta as nove folhus na volta e acaba 
em que diz que serem lhe arrematadas duns corpos de 
e umas mangas em 1,000 que fazem somma de 54 o 
o dito Salvador Pires se obrigou por si e seus bens 
e de raiz havidos e por haver a pasar a sobredita quan- 
outras tantas que do dito Duarte Msebado tinha rece- 
como o dito curador « tostamenteiro Domingos Dias hou- 
desobrizado ao dito Duarte Machado e seu fiador e as 
u com Salvador Pires os ditos 5.000 e se nssignaran nqni 

os. TZ eu Manoel de Soveral eserevão que o escrevi. 


SaLvapor Pass. Domingos Dias. 
Ja se paga esta addição. 








DESOBRIOAÇÃO DB PIANÇA QuE Simão Lnrrão PEs AO 
irão DB QUE HE A DEVER MAxoBL MENDES AS FOLHAS CINCO 


- E depois disto aos 24 de Dezembro de 1603 mento 
: pareceu Simão Leitho morador na villa de 8. 
quo elle se obrigava pela sua pessoa e fa- 
Rbrxfadar o prinaipal pagador do Manoel Maridos AS 
o de 8.200 que o sobredito é n dever neste inventario a 





— 418 — 


fis. 5 de umas armas de algodão acolchoadas que lhe foram ar 
xematadas no dito preço desobrigando o capitão que o abonava 
E pelo dito Domingos Dias curador deste inventario foi dito 

ne elle acceitava n dita fiança de Simão Leitão e havida 

'esobrigado ao dito capitão da abonação que bavia no dito 
noel Mendes e o assignarão aqui, Eu Manoel de Soveral es 
erevão que 0 escrevi, 

Domiscos Dias Sixão Lerrão 
MasoeL MexDrs ÁALLENÃO 





Digo eu Domingos Dias curador o testamenteiro do meu 
irmão defuncto, e curador neste inventario que eu recebi e sou 
prgo de 5.000 que Salvador Peres os quaes me pagou por Duar- 
te Machado . 2. cms ae + 
quantia dou por quite o livro o lho doi 
per Migoal de 
auno de GOL. 

(No mesmo dia dá identica quitação a Nicolau Machado). 





gi Guido GRE 
Soveral escrevão mesmo hoje dez de março do 





Foram vendidas a requerimento do curador Domingos Dias 
as poças que se deram em quinhão do defancto Manoel do Cha- 
ves que são as seguintes que pelos termos das vendas se verão 


adianto . quinhão da viuva a requerimento do 
proprio curador por não haver quem so entregasso da sua parto 
fer o capitão . +. . procurador a lido della seu irmão 


João Dias e a requerimento de ambos foram vendidas. 

Um rapaz foi vendido e arrematado a João Bernal em. 
+. mil reis que nelle mais lançou que todos n pagar 
em dinheiro na villa de S. Paulo da chegada do capitão-mor 
Nicolau Barreto a um nuno em paz a salvo pam os herdeiros 
com declaração que o aceitaram no foro em que fossem dados 
e deu por fiador é principal pasador Diogo Peneda seu cunha- 
do, E o assignaram aqui e o dito curador e capitão o ou Ma- 
noel de Soveral escrevão que o escrevi. João Dias, + « « 
Domingos Dias, . . . Jomo Bemal, . . . Dingo Peneda, 

(Seguem termos em identicas formalidades dos quees damos 
apenas o que se arrematou e os nomes do arrematante e fiador) 

Um casal com duas eriunças arrematado por 228000 por Ma- 
theus Gomes, . . . findor Henrique da Cunha. 

Uma rapariga por 48000 a Estevam Ribeiro, fiador Antonio 
Pedroso, 

Dois casses com duas crisnças por 63 ernzados a Domingos 
Gonçalves, fiador Manoal Affonso. 








— H9 — 


Tm negro por 84000 a João Gago. 
Um rapaz que se deu em pagan, de outro que morreu 


quese. . . - de dez ou doze anos pouco mais ou menos 
2.24. «em poder de Domingos Dias curador para 
que o leva n povoado dos herdeiros por suas contas o riscos. E 
se honve a entrega como dito e lonvado nosso senhor a sulva- 
mento . «2. + + O dito rapaz e assignaram aqui 
com o dito capitão eu Manoel de Soveral que o escrevi. 

João Dias. Domincos Dias, 





(amemivo DA CAMARA DE 8, PAULO, LIVRO N.º 9, (VERBANÇAS) 


Aos 24 de Novembro de 1602 nesta villa na casa da Ca- 
mara della estando abi os oficines della Jusepe de Camargo e 
Francisco da Gama vercadores e Francisco Velho Juiz o Juan 
de Santanna procurador do conselho para fazerem camara Nella 

uereu o procurador do conselho nos ditos officines q" esta 
terra se despovoava de peças e que todas fugiram para o sertão 
de que este povo e capitão recobora muita perda e não era 
eia ripole Daio é de mia Mapdo dos oviansão (a Lara 
a q) não as jão buscar por não haver licença que lhe requeria 
da parte de sua Mngiº om nome deste povo e fizesse n snher 
ao capitão que puzesse nisso cobro e q outrosi erdo idos dez 
ens ou mais rio abúixo em busca do algumas peças e q! lhe 
poderia succeder mataram-lhos q" suas mercês rennam alguma 
nte que fosso buscal-os ou gente q" fosso buscar as peças que 
igiam e não se fazendo assi protestava de toda a perda q q 
terra viesse à ver por suas mercês. 

Pelos ditos oficines foi respondido q” lhe tomassem seu 
protesto e q' ellos dariam conta disso ao cupitão q” como supe- 
zior puzesse cobro em tudo para o q/ loxgodo um requerimento 

ara mandaram ao dito capitão-mor Diogo Lopes do Custro para 
Rir ronndaram é mandarames que erualpão do requerimento 
se trasladasse aqui para em todo o tempo consta: 
lhes parecia bom o q' o procurador dizia e o assignaram, 
'raneisco da Gama. —Jusepe de Camargo. —Francisco Velho, 
— Juan de Santanna. 





porquanto 


THASLADO DO REQUERIMENTO 


Requerimento o protestação q" os officines da Camara desta 
xilla de 8. Paulo do Campo fazem ao Sr. capitho-mor desta 
éspltmmin Diogo Tapes do Castro pedindo a raquarendo em come 
hoje 24 dias do mes de Novembro de 1602 annos foi requerido 


— 420 — 


pelo procurador d'esta villa Juan de Santanna que fizessemos 
camara porquanto tinha q" requerer nella cousas nocossarias ao 
bem commum do serviço de Deus e de Sua Magistade e prol da 
terra, O q" visto por nos fomos logo as casas de conselho a sã= 
ber Juscpo de Comargo c Francisco da Gama vereadores, Fran- 
cisco Velho Juiz, e o dito procurador pelo qual foi requerido da 
parte de S, Mute q' esta villa se ia despovosndo por causa 
fugiram cada dia 08 eseravos e que... sem gentio é 0.... di 












vonda porquanto eram fugidos mais de cem escravos é atraz: 
dolls não idem, gontóu.o Asi fugiam todos por veram q! os não 
iam buscar nem tinh; itos ofli- 


esta diligenein resultará grande proveito para a eap'á q" saben- 
do os escravos q! anda gente fora buscando os fugidos não fu- 
girão tanto e portanto requeria o dito procurador da parte 
sobradita puzessemos deligencia e cobro no q) elle requeria e 
dado q” não dê logo emeampava a nos ditos olicinos toda a terra 
eo bem e prol d'ella com... todo serviço de Deus e de 8, 
Magde q! de la pode vir e protestamos deles darem conta de 
todos os damnos e males fugidas de escravos, mortes dos ditos 
homens q" deste dia por diante suecedorom darem disso conta 
não provendo neste caso conformo elle lhes requeria e q" visto 
por nos seu requerimento ser justo e termos carta noticia do que 
requer ser verdade mandamos que sen requerimento se escreveara 
no livro das verenções e q' sobre o caso tomuriamos necordo O 
g logo acordamos ao dito Sr. capitão lhe requer da parte de 

eus e de 8. Mãe que veja que importa sobre este cisão pro- 
ver com muita brevidade pois dá e causa de menos mal sobre o 
qual nos desemcarrogamos nossas consiencias com o capitho-mor 
a quem pertence estando na terra remediar os males della pois 
a nos parece ser justo o pelo procurador requerido e assim re- 
mottomos este protesto e requerimento ao dito capitão-mor as— 
sim e da maneim q" a nos nos foi requerido e protestado pro- 
testando mais não seremos em nada culpado em nenhum tempo 
pois que com a brevidade possivel o regueremos e protestamos 











o remediar o mandamos que o translado 


fez com o nosso requeri= 

AREA Pira 

justiça é brevidade pois tanto importa e 
custo 4 

ão da 






















Aos 22 de Março de 1603 fizeram camara os oficiass delta 
“ahi requoreus o procurador do conselho q" so taxnsse o q] ba- 
via de lovar o afilador- . . . para afilar os pezos e medi- 
“e assim requereu u dito procurador a elles oMci- 
os dizendo, . . . . - dias passados se publicou e aprogoou 
“mandado do capitão e ouvidor do toda esta capit do 8, Vi- 
q mandava q' ninguem fosse ao sertão sob grandes penas 6 
ora se diz. . . que elle todavia manda penta o qm lhe 
bem uanto é cuntra n lei de 8. Mico tom manda- 
“irmão Nicoliu Barreto com perto de tresentos homens é 
gentio e escravos de guerra o ha pia gente na terra 
os gunramiímis a porta e não sabemos o que farão e 
fugir o gentio escravos que ficarem sem haver quem ahi 
la e alem de tudo isso so espera o quo irão ao beneficio 
minas e não haver indios nem gente e um successo de 
ou por terra por onde não esta a caplt em dis 
so fuzer entrada polo que requereu a elles ditos ofi- 
o requeria no dito capitão não mande mais gente... eu 
o fazer... protestava sobro elle ditos officises cabir todo o 
emal q) viesse nu enpl e q lho avia pao qa gente 
fora da terra e os ditos oficiues mandaram tomar seu re- 
nto do qual se daria vista no dito capitão o so lhs no- 

o qa esta villa viose, Eu Belchior da Costa escre- 
rancisco da Gama—Diogo Moreira-—Fran Viegas.— Juan 
Santanna. 










os 23 do Março do dito anno nesta casa do consolho os 
della no diante assignados pediram ao dito capitão 
je Barreto ses... ques aqui e sendo presente lhe 
o vereudor Francisco Viegas 0 q. o procurador do con- 
io CAOS “Gs 6 proetrades tibia: cequerido- s lho. fá 
o damno que a terra tinha por mandar a esta entrada 


— a29 — 


olho, . | pd f. . o requerimento do que por resposta 
Ei elle nho mandava dar guerra no gentio do sertão salvo 
impar Indroeiras que fazem muito mal e damno a dita ca 
pitamia por lhe parecer seu sorviço o de 8, Md”. o bem da 
terra e juntamente mandar saber da gente q. é ida no sertão 
nondo está e se ha mister alguma po. . . Tho pre- 
venir e elle dito capitão ser avisado e juntamente mandar cha- 
mar sou irmão Nicolau Barreto para se recolher com toda & 
gente para esta capitania pois o não pode fazer com . « 
e hu de mandar a gente necessaria pra. . . cc 
no enminho e por isto so ussignou aqui, 
Eu Belchior da Costa eserivi. 
Joan de Santanna. Franc.º Viegas, Roque Barreto, 
Juan da Costa. Fre-* Dias. Diogo Moreira, 





“Aos 10 de Julho de 1605 na casa da camara estando ahi 
os officines della u saber Francisco Viegas é Josepe de Camargo 
vereadores e Custodio de Aguiar juiz e Juan de Santanna proc” 
do conselho pura fazerem camara acordaram a requerimento do 
procurador q 1 escrevesse uma carta no Sr, mov” geral Diogo 

Jotelho sobre certas cousas de algumas informações a qual é a 
seguinte: 

Traslado da carta q" so escreveu, Illustrissimo Senhor, 
Temos visto algumas provisões em q V. Me tom provido nesta 
cap' ouvidores é capithes a ontror oficios os quaes. obedecemos 
por serem os primeiros e não cobrar. . . . V. Me nome de 
remissos 6 por esta causa... temos por esta avisa, E 
a V. Mes do foral e doução q" nesta capia temos do S. Mãe em 
q! por elle faz mercê no Sr. Lopo de Souza de que provein os 
officines de capitão e ouvidor e dos mais oficios ordinarios q! 
necessarios forem por onde verá V. Me q" no dito senhor por- 
tenco o provimento de tnes cargos o entendemos que so V, Mºº tem 
pnido é por não ter esta informação pelo que pedimos a V. 

os haja por bem q” o dito foral se guardee, , . mos não de 
ocensião q o Sr. Lopo de Souza de nos se queixe. Tambem 
somos informados q" V, Me tem mandado a esta cap'* uma pro- 
visão em q” por ella manda q" se tome a terça parto de gentio 
que troxeram os moradores q" destn terra são idos no sertão com 
ordem e mandado do capitão della ou requerimento das camaras 
por muita necessidade q' a terra tinha de gentio o com parecer 
rovisão do governador passado Dom Francisco de Bouza o q" 
tudo nos parece q" V. Me passaria por não ter esta informação 
pelo qual cansa lho fizemos por esta dar a V, Me e pedir q" 

















|, 





— sas — q 


rra é muito pobre e a gente q" for ao sertão muito 
sua inuito i os obrigou a cometer 
o dá vãs penas. práviiio e ie 6a 
mais gasto do que se espera trazer de pro- 

ta dia ças prod: 
EA ra 





o re e» =» provincia do Rio da 
taria muito mal a esta capitania o V, Meº não levará 
juo muitos deixaram suas mulheres o outros dei- 

lhos e a cnp's ficará sem moradores e as minas do 
espera com esta gente laveram beneficio augmento 
de 8. Me ficarão sem elle, sem peca qua CE, 
por esta causa se perderão e de tudo e fizemos por 

a V. Me e por mercê pedir uso de sua clemencia para 
povo havendo respeito a muita probreza delle e mandar 
provisão não haja efeito deixando V, Me o cuidado 
serviço a esta camara qual se aecommodará e, +, 
que o serviço de V. Me sa não esqueça 8 os popa 
ue. +. + V. Me q” nas guerras . 

q E nofdios e 05 sustento não lho dão senão . a . 
entendemos q" deram a V, Me sinistras informações 
confiando em q" V. Mes em tudo nos furá mercê nos 
a escrever esta esperando q' V. Me em tudo nos pro- 
sua clemencia e nos mando cumprir nosso foral e nos 
mundarmos no sertão q" pura q' os homens q" 












A Questão do Acre 





A nota-circular do sr. barão do Rio Branco ds legações 
brasileiras vs Europa, veiu esclurecer bastante a debatida e, até 
aqui, confusa questão de limites do Brazil com a Bolivia, na 
região sul do Amazonas. 

Em frente della, o territorio do Acre, ainda hoje, em con 
tenvio a declurações oflicines levianas, nho pode ser considerado 
nem brazileiro nem boliviano embora delle cogitassem os tracta- 
dos de 1750, de 1777 e de 1867, e, alli se efectuassem varias 
demarcações e operações geodosicas, desde que estas não foram 
ultimadas e confirmadas pelas duas nações Jimitrophes. E! ter- 
ritorio contestado ou litigioso, simplesmente. 

Essa declaração formal, significada ás chancellarias euro 
veiu de uma vez cortar as terziversações lamentaveis de ambas 
as nações interesadas na questão, e implica, por outro lado, o 
reconhecimento nobre de factos enjas consequencias nrge sanarso, 

Sobre um terreno litigioso, 6 claro que o uti possidetis, quer 
o do anno de 1810, quer o actual, não podinm o não podem 
exercer-so juridicamente, eo que é mais, sobre tal terreno, não 
póde qualquer du nações contestantes impór onus renes ou pes 
sones, que importem, ou não, em alisuações disfarçadas, quer a 
particulares quer a potencia extrangeira, som accórdo expresso 
com a outra nação interessada. 

Sto principios estes comesinhos de direito universal que 
não carecom de demonstração. 

Mas si assim é, n posso dos acreanos, que não tiver 0 ca 
meter de émmemorial, não lhes dá direito, é meramente precaria; 
por outro Indo, ns concessdes feitas pela Bolivia, quer no gent- 
ral Pando e nos seus amigos, quer no «Bolivian Syndiente», são 
actos nulos de pleno direito, pois importam em alienação de 
direitos sobre immovel litigioso, sem clausula expressa, resal- 
vando o lítigio conhecido. 

O tratado de 1867, como em geral todos os tractados da Ji- 
mitos internacionaes, só podia dirimir definitivamente tal Litigio, 
ultimada que fosse, e confirmada a demarcação in situ, por se 
truciur de zona mal conhecida e inhabitada em parte. 

Os termos obscuros e pouco technicos mesmo de que se 
serve o alludido tratado, quando especifica as linhas diyisorias 



























= E — 


ras, prestam-se, a duvidas legitimas, in 
estende dialogar aa 









o Brazil tem-se apoindo na letra do tratado, afas- 
de ua: * e, porsus vez, sustentando a applicação 


varios publicistas hispam 
tio Ee anno do 1810, oriundo de actos 
às antigas 
destas, em suas 






Pies ivel 
feira o Persirá qualqu 
visto o Brasil não ter 


canas 
o lado, as republicas do Perú, do Dr tuo do feia 
my e a propria Bolivin, em suas contestações de fron 
teem reconhecido, como titulo de dominio, uti E polida 
ul dando como revogados os antigos tratados ontro a 
é Portugal, e apenas sustentando a necessidade do 
posse, isto é, RO a posse civil e no 






dos acreanos, mas incorre, por sua vez, ná incoberencia 
cessho de direitos possessorios no syndicato arrendatario, 
penca a a illiquidez contessada de seu proprio titulo! 
wngileira tem sustentado, como principio car- 
ao ado limites com as republicas sul-americanas o 













do principio do uti possidetis, quando havia 

tiva; e a da conveniencia mutua ou a do ultimo 

mos outros cogos. 

Assim 0 declararam, com pequena variante, os ministros— 
Paranhos, em 1857, B. Aguiar de Andrade, em 1875, 0 
ipe, em 1882, (3) 


wo 
nes TED, Vol 1, paga. 


— 426 — 





? claro que taes principios não se podem applicar ao censo, 
pelas razões já expostas, 

Por tudo isso, vê-se n inexistencia de um criterio interpre- 
tativo seguro para supprir a deficiencia dos termos do tratado de 
1867, e, portanto, n necessidade de verificação technica da di- 
recção e extremos das linhas divisorias, mells apontados, como 
meio de solução defimtiva do litígio. 

Em quo pése aos defensores, quer da latitude verificada 
lo tenente Cunha Gomes, quer da latitude do parallelo 10º 20", 
nenhuma dessas interpretações póde ser aeceita, sem mais exame, 
a não ser por uma transacção. 

Diz o tratado ;—Deste rio (Madeira) para oeste, seguirá a 
fronteira por uma parallela tirada da sun margem esquerda, na. 
latitudo sul de 10º 20', a contar do Javary. 

Si o Javary tiver suas nascentes no norte daquella linha 
leste-veste, seguirá n fronteira desde a mesma latitude por uma 
recta a buscar a origem principal do Javary. 

Sustenta o illnstrado sr. José Feliciano, com outro, que a 
linha apontada é uma recta que, partindo da latitude 10º 20, 
vá terminar na latitude 7º 1º 48” onde tem sua origem prin— 
cipal o Javary, segundo o tenente Cunha Gomes, (1) 

O não menos ilustrados dr. Paula Freitas, porém, em ses- 
são da Sociedade de Gecgraphia do Rio de Janeiro, assim inter- 
preta o tratado : 

« Substituindo os termos—uma paralela, por um parallelo— 
linha leste oeste por parallelo—e desde a mesma latitude, por— 
desde v mesmo paralelo, ficará o tratado assim redigido: 

«Deste rio para oeste seguirá a fronteira por um parall 
tirado da sun margem esquerda, na latitude sul de 10º 20, à 
encontar o Javary. Si o Javary tiver as suas nascentes ao 
norte daquelle paralelo, seguirá a fronteira desde o mesmo pas 
rallelo, por uma recta a buscar n origem principal do Javary, 

« Portanto (necrescontou elle) à fronteira seguirá, a partir 
do Madeira, pelo paraltelo de 10º 20', até o Javary, si encon 
tral-o, ou, no caso contrerio, até um ponto do paralelo de on= 
de se tirará uma recta a buscar a origem principal do Javary 

Apoiwse ndo só nos antigos trnctados, que sempre cogita- 
zam de parallelo, e, não, de linha obliqua, mas, em mappus bras 
ailoiros e extrangeiros, e até em um mappa oficial da Bolivia, 
de 1859, ete, 

Ao dr, P, Freitas acompanham, nessa opinião, o Clab de 
Eugenhoria e:aº Sociedade do" Geopiaphia (da “Rio! leo 




















(1) Lutodo, de 29 do Janeiro de 1802, 





que a questão está por decidir. 


entretanto, Tere Eis eia ce em 

primeira opinião, isto é, a que adopta, co- 
le demarcação, uma recta partindo da conftuencia do 
cit pá pes res piano % 
la assim não ficar 


o burão de Tefé assignalou-a no parallelo 7º 1º 
70 tenento Cunha Gomes fixona no parallelo 7º 





15! e 
es do tratado de 1851 e o notavel geographo argen- 
» Paz Boldan. (2) FE dae 
mente o demonstrou o provecto scientista dr, 
de Azevedo, illustre chefo da commissão de limi- 
livia, em 1805, não ba razão seientifica para ad- 
como origem principal do Javary, q nascente do Ja- 
com exclusão das dos demais affinentes daquele, como 
o Paysandú, ete.; ora, n demarcação do tenento Cu- 
mes teve por base exclusiva a nascente do Jaquirana, 
afluente do Javary, por elle explorado, embora. reconhe- 
se 1 existencia de outros, e para tal nascente é que elle fi- 
a Jntitude de 7º 117 47. Tendo o Javary varios afiluentes, 
tes pouco conhecidas, é claro que só poderia clle 
uma dellas, dopois de explorar toda a bacia do Java- 
seus afluentes, para então determinar à origem princi- 

le, nos termos do tratado. (3) 
ya notar que 4 incerteza da situação dessa nascento 
do Javary, apar outra, do ponta terminal da linha di- 
ia, foi reconhecida pelo proprio ministro da Bolivia, dr. Su- 
+ Vagas, quando assigou o protoeolo de 1809, o qual em 

RAE pi 

«A commissão mixta, constituida pelas duas partes nomeadas, 











com a Bolinio, pag, 10. 
do dr, P. Proitas na fociadado do (leographta = Jornal do Com- 


el pago 10 cit. 





— 498 — 


verificará a verdadeira posição da nascente ou da principal nas 
cente do rio Javarya, etc. (1) 

Nao foi, pois, neceita, como definitiva, por nenhuma das 
partes, a demarcação Cunha Gomes. 

Pouco importa que o posterior protocollo de instrucções, do 
1 de Agosto de 1900, fiel ao progranma de versatilidade pueril 
do ministro de então, viesse confundir os termos do o facto 
do necórdo consummow-se, à incerteza do ponte a verificar, ainda 
hoje —ficou reconhecida. 

O illustro sr. barão do Rio Branco, com o peso da sua pro- 
funda competencia pessoal e com o prestígio do elevado cargo 
que ocupa, declara em n nota a que nos referimos que custen- 
tará, á vista do proceder da Bolivia, «a yordadeira intelligencia 
daquelle trutado e, como fronteira, confluencia do Beni para 
oéste, nº linha do paralieto de 10º 20" até encontrar o territario 
peruanos. 

Essa rospeitavel opinião, afastando-se das domais é cortando, 
pela sua simplicidade e precisão, todos os expedientes de chicana 
+ de contemporisações, veiu provar, de modo evidente, o que 
allegamos, isto à, a insubsistencia das interpretações já RARE 
devendo ter o illustro ministro razões e fundamentos sólidos para 
articular tal opinião, que, em tempo opportuno, justificará, elle, 
sem duvida, plenamente. 

















A Bolivia, infeliz nação a um tempo vietimada pela contin= 
gencia de sua eituação geographica de um quasi eicrauamento, 
e pela anarchia politica, que a devora, já ha muito que incorra 
na animadversão dos seus visinhos, pelos abusos e inepeia dos 
governos que tem tido. 

Basta citar, para demonstral.o, os conflictos com a Republica 
Argentina, por causa do territorio de Tarija, em 1826; com 0 
Chile em 1878, por causa da Companhia de Salitre de Antofa- 
gnsta, e com o Brazil, agora, por causa do Acre, todos oriundos 
de pessima orientação do gabinete de La Paz, na politica do 
exterior. 

Quanto a Tarija — o governo boliviano, sob o pa de 
qua Republica Argentina não se apressára a reconhecer a in- 

lopondencia da Bolívia, incadiu e apossou-se militarmente da- 
quella parte do território argentino 

Eis como qualifica o acto um collaborador da Nueva Revista 
de Buenos Ayres: 

«El proceder del gobierno bolivinno, baseando en los ardiles 
del procedimiento forense los medios derecuperar una possesaion ajm 








U)— Jornal do Commercio de 20 de Agosto de 1000, 













— 4829 — 


ba con bastante habilidad la euestion, “y traia el 
Mansion do Jos li á 


1AS RAZAS INDIGENAS DEL ALTO 
N, LLORAN LUEGO, Y TRATAN DE NO CUMPLIR JA- 
BSAS POBRES RAZAS INDIGENAS NO CONOCEN LA FÊ 





a) 

é E mesma Bolivia que certa dire de Buenos 
7º tod innocente victima das imposições o vio- 
se ella ainda de que em 1860, o presidente holi- 
Melgnrejo, enfurecido contra a guerra do Paraguny e a 
ce allinnça, poz ú disposição de Lopes 12.000 homens, sem 
honvesse qualquer atrito entre a Bolivia e as nações al- 


1 
E] que nessa prapaiaáda altruista de ultima hora favor 
a, nessa campanha de prevenções contra o Brazil, en— 
dóso de mal disfarçado despeito pela solução da ques- 
issões.. O nome Rio Branco não está em odor de 


nto, deve-se reconhecer que a imprensa, digna da 
bre missão, e a opinião geral sensata alli, acompanha o 
na indignação contra o acto do arrendamento do Acre, e 
faz justiça. 

“questão da Companhia de Salitre de Antofigasta, vo- 
que é veso antigo da Bolivia o expediente de alienar 6 
ces de terrenos e de direitos importantes a compa- 
geiras, 6, mais, que tal expediente é, ha muito, 
no Rio da Prata como antipatriotico é nocivo à Bo- 
* Disse o illustre dr. M. Paz Soldan, em 1884; — «La bis- 
“de las repnblicas bispano-americanas nos enseia cuin pe- 
es que los gobiernos celebren contratos ó hagan conces- 
ai 6 onerosas à ciudadanos é companias de na- 

5 tes, 
conflietos internaciónales los ultrajes y ln violencia exa- 
enudales del fisco, en beneficio de esos contratistas son 
do conocidos y no los mencionamos ahora por abreviar 





— 450 — 


nuestro trabujo. Para evitar tantos males los gobiernos jamás 
debieran contratar con compaíúias ó cindadanos estrangeros: 
Bozivia, Como ornas RRPUBLICAS, INOURRIO EN ESTE ERROR. (Sic) 


El general Melgarejo, malbadado presidente de Bolívia, 
concedió contra la ley y gratuitamente, em 5 de febrero de 
1868, a Milbourne Clarkey Comp. (de la qual era socia la in= 
grata y desleal ensa do (inillermo Gibbes y Comp.) immensa 
extension de territorio en el desierto do Atacama, de 15 leguas, 
do sur al norte y 25, de esto n oeste, a partir del paralelo 24 
desde é] mm; a Rorido de consaioN obra privilegios..a (1) 

Criando a Bolívia um imposto sobre o salitre exportado pela 
companhia, o Chile intervein a favor desta, ameaçando até 
aquella nação com a annullação do tratado de limites respeeti- 
vos, à, afinal, declarando-lhe guerra, (1) 

Nada mais precisamos r parm tornar patento a respon- 
subilidade dos governos bolivianos, peln situnção deprimente em. 
que se acha aquele prix. A verdade porém, é que o Brazil nes 
mbuma culpa tem disso, e pensamos que a imprensa que defen- 
de n Bolivia, no Rio da Prata, agsredindo o Brazil, melhores 
fundamentos para o seu libelo acharia, transpondo os Andes 6 
recordando factos não de todos esquecidos... 








Comquanto não mereça hojo a Bolívia do Brazil 08 con- 
coitos generosos de que usou para com ella, em 1866 o grande 
brazileiro Tavares Bastos, no seu importante livro—O Valle do 
Amazonas (9), é justo que se lhe conceda á contrieção a indul= 
yencia plenaria, cabivel a toda a nação fraca e mal governada, 


A confraternização das nações sul-americanns, diante do po- 
rigo commum € temendo que as ameaças, em futuro não muito 
remoto, como à demonstram os suecessos de Venezuela, impõe se 
como objectivo de esforços solidarios para a propria conservação. 

Si é verdadeiro o boato da vietorin da ravolução em La Pag, 
com a deposição do general Pando, abre-se hoje o ensejo, talves, 
de uma transacção definitiva e digna com a Bolivia, e estamos 
certo que o barão do Rio Branco à tentará ainda. 

Parece-nos, porém, que, para base della, dificilmente se poderá 
conseguir o reconhecimento dn fronteira na latitude 10", 20º, nté 
à fronteira do Perú, mesmo por compra ou permuta de territorios. 








(1 eSuava Revistas, alt. vol. 13, pag. 116 4 190. há 
(2 Pag, 45 a seguintes, 














E Pos 


de um porto livre no Pacífico, embora de pequ 
lliada a de uma indemuização em dinheiro, tal; 
nte para obtermos a faso sobre o territorio 
dentro da fronteira apontada pela nota circular 
o de nttrictos futuro no Amnzonas. 
porém obter-se esse porto do Chile ou do Peri? 
N po eriioa conseguil-o do Chile, porque, não sendo 
te, não lhe poderiamos conceder compensação 
e por outro lado, 4 indemnização pocuniaria nos seria 
em excesso, no caso, pois o Chile não veria com bons 
Bolivia no Pacífico. 
to no Perú, não se dá isso; a rectificação de nossa 
com elle impõe-se hoje, em razão mesmo da questão 
a estrada de Ferro de Puno, junto ao lago do Titieaca, 
na fronteira dos dois paizes, e por ella so communi- 
is com algum dos portos da costusul do Peri, que 
cedido, emquanto não construisse vin-ferrea sum, de La 
ie A abertura do canal do Panamá aproximar dosta 
nt 








anto à liquidação do contracto do + Bolivian Syndicate » 
face dos termos deste, poder-se-ia suggerir uma solução, 
indo ou ratificando o mesmo contracto, conforme conviesse. 
patriotismo, competencia technica e cl: 
politica do eminente homen de Estado que hojo feliamento 
a chancelaria do Brazil, estão confindos estes altos interesses 
+ estamos certos de que elle, sem offusear-se com o cha» 
mongolico de alguns e nem ensrvar-=se com o altruísmo 
de outros, saberá fazer justiça no Brazil e ao extran- 
mantendo-se superior, sempre, quer à impopularidade mo- 
aqui, quer ás amenças quixoteseas, Já fóra, 


1—-2—908. 





— 432 - 
a [7 “ 19 


EM ADDITAMENTO. 












O tempo o dirá. ) 
Entretanto, é eurioro consignar-ss aqui a attitude n 
digna da imprensa platina, por mic dos seus orgãos mais 
wosos, diante do procedimento da Bolivia. 

« El Tiempo», em seu n.º de 10 de Janeiro do anno p 
do, dizia o seguinte ; 

« El Congresso Nacional do Bolivia, daspues de 
discusiones, cedo alreforido sindicato (Aramayo la explo 
todo el territorio del Acre y además le admi 
militar del mismo, obtem em pago um tanto por e 
los derechos aduanales cobrados en el proprio territario 
que se cobraran al amparo de un exjército boliviano so 
Bolivia, . +.» 

La linea divisoria entre Bolivia y el Brazil, que aux so. 
COMPLETAMBNTI APROHADA POR AMMAS PARTES, empieza 
confluen los rios Beni y Momoré ete : 

El hito del nadera está ncoptado por las comisiones de 
mitos de ambos pi pero EL miro (isto É o Eae 
Javary, cormimeorme ve Bonivia, Braziu x Ponv', xo nº 
ACEPTADO POR NINGUNA DIE LAR TRES NACIONES, À PESAR D 
ESTUDIOS HECHOS ULTIMAMENTE POR COMISIONADOS BO] 
BRABILHSOS, Y CONTINUA SIBNDO UN PROBLEMA Y EL O 
LA DISCORDIA ENTRE BoLivia Y pl DrasiLss 1. 














4 ou argumentos 
* não, sobre o terreno, 
» Os nossos limites com o Perú, Columbin, Ve- 
na Inglesa apresenta até hoje igual incerteza, 


aiáo do Rio Branco caterá, sem duvida, a gloria 
definitivamente a nossa Patria. 
ri dão como assentado, a recurso no ER 
1 yô, € 4 oceupacção mi visoria 
0 pelo Brasil. io 
assim porém, não poderá ser dispeusada a vistoria no 
adinstar do que por na questão chileno-argentino. 


João Coxtno Goxes Ribrixo, 










A batalha de lItuzaingó | 





(20 DE FEVEREIRO DE 1827) 


MEMORIA APRESENTADA AO INSTITUTO HISTORICO E GEO 
pe 8. ravLo, rox J. O. Gomes Rissino 


Ao fundar-se o Instituto Historico do Brazil, no Rio do Ja. 
noiro, om 1889, disse, em discurso inaugural, o illustro primoi 
secretario perpetuo do mesmo Instituto, conego Januario da 
nha Barbosa as seguintes palavras, para a 

dessa bonemerita associação, 

“A historia, escreve Cicero, é a testemunha dos 
luz da verdade, a escola da vida, Por esta judiciosa doutri 
Dem fucilmenie se conhece quão profieun deve ser a nossa 
cinção, encarregada, como em outras nações, de eternizar p 
historia os factos memoraveis da patria, salvando-os da vor: 
dos tempos, e desembaraçando-os das es a nuvens que 1 
poucas vezes lhes ngelomeram n pnreinlidade, o espirito do, 
tido e até mesmo a ignorancin,,. O nosso silencio, vaproh 
vel de corto em materia que tanto afleeta a honra da 
tem dado oceasido a que os historiadores uns do outros so 
piem, propagando-se por isso muitas inexuetidões que deveri 
ser immediatamente corrigidas, » ti 

O Instituto Historico do S, Paulo, modelado em sua 
nização pelo do Rio, mantem e não póde deixar de manter o 
mestno escopo em sua missão civilizadora. 
's fnetos e ns individualidades que a successão dos b 
eujeiton no dominio da historia devem ser aqui estudados e 
gados, com a imparcialidade serena e conscienciosa 












CI) Me, do Lost. Fist vol, À pag, 1. 








