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Full text of "Revue hispanique : Recueil consacré á l'étude des langues, des littératures et de l'histoire des pays castillans, catalans et portugais"

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REVUE   HISPANIQUE 


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MACOK,  PROTAT  FRERES,  IMPRIMEURS. 


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REVUE 
HISPANIQUE 

Recueil  consacré  à  Vétiide  des  langtieSy  des  littéraiiires  et  de  l'histoire 
des  pays  castillansy  catalans  et  portugais 

DIRIGÉ   PAR 

R.    Foulché-Delbosc 


TOME    XIV 


NEW  YORK 

THE  HISPANIC  SOCIETY  OF  AMERICA 

AuDUBON  Park,  West  156  th  Street 

PARIS 

LIBRAIRIE  C.  KLINCKSIECK,   11,  Rue  de  Lille 

1906 


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FACTOS    DE    SYNTAXE 
DO   PORTUGUÊS    POPULAR 


IV 


A  lînguagem  do  povo  português  construe  as  oraçôes  relativas 
de  um  modo  muito  différente  da  lingua  litteraria.  Esta,  como  é 
sabido,  possue  os  pronomes  relativos  ^m^,  quem^  invariaveis,  o(ji) 
quai  e  o  plural  os  (as)  quaes  e  cujo  e  quanto  com  flexôes  para  o 
genero  e  para  o  numéro.  De  todas  essas  formas  o  português 
popular,  em  rigor,  s6  conheceyw^,  empregando  tambem  algumas 
vezes  queniy  mas  quasi  sô  quando  quem  esta  com  o  valor  de 
aquelky  que,  como  nos  seguîntes  exemplos  :  «  quem  fizer  isso  serd 
castigado  »  ;  —  «  dâ-se  um  premioa  quem  fizer  isso  ». 

Serd  raro  encontrar  no  fallar  do  povo  esta  forma  referida  a  um 
antécédente,  como  :  «  o  homem  a  quem  eu  entreguei  o  livro  ». 

A  forma  cujo  apparece  uma  ou  outra  vêz,  todavia  usada  apenas 
por  pessoasde  limitada  leitura  e  pretensiosas.  A  sua  construcçào, 
porém,  afasta-se  da  que  é  ensinada  pelos  grammaticos.  Perdeu 
completamente  o  valor  possessivo,  passando  sempre  de  adjectivoa 
substantivo,  e  ficando  a  equivaler  ao  pronome  que,  como  na 
phrase  os  homens  cujos  eu  vi,  em  vez  de  os  homens  que  eu  vi.  Quasi 
sempre  aquella  forma  se  reforça  juntando-se-lhe  o  antécédente  ou 
o  demonstrativo  este^  ou  ainda  outras  palavras,  por  exemplo  :  os 
homens  cujos  homens  eu  viow  cujos  estes  eu  vi. 

O  romancista  Camillo  Castello  Branco  attribue  a  um  préten- 
dante ao  cargo  de  vereador  do  municipio  portuense  trechos  como 

Rgvu»  hispmtifiu,  xiv.  x 


1 74^82  omzeô  by  Google 


JULIO   MOREIRA 


OS  seguintes,  em  que  frisa  este  vicio  de  constmcçao  :  «  Trabalhe 
V.  S*  com  os  cartistas,  que  Barâo  eu  o  farei  logo  que  estejam  em 
cima  o  meu  particular  amigo  José  Bernardo  e  o  mano  Conde, 
cujos  sâo  meus  intimos,  e  a  mînha  filha  Baroneza  vae  tomar  chd 
com  a  condessa  de  Thomar  '  »  ;  «  Tens  razào,  mas  lembra-te  que 
uma  familia  respeitavel  como  nos  estamos  sendo  nesta  cidade  do 
Porto,  devemos  evitar  escandalos  cujos  possam  affectar  a  nossa 
seriedade*  »  ;  «  Minha  filha,  se  nâo  quer  contratos  com  a  Felicia, 
é  porque  é  honrada  de  cujo  eu  muito  a  louvo  ^  ». 

Tal  constmcçao  occorre  até,  de  certo  pordescuido,  emescritos 
de  pessoas  que  devem  suppor-se  illustradas .  Assim  no  Portugal 
Antigo  e  Moderno,  de  Pinho  Leal,  vol.  V,  pag.  40,  o  autor 
escreveu  :  «  O  seu  officio  {dos  meiorinos)  se  exprimia  pela  palavra 
tenenSy  que  vem  de  tenementum,  cuja  palavra,  na  infima  latini- 
dade,  significava  territorium  seu destrictus  alicujus  loci  ». 

Como  acima  dissemos,  cujoàtsxgnz.  posse,  equivalendo  portanto  a 
do  qualy  dos  quaes^  de  queniy  mas  em  um  trecho  da  linguagem 
popular  îmitada  por  Gil  Vicente,  vol.  II,  pag.  506,  apparece  com 
uma  relaçào  différente  da  possessiva,  a  de  origem  ou  provenien- 
cia,  que  tambem  costuma  exprimir-se  pela  preposiçao  de  : 

Eu  sou  o  mor  namorado 
Homem,  que  nunca  se  achou; 
Porem  um  excommungado 
due  o  diabo  excomtnungou, 
Nunca  foi  tao  desamado, 
A  dama  cujo  nasci, 
O  maior  prazer  que  sente, 
É  dizer-me  mal  de  mi  : 
Se  venho,  foged'alli, 
Se  me  vou,  fica  contente. 


1.  A.  CoRjA,  pag.  13. 

2.  Ibid.,  pag.  62. 

3.  Ibid.,  pag.  114. 


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FACTOS   DE   SYNTAXE  DO   PORTUGUÊS   POPULAR  3 

CujOy  aqui,  significa  do  quai  y  de  querriy  e  a  sua  syntaxe  neste  lugar 
résulta  da  analogiacom  outra  construcçao,  hoje  cahidaem  desuso, 
como  séria  por  exemplo  a  dama  cujo  souy  como  no  exemplo 
seguinte,  do  mesmo  escritor,  volume  citado,  pag.  493  : 

E  com  esta  concrusâo 
Vamo-lo  empresentar 
Porque  se  devem  dar 
As  cousas  a  cujas  sào. 

Isto  é  :  Devem-se  dsLTâquelle  cujas  sào,  ou  àquellede  quemsàOy  a 
quem  pertencem. 

» 

Nas  oraçôes  relativas  em  que  o  relativo  deveria  ser  precedido 
de  uma  preposiçào,  omitte-se  frequentemente  essa  preposiçao, 
que  é  depois  empregada  com  um  pronome  pessoal,  para  exprimir 
a  mesma  relaçao,  no  meio  ou  no  fim  da  phrase.  Ouvem-se  a  cada 
passo  construcçôes  como  as  seguintes  :  «  O  homem  que  eu  fui  com 
elle  y  em  lugar  de  «  o  homem  com  quem  eu  fui  »  ;  —  «  este  é  o  ves- 
tido  que  eu  hei  de  andar  agora  sempre  com  elle  »  em  vez  de  «  o 
vestido  cotn  que  eu  hei  de  andar  »  ;  —  «  o  navio  que  ella  veio 
nelle  »  em  vez  de  «  o  navio  em  que  ella  veio  »  ;  —  «  as  pessoas 
que  elle  tem  confiança  nellas  »,  por  «  as  pessoas  em  quem  elle  tem 
.  confiança  »  ;  —  «  o  nienino  que  eu  Ihe  dei  um  livro  »,  em  lugar  de 
a  o  menimo  a  quem  eu  dei  um  livro  ». 

Neste  ultimo  exemplo  desappareceu  a  preposiçao,  porque  a 
relaçao  que  ella  exprimia  esti  representada  pelo  caso  do  pro- 
nome. 

Do  Auto  da  Ave-Maria,  de  Antonio  Prestes,  pag.  28  daediçao 
de  1871,  transcrevemôs  o  seguinte  exemplo  : 

Sempre  nestos  choupos  ha 
Um  raio  que  o  queijo  é  d'elle. 


