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Hispanic Society of America
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T fco. u.
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REVUE HISPANIQUE
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MACOK, PROTAT FRERES, IMPRIMEURS.
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REVUE
HISPANIQUE
Recueil consacré à Vétiide des langtieSy des littéraiiires et de l'histoire
des pays castillansy catalans et portugais
DIRIGÉ PAR
R. Foulché-Delbosc
TOME XIV
NEW YORK
THE HISPANIC SOCIETY OF AMERICA
AuDUBON Park, West 156 th Street
PARIS
LIBRAIRIE C. KLINCKSIECK, 11, Rue de Lille
1906
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FACTOS DE SYNTAXE
DO PORTUGUÊS POPULAR
IV
A lînguagem do povo português construe as oraçôes relativas
de um modo muito différente da lingua litteraria. Esta, como é
sabido, possue os pronomes relativos ^m^, quem^ invariaveis, o(ji)
quai e o plural os (as) quaes e cujo e quanto com flexôes para o
genero e para o numéro. De todas essas formas o português
popular, em rigor, s6 conheceyw^, empregando tambem algumas
vezes queniy mas quasi sô quando quem esta com o valor de
aquelky que, como nos seguîntes exemplos : « quem fizer isso serd
castigado » ; — « dâ-se um premioa quem fizer isso ».
Serd raro encontrar no fallar do povo esta forma referida a um
antécédente, como : « o homem a quem eu entreguei o livro ».
A forma cujo apparece uma ou outra vêz, todavia usada apenas
por pessoasde limitada leitura e pretensiosas. A sua construcçào,
porém, afasta-se da que é ensinada pelos grammaticos. Perdeu
completamente o valor possessivo, passando sempre de adjectivoa
substantivo, e ficando a equivaler ao pronome que, como na
phrase os homens cujos eu vi, em vez de os homens que eu vi. Quasi
sempre aquella forma se reforça juntando-se-lhe o antécédente ou
o demonstrativo este^ ou ainda outras palavras, por exemplo : os
homens cujos homens eu viow cujos estes eu vi.
O romancista Camillo Castello Branco attribue a um préten-
dante ao cargo de vereador do municipio portuense trechos como
Rgvu» hispmtifiu, xiv. x
1 74^82 omzeô by Google
JULIO MOREIRA
OS seguintes, em que frisa este vicio de constmcçao : « Trabalhe
V. S* com os cartistas, que Barâo eu o farei logo que estejam em
cima o meu particular amigo José Bernardo e o mano Conde,
cujos sâo meus intimos, e a mînha filha Baroneza vae tomar chd
com a condessa de Thomar ' » ; « Tens razào, mas lembra-te que
uma familia respeitavel como nos estamos sendo nesta cidade do
Porto, devemos evitar escandalos cujos possam affectar a nossa
seriedade* » ; « Minha filha, se nâo quer contratos com a Felicia,
é porque é honrada de cujo eu muito a louvo ^ ».
Tal constmcçao occorre até, de certo pordescuido, emescritos
de pessoas que devem suppor-se illustradas . Assim no Portugal
Antigo e Moderno, de Pinho Leal, vol. V, pag. 40, o autor
escreveu : « O seu officio {dos meiorinos) se exprimia pela palavra
tenenSy que vem de tenementum, cuja palavra, na infima latini-
dade, significava territorium seu destrictus alicujus loci ».
Como acima dissemos, cujoàtsxgnz. posse, equivalendo portanto a
do qualy dos quaes^ de queniy mas em um trecho da linguagem
popular îmitada por Gil Vicente, vol. II, pag. 506, apparece com
uma relaçào différente da possessiva, a de origem ou provenien-
cia, que tambem costuma exprimir-se pela preposiçao de :
Eu sou o mor namorado
Homem, que nunca se achou;
Porem um excommungado
due o diabo excomtnungou,
Nunca foi tao desamado,
A dama cujo nasci,
O maior prazer que sente,
É dizer-me mal de mi :
Se venho, foged'alli,
Se me vou, fica contente.
1. A. CoRjA, pag. 13.
2. Ibid., pag. 62.
3. Ibid., pag. 114.
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FACTOS DE SYNTAXE DO PORTUGUÊS POPULAR 3
CujOy aqui, significa do quai y de querriy e a sua syntaxe neste lugar
résulta da analogiacom outra construcçao, hoje cahidaem desuso,
como séria por exemplo a dama cujo souy como no exemplo
seguinte, do mesmo escritor, volume citado, pag. 493 :
E com esta concrusâo
Vamo-lo empresentar
Porque se devem dar
As cousas a cujas sào.
Isto é : Devem-se dsLTâquelle cujas sào, ou àquellede quemsàOy a
quem pertencem.
»
Nas oraçôes relativas em que o relativo deveria ser precedido
de uma preposiçào, omitte-se frequentemente essa preposiçao,
que é depois empregada com um pronome pessoal, para exprimir
a mesma relaçao, no meio ou no fim da phrase. Ouvem-se a cada
passo construcçôes como as seguintes : « O homem que eu fui com
elle y em lugar de « o homem com quem eu fui » ; — « este é o ves-
tido que eu hei de andar agora sempre com elle » em vez de « o
vestido cotn que eu hei de andar » ; — « o navio que ella veio
nelle » em vez de « o navio em que ella veio » ; — « as pessoas
que elle tem confiança nellas », por « as pessoas em quem elle tem
. confiança » ; — « o nienino que eu Ihe dei um livro », em lugar de
a o menimo a quem eu dei um livro ».
Neste ultimo exemplo desappareceu a preposiçao, porque a
relaçao que ella exprimia esti representada pelo caso do pro-
nome.
Do Auto da Ave-Maria, de Antonio Prestes, pag. 28 daediçao
de 1871, transcrevemôs o seguinte exemplo :
Sempre nestos choupos ha
Um raio que o queijo é d'elle.
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JULIO MOREIRA
Observaremos que esta construcçao da nossa linguagem popu-
laré a construcçao regular dalingua arabe. Se tivessemos de tra-
duzir para este idioma a phrase : « o homem de qtum nos fugimos »,
séria necessario dar-lhe a ordem seguinte : o homem que nos fugi-
mos décile,
Nâo queremos de maneira alguma dizer que este modo de for-
mar as oraçôes relativas no arabe, lingua que se fallou no nosso
pais durante seculos, fosse a origem da construcçao popular do
português, pois concebe-se sem difficuldade que independente-
mente d'essa influencia a rigorosa precisào das proposiçôes relati-
vas se quebrasse por uma tendencia para a simplificaçào e genera-
lizaçào, tendencia que resultaria de ser muito mais fréquente o
emprego do pronome que como sujeito e como complemento
directo, isto é, nào precedido de preposiçâo. E para fixar essa cons-
trucçao concorreria ainda a circunstancia de ser mais empha-
tica do que alitteraria. De resto o exemplo das linguas semiticas
mostra que ha no espirito uma disposiçào para faciknente a accei-
tar. Compare-se tambem a syntaxe de oraçôes relativas em inglés
como as seguintes : the house that / live in, a place which tue hâve
long heard and read of ; — ihis is a ihing I cannot accotint for * .
Pratica semelhante com o pronome quem e o possessivo seu
encontra-se em Gil Vicente, vol. I, pag. 109 :
Justo é que imagine eu,
£ que esté muito turbada :
Querer qiietn o mundo he seu,
Sem merecimento meu
Entrar em minha morada.
I . Veja-se o que dizcmos a este respeito na Grammatica da lingua in-
GLESA, 5* ediçâo, g 288, 2C.
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FACTOS DE SYNTAXE DO PORTUGUES POPULAR 3
« Quem 0 tnundo é seu » équivale a aquelle que o tnundo i seu ou
aquelle que o mundo é d'elle, e esta portanto em vez de aquelle de
que ou de quem o mundo é.
Os adverbios relativos onde, aonde e donde substituem muitas
vezes nestos casos o pronome relativo, sem terem de exprimir
circunstancia de logar, e referindo-se mais ao sentido de uma
oraçâo do que a uma determinada palavra. De uma carta vamos
transcrever um trecho em que occorrem exemplos do que affir-
mamos : « Parteçipo a V. que onte de tarde para aqui esteve
uma treboada junta com uma tempestade de bento aonde meteu
um furacào de bento pela emxertia de bastardo e depois foi a
quinta aonde deitou a bidraça de cima da porta do armazem
grande toda inteira pela sala adeante ficou apenas très bidros
inteiros e as outras estiverào tambem a suseder-lhe o mesmo onde
(=com o que, em virtude do que) a M. ficou cuaijo morta. »
De textos antigos citaremos o seguinte passo das Cantigas
DE Maria :
et dentro no seu corpo cuydaua e creya
que tragia coobra donde (=ào que) nos espantamos.
e um trecho de um fragmento da Demanda do santo Graal
publicado pelo Dr. Otto Klob na Revista Lusitana, vol. VI,
pag. 340 : « E rei Artur oerfez tam bem aquel dia, que todolos
seus filharom en fazanha, e nunca mais cansava de ferir despada,
unde Lucan que estava preto del e que via as maravilhas que fazia,
dise a Giflet. »
Os relativos o {a) quai, os (as) quaes e quanio (a, os, as) nào sâo
empregadas na linguagem popular, que sa usa aquellas formas
como pronomes interrogativos.
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JULIO MOREIRA
E' fréquente o emprego da combinaçâo amhos dous (dois), e
ambos os dous (dois) (em espanhol ambos à dos), como no exemplo
seguinte, extrahido do Monge de Cister, de Herculano, vol. I,
pag. 99 da 6* ediçào: «O certo é que ambos os dous monges
caminhavam juntos ». Mas na linguagem popularha ainda ambos
e douSy amhos a dous e amhos de dous. Esta ultima locuçâo vem
jd de longe como se vê pelos seguintes exemplos :
Nos viemos praticando
Ambos de dous,
(Autos de Antonio Prestes, pag. 1 5 3
da ediçâo de 1871.)
Xy ambos de dous a fronte coroada
Ramos nâo conhecidos e hervas tinha.
(LusiADAS, IV, 72.)
EmCamillo, Corja, pag. 45, encontrase este passo: « Que-
bradas tivesse eu as pernasamJ^^ de duas, quando casei com este
moinante. »
Em certos logares do pais occorre ainda a expressâo amos por
ambos, como amos dous e amos de dous.
Em uma comedia intitulada Isidoro o Vaqueiro de Joaquim
Augusto d*01iveira, em que se imita o fallar dos saloios, acha-se
tambem a locuçâo lodos dois (cfr. o francês tous les deux) :
É por ella que largando
Minhas vacas e mô bois,
Ajoelho e peço a Deus
Que nos una a lodos dois.
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FACTOS DE SYNTAXE DO PORTUGUÊS POPULAR 7
VI
As expressôes que designam numéros fracciouarios sâo muito
limitadas na linguagem popular. Quasi sô se empregam fracçôes
que o denominador tem apenas mais uma unidade do que o
numerador, mas sem se usarem os numeraes ordinaes, que sâo
substituidos pelo substantivo partes. Assira, diz-se duas parteSy
très partes y etc., em lugar de dois terçoSy tresquartoSy quatre quintos.
Esta pratica vem jâ do latim, que dizia egualmente : duae par-
tes agri, = 2/3 do campo; — très partes =3/4, etc. A lingua
popular conservou-a sem alteraçâo alguma.
Em virtude d'esté uso, para indicar as différentes partes de um
todo ou de um mixto diz-se tambem, por exemplo : très partes
de vinho e uma parte de agua, isto é, 3/4 de vinho e 1/4 de
agua.
Outras fracçôes como très quintos, cinco setimoSy sete nonoSy etc.,
nâo se encontrarâo no fallar do povo.
VII
Os numeraes proporcionaes duph, triplo, quadrupla, etc., nâo
pertencem a linguagem popular, que suppre a falta do primeiro e do
segundo empregando as vezes as palavras dobro e tresdobrOy mas
preferindo usar as expressôes dois tantosy très tantoSy e para os outros
numeraes proporcionaes quatro tantoSy cinco tantoSy etc.
Em Gil Vicente acham-se até locuçôes como sete tanto e (/^
tantOy estando tanto no singular, de forma que sete tanto como
que esta abreviadamente por sete vezes tanto.
Olhae, flores, nâo me espanto
Qjue me digaes sete tanto.
(Vol. I, 267.)
Oh ! e tu gabas-te e fazes-te santo ?
Juro-te, amigo, que hypocrita es,
Torna-te monge, descalça esses pés,
E seras fino nessa arte de^ tanto.
(lBiD,,pag. 513.)
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JULIO MOREIRA
VIII
Os numeraes distributivos do latîm desappareceram no portu-
guês (como em gérai nas linguas romanicas), mas nào sem que
ficassem vestigios d'elles. Perdendo o valor e o etnprego de adjec-
tivos numeraes, transformaram-se quasi sempre em substantivos,
como novena, dexcnUy centena^ etc.
De singulos ficou-nos senhos^ que se usou muito no português
archaico e ainda posteriormente. Mencionaremos um exemplo de
Gil Vicente, II, 412 :
E irâo suas criadas
N'hum lagar d*azeite todas
Sem crenchas S descabelladas,
Como selvagens pasmadas
De tâo altissimas vodas .
E sahirâo as janellas
Com senhas tochas de palha
Debrûadas amarellas,
Se nâo olharem par ellas
Nâo Ihes dard nemigallia.
O substantivo terno, résultante de um destributivo latino,
usa-se geralménte na significaçâo de grupo pu conjuncto de très
pessoas ou coisas ; mas na linguagem popular de Trâs-os-Montes
tem ainda o sentido de talhôes, glebas. De uma carta reproduzire-
mos este trecho : « Nào intendo como possa fazer a plentaçào
cômo V. quer. Aqui ninguem planta em ternos separados, é tudo
junto branco com tinto e outras espèces, porque as sementes
vem sempre calabreadas. »
Observaremos que naquella regiào se chama sementes aos gar-
fos da enxertia.
Julio MoREIRA.
I. Crenchas significa tratiças de cabello; représenta um deminutivo latino ^ri;ii-
ctiîa, de crinis. DeKahdladas équivale aqui a desgrenhadas; tem, pois, aproxima-
damenie o sentido dM sem crenchas. Nesta accepçào nào occorre ainda nos dic-
cionarios. •
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REVUE HISPANIQUE TOME XIV, Pl. 1-4.
LA TRADUCTION LATINE
DES COPIAS DE JORGE MANRIQJUE
Reliure
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LA TRADUCTION LATINE
DES
COPIAS DE JORGE MANRIQUE
L'existence, à la bibliothèque de l'Escurial, d'une traduction latine des
célèbres Copias de Jorge Manrique, a été signalée par Amador de los Rlos,
Gallardo, Menéndez y Pelayo. Malgré cette notoriété, ce texte n'a pas encore
trouvé d'éditeur. Je répare cet oubli en imprimant l'œuvre si remarquable d'un
latiniste jusqu'ici inconnu et en reproduisant en fac-similé la reliure du pré-
cieux nianusait qui fut offert en 1540 au futur Philippe IL
R. Foulché-Delbosc.
Hyspana Georgij Manrrici
CARMINA, quas in Latinum
Carmen nuperrime con-
uersa serenissimo
Hyspaniarum
principi
PHILIPPO
dedicata sunt.
Euigilet stertens animus, tènebrisque reliais
Mens resipiscat hebes, alto experrecta sopore,
Contemplata quidem vita hsec ut praeterit ihstans.
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lO LA TRADUCTION LATINE
Vt tacite obrepit mors, quam cito gaudia migrent,
Vtque recordanti sint urgens causa doloris,
Vt melius semper quod praeterit esse putemus.
II
Cernimus isse breui quoniam praesentia puncto,
Si bene censemus, iam prasterijsse futurum,
Exhaustumque simul prorsum reputabimus esse.
Nemo sui oblitus credat diutuma per aeuum
Esse fotura magis quam quae iam uiderat ante,
Omnia quandoquidem sic ire Humana necesse est.
III
In mortem properat mortale hcx: viuere nostrum,
Non secus ac properant labentia flumina in altum ;
Illuc régna quidem tendunt abolenda potentum,
Flumina magna, sed hue mediocria, denique parua,
Illuc ingressi latitant discrimine nuUo
Qjii victum manibus quaerunt, qui et diuite gaza.
im
Non ego falsorum mihi numina vana deorum,
Laurigeri ut uates, oratoresque célèbres
Inuoco ; pulchra sino figmenta poetica eorum,
Nanque venena fauis insunt ; sed corditus illi
Vni me credo, tantum illius inuoco numen
Quod non nouerunt homines, dum uenit ad ipsos.
Hac iter est aliam in vitam, laeti setheris vrbem ;
Tramite sed recto uigilantius expedit ire.
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DES COPIAS DE JORGE MANRiaUE II
Vt sine dispendijs prauisque erroribus vllis
Perueniamus eo ; nati proficiscimur illuc,
Pergimus at uitae spacijs, accedimus autem
Cum nos vita finit, cum morte quiescimus ipsa.
VI
Si modo abusus abest, humana hsec uita probatur,
Vtpote quae ad uitam uenturam rite parandam
Sit data, credulitas ut nos uera admonet ipsa.
Filius ille Dei qui et nos inferret olympo,
Inter nos nasci descendit abaethere summo,
Hac uicturus humo, vitali ubi lumine cassus.
VII
Reddere si faciem pulchram possemus, ut ipsam
Possumus egregie speciosam reddere mentem,
(Namque fauente Deo quis nos id posse negabit ?)
Quam viuax, quam prompta eadem solertia nobis
Semper in ancilla decoranda nocte dieque
Esset, hera incompta captiuaemore relicta!
VIII
Cernere quando licet mortales, cernite mente
Quae gressu et cursu sequimur, quam vilia prorsum
Sint, quippe ante diem delusi amittimus illa :
Partim tempus edit, partîm violentia casus,
Pars etiam illorum natura ac mole suapte
Déficit excelsam fortunam, pressa ruitque.
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12 LA TRADUCTION LATINE
IX
Peruenit ut senium, qualis (rogo) permanet ille,
Ille nitor pulcher faciei, grata cutisque,
Sanguinis ille color diffusus, candor amœnus ?
Dexteritas, vires, velocia membra iuuentae,
Omnia sunt pœnae nobis, vbi laeta iuuentus
Peruenit in senij sperata suburbia nostri.
Gothorum sanguis, genus, augustîssima quondam
Nobilitas, summi quae nacta est culmina regni,
Quot quibus atque modis hoc obliterantur in orbe 1
Pars quoniam vilis, sordens, abiecta putatur ;
Pars autem, nimia quia paupertate coacta est,
Indignis alitur munijs, hoc degener aeuo.
XI
Quas nos diuitice subito fastusque relinquunt^
NuUa (quis dubitet?) stahilita sede fruuntur,
Inconstantis herae cum sint ; ea nempe caducae
Sunt bona fortunae céleri vertigine fessa ;
Nam rota nunquam eadem, nunquam rota firma in eodem
Siue bonos prauosue beet, seu pauperet urgens.
XII
Sed fac vt hsec hominem comitentur adusque sepulchrum ;
Non tamen incautos ideo nos fallere debent ;
Euanescit enim vita ha^c, ut somnia uana
Ac ueluti siren qua nos, humana voluptas.
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DES COPIAS DE JORGE MANRICIUE I3
Decipit illecebris, iamiam peritura fatiscit ;
At uolupi uitas tormenta aeterna parantur.
XIII
Sunt uitae anxiferae solatia dulcia nostrae
Improuisi équités campum procurrere missi ;
Mors uero insidiae latebris inopina locatae
In quas incidimus ; nos nostra haud damna uidentes
Currimus incauti propere, neque sistimus usque,
Postquam redire dolis frustra conamur apertis.
xmi
Namque Monarcharum fegimus quos ante fuisse
Hystorijs priscis, aduersis casibus actae
Fortunas pessumque datae de alta arce fuerunt ;
Nil etenim Papaî, praslati ipsique monarchae
Arcis habent tristi non expugnabile morti.
In quos caeca ruens pecudum pastoribus aequat.
XV
Nunc Troes missos faciamus, prospéra quorum
luxta ignotaiacent oculis ac tristia nostris,
Lectaque in historijs mittamus facta Quiritum ;
Sit curare nephas quod sascula prisca tulerunt.
Nunc modo ad hesternum venio, vestigia cuius
Vt priscam deleuit edax obliuio vitam .
XVI
Quo tandem noster magnus Rex ille loannes ?
Et Regum geniti post primum Tarraco vestri ?
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14 LA TRADUCTION LATINE
Quoique tulere proci clari ? spectacula ? équestres
Concursus ? sseuis simulataque praelia gyris ?
Plumatas uestes ? et ephippia ? & alta chîmera ?
Instar delyrij fuerunt, pratique virentis.
xvn
Quo illustres nymphae queis regia claruît aula ?
Quo nitidae uestes? velamina? aromata? gemmae?
Flammaque amantis edax, flagrantibus ignibus ardens ?
Metrificandi ardor? Musa^ concordia discors
Instrumentalis ? saltatio nobilis illa ?
Impositoque auro vestes gemmisque coruscae ?
XVIII
lam uero Enrricus hères Rex ille loannis
Quid (rogo) non poterat ? quam, quam indulgentibus ipsî
Muneribus Fortuna bifrons se praebuit olim !
Post eadem (infandum dictu) quam diriter eidem
Exhibuit se hostem ! cui cum prius esset arnica,
Quam viguere breui, dederat quae munera Régi !
XIX
Munifici Régis quonam illa ingentia dona ?
Aedificata âb eoque aurata palatia luxu ?
Adfabre argentum caelatum ? gaza superba ?
Tôt phaleraï ? tôt equi ? fastusque ac pompa suorum ?
Quonam abiere, rogo ? quonam nuncibimus illa
Quaesitum ? Veluti ros prati absorpta fuerunt.
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DES COPIAS DE JORGE MANRiaUE I5
XX
Praeterea infantem qui, fratre superstite, dictus
Succèssor fiierat, quam curia clara sequuta est,
Quamque frequens Princeps. Sed quum mortalis hic esset,
Fornaci improuisa suae mors intulit ipsum.
Sed tu, o judicium diuini numinis, vndas
Insuper induxti, quum plus flagrauerat ignîs :
XXI
lam uero stabilem comitem pariterque magîstrum
Acceptum pr« alijs Régi, quem nouimus ipsi,
Vidimus et truncum, quid multa? cruore fluentem.
Quid fuit huic tandem congestum aurum, oppida, pagi,
Imperium in multos ? quid nam nisi luctus acerbus
lila relinquenti fuit atque molestia magna ?
xxn
lamque duo fratres alij sublimia nacti.
Sorte magisterij regali & more beati,
Subiecere sibi primates atque minores :
Prosperitas tam euecta tamen sublimiter illa,
Quid ? nisi clara fuit lux quae, dum laetior ardens
Splendicat atque quatit radios, extincta repente est.
xxin
Totque Duces, tôt Marchîones, Comitesque virosque
Eximios, oculis quos his tam uidimus auctos,
Die ubi detrudis ? quo mors traducis amara ?
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l6 LA TRADUCTION LATINE
Die ubi praeterea quae fortia facta patrarunt
Militiae atque togae, sane cum dira superbis
Exigis ac deles haec talia mole menti ?
XXIIII
Quid numerosa manus tandem ? quid bellica signa
Contulerint ? aquite, vexilla minora ? quid arces
Quas uix expugnare queas ? quid mœnia ? vallum ?
Praîsidiumque antemuralis ? lata quid altae
Irremeabilitas fossae ? quid talia ? quot sunt ?
Cum tu irata uenis, transfigis cuspide cuncta h«c.
XXV
Est tuus ingressus luctu, sed semper amarus
Exitus, ingratus, mediumque labore repletum,
Et quibus indulges, pœna est, diuturnius aeuum.
Prospéra uix nacti morimur, sudore parantur,
Dasque ea mortali, sed cursu aduersa latenti
Adproperant durantque magis quam prospéra uitae.
XXVI
Quandoquidem nos, munde, necas falsissime, certe
Quam tribuis vitam reuera vita fuisset,
At sic nos uexas vt nil optatius ipsis
Sitque minus mœstum quam caeca profectio uitaî,
Vtpote quae tam plena malis, tam septa dolore,
Tam déserta bonis & tam dulcedine cassa est.
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DES COPIAS DE JORGE MANRiaUE IJ
xxvn
Quid, Roderice, canam tua, nunc Manrrice magister,
Bellica gesta, tuos qui charus vbique fiiisti
Omnibus ob mores sanctos, qui dulce honorum
Praesidium, virtute simul qui & nomine clarus ?
Quid coner tua facta parens efferre canendo,
Quum pateat cunctis tua qualia facta fuerunt ?
xxvra
Qualis erat dominus famuliset amicus amicis
Et consanguineis laus et decus, hostibus hostîs,
Fortibus atque viris doctor fortissimus idem,
Consiliumque sophis, sal erat lepido ore facetis !
Quamque benignus erat subiectis ! quamque superbis !
Denique terribilis laniator more leonis !
XXIX
Augustus César fortuna, Julius alter
César in euentu bellandique arte sagaci,
Nam conferre licet mediocria grandibus actis ;
Scipio sed virtute animi, férus Ànnibal astu,
Traianus probitate, Titus donando, sed Hector
Robore, ut Attilius promissis stare paratus.
XXX
Pectore démenti pius hic Antonius alter
Et uultu Fabius constanti, Adrianus amici
Viribus eloquij, Theodosius alter adomnes
Retmt bispaniqiu. xiv. 2
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l8 LA TRADUCTION LATINE
Du m condescendit, Macedo Aureliusque rigore
Et disciplina Martis, pietate fideque
Constantinus erat patriaeque Camillus amore.
XXXI
Haud reliquos fecit thesauros optimus hic dux,
Diuitias ne habuit, non illi copia ridens
Caelati argenti fuit, at Mahumetibus impijs
Oppida cum castris cœpit, bellum intulit aedeno,
Et strages hominum multorum & victor equorum :
Sic sibi iure datos census populosque parauit.
XXXII
lam décora alta tuens qualem se gesserat olim,
Quum fere desererent omnes heroa celebrem,
Fratribus ac fidis stetit inconcussus alumnis ?
Post uero aegregie tôt facta celebria, bello
Hoc quod iam gessit, quas pacis conditiones
Accepit, populis a Rege pluribus auctus.
XXXIII
Historias ueteres juuenis quas pinxerat hasce
Cuspide non calamo, renouare recentibus idem
Longœuus potuit pra^claris atque tropha^is.
Vt meritis plenus, beneque actis pluribus annis
Tanta animi ei virtus fuit & solertia mentis,
Ense suo clarum rubri ensis adeptus honore est.
xxxim
Oppida chara inuenit quae capta tyrannis,
Fortibus hic praelijs atque obsidione recepit ;
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DES COPIAS DE JORGE MANRiaUE I9
Militis atque ducis (pro tempore) munere functus.
Huius gesta suo si gratificata fuerunt
Légitime Régi, sit, Portugalia, testis
Rextuus atque eius qui in nostris signa secuti.
XXXV
Postquam in discrimen toties caput obtulit idem
Veridica pro lege Dei, diademaque Régis
Extulit obsequijs claris bellique togaeque,
Post tôt gesta ducis quae uix numerare queamus,
Ocannam tandem, Roderici mœnia, uenit
Pulsatum mors iussa fores, sic comiter urgens,
XXXVI
Sic adfata quidem Mors est : « Eques inclyte, mundum
Faiso adridentem uultu iam linquere tempus ;
Nunc duros animi chalybes tua Martia virtus
Hoc in agone nitens animose prsestet oportet,
Et famse studio suetum non parcere vitae
Te recreet uirtus qua haec nunc discrimina vincas.
XXXVII
« Nec tibi terribilis sit nunc conflictus hic instans
Formidolosus, siquidem vel Nestoris annis
Est diuturna magis multo tibi fama superstes ;
Nam si aeterna quidem non est qua^ constat honore
Sed nec uera, tamen multo prsestantior extat
Quam peritura cito qua corpora uestra fruuntur.
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20 LA TRADUCTION LATINE
xxxvni
« Non fastu ac luxu vita illa aeterna paratur,
Sed neque delicijs vitae properantis in orcum ;
lugibus at precibus, lachrymisque perennibus illa
Relligione parât clerus, monachatus, heremus,
Sed célèbres équités illam per mille labores,
Aduersusque parant per mille pericula mauros.
XXXIX
« At quoniam hostîlis ac tantum sanguinis impij
Tum gladio tum consilio, vir clare, fudisti,
Expectanda tuo quas hic praemia Marte parasti
Sunt tibi ; qua fretus nunc credulitate fideque
Quas tibi magna quidem, migra hinc spe plenus adeptum
Iri te egregiam vitam quae te manet altis.
XL
« Amplius haud opus est uerbis consumere tempus
Hac misera in vita ; supplex mea nunc ut oportet
Assentitur enim diuinae ac prona voluntas,
Amplectorque meam mortem candore lubenti ;
Est et enim stultum, cum vult Deus ut moriamur,
Veterius uitae cupidos nos viuere velle.
XLI
« O Tu, qui formam vulgarem ob crimina nostra
Et puniti hominis subijsti inamabile nomen, '
Humano includi dignatus corpore numen,
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DES COPIAS DE JORGE MANRIQUE 21
Et qui tam rigides cruciatus ipse tulisti
Haudque reluctanter, non ut mea facta merentur,
Verum ignosce mihi, tua quas est clementia summa. »
XLII
Mente igitur tali tamque alta pra&ditus, inter
Vxorem, gratos, fratres interque ministres,
Omnibus illaesis morienti sensibus, aitum
Obtulit illi animum dederat qui cœlitus, is nunc
Addatcum cœlo gaudijsquerepleat almis;
Nempe sui memores reficit nos mortuus héros.
Finis
lati-
na&
translationis
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SOBRE EL TRADUCTOR LATINO
DE LAS
COPLAS DE JORGE MANRIQUE
Amador de los Rios en su Historia criticadela LiUraiuraespaholay
tomo VII, pàg. 121, en la nota i, da cuenta por primera vez de
la traducciôn latina de las Copias de Jorge Manrique que posée la
Real Biblioteca del Escorial. No se ha deentender que hasta enton-
ces se ignorase la existencia de dicha traducciôn, puesto que
aparece registrada en los catalogos anteriores de la Biblioteca que
aun se conservan, sino en elsentido de que no se habia publicado
la noticia en las historias literarias, ni en las monografias refe-
rentes a las Copias de Manrique : y esta ha sido la causa de que
hayan sido muy pocos los que conocieron la traducciôn. Pero
desde entonces se puede asegurar que cuantos se han dedicado al
estudio é investigaciôn de la literatura espanola han conocido,
6 han podido conocer su existencia, y algunos, muy pocos, la
han examinado por si mismos. Gallardo, en el tomo tercero,
col. 619, del Ensayo de una Biblioteca espanola de Libros raros y
curiosos dice : « La traducciôn es franca, valiente y nerviosa. »
Menéndez y Pelayo en el tomo de su preciosisima Antologia, en
que de un modo magistral y con provechosa amplitud habla de
Jorge Manrique y de su tiempo, pondéra también la bondad de
esta traducciôn latina.
Dado, pues, el tiempo transcurrido desde que la noticia de la
traducciôn figura en la historia de la Literatura espanola, y cono-
ciendo el parecer de los criticos mds eminentes sobre su verdadero
valor, es inexplicable que no se hayan fijado antes en ella los
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EL TRADUCTOR LATINO DE LAS COPIAS 23
eruditos é investigadores, publicdndola para beneficio de todos.
La diligenciay laboriosidad de M. Foulché-Delbosc regala ahora
d los hispanistas con la publicaciôn esmerada de ella, y gracias à
su amabilidad voy yo a contribuir aqui con algunas notas recogi-
das sobre el probable traductor latino de las celebérrimas Copias
de Jorge Manrique.
♦
Hace ya b.istante tiempo, al hacer la papeleta bibliografîca del
manuscrito de esta traducciôn latina, que me pareciô muy
extrano que, siendo tan notable por una parte y por otra de
época relativamente moderna, fuese el nombre del traductor des-
conocido de todos. Afin decompletar en lo posible la papeleta
realicé algunas investigaciones, cuyo resultado voy d exponer a
la consideraciôn y juicio de los lectores de la Revue Hispanique.
En Die Handschrijtenschenkung Philipp II an den Escorial vont
Jahre 1^76^ publicado en 1903 por Rudolf Béer, esperaba yo
que se encontrase registrada, puesto que con toda seguridad
habia pertenecido d la famosa libreria de Felipe IL Y en la
pdg. Lxvii de esta obra se lee : « In octavo. iV° i)S, /. Carmina
Georgi Manrrici translata de hispano latine » ; y, después de copiar
las palabras de Amador de los Rios, anade Béer el siguiente
titulo : « Johannis Hnrtado de Menda(a Ubellus carminé latino corn-
posituSy ea continens carmina^ quae vulgari seimcne las copias de
don Jorge Manrique dicuntur. inetnbr. VL k. ), » Este ùltimo
titulo estd copiado del Indice mds antiguo de la Biblioteca del
Escorial que se conserva, y que hoy lleva la signatura H. L 5 •
Dos veces aparece registrado en él el manuscrito delà traducciôn
latina : fol. xl, v° : Joann, Hurtado de Mendoça Libellus carminé
latino compositus ea continens Carmina quae vulgari sermone^ Las
Copias de Don George Manrique dicuntur. mcmbr, VI. k. j.y y en
el fol. 57 V. : Jorge Manrrique. — las mismas (las Copias) en
romance y lati n VL k. }. Nôtese que la ûltlma signatura de los
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24 GUILLERMO ANTOUn
dos titulos es la misma, y por tanto que ambos se refieren al
mismo manuscrito. Si las antiguas signaturas se conservasen en
él, entonces no podia caber duda de que el traductor era Juan
Hurtado de Mendoza, pero hoy no las tiene, y es posible que
desaparecieran con la hoja que le han cortado. Gallardo supone
que en dicha hoja se encontraria el nombre del traductor ; no
niego la posibilidad, pero, d mi juicio, debia con mds raz6n
encontrarse al pie de la dedicatoria que va en el reverso de las
tapas. El titulo que lleva el manuscrito es : Hyspana Georgii
Manrrici Carmina, quœ in Latinutn carmen nuperritne conutrsa
serenisstmo Hyspaniarum principi Philippo dedicala sunt.
Acerca del valor y autoridad de las anteriores citas, tomadas
del Catdlogo primitivo, he de advertir, que si bien una de ellas
tiene memhr. puedc no obstante admitirse, a pesar de estar en
papel el manuscrito, porque sus dos primeras hojas fueron de
vitela, y en este caso es explicable la equivocaciôn ; que no trans-
cribe los titulos literalmente, sino tan solo de concepto ; y, por
liltimo, que varias veces constan en él los nombres de los glosis-
tas y autores, aunque no se encuentran en los manuscritos. Son
averiguaciones 6 conocimiento del autor del Catdlogo.
No ha existido otra traducciôn latina de las Qjplas de Jorge
Manrique en esta Biblioieca del Escorial, ni tampoco se consigna
en la historia de la Literatura espanola, y por tanto, d mi juicio,
se puede concluir, no en absoluto, pero con suficiente y fundada
probabilidad que el traductor fué Juan Hurtado de Mendoza.
He hecho también investigaciones acerca de las obras que
escribiô Juan Hurtado de Mendoza, y prescindiendo de las caste-
llanas, que no pueden servir para formular una razôn, apuntaré
las que he encontrado en latin, y creo que todavia permanecen
inéditas y ocultas bastantes de sus poesias. En los preliminares
del Biien placer trobado en trece discantes de qtuirta rima Castellana...
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EL TRADUCTOR LATINO DE LAS COPIAS 25
(Alcalà, Juan Brocar, 150) se encuentraen latfn la respuesta de
Juan Hurtado de Mendoza i dos poesias latinas de Dona Cata-
lina de Paz. En hPublica Laetitia^ qua Dominus Joannes Martinus
Silicaeus Archiepiscopus Toletanus ab Schola Complutensi susceptus
est... (1546) figuran también varias poesias latinas suyas. En la
Biblioteca Nacional de Madrid existe un epitafio latino que hizo
i S. Isidro y escudo de armas que le apropiô. Ademds en el
manuscrito e. II. 1 5 de esta Biblioteca Escurialense he encon-
trado una larga poesia latina, escrita de mano de Ambrosio de
Morales, y dirigida por Juan Hurtado de Mendoza d su maestro
Juan Petreyo, profesorde retôrica en Alcala. Mdsadelante pueden
verla los lectoresjuntamente con otras dos poesias inéditas castella-
nas. Tenemos. pues, que en la historia literariade Juan Hurtado de
Mendoza aparecen varias poesias latinas, lo que, i mi entender,
confirma la suposiciôn de que él sea el traductor latino de las
G)plas de Jorge Manrique.
Las dos poesias castellanas que se publican se encuentran en un
cuademo de letra de ùltimos del siglo xviii, que hoy forma
pane del manuscrito H-I-9, reunido y encuadernado en tiempo
del bibliotecario D. Félix Rozanski. He de advertir que en el
mismo cuaderno y de la misma letra existe una copia de la tra-
ducciôn latina de las Copias. Es un detalle cuyo valor pueden
apreciar los lectores.
La copia esta hecha del manuscrito d. IV. 5. Voy dtranscri-
bir unos versos que no tiene este, y tal vez se encontrarian en la
hoja que ha desaparecîdo.
Inclytus Hesperif contingat sîdera Princeps
Hesperiç sidus nostre prospectât agrestes
Contingat nostrç radians pénétrai ia Musc
Sydera prospectât penetralia nostra lucratus
Princeps agrestes Musc lucratus amores.
Contiene ademâs dicho cuaderno otras traducciones latinas
que pudieran ser también del mismo Juan Hurtado de Mendoza.
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26 GUILLERMO ANToUn
Merecia la pena de hacer una extensa biografia del poeta Juan
Hurtado de Mendoza, mas ni dispongo de tiempo, ni tengo à
mano los materiales. En el Archive municipal de Madrid, de
donde fué Regidor, y principalmente en el de la Casa de Men-
doza se han de conservât papeles interesantisimos de su vida.
Tal vez en alguno de ellos conste ciertamente que es el traductor
latino de las Copias de Jorge Manrique. Yo voy a extractar aqui
las pocas noticias que de él trae Alvarez y Baena en el tomo
tercero, pdg. io8, de los Hijos de Madrid : « D. Juan Hurtado de
Mendoza, tercer Senor del Fresno de Torote, fué hijodeD. Juan
Hurtado de Mendoza y de D* Maria de Condelmario. En Madrid
poseyô la antigua casa de Mendoza, perteneciente d la parroquia
de San Ginés y situada en la calle de Bordadores. Dicha casa
desapareciô cuando los Padres de San Felipe Neii construyeron
alH su convento. Fué Regidor de la Villa de Madrid, que le
nombr6 por su Procurador de Cortes, para las que el Emperador
Carlos V celebrô en Valladolid, en el ano 1554; y concluidas,
mandôle el César pidiese merced y solo pidi6 concediera S. M. al
escudo de armas de su patria la Corona Impérial, que usaba en
las Reaies, como lo hizo. Casô con D* Nufla de Bozmediano,
hija de D. Juan Bozmediano, secretario del Emperador, y de
D* Juana de Barros ; y tuvo en ella d D. Juan que sucediô en la
Casa, d D. Fernando, escritor, y d D* Maria, muger de D. Gas-
par Ramirez de Vargas. Su aplicaciôn d todo género de letras y
estudios fué tanta, que era llamado el- Filôsojo. Esta preciosa cua-
lidad hizo que le tratasen los hombres sabios, y le remitiesen sus
obras, como Eugenio de Salazar hizo con la graciosa carta que
escribiô pintando la vida de los Catarriberas, y que Marineo
Siculo hiciese de él honrosa menciôn con estas palabras : « Cuyas
obras elegantemente escritas leimos, aunque hasta ahora no son
publicadas. »
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EL TRADUCTOR LATINO DE LAS COPIAS 2J
Su bibliografla ademis de lo indicado anteriormente es :
1. Vida de San Isidro.
2. Un soneto al lector en los preliminares de los Morales de
Plutarco iradu^idos de lengua Griega en Castellana... Alcali, Juan
Brocar, 1548.
3. Un soneto en los preliminares de El Momo. La moral emuy
graciosa historia del Momo : Compuesta en latin por el docto
varôn Leôn Baptista Florentin. Trasladada en Castellano por
Agustin de Almazàn. Alcala, Juan de Mey Flandro, 1353.
Guillermo AntolIn, O. S. A.
De la Biblioteca del Escorîal.
APÉNDICE
POEStAS INÉDITAS DE
D. JUAN HURTADO DE MENDOZA
Magistro loanni Petreio Complutensis Licii Rhetorices professori, Poetae
singulari, suus discipulus loannes Mendocius salutem plurimam didt.
Stultus ego, Petreie, tuo qui carminé jamjam
Persuadebar homo, diuas me hac ualle morari
Raniferi nostri gusarapi ferique Torotis
Ridiculum, quum emersa caput, quo obtundere ripas
Rana solet nostras, mihi sese objecit eunti
Qpaesitum properata Tui vestigia vates.
Laudibus immo dids utqui me impune beasti :
Illa repente oculos acreis jaculata, caputque
Muribus et similis picae, inculcauit in aures
Talia uerba mihi : Quamuis jam sedulus, inquit.
Te nisi ducit amv-)r, nosque improbus agricolarum
Piscandi ranas, tamen hue concède parumper,
Obstreperae vocis patiens hic siste viator,
Namque etenim ripe dominum fas noscere Ranae,
Si potens est nimio pluuias praedicere cantu
Et quamuis possit praenoscere Rana poetas,
Non ^o sum Phoebus non sum Cumea Sibilla.
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28 GUILLERMO ANTOlIn
Corpore monstrifico uerum simulata syren sum.
Nostra quidem praeclara sacris cum muribus olim
Bella Poetarum cecinit flos, Dius Homerus.
Et consul Cicero nostro quoque jure poeta est,
Nostra etenim exametris cecinit prognostica rhetor.
Et non dignetur noster Parrochius ille
Doctor loannes Ramirez, arduus alter
Rhetoricae artis apex, nos tandem uisere, quando
Gutture de tremulo bene dedamare peritas.
Sed me obiter docuit Petreîus carmina nolens.
Quid ni ? Qui faceret dumos, lapidesque syrenes ?
Ille Petreius, ait, cujus vestigia lustras,
Ille Petreius erit, cursu cui lampada tradat
Inter ApoUineos celeberrimus Aluar Gomez,
Qpi Gellameleis Musis dédit esse disertis.
Me miseram, at postquam rapuit mors frigida vatem.
Obrriguere gelu uiduaeque Gimaenç
Ut quels disertis pariter dédit esse Repressus.
At Petreius erit magico qui carminé fretus
Ut pullos gallina suos excluserit cuis.
Sic gellameleis Musas educat ab hortis.
Sic gellameleis Phoebum excantet in antris.
Et quocumque feratur, eo sua musa feratur,
Seu petat egregiam patriam, Magni Herculis urbem.
Qua nimio studio musarum accepimus usum.
Siue velit vacuum musis Helycona beare.
Siue Cygni doceat, flectatque juuetque licium
Praesulis eximii. Seu fontes, pascua, riuos,
Genistas, ulmos, salices, salicumque sodales
Fraxineos visât juncos, frutices, loporesque
Siue Toroticolas spectavit denique ranas.
Nae ille imprudens, quem cum pater almus Apollo
Aonidumque chorus penitus comitetur, et usque
Excubet ingenio vatis peregreque domique,
Dicat ab occeano nostro hoc se hausisse furorem
Aethere delapsum, quo mens adflata repente
Sublimis rapitur. Quo non contendere prorsus
Quo non aspirare queo, saliensue natansue,
Rana loquax. Lîcet innatum mi ex tempore carmen,
Prograediarque licet Satyrorum more coaxans,
Quorum antiqua nimis pater Ennius carmina vidit.
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EL TRADUCTOR LATINO DE LAS COPIAS 29
Verum taie mihi carmen contlngere nosti,
Qpale solet Nymphis ausis certare catnaenis.
Quale etiam Anipedes qui gamilitate sequuntur
Eflfutire soient. Non autem quale Petreius
Complutum hac rediens docuit me nuper amusim.
Namque quod is cecinit misso ad te carminé dudum
Nouimus, an ranas Phoebi praeseruolet aura ?
Hue migrasse sacras musas Helycone relicto
Perpetuam sacrasse sibi haec ad flumina sedem,
Hincque sibi venisse no vas in carmina vires.
Numine correptus, pulchre et nugatur amice
Quod si illi ex animo sic delirare volupe, et
Qpesitum musas Compluto contulît hue se,
Ille quidem nobis similem se prçbet ad unguem
Ruricoli juuenis, qui nymphae captus amore
Undique querit eum scicitabundum aselluro,
Anxius atque vagus, cui presens insidens ipse
Preterea, indicibus precium magno ore futurum
Pollicitus. Tandem monitus quumque inuenit illum
Indicibus grates agit, et refFerre paratur.
Haec misit chi cum caneret moranti garrula nympha
Atque videretur plura his garrire parata,
Se nisi uisceribus riui insinuasset amici,
Frux caepisset eam nigrae experientia parcae.
Indignabar enim, me praeter hic esse Poetas,
Qui mihi dissuadere queant même essepoetam.
Et mihi praerripiant, tibi quod respondere possem .
Fors, celeber vates, celebrem nam reddere pergit
Carminibus, Petreye, tuis celebranda per orbem
Pâtre Deo geniti Dilectrix inclyta Christi.
InBcias vix ire potes. Nam te fore vatem
Arguit agricolis docta abs te rana poesim.
Vale.
(Biblioteca del Escorial e-II-15 fols. 92 V.-94.)
Al muy reverendo Senor Alvar Goraez catedratico de Griego en la Univer-
sidad de Alcali respuesta en métro yambico de D. Juan Hurtado.
Dichosa tecla del Lattno vando
y de la musa argolica dechado
y de la dstellana nuevo chantre
y lo que habia primero de decir
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30 GUILLERMO ANTOLIn
en el christiano coro digno preste.
A ti salud de alli do nunca mengua
alli donde la larga affluencia
de gustos mana à gustos impression
de vida desmolida, y reganada
no llamo yo ni es reganamiento
al pesar justo que à las esperanzas
de gustos que no cumplen desencona
mal debito torraento, y gran tormenta
del purgatorio do las Aimas hierben
friendose en las penas de las Hamas
por do de grado en grado van trepando
cocidas en la absencia de la gloria
briosas, encogidas, lastimosas
pero con un hidalgo sufrimiento
con que van promoviendo en las limpiezas
Dios sabe en quantos lustros, quantos passos
mas mejor es salir tarde que nunca
al gusto, y gozo que con tu élégante
y viva carta recibi no el
de los emmascarados que da el vulgo
entiendo vulgo no por los menudos
sino por los que en viles menudencias
de vicios yacen como yo enfrascados
por mucho que lo estoy mas lo estuviera
sino porque escuche medio aturdido
el mucho mormorio que las aguas
de gracias davan en sus arcaduces
por do la gracia viene, y va encaâada
que son las aimas de varones santos
a este esteril y seco desîerto
donde las fuentes de los Sacramentos
por la misericordia inagotable
de la salud que espero siempre manan.
Aqui la falsa sed se desengana
si la fe desalterada le da via
y nos hace dexar la cantarilla
de nuestro ardid, consejo y entimemas
como acaescio en el pozo de Jacob
do la Samaritana argumenuba
cl grande amor que en tus cartas me muestras
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EL TRADUCTOR LATINO DE LAS COPIAS 3I
me da salvo conduto a disparar
quanto a la boca se me viene
aunque despues y antes que lo diga
con mi flaco juicio lo registre
y del ageno espero enmienda, y lima
para mis desembueltos disparates
porque ni yo soy digno de imitar
los sacrosantos saltos de David
ni las hondas celadas de Thebano
ni el muy sublime y gracioso pretexto
del sabio valentin Osias March
ni de la muy illustre y honda musa
del granadin la mascara dichosa
ni de tu Musa la tranquilidad
manosa que al lector atarantado
con alterada sobrehaz le llama
bien con el avisado y buen cabrero
con la cabra que va de cerro en cerro
de brena en brena el que vaya quejada
que el la reduce al compétente pasto
con alentado y manso corazon
pero con voz briosa, y pies de gamo
creida tengo la invisible fuerza
del amor que en los brutos, y en las plantas
y en los duros mineros hace mella
y mucho mas en quien tiene caudal
como es el aima radonal del justo
la causa oculta de la dissonancia
so consonancia va en constellaciones
so complexiones no sin el gobiemo
de luz divina que le da sus rayos
y los hermana a un fin, y deshermana,
segun la paz 6 guerra les conviene
que no séria de su grande franqueza
do cumple sobresalto dar reposo
y no gastar la paz que nos combate
tambien se traba buena paz, o guerra
por el guiamiento que el Angel que en gracia
de aquél esta que nos le dio por guarda
pero otras veces nacen sentimientos
de hombres como yo que siempre yacen
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32 GUILLERMO ANTOlIn
en iras, y apetitos mal mandados
que alla se van donde les lleva el soplo
como los milanillos de alcarciles
quando las noches, y tareas crecen
de las cuidosas mozas hilanderas
y la cuerda hormîga se bastece
sin amargarse de ello el buen villano
asi me vea yo bien entrastado
como me duelo de mi entrastamiento
y como creo que quanto aqui digo
lo sobrepujas con vuestro y seso
pero mientras mexor cosa no hago
oso parlando desfrutar la musa
de tus viexas lecciones y experiencias
en especial siguiendo tus pisadas
a quien asi siguiesse en la destreza
y letras, y bondad y gran mesura
como es signo en el amor debido
dubdoso èstuve si responderia
sin consonantes ô en métro espanol
como me acometiste con tu carta.
Mas vi que el canto comenzabas
y porque aora se usa entre poetas
y en el primer troba es uso en Espafla
y porque entre otras trobas se sufrian
y porque es descansada esta poesia
y porque no se sabe entonar bien
quien no se desentona donde cumple
y porque los que vienen al trobar
entrar no dubden por menguado vado
y por dar mejor tono i lo entonado
quise escrevir assi siquiera aquesta
aquesta letra ; é ley rigurosa
del trobar nuestro métro desatada
como tu hondo Pindaro hacia
no sin mysterio segun yo sospecho,
bien assi como madré cariciera
que al tiemo nino entrega las galas
le pone mano de lexon é higa
porque se le (en blanco) en ella el mal ojo
es porque las muy utiles sentencias
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EL TRADUCTOR LATINO DE LAS COPIAS 33
se miren con desocupada vista
mal ojo digo al que se esta en las galas
y por las flores dexa el dulce frulo
como lo creo y bien sanctos doctores
confuso destas verdades aunque malo
oy dia de la dulce y limpia sangre
de aquellos que muriendo y no hablando
hicieron confession à Dios accepta
en vuestro de la sangre redemptora
de quien primero que se le agotasse
la sangre nueva cobra hidalguia
primeros en la escuela del martyrio
que no solo por Christo padecieron
mas en lugar de Christo degollados
quien fuera aora tanto faborecido
de la christiana musa que pudiera
dccir no como tordo y papagaio
la hidalguia desta nueva gentc
y df 1 cruel la brutedad villana
y la paciencia del que nos espcra
y la obediente y sagrada partida
de la siempre doncella y santa Madré
del hijo de Dios Padre para Eg>'pto
donde la gran llaneza de la tierra
descubre el hondo fin de astronomia
por la serenidad del ayre y delo
y la delicadez de los ingenios
Quien te dixera Egypto la ventura
en receptar en ti al sol de justicia
embuelto como en nubes en panales
nino pero Senor de tus planetas
ni pienso que faltara ingenio ni artc
no espiritu no nombre de poeta
que aunque sufria temporal pobreza
no fuera menester otro Mecenas
no febos para fecundar là mente
y concebir crecidas intenciones
dentro de fe y mesura governadas
y levantar con gran magnificencia
los pies del Griego y del Latino verso
Remu bùpauiqtit. xiv. %
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34 GUILLERMO ANTOLIn
y de las nuevas rimas Castellanas
a quien tambien ayudas y vandeas
entres tus sacras oras, é lecciones
estudios y domesticos cuidados
que solo bastarias para salvarlas
si el raundo nuevamente se anegasse
aunque condenas à tu octava rima
sin ser oyda y sin justa causa
como arte desdenosa que aborrece
los dulces paxaricos que criaba
porque los cazadores los miraron
pero mayores cosas esperamos
de tu christiana musa en el latin
y sino conjetura mal mi musa
veran los que vivieren de la tuya
generacion que sea bien recivida
de la musa davidica por lo alto
a mano (en blanco) Geronymo y Ambrosio,
(Bibl. delEscorial, H. I. 9 fol. 27.)
En alabanza de las cuatro Canticas del sublime y gracioso Osias March anti-
guo Poeta Valcnciano Soneto de su observantissimo rimador D° Juan Hurtado
de Mendoza.
De sano amor secretos encantados
de hondo aviso moral disciplina
ricas ganancias de la libitina
divinos gustos al aima inspirados
Veras aqui Lector atesorados
con musa dulce casta fuerte fina
en Icngua obscura, viexa, valenciana
tarde entendidos, y tarde escuchados
El loco precia el retinente alambre
Por el retinte, y resplandor agudo
mas que oro fino, sino es relucido
El oro en su retinte es algo mudo
quien va por oro à las minas con hambre
del precio y senas va bien advertido.
(Bibl. del Escorial, H. I. 9 fol. 26 v.)
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TRACTADO DE AMIÇIÇIA
Entre los côdices de la Biblioteca Osuna que fueroii adquiridos por el Estado
espanol para la Nacional de Madrid' figuran dos de no despreciable interés
para la historia filosôfica del Renacimiento. Nos referimos al Tractado de Ami-
çi(ia y al Tractado de la bienauenturattça, escritos por el Doctor Ferràn Nùnez à
liltimos del siglo xv.
El Tractado de Amiçiçia lleva hoy la signatura Hh. 78, y es un côdice de
190X136 mm., escrito en papel (excepto la primera y ûliima hojas, que
estdn en vitela), de hermosa letra de fines del siglo xv. Consta de doce folios,
enloscuales el numéro de renglones oscila entre 35 y 38 por pagina. Tiene
algunos reclamos. En el folio 10 r. hay una inicial hermosaniente iluminada en
oro, azul, rojo, rosa y verde, y la pagina (exceptuando el mdrgen derecho)
ostenta una preciosa orla de flores y animales. En la parte inferior esta dibu-
jado el escudo del Marqués de Santillana, con la leyenda : Ave Maria, gratta
pkna. El tftulo de la obra (en rojo) es como sigue :
Proljetnio z declaraçion del verdadero nonhre de amor, intitûlado al tracta || do
de amiçiçia, conpuesto en vulgar lengiia por el doctor Ferran Nune^ para el || illus-
tre z serettissitno seûor su seùor el duque del Infantadgo, coude del Real,
E. : « Muy illustre z serenissimo duque senor ». A. : suplan qualquier defecto
que buen juyzio dictare que deuen enmendar ».
El Tractado de la hienauenturança lleva actualmente la signatura : Reserv. 6*.-
i)y y es un côdice de 132X87 mm., escrito en papel, con algunas hojas en
vitela, de grande y buena letra de fines del siglo xv. Consta de setenta y nueve
hojas, en las que cada pagina sueletener 18 renglones. Hay algunas notas mar-
ginales, de la época. En el folio 1° r. va una orla en colores, con el escudo del
Marqués de Santillana dibujado en la parte inferior, y la palabra Ihs en la supe-
rior. La inicial de la raisma pagina esta iluminada en oro, azul, rojo, rosa, verde
y lila. Al folio 6° v. hay otra inicial iluminada. El tftulo de la obra (en rojo)
dice asf :
Principio z introduction a un excelente tractado \\de la hienauenturança, copillado
por el doctor fe || rrant nuOe^, del consejo del rrey z rreyna nros || sehores, para el
I . Catdlogo ahreviado de los manuscritos de la biblioteca del Exmo Senor Duque
de Osuna é Infantado, hecho por el conservador de ella Don José Maria Rocamora
(Madrid, Fortanet, 1882). Niimeros 163 y 164.
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36 FERRAN NUNEZ
illustre z serenissimo senor su se || itor don ynigo lope;;^ de metidoça, duq del injà ||
tadgo, marques de santillaua, conde del Real.
E. : a Por muy claro conosçimiento tengo conosçido, illustrissimo senor
duque ». — A. : « E gloria e honrras z gracias infinitas den aquel hazedor que
lo administre sin meritos mios, al quai con quantas fuerças yo puedo las do,
r a la gloriosa madré suya, que syn nenguna macula meresçio ser madré suya.
Deo gracias. »
De la personalidad del autor, totalmente ignorada hasta ahora », sabemos
tan solo que se calificaba de Doctor, que perieneciô al Consejo Real y que sir-
viô al Duque del Infantado. Escribi'a sin duda à liliimos del siglo xv, pues los
dos opuscules descritos (linicas producciones suyas que conocemos), van dedi-
cados i Don Inigo Lôpez de Mendoza, segundo Duque del Infantado, Marqués
de Santillana y Conde del Real, quien vivia por aquel tiempo. Don Ynigo fué
hijo de Don Diego Hurtado de Mendoza, primer Duque del Infantado, el cual
testô en 14 de Junio de 1475, y nieto deKamoso autor de la Comedieta de Ponça,
Los opuscules rcferidos, sin ser de primer orden, constituyen una buena
muestra de lo que eran la erudiciôn y el estilo, no precisamente en los rena-
cientes, sine en los aspirantes d renacientes del siglo xv. El docter Ferràn
Nùnez, como Pedro Di'az de Tolède, come Gracia Dei, como Juan de Lucena,
come Fernàn Pérez de Guzmàn, como Mosén Diego de Valera y tantes êtres,
a caresçiende de las formas, era contente de las materias », y asf se ve aquél
su anhelo de resucitar el saber antiguo, citando i diestre y siniestro a les cldsi-
sices que pude conocer, y entreverande su dicciôn con hôrridos latinismes. Su
cenfesiôn, al final de la dedicatoria del Tractado de la hienauenturança^ es harto
ingenua : « z ante que comiençe — le dice al Duque — créa uutstra senoria que,
con tan grand pena se escriue en romance, que non puede ser cosa mas penosa z
de mayor tràbajo. » Y este se afirmaba por los mismes anos en que salia d luz
la Comedia de Calisto z Melibea !
Repreducimes d continuaciôn el Tractado de Amiçiçia^ sin êtres cambios que
deshacer las abreviaturas del original, escribir les nombres prepies con mayûs-
culas, sustituir las ss largas por cortas, y pener la puntuaciôn. El autor (como
indica él mismo al principie de su trabaje) toma por base las opinienes de dis-
tintos jurisconsultes, remanistas y canonistas, lo cual no déjà de contribuir i
la ingrata sequedad de su estilo. No séria dificil tampoco lacharle de alabar en
demasfa los mérites de su protector, si ne supiésemes cuin gênerai era este en
su tiempo y siguiô siéndolo en les posterieres.
A. BoNiLLA Y San MartIn.
I . Hablamos por vez primera del Docter Fcrrdn Ndnez en nuestro estudio :
El Renacimiento y su infltiencia literaria en Espaiia {La Espana Moderna ; Febrero
de 1902), pdgs. 98-99.
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TRACTADO DE AMIÇIÇIA 37
PrOHEMIO Z DECLARAÇION DEL VERDADERO NONBRE DE AMOR,
INTITULADO AL TRACTA || DO DE AMIÇIÇIA, CONPUESTO EN VULGAR
LENGUA POR EL DOCTOR FERRAN NUNEZ PARA EL j| ILLUSTRE Z SERE-
NISSIMO SENOR SU SENOR EL DUaUE DEL YnFANTADGO, CONDE DEL
Real *.
Muy illustre z serenissimo duque senor : en el comienço de
cada obra, segund la opinion de los antiquissimos z christianis-
simos doctores z de los modernos, el auxilio diuino se deue
pedir, por que la obra o intinçion buena con que se haze se pro-
traygua a buen fin, ca syn este adjutoriodel sumo bien, ninguna
rrazon se entiende, ni menos natura se puede substentar, ni
acçion alguna se puede expedir. Asy lo dize aquel diuino orador
Plato*, z aquesto pretermisso, non se puede començar buen prin-
çipio, nin menos traher a buen fyn. E, segun dize el prin-
cipe de los peripatheticos, el Aristotelis, del sabio es ordenar z
con grande studio en orden poner. E el Seneca, en el quarto de
sus Declamaçiones : toda honesta obra la voluntad la prinçipia z
la ocasion o causa de la començar le da fin. E acatando esto,
ylustre senor, mi habli tomara z tiene prinçipio de aquel non
generado padre que da ser a todas las cosas, z a los balbuçientes
da eloquençia z pone audaçia por su bondad marauillosa, z a los
débiles flacos les da osadia z fuerça, z del vnigenito fijo suyo
que, sin varonil simiente, de la virgen purissima, virgen quedando,
naçio, del quai es todo saber z de quien procède toda sapiençia
z sçiençia, sera la prosecuçion deste comienço, pues que el solo
1. Estas Ifneas van en rojo en el côdice.
2. Cuyos diàlogos Axioco, Faîro y Fedon puso en castellano, traduciéndolos
del latfn, el Docior Pedro Diaz de Toledo, del Consejo del Rey Don Juan II.
La version del Fedon va dedicada al Marqués de Santillana, y parece anterior al
ano 1445. Hemos dado noticia detallada de estas traducciones en nuestro : Ion,
didlo^o platânicOy traducido del griego por Afanlo Ucalego: Madrid, M.C.M.I.
(paginas ix-xxv).
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38 FERRAN NUNEZ
es hermosura z décor de todas las genres z uerbo de Dios.
Debaxo de la quai doctrina prosiguo, z con su lumen, quod est
lux vera z eterna^ este camino agredior, z el efecto desta rrazon
o oraçion z prinçipio trahe el Paraclito, proçediente de amos, z
aquella conluzida infusion deste sacro don puesto en la via o
camino. Comienço, e a la perfecçion desta santissima trinidad,
que indiuidua tiene essençia, loor z gracias z laudes ynfinitas con
todas mis fuerças ofresçiendo, de su inhefable misericordia
teniendo firme esperança, mi balbuçiente lengua en este vulgar,
que pierde eldulçor de la eloquençia z en que ningun buen stillo
se puede tomarcomo en la sacra lengua latina,quiero començar,
dezir z loar, z mejor declarar las ynnumerables virtudes z exçe-
lençias de vuestra perssona z nobilissima progenie, z prosapia
donde procède. E porque a ofo asy conuinientemente como a
vuestra ylustre persona se pudo adoptar sermon de noble/a, ni a
otra persona alguna pudo conuenir de se Unmar noble como (fol.
1° V.) vuestra seiîoria, porque en verdad ninguno tiene ubra-
çado z vnido a si mesmo por quatro costados la generaçion de
nobleza sinon solo vuestra ylustre perssona, e en todo modo o
genero délia. E por que el philosofo, en el quinto de la Ethica %
persuade z dize que a los nobles es dado hazer merçedes, z para
las hazer dize que deuen ser atraydos z persuadidos, z esto dize
ser honor e gloria, a vuestra senoria, que desde la juuentud z
ninez todos los tiempos syn cansar de continuo trabaja en tan
magnificas cosas, asi de grandeza destado como de gentes con-
tinuas r marauillosos hedefiçios e de virtuosa gouernaçion, zen
virtud colocaren persona. La quai, segunel gran Basillio, varon
exçelente z de admirabile nominaçion, non piensa que en esta via se
puede arbitrar, nin menos estimar ni llamarde vtilidad o prouecho,
sinon la via de la virtud, porque, segun el dize, nin la dignidad, nin
I. Don Cârlos, Principe de Viana, tradujoal castellano los diez libres delà
Etica dNicomaco enel siglo xv (v. el ms. S, 153 de la Biblioteca Nacional de
Madrid, y los P, 191 ; S, 72; S, 20; S, 9 ; y T, 127).
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TRACTADO DE AMIÇIÇIA 39
la grandeza de los mayores, nin las fuerças del cuerpo, nin la forma
del, nin la honrra dada de todos los honbres, ni el ynperio, ni otra
cosaque se pueda dezir en esta vida, exçelente z longeuasperança
nos da para alcançar la eterna synon la virtud . E pues desta tan
dottado esta vuestra nobilissima perssona, que con digna rremu-
neraçion séria honor z gloria, porque honor, segun lo dize el
philosopho In primo Ethicor.y mas esta çerca del dador de la
honrra que non del que la rresçibe, mas yo, ylustre senor, con
ynmensa alegria z gozo me alegro, conosçiendo, por çierto z
auiendo aprehendido z visto lo que a muchôs antes oya, z
que por esperiençia ellos auian conosçido, z con vn spiritu
de verdad que penetro mis cntranas z coraçon en vna forma
marauillosa, me mostro quel honor de vuestra serenidad es el
bien propio z virtud rradicada en su ilustre persona, que es muy
difiçille z avn quasi ynposible que délia se aparté. E la gloria,
quanto mas la mundana, como sea jnane z vana z syn fructo,
dizelo aquel consolado Boeçio ' , en el terçero, adonde dize que
el tragico la llama injuria, i Que cosa es gloria en los millares de
los honbres synon vna inflaçion grande de los oyentes ? La mer-
çed z honor z gloria de vuestra senoria, non es nin puede ser
synon aquella que de si mesma es estable z por si mesma es
sufiçiente bien, z esta es digna de contar z numerar de vuestra
ylustre persona. Porque sy vn poco mas alto vuestra senoria z
los que lo acataren los ojos alçaren z eleuaren, en aquel lugar
la hallaran asentada z colocada, en el quai todas las cosas son, z
I . Del Tratado de consolaciân de Anicio Manlio Torcuato Séverine Boecio,
muy conocido y mencionado en la Edad Media, hay varias versiones castella-
nas del siglo xv (véase, por ejemplo, el ms. li. 35 de la Biblioteca Nacional
de Madrid).
También tradujeron esa obra, en el siglo xvn, el gran poeta D. Esteban
Manuel de Villegas y D. Agusli'n Lôpez de Reta. La version de este liltimo,
que i nuestro juicio es la mejor de todas, fué publicada por D. Vicente Rodrf-
guez de Arellano en 1805 (Madrid; por Gômez Fuentenebro y C*; xxiv+
2$i pigs en 80).
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40 FERRAN NUNEZ
donde se colocan los preclarissîmosvarones. Caesta gloria mun-
dana, avnque paresçe bien para alguna pane del anima, muy
pequena z de poco durar es. Por eso, seiior, aquella que es muy
mas exçelente z que dura donde esta la perpetuidad, esta apare-
jada a vuestra exçelençia, en la quai fruyen los bienauenturados,
que es la eternal silla z morada, la quai non se da a los que
esperança en los honbres tienen, nin a los que atienden z siguen
la boz del pueblo, nin a los que su premio en lomundano ponen,
saluo a los que la virtud como vuestra senoria tiene, z este
premio z gloriosa corona en grandissima copia vos esta en
los çielos rrepuesto ; a lo quai sola la yleçebre virtud de vuestra
(Fol. 2° r.) persona exçelente vos traxo a esta verdadera fama z
honrra, porque de vuestra senoria siempre se dixo, z por obra
paresçe z se vehe, z fuy buen testigo, porquel honor deuido a
los que gouiernan z rrigen la rrepublica, como vuestra exçelen-
çia lo haze z quiere, este honor se deue, <? quanto mas se dara a
los que la virtud tienen ? Ca, como el Çiçero dize, en el Sopno
del Sçipion, sola la virtud haze al honbre bien auenturado, z por
otra ninguna via este nonbre de bien auenturado se alcança. E
yo, queriendome rreduzir al proposito, sy el alegado principe de
los filosofos dize z persuade que a los nobles deuemos de atraher
a hazer merçedes, quanto mas détermina z se ha de créer que se
deue de persuadir a los ylustrissimos, como es vuestra senoria, z
toda su progenie donde procède z de donde se diriua z des-
çiende, que desde losgodos aca non se lee generaçion tan nobilis-
sima nin donde tanto numéro de viriudes z marauillosos actos z
tan insignes varones ayan proçedido.(f Quien podra contar nin
en escriptura alguna poner las exçelençias, virtudes z nobles
actos z de gran marauilla de aquel de memoria digno del stipite
donde procède vuestra senoria, el senor don Pero Gonçalez de
Mendoça ? Que avnque es puesto por grandissimo loor z exçe-
lençia z muy gran osadia la quel rrey Saul hizo, que sabiendo
que auja de morir, el z sus fijos podiendo fuyr, vino a labatalla
donde murio, segun se lee Regum, primo, vltimo, c,y mayorexçe-
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TRACTADO DE AMIÇIÇIA 4I
lençia fue la que fizo z de mayor osadia, en lugar de tanto peli -
gro, que con marauilloso esfuerço saco z libro al rrey su senor,
z puesto en lugar donde se pudiera librar su persona z ganar
grandes tierras z gran senorio por tan gran seruiçio como auia fecho,
sabiendo que non podia escapar, todo pospuesto, como vn leon
brauo, pensando el solo vençer z rrecobrar lo perdido, boluio a
pelear donde muriov^ Que podre dezir nin narrar, nin menos
podria avnque mucho trabajase, en escriptura poner los belicosos
actos del glorioso avuelo vuestro don Ynigo Lopez de Mendoça,
cuyo nonbre en vuestra senoria esta rrecobrado ? Cason tanynu-
merables batallas z cosasen que non themio cosa que se pudiese
dezir temer, r a que su persona non pusiese, z tan dignas de
loor, que es mas loor suyo z de vuestra senoria, segun sonnoto-
rias, dexallas, que dezillas; pero vna cosa sola non podria callar,
mas mucho z mucho se deue escreuir, que fue ser en singular
modo sapiente, z escreuir tan marauillosas doctrinas, todo porlo
natural, que por gracia le fue dado mas que por arte, que nunca
aprendio ; i de quien se podra dezir nin menos escreuir, que
fuese tan sabio z tan exçelente z esforçado varon en todas las
estorias que discurrir se pueden ? solo vno se hallara a quien le
semejar pueda, que fue el grandissimo varon z de gran exçelen-
çia Jullio Çesar, de quien todos se nominaron por su exçelençia,
que de audaçia z fortaleza mucho acabado se falla, z touo z la
sapiençia en exçelente manera, que por su sapiençia fallo elvisiesto
del ano, z antes nin despues del otro ouo que tanto alcançase.
Pues (Fol. 2° v.)^ que dire del ylustre senor duque, padre de
vuestra senoria, don Diego Hurtado de Mendoça, que fue docta-
do de ynumerables gracias, taies que en las quatro çiuilidades o
maneras de senorear que escriue el filosofo en el primero de los
Reioricos, todas quatro touo z muy cognosçidas en el ?; pues jn
espeçie viniendo la prudençia, avnque por exçelençia se adapta
a Noe, çerca de su senoria en mayor exçelençia se podria poner,
z por mas singular, segun la fama z obras que por ella hizo,
mayormente en la lealtad z guarda de las cosas que prometia z
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42 FERRAN NUNEZ
daua. Pues la confidençia, la begninidad z amor a los que le sir-
uieron, syn cuento se muestra; la stabilidad z fîrmeza muy
mayor que en Josue, segun por sus actos paresçe; la perfecçion
mas perfecto fue que otro alguno en todas sus obras. El seso z
prudençia de Salamon non fue tan acabado ; ya la paçiençia esta,
avnque se adapta a Job, muy mayor la touo en grandes cosas su
exçelençia ; la fecundidad z perseuerançia, la deuoçion, todas
segun los tiemposen que su senoria las exerçito para desatar gran-
des lazos z ligaduras z sostener la rrazon, ningun gouernador la
alcanço tan acabado como su senoria. Pues i que se podra dezir
de otros muy ylustres z serenissimos seiiores que desta prosapia z
projenie han proçedido, de donde agora en jvuestra exçelençia se
inemora todo ? Pues bien con rrazon, por la breuedad que es
plazer de los modernos, dire, tomando la doctrina del philosopho,
que a tan ylustre senor como es vuestra senoria deuo persuadir z
atraher que faga merçedes z las fechas conserue como continuo
lo haze, queriendo tomar exemplo de aquel inmenso dador Dios
nuestro, que sienpre da z nunca rresçibe. Ca si acatare a la per-
sona de vuestra senoria, tantas z tan ynumerables virtudes z
exçelençias vy z estan el rradicadas, que non puedo otra cosa
dezir, segun el amor que a tan pequeno z indigno sieruo mos-
tro, synon lo que dize él Posio ' del Tito emperador, que paresçe
vuestra serenidad amor z deleyte, z en algo mas quiero esten-
der. Que sy mirare a la prestançia z nobilissima projenie,; quien,
entre todos los cabdillos z duques del mundo semejable se halle,
que, por venustad de los mayores z por gloria de los padres z
parientes, a vuestra linpidissima sangre z tan clara se pueda lie-
gar ? E sy de la epulençia de rriquezas bastare, anplissimos son
los scnorios que tiene de potençia singular, losçibdadinos z sub-
ditos z de firme amor z beniuolençia. Sy de la virtud z grandeza
de coraçon opinare z acatare, tanto grande z de tal manera, que
I . i Poggio Bracciolini, el autor de la Hisioria de Fîorencia y eximio huma-
nista ?
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TRACTADO DE AMIÇIÇIA 43
es marauilloso, mayormente en la sîngularidad de los hedefiçios,
que non se, mirandolo, a que lo pudiera adaptar, nin menos
similar, synon aquel hedefiçio que de la talla z Hellion que
hedifico aquel notable rrey r muy memorado Priamo, que mi-
rando su forma z sotileza, creheran (Fol. 3° r.) ser verdad lo que
desto se escriue. i Que dire de la virtud de la justiçia, que tanto
ama z quiere, de la rreligion z liberalidad, de la clemençia z pie-
dad, de la fe, z constançia, z moderaçion z prudençîa que vy en
vuestra senoria, z de que esta doctado z continue exerçita z vsa,
synon requérir al philosofo que nueuamente paresca, z me de
audaçia para persuadir a tan nobilissimo varon z de tanta exçe-
lençia que me faga merçed, pues indigno de la resçebir me fallo ?
z pues este jnfiel, avnque muy memorado z que non tiene espe-
rança, boluerme he aquel solo dador que a prinçipio inuoque,
pues aquel solo es el que da a los flacos z débiles fuerça, z a los
ygnorantes sçiençia, z este guiadormedemuestraque tengafiuzia
en tantas z tan ynumerables virtudes como en la ylustre persona
de vuestra senoria estan, que aquellas vos atraheran a lo concé-
der, pues la virtud esta en el dar, z non en el que rresçibe; z
queriendo non ser prolixo z dar fyn en este prinçipio, serenis-
simo senor, muy conuiniente cosa fue que a tan graçioso senor,
z de tantas virtudes doctado, que tanto amor me mosiro, sir-
uiendo escriuiese, z en perpetuydad pusiese por comienço z co-
gnosçimiento de todos este tractado de amor, porque por esta
amiçiçia vuestro exçelente z magnifico estado mucho mas se
ahumentaracada dia, solo por querer z amar lo honesto^ bueno,
que es el propio amor, segun adelante en este tractado paresçe,
z por quedar la amiçiçia con quien vuestra senoria la puso. E
por esto, con gran rrazon mouido, por que a todos fuese noto
este nonbre de amigo de que me yntitulo, que tan rradicado
vuestra senoria tiene, fue conuiniente cosa, por començar a
seruir, que en esta lengua vulgar escriuiese, para saber que cosa
es amiçiçia z amor r beniuolençia. E por esto, mouido con aquel
modo z acatamiento que deuo, suplico a vuestra exçelente magni-
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44 FERRAN NUNEZ
fiçençia que nonacatando a la flaqueza z poco saber de inirrudo
juyzio z non buen estilo desta mi obra, pues lo causo la nesçes-
sidadde la lengua, z al desseo z fyn que me mueue a lo copillar,
vuestra scfioria con esto lo quiera rresçebir gratamente, a exenplo
del rredenptor nuestro lesu, que le pluguo mas el exiguo don z
pequeno de buena yntinçion que lo muy mucho mas ; z lo
defectuoso vuestra exçelençia lo supla z lo superfluo quite, z en
todo a enmienda z correcçion lo mande traer, z non mirando a
losemulos, coiîio ninguno dellos caresca; z como quiera que es
noto a todos, pero asento mi animo aqui enxerir algunos doc-
tores z santos de santissima vida, z otros que los touieron, z
començare de los poetas, por ser antiquissimos que los storicos z
oradores z que otro genero de scriptores. Homero, que fue
duque z cabdillo de la filosofia, z fue n te z ynuentor z origo de
las cosas diuinas, este en la posteridad de su studio touo tantos
emullos, que dormitante, z yncredulo, z otras jnjurias en su
nonbre z escriptura pusieron, en espeçial Zoylo, que fue maestro
de toda Maçedonia z Alexandria, le llamo Homeromastis en lo
que escriuea Tholomeo n^y contra yliaderiy z era ya pasado desta
vida Homero en aquel tienpo mill anos auia. Maro mantuano,
cognosçedor de toda disciplina, que, segun dize el Flaco, non se
hallo en tierra alguna (Fol. 3° v.) otro mas rresplandesçienie,
muchos emulos touo, que le cononbran ladron publico, z le
dizen feos denuestos. Esto mesmo padesçio Pedro * Terençio,
de los comicos el mas exçelente. ^Quien puedepensarnin dezir lo
del Tullio z Sçiçero, que son luz de la eloquençia z doctrina*
de los quales grandes Iqpres se dizen, gran émulation touieron,
que ouo quien de tantos z tan sumos oradores oso dezir que
locamente z coiïio escurras auian hablado ?<î Que dire de Demos-
tenes, en tanta grauedad tenido, z eminente en el arte oratoria z
1. Asi, por Publio.
2. Como se ve, coriSidera d Tulio y d Cicerôn como dos distintas persona-
lidades.
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TRACTADO DE AMIÇIÇIA 45
en el vso z majestad de dezir, que Epicuro z los que lo siguen,
en espeçial Metodoro z Ermachus, z otros filosofos, mucho lo
laçeraron, z el mesmo Epicuro a Platon continue muerde z mal-
tracta el philosofo Aristotiles? z el Eusebio, en vn libro que hizo
de preparatione euangelica, en vn capitulo que comiença ElearcuSy
dize quel Aristotelis fue judio z de su génération '. l Quien podra
escreuir la eniulaçion del Fauio contra Seneca, z Seneca contra
Phauio z contra Quintiliano, z el Quintiliano contra el, que
avnque son exçelentes en doctrina, z varones de gran jngenio,
nunca su propio nonbre se llaman ? Pues dexados estos de tanta
sapiençia, viniendo a los santos, lea la contençion del glorioso lero-
nimo con Rufino Aquiliensi, con Jouiniano, con Vigilancio. { Quien
vido las epistolas del Jeronimo con Agustino, z Agustino con el
Jeronimo, que como quiera que santissimos varones z de ma-
rauillosa sapiençia z de tanta santidad z doctrina ensenados, que
a todos exçeden en susescripturas z vidas, mas de eniulaçion no
poca, antes grande, es visto tener ? { Que dire del Çipriano, en
todaarte* oratoria admirable, fue de nmchos acusado z escar-
nesçen del, llamandole Capriano por la jnuidia z eniulaçion, z
oy los Tomatistos z Escotistos en las opiniones tanto diuerssos ?
E assy, serenissimo senor, vuestra senoria non se marauille que
contra mi, pusilo z flaco honbre, z yndocto, algo se diga, mas
suplico a vuestra senoria con la exçelente virtud de nobleza lo
supla, z a los lectores suplico que lo lean con yntinçion de lo
emendar cada que lo leyeren, z si leyendo hallaren lo que yo
ygnore, lo suplan z enmienden z syn detracçion a correcçion lo
trayan, tomando la doctrina z sentençia del papa Melchiades, que
primero todo diligentemente lo ynquiran, z con justiçia z caridad
difinan, a ninguno condepnen hasta hallar justo z verdadero
juyzio, z a ninguno judguen por suspicion de arbitrio, mas pri-
1. Desde : z el Eusebio hasta génération y estd subrayado, y con una cruz en
forma deaspa al ma*^gen.
2. Borrado: « de «.
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46 FERRAN NUNEZ
mero prueuen z despues caritatiuamente condepnen, z lo que
quieren para sy quieran para otro. E ynuocando el auxilio del
que a prinçipio por auxiliador tome coiho dador de las gracias,
comiença el Tractado z dize asy * :
I
Para uerdadera notiçia desta palabra amiçiçia, primeramente
deuemos saber por cognosçimiento que cosa es. Lo segundo de
donde se diriua z quantas maneras ay de amistad. Lo terçero
a quien es deuido, z (Fol. 4° r.) quanto el amigo deue amar
a su amigo. Lo quarto que fruto trahe amar. Lo quinto por que
causas se pierde o deue perder la amistad. Lo resto z vltimo,
que prouecho trahe tener amigos, z destas materias tracta asaz
plene el filosofo, en el octauo z nono Ethkor.^ z el Tulio in libro
de amiçiçia ^, z en el primero z terçero de ofiçiis, mucho por yns-
tenso el santo doctor en la segunda del segundo, en la quistion
veynte z seys z veynte z siete z veynte z ocho, tractando de la
caridad por todas las questiones. Esta bien por ynstenso por todo
el titulo veynte z siete de la quarta partida ; pone algo çerca
dello el Sabio, prouerbioruniy çiento z veynte z siete ; mas por-
que en estos lugares esta muy vulgar, dexando las rrazones z
opiniones z diferençias destos actores, por euitar la prolixidad,
solamente por lo rreduzir z traher al proposiio por mi ya yniçiado,
entiendo proseguir en este tractado sola la opinion de los juristas.
1 . Hay un espado en blanco de dos Ifneas en el côdice.
2. Hay version castellana de este opiisculo, hechaen el siglo xv, en el ms.
li. 21 de la Biblioteca Nacional de Madrid (es el n© 54 del CatdJogo ahreviado
de los tnanuscriios de la Biblioteca del Excmo. Sefior Dtique de Osuna é Infantado^
l)echo por el cottservador de ella Doii José Maria Rocaniora ; Madrid, Fortanet,
1882).
D. Fernando Casas publicô en Càdiz, en 1841, una nueva traduccién, con el
texto latino y notas, de : Lelio, â didlogo de Marco Tulio Cicerôn sobre la Amistad
(xxiv+214 pâgs en 80).
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TRACTADO DE AMIÇIÇIA 47
que sera cosa nueua, z lo que los doctores en estos casos ponen
z determinan, yntrexiriendo algo de los dichos de algunos singu-
lares filosofos z poetas, z algo de la sacra escriptura en el lugar
do conuiene^E porque en estos casos ay algunos vocablos que
non bien se rromançan, perdone vuestra senoria si alguna obs-
curidad touieren, que yo entiendo de trabajar de los poner en el
mejor vulgar que pudiere. E primeramente se ha de saber que
los juristas hazen diferençia, z dizen que ay beniuolençia, z beni-
fiçençia, z amor, z amiçiçia, z esto trahe entre sy diferençias, por-
que la beniuolençia es acto de la voluntad, por el quai a alguno
bien queremos, de la quai habla la ley inperialis en el prinçipio ;
z la benifiçençia es vna acçion o acto beniuolo que da gozo al
que lo rresçibe, z asi se difine en los feudos, en el .c. primero, z
asy consta que la beniuolençia esta en la voluntad, z non es ope-
ratiua de cosa buena, porque non obra. E tienen diferençia estos
vocablos de amor, porque amor rrequiere deliberaçion del
coraçon z voluntad de obra, z por eso el amor procède ex animo,
segun se nota en la ley terçera de donationibus, z la beniuolençia
niuchas vezessin deliberaçion z rrepentina z arrebatadamente z de
supito viene, segun muchas vezes por experiençia vehemos en dos
perssonas que peleen z jueguen o hagan otros actos, que subito
viene al honbrequerer que vno vença ogane, avnque non le ama,
tiene beniiîolençia supita z presta, z algunas vezes ama a quien
no es su amigo, z por esto non se puede dezir todo bien querer
o amor ser amiçiçia. Ca este amor de amiçiçia ha de ser delibe-
rada bien querençia entre dos, z ha de ser mutua, z a cada
vno manifiesta, conuiene a saber quel amor de amiçiçia ha de
estar çerca del amante z del amado como vna cosa clara z mani-
fiesta, sin mezcla alguna, z por esto dize la ley : a los amigos
auemos de Uamar amigos, non por leue z ligero cognosçimiento,
mas antiguo z grande, z honesta familiaridad, por rrazon adqui-
rida, z que sea' auida con los padres o parientes, non de volun-
tad presta, synon deliberada ; (Fol. 4^ v.) assi lo quiere la ley
late., do la glosa, alegando al Tulio, dize : el amigo el mesmo
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48 FERRAN NUNEZ
querer z non querer en las cosas liçitas z honestas ha de tener de
su aniigo o amado, que quiere dezir que avnque dos sean en
espeçie, han deser vna voluntad, vn querer, vn amor en las cosas
liçitas, z por esto propriamente se dize amigOy que quiere àtzxr custos
o guardador del coraçon del amigo ; de la quai ley z glosa se
concluyen dos cosas : que la perfecta z verdadera amiçiçia es
por lo honesto z bueno solamente, z non por lo délectable, z
que tiene aparençias de ser bueno z non lo es, nin por el querer,
synon por la rrazon z honestad ; z por esto dize la ley vna muy
marauillosa habla, que los nuestros mayores antiguos z doctos
siguieron rrazon, z los padres donde proçedemos extimaron z
dixieron aquel amor o amiçiçia ser buena que procède de solo
coraçon z voluntad buena z sinple, z non la que procède por
lucro o ganançia, o ynterese z prouecho, como oy por nuestras
culpas vehemos que no ay amor ni bien querer, ni la beniuolen-
çia ni amiçiçia, synon por el lucro o prouecho que dello pro-
curan o esperan o han, non que procéda de la voluntad nin del
coraçon, que es presçipua causa por donde las cosas estan como
vehemos, porque en todos fallesçe la substançia de la virtud que
ha de ser en el amiçiçia o amor, que ha de procéder ex anUno z de
voluntad, z non por rrazon del ynterese ; asy lo dispone la ley
allegada, que es terçera, z por esto dizen losdoctores que inpropio
trahen oy z por muchos tiempos se ha tenido este vocablo de dezir
amiga a las que aman, porque non las aman por lo honesto z
bueno, synon por lo deleitable, z la verdadera amiçiçia es por lo
honesto z bueno, z con pocos z non con muchos, porque para
ser el querer z non querer vno, non puede diuertirse z estar çerca
de muchos, porque es natural cosa el disentir z non permanes-
çer ni estar en vn querer los muchos, segun lo dize la ley
Iten si vnuSy z aqui se auia de traher çerca de la vnidad muchas
cosas que por la breuedad omito, r desto se sigue que vera ami-
çiçia non puede estar çerca de muchos, z teniendo esto quel ami-
çiçia ha de estar en lo honesto z bueno, z se han de querer z
amar los amigos antiguos, z que se ouieron con deliberaçion.
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TRACTADO DE AMIÇIÇIA 49
Dizelo el sabio : a tu amigo z al aniigo de tu padre non lo dexes ;
z porque este es mi motiuo z la causa que me mouio a este tractado
escreuir, para lo corroborar esto, sera nesçessario traher z fun-
darlo con dichos extrahordinarios avnque singulares z exparzidos
en muchos lugares, con este desseo de traher a esta vera amiçiçia
a vuestra senoria. z para ello dize el Seneca en la terçera epis-
tola, z el Inoçençio, famosissimo papa quarto, fablando desta
amiçiçia que es perfecta : Con el amigo toda cosa se ha de fablar z
deliberar z primero ver, z asse de fablar tan osado como consigo,
porque muchos muestran enganar con themor de ser enganados,
que es dulçe dezir bien acatado ; z el Socrates, en sus exortaçiones,
en el capitulo primero, dize ; non solamente (Fol. 5^ r.) al ami-
go se deue el honbre todo z daro comunicar, mas ha de tener en
la mesma amistad z comunicaçion a los que nasçen de su amigo,
como herederos en la substançia del padre. De que se signe que
por la absençia o reparaçion del anima z del cuerpo, o decay-
miento destado, nunca la amistad ha de çessar de obrar z tenerse,
pues es virtud. E el filosofo, en el libro segundo de los rrttoricosy
dize : apartarse de los amigos antiguos z acostunbrados es misé-
rable confusion z flaqueza, z miseria de coraçon ; \ o coiïio esto es
inhusitado, que a terçero dia muy fastidiosa paresçe en todos la
amistad, siguiendo en esto el prouerbio nialo vulgar, que las
nueuas cosas aplazen ! z contra estos fue lo que dize el Sabio en
el Eclesiastico : a tu amigo antiguo non lo dexes, quel nueuo non
puede ser semejable a el, de que résulta que cada dia non se deue
tomar nueua amistad, z el verdadero amigo non solamente asi
ha de comunicar, z esto comunmente es auido por facile,
avnque nuestro saluador lo ouo por dificile, que non hallo
mayor amor que poner su anima por la de su amigo, que
es la comunicaçion de sy mesmo, z darse en sus nesçessi-
dades, mas anle de comunicarle sus bienes z cosas, lo quai
segun el tiempo es dificultoso, z desto es griego prouerbio, que
dize de los amigos es ser comunes todas sus cosas, z el Tulio lo
dize en el primero de los ofiçios. En los amigos ha de ser vn estu-
Rtxmt bitfanique. xiv. 4
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50 FERRAN NU5ÏEZ
dio, vna voluntad, vn tener, en manera que cada vno sea el otro,
z cada vno aya la mesma delectaçion z plazer honesto del otro,
z sea el vno z el otro su amigo mesmo, en que paresçe dezir lo
que Pitagoras dize : Quel amigo ha de ser fecho de muchos vno,
z con esto concuerda el Valerio en el libro quarto, en el titulo
de moderaçionephor.y que coiîio oyese que Xenocrates su disçipulo
muchos maies dixiesse del, con inpetu menospreçiando z crimi-
nando, z con cara z vulto cruel z sanoso, acato al que lo dizia,
el quai començo a jurar z dezirle que por que non le daua fe
como el le amase, z cosas creybles le dizia, z con grandes jura-
mentos dixo ser verdad que Xenocrates su disçipulo auia dicho
del lo que le dizia. Luego le respondio que nunca los dioses qui-
siesen nin podria ser que Xenocrates su amigo tal dixiesse, sy
non fuesse nesçessario z conuiniente, de que paresçio amarle de
coraçon, pues le escuso z non creyo lo que de su amigo se dezia ' ;
z tal ha de ser el amigo que quando algo oyere dezir de su amigo,
non lo deue creher, antes escusarlo ; z a esto el Socrates en sus
exortaçioneSy en el segundo capitulo, dize : Sy élégante z bueno
quieres ser con tu amigo, quando algo del oyeres, presto lo redar-
guye, z quando nesçessidad ouiere, le socorre z le ayuda ; z el
Aristotel, en el libro segundo de los rretoricos : El fecho del amigo
uerdadero z non fingidoes, syn que lo piJa * nin requiera, proue-
I. « Por lo quai menos me maravillo porque tue {Plaiôn) moderado tan
constantemente en Xenocrates su dicipulo. Avia oido que el avia hablado muy
mal muchas cosas de el, luego tuvo en poco la acusacion. El que se lo avia
dicho porfiava sin mudar el senblante, buscando la causa por que no le dava
credîto, anadio que no creya que no le amase en igual grado aquel a quien el
amava en tanta manera. A la postre, como aquel mal onbre que senbrava las
encmistades, uviese dicho que juraria que era ansi lo que dezia, porque no se
disputase sobre su juramento falso, afirmô que Xenocrates nunca avia de dezir
aquellas cosas, si no juzgara le convenia que las dixese. » Valerio Maximo,
traduccion de Diego Lopez ; Sevilla, Francisco de Lyra, 1632 ; al fol. 79. —
Otra version, delsiglo xv, puede verse en el ms. Kk. 17 de la Bibl. Nacional
de Madrid.
2. Escrito: h que puede.
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TRACTADO DE AMIÇIÇIA 5I
erle ; zd mesmo filosofo (Fol. 5° v.) en el octauo libro Ethicor.
dize : segun la perfecta amiçiçia por muchas razones se ha de
ganar mucho el amigo z non amar a muchos de vna amistad, sy-
non plazer aquel muchas vezes. E el Seneca, en la epistola que
comiença longum michi, segun lo reza el Baldo, doctor muy sotil,
en vn tractado que hizo de la amistad, quel amigo se ha de pose-
her en el coraçon, z nunca se ha de apartar del, z ha de ser des-
seado continue uerle. Eassy dizia el Sçipio Africano nengun peste '
ser tan firme nin mayor quel amigo z su honor. Ca muchas vezes
entre los muchos amigos vehemos grandes enemistades, z non
quiére otra cosa dezir, sinon quel amigo, con quantas fuerças pue-
da, procure el bien z honrra de su amigo por que non le pierda,
z esto faziendo le sera firme peste * z que non le esperimente por
nesçessidad z miseria. Segun quiere la sentençia de aquel varon
que dizia : Sy quieres prouar al amigo, ponte en neçesidad z mise-
ria. Ca esto es herror manifiesto dexar el amigo de tener amistad
por ninguna causa. Assy lo muestra z dize el Socrates, donde
dize : con los amigos luenga amistad z breues oraçiones, z obras
z no palabras ; z el Tulio, en el primero de los ofiçioSy dize que
ninguna conpania o soçiedad es tal como con los buenos z vir-
tuosos amigos en obras z costunbres tener luenga amistad z fami-
liaridad mucho conjuhta. E el Boeçio, in iercio de consolacioney en la
fabula de Orfeo, dize : no ay mayor ley de amorque amar luenga-
mente a su amigo. r el que ama ha de tener themor, porquel amor
con el themor, han de tener conjunçion z conpania, z han destar
conjuntos en vno, ca non es amor donde no ay themor, nin se
puede llamar perfecto.
Asi lo muestra Salamon en el Eclesiastko, ecle. xxv. : en très
cosas fue plazible mi spiritu, las quales delante de dios son
aprouadas z por los honbres queridas z tenidas : La concordia de
los parientes; El amor z themor de los amigos, z el varon z la
1. Tal VQz: poste,
2. Tal vez^ : poste.
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52 FERRAN NUNEZ
muger que se dan a consentimiento. E todo esto es querer mos-
trar la perfecçion del amiçiçia z verdadera vnion z amor, de la
que este iractado prosigue. d, como dize el Tulio in libro de
amiçiçiCy i que cosa tan stable, que çibdad tan firme es que con
odio z discordia non se hunda z destruya z diuierta ? 3 el Salustio,
in Jugurtino : con la amistad z concordia todas las cosas junta-
mente z yguales creçen. z con la discordia o odio maxime se des-
hazen rpierden. Esegun dize el Jeronimo en el primero libro
contra Jouiniano^ que los griegos entre sy discordes, loauan a
Malamoro su enemigo, porque concordo a très en vna casa : con-
Gordo al marido, 3 a la muger, z la sierua, z dize que si este por
tan poco es de loar, quanto mas séria z meresçe ser en exçelençia
loado el que al principe con sus subditos, ^ a vn pueblo con otro,
z muchos vnos con (F. 6° r.)otros en amor z vnion concordase,
z con esto concuerda el Iulio Çesar, z se trahe in Policraione \
libro. X. capîo. iij., que non se puede llamar cauallero el que non
trabaja que los caualleros esten en amor, z en paz z concordia, z
desto le loan que siempre allego a si gentes, z dixo : venid, z
nunca despidio nin dixo yd, queriendolos all^ar a si con aquella
amistad honesta z buena de que propiamente se dize amiçiçia,
que avnque enperador z de grandissimo estado, siempre
quiso seguir la virtud del amiçiçia, z ponerse con sus
caualleros z gentes en ella, non vsurpando la vana gloria,
que es inproprio a los grandes senores z de gran estado. j O
quan digno de loor se puede dezir el cauallero, que apartada
toda cobdiçia z interese en lo honesto z bueno, procura z
I. Alude al Opus precJarum de nugis curialium et vestigiis phiîosophorunty quod
Policraticon dicitur, compucsto por Juan de Salisbury (i i lo-i i8o ?), obispo de
Chartres. La primera ediciôn de esia obra se imprimiô enBruselas, hacia 1480,
segiin La Sema Santander (Dictionnaire bibliographique cïjoisi du quinzième siècle^
III, 340).
El Policraticon fué libro conocidfsimo en los siglos xiii, xiv y xv : Pedro
Dlaz de Toledo y Clémente Sinchez de Vercial, entre otros muchos, lo men-
donan*
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TRACTADO DE AMIÇIÇIA 5 3
obra tal ofiçîo como este, que es amar z vnir z concordar los
muchos ! z para mayor fundamento desto, el santo doctor, en el
lugar alegado, en la question veynte z seys. en el articule
segundo, dize, rrefîriendo al filosofo en el nono: Queçinco cosas
se rrequieren para verdadera amiçiçia : La primera, quel amigo
quiera para el amigo bien. Le segundo, que quiera que sea z
tenga ser z biua. Lo terçero, que se tracten z biuan juntos delec-
tablemente. Lo quarto, que con deliberaçion elegido el amigo,
non se pierda z se conduela con el z con el se goze, que quando
su amigo touiere mal, que lo sienta z tenga, z quando bien z
plazer, assi mesmo. Lo quinto, que dure la amistad z por caso
alguno se pierda, pues es virtud ; z asi concluye* el santo doctor
con el filosofo en el alegado lugar quel amar es propio acto z
muestra de la dilecçion, que es acto de la voluntad tendiente en
bien, con vna vnion al amado que non esta en la beniuolençia ;
z lo que pertenesçe al amiçiçia prouiene del amor que tiene el
honbre consigo, z tal lo ha de tener al amigo, porque ha de ser
tal que lo quel mesmo quiere para sy, eso mesmo quiera para el
amigo, z esta es la vnion del afecto ; z en el primero qsito ' dize
que no ay mayor virtud del amor z verdadera amiçiçia, que
preuenir al amado que ame el honbre primero, z obre por que
sea amado z con el obren. Asi lo dixo el glorioso padre de vuestro
progenitor en sus prouerbios: ama z seras amado *. Catad aqui la
1. Quaesito (?).
2. <c Fijo mio mucho amado,
para mientes,
e non contrastes las gentes
mal su grado;
ama e seras amado,
epodras
fazer lo que non faras
desamado. »
(Obras de Don Inigo Lope^ de Mendo:^ay Marqués de Santiîlana ; éd. Amador de
los Rios, Madrid, 1852; pdg. 29).
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54 FERRAN NUNEZ
probaçion quel santo doctor dize, z esto mesmo dize sant Agostin
en el libro que hizo de cathe:i^i:(andis rrudibus^ z en esto concuerda
el filosofo en el octauo, que tiene que mayor r mas verdadera
esta la amiçiçia en amar, queenser amado. Eavnqueenalgodesto
saïga del propositô començado z me detenga, porque paresçe
por ello la verdadera amiçiçia, non passare sub silençio lo que
arriba dixe de tan noble enperador z de sus marauillosos actos z de
su gloriosa memoria que tal amiçiçia con lodos ténia, faziendo las
causas (Fol. 6** v.)agenassuyas, procurando vnionr amor z con-
cordia, que ofiçio tan marauilloso quien lo podra dezir, pues que
este mesmo fuedesde ab eîerno de nuestro Dios infinito obrado z
querido; por esto nuestro rredemptor rresçibio carne humanar
sufrio crudelissima passion, queriendo hazer vnion z paz entre
Dios z honbre, z entre honbre z honbre, z entre angel z honbre,
z de dos pueblos diuisos vno, z quiiar las disensiones z discor-
dias de todos, z ponerles en verdadera amiçiçia, z desto innume-
rables autoridades se podrian traher de In sacra escriptura, z
paresçen en sus marauillosas obras desdel prinçipio de la creaçion
z rreparaçion fasta oy, que dexo de contar por la prolixidad z
por non distraher a los lectores del comienço z medio por mi
prinçipiado. Pero solo vn poco dire, en que se mostrara mucho
esta vera vera amiçiçia, que es vn decreto del glorioso Jeronimo,
que mucho rreprueua a los que ponen odios z sienbran zizania
en la mies de Christo z entre los proximos coiho Luçiferos, que-
riendo vsar por su ofiçio por que cayo, z es decreto marauilloso,
rdize que los que sienbran odio r zizania en la mies de Christo,
por contençones la queman, z faze en ella jnçendio, tomando el
ofiçio del enemigo del honbre, queriendo diuidir la inconsutille
vestidura suya, z como fue yndiuisa la despedaçan z rronpen, z
disierpan la vinacomo rraposos en loslagos escondidossynagua;
donde concluye que es quasi inposible que est os taies alcançen
nin vean aquel dulçor de la gloria sempiterna, z ynuocando con
el salmista en el salmo setenia z très, dize : leuantese dios todo
poderoso, z judgue su causa, pues estos taies quieren disipar z
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TRACTADO DE AMIÇIÇIA 55
destruyr la vnion christiana quel vino, queriendo fazer vera
amiçiçia por susagrada pasion. Asi lo dize el Apostol : el es ese
mesmo pars nostra que hizo de dos cosas vna, desatando la pared
que en medio staua, z sacando la materia desato las enemistades,
z de tanta diujsion paz z vn nueuo honbre, rreconçiliando a dos
en vn cuerpo. E en los Actos de los Aposioles dize : Dios non
esaceptor de personas, masentoda gente obra. Esant Juan, en su
canonica, marauillosas cosas de paz z desta vnion z amor escriue.
z segun el Prosper escriue, por eso fizo Dios todas las cosas rredon-
das z a figura çircular, por que se demostrase su vnidad z amor.
n
E dexando esto, tornando a mi proposito, pues es ya declarado
lo primero, que fue que cosa es amiçiçia, vengamos a desçidir lo
segundo. ra esto traherela opinion de los doctores juristas, pues
fue este mi fundamento, z auemos primero de saber de donde se
diriua la beniuolençia, z la benifiçençia, z la amiçiçia, z esto
dizen que se diriua o tiene prinçipio deste aduerbio bene, z non
del prononbre btuno, del quai desçiende z se diriua la beniuolen-
çia. E la amiçiçia es dîriuada o (Fol. 7^ r.) se diriua deste verbo :
amOf o amor^ que es nonbre, z esta conprehende en sy todo lo
otro, z es perfecto en el, z ase de rregular que se ame o se de
segun la rrazon z la medida de los meresçimientos que presçe-
dan, z non vitra nin mas de lo que meresçen, z a quien se deue
dnr este amor o amiçiçia ^ ha de hazerse bien aquel que bien
quiere z dessea bien hazer, segun el merito. E dizen los doctores
que si dessea o da bien a quien non lo meresçe, non es bien
querer ni segun el rrecto juyzio si rrazon se puede dezir amor,
porque bien querer o bien fazer a los que lo meresçen, es loable ;
àsi lo determinan. z lo otro, que es amar o querer a quien non
lo meresçe, es perder z non amar. Asi se trahe en la ley filius
familias. De que se signe que la beniuolençia z la benifiçençia
non esta en la rrazon o en la mente, saluo el amiçiçia z amor.
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56 FERRAN NUNEZ
porque es virtud, lo quai es habito z acto firme de que se viste
h voluntvid, acatando en el juyzio de la rrazon. Ca la virtud
siempre esta en el animo del virtuoso varon, z las virtu-
des del animo hacen virtuoso cuerpo, z las operaçiones
del, segun el autentico de monachis, en el parrafo si vero ; z asi
determinanel cognosçimiento de donde se deuen diriuar la beni-
uolenciâ z benefiçençia z amiçiçia, en que non es nesçessario de
mas alargar, porque es sin vtilidad.
III
Por que veamos lo terçero, que fue a quien es deuido el bien que-
rer r amar,r en estoconuiene hazer algun rreposo,paraauerverda-
dera notiçia dello, porque esto eslo mas nesçessario a mi proposito
z al bien comun de todos, z en esto asy mesmo, dexadas las opi-
niones de los otros doctores z que en esto algo hallaron, seguire
solamente la de los juristas z lo que en esto determinan, avnque
algo dire de otros. E lo que los doctores juristas dizen çercadesto,
es quel bien querer z el humano amor o beniuolençia, es deuido
a aquellos a que la rrazon humana nos dicta o enderesça a bien
querer ramar, porque, segun derecho, deuemos querer z seguir
lo que la humana rrazon nos dize o dicta z enderesça a bien querer,
segun se nota en la ley non tantum, z en la ley si cuiy z en la ley
humanitatis z quedam. E interrogan los doctores sy por esta rra-
zon deuemos bien querer z tener beniuolençia a las animalias
brutas, z dizen que por que son para sustentaçion de la nuestra
humanidad, a la quai es prouechoso, z fueron criadas por Dios
para vtilidad de la nuestra humanidad las brutas animales, z aues,
z peçes, z las otras plantas, segun la ley pecudum, por eso que
largo modo se puede dezir que les es deuida humana beniuolen-
çia, avnque con ellos non pueda estar amiçiçia, porque non tene-
mos ni participamos con ellos en comunicaçion alguna, nin les
deuemos querer bien por ellos mesmos nin por ellos ser buenos.
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TRACTADO DE AMIÇIÇIA $J
nin con ellos tenemos fruyçion (Fol. 7** v.) ni bien comun,
saluo solamente el prouecho que dellos conseguimos para nuestra
sustentaçion, z por esto non puede caher en ellos este amor que
es amiçiçia, mas solamente la beniuolençia. Ca nosotros, con
sola la criatura razonable, que es senora de todo, somos theni-
dos e deuemos comunicar z fruyr z participât en bien, que es
amor de amiçiçia. Assi lo dize el enperador christianissimo en la
ley alegada: porque la humana natura entre todos los honbres z
criaturas rrazonables constituyo vnà cognaçion, por la quai nos
deuemos bien querer z comunicar z: fruyr en bien. Assylo déter-
mina la ley viij, z entre los honbres z criaturas rrazonables con-
uiene por benefiçios ser ligados z tener comunion de bien z vir-
tud, que es la amiçiçia, segun la ley seruus z la ley incomendato,
z por esta rrazon, que es singular en la humana natura, consti-
tuyo cognaçion entre las c» iaturas rrazonables. Asi lo détermina
el Bal. z el Bartulo en sus tractados que desta materia hizieron,
z mueuen la quistion si a los infieles moros z judios auemos
de amar, z determinase que a todas las criaturas rrazonables,
avnque sean infieles z alarabes, z a los enemigos es deuida
humana beniuolençia z amor, por la rrazon de la cognaçion que
la naturaleza constituyo entre las criaturas rrazonables. E el santo
dotor santo Thomas dize que les es deuida vna dilecçion que pro-
cède de la viçeral caridad, que es amor de amiçiçia. E dize que
somos thenidos a les subuenir en sus nesçessidades, porque son
participes z comunican en nuestra naturaleza. E esto ha funda-
mento de vn decreto que comiença caritaSy de que los doctores
notan z concluyen que por esta rrazon el hijo christiano z fiel es
thenîdo de alimentar z subuenir en las cosas nesçessarias a su
padre, avnque sea ynfiel z de qualquier seta, e dize que avnquel
ynfiel sea malo z contenptor de la verissima ley nuestra z fe de
Christo nuestro dios infinito, non por eso dexa de ser padre,
segun el testo de la ley Si uero contingent, E avnque en esto algu-
nos doctores tengan diuerssas opiniones, la verdadera es quel hijo
christiano o fiel es tenido de alimentar z subuenir antes a su
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58 FERRAN NU^EZ
padre infiel z non creyente verdadera fe, que non a otro que sea
de su fe o christiano. E la rrazon desto es lo que dize el carde-
nal Hostiense, que dize que dederecho natural es que los hijos a
los padres z parientes, quando son pobres o menguados, son the-
nidos de les alimentar z subuenir, z en esto ninguna ley haze
diferençia de fiel e jnfiel. De que se sigue que la ynfidelidad non
libra al hijo de ser thenido de subuenir al padre z parientes en
las nesçessidades, z de les alimentar. E por esto dize Inoçençio,
papa quarto, singularissimo doctor, en el capitulo (Fol. 8** r.) quod
super y que como todos los ynfieles judios z moros z otras gentes,
por la creaçion son ôuejas 'de nuestro rredemptor lesu, el quai,
con este amor, sinplemente z sin distinçion alguna, dixo a sant
Pedro, principe de los Apostoles: apasçienta las tnisouejaSy en que
se entienden, segun la crehaçion, por los ynfieles assy como por
l s fieles, z sin causa non les deuen nin podemos priuar nin tomar
sus bienes z cosas que poseen, z en esto ay larga contention
entre los doctores, z por el tiempo ser tal que para la guerra de
los moros conuiene, detenerme vn poco a lo determinar, avnque
algo saïga del proposito. Esta quistion se mueue por los doctores
en diuerssos lugares, z disçidela el Oldraldo, doctor famoso % en
vn consejo suyo, z arguyela por la parte negatiua, que non les
pueda ser fecha guerra sin pecado, nin tomarles lo suyo, por
estas autoridades z rrazones : Dize que estando los moros, ene-
migos de nuestra fe, en paz z en quietud, como estan los que
entre nosotros moran, non les deueser ynduzida guerra ni tomado
lo suyo, segun el testo de la ley. z lo que nota el Ynoçençio
papa en el alegado capitulo j«/ïer hiis, porque non deuen ser con-
pellidos nin menos forçados a que rresçiban la fe nuestra nin se
bautizen, z allega lo que dize el Apostol a los rromanos, que ya
I. Oldradoii Olrado, célèbre jurisconsulto de la escuela de Bolonia (sigio
xiii). Muriô en Avignon, en 1335.
Consûltese sobre las cuestiones en cuyo examen entra ahora el Doctor, el
excelente libro de E. Nys: Les origines du droit international (Harlem, 1894).
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TRACTADO DE AMIÇIÇIA 59
nunca guerra nin batallas carnales se han de hazer. E lo que dize
Malachias proféra*: desdel nasçimientodel sol fastadonde sepone,
grande es el mi nonbre en las gentes, z en todo lugar es santifi-
cado r me es ofresçido sacrifiçio linpio. E lo que dize Tholomeo
en el prologo, z lo que se dixo por los santos Apostoles : cons-
tituye los principes sobre toda la tierra, z su poder non fue
artado o limitado, mas dilatado z anpliado del mar fasta la mar,
z del rrio fasta en fin del mundo. z dize que, segun la opinion
de algunos, los principes z rreyes christianos pecan en rresçebir
dellos tributo; mas por la parte afirmatiua, que sea liçita la
guerra z santa, z que se deue hazer avnque ellos quieran paz,
trahere muchas auctoridades, z breuemente, por me reduzir al
proposito. E la primera es de Ordo ' en vn sermon, z es vn
decreto. Donde dize que todas estas tierras que losmoros z jnfie-
les tienen, asi la parte de oçidente como en el oriente, todas
fueron de christianos z siruieron a Christo hasta el tiempo de
aquel seudo z de muy suziasimiente Mahomad. z asi por lo rre-
cuperar z aver es liçita z muy permisa la guerra. La otra rrazon
es que, avnque esten en paz, hazenlo por non poder mas. Ca
segun enemiga tienen de prinçipio contra nuesta fe, quando
pudieren non la çessaran de hazer crudamente, z porque es pre-
missala defenssion, liçitamentelos jnpugnan. Porque, segun dize
el maestro de las estorias scolasticas *, sobre la fuga de Agar que
se escriue en el Genesi, a los diez z seys, de su padre o prinçipio,
que fue Ysmael, lo trahen profetizado, que le fue dicho : la su
mano (Fol. 8° v.) contra todos z todos contra el, z en la région
o prouinçia de sus hermanos finco o puso tiendas, lo quai todo
se dize por los moros, z asi paresçe que ellos guerrean contra todos
z todos contra ellos. E por esto es liçita z permîssa la guerra
contra ellos, porque se espéra que, quando ellos puedan, turbaran
la paz z non la guardaran. La otra rrazon es, z muy sufiçiente.
T. ?
2. Pedro Comestor, el autor de la Histoiia scholastica.
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60 FERRAN NUNEZ
porque es muy çierto que toda la prouinçia que ellos posehen en
Espaiia tiranamente la tienen, porque primero ftie de christianos,
z por batallas z guerra la ocuparon z tienen, z alli ouo yglesias
donde Dios nuestro senor se siruia, z las destroçaron z perdie-
ron z despojaron por nuestros pecados, por permission diuina. E
como los fieles christianos hagan la guerra para recobrar lo per-
dido z de que por violençia somos despojados, liçita guerra z
santa [es] z todos los testos z santos doctores la aprueuan, pues
que justamente se haze qualquiera cosaque por defension se haze.
z esto tiene el Ynoçençio en el lugar alegado. Otra rrazon' es z
muy sotil porque estos moros non se pueden dezir ouejas de
Christo, sinon bueyes z bestias canpesinas. z por ellos se dixo,
pues que como bestias que caresçen de rrazon, dexado el verda-
dero Dios, adoran z honrran propiamente ydolos. Asi lo dize el
maestro jn storia, z propiamente los moros se han de llamar bes-
tias, pues quel padre suyo Ysmael fue llamado por dios onager^
que significa bestia, y fue muy rrazonable, segun lo dize Mero-
dio, porque despues del auia de ser que los que del proçediessen
toda rrabie o yra, z sana, o furor de todas las bestias auian de
tener, z toda mansedunbre de otras naçiones auian de ser con-
quistados dellos, z dize. E assi ha seydo ; en los lugares sanctos
han muerto z truçidado a muchos, z fecho grandes crueldades
como bestias fieras. E por esto se dize que lo que dixo Abraham
a Ssarra quando se le quexo de su sierua Agar, que dixo : tu
sierua en tu mano es, vsa délia. Assy lo dixo Moysen
en el Genesiy xvij., z figuratiuamente por Sarra se entiende la
santa yglesia militante, que sirue a Christo z es libre, z por la
Agar sierua la maldita seta de Mahomad, pues que délia traxo
origen o nasçimiento. E asi la yglesia puede vsar z mandar esta
como a sierua maldita, dexandola z menospreçiandola como
Sarra hizo a agar, z asi se tiene por conclusion ser muy liçita z
santa z premissa la guerra, z para ella non solamente las cosas
profanas se deuen z pueden tomar z vender, mas las dedicadas
al culio diuino, z asi desta quistion me expido, avnque otra
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TRACTADO DE AMIÇIÇIA 6l
razon se dize que non pueden tener dominio o senorio nin menos
juridiçion en lo que posehen z tienen, z quien quiera ge lo
puede ocupar, que es contra la opinion del allegada papa, que
dixo que posehen z que non (Fol. 9° r.) ge los pueden priuar,
porque el Hosiiense cardenal, z la comun opinion de los doctores
siguen aquesto. Contra el Ynoçençio, dondeel dize que si alguna
tierra de algun senorio todos fuessen moros, z se tornasen a la fe,
deuian obediençia al senor moro z subjecçion, en esto le contra-
dizen, z tienen que non, porque non tienen dominio ni juridi-
çion, ni son capaçes délia, z dexando esto, tomando al proposito,
avnque les sea deuida a los ynfieles esta beniuolençia, que se
toma en larga manera, espeçial beniuolençia es deuida z se deue,
z somos tenidos de bien querer a los que son fieles z participan
en nuestra fe, a los quales primeramente z mayor z mejor es
deuido el amor z beniuolençia, z mas a los de vna patria o lugar
que non a los estranos z de otra tierra, avnquel Baldo dize que
por ser todos obedientes a la madré santa yglesia, non deue auer
diferençia de vna tierra o de otra, saluo ser fieles z christianos, z
estos todos se pueden llamar de vna patria çibdadanos, z ha fun-
damento deste dezir de la ley primera en el prinçipio de la suma
Trinidad, z asi mesmo entre los fieles z de vna fe, ay perssonas
a quien es deuida mas espeçial beniuolençia z amor, z estos son
los parientes o conjuntos por conjunçion de sangre, o que son
de vn linaje z debdo, z mas a los mas propincos que a otros, por
la mayor partiçipaçion z conjunçion. z a èstos somos mas theni-
dos de amar z tener beniuolençia, por mayor vnion z porque
todos los de vn linaje hazen z representan vn cuerpo segun la
ley. E la honrra z la ynjuria fecha a vno de vn linaje z de los
parientes, es fech.i a todos z a cada vno dellos, z por esto esta
de derecho çiuil que los parientes auian de consentir en el casa-
miento o matrimonio de su pariente, z auian de ser llamados
a ellas, z el fijo non podia casar sin consentimiento de su padre^
segun la ley jn bello, E assy, ocurriendonesçessidad, antes somos
thenidos de subuenir z socorrer z amar a los parientes que a los
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62 FERRAN NUNEZ
estranos, z mas presçipio ' amor de beniuolençia les es deuido.
z esto se ha de entender z limitar a los Buenos z virtuoses, z
non a los viçiosos z malos, porque mas deuemos amar z
tener beniuolençia al amigo que tcnemos en verdadera amiçiçia
z amor, z es bueno z virtuoso, que non al pariente z muy pro-
pinco. z es la rrazon desto, porque la amiçiçia ha de ser por
razon de la virtud z de lo honesto z bueno, segun que arriba es
declarado, z esta es la vera amiçiçia, la que es por rrazon de la
virtud. Porque aquella es la mas perfectissima z mas obtima z
mejor que ninguna cognaçion nin debdo, z el que ama a tal
amigo, es amor de mayor perfecçion que non la cognaçion o
debdo, z assi de mayor querer z amor, porque el que ama a
su amigo ama a sy mesmo bien z buena cosa, segun la ley ale-
gada lait z ay la glosa, z a esta dilecçion z amor que procède
(Fol. 9° V.) z desçiende z se deue de la cognaçion, es deuido sola-
mente a los desçendientes por lignea recta, z a los naturales, z
non a los bastardos z por ylliçito coyto auidos, porque es natu-
ral nonbre, segun lo dize el cnperador z lo nota el Bartulo en la
ley />r(?/ïMMf /fl(f io, de donde quieren dezir z ynferir quel bastardo
non se puede dezir de la casa nin generaçion del legitimo, por-
que en esta cognaçion que se deue o procède a los bastardos,
muchas vezes interuiene fraude z mistura de otra sangre; assy lo
présume la ley, avnque desto es larga contençion en derecho, z lo
dexo por seguir lo començado. z viene la quistion a quien es
deuido esta beniuolençia o amor de amiçiçia, z como auemos
dicho que espeçial beniuolençia es deuida a los de vna genera-
çion, z entrellos ay personas mas conjuntas, a las quales se deue
muy mayor beniuolençia z amor, corîio es entre el padre z el
hijo, z entre los hermanos, entre los quales es mayor conjunçion
z vnion'de sangre. Ca el padre z el hijo son vna perssona; assi
lo quiere la ley; z los hermanos, segun la opinion de los logicos,
I. Asf, por precipuo.
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TRACTADO ÛE AMIÇIÇIA 63
cada vno dellos es el otro, z entre si mesmos son vna cosa. z
esto ha fundamento de derecho en la ley jrattr a fratre. z es de
saber quel padre mas ama al hijo z en mayor dilecçion z amor,
que non el fijo al padre, porque el padre lo ama coiîio cosa suya,
z es mas çierto z sabe la causa mas cierta del amor, que sabe auer
engendrado al fijo, que non por contrario, z el padre, assi como
de quien procède, ama al fijo, z el fijo al padre como de quien
salio, que es menor dilecçion ; assi lo quiere la ley. z por estas
dos postrimeras rrazones tienen algunos que la madré ama mas
al fijo que non al padre, porque es mas çierta ser madré, z de la
madré salle el fijo en entera forma, z antes que saïga es parte
de sus entranas, z esto ha fundamento de la ley primera, z amos a
dos, el padre z la madré, aman al fijo luego en el stante que
nasçe, z el fijo non ama a los padres fasta que es capaz z ha los
afios de pubertad, en que puede amar, porque antes es ignorante
de todas las cosas que crehe. z assi los parientes son mas theni-
dos de amar que non ser amados, z avn porquel amor desçiende
z non sube. E en esta dilecçion z amor esta quel honbre se deue
amar a ssi mesmo z de mas perfecto amor que non a otro. z por
esto, z porquel ser natural del honbre se conserua en los hijos,
deuen ser mas amados que otra cosa.
E en esto mueuen los doctores vna quistion singular, z es si
el padre viese a su fijo en estrema nesçesidad de morir, î: a su
padre mesmo en aquella nesçessidad extrema, a quai auia de
subuenir z acorrer z librar. E rresponden z dizen assi : que antes
deue librar z subuenir al fijo propio que al padre, avnque este
en extrema nçsçessidad, z esto por la virtud del amor de amiçi-
çia, z dizen que acatados los benefiçios que del padre se rresçi-
ben, que es el ser, que es (Fol. lo r.) la mas perfecta z mas
noble cosa del honbre, deuria antes subuenir al padre z lo librar,
z antes le ayudar que al hijo, z antes al padre que non a la madré
deue amar, porque en el natural origen o nasçimiento, muy mas
poderoso es el prinçipio del padre que non otra cosa, porque es
agente o hazedor, z la madré padesçe, z por simiente del padre
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64 FERRAN NU>ÏEZ
que da forma a la cosa z da el ser. E por esto dizen los actores
que suele semejar el fijo antes al padre que a la madré, segun se
nota en la ley quoi sinolit, z por esto sufre el padre por el hijo muy
mayores cargos que la madré, z avn de derecho non es tanta
vniono conjunçion entrel marido z la muger como es entre el
padre z el hijo, excepta copulla. z por esta rrazon la ley consiente
juyzio entre marido z muger, z non entrel padre z el hijo sinon
en caso singular, z es marauillosa doctrina para acatar z mirar el
debdo que es deuido del fijo al padre z por contrario. E aqui se
nota vna breue question que ynterrogan los doctores : Si el fijo es
tenido mas de obedesçer al principe r a su mandado que al padre
r a su mandado, z determinan que en las cosas que pertenesçen
a la gouernaçion de la casa, deue obedesçer antes al padre, z en
las cosas que pertenesçen a la cosa publica z gouernaçion délia,
antes al principe r a su mandado, segun se nota en la ley penul-
tima de postulando, z notando por singular exenplo de vn senador
que se llamo, que ' estando en el senado su padre, se asento
ençima del z fue redarguido del padre, z escusose, z dixo que
alli como senador mayor que su padre era en la gouernaçion de
la cosa publica, z en la casa mayor su padre, z asi fue escusado
de lajncrepaçion.
IV
E asi, tornando al proposito, auemos de tener quel amor antes
es deuido a los conjuntos que a los estranos, z antes a los ami-
gos virtuosos que non a los conjuntos en sangre, porque por
razon de la virtud esta entrellos mayor conjunçion de amor,
z por lo honesto z bueno, z non por lo délectable segun
es alegado. z asi fasta dezir z declarar çerca de lo quarto, z es
que efecto trahe el amar o la beniuolençia, z que prouecho délia
se consigne, z a esto rrcsponden los actores de quien tome prin-
I . Hay un espacio en blanco en el côdice.
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TRACTADO DE AMIÇIÇIA 65
çipîo, quel fruto es que bien queriendo seamos bien queridos, z
rresçibamos bien de aquellos a quien lo fazemos. E asi se nota en
la ley stt z si lex, z esta tal rremuneraçion se haze sin coherçion nin
premia sinon de voluntad libre, z por eso se haze al querer o arbi-
triodel rremunerador, z non del dador, porque aquelque rresçibe el
don o es bien querido, mejor cognosçe el fruto o prouecho z vti-
lidad de lo que rresçibio o bien quiso, que non el dador. E por
esto en la ley de la benifiçençia sienpre se ha de mirar que se
conpense el bien z don rresçebido o amor z buena voluntad por
ygualdad. Desto es testo de ley en la ley sinero non remunerandiy
de lo quai se collige z concluye la disçision de la quistion que
abaxo se ' proporna, que antes deue socorrer o ayudar al ome
que libra al (Fol. lo v.) ome de morir, que no al padre, avnque
esten amos a dos en vn peligro, porque en le auer librado de la
muerte primero, meresçio que le rremunerase z librase de otro
tal peligro, z asi se deue conpensar z pagar. Ca como meresçio
en le librar primero a el del tal peligro, assi se conpensa z paga, z
asi como meresçio deue ser pagado, coriio séria pugnido en lo que
delinquiere, segun se nota en la ley ne quis. z asi se desçide lo
quarto, quel fruto del amor es ser bien querido, bien queriendo
z amando.
Lo quinto, que fue sy, mudada la condiçion o estado del
amigo, se puede dexar su amistad, en que se conprehende si la
mutaçion viene por aduersidad o por otra manera, si sera causa
de dexar al que ama z perder la amistad o amor. En esto dizen
losdoctores, alegandome a la conclusion por la prolixidad, que
si el amigo mudo la condiçion enuilesçiendo su perssona, z cor-
ronpio las buenas costunbres que ténia, z se mudo de bien en
non tan buenas obras, z non se quiere corregir ni tornar a bien
I . Despues de se^ testado : « prueua » .
Rnmt bispaviqmê. xiv.
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66 FERRAN NUNEZ
obrar, que en este caso se puede apartar z quitar la amistad z
amor, z dexarlo, z non en otra manera nin causa nin modo
buscado. Ca sy lo puede corregir el amigo, z ouiarlo z apartarlo
del mal o viçio, es tenido de le ayudar z sostener, como séria si
menguado fuese de bienes. Ca por la ynopia o pobreza o miseria
en que cayese, en ninguna manera lo puede dexar nin se apartar
de su amistad ; es caso de ley en la ley terçera. E asi mesmo
separada el anima del cuerpo, z fallesçido quanto a este mundo,
z passado desta vida el amigo, preguntan si es justa causa por
que se deue dexar su amistad, z si son tenidos los amigos de tener
aquella mesma con sus herederos del amigo. Ea esto responden,
en espeçial el Bartulo en la ley vniuSy donde non mucho bien lo
disçide, mas de lo ya dicho se nota que passa la amistad a los
herederos del amigo, en aquel grado que estaua con el defunto,
en quanto se llama virtud de amiçiçia z amor que ha de durar,
z es deuida la rremuneraçion del padre de ley natural, segun se
nota en las leyes alegadas . z assi se desçide la quinta interroga-
çion. z porque antes de la conclusion los doctores mueuen vna
singular quistion, de que ya hize mençion, conuiene aqui jnxe-
rirla, z la quistion es si acaesçiese que vn orne estouiese en tan
gran peligro que non se pudiese escusar de morir, z alguno le
dièse rremedio z librase, z por caso este que asi le libro, puesto
en çstrema nesçessidad, z su padre de aquel que fue librado o
eximido de la muerte en aquella mesma neçessidad, segun ley
de amor z beniuolençia, aquel séria mas thenido de subuenir z
librar al padre que lo engendro o a este que le libro de la muerte,
z porque es hermosa question para saber quanto somos theni-
dos a aquellos de quien bien rresçebimos, oue causa de la disçi-
dir aqui, z avnque en algo los lectores se detengan, les suplico
sin yncrepaçion nin fastidio lo acaten, pues que non falle vn
punto de la materia juiçiada; z lo que los doctores en esta ques-
tion en lugares bien ignotos dizen para la disçidir, presuponen
primeramente que ninguno pueda ser conpellido (Fol. 1 1 r.) ni
apremiado judiçialmente a defender a otro, z por la defenssa liçi-
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1^^^
TRACTADO DE AMIÇIÇIA 6j
tamente se puede exigir z Ueuar dinero ; est testo de ley. Mas
segun vna humana beniuolençia, de la quai asaz vezes auemos
dicho, si non lo defiende peca. Glosa es hordinaria que lo déter-
mina, z segun ella se entiende z limita la ley, avnque dizen los
doctores que por ayudar o defender a otro ninguno es tenido de
se poner a peligro de muerte, z a esto solamente es thenido el
sieruo al senor, z non a otro alguno. Gi al sieruo se
jnputa culpa de derecho, z grande, si non defiende a su seiior
poniendose por ello a peligro de muerte, segun se trahe en
la ley primera ad Sellenianum, porque, segun es ya dicho z
declarado, cada vno es thenido de se amar a si antes que a otro,
en tanto que a ninguno conuiene ponerse a peligro de morir sin
grandissimo cargo z pecado, avnque sea permitido que en su
defension, conaquel moderamen permiso, puede, se defendiendo,
matar. Esto tracta el santo doctor en la segunda parte del segun-
do, en la quistion sesenta z nueue, en el articulo final ; z
dexando esto z tornando a la quistion mouida, en la disçision
délia dize que paresçe que non es thenido de subuenir al padre,
antes deue ayudar z librar al que le escapo de tan gran peligro ;
z han fundamento destas rrazones : ninguno puede dar nin fazer
con otro mayor beniuolençia nin amor que darse a si r ponerse
a peligro de muerte por el. z este esel mayor amor z beniuolençia.
Bien se signe que le es deuida mayor rremuneraçion que non al
padre, de que se coUige que si sin peligro de muerte le libro,
antes deue subuenir al padre que non al que le saco de aquel
peligro. E ponen otra razon o exenplo el patrono o el senor que
libra al esclauo de la seruidunbre, z le da libertad; este asi liber-
tado, en caso de nesçessidad, deue socorrer z ayudar al que asi
le dio libertad que non al padre proprio. E quanta diferençia sea
librar de la muerte o de la seruidunbre, muy notorio es que
mucho mas se deue al que libra de la muerte. E la diferençia del
tal liberador coiîio es el que le libro de la muerte, muy mayor
z mas de loar es que la benificençia del padre o quel benefiçio
resçebido del padre, ca los animales brutos la tienen, que quieren
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68 FERRAN NUNEZ
bien sus hijos z los libran de qualquier peligro que pueden, z este
non tienen a los cstranos . Iten dizen que mas libéral beniuolen-
çia es z de voluntad esta librar de la muerte que la del padre, por-
que el padre por si mesmo z por fazer a si gracia engendra z le
haze, z da ser al fijo, z el que le libra del peligro de su libéra
voluntad, le saca de tanto peligro como era morir. z por eso es
mas voluntaria, porque muchas vezes engendra el padre por la
concupiçiençia mas que por voluntad de generar. z asi mesmo
han fundamento, porque librar de tanto peligro coiïio es la muerte,
que es el vltimo z mas terrible mal. Asi es mas graçiosa benjuo-
lençia z mas gozosa que non la del padre, porque en la muerte
todo se consume (Fol. 1 1 v.) r assi mesmo porque entre el padre
z el hijo es vna gemma piadad que non es en el estrano, z asi
se détermina z tiene por conclusion que antes es tenido de
subueniral que le libro de la muerte que non al padre, z avn
dan por fundamento que lo que se haze açidentalmente es
mas fuerte que lo que haze natura por su curso, z como,
si non fiiera librado de la muerte ex jnpetu, todo quanto
auia obrado natura z fecho por distançia de tienpo se per-
dia en aquel jnstanti, mas es tenido de ayudar al que asi le libro,
que non al padre. z asi se despiden de la quistion z disçision délia.
i O quan marauillosa dotrina z exenplo se puede tomar de la
disçission desta quistion, para conclusion deste breue tractado z
para exenplo de los que oy biuen, si sanamente lo miraren ! Ca en
los benefiçios z dones z merçedes que de otros rresçiben,rremu-
neraçion que conpensa que seruiçios son thenidos de hazer, z
\ quanto z como son obligados \, z \ quanta ingratitudo z quan
mal crimen es ser non cognosçidos a los bien fechores z amigos,
z a aquellos de quien han rresçebido benefiçios, merçedes z
dones !
VI
z tornando al proposito, determinare lo vltimo z postrîmero
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;'^\n
TRACTADO DE AMIÇIÇIA 69
del tractado, que prouecho es thener amigos. E este proue-
cbo los doctores dizen que es lo ya declarado, que bien que-
rîendo seamos bien queridos, z dando z bien faziendo lo rresçi-
bamos, z en esto nos rredugamos a ssimilar al prinçipio z buen
fin que esperamos, que es ofiçio del ynmenso Dios, que sienpre
da z nunca rresçibe. Ca este es el fin a que todos nos deuemos
dirigir. j O que fructo tan marauilloso! \ o que dulçor tanto
suaue como es amar, z amando sienpre dar ! ; ^con estoes loado
z tenido en veneraçion aquel marauilloso enperador Tito, que
dixo con grand amor a sus caualleros, vn dia que non auia hecho
merçed nin dado cosa, dixo : este dia he perdido, en que non di
a ninguno algo. \ O dicho tan noble, z tan digno de memoria
como este para los principes, z duques, z senores deste nuestro
tienpo ! E cognosçiendo yo, serenissimo z ylustre senor, z por
muchas esperiençias ya prouado, segun el prinçipio ya propuse,
quanto vuestra senoria tiene desta virtud de la amiçiçia z amor,
z quanto la comunica cada dia con los que ama z como se da
todo a ellos, z como susçedio en el amor de los gloriosos padres
z progenie de donde viene, z como tiene en aquel amor a los
hijos de aquellos que sus padres quisieron z amaron, z commo
rremunera los seruiçios passados z dura este amor por luengos
tienpos, z ha ofresçido z ofresçe su grandissimo estado a la deli-
beraçion de aquellos que ama, z para que cognosçiessen quanto
se deue por esto a vuestra exçelençia z son thenidos, z quanto
deuen seruir por rremunerar aqueste amor que vuestra senoria
por sola la virtud cada dia obra, fue muy conuiniente cosa z nes-
çessario a mi, que, continuando el seruiçio de vUestra jlustre
senoria, si digno de me Uamar sieruo puedo, de poner esta vir-
tud en perpetuydad de memoria, por seguir esta doctrina de sir-
uiendo rremunerar tanta merçed como en el amor que me mos-
tro me hizo, z porque en otro modo tan exçelente non lo podia
memorar como en escreuir, coiho sea (Fol. 12 r.) cosa muy
çierta que entre todas las cosas de obras z actos mundanos non
se puede poner en perpetuidad de memoria, si se puede dezir
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70 FERRAN NUNEZ
como es en las letras. E por esto se diriuan las letras z se dizen
camino para los leyentes. z para esto fueron buscadas, para per-
petuar la mémorial para los absentes bazer présentes, z por esto
los primeros jnuentores de las letras se dizen juezes de las cosas
passadas z signo o senal de las futuras. A las quales fiie dada
tanta fuerça, que por los absentes syn boz hablan, z el vso de las
letras fue hallado para memoria de toda la variedad de las cosas
que en oluidança se trahen. z por esta causa las letras se dizen
elementos, z como quiera que en los ynuentores ay diferençia,
porque son très o quatro, entre los quales fue vno Feniçes, por
memoria del quai los griegos, de quien fue primero ynuentor,
comiençan las letras z leturas z cartas, segun la opinion del glo-
rioso Jeronimo, por non oluidar su memoria, en color feniçeo.
Aqui solamente dire, porque haze al proposito : \ oquan notable
gradesçimiento de memoria digno ! i como duran en esta gente
los seruiçios z buenas obras, z nunca lo quieren traher en olui-
dança ! ; z dexo los otros ynuentores porque es muy noto en
muchos lugares. E por esto busqué este modo en que tan exçe-
lente virtud como esta que vuestra senoria tiene publicase, z en
escripto z vulgar lengua pusiese para mas se diuulgar z memorar,
porque a todos fuese muy noto esta debda que a vuestra sereni-
dad por esta virtud se deue. E suplico a la exçelente virtud de
vuestra senoria que comigo haga como dador de la beniuolençia.
E lo rresçiba gratanter^ mandando suplir con su magnifiçençia
qualquier defecto que en este breue tractado ouiere, z en mi, que,
como humano, en el seruiçio de vuestra exçelençia aya omitido.
z el dador de las gracias z bienes, a quien en esto vuestra gran
senoria y mita en lo assi fazer, por su grandissimabondad lo quiera
a vuestra exçelençia rremunerar. E assi mesmo a los lectores
suplico que, sin yncrepaçion, porque a su correcçion se somete,
suplan qualquier defecto que buen juyzio dictare que deuen
enmendar.
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POÉSIES
ATTRIBUÉES A GONGORA
Les poésies qui constituent le présent recueil sont attribué
à Gôngora dans les manuscrits ' où nous les avons copiées. G
attributions seront discutées dans une étude ultérieure.
R. Foulché-Delbosc.
SONETOS
A LOPE DE VEGA
EN OCASION DE ESCRIVIR
LOS AUCTOS SACRAMENTALES
Embutiste, Lopillo, a Sabaot
en un mismo soneto con Ylec,
y hechandosele acuestas a Lamec,
le diste un muy mal rato al justo Lot.
Sacrificaste al ydolo Vehemot,
que matan mal coplon Melquisedec,
y trayga para el fuego a Abimelec
sarmientos de la viiia de Nabot.
Guardate de las lanzas de Joab,
de tablazos del arca de Jafet,
y lenos de la escala de Jacob.
I . A moins d^indication contraire, tous ces manuscrits se trouvent à
Biblioteca Nacional de Madrid.
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72 POÉSIES
No temas con el rey Acab,
ni en lugar de Bethlen me digas Bet,
que con tus versos cansas aun a Job.
Y este soneto a buenas raanos va :
hay del alfa, y oméga, y Jeoba.
Pap. cur. 35 KK,/. loi. — M. 8, f. 94; dans ce dernier ms., l'ordre des deux tercets
s interverti.
2
CONTRA LOPE
Despues que Apolo tus copîones vido
salidos por la voca de un pipote,
insolente poeta tagarote,
en su delphico trono la a sentido.
La satirica Clio se a corrido
en ver que la fréquente vn neçio cote,
y de que tantas léguas en un trote
la ayas écho correr (crueldad a sido).
Déjà las damas, déjà a Apolo, y tente ;
pide perdon al pueblo que enojaste,
que aunque corrido el cortesano vando,
no corras tanto, corredor valiente,
que si un sonbrero por correr ganaste,
mira no ganes vn jubon trotando.
Ms. 5796. f. 201 r.
A LAS PUTAS
Como acude el ambriento gato al mis,
y el ayuno masiin al toma o tao,
el pobre mendicante al bacalao,
los muchachos golosos a el anis,
el buen olor, o malo, a la nariz,
el Indio a su maiz o a su cacao,
el toro en coso de la plèbe al hao,
y al reclarno la simple codorniz,
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ATTRIBUÉES A GONGORA
Ms. 4044. f. 259.
el alguazil solicito a question,
el amador a donde quiere mas,
a boisa descuidada el cicatero,
el avariento a vozes de « ladron ! »,
al treynta y nuebe del fullero un as,
assi acuden las putas al dinero.
SONETO BURLESCO A LOS DIOSES
Aquel que en Delfos tubo glorîa tanta,
el dego dios temido en toda parte,
el velicoso e yracundo Marte,
que a los demas en fuerças se adelanta;
Neptuno, que el mar rige y leuanta ;
el rubio Tîton que su luz nos reparte ;
Yris que en su presencia nos départe
la tenpestad que tanto al mundo espanta;
Vulcano y sus çidopes, que a porfîa
trauajaron por dar a la red cauo,
celosa industria que forjado auia ;
Mercurio cuia sciencia inmensa alauo,
y el lector de esta eroyca poesia,
todos juntos me besen en el rabo.
Ms. $796, f. 185 V.
RESPUESTA
De haçer de vuestro culo jubileo
algunos del lugar an sospechado,
que no vino a la patria jubilado
del reyno de Neptuno a Prometeo.
Considerad, senor, que es caso feo
llegar ante Bulcano arremangado,
de mero lujurioso y arriscado
que podrd ejecutar vn mal deseo ;
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74 POÉSIES
Ms. $796, f. 185 y.
Ms. 3796, f. 197 V.
demas que con esotros del conuiie
podran juûtarse los demas planetas»
o el sumo y poderoso Joba solo,
y os la a : : : al primer enuite.
Prevenios de atacar las abujetas,
que es Marte griego» y siciliano Apolo.
A LA VIDA DE ESTUDIANTES
Volsa sin aima, pereçoso arriero,
sol y moneda a peso de oraciones,
ama que circuncida las rraciones,
sanguijuela del gusto y del dinero ;
anbre perpétua, pedigueno artero,
deudas perpétuas, tristes camaleones,
portes de cartas y quemar ringlones,
pobre inportuno llanto de echiçero ;
el murmurar y sama de por uida,
sabanones y nieue y maestre escuela,
casa de esgrimidor, falsos criados ;
muerte ciuil, miseria no creida,
de la comida y can... centinela,
sin ser al rey traidores desarmados.
Clerigo calabres, o calba trueno,
discipulo del falso caluinista,
vasilisco cruel de mala vista
que por ojos y voca das veneno ;
vaso no de eleccion, de maldad lleno,
del sexto mandamiento coronista,
sacerdote de Venus que conquista
a el cuerpo gusto para el aima çieno;
cara mas natural de caluarrasa
que el hermano de Antonio de la Fuente,
oficio de Jinebra en lengua propria.
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ATTRIBUÉES A GONGORA
Ms. 3796, fol. 198.
Ms. 3796, f. 200.
Ms. 3796, f. 201.
déjà el aima, traidor, que en vna casa,
oratorio y amiga juntamente
pareçen a toda aima cosa inpropria.
8
Qpatrocientas mil putas, y comudos
menos los no casados otros tantos,
muchos ypocritones, pocos santos,
infinidad de caluos melenudos;
botos de injenio en opinion de agudos,
ninas que piden, tias con encanto,
virgos postiços, y prestados mantos,
que ellos celosos y maridos mudos,
esperanças en flor, virtudes pocas,
promesas justas, obras infernales,
sobomos a el del dijo y el dcl fallo,
vobas vacias, vacilantes vocas,
coches, frayles, vasura, y ospitales,
esto es Madrid, y lo demas que callo.
9
Senor Guadalquiuir, estese quedo ;
vasta lo que me déjà ya amiinado,
no se leuante a mas, vaste un estado,
que yo confieso que le tube miedo.
Pero, de quando aca tanto denuedo?
Sin duda que de hueco y de inchado
con el oro y la plata que me a dado,
se me viene a las varbas cada credo.
Vuelua, y verà que no conoce padre,
sino un humilde y pobre nacimiento,
y que su inchaçon toda es locura.
No tarde en el correr hacia su madré,
que en pena de su loco atreuimîento
le cargaran de palos de Segura.
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76 POÉSIES
10
Ms. 3796, f. loi V.
Ms. 3796, f. 202.
El duque mi senor se fue a Francia,
y tu musa a la tuia o a su estancia,
3mpertinente alaja fuera en Francia,
pues tiene por prouincia a Picardia.
Demas que en el Penon de Andaluçia
an écho sus dictamenes ganancia,
que musa que asi agarra una distancia
menos tiene de musa que de arpia.
Sea lo uno o lo otro, el tienpo lo a acauado,
pues muestras por las ingles que ya orina,
que era vena que seca, a Dios sea dado.
Deje su gracia la piedad diuina,
pues la humana en tus versos a espirado,
reça o escriue en copias la dotrina.
11
Predico el prouincial ma...ardia,
Apolo de oradores y poetas,
aquel que entre quadrillas de discretas
vucaros quiebra y vierte melodia.
Fue todo su sermon de argenteria,
fiel minado de rayos y cometas,
desgajando del cielo los planetas
con diuerso foUaje, con uoz fria.
Entre nuue de çelos y temores,
amagos de su amor y pecho tiemo,
descubrio todo el juego entre las manos.
Rindanle parras los predicadores,
pues nos muestra el camino del infiemo,
que lo demas escosa de cristianos.
12
A UNOS CAUELLOS NEGROS
Libres canpeando en el neuado cuello,
crespas de amor prisiones, Cloris mia,
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ATTRIBUÉES A GONGORA
Ms. 3796, f. 201 V.
Ms. 3759, '• 11'
entre lo negro y blanco pareçia
alba tu rostro, nubes tu cauello.
En su ecliptica el sol paro por uello,
y en los laços que el alba le ofrecia
en uno se enrredo que no podia,
si el color estranar negar lo vello.
Viendose pues en la prision suaue
el padre de Phaeton de Cloris vella,
« Daphne, dijo, deponga el tosco uello,
pues por restituirme a desden graue,
segunda Daphne en sus cauellos sella,
si grillos a la luz, carcel al cielo. »
13
A ESGUEUILLA
Giyo enfermo Esgueuilla de opilado,
y es lastima de ver lo que padece :
el da muestras segun el dano crece,
que lo a vn manjar particular causado.
Otros dicen que esta bien empleado,
y que el tiene la culpa y lo merece,
que gusta de las damas y se ofrece
por seruidor, y entre ellas le an aojado.
Vio vn medico de camara la orina,
y juzgô que purgarse le conuiene,
y antes siruio de reuolber humores.
Causo aquesto en el pueblo gran moina,
y como en el sus ojos puestos tiene,
fueronle a visitar sus seruidores.
14
Rodeada de platos y escudillas,
en la mugrienta mano vn estropajo,
sudando grasa con el gran trabajo
de no poder estar sino en cuclillas ;
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78 POÉSIES
Ms. 3795, f. 77 V.
Ms. 3795, f. 87.
banadas de agua, puercas las faldillas,
metido entre las piernas vn domajo,
apegado con las nalgas el çancajo,
meneando a compas culo y rodillas ;
anoche vide estar a mi morena
quando al fin de sus platos yo Uegaua,
no poco alegre de toparla sola ;
y al decirme : « Vengais en hora buena *,
como aquella postura la aiudara,
soltosele vna pluma de la cola.
15
A VNOS BORRACHOS
Para poner en paz la pesadumbre
que tuuieron Gjntreras y Padieraa,
se haçe vn asamblea en la taberna
do miden seis quartillos por açumbre.
Bebiosecon mojama, que es legumbre
que auiua, atiza, ençiende la linterna :
trabo la lengua Maranon, y a Sema
le bino por la boca su costumbre.
Olmos rindio la taça, y Antona ya
cayo sobre la sangre de Camacho,
y la taberna conuirtio en zahurda.
QjLieda en pie Canizar y no desmaya,
y no dio otra senal de estar borracho
que brindar los tapizes con la zurda.
CANCIONES
16
En vn aliso verde,
muro del vosque a lagrimas del cielo
cuios hu mores pierde
por lo condenso del frondoso belo^
5 eccos distintos suroa
clarin alado, çitara de pluma.
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ATTRIBUÉES A GONGORA 79
£1 trajico lamento,
suspension dulce de la selua amena,
aun no fiado al uiento,
10 desataua sonoro Filoména
llamando armoniosa
maculado pudor frustrada rosa.
La fuente enteraeçida
murmurando repite quejas tantas,
15 y de sierpes vestida,
lamiendo arenas y vistiendo plantas,
de perlas y corales
lenguas hace los mas de sus cristales.
Prestole atento oido
20 nimpha del valle al paxarilio derno,
oyendo repetido
en pico de marfil su mal interno,
y a sus acentos grata,
diuidiendo vn rubi la voz desata.
25 De la ateniense ponpa
a tu regio explendor cuia dulçura
aciama eteraa tronpa,
hiperbole maior de la hermosura
que afecto fugitiuo
30 auddz violô si profané lasçibo.
Si de la fe jurada
libidinosa accion ronpio el asunto
a un joben destinada,
infausto amor me construira trasunto
35 de tu pasada pena,
si la propria se absuelue con la agena.
Finjiomela esperança
epiulamio al prospero himeneo,
quando la confiança
40 riendas imponga a barbaro deseo,
siendo a su ardiente filo
el mas subtil cauello el menor hilo.
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80 POÉSIES
No tanto fue el exceso
de virginal no meritoria ruina,
45 que me quitase el seso
a el instrumento que mi mal termina,
pues para maior mengua
en cada agrauio me dejô vna lengua.
Tu dulce compania
50 desmentira las mas de mis querellas,
si al rosicler del dia
muro da luz al circulo de estrellas,
alibias con tu canto
tanta desdicha, desconsuelo tanto.
Ms. 3796, f. 187.
17
Lustraua el cuemo de oro
el fulminante de la luz luçero,
antes de ver de Jeminis los laços
que a luces lisongeros
5 borda la piel del triunfante toro,
cuios célestes laços
a estas murallas donde estan pendientes
cristalinas serpientes
rompieron atreuidos,
10 y al punto conducidos
por canpos que de plata son, i perlas,
do salen a cojerias
los espumantes de aquel mar tritones,
que aljofarados dones
1 5 ofrecen ricos si no son cristales,
que canbiaron la luz por ser corales.
Opandode lariuera
frondosos olmos atalaias mudas
alegres son y de racimo copia,
20 y a las plantas desnudas
autoriça la hermosa primauera,
y el fertil comucopia
arroja Ceres que juntô Amaltea,
y el cefiro recréa
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ATTRIBUÉES A GONGORA 8l
25 con soplos mas suabes
vociférantes aues
que en el intense dulces cantan prado,
y alumbra con dorado
candor el sol los oriçontes,
30 luminando las cumbres de los montes.
Del cristalino Tormes
ponposo marjen matiçado hacia
flores de espuma liquidas corrientes,
que a uer la luz del dia
35 jiraua por los sauces mas disformes,
donde dos claras fuentes
formauan dos confusos lauerintos
couardes tereuintos,
murtas que anima el malo,
40 émulas son al rayo
de flamijero Febo con sus sombras,
que menudas alfonbras
argenta y dora si tapetes vellos
como espejos radiantes se ue en ellos.
45 Quando esmaltando flores
ninpha salio dentre la elada plata,
la mal vella que al sol presto cauellos
venerando escarlata,
lauros purpureos, ojos rouadores,
50 copos de nieue vellos
esparce al uiento si las manos toca,
dulce y conpuesta voca
que perlas aposenta,
donde el marfîl se afrenta,
5 5 eraulacion del rubicundo oriente,
oroscopo es su frente,
su haliento flores, rosas, y alelies,
en dos opuestos puntos carmesies.
Entre las esmeraldas
60 de rosicleres el candor tenido
postrô el diuino cuerpo, donde apenas
fauonio conpelido
Rivme hispanifut xrv. 6
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82 POÉSIES
al sueno dulçe aconpanô guirnaldas
con blancas açuçenas,
65 y en quanto al odo treguas le dio blando,
vn ruisenor cantando
desde vn olmo responde,
el nino Amor se absconde,
ydolatrando su maior belleça,
70 quando de la aspereça
joben salio tan bello, que bastara
a ser rayo dcl sol su nibîa cara.
Del idolo dormido
apenas uio los raios que brillando
75 a el aima libre cautiuaron luego,
olores lanbicando
el canpo verde del abril florido,
quando abrasado en fuego
tocar intenu la neuada mano
80 del angel soberano ;
mas inuidioso el uiento
rompio su sueno lento,
al fatal tienpo que la hirio Cupido,
y viendo tan lucido
85 al nueuo amante abraça
yedra que a muro de cristal se enlaça.
Murmuran inuidiosas
las aguas claras y el vndoso rio
de sus raudales y sus vrnas bellas
90 lleno de aljofar frio
y coronado de amaranto y rosas
con mas purpura en ellas
que ostenta Tiro, que Chorinto haçe,
el verde margen naçe
95 en carros espumosos,
por ver lob amorosos
laços de amor que a su deidad le quitan,
las aues los inmitan
con dulce acento, con arrullos roncos,
100 en mirtos tiemos, en robustos troncos.
M$. 5796, f. 187.
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ATTRIBUÉES A GONGORA 83
18
Quitaua el belo a sus cabellos rojos
Phebo, que del Aurora el llanto bebe
y ocupa a Morfeo ansi...
mis desbelados ojos,
S quando vestido de color de rossa
y lises duro de subtil recamo,
ver pareciome la enemiga hermosa
que tan de ueras amo :
corao el abril la llubia
10 suelu lleuaba la madeja rubia
con quien el biento, porque alegre lidia,
si no me daua celos daua ynbidia.
En vn prado florido que mostraua
que siempre su berdura defendida
1 5 olgando abia sido entretenida,
flores cogiendo estaua,
y el prado ameno del fabor vfano
pareçe que las flores adelanta
a los marflles de la blanca mano,
20 y de la airosa planta
que el prado restituie
quantas flores la mano le destruye
para tejer despues de rico el seno
vna guimalda en sitio mas ameno.
25 Eran seîs lauros, cada quai frondoso,
cuios troncos bistiendo mas en selba
la rosa carmesi, la madreselba,
y el jazmin oloroso,
que gustoso al espejo fugitibo
30 de vn arroyuelo enriça su melena,
y el lisi claro bulliçioso y viuo,
mas su corriente enfrena
mientras mas le dilata
pasto que en pies de brilla dora plata
35 le escapa a las prisiones de aquel prado
armadoespino y en binculo cercado;
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84 POÉSIES
Aqui de las cojidas varias flores
vna guimarda teje en laços bellos,
con que doblô la gracia a sus cabellos
40 la causa a mis amores
y en oçio blando y en descuido enbuelta,
ya en el agua se mira, ya se laba,
ya (como monstruo) de cantar resuelta,
su viguela tocaua
45 y el aire suspendia
de la voz instrumento la armonia,
quando vn silbestre satiro la asalta
que los espinos de la çarça salta.
Nunca la garça del nebli baliente
50 huiô turbada en mas presto buelo
que la ninpha gentil clamando al çielo
del satiro insolente,
que del primer asalto entre sus braços
y entre la selba de su inculto pecho
5 5 la que me tiene en diamantinos laços
cogiera a mi despecho,
si no le detubiera
al monstruo la guirnalda en la carrera,
caiendo a tienpo del dorado asiento
60 que a su dueno gentil le falta aliento.
Alço del prado la guirnalda bella
el satiro veloz, y el curso buelbe,
y a la que huiendo en llanto se resuelue
dice por detenella :
65 « Ninpha gentil, jamas por enojarte
tus soledades açeché lasçibo ;
muero mil siglos a por agradarte,
para seruirte viuo,
y soy si no lo saues
70 aunque vencido de tus ojos graues.
La suprema dicha de aqueste monte
sosiega el pecho, y a mi amor disponte, d
Ansi lo diçe, y rapido quai vemos
plomo que el bronçe con horror despide,
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ATTRIBUÉES A GONGORA
8s
Ms. 3796, f. 178.
75 sigue la ninpha que socorro pide
a los dioses suprêmes ;
mas biendolos tan sordos a sus voçes,
como alentado su enemigo fiero
ya de las plantas de niarfîl veloçes
80 falta el vigor primero,
y ya a las ebras de oro
de Arabia, înbidia del amor thesoro,
el amante grosero mueue y toca
con el haliento espeso de su voca.
85 Quando a mi triste que bolar quisiera
a defender mi ingrata, pareçia
que en circules. ceruleos me ténia
vna serpiente fiera,
cuio anhelar el torpe yelo inmita ;
90 entre los globos que mi pecho enlaça,
no solo el mobimiento me enuaraça,
mas el aliento quita,
y tanto me fatiga
viendo casi triunfante a mi enemigo,
95 que despertaron y de un mar banados
de lagrimas mis ojos del belados.
ROMANCES
19
Amenaçaua los canpos
del cielo el mayor rubi,
prolijos terminos dora
suspenso en nuestro çenid.
5 Rugiente animal de Julio
muestra la crespada crin,
que aun transformado en estrella
résiste al Tebano ardid.
Del canicularladrido
10 despejo a sido infeliz,
si lo florido del Mayo
lo ponposo del abril.
Palidas premisas dan
los valles a Çeres si
1 5 mano Inculta tosca abarca
granos conuoca sutil.