— 435 — 


tos da prevenção partidarin, os do fanatismo o 
jotico, esses perniciosos obices da sciencia so= 
MH. Spencer, não podem ter neolhimento franco 


+ ontro lado, as idêas anarchicas, os progenmmas subvor- 
absolutistas são egualmente causas pertastadores da cal- 
is com a missão do 






por isso, incompativel 
o comprehendemos. E' tão condemnavel, 
chaucinismo jucobino francez, quanto o imperialismo pan- 
ico ou pan-americano, à theoria do facto consumado, 
“dontrina do quietismo internacional 
plicando esses principios à materia que nos oceupa, me- 
mais logicamento ehogaromos às conclusões que visamos, 
» interesse do methodo na exposição, dividiremos a presente 
em tres partes, a saber: Antecedentes da campanha da 
a Batalha de Itusaingó e o Marquez de Barbacena, 
“chefo do exercito, 











1 
ANTECEDENTES DA CAMPANHA 


“Jono VI, ao aportar no Brazil em 1808, fugindo ds tro- 
ezas invasoras, trazia o espirito civado das fumestas idéas 
istas e de absorpção, e, conflando, como confiava, na in— 

1 protecção do governo inglez, sempre ambicioso de 
commercial e industrial, tratou, em pouco, de estender 
jo brazileiro, nté à margem esquerda do Rio da Prata. 

oração do Druguay ao Brazil, em 1891, após longas é 
luetas, foi um neto violento « iniquo de conquista, 

wado com um plano de pacificação e do adhesão ao voto de 

oriental, ficticiamente representado por uma corporação in- 
e O testemunho insuspeito de brazileiros ilustres, 
entre outros, o brigadeiro Machado de Oliveira e o con- 
Pereira da Silva, demonstram que & falsa a allegação 
a incorporação se déra por espontanen solicitação do povo 

uny, mas sim, que ella se fez ú força das armas (1). 
da Rocha qualifiea n Provincia Cisplatina como «triste 

jo dn ambição da corôn portuguezas. (2) 








e 0 Inst cit 0) 2%, pago, 407 0 seguintes 2, da Bliva, Segundo perindo do 
restção, Pag, 11, €, 18, 












to PESA 


ravam que a Cisplatina devia formar, não uma 2 
sim um Estado federado, reconhecendo assim a i 
imeorporação, como o faz vér judiciosamente o 


Fe foda ' 

A historica da solicitação do Cabido de Monte: 
foi reduzida ás suas verdadeiras proporções pr dr. 
Quesada auctoridade competente em materia do historia 
matica sul-americana (2). 

Não devemos, porem, extranhar u ambição demarcada 
“onto VI de uugmentar o já tão vasto e deserto territorio 
sileiro então, pois é sabido que elle alimentou e tentou es 
tar o plano de faser sua esposa d. Carlota Joaquina, infani 
Hespanha, Regente dos Estados do Prata, com intento se 
de incorporal-os mais tarde sua coróa, e só foi disso d 
do o intervenção intercsseira do ministro ingles Lord S 





E" visto, pois, que a oceu) do territorio urugu 
era uma usurpação iniqua dos direitos daquelle povo, que 
ln rivalidade tradicional que mantinha com o povo u 

jâmais so submettorin ao jugo do governo brasileiro. Ora, 
compunha de Cisplatina teve por fim supplantar a revolta 
en dos orientaes contra esses attentados, e, portanto, não 
ser mais antipathica nem mais injusta essa campanha Jib 

Kepetindo a phrase celebre de Talleyrand, diremos 
mais do que um crime pena campanha, fui um erro, p 
ha muito está reconhecido pelos nossos estadistas 
mais versados na questão do Rio da Prata, que ha m 
vantagem na permanencia de um Estado neutro, entre Brazil 
a Argentina, ad instar do que oceorria na Ei | entre q 
que a Prussin, pela interposição da Belgica (4) z 

Pedro 1º, no iniciar a guerra, tinha contra si nho só 
voto pápulas ca pino sa muitos politicos Fotáveia da épo 
«como até a propria força de acontecimentos. opposi 
grossava as suas fileiras, diante dos enprichos e anda ão 
monareha ; os efíeitos do attentado da dissolução da Cons! 
ainda so fazin sentir; as penas crueis o arbitrarias con! 
patriotas independentes abalavam fortemente o espirito publico ; 
















paia. 107 0 204. 
GV. hum, Cit. vol. 6 pag. 288, 








secreta do! netos do me, ali 
s nais Qd governo; que; álida, 












por fazer no exercito e na armada, des- 
indispensavies elementos de successo ; o er 
conde de Lages, ministro da guerra, a 

indefierente. 







Ê iperador o Sul, e pouco depois, dalli, cha= 
pelo fneto do falldeimento da desditosa imbertri quem 
talvez, mais ainda, movido pelas pi a eno- 
daquela novo Luiz XF, deixou o commando em 

do exarcito, ao uez de Barbacena. 
reclamou desde logo, com energia, do conde de Lages, 
5 e materises indispensaveis para a continuação da cam 

im, tudo lhe foi negado com subterfugios e protela- 
lefinidas, como se póde ver nos ofícios reproduzidos na 

jo dasnelio marquez, por A. A. de Aguiar. (Pag. 281 6 

















o Instimavel abandono em que se debatia o exercito, 
a indisciplina das praças e as animosidades a 
entre os comandantes dos corpos é officines, como o 
Barreto, o barão do Serro Large, o coronel Bento Ma- 
Ribeiro, e mesmo, segundo se diz, entra o merechal Brown 
roprio general em chefe! 
N condições, deu-se o encontro dos dois exereitos no 
do Rosario, junto no arroio Ltuzaingó, a 20 de Feveroiro. 


Tr 
BATALHA DE ITUZAINGÓ 


o enfrentar inesperadamente com o inimigo, cuja verda- 

ignorava, o marques de Barbacona, com o exercito 
de muitos elementos de resistencia, com o trem de 
e munições, ainda atra: 










ntes, mandou dar o sigual de ataque. 
o suas palavras textuaes, na parte oficial da batalha ; 


ds o aditamento á presente memoria. o x deste artigo, 


no Rio da Prata, documentado, como é, com subsidios ar; 
e brasileiros, assim se exprime sobre o efectivo dos d 
citos: ( Traduzimos ). 

<O sr. Paschoal (A. D.), em seus Apuntes sobre la 
de lu Republica del Uruguay, tomo 1, pags. 296 e 320, é 

enta provas mais positivi respeito. Dellas se d 
o seguinte: — 1.º, que no dia da batalha, o exercito 
tinha 10,557 as de revista, das quaes 8. de cayall 
600 de nrtilheria e 1.578 de infanteria; o brazileiro tinha. 
presas de revista, das quaes 6.058 de cavallarin e 2.189 d 

teria e artilberia. (Quantas praças porém, entraram em 
ato? Pretende-se que do exercito argentino entraram 
que « priori se vê a exagzeração); do brazileiro só 6,527, 
se descontar a divisão de Bento Manoel, q! 
seção (1). Em todo 0 casa, ncerescenta (Quesada, verifica-s 
as cifras de ambos os exercitos que «presenta Alvear, 
exposição, foram propositalmente exaggerades e que um. 
dor não pode «aceeitar aqueles totaes effectintas ( coleulados 
duvida para fazer resaltar na polemica a heroicidade da b 
sem e) fee provas quo as confirmem ou que disvirtuem as 
de revista publicadas. » 

Deante dessas nobres palavens, não é lícito exigir-so 
imparcialidade de wn adyersario, que se arroga a qualid 
end il d dem do general 

incendio proposital do campo, T ordem e; 
gunyo aval aril habitual Ra vou dilicnl 
CE das forças brazileiras, pois, como diz o barão de 
xias, em seu interrogatorio, «tal fogo foi favoravel ao 
poraue, além de pólo defeso pela frente, achando-se elle 

vento do incendio, o fumo que este lançava encobriao ; 
tas do exercito, e como que mascarava suas evoluções. 


(1) 0% magpas Mdediznos publicados por Titára confirmam o efectivo 
asa para» Denalniro apenas 6,008 penças, dodunida nqmoiia Aivio, 





“4 animosidade Inmentavel entra o brigadáiro Dar- 
o do Serro é ella anttestada por Machado 





“marchas forçadas, lança sobre o sncri 
bardo da Serro Largo, o Ney brasileiro, a apotheoso do 
E! de presumirse que os cavalos de sum pequena 
dhaustos de fadiga e npovorados deunte da numerosa cu 
inimiga, debandaçem o centro do exercito, e ahi, 
o oecorrida, cuiu o barão, victima das balas dos pro- 
soldados brazileiros! 
parte a parte, a Incta foi tremenda, e a intrepidez dos 
é nttestada pelos proprios escriptores argentinos. 
de 15 horas de combate incessanto, semi-mortos do 
rodeindos de chammas os soldados de ambos os exerci- 
o incendio já circulava o campo, umbos os goneraos 
hefa deram à ordem de retirada, sendo que o marquez de 
aeena antecipou-so, nisso, à Alvenr, por ter verificado a 
completa das bagagens e dus munições, aubtrahi 
ço da acção, por um destacamento inimigo, 
notter, fóra do campo, as carretas que as conduziam, com 
força de defesa. (1) Caso extranho e Jamentavel! 
O qui que apresontava o campo de batalha, nessa hora 
re igno da penoa genial de um Dante, é assim descri- 
um argentino, testemunha ocular do facto, citado pelo 

















a 
“<Vãamos cair a cada instante os soldados, com na roupas 
cendindas, inteiramente queimados, com 05 ulhos fóra das or- 
a pelle separada das cnmes, com esgares horrorosos; e 
pouco, expirayam consumidos pelo fogo e soltando gritos 


Em meio daquella scena do inferno (acrescenta Quesada), 

e, 00 longe, saltando sobre as chammas e os cadave 
:, 08 restos silenciosos do exercito triumphador (2), em cujas 
não so ouvia um grito e em cujos rostos so pintavam a 
eo despeito. Para completar o lugubre quadro, uma le- 
de homens e mulheres sem entranhas, desnudavam os cu- 
para roubarem as prendas do valor, e ativavam-se nos 
Es despojarem-nos mais depressa, porque o fogo cha- 







referido por varias historiadores. =. da Mollo ídes Nacionaes, 20 
6, Titára obr.elt, vi 





dr. Quesada traz-nos à idéa a magistral descri 
de Eylau, por Thioes; de facto, essas duas tem 
muitos pontos de analogia que uuctorizam o paralelo: si 


licot e magnis. 

Na fatálhe de Eylau, em 8 de Fevereiro de 1807, 
portanto, antes da de Itazaingó), entre Napoleão L e o 
russo Benningsem, à nove, cm massas compactas, Fustigi 
frente do oxercito francez, impedindo suns evoluções é 
rando lhe o inimigo: em Itnzaingó, as chammas e o fumo do! 
condio do campo, coberto de macega resequida pelo sol ar 
da estação, produziam os mesmos elfeitos violentos sobre o 
eito brazileiro. 

Em Eylau, na hora do combate, o bravo general Ney, 

centauro invencível, conserynva-se a grande distancia do can 

do ncção, com a sua brilhante divisão de cavalaria; em 
aningó, o mesmo acontecia com o coronel Bento Manoel Ri! 

o intrepido centauro rio-grandense, à frente da flor da ci 

ria brazileira. 

— o aqui a analogia tem uma triste solução de 

em Eylau, Ney, a grande Sistanaia, tendo n 
do exercito frances com os russos, despenhouse 
vertiginosa curreira até alcançar Eylu, e irrompendo alli, 

l a violencia do raio, impediu que Napoleão fosse aniquilado 
superioridade numerica dos russos, auxiliados pela furia extra) 
da natureza; em Ituzaingó, Bento Manoel Ribeiro, com os 
1.200 bravos, apenas q meia legua de distancia do campo de a 
ouvindo o estampido do canhoneio, traiu a bandeira, violou 
ordens recebidas e deixou de voar em soecorro de seus cam 
das, que elle bem sabia serem inferiores, em numero, em cas 
laria o em artilheria, no inimigo ! 











(1) Comvem notar tambom estas palavras =re'rando-se om ordem. 
|: PE Quessds. La batalio de », Dag, HIS. 





improvisada 


onnes já 


JM, 
(4 T 


, a batalha indocisa, contestando a victoria, quer 
quer de outro exercito, 


imento argentino, basta Jêr-se com aximo 

imo os escriptores sérios do Rio da Prata, que 

m do assampto, especialmente a monographia do dr, 

que citamos, para vêrse quo todos ellos roconhecem, 

que «Ituzaingó não representa uma vicioria decisivua, 

todos que ambos os exercitos aeee abando- 
lorontes, 


Rar 
ia do Marquez de Barbaceni 
Alrear, chefe do exerci 


 Oitadas" 
praphia Lo Morques, olt- 














) —82— 0 


la, quando já estava encaminhado o tractado de 
de Brandzen fez retirar do campo os restos de seu 

Attentas ás cireumstancins já relatadas do 
ria haver na batalha, nem vencedores, nem ido 
vernos brazileiro o argentino assim o entendoram, 
bos puniram os seus senernes em chefe: Alvenr foi 

ado « destei , e Barbncena foi incontinenti de 
e substituido e, se obteve depois, importantes co 
Europa, foi 1sso devido à sua privança com o imperador e | 
perícia. notavel como diplomata. 

Est hoje averiguado, n não deixar duvida, que as 
bandeiras que os argentinos exhibiam val do B 
Aires, como trophéua de suerra, foram retiradas do trem | 
gogons no ataque Já referido, como aliás o reconhece o 

r. FE. Quesada, e nho tomadas em combate. 
Nao são, pois, trophéus de guerra, ou titulos de glori 
gitima, 6, si 0 fossem, estamos certos de que o ge 
e ocensião da visita amistosa que lhe [ez o ex-presidente 
publica, restituivia tnos trophéus, como penhor da appro 
ção fraternal das duas nações sul-americanas, ad instar do 
fes a Bolivia com bandeiras argentinas, a 

Aliás, desde antes de 1889, como o verificou o sr, 
ceno Vicira (1), nho se acham tues bandeiras na cath 
tando, actualmente, no Museu torico de Buenos-Aires, «4 
o deelara o dr. E. Quesada, (2) 


HI 

















. O MARQUEZ BE BARBACENA COMO OHBFE DO EXERCITO 


E incontestavel que n effervescencia da politica da 
prejudicou em muito a reputação do marquez do Bar! 
mo chefo do exorcito, 

Mas por outro lado, é innegavel que elle, embora 
qualidades de militar brioso e organizador, nho tinha 
tencia technica para commandar o exercito do sul, na 
o no logar em quo cllo operava, é nem dispunha do 
do chefe, entre os oficiaes superiores, nocessario para do! 
| rivalidades e emulações existentes, entre aquelles officiaes, 







tão communs então nas campanhas do sul. 
Referindo-se tanto a Alvenr como a Barbacona, diz 
selheiro Pereira 


y Atraves do Io da Prola, ps, na 
(8) EU Muse Historico Nacional 807, pag, 29, 


experientes e estratégicos, não 

escola regular, e nem haviam dado provas de saber 

e A a 

o TA recusar a nenhum delles extrema valeatia de 

movimento de juneção da forças por elle operado, em- 

de elogio, não resgata os seus erros grayos, consis- 

afastamento, por sua ordem, da divisão de Bento Ma- 

quasi abandono em que deixou o trem de bagagens é 

3 no açodamento com que ordenou o ataque, sem co- 

o venl viieetivo do inimigo e ns vantagens de suas po- 

; a ordem de collocação, na vanguarda, da pequena força 

Serro Largo, pessimamente montada; e mais que 

insistencia em comandar o exercito, não obstante a 

que soffrera do ministro da guerra, negando-lhe 

e sua fm pateia reconhecida para conciliar os officiaes 
desavindos. 

ta no inquerito aludido, do Instituto Historico, 

o então bario do Caxias o seguinte, que, a nosso vêr, 

tiza um juizo cabal sobre o chefo do nosso exercito, em 


«O movimento estratégico do inimigo, podendo ser previsto, 
o foi pelo gensral, o qual nom attendeu à ciroumstância da 
um exercito invasor e superior não podia fugir à persegui- 
“de outro inferior, nem abandonar os pontos que occnpára, 
n ter conseguido o fim que visava. O campo foi escolhido e, 

Alvcar exercitou as tropas por 2 ou 3 dias (2) 
E' fóra de duvida, por cutro lado que o terreno já occupado 
antemão, pelo inimigo, dava-lhe posição vantajosa e quasi 
a mesmo, no exito da batalha. Basta, para convencer-nos 
Alyenr, como o reco- 


i poten! 
(então, barão do mesmo titulo), em 1854, Po 
to promovido pelo Instituto Historico, do 


- Esse depoimento traz a data de 1854, muito pastorior, por 
o, à maioridade, e é prestado por um militar competentissimo 
“alheio ds Inctas politicas de então. 


184, 


Jistoríco, do Elo vol, 24 pag, 407 intes. Vide mals, V. do 8. 
a Pp RE nda So AO a do 















— qua — 






oiras 

A verdadeira victoria, porém, só, obteve-a naquelles c 

o povo nriental, pois Truzaingó foi o berço ensanguentado da su 

nacionalidade ! + 
Não honye alli victoria, nem para argentinos, nem 

aileiros, e o historiador futuro, do essa b 

poderá concluir com o celebre verso de Comeille, na tragedia. 


Et le combat cessa faute de combattants, 
8, Paulo, 10 de Fevereiro de 1903. 
João Cosmo Gomes Rissimo. 








ADDITAMENTO 


Rectificamos agóra n asserção nossa, no original desta 
moria, lido no Instituto Tistorico, no qual declaravamos que 
nome de Antonio Angusto de Aguiar, anctor ostensivo da 

wpbia do Marquez de Barbacena », escondia a auctoria 
eita do se: Visando “de Barbacena, Elio daquela, Mango 
Assim procedemos, em attenção ao bondoso esclarecimento do 
illnstrado consocio dr. Miranda Azevedo, 

Nossa nsserção fôra baseada na notícia biographica daque 

] visconde, constante do Diccionario Bibliographico Bra 

finado dr. A. V. Sacramento Blake, qe positivamente, 

a esse titular a auctoria da Biographin, o que não é exacto, 

Estudando muis detidamente o nssumpto, verificamos 
trocho da Biographia em questão, que se oceupa da bai 

Ituzaingó, uliús extenso, não fôra escripto por Aguiar, mas 

do de, Eanapio Deivi, embóra ão 46. declare isso, no li 
imitando se o editor a imprimilo em typo diferente e com 

no começo apenas, Ê 

O sr. A, A, de Aguiar, cujo verdadeiro nome era—Anto 
| Augusto da Costa Aguiar, genro do conselheiro José Bonifk 






de Andrada e Siva, falleceu nesta capital, a 11 de Maio de 18 
como so vê das Ephemerides Nacionaes de Teixeira de | 


ER le ser todo pç com- 
mão possuirmos a série completa dos artigos do dr. 







le um plngio a Ne ou EE uma 
se é um eserptor ilustre ? 


Tupórto, em deserviço pouco digno ao Fi iai 
Jo sobre sua auctoria, silencio esse que aqui 
com 0 os protesto, para que não se perpetue, no 


moio litterario. 
J. C Gomes Rispino, 





A origem dos Sambaquis . 
ron 


H. VON IHERING 












Um dos assumptos de mnior importancia, e 
interesse para o atada da anti; Historiã E EA 
Estado de 8. Paulo, é sem duvida a cultura primitiva 
pelos sambaquis da zona costeira. Esta cultura é preh 
precolumbiana, - 
Si neste sentido não existem duvidas, estas surgem los 
que ee diseute a origem destas ostreiras, Estudando a 
e não pequena litieratura, verifica-se que quasi todos os 
consideram os sambaguis umulações artificines de 
eujos animaes serviram do alimento nos indigenas. 
Em opposição a esta opinião geralmento divulgada, f 
o pm a reconhecer a origem natural dos mesmos, em 1º 
ublicando, entretanto, só em 1898 0 respectivo artigo, nos 
andlungen der Berliner nntbropologischen Gescllschaft Vi 
g. 44460», à eujo conteúdo me referi na Revista do 
Peulista Vol. LV, pe. 565, 









Julgo conveniente publicar, em segui tradueção 
artigo, que 0 st, Alexandre Tlummel teve a gentileza de 

Assim procodendo, tive em vista a publicação de o 
tudos versando sobre o mesmo assumpto e confirmando in 
meu modo de ver; refiro-me a uma communicação preli 
do sr. Siemiradaki e a nm artigo que brevemente sorá p 
ma Revista do Museu Paulista, pelo sr. Benedicto Cnlixto 
além de ser excellento e talentoso pintor, no mósmo tom) 
dos melhores conhecedores do littoral do Estadoe de sua 
Don pois, om seguida, a traducção do referido arti; 
qual acerescentarei algumas notas complementares, refe 
pecialmente a alguns pontos em que me vi obrigado a 
ear 4 minha opinião, 


— M7 — 


a supposta acção do homem rico 
ma origem dos Sambaq 


tem eseripto muitissimo sobre os Sambaquis do Jitto- 
—sem quo tenha, todavia, havido algum estudo ver- 
emprehendido por pessoa competente, com 
ce perseverança. Encetar tal estudo, seri; 
fa de alguma corporação scientifica, represeni 

tas, e não só na archeologia, como tambem como con- 
geologo e do zoologo, pois que, dos exploradores leigos 
tantes, não hn que esperar mais do que já tem sido ditoe 
do. Justamente o predominante interesso anthropalogico, 
do Sambaquis, foi tambem a causa do insacegsso, 
“proveiu, como natural base e ponto de partida para taca 
a preconcebida opinão de serem estes montes de 

os seculnves vestos de refeições de gerações humanas. 
ha muito que eu sou de parecer diferente, sobretndo 
que, no anno de 1894, tivera occasiho de examinar, na 
do estado do Paranã, um Sambaqui particularmente instru- 
. À relação, que já então escrevi para a sociedade, anthro- 
ca de Berlim, ficou por emquanto na gaveta; si a envio 
jo, antes de guardar o classico praso de nove annos, é Ipor- 
não tenho, devido aos meus actuacs affuzeros zoologicos, 

esperança do poder levar avanto o estudo. 

ainda neem, venho apresentar o meu modo do yêr pen- 
ue o grande sambaqui da babia de Paranguá é uma 
ção natural de conchas, é com a reserva de quem reco: 
estado isolado; por outro Indo, ereio 


nte nas contribuições para a solução do pronlema, estede 
o, bom conhecedor dos molluscos brazileiros e de sum 
tomar a palavra, em todo caso não ha de ser prejucial 
o esclarecimento do mesmo. 
mbem já se cumpriu a minha predieção «que ncubum 
é enpaz de vêr tal perfil, sem chegar á convicção de 
trata de uma estrctificação natural», pois que o sr 
1 von Siemiradaki, nos Annaes da Imperial Academia. 
las Seiencias de Vicuna, do auno de 1898, promete uma rela- 
no sobre os seus exames dos sambaguis do Paranaguá, que de- 



















Exaue no Saxnaqui Dm Boovaço, Pauasacuá — 


A exposição que segue, referese a um sambagui da co 
do Paraná, que visitei em 20 de Outubro de e 
dista, em linha recta, 5 e 6 km. di ia; todavia 
se de Paranaguá, só depois de 4 hu le trajecto em 
te pela bahia, parte pelo rio Boguaçá acima. À chuva 
rencial; mas como não podia perder o vapor no qual d 
barcar para o meu regresso, não obstante segui; o b 
grande, remudo por dous homens por não so poder, 
vento contrario, oceupar vela. A bahin de Paranaguá e os ri 
nella se lançam são quasi em toda sua extensho m 
mangues, predominando o chamado «mangue manso: 
pecie que mais se presta para o cortume. Por toda 
gem pequenos ilhotes, coróados de mangue, ou e 
nnos tão complicados, que só um bom pratico 6 capaz do achar 6 
caminho n seguir. 





lingun 
qual vivêra alguos annos naquelle pittoresco litoral. 
A distancia, da margem do rio Boguaçú até a baso dosna 


que egualmente dirigia a montagem dos fornos de cal, 
em funcionamento, € cujo director era o sr. Henrique 
a quem fiquei penhorado pola sua amavel bospi 
mui. obsequios que promptamente me prestou, 
No sitio deste sumbaqui, que propriamente se 
nar «o grande», porque um tanto mais abaixo se ncha 
«do Teodolico», menor, mas ainda assim de bôns dimensô 
tem apenas uma pequena porcentagem de sal. Mein! 
rio-ncima 4 agua é perfeitamente potavel, e neste ponto 
o mangue. À diflerença em nivel do rio, entre fluxo e 
regula mis. 1,50, podendo chegar a 2 metros. 
agua 9 uma meia legua acima do sambaqui já é 


ainda se percebe um dia inteiro de viagem 


É. É 








60 ,=— 





maior, a Ostrea braziliana Lam. cujas cascas agigantadas vêm. 
de profundidade, não só do mar como das embocaduras 
dos rios; tanto que se póde dizer que as citadas especies per 
tencem à agua salôbra das babias que recebem rios « h 
como a de Paranaguá, onde todas são commuus, De mistura com 
ellas encontram-se tambem algumas outras especies da bahia 
(Purpara haemastoma L., Neritina virginea Lam, Melampus 
olivula Morse etc.) e mesmo algumas que pertencem ao Oceano 
ou om todo caso hoje não se encontram mais na babia. Além 
destes molluscos, achei tambem numerosas vertebras, costelas e 
outros ossos de peixes. Otolithos de peixe não encontrei, mas 
apparecem ds vezes, segundo me afirmaram os trabalhadores. 

A distribuição das conchas que formam aquela massa com- 
Ea não deixa de obedecer a certa regra, Altornam-se cama- 
las que só consistem de ostras, com outras em que predomina q 
berbigão. No logar por mim examinado obtive o seguinte 
perfil, do cima para baixo : 








Berbigão . . mis. 2,8 
Ostras + > 08 
Berbigão . + > 07 
Ostras «+ >» 06 
Berbigão 2 àl 


As camadas de ostras consistem quasi que exclusivamento 
das duns especies mencionadas, ao passo que nas de berbigão 
tambem se encontram Ameijoas e as outras especies acima citar 
das. Tambem vêm intersemendas algumas especies de Bulimus 
e mais cnracões terrestres, faltando todavia Helix similaris (Fo 
russac), apesar de ser hoje o mais vulgar entre 05 seus congo- 
neres. Este caracol pertence a um subgenero muito desenvol: 
vido na Europa e na Asia, mas sem parentes na America; das 
Indias Orientaes, sun patria, veio por contrabando ao Brazil, 
acompanhando a bananeira, é foiso com o tempo vulgarizando 
prodigiosamente, Razão porque me interessou bastante a nsser 
ção do sr. Manerer, de nunca bavelo encontrado no referido 
procosso de peneiragem ; pois Helix similares tem neste sentido 
a mesma importancia archeologica que qualquer achado de 
moedas, louça, ossos bovinos ete. 

Interessante pareceu-me tambem a existencia de alguns in 
díviduos de Azara prisca Mart, especie que já conhecia dos sam» 
de Santa Catharina, mas que já não se vê em Rio Gran- 
de, E" esta uma especie extincta, mas que fica proxima da Aza- 
en labinta Maton, que vive no mar atá a nltura de Iguape. 











” 


= e 





Para terminar a enumeração dos objectos achados, passo aos 
estos humanos e artefactos do homem, 

ii do snr. Maneror um certo numero de nemas de podra, 

Um dos machados é grande, tendo 23 em. de comprido; é 

lavrado toscamente, tendo apenas o gume afiado em leve curva ; 

ouro, porém, que mede só 10 em. é de forma elegante e bem 

ido; as outras amostsaa, do machados, entre elles um quebra- 

variam entro estes dous extremos. O material é em geral 

à diabaso, vulgarmento denominada, "pedra de ferro” duma côr 

anzulado-negra, com uma camada ferruginea de côr nmarellada, 

na 





e. 

dos machados euma peça triangular, acharam-se tara» 

bem pedras em estado bruto, quartzo e outros silicatos e mais 
algumas, neensando o carneter pedregulhoso. 

São pedras esphericas com duas faces nplninadas e paralellas 

poderiam ter servido para moer tintas ou certos comestivois, 

mo variedade aparece ainda um machado, achatado, de osso 
om duma massa leve e que adhero à lingun. 

No meio das conchas achou o snr, Manorer um esqueleto 

| bumano, em posição meio sentado meio deitado, um braço atraz 
das costas, outro sobio o peito, craneo quebrado e vyasio, e toda 
inerustado em conchas. 

Passemos agora À discussão dos fnetos observados. 

Como dissemos, muito já se escreveu sobre a origem dos 
sambaquis e sempre sobre a hypothese de se tratar de amonto= 
amentos devidos aos indigenas habitantes da costa. 

Tambem Carlos Rath, um dos mais experimentados explo- 
radores dos sambaquis adimitte esta origem para os sambaquis 
pequenos, do 2 4 3 metros de altura e 30 a 40 de circuito, Elle 
aponta quo como os indigenas do interior elevaram sobre os tu- 
mulos pequenos cômoros de padras e ontros materines, assim era 
razoavel que nas prainase servissem de conchas para o mesmo fim, 

“Ao mesmo tsmpo Rath contesta tal origem para os grandes 
sumbaquis, os quaes considera obra da natureza. Tem este sido 

o men modo de pensar, sobretudo para os sambaquis, 
esrpontos do Azara prisca, desdo que fiquei conhecendo aquel- 
les visinhanças da Lagõa-Mirim, contendo camadas desta es- 

tanto antigas como mais modernas, misturadas com ostras 
e dentes de tubarão; assumpto de que tenho tratado em publi- 
cações anteriores, 

Já no primeiro olhar que lancei sobre o bem delineado cór- 
te do sambaqui paranaense pareceu-me Ter no mesmo o elo- 

x to protesto da Crenção dizendo: Esta obra é minha! o que 
ido que um geologo possa interpretar o perfil de outra ma- 





— 452 — 


meira. As camadas superpostas, em espessura diferente, accusam 
uma formação dentro da agua. A mesma estractificação pronun- 
cia-se egualmento bom dentro das massas de berbigão 

Aceresce ainda outra circumstancia notavel. Si fosse todo 
o monte apenas um ajuntamento de conchas amontoadas por in- 
digenns, então os restos dos molluscos consumidos serinm lançu= 
dos em promiscuidade ; mas tal não succede. Ora, como expli 
a então uma camada da 70 a 80 em., formada exclusivamente 

le ostras ? 

Si ealenlarmos a formação do immenso sambaqui em LOCO 
annos (o que é arbitrario mas, com certeza, antes aquem do que 
além da realidade), a formação da camada de ostras teria d>man- 
dado 30 a 40 annos. 

Ainda que se quizesse reduzir à épocha, o caso seria sempre, 
que os aborizines tendo por geração passado o berbigão, de ro- 
paste tivessem mudado para passadio exclusivo de ostras por 

lecennios, para em seguida tornarem a adoptar alternativamente 

o regimen de berbigão, de ostras, de berbigho outra vez, e nesim 
adeante—o que parece absurdo. Não menos absurdo é 8 suppo- 
sição que os restos da cosinha haviam de ser carregados morro= 
acima, para serem despejados no cume. Tal pedantismo não se 
harmoniza com os costumes dos nossos indigonas, segundo geral 
conhecimento que dellos temos, Afinal, póde-se perguntar o que 
vinha fazer na formação do sambaqui aquelle infinito numero de 
individuos pequenos que por certo não podiam fornecer alimento, 
mais o grande numero de conchas e caramujos que se encontram 
intactos, 

A unica objecção contra esta minha theoria deriva da pre- 
sença de ossos é artefactos humanos. Mas tses objectos podem 
ter sido perdido por algum pesendor ou ontro, asim como os 
esqueletos podiam scr de algum indigena afogado. A maioria 

tedras que observei combina com aquellas que vi nas rê- 
des dos pescadores e que, segundo me afirmaram, acham-se em 
grande quantidade sobre algumas das ilhas; não se esqueendo 
que poderiam ser arrastadas pela correnteza por effvito da tem- 
paia ou trazidas pela mu As pesadas conchas, dovoluta 

raziliana, apparecem nas praias rio-grandenses negrretadas de 

grande distancia e consideravel profundidade; o mesmo aueceda 
em Pernambuco com os Cassis o Strombus, muito mais possan- 
tes ainda. As mesmas forças porque não haviam do transportar 
pedras dum certo volume e peso para depositar de envolta com 
quintnes de conchas e curamujos? 

Aqui convém tambem notar que carvão vegetal não foi 
encontrado neste sambaqui, Faltam egualmento os taes fra- 








“ad 


— 455 = 


mtos de panelas. Só sia formação do sumbaqui datasse 
"um tempo em que os indigenas ainda não sabiam fabricar va- 
sos de barro. Contra a thocria dos «restos do cosinhas pode- 
mos ainda argumentar com a completa ausencia de ossos do 
mamiferos, excepção feita de algumas lascas de ossos de baleia, 
de que umas poucas achei. Nao ba nem houve um povo tão 

usivamente ichtyophago e concheophago quo ignorasse o 
uso de armas e de ciladas para caçar antas, porcos do matto, 
endos ete. que até hoje abundam nos frondosos matagaes ds 
toda a regino maritima. 

Rosta-nos lançar um olhar sobre o netual estado da vida 
animal na bahia de Paranaguá para indagar si os factos con- 
firmam a nossa theorin. Eis aqui a enumeração das especies 
eomestiveis: 

Bacucú (Modiola braziliensis Chemmitz—fundo arenoso, 

Eurarú (Mytilus perna L)—sobre pedras. 

Ostras (Ostrea braziliana Lam.)—no lodo 

Ostra do mangue (O. rhizophora Guild. )—raizes do mangue, 

Berbigão (Crgotogramms braziliana Gm, )—aroia, 

Ameijoa (Lucina braziliensis Lam, )—ijaem, 

As especies mais vulgares são o Berbigão e a Ostra dos Man- 
gues. As cascas do primeiro podem ser vistas em muitos lo- 
fere, como por exemplo no Furado, em tal quantidade que 

am como uma calçada; na bocca do Furado existe um lo- 
gar raso e arenoso ua praia, todo entulhado desta especis 
algumas Ameijons, mas sem ostras: de que sa póde dei 

1.º que póde haver njuntamentos de Berbigão com algu- 
mas Ameijons, mas com exclusão de ostras, tal e qual como nas 
camadas dos Sembaguis. 

2.º que t4es conchas de Barbigões mortos nem sempre «e 

ham so acaso sobre uma extenea praia, porém que a força 
motriz da agua, conforme as condições de vento, terreno, cor- 
renteza etc. tende para agglomeralhas em certos logares es- 
pecines . 

O mesmo phenomeno notei tambem nas margens da Lagón- 
Mirim relativamente s conchas de Azara labiata, onde em ter- 
1a firme a certo distancia da lugôu existem camadas compostas 
da dita especie com ostras 6 outros bivalves, dentes de tubarão 
ete., o que tudo ficou depositado no tempo em que a agua d'a- 
quella Jagõs ainda era salgada. Outro exemplo nesignalei nos 
proximidades de Montevidéa, onde existe tal camada perto da 

a qual póde ser acompanhada por kilometros, ainda que 
com solução de continuidade, por ficar de espaço em espaço en- 
coberta, Esta camada consiste essencinlmonto de cascas de My- 








— 454 — 
4ilus, e é circumdada de areia. As conchas di 
m-se com rapidez, e ae o torna-se estranha a bos conser- 
vação dos innumeros individuos que compõem esta camada. 