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JULIO    MOREIRA 


Observaremos  que  esta  construcçao  da  nossa  linguagem  popu- 
laré  a  construcçao  regular  dalingua  arabe.  Se  tivessemos  de  tra- 
duzir  para  este  idioma  a  phrase  :  «  o  homem  de  qtum  nos  fugimos  », 
séria  necessario  dar-lhe  a  ordem  seguinte  :  o  homem  que  nos  fugi- 
mos décile, 

Nâo  queremos  de  maneira  alguma  dizer  que  este  modo  de  for- 
mar  as  oraçôes  relativas  no  arabe,  lingua  que  se  fallou  no  nosso 
pais  durante  seculos,  fosse  a  origem  da  construcçao  popular  do 
português,  pois  concebe-se  sem  difficuldade  que  independente- 
mente  d'essa  influencia  a  rigorosa  precisào  das  proposiçôes  relati- 
vas se  quebrasse  por  uma  tendencia  para  a  simplificaçào  e  genera- 
lizaçào,  tendencia  que  resultaria  de  ser  muito  mais  fréquente  o 
emprego  do  pronome  que  como  sujeito  e  como  complemento 
directo,  isto  é,  nào  precedido  de  preposiçâo.  E  para  fixar  essa  cons- 
trucçao concorreria  ainda  a  circunstancia  de  ser  mais  empha- 
tica  do  que  alitteraria.  De  resto  o  exemplo  das  linguas  semiticas 
mostra  que  ha  no  espirito  uma  disposiçào  para  faciknente  a  accei- 
tar.  Compare-se  tambem  a  syntaxe  de  oraçôes  relativas  em  inglés 
como  as  seguintes  :  the  house  that  /  live  in,  a  place  which  tue  hâve 
long  heard  and  read  of  ;  —  ihis  is  a  ihing  I  cannot  accotint  for  * . 


Pratica  semelhante  com  o  pronome  quem  e  o  possessivo  seu 
encontra-se  em  Gil  Vicente,  vol.  I,  pag.  109  : 

Justo  é  que  imagine  eu, 
£  que  esté  muito  turbada  : 
Querer  qiietn  o  mundo  he  seu, 
Sem  merecimento  meu 
Entrar  em  minha  morada. 


I .  Veja-se  o  que  dizcmos  a  este  respeito  na  Grammatica  da  lingua  in- 

GLESA,  5*  ediçâo,  g  288,  2C. 


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FACTOS   DE  SYNTAXE   DO   PORTUGUES   POPULAR  3 

«  Quem  0  tnundo  é  seu  »  équivale  a  aquelle  que  o  tnundo  i  seu  ou 
aquelle  que  o  mundo  é  d'elle,  e  esta  portanto  em  vez  de  aquelle  de 
que  ou  de  quem  o  mundo  é. 


Os  adverbios  relativos  onde,  aonde  e  donde  substituem  muitas 
vezes  nestos  casos  o  pronome  relativo,  sem  terem  de  exprimir 
circunstancia  de  logar,  e  referindo-se  mais  ao  sentido  de  uma 
oraçâo  do  que  a  uma  determinada  palavra.  De  uma  carta  vamos 
transcrever  um  trecho  em  que  occorrem  exemplos  do  que  affir- 
mamos  :  «  Parteçipo  a  V.  que  onte  de  tarde  para  aqui  esteve 
uma  treboada  junta  com  uma  tempestade  de  bento  aonde  meteu 
um  furacào  de  bento  pela  emxertia  de  bastardo  e  depois  foi  a 
quinta  aonde  deitou  a  bidraça  de  cima  da  porta  do  armazem 
grande  toda  inteira  pela  sala  adeante  ficou  apenas  très  bidros 
inteiros  e  as  outras  estiverào  tambem  a  suseder-lhe  o  mesmo  onde 
(=com  o  que,  em  virtude  do  que)  a  M.  ficou  cuaijo  morta.  » 

De  textos  antigos  citaremos  o  seguinte  passo  das  Cantigas 
DE  Maria  : 

et  dentro  no  seu  corpo  cuydaua  e  creya 

que  tragia  coobra  donde  (=ào  que)  nos  espantamos. 

e  um  trecho  de  um  fragmento  da  Demanda  do  santo  Graal 
publicado  pelo  Dr.  Otto  Klob  na  Revista  Lusitana,  vol.  VI, 
pag.  340  :  «  E  rei  Artur  oerfez  tam  bem  aquel  dia,  que  todolos 
seus  filharom  en  fazanha,  e  nunca  mais  cansava  de  ferir  despada, 
unde  Lucan  que  estava  preto  del  e  que  via  as  maravilhas  que  fazia, 
dise  a  Giflet.  » 

Os  relativos  o  {a)  quai,  os  (as)  quaes  e  quanio  (a,  os,  as)  nào  sâo 
empregadas  na  linguagem  popular,  que  sa  usa  aquellas  formas 
como  pronomes  interrogativos. 


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JULIO   MOREIRA 


E'  fréquente  o  emprego  da  combinaçâo  amhos  dous  (dois),  e 
ambos  os  dous  (dois)  (em  espanhol  ambos  à  dos),  como  no  exemplo 
seguinte,  extrahido  do  Monge  de  Cister,  de  Herculano,  vol.  I, 
pag.  99  da  6*  ediçào:  «O  certo  é  que  ambos  os  dous  monges 
caminhavam  juntos  ».  Mas  na  linguagem  popularha  ainda  ambos 
e  douSy  amhos  a  dous  e  amhos  de  dous.  Esta  ultima  locuçâo  vem 
jd  de  longe  como  se  vê  pelos  seguintes  exemplos  : 

Nos  viemos  praticando 
Ambos  de  dous, 

(Autos  de  Antonio  Prestes,  pag.  1 5  3 
da  ediçâo  de  1871.) 
Xy ambos  de  dous  a  fronte  coroada 
Ramos  nâo  conhecidos  e  hervas  tinha. 

(LusiADAS,  IV,  72.) 

EmCamillo,  Corja,  pag.  45,  encontrase  este  passo:  «  Que- 
bradas  tivesse  eu  as  pernasamJ^^  de  duas,  quando  casei  com  este 
moinante.  » 

Em  certos  logares  do  pais  occorre  ainda  a  expressâo  amos  por 
ambos,  como  amos  dous  e  amos  de  dous. 


Em  uma  comedia  intitulada  Isidoro  o  Vaqueiro  de  Joaquim 
Augusto  d*01iveira,  em  que  se  imita  o  fallar  dos  saloios,  acha-se 
tambem  a  locuçâo  lodos  dois  (cfr.  o  francês  tous  les  deux)  : 

É  por  ella  que  largando 
Minhas  vacas  e  mô  bois, 
Ajoelho  e  peço  a  Deus 
Que  nos  una  a  lodos  dois. 


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FACTOS  DE  SYNTAXE  DO  PORTUGUÊS  POPULAR        7 

VI 

As  expressôes  que  designam  numéros  fracciouarios  sâo  muito 
limitadas  na  linguagem  popular.  Quasi  sô  se  empregam  fracçôes 

que  o  denominador  tem  apenas  mais  uma  unidade  do  que  o 
numerador,  mas  sem  se  usarem  os  numeraes  ordinaes,  que  sâo 
substituidos  pelo  substantivo  partes.  Assira,  diz-se  duas  parteSy 
très  partes  y  etc.,  em  lugar  de  dois  terçoSy  tresquartoSy  quatre  quintos. 

Esta  pratica  vem  jâ  do  latim,  que  dizia  egualmente  :  duae  par- 
tes agri,  =  2/3  do  campo;  —  très  partes  =3/4,  etc.  A  lingua 
popular  conservou-a  sem  alteraçâo  alguma. 

Em  virtude  d'esté  uso,  para  indicar  as  différentes  partes  de  um 
todo  ou  de  um  mixto  diz-se  tambem,  por  exemplo  :  très  partes 
de  vinho  e  uma  parte  de  agua,  isto  é,  3/4  de  vinho  e  1/4  de 
agua. 

Outras  fracçôes  como  très quintos,  cinco  setimoSy  sete  nonoSy  etc., 
nâo  se  encontrarâo  no  fallar  do  povo. 

VII 

Os  numeraes  proporcionaes  duph,  triplo,  quadrupla,  etc.,  nâo 
pertencem  a  linguagem  popular,  que  suppre  a  falta  do  primeiro  e  do 
segundo  empregando  as  vezes  as  palavras  dobro  e  tresdobrOy  mas 
preferindo  usar  as  expressôes  dois  tantosy  très  tantoSy  e  para  os  outros 
numeraes  proporcionaes  quatro  tantoSy  cinco  tantoSy  etc. 

Em  Gil  Vicente  acham-se  até  locuçôes  como  sete  tanto  e  (/^ 
tantOy  estando  tanto  no  singular,  de  forma  que  sete  tanto  como 
que  esta  abreviadamente  por  sete  vezes  tanto. 

Olhae,  flores,  nâo  me  espanto 
Qjue  me  digaes  sete  tanto. 

(Vol.  I,  267.) 

Oh  !  e  tu  gabas-te  e  fazes-te  santo  ? 
Juro-te,  amigo,  que  hypocrita  es, 
Torna-te  monge,  descalça  esses  pés, 
E  seras  fino  nessa  arte  de^  tanto. 