Frondoso honor de los olmos
paloros suele vestir,
reuocando abraços tiernos
20 de la sienpre festa vid.
En desnudo tronco ocupan
ruyna indiçiando la vil,
mirmidonios esquadrones
que aposenta su raiz.
25 El noctumo orror rrecoje
de sus sonbras nudos mil,
corriendo cortinas negras
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86
POÉSIES
a circules de çaphir.
Quando pastora Diana
30 deidad en los montes ni,
no se si madré segunda
de un dios jigante y ruin.
No a... un exercicio atenta
desmiente lo femenil,
35 porquea los ojos reserua
fléchas que a flojado en mi
sin arcos no, porque asisten
en su frente de marfil
dos lisonjas de lo negro,
40 ponpa de este séraphin.
Vn argos en la pestana
de su hermoso cuerpo fui,
con talares de un deseo
y las al as de un delphin.
45 Seguila y vi que a una fuente
que coronaua vn jazmin,
para liquidar su aljofar
humillaua la ceruiz.
Audacias me inspiro el ualle
50 y la soledad, que al fin
ardientes infunde anhelos
vna hermosura jentil.
Politicas regulando
quai cortesano ciuil
5 5 de espanol écho frances,
en rromance y no en latin.
A el cotumo a el pie argentado,
entre uno y otro aleli,
conucto dieron mis lauios
60 quantos vesos al chapin.
Respondiome agradecida
purpureando el matiz
que fio a jiros de nueue
dos terminos de carmin.
65 Las armas de la eloquençia
retorico al viento di,
asta que con mis temeças
hice las aguas reir.
Prometi a su blanca mano
70 la plata del Potosi,
y de adomar sus cauellos
con todo el oro de Ofir.
Çedro remontada garça
sino couarde perdiz,
75 rayo de pluma en Noruega
del sienpre anbriento nebli.
Dejose vencer de ruegos,
y el pudor perdiendo alli,
laços la ofrecio Himeneo,
80 y io ni un marauedi.
Estinguio Amor sus poderes,
que lo suele hacer ansi,
y gustos que son biolentos
sienpre prometen mal fin.
85 Tributela cortesias
para inuentiba en Madrid,
enojose quai si fuera
yo ladron, ella alguaçil.
Dijome vna amiga suya
90 que estaua mala, y fue asi,
pues estaua la senora
en uisperas de parir.
Pregunte su casa entonçes
para darla algun loatrin,
95 y dijeronme que ocupa
la del noble Anton Martin.
Admiremedel suceso,
y buelto a Francia en Abril,
aile a Roldan en mis braços,
100 y erro mi caueça a Turpin.
Ms. 3796, f. 198-199.
20
ADONIX Y VENUS
Rosas desojadas vierte
a un valle que las recoje
el mas venturoso amante.
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ATTRIBUÉES A GONGORA
87
el mas desdichado joben.
5 Con su sangre las infunde
nueuo spiritu a las flores,
tanto que de ella animadas
cada flor es vn Adonix.
Robusta fiera ejecuta
10 la voluntad de los dioses,
inbidia de su bentura
y escarmiento de los hombres.
Rayos de marfil fulmina
sobre el vellissimo joben,
1 5 cibil castigo de un dios
por un delito tan noble.
Ay fieraenemiga, dices
que laço tan dulçe rronpes,
si yerros de amor castigas,
20 a Jupiter no perdones.
Mi de al fin las yeruas dando
vltimas respiraciones,
cuerpo jentil que lo muda
era el aima de los vosques.
25 Quando por oculta senda,
fina esmeralda de un monte,
muerta de amores venia
la diosa de los amores.
Los rayos de los cauellos
30 cinta encamada rrecoje,
que quiere prender los rraios
portio abrasar coraçones.
De transparente cristal
linpio pie en la yerua pone,
35 desnudo porque no a allado
coturno que asi le adorne.
Y entre cristalinas sierpes
que a darla la nueua corren,
al idolo de su gusto
40 profanado reconoce.
Y aunque no duda que es el,
de la duda se socorre,
que para enganar el aima
le ynporta dudar entonces.
45 Mira aquel lustroso oriente
que illuminauan dos soles,
y alla que en el a tomado
ya su posesion la noche.
Mira aquella hermosa uoca
50 jardin que aspiraua fiores,
y a donde cojio clabeles
destroncados lilios coje.
Estatua de oro y marfil
vaga vusca y tienta torpe,
55 y alla enbuelta en poluo y sangre
estatua de jaspe y bronce.
Dulces lamentos repite,
fieras mueue, piedras ronpe ;
mas mientras mas se lamenta,
60 solo el eco la responde.
« Ay, dioses crueles, diçe,
que quereîs que se malogre
con la maior hemiosura
la voluntad mas conforme.
65 A, Jupiter enemigo,
quando amante te transformes,
cisne o lubia o toro, quente
tus robos el mundo progne.
Y tu, Apolo, quando sigas
70 veldad con plantas veloçes,
corteçudo tronco abraces,
arbol ingrato cnamores. »
Dijo, y al cadaver frio
amante yedra enlaçose,
75 y prestandole la uida,
silencio a sus quejas pone.
Ms. 3736, f. 199. En tête, les mots a de
D. Luis de Gongora • ont été biffés et
remplacés par l'indication « Zarate »,
d'une écriture distincte.
21
Malo estaua don Tasajo
de tercianas de Paris,
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88
POÉSIES
que vnos humores monssures
le juraron por delphin.
S Titulo del Rey de larça
le dio el obispo Turpin,
en virtud de su agua fuerte
y a fuerça de su raiz,
a puro sudar el triste
10 las mananitas de abril :
tan gato de Algalia esta
que sufre un cape y un miz.
Despues de sus magistrales
aguardaua el paladin
15 de su salud eldespacho,
por la camara salir,
y por no gastarlo todo
en suspirar y gémir,
a la causa de sus maies
20 asi la enpeço a decir :
« O tu, de mis aspereços
delinquente y alguacil,
y con manto de soplillo
ospital de Anton Martin,
25 sirena en quanto pescado
del pielago de Madrid,
de medio arriua muger,
de medio auajo esmeril,
si de mi te as oluidado
30 nunca te acuerdes de mi,
que es vastante tu memoria
a inficionar un pais.
Desdichada de la casa
donde pones el chapin,
3 5 si acaso no la defienden
los pocos marauedis.
Si tanto enganan quince anos,
tanto encubre un faldellin ;
mal vbiese el cauallero
40 que caualga sin candil.
Y pues la salud no es cosa
que se a de echar por ay,
quien mira para veber
que mu*e para viuir.
45 G)legio an de ser mis calças,
si Dios me saca de aqui,
donde an de prouar linpieça
asta las hijas del Gd.
ProueaDios de un letrado,
50 donde puedan acudir
a informar de dona Sota
como suelen de un rrocin.
Pues quantos con ella topan
salen despues de subir,
5 5 peones de Colomera,
caballeros de Moclin.
Justicia, senora sala,
que no se puede sufrir,
estando en el mundo vos,
60 que viua Arnaute Mami.
Agradezca, dona pu ta,
que un magistral biene al il
que me sirue de mordaça,
que mas ténia que deçir.
Ms. 3796, f. 200 V.
21 bis,
Doliente esta don Tasajo
de tercianas de Paris,
que unos dolores monsiures
le han jurado por deltin. *
5 A puro sudar el triste
las mananitas de abril,
tan gato de algalia esta
que supe un zape y un miz.
Por divertirse...
Todo es sudar y gémir ;
10 a la causa de sus maies
comienza a culpar asi :
« O tu, de mis desventuras
delinquente y alguacil,
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ATTRIBUÉES A GONGORA
89
y con manto sevillano
1 5 Hospital de Anton Martin ;
sirena en cuantopescado
del pielago de Madrid,
por medio arriba muger,
de medio abajo esmeril ;
20 pildora de seda y oro,
veneno con ambar gris,
cometa que se anda en pie,
demonio que anda a pedir ;
si de mi te bas olvidado,
25 nunca te acuerdes de mi,
porque bastan tus memorias
a infîcionar un pais.
Desdicbada de la casa
do tu pones tu chapin,
30 si no es ya que la defiende
falta de maravedis.
Si tanto engaâan quince aâos,
tanto cubre un faldellin,
mal hubiere el caballero
35 que cabalga sin candil.
Pues la salud no es alhaja
que se ha de echar por ahi,
quien mira para beber,
que mire para vivir.
40 Colegio han de ser mis calzas,
si Dios me saca de aqui,
donde han de probar limpieza
hasu las hijas del Cid.
Provea Dios de un albeitar
45 donde se pueda acudir
a informarse de dona Aida
como suelen de un rocin ;
que yo se que la senora
(perdone el terso marfîl)
50 podrà prestar alifafes
al cerro de Potosi.
Aqui dt Dios y del rey,
que cautivan en Madrid,
que la salud me capean,
55 que me la toman de orin.
Justida, senora sala,
que no se puede sufrir,
viviendo vuesa merced,
que viva Arnaute Mami.
60 Très meses ha que ando haciendo,
sin poderlo resistir,
carambanas de esqueleto,
mudanzas de matachin.
Agradeced, dona Urganda,
65 que un magistral viene alli,
que me sirve de mordaza ;
que mas ténia que decir.
Bibliothèque privée.
22
Montes, valles, canpos, selbas,
amenaça el pardo otubre,
fulminando rayos de agua
enbueltos en nectas nubes.
5 Despenabanse las fuentes,
los arroyuelos conduçen,
dando espejos a las aguas
que la blanca arena cubren.
Adomauanse los prados
10 de oficiosa muchedumbre
de flores, a quien dio Flora
en nectar altemos lustres.
Entonçes de Çelia bclla
las dos mas hermosas lunbres
1 5 terminauan fuego al ielo
de las aimas que reduçen.
Criminal amor arrojan
de sus dos ojos açules
flechaços, que si no ma tan
20 suauemente consumen.
A un balcon naçiendo Auront
el blanco marmol descubre,
emulando a la açuçena
a quien mas candor induçe.
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90
POÉSIES
25 Las doradas ebras^fia
al biento, por que dibuje
alguna prision lasçiua
para las aimas que urten .
La mano, entre laços de oro,
30 anbiçiosa, los confunde,
neutro el sol en las colores
que ansi canbiado reluçen.
Argos traducido estaua
al pie de un olmo que sube
35a coronar con sus ojas
vn berdinegro açebuche.
Phiniso, cuio balor
no es justo la enuidia oculte,
adorando en su hermosura
40 los esplendores que anunçie.
Viole Çelia, y con desden
amorosamente dulçe,
corrio el belo a la ventana
y a los ojos rojas nubes.
45 No tanto aspiran olor
aromaticos perfumes
quanto le dejo a Fabonio
y a las flores que el produçe.
Ms. 5796, f. 176 V.
23
A la Luna el Tajo ofreçe
espejos de cristal puros,
a donde sus cuernos vea
y el Sol sus cabellos rubios.
5 Los pies argenta de vn monte,
que como Olimpo segundo,
porque a los cielos se atrebe,
las aguas son grillos suyos.
Su bientre prodigo enuia
10 por entre troncos adustos,
si no candidos corales,
corales rojos y rubios.
Deidad venera en el rio
la noche y su manto oscuro,
1 5 pues déjà en su margen verde
nectar y aljofar difuso.
Por bonbas de piedra salen
espaciosos aqueductos,
para enriquecer con ellos
20 de flores copioso vulgo,
donde, si no ninpha casta.
Venus de aquel monte inculto
salio a coronar el prado
con laços de su coturno.
25 £1 contacto de su planta
purpurear hiço muchos
clabeles, que vistio el alba
de rosicleres purpureos.
La açucena no desmiente
30 de sus candidos dibujos
quando binculo candores
a los lirios ama tuntos.
A la vid lasciua y fertil
indibiduamente junto
3 5 se bio el olmo que a Jerarda
dio admiracion, sino gusto;
que su condicion esquiua
aqu ellos frondosos nudos
aborrece porque son
40 de conforme amor trasumpto ;
y no puede ver la yedra
abraçada a el tosco muro,
ni entre reciprocos braços
las verbenas y los juncos,
45 que quanto desden encierra
de su pecho el marmol duro
que de las cabanas huye
inquiriendo el balle oculto.
Joven le adora que a Phebo
50 lauros no le cède algunos
sonorosos versos haga
o cante sin sus inpulsos.
De arponés y saetas
con que Amor le da tributo
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ATTRIBUÉES A GONGORA
91
55 tieneel coraçon pasado
y de libertad desnudo.
Pero viendo que el rigor
del diuino objeto suyo
injustamente le acaua
60 a manos de un dios injusto,
afectuoso se queja
de su desden inportuno,
dando aljofar a las aguas
y al biento exalando humo.
M$. 3796, f. 177.
24
A las orillas del Betis,
înquieto cristal sino
espejode maior vraa,
de sierpes dtgo maior,
5 al son de su leno corbo
estaua Fabio pastor
del Tajo dandole al biento
lo que el biento le nego.
Tan dulce y tan numeroso
10 el valle claro volbio
en repetidos acentos,
que le confundio la voz.
« Tu, dijo Fabio, que ausente
luctuoso pabellon
j 5 ereges a mis exequias
dignas de tuestimaçion,
très anos a que pendiente
de las luces de Phaeton
fue mi vida inquieto pino
20 entre la aljaua veloz.
Si mi pecho lo fue entonces
ronpe los echiços oy,
marana que desatada
Ventura encubre menor.
25 Y si son tus ojos causa
de brillante confusion,
muera la enuidia, y con ellos
viua sierapre emulaçion.
Suelta, si ères cielo, suelta
30 al que tienes en prision,
cautibo no, sino preso
entre respectos de amor.
Al Marte conparo insano,
al Marte conparo yo,
35 que si inconstante te muestras,
inconstante es tu rigor.
Oprima el tiempo a mis danos
desenpeiios del temor,
maquinas que a costa mia
40 desaçen caudillos oy.
No des olas con que muera
quien aduertîmientos dio
a tus veldades que apenas
penas en penas fundo.
45 Y ausente de ti no puedo
en amagos de dolor
mostrar sentimientos, quando
no balen dichas que son.
Duerma el silencio, y mi pena
50 despierte mi coraçon
en pies de niebe, que el yelo
griUos graues le calço.
Limalos tu, si merezco
o tu gracia o tu fabor,
55 que de agradecidas aras
qualquier deidad se pago. »
M$. 3796, f. 177 V.
25
Despenauase atreuida
de lo excelso de vn escollo
vna fuenteçilla humilde
por Uegar a ser arroyo .
5 Tan soberuios sus cristales
se precipitan furiosos,
que en menudo aljofar bueltos,
riegan mucho, inundan poco.
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92
POÉSIES
Murmurar intenta y tanto
10 la desea el valle vnbroso,
que entre çespedes y jundas
le inpiica murmureos troncos.
Conducida, pues, al prado
de su cierço pereçoso,
1 5 en sieq>es de plata obstenta
lirios y claueles rojos.
Vn sitial que oculta verde
la eminencia de dos troncos,
las çagalas requirian
20 dulce suspension de Apolo.
Feniçio y Jacinto entonces''
saeteados de plomo
que en vn arpon suio copia
el nieto del mar vndoso,
25 a las veldades que miran
si aras no erigen deuotos,
laços dan de amor suaues
çelados aun de si proprios.
Cama les présenta Flora,
50 induçidora del ocio,
ocultandose por verlos
detras de vn neuado chopo.
Doraua el luciente pelo
entonces el sol del toro,
35 verde juuentud delano
a quien alienta Fauonio,
que con senas apacibles,
sino con susurros solos,
lisonjeaua las vides
40 en los braços de los olmos.
No larga estaçion de tienpo
les concède Amor reposo,
a pesar del prado ameno
y a pesar del valle sordo ;
45 celosa el vno le obliga
a que, desmentido a el otro,
las veneraciones deje
deuidas a un pecho hermoso.
Propicio rcsponde el eco
50 con acentos no sonoros
a las quejas del amante,
frustrado el color del rostro.
El rubi del lauio suelta,
depuestos fulgores de oro,
5 5 que canuio en biolas blancas
del recurso de vn enojo.
La vrujula solicita
quando numéro coploso,
del vosque y de la riuera
60 teatro hiço no corto.
Ms. 5796, f. 189.
26
AL REY D. PHEUPE 3.
Si de antecesores tantos
vuscas etemas memorias,
reliquias son de cristales
pues en su pecho estan todas.
5 Si de los reyes de Espana
rebuelues tantas historias
cuyos despojos al tenplo
en mill vandcras tremolan,
mira el valor de Philipc,
10 pues que con su vista sola
es tridente a todo el mar
y es rayo en la tierra toda.
Si al pie de esta virgen vella
que estas montanas corona,
1 5 tan altas que se leuanta
entre sus plantas la aurora,
tan en los cielos sus cunbres,
la ymagen tan en su gloria,
que es el mas viuo traslado
20 del original que adoran,
publicas afcctos puros,
afeaas lucientes ponpas,
en marmoles entallados,
en desatadas aromas.
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ATTRIBUÉES A GONGORA
93
25 Nuestro Rey viniendo a uella
con presencia generosa,
el mayor culto a su fe
erigio en sus aras proprias.
£1 solo a uer sus altares,
30 el a su naue gloriosa,
desde su grandeça vino
con la grandeça espanola,
en cuias meniorias pias
deuotamente lustrosas,
3 5 en dos piraroides altas
que los yndios montes moran,
arden encendidos fuegos,
luçen etemas antorchas
que la luz del cielo esconden,
40 que los rayos del sol rouan.
Espira en humos fragrantes,
suue en Hamas olorosas,
quanto la Feniçia suda
y quanto la Arauia Uora.
45 Gran Rey, cuya monarchia
el Sol que naçe en las ondas
y en las mismas ondas muere
ni la abreuia ni la toca,
oy que a este sagrado alcaçar
50 volbeys las plantas dénotas,
trayendo a el sol de Maria
vuestras estrellas famosas,
las dos perlas digo a quien
an de cenir mas coronas
5 5 que los pocos mayos suyos
que abrites muchos desfioran.
La veldad de nuestra infanta
que nacio con la que goça
a la tierra por deidad,
60 a los cielos por lisonja,
Carlos y fernando, en quien
porque a sus nombres respondan,
terror crées glorioso
de las naciones remotas.
65 Oy en fin que aveis dcjado
sin aima a toda Lisboa,
famosa en vuestras entradas,
en vuestra vista ostentosa,
esta admitid que esas plantas,
70 relijion afectuosa,
en reciuiros festiua,
aplausos humildes postra.
Ms. 3796; f. 190.
27
Llegose tanbien mi hora,
como hace a todos los necios,
y enamoremea lo rubio
de quien me paga a lo negro.
5 A hacer la primer visita
fue mi aima en unos versos,
porque menos se cansase
caminando en pies agenos.
Papeles la ynbie tan blandos,
10 que su escritorio con ellos
fue caraarin de conservas,
tan dulçes eran y tiemos.
Al proprio Sol cara a cara
llegue a perderle el respecto,
15 y le dije que era sonbra
delante de sus cauellos.
De perlas llame a sus dientes,
y quisiera, a lo que entiendo,
mas las perlas en sus manos
20 que en sus dientes el conceptc
Ay de mi, que me muero
mas por vna muger que por dinero
y ella que no me quiere,
mas que por mi por el dinero muere
25y asi la fama con raçon pregona
que soy yo neçio y ella socarrona
Vna moçuela picante
de aleuissimos ojuelos,
cayman es de coraçones
30 pues los engullen enteros.
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94
POÉSIES
De reues me dio en el aima,
porque al tienpo de voluerlos
supo hacer muy bien su herida
que ella rie y que yo siento.
3 5 Ya ella vbiera consolado
mis fatigas y tormentos,
si no tubiera en su casa
dos biejos de su consejo.
Quando la doy memoriales,
40 a elles los remite luego,
y hacen tan mai la consulta
que mal despachado buelbo.
O quanta falta me haçe
aquel métal maçilento,
45 pues con estos pies y manos
diera alcançe a mi remedio.
Por hablar curiosidades,
sudaua sienpre, el ingenio
hasta que vi la agradauan
50 mucho mas las de un platero.
Ay de mi, que me muero
mas por vna muger que por dinero ;
y ella que no me quiere,
mas que por mi por el dinero muere ;
55y asi la fama con raçon pr^ona
que soy yo neçio y ella socarrona.
M$. 3796, f. 191.
28
AL RIO DE HENARES
Henares el de Siguença,
liquido no, puro si,
si acasso puro y sin agua
lo mismo quiere decir,
5 que no nacistes en Piscis
de vn astrologo entendi,
y yo se que esta tal signo
lexos de vuestro pais.
Y aunque aquario ustaba en duda.
10 viendo que en seco viuis,
. . . os vi ser Ganimedes
si es Jupiter vn rocin. .
Yo soy el primer poeta,
entre quatrocientos mil,
15 que os dio nombre de cristal
y Dios sabe si menti.
Yo la llame plata al agua
con que soberuio viuis,
mas ya me e desenganado,
20 y me atengo al Potosi.
Escuchad treinta coplones,
si enojo no receuis,
ansi os toquen mas rabeles
que a Esgueba en Valladolid.
25 Conmigo os enojareis,
pero que se me da a mi,
aunque os precids de la oja
por que espadana os renis.
Si platicais para rio,
30 bien como Guadalquibir,
no murmureis que es de arroyos
como de gente ruin.
No se yo si os acordais
de vna manana de abril,
35 quando la aurora salia
sin llorar y sin reir;
quando llegaba el farol,
lanterna, antorcha 0 candil,
a la ventana de Oriente,
40 balcon o zaquizami;
que lloraba en vuestra margen
vn zierto amante infeliz
con camaras en los ojos,
injurias del dios machin.
45 Desenterro las memorias
de vn gusto pasado en fin,
ridiculo espectaculo
sin spectar ni reddil.
Atacosse, y fuesse a vn prado
50 de esmeraldas y rubis.
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ATTRIBUÉES A GONGORA
95
que destas pîedras ay muchas
en el thesoro poetil.
Suspiros baxos hechando,
que al viento hicieron gemir,
55 si no dixo de otra suerte
es çierto que dixo anssi :
« Anssi tengas, noble rio,
mas riuera que Genil,
mas agua que el de Toledo,
60 mas puente que el de Madrid.
Si haçiendo la tarde aurora,
labare mi ninpha en ti
o a ti te labare en ellas
sus dos plantas de marfîl,
65 hazte espexo de su rostro,
y enamorada de si,
conocera que son fuertes
sus mexillas de carmin .
Dile que por sus crudeças
70 agora me an dado a mi
camaras en los très ojos,
y al fin me abre de morir.
En dos de sufrir desdenes
de su labio carmessi,
75 en vno de serenarme
a las horas del dormir. »
Pasmose en esto pensando
en su bello séraphin,
y estubose assi quatro horas
80 y estubiera quatro mill,
si vn asno tambien paciera
no muchos passos de alli,
no se acordara a este tiempo
de su ninpha vorriquil,
85 hecho vn suspiro su lengua,
aunque, segun entendi,
fue rebuzno en buen romance
y suspiro en mal latin.
Al son del clamor tan ronco
90 boluio nuestro amante en si,
quando le encanto el olfato
Merlin no, pero merdin.
« La de Caco, aquel ladron,
anda, dixo, por aqui,
95 que es de taies enemigos
atalaya la nariz.
Perros muertos son violetas,
humo de azufre es jazmin,
si anbar gris es ambar frio,
100 suçiedad es esta gris.
Yo me quiero lebantar,
que si acaso bien oli,
no esta la yerba sin zera
si al simple llaman ansi. »
105 Para lebantarse pusso
la mano sobre vn patin,
camara en que hecho su pan
traspalado otro Amadis.
Guardaba oculto la yerba
1 10 el riguroso matiz,
bien ansi como las flores
suelen al aspid cubrir.
Sintio ligada la diestra
que libre solia sentir,
1 1 5 y alçose prouido no,
pero proueido si.
Llegose a labar a Henares,
dando a su planta jentil
la liga como en Segouia
120 quando la quieren bâtir.
Iba a otro sitio, y vio en el
otra prouisîon mas vil,
que en vn prado de esmeraldas
era muy poco vn rubi.
125 Dos falsas si desîguales
no distantes entre si,
que en aquel prado naçiera
del culantro perejil.
Espantado del successo,
130 huiendo se fue de alli,
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96
POÉSIES
que para taies contrarîos
no ay oler sino es huyr.
Ms. 3796, f. 17S-176 V. En tête, le mot
« Gongora » a été biffé et remplacé par
« Francisco Lopez de la Torre », d'une
écriture différente.
29
AL TRAJICO SUCESO DE LUCRECIA
Era vicario Tarquino ?
Soy sala de competencias
que me mandan que déclare
si hizofuerza, o no hizo fuerza?
5 Y contrastar la opinion
que a la matrona conserva
en la posesion de casta,
no serd facil empresa.
Pero la accion apurada,
10 si hazen conjeturas prueba,
el suceso mas ynduce
voluntad, que no violencia.
Que ospedar vn rey ausente,
Colatino, no hay albeytar
1 5 que por sano lo déclare,
que por seguro lo tenga.
Demas que hizo mucho al caso
hauer quedado la puerta,
sin tranca» llabe, o zerrojo,
20 ni vn picaporte siquiera.
Solo admito por disculpa,
si a cargo de alguna duena
esiubo, que sobomada,
fue origen de la tragedia.
25 Vamos refiriendo el caso :
del campo el monarcha llega ;
enganada o maliziosa,
le da posada Lucrecia.
Si zenaron de consuno,
30 no hai vivienteque lo sepa,
las estancias del reposo
fueron sin duda diversas.
En la sala el rey a escuras,
vigilante zentinela,
35 el sosiego en la familia
esperando estaba alerta.
Impaciente en los antojos,
de saber con quantas entra
la fiel romana donde
40 hazer vn peso desea.
Ya todo en sosiego mudo,
la bordada cama déjà,
su gaban toma'y espada,
los zapatos por chinelas.
45 Parte pues pisando errores,
llega tentando tinieblas,
y entra por la misma causa
que los perros en la iglesia.
Ella en suabe tributo,
50 pagando forzosa deuda
a Morfeo estaba, quando
las plantas puso en la pieza.
Entre esperanza y temor,
confuso al lecho se azerca,
55 y a luz de lampara escasa
dormida Venus contempla.
Al desenfrenado ympulso
que al precipicio le lleba,
rriendas al respecto pone,
60 la ocasion aprieta espuelas.
Mas venciendo el apetito,
la sed amorosa intenta,
templar con alientos puros
entre nacares y perlas.
65 Temerario se avalanza,
y de amor lasciva aveja,
al fîno coral del lavio
le bevio el sabroso nectar.
Ella desperto asustada,
70 y apartando la caveza,
de la olanda desembaina
dos chrîstalinas defensas.
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ATTRIBUÉES A GONGORA
97
En el lecho mal sentada,
alterada y descompuesta,
75 faccion yndolente acusa
con lagrimas y con quejas.
Intentando reducirla,
a requiebros, a teraezas,
dulzes amores y alagos
80 anade a ricas ofertas.
Mas viendo que persuadirla
no ha podido en ora y média
el rucgo blando y humilde
en fuerza villana trueca.
85 Por cubrirla la descubre,
y ya sin terliz la yegua
que a menester a la brida
vio que estaba a la jineta.
Tan embuelta en la camisa,
90 que fue forzoso romperla,
obstentando el tanto monta
gran machina de belleza.
A esto signe el amenaza
de ponerle al lado muestra
95 de vn esclavo, que sin aima
déclare su ynfame afrenta.
Disculpa para vna tonta,
mas no para quien se precia
de varonil y entendida,
100 como en matarse lo muestra.
Ni esta ronca, ni son sordas
sus criadas : a que espéra,
si lanze tan apretado
dando vozes se remédia ?
105 Mas con el ansia de darlas
trabada tiene la lengua,
y a potente afecto humano
rendidas las dos potencias.
Ya los brazos no embarazan,
iio dando tacita lizencia
los ojos como dormida,
los gustos como despierta.
Viendo en la ocasion el joben
Rnmi bispaniqui. xir.
que no ha menester la fuerza,
115 dos médias rramas divide,
que vida y reyno le cuesta.
Ya Su Magestad se va
con cl abuja desecha,
a ser dulce Magallanes
120 del que estrecho considéra.
Q.uiza que no lo seri
disculpa de que el no buelva
a nabegar lactitudes
que el mayor aliento anegan .
125 Ancho u estrecho, el llegô
con dulze y fresca marea
al norte que yman con aima
tantos dias a que anela.
Mar en lèche, la matrona
1 30 con el corriente se déjà
surcar, y séria milagro
si agitado no se altéra.
Poco a poco con buen ayre
va el rey hasta que refresca
135 el viento, y en obras vivas
crujieron las obras muertas.
Los concabos resonaron,
retumbaron las cavemas,
y en golfo de espumas cano
140 amayno la inchada vela.
Que el cumplio con su negocio
no hai duda; sobre si ella
vino en ello voluntaria,
es toda la controversia.
145 Mas visto el caso, fallamos
ser constante, que pues ella
no huyo quando el escurria,
ayudô a la concurrencia.
M s. 4044, f. 266-269.
30
Siempre lo he oido dccir :
asta las piedras se encuentran.
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98
POÉSIES
porque al fin no ay San Martin
que a cada puerco no Uega .
5 Por mi lo digo, que estando
cierto dia en cierta feria
que se hace en Escalona,
vn lugar sin escalera,
llegando a mercar vn pollo,
10 repare, mas que en la venta,
que me pidieron por el
ciento y dos, y très potencias.
Dijele : « Moça, esta gordo ? »
y respondiome risuena :
15 « Alcele la rabadilla,
vera que torreçno ensena. »
Era vna moçuela, de oro
el vello de la cabeça,
la frente messa de plata,
20 la boca coral y perlas.
Quando la vi tan hermosa
vender vn pollo de chresta,
que apenas le habran salido
plumas por entre las piernas,
25 saquele dos plumas solas,
dijele dos mil endechas,
porque le hice saltar
la sangre de la primera.
« O mi malogrado pollo,
30 o Jésus, quien tal supiera,
criandolo vos, mi padre,
para gallo del aldea ! »
Despedime, y al partirme
hiçome vna reuerencia,
35 con vn suspiro del aima
y los ojos en la tierra.
Hasu que el martes pasado,
no aciago (ni Dios lo quiera
que yo a tal martes le llame)
40 sino de camestolendas,
llegando a Çocodober
a echar mi dinero en médias,
vi vna moça que vendia
vna pardilla coneja.
45 Dijele : <c Moça, a parido
la coneja? » y rostrituerta, \
me respondio a lo mohino :
« Ya a parido la coneja.
Vaia, que no es para el
50 que la querra moça y recia,
que con el duerma en la cama ;
y con el coma en la messa.
Haora vn ano era ansi,
como sabe alguna de ellas,
5 5 pero como ya a parido,
desecharala por vieja. »
Diome vn salto el coraçon,
y en el aima vna sospecha
en que era lo que decia
60 methaphora de si mesma.
Preguntela su lugar,
y apenas me dijo que era
namral de Fuensalida,
quando luego cai en ella.
65 Lleuemela a mi posada,
hicele poner la messa,
asenteme yo a los pies,
pusela a la cabeçera,
y pusela por principio
70 dos çiruelas amaçenas,
y luego vn pastel echiço,
con vna cana y dos yemas,
y por postre vna patata,
con dos limas en conserua.
75 Comio tanto de lo dulce
que la dio dolor de muelas,
y una alteracion de madré
que entendi que se muriera,
porque angustiada en la cama
80 estubo toda vna siesta,
los ojos bueltos en blanco,
y en la mano vna candela.
Y quando bolbiera en si,
de esta manera dijera :
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99
85 « Ea, senor, que ya es hora;
si ha de tomar la coneja,
saque vn puno de reaies. »
Y dixe : « Paguese ella »;
y ella, como sabe el precio,
90 tomo très y fue contenta.
Ms. 3795, f. 174.
31
AL PALAÇIO DE LISIS
Desesperado de uer
las maleças en que nace,
se précipita vn arroyo
desde vnos riscos a un valle.
5 El le reciue, y ofreçe
en corteses ospedajes
sitio hermoso en que se albergue,
blando lecho en que descanse.
Sîerpe de cristal se arrastra
10 por la sombra que le haçe,
flores que el cristal fomenta,
yeruas que la sierpe lame.
De un edificio souerbio
pisa humilde los vmbrales,
1 5 pagandole en obediençia
los honores de su margen.
De un edificio que el sol
ponpa del çielo arogante
dexara el ser sol por ser
20 cinborrio a sus omenajes.
Si lo escuchas, no te admires
que dejaras de admirarte,
si saues que tiene a Lisis,
y si quien es Lisis saues.
25 La deydad de aquestos montes
es, en cuias prendas graues
no hallo escrupulos la inuidia,
ni anadio gracias el arte.
De su beldad se detienen
30 a los inpenos suabes
los inpetus de* las ondas,
las coleras de los ayres.
Libre no uio su hermosura
que captiuo no quedase,
3 5 amante despues de verla,
fuese asta verla diamante.
Ay de quien lo esperimenta,
y entre respectos cobardes
no se quexa aunque se muere,
40 no suspira aunque se arde,
que en sus ojos y en su frente
enquentra efectos notables,
fuego en calor que le yela,
nieue el calor que le abrase.
45 Si el carcax al hombro fia,
si en la mano el arco trae,
Amor, deponiendo el suio,
ya no es Amor sino amante.
Aun las fieras solicitan,
50 desmintiendo naturales,
el que su mano las yera,
por que su pie los alcance.
Es al fin comun echiço
entre suspensiones graues,
550 mate las fieras hombre,
o fiera los hombres mate.
Alegre el canpo la sirua
quando a uer el canpo sale,
en mesa de alaxas verdes,
60 dulçes lisonjas fragantes,
que mucho quando son medras
que deuen sus prados antes
que del arroyo al cristal
de su planta a los cristales.
65 En virtud de prendas suyas
goçan prebilegios taies
que verdor perpetuo visten,
cruxa el Euro, el Autro brame.
De este duefîo el edificio
70 es el templo de su imagen,
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100
POÉSIES
vello oriente de dos soles,
hcrmoso cielo.de un angel.
O tu, arroyo, a ti los ojos
de Lisis nunca te falten,
75 que la risa de tus bienes
diga el llanto de mis maies.
Seran en sonantes musas,
si tus musicas sonantes
mi mortal ardor le acuerdan,
80 tus acuerdos inmortales.
Ms. J796, f. 179.
32
— Decidme vos, pensamiento,
donde mis maies estan,
que alegrias cran estas
que tan grandes voces dan :
5 si libran algun cautivo
o le sacan de su afan,
o si biene algun remedio
donde mis suspiros van.
— No libran ningun cautivo,
10 ni lo sacan de su afan,
ni viene ningun remedio
donde tus suspiros van ;
mas venido es un tal dia
que llaman senor San Juan.
1 5 Cuantos los que estan contentos
con placer comen su pan,
cuando a los desconsolados
mayores dolores dan.
No digo por ti, cuitado,
20 que por muerto te tendran
los que supieren tu vida
y agora te veran ;
los mas te habran envidîa,
los otros te lloraran ;
25 los que la causa supieren
tu firmeza Icaran,
viendo menor tu pecado
que el castigo que te dan.
Bibliothèque privée.
33
Regalanmecon favores
las damas de mi lugar,
porque ya de monacillo
he venido a sacristan ;
5 y pues que tano campanas,
bien me pueden codiciar,
pues para moneda de obra
tengo bastante métal.
No reparan en si tengo
10 canongia o dignidad,
esperanza de capelo
o de mitra arzobispal.
Pues para que sea querido
al uso de Portugal,
15 basta que tenga la boisa
franca comb gavilan.
Porque pienso hacer ogano,
si hay tantica mortandad,
mas milagros con mi oficio
20 que con su espada Roldan ;
porque para mi regalo
entiendo que me daran
las vinageras el vino,
las sepulturas el pan,
25 las velaciones los polios,
los responsos el agraz,
las campanas las gallinas,
los ciriales el caudal.
Si con este prometido
30 y con esta voluntad
hay alguna damichuela
que se quiera aventurai,
desde ahora le aseguro
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lOI
35
y la digo en puridad
que en las ... . me remato
y en la que me dièse mas.
Las condiciones que saco
a la que por bien de paz
aceptasemi partido
40 son las que pueden contar.
La primera que, pues yo
soy provisor gênerai,
y no quiero que en su cueva
entre ageno medio real,
45 no ha de ser antojadiza
como paloma torcaz
que por poner sobre espuerta
déjà el mismo palomar;
no ha de ser muy andariega,
50 pues nos avisa el refran
que gallinas y mugeres
se pierden por mucho andar;
tampoco ha de ser golosa,
porque no haga otro Satan
55 que la tiente por la gula
como a la muger de Adan.
Mientras le doy con mi pico
el sustento natural,
no ha de admitir en su casa
60 otra cana de pescar.
Iten saco por partido
Bibliothèque privée.
u
A la posada de ausencia
llegô el Amor una noche,
despues de haber caminado
catorce léguas atroces.
5 Son los celos una espuela
que a los pechos mas harones
les hace salir de paso,
porque el deseo los pone.
Con esto llegô temprano,
10 aunque tarde le responden,
que en el meson de la ausencia
a las cinco son las doce.
Pensô que Agradecîmiento
en oyendolesu nombre
15 bajara descalzo a abrirle,
mas ya nadie le conoce.
Todos estaban dormidos,
y a los gritos y a las voces
levantôse el Desengano
20 y a la ventana asom6se.
« Por quien preguntais, Amor?
Que dais en vano esos golpes?
Que Ausencia esta con Olvido ;
ella no ve, y el no oye.
25 Agradecîmiento es muerto ;
y aun pienso, Dios le perdone,
que por casar con Ausencia
le matô Olvido una noche.
Los que fueron a su entierro
30 vienen a que se despose,
que el pesame y parabien
iguales parejas corren.
Ocho dias ha que os fuistes,
tantos ha que tierra come,
3 5 que el uno murio a las diez
y el otro partio a las once.
Aqui hay colgadas muletas
y aun algunos cartelones,
que a los maies mas de asiento
40 cura Ausencia si los coge.
Y vos, Amor, id con Dios,
que a un mozo tan gentilhombre
no le faltarà posada,
aunque scaen esos montes. »
Bibliothèque privée.
35
Despertad, hermosa Celia,
si por Ventura dormis,
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102
POÉSIES
que vida que ha muerto a un
hombre
no es justo que duerma asi.
5 Si no temeis la justicia,
por misericordia oid
a un aima del mismo cuerpo
que viene a penar aqui.
Abrid esas celosias,
10 ya que las puertasno abris,
si no quereis qus entre dentro,
como sombra del que fui.
Acuerdome que una noche,
sin descansar ni dormir,
1 5 os hallaba el sol en ellas
y vos en la calle a mi.
Para el malo y para el bueno,
sale el sol y a un mismo fin,
y aunque mas me aborrezcais
20 salio tambienpara mi.
Agora que estais durmiendo,
contenta en verme morir,
holgareis que el cielo llueva
y que yele sobre mi.
Si os detiene algun dichoso,
decidle que yo lo fui
25
que en vuestros brazos estuve ;
mas no hay que fiar al fin
del sol claro por febrero,
30 ni flor de almendro en abril.
Triste del, cuando os conozca
como yo cuando os perdi,
que teneis de piedra el aima
y el rostro de un serafin.
35 Celia, pues no despertais,
forzoso sera el sufrir ;
dormid y velen mis ojos
entretanto que dormis.
Bibliothèque privée.
En los carrillos las palmas,
y los codos en los muslos,
y del aima por los ojos
derramando todo el zumo,
5 su duro pecho otros canos
hecho puchero de engrudo
desleido con mil heces
por zelos de un mozo zurdo
estaba el pastor Gaspacho
10 apacentando unos mulos,
ganado que a puras coles
se desfajaba el menudo.
Blasfemaba del amor
que tiene tretas de puto,
1 5 que nos besa y nos cngana
como Ganasa a Trastulo
Al fin el pastor Gaspacho
con su pastora sanudo,
que porque llorar le hace
20 la llama nina del humo,
empunando un morteruelo
en que machaca sus gustos,
asi cantaba haciendo
de su garganta un embudo :
25 « Aunque yo fuera mas feo
que las nalgas de un tarugo,
y mas ligero de cascos
que es de vuelo un aguilucho,
aunque vistiera de fiesta
30 camisa de angeo crudo,
y por echarte requiebros
te hubiera echado un rebuzno,
no me hubieras arrojado
a manera de trabuco,
35 o como bodo^ue al aire
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103
de buea brazo y arco duro.
Plegue a Dios, pastora falsa,
pues que por ti me chamusco,
te azote Amor con mas sagas
40 que tienen rabos diez pulpos ;
que, cuando casarte quîeras,
aunque mientan, digan muchos
que al talamo te acompanan
mas de cuatro mil estupros,
45 y que en la villa probaron
muchos hombres tus besugos,
y que de noche en la calle
bulle caza y andan bultos ;
que tu solaz sea la rueca,
$0 tus castanetas el huso,
y que por corales traigas
majuelos y escaramujos ;
que las berzas de tu huerto
no las riegue mi aguaducho,
5$ y que para tu tinaja
faite derecho tarugo. »
Con esto se fue Gaspacho,
porque de rabia se puso
mas sucio que dona Esgueva,
60 la madré de los mas sucios.
Bibliothèqae privée.
37
Mudanzas del tiempo
y glorias caducas
en mis dias claros
me han dejado a obscuras.
5 Nublosos cuidados
que gustos enturbian
tendieron el vélo
de tristezas muchas.
Qpedô obscuro todo,
10 y hecho yo lechuza,
de la luz me guardo
que no me deslumbra.
A lo hipocriton
desde esta mi funda
15 saco la cabeza
como la tortuga.
Miro si me ven,
oyo si me escuchan,
atientome mucho
20 por andar en dudas.
Ya no me conozco
despues que entré en moda,
que muchos estados
a qualquiera mudan.
25 La pesadapiedra
del cuidado empuna
mi aima entre suenos
en pie como grulla.
Ya no cual solia
30 suena mibandurria,
que la ensordecieron
del gran Tajo azudas.
De los ojos mios
viendo las alcuzas
35 por memorias tristes
que el aima me estrujan,
muerto ando debajo
del pano de tumba,
que limpia las calles
40 que aqui me embadurnan.
El cuello metido
por cortar las unas
sombrero de borlas
muy a lo de cura ;
45 rapado por fuerza
sujeto a la tunda,
como si yo fuera
de los de la chusma.
Mis lienzos tendidos
$0 cual otra vmda,
sobre mi sotana
puesta su blandura ;
hecho sacristan
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104
POÉSIES
cantando aleluyas,
5 5 los bultos rociando
de las sepulturas;
reducido al fin
a esta tal fortuna,
despues de haber dado
6o mas vucltas que grua;
vivo deseando
como infernal furia
abstinente en todo
y a el ojo la fruta.
65 Amo y reverencio
laque mrs me injuria,
maldigo las veras,
bendigo las burlas.
Mirome al espejo,
70 no me veo arrugas,
y hacelas el tiempo
en mis aventuras.
Libertad amada,
tu consuelo acuda
75 al que al son de grillos
entona su musa.
Perdite, o cuilado,
por mi desvenlura,
siendo tu la jo^a
80 que mas todos buscan.
Sobre el oro puro
y perlas te encumbras,
mal haya quien quiere
gloria sin la tuya.
85 Coma quien quisiere
la gustosa trucha,
pues que no se pesca
a bragas enjutas.
Guste ser mirado
90 aquel hideputa
del que a su pesar
se nota y murmura.
Que todo es, al fin,
canto de la cuna,
95 que para en el llanto
de la sepultura.
Si algun codicioso
sacare de puja
la vida que compro
100 yo la doy por suya.
Mas de que me quejo,
si es mia la culpa,
pues cave la fosa
donde me sepultan !
Bibliothèque privée.
LETRILLAS
38
O que bien que baila Gil
con las mozas de Barajas,
la chacona a las sonajas
y el villano al tamboril !
5 Fue a Madrid por San Miguel
y el demonio se soltô
que chaconero volvio
si iba villano el.
Salgan cuatrocientos mil
10 que con todas se harà rajas,
la chacona a las sonajas
y el villano al tamboril.
Un olmo que el son agudo
en medio el egido oyo,
1 5 con las ojas le bailô
ya que con el pie no pudo.
Con airecillo sutil
las altas movio y las bajas,
la chacona a las sonajas
20 y el villano al tamboril.
Baile tan extraordinario
nadie le ha visto de balde ;
varas le costô al alcalde
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105
y bodigos al vicario.
25 £1 capon del alguacil
ha gastado sus alhajas,
la chacona a las sonajas
y el villano al tamboril .
Bibliothèque privée.
39
Qpien tiene el tejado de bidrio
no tire piedras al del vecino.
Vecina, pues ueis que somos
de la carda y del offîcio,
5 procurad que uamos horras
yo con vos, y vos conmigo.
Sabed que si sois nabaja,
que me precio yo de rico,
y se de punta jugar,
10 si jugar sabeis de filo.
Quien tiene el tejado de bidrio
no tire piedras al del vecino.
Si tengo marido yo,
tatnbien vos teneis marido,
15 y se que no es sordoel vuestro,
si tiene oidos el mio.
Lo que os ymporta es callar,
que si vistis uos, yo he visto ;
si abri mi puerta a las seis,
20 vos la abristis a las cinco.
Qpien tiene el tejado de bidrio
no tire piedras al del vecino.
Si dejais las faldas sanas,
no abra en las mias peligro,
25 que si de saia e medrado,
uos de saia y de corpino.
No mireb tan cuidadosa
a quien pareçen mis hijos,
que a las dos se nos entiende
30 de reiratos vn poquito.
Quien tiene el tejado de bidrio
no tire piedras al del vecino.
Ms. Î795, f. 177.
40
Bailad en el corro, moçuelas,
pues os haçe la gayta el son,
que yo os mando vnas castanuelas
guarnecidas con su cordon.
5 No es bien que el conçejoogano
pague al gaytero de balde,
yo fui Jil Castano Alcalde
y como alcalde y castano.
Si en mi fruta haceis dano
10 yo os perdono quatro pares,
rompeldas con les pulgares
y vosotras con las muelas.
Baylad en el corro, moçuelas,
pues os haçe la gayta el son,
1 5 que yoos mando unas castanuelas
guarnecidas con su cordon.
Yo se quando era la sala
de los saraos el egido,
el palenque de Cupido,
20 y el theatro de la gala,
el dio marido a Paschuala
y a Toribio muger tanto,
y el zapatero el disancto
haçe su paschua de suela.
25 Baylad en el corro, moçuelas,
pues os haçe la gayta el son,
que yo os mando unas castanuelas
guarnecidas con su cordon.
Jj. 108, f. 229.
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io6
POÉSIES
Ai
Este mundo es vna escala :
vnos la suben y otros la bajan.
La cayada de vn baquero
sirua a esta escala de paso,
5 por donde al imperio acaso
succéda vn Tartaro fiero.
Y vn Rey en berjas de açero
le trae la persona pressa,
y a los perros de su messa
10 en las migajas le iguala.
Este mundo es vna escala :
vnos la suben y otros la bajan.
De vn cordel esta escalera
la subio alguno tirado,
1 5 que ya la bajo llebado
del collar de vna benera,
y abrirle hiço carrera
este lisongero falso,
al luto de vn cadahalso
20 desde el dosel de su sala.
Este mundo es vna escala :
vnos la suben y otros la bajan.
El caduco parecer
de las damas paja sea,
25 pues oy» mal sana y bien fea,
pluma no puede mouer,
quien loca pisando ayer
las.nubes de sus chapines
desafio serafînes
30 a bolar ala por ala.
Este mundo es vna escala :
vnos la suben y otros la bajan.
Yo vi lebantados çiento
que la embidia derribo,
35 y a cada cual les toco
como pelota de viento,
la vna le da con tiento
la otra con fuerça.aprieta,
la lisonja con vaqueta
40 pero la embidia con pala.
Este mundo es vna escala :
vnos la suben y otros la bajan.
J). 108, f. 22'/.
A2
Salud y vida sepades,
que vengo a decir verdades.
Del Tajo vengo a cantar
a orillas de Mançanares,
5 aunque para mis pessares
remedio quiero tomar.
Mas ya me quiero alegrar
porque se que os doy contento,
quandoal son de miynstrumento
10 salgo a cantar nouedades.
Salud y vida sepades,
que vengo a decir verdades.
Ay doctores afamados
que son doctores famosos,
1 5 ay doctores ymbidiosos
que presumen de ymbidiados ;
a y otros menos letrados
que presumen de criollos,
y que alegan por ser polios
20 pollinas authoridades.
Salud y vida sepades,
que vengo a decir verdades.
Ay casadas vergonçosas
porque son taças penadas,
25 ay donçellas encaladas
y caladas melindrosas,
ay cortesanas briosas
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107
y entre Henços de paredes,
ay viejas con que lloredes
30 y ninas con que riades.
Salud y vida sepades,
que vengo a decir verdades.
El marido al uso rine
con su muger dona Gueca,
35 porque en lugar de la rueca
cintura de perlas cine ;
el gusta de que se aline,
y quando mas disimula,
companero es de la mula
40 que pintan las nauidades.
Salud y vida sepades,
que vengo a decir verdades.
Ay corrientes mormurantes,
ay corridos mormurados,
45 ay pénitentes casados
que trahen cruces de diamantes,
y discrètes maleantes,
en cuias conbersaciones
ay onças de discreciones
50 y arrobasde necedades.
Salud y vida sepades,
que vengo a decir verdades.
Busconas vereis tapar
de quien todos haçen cruçes,
S 5 que pasan entre dos luces
como quartos por sellar ;
van de noche a campear,
porque se gastan aescuras
sus pimeas estaturas
60 y sus gigantas edades.
Salud y vida sepades,
que vengo a decir verdades.
La viudita vergonçossa,
toca y mon j il de picaça,
65 con lagrimas de mostaça
sale picante y Ilorossa,
mas en su messa viciossa
ay gigote de senores,
pepitoria de priores
70 y picadillo deauades.
Salud y vida sepades,
que vengo a decir verdades.
Ms. 3795, f. 173 V.
VARIOS
43
SATIRA
A que grande desuentura
vino al mundo por su mal,
que no se halcança vn real
sin leuantarse figura. f.
5 Este mal no tiene cura
ni se puede remediar ;
todos quieren estafar
en faltando plus de argen.
Remedielo Dios. Amen.
10 Van las senoras casadas
que tienen necesidad
a cierta patemidad
que remedio las pasadas,
con el marido enojadas
15 porque le sienten paçiente,
y el finge ser ynoçente
y aun hace que no lo uen.
Remedielo Dios. Amen.
Esta la casi doncella
20 labrando en su bastidor,
y a bueltas de su labor
anda el moçuelo con ella.
Va el senor dotor auella,
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io8
POÉSIES
por no decir la cotnadre,
2$ y sin saberlo su padre,
suelen darle el parabien.
Remedielo Dios. Amen.
La mozuela de seruicio,
luego que déjà el esparto
30 se sale con su lagarto
a darse vn poco de vicio,
y echa luego de juizio
como lo remediara,
y que mentira dara
35 porque no la den vaiben.
Remedielo Dios. Amen.
La viuda jalbegada
con su toca reuerenda
que hace de su cuello tienda
40 y gusta de ser tocada,
mas quando la muy taimada
con esta resolucion
no admite conuersacion
ni quiere que se la den,
45 Remedielo Dios. Amen.
Con Hngida debocion
esta la monja reçando,
de pensamiento pecando
con el que tiene aHcion ;
50 maldice su religion
porque no puede salir
y su deseo cumplir,
aunque mil traças se den.
Remedielo Dios. Amen.
5 5 Ya este mundo va perdido
y las cosas en peor,
ya priua el mormurador
con el que nunca lo ha sido ;
a tal miseria ha béni do,
60 que si no se ua a la mano
no se ha de hallar vn cristiano
que llamen hombre de bien.
Remedielo Dios. Amen.
Ms. 3795, f. 177 V.
44
Que entre los gustos de amores
la noche se estime tanto,
no me espanto,
que es capa de peccadores
5 y de peccadoras manto.
Que este el padre confîado
en que su hija es doncella,
porque siempre ha bisto en ella
vn termitio muy honrrado,
10 pero que viua enganado
porque ubo quien a pie enjuto
cojio flor y dejo fruto,
trocando tanto por tanto,
no me espanto.
1 5 Que en la noche mas elada,
estando el marido ausente,
que busqué quien la caliente
la bellisima casada
y remanezca prenada,
20 y el marido este seguro
de que su mujer es muro
formado de cal y canto,
no me espanto.
Que la viuda ensabanada,
2 5 los ojos en el sagrario,
tenga en la mano el rosario
y se nos muestre eleuada,
y que la noche llegada
la visite el clerigon
30 por hija de confesion,
sin ser el el Padre santo,
no me espanto.
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ATTRIBUÉES A GONGORA
109
Que en la yglesia le amanezca
a la beata jergona,
35 y que apenas ay persona
a quien santa no parezca,
y que apenas anochezca,
quando, dejando el jergon,
sepa gozar la ocasion
40 y olbidar tristeza y llanto,
no me espanto.
Qpe olbidada de su voto
de dia en el librador
tenga firmezas de amor
45 la monja con su deuoto,
y que ande todotan roto,
que picada en este çeuo
gaste mas bêlas de seuo
que peces tiene Amaranto,
50 no me espanto.
Ms. J79S, f. 177-
45
Antes que el sueno me venza
y se me apague la luz,
escribir quiero mis maies :
memoria, ayudame tu.
5 Mejor a cantar me aplico,
quiero tomar mi laud ;
menester sera templarlo :
tiutin, tararan, tantus.
Vencido llegô el amor,
10 herido con arcabuz,
desde cuando me azotaban
los hermanos de Jésus.
Amaba a una zagalilla
mas linda que un cielô azul,
1 5 cuya dulce boca excède
lamedores de orozuz.
Con versos la conquistaba :
ved que barras del Piru !
G^nocio de mi flaqueza
20 estar falto de salud.
Valiose del interes,
y aunque me ensenô el non plus,
lleguè a vista de su estrecho,
tanto puede mi virtud I
25 Y con ser padre de casta
como caballo andaluz,
layegua no meconsiente
tintin, tararan, tantus.
Soy en el juego de amores
30 tan desgraciado tahur,
que cuando habia primera
mis desdichas hacen flux.
En naciendo hizo milagros
por obra de Belzebu,
35 y para tanto embeleco
no se quien le ha dado a luz.
Aprendio las falsas letras
con tanta solicitud,
que de he supo hacerme
40 infinitas veces eu.
En habiendome ofendido
en llegando a hacerme el buz,
de rendido pago y trago
sus hierros como avestruz.
45 Haceme andar con rodela
y espada de Sahagun,
como si acaso yo fuera
Sacripante o Ferragut.
Mariirizame con celos
50 con no ser mas que un run run,
casamiento me demanda,
tintin, tararan, tantus.
Bibliothèque privée.
46
El desdichado que logra
sus dos cuernos peligrosos.
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IIO
POÉSIES
con el tiempo de la ropa
y la vida con el odio.
5 Hurtasele el cuerpo al zelo
toro, a quicn enganan pocos,
cometio su bote al viento
y a su sombra sus enojos.
Cuelga tu imagen de cera
10 a el escarmiento, devoto,
y antes que venga el olvido,
ponte, misérable, en cobro.
Pregono, pregono...
Escarbando esta en la arena,
1 5 vedrandosela en el lomo,
porque a las espaldas hecha
memorias vueltas en polvo.
Imperios y monarquias
le lienen los cuemos rotos ;
20 la fama sola le ha hecho
las burlas que tienen ojos.
Dejale agradecimientos
que cual lebrel generoso
se le cuelguen de la oreja
25 si tiene orejas un sordo.
Mas ya le encomienda al aire
su rigor no sufre modo ;
quiera Dios no des cuitado
largo ejemplo en anos cortos.
30 Pregono, pregono...
Bibliothèque privée.
47
Despues que la riuera
pisas de nuestro rio,
haçe con el estio
paçes la primavera,
5 y nuestros labradores
tantas espigas siegan como flores.
£1 otono a jurado
de consentir que acoja
qualquiera seca oja
10 en verde yerba el prado
de las que çiento a çiento
deriba de los arboles el viento.
No esta el inviemo cano
menos agradecido,
1 5 y rejubcnescido
nos da la fe y la mano
de que seran al suelo
plata las nieves y christal el yelo.
Al fin, dulce senora,
20 el tiempo te obedeçe
y al Betis faborece,
mientras el Tajo Uora
y que yo le acompano,
els intiendo tu ausencia y yo mi dano.
Jj. 108 en 4» f. 180.
48
DECIMAS DE D^ LUIS DE GONGORA
A VNA
DAMA SUYA Q.UE SE YBA A ROMA
Mariana, si a Roma vas,
en Jornada semejante
ni te absuelbo por delante
ni aseguro por detras ;
5 tu hermosura agraviaras
a quien con fineza rara
adore, desdicha clara !
pues te vas, quando te alavo,
donde han de mirar tu rabo,
10 C( ï n ; : ; n (
Ya que no te vas a estrecha
religion, donde salvarte,
al menos te vas a parte
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ATTRIBUÉES A GONGORA
III
donde hasta el culo aprovecha ;
1 5 si algun espanol te flécha
y compite algun romano,
tener zelos serd en vano,
pues podran besar tu sol
en la voca el espanol
20 y en el culo cl italiano.
Ya te miro, nina, andar
sin olerte el culo a algalia,
mas tornada por Italia
que vna espada por la mar.
25 Mi fe te quise entregar,
tanto, njna, mi araor fue ;
mas desde oy retire
fe tan vana, pues regulo
que quien no guarda su culo
50 menos guardara mi fe.
Si Uego a necesitar,
grande falta me has de hacer,
porque al fin ères muger
que hasta el culo sabes dar ;
5S vn consejo has de Uevar,
pues para aquesta jornada
de mi no has llevado nada,
y es que mires por tu vida
que no vuclvas descosida
40 ya que vuelbas desculada.
Ms. 4044, f. 257.
49
Si atreuimiento tubiera
como os e tenido amor,
fuera menos mi dolor
y mayor el premio fuera.
5 Esu el coraçon dudando,
hablar y callar querria,
y entre el miedoy la osadia
hablan mis ojos llorando.
Q,ue entre firmes coraçones
10 que sauen de amor constante,
ya es lenguaje del amante
lagrimas y no raçones.
Y en vn honbre que es prudente
y ia perfcctoen la cdad,
1 5 es mayor dificultad
llorar que hablar cuerdamente.
Como hace el ciego dios
este loco disconçierto
que sea yo, senora, el muerto,
20 y que yo llore por vos ;
y mas que, silo mirays,
hace que llore mi suerte
por vos que me dais la muerte,
y no porque me 'la days.
25 Que Amor, dios rapaz y ciego,
para que abrasado muera,
echa toda el agua fuera
y va acreçentando el fuego.
Huelgome suceda ansi,
30 aunque ofenda mi paçiençia,
porque os jure la experiençia
que ya os quiero mas que a tni ;
que entre quantos an amado
con natural aficion,
35 puedo hacer obstentacion
del mas firme enamorado.
Fuera del aima no encuentro
mi amor en otro lugar,
porque el aima os quiere amar
40 desde sus puertas adentro.
Tan honesto le a criado
la raçon que le concierta,
que de la voca a la puerta
hasta agora no a Uegado ;
45 viuio bien de esta manera
mientras fue nino menor,
pero ya como es maior,
se muere por salir fuera.
Por sosegar sus aniojos,
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112
POÉSIES
50 le ofrezco, senora mia,
que le e de sacar vn dia
al campo de vuestros ojos.
Pero nosepierda en el
y me echen la culpa a mi,
5 5 que a donde yo me perdi,
no es mucho se pierda el.
Si no es que vuestra velleça
despierte a tener piedad,
haciendoos con su humildad
60 perder la naturaleça.
Pero de qualquiera suerte
el aima esta a vos rendida ;
para vos quiero la vida
y por vos quiero la muerle.
Ms. 3976, f. 191 V.
50
QjUINTILLAS A VNA TABERNERA
QjUE VENDIA MAL VINO
Esta vende de contino
tabemera vn infernal
vino que nunca combine,
porque con vino y con cal
nos vuelbe el vino Cal-vino.
Ms. 7044, f. 258.
51
REDONDILLA
52
A UNA DAMA
EN OPINION DE DONCELLA
Y NO LO ERA
Viendo tu grande inchaçon,
apostaron vna vez
tus deudos que era prenez,
tus padres que opilacion.
Ventilaron tu maldad
quando salio, Madalena,
vn Jonas de tu vallena,
que predico la uerdad.
Ms. 3796, f. 196.
53
A VNA DAMA QJJE RONPIA
LOS JUBONES POR DETRAS
Por detras das en ronper,
Juana, ese jubon que traes ;
deue de ser que si caes,
de espaldas deue de ser.
Ya roto tu honor, cscuchas,
no vengas a deleyurte
en ronperte en una parte,
si as de quedar rota en muchas.
Ms. 3796, f. 196.
54
Dejad madurar las hubas,
no las cojais en su flor ;
si quando nina soys puta,
que sereys quando mayor ?
Ms. 4044, f. 269 r.
A tJN POETA CON MAL DE ORINA
Mal poeta y no orinar,
Castro, querras que te diga
que a tu vena y tu vejiga
y a no les queda que dar.
Vi en las dos dos marauillas,
que tu vena a escuras viene
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ATTRIBUÉES A GONGORA II3
a quedarse quando tiene eso es armarte despues
tu vejiga candilillas. que la pendencia a pasado.
.. . f . Con amorosas rencillas
Ms. 5796, f. 196.
ya con dos armas te hallas :
KK broquel para reparaUas
y peto para eu brillas.
A UNA DAMA PRE5ÏADA y^^ j^^^, f. 196.
Por encubrir tu prenado,
gran peto te as puesto, Ynes ;
INDEX ALPHABÉTIQUE
A la luna el Tajo ofrece. 23.
A la posada de ausencia. 34.
A las orillas del Betis. 24.
A que grande desventura. 43 .
Amenaçaua los campos. 19.
Antes que el sueno me venza. 45.
Aquel que en Delfos tubo gloria tanta. 4.
Bailad en el corro, moçuelas. 40.
Boisa sin aima, pereçoso arriero. 6.
Cayo enfermo Esguevilla de opilado. 13.
Clerigo calabres o calba trueno. 7.
G)mo acude el hambriento gato al mis. 3 .
De hacer de vuestro culo jubileo. 5 .
Decidme vos, pensamiento. 32.
Dejad madurar las ubas. 5 1 .
Desesperado de ver. 3 1 .
Despenauase atrevida. 25.
Despertad, hermosa Celia. 35.
Despues que Apolo tus coplones vido. 2.
Despues que la rivera. 47.
Doliente esid don Tasajo. 21 Us.
El desdichado que logra. 46.
El duque mi seiior se fue a Francia||y tu musa a la tuia o a su estancia. 10.
Embutiste, Lopillo, a Sabaot. i.
En los carrillos las palmas. 36.
En un aliso verde. 16.
Era vicario Tarquino?29.
Knmt hispanique. xi\. ^
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114 POÉSIES
Esta vende de contino. 50.
Este mundo es unaescala. 41.
Henares el de Siguença. 28.
Libres canpeando en el neuado cuello. 12 .
Lustrava el cuemo de oro. 17.
Liegose tanbien mi hora. 27.
Mal poeta y no orinar. 54.
Malo estava don Tasajo. 21.
Mariana, si a Roma vas. 48.
Montes, valles, campos, sel vas. 22.
Mudanzas del tiempo. 37.
O que bien que baila Gil. 38.
Para poner en paz la pesadumbre. 1 5 .
Por dctras das en ronper. 5 3 .
Por cncubrir tu prenado. 5 5 .
Predico el provincial ma...ardia. 11.
Quatrocientas mil putas, y comudos. 8.
Qpc entre los gustos de amores. 44.
Quien tieneel tejado de vidrio. 39.
Quitava cl vélo a sus cabellos rojos. 18.
Rcgalanme con favores. 33 .
Rodeada de platos y escudillas. 14.
Rosas deshojadas vierte. 20.
Salud y vida sepades. 42.
Senor Guadalquivir, estese quedo. 9.
Si atrevimiento tuviera. 49.
Si de antecesores tantos. 26.
Siempre lo he oido decir. 30.
Viendo lu grande hinchaçon. 52.
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CONTOS POPULARES
PORTUGUEZES
X. O GRILLO E O LEAO
Uma vez o leâo encontrou-se com o grillo que estava na sua
toca a cantar : rei, rei (som imitativo). O leào disse-lhe : « Oh !
compadre, entào tu es rei ? » O grillo disse : « Sou, sim, sou o
rei dos bichos com azas. » O leâo que tambem é rei dos ani-
maes, disse : « Pois eu tambem sou rei, e se tu es rei e eu sou
rei, como é que ha de haver dois reis num paiz ? » Responde o
grillo : « Pois tu, prépara as tuas tropas, que eu te mostrarei o
motivoporque sou rei. » O leào preparou logo um exercito de
gatos para ir ter com o grillo ao monte. O grillo preparou um
exercito de mosquitos, e deu uma coça nos gatos do leào. O leào,
visto que perdeu os gatos, preparou um exercito de càes. O
grillo botou-lhe um exercito de moscas que derrotaram os càes.
Depois o leào preparou um exercito de raposas para a batalha do
grillo. O grillo entào soltou um exercito de vespras amarellas, e
assim estragaram o exercito das raposas, que s6 escapou uma,
que se botou a nado a um regato de agua. O leào entào preparou
um exercito de lobos e mandou-os para o monte batalhar com
ogrillo. Os lobos com as unhas desenterra vam osgrillos, mas os que
escapavam, foi um sô, mandou um exercito de abelhôes sobre os
lobos, e o grillo que tinha escapado sempre a clamar : ra, reiy rei.
Nisto escapou um dos lobos, e foi fugindo pela serra abaixo, pro-
curando um logar sombrio. Os vespros saltaram-se nelle, e
foram-no perseguindo. A raposa que estava do outro lado do
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né CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
regato e començou a gritarpara o lobo : « A' agua, compadre, d
agua ! » Nisto o lobo deitou-se a agua e affogou-se. O leàoque se
viu perdido em todas as batalhas que deu ao grillo, foi ter com
elle para que Ihe dîssesse o motivo porque era rei. O grillo res-
pondeu-lhe: « Tu, leào, nâosabesque eu sou rei dos bichos, e
tu rei dos animaes, e Cupido rei dos amantes ? Sâo très cabeças
reaes. » E assim entào é que o leào caiu na razàQ sabendo que
era rei dos animaes, que até entâo nào sabia.
(Oporto)
2. A RAPOSA
Era uma vez um pescador que ia apanhar lenha pela costa do
mar, e encontrou um tubarào mettido numarede. O tubarâo
mal o viu, disse-lhe : « Oh ! bicho homem, tiras-me d'esta rede ? »
O homem teve pena do tubarâo e tirou-o da rede. Mas o tubarao,
que havia uns poucos de dias que cstava preso na rede, tinha
fôme, e botou-se ao homem para o comer. O homem disse-lhe
muito afBicto : « Oh ! tubarâo, entâo eu tirei-te da rede e tu
agora queres-me comer ? » O tubarâo respondeu-lhe : « Como,
porque tenho fôme. » O homem disse-lhe : « Pois nâo m.e
comas sem primeiramente tomarmos très conselhas, dos très
primeiros folgos vivos que encontrarmos. Se todos fallarem por
uma bocca, esta o juramento (^/V) approvado. E se fallar um por
uma bocca e dois por outra, a maioria é que vence. » Mas o
tubarâo nâo queria largar o homem, e nâo largou, mas estava
sempre com elle agarrado. Chegdram d areia de terra e avistdram
um burro velho, e perguntdram-lhe : « Oh ! burro, por bem fazer,
mal haver ? » Responde o burro : « Sempre foi e ha de ser. »
Preguntou o homem : « Porque dizes tu isso ?» — « Porque eu
quando era cavallo Çsic) novo, meu amo aie numa rede me tra-
zia por via das moscas, quando elle ia a cavallo, eu ia todo con-
tente a saltar. Hoje que me acho cavallo velho botou-me d mar-
gem. Pagou-me o bem com o mal. » Diz o tubarâo : « Vês,
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 1 17
homem, o primdro jd estd a meu favor. » D'ahi a bocado passa
um galgo tambem velho ; diz o homem : « Oh ! galgo, por bem
fazer, mal haver ? » O galgo respondeu : « Sempre foi e ha de
ser. » Diz o homem : « Porque dizes tu isso ?» — « Porque
quando era galgo novo, meu amo ia para o monte d caça, e eu
corria aquella serra toda sobre a caça. Tinha-me o meu amo
tanto amor, que me nâo dava por dinheiro nenhum. Hoje estou
cançado e velho, e meu amo para me nâo matar, botou-me
para o monte d margem, cheio de pancadas, e aqui estd como
elle me pagou o bem com o mal. » O tubarào abriu entâo a
bocca para comer o homem. O homem disse : « Alto Id, que
ainda falta um. » Nisto apparece uma raposa. Diz o homem :
« Ah ! comadre raposa, por bem fazer, mal haver ? » Diz a
raposa assim : « Nào, que eu nâo posso lavrar sentença sem ver
o crime. » Respondeo homem : « Entào como é que se ha de
agora formar crime ? » Responde a raposa : « Torne o tubarào
para a rede. » O tubarào isso é que nào queria, mas nào teve
remedio e sempre foi. O homem mal o viu Id, ainda o segu-
rou mais do que elle estava. A raposa entào disse : « Agora
salte o homem cd para terra. » A raposa entào voltou-se para
o tubarào e disse-lhe:
Por bem fazer, mal haver,
Sempre foi e ha de ser ;
Quem quizer fugir que fuja,
Que eu assim vou fazer.
Depoîs o homem fugiu para um lado, a raposa para outro, e o
tubarào ficou preso dentro da rede. Depois a raposa foi-se por
adiante num caminho a fingir-se morta. O pobre homem que
andava apanhando a lenha, encontrou a raposa e disse : « Ah !
coitadinha, pobre raposa, ainda agora me valestes, quem te
mataria ? » Nisto pegou nella e tirou-a do caminho, nào viesse
algum carro que a traçasse. A raposa levantou-se sem o homem
ver, e foi pôr-se outra vez mais adiante fingindo-se morta outra
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Il8 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
vez. O homem ainda teve pena d'ella e tornou-a a arredar do
caminho. Mas ella tomou a ir deitar-se outra vez no'caminho
mais adiante. O homem a terceira vez disse : « Que diabo, tanta
raposa ! » e pegou num cipô e começou a dar na raposa. Diz a
raposa : « Vês, homem, em que instante pagas o bem com o mal ?
Por bem fazer, mal haver. » O homem tomou a bater-lhe mais,
e a raposa foi a correr e metteu-se em casa do homem. O ho-
mem tinha uma capoeira de gaUinhas, mas a capoeira tinha uma
ratoeira na porta. A raposa entrou para dentro e ficou presa den-
tro da capoeira e comeu as galiinhas todas, que eram sete. O
homem quando chegou a casa viu a raposa dentro da capoeira e
as galiinhas todas comidas. Pegou num cipô e foi a capoeira, e
começou a bâter na raposa. A raposa começou a pedir misericor-
dia : « Perdoe-me, seu lavrador honrado, que eu sete le comi, e
quatorze le darei, nem que eu â fome morra, nâo quero andar
debaixo da sua cachaporra. »
(Oporto)
3 . o FILHO DO PESCADOR
Era uma vez um pescador que viviamuito pobre. Um dia que
nâo tinha nada que dar de comer aos filhos, disse d mulher que
ia para o mar a vêr se pescava aigu ma cousa. Chegou la e lan-
çou a rede très vezes, e de très vezes nâo tirou nada, e depois avistou
um navio muito rico e todo embandeirado. E ouviu uma voz de
dentro do navio : « Pescador, das-me esse menino que ahi
trazes ? » O pescador respondeu : « Como te hei de eu dar este
menino se é da mai ?» A voz disse : « Pois vae a terra e diz a
ella se t'o dâ, que eu te encho este barco de dinheiro. » O
pescador veiu para terra e disse para a mulher : « Mulher,
nào trouxe peixe nenhum, mas encontrei la um navio
muito rico, e ouvi la uma voz de dentro do navio, se eu Ihe
dava este menino que me enchia o barco de dinheiro. E tu,
entào, que dizes, mulher ?» A mulher respondeu-lhe : « Pois
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES II9
entào, dd. » Pegou o pescador e foi para o mar com o menino
outra vez. l encontrou o navio no mesmo sitio. Tornou a
deitar a rede no mesmo costume e nâo tirou nada. Depois
ouviu outra vez a voz de dentro do navio a dizer-lhe : « Pes-
cador, dds-me esse menino ? que eu te encho e«^se barco de di-
nheiro. » O pescador disse : « Dou. » — « Poisentâo, trazcao barco
ao navio. » O pescador assim fez. Diz a voz depois : « Assobe,
menino. » Apenas o menino saltou a bordo, começou logo a
cair dinheiro no barco do pescador. Mas o pescador disse que
nâo queria mais dinheiro, que tinha medo que o barco fosse ao
fundo. Nisto o navio alvorou por outro lado com o menino, e
o barco foi para terra. Chegando o navio a uma cidade, o menino
ouviu a voz dizer : « Menino, salta nesse escaler. » O escaler e
a cidade estava armada com toda a riqueza. O menino depois
foi para terra. Quando chegou, viu uma carruagem muito rica,
puchada por seis cavallos. E ouviu a voz dizer-lhe : « Menino,
entra naquella carruagem. » O menino assim fez. Depois a
carruagem partiu pela cidade f6ra. Chegou fora da cidade e foi
até um bosque, donde estava um cavallo todo apparelhado. Depois
ouviu a mesma voz dizer : « Menino, salta dessa carruagem e
monta-te no cavallo. » O menino montou-se no cavallo e
entrou pelo bosque dentro. Estava no meio do bosque um
palacio todo muito rico e embarideirado. Ali dentro do palacio,
encontrou tudo quanto era preciso para corner. Para entrar
encontrou portas, mas para sair o menino nâo encontrou ne-
nhuma. Sô via o dia,e à noite nâo via nada, porque naquelle pala-
cio nâo havia luz. Assim esteve um anno. Ao fim do anno Ihe
appareceu a voz, e disse-lhe : « Menino, como te achas neste
palacio ? » Respondeu o menino : « Acho-me bem, que nâo me
falta nem comer nem beber. Sô a maior paixâo que me accom-
panha é de nâo ver ningucm, nem ter luz, nem saber quem
falla para mim. » A voz entâo disse-lhe : « Ahi tens dentro d'esté
palacio seisquartos, très de cada um lado. Très têm fatoseoutros
très têm muito dinheiro. Entre esses fatos escolhe o que mais te
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I20 CONTOS POPULARES PORTUGUEZfcS
agradar. » O menino escolheu logo um fato derei. O fato erade
encanto e mal elle o vestiu, ficou-lhe logo muito certo nocorpo.
O menino escolheu tambem uma espada das melhores. Depois
disse o menino que queria ir ver o seu pai e a sua mai. Res-
ponde Ihe aquella voz : « Olha tu, se te obrigas a estar aqui neste
palacio outro anno, seras muito feliz, e senâoentào serasdesgra-
çado. Vai ver a tua mai e o teu pai. » Metteu-lhe dentro do
bolso isca e fuzil sem o filho saber. O menino ussim que acabou
o numéro de dias que tinha tratado, marchou para o palacio.
Foi o pai leva-lo no barco aomar. Assim que chegou la, avistou
o navio, mas jd muito velho. Diz o pai : « Oh ! menino, aquelle
navio nâo é o mesmo ! » Diz o filho : « Pois nào é, nâo, que
quando eu aqui o deixei, esta va elle muito rico. » O barco foi-
se approximando ao navio e ouviu a voz dizer : « Menino, salta
para bordo, nào receies nada. » O menino subiu para o navio.
Depois o pai veiu para terra com o barco. Como o pai jà estava
muito rico com o dinheiro que Ihe deu o navio, esqueceu-se do
filho. O navio approximou-se da cidade, mas estava tambem
ja muito velha. Desembarcou e foi para a carruagem : os caval-
los que puchavam a carruagem jd estavam muito lazarentos e
meios mortos e velhos. Chegou a beira do tal bosque, e estava
Id o cavallo d espéra délie, mas muito velho. Entrou pelo
bosque dentro, chegou d beira do palacio e ficou muito triste,
por ver que o palacio estava a quasi a cair, e disse : « Ora eu
quando d'aqui sahi, estava este palacio tao rico, e agora esta
tudo velho, a cair ! » No mesmo instante ouviu a voz dizer-lhe :
« Nào te disse que nào trouxesses lume contigo nem cousa que
. fizesse lume ? » O menino, muito admirado, disse : « Nào
trago ! » Responde-lhe a voz : « Pois o que te vale é tu nào o
saberes ! Trata de te pôr d*aqui jd para fora, e agradece d tua
mai o tu perderes a tua fortuna. » O menino pegou em si e
alvorou logo pelo palacio fora. Foi andando e dirigiu-se para
umas montanhas, sem dinheiro nem nada paracomer nem vestir,
todo roto e esfrangalhado. Chegando Id por essas monta-
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 121
nhas dentro, encontrou um burro morto;à beira doburroestava
um leào, uni galgo, uma aguia, uma pomba e uma formiga.
O meniiio passou e nào fez caso. D*ali por um bocado
olhou para traz e viu o galgo na corrida. O menino teve
medo pensando que o galgo o iria matar. O galgo mal chegou
ao pé d'elle, disse-lhe : « Bicho homem, torna atraz. » Diz o
menino : « Que é que quereis vos ? » Diz o galgo : « Anda atraz,
la t'o diremos. » O menino cheio de medo tornou atraz. Chegou-
se ao pé do burro morto e diz-lhe o leào : « Manddmos-te cha-
mar para ver se te acreves a fazer uma partilha, que nos encon-
tramos aqui ha uns poucos de dias à beira deste animal e nào
sabemos o que havemos de comer. » O menino partiu o burro
e deu a cabeça a formiga : « Ahi tens tu, formiga, para comeres
e casa para viveres. » Deu o peito ao galgo e diz-lhe : « Ahi tens,
galgo, para comeres, e como es o animal que pucha mais
pelo peito, précisas de peito. » E deu o fato (o bandulho) d
pomba e a aguia e disse para ellas : « Ahi teem para comer e
para se divertirem vocês com as unhas. » Depois deu as côxas ao
leào. E nisto foi-se embora, e os bichos ficaram comendo o
burro. Chegou ao principio de uma serra jâ cansado, e olhou
para traz e viu outra vez o galgo a correr. Diz o galgo : « Bicho
homem, torna atraz. » O menino atemorisou-se porque julgou
que nào tinha partido bem, e que o queriam matar. E disse
para consigo : « Ai, Jésus ! que eu nào parti bem, e agora morro ! »
Tornou outra vez ao pé do burro morto, e elles tinham jâ
comidoe estavam muito satisfeitos. Diz o leào : « Bicho homem,
estamos tào satisfeitos com a tua partilha, que vamos-te tam-
bem agora dar cada um uma prenda. » — « Pobres bichos, disse
elle, que prenda me haveis de dar ? » Fallou a formiga : « Sou
eu a primeira a dar-te a minha prenda. Quando quizeres entrar
em alguma parte que te nào vejam, diz assim : ai de mim ! for-
miga ! que entrarâs aonde queres sem ninguem te ver. » Diz o
galgo : « Pois tambem, quando quizeres subir uma serra sem te
cançares, diz assim: ai de mim l galgo ! n Diz a aguia: « Pois
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122 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
tambem, quando tu quizeres passar alguma lagôa e nào possas,
diz assim : aide mim ! aguia ! » Diz a pombinha : w Pois tambem,
quando tu quizeres entrar nalgum jardim, diz assim: ai de mim!
pombinha ! » Diz o leào : « Pois tambem, quando tu te quizeres
defender d'alguem ou fazer alguma valentia, diz assim : ai de
mim ! leào I que fards tudo o que prétendes. » O menino foi-se
embora e nisto chegou a beira de uma serra, e viu o sol a fugir
e nào via senâo montanhas, e entendeu que fazia noite e elle
ficava nas montanhas. Lembrou-se entâo dos bichos, e disse : aide
mim! galgo! Formou' se logo num galgo e passou a serra num
momento. Assim que passou a serra chegou a uma lagôa e disse :
ai de mim! aguia! Formou-se numa aguia e passou a lagôa.
Assim que passou a lagôa, avistou logo um alvoredo e um jar-
dim, e dentro do jardim um palacio, donde andavam très damas
a passearem pelo jardim, a brincarem com umas pombinhas. O
menino disse : ai de mim ! pombinha ! Fez-se logo numa pombinha
e foi para o jardim brincar com as outras. As damas começaram a
brincar com a pombinha, a ver se a podiam apanhar. Nào pode-
ram agarra-la e deixaram-na ficar. Assim que anoiteceu,
foram-se as damas deitar. A pombinha formou-se numa formiga
e entrou para o palacio e foi-se metter com uma dama na cama.
Depois disse : ai de mim ! homem ! A dama que deu fé do homem
â sua beira acordou e poz-se a gritar pelas irmàs. As irmàs levan-
taram-se e foram ver o que a mana tinha. Neste comenos o
homem fez-se outra vez na formiga. Elias perguntaram-lhe que
era. Ella disse que era um homem, mas ellas nào viram nada.
Tornou depois outra vez ella a gritar e as irmàs como nào
viram nada tornaram-se a deitar outra vez, e a dama jâ nào gri-
tou. Quando viu o homem nacama, preguntou-lhe : « Que qua-
lidade de homem es tu ? » Elle disse-lhe que era o filho de um
pescador, que andava pelo mundo a desencantar damas, e que jâ
tinha desencantado algumas. Ella disse-lhe : « Pois jâ que tu es
desencantador, se te atreveres a desencantar meu pai, que é rei,
e esta encantado num leào. » O menino perguntou : « Que é
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 12 3
précise fazer para o desencan tar ? » Amenina mostrou-lhe nomeio
de uma sala um leâo de ouro, e disse-lhe que se houvesse quem
se aventurasse a levar aquelle leào e entre as onze e a meia noite
a deita-lo a lagôa, que o rei ou morria ou ficaria desencantado,
mas que a pessoa que fôr deve deita-lo sô, porque se fôr agar-
radaa elle, ficam ambos perdidos. O menino deixou-a adorme-
cer e foi ao sitio aonde estava o leâo de ouro. Depois, como ti-
nham passado jâ as horas, fîcou no palacio até a noite seguinte.
Chegou-se a noite, as horas das onze horas formou-se num leào
e foi empurrando o leào de ouro para a borda da lagôa. Assim
que deram as onze horas e meia, preparou-se para o atirar a
agua ; empurrou-o e sô o leào d'ouro molhou os pés. Mal mo-
Ihou os pés, fez-selogo num homem e o rei ficou desencantado.
O menino que estava feito num leào formou-se num homem ao
mesmo tempo. Disse-lhe o rei : « Que qualidade de homem es
tu? » O menino respondeu : « Sou o fîlho de um pescador, que
aprendo e tenho animo para andar a desencantar pelo mar e
pela terra. » Disse-lhe entào o rei : « Pois tu has de ser feliz e
has de casar corn uma de minhas filhas, jâ que me desencan-
tastes. » Foram para o palacio escolher das ires a que mais Ihe
agradava. O rei queria que elle escolhesse a mais velha. Mas o
menino escolheu a mais nova que era aquella com quem elle
tinha ficado de noite.
(Oporto)
4. maria do pAo
(Variantes)
A madrinha que dâ a menina o conselho de pedir os vestidos
ao pai, é a Fada dos Lirios.
Os vestidos é um côr do sol, outro côr da lua, o terceiro côr
do dia, o quarto côr da noite, e o quinto côr das estrellas.
— Ha d'esté conto em portuguez uma versào intitulada Pelle
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124 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
de burra, em que as coincidencias com o conto de Perrault sao
muito grandes. Mas nâo sera uma infiltraçào literaria ?
5 . os DOIS IRMÀOS QUE FORAM AO INFERNO.
Eram dois irmâos, um pobre e outre rico. O pobre foi pedir uma
esmola ao rico. Elle deu-lha, mas prohibiu-lhe que Ihe chamasse
irmào. Um dia o rico deu uma festa. O pobre ainda Id tornou a
pedir-lhe uma esmola. O rico mandou-lhe dar um carneiro
muito morrinhento, que disse estava para dar ao diabo, mas
entào que o dava a elle. O pobre como ouviu isto, foi leva-lo
ao inferno. O diabo quando o la viu, disse-lhe que jd oesperava,
e em paga deu-lhe muito dinheiro, mais ainda do que o que
tinha o irmào. O pobre veiu para fora, mandou fazer um palacio
ainda mais rico do que o do irmao. O irmào rico quando soube
de quem era o palacio, foi ter com elle e perguntou-lhe como
tinha feito aquillo. Elle contou-lhe que tinha sido por causa do
carneiro morrinhento. Diz o mais rico : « Quando elle te deu
tanto por um carneiro podre, o que me nào dara por um gordo ! »
E levou ao diabo uni gordo. O diabo quando o apanhou no
inferno, cortou-lhe as màos e os pés e metteu-o numa caldeira
de pez.
(Oporto)
6. o PORCO ESPINHO.
Um homem pobre que ia correr mundo chegou a uma praia
de areia e cuidava que ella nào tinha fim. Atravessou e metteu-se
ao monte. Encontrou um burromorto. Junto d'elle leào, galgo,
aguia, formiga. Galgo chamou-o. O homem partiu. Cabeça a
formiga, peito ao galgo, tripas â aguia, e ancas ao leào. Deram-
Ihe uma prenda. Disseram-lhe o mesmo de um conto anterior
(n° 3). Viu um palacio muito longe. Formou-se em galgo e
foi la. O palacio appareceu no meio do mar. Fez-se numa aguia.
Viu la uma princeza à janella. Formou-se numa formiga, e foi
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I25
ter corn ella. A noite o mesmo na cama. As mesmas peripecias
do conto anterior. A terceira vez jâ nao gritou. Ella disse-lhe
queo pai estava eiicantado num porco espinho. Dentro doporco,
lebre ; dentro da lebre, pomba ; dentro da pomba, um ovo, e den-
tro do ovo, o encanto do meu pai (o rei). « Se Ihe quebrares o
encanto, casas coniigo. Quem trouxer o ovo entre as onze e a
meia noiie e Ihe bâter com o ovo na testa, ou elle morre ou fîca
vivo, mas casa comigo. » Foi ter a casa de um lavrador para
guardar gado. Junto havia o porco espinho. Foi para la com o
gado. Repete-se a scena de elle pedir o beijo da donzella e a copa
de vinho para o vencer. O resto é identico ao dos contos semé-
Ihantes.
(Oporto)
7. a menina fin a.
(Variantes)
Rei com très fîlhas. A fada dos jasmins foi ser madrinha délias
todas, eocondede Bello-haver padrinho. A mais nova chamou-
se fina, a segunda falladeira, a primeira pre^uiçosa. A preguiçosa
principiava-se a deitar; eerameia noite, ainda estava por deitar ;
quando era para se levantar, ainda era meio dia e nào estava
levantada. A falladeira a janella sempre afallar para todas. A fina
conservou a sua finura, sempre, sempre, até casar. Tinha quinze
annos. A fada foi dizer ao rei que fizesse uma torre para as met-
ter, que arreceava algum naufragio (sic), O rei assim fez e met-
teu-as la. A comida ia pela janella. O conde Bello-haver, feito
caçador, foi a torre, A falladeira arranjou para elle entrar. Con-
vidou-as (deflorou-as) a ambas, a preguiçosa e a falladeira, Tam-
bem queria convidar a fina, Mas ella pegou num cutello e defen-
deu-se. O conde disse oque queria d'ella, para ella se nào rir das
outras. Ella disse que outro dia, para ter o quarto muito bem pre-
parado. Arranjou a cama do conde por cima da retreta. No tal
dia o conde foi, e caiu no buraco. Depois o conde foi ter a beira
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126 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
do mar. Os pescadores salvaram-no. O conde foi muito zangado
para palacio, donde tinha um irmào chamado Anatào ' . O conde
foi procurât um feiticeiro. Contou e pediu uma coisa para la
enirar dentro para se vingar. O feiticeiro disse-lhe que comprasse
uma arvore com fruto (fruiteira, sic) e que a praniasse defronte
da torre, que ellas sairiam a vir buscar a fruita. O conde assim
fez. Depois foi-se pôr a espreitar e adormeceu. Falladeira veiu a
janella, e disse as irmàs. A fina desceu e apanhou-a. Quando o
conde acordou, nâo esta va jâ a fruita. Tornou zangado para casa
do feiticeiro. Disse-lhe que comprasse outra arvore de outra
fruita. Elle assim fez. Veiu a fina e o conde agarrou-a. Levou-a
para a cidade para a justiça. A justiça deliberou queella fosse cor-
rida a uma roda de navalhas. Ella disse que elle é que a haviade
ir mctter, e elle se ha via de metter primeiro porque ella nâo
sabia como era. O conde metteu-se, e ficou todo cortado. A jus-
tiça ficou satisfeita, que elle nâo fosse tolo. A fina foi outra vez
para a torre. A fada um dia foi ter com o rei, e disse-lhe que
mandasse très rocas de vidro para a torre para experimentar as
filhas. As rocas dariam o signal se ellas algum dia perdessem a
sua honra. O rei assim fez. Como as duas jâ esiavam desfruita-
das (xïV), quebraram as rocas. O rei foipassaruma revista a torre,
e a fada dos jasmins disse-lhe que as pedisseâs filhas. Assim fez.
A fina foi emprestando a sua a todas. Orei ficou muito contente
julgando que estavam puras. As duas completavam o tempo de
parir. O Bello-haver estava muito doente por causa da roda das
navalhas. Pariram as duas. Ellas souberam que Bello-haver
estava a morrer. A fina mandou fazer dois caixôeszinhos. Met-
teu dentro os meninos, e mandou-os pôr em cima d'uma caval-
gadura, e ella vestiu-se d'homem, e montou-se noutra, e foi ao
palacio do conde, feita cirurgiâo, e perguntou por elle, que estava
ali um medico. Subiu, tomou o pulsp ao conde, e perguntou-lhe
o que era que tinha. Elle contou-lhe. Ella mandou buscar os
I . Reparar neste nome, nâo provard a origem litteraria do conto ?
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I27
caixôes que estavam na cavalgadura. Levaram-os para o quarto
do conde. Disse que era onde ella irazia as suas boticas (reme-
dios). Disse-lhe que Ihe tinham esquecido as chaves. Foi busca-
las e fugiu na cavalgadura e levou a outra, e foi para a torre. As
creanças começaram a chorar. Diz o criado que eram ratos. O
conde mandou-os arrombar, e viu os dois meninos e um bilhete
que dizia : « Atura-os que sào teus filhos. » O conde logo viu
que era a fina. Disse ao irmâo que ia morrer e que elle casasse
com a finà para a maiar. O conde morreu, e o irmâo foi
pedir ao rei para casar com z fina. O rei disse que sim. Casa-
ram-sc. No dia do casamento, a fina foi ter com a aia, pedindo
uma bexiga de sangue. Fez a fina uma figura com a bexiga, e
deitou-a na cama onde havia de dormir. Quando o marido se foi
deitar, ella metteu-se atraz de uma porta. O marido veiu e foi
com uma espada e atirou a boneca. Ao tempo que bateu na
boneca, arrebentou a bexiga, e ficou todo sujo de sangue. Depois
ia para se matar com a espada, julgando que tinha morto a mu-
Iher. A mulher entào saiu e agarrou-lhe no braço. Elle ficou
muito contente por ella ser tào fina e perdoou-lhe.
(Oporto)
8. a raposa e o gallo.
la uma raposa por um campo e depois encontrou um rebanho
de gallinhas e gallos. Uma occasiào que as gallinhas avistaram
a raposa, esvoaçaram e foram para cima de um carvalho. A
raposa tratou logo de botar terra ao ar, para as gallinhas pensa-
rem que era milho. O gallo começou a affagar as gallinhas, para
ellas nào saltarem abaixo. Nistoa raposa disse para o gallo : « Oh!
compadre, bota-me cd um filho dos teus abaixo, ou senào anda
tu, que nos agora temos feito uma composiçao de nao fazer mal
uns animaes aos outros. » Diz o gallo de cima do carvallo : « Abre
a boca, que eu la te boto um filho. » Nisto o gallo fragueou
(sujoil) e a raposa de baixo aparou com a boca, cuidando que era
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128 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
um frango. Como nâo gostou, botou fora e diz : « Ah ! compadre,
que m'enganastes ! » O gallo de cima respondeu-lhe : « Ah ! cui-
davas que era bago, e saiu-te frago (escremento). » Diz a raposa :
« Ah ! compadre, anda câ baixoque nos agora estamostodosbem,
nem nos fazemos mal as aves, nem os càes fazem mal a nos. »
Diz o gallo de riba : « Ah 1 ah 1 ah ! pôe-te ahi muito tempo, que
vem ahi um caçador com uma quadrilha de câes, que
te estraga (mata). » A raposa perguntou : « Ah ! compadre, de
que lado é que elles vêem ? » O gallo, se Ihe havia de dizer a
verdade, enganou, a raposa e disse-lhe : « Olha, é d'ali. » A raposa,
julgando que era verdade, fugiu para o outro lado e foi metter-
se na boca dos càes. O gallo, como a raposa Ihe tinha dito que
tinha uma ordem para os animaes Ihe nào tocarem, gritou para
ella : « Eh ! comadre, tnoslra-lhe a orderriy mostra-lhe a ordem »
(eainda hoje o gallo canta assim). Respondeua raposa: « Nào!
que nâo tenho tempo. » A raposa, conforme poude, foi muito
estafadae escondeu-se numas silvas onde os càes Ihe nào pode-
ram chegar. Andava por ali um melro morto por enganar a
raposa e enganar o lavrador. Andava o lavrador e mal a mulher
a lavrar ocampocom os bois, e o melro iaaos saltinhos adiante
d'elle. Uma filha que tinha o lavrador chorava que queria aquelle
melrinho, donde a mai da pequena foi correndo sobre o melro
para o agarrar. O melro fugia sempre, como o lavrador via que
nào o podia apanhar e se estava a atrazar o serviço, disse para a
filha que deixasse o melro. A pequena poz-se a chorar mais.
Foram outra vez sobre o melro, mas elle fugiu outra vez e foi
pousar-se em cima da cabeça du mulher do lavrador. O lavra-
dor foi com a vara e para o agarrar deu uma pancada na cabeça
da mulher que ficou toda maltratada, e o melro fugiu para o sil-
vado aonde estava a raposa. A raposa, como estava com muita
fome, ia paracomer o melro e elle disse-lhe : « Alto là, comadre,
que eu arranjo-te logo aqui muito de comer; nào me mates. »
A raposa diz-lhe: « Ondeé que tu mehas de arranjaro comer?»
— « Nào tarda que venha ahi o jantar para o lavrador, e tu*podes
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I29
come-lo mais o teu compadre lobo. » D'ahi a pedaço vinha a
filha do lavrador com o jantar, e o melro começou a saltar diante
d'ella no caminho. A pequena poz o jantar no chào e tratou de
ir atraz do melro. Neste comenos veiu a raposa e estava princi-
piando de corner o jantar. Passa o lobo na occasiâo e queria
comer a raposa. Mas a raposa disse-lhe : « Oh ! compadre, temos
aqui muiio de comer. » Vae d'ahi o lobo como mais glotâo,
comeu o jantar todo, e bebeu o vinho tambem que ia para o
lavrador, e nào deixou nada para a raposa. O lobo, como bebeu
muito vinho, embriagou-se, e caiu no mesmo sitio onde comeu
o jantar, e ficou dormido. A raposa tratou logo de fugir commedo
que viesse o lavrador. O melro assim que viu a raposa fugida,
veiu à beira do açafate do jantar comer as migalhinhas que esta-
vam por fora. Depois assim que encheu o papo, fugiu para o
alvoredo, cantando de contente, por enganar o lavrador e a
raposa e o lobo. Nisto a filha voltou ao açafate para ir levar o
jantar ao pai, e viu tudo esperdiçado e o lobo deitado a dormir
ao pé. Tratou de ir para o pé do pai a chorar, e contou-lhe que
estava ali um lobo estendido a dormir. O paipegounogadanho
e marchou para onde estava o lobo. A raposa que estava met-
tida no vallo (silvado) gritou para o lobo : « Foge, compadre !
foge, compadre ! » Mas o lobo, como estava a dormir nâo fugiu.
O lavrador foi e tan ta pancada deu no lobo até que o matou. O
melro, assim que viu isto, principiou a cantar. O lavrador disse
para o melro: « Anda cd abaixo, que nào te faço mal. » O melro
entào respondeu-lhe : « Raposo velho nâo cae em laço — matastes -
lo, cruel — tira-lhe agora a pelle. »
(Oporto)
9. o MOCHO E o LOBO.
o lobo andava no matto e o mocho estava em cima de um
pinheiro no ninho. O lobo enroscou o rabo no pinheiro como
quem o queria serrar. O mocho de cima disse-lhe : « Oh ! com-
Rtvtu bUpaniqiu. xiv. 9
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130 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
padre, nâo me serres o pinheiro, senào os meus filhos caem
abaixo e morrem. » Responde o lobo : « Pois se nâo queres que
eu serre o pinheiro, anda tu ca baixo. » O mocho nâo queria, mas a
final sempre veiu vindo de galho em galho, e depois disse para o
lobo : « Lobo, que queres de mim ? » O lobo respondeu : « Anda
cà mais abaixo, que quero dizer-te um recado. » O mocho res-
pondeu : « Diz d*ahi, que eu ouço bem. » O lobo tornou a dizer:
« Anda cd, que eu nào te faço mal. » O mocho descuidou-se e des-
ceu, e o lobo passou-lhe os dentés e metteu-o na boca. O mocho de
dentro da boca do lobo disse : « Eh ! compadre, nào me comas,
que eu quero fazer testamento. » O lobo disse-lhe: « Nào! que
agora nogalheiro estas tu. » Diz o mocho : « Entào deixa-me ir
despedir-me Id acima da arvore dos meus filhos. » O lobo disse :
« Nào te deixo ir, compadre, que tu foges-me. » O mocho disse
entào : « Olha, ao nienos has de dizer très vezes, que é para elles
saberem : niocho comi. » O lobo disse muito baixinho, para nào
abrir a boca : « nwcho comi, » O mocho disse-lhe : « Oh compadre,
falla mais alto, senào nào ouvem. » O lobo tornou a repetir:
« tnocho comi », jâ mais alto. Responde o mocho : « Mais alto,
senào elles nào ouvem . » Nisto o lobo escachou a boca para gri-
tar mais alto, e ia a dizer « tnocho comi ». O mocho mal apanhou
a boca aberta, abalou para cima do pinheiro e disse-lhe :
« Outro, que nào a mim. »
(Oporto)
10. o MENINO SEM OLHOS.
Uma mai teve dois filhos. Elles foram pedir esmola, que
nào tinham nada. Elladeu-lhe um farnel. Ella preguntou-lhe se
queriam ambos comer da mesma vasilha ou levar cada um o seu
farnel. O mais velho disse que era melhor cada um levar o seu
farnel. Assim foi. No caminho o irmào mais novo preguntou ao
irmào se era melhor comerem cada um do seu farnel, ou come-
rem primeiro um e depois o outro. O mais velho disse que era
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I3I
melhor assim. Assim foi. No primeiro dia comeram ambos a
comida do mais novo. No segundo dia eram ]i horàs de almo-
çar, disse o mais novo: « Oh! irmao, vamos agora corner? » O
mais velho respondeu-llie : « Nâo, que ainda é cedo. » Depois ia
comendo e o mais novo nào comia nada. Ao jantar o mesmo,
em fim o irmao mais novo ja levava tanta fome que llie
tornou a pedir ao menos um bocadinho de pâo. O mais velho
disse-lhe : « Se me deixas tirar um olho, dou-te ! » O mais novo
como estava desesperado com fôme, obrigou-se a deixar tirar um
olho. Mas o irmao mais velho tirou-lhe o olho, mas nâo Ihe deu
o bocadinho de pào . O mais novo tornou a pedir-lhe ao menos
metade. O irmao disse-lhe; « Pois sô te dou metade se me deixa-
res tirar o outro olho 1 » O mais novo tinha tanta fôme, deixou
tirar o outro olho. Depois o mais velho foi- se embora e deixou
o irmào ali sô e desamparado. O menino vendo-se cego, deixou-
se por la andar a ver se encontrava alguem que o guiasse no
caminho. Chegou a baixa de um monte e ouviu cantara aguade
um rio, e ali parou dizendo consigo : « Nada, d'aqui nâo passo
eu, que como nâo vejo nada, posso metter-me ao rio e morrer
afogado. » Conheceu que era noute e foi indo as apalpadellas e
encontrou uma arve (arvore) e abanou com ella, e ouviu cantar
as folhas e depois atrepou para cima e ali ficou n'aquella arve.
Proximo d arve estava uma ponte, adondecostumava airodemo-
nio com as bruxas fazer audiencia. D'ahi a pouco vieram todas,
conforme é costume, e estavam preguntando umas ds outras o
que tinham feito naquelle dia. Uma d'ellas respondeu ao demo-
nio que tinha cortado as aguas d capital da França, adonde que
ao fim de très dias que morria tudo d sede. O demonio pregun-
tou-lhe o que tinha ella feito para cortar essas aguas. Diz ella:
« Eu, no espaço de quatro a cinco legoas, por onde passa a agua,
encantei uma cobra, e metti-a no canal da agua, donde a cobra
estd presade cabeça e rabo dentro de um anel, e a agua estdpresa
no meio do rolo da cobra. » O demonio preguntou : « Entâo nào
bavera outra vez remedio para soltar essa agua para a cidade ? »
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132 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
A bruxa disse: « Ha, mas eu nào odigo a ninguem. » O démo-
nio disse : « Entâo, nem a nim ?» A bruxa respondeu : « A tisim,
como mestre. O remedio é havendo quem se aventure a Id ir
com uma lança de ouro e tirar o anel d'antre (jiV) a cobra sem a
ferir; tanto corre a cobra para o monte, como a agua para a fonte. »
O menino que estava em cima da arve aprendeu isto tudo. Uma
outra bruxa disse : « Eu tambem enfeiticei o rei da Italia, que
esta encrangado (entrevado, perro dos nervos do corpo) de todos
os membros do corpo, que se nâo pode mover para lado algum.
E toda a familia real morre d'esta afflicçao ». O demonio pre-
guntou : « Entâo, que Ihe fîzestes tu para elle estar assim enca-
rangado ? » Respondeu a bruxa : « Cosi os olhos a um sapo, com
a mesma linha apertei o sapo de pés e màos e tudo, e metti-o
debaixo da cama de Sua Magestade. » O demonio preguntou :
« Entâo nâo haverd remedio para dar outra vez saude a este
rei ?» A bruxa disse : « Ha, havendo quem va d'aqui d Italia ao
jardim do rei, tem um marmeleiro em cima de um chafariz, e
havendo quem Ihe colha o primeiro ranco (arranco, ramo) que
faz uma S em cima do chafariz, e Ihe aguçar a ponta do feitio de
uma lança, e pescar com ella um peixe azul que anda dentro do
tanque, e derrete-lo numa bilha que nâo tenha levado nada, e
levantando o pé esquerdo do leito do rei, e tirando o sapo que
esta mettido debaixo, e descosendo-lhe os olhos e desamarrando-o
de modo que nâo se fîra o sapo, e deitando depois o sapo ao
jardim. Estando o peixe derretido, dar depois uma untura ao
rei, e d'ahi a pouco logo o rei esta com a sua saude,
mas de certo o rei morre porque eu nâo o conto a nin-
guem. » O menino que estava em cima da arve d escuta, apren-
deu tudo. 'Depois uma outra bruxa disse ao demonio : « E tu, o
que é que fizeste?» O demonio respondeu: « Eu jd fiz obra
maravilhosa, jd fiz com que tirasse os olhos um irmâo ao outro;
tambem jd ha très dias que tenho feito com que uns bem casados
se deem mal. » A bruxa preguntou-lhe : « Entâo, que fizeste tu,
para um irmâo tirar os olhos ao outro ? » O demonio respondeu :
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 133
« Attenteio para o mais velho nào dar um bocadinho de pào ao
mais novo sem Ihe tirar os olhos. » A bruxa pregimtou : « Entao
nào haverd remedio para esse menino ficar outra vez com visia ? »
O demonio disse : « Ha, mas como o ha de elle saber se eu nâo
conto a ninguem ?» A bruxa disse : « Mas deves conta-lo a nos,
como nos te contamos tudo a ti. » O demonio entào disse : « Estd
aqui perto uma arve ; cortando-lhe très folhas e escupindo-lhe
très vezes, antes de amanhecer, e pisando estas folhas na mào,
com o sumo da folha e com escupo da boca, untando as capellas
dos olhos Cpalpebras), ahise fica com a vistanatural. » — « E para
se darem outra vez os bem casados, como se davam ? » O demo-
nio respondeu : « Indo a uma egreja matriz, colhendo uma bilha
de agua benta da pia do baptismo, e colhendo umas ervinhas que
Ihe chamam os christàos alecrim ». A bruxa preguntou: « Entào,
que fizestes tu para esses casados se darem mal ? » O demonio
respondeu: « Aqui ao cimo d'esté monte moravam uns bem
casados, e eu fui-me metter debaixo da cama. O homemquando
entrava de fora para dentro, olhava para debaixo da cama, e via-
me là e fîgurou-se que era um homem, e começou logo a antra-
jar (ultrajar, maltratar)amulherde mas palavras. Assim se come-
çou de dar mal, julgando que a mulher andava amigada. A
mulher nào fazia senâo chorar e dizer que tal cousa nâo fazia. »
A bruxa preguntou : « Entào nào haverd outra vez remedio para
elles fjcarem bem ? » O demonio respondeu : « Sim, entào jd te
nào disse que em ir buscar a bilha de agua benta e o raminho de
alecrim, e botar dentro da casa em cruz, quando me Id vir, que
eu fujo, e assim se tornam elles a dar bem como eram. » Nisto
o menino que estava em cima da arve aprendeu tudo ; depois
pegou nas folhas da arve, que era a mesma aonde elle estava, e
fez o que disse a bruxa. Depois fîcou logo com vista. Assim que
foi dia, desceu pela arve abaixo e tratou logo de procurar a casa
dos mal casados. Fez tudo quanto o demonio disse e elles ficaram
bem. D'ali passou d França e desencantou a cobra e deu agoa d
cidade. O rei de França Ihe deu logo uma porçào de dinheiro.
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134 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
Depois elle foi para a Italia e fez tambem o mesmo que a bruxa
tinha dito ao demonio. Quando o peixe estava derretido, o me*
nino fallou parao rei e disse: « Real senhor, tenha a bondade de
mandar todos os medicos embora, que Vossa Real Mastade hoje
ainda os ha de ir visitar a casa. » O rei assiin fez. Depois o
menino esfregou-o com o oleo do peixe eficou o rei logo curado.
Depois que o rei se achou bom, levou o menino para palacio e
depois elle casou com a filha do rei. O rei morreu e elle ficou
senhor do reinado. Nisto o irmao mais velho andava pedindo
pelo mundo; foi andandode terra em terra, até que foi dar ao
reino do irmào, mas sem saber. Um dia estava o reid janellamal
a rainha, e viu aquelle homem e conheceu que era o irmao, e
disse para a sentinella que estava d porta do palacio : « Oh ! sen-
tinella, prenda-me aquelle homem, e tragam'o câ a minha pre-
sença. » Neste comenos foi-se o rei fardar com as suas insignias
como rei, e assentou-se no throno. O sentinella levou o preso i
presença do rei. Depois o rei começou a preguntar ao homem de
que terra elle era ? O preso estava sem saber o que havia de dizer.
A final là contou a sua vida. Depois o rei preguntou-lhe : « Que é
feitoda tua mai ? » Elle disse : « Eu nâo sei, porque desde que sahi
de casa, nao tornei Id a voltar. » — « E que é feitode teu irmao ? »
— « Entào Vossa Mastade conhecia meu irmào ? » O rei disse que
sim, e preguntou-lhe porque é que elle Ihe tinha tirado os olhos.
O irmao começou a negar. O rei entào disse-lhe que bem sabia
que tinha sido por tentaçào do diabo, e que elle era o seu irmào.
Depois ficou no palacio com o rei, que Ihe perdoou.
(Oporto)
ii. torre de babylonia
(Variantes)
Os filhos quando vào com o leào e a lança etc., deixam um copo
de agua ao pai, e dizem : « Se este copo d'agua algum dia deixar
de ser agua, vâ-nos procurar que estamos em afflicçâo. »
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I35
Os dois irmàos saem ao mesmo tempo e chegando a um camî-
nho que se dividia em dois, cada quai segue pelo seu.
Um dos irmàos encontra uma princeza que estd para ser comida
por uma bicha de sete cabeças (repete-se o episodio).
Os irmàos disseram um para o outro : <' Se alguma vez vires o
astre (o tempo) demudado, precura por mim que estou em
perigo. »
Na torre estava uma velha e uma menina. Depois de o irmào ir
ver a torre, a nova (menina) disse-lhe que havia de ir ter uma
lucta e venceu-o. O irmào chegou ao castanlieiro e viu o astre
demudado, e depois foi ao palacio do irmào. Como elle era muito
parecido, a mulher nào o conheceu, e elle ao outro dia foi d torre
onde venceu a filha da velha.
Depois o irmào quando soube que elle tinha dormido com a
mulher, queria-o matar. Nào matou, e foram a um conselho. A
justiça disse que fossem ambos a correr num cavallo i roda da
praça, eo que cançasse primeiro era o criminoso. Foi o casado
que cançou. Depois fîcaram amigos.
(Oporto)
12. outra VERSÂO DAS TRES CIDRAS.
Era uma vez um rei que encontrou uma menina num
monte, muito linda, que andava a guardar gado, mas muito mal
trajada. O rci agradou-se muito d'ella e disse-lhe para a levar
consigo. Ella deixou ficar o gado e accompanhou o rei. Chega-
ram a um chafariz, e o rei disse-lhe que fîcasse ali, em quanto
elle ia ao palacio buscar fato para ella, e uma carruagem. Neste
comenos veiu uma prêta e começou a olhar para a agua (Segue
a versàoconhecida).
(Oporto)
13. a gata borralheira
Era uma vez um viuvo que tinha uma filha muito linda, e
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13e CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
casou-se com uma viuva que tambem tinha uma filha muito feia.
O homem tinha uma vaquinha, e cada um dia mandava uma
vez a filha, outra vez a enteada a guardar a vaquinha para o
monte. Mas a madrasta nào queria que a filha d'ella fosse para o
monte, e mandava sô a enteada. Um dia appareceu um caçador no
monte e Ihe preguntou i filha : « Donde es, menina ? » Ella
disse de quemera filha. Depois o caçador perguntou-lhe: « Entâo
tu, porque é que choras? » — « E' porque o meu pai quer que
eu venha um dia com a vaquinha, eooutro dia a filha daminha
madrasta, mas a minha madrasta tem-me raiva por eu ser mais
bonita do que a filha, e por isso manda-me sô a mim para aqui. »
O caçador disse-lhe: « Deixaestar, minha menina, que eu hei de
ir a tua casa um dia e levar-te comigo. » Um dia o pai mandou
matar uma porca, donde mandou lavar as tripas à enteada. A
madrasta mandou a enteada, porque nâo queria que a filha d'ella
fosse, e disse-lhe que fosse depressa e que se perdesse alguma
tripa, que ella Ihe daria a conta (pancada). A menina, coita-
dinha, nâo teve outro remedio e foi lavar as tripas. Como a agua
do rio corria muito, fiigiu-lhe uma tripa. Com medoda madrasta
foi a correr pelo rio abaixo para a agarrar, mas nào poude. Ficou
muito triste e saltou para o outro lado do rio, chorando pelo
abrigo da sua mai. Nisto encontrou um palacio com as portas
abertas, mas sem gente de qualidade nenhuma. Tinha as camas
desmanchadas, e estava todocheio de lixo por barrer. A menina,
como era muito presumida (arranjada), foi compôr as camas e
barrer o palacio, e depois saiu e foi-se esconder. Nisto chegaram
très passaros e entraram pelo palacio dentro, e viram tudo bem
arranjado, e subiram outra vez para o telhado e começaram a
dizer : « Oh ! quem arranjaria tào boa obra no nosso palacio ? Se
soubessemos quem era, haviamos de Ihe dar cada um a nossa
prenda. » A menina que isto ouviu, appareceu e disse : « Foi eu
{sic) » . Os passaros perguntaram : « Entâo tu quem es, menina ? »
Ella contou a sua vida. Um dos passaros disse entâo : « Eu te
sortejo, que quando tu fallares com alguem te saiam flores de
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I37
ouro pela boca fora. » Ooutro disse : « E eu te sortejo que tudo
quanto vestires se torne no que haja de mais rico. » O terceiro
disse : « Eeu te sortejo que os sapatos que tu calces se tornem em
chapins de ouro. » A menina foi-se embora, eos passaros larga-
ram a voar. A tripa que tinha fugido pela agua abaixo, quando a
menina la chegou ji estava junta corn as outras. Quando chegou
a casa, a madrasta ralhou com ella por se ter demorado tanto,
e perguntou-lhe : « Donde é que vens tu agora? » A menina nào
queria fallar, com medo; a madrasta ia para Ihe bâter, e ella ia
parafallar, para dizer que a tripa Ihe tinha fugido. Mas ao tempo
que ia para fallar, saiu-lhe um ramo de ouro pela boca. A ma-
drasta nâo a deixou fallar mais. O pai tinha-lhe feito um fato e
outro igual para a enteada, que era para quando fossem guardar
a vaquinha ou uma ou outra irem mais limpinhas. No outro dia
quando ella ia para o monte, a madrasta mandou-lhe tirar ofato
que ella levava e vestir uns farrapos todos esfrangalhados. A
menina mal que os vestiu, tornaram-se em fina nobreza («V),
e a cousa mais rica que havia no mundo. Os sapatos tornaram-se
tambem logo em chapins de ouro. A madrasta logo que viu isto,
mandou a menina para a cozinha para ficar como gâta borralheira
d chaminé. Depois a enteada perguntou-lhe quemlhe tinha dado
todas aquellas prendas. A menina contou-lhe tudo pelo contra-
rio. Disse que tinha ido a um palacio, e que o que tinha visto
limpo sujouo, e desarrumou as camas que estavam compostas, e
deitou o lixo para o meio da casa. No dia seguinte, a madrasta
mandou outra vez a menina ao rio lavar umas tripas. A filha, que
tambem queria ter as mesmas prendas da menina, pediu â mai
para ir ella. Depois foi e aconteceu-lhe o mesmo, com a differença
que foi esbandalhar o que estava feito. Os mesmos passaros vie-
ram e viram o palacio estragado, e disseram : « Oh ! quem séria
que fez esta obra tào ma ? » Appareceu-lhe entao a filha da
madrasta e disse : « Foi eu (sic) ». Disse entao um : « Eu te sortejo
que quando fallares, sejam caganitas de cabra que te saiam pela
bocca. » O outro disse: « Eeu sortejo-te que todo o fato que vis-
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138 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
tas se faça em pelle de gâta borralheira. » O terceiro disse :
« E eu sortejo-te que todos os sapatos que tu vistas sefaçam em
ferraduras. » Ella foi-se embora, e quando chegou a casa, a mai
perguntou-lhe aonde ella se tinha demorado tanto. Ella ia a con-
tar-lhe e principiou logo de deitar caganitas de cabra pela bocca.
A mai que viu aquillo nâo a deixou fallar mais. A menina disse
â filha da madrasta que tinha encontrado um caçador no monte
que Ihe disse que um dia a havia de ir buscar. A madrasta tratou
logo de nâo deixar mais a filha fallar, aceiou-a (sic^ de fatos
muito ricos e mandou a menina para a cozinha chamando-lhe
gâta borralheira. Depois foi dizer mal da enteada ao marido. O
marido fiava-se em tudo e acreditava no que a mulher Ihe dizia.
Um dia levou a filha da madrasta ao theatro muito aceiada, e a
filha ficou em casa por a madrasta Ihe chamar gâta borralheira.
Quando se viu sô, a menina começou de chorar muito, e ouviu
uma voz perguntar : « Tu, que tens, menina ? » Ella respondeu :
« Como nâo hei de chorar ? Meu pai foi para o theatro com a
filha da minha madrasta e a mim deixou-me em casa sôzinha. »
Logo Ihe appareceu um carro feito de uma abobora puchado a
ratos. D'onde ouviu aquella voz que Ihe disse : « Tu entra no
theatro e toma este relogio e â meia noite em ponto recolhe-te
ao carro. » Ella assim fez. Ora quem havia ella de là encontrar ?
O mesmo caçador que a tinha encontrado no monte. O caçador
assim que a viu entrar tao rica, deu-lhe logo o braço e foi dan-
sar com ella, porque era a melhor dama que estava no theatro
para dansa. A menina de vez em quando olhava para o relogio.
Quando faltava jd pouco para a meia noite, fugiu do braço do
caçador e foi para o carro que estava â espéra délia. Nem o pai,
nem a madrasta, nem ninguem a conheceu. O carro, mal ella
poz pé nelle, logo alvorou e foi-se embora. Quando o pai e a
madrasta chegaram a casa, jd ella estava no borralho. Na segunda
noite, o mesmo. Na terceira noite, tornaram para o theatro e o
caçador que era um principe, estava jâ preparado para a agarrar
bem e nâo a deixar fugir. Mas a menina assim que viu no relo-
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I39
gio que eram horas de se ir embora, deu um grande lacao
(puchâo) no braçodo caçador e fugiu. O caçador foi sobre ella
a correr para ver se a podia conhecer. A menina com a pressa
com que ia a fugir, quando ia a saltar para o carro deixou cair
um chapim de ouro. O caçador agarrou-o. Nisto o carro alvo-
rou e foi-se embora. D*ahi passado muito tempo o principe man-
dou um decreto por toda a sua naçao, que todas as damas fossem
a palacio e levassem um chapim de ouro, que elle la tinha outro,
e que aquella que o trouxesse igual e Ihe servisse no pé, que Ih'o
dava e que casaria com ella. A primeira que foi, quem ha via de
ser ? Foi a filha da malrasta, com a mai, e o pai tambem foi. A
menina que via que tinha perdido um chapim de ouro, poz-se
chorando tambem em casa para ir. Ali Ihe appareceu logo um
carro puchado a dragôes e se apresentou em palacio, ainda mais
brève que o outro em que ia a madrasta e a filha. Chegou ao
palacio e foi â presença do principe. O principe pediu-lhe o pé
para Ihe metter o chapim, mas mal o principe lh*o metteuno pé,
logo se transformou numa ferradura. O principe ficou muito
admirado e perguntou-lhe o que era. Ella ia para fallar, e come-
çou de botar caganitas de cabra pela bocca, e o vestido que ella
trazia fez-se logo numa pelle de gâta cheia de borralho, com um
letreiro dizendo : Tu es gâta borralheira. Nisto a madrasta ficou
muito triste. A menina que estava tambem no palacio, quando
viu aquillo, deu-se a conhecer ao pai as escondidas da madrasta.
O pai ficou muito admirado por a ver vestiJatoda de ouro, e por
a ver botar flores de ouro pela bocca fora, e vê-la calçada comum
chapim de ouro, e o outro pé descalso. Perguntou-lhe quem Ihe
tinha dado aquillo tudo. Ella contou-lhe o que se tinha passado.
Depois foi ter com o principe, e mal principiou de fallar com
elle, entrou a botar ramos de ouro pela bocca. O principe deu-lhe
o chapim e viu que Ihe servia, e depois disse-lhe que ella havia
de casar com elle. A menina disse que nào, que era com o caça-
dor que ella tinha promettido casar. O principe entào declarou-se
que era elle mesmo que era o caçador. A menina entào calçou o
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140 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
chapim de ouro e foi para o carro, dizendo que se elle a queria,
que havia de a ir buscar a casa, que era o promettimento que elle
tinha feito. O principe metteu-se logo numa carruagem para vêr
se a podia alcançar, mas nâo alcançou e voltou para o palacio.
Um dia o principe vestiu-se de caçador e foi la para o mesmo
sitio para a ir buscar. A madrastacomo soube, sonegou a menina,
e apresentou a filha. O principe começou a fallar corn ella, e ella
a deitarcaganitas de cabra pela bocca. O principe, muito zangado,
foi-se embora e nâo a quiz. A menina continuou outra vez a ir
para o monte. O principe ia sempre â caça, e um dia encontrou-a
toda esfarrapada. Ficou muito contente e levou-a consigo, e a
madrasta nunca mais a tornou a vêr.
(Oporto)
14. o SOLDADO PULHA.
Era um rei casado ha quinze annos sem ter filhos. Tinha uma
mulher que era fada. Houve uma filha do rei, e a fada foi ser
madrinha e disse que aos quinze annos havia de morrer a prin-
ceza. Aos quinze annos morreu, mas antes tinha pedido ao pai
para ter sempre uma sentinella a sua sepultura. Todas as senti-
nellas que iam, por mais de um anno morria tudo, até que che-
gou a vez de um soldado muito pulha. Elle nâo queria ir, mas
nâo teve outro remedio. Quando chegou â igreja onde a princeza
estava enterrada, poz-se a pensar e fugiu. la por uma serra acima
e encontrou uma velha, que Ihe perguntou onde ia. Elle contou-
Ihe, e ella deu-lhe um relogio e disse-lhe que voltasse e que as
onze e meia se mettesse no confessionarip, e que visse o que nâo
visse, nâo fizessecaso. Elle voltou, metteu-se no confessionario e
as onze e meia, sentiu sair uma coisa da sepultura, e correr toda
a igreja a chamar: « Oh! sentinella! oh ! sentinella ! » Elle nâo
semecheu. E a tal cou sa, passada a meia noite, en trou na sepul-
tura outra vez. Ao outro dia o rei ficou muito admirado de o
vêr vivo. Mandou-o na outra noite. O mesmo. A velha deu-lhe
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I4I
outro relogio e mandou-o metter no altar-m6r. Na terceira noite
o mesmo. Encontrou a velha que Ihe deu o relogio e mandou-o
metter as onze e meia no baptisterio. Elle foi, veio a tal cousa, e
foi ter com elle, mas elle, como a velha Ihe tinha dito, come-
çou a puchar por ella, e ella a puchar por elle, até que passando a
meia noite elle metteu-se na pia, e no mesmo instante a tal
cousa ficou transformada na princeza viva, e toda a tropa que ali
tinha morrido ficou viva outra vez. Depois a princeza casou com
elle, e foram todos para o palacio.
(Oporto)
15.0 sacristâo que casou com uma velha.
Era um sacristâo ha uns poucos de annos. Uma velha que ia
fazer oraçao d igreja. O sacristâo, um dia, chegou-se a ella e
offereceu-lhe râpé e perguntou-lhe : « Mulher, que devoçao tens
tu aqui com esta igreja ?» — « Tenho muita. » Começaram
depois em conversas particulares; mais adorava o sancristâo (sic)
a velha do que a velha ao senhor. Um dia o sacristâo disse-lhe :
« Nâo era melhor que nos tomassemos amores um com outro ? »
A velha respondeu : « Ah ! que diria o mundo, se nos agora
tomassemos amores um com outro ? » O sacristâo disse-lhe que
deixasse fallar quem falla. Depois os dois velhos casaram-se. Elle
deixou a igreja, e ella deixou a oraçao. Foram viver ambos para
uma casa, pedindo uma esmola. O povo todo aperreavam-nos,
por elles serem velhos e tomarem estado de novos. O sacristâo
descorçoou e veiu para casa e disse para a velha : « Mulher,
fugimos d'aqui pra fora, ja nâo posso aguantar as apupadellas do
povo. » Responde a mulher que para onde elle fosse, ella tam-
bem ia. Pegaram num cesto, numa corda, num alviao e numa
fouce, e fato nâo o levaram, porque o nâo tinham, e foram para
uma montanha que se chamava Monte Maninho. Com a fouce
cortaram paos e fizeram estacas, e espetaram-nas em volta
d'aquella montaha, e amarraram uma corda de estacacom estaca
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142 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
até donde a corda poude chegar. Depois fizeram uma barraca
de terra e ali viviam. De noite iani pedir esmola. Por milagre
deDeus a tnulher alcançou (ficou gravida). No espaço de nove
mezes botou uma menina a este mundo. O sancristâo ficou
muito admirado. Nào queria ir convidar ninguem para padrinho
da menina. Foi para o monte a vêr se via alguem. Assim que
o sol arraiou, avistoa um caçador no alto da serra. O sacristào
quando o viu botou-se de joelhos diante d'elle, por vêr que o
caçador era um frade. O frade ficou muito admirado, e o sacris-
tào disse-lhe que elle era mandado por Deus para ser padrinho
de uma menina que Ihe tinha nascido. O frade disse-lhe que sim,
e que se apresentasse no convento de tal parte. O velho pediu-
Ihe para elle tambem Ihe arranjar madrinha, e o frade disse-lhe
que sim, que la houve de encontrar tudo. O velho foi muito
contente para casa, mas muito triite por nâo ter fato. O frade
costuma va ir fallar com uma menina que morava defronte do
convento. O pai cortou-lhe o cabello e fechou-o dentro de uma
gaveta. Naquelle dia o frade foi para Ihe fallar para a ir convidar
para ella ser madrinha, e viu-a fechada a chorar. Elle disse-lhe :
« Tu, que tens, que tanto choras ? » Ella contou-lheque por via
d'elle o pai tinha-lhe cortado o cabello e fechado-a. O frade abriu
a porta e foi ter com ella. Ella disse-lhe que estava a chorar por
causa do cabello. O frade foi a gaveta, abriu-a, e poz-lhe o
cabello outra vez na cabeça. A menina ficou muito contente. O
frade disse-lhe que queria que ella fosse madrinha de uma
menina. « Como hei de eu ir, que meu pai nào me deixa ? »
Elle disse : « Deixa, e até te ha de dar para tu levares a offerta
aos compadres. » Nisto o frade foi-se embora. Chegou-se ao dia,
o sancristâo e mais a sua mulher embrulharam-se nos farrapi-
nhos e marcharam para o convento, cobertos de vergonha. Entra-
ram e pozeram-se num canto. O povo escarnicava (sic) dos ve-
Ihos. D*ahi a pedaço veiu o frade chama-los. Elles foram, e ves-
tiram-se com um fato muito bom que tinha o padrinho para
elles. Baptizou-se a creança e puzeram-lhe o nome de Joanna. O
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I43
fradc deu ao velho um pinto e disse-lhe que Ihe havia de durar
seteannos, para pagar a mestra, para a vistir etc., etc. O sacris-
tào ficou muito admirado com aquillo, mas nào disse nada. O
frade disse-lhe : « Ha de chegar-lhe para os sete annos e ainda
Ihe ha de sobrar, e eu ao fim dos sete annos hei de la ir buscar a
menina. » A menina, o que houve de crescer num anno, crescia
num dia, e o que havia de aprender num mez aprendia-o numa
semana. Ao fim dos sete annos estava uma mulher creada. O
homem quando queria alguma cousa ia a caixa para trocar o
pinto, e sempre achava o dinheiro que precisava fora o pinto.
Ch^ou ao fim dos sete annos, tinha ainda o pinto inteiro. Vivia
muito contente por a menina crescer tanto e aprender tanto. No
dia em que completou os sete annos, a menina estava na mes-
tra e a mai andava na lavoura, e o pai estava em casa. Chegou o
padrinho da menina. Assaudou-se (saudou-se). O sacristao ficou
muito triste. A menina quando veiu conheceu logo o padrinho
e pediu-lhe a bcnça (sic). O padrinho levou-a e deu ao pai sete
crusados novos e disse-lhe que Ihe haviam de durar toda a vida,
que Ihe haviam de durar tantos annos como os que jâ tinha. Foi
para o convento dos frades o e padrinho disse-lhe que se chamasse
d*ahi em diante Joào. Os outrosfi-ades perguntaram quem era e o
padrinho disse que era um seu afilhado. Um dia passou pelo palacio
do roi, e elle perguntou-lhe quem era aquelle rapaz. O padrinho
respondeu o mesmo. O rei pediu ao padrinho para elle ficar
comocriado. Elle disse que sim, mas com acondiçao que havia de
ter uma alcova sô para elle, e que o nâo havia de mandar fazer
nada que elle nào podesse. O rei disse que sim. O padrinho
disse-lhe : « Quando te mandarem fazer alguma cousa que tu
nàopossas, fecha-te no teu quarto e chama por mim no coraçào,
que eu logo te appareço. A rainha agradou-sc d'elle. Elle nâo
quiz. Quando o rei veiu, a rainha disse-lhe que o Joào tinha
dito que era capaz de ir a uma quinta onde havia muitos bichos,
e trazer a caça toda que la estivesse. O rei chamou-o e disse-lhe
que sob pena de morte que havia de Id ir. Joào foi para o seu
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144 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
quarto e chamou pelo padrinho. Elle appareceu-lhe. Elle con-
tou-lhe. Elle disse : a Diz ao rei que te mande apparelhar quinze
cavalgaduras, das mais ferozes que houver em palacio, e quinze
criados, e que se preparem para amanhà virem ter ao monte, e tu
vai tambem, que eu la teappareço, e tomaesta varinha. » Assim
o Joâo fez. Foram no outro dia os criados para o monte e d'ahi a
bocado chegou o Joâo. Assentou-se numa pedra e cada rebanho
de passaros que passava pelo ar, elle ia com a varinha e fazia
umacruz no astre, e logo os passaros que caiam as canastras,
cada canastra com sua qualidade de passaro. D^ali a dias o rei
foi a uma festa. A rainha nem o criado nâo foram. O mesmo.
A rainha disse-lhe que o Joâo Ihe tinha dito que era capaz de
ir buscar omas laranjas ao reino da China, que marinheiro ne-
nhum, nem ninguem era capaz de la ir buscar. O rei foi ter com
elle. O mesmo. O padrinho disse-lhe que fosse ao rei, que Ihe
mandasse preparar um navio, que elle depois Ihe apparecia. Elle
assim fez. No dia seguinte metteu-se na embarcaçao e mandou
saltar a maruja toda em terra. O Joâo assim que se apanhou sô
no navio, cortou os cabos e foi sôzinho. Ao fim de très dias
entrou pela barra dentro carregado de laranja. Todos ficaram
muito admirados. Tornou a haver outra cnçada. O Joao e a
rainha ficaram no palacio. A rainha outra vez. Elle o mesmo.
Quando o rei veiu, disse que Joâo era capaz de ir aos mares ver-
melhos, buscar uma embarcaçao de peixe, que pescador nenhum
era capaz de trazer. Foi ao quarto chamar pelo padrinho. O
padrinho disse-lhe que fosse dizer ao rei que préparasse as mes-
mas cavalgaduras e que fossem ter a beira-mar. E tu leva esta
varinha. Elles foram, e o Joâo apenas chegou assentou-se numa
pedra, e com a varinha batia na agua, e de cada pancada que
dava, cada canastra de peixe que trazia. Assim encheu as trinta
canastras de peixe. D*ali a dias houve outra festa. A rainha
ficou outra vez mais o Joâo em casa. A rainha disse ao rei que
o Joâo era capaz de ir desencantar très filhas que elles tinham
encantadas e que ninguem era capaz de ir buscar. O rei man-
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I45
dou-0 chamar. Elle foi ao padrinho. Elle disse-lhe que dissesse
ao rei que mandasse fazer um navio todo novo para Ihe dar. O
rei assim fez. Assitn que estavafeitoo rei chamou o Joào. Depois
elle foi ao padrinho. O padrinho disse-lhe que mandasse saltar
toda a guarniçào em terra. Assim foi. Elle fugiu com o navio
sôzinho. E foi aos mares vermelhos. Chegou as lagas bravas (sic)
dos mares vermelhos, e o padrinho deu-lhe um punhal de ouro,
e disse-lhe que nunca o tirasse da mào, e que nunca tirasse do
pensamento e do coraçao o nome do teu padrinho, e segue para
onde te levar a tua inclinaçâo. Joâo foi seguindo por uma mon-
tanha fora. Chegou d noite a uns alvoredos, e seguiu sempre
sem descansar. Nisto â meia noite deu-lhe o somno e descan-
sou um bocadinho. Ouviu cantar um passaro, e o passaro dizia
que perto d'ali estava uma princeza encantada, e se houvesse
um menino que a desencantasse, que séria feliz. Joao encheu-se
de animo e foi ao tal sitio onde o passaro disse que estava o
encanto, e encontrou um chafariz. la para beber agua, e seccou a
bica e se abiram umas portas. Joào entrou por aquellas portas
dentro. Eram umas minas \i por dentro, de ouro e brilhantes.
Elle chegou dentro e viu uma princeza adornada de grandes
riquezas. Perguntou-lhe : « Que fazeis aqui ? » Ella respondeu :
« E vos que vindes aqui fazer ? » Elle disse quea vinhabuscar. A
princeza disse-lhe : « Pois entao accompanha-me, pois senào vem
ahi o meu encanto ; a ti encanta-te e'amim dobra-me o encanto. »
Elle perguntou-lhe quem eraoseu encanto. A princeza disse que
era um carneiro que tinha sete pares de gaitas (cornos), e a
princeza deu-lhe um relogio e disse-lhe : « Quando forem onze
horas até onze e meia e.std proximo o meu encanto. » Joâo agar-
rou na menina a toda a força e trouxe-a pelas minas fora. Ao
sair das portas do chafariz, fecharam-se as portas com tanta valen-
tia que ainda trincaram um bocadinho do vestido da princeza.
Depois veiu o carneiro dos sete pares de gaitas. Joâo com o
punhal de ouro matou-o. E pegou na princeza e levou-a para
bordo da embarcaçâo. A princeza virou-se para terra e deu um
Rnmi hispanisme, xiv. 10
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146 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
ai. E d'ali ficou muda logo. O navio logo deu bordo para
outra terra. Avistaram uma cidade. O padrinho disse:
« Joào, salta em terra, com o mesmo punhal, e nunca te
esqueças do teu padrinho. » Joào foi, entrou dentro de uma
citerna, dentro da citerna estava um palacio, e dentro do palacio
um jardim. Tinha um chafariz no meio, e um grande tanque e
um gradeamento de bronze em volta, rodeado de serpentes, e a
princeza encantada a lavar no tanque. Joào foi chamado por ella
dbeira do gradeamento, por nao poder saltar dentro ao jardim.
Ella foi conversando com elle, e disse-lhe : « Ide-vos embora,
que senào vem por ahi o meu encan to, e faz-me grandes sacrifi-
cios (sic). » Joào disse-lhe que nào se assustasse, que onde ella
morresse, morria elle. A princeza disse-lhe que o seu encanto era
uma bicha de sete cabeças. Quando forem onze horas e meia,
esta proxima. A princeza depois sahiu para fora do tanque e veiu
para dentro do palacio que estava na citerna, e fechou-se num
quarto, e disse para o Joào : « Aqui é que ha de sair a serpente. »
Joào esperou a bicha e chamou pelo padrinho. Assim que a
bicha appareceu, cravou-lhe o punhal numa cabeça; a bicha,
quando se viu cravada, deu com o rabo para cima. Nisto abriram-
se as portas do quarto e a princeza fugiu. Joào, assim que viu a
princeza solta, accompanhou-a pela citerna, e deixou o punhal de
ouro cravado na cabeça dabicha. A'horado meiodia, appareceu-
Ihe o punhal. O Joào levou esta princeza para bordo. A outra
irmà que estava muda abraçou-a, mas nào fallou. O navio botou-
se outra vez ao largo. E avistaram a Turquia. No meio de umas
montanhas estava um palacio. O navio nào levava senào o Joào e
as duas princezas. O padrinho disse-lhe : « Vês aquelle palacio,
dirige-te a elle. » Joào foi. No palacio nào havia senào passaros
e sardôes e saramagantas, centopeias e outros bichos. Elle entrou
pelo palacio dentro. O palacio fechou-se no mesmo instante de
maneiraque nào tinha portas para sair. Abriu-se uma mina den-
tro do palacio. Ouviu d hora da meia noite uma voz : « Vai-te
embora, que nào logras o que desejas. » Respondeu o Joào : « O
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I47
motivo ?» A voz respondeu : « Porque nâo trazes armas para
pelejar comigo ? » Joào disse : « Appareçam as tuas, que as mi-
nhas eu t'as amostro », que era o punhal. No mesmo instante,
apparece um gigante. Joào, cheio de animo, puchou pelo punhal
e amostrou-o ao gigante. O gigante assim que avistou o punhal,
afastou-se e disse : « Oh ! que arma tao pequena com tanta
força ! » O gigante com medo do punhal foi buscar a princeza,
depois disse para o Joâo : « Mas tu nâo a levas sem armar lucta
comigo. » A lucta principiou à meia noite e acabou ao meio dia.
Joâo abraçou o nome de Deus e do padrinho e atirou com o
punhal ao gigante, e o gigante cahiu atordoado. Joào pegou na
princeza e fugiu pelo palacio fora, e levou-a para o navio. Logo
que ella saltou na embarcaçâo, ficaram todos muito contentes.
Chegaram depois ao sitio aonde tinham desencantado a primeira,
virou-se a primeira para a terra e deu outroai. Depois foram até
ao reino do pai. Quando desembarcou em terra, deu a princeza
outro ai. Foram depois para palacio. O rei muitô contente por
as filhas estarem desencantadas, muito triste por a mais nova
estar surda e sem fallar. Nisto houve outra festa. A rainha
e Joâo ficaram no palacio. A rainha outra vez. Joâo nâo
quiz. A rainha ficou muitou zangada. A rainha disse ao rei
quando elle veiu, que mandasse matar o criado, porque
elle tinha dito que a filha mais nova que era muda, s6 fallava d
ordem d'elle. O rei mandou-o chamar e disse-lhe que a havia
de fazer fallar debaixo de pena de morte. Joâo foi ao quarto, e
chamou o padrinho. O padrinho disse que fosse ao rei e que man-
dasse fazer um banqueté para todos, e que no dia em que esti-
vesse toda a gente reunida, que chamasse por elle. O rei assim
fez. No dia do banqueté, Joâo chamou pelo padrinho. Elle disse-
lhe que fosse ao rei, e que Ihe pedisse para ficar ao pé do rei â
mesa. Um rei que estava a mesa perguntou se aquella princeza
nâo fallava. Joâo disse : « O cantador, quando entra para a praça,
antes de cantar, considéra na cantiga. » Quando muito llie pare-
ceu, virou-se o Joâo para a menina que estava ao pé de si, e
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148 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
perguntou-lhe : « Princeza, que quer dizer aquelle ai, que deu d
entrada da embarcaçao ?» A princeza respondeu : « Aquelle ai
quer dizw»r, que se ponha aqui um cutello bem agudo, para dar
a quem o merecer. » O rei mandou buscar o cutello e pô-lo em
cima da raesa. Depois a princeza callou-se e nào fallou mais.
Depois continuaram a comer. Outro rei tornou a preguntar se a
princeza nâo fallava mais. O Joào respondeu : « O cantador que
cantou, ha de acabar a cantiga. » D*ali a bocado tornou Joao a
preguntar-lhe : « Princeza, que quer dizer aquelle ai que destes
no meio do mar? » Ella respondeu : « Aquelle ai que dei no
mar, quer dizer que se encontraram quatro donzellas no mar a
navegar. » Depois callou-se outra vez. Um outro rei tornou a pre-
guntar: « Entàoa princeza nâo falla mais? » O Joào disse : « O
cantador que começou a cantiga, dard tambem o remate, e
depois cantard sempre. » Joào entào voltou-se para ella e disse-
Ihe : « Princeza, o que quer dizer aquelle ai que deu quando saiu
para terra ? » A princeza disse : « O ai queria dizer que se
Joanna fosse Joao, ha muito tempo que meu pai era cabrao. »
Mataram entào a rainha, e a Joanna casou com o rei.
(Oporto)
16. o RIO DE SANGUE.
Très irmâos. Foi o primeiro correr mundo. Encontrou uma
velha que era Nossa Senhora. Elle pediu-lhe que Ihe inculcasse
uma casa para servir. Ella disse que sim, mas que sô havia de
fazer o que elle Ihe dissesse, e mais nâo. Elle foi. O amo tomou-o.
Fez-lhe a recommendaçâo, e escreveu uma carta e disse ao rapaz
que nâo parasse por mais que visse no caminho. Deu-lhe um saco
para tirar de comer quando tivesse fôme. Deu-lhe um cavallo e
disse-lhe que entregasse a carta onde o cavallo ajoelhasse. Elle
foi, viu um pomar, apeou-se para ir buscar a fruta, e o cavallo
sumiu-se, e elle ficou sô. Foi o segundo irmâo, tudo o mesmo»
Passou o pomar, mas a mais adiante viu uma fonte de leite.
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I49
Parou para o beber e nisto o cavallo foi-se embora. Foi o ter-
ceiro irmào. Encontrou a velha, que era Nossa Senhora, recom-
mendou-lhe tudo, e disse-lhe que aquelle amo estava muito zan-
gado pelo que tinham feito os irmâos. Elle foi e passou o pomar.
Quando o passou, encontrou Nossa Senhora, que Ihe deu uma
oraçao para quando elle se visse afBicto. Foi adiante e viu a
fonte de leite. Depois encontrou uni rio de agua. O cavallo nâo
o queria passar. Elle lembrou-se da oraçao, rezou-a e passou.
Depois um rio de leite. Rezou, passou. Depois um rio de sangue :
o cavallo nâo queria passar. Rezou, passou. Encontrou depois
dois penedos a baterem um no outro. Rezou. Os penedos para-
ram e elle passou. Depois encontrou dois leôes a bâter um com
o outro. Elle rezou a oraçào e elles separaram-se e elle passou.
Depois encontrou uns pretos a cortarem lenha com uns macha-
dos, e outros a botarem para uma fornalha. Rezou e elles sus-
penderam os machados e elle passou. Depois encontrou umas
pombas muito gordas com pouca comida, outras muito magras
com muita comida. Umas gordas a descerem do ar para baixo,
e outras magras a voarem do chào para o ar. Depois uma rua
muito estreita e suja, ao fim d'esta rua estava uma grande cla-
ridade, e muitos passarinhos a cantarem. No meio da claridade
um palacio, e dentro do palacio um homem assentado em cima
de um throno. Donde o menino se dirigiu a elle a entregar-lhe a
carta. Nisto saiu para fora, e jà nâo viu o cavallo. Ficou muito
admirado a olhar para o canto dos passarinhos. Chegou um
menino ao pé d'elle e preguntou-lhe o que estava elleali a fazer.
Elle disse-lhe que estava a ouvir cantar os passarinhos. O
menino disse-lhe : « Vai-te embora, que jâ aqui estas ha um
anno e um dia. » O rapaz ficou muito admirado. O menino
disse-lhe : « Vai-te embora, que quem vive com gosto um dia
parece uma hora. » Foi-se o menino embora, e depois veiu um
homem e preguntou-lhe : « Que fazes ahi ?» — « Estou a
ouvir cantar os passarinhos », disse elle. O homem disse: « Vae-
te embora, que jâ aqui estas ha dois annos e dois dias. » O rapaz
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150 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
^icou muito admirado. O homem disse-lhe que llie havia de
dizer o que tinhaencontrado pelo caminho. « Pomar de fructa. »
Elle respondeu : « Sim, eram as maçàs do paraiso, mas quem as
corner morre, como aconteceu com teus irmàos. » — « Fonte de
leite. » — « Pois nào era leite, eram os demonios que estavam
derretendo chumbo, para beber quem ali passasse para morrer. »
— « Rio de leite » — « E* o leite que Nossa Senhora derramou
pelos peitos fora, quando Ihe arrastaram o filho para o Calva-
rio. » — « Rio de agua. » — « As lagrimas que Nossa Se-
nhora chorou pelos seus olhos fora, quando Ihe arrastaram seu
filho pelas ruas da amargura. » — « Rio desangue. » — « Foi
o sangue que derramou Nosso Scnhor Jésus Christo pelo seu
corpo fora. » — « Penedos. » — « Erào as lingoas das mur-
muradeiras, que estavam a dizer mal da sorte da tua mai. 0 —
« Os leôes. » — « Erâo os teus dois irmàos, que como se virani
perdidos, queriam-te perder tambem a ti. » — « Quatro pretos
a cortar lenha, e outros quatro a botar para uma fomalha. » —
« Erâo os diabos do inferno que estavam a cortar as aimas e a
botar para os fornos. » — « Pombas. » — « Nâo eram pom-
bas, eram as aimas que tinham morrido ha pouco tempo, e que
ainda nâo tinham pago os peccados. » — « As magras que iam
para cima ?» — « As aimas que vem do purgatorio jd livres para
o ceo. » — « A rua muito escura ?» — « Era a rua d'amar-
gura, onde Christo bebeu o fel. » — « A claridade, etc.. ?» —
« Claridade, paraiso ; os passarinhos a cantarem, os anjos do
paraiso; opalacio, o ceo; e o homem, era Deus. » O homem
(que era Deus) depois disse-lhe : « Agora vae-te embora, e dize-
me o que queres. » O rapaz disse: « Queria ter decomer e beber
neste mundo, e a salvaçâo para a minha aima no resto da vida. »
— « Pois vae-te embora, e vae ter com tua mai, e a salvaçao
faz por ella, e comer e beber ahi tens para ti e tua mai. »
(Oporto)
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I5I
17. LAME BAIS.
Era um rapaz que vivia com a mai pobremente. Fugiu de casa.
Encontrou um lugar e pediu dormida. La disseram-lhe que nao
tinham camadas, mas deram-lhe as chaves de um palacio para
elle \à ir dormir se quizesse, mas que costumava Id ir dormir
gente, e que desapparecia. O rapaz disse que nao se impor-
tava. Foi Id, e apparecia-lhe comer e beber e tudo quanto era
preciso, mas nao podia sahir porque o palacio nao tinha portas.
Esteve Id um anno, e todas as noites vinha uma coisa fria ter
com elle d cama. O rapaz dizia : « Quem esta alii que se retire
de ao pé de mim, que eu estou quente e nao quero arrefecer. »
Ao fim do anno aquella cousa fallou, e disse : « Se te obrigares
a estar aqui outro anno da mesma maneira que estiveste este,
serds feliz ; ficards senhor d*este palacio, casards com uma de
minhas filhas, escolherâs quai quizeres. » O rapaz, como tinha
que comer e beber, ali se deixou ficar mais um anno. O rapaz
assim que acabou o anno, foi para fora. Chegou a um monte e
encontrou um gigante a comer um boi inteiro assado, que era
a sua sobremesa. O gigante preguntou-lhe : « Onde vaes, oh
homem ? » O rapaz respondeu : « Vou para aquelle reino casar
com a filha do rei. » O gigante disse-lhe : « Espéra ahi, que eu
tambem vou, deixa-me comer a sobremesa. » O rapaz disse que
aquillo levava muito tempo, mas o gigante abriu a bocca e enguliu
o boi logo de uma vez. E foram ambos de dois {sic). Mais
adiante encontraram outro a tapar um ribeiro d'agua e a beber.
Preguntou ao gigante onde elle ia. O gigante respondeu : « Este
rapaz vai casar com a filha do rei e eu vou accompanha-Io. » O
bebe-agua disse-lhe : « Queres que eu tambem va ? » Elles dis-
seram : « Pois anda. » — « Deixa-me beber uma pinga d'agua
que eu jd vou. » E bebeu uma presa d'agua de um sô trago.
Foram todos très. Mais adiante encontraram um com o ouvido
pousado no chào. Perguntaram-lhe o que elle estava a fazer, e
elle dissèque estava a ouvir arrebentar as arvores em sete léguas
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152 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
de redondeza. E foi com elles. Depois mais adiante encontraram
outro que estava a botar um oculo e com uma lança na mào.
Preguntaram-lhe : « O que estas a fazer ?» — « Estou aqui a
verse ouço um mosquito que estd d*aqui sete léguas na janella
de um palacio. » E atirou com a lança e veiu com um mosquito
espetado na ponta. Foi com elles. Depois mais adiante encon-
traram outro homeni com umas peias de ferro. Perguntaram-lhe
para que era aquillo, e elle disse que andava assim melhor peado
que os outros sem peias. Assim foram para o tal reino. O rapaz
quando chegou Id, disse para elles : « Vocês, agora, sigam o seu
destino, que eu venho para o palacio casar com a filha do rei »
Elles disseram : « Nada, nos accompanhamos-te até vir o aisa-
mento, e ficamos d porta. » Elle entrou, e foi d presençado rei.
O rei mandou chamar as très filhas para elle escolher uma. Elle
escolheu a mais bonita. O rei disse-lhe : « Ai ! que escolhestes
mal ! » O rapaz preguntou porque ? O rei disse : « Porque
esta tem um vestido de azas e foge-te. » A princeza disse entào
para o rei : « Nào, que eu nào o quero. » O que ouvia arre-
bentar as arvores, e que estava com oouvido d escuta, disse para
os companheiros : « Ai 1 o que ella estd a dizer ? » Diz o
gigante : « Ella que diz ? » — « Diz que nâo casa com elle. »
Nisto o rei disse : « Oh filha, tu has de casar com elle, que
palavra de rei nâo volta atraz. » Diz ella : « Pois eu s6 caso
com elle, se elle comer os bois que nos temos para comer num
mez. » O que ouvia arrebentar as arvores disse para os compa-
nheiros : « Ai ! o que ella estd a dizer ! » E contou. Diz o
gigante : « Eu jd ha muito que nào comi, tenho uma fome dam-
nada. » O rapaz veiu chama-los, os bois jd estavam promptos, eo
come-bois no fim dos outros comerem, comeu os bois todos. O
rei disse : « Filha, agora tens de casar, jd Id vào os bois. » Ella
disse : « Nao caso com elle, sô se elle beber o vinho todo que
temos na adega. » O bebe-ribeiros bebeu-o. O rei disse outra
vez o mesmo. A princeza disse que sô casava com elle se o
rapaz dentro de uma hora Ihe fosse levar uma carta a cem legoas
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I53
de distancia a um principe e trouxesse a resposta. O que ouvia
rebentar as arvores contou aos companheîros. Depois o anda-
rilho deram-lhe a carta e foi. Ficou o que via ao longe com o
relogio na mâo. Faltavam cinco minutos para acabar a hora, e o
que estava com o oculo deitou o oculo, e viu-o estar deitado
num monte, cançado de corrertanto. Agarrou em très limôes e
deu-lhe com elles no peito. O andarilho levantou-se de repente,
veiu a correr, c quando chegou ainda faltava um minuto para aca-
bar a hora. Entregaram a resposta a. princeza. Ella nào teve mais
remedio senâo casar. O rei disse ao rapaz : « Agora ella é que te
ha-de levar ao teu palacio, com o vestido de azas a voar. Mas
toma cuidado, tira-lhe o vestido, e faz uma torre de bronze e
fecha dentro o vestido, senào ella foge. » Assim foi. O principe
andava s6 â caça. Nisto veiu a mai do rapaz. Ella começou a
chorar e â dizer â mai, que naquella torre estava fechado um ves-
tido muito rico que ella tinha. A mai comprou um diamante, e
foi cortando a torre por detraz. Até que chegou a tirar o vestido.
A princeza mal o apanhou, vestiu-o para mostrar â mai como
Ihe estava bem. E assim que o poz fugiu. O rapaz quando
veiu, a mai contou-lhe, e elle fugiu tambem, e nunca mais se
soube d'elle.
(Oporto)
18. o ladrao da mao cortada.
Um homem foi viajar, e deixou na terra a mulher e très filhas.
Morreu a mulher, e elle veiu tomar conta d'ellas. Poz loja de
contrabandista. Quando as filhas jd estavam casadas, abalou e
deixou ficar as filhas com o negocio. Elias eram muito esmoleres,
e naquella terra andava uma grande manada de ladrôes. O capi-
tào dos ladrôes fez um conselho a manada para ir roubar as
meninas. O capitào tratou de se vestir de mulher velha, e um
dia quasi d noite, foi pedir dormida ds meninas, ficando a manada
escondida ali perto. As meninas responderam que nào Ihe podiam
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154 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
dar dormida. Elle ateimou, e pediu que Ihe dessem nem que
fosse na cozinha ao lado do lume. A mais velha, e a do meio
nào Ihe quizeram dar agasalho, mas a mais nova teve pena, e
deu-lh'a. O ladrâo entrou para dentro e deu très maçâs, uma a
cada uma. As duas mais velhas trataram de corner as maças, mas
a mais nova guardou a sua no seio. Fizeram a ceia, e deram de
cear ao ladrào. Depois as duas mais velhas foram-se deitar. Diz a
mais nova : « Vocês deitem-se, que eu fico acordada para vêr o
que a velha faz ao pé do lume. » As duas mais velhas, como tin-
ham comido as maçàs, que eram de encan to, adormeceram logo.
A mais nova, como nâo comeu a sua, estava deitada mas acor-
dada. O ladrâo quando deu tempo de ellas estarem a dormir, le-
vantou-se, e foi ter com ellas a cama para vêr se esuvara dor-
mindo. As duas mais velhas, por via das maçâs, estavam ferradas
a dormir; a mais nova estava acordada, mas fingiu que estava a
dormir. O ladrâo poz entâo uma cesta que trazia, e tirou d'ella
uma mâo definhada (de finado) e accendeu-a e po-la no meioda
sala. (A mâo de finado emquanto esta accesa, ninguem mais
acorda naquella casa, e para a apagar é preciso ser com vinagre.)
Depois abriu a porta e tocou numa trombeta para chamar a ma-
nada dos ladrôes que estava escondida. Neste comenos a mais
nova que estava acordada, fechou-lhe a porta, e ficou dentro com
a luz (a mâo) accesa, e o ladrâo de fora. A porta tinha um bu-
raco gateiro, e o ladrâo nâo fazia senâo gritar que ella Ihe desse a
mâo de finado, e o mais que elle là tinha deixado. Mas ella o que
fazia era gritar pelas irmâs. Ellas nâo podiam acordar por
causa das maçâs que tinham comido. O ladrâo pediu que apa-
gasse a mâo e que Iha desse. Ella apagou-a com vinagre, e depois
quando o ladrâo metteu o braço para ella Iha dar, a mais nova
foi com uma espada e cortou-lhe a mâo. O ladrâo depois foi-se
embora sem a mâo e foi-se curar. As duas irmâs assim que a
mais nova apagou a mâo de finado, acordaram logo, e ji nào
chegaram a vêr ella cortar a mâo ao ladrâo. Depois a mais nova
pegou na mâo e enterrou tudo. O ladrâo disse para os compa-
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I55
nheiros que as havia de matar todas très. O ladrào fez uma luva
para vestir, fingindo que trazia mâo. Alugou depois uma casa
defronte da casa onde as meninas tinham o seu négocie, e foi
pôr tambem negocio de contrabandista. Depois namorou-se da
mais velha. Casou com ella. Um dia disse i mulher que ella
havia de ir com elle d terra vêr uma grande funcçao que M
havia O ladrâo quando chegou a uma serra, viu um chafariz, e
foi beber agoa mais ella. Depois mais adiante chegou a uma
pedreira e disse : « Abre-te, perola! » Abriu-se logo uma mina.