"Tudo emfim comprova que sob certas condições se podem 
formar grandes e mesmo enormes ajuntamentos de conchas, e 
assim nfiguram-se-me os grandes sambaquis como formações ma 
ritimas que, segundo n modificação do meio circumdante, ora se 
constituem de berbigão, ora de ostras, pelo menos na sua es- 
sencia, Não havendo tal modificação, formavam-se montes só 
de uma ou outra especie, como tambem se encontram ma bahia 
de Paran: 

As pedras c os artefactos humanos vieram arrojados pelas 
aguas ou perdidos de qualquer embarcação; e os esqueletos são 
de individuos afogados 

A par com estes grandes sambaquis naturges ha ontros me- 
noros, com numorosos ossos quebrados, de divorãos animaos, ca- 
cos de panella, pedaços de carvão vegetal ete, ; para estes ul: 
timos é preciso então ndmittir outra explicação, já se vê. 

Em geral não se póde imaginar a natureza da babin radi- 
calmente alterada desde o tempo do nosso sambaqui até bojo. 
O contingente principal de conchas consta de especies que até 
hoje lá abundam; sómente achavam-se, si bem que em numero 
pouco consideravel, diversas que só habitam na agua fortemen- 
te salgada do Ocsuno; o que indica que a babia então cobria 
uma superficie maior, inclusivo o territorio onde, de agua, 
resta hoje o curso inferior do mediocre rio, e que neste Jogar 
mesmo à agua marinha era de tal profundidade que dentro 
la se podiam, om condições favoraveis do fundo, formar samba- 
quis que pouco a pouco emergiam, em proporção com o retro- 
cesso dus aguas « o nugmento de nivel da costa em geral. Es- 
te levantamento dn costa nssignalei primeiro no Rio Grande do 
Bul, tendo:o verificado mais tarde em S. Paulo. pelo achado de 
ossos de baleia pela terra a dentro, Dirigindo pois, no estudo 
dos sanbaquis, a nossa vista para épochas idas, cumpre-nos ao 
mesmo tempo levar em conta as mais recentes modificações geo. 
logicas do nosso littoral 

Para funlizar, confesso que a theoria que acabo de expôr 
não está livre de contestação. Fica muito pluusivel procurar 
uma explicação que seja applicavel à totalidade dos sambaquis, 
sobretudo por causa da presença dos artefactos humanos. 
objccção neceitarin de bom grado, mesmo para o sumbaqui por 
mim examinado, si nelle apparecessem ossos de animaes, care 
vôos, encos de louça ete. Por sua vez, quem se propuzer a 
ndvogar a origem humana de todos os sambaquis, deve, atten- 












E 


















— 455 — 


dendo a nosa exposição, reconhecer que muitos e fortes ar 
gumentos militum contra uma solução, em absoluto, do difheil 
problema. 


Para conseguir este, fim não servo continuar pelo methodo 
rotineiro que nada adeanta. Antes da formar juizo definitivo, te- 
mos ainda de examinar e classificar as especies goologicas re- 
presentadas nos sambaquis, estudar a sua biologia e as condições 
zoologicas da costa, o modo e a distribuição dos moluscos e as 

a efectunram, e determinar a cnda um destes facto- 
mes a sun influencia precisa. Razão por que para, a continuação 
estudos, organizei um programma que algum dia nos poderá 
facultar Jançar luz nesta questão já tão discutida, e jentre- 
tanto até hoje victima de deplornvel desorientação; sendo quasi 
lo vêr como justamente se ligava na literatura uma 
aocundaria importancia nos pontos principaos que pudessem olu- 
«cidar a questão, a saber: biologia, babitat e estractificação das 
conchas componentes. 

O que aqui temos em mita poderá tambem ter applicação 
para os sambaquis de ontras costas, os Kjockkenmoeddings € 
mais formações analogas. Resta emfim constatar si não é, pelo 
menos uma parto dos montes de conchas nttribuidos à obra pes 
mana, de origem natural, 

O ponto essencial em que tivo de modificar a minha opi- 
uiho anterior refere-se à presença dos ossos & urtefactos huma- 
nos que não mais considero como entrados nos sambaquis no pe- 
riodo de sua formação, mas sim como ahi sepultados, 

Quem conhece essas baixadas humidas e muitas vezes en- 
charcadas, não duvidará que as colinas de sambaquis que por- 
ventura abi surgem proporcionaram por certo nos indigenas 
condições favoraveis, não «ó para o domicilio, como tambem para 
o entorro dos seus mortos. 

O motivo para esta modificação é dado pelos resultados de 
meus estudos sobre n geologia da zona littoral do Brazil e das 
republicas platinas. 

ro, om outra conferencia poder, expor no Instituto os 
resultados de minhas investigações sobre a antiga exteusho do 
mar no Bracil e digo apenas aqui que ao começo do periodo 
pleistoceno teve logar uma forte transgressão do mar em toda 
esta extonsn zona, A parto dos meus respectivos estudos, que se 
refere no Rio da Prata, foi publicada ha pouco om Buenos Ay- 
res em um artigo. Nelle evidencia-se que todas as conchas cone 
tidas nos depositos marinhos da formaçho pompenna são identicas 











Ioring. E. von — Historia do Ius Ostras Argontlnas: analos del Museo Nacional 
do Buenon Agros, Iii, Tomo VII, pags. 109 m 145. 





— 458 — 





a especies ainda hoje viventes é consegnintem: Rebio os 
restos humanos da mesma formação pompeana, consi tor 
ciarios por Florentino Ameghino, na realidade sho tarejarios, 
Desapphrece deste modo a unica proya com que se protendia 
deco so a existencia do homem tertiario na America meri- 
ional, 
E' nesta dpocha pleitocena que não só grande parto dos 
Pampas fóra invadida pelo mar e as lagõas Mirim e dos Patos 
eram ocenpadas pelo Atlantico, dando acecsso franco ds baleias 
até o Porto Alegre e o Rio Jacuhy, mas em que tambem as 
baixadas do littoral de S. Paulo eram cobertas pelo Oceano. 

E' justamente nesta épocha pleistocena que se dem a foi 
submarina dos sambaquis, seguindo-se mais tarde 0 loyantamento 

ja zona costeira, para cuja continuação, mesmo ainda no periodo 
historico temos muitas provas. 

A idén da construeção artificial é falsa, não só sob o ponto 
de vista geologico, mas tambem sob o zootechnico. E! engano 
suppor-se que para a construcção artificial do um sambagui 
basta njuntar e amontoar conchas. Estas, expostas no ar livre e 
às continuas mudanças de temperatum e humidade decompõem- 
so Tapidamentos 

ln poucas regiões do globo em que os molluscos entram 
em tão larga esenla para a alimentação du população costeira, 
como no Braxil me ima e mesmo assim não se nota a forma- 
ção de sambaquis recentes. Todas estas conchas desapparecem 
em curto lapso, como desapparecem tambem os milhões de con- 
chas que o Oceano continuamente lança às pi geologia 
tambem nos ensina que são condições muito especiaes as em 
que se conservam as conchas depositadas no lodo e n8 

Dos sambaquis ou antes pseudo-sambaguis que effectiva- 
mente representam os restos das refeições dos indigenas exami= 
nei alguns no Rio Grande do Sul. Estes apresentam-se sob as- 
pecto todo diverso; são depositos de terra esenra na qual além 
de numerosas conchas são encontrados ossames de peixes e mam- 
miferos, de mistura com cacos de panellas e outros arte 
mais, não faltando pedaços de carvão vegetal. 

Doixo do aqui entrar em dotalhes deste assumpto, roferin- 
do-me ao meu artigo sobre a ilha de S, Sebastião (1), no qual 
largamente tratei dos moluscos comestíveis do litoral do Estado 
de S. Paulo, 

Desejo chamar apenas a attenção a um facto singular, o de 
que não encontrei nos sambaquis de Paraná o 8, Paulo conchas. 





E) 








(0) Iberiug, E. vuo.—A Ha de 8, Sebastião, Bevisia do Musuu Paulinia, vol. MT 
AB, page. 176 o a 


= 457 — 


do sermambi (Mesodesma mactroidos Desh.), observação confir- 
mada tambem pelo sr. Bonedicto Calixto o que é tanto mais 
singular, porquanto desde o Rio Grande do Sul até 5, Paulo é 
a mai urada é apreciada para a alimentação. De confor- 
midado com este feto, esta especia é nbundantemonte represen- 
tada nos psendo sambnquis do Rio Grande do Sul. Parece que 
esta especie, como certas outras comuns na Patagonia, inmigra- 
ram para o Bruzil, só ao fim da formação pleistocena, o que 
aliás seria de conformidades com minhas observa sobra 
conchas pleistocenas do Rio da Prata, onde a uma fauna antiga, 
rica em especies brazileiras seguiu-se outra em que predominam 
os pos patagonicos. 

arece, quanto a estas modificações faunisticas que já entramos 
actualmente om outra phase, visto como na região de Porohybo 
a 8. Vicente os sambaquis, durante os ultimos L5 annos, torna- 
ram-se mais escassos, tendendo mesmo a desupparecer. 

Uma confirmação interessante de men modo de vêr éa dada 

lo artigo já mencionado do sr, Benedicto Calixto. Entre outros 
interessantos, como se póde esperalos sé de quem foi 
criado nesta zona dos sambaquis, menciono especialmente o da 
ocenrreneia accidental de ossmmes de raposas, tatús e ontros 
animaes, no interior dos sambaquis, acontecendo mesmo que estes 
animaes ahi levam a bala com que Foram feridos. Segundo u 
observações do sr. B. Calixto, estes factos so explicam pela. cj 
eumstancin de terem sido antigamente cobertos estes sambaguis 
por mattas, abrindo as raizes apodrecidas das arvores camnes, pelos 
dad estes animães e outros como reptis penetram no interior 
sambaqui em procura de abrigo. E' essa explicação tumbem 
pela qual se entende a ocenrrencia ocensional de cnracões ter- 
restres no interior do sambaqui, 

Obsorvo ainda que, na litteratura do seculo XVI, debaldo 
procurei informações sobre os sumbnquis ou ostreiras, como então 
erum denominados. Só em 17,.6 que Froi Gaspar Madre do 
Deus mventou a historia da construção artificial dos sambaquis 
pelos indigenas, na sua obra, 

“Terminando estas considerações, entendo que os sambaquis, 
no em vez de perdar quanto no interessso, pelo contrario nelle 
emaltocem, desde que não têm só uma importancin arcbeologiea 
mas tambem geologica. Representam neste sentido documentos 
de alto valor, cuja destruição systematica constitue um acto de 
vandalismo, contra o qual é tempo de protestar energicumente, 
Reclomo nesse sentido o apoio do Instituto afim de que propo- 
ha ao patriotico governo do Estado as medidas necessarias para 
sus conservação. 




















"4 


Os Sambaquis 





Prro pr. ALnuero Lóronas 


No dia 22 de Outubro de 1898, a Sociedade Anthropologica 
de Berlim tinha uma de suns acostumadas sessões. Nesta ses 
são foi lido um trabalho enviado pelo socio correspondente da 
sociedade, Dr, V. Ibering, diroctor do Museu Paulista, 

Esto trabalho intitalo : «Sobre a pretendida origem hu- 
mana dos Sambaquis» e foi publicado no boletim da Sociedade 
referida, paginus 454 e seguintes. 

Não constando haver ainda traducção em portugues deste 
importante trabalho, seria de injustiça deixalo despercebido, 
tanto mais que se ocenpa de um assumpto de tamanho inte- 
resse para o Brazil, estabelecendo hypotheses que merecem q 
maxima attenção por partirem de um dos ruros cepocialistas que 
no Brazil sé oceuparam com catudos conchyliologicos. (TI 

Na introducção começa 0 autor por eriticar os estudos até 
agora feitos sobre os sambaquis e lamenta que ainda não hou 
ve archeologos, geulogos ou zoologos especialistas que os encetas 
ram e que tudo tem sido feito por meros dilectantes, o que trou- 
xe em consequencia os mdos resultados observados, visto todas 
terom dirigido as suas investigações com ideias preconcobidas 
de que os eambaquis deviam ser rostos de cozinha. 

Está, porém de opinião diferente, principalmente depois 
de ter visto um grande sambaqui em Paraná, o qual é uma ag- 
glomeração natural de cascas, sendo que ndo pode haver duvi 
da que à opinião delle, autor, tem direito a um valor especial 
morna ba 18 annos que occupase com os concbylios marinhos 

o Brazil, como unico especialista aqui. 

Continta, dizendo que a sua previsão renlizonse de que 
«nenhum geologo póde vor um tal perfil sem ganhar a convi- 
eção de haver uma estratificação natural dostus camadas», pois, 
o sr. Siemiradzki (Observações geologicas feitas numa viagem 
no Brazil do Sul, Boletim dn Academin de Vienna. Volume 
1H, Parte 1, Janeiro 1898), é da mesma opiniho de que os sam- 














— 459 — 








são acenmulações naturaes de conchas do ps 
ternario antigo. 

a o autor entra no exame do Sambaqui do Bogançú 
em 


O sambaqui examinado pelo eminente director do muséo-. 
segundo sua propria descripção-—está ú cerca de 6 Kilomatros 
distante da beira da praia, na bahia de Paranaguá e, a uns 100 
metros da margem do rio Bogunçú. Iavendo alli mais que um 

inlmente com o grande que é constituido por 
uma parte principal de 100 metros de comprimento sobre cerca 
de 29 metros de altura o, uma parte secundaria, mais comprida 
e muito mais baixa. «Em um logar chsolutamente plano que 
se eleva sómente a 1-2 metros acima do nivel do vio, um tel 
murro é extremamente notavel». O conteúdo deste sambaqui é 
«alculado, segundo o autor, em corca de 750900 metros enbi- 
cas *) e é hoje utilizado para o fabrico do cal, já ba mais de 
& mezes. Todos os objectos de valor alli encontrados como, con- 
chylios, ossos, pedras, brutas e trabalhadas, ete. foram guarda- 
dos para o nutor e, mais uma cirewnstancia favoreceu os estu- 
dos. Era que sendo o material peneitado antos de ir para os 
fornos, os conchylios pequenos acham-se separados para serem 
pato fora por não servirem para o fabrico de ce], sendo muito 
luros. 

Depois de descrever o sambaqui que no logar tem uma al 
tura de' 8 metros, dá uma lista dos conchvlios encontrados que 
demonstra haver ostras do mar fundo « bem salgado, ostras do 
mangue o conchas do mar de dentro, pouco salgado, conchas & 
caramujos de agua doce e até caramujos terrestres, como o Bu- 
linus. Tudo isto de mistura com vertebras e espinhos de pei- 
xes, machados de pedra, até polidos, de dinbas e, pedras nho 
tenbalhadas, pedaços de quartzo « outros silicntos e seixos rola- 
dos com dous lados parallelos e achatados que deviam ter ser- 
vido para moer tintas ou alimentos, segundo o autor, e mais 
um raro machado em osso, No meio das conchas tinha-se des- 
coberto um esqueleto, 

Vem agora a discussão das observações feitas, Abi fala 
do sr. Carlos Rath como o unico experimentado observador de 
sumbaquis, cuja opinito é que os pequenos sambaquis podem ser 
tumulos indigenas mas os grandos têm uma origem natural esa- 
etamente como o autor ha muito tempo admitte e já publicou. 

Um só olhar sobre o perfil do sambaqui observado já fale 
Tou so autor a linguagem da creução «isto é minha obra» e em 

*) Tendo TE000A matros cabicos é apenas 25 metros do altura nom comprimento de 
300 MMenros, é novesencio que enha ICO metros do Irtgnra para à taxação ter esacig. 


jodo qua- 




















— 480 — 


seguida «duvida que um só geologo traduziria esto perfil d'ou- 
tro modo. As camadas superpostas, de espessura alternada de-. 
monstram uma sedimentação pela agua» é argumenta: 

o monte todo fossa sómente uma secumulação de con- 
chas feita pelos selvagens, os restos dos conchylios seriam de- 
sordenadamente misturados e totalmente baralhados, porém não 
é isso que se dá. Como deve-se então entonder que numa ca- 
mada de TG-80 centimetros sómente existem ostras? Admittin- 
do, taxado arbitrariamente, porêm de certo não demasiado, em 
1000 amnos o tempo necessario para a formação deste gigantes 
co sambaqui, seria mister um periodo de 80 a 40 annos para 
Formar a camada das outras. Admittindo mesmo menores inter- 
vallos, fica sempre o facto de que os habitantes primitivos, de- 
pois de terem-se alimentado ulgum tempo de berbigões, de re- 
pente só queriam ostras durante annos e, depois voltaram outra 
vez nos berbigões, durante outros decennios e assim sempre, 
Não é absurda tal supposição. Não será absurdo tambem adimit- 
tir que todos os restos de cozinha foram cuidadosamento Jeva- 
dos no alto do monte. Tul pedantismo não se conduna com o 
que se conhece dos selvagens do Brazil do Sul». 

Falla o autor depois das conchas nho abertas e que gran- 
des caramujos são ainda intactos o que não admitte si tudo fos- 
se pra comer-se. 

Acha que n unica objecção contra a opinião delle é npenas 
a presença do ossos bumanos e artefactos, Mas explica que es- 
tes podem ter sido perdidos por pescadores nas pescarias e. os 
esqueletos podem ser de selvagens que se afogaram. As pedras 
podem ter sido ahi levadas pelas correntes de agua por ocessião 
de tempestades e pelas marés, 

Diz que favorece a sua opinião o facto de não se tor en 
contrado carvão de madeira naquelle sambaqui, nem cacos de 
ceramica ou ossos de animaes terrestres. 

Pnssn depois em revista ns condições nctunes para a vida 
animal na Eahia do Paranaguá, d'onde tira as seguintes conclus 
sões que transcrevemos ipsia verbis: 

” que aecumulações nnturses de berbigões existem com 
ameijoas (o autor escreve ameixas, 

2º que estas cascas de berbigões mortos não sho distri- 
buidos irregularmente sobre a praia numa grande extensão, mas 
que a força das aguns em consequencia de “condições ospeei 

le vento, terreno, correntes, ete. as varreram ajuntando-as em 
quantidades consideravyeis em logares certos. 

Diz depois que observou na Lagon-mirim a respeito de cas 
cas de Avara labiata, onde tambem ha tnes camadas em terra 




















— 461 — 





e certa distancia da praia; são ahi misturadas com ostras, con- 
lios, dontos de enção ete. em grandes massas, o que prova 
serem do tempo em que esta agua ainda era salgada. O mesmo 


iu tambem em Montividéo, onde as formações são quasi exclu- 
sivamente de Mytilus. 

Demonstra isso tudo no autor que, dadas certas condições 
podo hayer considoraveis necumulações de conchylios, pelo que 

le se figura que os grandes sambaquis são formações mariti- 
mas que pela mudança no terreno sho ora berbigões, ora espe- 
cinlmente de ostras. Não havendo taes mudanças; formaram-se 
montes sómente de ostras ou sómente de berbigões como na 
bahia de Paranaguá, As inclusões de pedras e de artefactos são 
prtcinlmento roludas pela agua, E pise erdidas pelas em- 
ações. Os esqueletos sho necessariamente de afogados. 

Admitte, porém em seguida que ao pé destes montes de 
conchas formados pela natureza, ha outros, pequenos com ves- 
fgios de foguciras e quantidade de ossos quebrados de animaes, 
cacos da ceramica, carvão de madeira ete. € para estes precisa 
outra explicação. 

Pondera depois que, em goral, não se deve imaginar a con- 
figuração da babia no tempo da formação do referido sambaqui 
como differente da de hoje. A massa principal dos concbylos 
compõe-se dus mesmas especies que ninda hoje alli existem, po- 
rém junto com elles hn outros que só apparecem no occano de 
agua bem salgada. Onde agora é rio, ers então uma babia aber- 
ta e muito mais funda e, neste fundo, por baixo da agua for- 
maram-se os sambaquis que se elevaram ao passo que o littoral 
se elevava, elevação esta quo elle observou em Rio Grando do 
Bul e que em 5. Paulo fica provada pela presença de 08505 de 

eia, de forma que, volvendo as vistas para o passado ao en- 
cearar os sambaquis, é mister tomar em consideração estes ulti- 
mos phenomenos geologicos no litoral, 
inalmente confessa o autor que a sua argumentação não 
está totalmente livre de objeeção e que por enusa du presença 
de artefactos, procura-se geralmente ums explicação applicavel 
a todos os sambaquis. Querin elle dar a essa objceção um valor 
maior si no sambaqui descripto houvesse ossos de animaes, car- 
vão do madeira, cacos ete, Collocandose no terreno oposto, 
admittindo que todos os sambaquis são artificines, surgem uma 
porção de duvidas para as quaes não ha explicação possivel. 

Conclue que não é possivel continuar nesta maneira de in- 
vestigar superficialmente os sumbaquis, o que não adianta um 
só passo e diz que neste trabalho truçou um programa, ou 1 
investigação zoologica dn fauna dos cambaquis, à biologia dessa 








ar 


rp 





fauna, as condições geologicas da costa, o modo do estratifica- 
são e as forças que contribuiram para ella e repete «ser ridi- 
culo o modo pelo qual isso até agora tem sido tratado». 

Fecha depois com o seguinte: «Está para averiguar si no 
menos uma parte dos sambaquis attribuidos ao homem, não seja 


de origem naturala, 
” 


aa 

Até ahi o ilustrado director do Museu Paulista. Agora 
chega a nossa voz de expor algumas timidas reflexões sobre O 
notavel trabalho que tivemos a honra de resumir, 

Em primeiro logar devemos confessar que divorgimos e 
bastante da opinião do autor quando elle, na introdueção do 
seu trabalho, lastima que até hoje sómente leigos o diletiantes 
se occuparam com estas interessuntos formações, porquanto co- 
nhecomos os admiraveis trabalhos de homens como os Sis, Dr, 
Hartt, Dr. Orvillo A. Derby, Dr, J. B. Lacerda, Dr. Miranda 
Azevedo, Dr. Wiener, Barho de Capanema, Ladislno Netto, Bar- 
hosa Rodrigues « outros, que todos, infolizmente estão em oppo- 
sição dinmetral á opinião do ilustrado autor. E por mais inve- 
rosimil E parece temos de ndmittir que o autor não conhece 
estes trabalhos para avançar o que elle avançox no delle. 

Quanto À afirmação de que a opinião delle, autor, «tem 
direito a um valor especial, como unico especialista», em con- 
chyologia no Brazil, receiamos muito que talvez nem todos se 
convençam deste modo de ver porque, sendo os Srs. Drs. Hartt, 
Derby é Barão do Capanema sciontistas do tão grando nomonda 
como é o Sr, Director do Museu o, os Srs. Dr. Lacerda, Dr. 
Miranda Azevedo, Dr. Wiener e Burbosa Rodrigues anthropolo= 
gistas e ethnographos ea notaveis, talvez nho fique bem 
aeceita a preferencia decretada para a especialidade do autor. 

Por nossa vez temos tambem de lustimar que o autor não 
foi feliz quanto á sun previsão de que: «nenhum q 
ver mm tal perfil etes porquanto tanto o Dr. Hartt como o Dr, 
Derby e Capanema de modo nenhum querem reconhecor a tal 
estratificação natural das camadas, Rosta, porém o citado pro- 
fessor Siemiradski que, na pag 11 da obra referida pelo ma- 
tor diz: 

Estes sambuquis, que geralmente são tidos por uma sa 
pecie de Kjkkenmóddings pelos scientistas americanos, são 
na sua maior parte talvez nada mais que uma estreita zona 
littoral de areins brancas e amarellas nas quaes se encon 
tram aqui e acolá, buncos de ras o nceumulações de con 
chms, A formação toda é intoiramente natural e suas rola- 
ções com o homem resumemso ao que algumas tribas de 





ué 





— 468 — 


dores abi moravam e em parte deixavam verdadeiros 
iolekenmiddings. Mas dabi até a opinião de que todos os 
bancos de conchas, na região litoral do Brazil do Sul, ses 
um formações artificines, é ainda muito longe, 
'ós, infoliamente, duhi só daprohondemos, pola doscripção que 
Jnz o professor Siemiradski, que elle nenhum sambaqui verda- 
deiro examinou, porque isto as «estreita zona littoml de areias 
brancas e amarelas com conchas nqui é acolá», não nos parece 
muito idei no sumbaqui do autor nem aos paulistas, dos 
uses, aliás, temos visto e examinado detidamente apenas uns 
tos. Nem podemos tão pouco enxergar a tal negação abso- 
luta da existencia de sambaquis artificiaes, questão de falta de 
acioncia por nossa parte, 

Examinando agora o que o precinro autor diz do sombaqui 

elle examinado, durante ums chuva torrencial é pelo tempo 

uma mein hora, e que, sendo um monte de 25 metros de 
altura situado num terreno absolutamente plano, de uma eleya- 
ção apenas de 1-2 metros acima do nivel do rio, é nos ainda 
absolutamente impossivel comprebender como se deu a sun for- 
mação por baixo d'agua é 4 sua posterior elevação até a posi= 
ção actual, Pensavamos sempre que a acção da agua antes fosse 
dispersiva que accumulativa o que 95 ondas no seu vai-vem ti- 
vessem a tendencia de—como dia o citado Dr. Siemiradski— 
epalhar em Tinbns peralllas ds praias todos, o» objesios que 
ellas arromessam em torra, em voz do empilhal-os como môdas 
num prado. 'Tão pouco podemos achar à solução do enigma da 
conservação das camadas ou estratificações, tendo o sambaqui 
tido n sun origem por bnixo d'ngun onde a sun nccumulação, 
em forma de monte devia, forçosamente ter sido o efisito de 
uma rotação das aguas, como em uma especio de malstróm, In- 
felizmente, porém o autor não fornece explicação alguma talvez, 

e admitte bondosamente que todos os leitores possuam a 
sabedoria delle, Tambem não entendemos quando, depois de ter 
O mutor dito que; «não se deve imaginar a configuração da ba- 
Ria no tempo da formação du referido sambaquê como diferente 
da de hojes, elle, logo em seguida continúa: «onde agore é rio, 
era então uma bahia aberta e muito mais funda etes Framen- 
mente isso não é fncil de entender, 

Igualmente dificil é explicação de fucto de acharem-se jun- 
tos, naquele sumbnqui, conchylios de ngun bem salgada, de agua 
salobra e de agua doce, até terrestres, sem que estejam em ca- 
madas distinctas e difierentes, nem ordem relativa, correspon— 
dentes ás mudanças suppostas daquela bahia que, entrotanto, 
não tinha mudado, 


























— 484 — 


Cortamente é possivel, que a biologia o a physiologia destes 
conehylios, mais tarde vonham a esclarocor osta união intima do 
seres, habitantes de meios tão heterogeneos, assim como o inte= 
ressan te e apparente paradoxo do conjunto de objectos de den= 
sidade tão diversa como são conchas, pedras e osssos apegar 
sujeitos a tantos movimentos simultancos « combinados, como 4 
acção das ondas, vento, correntes etc. e, por tanto tempo, como 
devia ter levado esta formação. R 

Ainda uma outra duvida, Numa grande porção do samba- 

uis paulistas, dos quaes citaremos como typos especiass o da 
ilha do Onsqneiro em 8, Vicente, a Cusqueira grande em Cu 
batão. o de Gunraii e o de Santo Amaro, vimos elles colocados 
no cimo de rochas onde as camadas são empilhadas nté a altu- 
ra de 4 metros ou mais, revestindo estas enmadas n rocha in- 
teira, sem, comtudo, chegar até a sua basco, como devia ter sido 
interessante esta ucção da agua de, com todo o cuidado, conser- 
var esta difficil posição sem dispersar ns conchas durante todo 
o tempo da formação debaixo de agua e da subsequente oleva- 
ção. À mais critica época, de certo, devia ter sido quando q 
cimo da rocha, lentamente, despontava à flor da agua, Nenhu- 
ma onda ahi podia então tocar sob pena de dispersar tudo, com- 
posto como er, de conchas soltas e nenhum movimento de 
ngua, por leve que fosse, devia torse produzido porque ainda. 
hoje tudo se conserva perfeitamente estratificado, Principalmente 
interessante mas igualmente dificil de explicar pela nova theo- 
via, está a Casqueira grande de Cubatão que se acha no cimo 
de uma rocha do 30 metros de altura, obsedo da mangas por 
todos os lados e da qual já subiram durante uma exploração de 
mais de 2 amnos, acima de 100000 metros cubicos de ostras e 
de conchas e, talvez centenas de esqueletos, restando ainda pro- 
vavelmente outro tanto. (Quanta gente afogada no cimo do monte 
e que maelstróm aquatico e aereo! Na ilha do Casqueiro de 8, 
Vicente o mesmo facto se reproduz e foi alli que o sr. Carlos 
Rath, numa só vez, mostrou 40 Imperador 7 esqueletos, dos quaes 
um ainda hoje deys nchar-se no Msuco do Rio de Janeiro, (1) 

E' nos igualmente mysterioso o facto de que não só no 
Brazil, como em tantas ontras partes do mundo c, em logares 
onde ns condições são igunlmente favornveis, nho haja sem 
sambaquis. Sorá que ns forças da natureza no tempo precolom- 
biano tiveram preferencia pelos poucos logares onde os taes sum 
Dbaquis existem, ou serão as condições de hoje naqueles sítios 





1 Demo casquelro foram extrabidos em uma visita que All fer o sr, D' Fedro IL um 
emqueleto e varios craneos, que eito caviou ao sabio dr, R Virdhow- Dara entudal-os 

dr, 3. Auvndo, dm ANT. am mesureão que all (os, obtave tambem mim Cranao muito para 
feito a semelhante no do homom da Lagoa Sania de Lund, (4% da Reducção) 








a 


— 466 — 


ensão. 
tod explicação da existencia de camadas de bumus 
com us conchas ou das ostras ; como temos ve- 
mais que cem sambaquis, Nunca ouvimos fallar em 
“de humus debaixo de agua salgada mas, pela hyporhese 
é admittir isso como possivel visto que os samba- 

ter origem marinha. E como prova irrefutavel 

Já estão os ossos de baleia encontrados nos sam- 

Paulo, conforme o outor da nova hypothese. E" 
ossos de baleia tôm sido encontrados em muitos 
mas, exclusivamente vertebras, sempre muito gastas € 

te iguses as que ainda boje se encontram muitas nas 
dos pescadores, onde servem de assento. E nós, que na 
orancia, acreditavamos que fossem boas provas da ori- 
sambag' nciencia! A erenção já falou» esta 


os dn nossa dificuldade de comprehender factos to 

os outros, estamos entretanto, em parte, consolados 

“vermos que o proprio autor, exortando a não conti- 

mesta maneira superficial de investigar, que lho pa- 

o ridicula, no terminar o seu trabalho diz que: ainda 

pa averiguar si ao menos uma parte dos sambaquis attri- 

ao homem, não veja de origem natural Ora, isto para 

vale a uma formidavel duvida de si mesmo e constitue 
tempo uma confissão ele 

=5€ nÃo ter avança: 


fosse o acaso que 

te ficado eternamente 

ido pelos interessados. O trabalho que, o Dr. v. Ihering, 
ituto não 6, pois, um trabalho original, porque foi 
1898 e, infelizmente no trabalho que leu aqui, 
malevolas insinuações a respeito dos zcientistas do 

1s comunicadas a uma das primeiras nssocinções do 
o quero classificar esto procedimento pelo que ter- 





Doação da Capella da Graça, feita por José Ade 
e sua mulher Catharina Monteiro, em 1580 


(COPIA AUTIHENTICA OPFERECIDA PELO DR, MANOEL GUIMA 


Suibão quantos esta publica escriptura virom cm 
auno do nascim.* de Nosso Sir, Jesu Christo da era d 
annos nos 24 dias do mez de Abril da ditta era nesta 
Porto de Santos, costa do Bruzil e Cnpitanin de 8. Vice) 
E hé Capm. e Gov, por ElRei Nosso Sir, o Sir. Lopo d 

nesta ditta Villa de Santos om as Cazas do Sir. Jozó A 
morador nossa ditta Villa de Santos onde eu pubrico 
fai, bi em minha prezança à das testemanhas todo no di 

o, hi apareceo o dº Jozê Adorno e a Snra. sua n 
Catharina Monteiro, e por elles ambos juntam.“ marido o 
foi ditto q. elles estavam concertados com o mai revere! 
dre Fr. Bá Vinmna Vigario e Commissurio nestas prrtes 
Brazil por poderes abastantes que diz trazer do seo Ge 

rdem de N. Sura. do Carmo da maneira Seguinte. Que, 
dittos marido e mulher tinhho e possuiho hua hermida d 
Sn da Grau qual esti no termo desta Villa perto della 
elles possuião, ofizerão n sun custa, haverião 26, ou 27 
aqual elles ora doavão e traspassavão no ditto Pr, Pedro V 
em nome do ditto seo geral, e Ordem p* nolla fazerem é 
marem hum Convento E Religiozos da dita Ordem, comi 
mesmo lhe davão todolos ornamentos q. tinhão, convem 
2 Frontnes de seda, hua usnda e outra nova, esta vesti 
Calix do Prata, e outras couzas miudas de toalhas, sobre 
e outras couzas, q. se nehão na Caixa que está nu dítta h 
e assim mais lhe davno e donvão huma eseriptura porque 

iro do Campo hê obrigado a dar de venda a ditta 

mida, mil reis cada anmo conforme a ditta escriptura, a q. so 
porta; oe assim hum assizondo de Luiz Gomes, morador no Cs 
o, de hua emcomenda de hum Caixão de Açucar, qu foi 

'ernambuco, como consta ditto assignado, q. logo perante 
Tabalião e testemunhas entregou ao ditto Reverendo P* cas 
dicerão mais elles murido, e mulher, q." davão, e doavão a 
Cnzn, e hermida 6 Cabeças de vacas « gado vacum com a 
tiplicação q" do hoje por diante multipliearom, « assim n 








— 487 — 


legoa de terra, q” tinhão elles doadores no Campo 
conforme a escriptura q. disse della tore por 
prezente o ditto Reverendo P: Fr. Pedro Vianna, disse 
todo aceitava n nomenção, edoação declarada nesta es 
“e com condição q. elle logo com a mais brevidads que 
até dentro de hum anno aprezentará sua pessoa, ou outro 
o ou Religiozos por ella na dirta hermida p.* teram ear 
ditta hormida, p.* baneficiarem os ofícios divinos nolla 
ao seu estatato da sua ordem, e dabi por dianto serão 
ou Padres q. ahi estiverem a dizer pella alma 
dondores cada anno quatro missas rezadas pelas 
festas principaes da Snru. convem asnber, Nascimento, 
ificação, e Annunciação, o Assumpção, epelo seo dia de Cuza 
o hua Missa cantada com suas vesperas, o assim pelos mes- 
Padres como polos doadores à assim declararão elles dondo- 
9: tinha a capolla da ditta hermida p. eco Jezigo, onde 
io poderião enterrar ninguem sem avontade delles dittos doa- 
Padres da dita Ordem e os que ello ditto Juaó 
sons herdeiros, eque não. poderião os dittos 
tta hormida, qui fuzar maior 






brio, ejnducial em esta Villa do Porto da Santos q esta 
aqui fiz, e escrevi; o declaro o d.” Rdº P, Fe, P 

a nã Vigia e Comissario da ditta Ordem de Nossa Sn 

Carmo destas partes do Brazil, disso q” ello aceitava esta 

em seo nome, e da Religino da ditta Ordem conforme 

leres q, tinha e em nome da ditta Ordem, disse que se 

sava à comprir as condiçoens nesta escriptura declaradas, 

























— 470 — 


foi, porém, tanto Doi io Lina 1584, ou 
el or TnaURicos nho possuiam tal documento sobre 
em era tão interessado, 
oo esta circumstancia, para mostrar que hoy 
te do governo brazileiro um certo descuido nesta questho de 
TAM tarde, quando esteve em discussão essa mesma 
de limites, eu, por um motivo qualquer, lembrei-me de 
saber so 4 secretaria das Relações Extorisres possuia eso 
mento, e, sabendo que o não possuia, mandei tirar, 
meus auxiliares da Commissão Geographica e 7 
Paulo uma cópia deste mappa, que ofereci no director 
Secretaria, que o recebou com especial agrado, Depois, m 
“vir um exemplar da obra impressa é o oflereci no mesmo | 
cionario, pelo que me ficon muito grato. 
Assim, o facto é que, ntá bem poucos annos, a nossa 
taria das Relações Extoriores não estava munida de certos 
cumentos, facilmente aecessiveis, sobre este assumpto, 
E este mappa é uma prova de que 05 inglezos po 
documentos muito euperiores aos das nuctoridades brasi 
Com estes preliminares, passarei a expôr a questão. 
Augmentei a parte do mappa que nos interessa e 
lembrei de apresentar ao Instituto, por estar Pretas 
ollo é mais minucioso é máis exacto « que, portanto, ol 
melhor a questão do que os outros mappas. Aceredito que em 
o Brasil só existe o meu exemplar, os que forneci no sr. 
Bueno e no director da Secretaria dus Relações Exteriores, 


Este mappa represonta um trocho do Rio Branco o t 
| rios adjncentes incontestavelmente brasileiros, com o forte de | 
| Joaquim, na barra do Dio Taeuti. 
E O Kio Tacuni desce das altas montanhas que formam 
visa entre o Brasil, a Guyana Franceza, a Guyana Ho 
e uma parte da Guyana Íngleza. A 
rendo do sul para o norte, e fazendo um cotovelo mr 
de entrar no Rio Branco, o Rio Taeutá recebo o 
das altas montanhas, na fronteira da Venezuela ; d 
Tacutiú recebo o Cotingo, que entra uns 30 ou 40 
À acima da sua barra no Rio Branco, 
Estes tres rios, Tacutú, Mabú e Cotingo são afluentes do 
Branco, pertencem à bacia hydrographica do Amazonas. 
Outro rio que interessa o litígio é o Rupunani, ahi 
sentado com um curso proximamente peraleio no Tacntô, 
depois, de fazer um cotovelo para quib 
principal da Guyana Ingleza. 










e 










= 40 


Porta to, a pretenção inglesa da linbn fronteira levantada 

urgh, quer traçar a fronteira com o Brasil por essa 

montanhas, dabi pelo rio Tacutú até à conflueu- 

o Cotingo, e por este ncima, até à fronteira com n Ve- 

ma serra da Rorani o pico mnis eloyado da parte 

nal da America do Sul, fóra da região andina. 

preteução brasiloirs era de traçar a divisa do modo a 

e para o Brasil toda a bacia do Amazonas. Partindo desta 

a da esbocojra do Tacutú, seguindo o divisor das 

is do Tacatú e RPA: por esta linha pontuada—e, depois, 

do n bacia do Mabú, vai encontrar a linha da pretenção 
mas enbeceiras do Cotingo. 

da antigamente, no primeiro quartel deste seculo, o Brasil 

pretendia um territorio, mais ou menos extenso, situado 

ia do Essequibo, portanto, fóra das aguas do Amazonas, 

desde muitos annos, tinha abandonado essa pretenção, tanto 

ppa oficial das fronteiras, levantado pelo barão de 

Ribeiro, considerado o melhor conhecedor deste assumpto, 
ue por muitos annos foi consultor techmico da secretaria do 

— nesse mappa impresso oficialmente em 1873, n divisa 
ntada vem por esta linha que ahi está pontuada, pelo 
or das aguas do Tacuti e Rupunani. 