(lBiD,,pag.  513.) 


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JULIO   MOREIRA 


VIII 

Os  numeraes  distributivos  do  latîm  desappareceram  no  portu- 
guês  (como  em  gérai  nas  linguas  romanicas),  mas  nào  sem  que 
ficassem  vestigios  d'elles.  Perdendo  o  valor  e  o  etnprego  de  adjec- 
tivos  numeraes,  transformaram-se  quasi  sempre  em  substantivos, 
como  novena,  dexcnUy  centena^  etc. 

De  singulos  ficou-nos  senhos^  que  se  usou  muito  no  português 
archaico  e  ainda  posteriormente.  Mencionaremos  um  exemplo  de 
Gil  Vicente,  II,  412  : 

E  irâo  suas  criadas 
N'hum  lagar  d*azeite  todas 
Sem  crenchas  S  descabelladas, 
Como  selvagens  pasmadas 
De  tâo  altissimas  vodas . 
E  sahirâo  as  janellas 
Com  senhas  tochas  de  palha 
Debrûadas  amarellas, 
Se  nâo  olharem  par  ellas 
Nâo  Ihes  dard  nemigallia. 

O  substantivo  terno,  résultante  de  um  destributivo  latino, 
usa-se  geralménte  na  significaçâo  de  grupo  pu  conjuncto  de  très 
pessoas  ou  coisas  ;  mas  na  linguagem  popular  de  Trâs-os-Montes 
tem  ainda  o  sentido  de  talhôes,  glebas.  De  uma  carta  reproduzire- 
mos  este  trecho  :  «  Nào  intendo  como  possa  fazer  a  plentaçào 
cômo  V.  quer.  Aqui  ninguem  planta  em  ternos  separados,  é  tudo 
junto  branco  com  tinto  e  outras  espèces,  porque  as  sementes 
vem  sempre  calabreadas.  » 

Observaremos  que  naquella  regiào  se  chama  sementes  aos  gar- 
fos  da  enxertia. 

Julio  MoREIRA. 


I.  Crenchas  significa  tratiças  de  cabello;  représenta  um  deminutivo  latino  ^ri;ii- 
ctiîa,  de  crinis.  DeKahdladas  équivale  aqui  a  desgrenhadas;  tem,  pois,  aproxima- 
damenie  o  sentido  dM  sem  crenchas.  Nesta  accepçào  nào  occorre  ainda  nos  dic- 
cionarios.  • 


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REVUE    HISPANIQUE  TOME  XIV,  Pl.  1-4. 


LA  TRADUCTION  LATINE 
DES  COPIAS  DE  JORGE  MANRIQJUE 

Reliure 


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LA   TRADUCTION    LATINE 

DES 

COPIAS   DE   JORGE    MANRIQUE 


L'existence,  à  la  bibliothèque  de  l'Escurial,  d'une  traduction  latine  des 
célèbres  Copias  de  Jorge  Manrique,  a  été  signalée  par  Amador  de  los  Rlos, 
Gallardo,  Menéndez  y  Pelayo.  Malgré  cette  notoriété,  ce  texte  n'a  pas  encore 
trouvé  d'éditeur.  Je  répare  cet  oubli  en  imprimant  l'œuvre  si  remarquable  d'un 
latiniste  jusqu'ici  inconnu  et  en  reproduisant  en  fac-similé  la  reliure  du  pré- 
cieux nianusait  qui  fut  offert  en  1540  au  futur  Philippe  IL 

R.  Foulché-Delbosc. 


Hyspana  Georgij  Manrrici 

CARMINA,  quas  in  Latinum 

Carmen  nuperrime  con- 

uersa  serenissimo 

Hyspaniarum 

principi 
PHILIPPO 
dedicata  sunt. 


Euigilet  stertens  animus,  tènebrisque  reliais 
Mens  resipiscat  hebes,  alto  experrecta  sopore, 
Contemplata  quidem  vita  hsec  ut  praeterit  ihstans. 


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lO  LA   TRADUCTION   LATINE 

Vt  tacite  obrepit  mors,  quam  cito  gaudia  migrent, 
Vtque  recordanti  sint  urgens  causa  doloris, 
Vt  melius  semper  quod  praeterit  esse  putemus. 


II 


Cernimus  isse  breui  quoniam  praesentia  puncto, 
Si  bene  censemus,  iam  prasterijsse  futurum, 
Exhaustumque  simul  prorsum  reputabimus  esse. 
Nemo  sui  oblitus  credat  diutuma  per  aeuum 
Esse  fotura  magis  quam  quae  iam  uiderat  ante, 
Omnia  quandoquidem  sic  ire  Humana  necesse  est. 


III 


In  mortem  properat  mortale  hcx:  viuere  nostrum, 
Non  secus  ac  properant  labentia  flumina  in  altum  ; 
Illuc  régna  quidem  tendunt  abolenda  potentum, 
Flumina  magna,  sed  hue  mediocria,  denique  parua, 
Illuc  ingressi  latitant  discrimine  nuUo 
Qjii  victum  manibus  quaerunt,  qui  et  diuite  gaza. 


im 


Non  ego  falsorum  mihi  numina  vana  deorum, 
Laurigeri  ut  uates,  oratoresque  célèbres 
Inuoco  ;  pulchra  sino  figmenta  poetica  eorum, 
Nanque  venena  fauis  insunt  ;  sed  corditus  illi 
Vni  me  credo,  tantum  illius  inuoco  numen 
Quod  non  nouerunt  homines,  dum  uenit  ad  ipsos. 


Hac  iter  est  aliam  in  vitam,  laeti  setheris  vrbem  ; 
Tramite  sed  recto  uigilantius  expedit  ire. 


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DES   COPIAS   DE  JORGE   MANRiaUE  II 

Vt  sine  dispendijs  prauisque  erroribus  vllis 
Perueniamus  eo  ;  nati  proficiscimur  illuc, 
Pergimus  at  uitae  spacijs,  accedimus  autem 
Cum  nos  vita  finit,  cum  morte  quiescimus  ipsa. 


VI 


Si  modo  abusus  abest,  humana  hsec  uita  probatur, 
Vtpote  quae  ad  uitam  uenturam  rite  parandam 
Sit  data,  credulitas  ut  nos  uera  admonet  ipsa. 
Filius  ille  Dei  qui  et  nos  inferret  olympo, 
Inter  nos  nasci  descendit  abaethere  summo, 
Hac  uicturus  humo,  vitali  ubi  lumine  cassus. 


VII 


Reddere  si  faciem  pulchram  possemus,  ut  ipsam 
Possumus  egregie  speciosam  reddere  mentem, 
(Namque  fauente  Deo  quis  nos  id  posse  negabit  ?) 
Quam  viuax,  quam  prompta  eadem  solertia  nobis 
Semper  in  ancilla  decoranda  nocte  dieque 
Esset,  hera  incompta  captiuaemore  relicta! 

VIII 

Cernere  quando  licet  mortales,  cernite  mente 
Quae  gressu  et  cursu  sequimur,  quam  vilia  prorsum 
Sint,  quippe  ante  diem  delusi  amittimus  illa  : 
Partim  tempus  edit,  partîm  violentia  casus, 
Pars  etiam  illorum  natura  ac  mole  suapte 
Déficit  excelsam  fortunam,  pressa  ruitque. 


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12  LA   TRADUCTION    LATINE 


IX 


Peruenit  ut  senium,  qualis  (rogo)  permanet  ille, 
Ille  nitor  pulcher  faciei,  grata  cutisque, 
Sanguinis  ille  color  diffusus,  candor  amœnus  ? 
Dexteritas,  vires,  velocia  membra  iuuentae, 
Omnia  sunt  pœnae  nobis,  vbi  laeta  iuuentus 
Peruenit  in  senij  sperata  suburbia  nostri. 


Gothorum  sanguis,  genus,  augustîssima  quondam 
Nobilitas,  summi  quae  nacta  est  culmina  regni, 
Quot  quibus  atque  modis  hoc  obliterantur  in  orbe  1 
Pars  quoniam  vilis,  sordens,  abiecta  putatur  ; 
Pars  autem,  nimia  quia  paupertate  coacta  est, 
Indignis  alitur  munijs,  hoc  degener  aeuo. 

XI 

Quas  nos  diuitice  subito  fastusque  relinquunt^ 

NuUa  (quis  dubitet?)  stahilita  sede  fruuntur, 

Inconstantis  herae  cum  sint  ;  ea  nempe  caducae 

Sunt  bona  fortunae  céleri  vertigine  fessa  ; 

Nam  rota  nunquam  eadem,  nunquam  rota  firma  in  eodem 

Siue  bonos  prauosue  beet,  seu  pauperet  urgens. 