A mulher ficou como a ternura da noute (sic) quando viu aquillo,
por se vêr debaixo do chào. Depois o ladrào disse : « Fecha-te,
perola », e a mina fechou-se, e elles ficaram debaixo do chào.
Foram andando e foram ter a umas salas muito grandes. Depois
d'ahi a bocado ouviu-se a manada dos ladrôes. Disse o ladrâo
para elles : « Aqui esta a primeira! » Depois perguntou d mu-
lher quem Ihe tinha cortado aquella mào, e tirou a luva. Ella disse
que nào sabia. O ladrào entào deu-lhe uma maçà e très chaves, e
disse-lhe que abrisse dois quartos, mas nào abrisse o terceiro, e visse
o que estava nelles, e que quando elle viesse que Ihe havia de dar
a maçà. Ella guardou a maçà no seio. Foi vêr o primeiro quarto.
Eram barricas de ouro em pô. O segundo estava todo cheio de
brilhantes e toda a especie de riqueza. Ella ficou muito admirada,
e disse : « Quando isto é nestes dois quartos, o que fard naquelle
que elle me prohibiu de vêr! » Depois foi ao terceiro quarto e
abriu a porta. Ao tempo que abriu a porta, caiu-lhe a maçà do
seio e pisou-se. Ella apanhou outra vez a maçà e tornou a a
mctter no seio. O quarto estava cheio de gente morta. O ladrào
que estava comoscompanheiros, mal a mulher abriu a porta do
terceiro quarto, sentiu logo e voltou para traz. Chegou d mina e
perguntou d menina se tinha ido vêr os quartos. Ella disse que
tinha ido vêr os dois. O ladrào pediu-lhe a maçà. Ella deu-lh'a,
e elle mal a viu pizada, disse : « Ai! que me es falsa! » Matou-a
logo, e po-la no terceiro quarto com os outros mortos. Depois
tratou de se dirigir para onde estavam as outras duas meninas,
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156 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
na loja. As irmàs perguntaram-lhe pela irmâ, e elle disse que
ella tinha gostado muito da terra e elle que a tinha deixado la
ficar. Depois o ladrào, para as enganar, escrevia por mào d'elle
cartas, como se fosse ella. D'onde veiu uma carta, em que a mais
velha convidava a segunda para ir Id. Ella acreditou e foi. E o la-
drào fez o rxiesmo que com a mais velha e matou-a e botou-a ao
mesmo quarto. Depois tornou-se a dirigir para a loja onde estava
a mais nova. Elle tornava a escrever cartas das duas para a mais
nova. Mas ella nâo acreditava. O ladrâo dizia-lhe que ella tinha
um grande casamento na terra. A mais nova nâo se queria fiar,
mas tantas eram as cartas que ella sempre foi. O ladrâo fez
quando la chegou o mesmo que com as outras irmâs. Quando
chegou à pedreira, ellaouviu dizer : « Abre-te, perola », e depois :
« Fecha-te, perola. » Ella logo aquillo ficou-lhe no ouvido para
Ihe nâo esquecer. Quando chegou d tal sala, o ladrâo perguntou-
Ihe se ella sabia quem é que Ihe tinha cortado a mâo. Ella disse
que nâo sabia, que talvez fosse alguma das suas irmâs. O ladrào
entào deu-lhe as très chaves e a maçà, e disse-lhe o mesmo.
Ella viu o primeiro, depois viu o segundo, mas ao terceiro nâo
foi. O ladrâo como nâo sentiu que ella foi ao quarto, nâo voltou
d pedreira, e continuou a andar pelas serras. Andava um prin-
cipe d caça e trazia grandes joias consigo. Os ladrôes deixaram-no
muito ferido para o roubarem, e depois deitaram-no por um bu-
raco, donde elle foi ali pelo subterraneo ao terceiro quarto
donde estavam as mortas. A menina que estava no subterraneo,
nâo fazia senâo a limpeza, fazia as camas, e fazia o comerparaos
ladrôes, e nas horas vagas, ia para a bocca* da mina dizer :
« Abre-te, perola. Fecha-te, perola », para vêr se ella tambem se
abria. No dia seguinte o ladrâo e os companheiros arrecolheram-
se d mina. Elle preguntou d menina quantos quartos tinha visto.
Ella disse que dois. O ladrâo pediu-lhe a maçà, e ella estava
inteirinha. O ladrào entào disse para os companheiros, que
aquella é que havia de ser a sua mulher verdadeira, e que se
alguem Ihe tocasse, que o mandava matar. Elle de dia ia roubar
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 157
e ella ficava no subterraneo a fazer o corner e a tratar de tudo.
Um dia a menina foi ao terceiro quarto, e viu as irmâs mortas.
Foi seguindo depois pelo quarto dentro, e sentiu uns gemidos
que era o principe, que os ladrôes tinham roubado. Ella pregun-
tou-lhe o que elle tinha e elle contou-fhe tudo. O ladrào tinha-
Ihe mostrado um unguento, que diz que era um balsamo para
curar toda a ferida. Ella disse para o principe que se elle guar-
dasse segredo, ella curava-o, e dava-lhe de comer. Ella disse-lhe
que se os ladrôes ali fossem, que elle se fingisse morto. Tratou de
cura-lo, e todos os dias Ihe ia ao quarto dar de comer. Ella, um
dia, quando viu que o principe jd e^ava bom, arranjou duas
cavalgaduras, roubou tudo quanto os ladrôes tinham, e chegou d
porta e disse : « Abre-te, perola ». Depois fugiucom o principe.
O ladrâo mal ella fugiu, conheceu que havia novidade na mina,
e voltou com os companheiros, mas jd ella tinha fugido. Eram
très caminhos que iam pela serra, e o principe e a menina foram
por um d'elles. Os ladrôes depois foram pelo mesmo caminho
atraz d'elles. Ella olhou para traz e viu os ladrôes, e disse : « Que
ha de ser de nos ? » Desceram a uma baixa num alvoredo, amar-
raram os cavallos, e ia um lavrador com très carros de palha, e
ella pediu-lhe se os deixava esconder naquella palha. O lavrador
disse que sim, e mandou parar os carros, e amarrou os bois a um
pinheiro. O principe e a menina esconderam-se num carro. O
ladrào chegou ao lavrador e perguntou-lhe se tinha visto por ali
passar um homem e uma mulher. O lavrador disse que nâo. O
ladrào começou a vêr o carro detraz da palha e o do meio, mas
como nào encontrou ninguem, nào foi vêr o da frente. Depois
foram para o outro caminho. Depois o principe e a
menina sairam da palha, montaram a cavallo, e foram para
a cidade. O rei como Ihe fal tasse aquelle filho ha uns pou-
cos de dias, vivia muito triste. O principe chegou e foi-se apre-
sentar ao rei com a menina, e contou ao pai o que Ihe tinha
acontecido. O principe casou logo com a menina. O rei mandou
logo pôr decretos annunciando o casamento. O ladrào da mâo
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158 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
cortada mal ouviu o decreto, vestiu-se e veiu para a capital para a
matar. O ladrào em segredo escreveu a menina. A menina che-
gou-se ao principe, e pediu-lhe uma graça naquelle dia : que Ihe
desse o melhor leâo e a melhor espada, e que nâo fosse dormir
com ella naquella noire. O principe disse que sim. Ella pozo
leào ao pé da cabeceira. Depois a cabeceira para os pés, e pegou
na espada. O ladrào quando viu que ella estava deitada, deu-lhe
com a espada para a matar, mas ella que estava do outro lado
chamou o leào, e o leào agarrou-se a elle, e ella com a espada
matou-o. O principe que sentiu aquelle barulho, veiu e viu-o
morto. Foram dar parte ao rei. O rei mandou uma divisào ao
outro dia para a serra. Os ladrôes estavam dentro da mina. A
menina chegou e disse : « Abre-te, perola. » A tropa entrou, e
deitou fogo ds pedreiras, e elles morreram todos debaixo do chào,
e eu era soldado no tempo e quando vi isto vî-me embora.
(Oporto)
19. os MACACOS
(variante)
Era um rei com très filhos. Todos très queriam o reino. Orei
mandou-os correr terras, e disse que o que Ihe trouxesse a melhor
prenda séria o senhor do reino. Chegaram a uma montanha e
viram très caminhos. Cada um foi pelo seu. O mais velho en-
controu uma espada de ouro. Como tinham combinado que logo
que achassem aigu ma prenda haviam de voltar atraz e esperar
pelos outros, o mais velho assim fez. O segundo achou um ramo
de ouro com uma corôa tambem de ouro no mesmo ramo. Vol-
tou para traz e veiu encontrar-se com o irmào mais velho. O mais
novo nào encontrou nada. Foi indo, foi indo, e ao fim de uns
poucos de dias entrou numa cidade onde tudo eram macacos.
Entrou por um palacio dentro, e chegou a um salào e viu uma
mesa posta com tudo quanto era boni, e muitos macacos a come-
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I59
rem. Vieratn duas macacas, uma velha e outra nova e fizeram-no
ir para a mesa a corner tambem com os macacos. Elle comeu, e
depois a macaca velha foi buscar uma avelà e entregou-lh'a. A
macaca nova nunca o desamparou e nâo fazia senâo fazer-lhe
festa. O principe um dia veiu para a janella, e viu muita tropa,
mas tudo eram macacos, e muitos trens e carruagens, mas todos
puchados a macacos. A macaca velha e a nova saltaram para
dentro de uma carruagem e fizeram com que elle fosse tambem.
O principe vinha muito admirado, mas ao mesmo tempo muito
triste porque nâo via senào macacos por toda a parte. Os irmâos
estavam na serra d espéra d'elle, quando o avistaram, com aquelle
grande exercito de macacagem. Elles queriam fugir com medo,
mas ao final sempre foram vêr o que era. O irmào entâo saiu do
carro aonde vinha e foi abraçar os irmâos. A macaca velha ficou
na carruagem, mas a macaca nova saiu com o principe accom-
panhada por muitos macacos com armas. Os irmâos mostraram a
espada de ouro e o ramo, e elle muito envergonhado mostrou a
avelâ. Os irmâos foram para o palacio a cavallo, e elle metteu-se
na carruagem e foi tambem com os macacos. Quando chegaram
perto do palacio, o exercito ficou parado, e a macaca velha e a
nova e o principe foram ter com o rei. Os principes entregaram
cada um ao rei a sua prenda. O rei foi ter com o mais novo e
perguntoulhe o que elle trazia. Elle disse-lhe a chorar que Ihe
trazia sô aquella avelâ e aquellas macacas. Depois pediu licença
ao rei para deixar entrar o exercito dos macacos. O rei disse que
sim. Entâo todos os macacos que eram officiaes, mal chegaram ao
pé do palacio logo se tornaram em gente, ea macaca velha fez-se
numa rainha, e a nova numa princeza mais linda do que o sol.
O rei ficou muito contente e nesse dia deu um grande banqueté
a toda aquella côrte. Depois naquelle dia haviam de se apresen-
tar as prendas para se vêr quai era a melhor. O mais velho apre-
sentou a espada de ouro; o do meio apresentou o ramo de
ouro com a corôa ; o mais novo como tinha dado a avelâ ao pal,
nâo apresentou nada. O pai disse entâo que a prenda d'elle tam-
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l60 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
bem havia de apparecer. Foram buscar a avelà e pozeram-na em
cima da mesa. A macaca disse entào para o rei : « Vossa Mages-
tade é que deve partir a avelà pela sua propria mâo. » O rei par-
tiu-a e logo sahiram de dentro sete corôas de ouro. Depois o rei
chamou o conselheiro mais antigo, para vêr quai das prendas era
a mais rica. O conselheiro disse que as sete corôas da avelà erào a
prenda mais valiosa, mas que se dévia dar ao mais velho, o da
espada, o reino, porque o do meio tinha uma corôa no ramo,
que era um reinado; o mais novo tinha sete corôas que eram
sete reinados. Ficaram todos muito contentes, e o mais novo
casou com a princeza, que era a macaca.
(Oporto)
20. o palacio dos espinhos
(Versào portugueza de La Belle au bois dormant : é perfeita-
mente fiel a versào de Perrault, e creio que directamente d'elle
tirada, ainda que o homem que m'a contou nàosabia 1er.)
Encontra-se o episodio de uma fada Ihe pronosticar que mor-
reria por causa de um fuso. Por mais que se évita ella fere-se.
Encantada a dormir por cem annos. Fica tudo encantado com
ella. O castello fica rodeado de espinhos. Um principe â caça,
pergunta o que é aquillo. Elle vae a entrar, e â medida que entra
vâo-se os espinhos afastando. Chega ao palacio, vê a menina a
dormir, e arranca-lhe o espinho do fuso da mào. Ella ressuscita,
e elle casa com ella.
(Oporto)
21. o GIGANTE
Um pai tinha très filhos. O mais velho quiz a sua parte e foi
correr mundo. Foi servir para casa d'um mercador. Um dia o
irmâo segundo quiz ir ter com elle. Como o pai nào queria
deixa-lo, foram os dois irmàose o pae. Chegaram, à aventura, a
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES l6l
casa do mercador. Là perguntou o pai pelo filho, até que elle
Ihe appareceu. Depois foi o pai, quando o achou, com os très
filhos para casa. Perderam-sé no carainho e metteram-se a um
alvoredo. Como jâ era noite, ficaram ali a dormir aquella noite.
Mas o mais novo nâo dormiu. Sentiu cantar umas ras, e logo
viu que ali havia lenteiros (terrenos humidos). Dirigiu-se para Id,
mas as ras cantavam sempre cada vez mais longe. Até que foi
dar a um 'palacio que tinha très luzes. Viu uma menina estar ao
pé da janella, e elle pediu-lhe um copo d'agua. Ella deu-lh'o e
disse-lhe se elle era capaz de a desencantar e mais as très irmâs e
ao pai, que o seu encanto era um gigante. O rapaz voltou para o
monte e la no fundo de uma cova viu estar um gigante a assar
um boi. O rapaz foi-se a elle e perguntou-lhe para que era
aquelle frango que elle estava a comer. O gigante ficou muito
admirado de elle chamar aquillo um frango. O rapaz disse-lhe
que costumava comer très d'aquelles ao jantar. O gigante entâo
disse que elle havia de comer aquelle senâo que o matava. O
rapaz disse que sim, e como nâo podia mecher o boi, disse ao
gigante que elle é que o havia de voltar. Quando o viu assado,
comeu um bocado até se fartar e depois disse ao gigante que o
nào queria, que estava mal feito. O gigante comeu-o. Depois
disse-lhe que fossem vêr quem era capaz de subir mais depressa
a escada do palacio. O rapaz disse que sim ; mal la chegou, subiu
muito depressa^ agarrou numa grande bôla de ferro, e atirou-a
â cabeça do gigante que o matou. Logo a primeira princeza se
desencantou. Ella disse que o encanto da segunda era um mocho.
O rapaz matou o mocho ea segunda ficou desencantada. Depois
a primeira disse-lhe que o encanto da terceira era um galgo. O
rapaz armou-lhe um laço e desencantou-se a terceira, e o rei,
pai d'ellas. Depois o rapaz voltou para onde estava o pai e os
irmàos ainda a dormir. Quando acordaram foram a uma estai
lagem, onde jâ estavam o rei e as très filhas desencantadas. A
primeira casou com o rapaz e as outras casaram cada uma com o
seu irmao, e ficaram depois todos juntos e muito felizes.
(Oporto)
Rtvu* kispani^wt. xiv. tx
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l62 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
22. O FEITICEIRO.
Era um pai e quatro fîlhos. Os dois mais velhos eram carvoei-
ros. O terceiro foi correr mundo : chegou a uma terra para ser-
vir e foi ter a uma casa. O dono preguntou-lhe se elle sabia 1er;
elle disse-!he que sim, e o amo mandou-o embora, e disse-lhe
que nào Ihe servia. O rapaz veiu para casa e contou ao irmào
mais novo. Elle sabia muito bem 1er, mas foi â tal terra procu-
rar o mesmo amo. Elle preguntou-lhe se elle sabia 1er e o rapaz
disse-lhe que nao. Depois ficou. O amo era feiticeiro e tinha mui-
tos livros debaixo da cama. O rapaz começou a lê-los, e quando
o anno do ajuste estava quasi a acabar, fugiu e levou consigo o
livro melhor que encontrou. Em casa nào fazia senao estudar.
Os irmâos que ganhavam muito dinheiro nao queriam repartir
com elle. O rapaz quando se viu prompto, fez-se num galgo e
pediu ao pai que o levasse a uma feira para o vender, mas que
nào vendesse a coleira que elle levava. O pai assim fez. Ven-
deu-o por muito dinheiro, e o galgo depois fugiu dos homens que
o tinham comprado e fez-se outra fez em gente e veiu ter com o
pai. Quando o dinheiro se acabou, o rapaz fez-se num cavallo,
e disse ao pai que nào vendesse o freio, que era nelle que estava
a virtude. O pai assim fez ; como Ihe deram muito dinheiro
pelo freio, vendeu-o tambem. Um dos homens que o tinham
comprado era o feiticeiro, que sabia que o rapaz havia de ir ali
feito em cavallo, e foi elle quem quiz comprar o freio. O feiti-
ceiro nào Ih'o queria tirar, mas um dos companheiros quando
chegou â estallagem, e em quanto apanhou o feiticeiro entertido
tirou o freio ao cavallo para Ihe dar de corner. O cavallo mal se
viu sem o freio fez-se logo numa rà e atirou-se a um regato de
agoa; o feiticeiro fez-se num peixe para ir comer a râ; a râ
fez-se num passarinho e assubiu ao ar ; o feiticeiro fez-se num
gafranhoto (milhano) para comer o passarinho ; o passarinho foi
para o beiral de um telhado e fez-se num anel que se enfiou no
dedode uma menina que estava â janella^ O gafranhoto fez-se um
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES léj
homem e pediu a menina para Ihe vender o anel, que Ihe dava
muito dinheiro. A menina ia a dar o anel ao feiticeiro, e elle
caiu-lhe no chào e fez-se em milho ; o feiticeiro formou-se numa
gallinha para corner o milho ; o milho depois formou-se numa
raposa e comeu a gallinha que era o feiticeiro. E assim o rapaz
venceu e ficou com toda a riqueza do feiticeiro e veiu para casa
do pai.
(Oporto)
23. o GATO MIS MIS.
Versào fidelissima do Chat botté de Perrault. Todos os por-
menores os mesmos. O dono é chamado marquez de Caramba.
O gato tem medo do verdadeiro marquez que era feiticeiro. Elle
vai visita-lo. O marquez faz-se numa onça e o gato foge para
cima de uma trave todo assustado. Depois o gato pede-lheque
se faça num rato, e elle come-o. No fim depois do moleiro ter
casado com a filha do rei, o gato andava sempre dizendo que se
nào fosse elle o amo nâo tinha sido feliz. A princcza um dia
ouviu, e preguntou-lhe o que era que o gato Ihe dizia. O
moleiro contou-lhe. Ella muito zangada escrevcu aorei contando-
Ihe tudo. O rei veiu, mandou matar o moleiro e ficou outra vez
com tudo e levou a filha para o palacio. (Esta ultima parte é da
versào portugueza.)
(Oporto)
24. o RAPAZ E o GIGANTE.
Era uma vez dois irmàos. O mais velho foi correr mundo e
foi servir. O amo fez com elle o ajuste que o primeiro que se
zangasse perdia as soldadas, e o que ganhasse havia de tirar ao
outro uma correia de pelle das costas. O rapaz acceitou. O amo
ao principio dava-lhe de comer, e mandava-o pastar ovelhas para
um monte. Depois cada dia Ihe ia dando menos de comer, até
que a final nâo Ihe dava nada. O rapaz ji nào podia, até que se
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164 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
zangou com o amo. O amo entào tirou-lhe uma correia das cos-
tas e nâo Ihe pagou a soldada. Depois mandou-o embora. O
rapaz veio muito triste para casa, e contou ao irmào mais novo.
O irmâo disse que elle é que la queria ir, para vingar o irmâo.
Foi, ajustou-se e passou-lhe o mesmo. Mas o rapaz, como o
amo nâo Ihe dava pao, cada dia matava no monte uma ovelha e
comia-a assada. A' noite o amo dava por falta do cameiro, mas
nao se queria zangar. Até que a final o amo, como Ihe iam fal-
tando sempre as ovelhas, zangou-se com o criado. O rapaz que-
ria que elle Ihe pagasse a soldada, e queria tirar-lhe a correia das
costas. Mas o amo disse-lhe que o mandava a casa de um com-
padre para elle Ihe pagar. Como o rapaz disse que nâo sabia
escrever, mandou-o com uma carta ao compadre que era um
gigante, para elle o matar. O rapaz no caminho leu a carta, mas
nao disse nada. O gigante quando o viu depois de 1er a carta,
começou a mandar-lhe fazer serviços muito pesados, como o
compadre Ihe tinha dito. Deu-lhe uma corda muito grande para
elle a trazer cheia de lenha. O rapaz foi para o pinhal e come-
çou a atar o pinhal todo e disse ao gigante que era para o tra-
zer, que escusava de andar sempre aos caminhos. O gigante,
quando viu isto, ficou assustado, e nao quiz, e o rapaz disse-
lhe entâo que trouxesse elle o feixe, que elle por isso nao se
incommodava. Depois o gigante mandou-o buscar uma pipa de
agua a uma fonte. O rapaz começou a cavar a fonte, e o gigante
ficou muito assustado e nâo quiz. O rapaz entao disse-lhe que
levasse a pipa, que elle por isso nâo se incommodava. Depois
o rapaz fiirou um pinheiro, e tapou o buraco. Foi dizer ao
gigante que elle nào era capaz de furar o pinheiro com o dedo.
O gigante foi e partiu o dedo. O rapaz foi ao buraco e fingiu
que o furou. O gigante ficou muito espantado e mandou o
rapaz embora e pagou-lhe a soldada. Depois o rapaz foi a casa
do amo antigo, apanhou-o e tirou-lhe a correia das costas. Foi
entâo para casa e mostrou ao irmâo e foi pôr-lha nas costas.
(Oporto)
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 165
25. A MORTE Q.UE FEZ UM HOMEM RICO.
Um homem tînha muîtos filhos, e jâ todos os horaens da
freguezia eram seus compadres. A mulher alcançou outra vez,
e pronta estava para parir; o homem que nâo queria pedir a
mais ninguem abalou de casa. Encontrou no caminho um
homem muito desfigurado, que Ihe perguntou onde elle ia. Elle
contou-lhe, e o homem disse-lhe que voltasse para traz, que elle
era o seu padrinho. Assim foi. Quando acabou o baprizado, o
homem disse : « Compadre, repare bem para mim, para me co-
nhecer onde quer que me encontrar. Eu sou a Morte. Tu,
muda de casa e faz-te medico, que has-de ganhar muito di-
nheiro. Em tu me vendo aos pés da cama de qualquer doente, é
porque elle escapa. Em tu me vendo a cabeceira, é porque elle
morre. » O homem assim fez ; começou a ter muita fama, e
ganhava muito dinheiro, e jâ estava muito rico mais os filhos.
Num dia a Morte chegou-se ao pé d'elle e disse-lhe : « Bem,
agora jâ te fiz rico, mas hoje chegoua tua vez e venho matar-te. »
O homem pediu muito que o deixasse viver mais um anno. A
Morte consentiu. O homem entào mandou fazer uma torre de
bronze, com as paredes muito grossas, para a Morte Id nâo
entrar. Quando o anno estava quasi a acabar, elle mandou fazer
um anel de ouro, metteu-o no dedo, e fechou-se na torre.
Estava là a jantar, e appareceu-lhe a Morte ao pé d'elle. Elle
muito assustado, perguntou-lhe : « Oh ! comadre Morte, tu por
onde é que entrastes ?» A Morte disse que pelo buraco da fechadura.
Elle entâo disse-lhe : « Jâ que tu te mettestes pelo buraco da
fechadura, has-de metter-te pelo buraco d'esta cabaça. » A Morte
metteu-se e elle tapou a cabaça com uma rolha, e disse d
Morte : a Agora sae d'ahi para fora se es capaz. » A Morte disse-
lhe : « Oh ! compadre, pois eu fiz-te tanto beneficio, e tu agora
queres-me aqui deixar dentro d'esta cabaça ? Tira-me a rolha,
que eu nào te faço mal. » O homem tornou a perguntar-lhe se
ella nào Ihe fazia mal. A Morte disse que nâo. Elle destapou a
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l66 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
cabaça e ao tempo que destapou, caiu mas nào morto, e a morte
roubou-lhe o anel. Elle disse : « Oh ! comadre, entâo tu promet-
testes-me que me nào matavas, e agora queres-me matar. Deixa-
me ao menos rezar um padre nosso e uma ave-maria pela minha
aima. » A Morte consentiu. Elle que faz ? Começou a rezar o
padre nosso até ao meio , e depois tornava a começar. De modo
que a Morte nào o podia matar. O homem entào saiu da torre,
e começou outra vez na sua vida. Um dia andava elle a caça e a
Morte fingiu-sede mortano meio do monte. O homem chegou,
julgando que era um homem morto, disse : « Oh ! pobre
homem, quem te matou ? Deixa-me ao menos rezar um padre
nosso e uma ave-maria pela tua aima. » Rezou, mas ao tempo
que acabou, a Morte levantou-se e matou-o.
(Oporto)
2é. JOAO PELLUDO
Lavrador casado e sem fîlhos. Tinha uma amiga que Ihe disse
que matasse a mulher. O homen perguntou como a havia de
matar sem crime. A amiga disse-lhe que Ihe desse fiaçào ao guar-
dar o gado. O marido deu-lhe dois arrateis de linho para ellafiar,
e que se o nào fizesse, que a matava com pancadas. A mulher
foi a chorar, e encontrou uma menina com uma roca. Ella per-
guntou-lhe o que tinha, e a mulher contou-lhe. A menina tirou
a sua fiaçào da roca, e ajudou a fiar a fiaçào da mulher. A mulher
ficou com tudo fiado e foi-se embora com o gado. O homem
quando a viu disse-lhe : « Vês o que vale o medo, pois amanhà
has-de fiar quatro arrateis. » No outro dia a mulher. foi para o
monte, e com a canceira da fiaçào perdeu o gado. Aquelle monte
onde a mulher ia chamava-se o « monte do urso ». A mulher
começou a procurar o gado e nào o achou. Ella começou a chorar
e disse que nào ia para casa, porque o marido a matava,
e ficou aquella noite no monte. O gado chegou a casa, masfaltava
uma toura. O bicho urso tinha-avindo buscar ao monte elevou-
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 167
a para a cova. Depois de noite veiu buscar tambem a mulher e
levou-a para a cova. Depois teve copia (sic) com ella como se
fosse um homem. A comida d'elles no buraco era sempre carne,
que o urso todas as noites ia buscar. A mulher ao fim de nove
mezes teve um filho, que tambem era fîlho do urso. O fîlho foi
crescendo e quando tinha très mezes, perguntou-lhe : « Minha
mae, que estamos nos aqui a fazer debaixo do chào nesta cova ? »
A mulher respondeu-lhe: « Nos nâo podemos sair d'aqui, porque
tcu pai é o bicho que esta aqui nesta cova. » O rapaz ficou muito
zangado e disse para a mai : « Minha mai, nâo me diga que meu
pai é um bicho, meu pai é um homem. » A mulher disse-lhe
que nao, que era um bicho. O fîlho disse : « Pois deixa estar,
que eu vou matar o bicho, e escacho-o de meio a meio. E se
elle torna aqui a vir outra vez a lamber-me ou â minha mâe, eu
escacho-o de meio a meio. » Ao fim d'esté tempo o menino poz
os hombros â pedra que tapava a cova e virou-a, e depois sahiu e
mais a mai. A mai ia quasi nua, e elle ia todo coberto de pello,
porque era muito pelludo. Foram esconder-se numas devezas de
castanheiros, até chegar a noute. O bicho assim que chegou ao
buraco e que os nâo encontrou, dava berros que se ouvia mais
de uma legoa. Assim que veiu a noute, o filho disse para a
mulher : « Minha mâe, vamos para casa de meu pai. » Passaram
â porta de uma vizinha, que perguntou â mulher donde ella
vinha, que ha tanto tempo que a nâo tinha visto. Ella disse :
« Eu venho do buraco do bicho urso, e este filho é o que eu là
fui buscar. » A vizinha disse : « Entâo o teu homem agora nâo
te quer, que tem là casa outra mulher. » O filho disse : « Nâo
que elle ha de querer, senâo é porque o escacho de meio a
meio. » A vizinha deu fato â mulher para ella se vestir. Foram
depois para a porta do lavrador, e bateram â porta très vezes, sem
ninguem responder. A* quarta vez, o homem perguntou de fora
muito zangado quem estava ahi. Responde o filho : « E' o seu
filho e a sua mulher, e abra a porta. » O homem nâo queria
abrir a porta, e disse que nâo tinha filho nenhum. O filho disse-
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l68 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
Ihe : « Abra a porta, meu pai, senào escacho-o de meio a meîo. »
O pai vinha para bâter no rapaz, mas elle botou-lhe as unhas, e
disse-lhe que os deixasse entrar, senào queomatavaali. A outra
mulher fugiu. O homem nâo teve outro remedio senào deixa-los
entrar, e desde ali ao futuro fez vida com a mulher, e tratou-a
bem e mais ao fîlho. O filho nào fazia senàô crescer. O que havia
de crescer num anno crescia num mez, e estava todo coberto de
cabello, de modo que nào precisava de fato. O pai tinha muito
medo d'elle. O pequeno andava a brincar com os outros rapazes.
Os outros rapazes, como o viam tào cheio de cabello, nào faziam
senào dizer-lhe : « Oh ! pelludo, oh ! bicho. » Elle um diazangou-
se e disse para os outros rapazes : « Oh ! meus amigos, olhai que
se me tornais a chamar pelludo, eu escacho-vos de meio a meio. »
Foi para casa e disse para a mai : « Oh ! minha mai, eu quero-me
baptizar. » A mai disse : « Pois sim. » Foram-no baptizar e poze-
ram-lhe o nome de Joào. Porém os rapazes, como elle era muito
pelludo, chamavam-lhe Joào Pelludo. Elle zangou-se e um dia
foi-se a elles, e moeu-os de pancadas. Joào Pelludo quiz ir para a
escola. Disse a mai que os mais rapazes sabiam 1er e entào que
elle tambem queria aprender. A mai disse que sim. Joào Pelludo
foi para a escola, mas os rapazes nào faziam senào chamar-lhe
pelludo. Elle moia-os de pancadas. Um dia num campo havia
uma pereira muito ramalhuda, e jantaram todos a sombra
d aquella pereira os rapazes e o Joào Pelludo. Trataram de fazer
ali uma comida, e cada um havia de dar a sua cousa. Pergunta-
ram ao Joào Pelludo se elle queria dar alguma cousa. Elle disse
que sim. Foi a màe pedir-lhe alguma cousa, e a mai deu-lhe
um focinho de porco. Foram para debaixo da pereira e ali come-
ram tudo. Depois os rapazes disseram uns para os outros : « Oh !
rapazes, nos havemos de matar aqui o Joào Pelludo. Fingimos que
queremos trepar a pereira e nào podemos, depois elle vae, e quando
a gente o vir la matamos-lo a pedradas. » Assim foi. Mal elles là o
pilharam, entraram a dar-lhe pedradas. Elle decimacomeçou agri-
tar : « Estai quietos, senào desço e mato-vos a todos. » Elles nào fize-
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 169
ram caso. Joâo Pelludo desceu, arrancou a pereira, e foi-se aos rapazes
e matou-os todos. Foi para casa e contou â mai o acontecido. A mai
ficou muito triste a chorar o que havia de ser d'ella. As mais dos
mortos e os pais juntaram-se todos em casa da mai a clamarem
justiça. O Joào Pelludo foi-se a elles e matou-os todos. E depois
foi para a escola sem se importar com a justiça. Donde nessa
escola andavam os fîlhos do reie muitos fidalgos. Nào faziam senào
chamar-lhe pelludo e bicho. Joâo Pelludo tornou a avisa-los.
Como elles continuaram, foi-se aos dois fîlhos do rei e matou-os.
O outro que ficou fugiu e foi dar parte ao rei. O Joâo Pelludo
chegou a casa e disse para a mai : « Minha mai, eu matei os filhos
do rei, agora vou para o monte, para uma cova. Diga a meu pai
que me mande fazer uma bengala de quatro quintaes de ferro de
peso, e se alguem aqui me procura, que va ter comigo ao monte,
que eu là estou. » O rei tratou logo de mandar muita tropa para
prender o Pelludo. Foram ter com elle ao monte. Joâo Pelludo
encostou-se a um pinheiro, e deixou chegar a tropa â beira d'elle,
e assim que elle viu que vinham ao pé, botou a mâo ao pi-
nheiro, arrancou-o edeixou-ocairpor cima da tropa, onde matou
a maior parte d'ella. Arrancou outro pinheiro e deixou-o cairpara
outro lado. Alguns que escaparam trataram de fiigir para palacio
a dar parte ao rei. O rei disse que nâo Ihe queria fazer mal
nenhum, que sô queria que Ih'o levassem â sua presença para vêr
que qualidade de homem elle era. O Joâo Pelludo, assim que deu
cabo da tropa foi para casa outra vez, e perguntou ao pai se tinha
a bengala prompta. O pai disse que nâo. Joâo Pelludo disse ao
pai que tratasse de Ih a arranjar, senâo que vinha e que o esca-
chava. Neste comenos, foi outra força de tropa procura-lo ao
monte. Mas como o nâo encontraram, foram-se embora. O
homem que o Joâo Pelludo queria por força que fosse o pai, foi
ter com doze ferreiros, para Ihe fazerem a bengala. Juntaram-se
os doze ferreiros, cada um deu o ferro que tinha e juntaram-no
num monte a vêr se chegava ao peso da bengala. Fizeram-na, e
depois perguntaram os ferreiros : « Entâo quem é que ha-de agora
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lyO CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
vir buscar a bengala ? » O Joào Pelludo disse logo : « Ora essa !
quem a ha-de levar, sou eu mesmo. » Os ferreiros ficaram muito
admirados e disseram : « Pois entào nos somos doze e nào
podemos com ella, e tu s6 é que a has-de levar ? » Joâo Pelludo
perguntou : « Quanto costou a bengala ?» — « Doze moedas »,
disseram os ferreiros. » — « Pois se eu a nâo levar, perco vinte e
quatro. » Fizeram a aposta, e o Joào Pelludo pegou e metteu o
dedo mendinho debaixo da bengala e voltou-a logo. Depois o
Joâo Pelludo pegou na bengala e foi-se embora. Foi
correr terras. Chegou a beira de um rio, onde estava um
gigante deitado. Pregunta elle ao gigante : « O que estas
tu ahi a fazer ? » Responde-lhe o gigante : « Estou aqui
para passar gente neste rio, porque eu chamo-me rio bom e rio
mau. » Perguntou-lhe o Joào Pelludo : « Entào porque é que tu
te chamas assim? » — « E' porque eu quando quero ponho este
rio bom, e quando quero ponho-o mau. » Diz o Joâo Pelludo :
« Ora, anda d'ahi e vem comigo, que eu pago-te a soldada. »
Chegaram ao cimo de um monte e encontraram outro gigante a
arrancar pinheiros. Arrancava um de cada vez. Preguntou-lhe o
Joâo Pelludo : « Que andas tu ahi a fazer, oh ! gigante ? » Elle
respondeu : « Eu ando aqui a arrancar estes pinheiros. » O Joào
Pelludo agarrou na bengala e arrasou logo o pinhal de uma vez.
Depois disse-lhe : « Agora jâ nào tens que fazer, pega em ti e vem
comigo, que eu pago-te a soldada. » Chegaram a outra montanha,
e andava outro gigante a arrasar as serras dos altos para os
baixos. Donde o Joâo Pelludo pegou na bengala e arrasou logo
uns poucos de montes todos juntos, e disse ao gigante : « Anda
d ahi, vem comigo, que ganhas o mesmo que os outros, e vamos
por ahi adiante. » E foram todos os quatro e chegaram a uma
villa e pediram quartel para dormirem. Uma mulher onde elles
foram bâter, disse que nâo tinha agasalho para Ihe dar, mas que
Ihc dava a chave de uma casa para elles là irem ficar. Mas que la
naquella casa iam la dormir muitos passageiros, mas que nâo
tornavam a apparecer. O Joâo Pelludo respondeu : « Ora, nessa
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I7I
casa me quero ir. » E disse para os companheiros para là îrem
fîcar, e foram todos quatro. Entraram para dentro, e o Joâo Pel-
ludo disse : « Olâ, meus amigos, um ha-de fîcar aqui e os outros
vâo procurar comida. »_0 rio bom foi o que ficou. Elles foram â
comida e demoraram-se até muito tarde. O rio bom estava deitado
e ouviu uma voz dizer : « Eu caio, eu caio. » O gigante ficou
logo muito assustado, e nào respondeu nada. A mesma voz tor-
nou a dizer : « Eu caio. » A' terceira vez que repetiu « Eu caio »,
o gigante disse : « Pois cae, mas nào caias ca por cima de mim »,
e estava todo cheiodemedo. Assim caiu aquellaabentesma, com
a figura de um homem velho, e disse para o gigante : « Levanta-
te d'ahi, que temos de ir jogar um jogo. » E foi buscar uma duzia
de espadas, todas num molho, que reluziam como prata, e uma
sô ferrugenta. Chegou ao pé do gigante e disse-lhe : « Tu quai
queres, jogar com estas doze ou com esta s6 ? » O gigante là
entendeu que as doze tinham mais força que uma s6, e
escolheu as doze. Foram jogar. A espada ferrugenta era de
ferro, e as doze luzidas eram de vidro. O abentesma foi despeda-
çando todas, e depois matou o gigante, e partiu-o aos pedaços e
metteu-o numa bacia, e metteu a bacia dentro de um armario.
Chegaram os outros de fora, nâo viram luz accesa. O Joâo Pel-
ludo começou a chamar por elle très vezes. Como elle nâo respon-
deu, disse para os companheiros : « Querem ver que elle fugiu ?
Pois se o encontro, nâo Ihe deixo senâo as orelhas. » Depois
foram fazer a comida para os très. Na outra noute seguinte, disse
o Joâo Pelludo para os dois companheiros : « Hoje fica um, mas
nâo faça como fez o outro, e nos vamos arranjar a comida. »
Ficou o arranca-pinheiros. A* meia noite ouviu a voz a dizer : « Eu
caio » (o mesmo). O arranca-pinheiros logo â primeira vez Ihe
disse, ainda com medo, mas com menos medo do que o outro :
« Pois cae para ahi ! » (Depois o mesmo até a morte dentro da
bacia.) Chegou-se a terceira noite (o mesmo) ; ficou o arrasa-serras.
Aconteceu o mesmo e morreu. Chegou o Joâo Pelludo â noite e
começou a chamar por elle. Como elle Ihe nâo respondeu, jul-
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172 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
gou que elle rinha fugido como os outros, e ficou desesperado.
Depois foi accender o lume para fazer a comida para elle sô.
Ouviu a mesma voz a dizer : « Eu caio. » Diz elle : « E's tu Rio
bom ? anda là que eu câ te espero. » Ouviu outra vez a voz a
dizer : « Eu caio ». Diz elle : « E's tu Arrancapinheiros} anda là que
eu câ te espero. » Ouviu a voz terceira vez : « Eu caio. » Diz elle
« E's tu Arrasa serras ? anda là que eu câ te espero. » Tornou a
voz : « Eu caio. » Diz elle : « Cae ou nao cae, seu f.... de p....,
olhe que o racho com a bengala. » Caiu entào um braço. A'
segunda vez, caiu outro braço. O Joâo Pelludo disse entào todo
desesperado : « Caepor uma vez, seu f.... de p.... » Caiu o resto,
e fez-se tudo na mesma abentesma com a figura do homem velho.
Ao tempo que caiu a abentesma disse : « Olâ, estas a cozinhar,
levanta-te, que quero ir pelejar contigo. » O Joâo Pelludo
poz-se a assobiar, e nem sequerolhou parao velho. O velho vaee
poz-se-lhe a mijar no lume para Ih'o apagar. O Joâo Pelludo
zangado arrumou-lhe com a bengala, que o espernegou logo. O
velho disse : « Olâ, tu tens assim valentia, pois havemos de jogar
um bocado de espada. Diz o Joâo Pelludo : « Eu nâo preciso de
espada, tenho aqui a minha bengala para jogar com ella. Talvez
fosses tu, que me destes cabo dos meus companheiros. » O
velho disse : « Fui, e faço-te a ti o mesmo se tu nâo te habilitares
a jogar a espada comigo. » O Joâo Pelludo disse : « Pois sim,
vamos là jogar com uma espada. » O velho foi buscar as espadas
para elle escolher. O Pelludo escolheu a ferrugenta. O velho
queria que elle escolhesse as outras, mas o Joâo Pelludo nâo
quiz. Joâo Pelludo foi jogar e venceu o velho que era o demo-
nio. Cortou-lhe uma orelha. Como o demonio nâo podia ir
para o inferno sem a orelha, queria que o Joâo Pelludo Ih'a
désse. Elle disse-lhe : « Dou-t'a, se me apresentares aqui os meus
companheiros. » O demonio, como queria a orelha, foi ao arma-
rio, tirou as bacias, e deu-lhe os companheiros vivos. Depois o
Joâo Pelludo foi-se ao demonio e em logar de Ihe dar a orelha,
cortou-lhe a outra, e metteu-as ambas de duas num bolso. Depois
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I73
o demonio deitou a fugir por um corredor subterraneo, e o Joâo
Pelludo e os companheiros foram sobre elle pelo rasto de sangue
que elle ia deixando. Foram ter a um jardim. No jardim estava
um poço e o rasto de sangue ia a entrar pelo poço dentro. O Joào
Pelludo disse para os companheiros : « Elle esta aqui dentro,
quai de nos é que là ha-de ir primeiro ? » Disse o Rio bom que ia
elle. O Joâo Pelludo metteu-o dentro de um cesto e deu-lhe uma
campainha, para elle tocar quando quizesse vir para cima. O gigante
foi descende, mas eramtantas asbalboretas (borboletas), assalama-
gantase lumi-cùsasaltarem-lhe âcara, que elle atemorizou-se e
veiu para cima de caminho. Logo foi o Arranca-pinheiros, aconte-
ceu-lhe o mesmo. Foi sô mais abaixo uma braça. O Arrasa-
serras foi, chegou ao fundo do poço, mas viu tamanha escuridào
que voltou para cima com toda a pressa. Foi entào o Joâo Pel-
ludo. Elle disse : « Agora vou eu ; quanto mais eu for tocando a
campainha, quanto mais vâo arriando, que eu quando chegar ao
fundo do poço, calo a campainha, e d'aqui a pouco, quando eu
tornar a tocar, puchai-me para cima. » Metteu-se dentro do cesto,
e mais a bengala. Elle ia tocando sempre. Chegou ao fundo e encon-
trou umas minas, e foi indo sempre por ali f6ra atraz do rasto de
sangue. Chegou ao fim, e viu uma sala, e uma princeza muito
linda assentada num trono. Diz-lhe o Joâo Pelludo : « Que
fazeis aqui ? Visteis aqui passar um velho que eu procuro? » Diz
ella : « Nâo, mas passou agora um redemoinho de vento e talvez
fosse com elle. Ide-vos embora, que eu estou aqui encantada. »
— « Quem é o vosso encanto ? » perguntou o Joâo Pelludo ?
Ella respondeu : « E' o leâo deouro. Tem força de quatro caval-
los; ide-vos embora, senâo elle dobra-me o meu encanto e
encanta-vos tambem. » O Joâo Pelludo deu com a bengala no
leâo d'ouro, que elle partiu-se em dois, e a princeza ficou logo
desencantada. Joâo Pelludo pegou nella e veiu mettê-la no cesto,
e tocou a campainha. A princeza deu-lhe um anel muito rico
com o nome d'ella e do rei da Asia. Joâo Pelludo disse-lhe que
espérasse la em cima do poço, e que botassem depois o cesto.
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174 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
Assim que ella chegou acima, o Rio bom queria logo fugir com
ella, mas ella nâo quiz e disse que nâo se ia embora, sem virem
tambem as outras duas princezas que ainda estavam encantadas.
O Joâo Pelludo foi por outra mina, e ao fundo viu outro jardim.
No jardim estava assentada uma princeza. Elle perguntou se ella
tinha visto passar o velho. Ella disse que sô tinha sentido um
redemoinho de vento. Elle perguntou-lhe o que fazia ella ali. Ella
respondeu que estava encantada numa aguia. Joào Pelludo per-
guntou se nâo se podia matar a aguia. Ella disse que sim. « Quem
colher uma setta de diamantes e apontar com ella ao sol,
aaguiavem, pousa-se nella e alli morre. » A princeza tinha a setta,
deu-a ao Joào Pelludo; elle amarrou-a na bengala, apontou com
ella ao sol; veiu logo a aguia, pousou na setta, e ficou atordoada,
e o Joào Pelludo com a bengala acabou de a matar. A princeza
ficou logo desencantada. Elle pegou nella e foi leva-la ao cesto.
Ella deu-lhe um lenço bordado a ouro, com dois coraçôes de ouro
no meio, com o nome do rei da Austria. Tocou a campainha e
elles guindaram-na para cima. Chegou a cima e o Arranca-
pinheiros qucrm tambem fugir com ella. Ella disse que nào ia sem
vir a terceira, que ainda la estava. O Joào Pelludo foi seguindo
por outra mina e foi a uma sala, toda de ouro aonde estava uma
outra princeza, muito triste, por as duas companheiras estarem
desencantadas e ella nào, por o seu encanto ser muito bravo. Joào
Pelludo Ihe perguntou quem era o encanto d'ella. A princeza
respondeu que era uma bicha de sete cabeças, que dava berros
debaixo do chào que se ouviam a umas poucas de legoas . Joào
Pelludo dissèque a havia de desencantar, e esperou pela bicha. A
bicha veiu, e elle com a bengala matou-a. Depois foi leva-la ao
cesto. Ella deu-lhe um lenço com quatro coraçôes de ouro, um em
cada ponta. Tocou a campainha, e ella foi para cima. Os très que
estavam em cima queriam fugir, mas as très nào quizeram sem vir
a quarta que faltava. Joào Pelludo foi por outra mina fora. Foi dar a
um jardim, com um gradeamento de bronze em volta, dentro do gra-
deamento estava um chafariz, dentro do chafariz estava um nicho,e
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I75
dentro do nicho estava uma princeza mettida. Joâo Pelludo queria vêr
se la estava dentro, mas nâo poude por o gradeamento ser muito
altoe todo de bronze. A princeza disse-lhe que se fosse tmbora,
que vinha ali o encanto délia que o matava. Elle preguntou quem
erao encanto. Ella disse que erao diabo do inferno. Joâo Pelludo
disse : « Oh ! oh ! oh ! atraz desse filho de puta ando eu ha bas-
tante tempo. » No mesmo instante appareceu o demonio. O Joào
Pelludo tirou as orelhas da algibeira, e trincou-lh'as. O demonio
disse logo : « Que queres tu, homem ? » Joào Pelludo disse :
« Quero esta princeza la fora jâ ao pé das outras. » O demonio
disse : « Isso nào faço eu, s6 se tu me deres as minhas orelhas. »
Joào Pelludo disse : « Bem, mas ha-de ser depois de ella la estar
em cima. » Joâo Pelludo disse-lhe que se elle nâo pozesse la a
princeza, que o moia com a bengala. O demonio nâo quiz, mas o
Joâo Pelludo foi-se a elle e deu-lhe uma pancada com a bengala.
Ao tempo que elle Ihe deu, a princeza ficou desencantada, e foi a
correr pela mina adiante até ao fundo do poço. Joâo Pelludo met-
teu-a no cesto, e ella foi-se. Esta princeza nào deu prenda nenhuma
ao Joâo Pelludo. Chegaram a cima, e deitaram o cesto. Elle
em baixo pegou na bengala dentro do cesto. Elles foram puchando
o cesto até meio, e depois deixaram-no cair julgando que era o
Joào Pelludo. Depois pegaram nas princezas, e foram-se embora.
Joào Pelludo ficou sô no fundo do poço. Andou a vêr tudo, e
depois quando jâ estava farto de andar, de enraivecido metteu a
mâo na algibeira e trincou as duas orelhas do demonio. Appare-
ceu-lhe logo o demonio, e perguntou-lhe : « O que queres tu ? »
— « Quero que me ponhas la fora d'esta mina. » — « Sim, se me
dis as minhas orelhas », disse o demonio. Joâo Pelludo disse :
« Dou. » O demonio disse : « Mas nào te levo a bengala. »
Joào Pelludo disse : « Pois a bengala é que tu là has-de
ir pôr primeiro. » O demonio levou-lhe entào a bengala
e depois veiu busca-lo a elle. Quando chegou a cima, nào encon-
trou jâ os companheiros nem as princezas. Joào Pelludo disse
para o demonio : « Se me pôes agora onde estâo os meus compa-
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176 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
nheiros, dou-te as orelhas. » O demonio foi po-lo ao pé dos
companheiros. » Mas o Rio bom jâ tinha passado para o outro
lado, e depois fez o rio bravo. O demonio passou-o, mas elles jâ
tinham fugido para o reino da primeira princeza. O Joâo Pellado
nâo Ihe deu as orelhas ao demonio. Depois o Joâo Pelludo foi para
a capital da Asia, e hospedou-se la numa estallagem. O Rio bom
estava casado com a primeira princeza. O Arranca-pinheiros foi
para a capital da Austria e casou com a segunda. O da terceira foi
para a Africa, e casou com a terceira, e a solteira foram-na pôr na
India. Depois o Joâo Pelludo vestiu-se de cavalleiro e foi passear
pela capital da Asia, levando o anel que a princeza Ihe tinha dado
no dedo. Estava ella a janella quando elle passou. Ella deu fé, e
disse para o rei : « Oh ! meu pai, que vae ali o gigante que me
desencantou. » O rei mandou logo um camarista chama-lo. Mas
elle no entretanto fiigiu para a estallagem. No segundo dia, trin-
cou de novo a orelha ao demonio e elle apresentou-lhe outro
cavallo e outro fato de outra qualidade. Passou e aconteceu-lhe o
mesmo. Ao terceiro dia, tornou a passar. O rei poz sentinellas
pela rua, e disse-lhes que quando passasse aquelle cavalleiro, que
o fossem acompanhar para vêr aonde se recolhia. Elle passou;
foram as sentinellas atraz d elle, e foram dar com elle a estalla-
gem. Elle apresentou-se e o camarista disse-lhe que estava ali da
parte de Sua Magestade, para o levar a palacio, que Ihe queria dar
uma pensào, por elle ter desencantado a princeza. Elle disse que
fossem adiante, porque elle la ia ter. Quando o camarista se foi,
Joâo Pelludo trincou a orelha do diabo, e elle appareceu-lhe logo,
e Joâo Pelludo pediu-lhe um cavallo mais rico que o do rei.
Apresentou-se la, e foi fallar ao rei. O cavallo era o demonio
mesmo. O rei perguntou-lhe quem elle era. Elle disse que era um
guerreiro. O rei perguntou-lhe se tinha sido elle que tinha
desencantado a filha. A princeza que estava a ouvir, disse logo
para o rei que era e agarrou-se a elle. Joâo Pelludo disse â prin-
ceza que fosse para o pé. O marido da primeira princeza foi casar
com a quarta que estava solteira. Depois o Joâo Pelludo encon-
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I77
trou a segunda, ella reconheceu-o, e elle mandou metter o
marido dentro de uma torre. Depois encontrou a terceira, ella
reconheceu-o, o marido foi posto noutra torre. Neste comenos
o primeiro que estava casado com a solteira, desafiou o Joâo
Pelludo, e elle ia para se bâter com elle. Mas o diabo para se vin-
gar do Joâo Pelludo, deu-lhe armas de fogo, que foi quando
foram inventadas, e elle matou o Joâo Pelludo.
(Oporto)
27. o SENHOR DA CRUZ.
Era uma vez uma mulher casada e era muito pobre e tinha um
irmâo muito rico. A mulher era casada, e um dia foi a um monte
onde estava uma capella do senhor da Cruz, e disse-lhe que fosse
elle jantar com ella no dia seguinte, que ella tinha uma gallinha
morta e preparada. O senhor disse-lhe que sim. A mulher foi
para casa e no outro dia arranjou tudo. Logo pela manhâ appa-
receu-lheum pobre dizendo-lhe que tinha muita fome. A mulher
teve muita pena, e deu-lhe a moella. D'ahi a bocado tornou a vir
outro pobre com muita fome e pediu-lhe alguma cousa de comer.
A mulher com muita pena de encetar a gallinha que era para o
senhor da Cruz, deu-lhe o figado. D ahi a bocado veiu outro pobre
com muita fome e pediu que comer. A mulher nào tendojâ mais
que dar, deu-lhe o coraçâo. Depois poz-se a espéra do senhor da
Cruz, mas elle nâo veiu. No outro dia a mulher foi muito triste
â capella e disse-lhe : « Meu senhor da Cruz, tu tinhas-me pro-
mettidoque vinhas jantar comigo; eu tinha a gallinha prompta
e tu nâo viestes ! » O senhor respondeu-lhe : « Nào fui, mas
mandei. Vai para casa : vai â arca, que a has-de achar cheia de
trigo ; vai ao forno, queo has-de achar cheio de broa; e vai â tua
boisa, que là has-de achar dinheiro, e nunca te ha-de faltar. » A
mulher foi muito contente para casa, contou tudo ao marido, e
achou o que o senhor da Cruz Ihe tinha dito. D'ahi por diante a
mulher tinha tudo o que précisa va, e jd estava muito rica. O
irmâo rico perguntou-lhe um dia muito admirado como é que
ella sendo tâo pobre, estava agora tâo rica. A mulher contou-lhe
Rrtmê hispanique, xiv. 12
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lyS CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
tudo. O irmào disse : « Bem, como o senhor da Cruz te fez isso
por tu o teres convidado para ir corner uma gallinha, o que nao
me farâ a mim, que o vou convidar para corner uma vitella ! »
E foi, matou a vitella e andou-se a convidar o senhor da Cruz
para no outra dia ir jantar com elle. O senhor disse que sim. O
homem veiu para casa, preparou a vitella e poz-se â espéra.
Appareceu-lhe um pobre com muita fome a pedir-lhe alguma
cousa. O homem muito zangado mandou-o pôr fora de casa,
que nào partia a vitella, que estava guardada para o senhor da
Cruz. Veiu segundo, o mesmo. Terceiro, o mesmo. Esperou
pelo senhor depois, mas elle nao veiu. No outro dia o homem
foi â capella e disse-lhe : « Meu senhor da Cruz, entào tinheis-me
dito que irieis a minha casa comer a vitella, e eu tinha-a prepa-
rada e v6s nâo fosteis ! » O senhor muito zangado respondeu :
« Nào fui, mas mandei ; e quando tu nào attendestes os que iam
em meu nome, que me farias a mim ! » O homem foi-se muito
triste para casa, e d'ahi por diante começou a fortuna a andar-lhe
para traz, a ponto que veiu a ser pobre.
(Maria Canastreira. Oliveira de Azemeis.)
28. o FERREIRO DA MALDIÇÂO
Era uma vez um ferreiro, casado e tinha muitos filhos. Vivia
muito pobre, e chamavam-lhe 0 ferreiro da maldiçào, que quando
tinha ferro nào tinha carvào, E assim era. Quando tinha ferro,
faltava-lhe o carvào, e quando tinha carvào faltava-lhe o ferro,
de modo que nunca podia trabalhar, e os filhos quasi que jâ nào
tinham que comer, morriam de fôme. Um dia estava elle muito
desesperado e saiu pela porta fora e foi por um bosque a vêr se
pedia uma esmola a alguem que encontrasse. Nào viu ninguem,
mas quando jâ se vinha embora, encontrou um cavalleiro muito
ricamente vestido. O cavalleiro mal o viu, dirigiu-se para elle e
preguntou-lhe o que é que elle queria. O ferreiro da maldiçào
contou-lhe a sua historia, e pediu se elle Ihe dava alguma cousa,
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I79
porque tinha os filhos quasi a morrer de fôme. O cavalleiro, que
era o diabo, disse-lhe que Ihe dava tudo quanto elle quizesse, mas
que em troca elle havia de Ihe deixar tirar très gotas de sangue do
dedo mendinho da mâo direita, e que depois em qualquer
occasiao que elle o mandasse chamar que fosse, estivesse aonde
estivesse. O ferreiro da maldiçao disse que sim, deixou tirar as
très gotas de sangue do dedo mendinho, e foi-se embora. Mal
chegou a casa, contou tudo a mulher. A mulher, que conheceu
que era o diabo, fîcou muito afflicta e disse para o marido : « Ai !
homem, que te perdestes ! » O ferreiro respondeu-lhe : « Tenho
fé, que me hei-de salvar. » D'ahi por diante, nunca mais Ihe tor-
nou a faltar nada. Tinha sempre muito ferro e carvâo e jâ ganhava
muito dinh'eiro para os filhos. Um dia que elle estava na forja,
chegou-se um homem ao pé d elle, e disse-lhe que o cavalleiro
que um dia o tinha encontrado no bosque e que Ihe tinha pedido
très gotas de sangue do dedo mendinho da mâo direita,
o mandava chamar. O ferreiro da maldiçao começou a
malhar no ferro com muita força e disse para o homem :
« Vocemecê bem vê o que eu tenho que fazer; nào
tenho tempo de ir a seu amo. » E começou a salpica-lo com
o ferro em braza. O homem tornou outra vez, mas o ferreiro nao
Ihe respondia outra cousa, e elle teve que se ir embora. Voltou a
ter com o demonio e contou-lhe. O demonio mandou-lhe outro
mensageiro, mas aconteceu-lhe o mesmo. Por fini foi o demonio,
e aconteceu-lhe o mesmo, ficando todo queimado com o ferro
em braza, e sem poder tentar o ferreiro. Por fim o ferreiro da
maldiçao morreu. Foi ter as portas do Ceu. Estava là Sào Pedro,
e quando elle bateu, preguntou-lhe quem era. Elle responde : « O
ferreiro da maldiçao. » Sào Pedro disse-lhe : « Mais abaixo. »
Foi ao purgatorio, bateu, e disseram-lhe : « Mais abaixo. » Foi ao
inferno. Bateu, preguntaram-lhe quem era, e elle respondeu :
« Ferreiro da maldiçao. » O demonio, mal ouviu este nome,
gritou-lhe : « Fora d'aqui », e fechou-lhe a porta. Tornou o
ferreiro para o Ceu. Bateu â porta. Sào Pedro preguntou-lhe
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l80 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
quem era, e elle disse : « O ferreiro da maldiçào, que nem no
inferno o querem. » Sao Pedro abriu-lhe entao as portas e o
Senhor disse-lhe : « Entra, que o teu logar jâ aqui estava guardado,
porque nunca elle falta aos que sabem ter fé para salvar-se. »
(Maria Canastreira. Olivbira de âzemeis.)
29. PEDRO MALASARES
Variante da Foz do conto do Joào Pelludo. É uma luz que
desce pela chaminé abaixo e que vem desmanchar a ceia a cada
um dos companheiros, até que chega a vez de Pedro Malasares
que vê a luz, corta-a com a espada, e corta a orelha do diabo, etc.
30. LENDA DO ALICORNO.
Era uma vez dois frades e iam por um caminho, e encon-
traram um alicorno (gigante sô com um olho na testa) a pastar
umas ovelhas no monte. O alicorno mal os viu disse-lhes : « Ora
adonde vâo vocês, que os lobos comem-nos, venham comigo
para a minha casa. » Elles foram, e logo alli se abriu no monte
uma porta por encanto por onde as ovelhas e o alicorno e os
dois frades entraram. O alicorno quando os viu la dentro, accen-
deu o lume e matou um dos frades e comeu-o. Depois o alicorno
poz-se a dormir. O outro frade escondeu-se, e quando o viu a
dormir, ia para o matar, mas depois considerou que a cova nâo
se podia abrir sem o alicorno fazer o encanto, e elle nao podia
sair. Foi entao, poz um espeto no lume, e quando estava em
braza passou-lhe o olho e cegou-o. O alicorno depois ao outro
dia quando quiz deitar as ovelhas para o pasto, atravessou-se
na porta e para o frade nâo escapar ia apalpando as ovelhas
e dizendo a cada uma que passava : « Passa tu, que tens
la. » O frade quando viu isto pegou numa faca, abriu uma
ovelha, e metteu-se dentro da pelle, e o alicorno apalpou-o e
disse : « Passa tu, que tens la. » Elle mal se viu fora disse :
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES l8l
« Tambem passei eu, que nâo tenho la. » O alicorno chamou
entâo por um cao muito grande que teve, e o frade teve que
fugir para cima de uma arvore, senâo o cao matava-o.
(Orense. José Boon y Gonçalvez.)
31. ALBERTO DO DIABO.
Um rei tinha muita pena de nâo ter filhos. Disse um dia i
criada, uma noite que Ihe fizesse a cama, que por arte de Deus
ou do Diabo havia de ter um fîlho. Ao fim de nove mezes a rainha
teve um filho. Para elle nascer estiveram a chover très dias.
Quando nasceu parou a chuva. Quando tinha cinco annos jd fazia
diabruras. Matou depois dois mestres, e ao depois ninguem o que-
ria ensinar. Elle foi com outros sete rapazes fazer uma casa nu m
monte. O rei morreu de pesar. Elle com os companheiros rouba-
ram e mataram. Depois um dia matou os companheiros todos.
O pai quando ainda era vivo, mandou muitos soldados para os
prender. Elle cegava os soldados e mandava-os cegos para o pai.
Foi entâo que o pai morreu de pesar. Veiu depois para casa. Mas
a mai com medo fechou a porta. Depois elle pediu a bençoa à mai,
porque queria ir para Roma confessar-se. Foi ter com o Santo
Padre para elle o confessar. O Padre Santo mandou-o para um
abbade. Elle confessou-o e disse-lhe que em seis mezes nâo havia
de fallar e que nâo havia de comer senâo aquillo que tirasse da
bocca a um câo. Foi caminhando e foi dar a casa de um rei que
estava jantando. Preguntaram-lhe quem era, mas elle nao disse
nada. Deram-lhe de comer, mas elle nâo quiz nada. Depois atira-
ram um osso a um câo, e elle entâo apanhou-o e começou a
comer da bocca do câo. O rei tinha uma filha muda, mas assim
mesmo como era, havia um rei turco que queria que elle Ihe désse
a filha. O rei christâo tinha muito medo, mas nâo teve remedio
senâo ir ao campo batalhar com o turco. O Alberto quando viu isto,
pediu um cavallo e uma lança. Logo alli Ihe appareceu tudo.
Foi como um raio, e foi degoUando os turcos. Depois quando
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l82 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
acabou, fiigiu, e voltava para casa, e na casca de uma noz recolhia
o cavallo, a lança e tudo, e depois ia deitar-se com o cao. O rei
christao quando chegou a casa, nào fazia senào dizer que queria
saber quem era. A filha sabia quem era, mas como era muda,
nâo podia dizer nada. Houve très batalhas e nas très aconteceu o
mesmo. A' terceiraum officiai feriu o Alberto n'uma pema, que Ihe
fez deitar sangue. Elle fugiu. Mas o rei deitou um bando para que
quando os medicos fossem curar alguem que estivesse ferido, que
se fosse solteiro que havia de casar com sua filha. O rei turco
quando ouviu dizer isto, fingiu-se ferido. E o rei como acreditou
ia para Ihe dar a filha e o rei turco jâ ia para casar. Mas nesta occa-
siâo a filha do rei veiu-lhe a fallar e neste momento o Alberto do
Diabo tornou a pedir a Deus o cavallo e a lança e veiu e derrotou
o rei turco. Entao a filha disse ao rei que aquelle era quem tinha
salvado o rei nas très batalhas. Casou entâo a filha do rei com o
Alberto do Diabo, e no fim de très mezes morreram ambos na
graça de Deus.
32. o CORDÂO DE OURO
Uma mulher pobre tinha très filhas. Defronte morava uma
vizinha que era fada. A vizinha um dia mandou chamar a mais
velha das meninas para Ihe ir ajudar a coser, pois tinha muito
trabalho. A menina foi. Chegou là e a fada (ella nâo sabia que a
mulher era fada) nào Ihe deu nada ao almoço. Ella ficou muito
zangada. Ao jantar deu-lhe um bocado de pâo do tamanho de
uma avelâ. A fada ao mesmo tempo preparou um grande jantar
que mandou para a mai e as outras duas irmàs. A mais velha â
noite foi para casa muito desesperada, e disse que nâo voltava a
casa da vizinha para a ajudar, porque ella tinha-a morto de fôme.
A fada que tinha vindo escutar, disse consigo : « Esta jâ me nâo
serve. » No outro dia convidou a outra filha da mulher, a do
meio. Esta foi e aconteceu-lhe o mesmo, pois â noite disse
quando a mai Ihe perguntou se a vizinha a tinha tratado bem.
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 183
que esta a tinha matado â fome. A fada que estava a escutar
disse consigo : « Esta jâ me nào serve. » Ao outro dia mandou
convidar a irmà mais nova. Esta foi, aconteceu-lhe o mesmo. A
vizinha ao almoço nao Ihe deu nada. Ao jantar deu-lhe um bocado
de pâo do tamanho de uma castanha. E mandou para a mai e
para as duas irmàs um bello jantar. Mas a menina quando che-
gou â noite a casa, e que Ihe fizeram a pregunta do costume, ape-
sar de estar com muita fôme, disse que a vizinha a tinha tratado
muito bem, mas ia comendo sempre. A fada que estava a esprei-
tar, disse consigo : « Esta é que me serve. » No outro dia man-
dou-a outra vez convidar, e deu-lhe jâ muito de comer, e como
ella mostrasse desejos de la ficar, ella disse que se pozesse â
meia noite â janella com Uina bacia de agoa, que havia de passar
um phantasma, e que Ihe atirasse com a agoa dizendo : « Por
debaixo de toda a folha vais », e que de madrugada o phantasma
havia de tornar a passar, e Ihe fizesse o mesmo. A menina assim
fez, e o phantasma nunca mais tornou a passar. Como a mai
quizesse que a menina voltasse para casa, a fada disse-lhe :
« Toma la muita riqueza. Mas quando tu estiveres com tua mai e
com tuas irmàs, ellas gastam-te tudo e tu ficas sem nada. Por
isso toma la este cordâo de ouro. Quando te vires n'alguma neces-
sidade, vae vende-lo que nào te ha-de faltar nada. » Assim foi. A
menina foi para casa, mas a mai e as irmàs gastaram-lhe tudo, e
ellas ficaram muito pobres. E passa vam muitas necessidades. A
menina lembrou-se entâo do que Ihe tinha dito a fada, e deu â
mai a caixa onde estava o cordào, que era muito fino, como um
cabello. A mai muito desconsolada por o cordào ser tào fino e
por isso valer tào pouco, foi a um ourives para o vender. Mas
quai nào foi o seu espanto, quando viu que por mais que o ouri-
ves pozesse pesos na balança, sempre o cordào pesava mais. O
ourives nào sabia o que havia de fazer, e disse â mulher que
fosse aos outros ourives. A mulher foi e aconteceu a mesma
cousa. Isto deu tanto que fallar, que chegou aos ouvidos do rei
que mandou chamar a mulher para Ihe comprar o cordào. A
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184 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
mulher foi e o rei mandou vir uma balança e começou a deitar
as joias que trazia para dentro. Mas o cordâo sempre pesava mais.
O rei muito admirado deitou na balança todos os seus diamantes,
a corôa e o sceptro, mas sempre o cordâo pesava mais. Até que
finalmente pôz-se elle na balança. Pesava exactamente o mesmo
que o cordâo. Cada vez mais admirado, pediu a mulher que Ihe
contasse a historia d'aquelle cordâo. Ella contou-lhe tudo. O rei
entâo mandou vir a menina. Ella veiu, poz-se na balança e
pesava tambem tanto como o cordâo. O rei entâo disse-lhe que
visto ella pesar tanto como 0 cordâo e elle tambem, pesavam
ambcs o mesmo, e entâo que casava com ella. E assim foi.
(D* Maria das Historias.)
33. AS LUZES
Era uma vez um pai com très filhos. O mais velho foi correr
mundo para achar fortuna. Foi andando, foi andando, e là pela
noite adiante levantou-se um grande temporal. Elle abrigou-se
debaixo de um alpendre por causa da chuva. Quando estava
recolhido viu vir uma luzinha là ao longe. Depois chegou ao pé
d'elle e tornou a ir-se embora. D'ahi a bocado fez o mesmo, e
ainda outra vez e outra. O rapaz disse consigo : « Aquella luz
parece que me esta a chamar. Vamos la. » E foi. Andou, andou,
e a luz sempre adiante até que chegou a um palacio muito lindo.
A luz entrou e elle entrou tambem. Depois a luz foi pôr-se em
cima de uma mesa onde estava tudo quanto era bom. O rapaz
comeu porque estava com muita fome. Depois a luz poz-se a
andar até que chegaram a um quarto. O rapaz deitou-se e ao
outro dia tinha a cabeceira um fato novo e muito rico em logar
do que elle tinha trazido, que estava todo molhado. Assim viveu
o rapaz um anno. Comia, bebia, nâo Ihe faltava nada, mas nâo
via ninguem, nem ouvia nada. No fim de esse anno o irmâo
segundo disse para o pai que tambem queria ir correr mundo e
procuraroseu irmâo. Foi e aconteceu-lhe exactamente o mesmo.
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 185
e ficou no palacio com o irmao. Ao fim de outro anno o irmâo
mais novo foi tambem. Aconteceu-lhe o mesmo e ficou no pala-
cio. Mas depois de lâestar uns poucos de dias, disse aos irmàos
que ellehaviadedescobrir omysteriod'aquelle palacio. Começou
a procurar tudo, e encontrou numa casa uma chave de prata.
Entrou a vêr onde ella servia e abriu uma porta e viu dentro de
uma casa très meninas muito lindas, que mal o viram Ihe disse-
ram : « Ai de nos, que nos dobrastes o encanto. » Depois disse-
ram-lhe que chamasse elle os outros dois irmàos. Quando elles
vieram a mais velha deu ao mais velho d'elles uma boisa dizendo-
Ihe que quanto mais dinheiro tirasse d'ella, mais ella havia de
ter. A outra deu ao do meio uma toalha, dizendo-lhe que cada
vez que a estendesse, ella se havia de cobrir de tudo quanto era
bom. Finalmente a mais nova deu ao mais novo dos irmàos um
espelho, dizendo-lhe que quanto mais a elle se visse, mais bonito
havia de ficar. Os très irmàos foram-se entao embora do palacio e
como tinham tudo quanto queriam, compraram um lindo palacio.
Defronte, morava uma princeza que começou a espreitar, e viu
o irmao mais velho tirar dinheiro sempre da boisa sem ella ficar
vazia, o segundo pôr a toalha e ella logo encher-se de comida, e
o ultimo ficar cada vez mais bonito quanto mais olhava para o
espelho. Fingiu-se apaixonada pelo mais novo, para vêr se Ihe
podia furtar aquellas cousas. Assim foi : o mais novo acreditou,
e a princeza tanto Ihe pediu que elle, uma occasiâo que os
irmàos estavam a dormir, tirou-lhes a boisa e a toalha e junta-
mente com o espelho deu tudo a princeza. Ella mal que se
apanhou com as très cousas nunca mais se importou saber com
o rapaz. Os irmàos quando acordaram e que nào encontraram a
boisa nem a toalha, começaram a dizer mal d sua vida. O mais
novo entao contou-lhes tudo e pediu-lhes que Ihe perdoassem.
Como jâ nào tivessem com que haver dinheiro nem comer, fica-
ram muito pobres e tiveram que ir correr mundo cada um pelo
seu lado. la o mais novo muito triste quando Ihe appareceu uma
velha a perguntar-lhe o que elle tinha. Elle contou-lhe tudo.
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l86 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
Ella entao deu-lhe um cesto de figos, e disse-lhe que se fosse
disfarçar e mudar de fato, e depois que fosse para defronte do
palacio da princeza apregoar figos, que a princeza os havia de
comprar, porque naquella estaçào nào os havia. O rapaz assim
fez. A princeza comprou os figos e quiz corner um. Mas apenas
ella tinha comido, que logo começaram a nascer-lhe cornos por
todo o corpo, que num momento ficou coberta d'elles. A princeza
ficou muito afflicta e mandou logo chamar os medicos da côrte,
mas por mais que fizessem nào foram capazes de Ihe arrancar os
cornos. O rei muito triste e sem saber o que havia de fazer â sua
vida, mandou deitar um bando em que promettia a princeza em
casamento a quem fosse capaz de a curar. A velha appareceu
entâo ao rapaz e deu-lhe outro cabaz de figos e disse-lhe que
fosse a palacio e que se disfarçasse em medico, e que depois
expremesse o leite de cada figo em cima de cada corno, que logo
Ihe caiam. O rapaz assim fez. Chegou ao palacio, pediu para
fallar ao rei e disse-lhe que vinha para curar a princeza, mas que
o haviam de fechar no quarto com ella, e que por mais que ella
gritasse que nâo Ihe abrissem, que era o remedio que esta va a
fazer effeito. Assim foi. O rapaz expremeu-lhe o leite de um figo
e caiu-lhe logo um corno. O rapaz entâo disse-lhe quem era,
e que se ella quizesse que elle Ihe tirasse os outros, Ihe havia de
dar a boisa, a toalha e o espelho. A princeza nâo teve outro reme-
dio e deu-lhe as très cousas. O rapaz entâo pegou numa chibata
que levava e deu-lhe tanto que a deixou como morta. O rei
ouvia a princeza gritar muito, mas como se lembrava da recom-
mendaçâo do medico, julgava que era o remedio a fazer effeito.
A final o rapaz foi-se embora muito satisfeito, encontrou os
irmâos a quem deu a boisa e a toalha, e depois foram ao palacio
encantado buscar as très meninas, com as quaes casaram.
(D* Maria das Historias.)
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 187
34. O RAPAZ DAS BOTAS DE SETE LEGOAS
Era uma vez um rapaz e tinha cinco irmâos. O pai como nâo
rinha quelhe dar de corner, intentou deixa-los no monte e levou-
os para o monte e deu-lhe tremoços para elles irem a comer,
que era para os intentar e para elles là ficarem. O mais novo foi
comendo os tremoços e deitando as cascas pelo caminho. Pela
manhâ o pai foi com elles, encheu as cordas de lenha e deixou-
os ficar; maso mais novo como tinha deixado ficar as cascas, foi
indo pelo caminho e foi dar a casa. O pai admirou-se muito de
elles encontrarem o caminho. Conversou com a mulher para os
tornar a deixar no monte. E deu-lhe milho crû. Os outros irmâos
comeram-no, mas o mais novo foi-o deixando pelo camiiïho.
Vieram depois os passarinhos e comeram-no. Quando os meni-
nos viram que o pai os tinha deixado sôs no monte, e queriam
vir para casa, nao atinaram com o caminho. Foram andando,
andando, até que foram dar a casa de um lobishomem, onde
estava a mulher com cinco filhas do mesmo lobishomem. Os
meninos pediram agasalho â mulher sem saberem aonde esta-
vam. A mulher la os agasalhou com as filhas. D'ahi a pouco
chegou o lobishomem, donde disse para a mulher : « Mulher '
cheira-me aqui a carne fresca. » A mulher disse : « Calla-te,
homem, que temos ali cinco rapazinhos deitados com nossas
filhas, coitadinhos, nao Ihe faças mal ! » O lobishomem disse-lhe :
« Tira-me a ceia. » Depois ceiou e foi-os vêr, donde os achou
muiio lustridos de gordos, e elles estavam dormindo. Disse elle
para a mulher : « Eu vou chamar os meus companheiros. » Em
quanto elle foi chamar os outros lobishomens, o mais novo que
estava a fingir que dormia, tirou os tapiços que elle e os irmâos
tinham na cabeça e pô-los na cabeça das filhas do lobishomem.
O lobishomem chegou de fora d ahi a pouco, de convidar os
companheiros para comerem os meninos, e foi ter com elles â
cama para os matarem. Como elles tinham tirado os tapiços, elle
nâo os conheceu, e pensando que matava os meninos matou as
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l88 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
filhas. Nisto estavam os meninos debaixo da cama e fugiram.
Neste comenos o lobishomem foi préparât as caldeiras para os
cozer, mas quando os foi procurât nào os encontrou e viu as
filhas mortas. O lobishomem calçou umas botas de cada passada
que davam eram sete legoas. Os meninos estavam mettidos
numas brechas (pedras). O lobishomem poisou em cima das
pedreiras, e os meninos estavam dormindo, mas o mais novo
estava acordado. Depois o lobishomem ia enfadado (cansado) e
pegou a dormir; o menino foi e tirou-lhe as botas, e chamou
pelos irmàos emandou-os fugir d'ali muitodepressa, e em quanto
o lobishomem estava dormindo, trataram elles de fugir e o mais
novo vestiu as botas das sete legoas. O lobishomem acordou, e
o que procurava eram as botas, e como as nao achava, nào podia
andar. O menino foi com as botas ter ao palacio de um rei, con-
tando-lhe que havia ali um lobishomem n'aquella serra. Donde
o rei mandou fazer um cêrco âquelle sitio. Depois o menino
disse ao rei que com aquellas botas era capaz de ir fezer um recado
em que fosse ao inferno, e o rei ficou-lhe chamando o correio do
inferno. O rei disse-lhe que Ihe havia de ir buscar ao inferno
um anel, que o diabo trazia entre o coiro e a pelle. O rapaz foi
nas botas e chegou ao inferno. Passou uma serra de carvào, e
depois encontrou uns portôes, adonde viu uma sentinella, donde
Ihe preguntou que portôes eram aquelles. Respondeu-lhe a
sentinella que eram os portôes do inferno. Elle disse : « Homem!
isto mesmo é que eu pretendia de encontrar, que tenho de câ
vir buscar um anel que o diabo traz entre o coiro e a pelle. »
A sentinella guiou-o pelo inferno dentro. O rapaz encontrou
depois uma velha, e disse-lhe : a Velha, eu venho aqui para bus-
car um anel que o diabo traz entre o coiro e a pelle. » A velha
era a mai do diabo, e disse-lhe : « Pois, calla-te, que eu te vou
arranjar isso, mas has-de là sair para fora para a serra do carvào. »
O rapaz saiu, mas disse â velha que Ihe désse resposta no espaço
de très dias. Elle foi-se depois embora, e a mai do diabo foi
catar o filho; depois com a maniça de um fuso, metteu-lh'a
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 189
entre o coiro e a pelle e tirou-lhe o anel sem o demonio sentir.
Depois entregou-o ao rapaz, que foi leva-lo ao rei. Depois o
menino pediu ao rei se Ihe dava posses para saber aonde
paravam seus irmàos. O rei preguntou-lhe donde elle era.
O rapaz como saiu de casa do pai em pequeno nâo sabia
dizer de donde era. O rei entâo o mandou outra vez para
a serra aonde andava o lobishomem. O rapaz disse que nao que-
ria ir, porque andavam la os lobishomens e comiam-no. O rei
disse-lhe que nâo tinha duvida porque se visse algum, que se
pozesse nas botas das sete legoas. O rapaz foi-se pôr em cima das
brechas onde tinha roubado as botas ao lobishomem. Dormiu
ali aquella noite, e pela manhà assim que deu com os olhos no
sol, virou-se para o nascente e deu uma passada nas botas e
encontrou a casa do pai. O pai tinha morrido, e elleviu s6 os
irmàos. Preguntaram elles onde é que elle tinha ficado. Elle disse
que tinha ficado na brecha a tirar as botas ao lobishomem. O
rapaz entao preguntou aos irmàos como tinham elles vindo a
casa direitos. Elles responderam que inda ha très dias é que ti-
nham feito chegada â casa, que tinham corrido montes e valles,
etc. e jâ nâo tinham visto nem pai nem mai. O rapaz contou-lhe
por onde tinha andado, e que Ihe chamavam o correio do inferno.
Depois os quatro irmàos foram fazer-se carvoeiros para a serra,
e o mais novo foi outra vez para o palacio do rei, onde ficou.
(Antonio José d'Oliveira, ex-coveiro de S. Christovào de
Mafamude, e hoje mendigo, natural de Villa da Feira, arredores
do Porto.)
35. A MENINA DO CHAPELINHO VERMELHO.
Era uma vez uma mulher que estava numa serra, e teve duas
filhas. A primeira chamava-se Maria. Um dia a avô das meninas
foi â seira e encontrou a menina mais velha. A menina foi diri-
gida â avô e beijou-lhe a mào, e a avô disse : « Deixa estar,
minha menina, quête hei-de dar um chapelinho vermelho; vae
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190 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
a minha casa buscâ-lo. » A menina foi para casa da mai, chorando
que Ihe fizesse uni bolinho para levar â sua avôzinha, e a outra
irmâ ficou em casa comida de raiva. A mai preguntou-lhe :
« Entâo como conheces tu a tua avôzinha ?» A menina respon-
deu : « Sei, porque estive agora com ella, e ella disse que me ha
de dar um chapelinho vermelho. » A mai fez-lhe o bolo e
mandou-a leva-lo â avô. A menina foi andando muito contente,
e chegando a um caminho, encontrou um lobo-homem (tem
parte de homem e parte de lobo, mas nâo é o mesmo que lobis-
homem). Andava a menina comendo amoras d'um vallado e
preguntou-lhe o lobo-homem : « Que fazes ahi, menina? » Ella
respondeu : « Estou comendo amorinhas. » O lobo-homem tomou
a preguntar-lhe : « Tu que levas ahi ? » Ella disse : « Levo aqui
um bolinho paraa minha avôzinha. » O lobo assim que ouviu
fallar nisto disse-lhe : « Pois vae tu por aqui, que eu vou por
ali, a ver quem chega la primeiro. » Chegou elle primeiro e bateu
â porta. A velha veiu e abriu a porta e disse : « Entra, minha
netinha, entra. » A velha metteu-se depois na cama, e disse para
o lobo julgando que era a menina : « Deita-te ahi nessa cama,
minha netinha, que has-de estar muito friinha. » Nisto a avô
adormeceu. D'ahi a pouco chegou a menina, e bateu â porta.
O lobo-homem fallou em logar da avô que estava a dormir :
« Entra, menina, que a porta esta aberta. » A menina entrou e
foi-se deitar com o lobo, julgando que era com a avô. Depois
quando estava deitada, começou a correr-lhe a mào pelo corpo,
e a dizer-lhe : « Oh ! minha avôzinha, para que tem vocemecê
tanto cabello pelo corpo? » O lobo respondeu : « E' para nâo
ter frio de dia, minha netinha. » A menina tornou a preguntar :
« E para que tem vocemecê as pernas tào compridas? » O lobo
disse : « E' para correr muito, para andar muita terra em pouco
tempo. » Quando estavam com esta conversa, a avô que era
uma fada acordou, e tratou de se preparar para encantar
o lobo. A menina tornou outra vez a preguntar : « Oh !
minha avôzinha, para que tem vocemecê uns braços tâo
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I9I
compridos? » O lobo respondeu : « E' para te abraçar bem,
minha menina. » A menina tornou a preguntar : « E para que
tem vocemecê uma bocca tào escachada ?» — « E' para te corner
bem, respondeu o lobo, e mais a tua avô » ; e ia para corner a
menina. Nisto a avô levantou-se muito depressa e deu-lhe uma
troçada (pancada) com a varinha de condâo, e ficou o lobo
encan tado. Depois a avô encheu-o todo de foguetes e girasoes
amarrados ao lobo, e deitaram-lhe o fogo, e assim que elle sen-
tiu o pello a arder, deitou a fugir, que era o que a velha que-
ria, e mais a menina, e depois o lobo foi-se deitar ao poço do
moinho, adonde ali morreu afogado. Depois a avô começou a
reprehender a menina por ella dar acceitaçao ao lobo no caminho.
A menina disse-lhe que elle a queria comer « mas eu disse-lhe
que vinha trazer um bolinho â minha avôzinha, e elle depois
disse que vinha de vol ta. » A avô disse-lhe que nâo tornasse a
fazer aquillo. Depois disse-lhe : « Agora, toma la o chapelinho
vermelho que te prometti, e tu falla sempre muito bem a toda a
gente, faz a vontadinha a todos, e se te alguem pedir agua, da-
Ih'a com boa vontade, quetu has-de ser feliz. » Nisto foi a menina
para a serra para casa da mai. Nào levava nada senao o chape-
linho vermelho. A outra irmà estava toda raivosa por nâo ter um
chapellinho tambem. A mai depois mandou um dia buscar agua
a mais velha, mas ella nào quiz. A mais nova offereceu-se logo e
disse : « Oh! minha mâizinha, de câ que eu vou. » E assim foi.
Estava na fonte enchendo o cantaro, e passou uma velhinha, que
era a mesma que Ihe tinha dado o chapelinho vermelho, mas que
ella nào conheceu porque ia de outra maneira. A velhinha pediu
agua â menina do chapelinho vermelho, e a menina Ih'a deu
com muito bom modo. Depois a velha disse-lhe : « Olha, tu es a
menina do chapelinho vermelho ?» A menina respondeu :
a Sou sim, minha senhora. » A velha disse-lhe : « Pois olha, faz
tudo sempre bem, e trata bem todos, que eu hei-de dar-te uma
prenda de botares flores pela bocca, quando fallares para alguem. »
Depois a velha foi-se embora. Foi a menina para casa com a agua.
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192 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
A mai ralhou com ella por ella tardar, e ella disse : « Minha
mai, eu venho agora, porque estive a dar agua e a conversar com
uma velhinha, e ella me disse que me havia de dar uma prenda » ;
e começou a deitar flores pela bocca. Nisto Ihe preguntou a mai o
que fizera ella a velhinha para ella Ihe dar aquella prenda. A
menina disse : « Ella pediu-me agua e eu disse-lhe que a fosse
beber â fonte. » E ella disse-me : « Mal falladasejas tu, queopre-
mio que recebas seja deitares flores pela bocca. » A irmà mais velha,
que estava com muita inveja, quiz ir â agua tambem. E foi.
Dondelhe appareceu a mesma velha e disse-lhe : « Oh! menina,
das-me uma pinguinha de agua? » Ella respondeu-lhe : « Ora!
eu dou-lhe agora agua ! va bebê-la â fonte ! » A velha disse-lhe :
« Fadada sejas tu, que laves as mâos e nunca se ellas lavem, e
quando fallares deitares chanquinos (sapos pequenos) pela
bocca. » Foi ella para o pé da mai e ella preguntou-lhe o que ella
tinha feito que se tinha demorado tanto. » Ella disse : « Ora! pas-
sou la uma velha, pediu-me agua e eu ralhei com ella e disse-lhe
que fosse bebê-la â fonte. » E nisto começou a deitar chanquinos
pela bocca. A mai ganhou raiva â mais nova, e começou a bater-
Ihe por ella ter ensinado a irma errada. A menina do chapelinho
vermelho fugiu parao monte. Andou por ali muito tempo morta
com fôme, toda rota e esfarrapada. Foi depois ser moça de servir.
Um dia appareceu ali um principe que ia â caça, e perguntou-
Ihe, vendo-a tào linda, o que fazia ella por ali. A menina contou-
Ihe tudo. E nisto começou a botar flores pela bocca. O principe
quando viu isto, disse-lhe que ficasse ella ali, que a mandava bus-
car para casar com ella. Depois o principe preparou uma carrua-
gem e veiu busca-la à serra. E assim fez. Depois arrecebeu-a
como sua esposa, e a outra irmà ficou sempre botando os chan-
quinos pela bocca.
(Idem.)
36. AS TRES CIDRAS DO AMOR.
Era uma vez um principe, que queria casar-se, mas ne-
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I93
nhuma princeza Ihe agradava. Vinham os retratos de todas
de uma banda e d'outra, mas elle a todas achava feias. Um
dia veiu-lhe o retrato das très cidras do amor, e entào elle
gostou muito d'ellas e pediu ao pai para ir ao castello aonde
ellas estavam encantadas. Depois foi, caminhou muito e viu ao
longe uma cabaninha no monte. Bateu â porta da cabaninha, e
appareceu-lhe uma mulher velha, e perguntou-lhe se . ella Ihe
dizia em que castello é que estavam as très cidras do amor
encantadas. A velha disse-lhe que s6 o filho, que era o vento, é
que sabia, e mandou-o metter debaixo da cama para o filho o
nâo ver. D'ahi a bocado entrou o vento, e sentou-se ao lume, e
nâo fazia senâo dizer para a mai : « Oh 1 minha mai, aqui cheira
a folgo vivo! » A mai disse-lhe : ^ Estas tolo, aqui nâo esta
ninguem ! » Depois entào perguntou a mai ao filho se elle sabia
em que castello é que estavam as très cidras do amor. Elle disse
que era muito longe e que ninguem la podia ir sem levar comer
mastigado da bocca d'elle, e uma mâocheia de cinza de debaixo
do pé esquerdo d'elle. Depois elle foi comer e a mai fingiu que
Ihe ia tirar um cabello e tirou-lhe da bocca um bocado de comer.
Depois fez que foi arrastando lenha para o pé do lume, para Ihe
pôr cinza debaixo do pé esquerdo. Depois o vento foi-se deitar,
e disse â mai que quem fosse ao tal castello havia de encontrar
dois leôes. Se elles estivessem com os olhos abertos, estavam a
dormir; e se elles estivessem com os olhos fechados, estavam
acordados. E que tinham uma chave na bocca, e que quando Ih'a
tirassem Ihe haviam de metter um bocado de comer mastigado
na bocca, e que haviam de despejar um bocado de cinza para Ihe
armar um nevoeiro. E com aquella chave haviam de ir abrir uma
gaveta. Nessa gaveta esta uma fita vermelha, e puchando por
ella haviam de vir as très cidras atadas todas très. Depois que as
levasse, mas que as nâo abrisse senâo aonde houvessc muita
agua. E que quando se viesse embora, que fizesse o mesmo aos
leôes. O principe deu muito dinheiro â velha e foi para o castello
das très cidras, com o comer mastigado pelo vento e a mâocheia
Rgifiu hispanipu. xrv. 13
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194 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
de cinza do pé esquerdo. Fez tudo o que o vento disse, e trouxe
as très cidrasconsigo. Chegou a uma fonte que havia no caminho
e abriu uma cidra *. Appareceu-lhe uma princeza muito formosa,
e pediu-lhe agua. Ella bebeu e depois pediu-lhe mais, mas a fonte
secou e a menina morreu. O principe ficou muito triste, e disse
consigo que nào abria outra senào aonde houvesse muita agua. Foi
andando e chegou a uma outra fonte onde havia muita
agua. Abriu outra e aconteceu-lhe o mesmo. Ficou muito
triste e chegou a terceira fonte onde havia ainda mais agua.
Abriu a cidra, sahiu uma princeza ainda mais linda. Pediu-
lhe agua, e elle deu-lh'a. Depois pediu-lhe mais, e como a fonte
nâo secou, a princeza escapou. Depois como era perto do palacio,
o principe disse-lhe que ia buscar uma carruagem para a levar e
que ficasse ella ali. (O final como nas demais versôes.)
37. os TRES MENINOS aUE TINHAM
UMA ESTRELLA DE OURO NA TESTA.
Era uma vez um rei, e andava â caça a espalhar as saudades,
que Ihe tinha morrido o pai ha pouco. Depois entâo passou por
uma casa e viu â janella très meninas muito lindas. Depois o rei
mal chegou a palacio mandou-as chamar para irem â sua pre-
sença. Depois entào ellas disseram que eram muito pobres e que
nâo tinham roupa para irem. O rei mandou-lhe vestidos para se
ellas vestirem. Depois entâo ellas chegaram a palacio e o rei
mandou-as metter num quarto e virem â sua presença nuas em
pello. Ellas nâo queriam, mas elle disse que as mandava matar se
ellas nâo quizessem. Depois ellas foram. Elle mal as viu, man-
dou-as retirar logo. A mais nova quando veiu, trouxe o cabello
todo caido para diante para se tapar. Depois o rei disse que
casava com ella. Quando estavam casados, mandou-lhe 1er a sua
I . Tambem uma variante diz que sào très maçâs vermelhas.
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I95
sina. O advinho disse que ella havia de ter très meninos, cada um
com a sua estrella na testa. Depois elle mandou-a metter numa
torre, mais o advinho, até ella ter os très meninos, para vêr se
era verdade. Depois ella teve os meninos e as irmas mandaram-
nosdeitarao mardentro de trescondecinhas. (D'aqui para diante
semelhante â versào de S. Miguel.)
38. HISTORIA DE JOÂO GRILLO.
Havia um rapaz chamado Joào Grillo, que era muito pobre-
sinho. Os paes queriam a todo o custo casal-o rico, apezar da sua
pobreza e falta d'educaçâo.
Um dia espalhou-se por toda a terra, que tinham desapparecido
as joias d'uma princeza, e que o rei seu pae daria a mào da prin-
ceza a quem descobrisse o auctor do roubo ; mas [tambem castigaria
com a morte todo aquelle que se fosse apresentar, e que no fi m
de 3 dias nào descobrisse o ladrâo.
Começaram os paes de Joâo Grillo a metter-lhe em cabeça
que fosse tentar fortuna, mas o rapaz nâo queria, vendo que
jâ alguns tinham si do mortos por nào descobrirem as joias.
Em fim, tanto o attentaram que se foi apresentar ao rei.
Os guardas do palacio nâo o queriam deixar entrar por o
verem muito rôto, e começaram a escarnecêl-o dizendo-lhe que
era doido, etc. Por fim là o deixaram entrar. O rei e a princeza
tambem se riram muito d'elle, mas nào tiveram remedio senào
cumprir a sua palavra.
Metteram-no n'um quarto e deram-lhe 3 dias para pensar.
la s6 um creado dar-lhe de comer ; e a noute quando esse
creado Ihe perguntou se queria mais alguma cousa, elle respondeu
que nào, e ao mesmo tempo dando um suspiro, disse : « Jâlâvae
um 1 » O creado sahiu muito atrapalhado e foi ter com os outros
dois, a quem contou as palavras que o Joào Grillo tinha dito. Estes
3 creados eram justamente os que tinham roubado as joias da prin-
ceza, e julgaram que o Joào Grillo tinha conhecido um dos
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196 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
ladrôes, e por isso tinha dito : « Jâ la vae um ! » Enganavam-se,
porque elle se tinha referido a que jâ la ia um dia, e elle ia cami-
nhando para a força.
Os creados combinaram que no dia seguinte iria outro, para
vêr se o Grillo tambem o conhecia. Assim fez ; e â noute quando
perguntou se queria mais alguma cousa, respondeu Joào Grillo
que nâo, e repetiu : « Jâ la vâo dois ! » O creado ficou assustadis-
simo e foi logo contar aos outros. Imagine-se como elles ficaram.
No dia seguinte foi o outro, e quando à noute se despediu para
se ir embora, diz o Joào Grillo : « Esta prompto : jâ la vâo os
trez ». O creado, conhecendo que estavatudo descoberto, deita-
se aos pés de Joao Grillo e diz-lhe : « E' verdade, senhor, fômos
nos 3, mas peço-lhe por tudo quanto ha que nâo diga ao rei que
somos nos os ladrôes, porque ficariamos desgraçados. Nos damos
as joias todas, mas nâo ha-de dizer nada. »
Joào Grillo caiu das nuvens, mas fingiu que effectivamente
tinha advinhado. Prometteu ao homem que nao diria nada, e
mandou-lhe buscar as joias, que elle trouxe logo.
Como rinham findado os 3 dias, foi o rei ter com Joào Grillo e
perguntou-lhe : « Entâo descobriste ?» — « Saiba Vossa Mages-
tade que sim senhor. » O rei riu-se muito julgando que o rapaz
estava doido, mas elle apresentou-lhe as joias, sem dizer quem
tinha sido o ladrào.
Imagine-se como ficou a princeza, vendo que tinha de casar
com aquelle maltrapilho ! Chorou muito, e pediu ao pae que nâo
a casasse com tal homem, mas elle dizia-lhe, que a palavra de rei
nâo torna atraz, e que era forçoso casarem. A princeza nâo teve
remedio senâo conformar-se ; mas o Joào Grillo, que tinha bom
coraçâo, vendo a repugnancia d'ella, disse que desistia do casa-
mento. O rei gostou muito e disse-lhe, que pedisse o que qui-
zesse, que elle tudo Ihe faria. Joào Grillo sô pediu para ficar no
palacio.
O rei consentiu, e deu-lhe muitos saccos de dinheiro. Ficou o
rapaz no palacio, e o rei julgava-o um advinhào.
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I97
Um dia o rei apanhou um grillo no jardim ; fechou-o na mào,
e chamou o Joao Grillo. Veio o rapaz, e o rei pergunta-lhe : « O'
Joào, advinha là o que eu tenho fechado n'esta mao ? » O rapaz,
coitado, começa a coçar na cabeza e a dizer : « Ai I Grillo, Grillo,
em que màos estas mettido ! » O rei, julgando que elle se refe-
ria ao grillo fechado na mâo d'elle, ficou muito contente, dizendo :
« Advinhaste, advinhaste, é um grillo ! » E deu-lhe muito di-
nheiro.
Outro dia, encontrou o rabo d'uma porca, que tinham morto,
e enterrou-a no quintal. Chamou o Joào Grillo, e pergunta-lhe :
« O' Joao, advinha la o que esta aqui enterrado ? » O pobre Grillo
nâo sabendo o que havia de fazer â sua vida, começa a dizer :
« Agora é que a porca torce o rabo ! » O rei abraça-o muito con-
tente, e diz : « Advinhaste, advinhaste, é o rabo d'uma porca ! » E
dava-lhe mais dinheiro. O rapaz vendo-se rico, e temendo que
nâo advinhasse mais alguma cousa, ou para melhor dizer, que o
acaso nâo o favorecesse, escreveu uma carta, fingindo de ser da
mai, a pedir para que fosse immediatamente ter com ella, porque
estava a morrer. O rei custou-lhe muito a sahida d'elle, mas nâo
teve remedio senâo deixal-o ir.
Despediram-se, o rapaz montou a cavallo, e quando jâ ia longe,
o rei apanhou caganitas de cabra que estavam na rua, mette-as
no lenço, e começa a dizer-lhe adeus com elle. O rapaz que ia
longe e estava farto do rei, disse adeus, dizendo : « Adeus, adeus,
caganitas para Vossa Magestade ! »
O rei ficou muito contente, e dizia : « Aquillo é que é um rapaz
esperto ! Como elle advinhou que eu tinha caganitas no lenço ! »
B o rapaz fez a sua fortuna, e assim se viu livre do rei.
(D. Ascensâo de Faria. Azambuja).
39. MENTIRA DO TAMANHO DE UM PADRE NOSSO
Era um homem pobre, cazado, que tinha filhos e depois
tinha um compadre muito rico que nâo tinha filho nem filha
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198 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
e que gostava muito d'aquelle compadre porser muito verdadeiro.
E disse a mulher : « Deviamos ajudar aquelle nosso compadre,
por ser muito bom homem, muito verdadeiro e muito pobre. »
Mandou-o chamar. — E queria que elle fosse para uma her-
dade sua, que Ihe a dava de graça por 3 annos, semeando-lhe a
seara e mettendo-lh'a em casa. Mas nào colheu nada, que veiu
uma secca muito grande. Foi ter com o compadre. « Ora, meu
compadre, eu nào colhi nada este anno, e assim sera os outros
annos e entao despeço-me da herdade. » O compadre disse-lhe :
« Nao senhor ; pode ser que para o anno tenha mais fortuna,
que colha muito bem. Va para a herdade e deixe, que eu torno
Id mandar semear, fazer todos os trabalhos e metter-lhaem
casa. — Ora, senhôr compadre, nào senhor. — Va p*ra a her-
dade. »
Foi p'ra a herdade, mas com muito desgosto. Mandou-lhe
semear a seara, porser muito bonita. Ficou muito contente e veiu
dizer ao compadre que tinha uma boa seara. Veiu uma grande
invernay nào colheu nada. Veiu ter outra vez com o compadre :
« O' compadre, eu quero-me vir embora, que^nào tenho fortuna
nenhuma ; e entào o senhor esta perdendo e dando-nos de
comer e semeando a seara, e entào despeço-me e ^o senhor com-
padre toma posse da herdade. — Ora todos colhem alguma coisa,
e o compadre nào colhe nada? parece impossivel. — Pois eu falo
verdade, senhor compadre, nunca colhonadae eu nào sei mentir.
Disse-lhe o compadre : « Va p' ra caza e estude uma mentira
do tamanho de um Padre Nosso. — Eu, senhor compadre ?
Deus me livre ; eu nào sei mentir, agora havia de vir dizer uma
mentira do tamanho d*um Padre Nosso ? — Dou-lhe 3 dias p* ra
a estudar; falle com sua mulher e vejam se a arranjam. —
Nào, senhor compadre, en nào sei mentir e minha mulher tam-
bem nào. — Va para casa : dou-lhe 3 dias, ja Ihe disse, de entào
trazer a mentira, no fim dos 3 dias, do tamanho de um Padre
Nosso.
Foi para casa muito apoquentado e disse â mulher : « Ora
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES I99
nâo sabes? o nosso compadre querque Ihe arranje uma men-
tira do tamanho d'um Padre Nosso, que tu mais eu havemos
de arranjar em 3 dias. — Eu nâo ; comigo nâo faças conta, que
eu nâo sei mentir. »
Responde-lhe um filho que elle tinha, que era afilhado do
compadre : « Olhe, eu logo Ihe arranjo a mentira. Va dizer
a meu padrinho se quer que eu arranje a mentira, nâo preciso de
3 dias : vou jd. — Ora eu logo là vou dizer isso ». Disse
a mulher : « Vae; entâo porque nâo has de ir? talvez acceite o
pequeno. »
Elle nâo queria; mas, arogos da mulher, foi a do compadre.
O compadre, assim que o viu, disse : « Ahi vem trazer a men-
tira? — Nâo, senhor compadre, é o pequeno, o seu afilhado que
diz que, se o meu compadre quizer, que vem elle dizer a mentira,
que nâo précisa de 3 dias, que vem jâ de prompto. — Pois elle
diz isso? — Sim senhor. — Entâo va busca-lo. »
Trouxe-o. « Senhor padrinho, quer que Ihe diga a mentira?
por aqui começo :
Como eu tenho muitas herdades, monto-me no meu cavallo,
vou dar um giro, ora por umas, ora por outras; mas tenho
uma que sobre todas é a melhor. Tem tantas (M disse) léguas
de largura e tantas de comprimento; mas fui la, entrei na her-
dade, andei por aqui, por alli, por alli, por aqui, sem Ihe ver as
extremas. Em fim fui dar onde tinham as colmeias. Puz-me a
contar nellas ; nâo as pude dar contadas, de muitas que eram.
Puz-me a contar as abelhas, faltou-me uma. Pego a andar, cor-
rego abaixo, corrego acima — nada. Jâ vinhadescuidado em achar,
oiço uma tarrincada muito forte, dentro d'um barranco; asso-
mei-me e vi um porco espmho ztarrincarnelle. Era tanto o mel,
senhor padrinho, que corria por o barranco abaixo ; eu nâo faço
mais nada ; metti a mâo ao seio, tirei um grande piolho, ficou-me
um coiro, enchi-o logo de mel, e o mel a correr por o barranco
abaixo. Metti a mâo ao seio, tirei uma pulga e fiz uma borrachâo
(borracha grande para conter liquidos). Vim para caza com o
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200 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
meu borrachâo e o meu coiro, cheio de mel; vim muito con-
tente e fechei-os no meu quarto. Todos os dias, ia ver o meu
mel. Um dia, achei os coiros bulidos. Quem me havia a mim
aqui vir, se eu tenho a chave na algibeira ? Espreitei, puz-meatraz
da porta, com um machado na mào. Quem havia de entrar ?
uma foloza (pequeno passaro). Jogo-lhe com o machado; dei-
tou tanta penna que perguntei e tornei a perguntar o machado
e nâo o achei.
Fui buscar lume e larguei fogo as pennas. Ardeu o machado
e ficou o cabo. Peguei no cabo e puz-me a amolar, a amolar, a
amolar, ficou num anzol. O* padrinho, assim que deitei o anzol a
agua, sahiu-me uma burra branca muito perfeita. Jâ tenho onde
ir vender o meu mel. Arranjei a minha burra, puz-lhe os cairos
encima e fui vender. Quando tornei à noite para caza, trazia a
burra uma grande matadura nolombo. Era muito mimosa e eu
fiquei com muita penna. Fui com ella a do alveitar, ensinou-me
que puzesse p6 de fava torrada, alli em cima. Vim para caza,
mandei torrar um moio de fava, mandei peneirar e puz em cima
da matadura e deitei-a â margem, mandei-a Id para a herdade.
Choveu, fez bom tempo, e eu, quando me pareceu, fui ver a burra.
O' sçnhor padrinho, nâo queira saber o rico faval que esta tinha
no lombo, fiquei muito contente. De quando em quando, ia ver
o faval.
Ouando me pareceu que eram horas de ceifar, peguei na minha
foice e fui até â herdade. Oue havia de eu Id ver ? um porco
javardo dentro do faval, comendo as favas. Logo-lhe com a foice.
Entrou-lhe cabo no rabo. Olhe, senhor padrinho, com a foice cei-
fava, com os pés debulhava, com as ventas assoprava; colhi...
10 moios de fava.
— Basta, basta, disse o padrinho ; vâo para a herdade e deixem-
seestar, e acabou-se.
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 201
40. OS LADRÔES
Eram duas amigas muito intimas — uma cazada e outra viava.
A cazada tinha uma estalagem e a viuva tinha uma loja. A cazada
estava gravida e disse-lhe a amiga : « se fosse menina, que havia de
ser madrinha; e, quando ella se desmamar, com obrigaçào de ella
vir p' ra minha caza. Eu nâo tenha parentes nem adhérentes, e
quero que ella seja minha herdeira. » Baptisou-se a menina, cres-
ceu, e assim que se desmamou, levou-a a madrinha para casa.
Queria-a muito, estimava-a muito; mas puchava-a sempre
para ella vir p' ra loja, a ensinar. A menina era jâ uma mulher e
a madrinha fazia-lhe todas as vontades.
Fizeram-se alli umas grandes festas; mas ellas nâo foram. A
madrinha, que conheceu que ella estava triste de nâo ir â festa,
disse-lhe : « Deixa estar; para o mez que vem, fazem-se outras
festas, ainda mulheres; entâo logo vamos. »
Foi preciso a madrinha sahir e nâo recolher essa noite a caza e
disse-lhe : « Em sendo noite, fecha a loja e vae p' ra cima com
acreada. »
Ella assim fez; fechou a lojae foi para cima, mandou fazer a
ceia, ceiaram, deitaram-se. Nâo estava costumada a dormir s6,
nâo poude dormir. Sentou-se na cama ; quando ella olhou para
o solo da casa que tinha gretas, viu luz na loja. « Ora esta! eu
fechei a loja, esta luz ! ». Levantou-se, assomou-se as mesmas
frestas que tinha a caza e viu 5 homens que estavam tirando a
fazenda dos prateleiros. Ella tirou a porta do leme e jogou com ella,
com muita força, ao meio da casa. Os ladrôes fugiram. Ella correu
câ abaixo e fechou a loja. Estava uma mâo do finado accesa.
Pegaram-lhe a bâter â porta, que apagasse aquella luz, que
Ih'adesse. Ella deitava-lhe agua, mas nâo se apagava. Elles disseram-
Ihe : « vinagre, vinagre. Agora de câ a mâo. — Eu nâo abro a
minha porta. — Deite-a ahi por esse buraco que tem a porta. —
Metta a mâo, disse ella, que eu Ih' a dou. » Ella tinha uma macha-
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202 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
dinha; com tanta força Ihe deu uma pancada na mâo que Ih'a
partiu.
Sentou-se numa cadeira, até amanhecer. Veiu a madrinha,
estava-lhe contando tudo, pedindo que nunca mais deixasse de vir
dormir a caza.
Foram as festas ; depois vieram de là, ouvem um trem. Parou â
porta. Desceu-se um cavalheiro, que vinha alli, que era o Conde
de XX. Tinha sabido as boas virtudes e a boa creaçâo d'aquella
menina, pretendia cazar com ella. Ella disse que nâo era sua filha,
que se os paes quizessem...
Ficou elle de vir buscar a resposta. Assim que elle sahiu, disse-
Ihe a rapariga : « O' minha madrinha, aquelle é o ladrào a que
eu cortei a mâo. — Jésus! nâo digas tal. Entao era là possivel
que seja ladrào ? um conde havia de ser ladrâo ? — Nào é conde :
aquelle homem é a quem eu cortei a mâo. — Vamos a caza de
tua màe ; isso é o demonio que te tenta para tu nào teres fortuna,
Queres desperdiçar um conde, porque dizes que é um ladrào ? »
A moça chorou muito. Foram a casa dos paes. Esteve-lhe
contando e ella sempre a dizer que era ladrào e nào era conde. Obri-
garam-na a dizer que sim, que logo se Ihe tirava essa poeira da
cabeça.
Ao cabo de 3 dias, parou o trem â porta ; elle entrou e per-
guntou a resposta. Disse-lhe que sim, e ella sempre a chorar. Disse-
Ihe elle que ao cabo de 6 dias havia de vir alli, havia de trazer
os papeis despachados, para que nesse mesmo dia se recebessem.
Ao cabo d'esses dias, veiu elle. A madrinha tinha feito bom
enxoval; receberam-se e assim que foram ao copo d'agua, foi-se
logo ella despedindo da familia, que elle nào podia estar alli mais
tempo. Metteram-se na sege e partiram.
Elle nào fallava com ella, nem ella com elle. l num certo
caminho, mandou-a descer da sege a tirou a luva : « Conhece
esta mào? — Muito bem; nào me trouxe enganada. Meus paes
e minha madrinha é que se enganaram ; eu nào. »
Despiu ofato, metteu-o dentro da sege, pagou ao boleeiro, e elle
foi com ella a pé.
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 20 3
« Assim como V* me fez ter tanto dor, ha-de morrer hoje ainda
queimada. »> Ella, coitada, ia muito chorosa; chegaram a um monte
(cazal) muito negro; entrou para dentro com ella. Estava là
uma velha cega. Elle gritou : « Mai, aqui trago a grandis-
sima que me partiu a minha mào. Agora vou buscarlenha,
que tenho ahi pouca, para aquecer o forno muito bem, e ella fica
aqui amarrada, e V M/ segura bem na ponta da corda. » Elle
sahiu.
Ella, coitada, conforme poude viu se desatava a corda ; em
fim, conseguiu. Atou a outra ponta da corda a uma tripeça
e deitou a correr muito. Assim que avistou um homem que
estava arranjando um saco de carvào, pediu ao homem que
por amor de Deus a livrasse da morte, que ella Ihe pagaria muito
bem. Disse-lhe o homem que nàopodia. Respondeu-lhe quedespe-
jassse um dos sacos de carvâo, que a mettesse dentro do saco e
puzesse carvào na boca. O homem assim fez. — E que a levasse. â
estalagem de XX que là Ihe haviam de dar 6 moedas. Carregou
as suas cavalgaduras e marchou. Quando ia jâ no caminho,
ouviu gritar. Olhou para traz, viu o ladrào. Disse-lhe que
parasse, preguntou-lhe se tinha visto alguma mulher, por alli, a
correr. Disse-lhe elle que sim (e apontou-lhe para traz) : « Alem
naquella altura, vi uma mulher ir a correr. » O ladrâo tomou
para traz tambem a fugir, a ver se a achava.
Elle pegou a dar nas cavalgaduras, â pressa a veiu ter â esta-
lagem. Pegou a descarregar o carrêgo, e a creada chegou â porta,
dizendo que nào descarregasse, que nào queriam carvâo. « Eu
quero aqui ficar esta noite. »
Assim que ella sahiu do saco, pegou a chorar.
O pai e a mâe com muita pena e deram logo as 6 moedas ao
homem e agradeceram muito. Mandaram chamar a madrinha.
A madrinha com muita pena de a ter obrigado aocazamento, mas
que Ihe dava palavra de nunca mais se metter com essas coisas.
« Mas eu, minha madrinha, agradeço muito tudo quanto me
tem feito; mas ir p* ra sua caza, jà nào, a sua casa tem duas pessoas
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204 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
sô. Eu quero ficar na estalagem; tem mais gente, nâo ha de succé-
der tanto perigo ». A madrinha vinha todas as noites visital-a e
vel-a. D'ahi a muito tempo chegou um almocreve com duas cargas,
uma d'azeite, outra de vinagre, digo de mel.
Descarregou, mandou fazer de corner, ceou e sahiu a dar
agua aos machos. E a creada que amassava, essa noite, andou de
roda da menina, que queria tirar uma gota de mel aos coiros
para fazer bolos. Ralhou a menina muito com ella e nào consen-
tiu : que o que entrava p'ra alli era sagrado, que nào se dévia
fazer isso. Ella calou-se, e em quanto os amos ceavam, pegou numa
tîgela (pequena vazilha de barro, menos alta que larga) e foi
onde estavam os coiros. Abanou um, para ver pelo peso se era
mel ou azeite ; ouviu uma voz là de dentro do coiro : « Jâ ? »
Ella ficou estremecida e disse : « Ainda nào », e correu onde os
amos estavam ceando. Confessou o que tinha ido fazer; mas que
dentro dos coiros estavam homens, nào era azeite nem mel.
Levantou-se o patrào e a creada disse-lhe que bulisse noutro
coiro. Respondeu a voz: (( Jâ? » — « Ainda nào », Ihe disse
elle. Correu com mais alguem que tinha na estalagem a casa do
ministro e contou-lhe tudo. O ministro mandou logo chamar,
os meirinhos; vieram todos à estalagem. Jâ chegando o
homem com os machos, foi logo preso.
Foram ao quarto, onde estavam os coiros. O ministro deu
ordem a cada um dos officiaes, para bulirem, ao mesmo tempo,
cada um em cada coiro. Responderam là de dentro : « Jâ? »
— « Jâ », disse o ministro.
Rasgaram os coiros com facas que tinham consigo. Foram logo
presos e maniatados e o ministro disse-lhe que a causa que era
d'ella, que ella é que havia de sentenciar. « Quero que sejam
enforcados e as cabeças aqui defronte da minha porta da estala-
gem. » Os paes e a madrinha pediram ao ministro que nào fizesse
tal. Foram enforcados e ella viveu muito bem com sens paes e a
sua madrinha, d'ahi por diante. Acabou-se.
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 205
41. AS 3 MENINAS
Era um principe que todos os dias passava por uma rua, aonde
haviam 3 raparigas muito bonitas; sempre olhava para dentro e
fazia o seu cumprimento. Um dia passou e nào olhou para den-
tro de caza : « Ahi vai o principe, disse uma, eu sou capaz de
fazer uma cazaca sem ser provada, e ella ficar justa ao corpo ».
E outra disse : « Eu sou capaz de fazer uma camiza sem cos-
turas ». Respondeu outra : « E eu sou capaz de ter 3 filhos
d'elle, sem elle saber que sâo seus filhos. »
Elle que ouviu estas razôes, que estava parado : « Quai das
meninas é que diz que ha de fazer uma cazaca sem m'a provar, e
que ha de ficar boa ? » Disse-lhe uma que tinha sido ella. « Quai
disse que m' havia de fazer uma camiza sem costuras ? — Fui
eu, real senhor. — Entâo ja sei queaquella menina é que havia de
ter 3 filhos meus, sem eu saber; dou-lhe 15 dias para fazerem
essas obras ». E a outra pegou nella é levou-a, e metteu-a numa
torre. « Que, ao cabo de 3 annos, havia de apparecer com os
meninos; se fosse verdade o que ella dizia, que a recebia por
esposa; mas, nâo apparecendo com os meninos, tinha pena de
morte. Eu vou 6 annos para fora, vou viajar. »
Ella, coitadinha, ficou-se muito triste ; fallou com umas fadas,
prometteu-lhe muito dinheiroecontou-lhe tudo. «Nào tenha pena
com isso, disseram as fadas. Elle, tal dia, chega â corte de tal
reino ; eu te fado para que tu sejas a cara mais linda que hou-
ver; ponho-te um palacio defronte da côrte ; elle ha de chegar â
janella e falla-lhe. »
Assim succedeu. Foi para palacio; elle foi â janella e viu-a.
Ai! que cara tào linda, desceu abaixo e entrou em caza d'ella.
Falou, cumprimentou-a e depois... esteve Id 3 dias e despediu-se
d'ella, que elle que se ia embora e deu-lhe um boldrii. Disse-
lhe o reino para onde ia.
Ella ao cabo d*esse tempo teve um menino muito bonito e
vieram as fadas, pegaram no menino e levaram-lh'o. Ella cami-
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206 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
nhou para o outro reino, onde elle estava. Formaram-lhe outro
palacio, defronte da hospedaria onde elle estava.
Pôz-se a janella e elle a janella estava. Conversaram muito,
oflFereceu-lhe a sua caza ; elle veiu visital-a, pagou na hospedaria e
foi para caza d'ella. Là se demorou uns dias, e quando se retirou,
deu-lhe o sceptro, Assim que teve o menino, vieram as fadas e
levaram-lh'o.
Ella caminhou para o reino onde elle estava. Formaram-lhe
outro palacio, ao pé d'onde elle pouzava ; travou logo relaçôes
com elle, conversaram, e elle, quando Ihe pareceu, desceu as
escadas, subiu as d'ella e la esteve uns dias. Ella pediu-lhe que
nào se fosse embora ainda; mas elle retirou-se, que Ihe era
preciso e deu-lhe uma corôa.
Ella, ao cabo de nove mezes, teve uma menina. Foram as fadas
e trouxeram-na a ella e a menina.
Metteu-se na torre com os seus 3 fîlhos ; elle regressou, veiu
logo ter com ella a torre.
Perguntou-lhe pelos meninos; ella levantou-se; trouxe os
todos 3 cada um com a sua prenda na mào e disse : « Boldrié, scep-
tro, corôa : quere-a V. M. mais boa? »
Casou com ella; e ficou sendo princeza.
42. o CAIXEIRINHO
Era um rei muito amigo dos seus vassalos ; mas tinha um parente
conde. Eram intimos amigos. Poucas vezes estavam um sem o
outro. A rainha e a condessa, muito amigas; e cada um teve
uma menina.
Depoisdassenhoras estarem melhorzinhas, disseo rei ao conde:
« Havemos d'ir a uma caçada, convida os fidalgos e depois
d'amanhà havemos de partir. Dizem que na tapada ha muita caça
e eu gosto de me divertir ».
Arranjaram-se e sairam, todas de cavallo. Assim que la che-
garam, appareceu muita caça, muita. Uns por aqui, nns por alli ;
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES lO'J
mas elle nunca se retirava do pé do conde, nem o conde do pé
d'elle. Correram tanto sobre uns veados que se Ihe anoiteceu.
Nào sabiam de companheiro nenhum. Perderam o tino; nâo
sabiam se haviam de voltar para traz, se p'ra diante ; nâo sabiam
onde era a côrte, mas viram um lume d*uns pastores. « Vamos
Id, que aquelles homens podem-nos ensinar. » Chegaram e pergunta-
ram aos homens o caminho da côrte. « Ah ! senhores, a côrte é
d'aquimuito longe. Os senhores nào chegam Idestanoite. Aqui perto
estâumaquinta; podem alli ficar esta noite, que a senhora é muito
boa, ha de Ihe dar pouzada. » Disse-lhe o rei que fossem ensinar
onde era a quinta. Um d'elles seguiu com elles, foi-lhe ensinar.
O rei disse ao conde : « Eu digo que sou conde e tu meu
creado ; nào quero que digam que andou por aqui o rei perdido. »
Bateram a porta e veiu o quintaneiro. Pediram-lhe gasalho. « Eu
vou dizer a senhora », disse o quintaneiro.
Mandou entrar. Appareceu uma senhora, jâ de edade, cumpri-
mentou-os, sentou-se na sala com elles. Depois de uma hora,
seguiu-se a ceia; depois conversaram um bocadinho mais. Disse-
lhe a senhora que deviam estar cansados, que se retirassem'àquelle
quarto, que alli estavam 2 camas. Despediu-se d'elles e sahiu.
Elles entraram no quarto e pegaram a conversar. D'ahi a coisa
d'uma hora, viram luz por baixo d'uma porta. O conde levantou-
se e assomou-se a fechadura.
Viu uma madama muito bonita, despindo-se ; pegou na mâo do
rei, fel-o assomar tambem. « Q.uer V. M. ficar com ella, esta
noite ? disse-lhe o conde. Deixe-a deitar, abraa porta de mansinho
e va ter com ella. » Esperou que se mettesse na cama, abriu
porta eentrou. Ella ficou muito assustada; disse elle que nâo
tivesse susto algum, que elle que vinha alli, queria cazar com ella,
e assim, que nâo dissesse nada a sua mâe por ora, que se havia
de demorar o cazamento. Metteu-se com ella na cama, e ella
muito crente nas palavras que Ihe tinha dito.
Demoraram-se na quinta 3 dias; depois despediu-se d'ella,
deitou-lhe ao pescoço uma cadeia d'ouro com um crucifixo
d'ouro.
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208 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
Como o casamento estava demorado alguns annos, que, se
tivesse alguma creança, a mandasse ensinar a 1er e a escrever.
A mâe, assitn que foi tempo de ella nâo poder encobrir...,
confessou. A màe perguntou-lhe de quem era. Disse-lhe a filha
que era do conde ; mas elle que havia de vir recebel-a. A màe teve
tâo grande paixao que morreu.
Ao cabo dos 9 mezes, teve um menino; criou-o, e depois que o
menino foi capaz, pôl-o ao estudo. Os outros estudantes man-
gavam com elle, dizendo que nào tinha pae certo. Elle enver-
gonhou-se de tal maneira que disse a mâe : que Ihe dissesse quem
era seu pae, que os estudantes a toda a hora o descompunham.
« Quem é teu pae? éa pouca fortuna que eu tive. Tu es filho
dum conde que veiu aqui pouzar, prometteu-me cazamento e
nunca mais soube noticias d'elle. — Entao como eu sou filho
d'um conde, sào os outros estudantes menos do que eu. Assim,
nâo quero estar aqui, quero ir p* ra corte. »
A mâe, muito chorosa, pediu-lhe que nâo a desamparasse.
Que tinha ficado sem mâe, nâo queria agora ficar sem o seu
filho. Mas elle venceu, despediu-se da mâe, tomou-lhe a bençam
e a mâe deitou-lhe a cadeia d'ouro ao pescoço.
Elle foi para a côrte, chegou ao pé d*uma loja e perguntou se
tinham precisâo de um caixeiro. Disse-lhe que nâo, mas elle
que o mandavaa outra loja que o caixeiro se tinha ido embora no
outro dia. Fallou com o dono da loja; disse-lhe que sim.
D'ahi a tempos, fez-se uma feira alli. Elle foi com os mais
caixeiros armar a loja. No dia seguinte que era dia de feira, foram
as magestades passear a feira. A princeza e a condessinha iam de
braço dado ; chegaram a loja, sentaram-se no mostrador, come-
çaram a conversar com elle e alli levaram a tarde inteira. Quando
voltaram para palacio, disse a princeza a condessinha : « Que
tal te pareceu o caixeirinho? — Pareceu-me muito bem », disse a
condessinha.
Depois do cha, foi o conde com a condessa e a condessinha
para sua casa. A princeza escreveu logo uma carta ao caixeiro e
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 209
a condessinha outra. Elle recebeu as cartas e disse : « Eu, se
respondo a condessinha, pode-me succéder mal; mas, se respondo
à princeza, pode me succéder peor. »
Respondeu â condessinha. E assim andaram as caitas unspoucos
d'annos. Numa occasiào, a condessa escreveu-lhe uma, dizendo-
Ihe que era jd tempo de pôr uma loja por sua conta; que,
defronte de seu palacio d'ella se vendia um predio, que o
comprasse e puzesse uma loja. Nâo havia de faltar nada.
Elle fallou com o patrào : que tinha vontade de pôr uma loja
por sua conta, se fosse de sua vontade dar-lhe credito : que se
vendiam umas cazas, e elle que as comprava para pôr loja. O
patrào disse-lhe que sim, com muito gosto, porque era muito
bom rapaz ; que Ihe daria o credito que elle quizesse. Comprou
as cazas e poz loja.
Assim que foi para la, algum pobre que elle via que nào era da
terra, dizia-lhe que elle tinha um quarto para os pobres, que ficas-
sem alli essa noite. Isto logo se soube e pediam-lhe pouzada.
Em entrando os pobres, lavava-lhe os pés, dava-lhe de cear, e no
quarto tinha uma cama. Pela manhà dava-lhe 6 vintens e iam-
se embora. E elles sempre aescreverem-se. Mandou a condessinha
dizer-lhe que trabalhasse elle de là para fazerem um passadiço na
rua; tanto trabalharam, até que venceram.
Foi aos ouvidos do rei o que elle fazia aos pobres. « Que
fundos terâ aquelle contractador, para dar pouzada aos pobres,
ceia e 6 vintens? Hei de ver se é por vangloria ou se é por cari-
dade. » Entrou o conde e disse-lhe o rei : « Has de m'arranjar
um fato aceado, mas pobre, e, â noitinha, manda m'o aqui ao
meu quarto. » Vestiu-se do pobre e sahiu.
Bateu à porta do mercador, pedindo-lhe gazalho essa noite.
Mandou-o entrar ; veiu o criado com uma bacia d'agua, poz-se-
Ihe o rapaz a lavar os pés. Desconfiou e disse : « Este homem
nào é pobre, tem uns pés muito finos. Mas seja oque for. » Man-
dou vir a ceia e o rei disse-lhe que ficava muito obrigado, que jd
tinha ceado numa casa, que Ihe tinham dado umas sopinhas.
Revtu bùpamiqwt xiv. 14
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210 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
Foi para o quarto, fechou-lhe a porta a chave. O rei sentou-se
numa cadeira ; alli esteve um pedaço de tempo. Depois viu uma
luz, assomou-se a fechadura e viu-o estar de joelhos a um ora-
torio com 2 vêlas acesas, elle fazendo a sua oraçao. Depois
fechou o livro, apagou uma vêla e p^ou na outra, e abriu um
alçapào e desceu. O rei disse : « Tu entraste, has de sahir. Hei
de estar aqui a fechadura. »
Viu-o vir com a condessinha pelo braço. Nào se deitou nem
dormiu e muito cedo bateu â porta.
Que fizesse favor de Ih'a abrir, que queria sahir ; que estava
esperando alli hoje o seu irmào; nào sabia se havia de vir hoje de
manhà, se de tarde : mas, nào sendo horas de partirem, pedia ao
senhor que Ihe fizesse a sua caridade, a elle e a seu mano, â
noite; deu-lhe 6 vintens e foi-se embora.
Entrou muito cedo em palacio, despiu-se e mandou chamar
o conde. Disse-lhe : « Arranja outro fato e guarda o meu.
O conde sahiu e veiu com outro fato d'um creado d'elle. « A'
noite has de m'acompanhar, disse-lhe o rei, e com pena de
morte (mostrou-lhe uma cara muito austéra) se, do que vires,
falares. »
O conde, que ainda nào tinha visto o rei fallar-lhe assim,
temeu. A' noitinha vestiram-se, foram a casa do mercador pedir
gasalho. Lavou-lhe os pés, mas o mercador desconfiado de que
nào eram pobres. Mandou-lhe de cear ; disseram que nào, que
muito obrigado, mas que jâ tinham ceado. Foram para o quarto
e elle fechou-lhe a porta.
D*ahi a bocado, vêem luz e o rei mandou assomar â fecha-
dura. Viu o mesmo que o rei tinha visto : depois de fazer a sua
oraçào, pegou na luz e abriu o alçapào. O rei : « Pena de morte,
tornou a repetir, se, do que vires, falares. » Assim que vieram, o rei
tocou-lhe no braço para se calar. Pela manhà, despediram-se e o
mercador deu 6 vintens a cada um.
Depois de chegarem a palacio, sentaram-se e o rei dirige-se ao
conde : « Que merece aquelle homem ? — Jâ preso, disse o
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 211
conde, as portas atravessadas, 3 dias no oratorio e enforcado. »
A princeza que soube d'isto disse ao pae : « V. M. bem sabe
as leis ; manda enforcar um homem ; nào sabe em que dia nas-
ceu, dequem é fîlho ese jateve ordens. — Nào dizes mal. Venha
o preso â minha presença. »
Foram buscar o preso. Perguntou-lhe o rei em que dia tinha nas-
cido. Disse-lhe que nào sabia. « Ja teve ordens ? — Nào, senhor. —
De quem é filho? — Sou fîlho da pouca-fortuna, assim me disse
minha màe, um conde, que foi pouzar i minha quinta, a enga-
nôu, que a havia de receber, e nunca mais appareceu por la. Por
signal Ihe deu este crucifixo d'ouro que minha màe me deitou
ao pescoço, quando Ihe pedi a ultima bençam. »
O rei olhou para o conde. « Que dizes tu a isto ? — Eu digo
que elle é filho de V. M. — E eu entào digo que elle é teu
genro. »
Depois cazou com a condessinha e à princeza sahiu-lhe îrmâo.
Ficaram todos muito bem. Ainda hoje em dia Id estào.
43. A ESTALAJADEIRA
Havia uma estalajadeira muito bonita. A todos que vinham
pouzar â estalagem perguntava se ja tinha visto uma cara tào
bonita como a sua. Diziam-lhe que tào bonita ainda nào tinham
visto. Ficava muito satisfeita com a resposta.
Teve uma menina, muito mais linda do que a màe.
Perguntava aos passageiros se havia uma cara mais bonita do
que a sua. Se a menina nào desmanchasse, ainda havia de ser
mais bonita.
Escondeu a menina num quarto, que ja nào apparecia a nin-
guem. Passaram-se alguns annos e a menina ja tinha curiosidade
de se assomar â janella, em chegando alguns passageiros. Um dia,
chegou um trem, parou â porta da estalagem e a menina
levantou-se, assomou-se â janella. Entraram para dentro os pas-
sageiros que vinham no trem. Perguntou, pelo costume, se jâ
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212 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
tinham visto uma cara tào bonita. « Sim, senhora, aqui em cima
nesta janella, appareceu uma menina ainda mais linda que a
senhora. »
Fechou-a num quarto que nào tinha janella, e quando jd era
senhora, peitou um creado para a ir matar. O homem, custou-lhe
muito ; mas, como Ihe deu um taleigo de dinheiro, arranjou uma
cavalgadura e a mâe chamou a menina : que havia de ir para o
convento essa tarde, que nào a podia acompanhar, mas aquelle
creado que era fiel. Montaram nas cavalgaduras, caminharam.
Chegando là a um certo sitio, muito longe, apeou-se elle e a
menina. « Agora descubro a verdade, nào vai para o convento;
sua màe disse-me que a matasse. » A menina pegou a chorar
muito; mas disse que elle que nào a matava, que nào tinha animo
para isto. « Tenho aqui este cào, mato-o, tiro-lhe o sangue e
a lingua, que foi o que a sua màe me pediu. Eu vou-me embora e
a menina pergunte o seu destino. » Montou a cavallo e partiu.
Sentou-se a menina numa pedra ; alli esteve chorando a sua
desgraça. Levantou-se e caminhou.
Foidaraum cazarào; entrou, nào viu ninguem. Viu umas
poucas de camas por fazer, as cazas por varrer e na cozinha esta-
vam uns coelhos pendurados.
Ella disse : « Isto é gente que anda trabalhando de dia; a
noite é que recolhem e fazem de comer. Eu vou fazer lume e
vou guisar estes coelhos. » Depois de os ter ao lume, varreu as
cazas e fez as camas. Neste tempo, ouviu um tropel muito grande
de gente. Como era ja noite, teve muito medo, metteu-se numa
toca d'uma oliveira.
Os donos da casa eram uma quadrilha de ladrôes. Entraram
para dentro, acharam as casas varridas e as camas feitas. Foram
a cozinha, acharam a ceia ao lume. O capitào dos ladrôes disse :
« Isto é gente que estava aqui, nào pode estar muito longe,
porque o lume esta muito activo. Sahimos todos e vamos em
busca. » Buscaram tudo, nào a encontraram. Vinham jâ para casa,
deram tino de que estava alli mettida na oliveira. Disseram-lhe
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 21 3
que viesse com elles, que ninguem Ihe fazia mal, porque ella Ihe
tinha feito tanto bem.
Veiu com elles, mas muito assustada. Perguntou-lhe quem ella
era. Disse-lhe que era fîlha d'uma màê tào tyranna que a mandou
matar; mas o creadoteve tanto dô d'ella que a deixou com vida.
« Fiquei no campo sô ; depois caminhei sosinha e aqui cheguei. Deus
é que me deparou este bem. »
O capitao olhou para os ladrôes : « Esta é uma filha que eu
tenho e sua irmâ. Ninguem a offenderâ, nem Ihe porâ um dedo
em cima para a maltratar. Se alguem tiver essa liberdade, fica
logo mono aos meus pés. »
Ao amanhecer sahiram e ella ficou em casa, goveraando. A'
noite vieram, muito satisfeitos com ella. Ella, coitadinha, nào
tinha mais remedio que viver tambem satisfeita. Passaramaannos
e veiu uma pobre pedir a porta. Ella diz : « Ha 2 annos que
aqui estou, ainda aqui nâo chegou pobre nenhum ; mas agora
peço-lhe que, de quando em quando, venha por aqui, que a hei
de remediar se faz-me companhia. » Pegou de conversa com a
velha e demorou-se alli até a tarde.
Ella remediou-a e pediu-lhe que viesse mais vezes, a meudo.
A velha sahiu d'alli; como andava pedindo, veiu â estalajem. « Jâ
vi uma cara mais linda que a sua, muito mais bonita. Nas brenhas de
tal parte, esta uma menina ainda muito nova, muito mais bonita. »
A estalajadeira, lembrando-se que séria a filha : « O' Pia
Velhota, disse ella â velha, quando volta outra vez por là ? —
Nâo hei de tardar muitos dias, que ella pediu-me que fosse mais
vezes, a miudo. — Eu dou-lhe um taleigo de dinheiro, se V. M. là
fôr agora. Em Ihe mettendo este alfinete na cabeça e vindo-me dizer
o effeito que elle fez, entrego-lhe este dinheiro. »
A velha sahiu muito contente. Chegou as brenhas e bradou por
ella. A menina sahiu muito contente, â porta : « Fez bem, Pia
Velhota, em virpor aqui; nào vejo ninguem, estou sempre sô.
Ha de se deixar estar aqui até â tarde. — Sim, minha menina. »
Deu-lhe de jantar. « Vamosaqui atéâ empenado monte (cazal). »
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214 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
Sentaram-se e disse-lhe a velha : « E' amiga que a catem ? —
Ora ! tomara eu que me catassem todo o dia. — Entao deite aqui a
cabeça no meu colo. » Deitou a cabeça e a velha pegou a catal-a.
Deixou-se dormir.
A velha puchou do alfînete, cravou-lh o na cabeça e a menina
ficou morta. A velha jâ rinha pena. Como viu que ella nào bulia
nem com pé nem com mào, pegou no seu bordao e foi-se embora.
A' noîte vieram os ladrôes ; nâo viram a ceia feita e nào a acha-
ram a ella. Foram todos em busca, foram-na achar na empena do
monte ; trouxeram-na morta.
O capitâo disse a um : « Va jâ d'ahi num instante â cidade;
mande fazer um caixâo e ha de vir aqui antes de amanhecer. »
Veiu o caixâo, metteram-na dentro ; pegaram-lhe 4 e foram-no
pôr a portaria dos frades e voltaram para caza. O principe, que
nesse dia sahiu â caça, passou pelo convento dos fraJes.
« Esta além um caixâo, vâo ver quem é. » Foram-lhe dizer
que era uma cara muito linda d'uma menina que estava morta, que
nâo parecia morta, por ter muita cor na cara. O principe ordenou
que levassem aquelle caixâo para palacio para o seu quarto, e
depois de la estar chamou a mâe.
Estiveram-na vendo e disse : « Parece que nâo esta morta ; a
côr que tem na cara nâo é d'alma que foi para o outro mundo.
— O' minha mâe, disse-lhe o principe, se ella estivesse viva, des-
posava-me com ella, que ainda nâo vi uma cara tâo linda. —
Nem eu, meu filho », disse-lhe a rainha.
A rainha e uma das aias despiram-na ; nào Ihe acharam contu-
sào nenhuma no corpo. O principe correu-lhe a mào pela cabeça
e achou o alfinete. Tirou-o ; ella abriu os olhos e deu um ai. A
rainha mandoubuscarum caldo. Tiraram-nadocaixâo, deitaram-na
na cama do principe.*]
Pegaram a dar-lhe colherzînhas de caldo; restabeleceu, falou.
Ficaram muito contentes; assim que esteve boa,tractou-se do caza-
mento. Todos admiraram a belleza d ella.
Aos 8 mezes de cazados, sahiu o principe p'ra guerra. Quando
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 21 5
foi tempo,teve a princeza um menino, ainda mais bonito do que
a màe. A rainha escreveu logo para o filho. Mandou-Ihe dizer que
a màe que era linda, mas que o menino que era muito mais.
Mandou um soldado para a posta ; veiu ter o maldito soldado d
estalajem.
A estalajadeira perguntou logo se jâ tinha visto uma cara tâo
bonitacomo a sua. « A princeza é muito mais bonitaque a senhora,
e agora teve um menino que dizem que é ainda mais bonito. Vou
agora levar esta noticia ao principe. O que fîcarâ de contente,
tendo successor ao reino ! — Aonde para o principe ? — Em tal
parte. — Olhe, é melhor ficar aqui esta noite porque ainda é
muito longe e pela manhà cedo pode partir. » Poz-lhe o jantar
na meza e 2 garrafas de vinho : « Beba e coma, que nao paga
nada... »
Comeu, bebeu e embebedou-se ; deixou-se dormir. Ella foi d
mala, tirou-lhe a carta; escreveu outra dizendo que a princeza
que deu muito â cabeça com un page, agora tinha tido um
monstro, parecia mais bicho que creatura. Fechou a carta e met
teu-a na mala.
O soldado, pela manhâ, depois d almoço, despediu-se da esta-
lajadeira, quiz pagar; nao Ih'o consentiu, pedindo que viesse à
volta por alli. O soldado deu-lhe palavra que sim, que tornava.
Chegou onde estava o principe e entregou-lhe a carta. Assim
qui a leu, deu-lhe uma coisa, cahiu. Os soldados e os mais que
alli estavam levantaram-no ; ja elle tinha sentido.
Poz-se a escrever outra carta, dizendo que a princeza se tivesse
dado â cabeça, que bem sabia que o que ella teve era seu filho, e
entaô que elle, indo, saberia as coisas como eram. O soldado
recebeu a carta e partiu.
Veiu dar â estalajem. Fez-lhe muitas festasa estalajadeira; trac-
tou-o da mesma sorte. O soldado, bebado, deixou-se dormir.
Foi â mala e tirou-lhe a carta; escreveu outra, mandando
dizer que, logo que a mâe recebesse aquella carta, que a mandasse
matar mais ao filho, que elle que nao queria saber d'ella para
coisa nenhuma. O soldado no outro dia partiu.
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21 6 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
Chegou a palacio, entregou a carta a rainha. A rainha leu* a
caria, calou-se, nào disse nada â nora. A princeza via a rainha
muito triste; perguntava-lhe se tinha tido alguma md noticia do
principe ou se estava doente. Disse-lhe que nào, que nem estava
doente, nem tinha tido mas noticias. « Sàosaudades quetenho de
meu fîlho. »
D ahi a 1 5 dias veiu o principe, e assim que a rainha soube a
hora a que elle havia de chegar, mandou a nora e o menino
para um quarto retirado.
Chegou o principe, sahiu-lhe a rainha, abraçou-o, beijou-o.
Elle tomou-lhe a bençam, perguntou pela princeza. « Oh! essa
é boa, mandaste-la matar e perguntas-me por ella? — Eu nào,
minha màe. Antes eu recebi uma carta sua, em que me mandava
dizer que a princeza na minha ausencia me tinha sido falsa; o
fîlho parecia mais monstro que genre. »
A màe chorou muito, disse que tal coisa como essa nào tinha
escripto ; mas ella que nào tinha cumprido as suas ordens, que
nào a tinha mandado matar nem ao filho. Chamou-se a prin-
ceza, contaram-lhe tudo : « E' minha màe ; ninguem podia fazer
isto senào ella. »
Chamou-se o soldado. O soldado contou que tinha ido â estala-
jem. O principe mandou logo um esquadrào de cavalaria ; chega-
ram â estalajem, trouxeram-na presa. Foi logo alcabuzada e dos
ossos fîzeram uma cadeirinha para o menino se sentar.
Ficaram muito contentes; nào houve mais novidade nenhuma
e ainda hoje em dia là estào.
44. o GALVÂO
Havia um alfaiate que tinha 3 fîlhos. Tinha muito grande fre-
guesia,porqueera muito bom officiai. Tinha muito bomcredito nas
lojas, ia buscar fazenda quanta queria. Depois que os filhos sou-
beram o officio, deixou de trabalhar e metteu-se no jogo.
Depois duns an nos, teve uma enfermidade e morreu. Logo
vieram os crédores — os logistas como os do jogo — para as
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 21 7
filhas e a mulher pagarem o que elle dévia. Elias olharam umas
para as outras e a mais moça disse a màe : « O' m in ha mâe,
nos havemos de pagar aquillo que nem comemos nem bebemos?
nos sempre debaixo de trabalho, e ainda haviamos de trabalhar
para elles levarem? isso nâo; pornos tudo em venda, dizendo
que é para pagamento : depois de tudo veiidido, despejamos os
nossos colchôes, enchemos com a nossa roupa e fazemos
4 trouxas. Uma noite, sem ninguem ver, vamos-nos embora por
esst mundo. » Assim puzeram as suas trouxas â cabeça e sahiram.
Andaram por aqui, por alli, muitos dias; iam jâ cansadas, che-
garam a uma terra, ouviram uma mulher a chorar. Chegaram â
porta e perguntaram : « Senhora, o que tem que esta tao afBic-
ta ? — Morreu-me o meu homem ; fiquei com 4 creanças sem
nenhuma poder ganhar o sustento. » Respondeu a mais nova :
« Se a senhora nos desse aqui gazalho, por amor de Deus, esta
noite, por aima do seu homem. — Pois nâo, sim senhora, podem
entrar. »
Estiveram consolando a viuva e depois pegaram a conversar.
« Esta terra nào nos parece feia ; se nos tivessemos aqui for-
tuna, ficavamos aqui. Nos, pelo nosso officio nos governavamos.
— En tao que officio tem as senhoras ? — Somos alfaiatas. — Se as
senhoras quizerem aqui ficar, hào de ter muita fortuna, muita.
Aqui nào ha alfaiata nenhuma; vào fora da terra fazeras obras. —
Pois ficamos, mas era preciso a gente ter umas cazas assim peque-
nas; nâo podemos pagar grande renda. — Aqui ha uma morada
de cazas muito boa; o dono dâ-as de graça. Dizem que appa-
rece là um medo ; vâo para la um dia, sahem no outro. » Respon-
deu a mais nova : « E' gente que faz o medo; faz favor de nos
dizer onde mora esse homem ? »
A viuva mandou por um pequenito ensinar-lhe. Bateram â
porta, perguntaram o dono da casa : « O' senhora, dizem que tem
umas cazas para arrendar. — Eu dou-as de graça, nâo as arrendo,
porque o mais que là estâo é um dia e uma noite ; depois sae
tudo para fora, que apparece Id um medo e no outro dia vem
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2l8 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
entregar-me a chave. » A moça respondeu : « O medo fa-lo
agente;faz favor da chave? » Despediram-se d'elle e vieram
com a chave na mao para caza da viuva.
« Ja temos caza, de graça, que o medo fâ-lo a gente;
tomâramos nos ter saude. E a senhora ha de fazer favor de nos
emprestar alguma coisa que nos seja preciso, que nào sao
horas de ir comprar nada. » Emprestou-Ihe um candieiro,
um fogareiro e alguns objectos assim mais precisos. E ellas, dos
colchôes que levavam com a roupa, encheram-nos de palha
e caminharam para caza. Eram horas decear; estiveram ceando,
puzeram-sea fazer serào. Eram lo horas, disse amàe para a mais
velha : « Nos vamo'-nos deitar e fica tu esperando o medo ».
Hcou ao serâo, sosinha.
Era meia-noite em ponto, ouviu um rugido de umas correntes
a arrojarem pelo châo e ao mesmo tempo uma voz dizendo :
« Galvâo, galvào, serâo horas?. » Respondeu outra voz : « Ainda
nào. » Ella largou a meia, deitou a correr e metteu-se entre meio
das irmâs que estavam deitadas. Esteve contando o que Ihe suc-
cedeu, e as outras fizeram-lhe muito forte troça. A do meio
respondeu : « A' noite, fîcoeu; quero saberse issoé verdade. »
Na outra noite, ouviu ô mesmo; correu, metteu-se na cama
com as irmâs e a mais moça respondeu : « A' noite fico eu ; nâo
me hei de vir metter na cama, hei de ver o que é. » A' noite,
ficou ella sosinha; poz-se a fazer o seu serâo.
Assim que deu meia noite, ouviu o mesmo rugido e as mesmas
vozes. Ella larga a meia, pegou no lenço d'assoar e no candieiro,
e correu para onde elles estavam. « Espère, que eu Ihe vou
fazer as horas ». Ao mesmo tempo ouviu-o cahir dentro da cis-
terna; poz o candieiro no bocal e assomou-se para baixo : « Venha
câ, venha ca, nâo fuja, que eu Ihe faço as horas. »
Sahiu-lhe um preto : « O' mâe siora, se quizesses vir p'ra
aqui, havias de ser muito feliz ; tenho um grande palacio,
muita prata, muito oiro, e tudo isto era teu e a mâe siora nâo
havia de fazer nada. Venha ver, mâe siora, venha ver. — Pois
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 219
vem-me buscar. » Pegou nella, e assim que chegou d agua:
« Fecha os olhos, màe siora. »
Andou-lhe mostrando tudo. « Agora, màe siora, nâo ha de
fazer nada; corner, beber, divertir-se. Agora vamoscear. — Eu jd
ceei, disse-lhe ella, nào tenho vontade. — Pelo menos um paste-
linho, que isto nao é coisa que encha a barriga a ninguem. »
Assim que o comeu, deixou-se dormir.
Pela manhâ, achou-se numa rica cama. O Galvào trouxe-lhe
agua numa bacia e uma toalha para se lavar : « Mae siora, eu
chamo-me Galvâo e eu nâo sei o nome da senhora. » Ella deu-
Ihe o nome. Levou-a a uma copa onde estava muito vestido :
« Dispa esse vestido ; cada dia deve vestir um vestido, que tem
muito para vestir; e esse trapo deite-o fora. »
A mâee as irmâs levantaram-se pela manhâ, olharam para a
cisterna e viram o candieiro e o lenço d'assoar em cima do
bocal. Pegaram a chorar e a gritar que ella se tinha affogadocora
medo. Accudiu logo gente com fateixas; nâo acharam nada.
Ella câ vivia com oseu Galvâo, sem ver mais ninguem; mas
todns as noites, em cima da ceia, comia um pastel. Passados jâ
9 ou 10 mezes, diz-lhe o Galvâo : « Se a mâe siora soubesse o
que vae na sua caza..,. — Entâo? — E' a sua mana mais velha
que se caza amanhâ. Quer ir ao casamento, mâe siora? — Se tu
me deixasses ir, de boa vontade iria. — Se me der palavrade vol-
tar. — Dou-te a minha palavra d'honra; onde havia de eu
achar uma fortuna egual a esta? — Eu vou pôl-a ao bocal do
poço, a mâe siora vae ; mas em ouvindo 3 assobios, venha logoao
bocal do poço, que eu lâestou. Aqui tem este taleigo de dinheiro
para dar a sua mâe e estes 2 vestidos para suas manas. Veja o
que faz, mâe siora, nâo faite â sua palavra. — Nào falto, nâo,
nâo falto. »
Veiu-a pôr no bocal do poço ; assim que ella en trou ficou
tudo muito contente, muito admirado. Deu o dinheiro â mâe, os
vestidos as manas e a mâe levou-a para um quarto, esteve-lhe
perguntando o que tinha feito.
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220 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
Ella disse-lhe tudo que passava com o preto. « Tu nao vês mais
ninguem? — Nâo, senhora, sô o preto unicamente é que esta
naquella casa e eu. — Tu estas gravida, disse-lhe a mâe, isso
talvez seja o preto. — Nao, minha mâe ; o preto tracta-me com
respeito. — Pois olha: como tu cornes um pastel e te achas pela
manhâ na cama, faze que te deixas dormir da mesma sorte e vê
o que te succède. Aqui tens esta lanterna de furta-fogo; mette-a
debaixo da cama antes de comer o pastel : faze que o comes e
deita logo a cabeça na almofada. E vê o que te succède. Depois de
estares na cama e sentires deitar alguem comtigo, em estando
dormindo, puchada lanterna, deita-lhe 3 pingos de cera na cabeça;
logo conheces quem é. »
Estando â ceia, ouviu ella um assobio. Levantou-se, chegou-a à
cisterna, estava o preto a esperar por ella.
Beijou-a, abraçou-a e que nâo tinha faltado, que dali por
diante ainda a havia de estimar mais.
« Agora, mâe siora, esta a ceia na mesa para ceiarmos. — Eu
jâ ceei. — Pois ao menos coma o pastel. — Dâ câ. » Fez que
o comeu, deitou logo a cabeça na almofada. Elle pegou nella,
levou-a de pé da cama mesma sorte e deitou a na cama. O preto
foi buscar uma bacia e uma toalha e poz-Ih a aopé da cama.
D'ahi a um espaço de tempo entrou com um lenço na mâo.
Deitou-o na agua e sahiu um homem; limpou-o numa toalha,
meteu-o na cama com ella e sahiu e fechoua porta. Elle voltou-
se para ella, beijou-a e deixou-se dormir.
Ella, que o sente dormindo, pucha da lanterna e deitou-lhe
3 pingos de cera na cabeça : « Ah ! tyranna ! dobrastes o meu
encantamento. Pela manhâ, vem o preto, descompôe-te, pôe-te
na rua, tu nâo sabes caminho nem carreira, nâo te dà nada,
has de morrer com fome, ha de te vestir o vestido preto que tu
trouxestes, pôe-te na rua. Mas tu nâo Ihedigas coisa nenhuma;
deixa-o desaffogar, deixa-o dizer tudo quanto elle quizer. Depois
d'elle estar cansado de fallar, diz-lhe tu : « Tens razâo, Gal-
vào, tens muita razâo », e pede-lhe 3 novellos para teu segui-
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 221
mento. Tira a ponta d'um e pôe um â porta do palacio d'onde
sahires; vae-o desenrolando, e onde elle acabar, bâte â porta,
que é a palacio de minha tia. Pede-lhe gazalho, em louvor do
senhor infante menino. Ha-de fazer perguntas, mas nào digas
nada, que eu â noite là irei estar comtigo. » Chorou muito, e
elle pela manhâ sahiu.
Veiu logo o preto a descompôr nella. Disse-lhe quanto quiz,
que nunca elle a deixasse ir a casa da mâe, que ella é que fez
com que elle perdesse a sua fortuna, etc. : « Aqui tem o trapo que
trouxe vestido, vista-o. Ponha-se jâ d'aquella porta para fora;
nâo Ihe dou nada, que ha de morrer de fome. »
Disse-lhe ella : « Tens razâo, Galvâo, mas dâ-me 3 novel-
los para meu seguimento. — Sim, senhora, la isso Ihe dou eu;
quero ver o que faz com elles. » Pôl-a fora e fechou logo a porta
nas costas.
Ella tirou a ponta do novello; o novello foi a desen-
rolar-se, e ella a andar sempre por onde o novello ia.
Andou todo o dia sem comer nem beber. Ao sol posto, aca-
bou-se um novello â porta de um palacio. Pediu as guardas que
dissessem â senhora se Ihe dava alli quartel essa noite, que era
uma pobre viuva, que andava pedindo para se governar; mas
que Ihe pedia em louvor do senhor infante menino. Mandou-a
entrar.
Perguntou-lhe ella se sabia ella do senhor infante menino, visto
que pedia esmola em seu louvor. Ella disse-lhe que nào sabia, mas
alli na rua Ihe disseram que pedisse gazalho em nome do senhor
infante menino : « Cuidei que soubesse alguma coisa, que me
disseram que uma mulher Ihe tinha dobradoo encantamento. —
Nào sei nada, minha senhora. »
Mandou-a para um quarto; mandou-lhe a ceia e alli ficou
naquelle quarto até pela manhà. Pela manhà, levantou-se e
despediu-se. Mandaram-lhe dar pâo. Elle foi ter com ella, de
noite; perguntou-lhe oque tinha dictosua tia. Esteve-lhe contando
o que se tinha passado : « Agora o outro novello ha de aca-
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222 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
bar a porta de minha avô; pede-lhe gazalho em meu nome.
Nào Ihe digas coisa nenhuma, que minha mâe jâ mandou uma
escolta em tua pergunta : em te encontrando, es victima. Eu la
irei ter â noite comtigo.
Deitou o outro novello, foi a casada avô. Succedeu o mesmo.
Deitou o 3** novello, foi dar ao palacio da rainha. Pediu esmola
em louvor do senhor infante menino e gazalho. Assim que Ihe
falou no filho, mandou-a entrar; perguntou-lhe quem era. Sou
uma pobre viuva, minha senhora, que enviuvei ha pouco tempo.
— Mas para que me pede gazalho em nome do senhor infante
menino? — Porque tenho ouvido dizer que a senhora nào nega
coisa alguma que Ihe peçam em louvor do senhor infante menino.
— Mas V. M'* coitada, esta ja muito pezada ; é melhor, jâ que
me fallou no meu filho, que esteja aqui até ter a sua creança.
Mas V. M" sempre sabe alguma coisa a respeito de meu filho.
Eu mandei uma escolta em busca d'essa mulher que Ihe dobrou o
encantamento, e quando pareça ha de ser alcabuzada.
Ella mudou de côr. « E' muito bem feito, minha senhora, que
pague quem tem culpa. »
Mandou-a para um quarto, onde estava uma cama, dentro
d'uma alcova, tapada com um cortinado. Mandou-lhe de cear;
comeu e deitou-se. D'ahi, veiu o infante; deitou-se com ella
e perguntou-lhe o que se tinha passado com a mâe : « Ainda
digo mais, nào quer que eu saia d'aqui sem ter a creança. Eu
aqui hei de vir todas as noites ; mas cautela com a lingua, nào
digas nunca nada. Vae todas os dias pela manhà fallar a
minha mâe e agradecer-lhe. » De madrugada sahiu.
Ella levantou-se, veiu fallar â rainha. Coitada, nào havia de
dormir bem; estava cansada da jornada. A' noite ha de dormir
melhor. Mandava-lhe o comer e todas as noites ella ia la.
Levantou-se um dia e disse â rainha que estava muito doente.