Mimumente, supponho que por motivos estrategicos no litigio, 

ção do Brazil era pelo proprio rio Rupunani e não pelo 

divisor das aguas. Menciono oste fneto, para explicar uma certa di- 

4 que se nota entre os algarismos relativos à úrca di 

“Assim, tomos na zona contestada quatro rios a cons 
ngo, Mali, Tacutá e Rupunani, 

" forme as pretenções inglezas, todo o Mabú deve perten- 

à Gu Ped dividida entre o Brasil oa Guyana a bacia 

e Cotingo. 

Conforme a pretenção brasileira, devia pertencer ao Brasil todo 
valle do Tneutú, todo o valle do Mabiú e todo o do Cotingo. 
- Estão, assim, definidas ns pretenções de cada um. 

Foi proposta pelo governo inglez, em 1898, uma conciliação, 

do, conforme esta linha, ser a divisa pelo rio Cotingo, em 

ou manos a metade do seu enrso, seguindo, depois, por um 
tributario, até às suas cabeceiras o passando por um 

o ribeirão até o Tacuti perto da barra do Malu, e dahi 

ndo por terra pelos riboirões e corregos até 0 rio Rupunani, 6 

alle subindo até a sun cabeceira, deixando, portanto, no Brn 

de inferior da bacia do Cotingo, toda a bacia do Tacutú, 
da bacia do Rupunani e ficando para a Inglaterra a 
de da bacia Mubú. 




















— ati — 


pretenções sobre as bacias hydvogenphicas do Essog 
vero ingle, muito espontaneamente, para acabar 
limites, não nchou inconveniencia em oferecer no Braz 
pus desse rio. Assim, O aa n 
importancin alguma so iai que, hoje em din, nos 
de tamanha importancia, E possivel que Tord E 
vesse enganado, e não soubesse 0 que oflerecia, mas 
sumir que elle conhecesso o assumpto, Achonso im] 
da parte da Inglaterra, o rejeitar uma 
feita, traçando uma divisa por o divisor das nguas, 
cutú e o Rupunani. Sem conhecer os detalhes 
da região, parecia que a proposta do Brazil devin ser 
e que só por capricho foi rejeitada pelo govemo inglez. 
A divisa proposta pelo Brazil consiste em 2 
ao Norte e outra ao Sul. A parte N. “é realmente 
rania bem definida, que podia dar uma divisa ideal; 
parte S esta lingua de terra entro o Tacutá e Rupui 
vegião pela maior parte é ebata, e as elevações que tem 
destacadas e não constituem necidontes continuos. Póde 
parur-se este espigão aos conhecidos naturlmente pela o 
parte do auditorio, nas vizinhanças de Casa Branca, neste | 
tado, isto é uma planicio com alguns morros destacados, e 
os de Lages e S. Simão, mas, em geral, planície quasi em 
vel, é cheia de banhados e sem feição enracte e 
nida, tanto que, em uma turma mixta de engenheiros que tr 
lhassem nessa região, haveria divergencia constante de opiniões 
para determinar o verdadeiro divisor das aguas, Ê 
Estudando-se o mappa e dados do relatorio que o Ir 
nha, vêr-se-i que essa e ser uma região que durante o tu 
das aguas não oflereco divisor de aguas, porque as aguas 
dividem, e durante o tempo da secca não ha agua que div 
Portanto, a objecção do governo inglez, pura traçar a 
por ahi, não me parece ser de todo sem fundamento; que 
não foi inspirada pelo desejo de ganbur | territorio, é p 
pela contra-proposta, que indicava essa linha Huvial entr 
mais no seu territorio. o 
Portanto, parásas, que o mappa demonstra muito el 
mente quo as duas vantagens, das aguas navegaveis e da 
trada na bacia do Amazonas, são vantagens que os nossos 
versurios absolutamente não apreciam, ou a que, pelo 
nho dão grande vyalor;e que a sua objeeção ú linha 
por ahi não era uma simples questão de capricho, ou d 
ganhar terreno. 
Foi rejeitada essa proposta, que, sobre esse ponto de 























— 375 — 








a ao Brazil, do que o laudo “que agora temos 


“o territorio, tambem foi esta proposta mais favo- 
uma diferença de mil kilometros quadrados, pouco 
menos. Esto territorio, naturalmente, não é de um valor 
javel. Foz bastante figura sobre o papel; mas, se 
um criador por lá apparecese e quizesso comprar uma fazen- 
eriar, compraria esses mil kilometros quadrados, por certo, 
n enas do contos, quando muito. 

“modo que se tem exaggerado o valor das vantagens 
Inglaterra e perdidas pelo Brazil. A divisão do terri- 
quasi a Numa gue destas, ha tres modos 
vor: pelo diroito, em absoluto; pela posse, quando o 

é um pouco duvidoso; cu, então, pela conciliação. 
o arbitro que os titulos de direitos apresentados pelas 
tos cram tão vagos que não pesavam para fundamentar 













“Eu não tenho examinado esta questão de direito, mas pre- 
o que essa opinino do arbitro era bem fandamentada e com- 
cessa questão com a de um terreno baldio entre dois fazen- 
de que cada um, o seu lado, procura aproprinr-se, sem 
itos, esticando cada um os seus titulos o amais quo 
ira abranger 0 maior terreno possivel. 

essa supposição, de que o arbitro tem razão em não dar 
valor marlato nos titulos dos direitos, ello podia tomar como 
“de seu laudo, como tomou idente Cleveland, na ques- 
das Missões, resolver o litígio busendo principalmento na 
r e. No terreno da posse, parece que o Indo in- 
er mais forte. E' verdade que essa rigiho antigamente 
visitada por exploradores portuguezes, caçadores e expedições 
mas sem estabelecer nenhum domínio permancute, 
brazileiros 






mas, ultimamento, e desde que o Brazil é independonto, 

o conhecimento de trabalho algum de exploração que 

tos de posse, de direito que possa ser comparado a 
documento ingles. 





Pçs 


O advogado brazileiro teve de defender a 

no fucto de durante meio seculo, mais ou 

tinha mantido um destacamento militar naquele 

de 8, Joaquim, na barra do rio Tacutá, 

tante da margem do territorio contestado, 

monte tinha policindo toda n região, offerecendo isso 

lo de posse. ks 
Acredito que, em geral, os destacamontos militares 

num sertão remoto, como esse, não se cunçam muito 

lho de policiamento. La 
“Tendo-so do dar a esse policiamento um caracter 

mento de o o Brazil estava fraco, de modo que, | 

arbitro insubsistentes os titulos do Brazil e reso 

so a liquidar a questão no terreno de posse, parece-me 

Brazil estaya muito arriscado a não receber um só p 

territorio contestado. 
A terceira alternativa, e que, parece, nesta ci 

era mais justa, e que foi "escolhida como conciliação, p 

f uma linha de divisa natural e fo, traçada pela propria 

e 


















rexa sem dar logar a discrepancia terpretação, e nós 

mos, neste recente Titigio com a Bolivia, a inconvenies 
” uma linha sujeita a duns interpretações 

Como disse, o arbitro escolhendo a linha mediana, de 

divisa perfeitamente natural, que não está sa 

tação; pode ser traçada no terreno, e, por felicidade, di 

terreno litigioso em duas partes tão proximamente egunes, que 

n diflererça é do 141 kilometros, apenas. 
E pura satisfazer o nosso nmor proprio essa vant 
cabe ao Brazil. 

Sem um estudo e sem conhecimentos especines (0 que, 
é quasi impossivel para a maioria) o descontentamento é 
natural para quem espera a victoria completa de um 
recebo apenas una parte, 

No men entender, porém, em vista do relaxamento, 
descuido, ou falta de preparo de documentos e de attenção 
ra com esse territorio, a que só agora o Brazil dá tanta 
tancia, o Jaudo dando-nos metade do objecto disputado, devi 
considerado como um triumpho e não como derrota. 


(Muito bem, muito bem. Palmas. O orador é muito fe 





















11; Tendo em consideração o 
O. Dorhy, revolven 
Srtentação, complata os asetar 





swzap6rg 
sao 2cogatal svp saqruttig e-t=—| 
za/8w7 
bre.19406 opad opsodesd » —ee 
2 DL od opoulojsoa + — 


pRoTo ojpunbas agruras 


13 

















> 
O Laudo de Roma 









“(uusrosra ao enorussor OnviLtim Deuny) 
I 


so mesmo tempo que, no nosso babitnal artigo 
eiras, sustentavamos que o laudo do augusto arbitro, 
n questão de limites entre o Brazil e a Guyana Tn- 
sconhecen o nosso inconcusso direito no territorio que 
elle disputavamos, o ilustre sor Orville 
numa conferencia feita em lo, n que so deu 
idade, que «esse laudo deve s:r considerado como 
e não como uma derrotas, ú vista do «relaxamento 
do ou falta de preparo de documentos e da sttenção 
caso io, a que só agora o Brazil dá tanta impor- 
a. O Instituto Historico e Geographico de 8. Paulo, de- 
de ouvir 4 conferencia do professor Derby, conformon-se 
“ossa conclusão; « como assim lhe parecesse que, de facto, 
il esteve «muito arriscado a não receber um só palmo do 
contestado», considerou uma vietoria o que o nosso 
o obteve e neste sentido o felicitou. 
certos de que Joaquim Nabuco não ngradeceria esse 
nto, se pudesse prover que elle assenta no desconheci- 
o ou no abandono de todo o seu monumental trabulho de 
do nosso direito; e ninda que esta questão já 
e interessa pratico, ttimo-nos a liberdade de oppor às 
a contradicta dos factos o dos docu- 






para que a opiniho se não desvaire no julgamento 
o, proferido contra o facto e contra o direito da que 
Iheiros do augusto arbitro tiveram conhecimento muito 

ito do que o professor Derby demonstron possuir. 
anta de Charles Brown, de se serviu o ilustre 
0 Geological Map of British Gugana, datado do 
1886 ou 1887 era desconhecido na nossa secretaria 
negocios extrangoiros, como intorma o sr. Derby; mas po- 
» assegurar que os negociadores brazileiros que tentaram 


sua essa obra o portanto o citado mappa, que é o assento 
tudo do professor Derly, o qual não só pensa que elle er 
desenhecido, como eré que 6o melhor mappa existente da 


pos 207, está citado um trecho da 3.” Memoria do 
ranco, de 17 de Janeiro de 1899 em que este so refere 
louvor is explorações feitas pelo geologo Brown. Na co 
da Curte du Territoire Contestá, EE Henri Tropé (N. 9 no. 
amnexo à 1.º Memoria do Sr, Nabuco) declarou o auctor q 
tro outros documentos. tevo em vista o mappa de O, 
isso hasta para provar que si houve por parte do governo. 
zileiro «certo descuido nesta questão de limites», como 
Sr, Derby, não foi por corto no desconhecimento da 
Brown que esse descuido se revelou: ella era familiar 
ii ros. 
Sevvindosa da grande carta de Chalmers, Sawkins e 
corrigida annos depois, o Sr. Henry Tropé, engenheiro g 
ho e auxilinr do Br. Nabuco, achou para o territorio su 
EE SESCIA superficie de 33.200 Kilometros 
sendo 28,050 nn bnein do Amazonas e 5,150 na do 
O Sr, Orville Derby, na sua argumentação, começou 
tacar do territorio em Jlitigio, reclamado pelo Brazil, o | 
situado na bacia do Essequibo, entro o Tacuti o o 
e o Pupunani, q leste, isto é, o trecho ao oriente do. 
or das aguas, por entender que a protonção brazileira. 
teiva do Rupunani «era mais ou menos phosphorica, en 
linha do Rapunani foi defendida e veclumada com tuzho 
Sr. Nabuco nas suas tres Memorias aa sendocá dio 
cupação efectiva dos portuguezes à depois dos i 
da pretenção inventada sa Seh; ns em 1889 e 
invasão ingleza de que resultou a neutralização de parto 















— 491 — 


tigio depois de 1841. E é claro que 

gos e goorraphos inglezes o os FER 

es colonaes inglezas, daran- 

pelos dous governos, não podiam dar 

Inglaterra sobre o territorio ou fornecer ú parte 

o njusto om detrimento da outra que sempro o res 


Sr. Joaquim Nabuco, na sua 1.º Memoria (Direito do 
5a 7), explicou que o governo brazileiro só pedia 
tro 08 terriforios a que tinhamos rigorosamente direito à 
de havemos feito grandes concessões á (Inglaterra, 
O actual arbitramento, diz o nosso eminente advogado, 
ma forma dessa convenção (o tratado de Londres, de 6 de 
mbro de 1901) sobro o territorio limitado a oéste pelo Ta- 
e pelo Cotingo, e a léste pelo Rupunani é pelo divisor das 
entro a bacia do Amazonas e au do Essequibo. Esso tra- 
representa, como se verá pela enrta annexa, a desistência, 
u il, de uma consideravel nrea a léste do Rupu- 


do 
(corea do 45.000 kilometros quadrados)—a arca entro a h- 
Jo tratado e a linha d'Anvillo-sobre a qual elle sempro 
ter melhores titulos do que os da Gra-Bretanha nos 
orios que ella agora onienda n gusta deste rio e do Mahú. 


plica-so, porém, que o Brazil tenha feito tão grande conces- 
o quanto á area livigiosa: quando a Tuglaterra nenhuma quiz 
Fel-o porque eta proposito sem, na solução final, reclamar 
nto o que Portugal sompro disse pertencerlho o não tudo 
o qus os hollundezes diziam ser portuzuca.a 
Referindo-se à linha d'Anville (linha noroéste-sudéste, da 
Auencia do Anuay, no Rupanani, À serra da Tumucumaque), 
er Nabuco ; « A demonstração do titulo do Brengil à linha 
nville foi feita de modo completo na Memoria do Barão do 
Branco, de 1.º de Novembro de 1897, E termina assim o 
“Nabneo a eua explicação (pag. 7): 

O Brazil entra, portanto, no pleito não tendo a 
.pera perder, sem o seu antigo territorio ficar diminuído; 
transacção que podia fuzer já a fer ao acceitar a linha do 
traetado. Ox sens titulos duviduzos de antemão os sacri- 
O que elle sujeita e julgamento é territorio tido e havido 
coma portugues, desdo u XVIII seculo, A Inglaterra, 
o contrario, apresenta-se perante o arbitro sem vada ter uba= 
da san protenção maxima, quando, aliás, elln não expõe 
demanda sinão a posse que trata de adquirir, e nho uma 
posse que pudesse pordor; isto é, só empenha no litígio, 
atio toda ll jóre doe United tuitiga colônia Rolando 








— 482 — 





do Essequibo, portanto, alheio, os dívoitos da 
ca sendo soleira cada Holiandas> ds 
O tor no m aequisi rivativa 
tarro, pola conmqisi do 1808, lhe não dava mais disollo 
o que tinha a Hollanda. Sueccedeu a esta e, portanto, 
a colonia com os limites que tinha, Os limites que a 
a sua colonia, ao Sul eram a Serra de Paracaima e a 






4 d'Anville, o famoso rapho 'Z, euja ai E 
sideravel no seculo e e a traçou em 1718. (O 
y do Brasil, Memoria de J, Nabuco, pags, 316 e segs, 


logo d: Inglaterra supprimiu a linha d'An 
a estabelecer ns fronteiras de sua colonia no Annay 


as suns explorações no territorio que n Inglaterra começou 
utar-nos depois de 1840, O posto mais avançado quo os b 

Lindases tiverem 4% 6 do) Avinda, no Eesequibo, posto qui 

dou por vezes de logar e nmnen oceupon posição mais merídio 

do que a de Curicurú Point, em 5.º 28,38", de latitude horeal, 2 

Kilomotros distante do Annay e 864 do yaradouro do Pira 

(Vol, II dos Annexos 4 2.º Memoria do sr. Nabuco, goi 2 

e 206) So o forte de S. Joaquim, a 145 Kilometros do A 

ea 14 do yaradou do Pirara (Memoria do sr. Rio Branc 

pag. 95) nos não dava direito ús frontoiras do Annay e do Ru. 

punani, como insinus o professor Orville Derby, muito 

podia o posto de Arinda servir de fundamento d ep 

gleza sobre os territorios a deste dessas linhas fuvines. 

não era só porque Portugal possuiu desde 1775 o forto de. 

Jaoquim que tinhamos direito à fronteira do Rupunani si 

tambem porque, no contrario do que diz o professor Derby, 

tes da neutralizasão do territorio, oceupavamos efectiva 

ossas paragens, laso ficou sobejamonto demonstrado na disew 

a fnsia do seguinte resumo (Memoria Rio Branco de 1897, 
— 86x 

«Ha mais ainda: 0 governo portuguez e, depois, o & 

no bragileiro oecuparam A Ri planícies do P 

e a margem esquerda do Rupunani, desde à sua nascento 














[Ee 


annos. +. 

E as de examinar os raios de possivel influencia do 

le S. Joaquim e de posto de Arinda (abandonado em 1790) 

esta parte da Memoria Rio Branco (pg. a 

— «Portanto, mesmo afastando a questão do derelíctio provada 

respeito a Arinda, mesmo pondo de lado os documentos 

landez estabeleciam a fronteira no Annay e a lésto da 

Ropui e fazendo ainda nbstracção da oecupação portu— 
bengileira da margem esquerda do alto Rupunani, é ey 

que o raio influencia do antigo posto hollandez não 

sor mais consideravel do que o do forte de 8. Jonquim e 

dus posto abondonado de nenhum modo justifica as preten- 

da a Britannica” ás planícies do Pirara ou a qualquer 

tro territorio situndo fóra da bacia do Essequibo. E impos- 

admitir que a ratio vicinitatis ou Right of contiguity possa 

de ama parte da bacia do Amazonas um aecessorio ou de- 

cia do Essequibo,» 

Os titulos inglezes ostendem-se até onde se podiam esten- 

os titulos hollandezes A Hollanda nunca pretendeu nada 

oústo da linha d'Anville. «O que a bollanda adquiriu ou 
o o que a Hollanda pretendeu, disse o sr, Nnbuco, nós nd. 


e seo ingles mus, em contraposição, reivnd 


a Hollm não uiriu nem pretendeu nos territorios 
r portuguezes desde o XVIII seculo até n revelação de 
o qual, aliás, não era inglez nem hollandez (J. Na- 

ico, vol. |, 4 pretenção ingleza, 2.º Memoria, pas. 34) 
ais sonsaltr de-28 da: Detamibro do LAGAL o noso antigo 
nselho d'Estado nasim sustentava este nosso direito: «A Gra 
nha tomou posse dos territorios cujos limites meridionnes 
tinham jámais sido fixados e cujo interior não fôra júmais 
lorado e possuído pela Hollanda. Esta potencia nunca exer- 
netos possessivos u léste do rio Rupuntni, a quem das ver- 















= dps 


que decorre o E 
não se póde fundar sobra o simples facto da não e 
tratado, Na ausencia delle ha o direito que resulta da 


er. 
ESSO não 
apresentados pelas duas partes eram tão vagos que p 
Pára fundamentar o landos., À disonsião &egottan' etã Pam 
e o rapido resumo delle que acabamos de demonstra 
ciedado que o direite brasileiro ora inconcusso, Não has 
certamento jui imparcial que o desconhecesse, 
poa 

Para o territorio contestado, excluindo as terras entre 
nha do divortium aquerum e a margem occidental do n 
— terras que não devia exeluir-—nchou o 8r. Orvillo Derby u 
suporíicio de 26.609 Kilometros e disse que o arbitro nos fi 
receu, dando-nos um quinhão de 13.375 kilometros qu 
A lnelasra:apénii: AAA e dog OMS qua ai 
si nos 26.609 kilomotros quadrados da area ncbada pelo ill 
professor addiccionarmos 150 Kilometros que elle desp 
por nf sans rime, ni raison, que abi a nossa recl 
era «phosphoricas; teremos um total de 31.759 kilometros 
drados. Portanto, si ao Brazil conberam, como elle diz, 13.97] 
Kilometros quadrados, dou o arbitro à Inglaterra 18,384, isto 
mais 5009 EE ue ao Brazil. pe 

O ecaleulo EE Sr. Henri 'Tropé, auxilinr da nossa Missão 
peciul em Roma, deve estar mais exucto, porque foi feito s 
a gronde carta de Chalmers, Sarokins e Brown, em esc 
menos, quatro vezos maior, do que o mappa de que se sei 
8r. Derby. O sr, Tropé, como já dissemos, avaliou a área 
mettida ao julgamento arbitral em 33.200 Kilometros quad; 
e achou que a divisão foi foita assim pelo arbitro: 
Territorio dado á Inglaterra: 

Ma bacia do Esseguido , . 5150 ks quadro, 

No bacia do Amazonas... JAM o - 















não 19,300 
Territorio deixado no Brazil: 
Na bacia do Amanonas . , . 13.700 ks, quadra, 
Na bacia do Emeguibo O» > 


13.700 










a 


— 485 — 





a favor da Inglaterra é, pois, de 5.800 Kilo- 
Mas nho foi sómente a aeee o o 
afetivamenta perdemos foram “ou 19. 800 Jão 
irados que o arbitro concedeu à Inglaterra, os 
nddicionados nos 45,900 de que desistimos para 
nto, representariam para a Inglaterra um ganho 
metros quaúrados. 


nas— dizendo que sobre elles os nossos direitos eram 
icos» e declarar que haviamos ganho 177.000 kilome- 
rados e a França absolutamente nada. 
ixemo-nos da ilus A Inglaterra nunca deu im 
cia no territorio que nos deixou no Arbitro, entre o Cotingo 
“Mah. Em 1843, a primeira proposta de necórdo feita | 
“Aberdeen ao conselheiro Araujo Ribeiro, Visconde do Rio 

nosso miniatro em missão especial, exeluia esse territorio, 

Aberdeen começou pRsttdo es limites: Serra de 
à, de nascente do Cotíngo d da Mehi este rio co Tacutã 
de latitude ; depois este paralelo para leste. (Memo- 
Sr. Rio Branco, de 1897, pag, 40:*2.* Memorin do Sr. 
1903, Annexos, vol. 1 pag. 210). Pouco depois, na mesma 
encia, desistia de tudo, menos da aldeia de Pirara e de um 
no districto que Jigasse essa aldein no territorio inglez, 
do Rupunani. 
Na sua proposta de 1891, lord Salisbury tambem nos doi- 
o territorio entre 0 Cotingo e o Mali, propondo as seguintes 
* Serra do Pocaruima, da nascente do Colingo à do Mah; 
h o Taecuth; e depois à linha do divortium aquarun até 
tra hollandesa. (Mem, Rio Branco, pag. 197; 2 Mem. 

vi Aunexos, vol. II, PE 76-17). , 
“O que o Arbitro nos deixou foi, pois, muito menos, do que 
“deixava lord Aberdeen, em 1813, o mesmo que nos deixava 
Salisbury, em 1891, Foi tambem muito menos do que pro- 
em Dezembro de 1895 no nosso governo o ministro inglez 

















Mearico do aquarum, 

scontando que naquelias regi campinas seria um máy. 

Sendo assim, o que so devia fazer, era procurar a 
linha fluvial a leste e a oeste do divortium aquarum, 
ue fez o Brazil. Em 30 de Novembro de 1898, o Sr. | 
Coreia propoz para limites o Maln (primeiro rio a oeste 
visor das aguas na parte septentrional) e o Rupanani (p 
rio a leste, na parto meridional) e para fazer a ligação 
duns linhas Ruvises o Uorova ou Apikong, 
ro 8 0 Mora, tributario do segundo (2.º Mem. 
vol, II, pag. 202). A Inglaterra entraria assim, até o Mah 
bacia do Amazonas, e o Brazil até o Rupunani, na do q 
bo. Ainda assim, sabiamos perdendo porque o Rupunani, c 
vimos na primeira parte deste artigo, até 1839 era o nosso 


conselheiros do arbitro não podessem allegar que 4 não con! 
ciam. Poderia adoptar a linha do divoreium aquarum, q que 
gore o direito historico o o nosso ul pussidetis anterior 
1842 (data da neutralização do territorio), seria a fronteira a 
estabelecer, segundo os principios on regras que se encontram. 
nos mastres do direito internacional, particularmente os ingl 
e que o governo inglez tem invocado em outros litígios e 
mamente no que teve com Venezuela, 
Despresou tudo isso o arbitro, Declaron que «nho se p 
dicidir com segurança si o direito preponderante 6 o do 
ou o da Cira-Brotanha>; o, apeser disso, pendeu 
delas, dando à Inglaterra territorios na bacia do Amazo! 
dar ao Brazil um palmo de terra na do Esseguibo. E, 










— 987 — 


igio uma divisão muito mais vantajosa, do que a que jk ha- 
o] 


| pes no ilastre professor Orvillo Derby, for do territorio em 





lo da propria Inglaterm e que recusaramos porque 
mão nmos ndmitlir, sem perder, transacção alguma. Fomos 
ao arbitramento não tendo «n menor margem para perder é 
perdemos muis do que perderiamos si tivessemos aceeitado a 
proposta da parte adversa. 





TI 


O professor Orville Derby, n cujo merecimento rendemos 
todo o preito devido, não conhece à questão de que se oceupou. 
Neste artigo temos evidencindo, servindo-nos dos trabalhos dos 
eminentes cidadãos que se oceuparam dessa questão—o sr. bu= 
são do Rio branco até o tratado do arbitramento e o sr. J. Na- 
buco durante esse pleito—que a nossa causa era oxcellente. O 
ar Nabuco excedense no esforço; s defesa do nosso direito foi 
brilhante. Nenhuma das partes fracas que parece no sr, Derby 
existir do nosso Indo podia ser siquer objecto do duvida para 
os conselheiros do Arbitro em face dos documentos, provas, ar- 

mentos e razões que o ar. Nabuco prodiganente necumulon. 
le demonstrou, em resumo, que o direito da Inglaterra não 
era, nom podia ser, sinho o direito da Hollanda, do que era 
successora, e que esse direito impunha como limite a serra do 

rapua en linha POrville; que, para ir no arbitramento, o 
Brazil sncrificou «ssa úren (que indicamos no nosso TIL mano, 
calcado sobre a carta de H, Tropé, que está annexa à 1.º Mo- 
moria do se. J. Nabuco); que até 1839, o governo inglez e to- 
dos os geogtaphos inglezes teconheciam que o limite do Brazil 
era o Rupanani; que até ahi honve ocenpação efectiva dos por- 
tugnezes, continuado pelo Brazil. O sr. Derby illude-se  quan— 
do nirma que o Brazil estava «muito arriscado a não receber 
um sé palmo do territorio contestados porque «elle não tem co- 
nhecimento de trabalho algam da exploração brnileira que pos- 
sa sor comparado nos documentos inglezess O sr, Nabuco enu- 
merou longamente as expedições portuguozas feitas nessa ro- 
gião, não com intuitos seientificos, mas como actos de dominio, 
para o policiamento da zona ou para investigação dos meios 

lefondor ou preservar as frontoiras; ao passo que à oxploração 
feita em nome da Tnglsterra pelo allemão Sehonburgk só tevo 
um caracter scientífico Dora Palmerston, pedindo ao nosso mi- 
nistro Galvão um passaporte parm Schonburgk, em 1837, decla- 
zava que «ello se acha agorm em vingem na Guyana Britanni- 
ca, em commissão da Royal Geographical Society, vai proceder 
a exame da serra que fárma a divisão das nguas dus bacias do 


















— 48e — 


“Amazonas e do Essegnibo, tendo provavelmenta para este fim 
necessidade de atravessar alguma vez a fronteira hragileira,,, 
Como o objecto de Mr, Sehonburgk é meramente faser descobor= 
tas geographicas no territorio inexploredo que fórma a fronteira 
dos dominios britannicos e brazileiros na America do Sul, lord 
Palmerston neredita que da parte do sr. Galvão não havará ob- 
jecção alguma a este pedidos (O Direito do Brazil, 1.º Mom. 
pag. 204). 

«O nome do sr. Palmerston nesta Nota, diz o sr. Nabuco, 
protestava do antemão contra qralaner posse que Sehonburgk 
protendesso tomar a titulo de descobrimento em territorio bra- 
aileiro; em territorio inglez tal descobrimento só poderia servir 
para enfraquecer o antigo titulo de posse que se quizesso alle- 

r. O principio de direito condemnavn e inutilizava o zelo 
lo Schonburgk. Esse princípio 6 o que ostabelece Hollzendorft: 
«Quando uma expedição é organizada por um governo com o 
fim confessado de fizer explorações scientificas, esse motivo ex= 
clue a presumpção do animus sibi habendi e tres descobertas 
não são consideradas como dando origem a um titulos, (Nabu- 
co, 1.º Mem. pag. 294) Ory, a expedição Schonburgks, que não 
em siquer organizada pelo governo inglez, era por confissão 
dello meramente geogrophica; « si dessa que originou as pre- 
tenções inglezas não resultava titulo babil de posse para a In 
glaterr, menos ainda resultariam taes titulos 2 posteriores que 
o sr. Derby cuida que enfraquecerum o nosso o. 
Não. O professor Orvilla Derby absolutamente não tem 
xazho: a nossa enusa era excellonte, sua defesa foi completa o 
brilbantissima e no entanto perdemol-a, como succedo muitas 
vezos. Para render no eminente advogado do direito do Brazil 
a justiça que elle merece a para nttestar-lhe a gratidão m que 
fez jus não devemos cerrar 0s olhos à verdade e dospresar 4 
lieção que desso facto dovomos colher. 

Essa licção consiste em reconhecermos que o arbitramento 
não é uma panncén sempre eficaz, Póde a cansa ser magnifi- 
ea, o ndvogndo inegualavel e, como é o caso, ter-se uma sen= 
tença desfavoravel. Não condemnamos por isso em absoluto o 
arbitramento, de certo, mas reconheça-nos que só devemos re- 
correr n elle quando for de todo impossivel chegarmos a um 
aecôrdo directo com a parte adversa. Trausigiramos então ten— 
do em vista o intoresso commum; mas não verómos possiveis 
interesses extranhos a nós desconhecendo o nosso direito é até 
os principios correntes do direito internacional — A. 