XII 

Sed  fac  vt  hsec  hominem  comitentur  adusque  sepulchrum  ; 
Non  tamen  incautos  ideo  nos  fallere  debent  ; 
Euanescit  enim  vita  ha^c,  ut  somnia  uana 
Ac  ueluti  siren  qua  nos,  humana  voluptas. 


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DES   COPIAS   DE  JORGE    MANRICIUE  I3 

Decipit  illecebris,  iamiam  peritura  fatiscit  ; 
At  uolupi  uitas  tormenta  aeterna  parantur. 

XIII 

Sunt  uitae  anxiferae  solatia  dulcia  nostrae 
Improuisi  équités  campum  procurrere  missi  ; 
Mors  uero  insidiae  latebris  inopina  locatae 
In  quas  incidimus  ;  nos  nostra  haud  damna  uidentes 
Currimus  incauti  propere,  neque  sistimus  usque, 
Postquam  redire  dolis  frustra  conamur  apertis. 

xmi 

Namque  Monarcharum  fegimus  quos  ante  fuisse 
Hystorijs  priscis,  aduersis  casibus  actae 
Fortunas  pessumque  datae  de  alta  arce  fuerunt  ; 
Nil  etenim  Papaî,  praslati  ipsique  monarchae 
Arcis  habent  tristi  non  expugnabile  morti. 
In  quos  caeca  ruens  pecudum  pastoribus  aequat. 

XV 

Nunc  Troes  missos  faciamus,  prospéra  quorum 
luxta  ignotaiacent  oculis  ac  tristia  nostris, 
Lectaque  in  historijs  mittamus  facta  Quiritum  ; 
Sit  curare  nephas  quod  sascula  prisca  tulerunt. 
Nunc  modo  ad  hesternum  venio,  vestigia  cuius 
Vt  priscam  deleuit  edax  obliuio  vitam . 

XVI 

Quo  tandem  noster  magnus  Rex  ille  loannes  ? 
Et  Regum  geniti  post  primum  Tarraco  vestri  ? 


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14  LA   TRADUCTION    LATINE 

Quoique  tulere  proci  clari  ?  spectacula  ?  équestres 
Concursus  ?  sseuis  simulataque  praelia  gyris  ? 
Plumatas  uestes  ?  et  ephippia  ?  &  alta  chîmera  ? 
Instar  delyrij  fuerunt,  pratique  virentis. 

xvn 

Quo  illustres  nymphae  queis  regia  claruît  aula  ? 
Quo  nitidae  uestes?  velamina?  aromata?  gemmae? 
Flammaque  amantis  edax,  flagrantibus  ignibus  ardens  ? 
Metrificandi  ardor?  Musa^  concordia  discors 
Instrumentalis  ?  saltatio  nobilis  illa  ? 
Impositoque  auro  vestes  gemmisque  coruscae  ? 

XVIII 

lam  uero  Enrricus  hères  Rex  ille  loannis 

Quid  (rogo)  non  poterat  ?  quam,  quam  indulgentibus  ipsî 

Muneribus  Fortuna  bifrons  se  praebuit  olim  ! 

Post  eadem  (infandum  dictu)  quam  diriter  eidem 

Exhibuit  se  hostem  !  cui  cum  prius  esset  arnica, 

Quam  viguere  breui,  dederat  quae  munera  Régi  ! 

XIX 

Munifici  Régis  quonam  illa  ingentia  dona  ? 

Aedificata  âb  eoque  aurata  palatia  luxu  ? 

Adfabre  argentum  caelatum  ?  gaza  superba  ? 

Tôt  phaleraï  ?  tôt  equi  ?  fastusque  ac  pompa  suorum  ? 

Quonam  abiere,  rogo  ?  quonam  nuncibimus  illa 

Quaesitum  ?  Veluti  ros  prati  absorpta  fuerunt. 


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DES   COPIAS   DE  JORGE   MANRiaUE  I5 


XX 


Praeterea  infantem  qui,  fratre  superstite,  dictus 
Succèssor  fiierat,  quam  curia  clara  sequuta  est, 
Quamque  frequens  Princeps.  Sed  quum  mortalis  hic  esset, 
Fornaci  improuisa  suae  mors  intulit  ipsum. 
Sed  tu,  o  judicium  diuini  numinis,  vndas 
Insuper  induxti,  quum  plus  flagrauerat  ignîs  : 

XXI 

lam  uero  stabilem  comitem  pariterque  magîstrum 
Acceptum  pr«  alijs  Régi,  quem  nouimus  ipsi, 
Vidimus  et  truncum,  quid  multa?  cruore  fluentem. 
Quid  fuit  huic  tandem  congestum  aurum,  oppida,  pagi, 
Imperium  in  multos  ?  quid  nam  nisi  luctus  acerbus 
lila  relinquenti  fuit  atque  molestia  magna  ? 

xxn 

lamque  duo  fratres  alij  sublimia  nacti. 
Sorte  magisterij  regali  &  more  beati, 
Subiecere  sibi  primates  atque  minores  : 
Prosperitas  tam  euecta  tamen  sublimiter  illa, 
Quid  ?  nisi  clara  fuit  lux  quae,  dum  laetior  ardens 
Splendicat  atque  quatit  radios,  extincta  repente  est. 

xxin 

Totque  Duces,  tôt  Marchîones,  Comitesque  virosque 
Eximios,  oculis  quos  his  tam  uidimus  auctos, 
Die  ubi  detrudis  ?  quo  mors  traducis  amara  ? 


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l6  LA   TRADUCTION    LATINE 

Die  ubi  praeterea  quae  fortia  facta  patrarunt 
Militiae  atque  togae,  sane  cum  dira  superbis 
Exigis  ac  deles  haec  talia  mole  menti  ? 

XXIIII 

Quid  numerosa  manus  tandem  ?  quid  bellica  signa 
Contulerint  ?  aquite,  vexilla  minora  ?  quid  arces 
Quas  uix  expugnare  queas  ?  quid  mœnia  ?  vallum  ? 
Praîsidiumque  antemuralis  ?  lata  quid  altae 
Irremeabilitas  fossae  ?  quid  talia  ?  quot  sunt  ? 
Cum  tu  irata  uenis,  transfigis  cuspide  cuncta  h«c. 

XXV 

Est  tuus  ingressus  luctu,  sed  semper  amarus 
Exitus,  ingratus,  mediumque  labore  repletum, 
Et  quibus  indulges,  pœna  est,  diuturnius  aeuum. 
Prospéra  uix  nacti  morimur,  sudore  parantur, 
Dasque  ea  mortali,  sed  cursu  aduersa  latenti 
Adproperant  durantque  magis  quam  prospéra  uitae. 

XXVI 

Quandoquidem  nos,  munde,  necas  falsissime,  certe 

Quam  tribuis  vitam  reuera  vita  fuisset, 

At  sic  nos  uexas  vt  nil  optatius  ipsis 

Sitque  minus  mœstum  quam  caeca  profectio  uitaî, 

Vtpote  quae  tam  plena  malis,  tam  septa  dolore, 

Tam  déserta  bonis  &  tam  dulcedine  cassa  est. 


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DES  COPIAS   DE  JORGE  MANRiaUE  IJ 


xxvn 

Quid,  Roderice,  canam  tua,  nunc  Manrrice  magister, 
Bellica  gesta,  tuos  qui  charus  vbique  fiiisti 
Omnibus  ob  mores  sanctos,  qui  dulce  honorum 
Praesidium,  virtute  simul  qui  &  nomine  clarus  ? 
Quid  coner  tua  facta  parens  efferre  canendo, 
Quum  pateat  cunctis  tua  qualia  facta  fuerunt  ? 

xxvra 

Qualis  erat  dominus  famuliset  amicus  amicis 
Et  consanguineis  laus  et  decus,  hostibus  hostîs, 
Fortibus  atque  viris  doctor  fortissimus  idem, 
Consiliumque  sophis,  sal  erat  lepido  ore  facetis  ! 
Quamque  benignus  erat  subiectis  !  quamque  superbis  ! 
Denique  terribilis  laniator  more  leonis  ! 

XXIX 

Augustus  César  fortuna,  Julius  alter 
César  in  euentu  bellandique  arte  sagaci, 
Nam  conferre  licet  mediocria  grandibus  actis  ; 
Scipio  sed  virtute  animi,  férus  Ànnibal  astu, 
Traianus  probitate,  Titus  donando,  sed  Hector 
Robore,  ut  Attilius  promissis  stare  paratus. 