« Va parao seu quarto e ja se manda chamar quem a entenda. »
Vieram logo duas parteiras; teve uma creança. Deram parte â
rainha; ficou muito contente de ella estar descansada. A' noite
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 223
veiu elle; ficou muito contente do seu menino. Ao cabo de
3 dias deu uma dôr na creança, que nâo a podia de maneira
nenhuma ter, nem ao collo, nem de marna, nem de maneira
nenhuma :a chorar sempre. Veiu o pae, pegou nelle; o menino
sempre a chorar. Deu-o a màe. « Vê se o calas, que eu nào o
posso ouvir; canta-lhe uma cantiga, que as creanças as vezes
assustam-se de ouvirem umas tantas vozes e calam-se. — Isso
nào canto eu ; havia de pôr-me a cantar para incommodar a
rainha? — Porque nào? Ganta, canta. — Nào canto, nào. —
Canta-lhe esta cantiga :
Se vossa avô soubéra
Que era seu neto,
Veja o que fizéra !
— Pois eu hei de cantar isso ? — Canta, sim, que mando eu. »
Ella canton e o menino calou-se.
Pela manhà, sahiu elle, e ella levantou-se. Assim que a rainha
a sentiu leyantada, veiu ao quarto. Perguntou-lhe que tinha
aquella menina, que tanta tinha chorado. « Julgo que era dôr,
minha senhora, que teve. — Mas elle calou-se depois que can-
tou. — Eu nào cantei, minha senhora. — Canton; te posso dizer
a cantiga que foi (repetiu). » Ella desfechou a chorar muito.
Disse-lhe ella: « Nào chore; quero que me diga a verdade.
Para mim nào ha segredos occultos; ha de me dizer tudo que
tem succedido, e quando nào, ha de ser alcabuzada. Ainda nin-
guem pediu gazalho nem esmola, em louvor do senhor infante
menino, e V. M", que m'o pediu, sabe esse segredo. Eu sou
capaz de o guardar, tào bem como V. M" o guarda. Conte-
me a verdade, e ninguem Ihe ha de pôr perigo nenhum. »
Ella contou-lhe tudo e a rainha chorou muito ; que seu
filho era um ingrato : ir todas as noites e nào Ihe ter fallado !
« Faça a senhora o mesmo que eu fiz : uma lanterna de furta-
fogo. A senhora vae p'ra o meu quarto, e quando elle venha, esta
a lanterna de baixo da cama, e a senhora encoberta com os corti-
nados. Elle vem; ha de me perguntar o que passei com a senhora.
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224 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
e depois digo-lhe eu : « Desvie para la o cabello, que me oica no
corpo, é muito comprido », e elle sacode a cabeça e cae o cabello
para baixo, e a senhora segure-Ihe o cabello e deite-ella 3 pingos
de cera, que ja elle nào pode fugir. » A rainha ficou muito satis-
feita, esperando a noite. Metteu-se no quarto da peregrina.
Veiu elle, fallou, perguntou pelo menino, se estava melhor-
zinho. Disse-lhe que estava bom, que nunca mais tinha tido a
dôr; e por nâo dizer mais nada : « Deite o cabello para fora da
cama, que me esta picando no corpo. » A rainha deitou os 3 pin-
gos de cera.
Beijou-o, abraçou-o, chamando-lhe ingrato, que vinha alli
todas as noites e nào Ihe tinha ainda fallado. « Minha màe,
acabou-se o meu encantamento com a nascença de meu filho;
mas o Galvào, nâo. Agora, ha de baptizar-se no dia em que
minha màe fîzer annos; depois dâ beija-mào. As 3 ultimas
mulheres que vierem beijar a mào de V. M., trazem um
lenço na mào. Perguntam : « O que quer V. M. de nos? —
Esse lenço que trazes nas màos. » Elias de raivosas fazem o lenço
em mil tiras e quantas feridas fizerem quantas sào as feridas do
meu corpo. Jogam com o lenço a agua e eu nào me posso
levantar. Deve estar alli medico, cirurgiào e confessor, que eu
nào sei se poderei resistir. »
No dia que a rainha fez annos, baptisou-se o menino e deu
(a rainha) beija-mào. As 3 ultimas mulheres que chegaram,
perguntaram : « Que quer V. M. de nos ? — Esse lenço que
trazes nas màos. »
Rasgaram muito bem o lenço, deitaram-no na agua e deses-
peradas sahiram da sala. Accudiram logo o cirurgiào e o medico,
curaram-no e metteram-no na cama.
« Minha màe, hoje é dia grande; baptisa-se o meu filho,
minha màe deu beija-mào, agora todas as personagens que aqui
estào sejam minhas testimunhas que eu cazo com minha mulher.
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 225
45. OS DOIS PEDRINHOS
Era um reî muîto tentado com a caça ; mandou chamar o sapa-
teiro. Que Ihe havia de fazer umas botas em 3 dias. O sapateiro
principiou as botas ; mas a mulher estava para ter uma creança,
foi chamar a parteira e ao cabo de 3 dias nasceu um menino.
Passaram-se 2 dias; manda o rei pelas botas. Elle foi e
disse : « Senhor, nào pude fazer as botas, porqueminha mulher, esta
noite, era meia para a i hora, deu â luz um menino. — Ora
essa! disse o rei, a essa mesma hora, teve a rainha outro
menino. Has de me dar o teu filho ; nasceram â mesma hora
e no mesmo dia, en quero creal-os como meus filhos para saber o
destino ou a sina d'estas 2 creanças. Vae fallar com tua mulher e
traze-me aqui teu filho. »
Elle veiu para caza e disse â mulher. Ella nâo queria ; chorou
muito e elle disse : « Nâo Ihe tires a fortuna ; elle vae ser creado
como filho do rei ; é sô para saber o destino d'estas 2 creanças
que nasceram â mesma hora e no mesmo dia. »
O rei mandou buscar o menino. Poz a cada um sua ama ; bap-
tisou-os, poz a ambos Pedros. Foram crescendo os meninos
debaixo de nome deserem irmâos um de outro. Eram muito
amigos um de outro, muito amigos ; nào estavam nunca um
sem o outro. O rei mandou-lhe fazer umas bolas de ouro, um
aro e uma palheta. lam para o mirante jogar ; mas o sapateiro
sempre queria ganhar, o principe tambem : guerreavam um com
o outro, o sapateiro batia no principe. Vinha fazer queixa â
rainha : « Pedrinho deu-me. — Amanhâ Ihe dâs tu. »
Numa occasiao estavam jogando; o filho de sapateiro pegou
numa bola de ouro e jogou-lhe com ella a testa, fez-lhe uma
ferida. Elle veiu a chorar muito, todo cheio de sangue. Acudiu o
rei e a rainha; e a rainha olhou para o rei e disse assim :
« Sera caso que o filho do sapateiro andé enxovalhando sempre
uma pessoa real ? »
Assim que se curou, veiu outra vez brincar com o Pedrinho;
Rtviu hispaniqm*. siv. I$
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226 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
tinham jd 14 para 15 annos. Guerrearam outra vez; o principe
disse-lhe : « Olha, Pedrinho, tu nâo es meu irmao; a
minha marna disse-me que tu que eras filho d'um sapateiro. »
Elle que tinha mais tino que o principe, assimqueteve occasiaô,
veiu ao gabinete do rei e perguntou-lhe : « Senhor, eu sou filho
de V.M. ? — Porque me perguntas isso ? — Porque Pedrinho
disse-me que eu que era filho de um sapateiro. — Pois é ver-
dade, mais criei-te como meu filho e ninguem sabe esse segredo
senâo eu e a rainha, porque teus paes ja morreram. »
Veiu brincar outra vez com o Pedro, e assim que teve occa-
siaô, foi ao erario, trouxe uma grande boisa de dinheiro, e assim
que Pedrinho estava dormindo, foi a cavalhariça, montou num
cavallo e deitou-se a correr por uma caiçada abaixo. la conside-
rando : « Como eu nâo sou filho do rei, nào hào de fazer
diligencia por me encontrar. » O Pedrinho acordou, nâo o achou
na cama, foi ao mirante e viu-o ir a correr no cavallo. Elle veiu â
cavalhariça, pegou num cavallo e montou-o e foi sobre elle, a
gritar e a bradar. Assim que Pedrinho conheceu e olhou para traz,
que voltasse para palacio. Cada vez fugia mais, atraz de Pedrinho.
Nâo teve mais remedio que foi parar e esperar por elle.
« Pedrinho, vae para casa, nâo queiras ser a minha desgraça :
por mim nâo hâo de fazer diligencia nemhuma. Vem uma
escolta logo sobre nos; tu nâo has de ter perigo, mas eu
sim. — Eu nâo volto para traz ; onde tu fores, vou eu : onde
tu morreres, morrerei eu. »
Caminharam sempre para diante. Ao cabo de 10 dias ou 12
de Jornada, chegaram a um sitio onde havia 2 estradas. Puchou
pelo mappa e disse ao principe : a Estas 2 estradas vâo dar â cidade
de**. E' distante d'aqui 2 léguas; vae tu por uma que eu
vou por outra e aquelle que chegara primeiro, que espère pelo
outro. — Tu o que queres é separar-te de mim e deixar-me. —
Nâo é por isso ; pode ser que este j a jâ Id ordem para nos prende-
rem ; e, assim, cada um vae por sua parte, nâo ha duvida. » Cus-
tou muito a convencel-o. O Pedrinho foi por uma estrada e o
outro por outra.
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 227
O principe deitou a correr no cavallo quanto podia e o outro
foi muito a passo. O principe chegou no meio da tarde ; pergun*
tou se estava alli um rapaz do seu tamanho pouco mais ou
menos e com o mesmo fato, e ninguem Ihe deu noticia. Elle
sahiu da cidade.
O Pedrinho chegou a noitinha e perguntou (o mesmo). Dis-
seram-lhe que sim, que tinha alli vindo, perguntando por elle, ao
meio da tarde. Elle apeou-se. « Isto é noite ; onde heî de eu
ir em busca d'elle ? amanhà pela manhà sera. » Comeu e
dormiu. Pela manhâ cedo levantou-se, pagou a estalagem e
sahiu.
Sahindo fora da cidade, encontrou uma velha. « Ai,
menino, nào va p'r'hi, porque hontem a tarde encontraram
um menino naquelle palacio, assim de seu tamanho. Nào va
p' r' ahi, que ha de ser encantado tambem. — O' tia velhota,
VM" que me diz isso é porque sabe como eu o hei de desencan-
tar; eu Ihe hei de pagar muito bem. — Ora VM", indaque Ih'o
eu ensine, nâo é capaz. — Sou, e de muito mais. — Pois eu
Ih'o digo. VM" vê aquella montanha ? se for capaz de a
subir...; ella nao tem onde o menino se pegue nem onde po-
nha os pés. Se puder fazer a diligencia de subir, ha de ouvir
muitos gritos e muitos tiros ; mas nao tema^ que nada Ihe faz
mal. Se a subir, la em cima, esta um gigante. Hâ-de Ihe per-
guntar o que quer, o menino diz-lhe : a chave d'aquelle pala-
cio. Elle entrega-lhe a chave, e o menino deita-se no châo,
rebola para baixo. Ha de ficar arrimado â porta de um palacio.
Abra-a ; esta um grande lago no meio, com um cypreste no
meio do lago e em cima do cypreste esta uma serpente. Tem
a chave do quarto onde esta o principe, na bocca. Se ella
estiver com os olhos abertos, tira-lhe a chave. Logo vê uma
porta ; abra-a, que la esta o menino. »
Elle pagou-lhe muito e agradeceu â velha ; prendeu o cavallo
e foi fazer a diligencia de subir. Assim que começou, pega a ouvir
muitos gritos, muitos tiros; a poder de diligencia chegou la.
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228 CONTOS. POPULARES PORTUGUEZES
Sahiu-lhe o gigante, perguntando-lhe o que queria. « A chave
d'aquelle castello. » Entregou-lh'a ; elle rebolou-se da serra abaixo,
ficou com as costas empinadas a uma porta. Viu um lago, onde
tudo era agua e um cypreste no meio. Poz muita duvida em
subir pela cypreste acima. Chegado là, encontrou a serpente com
os olhos abertos ; tirou-lhe a chave. Quando desceu do cypreste,
nâo viu lago, nâo viu nada. Abriu logo a porta, encontrou
Pedrinho e uma madama ao pé.
Levantou-se, abraçou-o. « Por'mor de ti é que tenho pas-
sado tanto trabalho e passarei ; vim-te desencantar. Amanhâ
pela manhâ sahirei d'aqui. Esta madama tambem ha de vir
comnosco. E' princeza, filha do rei de**. »
Pareceu uma meza, composta de toda a qualidade de comer ;
comeram. Como eram horas de deitarem-se, disse o principe :
« Pedro, deita-te aqui nesta cama, que estas cansado. — Nâo
deito tal, deita-te tu. — Eu jâ me deitei mais esta menina; esta
noite dormimos aqui ; agora dorme eu. » Elles deitaram-se.
Eram 8 horas da noite; veiu uma aguia, deu 3 carcaxa-
das : « Ah ! ah ! ah ! talvez pensem que estâo livres do encan-
tamento. A' saida d'aqui, sâo 3, tem um s6 cavallo ; logo ao
pé da muralha esta uma manada de cavallos muito bons e
mansos. A princeza vae muito incommodada ; ha de pedir um
cavallo; mas em se montando, ficam sujeitos ao mesmo encan-
tamento. Quando esto ouvir e contar em pedra marmore se ha
de tomar. »
A*s 9 horas tornou outra vez. « Quando d'esta escaparem,
la mais ao diante hâo de querer almoçar. Esta uma figueira na
estrada, com muito bellos figos; em comendo d'elles, ficam
sujeitos ao mesmo encantamento. Quando (&. o mesmo). »
A's 10 horas veiu outra vez e disse : « Quando d'essa esca-
parem, li mais adiante esta uma fonte ; como levam muita sede,
em bebendo da agua, ficam sujeitos ao mesmo encantamento.
Quando (&). »
A's 1 1 tornou a vir : « E quando d'essa escaparem, â entra-
da da cidade, cahem-lhe as muralhas em cima. Quando (&).
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 229
A' meia noite veiu outra vez : « Quando d'essa escaparem,
o rei ha de ficar muito satisfeito de ver a filha, livre do encan-
tamento ; offerece a Pedrinho a mâo da filha, e na noite em
que se receberem, â meia-noite vem uma serpente e traga-o.
Quando (&). »
Esperou i hora, esperou as 2 ; e as 3 foi acordar o Pedrinho
e a princeza : « Meninos^ vamos acima, vamos embora. »
Sahiram do palacio. Nào queriam a princeza nem o principe
îr no cavallo ; diziam ao Pedro que se montasse nelle, que elles
iam a pé. Logo pareceu uma manada de cavallos. A princeza
disse logo ao Pedrinho que fosse buscar um ou dois cavallos, que
seu pae que pagaria tudo, e Pedrinho disse : « Primeiro se hâo
de montar Vm"* ambos no meu cavallo, que eu vou buscar um
ou dois para nos irmos entao melhor. »
Assim que se elles montaram, deu umachicotada muito grande
no cavallo ; foi buscar outro, tirou um alfinete e metteu-lh'o
na anca. O cavallo pegou a fugir e aos coices. Os outros segui-
ram fazendo o mesmo. Elle olhou para elles e disse : « Olhem
lâ ! se eu montasse nalgum d'elles ou V.M"» ? quando elles
fazem isto sem gente, o que faria.. ? » Respondeu a princeza:
a Nada, nada, vamos melhor assim. »
La mais adiante disse o principe que eram horas de|almoça-
rem. Apearam-se e vâo olhar, vêem uma figueira, com muitos
figos, muito bons : « Que bellos figos! disse a princeza, va
busca-los para almoçarmos. » Pedro tirou o lenço da algibeira, foi
debaixo da figueira, estendeu^o lenço. Pegou a colher figos;
abria-os e deitava-os fora.
Tantas vezes fez isto que o principe Ihe disse : « Em vez
de trazeres os figos, deita-los fora ? — Elles nâo sao figos,
respondeu Pedro, sâo boisas de bichos. — Entâo nâo. »
Estiveram ^moçando, montaram a cavallo e sahiram.
(Foi esquecida a maneira como Pedro evitou a prophecia que a
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230 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
aguia fez as lo horas. Pouco me parece ficar prejudîcado o merito
do conto, se o tem.)
Chegando as muralhas da cidade, disse o Pedrinho : « Nâo
é bonito agora entrarem 2 pessoas reaes montadas num so
cavallo, como pessoas particulares. O melhor de tudo sera
que eu va a palacio fallar com o rei, para as mandar buscar
como devem. Fiquem aqui nesta quinta, que eu logo câ
venho. »
Foi a palacio, perguntou o rei. Que estava alli um estranjeiro,
que Ihe era muito preciso fallar-lhe.
Mandou-o entrât ; passados os primeiros cumprimentos disse-
Ihe se tinha gosto de ver a sua filha, jâ desencantada. O rei
ficou com muito grande gosto. « Tudo daria sa para a ver jâ
livre d'aquelle encantamento. — Nào preciso nada, senhor ; é
s6 mandar derribar as portas (portas da cidade) da entrada
de tal parte. Em ellas estando em baixo, eu direi a V.M. onde
esta. »
O rei mandou logo buscar todos os operarios ; nesse dia mesmo
se deitou a muralha abaixo. « E' preciso, senhor, que a mande
buscar, porque nâo é bem que ella venha a cavallo numa caval-
gadura; que nâo é bonito entrar sem estado ».
O rei mandou logo arranjar todos os trens e deu parte a todos
os fidalgos ; foram â quinta buscal-os. O Pedrinho, assim que
viu o estadoy deitou os braços ao pescoço de Pedro a beijal-o.
« Com que t' hei de eu pagar tanto bem ? — Com o mal. »
Chegaram a palacio. O rei disse para o Pedro : « Ja que
tive o gosto de ver minha filha desencantada, nâo Ihe posso
pagar senâo com a mâo d'ella. — A mâo da princeza nâo me
pertence a mim, mas aqui a Pedrinho que é principe. »
O rei deu-lhe a mâo e depois tractou-se do cazamento. E o
principe a perguntar-lhe com que Ihe havia de pagar tanto
beni ? « Com o mal, respondia.elle. Agora o que quero. é que
me dès licença para ficar np teu quarto,, na noite que te rece.-
beres. — Que me pedirâs tu que eu nâo faça ? »
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 23 I
No dia que se receberam, a horas de se recolherem, deu o
principe a chave a Pedro. Pedro pegou num alfange ; quando
sentiu que elles iam para o quarto, metteu-se debaixo da cama.
Metteram-se na cama e deixaram-se dormir e Pedro pegou no
alfange e poz-se de pé ao pé da cama.
De repente veiu abrir uma janella do quarto, que dizia para o
jardim. Entra a serpente e Pedro com o alfange traçou-a ao
meio. Ella sahiu e cahiu dentro da cisterna. Ao mesmo tempo
acordou a princeza ; sentiu a espadana de sangue na cara. Pal-
pou, achou sangue. Viu Pedro com o alfange na mào, tambem
ensanguentado. Pegou a gritar que Pedro a queria matar. Acudiu
tudo em palacio. Viram Pedro com o alfange na mào, muito
branco. Disse-lhe que, se tinha sangue, que procurasse a
ferida. « Mas tenho sangue, V.M" queria-me matar. » O
marido a dizer-lhe que Pedro que nâo era capaz ; mas foi preso
no oratorio 3 dias e logo enforcado.
O principe chorava de dia e de noite. Elle, no dia que estava
para ser enforcado, mandou chamar o principe. Pediu licença
ao rei e foi. v Entâo nâo te disse que me havias de pagar o
bem com o mal ? » Elle desculpou-se com a verdade ; nâo tinha
culpa.
« Mandei-te chamar : quero pedir-te um favor pela ultima vez.
Quero que peças ao rei que, quando eu for p' ra a força, quero
fazer caminho pelo jardim que te m porta de entrada e de
sahida. Mas quero que elle e todos os fidalgos se ponham a
janella quando eu passar. » Despediram-se um do outro com
muitas lagrimas, e veiu, deitou-se a joelhos ao rei, que dese-
java que Ihe fizesse uma mercê.
Levantou-o e disse-lhe que pedisse o que quizesse. Disse-
lhe o que o Pedrinho Ihe tinha dicto. Deu-lhe licença p' ra elle
vir pelo jardim.
Chegando a justiça, elle olhou para as janellas e viu tudo
cheio de gente. Deitou o crucifixo, que tinha na mâo, no braço,
e disse: « Senhor, morrer d'uma maneira, morrer d'outra.
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232 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
tudo é morrer ; mas justificado, nâo criminoso. » Por aqui foi
dizendo tudo que se tinha passado com a aguia ; ia dizendo, ia
se fazendo em pedra. Quando acabou de dizer da serpente cahir na
cisterna, ficou um homem de pedra. Tudo muito admirado e ao
mesmo tempo com pena.
O principe nâo tinha consolaçao nenhuma ; ia de quando em
quando, de roda da pedra de Pedro. A princeza e o rei a animal-o.
Que jâ nâo havia remedio. Assim se passou um anno.
Ao cabo, teve a princeza 2 meninos gemeos. Tinham jâ os
meninos mezes, pegou o principe a sonhar que degolando os
seus 2 meninos, parando o sangue numa bacia, que corresse â
pedra de Pedro com o sangue quente, que lavasse a pedra, que
Pedro que resuscitava.
Tanto sonhou ' té que disse â princeza. Ella disse-lhe que tinha
muita pena, e mais por ser ella a causa, mas que matar os seus
filhos, isso nâo. Elle calou-se. E sempre a sonhar.
Um dia que as amas nâo estavam no quarto dos meninos,
pega numa bacia e num alfange e corre ao berço dos meninos
e degola-os ; correu ao jardim, lavou a pedra de Pedro com sangue
e Pedro teve vida.
Pegou a dar vivas e a gritar. Acudiu muita gente as janellas,
viram-no vir com Pedro pelo braço. Correram todos â porta do
jardim, abraçaram Pedro ; e elle, Pedrinho, disse, por fineza :
« Matei os meus 2 filhos para Ihe dar a vida a elle ; assim é que
Ih'eu pagava tanto bem que me tem feito. »
Foram ao quarto onde os meninos estavam mortos; acharam-
nos sâos, de saude, brincando com o alfange e as mâos cheias de
sangue.
Ainda maior gosto tiveram e ficaram todo vivendo junctos.
46. o REI CEGO
Havia um rei e uma rainha que tiveran 3 filhos. Viviam
muito satisfeitos com os meninos. Jâ eram homens, adoeceu o
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 233
pae com uma grande inâammaçao nos olhos e cegou. Vinham
medicos de fora dos reinos ; foi em balde, que nâo recobrou a
vista.
Passado muito tempo, veiu um pobre pedir â porta do pala-
cio. Perguntou â guarda se S.M. ainda era cego. Disseram-lhe
os guardas que ainda era cego. Diz o pobre : « Se pudessem
alcançar uma garrafa d'agua do palacio d'um giganie, no reîno
de tal parte, era s6 applicar-lhe aos olhos, ficava logo com a
sua vista natural. »
O capitâo da guarda ouviu isto, foi dizer aos principes. Res-
pondeu o mais velho : « Isso muito facil é de alcançar, manda-
-se um soldado por ella. »
O mais novo respondeu : « Isso nào ; pode dizer que é
agua de là e ser d'outra qualquer parte. E' melhor ir um de
nos. » O mais velho respondeu : « Pois vou eu. » Determinou-se
a sahida e sahiu com um creado.
Quando chegava as cidades, por onde ia correndo, escrevia
sempre. Âssim ia seguindo a sua jornada.
Chegou a um reino e viu um defunto no meio d'uma praça,
e uma bandeja ao pé em cima d'uma cadeira. Disse : « Entâo
este homem, depois de morto, esta pedindo esmola ? — E'
para se enterrar. No nosso reino, ninguem se enterra sem pagar
ao parocho; e como elle é pobre, esta tirando esmola para
se enterrar ». Elle nâo respondeu, metteu esporas ao seu caval-
lo e foi seguindo a sua jornada.
Chegando ao reino do gigante, estava na estrada uma estalagem.
Elle apeou-se e entrou para dentro. Pediu de jantar ; logo se
poz a meza e o comer sobre ella. Sentou-se, veiu uma madama
muito linda sentar-se-lhe ao lado. Nunca mais se lembrou nem
de ir buscar a agua, nem dos paes, nem de ninguem.
Passado o tempo marcado em que havia de ir e vir, como
nâo tinha escripto, os paes e os irmâos disseram que era porque
elles tinham morrido.
Mas, anciqsos pela agua, disse o do meio : « Vou eu e hei
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234 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
de trazer a agua e nào hei de morrer por la. » O rei queria,
antes jâ, estar cego que perderos filhos ; mas elle sempre teimou
e sahîu. Montou a cavallo e nào levou criado.
Seguindo os mesmos passos da jornada do mano, chegou ao reino
onde se nâo enterravam sem dinheiro. Viu uma defuncta ; per-
guntou que fazia aquelle corpo alli, que se nào enterrava ? Que
nào tinha fortuna, que estava tirando esmolas para se enterrar.
Elle nào respondeu e foi andando.
Chegou â estalaiem. Sahiu o irmào a fallar-lhe ; perguntou-
Ihe porque nâo tinha ido buscar a agua ao pae. Que, chegando
alli, respondeu elle, nunca mais se lembrou de nada com aquella
madama que se Ihe sentou ao lado. Entrou para dentro e pôz-se
à meza a jantar ; veiu outra ainda mais formosa e sentou-se-lhe
ao lado. Nunca mais se lembrou da agua.
Muito tempo depois de passar a hora marcada, disse o mais novo
para orei : « Os manos sem duvida morreram, vou eu; quero
antes morrer, fazendo a diligencia para meu pae ter vista. »
Divulgou-se logo esta noticia no palacio e a côrte oppoz-se a
îsso ; mas elle na noite seguinte foi ao erario, trouxe uma grande
somma de dinheiro, montou num cavallo, de madrugada, e sahiu ;
mas sempre escrevendo.
Chegou ao reino onde se nào enterrava sem dinheiro ; che-
gou a uma cidade onde viu um defuncto â porta (da cidade). Per-
guntou porque nào enterravam aquelle homem. Disseram-lheque
nào se podia enterrar sem pagar ao parocho ; mas, como elle dévia
muito, havia 2 dias que alli estava e ninguem Ihe dava esmola.
O principe disse : « Este homem nào tem mulher nem caza ?
— Tem mulher e um filho. — Levem-no la para caza da mulher,
que eu pago o enterro. »
Levaram-no para caza da mulher. Ella, coitadinha, desfechou a
chorar muito. O principe entrou ; perguntou quem era a viuva.
Depois disse-lhe que fizesse o enterro ao seu homem, que elle
pagava a despeza.
Depois do enterro sahir, olhou para a viuva e disse-lhe que
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 235
mandasse chamar todos os seus credores. Depois de estarem junc-
tos, disse-lhe o principe como elles tinham a sua dévida per-
dida, se quizessem estar pela sua proposta, que nâo perdiam
tudo, se queriam elles metade da divida que aquelle homem Ihe
dévia, perdoando a outra metade ? Todos disseram que sim. Pagou
a todos por metade da divida e depois que elles sahiram, deu
uma somma a viuva e disse-lhe que rogasse a Deus que elle
fosse feliz na sua jornada; que tambem ella havia deser. Montou
a cavallo e seguiu o seu caminho.
Chegando a estalajem, viu os irmâos. Muito satisfeitos assim
que o encontraram ; mas elle nâo estava contente de os ver alli.
Elle nào se queria apear. Que nâo seguisse a jornada sem jan-
tar, que estava a mesa posta.
Assim que se sentaram a meza, veiu outra madama ainda mais
bonita e sentou-se-lhe ao lado. Elle levantou-se, deu um pulo no
cavallo e seguiu seu caminho. Os irmâos pediram-lhe que viesse
por alli de torna-volta.
Chegando ao palacio do gigante, puchou a campainha e veiu
elle. Perguntou-lhe o que queria. Disse que vinha alli buscar
umagarrafad'agua dasua fonte, quetinha seu pae cego. O gigante
disse que sim, mas numa condiçào. Levou-o a uma janella :
« Vês aquelle palacio ? Se me fores la buscar uma espada que eu
là tenho, logo te dou a agua. »
Elle, satisfeito com a proposta, abalou. Subindo um outeiro,
viu um rio d'agua. Poz-se de roda d'elle sem saber como havia
de passar. Pareceu-lhe uma rapoza ; fallou-lhe : « Tu tens medo
da agua ? fecha os olhos e passa, que nao te has de molhar.
Em là chegando has de ver 2 exercitos num grande combate,
muitos mortos, muitos eridos ; nâo tenhas susto. Passa pelo
meio d'elles. A porta de palacio esta aberta ; no primeiro
quarto esta uma meza e a espada em cima. Pega na bainhâ
e vem-te embora. »
Elle fechou os olhos e chegou a porta do palacio sem ser
molhado. Assim que chegou ao pé do exercito, passou por elle,
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236 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
entrou, pegou na bainha e sahiu. Quando sahîu, nâo veiu nem
exercitos, nem feridos nem mortos, nem coisa nenhuma, nem resto
de nada. Sentiu um estalo no braço ; olha, vê a espada dentro da
bainha. Nào viu o rio. Ch^ou a palacio, entregou a espada.
Ficou muito satisfeito. « Assim como foste capaz de me îr
buscar a espada, bas de ir buscar um cavallo que eu là tenho. »
Elle ja îa mais triste, mas foi.
Encontrou o rio e a rapoza la. « Ainda ca te mandou ? O
que elle quer é matar-te, mas nào bas de ter perigo. Fecha os
olhos, e passa, que bas de ver, â primeira caza, uma grande
cavalhariça com mangedouras d'um e d'outro lado. Os caval-
los estâo aos coices que encalham as pernas umas nas outraz ;
mas nào te assustes, passa pelo meio d'elles. O ultimo
cavallo, que esta â tua direita, tem um freio de prata. Tira-o
da argola da estaca e vem-te embora. » Elle assim fez.
Cbegando la, eram os cavallos aos coices que nào o deixaram
passar; mas mesmo assim rompeu. Tirou-o da prisào; veiu-se
embora. Ao sahir da porta, o cavallo ao pé d'elle.
Veiu, entregou-o ao gigante : « Inda tornas la, outra vez
a buscar uma filha que eu la tenho. » Elle foi. Outra vez o
rio. A rapoza disse-lhe : « Ja te ca nào manda senào esta vez.
Entra, que â tua direita esta uma porta. Levanta a aldraba e
entra. Has de vel-a sentada com 12 serpentes, que é a sua
guarda, mas nào tenhas medo ; que ellas hào de levantar a
gala direito a ti. Nào faças caso. Là esta uma commoda, abre
a primeira gaveta, vês uma saia encarnada. Tira-a , eguala o
c6s com a contrapiza e deita-lha ao pescoço. E vem-te embora
e vas para caza de teus irmàos. »
Elle entrou ; as serpentes levantaram gala ; mas elle foi â gave-
ta, tirou a saia, deitou-lh'a ao pescoço. Veiu-se embora, mas
jâ nào viu as serpentes. Quando sahiu da porta do palacio, ja
ella estava ao pé d'elle, dando-lhe o braço.
Era muito linda. Veiu e entregou-a ao pae. Ja tinha a garra-
fa cheia d'agua ; agradeceu-lhe muito o favor e disse-lhe que
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 237
pedisse o que quizesse. Elle pediu a espada ; deu-lha de muito
boa mente. Despediu-se d'elle e sahiu.
Depois ouviu um tropel muito grande atraz de si ; era ella
montada num cavallo, com uma espada para o matar. Que assim
pagavaaquem atinhadesencantado. Respondeu-lhe que quando
seu pae disse que pedisse, porque nâo a pediu a ella ? « Mas
como nâo pediste senâo a espada, aqui me tens a mim e ao
cavallo. »
Seguiu a sua jornada ; como o cavallo nâo sabia senâo aquelle
caminho, veiu dar a estalajem. Os irmâos, assim que o viram,
com uma grande inveja. Com a agua, com a espada, com o
cavallo e com umamadamamelhor que a d'elles I mas mostrando-
se muito satisfeitos com elle.
Tencionaram fazer todos junctos a jornada para palacio ; segui-
ram a sua jornada todos 3 com as suas madamas. O calor era
muito, levavam todos muita sede, sem verara nem fonte, nem
poço, nem monte (casai). A final acharam um poço, mas nâo ti-
nham com que tirar agua.
Os 2 mais velhos disseram : « Ora isto faz-se bem, atando
as nossas bandas todas 3 e vae um de nos là abaixo com um cha-
peu, enche-o d'agua e traz para cima. Pois va o mano que é
mais levé. »
Ataram as bandas a cintura do irmâo ; levou o chapeu e encheu-
o d agua. Beberam ; ainda tinham mais sede tornou a ir p'ra
baixo : trouxe mais agua e depois foi outra vez. Fingiram que
Ihe tinha escapada a banda da mâo, ficou enterrado na agua atéâ cin-
tura. Muitos gritos, muitas finezas, mas nâo podiam tiral-o de
maneira nenhuma. Assim, que iam p' ra diante ver se encontra-
vam alguem para os ajudar a tirar. A mullier, quando o viu cahir,
deu um grito e ficou muda, e o cavallo deitou a correr, que
nunca mais Ihe puzeram a vista em cima.
Seguiram a sua jornada, e chegando ao seu palacio, pegaram
logo na garrafa e foram direitos ao quarto do pae ; mas nâo pude-
ram destapar a garrafa, de maneira nenhuma. Nâo podendo,
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238 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
foram buscar uma bacia e um martello, mas nâo se pariiu. Puze-
ram-na p' ra o lado, a ver se alguem a ia abrir ; todo o trabalho
foi baldado. A espada nunca a puderam tirar da bainha e o
cavallo pareceu la num outeiro muito longe. Disseram aos pica-
deiros que, picando os cavallos, podia ser que apanhassem
aquelle.
O principe, que estava no poço, lembrou-se da rapoza : « Ai,
que tantas vezes me livraste da morte ! bem me dizias tu que
nâo viesse por casa de meus irmàos ! » Neste tempo pareceu
ella ao bocal do poço : « Agora nâo sei ; nâo te posso
tirar d'ahi. — Anda là, rapozinha, tira-me d'aqui, desta des-
graça, senâo eu morro aqui. — Eu nâo; s6 se me deres mei-
tade do que for teu, dentro de um anno. — Nâo te dou mei-
tade, dou-te tudo quanto me pedires. »
Tirou-o do poço. Estava elle jâ com o fato roto, com uma
barba muito grande : « Vae a palacio, que teu pae ' inda esta
cego. A garrafa ainda nâo se desrolhou, nem se partiu a mar-
tello. O cavallo, nunca mais Ihe puzeram a mâo em cima ; e
tua mulher esta muda, nunca mais fallou. Vae, has de gastar
muito tempo ; mas nâo te esqueças do que me promettestes. »
Desappareceu a rapozinha e elle pegou a seguir o seu caminho
muito devagarinho, estava muito debilitado. Chegou a algum
monte, pediu alguma esmolinha para comer. A poder de dias
chegou a côrte, sentou-se numa pedra, perto dos picadeiros que
andavam picando os cavallos ; e olhou, viu o cavallo.
Disse : « Oh ! que cavallo tâo bonito ! — Por amor d'elle
é que nos andamos aqui picando neste, para ver se o podemos
apanhar ; mas elle nâo da mâo a ninguem. — Ora eu sou capaz
de o ir buscar. — Ora ! outros com mais pano no colarinho nâo
podem quanto mais V". — Pois vamos ver. »
Levantou-se, e assim que foi direito ao cavallo, veiu elle
direito ao dono. Pegou-lhe na redea e trouxe-o.
Levou-o a palacio, dizendo que elle nâo o tinha apanhado ;
que um homem, que alli estava, é que o trouxera.
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CONTOS POPULARES PORTUGUEZES 239
« Talvez elle tambem seja capaz de tirar a espada da
bainha. Va la chamal-o. » Elle foi.
Disseram-lhe se elle era capaz de tirar aquella espada da
bainha. Deram-lh'a ; mas elle nao quiz : « Nao précisa isso. »
Pegou na espada mesmo na mào do irmào e puchou por ella,
mesmo sem força nenhuma.
Foram buscar a garrafa. Que talvez fosse capaz de tirar a
rolha. c( Mas para que, senhor? — Porque é um remedio
que temos aqui p' ra meu pae. — Entào, aqui nao ; é preciso
tirar-se mesmo ao pé da cama d'elle. »
Levaram-no ao quarto, pediu uma bacia, tirou a rolha, dei-
tou agua nas maos, lavou os olhos do pae. Logo ficou com
a sua vista clara como d'antes. Como houve algum barulho
no quarto, acudiram ; onde veiu a rainha e a rapariga. E ella,
assim que o viu, deitou-lhe os braços ao pescoço : « Eu jâ te
fazia morto ; graças ao Altissimo, que ainda te vejo. »
A estas palavras os infantes olharam com mais attençao para
elle. Pediu a bençoa ao pae, fallou a todos. O pae, vendo isto,
perguntou-lhe o que aquillo era, porque Ihe tinham dicto que
elle tinha morrido. Elle contou tudo. O pae mandou logo matar
os filhos ; as madamas ficaram creadas da outra.
Depois tractou-se o casamento, cazou côm ella. Ao cabo de 1 1
mezes, tiveram um menino. No dia do baptizo, estando a noite,
ao chà, de repente apagaram-se as luzes das salas. Pareceu uma
phantasma ao pé do principe; todos se assustaram muito.
Fallou o phantasma.
Que nao tivessem medo, que elle que vinha alli buscar o que
o principe Ihe tinha promettido ; metade d'aquillo, que era seu.
Elle levantou-se, foi buscar um alfange e chegou-se ao berço
do menino e levantou o braço. Mas a phantasma segurou-lhe
nelle e disse-lhe que nao matasse o seu filho, porque elle era a
aima d'aquelle homem aquem elle mandou enterrar e pagar-lheas
dividas, que tinha vindo por Deus, livrado de tantos perigos. Assim,
que fizcsse o que tinha promettido a sua mulher de a fazer feliz.
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240 CONTOS POPULARES PORTUGUEZES
Desappareceu ; ficaram todos muito satisfeitos e elle no outro
dia mandou 2 aias e uma escolta buscar a mulher. O filho ]i
tinha morrido.
Metteu-a no convento com grande tença. Acabou-se.
Recolhidos por
Z. CONSIGLIERI PeDROSO.
Le Gérant : M.-A. Desbois.
MAÇON, niOTAT FRËXES, IMMUMBURS.
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VOCABULARIO DE PROVINCIALISMOS
ARGENTINOS Y BOLIVIANOS
PRÔLOGO
Hispaue'y non roniatié, memoreiis loqui me,
Orgvdlo, y muy legitimo, es de todo espaiiol que tenga dos dedos de firente,
cuando al pisar las playas de America oye hablar su propio idioma; y en
cualquier sitio, y en todas ocasiones, siente acariciar su ofdo con el eco de con-
versacioncs que, por lo familiares é inteligibles, le traen el recuerdo de la
patria lejana. Claro esta, que el vulgo emigrante no ve en esta mancomunidad
de lenguaje màs que una ventaja para sus conveniencias personales ; y que à
los bohemios de cualquiera clase y condiciôn que sean, les ha de venir de per-
las eso de no tener que aprender otro idioma en tierra extrana para dar
curso libre à la pénola y à la sin hueso ; pero sobre la idea utilitaria debe pre-
valecer, y prevalece el orgullo de raza halagado al ver que allcnde los mares
crece robusta y frondosa una rama del gran roble castellano, asegurando la
inmortalidad de los elementos fundamentales de la civilizaciôn hispana : la
religion y el idioma. Lograron las naciones americanas sacudir el férreo yugo
de la Metrôpoli : han podido darse nuevas leyes, adoptar exôticas costumbres,
y hasta posible es abracen otra religion, pero ya no les es dable formarse un
idioma privativo nacional.
Qpiera que no, el americano ilustrado pensarâ, hablard y escribirà en la lengua de
los conquistadores. Las fantasfas de Sarmiento y demâs corifeos hispanôfobos,
las pretensiones de tantos americanisimos de hablar y escribir « en criollo », no
pasan de alardes inocentes que caen en lo ridiculo cuando se toman en serio.
Por lo pronto, el pretendido lenguaje criollo, fuera de algunos modismos y
términos dialectales que por designar cosas del Nuevo Mundo son desconoci-
dos en la Penfnsula, no pasa de ser un bodrio de barbarismes, solecismos, ar-
caismos y demâs fealdndcs gramaticales, hasta el punio que eso de iwiericanis'
mos empieza A tener la significaciôn que daban los atenienses à la voz solccismo,
por haber perdido los habitantes de Soles en la Cilicia, la pureza de su lengua
Rexmt hispanique, xjv. i6
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242 CIRO BAYO
patria. Hojeando este Focabulario se poue de manifiesto que tan americanismos
son los terminachos ingestados de araucano, guarani, quichua, aimarâ 6 chiqui-
tano, como los barbarismos de lenguaje que se cometen con el uso de recién^
garantir, y saher^ por ejemplo ; como tantos galicismos por el estilo de cabina,
caserna, usina^ etc. ; y como ciertos convencionalismos de lenguaje taies como
cojer, concha, pedo, etc. ; lo que no empece para que todos y cada uno de cstos
vocablos ostenten el pomposo tftulo de americanismos 6 criollismos. De suerte,
que â trueque de ser originales, sfrvense algunos escritores de un lenguaje
agauchado 6 apaisanado, tomando à empeno escribir de un modo distinto del
en que se habla.
Porque en verdad sea dicho, en Bolivia y en la Argentina se habla mejor
que se escribe. i En que consiste que en ambos pai'ses se hable un castellano que
con prescindencia de algunos dejos provinciales, es tan puro y limpio como el
de las Castillas, hasta el punto que el gaucho y el cholo se expresan con facun-
dia y correcciôn de lenguaje que para si quisieran muchas ilustraciones regio-
nalistas de la Peninsula ; y en cambio la mayoria de la gente ilustrada esgrime
la pluma peor que el colegial màs atrasado de la clase de Retôrica ? Yo lo
atribuyo al poco estudio que en escuelas y liceos se hace de la Gramàtica, al
escaso de Literatura, y al ninguno de las lenguas madrés, consecuencia del
divorcio en que, digan lo que quieran los americanistas peninsulares, viven los
sur-americanos de la Madré Patria. i A que forjarse ilusiones? Asf como los
jôvenes de la tribu de Roboam hacfan decir â este : « Mi dedo meiîique es
mâs grande que el pulgar de mi padre », palabras que determinaron el cisma
entre Israël y Judâ : asf piensa la joven America al compararse con su madré
Espana.
La Historia, la Literatura, Artes y Ciencias espanolas son menospreciadas 6
desconocidas en America, en lo que tienen la mayor culpa los editores penin-
sulares que dejando el mercado â los Gamier, Bouret, Appleton y otros
libreros de Paris y Nueva York, permiten la invasion y propaganda de trabajos
extranjeros interesados en desacreditar d Espana por odios politicos ô religiosos.
Siendo lo peor, que cuando alguien se queja, como yo lo hago ahora, de que
los americanos no compran libros espaiîoles, se contesta que tal queja es infun-
dada, porque los espanoles no producen nada. En verdad que no podrân decir
lo mismo en lo que atane à los maestros de escuela, como que â fuerza de
ponerlos en caricatura, en sainetes y zarzuelas, los hemos exhibido al mundo
entero. Saben, por consiguiente, en America que los domines espanoles son
materia de exportaciôn. Sin embargo se hace venir de Alemania profesores de
lengua castellana para ensenarla en Liceos; y tudescos, franceses é ingleses
regentan câtedras y dirigen Academias, Observatorios, Laboratorios y Escuelas
normales, asf en Bolivia como en la Argentina. Y \ vive Dios I que yerran en
esto las Repûblicas Australes ! Porque ya que no tengamos en Espana sabios,
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PROVINCI A LISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 243
ni literatos, ni artistas, no se negarâ que el mâs negado de sus pedagogos sirva
para ensenar la lengua nacional mejor que ciertos gramàticos, asi exôticos como
indfgenas, que no contentos con mercantiiizar con el idioma castellano, lo
degûellan y estropean *.
Si â estos elementos daninos, y con esto cierro la digresiôn, se anaden la
caterva de periodistas que hacen gala de escribir en criollo, porque, como
nuestros « renaixensos », son incapaces de escribir en buen castellano ; la
redacciôn de docuroentos oficiales en oriografia atnericana ; la plaga de trodit-
tori que no traduitori que alimentan los editores extranjeros; y la jerigonza
de terminachos plebeyos de que se hace gala en escritos y conversaciones,
milagro sera que no se confirme en plazo no muy largo la opinion de Bello,
quien dice que « à no evitarse esta anarqufa de lenguaje se hablarà con el
tiempo en America una jerga desconocida ».
Ya va sucediendo en Sur- America lo que en la Espana romana con el latfn del
Lacio. En Roma se ténia por extrano y medio incomprensible el latfn que
hablaban en la Peninsula (Valdés, Didlogo de las lenguas). Asi Aulo Gelio intro-
duce  su poeta, haciéndole dccir : Hispané^ non rontanéy memoretis îoqui me
(recordad que hablo en espanol, no en latin).
Si à este resultado propenden los americanistas, pueden estar satisfechos;
pero exige la equidad, adviertan que hablan en americano, no en espanol.
Déjense de proclamar el castellano como idioma nacional ; y déjense sobre
todo de contratar profesores extranjeros para enseiiarlo. Funden câtedras de
araucano, de quichua 6 de aimarà, como las que para la enseiîanza del otomi
y guarani fundaron los birbaros espaiioles en las universidades de Mexico y
I . Entre tanto texto màs 6 menos disparatado que usan en las escuelas
argentinas, puedo citar el Rudimentista por la Setîora Caprile. He aqui como
trata esta senora al idioma de Cervantes :
El Mino es un rio enla Espaiia.
Mi café es caliente.
Ella es en mi cuarto.
Los Estados Unidos son al S. de Canada.
Las selvas de zona torrida son llenas de monos. Con otras monerias, como,
• Elduenode la casa vuelverd; Sébastian se transfiriô â Salta. » La misma
seiiora, probablemente « signora », que d la publicaciôn de su obrita era dircc-
tora de una Escuela Normal de Buenos Aires, dice : del America ; miraculoso,
Onorid; Escurial, etc.
Y el Rudimentista era mctodo de lectura subvencionado por el Consejo de
Educaciôn !
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244 ^^^^ ^^^^
Lima respectivamente, y escriban en e^os idiomas indfgenas, como los regio-
nalistas europeos lo hacen en flamenco, bable, lemosin 6 vascuence.
A bien que los materiales son copiosos y solo aguardan los artifices que sepan
darlcs aplicaciôn. i Que lengua màs rica que la guarani^ cuya abundancia,
propiedad y admirable mecanismo la hacen, en el sentir de algunos filôlogos,
mâs sabia y filosôfica que cualquiera de las de la antigûedad ? Ni que otra
raâs varia y melodiosa que la quicima, de una concision asombrosa, y con
declinaciones y conjugaciones como la mâs adelantada lengua! i Cuâl otra, en
fin, mâs robusta y varonil que la ainiardy que en lo relativo â palabras significa-
tivas iguala â cualquier otro idioma ? Una de esas lenguas primitivas pudo pre-
valecer como idioma nacional y pan-americano, como prevaleciô el quichua
desde el Guayashasta el Maule en tiempo de ladominaciôn incâica, sin mâs que
por la autoridad de las armas. Pero esta visto que los americanistas pueden
menos que los • amaiitas » peruanos; eso que, como lo repito, la tarea no
serf a dificil.
Tan no lo es, que â medida que la instrucciôn cunda en los pueblos sur-ameri-
canos, han de surgir poemas populares, como esospoemas gauchescos de Hidalgo,
Ascasubi, del Campo y Hernândez, cuyo pintoresco lenguaje no es dable com-
prender â menos de haber residido en la campana de Buenos Aires. Y digo
que en la campana de Buenos Aires, porque asi entienden en el resto de la
Repûblica Argentina ciertos pasajes de Martin Fierro^ por ejemplo, como en la
Penfnsula y demâs pafses de habla castellana >. Por esto no acierta Unamuno
cuando escribe : « Hacen bien (los argent inos) en llamar idioma nacional al
brioso espanol de su gran poema el Martin Fierro ».
I. « Estoy encantado con el Martin Fierro » de Hernândez, dfjome uno de
los primeros literatos de Lima. — Y, sin embargo, respondi, para Vds. ese her-
moso poema es Rosario en Berheria. — i Por que? — Porque la mitad de sus
bellezas son para ustedes sanscrito ; no las entienden. — Pues yo las percibo
muy bien. — Error ; 6 si no, expliqueme esa :
Nos retiramos con Cruz
â la orilla de un pajal ;
por no pasarlo un mal
en el desierto infinito,
hicimos como un bendito
con dos cueros de baguai.
— Pues claro, en lo de bendito expresa la prontitud con que arreglaron las
pieles. — Y cuando le hube explicado el problema de la Irase, picôse enorme-
mente y no me ha perdonado aquella replicaciôn. »
(Juana M. Gorriti. Carta al Autor inserta enel Prôlogo de Martin Fierro.)
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PROVINCI A LISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 245
Y es porque en las Repùblicas australes sucede en orden al lenguaje lo mismo
que en Espana : cada provincia habla el suyo privativo. En la Argentina es
distinto el lenguaje criollo del gaucho porteno del que se habla en Santa Fé y
Côrdoba, provincias colindantes con la de Buenos Aires.
Hablan el guarani ô paraguayo en la de Corrientes ; el quichua peruano en
la de Santiago del Estero, y un castellano salpicado de voces araucanas y
quichuas en las restantes provincias andinas y del norte.
En cuanto â Bolivia, el quichua es el popular en los Departamentos de Chu-
quîsaca, Potosf y Cochabamba; asi comoel ainiarden los de La Paz y Oturo;
y en los restantes departamentos como Santa Cruz y el Béni, corren vdlidos por-
ciôn de vocablos que se necesita Dios y ayuda de lenguaraz para entenderlos.
De donde résulta» que tan ayuno se queda un cruceno del quichua castellano
que le habla un arriero cochabambino y un porteno del guarani de Corrientes,
como un castellano del vascuence ô del catalan de Lérida.
^Cômo han de prctender, pues, los americanistas imponernos esa plaga de
nombres indigenas, muchos de ellos con équivalentes en castellano, con los que
sin venir d cuento, salpican sus obras, cuando ni en su patria misma los entien-
den ! O sera que d este farragoso caidlogo reducen sus aspiraciones regionalistas?
Pues ni Olmedo, ni Bello, ni Heredia, ni Andrade, con ser americanfsimos se
valieron de él para cantar las glorias nacionales y la naturaleza americana.
Precisamente lo que mds avalora las « Tradiciones » de Palma, es eba sobrie-
dad, esa diffcil facilidad en el manejo del estilo criollo, y en términos tannatu-
rales y atinados, que casi siempre se transparentan y adivinan sin necesidad de
recurrir al Dicciotiario de Peruanismos de Arona.
Por lo demds, y como antes decia, va no les es dable d los indigenistas
criollos, escribir en lengua amerindia^ como los regionalistas europeos en la
de sus respectivas provincias. Estas fueron autônomas cuando la época de la
formaciôn literaria de su lenguaje, y asi redactaron Côdigos como cl de los
Usatjes de Barcelona, poemas como el de Boecio, Ley de amor, Cintigas y
Poemas Galeses. La momificaciôn y decadei cia de estas lenguas vino con la
p<^rdida de la nacionalidad de los pueblos que las hablaban, y anémicas siguen
d pesar de los esfuerzos loables y patriôticos de sus modemos regcneradores.
Las lenguas americanas, sin tiempo para alcanzar la edad de oro en la que
un idioma se fija, se limpia y adquiere esplendor, fueron heridas por la tspada
del conquistador que las podô y iransformô, hasta el punto de reducirlas d ser
exôticas en su propio terreno y hacerlas producir frutos hibridos y de extrano
ingerto *. Los fieros castellanos dieron d la nueva sociedad su religion y su
I . « No se diga que los poemas y dramas indios desa parce ieron por causa de la
conquista espanola, como muchos afîrman; no senor; un pueblo creador, una
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246 CIRO BAYO
idioma ; y natural es que ninguna de las lenguas îndfgenas con ser vulgari-
zadas, estudiadas y reducidas à formas gramaticales por sabios y misioneros,
pudiese resistir à la culta y adelantada lengua de Castilla, quedando relegadas à
ser lenguas « paganas », en el sentido que à esta palabra dieron los primeros
cristianos al gentilismo, cuando desterrado este de las cîudades y de la gente
patricia, hubo de refugiarse en los campos de donde no habia de tardar también
en desaparecer.
A ser pagana y por consiguiente rural y campesina se ha de concretar la
literatura netamente criolla ; y en tal sentido, merecen aplauso y buena acogida
de todos los folk-loristas csos poemas populares como los gauchesco rio-pla-
tenses y bucôlicos de Colombia, cuyos idiotismos, vulgarismos y hasta neolo-
gismos se aceptan buenamente porque aportan el sabor de hi tierruca, condi-
mento nacional que, en su punto, satisface el gusto artfstico, pero cuyo secrcto
pertenece â muy pocos Vatels americanos : Isaacs, Hemàndez, Garda Gutié-
rrcz, etc.
Éstos si que son los verdaderos depositarios de la genuina sal criolla, tan
apreciable como la sal dtica en literatura y la otra sal andaluza en las « manos
de charla » ; pero que no hay que confundir con las especicrfas de toda laya
con que salpican sus obras los escritores ultramarinos, con fnfulas de regiona-
listas 6 îndigenistas ; en su mayor parte pinches metidos â cocineros que
creen haber servido un plato criollo por haber echado à porrillo terminachos
indigenas y rùsticos vulgarismos. De donde se dériva una irritante
injusticia. En la Penfnsula, como en America, como en todas partes,
escribe quien quiere y d lo que valga, sin preparaciôn no dire cientffica y
literaria, pero ni siquiera gramatical ; y cata ahf el porque de la pobreza de
estilo y penuria de lenguajc que todos lamentâmes. Contra estos contraban-
distas literarios estàn los carabineros de la lengua, criticos ô como quiera lla-
màrseles, los cuales pluma en ristre y ojo avizor, decomisan cualquier gazapo
que sorprenden por entre los trigos literarios. En los maizales americanos ya
es distinto. Si por acaso un buscador de ripios ultramarinos sorprende un
gazapo gramatical, salen los hijos del pafs con la rauletilla de los criollismos,
palabreja sobre cuyo significado ya sabe el lector â que atenerse. Es decir, que
en un escritor peninsular es galicismo escribir usina, aflijenie, etc. y comète
raza imaginatîva produce siempre, créa con mayor 6 menor elevaciôn de con-
cepto. i Que es lo que ha producido nuestra raza indigena en mâs de très
siglos de coloniaje, desde la conquista hasta el dfa? Nada, absolutamente nada.
Los pocos cantos quichuas que sacan à relucir en toda pendencia literaria los
indigenistas son obras criollas vertidas en el idioma quichua, vaciadas en netos
y muy netos moldes castellanos » (Santiago Vaca Guzmân. Estudios),
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 247
grave falta escribiendo catalanadas ô concordancias à lo Sancho de Azpeitia y
voces arcdicas, y no delinque el amcricano que usa locuciones bârbaras ô
arcâicas, 6 que conjuga un verbo à lo ainericano, « porque no hay razôn
para preferir lo que caprichosamente haya prevalecido en Castilla ».
« Chile y Venezuela, anade Bello, tienen tanto derecho como Aragon y
Andalucfa, para que se toleren sus accidentales divergencias. En ellas se peca
mucho menos contra la pureza y correcciôn del lenguaje, que en las locuciones
afrancesadas de que no dejan de estar salpicadas hoy dia aun las obras mâs
estimadas de los escritores peninsulares. » Tal dice el que poco antes, en el
prôlogo de su excelente « Gramàtica castellana », pone de manifiesto que
a juzga importante la conservaciôn de la lengua de nuestros padres en su
posible pùreza, como un medio providencial de comunicaciôn y un vfnculo de
fratemidad entre las varias naciones de origen espanol derramadas sobre los dos
continentes ».
Tengo para mi, que tan prevaricadores del buen decir son galiparlistas como
amerindo-parlistas ; ademâs que ni Aragon, ni Andalucfa, ni Chile, ni
Venezuela tienen derecho à que se canonizen sus accidentales divergencias.
Todo lo mâs, seràn gracias de baturro ô de majo, ô de huaso, ô de llanero,
respectivamenie, nunca cànones impuestos à la lengua castellana. Opino, si,
como Bello, que debe patrocinarse la conservaciôn de vocablos nuevos forma-
dos de rakes castellanas, segûn los procederes ordinarios de derivaciôn que el
castellano reconoce y de que se ha ser\ndo y sirve continuamente para aumen-
tar su caudal, 6 como cscribe Bunge (Notas pedagôgicas) : « La evoluciôn es
fatal; perohayque evolucionar dentro y no fuera de la lengua castellana. »
Declaro paladinamente que no conozco en castellano palabras que expresen con
mâs propiedad la idea que representan como empamparse, blan^uear, barrajar,
apunarse, y tantas otras para cuyo significado remito el lector al texto del Voca-
hulario. Tampoco hay en castellano palabras équivalentes â yapa^ sohorno^jacù^
etc. He aquf neologisnios que debieran tomar carta de naturaleza en la Penfn-
sula, no inscribiéndolas en el panteôn de la Academia Espanola, de donde se
exhuman olienies â cizallas y aceite, sino vivificadas por la propaganda eficaz
de escritores y oradores, como va sucediendo con no pocas voces cubanas.
Ello se ha de verificar en lo porvenir, cuando la coincidencia en el amor y
cultivo de la lengua espanola establezca la conciliaciôn y la armonfa entre los
hijos de la gran familia hispana; « que es un mundo el del espiritu, que se
déjà seiiorear mâs fâcilmenie por la paz y bien unida andanza » (Barrantes).
Opino, sf, con Unamuno, que « solo un Hmite tiene la libertad linguistica y
limite libre en cuanto es mâs bien que impuesto, nacido de la necesidad de las
cosas. Este limite es la inteligibilidad de lo que se dice » (Contra et purisme .
Espaiîa Modema). Por esto es por lo que abomino de la exportaciôn de man-
gangases, sinsontes, araras, uratûes^ nandùes, hurucavûes, mutunes y lantos termi-
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248 CIRO BAYO
nachos indigenas de bichos y plantas de la exubérante America. El mangangd
es la abeja; el sinsonte la calandria y si se quiere e\ ruisenor; la arara el
papagayo, el nandù^ el avestruz : y asf por el estilo. Ademâs de que el nandû
guarani' de Buenos Aires es el suri aimarâ en La Paz, el piyu chiquitano en
Santa Cruz de la Sierra ; como el sinsonte es el tojo boliviano, etc. etc. A no
tener équivalentes, cftense les nombres vulgarizados por los naturalistes
quienes los tomaron por lo regular de los indigenas : Asf : jaguar y carpincho,
puma, condor, sariga, etc. todos ellos de pura cepa americana.
Se me objetarâ que muchas especies de la flora y fauna americanas son
distintas de las europeas, pero como no se trata de sutilezas cientificas, sino de
fijar nombres para entendemos, responderé con estas bellisimas palabras de
Cuervo en sus Apuntacioues al lenguaje bogotano :
« No pocas veces hemos contemplado con ternura aquellos corazones de
hierro de los conquistadores, reblandeciéndose al tender ellos por primera vez
la vista sobre paisajes parecidos à los de su patria, y fingiéndose en sus mez-
quinas chozas una Cartagena y una Santa Fé ; y como para completar la ilu-
sien, revistiendo en su fantasfa los campos con las flores y yerbas testigos de
sus juegos infantiles. »
Dicho esto, vayan cuatro lineas acerca el plan de este Vocàbulario.
Todas las palabras que en él van insertas las he ofdo de viva voz, tomândolas
al vuelo, como quien dice, sin perjuicio de cotejar su autenticidad y significa-
ci6n verdadera.
Para no hacer màs empalagoso el texto, dejo de citar las localidades en que
se dice esta 6 la otra palabra ; porque sucede que en una misma repûblica se
dice de très y cuatro maneras. Bastarà como indicador y pauta, que cuando en
el texto indica palabra auca es que la palabra es pampeana 6 de la Provincia
de Buenos Aires ; si guarani, de las provincias que hablan este idioma ; si qui-
chua, que la voz es gênerai en los departamentos quichuas de Bolivia; y lo
mismo cuando se indique que es aimard. Tratdndosc de voces generalizadas 6
pan-americanas, ello se advierte oportunamente en el texto.
Tropezarâ el lector con muchos vocablos que no son americanismos, ni
mucho menos, como husilis, arco, la^o, uti possidetis, venenos, etc. pero como
aluden d cosas americanas 6 son de abolengo americano (como America, indio,
inca, café, papa, etc.), se incluyen en el texto con un brève glosario de cada
una de ellas.
Finalmente, las descripciones zoolôgicas y botdnicas las he tomado sobre el
terreno, aprovechando de mis observaciones propias y de los datos suministra-
dos por naturales é indigenas.
En una palabra, que este Vocàbulario no estd dictado por la lectura de libros
americanos, ni redactado sobre la mesa de un bufete, sino que es un extracto
de mis notas de viaje por la pampasia argentina, la cordillera boliviana, los
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PROVINCIALISMOS AGENTINOS Y BOLIVIANOS 249
llanos de Santa Cruz y Mojos y por las regiones del Noroeste de Bolivia ;
extracto ordenado y compulsado debidamcnte para su actual publicaciôn y que
no doy por infalible, agradeciendo muy mucho cualquier enroienda 6 adver-
tencîa que de allende y de aquende se sirvan hacerme.
Ciro Bayo.
BIBLIOGRAFlA
ObRAS CONSULTADAS para la AMPLIACIÔN y ESCLARECIMIENTO DEL SIGNinCADO
DE ALGUNAS VOCES CONTENIDAS EN ESTE VOCABULARIO.
Conde de Lenius. Relaciôn de la Provincia de Quixos '.
P. Montoya. Vocabulario de las palabras guaranfes usadas por el traductor
de la « Conquista espiritual » del P. Montoya, por Bautista Oetano (Anales de
la Biblioteca Nacional. Rio Janeiro. Tomo 2°, 1877).
P. Machoni. Vocabulario de la Lengua Luléy con advertencias del Dr. Larsen
(Buenos Aires).
Arona. Diccionario de peruanismos.
M. E. de Ribero. Diccionario de las principales voces técnicas de la mineralo-
gfa peruana.
Rujino Cuervo. Apuntaciones criticas sobre el lenguaje bogotano.
Juan Seijas, Diccionario de barbarismos argentinos (Buenos Aires, 1876).
Almeida de Araujo, Diccionario Encj'clopedico : Novo Diccionario da
Lingoa Portugueza, incluso vocabulario da lingua brazilcira ou tupay.
Calandrelli, Diccionario filolôgico coinparado.
UOrhigni, Descripciôn de Bolivia.
Manuel José Cortés, Ensayo sobre la Historia de Bolivia.
Rajael Peiia. La Flora Crucena (Santa Cruz de la Sierra).
Chernoviti. Diccionario de Medicina Popular.
José Cardûs. Las misiones franciscanas en Bolivia (Barcelona, 1878).
I . El primero quizàs que escribiô un diccionario de Vocablos particulares de
Indias fué el conde de Lemus en la Relaciôn de la Proi'incia de Quixos^ à lo que
se han sumado : Vocesveneiolanas de Aristides Rojas ; Diccionario de chilenismoSy
de Zorobabel Rodriguez ; Voces cuhanas de E. Pichardo ; Voces rio-platenses^ de
Daniel Granada ; Dicciottario de las voces americanas en uso en las Repûhlicas del
Plata y Chile, por Enrique Tagle ; ModismoSy locnciones y términos mejicanoSy
por José Sànchez Somocio (Madrid, 1892); Minucias lexicogrdficaSy por
R. Monner y Sanz, etc.
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250 CIRO BAYO
Fray Nicolas Armentia, Viajes al Madré de Dios (La Paz).
P. Mossi. Diccîonario quichua.
Ondar^a. Diccîonario geogrdfîco de La Paz.
Dalence. Estadfstica de Bolivia.
Ltigue-Moreno, Geografia de Bolivia.
Francisco Lat^ina, Geograffa de la Repiiblica Argentina.
Ernesto O, Rûch. Guia gênerai de Bolivia (Sucre, 1866).
Marcos Sastre. El Tempe argentino.
Carlos Ltmée, Agricultura (Buenos Aires).
A. Ehelot. La Pampa.
REFRANES Y MODISMOS CRIOLLOS
Nota. Estos refranes, frases, locuciones, modos adverbiales, etc. van por
orden alfabético de la letra inicial con que empieza cada uno de ellos : Asi :
Apretarse cl gorro, Sudar farina^ Tocar piante, etc. se apuntan, res^ctiva-
mente, en , ^, 5 y T.
A trucos, A punetanos, ô à patadas.
Al hotôn ) ^ y . .
Al divim cohele ) ^' ''^^° ^' ^^^'^ ' P^' ^'"° ''P"'*'^-
Al qtu le toque el guante^ que se h chante : A quien Dios se la dé, San Pedro
se la bendiga.
Andar d la gurda. Andar boyante ; platudo.
Andar de golillaf andar de florilla, ir de punta en blanco ; andar de bureo.
Apretarse el gorro. Apretarse los calzones, para correr.
Averigùelo Vargas. Locuciôn tan usual en la Penfnsula como en America.
Parece ser que en el Consejo de Castilla, y antes en el de Indias, figuraba un
don Francisco Vargas à quien se encargaba la averiguaciôn de las cosas dificiles,
por lo que los demds consejeros respondfan en los casos arduos : averigfulo
Vargas; muletilla que se hizo popular usàndose cuando alguna cosa es diffcil
de averiguar.
BoUar para el pulpero. Trabajar para el Rey de Prusia, como dicen los
franceses : porquè el pulpero se come todo cl fruto del trabajo del gaucho
vicioso.
Cada clxincho d su estaca. Cada cual à su oficio ô cada mochuelo d su olivo.
Calentar el mate pare que otro se lo tome. Sacar las castanas del fuego, hacer de
caballo blanco.
Caramha! — Yahajo las peras. Habfa en Montevideo un frutero ambulante que
tapaba las peras que porteaba, con hojas de ortiga para evitar el manoseo de las
mucamas. Las cuales, como intentaran mcter su mano en el cesto de la fruta, al
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 25 I
sentir el escozor de las ortigas, exclamaban : / Caramha! — Yabajo las peras,
agregaba el frutero entre formai y risueno.
Cantar para el carnero, Espichar ; morirse; el liltimo canto del cisne.
Como avcstni^ en un cerco. Entre la espada y la pared.
Como bola sin manija : como tren sin freno.
Como los mates sirvo si me dbren la boca. No hay que buscar tcrs pies al gato.
Como rata con tirante \
à I Como perro con cencerro.
Como perro con tramojo ;
Como un sola^o d média noche : como un rayo con tiempo sereno.
Contar las trece. Cantar triunfo 6 las trece letros que suman ambas palabras.
Correr con la vaina. Vencerlc fdcilmente.
Chancho limpio no engorda. Véase chancho.
Dar changûi. Dar largas ; dar ventaja para luego ganar mds.
Degallos d média noche. Tiempo comprendido entre la hora en que el gallo
cantô à san Pedro y las doce de la noche.
De juro. De veras : formalmente.
Detanto andaralguna vex ha de cuajar, Pobre porfiado saca mendrugo.
Dios castiga sin reheuque. Dios castiga, pero no mata.
Donde camotes quemaron, ceni^as queJaron. No hay burlas con el amor.
Durât como cordero gordo en majadaflaca. Lo que una flor en el irbol.
El despedirse no es irse.
El que corne y no pita, como el que se pierde y no grita. Que no hay mejor
digestivo que un pitillo 6 cîgarro.
El sol es el poncho de los pohres,
El homhre propone y Dios dispone ;
Lo que el gallo hace, la gallina pone.
Entre Gualeguayy Gualeguaychu. \
à [ Entre Pinto y Valdemoro.
Entre San Juan y Mendo:(a. ;
Es inùtil poner el la^o al anca. No hay remedio. Dar coces contra el agui-
jôn.
Esta yuca pide sal. \ Esta nina pide novio.
à
Este huevo pide sal. ) Este busca un garrotazo.
Esta yuca no entra en el costal. Esta bola 6 mentira no pasa.
Estar de palangana. Estar ocioso ; inmôvil. Echar bravatas y luego, nada.
Estar llorando (una cosa). A ojos vistas.
Este gallo qne no canta algo tiene en la garganta. Pasquin que los limenos
dedicaron al Virrey Al nendariz (Marqués de Castel Fuerte), quien hizo con-
tcstar con otro pareado :
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252 CIRO BAYO
Este gaJlo cantarà y d alguno le pfsard, Episodio parecido al de Venceslao,
rey de Polonia à quien titularon « IVenceslaus, aller Nero », respondiendo él :
« Si ego non fui, ero. »
Hacer cabras d alguno. Hacerle frente, como las cabras cuando se topan con
los cuernos.
Hacer galletas, Anudar panuelos para la lista de la lavandera ô para ponerlos
d secar.
Hacer gtiaca. Llenar la hucha.
Hacer marras. Véase Gamarra.
Hacer sebo. Criar gordura; no hacer nada.
Hacer se el chattcho rengo. Hacerse el sueco.
HeJàrsele el sebod alguno. Cortàrsele el argumento, 6 acabar con sus recur-
sos.
Homhre cobarde no entra en Palacio. Expresiôn nacida de un acte temerario
de Melgarejo en la ciudad de La Paz (1865); el cual ya vencido y à merced
de su contrario Belzu, fué à palacio seguido de su ayudante Campero con
intenciôn de rendir la espada. Al subir la escalinata, hubo de insultar à Mel-
garejo un edecdn de Belzu, por lo que indignado aquél, lo matô de un pis-
toletazo. Al ruido de la detonaciôn vino Belzu con sus demis ayudantes, carisa-
tisfechos, pues estaban esperando la comparecencia de Melgarejo. El cual, dado
d todos los diablos, dispara el segundo tiro contra cl mismo Belzu, que cae
muerto, en medio del estupor de sus amigos. Siibito Melgarejo se asoma à una
de las galenas que daban al patio del palacio, donde vivaqueaban los soldados
vencedores de Belzu y los vencidos de Melgarejo, y les grita con voz estentô-
rea « Soldados, Bel^u Jm niuerio, iquiénvive afjora? — a Melgarejo! viva Melga-
rejo! » clama la soladesca; y asi, por uno de los hechos mâs notables de la his-
toria de las guerras civiles americanas y aun del pretorianismo roraano, pasô
Melgarejo del borde de la Roca Tarpeya al Capitolio.
Ir por Getdfe. Por los cerros de Ubeda.
Irse al humo. A ciegas ; irse al bujto.
Irse como lista de poncho. Irse derecho como las cenefas ô listas de la capa
americana.
Juntarse como mai^/ruto. Como moscas à la miel.
Largar el rollo. Vomitar. También echar la casa por la ventana.
Lo de OroxpOy si le veo no le cono^co.
Lo mismo es Ghana que Jiiana, Tanto monta, monta tanto, Isabel como Fer-
nando.
Lo que es moda no incomoda.
Lhmarle d uno ^amba canuta. Decirle las verdades.
Mate amargo y china pampa, solo por necesidad. A buen hombre no hay pan
duro.
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 253
Me îfolearon. Me cogieron. — Me vencieron.
Mepelô las chauchas. Me limpiô hasta la ùltinia peseta.
Meteren tipa. En la circel. En cafûa.
Mêler violin en boisa. Irse con el rabo entre piemas. Hacer lo que los mur-
guistas cuando los despachan con la mûsica à otra parte.
Mofilar el picaio. Montar en côlera.
No me deje el seho afuera (refiriéndose al mesenterio que sale con ocasiôn de
alguna herida en el vientre ocasionada en una reyerta). No me perdone V. la
vida. — No me tenga làstima. Véase « i Velorio d mf ? »
No tener cru^ en el maie. No tenerla en la mollera ; no tener juicio.
No tener el ctiero para un négocia. No ser idôneo ô compétente para algo.
Oiganle la maula. Oigan su tema ! Miren con lo que*viene ahora !
Otra cosa es con guitarra. Del dicho al hecho
Pagar la chapetonada. Pagar el aprendizaje.
Pan y queso comida de Uso. Véase leso.
Pegar una citera. Una azotaina, una rcprehensiôn 6 una soba.
Pegarse como carretilla al cuero \
6 ' Comoniufrago d una tabla.
Pegarse amto hucrfano d la te ta *
Pelarse la /rente. Salir chasqueado; rascarse la frenie después de un desaire
ô contratiempo repentino.
Fintar el venado. Huir ; que es lo que mejor sabe hacer este animal.
Pisar la guasca. Caer en la trampa. H.icer lo que el caballo enlazado que se
enreda en el cabestro.
Pisé la guasquita un dia
y en ella me vi erredado.
(Martin Fierro.)
Pisarseel poncho. Hacer una plancha, ir por lana
Ponerse d fojas. Discutir; venir d razon.
Ponerse maceta. Hacerse viejo. Véase Maceta.
Que lo moule Chajaneta. Chajarrcta es el nombre de un deibravador ô chuca-
rero de nota ; y tal expresiôn équivale d « que lo mate el Tato », de nuestros
toreros de invierno.
Quedar d deber d coda sauto una vêla. Deber d las once mil virgenes.
Quedar yesca. Quedar limpio de alguna cosa ; aflûs.
Rajar la tierra. Salir de estampia ; como un rayo.
Saber las de Quico y Caco. Saber mds que Picio.
Sacudir su poncho el diablo. Tirar de la manta y dtscubrirlo todo.
Sanclx> te llaums^ sea por angaSy sea por mangas. Paciencia y barajar.
Saïga el sol por ande quiera. Saïga el sol por Antequera ; nombre que por
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254 CIRO BAYO
cierto suena en la geografîa argentina, por ser el de un arroyo en las islas del
Paranâ.
Se quiebra, pero no se duebla. Arrogante lema de los Quinones que anda en
boca de los criollos como dignos descendientes de los altivos castellanos.
Ser gallo, Ser vivo, avispado, listo.
Ser mds malo que el aji. Porque una persona con sus picardfas hace llorar
como esos ajies rabiosos (guindillas) que se toman para predisponeràla chicha.
Saîirle d uno h viuda ô la viudita, Ir por lana y volver trasquilado. 'Jal
expresiôn dériva, sin duda, de un episodio que relata el tradicionalista Palma.
Si Dios es grande, el monte es mayor. Que el monte todo lo cncubre y que
hasta él no llega la acciôn de la justicia.
SoUarse sobre el pucho. La ocasiôn la pintan calva. Véase Pticho.
Sudar como el venado ô escupir como el guanaco. Cuando se trabaja y no se
corne, como el venado que se fatiga en balde.
Stidar farina. Sudar la gota gorda.
Taies las hecîjas, taies las sospechas.
Tanlo hi^o el diàblo con su hijitOy hasta que le sacô un ojito. Refrân por el que
se reprenden los carinos que matan.
Tocar plante 6 la polca del espiante \
à [ Tocar retirada.
Tocar viola ^
Toma mate, ché! Fraile mostén, tù lo quisiste, tu te lo tén.
l Velorio d mi? Como el velorio (velatorio) se hace d los muertos; quiere
decirse que uno â quien se le amenaza, responde : « i Crée V. que me
matara ô que me moriré de susto, para que mehagan velorio? » La frase es
aplicable â los demds casos en que se trata de enganar, ô abusar de la buena
fe, es decir, que es équivalente â nuestra expresiôn ^ A mi con esas, que soy
monago de las Salesas?
Verse en figurillas para tal cosa. Verse apurado, con un compromiso.
Vino, marido y bretana, de Espana. Locuciôn del tiempo dcl coloniaje, segùn
la cual las criollas tenfan por lo mejor, el vino de Espana, el mârido peninsular
y la bretana ô lienzo de las fàbricas de Castilla.
Vivir de arriba. De bôbilis; de gorra ; del sable, como dicen en Madrid.
Volàrselelos patos ô los pdjaros d uno. Salir de sus casillas.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 255
VOCABULARIO
Abarrotes (tienda de), de comestibles. Asi, « Tienda de aba-
rrotes » se lee en las tiendas de ultramarinos de Bolivia y la
Argentina. Parece que es voz usual en toda America desde
Mexico d Chile.
Abelmosco (^Hibiscus abelmoschus. L.). Planta malvâcea cuyos
frutos almizclados se emplean en perfumeria.
Abombado. Estùpido. Carne abombada, carne pesada.
Abortivo. Llaman asi en la campaiia de Buenos Aires al aza-
fran que poco ô nada se usa en la culinaria del pais y ùnica-
mente se expende como remedio en la botica, sin duda por la
propiedad que tiene, una vez cocido, de hacer arrojar las secun-
dinas.
Abutûa. Véase ButiJa, nombre con que mas vulgarmente es
conocida esta planta.
Acajû ô Anacardo (^Anacardium occidentale. L.). Terebînta-
ceas anacardeas. Arbol resinoso de fruto reniforme comp la cas-
taiîa (mejor que cordiforme, de donde su nombre cientifico ana-
cardium); comestible y de aplicaciones médicas. El ârbol es de
mediano tamaiîo, y su fruto, que es una nuez reniforme,
encierra una almendra dulce que se come asada. El fruto maduro
sirve para hacer sorbetesy limonadasy hasta aguardiente, hacién-
dole fermentar. La corteza del tronco es astringente y usada
en baiios en las hinchazones de las piernas. Mediante incisiones
se obtiene una résina que se emplea en las artes.
AcApite. Nadie dice aqui pàrrafo^ sino acdpite tal ô cual.
AcAsf. Vulgarismo cruceno aplicable â tiempo, pesoymedida.
Ej. : Llego accLsi una persona cuando llegôa tiempo de sentarse a
la mesa. / Acasl ! cuando el peso corresponde con la medida. La
botella vino acasiy cuando el contenido cupo exactamente en el
recipiente, etc.
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256 CIRO BAYO
AcASO. i Quieres venderme lèche ? — £ Acaso pude atar el ter-
nero ? (que he chupado a la vaca).^ Esta en casa Don Sancho ?
l Acaso regresô de la ciudad ? — Puedes prestarme el hacha ? —
l Acaso esta sana ? Tal se expresan los crucenos, de manera que
este acaso es un triste caso sinônimo de nones.
AcATANGA. Del quichua acdy excremento. Coleôptero, esca-
rabajo pelotero que anidaen el estiércol.
AcocuYADo! Encandilado, alegre por la bebida. Compara-
ciôn derivada del brillo que despide el cocuyo 6 luciémaga ame-
ricana y del aturdimiento con que revolea a la luz de su fosfo-
rescencia. Es de notar que en estos paises australes el cocuyo no
se llama tal sino tucu.
Acsu. La saya de bayeta de la india quichua.
Acu. Harina favorita de los indios collas hecha de canagua.
AcuGUAYACA. Del aimard acu^ harina; y guayaca, boisa. Paquio
en Santa Cruz . Fruta de vaina dura, que quebrantada con vio-
lencia ofreceuna fruta comestible.
AcuLLiCAR. Voz quichua. Mascar coca. Vicio favorito de los
peones bolivianos y de indiscutible beneficio por sus condiciones
gdstricas. En elPcrù d\ccn chachar.
AcHACANi. Variedad de papa muy indicada para la curaciôn del
« azogamiento » ; enfermedad que padecen los indios mineros.
AcHACHAiRii. Voz guarani. Prosiea. Arbol cuya fruta del tama-
no y aspecto del limon, si bien de color verde, contiene cuatro
almendras déhiscentes dentro de una pulpa carnosa de un âcido
muy agradable.
AcHAjUANARSE (uua caballeria). Encalmarse por el excesivo
calor 6 fatiga.
AcHiOTE (5/jca Orellana. L.). Uructi en guarani. Arbolito de
hermosas flores blancas y de frutos vellosos y blandos, usados
para dar color d la comida. Reemplaza d nuestra pimienta.
Ûsanlo, ademds, los indios del Oriente para pintarse el cuerpo,
preservândose por este medio del sol y de los insectos. Es la
Bija de Cuba.
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 257
AcHiRA. Voz quichua {Canna, L.) Balicero ô planta acua-
tica que suministra un tubérculo 6 papa violacea muy fibrosa,
la cual, cocida, es de sabor parecido al del boniato.
AcHOjCHA (Leoua carnuda). Hortaliza con la que se hacen relle-
nos y dulces.
AcHUCHEMO (maiz). El que en una misma espiga tiene granos
amarillos y negros.
AcHUPALLA. Voz quichua derivada àt piha (que estosignifica),
por la semejanza que los indios hallaron entre la figura de esta
fruta y las pesas. — Lalibra de la balanza y las pesas del marco.
AcHURA. Voz quichua, pie:};a de carne, Los menudos y piltra-
fas de la res ; como el higado, los rinones, las tripas, la panza y
hasta la lengua y los sesos, cosas todas de las que poco 6 ningûn
caso hacen los campesinos crioUos de los distritos ganaderos, afi-
cionados tan solo d los bocados donde se puede hincar bien el
diente. En Buenos Aires, achuras significa también la licencia que
los duenos de un matadero dan d la gente pobre para recoger los
desperdicios de la carneada,
AcHURADORES. Gente que en los saladeros y catnales recojen las
achuras de la res.
AcHURANADA (res). Cornigacha.
Aflijente . Usado por aflictivo y que trasciende d galicismo,
por mas que Baralt lo admite como bueno.
Aflijs. Limpio de polvo y paja. i Que tal ché, hermano? —
Aflùs, responde un gaucho âotro. — Es palabra genuimante espa-
nola de la que los peninsulares hemos perdido hasta el recuerdo.
Soy en el juego de amores
un desgraciado tahur
que cuando habia primera
mis desdichas hacen flux.
(Romance inédito.)
Afrechero. Pdjaro. Género Fringilla,
Afrecho. Como en Andalucia, el salvado.
Revut hispanique, xiv. 17
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258 CIRO BAYO
Agachados (Hôtel de los) . Fondin de pobres en los barrios
bajos de la ciudad de La Paz (Bolivia), donde los jornaieros y
pobres de levita comen por un real su raciôn, sentados en el
sueloô poco menos: agachados, por consiguiente.
Agarrapalo. Véase Suelda-consuelda. Verdadero constrictor
végétal que tiene la propiedad de agarrarse de los otros àrboles para
hacerse lugar y suplantar ïi los demis. Las tempestades sacuden
y desga jan el drbol proteaor ; mas el agarrapalo se préserva al abrigo
de la copa hospitalaria. Asi continua medrando y estendiendo
sus raices hacia el suelo hasta que las introduce en tierra y se
desarrolla y crece vigoroso.
Agave. Nombre griego (^admirable) con que se désigna el
magùey mejicano 6 tuna de estos paises.
Agipa. Véase Topinambuco.
Aguachento -a. Substancia sôlida ô liquida que perdiô su
natural sabor por estar aguada ô muy diluida. Asi, la carne
tierna, el Xf^pallo antes de sazonar, el té poco cargado, etc.
Aguaicar. Voz quichua. Pelear muchos contra uno solo. «Me
aguaicaron », me acometieron .
Aguaitar. Otear. Espiar con la vista.
Agualate. Color violiceo 6 amoratado de los sôlidos y liqui-
dos en descomposiciôn : como la carne y la lèche pasadas 6 agua-
laies.
Aguapé. Véase Tarope.
AguarA. « Pequeno animal de estos paises (Rio de la Plata)
que solo de noche hace oir su voz triste y melancôlica como la
postrer plegaria de un moribundo » (Magariiîos Cervantes). Véase
BOROSCHI.
Aguatero. Aguador.
Aguililla. Paso acompasado de un caballo de paseo; y por
analogia el « trapio » del andar femenino.
Aguilillos. Caballos de estima, chilenos, de andar ligero y tan
suave, que uno se creeria llevado en litera. Alcedo los llama
« aguililla » y dice : « caballo que al paso signe d otro corriendo. »
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PROVINCI A LISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 259
Acurt. Nombre guarani del jochi 6 paca (Mus paca^ L. y
Calogenus fulvus), Roedor mayor que la liebre, cuerpo ratonesco,
cola muy corta, color plomizo. Habita en cuevas 6 en los hue-
cos de los drboles y su carne es tan deliciosa como la de un lechon-
cillo mamôn. El /oc^pintado es la paca leonadaô coati del Bra-
sil, de cuerpo màs grueso, pelo menos fino, pero de carne mucho
mds sabrosa. Es domesticable . Peirina en Mojos; Sàri en Jungas
(Dpt° de La Paz, Bolivia) ; juiia en otros paises.
AjACHO. Bebida fuerte hecha de aji y chicha.
Ajt. Pimiento picante. Varias clases (Capicum annuum, L. Piper
longifolium) . Condimento esencial de la cocina americana en
los paises donde se hace uso de la chicha, la cual sirve a maravillas
para calmar los ardores de esta clase de pimiento que en Espana
llamamos ^w/W///a . — Refran: Sermas malo que el aji. Porque
como este hace llorar 6 rabiar.
Ah malaya ! interjecciôn que entre la gente rùstica de casi toda
America équivale à nuestro ardbigo ojalà! que nunca he oîdo en
Indias.
Ahocarse. Enredarse. El cabresto se ahocôy dice el gaucho.
AimarA. De ayam-aruy que lleva la palabra ; ô hiam-arUy la
palabra antigua, segiin otros etimologistas. La naciôn aimard que
tanto figura en la historia pre-colombiana habitaba la meseta de
los Andes, y segun el historiador Pedro Cieza de Leôn era lapro-
vincia mds extensa de las cuatro en que se dividia el gran impe-
rio incdsico 6 Tahuantisuyo (la cuarta parte del mundo). La
région de los aimaraes se llamaba Collasuyo, del Collao en que
habitaban. Todavia en el Oriente boliviano y en la Argentina
Uaman collas d los moradores de la altiplanicie; como signe 11a-
mdndose Collao la région montanosa del Peni. Las ruinas de
Tiahuanaco parece son obra de los aimardes, cuya nacionalidad
victima de alguna catâstrofe, volviô d levantarse bajo la domina-
ciônquichua. Actualmente se conservan en Bolivia algunos nom-
bres geogrdficos de las antiguas tribus aimardes como : Larecaja,
Omasuyos, Pacajes, y demds distritos de la Paz y Oruro, ùnicos
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260 CIRO BAYO
departamentos en que se conserva el idioma aimard, calificado
por aigu nos como el sinscritode America.
AisA. Término minero équivalente à desplome 6 sentazôn de
cerro .
AjACHO. Aji.
Alagaek). Estero ôterreno niundado;a/tf^tfr5^unaembarcaciôn :
hacer agua.
Alambrado. Cerco de alambres variables en numéro y para-
lelos como linea telegrafica rastrera, que se prolonga indefinida-
mente, reforzado d trechos por postes de handubay à de otra
madera sôlida y durable d la que se adaptan los alambres. Es
importaciôn norteamericana y por ella se cierran léguas de terri-
torio, quedando encerrado el ganado pero con libertad de pas-
tar.
Alasita. Del aimard, cômprame. Feria de juguetes que se
célébra en La Paz y en Sucre el i6 de Julio.
Alarife. Persona lista y avisada (Arg.).
Albardones. Tierras altas, aptas para toda especie de cultivo,
d orillas de los canales y arroyos, cuya anchura varia desde cinco
hasta cien 6 mds varas. Desde lo alto del albardôn va descen-
dicndo el terreno hasta formar la concavidad 6 estanque inferior
que se Uama regularmente bahado à estero cuando tiene tan poca
agua que se seca en el estio : y laguna, la propiamente tal.
Albinagio. « No conociendo ninguna palabra castellana(escribe
Bello en su « Derecho Internacional ») que corresponda d la
francesa aubaine, en el sentido particular de que aqui se trata,
(la confiscaciôn de los bienes inuebles de un extranjero al
morir este, 6 su exclusion de la sucesiôn de todo sùbdito del
senor), me he atrevido d traducirla por la voz albinagio deri-
vada de albanagium ô « albinagium » que en la baja latinidad
significaba lo mismo que aubana. »
A este derecho de albinagio 6 de aubana (alibinatus) asi como
d los de composiciôn y de detracciôn estaban sujetos los poli^ones y
todos los extranjeros establecidos en Indias 'con permiso de la
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 26 1
corona. El de composiciôn era aquel derecho en virtud del cual
se exigia a los extrangercs venidosd Indiassin licencia, una parte
de sus capitales a trueque de que no se ejecutasen en ellos las
leyes que habian infringido. Por el de detracciôn, el fisco se
hacia justicia en los bienes de los extranjeros que salian de
Indias (« Recopilaciôn de Leyes de Indias »).
Alcalde. Cierta especie de carnero de cuatro astas. Véase
NlîïO ALCALDE.
Alcaucil. Indistintamente toda clase de alcachofa. Es anda-
lucismo.
Alciôn. La correa de la quecuelga el estribo.
Alemas. Lugares dispuesîos para bano pùblico en las margenes
del rio Rocha (Cochabamba, Bolivia).
Alentadito. i Cômo estd usied ? 6^ C6mo ha amanecido ? —
Alentadito, responde un cruceno.
Alfajor. No lo explica bien el Dicc. de la Academia. Enmién-
dese por esta definiciôn : harina de maîz molido en mortero y
batida con miel hervida; pasando la masa que résulta, i una
tabla en la que se corta aquélla a medida que se va enfriando. —
Puiial gauchesco.
Alferazgo. Fiesta religiosa que costean uno ô mis alféreces y
d la que signe una fiesta casera. Cada misa de alferazgo vale 12
pesos (en Bolivia) y ningùn indio serrano se estima en algo si no
ha dado una fiesta por este estilo d sus compadres y companeros
de comunidad.
Alférez. Persona que sufraga los gastos del alferazgo.
Algodôn. Varios drboles de estos paises, de los géneros gossi-
pîunty hirsutum y tricuspidalum (mapajo, toboroschi, toco-toco,
etc.); dan algodôn dediferentes calidades. Los naturales lo utili-
zan para hamacas y otros tejidos.
Alibibi. Especie de aji del Oriente, muyrabioso.
Alilicù. Avechucho de la especie buho.
Almendro {Bertholetia excelsa. Humb.). Licitideas. Ârbol
mngnifico que se yergue magestuoso por encima de los otros
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262 CIRO BAYO
gigantes de la selva americana. Sus cocos grandes como los de
la palma-cocotero, lo que vale decir, del tamano de la cabeza de
un nino de pocos meses, encierra hasta 32 almendras de corteza
dura, planas por dos costados y redondeadas por el centre. Estas
almendras del Para 6 de Caupolicdn, como se las Uama, 6 sacupaias
en el Brasil, saben a coco y se comen crudas ô asadas, aunque en
gran cantidad son indigestas. Molidas cuando nuevas, dan una lèche
muy gustosa; cuando rancias, dan por cada 8 kilogramos 5 de
aceite muy usado en perfumeria y aùn para cocinar. — Los Mr-
baros hacen la \anioca cociendo la almendra con el maîz. Ademds
con el liber del àrbol, que se obtiene desprendiendo la corteza en
grandes tiras y batiéndola bien, se haceuna estopa excelente para
calafatear las embarcaciones de los rios. — Es pura fabula lo que
algunos viajeros cuentan sobre el modo que usan los monos para
abrir los cocos del almendro, que diz que los abren golpeàndo-
los en las ramas de los drboles. Esos cocos ùnicamente se abren a
machete. Los que los monos abren son los de la especie Lecytis
grandiflora (Aublet), cuyo fruto, cuando maduro, abre por si solo
la tapa cônica del coco.
Almizcle. Olor caracteristico también de algunos animales
americanos, como el caimân, el pécari, etc. A muchas personas
les répugna el olor del almizcle; sin embargo, este es el perfume
sagrado de algunas tribus indias, como lo es del budhismo.
Almorranada (Es una). Un acceso de mal humor. Alude
esta expresiôn, d que es creencia que las almorranas producen
mal humor en los que de ellas padecen.
Almud. Medida agraria de 100 varas cuadradas, y otra medida
de capacidad de 25 libras, usada en el Departamento de Santa
Cruz de la Sierra (Bolivia).
Alpedo. Véase la P.
Âloe. Liliâceas. Planta repartida en casi todas las regiones cdli-
das del globo. En algunos puntos donde la he visto, le llanian
acibar por el jugo amargo que. por incision, escurre la planta.
Aloja. Bebida refrescante hecha de fruta del algarrobo expri-
mida en agua azucarada.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 263
Alzado. Animal que hahuidoal monte. Joven al:(ado : por cre-
cido ô de buena estatura ; es crucenismo.
Alzadora. Ninera ; ordinariamente negra 6 india.
Allulla. Masa de harina de maiz y manteca.
Amacho. Sobresaliente en algo. Amacho tiradoTy amacho bebe-
dor, dicen los gauchos portenos.
Amalgamaciôn. Invenciôn hecha en 1 5 52, en Pachura (Mexico)
porel ingenierode minas espanol Bartolomé Médina. Como es uno
de los procedimientos empleados aùn en algunos distritos por los
mas modestos establecimientos metalûrgicos, no estard de mds
copiar esto que lei en el tomo V de El Instrtictor Reperiorio (Buenos
Aires, 1838) : « Dicese, y lo dice tambien Humboldt, que los mine-
ros espanoles dejaban tanta plata en los desechos después de la amal-
gamaciôn, como la que sacaban. Una compania inglesa mandô
un comisionado a Lima en 1803 para saber si las autoridades
le permitirian exportar el residuo de los minérales trabajados en
las minas de Pasco, é informada de que no habia dificultad,
mandô la compania un barco al Callao para traer un cargamento
de dichos desechos. Tan ciertos estaban los interesados de hacer
una gran fortuna, que guardaron el mayor secreto en la especu-
laciôn. El barco volvio a Inglaterra, donde por lo barato del
carbôn pensaban hallar un tesoro. El resultado fué que despues
de haber hecho varias operaciones, por el fuego, en solo 58 tone-
ladas no sacaron plata ni aun para pagar el carbôn consumido,
habiéndoles costado el desengano mas de diez mil pesos. Al
ano siguiente hizo su viaje el célèbre Humboldt y reviviô el
mismo error en su obra que publicô a su vuelta à Europa. Esto
moviô a varias companias inglcsas a irabajar las minas de Mexico,
pero ya han salido de este engano, à gran costa suya. »
AmAru. Serpiente, en quichua. Tupâc-Amâru, nombre del
cacique que sublevô la indiada en el alto Perù; Amaru-mayOy rio de
la Serpiente, como llamaron los quichuas al actual Madré de
Dios d causa de los muchos tornos y râpidos de la corriente.
AmAuta. Sabio ô mago de la corte de los incas, encargado de la
instrucciôn de la nobleza, d cuya casta pertenecia.
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264 CIRO BAYO
Amazonas. La réunion del Solimâes y Negro forma el rio pro-
piamente tal, como le llamô nuestro Orellana. Segùn modernas
investigaciones, la fabula de las amazonas se reduce d que esos
son unas indias viejas repudiadas que viven en lugares aislados
formando verdaderos pueblos de mujeres, como el que hallô
Crevaux en el Parou (Guayana).
Ambaibillo. Véase MATtco.
Ambaibo (jCecropia palmata. Wild. Urticeas). Ârbol de la
America del Sur también llamado « arbol del perezoso » porque
este animal (el perico ligero) se alimenta con preferencia de las
hojas, yemas y frutas de aquél. Estas tienen la figura de dedos
de guante y son de gusto exquisito parecido al del higo. El
ambaibo adorna las margenes de los nos ecuatoriales y sus flores
y frutos alimentan a los peces que se aglomeran en los remansos
que sombrea la copa del drbol, verde por encima y blanquecina
por abajo.
America. En un vocabulario de americanismos no debe faltar
esta voz. Del nombre del florentino Amérigo Vespucci, Amé-
rico Vespucio en castellano, cujos viajes al Nuevo Mundo publicô
en latin en 1505. Américo es nombre derivado de Americh que
en antiguo alemdn significa ave cantora. Cuantas disquisiciones
se han aventurado sobre el curioso tema del origen del nombre
America carecen de fundamento, probndo que tal nombre se
conocia antes del descubrimiento del Nuevo Mundo, sin apli-
carse, como es natural, à este. Consta, ademàs, que el triunfo del
florentino pareciô tan injusto al Consejo de Indias, que en 1508
este décrété que el nuevo continente se llamase Colombia ; pero
era demasiado tarde. El nombre de America habia prevalecido en
mapas y relaciones.
Amigo. Tiene muchas acepciones, tantas como resultan del
tono de la voz y del tôpico de la conversaciôn. V. gr. — i Como le
va, amigo? — Ldrguese ahorita, amigo. — No embrome,
amigo. — Esta bueno, pues, amigo, etc. — Amigazo {amigaso)
dicen también los gauchos. Grande y biien amigo es la formula
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 265
cancilleresca con que los présidentes de estas repùblicas se dirigen
a los dénias jefes de Estado, incluse reyes y emperadores.
Amuchar. Hermosa adaptaciôn del arcàico amuchigar, aumen-
tar. El rebano amucha; las gallinas amuchan ; es decir, se multi-
plican. Amucho bebedor = gran bebedor.
Amujar. Agacharlas orejas el animal (Arg.).
Anaconda. Boa aquatica, Pr. Mav.
Anana. Bromelidceas. Varias especies en America. Véase Pina.
Anastina. Voz chiquitana= « rendido à tus pies ». Plegaria
religiosa de mucha unciôn y armonia que los indios chiquitanos
entonan después de la misa 6 de otra fiesta religiosa. La anastina
se canta todos lossâbados al son de violines, y al pie de las cruces
que adornan las encrucijadas de los pueblos, por los ninos de
ambos sexos dirigidos por fiscales y fiscalas conforme à la tradi-
ciôn de los misioneros jesuitas. /^
Anatuyo. Voz chiquitana. Animal^e color overo con man-
chas coloradas ù oscuras.
Anca. Azul en quichua. Asi Anai-mayo, rio azul; nombre
del rio que esta entre Quito y Pasto.
Anco. Calabaza 6 especie de zapallo. Hoco en Santa Cruz.
Lacayote en otros distritos. — Anco, color blanco en quichua.
Asi Ancamarca (pais abundante en calizas 6 pais blanco) ; Anco-
huma (cabeza blanca), nombre con que antes era conocido el
Illampu, el pico mas elevado de los Andes bolivianos (7.200
métros sobre el nivel del mar) d 24 léguas al N. O. de La
Paz. — Métal de plata con aspecto de plomo grueso 6 de galerna.
Vulgarmente « plomo ronco ».
Ancosa. Voz quichua; de anccossaniy brindar. La prueba que
del bebestible pide el comprador a licoreros y vinateros, suce-
diendo que al cabo de muchas ancosas 6 cataduras el comprador
suele quedarse dormido en la ùltima taberna donde le dieron la
ancosa.
Anchetas. Parolas, palabreria. Voz gauchesca.
Ancho. Poroto 6 judîa ancha, de segmento negro.
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266 CIRO BAYO
Anclero. El ruletero ambulante que da vueltas â las maneci-
tas ô anclas de la nieda, en las callesde Buenos Aires.
Ancuco. Miel hervida hasta reducirla i pasta en la que se
incrusta mani, almendras, etc.
ANDARde florcita, de picaflor. Andar de fiesta en fiesta. Andar
hecho un j ay de mi! Es término gauchesco.
Andavète. Jarro ô pichel de la cabida de un litro, para
tomar chicha. Es un verdadero anda y vête. Potrillo en Chile.
Andenes. Escalones en las laderas de los Andes con cultives
« d modo de piramides de verdura », agrega el historiador Pres-
cott. — El gênerai Miller en sus « Memorias » supone que de
estos andenes vino llamarse Andes â la gran cordillera, pero este
ùltimo nombre es anterior à la conquista.
Angaripolo. El tocuyo ô lienzofabricado en Toco (Venezuela),
que iba i Espana y de aqui volvia pintado y bien acondicionado
para venderse en Cochabamba con el nombre del margen.
Angollo. Mazamorra de harina de trigo.
Angurriento. Avariento, codicioso.
Aniego. Inundaciôn. Substantivo derivado de la conjugaciôn
irregular de anegar.
Anôn. Sabrosisima fruta Uamada coraTiôn en Puerto Rico;
rinôn en Venezuela y chiritnoya en estas latitudes. Véase Chiri-
moya.
Anta. « Nombre genérico de los animales que tienen armadura,
como el venado, gamo, etc., y de cuya piel se hacen calzones,
petos, etc., que por esto se llaman de piel Je ante. Los portu-
gueses llamaron anta al tapir americano por la semejanza de la
piel y uso que de ella se hacia al curtirla. Piel de anta ô ante es
no solo la de tapir, si que también la de biifalo, alce, gamo y
venado preparada con aceite » (^Diccionario partugués de Fran*^°
Solano Constancio). Véase Tapir.
Anta (corteza de) {Drynis granatensis. L.). Magnoliacea, cuya
coneza prétende el vulgo que come el anta para medicinarse.
Anti. Voz quichua. « Tierra de los Andes. » De ahi, AntisuyOy
parte del imperio incdico que miraba à los Andes.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 267
Antuco. Diminutivo quichua de Antonio. Nombre araucano
que équivale a « aguas del sol » (aniiy sol ; côOy agua). — Volcan
de Antuco en la provincia de Arauco (Chile).
Anapa. Harina de algarrobo.
Apîapanco. Cactus. Especie de caracori minùsculo, de forma
esferoidal, con abundantes puas, que crece a raiz del suelo ô bien
parasito de otras plantas. Es voz chiquitana que ha pasado a la
flora crucena, como tantas otras voces indtgenas.
AnilerIa. Campo de anil. El anil es un arbusio del cual se
extrae un jugo verde que al contacto del aire se convierte en azul
y entonces depone poco à poco el anil ô indigOy preciosa materia
colorante tan estimada en tintoreria y quimica.
Apacheta. Nombre que suena repetidas veces en el oido del
viajero en los Andes. Adoratorio de camino en los altos de eues-
tas y coUados, reducido muchas veces a un montôn de piedras;
aunque en las cumbres de mas empeno, es una capillita de cal y
canto, con una énorme cruz empotrada en la pared del fondo.
Hacer noche en una apacheta équivale i cobijarse en un panteôn
mortuorio. Los indios de la altiplanicie, en especial los postillo-
nes, conservan la costumbre de escupir un poco de coca acullicada
en las apachetas, antiguo homenaje de gratitud à Pachacâmac, el
dios de la naturaleza entre los Peruanos, bajo cuyo amparo
habia llegado el viajero hasta la empinada apacheta. El indio, al
llegar cargado al alto de la cuesta, decia : napa-cheta », que équi-
vale â Deo gratins. No contento con tirar coca, echaba besos al
aire en senal de adoraciôn, pues los indios no tienen otro voca-
blo que signifique adorar sino el coniùn de besar. — En el dia,
apacheta es sinônimo de ladronera, y asi se dice en Bolivia :
vaya usted a robar à una apacheta, como si dijéramos, à Sierra
Morena ; porque los contados bandoleros que hay en el pais, no
hallan otro sitio mas propicio pai:a desbalijar al viajero que el
alto de una apacheta, que ademas suele ser el cruce de varios
caminos de la sierra.
Apalama. El pilarcito donde se pone la pieza para el juego de
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268 CIRO BAYO
la raqueta. Lance del mismo juego en que dos tejos estan a
igual distancia del blanco.
Apalancar. La acciôn de guiar los punteros de las embarca-
ciones del Béni a un costado del rio para encostarlas à amarrarlas.
Aparcero. Como en Andalucta, mediero, participe en un tra-
bajo 6 industria. También es sinônimo de amigo intimo y
en tal sentido es cariiïoso este saludo entre paisanos argentines :
i Cômo dice que le va, aparcero ?
Apenas (ser 6 estar de). Servir de poca cosa.
Aperarse. Proveerse, vestirse. Asi, « laiglesiase aperôcontodo
le necesario » .., escribe un misionero al prefecto de la provincia.
ApereA. Nombre guarani muy generalizado en el Rio de la
Plata, del cuis 6 conejillo de Indias.
ApfRi. Indio que acarrea el minerai en las minas; y por exten-
sion el faquin 6 indio cargador de la ciudad de la Paz.
Apoparado. Atontado, medio opa. Véase Opa.
Aproches. Inmediaciones, cercanias. La Academia admite
este vocablo en el sentido de preparaiivos para acercarse a bâtir
una plaza.
Aptapi. Colecta, en quichua. Gira campestre de jôvenes de
ambos sexos que se acuotan para ello. Las mujeres ponen la
comida y los hombres los licores, y unos y otrosesia amabilidad
criolla de que guardo indeleble recuerdo por alguno que otro
aptdpi d orillas del Nuccho, en Chuquisaca.
Apunarse. Véase Puna.
Aputàmu. Véase JaputAmu.
Araonas. Indios del Madré de Dios, al Noroeste de Bolivia,
casi todos conquistados por los barraqueros de este rio. Hablan
el idioma tacana y son de costumbres mansas y apacibles. Los
Cavinas y Machuis son sus aliados y parientes.
ArAra. No se Uama con otro nombre al papagayo, en todo el
Oriente boliviano. Varias especies del género psittacus y hya-
cinthus de rutilante color. Arara es voz guarani, aumentativo
de ara^ periquito 6 cotorra.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 269
Araroba. Ârbol equinoccial en estas latitudes. La corteza
reducida a polvo suministra los famosos polvos rojos de Bahia
(Brasil) indicados contra las herpès.
Araucano. Los indios pampas del sud de la Argentina (calfu-
curaches, pehuenches, catrielches, ranquelches, etc.) se conside-
ran como originarios de Chile y hermanos de los araucanos.
Hablan el auca que es el idioma generalizado en el sur, rico y
armonioso ; y todosellos locomprenden, por diferentes quesean los
acentos. — Sabido es que la Eneida de Chile, La Araucana^ es
obra de Alonso de Ercilla que no hizo mds que poner en verso
su diario militar.
Arca (del hueso). La clavicula, en Buenos Aires. En otras
partes de la Argentina eslilla, Tranquilla en Santa Cruz de la
Sierra.
ArcaIsmgs. Son muchos ; unos pueden considenirse como
vicios de pronunciaciôn y alteraciones de vocablos (la termina-
ciôn tes del pretérito, y ate de los verbos, como sosegdte, andaie,
etc.), otroscomo supervivencias del castellano antiguo (a cas de —
denantes — gud — hechizo), etc.
Arco. Los arcos de los indios del Oriente son hechos de madera
dura y elastica labrada de algunos drboles y palmeras, singular-
mente de la chonta. Para templar el arco lo agarran con la mano
izquierda, y con la derecha toman la flécha y el cordel que
sueltan a un tiempo, torciendo el cuerpo algo d la izquierda.
Variable es el tamano de esta arma primitiva, siendo de notar
que las tribus cazadoras y mansas la usan mas corta que las
guerreras. Asi, mientras los pacificos araona del Béni y guarayo
de Santa Cruz de la Sierra emplean un arco de menos de un
métro, el del indômito sirionô, que vive al lado, alcanza métro y
medio y algo mds. El arco sirve d los indios como maza de guerra,
con la que se defienden en caso de sorpresa y con la que rematan
d las victimas ya heridas por la flécha y que se debaten con las
ansias de la muerte.
Arepa. Como la famosa de Antioquia (Colombia), se hace en
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270 CIRO BAYO
Santa Cruz de la Sierra de harina de yuca ô de maiz puesta d
calentar en el tiesto, con lo que résulta una masa abizcochada
muy aparente para acompinar al café ô « servir de lictores del
chocolaté », como llama Marroquind los bizcochos.
Argentina. Nombre que aplicô a las Provincias del Rio de la
Plata el poeta é historiador Barco de Centenera en su poenia
« La Argentina » , y que después ha servido para designar la
repùblica actual.
Argolla. El anillo de compromiso que regala el novio.
Armada. Plazo ô vez. Asi, d pagar en cuatro armadas.
Armado. Pescado de tamano variable, sin escama, con dos
hileras de espinas d cada lado d manera de sierra. Llega d tener
hasta una arroba de peso y su carne es muy sabrosa y alimenti-
cia. Su vitalidad es poderosa : fuera del agua vive un dia, y
aùn después de destripado, desoUado ysalado, continua su carne
palpitante. Criase en los nos del Oriente boliviano.
Armador. El chaleco.
Arranchar. Hacerse de algo ô aprehender d alguno.
ArrayAn ô mirto. Toda la planta, conocida en Europa, es aro-
mdtica. De ella se extrae el cosmético conocido con el nombre <ie
« agua deângel ». Los brasilenos llamand sus frutos « craveiro da
terra » . — Hay en la especie argentina una particularidad zoolô-
gica : « la oruga del esquife », segùn la ha denominado el Sr.
Mdrcos Sastre en el « Tempe andino ». — Véase en la O.
Arreada. El acto de arrear una tropa. Véase Tropa. Leva for-
zosa en dias de revoluciôn.
Arreador. Ldtigo de mango grueso y lonja larga que se usa
para arrear el ganado.
Arrechada. Mujer cachonda (Arg.).
ARREQ.U1NTAR. Apretar fuertemente con cuerda ô vendaje-
(Arg.).
Arria. Recua de caballerîas ; y por extension el conjunto de
personas despreciables.
Arribeno, llaman en Buenos Aires al provinciano del inte-
rior.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 27 1
Arriéras. Hormigas que en recuas ô arrias andan siempre
por un camino perfectamente trazado hasta el punto fijado,
para dispersarse en busca de alimento ; y por el cual, en gran
orden, van las mis cargadas con su provision y vienen las otras
sin carga en busca de ella. A las mismas 6 de especie afin (neu-
rôpUras) Uaman caT^adoras en el oriente de Bolivia, a cuyo recuerdo
se me crispan los nervios, acorddndome de los malos ratos que
me han hecho pasar en mis caravanas por aquella région.
Arrimante. Véase Janacona.
Arrocillo {Asprella ori:(pyde), Graminea de campos hùme-
dos, muy apetecida por el ganado, y de flores parecidas à las
del arroz.
ArtIculos coloniales. En esta clasificaciôn se comprenden el
café, té, azùcar, especias, algodôn,drogas,substancias tintôreas, y
maderas de ebanisteria como el cedro, la caoba, el palisan-
dro, etc.
Artocarpo {Artocarpus incisa, L.) Es el arrogante drbol bau-
tizado también con el nombre de « Ârbol del Pan », que abunda
asî mismo en Oceania. El alimento lo constituye la pulpa fari-
nicea de sus frutos, perfectamente esféricos y de gran tamano,
la cual después de asada en el horno se corne con manteca, y es
un bocado de ângel. — Es el mand de algunos indios del Oriente
quienes lo comen sin tantos requilorios.
AsACii {Ura brasilensis. Wildenow). Euforbidceas. Ârbol colo-
sal del cual se extrae por incision un zumo gomoso que se soli-
difica como el de la seringuera. Los indios del Oriente usan de
él para embriagar d los peces.
AsADO con cuero. Famoso plato crioUo superior d todos los
asados de la cocina europea. — Se prefiere siempre una ternera
6 vaquillona gorda. Se destina para el asado de campo, los cos-
tillarcs, el pecho y el anca. Al sacar los trozos mencionados, debe
quedar siempre un sobrante de cuero de très dedos, lo menos, al
rededor de cada manta de carne, para que no se queme esta al
asarse. Préndese un buen fuego al aire, protegido por un ârbol 6
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272 CIRO BAYO
una pared ; se agregan huesos de osamenta vacuna, y cuando todo
esta quemado, se le da vueltas con largos palos a propôsito. Al
tiempo de corner, se le sala con salmuera.
El asado con cuero es obligado en las fiestas campestres, en giras
y expediciones de caza, hierras, remates, etc. Es de origen arabe,
y por esto dice Alejandro Dumas que lo aprendiô a preparar en
Argelia.
AsAHt ÇEuterpeedtilis, Martius). Una de las palmeras mas her-
mosas de los trôpicos ; de tronco liso y recto, con un penacho de
hojas palmeadas, compuestas de foliolos dispuestos como los de
una pluma de ave. Con sus cocos se prépara una bebida azuca-
rada, color vinoso, muy réfrigérante que en el Pard llaman
coahy, Goza también de predicamento el palmito que suministran
sus hojas antes de su perfecto desarrollo y que he tomado muchas
veces como ensalada entre el arroz y charqucy y charque y arroz,
obligada menestrade la navegaciôn fluvial en los rios de Bolivia.
AsAYÉ. Espuerta hecha de palma, muy en uso en todo el
Oriente boliviano.
AsERO. Culebra, en aimarâ. — Asero-marca, pais de culebras,
Provincia del Acero (debiera escribirse Asero) en el Departa-
mento boliviano de Chuquîsaca, etc.
AsoROCHARSE. Apuuarsc.
AsPAS. Astas 6 cuernos de animal vacuno.
AsTi-ABiERTA Res comicancha.
Atabaliba. Ataliba ô Atahuallpa. Con estos nombres se
llama al infortunado principe indro que gobernaba el imperio
peruano à la llegada de los espanoles. Oviedo en su « Histo-
ria de las Indias » escribe Atabaliba ; el inca Garcilaso, Atahuall-
pa, y prétende que los gallos traîdos por los espanoles pronun-
ciaban cantando el nombre de Atahuallpa, de donde le vino à la
gallina el nombre de huallpa ô gualpa que aun conserva en qui-
chua. El Padre Blas Valero (cuzqueno) atribuye esta etimologia
d que cuando los gallos cantaban, los indios creian que lloraban
por la muerte del inca.
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 273
Atabaliba es el nombre de pila de algunos americanos, y él ha
tenido el honor de verbalizarse en :
Atalibar, sinônimo en la Argentîna de robar, espoliar, por
un Don Ataliba (el apellido se calla) que hizo méritos suficientes
para verbalizar su nombre, cmulando d Guillotin, Lynch, Boy-
cott, Escobar, Lambin y demis quedisfrutaron de igual privilegio.
« Me han atalibado el reloj », dice un porteiio, asi como los
chicuelos de Paris gritaban alla por 1 791 : « Me han brissotcado
el trompo », aludiendo a Brissot, hombre de mala reputaciôn en
lo referente al séptimo mandamiento.
Atabacado. Empachado, hastiado. Voz gauchesca.
Atado. Cajetilla de cigarrillos.
Ataja-camino. Pajaro, como nuestro aguzanieve, que vuela
de trecho en trecho, asustando d las caballerias.
Ataja (La). Arritranca que se pone en la grupa del animal
para que la montura no se corra adelante.
Atarantado. Aturdido ; picado de la tardntula, dedonde indu-
dablemente dériva este provincialismo boliviano.
Atirantar. Estaquear en la Argentina. Estirar en el suelo d
una persona, agarrdndola de pies y manos paraser azotada. Espec-
tdculo muy frecuente en cuarteles, comisarîas y corregimientos
de estos paîses, no menos que en ciertas barracas y estancias en
las que impera el régimen feudal.
Atocinatado. Pesado de carnes, obeso.
Atorarse. Estacionarse algo 6 alguien ; los alimentos en el
bûche, una persona en un sitio, etc. En catalan hayel verbo aiu-
rar con igual significaciôn.
Atortojarse. AbatatarsCy turbarse, encogerse como una rosca
6 torta.
Atorrante. El vago y azotacalles, en argot rio-platense. Qui-
zâs tenga su derivado en û atorarse anterior. Al atorrante^ llaman
en Montevideo gniso ô guisote, y garabito en oiros puntos.
Atracarse. Acercarse con buena ô mala intcnciôn. Se me
atracô y le pegué un rebencazo. — Me le atraqué para saludarle.
Rtxme hitpaniqut. xiv. i8
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274 CÏRO BAYO
Atuel. Voz auca (« Laraentaciôn »). Nombre de un rio de la
provincia argentina de Mendoza.
Auca. Voz quichua : el sombrero hongo. — La lengua araucana
que hablan 6 comprenden los indios de Chile y del sud de la
Argentina.
AuDiENCiA. Por lo gênerai, la corte de Madrid se conformaba
para lo temporal con las dîvisiones espirituales que regian para
los Obispados, y aun con las establecidas como provincias por
diferentes ôrdenes religiosas. Tal se détermina en la real cédula
de 1636. Las « Reaies Audiencias » en America obedecian d una
division tan racional y bien establecida, que ellas han dado la
pauta à las nuevas nacionalidades en que se fraccionô la vasta
unidad del imperio hispano-americano. Cuanto mas se estudia
el sistema geogrdfico de las antiguas audiencias, tanto mds se
admira la sabiduria que ha procedido a su colocaciôn respectiva.
Absurdo hubiera sido trazar el largo de los territorios de occi-
dente d oriente, porque el deseo de dar iguales costas d las
Audiencias hubiera producido el efecto de hacer centrales y ale-
jadas del mar la mayor parte de los territorios y provincias de cada
una de las secciones. En el sistema preferido por Espaiia, las
Audiencias interiores pueden acercarse mds d la costa, dado que
aquéllas que ostentan configuraciôn litoral toman en su longitud
todo el espacio que necesita su unidad territorial. Paises cortados
desde el Amazonas hasta el Pacifîco ^ hubieran sido mds accesibles
al comercio que lo son hoy Bolivia y el Perù, guardando esa
contiguïdad de tan fdcil comunicaciôn ? Casi todas las dificultades
de las repùblicas sud-americanas son mds bien aduaneras que
geogrdficas.
AuRORA. Chicha cochabambina que los aficionados prefieren
al vino.
AvESTRUz. Véase NandO.
AviADO y Aviador. El habilitado para un negocio y empresa,
y el habilitador.
Ayacucho. Etimolôgicamente, « rincôn de los muertos », por-
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 275
que los primeros espanoles hicieron en ese lugar una gran carni-
ceria de peruanos. En su Uanura se librô à 9 Diciembre de 1824
la batalla que puso fin a laguerra de la independencia sud-ame-
ricana que duré quince afios. « Mariscal de Ayacucho » es el
titulo con que se galardonô al vencedor en la jornada, Antonio
José Sucre. Devueltaal hogar los ilustres vencidos, fueron llama-
dos « Ayacuchos » en Espana, como senal de ignominia. Partido
« ayacucho » fué llaniada la fracciôn libéral que militaba en el
partido libéral durante la reacciôn de la « década ominosa » ; y
antes que progresista, fué llamado partido ayacucho aquél d
cuyo frente se puso el gênerai Espartero, quien si bien peleô en
America no esiuvo comprendido en la capitulaciôn del 9 de
Diciembre, por haberle cabido la suerte de estar en comisiôn à
Espana con pliegos del virrey Laserna.
Conforme à la etimologia ya apuntada, se derivan Ayapampa
(campo de los difuntos), Ayapata (cumbre de los muertos) y
otros nombres de localidades.
Ayarichis. Cierta comunidad indigena del Departamento de
La Paz, que baila una danza llamada « ayarichi », al son del 5iVtt
6 especie deflauta de Pan, pues los tubos de cana estdn paralela-
mente, de mayor à menor en largo y anchura, con las aberturas
en una sola linea.
Ay juna ! Interjecciôn gauchesca de admiraciôn, sîncope de
hijo de p...
Un ginete del Bragado
de apdativo Laguna,
mozo ginetazo, ( ay juna ! Etc.
Ayllo. Del quichua: linaje, casta 6 familia. Parcialidad en que
se subdivide una comunidad indigena.
AzoTARSE (à algo). Arrojarsecon prontitud « como carpinchod
la mar » (Ascasubi).
AzoTEA. Toda casa de adobe en la campana de Buenos Aires de
techo piano, tenga 6 no terrado 6 azotea. Cuando el techo for-
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276 CIRO BAYO
ma dngulo para la caida del agua de la Uuvia, ildmase casa
média.
AzoTERA. Los dos cabos de la rienda que saliendo del nudo en
que éstosse reunen, sirven para azotar el caballo ifalta de reben-
que 6 talero. Los arabes usan también riendas con azoteras. En
Bolivia usan el chicotilloy que es una gruesa lonja de cueroen for-
ma de larga palmeta, hendida en dos suelas y anadido à las rien-
das.
B
Baba. Mariposa grande de rutilantes colores, correspondiente
à la magnifica « barboleta » del Brasil. Es voz muy propia apli-
cada d las pegajosas mariposas noaumas que infestan las pasca-
nas de Chiquitos, molestando i personas y animales.
BacAn. El abarraganado. El amante de una prôjima.
Bacaray. Ternero nonato. Sulloen quichua.
Bachicha. Nombre que se da en Buenos Aires à los emigran-
tes italianos. Entre el vulgo itilico, sobre todo en la Liguria, es
frecuente el nombre de Juan Bautista que, abreviado como Paddy
de Patricio en Irlanda, se ha hecho Bachicha, Bautista.
Bagual. Qballo alzado de las Pampas, procedente de la ma-
nada que hubo de abandonar el adelantado Mendoza. Pocos bagua-
Ics quedan ya d medida que el hombre avanza en la conquista
del desierto. Es sinônimo, por consiguiente, de caballo indômito
y arisco. A la moda de Portugal, dos burros sobre un baguai.
Loc. popular.
i Eh baguai ! Es voz portena équivalente d nuestro j No sea
V. animal !, cuando un atolondrado nos pisa un callo, 6 nos da
un encontronazo al doblar de una esquina.
Baile. En la Argentina y Bolivia como en el resto de Ame-
rica, hay bailesded dos, que son de importaciôn europea, polcas,
valses, etc., y bailes sueltos que son los tipicos de la tierra.
Antes se bailaban el pericôn, cielito, tango, galopa, etc. ; hoy el
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 277
gaio, triunfo, chacarera, marote, correntino, remedio, prado,
huelky firmeza, cuando, pajarito, cueca ô zamacueca que es baile
chileno, etc., etc. Casi todos estos bailes empiezan d la voz de
saque del guitarrero, y cuando el bailador sacô pareja responde à
su vez « meta » (mùsica). Entonces el miisico comienza d ento-
nar su copia d cuyo tiempo empieza el movimiento. Bailes hay
como el gato, que es el gauchesco por excelencia, que se acom-
paiia con « relaciôn », castaiieteo de dedos y lances de panuelo.
Véase Milonguero. El baile popular boliviano es la cueca.
Balaca. Hablador, parleta. Nombre balaca, dice el gaucho
aludiendo sin duda al continuo balar de corderos y vaquillonas.
Balsa. Embarcaciôn construida con un palo muy liviano, 11a-
mado « palo de balsa », muy adecuada para navegar rios como
los tributarios del Béni de poco fondo y rdpida corriente. Cada
balsa consta de siete palos, de los cuales el del centro, que es el
mds largo, se llama « pescuezo » porque al remate forma laproa.
A unoy otro lado del pescuezo estan los huatlris ; vienen después
los a maestres », y los de cada costado extremo con las
« voladoras ». Dos 6 très balsas unidas forman el « callapo ». Las
guarachas » son los asientos latérales formados en el callapo.
Véase Callapo.
BAlsamo de Tolù. Extrâese de una leguminosa ÇMyrospermum
ioluiferum. De Candolle). Se emplea como estimulante en medici-
na, y su nombre dériva de la ciudad de Tolù, en Colombia.
Balsôn. La soga del timôn del arado que va atada al yugo.
Ballata ô Guallata. Voz quichua. Zancuda de la especie del
flamenco, que habita los lagos de la cordillera y lagunas del
Oriente.
Bamba. Desinencia del vocablo Pampa. Entra en la composi-
ciôn del nombre de muchos pueblos, lugares y postas. Cochabamba
(ciudad de Bolivia = laguna en la llanada). Totabamba (llanura
de enea), etc.
BambA. Voz brasilena usada en el departamento boliviano de
Santa Cruz de la Sierra. Res de color uniforme con brochazos
blancos como churrones de cal ô yeso.
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278 CIRO BAYO
BambiJ. VéaseTACUARA. Novio bambûy noviocalabaceado (Arg.).
Banana y Bananero. Nombres brasilenos del plàtano y plata-
nal, usados indistintamente en las repùblicas sud-americanas.
Véase Plàtano.
Banco. « Hacerle banco à alguno » ; humillarlo como reo en
banquillo. Es argentinisnîo.
Bandera. Las fajas céleste y blancaeran el simbolo de la sobe-
ranîa de nuestros reyes en Flandes, Ndpoles é Indias. De esta ban-
dera real hicieron los argentines divisa y escarapela el 25 de
Mayo de 18 10 y mas adelante bandera nacional el gênerai Bel-
grano.
La bandera boliviana parece ser que dériva del arco iris, cuyos
colores principales adornaban el estandarte del incadel Perù. Sin
embargo, es tradiciôn en el pais, que estando los congresistas
divididos en el asuntode los colores de la nueva bandera, diéronse
un cuarto inlermedio para deliberar, i cuyo tiempo apareciô en el
patio del salon législative una chola naranjera. Su mantôn rojo,
el amarillo de las naranjas en el cesto y la pollera verde de esa
mujer, fueron una inspiraciôn, de tal suerte, que por unanimi-
dad se decidiô que los colores encarnado, amarillo y verde fue-
ran los de la bandera de la Repùblica.
Bandera de remate. El trapo con la divisa ô nombre del mar-
tillero 6 rematador que, como pendôn de los farautes, flota en
poblados y despoblados donde quiera se verifica el rcmate.
Subasta derivase precisamente del sub-hasta de los romanos.
Bandolero. El tocador de bandola ; y también el ocioso entre
los chuquisaquenos.
Bandurria (Ibis nielanopis), Ave acudtica, grande como una
pava, y del sabor de esta. Es de cuerpo gris plateado, con el
pecho y el rêvés de las alas blancas, formando un hermoso con-
traste cuando vuela, casi siempreen bandadas. Tiene un pequeno
copete y un pico muy largo. Su canto, sin ser desagradable, no
abona ciertamente el nombre del ave. A esta se le llama tam-
bién caquingora en quichua, y camion en otros paîses.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 279
Bagresapo. Renacuajo. Guasarapo en Mendoza.
Baoueano. Guîa, practicode la Pampa. El baqueano es un tipo
de las pampas tan util y notable comoel rastreador. De ambos se
hacen lenguas los escritores argentines, d causa de la maravillosa
destreza que demuestran en seguir una senda 6 rastrillada. El
baqueano es hombre que ha debido de andar mucho y tener
buen ojo para reconocer lo andado, cosa no muy ficil en la pam-
pasia donde, como vulgarmente se dice, todo el monte es oré-
gano, d causa de la uniformidad del paisaje. El rastreador, de
mas mérito aùn, tiene vista y olfato, pues conoce las huellas de
un animal, y da con un individuo por oculto que esté. En una
palabra, si el baqueano es la brûjula de la pampa, el rastreador
es el sabueso. — El mérito de ambos se aquilata reflexionando lo
que es la Pampa platense, verde llanura, mar seco sin orillas, d
veces sin un drbol, sin un médano, sin un hilo de agua, océano
de verdura donde todo rastro se pierde como el surcode la quilla
en el agua, y donde ya alzado el sol, quienquier que no sea
baqueano pierde el rumbo y anda como unaaguja loca de imantar,
Baqueano en mi opinion debiera escribirse vaqueano, pues es
mds que probable dérive de vaquero, el mejor prdctico de un
terreno por razôn de su oficio nômada, pero lento y continuo.
El Sr. Cuervo apunta que dériva de baquia^ término con que los
espanoles designaron después de la conquista d los soldados vie-
jos, y significa veterano, experio. Anade que Juan de Guzmdn
en su notaciôn 28 sobre la Geôrgica 1* de Virgilio escribe
« vaquiano », diciendo que es voz de la isla de Santo Domingo.
Pudo tener razôn Guzmdn, pero es muy singular que Esteban
Pichardo en su « Vocabulario de voces cubanas » no cite ni por
asomo ese vocablo, esro que Pichardo era nacido « en el corazôn
de la isla de Santo Domingo » como el mismo dice en el prô-
logo de su obra.
Baquetù. Aventadorô sopladorde palma que usan en Mojos.
Ebéjecn Santa Cruz.
Barbacoa. Tablado junto al techo de la casa para guardar gra-
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280 CIRO BAYO
nos, frutos, etc. Es voz generalizada en toda America. En Bolivia
se le llama también guaracha y tendal segùn sirva ademâs de
asiento 6 de colgadero.
Barbasco ô verbasco {Robinia Nicou). Bejuco cuya corteza se
emplea como veneno végétal para embarbascar los peces. Varios
son los bejucos, todos ellos énormes, que sumergiéndolos en el
agua envenenan el pescado de nos y lagunas : el citado Bobinia,
el Bignonia scandenSy Barrière; el Saqquinia armilaris y el
Astragalo incanis ; todos ellos frutescentes y de frutos purpùreos.
Al barbasco llaman timbô en guarani.
Barbilla ô barbada. Jâquima 6 cabezada con un bocado de
palo que como la yacuma se pone â los burros conductores de
maiz ô alfalfa para que no coman de la carga de los companeros.
BARBiauEjo 6 barbijo. Panuelo para la cabeza puesto a la
mujeriega ô a la catalana, es decir, atado bajo la barba. Ûsanlo
los gauchos bajo el sombrero en sus trabajos pastoriles para evi-
tar el frio y el sol.
« Hacerle un barbijo d alguien », hacerle un chirloen la cara.
Barcino. Color blanco y pardo, como en todas partes ; pero
ademàs en la Argentina es el poUtico que muda de casaca.
Barraca. Depôsito de cueros y lanas en la Argentina. — La
factoria à orillas de los nos donde se recoje toda la goma elabo-
rada en los centros del Béni y Madré de Dios.
Barrajar. Derribarcon fuerza en el suelo. « Es enérgica esta
expresiôn americana : le barrajô contra el suelo », dice Juan
Seijas en su « Diccionario de barbarismos cotidianos ».
Barrero. Lugar de greda salitrosa de la que son tan golosos
los animales montaraces, como monos y antas, que hacen verda-
deras excavaciones en el terreno. A los barreros acudiamos en
noche de luna los empleados de la barraca^ alla en el Madré de
Dios, cuando querîamos regalarnos con un anta li otra pieza
mayor.
Barrilete. Cometa de seis puntas, yestrellay papagayo y bomba
segùn tenga cinco, très ù ocho puntas.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 28 1
« Es un barrilete » por : es una coqueta, sedice en Bolivia.
Baticola. Por analogia con la pieza del apero, de ese nombre,
el taparrabos que usan los indios barbares y los banistas. Desde
luego me parece mds eufônico y mds décente baticola que tapa-
rrabos.
Bato ô jabirù (Miecteria americana. L.). Zancuda del tamano
del flamenco, de cuerpo blanco y hermoso coUar rojo. Con su
énorme pico, largo, negro y muy grueso, coje los pescados d los
que saca la espina dorsal antes de engullirlos. Su paso es grave y
acompasado; de ahi, tal vez, su nombre batOy sinônimo de lelo.
Hace el nido en los drboles riberenos, pero con mâs frecuencia
en las pampas, d inmediaciones de las lagunas, con la precauciôn
de limpiar de yerba el perimetro, para que su nidada no sea con-
sumida por el incendio de la pradera, recurso d que apelan los
habitantes de Mojos para brozar y rozar los campos.
BATuauE. Alboroto, gresca. No es voz rio-platense, supuesto
que Cuervo la apunta en sus « Apuntaciones al lenguaje bogo-
tano » suponiendo que dériva de ba^uqueûTy mezclar. Tengo
para mi que es de origen brasileno. Batuque es una danza usada
en el Brasil é islas Azores. Hé aqui como la describe un escritor
de la « Tierra del Sol » : « Cada caballero con pasos graciosos
y entretegidos, va â sacar su dama la cual acepta el convite :
comienza con su pareja una especie de juego que termina des-
pués de muchos requiebros y meneos de cuerpo por una fuerte
ombligada que produce un sonido cuando los danzantes son agiles
y diestros. »
Bellaco 6 harta bellaco. Plâtano grande, del tamano de una
berengena y peso de libra y média 6 dos libras, asi llamado
porque con uno basta para aplacar el hambre mâs bellaca. Lld-
manle en otras partes « banana de la tierra ».
Bejuco. Trepadora que crece de abajo arriba hasta subirse a la
copa de los mds altos drboles. Sus caprichosas espirales y el grosor
de su diâmetro dan d los bejucos la apariencia de énormes boas
enroscadas d los troncos de los arbolones de la selva, siendo real-
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282 CIRO BAYO
mente otros tantos constrictares végétales como el agarrapalo ya
apuntado. Hay bejucos tan duros y resistentes que como el
gûetnbé y el isipâ seemplèan como amarras y cordeles; algunos
dan una lèche narcôtica como el verbasco; de otros come el
ganado, como el hediondo cuiùqui de olor parecido al ajo. Otros
dan, a una simple incision, agua fresca como el « bejuco de
agua » (Bignonia aquosa. Nicolson). Los mas son venenosos, sin-
gularmente los del género strychnoSy de los que se extrae el famoso
curarty veneno végétal con el que envenenan sus fléchas algunos
salvajes amazônicos. Los bejucos del curare son : strychnos Cre-
vaux de la Guayana ; el Castelneaunay del Perù; el iyupensis Plan-
chon, etc.
Bejucos (Puente de). Véase Puente,
Bendito. « Rezar un bendito », rezar un padre nuestro, por
la posiciôn de las manos cuando se juntan para orar.
« Hacer un bendito », hacer con estacas y lonas 6 poncho una
cubierta en àngulo.
Nos retiramos con Cruz
à la orilla de un pajal ;
por no pasarlo tan mal
en el desierto infinito
hicimos como un bendito
con dos cueros de baguai.
(Martin Fierro.)
Beni. Famoso departamento boliviano, objeto de las pesquisas
de los aventureros espanoles que iban en demanda del fabuloso
Imperio de Enin. En la actual circunscripciôn administrativa
estan enclavados Mojos, célèbre por sus aniiguas misiones y su
ganaderia, el Beni, propiamente dicho, abundante en riqueza
forestal, especialmente en la « seringa » ô goma elâstica. El rio
Beni, que nace cerca de la ciudad de La Paz, da su nombre al depar-
tamento, yendo à confundirse con el Mamoré, frente Villa Bella,
para formar juntos el Madera, el mayor afluente del Amazonas.
Beni, en lengua tacana, es « viento », asi dice d'Orbigni y es
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 283
verdad como pude comprobarlo tratando con los indios araonas
empleados en las barracas gomeras de aquel distrito.
Benjui {Styrax benjoin, Dryander). Estiraxineas. De esta
planta proviene el pénétrante olor a incienso que exhalan algunas
fogatas que encienden los viajeros en los bosques de la cuenca
amazônica.
Berenguela. Mdrmol boliviano.
Beri-beri. Significa « debilidad 6 flaqueza » en la isla de Cei-
lan, de donde ha pasado con aquel nombre al inglés y portugués.
Ha sido observada esta epidemia en el Brasil desde su apariciôn
en Bahia en 1866. También he visto casos aislados en el Béni
boliviano. La enfermedad esta caracterizada por amenguamiento
de la sensibilidad cutdnea, debilidad gênerai con dolores en los
miisculos cuando se les oprime, hinchazôn de la cara y de todo
el cuerpo, anémia, opresiôn gâstrica, dispepsia, disnea, paralisis
graduai, debilitamiento de la voz 6 ronquera, sacudimiento de
los nervios. En los casos fatales se termina por sufocaciôn.ô
asfîxia; y en los favorables por secreciôn ùrica abundante y res-
tauraciôn graduai de lasfuerzas. Se atribuye dberi-beri al envene-
namiento de la sangre por derrames serosos y estagnaciôn san-
guinea, consecuencias de la falta de ejercicio, de la humedad del
suelo y del uso de aguas impuras.
Beterava. Nombre gdlico aplicado en estos paises d la remo-
lacha, nombre que ni de oîdas conoce el vulgo, y asi le dan « azii-
car de beterava ».
Bt 6 vi (fienipa americand), Arbol ribereiïo de los trôpicos, de
fruta negra y redonda, la cual suministra un tinte negro de
mucha duraciôn. Los araonas tinen con él el cuerpo de los reciéu
nacidos para preservarlos de las picaduras de las sabandijas. Cara
debiy cara sucia.
BiBOCA. El solideo del cura.
BiBOSi. Véase Agarrapalo. Lldmase también àrbol de camisa^
porque provee de vestido d los indios mansos del Oriente. Para
ello, se bâte fuertemente el liber humedecido, contra un tronco
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284 CIRO BAYO
d manera del canamo cuando se escarda, hasta que se ablanda
y deshilacha. Las raîces, chatas y aplanadas, dan unas tablas,
naturalmente conformadas, que sirven a maravilla para arcones
6 cachas.
Bicoque. Golpe dado en la cabeza con los nudillos de los dedos
doblados. Cocacho en Chile.
BiCHOCo. Caballo viejo y estropeado de los cascos. Por transla-
ciôn à las personas y cosas averiadas. — Bichoquera, la enferme-
dad de los caballos d quienes se les cierran los candados.
BiCHOFEAR. Dar una silbatina, burlarse de alguien.
BiCHOFEO. Voz burlona que achacan en la campaiia de Buenos
Aires al pdjaro bienteveo,
BiCHO-MORO (Lyttaattomaria. Germ.). Cantârida del Rio de la
Plata. Insecto de color ceniciento punteado de negro, y tôrax
redondeado. Es muy danîno en las hortalizas, y cuando se le
agarra, viene por la boca y trasuda por las coyunturas un licor
amarillento câustico que produce ardor en la piel. Cuando
muerio, exhala un olor particular. Los farmacéuticos lo emplean
como équivalente d la cantdrida 6 mosca de Milàriy sobre la que
tiene la ventaja de no ser ponzonosa.
Bienteveo ( Tyrannus melancholicus, y auriflammd), Pdjaro colop-
térido, de intenso amarillo, cuyo nombre argentino es onoma-
topéyico, porque el pdjaro d cada instante saluda con suestridente
y claro j bien te veo ! — En Tucumân y Bolivia le Uaman quetupi
y doquiera suele vérselo en el lomo de las vacas sacdndoles las
garrapatas. Véase Bichofeo.
Bife. Beefsteak. « La Pampa es el primer criadero de bifes del
globo terrdqueo », escribe un literato argentino, para ensenanza
de peninsulares que no se hartan de escribir, pedir y comer bis-
teques à bisteks.
BiLOCARSE. Chiflarse; alocarse dos veces, sin duda.
BiRA-BiRA. Flor campestre de la que se hace una infusion tei-
forme.
BiSAR. Repetir una parte del programa, previa la formula
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 285
« biSy bis » mucho mds culta y natural que nuestro \ que se
repita!!
Blandengue ô blandingo. Blando, blanducho. Al tiempo de
la Independencia habia en Montevideo el Escuadrôn de los
« blandengues » asi Uamados los « blandengues » 6 lanceros espa-
iioles.
BLANauEAR à uno. Dejarlo seco de un balazo. Muy bien dicho
por el doble significado que encierra de hacer blanco y de la livi-
dez cadavérica de la victima.
Bobo ô parajo bobo. El sauce Uorôn, muy abundante en las
orillas de los rios americanos.
Bocô. Escarcela ô cartera de viaje. Es provincialismo cruceiio.
BocHA. Juego conocido también en la Peninsula. El campesino
americano juega à las bochas en un espacio cuadrado 6 canchay de
piso bien nivelado y limpio, enipujando las bolas con la mano,
unas contra otras. Entre los contendores se atraviesa dinero ô una
convidada de copas.
BocHiNCHE. BuUa, alboroto. Derivasesin dudade la confusion
y zaragata que se arma en pulperias y boliches donde se juega à
las bochas.
BoLA PERDiDA. Una sola que usaban los indios querandies a
manera de arma arrojadiza, y con la que incendiaron el primer
establecimiento de Buenos Aires. De un « golpe de bola » muriô
entonces el hermano del adelantado Mendoza.
BoLACHA. Bulto de goma ya solidificada que entregan los pica-
dores del Béni a los barraqueros. Recogida la lèche del ârbol de la
goma, el mozo la vacia en una batea de madera, trasladandose
junto al buyàn ù horno portàtil. Frente a si y del lado del buyôn
tiene plantadas dos horquetas de madera atravesadas por un palo.
El mozo apoya sobre él un segundo palo grueso que sostiene con
una mano, mientnis con la otra va echando poco a poco la lèche
végétal sobre el bastôn que empuna previamente untado de
barro para evitar la adherencia de la goma, haciéndola pasar por
el humo del buyôn a fin de que la lèche se solidifique. Repite
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286 CIRO BAYO
la operaciôn hasta terminar con la lèche* del balde. La pasta se
solidifîca al rededor del bastôn, formando una bola ô bolacha,
Cuando esta ha llegado al peso de 20 kilos nias ô menos, se saca
el bastôn y queda hecha la bolicha, la cual sesenala con las ini-
ciales del operario, y mas adelante se le anade en la barraca la
marca del barraquero. Las bolachas pierden de su peso al secarse
sobre 20 libras, por lo que el vendedor da al comprador una
libra de tara por cada arroba cuando la goma es fina y seca.
Cuando la goma es fresca se da hasta el io**/o de tara. Varias
son las formas de la bolacha : achatada, en forma de pera, de
niate churuno, pero como siempre résulta que para el acarreo se
empujan haciéndolas rodar como bolas, de ahi el nombre de bola-
cha, prestado del portugués. — En la Exposiciôn de Chicago
figuré un trozo esférico de goma elàstica de superior calidad y
peso de i4arrobas ô 161 kilogramos, procedente del Béni boli-
viano.
Bol AD A. Ocasiôn, aventura amorosa, etc.
/ Quf bolada, chél dice un tenorio porteno a un su amigo.
BoLADORAS ô voladoras segûn se quiera hacer derivar el vocablo
de bola ô de volar. Dos bolas de plomo ô sino de piedra al
extremo de dos trenzados, sin manija, de nervios de buey bien
sobados. Las emplean los gauchos portenos para agarrar ani-
males mayores, como caballos y vacas.
Bolas de Ponce (Las). Lance en el juego de carambola cuando
las bolas estan pegadas y hay que volverlas al punto de salida.
BoLAzos (decir). Decir bolas, disparates.
BoLEADOR (caballo). Que no admite silla.
BoLEADORAS (Las). Éstas son très : se arrojan circularmente d
manera de honda, sirviendo de manija ô agarrador una de las
très. Los gauchos las arrojan con tanta destreza « que sin errar
el tiro d el que eligen entre la muchedumbre, queda enredado y
cae » (Alcedo).
BoLEAR. Perseguir avestruces con las boleadoras.
BoLETO. BoLETA. ij BoLETOs!! gritau los revendedores d las
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 287
puertas de los teatros en estos paises, ô anuncian cobradores de
tranvia y revisores de ferrocarriles.
BoLiCHE. Esquina. Pulperia pequena 6 ventorrillo de poco mis
6 menos que ha empezado siendo cantina de un juego de
boliche.
Carro bolichero. Que expende café, lèche y aguardiente en las
calles de Buenos Aires.
BoLiviA. El pais antes llamado Alto Perù, dependiente del
virreinato de Lima, y desde 1776 del de Buenos Aires. Lleva este
nombre del libertador Bolivar. Tal nombre se diô d mociôn de
Manuel Martin, diputado por Potosi, uno de los 48 congresistas
que asistieron d la Constituyente del Alto Perù en 1823.
BoLiviANO. El natural de Bolivia y la moneda deplata valor de
100 centavos subdividido en 10 reaies 6 5 pesetas 6 tontines,
BoLiviANAS (Las). Las criadillas de toro. Asi llamadas en Bue-
nos Aires por alusiôn d las bolas de bolear.
BoLSAS. Mineralogia. Piedras sueltas, algunas de muchosquin-
lales de peso, ricas en métal.
BoLSEAR. Calabacear entre amantes. — ,; Que tal, ché, con
fulana? — Meholseô, contesta un porteno.
BoLLA. Otro nombre del sombrero hongo.
BoMBEAR. Descubrir posiciones^ estar de espia en paz 6 en
guerra. « Los malones bombeaban los ganados de los cristianos
para robirselos. »
BoMBERO. Vigia de la Pampa 6 escucha del ejército argentino,
en la estrategia particular de las guerras en la Pampa, ya civiles,
ya contra la indiada. El atalaya tiene que subirse d un palo ô eu-
cana; de ahi el nombre de hombero que sus camaradas le aplican
haciendo honor à su habilidad gimndstica.
BoMBiLLA. La cdnula de plata ô de métal inferior con la que se
toma el mate. Véase Yerba mate.
BoREBf. Chicote de mango cimbado con dos ô très chorros
que usan en Santa Cruz.
Bord. Véase Sotuto.
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288 CIRO BAYO
BoROSCHi (jCanis jubatus). Es el lobo rojo de America, de la
misma familia que el lobo mejicano (canis mexicanus)^ el lobo de
Europa {canis lupus) y el lobo negro (canis lycaon).
Cuadrùpedo grande como un mastin, color canela y con crines
negras a lo largo del espinazo. Su grito es parecido al del zorro,
al que se parece en la hediondez que despide. Es carnivoro y
ataca de noche à las gallinas y aves de corral. Los habitantes de
Mojos aseguran que cuando este animal no tiene que robar,
entretiene el hambre comiendo tierra. Su piel lanuda es muy
solicitada en Mojos, como que sirve de panacea 6 talisman para
evitar porciôn de enfermedades. Lo positivo es que el cuero del
boroschi no se pudre en el agua.
BoRUjo. Masa revuelta y mojada, como el cabello después del
bano.
BosTA. El excremento del ganado vacuno es el combustible mas
d mano y mas econômico de la Pampa, como que en las estan-
cias hay peones sin mds oficio que el de recoger la bosta disemi-
nada en el campo. Combustible tan primitivo vase reemplazando
por la lena de los montes artificiales y por los panes cortados de
los establos de ovejas que suministran otro combustible mas
compacto y mejor oliente que la boniga.
Bosta de pescado. Bollos ô esponjas durisimas que no son
otra cosa sino los nidos de ciertos peces microscôpicos de los nos
del Béni. Estos bollos quedan incrustados en los drboles cuando
las aguas bajan de nivel. La bosta de pescado, después de que-
mada se mezcla con greday forma una loza muy estimada, como
la que se fabrica en Santa Ana, pueblo del Departamento del
Béni.
BoTACiONES (estar de). Llevar botas granaderas 6 de canon
alto que ùnicamente se pone el gaucho cuando va i la ciudad 6
al pueblo. Por consiguiente, estar de botaciones, es equivoco
porteno que lo mismosignifica « votar » que « andar embotado ».
BoTAS DE POTRO. Cldsico calzado del gaucho porteno que y a
tiende d desaparecer al influjo de la civilizaciôn europea. Es la
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 289
piel de los ijares de una yegua 6 potro desjarretado^ que se va
sacando como se descalza un guante, resultando de la forma y
amplitud de una bota, aunque con la punta cortada, motivo por
el cual los que usan ese calzado llevan desnudos los dedos del
pie. Las botas de potro mis apreciadas son las de color blanco,
y por eso los potros « cuatralbos » eran los preferidos.
BoTADO (nino). Expôsito.
BoTÔN DE PLUMA. Hecho de tiritas de cuero para adorno de
riendas. Es laborgaucha de dificil ejecuciôn.
BoYA (estar en). Estar en auge una mina ; y esiar en boga un
negocio 6 una persona.
BoYÉ. Culcbrôn que como el majâ de Cuba se tiene en las
plantaciones para que las limpie de alimanas. Es voz guarani
derivada de « boio » = culebra.
BoYERO. Pequena torcaz, blanca, con las puntas de las alas de
negro azabache ; asi .llamada por un silbo particular parecido al
del arreador de ganado.
BozAL. Rudo, torpe. O dériva de « negro bozal », 6 de que
el aludido es merecedor de llevar bozal como el jumento.
Brama. Cierta clase de gallina doméstica muy copetuda.
Bravo. Enojado. « Mi hijito estd bravo y llora ». « El pingo
esta bravo y no come. »
Brete. Margada 6 corral para ganado, pero nids pequeno que
aquél, y sirve en la campana de Buenos Aires para encerrar las
ovejas « sacadas à la pata » en las ventas 6 apartés.
Brillazôn. Espejismo observado en la Pampa, que hace
antojar visiones de incendios.
He aqui un neologismo tan bueno 6 mejor que el galicismo
miraje.
BRoauELONA. Nombre vulgar de la garrapata (Yxodes).
BuBUYA. Voz brasilena, como casi todas las voces nâuticas
empleadas en la navegaciôn fluvial de Bolivia. Dejarse llevar una
embarcaciôn por la corriente, sin ayuda de remos.
Buco-Buco. Aristoloquia (Mikania H, Ktli). Bcjuquillo de
Rnite hispanique, xiv. 19
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290 CIRO BAYO
Gu.iyaquil. Végétal médicinal que tiene lasingular propiedad de
aprisionar en la yema los insectes interventores de la fecunda-
ciôn.
BucuRÙ. Voz chiquitana = « Papa acuosa ». Tubercule muy
esponjoso que conserva el agua de la Uuvia mucho tiempo,
siendo la providencia de los barbaros y viajeros del Oriente.
Rinde hasta 3 litros de agua, sin mis que una incision en la
planta 6 machacdndola con una madera. El liquide es fresco y
con todas las propiedades del agua destilada.
BuEY. Para amansar un novillo, sea para el arado 6 para la ca-
rreta, se empieza por atarlo de las astas à un palenque ô d los
palos de un corral, para que el dolor que le produce la soga i
fuerza de sentarse, le obligue d cabestrear. Esta operaciôn se
Uama en el campo de Buenos Aires « palenquear al buey ». En
seguida se le despunta las astas y se le acollara con un buey
manso : el novillo de las astas y el buey del pescuezo. A los
pocos dias, cuando se ve que el novillo « cabestrea » bien y que
camina a la par del buey, ya se puede uncirto. — Lldmase « buey
de mano » al que estd d la izquierda del arado, porque para arar
se le ata un cordel delgado d la oreja izquierda, el cual sirve
como de rienda para régir la yunta. El otro buey que estd d la
derecha del arado, se Uama « buey de vuelta » . — Para uncir un
novillo, se le pone de vuelta con un buey manso de mano, y se
ata al yugo con una soga otro buey manso d la derecha del
novillo. Ese buey se Uama madrina. De esta manera, el novillo
se encuentra entre dos bueyes mansos : el de mano y la madrina.
Para hacerlo trabajar, se empieza con una rastra liviana, y
cuando se ve que el novillo empieza d tirar y se acostumbra d
dar la vuelta, se quita el buey madrina. Cuando anda bien asi,
se le hace arar en terreno blando 6 ya barbechado, teniendo
siempre cuidado de ayudarle con el arado, para hacerle menos
penoso el trabajo ; y en liltimo caso, volcar el arado para que el
animal no se acobarde. Asi se sigue paulatinamente hasta que
puede acompanar al buey de mano en el trabajo seguido.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 29 1
Para uncir por primera vez un novillo d la carreta, se le pone
primeramente al pértigo ; pero como en las carreras no se puede
siempre proporcionar el esfuerzo a la potencia del novillo, los
bueyes amansados de este modo no valen como los que se
amansan con el arado.
Bueycabalhy carguero 6 sillonero. « Cabestrillo » en el Ecuador.
El amansado para ensillarse y que se maneja a favor de unas rien-
das 6 tiras de cuero que pasan por la ternilla de la nariz. Es insus-
tituible para atravesar fangales y largas travesias llenas de barro,
pues con él se realiza lo que los italianos dicen del burro : piano,
piano, va sano e va lontano.
Buey corneta, Buey revoltoso, alborotador deuna « hacienda».
En la tropa nunca falta un btuy corneta, Refrân gaucho (véase
Tropa).
BuFEO (Jnca boliviensis, D'Orbigni). La vaca marina ô peje que
citan los geôgrafos antiguos al hablar del Maraiiôn ô Amazonas.
Algunos prosistas castellanos del siglo xvii dicen bufeo por delfin.
Es un pescado énorme de i8o i 200 kilos ; su boca como la del
esturiôn, labio superior hocicudo, condientes muy filos. Su carne
es poca y hedionda, pero de ella se extrae aceite para el alum-
brado. Se le encuentra en el Madera y en todos los tri buta rios del
Amazonas que no estdn obstruidos por rdpidos ô cachuelas. Por
esto abundan en el Mamoré, Itenes é Itunama, y ni uno solo se ve
en los misteriosos y aturbonados Béni y Madré de Dios.
BuGRE. Voz brasileiia. El indio salvaje. En los mapas de Bolivia,
en la secciôn de Chiquitos, no esraro encontrarse con estas llama-
das : « Région de los bugres. » — « Aqui empiezan los bugres »,
etc., como en las antiguas geogratîas « Hic sunt leones ».
BuNA. Hormiga de picadura irritante.
BuRACA. « Petaca » ô zurrôn de cuero, mâs largo que ancho,
hecho de un solo pedazo de cuero en cruz y con solo una aber-
tura al extremo. Los crucenos lo emplean para conducir sal y
azùcar.
BurucuyA. Voz guarani con que se désigna en el Paranâ la
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292 CIRO BAYO
pasiflora de los botânicos y Pasionaria de los cspanoles. — Pachio
en Santa Cniz. Parcha en otras provincias.
ButOa. « Abutiia 6 parra brava. » Planta trepadora cuyo tallo
trepandoalrededor del tronco de los drboles prôximos, llega hasta
la copa, porelevada quesea.Cuandonueva, despideun olor péné-
trante. Su raiz, que es recetada por los médicos como diurética y
beneficiosa contra la hidropesia, fué traida del Brasil i Europa i
fines del siglo xvii.
BuTUcO. Fiesta de los indios chiquitanos el dia de la Candelaria
(2 febrero). Es una batalla 6 torneo con fléchas embotadas con
bolas de cera 6 de madera, entre dos « parcialidades » para ven-
gar mutuos agravios. Esta especie de « juicio de Dios » se célébra
en la plaza mayor de los pueblos « coram populo », al son de
cajas y flautas^ presidiendo los caciques. Algunos contendientes se
desnudan de medio cuerpo arriba, otros se refuerzan con coleto,
segùn se convenga. Las mujeres detrds de los flecheros les alargan
las fléchas y sirven chicha para enardecerlos. Terminada la batalla,
ambas parcialidades se dan la mano de amigos, conviddndose
mutuamente i bailes y libaciones que duran dos ô mis dias. Es
espectaculo digno de verse, como el huitorô, Véase Huitorô.
Caballo. El caballo argentino desciende de los baguales de la
Pampa, vdstagos i su vez de la caballada que Mendoza aban-
donô cuando se frustré el primer establecimiento de Buenos Aires.
Todo esto es muy sabido. Lo que no es tanto, es que el caballo
argentino, como el berberisco y la mula, tienen solo cinco vérte-
bras lumbares, mientras que los caballos persa, drabe y tdrtaro
tienen seis. Ademâs la direcciôn de las apôfisis en vez de ser
horizontal, es haciaadelante. — « Datos son éstos, aiiade Ebelot
(de quien tomamos estos datos) que dan quepensar si el caballo
argentino serd hijo del berberisco ô fruto de alguna mula, animal
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 293
no sîempre infecundo como se crée, pues en el Pitou los cases
de la fecundaciôn de la mula se producen hace cuarenta anos con
mucha rcgularidad desde el cruce que se hizo con el coa^ burro
africano » {La Pampa),
El caballo argentino tan sufrido como el nùmida, de famoso
recuerdo, es capazde andar treinta léguas 6 sea 150 kilômetros,
de sol à sol. Solo el mustang, el caballo comûn criollo de Tejas,
también de cria espanola, es de tanto vigor y resistencia; que si
bien pequeno anda con su ginete hasta 50 millas todos los dias,
durante una semana, sin mas alimento que el pasto que puede
mordisquear por la noche, atado con un lazo de algunas varas.