— aces — 












“O Laudo da Guyana 
ito da conferencia do Dr. Orville Derby 


1 


scientifica do eminente geologo dr. Orvillo 
nt imheiro do mal lo Hurt, deu ú sum 
i proferido no Instituto 
desta Capital, relovo tão suliento que sus publicação 
forçado a atenção de todo brazileiro patriota. Contamo- 
mumero, e, com o objectivo apenas de provocar o 
«dos competentes, externamos aqui francamento a im- 
que nos causou tal conforenei 
n opposição a todas as opiniões o juizos, emittidos na 
e no Congressa Federal, clara ou velademente, sobre o 
nsummado, s. s. concluiu sua longa exposição nos seguintes 
cos termo! 
« No meu entender, porém, o laudo foi, por assim 
« dizer, em vista do relaxamento, do descuido ou falta 
« do preparo de documentos e de uttenção para com esse 
« territorio, a que só agora o Brazil dá tanta importancia, 
«que esse laudo, nas actuaes circunstancias, dando-nos 
«metade do objecto disputado, deve ser considerado 
« COMO UM TRIUMPHO E NÃO COMO DERROTA, 3 
— Não necessitamos realçar a gravidade da arguição feita à 
chancollaria ; apenas diremos que o patriotismo e compe- 
ada do barão do Rio Branco, de J. Nabuco e V. 
sho, para nós, garantias suficientes da injustiça da 


p à conclusho, em si mesma, porém, pedimos venia ao 
scientista para declarur que não nos convenceram absolu- 

to 08 Argumentos e razões com que s' s. a fandamenton, 
E” sabido que, em questões de limitos intornacionnos ou 
o criterio do juiz ou arbitro devo inspirar-se simulta- 
nte, do elemento techuico (geographico au topographico 
no historico (factos e precedentes) e no jurídico (costume 


direito). 

O illustro conferento, em uma longa dl (mais 
f 0), pesa-nos dizelo, não satisfez a uenhum daquelles 
tos do criterio julgador. Demonstremol-o, 




































-— 490 — 

. 
Rs É elemento RR pes “todas 
explanações desse caracter (em um ma) gica) 
ingles, levantado em 1872 ou 1873, pelos naturalistas 
e Sawkins comissionados (é 8. s. mesmo quem o diz), 
verno ingles para esse trabalho). 

E? nisto que esse documento, pelo seu insanmavel 
origem, é archi-suspeito, e não mereciu, por certo, as hon 
apta atado duçadl 3 

vém, notar que, antes uella exploração 
em 1857, já o governo inglex fizóra occupar militarmente | 
vezo britanico!) o territorio limitrophe, comprehendido 
rios Rupunani e Essequibo, territorio conhecido 
Pirára, não obstante ter elle sido neutralizado pelas notas de. 
de Janeiro e do 29 do Agosto de 1842 (1) por constituir a 
iss contestada. E, 

ie valor probante. pois, póde ter esse ma] o 
quando elle representa apenas o resultado de ii ve 
tarosa, em territorio incontestado e cubiçado então secretamer 
pelo governo dos exploradores ? 

As conelnsões tiradas desse ma] sra a anetari 
da « Encyclopedia Britannica » (9.º Ed, 1875) que, em seu 

'resil, diz que o limite nosso com a Guyana inglesa 
divisor das aguas do Tucuti e do Rapunani. (Pectual). 

« This boundary follows... sonthward, between | 
rivera Tacutu and Rupunani, and again 
ward, nlong the Sorras of Acarahy au 
que, eto. » 

E" possivel, entretanto, que o redactor do artigo, tam! 
apezar de 
isa tão 





nos mappas hrazileiros » a, pois, podemos «e, 
lo mappa de Domício da Gnma, digno 
ranco (grande carta do Brazil em folhas distinctas), comple 

pao mapa do Amapá, publicado pelo «Jornal da Commercio,o 

incluindo a Guyana ingleza, é o mais recente segundo nos con 
(Vido mais o do Sebrador) 
Baseado no mappa inglez, que não sabemos até que p 

está nccorde com os nossos, diz 4. A 

limitada pelo extremo das pretenções inglezas a O. e pola ver- 


a 













(lt Cons d. M, Nascontos Azambuja, Lómites com as Guyanas, 1801, vol, Taj 
ve db, Wappone, Grograp. 18% page o 0. ' 





mesmo que assim seja, accoitando 
ua base), fornecido pelos dois bico 
por ella comissionados, respondemos que 


tu 1, do mais ou menos kilometros de territorio, pois 
não uia ilha, como a Inglaterra, trata-se unicamente, 
o sabe 0 illustre conferente, da defeso do nosso domi- 
hydrographica do Amazonas, de que são 

(Eabeiaçd o Rio Negro e o Pio Branco. 

m to, é verdade que a zona contestada pelas duas 
é muito maior: — para o Brazil começava à Lo, pela Serra 
e Rio Rapunani; prra a Ingluterm, começava a O. pelo 

Cotingo e Tacuti. (1) 
tu a pois razão ss qualifica de mais om menos 
pretenção brazileira da fronteira pelo Rupunani, 
do ceia neutralizado, como já vimos. 

om o fito de contestar que o laudo disse a Inglaterra en- 

franca na bacia do Amazonas equipara os rios Cotingo, 

mu e Tacutú nos nossos Atibaia, Jaguary e Tietê, desde a cabos 

“ntá o Salto do Itú, o, baseado no mapa, acerascenta en Tacu- 

€ uma wccessão de cachoeiras e corredeiras... Mahú deve 
menos nessas condições de navegabilidado +. 

pois conclie s. s. com sugestivo Aumour — « Portanto, 

0 vi de communieação, e especialmente como dando entrado 

calra ingleza, está completamento fóra da contestação, são 

tatiana imprestaveis como vias do comunicação, » 

A tão categoricas afirmativas contrapomos, com a devida 

, a deseripção que desses rios far o livro Wappúns, já infe= 
de cuja adição condensada, devida a Capistrano de Abreu 

Cabral, foi ilustre colaborador a mesmo de, Orville Derby 

O Ti corre de 8. a N. até que, recebendo o gra 

88 atoluma consideravelmenta, e segue no rumo de 
mara sudoúste, Recebe. . la margem direita, os rios 

| Visuá, Cheninan e Surumi, cujo afluonte Cotingo naseo 
ima. Sun largura media, depois de receber o Mabú, 

entre 350 e 400 metros. E! SAVEGAVEL NO TEMPO DAS 

NTES POR LANCHAS A VAPORES ATÉ O LAGO AMACU, ONDE 


41) Carta do Imp. do 186%, Wappome cit, pasa. 8, O q 20%, 





— 492 — 


masc 0 Prrsra, AFELUENTE DO MaHl. Na 
deado em quasi todo o seu curso». 

Nota-se que tal descripção é basenda em notas da commis= 
são do limites com Venezuclla e no relntorio de A, Hang (Ma- 
nãus 1881), este muito posterior no mappa inglez. (1) 

Jú se vê, pois, que o Tacutú, pelo menos, não é tal—uma 
successão de cachoeiras e corredeiras e rio imprestavel absoluta- 
mente para « navegação, como o afirmou o conferente, 

Demais, desde que o laudo deu à Inglaterra por Jimito, na- 
quelle ponto, o rio Mabú, até q sua confluencia com o Tocutiá o 
achando-se tal confinencia abaixo da nascente do Pirára, é claro 

ue a parte navegavel do 'Tacutú, em communicação com os-rios 
ranco, Negro é Amazonas, coube Inglaterra, no laudo em 
questão, ficando, portanto, ella em muito melhores condições do que 
o Brazil, com possa antiga aliás no local pelo forte 5. Jonquim. 

O illustre conferente, para quem a questão da nossa sobe- 
rania na bacia do Amazonas é uma questão puramente senti— 
mental, allega sinda que a proposta de lord Salisbury, cm 1898, 
erra Cotingo, o Mahú, até proximo da barra 
com o Tacutú, provou que «a Inglaterra não avaliava a vanta- 
gem da oe nda glogo RAM alguma». 

Nãa havendo alli minas, como no Transvaal, consumidores 
de opio, como na China, e nem Rajohs a depennar, como no 
Indostão, é claro que o unico interesse da Inglaterra imperinlis- 
tua Greater Britain, om ostonder suas fronteiras para sudoeste, 
alli, é approximar-se aos poucos e felinamonto do Rio-Mar, sem 
despertar os zolos do monroista. «Uncle Sam». E o laudo fam 
eilita o manejo, embora de boa fá, 

Até aqui o olemonto tochnico; passamos a estudar o histo- 
rico no artigo seguinte, 


nto póde ser va- 








II 


Vimos no artigo anterior, que o ponto de vista lechnico, om 
proprinmente geographico, não foi suficientemente elucidado pelo 
illustre conferente, peceando pela basse o documento em que elle 
so firma—o mappa do 1872, dos guologos inglezos, sobrotudo 
quanto à navegabilidade do rio Tacatá. 

No que respeita no elemento Aistorico, de importancia em 
tul em tnos questões, como se sabe, egualmente não satisfaz a 
a alludida conferencia ao espirito menos exigente. 

Nem siquer allude ella de leve no facto carasteristico o si- 
gnificativo de neutralização do territorio entre o Rupunani o 0 
Essequibo, em 1542, pelas notas trocadas entre as duas poten- 





Ega a AR militar da zona neutralizada, 
i sobre o qual nenhuma das duas potencias 
podia exercer jurisdieção indo 
occupação voiu nttrair a cobiça ingloza o curso 
Branco, pois já, em 187%, o limite pretendido nho era 
ani ou 0 seu divisor de aguas com o Tacutú, mas 
Tueutá e o Surmmi. 
accentua-se essa pretenção. 
po Salisbary e Chamberlain (os homens do Transvaal 
ge 1) com intuilos concilintorios, (como o diz o ilus 
pro) para divisa o rio Cotingo, om mais ou mo- 
de de seu curso, seguindo dois ribeirões teibutarios, até 
perto da barra do Mahi (1), o dahi, por terra, ató o 
sua cabeceira, 
etisando as phases da evolução, diz o conselheiro N. 
mbuja em um livro já citado, par. 6: 


«Os territórios do Amapá e do Pirára foram neutrali- 
os e continuam a sar até hoje (1981), por necórdos cole. 
os em 1841 e 1842, cumpridos por parte do Brazil, e 
dos por parte da França e da enero: Estas 

resistem em dar ds suax possessões a maior 
o possivel. eom 0 fim bem evidente DE SEREM RIBEI- 
S DO Rio Amazoxas, pelo rio Araguaya é Rio Branco, « « 
honra é dignididade do Brazil exigem um accórdo ami 
rel, ou a reivindicação dos territorios de que foi despojo- 
pela França e Inglaterra,» 


“questão do Amapá está, como se sube, liquidada em bons 
para nós: quanto á da Guyana, obtivemos, segundo o 
um e. trivoa] em toda a linha, 
porém, considerar-se a variação sempre mais o mais 
para o O. o para o S., das pretenções do governo in- 
are evidenciar-se que ello proprio não confiava na base 
oito. 















“Mote-se: sempro frisando-se a parte do Tacuti, 





no Mah, ato é, à mavegubel, 


nas, o! 

O que hn, porém, de mais singular em tudo isso é que, 
1859, já epi portanto, da oceupação militar do territorio 
tralizado (1857), o Brazil colobron com Venezuela o som 

do qual consta, em seu art 2.º, a seguinte ci 

odas as aguas que Terra do Paracaima 

ra o Rio Branco, ficando pertencendo ao Brasile. 
ão so allude alli, siquer, à Guyana ingloza, 

Não nos consta que a Inglaterra protestasse ou rec 
coisa elguma contra esse tratado, como é de praxe em tues e 

De nenhum desses fhetos se oceupou o conferente e, pois, o. 
elemento historico da questão não foi por elle eluciado. É 
Quanto no elemento jurídico, isto é, nos titulos de do 
e es contendoras, o dr, O. limitou-se 
logar que q situação, no local onda sa acha, do forte de 8. Joa- 
im, é velhas explorações dos tem) colonines não constil 
titulos de posse para o Brasil. Afirma, porém, em theso 
e sem fundamento, que em materia de posse os ingleses têm do 
cumentos muito superiores nos brazileiros !... o 

Qunes são elles? O mappa de 1872, obra encomendada 
pelo governo ingles? A ocupação militar criminosa do terri- 
torio neutral Er com infracção flagrante à convenções bi 
res solennes? A exploração geologiea du zona em 1873? 

E" visto que nenhum desses netos póde fundamentar um 
roito, em questões de limites, o alguns até sho contra] 
a is envolvem dolo, excepção que repelle a parte culpada. 
op 




























Contostar-sa que a situação do forte de S. Joaquim, 
barra do Tacutú com o rio Branco, dominando os famosos cam- 
e de criação do Pirára, de que fala Tavares Bastos em seu. 
livro Valle do Amazonas, seja um titulo de posse valioso, capas 
au menos de garantir o nosso direito sobre a parte do ho 
até a conflnencia do Mahi, & desconhecer os entacteristicos 
posse em direito internacional 

No continente sul-americano, o criterio de uti-p la 
é, como so eabe, soberano na solução de questões de límitos, 
falta do tentados intornacionaos, à 

Para que se possa ajuizar consciontomente o alcance 
posse assim alegada, e as condições locnes, reproduzimos 
a descripção de Tavares Bustos, insuspeito, como yalonte apo 
gista do franqueamento Huvial no extrangeiro: 






entre o confluente rio Branco,.. 
e 
en 
A enchia 











guamição dessa forte é pelo menos do meiado do seculo 
portanto, a posse é diuturna e publica. 
tindo, porém, para ser agradavel ao illustro conferen- 
a jurisdicção desse forto não alcance à parte sul do Ta- 
apra ax legitimas indueções que decorrem da neutraliza 
toric Limitrophe, até só ao Rupunani, o Brazil ti- 
nosso vêr, no tratado de limites com Venezuela, um ti- 
o 6 valioso pura o seu direito. 
ciações, tratados « actos internacionaes são solen- 
do licas e, no demais disso, as chancellarius dus diver- 
otencias, em communicações constantes entre si polos sous 
os € representantes, seguem de perto as convenções e 
que se contráem sem crrater secreto, 
chancellaria ingleza teve, e nem podia deixar de ter, 
nheci o elnusulas do tratado de 1859, interesenda co- 
era nello, por ser limitrophe seu paix com ambas as nações 
tractantos, 















Nada reclamou ella, e decorreuso o periodo de qursi meio 

com & pratica de actos possessorios, por parta do Bra- 
o policiamento da região, ete. 

“ Como se púde, pois, hoje contestar a posse do Brazil? 

possivel que u Inglaterra nllegasse perante o urbitro 

in integrum, para assim isontar-se dos effeitos la- 

is dn desidia dos homens do sen governo, que, durante 

de cincoenta annos, ratificaram tacitamento o tratado de 

isso curioso, embora mm tanto phosphorico... 

summa, ainda desta vez, à Inglaterra levou a melhor, 


— 496 — 


A despeito dos bercaleos esforços da nossa chancellari 
coa dedicação e competencia. tradição gloriosa da” Patu” fe 
envia justiça estã hoje, o Leopardo britannico, com uma de 
es tetas, Mo rio Branco, e com a sanguinea pupilla fitando 
se tva é Amazonas. 

Netos isso de eminamento future. para tentarmos adiar, 
see veaive por algum tempo 4 usurpação defnitiva do Rio Ma 
nda Ve abuedo os eemceisos de 4 Humboldt e do H. Spencer 
obee à desbibade da politica inglema, mo interior e nO cotaço 
É a 

atrecuroa cume o lamiu aínda podia ser muito pei 
dia vivegro compreembe a co Bram. cangrstalemo nos! Elo 
deito atm. utico ameihur que u é Pyrrho, e entosmos, com 
à msruça usriraa 4 risca ds cuecas da [alia 


+ Rai, Feturona, so fe ccames a 


TC. Gowes Rmermo. 













= 408 — - 
parece-me mais razoavel e mais digno respeitar os 
adversario o do arbitro, neceitando, pelo menos provi 

n hypothese mente suggerida pelo facto co 
logar de attribuir este facto a cireumstancias puramente 
tuitas. 

Acceita a preliminar habilmente sta 
braziloiro de Tate da questão todos Ra E 
riores a 1842, a nossa posição era, pelo menos em ap 
verdadeiramente inoxpugnavel. Nada houve, porém, no 
que impedisse o adversario de impugunr, tão fortemente 
podia, esta preliminar, e ao arbitro de neceitar esta ii 
no caso de a julgar, como julgou, ponderavel. A rojoi 
arbitro desta preliminar naturalmente abriu a pes e 
e argumentos mais vantajosos para a Gran-Bretanl 
para o Brazil, e sem duvida os advogados inglezes 
aproveital-a. 

Eº fail imaginas, pelo menos em parte, quaes foram 
provas e argumentos. No terreno Ee e de presumir 
so tratou de reforçar os direitos adquiridos da Hollanda 
renes ou pretendidos da Venezuela, adquiridos em virtude 
sentença do Tribunal Anglo-Americano de Pariz de 1890; e 
no terreno de posse, de introduzir uguelles a que me » 
lembrar a possibilidade da exclusão completa do Brazil do 
ritorio contostado, roforencia esta 4 qual o articulista dem 
maior aleance do que se doduz dos termos empregados, 
Que o reforço a tirar das pretenções da Venezuela 
oram de se despresar, provam-no dois mappas de origem 
ceza, e, portanto, insuspeitos, que Ei E am a 
acho do Rio Resiça o cardio tas dna Die, E 
atlas n. 78) organizado por A. H. Brué « datado 
presenta a fronteira brazileirm de modo a incluir a met 
peror da bacia do Essequibo; o segundo, (n, 80), do ms 
tographo, mas revisto e corrigido em 1889, pelo som 
Oh Paquai recua a mesma fronteira para a margem ri 
da mesma bacia, mas em logar de attribur o territorio 
to Essequibo, assim destacado do Brazil, á Guyana Ing 
representa-o como pertencente à Venezuela, Ia ahi prova: 
dente de factos, ou uma corrente de opiniões, appareci 
os annos de 1834 e 1839, que levaram um geogmpho im 
a modificar o seu mappa, e não é arriscada a bypothese de 
esta modificação não era de inspiração inglesa, nem sugg 
por Echomburgh, 

Como não tive a protenção de discutir o lado histori 
jurídico da questão, nem convencer quem quer que seja da ee 

























meu ponto do e ansteitaal (considero um tanto 
phoricas as pretenções de ambas as partes, mas, como parece 
po caso com u grande maioria, falo do simples impressões e 
“não com conhecimento pleno da causa), julgo ter dito o bastante 
bre esto topico do artigo do sr. A. 
Quanto aos mappas, não vejo 4 necessidade de modificar a 
afirmo em essencia, que antes do pleito os m 
completamente 
Nunca me passou pela idéa dovidar 
discussão, os encarregados da defesa 
interesses do Brasil se muniram com os melhores elemento: 
aecessiveis. Quanto à afirmação de ser o mappa, em que baseci 
“as minhas observações, o melhor e mais completo existento, 
— vejoa plenamente confirmada peln transeripção no Jornal do 
4 io, de 26 do corrente, do mappa compilado por Henri 
e pelo historico deste mappa dado pelo st. A. na Gazeta 
foticias, que provam que o melhor documento cartographico 
jo advogado do Brazil em o mappn de Chalmora 
— Sawkins o Brown, gravado om 1875 e essencialmento identico 
no que apresentei, 
9 mappa geologico de Brown, que leva a data de 1879 (o 
DE qo o moocpantia é dntado da d8T5) inolds “as comério 
“buições topogeaphicas com pe Brown e Sawkins entraram na 
Ebseação do mappa de 187%. Este ultimo póde sor superior ao 
1879, em virtude da contribuição de Chalmers refe- 
a outras partes da colonia, mas não no territorio contes- 
Eae que foi explorado exelusivamente por Brown; mas não é 
“superior, por causa da sua maior escala, visto que 0 de 1873 já 
tante grande para representar satisfactoriamente muito maior 
Ra datalhes do que os nutores possuiram para o encher, 
inda nho me acostumei a avalinr mappas o argumentos do 
“advogados pelo peso ou magnitude do papel em que estão im- 
os. Comtudo, convém constatar que o mappa archologico 
etico que acompanhou o artigo do sr. A. ma Gazeta de 
Edo: dia 20, ganhando em tamanho, ganhou tambem 
memente em outros caractoristicos na segunda edição astam- 
nos 4 pedidos do Jornal do Commercio do dia 24, Deno- 
o «nrchoologico» este imappa por me parecer busendo, na 
relativa no rio Branco, num prototypo anterior ús explora- 
em 1781, de Ricnrdo Franco e Alexandre Ferreira; e do 
rophetico» pelo facto de representar o Esscquibo como sorá talvez 
alguns seculos de occupação ingleza, sendo melhorado 
do, para permitir a livre entrada da esquadras ingle- 







































— 500 — 


ass de um modo que nho tem nenhum. io ma 
lnde, à não ser o Thumes, de londres pura baixo. 
'ara o calculo das áreas eliminei a parte que julguei 

sido incluida na reclamação final, por motivos que denomi 
estentagicos (para o litígio bem entendido), visto não ter. 
como contestavel nos mappas brasileiros, inclusivs qa oficias, 
Denominando «mais ou menos phosphorica», a reclamação desta 
parte, não completei o pensamento que era que, cm bom direito, 
todas ns pretenções, inglezas, bensileiras o venezuelanas, Y 
em maior ou menor griu, merecedoras desta denominação. Di 
provém n differença nos algarismos relativos no territorio contas 
tado e aos respectivos quinhões, algarismos que não liguei grande 
importancia, senão como uma especie de balsamo para n susce 

lidade nacional ofendida pela apparente desegualdade na 
isteibaição, Tambem não ligo grande importancia ao modo 
gra os mappas, particulares e oficiaes (inclusive o celobro ma 
e d'Anville, a enjo merecimento prosto a mais respeitosa ho- 
menagem) representam a fronteira, que os seus anctores tinham 
forçosnmente de figurar, sem ter elementos cortos para fazolo, 
Exprimem simplesmente a opiniho individual destes anctores sobre 
o que elles julgam devia ser a divisão do territorio, ou em alguus, 
ensos um simples lapso na revisão, como no mappa n. 78 do 
Atlas de Domício da Gama, que figura a fronteira em questão 
conforme as pretenções inglezas, no passo que o n, 72 do mesmo 
Atlas a representa conforme a reclamação brasileira representada 
no arbitro. E” claro que este é outros casos, que podiam ser 
citados compromettem tão ponco os interossos brasileiros, como 
os de Arrewmisth, etc. comprometem os inglezes Parecemme 
um pouco (porém não muito) diferente o caso com 08 map 
mais on menos oficiaos de Ponte Ribeiro, Pimenta Bnono e 
outros, amas, si assim fôr do agrado do sm A. não hesito neste 
particular, em entregar a inão À palmatoria. 

Espero que o sr. A me releve a fulta de não tocar, 
amor à brevidade, em outros pontos do seu interassantissimo 
eseripto, quo talvez n cello purecem de maior relovancia do 
os acima mencionados. Para assim procoder, tenho o seu iltus- 
tre exemplo em deixar de tocar na parte topographica da minha 
palestra, que me paraceu ser a unies qua lho dava importancia, 

Varias tôm sido as tontativas em advinhar ou motivos (como 
si estes tivessem importancia) que me levaram a intromstterme 
nesta questão, sendo algumas bem hilariantes. Já declaroi algures. 
a o principal motivo era procurar esclarecer um tam ver 

ladeiras condições topographicas, economicas « estratagicas do 
territorio contestado, Um outro, que nora declaro, era inculcar 























































— 501 — 


no use in crgying over 1 j 
r por causa de Tejto derramado.) No meu 
motivo para chorar, mas não tenho a 
impór esta opinião nos que sentem Espana 


Commercio, na edição do 26 do Jw 
7 os resultados do laudo, ao modo mai 
sr. À. nos varios mappas que acompanharam os sous artigos. 


São Paulo, 29 de Junho do LIM, 


Onvictr A, Densy, 








Discurso pronunciado na sessão magna do 9.º 
arniversario da fundação do Instituto, 
em 4 de Novembro de 1903, polo orador oficial 
Dr, Theodoro Sampaio, 


«Exm. sr. prosidento, meus senhores. 

Ainda uma vez, meus senhores, por dever de meu cargo, ca- 
be-me dirigir-vos n palavra nesta solemnidade, consagrada À memo 
xia dos socios fnllecidos no deenrso deste anno. 

Sade indulgente para commigo, eu volo peço, se no desom- 
pero dessa honrosa tarefa que o cargo me confere, cu não sou- 

r corresponder aos vossos intuitos elevados e se aos ossos sen= 
timentos é ds vossas caras reminisconcias eu nho pudor dar a 
interpretação condigna, tho consoante ao vosso pezar e no vosgo 
julgamonto, quão sincera é verdadeira na apróciação da 
que sofremos. 

Senhores, foi para nós um anno funebre, bem tributado pela 
morte, esse que passou. 

Pordemos em tão breve tempo o dr. Prudente de Moraos, 
socio fundador e nosso presidente honorario ; perdemos os srs, dra. 
Manuel de Mores Barros, Jono Ribeiro de Moura Escobar, Luiz 
de Anhaia Mello e Jonquim Floriano de Godoy, socios fundado- 
res desta casa; perdemos os dra, Jorge Ritt o Manuel Duarte de 
Asevolo; dogidu honorário 1 ferdoraos dida o de Jovi Na 
ano de Almeida Morues, socio correspondente. 

Nada menos de oito companheiros de jornada aqui estão re- 
presentando q posadissimo teibuto que nos impos a morto. 

Possam ns minhas palavras, agóra, evocando a memoria del- 
les, trazer-vos no espirito cheio de pezar e de reconhecimento, a 
fama das victorias que tiveram, o influxo bencfico gre exerceram. 
entre o povo, a cooperação dellos na grandeza desta patria que 
todos estromecemos e fazer dos bons exemplos que nos legaram 
um labaro ratilante na vereda do futuro. 

Sim, precisamos dos bons exemplos, maus senhores; precisa 
mos da lição dos mortos na vereda do bem; precisamos de es 
mulos para perseverar-nos na virtude e não descrermos do porri 
precisamos de alentos porque já temos sede do justiça, 
já estamos sentindo com o afastamento dn virtude a approximação 
temerosa do abysmo, porque já vamos sentindo nesso mar revolto 
em que nos debatemos que já não guia os timoneiros da barca 
a luz quasi apagada dos princípios. 





























= 508 — 






ienvei, acaso, no actual momento, quando a descrença 

e o credito se abate, quando o de) ento progride e 
desanimo nos nstoberbu, insistir nn efhencia do exemplo que 
“a memoria de além tumulo nos desperta, insistir no contagio 
“da virtude dos homens ilustres quando todos o comprehendemos 
2 O temos experimentado 2 

Não insistirei, 






Jámais na descrença e na miscria que não edificam. 

Vós bem o sabeis que os povos, como os individuos, têm 08 
seus desfullecimentos « os seus enthusiasmos; têm os seus dias de 
desillusões amargas e din rinmphos, dias do abjo- 
eção e dias de altivas e inexoraveis vindictas, Isto nos ensina 
a mar e n reflectir sem desanimo. 
in larga visão do futuro que tanto distinguia um dos nos- 
sos estadistas de outros tempos, já nos vinha revelada pela boe- 
ca de um vidente o quadro negro das nossas hodiernas desyen- 
turas. Não ha, na nossa historia, exemplo mais eloquente da 
elurividencia de mm homem de Estado do que essa prophecia, 
feita em hora solenne, pelo ilustre barão de Cotegipe, no entrar 
no Senado, triumplante pelo impulso irresistivel da opiniho 
nacional, o projecto da abolição do elemento servil. 

Ninguem júmais esquecerá essa sessão memoravel do Senado 
do Imperio, a 12 de Maio de 1888. Vou rocordar-vol-o para 
servir do prologo ao meu objecto, 

O momento era solemnissim 
Vietoriosa na praça public: 
mara dos Deputados, a idéa abolicion então conquistar o 
“seu ultimo reducto no Senado. Não havia nelle, é certo, mai 
“que umas poucas sentinellas em pé de guerra, mas estas 
mais esforçadas que a cansa vencedora podia alli enfrentar. 

Na eua attitude de resistencia no abolicionismo, o sr. de 
- Cotegipe, que aliás não era escravocrata, que não o era certa- 
mente, ergueu-se para receber o projecto emancipador que entrava 
“triumphante naquele recinto, não para dirigir remoques ou in- 
como outrora, na Roma pagan, se permittia aos que acom- 
nm o carro dos triumpbadores, mas sómento para protes- 
para pedir que, ao menos, o não obrigassem a acompanhar 
festim, quando entendia que nho devia acompanhar. Era tudo 
Nuánio exigia. 











na imprensa, na Ca- 






















— 604 — 





« Não pretendo pôr o menor obsiaenlo & rapida 
da proposição do governo, dizia o grande estadista, no contrario, 
entretanto, ontondo que quanto mais depressa for ella votada, 
tanto melhor...» 

E então, em lurga apostrophe aos senadores emmudecidos, 
diz-lhos que é por um dever de homem publico « dos que to- 
maram q responsabilidade do poder que vem tornar conhecido 
da nação o como e o porque do sem procedimento; recorda-lhes 
que as grandes manifestações de enthusiasmo em todos os tem- 
pos nunca foram permanentes ou muito duradouras e que os ho- 
mens praticos sabem, às lições da historia demonstram que muitas 
vezes o trinmphador de hoje é a victima de amanhan; recor- 
da-lhes as palavras amargas de Cromwell, ao desembarcar em. 
Bristol, victorioso da sua expedição da Irlanda, quando um povo 
immenso vinha em triumpho recobor o Protector da Inglaterra, 
provando-lhes com isso que nem sempre devemos confiar na 
opinião do momento, porque É o futuro, porque são as conse= 

uencias dos netos praticados que hno de, na ria, traçar O 
erodito ou descredito dus que os praticaram, E, com palavras 
de um aecento prophetico, proseguiu o ilustre estadista 

«Sou constrangido a dar as razões porque não invejo a glo- 
la que sará, no fiinro, uma gloria da humanidade, 

«Passamos a considerar qual será n sorto da nossa lavonra, 

«Ouço elogios, dythirambos sobre o reinado de Saturno que. 
vae surgir com o desupparecimento da escravidão. 

«A verdade é que hn de haver uma perturbação enorme no 
paiz, durante muitos annos; o que não verei talvoz, mas 
aquellos a quem Deus conceder mais vida ou que forem mais 


moços presencinrho, 

« ne engano, lavrem em minha sepultura este 4j bios 
—O chamado no seculo barão de Cotegipe, João Maurício Vram- 
derley, era um visionario! 

«Por ora, sr. presidente, tudo é festa, tudo é alegria, tudo 
são flores; emtim o prazer é unanime, universal por este grande 
neto da extincção da escravidão. 

« Estão, porém, persuadidos ou convencidos, os nobros ses 
madores de que o negocio fica ahi! 

« Estão convencidos ? 

«Declaro que não; sou múis franco. Vy, exas. não querem 
responder, mas eu respondo talvez por todos : nho, não fica ahi, 

<O nobre ministro da Justiça disse: « Sou amigo de todo 


o progresso. = Pois bem; mas qual a direção do progresso ? 
«E' o questão. 

















k aá 


— 505 — 





« Um acto destes reune em um pensamento commum, em 
Suvor das instituições, a todos os brazileiros? 

« Não, senhores. Este acto crên muitos descontentes, As 
instituições perdem muito apoio com à irritação do uns e com- 
a indiferença de outros. 

«Secens as flores, dissipadas as nuvens ou o fumo das giran- 
dolas, npagadas ns illuminaçõos, vereis surgir mais de uma ques- 
to grave. 

« Não é, sr. presidente, uma prophecia que eu esteja fa- 
zendo; cu que us minhas palavras sejam de um vidente. Não 
faço mais do que julgar das intenções dos individuos pelos seuo 
actos o palavras, 

E foram, com efleito, de um vidents ou de um propheta as 
palavras ilominadas do grande bomem de Estado, 

Sim. A morte arrebatava-o em menos de um anno depois 
desso dia memovavel, a 13 do Fevereiro do 1889, A 15 de 
vembro do mesmo anno, tendo perdido muito apoio com a irri- 
lação de uns e com a indiferença de outros, n monarchia es- 
tava por terra e proclamada a republica do Brazil, pelo exercito 
e pela armada em nome da Nação ! 

Que grandes sucessos depois se seguiram todos o sabemos. 
A família imperial, deposta, saia a caminho do exílio, realizando 
ainda uma prophecia do Senador Dantas, que dizia na sessão 
do Senado ie 13 de Maio de 1888; « Mais valo cingir a corôa 
só por algumas horas, comtanto que so tenha a immensa fortu- 
ma de collaborar com um povo inteiro para uma lei como esta, 
que vai tirar do enptiveiro a milhares de erenturas lumanas, do 
que possuir essa corôn por dilntados annos sub a condição de 
sustentar na patria n maldita instituição do captiveiro. » 

Decerrava- dabi, à nação estupefacta um scensrio novo. 

Mas, nesse scenario em que as paixões desenfreadas tumul- 
tuam, não raro atravessando uma onda de sanguo e de perfidias 
em que os claros da bonança são frouxos o passageiros ; corridos 
os bustidores, atraz dos quaes tão breve se sumiram os comparsas 
do movimento ;--Deodoro ponsando desmanchar a. propria obra 
com um contra-golpe que falbou: Floriano, astuto c suspicaz, 
esmagando uma reyolta com mho de ferro, mas que é forçado a 
ceder das suas mnbições e se recolhe. A figura que realmente 
culmina, o vulto que se impõe à consciencia nacional desentor- 

ida é o desse homem de principios, é o de Prudente de Mort 
o austero presidente do Congresso Constituinte 

Prudente de Moraes attingia então o apice da sua carreira 
pitas: Momento o mais terrivel à tambem o mais empolgante 

toda sua vida é certo, esse em que, presidente oleito da 


























— 505 — 


Republica, vai a 15 de Novembro de 1894, assumir o 
recebendo-o sem as manifestações de simples cortezia 
dor, a quem succode, e sem sentir o calor da opinião, 
amiga, que, timida c receiosa, se retrae, 
Mas não vascilla o homem de principios, não se 
político sincero que marchava para o posto eminente como. 
marcha Ergo um posto de sacrifícios. 
Tinha então cincoenta e tres annos, pois nascera cm 
4 de Outubro de 1841, sendo seus paes o sr. José Marcellimo 
e a exma. sra. d. Catharina Maria de Mornes. 4 
Trazia com um passado honroso de serviços d cansa da. 
libordado, uma linha de rectidão e de anstoridade que lhe con, 
cilinva o respeito, a sympathia e a confiança de todos. Orpham 
nos tres annos, pela morte derastrosa de seu pae, o joven ytam, 
no, guiado por sum imhe, faz os seus estudos com real af 
tamento 6 forma-se em jurisprudencia em 1863 na Faculdade de | 
Direito de São Paulo. E 
Estabeleco-se como advogado em Piracicaba; adquiro ahi 
Jarga eliontela e estima: abi se casa em 1866 com a esmas sum 
d. Adelaide de Moraes Barros. Solicitado para ns lides da poli 
tica, Prudente de Moraes estren-so eleito pelo partido li a 
que se filiou, vercador e presidente da Camara Municipal de Pi- 
racicaba, prestando durante um quatrionnio assignalados serviços. 
Em 1867 era eleito deputado à Assembléa Provincial e ahi se 
torna um dos mais dedicados sustentaculos da udministração de 
Saldanha Marinho, fecunda em iniciativas de melhoramentos, A 
partir de 1870, depois do manifesto republicano do 3 de De 
sembro, Prudente de Moraes com o seu irmão Manuel de Moraes 
Barros filiava-se no partido nascente, puganndo pelo advento da 
republica. 
legislaturas provincincs de 1878 até IS89 representou 
sempro o partido republicano de São Paulo. Competindo com o 
conselheiro Gavião Peixoto, prestigioso chefe liberal da provi 
cia, obteve victoria em 2.º escrutínio na eleição para deputado 
ral do 8º districto e so apresenta ua Camara com Campos 
Pale, como ou únicos representantes da idé democratie. Disto 
vida, porém, a Ca los Deputados em Setembro de 1885, 
voltou Prudento de Moraes 4 provincia natal, consagrando-se 
ardorosamente no desenvolvimento das forças do seu 15 
Estas, porém, até a jornada militar de 15 de Novembro de 1889, 
nunca mais o puderam eleger ú Assembléu Geral, porque para 
i am sempre, no segundo. 






