XXX 

Pectore  démenti  pius  hic  Antonius  alter 
Et  uultu  Fabius  constanti,  Adrianus  amici 
Viribus  eloquij,  Theodosius  alter  adomnes 

Retmt  bispaniqiu.  xiv.  2 


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l8  LA   TRADUCTION    LATINE 

Du  m  condescendit,  Macedo  Aureliusque  rigore 
Et  disciplina  Martis,  pietate  fideque 
Constantinus  erat  patriaeque  Camillus  amore. 

XXXI 

Haud  reliquos  fecit  thesauros  optimus  hic  dux, 
Diuitias  ne  habuit,  non  illi  copia  ridens 
Caelati  argenti  fuit,  at  Mahumetibus  impijs 
Oppida  cum  castris  cœpit,  bellum  intulit  aedeno, 
Et  strages  hominum  multorum  &  victor  equorum  : 
Sic  sibi  iure  datos  census  populosque  parauit. 

XXXII 

lam  décora  alta  tuens  qualem  se  gesserat  olim, 
Quum  fere  desererent  omnes  heroa  celebrem, 
Fratribus  ac  fidis  stetit  inconcussus  alumnis  ? 
Post  uero  aegregie  tôt  facta  celebria,  bello 
Hoc  quod  iam  gessit,  quas  pacis  conditiones 
Accepit,  populis  a  Rege  pluribus  auctus. 

XXXIII 

Historias  ueteres  juuenis  quas  pinxerat  hasce 
Cuspide  non  calamo,  renouare  recentibus  idem 
Longœuus  potuit  pra^claris  atque  tropha^is. 
Vt  meritis  plenus,  beneque  actis  pluribus  annis 
Tanta  animi  ei  virtus  fuit  &  solertia  mentis, 
Ense  suo  clarum  rubri  ensis  adeptus  honore  est. 

xxxim 

Oppida  chara  inuenit  quae  capta  tyrannis, 
Fortibus  hic  praelijs  atque  obsidione  recepit  ; 


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DES   COPIAS   DE   JORGE   MANRiaUE  I9 

Militis  atque  ducis  (pro  tempore)  munere  functus. 
Huius  gesta  suo  si  gratificata  fuerunt 
Légitime  Régi,  sit,  Portugalia,  testis 
Rextuus  atque  eius  qui  in  nostris  signa  secuti. 

XXXV 

Postquam  in  discrimen  toties  caput  obtulit  idem 
Veridica  pro  lege  Dei,  diademaque  Régis 
Extulit  obsequijs  claris  bellique  togaeque, 
Post  tôt  gesta  ducis  quae  uix  numerare  queamus, 
Ocannam  tandem,  Roderici  mœnia,  uenit 
Pulsatum  mors  iussa  fores,  sic  comiter  urgens, 

XXXVI 

Sic  adfata  quidem  Mors  est  :  «  Eques  inclyte,  mundum 

Faiso  adridentem  uultu  iam  linquere  tempus  ; 

Nunc  duros  animi  chalybes  tua  Martia  virtus 

Hoc  in  agone  nitens  animose  prsestet  oportet, 

Et  famse  studio  suetum  non  parcere  vitae 

Te  recreet  uirtus  qua  haec  nunc  discrimina  vincas. 

XXXVII 

«  Nec  tibi  terribilis  sit  nunc  conflictus  hic  instans 
Formidolosus,  siquidem  vel  Nestoris  annis 
Est  diuturna  magis  multo  tibi  fama  superstes  ; 
Nam  si  aeterna  quidem  non  est  qua^  constat  honore 
Sed  nec  uera,  tamen  multo  prsestantior  extat 
Quam  peritura  cito  qua  corpora  uestra  fruuntur. 


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20  LA   TRADUCTION    LATINE 


xxxvni 

«  Non  fastu  ac  luxu  vita  illa  aeterna  paratur, 
Sed  neque  delicijs  vitae  properantis  in  orcum  ; 
lugibus  at  precibus,  lachrymisque  perennibus  illa 
Relligione  parât  clerus,  monachatus,  heremus, 
Sed  célèbres  équités  illam  per  mille  labores, 
Aduersusque  parant  per  mille  pericula  mauros. 

XXXIX 

«  At  quoniam  hostîlis  ac  tantum  sanguinis  impij 

Tum  gladio  tum  consilio,  vir  clare,  fudisti, 

Expectanda  tuo  quas  hic  praemia  Marte  parasti 

Sunt  tibi  ;  qua  fretus  nunc  credulitate  fideque 

Quas  tibi  magna  quidem,  migra  hinc  spe  plenus  adeptum 

Iri  te  egregiam  vitam  quae  te  manet  altis. 


XL 


«  Amplius  haud  opus  est  uerbis  consumere  tempus 
Hac  misera  in  vita  ;  supplex  mea  nunc  ut  oportet 
Assentitur  enim  diuinae  ac  prona  voluntas, 
Amplectorque  meam  mortem  candore  lubenti  ; 
Est  et  enim  stultum,  cum  vult  Deus  ut  moriamur, 
Veterius  uitae  cupidos  nos  viuere  velle. 

XLI 

«  O  Tu,  qui  formam  vulgarem  ob  crimina  nostra 
Et  puniti  hominis  subijsti  inamabile  nomen,    ' 
Humano  includi  dignatus  corpore  numen, 


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DES  COPIAS   DE  JORGE  MANRIQUE  21 

Et  qui  tam  rigides  cruciatus  ipse  tulisti 
Haudque  reluctanter,  non  ut  mea  facta  merentur, 
Verum  ignosce  mihi,  tua  quas  est  clementia  summa.  » 

XLII 

Mente  igitur  tali  tamque  alta  pra&ditus,  inter 
Vxorem,  gratos,  fratres  interque  ministres, 
Omnibus  illaesis  morienti  sensibus,  aitum 
Obtulit  illi  animum  dederat  qui  cœlitus,  is  nunc 
Addatcum  cœlo  gaudijsquerepleat  almis; 
Nempe  sui  memores  reficit  nos  mortuus  héros. 

Finis 

lati- 

na& 

translationis 


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SOBRE  EL  TRADUCTOR  LATINO 

DE    LAS 

COPLAS  DE  JORGE   MANRIQUE 


Amador  de  los  Rios  en  su  Historia  criticadela  LiUraiuraespaholay 
tomo  VII,  pàg.  121,  en  la  nota  i,  da  cuenta  por  primera  vez  de 
la  traducciôn  latina  de  las  Copias  de  Jorge  Manrique  que  posée  la 
Real  Biblioteca  del  Escorial.  No  se  ha  deentender  que  hasta  enton- 
ces  se  ignorase  la  existencia  de  dicha  traducciôn,  puesto  que 
aparece  registrada  en  los  catalogos  anteriores  de  la  Biblioteca  que 
aun  se  conservan,  sino  en  elsentido  de  que  no  se  habia  publicado 
la  noticia  en  las  historias  literarias,  ni  en  las  monografias  refe- 
rentes  a  las  Copias  de  Manrique  :  y  esta  ha  sido  la  causa  de  que 
hayan  sido  muy  pocos  los  que  conocieron  la  traducciôn.  Pero 
desde  entonces  se  puede  asegurar  que  cuantos  se  han  dedicado  al 
estudio  é  investigaciôn  de  la  literatura  espanola  han  conocido, 
6  han  podido  conocer  su  existencia,  y  algunos,  muy  pocos,  la 
han  examinado  por  si  mismos.  Gallardo,  en  el  tomo  tercero, 
col.  619,  del  Ensayo  de  una  Biblioteca  espanola  de  Libros  raros  y 
curiosos  dice  :  «  La  traducciôn  es  franca,  valiente  y  nerviosa.  » 
Menéndez  y  Pelayo  en  el  tomo  de  su  preciosisima  Antologia,  en 
que  de  un  modo  magistral  y  con  provechosa  amplitud  habla  de 
Jorge  Manrique  y  de  su  tiempo,  pondéra  también  la  bondad  de 
esta  traducciôn  latina. 

Dado,  pues,  el  tiempo  transcurrido  desde  que  la  noticia  de  la 
traducciôn  figura  en  la  historia  de  la  Literatura  espanola,  y  cono- 
ciendo  el  parecer  de  los  criticos  mds  eminentes  sobre  su  verdadero 
valor,  es  inexplicable  que  no  se  hayan  fijado  antes  en  ella  los 


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EL  TRADUCTOR  LATINO  DE  LAS  COPIAS  23 

eruditos  é  investigadores,  publicdndola  para  beneficio  de  todos. 
La  diligenciay  laboriosidad  de  M.  Foulché-Delbosc  regala  ahora 
d  los  hispanistas  con  la  publicaciôn  esmerada  de  ella,  y  gracias  à 
su  amabilidad  voy  yo  a  contribuir  aqui  con  algunas  notas  recogi- 
das  sobre  el  probable  traductor  latino  de  las  celebérrimas  Copias 
de  Jorge  Manrique. 