Exactamente como el caballo argentino. Véase Tropilla.
Cabanuelas. Las primeras Uuvias de verano, estaciôn en la que
empieza la época de aguas en la zona tropical. Los agricultores
bolivianos toman una piedra distinta cada nueve dlas, alli en el
mes de septiembre, y por la mayorô menor humedadquereviste
la parte que estaba hundida en el suelo, predicen la copia de
aguaceros para cada uno de los nueve meses de la temporada
agricola. A estas piedras cabalisticas Uaman también cabanuelas,
Cabarga. Envoltura de cuero amarrada con chipa à tiento, que
suple la herradura que al ganado vacuno se pone para el paso de
los Andes, à fin de que no se aspeen los animales. Por cierto
que en Asia acostumbran hacer lo mismo con los camellos al
pasarlacordillera.
Cabildo. El Municipio 6 Ayuntamiento. Instituciôn genuina-
mente espanola. « La primera forma de gobierno civilizado que
conocieron las poblaciones aborigènes; fué la que encontraron
sus descendientes mestizos y en la que se educaron los hijos de
los conquistadores » (Joaquin V. Gonzalez, Mis monianas).
Los cabildos americanos formados en su mayor parte de
criollos, fiieron los puntos de partida de los futuros gobiernos
hispano-americanos.
Cabras. Suciedad en las rodillas.
Cabrito (Juego del). En algunas provincias argentinas, pero
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294 CIRO BAYO
mis aun en el sud de Bolivia, es gênerai el juego del cabrito.
Dos hombres â caballo, puestos frente d frente, toman por las
patas un cabrito mucrto y parten i escape en direcciôn contraria.
El que por su mayor fuerza queda con el cabrito, procura llegar
al término seiialado de anterhano ; pero los del bande opuesto
siguen disputàndole la presa, siéndoles permitido derribar al con-
trario, que no sale airoso sino cuando ademds de tener mucha
fuerza es gran ginete.
Caburé. Voz guarani con la que se désigna en el Rio de la
Plata i una especie de mochuelo, llamadô también en la campana
argentina el « rey de los pajaritos » porque diz que éstos vienen
cuando aquél los llama para comerse el mis gordo. Sin duda
por esto, nuestro Azara escribe « que tiene el valor y la destreza
de introducirse bajo las alas de todas las aves, sin exceptuar los
pavos y caranchos, y agarrdndose en sus carnes, les dévora los
costados y les priva de la vida ». No hay tal cosa. Es una errônea
interpretaciôn de la costumbre pajaril de burlarse del mochuelo
cuando estd cegado por la luz del sol. Pero tantoy tanto le urga
algûn atrevido pajarillo, que el mochuelo no tiene mas que
atrapar al imprudente y hacerle trizas.
Cacao (Theobrotna-cacao. L. ). Su nombre griego, « manjar de
los dioses », corresponde al jugo sabrosisimo en que las semillas
estdn envueltas. Sabido es, que con ellas se hace el chocolaté.
Segiin Prescott, el cacao fué conocido por Colon en 1502 en su
viaje por la costa de Honduras, cuyos habitantes lo empleaban
como alimento y bebida.
CACARAfiADO. Voz quichua, de cacarana : el hoyito que déjà
la viruela ; cara cacaranada, cara picada.
CACiauE. Voz haitiana : cagik, jefe de tribu.
CacuI. El tojo. Pdjaro notable por la construcciôn de su nido
en forma de boisa.
Cacha. Voz chiquitana. Nombre vulgar en el Oriente de Boli-
via del Quebrasho blanco del Rio de la Plata (véase Quebracho). —
Arcôn de madera sin guarniciones de talabarteria que sirve de
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 29)
baûl. — El espolôn artificial que se pone al gallo de pelea. Llà-
mase también cachera.
- CachafAs. Picaro redomado. Voz portena derivada sin duda
alguna de difis que con Judas tienen el privilégie de monôpo-
lizar el odio de los buenos cristianos aquende y ultramar.
G^^CHAR. Agarrar ; de donde cachi al vigilante 6 agente de poli-
cîa porteiio, entre la gentc malcante.
Cacharpa. Palabra generalizada en estos paîses; de significa-
ciôn muy elastica, que lo mismo significa una prenda que un
trapo despreciable. — Mis cachar pas son mis bartulos, mis pilchas
6 jaeces del recado, mis adomos de plata, etc.
Cacharpaya. La despedida que en Bolivia se liace a un viajero
jinete en una mula ; agasajo que ordinariamente se hace en las
goteras de la poblaciôn con libaciones abundantes, de suerte que
el pobre andante d pocos pasos del camino, 6 va dormido sobre la
caballeria 6 se apea a dormirla en una apacheta.
Cachaza. Voz brasilena. El resacado à aguardiente de muchos
grados. — La espuma del guarapo al clarificarse.
Cachera. Véase Cacha.
Cachi. En quichua, sal. De ahi Cachimayo (Riosalado). En
aimarâ el piso enlosado para secar la coca.
Cachilo {Zanotroquia strtgiceps. Bow). Fringilidos. Pajaritoque
en el campo de Buenos Aires llaman ^n7//7o 6 engrilladoy porque
una tradiciôn aseguraque cuando Dios hizo à los animales el
reparto de sus dones, el cachilo con toda su pequeiiez, pidiô ser
mis fuerte y mis poderoso que el dguila. En castigo de su sober-
bia lo condenô a andar engrillado, por cuyo motivo el cachilo
anda d saltitos.
Cachimbo. La pipa de fumar.
Cachina blanca. Alumbre sôlido del que hay ricas muestras
en Inquisivi (Dpt° de La Paz).
Cacho. El cubilete de los dados. Tirar al cacha, decidir la
suerte. Aléa jacla est, Véase Dado.
Cachuela. Del portugués cachoeira. Rauda 6 caîda que en el
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296 CIRO BAYO
Oriente forman algunos nos, en olas gigantescas, con remolinos
al pie que abarcan de un estremo i otro de la orilla en una
anchura de centenares de métros. Por esta causa las embarca-
ciones se descargan, transportando la carga por tierra hasta reem-
barcarla en el punto donde el agua esta mansa. Si el rio estd
bajo hay que arrastrar las embarcaciones con rodillos 6 bien tirar-
las d la sirga ; y solo en las mayores crecientes pueden pasar los
baieloms por los canales que forman las mdrgenes, y aun asi i
média carga y con remeros habiles é intrépidos. Esas rom-
pientes que tantas victimas causanà las tripulaciones del oriente
boliviano son las cinco del Mamoré y las doce del Madera, mis
formidables todavia entre Villa Bella y Manaos. La cachuela mis
importante del rio Béni es « La Esperanza », que tiene las pro-
porciones de una verdadera cascada.
Cachucha. Nombre vulgar del aguardiente de caiia 6 cachaza.
Cachuncar. Voz quichua. Chocar los piedras cuando vuelan
disparadas de un bando d otro, entre ninos de la escuela 6 entre
indios de las comunidades del interior.
Cadenero. En Côrdoba el vigilante de orden piiblico por la
cadenilla que lleva al cinto para esposar las manos de los deteni-
dos. — Chafe en Buenos Aires; Maragato en Mendoza; Paca en
Chile.
Cadete. El meritorio ô aprendiz de comercio.
Cadillo. Pelusilla voldtil de ciertas plantas que se pega d la
ropa 6 d la carne ocasionando en este ùltimo casolas testes.
Café. Del drabe. Goza de fama universal el café paceno de
Yungas (véase Yungas). Es bien conocido el uso y preparaciôn
del café. La gente pobre de estos paîses y aun los viajeros, que
no pueden ir sobrecargados de maquinillas ni coladores, lo
hacen hervir, y espumdndolo convenientemente, toman un
café que en todo el Oriente llaman café de pascana ô café
Taborga, nombre de uno de los primeros colonos del Béni.
Los hacendados hacen preparar el café para sus peones del
modo siguiente. Escojen el café de inferior calidad : hacen tos-
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 297
tar el grano à la manera que se tuesta el cacao. En seguida se
muele en una piedra, cuidando de que no se vuelva polvo:
toman después très libras de agua por medida, a las que ponen
una de panela 6 papelôn, y al fuego la reducen i agua-miel. Luego
que esté hirviendo, se mezclan dos onzas de café, que por diez
minutos se déjà en infusion : al cabo de este tiempo, el café esta
en el asiento de la vasija y la bebida potable.
CafOa. La càrcel. Palabra importada al argot porteno por los
antîguos esclavos africanos.
Caguiye. Chicha camba 6 cruceiia. Hay el refrdn en Chuqui-
saca : « Pegarse como la mosca à la nata del caguiye. »
CAhui, Mazamorra que se obtiene de la oca por la acciôn del
sol. Véase Oca.
Caima. Soso, desabrido.
CaimAn. Del dialecto galibi (Brasil) =caiy moverse; man, no;
es decir que no se mueve. Véase Yacaré.
CAiNCA (Chiococca aquifoga brasiliensis. Martîus). Végétal
médicinal muy util contra las mordeduras de las serpientes.
CAiTO. Hilo de lana para tejer 6 bordar. Es voz quichua muy
usada en los departamentos donde se hpbla esta lengua, hasta
por quienes hablan castellano.
Caja. El tamboril de los indios, obligado acompanante de sus
cantos y danzas.
Cajetilla. El élégante porteno. Pepe en Sucre, cachaco en
Bogota. Véase Ciùtico.
Cala. Piedra en aimard. Asi Calamarca, cantera ô pais pedre-
goso ; CalacotOj montôn de piedras.
Calaguala (Polypodium adianti forme). Especie de helecho
empleado como antisifilitico.
Calandria {Cassinus cristatus), Ave cantora llamada por Buf-
fon el ruisenor americano. Impropiamente llamada calandria,
pues en rigor pertenece al género de los mirlos. Es pâjaro exclu-
sivamente americano. En Chile y Mendoza le llaman tança; en
Santa Cruz tojo ; en Mexico y Cuba sinsonte, y en otros puntos
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298 CIRO BAYO
burlàn : nombres todos alusivos d la facultad que posée de reme-
dar el canto de las otras aves y aûn el grito de algunos cuadrû-
pedos.
CalapAri. Voz aimard. Piedra caldeada que se echa d la lâ^ua
cuando ya estd servida d la mesa para que conserve el calor. Véase
LAgua.
Calcahuesal. Campo desparejo 6 desnivelado.
Caliche. Materia prima de la que se extrae el salitre.
Calichera. Terreno abundante en caliche. El sabio Dombey
que, en 1778, acompanô d la expediciôn cientifico-espanola de
Ruiz y Pavôn, fue quien diô d conocer por vez primera la bon-
dad del salitre de la entonccs provincia peruana de Tarapacd.
Calisaya. Véase Quina.
Calostro. Como en la Peninsula es la primera lèche de lahem-
bra recién parida. Apoyo Uaman aqui â la s^^nda que signe
dando la vaca y que es mejor que la primera.
Calucha. El hueso del coco, almendra, nuez, etc.
Caluyo. Baile zapateado de los indios bolivianos del interior,
con mudanzas y trenzados, y que ha trascendido al resto del pais.
Calzador. Portapluma (Arg.). Lapicera (Bol.).
Calzôn. Guiso de cerdo con picante.
Callahuayas. Indios de los cantones de Curba y Arasasùs en
el Departamento de La Paz, asi llamados de su danza caracteris-
tica, la callahuaya 6 especie de cuadrilla d pasos saltados y con
varias figuras. Estos indios, los primeros botdnicos del imperio de
los incas, d modo de los primeros médicos de Grecia, hacen lar-
gos viajes â Chile, la Argentina, Perii y el Ecuador, curando
empîricamente con lasgomas, résinas y otros simples de que van
provistos. Aseguran poseer recetas para inspirar el amor, como
también para hacer olvidar lo que se ama; poseen, pues, el
elixir de Dulcamara y las aguas del Leteo. Lx) que saben verda-
deramentees conducir de la Argentina d Bolivia mulas chûcaras sin
perder una sola. Para ello las ensordecen, y no oyendo ningùn
ruido, siguen ellas su camino sin espantarse. Otra costumbre de
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 299
esos indios — se^ùn testimonio de Cortés, {Ensayo sobre la historia
de Bolivid) — es que todo el tiempo de su largo viaje dejan sus
mujeres al cuidado de un amigo y adoptan los hijos nacidos
durante su ausencia. — A los Callahuayas Udmanlos también
cocales y yunguenos.
Callampa. Voz quichua. Boleto, seta ù hongo comestible.
Callapo. Voz quichua. Parihuela. La réunion de dos balsas,
en la navegaciôn del Mapiri y Béni, lo que permite transportar
25 quintales de carga.
Cama. En quichua y aimard équivale i « hasta ». Deahl Ata-
cama cuyo desierto en el litoral del Pacifico debiô ser el confin
del imperio de los Incas.
Camal. Matadero ô macelo.
Camaleôn. Llaman asi los campesinos crucenos d la iguana.
Camalote (Phalaris arundinacea, L.). Graminea. Yerba nudosa
de los nos que al empantanarse en lagos y lagunas forma islas
âotantes en las que llegan d arraigarse ârboles con séquito de
sagitarias, nenûfares y demds plantas acuaticas. A estas islas Ao-
tantes en las que cabe una persona y navegan d su pesar los tigres
sorprendidos por una avenida, llaman camalote los riberefios del
Paranà, y colcha los bolivianos del Oriente. — Kamalotera,
en éuscaro es » lecho de amor ».
Camanchaca. Niebla meona de la costa del Pacifico.
Camareta. Morterete para regocijos pùblicos.
Camba. El indio chiriguano 6 tembeta que, como las golondri-
nas, anuncian la primavera en Sucre, viniendo desde el Oriente
cargados de loros, monos, maies y aliblbis que cambalachean de
casa en cas;i. Entre los cruceiios espaiioles 6 caucdsicos, es sinô-
nimo de indio. « Los enemigos nuestros son très : colla, camba
y portugués » (el boliviano de la altiplanicie, el indio y el bra-
sileiio). Refrdn cruceno.
Camdirù. Pececillo del Béni y Madré de Dios, de cuerpo vibrd-
til, largo de unos 12 centimetros y muy delgado, con la cola
acabada en punta. Esta probado que sabe introducirse por las
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300 CIRO BAYO
vias naturales de los animiles, de las que es dificil extraerlo
porque se agarra con dos espinas en las agallas, una i cada lado.
El menor daiio que ocasiona es una fuerte hemorragia por la via
donde se ha introducido.
Camijeta. Camisôn blanco, sin mangas, ancho y ceiiido por
la cintura que usan los indios civilizados del Oriente, asi como el
tipoy las mujeres. Camijeta y tipoy son prendas muy adecuadas al
clima y tienen cierta apariencia i la clâsica indumentaria romana
y griega, aclimatada por los jesuitas en las misiones de Mojos y
Chiquitos.
Camiti. Género Boa. Es la securi del Béni. Gigantesca serpiente
del tamano de la boa constrictor, con un gancho ôseo en la punta
de la cola, del diàmetro del menique y largo de 4 à 5 pulgadas.
Con este gancho se clava en la presa que acechô, enroscândosele
y quebrantândole los huesos con fuerte contracciôn. La camiti
esta tendida en las orillas de las lagunas 6 enroscada en algùn
arbolôn de las inmediaciones. No es venenosa, ni acomete al
hombre.
Camote (jConvolvulus batata), Boniato y Batata. Variedad de
batata, muy productiva, de énormes tubérculos y de color rosado
desvaido por fuera y amarillo por dentro. En la Provincia de
Buenos Aires se conocen las batatas colorada larga, de largos
tubérculos, algo fibrosa ; la colorada de Montevideo, de tubérculos
puntiagudos, muy dulce ; y la blanca de Santa Fé, de tubérculos
largos, aplastados en las extremidades y de sabor muy agra-
dable.
En Sucre, es el galdn 6 visitante asiduo de una dama, y essinô-
nimo también de amor. Asi se dice : fulano esià encamotado 6
tiene un camote grande por fulana. Véase Refranes y Modismos.
Campear. Buscar en campo abierto animal 6 persona.
Campo. (Hacer). Hacer lugar, dejar sitîo. « Hagan campo »
dice el maestro a sus escolares y el oficial â sus soldados, cuando
quieren aclarar filas.
CamuatI. Voz guarani : ca, avispa; ww, amistad y a//, reu-
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 3OI
niôn ; avispas reunidas amigablemente. La camuati es mucho
mis pequena que la abeja doméstica, pues solo tiene un centi-
metro de largo y poco mds de una lînea de grueso. Su figura
esbelta y graciosa no estd afeada por el vello que tiene la otra.
A la colmena Uâmase también camuaH. — Rancho ôpuesto de
los leiiadores y caleros de las barrancas del Paranâ.
Canapé. Especie de camastrôn que los indios poronguenos de
Santa Cruz de la Sierra fabrican de corteza trenzada de algunos
drboles y bejucos.
Cancelario. El rector de las universidades de Bolivia.
Canco. Nalga. « Mujer cancuda » 6 potoca; la de anchas
caderas.
Cancha. Patioycorral en quichua. Voz muy generalizada en
America, aplicable d todo lugar despejado propio para un déporte.
Asi, cancha de pelota, cancha de caballos, cancha de gallos, etc.
Recodo 6 ensenada que describen los rios en su curso.
Canchalagua (jChironia untauram), Veg. médicinal.
Candela. « No dar candela » es dar higa una escopeta de
piston.
Candelero. Hijo de clérigo. En el Perû lo llaman jo/t/wo, sin
duda por aquello de « filii clericorum nepoH voc3lïïI\xx ».
Candombe. Baile bdquico importado del Âfrica y muy popular
en las comparsas carnavalescas de Buenos Aires.
Caneco. Ebrio ô peneque. En la acepciôn de vaso de peltre
enlosado, es voz portuguesa usada en Santa Cruz.
Canela de olor y Canela negra. Laurineas. Variedades ame-
ricanas.
Canga (Piedra). Minerai de hierro con arcilla.
Cangalla. Vocablo de distinto significado. Asi cacharpas ô
prendas heterogéneas. — Cierto aparejo ô albarda para Uevar
cargas.
Cangallar. Saquear.
Cangallo. Nombre de una pequena ciudad capital de la pro-
vincia de este nombre en el departamento peruano de Ayacucho,
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302 CIRO BAYO
En cierta ocasiôn en que i inmediaciones de este pueblo pernoc-
taba un escuadrôn realista, las cangaUeras que eran las ùnicas
que habian quedado en las casas por estar los hombres en la
guerra, arriaron el ganado bravo contra los soldados dormidos,
que fueron sorprendidos y dispersados con pérdida de prisioneros
y caballada. El gobierno espanol ordenô llamar « Regimiento
dei sueno » al que asî se dejô sorprender y mandé nuevas fuerzas,
las cuales tomaron i Cangallo, lo incendiaron y echaron Insceni-
zas al rio. En recuerdo de este episodio los argentinos bautizaron
con el nombre de Cangallo una de las calles de Buenos Aires.
Canillera. Abrigo de cuero 6 bayeta sobre la carne de la
canilla, i diferencia de la polaina que se pone en el mismo sitio
pero por sobre la ropa.
Canoa. Del caribe cana-onUy ârbol vacîo y embarcaciôn que
de él se hace. Es voz gênerai para designar un esquife ligero y
casi siempre un tronco cavado con fuego y hacha del drbol que
ha de servir de embarcaciôn.
Cantiîîa. Cintiga ô cintico.
Cantuta. Voz quichua, clavellina. Planta de varios colores,
parecida i la « espuela de caballero », aclimatadaen los jardines.
Llamada también « flor de los incas », porque les servia de bla-
son como la flor de lis à los Borbones.
Ca^afïstvla ÇCassia fistula. L.). Véase Mamijri.
Canahua. Quino de clase inferior que aprovechan los îndios
de la altiplanicie para sopas, caldos, etc.
Caoba (Swietenia Mahagoni. L.). Mara en el Oriente de Boli-
via; taiiba en el Brasil, de donde caoba en castellano. En lengua
« tupi » ô gênerai del Brasil, tatiba significa ano, porque los
indios cuentan los anos por la petrificaciôn del caobo.
CApac ô Kcapac. Nombre de excelencia en quichua, que
significa poderoso, grande. Manco-Câpac, el fundador de la dinas-
tia peruana.
Capacha. Prisiôn ô encierro. « Meterlo en la capacha »,
meter a uno en cafûa, en chironûy en la tipa^ nombres todos con
que se désigna la cârcel.
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 303
Capachear. Voz quichua. Tomar los labios con el pulgar y el
indice.
Capacheca. Puestos ambulantes de las vendedoras en el mer-
cado de Sucre. Voz quichua.
Capacho. Sombrero viejo.
Capar. Enatar como dicen en Leôn. Empezar un queso, un
jamôn, etc.
Capataz. Jefe de peonada en estancia 6 barraca. Un grado
menos que mayordomo.
Capear. Escamotear. Me capearon el reloj ; como si un toro
resucitado pudiera decir « Me capearon la vida », porque al
capearle le dieron la estocada. — Calotear dicen tarfbién en La
Plata.
CapellAn. El que mejorô de fortuna por haberse casado con
mujer rica.
CApi. Voz quichua, maiz. Harina blanca de maiz que se pone
en la sopa.
CÀPiA. Harina de maiz tierno tostada. Naco en Mendoza.
Capiguara (Cavia capilmra 6 sus hidrochaeris. L.). Véase
Carpincho.
Capin. « Capin gordura. » (Tristiges glutinosa). Gramînea
forraginera.
Capirotada. Plato criollo compuesto de came, maiz y queso,
el todo preparado del siguiente modo : Hiérvase la came hasta
que se ablande, échese harina de maiz sancochado y tostado hasta
reducirlo d pasta, y agréguese bastante queso y manteca frita con
especias.
CapitAn. Asi se Uama el comandante y timonel à un mismo
tiempo, de las embarcaciones remeras del Oriente. Nombre deri-
vado del que los misioneros dieron à los jefes de parcialidades
indîgenas encargados de dirigir las expediciones navales y te-
rrestres. En las embarcaciones a que se hace aqui referencia, el
capitàn es el encargado de hacer la comida del patron, de cuidar
de su équipage y de acomodarle el petate en las pascanas.
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304 CIRO BAYO
CapulIn. Cerczo, como en Mexico.
Capuja. El juego dehacer saltarun objeto de la mano cerrada
de otro, dândole un golpe y haciéndoselo suyo.
Carabanchel ô camaranchel. Figôn ô chicheria donde se orga-
niza unajuerga.
Caracorè. Cactus. Cardones ô cirios por la forma de sus tallos,
gruesos, blandosy jugosos, perfectamente prismdticos; desprovis-
tos de hojas pero adornados en la época de la florescencia, de
lindas flores con pétalos numerosos y un manojito de estambres
en el centro. Abunda en los terrenos montanosos de las regiones
cilidas. Su fnito es comestible y cubierto de espinas, como el de
las chumbefas. En algunas tolderias del Chaco, sus troncos sir-
ven de blanco para el ejercicio de la flécha. Véase Cardon.
Caracù. Voz pampa. El tuétano del hueso, ô tutano que dicen
los gauchos. Hasta los caractises; hasta las entraiias, hasta la
médula. — Vozbrasilena. Res vacuna de pelo fino y delgado, poca
cola, pero con borla ô plumero en el borde.
Caracha. Llaga de cualquier clase y magnitud. CarachentOy
Uagado. Es voz quichua.
CarachAqui. Del quichua, que literalmente significa descalzo.
Persona que no tiene donde caerse muerto.
Carachapa. Voz quichua, cola pelada. Véase Sariga.
, Caraguay. Lagarto grande.
Carancho (JPolyborus vulgaris). Vultùrida. El gavilàn de la
Pampa. Tuy à tareche en otras provincias.
CARAO.Ave acudtica de regular tamano.
Carapachayo. Isleno del delta del Parana.
Caravana. Pendiente largo que usan las mujeres del pueblo.
« Correr caravanas », alabar ô adular â una persona.
Carayano. Nombre que dan al blanco los indios del Oriente
boliviano. Voz quichua : kcara ô kcala, pelado ô calvo. Asi,
hcala-hunuiy cabeza calva.
Carbon ADA. Véase Majo.
Cardon. {Ccreus peruviand). Cactus que tiene distintos nombres
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 305
en las provincias argentinas del Norte segiin las especies : ulàla
(cactus flagelifortnis, L.). que produce unos higos morados
chumbos ; cuco, de higos no comestibles ; y el cardan macho, pro-
piainente dicho, que se emplea para tablas. Para ello se cortan en
sentido longitudinal y ofrecen anchos tablones que si bien poro-
sos, se endurecen notablemente y sirven para puertas y ventanas
de ranchos, asi como para cercos de corrales, en paises prôximos
i la puna, donde la vegetaciôn es raquitica. Los cardones alegran
el paisaje de losterrenos montaiiosos con sus caprichosos troncos
herbiceos, verdes y estriados, en cuyos extremos apuntan anchas
flores blancas, amarillas ô purpùreas, segiin el cdctus. Algiin
tronco crece aislado tomando la colosal magnitud de un obelisco.
Los mas se ramifican, pero siempre hacia arriba, lo que le ha
valido el nombre de cirios.
Caré 6 Amerîna. Végétal médicinal. Cenigcoie en Mexico.
Cargador. El mozo de cuerda. Changador en Buenos Aires ;
ApirîQïïLz Paz.
Carimbo. El hierro para marcar reses. — La senal que en otro
tiempo servia para marcar los esclavos. Por real cédula de 1784
se ordenô al virrey del Perù se recogiera de las arcas reaies y
demas depôsitos, las marcas Uamadas de carimbar que servian
para senalar los esclavos, quedando en consecuencia abolida esta
costumbre.
Carôligo. Cigarro de papel que hay que liar todavia ô se estd
liando. — « Hdgase un carôligo, compadre ! » dice un gaucho
alargando hguayaca à petaca. Es vocablo muy apropiado, pues
porser esdnijulo evoca la idea de caracolear ô enroscar el ciga-
rrillo.
Caroî^day. Véase Majo.
Carotear. Voz francesa. En el juego de carambolas, dejar la
bola del adversario entre el mingo y la contraria.
Carozo. Aqui es el hueso de la fruta.
Carpa. Tienda de campana. Choza en aimara.
Carpincho. Véase Capiguara. Es el mismo animal, pero con
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306 CIRO BAYO
el nombre del margen en el delta del Paranâ. El animal mis cor-
pulente entre los roedores, parecido al cuerpo en su tocino y el
sabor de su carne, si bien difiere de él por su forma, indole y cos-
tumbres. Sin ser anfibio anda mucho en el agua donde nada y se
zambulle, sacando con frecuencia la cabeza para respirar ; es noc-
turno, y como se alimenta del pasto de las orillas, no se aleja
mucho de las riberas. Algunos carpinchos han Uegado à domesti-
carse.
Carreta. Pesado armatoste, vehiculo de la Pampa, tirado por
seis bueyes. La célèbre carreta tucumana ocupa prôximamente
una longitud de 15 métros y lleva como carga màxima 1800 kilos.
Li carreta americana se reduce â un camastrôn ajustado sobre dos
6 cuatro ruedas de un solo trozo de madera cada una, a modo de
ruedas de niolino. Lleva un toldo de cuero y paredes de lo mismo
sujeus a los adrales. De la carreta sale una pértiga dividida en très
yugos, postigo y cuartas. Véase Tropa.
Carro. Mâs pequeno que la carreta y sin toldo. Lleva gene-
ralmente cuatro caballos : el de varas^ cadenero, balancin^ y ladero.
A estos se anade el cuarteador que tira suelto en la cuarta del carro
en los casos en que es preciso tirar con fuerza, como acontece en
cuestas y bâches, espectaculo muy frecuente en los tranvias urba-
nos an tes de generalizarse la tracciôn eléctrica. — « Carro boli-
chero. » Véase Boliche.
Carrusel. De estejuegoy nombre ^rm^c? (car-Roussel ô como
se escriba) han hecho en Sucre titulo de ramera, aludiendo dque
esta clase de mujeres son como los caballitos volantes que de todos
se dejan montar.
Carpir. Rozar tierras. Se dice en Aragon.
Cas ; a — de; en — de. Apocope familiar en America y que
pasa por anticuado en la Peninsula donde se usé por lo menos
hasta el tiempo de Calderôn como se ve en sus comedias (Bello).
Casal. Pareja de macho y hembra.
Cascabel (La) (Crotalus. L.). Màs pequena que la boa, pues
casi nuncapasa de dos varas, pero muy venenosa. En la puma de
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 307
la cola tiene una especie de vaina con unos diez 6 veinte nudos
del tamano de una avellana, con una bolita movible que produce
un sonido seco cuando encolerizado el animal la agita. No suelta
la presa en dias enteros y hasta se atreve d resistir el fuego de la
pradera incendiada, dejàndose achicharrar muchas veces, como lo
he visto en Mojos. Su veneno parece ser un virus rdbico que en
pocos minutos extingue la vida de un animal. Las personas por
ella mordidas, arrojan sangre por todos los poros del cuerpo, pero
el veneno se neutraliza acudiendo pronto a combatirlo con los
remedios que todos saben (succiones, cauterio y ligadura). El
polvo de diente de caimdn almizclado con un pojo de agua^ lo
usan como antidoto los indios con sorprendente éxito.
Cascarilla. Véase Quina.
Castear. Cubrir el gallo d la gallina. Vocablo muy propio
que he oido en Tucumdn.
Castilla. « La castilla » dicen los puebleros por el idioma
castellano. En America llaman de Castilla d los animales y plan-
tas exôticas, asi conejo de Castilla, bayeta de Castilla, etc. Esta
ùltima es la bayeta que las cholas bolivianas se ponen encima de
las cuatro, cinco y d veces mds « poUeras » que se ponen.
CatacAta. Végétal médicinal.
Catanga. Carrito tirado por un caballo para el transporte de
frutas.
CatAri. Vibora en aimard. Nombre del famoso Tupdc Catdri
que asediô La Paz en el siglo xviii.
Catinga. Hedor d cuero sobado que despide el cuerpo del
indio y del n^o. — El nervio de la cola de algunos animales.
Catingo. Futre, meticuloso.
Catita. Cotorrita y, por una bella metdfora, las copas de
ajenjo en algunas localidades.
Catitear. Engancharse en los aires los « papelotes » ô come-
tas d manera de catitas.
Cato. Medida agraria de 40 varasen cuadro quegeneralmente
abarca 1 1 cabe:^às de coca de d mil plantas cada una. Usase en el
Dept** de La Paz. Véase Coca.
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308 CIRO BAYO
Catumba (La). Entre ninos crucenos el ùltimo lugar en la
escuela.
CaiJca. Bizcocho de trigo que hacen en Santa Cruz.
Caùcho. Ârbol gomifero delà familiade las euforbiàceas, que
no debe confundirse con la seringa ô goma eldstica. Véase
SiRINGA.
Caya. El chuho de la oca.
Cazuela. Sitio que como hasta no hace mucho en Espana hay
reservado en los teatros para las mujeres de entrada gênerai, y
al que se sube por una escalera aparté. Las cazuelas de Buenos
Aires y Montevideo son verdaderos escaparates de niiias bonitas.
Demàs estadecir que en palcosy platea pueden estar juntos ellos
y ellas.
Cebado. Tigre, caimàn li otra alimana que ha probado carne
humana, y muy temible porque en este caso la prefiere d la de
los otros animales. En algunos lugares hay la creencia de que el
tigre, por ejemplo, prefiere la carne del indio à la del blanco,
pero tengo para mi que si el tigre se arroja con preferencia
sobre el indio es porque le ve desnudoô semi-desnudo, sirvién-
dole de mayor incentivo; sin negar, empero, que la « catinga »
del indio ha de ser un tufillo de sin par atractivo para el jaguar.
Cebar. Ir alimentando el mate con yerba. Por esa palabra se
desprende la habilidad que requière la preparaciôn de aquella
infusion criolla. Se dice « cebar mate » en el mismo sentido que
cebar un horno, un arma de fuego 6 un animal para la matanza,
esto es, operando con tiempoy medida. Véase Mate y Yerba.
Cebil. Ârbol cuya corieza Ilamada « zumaque » se emplea
en la curtiembre.
Cedro (Cedrela odorata. L.). Sin ser exactamente igual al
del Libano, el cedro americano fué asi llamado por los espaiioles
d causa del olor aromatico y la amargura de su corteza, propie-
dades analogas d los cedros de la Siria. Los cedros americanos
crecen en grupos y en familias por orden de tamaiio. El cedro
macho es muy corpulento, tira d Colorado y es de madera blanda
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PROVINCIALISMOS ARGEKTINOS Y BOLIVIANOS 309
aunque se endurezca en el agua. A diferencia de los cedros del
Libano condenados i desaparecer, como que ahora 200 anos un
viajero contô 23 solamente de ellos, abundan tanto en el
Oriente, que los rios traen en sus avenidas multitud de troncos
caîdos en los derrumbes de las barrancas ; troncos que detenidos
paulatinamente por las cachuelas de la boca de Madera, ha dado
este nombre al Rio brasileno.
Ceiba {Bombax ceiba. L.). Familia de las bombâceas.
Ceibo (JErytrina Crisia-galli. L.). Ârbol excelso de hermosas
flores llamadas patitos en la Argentina porque flotan en el agua ;
y gallitos en Santa Cruz, porque sus flores labiadas parecen un
gallito con su correspondiente cola y cresta; como que para
mayor propiedad los hacen pelear anadiéndoles puas de totay, de
cuguchi 6 alfileres. Cosoriô se Uama en Santa Cruz de la Sierra,
donde es niuy abundante el àrbol que pertcnece d las legumi-
nosas.
Ceja de monte. Arco de bosque que corta un caniino.
Cektavo. La centésima parte del peso fuerte americano. —
« Guerra de los diez centavos » : la que estai 16 entre Chile y
Bolivia en 1879 con ocasiôn de haber decretado el congreso
boliviano un impuesto de diez centavos por quintal de salitre
exportado por la companla anônima de salitres y ferrocarriles de
Antofagasta. El Perù fué arrastrado i la guerra por negarse a per-
manecerse neutral. Esta guerra del Pacificoacabô en 1882 con la
derrota de los aliados en Tacna, y la ocupaciôn por Chile de las
salitreras de Tarapaca y guanos de Atacama.
Centinela (La). Malecôn ô islote que hace de puerto fluvial
en las poblaciones riberenas de Mojos.
Centro. Rancherio en medio de la selva del Béni, del cual
centre irradian las sendas i las distintas estradas 6 grupos de
arboles de la goma a cargo de los picadores. En el centro ô cen-
tres fijan su a carpa » ô levantan su choza de « chuchios » los
« freguezes » y peones de una barraca, y en este pâraje estdn los
buyones y el desfumador. Véase Bolacha. Cuàndo el centro esta
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310 CIRO BAYO
prôximo d la bàrraca, acuden los peones à esta con sus bolachas,
regresando el domingo con provisiones para la semana.
Cèpe. Véase Sepe.
Césares (Là ciudad de los). Sonada ciudad buscada por aven-
tureros espanoles d tràvés de la Pampà, de la Patagonia, del gran
Chaco y del Atacama, y que si ha costado victimas, contribuyô
d la exploraciôn y dominio de esas regiones. Cuatro aventureros
espanoles de la expediciôn de Sebastidn Gaboto, se hicieron
famosos por haber ido los primeros desde el Parand al Cuzco,
âbriéndose paso por entre peligros infinitos. Hernandarias, gober-
nador de Buenos Aires (siglo xvii) hizo una expediciôn hasta
el estrecho de Magallanes, interesado también en el descubri-
miento de la imaginaria ciudad de los Césares.
Cercado. El ejido de una poblaciôn.
Cereza. La baya roja, cuando madura, del café.
Cermada. Vomitivo hecho de orines, sal y ceniza que acos-
tumbran en el campo.
Cerote. Torzal de cera para encender.
CiELiTO. Canciôn populâr, de versos ajustados â los sucesos
del diâ, muy en boga àntes en los paises del Platâ.
Cimarrôn. Animal alzado. La persona asalariadà que huye âl
monte. — « Mate cimarrôn. » El mate amargoô servidosin azii-
câr. Mate amargo y china pampa, solo por necesidad (Refrdn poaeno).
CiMARRONEAR. Matear del amargo.
CiMBA. Voz quichua, cimpa^ pelo trenzàdo. Trenzâ ô coleia
que usan los quichuàs é indios bârbaros del Oriente. La cos-
tumbre de usar trenza los hombres blancos, imperaba también
en Buenos Aires, como en Madrid en tiempo de los chisperos
y manolos. En los anales de la Argentina se remémora là revo-
luciôn del Regimiento de Pâtricios en el aiio 1812, porque el
gênerai Belgrano ordenô que su genre se cortara la cimba.
Parece ser que la coleta quichua era senal de servidumbre, puesto
que el inca y varones de la familia impérial se distinguian por
Uevar el pelo corto.
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PROVINCI A LISM os ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 3 II
CiMBADO (El). « Chicote », cordel ôcuero trenzado a manera
de cimba 6 trenza.
CiNCHADAS (Juego de). Es de dos maneras. Una cuerda larga
de cuyos extremos asen dos bandos contrarios, hasta que el mas
fuerte arrastrando al otro le hace pasar el palo que como fiel de
balanza esta en medio, 6 bien, son dos carros atados fuerte-
mente por las culatas y tirados por caballos en direcciones opues-
tas, ganando el que arrastra al otro. Es juego muy en boga entre
los carreros de la campana y de los suburbios de Buenos Aires.
CiNCHO. Peladura, calva ô claro de arbolado en una ladera 6
flanco de montana.
CiauE. Piedras que se parten de las cajas de una mina para dar
entrada al minero en el fondo en seguimiento de la veta.
CiiJtico. Dicese también Piciiislico. El individuo que en Ingla-
terra apellidan « snob », en Italia « cafon », en Portugal « fili-
pon », en Francia « rastaquouère » y en Espana « cursi ».
Clarificadora. Caldera, gran paila 6 tacha donde el guarapo
â la temperatura de éo grados se clanfica y arroja, con las espu-
mas, las materias leiiosas, acuosas y fermentables que forman la
« cachaza ».
Clavo. Metafôricamente es como en la Peninsula grave cui-
dado ô pena que acongoja. Asi : « Hoy me aprobaron y me he
sacado el clavo de encima. » Pero ademas : Estafa, sablazo. Ej. :
Fulano clavô al Banco en diez mil pesos ; Mengano me clavo en
la calle, etc. — Mercaderia ô cosa que no sirve : Hoy he ven-
dido un clavo, — Me vendiô V. un clavo, etc.
CoATt. Voz guarani, de coatya, Roedor de pintada piel; muy
gracioso cuando joven, pero perjudicial y danino.
CoBijA. Cualquiera cubierta de lana, cuero, poncho, que sirva
de manta, y por antonomasia la primera.
Coca {Pauviana herbà). Antes del descubrimiento de la
« cocaina » y de sus maravillosas propiedades anestésicas, el con-
sumo de la coca estaba limitado â la indiada de la aliiplanicie y
à los pedidos de los asientos minérales en que los mineros no
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312 CIRO BAYO
hacen nada faltindoles la coca. Hoy en dia su cultive constituye
la producciôn de mayor riqueza en las vegas templadas de Boli-
via y Peni. Las yungas de La Paz y la Provincia de Otuzco en
el Peni suministran la coca de mayor calidad, yéndoles al alcance
la de Cochabamba en Bolivia y la de Cajabamba y Huamachuco
en las margenes del Maranôn.
El tamano medio del arbusto flexible y ramoso es el de dos
varas.
La planta vieja, expérimenta la invasion de un musgo parà-
sito que la seca y amengua el producto ; es indispensable reco-
gerlo ô rasparlo del tronco a que se adhiere ; operaciôn denomi-
nada iamilleo,
Existen très diversidades de coca : la principal, de hoja
grande, doble y generalmente aceptada en el consumo ; la muna-
coca, de hoja menuda y exquisita calidad que no se cultiva porque
no hace bulto y es trabajoso recojerla, y la coca-té^ que no es
apetecida para mascada por muy fuerte, y que se emplea como
la hoja que le presta su nombre, en infiisiones saludables y aro-
mdticas.
Todos los establecimientos de coca, se hallan situados en que-
bradas y laderas mis 6 menos cubiertas, siendo su clima el tem-
plado(de 19^*5 a 24^3, centîgrado) bajo cuya influencia, desarrolla
y alcanza la mejor calidad de la hoja y la vida larga del plantio.
En las regiones demasiado profundasyen que escasea la aeraciôn,
la hoja de la coca es delgada, amarillenta y dotada de pocas
sales.
La zona en que se levanta hpaltna verde, pasa por ser la indi-
cadora de la capacidad del suelo y del clima apropiados para
el cultivo de la coca, no siéndolo todavîa aquélla en que se pré-
senta la blanca que es de climas algo frescos.
Cumplido el prcliminar de todo trabajo montnnés, cual es el
del roce à chaqueo que consiste en derribar los ârboles ô la maleza
(chumi) que cubren el terreno, para dejarlos secar durante la
estaciôn frigida y ser quemados antes de la primavera ; es forzoso
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 313
optar por la preparaciôn del terreno, conforme a alguno de los
métodos conocidos, para fundar el cato que ha de recibir la planta
y que son : — la Cavada, el Lliqui, Ceumpu, Estaquilladoy y Mari-
ffiacho : cinco en todo, con sus nombres indîgenas. De estos, el
del Lliqui y Estaquillado, abrevian considerablemente la disposi-
ciôn de los hiuichos 6 cavidades en que se ponen las plantas, labrdn-
dolas ligera y superficialmente, ô bien, reemplazandolos con sur-
cos bordeados de hierro 6 piedra. Ambos se practican en sitios
pianos, blandos y de buen terreno, con éxito satisfactorio en los
primeros tiempos.
El CeumpUy la Cavada y Marimacho, requieren (por estar Uama-
dos d infundir mds larga duraciôn al establecimîento) trabajos
mucho mds prolijos ; pues, sobre depurar el terreno de toda maleza,
dejar aplanada y rellenadas sus desigualdades, etc., imponen la
construcciôn de surcos ô huachos que afectando la forma de ram-
blas hechas de arriba abajo como en la Cavada^ à de abajo arriba
como el CeumpUy son fuertemente golpeados y apisonados, para
que su forma deanfiteatro résista la acciôn de los aluviones ; cons-
tituyendo, por tanto, un repliegue ù oquedad intermedia, donde
se situa la planta, proporciondndole un terreno blando y pulve-
rizado donde prosperen y se extiendan sus raices.
Conforme d los métodos preindicados, la coca ocupa el centro
de los huachos que distan una vara uno de otro y en el sentido
de la inclinaciôn necesaria para dejar correr las aguas. En el del
MaritnachOy que exije terrenos llanos, las plantas son colocadas
d ambos costados del ancho bordo, de suerte que las dos hileras
de ellas se encuentran separadas por una misma rambla. En este
sistema de huachos se asienta demasiado la tierra del plantîo, por
dar constante paso d los trabajadores por su intermedio, loque es
un gran defecto.
Sin vacilaciôn puede decirse que el Ceumpu es el mejor de los
métodos apuntados ; desde luego, porque los huachos que se cons-
truyen de abajo nvriba, son mucho mds consistentes que los de
los otros métodos inversos; y en seguida, porque dichas cavidades
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314 CIRO BAYO
conforme el plan de su labranza y coraposiciôn, contienen la
tierra végétal mis rica, el humus de las superficies y el subsuelo.
No asi en aquellos, en los que la plantaciôn se verifica forzosa-
mente sobre tierra ingrata removida de los bajos fondos y que en
regiones montuosas suelen estar desposeidos de tierras densas y
abonadas. Es que estas ùltimas se han de haber forzosamente ago-
tado en la composiciôn de los bordos.
El azadôn, la chucchuca à azada y el cuchillo de monte son
los instrumentosque se usan en estas labranzas.
Un cato de coca abraza 40 varas cuadradas, conteniendo 1 1
cabe^as de â mil plantas. Forman en consecuencia 110,000 en
junto, cuyo numéro no pareceria susceptible de caber en una
extension relativamente corta ; pero colocadas como se hallan las
plantas â una cuarta de distancia una de otra» formando hileras
separadas por calles angostas, su numéro es prôximamente
exacto.
Segùn la calidad del terreno y su situaciôn azotérmica, la pri-
mera hoja se recoje al ano de puesta la planta, en las vegas y â
los dos, en las faldas elevadas. La primera hoja de la planta (que
se debe sacar cuidadosamente) se llama hojeada; la sçgandz poche-
ada, y las siguientes que corresponden â la época de las très
mitas anuales (marzo, junio y octubre) se denominan lluchuSy
aludiendo â la manera de despojar la hoja, resbalando ambas
manos sobre los tallos que la sostienen.
Las mitas que se repiten de 3 en 3 meses, 6 sean 4 al ano, debi-
litan sensiblemente las plantas y son reputadas como atentatorios
del porvenir del establecimiento.
La coca se propaga por almâcigas puestas en unas concavidades
especialmente preparadas llamadas camellones de tierra desmenu-
zada y fina y después de lavada la goma que envuelve la semilla.
Una vez sembrada, se tapa el camellôn con grandes hojas colo-
cadas à manera de techumbre, hasta que la planta tenga 4 6 5
hojas. Al cabo de seis meses, el pequeno retono puede ser 11e-
vado â los huachos donde se instala con el auxilio de una estaca
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 315
rellenando con tierra floreada el hoyo que recoje sus abundantes
raîces. Se debe verificar esta operaci6n un dîa nublado 6 en que
caîga Ilovizna, para asegurar un éxito complète.
Después de cada mita, se hace el desyerbo del catocon el auxi-
lio de chantas 6 pequenas lanzas forradas de almocafre, que tam-
bién afecta la forma de una lanza corva y de los aflojadores de
hierro cuya punta es aplastada.
Su longitud responde â la necesidad de operar sobre planiîos
tiernos 6 de mâximo crecimiento (3 catos en métros viejos). En
la mita de marzo, que corresponde à la de la mayor exhuberan-
cia de la vegetaciôn, se agrega al desyerbo ordinario la repeticiôn
del mismo, pasado un corto intervalo.
Requintado constante y cuidadosamente un cocal, para llenar
los claros que han podido dejar en él las enfermedades de la planta
â la vez que los asaltos de sus astutos enemigos, pueden mante-
nerse prôsperos por mâs de 40 anos ! En aquellas regiones privi-
legiadas, se conservan los gérmenes como para coniribuir cual
mâs, cual menos, â mantener latente, si no imperecedera, la vida
végétal.
La cosecha 6 mita de la coca, se verifica con cierta indispen-
sable celeridad que corresponde bien â la précision con que deben
llevarse â cabo sus beneficios. Ella se verifica por peones de
ambos sexos que proceden al lltichu con ambas manos y van
depositando la hoja en una lalega a-narrada â la cintura y que
acuden â vaciarla cada vez que se llena, al galpôn ventilado y
seco llamado mathuasi. Sin mâs dilaciones se extiende la hoja —
sin separaciôn de calidades — en el lugar merituado, para que ella
no entre en calor, y cuidando de que la capa extendida no pase
de unas 8 pulgadas de espesor. Al dia siguiente, se la saca al ten-
dal que équivale â una plazoleta embaldosada, de 20 varas cua-
dradas siquiera, y un tanto elevada por los extremos, donde la
hoja es expuesta al sol y removida y batida Qicraseca) por très
veces, levantândose las capas de abajo arriha, â fin de que toda
lacantidad de mato que haentrado en beneficio, seque con igual-
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3l6 CIRO BAYO
dad. El estado de retirarlo en grandes sacos de bayeta, lo déter-
mina cierta ductibilidad de la hoja, que indica que aiin conserva
un resto de humedad en que ha de aprovecharse para que no
quede pulverizada en las operaciones sucesivas.
Llévanse en este estado los sacos de hoja a los altos de la casa,
donde se vacîan para que refresque, ensacândola por la noche y
pisandola dentro de los sacos.
Antes de encestarla en la prensa, es preciso sacarla una vez mâs
al tendal â recibir el fuerte calor solar por unos quince mînutos
y llevarla de nuevo al alto de la casa â enfriarse, después de lo
cual estarâ recién la coca dispuesta â ser prensada. No valdrîa la
pena de extenderse en detalles respecto de esta operaciôn mecâ-
nica. Diremos tan solo que con ellas quedan formados los cestos 6
tambores (de 24 libras el primero y de 60 netas el segundo),
envueltas en las fibras de plàtanos denominadas cu:^uro5 afianza-
das con lianas silvestres.
Es, si, de la mayor importancia, el saberque si no se Uevan â
cabo con absoluta regularidad los beneficios que se deben dar à la
coca, y en el orden senalado, la cosecha se halla expuesta à
perderse deplorablemente, por causa de lo tornadizo del tiempo.
En aquellos climas tropicales, todo esta sujeto â accidentes ino-
pinados. El dîa sereno y el nublado, el sol ardiente y la tempes-
tud, se alternan cuando menos se piensa, sin dar tregua para nada.
El aire siempre hiimedo, se enfria 6 no, al atravesar losbosques;
dilâtase 6 se condensa el vapor que contiene y sobreviene uno li
otro meteoro, sin que los anuncie signo alguno manifiesto.
Asî, pues, cuando hecha la mita, el sol se oculta por dîas segui-
dos, la coca hùmeda, confiada en tnathuasi, pierde el color y la
calidad. Seis dîas son todo el plazo que puede permanecer allî sin
deterioro. Cuando secada al tendal, después deesteùliimo lapso
no haysol que la seque suficientemente, 6 cae llowiznz, se condena
(choctaska) y sus propiedades de sabor y buen gusto quedan
desvanecidas 6 se disipan hasta tal punto que no cabe sino arro-
jarla. Cuando por falta de sol, no se ha podido resecar la coca,
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 317
entra también espontâneo repentino calor y se pone rojiza y
picante, lo que la déprécia del todo. Por ùltimo, si Uegaâ ences-
tarse sin haber estado convenientemente seca, se condena en el
camino y se habrâ conducido una carga inùtil y penosaniente
elaborada, al través de aquella naturaleza hurana y por rutas no
siempre accesibles aun â los cascos del mulo. Trasporte y trabajo,
todo se habrâ perdido.
Sabido es que la coca actùa en el estômago como anestésico :
suprime la sensaciôn del hambre, pero no la satisface. De la
coca se extrae la cocaina, alcaloïde extraido por vez primera en
1869 de las hojas de la planta por Niemann, de Viena. Un kilo-
gramo de hojas de coca da cerca de 2 gramos de alcaloïde. La
higrina es otro alcaloïde liquido volatil que de las mismas
hojas se extrae.
CocACHO. Voz quichua. Capôn en castellano. Bicoque en
Tucumân ; golpe dado en la cabeza con los nudillos de los dedos.
CocADA. Especie de turrôn, asi llamado en La Paz. Tableta
en Sucre y otras localidades.
Coco. El fruto lenoso de las palmeras y el de ciertos ârboles
como el almendro {Beriholetià). La pulpa cocotera es la que pro-
duce el coco tan apetecido por la leclie que encierra y por la
carne adherida â sus paredes. EJ de lasdemâs palmeras es menor,
y aunque los monos y los « bârbaros » le hincan el diente, la
verdad es que solo aprovecha para la extracciôn del aceite. Estos
cocos cuelgan en racimos énormes que al madurar caen al suelo.
El portugués Barros asegura que el nombre de coco se diô por
sus paisanos â la nuez de la palma, por su parecido con la careta
6 mascara con ojos y nariz, muy aparente para meter susto â
los ninos, â quienes se les grita : \ que viene el coco! — Lo cierto
es que nuestro Juan de Salinas (siglo xvn) haciendo hablar à
un coco, escribe :
Véngome aca porque vca
su retrato al natural,
que en la lengua original
lo misnw es coco quffta.
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3l8 CIRO BAYO
CocoLORO. Voz quichua. Otro nombre del carozo ô hueso de
las frutas.
CocuYO. Coleôptero fofiforescenie de los trôpicos. También
tucu y curucusl.
Cocha. Voz quichua, laguna. Cachabambay Pampa banada;
Yanacocha, Laguna negra, etc.
CocHAYUYO. Alga del Pacifico, y una especie semejante que
se da à orillas del lago Titicaca. Ambas mas que sabrosas son
suculentas.
CojER. Lo que prohibe el sexto de la Ley de Dios. En el Rio
de la Plata es palabra mal sonante y hay que reemplazarla siempre
por agarrar. Los mismos comediantes se veri apuradillos cuando
han de recitar versos como la décima aquella de la « Vida es
sueno » : Cuentan de un sabio que un dia en que se conjuga dos
veces el verbo cojer.
CojUDO. Tonto, primo, pavo de la boda. « Hacerse el cojudo » :
hacerse el sueco. A este respecto séame licito referir un chasca-
rrillo 6 como quiera Uamarse, que he oido en uno de los salones
mas aristocrâticos de Sucre. Hablaba en una tertulia intima uno
de estos Diôgenes cultos,tan bien estereotipados por el P. Coloma
en Pequeheces; uno de estos hombres a quienes se les dispensa
cualquiera sinvergùenceria por lo mismo que a tienen cosas » ;
y en su relaciôn aludiendo â otra persona, dijo que era un beà^us
vir. La senora de la casa, no muy fuerte en latin, picada por la
curiosidad, preguntô que significaba el latinajo. — Beatus vir ?
cojudo, senora, cojudo, respondiô el interrogado. Los mânes de
Horacio se estremecieron por la interpretaciôn y los asistentes
chuquisaqueiios se mordieron los labios de risa.
CoLCHA. Véase Camalote. Yerbas y plantas acuâticas que â
manera de colchas propiamente dichas, cubren la superficie de
algunos lagos de Mojos, obstaculizando la navegâciôn de canoas
y batelones.
GiLCHico 6 quitameriendàs (Colchico autumnalé). Végétal
médicinal.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 319
CoLEGio. En los pueblos de Mojos y Chiquitos es sinônimo
de hospederia 6 apeadero de viajeros, por ser el local destinado
para esto después quedejô de séria casa de los padres misioneros.
CoLEGio Nacional. Instituto oficial desegundaensenanza.
CoLETO. Cota 6 saco de ante 6 cuero que usan los vaqueros
en terrenos fragosos. I^ costra ô corteza de algunas amasaduras.
CoLGAR la galleta. Dejar cesànte. Despedir un doméstico 6
empleado. « Me colgaron la gàlleta », dice el criollo de estos
paîses, cuando precisamente le qui tan el panent nostrum.
ColibrI. Nombre caribe de la avecilla mas conocida en estos
paîses por picafloty porque se la ve siempre chupar el nectar de
las flores, sin ajarlas, ni tocarlas. Llàmanla también tominejo por
su extremada pequenez, y pâjaro resucitado porque se creia que
moria en el invierno para resucitar en verano. Su nombre mas
poético es corasU cabellos del sol, que le darr los indios del
Oriente.
CoLiTA. El nino mimado siempre prendido a las faldas de la
madré. « Hacer colita » : los muchachos para hacer correr un
carnero « le hacen colita » meneândole el rabo.
CoLQUE 6 choque. Plata, en quichua yaimarâ respectivamente.
Asi : colquechaca, puente de plata ; choque-tnamani, âguila de
plata ; choqueyapUy sementera 6 chacra de plata, nombre primir
tivo de la ciudad actual de La Paz.
Colla. Habitante del Collao 6 de la Alta Planicie. Sinônimo
de Boliviano entre los Argentinos y también de mezquino y
misérable aludiendo a los yunguenos ambulantes de que en otra
parte se hace menciôn. Véase Callahuayas.
Nombre que dan los crucenos d sus compatriotas del interior
y en gênerai d todos los serranos, pues d los de Valle Grande se
les Uama también collas no obstante pertenecer al Departamento
de Santa Cruz. En la familia de los incas, colla era sinônimo de
infanta ô princesa; asi Marna Colla.
Collera, llaman en Mendoza d los botones postizos de los
punos de la camisa. Tibis 6 tibies en Buenos Aires.
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320 CIRO BAYO
CoMEjÉN. Gusanillo roedor 6 carcoma. Refiere el tradiciona-
lista Palma que a un escribano le exigiô la Real Audiencia de
Lima la exhibiciôn de un expediente en el cual estaban protoco-
lizados un testamento y titulos de propiedad. Cuando eldeposita-
rio de la fe pùblica hubo agotado todo su arsenal de evasiones, y
tracamandanas, se présenté ante el virrey, que lo era el Marqués
de Castelfuerte, y le dijo : « Senor excelentisimo, por mis que
he revuelto mi archive, no encuentro ese condenado proceso, y
barrunto que el comején se lo ha comido. » — « Esas tenemos,
senor mio? contesté el virrey, pues à chirona el comején. » Y
desde entonces quedé como refrdn, cuando una cosa no parece :
i Vamos, se la habrâ comido el comején !
CoMODORO. Como en Inglaterra y Estados Unidos, llaman asî
en la Argentina al capitan de navio que manda una divisién de
mds de très buques. Ahora bien, comodoro viene del inglés
comnwdore (acentuada la silaba coiii) que se dériva del espanol
antiguo, cémitre, capitin de mar bajo las érdenes del almirante ;
y andando el tiempo, el que en las galeras ténia el mando de las
maniobras de los forzados y remeros, cambiado luego en cômitor^
commodor, Littré y Webster avanzan mas aiin, y en sus respectives
diccionarios hacen derivar la palabra comodoro del espanol comen-
dadoTy derivada à su vez del bajo latin conwiendarCy comandar.
En el almirantazgo argentine no dieron con este busilis y en su
afdn de copiar a los anglo-sajones adoptaron la palabra comodoro
que por las explicaciones anteriores debiera también adoptar la
marina espanola de guerra.
Como nô ? De variable signifîcacién. En gênerai corresponde a
los casos que en castellano se exclamaria : i Cémo no ha de
ser como usted dice ? é ^ Cémo no ha de sucederé se ha de hacer
tal cosa ?
CoMPADRE. En Europa el compadre es el padrino, y el compa-
drazgo un parentesco espiritual reconocido como un obstaculo
para contraer matrimonio. En America, y entre las dases de la
dase média y baja, el compadre significa un vinculo de amistad
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 32I
indisoluble; de protecciôn decidida, manifiesta y de substancia,
y un numéro respetable de convites y francachelas y de cumpli-
dos sin cuento. Cur compatres tant assidue et splenditer in America
honorantur? Ademds de los compadres de pila y de confirmaciôn,
hay compadres de pelo y de juramento 6 de misa y de profesiôn,
de boda y de bandera, de concierto y de desafîo, de ôleos y
muchos mâs.
Fiestas 6 dias de cotnpadres. El primero, 6 mâs distante del
Carnaval, se llama Jueves de los compadres; el que le signe,
Jueves de las comadres, y el mâs inmediato i las Carnestolendas,
Jtieves gordo. Tomaron estos nombres porque, antiguamente, en
el primer jueves indicado, los que habian en el ano anterior
sacado de pila â algûn pârvulo, solîan obsequiar â las que habian
sido sus comadres. En el segundo jueves las comadres obsequiaban
d su vez â los compadres ; y el tercero tomô el nombre de gordo
porque acercândose la Cuaresma 6 época de abstinencia de cames,
se soHa celebrar como por despido con unas solemnes merendonas
de todo lo mds pringoso y suculento de que pronto iban d verse
privados.
CoMPANONES. Los testiculos. Voz anticuada como lo atestigua
este pasaje del D*" Laguna : « Mezdado con aceite omphacino, con
un poco de ôleo rosado y vino sirve... d la inflamaciôn de los
compaiiones », etc. (Dioscorides, 1. 7, c. 128).
CoMUNiDAD. Sociedad politica formada por cada una de las
diferentes tribus de indios quichuas y aimardes. Cada comunidad
se subdivide en ayllos à parcialidades, estas gobernadas por
caciques y toda la comunidad por el curaca. El corregidor del
canton es la autoridad gubernativa de la comunidad y cuida de
la distribuciôn de tierras ; désigna los alcaldes y alguaciles ; los
indios que han de servir semanal ô mensualmente al cura, al
subprefecto y al mismo corregidor. Senala en fin, los aiféreces,
la prestaciôn vial y las derramas. Véase Derrama.
CoNCHA. Lo que las mujeres tienen y, segiin la copia, es la
perdiciôn de los hombres. Es voz que ofende los oîdos argenti-
Revue hispanique, xiv. 2X
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322 CIRO BAYO
nos, â lo menos en Buenos Aires, donde es preciso cambiarla
también por otra palabra équivalente cuando ocurre hablar de la
armadura de galâpagos y tonugas.
CoNCHAVO. Colocaciôn ô acomodo. Agenda de conchavos se
titulan en el Rio de la Plata lo que en la Peninsula « Agencîa
de criadas ô de colocaciones » .
Voy alconchavOy voy â mi tarea. Es palabra muy usual y bas-
tante expresiva, pues équivale â refugiarse en un empleo como
el crustàceo à la tortuga en su coucha ô caparazôn. Usa de este
vocablo Rocamora (intendente espanol de Corrientes en el siglo
xvni) en sus informes. Sin esto, dijera que era italianismo, de
acconciar, acomodarse.
CoNCHAVARSE. Emplearse, ocuparse en algùn trabajo asala-
riado.
CoNCHO. El sedimento, las heces de cualquier liquido, y la
misma borra de la tinta.
CoNCHUDA. Libertina, mujer cojedora.
CoNDENARSE. Echarse â perder la coca por falta de sol. Véase
Coca.
Condor {Vultur griphus.L,). Cran buitre de los Andes. Con-
dor es nombre derivado de aintur, grande ; como cuntur manca,
olla grande; cuntur-hina-pùnky gran andador, etc. En aimarà
cun-cun, trueno y rayo ; arco que disparaba cl rayo como una
flécha en la imaginaciôn del indio y simbolizado en el condor
por la rapiJez fulminante con que se abate sobre la presa. Segùn
los etimologistas, el cun-cun del sânscrito envuelve la misma
idea. — Los chilenos Uaman manque â este énorme buitre, ave,
sin contradicciôn, la mayorque surca el aire. Tiene un métro y
30 centîmetros desde la punta del pico hasta la extremidad de la
cola, y 3 métros la enverjadura de sus alas. Su cuerpo esta reves-
tido de plumas negras, â excepciôn de la espalda que es total-
mente blanca. Adôrnale el cuello un collar de plumas levanta-
das y blancas, y la cabeza es casi râla. La hembra es menor que el
macho y de color pardo ; no tiene collar, pero lleva en la cabeza un
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 323
penacho 6 copete. « Hay en los Andes peruanos», escribe el limeno
Don Santiago Cardenas, « très especies de côndores. La primera
de color ceniciento, designada con el nombre de moro-moro,
no tiene menos de 4 m. 60 de enverjadura. La segunda no tiene
nada de particular; es de color café y tiene 4 m. 30. La tercera
es el condor de espalda y cola blancas, la ûnica conocida por los
naturalistas. Es de 3 m. 66 en la extension 6 enverjadura de sus
alas. » Los côndores hacen sus nidos en los picos de los Andes 6
en las faldas mas escarpadas de la cordillera, poniendo dos huevos
mucho mayores que los de la pava. Habitan igualmente las tie-
rras frîgidas, como en las costas del Pacîfico, en las del Atlântico,
en la Patagonîa, â gran distancia de las montanas. D'Orbigni
ha visto el condor cernerse al nivel de la cumbre del Illimanî que
tiene 7.500 métros de altura. Se alimenta de la carne de los ani-
males que encuentra muertos 6 que matan ellos mismos cegân-
dolos primero, cuando les es imposible arrebatarlos del suelo,
como acontece con ovejas y novillos. Cuando el condor esta
ahito, no puede volar, pero si se ve hostigado, él mismo provoca
las nâuseas, con lo que desembarazado del lastre remonta el
vuelo.
Como curiosidad he de citar el condor del Batallôn « colora-
dos » de Bolivia. Â ténor de una claùsula del Côdigo militar de
Balliviân de este pais que autoriza la paga de un guitarrero y ani-
males domesticados, para recreo de los soldados, tenîa aquel regi-
miento un condor que le seguîa en sus marchas y bajaba el vuelo
donde aquél acampaba. Esta ave ténia raciôn de soldado, conocîa
i la tropa y mostraba preferencia por el individuo que le daba la
raciôn de carne. Como en Bolivia esta subsistente la pena de azo-
tes en la milicia, sucediô que el racionero del condor hubo de ser
castigado â la flagelaciôn. En el preciso momento que atinantado
descargaban sobre las nalgas del soldado los varazos, acudiô el
condor â ampararle con sus énormes alas. El cabo apaleador no
tuvo tiempo de atajar uno de los golpes, y sin querer diô en el
condor. Este pudo rcmontar el vuelo y dcsde cntonces se perdiô
de vista.
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324 CIRO BAYO
CoNDUCTOR 6 canal. Extensa rejilla ôentablado encajonado que
en movimiento giratorio conduce la cana al trapiche.
CoNFiTERÎA. Nombre de los establecimientos anâlogos d nues-
tros cafés de bulevares y paseos, en cuyo mostrador se expenden
ademâs, dulces, cigarros, etc.
CoNSiGUiENTE (Y por el). Expresiôn que équivale â « lo
mismo digo » 6 â las résultas. Ejemplo : « i Cômo dice que le va ?
— Bien, gracias, y por el consiguiente, » Cervantes, entre otros,
lo emplea con idéntico significado en la carta de la duquesa dTeresa
Panza.
CoNTROL. Feo galicismo usadosin contradicciôn en estos pai-
ses. — Régla, equilibrio, inspecciôn.
CoNVENTiLLO. Casa de vecindad. Caserôn con habitaciones, à
modo de celdas de un convento, que van â dar â un patio comùn
donde se lava, se guisa y ainda mais, El conventillo de mis cuar-
tos era en mi tiempo (1888-97) el de la calle Anchorenay numéro
14S7 (Buenos Aires) que tiene como unas 400 piezas.
CoNVOY. Las vinagreras. No me parece mal, y casi casi la
prefiero d la nuestra, maxime cuando las vinagreras usadas en
el dîa son un verdadero convoy cargadas de aceite, vinagre, mos-
taza, sal y palillos.
CoPACAVANA. Venerado santuario de los pacenos, sito en la
peninsula de ese nombre, d orillas del lago Titicaca. Copacahatta
tiene sus raîces en la lengua maya cuya naciôn parece que ocupo
la altiplanicie andina y fue la fundadora de los monumentos de
Tiahuanaco (véase Tiahuanaco). Co-paa-bahuna, tierra pequena
en medio del agua, 6 peninsula, como loes efectivamente, de 16
léguas de largo y 6 de ancho.
CopÂiBO (jCoparifera officinalis. Jacq.). Leguminosas. Arbol
elevado y frondoso, de quince d veinte métros de altura, de
hojas anchas y espesa corteza oscura. Cortado, arroja un aceite
de color dorado, olor fuerte suigeneris y gusto amargo. El drbol
en toda su fuerza da fdcilmente 12 libras de jugo ôleo-resinoso
en una sola incision, practicdndose très por aiio. Este aceite, la
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 325
copaiba se exporta para la farmacopea y es muy buscado por los
pintores, ora para dar mayor vivacidad a los colores, ora para
alejar los inseaos de las pinturas, d causa de su olor répugnante.
Cuando el aceite esta destilando, hace un ruido semejante al que
proJuce el arranque de un palo carcomido. Los indios deducen
de este hecho ridiculas preocupaciones. Es muy abundante en
todo el Béni.
CoPAL americano {HUnenea CourbariL L.). Leguminosa de la
misma familia que el copal de Asia. Su résina es la que vende el
comercio para la fabricaciôn de los mejores barnices sécantes.
CoQUERA. El sitiode guardarla coca.
CoQUiNO. Familia Quenopodeas. Ârbol de madera laborabley
fruta agradable de que se hace compota.
CoRBATA. Chalina 6 panuelo de color que llevan al cuello los
gauchos, con el pico flotando encima el poncho.
CoRCOVA. El dîa siguiente al onomdstico que también sedebe
celebrar, pues dicen en Bolivia, burla burlando, que si no se alarga
la Hesta hasta ese dia, le sale una corcova al interesado ô al com-
padre que corriô con los gastos de la fiesta.
CoRCOVADO. Véase JacamI.
CoRi. Oro en aimarâ. Coripatûy alto de oro. Coricaucha, el
templodel Sol. Coriguaico, rincôn de oro.
CoRMA. Cepo 6 barra de hierro de hasta 35 libras de peso, que
se ve en Europa en los museos de antiguallas, y en los corregt-
mientos, carceles y cuarteles sud-americanos.
CoRO. « Cobre » en aimara. Coracoro, corocoUo, cerro de cobre.
CoRONTA. Voz quichua. Mario ô espiga de malz desgranada.
CoROTA. Voz quichua. Cresta de gallo. Las corotaSy los testî-
culos. — Nombre de una frutilla muy sabrosa.
CoROZo. El hueso exterior de las frutas. En el comercio se
conoce el corozo ô fruto de extrema dureza que sirve para falsi-
ficarel marfil. Por cierto que hay un experimento para distinguir
el marfil animal del marfil végétal ô coro::p, ya que d simple
vista no es fdcil diferenciarlos. Basta con verter en la superficie
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3i6 CIRO BAYO
una gota de âcido sulfùrico concentrado . Si no déjà huella en el
marfil, este es legîtimo; en caso contrario, si déjà una mancha
rosada, senal de que el marfîl es végétal.
CoRPA. Arriero de Challapata (departamento de Oruro)que
lleva coca. — i^ A lo corpa. » A lo bruto ; d lo arriero. Es voz
quichua quesignifica peregrino pobre.
CoRVO. Arma del roto chileno que usan también ios gauchos
cuyanos. Especie de navaja-alfanje de dos filos que arrebana en
donde hace presa.
CoRRENTiNO. El natural de Corrientes, provincia argentina.
— Baile popular.
CosoRio. Ladrôn 6 lunfardo.
CosoRiô. Véase Ceibo.
Cota. Roquete ô sobrepelliz de Ios monigoîes à seminaristas
(Bolivia).
CoTENSiA. Arpillera 6 genero burdo para sacos, jergones, etc.
CoTO. Voz quichua. Bocio, papada 6 papera : tumor ocasio-
nado por el desarroUo anormal de la gldndula tiroides. Aunque
se atribuye al uso de ciertas aguas, su causa no estd bien deter-
minada, pues lo mismo se ve el coto en Ios valles profundos,
como en las minas, en terrenos hiimedos, como en las monta-
nas.
— Cdscara de un drbol del género Cotoquinia perteneciente d la
flora peruana. Es de olor aromdtico, parecido al del alcanfor y d
veces al de la canela. La medicina emplea la cotoniay alcaloide de
la tintura del coto, contra las diarreas y enfermedades neural-
gicas.
CoTUDO. Que tiene coto 6 papada.
CoTUFA. Dengue, remilgo. « Hacer cotufas » por hacer den-
guesy contorsiones, es frase muy comiin en Bolivia.
CovACHA. Poyo de adobes que en tambos à postas y hospi ta-
ies sirve de cama nada blanda y menos limpia.
CovADERA. Filôn de guano que se encuentra en algunos sitios
de la Costa del Pacifico.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 327
CoYUYO. Voz quichua. La cigarra 6 chicharra.
CozAR (Mal). Epilepsia. CoTiariente, el atacado de ese mal.
CrespIn. Ave entre mirlo y abubilla, de plumacrespay encres-
pado copete.
Criandera. Ama de lèche.
Cribao. Fleco grande que adorna los extrenios de los calzon-
cillos que asoman por debajo dchiripà. Véase ChiripA.
Cristal. Vaso y copa, indistintamente . Trâeme un cristal
limpio— Trdeme un vaso limpio.
Cristiano. Voz que entre la gente campesina es el prototipo
del Homo sapiens, « Hablar en cristiano », « corner como cris-
tiano », etc., d diferencia de los salvajes y animales. Este perro
piensa como un cristiano, como una persona.
Crucero (El). La Cruz del Sur, hermosa constelaciôn que en
el hemisferio austral reemplaza a la estrella Polar del Norte. —
Encrucijada de camino 6 esquina de calle. En Sicasica, por ejem-
plo (La Paz) denominanse las calles « Crucero i*"; Crucero 2° »,
y asi sucesivamente.
Cuadra. Medida de longitud, ordinariamente de 150 varas.
La légua argentina tiene 40 cuadras (6.000 varas). — Manzana
de casas. « Tomô un espacioso sitio y lo repartie d manera de
casas de ajedrez, en 117 islas, que por ser cuadradas las llamaron
comunmente cuadras » (P. Cobo, Fundaciôn de Limn),
CuADRERO (Animal). Corredor ; que corre muchas cuadras de
distanciaenun tiempo dado.
CuADRiLLEAR. Seutarse la carga sobre los cuadriles del animal;
lastimdrselos.
CuAjAR un buen sueno. Dormir d pierna suelta.
CuAjo. Ave acudtica de pescuezo largo, que encoje cuando
estd parado, d manera de tubos de una flauta. — Cuajar 6 el
cuarto estomago de los ruminantes.
CuARESMERO. Pdjaro asi llamado porque diz que sôlo canta en
la cuaresma.
CuARTiLLO. Moneda de cobre, valor de dos centavos, asi 11a-
mada en Mendoza.
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328 CIRO BAYO
CucAR. Provocar, buscar el coco 6 très pies al gato.
Cuco. Durazno pintôn : como cuqueafy corner los primeros
duraznos.
CucuLi. Especie de palomita torcaz.
CucHA. Llamita anal, de mejor sabor que un recental.
CucHARA. Llana de albanil.
CucHETA. Camarote.
CucHi. Véase Quebracho y Urundey. Cerdo. « En las voces
aragonesas de Torres Fornes hallo : coch-coch para acariciar al
cerdo ; y efectivamente, cocho en Navarra, Alava, Asturias, y
gochoen Galiciay Castilla, vale el cerdo ; y en Berceo {Duelo 197)
cuchô » (Julio Cejador).
CucHO. Medida de capacidad para lîquidos, de nueve bote-
llas (La Paz).
CucHÛQjJi. Cosa 6 persona sucia en extremo. Derivado de
cuchi 6 cucho.
CuECA. Baile popular de Bolivia y Chile. Su mùsica es repo-
sada y armoniosa como la de cldsicos minuésy gavotas. Las figuras
de este baile dicen que derivan del recuerdo que en él se hace d
la chueca 6 clueca que esquiva las caricias del gallo.
CuERVO. A algunas especies de dnades y patos, al macà por
ejemplo, llaman en algunos distritos cuervoSy sin duda por la
analogla con estas vultiiridas en la manera de cojer y devorar
la presa.
Cuico. Indio de raza enana y desmedrado. — Apodo que dan
loschilenos à los bolivianos. Jugando del vocablo, recuerdo haber
leido en un periôdico chileno, refiriéndose d cierta intemperancia
de un colega boliviano :<; tu qtioque cuico? que por la cacofonîanie
causô suma gracia.
Cuis. Conejillo de Indias, asi como la vi:^cacha el conejo
grande de la pampa. Véase Vizcacha.
CujA. Especie de catre hecho con armazôn de tablas 6 canas,
sirviendo de colchôn un ancho cuero.
CuLATA. Parte trasera del carro.
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 329
CuLLÉN. Té americano.
CuMARÛ. Voz guaranî (Cutnaronna odorata. Aublet). Legumi-
nosas. Ârbol gigantesco de la zona tôrrida del cual se aprovecha
la almendra grande encerrada dentro de una ciscara semi-lenosa,
para un aceite esencial en perfumeria. En Cordillera (de Santa
Cruz de la Sierra) se hace de ella una chicha amarilla muy
embriagadora. La almendra entera que se llama haba-tunca es
aromdtica y agradable al gusto y sirve para perfumar el tabaco y
la ropa. La madera es laborable.
CuNÙMi. Criadito indio en las fiamilias crucenas.
CuNA. La mujer guaraya. Véase Guarayos.
CuNAPÉ. Bizcocho muy agradable de lèche, queso, canela y
harina con tintes blancos y rosados.
CuPEst. Algarrobo americano.
CuRACA. Autoridad indigena en las comunidades quichuas. En
tiempo de los Incas, el imperio se dividiô administrativamente en
cuatro regiones 6 departamentos; éstos en provincias, las pro-
vincias en pueblos y éstos en ayllos 6 parcialidades. Los curacas
eran los cabezas de éstos ùltimos. Véase Comunidad.
Curare. Substancia de color oscuro, aspecto resinoso como el
opio, amarga, inodora y soluble en el agua. El curare se extrae de
unos bejucos venenosos (véase Bejuco) y con él envenenan sus
fléchas ciertos indios del Amazonas, Orinoco y Guayanas. Lo
obtienen delà raspadura de la corteza, que se hace hervir algu-
nas horas, filtrdndose luego por medio de algodones, consiguién-
dose asi un lîquido concentrado de color negro, el cual se reduce
d pasta mediantela evaporaciôn. Asî obtenido, el curare seguarda
en calabazas y tabocaSy y con él gradùan el efeçto en las puntas
de las fléchas. La acciôn del venéno obra en el sistema nervioso
sin ser absorbido por la sangre ; y asi se explica que los animales
muertos puedan ser comidos impunemente, con tal que se corte
el pedazo de came donde entré la flécha envenenada. La carne
queda blanca y el animal herido no sufre hasta que esta prôximo
d morir. El antîdoto contra este veneno es la miel 6 azùcar ô sal
diluida en agua y mejor en orines.
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330 CIRO BAYO
CiJri. Graminea. Los nervios de la hoja se emplean para este-
ras y aventadores de poco precio.
CuRiCHE. Pantano 6 laguna. El « curiche grande » : el mar y
mejor aun, niama-cocha 6 laguna grande, en quichua.
CuRUCUSi. Véase Cocuyo. LIaman Tapiosi à otra variedad de
luciérnaga de luz intermitente y màs apagada.
CuruciJtu. Voz quichua. Echar alguna cosa al aire para ser
cogida al vuelo.
CuRUPAsi ÇAcacia egyptiaca), Ârbol de pobre aspecto pero de
madera algo morada, veteaday médula de hierro. El curupasî
« barcino » es similaral ébano. Lacorteza del drbol espor el con-
trario muy frdgil y se emplea en curtiembres.
CurrA. Voz pampa. Piedra. Asî huitchu-currày la honda. Currâ
lauquén^ laguna de piedra. Es famosa en las guerras de la Repùblica
con las tribus de la Pampa, la « dinastîa de las Piedras » entre
los cuales figuraron los caciques Calfucurâ (piedra azul), Namun-
curd, etc.
CuRRUTACO. Animal de hocico romo.
CiJsi {Orbygnia phalerata. Athaleas spetiosà). Palmera llamada
tanibién de la Tebaida por su semejanza con los cocoteros de esta
région. Abunda en el Oriente boliviano y su aceite es el prefe-
rido de las indias para untarse y dar brillo à su cabellera.
CuTivt. La crencha 6 raya partida en el cabello. Pretenden los
crucenos que dériva de « cutis vi ». — « Se non é vero... »
CuTÙQXJi. Bejuco cuyas hojas al comerlas el ganaclo comuni-
can d su carne un olor d ajo que casi la hace despreciable. Cutù-
qui es el nombre chiquitano àthiBignonia alliacea. L.
CuYANO. El natural de la antigua provincia de Cuyo. Véase Cuyo.
CuYO. Nombre de la région que comprendîa las actuales pro-
yincias argentinas de San Luis, San Juan y Mendoza, y solo se
conserva en la organizaciôn eclesidstica. Asi obispo de Cuyo cuya
sede es la ciudad de San Juan. Cuyo es voz quichua que significa
arena.
Pronombre adjetivo del que se usa y abusa como interroga-
tivo y muy especialmente como interrogaciôn direcu. V. gr.
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 33 I
l Cuya casa es esta ? — Cuya capitales Madrid ? — Tal construc-
ciôn en que cuyo hace las veces de predicado sobreentendiéndo-
sele un antécédente de persona, résulta algo arcdico en oîdos espa-
noles, sin querer decir con esto que suene mal.
Cuzco. Nombre de la ciudad que fundô Manco-Kàpac y capital
del imperio incdico, del cual era centro ù ombligo, cuyo liltimo
significado tiene en quichua. — Falderillo llamado choco en otras
partes. También en éuscaro ku^y koch sirwen para llamar el perro .
CuzLJRO. Véase Perotô.
Chabela. Bebida hecha de vino y chicha.
Chaca. Puente ô arco en quichua. Colquechacay puente de
plata. — Chuquisacay puente de oro. — Rutnachacay arco no con-
cluido (lugar en donde se encuentran los cimientos de un vasto
edificio prôximo à Tiaguanaco).
Chacaneo (Para el). Para diario, para el tragin de faena 6 de
la chacra.
Chacarero. Labrador ; horticultor. Véase Chaco y Chacra.
Chacarilla. Quinta, granja ô chacra pequena.
Chacarita. Chacarilla. El campo santo de Buenos Aires.
Chaco. Voz guarani : desierto. De ella derivan chacra y cha-
carero. — Lugar desmontado à inmediaciones de pueblos y estan-
cias donde se cultiva arroz, maiz, cana, yuca, café^ tabaco y
demâs.
— También voz quichua, caza de animales con cercode gente.
Cran caceria de vicuiias que se organiza en Catamarca y otras
provincias del Norte de la Argentina. En estos chacos se hace
una batida circular, obligando a los animales â entrar en corra-
les donde se les esquila soltandolos luego â la vida montaraz.
— El Gran Chaco, vasta extension de terreno inexplorado en el
que habitan las tribus guerreras de los tobas, matacos y otras tri-
bus guaranies que alli se refugiaron huyendo de las invasiones
quichua y espanola.
Chacobo. Indio de la tribu Pacaguara (entre el Rogo-aguado
y el rio Mamoré) que se présenta en son de paz d los pasajeros
de este rio y en el pueblo de Exaltaciôn de Mojos.
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332 CIRO BAYO
Chacote. Daga larga y filosa.
Chacra. Extension de terreno de 4 à 12 cuadras. Al salir
de los pueblos americanos se hallan i** las quintaSy que son de
una cuadra cuadrada; 2** las chacras, de cuatro ; 3*" las estancias,
de muchas cuadras y aùn léguas. Las ùltimas chacras, de mis
extension que las del egido, se encuentran a una légua de la plaza
del pueblo. Por lo gênerai, las quintas abastecen de aves, huevos
y verduras ; las chacras de frutos y frutas ; las estancias de carne.
Esta clasificaciôn no es absoluta, pero sirve para dar una idea del
rus americano.
Chacurrusca. Mezcla de minérales de distinta composiciôn,
con el objeto de facilitar la extracciôn de la plata.
Chafalote. Caballo pesado.
Chafallo. Remiendo; anadido en la ropa.
Chairar. Correr. « Sacar d uno chairando», correrlo.
Chaguar. Maguey ô pi ta, textil de primer orden. La piola con
que se hace bailar el trompo.
Chaguarazo. Cimbrôn ô golpe dado con latigo de chaguar.
Chaja. Ronco, afônico. Vozquichua.
Chajâ {Palainedia chavaria. Tero). Tapacaré en el Oriente
boliviano. Ave de amor por los ingleses. Ave tan corpulenta como
el pavo, pero mucho mas alta y cuellierguida. Es herbivora. El
nombre de chajâ con que se le conoce en la Pampa y provincias
rîo-platenses, es onomatopéico ; es voz guarani que significa
Viimos ! porque parece que diga con sus chillidos chnjây chajâ,
i lo que responde la hembra clmjali! En algunos ranchos de
Mojos encontre entre los volatiles caseros con el nombre de
Tapacaré al chaja que conod en la Pampa de Buenos Aires. Ave
corpulenta y vigilantisima es el centinela l'el paraje donde
habita ; asî en el campo donde revolando avisa el paso de un
pasajero como en las casas d las quedael alerta con su grito ronco
y desapacible. A favor de los espolones ô unas que lleva en las
convergaduras de las alas defiende de las aves de rapina sus po-
lluelos y las gallinas que estan bajo su vigilancia. Asi como com-
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 333
pite en vigilancia con los salvadores del Capitolio, rivaliza tam-
bién en castidad y (idelidad conyugal con la legendaria tôrtola.
— « El chajà », escribe Marcos Sastre(£/ Tempe argentino), « nos
ofrece lo mas sublime del amor conyugal, pues se asegura
que cuando algûn cazador llega a matar a uno de los consortes,
el otro no tarda en morir de pena, después de exhalar prolonga-
dos gemidos en derredor de los sitios donde ha sido privado de
la que amaba... Se dice que el chajà es « pura espuma » por su
carne floja y babosa. En su cuerpo se advierte una esponjosidad
muy blanda al tacto, que consiste en que tiene la piel separada
de la carne, cosa de média pulgada, por una infinidad de celdillas
llenasde aire. Tal apariencia hace del chajà un verdadero aerôs-
tato, pues inflàndose tal vez estas cavidades con algûn gas interior
permite al chajâ remontarse por los aires. »
En el Brasil existe el kaauchi que parece ser el venlriloctto del
Oriente boliviano, negro aterciopelado, cuyo grito se oye à una
légua de distancia en las primeras horas de la manana que es
cuando canta. Es una especie anàlogaal chajà ô tapacaré.
Chala. Voz quichua. Lahoja ya seca que envuelvela mazorca
de maîz, y en gênerai la envoltura de todos los céréales como
trigo, cebada, arroz, etc. « Cigarro de chala », liado ô envuelto
en chala fina.
Subdivision del medio real boliviano ô cuartillo y que no
leniendo moneda especial se gasta en adminiculos de especias ô
chucherias. — El cuartillo tiene 4 chalas. — « Tener mucha
chala », muchodinero.
Chalaca. La combinaciôn de los numéros 2 y 4 en los dados,
juego que en Bolivia es muy corriente.
Chalana. Pequena embarcaciôn de los nos platenses, plana,
sin quilla, y generalmcnte sin cubierta. A diferencia de lacanoa,
tiene timon y vêla, y cuando le falta el viento, anda à impulsos
de un botador ô bichero. Si es muy chica se maneja como gon-
dola con una espadilla ô pala que sirve à la vez de remo y de
gobernalle.
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334 cïRO BAYO
Chaleco decuero. En las guerras civiles del Rio de la Plata,
algunos caudillos castigaban con el « chaleco » de cuero fresco,
cogidos los brazos en las vueltas. — Sinônimo de tlojo ô hara-
gdn. — i Que esta usted hacienJo, chaleco}
Chalona. Carne de oveja panda, saladay endurecida al home;
y lambién, res ovina desoUada, abierta, salada y secada al sol.
Chaloso. Viejo; arrugado como chala seca.
Chalchal. Especie de acerola. Chalchalero, zorzal muy aficio-
nado a esta fruta.
Challa. « Arena » en aimard. Challapata, cerro de arena.
Chamal. Bayeta cuadradacon que las indias serranas se cubren
de medio cuerpo arriba, a manera de mantôn.
Chamba. Voz minera. El sulfato de zinc, gris azulado.
Chamca. Mazamorra gruesa de chuno.
Chamico ô estramonio (Datura stramonium). Végétal.
Champa. Turbaque se halla en algunos lagos de la cordillera
de los Andes. Voz quichua, el césped.
Champarse. Zamparse en el agua, y por analogîa meter algo
râpidamente en el bolsillo.
Champi. Escarabajo pelotero como el acatanga,
Chamuchina. Quisicosa, pequenez ô chilicoterla,
Chanca. Estrujado de polio ô conejo con mucho aji que se
acostumbra comer en Bolivia d la hora del mediodia.
Chancaca. Mazacote en Buenos Aires ; empaniiado en Santa
Cruz de la Sierra ; rapadura en Cuba ; papelôn en Venezuela ;
dulce en Colombia, y panela (Antioquia). — Masa preparada con
miel de barreno, aziicar negro ô el jugo de la cana de azùcar.
« Dulce companera del viajero, del cazador y del pobre » (Isaacs).
Chancador. De chancary en quichua; « machacar ». El que
manosea ô maltrata las cosas en su empleo ô trajin.
Chanchar. Sacar aprisa y corriendo d alguno como d chancho
con estaca.
Chancho. El cerdo. Sinônimo por consiguiente de puerco y
sucio. Chancho limpio no engorda; hacerse el chancho rengo,
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PROVIKCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 335
hacerse el sueco ; cada chancho à su estaca, zapatero d tus zapa-
tos.
Chaneca. Voz auca. Trenza ô cimba de las mujeres.
Changa. Pichincha ; ganga, trabajo de poca monta, bien remu-
nerado, 6 buena compra.
Changador. Faquin ô mozo de cuerda.
Changango. Chapucero; de poca habilidad.
Chango. El boliviano nacido en la costa chileno-boliviana.
CHANGt)i (Dar). Zarandearlo ; darle alas para cortârselas des-
pués ; darle ventaja en el juego para ganarle mds. Voz muygene-
ralizada en el Rio de la Plata.
Chanar. Arbol de frutilla amarilla, dulce y glucosa.
Chapetôn. Novato ; aprendiz. « Recién Uegado i Indias »
segùn el sentido que le da Calancha en su « Crônica de la
Orden de San Agustîn ». — Sinônimo de espanol en casi todas
las Repiiblicas sud-americanas.
Chapetonada (La). Los espanoles peninsulares. — « Autosy vis-
tos, sentencia dada. \ Mueran Uzos, Pizarro y \2i chapetonada ! » —
Pasquin que apareciô en Chuquisaca el 25 de Mayo de 1809 en
la renida contienda entre la Real Audiencia y el Présidente Pizarro.
— Mal de aclimataciôn de los chapetos recién llegados a Potosî,
de donde ahora « Pagar la chapetonada » ô sufrir un aprendizaje
ô noviciado.
Chapina. Papa que, al secarse,se vuelve morada.
Chapino. Animal que tiene los vasos del pie enfermos ô lisia-
dos.
Chapona. Especie de gabàn.
Chaposo. Velludo y encarnado de cara.
Chaquear. Desmontar ô brozar un terreno.
Chaquira. Voz chiquitana. Abalorios para collar de las indias.
Charamusca. La de estos paises no es la « charamusca » de
Mexico, golosina compuesta de azûcar y queso, ô de aziicar,
limon y pina ; sino la prosdica chamarasca del Diccionario de
la lengua : lena menuda, hojas sçcas y palillos delgados que
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336 CIRO BAYO
levantan una llama de poca duraciôn, pero lo bastante para ini-
ciar una fogata.
Charango. Guitarrillo con cinco cuerdas de tripa, de tonos
tiples muy alegres, que usan indios y cholos bolivianos. Disrin-
guesé de les otros instrumentos de cuerda, por su modo de
templar. Se templa de la prima â la quinta, de esta à la segunda
y de esta à la cuarta ; es decir que el temple sea de lo agudo â lo
grave.
Charata. Gallinâcea montés muy apetitosa.
Charavôn. Dechardy el polio delavestruz, Extraviado, nômada
como avestruz suelto.
Charcôn. Animal flacuchento, que no engorda nunca. Y por
translaciôn las personas enjutas. Nuestro D. Quijote es el proto-
tipode loshomhrcs charcanes,
Charola. Bandeja. ,
Charque ô charquî. Tasajo, carne salada y seca. De la voz
quichua chaquisca, seco. De ella dériva la palabra inglesa jerked,
buey secado en la America del Sur.
El charque fresco y nuevo es agradable, pero cuando viejo tan
répugnante que ni los perros de la ciudad lo comen. Asî y todo
constituye la base de la alimentaciôn de los peones en el Oriente,
como el pacote en el Brasil y el tasajo en Cuba.
CHARauEAR. Cortar la carne en lonjas finîsimas y ponerla â
secar al sol. — « A fulano lo charquearm », lo asesinaron.
Charquearse. Apoyar la mano en la grupa cuando se va â
caballo.
CharquicAn. Caldo de charque. Bien hecho constituye la cele-
brada « sopa valdiviana ».
Charuto. Cigarro purode chala li hoja de maiz, con otra envol-
tura de tabaco. Es voz brasilena.
Charrasca. Sable, chaparote.
Charrusco. Véase Churrasco.
Chasca (Gallina). « Mulata » en Buenos Aires ; « Quinacha »
en Santa Cruz ; « chura » en el interior. Gallina de pluma crespa
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 337
como la ave « chasquita », adornada con un espolôn, como le gallo.
Es muy buena ponedora.
Chascôn. Chascudo, melenudo.
Chascudo. Hombre de pelo crespo 6 enmaranado.
Chasgarro. Chascarrillo, chiste.
Chasmeado. Participio que se usa para significar algo que se
hace a intervalos 6 que se encuentra à trechos. Asî : Uueve chas-
meado ; el chocolaté se encuentra muy chasmeado en el monte.
Chasque ô chasqui. Voz quichua, peatôn. Correo de pie 6 de
caballo.
Los incas del Perù tenîan chasques apostados de trecho en trecho
en tambo(véaseTAMBo)deQuitoâTumbez, quienesen24 horas
Uevaban los ôrdenes impériales de un confîn â otro del reino.
Refiérese que estando un inca visitando las ruinas de Tiahua-
naco se le présenté un chasque que le dejô asombrado por la
rapidez con que habia ejecutadosu viaje de ida y vuelta. — « Tia-
huanaco », dijole el inca (siéntate, guanaco) comparândole con
este veloz animal. Desde entonces lldmase asî el paraje aquel
(véase Tiahuanaco). Sigue siendo proverbial la fama de anda-
rines de los postillones de la Cordillera. Es de verles siguiendo
al viajero hasta la posta, al trote de la cabalgadura, yendo ellos
â pie y sin mas equipaje que un poncho para preservarse del frio
de la puna y su « chuspa » de coca cuya mascada renuevan i
cada « apacheta » 6 leguario del camino.
CHAsauiDO (adjeiivo). Arruinado, /wwJjWo. Que diô el trueno
gordo 6 el chasquido final como la lena seca cuando arde y se
consume.
CHAsauiTA 6 Macho-macho. Véase CrespIn.
Chatasca. Plato criollo. Charque deshilado, picado en un
almirez 6 mortero y aderezado con especias y grasa de vaca 6 de
puerco. Asî preparado el charque, de salado que era se convierte
en picante y seco.
Chaijcha. Judia verde. — El toinîn, chirola 6 peseta boli-
R0vme hispanique, xiv. 22
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338 CIRO BAYO
viana. — « Pelar la chaùcha », esgrimir el façon. — « Es una
chaùcha », es una inocentada. .
Chaya. Voz quichua, de challani, echar agua a menudo. Efec-
tivamente el juego del Carnaval (/a chaya) signe siendo en toda
Sud-América el remojarse como los patos, primero con pomos
de olor, luego con baldes de agua, y después sumergiendo al
pobre visitante en el estanque 6 en una tinaja del patio. Es una
fineza que se debe de agradecer. En Montevideo he llegado à ver
a unos oficiales del ejército echar mano a las bombas de riego
à inmedaciones del cuartel y remojarse bonitamente ellos y sus
amigos. Era gente « chayera» 6 que jugaba al Carnaval. — « Ya
Uega el tiempo delà chaya », se acerca el carnaval.
Chayas. Huella, rastrillada. Voz quichua, de donde chayanta,
he llegado.
Ché. Interjecciôn y pronombre. — Ché, oye ! — Dame, ché; no
puedo, ché, etc. No es especial de los pueblos del Plata como leo
en algunos escritores rîo-platenses , pues se usa también y con
igual 6 mayor frecuencia en Bolivia. Tanto, que los chilenos
Uaman despectivamente los/ chés! à argentinos y bolivianos.
Ché, en lengua pampa es hombre, como se constata por Ran-
quelches, Pehuenches, Tehuenches, etc. En guarani es « yo
soy ». Dicese (creo que por Daireaux) quecuando los primeros
espanoles desembarcaron en el Rio de la Plata, vestidos à la euro-
pea, con armas y caballos, hubieron de parecer a los indios, séres
de otro planera. Asombrados los naturales huyeron al pronto ;
pero uno de los indios 6 por mâs atrevido ô por mâs curioso,
tocô con sus manos a un espanol y luego i otro, entendiendo
con esto que los extranjeros eran hombres como los demis. Y
llamando a sus companeros, les infundiô confianza gritàndoles :
chés, chés (son hombres, son hombres). O porque el caso hiciera
gracia à los espanoles, 6 porque creyeron que la palabreja era
voz de llamada entre los indios, la adoptaron en el sentido parti-
cular que conserva hasta el dîa. — Fantasias aparté, tengo para
mi que el ché rio-platense y boliviano no es mâs que el antiguo
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 339
et castellano con que se llamaba ô se pedîa atenciôn a una per-
sona, tan usado por las tapadas y embozados de las comedias de
capa y espada; voz anticuada ya y que se usa todavîa en el reino
de Valencia en la forma y frecuencia que en estas provincias de
Sud-América.
Cherùje. Picadillo de plâtano con carne. Especie de sancocho
de Antioquia.
Chico. Llaman en Santa Cruz de la Sierra al adormecimiento de
un mûsculo con cierto hormigueo que no hay que confundir con
el calambre.
Chicote. Trenzado de cordel. Lâtigo. La « azotera » boli-
viana.
Chicha. Famosa bebida sud-americana, tanto como el pulque
mejicano. Hacese de harina de maîz 6 de yuca, de manî 6 de
cualquier otro tubérculo 6 cereal. Pero la chicha, por antonoma-
sia, la nacional, digàmoslo asi, es la hecha de maiz. Para su ela-
boraciôn mascan la harina, y el muco que résulta seexpone al sol.
Cuécese luego y se deposita en grandes tinas soterradas y tapadas
herméticamente para que fermente la masa, lo que acontece â los
ocho 6 diez dîas. Destâpase entoncesy esta buena para beber. Es so-
bremanera diurética y de notoria eficacia para expeler los calculos
delà vejiga, pudiéndose asegurar que no hay indio que sufra de
este mal. También se le atribuye virtudes prolîficas, y eso que
esta demosirado con la fecundidad de las mujeres indias viene a
certificarlo el hecho de llegar d tener hijos mujeres europeas
estériles antes de llegar al pais y hacerse bebedoras de chicha.
En Santa Cruz y en el resto del Oriente boliviano hacen una
chicha menos fiierte que la « chicha colla », que es la anterior-
mente descrita. Para ello se muele la jora 6 granos de maîz
reventado ; rediicense éstos â masa en agua fria, y el todo se
tuesta parcialmente en vasijas de barro 6 en horno, coldndose
repetidas veces hasta que se purifica y fermenta. Los muqtuadores
mascan luego esta masa hasta que la juzgan convenientemente
desmenuzada 6 convertida en muco, Tras esto, se echa agua d la
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340 CIRO BAYO
masa y se ponen las oUas al fuego por 24 horas, durante el cual
tiempo se remueve la masa agregândole harina i cada momento.
Cuando el liquide se enfrîa, se le pasaâ grandes càntaros de barro
en donde en una noche fermenta. Esto se conoce por un aceite
amarillo que bulle en la superficie. No cabe duda que la saliva
de los muqueadores es el principal agente de la fermentaciôn ;
ella transforma el almidôn en aziicar y este a su vez en alcohol.
Acostumbrado uno a la chicha y liaciendo caso omiso de la puerca
manera como se hace, es una bedida muy aceptable é higiénica
a la manera de la sidra 6 sagardûa vascongada. Ix)s indios qui-
chuas Uaman a la chicha, akca; los del Cuzco a^ûa, de donde se ha
trasladado al castellano.
En chicha^ en efervescencia. Asi, el rioestden chicha(ô revuelto);
fulano esta en chicha (calomecano), etc.
ChichapI (Ccltisoccidentalis, L.). Arbusto espinoso llamado/a/a
en el interior.
Chiche. Juguete. Objeto pequeno y lindo, lo que nosotros
Ilamamos« una monada ». El pezôn de las mujeres.
Ponerse en chiche^ ponerse ebrio ; aunque este chiche viene de
chicha, de la que hasta el nombre han olvidado los gauchos por-
tenos.
Chichera. Mujer que hace 6 expende chicha.
Chichilo. Especie de titi de color amarillento.
Chicholo. Cierta pasta dulce envuelta en chala que se vende
en las pulperîas de Buenos Aires.
Chiflero. Mercachifle. Buhonero.
Chigua. Varies significados. Red para pâjaros; aparato para
la cata de las tunas en Tucumàn ; bulio 6 fardo de charque
(véase Chipa); el cogollo de cualquier palmera (en aimarâ).
Chila. Chuno seco de yuca ô plâtano. Véase Maraya.
Chilca. Voz quichua. Yerba comûn de aplicaciones médici-
nales. Dos clases : Anguslo y Latifolia (Baccharis).
Chilenas (Las). Los fémures de animal y el tuétano que con-
tienen. Véase Murucuntuyo.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 34 1
Chilicote. Voz quichua : grillo (insecto). ChilicoUar, entrete-
nerse con poquita cosa ; jugar de poco en poco.
Chilo. Otro diminutivo de Juan. Menos que Juancho.
Chilla. Pelusa volatil del cardoy otras plantas.
Chima. Salvado, afrecho 6 jache de irigo mezclado con el de
maîz, mas el aditamento de manteca de vaca y salmuera. De la
chima hdcense ricas empanadas a las que se adornan con queso,
aji, cebolla y carne.
Chimango (^Milvago pe:(oporus. Burm.). Falcônidas. — « Gas-
tar pôlvora en chimangos », gastar pôlvora en salvas ; predicar
en desierto ; hacer favores a un ingrato, etc.
Chinche. Bicho que en America se ha hecho masculino.
Chinchilla (^Chinchilla lanigera. Bonnet). Mamifero roedor,
mas pequenoque el conejo europeo; cabeza parecida â la de la
ardilla, largos bigotes y orejas grandes. Es animal muy limpio y
dôcil que se ve perseguido por su piel suave y finîsima de color
gris. Habita en las montanas del Perù, Bolivia, Chile y Norte
de la Argentina, de donde, como los castores del Gmada, no tar-
darâ en desaparecer si no se reglamenta la caza.
Chinchulines (Los). Los intestines de res envueltos por una
telita de sebo.
Chinga. Voz que expresa la idea de haberse perdido algo que
se dejô en un sitio. Ejemplos: Busqué mi caballo, y chinga; el
ganado dejôel chaco chinga.
Chingana. Pozo; peringundîn donde â ocultas juegan, beben
y rinen los maleantes.
Chingar. Hacer higa un arma.
ChmcoLO (Zonoiriche matutina. Vieil.) Fringtlidos.
Chinitas del campo. Sinantérea amarilla. Florecilla siempre
verde y florida y abudantîsima en las praderas sur-americanas.
Tanto- en la parte ori Aial de los llanos de Nebraska y Kansas,
cerca del rio Missouri, como en los desiertos natronosos de Cuyo
y cuchillas graniticas de Catamarca y Côrdoba, vense léguas cua-
dradas cubierias de estas florecillas amarillas, que, segùn la lati-
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342 CIRO BAYO
tud, se alzan desde uno hasta siete pies de elevaciôn. Es una flor
que ama al sol, y âsus bénéfices rayos crece, purificando y aroma-
tizando la atniôsfera de los campos.
Chino. Nombre vulgar del indio en la Argentina, como camba
en Bolivia. Hay en la Provincia de Buenos Aires el dicho : « China
pampa y mate amargo, solo por necesidad », es decir que una y
otro solo son aceptables en caso extremo. Sin embargo, el mate
amargo 6 cimarrôn es mas saludable que el dulce, como que los
aficionados lo prefieren a este. Cuanto las chinitas en flor, son
monîsimas : esbeltas, altas y delgadas ; del color de la arcilla tos-
tada. Las chinas de Buenos Aires visten poUera larga y vaporosa
que pone de relieve los contornos delicados de un busto, por
desgracia, pobre de caderas y pechos. Éstos, que se agostan
pronto, son de curvas exquisitas y senalados no por una fi-am-
buesa sino por una mora negra muy sazonada.
Chine. El zorrino de Cuyo. Voz auca.
ChIo. Apolillado, carcomido. Asi : arroz chio\ diente chlo ;
fruta chiay etc.
Chipa. Voz quichua. Envoltura de paja para huevos, frutas ô
charque. La cârcel. « Meter en chipa: en la cafùa. Engano 6
estafa en el juego. Chipar = estafar, sorprender la buena fe.
Chipaco. Tosta hecha de semita. Cara de chipacOy cara lân-
guida, triste.
Chipeno. Medida de capacidad para azùcar, de 2 arrobas.
Doce chipenos forman una horma de ley.
Chipilo. Pldtano cortado en rodajas 6 torteritos que se frien
cuando han de servir para provision de viaje. Por analogîa, la
plata acunada entre los indios lumupaseiios y araonas.
Chiquitos. Indios asî llamaJos por tener inuy bajas las entra-
das de sus viviendas. Hoy distrito boliviano.
Chirapa. Prenda de vestir deteriorada o andrajosa.
Chircal. Maleza de chirca. Arbusto lenoso y seco muy apa-
rente para combustible.
ChiriguanA. Sinaruba ù omaruba. Rutâceas.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 343
Chiriguano. Indio de raza guaranî que vive en los valles que
forman las ûltimas estribaciones de la Cordillera oriental de los
Andes, entre el gran Chaco, el rîo Bermejo y Santa Cruz de la
Sierra. Cambas 6 Tembetas son llamados por los crucenos (véase
Tambeta) y casi todos estân reducidos por los misioneros del
Colegio de Tasija.
Chirimoya. El fruto del chirimoyo. Fructus annonœ chirimoya,
El arbol es bastante elevado; la fruta de tamano variable y de
cdscara delgada que se déjà partir entre los dedos. Sacadas las
pepitas — que son menos cuanto mejor es la calidad de la chiri-
moya — cômese la pulpa con cuchara y es de un sabor agri-
dulce tan deleitoso que, segûn un jesuita misionero (el noticioso
padre Eder, siglo xvii) « debia darse a los moribundos europeos
para excitar en ellos el deseo del paraiso ». Yo por mi parte lapre-
fiero à la pina y la diputo por reina de las frutas americanas.
Varias son las clases de chirimoyas. La silvestre 6 guandbano,
la amarilla, la crespa.
En Buenos Aires es estimada la chirimoya de Salta ; en Boli-
via, la de Yungas.
Chirimoyo. Anona trypedale, Véase Chirimoya.
ChiripA. Preiina que por una extremidad se rodea a la cintu-
ra y pasando la otra por entre las piernas, se vuelve a cenir por
delante, sujetando las dos puntas con una faja ô cinturôn. Es el
pantalon 6 zaragûelles del gaucho porteno y prenda muy cômoda
para el trabajo rural ecuestre, ademâs que es de facil hechura y
de pronto lavado, sin que pierda los colores chillones a que tan
aficionado es el gaucho. — Gente de chiripây genre campesina.
Santo Cristo de la Petrina, Se venera en una iglesia de la ciudad
boliviana La Paz, y viste un chiripa terciopelo recamado de
adornos. Cuentan que un argentine forastero acostumbraba
hacer limosnatodaslas nochesâ unpobre que encontraba siempre
en el riiismo sitio. Cierta noche muy frîa que habiendo perdido
en el juego hasta el liltimo ceniavo no ténia nada quedarle, qui-
tôse el chiripa y se lo diô al pobre. A la maiiana siguiente se \i6
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344 CIRO BAYO
al Cristo de la iglesia vestido de chiripâ. Creyendo el sacristân
que era burla sacrilega, tratô de quitârselo pero no pudo conse-
guirlo. Diô parte a la comunidad, el vecindario se conmoviô y
en un momento acudiô inmenso gentîo al lugar del suceso. En
él figuraba el argentine, que al punto renociô en el chiripâ del
Cristo el que habîa dado al pobre. Contô el suceso; hiciéronse
pesquisas para buscar al pobre, pero no encontrândole, todos
cayeron en la cuenta que se habîa operado un milagro.
Chirlo. Lapo 6 cacheté. — Te daré un chirlo si no te callas —
se oye decir a las madrés portenas a sus hijos.
Chirola. El tomîn chileno y boliviano. Interjecciôn équiva-
lente a : quia ! oiga que tal !
Chischisco. Arrebatina. « A la marchanta. »
Chitar. Piar los polios y los pichones de aves.
Chivar. Fornicar.
Chivato. Aprendiz de albanil. Ayudante de carretero en las
minas.
Chivè. Harinadeyuca entreverada con harina de maîz, ô sola
mezclada con agua dulce y dejândola hinchar un poco. Es una
bebida, 6 como quiera llamârsela, muy usual en Mojos y el Bra-
sil.
Choco. Falderillo de lanas. Color rojo oscuro. Caballo choco :
alazân. Sombrero de copa 6 cilîndro.
Choclo. Espiga tierna de maîz muy estimada en toda Ame-
rica para la confecciôn de platos nacionales.
Choclôn. Cauchôn plantado de maîz.
ChochI. Larva de langosta que asuela las chacras.
Chochoé. Pato macho.
Chofa. Gafas de color.
CHOiauÈN. Voz auca. El handû 6 avestruz.
Cholo. Mestizo de t spanol é india. El plebeyo de las poblacio-
nesdonde ambas razas se fiisionaron. Porque se da el caso que
en Buenos Aires no hay cholos y sî los hay en Tucumân, por
ejemplo. Esto porque las razas autôctonas del Rîo de la Plata
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 345
(jjuerandies y charrùas) a fuer de guerreras, prefirieron desapare-
cer ô emigrar antes que capitulât, niientras que otras mas pacî-
ficas (quichuas, guaranîes, etc.) doblaron la ccrviz y se amalga-
maron con los conquistadores.
Chonono. Rizos sobre la frente. Aulos en la Argentina.
Chonta (^Astrocarinm chonta. Martius). Una de las palmeras
que mas resaltan por su gallardîa y corpulencia. Abundantîsima
en el Oriente, cuyos indios hacen sus arcos con la madera densa
y elâsiica de esta palmera.
Chopochôro. Longirostro que hace su nido en las espinas del
aromo 6 del chichapî, siendo notable por su canto acompasado
como el son del bailede « macheteros » que usan en Mojos.
Choquihue. Voz mojena con la que se désigna al brujo 6
hechicero, personaje principal de la tribu.
Chorizo. Pasta de barro y paja para embarrar ranchos.
Choro. Almeja del Pacîfico, muy suculenta.
Choronazo. Papirote. Sacudida que con el indice apoyado
contra el pulgar se da en la oreja de otro.
Chororô. Especie de perdiz de gran tamano que canta de
noche como el gallo a horas determinadas dando très silbidos
agudos y por très veces repetidos.
Chorrera. Cortejo ; séquito de cosas animales 6 inanimadas.
Chorro. Cada uno de los ramales de lâtigos y azoteras.
Chota. La nina chuquisaquena que va de corto, pues que ya
empieza a presumir. Equivale pues a nuestra « polla ».
Chûcaro. Redomôn ; caballeria récalcitrante. Animal indômito
ô apenas domesticado. Indios y gauchos montan admirablemente
los caballos chùcaros de la Pampa ô del Chaco, bien asî como
los cow'boys los « mustangs » y « bronchos » del Far- West,
Chucha. La concha de la mujer.
Chucho. Diminutivo de Agustin. — « Viejo chucho», machu-
cho. Voz quichua: calentura con escalofrîos. El chucho no es
otra cosa que la malaria de Italia y las fiebres palùdicas de otros
paises, sin tratar de determinar si el agente que obra sobre el
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34^ CIRO BAYO
organismo que détermina la fiebre es un principio gaseoso 6
miasmâtico, como antes se creîa 6 un microorganismo como hoy
se acepta.
Chuchuca. Mazorca de maîz tierno, cocida y puesta â secar
al sol 6 en un horno.
Chueco. Estevado, patizanibo.
Chugchoca. Instrumente de labranza rematado en pala y
pica.
Chulco. Voz quichua, sulko : menor. El hijo liltimo, el Ben-
jamin de la familia. Es voz muy extendida en Bolivia.
Chulo. Gallinâcea 6 aura tinosa.
Chulpa. Véase Huaca.
Chulupaco. Chulupe 6 cucaracha grande.
Chulupe. Cucaracha (jColeôptero silphates, Latreille).
Chumacera. El eje sobre el que gira una balanza de cualquier
orden ; asî el tolete de Iqs remos, el eje del cubo, etc. Esta pala-
bra no es ningiin americanismo, pero la verdad es, que de cien
peninsulares, noventa y nueve no saben lo que significa; mien-
tras que se oye i diario en boca del criollo mas înfimo.
Chumba. Sulfuro de cinc.
Chumbar. Enviar una perdigonada.
Chumbeado. De poca monta. « Boliche chumbeado », ten-
ducho.
Chumbo. Voz portuguesa. Municiôn de perdigones.
Chumuco. Pato zumbillidor. Becasina.
Chuncaco. Esi>ecie de sanguijuela de los banados.Voz qui-
chua.
Chunco. Expresion carinosa muy usada por los espanoles de
los departamentos quichuas de Bolivia, entre amantes y perso-
nas que se quieren entranablemente : « mi amado, mi querido. »
Chunchos. Indios llamados hoy mosetenes 6 madalenos, de la
misiôn de Covendo (La Paz). En aimarâ : salvaje, por lo que
se complacen los peruanos de la costa en llamar asî â los boli-
vianos.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 347
Chuîîa. Gallindcea que se domestica para defender las aves de
corral.
Ghunista. El nino que (por hacer chunos al sol) falta â la
escuela. Sinônimo de embroUôn en Santa Cniz.
Chuno. Voz aimara : « hielo » (^Amylum) ; papa que cuando
madura se pone à helar y sirve para el chàiro paceno 6 chupe
nacional.
Chupalla. Bolsay tabaquera hecha del bûche bien sobado del
avestruz.
Chupe. Plato nacional . Sopa boliviana hecha de papas coci-
das en agua, 6 en lèche cuando pican gordo, y espigas de maîz
tierno (choclos), aji, oca y chuho, anadiendo â todo esto tajadas
mas ô menos suculentas. Cuando este guiso se hace sencilla-
mentecon chuhoà papa helada, tst\ chàiro.
Chuquisa. Prostituta 6 ramera. Es provincialismo de Chile.
Churcar. Remar con fuerza ; que ronquen los remos.
Churla. Saco de cuero 6 tambor en que se envuelvela corteza
de la quina.
Churo. Lindo, valiente ; doble significaciôn por aquello de
que aquî como en todas partes :
Siempre brilla hermosa
la faz del vencedor. .
CHiiRQUi. Espino silvestre muy abundante en los caminos fra-
gosos de la Cordillera, como en el trayecto de Jujuy â Tupiza.
Segûn la latitud, crece alto con grueso tronco. Da una frutilla
llamada cholôn<\\xQ sirve de alimento à cabras y burros, compa-
neros, en union de las Hamas, del indio solitario de la Puna.
Churuno. Calabaza redonda con un agujero que sirve para
Uevar agua. Ûsase también en el Oriente colgarlo de algun ârbol
porque el viento al colarsepor la abertura del c/;«r«m7 produce un
ruido semejante al del cuerno, sirviendo de senal para llamar â
los extraviados en el monte. — Bolacha de goma, por analogia
de formas. Véase Bolacha.
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34^ CIRO BAYO
Churrasco ô charrusco. Pedazo de carne sin sal, tirado sobre
brasas fuertes y que se arrebata exteriormente quedando lleno el
centro de un jugo sabroso y nutritive. Cômese caliente, quitân-
dole la ceniza muy por encima y echândole salmuera. Es plato
nacional sur-americano (como el asado con cuero) y eso de 11a-
marse churrasco es muy apropiado al agradable chirrido de la
carne al asarse sobre las brasas.
Churrinche. Cardenal en otrns partes, a causa del copete rojo
queostenta el pâjaro. Su cuerpo es de color plomizo negro y no
mayor que el jilguero. Hace su nido valiéndose de las telillas
con que los insectos tejen en acacias y drboles espinosos. Su
vuelo es râpido y recto como el de la alondra. En el campo de
Buenos Aires hay la supersticiôn que no bebe agua, pero dista
mucho de ser asî, porque he visto muchos de esos pâjaros en las
colchas del Itunama, en Mojos.
Churrucar. Morirse, en jerga crucena.
Chusgo (Gallo). Ordinario, vulgar.
Chuso. Voz quichua, cosa pequena. La persona de ojos peque-
nos 6 que mira a cegarritas.
Chuspa. Voz quichua, boisa. La tabaquera y la boisa de lana
de vicuna en que el indio de la altiplanicie lleva su provision de
coca.
Chûspi. Voz quichua, mosca. Nombre de un baile de indios
y cholos bolivianos que se ejecuta en el entierro de los ninos.
Uno 6 dos hombres, segiin el tamano del ataùd, Uevan la caja
con la mesa sobre la cabeza, siguiendo la comitiva de hombres y
mujeres, aquellos de dos en dos, estas después, en formaciôn
igual y con ramos de flores. De cuaiido en cuando se hacc una
parada; pausa que se aprovecha para apurar sendos mates de
chicha, en tanto que los padres de la criatura y los compadres
bailan con sus deudos y amigos el chtispi al son de gueuas y cha-
rangos. Una nmjer con un palo simula que va a maiar una mos-
ca en el pie del hombre y en esta pantomima va cantando^ mai-
tac chai chuspi ? (^jdônde esta el moscôn?) Como es natural, el
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 349
hombre salta y brinca que se las pela, para esquivar los golpes,
algunos de ciego, que asesta la bailadora.
Chuta. El indio aimarâ de La Paz y el calzôn de bayeta que
el mismo usa a nianera de zaragûelles.
Chuto. Rabôn. Romo y pequeno.
ChuturubI (color). Color de la miel del peto chuturuH, Véase
Peto.
Chuy. Baliza ô semilla redonda y lustrosa de la Achira 6
balicero (familia amonea) que sirve â los ninos crucenos para
jugar âlas balas.
D
Damajuana 6 damezana. Voz andaluza.
Mas quiero una damajuana
que no una dama Juanita,
porque con la damajuana
todo pesar se me quita.
En efecto, la damajuana es un garrafôn para vino y licores.
Damasco. El albaricoque. También se dice en Andalucîa, y si se
citan damasco y daviajiiana, es porque la generalidad de los
criollos no dicen nunca albaricoque ni g.irrafa.
Dano (El). Fascinamiento, mal de ojo 6 jettatura. El dano
argentino como el fascino napolitano y el hualicho ô gualicho
pampeano no son sino expresiones distintas de un temor vago
à lo desconocido. Generalmente tiene por causa el histerismo,
la epilepsia, y siempre la ignorancia. Véase Gualicho.
Darse CORTE. Darse tono. « Agapito, date corte »; purocorte,
etc., son expresiones que se oycn a diario enLaPlata.
De arriba. De balde. « Vivir de arriba », vivir del mand.
Debocar. Vomitar ô dar arcadas.
Demasiado. Empléase en Bolivia en el sentido de muy ô
mucho, de cuya construcciôn resultan frases disparatadas, como
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350 CIRO BAYO
esta : Fulano es deinasiado sabio ; la quiero detnasiàdo; soy dema-
siado honrado, etc.
Derrama. Suscriciôn a prorrata en especies, que los corregi-
dores sacan a las comunidades indîgenas de Bolivia para recep-
ciôn y agasajo de las autoridades que van de transite. Muy pro-
piamente llâtnase derramay pues es una gabela que se derrama
por todo el itinerario del personaje viajero.
Descachazar. Quitar la parte inipura del guarapo ya cocido.
Desecho. Atajo, sendero. En Ercilla se encuentra la misma
vozcon igual significado, pero en género femenino. « No tiene
aquel camino otrz desecha » (citado por Cuervo).
Descuajaringado. « Desguanangado » ; descoyuntado.
Desguanangar. Deshacer, desencuadernar, desbaratar, etc.
Desierto ô Travesia. Gran extension de pampa en las provin-
cias de San Juan y la Rioja, de vegetaciôn raquîtica y rastrera ;
ora sin un solo ârbol que interrumpa la aridez del terreno, ora
poblado de matorrales de chanares que mas adelante se con-
vierten en bosques de caldenes y otros drboles entre los que des-
cuella el « quebracho blanco » parecido al sauce llorôn que con
sus ramas mustias y cabizbajas parece condolerse de la aridez de
esos lugares. Algunas otras plantas hay como la tola, el chûrqui,
siendo un hecho muy significativo que todas dan espinas en
lugar de hojas, como un signo de ingraiitud de aquellos eriales.
Los ùnicos vivientes que turban el silencio de esas regiones
son los « guanacos » que corren en bandadas, y uno que otro
« jote » 6 cuervo que se ceba en la osamenta de una mula ren-
dida al cansancio, 6 en la de un guanaco. Véase Zonda.
Desocar. Despearse los animales de pezuna.
Despacio. Como observa Bello, suelen los hispano-america-
nos confundir viciosamente despaci^ adverbio de liempo, con
paso, quedoy adverbio de modo. En tal guisa, dicen muchos :
M habla despacio », por : habla en voz baja.
Despearse un animal, es en America como en Espana infla-
mdrsele a un animal los vasos por lo pedregoso del camino. Asiel
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 35 I
ganado lanar que de las provincias argentinas del norte se trans-
porta a Chile a través de la Cordillera, à pesar de que no anda
mas de 4 léguas diarias, es el mis dificil de conducir, no solo
porque se cansa fdcilmente sino tainbién porque se despea. A los
bueyes se les préserva un tanto de ese accidente herràndoles las
manos 6 poniéndoles cabargas.
Despepitado. Fruta en compota a la que se le ha quitado el
hueso 6 carozo.
Desperciadir. Tiene también en estos paises el significado de
avispar a una persona; quitarle el polvo delà dehesa.
Despostar. Hacer partijas de un animal desollado, cortàndole
por las coyunturas. Es neologismo muy aceptable, supuesto que
la Academia admite « posta » en el significado de tajada, pedazo
de carne, pescado ù otra cosa.
Desrielamiento. Descarrilamiento, y desrielar el verbo, muy
natural, pero innecesario.
Diamela. Flor de blanco-lechoso, de suave y pénétrante olor
à jazmin. La diamela significa amor en el lenguaje de la flora
americana, y en tal sentido le cantan, alaban y manosean los
« sinsontes » de las mârgenes del Plata.
DiCHOSA (La). Escupidera 6 vaso de noche.
DiMiNUTivos. Hasta la mds minima expresiôn llevan los sur-
americanos la disminuciôn de los nombres substantivos. Aunque
ello se presia al capricho de cada cual, las terminaciones mas
generalizadas son en ito é itito, como : dulcito, dulcecito. En
Santa Cruz usan la terminaciôn ingOy asi, de solo, solingo, — « Yo
solingo trabajo mi chaco. » — « Pandingo esta el rio » (porpandoô
llano y bajo) ; y acutingOy chiquitingo, blandingo, etc.
DistingOendo. Los chilenos que con el argeniino Sarmiento
à la cabeza, tienen el privilegio de haber disparatado en gramd-
tica mis que ningiin otro pueblo de origen hispano, tienen y
han aclimatado en estas repùblicas un séptimo género gramati-
cal, denominado distinguertdo, calificativo que ni castellano es.
Distingùendo (del género) son aquellos nombres que teniendo
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352 CIRO BAYO
dos signifîcados, se usan unas veces como masculines y otras
como femeninos, segiin sea el significado en que se emplean,
como : capital, consonante. En suma, los vocablos homônimos.
DoRADiLLA ÇPilea niycrophild). Ubriceas. Planta que crece desde
las Antillashasta el Brasil. Los ingleses lallaman« artillery plant »
6 planta artillera, porque tan luego como el agua toca los cuatro
sépalos coloridos del caliz, dispuestos en cmz, éstos se abren
en forma de esirellas, y las anteras se rompen lanzando al aire
la abundancia de granos de polen fecundante que cada uno
encierra. Llàmase Doradilla, porque d proporciôn que crece se
muestrade color de oro d los rayosdel sol. Crece sobre los teja-
dos, en los lugares hùmedos y hoy se cultiva en los jardines.
DoRMiDA. Alcoba 6 dormitorio.
Drac. El grog britànico. Beberaje fresco que hasta los gauchos
piden, hecho de aguardiente, agua y aziicar.
Drosera {Drosera rotundï). Longifolias. Planta carnivora cuyas
hojas estân bordeadas de tentdculos muy finos provistos de un
liquido Colorado y viscoso. Cuando un insecio se posa en una
hoja, los tentdculos se contraen y apresan al insecto, asimildndo-
selo la planta para su nutriciôn. La drosera es beneficiosa para la
tos ferina.
DuRAZNO. Melocotôn, como en Andalucia. Hay en estos pai-
ses americanos duraznos blancos, amarillos, bayos, abridores ô
priscos y pelones. Aunque de variado sabor, son sin excepciôn
dulcîsimos y fragantes. Los duraznos silvestres del delta del
Paranâ son los preferidos en Buenos Aires. Son tan abundantes
que de ellos se extrae el « aguardiente de durazno » en alambi-
ques establecidos en el mismo Delta. Con el hueso 6 carozo
haciéndolo infundir en aguardiente, se prépara uno de los mejo-
res licores, conocido con el nombre de « agua de Noyô ». La
madera del ârbol, la ùnica madera que con la del ombû se que-
maba en otro tiempo en las cocinas de Buenos Aires, continua
empleândose en el campo como postes de corral. Con la infu-
sion de los pétalos se hace el jarabe de durazno purgativo y ver-
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 353
miftigo. « El complexe de tantas cualidades, asî utiles como
agradables », concluye diciendo el educacionista Sastre, « hace
del durazno un don precioso de la naturaleza en la provincia
de Buenos Aires, que todo el mundo ha apreciado debidamente ».
Por todas partes, en los establecimientos de campo, sea estancia,
chacra ô quinta, se ven montes de durazno.
DuRAZNiLLO. Arbusto de lugares hùmedos y lagunas, indicio
seguro de agua d pocas varas de profundidad del sitio donde se
halla.
Ebéje. Aventador de hoja de palma. Baquetà en Mojos.
EcHOR (Burro). Garanôn ô semental.
Eldorado. Région encantada que los aventureros espanoles del
siglo XVI la situaban en la actual Guayana holandesa.
Embarbascar. Véase Barbasco.
Embarcaciones. Las que se usan en la navegaciôn de los nos
de Bolivia (Mojos y Béni), son de casco piano, dândoles la forma
de botes. Se clasifican, segùn su tamano, en monterky que carga
hasta 38 quintales;^fln/ffl, hasta 75 y Batelones hasta 200 y mds.
Una monterie tiene de seis d ocho varas de largo, y de dos d très
de ancho. La garitea de ocho y once por dos y très de ancho. El
batelôn de once y catorce por très y cuatro. El casco se labra del
tronco carcomido de una mara ô caobo, que se va abriendo d
fuego lento colocdndolo d très cuartas ô una vara sobre el suelo.
De este modo, cuando el fuego es vivo y bien dirigido, d las dos
horas el palo esta completamente blando, pudiéndosele dar la
forma conveniente. Después se acaba de labrar procurando que el
ângulo de proa sea lo mas agudo posible para que corte bien el
agua, y que la popa y proa sean bien levantadas para que la
embarcaciôn no peligre en las fuertes olas que se levantan en los
rîos. El calado de estas embarcaciones nunca excède de una vara
a cinco cuartas. Las tablas se trabajan con hacha y azuela, de
modo que de un tronco cualquiera solo se sacan dos tablas.
RiWÊê httfqnique. xiv. ij
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354 ^^^^ SAYO
Consta pues, una embarcaciôn, ya sea monterie, garitea 6 bate-
lôn, del casco, tablas, dos rodelas de proa y popa, codos 6 barro-
tes que Ueva de trecho en trecho para darle mâs solidez, y quilla
y timôn. La tripulaciôn ordinaria es desde cinco hasta quince
hombres. Uno maneja el timôn y los demis reman. El remo no
excède de vara y média de largo. Se rema sin punto de apoyo y,
como se dice, à pulso, al contrario del remo de boga ; primero
porque como se va siempre aguas arriba buscando la menor
corriente posible, chocaria el remo en las orillas, barrancas ô
troncos ; después, porque el modo de colocar la carga no déjà
espacio suficiente à los tripulan tes para usar los remosde boga. Los
tripulantes se colocan pareados en los costados de la embarca-
ciôn, y para punUros se colocan los mâs diestros. Estos punteros
van delante y tienen por obligaciôn vigilar cuando hay troncos
ù otra clase de obstaculos que no ve el timonel ; ajrudar â este
en el manejo de la embarcaciôn cuando alguna corriente impre-
vista, el choque contra algùn tronco flotante, etc., ladea y hace
varar la embarcaciôn; gancheafy es decir echar un palo largo
con su gancho â los troncos de las orillas y tirar de él cuando
alguna corriente no puede ser vencida d remo. Véase Balsa,
Chalana, Challapo.
Embramar. Enroscar la espla de una embarcaciôn fluvial â un
palo ù ârbol de las mârgenes.
Embromar. Fastidiar, servir de enojo. « \ Déjese de embro-
mar ! » dice una muchada â un galdn, d primeras de cambio.
Empacarse. Hacerse reacia, récalcitrante una caballeria. « La
suerte se empacô » = quedô plantada.
Empajarse. Hartarse, atorarse,
Empampanarse. Desorientarse, perder el rumbo. Bonita meta-
fora digna de generalizarse en todos los idiomas, por lo expresiva,
adecuada y significativa, como marearse, empantanarse, etc.
Empanizado. Véase Chancaca.
Empozar. Depositar en jerga covachuelista ô burocrdtica. Asi :
« Esta suma queda empo:^ada en la fecha en el Tesoro pùblico, segùn
recibo. . . » etc. Redacciôn disparatada en todos conceptos.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 355
Empunar. Dar punetazos; meter à uno adentro el puno.
Encorajado. Encolerizado.
Enfaginar. Reclutar, ganar prosélitos d una causa.
Engana-pichanga. Mercachifle que sonsaca la plata con sonse-
ras de très al cuarto.
Engorde. Para engordar los animales en las estancias que lie-
nen potreros, se empieza por hacerlos consumir el pasto de los
potreros mds inferiores, y a medida que engordan, se pasan à otros
de mejor pasto. Se llama carnudo el animal que esta listo para
engordar, pero que aun no esta en estado de venta. De carne
blanca el animal que empieza à engordar ; puede decirse que es
cuando pinta el engorde ; ya se puede matar en saladero. De
buena carne es cuando el engorde esta mas adelantado ; y àt carne
gorda cuando el animal ha desarrollado una gordura superior,
que también se llama pella, Todos los animales gordos de un
establecimiento se reunen en una tropa que se lleva i los merca-
dos ô i los saladeros, léguas y léguas, por los troperos,
La carne de novillo se clasifica en los mataderos en : lomo,
asado de tira, nalga y bifes de chorizo, falda, pechos, agujas y cola,
petas, cabeza y achuras. Los precios siguen en la proporciôn des-
cendente de esta clasificaciôn.
Enjalme. Enjalma. La carona de lujo que ponen al toro y que
hay que quitdrsele en uno de los lances de la corrida, équivalente
al quite de la mona.
Enlatar y empajar. Cubrir el armazôn del techo del rancho
con latas y después con paja, à al contrario.
Enlazar. Aprisionar la res por la cabeza con el lazo corredizo
que va al extremo de una larga cuerda trenzada, sujeta por el otro
extremo al lado izquierdo de la montura cuando se va i caballo,
y sino por la mano izquierda. Con la mano derecha se le imprime
fuerza centrifuga como el remolino de una honda, arrojando el
rollo à larga distancia, precisamente en torno de la cabeza del
animal. Es operacion que requière prictica y habilidad. Véase
Lazo.
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3S6 CIRO BAYO
Enojado, por enfodado, que no se oye decir nunca entre los
criollos.
ENsiRiRi. Vivir enfermo de continue. Sufrir de una enfermedad
crônica. Se dice en el oriente de Bolivia.
Ensoquilla y ensoquillar. Ensogar y encerrar ; aprisionar.
Entredicho. Toque de somatén ô generala. Toque continuado
de campanas en caso de incendio 6 alarma.
Envenado. Façon 6 cuchillo con venas, ô que siquiera esta
reforzado con niervos 6 venas de animal.
Era. Tinaja ô cantara donde fermenta la chicha.
Erebo. Véase Herepo.
ERauE. En quichua, trompeta. Zampona pastoril de los indios
quichuas.
EscANO. Banco ô poyo de los paseos.
Esclavatura. Voz portuguesa casi ùnicamente usada en estos
paises en lugar de la propia espanola : esclavitud.
EscoBiLLAR. Zapatear en un baile.
EscoLiNO. Escolar, colegial.
EscoRiAL. Riscal ô monte cortado d tajo.
EsGARRAR. Gargajear, y esgarradera la escupidera.
EsLiLLA. La clavicula. Islilla la llama Cervantes en el cap. 2**
del « Curioso impertinente ».
EsPANOLAS (Las). Las patillas. « Barba espanola » cuando se
peinan patillas y bigote, pero no perilla; es decir â lo Gimpo-
amor, ô como los portugueses dicen, â lo « suizo-espanola ». Barba
asesina, al bigote y barba sin patillas, usada generalmente por los
argentinos tradicionalistas, desde que Rosas prohibiô la barba
cerrada porque esta formaba la letra U, inicial de salvaje uni-
tario.
EsPANOLES. Se llaman en censos y partidas bautismales los
criollos con don. Los demâs, la plebcy son mestizos, zambos,
indigenas ô negros. « Blanco como un espanol », es dicho que
he apuntado en Tucumin.
EsPESADO. Lâhua, en el interior de Bolivia. Géfio en el Rio de
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOUVIANOS 357
la Plata. Especie de gâchas de Castilla : agua hirviendo en la que
se echa harina de trigo ô de maiz, aji, papas y algun pedacito de
carne. Véase Lâhua.
EsposA (La). El anillo episcopal.
EspuNDiA. « Pian amerîcano 6 frambuesia » de la especie del
« granode Alepo ». Bubas en el Brasil en donde ftié importado
por los esclaves africanos.
Ûlcera fatal de las regiones calidas que se inocula por la pica-
dura de insectos que anteriormente picaron en individuos ata-
cados de esta enfermedad ; por la lèche de la nodriza, etc., es
decir por toda clase de coniagio. La enfermedad se présenta
primero en forma de bubas secas, como cabezas de alfiler, un
tanto blandas, luego en bubas hùmedas ô ulcéras abultadas, rojas
y extendidas, rezumando un liquido mucoso; después como
clavos bubdticos ô abultamientos acompanados de cuando en
cuando por Uagas, lo mismo en la cara que en los pies ô en
cualquiera parte donde los microbios hallan materia dispuesta
para la incubaciôn.
La espundia se contrae d poco cuidado que se tenga con una
Uaga ô rascadura fuerte ; ô bien no secândose bien los pies des-
pués de haber vadeado curiches y lagunas, por lo que se reco-
mienda en estecaso friccionarlos bien con aguardiente ô ron. Los
indios del Béni emplean para la cauterizaciôn de las primeras Ua-
gas de espundia, la arena caldeada, remedio doloroso pero herôico
y eficaz, pues con él se logra cambiar la ûlcera en quemadura de
fâcil remedio. Es de notar que el caballo es el animal mds pro-
penso i enfermar de espundia. A la misma ô parecida enferme-
dad llaman en Cuba « mazamorra ».
EspuRRiR. Regar aventando.
EsauiNA. Ventorrillo, pulperia 6 almacén rural. Tienda de
ultramarinos situàda, por lo regular, en la esquina de la cuadra,
EsTANCiA. Establecimiento rural comparable d los latifundios
lomanos, destinado principal mente d la cria de hacienda ô ga-
nado.
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3S8 CIRO BAYO
EsTANCiERO. Dueno de estancia.
Estante. Pilar de madera, generalmente de tajibo, para sus-
tentât el trapiche.
EsTAauEAR. Estirar el cuero de una res desollada clavândola
con estacas ô palitos hincados en el suelo d favor de la maceta ù
otro instrumente. — Tormento que como el de atirantar se usa
en algunos corregimientos y consiste ensuspender atado a cuatro
estacas el cuerpo del atormentado.
Estera (De 6 en). Osase después de verbo activo, asi : llevo la
gente en estera^ quedô de estera. Gente enferma 6 cansada ; incapaz
de dejar la horizontal.
EsTERAR. Cubriren cierta extension. V. gr : Estaba el campo este-
radito de frutas, de muertos, etc.
EsTERO. No es lo que dicen los Diccionarios. El estero america-
no es una laguna accidentai formada por los rebalses de un rîo ô
por las Uuvias, y que Uega à secarse. Véase Banado.
EsTORAQUE brasileno. Género Styrax. Arbol del que se extrae
un bâlsamo anâlogo al estoraque oficinal africano. Sirve para em-
plastos y ùsase también como incienso en las iglesias rurales ô
misioneras del Oriente boliviano.
EsTRADA. Trecho 6 avenida de ciento cincuenta modéras 6 ârbo-
les gomeros que se confian â un picador 6 seringuero. Estas
estradas varian de extension superficial segùn como estén agrupa-
dos los ârboles. Asî : estrada de surcoy cuando los gomales forman
avenidas casi rectas; de manchay cuando estân dispuestosen semi-
circulo 6 circulo entero ; de manga, cuando la lînea de los ârboles
signe una marcha caprichosa; y serpentina, como la de una co-
rriente deagua.
EsTRELLÔN. Tropezôn ; choque (muy bien dicho).
EsTREMENO. Extremado.
EsTRiBiTOS. Remilgos, carantonas. El nino hace estribitos : hace
pue héros, lloriquea.
EsTRiBOS. Los del gaucho son de madera, ô de hueso, astas ô
suela, redondos ù ovalados con un eje horizontal de manera que
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PROyiNCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 359
quepan estrictamente las puntas de los dedos, como ordenan las
reglas de equitaciôn.
EsTRiBOs DE BRASERO. Son de plata, monumentales, parecidos
a un braserito en la parte donde descansa la planta del pie. Estribo
de monte : con una suela triangular que cubre por delante la
armazôn del estribo para resguardar el pie de las espinas del
monte.
Para el estribo à del estribo, La copa, el mate 6 la invitaciôn
final que se hace al viajero que esta â caballo 6 con el pie en el
estribo.
EsTRiLAR. Rabiar, enojarse.
EsTRiLO. Rabieta.
EsTRUENDO. Cohete tronador.
Façon. El cuchillo del gaucho portefîo; el que pudiera llamarse
su sexto dedo, pues con él corta pan, carnea la res, limpia el
caballo, pulimenta las tiras de cuero con que hace sus guasquitaSy
y se defiende de sus enemigos. Llévanlo envainado en cuero 6 en
plata segùn el rumbo de cada cual y se lo cinen â la usanza mari-
nera, es decir al rinôn izquierdo.
El puiial es arma mâsfina que el façon. Suele ser de rico métal
y de élégante empunadura, generalmente en forma de pomo 6
en (ese doblada) : de ahi la expresiôn « sumir elpuhal hasta la ese »,
que corresponde â la nuestra : hasta las cachas 6 hasta los gavi-
lanes.
Pelar el façon es servirse de él ; y â fe que el gaucho es tan dies-
tro en la esgrima de esta arma como nuestros gitanos andaluces.
No es raro ver en pulperias, rinas de gallos, velorios, carreras de
caballos, juegos de taba y demâs diversiones en que se reune la
gauchada, no es raro ver dos rivales que se acometen cuchillo en
mano y el poncho arrollado al brazo izquierdo â guisa de escudo.
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360 CIRO BAYO
Los facones varian de tamano y algunos dan quînce y raya à
las famosas navajas de Albacete.
Falaciano (Papel). Papel chupôn y papel deestraza.
Falca. Alambique pequeno y muy manuable.
Falucho. Pendiente ô arracada de oro en forma de trébol, con
très perlas.
Falla. Falta (arcaismo en hora buena redivivo en America).
Faranguear. Esquivar el cuerpo, dar un esguince.
Fardado (Bien 6 mal). Bien 6 mal trajeado, vestido.
Farina. La raiz de la yuca (véase Yuca) contiene un jugo
venenoso de principio deletéreo, muy volatil, que desaparece por
medio de la torrefacciôn. Esta raiz reducida â polvo se Uama
harina de yuca, harina de mandioca bfarinha en brasileno, uno de
los alimentos mâs nutritivos del oriente por la mezcla de almi-
dôn, défibra végétal y de materia extractiva que contiene.
Farol. Gabinete en Bogota. Mirador 6 balcon saliente con caja
de cristal.
Farra. Diversion. Farrear^ echar una cana al aire.
Farruto. Enclenque; de alfeiiique.
Fiebre. He aquî una palabra que con no ser nueva ni mucho
menos, conviene hacerla présente y adjuntarla en el « vade
mecum » de todo europeo y no europeo que viaja por los pai-
ses câlidos de la America del Sur. Como ahora la fiebre ama-
rilla, que no se conocia en la época de la conquista, fueron
antes las fiebres perniciosas el terrorde los primeros espanolesen
America hasta el hallazgo de la quina. Hay fiebre amarilla ô
vômito negro ; fiebres biliosas ô continuas (tifoidea, puerpéral,
de las viruelas, etc.) y fiebres intermitentes que después de decla-
rarse cesan y vuelven â manifestarse por veces, de tal modo que
las alternativas de reapariciôn y cesaciôn se efectùan en tiempos
regulares. En lenguaje vulgar los criollos distinguen muy mucho
entre fiebre y calentura. Esta ùltima es sinônima de cachondez 6
erotismo.
FiERO. Feo, que no es palabra usual entre los criollos. Acep-
ciôn que se ha olvidado en la Peninsula:
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 361
Y pues quien te trae al lado
es }jermo50 aunque sea fiero,
poderoso caballero
es don Dinero.
(Qpevedo.)
Engaharse fiero : malamente, de cabo a rabo.
FiESTAS ctviCAS. Las naciones americanas como paîses nuevos
son muy amantes y celosas de sus glorias patrias. En la Argen-
tina se celebran como fiestas patrias, el Vànticinco de Mayo (de
18 10) y el Nueve de Julio. En Bolivia : el 6 de Agosto, aniversa-
rio de Junin y de la constituciôn de laRepùblica; perocadadepar-
tamento célébra otras fechas mémorables : Chuquisaca el 25 de
Mayo ; La Paz el 1 6 de Julio ; Potosî el 10 de Noviembre ; Cocha-
bamba el 14 de Septiembre; Santa Cruz el 24 del mismo mes.
Fila india. La que los indios de lasselvas, andando de uno en
uno, forman en sus marchas y expediciones. Tâctica aconsejada
por la necesidad, pues de otra manera no se puede andar â través
de las ramas, lianas y arbustos que obstruyen el camino del
monte. Â vanguardia van los mocetones y jefes de la tribu que-
brando ramas, ô cortândolas si conocen el hierro, para dejar paso
libre à las familias. Véase Quebrado.
FiLiBUSTERO. Segùn unos, como Mauricio Saint-Aguet, que les
ha consagrado toda una epopeya, viene del inglés free^ franco, y
broteTy pillo. Segùn otros, como Sablier, dériva del flamenco wli-
bot àfliboty nombre con que se designaba un pequeno barco pro-
pio para excursiones pirdticas. Esta parece ser la etimologîa ver-
dadera, ya que los primeros filibusteros se establecieron en las
colonias holandesas, donde era corriente la palabra wliboL Poste-
riormente estos aventureros se dividieron en bucaneros (bouca-
niers)y ocupados en la caza de puercos y toros salvajes y en la
venta de los cueros boucanés \ en agricultores y filibusteros pro-
piamente dichos ô navegantes y hombres de acciôn.
FiLLiNGO 6 fichingo. Cuchillo pequeno.
FiNCA. Por antonomasia, el establecimiento rural destinado â
la explotaciôn agricola. Véase Estancia.
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362 CIRO BAYO
FiRULETE. Adorno, requilorio ; dibujos en cosa 6 persona.
Fiscal. Indio boliviano que por turno entra al servicio domés-
tico del cura.
FlauchIn. Flacucho (flacuchin 6 flautîn).
Flete. Caballo brioso, corridor. Flete chapeado es el caballo del
gaucho porteiîo con montura chapeada de plata.
Flor (De mi). Como mil flores ; excelente, muy bien. Asî :
Pingo demi flor (caballo soberbio) ; baila de mi flor : baila como una
peonza, etc. Es frase castiza espaiiola.
Floripondio (Jûatura arborescens), Arbolito (no arbusto como
escribe la Academia) de la flora americana, que da una tlor gamo-
pétala andrôgina, de varios colores, pero generalmente blanca.
Dicen en Bolivia que esta flor es « la enamorada de la luna », por-
que cuando este astro esta en su plenitud, aquélla exhala su mayor
fragancia. A la larga este olor es danino, pues exerce acciôn sobre
el sistema nervioso, como todas las plantas del género datura,
debido â la daturinCy alcaloïde cuyos efectos son los mismos que
la terrible « atropina », alcaloïde extraîdo de la belladona.
Fluminense (La ciudad). Rio Janeiro ; asî como fluminenses â
los naturales de esta capital.
FoGAjE. Bochorno.
FojAS (Ponerse â). Discutir, en términos curiales.
FoNDO. Método 6 procedimiento de beneficiar los negrillos 6
sulfuros de plata, inventado por Don Âlvaro Alonso Barba, cura
de San Bernardo de Porosî, que juntamente con el « método del
patio » practicaban los antiguos mineros de esa ciudad del Alto
Perù, hoy Bolivia. Ambos métodos, ademâs de tardîos, ocasiona-
ban gran pérdida de azogue y de plata, no precisamente porque
se perdiera casi una tercera parte en las relavas (véase Amalgama-
ciôn), sino porque no se conseguia extraerla de todos los mine-
raies. Asî y todo, fué un gran adelanto metaliirgico para la época
en que se produjo.
F0RAD0. Agujero.
F0RRAD0. Estafermo ; monigote de palo.
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 363
Francûcu. Casta de gallo rabôn que se desarrolla mucho, aun-
que résulta flojo para la pelea.
Frangollar. Disimular. También, hacer las cosas a la ligera.
Frangollo. Cocina pobre y ligera. Caldo de maiz.
Frangoyador. Domador de poco mérito, entre los gauchos
rîo-platenses.
Fregués. Voz portuguesa : feligrés 6 cliente. Individuo al que
el barraquero del Béni habilita para la pica de goma, dàndole
vîveres y arrenddndole estradaSy de cuyos gastos se cobra con la
goma que aquél le entrega. Hay fregués que trabaja solo y otros
que tienen mozos à su servicio. La diferencia, pues, entre el
fregués y el mozo 6 peôn, es que este trabaja por un salario y
aquél por contrata y por su cuenta.
Frontino. De cara blanca 6 alba frente: nombre del caballo
que tan caro le costô a Bradamante. — Todo animal con man-
chas blancas en la cara.
Fruta. El aprisco 6 abridor, por antonomasia.
Frutilla. La pesa.
Frutos. En la provincia de Buenos Aires se comprenden por
frutos del pais, los céréales y los residuos y productos de un ani-
mal (cueros, lanas, huesos, sebo, etc.). En los demâs paîses hay
frutos menores y mayores. Los primeros son las plantas alimen-
ticias que se usan para el consumo diario. Los segundos son el
café, .cacao, algodôn, anil, aziicary tabaco.
FuNDiDO. Hundido, tronado, enquiebra./ Me fumlieron! dicen
con mucha propiedad tahures, candidatos, pleitistas y demâs gente
criolla a la que saliô mal un asunto 6 negocio.
Quefundirse viene de hundirse y no defundir, lo pruebaeste
pasaje entre tantos otros : « El remedio de nuestros maies é las
fortalezas de nuestros mayores ya se fundieron » (Oliveros de
Casiîlla, cap. xv).
FustAn 6 centro. Enagua. Las cholas bolivianas del interior
usan poUeras cortas como las aldeanas de Sorîa, apuntandopor
debajo el fileté del fustân 6 centro, lo ùnico limpio que Uevan,
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364 CIRO BAYO
pues â excepciôn de la pollera superior, llevan â modo de guarda-
infante cuatro 6 cinco poUeras viejas y nauseabundas que les
sirve de cama y paiio de limpieza. Sin que esto quiera decir
que no haya cholas que dan el opio por lo pulcras y atildadas.
FuTRE. FuTRAQUE. Lechuguino del Plata.
Gabazo. Bagazo, la cana de azùcar exprimida.
GachupIn. En lenguaje mexicano, hombre que Ueva calzado
con punta 6 que pica, aludiendo d la espuela. Andando el
tiempo, este nombre indigena vino à darse â los espanoles en
toda la America, alternando con los de chapetôn, godo y
gallego.
Gajo. La barbilla 6 menton.
Galeones. Navîos que Uevaban d Espana los tesoros del Peni
y Sur-América. La flota hacîa el viaje de Mexico. Galeones y
flota se equipaban y montaban en Sevilla y Cadiz, linicas plazas
en las que los castellanos y los Fugger, arrendatarios de las
minas de Almadén por Carlos V, tenîan el privilegio de traficar
con las colonias. Por la ordenanza de 1765 se extendiô f 12
puertos de Espana la facultad de comerciar con estas ; y en 1774
se permitiô la libertad de comercio â las colonias entre si.
Galera. El sombrero de copa alta 6 chistera.
Galpôn. Cobertizo para preservarse de la intempérie, 6 alma-
cén para guardar céréales, cueros y ganado. Es voz antigua : « Y
los idolos estaban en aquel galpôn grande de la casa del sol »
(Licenciado Ond^ardo, Relaciôn segundd). — Ovejas de galpôn^
de medio galpôn : finas y semi-finas.
Gallego. Piropo que en estos paîses dan al espafiol peninsu-
lar. — Mesa gallega, el que en una mesa de juego hace limpia
6 desbanca i puntos y banquero sin dejarles blanca.
Gallera. Recinto para rina de gallos. Véase Gallo.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 365
Gallinazo. Vultùride que segùn las provincias se llama jote,
sucho, ciudadano, urubii, etc. :(^opilote en Mexico; chulo en
Peni ; aura tinosa en Cuba ; carranco en el Paraguay. En todas
partes es el agente de limpieza en campos y ciudades.
G ALLO. Los gallos han dado origen en America d una porciôn
de derivados.
Gallo policiuly el agente de orden pùblico. — Ser gallo, ser
avispadoy compétente para algo.
Gallito (El). Antifaz que termina en una especie de cresia de
gallo con un agujero por el que respiran los indios en los traba-
jos de amalgamaciôn de la plata. — GalUro, dueno de un gallo
de pelea. — Galleray canche 6 renidero de gallos.
Riha de gallos. Los gallos de pelea se preparan en lugares lim-
pios de yerba cuidando de que no los moje la lluvia y de que no
beban, pues asî como el maiz no les aumenta el peso, por el
momento, si el agua que beban. Tampoco se les permite juntarse
à las gallinas ; de suerte que van d la muerte adornados con
todas las virtudes del guerrero antiguo : la sobriedad y la pureza.
Antes de la lucha se pesan d razôn de libras y onzas, y asi se
dice : « Pesa el Colorado 3 y 7 onzas. » Esta operaciôn se hace
ante un jurado encargado de precisar las cifras, de concertar la
lucha y arreglar cualquîera dificultad d guisa de ârbitro compo-
nedor. Â veces no se pesan los gallos y se lidianpor cabeza y pata.
Equilibrados los sacos que contienei d los combatientes, anùn-
ciase la pelea, engudntase d éstos un par de afilados espolones, se les
lame las espuelas y la cabeza para cerciorarse que no llevan veneno
6 cierto unto que postre al contrario y se les arroja d la valla azu-
zândolos con palabras y ademanes. Préside el espéctaculo la auto-
ridad 6 el juez nombrado por los aficionados. Una rina de gallos
es un cuadro criollo rico de color, de vida y ... de emociones
cuàndo se apuestan cientos y miles de pesos por el gallo giro 6
por el quinacho, y luego resultan pataleando y vencidos.
Gambeta. Esquince 6 vuelta ràpida cuando se esquiva una
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366 CIRO BAYO
agarrada, como hace una persona 6 un animal a punto de ser
aprehendido. Ûsase también ^ambetear por hurtar.
Gangocho. Saco ô boisa hecha de « juto » ô cdnamo y que en
otras provincias llaman cotensio.
Carabin A. Futeza 6 garambaina.
Garabito. Otro nombre del « atorrante » ô bohemio del
Plata.
Garaipé. La corteza de un drbol del mismo nombre, que redu-
cida a cenizas se mezcla con el barro para converti rlo en tacupé
y procéder a la fabricaciôn de un ladrillo enlosado tan bueno
como el de Santa Ana de Mojos.
Garantir. Verbo defectivo de la tercera conjugaciôn del que
los americanos, singularmente los argentinos, derivan las formas
garantOy garanta, etc.
GaravatA. Chaguar (Bromelidcea). Especie de pita muy
estimada por ser de hoja textil. Varias especies y todas notables
por la vistosidad de la planta por sus varas rojas brotando del
centro y su hermosa flor blanca.
Garbear. Lloviznar. Véase GariJa.
Garifo. Palabra muy castellana, pero que pocos peninsulares
conocen y menos aùn emplean : vivo, listo.
Garitea. Chata toldada 6 sin toldo, del poste de una chalupa,
de 25 a 30 toneladas, que navega por los nos de la cuenca boli-
viana del Amazonas. Véase Embarcaciones.
Garnica. Guindilla 6 aji verde muy picante.
Garùa. Calabobos; chilche; chinchin en Cuba ; sirimiri en las
provincias vascongadas ; orbayo en Asturias.
Carrapata (Jxides ricinus. L.). Aracnido acarideo. Especie de
arador del tamano de una lenteja que vive en las hojas de los
ârboles y entierra la cabeza en la piel de personas y animales,
reforzàndose con los ganchos de que esiân provistas sus patas,
con tanta tenacidad que si se tarda en sacarlo, atraviesa la epi-
dermis originando un fuerte escozor y luego una Uaga de dura-
ciôn. Se las destruye con fricciones de infusion de tabaco, de
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 367
kerosen 6 de pomada mercurial. Las garrapatas pequenas Ud-
manse polvorines.
Garronuda. Palmera (Jriartea Orbignana. Martius). Llâmanla
vichiri en el Béni ; lemcuda en Chiquitos, y Vinte-pes los brasilenos d
causa de la estrana configuraciôn de sus raices, las cuales desde
la altura de très varas separanse unas de otras d medîda que se
aproximan al suelo y sostienen el tronco, liso y empinado, a
manera de tripode. Remata esta gallarda palmera un penacho
de pencas recortadas. Los pausernas de Chiquitos utilizan las
raîces espinosas â que antes se alude, para rayar la yuca.
Gâtas (Â). Casi, apenas. Ver, oir, librarse d gâtas : casi, casi
librarse, oir 6 ver.
Gatear. Hacerle los bajos d una bella. Cortejarla.
Gâtera. Del quichua cattOy mercado. Regatona, recovera 6 ver-
dulera de Sucre y Potosi.
Gato. Baile favorito de los gauchos portcnos. Es baile suelto
que requière mucha gracia y soliura. Escon w relaciôn », es decîr
que en cada compds, para la guitarra y la pareja envida copias
alusivas d la fiesta, d la concurrencia 6 d los afectos que mutua-
mente se tengan. Algunos j6venes aprovechan la « relaciôn »
para declararse â sus « morochas », quienes tienen un arsenal de
copias para contestar lo que convenga.