— 507 — 





Prudente de Mores era antes de tudo um homem de prin- 

ipios firmos, sincero, leal, austero. 

A linha da musteridade, natural, sem afectação, era a foição 

inante no seu carmeter. Desdo à mocidade, essa feição se 
accenti culma e firme, 

Os collegas da mesma edade o reconheciam e cediam facil. 
mente ao nscendente do seu espirito, ascendente que sempre 

rovyalescou mais tarde, tanto no seio do partido como nos conse- 
do governo, 

Não ora um homem robusto. O sem physico emmagrecido, o 
seu rosto cayo o macilento um que a curva do nariz fortemento 
se aceentuava, o seu porte alto, a sua voz clara ainda que um 
tanto nazal, falando pausado e grave, com o gesto sobrio e à 
dicção correcta e conceituosa, o dr. Prudente de Moraes, na 
apparencia frio, mas calmo é seguro, afiavel na intimidade, 
communicativo « mesmo loquaz quando no seio dos amigos, par 
cimonioso e sobrio, dava a impressão de um Nestor cuja figura 
se venera o enjas palavras se aceeitam o se cumprem com a 
equivaloncia dos oraculos. 


Elevado no poder, n sun estatura moral cresco não pelo 
simples exercicio da nuctoridado, mas pela sua fidelidade nos 
Princípios, pelo modo sincero porque dá cumprimento aos com= 
promissos do seu partido, pela lealdade como applien a lei, pelo 
seu escrupulo, pela «ua honestidade, pela coberencia comsigo 
mesmo e com o seu passado, o sobre tudo pela serena o dolo- 
rosa certeza que adquire, vendo na realidade das coisas o 
desmentido solemnemente ermel dos ideses que já uma vez 
afingara. 

Chamado ao governo do Estado, depois da junta trina, a 3 
de Dezembro de 1889, o dr. Prudente de Moraes é um dos mais 
bollos exemplos do homem publico, administrando pela linha 
recta dos principios, «...foi fecundo, dizin um seu biographo, em 
exemplos Rinradátaos de amor e obediencia às leis, respeito no 
direito constituido, perfeita e regular manutenção da ordem é 
da segurança publica, 

Neste posto eminente, possuido de verdadeiro patriotismo, 
todo o seu esforço empenhou-o pyra o bem do Estado 6 ama 
confmternização dos paulistas. «O meu governo em S. Paulo, 
escrevia elle então, já fóva do poder, dopois do onze mezes de 
exercicio, foi jalgado por meus concidadhos; os actos da minha 
administração foram todos publicados; nenhum pratiquei que ti= 
vesse necessidade da fugir à luz da publicidade e à critica da 
opinião que, como é natural, dove ter encontrado nelles mais de 














sn 







— 508 — 


um erro do apreciação.  Esforeci-me, com dedicação patriotica, 
por cumprir o meu arduo é dificilimo dever. F 

Prouvera a Deus que todos os governos deste paiz seguissem 
tão precioso exemplo. Y 

Presidento eleito da assembléa constituinte, deve-se, em 

inde parte, á sua attitude correcta, serena é operosao ter-se 
levado a bom termo a discussão do estatuto nacional, promul-. 
gando-se a 24 de Fevereiro de 1891 a carta constitucional da | 
republica federativa do Brazil. 

Quizeram os sous concidãos consagrar estes serviços a 
se nlliavam tão eminentes qualidades, elegendo-o para a a 
magistratura desto paiz, não o conseguiram, porém, outros, 
aliás bom diveramente inspirados, eram os compromissos politi- 
cos com o fuutor do movimento armado, o gencraliscimo. 
da Fonseca, Prudente de Moraes foi então eleito vice-presidente 

o Senado. 

Vem o golpe de Estado de 3 de Novembro, que o almirante 
Custodio Josá de Mello núllifca com srevolta da enganada 
dias depois. Floriauo Peixoto, vice-presideme da 
assume o governo, e com elle começam as prova sangrentas 
do novo regimen. Corramos, porém, um ven sobre o thentro de 
guerra civil. Ells não nos enobrece. 

Empossado da suprema magistratura do paiz, a 15 de No- 
vembro de 1894, Prudente de Mornes assume, como dissémos um 
posto de sacrifícios. 

«Não tosse u sua incomparavel serenidade de animo, diz um 
de seus bivgraphos, a força robusta de seu caracter, a 
das crenças democraticas é sinceridade com que se entregou ao 
sorviço do paiz, talves tudo houvesse nauttagado. ..> 

Agitado o espirito publico, atormentado por continuas des 
ordens e já resvalando para a descrença do regimen tão recen= | 
temente inaugurado: a revolução nas campinas do Rio Grande 
do Sul nexigir sacrifícios incomportaveis de sangue e de dinheiro; 
a exaltação jacobina alçando o colo no seio da capital; a nero 
gancia do militarismo triumphante e descrente da viabilidade do 
governo civil; o fantasma ietadaras militares apre, 
por doutrina philosopbica, 
valorisação da moeda ; a 















— 509 — 







rados, no 
Moreira Cezar e mais de uma expedição do exercito nacio- 
nal; apezar das prsmetde patas da demagogia ria e 
“sanguinaria, nssassinando n Gentil do Castro, supposto causador 
— dos desastres militares nos sertões bahianos ne da seiaão 
do seu 
rotando a 







o € 
lamo- 


E 
E 


des, 





E, todavia, não foi um govemo feliz, Chamaram-n'o até o 


presidente martyr, porque, na verdade, não foi sendo um longo 
martyrio para o homem de princípios que foi Prudente de Mo- 
mes, essa prosidencia de quatro annos, prenhe de revoltas, de 
lutas civis, de assassinatos, de audaciosas tentativas contra a lei 
& contra todos os principios. 





| causa publica? Nho foram, por ventura, tentativas vans para 
luzir 0 seu partido aos ideses de outrora? 

Morreria acaso amargurado, desiludido da propria obra, des- 

evente dos homens e das coisas do seu paiz o grande patriota ? 





— 510 — 





Nao sei dizer-vos ao certo, Mas, quaesquer que fossem os 
derrmdeiros sentimentos com que desta vida se partiu, o since- 
xo patriota, que elle foi, ficará para sempre lembrado dos seus 
concidadãos e figurar entre os nossos homens ilustres como um 
exemplo de honradez, de susteridude, de firmeza de principios 
e de respeito & lei. 








. 
e“s 


Desesete dias apenas desorridos do passamento de Pruden- 
to de Mornes, que com justiça se póde appellidar o leader da 
Republica, a 20 de Dezembro de 1902, no Rio de Janeiro, ex- 
pirava tambem o dr. Manoel de Moraes Barros, sou digno ir 
mão, nascido como elle em Ytú, mas a 1 de Maio de 1 

Manoel de Moraes Barros era tambem um carmeter. Não 
evoluiu tão longo no ecenario politico como seu irmão mais 
moço, não experimentou como elle o peso immenso da respon- 
abilidade do governo supremo, mas como elle era um forte, um 
espirito recto, um animo viril, um homem nortendo ma linha 
recta do dever. 

Desde jovem, quando orphão e pobre, carecia de empenhar 
esforços para proseguir nos seus estudos, tinha já energia bas 
tante para fazer comprehender so padastro que estudaria mes 
mo « despeito de tndo. E fez os seus preparatorios no Collo- 
gio Delgado em Yuú, matriculou-se na mosea Faeuldado do Di- 
reito em 1853, bacharelando-se em 1857, depois de um enrso 
brilhante com approvações plenas do primeiro ao ultimo ano, 

Foi entho advogar para Piracicaba, onde tambem foi pros 
motor publico da comarca até 1860 e depois juiz municipal nté 
1864, nho sendo reconduzido neste ultimo cargo por o nho ba 
ver solicitado. Cnsou-se n 11 de Agosto de 1860 com n exma. 
sra. d. Mntia Ignez de Momes Barros 

A sma vida publica é um dos mais bellos exemplos da seti- 
vidade operosa, de independencia do caracter, do dedicação de 
amor ao seu pais. r 

Como magistrado, Manuel de Moraes Barros foi io irre- 
prohensivel pela correcção « independencia de seu proceder, Co- 
mo adyogado, deveu 4ó no son proprio esforço, no preparo intel 
lectual, no seu eserupulo e bonrandez, a grande clientelln que 
teve e o começo da consideravel fortuna que consenguiu conse 
tituir. 

Como politico, militante a principio entre os liberaes a eu= 
da grei se filiou, foi de facto o organizador do partido republi- 
cano de Piracicaba depois do manifesto de 3 de Dezembro de 
1870, adherindo logo com quinze dos seus amigos, 408 quaea, 











— 511 — 








tardo, em 1875 so alliou o sou proprio irmão, o dr, Pru- 
de Moraes, 
presentou na convenção de Itú e em todos os congressos 
partido. Foi eleito deputado à assemblén provincial pelo 
districto em 1884 e neste posto so houvo com tanta ener- 
“e coragem civica numa campanha de moralidade que em 
contra jo criminoso do deputado Tito Cor- 
rei de Mello, político de Botueati, que esta teve de aban- 
4 a sua cadeira na representação provincial, Eleito presidente 
“da camara municipal de Piracicaba em 1887, exercou esto cargo 
com tanta correcção que mereceu os applausos de seus proprios 
arios. Com o advento da Rej aidico for eleito deputado 
à constitainto, eleito ainda para as legislaturas seguintes, e por 
fim eleito senador da Republica, posto qe oceupou com honra 
até quo a morte tão infaustamente o colheu. 
el de Moraes Barros tinha a tempera, entre nós tão 
sara, de verdadeiro administrador, allisda uma vontade de ferro, 











dava do seu bolso quantias não pequenas para 
a construeção de edifícios escolares. 

No exercicio. aliás gratuito do cargo do inspector municipal 
do ensino era infatigavel. Em so tratando do inetrueção popu- 
Jur, era uma suggestão, o velo diseretear sobro a materia olo- 

temente. Conhecia de perto os profossores o alumnos, por 
| fisculisava a miudo as escolas, examinando, inquerindo, os- 

timulando a uns e outros s acompanhando com amcr e carinho 
o desenvolvimento das intelligencias juvenis. 




















— 519 — 





Não era um orador, mas discorrendo na tribuna em | 
singelas e desntnviadas, possuin comtudo n veia do 
têm, bre ueza le dizer, a uneção da a 
dencia e justeza dos concoitos, logica cerrada da 
ção. Por muitos era tido como indisciplinado em. polit 
fria decerto da santa indisciplina que não se com) e 
sacrificio da justiça e da honra por conveniencia de partido, 
impetuoso ds vezes, e até violento, no saque, mas o 
cia que os seus golpes feriam de mais ou collidiam com a 
conein, solomnementa o confessava, corrigindo e re] 
um forte. E; 
Vimo-lo, ha exactamente um anno, quando a esta casa 
compareceu a uma secção solemne como esta. Estava forte, pu 
recin sadio e robusto falando-nos aquela linguagem de sympath 
de tolerancia o de bom-hbumor que trans 
coracter. Como gostava de festas literarias, passando por 
não quiz perder aquella, pelos fados, tinha de ser a nlti 
elle nssistíria nesta casa. 
Pela vectidao de carnetor à pelo nortenmento dos princi 
Manuel de Muraes Barros era um só com o seu irmão 
mas divergia delle bastante no temperamento. Emquando 
era reservado, austero, dado a estudos de gabinete, pouco , 
sivel popularidade, Mores Barros, no contrario, tinha a linha. 
eymnathica dos que gostam da convivencia popular, era col 
municativo, falador, verdadeiro homem de acção. Em policias 
podinse dizer que tinha sido o precursor do irmão e se co 
plemento indispensavel; e de fucto, nem que fosse por um dis. 
tino não lhe sobreviveu mais que dexesete dias. 3 
A morte, porém, colhewo na estacada; no seu posto de 
honra, Combatia o jogo por princípio, Soube que o projecto. 
concodendo loterias entrara em discussão no Senado. Partiu som 
demora, npesar de doento pelo abalo que soffvora com a morto. 
da irmão, e foi fazer o seu dever. No dia da votação, viramos 
ciscumstantes, pelo desfigurado da physionomin, pela 
das pernas, pelo tropego do falar, que já vn por sob 
aquells victima do dever a imagem amençadora da morte, 
quizeram afastal-o, 
Resistiu obstinadamente, 
= Sá poderei retirar-mo, dizia-lhes, mandando a minha 
tidão de obito.s 
Não votou, todavia, Mas, no dia seguinte, os seus concidad 
tristes o pezarosos, lumontavam o passamento do horor do dei 




































nº 








— 513 — 


Um mos antes, a 20 de Novembro de 1902, fnllocia em 8. 
Paulo, ondo residia, lovando vida retirada e modesta, o dr. Jon- 
o Floriano de Godoy, ex senador do imperio, e nosso socio 
indador. Filho do sargentoamór Joaquim Floriano de Godoy é 
de d. Ignacia Xavier Pinheiro, nasceu o nosso digno consócio 
em 5. Paulo, a 4 de Janciro de 1826, Faleceu, portanto, nos 
setenta « seis annos de edade, a mór parto dos quaes dedicados 
no serviço do paiz, o ilustre homem politico, cujos traços bio- 
graphicas aqui tento delinenr-vos. 
Joaquim Floriano de Godoy formou-se em medicina pola 
uldado do Rio de Janeiro em 1852 e veiu então residir e 
ear em Jacarehy, ende sa casou em primeiras nupcias com 
a exma, sra. d. Joaquina Domingues de Castro, fallecida sem 
descendencia. Em 18%9, cusou-so om segunda nupcias com a 
exma, sm, d. Francisca Nogueira de Godoy, fallecida em 1888, 
e de quem houve dois filhos. 

Entrando para a política, filiou-se o dr. Godoy no partido 
conservador, pelo qual foi eleito varias vezos deputado provin- 
cial, depois depuis o geral para a legislatura de 1867 a 187 
pelo segundo districto, em companhia do nosso ilustre presiden= 
te, 0 conselheiro Manuel Antonio Duarte de Azevedo, 

Em 1873, entrando em lista triplice para senador, foi osco- 
lhido a 20 de Abril do mesmo anno, na vaza aberta pelo fallo- 
cimento do senador o dr. José Manoel da Fonseca, Prestou ser- 
viços relevantas por occasião da guerra do Paraguay, organizan- 
do e equipando um bom contigonto do yoluntarios. Foi com- 
mendador da Ordem de Christo e em 1872 presidiu a provincia 
de Minas Gernes. 

O senador Godoy foi, em politica, um moderado, um con- 
servador de bôu tempera, accessivel ás idéas generosas e pro- 

istas ; foi dos primeiros a cogitar da refórma do olomento 
evil, effectunndo-se em sum casa, no Rio de Janeiro, as primeiras 
renniões políticas para essa refórma no governo do marquez de 
8. Vicente, 

Tinha docidida. propensão pelos estudos historicos e ostatis- 
ticos, deixando varios trabalhos deste genero como: a Provincia 
de S. Paulo, obra historica, estatistica e noticiasa, com curta é 
mappas, oditudo em 1875, no Rio de Janeiro ; 0 Ligeiro esboço 

viação ferrea de Minas Gernes de 1872; À Provincia do Rio 
pucahy, nova circumseripção administrativa por cuja creação 
pagunva, apresentando para isso no Senado um projecto do 
lei, pelo qual se destacavam territórios do sul do Minas o do 
norto de 8, Paulo para formar com elles à nova provincia cuja 
capital seria n cidade de Taubaté, Publicou om 1809 um estudo 










































BIA — 


relativo n ligação do yalle do Parahyba á via ferren de 
Publicou mais em 1882 um trabalho político, ou estudo 
sob o titulo — Tentativas centralisadoras do governo liberal, 
1887, 0 Elemento Servil, obra de valor para a historia da 
eipação dos eseravos no Brusil. 

O senador Godoy foi sempre um estudioso, um homem. 
trabalho, wm politico do crenças firmes, sempre prompto e dey 
tado nos melhoramentos mnterines, sempre ei hado em im 
tigações conducentes uv progresso e prospe 





Cheio de esperanças 
Bão Panlo, a 17 de Janeiro desto anno o dr. 
Moura Escobar, nosso socio fundador e bacharel formado em. 
1892 pela nossa Faculdade de Direito. Filho do de. Francisco. 
Ribeiro de Escobsr e de d. Maria Francisca da Moura 
nasceu o nosso pranteado consocio em Taubaté a 28 de Julho 
de 1868, No inicio apenas da sua vida publica ua qual se de- 
paravam já esperanças bem seguras de um prispero fun advo 
gado aetivo e trabalhador, o dr. Escobur dediconse tambem ás 
lides da imprensa diaria, gindo o jornal 4 M que se pu-. 
blicava nesta capital onde muito se bateu pelo novo systema de. 
viação urbana por electricidade ; foi durante o ultimo triennio o 2.º 
De de paz do Sul da Sé; presidente da Associação U, Internaciona) 

rotectora dos Animnos a que dedicou incançavel actividade, 

Grande amador de musica, tinha estudo profundo desse ramo de 
Dellas artes, esforçandoso com o dr. Crrlos de Cam outro 
cultor distincto, para aggremiar os bons elementos musicaes aqui. 
existontos. Foi sempre critico musical do varios jornnos & A 
mamente do Chrreio Paulistano, De coração bemfazejo, costu-. 
mavi patrocinar cxusus perante os tribunnes completamente alheio 
aos interaresses pecuniarias, 

Faleceu aos 35 annos, foi uma parda renl o bem sentida 
para a sociedade paulista, 





* 
eta + 
Não menos sentida foi a morte do dr, Jorge Ritt, em terra. 
do son berço, n 30 de Abril deste amno, Nosso socio há dr 
ex-consul francez nesta cidade o consul geral do Rio de Janio, 
o dr. Ritt, arrebatado em plena, aa dotado de um talento 
prompto e vivaz, de genio aflavel e communientivo, espirito recto. 
e propenso à moderação, era um amigo do Brazil, um si 
admirador do nosso esforço e dos nossos recursos, am ani 
sensivel ás mosas rmpatbins para com a França, cuja se 
nos educa e cujas glorias nos comnove até ao enthusi 





— &i5 — 


E Perg li, descendente de uma familia ilustre, filho de 
Olivier Ritt, governador geral do principado de Monaco, ence- 
“tou & sun carreira na diplomacia como secretario da lagação em 
1887; esteve como addido em Tanger o anno seguinto, romovi- 

como secretario para a legação de Veneguela, onde tam- 
bem ponhou ns funeções de encarregado de negocios; 
teve no Haiti em 1891 no mesmo caracter transforindo-se depois 

o Perú em 1899, quando resolveu abraçar n carreira con- 
sular. Inicioua como consul francez em Costa Rica em 1884, e 
um anno depois estava removido para 8. Paulo, de onde por fim 
foi transferido para o logar de consul geral no Rio de Janeiro, 
posto em que fallecou, 

Muito necessivel e jovial, o dr. Jorge Ritt era todo genti: 
Teza nas suas relações particulares como nas oficines, grangenn- 
do por isso larga estima entro os brazileiros. Sun morte foi de 

uma perda bom sensivel para o Brazil e para a França. 








” 
.*s 

Nho pára aqui, meus senhores, à mora desventnra no pe- 
sado tributo que a morte este anno nos impoz. 

A 9 de Abril de 1893 expirava no Rio de Janeiro o dr, 
Manoel Duarte Moreira de Azevedo, tambem nosso socia hona- 
rario 6 digno irmão e amigo intimo do nosso illnstro presidento. 

Fallecia aos setenta e um annos de edade, tendo nascido a 
% de Julho de 1882, no logar denominado Ltapacorá, do muúni 
eipio de Itaborahy, no Fio da Janeiro. Era filho legitimo do dr. 
Mancol Daarte Moreira, qua foi medico notabilissmo, litternto 
e poeta, homom vorsadissimo om quasi todas as artes liberaos. 
Por sua mãe, d. Muria Dulce Cherubina de Azevedo, descendin 
o nosso fullecido consocia do uma das anais nobres e extensas 
familias do Kio de Janeiro, o dos Duque-Estradas e Alvares de 
Azevedo, à que se alliaram os viscondes de Itaborahy e do Uru- 
| guay. Era neto do capitio-mór Domingos Alvares de Azevedo, 
| abastado fazendeiro em Ttaborahy « bisneto do sargento-mór Alo- 

xandre Alyaras Dumte de Azavedo, fidalgo do fóro grande da 

casa real portaguera. 
Depois de um curso brilhante e aproveitadissimo no colle- 
| gio de Podro Segundo, Moreira da Azevedo tomou, em 1852, 0 
gráu de bacharel em letras, matriculando-so em seguida na Fa- 
culdade do Medicina do Rio de Janeiro, na qual recebeu, om 
1858, com approvações distinctas, o gráu de doutor em medicina, 

Não quiz, entretanto, usar da profissão medica; dedicou-se 
do preferancia ds ocenpações litterarias, sobretudo, depois que 
foi nomeado professor de historia no Collogio de Pedro Segun- 




















— 516 — 






do, cargo que exerceu com muita proficiencia e no qual se apo- 
sentou no prazo legal. “4 

Como professor era presadissimo dos sous discipulos, nos 
quacs sabia inspirar o gosto pelo estudo do nosso e 

E naquele tempo em que o notavel collegio era Leceionado 
por vnltos como Joaquim Manoel de Macedo, Pedro José de 
Abreu, conego Fernandes Pinheiro, barão de Tautpbeus, padre 
dr. Antonio Maria Corrêa do Sá e Benevides, depois une do 
Marianna, conego Bernardino de Souza, Lucindo dos Passos, 
Antonio José de Souza, Halbout-e Di Simoni, o professor Mo- 
reira de Azevedo sabia sobresair pela sua illustração, estima a 
operosidade. 

Publicou muitas obras de merecimento, quasi todas relativas 
à bistorin e geogemphia do Brnvil, de que nho vos citarei senho 

rincipnes* Compendio de Historia do Brazil; Historia Patria; 
O Brazil de E831 a 1840 ou à periodo da abdicação de D. Pedro À 
à maioridade de D. Pedro II; Apontamentos Historicos, cullee- 
cão de trabalhos lidos perante o Instituto Historico à Googra- 
bico do Brazil; Curiosidades Historicas, lendas, contos e nar- 
rativas sobre homens e coisas do Brazil; Pequeno Panorama, 
em cinco volumes, deseripção, fandação e historia dos principaes. 
edifícios da cidade do Rio de Janeiro; Biographias, dos sudo 
sissimos dr, Francisco de Menezes Dias da Cruz e Paula Brito; 
Romances do tempo colonial, Foi dos socios mais operosos e as- 
siduos do Instituto Tistorico e Geographico do Brazil, Era col» 
Inborndor prestimoso da nossa Rerixta. 

Morreu ehristanmente, entregando sua alma a Deus depois 
de receber os sacramentos. 

Para us letras patrias, a sun morte foi, como vêdes, uma 
perda irreparavel. 





| 
| 
|| 
| 





| 


* 
as 

Não acaba ainda aqui mens senhora, a enumeração fanebro 
que me cabe fazer, chorando a nossa perda. 

Temos ainda o dr. Joaquim Mariano de Almeida Mornes, 
nosso socio correspondente, aqui fallecido a 8 de Muio do corrente 
anno, ans setenta e tres annos de idade, 

Filho de Joaquim Mariano de Almeida e d. Maria Corrida 
de Moraes, esta filha de Francisco Corrên de Moraes, que foi 
enpitho-môr dn villa Porto Feliz de 1797 a 1 e membro do 
Governo Provisorio, eleito om 1822, 0 dr. Almeida Moraes nas- 
ceu naquela villa om 1830 (2) e vou estudar para S. Paulo 
em cuja Paculdude de Direito se bacharelou em 1857. Aro 
por algum tempo na villa de Pirapora de Curnçã, hoje cidade 
de Tieté e ahi só casou com dona Carolina Dias de Aguiar, da 












= BL, = 


familia do Conselheiro Manoel Dias de Toledo ; deixou n ndyo- 
cacia so fazer lavendor. Militando no partido Tiberal, foi 
eleito vereador da cidade de Tieté, doputado provincial nos 
hiemmios de 1860 n 1862 e a 1864, tornando-se notavel pela sus 

e tolerancia politica pelo que grangenva n estima dos 


Folia ndvyersarios. Com o advento da republica, abandonou a 
ti 





ica e entrou para a magistratura, sendo então nomeado juiz 

direito de Tietê, cargo que mui correctamento desempenhou 

por alguns annos e no qual se aposenton, ha pouco tempo, por 
velho e adoentado. 

Era um espirito curioso, investigador. Ainda não ba muito 
recebiamos delle notas interessantes sobre logares é cousas du sun 
comaren e inquirindo sobre interpretação dos nomes indigenns 
de varias localidades do interior. Profundamento honesto e recto 
er forte olemento de ordem e de barmonia entre os membros 
da sociedade tietêense, onde gosava de elevadissimo conceito, 


sºe 





De não menos elevado conceito e de estima por seu caracter 
+ honradez gosava mn sociedade paulista o dr. Tniz de Anhaia 
Mello, socio fundador desta casa, ha dias apenas fallecido nesta 
cidade, a 9 de Outubro passndo. 

Conhecemos Anhaia Mello dos bancos da Academia; elle 
mais velho e mais avançado em estudos, já ao deixar n Escola 
Central, hoje Polytechnica, e nos ao começarmos apeias o nosso 
eurso. Deixou entro nós, seus condiscipulos de então, a univer- 
sal reputação de um estudante modelo, pela applicação, intelli- 
gencia, caracter e largo preparo acientifico que tndos lhe reco- 
nhociamos, De boa estatura, de physionomia sympathiea, moreno 
e palido, com um ar do cireumspecção sem ser reservado om de- 
masia, bom companheiro e bom amigo, Anhaia Mello captava as 
sympathias de todos, e a todos dava a impressão de um nobilis- 
simo enracter. 

Formou-se em engenharia no Rio de Janeiro do 1875, nos 
81 annos de odade. Voltando a 8. Paulo, donde pouco dopois 
partiu para o extrangeiro em viagem de iustrueção, preferiu, 
ao regressar, seguir n carreira industrial e então fundou um 
dos mais importantes estabelecimentos fabris desta cidade, a 
fabrica de tecidos de seu nome, que lhe permitiu fazer consi- 
deravel fortuna. 

Casou-se em 1886. Em 1893, creandoso a Escola Polyto- 
ebnica de 8, Paulo, foi nomeado lento effectivo e seu vice-di- 
rector, cargos quo exerceu com a maior elevação, mas que a 














— 518 — 


molestia de que veio a fallecor o obrigou a doixar defi 
mento, 

Recolheu-se então apprehensivo, só mui raramente 
cendo, si bem que a Sata não mostrasse progredir, 
que era um bom, que era uma alma verdadeiramente bôm, ro- 
cebinmol-o como se recebem os que para nós são o objecto de 
uma emizade antiga, com eflusão da alma e satisfacção siicera, 

Depois nusentouse por muito tempo. Não tivemos mais 
noticia delle. Ha poncos dins, porém, encontramo-nos frente d 
frente ao dobrarmos uma rua... Vinha ello acompanhado por 
um famulo... porque de facto ora já uma muina ameaçando 
tombar a cada instante! 

Que descalabro naqnelle corpo em que a enformidado ca- 
vava tão fundo! Que miseria é esta, pobre humanidade! 

Saudamo-nos quasi sem dizer palavra. Mudos, quedos, ti- 
nhamo-nos com paRaio num simples olhar, reciproco e silen- 
cioso e... nos npartamos, com n voz embarguda, commovidos, 
Nos seus olhos, que a morte tão breve ia velar para sempre, 
vimos marejar uma lagrima e. choramos tambem 

Sim, foi tambem com uma Ingrima que nos apartamos des- 
so amigo, o oitavo dos nossos companheiros que se foram desta 
vida, pagando o pesado tributo que nus impoz a morte, 

Possam ns minhas palavras, neste instante, meus senhores, 
interpretar com verdade os vossos legitimos pezaros e com jus 
teza o vosso julgamento. Si o não conseguimos, si não dei. 
xumos tão assignalada a vosen magua quão grande foi aqui a 
nossa perda, perda verdadeiramente nacional, valha no menos a 
sinceridade do nosso empenho, valhanos a comprehensão pa- 
triotien do nosso papel, com a qual onso nos céus pedir que 
dos vultos desapparceidos, cujos feitos pallidamente 
não se perca jamais entre nós a memoria dos bons exemplos, 
os exemplos bons de virtude e de franqueza moral, 0s exemplos 

ue adificam, que alentam, que retemperam a alma nesse mar 
o dosventuras o de ilusões amargas; para que, a despeito do 
tudo, se feche esse cyclo de perturbações que o estadista ante- 
viu na sun intuição prophetica; para que não feneça nos nos 
sos peitos, com a perda dos nossos homens, a confiança nas sue- 
cessões compensadoras, a esperança, tão breve quanto ser pos- 
so, da hora do resurgimento, na prosperidade e na grandeza, 
por que essa patria tanto anceia. 























































Turopono Sampaio. 


— ooo 





Dr. Prudente J. de Moraes Barros 











RELATORIO 


nos 
TRABALHOS E OCCORRENCIAS 
Do 
Instituto Historico e Geographico de $, Paulo 
No anno de 190: 





Apresentado pela Directoria 
NA SESSÃO DE 25 DE JANEIRO DE 1904 





Srs, Membros do Instituto Historico e Grygraphico de 8. Paulo 


A Directorin do Instituto, em obediencia no preceito do & 
5.º do art. 16 dos estatutos, vem hoje apresentar-yos o relntorio 
das occorrencias do anno social do 1903, 


ADMINISTRAÇÃO 


A Directoria, por vós eleita em sessão de 25 de Outubro 
de 1900, nenhuma modificação sofreu. Na eleição de 25 de 
“Outubro de 1903, foram reeleitos todos os seus membros, de- 
vendo ser elles hoje empossados dos seus cargos. 


COMMISSÕES 


Na sessão de hoje devem, de accórdo com os estatatos, ser 
as Comissões Permanentes, que devem servir duran- 
to O trionnio, 
SESSÕES E TRABALHOS 
Realizaram-se, durante o anno, 21 sessões, sendo à ordina- 
rins, À extraordinaria e 1 magna. E! a soguinto a relação dos 
trabalhos lidos; 


E ES 


-— 520 — 


A 5 de Fevereiro-—Srs. Araujo Macedo e Juão Moraes-— 
Considerações sobre o Marquez de Barbarena; Sr. Thering—Di- 
verson generos de abelhas, 

A 20 de Fevoreiro—Sr. Araujo Macedo--Continuação do 
seu trabalho. º 

A 5 de Março: Sr. Gomes Ribeiro Batalha de Ttuzaingo. 

A 20 de Marços Sr. João Mornes--Factos de memoridade 
de D. Pedro 1; Se, Wushington Luiz-—Fuga de Pedro Ivo. 

A 4 de Abril; Sr. Adolpho Pinto — Historia da viação pu— 
bica de 8, Paulo, 

A 20 de Abril! Sr. Araujo Macedo--Batalha de Fiuzaingo ; 
Sr. Ihering-—Considerações sobre crancos da indigenas. 

A 20 de Maio: Sr. Araujo Macedo--Betalha do Passo do 
Rosario, 

A 4 de Julho: Sr. Washington Luiz— Tibiriçá eraguayaná? 

A 5 de Agosto: Sr. João Mornes--Proclamação da Repu- 
blica em 8. Poulo, 

A 20 de Agosto! Sr. 

A 5 de Setembro 








Tuering-— Objectos indigenas, 
Sr. Thering-— hj i 
panis da Capitania de S. Vicente, 

: Sr. Theodoro Sampaio-Continuação do 
mesmo trabalho; Sr. Ihoring—-Mumias da tribu dos Mundus 
rucás, 












socos 


Durante o anno foram aceeitos SO novos socios, sendo 5 
na qualidade de honorarios, 13 na de efectivos e 12 na de cor- 
respondentes, 

De aceôrdo com a vossa deliberação, foram transferidos da 
categoria de socios correspondentes para a de efectivos os srs. 
Victor da Silva Freire, Henrique Coelho, Washington Luiz Pe- 
reira de Souza e Carlos Augusto de Freitas Villalva, e da de 
effectivo Epis n de correspondente o sr. Antonio Alexandre Bor. 
ges dos Reis. 

Em sossão do 20 de Outubro, em signal de reconhecimento 
nos bons servicos prestados como thesoureiro, foi transferido da 
categoria de socio fundador efectivo para a de fundador bere- 
merito o sr. dr. Carlos Reis. 

Posteriormente ao encerramento dos trabalhos do 1908, o 
Instituto teve a desdita de perder o seu presidente honorario 
de. Prudente de Moraes e mais Os socios Andadores dr. Ma- 
noel de Moraes Barros o Jcão Ribeiro de Moura Escobar. No 
correr do anno de 1903, fulleceram os socios honorarios des, 
Georges Ritt e Manoel Duarte Moreira de Azevedo, o corres 











”, 


— 681 — 








te dr. Ji Mariano de Almeida Moraes e o funda- 
dr. Luz de Anhaia Mello, Depois de encerrados os tra- 
balhos, falleceram o dr. Braulio Gomes e José Couto de Maga- 

Ante ns suas sepulturas o Instituto curvase reverente 
o saudoso. 





MINLIOTHICA E ARCHIVO 


Divorsos o importantes donativos do livros, mappas, jones, 
podas, medalhas, etc, focam folico doranto o ano 4 bibliodises 
e no nrehivo do Instituto. Em nome deste, a Directora con- 
signa um voto de agradecimento a todos aquelles que com tanta 
generosidade contribuiram para o augmento das suas colecções. 


REVISTA 


Só hoje é possivel distribuir o vol. 7.º da Revista, devendo 
o 8.º em breve entrar para o prelo. 


FINANÇAS 


Continún lisongeiro o estado das finanças do Instituto, sendo 
com desvanecimento que u Directoria consigna que à quasi to- 
talidade dos srs. socios acha-se em dia com as suas annuidades. 

No orçamento da receita e despesa do Estado foi consigna- 
da a verba de 3:6008000 de auxílio no Instituto e mantida a 
auctorização para a improssão da Revista na typographia do 
Diario Oficial. 

Continia em vigor a lei municipal concedendo o auxilio de 
2:0008000 nnnunes á nossa ntilissima associação. 