♦ 

Hace  ya  b.istante  tiempo,  al  hacer  la  papeleta  bibliografîca  del 
manuscrito  de  esta  traducciôn  latina,  que  me  pareciô  muy 
extrano  que,  siendo  tan  notable  por  una  parte  y  por  otra  de 
época  relativamente  moderna,  fuese  el  nombre  del  traductor  des- 
conocido  de  todos.  Afin  decompletar  en  lo  posible  la  papeleta 
realicé  algunas  investigaciones,  cuyo  resultado  voy  d  exponer  a 
la  consideraciôn  y  juicio  de  los  lectores  de  la  Revue  Hispanique. 
En  Die  Handschrijtenschenkung  Philipp  II  an  den  Escorial  vont 
Jahre  1^76^  publicado  en  1903  por  Rudolf  Béer,  esperaba  yo 
que  se  encontrase  registrada,  puesto  que  con  toda  seguridad 
habia  pertenecido  d  la  famosa  libreria  de  Felipe  IL  Y  en  la 
pdg.  Lxvii  de  esta  obra  se  lee  :  «  In  octavo.  iV°  i)S,  /.  Carmina 
Georgi  Manrrici  translata  de  hispano  latine  »  ;  y,  después  de  copiar 
las  palabras  de  Amador  de  los  Rios,  anade  Béer  el  siguiente 
titulo  :  «  Johannis  Hnrtado  de  Menda(a  Ubellus  carminé  latino  corn- 
posituSy  ea  continens  carmina^  quae  vulgari  seimcne  las  copias  de 
don  Jorge  Manrique  dicuntur.  inetnbr.  VL  k.  ),  »  Este  ùltimo 
titulo  estd  copiado  del  Indice  mds  antiguo  de  la  Biblioteca  del 
Escorial  que  se  conserva,  y  que  hoy  lleva  la  signatura  H.  L  5  • 
Dos  veces  aparece  registrado  en  él  el  manuscrito  delà  traducciôn 
latina  :  fol.  xl,  v°  :  Joann,  Hurtado  de  Mendoça  Libellus  carminé 
latino  compositus  ea  continens  Carmina  quae  vulgari  sermone^  Las 
Copias  de  Don  George  Manrique  dicuntur.  mcmbr,  VI.  k.  j.y  y  en 
el  fol.  57  V.  :  Jorge  Manrrique.  —  las  mismas  (las  Copias)  en 
romance  y  lati  n  VL  k.  }.  Nôtese  que  la  ûltlma  signatura  de  los 


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24  GUILLERMO   ANTOUn 


dos  titulos  es  la  misma,  y  por  tanto  que  ambos  se  refieren  al 
mismo  manuscrito.  Si  las  antiguas  signaturas  se  conservasen  en 
él,  entonces  no  podia  caber  duda  de  que  el  traductor  era  Juan 
Hurtado  de  Mendoza,  pero  hoy  no  las  tiene,  y  es  posible  que 
desaparecieran  con  la  hoja  que  le  han  cortado.  Gallardo  supone 
que  en  dicha  hoja  se  encontraria  el  nombre  del  traductor  ;  no 
niego  la  posibilidad,  pero,  d  mi  juicio,  debia  con  mds  raz6n 
encontrarse  al  pie  de  la  dedicatoria  que  va  en  el  reverso  de  las 
tapas.  El  titulo  que  lleva  el  manuscrito  es  :  Hyspana  Georgii 
Manrrici  Carmina,  quœ  in  Latinutn  carmen  nuperritne  conutrsa 
serenisstmo  Hyspaniarum  principi  Philippo  dedicala  sunt. 

Acerca  del  valor  y  autoridad  de  las  anteriores  citas,  tomadas 
del  Catdlogo  primitivo,  he  de  advertir,  que  si  bien  una  de  ellas 
tiene  memhr.  puedc  no  obstante  admitirse,  a  pesar  de  estar  en 
papel  el  manuscrito,  porque  sus  dos  primeras  hojas  fueron  de 
vitela,  y  en  este  caso  es  explicable  la  equivocaciôn  ;  que  no  trans- 
cribe  los  titulos  literalmente,  sino  tan  solo  de  concepto  ;  y,  por 
liltimo,  que  varias  veces  constan  en  él  los  nombres  de  los  glosis- 
tas  y  autores,  aunque  no  se  encuentran  en  los  manuscritos.  Son 
averiguaciones  6  conocimiento  del  autor  del  Catdlogo. 

No  ha  existido  otra  traducciôn  latina  de  las  Qjplas  de  Jorge 
Manrique  en  esta  Biblioieca  del  Escorial,  ni  tampoco  se  consigna 
en  la  historia  de  la  Literatura  espanola,  y  por  tanto,  d  mi  juicio, 
se  puede  concluir,  no  en  absoluto,  pero  con  suficiente  y  fundada 
probabilidad  que  el  traductor  fué  Juan  Hurtado  de  Mendoza. 

He  hecho  también  investigaciones  acerca  de  las  obras  que 
escribiô  Juan  Hurtado  de  Mendoza,  y  prescindiendo  de  las  caste- 
llanas,  que  no  pueden  servir  para  formular  una  razôn,  apuntaré 
las  que  he  encontrado  en  latin,  y  creo  que  todavia  permanecen 
inéditas  y  ocultas  bastantes  de  sus  poesias.  En  los  preliminares 
del  Biien placer  trobado en  trece discantes  de  qtuirta  rima  Castellana... 


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EL  TRADUCTOR   LATINO   DE   LAS   COPIAS  25 

(Alcalà,  Juan  Brocar,  150)  se  encuentraen  latfn  la  respuesta  de 
Juan  Hurtado  de  Mendoza  i  dos  poesias  latinas  de  Dona  Cata- 
lina  de  Paz.  En  hPublica  Laetitia^  qua  Dominus  Joannes  Martinus 
Silicaeus  Archiepiscopus  Toletanus  ab  Schola  Complutensi  susceptus 
est...  (1546)  figuran  también  varias  poesias  latinas  suyas.  En  la 
Biblioteca  Nacional  de  Madrid  existe  un  epitafio  latino  que  hizo 
i  S.  Isidro  y  escudo  de  armas  que  le  apropiô.  Ademds  en  el 
manuscrito  e.  II.  1 5  de  esta  Biblioteca  Escurialense  he  encon- 
trado  una  larga  poesia  latina,  escrita  de  mano  de  Ambrosio  de 
Morales,  y  dirigida  por  Juan  Hurtado  de  Mendoza  d  su  maestro 
Juan  Petreyo,  profesorde  retôrica  en  Alcala.  Mdsadelante  pueden 
verla  los  lectoresjuntamente  con  otras  dos  poesias  inéditas  castella- 
nas.  Tenemos.  pues,  que  en  la  historia  literariade  Juan  Hurtado  de 
Mendoza  aparecen  varias  poesias  latinas,  lo  que,  i  mi  entender, 
confirma  la  suposiciôn  de  que  él  sea  el  traductor  latino  de  las 
G)plas  de  Jorge  Manrique. 

Las  dos  poesias  castellanas  que  se  publican  se  encuentran  en  un 
cuademo  de  letra  de  ùltimos  del  siglo  xviii,  que  hoy  forma 
pane  del  manuscrito  H-I-9,  reunido  y  encuadernado  en  tiempo 
del  bibliotecario  D.  Félix  Rozanski.  He  de  advertir  que  en  el 
mismo  cuaderno  y  de  la  misma  letra  existe  una  copia  de  la  tra- 
ducciôn  latina  de  las  Copias.  Es  un  detalle  cuyo  valor  pueden 
apreciar  los  lectores. 

La  copia  esta  hecha  del  manuscrito  d.  IV.  5.  Voy  dtranscri- 
bir  unos  versos  que  no  tiene  este,  y  tal  vez  se  encontrarian  en  la 
hoja  que  ha  desaparecîdo. 

Inclytus  Hesperif  contingat  sîdera  Princeps 
Hesperiç  sidus  nostre  prospectât  agrestes 
Contingat  nostrç  radians  pénétrai ia  Musc 
Sydera  prospectât  penetralia  nostra  lucratus 
Princeps  agrestes  Musc  lucratus  amores. 

Contiene  ademâs  dicho  cuaderno  otras  traducciones  latinas 
que  pudieran  ser  también  del  mismo  Juan  Hurtado  de  Mendoza. 