Gaucho. Nombre que segùn algunos dériva del irzhe chaouch :
pastor 6 conductor de rebanos que suena chàucho. En Andalucia
y Valencia, aiiade Ebelot, con la ligereza caracteristicade los turîs-
tas franceses, llaman chauchos d los pastores de grandes rebanos.
Gaucho, en definitiva, es el campesino de la Argentina. El gau-
cho porteno que ha vivido en întimo contacto con los indios,
aliândose con sus hijas y viviendo en sus tolderias, ha tomado
de ellos sus armas : el lazo y las bolas, y el clâsico chiripà. Su
cardcter ofrece una mezcla de bien y de mal, de vicios sin freno
y de cualidades meritorias. Es indolente, pendenciero, jugador,
borracho, cruel, orgulloso y temerario ; pero fiel hasta la muerte
d un amigo 6 patron de su agrado. Por un quitame alld estas
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568 CIRO BAYO
pajas> anda d cuchilladas, i lo que contribuye no poco el que
desde su in&ncia tine las manos en sangre de animales en las
matanzas 6 carneadas de hacienda, acostumbrdndose después sin
gran trabajo al color de la purpura humana. En las otras provin-
cias argentinas donde el campesino es fruto hibrido de la raza
indigena que doblô el cuello i la esclavitud, el gaucho aunque
de costumbres parecidas al del porteno, dista mucho de este, el
verdadero tipo de la « cavalleria rusticana » en estos paises. G>n
lo dicho se déjà entender que el moderno gaucho ya no es « el
eslabôn que une al hombre civilizado con el hombre salvaje,
sin ser ni lo uno ni lo otro », como lo define Magarinos Cer-
vantes.
Gavilanes. El casco del caballo consta de candado y gavilanes.
Son éstos la eminencia côrnea de en medio ; asi como el candado
la elipse donde se ajusta la herradura.
Gaviota de rIo. La del género sierna que se ve en los nos
del interior à muchas l^;uas de la costa. ni A las gaviota », tomar
las de Villadi^o.
Getapù. Cuna. Cualquier objeto que al pie de una silla 6
mesa 6 mueble, sirve para establecer el equilibrio.
El amor que me taladra
Decesita getapû ;
viviremos si te cuadra
cual bibosi y motacû.
(Copia cruccna.)
GiPURi. El nervio central de las hojas de palmera y de la
yuca.
GiRO (Gallo). Casta de color amarillo con alas grises, indicio
de valor y fortaleza i juicio de los aficionados i la galloma-
quia.
GisumI. Sobre un huevo pone la gallina, y aquél que se le déjà
en el nido para que siga poniendo, lo llaman gisumi en Santa
Cruz.
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 369
GoFio. Comida de los islenos de Canarias y también de estos
palses. Véase Esperado y Lahua.
GoLiLLA. Chalina que se pone el gaucho encima del poncho.
— Andar de golilla, « andar de florcita », de picaflor ; aludiendo
a que la golilla es uno de los trapitos de cristianar.
GoMA. Véase Siringa.
GoTERAS (Las). Los arrabales 6 afueras de la poblaciôn.
Granza (Una). Un poco, una menudencia.
Grato, a. Agradecido, obligado. « Leestoy a V. grato por tal
cosa. » Es la formula corriente.
GuÀ. Interjecciôn de asombro muy usual entre los crioUosde
los departamentos quichuas. Va siempre sola, d diferencia del
1 g^^y ' citado por Bello ; ni tampoco sirve para significar una
sorpresa irrisoria, à lo menos en Bolivia donde la he oido
emplear en casos muy di versos. Equivalente d j gud ! es el jâu de
los indios del Oriente.
GuABA. Véase Paca y.
GuACANQUi. Epiteto familiar con que se désigna por la indiada
de La Paz d la moneda de plata de un boliviano. — Subidas y
bajadas en las cuestas de algunas lomas, en donde el camino
suele ser muy enjabonado â causa de estar cubierto de una
arcilla colorada 6 amarilla, blanda y resbaladiza como jabôn.
Guacanqui quiere decir : llorards (en quichua) y de veras que
estos guacanquis estân para hacer llorar de rabia d los viajeros.
GuacurO (Statice Brasiliensis). Plombagineas. Végétal de ralz
rica en tanino ; tônica y astringente. — Ave nocturna de los bos-
ques del Oriente, de canto parecido al del cuclillo.
GuacurOes. Indios que ocupan los terrenos bajos del Pilco-
mayo inmediatos al rio Paraguay. Aunque en estado de barba-
rie, mantienen algùn comercio con los blancos.
GuACHERPO. Animal de mucha barriga.
GuACHACHEAR. De guochàchi : empujar, en quichua. Dar
empujones.
GuACHO. Persona y animal expôsito. Guancho en Colombia.
Rtwu hispanique. xiT. 24
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370 CIRO BAYO
La « oveja guacha » ô la « ternera guacha » suelen ser el patri-
monio de los hijos del estanciero que las cuidan y regalan. —
« Huevo guacho », el que no incuba la hembra. Es voz tan
generalizada entre los campesinos americanos que apenas si
entenderdn la voz « expôsito ».
GuAGUA. Infante, nino. Voz quichua.
GuAico. Voz quichua, muladar. Quebrada ù hondonada en
las goteras de la poblaciôn, destinada generalmente para depôsito
de la basura.
GuAiNO. Voz quichua, de huanin, muerto. Triste 6 yaravi,
Canciôn popular boliviana, como el hambuco de Antioquia y la
vidalita de Santiago del Estero.
Esta melodiosa y tiema miisica (escribe Cortés) es casi siempre por tér-
mino menor, pasando muy rara vez al mayor, en cuyo caso el grave bemol,
el dulce sostenido y el agradable becuadro son los que entran en su composi-
ciôn que admite prodigiosas apoyaturas, oportunos ligados, calderones y los
mds primorosos trinos. Asf, no ticnen un compas determinado, ni arreglado à
los principios estrictos de la mûsica, aunque hay algunos de 3 X 8, 6 X 8 y
3X4. Se puede decir que son caprichos 6 fantasias musicales. Consiste su
principal mérito en la estredu y admirable armonia que guarda la mûsica, que
llaman « la tonada », con los versos que tienen el nombre de « letra ». Las
pénétrantes y sentidas notas del yaravi llenan el aima de mil inexplicables tor-
mentos, hasta cierto punto dulces y gratos, porque nacen del amor. Se canta
generalmente el yaravi al son de la guitarra entre dos personas, una de las cua-
les lie va el alto y la otra el bajo. Cuando las personas que lo entonan son
objeto de la adoraciôn de algunos de los oyentes, su aima se ve inundada por
tormentos del mis entusiasta amor ; el yaravi en alta noche sirve de serenata
y hace despertar dulcemente al que se dirije. El métro empleado en la letra de
los yaravies es por lo comûn el de seis y ocho silabas, ya en cuartetos, ya en
quintillas, ya en octavas ô décimas con glosas. Es muy comûn cuando se usa
del octosflabo, poner después de cada dos versos uno de cinco sflabas, llamado
pie quebrado ; el que hace un importantfsimo papel, pues al entonarlo se hacen
trinos y apoyaturas de una inexplicable dulzura.
Y ahora vaya de mi cosecha uno de los yaravies 6 guarinos
mas en boga que se cantaba en Sucre, durante mi larga estancia
en esta hermosa ciudad :
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 57I
Cuando vayas à Roma,
j mi palomita I
dile à Leôn trece
i ay mi vidita I
que baile un bailecito
i mi palomita I
si le parece.
I Por vos, vidita I
si le parece, si,
canta y no llores,
que cantando se alegran
los pecadores.
/ Es un guaino/GS una confusion, una algarabîa; por el barullo
de genre alegre que se pasa la noche cantando guainos â la
luna.
GuAiauEAR. Voz quichua. Sorpresa poco agradable de
muchos contra uno solo en detrimento de las espaldas del infe-
liz.
GuAjojô. Es el Urutaû llorôn de Guido Spano. Pâjaro coni-
rrostro que canta lùgubremente en las noches de luna.
GuALAiCHO. Voz quichua. Mal criado, sucio.
GuALiCHO. Véase Hualicho.
GuALUZA. Tayà en Santa Cruz. Especie de papa de gran
tamano y de gusto parecido al boniato.
GuALLATA. Voz quichua. Pato grande.
GuAMPA. Aspa 6 cuerno para recipiente. As! : guampa de sal ;
guampa de agua, etc.
GuANACO. Voz quichua {Camelus guanacus, L.). Venado de las
pampas y travesias andinas. — Pardsito arador cuya picadura pro-
duce tumores malignos.
GuANAENOS. Véase Lecos.
GuANCACO. Palo'que se ata â la cabeza del animal para mejor
aguante del domador.
Guanear. Ensuciarse.
Guano. Voz quichua : estiércol. Abono que proporciona el
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372 CIRO BAYO
depôsito secular de excrementos de las aves marinas en dos islas
del Pacifico vecinas a las costas peruanas, en forma de colînas
de apariencia arenosa y amarillenta, con fuerte olor a amonîaco.
Estos depôsitos no requieren otra operaciôn que Uenar los sacos
en las covadtraSy como en un granero, y vender el guano por
miles de toneladas a los especuladores que de todos los puntos
del globo vienen en busca de este precioso abono agricola. La
fama del guano la divulgô el sabio A. de Humboldt i la vuelta de
su viaje d America, y desde estonces se usa en la agricultura. El
guano es ceniciento, rojizo ô amarillento ; de sabor salado y olor
amoniacal. Contiene acido lirico, uratos, fosfatos de amoniaco y
de magnesia, materias grasas, etc. Por experimentos hechos con
guano procedente de las covaderas de Chinchas y Mejillones,
esta probado que un métro cùbico de guano produce en los
céréales mis efecto que cincuenta de estiércol de corral.
GuAO 6 GuACO (Micania Guaco. Humboldt). Planta trepadora
de las Epatorias que crece à orillas de los rios y tiene fama de
preservar del veneno de las serpientes.
GuAPO. Usado ùnicamente en la acepciôn de valiente y
animoso para el trabajo. Los crioUos Uaman compadre à compa-
drito al que nosotros guapo 6 maton ; y lindo i lo guapo, her-
moso.
GuAPOMO. Végétal de dos clases, de bejuco y de arbusto. Da
un fruto redondo, amarillo cuando maduro, con très 6 cuatro
semillas en una pulpa muy azucarada.
GuapurO {Mortus guapurû), Ârbol de la flora crucena, cuyo
fruto del tamaiio y gusto de la ciruela, sirve para fabricar un
vinejo muy aceptable. El fruto del guapurù se produce de un
modo extrano. No adherido por un pediinculo al arbol, como
sucede en la mayor parte de los végétales, sino que aparece pegado
a la superficie del tronco y de las ramas gruesas del ârbol, â la
manera que las lapas li ostras à la roca, El tronco de un guapurù
cargado de fruta, parece un ârbol cargado de viruelas, pero estas
viruelas son la exquisita fruta â que antes se hace referencia.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 373
El cacao produce sus frutos de idéntica manera. — « Medio pro-
videncial (anade un mîsionero noticioso)que la naturaleza emplea
para conseguir que el agente de la propagaciôn y diseminaciôn
llegue i madurar, mîentras en las ramas esta expuesto a caer en
verde cuando estas chocan entre si durante los vientos fuertes
reinantes en esta région. »
GuAPURUCiTO 6 Yerba mora. Muchas especies : solanum biforme
foliuniy nigrutUy saponaceumy etc.
GuAQUi 6 HuAQUi. Voz quichua : « dame un poco. » Tîtulo
de Castilla concedido al gênerai Goyeneche por la batalla de ese
nombre (i6 Mayo 1816) en el Alto Peni, boy Bolivia. Huaqui
es un canton de [Pacajes, i 18 léguas de la ciudad de La Paz.
GuARACA. Voz auca; huarà : pava (Pénélope). Pava démonte
de color rojizo. Color anâlogo en ciertas caballerlas.
GuARACHA. Barbacoa, chapapa, tendal.
GuARAGUA. Adorno ; firulete en Buenos Aires.
GuARALEVA. Voz quicHua. Asi Uaman los crioUos en Chu-
quisaca â los pobres de levita, y, por odio banderizo, los conser-
vadores a los libérales.
GuaranA. Famosa bebida fresca de los brasilenos y crucenos
y aun del Centro America, preparada por la pasta de una planta
de este nombre, de la especie Paulinea Sorbilis. (Martius) Sapin-
dâcea. La planta se siembra en almâcigos y da una hoja como la
de la coca. Los frutos se presentan en pampanos de hermoso
color rojo ; las almendras que contienen, casi del tamano de
avellanas, son las que, en estado de madurez, se tuestan, se
machacan (quitândoles antes las simientes) y luego de amasadas
con agua vuélvense â tostar y se ponen a endurecer en el horno,
6 bien pônense los bollos en tendales para ahumarlos y endure-
cerlos. De ahi sale el guaranâ preparado en forma de tortas 6
cilindros de color rojo 6 ceniciento, tan duras que hay que limar-
las para servirse de ellas. Es de sabor amargo, por lo que se
acostumbra dulcificar con azùcar al echar el agua. Esta décanta
el guaranâ, bastando dos cucharadas del polvo para preparar una
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374 cï'^o 8AYO
bebida refrescante y tônica en extremo por la telna que contiene
el doble del mejorté negro, y cinco veces como el café. El gua-
rani, asi empleado, se usa en el Brasil y Oriente de Bolivia,
donde lo conoci, como el cûralo todo, tomado sobre todo en
ayunas 6 con el estômago vacîo. En el Bajo Amazonas, en Silva,
Parentins y Santarem (Para) se cultiva el guarand por los indios
munduruciis ya civilizados y famosos cazadores. Estos indios lo
usan comiendo los granos y como brevaje para cobrar fuerzas en
sus fatigas cinegéticas. Lo llaman ctipana. Los indios guaranies
del Paraguay y Bolivia son los que mds han divulgado el uso del
guaranày anuncidndolo como panacea en los paîses que recorren
para su expendiciôn.
GuARANGO. Del quichua, huaranac: sans-culotte. Muchacho
sucio y zaparrastroso. Voz familiar muy usada hasta en la pro-
vincia de Buenos Aires.
GuaranL Voz quichua, de huara, calzôn ; ni, sin. Hombresin
calzones, porque fueron los primeros hombres desnudos que los
guerreros peruanos tuvieron ocasiôn de ver. La misma etimolo-
gia conviene â los Guarayos, El guarani es el tupi ô « lingoa gérai »
del Brasil. Lahablan con pocas variaciones los indios paraguayos,
los chiriguanos y guarayos de Bolivia, y son muchisimos los
nombres geogrâficos sur-americanos que de ella derivan : Paranâ,
rio grande ; Uruguay , rio de los pdjaros ; Paraguay, rio de las
flores, etc.
GuARAPO. El jugo de la cana dulce exprimida en el trapiche y
la bebida fermentada que del jugo se hace.
GuARAPÔN. Sombrero de fieltro de anchas alas.
GuARAPONA. Sombrero aludo 6 guarapôn que usan las mujeres
del campo para preservarse del sol.
Guarayos. Indios de las misiones de este nombre, de raza
guarani.
GuARDAMONTE. Guamiciôn ancha de cuero crudo, bien sobado,
puesto d la cabeza del « recado » y delante del « guancaco » para
resguardar las piernas del ginete de la maleza del monte, en la
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 375
condiciôn del ganado. Los historiadores argentines aseguran que
la vision de los gauchos tucumanos, de guardamonte y lanza,
influyô no poco en la rota de los realistas en Tucuman y Salta.
GuARGUERO. El garguero 6 esôfago.
GuARiFLE. Delicioso nectar compuesto de huevo batido con
molinillo en agua caliente, mas azùcar, canela y un tantico de
cognac.
GuASCA. Tira de cuero para soga, riendas, etc. Es voz quichua
que significa « vogay cordon ». De ahi viene llamarse Huâscar
al hijo légitime de Huayna Cdpac. Al nacer principe, su padre
mandé hacer una cadena de oro de 700 pies de largo y de muchos
quintales de peso, proporciones énormes que valieron al recién
nacido el nombre de Huâscar, como si dijéramos Torcuato, cuya
etimologia romana corresponde à la quichua Huâscar. Esta famosa
cadena de oro es la misma que la tradiciôn asegura estar en el
fondo del lago Titicaca.
GuASO 6 HuASO. El paisano de la provincia argentina de San-
tiago del Estero, correspondiente ni gaucho de otras provincias.
Nombre del gaucho chileno que no hay que confundir con el
roto (véase Roto). En Buenos Aires guaso es sinônimo de guarro
6 persona sucia y mal educada.
GuATA. Véase Huata.
GuATEA. Asado con cuero a la usanza salteiia 6 de la Provincia
de Salta (Arg.).
GuATO. Cualquierasoga que sirve para ataralgo.
GuATOCO. Voz quichua. Persona ôcosapequena ypetacuda. —
Plâtano fino y gustoso como la mantequilla, de mata pequena y
racimo pesado y rastrero.
GuAYABO (Psidium guayaba. Raddi). Mirticeas. Ârbol de 18 a
20 pies de altura, cuyo fruto es la guayaba, amarillo cuando
maduro, de pulpa rosacea de la que se hace la dulcîsima « guaya-
bada ». La maderadel ârbol llâmase en Euvopa palisandro.
GuAYACA. Voz quichua. Boisa, tabaquera y monedero.
GuayacAn {Guajacum officinale. L.). Rutdceas. Ârbol corpu-
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37^ CIRO BAYO
lento de flores amarillas que resaltan hermosamente en el verdor
de la floresta americana, y rinde la goma llamada guayaca en el
comercio. En las provincias del norte de la Argentina goza fama
el guayacan de preservar del rayo. Con su madera se hacen vasos,
tazas y bastones muy estimados por la dureza, finura y aroma de
la madera. Véase Palo santo.
GuAiCA. Cada una de las cuentas del rosario(voz quichua).
GuAZUMA. OImo americano.
GuEMBÈ. Bejuco del género philodendron ; fuerte y resistente
como que sirve para atar vigas !y campanas en muchos pueblos
del Oriente. Como planta trepadora se abraza â cualquier vecino
por corpulento que sea, subîendo cada ano sus nervios pero cam-
biando de tallos, los cuales aunque prendidos de los nuevos, des-
cuelgan sus bejuquillos hasta echar nuevas raices en tierra. De
esos nervios salen otros nuevos, siempre de arriba abajo, de
manera que con el tiempo la planta ofrece el aspecto de una
ancha cabellera que cuelga con simetria y majestad desde una
altura de veinte y mâs varas. Estos hilos 6 bejucos son los que
se aprovechan para amarrar y colgar objetos pesados, pues ademas
de su fortaleza es incorruptible. El gûemhé se conoce â simple
vista por su fruto parecido d una mazorca de maiz sin chala, con
granos que en color y sabor los encuentro pariguales à los de la
granada.
GûiRO. Aqul es el tallo verde de maîz que come el ganado con
fruiciôn.
GuiTARRA.'« Otra cosa es con guirarra », refrdn rio-platense
équivalente â : No es lo mismo soplar que hacer botellas ; Del
dicho al hecho, etc.
GuRDA (Andar a la). Â la gorda; estar platudo.
GuRRUMiNA. Persona pusilanime, timorata. Zangolotino. Socie-
dad de gente cursi 6 picitistica.
GuRUPt. Individuo que en los remates pùblicos y subastas d
pliego cerrado, puja el valor de la subasta, de concierto con el
martillero à con el interesado. — Juanillo en Bolivia.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 377
H
Habas. La dilataciôn ô ensanche del calzado del lado del
menique y que efectivamente simula al bulto del haba.
HablantIn, a. Hablador, parleta. Mâs hablantin que catita :
charla mis que una cotorra.
Haber, Sinônimo de estar en muchos puntos del departa-
mentode Santa Cruz de la Sierra. £).:«£ Esta Juan ? — No hay.
— Trâeme el sombrero. — No hay. » Es decir, no se encuentra
6 no esta donde se puso.
Hacer. Es comùn entre los criollos, aun entre los letrados, que
hacer aplicado al transcurso del tiempo, déjà de ser împersonal,
tomando el tiempo mismo por sujeto. Verbi-gracia : Hacen sets
ahos, hacen très dias qat zcomtcïà tal cosa. Tal cual pasaje en este
sentido, citado por Bello, encuéntrase en nuestros clâsicos, pero
el mismo gramâtico reconoce que es un yerro chocante y que
mejor dicho estd « hacîa ».
Hacer cabras à alguno = hacerle frente cara â cara, como cabra
i otra cuando se topetean.
Hacienda. El conjunto de bienes semovientes de una estancia,
el cual se subdivîde en especie caballar, vacuna y lanar.
Rodeo de la hacienda. La operaciôn de juntar al ganado en un
cerco 6 corral, ya sea para vigilarla de mds cerca, ya para
recogerla de noche, ya para las Ventas de haciendas. Véase
Venta.
Hamaca. Cama-columpio, cuyo empleo ha aconsejado, d mi
ver, antes la necesidad de preservarse de la humedad y de las
sabandijas tropicales, que no el calor tôrrido. La mejor parte de
las tribus bârbaras del Oriente usan de este artefacto tejido de
algodôn silvestre ; y digo la mayor parte, porque los araonas del
Béni, por ejemplo, no lo usan.
Hamachipeque. « Cabeza de pajarito » en aimarâ. Papa que
tiene este parecido, de la que se obtiene una fécula excelente para
panetela ô mazamorra de enfermos.
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378 CIRO BAYO
Hamachana. Especie de valeriana.
Hancara. Mate oblongo que sirve para platillos de balanzrs
rùsticas 6 improvisadas, 6 bien para poner huevos.
Harabicus. Voz quichua : harahuec, cantor. Nombre con que
se distinguian los vates durante el imperio de los Incas, y que
significaba ademâs en el lenguaje peruano, inventer. La voz de
los harabicus, segùn el testimonio del Inca Garcilaso, se alzaba en
los triunfos de las grandes solémnidades del imperio, y sus poesîas
estaban destinadas d perpetuar el recuerdo de las hazanas y de los
acontecimientos nacionales.
HarAhui. Jaravi, canciôn 6 triste. Véase Guaino.
Harpia ÇFalco destructor), Soberbia falcônida, llamada saluna
por los yuracarés de Moleto (La Paz) en cuyo territorio sucediô
a D'Orbigny con una de estas aves la aventura que cuenta en su
« Descripciôn de Bolivia ».
Harto. Adverbio de cantidad, entre muchoydemasiado. Asi :
Este ârbol tiene hartos duraznos ; fulano tiene haria plata, etc.
Hasta luego. El adiôs de despedida en Bolivia, aunque no
hayan de volver d verse ni en esta ni en la otra vida.
Hechizo. Arcaismo cruceno : hechura. No hay que devanarse
los sesos para conocer que « hechicero » dériva de hechizo en el
sentido que dan los crucenos a esta palabra y que a mi sabe d
gloria. Si todos los arcaîsmos fueran como este, hdgase con ellos
el milagro de Lâzaro.
Hediondilla. Andreshualla y cestro. Familia solandceas.
Ûsanse para banos en Santa Cruz sus hojas aterciopeladas verde y
blanco mate. El baiio résulta suavemente aromâtico, aunque el
nombre de la planta huela mal.
Hembraje. Réunion de mujeres ; asi como tnachaje a la de
hombres. En Buenos Aires es muy corriente decir macho y hem-
bra, refiriéndose a personas, en ciertos casos, si bien no se ha
llegado todavia â usar de estos términos en las estadîsticas.
Herepo ô erepA. Es el nombre del palodc poros, à sea delarbusto
del que los indigenas de Mojos aprovechan los frutos para vasos.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 379
botellas, platos y otros utensilios que también llaman erepà, Hasta
en guarani encontramos la palabra irupé 6 plato en el agua, para
designar la reina de los nenùfares 6 Victoria Regina. Véase
Tarope.
Herepo, por consiguiente, es el mate 6 poro de un tamano
determinado que sirve para sacar la chicha de los cântaros, Uamado
marépi en otra localidad, en Reyes. Sirve también para designar
un mate de capacidad establecida que se emplea para medir las
pepitas de cacao entre los indios mojenos. Es una medida équi-
valente a dos libras. Antes de que el dinero circulara en Mojos,
el herepo servîa de permuta para las transacciones mercantiles,
como el pecus en Roma antigua.
HiCANCHO. Ave.
HiERRA. La marca de novillos de una «hacienda». Divertida
fiesta criolla campestre. Acorrada la vacada después de un rodeo,
los gauchos del pago y toda la peonada del establecimiento, â
caballo todos, van enlazando reses remolcandolas al medio del
campo. Aquî cuidan otros ginetes de derribarlas, pealândolas 6
enlazdndolas 6 dândolas pechadas, aplicàndolas, asî que las vol-
tean, el hierro candente con la marca del dueno, senalândolas las
orejas, la campanilla, etc. y concluyendo por capar al novillo de
un modo ripido y expedito. Durante la hierra, el estanciero
acompaiiado de los invitados préside las distintas operaciones
dando ôrdenes â capataces y peones y tnateando en la rueda junto
â la fogata donde estân puestos â asar los menudos de la res y los
suculentos « asados con cuero » para el festin de Camacho que â
la hierra sucede. La came no se economiza, tanto que cualquier
novillo perniquebrado al ser arrastrado â lazo, 6 muerto por los
capeadores, se le carnea inmediatamente y sirve para el asado de
la peonada ; asado que amos y criados comen sentados sobre la
yerba de la pampa regândolo con damajuanas de vino Carlôn
(Benicarlô) ôfrancés, compradas al pulpero.
Hoco. Véase Mutùn y Jaci), Zapallo 6 calabaza de primera
calidad. Anco en la Argentina. Hacerse el hoco, rastrear, arras-
trarse.
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380 CIRO BAYO
HojEADA. La primera hoja de la coca que se saca cuidadosa-
mente.
HoRCÔN. Palo rûstico 6 tronco de ârbol que sirve de puntal
para la armazôn del techo de los ranchos 6 cabanas americanas.
HoRERO. Horario del reloj, asî como momentero al minutero.
HoRMA. Vasija cônica de barro, y en Mojos de cuero, muy
grande, en la que se coagula el melado para su resoluciôn en azù-
car. Horma de ley : medida de capacidad para azùcar de 12 chipe-
nos 6 sea 24 arrobas.
HoRMiLLA. Botôn del calzôn.
HoRNERO {Furnarius rufus. D'Orbigny). Hornillero en otras
partes. Tiluche en Santa Cruz y Mojos. — Pâjaro muy intere-
sante por sus costumbres, y en especial por la inteligencia que
demuestra en la construcciôn del nido, el cual tiene la forma de
un horno con la entrada en curva reentrante en su lado inferior
â manera de boca de caracol. Lotrabaja con barro, pajasy cerdas,
colocândolo en los horcones de los ârboles, en la punta de los
postes telegrâficos y en cualquier sitio prominente, como desa-
fiando los vientos que efectivamente nada pueden contra la resis-
tencia de la fâbrica. Es muy querido de la gente campesina, la
cual crée formalmente que el pâjaro no trabaja en los domingos.
Puedo comprobar que esto no es cierto, pues he tenido muchos
homeros de vecinos en la campaiia de Buenos Aires.
HuACA. En quichua, idolo, cosa sagrada; pero el uso lo ha
consagrado especialmente al monticulo que révéla la existencia
de sepulturas indias. Son, pues, hs huacas, cementerio de momias
con idolillos y vasos de chicha. Estos sepulcros se reducen â
paralelepipedos en forma de homos, hechos de adobes tan fuerte-
mente adheridos, que las inclemencias del tiempo nada han
podido contra ellos, en muchos siglos, si bien algunos ya estan
sin techo. Las huacas estan emplazadas en lugares eminentes,
siendo notables las del camino de Oruro â La Paz (Bolivia) y las
del valle de Rimac (Lima), verdaderas colinas artificiales que
se suben â caballo y unidas entre si por caminos cubiertos
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 38 1
entre paredones. Los quichuas enterraban â sus muertos doblân-
doles el cuerpo, ligândoles los muslos y las piernas y poniéndo-
los sentados en un càntaro, sin echarles tierra encima. El frio
intenso de la sierra impedia la corrupciôn. Con ellos enterraban
tesoros, tanto que de una sola huaca se sacô por valor de sesenta
mil pesos oro. Segùn los teôlogos, « ni el rey, ni los goberna-
dores tenîan derecho al oro de las guacas porque no era adquî-
rido por industria ni conquista, y que perteneda â la iglesia
porque estaba alli ofrecido por ritos religiosos. Que el tomarlo
los aventureros era pecado mortal de hurto ; que no podîa haber
salvaciôn sin restituirlo y hacer penitencia ». De ahi vendra la
expresiôn aun boyante, hacer gtiaca, guardar 6 depositar la plata. —
Mxguaca ô mi huaca^ mi hucha ôalcancia.
Huaca. Corrupciôn del castellano « vaca ». As! Hutnahuacaj
cabeza de vaca, pueblo de la provincia de Jujuy.
HuACHO. Véase Guacho. — Surco 6 cavidad en que se pone
la planta de la coca.
HuALicHO. Los indios pampas admiten un prîncipio bueno
llamado Pillârty y otro malo, Hualiche ô Gualichù. La morada
de este genio maléfico es un ârbol llamado del hualicho, que
crece solitario en las llanuras pampeanas é imponente se destaca
en la llanura con sus ramas casi siempre desnudas de hojas. El
tal ârbol suele ser un algarrobo secular, de tronco arrugado y
torcido y copa ancha donde los indios cuelgan sus ofrendas. —
Tienc gualichoy s^xjettatore.
HuANCÀRA. Voz quichua. El tam-tam ô tamboril indio.
HuANDO. Angarilla.
HuANGUE. Género Columba, Paloma torcaz.
HuARi. Voz aimarâ; la vicuna. — Nombre de la célèbre
batalla del 26 de Sepiiembre de 1547 entre Centeho y Carvajal.
Hoy es canton de la Provincia de Omasuyos â 14 léguas de La
Paz.
HuASi. Voz quichua: casa. Entra en la composiciôn de muchas
palabras que designan pueblos y casas. Asi : Ingahuasi, casa del
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382 CIRO BAYO
inca ; Mamahuasi, casa materna ; Corpahuasi^ hospital ; Sankahuasi,
cârcel; Pihahuasiy lugar en los ingénies donde se ftinden las
pinas de plata, etc.
HuASO. Véase Guaso. — Cierto venado (la harina macho) de
carne excelente. Véase Hurina.
HuAYNA. En quichua, mozo, mancebo. Huayna Capac, el
Xin inca.
Huisu. Arado-azada que se impulsa con el pie puesto en un
estribo 6 horcôn que lleva en su cuarta inferior y empunando el
asta con las dos manos. De este aparato se sirven en Yungas para
abrir surco en los rincones y porciones de tierra donde no puede
entrar el arado.
HuATA. Voz quichua : ano; asî : Huata-mosoj ^ ano nuevo. — Las
tripas 6 intestinos ; de donde el saca Iniata 6 corvo de los rotos
chilenos. — Por analogia, la guita 6 cordel hecho de lonja de
cuero, 6 las fibras de cualquier textil. Huata, Aguas minérales a
3 léguas de Sucre 6 Chuquisaca.
HuiTOC. S6I0 por curiosidad tomo esta palabra quichua del
« Diccionario Quichua-Castellano » por Fray Honorio Mossî,
misionero : « Huitoc, fruta silvestre que ni es de comer ni otro
provecho ; es de color, forma y tamaiio de una berengena de las
grandes, la cual partida en pedazos, echada en agua, dejândola
estar asi très 6 cuatro dias y lavândose después con ella el rostro
y las manos y dejando enjugar al aire, a très 6 cuatro veces que
se laven, pone la tez mâs negra que la de un etiope ; y aunque
después se laven con agua clara, no se pierde ni se quita el color
negro hasta que han pasado diez dias, y entonces se quita con el
hollejo de la misma tez dejando otro como el que antes estaba. »
Parece ser el platanillo de Santa Cruz que no hay que confundir
con el platanillo macho, irhol frutah
HuiTORO. Pelota de goma y juego de losindios chiquitanos. Se
juega en los très dias de carnaval. En la alborada del primer dia
cada parcialidad esta alerta en el limite divisorio y al primer toque
de campana se levantan con fuerte griteria y ruido de cajas, y
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 383
empieza el juego. La pelota esta hecha con la résina del mangaba
6 peloto. Se arroja la pelota al aire y los jugadores haciendo cuatro
esquinas la recojen con la cabeza y se la van enviando de cabeza
a cabeza, â cuyo fin brincan 6 se arrastran para restar la pelota
segùn el empuje 6 la direcciôn en que venga, no siendo permi-
tido en ningùn caso tocarla con las manos. Es juego de mucha
destreza y de sumo interés. VéaseBuruciJ.
HuLiNCATE 6 ulincate. Variedad de durazno.
HuMiTA 6 huminta. Voz quichua. Maiz cocido en chala, cho-
clo pisado mezclado con suero y lèche de vaca, puesta la masa â
secar en el horno. Sîrvese envuelto en chala 6 sin ella y es una
golosina, especialmente cuando se le adereza con picadillo de
aves, queso y especias y rocîo de vino.
HuNCO 6 fullo. Poncho de lana sin flecos, que con el calzon-
cillo corto y ancho, â modo de zaragûelles, compone la vestimenta
de los indioscharcas.
HuRiNA. Especie de corzo de piel cobriza y animal doniesticable.
Es la hembra del huaso.
I
Idioso. Lundtico.
Iguana (JPodimena Tiquexin). Abundante en la zona tôrrida é
intertropical. Tan impropiamente como Camaleôn en Santa
Cruz de la Sierra, llaman Iguana en Buenos Aires d un lagarto
muy grande de la Pampa que anida en las cuevas de las vij^cachas.
Los gauchos hacen sortijas con los anillos de la cola, llevàndolos
puestos como talismdn.
Illa. Medallas y también monedas fuera de curso légal pero
que suelen circular con demérito en Bolivia.
Imilla. Doncella quichua. LaMaritornes de los hogares bolivia-
nos en los departamentos quichuas.
ImpAvido. Del Capitolio d la Roca Tarpeya no hay mds que
un paso, y esto es aplicable â este vocablo que de valeroso y sin
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384 CIRO BAYO
miedo que significa en la Peninsula, équivale en Bolivia a desca-
rado é insolente,
Inca. Voz quichua que significa lo que en griego tnonosy de
donde monarca é inca. En lengua quichi (naciôn anterior a la
quichua), Inca suena lo mismo que « yo soy ». Losprimeros his-
toriadores escriben ingUy dando a la ge el sonido gutural y duro de la
« gain » arabe ; y con esta ortografia se conserva en el nombre de
todos los compuestos en lengua peruana : Ingahuasi, Ingavi, etc.
Inca no era solo el titulo del soberano indio del Perù, sino
el de todos los nobles de sangre real descendientes en Hnea mascu-
lina del fundador de la dinastîa, Manco Capac. En lengua pampa
huincà significa extranjeroy con este nombre se désigna al blanco,
como con el de carayano en el oriente de Bolivia. El ùltimo inca
fué Sairi-Tupac XVIII, hecho cristiano con el nombre de Diego.
Muriô â los 47 aiios de edad, y dejô una hija que casô con Mar-
tin Dîaz de Loyola, de quien descienden los marqueses de Oro-
pesa y de Alcanices.
El glorioso nombre Inca solo se conserva como tradiciôn en
algunas fiestas populares de los indios quichuas, implantadas con
formas litùrgicas por los jesuitas, y toleradas por los gobiernos.
Como prototipo de taies instituciones cîtase la Dinastia Nisia en
la ciudad de la Rioja, por ser un cacique de este nombre
quien investido del nombre de inca y gran sacerdote, asis-
tido por alféreces 6 caballeros nobles, cofrades, allis ù hom-
bres buenos, préside el primero de cada aiio la procesiôn del
Nino alcalde à Jesiis, y de San Nicolas de Bari, su lugar-
teniente en la tierra. El Nino Jesiis es llamado « Nino Alcalde »
por haberse aparecido entre los diaguiias imponiéndoles la paz
cuando éstos se sublevaron por las predicaciones del santo. Des-
pués de la procesiôn empiezan las fiestas profanas que se mani^
fiestan en formas desbordadas y licenciosas, como suelen ser
todas las expansiones indîgenas.
Indio. Nombre, como essabido, derivado del de Indias Occiden-
tales que Colon diô al Nuevo Mundo y que debiera trocarse por
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 385
« amerindo », para evitar equivocaciones. Muchas y variadas eran
las naciones indias que ocupaban losactuales territorios de Bolivia
y de la Argentina, algunas de las cuales se conservan por su
alianza con los conquistadores y otras han mudado de residencia
6 emigraron por no rendirse a la servidumbre. En la Argentina,
fuera de los indômitos pampas (querandîes y charnias) acorrala-
dos, aventados y confundidos con otras tribus al pie de la Cordi-
llera y en los confines de la Patagonia, solo quedan exentos de
tutela gubernativa los indios del Gran Chaco cuya reducciôn
parece ser larga y dificil, por la topografia del pais y lo belicoso
y nômada de las tribus que lo ocupan. En Bolivia, viven confun-
didos con la raza blanca, quichuas y aimarâeSy los mojos y chiqui-
tanosy y empiezan a estarlo los guanagos y chiriguanos. En el
Béni figuran los araonasy chacobos^ toronomaSy cavinas, etc., tribus
recientemente descubiertas por exploradores y misioneros.
Indultarse. Convidarse uno mismo ; meterse donde no le
llaman. Halle la mesa puesta y me induite tn ella; hallé una causa
y en ella me induite.
Inflaciôn. Tal se désigna el alza gênerai de los precios ; uno
de los signos que indican la subida de los cambios internacio-
nales y por consiguiente de la depreciaciôn de la moneda.
Ingenio. Casa para la fundiciôn de metales y la en que se
élabora el azùcar.
Los carros encargados de la conducciôn de la cana, desde los
terrenos en que se cultiva hasta el Ingenio, van depositândola
para que a su vez los caneros la coloquen en el conductor que la
Ueva hasta el trapiche donde por la presiôn, très énormes masas
de hierro en forma cilîndrica, extraen la sustancia sacarina de
la caiia, en su primer estado.
El conductor es un inmenso catre de madera que tiene una
extension no menos de veinticinco métros. Colocadas las tablas
ensentido horizontal y sostenidas por una gruesa cadenade hierro,
enlazada en sus extremos a un cilindro con engranaje, su marcha
es acompasada y lenta, para facilîtar el trabajo a los peones,
Rtvue hispanique, xiv. 2 s
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386 CIRO BAYO
siendo su movimiento elmismo que el de una inmensa sierra sin
fin. Esta calculado que arrastra continuamente un peso que
no baja de setecientas arrobas en los grandes ingenios.
Después de extraîdo el jugo a la cana, que en su primera trans-
formaciôn se le llama caldo, cae este a una grande batea de hierro,
parte intégrante del mecanismo conocido con el nombre de
trapichty y de allî, por un canal de hierro, va a la coladera donde
recibe el bautismo de su primera depuraciôn, para en seguida
pasar a las bombas, que en incesante movimiento, lo conducen,
por medio de canerias, al departamento de las mâquinas.
Conducido el caldo de la manera que he mencionado, pasa â
las defecadoras donde la acciôn del vapor hace depurarle los cuer-
pos extranos que las coladeras hayan dejado pasar. De alli baja
â los filtros donde el carbôn animal, 6 sea el hueso carbonizado,
le extrae los residuos de la cana y la maloja y en seguida sube â
los tachos de coccion para volver por ùltima vez, en estado de
meladoy â los filtros que lo depuran definitivamente, arrojândolo
por canales conductores â un depôsito desde el cual pasa â los
triples con una temperatura mds alta que el melado. Los triples
â su vez suben la temperatura calorifera y cuando ha adquirido
la determinada, lo desalojan de sus entranas de fuego para arro-
jarlo â otras mas ardientes, los tachos al vacio donde durante ocho
horas se agita en borbotones producidos por un vapor de cinco
atmôsferas, hasta Uegar al estado de melai^a con que pasa â las
centrlfugas ; en las centrifugas es recibido por los blanqueadores
que lo convierten por fin en aziicar.
El azùcar, en este estado, tiene un pronunciado sabor de aceite
que lo hace muy répugnante, y su color no es el blanco nîtido
del azùcar que expende el comercio, pero un ascensor mecinico
lo lleva hasta un molino cilîndrico que lo piirifica, refinândolo
para que los embolsadores reciban con la boca abierta el precioso
dulce, como picarescamente se les dice, aludiendo â la acciôn de
abrir la boca de la boisa 6 sea la parte descocida de esta que
permite recibir dentro el producto elaborado definitivamente,
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 387
después de las multiples transformaciones que sufre antes de
Uegar â tal estado.
lNGERTo(Dar un — ; oser un — ). Dar gato por liebre ; ser una
filfa, una bola.
InsAporo. Insustancial, sin sabor. Casi prefiero esta palabra â
« insîpido ».
Insulto. Desmayo, sincope.
Intrigar. Verbo muy usual en estos paises, en sustituciôn de
llamar la atenciôn. En tal sentido parece galicismo.
Invernar, El encierro del ganado en potreros para el engorde.
Por alusiôn, el descanso de la peonada, 6 la permanencia larga
de una persona en sitio de relativa comodidad antes de seguir
un viaje azaroso 6 una larga faena.
Ipecacuana ( Cephclis ipecacuanha. Richaud). Rutdceas. Se le
llama también poalla en el Brasil. Raîz brasilena y bejuquillo
por su tronco delgado y aéreo de unos 3 3 centimetros de altura,
que crece d la sombra de los gigantes de la selva, y muy particu-
larmente en las tierras hùmedas y pantanosas, al lado de la
vainilla. Las raîces que son las queemplea la farmacopea, son del
grosor de una pluma de ganso, tortuosas y anulares como la
ténia, de olor y color desagradables. De las très especies de ipeca-
cuana, gris, rojiza y blanca, la primera es la màs estimada. Es
un excelente medicamento como vomitivo, tônico y expecto-
rante, segiin las dosis, habiendo sido Helvetius, el famoso médico
de Luis XIV, quiendiôaconocerenEuropa la virtud médicinal de
esta planta.
Irire. Mate ô poro ovoidal en el que se toma la chicha cuando
se liba en abundancia, y â la que comunica muy buen sabor.
Irirear. Tomar chicha en irire,
Irupè. Tarope à Aguapé {Victoria Rcf^ina. Sindley). Nombre
guarani (plato en el agua) de la flor mds admirable de las nin-
fedceas. Véase Tarope.
IsiGA ÇMyrocarpus). Ârbol abundante en tierra firme en los
paises cdlidos que exsuda una résina amarillenta, dura como la
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388 CIRO BAYO
pez-resina 6 colofonia, y aromâtîca como el incienso al que sus-
tituye en las misiones del Oriente. Pretenden que aplicada la
isiga à las sienes corrige el estrabismo. Los parches de esta résina
quitan los dolores de cabeza pero también el sueiio.
IsiPÔ ô sipô. Nombre guarani de una planta trepadora de tallos
tan largos y fuertes que lo mismo sirven para cordeles que para
ebanisteria, dando a la trama un lustre especial. En Santa Cruz
se ven muchas sillas y muebles tejidos de sipô. Varias clases :
Liana escalera {Batdimia) ; Yagua pindâ ÇSisonh acubald) de esplén-
dido follaje y de raîces aéreas muy estimadas en el comercio ; otra
bignonias de agua pura mediante una pequena incision, etc.
IsLA. Llaman isla en Mojos a las manchas de arbolado en los
lugares altos de la pampa, que por librarse de las inundaciones
periôdicas en el pais, se convierten en refugio del ganado y en
chacos de cultivo.
IsocA. Oruga. Véase Sicasica.
IsuTURi). La borra de algodôn.
Itenes. Rio Guaporé de los brasilenos. — Indios salvajes que
ocupan el territorio entre el Itenes y el Mamoré, por donde pasaba
el antiguo « Meridiano de Demarcaciôn » de Espana y Portugal.
ItunAma. Indios y rio de la provincia de Mojos. Tunama en
lengua chiquitana équivale a junco ; de modo que Ittmama sera
Rio Juncal 6 de los juncos,
j
Jabôn. Susto. Me le dieronun jabôn :un buen meneo. Jabonado :
asustado :
]AhOKK}iDi(^PilocarpuspennatîfoIius.LemzirG), Rutaceas. Arbus-
to cuyas hojas cuajadasde pequeiiosreceptdculosdaunaceite esen-
cial que goza de propiedades diaforéticas 6 sudorîficas, virtudes
dadas a conocer porel Dr. Sinfronio Coutinho, de Pernambuco.
Jabirù {Micteria atnericana, L.). Véase Bato.
Jaconta. Puchero en que se reune lo cocido en très ollas de
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 389
carne variada, tubérculos y frutas. La jaconta se sîrve en fuentes
de plata y es el plato de carnaval. Puesta â enfriar y dejando esta
comida de un dia paraotro, résulta lo que llaman en La Pazjuniche
ô juntuchûy que algunos prefieren â la misma jaconta.
Jacù ô jacùu. Lo que se pone sobre la mesa para acompanar la
comida, no precisamente como entremés li hors-^œuvre, sino
como bocado que alterna con los demâs manjares. Asî, el pan
esjactl, y â falta de pan,plâtano cocido, yuca, etc.
JacumAru 6 caferana (Taquia guianensis, Aublet). Gencianâ-
ceas. Arbusto.
JAcHi. Otro nombre del salvado ô afrecho.
Jaguar (Félix op:^a. L.). Tigre americano. Animal de hermosa
piel y de instinto sanguinario, aunque muy inferior en todo al de
Bengala.
JagOel. Paùro en Santa Cruz. Depôsito de aguas servido por
norias 6 conductos. En las estancias de Buenos Aires se abren
jagueles para abrevar el ganado en tiempo de sequîa.
Jaicoso. Hombre excitado que alborota.
Jalapa. Macho y hembra {Exogonium purga, Bentham). Con-
volvulaceas. Arbusto muy abundante en Chiquitos. La raîz resi-
nosa de esta planta se bénéficia en extracto, produciendo los
mismos efectos que la corteza fresca. Regularmente, una sola
pildora del tamano de un garbanzo, basta para cortar la hemo-
rragia y pujos de sangre. Cuando asî no surte efecto, se usa en
hvativas, disolviendo en cada una una pildora. La raîz de jalapa
es del tamano de una nuez, de superficie rugosa y color gris
oscuro.
Jalarse, Mandarse mudar; irse.
Jalon. Trecho ô distancia. — « De mi pueblo al tuyo hay un
buen jalon. »
Janucho. Un Juan Lanas.
Japapear. El jaleo de manos ô palmoteo que acostumbran los
indios del Oriente, con acompanamiento de voces y alaridos,
para provocar al combate.
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390 CIRO BAYO
Japutamo ô aputamo {Filaria dermathermica, Silva Araujo).
Animâlculo, casi invisible, de color amarillo y rojo, que pulula
en la yerba y produce un vivo escozor que origina una enfer-
medad cutànea que el Dr. Silva Araujo bautizô con el nombre
de filiarosis, El japutamo à piojo de la yerba introdùcese en las
vcsiculas de la piel y el prurito que ocasiona, obligando al
enfermo a rascarse, origina la rotura de las vesîculas derramando
sobre la piel los animâlculos y sus huevecillos. Se combate esta
afecciôn cutanea con lociones de agua fenicada 6 fricciones de
alcohol ô agua florida. El japutamo es un huésped molesto del
que no escapa ningùn viajeroque pisa la fresca yerba del Oriente.
Jara {ledum palustre). Végétal. — Alto ô descanso en una
marcha. — Jarear^ « hacer jara » ô « hacer pascana w, porque
las jaras son indicios de aguada.
Jaracoréchi. CeboUa albarrana.
Jarayes. Lagos formados por las crecientes del Rio Paragua
al Oriente de Bolivia en la linea de demarcaciôn con el Brasil.
Hâllansesituados a 306 métros sobre el nivel del mar; Uaman-
dose jarayes por la jara que crece en su superficie.
Jarca. Voz quichua : Acacia hermosa. Ârbol de madera
colotada ô « gateada » para construcciôn, sirviendo también para
carbôn de herreria en Santa Cruz delà Sierra.
Jarichi. Lazo que las mujeres del Oriente se atan al extremo
de las trenza^.
Jarubichi. El guarapo que se endulza mds aiin con barreno
para hacer licor.
Jatata. Especie de palmiche (género Oreodosca) con el que se
hace un trenzado tan menudo y fino que, como el que acos-
tumbran los indios araonas y otras tribus del Béni para cubrir
sus ranchos, aguantan seis y diez anos. Con jatata hacen tam-
bién cestillos y envoltorios para guardar plumas, dientes de
animales, abalorios y demâs arreos indîgenas.
Jatupû. Nombre reservado por los crucenos para la espuma
del jabôn.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 39 1
JAu. Interjecciôn que entre los criollos de Santa Cruz, singu-
larmente entre los campesinos, sustituye al/ ché I VéaseCnÉ.
Jaùsi. Lagartijo verde é inofensivo abundante en campos y
casas del Oriente; su came es comestible y hasta agradable.
Jebe. Goma, de donde jehal por gomal en el Perù, correspon-
diente al hular de Centro America, Ni estarâ demas advertir que
huh dériva del azteca nie à goma que los antiguos mejicanos
empleaban para pelotas en sus juegos pùblicos (Torquemada,
Monarquia indiand).
Jebijones. Corrupciôn de hebillones.
Jején ô ejene. Trompideo miniisculo muy mortificante por lo
repetido y artero de sus ataques, y de picadura que levanta
ronchascomolapicada de peto ô abeja. Es el terror de los viajeros
fluviales del Oriente, sin que valgan abanicos ni mosquiteros.
Jempin. Nombre expresivo que en lengua aucasignifica « dueno
del decir » y que se aplica à los bardos araucanos.
JenechenI. Tizôn ô tuero que se anade al fuego para que
este se conserve latente hasta el siguiente dia, 6 para cuando sea
menester. En Santa Cruz, cuna de este vocablo, le llaman tam-
bién durador,
Jergôn. Color gris de jerga.
JicHi. Voz chiquitana : rey. Nombre que los crucenos danâ todo
animal quesiendorey deuna lagunadicen que la alimenta con su
presencia ô atrae la humedad, como el caimân, un viborôn, una
anguila. VéaseJiCHiTURiaui. — El caracol.
JiCHiMORA. Especie de culebra acuatica de color verdoso.
JiCHiTURtaui. « Rey de los palos. » Ârbol de madera dura y
amarilla como la caoba, de la que se labran preciados bastones.
JiPijAPA. Las hojasdel cogollo de la palmera (Carlodovica jimi-
pera, Ruiz y Pavôn), que en forma de abanico se desarrolla al
extremo de un tallo poco elevado del suelo. De estas hojas se
hacen sombreros, siendo los mas estimados los que se tejen en
Buenavista, cerca de la ciudad de Santa Cruz de la Sierra.
JiPURt 6 gipuri. La vena, filamento 6 nervio central de la
yuca 6 del ramo de palma.
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392 CIRO BAYO
Joco. Hoco.
JocHE 6 jochi Colorado. Aguti. — Joche pintado : paca.
JocHEAR. Torear, azuzar.
JoiCHi. Gusano que fabrica una boisa, llevàndola a remolque
y encerrando en ella cuanto trapo, hilo 6 cosa menuda encuentra
en su camino.
JoMETOTO. Cualquier palo 6 instrumento que seempleacomo
batidor para remover una masa liquida 6 sôlida.
JoNE. Elbarro endurecido. — A jona^os : pedrea de jones.
JoNOBOCO. Ârbol de substancia tiutôrea, de color que tira â
encarnado y sirve â los indîgenas del Oriente para untarse el
cuerpo como con el achiote à urucû.
Jopo. Alfiler grande para prender el pelo, que cuando la guerra
de los quince anos (de la Independencia) las mujeres patriotas
tenîan âgalausarlo al lado izquierdo. — Rizos,rM/o^ 6 mechones
que caen sobre la f rente.
JoRA. El maîz depositado hasta que empieza â echar brotes,
estado en que se aprovecha paramolerlo y muquearlo; operacio-
nes preliminares de la chicha.
JosEFiNo. El jornalero y peôn libre de derecho en Côrdoba
(Argentina).
JoTE. Gallinazo de las travesîas de San Luis y La Rioja.
Juan. El soldado boliviano.
JuBRE. La suarda 6 churre que cria el sudor en la lana de las
ovejas.
JucumAru. Véase Ucumàru.
JuELGO. Regûeldo ô eructo 6 eructaciôn que es como queria
D. Quijote se Uamara este grosero vocablo.
Juma (Estar en). Estar en pitima.
JuMBARAYii. Excremento acuoso de la gallina.
JuMETREAR. Fastidiar, fregar la paciencia.
JuRGUNERO. Palo COU que remueven las brasas del horno. Es
voz andaluza que se estila en Santa Cruz de la Sierra juntamente
con este cantar :
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 393
Si tu me quisicras
como yo te quiero,
tu fueras el horno,
yo el jurgunero,
JuYACA. Artificio usado para encender fuego en despoblado
por los viajeros, a imitaciôn de la que usan los indios. Consiste
en un palito que en forma de molinillo se le hace girar perpen-
dicularmente en un agujero hecho en una madera seca y porosa,
en elque se pone previamente alguna materia de fàcil combus-
tion (algodôn, chamarasca, trapo, etc.) en la que prende la
llama con el calor del frotamiento.
Labor. Cuando en las minas se va labrando la veta, derecha â
plomo, ô hacia abajo, se dice labor à plomo ; si â nivel, labor de
fronton. Chimenea â la que va derecha hacia arriba. Labor à
chiflôn â la que va de soilayo. La mas dificultosa de estas labores
es la de chimenea^ porque se va subiendo perpendicularmente,
armando andamios ô barbacoas â los que suben los barreteros â
trabajar.
Laça. Voz quichua. Soso ; persona sin gracia.
Lacaya. Voz aimarâ. Casanuevaâ la que s61o le falta el techo ;
ô casa vieja destechada. Véase Tapera.
LKQK\OTE(^SicyosEdulos.]zc(\\x\vi). Calabaza de tierra. Planta
sarmentosa. Auco y Hoco,
Lagarto. La protuberancia que en el brazo senala el mùsculo
biceps,
LAhua. Véase Espesado.
Lama. Moho ; cardenillo.
LamantIn (^Manatus americanus). Manati americano. Llâmase
Pexi-boy en el Madera, y toro ô pez-buey en el Béni. Cetdceo que
se encuentra en el Amazonas y sus tributarios, en cuyas orillas é
islas merodea alimentândose de las gramineas y camalotes de la
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394 CIRO BAYO
corriente. Es animal voluminoso, de seîs métros de largo, inofen-
sivo, de figura pisciforme, cabeza de becerro, aletas anteriores
terminadas en cinco dedos ; carencia total de miembros posteriores,
y el cuerpo terminado por una aleta oval y horizontal en figura
de abanico. Las hembras tienen dos tetas prominentes. El laman-
tin es de piel gruesa y negra y de carne muy adiposa, pero comes-
tible, en donde clavan el arpôn los pescadores del Amazonas,
cuyas aguas surcan los manaties en bandadas. La mixara de las
provincias del Amazonas y del Para no es otra cosa que la carne
del lamantin frita en su propia grasa. No es raro encontrar algu-
nos de estos cetâceos en el Béni, cuando ha logrado salvar las
cachuelas del Madera. No hay que confundirlos con el bufeo
(Jnca boliviensis),
Lambeador. Jugo 6 yerba llamado también pegà-pega, de hoja
como la vid de parra, sumamente viscosa por lo que se hace difl-
cil arrancarîa de la ropa 6 de la piel cuando â ellas se prende.
Lamber. Lamer. Uno de tantos barbarismos, como cabresto,
redamadOy prienda, pacencia, etc., que salen de labios de paisa-
naje americano y del peninsular ; normà loquendi que se debe â la
mayor facilidad que hallan para usar ciertas palabras ; aunque por
esta vez, parece mas fâcil pronunciar lamer que lamber.
Lampa. Voz quichua. Laya de borde en média luna y dstil en
puiio 6 agarradera.
Lampaso. Planta cuya hoja se aplica para remedio del higado.
Lantana {Làntana Brasiliensis). Verbenâcea! Hierba sagrada,
yarabisco, sucupira, omoncos en Chiquitos. Planta cuyo prin-
cipio activo, la lantanina, goza de propiedades febrifugas con la
ventaja sobre la quina de tolerarla los estômagos mas delicados ;
y sobre el sulfato de quinina, de obrar mâs eficazmente, bastando
dos granos inmediatamente suministrados después del ataque.
Con solo el cocimiento de su corteza se ha cortado en très tomas
tercianas y cuartanas de diez y ocho meses.
Lanza (Indios de). Los guerreros de tribu, como los pampas
é indios del Chaco, que manejan esta arma de guerra, ginetes en
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 395
veloces caballos. Chusma es la parte de indiada que no va â los
nialones 6 expediciones militares.
Lapacho. Véase Tajibo.
Laque. Voz quichua. Maîz blando, molido y cocinado.
Lari. Indio aimarâ de La Paz y Oruro, que vive en lo mas
âspero de la meseta boliviana en casas de piedra, algunas de la
forma de un horno, con entrada sumamente baja y de cara al sol.
Los laris se acuestan sobre un cuero de llama, ùnico animal que
los acompana en su soledad, y se alimentan de oca, maiz, habas,
quinoa, millmeyde una papamuy amarga, Uamada luqui.
Latir. Ladrar el perro, y laiidos los ladridos.
Latôn. Nombre vulgar del sable 6 chafarote, aludiendo â la
vaina que antes era de latôn con tirantes de tiento.
Lazo. Soga larga y trenzada, del grosor de un dedo y perfec-
tamente flexible mediante repetidos untos de sebo, y puesta â
secar al sol para que se endurezca. Sii-ve para enlazar las reses en
campo abierto. Es el rejo de enlazar ^ de Bogota.
Cuando se trata de enlazar un animal, se suelta el lazo que va
arroUado en el arzôn derecho del anca quedando un extremo
sujeto â la cincha; el otro cabo con el nudo corredizo se voltea
con la derecha, en espiral, al galope tendido, tirândolo â los cuer-
nos 6 al pescuezo de la res desde una « honesta distancia ». Por
este sistema se agarra un nido de avispas echando al galope el
caballo para evitar la picadura de los bichos ; y también al tigre
procurando estrangularlo.
El laxp lo han heredado los americanos de los indios abori-
gènes, quienes usaban este aparatocomo arma de caza y de guerra,
al igual de las bolas y de la macana. Es singular coincidencia que
usaran la misma arma los almogâvares de la Edad Media, los
cuales, segûn los historiadores, iban provistos de unas correas
para sujetar sus « azcanas », 6 para aprovisionar al enemigo,
teniendo algunos la habilidad de arrojarlo à manera de lazo.
Los campesinos americanos no tienen rival para manejar este
rollo de cuerda que, en sus manos, se convierte en una trompa
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39é CIRO BAYO
de elefante que, girando en los aires, cae y aprisiona en su nudo
al blanco de su tiro. Los anales de la Independencîa cuentan que
en la batalla de Las Cruces, tratando Allende, aunque en vano,
de organizar el ataque y de reducirlo â las reglas de la tâctica
espanola, observé que los enemigos habîan enmascarado unas pie-
zas de artilleria con unas ramas, de manera que las columnas
mejicanas llegaban hasta cierta distancia y alli eran desbaratadas
por la metralla. Allende, sin calcular el peligro, desata el la:^o que
Uevaba â la grupa, pone las espuelas â su caballo, y seguido de
algunos rancheros corre sobre aquel horno de fuego que cubrîa
la verdura de los ârboles. Se oye una detonaciôn y el intrépido
ginete y los que le seguîan caen envueltos en una nube de metra-
lla. Allende que habia escapado de la muerte, llega de un salto
hasta donde estaban las piezas, las tira el lazo, y lo mismo hacen
los rancheros ; lo amarran â la cabeza de la silla, ponen la espuela
â sus caballos y se llevan la artilleria, dejando â los soldados
espanoles atônitos, con la mecha, el estopin y las balas en la
mano. « La batalla se gana completamente, anade Manuel
Payno, todos los oficiales y soldados espanoles quedan tendidos en
el catnpo. » \ Como soldados de plomo ! 6 como en una antigua
crônica de la batalla de Aljubarroba, que refiriéndose â una mujer
Britas de Almeida que con una pala de horno matô siete caste-
llanos, anade : « Quantos vivosrapuit, omnes esbarrigavh. »
Refiere también Larrâzabal (Vida de Bolivar), que el llanero
Carvajal, « el tigre encaramado », manejaba las bridas del caba-
llo con la boca, y con las manos las armas y el lazo. Cuando la
intervenciôn inglesa en el Rio de la Plata, en tiempo de Rosas,
habiendo enviado una expediciôn en bote un comodoro inglés â
hacer aguada, los gauchos del Paranâse presentaron de improviso
y agarraron con el lazo â los descuidados marineros que estaban
en los botes, llevândoselos â la orilla. Parece ser que en Hawaï
(Sandwich) el ganado se maneja también como en America, â
caballo y con el lazo. Los cuidadores, llamados vaqueros (en espa-
nol) por los norte-americanos, tienen el nombre de espanoles
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 397
entre los islenos, por haber sido vaqueros venidos de Méjico ô
Califomia, quienes les ensenaron el oficio.
Enlos rodéos y en hshierraSy sobre todo, es dondeluceel gaucho
argentino, asî como el vaquero mojenoen las arreiidaSy su habilidad
en el manejo del lazo, ejecutoria de su oficio y supremo recurso
para procurarse una res agena y carnearla. Entre los campesinos
y aun entre muchachos hâcense apuestas para no dejarse arrastrar
por el lazp. Y en efecto, dos 6 très hombres no pueden arrastrar â
otro que se ponga tendido 6 agachado en tierra, cuando en posi-
ciôn bîpeda séria arrastrado por un nino. Esto dépende de la
flierza que desplegan los huesos de la cadera en doble arco, siendo
necesario una fuerza inmensa para quebrarlos en Hnea recta, â la
manera que es imposible quebrar un huevo apretado por las
puntas.
La^o es también un nudo que se hace en el cabestro para
sujetar los animales de silla. En esto de hacer nudos los gauchos
son mas habiles que los marineros. Véanse algunos :
Ld:^o chilenOy lazo que no es trenzado sino torcido, extraordina-
riamente fuerte. Llâmase chileno por ser el mas usado por los
huasos de Chile. — La:(p pampa, de cuero de potro, trenzado en
ocho. — La:(p tren:(^ado 6 torzal, de cuatro ù ocho tientos.
« Es inûtil poner el lazo al anca », nohay remedio que valga.
Laùcha. Ratoncito. Minerito en otros puntos. Sinônimo de
baqueano 6 prâctico en Colombia. En la Argentina hay el dicho
es una lauchitay por : es una ardilla, es un vivo.
Lauquén. Voz pampa, lago. Nombre que menudea en la topo-
grafia argentina : Curru Lauquén, Trenque Lauquén, etc.
Lecos. Indios pacenos âorillas del Mapiri (confluente del Béni),
famosos por su habilidad en manejar las balsas y por los rîos.
Guanaehos se les llama también, de Guanay, capital de su dis-
tri to, canton de Larecaja.
Lechiguana. La avispa mêlera y la rica miel que produce.
Lechuza {Noctua vulgaris. D'Orbigny). Buho de la pampa
que anida en las vizcacherasô madrigueras de los conejos ameri-
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398 CIRO BAYO
canos que tienen minado el suelo de los campos. La lecliuza
hace centinela a la entrada de estas cuevas, avisando la entrada
de animales forasteros, como iguanas, vîboras, tejones, etc. Aqui,
como en Europa, hay la misma prevenciôn contra la lechuza : se
la toma por ave de mal agùero, y los indios le tienen tal inquina,
que cuando déjà oir su funeral graznido en ocasiôn que hay un
enfermo en la tolderia, no se dan punto de reposo hasta sacrifîcar
â la fatîdica cantora. La persiguen â cahallo, la cansan y asi que
hacen presa en ella, la sujetan â toda aquella lista de atropellos
que el Maestro Gonzalez enumeraen su « Canciôn â Mirtabella ».
Légua. La légua argentina tiene 40 cuadras de 150 varas,
esto es 6.000 varas. La boliviana tiene 4 kilômetros subdivididos
en 30 cuadras de 185, 63 métros, en junto 6.662 varas.
Leme. Voz antigua espanola y aquî tomada del portugués : el
timôn.
Lenguachuta. Tartamudo, tartajoso.
Leofû. Voz auca : rio.
Leoncillo (Simia Adipus, L.). Monito del tamano de un
perrito recién nacido, que puede embolsillarse en la faltriquera.
Debe su nombre â una melena que le adorna como el lèôn.
Leoncito. El « conejito » en el juego de damas.
Leonera. Asi llaman en Buenos Aires al depôsito de los dete-
nidos por causas graves en el departamento de policîa.
LEQUE-LEauE. Véase Tero-tero.
Leso. Tonto. « Asî se engana al leso, con pan y queso »
(refrân).
Leva. Levita. De leva y g'alera : de levita y sombrero de copa.
LiBES. Nombre indio de las boleadoras. — Dos boleadoras cor-
tas con manija en aspa que emplean los nifios para tirar â los
pâjaros.
Libéral. Animal de buena sangre. — Pronto, y es andalucis-
mo. « Escùrrase con viento en popa y miidese libéral » (Fernân
Caballero. Clemencid),
LiEBiG (Carne). Nombre tudesco que ha tomado carta de natu-
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 399
raleza en el vocabulario americano, por el famosoextracto de carne
que se prépara en el saladero de Fray Bentos (Uruguay) y en Rio
Grande del Brasil. Es carne de buey 6 de vaca, magra, sin huesos,
hecha jigote, a la que se da consistencia de extracto mediante
algunas preparaciones quîmicas. El caldo concentrado de Liebig
esta hecho con los tegumentos, tendones y huesos de la res, y
en el comercio tiene la apariencia de la cola de pegar. Véase
Saladero.
Lima. El fruto del limero {Ciira medica îimelîd). Variedad del
limonero. — Lima, capital del Perù, dériva de Rimac, rio que
riega su término.
LiMETA. Frasco de barro, a modo de los de vidrio de ginebra,
que se lleva atado a los tientos del « recado ». — « Empenar la
limeta », libar i menudo. — Con scrlimetawoz castellana, pocos
seran los peninsulares que descifren este terceto :
Aqui vive el pimiento y la mostaza,
colérica mujer que no se aplaca
sin muchos tumbos de limeta 6 taza.
(La Vida del Picaro. Autor desconocido ; principios del siglo
XVII. Revue Hispanique^ IX.)
LiNDO. A las très acepciones que Cuervo dade esta voz (Revue
Hispinique, IX) : legltimOy casti:(o y bello, pudiera aiiadir una
cuarta : como interjecciôn, \ Lindo! Bravo! muy bien dicho !
muy bien hecho !
LiPEZ. La aiparrosa se llama Piedra Lipex^. Lipez 6 llipi en len-
gua quichua : centellea ; por referirse a una sal blanca y transpa-
rente como el cristal que cubre una llanura de mas de sesenta
léguas cuadradas, en la provincia de Lipez, departamento de
Potosi.
LiauiCHiRi. Voz aimarâ, cuyo significado literal es raspa-
dor de sebo, y que ha tomado carta de naturaleza en Bolivia en
el sentido de misérable.
Lise ô tacaiio. Atrevido. / Ay^ que liso ! dice una criolla a un
atrevido galàn.
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400 CIRO BAYO
Lx)BO DE MAR. Abundan en la Patagonia y en la costa méridio-
nal de la Argentina los lobos de dos pelos y de uno. Las pieles
de dos pelos se cotizan en Europa a 3 y 4 libras esterlinas. En
la Repùblica Oriental hay pesquerias de estos animales en la isla
de Lobos, Castillo y Coronado ; asi como en la Argentina en
Mar del Plata, Loberia y Peninsula Valdés.
LoBO DE Rto (^Castor huidobritis), Ababari en Mojos. Parecido
â la nutria ; de pelo fino, cabeza de perro de presa, cola aplanada
en forma de paleta de albafîil, como la del castor ; patas cortas y
dedos con membranas naiatorias. Persigue en tropas â los peces
de los rios y se defiende â mordiscos de sus enemigos. En los
lugares que frecuenian no aparecen caimanes y hay poca pesca.
Su came, aunque no muy sabrosa, es comestible.
LocoTO. Especie de pimiento muy picante, que se muerde
crudo.
LocRO. Comida espesada ù oUa podrida de choclo, arroz,
papa, chuno, yuca, etc., tinta con aji 6 urucii. Se Uama también
« comida de pasajero », por lo fâcil y pronto de su aderezo.
LocuMBA. Pisco ô aguardiente de uva, agradable y muy aromâ-
tico, cuyo nombre dériva de Locumba, puebloperuano â 18 léguas
de Tacna, el primeroen acreditarlo. Véndese en La Paz y en mu-
chas localidades del litoral en botellas grandes por lo benigno
de sus efectos.
LoKA. Medida superficial de nueve varas cuadradas. Doce lokas
componen el càtodecoca.
LoMBRiz (caballo). Jamelgo de caja estrecha y larga.
LoMEAR. Esquivar el cuerpo, una empresa ; hacerse el sueco.
LûcuMA. El Maoney de Cuba. Familia Sapôteas.
LucHE. Alga suculenta del Pacifico que se importa al inierior
del continente.
LuNFARDO. El calô ô argot del hampa argentina.
Lunes (San). La plèbe de Cochabamba es muy devota de
Baco, y del primer dia de la semana ha hecho un santo que con
el nombre de « San Lunes » ha propagado su culto en otras
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PROVIKCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 4OI
ciudades de Bolivia. Este santo de la embriaguez esta pintado
como iicka-llanid à pendôn de chicheriaconcara de hombre ebrio ;
cuerpo, de cantaro de chicha ; un violin y una guîtarra por bra-
zos ; no tiene pies, sin duda para denotar la dificultad con que
caminan los borrachos; Ileva por sombrero una jarra de servir
chicha ; tiene delante una mesa con dados, barajas, ganzùas y
puiiales, fiel emblema de los vicios que albergan las chicherîas
6 tabemas plebeyas.
Luaui. Otra de las ciento y pico especies de la papa americana.
Es de sabor amargo. Véase Lari.
Llama. Animal de carga de los indios peruanos y bolivianos,
desde an tes de la conquista espanola. Si bien se emplea indis-
tintamente a estos animales como cargueros, los machos son
preferidos à las hembras destinadas preferentemente a la cria. En
todos los pasos de los Andes se usa la mula; los jujuenos y
bolivianos emplean el burro y la llama, animal este el mas econô-
mico, por su sobriedad, aunque no carga mas de cuatro arrobas.
Generalmente bajan de las alturas rebanos de Hamas cargadas
de sal, pero también transportan panes de aziicar y petacas con
mercaderias de poco peso. La llama anda sin cansarse cuatro
léguas diarias. Cuando necesita descanso, dobla con cuidado las
rodillas y se acurruca de modo que no descomponga la carga ;
pero cuando se la fatiga, no dejândola descansar, da golpes con
la cabeza contra el suelo. Sise la irrita, escupe una saliva càus-
tica. Los indios, cuya paciencia compite con la de la llama, cuando
esta se echa al suelo, se sientan a su lado y se entretienen en
tirarla piedrecitas â la oreja, hasta que aburrido el animal, se
levanta. La llatna es la providencia del indio de la altiplanicie.
Este se alimenta de su carne ; trenzando su lana hace sogas para
asegurar la carga 6 para hacer la honda, su arma favorita ; em-
plea el cuero para ho/otUy y retobado, para su caja à tambor con
que acompana la flauta ; el excremento para abono y combustible
en los trechos donde acampa en sus viajes, conocidos con
el nombre jara à pascana ; con la particularidad que los
Revui bisptutiqm. xiv. 26
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402 CIRO BAYO
ganados sedentarios tienen sitios determinados para depo-
ner sus excrementos, los cuales se venden en carguitas destinadas
a la « quema » ô fundiciôn de metales, por la aridez del terreno
en que los in^enios esiân emplazados. La llama se nutre comiendo
a pellizcos los pequenos pastos de la alriplanicie, y puede estar
seis dias sin beber, aunque carece del admirable estômago del
camello. Su vidasealarga hastaquince ôveinte aiios. Con motivo
de su cria tiene el dueiio del rebano varias fiestas muy sonadas ;
el gkilpi, que se reduce a marcar el rebano cortandole un pedacito
de oreja 6 en ponerle adornos en el cuello y orejas, cuando los
animales se destinan al trabajo ; la otra fiesta en que ayudan â la
procreaciôn de los machos asi que estos tienen 3 aiios y â la
que asisten ùnicamente los indios casados.
Llanta. Voz quichua : sombra. Quitasol hecho de cuero,
sostenido por un palo, a cuya sombra venden las gâteras 6 muje-
res del mercado.
Llantén {Plantago major), Proteragineas. Végétal médicinal de
la flora chilena.
Lliclla. La manta de las indias quichuas que se prende con
el topo.
Llipta ô Uucta. Pan minerai 6 pasta alcalina compuesta de
cenizas de quinoa, de papas, de cardon, hediondilla, de maiz
tiemo, de molle y otros végétales, â las que se anade cal, de
modo que la masa résulta bastante dura, y asî gustan los indios
quichuas de tomarla cuando acullican coca â fin de dar â esta
sazôn, â manera de sal. Los indios de Caupolicân (provincia
paceiia) se sirven del mismo modo de una planta llamada
chimacro. Los de la région del Amazonas reducen â polvo las
hojas secas de la coca y mezclândolas con cenizas de hojas de
ambaibo, lo mastican con algo de tapioca àfarina^ tragando con
deleite la pasta heterogénea que de todo esto résulta. La llipta^
aunque de compuestos végétales, puede incluirse entre los subro-
gantes minérales que han dado origen â la clasificaciôn de « gli-
tivoros » y « geôfagos » entre pueblos de distintas zonas.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 403
Llorador (El). La capilla del Panteôn 6 cementerio donde
con lloriqueos se despide al muerto que va al hoyo.
LlorOnas (Las). Espuelas grandes vaqueras, asi llamadas
porque hacen « Uorar sangre » al animal. Llâmanse también
roticedoras por el ruido que hacen ; y na^arenas porque se arras-
tran al andar con ellas.
Lloslla. Voz aimarâ. Avalancha de no importa que. Asi : he
ganado una lloslla de plata, por : he ganado un chorro de duros.
Llucho. Voz aimarâ. El fruto del ambaibo.
Llullucha. Ova comestible.
M
MacA. Género Pelicanus, Cuervo acuâtico. Margullôn.
Macana. Voz quichua : Macanacuno, pelear. Lamaza de guerra
de los antiguos querandies, y de los tobas del Gran Chaco ; de
donde su actual signifîcado de palo 6 arreador con correa, de los
arrieros argentinos. — Un tejido de algodôn que hilaban an tes
los indios de Mojos, pero que con la despoblaciôn de este terri-
torio por el enganche de gente para los gomales del Noroeste, ha
pasado â algunos pueblos del departamento de Santa Cruz, prin-
cipalmente â la provincia de Guarayos. — Macana 6 fnacana:(p,
bola, mentira.
Macanudo. Excelente, superior : « \Waya\xnzm\x\er macanudal^^
i Vaya una real hembra !
Macaco. Voz portuguesa, mono. Epiteto que los argentinos
dan â los brasilenos sus vecinos.
MacachIn. Fruta silvestre muy dulce, y abundante en pam-
pas y terrenos chaqueados,
Macear. Apostar 6 hacer traviesas en el juego.
Maceta. Cachiporra para clavar estacas, y que el gaucho lleva
en sus expediciones, asi como el soldado de caballerîa para esta-
quear las tiendas de campana.
« Ponerse maceta » : hacerse viejo, aludiendo â los cascos de
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404 CIRO BAYO
las caballerias que se agrandan y vuelven macetas con la vejez
del animal.
Maciega. Yerbal inculte.
Maciel (Goma). El caucho en el Béni (distinto de la siringa),
por haber sido un tal Maciel el primero en explotarlo.
Macono. Ave de los bosques del Oriente que le da por cantar
que se las pela, cuando mis calienta el sol.
Macontullo. Véase Murucuntuyo.
Macote ô maciia. Grande. Palabra, como cafiia, importada
en el Rio de la Plata por los esdavos africanos.
Macuco. Muchachograndullôn. —Ave. Véase Martineta.
Macumbè. Grande. « Espuelas macwnbéy> : espuelas vaqueras.
Macuciuino. Macuco. « Macuquina » se Uamô la primera
moneda espanola acunada en Méjico hacia mediados del
siglo xviii, de donde los macuquinos actuales. Antes que la
moneda macuquina se acunaron las « adraves del puerco », por
verse en una de las caras la figura de un porquero.
Mâcha, machona. Virago; mujer fuerte y varonil.
Machaca. Voz quichua : nuevo. Asî, machacamarca.
Machado. Ebrio, mamado. — Macharse, emborracharse.
MACHAauE. Eltema ôporfia. « Ya es tnuy chori:(o tu tnachaque »,
dicen los criollos.
Machùri. Machorra, de la que sera desinencîa.
Machusca. Voz quichua. Mujer jamona.
Madama. La partera 6 comadrona, entre el paisanaje rio-
platense.
Madera. En el sentido de palo à tronco de drbol, es voz por-
tuguesa. En el Béni, dicen « una estrada de tan tas maderas »
por de tantas seringueras.
El Rio Madera fué asi llamado por los inmensos troncos de
cedros que lleva en tiempo de sus inundaciones, de noviembre
a abril. A esta etimologia responde también la Isla Madera
Que do muito arboredo assim se chama.
(Camoens. Os Lusiadas^ <:anto V.)
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 405
Madia. Planta oriunda de Chile, ya importada en Europa. Se
cultiva por la semilla que da un aceite comestible, aunque su
sabor no es del gusto de todos. La planta despide un olor fuerte
y desagradable, y aunque las ramas secas conservan este acci-
dente, las apetecen las ovejas.
Madré. Laguna, 6 cauce abandonado de un rio, que no ha
sido obstruido, de manera que sus aguas son alimentadas 6
renovadas en las crecientes.
Madrejôn. Laguna que se comunica con un rio, por sergene-
ralmente parte del cauce antiguo 6 madré que abandonaron las
aguas.
Madrina (Yegua). Yegua i la que se pone un cencerro 6 cam-
panilla, y que seguida de la manada 6 tropilla es arreada à
grandes distancias por los gauchos, quienes hacen largos viajes
al galope, sin mds que detenerse, tnanear la yegua, cambiar de
caballo al aproximarse la tropilla al rededor de la madrina, y
seguir galopando hasta otro relevo.
Por analogia llimase fwtfrfnwû â la mujer que se entiende con
dos ô mds hombres. — Buey madrina. El que va i la derecha
del novillero en la yunta de la carreta.
MagOey. La tuna de donde los mejicanos sacan el pulque,
MaIz del aire. Planta parasita, de hojas verdes y pomposas y
de fruta como espiga de maiz, pero de granos rubies, como la
mazorca dtl guembé.
Majao ô majado. Charque majado 6 picado en mortero, con
arroz. Plato muy substancioso de la culinaria crucena. Lldmase
también « sopa valenciana »,
Majeno. Platano de color morado, y comestible, que a primera
vista parece una berengena.
Majo. Nombre tacana con que es conocida en todo el Béni la
preciosa palmera {Copernitia cerifera. Martius). Caronday y
Patduba del Brasil.
Sus hojas de un perenne verdor suministran la cera amarilla
que se emplea para la fabricaciôn de vêlas. Para obtenerla, se
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406 CIRO BAYO
cortan las hojas de la palmera y se exponen al sol. A los très 6
cuatro dias se agostan y i esta sazôn bdtense en un lugar abri-
gado del viento, y con esto sueltan un polvo, que recogido y
derretido al fuego, es la cera. Los coquitos del tamano de una
avellana, sirven para hacer lèche, echandolos en agua tibia. Al
cabo de una 6 dos horas, las almendras se reblandecen, se las
estruja en agua fria, y colando la masa se obtiene la lèche. Para
obtener la manteca, hicese hervir la lèche, y en cuanto hierva,
suspende la manteca. Entonces se vierte agua fria, detiénese el
hervor y se ha conseguido la manteca v^etal. La paja del majo
sirve para sombreros finos, esteras, abanicos, canastillos, etc.
(véase Jipijapa). De su madera hâcense instrumentos de cuerda,
tazas, etc. De lo expuesto, se desprende que el niafo es la provi-
dencia de los lugares donde se cria.
Malabar (Un). Escamoteo; trampa en el juego.
Malacote. Noria.
Malanga. Fruta ihmzdz ocuma en Venezuela.
Malebo. Malvado, malhechor. Gaucho nialebo: danino, que
esta fuera de la ley.
Mal-haya. Particula optativa que entre elpaisanaje criollo reem-
plaza al aràbigo jojald! que no he oîdo una vez siquiera en la
campaiia americana y muy poco en las ciudades. Asi pues el
malhaya criollo es un \ quien hubiera! V. gr. « Ah mal-haya qui-
nientos pesos ! »
Maloca. Guarida 6 pueblo de indios montaraces. — Malo-
quear. Hacer un malôn (véase) y comerciar de contrabando.
Maloja. La hoja de la cana de aziicar.
Malôn. Ataque y sorpresa de los indios bravos 6 tnalones.
M ALTON. Animal 6 persona joven pero de desarroUo precoz.
Asi un cordero maltôn; una nina mallonciia.
Malluhatu. Especie de mono ahullador.
Mama. Voz quichua : matrona. Mania Colla, hermanay mujer
de Manco Cdpac ; Marna Cora, hermana de Sinchi Roca ; Mama
Huasi : casa solariega.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 407
Mamaco. Pava como el mutùn 6 yacù, pero de pico amarillo
y vientre blanquizco. La hembra es la llamada pava pintada.
Mamamico. Voz quichua : cesôn. La criatura que al nacer
cuesta la vida d su madré, en virtud de la operaciôn cesdrea.
Julio César fué un mamamico.
Mamàni. Voz aimard : dguila. De donde muchos nombres geo-
graficos. Chulumaniy capital de Yungas ; Illimani (dguila resplan-
deciente), montana de La Paz, una de las mds altas del globo.
Mamarse. Emborracharse.
MamboretA. Voz guarani. Capuchino; fraile rezador en la
Peninsula; caballo del diablo y Tuciira en Mojos. — {Mantis
religiôsd). Ortôptero. La configuraciôn de este insecto carnivoro,
es idénticaal congénère europeo. Cuando un mamboretà se siente
aprisionado, contrae las patitas delanteras, y la piedad popular
supone que contesta senalando al cielo cada vez que los ninos
le preguntan : « i Dônde esta Dios ? » Otros etimologistas
quieren que mamboretà signifique en guarani : « i Dônde
esta tu chacra? », pero cualquiera que sea el significado, los
espaiioles encontraron d este animalito bautizado asi entre los
guaranîes. He de aducir una observaciôn biolôgica sumamente
curiosa é instructiva d la vez, tomada de las Études sur les facul-
tés mentales des animaux de Houzeau. En los insectos sobrevive
particularmenteel impulso genésico d las mutilaciones mds graves,
ddndose el caso en el mantis religiosa, que la decapitaciôn del
macho no le impide el acto de fecundar d la hembra.
Mamelucos 6 Paulistas. Zambos brasilenos que por algùn
tiempo fueron « arranchadores » ô cazadores de indios salvajes 6
doctrinos que reducian d su servicio 6 vendian como esclavos en
Matto Grosso, que era su cuartel gênerai. Estos secuestradores
de nuevo cuiio fueron llamados mamelucos por su semejanza con
los antiguos esclavos de los soldanes de Egipto, y paulistas por
haberse establecido en un principio en la ciudad de San Pablo.
En la flora brasilena figura el anda-acû 6 « purga de los paulis-
tas », hermoso drbol que crece d orillas del mar; de bastante
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408 CIRO BAYO
altura y cuyas almendras son un purgante enérgîco. Su influen-
cia sobre los terrenos arenosos maritimos 6 dunas, es parecida
d la de los pinos en las Landas.
Mamesô. Zozobradednimo; presentimiento (Santa Cruz).
Mamùri. Planta género Casia (Cassia fistuld). Abundante en
los campos de la zona tôrrida. Tiene una vaina con semillas den-
tro de una pulpa laxanie. Estas semillas las aprovechan algunos
para hacer café y para calmar el dolor de muelas, sirviendo para
esto ùltimo la raiz de la planta.
ManA. Dulce hecho de mani.
Manacaracx). Género Tinamus. Gallineta montaraz.
Manca. Voz quichua. La olla de cocinar.
Mancarrôn. Caballo matalôn y viejo.
ManclIn. Animal que sin causa justificada cambia de un dla
para otro de carâcter 6 de condiciones. Asi un caballo que hoy
anda mucho y maiiana apenas, un gallo que ayer era peleador y
hoy es cabra, etc.
Manco CApac ô Inca Kapajh = Senor Poderoso. Fundador
con su hermana y esposa Marna Cello, del imperio de los incas.
Aparecieron en el lago Titicaca y fueron los fundadores de la
ciudad del Cuzco (1054-1117). Segiin Garcilaso, Manco no es
palabra quichua. Lo cierto es que la palabra es participio del
verbo quichua mancuni : cortar en pedazos.
Manchai-puitu. Voz quichua : cântaro aterrador. La quena à
flauta del indio peruano y boliviano introducida en el hueco de
un cântaro de barro, con lo que résulta un sonido lugubre, de un
bajo profundo, casi funèbre. Véase Quena.
Manchas del Sur. Nombre popular de las « Nubes de Maga-
llanes ».
Manchita (Â la). Juego infantil que consiste en correr
teniendo uno algo en la mano, gritândole :
Yo ténia una gallina
y la corté el pescuecito,
me chupé la sangueciia
y me robe la manchita
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 4O9
entretanto que cada cual porfia por quitarle la prenda.
Mandarse mudar. Irse. « j Mdndese mudar ! » ; Viyase usted!
MAndia. « Melon de agua » y « patiUa ». La sandla.
Mandioca. Véase Farina y Yuca.
Manea. Apea ô correa para atar las manos à las caballerias.
Tirso de Molîna la llama maneota :
l Al gusto poné maneotas ?
Dfle que las tiene rotas
y si llega, dale coz .
(Santa Juatm.)
La manea americana es de guesca trenzada, de piel de toro 6
vaca, y i veces de hierro con candado. Un escritor criollo llama
â las maneas muy elegantemente « grillos de trenzada piel ».
Los arabes manean también d sus caballos con sogas de pelo de
cabra 6 de camello.
Maneche (^Misâtes seniculus). Mono ahullador, grande y muy
velludo, de piel rojiza y suave. Tiene ùna papera 6 coto,
con la que produce un ruido parecido al del trapiche cuando
muele la cafia, por lo cual en algunas partes se le llama « mono
trapichero ». De madrugada y â la puesta del sol, canta la tropa
de los maneches, produciendo un ruido largo y sostenido como
el de un ganado de vacas. Su came es comestible y hasta puedo
anadir que excelente, cuando se ha perdido la aprensiôn. Guara-
yos y chiriguanos lo llaman carayà.
Manene. Pantano movedizo en piano désignai.
Mangaba. Gomero poco corpulento, cuando mds de cinco
métros, propio dé terreno de altura en pampa, â diferencia del
peloto, su congénère, que es de curiches y rios. Abunda en los
llanos de Chiquitos y produce ademds de una poma agridulce, la
résina de que hacen pelotas los indios para el huitorô. Véase
HUITORÔ.
Manganeta. Manganilla. Juego de manos.
MangangA. Nombre guarani de la abeja cîmarrona, de gran
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410 CIRO BAYO
tamano. Hay muchas variedades que se distinguer! por el color,
por la forma de las colmenas 6 tapas y hasta por la intensidad
de sus picaduras. Véase Peto.
Los mangangases : los patacones ; la plata.
Mangue (JMangifera indica. L.). Ârbol frutal del Âfrica acli-
matado en los paises cdlidos de America. El mango, su fruto, es
exquîsito como el de la papaya, y para mâs golosina, se corne
con aziicar 6 sal. Su almendra 6 simiente es rica en âcido gâllico.
Prodiicese muy bien en las chacras y en los chacos de Mojos y
del Béni.
Mango. El fruto del mangle.
Mangôn. Cerco 6 campo cerrado para cierre de ganado.
Mangorrera. Cuchillo entre punal y machete. « Empriéstame
la mangorrera para picar el naco » (Acevedo Dlaz).
Mangrullo. Palo alto â modo de cucana, al que se encara-
man los bomberos para vigilar el campo raso (véase Bombero).
El mangrullero 6 bombero es el espia de avanzada del ejército argen-
tino, 6 el aulaya de los fortines del desierto cuando se vigilaba
la invasion de los malones.
ManI. En Mexico y en Espana : cacahuète. Mandûbi en gua-
rani {Arachis hipogea). El nombre de mani corresponde mejor i
la principal utilidad que reporta. En hebreo significa aceite (valle de
Gethsemani à del aceite) y sabido es que de él se saca un rico ôleo,
que en el Oriente boliviano es en tanta cantidad que de una
arroba de manî suelen sacarse seis y ocho libras de aceite, tos-
tando el fruto, machacàndolo hasta reducirlo à pasta y sumién-
dolo en una caldera de agua hirviendo de la que, con una cuchara,
se saca el aceite de la superficie. Del manî, se hace, ademâs, una
chicha muy sabrosa.
Mano de charla. « Echaremos una mano de charla. » Expre-
siôn que significa el tiroteo de palabras que se hace al tiempo
que se estrecha la mano de otro.
Manolear. Provocar, desafiar.
Manso de abajo (Potro). Que aguanta la cincha y puede ser-
vir como animal de tiro, pero no de silla.
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 4II
Mantas. Voz minera. Manchas argentiferas extendidas y
grandes, pero delgadas y de poco grosor.
Manu. Voz tacana : rio. Manutata, padre de los nos (el
Madré de Dios); Manuripe (rio chico); Tahuamanu (rio de los
ambaibos) , Dati Manu (de las tortugas), actual rio Ortôn, etc.
Manzanillo 6 manzanilla {Hippomane mancenilla. L.) ; Eufor-
bidceas. Ârbol alto y venenoso desde la raiz hasta el fruto. Aun-
que es proverbial que la sombra del manzanillo es funesta, el
naturalista Jacquin asegura que echô una siestecita de très horas
i la sombra de este irbol, sin la menor novedad. Sus frutos son
parecidos à una manzana pequena y de acciôn irritante local.
Abunda en el Béni y en toda la région amazônica.
Mananear. Madrugar.
Mapajo 6 mapoco. Especie de algodonero. Ârbol indîgena,
muy alto y de copa umbelada, que produce capullos de
algodôn, color aperlado, mâs suaves que el mismo algodôn, pero
menos abundantes. Estos capullos se ensanchan al sol y se con-
traen â la sombra, y de ellos se sirven los indios para hilar hama-
cas, frazadas y demis artefactos.
Mara (JSivistenia Mahagont), Voz guarani : maray ârbol. Espe-
cie de cedro, semejante al cinamomo y de madera preferida para
construcciones navales en los rîos del Oriente.
Maragato. El natural de la provincia de San José, en la Repù-
blica Oriental.
Maraya. El chufio de banana 6 de mandioca que antes de
secarse del todo, adquiere un mugre particular del que gustan
algunos criollos, como ciertos aficionados del queso agusanado.
— El chuno de pldtano, completamente seco, llâmase chila.
Marayahù. Voz guarani (JBactris maraya, Jacquin). Palmera
de unos cuatro métros de altura, tronco espinoso y un racimo de
cocos pequenos, del tamaiio y configuraciôn de las bellotas. Las
hojas son muy hendidas, flexibles y ramificadas. El nombre cien-
tifico de bactris 6 bastôn, dériva del uso que en ebanisteria se da
al tallo de esta palmera.
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412 CIRO BAYO
MaraynintIn. Las dos piedras juntas, morocco y maran, con que
se muele el aji.
Marca. Voz aimarâ : comarca 6 région. De ahl derivan por-
ciôn de nombres de pueblos, tatnbos y haciendas. — Catamarcay
Calamarca, pais pedregoso; Machacamarcay pais nuevo; Anco-
marca, Cochimarca, Cajamarca, etc.
Marco. Medida de peso équivalente a ocho onzas, muy usada
en mineria para apreciar la ley de la plata. — Molde de cera.
Marchamo. Impuesto que se cobra por cada res que se sacri-
fica en los camales 6 mataderos pùblicos.
Marchanta (Â la), 6 A la marchancha : i la arrebatiiîa. Chis-
chisco en Santa Cruz.
Marchante. Oliente, parroquiano.
Marchar. Hacer aprisa algo; activar una faena. « Marcha un
bife » se oye en los restaurantes rio-platenses.
Marchero (Caballo). El que va ensillado cuando se Ueva i
otro animal de tiro.
Marea. Creciente en sentido inverso i la corriente del rlo,
causada por el empuje de los vientos en el Rio de la Plata. —
Maresia (voz portuguesa) en el Béni.
Maria (Arbol 6 Palo). Véase Palo.
Marico. Mochila que à favor de una cinta que se sujeta en la
frente, apôyase en la espalda.
Marigûi. Trompideo simulia. Algo mds grande que el jejen,
verdadero verdugo de los que navegan los rios que cruzan las
florestas del Oriente.
Marimono {Attelés Panissus). Una de las especies mayores de
cuadrumanos de America. Su came es comestible como la del
inaneche.
Maripi. Mate pequeno para escanciar la chicha de los cinta-
ros d los vasos, 6 bien para medir granos.
Maripero. El Ganimedes 6 escanciador de Reyes (Mojos) que
maneja el maripi.
Marlo. Mazorca de maiz desgranada. Sirve de combustible,
como en Castilla el « garuUo ». Coronta en quichua.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 413
Maroma. Cable de acero con una roldana de la que se tira con
una cuerda desde la orilla, haciendo deslizar una red en la que
estân metidas personas y carga, que juntas atraviesan los torrentes
y riachuelos de Yungas.
NÎARauETA. Chaacaca de la que se destila un alcohol. La
cera ya elaborada y puesta en marcos 6 moldes, la que seca y
forrada en odres, se destina a la exportaciôn. La marqueta chi-
quitana pesa cinco arrobas, y dos marquetas componen la carga
de una mu la, 6 sea diez arrobas.
Marras (Hacer). Hacer tiempo que ocurriô algûn suceso.
Tal dla hizo un aiio. Asî : « Hace marras que no he visto a Don
Fulano. » He oido decir que tal expresiôn dériva de hace cl tiempo
de Gamarray personaje politico del Perù que di6 mucho que hacer
a Bolivia, hasta que victima de su ambiciôn, muriô en Ingavi
(1845). Lo cierto es que en Bolivia se dijo y hay quien dice
todavia : sombrero de Gamarra ; leva de Gamarra, etc., para
denotarla vejez de una prenda.
Martineta. Perdiz de las pampas. Macuco en Santa Cruz
(JTinamus variegatus).
Marucha. La carne sobre la paleta de la res que se da a los
matanceros por su trabajo.
Marucho. Zagalôn que ya al frente de una vacada, soplando
un cuerno, de cuando en cuando, para que las reses que se apar-
tan del camino, internândose en la umbria, vuelvan a reunirse
a la tropa.
Masaco. Amasijo de plâtano asado, molido en mortero con
queso 6 picadillo de carne.
Masapùri. Plâtano maduro sancochado y estrujado, con lo
que résulta un fresco agradable entre los crucenos.
Masarandûba (Mimosop excelsa. Freire Allemâo). Sapotaceas.
Da un jugo semejante a la gutapercha que mana de otro ârbol
originario de la India y Oceania.
Mascabado (Azùcar). Azùcar que en estado de miel cristali-
zada se deposita en grandes pipas puestas â escurrir, sin emplear
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414 CIRO BAYO
medios colorantes. Los panes de aziicar medio descoloridos cons-
tituyen el azùcar quebrado 6 terciado.
Masi. Especie de ardilla, trepadora de palmeras.
Masita. Pasta dulce de harina, como bizcocho, panatela, etc.
« Para masitas », piden los niiios criollos, como para galletitas
los peninsulares.
Mataco. Especie de talù 6 armadillo.
Matacos. Indios semi-salvajes del Gran Chaco que componen
actualmente una tribu numerosa.
MatachIn. Torero de invierno ù hombre alquilado para pro-
vocar el toro cuando en las capeas no hay aficionados que lo
hagan.
Matadero. Cuarto de soltero donde los jôvenes corren juer-
gas y matan honras.
Matado (Caballo). De mala fâcha y con mataduras.
Matambre. El « badal » de Aragon 6 carne valiente del cos-
tillar, gorda y apetitosa, que en realidad es un mata-hambre, no
s61o por lo substanciosa, sino porque es lo primero que se corta
de la res.
Matancero. Matarife 6 carnicero. Mana:(o en quichua. Mana-
ceria, carniceria.
Mataserrano. Pepino 6 cohombro.
Matato. Mate con pico, que sirve de tazôn para sacar el caldo,
6 bien la chicha en los menajes pobres. Corresponde al maripi de
Mojos.
Matatudo. Animal de hocico largo, 6 geta como la del jabali ;
asi como currutaco al de hocico romo. Conforme â esto, se dice :
chancho matatudo, chancho currutaco.
Mate. Véase Yerba Mate. Fruta del « Palo de poros » y de
la calabaza vinatera (Cucurbita Lagenària. L.), que tiene varios
nombres segùn su forma y tamano. Asi : mate churuno, calabaza
de los peregrinos ; poro, largo y sin pico ; galletâ, mate oblongo,
como lo indica el nombre ; porm, mate con « porrita » ô pico 6
mzngo ; paraguayo, en forma de 8.
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 415
Refrân : como los mates sirvo si me abren el pico. Véase Refranes
yModismos.
Mateo (Don). « i Dônde esta don Mateo ? » preguntan los
gauchos cuando el mate no circula, 6 no ce màteà, en fiestas y
reuniones.
Matete. Disputa, reyerta. — Fango menudo. — Especie de
engrudo.
MathuAsi. Galpôn ventilado y seco paradepositar la coca.
Matiaguaso. El pendejo.
Matico. Tordo del Oriente, de cuerpo anaranjado, cola negra
y alas coloradas. Ave muy canora y domesticable, y tan peleadora
que pelea como los gallos hasta morir 6 matar â su rival. Ârbol
{Piper àngustifolium, Ruizy Pavôn). Especie de pimentero ame-
ricano, peculiar al Perù y Bolivia. Sus hojas astringentes cierran las
heridasy cortan la gangrena. La infusion de las mismas empléase
contra la diarrea, disenteria y sobre todo contra la blenorragia.
— Ambaibillo y Moco-moco, en tacana.
Matrero. « Sepan voacedes que cuatrero es ladrôn de bestias »
(Jiinconete y Cortadillo).
Matucho. Nombre que como el de godos, chapetones, gachu-
pines, gallegos, etc., regalaron los patriotas sud-americanos â los
peninsulares.
Matufia. En lunfardo argentino : grilla 6 engaiio.
Mayô 6 mayu. Rio en quichua. ChinumàyOy rio pequeno;
CachimayOy rio de la sal ; Aritumayo, rio del anillo; Amarumayo,
rio de la serpiente (el Manutata 6 Madré de Dios); PilcomayOy
Chicha-PilconuiyOy etc.
Mazamorra. Maiz pisado en mortero y luego hervido en agua
6 en lèche con azûcar. Es uno de los alimentos mâs generali-
zados en America. Api en quichua. « La mazamorra espesa para
la mesa; la cocida para la mesa tendida. »
— Avenida de barro vais 6 menos compacto, cuyo impetu y
acciôn se asemeja al de los aludes de nieve. Se forma en los
origenes 6 nacientes de las quebradas, barrancos y torrentes
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41 6 CIRO BAYO
afluentes de algunos rios, y sobre todo en los lugares elevados
de los Andes cuyos lagos y lagunas dominan las hoyas hidro-
grâficas, las cuales estân formadas de terrenos aluviales de acarreo
y de pocaconsistencia, cimentadas a su vez en terrenos perméables
en déclive, de arcilla, salitre li otras sales delicuescentes. Las
aguas, al filtrarse, penetran fâcilmente en los terrenos sueltos, y
al Uegar â la capa subyacente imperméable, se detiene, operân-
dose progresivamente la disgregaciôn y formàciôn del barro, el
cual en contacto con el lecho, destruye la cohésion primitiva,
por lo que este va desmoronândose y desplazando siguiendo un
piano de resbalamientogeneralmenteal « thalweg » de laquebrada.
El movimiento, al principio lento, se convierte luego en râpido,
rotatorio y de impulsion merced â la cantidad de masa acumulada
y â la fuerza mecanica que desarrolla el agua al través de las
tierras remojadas y al estallido del gas hidrôgeno protocarburado
aprisionado en las cavidades internas, con temblor y ruido pare-
cidos al delterremoto. Al producirse la ma:(amorra^ si el terreno
ofrece poca resistencia, es desprendido y arrastrado por la avenida,
arrasando ârboles, piedras, edificios, etc. Al Uegar al thalweg y 6
bien se esparce por los llanos ô bien detiene el curso del rio for-
mando una barrera que obstruye su curso hasta que acumulândose
el agua, rompe el diqueproduciendo desbordes éinundaciones fan-
gosas. Se ha calculado en 116.632 kilogramos la impulsion de
:un métro cùbico de ma:(jmorra desde 160 métros de altura. Las
llanuras y desembocaduras donde se ha depositado la capa de la
tna^amorra presentan plaças escamosas de arcilla endurecida,
sobre un subsuelo todavia hiimedo, asi que el paso por estos
terrenos es sumamente peligroso. En cambio, como constituyen
tierras casi homogéneas, son utiles para la agricultura, mejorân-
dolas con abonos y cultivos sucesivos. Esta modificaciôn geolô-
gica que constituye un fenômeno muy comiin en Bolivia,
cesara indudablemente una vez que los terrenos por donde se
infiltran las aguas se hayan nivelado en las partes bajas, formando
una superficie dificilmente disgregable.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 417
Mazorca. La espiga de malz, como en la Peninsula, y por
extension toda clase de fnitos como el cacao cuyos granos estan
apretados ; al modo que quiso dar a entender Sancho Panza,
cuando Uamaba tna:^orca de perlas a Dulcinea y sus doncellas, en
la aventura de Toboso.
La Mazorca de Rosas. Tribunal secreto encargado de las ejecu-
-ciones decretadas por el dictador 6 sus lugartenientes. Ma:(prqueroSj
los esbirros.
Mecha-canalla. Hijo de clérigo pobre. Véase Candelero. —
Blandôn : el hijo de canônigo. Es decir que segùn la alcurnia del
nacido se le aplica la nomenclatura cerera que por clasificaciôn
le corresponde.
Media arroba (Llevar la). Llevar ventaja. Expresiôn tomada
de las carreras de caballos.
Medidor. Especie de lepidôptero geômetra ; gusano as! 11a-
mado porque en las contracciones que hace al arrastrarse por el
suelo 6 en una rama, parece que los esta midiendo.
Megaterio. Animal antediluviano cuyo esqueleto fué hallado
por primera vez en un lecho de arcilla entre la villa de Lujân y
el Rio Parand, en la Provincia de Buenos Aires, y depositado en
el Museo de Madrid, en 1789, después de haber sido armado y
descrito por Don José Garriga, de cuyas observaciones se valiô
el sabio Cuvier para clasificarlo. Parece ser que los restos del
megaterio son peculiares â las provincias del Plata, pues en ellos
se han hallado los linicos ejemplares que conoce el mundo cien-
tifico : el ejemplar ya citado de Madrid y el otro de Londres
remitido en 1832 por el ministro britanico en Buenos Aires,
hallado también en el Rio Saladillo, â pocas léguas de la capital.
Melero (Oso). Viverra melivora. Ni es oso, ni gato melero
como le Uamaron los espanoles. Es del tamano de un perro,
cara de mono y de muy poco pelo. Gran aficionado â la miel,
arranca el panai â zarpadas, resguarddndose de las picaduras de
lasabejasuntândose con miel y cera en cuya viscosidad se adhie-
re la chamarasca del monte haciéndole invulnérable contra sus
Ri%me hispaniqm. xjv. 27
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4l8 CIRO BAYO
enemigas. Como el oso hormiguero (véase Tamandùa), terne
al hombre y huye encaramândose à los ârboles.
Melgarejo ô tostôn. Moneda acunada en Bolivia después de
la batalla de la Canteria, en pùblico testimonio de gratitud â su
Excelencia el gênerai Mariano Melgarejo. En el anverso tiene
grabadas las efigies del dictador y de su secretârio de Estado,
Mariano Donato Munoz, con el lema « Al Valor y al Talento ».
Por orden del 12 de noviembre de 1868 se mandé que éipeso
melgarejo circulase por seis reaies, aunque no ténia mâs valor que
cinco, para subsanar, segùn el gobierno, los danos causados â su
crédito y â las transacciones del pais. Todavia por otro decreto se
ordenô larecogidade los «Melgarejos » para darlesel nue vo valor
de ocho reaies. En el dîa, es moneda feble que vale très reaies,
subdividida en dos melgarejos de â real y medio cada uno.
Melgarejada. Pronunciamiento ; cuartelada, en lo que era
practico D. Mariano, Uno de cuyos actos diô origen al refrân :
<c Hombre cobarde no eatra en palacio. » Véase Refranes y
Modismos.
Menas (De todas). Clases 6 especies.
Menta (De). Ser de fama 6 nombradia. Mentado.
Meridiano. Como primer Meridiano 6 Meridiano especial
senalado para servir de punto de comparaciôn y determinar la
longitud, los argentinos se sirven del que pasa por Côrdoba; en
cuya ciudad hay un observatorio astronômico. Los bolivianos se
rigen por el meridiano de Paris. — Meridiano de Deniarcaciôn
era el que servla de limite entre las colonias portuguesas y
espaiiolas.
Meridiem (Ante y Post). Antesy después del mediodia. For-
mula adoptada por la culti-parla criolla y asi las 9 a. m. 6 las 9
p. m. segùn sea lâs nueve de la maiiana 6 de la noche.
Merienda. La comida que se hace â la francesa, ô â la caida
de la tarde.
Mesôn de fierro. En el corazôn del Chaco, en el camino
que recorren los féroces indios tobas en sus excursiones à la
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 419
Argenrina, hâllase en un lugar llamado « Otumpa » un gran
mesôn ; masa grande de minerai parecido al hierro, que se supone
ser un aerolito 6 « piedra del cielo ». En la « Relaciôn de la
Provincia de Tucumân » que al Licenciado Cepeda, présidente de
la Audiencia de La Plata por los anos de 1583, diô Pedro Sotelo
Narvaez, se alude a este aerolito en este pasaje : « En este
para je (el Gran Chaco) se ha hallado un pedazo de hierro como
un cerro pequeno y del cual se ha hallado algùn grano rodado
y es muy amoroso de labrar. » En el siglo xviii se hicieron
varias excursiones para dar con él, pero luego se perdiô el rastro.
El gênerai argentinoTaboada lo encontre en una de sus expe-
diciones, pero como no supo fijar el sitio astronômico, no volviô 6
dar con él â la vuelta. Este bloque es tanto mâs notable, cuanto
que no se tiene noticia de que exista en el mundo otro mejor,
sino es el que hay en Rusia, del cual se regalaron, como
cosa de mucho mérito, un par de pistolas â Napoléon 1°. Del
métal de Otumpa hay también dos pistolas sobre la mesa de la
secretaria del Gobierno de Washington. Dicese que el gobierno
de la provincia de Santiago del Estero tiene establecido un buen
premio en metâlico al primero que dé noticia précisa del sitio
donde se halla el tnesôn de fierro.
Mesopotamia Argentina. Expresiôn de Martin de Moussy que
ha tenido mucha resonancia. Comprende el Delta del Paranâ,
también llamado el Tempe argentine por el escritor Marcos
Sastre.
Mestizo ô Cholo. Hijo de europeo é india. En tiempo de la
dominaciôn espaiiola los mestizos formaban la tercera clase, des-
pués de los peninsulares y criollos. Tras los mestizos seguian los
negros africanos. Los indios formaban clase separada.
Metapaso. Juego infantil : el salto del carnero. Sarataca en los
departamentos quichuas.
MEzauiNAR. Rehuir, evitar 6 negar alguna cosa. Vg. : « Le pedi
pan y me lo me^quinô, » — « Quise hablarle y se me:^quinô
calle arriba », etc. En Colombia nie:((iuinar significa defender d
alguien.
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420 CIRO BAYO
MicQuiPULAzo. Voz quichua. El golpe que con las manos
juntas y ahuecadas, se da en la cabeza de otro.
MicuRÉ. Carachupa en Santa Cniz. Véase Sariga.
Miche. Oveja desorejada, en seiial de marca.
MiLAGROSA (Cruz). La de madera que, con una hucha 6 cepillo
de animas, hay en los caminos del norte de la Argentina para
que los viajeros echen algiin dinerillo, que, recogido por los
campesinos del pago, sirve para sufragio de los fallecidos en el
trânsiio y para recomendaciôn del viajero, constituyendo dos
vêlas encendidas tan piadosa ofrenda.
Miuco. El soldado del ejército de linea.
MiLONGUERO. Tipo popular de las Repûblicas del Plata y que
no se debe confundir con el Payador (véase Payador). El
milonguero en sus milongas 6 canciones abarca mas dilatados
horizontes que el payador, improvisando al compas de su guitarra
desde la entusiasta canciôn patriôtica hasta el sentimental triste.
El segundo cultiva un género especial, eminentemente acentuado
y con un sabor orillero que encanta al gauchaje. Al milonguero
s61o se le encuentra en los centros de poblaciôn. Los parajes
donde se exhibe son los cafetines de los suburbios, casas de
baile y de juego donde se reunen los compadritos. Pocos ejem-
plares de legitimos milongueros se encuentran ya. La mayoria
de los que as! se titulan no son mas que imitadores rutinarios
6 que cantan lo aprendido de memoria, careciendo de aquella
improvisaciôn descuidada de los primitivos, pero las mas de las
veces, orginal y graciosa. Varias clasificaciones pueden hacerse de
las milongas y pero las mas générales y aceptadas son las criollasy por
la entonaciôn especial del canto y el caracteristico acompana-
miento de los bordones.
MiLLO. Alumbre desmenuzable.
Mina. Barragana, companera. Esta clase de minas es abundan-
tisima en la campana americana.
MiNGA (La). Voz quichua, minccani : alquilar por la comida
y la bebida. — Réunion de personas para el convite 6 agasajo
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 42 1
que les da el dueno de una finca 6 explotaciôn agricola, antes de
empezar la faena.
MiNANGO. Pedazo 6 porciôn pequena de una cosa. Asi : « un
mihango de carne », por una tajada.
MiNARDiz. Asi llaman en el comercio d los alamares 6 brande-
bourgs.
MiauiLo. Nutria.
MiRASOL. Especie de garza rabona, alba y de plumaje estima-
disimo, singularmente el de la rabadilla que llega a pagarse â
cien nacionales el kilo por los proveedores de Buenos Aires.
Dériva el nombre del ave, de estarse â orillas de las aguadas con
el pico levantado mirando al sol. Abundantisima en las lagunas
de Mojos.
MisiA. Senora. Tratamiento cariiioso que â las senoras maduras
se da en el campo y aun en las ciudades. — Misia en Bolivia. Las
ancianas aristocrâticas de Galicia, â principios del siglo xix se
daban el tratamiento inglés de misias (misiress) en recuerdo del
hermoso Lord Wellington.
En los clâsicos se lee misa. Asi :
Yo vengo con esas galas
que envia el futuro esposo
à misa Juana.
(Tirso de Molina, La santa Juana. Acto 2», escena segunda.)
MisiONES. Territorio de la Argentina, cuya capital es Posadas.
Esta Repiiblica en cuya gobernaciôn estuvieron enclavadas las
famosas reducciones guaraniticas y del Tucumân, no conserva
oficialmente sino las servidas por los padres Salesianos en Tîerra
de Fuego y Chubut. En Bolivia hay cuatro colegios francîscanos
de « Propaganda Fide » : en La Paz, Sucre, Potosi, Tarija y
Tarata.
Miso (Andar). Tal vez de : andar remiso. Entre el gauchaje es
sinônimo de estar pobre 6 andar sin un centavo.
MiSTOL 6 quitachihù. Azufaifo peruano ( Zi^^phus Peruviana.
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422 CIRO BAYO
Lamarck). Frutilla que sirve en Santiago del Estero para hacer el
dulce patay.
Mita. La cosecha de la coca. Véase Mitayos.
MiTAYOS. Voz quichua : de mitta, tanda, vez de tiempo ; asi
mitayo vale tanto como el que trabaja por turno. Mita de agua,
el turno de riego en una finca. Los antiguos mitayos trabajaban
en las minas cumpliendo la mita à contribuciôn personal que
por turno servian. Estaba arreglada à arancel, pues el jornal se
tasaba en cuatro reaies, aunque habia minas como las de Potosi
en que ganaban un peso. La mita duraba seis meses. Finido este
término volvian â su pueblo los mitayos â cultivar los campos,
no tocândoles el turno en dos 6 très meses mds, segûn era mâs
6 menos crecido el vecindario de los pueblos. La mita era institu-
ciôn incâsica que conservaron los espanoles, y si bien es indu-
dable que estos explotaron el trabajo de los indigenas, no hay que
Uegar al extremo de suponer que ella fuese la causa de la extin-
ciôn de la raza india ; pues segùn el testimonio de Ulloa {Nolicias
americanas), los mitayos se convidaban â doblar su trabajo para
ganar mâs, y aun se quedaban voluntariamente después de con-
cluido el tiempo preciso de la mita.
Por lo demâs, los mineros espanoles hicieron en su tiempo lo
que los mineros criollos contemporâneos : explotar las minas
con el trabajo de los indigenas. La aristocracia boliviana y chilena
viven de las rentas que les proporciona ya el indio quichua, ya
el obrero chileno, casi tan mal retribuidos como los antiguos
mitayos, si es que no lo estin peor, pues el indio moderno tiene
vicios que sus antepasados desconocian.
MizauE. Dulce, en quichua ; de donde Altamisque 6 colmena.
— Nombre de una ciudad de bastante importancia en los prime-
ros tiempos de la conquista, y que venido â menos es hoy
poblaciôn secundaria, capital de la provincia del mismo nombre
en el departamento boliviano de Cochabamba. Â quince léguas
al nordeste de la actual Mizque, en el risueno valle de Pocona,
fué donde estuvo situada la primera Mizque, que con Machaca-
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 423
marca y Comarapa, pueblos de mineros, sufragaban el impuesto
Uamado del capin à chapin de la Reina^ para los gastos del cal-
zado de esta senora. A este impuesto alude Don Quijote cuando
se déjà decir : « i Que caballero andante pagô pecho, alcabala,
chapin de la reituiy moneda forera, portazgo, ni barca ? » (Parte
I*, capitulo 46).
MococoA (Estar de). Estar con la luna ; con esplin.
MocHEO. Color entre amarillo y verde, caracteristico de las
materias orgânicas en descomposiciôn. « Color mocheo », color
cadavérico, de ictericia.
MocHERÙ. Planta ô animal estéril.
MoGOLLAR. Trampear ; andar con camândulas.
MoGUiLLO. Cacha ô cachera. Espolôn hecho de espina de
cebil que se enguanta al natural del gallo de pelea.
MoHiNO ô mojino. Animal de color chocolaté con el hocico
negro. Asi : macho y mula mohinos.
Mojo. Grasa que, cocinada con cebolla, pimientos, comino,
y algunos tumbitos de carne, viene a parecerse à la « car-
bonada ».
MojÔN. Pila de soretes à excrétas de cstômago sano y que
digiere bien.
Mojos. Territorio comprendido en el actual Departamento de
Béni, cuya capital Trinidad fué fundada por Gonzalo Solis de
Holguîn, â quien le fué dada la Provincia en encomienda a prin^
cipios del siglo xvii. Pocos anos después entrô el Padre Juan
de Soto, al que siguieron otros padres jesuitas, presididos por el
P. Marbân (autor del « Arte de la lengua Moja » impreso en
Lima en 1701), y fundaron lasfamosas « Reducciones ».
Mojos es el pais de los Moxos, cuya conquista emprendiô el
inca Yupanqui, de cuyo paso se conservan vestigios en el pais.
Mas tarde fué la région encantada que con el nombre de « Gran
Mojo » buscaron los aventureros espaiioles, algunos de los
cuales es creencia generalizada hayan dado origen â varias
tribus indigenas del Oriente notables por su semejanza en rasgos
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424 CIRO BAYO
y color con el tipo caucâsico. — Indios de Mojos : varias tribus :
itunamas, cayubabaSy canichanasy mohimdSy trinitarios y mojos pro-
piamente dichos, repartidas en los pueblos de Magdalena, San
Pedro, Loreto, San Javier, Baures, San Ignacio, Reyes, San
Joaquin y Exaltaciôn en una superficie de 13.750 léguas cua-
dradas. Acerca de lo que fué y es ahora Mojos, puede consultar
el lector la curiosa obra de René Moreno « Archivos de Mojos y
Chiquitos », Santiago, 1888.
MojosEARSE. Enmohecerse.
Mojoso(El). E\ façon de! gaucho casisiempre mojado 6 tinto
en sangre por la carneada de animales.
Molle (Schinus Molk), Falso pimentero. Uno de los ârboles
de la America del Sur aclimatado en el litoral del Mediterrâneo.
Es de corteza rugosa y agrietada, tronco y ramas retorcidas, hojas
aplumadas y racimos de flores blanquecinas que preceden â unas
bayas de color de rosa, tamanas como granos de pimienta, con
cuyo sabor tiene alguna semejanza. Utilizase su résina para dar
consistencia d las vêlas de sebo. El ârbol es de perenne verdor
como casi todos los végétales resinosos.
MoLLETE. Pan de municiôn 6 de miga de harina y corteza de
salvado ô afrecho. Chùmi en otras provincias.
MoMO. Arbol laborable.
MoNDONGO. Amasijo de afrecho, maiz en grano, pero bien
limpio, y miel, que se da â los caballos de regalo para que engor-
den y crien el pelo lustroso.
MoNiGOTE. Llaman en Sucre al seminarista 6 colegial que signe
sus estudios en el Seminario Conciliar.
Monte. Terreno cubierto de vegetaciôn arborescente. Es sin6-
nimo de floresta, selva, bosque y soto; con significaciôn mâs
genérica, abarcando los cuatro significados. En Espana tenemos
Ingenieros de Montes (monte tallar y monte alto). En la Pro-
vincia de Buenos Aires, pais de los bosques artificiales, que son
los verdaderos montes en agricultura, se han aclimatado perfecta-
mente sauces, duraznos, eucaliptus, y demds ârboles que sombrean
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 425
las estancias y algunos trechos de la pampa â manera de islas de
arboleda. Parece ser que un Senor Videla fué el primer estan-
ciero que planté un monte de diversas especies de ârboles en su
estancia de Magdalena, partido de Buenos Aires (Semanario de
AgricuUura, Ind. y Corn. y 1808, Buenos Aires).
« Ganarse al monte », escapar, huir de la justicia, como hacen
los peones en el Oriente, de los cuales es este significativo refrân :
Si Dios es grande^ el mante es mayoTy à como en el vecino Brasil
dicen : « Se Deus é grande, o tnatto é maior. » Porque si Dios
es grande porque todo lo puede, el monte es mayor que â todos
cobija, sustenta y esconde.
Montera. El capacete de los indios é indias quichuas 6 som-
brero caprichoso de copa cônica, alas anchas y flexibles, colores
vivos, y recamados de lentejuelas y filigranas, que indudable-
mente dériva del antiguo chambergo, aunque ahora tenga mâs de
chinesco que de hispano. A este respecto he de anadir que entre
los indios pampas, llaman al sombrero chamberû, voz castellanizada
de chambergo, puesto que los indios solo usaban la vincha y no
conocian tal artefacto. Sabido es que lafamosa chamberga era
un sombrero redondo y sin picos que usaba el « Regimiento de
la Reina » en la menor edad de Carlos II, de donde le vino el
nombre de Regimiento de los « chambergos », cuyos soldados â su
vez lo habian copiado de los del gênerai francés Schomberg que
peleô contra los espaiioles en Gitaluna y el Rosellôn.
MoNTERiA. Véase Embarcaciones.
MopÔRi. Ârbol de construcciôn.
Mora. Labala de fusil. « \ Ahi va una morita ! » dicen los sol-
dados americanos con la misma gracia que los nuestros « un
pepino », cuando ven venir una bala de canon.
Mordoré (Color). Voz gâlica, que sustituye à amaranto.
MoRLACOS (Los). La guita 6 dinero.
MoRMOSo. De muermo. Apaleado en la cabeza. Que queda
como caballo con muermo, enfermedad caballar que ataca la
cabeza.
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426 CIRO BAYO
MoROCO. La pantorra 6 « barriga daspernas ». — Vozaimari :
moroccOy redondo. La mano de almirez 6 piedra redonda que hace
susveces en las cocinas americanas, para moler aji, maiz 6 trigo.
G)n el moroco se muele sobre otra piedra grande, lustrosa y algo c6n-
cava, llamada maran 6 catauna, El conjunto del aparato Uâmase
marannyntin,
MoROCHO. Moreno 6 trigueno. Asi : « Prefiero una morocha
de Tucumân a una gringa rubia. » Es decir prefiero una morena
tucumana à una rubia ingiesa ô alemana. — Trigo morocho.
MoRRO (Caballo). Tordo.
MoRRONGUEAR. Chupar. Morronguear de la bombilla, de la
limeta, etc.
MosauETERO. De nwsquetear : estar ocioso 6 curiosear. « Seno-
rita mosquetera », la que en un baile plancha el asiento.
MoTA. La pasa 6 pelo del negro.
MoTACÛ {Maximiliana Princeps. Martius). Palmerade terrenos
bajos, de largas y anchas hojas que van creciendo como las hojas
de la pila, envolviendo el tronco. Sus cocos grandes como
limones, tienen supericardio duro y fibroso quesirve de combus^
tible para « desfumar » la goma en los untroSy a causa de la
densa humareda que producen. Cuelgan en racimos de mds de
un quintal de peso. Cuando estos cocos se abrensolos 6 i golpes,
se agusana la pepita à almendra y entonces los indios y ortos
que no son indios, como los peones crucenos, comen con avidez
estos gusanos, ensartândolos con el gipuri de la palma. Yo los
he probado también, y confieso que fritos en el mismo aceiie
en que estân impregnados no son desagradables y hasta valen i
chicharrones. El moiacû es palmera abundantisima en el oriente
boliviano, y el nombre cientifico que lleva es en homenaje al
principe Maximiliano Neuwied que ha descrito gran numéro de
palmeras y ofidios del Amazonas.
MoTE. Voz quichua, muttiy molet. Malz pelado con ceniza.
lavado y puesto d hervir. Mute en otras partes.
Moto. Cuadrùpedo rabôn.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 427
MoTOjOBOBO (J^hisalis Alkekenje. L.). Solandceas. Végétal ali-
menticio. Planta rastrera que da unos frutos como pequenos
tomates agridulces, y que es prueba de fertilidad de todo terreno
que lo produce. Especies anâlogas : motojobobo embolsado, camambù,
alquenje 6 vejiga de perro.
Morose. Instrumento cortante de filo embotado ô de punta
roma.
MoTOYOE. Ârbol frutal silvestre de alto tronco y ramitas hori-
iiontales, lo que le da hermoso aspecto.
MoTOZ. Insecto imperceptible que no sacândolo à, tiempo
ocasiona la ceguera. Es una de las plagas del Béni.
MucAMO. En Buenos Aires no se emplea otra palabra para
significar un criado ô doméstico. Servicial en Santa Cruz; Pongo
en La Paz. Mucanw es voz quichua derivada de muquear ô hacer
el muco, levadura 6 fermento de la chicha (véase Chicha y
Muco). En Buenos Aires la tomaban los buenos criollos en
tiempo de la independencia, pero ya nadie la conoce, habiéndose
conservado, empero, corriente y moliente â todo ruedo la voz
mùcamo,
Muco. Voz quichua : grano. El grano de maiz mascado cuya
levadura puesta â secar al sol, haciéndola hervir después y puesta
en tinajas bien tapadas para que la masa fermente, constituye la
chicha. Pesia al pecado original del muco^ uno se acostumbra â
los usos del pais y gusta de la chicha. Yo â lo menos la preferia i
los venenos alcohôlicos que los europeos exportamos â America,
MucÛRi. Nombre vulgar cruceno del resacado ô aguardiente
de alcohol.
MucHACHO. Palo q ue sirve de palanca para sacar la rueda del
carro.
MuLAS (Las mulas de Don Juan de la Cueva). Juego de ninos
que he visto en Santa Cruz. Puestos en rueda, con las manos
entrelazadas, viene por la parte de afuera el que hace de tigre y
cambia con las mulas del ruedo estas palabras: « i Cuyas son estas
mulas ? — De Don Juan de la Cueva. — i Que comen ? — Cebada
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428 CIRO BAYO
verde. — £ Québeben ? — Sangre degente. — ^ Con que se enla-
zan ? — Concintas verdes. — £ Se pueden cojer ? — Se pueden. »
Âestoel tigre se abalanza âunade lasmulitas, recibiéndole todos
à patadas hasta que en uno de tantos ataques^ arranca â una de
las mulas que en seguida se metamorfosea en tigre. « Segùn
Acisdo que por razôn de empleo hace y deshace del Archive de
la municipalidad de Lima, Don Juan de la Cuevay Gimpuzano,
conciliario perpetuo de la Inquisiciôn y guarda mayor de montes
y plantios de la Ciudad de los Reyes, desempenaba en 1634,
entre otros mercantiles, el cargo de tesorero de la riquisima
Archicofradia de la virgen de la O : y anade el chistoso biôgrafo
que un dia anocheciô y no amaneciô en Lima, fiigândose mâs
redondo que la O de que era tesorero. Doscientos mil duros
mal contados se evaporaron con su senoria, que no parô hasta
Lisboa. Siguiôse causa criminal al ausente y, mientras ella se
sentenciaba, dispuso el Cabildo que un muiieco 6 figurôn de
trapo con joroba doble, antiparras de câscara de chirimoya y un
plâiano por nariz, montado sobre un jumento en lenguas, se
exhibiera representando al de la Cueva en las procesiones de
Corpus y Cuasimodo, paseo de Alcaldes, volatines del Tajamar
de los Alguaciles, maromas de Matienzo y demâs Éirsas pùblicas
y recreos populares, permitiéndose â los particulares hacer burla
é irrisiôn de su nombre, dirigirle injurias y hasta Uamarlo hijo
de... cabra. Los muchachos formaban el cortejo del muneco,
cantando unas copias que empiezan asi :
Juan de la Cova
coscorova,
nino bonito
con platanito...
y que conduyen con no pocas palabras sucias y obscenas. Esta
mojiganga durô hasta losprimeros anos del gobierno de Âbascal »
(Ricardo Palma, Tradiciones).
MuuTA (JPraopus hibridus). Armadillo 6 tatù. Desdentado.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 429
Animal de carne mâs delicada que su congénère el Peludo y
ambos provistos de un caparazôn ôseo que los cholos cruceiios
utilizan para caja de charango. Llamase nmlita por sus orejitas
tiesascomo las de lamula. — «Es unamulita », es un inocente,
un simplôn, en témiinos gauchescos.
MuNA-cocA. La coca de hoja menuda y de primera calidad.
MuRCièLAGO americano. Las especies PteropuSy Béni y Molosus
(Geoffroy) son las de mayor tamano y se alimentan de frutas.
Los del género Philostoma chupan la sangre de los bueyes y
otros animales. Abundan tanto los murciélagos en Mojos, que
ocurre muchas veces no entender la palabra del predicador por
el ruido que aquellos animales mueven en el tumhado à cielo
raso del techo de la iglesia.
MuRUCUNTUYO 6 macontullo. Voz quichua = las chilenas 6
femures de vaca. En Santa Cruz se habla todavla de los muru-
contullos ô murucuntuyos que « asayés » colgaban de los ranchos,
y que una comadre prestaba à otra para sacar grasa al caldo, no
sin prévenir â la usufructuoria con la frase sacramental « que no
me lo champurree usted tnucho » (que no me le saca toda la man-
teca), asi estuvieran los huesos mâs limpios y pelados que los
fôsiles en que estudiô Cuvier la clasificaciôn antediluviana.
MuRURÉ. Artocarpe. Urticeas. El ârbol del pan de estos paises,
con harina que se hace de semilla molida.
MusELGA. Especie de mus ilustrado que juegan en la Argen-
tina.
MutOn 6 yacù. Hoco (^Pénélope), Especie intermedia entre el
faisan y el pavo ; de menor tamano pero de la misma forma
que este. Su plumaje es de un tornasolado verdinegro con refle-
jos metilicos y el pecho de color chocolaté. Tiene sobre la base
del pico una canincula carnosa naranjada y en seguida un mono
negro y sedoso, elegantemente rizado. Esta especie se reune por
bandadas numerosas y elige por mansiôn los bosques ; anida
sobre los ârboles y se alimenta de semillas, frutas y brotas. Sus
costumbres son tan pacificas como sociables, y los guaranies, con
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430 CIRO BAYO
el nombre de yacû la tenian como ave casera en la época de los
conquistadores. Es obvio decir que es una « boccata di cardi-
nal! ».
N
Naco. Andullo 6 mazo de tabaco, formado por hojas arrolla-
das de esta planta. Algunos nacos Uegan â tener una vara de
largo, y para que no pierdan el aroma se les rodea con ataduras
de âxÀa 6 bejucos elâsticos. Asi se presentan en el comercio los
famosos tabacos de braganza (brasileno) y Cayuaba, de Mojos.
Nahuel. Voz pampa : Tigre. Lago de Nahuel Huapi, ô del
Tigre blanco.
NavIo de asiento. Buque que por el tratado de asiento cele-
brado en 1740, concediô Espana â Inglaterra, pudiendo esta
importar un determinado numéro de esclavos y un solo carga-
mento de mercancîas en el puerto de Puerto Bello. El gobierno
de Inglaterra transfiriô este derecho de asiento â la compania del
Mar del Sur, como entonces se llamaba â toda la extension de
entrambas costas de la America del Sur al Sur del Orinoco.
Nazarenas. Espuelas asi llamadas porque al andar el gaucho
con ellas arrastra la descomunal rodaja de la espuela, como el
Nazareno su cruz. Véase Lloronas. Es el acicate de nuestros
vaqueros andaluces.
Negrillo. Variedad de jilguero, de cuerpo negro y plumas
remeras amarillas. — Sulfuro de plata, como el plomo ronco, el
rosicler y el cochizo.
NEuauÉN. Voz pampa : Correntoso. Rio de la Argentina.
NiGUA {Pulex penetrans. L.). Parecida a la pulga y habiunte
de las inmundicias. Invade los dedos del pie agujereando el cutis,
y hay que sacarlo pronto para evitar que ponga huevos. Si no se
saca bien la nîgua ô sus huevos con una aguja, résulta una herida
muy enconada y de bastante duraciôn. El agujero que ha abierto
se cura con ceniza de tabaco ô sebo muy caliente. — Pique^ en
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 43 I
otras provincias. SuUi en Yungas, de donde viene Uamar en
Bolivia « suttis » à los yunguenos.
Nina. « En Chile, escribe Bello en su Gramâtica, como en
algunos otros paises de America se abusa de los diminurivos. Se
llama senorita no solo â toda senora soltera, de cualquier tamaiîo
y edad, sino â toda senora casada ô viuda, y casi nunca se la
nombra sînocon el diminutivo, Pépita, Conchita,por mâsancianas
y corpulentas que sean. Esta prâctica debiera desterrarse, no solo
porque tiene algo de chocante y ridicula, sino porque confonde
diferencias esenciales en el trato social. En el abuso de las ter-
minaciones diminutivas hay algo de empalagoso. »
Esto que dice Bello del diminutivo senorita puede extenderse
con mas razôn â nina, diminutivo carinoso que los inferiores
dan d una senora, asi tenga mâs anos que Ninon de Lenclos.
NiNO Alcalde. Véase Inca. — La fiesta del Niito. Es cosiumbre
entre la cholada boliviana tener un nino Jesùs en casa, al cual
dan fiestas desde Navidad hasta Carnaval. Para ello se contrata
una murga que con los convidados â la fiesta se encaminan â la
iglesia, donde se dice una misa — la misa del Nino — y al son
de bailes populares, como nuestros villancicos de Navidad.
Vuelta la comitiva â casa, se entonan canciones alusivas al Nino,
entre tanto corre la chicha, obligândose hombres y mujeres.
Cuando laalegria es gênerai, se tapa con un vélo la imagen dçl
Nino y empieza el baile hasta la maiiana siguiente.
Nlo. Género Gastrolabium. Planta venenosa que mata â los
animales que de ella comen.
NoQjUE. Cuero vacuno ô lanar, bien retobado, para pellejo de
yerba mate, maiz, trigo, etc. — « Barriga Uena como un
noque. » Frase.
NoviLLERO. En una yunta, el novillo que va â fa izquierda del
buey madrina. Véase Buey.
NoviLLOS (Correr). Correr toros callejeros 6 toros de cuerda
en las calles de los pueblos de Bolivia, desde el Sâbado santo
hasta el Lunes de Pascua.
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/\^2 CIRO BAYO
NuDO. De varias clases los hacen los gauchos, maestros en el
arte de hacer nudos y lazadas. Véase Lazo. — Nudo pampa 6
estaca de campana. Agujero algo hondo que se hace en el suelo,
en el que se introduce la punta de la soga en nudo. Lu^o se api-
sona la tierra y el cabestro queda tan sôlidamente amarrado que
por mâs tirones que dé el animal no consigue hacerlo soltar,
porque el empuje es oblicuo y el arranque ha de ser de abajo
arriba. G)n este nudo se afianza un animal en plena pampa, sin
ârboles ni estacas. — Nudo potrero à potreador. Que no se cierra
por mâs que forcejee el animal. — Nudo ciegOy un nudo tras
otro. Frase. Al nudo^ en vano.
NuESTRO-AMO. El vidtico que se lleva i los moribundos.
NuEz MOSCADA (Myrtstica officinalis. L.). Ârbol de la flora oceâ-
nica (Molucas) que se encuentra también en America, como en
Cayena y en Yungas de Bolivia. Ademds del aceite volatil y graso
que de su almendra se extrae, la usan en Bolivia, raspando la
nuez para condiment©.
NUMERO CUATRO (Haccr el). La posiciôn favorita del gaucho
cuando esta sentado pierna sobre pierna, hacienda el numéro 4,
como él dice.
NuNCA. Emplean en Santa Cruz este adverbio de tiempo acom-
panado de verbo, en lugar de a no ». Asi : nunca vino d verme
Fulano; nuuca compuso el reloj el relojero; por : no vino la
visita ; no compuso el reloj el relojero ; lo hara manana, etc.
NÛTRiA. Quiyày en guarani. I^menotros s\i\os {Castor Hui-
dobrus). Véase Lobo de Rio, En el mercado de Buenos Aires se
anuncia entre* los « frutos del pais », cueros denutria «abiertos
por el lomo », esto es cortado el cuero por la raya del cuerpo
donde estaban las mamas que se extirparonal desoUarel animal.
Estos cueros abiertos se pagan hasta cinco nacionales el kilo,
mientras que los cueros abiertos por la barriga se pagan sola-
mente un peso.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 433
N
Nacurubi. Mochuelo de la Pampa.
Namurucû (Hacer). Limpiar el maiz pisado, en la misma
cavidad del mortero, a favor de los dedos, sin valerse de cedazo
ni hornero, con lo que se obtiene la separacîôn del maiz mas
grueso.
NandC. Nombre guarani delavestruz ^mtnc^Do (Rhea Strutio.
L.). Siyu entre los cruceiîos ; suri en quichua ; choiqué en auca, de
donde calchaquie (pluma de avestruz), nombre de una tribu que
se adornaba con este distintivo. Aunque el nandù en opinion del
sabio Darwin no es avestruz, los naturalistas lo han incluido en
este género. De todos modos, se diferencia del africano en que
este es didâctilo y el iiandù es tridâctilo. Otra particularîdad del
avestruz americano que lo distingue de su congénère el africano,
es que el primcro se tira voluntariamente al agua y atraviesa d
nado grandes lagunas. Como chajaes y ieros, los nandûes Uevan
en los extremos de las alas una una con la que se defienden
cuando se ven acorralados. Debido al comercio que de sus plu-
mas se hace y a la proteccion que se les dispensa para aumentar
su propagaciôn, los avestruces abundan en las pampas, mezcla-
dos con el ganado vacuno y lanar, paciendo la yerba y comiendo
langostas de las que son muy golosos. Viven ordinariamente en
familias de ocho a diez individuos a las orillas de las lagunas,
arroyos y sitios donde hay agua. En lugares donde hay fruta,
embisten el arbusto y dan fueries pechadas contra el tronco d
fin de hacer caer el fruto. Lo mismo hacen los machos cuando
pelean entre si, es decir, retroceden un poco, se embisten de
frente y se topan con el pecho. Es ave muy arisca, voraz y
corredora. Corre con tanta facilidad que aun cuando algiin ginete
esta ya encima de ella para enlazarla, hace tantos lances y
esguinces que dificilmente se puede agarrar. Cuando es pichôn
6 charà, entonces se coje mds fdcilmente y se la domestica,
Revmt hitpani^ut. uv. a8
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434 CIRO BAYO
ddndole de corner en la mano, como se ve en las estancias de
Buenos Aires. Hacia el mes de noviembre, los avestruces hacen
su nido entre los pajonales de la pampa y cada hembra pone
una docena de huevos, y como se juntan très 6 cuatro casales en
la misma nidada résulta que esta se compone de cuarenta d cin-
cuenta huevos que en seguida empollan los machos. Lo que si
nadie ha visto, ni imaginado, es lo que nos cuenta el novelista
Ferndndez y Gonzalez de los avestruces africanos, que parael caso
es lo mismo, que segùn él « anidan en las altas rocas junto â
las dguilas y buitres » {Los NegreroSy cap. 29). Cada huevo de
avestruz équivale d doce de gallina y es muy bueno de comer.
El primer huevo que ponen lo dejan sin empollar, y cuando d
poco mds de un rties de la incubaciôn las charitas empiezan â
salir, el padre quiebra entonces con el pico el primer huevo de
réserva, en cuyolicor se van reuniendo moscas y mosquitosque
sirven de comida d los recién nacidos. El avestruz es no solo muy
voraz, sino también muy curioso. No es raro verlo en las estan-
cias donde viven en estado de relativa domesticidad, acercarse d
grupos de personas y mirar atentamente d los que conversan.
Esta curioridad les es fatal d veces. En Mojos, principalmente,
los jaguares para cazar los piyus en pampa rasa, se aga-
zapan en tierra, levantando la cola que agitan en todas
direcciones. Los avestruces, movidos d curiosidad, se apro-
ximan d ver el objeto que llamô su atenciôn, d cuyo tiempo
el tigre que los atisba, de un salto hace presa en cualquiera de
cllos. La carne del avestruz no vale gran cosa, pero si la del
pecho que aunque muy grasientaesdelicaday de exquisito sabor.
Lldmanla picana 6 picanilla, Fuera de algunos barraqueros de
Buenos Aires, négociantes en plumas de avestruz, en ninguna
otra provincia hacen caso deesos animales sino es para plumeros
y abanicos, y naturalmente para robarles los huevos. Los indios
de La Paz llevan al mercado estos huevos àsuricacinas (huevos de
avestruz). Por esto llama la plèbe suricacinas d las gallinas 6 per-
sonas cobardes.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 435
Nandubay. Ârbol de madera durisima que â veces quiebra el
hacha del lenador, con la propiedad de endurecerse en el agua
6 humedad que debiera pudrir la madera. Cuchi 6 colo en otras
partes.
Nanaca. Bâsiulos 6 cachivaches.
Napearô. Cada uno de los cuerpos de hilo que forma la ma-
deja en el carton 6 madera donde va el ovillo.
Neque. Barro, en aimarâ. Los colegiales pacenos Uaman heque-
peque (cabeza de barro) â aquellos de sus condiscîpulos de cabeza
dura ô incapaces para las letras. — Neque-ahuira (Rio de barro)
se llama en el mismo departamento i todas las quebradas 6 ria-
chuelos sin imporiancia que se llenan en las avenidas.
No. Abreviatura de Senô à Senor. No Pancho, Senor Pancho.
NocA. Voz quichua : yo. De donde la frase corriente « para
hoca » : para mî.
O
Obligar. En los bailes caseros bolivianos y en todas las reu-
niones, hay la costumbre de obligar. Consiste en que la persona
obligada bebe una porciôn de licor igual â la que ha bebido el
que ha hecho la invitaciôn, pudiendo aquélla obligar â otra
persona. De este modo, las copas estân en continua circulaciôn,
por lo que la fiesta, saliendo de los limites convenientes, se con-
vierte por lo comùn en una verdadera orgîa. Es costumbre here-
dada de los indios, tanto que en una « Relaciôn de la ciudad de
La Paz » por el corregidor Diego Cabeza de Vaca, en 1586, se
lee : « Es costumbre que nunca bebe ninguno de estos indios
esta bebida (la chicha) solo ; sino que tienen todos los vasos â
pares, y habiendo de beber el uno en uno de los dichos vasos,
ha de dar a beber al companero en el otro. Redunda de estas
borracheras que cometen muchos estupros. »
ObrajerIa. Dep6sito de maderas extra(das de los montes y
labradas toscamente para la exportaciôn. Hay muchas obrajerias
â lo largo de las costas de los rios Paranâ y Paraguay.
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436 CIRO BAYO
OcA (JDxalis tuberosà). Acedera tuberosa. Oxalideas. Tubér-
culo originario do los Andes, caracterizado por sus tallos carno-
sos, hojas divididas en cuatro hojuelas que recuerdan la forma
del trébol, y umbelas de flores amarillas. Cada pie produce abun-
dantes tubérculos 6 raices del tamano de una patata, de diferente
color, y aspecto oblongo con Honduras escamosas. Ames de con-
sumir esos tubérculos, debe ponérselos al sol durante algunos
dias, para transformar en azùcar el almidôn que contienen y
quitarles su natural acidez. Se les cuece en agua y se monda en
un pano la fina piel de que estân cubiertos.
OcELOTE. Gato pantero (^Felix pardalis. L.).
OcoRÔ. Ârbol. — La comida que por guardarse de un dia a
otro se agria, con un gusto parecido al fruto del ocorô.
OcHOÔ. Ârbol corpulento y frondoso, de una fruta como
manzana, y comestible. Su résina es corrosiva y fluye de la cor-
teza a menor incision, siendo uno de los venenos mas activos.
El uso menos malo que de ella se hace es para embarbascar los
peces sin que la carne se resienta del veneno. Dos ô très gotas de
ochoô mezcladas con aceite sirven como eficaz vomitivo. — Glo-
bos de manteca compacta que suelen encontrarse en la grasa de
los animales, hacia la région axilar.
Ôfrico. Término altisonante en la Peninsula 6 por lo menos
muy poco usado, y que en Bolivia lo usan corrientemente en
lugar de lôbrego ô tenebrero.Asi : esta dormida es muy ôfrica:
esta alcoba es muy oscura.
OiDOR. Titulo que en las Reaies Audiencias correspondia al
de Relator 6 magistrado de Sala de nuestros dias. En Indias los
habia en las très audiencias de Mexico, Lima y Charcas (hoy
Sucre), formando cada una un Colegio de seis oidores. Laaudien-
cia del Cuzco, creada en 1777 por Carlos III para recompensar la
fidelidad de los cuzqueiios cuando la sublevaciôn de Tupac-
Amaru, constaba de très oidores con el sueldo respectivo de
4.500 pesos. Tal era el respeto del pueblo hacia estos magis-
trados, que segùn se dijo ingeniosamente « habia que empenarse
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PROVINCI A LISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 437
con Su Majestad para que al Santisimo Sacramento se le diera el
titulo de Oidor, para que en sus visitas i los moribundos tuviera
mayory mds lucido acompanamiento ».
OjalA. Como interjecciôn se reemplaza por malhaya. El ojalà
que suelen emplear algunos criollos es en lugar de aunque :
V.gr. : ojalâ le recuerde, nunca se ha de levantar, aunque le llame
6 le despierte, no se ha de levantar.
Ojo DE BUEY. Cierta semilla de bejuco, de extrano parecido à
un ojo de buey.
Ojota. Voz quichua. Abarca 6 sandalia de plantilla de cuero
que se sujeta por un botôn pasando una tira de cuero por entre
el pulgar y el dedo inmediato del pie. Es el calzado del cholo y
del indio serrano de Bolivia y el que usa el ejército en sus mar-
chas, como la alpargata nuesiros soldados. Véase Tamango.
Olla. Medida agraria proporcionada d la extension de terreno
que puede sembrarse con el contenido de una regular olla de
maiz. — La cavidad intertorâcica por donde se hiere el corazôn
de las reses.
Omaso. El tercer estômago de los ruminantes.
Ombù. Arbol de la America del Sur, caracteristico de la
Pampa platense. Pertenece al género Fitolaca, cuyas variedades se
conocen también en la America del Norte. Es planta dioica, es decir
que tiene los sexos separados en individuos distintos. Es tan
longevo que no se conoce el término de su vida, y tan grande
que diez hombres con los brazos extendidos apenas lo pueden
abrazar. El jugo del drbol y de sus hojas sirve para curar el esca-
bro, especie de rona de las ovejas, asi como para combatir la
borrachera y la sîfilis. El zumo jabonoso de là fruta, lo emplean
las lavanderas de Buenos Aires para quitar las manchas mds
tenaces de la ropa. En Sevilla, segun Colmeiro, se le llama sapote,
y bella sombra en Mâlaga y otros puntos de Andalucia en
donde fué importado de America.
Once (Toraar las). Expresiôn derivnda, segùn Madiedo (colom-
biano), de las once letras de la palabra nguardiente. En Bolivia,
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438 CIRO BAYO
donde es muy comùn tomar las once, nadie ha reparado en
esta coincidencia gramatical, y si lo dicen es en el sentido de
tomar (a) las once de la maiiana el aperitivo 6 cocktail preliminar
à la comida.
Onza (^Felix onça. L.). Especie de tigre de la America del Sur,
de piel amarillenta, omada de manchas negras cuadradas 6 en
forma de O 6 de « onzas de oro ». Por lo demâs, tiene las mis-
mas costumbres y artimanas del tigre ; nombre génerico de los
felinos de gran tamano, abundantes en America.
Opa. Voz quichua. Sordo-mudo é idiota. Voz muy generali-
zada en los departamentos de habla quichua. En Colombia, opa
es interjecciôn équivalente d \ hola!
Opado. Ojeroso, pâlido.
Opaparado ô apoperado. Aturdido.
Operia. Estupidez.
Orejano ù orejôn. Animal sin marca, y por consiguiente,
mostrenco.
Orejones. Nombre de muchas tribus del Amazonas â las que
pertenecen algunas que pueblan los territorios bolivianos del Acre
y Madré de Dios. Se les llama tal, por la costumbre que tienen
de horadarse las orejas, agrandândolas poco a poco hasta conse-
guir que colgando de ellas arracadas de algùn peso, llegue d esti-
rarse el lôbulo inferior de la oreja hasta el hombro.
Organito ô cilindro. Variedad de tordo de color café claro,
que recorre las notas de una escala cromdtica con maravillosa
armonia, de donde le vienen ambos nombres que son los queapli-
can los ninos d las armrtnicas de boca.
Orientales. Los uruguayos ô habitantes de la Banda Orien-
al del Rio de la Plata. Asi pues montevideanos y porteiios son
rivales en toda la extension de la palabra, pues precisamente
rival dériva de rivus, habitante en la orilla opuesta del rio.
Orosùs. Regaliz.
Oroya. Sistema de puentes llamado en castellano tarabita.
Puente de segundo orden de cuerdas suspendidas por las que
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 439
se deslizan los pasajeros, ya metidos en canastos 6 pelotas, ya
apoyando diestramente pies y manos en las maromas. Véase
PUENTE COLGANTE.
ÛRTOMiauio. El ano de las personas. Upite, el de los animales.
Oruga DEL EsauiFE. Ofuga singular que vive entre las raraas
del mirto 6 arrayân, alimentândose de sus hojas. Es de una
pulgada de largo, lampina, muy semejante a la oruga llamada
« bicho de cesto ». Lo misnio que esta vive aquélla constantemente
dentro de una vivienda portâtil sin dejarla nunca, pues la dispo-
siciôn de sus miembros no la permite andar fuera sino arrastrdn-
dose penosamente. Dicha vivienda tiene la forma de buquecillo
con cubiertas de dos pulgadas de largo y média de grueso, que
llamô esquife el Sr. Sastre — cuya es esta descripciôn — por tener
dos proas como el batel de este nombre, las cuales se levantan
con gracia formando una curva à semejanza de las gondolas. En
cada proa hay una abertura ô escotilla por donde la oruga-
marinero se asoma para dirigir su nave sin salir de la bodega.
Este esquife esta formado de una pasta durisima de color aplo-
raado producido por el insecto, suave al tacto y lustrosa. Su sis-
tema de locomociôn es muy curioso : es propiamente una navega-
ciôn aérea. El esquife esta siempre suspendido entre dos ramas
del arbusto, como un columpio, por dos hilos ô maromitas ase-
guradas en una y otra proa. Probablemente la oruga suelta como
la arana su primera hebra hasta que el ambiente lo lleva a una
ramita en que se pegue; entonces la oruga la va recogiendo
desde a bordo para dirigir su navecita hacia el nuevo gajo que le
présenta abundante alimento. En las horas de reposo retira el
esquife de la amarradura y lo déjà columpiândose entre sus dos
maromas. Cuando le llega el tiempo de pasar al estado de crisa-
lida, corta una de las maromas y ata fuertemente el esquife por
una de las proas a una rama delgada, quedando en posiciôn ver-
tical mientras se opéra la metamôrfosis.
Oscurana. Obscuridad.
Oso BANDERA. Véasc Tamandûa.
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440 CIRO BAYO
OsoTOCOSo. Ârbol de madera laborable.
OtomIa. Crueldad, ensanamiento.
OvEjAS. El ano 1550 Irala mandé a Nufla de Chaves al Peni
para complimentar al Présidente La Gasca, y d su vuelta Chaves
trajo a La Asunciôn las primeras cabras y ovejas. Ruy Diaz de
Guevara refiere que una noche los indios se aproximaban para
caer de sorpresa sobre el campamento de los espanoles, y al oir
el balido de aquellos animales, creyeron que eran senales de
alerta de los centinelas y se retiraron, mostrândose a la manana
siguiente a lo lejos. Por aquel tiempo las ovejas se vendian en el
Cuzco â cincuenta y sesenta pesos fuertes una, y las cabras â
ciento cuarenta. Esas ovejas que introdujeron los espanoles eran
de la raza llamada « churra » en Espana. En la Provincia de
Buenos Aires donde tanto se han multiplicado esos utiles ani-
males usan el siguiente método para hacer pasar d las ovejas los
rios ô arroyos. Se acercan las ovejas en silencio a la margen
del arroyo ; se enlazan suavemente de las astas algunos carneros
ù ovejas cornamentadas y se les hace cruzar juntos y despacio el
arroyo delante de la majada. Sucede que algunas ovejas se lar-
gan tras de ellos y poco â poco todo el rebano. Si ningùn animal
se lanza tras de los que se ha hecho cruzar el arroyo, enlazados
del asta y tirândolos de la ribera opuesta, unos peones cortan
una porciôn del rebano, y le hacen entrar en el agua, sin golpes
ni ruido, en la direcciôn de los animales que la vadearon. Se
signe haciendo asi por porciones de rebano, hasta que el reste
de las ovejas, como las de Panurgo, se deciden â juntarse con
las companeras de la otra orilla. Es menester observar el mayor
silencio durante toda la operaciôn, pues en él consiste la princi-
pal condiciôn del éxito.
OvEREAR. Dorar d fuego lento. Dar color overo d los manojos
de yerbadel Paraguay, para tostarlos luego en la barbacoa y lanzar
la yerbaal mercado. Vcase Yerba.
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 44 1
Pacaguâras. Indios esparcidos en la vasta zona que forma el
dngulo entre el Béni, el Madera y el Purùs. Estan fraccionados en
varias tribus, unas mansas, otras guerreras, siendo todos ellos
excelentes navegantes.
Pacarâ. Ârbol frondosodel Oriente que da una fruta en forma
de oreja, muy utilizada para lavar la cabeza y la ropa.
Pacay. Arbol del género Ingas. Los hay de muy diversas
especies en Colombia, en el Ecuador y el Perù, con los nombres
de guamOy guavo ô gtuibo (Jnga fastuosa, Wild. — Prosopia dulcis.
Humboldt). Acacias. En lengua guarani lldmase inga el ârbol y
la fruta. Es végétal muy frondoso, de unas hojasque a su énorme
grandor reunen la circunstancia de crecer unas en seguida de
otras ligadas entre si por una excrecencia del pedùnculo en forma
de cruz. La fruta, a manera de algarroba, contiene una fécula
dulce y algodonada, con unas pepitas negras, parecidas i esas
« habas » de que hacen los ninos frailecicoSy como decia la hija
del ventero cervantino. Sino frailecicos, las ninas campesinas
criollas hacen con las habas del pacay pendientes para sus orejas.
Paco. Voz quichua, ppaccOy bermejo. Animal llamado vicuha
en lengua aimard. Véase Alpaca y Llama. — Voz minera.
Minerai argentîfero con mezcla de ôxido de hierro y de color
amarillo 6 rojizo.
Pacote. Voz brasileiia. El charque de mejor calidad enchi-
pado 6 empacotado,
Pacovilla ô pacovi ÇPlatanta insignis. Martius). Canelâceas.
Hermoso drbol de tronco grueso y recto que da una fruta del
tamano de una naranja con estrias amarillas y coloradas. Su
pulpa es de sabor agridulce y sirve para hacer confitura.
Pacumûtu. Asador improvisado de madera para espetar monos,
jochis, pavas y demds animales que caen d mano.
Pachio. Véase BurucayA. Pasionaria, pasiflora. Parcha en
Venezuela.
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442 CIRO BAYO
Padrôn. Padrillo 6 « cojudo » de una manada de caballos.
Pago. Voz castellana pero usada en pocas provincias. En
America es gênerai para designar el campanario rural, el sitio
donde uno vive :
Yo no soy de este pago
soy Valcarce,
la que quiera venirse
puede aprontarse.
(Copia popular).
Es vocablo de verdadero sabor clisico, pues sabido es que los
campes romanos en que se refugiaron las clases populares,
estaban divididos en circunscripcion es â cada una de las cuales
se llamaba « pagus ». El pago americano tiene, pues, la misma
significaciôn del pago itàlico.
PAiCA. La india chiquitana.
Paila. Caldera para hervir grandes masas liquidas. Casa de
paila : la de los ingenios de azûcar en que esta la paila para el
guarapo.
Pailôu. Voz portuguesa. La caida 6 tumbo de una cachuela.
— Cancha 6 ensenada de los nos.
Pajarero. Muchacho que desde un andamio 6 barbacoa 6
chapapa, vigila las bandadas de pâjaros que vienen à los sembra-
dios 6 plantaciones del chaco, asustândolos con una cana à cuyo
extremo pone un guinapo, 6 bien dando voces y con honda.