Em nome do Instituto Historico « Geographico de S, Paulo, 
a Directoria consigna aqui o seu vivo reconhecimento a todor 
os illustres é dignos membros de ambas as casas do Congresso 
Legislntivo do Estado e dn Camara Municipal da Capital. 

Do balanço annexo apresentado pelo thesonreiro e dos do- 
eumentos que o acompanham, podereis verificar qual a renda arro- 

e u despesa efectuada, cujo resumo é o seguinte 





Receita, . . . 29:0018000 
Despesa. . 2. 3:9488000 
o 0... o 250528500 


Ao vosso exame é deliberação submette a Directoria o ba- 
lanço e as contas do anno passado, com o parecer da respectiva 
commissho. 


— 522 — 
ConcLUsÃo 


Taes são, srs. membros do Instituto Historico e Geographico 
de 8. Paulo, as informações que a Directoria julgou de maior 
relevancia trazer ao vosso conhecimento, promptificando-se a 
fornecer quaesquer esclarecimentos que julgardes necessarios. Ao 
concluir esta singela exposição, a Directoris cumpre o grato 
dever de manifestar-vos os seus cordises agradecimentos pela 
confiança com que foi honrada a administração cujo mandato fia 
finda. 


S. Paulo, 25 de Janeiro de 1904. 


Dr. M. 4. Duarte de Azevedo, Presidente. 

Dr. A. C. de Miranda Azevedo, Vice-Presidente. 
Dr. M. Pereira Guimarães, 1.º Secretario. 
Dyonisio Caio da Fonseca, 2.º Secretario. 
Carlos Reis, Thesoureiro. 








quaDRo 






Carlos Paes de Barros 
De João Coelho Gomes Ribeiro . 
Antoni 


e DOS SOCIOS ACCEITOS EM 1903 


Olynto de Magalhães 
Dr. José Bolteux . .. - Correspond. 
r- Arnaldo Vieira de Carvalho. -| Effectivo 


: . 
jo de Almeida Cintra . . Correspond, 
> 






José Joaquim de Carvalho . . 


Frodorico de Bavros Brotéro. . | Elfvetivo 
Rino 


à NGerrenpond 


de Azevedo. . 


M. de “Moura Romeiro. . 
J. de Maces 


Aldo «| Monorario 






» 
ida vo 


:Coreespond 


«+ Monorario 





te Henrique Silva, 
a Ambrosetti 























Efectivo 


> 
« | Honorario 
Effectivo 


Correspondl 
E 












De fundador efectivo para fuudador b 
Dr, Carlos Reis 










Dr. Carlos A, de Freitas Villalva 
De. Henrique Coelho 


Dr Washington Ps Pa Peralta de Souza 


De cifectivo para correspondente (a pedido) 
Antonio Alexandre Borges dos Reis 






RELAÇÃO GERAL 
” Dos 

Membros do instituto Historico e Geographico de S. Paulo 
Em 31 de Dezembro de 190% 


PRESIDENTE HONORARIO 
Barão do Rio Branco 


SOCIOS FUNDADORES 
FUNDADORES — HESEMBRITOS 
1 Dr. Carlos Reis 
2 Dr Psp José Nogueira Jaguaribe 
3 Dr. Orville Der! 
4 Dr. Pedro Augusto Gomes Cardim 
FUNDADORES — HONORARIOS 
5 Dr. Manoel Alvaro de Souza Sá Vianna 
6 De. Niconte Liberalino de Albuquerque 
YUSDADORES — EFFECTIVOS 


Dr. Antonio Dino da Costa Bueno 
Dr. Antonio Francisco de Araujo Cintra 
Dr. Antonio Francisco de Paula Souza 
Antonio Moreira da Silva 
Conselheiro Antonio da Sitva Prado 
Dr. Antonio de Toledo Piza 
Professor Arthur Goulart 

to Cesar Barjonu 
Dr. Augusto Cesar de Barros Cruz 
Dr. Augusto Cesar de Miranda Azevedo 
Dr. Augusto ds Siqueira Cardoso 
Dr. Bento Bueno 
Dr. Bernardino de Campos 
Dr. Candido aaa N Nogueira da Motta 
Dr. Carlos de Campos 


— 526 — 


25 Dr. Cincinato Braga 
26 Dr. Clementino de Souza e Castro 
Dr. Constante Afionso Coelho 
Eduardo Carlos Pereira 
Emanuel Vanorden 
Tenente Coronel Dr. Eugenio Alberto Franco 
Eugenio Hollender 
Monsenhor Dr. Fergo O'Connor de C. Dauntre 
Dr. Fortunato Martins de Camargo 
Dr. Francisco Ferreira Ramos 
Francisco I. Xavier de Assis Moura 
Dr. Francisco de Paula Ramos de Azevedo 
Dr. Francisco de Paula Rodrigues Alves 
Tenente Coronel Gabriel Prestes 
Dr. Gabriel de Toledo Piza e Almeida 
Dr. Gustavo Koenigswald 
Tenente Coronel Henriqne Affonso de Araujo Macedo 
Henry Whito 
Dr. Hermann von Ibering 
Dr. Horace M. Lane 
Horacio de Carvalho 
Dr. Ignacio Wallace da Gama Cochrane 
Dr. João Alvares Rubião Junior 
Dr. João Nogueira Jagunribe 
Dr. Juão Pereira Monteiro 
Dr. Jonquim de Toledo Piza e Almeida 
Coronel Joaquim de Toledo Piza e Almeida 
Dr. Jorge Tibiriçá 

Alves de Cerqueira Cesar 
Alves Guimardes Junior 
Cardoso do Almeida 
Eduardo de Macedo Soares 
José Francisco Soares Romeo 
Dr. José de Sá Rocha. 
Conego Dr. José Valois de Castro 
Dr José Vicente de Azevedo 
Dr. Julio Cesar Ferreira de Mesquita 
Dr. Luiz de Toledo Piza e Almeida 
Dr. Manoel Antonio Daarte de Azevedo 
Dr. Manoel Ferraz de Campos Salles 
Dr. Manoel Ferreira Garcia Redondo 
Munoel Marcellino de Souza Franco 
Dr. Manoel Pereira Guimarães 
Dr. Manoet Pessoa de Siqueira Campos 













=p = 


m Francisco R. de Andrada Sobrinho 
ho Prado Junior 


Dr. Theodoro Dias de Carvalho Junior 
Dr. Theodoro Sampa 


7, Commendador Tiburtino Mondim Pestana 
Dr. Virgilio do Rosendo 


SOCIOS HONORARIOS 


Dr. Affonso Celso Junior 

Alberto dos Santos Dumont 

Dr. Alexandre J. de Mello Mornos Filho 
Anatole Louis Garrmux 

Dr. Antonio Jonquim de Macedo Soares 
Dr. Aristides Auyrusto Milton 

August Heinrich Wieman 

Conselhosro Angusto Carlos Teixeira de Aragão 
Dr. Augusto Preire da Silva 

Barão Homem de Mello 

Barão de Paranapincaba 

Barão de Studmt 

Belarmino Carneiro 

Dr. Benjamim Franklin Ramiz Galvão 
Berardo de Azevedo da Silva Ramos 
Dr. Clovis Beyilaqua 

Daque dos Abbrusios 

Dr. Emilio A. Goeldi 

Dr, Emesto Guilherme Young 

20 Dr. Felisberto Freire 

General Prancisco Maria da Cunha 
Dr. Frederic Kermer de Marilaum 

Dr. Frederico Augusto Lisboa 

Gabriel do Monte Pereira 

D. Hevin Riquielme 

Henrique Ruifard 

Dr. J. Barbosa Rodrigues 

Dr. Johto Capistrano de Abreu 

Dr, João Ribeiro 

Jodo Vieira da Silva 

Dr. Jonquim A. Nabuco de Araujo 
De. Joaquim F. de Assis Brasil 







ERSEEESREBonsamautm 


"e 
= 


SeEBBENSHEES 








— 528 — 


Dr. John C, Branner 
Dr. José Calmon N, Valle da Gama 
Jules Martin 
Julius Meili 
Mrs. Marie Robinson Wright 
D. Martin Garcia Mérou 
D. Matias Alonso Creado 
Conselheiro Olegario TH. de Aquino e Castro 
Dr. Olyntho de Magalhães 
Po Raphael M. Galantr 
Dr. Richard Wettstein 
Conselheiro Rozendo A. Pereira Guimnrhes 
Dr. Susviela Guareh 
Dr. Sylvio Romóro 
Dr. Thomaz Garcez Paranhos Montenegro 
Conselheiro Tristão de Alencar Araripe 
Dr. “Tristão de Alencar Araripe Junior 
D, Veridiana Prado 
Dr, Victor Schiffiner 
SOCIOS EFFECTIVOS 

Dr. Adolpho Augusto Pinto 
Dr. Aflonso Arinos de Mello Franco 
Dr, Affonso de Azevedo 
Dr. Alftedo Guedes 
Dr. Alfredo Pujol 
Dr. Alfredo de Tolodo 
Dr. Alvaro A. da Costa Carvalho 
Dr. Alvaro Guerra 
Dr. Alvaro de Souza Queiroz 
Dr. Amancio Ramos Freira 
Dr, Antonio A, Moreira de Toledo 
Coronel Antonio Borges Sampaio 
Dr. Antonio Candido Rodrigues 
Dr. Antonio J, Pinto Ferraz 
Dr. Arnaldo Vieixa do Caryalbo 
Augusto A. de Carvalho Aranha 
Dr. Augusto Carlos da Silva Telles 
Barão de Rezendo 
Benedicto Galvão de Moura Lacerda 
Frei Bernardino de Lavalle 

re Brazilio A. Machado de Oliveira 
Monsenhor Dr, Camillo Passalnequa 
Dr. Carlos de Arruda Sampaio 














= 520 = 


eeess 


Professor Emílio Mario Arantes 
Dr. Estevam de Araujo Almeida 
Dr. Euclydes da Cunha 

Cone) bins Galvão da Fontoura 
Professor Vernando Martins Bonilha Junior 
De. Francisco de Assis Peixoto Gomide 

Dr. Francisco de Campos Andrade 

Dr. Francisco Engenio de Toledo 

Dr. Francisco Franco da Rocha 

Arcedingo Dr, Francisco de Paula Rodrigues 
Dr. Francisco de Paula Santos Kodrigaes 
Dr. Francisco de Toledo Malta 


BUSERSVESSESSSERRESSEASHESE 


Dr. Francisco Xavier Paes de Barros 
Dr. Frederico de Barros Brotoro 

De. Henrigue Coelho 

Nomee E. Williams 

De. Igancio de Rezonde 

Dr. João Antonio de Oliveira Cesar 
Dr. Jono Baptista de Mello Peixoto 
Dr. Jono Baptista de Mornes 

Dr. João Baptista de Oliveira Penteado 
Dr. Joho Coelho Gomes Ribeiro 
Professor João Lourenço Rodrigues 
Dr. Jono Mendes de Almeida Junior 
Dr. Jnão Vampró 

João Vieira de Almeida 

Dr. Jorge Maia 

Dr. José Bonifacio de O] 

Dr. José de Campos 

Dr. Je 


ESSREeEs 








Desembargador José Maria do Valle 
Conego José Podro de Araujo Marcondos 
Dr. José Pereira de Queiros 

Torres de Oliveira 

Vicenta de Azevedo Sobrinho 


canas 


— 580 — 


Dr. José Vieira Couto de Magalhães Sobrinho 
Leoncio do Amaral Gurgel 
Dr. Luiz Frederico Rangel de Freitas 
Dr. Luiz Pereira Barretto 
Dr. Luiz Porto Moretzsohn de Castro 
Dr. Manoel Pedro Monteiro Tapajós 
Dr. Manoel Pedro Villaboim 
Dr. Manoel Rodrigues Peixoto 
Monsenhor Manoel Vicente da Silva 
Dra. Maria Rennotte 
Dr. Mario Bulcão 
Octavinno Esselin 
Coronel Paulo Orosimbo de Azevedo 
Minjor Paulo Pinto Auto Rangel 

r. Pedro Augusto Carneiro Lessa 
De Plinio de Mendonça Uchôa 
Dr. Raphael Corrêa de Sampaio 
Dr. Raymundo P. A. do Sacramento Blake 
ilvio de Almeida 
Dr. Tullio de Campos 
Dr. Victor da Silva Freire 
Dr. Washington Luiz Pereira de Souza 


SOCIOS CORRESPONDENTES 








A. Lafone Quevedo 
D. Abelardo Varella 
Coronel Agostinho José Moreira Rollo 








Dr. Alfredo Rodrigues Jordão 

Dr. Alfredo Varella 

Dr Alvaro Augusto de Toledo 
Antonio Alexandre Borges dos Reis 
Dr. Antonio de Almeida Cintra 
Dr. Antonio Alvares Lobo 


Dr. Antonio Alves de Carvalho 

Dr. Antonio Augusto Gomes Nogueira 
Dr. Antonio Augusto de Lima 

Dr. Antonio da Cunha Barbosa 
Antonio Ferreira Neves Junior 

Dr, Antonio M. Bueno de Andrada 
Dr. Antonio Martins Fontes Junior 
Dr. Antonio Olyntho dos Santos Pires 








ep a 





Dr, Antonio de Padua Salles 
- Aristides Salles 
Arthur Ferreira Machado Guimarihes 
Dr Arthur Vautier 
Ea Marcondes 
ugusto de Meirellos Reis 
Belizario Pernambuco 
lieto Octavio de Oliveira 
Dr. Bernardino Peixoto de Campos. 
lheiro Bernardo A. Gaviho Peixoto 
Dr. Bernardo de Campos 
Dr. Bernado Morelli 
Dr. Calixto de Paula Souza 
Candido de Carvalho 
Candido Costa 
Dr. Carlos Ekman 
De Radoa Porto Leite 
r. Cleofano Pitagunry de Aruujo 
Dr. Dinumerico A. do Rego Rangel 
Dionysio Caio da Fonseca 
Professor Elias de Figueiredo Nazareth 
Dr. Ermesto Goulart Penteado 
Emesto Sena 
Tenente-coronel Felicio de Campos Cintra 
ix Pacheco 
Dr. Fernando de Albuquerque 
Dr. Fernando Caldeira de Andrade 
Coronel Fernando Prestes do Albuquerque 
Filinto de Almeida 
Dr. Firminno de Mornes Pinto 
Dr. Florentino Ameghino 
Francisco Cardona 
Francisco Corrêa de Almeida Moraes 
Francisco Gomes de Araujo Góes 
Dr, Francisco G. de Araujo Góes Filho 
Dr. Francisco M, do Gouvêa Natividade 
Francisco Nicolau Baruel 
General Francisco R. de Mello Rego 
Dr. Galeno Martins de Almeida 
Coronel Gregorio Thaumaturgo de Azevedo 
Henrique do Barcellos 
Dr. Henrique Coelho Netto 
Tenente ni ue Silva 
Dr. Herculano Crispim de Carvalho 





— 542 — 


De. Ignacio Pereira da Rocha 

Dr. Isidoro de Campos 

Jesuino da Silva Mello 

D. Juan Ambroscti 

Dr. João Alves de Lima 

Professor João von Ateingen 

Dr. Jono Cesar Biorrenback 

Dr. João Eboli 

João Florindo 

Dr. Joao Marcondes de Moura Romeiro 
João Mauricio Sampaio Vinnna 

Dr, Jonquim Alvaro de Souza Camargo 
Dr. Jorge Krichbaum 

Dr, José Am 
Dr. Josá Aristides Monteiro 

Dr. José Boiteux 

Dr. Josá Custodio Alves de Lima 

Dr. José Estanilau de Arruda Botelho 
«José Gomes dos Santos Guimaries 

De, José Joaquim de Carvalho 

Dr. José Manoel de Azevedo Marques 
Dr. José de Mesquita Barros 

Dr. José Pinto do Carmo Cintra 

Dr. José Rodrigues Peixoto 

Dr. José Vieira Fazenda 

D. Julin Lopes de Almeida 

D. Julio Vicuna Cifuentos 

Dr. Luciano Esteves dos Santos Junior 
Dr. Luiz Gonzaga da Silva Lome 
Major Luiz do Vasconcellos 

Dr. Manoel de Mello Cardozo Barata 
Dr, Manoel Corrta Dias 

Dr. Manoel Dias do Aquino e Castro 
Dr. Manoel de Oliveira Lima 

Max Fleiuss 

Dr: Nina Rodrigues 

Dr. Odwaldo Pacheco e Silva 
Ulympio Paranhos 

Dr. Pedro Arbues da Silva 

Rodolpho Miran 
Dr. Rodrigo Octavio L. de Menezes 
Dr. Sebastião Belfort 

Dr. Sergio Meira 

Dr, Vicente de Carvalho 
























— 589 — 


Relação dos socios fall 





Ark 91 pe Dezmanro pr 1909 


CATEGORIA 

















Dr. Severino de Freitas Prestes « | Fundador . . 
Dezemb.'” Aureliano de Sr e O) 





rm 







| 
| 
| yeira Coutinho... | ã 
De; Martinho de Freitas Vioira de | | 
Melo . :. ++ «| Honomio. . 
De. Cosario Motta Junior... | Fundador. 


Dr. J, J. do Menezes Vicira . - | Honorario. . | 
Br. Carlos Daniel Rath +. +) Pandador | 
José Ferraz de Almeida Junior 2» cl 
Dr. Adolpho B. Uchôa Cavalesnti | Effectivo . 
Antonio Augusto da Fonseca + «| Fundador. 
10 | Dr. João Francisco Malta Junior . | Corespond.” , | 


manada e 






12 | Dr. Eduardo da Silva Prado . .| Effectivo . .| 
12 | José André do Sacramente Ma- 
| cuco, |. ... «| Fundador, 





18 | Dr. João Diozo Esto | Efeetivo + +] 
14 | Dr. Jayme 5 Fundador . | 
15 | Dr. Antonio C Carlos R do A. dl. 6 | 
quim Floriano de Godoy 
ndento José de Moraos Bar- | | 
. | Prosid.-Honor. | 1902 
Dr. Manoel do Mons Barros | Fund. Honor. | 1902 
19 | Dr. João Ribeiro de Moura Es- | | 
cabur. . É - | Fundador . | 1903 


Eitra 





da 





















20 | Dr. Manosl Duarto Moreira de 
Azevedo . cc aa a +! Honorurios a 
21 | Dr. Georges Ritt . 5) 5 
22 | Dr. Joaquim Marinno de Almeida 

Moraes... «| Corresponds, | 
ER Ds Lais do Anbeia Melo. | Fandador e o; 
24 | Dr. Braulio Gomes . . 
25 | José Conto de Magalbaas 





1903 




































Balanço uva receita e despesa do anno de 1903 


RECEITA 
Sano do balanço de 1902 . 


Susvenção Do EstaDo: 

Recebido do Thesouro do Estado, pe- 

la subvenção concedida pelo Con- 

grosso Legislativo para o anno 
908 


SUBVENÇÃO MUNICIPAL: 
Recebido do Thesouro Munici 

1a subvenção concedida pel 

mara da Caj ra o anno de 

1903, em virtude da lei n. 616 

de 10 de Dezembro de 1902 . 

Joias E 1.º ANNUIDADES: 
Recebido de joias de admissão de 7 

socios “correspondentes 
Idem de joias 6 1.º” annuidades de 

10 socios effectivos . 








ÁANNUIDADES: 
Recebido do annuidades vencidas até 
o fim de 1902. . . 
Idem de annuidades de 1903. . 


RECEITA EVENTUAL: 

Recebido pela venda de 2 volumes 
da Revista 

Juros da conta corrente do Instituto 
no Banco do Commercio e Indus- 
tria de S. Paulo, relativos ao 1.º 
e 2.º tremostres deste anno 


Rs.. 


=. 186784200 


= 80002000 
Rr 2:0004000 
3509000 
7405000 1:0904000 


6008000 
31688000 — 3:7684000 





128000 


4528800 4645800 
» 29:001$000 








mezes de 
908 (1 


2, 28, 


poteentagem sobre à co- 

joias e annuidades et- 

durante o auno de 1908 
18, 


EXPEDIENTE 


com o expediente da Se- 
e Thesonraria do Tnsti- 
durante o anno de 1903, n 







Companhia de Gaz, por véus, 
ehaminds e bicos (does, ns. 


NO geada em 118000 





4785600 


1145900 


1618000 





— 556 — 


Pago por alnguel de cadeiras, lava- 
gem das salas, flores, ete., para 
a sessão magna de Novembro 


(does. ns. 376 38)... 638000 748000 





SALDO: 
Importancia do saldo nesta data que 
passa para 1904, sendo: 
Em conta corrente no Banco do Com- 
mercio e Industria de S. Panlo, 
conforme a respectiva caderneta. 24:7064500 
Em mão do thesoureiro do Instituto. 3463000  25:0528500 


Rs. 






PROCESS 4 TE rar fp ita 
Despesa. ll. lol. 


Saldo; caudas pur Elos pra 
8. Paulo, 31 de Dezembro de 1903. 
O thesoureiro, 
Caros Reis. 

(Seguem os documentos da despesa). 


PARECER 
A Commissão de Contas, abaixo assignada, tendo examinado 
o balanço da receita e despesa do anno proximo findo, apresen 
tado pelo zeloso Dr. Thesoureiro, tudo achou (como esperava ) 
na melhor ordem possivel, justificando mais uma vez a compe- 
tencia e dedicação do nosso atigavel 'Thesoureiro, um dos 
mais bellos ornamentos dos associados do Instituto Historico. A 
Commissão de Contas, Exmo. Sur. Dr. Presidente, acceita com 
especial agrado o trabalho do distincto Thesoureiro Dr. Carlos 
Reis e propôs um voto de louvor ao mesmo, pelo desempenho do 
cargo que exerce. 
S. Paulo, 25 de Janeiro de 1904. 
J. Florindo. 
Arthur Vautier. 
Eugenio A. Franco, 


(Approvado em sessão de 5 de Fevereiro de 1904). 









Annexos 


Nº. 1 





Relação dos socios correspondentes que, durante o anno de 
1905, satisfizoram a joia de aduussão. 


1 Dr. Antonio Alvares Lobo . . . . 508000 
o Ra Antonio Cintra . < 50G000 
3 Dr. Bernardino P. de Campos +» S0$000 
= Dr. Calixto de Paula Souza + . . 502000 
& Francisco Cardona . + 1... + 508000 
6 Dr. Isidoro de Campos . = 08000 
7 Dr. José Jonquim e Carvalho + 50S000 BaOsDOO 


Nº z 


. Relação dos socios efectivos que, durante o anno de 190% 
um a joia e 1º annyi 
Dr. Alvaro de Souza Queiros . 
Dr, Carlos Paes de Barros . . 
Conde de Prates . . e Meira 
Dr, Francisco Xavier Paes de Barros 
Dr. Frederico de Barros Brotero . . 
Dr. Joao C. Gomes Ribeiro -- 
Desembargador José Maria do Vallo - 
Dr. José Torres de Oliveira ER 
Injor Otaviano Esselin . 
Dr. Plinio do Mendonça Uchôa . . 





EEE a 





Relação dos socios que satisfizoram annuidades durante o 
anno de 190% 


Dr. Adolpho Auguto Plntós. sustr 1908 248000 
Pofgre vo» + + 19026 1903 484000 
Alexandre iodo Ed ENTAO 1902 245000 


Alfredo Bressor da Silveim . 2. 1903 248000 
Dr. Alfrodo Elis. +. cc coco 1408 248000 
































Dr. Alfredo Guedes . . ..... 1903 
Dr. Alfredo Pojol . . ..... 1902e 198 
Dr. Alfredo de Toledo . - . .. 1903 
Dr. Alvaro Augusto de Toledo . 1. 1992 
Dr. Amancio Ramos Freire . . 1902 
Dr. Antonio A. Moreira de Toledo. 1903 
Coronel Antonio Borges Sampaio . . 1904 
Dr. Antonio Dino da C. Bueno . . 1903 
Dr. Antouio Francisco de Araujo Cintra 1903 
Dr. Antonio Francisco de Paula Souza 1903 
Dr. Antonio J. Pinto Ferraz . .. 1903 
Dr. Antonio Martins Fontes Junior . 1903 
Antonio Moreira da Silva. . . . . 19026 193 
Dr. Antonio de Padua Salles . .. 1903 
Dr. Antonio da Silva Prado . . .. 1903 
Dr. Antonio de Toledo Piza . . .. 1903 
Dr. Aristides Salles . ...... 1903 
Arthur Goulart. +... 0. 1903 
Dr. Arthur Vautier . . é 1903 
Dr. Augusto Carlos da Silva Telles a 1903 
Dr. Augusto Cesar de Barros Cruz . 1903 
Dr. Augusto Meirelles Reis é 1903 
Dr. Augusto de Siqueira : 1903 
Barão de Rezende PRE 1903 
Dr: Bento Buenv . . PN sda 1903 
Dr. Bernardino de Campos .. 1903 
Dezembargador Bernardo A. G. Peixoto 1903 
Dr. Bermurdo Morelli . ..... 1903 
Dr. Braulio Gomes . . e 1903 
Dr. Brazilio A Machado de Oliveira . 1903 
millo Passalnequa. . . 1903 

N. da Motta... 1992 

Dr. Carlos A. Pereira Guimarães. . . 1903 
Dr. Carlos de Campos. +... 1903 
Dr. Carlos Ekman 1903 
eis 1903 

$a 1903 

ouza é Castro. . 1903 

Dr Constante À. Coelho . E 1903 
Dionysio Caio da Fonseco. . 0. 1901 
E. Vanorden a Die LD 1903 
pinardo Caros Pereira 2 220. 1903 
- Eduardo Loschi . . 1408 


De Ernesto Goulart Penteado: . . |. 19008 1902 











eita dA. Pasto mido - 
de Campos Andindo 
o Ferreira Ramos . 





Are, Dr. Francisco de P. Padre . 
Dr, Francisco de P. Rodrigues Alves . 
Dr. Francisco de Toledo Malta, , « 
“Tenente Coronel Gubricl Prestes . 
sa Gabriel de T. Piza e Almeida 
Dr, Galeno Martius do Almeida 

Dr. Gustavo Koenigswald . 
Dr. H. von Thering . 

— Teca EsodEe À do A Macedo. 
red ias news 
Dr. Horace M. Lane . iva do 

de Carvalho 







- Cochrane . 
mior . 
João Alves de Lima . cs 
Joho B, de Meilo Peixoto . . . 
= Jono B. de Momes . . 
João B, de Oliveira Penteado, 
Domo Florindo . a RCA 
Lourenço Rodrigues - dE guris 
Dr. Jono M. Sampaio Vianna E 
Dr, Joho Nogueira Jaguaribe . 
Dr, João Pereira Monteiro . 
“Coronel Joaquim de 'T, Piza e Almeida 


1902 e 
1902 e 


FERPEEEESESEEEEEE é EEE 


248000 
218000 
us 








Dr. Jorge Krichbaum ..... 
Dr.Jorge Maia ....... 
Dr.Jorge Tibiriçá. . Ee 
Dr. José A. de Cerqueira Ceear . . 
Dr. José A. Guimarães Junior. . . 
Dr. José Cardoso de Almeida . . - 
José Conto de Magalhães ado 
Dr. José E. de Macedo Soares . - 
does Soares Romeo . . . . .. 
José Getulio Monteiro . . - 
E Gomes dos Santos Guimarães . 
José Hippolyto da Silva Dutra . 
Dr. José M. de Azevedo Marques. . 
Conego José Pedro de A. Marcondes 
Dr. José Pinto do Carmo Cintra . . 
Dr. José de Sá Rocha . . . . 
Conego Dr. José Valois de Castro . 
D. José ente de Azevedo 
Dr. José Vicente de Azevedo Sobrinho 
Dr. José V. Couto de Magalhões . . 
Dr. Julio C. F. de Mesquita . 
Leoncio do Amaral Gurgel . ... 
Dr. Luiz de Anhaia Mello, . . .. 
Dr. Luiz F. Rangel de Freitas . 
Dr. Luiz G. da Silva Leme . 5d 
Dr. Luiz de T. Pizac Almeida . . . 
Major Luiz de Vasconcellos... 
Dr. Manoel A. Duarte de Azevodo 














. Tapajós 
Manoel P. Guimarães . . 
. Manoel P de Siqueira Campos . 
Monsenhor Manoel Vicente da Silva 
Dra. Maria Rennotte. . . +... 
Dr. Mario Bulcão . . 
Dr. Martim F. R. de Andrada Sobrinho 
Dr. Martinho Prado Junior . . . 
Dr. Oscar Schwenk d'Horta . . : 
Coronel Paulo Orosimbo de Azevedo . 
Major Paulo Pinto Auto Rangel . 

. Pedro A. C. Lessa . . Aja sedã 
Dr. Pedro Vicente de Azevedo... 
Dr. Raymundo Furtado Filho . . . 





1902 e 


1902 e 


















pe 


E 








ACTAS DAS SESSÕES EM 1903 


Messão ordinaria em 25 de Jameiro 
PRESIDENCIA DO SR. DR. DUARTE DE AZEVEDO 


A's 7 e meia horas da noite, no predio onde funcciona o 
Instituto, á rua General Carneiro n. 1 À, presentes os sé srs. 
Duarte de Azevedo, Pereira Guimarães, Arthur Vantier, Eugenio 
Franco, Carlos Reis, Orvillo Derby, Eduardo Loschi, Dinamerico 
Rangel, Theodoro Sampaio, Domingos Jaguaribe, Miranda Azeve- 
do, Alfredo de Toledo, Paulo Rangel, Octaviano Esselin, Araujo 
Macedo, Joho Vieira, Ernesto Goulart e Dionysio Fonseca, foi 
aberta a sessão. 

O 1.º secretario dá conta do seguinte 


EXPEDIENTE 





Officios, cartas de congratulações e ofertas de livros, jornaes 
é revistas, as quaes são recebidas com especial agrado. 

Pelo socio Dr. Carlos Reis é offerecido um documento refe- 
rente á organização de um batalhão patriotico nesta capital, por 
occasião da revolta da armada. 


ORDEM DO DIA 


São approvados os pareceres relativos á acceitação dos srs. 
r. Olyntho de Magalhães, na qualidade de socio honorario é 
. José Boiteux, na de correspondente. 

São apresentadas, lidas, dispensadas de irem à commissão e 
approvadas, propostas para a transferencia dos socios Drs. Carlos 
Augusto de Freitas Villalva, Henrique Coelho, Victor da Silva 
Freire e Washington Luiz Pereira de Souza da classe de corres- 
pondentes para a de efectivos. 

São apresentadas e vão à respectiva commissão, propostas 
para admissão de socios. 

E” lido o relatorio da Directoria, assim como o balanço do 
sr. Thesoureiro, relativos no anno de 1902, com o parecer da 
Commissão de Contas oppinundo pela aprovação do referido 





— 585 — 








balanço. Em discussão e votação. são approvadas is contas 
prestadas pelo sr. thesoureiro Dr. Carlos Rei, 

Obteve a palavra o socio Dr. Pereira Guimarhes e, recor- 
dando o mento dos socios fundadores Antonio Carlos, Pru- 
dente de Moraes, Manoel de Morses Barros, Joaquim Floriano 
de Godoy e João Escobar, pede a consignação de um voto de 
pezar, nã acta de hoje, e propõe que seja suspensa a sessão em 
era de homenagem à memoria de tão ilustres companhoiros, 

nanimemente approvada a proposta, é suspensa a sessão, sendo 
convidados ox socios parn a de 5 de Fevereiro. 








sessão ordinaria em 5 de Fevereiro 
PRESIDENCIA DO SR. DR. DUARTE DE AZEVEDO 


A's 7%/s horas da noite, no salão do Instituto, presentes os 
socios srs. Duarte de Azevedo, Pereira Guimarhes, Carlos Reis, 
Theodoro Sampaio, Eugenio Franeo, Carlos Villalva, Joho Moraos, 
E. von Thering, Eduardo Loscbi, Dinunerico Rangel, Tullio de 
Campos, Hosnce Lane, Orvillo Derby, Antonio Piza, Domingos 
Jaguaribe, Miranda Azevedo, Ernesto Goulart, Amancio Ramos, 
Campos Andrade, Luiz Piza, Araujo Macedo, Araujo Marcondes, 
Auto Rangel, Octavinno Esselin, José Maria do Valle, Assis 
Moura e Dionysio Fonseca, foi aberta a sessão. 

Foi lida é approvada a neta da sessão antecedonte. 

O 1.º secretario dá conhecimento das offertas, que são roce- 
bidas com especial agrado, 


ORDEM DO DIA 








Usam da palavm os socios Araujo Macedo e Jono Moraes 
que tratam da persnalidado e dos feitos do marques de Bar- 


a. 
E lido um trabalho do socio von Thering sobre os diversos 
generos de abelh 
Levanta-se à sessão, 








Sessão ordinaria em 20 de Fevereiro 
PRESIDIENCIA DO SR. DR. MIRANDA AZEVEDO 


No logar é à hora do costume, prosentas 03 socios srs, Mi- 
randa Acovedo, desembargador Valle, João Moraes, Campos An- 


— 544 — 


drade, Carlos Reis, Eduardo Loschi, Dinamerico Rangel, Emes- 
to Goulart, Pereira Guimarães, Amancio Freire, Assis Moura, 
Araujo Marcondes, Octaviano Esselin e Araujo Macedo, foi aber- 
ta a sessão. 

O 1.º secretario dá conhecimento das offertas feitas, que são 
recebidas com especial agrado. 


ORDEM DO DIA 
1.º PARTE 


Foram lidos, postos em discussão e sem debate approvados, 
diversos pareceres da Commissão de Admissão, sendo aeceitos é 
proclamados socios do Instituto os srs. drs. Arnaldo Vieira de Car- 
valbo, Carlos Paes de Barros, João Coelho Gomes Ribeiro, na 
qustidade de efectivos, Antonio Cintra e Calixto de Panla 

uza, na de correspondentes. 

E” introduzido e recebido na sala das sessões e toma as- 
sento na assembléa o novo socio sr. dr. João Coelho Gomes 
Ribeiro. 

2.º PARTE 


O socio sr. Araujo Macedo faz a leitura de um seu traba- 
lho sobre a personalidade do marquez de Barbacena é seu pa- 
pel na batalha de Ituzaingo. 

Levanta-se u sessão. 


Sessão ordinaria em 5 de Março 
PRESIDENCIA DO SR. DR: DUARTE DE AZEVEDO 


No logar e ú hora do costume, presentes os socios srs. 
Duarte de Azevedo, Carlos Reis, Pereira Guimarães, Alfredo de 
Toledo, Dinamerico Rangel, Antonio Piza, Assis Moura, Miran- 
da Azevedo, Orvilo Derby, Theodoro Sampaio, João Moraes, 
Washington Luiz, Goulart Penteado, Eugenio Franco, Adolpho 
Pinto, desembargador Valle, Araujo Macedo, Octavinno Esselin 
Auto Rangel, João Vampré e Dionysio Fonseca, foi aberta a 
sessão. 

Foram lidas e aprovadas as actas das sessões de 5 e 20 do 
Fevereiro. 

EXPEDIENTE 


- Foram lidos diversos ofícios e apresentadas as offertas de 
livros, revistas, ete, que são recebidas com especial ngrado. 