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26  GUILLERMO   ANToUn 


Merecia  la  pena  de  hacer  una  extensa  biografia  del  poeta  Juan 
Hurtado  de  Mendoza,  mas  ni  dispongo  de  tiempo,  ni  tengo  à 
mano  los  materiales.  En  el  Archive  municipal  de  Madrid,  de 
donde  fué  Regidor,  y  principalmente  en  el  de  la  Casa  de  Men- 
doza se  han  de  conservât  papeles  interesantisimos  de  su  vida. 
Tal  vez  en  alguno  de  ellos  conste  ciertamente  que  es  el  traductor 
latino  de  las  Copias  de  Jorge  Manrique.  Yo  voy  a  extractar  aqui 
las  pocas  noticias  que  de  él  trae  Alvarez  y  Baena  en  el  tomo 
tercero,  pdg.  io8,  de  los  Hijos  de  Madrid  :  «  D.  Juan  Hurtado  de 
Mendoza,  tercer  Senor  del  Fresno  de  Torote,  fué  hijodeD.  Juan 
Hurtado  de  Mendoza  y  de  D*  Maria  de  Condelmario.  En  Madrid 
poseyô  la  antigua  casa  de  Mendoza,  perteneciente  d  la  parroquia 
de  San  Ginés  y  situada  en  la  calle  de  Bordadores.  Dicha  casa 
desapareciô  cuando  los  Padres  de  San  Felipe  Neii  construyeron 
alH  su  convento.  Fué  Regidor  de  la  Villa  de  Madrid,  que  le 
nombr6  por  su  Procurador  de  Cortes,  para  las  que  el  Emperador 
Carlos  V  celebrô  en  Valladolid,  en  el  ano  1554;  y  concluidas, 
mandôle  el  César  pidiese  merced  y  solo  pidi6  concediera  S.  M.  al 
escudo  de  armas  de  su  patria  la  Corona  Impérial,  que  usaba  en 
las  Reaies,  como  lo  hizo.  Casô  con  D*  Nufla  de  Bozmediano, 
hija  de  D.  Juan  Bozmediano,  secretario  del  Emperador,  y  de 
D*  Juana  de  Barros  ;  y  tuvo  en  ella  d  D.  Juan  que  sucediô  en  la 
Casa,  d  D.  Fernando,  escritor,  y  d  D*  Maria,  muger  de  D.  Gas- 
par  Ramirez  de  Vargas.  Su  aplicaciôn  d  todo  género  de  letras  y 
estudios  fué  tanta,  que  era  llamado  el-  Filôsojo.  Esta  preciosa  cua- 
lidad  hizo  que  le  tratasen  los  hombres  sabios,  y  le  remitiesen  sus 
obras,  como  Eugenio  de  Salazar  hizo  con  la  graciosa  carta  que 
escribiô  pintando  la  vida  de  los  Catarriberas,  y  que  Marineo 
Siculo  hiciese  de  él  honrosa  menciôn  con  estas  palabras  :  «  Cuyas 
obras  elegantemente  escritas  leimos,  aunque  hasta  ahora  no  son 
publicadas.  » 


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EL  TRADUCTOR  LATINO  DE  LAS  COPIAS  2J 

Su  bibliografla  ademis  de  lo  indicado  anteriormente  es  : 

1.  Vida  de  San  Isidro. 

2.  Un  soneto  al  lector  en  los  preliminares  de  los  Morales  de 
Plutarco  iradu^idos de lengua  Griega  en  Castellana...  Alcali,  Juan 
Brocar,  1548. 

3.  Un  soneto  en  los  preliminares  de  El  Momo.  La  moral  emuy 
graciosa  historia  del  Momo  :  Compuesta  en  latin  por  el  docto 
varôn  Leôn  Baptista  Florentin.  Trasladada  en  Castellano  por 
Agustin  de  Almazàn.  Alcala,  Juan  de  Mey  Flandro,  1353. 

Guillermo  AntolIn,  O.  S.  A. 
De  la  Biblioteca  del  Escorîal. 


APÉNDICE 

POEStAS  INÉDITAS  DE 
D.  JUAN  HURTADO  DE  MENDOZA 

Magistro  loanni  Petreio  Complutensis  Licii  Rhetorices  professori,  Poetae 
singulari,  suus  discipulus  loannes  Mendocius  salutem  plurimam  didt. 
Stultus  ego,  Petreie,  tuo  qui  carminé   jamjam 
Persuadebar  homo,  diuas  me  hac  ualle  morari 
Raniferi  nostri  gusarapi  ferique  Torotis 
Ridiculum,  quum  emersa  caput,  quo  obtundere  ripas 
Rana  solet  nostras,  mihi  sese  objecit  eunti 
Qpaesitum  properata  Tui  vestigia  vates. 
Laudibus  immo  dids  utqui  me  impune  beasti  : 
Illa  repente  oculos  acreis  jaculata,  caputque 
Muribus  et  similis  picae,  inculcauit  in  aures 
Talia  uerba  mihi  :  Quamuis  jam  sedulus,  inquit. 
Te  nisi  ducit  amv-)r,  nosque  improbus  agricolarum 
Piscandi  ranas,  tamen  hue  concède  parumper, 
Obstreperae  vocis  patiens  hic  siste  viator, 
Namque  etenim  ripe  dominum  fas  noscere  Ranae, 
Si  potens  est  nimio  pluuias  praedicere  cantu 
Et  quamuis  possit  praenoscere  Rana  poetas, 
Non  ^o  sum  Phoebus  non  sum  Cumea  Sibilla. 


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28  GUILLERMO   ANTOlIn 


Corpore  monstrifico  uerum  simulata  syren  sum. 

Nostra  quidem  praeclara  sacris  cum  muribus  olim 

Bella  Poetarum  cecinit  flos,  Dius  Homerus. 

Et  consul  Cicero  nostro  quoque  jure  poeta  est, 

Nostra  etenim  exametris  cecinit  prognostica  rhetor. 

Et  non  dignetur  noster  Parrochius  ille 

Doctor  loannes  Ramirez,  arduus  alter 

Rhetoricae  artis  apex,  nos  tandem  uisere,  quando 

Gutture  de  tremulo  bene  dedamare  peritas. 

Sed  me  obiter  docuit  Petreîus  carmina  nolens. 

Quid  ni  ?  Qui  faceret  dumos,  lapidesque  syrenes  ? 

Ille  Petreius,  ait,  cujus  vestigia  lustras, 

Ille  Petreius  erit,  cursu  cui  lampada  tradat 

Inter  ApoUineos  celeberrimus  Aluar  Gomez, 

Qpi  Gellameleis  Musis  dédit  esse  disertis. 

Me  miseram,  at  postquam  rapuit  mors  frigida  vatem. 

Obrriguere  gelu  uiduaeque  Gimaenç 

Ut  quels  disertis  pariter  dédit  esse  Repressus. 

At  Petreius  erit  magico  qui  carminé  fretus 

Ut  pullos  gallina  suos  excluserit  cuis. 

Sic  gellameleis  Musas  educat  ab  hortis. 

Sic  gellameleis  Phoebum  excantet  in  antris. 

Et  quocumque  feratur,  eo  sua  musa  feratur, 

Seu  petat  egregiam  patriam,  Magni  Herculis  urbem. 

Qua  nimio  studio  musarum  accepimus  usum. 

Siue  velit  vacuum  musis  Helycona  beare. 

Siue  Cygni  doceat,  flectatque  juuetque  licium 

Praesulis  eximii.  Seu  fontes,  pascua,  riuos, 

Genistas,  ulmos,  salices,  salicumque  sodales 

Fraxineos  visât  juncos,  frutices,  loporesque 

Siue  Toroticolas  spectavit  denique  ranas. 

Nae  ille  imprudens,  quem  cum  pater  almus  Apollo 

Aonidumque  chorus  penitus  comitetur,  et  usque 

Excubet  ingenio  vatis  peregreque  domique, 

Dicat  ab  occeano  nostro  hoc  se  hausisse  furorem 

Aethere  delapsum,  quo  mens  adflata  repente 

Sublimis  rapitur.  Quo  non  contendere  prorsus 

Quo  non  aspirare  queo,  saliensue  natansue, 

Rana  loquax.  Lîcet  innatum  mi  ex  tempore  carmen, 

Prograediarque  licet  Satyrorum  more  coaxans, 

Quorum  antiqua  nimis  pater  Ennius  carmina  vidit. 