Pajero (Gato). Gato montés de la Pampa.
Pajonal. Mata de pajas alias y bravas que altemadas con la
gruma y otros pastos, cubren la vasta extension de la pampa.
A veces arden los pajonales y consumen la pradera, como en la
batalla de Ituzaingô. El fuego prendiô en el pasto demasiado
alto y ya seco por la fuerza de los soles, y cundiô con extraor-
dinaria rapidez, pereciendo abrasados muchos heridos sin haber
sido posible libertarlos de las Hamas.
Pajuela. Laminita de oro 6 de plata. Comùnmente se usan
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 443
dos : una para el aseo de la dentadura, otra para el de los oidos..
Aquel refran de que « para los dientes, oro, viznaga 6 nada»,
es disonante en America, supuesto que vi:^naga significa aqui
muy distinta cosa que en la Peninsula. Véase Viznaga. El fôs-
foro ô cerilla indistintamente. Palito en Montevideo.
Pajuerano. El que ha ido d la capital 6 al pueblo por una
temporada. V. gr. : « ^ Que es de fulano ? — Anda de pajuerano
en Buenos Aires. »
Pajùye. Plâtano maduro amasado en agua fria.
Palancôn. Animal y persona grande. Asî : buey palancôn.
Palangana. Fachendoso, fanfarrôn. Estar de palangana, no
atreverse después del desafîo 6 provocaciôn.
Palca. Cualquiera de las tablas de las embarcaciones menores
que labran en el Oriente. — La Xque forma la junta de dos nos
6 dos caminos, por lo que palca es sinônimo de junta 6 cruce.
— El horcôn que forma el ângulo de dos ramas. — Bodoque en
forma de Y en cuyos brazos se ata la goma que sirve para dis-
parar à los pâjaros yâ las frutas maduras.
Palenque. Atadero 6 estaca para amarrar caballerlas y reses.
Palillo. Condimento para dar color amarillo d la comida.
Palisandro. La madera del guayabo, magnifica para obras de
ebanisteria.
Palizada. Empalizada. Barricada de troncos atracados al pie
de las barrancas en que terminan las curvas de los nos.
Palmas. Estos graciosos ârboles delà zona tôrrida son el adorno
de los lugares en que crecen, y la providencia de los campesinos,
viajeros y salvajes. Sus hojas sirven para techumbre, y mejor
aùn el tronco, que por serhueco, rajândolo por lamitad y limpio
de los filamentos que contiene, présenta dos canales que sirven
de teja, con la ventaja de ser menos expuestos à incendios, â
causa de la savia oleaginosa que contienen. Este aceite que en
algunas palmeras, como el cust, es muy estimado para untar el
cabello, para combatir las afecciones cutàneas y aun para la eco-
nomia doméstica, se saca de la almendra de los cocos, los cuales
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444 CIRO BAYO
se presentan en racimos copiosos y de énorme peso. Adherida d
la corteza hay una materia blanca, el palmttOy nombre que se da
también al cogollo de las hojas nuevas, del que comen los monos
y los viajeros perdidos en el monte. De las fibras de la corteza
del drbol se hacen cordeles para hamacas y arcos ; de las hojas, .
sombreros, espuertas, esteras, abanicos, etc. La yema terminal
se aprovecha para ensalada. Véase Caranday, Cusi, Motacù,
Chouta, Garronuda, etc.
Palma de los Andes (Ceroxylia andicola. Martius). Es la palmera
que mds aguanta el frio por lo que se la encuentra en las prime-
ras estribaciones de la Cordillera.
Palma de Rosario (Euterpe precatoria), Asi llamada porque sus
cocos pequenos sirven para cuentas de rosario à los indigenas de
Mojos. La palmera es de tronco liso y recto, coronado de grandes
hojas graciosamente arqueadas.
Palma real (Mauritia viniferà). Notable entre todas por su
erguido talle y lo pomposo de sus pencas, grandes en forma de
abanico y dispuestas en amplia corona. La forma de sus racimos
es un peciolo largo y horizontal del que cuelgan otros peciolos
mas pequenos que son los que sustentan los frutos unos debajo
de otros formando hileras como cuentas de rosario. Es la ûnica
palmera que présenta el coquito 6 semilla sin envoltura lenosa.
Palma Cristi. Euforbiaceas. Véase Ricino.
Palmicho. Palma cuyas hojas son muy aparentes para surubis
6 techos de paja ; llamada también en otros sitios palmiche^ palmi-
cho y jatata. Pertenecen al género Oreodosca.
Palmito. El cogollo de muchas palmeras, que crudo es agra*
dable al paladar, y picado, cocido y aderezado convenientemente
résulta una magnifica ensalada.
Palo. Nombre que como el de « madeira » entre los portu-
gueses y brasilenos, usan los crioUos para nombraralgunosârboles,
arbolitos y arbustos. Asi : palo Maria y palo santo que son mas
que palos ; y palo de lèche, palo de viboras, palo de tinte , palo de
poros y palo de boisa, segùn sus propiedades y aplicaciones.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 445
Palo Brasîl {Cesalpina echinata. Lamarck). Este drbol grande,
pero déforme y espinoso, es el que diô nombre al Brasil, por
haberse fijado los portugueses en la abundancia que de él habia
en los puntos donde desembarcaron. El color rojo 6 brasil lo
suministra el leno del arbol y e? muy usado en tintoreria. Se le
halla también en el Béni y en Santa Cruz de la Sierra donde es
llamado palo Rosa.
Palo Maria ÇCallophillum Brasiliensis). Arbol elevado de
mds de cincuenta métros de altura. Solo su tronco hasta las
primeras ramas tiene mds de treinta. De su madera se trabajan
la mayor parte de las embarcaciones y canoas que surcan los
rios del Oriente, y aunque solo duran de très i cuatro anos, en
cambio son muy ligeras, y si naufragan no van al fondo. Lo
mejor que proporciona el Palo Maria es el Balsamo de Maria,
que fluye por incision de la corteza. Es de color oscuro, y coagu-
lândose hay necesidad dedisolverlo al fuego. Echa tanta fragancia,
que los granos del coâgulo se usan también como incienso en las
Misiones.
Palo santo. Nombre de ciertos drboles de familias distintas.
(Vintera aromatica y el Guajacum officinale^ L., 6 Guayacàn) Rutd-
ceas. Véase Guayacàn que es el verdadero palo santOy sin duda
porque diz que préserva del rayo.
Bombdcea. Otro drbol de tronco leiioso, hojas grandes lanceo-
ladas, pecioladas y de hermoso color verde. El tronco hueco
envia varios canales d la corteza y d las ramas, por cada uno de
cuyos nudos salen unas hormigas grandes, rojas, de molesta pica-
dura asi que se toca el drbol. Por esta circunstancia es llamado
palo santOy es decir, drbol de mi'rame y no me toques, como las
cosas sagradas. Este tronco vacio es magnifico, sin embargo, para
armadurade edificios con tal que no esté al descubierto.
Palo de balsa. Arbol parecido al ambaibo, de tronco liviano y
esponjoso que los indios del Béni, singularmente los mosetenes,
aprovechan para sus balsas y callapos.
Palometa (Serrasalmus marginatus). Pez mediano, de colores
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446 CIRO BAYO
amarillos con doble hilera de dientes en forma de pirimide, con
los que corta la presa, incluso los dedos de los caimanes, como
con unes alicates. Como observa D'Orbigny, los dientes de pah-
meta han sîdo, desde los tiempos mas remotos, las tijeras de los
indigenas del Oriente y aun de los tejedores primitivos para
recortar los hilos. Puedo también anadir que sirven de peine,
como he visto usarlos a los indios araonas del Béni. Lsipalometa
es animal muy temible para los banistas que luciendo todo
lo que Dios les diô refrescan el cuerpo en los nos del Oriente,
porque se exponen à una amputaciôn cruenta en medio del agua.
Para evitar el riesgo de palometas, rayas, torpédos, caimanes,
camdirùes « et ejusdem furfuris », la gente acostumbra banarse
por ahi, echândose agua con una tutuma à calabaza, à la manera
que representan al Precursor bautizando al Mesîas en el Jordan.
Palta. Voz quichua. Fruto del paltero (Laurus persea, L. —
Persea gratissima y Faites aguacate). Aguacate en Cuba y Brasil ;
cura en Colombia. Riquîsimafrutade los valles ô tierras calientes
que tiene la forma de calabacîn verde, cuyo vértice lo forma una
protuberancia à modo de huevo. La pulpa que tira à amarillo, es
la que mezclada con un poco de sal 6 de azûcar, d gusto del
consumidor, se come con cucharilla, 6 untdndola en pan, à
guisa de mantequilla végétal. Es tan estimada que se remite por
correo al interior. La palta de La Paz es famosa en toda Bolivia.
— En Chiquitos, la carga de soborno 6 sobrante de la carga que
se pone en medio de los bultos ô petacas.
Palla. Palmera. Maximiliana Regia, Hart.
Pallar. Voz minera tomada del quichua. Escoger los trozos
de minerai util en una roca estéril.
Pampa. Voz auca y quichua que significa llanura larga y dila-
tada. La pradera americana es uniforme sin que se tropiece con
una sola piedra, y el terreno esta socavado por madrigueras de
vizcachas, lechuzas, iguanas, armadillos y otros roedores. Entre
las aves abundan las rapaces y casi todas las acuâticas que ale-
gran las lagunas y banados asi como el uniforme verdor del
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 447
carapo. Mas afuera esta el dominio de los venados, gumacos,
avestruces, pumas y jaguares. La necesidad de arbolado ha
hecho que cada estancia se lo procure artificialmente. Darwin
atribuye la falta de vegetaciôn arborescente en la Parnpa argen-
tina â los fuertes vientos reinantes en la région ; ello es que los
arboles crecen en ella pronto y bien. Estos montes 6 bosques
artificiales de sauces, paraisos, duraznos, manzanos y euailiptus
se destacan sonrientes como manchas de pincel en el vasto hori-
zonte. El ombûy decantado ârbol de esta région, es rara arbor in
dtsertOy pues casi todos cayeron al golpe del lenador. Los pocos
ombùes que quedan Uaman asi mâs la atenciôn por aquello que
« todas cosas por ser raras son preciosas ». En la pampa argen-
tina, en esta Uanura sin limites, imagen del mar en la tierra, las
menores ondulaciones del terreno cobran â la vista proporciones
extraordinarias, y el espejismo tan frecuente en el verano, da â
los pajonales la apariencia de palmeras sembrando de oasis fan-
tasticos este océano de verdura.
Dentro de los alambrados en que esta encuadrada la llanura
colonizada, pacen millonesde bueyes, ovejas y caballos,con entera
libertad y sin gran cuidado de sus duenos. Las lagunas, ora natu-
rales, ora alimentadas por las Uuvias, son de inmensa utilidad
para estos ganados que moririan â millares, si ellas faltaran. No
dice bien el chileno Lastaria cuando escribe : « Nada mâs triste
que la Pampa en el invierno. Solo se ve el desierto en toda su
inmensidad. Parece que al retirarse de alH las aguas del mar,
dejaron estampado el sello del Océano para eterna memoria. »
Comprendo que tal impresiôn causa al hombre de las monta-
nas la inmensa llanura con su àmbito extenso ; pero aparté de
que la Pampa no es la estepa 6 pâramo que muchos se imaginan,
uno se encarina fàcil mente con ella por su agradable y sano
clima, por los especticulos atmosféricos, tan curiosos y de
tan fàcil observaciôn como en el mar, por el estudio de su
variada fauna, ysobretodo, por la hospitalidad y afables maneras
de sus habitantes. La pampa de Mojos por su vecindad al rtô-
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448 CIRO BAYO
pico y por la feracîdad que le comunica el sistema hidrografico
que la surca y la circunda, tiene mas parecido con las llanuras
del Orinoco.
Pampa. Flojo. Esta pampa : flojea. Tal vez de : bamba, colum-
pio. — Caballo pampa. Oscuro con una mancha blanca en la
frente.
Pampaco. Voz quichua. Colmena subterrànea en forma de
botijas aglomeradas.
Pampero. Viento del Sudoeste, gênerai y constante en la Ame-
rica del Sur. Vienio de afuera le llaman en Buenos Aires ; el Sur
en el Oriente de Bolivia ; y pampero mas generalmente, por venir
del lado de las Pampas argentinas. Es viento impetuoso que
hace estragos en tierra, mar y rios; pero es muy sano, à lo
menos en la Provincia de Buenos Aires, como que las personas
experimentan cierto bienestar mientras se déjà sentir. En latitudes
mas altas, la rapida transiciôn del calor al frio que ocasionan
los sureSy causa pulmonias y mortandad de animales.
El pampero sopla casi siempre cuando el cielo ha estado nubla-
do y lagrimeando por algunos dias, borrando con sus rafagas
impetuosas los nubarrones, y dejando a su conclusion un cielo
purisimo. Es viento utilisimo en regiones como la Pampasia,
asî argentina como mojeiia, falta de arbolado y donde la atmôs-
fera séria deletérea d causa de tanta ciénaga, pantano, animales
muertos y demds fomes de corrupciôn. En tiempo de prolongada
seca, el pampero levanta y arrebata en pos de si, inmensos tor-
bellinos de tierra végétal, que llegaron a ser tan densos el 12 de
Mayo de 1866, que al pasar por la ciudad de Buenos Aires, a las
dnco de la tarde, sumieron d la capital durante diez minutos en
la mas densa oscuridad. Un testigo presencial dice que parecia
una montana de très 6 cuatro mil métros de elevaciôn, y tan
oscura y densa, que a su pasodejaba caer una lluvia a torrentes
de barro liquido. El huracdn duré en todo su fiiror mas de una
hora. Hora y média antes de pasar por encima de Buenos Aires,
es decir a las très y média, habia pasado por Rosario que esta i
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 449
400 kilômetros de la capital, feores son los estragos que el pam-
pero causa en élagua, donde las embarcaciones, si estàn ancladas,
garrean y sufren averias de importancia. En los grandes rios
levanta énormes olas que impide el avance de las embarcaciones
menores que no tienen mâs remedio que encostar d la orilla, en
donde estan expuestas â otro riesgo mayor, cuales que la fuerza
del viento derribe uno de los arbolones de la orilla que, al caer,
arrastra consigo un pedazo de la barranca sepultando batelôn y
tripulantes, de noche principalmenle cuando sobreviene el sura:(p
con fuerza y coge descuidada â la gente en la pascana.
Pampichuela. Dirainutivo de pampa.
Panca. Voz quichua. La hoja que envuelve el choclo à espiga
tierna de malz.
Pando. Llano y de poco fondo. Curiche pando; arroyo pandingo.
Pantano poco profundo ; arroyo de poca y mansa corriente.
Panes. Mentiras. — Echar panes : decir mentiras; contar
grandezas. — « | Son panes ! » dice maliciosamente el gaucho
cuando duda de algo que le cuentan.
Pangaré. Caballo de hocico blanco.
Pango. Confusion, desconcierto. Tal vez de pânico.
PAwauEauE. Voz inglesa : pancake, pan dulce â la sartén.
Suena « panquec » y es el plato que un dia al aiio se sirve en
los restaurantes de Londres. Tal como se corne en los hoteles
sur-americanos es una tortilla con harina y azùcar, plato muy
exquisito aclimatado por los chilenos.
Panteôn. Cementerio. Todo el recinto de un campo santo.
Panvaso (pan bazo). Pan de dos capas, muy abultado en
medio. « Gordo como panvaso. »
Papa. Voz quichua. La patata. De lamisma voz derivz papaya^
fruto parecido â la papa. Pasan de ciento las variedades de este
tubérculo americano, â cual mâs nutritivas y suculentas. Entre
ellas se distinguen en Bolivia, la racachûy lilicoya, chuho, tunta,
ulltku, caya, ocUy viahOy gîmluT^a^ etc. Sin embargo, â excepciôn de
los habitantes de las tierras frigidas entre los cuales la papa es
Rtvuê hispanique, xnr. 29
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450 CIRO BAYO
como en Europa el pan del pobre, en los demâs puntos se la des-
precia. Bien es verdad que para reemplazarla tienen la yuca y el
plâtano, tan nutritives como la patata. La papa es originaria de
la America del Sur. Los mejicanos no la conocîan cuando arribô
Cortés. Zarate Acosta, escritor castellano, tesorero del virreinato
del Perù en 15 14, la describiô en su época. Poco después fué
llevada â Espana, y de nuestro pais se propagé a Italia, en donde
se aclimatô.A Irlanda fué llevada de Santa Fé en 1588, si bien su
cultivo no se generalizô en las Islas Britânicas hasta el primer
tercio del siglo xvii. Con estas fechas â la vista se queda tamanita
la gloria de Parmentier, el cual no empezô su propaganda hasta el
ano 1778.
Término minero. Masa énorme de plata, como la famosa papa
de Himntajaya que pesaba 33 quintales (5.190 kilos); tan grande
que ningùn arriero pudo llevarla hasta Arica y hubo de Uevarse
poragua.
Papagayo. Abraza un considérable numéro de especies. Aràra
y paxàba en el Oriente. Algunas especies son parleras, otras no ;
pero todas de rutilantes colores, ramilletes con plumas para valerme de
la celebrada frase de Calderôn. La hora mas propicia para ense-
narles â hablar es de noche â una hora fija, teniendo â oscuras la
habitaciôn y preparando, de antemano el ânimo del discipulo con
un bizcocho borracho, para desatarle la lengua ; no por esto son
de despreciar los momentos del dîa, singularmente â las primeras
horas de lamanana en las que el ave se manifiesta muy parlanchina.
Entonces se adelanta mucho poniéndola delante de un espejo,
para que se créa acompanada de otra de su especie. Cuando
interrumpe la lecciôn, yéndose por los cerros de Ubeda, con
chdchara y graznidos, conviene corregirla echàndola un vaso de
agua frîa a la cabeza, 6 una bocanada de humo d los ojos. La
correcciôn debe de ser inmediata para que no adquiera mafias y
se haga incorregible. Frutas, maiz y pastelillos es lo ùnico que
debe dârseles para que conserven la salud ; asî como permitirlas
banarse d su gusto, para que el plumaje no desmerezca. Los
papagayos, como los elefantes, no se reproducen en cautividad.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 45 1
Papango. La bolita de vidrio 6 de barro, 6 semilla de chuy con
que se ju^a â balas.
Papayo. Voz quichua : de fruta como papa grande (jCarica
Papaya. L.). Euforbiâceas. Hermoso ârbol frutal de diez d veinte
métros de altura, tronco liso y cillndrico, coronado por un
ramillete de hojas umbeladas, lo que le da el aspecto de higuera
palmeada. A esta se parece en sus hojas, y d la palmera en ser
de flores dioicas, generalmente, esto es, que rara vez coexisten
los dos sexos en un misrao végétal. El tronco, los tallos y el
fruto verde proporcionan por incision un jugo Idcteo que las mujeres
emplean como legia para quitar las manchas de la ropa, y los dulca-
tnarasmvdles contra las rubicundideces. Mezclado con agua aqueste
jugo, tiene la particularidad de ablandarla carne puesto en remojo,
circunstanciâ de que se aprovechan los naturales para ademds
hacerla âesta ùltima, de mâs fdcil digestion. El mismo resultado
se consigne envolviendo la carne fresca en hojas de papayo, por
lo que allî donde el drbol abunda, envuelven la carne con sus hojas,
como en Europa con hojas de col, de higuera 6 de vid. Reciente-
mente se ha descubierto que la papaina extraida del jugo, es un
magnificodigestivo superior dla pepsina animal, como que ademds
de transformarse en peptona (esto es, en productos lîquidos faciles
de digerir, la lèche, la clara de huevos, y la carne muscular)
disuelve la materia âcida tanto en un centro dcido como en un
centro neutro (Wûrtz y Bouchât). El fruto, la papaya^ es agra-
dabilisimo y muy conveniente tomado en ayunas. Tomado â
deshora y con exceso, tengo experimentado que predispone â la
fiebre â los no aclimatados en el trôpico.
Papelote. Cometa de papel. Véase Barrilete.
PAauETE. Elégante, bien empaquetado.
PAauio. Arbol corpulento y espeso, de madera dura y résina
aromâtica. Su fruto comestible, aunque seco y farinâceo, es
llamado en otros puntos acu^uayaca {Himenea Caurbaril),
Paraba. Guacamayo. Muchas especies del género AtnpeUs.
Véase Papagayo.
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4S2 CIRO BAYO
Paradero. Rodeo; lugar donde se recojen y juntan las reses.
Paraguayo. El làtigo del mayoral 6 capataz de una peonada.
— Rosqueta hecha de azùcar, clavo y almidôn. — Mate para-
^uayo. Véase Mate.
Parajobobo. Véase Bobo.
Paraparaiï. Végétal médicinal.
Parejero. Caballo de carrera al que se da por les gauchos una
educaciôn especial, aunque no tan exagerada como a los « pur
sang » de hipôdromo.
Pariguana. Especie de cuervo acuàtico, notable por el variado
matiz de sus plumas.
Parima. Ave mayor que la garza comiin, de hermoso color
violado.
Partido. Division administrativa territorial en la Argentina.
— Al partido : à partes iguales en los frutos de una cosa.
Pascana. Voz quichua : desatar; porque en hspascanas^ jaras
6 altos en la marcha se alivia de su carga a las bestias y antes à
los indios. Las pascanas son lugares en despoblado donde se des-
causa 6 pernocta en un viaje. Algunas de las pascanas que se ven
en la cordillera chileno-argentina fueron mandadas construir por
el Gobiemo espanol para refiigio del correo y de los viajeros que
transitaban por los pasos de los Andes. Entre ellas se conservan
en buen estado las del camino de los Andes por Mendoza que
data del tiempo de la conquista y ponia en comunicaciôn Buenos
Aires con Santiago de Chile, a guisa de camino real. En todo el
camino se encuentran diez casas 6 piezas cuadradas de seis varas
de diâmetro, sobre un macizo de cal y canto de très 6 cuatro
varas, para que sobresalga de la nieve de la cordillera. El edificio
es de bôveda compuesta en forma de arco, y la fàbrica tan sôlida
como lo acredita la vetustez de su origen. Véase Apacheta y
Tambo.
Paspa. Grieta que el frio hace salir en los labios.
Pasta (Una). Una muiieca de idem.
Pata. Voz quichua. Cima 6 altura. Entra en la composiciôn
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 453
de muchos nombres geograficos. Asi, Samaipata, alto del des-
canso; Challapata, altura de arena; Coripata, cûspide de oro;
Ayapatay cumbre de los muertos.
PatabA. Véase Majo.
Patacar. Muquear la chicha.
Pataconear. Enflorar el toro que se juega, con patacones 6
moneda que se gana el lidiador màs arriesgado que los arranca
de su sitio.
Patasca 6 pastaca. Cabeza 6 rabo de cerdo cocido, con granos
de maiz pelado.
Patay. Especie de pan de higo, hecho de la fruta del mistol 6
algarrobo, y harina, todo machacado. Es el dulce favorito de los
santiaguenos argentinos.
Patear. Indigestarse algo. Hastiar. Es el homôlogo de nuestra
significativa frase : « Dar una patada en el estômago. » Me pateô
la chicha \ no puedo mâs con ella.
Patero. Guaracha 6 cobertizo bajo, al que se encaraman las
aves de corral, principalmente los patos.
Patilla. Poyo 6 asiento. — El antepecho 6 alfeizar de la ven-
tana.
Patio (Beneficio del). Método de amalgamaciôn de la plata que
introdujo en Potosi, Pedro Fernàndez de Velasco hacia el ano
1572, aunque su invenciôn pertenece d Bartolomé Médina,
minero de Pachucca, en Mexico (véase Amalgamaciôn). Este
sistema se redujo al principio d triturar el minerai, mezclar su
limalla con una mezcla de sal y la cantidad suficiente de azogue
que se incorporaba à la masa à fuego lento. Esta masa se lavaba
en seguida en grandes pozos ô bateas, en los que era depositada
la pella que se amoldaba en pihas 6 forma de panes de azûcar.
Finalmente, se quemaban estas para la exhalaciôn del mercurio.
En 1586 se perfeccionô el sistema del patio por Corso de Leca
que fué el primero en hacer uso del hierro, por cuyo medio se
descomponîa el muriato de plata. Este beneficio de hierro fué
introducido a principios del siglo xix por Gellert en los labo-
ratorios de Sajonia.
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4S4 CIRO BAYO
Patitos. Las flores del ceibo hembra, de hernioso color rojo
encendido, y labiadas, de manera que al caer en el agua bogan â
favor de la corriente, como patitos minûsculos, â cuya circuns-
tancia deben su nombre.
Pato REAL. Asi llamado por la brillantez de su plumaje. Es
de cerca de una vara de largo; tiene la cabeza guaraecida de
protuberancias camudas de un color rojo muy vivo ; su plumaje
es negro, reluciente, toraasolado, verde oscuro. Saca hasu doce
patitos en cada incubaciôn. Lldmasele también pato moscado 6
almixclado por el olor que despide, proveniente de un licor que
filtra de unas glàndulas debajo de la rabadilla, que hay que cor-
tar para que la came no tome mal olor.
Patria. Caballo ù oveja que tiene cortada la mitad de la
oreja derecha. Dériva el nombre de la practica antigua de senalar
asi d los caballos alzados 6 de marca desconocida, destindndolos
i la caballeria del ejército. Eran de la « patria », como en otros
tiempos hubieran sido reyunos 6 del rey, adjetivo que aun se
conserva : « Al peje-rey hubo un tiempo que se llamô peje-
patria » (Palma).
Patujû. Platanillo 6 ârbol del viajero (Bégonia Platanifolia.
Schott). Planta que crece en terrenos bajos y hùmedos, perdida
en la enmaranada maleza de las selvas, cuyos claros embellece
con la vista de su pomposo follaje y el rutilante color de sus
bayas. Su tallo herbiceo adornado de largas y pomposas hojas*
como las del bananero 6 pldtano, con la diferencia que crecen
opuestas, sube d la considérable altura de ocho ô diez varas. El agua
de la lluvia al resbalar por las hojas de un verde mate fresco, se
filtran, como por un embudo en el tronco, del cual mediante una
pinchada, se obtiene un chorro de agua que instantdneamente
hay que aprovechar, bien aplicando los labios bien una calabaza
deanchos bordes. Hzy patujties que suministran hasta una botella
de litro. Por esto es llamado el drbol del viajero, alld en los
desiertos americanos. El platanillo propiamente dicho es la
especie mâs alta y de hojas mucho mayores, con las que se for-
man techos en las pascanas y paraguas improvisados.
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 455
Paujé. Espigas de maiz colgadas de su chala y apareadas, para
que no las invada el gorgojo. « Trâete un paujé. » Trae un par
de espigas, 6 una yunta de maiz.
Paûro. Depôsito de aguas que bajan de una vertiente 6 represa
cualquiera.
Pausa. El cohete que à intervalos 6 a pausas déjà caer una
lluvia de colores.
Pava 6 paba. Tétera para calentar el agua, ordinariamente para
la infusion de la yerba mate. Agua en la pava, y yerba en la
yèrbera, es lo que nunca falta en los ranchos argentinos. Pava
de monte. La hembra del mamaco. Hacerse la pava : burlarse
de alguno. — / Quépavada ! \ Que tonteria, que insulsez!
Payador. Tipo popular de los paises del Rio de la Plata. Es
el trovador americano que tiene por escena los ranchos y pulpe-
rias de la campaiîa. Ya se conservan muy pocos modelos, y muy
pronto solo vivirà en la leyenda, abultada por la fantasia popular.
Llàmanse payadas a improvisaciones sobre un tema dado por
el auditorio 6 à elecciôn, segun convenio. Al payador le retruca
otro colega, tomando como pu ma de partida la esencia de la
estrofa. De manera que el payador supone otro contrincante que
realce su mérito, 6 le venza. Estas justas, como observa Julio
dlcano, hablando de los cantadores de su pais, tienen general-
mente por objeto la ingeniosa vuelta 6 traslaciôn de una idea,
ide modo que si el uno canta :
Ayer pasé por tu casa ;
Alcé los ojos y vi
Un letrero que decfa :
« Yo no nacf para ti. a
El Otro replica :
Yo, como supe leer,
Borré aquel y puse otro,
Donde le dejé entend iendo :
« Ni yo para ti tampoco. »
Con ser atinada y cxacta la anterior observacién, tengo para
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45 6 CIRO BAYO
mi que la payada americana recuerda mis bien la tension entre
los trovadores provenzales, ora personal, ora técnica, y que solîa
sujetarse a la décision de un drbitro ; tal como acontece en los
teatros de Buenos Aires y Montevideo cuando justan dos trova-
dores. Con ser payador voz rio-platense, soy de opinion que
dériva de paya^ dos, en aimard ; y robustece esta opinion el que
hspayadaSy si bien con otros nombres, son générales en Ame-
rica, aunque aqui me limitaré â lo que conozco de Bolivia.
En Cinti, provincia vinicola del departamento de Chuquisaca,
se elige en tiempo de la vendimia un hombre que dirija la pisa
de la uva. La primera cualidad que se le exige es la de ser poeta,
porque la pisa se hace al compds del canto que gira sobre las
improvisaciones del trovador. Los versos, aunque generalmente
faltosde rima, son d veces chuscos, graciosos y picarescos, porque
tienen por objeto los gestos 6 las palabras de los tra bajadores. Otras
veces son alabanzas al vino, y anacreônticas de todogénero, como
lo hàcian en Grecia los vendimiadores. Por lo comiin otros tra-
bajadores sienten correr por sus venas el fuego de la inspiraciôn,
y retrucando al primer cantor convierten la fiesta en payada. De
parecido modo acontece en algunos distritos del Brasil. « Em
setembro começa-se a desmanchar a mandioca, a fazer a farinhada.
E que alegres dias e festivos serôes na humilde casa de palha do
pequenho lavrador! Postos amigos e visinhos no mais cordial
adjutorio, arrancam, raspam, cabani a bendita raiz. Lavam-a â*
prensa, â peneirà. Suor de escravo nâo vereis alli correr; é o
travalho livre e fecundo ameniiado pela saudosa modinha cearense^
tangendoa viola, ou porinterminaveis historias de cobras e onças »
(Rodolpho Theophilo, Historia de Secca do Cearâ).
Entre los groseros indios de la altiplanicie se practica lo que
ellos Uaman el tincu, Uno propone un argumento y otro le res-
ponde ; con la -circunstancia que casi siempre pasan del terreno
del arte al campo de batalla, pues el vencido en el torneo litera-
rio, propone al otro una justa â garrotazos en la que intervie-
nen las respectivas comunidades. de manera que lo que empezô
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 437
en payada acaba en var apalos y golpes. (Lo que Uaman tincuchicus
es desafiar al caminante i quien bebe mas, hasta que uno û otro
cae en tierra, d veces muerto. Por cierto que en Malejàn (de
Espana) en dias de fiesta mayor hay la timta que sirve para que
los parridarios de Baco apuesten à quien bebe mds, hartàndose
de mosto gratuitamente.)
De lo dicho se desprende que la payada no es mas que la poe-
sla dialogada, comùn â muchos paises. Sin ir mâs lejos, los vas-
cos, sobre todo los franceses de La Soûle, tienen predilecciôn por
esta forma poética. Muchas de sus canciones, sobre todo las de
amor, son pequenos diâlogos entre dos personas. Los chikiloSy ver-
sos que los pastores cambian de ladera, y los coblak 6 improvisa-
ciones en la taberna son otras tantas payadas.
Payo. Albino.
PÉCARI {Sus iajassu. L.). Tajasû en chiriguano. Puerco
montés. Los hay de cuatro clases : â lo menos en el Béni donde
se matan como conejos. El cinche blancOy parecido al jabali, de
cara blanca y raya del niismo color que le arquea la espaldilla. El
quijada blanca, también degran tamano; el taitetûy menor que los
anteriores; y el cajita, de color oscuro, mds pequeno que sus
congénères, pero también mâs bravo. Llâmase cajita por el ruido
de tambor que mueve al ir en piaras. Estos puercos, singular-
mente \oscajitas, andan en tropas numerosas y son tan acome-
tedores que no hay otro remedio para librarse de ellos que subirse
â un ârbol, cuidando que este sea grueso, porque si es delgado lo
roen y lo tumban los pécaris. Fâcil es cazarlos entonces, d golpes
6 â tiros, con la particularidad que las primeras victimas son
devoradas por sus compaiîeros. No abandonan el sitio hasta que
todo esta en silencio 6 cuando el cazador se ha eclipsado en las
alturas. La carne de estos animales es comestible, pero no es tan
agradable como muchos creen, a lo menos la de los cajitaSy por la
irritaciôn con que muriô el animal. En la espalda, cerca de la
rabadilla, tienen una glândula 6 especie de ombligo de olor
almi^clado. Esta probado que antes del descubrimiento de Amé-
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45 8 CIRO BAYO
rica por los espanoles no habîa especie alguna porcina en esta
parte del mundo. Todas las variedades, pues, que se hallan ahora
en America vienen de un par de la especie llevado de Europa.
Pechada. El campesino crioUo que se precia de buen ginete y
de ir bien montado, vuelve grupas 6 toma carrera para derribar
con el pecho del caballo un novillo en las hierras. Estos son
los pechadores. Otras veces se dan puhadas en el costado y aun
con la cabeza del pingo para lograr que otros ginetes hagan sitio
en una cabalgata. Las pechadas, como las topeadaSy han ido con-
virtiéndose en diversion ecuestre; se adiestran los caballos»
se ensayan los ginetes, se cruzan apuestas, y los campesinos
criollos, en especial los guasos y rotos chilenos, y los gauchos
seentreganà este violento ejercicio en que muchas veces resultan
caballos aplastados y caballeros perniquebrados.
Pechar. En fabla antigua, pegar. Véase Pechadas. — Pedir
prestado; « dar un sablazo ».
PECHEREauE. Sinôuimo de licor.
Pecho amarillo. Pàjaro (Leistrs aniicus. Bom).
Pecho Colorado (JTurpialis guayanensis. Bom). Longirostros.
Pechono. Santurrôn, beato. Neologismo propio y muy signi-
ficativo : de darse golpes de pecho.
Pedo (Al). Se dice en castellano « por razôn de gusto », inù-
tilmente, en balde. — « Es curioso, dice Seijas, oir emplear
(en Buenos Aires) esta palabra que envuelve una idea indécente,
en todos los circulos sociales. « Me causé al pedo; hablô al pedo. »
Y no contentos aùn, dicen al tnismlsimo pedo : j Vayan
ustedes al monte y no vuelvan en veinte dîas, sô indécentes ! »
Pedrada (A la). Sombrero echado à la nuca.
Pego de coca. La raciôn del peôn cochabambino, que la acu-
lUca en la hora de descanso, de doce d dos de la tarde, antes de
volver al trabajo, bien as! como el buey antes de volver al arado.
Pehual. El correôn anadido d la sobrecincha 6 sobrepellôn.
Véase Recado.
Péji ô peludo. Especie de tatii de color barcino, con manchas
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 459
blancas en las articulaciones. Es la especie mayor del armadillo,
tan grande que en la concavidad de su caparazôn cabe muy bien
una arroba de maiz. Elp^ïgusta de alimentarse de carne muerta,
por lo que escoje sus madrigueras d inmediaciones de los
cementerios. Véase Peludo.
Pelado. Qlvo. El indio porque carece de pelos en las partes
hûmedas.
Pelarse. Quedar corrido, burlado. Véase Chaucha y Refranes
y Modisnws.
Pelecho. Escamilla que résulta de la formaciôn de nueva
epidermis â consecuencia de una llaga 6 herida. Substantivo de
pelechar.
Pelôn. Melocotôn 6 durazno mondado puesto â secar para
orejones, en un tendal 6 chapapa.
Pelota. Cuando el viajero llega â orillas de estos grandes rios
americanos que Dios se ha olvidado de hacer pasar junto a las
grandes ciudades, al contrario de lo que decîa un fraile predica-
dor, inconveniente con que se tropieza en Bolivia principalmente
donde la viabilidad técnica esta en mantillas, entonces hay que
valerse de la pelota. Cuero con los extremos medio doblados y
levantados hacia dentro, amarrados con correas à fin que el cuero
conserve la forma del forro de una pelota medio abierta. Dentro
de este cuero se pasan las oroyas y los rios, muy cômodamente,
con dos 6 mas cargas. Solo hay que cuidar de no moverse mien-
tras uno esta dentro de la pelota, porque cualquier movimienro
brusco podria hacerla ladear, llenarla de agua y hundirse. Estas
pelotas son tiradas por uno 6 dos vadeadores apostados en los
pasos de los rios, y por medio de una cuerda que pasan por
encima del hombro y debajo del brazo, van nadando y remol-
cando durante mas 6 menos tiemposegiin la creciente 6 el împetu
del rio.
Este sistema de la pelota lo han usado los americanos hasta para
viajar por tierra. Asî, los postillones que pasaban la cordillera de
los Andes, de Santiago âMendoza, se pertrechabandeun cuero de
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460 CIRO BAYO
vaca 6 de carnero, segun los casos, con bastôn alpino herrado, un
zurrôn para las provisiones, y la balija. Cargados asî, caminaban
por la nieve, y cuando Uegaban â una altura, tendîan el cuero y
sentândose en él, se empelotaban, es decir, se ataban dos puntas
por la cintura, y las otras dos puntas por los muslos, con correas
d propôsito. Luego seasegurabanâ los hombros la carga, y estando
listos, se balanceaban deun lado â otro hasta principiar â resbalar por
la nieveen la direcciôn que se proponîan. Todo el cuidado era guar-
darelequilibriodel cuerpo, porque si se trastornaba, ibanrodando
como un pellejo hinchado hasta quedar sepultados en el abismo ;
mientras que con cuidado, podîan resbalar por média légua hacîa
su camino, para volver a subir otra ladera y tomar otra nueva
resbalada. Estos correos no s61o eran de parte del Gobiemo, sîno
hasta de particulares, y aun solian pasar asî mercaderias.
Pelota. Juego tan éuscaro como americano, por el que sienten
inclinaciôn casi todos los indios del Nuevo Mundo. La que usan
los indios pampas 6 aucas esta formada de una pelota de crines
y pelos que se encuentra enel estômago de ciertos vacunos aficio-
nados d comer los despojos de otros animales, con lo que se
ponen desmedrados y enfermos. Esta amalgama se cubre con dos
semi-circulos de criadillas de toro y de esta suerte la pelota tiene
la dureza de una piedra. G)n ella juegan à la pilma que es su
juego atlético favorito. Véase Pilma.
Los indios chiquitanos, entre otros del Oriente de Bolivia,
juegan al huitorô con pelotas hechas del « peloto », algunas
grandes y pesadas como balas de artilleria. Véase Huitorô.
Peloto. Ârbol (Hebea cauîchuc y jatrapa elastica). Mangaba.
Da una goma blanca que sin ser tan estimada como la seringa ô
siphoniay puede reemplazarla. Abunda en los bosques de Santa
Cruz y de Mojos y con ella se hacen las pelotas con que los
indios chiquitanos juegan al htiitorô. Véase Mangaba.
Peludo. Animal del género de los desdentados {Dassipus
vellosus. Desm.). Abunda en las pampas donde hace sus madri-
gueras y proporciona una caza muy distraida y provechosa d la
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 46 1
luz de la luna, que es cuando este armadillo ô tatû sale a mero-
dear. Véase Mulita y Pèji. — Refrân : Por causa del peludo ;
por mor de la borrachera.
Pella. En la oveja lo que el matambre en la vaca ; el sain 6
gordura de que se hacen los chicharrones.
Penca. Otro nombre de la tuna 6 higo chumbo. — Azotera
en forma de doble pala 6 palmeta. Véase Azotera.
Penga. Cada uno de los grumos de que se compone la tiimara
6 racimo de plâtanos. Generalmcnte el grumo tiene diez plâta-
nos, y constando el racimo de diez grumos, ayùdenme ustedes à
sacar la cuenta de los frutos que tiene todo el racimo.
Peni. El lagarto que llaman iguana en Buenos Aires.
Pensecola. Guerrera 6 saco militar.
Pepa. Bola de piedra 6 de vidrio para juego infantil.
Pepe. El lechuguino boliviano; aunque es voz generalizada en
otrôs puntos, como en Venezuela.
Pépita. Por antonomasia, la del cacao.
Pepitero. Ave cantora.
Peral. Bosquecillo de perales. Hasta aqul es legitimo caste-
llano, pero no lo es pero aplicado al arbol, pues pero en legitimo
espanol es una especie de manzano 6 camuesa, sien do muy
celebradoel « pero de Rondà », en Andalucia.
Percollar. Acaparar, monopolizar.
Perchel. Almear; pajar 6 parva.
Perico ligero. Calipedes ; que corre mucho. (Calîpedes fué
un histrion griego que en la escena estaba siempre en actitud de
correr, pero que nunca adelantaba un paso. Asi llamaron también
los romanos d Tiberio, segûn refiere Suetonio, porque todos los
afios se preparaba para la guerra y nunca salîa a ella.) — Ftrtxpso^
Macaco preguiça en el Brasil. Animal del tamaiio de un cordero
(de donde le viene el otro nombre de « mouton paresseux » que
le dan los criollos de la Guayana francesa), cara de mono, cola
rudimentaria y très unas largas en cada una de las cuatro extre-
midades, que le sirven de defensa y asidero para trepar d los
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462 CIRO BAYO
ârboles, singularmente â los ambaibos y bivosis de cuyos cogollos
es muy goloso. En el suelo anda como una tortuga, y aunque
no camina con mucha mds ligereza cuando esta trepado, lo hace
con relativa agilidad y sobre todo con una habilidad gimnâstica
que envidiarîa un funàmbulo de circo. Se pasa dîas enteros sin
corner asido como una marmota de una rama del àrbol, 6 bien
acurrucado al pie del tronco donde es fâcil presa del tigre y de
los cazadores. El grito del perico es un \ ay ! lastimero ; y para
defenderse extiende sus brazos en ademan suplicante, lo que
hace créer que llora y pide gracia, cuando su intenciôn es la de
elevar los garfios en el objeto que le amenaza. Y con tal furia
los hinca que no hay otro remedio que cortarle los brazos para
desasirse de él. Por lo demds es un animal tan manso y tan fâcil
de criar, que atândolo â un arbolito y no olvidândose de rega-
larle con congollos tiernos, ni estorba con exigencias, ni grita,
ni se mueve, â no ser para hacer cuatro escarceos gimnâsticôs y
volver al reposo. En suma, es un mono atrofîado, con unassolas
en lugar de dedos. Su piel finisima, gris oscura, sirve para pello-
nes, forros de asientosy aun para vestidos, tanto que en algunas
poblaciones de Bolivia anuncian la venta temos de piel de perico
para ninos de corta edad.
Pericote. Rata grande.
Perindola. Perinola. Tal como la hevisto entre los ninos
crucenos es de cuatro caras con sendas iniciales : P (ponga) ;
5 (saque); r(todo); N(Nada), las cuales senalan los lances del
juego al caer el trompo. Cuando rueda sin punta, cambiadala T
en 5, es el Baltasar.
PeringundIn. Sitio de réunion de gente alegre y maleante. —
Bai le de candil. Chingana.
PermanA 6 peromanâ. Voz chiquitana : recocimiento. Chicha
crucena de primera calidad.
' Perotô. Fibras 6 tiras végétales de plâtano, bivosi, almendro,
iîoje, etc., para ataduras, envoltijos y nudos. Cu:(uros Uaman en
La Paz âlas fibras de plâtano afianzadas con lianas silvestres con
que se envuelven los cestos y tambores de coca.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 46J
Personal. Peonada ô gente tiabajadora de quepuede disponer
el fregués 6 el barraquero gomero.
Perû. El vasto imperio de los incas, que a la llegada de los
espanoles se extendia desde los 2 de latitud Norte hasta 37 gra-
dos latitud Sur (véase Tihuantisuyo). Creen algunos que la
palabra Perù viene de Birù, nombre de un cacique que ténia sus
estados en la costa del Padfico, pero la version mas admitida es
la siguiente : « Cuando Uegaron los espanoles à nuestras costas,
preguntando por el nombre del pais a un indio, les contesté
este : Berti. Luego mirando al rîo : Pirti. Entonces aquéllos res-
pondieron : « Acabemos, que aquî todo es Perû » (Paz Soldân).
Peta. La tortuga de rîo 6 tartaruga. Abunda tanto este quelô-
nidoenel Béni, que en ciertos meses se puede llenar con ellos
batelones enteros.
Petaca. Baùl de cuero con tapa de lo mismo, de varias labores
y d propôsito paraser transportado i lomode mula. En las « Rela-
ciones de Indias » se lee que los incas ensenaron y mandaron d
los indios aimardes de Pacajes pagar su tributo con pescados y
petacas de paja 6 totora del Lago Titicaca.
Petacuda. Persona 6 cosa de volumen y peso.
Petiso. De pequeiia estatura 6 alzada. — Caballopetiso : « po-
ney » 6 sunicho.
Peto. Avispa mêlera de colmena en forma de campana, hecha
de algodôn y fîbras végétales, lo que da d la fdbrica la consistencia
del carton. En la base dejan un orificio de diferente didmetro,
pero siempre lo bastante grande para que pase una obrera. Dentro
tienen sus galeriasde una arquitectura admirable. El peto chubumbi
es la especie mayor, d la que pertenecen esas tapas 6 colmenas,
grandes como campanas de iglesia que se ven colgando en chacos
y drboles frutales. El peto mamûri hace sus colmenas de menor
tamaiîo, subterrdneas, pero su miel es mds abundante y fina.
Peùmo. Ârbol frutal cuya fruta acerolada se exporta mucho
por los puertos de Chile.
PiALAR. De piola 6 cordel. Apealar, manear un animal.
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464 CIRO BAYO
PiARA. Arria de diez burros cargados. Asi una piara de lena son
cien arrobas de lena.
PiCA. (La). La incision en los drboles gomeros para obtener
la lèche 6 goma. — Picar, dar el golpe con el machadino en el
tronco de la seringuera. — Picador y el peôn de la pica. VéaseBoLA-
CHAy SiRINGA.
PiCADA. Paso ô vado de un rio. — Camino vecinal 6 trocha i
través de un monte, que ha habido que picar 6 desbrozar.
PiCANA. Aijada con un clavo 6 puya que sale de la pica cosa
de dos centi métros y sirve para avivar â los bueyes de tropas y
carretas. Las canas mds estimadas para vara de picana son las
tàcuaras de la provincia de Corrientes. — Ternero asado que con
acompaiîamiento de chicha y baile se come en Noche Buena, en
la média noche del sdbado al domingo de Gloria y la noche de
San Silvestre. Es costumbre popular bolivianaque ha trascendido
à las mis altas clases sociales. — Picana à picanilla : la pechuga
del avestruz ; bocado muy exquisito.
PiCANTE. Guiso condimentado con aji ô locoto y demâs estimu-
lantes, y tan rabioso quehace lloraralque no esta acostumbrado.
Tanto como nuestros guisos de conejo, tienen fama en las pican-
terias bolivianas los picantes de idem ; sin duda por la fecilidad
que alli como aqui hay para servir gato por liebre. La afîciôn de
los crioUos d los picantes puede muy bien ser heredada de los
conquistadores espailoles, sobre todo de los oriundos de Extre-
madura, « cuyo régimen alimenticio prépara admirablemente
para la conquista de America » (Velisla, Recuerdos de Extrema-
dura). Y signe diciendo el ingenioso escritor : « Me basta pro-
bar una sopa de guindilla, y sobre todo cierta tortilla con chorizo
que trasladé incautamente al estômago, para explicarme la indi-
ferencia con que Pizarro y sus valientes compaiieros acogîan los
calores de los trôpicos. En efecto, los rayos de la zonatôrrida son
unos verdaderos polvos refrescantes, si se les compara con un
embutido de Extremadura, y esto solo daba ya una inmensa supe-
rioridad â los conquistadores sobre los incas. Al paso que estos
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PRO VINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 465
desventurados hijos del sol se limîtaban d adorarlo, les extreme-
nos venîan acostumbrados â comérselo. »
PiCANTERtA. Fonda del caballo blanco donde se sirven platos
fuertes ô picantes regados con chîcha.
PiCATA. « Pensum » ; ejercicio oral 6 escrito. Lecciôn que
toma el profesor al discipulo, y repaso semanal 6 mensual de
una asignatura.
PiCAZO. Color de caballo.
PiciûsTico. Original, extravagante; cursi 6 ciùtico. Véase
ClÛTICO.
PiCHANGA. Bebida que se hace conservando dulce y sin fer-
mentar la lagrimilla del vino, pormedio del alcohol. Es bebida
muy adecuada para ninos y mujeres. — Engaha pichanga, el que
quiere dar gato por liebre ; y en especial, el mercachifle que
quiere enganar con sus bagatclas; es decir que prétende dar agua-
pié por vino bueno.
PiCHARA. Comida quelos indios de la Altiplanicie dejan en las
orillas de los caminos, generalmente en huacas y apachetasy para
los mânes de los difuntos.
PiCHE. Especie de desdentado 6 armadillo. Nombre que tal
vez dérive de espichado por lo pitarroso y cegatôn del animal. —
Végétal. Coromachi en Santa Cruz (JFabiana imbricatd), Solanâ-
ceas. Arbusto del sud de Chile y de la Argentina, de olor muy
pronunciado a vainilla. La decocciôn desumadera se recomienda
para las enfermedades de la vista.
PiCHico. Cada una de las falangesde los dedos de los animales.
Con estos huesecitos juegan los ninos â una especie de suerte de
dados.
PiCHiNCHA. Ganga ; beneficio que se reporta por poco trabajo 6
dinero.
PiCHiRO. El sabor que dejan en el paladar las frutas, precisa-
mente camosas, como la manzana, la guayaba, plitano, etc.,
comidas antes de su compléta sazôn.
PiCHOLEAR. Tantear, ir probando.
Rnmt hispamiqtu. xiv. ro
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466 CIRO BAYO
PiCHuauÉ. El corazôn de una res.
PlEDRA-CANGA. VéaSC CaNGA.
PiEDRA MOVEDiZA dcl Tandil. Great attraction de los turistas en
la provincia de Buenos Aires. Es un monolito de 115.000 kilo-
gramos de peso, columpiàndose â ochenta métros de altura sobre
uneje cuya circunferencia s61o mide once pulgadas. Es necesario
que la mente del visitador haga un esfuerzo para convencerse de
que aquella mole inclinada, se mueve realmente, y una vez com-
probado el fenômeno, contempla absorto la Piedra movediia. Un
hombre emprendedor y estudioso, Mr. Reade, escribiô el siguiente
relato y explicaciôn de la Leyenda del Tandil, con motivo de un
viaje de 40 turistas ingleses, que en febrero de 1862 fueron â
visitar el pueblo del Tandil y con especialidad las sierras y la
famosa Piedra :
La Leyenda del Tandil, tal cual me fué contada hace muchos anos por un
Cacique viejo, es como sigue y es doblemente interesante, por razôn de la
extraordinaria conformaciôn ftsica, iba d decir confirmaciôn, de la localidad.
El Sol es un Cacique que pasô d mejor vida en un ticmpo muy remoto, y
quien fué el mis grande de su raza, pero que viene diariamente à velar por sus
hijos. La Luna es su esposa. Un dfa, asf dice la leyenda, notôse algo anormal
en el Sol, parecfa estar enfermo. Viéndose que un gran Leôn (puma) lo estaba
acosando, por lo que se habfa puesio pàlido y su luz fué extinguida por la
sangre que derramaba.
Los bravos de la tribu fueron llamados apresuradamente y atacaron al leôn
con sus fléchas, hasta que una de ellas lo traspasô, entrindole por la barriga y
saliendo la punta junto al espinazo, quedando la flécha en posiciôn vertical;
debido d esta herida cayô el Leôn d tierra, manteniéndose sin embargo de
pié ; el mônstruo en su agonia estaba terrible y formidable, no atreviéndose
ninguno acercarse d él. El Sol recobrô su apariencia risuena y sonriô nueva-
mente d sus hijos desapareciendo luego como de costumbre. Cuando apareciô
su esposa la Luna derramando su luz sobre la tierra, viô al mônstruo rodeado
por los conspiradores, encontrdndose aûn con vida ; indignada la Luna con
ellos» tomô piedras y las arrojô sobre ellos, hasta cubrirlos con una énorme
cantidad, excepciôn hecha de las cabezas, dlas cuales no pudo tocar, quedando
descubiertas hasta hoy. La ûltitna piedra arrojada cayô sobre la punta de la flécha ^
sobre la ctial qiiedô fijada^ piidiendo verse aùn en la mistna posiciôn. La Piedra
oscila de Norte d Sur con facilidad, sietido impostble hacerlo de Este d Oeste, pero
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 467
el Leôn sepultado como se encuentra no estd muerto, y al despuntar los pri-
meros rayos de la aurora, como mensajeros de la llegada del Cacique (el Sol),
el Leôn se mueve como si quisiera atacarlo, los conspiradores aullan, las piedras
se estremecen ; asi que, à esta hora la Piedra oscila de Oeste d Este, como
saludando al Sol.
Esu leyenda parece tener alguna relaciôn con un éclipse del sol, y una lluvia
meteôrica, pero es muy extrano que una prolija inspecciôn de estas rocas,
demuestra la forma de la cabeza de un leôn (puma), la piedra movediza y
los conspiradores, en la misma posiciôn que les asigna la leyenda.
Tan extraordinario me pareciô este hecho confirmatorio, por decir asf, de lo
que me habia comunicado el indio, que procedi acto continuo é hice sacar una
fotograffa que demuestra lo que antecede.
PijE. Un grado menos que piciùstico. Es voz chilena.
Pila. Perro pelado. — Cala en Bolivia, del quichua ckalay
pelado ; de donde Calacala, Calacoro^ etc. — Por extension, d los
jôvenes imberbes.
PiLCA 6 pirca. Voz quichua : pared. Cerco de piedras apila-
das para corral ô bardai.
PiLCO. Voz quichua : Colorado. El Ptlcomayo, rîo que en el
departamento de Chuquisaca, corre por el gran Chaco y es
afluente del rîo Paraguay.
PiLCHA. Cada una de las piezas del recado. Véase Recado y
Cacharpa.
PiLETA. Abrevadero de caballerias.
PiLMA 6 la Pilma. Juego de pelota auca 6 araucano. Los jôve-
nes de la tribu se reunen en la plaza de la tolderia, trazan un
ancho cîrculo en el suelo, y entrando en él, dividense en dos ban-
dos opuestos y fronteros. Varios campeones estân provistos de
una pelota : los de un bando en la mano derecha, los de otro en
la mano izquierda, arrojando cada cual su pelota por atrâs, de
suerte que vaya i salir por delante, levantando la pierna izquier-
da 6 derecha, segûn la mano, y enviando el proyectil à un adver-
sario, i condiciôn de que le dé en el cuerpo so pena de perder un
punto. De ahî mil lances y equilibrios para evitar el golpe.
Cuando sucede que uno ha recibido el pelotazo, tiene que tomar
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468 CIRO BAYO
la pelota y lanzarla al contrincante de igual manera y con las mis-
mas condiciones apuntadas. El que sigue vuelve i empezar y asi
hasta que el cansancio rinde los brazos. Véase Pelota.
Pilon. Calvo ô pelado como el pilon de la romana.
PiLPiNTO. Voz quichua : mariposa pequena.
PiNCHULEAR. Pouerse de veinticinco alfileres. — Pinganear.
PiNGANiLLO. Elégante, bien trajeado 6 « pinchuleado ».
PiNEDA. Género en Historia natural, en honor de Antonio
Pineda, naturalista espanol que vino à America con Tadeo
Hœncke y Luis Naes, a bordo de « La Descubierta », mandada
por Alejandro Malespina en 1790, en comisiôn dedar la vuelta al
mundo. Pineda muriô en 1792 en Illoc (Luzôn) y varios natura-
listas le dedicaron gran numéro de plantas, asi como â su sabio
compaiîero, el bohemio Hœncke, muertoen 18 17 en Cochabam-
ba de Bolivia.
PiNGO. Caballo corredor.
PiNGOTEAR. Hacer corvetas ; dar salios.
PingOIn. Palmîpedo de la Patagonia. Da hasta un kilo de
aceite y abunda tanto en todas las islas del Estrecho magalldnico,
especialmente en la de Torra, que puede sacarse del producto de
la caza mil pipas annales.
PiNiNicô. Toda pasta dulce reblandecida por el calor 6 la hu-
medad, estd pininicô para los crucenos.
PiNauiLLO. Del quichua :/>//w:«//(?, pifano. Especiede« flageo-
let » de très agujeros que tocan los indios quichuas y que acom-
panan con danzas.
PiNTA. Asi llaman en Bolivia al juego de los dados, â la orden
del dia en aquel paîs, desde el club aristocrâtico â la mâs misé-
rable chingaita. En Buenos Aires y Santiago de Chile es juego
villano, como en Europa. El juego de los dados fué importado
por los soldados espanoles, como lo prueba el que Atahuallpa lo
aprendiô en su cautividad, lo mismo que el ajedrez ; y el que por
una suerte adversa de los dados naciô el refrin aquel : « Jugarse
el solantes que nazca », por haber jugado un soldado de Pizarro,
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 469
y perdido, la imagen en oro del sol que le tocô en el bodn del
templo de Coricancha en el Cuzco. De los soldados pasô a los
mineros, y de éstos al resto del pais. Como antes dije, esta tan
en boga, que en donde quiera se reunen dos 6 très amigos y aun
desconocidos, hay que jugar al cacho (el cubilete) una ronda de
cocktailsy y luego. . . â limpiarse los bolsillos tirando quittas, senas,
ases y cuadras.
PiSîA. El fruto de la anana. Se cultiva para el consumo, pues
en estado silvestre es de gusto desagradable. Los espanoles la cono-
cieron por vez primera en la Isla Guadalupe.
PlîîO DE GANADO. MoUtÔn.
PiNONERO. Pinon de la India Qatropha curcas. Linneus). Pino-
nero que habita las regiones tropicales de America y Âfrica. Es
un arbusto de mediana altura cuyos pinones^ del tamano de una
nuez, contienen très semillas como aceitunas, dentro de las cuales
estdn las almendras purgantes.
PiOLA. Cordel 6 bramante para ligamentos.
Pipi An. Manjar de almendra 6 mani tostado y molido con ha-
rina y carne fresca.
PiauE. Voz quichua : pulga {Pulex penetrans). Véase Nigua.
« Primo hermano de la pulga y tfaîda de Lima â Chile, â caballo
de la escolta del présidente Sotomayor en los primeros anos del
siglo XVII » (Vicuna Makenna).
PiauiLLtN. Ârbol frutal.
PirAiba. Siluroide, Pez gigantesco de mis de dos métros de
largo, de boca de escualo, pero de rebordes esquinosos en lugar
de dientes, que navega el rio Béni y el Madera. Tiene la cola
roja, vientre amarillo y escamas de un color pardo negruzco.
Muerde fdcilmente el cebo que se pone para otros peces, arras-
trando las canoas en su huida.
PiRARUCÙ. Pescado que salado en charque se come en el Rio
Madera y sus tribu tarios.
PiRATONA (Una). Arbitrariedad ; injusticia. Piraterîa.
PiRGUA. Voz quichua. Troj hecha de paredes de cana 6 ado-
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470 CIRO BAYO
bes con techo de paja 6 palma. — Colcapirgua : troj de plata (Geo-
grafia).
PiRiRi. Urraca.
PiRauiN. Contratista de caminos 6 de trabajos de zapa de mi-
nas.
PiSAR EL MAiz. Molerlo en tacù à mortero..
PiscôiRA. Mala hembra; mujer mala. Derivado tal vez de pé-
cora.
PiSTO (De pîsto en). De poco en poco.
PiSTOCo. Angosto; de poca capacidad cùbica.
PiTA (Pedir). « Pedir cacao » en Bogota. Pedir treguas. Véase
Refranes y Modismos.
PiTAjAYA. Voz quichua : espino. Nombre genérico del cactus.
— Mezquindad 6 bicoca. V. gr. : Me ofrecen una pitajaya por el
caballo y no lo quiero vender.
PiTAR. Fumar : de pitOy cigarrillo. Segiin Julio Rivero dériva
de pitura, voz brasilena : tabaco.
PiTAY. Afecciôn herpética acompanada de escozor, que se con-
trae en los climas câlidos â consecuencia de cortarse la transpi-
raciôn por un cambio atmosférico. Se alivia mediante baiios repe-
tidos, ô fricciones de agua florida, 6 soluciones de agua fenicada.
PiTiTO. Tropeolo 6 capuchina; flor asi llamada por la figura de
pito ô pipa de fumar de sus pétalos.
PiTO. Cereal, ordinariamente cebada, tostado y molido ; y en
gênerai, harina preparada con céréales. Al pito hecho de canagua
se le Uama acu. Es famoso el pito (de maiz) de Tacna que llega
hasta La Paz de Bolivia.
. PiTÔN. Ârbol frutal de fruto como guinda amarilla 6 verdosa.
PiYU 6 pillu. Véase Nandù.
PiYÙYU. Lance en el juego de billar cuando el mingo se pone
en tal situaciôn que para dar en cualquiera de las otras bolas hay
que tirar por banda.
Planchôn. Planicie ô meseta en las cumbres andînas. « El
Paso del Planchôn. »
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 47 1
Platal. Dineral. — Blatanudo : adinerado.
Platanal. Plantaciôn de bananeros.
Platanillo. Véase Patujù.
Platano. La banana 6 fruto del banano. — Canoa platanera :
de las menores, como para el transporte de plâtanos por el rîo.
Platino. Cuerpo simple descubierto por Antonio de Ulloa en
el Choco (Colombia). Lo llamô platina en su relato de viaje
(Madrid, 1748).
Playa. Cancha 6 explanada delante de los ranchos; 6 espacio
carpido al rededor de una obra cualquiera, como playa en que
termina la verdura de la pampa. — Espacio de tierra dura y
apisonada que forma la hacienda en los sitios donde acostumbra
juntarse en rodeo. — En los saladeros, la explanada bajo
techo d orilla de un arroyo, en la que los « desoUado-
res » cortan las « achuras » 6 despojos de las reses. — Espacio-
sos remansos 6 ensenadas que forman los tornos à vueltas de los
rios Paraguay y Paranâ.
Plèbe. La plebs. Lo que nosotros decimos el pueblo 6 prole-
tariado, pero que en las igualitarîas repûblicas australes llaman
« plèbe », compuesta de cholos é indios. Los demâs son \zs per-
sonas décentes.
PoALLA. Nombre brasileno de la ipecacuana, que ha prevalecido
en algunas provincias crucenas fronterizas al Brasil.
PocHECÔ. Lo que ha llegado a hastiar cualquiera de los cinco
sentidos.
PoLEADA. Manjar hecho de lèche cocida, anîs,harina, azùcar y
maîz bien cocido y reventado, como de patasca.
PoLEO {Menta polegium, L.). Labiadas. Planta que habita los
lugares hùmedos de Europa y America. Sus flores, de olor d
menta, son emenagogas.
PoLizoNES. Asi se llamô antaiio d la gente trabajadora que vio-
lando la prohibiciôn de pasar a las colonias, venîan a America.
La ciudad de Buenos Aires, por el sinnûmero de llovidos 6 poli-
lones que contenîa, mereciô d fines del siglo xviu el dictado de
« Apeadero de los Poli:(pnes. »
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472 CIRO BAYO
PoLVORiN. Cuando las garrapatas son pequenas, tienen un color
rojizo, y propenden â apinonarse en bollos en los arbustes. Basta
rozar éstos alpasar por el monte, paraque los animalculos se pren-
dan i laropa, como rocio de azafrân, esparciéndose en seguida por
todo el cuerpo, de pies â cabeza. Entonces el atribulado viajero
dice : me pican los polvorines. Para librarse de ellos no hay mis
remedio que sacudir bien la ropa y lavarse el cuerpo con agua de
tabaco ô fenicada.
PoLLA. Qrrera hipîca de mds de dos ginetes. — Correr una
polla : un « handicap ».
Poncho. Capa de cuatro puntas, 6 como la describe Alcedo :
« Manta cuadrada con una abertura en medio para metei la
cabeza. » — Es la capa del viajero y del campesino americano ;
la famosa ruana colombiana. ^{poncho y el chiripâ (véase Chiripà),
las dos prendas del vestido gauchesco, se adaptan al clima del
pais. Su manejo es sencillo y utilisimo para ir â caballo no
habiendo por otra parte dificultades para hallarlos en los vastos
territorios de la Repiiblica, pues se fabrican con productos indi-
genas y no necesitan de las habiles manos de un sastre. ^\ poncho
représenta el chaleco, la chaqueta y el gabân ; el chiripâ sustituye
los pantalones ; y si en verano el gaucho se tiende i dormir à la
intempérie, su vestido reemplaza también el colchôn, la sâbana y
la frazada. Si ademis puede proporcionarse un par de élégantes
bo^s granaderas con brillantes espuelas, el gaucho esta en traje
de fiesta, creyéndose dueno del mundo ; particularmente cuando
montado en un pingo con recado nuevo, riendas plateadas y lazo
d la grupa, cruza a rienda suelta la dilatada llanura. Antes los
ponchos y chiripàes solo se hacian en el pais, pero hoy vienen
del extranjero, de Manchester, de Sabadell 6 Tarrasa, siendo
generalmente mds baratos, pero de inferior calidad. La hebra del
chaguar con la que los indios del Chaco fabrican sus escasos vesti-
dos, puede hacer competencia al yute de Manila, cuando los
fletes sean faciles y baratos. La lana de las ovejas, vicunas,
guanacos y Hamas, constituyen la materia principal para la fabri-
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 473
caciôn de los mejores ponchos. El color natural de la lana de
vicuiias, que en otro tiempo era el ùnico material empleado en la
fabricaciôn de los ponchos, varia entre el oscuro y el pardo oscuro
separando mecdnicamente las hebras de diversos tintes, y haciendo
con ellas los hilos por medio del huso, résulta un trabajo muy
primitivo, pero de género imperméable, ni muy grueso, ni
pesado. Resguarda también a maravilla de los rayos del sol. El
subido precio de los ponchos de vicuna esti justificado por varias
razones. Por una parte, la caza de los animales es algo penosa
(chaco) y producen escasa criacomo ya hasucedido con las chin-
chillas y esta d punto de suceder con los bisontes de las praderas
norte-americanas. Solamente las personas ricas pueden comprar
los ponchos legitimos mds finos, debiendo las demds resignarse
con las imitaciones europeas 6 con los que se preparan en el campo
con la lana de ovejas, adornados con colores chillones. Los indios
pampas y los paisanos de Santiago y Catamarca sobresalen en la
labor de estos artefactos asi como Tucumdn en la de recàdos y
carreras de trdnsito.
Poncho puyo à puUo : poncho ordinario de abrigo. — Poncho
inglés. Por el color de las rayas como el « plaid » escocés. —
Poncho vicuna. El mejor y mds caro. — Poncho pampa. Que hacen
las indias, de colores chillones d favor de ciertos ingredientes. —
Poncho mâcha. El pampa cuando es grueso, y que d veces se pone
comopellôn encima del secado. — Poncho bicharcu:o 6 pzis^no. Lis-
tado que hacen en provincias. — Poncho Cutama. De lana, tejido
por los indios de la Cordillera en Santa Cruz de la Sierra (Boli-
via). Frases. Véase Refranes y Modismôs.
PoNGO. Indio paceiio que d trueque de un salario mensual
que gana en fletes, se alquila como bestia por el dueno de una
finca, 6 para el servicio doméstico de quien lo solicita ; siendo lo
mas chusco que hay duenos de pongos que los alquilan como si
fueran esclavos. El alquiler del pobre indio aimard varia segiin
se le contrate con taquia (excremento de llama) 6 lena, 6 sin
estos combustibles. — Pongo Mittani : el pongo mujer que se
ocupa en las faenas domésticas. Véase Semanero.
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474 CIRO BAYO
PoNTizuELA. Media luna de rico métal, colgante del freno del
caballo, al que se adapta con un gonce.
Popt. Cara popi = la con manchas 6 pecas. — La ropa esta
pofH cuando, después de lavada, quéda con maculas por no secarla
à tiempo. Es voz cruceiia.
PoRONGUENO. Indio cniceno de Porongos. — Papel porongueho.
La hoja seca de plâtano en la que se escribe con tinta de achiote.
Llâmase asi porque fué invenciôn de un indio de Porongos.
PoRRA. Mechôn de pelos enredados. — La puesta 6 traviesa
que va en cabeza en el juego de dados 6 de azar. — El asa del
poro ô mate.
PoRTABALAYO. Voz brasilefia. Porta-vîandas.
PoRTADA 6 tranquera. Paso ô puerta de trancas 6 de ferrada
que permite el paso libre en los alambrados. Estas portadas,
cuando el ginete es hdbil las abre erapujândolas con el mango del
rebenquCy a cuyo tiempo se cuela con el caballo. En seguida se
cierra la « tranquera » para que la hacienda no se entrevere con
la de otra estancia.
PoRTAFOLio. Cartera ministerial.
PoRTENO. El natural de la ciudad de Buenos Aires y de su pro-
vincia ; por el nombre de Puerto de la Santisima Trinidad de
Buenos Aires (\\xt le diô Mendoza en 1535. Es un curioso ejem-
plo de antinomia, llamarse portthos a los hijos de una ciudad que
no ha tenido puerto, verdaderamentetal, hasta 1889 (el Madero) ;
asi como llamarse Rio de la Plata al estuario, cuando ni el rio
lleva plata, ni el pais la tiene en su moneda.
PosETACÙ. Hormiguero que los turiros ù hormigas lacustres
hacen adherido d los drboles y â gran altura del nivel del suelo,
para salvarse de las inundaciones.
PoTETE, putiitu ô jomete. Harina de maiz hervida, sin mâs
condimento ni anadidura.
PoTO. Voz quichua : la cara de atrds ; y potear^ hermano
gemelo de otro verbo muy usual en la Penînsula, de que solo se
diferencia en el cambio de la primera vocal.
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 475
ParocA. Mujer nalguda, pequena y rechoncha.
PoTOst. El cerro de Potosf en forma perfecta de cono, es el mds
hermoso ejemplar que puede verse en el mundo, tanto por su
aspecto como por la abundancia de plata que ha producido.
Ningiin otro cerro de sus dimensiones puede rivalizar con él en
riqueza de rendimiento argentifero. Elévase i 3.107 pies sobre el
nivel de la plaza mayor de la ciudad, debiendo tenerse en cuenta
que esta esta situada en la falda del cerro à 13.275 pies sobre el
nivel del mar. I^ composiciôn del cerro es porfîdica con vetas de
pizarra y arenisca en su exterior y en su base, dejando en su
ùltimo tercio la pura manifestaciôn porfidica. La mitad superior
del cono es la que sin duda ha producido los minérales mâs subidos
de ley ; asî que en esta parte es donde se notan los piques, soca-
vones, chimeneas, etc. que han convertido el cerro en un verda-
dero panai de abejas. Los socabones principales son veinticinco
â lo mis; pero los piques, contra-socavones y chimeneas son
innumerables.
Durante el gobierno del intendente Paula Sanz (â principios
del siglo xix) llegô d Potosi una comisiôn cientîfica para perforar
la base del cerro que mide 25.565 métros de circunferencia,
continuando el trabajo del socavôn Berrio pcrteneciente al antiguo
minero A. Lôpez de Quiroga, con el nuevo nombre de Real
Socavôn, Los antiguos trabajos de este establecimiento se tras-
pasaron en i88é d una compania inglesa « Royal Silver Mines of
Potost », que signe siendo la duena y senora del Cerro.
Todas las vetas de minerai de plata contienen ley de estano,
y hay también vetas que rinden exclusivamente este ùltimo
métal. La potencia productiva varia en un ancho de 8 d i pul-
gadas, siendo la ley de la plata mayor cuanto mds se cine la veta
y la ley del estano cuanto mâs se ensancha. Es de notar que aùn
signe trabajândose sobre labores antiguas y que la base sigue en
absoluto virgen de investigaciôn.
Très son los medios de obtener el estano en el cerro de Potosi •
i" separândolo por lavado de los relaves résultantes de la amal
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47^ CIRO BAYO
gamaciôn por plata ; 2** relavando los antiguos depôsîtos dejados
por los antiguos beneficiadores en las minas del sinniimero de
ingenios en ruina de la llamada Rivera; y 3°explotando las vetas
cruceras que si son pobres de plata son abundantes en estano. —
El Real Ingénie^ hermoso establecimiento montado con los apa-
ratos mecdnicosmâsmodernos, tiene en uso concentradores Fren,
cuyos resultados son excelentes : 5 0/0 de métal, con ley de 60
i 70 0/0 fino. Sin embargo, su actual producciôn es relativa-
mente pequena, ajustada â la gruesa de elaboraciôn plata, que es
el principal objetivo de la Empresa.
Tan énorme es la cantidad de estano que ha sido desperdiciada
y arrojada al rio, que bien puede afirmarse que las arenas del rio
de la Plata contienen estano del Potosi.
Casi por en medio de la ciudad pasa el Rio de la Rivera que
incrementando sus aguas en las cercanfas, constituye el Tarapaya,
afluente del Pilcomayo, quien â su vez lo es del Plata. Pues
bien, se ha calculado que el Tarapaya ha arrebatado â las minas
de Potosi en el espacio de 66 anos, desde 1546 en que se des-
cubrieron estas hasta i6ri, 40 millones de plata que se sepulta-
rian en las arenas del Pilcomayo. Cuanto al estano, suponiendo
que la ley de plata en término gênerai sea de 600 onzas por
tonelada, tal como sale de las vetas, con el minimum de 5 **/©
de estano, y atendiendo â que desde 1546 hàsta 1864 la produc-
ciôn plata alcanza d la énorme cantidad de 3.630.928.362 onzas,
tendremos que han sido abandonadas â la corriente de la Rivera
i.}02.iyj toneladas de estano !
 causa del quebranto en el precio de la plata se ha despertado
el interés de la explotaciôn del estano. Hombres, mujeres y ninos
se ocupan en escoger de los desmontes de minas antiguas, de los
puentes de labores abandonadas y de las ruinas de los ingenios,
metales de estano que venden à los beneficiadores à precio bajo,
contentindose con obtener la ganancia diaria de un boliviano,
équivalente â 3 pesetas de nuestra moneda. Gran parte de la po-
blaciôn obrera vive de esta industria; pero siendo los medios de
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 477
explotaciôn tan primîtivos como imperfectos, la producciôn no
adelànta ni puede competir con otras explotaciones deestanoen el
extranjero. Otra cosa séria, si alguna compania con fuerte capital
se dedicase a explotar estano bajo la base virgen del cerro, en
cuyo caso se quintuplicaria el rendimiento actual.
PoTRERO. Alfalfar 6 recinto cerrado destinado al engorde 6
invernada de animales. — Dehesa potril.
Prenado de la calentura. Cierto estado de congestion ô de hin-
chazôn del cuerpo que précède y predispone â la fiebre intermi-
tente, patrimonio de las tierras calientes.
Presa. Tàjada de came. Presa de ptilpa : carne sin hueso.
Prestaciôn vial. Servicio 6 contribuciôn personal â que estdn
obligados todos los habitantes de Bolivia para la construcciôn 6
reparaciôn de caminos. Ix)s indios, los cholos y los soldados son
los ùnîcos que lo prestan, porque los demâsciudadanos se eximen
de doblar el espinazo pagando un boliviano por cada dia de los
très que dura la prestaciôn.
Presumir. Cortejar ; enamorar. Asî : Vyihno présume i Mengana :
que la corteja.
Presupuestar. Neologîsmo apadrinado por Palma, Castelar,
Valera y otros académicos, y que me parece perfectamente inù-
til, y dire el por que. — Ni propios, ni extranos, ni aquende, ni
allende, nos acordamos de presuponer, verbo antiguo en lenguaje
rentistico, tanto que se usa en documentos del siglo xvii. Entre
los a papeles de Hacienda » desde Felipe II en adelante (ms.
Biblioteca nacional de Madrid) se lee : « Se presuponen para los
gastos ordinarios de la Casa Real 320.000 reaies; para Flandes,
720.000 », etc., etc.
Procurador de reos. Abogado de oficio.
PucarAra. Véase SucuRUCii.
PucHA. Interjecciôn gauchesca. / La pucha I por las cuatro
letras. Tirso de Molina la emplea como provincialismo gallego
en su « Mari-Hernandez ».
PucHEADA. La segunda hoja de la coca, correspondiente â la
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478 CIRO BAYO
segunda mita 6 cosecha. La de la primera llâmase hojeaday la ùl-
tima lluchus. Estas très mitas anuales verificanse en los meses
respectives de mayo, junio y octubre.
PucHiCHE. Furùnculo 6 divieso. — La persona 6 cosa molesta
como una de aquellas excrecencias. Véase Yomomo.
PucHO. Voz quichua : sobras; bolilla de cigarro. En Lima
habia antes çlpuchero 6 vendedor depuntas de cigarro. No dériva,
pues, de « poco ô poquito », como aventura Cuervo. — Soltarse
sobre el pucho : echarse pronto sobre algo, à la manera que los
ninos callejeros sobre un pucho encendido.
PuEBLADA. Tumulto popular ; asonada de gente.
PuENTE colgante 6 taravita. Puente hecho de bejucos para pasar
rios 6 t or rentes. Su origen es sin duda peruano y segùn el testi-
monio de D . Antonio UUoa, fué inventado por el cuarto inca
Mayta Câpa c, el cual mandô hacer un puente de bejucos sobre el
Apurimac, largo mds de 200 pasos y algo mâs de dos varas de
ancho.
PuERTA DEL CORRAL (La). La primera vértebra cervical de los
animales por la que se les introduce el hierro en las caraeadas.
PuERTA DEL SOL (La). Tan renombrada como la ideni de la
capital de Espana, es en la ciencia arqueolôgica la otra « Puerta
del Sol » sita en una parte de las monumentales ruinas de Tia-
guanaco, llamada Acapana. Es un mpnolito de pôrfido, de 32
representaciones emblemâticas 6 16 à cada lado, perfectamente
visibles. La figura mds saliente se encuentra sobre el dintel. Es
una figura humana de pie ; la cabeza recta y abiertos los brazos.
La cabeza es notable porque ella sola compone la mitad de la
estatua total ; tiene orlados los ojos de fajas entre alas delineadas
hacia las sienes y de la frente parten seis cabezas de cinocéfalo y
una de chacal coronada de cuatro plumas. Otras seis cabezas tiene
dibujadas en la orla de la faja que le cine el cuerpo. Cada mano
tiene cuatro dedos con un cetro en las dos : el de la diestra sur-
montado por una cabeza de condor ; el de la izquierda se bifurca
en ramales que rematan en cabezas de aràras 6 papagayos. Los
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 479
pocos arqueôlogos que han visitado estas ruinas estdn acordes
que la Puerta del Sol es de mérito superior por la obra y la ve-
tustez, si bien divergen en el significado de su representaciôn.
Véase Tiahuagenaco.
Pues. En Bolivia se usa el pues i cada paso a la usanza vizcaina,
vamos, pues ; si, pues ; dame, pues, « En estos y parecidos casos,
pues es redundante y equivoco » (Baralt). Empero, siendo indu-
dable que pues dériva del « post » latino, no lo es menos que en
ciertas acepciones mantiene el significado de « en seguida ». A
él cabeatribuir q\ vamos, pues ; oye, pues, etc., de criollos y vas-
congados.
PuESTO. Rancho 6 cabaiia dentro del término de una estancia
donde vive algùn pastor 6 peôn encargado del rebano. A veces
se alquilan 6 se arriendan los puestos por personas que nada tie-
nen que vercon el establecimiento donde radican aquéllos.
PuiNO. Tinaja que cargan los chicheros y aguateros bolivianos.
— Puruha en algunos distritos de la Argentina.
Pujozô. Moho 6 cardenillo que invade los objetos abandona-
dos en tierra.
PulperIa. Esquina 6 boliche rural. Establecimiento campestre
que es almacén, tienda, taberna y casa de juego. Sitio de cita del
gauchaje y mentidero de la campaiia. AIH se juega d la taba, al
truco y â las bochas ; y en dias de fiesta se organizan carreras,
pechadas y topeadas. Es negocio lucrativo, porque debido â lo
desperd igados que estân los ranchos y d la distancia que estân
las estancias de la poblaciôn, los cimpesinos acuden â la pulpe-
rîa d surtirse de lo preciso y â gastar también mas de lo preciso.
El pulpero comercia en todo, dedicdndose preferentemente â los
frutos del pais, 6 sea â la compray venta de cueros, lanas y céréa-
les. Pulperia dériva quizds de pulqueria, establecimiento anâlogo
en Mexico. EUo es que en lengua auca, Udmase pulcu à pulcuy al
licorque se obtiene por la fermentaciôn de frutas silvestres. —
Bolear para el pulpero. Modismo. Véase Refranes.
PuLULÈ. Persona de carne fofa y caida, como ciertas mujeres
en la région umbilical.
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480 CIRO BAYO
PuLÙLU. Cuerno que tocan los indios en las fiestas para las
siembras y que ademas sirve de distintivo de los postillones 6
chasques à pie. Con el aditamento de un tubo de caiia es el crqm
à elqui. Tiene un sonido de verraco y con él entretienen sus ocios
los pastores de cabras y Hamas.
Puma (^Felix concolor. Azara). Aunque se le Uama leôn, es solo
un espantajo, « un misérable gato que huye de los perros » (Sar-
miento). El historiador Gomara hablando de este felino decia :
« No es tan fiero este leôn como lo pintan » ; expresiôn que ha
quedado como proverbial.
PuNA. Voz quichua. Sierra 6 région fria. El paso de la cordi-
llera es peligroso, no tanto por los temporales y peligrosos acci-
dentes que ocurren en la région de la ptina^ como por la sufoca-
ciôn que se expérimenta en estos parajes, à causa del frio de la
noche y la dificultad de respirar por la rarefacciôn del aire. Esta
sofocaciôn llâmase mal de la puna à soroche = mal de las monta-
nas. — Apunarsô : asorocharse. En Hawaï, donde se encuentra
la palabra puna con el mismo sentido que en America, los caza-
dores se alivian del mal de las montaiias sangrdndose levemente
en mitad de la frente â raiz del cabello.
PuNGUiSTA. Raspa; rateroen argot porteno.
PuNiLLA (La). El término 6 caida del tejado de un rancho de
aleros. Lo que en la Argentina llaman « cola de pato ».
PuNTA. Pina 6 montôn de cosas homogéneas que se separan
de un todo homogéneo. Asi : punlaàe vacas, punta de nihos. —
Por punta^ en globo, en conjunto.
PuNTANO. El natural de la ciudad argentina de San Luis por
estar situada en la « punta de los venados », al extremo de la
Sierra de Côrdoba.
PiJauio. Voz quichua. Manantial. Es voz corriente hasta en
provincias castellanas como Santa Cruz de la Sierra. — Poza 6
laguna natural que en las pampas de Mojos se cubre de plantas
palùdicas y lacustres, d manera de colchas 6 « camalotes ». —
Vilcapugio, lugar donde se librô una batalla en tiempo de la Inde-
pendencia ; dériva de ptiquio.
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 48 1
PuRÔN. Voz portuguesa : porâo, sentina. Sitio de las embar-
caciones menores del oriente, que hay que estar desaguando con-
tinuamente.
PuRTOA. Véase Puino.
Pusc:hca. Voz quichua : huso. El que llevan siempre consigo las
indias quichuas, haciéndolo girar entre los deJos hilando coposde
lana, ora estén andando en un viaje, ora apacienten los rebanos.
PuYONES. Cacheras 6 espolones del gallo.
PuYUNGA. Véase Pampaco.
QuEBRADA. En toda America es voz sinônima de arroyo que
se inunda en las avenidas, descendiendo por hendiduras de
tierra.
QuEBRACHO (jOoroylyna cerulea), Ârbol de primera magnitud,
asi llamado por su fragilidad. — Otro drbol de igual nombre
(quebracho blanco. Aspidosperma qmbracha) de la familia de las
apocîneas, demaderadurisima, muy rico en tanino y en alcaloïde :
la « aspidospermina ». Las raîces de este végétal son antifebrifugas
como la quina. — Quebracho Colorado à cuchl. De madera dura é
incorruptible. Su corteza y el extracto del serrin, abundantes en
tanino, ùsase en tenerîa y es objeto de mucho comercio en el rio
Paraguay.
QuEBRADO. La senda 6 camino que abren los bârbaros cuando
salen de sus guaridas ô malocas para una expediciôn. Se reduce
a una sucesiôn de ramitas cortadas a mano 6 « quebradas » a
pequenas distancias, de manera que hay que tener la vista muy
ejercitada para no ^xtraviarse en el monte, siguiendo el hilo de
Ariadna de los palitos quebrados.
QuEBRANTADA (Agua). Agua tibia 6 destilada.
QuEMA (Hacer). Hacer punteria en el blanco, ya sea en el
disparo de armas de fuego, y a en los juegos de destreza relacio-
nados con la balîstica.
QuEMA-QUEMA. Especie de escolopendra.
Revue hispanique, xiv. ji
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482 CIRO BAYO
QuEMAZÔN 6 Brillazôn. Espcjismo de las pampas, parecido la
que se produce en el desierto africano. — En masculine, el
qûemai^ôn es un métal de poca ley que se halla en una mina, à
flor de tierra.
QuENA. Voz quichua, pena de amor. Hauta de cana, de variable
tamaiio, si bien por lo gênerai tiene de largo média vara, y de
diâmetro 2/3 de pulgada ; abierta por ambos extremos. Consta de
cinco agujeros en la direcciôn de la embocadura, y uno al cos-
tado. Âquélla es redonda, y por donde se sopla esta cortada en
bisel, de adentro afuera. La quena quichua acompanada del tam-
bor 6 caja es triste, melancôlica, casi funèbre. Suelen â veces los
indios horadar un cântaro de barro por los costados para intro-
ducir la quena y las manos por los agujeros, y entonces, el eco
de la quena « es la verdaderaexpresiôn de los sepulcros » (Cortés)
por laresonanciay tristeza impondérables que adquieren las voces
de la âauta. La quena acompanada del càntaro, es el manchaipuiiu
(cdntaroaterrador). Cuentan las crônicas que cierto joven peruano,
llamado Camporeal, hijo de espanol y de india, se enamorô de
una doncella descendiente de los conquistadores. Los padres
espanoles de la virgen peruana hicieron alejar â Camporeal de
Lima, haciéndole créer que su amada se habia casado voluntaria-
mente con un apuesto caballero. El desdeiiado galân, en su deses-
peraciôn, se hizo sacerdote. D^spués de algiin tiempo, regresô
â Lima, donde un dia celebrando en un templo, al volverse al
pueblo para decir d los fieles « Dominus vobiscum », viô à su ado-
rada que parecia decirle « y tu seras conmigo ». Atraido por la
tentaciôn, Camporeal colgô los hâbitos, huyendo d las montanas
con Maria. Por algiin tiempo gustaron el amor -mezclado con la hiel
de los remordimientos, en su cabana, hasta que muriô Maria, y
Camporeal enloqueciô por la desgracia. El amante sacô del lecho
el helado cuerpo de Maria, lo colocô en el tosco banco de piedra
donde ella soHa sentarse y se propuso presenciar la lenta descom-
posiciôn del cadâver. Durante las funèbres veladas, compuso un
canto, consignando en cada estrofa la metamorfosis de una de las
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 48^
gracias de Maria, operada porla disoluciôn de la carne que iba
desprendiéndose gradualmente de los huesos. Luego que el
cadâver quedô reducido â blanco y descamado esqueleto, formô
con la tibia una flauta, y con ella, en las noches de luna, evocaba
el aima de su amante con sonidos tan desgarradores, que los
pastores de las cercanias abandonaron sus cabanas. Mùsica y
palabras del canto de Camporeal son conocidas en el Alto y Bajo
Peni con el nombre de manchai-puitu.
OuENADO. Apasionado; encamotado,
QuENCHACHEAR. Traer mala suerte. « Apârtese V., que me
quenchachea, »
QuEREZA. La larva que depositan las moscas.
QuETUPt. Nombre quichua del pâjaro Bienteveo.
OuicHUA (y no quichùa, como por ahî se dice 6 se acentùa).
La naciôn quichua pertenecia al reino del Cuzco, â una y otra
orilla del Abancay, y de ella proviene la lengua gênerai del Peni.
Quichua équivale â tierra templada. Hablan esta lengua en la
Argentina los habitantes de la Provincia de Santiago del Estero ;
en Bolivia los de los departamentos de Chuquisaca, Potosî y
Cochabamba ; esta generalizadaen varios distritos delPerù, Ecua-
dor, Colombia y Venezuela, y a ella pertenecen sinnûmero de
palabras usuales y términos geogrâficos sur-americanos.
i OuiÉN SABE ! Expresiôn escéptica, que como el « chi lo sa ! »
de los lazzaroni napolitanos, anda en boca de los criollos sur-
americanos, especialmente de los campesinos. — i Lloverâ hoy?
— l Cuàntas léguas hay deaquî a tal parte? — « Quién sabe!
senor », responden invariablemente con una flema que hace
montar en côlera. Aunque del mal el menos, pues ha de saber
el lector que en America, acostumbran otra muletilla enrespuesta
â lo que se ignora 6 no se quiere decir : — El cielo anuncia
tempestad ? — Asi serây senor. — LIegaremos temprano â X ?
— Asî sera, senor, etc.
QuijA (Estar de). Estar con hambre.
QuiLOMBO. Voz brasilena. Sinônimo de burdel 6 lupanar y
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484 CIRO BAYO
que se ha generalizado con esta acepciôn en média America del
Sur. En el Brasil llamaban antes quilombo al asilo de los negros
cimarrones en lo mas recôndito del m^ï//o (monte). El « quilombo
de Palmarès », alla por el siglo xvii, y el de Carlota en Matto
Grosso en 1770, son famosos en los anales de la esclavitud, por
la bravura de los negros y la crueldad de los blancos. — Mujer
quilombera : ramera.
QuiLLANGO. Manta de varias pieles cosidas que usan los indios
aucas 6 araucanos. — El conjunto de las piezas 6 enjalme del
recado,
QuiLLAY. « Mopôri » en el oriente de Bolivia {Sapindus sapo-
narià, — Quillaia smegmadermas. De Candolle). Arbol de la
flora chilena. Su corteza rica en saponina se emplea en farma-
copea, con el nombre de corteza de Panama. Es objeto de mucho
comercio por los puertos del Pacîfico.
QuiMBA. Planta abundante en los sembrados, asî en Europa
como en America. Apuntaré como curiosidad que en Italia se
\hma farinelli, nombre del célèbre cantante Carlo Boschi que
figura en el reinado de nuestro primer Borbôn. — La segunda
figura de la cuadrilla.
QyiMBO. Confitado. Asi, huevo quimbo.
QuiMiL. Especie de cactus, de frutoagrio que come el ganado.
QuiMÔN. Clasede lienzo 6 zaraza.
QuiNA. La quina pertenece a la familia de las Rubiàceas que
comprende mis de cuarenta especies; entre ellas el café y la ipeca-
cuana. Arboles y arbustos de hojas siempre verdes, y de flores
de suave olor, blancas, rosadas 6 rojas. La quina Calisaya (nombre
del indio querevelôel secreto de sMCur^cxàn^ {Cinchona Calisaya,
Weddel) ; la gris Huanuco {Cinchona tnicranthas. Ruiz y Pav6n) ;
y la quina roja de Loja y del Ecuador, proveniente de gran numéro
de cortezas, son las preferidas en el comercio.
La especie cascarilla se distingue por sus hojas mds grandes
y lisas y por las brâcteas rojas que acompanan el pecîolo de las
flores. Con la infusion de la corteza de este ârbol curô en 1638
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 485
la virreina del Peni, condesa de Chinchén, enferma de calenturas
intermitentes rebeldes. Dicho medicamento le fué sugerido, no
por los jesuitas, como se cuenta, sino por el gobernador de
Loja, Don Francisco Lôpez Ginizares, que habîa curado de pare-
cida dolencia con la misma corteza proporcionada por el indio
Kalisaya. El naturalista Linneo désigné al végétal con el nombre
de Cinchona en honor de la condesa. Posteriormente, el Dr.
Weddel, botânico de la expediciôn francesa venida en 1843 à
Sur-América al mando del conde de Castelnau, publicô un
pirecioso informe de la cascarilla en su monografia « Histoire
naturelle des quinquinas », fruto de sus observaciones en Cocha-
bamba y Santa Cruz de Bolivia.
La quina crece en terreno escabroso, asî que no se encuentra
en las llanuras. Es ârbol grueso, alto y pomposo, de hojas pare-
cidas a las del café. Sucede con la fiebre y con la quina, lo que
con las anginas de las regiones hiperbôreas y el hielo : que el
remedio estd al lado de la enfermedad. El arbol florece a los seis
anos, y a los ocho 6 diez suministra la corteza. Las heridas se
cicatrizan con musgo, sujetado con bejucos, y al ano vuelve à
criarse una segunda corteza que es la mâs rica en alcaloïde. En
el Departamento boliviano de La Paz, famoso en tiempo no
lejâno por su 'producciôn cascarillera que vino a arruinar la
competencia de la quina inglesa en la India, una légua cuadrada
daba cabida d cerca de dos millones de plantas, cada una de las
cuales produce de seis a ocho libras de corteza. Hay casi tantos
nombres como cortezas 6 especies botânicas ; aunque empieza a
reconocerse que un mismo ârbol puede dartoda clase de cortezas
segiin su situaciôn y edad. La quina roja viene d ser entonces la
corteza del ârbol ; hamarilla, la de las ramas mayores ; y hceni-
cienta, la de las ramas menores. El nombre vulgar de quina se
dériva de otro ârbol cuya corteza es la que emplearon los jesui-
tas en el mismo siglo xvii, también como febrîfugo. Los indîos
lo llamaban quino-quino, y quina-quina â la corteza y â los frutos.
Es el tniroxylon perniferum que se cria en muchos parajes de la
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4^6 CIRO BAYO
cuenca amazônica y que produce el bâlsamo Ilamado del Perù.
Hasta 1648 Europa no conociô el inapreciable descubrimiento
de la quina^ que en aquella época fué importada del Perù. La
Condamine, enviado al Perù para medir algunos grades del
ineridiano, inaugurô en 1758 el estudio cientîfico de la quina,
descubriéndose en 1820 la quinina, alcaloïde de la quina
y el mejor de los antisépticos. El « sulfato de quinina »
en pîldoras, lo inventaron Pelletier y Caneton, quimicos
franceses. En todas las calenturas malâricas el efecto de la
quinina es maravilloso ; hasta se puede decir que no existe otro
medicamento para combatirlas. Desgraciadamente hay hasta
entre los médicos la idea de que la quinina puede emplearse
contra toda clase de fiebres, y que antes de su aplicacién es
preciso esperar el descenso de la temperatura ordinariamente
alta de los accesos. Esta idea ha sido refutada en el Congreso de
médicos indios de 1894. Desde hace algunos anos, Francia en
Argelia, Inglaterra en sus colonias de la India oriental y Holanda
en Java, prestan particular atenciôn a la plantaciôn de quinaleSy
con tan lisonjeros resultados que en la India inglesa, por ejem-
plo, se vende la quina en los estancos, en paquetitos de â 2
peniques. En Bolivia, que con el Perù y el Ecuador cpmparte el
monopolio de esta planta, es tal la desidia de los gobiernos que
han dejado arruinarlos quinalesabandonados por los particulares,
desde que a estos no les traia cuenta su explotacién ; y como no
se han dictado medidas salvadoras, ni se ha ofrecido compensa-
ciôn alguna a los cascarilleros ^ résulta que la quina llega impor-
tada, esto que el consumo es énorme en el pais y que se paga â
precios fabulosamente caros.
QyiNACHA. Voz quichua. Casta de gallina copetuda, de pluma
crespa y con quihe 6 espolôn como el gallo.
QuiNAS (Echar). La suerte de echar dos cincos con los dados.
QuiNCHA 6 quincho. Cerco de palos 6 de canas^'para corral 6
brete.
QyiNO-ctuiNO, Dos especies distintas : Miroxylon perniferum^
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 487
Miroxylon toluiferunty que suministranrespectivamenteelbâlsamo
del Perù y el de Tolù (Colombia).
QuInoa (jChaiodium quittd). Planta anua cuyo fruto en racimo
es comestible, y aun se hace de él una cerveza de mucha fermen-
taciôn. En Omasuyos (La Paz) hay la creencia de que la quinoa
da y conserva el buen color â las personas que la usan.
Q.UINAR. Tirar con el trompo sobre el del contrario dândole
con la punta ô quitte.
QuiNE. Cacheda. Véase Quinar.
QuiPi. Morral 6 mochila, en quichua.
Quipos. Invenciôn que se atribuye al amaùta Illa, favorito del
cuarto inca, Maita Câpac. — Nudo, en quichua. Los quipos eran
un sistema de nudos de hilos de lana de diversos colores, hechos
con admirable artificio, mediante los cuales los indios peruanos
conservaban la hîstoria y los anales del imperio, y aun losusaban
como escritura. El P. Acosta asegura que esta clase de escritura
aun era usada en su tiempo entre los indios, algunos de los
cuales aprendieron de memoria las oraciones cristianas por medio
de los quipos.
QuiRiCHi. Verruga.
QuiRNEjA. La trenza que usaban antes los criollos cruceiios.
Véase Cimba.
QuiRauiNCHO. Otro nombre del Armadillo. Dàssipus tninutus.
QuiSA. Platano maduro, peladoy tostado, que se pone â secar
al sol hasta que se convierte en agradable orejôn. En Mojos
hacen una quisa especial, superior â la crucena, amasando el
plâtano maduro y poniéndolo â secar, con lo que résulta una
especie de pan de higo que da à este quince y raya.
QuisauiDO. Voz quichua : quikqui ; estrechez. — Ventosidad.
OuiSTE 6 quieste. Vulgarismo boliviano por : «^ que es de
tal cosa ?» — Asî : iquiste mi sombrero ? : ^ que es de mi som-
brero ?
QuiTABiJsi. Mosca dorada incubadora.
QuiTAHUCHO. Aji silvestre del tamano de una guinda.
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488 CIRO BAYO
Quito. Nombre, segun los estimologistas quichuas, que sigiri-
fica Provincia 6 Reino.
Rabona. Mujer del soldado boliviano, y que hasta no hace
mucho acompanaba a este en sus marchas y en la guerra. Dormîa
en el cuartel, y como es natural cuidaba del alimento y aseo de su
cuyo, convirtiendo el cuartel en un conventillo. Durante la adminis-
traciôn Arce (1888-92) se sacaron hs rabonasdtl cuartel implan-
tando el rancho ; pero siguen aun â los soldados acompanân-
dolos en sus acantonamientos. Sirven de vivanderas en el campo
de batalla y es indecible el entusiasnio que comunican â sus
maridos.
Racacha (^Conium moschatum), Una de las variedades de la
papa americana, que se da hasta los mil métros sobre el nivel del
mar.
Raga. Chanza 6 burla. « Lo dije por raga. »
RaIces. Aùn mejor que la pelota (véase Pelota) sirven para
navegar un trecho à favor de la corriente unos palos secos y
livianos, generalmente de « palode balsa », en el Béni, 6 de
otra madera cualquiera. A estos palos los Uaman raices. En uno
de ellos se cabalga, de manera que el vienire y el pecho descansen
sobre él; y como es tan liviano, puede soportar el peso de una
persona sin que se hunda del todo. Sin embargo hay que bracear
continuamente contra el agua, casi lo mismo que cuando se
nada, orientândose al punto por donde se quiere salir. Hay que
tener la precauciôn de sujetar bien la rai:^ con las piernas para
que no cuelgue 6 se escape, sobre todo si la persona no sabe
nadar ; aunque en este caso va un nadero tirando de la rtf/:( por
una cuerda.
Rajar. Hablar maldealguno. Hacerle la disecciôn con lalen-
gua. Es voz muy apropiada. — Rajar la tierra. Huir de estampia»
Ramada. Cobertizo ô enramada sobre cuatro palos, para res-
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PROViNCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 489
guardar el ganado de la intempérie. — Chapapa 6 tendal muy
alto para colgar tiras de came charqueada. — La parte de afuera
de la reja que sepai'a el mostrador de las pulperias del pùblico que
à deshoras de la noche acude d ellas.
Rampa. Las andas en que era llevado el Inca. Hoy se aplica i
la litera 6 silla de manos.
Rancho. Nombre que, como el de « chalet » â las cabaiias
suizas, se da en toda America a las habitaciones rurales de la
gente pobre. En Tejas, sin embargo, los yankees Uaman ranchos
a las estancias ; y en Chorrillos, balneario de Lima, llaman asi
también â espléndidas quintas de recreo, porque cuando los
limenos salieron por primera vez a veranear tuvieron que acomo-
darse en los ranchos de totora de los chorrillanos, bien asi como
los valencianos en las barracas del Grao y del Cabanal. — Quie-
ren algunos que dérive rancho de que los antiguos espanoles
iban a abastecerse de vîveres a las chozas de los indios, es decir,
que iban « porel rancho », de donde se quedô tal palabra para
designar las habitaciones indias. Si bien es cierto que en las
relaciones antiguas de Indias, rancheador équivale a cazador de
indios, de donde arranchador ^ es indudable que dériva de cama-
ranchôn; luego se dijo rancho, y Cervantes lo emplea con este
significado en la aventura de la mora : es decir habitaciôn pobre,
de donde la etimologîa del rancho americano, por lo gênerai
mezquino y misérable. — El rancho es, por lo gênerai, de pare-
. des de adobe y techo de paja, reemplazado por caiias y hojas de
palma en los paîses cdlidos. Los ranchos indios de la Altiplanicie
son miseras chozas de piedras amontonadas casi sin mortero, con
techo de paja 6 totora de las inmediaciones. — El aspecto del
rancho americano varia, por consiguiente, segùn las condiciones
climatolôgicas del pais. Me limitaré i describir el rancho de la
provincia de Buenos Aires, y luego el de Santa Cruz de la Sierra,
como modelos de aquella vivienda. El rancho argentino es de
paredes embarradas 6 de adobes al natural, dejando al desnudo
la sencilla armazôn del edificio, los postes ù horcones y lastijeras
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490 CIRO BAYO
de madera con techo en ingulo. Separada de la vivienda, y â
veces dentro de la misma, esta la cocina, si asî puede Ilamarse a
unas trébedes en el santo suelo que sirve de homilla y fogôn.
La costumbre de alimentar el hogar en el suelo, debe atribuirse a
la mayor facilidad para preparar los asados y tubercules, ùnicas
viandas delà sencilla culinaria crioUa, y al mejor aprovechamiento
del combustible por otra parte muy liviano, que se reduce a
chamarasca, marlos y bosta. Esté hogar se alimenta por una aber-
t ura en el techo, enfâticamente llamada chimenea, porque si, porque
corresponde d la columna ascendente del humo, de modo que si
llueve hay que apartar la lumbre, y si no llueve se vive en una
nube densa de humo que hace toser y estornudar y llorar, mien-
tras no arde la Uama. Alguna cabeza de vaca 6 unpellejohinchado
compléta el ajuar de la mesa y d veces es el ùnico asîento que
puede ofrecer el gaucho pobre. En el rancho argentino se matea
siempre, por lo que el fuegocasi nuncase apaga, y la humareda
que sale de la humilde morada alegra la vista y el coraz6n del
viajero errante por la Pampa, porque sabe que ha de ser bien
recibido en el seno de una familia amable y hospitalaria.
El rancho cruceiio en poco 6 nada varia del anterior, en cuanto
dsu arquitectura. Las paredes son de estacas bien apretadas,
canas 6 tacuaras, y el techo de palmera, terminado en punilla 6
cola de pato. Un cobertizo alrededor del rancho resguarda de
los soles y Uuvias en estos climas. A la sombra de la ratnada ô
cobertizo cuelga el cruceno su hamaca, asiento de preferencia
que se cède al recién llegado, tomando el dueno una silla 6
taburete forrado de cuero. Dentro de la habitaciôn cuatro cachas
6 baùles de madera ; unos cuantos garabatos en las paredes para
hamacas y prendas de vestir ; un par de sillas de cuero de vaca y
las chapapas 6 barbacoas con mosquitero, que sirven de cama.
Prôximos a la vivienda estdn el horno, el corral para el ganado,
el bramadero 6 palenque para atar las reses, y el patero donde se
sube a donnir la volateria. La punilla sir\'e generalmente de
alacena, dispensa y granero ; en ella se guardan tarros de manteca
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 49 1
de vaca y de cerdo, panes de sal de Chiquitos, buracas à zurrones
de azùcar y empaniiado ; las pirguas à trojes de arroz y maiz y
la provision para el jacuù : plâtanos, yucas y hocos ô zapallos
tiernos. Afuera, y en alegre desorden, estân el tendal 6 guarache
donde se pone a secar el charque ô tasajo ; el tacû à disforme
mortero hecho del grueso tronco de un ârbol, para pisar el maiz
6 el arroz; los cantaros de agua; las bateas de las mujeres y de-
mis utensilios de esta laya que pueden desafiar a la intempérie.
A\g[in2iparaba de hermoso plumaje amarillo, azuly rojo, posada en
el caballete del rancho; un monoatado junto a lapuerta y un par
de maticos (tordos de vivo color amarillo con cabos negros) dentro
de una jaula hecha del jipuri 6 vçna de la hoja de palma, adornan
la visualidad del rancho por el que entran y salen chanchos mata-
tudoSy gallinâs taporas y quinachas, algùn piyu àomtsûc^âiO y uno
que otro cordero guacho, Finalizaré esta larga descripciôn con la
nomenclatura mas generalizada de los ranchos^ segùn sus acciden-
tales y pasajeras formas, pues algunos sirven provisionalmente y
duran el tiempo de la recolecciôn y chacarismos.
Rancho vara en tierra, Cuando las varas de la armaz6n incli-
nadas, descansan por un extremo en el suelo, y por otro en la
guia ô cumbrera, parte compuesta de un solo alero, quedando
el resto en descubierto. Asi se construyen casi todos los ranchos
improvisados en las pascanas, con hojas de plâtano ô de patajù,
y aun depalmera, para resguardarse del sol y delà lluviaenchacos
y jaras.
Rancho cola de pato. Véase Punilla.
Ranga-ranga. Tripicallos de vaca condimentados conaji muy
picante y otros ingredientes, plato que nada tiene que envidiar a
los callos de Madrid y a las tripes à la mode de Caen,
Rapadura. Dulce de miel, de cana y lèche.
Rapi. « Matambre » ô carne gallina por su forma.
Rasgo (A todo). A toda fuerza; con violencia.
Raspetôn (De). De refilôn.
Rasqueta. Almohaza para limpiar el caballo.
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492 CIRO BAYO
Rastreador. Véase BAauEANO.
Rastrillada. Huellas de hombres y animales en el canjpo.
Ratania {Krameria triandia, Ruiz y Pavôn). Poligaleas.
Arbusto de raiz leiiosa empleada como astringente enérgico.
Ratoncito. Es el juego de la gallina ciega, que los ninos cni-
cenos han cambiado en ratoncito. El que hace de raton va con
los ojos vendados ; los demâs le rodean cantandole :
— Ratoncito i que has perdido ?
— Una aguja y un tendal
En el totoral.
— l Que estas haciendo?
— Jugando.
— i Qpé quieres corner ?
— Chinas peladas.
— Pues dé très vuelias i la recoba y busqué.
A esto le hacen dar très vueltas, corriendo todos a su alre-
dedor, hasta que el raton agarra uno de ellos y adivina quién es.
Raya {Trigon histrix). Pescado esférico de rio, de una vara
de diimetro y cola redonda provista de agudas espinas con una
flécha huesosa en la extremidad, que el pez dirige i su voluntad ;
lo que sucede cuando se le pisa en la arena de los rios en que se
sumerge. La herida es peligrosa y s61o se alivia chupàndola, 6
con emplasto de ajo molido 6 polvo de pimienta.
Rayuela. Juego que consiste en lanzar desde larga distancia
tejos 6 monedas d un pequeno espacio limpio de tierra en el
que enclavan los proyectiles, y atravesado por un hilo tirante,
rasando el suelo. El tejo que mâs se acerca al hilo, es el que gana.
Realengo. « Estamos realengos », estamos en paz, a mano;
patas. Sin duda dériva del que habiendo servido 6 pagado alcaba-
las quedaba quito, sin deber al rey.
Rebecù. Guitarrillo con cuerdasde alambre.
REBENauE. Mango corto de madera, fuerte y retobado con una
lonja de cuero a modo de azotera. Sirve para animar al caballo
y se Ueva prendido à la muiieca, d favor de una manija que sale
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 493
de la punta del mango. — Al rebenque. Modo de ajustar un
trato de compra de ganado, senalando con el rebenque las reses
que se quiere separar. Refrân : Dios castiga sin rebenque (véase
Refranes y Modismos).
Rebozo. Poncho femenino que se pone cubriendo la cabeza.
Recado. Palabra que en espanol désigna el conjunto de cosas
que siendo heterogéneas en especie, tienden i formar un todo
homogéneo ; asi : — recado de escribir : plumas, tintero y papel ;
recado de sacar candela (en Colombia) : el pedernal, eslabôn y
yesca; 6 lumbres, segun la Academia; y recado, por antonoma-
sia, al apero y avios de montar del campesino americano.
El recado argentino se compone por su orden : de las aba-
ieras : dos 6 très cueros de oveja que se ponen sobre el lomo del
caballo. Llâmanse también « lonas » 6 « caronillas ». Mandil,
jerga 6 lienzo como de una vara cuadrada, puesta sobre la caro-
nilla ; Udmase también matra. Las caronas : una de cuero sin cur-
tir y otra de suela 6 cuero curtido adornado con relieves hechos
d punta de cuchillo 6 con hierro candente. Los bastos : especie
de albarda â la que van sujetas las correas para los estribos. Los
bastos constituyen el verdadero recado y estân hechos de paja
forradosde cordobdn 6 suela; es el verdadero arnés. La cincha :
hecha de un cuero muy fuerte y crudo. Estd compuesta de dos
piezas unidas en uno de los extremos con sendas argollas de
hierro. Una de las tiras se extiende sobre el lomo del caballo
atravesando el recado ; mientras la otra pasa por abajo de la ba-
rriga, ajustdndose ambas por un correôn de cuero. A la cincha se
le ponen los estribos cuando no losllevan los bastos. A una de
las argollas antedichas esta pegado un gancho para sujetar la
cuarta del carro del que tira a veces el caballo cuarteador. El
coginillo : tejido de lana puesto sobre la cincha. Se le Uama tam-
bién/?^//c>«, y algunas veces va cubierto por el sobrepuesto, de
pelo de carpincho 6 de perico. Todo esto va asegurado por la
sobrecincha 6 cinturôn de varios colores. Compléta el recado, el
peno, bozal con cabestro para atar el caballo, y el rebenque. Fuera
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494 cïRO BAYo
de todo esto, el gaucho rumboso adoma su jku con el fiador à
dngulo en el pescuezo ; el chapeado, cinta de plata que va en la
cabezada ; el prêtai^ brillante cinturén de plata 6 baticola, algu-
nas veces floreada y de grandes dimensiones alrededor del pecho ;
y la pontiimla 6 média luna de plata colgante del freno. Este,
cuando el gaucho monta en pelo, se sustituye por el bocado ô
jaquima que se ata a la boca del caballo. — Recado cantor : de
pocas pilchas ô cacharpas, como se llaman las piezas del recado.
Receso. Las câmaras en receso : en suspenso. Baralt admite este
vocablo.
Recién. « Literatos y comerciantes, gauchos y estancieros,
mujeres y hombres, viejos y ninos, todos dicen reciériy indistin-
tamente, y muchas veces sin el sentido de recientemente. Recien-
temente, que significa nuevamente, pocos dias antes, no se apo-
copa, ni se puede apocopar, sino antes de participio. Asî lo asien-
tan todas las gramaticas de lengua castellana. Son, pues, barba-
rismos inexcusables, los siguientes : recién acabo de saber, etc.
(aqui esta demas, amén de mal empleado) ; recién se descubriô el
incendio volaron los bomberos (aqui esta por apenas) ; i cuando
llegaste ? Recién (aqui figura como hace ppco, ahora mismo) ;
recién habîa salido de su casa; cuando llegamos desperté recién.
Pero el ejemplo mas bonito es este : Levantados estos cargos,
podré recién rectificar en otro terreno, etc. (aqui esta por enton-
ces). Recién^ pues, s61o puede emplearse en estas construcciones :
recién venido, recién nacido, recién llegado, etc. ; y si Cervantes
lo us6 alguna vez, fué, como asienta Bello, con adjetivos que
asumen un sentido participial : se embarcaron todos los basti-
mentos con cuatro personas de las recién libres » (Seijas).
Recoba. Mercado. Despacho de carne fresca en la campana.
Recordar, por dispertar. Es arcaismo conservado en America.
Redova. Baile antiguo que como la varsoviana, el cielito, la
pavana^ etc., se bailaba antes en la Peninsuia y en estos paises.
Refalarse. Despojarse de aigo. Refalarse las botas. Quitirse-
las.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 495
Regalo de la Reina {Amaranthus iricolor, L.). Amarantâceas.
Planta de jardin, de hoja tricolor : verde, rojo y amarillo como
la bandera boliviana.
Regata ô resgata. Clase de lienzo de algodôn, algo mejor que
la macana de Mojos y Santa Cruz.
Releges. Voz minera. Paredes de piedra seca, de una caja à
otra, para reparos, en que estriban las paredes de la mina.
Relumbroso. Brillante, brunido, coruscante.
Remesones. a intervalos ; à ratos. Sale el sol a remesones ; Uueve
à remesones.
Reparar. Imitar lo que otro hace ; escamecer.
Repulgo. Pico ; borde dentado. V. gr. Empanada con repulgos.
Resacado. El aguardiente dos veces pasado 6 sacado por alam-
bique 6 falca,
Resero. El que arrea una tropa de ganado con destino a los
corrales de abasto y saladeros.
Reservado (Caballo). Que por lo arisco 6 manero, 6 bien
por su estimaciôn, de nadie es montado sino por su dueno 6
domador; bien asi como Bucéfalo estaba reservado ûnicamente
para Alejandro Magno.
Retar. Reprender.
Reto. Reprensiôn.
Retobar. Forrar con cuero los bultos y mercaderias.
Retreta Série 6 retahila. Asî : Traigo una retreta de cosas.
— Me diô una retreta de palabras.
Retrucar. Responder; redargùir. Palabra derivada del truco
y retruco del juego de trucos y naipes.
Reventôn. GraJerîa natural de peiiascos en las laderas de los
cerros.
Reyuno (Caballo). Caballo tronzo. Que tiene la oreja cortada
â cercén en senal de desecho, res nullius 6 del Rey. El caballo
patria lleva también, comoseiial de desecho, cortada la punta de
la oreja.
Rezongar. Refunfunar; murmurar por lo bajo ; hablar entre
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496 CIRO BAYO
dientes. Es voz muy usada en America, y poco 6 nada en la
Penînsula, à pesar de ser castiza.
RiciNO. Véase Palmas.
RiESGOSO. Arriesgado.
Ripio. Pedrecita 6 cascajo. Palabra poco usada en la Penînsula.
Sin embargo ripio explica la frase « no perder ripio ». Mis vulgar
esel vocablo en el Reino de Valencia, donde llaman ripiadors i
los chiquillos mal criados que arman pedreas en las afueras de
la poblaciôn en lugar de ir d sacar canas verdes al maestro de
escuela.
RiscADiLLO. Liencillo de algodôn.
RocA. Prudente, en quichua. Sobrenombre de variosincas del
Perù.
RocAMBOR. El tresillo con algunas variantes del que se juega
en la Penînsula.
Roco-Roco. Trompideo minûsculo; cierto mosquito blanco,
casi imperceptible, del Béni, que produce un escozor insufrible.
RocHA. « Hacer cal va en Castilla ; hacer pimienta » en Aragon.
Hacer novillos, en suma, como se dice mis generalmente,
cuando los niiios faltan d la escuela, sin consentimiento de los
padres 6 del profesor. Aseguraun escritor cochabambino (Salva-
tierra), que « hacer Rocha » dériva de la mala costumbre que
tienen los niiios de Cochabamba de ir d jugar d orillas del rio
Rocha que pasa junto d la ciudad, de donde la expresién pas6
al resto de Bolivia. Yoopino que para que la expresiôn se haya
hecho nacional, debe originarse de otra causa mds sonada ; y la
encuentro en el famoso monedero falso Rocha, del que se hacen
lenguas los « Anales potosinos », y cuya memoria se ha perpe-
tuado en el pais, hasta el punto de llamarse moneda rochuna d la
monedafalsa. Asi pues, hacer rocha losninos, equivaliô un tiempo
â decir que se ocultaba como 'Rocha para cosa « non sancta ».
Aunque en toda la Repùblica se dice hacer rocha por hacer novillos,
ninos y colegiales en otros puntos de Bolivia dicen para significar
lo mismo : « Hacer la chancha. » En Santa Cruz de la Sierra
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 497
llaman chuhista al faltôn, y hacer la chuha, d la inasistencia. —
Hacer la yuta en Buenos Aires ; hàcer cimarra tn Chile.
RocHUNA (Moneda). Falsa 6 mal acuiiada. Véase Rocha.
RoDEO (Hacer ô pasar el). Agrupar 6 juntar la hacienda de
una estancia en un lugar senalado : operaciôn que se hace al
alba, al anochecer, y cuantas veces es necesario juntar el ganado
para la venta, hierra 6 esquila. Parece. que tiene por objeto aman-
sar el ganado y aquerenciarlo al lugar.
Rolar. Conversar con alguien y conversar de algo. Asî, un
habitante de la ciudad dira : « La conversaciôn rolô sobre tal
cosa » ; y un paisano quebrando el cuerpo con su modito com-
padre, dira de otro : « Yo no rolo con él. »*
RoLLizo. Leno 6 corte de un tronco, en la forma que se
embarcan las maderas en el Paranâ.
RoNCADERA. Espuela vaquera de grande y sonante rodaja. —
Lloronà y Nazarena.
RoNDA. Hilera ordenada de hormigas termites que i su paso
exterminan cuanto hallan.
RoNDANA. Roldana 6 polea sobre la que da vuelta una cuerda.
RondIn. Agente de seguridad en Bolivia.
RoscA (En). Piernas en paréntesis. — Chueco 6 patizambo.
RosiCLER. Voz minera. Cloruro de plata. Plata maciza.
RosiTA (De). De vago ; de balde. Asi : Estuve de rosita en el
baile ; entré de rosita en el teatro.
RosTRO asado. Cabeza asada de res ovina que se vende en la
recoba de Oruro todas las mananas, y es el regalo de trasnocha-
dores y madrugadores.
RuBio (Estar). Estar ebrio. Alude al parpadeo del que esta en
chiche, semejante al rubio à albino i quien le molesta la luz
demasiado viva.
RucA. El toldo 6 choza de los indios del Sur. Araucanos y
Patagones la construyen con estacas de cuatro 6 cinco pies, for-
mando las paredes entre dos horcones que aguantan, à manera
de toldo, pieles cosidas de caballo, con un agujero en el centro
Revue hitfanique. uv. 32
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498 CIRO BAYO
para dar respiradero al humo del hogar. Los toldos tienen la
entrada mirando al oriente, para que todas las mananas el jefe de
la casa rocie con agua el umbral, de cara al sol, con lo que se
conjura por todo el dîa la maléfica influencia del gualicho.
RuiciA. Pavonia y Dombaya. Très géneros de plantas creadas
por el botânico espanol Cabanilles, en homenaje a los très sabios
que formaron la expediciôn mandada en 1778 por Carlos III para
estudiar las producciones naturales de la America espanola :
Hipôlito Ruiz, José Pavôn (espanoles) y José Dombey, francés.
RuMBEADOR. El prdctico ô baqueano encargado de rumbear.
Véase Rumbear.
Rumbear. Bru julear ; abrirse camino por el monte 6 en la
pampa. — Buscar yerbales, àrboles de goma, etc. desde una
altura.
Rural. Campesino ; riistico. Asi : Esctula rural. — / Vos sos
tnuy rural I
RuTÙcu. Voz quichua : corte 6 siega. El rutùcu â que se hace
referencia aqui es el corte del cabello de los ninos de siete anos,
motivo para una fiesta de familia entre los cholos del interior de
Bolivia. Para ello nombran padrinos del nino, como en el bautis-
mo, y convidan â todos los parientes y amigos. La cabellera del
rapaz la ensortijan en bucles adornados con cintas, y cada invitado
corta una guedeja, oblando por ella tanto mds cuanto, cuyo pro-
ducto sirve para costear la fiesta y baile que acompana al acto.
El pelo del rutùcu se guarda como oro en paiio, y si acontece
que el nino muere ô Uega d figurar mas adelante, entonces pasa
dla categoria de talismdn.
Sabaleta. Pequeno peje de los rîos mediterrâneos, semejante
sâbalo {paca lineatus),
Sabanôn. Gusano que ruinando el suelo levanta un tubo
cônico-cilîndrico hecho de arcilla, y de paredes sumamente
Usas.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 499
Sabatinas. Pruebas de examen en périodes cortos, porlo regu-
lar los sâbados, en cual dia se hace el repaso de lo cursado en la
semana.
Saber. « En Buenos Aires saben hacer barro ; saben hacer bue-
nas funciones, etc. Donde se vç que no solo usan a saber por
soler, sino que lo ponen en plural con el impersonal haber, cosa
à todas luces descabellada » (Seijas).
Sabino (animal). Caballeria que a consecuencia de los anos
6 de las fatigas continuadas, cambia el color de las manchas del
pelo, que por lo gênerai se vuelven blancuzcas 6 grises.
Saga (De). Correr 6 huir mas que de prisa : por la posta.
Sacha. Voz quichua : monte 6 floresta. De donde sacharosa
sachacoly etc. — El jornalero 6 peôn salteno (de Salta).
Sachacol. Euforbiâceas. Planta de la que se extrae el famoso
mercurio végétal.
Sagi). Véase Majo.
Saguaipé. Especie de sanguijuela de banados y lagunas. —
Enfermedad que ataca a las ovejas que beben en estos sitios. El
hîgado se llena de estos anélidos, y en el ùltimo periodo de la
enfermedad se forma un tumor flemoso bajo la garganta de las
ovejas. En este caso, la enfermedad no tiene remedio.
Sagûinto ô Arrayân. Especie de guapurti que sirve mejor que
este para aloja 6 mistela.
Sairi Tupac. El XVII y ùltimo inca reconocido por el gobier-
no espanol. Hecho cristiano tomô el nombre de Diego y dejô
una hija que casô con D. Martin Diez de Loyola.
Saisi. Jigote de papas, hervidoen chichay condimentado con
ajî 6 pimiento. — Ajacho.
Saladero. Establecimiento destinado d la matanza de reses
vacunas y d la preparaciôn de la carne. Véase Liebig.
Salamanca. La ciencia 6 sabidurîa que va unida al glorioso
nombre de Salamanca 6 de la Universidad Salmaticense, ha venido
à parar en el Plata como sinônimo de brujeria ô ciencia diabô-
lica. Sic transit...
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500 CIRO BAYO
Salitre. Véase Caliche.
Salto. Giscada. El Salto del Guairà, en los 24*^ (Repùblîca
Argentina), es una maravilla narural que como el Tequendama de
Bogota y el Vigua al oriente de Colombia, da celebridad al rio
Parani. Fué descrito magistralmente por nuestro Âzara.
Sanabria. Extrana cornipciôn del nombre ^anàhoria, entre
la gente del pueblo.
Sanca. Voz quichua. La bosta ya encendidaque sirve de com-
bustible â los indios de la Altiplanicie.
Sancochar. Salcochar : cocerô hervir i fuego lento.
Sancocho. Sopa de plâtano verde rebanado, carne 6 pescado y
ralces ô tubérculos.
SandIa cimarrona. Vid blanca 6 Lianà brionia. Especie de man-
drâgora.
Sango. Mazamorra de trigo, con queso y otros aditamentos.
Sangre del drago. Substancia resinosa que produce una pal-
merade Asia (jCalamus draco. Wildenow) y otro drbol abun-
dante en la America del Sur (Pterocarpus draco. Linneus). Legu-
minosas. Véase Tarco.
SangrIa. Bebida muy refrescante hecha de vinagre 6 vino con
agua y azûcar.
Santafecino. El natural de Santa Fé, en la Argentina, sin
duda para diferenciarse del « Santafecero » el natural de Santa Fé
de Bogota.
Santopiè. Especie de escolopendra llamada « ciento-pies ».
Los americanos pronuncian siento-pies, y de ahi â santopiè no va
mucho, y con este nombre se ha quedado.
Sapacala. Voz quichua. Especie de vampiro que muerde
cuando un animal esta dormido, en la narizy en los pies, llegando
d causar una regular sangria.
Sapico ô sapicoa. Voz brasilena. Alforjas de una pieza con dos
aberturas que cuelgan en el arzôn trasero.
Sapirâ. Vista apagada y legaiiosa. — « Ojos sapird. »
Sapo. Los sapos de la America tropical son tan énormes, que
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 50I
segùn el noticioso Padre Eder « uno no cabia en su solideo ».
Parece que no son venenosos, y entre otras habilidades, tienen
la de tragarse las ascuas de fu^o, con aquel mismo ruido que se
produce cuando echan agua al hierro candente 6 en el fuego.
Sapopema. Los tablones 6 cunas naturales que algunos drboles
forman, como bifurcaciones del tronco 6 raigones que lo afianzan
en el suelo.
Sapuita. Rdbula; picapleitos ; charlatan.
Sarataùca. Del quichua taïkay mon ton. El salto de carnero,
6 « paso » en Madrid ; juego infantil en todos los paîses. Tam-
bién metàpaso^ de la voz preventiva de correr 6 andar à paso
recio para dar el salto sobre el que esta doblado y ha de aguan-
tar los asaltos de los companeros.
Sariga. Carachupa 6 Micuré, Zarigûeya. Varias especies de
didelfos que habitan toda la America. Los espanoles llamaron
comadreja 6 semi-vulpeja à este animal, por hallarle parecido con
la especie europea. Es didelfo (dos ùteros), es decir, tiene un
segundo seno 6 ancho bolsillo en el bajo vientre formado de
su mismo pellejo que cubre las mamas, cuyos pezones son muy
delgados, filiformes, puntiagudos y largos como de dos pulgadas.
A los pocos dias de prenez la sariga pare 6 mâs propiamente,
aborta y hace pasar los hijos a su boisa. Pai*a esto la madré, Ue-
gado el trance del parto, se encorva hacia adelante à fin de que
uno de sus largos pezones pénètre en el utero. AUî, apoderdn-
dose de él el pequenuelo, nace prendido y pasa â la boisa, y asî
sucesivamente los seis ù ocho hijos de cada gestaciôn se van tras-
ladando al nuevo seno donde permanecen asidos de las mamilas
sin soltarlas durante muchos dias. Después empiezan à salir â
comer 6 d solazarse, volviendo cuando quieren al abrigo de la
boisa. Es singular, ademâs, que los ôrganos de gencraciôn son
duplicados tanto en las hembras como en el macho. Por lo
demâs es de fea figura : hocico largo, boca hendida hasta los
ojos, cola de vibora y por consiguiente pelada (de ahi su otro
nombre quichua, carachupa)^ pelo âsperosin lustre y cuerpo que
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502 CIRO BAYO
parece siempre sucio y que despide un tufo desagradable ; de
donde el nombre guarani micuré, hediondo.
Sartanejas. Montones de tierra digerida por las lombrices y
que estas levantan tan juntos unos d otros, y tan altos y pun-
tiagudosy que no se puede andar por ellns ni i pie ni i caballo,
so pena de hundirse como en un lodazal. Estas lombrices las
comen algunos indios, a manera de espârragos, recogiéndolas
antes de amanecer, que es cuando los anélidos salen de sus
escondrijos. Los hoyos de estos montkulos, no menos que la
porosidad de la tierra de que estân formados, sirven para alimen-
tar por algiin tiempo el hilo de agua de algunos arroyos que a
poco mâs tardar, en plena estaciôn seca, quedan agotados.
Sasafrâs {Lauriis sassafras, L.). Laurineas. Arbol copudo que
se encuentra en agrupaciones en toda la America. La raiz odori-
fera es la que aprovecha el comercio para usos médicinales, como
sudorifico y anti-sifilitico.
Sayubi). Pajarillo azulado, insectivoro, que gusta de anidar en
los aleros de los tejados.
Seboro. Cangrejo de agua dulce.
Semifa. De accmita 6 pan negro. Segunda harina que cae al
cemerse al afrecho 6 salvado. De ella se hacen empanadas y los
boUos que, para la venta, se exhiben en mesitas con blanco man-
tel a las puertas de los ranchos a lo largo de los caminos prôximos
i las ciudades.
Senda. Véase Quebrado.
Senuelo ô cinuelo. Buey cabestro 6 buey guia que va delante
de los otros bueyes lo mismo para llevarlos al sacrificio en los
saladeros, que para mover la tropa en el campo. Guiase con la
picana à garrocha à cuya punta va una campanilla ô cencerro.
Otras veces el « cinuelero » suele Uevar una esquila como la
yegua madrina.
Sepe ô cùqui (JIEcodoma cephalattis, L.). La verdadera hormiga
termites, provista de mandibulas que son verdaderas tijeras que
cortan la copa y las hojas de los drboles. Hace sus nidos subte-
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 503
rraneos en una extension de màs de doscientos métros. La tierra
que levantan los sepes^ forma verdadera colmena 6 promontorios
que son los que escarba el osohormiguero. Hacen sus falansterios
en la proximidad de las lagunas afin de librar los huevecillos de
la voracidad de los roedores, hasta llegar a inundar sus silos
cuando aquéllos extreman su ataque. Como es hormiga de
cintura de abispa y abdomen muy desarrollado, singularmente
la especie Uamada sept culôn, los îndios las cosechan arrojdn-
dolas en tiestos donde se esti tostando maîz. Botan la mitad del
cuerpo con la cabeza y comen el abdomen, de un gusto parecido
al grano de maîz quemado. No hay que confundir el sépe con el
cèpe de los almacenistas : hongo 6 seta comestible.
Serebô. Viscosidad que dejan al tacto las cosas dulces, liqui-
das ô sôlidas.
Serére. Ave de mediano tamano, muy abundante en los setos
de Oriente, notable por la presteza con que huye delante de la
gente.
Servicial (El y La). Criado 6 doméstico.
Servilla. Voz poco usada en la Penînsula y muy generalizada
entre los criollos : pantuflo 6 zapatilla.
Sesma. Numéral partitivo, usado también en Espana, donde
poco â poco va relegandose al olvido por la adopciôn del sistema
métrico décimal. La sesma es la sexta parte de la vara que ordi-
nariamente se mide poniendo doblados los cuatro dedos de la
mano, apoyândolos sobre las segundas falanges y extendido el
pulgar cuanto se pueda. Los ninos criollos emplean esta métrica
para medir distancias de bala â bala 6 en el tejo, diciendo :
« cuarta jeme, sesma, palmo », etc., y suelen anadir : « mano
volcada, yema pelada, »
Sestache. Arbol de madera de construcciôn.
Sica-sica. Vozquichua. /jocaen laArgentina. — Rinchis eruca.
Oruga erizada, también Ilamada « quema-quema, » — Nombre
de uno de los dos cerros al S. de la ciudad de Sucre 6 Chuqui-
saca, al pie de los cuales esta sita la poblaciôn. Segûn la tradi-
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504 CIRO BAYO
ciôn, una cacica tenîa materialmente sitiado d un gobernador
espanol con una de tantas reclamaciones. En ocasiôn que este
salîa â una expediciôn urgente, la incansable mujer le acompanô
hasta las afueras, y al despedirse al pie del cerro, el jefe espanol
diô el anhelado consentimiento, diciendo : « Si, cacica » (si,
casica). Nombre que desde entonces quedô al cerro.
SiGNOs ARiTMÉTicos. Todos los autores de cierta nombradia en
Aritmética dan comosigno de la division los dos puntos : D. Mar-
cos Sastre, Garcia, Sarrat y Otamendi en Buenos Aires ; Miranda,
Ricaldini y Fontân en Montevideo, han usado porque si, con
toda impropiedad el signo -r que es el de la progresiôn. Otros
lo emplean •!• y en una Revista de Educaciôn, al signo + que
siempre hemos llamado mâsy se le da también porque si el
nombre de pltis. Son modernismos de mal gusto.
SiLLAHuAsi. Voz quichua, animal de lomo hendido, sea 6 no
sea sillonero ô animal de silla.
Sillon. Silla de montar para mujer.
Sillonero (Caballo y buey). Que admiten ginete 6 que son
animales de silla.
SiMARUBA (JSitnaruba officirialis. Candolle). Rutâceas. Arbol
corpulento del que se aprovecha la corteza de sus raîces como
tônico enérgico. Se traia de la China al Perù, hasta que en 1794
lo descubriô en Mainas el misionero Girbal.
SiMULO. Planta caparîdea de propiedades estimulantes y anti-
escorbùticas.
SiNABO. Indio manso de la tribu Pacaguara que habita los
lugares vecinos i las cachuelas del Mamoré del Departamento
de Santa Cruz.
SiNCHi. Voz quichua : fuerte, valeroso. — Sinchi Roca (i 107-
1136) primogénito de Manco Capac.
SiMi. Voz quichua : boca. De ahî Simi-hucatana^ bocado 6
jàquima de tiento para atar la boca al caballo y que reemplaza
el freno.
SingAni. Aguardiente de uva rauy amoroso al paladar, asî
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 505
llamado de la finca de aquel nombre situada en el valle de
Turuchipa, en el departamento de Potosi. El singdni es tan
mentado y apreciado en Bolivia como el locumba, y unas gotas
de su licor comunican un aroma exquisito al té de la manana 6
de la noche.
SiPO. Véaselsipo.
SiRiNGA 6 ârbol de la goma (Siphonia elasticd), Euforbiâceas,
que no hay que confundir con el caucho (véase Jebe hulero).
De varios végétales se extrae la goma elàstica. El ârbol de la
goma con distintos nombres y con rendimientos mas ô menos
pingûes, se extiende desde el Ecuador hasta los trôpicos ; pero el
rey de esta familia végétal es el Siphonia elàstica 6 Hevea Guya-
nensi que se encuentra en la cuenca amazônica mds inmediata i
la Linea. Confundese generalmente este ârbol con el caucho del
Perù, como se le désigna en el comercio, de caractères anâlogos
â los de la goma y que se explota en el Africa austral, y aùn en
America con los nombres de jebe y huleros, siendo asi que « la
siringa » cuya zona comienza en los i2** 30' lat. Sur de la
America Méridional, se distingue por caractères privativos. El
ârbol del caucho crece en tierra firme y en los faldios, ya aislada-
mente, ya en jebales 6 agrupaciones. Cuanto mâs separado de
sus companeros mâs corpulento se desarroUa el ârbol, que por lo
gênerai es de raices salientes y encorvadas en forma de unas de
ancla. Su explotaciôn es muy sencilla y en nada parecida â la de
la siringa. Côrtase el ârbol de raiz y en seguida se le sangra con
tantas incisiones como admite el tronco, très 6 cuatro por lo
regular, dirigiendo la caida de la lèche por unas hendiduras que
la conducen al suelo. La lèche, que es el caucho, se coagula en
cintas por medio de la cal ô potasa, cintas que se van aprensando
conforme se recojen, y arden perfectamente. La cauchera es casi
inexhausta ; no obstante estar derribada y esquilmada, brotan
sus renuevos con tal vigor y rapidez, que â los cinco anos brinda
con nuevo jugo. Tal es el sistema ds explotaciôn de estos ârbo-
les en el Perù, Ecuador, Colombia y Centro America ; sistema
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506 CIRO BAYO
facil, pero defectuoso, pues acaba por hacer desaparecer las eau-
cheras de aquellos paises, en donde ya empiezan d escasear, i
causa de la constante tala de esos àrboles. Abunda también el
caucho en el Oriente de Bolivia, pero nadie lo explota mientras
haya seringueraSy por cuyo producto se paga el doble del caticho.
Veamos ahora que es y cômo se explota la siringa. Condamine
llevô la goma âEuropa por vez primera en 1736, y en su diario
de observaciones llamô siringa al que los brasilenos « pâo da
siringa », y siringuero al extractor. El nombre siringa viene de
que los portugueses aprendieron de los indios del Amazonas
hacer bombillas 6 jeringas sin émbolo ; especie de pelotas huecas
en forma de pera con un agujero en la puma. Lleno de agua, y
apretando el aparato, sale aquélla con fuerza por el agujero. Tal
juguete es la mayor diversion de aquellos indios, los cuales,
segûn Condamine, lo presentan por cortesia a sus huéspedes,
siendo su presentaciôn el preliminar de fiestas y agasajos. De tal
origen viene pues el nombre cientîfico Siphonia elastica dado por
Parson al ârbol de lagoma ; etimologîa que por cierto corresponde
perfectamente d las aplicaciones que de esa materia se hace para
cables, sondas, cdnulas, jeringas, pezoneras, etc. El drbol es cor-
pulento, de 30 d 50 métros de altura, decorteza gruesa y blanda
y de color variable en el liber : blanco, rosado 6 morado oscuro ;
su copa de hojas parecidas à las de la yuca, simples y tripartitas,
se cubre de hermosas flores rojas en el invierno, y su aspecto es
tan caracteristico, que visto el ârbol una vez, se reconoce en todo
tiempo y en todo lugar, mayormente cuando tiene la particu-
laridad de presentarse 6 agrupacionesô seringales en los que luego
se abren las estradas.
Estas seringueras cubren vastas zonas del Perù, Brasil y Bolivia,
y abastecen el comercio de las 4/5 partes de este producto tan
estimado, con el nombre de Siringa del Para, El ârbol de la
goma es propio de terrenos hiimedos, de hondonadas sujetas â
inundaciones periôdicas por las crecientes de los rios y ricos en
materias inorgânicas. De ahî que las islas del Amazonas, las
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 5O7
selvas y afluentes de este rio, tienen el monopolio de ese valioso
produao, y refiriéndonos à Bolivia, las regiones del- Béni, Madre
de Dios, Acre y Punis, nos que cortan verdaderos filones deoro
végétal cuyo valor acrece en proporciôn de su proximidad al
ecuador y de la humedad del teneno. Otra causa que influye
en la mayor secreciôn del ârbol es la espesura del monte en que
estaenclavado; por estolos buenos gomalesestdn tan escondidos,
que solo la mirada experta del rutnbeador puede dar con él. Descu-
bierto el gomal 6 gomales, y tomada su posesiôn légal, poco des-
pués Uega al sitio una pequena colonia enviada de la Barraca
con viveres, machadinos, tichelas, buyones y demâs utensilios de
trabajo ; âbrense estradas 6 caminos que bordean el gomal, repâr-
tense los obreros para la « pica » y el centro esta ya constituido.
Si la région esta poblada de bârbaros, se busca su alianza ; si no,
se les résiste, y en ùltimo caso se les ahuyenta 6 aniquila en
nombre del trabajo y de la civilizaciôn. Véase Bolacha, Estrada
y Pica.
SiRiNGUERO. El picador gomero. — Especie de mirlo carpintero,
de color oscuro, que pica la madera de la seringuera y alegra el
silencio de la selva con su silbido agudo y pénétrante.
SiRiONO. Indio bravo al Oriente de Santa Cruz, de raza guarani,
vecinos y enemigos mortales de losguarayos.
SiRiPi. Maîz menudo y atortujado que se cierne en el urupé
para hacer chicha.
SiRiPiTA. Vozaimarâ =grillo. Persona pequena y entremetida,
como el grillo que con ser tan pequeno mùeve tan grande ruido.
SiRViNACO. Concubinato légal que usan los indios y cholos
del interior de Bolivia, antes de matrimoniarse. Es costumbre
tan gênerai, que rara vez se casa un indio sin haber sometido
la mujer a esta prueba, inmoral segùn nuestras rutinarias opi-
niones, pero previsora y acertada como lo demuestra la expe-
riencia.
SixJto. Vasija con potasa para la legia del jabôn 6 del azùcar.
SoBORNO (De). Anadidura y complemento, de variable aplî-
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508 CIRO BAYO
caciôn. Asi : las copas del soborno (después del café); dîa de
sohorno (la huelga que sigue a un dîa festivo, ô como dedan los
latinos : « post festum, pestum »). Carga de soborno : la suple-
mentaria, etc.
Sobre el auto = En el acte. Barbarisme gauçhesco, mâs
excusable que el sobre tablas de los Honorables Diputados de
estes paîses, per « sobre la mesa » : en estudio.
SocA. Voz quichua. El brotede la se^^unda cesecha del arrez
6 de la caiia.
SocAPAR. Verbe muy bien derivade de socapa. Encubrir una
falta 6 una intenciôn.
SocAVÔN. Voz minera. Barrene que hacen à les cerros, â nivel
6 â fronton, â mode de callejôn, cavado à veces en piedra viva.
Notable entre tedes es el Real socavôn de Potosi,
SocÔRi. Especie de serpentario que habita en las pampas de
Mojes y lianes de Santa Cruz. Es grande, de zances altos y colo-
rades, plumaje ceniciento, y al igual que las avestruces suele
pasearse gravemente entre el ganado vacuno.
SoLAQUE. Cémente dcpolve de ladrillo que sirvepara solaquear
à pavimentar el piso de los estanques.
Sombrera. El sombrero de pane 6 de paja que usan las muje-
res del campo.
SopAiPiLLA. Bunuele vuelto-â freir en miel.
SoPAR. Mejar la pluma en el tintero.
Sorete ô sorullo. Excréta humana firme y consistente. Vénse
MojÔN.
Soroche. Véase Puna. — Voz minera. Galena : sulfure de
plomo argentifère.
SoRaufN. Pescozôn.
SoRTijA. Juege ecuestre también conocide en Eurepa. — El
pedazo de carne de la res que esta en la punta del lome, junte â
la cola.
SosEGÂTE. Estâte quieto. Palabra aqui apuntada para traer à
colaciôn la arcaica terminaciôn ate tan empleada en estes paîses
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 509
como paràte, sentate y demds imperativos de verbos actives;
aunque peor es cuando se dice para, jugâ, no llorés, etc. « Te
doy un sosegâte si no callas », dicen las madrés a sus chiquillos.
SoTANA redonda (Un). Un sacerdote cabal, modelo de su
clase.
SoTRETA. Caballo mancarrôn, maula, manero.
SoTUTO ô BoRO. Diptero de la familia Estridos. Insecto pare-
cido d una mosca peluda, que deposita sus larvas en la ropa
puesta i secar, por lo que es hasta higiénica dar esta à planchar
en los climas donde el boro es indigena. Estas larvas perforan la
piel y se introducen en la carne sin hacerse sentir. Asi encerra-
das, crecen hasta su perfecto desarrollo, en figura de tornillo,
con unos lanillos de pelos muy duros que causan un dolor atroz.
Para sacarlas, si no se quiere esperar d que salgan por si mismas,
se cierra herméticamente el agujero por el que respira con una
especie de lacre végétal hecho de un arbol del pais, el ntascajoy
bien caliente, hasta que muere el bicho. Después de muerio,
basta darle un apretôn, sin agarrarlo, y sale con facilidad. Los
indios lo sacan fdcilmente haciendo cierto ruido apenas percep-
tible, con la boca, d cuyo llamado, el boro 6 sotuto saca la cabeza.
Entonces lo agarran por esta parte y lo hacen salir con el ruido
de una botella que se destapa. Los perros son muy propensos a
esta plaga y se les extrae el boro del modo indicado, atdndolos
primero paraque no se resistan d la operaciôn. La Uaga résul-
tante se cura con sal 6 tabaco.
Suco. Aluviôn de tierra fangosa que inunda y estropea los
campos. Véase Mazamorra.
SucucHO. Voz quichua. Cueva 6 guarida. De donde el verbo
Siicuchear, ocultar algo.
SucuMBÉ. Cordial ô bebida hecha de yema de huevo batido,
lèche y gotas de cognac.
SucupiRA. Nombre brasileiio del yaravisco à lantana.
SucHA. Gallinazo, urubûy carranco, etc.
SucHE. Peje de rio.
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510 CIRO BAYO
SuELDA-coNSUELDA 6 vcrdolaga (Cactacea Lepismium), Extrano
pardsito cuya semilla va envuelta en el câliz de una bellota, ador-
nado aquél de très fajas : roja, verde y amarilla. Préndese con
facilidad en las yemas de los arbustos espinosos, arraigando y
desarrollândose con tanto 6 mas vigorque el ârbol primitive.
SuENA (De). A escape ; a piedra menuda.
SuicAra. Cuervo grande. Pala-pala en quichua.
SuisÉ 6 suizÉ. Palabra derivada del francés « Absinthe suisse » y
aclimatada en casi toda America. Ajenjo con goma 6 azûcar.
SujETO (Ser 6 no ser). Ser ô no ser capaz para determinada
cosa. V. gr. : « No es V. sujeto de pegar a fulano. — No es
sujeto de escribir una carta », etc.
Sujo. Végétal comestible.
Sultana. Infusion preparada con la pelicula del café.
SuLLO 6 suyo. Voz quichua; de sullu, abortar. El temero
nonato, llamado en la Argentina bacaray, — Medida agraria de
Cochabamba.
SuMURUCiJcu. Nombre onomatopéyico del buho.
SuNCHAR. Pinchar.
SuNCHO. Voz quichua (^Aster. L.). Arbusto del género papa-
verâceas que da unas flores amarillas, de largos pétalos coloca-
dos en forma estrellada, como la margarita. Estos pétalos no
estân en igual numéro en cada flor, y como es planta abundnnte
en huertas y jardines, aprovechan en Bolivia de estas circunstan-
cias para câbala amorosa, haciendo estas preguntas : « ^ Me
quieres ? — ^ Te quiero ? — ^ Poco ? — ^ Mucho ? — ^ Nada ? »
A cada una de estas interrogaciones se arranca un pétalo a la
flor y en el punto que la frase se interrumpe por haberse ago-
tado las hojuelas, alH esta la respuesta. Es una supersticiôn amo-
rosa digna de celebrarse por un Anacreonte. — Duela 6 aro de
hierro, y fleje para cubas, toneles y cajas (en este sentido es voz
nâutica castellana).
SuNiCHO. Petiso en Buenos Aires. Poney 6 caballo de pequena
alzada, procedente, por lo comûn, de crias de la Puna 6 alturas
frigidas.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 5II
Si)piA. Aguardiente todavia inferior al resacado por haber pasado
por un solo alambique.
SupuNio. Mohin de mal humor 6 de desprecio. Es cruce-
nismo.
SuRERO. El natural de les partidos al Sur de la Provincia de
Buenos Aires ; asi como arribeho al de los del Norte. Los gauchos
stireroSy por haber combatido mas tiempo contra los indios malo-
nes, consérvanse todavia arrogantes como en el tiempo de Rosas,
la edad de oro del gauchaje ; época encarnada en el chiripà punzô
y la gorra colorada à manera de gorro frigio 6 barretina catalana.
SiiRi. Otro nombre del nandù, piyu 6 avestruz americano.
SuRRAPA. El ùltimo hijo habido en una mujer. Chulco en qui-
chua.
SuRUBi {Platistomapardalis. D'Orbigny). Peje de rio, sin esca-
mas, ni espinas ; tan corpulento que hay que llevarlo en palan-
quin. — Cumbrera de hojas de palma.
SuRUCUCÙ ô Sucurf . Voz guarani : suru^ animal ; cury 6 curùy
ronc^doT (Lachesis Rombheata. Newted). Vîbora con dientes largos
muy venenosos ; de vientre blanquecino y amarillo, el cuerpo con
manchas romboideas i lo largo de la columna vertébral.
SuRUCUÈ. Guacamayo parlero del género Trogôn, que prefiere
los Uanos por morada.
SuRUPt. Enfermedad que se contrae al pasar sin precauciones
la cordillera de los Andes, en los puntos donde hay nevados,
como.sucede en La Paz de Bolivia. Consiste en una inflamaciôn
de los ojos producidapor.la sutileza del aire, el frio y la blancura
de la nieve. Se évita fdcilmente poniéndose de antemano anteojos
ahumados 6 de color.
Taba. El carnicol de vaca 6 novillo que sirve para un juegode
azar muy corriente entre los campesinos americanos. Es juego
muy antiguo, tanto, que asegura un historiador griego, fué
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512 CIRO BAYO
inventado por los tracios para entretener el hambre. La taba
americana se tira como el tejo, poniendo el pie en una raya,*y
tirando d otra se hace suerie 6 culo segùn caiga del lado côncavo
6 convexo. La clavada consiste en que el hueso caiga a plomo
del lado de la suerte. En este juego alternan muchos jugadores,
crùzanse muchas apuestas y hace las delicias de los pulperos de
la campana por lasganancias que les proporciona.
Tababé. Lînea irregular, recta 6 curba, como las lîneas de la
taba. Asi : \âso iababé ; régla tababé.
Tabaco. Planta originaria de las Antillas. Muchas son las
especies americanas, ricas todas en nicotina, alcaloïde particular
de las hojas y que destilado en potasa ciustica disuelta en agua,
es un veneno violento. En la Argentina y Bolivia abundan las
especies rustica, paniculata^ auriculaia y la repanda de la que se
elaboran los famosos habanos, El tabaco de Misiones y de Tucu-
mân son los mejores de la Argentina ; asi como en Bolivia el de
Santa Cruz y el Càyubaba de Exaltaciôn de Mojos, que con
buena elaboraciôn pudiera competir con el famoso Bragan:(a del
Brasil.
Tabaqueada. Carne descompuesta que se Uena de tabaco,
para que al comerla el condor se marée y aletargue, siendo fâcil
entonces el cogerlo ô matarlo.
Tablada. Pampa ô lugar despejado d inmediaciones del pue-
blo, para feria de ganado.
Taboca. Canutode tacuaraà bambù, en corte oblicuo ô cir-
cular que sirve de recipiente para agua, sal, manteca, etc. En
los primeros tiempos de la explotaciôn gomera, d faltade tichelas
de métal, se recogîa la lèche del ârbol en iabocas,
Taborga (Café). Café hervido en tacho ; sin color y ligera-
mente espumado. Lldmase taborga del nombre de uno de los
primeros pionniers del Oriente boliviano. También café toreado,
porque se hace apri<:a y corriendo ; y café de pascana,
Tacàka. Tribu de indios neôfitos del Departamento de La
Paz. La lengua tacana es la gênerai en el Béni y la hablan ô
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 513
entienden muchas tribus establecidas entre los rios Madré de
Dfos y Béni, principalmente los Araonas y Cavinas. — Andén ô
escalôn cultivado en las laderas de los Andes (véase Andén).
— Voz minera. Plata nativa 6 cloruros de subida ley.
Taclla. Arado primitivo de los indios andinos.
Taco. El tacôn del calzado. — Recipiente pequeno. Asi : un
taco de ginebra. — Ârbol. Especie de mimosa de très dases :
rosado, morado y amaranto, y en todas ellas, las hojitas se con-
traen al tocarlas.
Tacù. Mortero grande como hecho de un tronco labrado, en
el que se muelen céréales con una porra manejada à dos brazos.
Pisar el tacû es la faena que mas entretiene â las cholas del
Oriente.
TacuAra. Caiia de Indias y Bambii en Asia {Arundo macrocau-
lis. L.). Gramîneas. Cana gigantesca de veinte d treinta varas
de alto, por très palmos de circunferencia. Su madera ligera y
sôlida, aprovecha, sin màs que abrirla en secciôn longitudinal,
para tabiques 6 paredes y para entarimados. Los cortes de tacuara
6 tabocas sîrven de recipientes y en caso apurado para vasijas de
cocina, pues es caiia que résiste por algiin tiempo el fuego. De
las barbas 6 raicillas que se presentan ahorquilladas, se hacen
albardas à bastos.
Tacupé. Barro cocido, que â manera de liga en los metales,
se mezcla al barro crudo que ha de entrar en el homo, para
mayor solidez de la obra. Es voz guarani, de pi, fuego. A esta
etimologia corresponde el tacapi ô maza de guerra de ciertos
indios del Amazonas en los sacrificios ô en la guerra, endu-
recida al fuego.
Tacho. Hoja de lata y utensilio de este métal. Asi : « Pon el
tacho d calentar » (la tétera ô pava). — Paila mâs pequena que
las meladora, descachaT^adora y clarificadora, en donde se dan
las ùltimas cochuras al guarapo hasta su compléta purificaciôn.
Tafalla. Género en botânica, creado en homenaje de Juan
Tafalla, discipulo de los Ruiz y Pavôn,
Revue hispaniqme. xiv. 3}
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514 CIRO BAYO
TafI. Pueblo de la provincia de Tucumdn, famoso por su
queso, de invenciôn de los jesuitas.
Tafia. Aguardiente de cana.
Tahuantisuyo. Nombre del imperio incasico. Estaba dividîdo
en cuatro grandes regiones : Chinchasuyo, al N. ; Antisuyo, al E.;
CollasuyOy al S. ; y Cuntisuyo, al O. Cuzco (el ombligo), era el
centro del Imperio y de él partian cuatro caminos calzados para
las sendas regiones. La partîcula stiyo ô saya, signi6ca en aimarâ
banda. De ahî las palabras Hanansaya y Uransaya que en Bolivia
como en el Peni senalan la parte alta de una comarca, à una
banda de rîo en oposiciôn a la parte baja à la otra orilla*
TAiTA. Derivada del quichua : padre. Es voz carinosa, a la
vez que de homenaje que los indios dan a sus patronos 6 d las
personas que les merecen respeto y consideraciôn.
Taitetû. Variedad de pécari 6 puerco montés, que anda en
pequenas tropas y hace sus madrigueras al pie de los ârboles, de
donde se les saca fâcilmente, ahumdndoles el escondrijo.
Tajibo. Véase Lapacho. El tajibo del Oriente boliviano 6 de
madera amarilla, muy dura y de humo aromdtico con el que se
ahuyentan mosquitos y jejenes, plagas volatiles de la région. Hay
varias especies de tajibo qne se distinguen por la diversa colora-
ciôn de sus flores.
Tala (^Celtis tala), Urticdceas. Véase ChichapI. La tala es
casi el ùnico végétal que pueden ramonear las cabras y ovejas de
los indios de la cordillera.
Talero. El rehenque de mango mds largo y oblongo y de lonja
mayor. — Pan talero. Que tiene la figura cilindrica como « barra
de Viena ».
Tamal. Voz quichua. Empanada de maiz. Chocio ô maiz
tierno bien apisonado con manteca, lèche 6 suero, luego cocido
en la olla y en seguida envuelto en chala. Parece que es el hayaca
de Venezuela.
Tamalera. Panuelo ô venda que, como la hoja del maiz ô
chala al tamal, cnvuelve la cara cuando se padece de fluxion y
dolor de muelas. Andar de tamalera : andar con la cara vendada.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 515
Tamandiïa. Oso bandero ù hormiguero {Mirmeœphaga. L.).