-— 545 — 


O sr. Orville Derby, em nome do sr. José Feliciano de 
Oliveira, ofiereco um fragmento de pedra trusido de Nimes e 
uma photographia do local donde foi axtrabido esse frmgmento 
de pedra, no qual, segundo o cfiertante, J. J. da Maia e Jet 
forson meditaram sobre a independencia do Brazil, Esta offerta 
é recebida com satisfucção. 

O sr. Miranda do Azevedo propõe e é aprovado que se 
Tance na acta um voto de pesar pelo passamento do grande 
pintor brasileiro Victor Meirelles e que se enviem pezames à fa- 
milia do illusteo morto e à Academia de Bellas Artes, 


ORDEM DO DIA 
1.º varre 
Sao aprosentadas o enviadas á respectiva comissão propos- 


tas para admissão do socios, 
2º park 








Pelo socio sr. dr. Gomes Ribeiro é lido um interessant 
trabalho sobre a batalha do Itasuingo, assumpto que tem dos- 
pertado à attenção do Instituto. 

Levantase a sessão, 


Sessão ordinaria em 20 de Março 
PRESIDENCIA DO SR, DR. MIRANDA AZEVEDO 


No logar e à hom do costume, presentes os socios srs. 
Miranda Azevedo, Percira Guimarios, Assis Moura, Washington 
Luiz, Orville Derby, Domingos Jaguaribe, Jorge Krichbaum, 
Adolpho Pinto, Gomes Ribeiro, João Moraes e Dionysio Fonseca 
fol aberta a sessão, 

Foi lida e approvada a acta da sessão antecedente, 


EXPEDIENTE 





São presentes a communicação do não comparocimento do 
soeio sr, Dr. Carlos Reis a esta sessão e as offortas de livros, 
revistas e jornaes feitus no Instituto, as quacs são recebidas com 
especial agrado. 

O Sr. Dr. Miranda de Azevedo, lembrando o passamento do 
Dr. Rangel Pestana, indica que se lance na acta um voto de 
pesar e se dirija um oficio de pesames á fumlia daquele eme- 
rito cidadao, o que é approyado. 











= 46 — 
ORDEM DO DIA 
+ parte 


E' posto em disenesão e sem debate pd E) es, 
Comissão de Admissão, que ficára sobre a mesa, opinmais polpa 
aeceitação do sr. Dr. José Joaquim de Carenlho, na quali 
do socio correspondente. 

E" enviada respectiva commissão uma proposta para admis- 
são do socio, 

2º varre 


O socio sr. Dr. João Moraes 16 um seu trabalho relativo 
a fuctos historicos da úpoca da minoridade de D. Pedro II, sa- 
lientando o papel patriotico de José Bonifacio, o patriareha da 
independencia. 

O socio sr, Dr. Washington Luiz tambem Tó alguns trochos 
de um interessante manuseripto sobre a fuga de Pedro Ivo da 
fortaleza de Santa Cruz, manuscripto esse encontrado entre os 
papeis do Dr. Pedro Luiz. 

Levanta-se a sessão, 


Sessão ordinaria em 4 de Abril 
PRESIDENCIA DO Sl. DR. DUANTE DE AZEVEDO 


No logar e à hora do costume, presentes os socios sr, Da- 
arto de Azevedo, Pereira Guimardes, Fhcodoro Sampaio, Antonio 
Bisa, Adolpho Pinto, Carlos Reis, Desembargador Valle, João 
Moraes, Domingos Jaguaribe, Washington Luiz, Eduardo Loschi, 
Eugenio Franco, Orville Derby, Dinamerico Rangel, Amancio 
Freire, Araujo Mncedo, João Florindo, Auto Rangel, Jules Mar- 
tin, Couto de Magalhães e Dionysio Fonseca, foi aberta n sessão. 
Foi lida e approvada a acta da sessão antecedente, 


EXPEDIENTE 


O 1º secretario dá conhecimento dos officios e offertas feitas, 
que são recebidos com eupecial agrado. 

O socio sr. Jules Martin oferoce e a mesa agradeco um 
volume em que estão colleccionndos documentos, desenhos 6 Te 
tulhos de jornnes sobre o viaducto do Chá. 

O socio sr. Dr. Theodoro Sampuio, por parte do Padre Tas 
ehauer, offsrece o livro « Estudos históricos — Cuntribuis prosa 
« historia da civilização do Estado do Rio Grande ' 

















— 647 — 


e tambem, em nome do sr. Dr, Francisco Eugenio de To- 

ão, o trabalho sobre logia de famílias ilustres, em grande 
referente a fuctos o documentos de S. Paulo, 

São todas as olfrtas recebidas com prazer e agradecidas. 

O socio sr. Dr. Adolpho Pinto propõe que se lanze na acta 

voto de pesar o cimento do virtuoso bispo desta dio- 

ecse, D. Antonio Candido de Alvarenga. Egual proposta faz o 

socio sr. Dr. Miranda de Azevedo, em relação ao Dr. Augusto 

Victorino Blake, auctor do Diccionario Bibliographico i 

Jeíro. Ambas ns propostas são approvadas. 


ORDEM DO DIA 


, 1º parvo 


E! lido e tica sobre a mesa, para exumo dos srs. socios, 0 
balonceto da receita e despesa do 1. trimestre do corrente anno, 
Er lido e fica sobro a mesa, para ser votado na proxima 
1 6 parecer sobre a admissão do sr, Dr, Frederico de Barros 
= Re Praias 4 respectiva commissão propostas para adm 
lo socios. 





2º panTE 


O socio sr. Dr. Adolpho Pinto faz a leitura do prologo e de 
um dos capitulos da sua importante obra «Historia da Viação 
Publica de S. Paulo ». 

Levantass a sessão. 


Sessão ordinaria em 20 de Abril 
PRESIDENCIA DO BR, DR. MIRANDA AZEVEDO 


No logar e à hora do costume, presentes os socios srs, Mi- 

| anda Azovedo, Pereira Guimurães, Eugenio Franco, Theodoro 
Sampaio, Carlos Reis, Amancio Freira, Orvillo Derby, Ernesto 

| Goulart, Raymundo Blake, Assis Moura, Desembargador Valle, 

| Araujo Macodo, Octaviano Esselin, Auto Rangel, Lhering e Edu- 

|] ardo Loschi, foi aberta a sessão. 

Foi lida e approvada n acta da sessão anterior. 


EXPEDIENTE 





Bão recebidas, com especial agrado, as ofertas feitas no In- 
etituto, entre os quaes salicotam-se as seguintes ; 













Apis 


Do socio se, Athayde Marcondes—Um y e 
Primata no IB, ea Constituição do Brasi, 


Do sr, Hermelino Martins--Uma colecção de moedas. 
alhos antigas: E 

Do socio sr. dr. [hering--Um folhoto contando o se 
go «Bl hombre prehistorico del Brazil» publicado na R 


nau 
Obtem a palavra o sr. dr. Gomes Ribeiro e, 
teve noticia de estar o sr. R. Krone incumbido pelo E 
austriaco de explorar as cavernas de Yporanga, propõe 
Instituto, por meio de alguns socios, acompanhe taes e 
ções, obtendo as informações scientificas nacessarias no 
cimento dos nossos annaes. O sr. Presidente declara 
Mesa procurará entonder-se com o Governo, no sentido de e 
tarse que sejum retirados para fóra do paiz os fosseis e crane 
que porventara se encontrem nas cavernas a ex| > dem 
y socio sr. dr. Ihering, à proposito deste assumpto, dá 
nhecimonto de um officio que ir ao Governo do Estad 
23 de Junho do 1898, em que podia providencias para gars 
aa Estado do direito de propriadado e de disposição 
grutas calearens do valle do Ribeira, perto de Yporanga. 
O sr. Presidente apresenta uma indicação, que 6 
da, no sentido de serem lançados na neta votos de 
ento do digno socio dr. Manosl Duarte Moreira de 
vedo e do ilustre cidadão dr, Elias Chnves co de se envii 
pesamos ás suas familias. 


ORDEM DO DIA 
1º parte 
pr Pote em discussão e approvado o parecer da Con 
sto de Admissho que conelie pela neceitação do sr de F) 
rico de Barros Brotero, na qualidade de socio tivo, o q! 
& como tal proclamado, e ficam sobre a mesa 03 pareceres 
tivos às propostas apresentadas na sessão ani 
























um interessante trabalho so 

batalha de Ituzaingo, o socio sr. Coronel Araujo M 

| O socio sr. dr. [hering faz algumas considerações de 
seientifico sobre o estudo dos eransos dos indios corondos 

I gangs o conclúo opinando que taes tribus não pertencem & | 
tupis. 

|  Lardnta-o6 sorgo, 










VBR 


Sessão ordinaria em 5 de Maio 
PRESIDENCIA DO SR. DR. DUARTE DE AZEVEDO 
“No logar e à hora do costume, prosontos os socios srs. 
rto do Atevndo, Miranda Azores vrlos Reis, dilreiid qe 
Clementino Castro, Antonio Piza, Orville Derby, i 
Auto Rangel, Otaviano Esselin e Araujo Macedo, 
à” lida e approvada a acta da sessão antocedonte, 


EXPEDIENTE 





















pelo Pará, 
e vepublicas da Bolivia e Argentina, julga o assampto de 
importaneia e requor que se) plo Ceila 

p que se manifeste a respeito, 
O sr. Presidente nomêa para essa commissho os socios sra. 















ORDEM DO DIA 
São approvados os respectivos pareceres em que a Commis- 
de Admissão conclue pela neceitação do sr. Dr. Affonso de 
ivedo, na qualidade de socio effectvo, e dos srs. Ernesto Sen- 
e Dr. João Marcondes de Moura Romeiro, na de correspon- 
Levantuse a sessão. 
Sessão ordinaria em 20 de Maio 
PRESIDENCIA DO SR. DR, MIRANDA DE AZEVEDO 


“No logar e à born do costune, presentes os socios srs. Mi- 
Azevedo, Aranjo Macedo, Dinamerico Rangel, Ezechias | 





— 550 — 


Galvão, Pereira Guimarães. José Vicente Sobrinho, Theodoro 
Sampaio, Leoncio Gurgel, Orville Derby, Antonio Piza, Jules 
Martin, Carlos Reis e Dionysio Fonseca, foi aberta a sessão. 
Foi lida e approvada a seta da sessão antecedente. 
EXPEDIENTE 
São lidos os ofícios e communicadas as ofertas feitas, io- 
elusive a de um retrato do finado socio Dr. Georges Ritt, ofe- 
recido pelo sr. Jules Martin, as quaes são recebidas com especial 
o. 








O sr. José Vicente Sobrinho propõe que se lance na acta 
um voto de pesar pelo fullecimento do eminente litterato Valen- 
tim Magalhães, o que é aprovado. 

Egual proposta fuz o sr. Presidente, que é tambem approvada, 
em relação un socio Dr. Joaquim Mariano de Almeida Mormes € 
aos ars. General Innocencio de Queiroz e Dr. Antonio Carlos de 


Moraes Salles. 
ORDEM DO DIA 


O socio sr. Araujo Macedo faz a leitura de um seu trabalho 
em que tracta anida dos actos do Marquez de Barbacena, na 
batalha de Passo do Rosario, elucidando os factos da passagem 
bistoriea com um mappa e demoustrando a impossibilidade de ser 

Barbacena soccorrido pelo General Bento Manoel. 
+ O socio sr. Washington lê umas cartas autographas de Mar- 
tim Francisco e de Tito de Mattos. 

Levanta-se a sessão. 


se ordinaria em 5 de Junho 





PRESIDENCIA DO SR. DR. DUARTE DE AZEVEDO 


No logar é á hora do costume, presentes os socios srs. Du- 
arte de Azevedo, Pereira Guimarães, Carlos Reis, Miranda Aze- 
vedo, Theodoro Sampaio, Orville Derby. João Morues, Eugenio 
Franco, Washington Luiz, Euclydes da Cunha, Araujo Macedo, 
Ezechias Galvão e Gonzaga de Campos, foi aberta a sessão. 

E' lida e approvada a acta da sessão antecedente. 

EXPEDIENTE 


São lidos os officios recebidos e communicadas as ofertas 
feitas, que são acevitus com especial agrado. 

E” proposto e approvado um voto de pesar pelo fallecimento 
do Conselheiro Joaquim Delphino Ribeiro da Luz e transmissão 
de pesumes á familia do finado. 

Levantu-se a sessão. 


— 55L — 
Sessão ordinaria em 20 de Junho 


PRESIDENCIA DO SR, DR DUARTE DE AZEVEDO 















No logar e á hora do costume, presentes os socios srs, Du- 
arte de Azevedo, Miranda Azevedo, Pereira Guimurnes, Domingos 
Jaguaribe, “Onrlos Campos Andrade, Antonio Piza, Theodoro 
Sampaio, Dinamerico Rangel, Amancio Freire, Jorge Krichhaum, 
Octaviano Esselin e Dionysio Fonseca, foi aberta a sessão. 

Foi lida e npprovada a neta da sesssão antecedente. 






EXPEDIENTE 


São recebidas com especial agrado ns offortas feitas ao Ins- 
tituto. 

O socio sr. Dr. Carlos Reis, obtendo a palavra, diz constar- 
lhe a existencia na municipalidade de Ubatuba de livros e do- 
«umentos de importancia historica é lembra a conveniencia do 
Instituto solicitar daquella municipalidade a remessa de taes livros 
e documentos, com a obrigação de restituil-os, mma vez feitos os 
estudos necesgarios, O encia sr. Dr. Domingos Jaguaribe, applnn- 
dindo esta indicação, propõe que egual pedido seja feito E mu- 
nicipalidade de Itanhacn, ondo sabe existirem documentos e tra- 
bulhos de Domingos Garcia. São ambas as propostas approvadas 
e fiea a mesa encarregada do providenciar nesta contidos 


ORDEM DO DIA 


Sho apresentadas e vão á respectiva comissão propostas 
para admissão de socios, 
Levanta-se à sessão. 


Sessão ordinaria em 4 de Julho 
PRESIDENCIA DO Sl DR. MIKANDA AZEVEDO 


No logar e à hora do costume, presentes og socios srs. Mi- 
anda Azevedo, Carlos Reis, Pereira Guimarães, Orvilla Derby, 
Theodoro Sampaio, Dinameric» Rangel, Washington Luiz, Anto- 
nio Piza, Alfredo de Toledo, Amancio Ramos, desembargador 
Valle « Engenio Franco, foi aberta a sossão. 

Foi lida e approvada a acta da sessão antecedente, 

No expedionte são aprosentadas as ofertas feitas, que são 
recebidas com especial ngrado. 










2º paRTE 
ppa Jo um seu trabalho inti 
iriçá era guayaná !-— dominavam us q 
pri pr À 
Levantase 4 sessão. - 
Sessão ordinaria em 20 de Julho 


PRESIDENCIA DO GR. DR, DUAITE DE AZEVEDO 





No logar e À hora do zostume, ntes os socios | 
Duarte de Azevedo, Miranda Azevedo, Pereira Guimardes, 
doro Sampaio, Carlos Reis, Antonio Piza, Eugenio neo 
ville Derby, Exechins Galvão, João Moraes, Amancio 
Alexandre Riedel, Dinamerico Rangel, Carlos Villalva, C 
drade, Ernesto Goulart, Alfredo de Toledo e Dionysio 
aberta n sessão. 
Lida, é approvada n acta da sessão antecedente. 


EXPEDIENTE 


Sho apresentadas é recebidas com especial mgrado ns 0 
tus feitas. 






O socio sr. Conego Ezechias, com uia repassad do 

profundo sentimento, dá conhecimento infausta noticia bg 
poucas horas recebidas nesta capital, qual a do passamento 
papa Leão XITI, e propõe sejn consignado na seta um voto 
posar. Igual proposta faz o socio sr. dr. Miranda Azevodo 

À relação no ex senador do imperio Castro Carreira. São 
as propostas approvadas, 


ORDEM DO DIA 


Posto em discussão o parecer que ficara sobra a mes 
mesmo approvado e proclamados socios 
José Torres de Oliveira e Manoel 





Í b 





— 888 — 
E' lido, dispensado, do intro, 
FORA E Antonio o Sou à de “Macedo Rus, na 


cor 







Ee como tnes são proclamados, 
uma proposta para admissão do sr, Susviela 
“como socio honorário; fe: reqaneito e concedida urgencia, 


“mesma votada « area: 
a transferencia do socio efectivo An- 
orges dos Reis para a classe dos conespon: 
» conforme “do mesmo, por ter a sua residencia na 








Levantase a sessão, 


Sessão ordinaria em 5 de Agosto 


PRESIDENCIA DO Sit DR. DUARTE DE AZEVEDO 








No logar e à hora do costume, presentes os socios srs. 
de Azevedo, Miranda Azevedo, Carlos Reis, Pereira Gui. 
João Mornos, A Franco, Carlos Villalva, Eduardo 

e quê Bangel, Jos do Valle, Ezeehias Galvão, 

onio Piza, Domingos Jaguaribe, Amaneio Freire, Orvilo 

by, Theodoro Sampaio, “Alterto Lofgren, Leoncio Gurgel e 

nysio Fonsoca, foi aberta n sessão. 

oi lida e approvada a neta da sessão antecedente. 


EXPEDIENTE 


Corta de D. Julio Era pin apostolico, agradecendo as 
lencias pela morte do 

Dita do fa Susvicla Fis agradecendo a sua admissão 
o socio houorario. 

Offartas de livros, revistas e jornaes que sho recebidas com 
al e 










ORDEM DO DIA 


O sr. Joho Mormes lé um substancioso trabalho sobre a pro- 
ação da republica e factos que se dersm em 8. Paulo de 
18 de Novembro 1859. 





— 554 — 
Sessão ordinaria em 20 de Agosto 
PRESIDENCIA DO SR. DR DUARTE DE AZEVEDO 


No logar e á hora do costame, presentes os socios sra. Duarte 
de Azevedo, Miranda Azevedo, Pereira Guimarães, Amancio 
Freire, Antonio Piza, Eduardo Loschi, Carlos Reis, Domingos 
Jaguaribe, Ernesto Goulart, Orville Derby, Ibering, Ezechias 
Galvão, Octaviano Esselin e Dionysio Fonseca, rta a sessão. 

Toma assento na assembléa o novo socio gr. dr. José Torres 
de Oliveira 

Lida, é approvada a acta da sessão antecedente. 

EXPEDIENTE 


São apresentadas, é recebidas com especial agrado, ofertas 
de livros, revistas e jornaes, como um manuscripto, offe- 
recido pelo socio sr. José Couto de Magalhães, contendo muitos 
vocabulos da lingua brazilica, encontrado fo archivo do general 
Couto de Magalhães. 

O sr. Miranda Azevedo propõe é é aprovado que se con- 
signe na acta um voto de pesar pelo falecimento dos drs. Jorge 
ce Miranda c Moreira de Godoy, e que se offície ás familias 
dos finados dando pesames. 

ORDEM DO DIA 
1.º ARTE 


São apresentadas propostas para admissão de socios, quo 
vão á respectiva commissho. 









B 








PARTE 





O sr. Ihering disserta sobre os nossos aborigenes, fazendo 
interessantes considerações a respeito de alguns objectos usuaes 
dos mesmos, que apresenta, como machados, espheras, almofariz, 
ornatos, ete. 

Levanta-se a sessão. 





Sessão ordinaria em 5 de Setembro 
PRESIDENCIA DO SR, DUARTE DE AZEVEDO 


No logar e ú hora do costume, presentes os socios srs, Duarte 
de Azevedo, Miranda Azevedo, Pereira Guiinardes, Theodoro 
Sampaio, Octaviano Esselin, Auto Rangel, Orville Derby, Eze- 
chias Galvão, Ihering, Antonio Piza, Alfredo de Toledo, Joto 
Vieira, Amancio Freire e Diouysio Fonseca, foi aberta A sessho. 

Lida, é approvada a acta da sessão antecedente. 











' Ficam sobre a mesa 08 pareceres sobra a admissão de socios 
nt mente propostos « vai á respectiva commissão uma pro- 
E apresentada, 

2º parte 


O ar. Theodoro Sampuio lê umas notas explicativas sobre 
da Capitania de São Vicente, elucidando alguns 
jo trabalho do digno consocio dr. Washington Luiz. 
O sr. Ihering, adduzindo considerações a respeito do traba- 
om lido pelo sr. Theodoro Sampaio, trata ainda do assumpto 
o se oceupou na sessão passada, apresentando objectos in- 
novamente adquiriãos, 
— Levantase a sessão. 


Sessão ordinaria em 19 de Setembro 


PRESIDESCIA DO BH. DI, NINANDA AZEVEDO 


No logar e à hora do costume, Ds pa os socios srs, Mi- 
Azevedo, Washington Luiz, Theodoro Sampaio, Pereira 
marães, Ibering, José Maria do Valle, Domingos Jaguaribe, 
Moura, Cumpos Andrade e Orville Derby, foi aberta a sessão. 
— Voi lida e approvada a acta da sessão antecedente. 





















i que 
Co “de Maria, missionaris a Est 
mação do ria, minsonica gm dação no t 


usmão. 
indicação do sr. presidente, é deliberado i 
veta de posar lo passamento do dr, Frederico 
im como pelo do dr. Drsenert, 


ORDEM DO DIA 


São vados Os respectivos pareceres € 
éios ufbetivõs ou ars. Conde do Prátes e dez. 
Paes de Barros e Plimo de Mendonça Uchôa. 

E” lido o fica sobre a mesa o purecer relativo à . 
do sr, Tenente Henrique Silva, 

São enviadas d commissão quatro propostas para ad; 
de socios. 

Levanta-so n sessão, 





















Sessio ordinaria em 5 de Outubro 


FPRESIDENCIA DO Sit DI, DUARIE DE AZEVEDO A 
No logar « á hora do costume, presentes 05 socios ars. Du: 
arto de Azovodo, Exechins Galvão, Hrissodoro Sampaio, Ca 
Rois, Orville Derby, Pereira Guimardes, Eugenio Franco, 
randa Azevedo, Silvio de Alueida, Assis Moura, Eduardo Loschi, 
Dinamerico Rangel, Amancio Freire e Dionysio Fonseca, foi 
aberta a sessão. 4 
Foi lida e approvada a acta da sesssão antecedente. 


EXPEDIEMTE 


e apresentadas ns ofertas feitas « recebidas com espe 
AD! er pá aaa iende diversos 

to sobre poste e ões a h 
nesim como autos de de demanda auira (Brno Saba ode 
Alvares, dos quass se verifica que Rodrigo Alvares era um | 


b 


Paulo, casado com Catharina Ramalho, o pai de Luiz 
o 


marido de Antonia ni diz o offertan- 
o arehivo do convento do rd ea de alto 


Mirands Azevedo lembra a conveniencia do ser no- 
uma commissão que se incumba de obter do Convento 
mo os referidos documentos para o Instituto ou delles 

são nomeados esse fim os srs. Miranda Aze- 
Guimarãos e as Galvão, 














ORDEM DO DIA 
1.º parTE 


E' lido e fes sobre a mesa exame dos ars, socios O 
mceote da receita o despesa do 3," trimestro do corrento 






lido e vai à Commissão de contis o projecto de or- 
da receita e despesa para 1904 apresentado pelo sr. 


aprovado o parecer da Comissão de Admissão em 
opina pela aceitação do ar. Tenente Henrique Bilva como 
o correpondente, que como tal é proclamado. 


dentes, por 
Da Err 


2º parto 
O socio sr. Theodoro Sumpio lê um interessantissimo tra- 


talho sobre a restauração historlca da Villa de Santo André da 
Borda do Campos. 


pos. 
Levanta-se n sessho, 

























— 558 — 
Sessão ordinaria em 20 de Outubro 
PRESIDENCIA DO SR, Dk DUARTE DE AZEVEDO 


No logar e à hora do costume, 
Duarte de Azevedo, Theodoro Sampaio, Emesto G 
ra Guimarhes, Miranda Azevedo, Ti 
Reis, Antonio Piza, Domingos 

juerque, Amancio Freire, Orville 
'aixoto Gomide, Candido Motta, Haracio 

Andrade, Gomes Ribeiro, Eugenio Franco, Thering, João Flo: 

de, Leoneio Gurgel e Dionysio Fonseca, foi aberta a sessão, 

Foi lida e approvada n acta da sessão antecedente. 


EXPEDIENTE 


Bão recebidas com especial agrado as ofertas feitas, 

O sr. Ihering apresenta um orçamento para explorações nas 
grutas calenreas do pompa 6 nomeada uma comissão para, 
estudar o aseumpto. 

O sr. Pereira Guimardes lombra a conveniencia de ser no- 
meada uma commissão para inventariar documentos existentes 
no arehivo da Ordem Carmelitana. Por proposta do sr. Miran- 
da Azevedo fica n mesa nuctorizada a nomenr n comissão. 

O sr. Carlos Reis propõe o é approvado que se consigno 
um acta um voto de profundo pezar pelo falecimento do socio 
fundador dr. Luiz de Anbnia Mello. 


ORDEM DO DIA 





1.º ranre 


Com dispensa do instersticio, são approvados os 
fuvoraveis ú admissão dos Snrs. Frei Bernardino de Lavalle, na 
qualidade de socio efectivo, o dr. Rodrigo Octavio Langtard 

le Menezes, na de correspondente, os quics sho como tacs 


proclamados. 

E" apresentada uma nroposta para admissão do er. dr. Nina 
Rodrigues, na qualidade da socio correspondente; requerida 
cóndodida urgencia é 4 proposta aprovada e o sr, dr, Nina 


Rr socio, Achando-se este na sala immediata, é convida- 
o a tomar nesento na assembléia, sendo saudado pelo gr, Presi- 
dente. O sr. dr. Nina agradece a honra com que foi acolhido. 
e prometto empregar esforços afim de corresponder à alta prova 
de apreço que acaba de receber. 


L | 


— 559 — 






Vai à mesa uma proposta assignada por quasi todos 05 
“socios presentes no sentido do ser o socio sr. dr, Carlos Rei 
transferido para n categoria de socio fundador benemerito ; es! 
E pd fundamentada pelo sr. dr. Pereira Guimarhes, com 
mpplausos da casa, é approvada unanimemente. 

E! lido, posto em discussão « approvado o parecer da Com- 
missão de Contas opinando pela adopção do projecto de orça- 
mento para 1904 apresentado pelo sr, Thesoureiro, 








D* paRTR 


O se. Theodoro Sampaio lê n ultima parte do seu trabalho 
sobro a antiga Villa do Santo Andre da Borba do Campo. 

O sr. Ihering fuz considerações n respeito de mumias da 
tribu dos Mnnduruciis. 

Levanta-se à sessão, 








Sessão extraordinaria em 2% de Outubro 
PRESIDENCIA DO SH. DIONYSIO FONSECA 


No logar e ú hora do costume, presentes os socios srs. 
Dionysio Fonseca, Carlos Reis, Antonio Pira, Josê Maria do 

; Valle, Ezechias Galvão, Torres de Oliveira, Ernesto Goulart, 
Liberalino de Albuquerque, Alfredo de Toledo, Bonilha Junior, 
Eduardo Loschi, Leoncio Gurgel, Theodoro Sampaio, Domi 

! gos Jaguaribe, Orvillo Derby, Eugenio Franco, Arthur Vautior, 
Amancio Preire e Artur Goulart, foi aberta a sessão, 

O sr. Presidente declara que a presente assemblén tem, na 
fórma dos estatutos, de eleger a directoria para o trionnio de 
1904 n 1907, n cujo neto vai so passar. 

Pede à palayra o sr. Antonio Piza e propõe que a assem- 
bléa por acelamução, reelegesse a actual diretoria; posta em dis- 
cussho, é sem debate n proposta approvada, e o sr. Presidente 
declara reeleitos para os respectivos cargos que actuslmente ve- 
eupam os srs; 

Dr. Manoel A. Duarte de Azevedo — Presidente, 

Dr. Augusto C. de Miranda Azevedo--Vice-Presidento. 

|] Dr. Munoel Pereira Guimardes--1.* Soeretario. 

Dionysio Cnio da Fonseca 2.º Secretario, 

Dr. Carlos Reis — Thesoureiro 

Dr. Thendoro Sumpuio — Orador. 

Arthur Goulart a Dr. Dinuncrico A. do Rego Rangel — Sup- 
plentes do 2.º Secretario, 














— 560 — 
Os srs. Theodoro Sampaio e Dionysio Fonseca, 

a sua reeleição, pedem ser dispensados de continuarem nos 

A assembléa, 








lo, não necoita ns excusas apresentadas. e 
O sr. Domingos Jaguaribe, salientando os actos iria 

propõe e a assembléa approva um voto de louvor á mesma dir 

etoria bon ndministração dos negocios do Instituto. 
Levanta-se a sessão, 


Sessão magna deanniversario da fundação do Instituto 


No logar e ú hora do costume, presente grande numero de. 
socios, convidados, senhoras e representantes an sob a 
presidoncia do sr. Dr. Duarto de Azevedo, foi aberta a sossão, 
proferindo o sr, Presidente uma allocução e dando a palavra ao. 
orador official sr. Theodoro Sampaio. 

istral trabalho em que é 





Sóbe este ú tribuna e lê um nem 
rendido preito memoria dos socios fullecidos no correr do 
sr. Presidente agradeceu a presonça das senhoras e cava- 
lheiros que vieram abrilhantar osta reunião e leyanta a sessão. 






Ha 


Relação das offertas recebidas 


Cartas da Europa; Discursos—na propaganda—Na Repu- 
blica A eta e Mensagens; pelo auctor, 0 socio sr. dr, Cam 

os. 

Compendio de historia do Brazil, 2º volume e 3,º:; pelo 
auctor o socio sr. Padro Raphncl Galanti. 

Parnaso brazileiro, do dr. Mello Moraes Filho; Documentos 
interessantes, vol. XIl; Processo da monarchia brazileira, por 
Anfrisio Fialho; Historia da fundação da Republica no Brazil, 
do mesmo: O Brasil em 1570, de A, do Souza Carvalho: 
Esphinges, versos, de Francisca Julia da Silva; Pelatorio da 

partição de Estutistica e Archivo do Estado de S. Paulo: 
socio o sr. dr. Antonio Piza. 

Confronto da republica o da monarchia, pelo socio sr. dr, 
Miranda Azevedo. 

Rapport sur la premitre exposition réalisde à Ribeirão Pre 
to, pelo sr, Julio Brandão Sobrinho, 

O codigo penal na Camara dos Deputados, pelo sr. Juvenal 
Pacheco. 
O edificio da Camara Municipal de S. Pando, pelo sr. Pau. 
lino Guimarães, 

Historia Universal da Companhia de Josus—Tomo 1.º, pelo 
socio er. dr. Angusto Cardoso. 

Vida infantil, pelo socio sr. dr, Mario Bulci 

Questão do acre, pelo socio sr. dr. Gomes Ribeiro. 

Uma collseção de obras, em allemão, pelo socio sr. dr, Ar- 
thur Vantier, 

Relatorios da Secretaria de Finanças do Estado do Rio de 
Janeiro--1897 a 1909; Leis e Decretos do Estado do Rio de 
Janeiro--1889 a 1894; correio da exposição agricola de S. Pau- 
lo-=1902; pelo sr, Fernando Werneek Junior. 

Pequenas telas, pelo auctor o socio sr. Arthur Goulart. 

Sinhá, por Antonio de Oliveira; O n lo mesmo; AL 
manack popular brazileiro--1903 ; pelo socio se, dr, Alfredo de 
Toledo. 

A febre amarelta, polo sr. dr, Arthur de Mendonça. 

Quadros do sertão Sul Americano, por Gustavo Edoval. 

Egreja Matriz de Uberaba; Relatorio da Casa de Misericor- 
dia de Uberaba--1899, 1901 o 1902; Juizo da imprensa de 
























— 562 — 


Uberaba sobre as culturas da Quinta da Boa Esperança; pelo 
socio sr. Coronel Antonio Borges Sampaio. 

O Sertão, pelo auctor o socio sr. dr. Euclydes da Cunha. 

O Kaf de João Ramalho, pelo auctor o socio sr. Horacio 
de Carvalho. 

Questões sociaes, pelo sr. dr. Manoel Rodrigues Peixoto. 

Rhipsalis Pilorarpa; Serviço florestal ; pelo auctor o socio 
sr. Alberto Lófgren. 

Poesias do Gonçalves Dias, vertidas para o bespanhol; pelo 
traductor o socio sr. Julio Vicuiia Cifuentes: 

Indicador geral do Estado de Alagoas, pelo socio sr. dr. Car- 
los Reis. 

Paginas contemporaneas; Almanach historico-litterario de 8. 
Paulo; pelo socio sr. dr. Alvaro de Toledo. 

Tricentenario do Ceará; Medalha commemorativa; pelo so- 
cio sr. Barão de Studart. 

Fastos da dictadura militar no Brazil, pelo dr. Eduardo Pra- 
do; Viagens, pelo mesmo; Ilusão americana, pelo mesmo; pela 
soeia exma, sra. d. Veridiana Prado. 

Leão XIFI— Oração funebre, pelo auctor o socio sr. Conego 
Ezechias Galvão da Fontoura. 

Os indigenas na Bahia, pelo socio sr. A. A. Borges dos Reis. 

Monographia de Campinas, pelo auctor o socio sr. Chris- 
tiano Volkart. 

Líbello pamphletario, em homenagem á memoria de Raul 
Pompéia. 

Fidus.-- A' memoria do Conego Bento Antonio de Souza e 
Almeida. 

Cullecção de sermões escolhidos (manuscripto), por Antonio 
Joaquim de Mello, alferes das Ordenanças da villa de Goyaz. 

Moda portugueza, pelo dr. Dunrte do Azevedo. 

Mota francezu, pelo menino Arthur, filho do dr. Carlos Reis. 

Medalha commemorativa da instalação dos poderes publicos 
na cidade de La Plata, pelo capitão Pedro Arbues R. Xavier 

Annuario da Escola Polytechnica, pelo director da Escola 

Rerista da Faculdade de Direito de São Paulo, pelo secre 
tario da Faculdade. 

Revista do Museu Paulista, pelo director do Museu. 

Pelas respectivas redacções : 

Revista Agricula -- São Paulo. 

Revista Militar — Rio de Janeiro. 

o Paulo Judiciario — 
Educação -- São Paulo. 
Revista de Ensino — São Paulo. 




















«Tournal Français — Sho 
Le Messager de Saint Paul — Sao Paulo. 
Verdade e Luz —- Sho Paulo. 


Cidade de Campinas — Campinas, 


Jornal de Taubaté = Taubate. 
Santuario do Tremembé -— Tremembé, 


A Estrella — Corityba, 
A Petria— Sho Páulo. 





Nota relativa à escriptura de d 
capella da Graça 


Carmo, pediu ao tabelião segundo traslado da eseripturi 
doação da hormida, alegando que - «a primeiro foi levado p 
inglezes quando nuns dias atraz, saquearam e roubaram a ter 
Frei Valentim allude aqui no saque de Santos por 
Conendish, 
Não nos consta que exista outra parte diplomatica 


importante facto historico. 
Dr. Maxon, Gurvanhes. 


—epoçoe— 


A origem dos Sambaquis 
Por 
H. VON IHERING 


ERRATA 


Pag, 452, linha 36, em ve de decoluta, diguse : de Poluta 
» 45» To >» > pleitoema, » 
a AT, o 15» > sumbaguis, »