Cuadrùpedo bastante singular, tanto por su forma, como por
sus costumbres. Es plantigrade como el oso comùn, es decir que
al andar se apoya en las palmas de los pies con las unas recogi-
das. Estas, las de las manos, son gruesas, fuertes y grandes como
garfios de romana. Con ellos trepa d los ârboles en busca de
hormigueros que desbarata, en tanto que con la lengua larga y
vibrâtil, â manera de viborilla, va engullendo hormigas a cente-
nares. Su cabeza se adelgaza hasta la boca, en forma de hocico ;
tiene orejas de raton y ojos de topo. Aunque es animal inofen-
sivo, cuando se ve atacado, se defiende como un gatopanza arriba,
y tanta es la fuerza de sus garras, que con ellas se prende al
tigre y no lo suelta, sucediendo que ambos mueren agarrados y
mutuamente despedazados. El Uamado simplemente « oso hor-
miguero » se diferencia del oso bandera en que no tiene la hermosa
cola plumeada con la que se envuelve como en una cobija para
dormir. Es de menor tamano y no tiene la acometividad del
otro. « Por alla, todos extranan que entre semejantes animales
no se encuentre nunca el macho, y es que dichos animales son
hermafroditas; y ajanque exteriormente todos parecen hembras,
son sin embargo, macho y hembra â la vez ; solo que el aparato
masculino no es exterior, ni esta en donde generalmente suele
estar ; sino que lo tienen, spgûn parece, en lo interior de la gar-
ganta, de suerte que para hacer el oficio de macho se sirven del
hocico solamente. Algunos de por allî al ver dicho animal en
cierta actitud han creido y creen que él mismo se fecundiza sin
necesidad de otro agente ; pero parece que no es asi y que es indis-
pensable que sea entre dos » (P. Cardùs. Misiones franciscanas
entre los infieles de Bolivia. Barcelona 1886).
Tamango. « Ojota » 6 abarca hecho de cuero vacuno sin cur-
tir. El tamango del gaucho se diferencia de la ojota india en
que esta es una mera sandalia que se sujeta pasando una tira de
cuero por entre el deJo gorJo del pie y el inmeJiato, hasta abo-
tonarla con un nudo de cuero trenzado, mientras que el tamango
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5l6 CIRO BAYO
ademâs de la plantilla^ tiene alas que cruzan el empeine del
Tamarindo {Tamarindus indica, L.). Arbol originario del Asia
y muy comùn en America. Es erguido, de hojas alternas y
pequenas. Su fruto es una vaina en la que estân encerradas las
semillasen mediode una pulpa agradable.
Tambo. Palabra que â cada paso se oye en Sur-América. Voz
quichua : venta 6 albergue en las pascanas ô etapas de camino
en Bolivia y el Peni. Los incas tenian establecidos iatnbos de dis-
tancia en distancia y generalmente de seis en seis l^uas, en los
caminos que cruzaban el imperio, para servir de albergue â los
viajeros y de punto de relevo â sus chasques 6 mensajeros. Véase
Chasqjue. Estos paradores se conservan todavia subvencîonados 6
arrendados por el Gobiemo central para el servicio de postas. —
Posada 6 conventillo en las poblaciones de Bolivia, y Lecheria
en Buenos Aires. — Palenque 6 bramadero en el Paraguay.
Tambor. Cuero û odre en que se envuelve la coca ô la yerba
mate, y que al retobarse con la sequedad y el sol, se endurece
notablemente asegurando el contenido. Véase TERao.
Tamilleo. La operaciôn de raspar del tronco del ârbol de la
coca el musgo pardsito que humedece la preciada hoja.
Tanaca. Voz quichua : Mujer fea y zaparrastrosa.
Tanceto. Yerba lombriguera. Familia Sinantéreas.
Tano. Contracciôn de napolitano. Nombre despeaivo dado
d los numerosos napolitanos avecindados en Buenos Aires y que,
como los gallegos en Madrid y los irlandeses en Londres, se dedi-
can a los oficios mds ruines.
Tapa. Colmena d manerade campana de carton, mas ô menos
grande, de los petos 6 abispas.
Tapacarè. Véase ChajA.
Tapado. Tesoro oculto ; entierro en el calô de presidio en la
Peninsula. — Animal tapado : de un solo pelo ô color. As! :
caballo tapadOy el caballo enteramente blanco ô negro.
Tape 6 tipe. Voz quichua. Barbilampino. Indio de unas mi-
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS ylj
siones ya extinguidas, notables por su cabeza melenuda y cara
lampina ; de donde tape chascudo al hombre de espesa cabellera y
barba râla.
Tapeque. Avios à provisiones de viaje. No se emplea otra
palabra en todo el Departamento de Santa Cruz de la Sierra.
Tapera. Voz quichua. Ruina ; rancho destartalado y por con-
siguiente abandonado.
Tapioca. Véase FariSa y Yuca. Raspando la yuca se reduce
d masa y se exprime. El zumo que escurre, depone un polvo
blanco que es fécula amildcea muy pura, vulgo tapioca. Después
detostada, se convierte en harina de mandioca 6 farina, de uso
gênerai en el Brasil y otros paises de America para caldo y jaleas.
Tapir (Jiippopotamus terrestris. Linneus). Anta 6 gran bestia
(véase Anta). Cuadrùpedo del tamano de un ternero de un ano,
de patas cortas cabeza parecida a la del puerco, cola raquitica,
cuero de paquidermo y geta flexible. La cabeza asi conformada^
le sirve para librarse del tigre, vecino peligroso de los lugares en
que vive el tapir, pues cuando aquél se le echa encima, dispara
el anta d lo mds enmaranado del monte, con tal impetu, que
herido el jaguar por las espinas y las puntas de los palos, se ve
obligado à abandonar la presa. El anta es animal frugivoro, y
vive d inmediaciones de los nos, â los que sale siempre poruna
misma senda, en donde le esperan los cazadores d las horas de
la madrugada 6 en las noches de luna, pues siendo animal noc-
turno prefiere estos momentos para banarse 6 chapotear en los
barreras à salitrales de las orillas. Cuando se baiia 6 se gana al
agua, nada como un buzo, pero como tiene que asomarse d res-
pirar, entonces se le dispara. Se le amansa de cachorrito y signe
al dueno como un perro, aunque d paso lento, pues es animal de
ordinario pesado como casi todo los paquidermos, Acerca del
tapir el misionero Armentia consigna la siguiente circunstancia :
« Este cuadrùpedo tiene un silbido en todo parecido al de una
especie de dguila Uamada chtivi. Cuando el chuvi silba, la gran
bestia responde y se aproxima : el chuvi se para encima del anta
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5l8 CIRO BAYO
y la limpia de la énorme cantidad de garrapatas de que estàn
llenos los tapires y de que se alimenta el chuvi. Esta relaciôn
entre animales tan distintos, explotan con mucha habilidad los
indios araonas, y en gênerai todos los bârbaros del Amazonas ;
imitan elsilbidodel chuvi, contesta el tapir y cuando se aproxima
lo flechean. »
TapitI. Especie de liebre.
Tapora. Gallina copetuda.
Taquia. Bosta de Uama que sirve de combustible en las chozas
de la altiplanicie, yaun para alimentar los homos de los ingenios
metaliferos.
Taq.uirAri. Baile indigena del Oriente con acompanamiento
de caja y flauta. El chobena chiquiiano es bastante parecido, pero
se diferencia en que estd coreado por la voz de las mujeres. —
Chobena es voz guaranoca que significa : canto y baile.
TarA. Jaro suculento.
Taraco ô taracco. Voz quichua. Especie de antifaz hecho de
lana de alpaca ô de llama, que se usa para impedir que el frio
de la altiplanicie dane la cara.
Tarampabo (Œurcarpea tarampabo), Palmera de cocos
aceitosos como los del cusi, y de tronco muy elevado, que
sostiene sus hojas en una sola lînea repartida d los dos lados del
tronco, formando un abanico de un verde hermosisimo.
Tararira. Uno de tantos nombres del punal gauchesco.
Tarascar. Agarrar de los pelos, como se usa entre verduleras
y lavanderas.
Tarascones. Tarascadas y mordiscones.
Tarco. Véase Sangre del Drago. La especie americana
correspondiente al draco de Asia.
Tareche ô tuy. Voz quichua : el carancho de la Argentina.
— Cierta especie de pequeno loro de color azulado.
Tari. Especie de calabaza ô tutuma.
Tarope. Aguapé; Joupé. Voces guaranîes : discos ô platosen
el agua. Bandeixa de a^ua en el Brasil. Nenùfar ô planta acuatica
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PROVINCI A LISM os ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 519
flotante, de disco mds ô mènes grande, verde y natâtil. En les
ries se ven taropes mezclados y retenidos por las tacuaras espi-
nosas, y por las empalizadas que entorpecen la navegaciôn.
De vez en cuando, la fuerza de la corriente abriéndose camino
desgaja manchas enteras de taropes en las colchas y camaloteras,
que bogando en la direcciôn del rio, toman el nombre de cama-
lotes, verdaderos jardines flotantes llenos no solamente de flores
hermosîsimas del trôpico, sino a veces de capigtiarasy garzas y
jaguares alli aislados por sorpresa. La flor mds admirable de la
familia de las ninfeaceas y el verdadero tarôpe à irrupé (plato en
el agua) es la curiale amaTpnica (Haencke) 6 Victoria Regina
(Lindley). Abundantisima en las llanuras inundadas de Mojos
y en casi todas las lagunas interiores comprendidas en la zona
tôrrida, y aun mas abajo en los rios Paraguay y Parani, donde
la encontre D'Orbigny en 1827 y fué el primero en enviarla i
Europa. Elsabio Tadeo Haencke fuéquienen 1779 diôàconocer
al mundo cientifico esta planta que denominô Curiale ama^^onica,
Posteriormente, en 1836, el botânico inglés Lindley la bautizô
con el nombre de Victoria Regina en obsequio d su entonces
joven y siempre graciosa soberana ; y un ano después el viajero
alemdn Schomburg que encontre este nenùfar en la Guayana
inglesa, la describiô preconizdndola como « reina de las flores ».
Yo d mi vez he de describirla, sin pretender descubrirla, en
homenaje d la deleitosa impresiôn que me causé al verla por
primera vez en la Laguna Itunama de Mojos, faltandome poco
para que transportado de admiraciôn, como Haencke al descu-
brir la planta, me pusiera de rodillas para dar gracias d la Provi-
denciaporunacreaciôn tan prodigiosa. Maravilla del reino végétal
y titdn del reino de Flora es efectivamente el irupé^ aten-
diendo d su tamano, â su nectario, sus pistilos tan grandes como
astas de buey, y sus hojas como ruedas de molino. Las hojas
siempre, y la flor 6 el fruto segiin la época, son las ùnicas
partes visibles de la planta ; quedando siempre en inmersiôn los
tallos, el pedùnculo y el caliz. La flor grande y esponjosa como
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520 CIRO BAYO
una lechuga, esta compuesta de mds de cien pétalos escalonados
por tamaiio, desde la periferia al centre y en colores alternados de
un puro blanco, rojo y d veces morado. Â simple vista parece una
énorme copa blanca, pero examinandola bien, se ve que en su
interior présenta una suave graduaciôn de vivos encarnados. Estd
sustendada por un càliz compuesto de 4 hojas de siete pulgadas
de largo y très de ancho en la base, blancas por la parte înterior
y de purpura carmin al exterior, de donde arrancan numerosos
estambres amarillos y rojos d manera de airosa cimera. Lo mejor
que se me ocurre para dar una idea de tanta magnîficencia, es
comparar la flor d un tazôn de alabastro à fina porcelana llena
de fresas ahogadas en vino de Jerez. La Curiale amaionica, pues
no hay que pasar por el pirdtico y adulador nombre que le diô
el Dr. Lindley, estd sujeta al extrano fenômeno del sueno de las
plantas. A medida que el sol baja, la flor va recogiendo sus
pétalos ; se apimpoUa y empieza d sumergirse lentamente, mer-
ced al pedûnculo que es eldstico, de tal manera que con la luz
del dia vuelve d alargarse lo suficiente para subir d âote la cerrada
flor, parecida entonces d una énorme camélia que â los besos del
sol se entreabre esparciendo un exquisito aroma que tras-
ciende â jazmin. Tan singular fenômeno y la misma hermosura
de la flor, linicamente se puede apreciar en los dîas del verano aus-
tral que corresponden â la estaciôn de aguas en estos paîses. En
otono se ha transformado en un fruto esférico del tamano de una
sandia con numerosas semillas 6 granos redondos tel tamano de
la pimienta, llenos de unasubstancia feculenta y comestible, como
que los viajeros la emplean como harina de maiz. Alla en la
primavera, época en que la planta ha tenido tiempo para germi-
nar y crecer, las primeras en aparecer d la superficie son las hojas
nuevas que en su total desarroUo tienen no menos de una vara
de didmetro por dos pulgadas de grueso, lo que les da el aspecto
de una gran bandeja en el agua. Son, pues, verdaderos discos
flotantes de un hermoso color verde por encima y rojizo por
abajo y los bordes ; y de tanta resistencia, merced d la red de
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 52I
nervios ahuecados de que estân compuestos, que aguantan per-
fectamente el peso de una garza, posada en uno de ellos como
un guerrero sobre el payés. Estas grandes hojas circulares y en
numéro variable, flotan permanentemente al nivel del agua, con
la particularidad, que se ve en la flor, de prestarse el pecîolo que
arranca del centro de la hoja a los caprichos de la linea de flota-
ciôn, de suerte que en las mayores inundaciones sobrenadan
acompanando d la âor. Finalmente^ la planta esta defendida por
largas espinas en el tallo, pedùnculo y peciolo.
Tarqjuino. El primer toro de raza Durham que Uegô i la
Repùblica Argentina, fué introducido el ano 1838. El animal se
llamaba « Tarquino », y los paisanos de Buenos Aires creyeron
que este nombre designaba la raza del animal y no el animal
mismo. De ahi proviene que hoy dia muchos hombres de campo
dicen todavia a toro tarquino »>, <x vaca tarquina », para designar
un animal vacuno de raza 6na.
Tartancho. Tartamudo.
Tartaruga. Voz brasilena. La pela 6 tortuga.
Tarùci. Cinta de colores que las indias solteras chiquitanas
atan alrededor de la cabeza, prendiendo una rosa à cualquier
adomo en la frente, i manerade florôn de una diadema.
TarumA. Végétal alimenticio, cuyo fruto morado del tamano
de una ciruela es de una pulpa blanda muy aceitosa que aprove-
cha también para cortar la disenteria.
TarutAru. Trébol acuitico.
Tasajudo. Animal 6 persona larga y flaca. De tasajo. Véase
Charque.
Tasi ô Doca. Planta trepadora, notable po.r la magnitud de
sus frutos, comestible en asados, por la particularidad que tienen
sus florecillas de atrapar por la trompa i las mariposas que en
ellas la introducen para libar el néaar.
Taxa, tatay y taita. Nombre que se da en Bolivia i los
curas, d los frailes y d las personas mayores, respectivamente.
« Los indios y aun los niiios y mujeres, en vez de responder
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522 CIRO BAYO
con imprecaciones à los peores tratamientos, replican dulce-
mente / tatay /, como un hijo que se duele de la indignaciôn
paterna » (Locenta).
Tatararè ô tataracô. Mancha sobre otra mancha. V. gr. : En
una taza de café la mancha del azûcar ô de una gota de lèche
sobre la mancha del café derramado ; una mancha de vino sobre
la mancha del café derramado; una mancha de vino sobre
unlamparôttdegrasaen unaservilleta, etc. Enamboscasosse dice
en Santa Cruz de la Sierra : taza taiarari ; servilleta tatararé.
Etimologia propia ô forzada, diz que tatararé, dériva de tatara-
nieto, porque una mancha llama otra mancha.
Tataratancho. Voz quichua. El trompo que al girar va
saltando, es decir que lleva los dos movimientos centrifugo y
centrîpeto.
Tatù. Armadillo. Varias especies. Mulita, peludo, peji, etc.
Tatusa. Mujercita y mujerzuela segûn el sentido de la frase.
Derivado del tatù, que lo mismo puede ser simbolo de recogi-
miento por la prisiôn en que se encierra, como de parranderia
por sus excursiones nocturnas.
Taùca. Voz quichua. Montôn de cosas ; y plegadillo que se
hace en la ropa.
TaunAchi. Rodaja de cascabeles que se hacen sonar cinén-
dolos à laspiernas. Al mismo artificio, llaman en Chiquitos « pai-
chachù».
TayA. Nombre cruceno de la gualuza ô especie de batato ô
yaro suculento.
Tayuya Qsianosperma ficifolid). Cucurbitàceas. Planta que
liene distintas aplicaciones terapéuticas.
Taza. Cavia ù hoyo que para regar los ârboles se hace al pie
del tronco.
Tfe pampa. Planta rastrera que da una excelente y aromatica
infusion. Los argentinos del territorio de Santa Cruz que la
emplean reconocen en ella propiedades médicinales para el higado.
Tecte. Voz aimard. La chicha de maiz.
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PROVINCI A LISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS $23
TecterIa. Chicheria donde se expende el tecie,
Tehuelches. Son los indios patagones divididos en dos gran-
des tribus : la que habita entre los rios Chupat y Limay; y la
otra entre el mismo Chupat y el Estrecho. La lengua tehuelche
es completamente disrinta de la auca.
Tejôn. Carnîvoro de cola gatuna anillada, cuerpo de tejôn
europeo, nariz movible yalargada en trompa. Vive en cuadrillas
en los bosques de Sur-América, y para dormir se enrosca en
forma de média bola. Es manso y se domestica con facilidad,
aunque conservândose siempre urano, grosero y estùpido.
Tembeta. De temhcy labio, en guarani. Indiochiriguano de la
cordillera de Santa Cruz de la Sierra. Llâmanle tettibeta los cni-
ceiios porque entre la enda y el labio inferior se ponen una
planchita de la que parte un tubito que perforando el labio sos-
tiene pegado con cera alguna chaquira 6 vidrio de color, à mane-
ra de ojo grande y brillante entre la boca y la barbilla.
Templado. Amartelado. V. gr. : « Pepe y Lola se conocieron,
y pronto quedaron templados, » No déjà de ser un vocablo propio
y significativo.
Tendal. Campo Uano. Asî, tendal de gramilla ; el tendal del
cielo. Tal vez corrupciôn de cendal.
Tercio. Pellejo Ueno de polvo de la yerba mate. Cada saco
cosido con tiento 6 tira de cuero, hinchado por la plenitud del
contenido y tomado del sol, se endurece como una roca, y en
este estado se entrega al comercio, pesando cada tercio unos cien
kilogramos. Véase Tambor.
Terére. La yerba mate puesta en maceraciôn en agua fria ;
resultando una bebiJa agraJable sin los inconvenientes del mate
frîo. Véase Yerba.
Termites. Hormigas que pueblan el Oriente, del cual son la
ciento y una plaga. Varias especies del género Neurôpteras, y
tantas, que un naturalista se veria apurado para clasificarlas. Las
hay de todos tamafios y colores, ofensivas é inofensivas, algunas
provistas de un aguijôn abdominal, otras de tijeras bucales con
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524 CIRO BAYO
las que devastan cuanto d su paso encuentran. Ademds de las
hormigas de Palo Santo (véase Palo), termes arborum, las que
mas molestan al viajero son las ca:(adoras 6 de ronda (termes des-
tructor) que hacen sus expediciones en falangestan ordenadas que
d uno le parece ver una columna militar en marcha, con escua-
dras, jefes y oficiales. Cuando invaden la pascana 6 la cama de
un rancho, no hay mâs remedio que « mandarse mudar » del
sitio, y dejarlas pasar. En pocos minutos hacen su escarceo lim-
piando de aranas y cucarachas el lugar por donde pasaron y pro-
siguen su marcha. En Yungas, estas hormigas saben dar cuenta de
toda una mita 6 cosecha de coca.
Las incanderas à bunas {termes bellicostis) son negras, grandes
como de una pulgada, con aguijôn abdominal cuya picadura
escuece veinticuatro horas, causando un dolor intolérable que
algunas veces dégénéra en fiebre. Las turirus (termes lacuster)
que andan siempre por camino cubierto 6 de barro con tùneles
de chamarasca, fi)an sus hormigueros de arcilla en los palos de
los ranchosy troncos de los drboles, d modo decolmenas, y aiin
se dan mafia para conservarlos intactos en el agua cuando las
crecientes de los rios hacen subir notablemente el nivel de
las aguas. Ni pican, ni muerden, pero si se las déjà, des-
truyen una casa con su ajuar. A estos hormigueros Uaman los
cruceiios posetacù. Las sepe {termes siiculentus) grandes como
abejas y cuyo abdomen tostado como se acostumbra tostar el
café, es un bocado exquisito para los indios y otros que no son
indios. hàsjorobarés {termes domesticus) que seceban en la dispensa
y en cualquier comestible que se déjà sin resguardo, etc., etc.
Terne ô ternero (cuchillo). Façon de grandes dimensiones
que sirve para el degiiello de las reses. Cuando en una disputa
sale à relucir el tenUy los gauchos balan como terneros, como
remedando al novillo cuando huele el hierro del desollador.
Terneraje (El). Las crias del ganado bovino de una estancia ;
asi como corderaje a la cria lanar.
Tero-tero {Vanellus cayanensis. L.). Leque en quichua. Ave
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PROVINCI A LISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 525
însectivora esparcida en toda la America. Anida en despoblado i
inmediaciones de las aguadas. La hembra pone cuatro huevos
de un hermoso color morado, jaspeado de blanco. Es ave muy
vigilante, sobre todo en la época de la cria, y âturde con sus chi-
llidos el viajero que atraviesa las vastas Uanadas de las pampas.
— Gaucho terotero : hombre vivo y arrestado.
Teterilla (Caballo). Que tiene una lista blanca en la frente,
arqueàndose en las cejas como aros de anteojos.
TiAHUANACO 6 Tiaguanaco. Ruinas famosas, tanto como las
de Palenque en Yucatân, emplazadas en el lugar de aquel nombre,
â orillas del lago Titicaca, en el Departamento de La Paz. En
dos partes principales se encuentran repartidas : en Acapana y
Puma Chaca. En el primer punto hâllanse los vestigios de un
templo 6 palacio construido con bastante simetria d lo que se
adivina, pues muchas de sus piedras han sido utilizadas para la
iglesia parroquial del pueblo inmediato, para umbrales, dinteles,
jambas, mesas y poyos de casas de los vecinos. Columnas de
mucho mérito han sido transportadas â fincas que estan â très y
cuatro léguas de Acapana, y touristas, indios y muchachos hacen
con las piedras lo que les viene en gana, destruyendo poco a poco
los vesiigios de las milenarias ruinas. / Quod non fecerunt barbarie
fecerunt Barberini! A esta secciôn de Acapana pertenece la monu-
mental Puerta del Sol ya descrita en la P. En Puma Chaca 6
Puma Punco se encuentran los cimientos de otro inmenso edifi-
cio, verdaderamente ciclôpeo, dedicado evidentemente à templo.
Chucaque 6 ciudad de piedra, llamô Manco Qpac à Puma Chaca
(en lengua maya : arco no concluido), admiradoel inca del esplen-
dor y magnitud de las construcciones. El gobierno de Bolivia en
1894 creô un museo, 6 mas bien conservatorio para preservar
estas preciosas reliquias de las profanaciones de picapedreros y
muchachos; pero como no hay empleados, ni el Estado se preo-
cupa del asunto, hasta el grado que la Junta municipal del lugar
ha tenido que votar una cantidad para la adquisiciôn de mate-
riales dispersos en la vecindad, résulta que el Museo nosirve sino
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526 CIRO BAYO
para poner en evidencia la desidia oficial y su poco interés por
este tesoro arqueolôgico. Con la cabeza de idolo, varias piezas
pequenas trasladadas al museo de La Paz, juntamente con colec-
ciones de particulares que d aquéllas podrian agregarse, forma-
riase un conjunto valioso y suficiente para inaugurar el Museo
apetecido. Por falta de un conjunto completo de las ruinas, los
arqueôlogos andan de cabeza sobre el origen de los monumentos
de Tiahuanaco, tan antiguos en opinion del americanista Bras-
seur de Bourbourg, como los de Egipto, Ninive y Babilonia.
Algunos los diputan como obra de los mayas^ pueblo que creô
los notables monumentos de que aun se conservan ruinas en
diterentes puntos de la America Central, las cuales desde que las
diô d conocer el Padre Brasseur antes citado, son objeto especial
de las investigaciones de los arqueôlogos americanos. La existen-
cia de numerosos objetos de la piedra llamada jade, en los anti-
guos monumentos de Mexico, Yucatân y Perii, piedra de que
no se ha encontrado todavia ninguna cantera à yacimiento en
America, hace pensar que estos objetos fueron importados por
inmigraciones procedentes del Asia y de la Polinesia. Humboldt,
Striebel, Forbes, Benattî, Falb y ùltimamente Hule que estuvo
très meses enTiaguanaco, reconiendadoespecialmenteal gobiemo
de Bolivia, han visitado estas ruinas y explican su origen y signi-
ficado de muy distintas maneras. Unos, que los pôrfidos que en
Tiahuanaco abundan, no son naturales, sino artificiales ô ama-
sados mediante combinaciones ingeniosas cuyo secreto se ha
perdido; otros, que son grandes pedrones tallados en sus bordes
para vincular con otros. Ello es que en el rudimentario Museo
existen varias piedras redondas ù ovaladas, con costuras que indi-
can que han sido unidas, con la particularidad quequebradas con-
tienen en el centro como la médula de los drboles, diversos relie-
ves. Algunas hay con engastes como las murallas peldsgicas de
Tarragona. El monolito que estd â la salida de Tiahuanaco para
La Paz esta vaciado ; y vense finalmente piedras con huellas y
pisadas, como estos cuarzos y obsidianas que se muestran con
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 527
huellas de animales antediluvianos. Igual discrepancia hay entre
los etimologistas acerca del origen del nombre Tiaguanaco. La
leyenda mas aceptada, siguiendo a Garcilaso, es que hahiendo el
inca Maita Capac pasado el rio Desaguadero y venido al lugar
donde estân emplazadas las monumentales ruinas, Ilamado por
entonces« Chucagua » (ciudad de piedra), recibiô un chasqueque
llegô mucho antes de loque se le esperaba. Asombradoelinca, le
dijo : « Tihuai, huanaco » (siéntate, guanaco)equiparândolo con
el cuadrùpedo mas velozque conocîan los peruanos. Segùn otros,
Isaac Escobar en sus Analogias filosôficas del aimarà entre
ellos, encuentran la raiz en el aimarâ, de Tia-orilla, y guanaca,
seca; en oposiciôn âlos lugares pantanososdeTiiicaca, y derivan
Tiahuaguanaco de Thia-waha-akcy esto es, el hombre de la orilla
seca, para distinguirlo del habitante del lago. Brasseur enamorado
de la civilizaciôn maya, en sus Lettres sur le Mexique^ dice que
Ti-a-i significa literalmente en lengua maya : Dios sobre el
agua ; Hunnabkuel Dios omnipotente, y por todo Ti-a'i'hun-abku^
pais sobre el agua del Dios omnipotente ; etimologîa enteramente
opuesta â la aimarâ. En resoluciôn, que cada filôlogo arrima el
ascua a su sardina, y que lo linico positivo es que Tiahuanaco
6 Tiaguanaco debiô ser por mucho tiempo la capital de un vasto im-
perioô maya 6 quiche (noquichua, que fué posterior dominaciôn),
capital quefuédestruida por uno de esos cataclismos tan frecuen-
tes en los Andes, â menos que haya sido destruida vandâlica-
mente por la guerra, como apuntan los historiadores Garcilaso y
Herrera.
TiBi 6 tibié. Botôn de quita y pon ; y los gemelos para punos
de camisa.
TiCHELA. Voz brasileiia. Pichel 6 pequeno recipiente de hoja
de lata 6 peltre al que desciende el liquido gomal de la siringa
en estado blanquecino y un tanto espeso. El trabajo de entichelar
empieza àl rayar el alba. La lèche se coagula y endurece al salir
el sol, tal que si prontamente no se lleva al « desfumadero » 6
se moja, pierde su calidad convirtiéndose en cernambi à goma
inferior.
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528 CIRO BAYO
TiENTO. Tira de cuero sacado con el cuchillo, que sirve para
anudar ô sujetar algo. Véase Guasca.
TijERETA. Especie de hirundo 6 golondrina, de cola larga y
ahorquillada parecida a una tijera abierta. Es avecilla muy revol-
tosa y tan atrevida que Uega i imponerse â las aves de rapina.
En otros lugares la llaman estrelldj porque con la cabeza, las
alas, y las puntas de la cola présenta â la vista cinco radios muy
visibles cuando esta revoloteando.
TiLico. Persona afeminada.
TiLUCHE {Furnarius Rufus. D'Orbigny). Véase Hornero. —
Es un tiluche : es una ardilla ; un vivo como el pâjaro de ese
nombre.
TiNCA. Voz quichua. Fiesta obligada, asalto como decimos
ahora en Espana, que un amigo hace â otro para que dé una fiesta
en casa de este ûltimo, proporcionândole en cambio los licores y
demâs adminîculos de la fiesta, amén de los convidados y de los
quebraderos de cabeza.
TiNCU. Véase Payador.
TiNTORERA. Tiburôn de la mayor especie, muy abundante en
las costas de la America equinoccial, que debe su nombre â una
particularidad que révéla su pre^encia à larga distancia, particu-
larmente de noche. Unos agujeros que tiene el animal en tomo
del hocico destilan cierta materia glutinosa que se extiende por
todo el cuerpo del escualo, dando â este un brillo como si fuera
un gusano de luz. En las noches de borrasca, sobre todo cuando
el viento sopla con fuerza y brama el trueno, es cuando mâs
brillan esos resplandores fosfôricos. El mismo fenômeno se pro-
duce en las noches oscuras ; cuanto mâs densas son las tinieblas,
mâs luminoso es el surco que traza la tintorera. Este escualo
para hacer presa vese obligado â volverse enteramente boca
arriba, à diferencia del tiburôn que solamente re vuelve de cos-
tado.
TiPA. Ârbol como el tarco de la sangre del Drago porque su
zumo es colorado-sanguîneo. — Voz quichua. Cesto y canasto
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 529
de totora, bejucos, hojas de palma, 6 simplemente de paja. —
« Meter en tipa », ireter en la cârcel.
TiPE. Véase Tape.
TiPOY. Es el clàsico vestido de las indias civilizadas del
Oriente.
Prenda entre bâta y camisôn, viene a ser una tùnica larga,
descenida, ampulosa y sin mangas, como el brial de los ângeles
en los cuadros devotos.
Segiin parece, lo impusieron los jesuitas a sus neôfitas, para
apartarlas de la vanidad y refinamiento, pero si asî fué, preciso
es confesar que los hijos de Loyola la erraron. No hay otra
prenda mujeril que mejor se preste â mas lances de coqueterîa,
exceptuando acaso el famoso niantôn de las limenas tan recatado,
tan monjil, pero que el garbo de las hijas del Rimac hace provo-
cativo y de una belleza tan pldstica como el mas descocado « in-
croyable ». Razôn por la que un senor Arzobispo prohibiô el
uso del mantôfiy ya se entiende que sin conseguirlo, catalogândolo
entre las tentaciones de San Anton.
Tentaciôn y de las mas peligrosas, es también el tipûy^ sucedâ-
neo inmediato de la primitiva hoja de parra. En esto el artificio
vence â la realidad. Aunque la enagua 6 centra quita la diafanidad
de las formas, con todo el delgado tipoy se subleva y Proteo enca-
denado con hilvanes, ora se infla y ondula, ora pliégase y cine
al cuerpo perfilando las femîneas curvas como el cendal de una
Venus académica.
Usan estas indias banarse en pûblico de un modo tan original,
que vale la pena de ser referido.
Van al bano vestidas y â medida que entran en el agua se
arremangan el tipoy hasta cenirselo por entero â la cabeza â ma-
nera de turbante. Asî se banan hasta la cintura y aun hasta
medio pecho, y â la salida van desdoblando los pliegues con un
tiento y précision tan admirables, que la mirada mas inquisidora
apenas descubrirà otra cosa que tipoy y agua y agua y tipoy.
TiRADOR. Cinto de cuero que se cine â la cintura para sostener
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530 CIRO BAYO
el chiripâ. Esta chapeado de monedas de plata 6 medallas, como
rumbosamente dicen los paisanos de Buenos Aires. Hay tirador
que vale mâs plata que pesa, tanto por las labores engastadas
como por la antigûedad de las medallas. Como el tirador lleva
escarcelas para el dinero, nunca como aqui se aplica el gaucho
que asî lo lleva aquella de « llevar el rinôn bien cubierto ».
TiRiRÙ. Voz guarani : //, mi ; iVtVrf, vasija. El mateabierto que
sirve a la gente pobre de vaso de noche.
TiRiTiRi. Baile indigena de Mojos con acompanamiento de
flauta y tamboril. Por lo gênerai es de ritmo armonioso y vivo,
si bien résulta monôtono por la sencillez de su melopea y por
la repeticiôn con que lo bailan los indios, hasta cansarse.
TiscHAR 6 tinquear. Uhate en laArgentina. Disparar con la
una las bolas de vidrio, las semillas, huesos de frutas y demâs
chirimbolos que sirven para el juego infantil de balas. — Tirar
los dados en la Pinta.
TiSTES. Las verrugas que causan las espinas de la tuna al cla-
varse en las manos, en el cutis ô en los pies.
TiTEAR. Burlarse de alguien; tomarle el pelo. Es voz muy
generalizada en la Argentina.
TiTEO. La acciôn de titear.
TiTiscA. Gallina de plumas irisadas como el gallo.
ToBAS. Indios bravos que habitan la orilla izquierda del ^ilco-
mayo, en el Gran Chaco, notables por su altivez é independen-
cia y guerreras costumbres. Son los indios mejores ginetes de la
America del Sur y usan la macana, la lanza y las fléchas.
ToBORiscHi {Boinbax). Arbol que hacia el centro del tronco
se ensancha como un énorme tonel, lo que le da particular
aspecto en lo enmaranado del monte. Su fruto rinde una especie
de algodôn, como el del « mapajo », aunque de menos prove.
cho. Refiriéndose a estos ârboles escogidos por las abejas para
sus colmenas, dice con mucha razôn un boliviano (Aramayo) :
« Los caminos de Chiquitos estân empedrados de tortugas y los
ârboles son pipas de miel. »
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 53 1
Tocante. Conmôvedor. Lastîmero. Feo galicismo.
TocAR FIANTE 6 Tocar viola : tocar en retirada ; tomar las
hebillas de Diego como dicen aqui por tomar las de Villadiego.
Toco. Especie de cedro de madera superior para muebles y
gabetas de melado. — Taburete riistico.
TocTO. Nombre indîgena de. la comida cotidiana en las barra-
cas del Béni, pueblos de Mojos y pascanas del Oriente : arroz
con pedazos de carne fresca y si no, charque.
TocDYo. Con este nombre se désigna en toda America del
Sur, el bramante 6 lienzo de algodôn fabricado en Toco y 11e-
vado à Espana donde se le daba una mano de obra y volvia a
America con el nombre « angaripolo ». Hasta no hace mucho
se fabricaba en Cochabamba un tocuyo muy estimado.
Tojo. Mellizo. « Hermanos tojos » : hermanos gemelos. —
Ornitologia. Cassinus cristatus. La calandria americana. Véase
GvLANDRiA. Dos especies : la mâs pequena es la que remeda el
grito 6 la voz de los animales, lo que le ha valido el epiteto de
burlôn con que se le conoce en otras partes. Viene a ser la
« abubilla de Salomôn » de los cuentos arabes que diz hablaba
todas las lenguas. Parece ser el mismo pâjaro que en Cuba y
Mexico llaman sinsonte, tenca en Chile, calandria en el Plata,
gulungo en Colombia ; rabionero y mochilero en otras partes;
pero en su estado natural, dista mucho de merecer el dictado de
« ruisenor americano » con que le honrô el naturalista Buffon,
a menos que el pâjaro en cautividad aprenda alguna cantilena
que repite con notable maestria y primorosa ejecuciôn. Lo mâs
notable del tojo, calandria 6 como quiera llamârsele, es la manera
como construye su nido, en figura de botella ô redoma tejida de
espinas del aromo y acacias espinosas, que pone colgante de las
ramas de los ârboles con una hebra, de modo que los nidos se
balancean continuamente, y a inmediaciones de los hormigueros
y colmenas de cuyos moradores se alimenta. La particularidad
de ser colgante su nido le ha valido en inglés el nombre de /jû(w^-
nest, Estos nidos botellas se balancean â docenas en las orillas de
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532 CIRO BAYO
los rios, d tan poca altura del agua, que el viajero desde su bâte-
lôn puede ver la entrada y la salida del pàjaro en el nido, lo que
hace deslizândose por el cuello de la botella. Esta va forrada inte-
riormente de algodôn de mapajo, suave y lustroso como la
seda.
TolderIa. Agrupacîôn de toldos. Especie de « kraal » ameri-
cano.
ToLDETA. El mosquitero, que acompanado de una almohada
para reclinar la cabeza y una estera de junco ô de palma trenzada
encima de la cual se tiende uno à falta de hamaca, debe de ser
el acompanante obligado del viajero por el Oriente, ora navegue
los nos de los Uanos, ora haya de intemarse en la espesura del
monte.
ToLDO. Véase Ruca.
TonJ (Balsamo de), Véase Qumo-auiNO.
Tomado (Estar). Se sobreentiende que de licor. Embriagado.
TomIn. La peseta boliviana 6 chirola.
ToNGADA. Voz quichua. Grupo 6 enviôn en cosas. Asî : « Se
cortaron cuatro tongadas de cana ; en dos tongadas trasteé mis
cacharpas. »
ToNGO. Engano en el juego. Voz que se ha aclimatado en los
frontones de pelota para significar la mala fe de algunos pelotaris
que salen à perder.
ToNGORi. Achura 6 menudo de la res, que consiste en el cor-
don espinal.
ToNTiLLo. Nombre clâsico y bien sonante del afrancesado
polisson.
TopiNAMBUCO ÇHeliantus tuberosus). Especie de cotufa de abun-
dante jugo sacarino. — Ajipa en quichua.
Topo. Voz quichua : alfiler. La cuchara 6 cucharas de plata 6
de peltre que las indias quichuas se ponen en el pecho como
prendedor del mantôn de bayeta, sirviéndole al mismo tiempo
de utensilio para corner. — Medida agraria que la ley incasica
prescribia dar por cada hijo. — Volante hecho de « jipuri » 6
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 533
fibra de palma con que juegan los indios y ninos crucenos, y
que, como la pelota, era juego conocido en America antes de la
venida de los espanoles. — Topo entre jugadores significa que
se cobra 6 se paga en relaciôn con el dinero que el que copa tiene
en mesa.
Toque. Turno 6 vez. Asî el mate se toma por toques^ esto es
cada y cuando le toca â uno el turno. A este respecto no sera
ocioso advertir que cuando se sirve mate, aun cuando lo ofrezca
la senora de la casa, no se dan las « gracias » sino â la tercera ô
cuarta vez, pues gracias significa aqui que no se quiere mâsmate.
Como muestra de cortesîa, basta con levantarse al tomar y al
devolver el mate.
ToREAR. Ladrar los perros.
ToRNO. Vuelta 6 codo de un rio.
ToRO. La bola que empuja 6 tischà el nino en el juego de
balas. — Torito. La « vaca » 6 puesta que se juega en socie-
dad.
ToROMONA. Tribu india entre los nos Béni y Madré de Dios,
muy parecidos â los araonas en lengua y costumbres.
ToRTERO. El huso que se mueve con los dedos; y todos los
objetos que en forma 6 en color representan discos ; asî : botôn
tortero ; pinta torteray etc.
ToRZÔN. Sincope de torcijôn 6 torozôn.
ToTAY {Cocos tota. M.). Palmera de las mas significadas, pues
à la elegancia de su penacho, reune las condiciones de que la
pulpa de su fruto maduroes dulcecomo el dâtil, siendo alimen-
ticia la fécula que contiene la médula del tronco. Destila ademâs
un agua que fermenta â las 24 horas, convirtiéndose en una
especie de chicha natural. Es la providencia del viajero en los
vastos palmarès del corazôn de la America méridional.
ToTORA. Voz quichua. Enea; y totoral^ pajonal detotoras.
ToYA. Aro de cascabeles alrededor de las piemas con el que
los indios acompanan ciertas danzas. Véase TaquirAri.
Tracalada. Montôn. A iracaladas : â montones. Ûsase tam-
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534 CIRO BAYO
bien en Bogota. El erudito Cuervo sospecha si tracaladas viene
de « matracaladas » voz que en igual sentidousaQuevedo en « Las
necedades de Orlando ».
Traça yA. Tortuga pequena â orillas de los nos.
Traido. La parte contraria 6 el adversario con quien se envida
en el juego de azar.
Tramojo. Palo colgado de un collarôn de madera 6 simple-
mente atado a un lazo que se pone a un animal doméstico para que
no entre en un cercado 6 no se aleje. También una horquilla
puesta en el pescuezo con el eje en alto y levantado de manera
que el animal (cerdo ô buey, generalmente) no entre en los cha-
cos 6 en el monte. — Atramojado : que arrastra tramojo. —
Como perro con tramojo = como perro con trabanco ; como
gato con cascabel.
Tranquera. Véase Portada.
Transir. For transigir.
Trapiche. El de madera lo componen très grandes cilindros
que colocados horizontalmente ruedan sobre su eje, y exprimen
en su rotaciôn, unos contra otros, las canas de azùcar.
Trastornar. Trasponer; dar una vuelta 6 rodeo. Asi : al
trastomar una esquina ; al trastornar un cerro.
TravesIa. Véase Desierto.
Trazado. Machete de monte para limpiar maleza y charquear.
Trece (Contar las). Ponerse las botas ; cantar victoria. No
se de donde venga esta expresiôn, como no sea de los puntos que
para ganar se canta en algiin juego de naipes.
Trempe. Las trébedes.
Trenza. Rastra 6 sartade chicharrones. Corrientes es el clâ-
sico pais de los chicharrones tren:(ados que ningiin forastero déjà
de gustar â su paso por la ciudad de las Siete Corrientes.
Trigo. Este rey de los céréales crece en America desde los
2.300 à los 4.000 métros sobre el nivel del mar. Dona Inès
Munoz, la primera espanola que entré en el reino del Peni fué
la que diô el trigo â este pais, el mismo aiio de la fundaciôn de
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 535
Lima (1535), de donde se extendiô â las demâs provincias de
la America Austral. Llevado de Espana â casa de D* Inès un
barril de arroz, como hallara desperdigados algunos granos de
trigo, llena de buen deseo, depositô algunos en una maceta « con
la curiosidad, dice el P. Lobo, que si plantara una mata de cla-
vellinas 6 de albahaca, y con el beneficio y regalo que fué
haciendo â esta su corta sementera, naciô y creciô con notable
lozania y diô muchas y grandes espigas. » Tanta diligencia pusie-
ron los vecinos de Lima en la sementera de la preciosa semilla
que en 1539 se construyeron los primeros molinos harineros del
Perù y secomenzô â fabricar pan. En el espacio de pocos anos
trasplantaron los conquistadores multitud de estas semillas ;
cebada, arroz, centeno, habas, garbanzos, lentejas, frijoles,
alpiste, alfalfa, lino, canamo, sin contar buen numéro de flores,
arbustos, drboles madereros y frutales. Al segundo marido de la
Ceres peruana déhcsQ también en 1560 la plantaciôn de las pri-
meras estacas de olivo, procedentes del Ajarafe de Sevilla, con
la circunstancia de haberse logrado una sola de las dos 6 très que
llegaron vivas. De este primer pie datan todos los renuevos tras-
plantados en tierra austral hasta Chile ; de suerte que â Ribera y
â su mujer Inès Munoz debe gente hispano-americana el pan y
el aceite que recogen en el Nuevo Mundo.
Tripa gorda. El intestino recto de los animales vacuno y
ovino. Una de las achuras en los mataderos.
Tripas dulces y amargas. Las de cordero envueltas en sebo
que se comen lavadas ; y las que se tiran por inutiles para el con-
sumo.
Triste. Tîmido ; corto de genio. — El popular y sentimental
guaiho.
Trompa. Santoniaen italiano. Instrumento metâlico en forma
de herradura con una lengûeta suelta que se hace sonar con el
indice de la mano derecha, en tanto que se aspira el aire, puesto
el aparato en los labios. Los gauchos mendocinos llevan esta
musiquilla en la toquilla del sombrero, como la cuchàra los anti-
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CIRO BAYO
sopistas » de Salamanca y Alcalà. A veces se reunen para
del venado, y la cabalgata dispara por loscampos, sonando
îridas trompas con una variedad diatônica que résulta con-
i y armoniosa como una fanfarria.
MPETA. Bozal hecho de cuero en forma de trompa de paqui-
que se pone â los terneros para que no mamen ô à los
ara que no pasten en vîsperas de una carrera. — « Fulano
trompeta », es un imbécil. Corolario : que trompeta en
►aises es lo dicho y nada mas, y que al instrumento mûsico
imamos trompeta y al que lo toca, se les llama trompa.
MPiLLO. Ârbol maderero.
PA. Manada de bueyes que se arrea de una estancia â otra,
Ds campos à los corrales de abasto y saladeros ; operaciôn
înta y fatigosa por la dispersion de los bueyes en las pam-
/ados que hay que atravesar. Mas penosa es todavia la con-
n de ganado â través del monte ; y asî, los mojenos acos-
in acollararlos de dos en dos, yendo al frente â caballo 6
y sillonero el « marucho » tocando un cuerno que sirve
» â los viajeros para que se aparten de la estrecha senda
)nte por la que ha de pasar la tropa ; asî como para que
yunta extraviada saïga al camino. — Tropa de carrelas,
y tirado por bueyes. Tras las carretas siguen muchos bue-
repuesto (véase Carreta). La tropa de carretas avanza
' majestuosamente en la dilatada llanura, haciendo rechi-
1 formidables ruedas de los pesados armatostes. Las que aun
jlean en la Pampa argentina van adomadas de una larga
. que sale horizontalmente del techo côncavo en que esta
da, y se llama llamador. Â su extremo va una red de la
elga una cola de buey. Hay carretas de dos y très colas,
hay bajàes de dos y très colas, pero de bùfalo. De noche
ga el farol del llamador y de esta guisa cada carreta es un
de la pampa que lentamente anda su camino. En tiempo
cada convoy llevaba un canoncito para defenderse de los
. La tropa va al mando de un capataz, con maestro y
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 537
oficiales. El « maestro » es el carpintero que compone los des-
perfectos de las carretas y recibe un sueldo fijo, haya 6 no haya
necesidad de su trabajo. Por lo demâs, un viaje en carreta, si
bien es atrozmente pesado, es el mejor medio de que el viajero
conozca el pais que atraviesa, por la lentitud de la marcha y por
los escarceos que arma al hombre : se hace à pie ô â caballo,
acompanando la tropa. De esta suerte hice el trayecto, înolvi-
dable para mi, de Trinidad de Mojos â Santa Cruz de la Sierra ;
ciento veinte y sets léguas ^ de regreso de mi expediciôn al Béni y
Madré de Dios (1895-97).
Tropilla. Cuando el gaucho emprende una expediciôn lejana,
V acon una tropilla^ y si no la tiene se la procura en el camino.
La tropilla es una manada de caballos que va suelta siguiendo â
la yegua madrina. Â esta se le arrea en la direcciôn que quiere
el ginete, y enlazândole cuando no se déjà tomar, y maneândola
en los altos de la marcha, los demds caballos se agrupan en tomo
de ella permitiendo al ginete cambiar de cabalgadura. El animal
desensillado sin mds que revolcarse y morder un poco de
yerba del campo signe galopando con la manada, la cual brinca,
retoza y mordisquea la grama sin dejar de seguir à la yegua
madrina, arreada convenientemente con el talero 6 elrebenque.
De este modo el gaucho atraviesa largas distancias sin matar
caballos. El arreo de una tropilla es una de las escenas màs
interesantes de la Pampa.
Troya (â la). Juego infantil. En un circulo descrito en el
suelo se hace rodar un trompo ; los jugadores tiran d dar sobre
él y sacarle del ruedo, lo que se consigue haciendo quihe 6 cachada.
Trozar. Sincope de destrozar. Romper.
Trùa (Estar en). Estar curdo, ebrio.
Truco. Singular. Juego de naipes que en otras partes dicen
truque. « Â trucos », d punetazo limpio.
TRuauERO. El que cuenta los tantos en las canchas de pelota.
También canchero.
TucAn. Hermosa ave del Oriente, muy conocida para ser
descrita aqui.
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538 CIRO BAYO
Tucu 6 Tuco Voz quichua : brillante. Luciérnaga americana ;
curucusi y cocuyo. Vaga lume en el Brasil. De « tucu » dériva
Tucumân (jucu, brillante ; huma, cabeza), cabeza brillante, nom-
bre de un cacique principal de los Lules que conocieron los espa-
iioles cuando conquistaron la provincia. El tucu americano es
muy diferente de la luciérnaga europea. Su luz es perenne y
alumbra por los discos que tiene en la espalda y en la juntura
del pecho con el abdomen, cuando abre las alas. Su tamano
varia segùn la especie : los hay de pulgada y média de longitud.
Su caparazôn es fuerte, de color negro y forma oblonga. Es fitô-
fago é inofensivo. Los indios se lo atan d los dedos del
pie para andar en las noches oscuras, y si conviene, alumbran
sus chozas con una jaula repleta de tucus. Se les cria fâcilmente
metiéndolos en una grillera ; alimentandolos con cana dulce y
cuidando de proporcionarles un baiio diario, sacândolos del agua
apenas se observa que se cansan de nadar. — Manco 6 inùtil de
algiin dedo de una mano.
TucucHO. Vejiga 6 globito hinchado de aire.
TucuRA. Voz quichua. Langosta saltamontes. — Apodo que
en la Altiplanicie boliviana dan d aquellos curas que lo merecen
por sus abusos y simonias.
Tut 6 TARECHE. Véase Carancho.
TujA (A la). Juego infantil que en la Penînsula llaman 0 el
escondite ».
TujURÉ. Otro nombre del api 6 mazamorra.
TuMBADo y tumbadillo. Çielo raso d la usanza antigua, de
grosero lienzo que oculta el techado de las casas viejas 6 de tejas,
d la antigua espanola,que todavîase estilan en Bolivia.
TuMBEAR. Andar de ceca en meca. Ir dando tumbos por
cstos mundos de Dios.
TuMBiTOS. Pedacitos, « charquecitos » de carne d manera de
jigote.
TuMijojo. Nombre que en lengua tacana signifie» « pepita de
piedra » y se da a cierta palmera por la figura de sus cocos llenos
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 539
de aceite, tan bueno, que se emplea para alimentai* laslamparas
de las Iglesias, alla en Misiones donde la liturgia no puede ser
rigida.
TuNA {Cactus opuntia). Chumbera. — El mùsculo biceps , cuya
protuberancia Uaman otros conejo ôsapo.
TuNCUNA 6 MuNDÙcu. El juego a la coxcoja entre muchachos
de tirar la piedra dentro de un cuadro hecho en el suelo y moverla
con un solo pie, que es lo que significa la voz quichua tuncUy de
donde tuncuma.
TuNGSTENO. Cuerpo simple descubierto en America por el
espanol D. Jacinto Elhuyar, fundador en el siglo xviii del Real
Seminario deMineria en Mexico.
TùNaui 6 gallo de roca ÇRupicold peruviand), Ave del tamano
de una paloma y de hermoso color escarlata. En Cochabamba le
llaman chapetôn,
TuNTA. El chuno blanco que se obtiene poniendo la papa 6
la yuca en una excavaciôn que se llena de agua, tapândola con
paja 6 totora. Al cabo de treinta 6 cuarenta dias, la papa se ha
convertido en chuno blanco, en tnntày que por esto se diferencia
del chuno ordinario, que es negruzco.
TupÀ. Dios en lengua guarani. — Tupâ es una interjecciôn
admirativa, mezcla elocuente de sorpresa, de admiraciôn y de
misterio. Se compone de la admiraciôn tu y de la particula inte-
rrogativa pâ, de donde résulta cuando se invocaâ Dios — i Quién
ères tù ? — Parecido al Tupà guarani, en las letras y en la
significaciôn es el Tupac de los antiguos quichuas; nombre de
honor équivalente â Senor 6 Autôcrata. — De Tupac derivan
muchas palabras que significan las insignias usadas por los incas.
Asi : Tupacocha, plancha de oro y piedras preciosas engastadas,
en que seponia la macapacha ô borla impérial ; iupacâuri^ el
cetro incasico ; y Tupac-cocahuriy el vidtico que daba el inca â
sus embajadores : una talega muy pequeiïa llena de maiz,
que por ser del principe, era de gran sustento, porque un grano
quitaba el hambre. Por esto habîm de comer un grano al dia
y tenian que regresar sin acabar la provision.
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540 CIRO BAYO
Tupi. « Lingoa gérai » del Brasil 6 Guarani. Es la lengua
de muchas tribus del Oriente que la hablan con lîgeras modifi-
caciones, pero tantas, que pudieran catalogarse por dialectos. Â
ella pertenecen casi todos los nombres americanos mas en boga
de la faunay flora(aguti, arara, capiguara, nandù, lapir, etc.
TupiciÔN. Espesura ; lo intrincado de un monte.
TupiDO. Enmaranado, como en buen castellano. — Â menu-
do, con frecuencia. Asî : « Bebe tupido ; miente muy iupido. »
TuREREAR. Repetir el eco ; dar vueltas concéntricas como la
casa del turo à caracol.
TuRiRO. Voz tacana : /wn, torcido. Véase termites.
TuRNEO. Bizco 6 bisojo. De ojos turnios.
Turc. La casa del jichi à caracol.
TuRRiA. Voz del argot platense, sinônimo y apocope de ato-
rrante.
TuRRiL. Ânfora 6 vasija grande.
TusA. El eje esponjoso y ligeramente lenoso de la efpiga de
maîz, en donde se forman los granos. Véase Choclo y Marlo.
TusAR. Cortar el pelo ; de donde caballo tusado, que es lo
contrario de caballo crinudo. Entre los campesinos crioUos es
costumbre la de iusar las crînes al caballo, sin duda para mayor
facilidad en el manejo del lazo 6 de las boleadoras, y para evitar
las espinas y obstâculos del monte.
TuscA. Arbusto espinoso de la Puna.
TusTUZ. Por testuz.
TuTA-MiSA. La misa del gallo 6 de Noche Buena. De tuta,
noche en quichua.
TutAchi. Maiz 6 trigo de Guinea. Basta sembrarlo una sola
vez. De sus raîces brotan tallos como canas de azùcar, con unas
espigas que se prefieren a las de cualquier otro maiz.
TuTi. Limpio de algo. Carecer de ello. Asi : Un tuerto esta
tuti de un ojo ; como un cojo esta tuti de una pierna.
TuTUMA. La fruta del tutumo 6 calabacero arbôreo {Crescen-
Ha Cujeta. L.) Fruta en forma de calabaza esférica, de un pie de
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 54 1
diâmetro y de corteza lenosa. Sirve para varies usos domésticos
y se le da arbitraria forma, apretândole, cuando esta madurando,
contra un ârbol ù otro cuerpo duro.
U
UcLE. Variedad de cactus 6 cardon.
UcumAri ô jucumàri como pronuncian los crucenos aspirando
las palabras en hache 6 que ellos suponen que la tienen. — El
oso n^ro de America.
UlAlu. Véase Cardon.
Ulincate. Especie de prisco 6 durazno abridor.
Umeche. La cera végétal de algunas palmeras que molida y
hervida produce una manteca blanca para vêlas, que al encenderse
despide un olor muy suave, y aun los indios la aplican â sus
llagas como bàlsamo.
Unatear. Escamotear ; « tocar el arpa », metafôricamente
hablando.
Urina {Cervus). Especie de cabra montesa. Véase Hurina.
Urpila. Voz quichua. Paloma pequena. Es voz muy exten-
dida desde Tucuman à Colombia.
URRAauEAR (Hacer). Hacer ver las estrellas â alguno. Hacerle
sudar là pita^ como también se dice.
Urubi) ô carranco. Vultùrida. Véase Gallinazo. D'Orbigny,
en su Descripciôn de MojoSy cuenta esto de una de esas aves :
« Uno de estos pâjaros que era el mâs atrevido de la banda y
muy conocido por algunas senales, particularmente porque
cojeaba, asistîa siempre â las distribuciones (de carne) de Con-
cepciôn. Apenas comparecîa por el aire, saludâbanlo con gritos
de alegria todos los indios para quienes era ya un objeto de
diversion ; asi es que jamâs se le hacia el menor dano. Este bien-
venido huésped no habia faltado unasola vez en diez anos consé-
cutives, y estaba ya tan consentido, que se llevaba la carne hasta
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542 CIRO BAYO
de los canastos de los indios. » Estas aves parece que estuvieran
encargadas exdusivamente de la limpieza de campos y çiudades,
pues libran diariamente habitaciones y calles de los animales
muertos y de lasinmundicias de todasclases. En Lima los llaman
« ciudadanos », como que se hombrean con la genre, la cual
nunca incomoda d estosempleados civiles, aunque éstos despiden
un olor poco agradable y perturben el orden piiblico armando
camorra con al;;iin can por disputarse una piltrafa.
UrucO. Voz guarani (Bixa orellanà), Véase Achiote que es el
nombre quichua.
Urundey. Voz guarani. Véase Cuchi.
Urupè. De iirUy cesto, en guarani. — Tamiz ô cedado de
hojas de palma.
Urupero. Barbarismo. Grupera.
Usina. Grosero éinùtil galicismo muy corriente en estos pai-
ses. Fâbrica.
UsuTA. Véase Ojota y Tamango.
Uti possidetis (El) delano 1810. Principio comùn en derecho
americano proclamado por los estadistas de la Independencia
como régla del equilibrio internacional sud-americano. El uti-
possidetis garantiza todo el tefritorio queen 1810 era espaiiol; y à
cada secciôn americana, los limites que en la unidad admînistra-
tiva colonial estaban asignados, como virreinatos, presidencias
6 capitanias générales. Es muletilla cancilleresca que se invoca
en todas las cuestiones de limites entre estas Repiiblicas
australes, â la mayor parte de las cuales « la extension es el
mal que las agobia » (Sarmiento) ; sin que esto obste
para que admitan también el Derecho de conquista procla-
mado por las vièjas monarquias de la caduca Europa^ como con
presunciôn juvenil escriben los publicistas americanos. « El
uti-possideùsy dice el boliviano Diez de Médina, es régla de demar-
caciôn territorial y no mâs; es regulador geogrâfico, no polîtico »
ÇTarija y el uti-possidetis. 1884). Y Manuel Ricardo Trelles :
« Cuando se trata de deslindar un Estado compuesto de determi-
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 543
nado numéro de provincias, el uti possidetis aplicado à las grandes
divisiones gubernativas, â los virreinatos, es aplicable lambién
a las subdivisiones gubernativas de esos virreinatos » (Cuestiôn
de Limites entre la Repùblica Argentina y Bolivid). Ampliando
el sentido del uti- possidetis, anade también otro publicista boli-
viano, Santiago VacaGuzmân, muertoen Buenos Aires en 1886:
« Consolidada la Independencia en 1825, no podfa prevalecer
otra base para la formaciôn de los Estados, que la voluntad de
las provincias, nùcleosque poseian los elementos necesarios para
la vida propia. En oposiciôn d este modo deapreciar la operaciôn
operada por las Colonias, se ha invocado el principio del « Uti-
possidetis de 18 10 », al cual se le atribuyen todas las virtudes
posibles, y que desviado de su verdadero espiritu, vase convir-
tiendo en un mito ; unos lo consideran régla de equilibrio inter-
nacional ; otros fundamento de las nacionalidades americanas ;
muchos le hacen valer como régla de deslinde, dândole una
elasticidad acomodaticia â sus conveniencias. En mi humilde
concepto, el Uti-possidetis no puede ser, como su nombre mismo
lo indica, mâs que un interdicto para acreditar el derecho pose-
sorio; sacarlode su esfera juridica para convertirlo en principio
de Derecho pùblico, es pretender convertir una ley especial en
Côdigo internacional, y confundir las instituciones polîticas con
las leyes civiles y los derechos naturales. »
Vacante (Terreno). En Coroico (Departamento de La Paz)
designan asi la montana ô andén poco culiivado, en terrenos
anexos a haciendas é independientes de ellas.
Vainilla {hpidendum vainilla. L. — Vainilla aroniatica. Siv.).
Orquideas. Planta sarmeniosa y trepadora, abundante en curiches
6 pantanos, enlazândose â los ârboles à manera de yedra, ô im-
plantandose en los troncos para vegetar nuevamente aun separada
de la tierra. El fruto 6 semillas van encerradas en capsulas largas
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544 CIRO BAYO
y gruesas en las extremidades ; verdaderas vainas que al tiempo
de recogerlas, antes de su compléta madurez, son de un rojo
encendido. Estas vainas tan estimadas por el fragante olor que
despiden y por sus propiedades estimulantes y afrodisiacas, se
untan con aceite al recogerse, no tanto para su conservaciôn,
como para que no se resquebrejen al ponerlas à secar al sol.
En el comercio se presentan dasificadas en très especies : vainilla
légitima^ bastarda y vainillôn.
Vampiro. Otra de tantas especies de murciélagos de la Ame-
rica tropical. Atormentan de un modo particular â los animales,
cuya sangre chupan venteando suavemente la herida con las alas.
Lo peor es que casi siempre pican en el mismo sitio, con lo que
la herida se encona y agusana, y el animal se inutiliza para el
trabajo. Los mas grandes despedazan la carne causando una herida
de duraciôn. En estos paîses la W^imzïi Murciélago. Véase Murcié-
lagos.
Vanadio. Es elphmo rojo de Matapàn. Por los anos de 1801
el ingeniero espanol de minas D. Andrés del Rio, famoso por
sus discursos acerca de las vetas metalicas y â la sazôn profesor en
la renombrada Escuela de Mineria de Mexico, estudiando un
plomo rojo procedente deZimapân, descubriô un cuerpo simple
nuevo, al cual llamô eritronio, â causa del color rojo de sus sales.
De esta manera, poco mâs 6 menos, comienza en todos los tra-
tados, diccionariosy enciclopediasdequimica la historia del vana-
dio, sin que luego en la monografia del métal y de sus combina-
ciones, â la hora présente bastante compléta, se vuelva â citar
al sabio espanol, ni se mencione siquiera el trabajo origen de su
descubrimiento.
De perlas debiô parecerle la labor de don Andrés del Rio â
cierto quimico francés de menor cuantia, amigo suyo, résidente
también en Mexico, cuando le hizo abandonar el estudio del
métal que descubriera, para publicar dos anos mâs tarde, en Paris,
la nueva estupenda del hallazgo, en los minérales de plomo,
de otro cuerpo simple, atribuyéndose por de contado la gloria
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 545
del descubrimiento. Mas no logrô sus intentes, pues otros inves-
tigadores hallâronlo en los hierros muy ductiles de Suecia, fabri-
cados con minérales de Taberg, y diéronle el nombre de vanadio,
con que es conocido, en recuerdo de une de los dioses 6 de los
héroes de la mitologii escandinava; asi pasô el descubrimiento
real y positivo de un espanol desde las ardientcs regiones ameri-
canas al helado clima del pais del Sol a média noche, y de esta
manera se hizo que solo quede un levé recuerdo de su obra,
consignado en brevisimas Hneas, puestas al comienzo de la histo-
ria de un cuerpo simple, bien poco notable hasta ahora cierta-
mente, pero muy bien estudiado, sobre todo por varios insignes
quimicos ingleses y alemanes.
Fué necesario que trascurriera casi un siglo para encontrar
medios de aplicar el vanadio y sus carburos en la industria, y el
mismo tiempo ha pasado sin apenas saberse en Espana que un
espanol lo habîa descubierto.
VAauiTA. Crisolema'de cuerpo redondo y oprimido como una
lenteja. Algunas son de un vivo esmeralda, y otras como un
ascua de oro.
Vara (La). Dos estrellas Alfa y Beta del Centauro, que d la
distancia que se las ve, aparentan estar distanciadas una vara.
Varchilôn. Ordenanza sanitario 6 a)aidante del cirujano
militar. — El curandero que ejerce clandestinamente la medi-
cina.
Varear. Ejercitar los caballos inmediatamente antes de correr
una carrera. Ejercicio muy bien descrito por el escritor uruguayo
Magarinos Cervantes. « ; Cancha ! j cancha ! senores », grita-
ron los jueces nombrados para presidir las carreras y dirimir
cualquier disputa que pudiera tener lugar. Los espectadores al oir
la palabra sacramental con que generalmente empiezan estas
diversiones, se abrieron â derecha é izquierda, repitiendo j can-
cha, cancha ! ; palabras que pronunciadas por mil voces distintas,
producia en la apinada muchedumbre el mismo efecto que la
férrea quilla de un bergantin que vuela dividiendo las movibles
Revue hisftaniqme. xiv. )$
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546 CIRO BAYO
aguas del mar, acariciado por las brisas nocturnas. En menos de
diez minutes se formô una larga calle... Los jueces hicieron cua-
tro rayas en el suelo con intervalos de cien pasos entre cada una.
Los corredores se colocaron en la primera y â una senal suya
comenzaron los « vareos » que consisten en lo que vamos a
referir. Primero marchan ambos ginetes, paso d paso, hasta la
segunda raya y volviendo atras ; luego al trote, hasta la tercera,
y retrocediendo igual mente ; después, al galope, hasta la cuarta,
tornando à colocarse en la primera, procurando siemprecada
uno tener el impetu de su caballo, â fin de inspirar con-
fianza â su adversario. En seguida galoparon cuatro 6 cinco
veces desde la primera à la segunda, tercera y cuarta lînea,
sucesivamente ; y cuando los que pisaban juntos la ùltima raya
gritan j ahora!, respondieron los ginetes i ahora ! y se lanzaron
â toda brida, seguidos de los jueces y de la multitud que se reple-
gaba tras ellos à medida que pasaban delante de ella, devorando
el espacio. »
Vascos (Fonda de). Sitio de réunion donde se arma mucho
ruido y jarana.
Velay. Interjecciôn muy usada de Tucumân para arriba, pero
que se diferencia del \ velay! de Valladolid. El velay de Castilla
équivale â ahi verâ usted ; mientras que la acepciôn americana es
idéntica al voilà francés, es decir hé aqui. — V. gr. « Tràeme el
sombrero. » — Velay ^ sehoTy dice el mucamo 6 servicial al pre-
sentar la prenda. — « Préstame un peso. » — Felay^ dira el
interpelado bien se lo dé, bien le ensene el portamonedas vacio.
Velorio. Velatorio. Guardia que se hace de noche â los
difuntos, para la que convida la familia â toda la vecindad. Tam-
bien la que se hace â las imâgenes sagradas en casa, la vispera de
su fiesta. Los velorios de la carapaiia son singularmente tipicos,
en especial los que se celebran por un nino muerto, en cual case
se baila, se bebe y ainda mais â favordela noche y en la playadel
rancho. Pulpero hay en Buenos Aires que alquila el cadâver de
un infante para poder el beberaje de la noche y explotar d la
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PROVINCIAUSMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 547
gauchada que allî se reune. — Quimera. a Ver velorios », ver
visiones. — i Velorios â mî ? — ^ Â mî con esas ?
Venado. Véase guanaco.
Venenos. Muchos y muy variados son los que se confeccio-
nan con plantas y résinas americanas, y cuyo secreto guardan
los indios, hasta el punto que los neôfitos de las Misiones se
resisten a divulgar. Por esto es dificil dar el nombre botânico de
los végétales que producen alguno de los tôsigos que voy â con-
signar. Sabido es como se prépara el curare. El curare se emplea
solo para la caza ; pero hay otros venenos que matan al hombre ;
uno de ellos preparado con un salitre que blanquea la tierra â
la sombra de unârbol especial, especie de manzanillo, cuya som-
bra tiene fama de ser deletérea y lo es, pues ni yerba crece â sus
pies. Raspando este salitre, se le hace hervir; filtran luego la
disoluciôn y recogen los cristales después de evaporada el agua.
Cuando un indio quiere deshacerse de su enemigo, se pone entre
la carne y la una del pulgar de la mano derecha un poco de
polvo de esta sal ; convida â otros primero con el marlpi à cala-
baza Uena de chicha i fin de no infiindir sospecha, y cuando
llega el tumo de servir â la victima, mete disimuladamente el
pulgar en el licor y lo envenenade modo que el que bebe debecaer
de muerte casi fulminante. En la guerra arrojan con una honda
una bola de greda con espinas untadas de este veneno, que al
inocularse en la sangre produce anâlogos efectos que en el apa-
rato digestivo. Otros venenos producen una disenteria pertinaz,
vahidos, somnolencia, aniquilamiento, etc. ;todo el repertorio, en
fin, de Locusta. Véase Bejucos.
Venia (La). El saludo militar.
Venta. Especie caballar. — Los animales caballares se vendent/
corte y d elegir.
Para que una venta al corte se efectùe de un modo justo y
equitativo, es menester que el corte reparta proporcionalmente
en los dos lotes los animales buenos y los animales inferiores,
y para conseguirlo, es menester moverlos para mezclarlos bien
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548 CIRO BAYO
antes de efectuar el corte. Pero ese procéder no puede emplearse
sino cuando los potrillos son grandes ya y de edad de destetarse.
Habiendo potrillos chicos, es preciso parar rodeo à la yeguada
y efectuar el corte cuando los animales estân tranquilos, para
evitar de separar potrillos de sus madrés. Asi mismo, una vez
operado el corte, es menester tener los dos lotes durante algùn
tiempo â corta distancia uno de otro, para que los potrillos vuel-
van â junurse con sus madrés, si algunos se han apartado de
ellas.
Las yeguas se compran a elegir para la cria ô para los salade-
ros. Para los saladeros, donde se utilizan las yeguas gordas, se
distinguen dos grados de gordura : de coyote y de medio cogote.
Hacienda vactina, — Los animales vacunos, lo mismo que los
caballares, se venden al corte 6 â elegir.
En las ventas al corte, la costumbre mas gênerai es que los
terneros vayan por muertos 6 que vayan dos por uno, desde el
mes de Agosto, época en que empieza la pariciôn, hasta el pri-
mero de Enero, y de Enero en adelante, se da por lograda la
pariciôn y se hace entrar en la cuenta todo lo que camina.
Las diferentes clases de animales que componen una hacienda
al corte : toros, novillos, vacas, toritos, vaquillonas y terneros no
se encuentran siempre en la misma proporciôn. Se considéra
excelente compra, cuando la hacienda contiene el 20 % de novi-
llos, buena compra cuando contiene el 15 % y mediana compra
cuando contiene el 12 ^'/o. Si los novillos no alcanzan al 12 % la
compra es mala. En una hacienda al cône, a mas de la propor-
ciôn de novillos que hemosindicado, se calcula el 6 % de toros
y del 25 al 35 7o de vacas de vientre; el resto se compone de
toritos, vaquillonas y terneros.
En cuanto al modo de cortar el ganado vacuno, debe obser-
varse las disposiciones que hemos indicado al hablar de la especie
caballar.
Si se trata de compra â elegir para cria, los animales deben
llenar las condiciones que hemos indicado al hablar de los repro-
ductores.
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 549
Hacienda lanar. — Los animales lanares se venden al carie 6 à
sacar de la pata.
Si el corte se hace en el campo, después de mover la majada
para que todas las clases de animales se mezclen bien el que debe
hacer el corte entra al trotecito, indicando a los que lo siguen y
que entran uno tras de otro en el corte hecho, cual es la punta
que va d llevar. Una vez cortada la majada, se tiene algiin tiempo
los dos lotes a alguna distancia uno de otro, para que si algunos
corderos se han apartado de sus madrés, vuelvan â j un tarse con
ellas. En seguida se Ueva la punta comprada al corral para
contar las ovejas y marcarlas con pintura, alquitrân 6 tiza,
para poder reconocerlas si sobreviene alguna mestura en el
camino.
Las ventas al sacar de la pata, se hacen del modo siguiente :
el comprador mira las ovejas en el chiquero, y cuando ve alguna
que le gusta, la agarra de la pata y se pasa al traschiquero.
La compra al sacar de la pata no da derecho al comprador de
voltear las ovejas, como lo creen equivocadamente algunas per-
sonas, si no se ha incluido esa condiciôn en el contrato. Cuando
se venden ovejas al sacar de la pata, toda oveja que agarra
el comprador es suya y debe apartarse pasândola al traschi-
quero.
VENTANiLLAs(Las). Las horas de la salida y de la puesta del sol,
que efectiva y respectivamente son las ventanas del dîa y de la
noche.
Verdugôn. Arruga que hace el calzado en el pie. — Roturade
la ropa.
VergOenza (La). Arcaismo muy comùn en America, para signi-
ficar el liston 6 larguero de pucrtas y ventanas.
Verônica. Matôn negro que como el manto de las « tapadas »
llevan con mucha gracia las seiioras chilenas, peruanas y boli-
vianas (véase Tipov). Usanlo encuadrando con él la cara, d
modo de mantilla, liandolo al cuello y cubricndo en ancho
vuelo todo el cucrpo. Usanlo para asistcncias rcligiosas y para
lutos.
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550 CIRO BAYO
Verraco. Roedor parecido â la vizcacha que se halla en las
provincias del Norte de la Argentina.
Versus. Termine juridico équivalente â « contra». Pônese
entre el nombre de ambas gentes litigantes. Asî : « Pérez versus
Perecito. »
Vespasiana. Llaman asi en Buenos Aires la columna min-
gitoria, como en ciertas localidades europeas.
ViCTiMAR. Matar; asesinar : es neologismo en esta ùltima
significaciôn. Los diarios acostumbran referir asî un crimen :
Ayer fué victiniado en la calle X, fulano por mengano. El victi-
mario se diô â la fuga sin que el gallo policial de la esquina se
enterara del hecho hasta que el pùblico, etc.
• VicuNA (Àncheunia vicunnia. — Camelus vicunna. L.). Perte-
nece como la llama y la alpaca al género de los camélidos. A la
variedad doméstica de la vacuna llama alpaca en Bolivia ; y la
lana de una y otra especie sirve para la fabricaciôn de los pon-
chos mis finos. En la Repûblica Argentina la caza de estos ani-
males es insignificante en comparaciôn del Perù y Bolivia. Solo
las provincias de Jujuy y Catamarca cuentan con algunos gana-
dos de Hamas y alpacas. En esta ùltima provincia, lo mismo que
en la cordillera boliviana y peruana, las vicunas se hallan todavia
en grandes rebanos. Para la caza de estos animales se organizan
chacos 6 caarias de mangUy las cuales hasta que el gobierno las
reglamentô, eran una verdadera hécatombe de ese animal pre-
cioso, que poco â poco desaparecerâ. Véase Chaco.
ViCHAR. Espiar; atisbar.
ViCHE. La octava parte de la fanega boliviana.
ViDALiTA. Canciôn de los paisanos de Santiago del Estero, que
corresponde al triste 6 guaiiio de Bolivia.
Los paisanos en Santiago
cuando reciben visita,
lo primero que acostumbran
es cantar la vidait ta,
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PROVINCI A LISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 55 I
cantan los portenos, con la sorna que los castellanos :
Los gallegos en Galicîa
cuando van en procesiôn, etc.
ViNAL. Arbusto médicinal para los ojos.
ViNCHA. Panuelo que cine las sienes de varias maneras : ora
a guisa de birrete de enfermo, ora como turbante, ora como
« cachirulo » aragonés, y esto es lo mas comùn, pues la vincha
dériva del panuelo 6 cinta que los caciques pampas se ponen como
emblema de sabidurîa. El gaucho porteno se cine la vincha en
las carreras, en las boleadas y en todo ejercicio ecuestre en que
estorba el sombrero.
ViNCHUCA. Insecto del género Ixodes. Bicho que infesta los
lugares sucios, en especial los tambos y las chozas de los indios
de la Cordillera. Habita lo mismo en los lugares frîos que en los
câlidos, escogiendo las horas de la noche en que estân dur-
miendo los viajeros, para chuparles la sangre. Parece que la vin-
chuca es bastante inteligente para mantenerse invisible todo el
rato que la luz esta encendida, pues asî que esta se apaga,
aquélla se descuelga del techo con tanta précision que viene à
caer perpendicularmente sobre la frente 6 la nariz del durmiente.
For esto, la mejor receta para librarse de las. vinchucas, es arre-
bujarse bien en las cobijas, medio muy Uevadero y hasta conve-
niente en la frigida altiplanicie.
VinerIa. Tienda 6 despacho de vino.
ViRA-viRA. Véase Bira.
ViRACOCHA. Senorito, patron. Dictado familiar que se da i los
caballeros en los departamentos de habla quichua. Firacochaevâ el
epîteto del Sol, el dios que adoraban los peruanos ; de ahî que
tomando â los espanoles por hijos del sol, les Uamaran viracochas,
— « Viracocha » 6 Rey Caballero : nombre del Inca VIH.
ViRLUCHO. Casquete cônico con borla y orejeras. Gorro de
dormir.
ViRUELA. En periôdicos é informes médicos veo la aficiôn de
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552 CIRO BAYO
muchos americanos a escribir virhtiela con lo que verdadera-
mente tocan la vihuela de la gramâtica. Conste que viruela se
escribe sin hache y conste tarabién que el remedio contra esta
terrible enfermedad, la vacuna, descubierta por Jenner, practi-
cada y reconocida en 1779 en la Gran Bretana, fué aplicada j>or
Espana en America, très anos después, en 1802. En este ano el
Gobierno de Madrid despachô de Câdiz varias fragatas a los
virreinatos y Capitanias générales con facultatîvos y suficiente
numéro de ninos a bordo para procurar la vacuna de nino â
nino durante el viaje y extender la prâctica al continente é islas
de America. Suceso que celebrô dignamente D. Manuel José
Quintana en su oda A la Expediciôn espahola para la propaga-
Cîôtt de la vacuna en America bajo la direcciôn de D, Francisco Bal-
mis.
Visita. Langosta saltona.
ViUDA. El zirù guarani, de color verde brillante. Ave solitaria
y de canto lastimero.
ViUDFFA. Avecilla blanca con el pico negro. — Salir le â uno
la viudiia à la viuda : salir chasqueado ; con la puerta en las
narices.
ViVAR. Victorear ; dar vivas. Voz mas propia que ovacionar y
victorear.
VizcACHA {Lagostomus trichodaciylus. Azara). Varias especies.
Conejo de la Pampa, cuis 6 conejillo de Indias. Vi:^cacha es el
nombre quichua de la mayor especie de estos roedores. Es de
cola peluda como la de la zorra, barriga blanca y asentaderas ca-
llosas sobre las cuales se sienta graciosamente en la entrada de
sus cuevas 6 a las orillas del camino. En tiempo de los incas, los
peruanos hacian con la piel de vizcacha bellas estofas, y en Chile
actualmente se emplea para la fabricaciôn de sombreros. Su came
despreciada por los paisanos de Buenos Aires, se corne en otros
puntos ; y en todas partes se persigue el bicho por su voracidad
y trabajo de zapa. En el campo de Buenos Aires se ven las « viz-
cachicidas » ô mâquinas para la dcstrucciôn de vizcacbas por
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 5)3
medio de la asfixia que produce el humo del azufre que hay en
una hornilla. Es industria lucrativa, hasta el punto de haberse
visto pagar dos mil pesos nacionales por cuatro léguas que se
limpiaron de vizcachas. En los Estados Unidos Ilaman prairie dogs à
ciertos roedores de pradera de una especie andlc^a a las vi:(cachaSy
con su mismo sistema de cavar huecos y andar a saltitos. En
ambas Américas, estos roedores tienen por centinela un buho
particular (noctua vulgàris. D'Orb.) que se halla siempre a la
entrada de las vizcacheras y disputa el domicilio d los mismos
roedores. Véase Lechuza.
ViZNAGA, que asî se escribe sin duda para diferenciarla de la
Biznaga castellana. — Lo que sirve, papel 6 pano, para limpiarse
la cara de atrâs. « Servir para viznagas » : servir para limpiarse
la idem de idem. Véase Palfix).
VolantIn. Otro nombre de la pandorga 6 cometa.
Volantusa. Mujer ambulante y amiga de hacer favores.
VolcAn. Llaman asî en ciertas provincias andinasâ esos torren-
tes de verano que en las quebradas suelen llevarse todo por
delante. Son aludes de agua, barro, ârboles y cantos rodados de
todo calibre. El bramido de su marcha desoladora se oye à la
distancia de algunas léguas, debiendo el viajero encaramarse à
un cerro hasta que Uegue y pase la avenida.
VoLEAR. Véase Bolear.
VoRACEAR. Publicar; vocear.
Vos. En America, como en Inglaterra, no se usa a secas el
pronombre tû sino que se reemplaza por vos que es mds afectivQ.
El patron al criado, el padre al hijo, el maestro a su discîpulo,
les llaman de vês al estilo de los antiguos castellanos y como
hacen hablar los novelistas românticos a sus personajes. El vos
segun Gaspar Teseja (en sus Cartûs mensajeras\ a mediados del
siglo XVI era tratamiento inferior, al que seguia el impersonal y
Xuego vuestra merced. En Santa Cruz, ciudad de blancos, todos
los de esta raza se voseaban entre si, con exclusion de quien
quicra que fucse indio, 6 cholo, ô colla. Tratâbansc de tû los
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5S4 CÏRO BAYO
iguales ; el inferior hablando con el superior usaba de la segunda
del plural. Â los collas mas décentes se les trataba con el rigido
y etiquetero « usted » (René Moreno). Este uso del vos criollo
esta afeado por la costumbre de construirlo con el singular de
los verbos ; asî : dame vos; i tenés vos ?; escuchâ vos, Lo cual
es un solecismo, y segûn Bello, una comipciôn insoponable.
« Enhorabuena, — anade Seijas, — que uséis el tratamiento
de vos por /fi, asî daréis â vuestro lenguaje un sabor novelesco
algo chocante por lo vulgar ; pero pide la gramâtica que digâis :
vos tenéis, gozâis, pensais ; venid, sacad, callad, etc., y no tenés,
gozâs, pensas, venî, sacâ y callâ. Pero si os han de tener por
redicho signe no màs ttl que me oyes hablando con vos. Yo daria
algo por no escuchar este vulgar é insoportable vos. » Esta cen-
sura de Seijas me parece exagerada ; porque si bien es verdad
que gramaticalmente este vos es una disparatada, otra cosa es
oido en la intimidad del hogar ô con el acento que le da el
afecto ô la pasiôn; resultando un tratamiento, si incorrecto,
muy afectivo, sin la aspereza del /«, ni la rigidez del usted.
Yacami 6 corcovado. Singular gallinâcea muy abundante en
los bosques del Béni, Madré de Dios, Acre y Punis. Especie de
Pénélope à yacù (véase MutiJn). Es como una pavita, de cabeza
negra, cuello violâceo y cuerpo de hermoso plumaje negro ater-
ciopelado, con plumas encerradas en la rabadilla, y blancas en el
pecho. Llâmasela también « corcovado », porque tiene el cuello
enarcado lo que le hace parecer que anda coq la cabeza baja,
sobre todo cuando se acerca una persona que ella conozca, alre-
dedor de la cual da vueltas, abriendo las alas y cacareando en
voz baja ; por lo que los naturales dicen que saluda y hâce zale-
mas. Su grito reducido â algunos golpes secos que concluyen
con eco apagado, le dan fama de ventrilocua, facultad que hace
resaltar cuando oye cantos ô alboroto en la casa, ruidos que
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 555
parece animan el ave. S^ domestica fâcilmente ; sôlo que vive
en perpétua discordia con las aves de corral : con las gallinas
porque les quita los polluelos para cuidarlo él, y con los gallos
porque los pelea â cada rato. Atrévese también con los perros
entre loscuales se interpone valientemente cuando rinen dos de
ellos.
Yacaré. Nombre guarani del caïman . Caimân es d su vez voz
del dialecto galibi del Brasil ; caiy moverse ; mariy no ; es decir
que no se mueve. Los caimanes americanos se subdividen en dos
especies : el Lacer ta iguatta (L.), largo de dos varas, inofensivo
y de cola comestible ; y el verdadero caimân que es el Lacerta
alligator y de color oscuro y tamaiîo variable, de cuatro i seis
varas. Como observa d'Orbigny, el tamano de los caimanes esta
en proporciôn con los nos que habitan. Sus fauces estân ador-
nadas con una doble hilera de sesenta dientes arriba y otrostan-
tos abajo. Junto à la encia inferior y al ano tienen dos boisas
con almizcle. Este almizcle en el animal vivo es pastoso como
la miel, pero al contacto del aire se solidifica en pedazos de
color oscuro, de amargo sabor. Los dientes del caimân los tie-
nen los indios como amuletos contra el veneno de las serpientes
y para expeler las secundinas del parto.
Yacôn ô haricona. Tubérculo sacarino.
Yaguané. Voz auca : el piojo. — Animal de pelo oscuro y
lomo y barriga blancos.
Yaguarete ô jaguar. Véase Jaguar. Voz guarani ; de guara :
corredor.
Yajo. Peto manso cuya colmena como herrada volcada pone
en los arbustos y pajonales altos.
Yanacona. Del quichua yana^ criado ; 6 yankarunaSy gente
de balde, como actualmente se Uama â los arrimantes 6 colonos
de la indiada sujeta â la tasa 6 contribuciôn indigenal. En
tiempo de la dominaciôn inca, los yanaconas componîan la clase
inferior del pueblo, especie de parias ôilotas. — Yanacona. Sacer-
dote al par que curandero y brujo de los indios araonas.
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5S6 CIRO BAYO
Yapa. Napa en Colombia. Palabra que ademâs de signi6car
adehala ô agasajo sobre la venta, se extiende â otras acepciones
siempre en sentido aumentativo. Asî : un chico va âcomprar algo
a la tienda y el mercader para tenerlo por parroquiano le da un
juguete 6 un dulce de yapa ; una taza de café entre amigos es
agradable de tomar, pero mejor si de yapa hay una buena breva ;
à Fulano le robaron el reloj y de yapa el ladrôn le diô una
paliza etc., etc. También se verbaliza, y asi : Yàpeme V, el peso
por descuénteme la pesada del pilon ; y yâpetne V, de este dulce
6 yàpeme el plato; por déme V. mas 6 auménteme el plato. Yapa
es voz quichua derivada indudablemente de llapar, voz minera :
anadir mercurio al horno donde se hace la amalgama de plata,
y es americanismo que debiera aceptarse en la Penînsula.
Yaravi. Canciôn popular. Véase Guaino.
Yaravisca. Véase Lantana.
Yarkta. Végétal combustible de la région de la Puna, que
ramonean las Hamas y cabras.
Yavarè. Palo de dos métros de alto con una piel de tigre 6
plumas de avestruz en la punta de arriba, que sirve de guia y
compas para los bailes de carnaval en Chiquitos, asi como para
convidar al huitorô à juego de pelota.
Yerba. Por antonomasia la Yerba mate, paraguaya 6 té de los
jesuitas (^Ylex paraguanensiSy Lambert; Ylex mate^ Saint-Hilaire ;
Ylex gorgoruiy Spix y Martin). El ârbol de la yerba tiene por lo
comiin la altura de un naranjo, al que se parece por la forma de
las hojas y por otras particularidades. Sus flores son blancas, de
cuatro pétalos, dispuestas en pequenas capsulas en el eje de las
hojas. A veces es tan corpulento el tronco que se necesitan dos
hombres para abrazarlo. Se cria con preferencia en los lugares
altos, frîos y hùmedos, costeando los nos del Paraguay, Misiones
y algunas provincias del Brasil. Villa S. Pedro del Paraguay es
para cl ârbol de la yerba lo que Usrî para el té, y Moka para el
café. Aunque el ârbol de la yerba crece espontâneamente en los
montes, se plantan yerbales artificiales en razôn de la demanda y
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 557
buen precio del articulo. El procedimienio mas aceptado, a lo
menos en el Brasil, es colocar en un recipiente un poco de agua
con potasa hasta que esta sufîcientemente densa para que pueda
flotar un huevo. Échanse entonces en este baiio las semillas de
yerba por veinticuatro horas, pasadas las cuales, se procède à
plantar los granos en lîneas, a très métros de distancia en todo
seniido. La yerba crece bastante aprisa y un agricultor que planta
mil plantas tendra à los cuatro ô cinco anos por cada una, de dos
a très arrobas, es decir, veinte â treinta kilos ; de manera, que si
el dueno de la plantaciôn continua ensanchando su yerbal con
mil plantas annales, en pocos anos tendra una renta que muy
pocos productos podrân igualar, vendiéndose como se vende con
dos pesos de ganancia por cada kilo. Para plantar la yerba segùn
este sistema, es preferible en chacos 6 rozados en el interior del
monte, y resguardada de los vientos por los altos ârboles que
rodean el cerco. Las hojas son que se utilizan para el comercio,
las cuales no estân perfectamenre sazonadas hasta después de très
anos y à fines de invierno, época en que dicen los paraguayos que
el mate esta gordo. Entonces pasan por unos hornos, se las muele,
se las pulveriza y embalan en tercios ô tambores para la exporta-
cion. La yerba mate es rica en âcido lànico, y en cafeîna que en
ciertns especies es abundante. En el comercio se conoccn varias
clases de yerba : pa^'a^^uaya^ argentinùy misionera y paranagtià. Lo
singular es que la yerba mateera considerada como un producto
venenoso hasta que los jesuitas de las misiones guaranies la
dieron al comercio y lo pusieron de moda en los paises del
Plaïa. Segùn hacian decir d los indios, la yerba mate era un
regalo de Santo Tomâs que al venir al Paraguay hizo de un ârbol
anies peligroso, una planta saludable y de regalo.
El mate^ como sencillamente se dice â la infusion de la yerba,
es la dasica bebida del Plata con la que se obsequia a las visitas,
en ranchos y poblados. I^ operaciôn de preparar el mate se
Ilama : cebar mate, i Porqué se dice ccbar, en vez de servir
mate ? l Porqué esta diferencia al designar funciones al parecer
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5S8 CIRO BAYO
anâlogas ? Por la razôn de que no son seniejantes. El cebar mate
bien, es tan drBdl, que en algunas familias antiguas solo lo hacian
sirvientas especiales, Damadas « cebadoras de mate ». La palabra
cebar expresa ademâs la idea de mantener, alimentar, sustentât
algo en estado flbreciente. Se quiere indicar en la frase « cebar
mate » no el acto de llenar el pote à calabacita con agua caliente
sino mantener este mate en condiciones siempre apetitosas. « Es
una funciôn tan sagrada como la de las mismas vestales, para
algunos materos intransigentes » (Arata). La cebadura se opéra
del modo sîguiente. Échase con una cucharilla yerba en el mate
hasta la mitad ô un poco mds, poniendo desde luego la bombilla ;
luego se vierte una ô dos cucharadas de agua fria que se aspi-
ran y se escupen, a fin de limpiar la yerba de las impurezas
tomadas al contacto del aire. Ya en este estado se le va echando
â pulso, d chorro de tétera, agua hirviendo, cuidando de remo-
ver la bombilla para que aparezca en la superficie el color ama-
rillento de la infusion, signo indeleble de que la yerba es buena
y esta â punto de tomarse. Algunos materos acostumbran tomar
desde la segunda echadura dejando la primera al que la cebà, à
la manera que al descorchar una botella se vierte un poco de
vino en copa propia, obsequiando en s^uida â los demâs. Tal
es el mate cimàrrôn ô amargo, que se convierte en dulce sin mâs
que aiiadir â cada toma una cucharadita de azûcar. Cuando la
infusion esta muy aguada, hay que yaparla.
Para tomar el mate se chupa de la bombilla sujetando el mate
con la mano derecha, y uno se acostumbra de tal manera que
por caliente y quemante que esté la cànula, se chupa sin lasti
marse la boca. El mate se sirve en una réunion por toques 6 tur-
nos y es inconveniencia endosarlo â otra persona cuando se tiene
en la mano ; eso del cuidado del cebador ô cebadora que lo sirve
(véase ToauE). Lo que mâs extrana â los que no estân iniciados
en las costumbres del Plata, es la promiscuidad en el uso de la
bombilla, es decir que una sirve pira todos; pero ello es una
aprensiôn que desiiparece pronto, mayormente cuando los pri-
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 559
meros mates se toman después de servirse una mujer de frescos
labios. Por lo demas, la yerba es para los gauchos lo que la coca
para los indios collas ; con ella aplacan el hatnbre y mitigan la
sed^ cualidades que unidas a su tâcil manejo han contribuido à
hacerla bebida nacional. El mate cocido que se da à los niiios y
personas enfermas es lo que en el Paraguay llaman ierere. Véase
Ref reines y Modismos.
Yerbal. Plantaciôn espontânea 6 cultivada de la yerba mate.
Yerbatero. El que se dedica à la explotaciôn de la yerba mate.
Como esta crece espontâneamente, las mas de las veces el yerba-
tero, mâs que agricultor, es un verdadero explorador de los
montes. Lo mismo que el gomero es un buscador de tesoros végé-
tales ; un pionnier que solo 6 aliândose con los indios de la région,
se interna en los bosques para dar con un yerbal, que segiin los
casos, vale lo que el filon de una mina. El hallazgo y denuncia
de yerbales es una pingûe entrada para el fisco del Paraguay y de
la Argentina.
YiSTA. Véase Llucta.
Yocalla. Voz quichua : muchacho, y por extension a los
golfos callejeros de Bolivia. Es notable el « puente de Yocalla »
sobre el Pilcomayo, en el camino de Potosi à Sucre 6 Chuqui-
saca, obra de un solo tranco, y tan dificil que la tradiciôn, aqui
como en todas partes, la atribuye al diablo.
YoMOMO. Especie de tremedal. Lugar blando en terreno firme
en el que inopinadamente se hunden las caballerias. Llâmasele
también puchiche por la analogîa que présenta ese accidente con la
blandura del furùnculo 6 divieso en la epidermis, llamado puchi-
che por los cruceiîos.
YoPEROjOBOBO. Del género Elepo. Vibora larga y estrecha, de
escamas amoratadas sobre fondo castano. Es muy venenosa, y
abunda en el Oriente.
Yuca ÇYatrapa manihot, L. ; Maniât utilissima, Phol.). Eufor-
biâceas. La hay de varias clases, pero la dasificaciôn mas acepiada
y corriente en el pais, es en dulce y brava 6 atnarga. La yuca
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560 CIRO BAYO
dulce se corne asada 6 cocida en tubérculo y figura asada al lado
de los plâtanos asados en el mantel de la mesa, sirviendo de jacû
(véase Jacù). Con ella se hacen varios guisos como las patatas en
los climas templados y frîos. La raîz de la yuca comestible, y
mejor aiin de la amarga à venenosa (asî llamada porque contiene
dcido prùsico), sirve para extraer la farina 6 mandioca, que tam-
bién se divide en dulce y amarga. Esta ùltima se hace rallando
la yuca ; después de pelada y lavada y poniéndola â fermentât,
desapareciendo con la cocciôn los principios deletéreos del jugo
venenosoy constituye el principal alimento de las poblaciones
rurales del Brasil y otros puntos limitrofes, como el Paraguay,
Santa Cruz, el Béni, etc. La harina dulce se obtiene del mismo
modo, pero sin fermentar. La yuca es un arbusto frondoso cuyas
hojas se parecen â las de la higuera. Los bulbos de la raîz son
los que se arrancan para las operaciones antedichas, y guardân-
dolos en lugar hùmedo, cuando llega la hora de plantarlos, se
cortan en pedazos de medio pie y se entierran en agujeros poco
profundos, naciendo nuevos gajos de cada nudo. Es frecuente
hallar en una solâ planta cuarenta yucas largas como los mayo-
res pepinos, pero no conviene arrancarlos sin necesidad, pues
fâcilmente se pudren, mientras que en la sierra crecen mis ymâs
y duran dos anos. Los indios del Oriente y en gênerai todos los
del Amazonas, llevan harina de yuca como avîo para sus viajes
por rio y por tierra. Cada cual va provisto de una talega con la
provision, y para comerla, echan un puiiado en una tututna
llena de agua. Âsi que la harina ha empapado bien, la comen
sirviéndoles al mismo tiempo de comida y refresco. Para hacer
la chicha de yuca se cuece el tubérculo, se muele bien en batanes,
se muquea la pasta y luego se disuelve en agua tibia, dejando que
fermente un dia. En las provincias del Para, Maranôn y Ama-
zonas del Brasil, hacen el tucupi 6 salsa del liquido résultante
del exprimimiento de la harina de yuca. Los cogol los de la yuca,
como los de la mayor parte de las plantas trepadoras, son boni-
simos de comer, rociando antes en agua los que tengan cierta
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PROVINCI ALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANO 56 1
acritud, « Yo los he comido asi, escribe Darwin, y me han pare-
cido casi tan buenos como los espârragos. »
YucuMA. Redecilla a manera de bozal que se pone a los burros
tragineros de heno. Corrupciôn àt jàquima,
YuNGAS (Las). Vallès profundos al pie de la Cordillera de los
Andes, donde la temperatura no baja de 21** centigrados, ni sube
de 45°. En las yungas de los Departamentos de Cochabamba y
La Paz, se produce cacao, coca y toda clase de frutos tropicales,
entre ellos el café de las yungas de la Pâ:(^, famoso en el mundo
entero. Es un café especial del que solo este pais tiene el mono-
polio natural. El color de sus granos es amarillento y éstos son
mucho mayores que las cerezas del café ordinario. Las bayas 6
cerezas se recogen antes de su compléta madurez, si bien en
este estado tienen el aroma que cualquicr otro café cosechado
maduro, y se secan revolviéndolos en fondos de piedra. Esta
clase de café se produce en una de las faldas del lUimani, y mu-
chos lo prefieren al Moka, solo que résulta muy raro, menos por
lo reducido de la producciôn, que por lo dificil y costoso del
transporte, condiciones ambas que lo hacen raro en el comercio.
Como curiosidad debe citarse que entre el café de Yungas, el
mejor es el llamado del Pànteônde Chulumàniy 6 sea de un antiguo
campo santo convertido en cafetal, en Chulumani, capital de la
Provincia de Yungas, distante 28 léguas de La Paz y i 2,11^
métros sobre el nivel del mar. Lo pintoresco de esta situaciôn
topografica de las Yungas al pie. de los nevados andinos,y el con-
traste de su clima tropical con el que pocas léguas mâs arriba se
expérimenta , y sobre todo la opulencia de sus vegas hizo decir
a un escritor paceno, Villamil, que en una de las yungas^ la de
SoratCy estuvo emplazado el Paraiso terrenal y que Adân y Eva
hablaron el aimarâ. El dato positivo histôrico que he recogido es
que las Yungas era el destierro que los incas daban a los serranos
para los cuales el clima abrasador y mal sano de estos valles era una
muerte lenta. El côdigo pénal incasico castigaba, ademàs, con el
confinamiento a las Yungas al que provocando â otro lo mataba
en la pendencia.
Kfvue hispanique, xiv. 36
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s 62 CIRO BAYO
YungueSjos. Los habitantes de Yungas, y muy particularmente
aquellos indios originarios de Ambani, Curva y Chacasini
(Provincia de Munecos), celebrados botânicos del imperio de los
incas y que hasta hoy ejercen su profesiôn de herbolarios (véase
Callahuayas). Al decir de Cortés, emprendcn viajes sin comu-
nicarlo a nadie, porque suponen que el sentimiento de la partida,
que causan a los demàs, trae desgracia. El poderoso estimulo
para que estos indios emprendan viajes de cuatro i ocho anos, es
el presentarse el dia de Corpus 6 del patrono del lugar montados
en un buen mulo enjaezado con chapas de plata, y echar pie i
tierra en medio de la plaza. Desde este momento, hasta los ninos
se estimulan y forman propôsito de viaje.
YusuMA 6 Canelôn. Arbol de corteza aromdtica y muy bus-
cada por los indios araonas del Béni y tacanas de Tumupasi,
para combatir las fiebres. Su madera sirve también en ebanisteria.
YuTA. Voz quichua. Ave rabona ô sin cola. Hacer là yuta.
Hacer novillos. Véase Rocha.
YuYO. Voz quichua. Yerba. Nombre entendido desde la Pata-
gonia al Istmo. — Yuyo vergon:(oso. La sensitiva.
Zafacoca. Riiia; disputa; matete.
Zalles. En el pico Chorolque (Provincia Chichas, del Depar-
tamento de Potosî, en Bolivia), se trabaja una mina de zinc y
bismuto d los 17.000 pies ingleses de elevaciôn sobre el nivel
del mar. Es la mina mas alta del mundo y hasta donde puede
llegar el minero; y es también el punto mis alto habitado por
el hombre segûn lo haceobservar mi distinguido amigoelSenor
Ernesto O. Rûck, rectificando la noticia de que el lugar mis
alto y habitado fuera el otro del Thibet, d 16.000 pies, donde
esta emplazado un monasterio budista. En el inaccesible Cho-
rolque cada pedrôn es una mole de piedra como una casa ; y d
veces sobrepuestos estos pedrones ruedan al menor desequilibrio
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PROVINCIALISMOS ARGENTINOS Y BOLIVIANOS 563
hasta los planes, produciendo formidable estruendo. Estos terre-
nos se llaman en el lugar :(àlleSy y forman vastas extensiones de
cerros. El mincro tiene que escalar estos zallesy trepar por estos
pedrones, valiéndose de cables y guiadores que lo sostienen en
su subida, en medio de un frfo que lo entumece y de un viento
que lo voltea y arrebata si no se sostiene firme en su ascension.
Zamacueca. Variedad de la cueca 6 baile nacional en Chile,
Perù y Bolivia.
Zambardo. Chiripa, casualidad. « Golpe dura, T^ambardo seguro »
es frase favorita entre los billaristas chambones ô principiantes.
Zambo. Hijo de india y negro, y por extension d todo aquel
que tiene el cabello crespo y rizado del zambo.
Zamucos. Indios chiquitanos alzados, de la antigua misiôn de
San Ignacio.
Zanco. Voz quichua. Comida espesa sin caldo, ni salsa. —
Especie de polenta ô borona hecha de maiz con agua hervida.
ZANCUDO.Mosquito.
Zapallo, Voz quichua. Calabacin y calabazas comestibles.
Zapatilla (La). Juego de ninos. La « columna » en Madrid.
Puestos aquéllos en rueda, se van pasando un chicote que el que
esta en el centro trata de coger. En estas intentonas va reci-
biendo chicotazos de aquéllos i cuyas manos va i parar el
chicote, mientras los congregados corean : « Zapatilhy rueda,
rueda. »
Zaramullo. Disparate.
Zarapico y zarapito. Zancuda de color gris que se alimenta
de lombrices de charcas y lagunas.
Zarazo. Se dice de los céréales que estân madurando y de
las maderas ya medio secas. Asî : trigo iara:ip; codro :(ara:(o.
Zarco. Animal de ojos azules, ô de ojos de color distinto uno
de otro.
Zarigueya. Véase Sariga.
Zarzaparrill\ {Smylax Salsaparilla. L.). Planta de tallo sar-
mentoso y nudoso con infinidad de zarcillas delgadas y negras,
que son las médicinales. Hay muchas variedades de zarzaparrilla.
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564 CIRO BAYO
conocidas en el Brasil con el nombre de japecangas, El nombre
genérico de :^ar:^a se le da porque tiene algunas espinas retorci-
das en cada articulaciôn, en las que suelen nacer las hojas. Parri-
lia, porque en la parte inferior de las hojas sobresalen muy mar-
cados unob nervios paralelos y convergentes, cuyos extremos
superiores terminan en el nervio central. La zarzaparrilla se
emplea en medicina, como auxiliar del mercurio.
ZEauE. Vino 6 chicha que ha perdido su fuerza.
ZocoTROLLO. Cosa grande. Asi : « / Que [ocotrollo de libro esta
escribiendo no Poncho I ; / Qui xpcotrollo de pcrro / » — Se dice tam-
bién Tpcoiroco,
ZoNDA. Viento cdlido é impetuoso del Norte, en las travesias
de San Juan y la Rioja, que levanta torbellinos de polvo sali-
troso y arenas de los médanos. Véase Desierto.
ZoNzo. Palabra castellana poco usada en la Peninsula y hasta
â saciedad en America. Sinônimo de tonto, imbécil, desaborido.
Ejemplos : / Que ion:(p ! dice sonriendo una crioUa al galân que
la requiebra. — « No sea usted :^on:^o », grita el maestro à un niiio
torpe; que animal tan ion:^o l
ZoRONGO. Peinado en forma de castana, 6 rodete d la griega con
queantes se tenîa recogida la cabellera. — Pelo postizo que ana-
den las mujeres â su peinado.
ZoRRiNO {Mephitu patagonicus), « Hediondo argentino. » Ani-
mal abundante en America y de una hediondez que se transmite
i regular distancia.
ZoRZAL. Pavode la boda; « primo ».
ZuMAauE. Corteza del cebil que sirve para curtir cueros.
ZuMuauÈ {Cocos botryphord), Palmera muy empinada y la que
mejor sirve para techos de ranchos y casas de campo.
ZuNiACÀ. En las barracas gomeras del Béni, Madré de Dios y
Acre, llaman asi al maiz cocido con almendra 6 mani tostado.
Es el mote chiquitano.
ZuRRARSE. Pederse sin ruido, pero â costa del olfato ageno.
ZuRUBi. Véase Surubi.
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DOCTRINA DE LA DISCRIÇION'
PROLOGO
Deseando llegar al verdadero estado e conosçimiento, dando
grof/as al soberano bien ; consyderando los trabajos e defectos
que se Recresçen por los viçios e deseos abastados de muchas
menguas en los enganos que son en la biuienda desta triste vida ;
conosçiendo en mi las taies menguas, adoleçiendome de mis
proxymos, acorde de ordenar el présente tractado descubriendo
los lazos en que yo cay por mi culpa menospresçiando la doc-
trina de la discriçion por el franco alvedrio z libertad que me fue
dado para vsar de virtudes, syguiendo la mi disuluta sensua-
lidad, enboluiendo me en vanas z viles costunbres. Por lo quai
soy acusado de mi conçençia que cruel mente me atormenta,
Recordandome los yerros e maculas en que cay ; pero toda via
esperando enla misericordia del mi criador z Redewptor Ih«u-
cristo piadoso verdadero Dios z verdadero honbre, esforçandome
en la fee, conortandome en la su esperança, apiadandome en la
su piadad, conosçiendo ser obligado a la verdadera sastifaçion,
atribuyendo los loores a zquel de quien pende todos los bienes
de los quahs yo so obligado a dar cuenta ansy del juyzio e
Razon que me docto como de los vienes tenporales, sy algunos
posey ansy como su despensero de lo quai todo tengo a dar espresa
cuenta.
I. Copié sur le ms. de l'Escorial iv. b. 21, ff. 88-108. Précédemment publié
par Florencio Janer (in Rivad. Poeias casiellanos anteriores al siglo XV , pp. 373-
378). — R. Foulché-Delbosc.
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5 66 PEDRO DE VERAGUE
Abrigando me su manto
Padre z Fijo, spiritu Santo,
Seguire el dulçe canto
Réparable,
Non fablando co« letrados,
Frayres, mowjes z perlados.
De quien somos enformados
En la ley.
Esto pense ordenar
Para el nino administrar,
Por c\ue es malo despulgar
El çamarro.
Cata, moço, abre el ojo
Y non bîuas por antojo ;
Sy te picare el abrojo,
Escarmiewta.
A la Virgen exçelente
Seruiras deuota mewte,
Con glorioso présente
Cada dia.
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REVUE HISPANIQ.UE Tome XIV. PI. 5.
^pîm^d Uni IfcttkiU
^mW orniez ^ «r^tatcm^5eftm^<^
J^<A W tmetiod tmt9o ^btia ^
X
DOCTRINA DE LA DISCRIÇION
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DOCTRIKA DE LA DISCRICION 567
6
Esta es Madré de Dios
Que rruega sienpre por nos ;
Tus fechos todos en gros
Le encomienda.
Es perfecta guamîçion
Los articulos syn quistion :
Do non alcança discriçion
La fe basta.
8
COMIENÇA EL CREDO
DIXO SANT PEDRO
Creo en vn Dios marauilloso,
Padre Todo Poderoso,
En çielo z tierra virtuoso
Cmdor.
9
DIXO SANT lOHAN EVANGELISTA
Creo en Ihesu Cristo,
En forma de pan es visto,
Eternal Fijo e misto
Con el Padre.
10
DIXO SANTIAGO, FIJO DEL ZEBEDEO
De Espiritu Santo conçebido
E de la Virgen nasçido.
Este nos fue prometido
De avcniçio.
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568 PEDRO DE VERAGUE
il
DIXO SariTE ANDRES
Este fiie cruçificado
Muerto z sepultado,
De Pilato otorgado
La sentençia.
12
DIXO SANT FELIPE
Al Infierao deçendio
E sus puertas quchranto :
Los sanxos padres libre
Que le esperauan.
13
DIXO sanro thomas
Padesçio como cordero.
Despues al dia tercero,
Dios z omne verdadero
Resurgio.
14
DIXO SANT BARTOLOME
Por otro Padre profuwdo
Subio al çielo deste mundo ;
En Trenidad es segundo
A la diestra.
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DOCTRINA DE LA DISCRIÇION 569
15
DIXO SANT MATHEO
Este grsLfid Senor potetite
En vn dia çierta mente
Juzgara bien deligente
Biuos e muertos.
16
DIXO SANTIAGO, FIJO DEL ALFEO, Z SANT XIMON
En el Santo spiritu crée,
E en la ygl^xia por qw/en leo
Ser catholico deseo
De les S^wtos.
17
DIXO SANT BERNABE
Yo crée la Remisyon
Qwe Dios fara por su passyon
Alosque daran rrazon
Penitençia.
18
DIXO SANTO MATHIA
Todos Resçuçitaremos
En las carnes que oy tenemos,
Y por cuenta pasaremos
Muy estrecha.
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570 PEDRO DE VERAGUE
19
Dios mostrara su vitoria
A los buenos dando gloria
E a los malos por memoria
Pena syenpre.
20
Scan los tus pensamiewtos
En guardar los mawdamientos,
E faras buenos çimientos
Fe con obra.
21
A Dios ama sobre todo,
Aborresçe falso modo,
Qtt^ este mundo todo es lodo
Y sus ponpas.
22
AMARAS A DIOS SOBRE TODAS LAS COSAS,
E A TU PROXIMO COMO A TY MESMO.
Ama z sirue a vn Dios z trino,
A tu proximo sey begnino,
Este es derecho camino
De saluaçion.
23
NO JURARAS EL NOWBRE DE DIOS EN VANO
Nyn por çielo ni« por tierra
El (\ue jura mucho yerra,
Que peor corta (\ue sierra
En el aima.
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DOCTRINA DE LA DISCRIÇION $71
24
Por jurar a Dios en vano
Vieron mucho mal criV/iano,
Que fizierow de tenprano
Mala fyn .
25
Yo vi vn Renegador,
Disululo fablador ;
Renegando con furor
Espiro.
26
GUARDARAS LAS FIESTAS.
Domingo z fiestas guardaras,
Conprar y vender escusaras,
Los libramiewtos dexaras
Para oiro dia.
27
Escusa caminos z caça,
Juegos, tauernas z plaça,
Destos sale» muygrawd rraça
En las fiestas.
28
ONRRARAS A TUS PADRES SPlVl/UALES
A tus padres honrraras,
Su maiidado co/ipliras,
Sy nofty sepas que faras
A ti dapno.
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572 PEDRO DE VERAGUE.
29
Quie;i a sus padres now obedesçe.
El Senor Dios lo aborresçe ;
Muerte z vida padesçe
Lastymado.
30
NOW DEUE OM«E MATAR NIW COBDIÇIAR MUERTE.
^ De fazer ofendimiewto
Fuye el consentimiento ;
Ni« solo por pensamiento
Now mataras.
31
;\ NON PARAS FORNIÇIO.
De todo dapiioso viçio,
, Por fazer a Dios seruiçio.
En espeçial de forniçio
Te rrefrena.
32
NOW FURTARAS NIW COWSENTIRAS.
De furtar por alguwd arte
Pelo en ty now fallew parte.
Que mas vale obligarte
A pedirlo.
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DOCTRINA DE LA DISCRIÇION 573
33
NOn DIRAS FALSO TESTIMUMIO.
Quien leuanta testimonio
Leuar-lo ha el demonio
Biew garfado, en el puno
A su casa.
34
NOW COBDIÇIARAS LA MUGER CASADA.
Non cobdiçies la casada,
Parienta nin consagrada ;
Por ty now sea q//^brantada
Lealtad.
35
\On COBDIÇIARAS LAS COSAS DE ALGUNO.
Cobdiçias deshordenadas
Trahen perdidas dobladas,
E causan a las vegadas
Muerte segura.
36
LAS SIETE VIRTUDES THEOLOGALES Z CARDINALES.
Très virtudes théologales
E las quatro cardinales
Muestran gracias espeçiales
Todas siete.
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574 PEDRO DE VERAGUE
37
El qtie tanto biew aloinça
Fee, caridad, esperança,
Deste sera su folgança
Muy segura.
38
QuaTKO CARDINALES.
Justiçia muestra grawdeza,
Prudençia z fortaleza,
Fallo que es grawd Riqueza
Tewperawça.
39
LAS QUATORZE OBRAS DE MISERICORDIA
QUE PERTENESÇEN A LA CARIDAD
Esperança perderas,
E la fee quando seras
Delante Dios, veras
Su presençia.
40
Con gratid liberalidad
Faz obras de caridad.
Que la linpia voluwtad
Non peresçe.
41
La caridad es tan alta
Q//^todos bienes alcança,
De quicn non Resçibio falta
Galardon.
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DOCTRINA DE LA DISCRIÇION 573
i2
SIETE SP^WtUALES.
Bien se mostro ser espejo
Dar consejo syn trebejo,
Nuwca vi preso vençejo
Qtu bolase.
43
Détermine por onesto
Ouiew en mostrar esta presto,
E muestra sienpr^ su gesto
Agradable.
44
Caridad sabe quai es :
Perdonar sy mal qw^rres,
E tornar lo qtt€ tenes
Mal ganado.
45
Tus pensamientos passiuos
Deuen ser cowtenplatiuos ;
Por los muertos y los biuos
Rogaras.
46
Pues co«solaçion qw/ssiste
Quando trabajo touiste,
Por ty sea bien en triste
Co//solado.
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57^ PEDRO DE VERAGUE
il
Es vn grado virtuoso
Conportar al enojoso,
E mostrar gesto gr^fioso
Syn maliçia.
48
Castiga todo errante
Mas con graçioso senblante,
Coiîio fyno diamawte
Claro z fuerte.
49
LAS SIETE CORPORALES
Deues vestir al desnudo,
Y tener te han por sesudo
Quando tengas por escudo
Buenas obras.
50
Vesitar deues al pobre,
Awnque Ropa non te sobre,
Por que la tu aima cobre
La corona.
51
Deues fartar al fanbriento,
Dar a beuer al sediento,
E sacar por Rendimiewto
Al cabtiuo.
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DOCTRINA DE LA DISCRIÇION 577
52
Al enferme vesytando
E al muerto soterrawdo,
Por estos vados pasawdo
Yras en paz.
53
Con caridad exçelente
Claro yra el siruiente
Qtie leuara tal présente
Ante Dios.
Si
LOS SYETE PECADOS MORTALES.
Allende de bien obrar
Mas deues de trabajar,
Q«e te tienes de velar
De los pecados.
55
En beuer sey mesurado,
Enel corner hordenado,
Por qtie seas Reparado
En virtudes.
56
AÇIDIA
Aborresçe la tristeza,
Que zu fizo es pereza,
E librar te ha de vileza
Pensamiew/os.
Rex'uf hispaniqut. xiv.
37
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578 PEDRO DE VERAGUE
57
El que. fuere p^rezoso
Syenpre sera deseoso,
Pues non deue ser quexoso
De fortuna.
58
LUXURIA
De luxuria te Refréna,
Fama y seso rroba y pena.
Aima y cuerpo condepna
A todo mal.
59
Grand linpieza es castidad,
Ama y sygue lealtad,
Pon cow Dios tu voluwtad,
Esta seguro.
60
La muger sy Dios me vala,
Discriçîon y seso cala ;
En espeçial de la mala
Te desuia.
61
YWBIDIA
Grand tormento es desigual
Del enbidioso mortal,
Sy oiro tiene buew cabdal
Penado muere.
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DOCTRINA DE LA DISCRIÇION 579
62
Enbidioso mal fadado,
El que sigue tal pecado
En sy mesmo es cuytado
E omeçida.
63
Nuwca medre tal pecado
Syn prouecho auer cuydado,
Biuc triste y peiiado
Porfaçawdo.
64
Los seys otros de cowsuno
Su deleyte ha cada vno :
Este non tiene niwguno
Sy non pena.
65
ÇINCO SENTIDOS.
Çinco sentidos que tienes
Piensa coiho los mantienes
For ellos maies z bienes
Puedes auer.
66
Voluwtad deues vençer.
En gustar, holor y veer,
E biew oyr z taner
Buenas cosas.
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580 PEDRO DE VERAGUE
67
LOS sanxos sacramewtos.
Los Santos Sacramewtos fuwdados
En tierra nnestrà fec liordenados
Por clerigos declarados
Te sera«.
Resçebir santo bautismo,
Confirmaçion, eso mismo
Penitençia syn sofrismo
Es biew fecho.
69
Demandar a Dios perdon
E Resçebir cômuniow,
De matrimonio mewçion
Deues fazer.
70
Escala de saluaçio»
Es la horden de Religion,
De la sana vnçion
Te menbraras.
71
SOBERUIA
Soberuia causa la guerra
Donde todo mal se ençierra,
Aborresçewlo en su tierra
Qw/en la vsa.
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DOCTRINA DE LA DISCRIÇION 581
72
Soberuia es maldiçion.
Que tienew por confusion
Los qite estan en perdiçion
Para sienpre.
73
AUARIÇIA
Fallo que es el avariçia
Causa de mucha maliçia :
Amistança niw justiçia
Non consiente.
n
Sy tienes por quai quicr via
Algo de tirania,
Ante del postrimer dia
Cata enmienda.
75
Los rricos avariçiosos
Tanto que viuaw viçiosos,
De los fechos virtuosos
Fablar basta.
76
Dexaras pasar la yra
Qjte p^wetra mas que vira,
Antes quel mal fagas mira
Quanta dapna.
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582 PEDRO DE VERAGUE
77
Sy te vieres aq«^ado
De tristeza y cuydado,
Piensa quanto has errado
Contra Dios.
78
GULA
Los gastos desordenados
En corner, putas y dados,
Fazen pobres y lazrados
Syn rreparo.
79
TRABAJOS MUWDANOS.
En Dios pone tus fechos,
Esquiua falsos prouechos,
De pobres y de contrechos
Non burlaras.
80
Con Dios non seas estrano :
Vna vez z syn engano
Ho lo menos en el ano
Te cowfiesa.
81
Sy qttteres bien de consuno.
Non digas mal de ninguno ;
Deues oyr en ayuno
Las^nta misa.
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DOCTRINA DE LA DISCRIÇION 583
82
Fagase la oraçion
Con deuoto coraçon,
Que rrogar syn deuoçion
Esobra vana.
Deues bien continuar
La ygkjia para orar,
E sy vieres pedricar
Oye bien.
84
Lo que dîxere faras,
Sus obras esquiuaras
De los que trahew por demas
La vestidura.
85
Sienpre sea tu pensar
En seruir a Dios y hamar,
Que lo al as dexar
Muy en breue.
86
De la muerte grawd senora,
Pecador y pecadora.
Terne sienpre aqw^lla ora
Espantable.
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584 PEDRO DE VERAGUE
87
Mienbrate qtu as de morir,
E piensa lo por beuir ;
Asy podras bien Régir
La tu vida.
Trabaja por bien beuir;
Sy te q///eres del mal partir,
A iienpo de Repentir
Non podras.
89
Qttanào touieres poder,
Now sygas el mal quevcr
Sy non podrias aver
Mal por ello.
90
Paramientes lo que digo :
Sy tuuieres buew amigo
Guardale ; e de enemigo
Te velara5.
91
Nunca créas de ligero;
Aborresçe lisonjero ;
Para el dia postrimero
Te guarnesçe.
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DOCTRINA DE LA DISCRIÇION 585
92
Paguemos lo que deuemos,
Pues que de morir avemos ;
Sy now mal dia tenemos
Senalado.
93
Toma el bien quando viniere;
Sy tu mewgua lo perdiere,
Despues que se te entendiere
Llora en vano.
94
Sy tuuieres bue« asyento,
Now te mude cada viento ;
En tus fechos ten bue« tiento,
Now temeras.
95
Seras rrîco biew andante
Sy Refrénas tu talante
De qualqukr tienpo mudante
Sei pagado.
96
Sy tu senor te da fiebre,
Ames qw^l mal mucho qw/ebre,
Busca con zquel pesebre
Mejoria.
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58e PEDRO DE VERAGUE
97
Con qualqtt/er que fablaras,
Sy la verdad trataras,
El caudal que sacaras
Sera seguro.
98
La huerta de libertad
Détermina la verdad
De qw/en syenpre la bondad
Qttiere seguir.
El amor tiene jurado
Qtt^ now sera perdonado
El que fuere bien amado
Sy no« ama .
100
Ama z sygue buen consejo,
Fuye de perro bermejo,
Por nuevo camino el viejo
Non dexaras.
iOi
De alguno non Retrayas,
Mas avisate non cayas
En tal yerro, por que ayas
De callar.
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DOCTRINA DE LA DISCRIÇION 387
102
Porfaçar es falso juego,
Y de su ganawçia Refiego ;
Non se apaga bien el fuego
Con estopas.
103
Sy por encobrir tus rraças
Yerros de otros profaças,
Quando vieres lo que taças
Lloraraj.
104
Avn que te digan syn sabor,
Dexa estar al Rifador ;
Sy forçado es el Rumfor,
Sufre su miedo.
105
Dexa ponpas z hufana,
E vistete a la llana ;
De toda palabra vana
Te desuia.
106
El que en este rrey mundo quiso
Onrras, Riqw^zas e rîso.
De heredar el parayso
Se despida.
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588 PEDRO DE VERAGUE
107
Ese es pobre mesurado
Hon qw^rer lo mal ganado,
Mas cowtento z pagado
De su parte.
108
Gita, hordena bie« tu vida
G)n cowseio z seso Regida,
Que grand verguença abatida
Es pedir.
109
Seguiras a la mesura
Que es virtud que muchodura,
Sy non ella te segura
De seguirte.
110
El mal falla buew conorte,
El hictj non ha q/n'cn lo comporte ;
Muchos andan en la corte
Por demas.
111
De Senor que sea çeloso,
Listimero z sospcchoso,
Prcsta mente scy manoso
En te partir.
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DOCTRINA DE LA DISCRIÇION 589
112
Grand bien puede cofiqw<:rir,
Q.«/en tCA^prado es en beuir,
E puna por bien seruir
A grand senor.
113
Es obra marauillosa
Buena niuger z fermosa,
Rica z generosa
De parientes.
114
Faze yerro sy non mella
En el tal engxenplo ella,
Ser certes coiho donzella
Bien criada.
115
Fazle firme çerradura
A tu lengua, de figura
Que te avise a la cordura
Lo (\ue digas.
116
Sy vsas de mal dezir,
Fuerça es mucho mentir :
Por ello podras venir
A grand dolor.
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590 PEDRO DE VERAGUE
117
Maguer lo juzguew por feo,
Pon tu casa en buen arreo,
Todavia cow deseo
De conçiençia.
118.
Pon tu vida en buena tasa,
Sy tuuieres cabdal casa,
No» tengas galgo en casa
Que non caçe.
119
Nyn por los profaçadores
Ayan tus fechos vigores,
Plaze a grandes z menores
Co« buen tenple.
120
Dobla blanca z cornado.
En el gastar sey mesurado,
En el gasto mesurado
Para pro.
121
Cada vno se alabe
De fazer lo que en el cabe,
Qiic vsar lo que non sabe
Es peligro.
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DOCTRINA DE LA DISCRIÇION 59 1
122
Fazer obra nueva mewie,
Antes piensa sufiçiewte,
Sy te fallas diligente
Para ello.
123
No» fies en los parientes,
Mas a bondad para miemes,
Sey onesto a las gentes
Co» amor.
124
Sy non fuere de padre o madré.
De hermano, primo, conpadre,
Por demas esta que ladre
El <\ue es pobre.
125
Pobre, viejo z doliente,
Hermano, pn'mo, pariente.
De fablarle solamewte
Se desdena.
126
Sy le veen andar avara
La palabra le da en cara,
Veyendole bueluew la cara
Co« desden.
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592 PEDRO DE VERAGUE
127
Hermanos, pnmos carnales.
En mis trabajos y maies
Como crueles mortales
Me dexarow.
128
Muestran sana ynfengida,
Captelosa z omeçida,
Por veer en mi conosçida
Pobredad.
129
Pensante en esto (\ue sumo
Fazewlo seguwt pr^sumo,
Porqw^ faga poco fumo
En sus casas.
130
Sy me viesen con fauor
Rico, franco z gastador,
Todos me dirien senor,
Grofias boisa.
131
Esto now es marauilla,
Pues es en toda Castilla,
Mas doblada es la mawzilla
En Toledo.
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DOCTRINA DE LA DISCRIÇION 593
132
De parientes y senor,
Dime quai es el mejor.
Respondio el sabîdor :
Pasar syn ellos.
133
Padesçîo bondad antigua.
Pues el muwdo se amortigua,
Yerra qmen now se castigua
De manana.
134
Escarmienten todos en mi,
Que todo lo mio di.
No» me acuerdo sy vos vy
Como vos llaman ?
135
Viuo triste z penado,
Qw^ndo en Dios he bien pewsado,
Fallo me muy cowsolado
De esperança.
136
En mi grand tribulaçion,
Por aver cowsolaçion,
Busco de mi condiçion
Otro tal.
Rame hispmtiîqve. xiv. ^^^
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594 PEDRO DE VERAGUE
137
Maguera qw^ me cowsuelo,
Mi coraçon thrae duelo,
Pesa me de mi ahuelo
Que murio.
138
Viedate de andar cow sueltas
Ni« con malas fagas bueltas,
Quito de todas Rebueltas
Te conoscan.
139
Yo mostrare qw^ïnto valgo,
Piensa bien a lo <\ue salgo,
Por virtudes de fidalgo
Se conosçe.
140
Con vna honça de miel
Bueluew syete honças de fiel,
Ved qtie xarope cruel
Este muwdo.
141
De palaçio z senores
Sy te burlan los fauores,
Conosccias tus dolores
A la vejes.
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DOCTRINA DE LA DISCRIÇION 595
142
Owando fueres moço chico
E avn que tengas padre rrico,
Çiençia y arte te suplico
Que deprewdas.
143
Çiencia y arte es mina de oro ;
Por lo non saber yo lloro ;
Mas vale que grand thesoro
Nin privança.
144
En otra tierra estrana
Avn por bien çiençia y mafia,
Tenemos lo nos en Espaiia
Bien por mal.
145
Dize la antigua cowseia :
La mal ganada oueja,
Mala fyn ha la pelleja
Y su dueiio.
146
Quien desecha su pariente
Por pobreza qtu en el siente,
Now le espère ser présente
A sus pr/esas.
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59^ PEDRO DE VERAGUE
147
Qualqttter que esto leyere,
Sy le bien no» paresçiere,
Rasgue por do q«/siere
Syn Reçelo.
148
Quiew de bondad no« se enoja,
Fallara bien en que escoja,
E por synple qwien se moja
He non lo siente*
149
Aqw^l es que bien entiende
Qw/en castigua z se defiende
De los dapiîos que Reprehende
A los otros.
150
Sy por virtudes lo muestra.
Es su voluntad es presta
De seguir lo que demuestra
Por doctrina.
151
Quien leyere lo présente,
Le suplico huniill mente,
Algund yerro sy lo siente,
Me perdone.
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DOCTRINA DE LA DISCRIÇION 597
152
Para mien tes honde vienes
E guarda bien lo que tienes,
Que la fama y los bienes
Es la howrra.
153
Por muy biew guardar tu ley,
Y por ser leal a tu rrey,
E por defender tu grey
Deuej morir.
154
FFYN
Malos viçios de mi arriedro,
E con todo esto now medro,
Sy now este nowbre Pedro
De Verague.
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LETRILLAS'
Con el son de las ojas
cantan las aues,
y responden las fuentes
al son del ayre.
Quando a las sospechas
de mi pensaroiento
canto en mi instrumento
Uorosas endechas,
quando agudas fléchas
del tirano Amor.
creçen mi dolor
ynsufrible y graue,
responden las fuentes
al son del ayre.
Su dulze armonia
me ofende y enoja,
que aun triste congoja
la misma alegria.
Quando sale el dia
salgo a suspirar,
y quando a llorar
me obligan roisroales,
responden las fuentes
al son del ayre.
Si a la Corte bas,
con las damas de ella
abre los ojos,
y la boisa zierra.
Sus figuras son
pinturas flamencas,
de agradables lejos,
y enojosos zercas.
Son con quien las siruen
cosarias ynglesas
en no guardar fe
y en robar haziendas.
Oluidadas, quieren;
queridas, desprezian ;
lo cnojoso admiten,
lo amable desdefîan.
Son Julio en calor,
Otubre entibieza,
Hebrero en mudanzas,
y Marzo en lasbueltas.
Son yman del gusto
que tras sy le lleban,
y buzanos son
de vna faltriquera.
Aduertido de esto,
la vez que las béas,
abre los ojos
y la boisa zierra.
Hallaras estampas
en damasco hechas,
quiero dezir damas
ques vn asco verlas.
I. Madrid, Biblioteca Nacional, Ms. 3890 (ancien M. 84), ff. 9-57.
R. Foulché-Delbosc.
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LETRILLAS
599
Veras transformada
en blanca vna negra,
que lo que pareze
no daran por ella.
Veras conuertidas
en rubias mil trenzas,
que las martirizan
por que se conviertan.
Hallaras de dientes
algunas hazeras,
con vezinos menos
que el arte las puebla.
Porque no te enganen,
la vez que las veas,
abre los ojos
y la boisa zierra.
Donzella hallaras
que aya sido suegra,
y con todo aquesto
quiere ser donzella.
Casada ay que libra
en si misma letras
para el mismo dia
que a casar la lleban.
Viudas de Siqueo
ay, que a quien las ruega
solo el dezir « sy »
tienen deSiqueas.
Hallaras alli
mil sueltas solteras,
que si el mal es patria,
son finar franzesas.
Lagrimas fingidas,
falsas aparienzias,
lascibos enganos,
burladoras veras.
Veras, pero el tiempo
que durare el verlas,
abre los ojos
y la boisa zierra.
LETRILLA Y VAILE
Que bien vailan las serranas
dia de San Juan el Verde,
en el val de Manzanares,
quando el sol claro amancze.
En mil corros diuididas
con canziones dife rentes,
vnas al pandero cantan
y otras responden alegres.
La mafia de San Juan, damas,
cine el Rey sus armas.
Quai aplica al ynstrumento
la v6z suabe que tiene,
quai cantando da las bueltas
que en tal ocasion dar suelen.
Velissa canto tanbien,
que las margenes suspende,
las claras aguas, las aues,
los olmos, los sauzes verdes.
Libre se mostro cantando,
y burlando de amor quiere
darnos a entender que viue
sin amor, y a fe que nûente.
Al fin tcmplo la zagala
de sus iingidos desdenes
vna parte con las querdas,
y dijo de aquesta suerte :
« A quien digère que los hombres
en ausenzia guardan fe,
yo se lo contradire. »
Respondio Jaçinta entonzes,
que con amor se entretiene :
« Ruego a Dios, pastora yngrata,
que zelos te abrasen sienpre. »
Esto llorando dezia,
quando a los ojos le ofreze
el zielo sus esperanzas
de su Brasildo que viene,
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6oo
LETRILLAS
y dizela enternezida :
« Dulze amor y bien présente,
no os partais de mi presenzia,
y escuchad si acaso os fuerdes.
Nosalgais de nochea caza, el cauallero,
que haze la noche escura, lindo amor,
y muerome de miedo. »
Dejan el sotillo todas,
llebando sobre las frentes
guirnaldas entretegidas
de rosas y de claueles.
Con gran fiesta y regoçîjo,
hazia la uilla se buelben
por la puente Segobiana»
cantando de aqucsta suertc :
« No me los ame nadie
a los mis amores,
no me los ame nadie,
que yo me los aftiare. »
que goçais de la playa
de Barzelona.
Sus gijuelas blancas
y arenillas rojas,
con vuestros christales
rien y retozan.
Graue raagestad
de su cara hermosa,
adorada ymagen
de toda la Europa.
AUy de Diana
las ninfas hermosas
musicas suaues
cantan todas oras.
Todo me repite :
o sagradas olas
que goçais de la playa
de Barzelona.
Vuestras risas me dizen,
sagradas olas,
que gozais de la pla3ra
de Barzelona.
No es milagro altiuo
que viuais gozosas,
pues gozais la playa
mas que milagrosa.
Quando a sus orillas
llegueis venturosas,
ya uereis la causa
que me da congojas.
Bello parayso,
margcn deleitosa,
primauera ethema,
risa del aurora.
Causas verdaderas
dais a la memoria,
Aunque beis que sale humo
de la villa de Alcorcon,
no penseis que cuezen came,
que ollas y pucheros son.
Como Tiene en esta edad
el engano tal potenzia,
pocas vezes la aparienzia
conforma con la verdad ;
haze en secreto amistad
la donzella a quien le aplaze,
y aunque en lo publico haze
virginal demonstraçion,
no penseis que cuezen came,
que ollas y pucheros son.
La casada solizita
a su marido el fabor,
y alcanzarale mejor
que vn descalço carmelita.
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LETRILLAS
éOI
y aunque a la piedad ynmita
quien su petiçion ampara,
si la veldad de su cara
hizo la negoçiaçion,
no penseis que cuezen carne,
que ollas y pucheros son.
Pierde la viuda su esposo,
y aquella noche primera
su huerfano lecho espéra
substituto venturoso,
y aunque su rostro hermoso
en tiernas lagrimas vana
y triste luto acompana
su desleal corazon,
no penseis que cueze carne,
que ollas y pucheros son.
Con rumbo y temeridad
ay ziertas gentes 3mquietas
que salen como cometas
senalando mortandad,
y aunque en la ferozidad
del mostacho y quexa de ante
dejan atras el semblante
de César y Zipion,
no penseis que cuezen came,
que ollas y pucheros son.
Yo se de algun ygnorante
que entre el bulgaço ynperfeto
pasa plaza de discreto
y de muy gran estudiante,
y aunque del Benbo y del Dante,
diga versos de memoria,
antiguedades de historia
y adagios de Zizeron,
no penseis que cueze carne,
que ollas y pucheros son.
Viste vn fingido devoto
saco de roto sayal,
y el bien que se haze a este tal
es echarle en saco roto ;
y aunque en su aparienzia noto
vna vida pénitente,
si es fingido lo aparente
y lo oculto vizios son,
no penseis que cueze came,
que ollas y pucheros son.
Plumas y sombreros grandes
y valonas de Cambray
se yo de alguno que tray,
sin ser soldado de Flandes.
O Musa, no te desmandes,
pero di qualquier vltraje,
que si es valiente en el traje
y no lo es en la ocasion,
no penseis que cueze came,
que ollas y pucheros son.
6
La que me abraso mi fe
sin tocarme en el vestido,
la morena morenica a sido,
la morena morenica fue.
Quien te a mudado, pastor,
siendo libre y înuidiado?
Solo vn amor me a mudado,
que muda mucho el amor.
Y quien fue la que tu fe
a derribado y ronpido ?
La morena morenica a sido,
la morena morenica fue.
Como a podido ofender
tus deseos defendidos ?
Siempre los mas atreuidos
bienen mas presto a caer.
Ya de oy mas bella mare
el venzedor mas rendido.
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n
LETRILLAS
morena morenica a sido,
morena morenica fue.
ilze pensamiento
e bien te atreues,
ito mas eres mio
anto me pierdes.
m a las de amor
e suben al zielo
mires al suelo,
es poco valor,
e bien te atrebes.
8
ay zagala en esu villa,
lia, hermosa como vos,
d me lo demande Dios.
de mi pena y tormento
iel mal que me abeis hecho
estoi yo tan satisfecho
anto vos sin sentimiento,
>i no viuo contento
vermc morir por vos,
il me lo demande Dios.
ibe vn tiempo fortaleza
n que al amor resisti,
fue porque nunca vi
nadie tanta velleza ;
si la naturaleza
I quiso extremarse en vos,
il me lo demande Dios.
) prétende el corazon
, senora, liuertad,
en esto la voluntad
quien sigue a la razon ;
si me muebe pasion
a que la tenga por vos,
mal me lo demande Dios.
Si jamas os oluidare,
Zelia, por otra ninguna,
desuieme la Fortuna
todo quanto deseare ;
si el pensamiento empleare,
senora, en oira que en vos,
mal me lo demande Dios.
Si para que con vos ande
mi cuidado tan perdido,
me viereis arepentido,
Zelia, Dios me lo demande ;
y si de una fe tan grande
no vbiere memoria en vos,
mal os lo demande Dios.
9
Aunque mas os quiera
mis maies contar,
no me dan lugar.
Aunque tenga atreuimiento
de deziros mi tormento,
rezelos de! escarmiento
de poderos enojar
no me dan lugar.
Quando llego mas osado
a deziros mi cuidado,
el corazon de turbado
de un medroso rezelar
no me da lugar.
Vienenme tal vez antojos
de deziros mis enojos,
mas la ueldad de esos ojos
que miran para matar
no me dan lugar.
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LETRILLAS
603
Mas como qucreis que os quente
todo el mal que el aima si ente»
si ya que se me consiente
respondeis a bien librar,
no me dan lugar.
10
A la fe, Gil, ya no puedo
guardar ganado» ni se,
despues que me enamore.
Solia por este prado
guardar mis cabras y ouejas,
y en este campo de quejas
solo guardo mi cuidado :
perdido dejo el ganado
porque solo guardo fe
despues que me enamore.
Ves aquî, Gil, lo que medra
quien a seruirle se anima,
que el arbordonde se anima
consume amor como yedra,
apenas ser hombre o piedra
podra juzgar quien me ve
despues que me enamore.
Gil, tan diferente estoy
de aquel pasado Miguel,
que ya dizen si es aquel
adonde quiera que boy :
como envelesado estoy,
no puede lenernie en pie,
despues que me enamore.
11
Linda buena cara,
seais bien llegada,
cara buena linda.
bien seais venida.
Aqueste domingo,
no muy de manana,
fue Jazinta al prado
la rezien casada.
Dieronle aquel dia,
para ir mas galana,
gala el artifizio
y el natural grazia.
Ella que salia,
yo que la miraba,
con que lindos ojos
que salio de casa !
Quando llego al campo,
dijo vnajitana,
suspensa la vista,
graçiosa la habla :
« Linda buena cara,
deme vna limosna
tu cara de pascua,
que aquesos ojuelos
son de enamorada.
Très Juanes y vn Pedro
penan por tu causa,
casaras dos vezes,
seras bien casada. »
Ella con cuidado
sus joyas guardaba,
lemicndo la alibîe
de tan noble carga ;
y ansi rezelosa, •
la dize se baya,
mas la jitanilla
buelbe a ynportunarla :
« Linda buena cara,
seas bien llegada.
A, cara de rosa,
a, senora hidalga,
buelbeme esos ojos,
no es^tes enojada. »
Diola al fin limosna.
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6o4
LETRILLAS
y sobre las rayas
vna cruz la hizo
en la niano blanca :
« Pariras dos hijos,
la dize la sabia,
y dirate el vno
la misa cantada ;
vema a ser el otro,
si sigue las armas,
capitan o alferez,
querranle las damas.
Linda buena cara,
larga vida tienes,
Dios te la de larga ;
mucha hazienda y bienes
te veman por agua :
viuiras alegre,
aunque te amenazan
dos enfermedades,
mas ya son pasadas. »
Dijo y fuese luego
sin hurtarla nada,
que a tan vellos ojos
nadie los agrabia.
Voluiose con esto
alegre a su casa,
donde Albano y Tirsî
a su puerta cantan :
'( Linda y buena cara,
seais bien llegada ;
cara buena linda,
bien seais venida. »
12
Llaman a la puerta
y espero a mi amor :
todas las aldabadas
me dan en el corazon.
Vêla mi esperanza
por quien se desuela,
que amando rezela
oluido y mudanza ;
culpo su tardanza,
y en fe de mi amor
todas las alilauadas
me dan en el corazon.
En brazos le tîene
otra mas lozana ;
viene la manana
y el traidor no viene ;
mientras se detiene
zentinela soy :
todas las aldabadas
me dan en el corazon.
Hago zentinela
con el pensamiento,
el dolor que siento
me causa la uela ;
mi aima rezela
oluido y temor :
todas las aldauadas
me dan en el corazon.
13
Vête mas de espaçio, amor,
porque si tanto porfîas,
mal podran durar mis dias
con tan continuo dolor.
Templa ya si te pareze
solo de noche mi fuego,
mas no saues como çiego
si es de noche o amaneze ;
si me roba tu rigor
apriesa mis alegrias,
mal podran durar mis dias
con tan continuo dolor.
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LETRILLAS 6o$
Vasten los pasados anos si a la edad del nino amor
sufriendo sin liuertad, me buelben las penas niias,
que ya no sufre mi edad mal podran durar mis dias
tan juueniles enganos ; con tan continue dolor.
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VARIA
Un antôgrafo de Don Juan Manuel.
No tengo noticia de otro autôgrafo conocido de Don Juan Manuel que del
expuesto en una vitrina del Archivo Histôrico Nacional» poco intercsante en
su fondo, ya que es una donaciôn al entonces pueblo de Madrid, y aûn menos
en su forma, pues solo tiene très palabras « yo don Johan » *.
En el Archivo de la Corona de Aragon yace una carta del mismo don
Johan, escrita toda de su mano, mucho mis extensa que una mera suscrip-
ciôn, y por este concepto muy digna de ser reproducida en facsfmil, y tan no-
table literariamente, que puede fîgurar sin desdoro al lado de las demis obras
suyas, à las cuales igualii en correcciôn y pureza. El escritor aparece màs
grande que lo que lo conociaraos por ser esta carta suya mâs espontinea y
no haberla escrito con propôsitos de hacerla pûblica ; el amigo carinoso se
muestra en frases muy delicadas y el cazador entusiasta y orgulloso de sus avios
de caza se retrata de cuerpo entero.
No Ueva fecha de ano, pero yendo dirigida al Rey Alfonso IV, segûn indi-
can las palabras « vuestros hermanos los infantes... don Pedro et. . . don rramon
berengel » hermanos de aquel rey y diciendo haber sido martes el 5 de Enero,
dia de la data, el ano es seguramcnte elde 1332.
El lugar en donde la escribiô es el castillo de Gard Munoz, pueblecito de la
actual provincia de Cuenca, partido judicial de San Clémente, el mismo que
nombra en el « Libro de la caça » al tratar del Obispado de Cuenca.
El facsfmil adjunto es del mismo tamano que el original : al reverso lleva
el sobrescrito también autôgrafo.
Andrés Giménez Soler.
I . Aunque no en facsimil fué publicado en la « Historia de la villa y Corte
de Madrid ».
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>
X
u
o
a.
00
et:
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VARIA 607
Al Rey de Aragon
por
don Johan
Sennor vi la carta de respuesta que me troxo sa(n)cho garcia [et]
dixo me commo loado adios sodés ya bien sano sennor dios sabe el
grand plaser que yo desto he pero tan grand cueyta oue de las nueuas
que aca s... [dejla vuestra dolenvia et tan grand plaser he de la vues-
tra salut que nin lo puedo créer nin puedo bien f(o)lgar fata que vos
vea et por esto quiero vos aperçebir porque mandedes a vuestros caça-
dores que metan mientes en su fazienda que con la merçed de dios
luego sere en valençia con vusco pero si vos queredes que vaya uos
sabet que auedes a mi faser dos cosas la vna por que yo se que el
cuydado embarga mucho a la salut que en quanto yo fuere con vusco
que non fablemos en ningun seso ni en cosa que podades tomar cuy-
dado ni enojo la otra que me dexedes corner mis dineros en vuestra
tierra et enbio uos esto désir desde aca porque si melo [non] otorgar-
des que sepades que non vos yre ver et faser medes en ello muy
grand pesar sennor si esto me otorgades luego sere con vusco e set
seguro que vos et todos vuestros caçadores de aues et de canes vos
veredes en rroydo con el recabdo que yo uos leuare para todas las
caças et porque yo querria que en todo tomassedes uos plaser he
enbiado rogar a vuestros hermanos los infantes que sean y con vusco
porque los pueda yo uer et sea todo el plasçr complido et sea la vues-
tra merçed que enbiedes por don pedro et roge(des) a don rramon
berengel que se non parta de vos. escrita de mi mano enel castiello
martes très dias de enero.
Era el remédia olvidar,
y olvidoseme el retnedio.
Ces deux vers sont célèbres et ce n'est que justice ; je me bornerai à
rappeler qu'ils sont cités — exactement ou non — 1° dans quelques
éditions de la Casa de locos de amor de Quevedo :
Siendo el remedio olvidar,
se me olvidaba el remedio.
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éo8
VARIA
20 dans El parecidoen la Corte de Moreto (jornada II, escena 4) :
DoNA Inès.
Don Fernando.
DoNA Inès.
Tacon.
DoNA Inès.
Tacx)n.
Don Fernando.
Déjà esa aprehension tan vana.
Este olvido es gran rigor.
No se te olvida el amor,
y se te olvida lo hermana ?
No has oido una copliila
de Gil, que eso contradice,
pues le culpas ?
Y que dice ?
Escucha la redondilla :
Dî, porqué no dos un medio
que remédie tu pesar ?
Era el remedio olvidar^
y olvidôseme el remedio.
A la culpa que me impones
con ella he de responderte.
Oye, que satisfacerte
quiero en las mismas razones.
Entre el corazon flechado
y la memoria perdida
una cuestion se ha fonnado :
el te quiere, ella te olvida ;
conque la lid se ha trabado.
El corazon dice pues
que hay un medio que es remedio,
y ella le arguye despues :
« Si un medio el remedio es,
diy porqué no dos un medio ? »
El medio es que el corazon
que ères mi hermana se acuerde ;
mas siendo délia esta accion,
la memoria, que te pierde,
le da luego esta razon :
« No es medio para tu fuego
que yo lo llegue à acordar,
pues si te quito el sosiego,
has menester otro luego
que remédie tu pesar. »
Viendo el daiio la razon
de fuego tan encendido
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VARIA 609
en tan injusta pasion,
siendo culpado el olvido,
rine solo el corazon.
El dice : « Yo, que he de hacer ?
La memoria has de culpar,
que temiendome ofender,
pensô que para querer
era el remedio olvidar, »
La razon condenô luego
que la memoria en la fragua,
a Costa de mi sosiego,
eche del acuerdo el agua
para apagar este fuego.
Annque perdiese mi gloria,
si ejecutase este medio,
fuera mi salud notoria ;
mas faltôme la memoria,
y oluidôseme el remedio,
3«» dans Los Ires afectos de amor de Calderon (jornada III, escena
13):
RosA. Y no se puede dar medio
entre un placer y un pesar ?
Laura. (cantattdo) Era el remedio olvidar,
y olvidôseme el remedio.
La « coplilla de Gil » à laquelle fait allusion le Tacon du Parecido
en la Corte et la redondilla que cite le même personnage ne font-elles
qu'un même quatrain et où en avoir le texte exact ? C'est ce qu'ont
recherché divers érudits, mais sans succès. J'ai été assez heureux pour
trouver dans un manuscrit de la Biblioteca Nacional de Madrid (M. 84,
cote actuelle 3890 ; toi. 38) la pièce suivante :
LETRILLA
— Gil, porque no das vn medio
que dé medio a tu pesar ?
— Era el remedio oluidar,
y oluidôseme el remedio.
Revne httpaniq»e. xiv. 39
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élO VARIA
— Aprende oluido, pastor.
No estes un rudo y dormido.
— Como e de aprender oluido,
si la memoria es amor ?
— Muy lejos esus del medio
que te pudiera sanar.
— Era el remedio oluidar,
y oluidoseme el remedio.
— Déjà vaidos de cabeza,
que amor tray gran pesadumbre.
— Dejara de ser costunbre,
mas es ya naturaleza.
— Otros an buscado medio,
no a sido solo en amar.
— Era el remedio oluidar,
y oluidoseme el remedio.
— A mal recaudo pusiste
lo que te importa en extremo.
— Aun dezillo solo temo,
que oluido es remedio triste.
— Pues si no buscas vn medio,
amores te an de matar.
— Era el remedio oluidar,
y oluidoseme el remedio.
R. Foulché-Delbosc.
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TABLES
DU TOME XIV
1906
I. TABLE PAR NUMÉROS
NUMÉRO 45.
Julio MoREiRA. — Factos de synuxe do portuguôs popular. IV- VIII.. i
R. Foulché-Delbosc. — La traduction latine des Copias de Jorge
Manrique 9
Guiliermo AntoUn. — Sobre cl traductor latino de las Copias de Jorge
Manrique 22
TEXTES
Ferran Nu5ïEZ. — Tractado de amiçiçia, publicado por A. Bonilla y
San Martfn 34
Poésies attribuées à Gôngora 71
Contos populares portuguezes, recolhidos por Z. Consiglieri Pedroso ... 115
NUMÉRO 46.
Ciro Bayo. — Vocabulario de provincialismos argentinos y bolivianos . 24 1
TEXTES
Pedro de Verague. — Doctrina de la discriçion 565
Letrillas $98
VARIA
Andrés Gimènez Soler. — Un autôgrafd de don Juan Manuel 606
R. Foulché-Delbosc. — Era el remed'w ohidar^
y ohndôseme el retnedio 607
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él2 TABLE DES MATIERES
n. TABLE PAR NOMS D'AUTEURS
Anonymes
La traduction latine des Copias de Jorge Manrique, publiée par R. Foulché-
Delbosc 9
Contos populares portuguezes, recolhidos por Z. Consiglieri Pedroso ii $
Letrillas, publiées par R. Foulché-Delbosc 598
Ântolin (Gnillermo)
Sobre el traductor latino de las Copias de Jorge Manrique 22
Bayo (Ciro)
Vocabulario de provincialismos argcntinos y bolivianos 241
Bonilla y San Martin (A.)
Texte. Ferran Nunez. Tractado de amiçiçia 54
Consiglieri Pedroso (Z.)
Texte. Contos populares portuguezes 115
Foulché-Delbosc (R.)
Era el remedio olvidar
y olvidôseme el remedio 607
Texte. La traduction latine des Copias de Jorge Manrique 9
Texte. Poésies attribuées à Gôngora 71
Texte. Pedro de Verague. Doctrina de la discriçion 565
Texte. Letrillas 598
Giménez Soler (Andrés)
Un autôgrafo de don Juan Manuel 606
Gongora
Poésies attribuées à Gôngora, publiées par R. Foulché-Delbosc 71
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TABLE DES MATIÈRES 613
Jnan Mannel
Un autôgrafo de don Juan Manuel, publicado por Andrés Giménez Solcr. 606
Moreira (Julio)
Factos de syntaxe do português popular. IV- VIII i
Nonez (Ferran)
Tractado de amiçiçia, publicado por A. Bonilla y San Martfn 34
Veragae (Pedro de)
Doctrina de la discriçion, publiée par R. Foulché-Delbosc 565
III. PLANCHES HORS TEXTE
1-4. La traduction latine des Copias de Jorge Manrique. Reliure 8-9
$. Doctrina de la discriçion 566-567
6. Autôgrafo de don Juan Manuel 606-607
Le Gérant : M. -A. Desbois.
UACON, MOTAT FREKBt, IMPRIMEURS
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REVUE
HISPANIQUE
Rectteil consacré à Vétude des langues^ des littératures et de Vhistoire
des pays castillans, catalans et portugais
DIRIGE PAR
R- Foulché-Delbosc
Topne XI y, — Numéro 46.
NEW YORK
THE HISPANIC SOCIETY OF AMERICA
AuDUBON Park, West 156111 Street
PARIS
LIBRAIRIE C. KLINCKSIECK, 11, Rue de Lille
1906
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SOMMAIRE
PAGES
Ciro Bayo. — Vocabulario de provincialismos argentiiios y bolivianoî». 241
TEXTES
Pedro de Verague. — Doctrina de ladiscriçion 565
Letrillas $98
VARIA
Andrés Giménez Solkr. — Un autôgrafo de don Juan Manuel 606
R. Foulché-Delhosc. — Erael remedio olvidai\
y olvidôseiiie e1 remedio 607
IBibliotheca hist>anica
Voir à la page 3 de la couverture.
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iBibliotheca hist>anica
I. — Comedia de Calisto z Melibea (Unico texto auiéntico de la Celestina).
Reimpresiôn publicada por R. Foulché-Delbosc 8 pesetas.
II. — Vida del soldado espanol Miguel de Castro (i 593-161 1), escrita por
^ mismo y publicada por A. Paz y Mélia 12 pesetas.
III. — La vida de Lazarillo de Tormes, y de sus fortunas y aduersidades.
Restituciôn de la ediciôn principe por R. Foulché-Delbosc 4 pesetas.
TÏMge sur grand papier du Japon (n'»» i A 15) 2ç pesetas.
IV. — Diego de Neguerucla. Farsa llamada Ardamisa. Réimpression publiée
par Léo Rouanet 4 pesetas.
V. VI, VII, VIII. — Colecciôn de Autos, Farsas, y Coloquios del siglo XVI,
publiée par Léo Rouanet. Les quatre volumes 60 pesetas.
IX. — Obres poétiques de Jordi de Sant Jordi (segles xiv«-xv«), recuUides i
publicades per J. Massô Torrents 4 pesetas.
Tirage sur grand papier du Japon (n<» i à 12) épnisé
X. — Pedro Manuel de Urrea. Penitencia de amor (Burgos, 15 14). Reim-
presiôn publicada por R. Foulché-Delbosc . / 4 pesetas .
XI. — Jorge Manrrique. Copias por ia muerte de su padre. Primera ediciôn
crftica. Publicala R. Foulché-Delbosc. 4 pesetas.
Tirage sur gran 1 papier du Japon (n<*« i & 2$ ) >o peseus.
XII. — Comedia de Calisto z Melibea (Burgos, 1499). Reimpresiôn publicada
por R. Foulché-Delbosc 10 pesetas.
Tirage sur grand papier dn Japon (n»» i à 2$) $o pesetas.
XIII. — Perâlvarez de Ayllôn y Luis Hurtado de Toledo. Comedia Tibalda,
ahora por primera vez publicada segùn la forma original por AdoIfo Bonilla y
San Martin 4 pesetas.
XIV. — Libro de los enganos z los asayamientos de las mugeres. Publfcalo
AdoIfo Bonilla y San Martin 4 pesetas .
XV. — Diego de San Pedro. Carcel de amor (Sevilla, 1492). . . 4 pesetas.
Tirage sur grand papier du Japon (n*» i à 12) 25 pesetas.
XVI. XVII. — Obras poéticas de D. Luis de Gongora, publicadas por
R. Foulché-DelbobC Sous presse.
XVIII. — Spill o Libre de les Dunes per Mestre Jacrae Roig. Ediciôn critica
con las variantes de todas las publicadas y las del Ms. de la Vaticana, prôlogo
estudios y comentarios por Roque Chabds 20 pesetas.
Les volumes de la Bibliothecu hispanica sont en vente à Barcelone (Libraiiie
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of America, Audubon Park, West 156 ''^ Street, New York City;
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SBibliotheca hist>anica
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MAÇON, PROTAT FRERES, IMPRIMEURS.
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"■»i*g Sf
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