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EL  TRADUCTOR    LATINO   DE   LAS   COPIAS  29 

Verum  taie  mihi  carmen  contlngere  nosti, 
Qpale  solet  Nymphis  ausis  certare  catnaenis. 
Quale  etiam  Anipedes  qui  gamilitate  sequuntur 
Eflfutire  soient.  Non  autem  quale  Petreius 
Complutum  hac  rediens  docuit  me  nuper  amusim. 
Namque  quod  is  cecinit  misso  ad  te  carminé  dudum 
Nouimus,  an  ranas  Phoebi  praeseruolet  aura  ? 
Hue  migrasse  sacras  musas  Helycone  relicto 
Perpetuam  sacrasse  sibi  haec  ad  flumina  sedem, 
Hincque  sibi  venisse  no  vas  in  carmina  vires. 
Numine  correptus,  pulchre  et  nugatur  amice 
Quod  si  illi  ex  animo  sic  delirare  volupe,  et 
Qpesitum  musas  Compluto  contulît  hue  se, 
Ille  quidem  nobis  similem  se  prçbet  ad  unguem 
Ruricoli  juuenis,  qui  nymphae  captus  amore 
Undique  querit  eum  scicitabundum  aselluro, 
Anxius  atque  vagus,  cui  presens  insidens  ipse 
Preterea,  indicibus  precium  magno  ore  futurum 
Pollicitus.  Tandem  monitus  quumque  inuenit  illum 
Indicibus  grates  agit,  et  refFerre  paratur. 
Haec  misit  chi  cum  caneret  moranti  garrula  nympha 
Atque  videretur  plura  his  garrire  parata, 
Se  nisi  uisceribus  riui  insinuasset  amici, 
Frux  caepisset  eam  nigrae  experientia  parcae. 
Indignabar  enim,  me  praeter  hic  esse  Poetas, 
Qui  mihi  dissuadere  queant  même  essepoetam. 
Et  mihi  praerripiant,  tibi  quod  respondere  possem . 
Fors,  celeber  vates,  celebrem  nam  reddere  pergit 
Carminibus,  Petreye,  tuis  celebranda  per  orbem 
Pâtre  Deo  geniti  Dilectrix  inclyta  Christi. 
InBcias  vix  ire  potes.  Nam  te  fore  vatem 
Arguit  agricolis  docta  abs  te  rana  poesim. 

Vale. 
(Biblioteca  del  Escorial  e-II-15  fols.  92  V.-94.) 

Al  muy  reverendo  Senor  Alvar  Goraez  catedratico  de  Griego  en  la  Univer- 
sidad  de  Alcali  respuesta  en  métro  yambico  de  D.  Juan  Hurtado. 
Dichosa  tecla  del  Lattno  vando 
y  de  la  musa  argolica  dechado 
y  de  la  dstellana  nuevo  chantre 
y  lo  que  habia  primero  de  decir 


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30  GUILLERMO    ANTOLIn 


en  el  christiano  coro  digno  preste. 

A  ti  salud  de  alli  do  nunca  mengua 

alli  donde  la  larga  affluencia 

de  gustos  mana  à  gustos  impression 

de  vida  desmolida,  y  reganada 

no  llamo  yo  ni  es  reganamiento 

al  pesar  justo  que  à  las  esperanzas 

de  gustos  que  no  cumplen  desencona 

mal  debito  torraento,  y  gran  tormenta 

del  purgatorio  do  las  Aimas  hierben 

friendose  en  las  penas  de  las  Hamas 

por  do  de  grado  en  grado  van  trepando 

cocidas  en  la  absencia  de  la  gloria 

briosas,   encogidas,  lastimosas 

pero  con  un  hidalgo  sufrimiento 

con  que  van  promoviendo  en  las  limpiezas 

Dios  sabe  en  quantos  lustros,  quantos  passos 

mas  mejor  es  salir  tarde  que  nunca 

al  gusto,  y  gozo  que  con  tu  élégante 

y  viva  carta  recibi  no  el 

de  los  emmascarados  que  da  el  vulgo 

entiendo  vulgo  no  por  los  menudos 

sino  por  los  que  en  viles  menudencias 

de  vicios  yacen  como  yo  enfrascados 

por  mucho  que  lo  estoy  mas  lo  estuviera 

sino  porque  escuche  medio  aturdido 

el  mucho  mormorio  que  las  aguas 

de  gracias  davan  en  sus  arcaduces 

por  do  la  gracia  viene,  y  va  encaâada 

que  son  las  aimas  de  varones  santos 

a  este  esteril  y  seco  desîerto 

donde  las  fuentes  de  los  Sacramentos 

por  la  misericordia  inagotable 

de  la  salud  que  espero  siempre  manan. 

Aqui  la  falsa  sed  se  desengana 

si  la  fe  desalterada  le  da  via 

y  nos  hace  dexar  la  cantarilla 

de  nuestro  ardid,  consejo  y  entimemas 

como  acaescio  en  el  pozo  de  Jacob 

do  la  Samaritana  argumenuba 

cl  grande  amor  que  en  tus   cartas  me  muestras 


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EL   TRADUCTOR    LATINO    DE    LAS   COPIAS  3I 

me  da  salvo  conduto  a  disparar 

quanto  a  la  boca  se  me  viene 

aunque  despues  y  antes  que  lo  diga 

con  mi  flaco  juicio  lo  registre 

y  del  ageno  espero  enmienda,  y  lima 

para  mis  desembueltos  disparates 

porque  ni  yo  soy  digno  de  imitar 

los  sacrosantos  saltos  de  David 

ni  las  hondas  celadas  de  Thebano 

ni  el  muy  sublime  y  gracioso  pretexto 

del  sabio  valentin  Osias  March 

ni  de  la  muy  illustre  y  honda  musa 

del  granadin  la  mascara  dichosa 

ni  de  tu  Musa  la  tranquilidad 

manosa  que  al  lector  atarantado 

con  alterada  sobrehaz  le  llama 

bien  con  el  avisado  y  buen  cabrero 

con  la  cabra  que  va  de  cerro  en  cerro 

de  brena  en  brena  el  que  vaya  quejada 

que  el  la  reduce  al  compétente  pasto 

con  alentado  y  manso  corazon 

pero  con  voz  briosa,  y  pies  de  gamo 

creida  tengo  la  invisible  fuerza 

del  amor  que  en  los  brutos,  y  en  las  plantas 

y  en  los  duros  mineros  hace  mella 

y  mucho  mas  en  quien  tiene  caudal 

como  es  el  aima  radonal  del  justo 

la  causa  oculta  de  la  dissonancia 

so  consonancia  va  en  constellaciones 

so  complexiones  no  sin  el  gobiemo 

de  luz  divina  que  le  da  sus  rayos 

y  los  hermana  a  un  fin,  y  deshermana, 

segun  la  paz  6  guerra  les  conviene 

que  no  séria  de  su  grande  franqueza 

do  cumple  sobresalto  dar  reposo 

y  no  gastar  la  paz  que  nos  combate 

tambien  se  traba  buena  paz,  o  guerra 

por  el  guiamiento  que  el  Angel  que  en  gracia 

de  aquél  esta  que  nos  le  dio  por  guarda 

pero  otras  veces  nacen  sentimientos 

de  hombres  como  yo  que  siempre  yacen 


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32  GUILLERMO   ANTOlIn 


en  iras,  y  apetitos  mal  mandados 

que  alla  se  van  donde  les  lleva  el  soplo 

como  los  milanillos  de  alcarciles 

quando  las  noches,  y  tareas  crecen 

de  las  cuidosas  mozas  hilanderas 

y  la  cuerda  hormîga  se  bastece 

sin  amargarse  de  ello  el  buen  villano 

asi  me  vea  yo  bien  entrastado 

como  me  duelo  de  mi  entrastamiento 

y  como  creo  que  quanto  aqui  digo 

lo  sobrepujas  con  vuestro  y  seso 

pero  mientras  mexor  cosa  no  hago 

oso  parlando  desfrutar  la  musa 

de  tus  viexas  lecciones  y  experiencias 

en  especial  siguiendo  tus  pisadas 

a  quien  asi  siguiesse  en  la  destreza 

y  letras,  y  bondad  y  gran  mesura 

como  es  signo  en  el  amor  debido 

dubdoso  èstuve  si  responderia 

sin  consonantes  ô  en  métro  espanol 

como  me  acometiste  con  tu  carta. 

Mas  vi  que  el  canto  comenzabas 

y  porque  aora  se  usa  entre  poetas 

y  en  el  primer  troba  es  uso  en  Espafla 

y  porque  entre  otras  trobas  se  sufrian 

y  porque  es  descansada  esta  poesia 

y  porque  no  se  sabe  entonar  bien 

quien  no  se  desentona  donde  cumple 

y  porque  los  que  vienen  al  trobar 

entrar  no  dubden  por  menguado  vado 

y  por  dar  mejor  tono  i  lo  entonado 

quise  escrevir  assi  siquiera  aquesta 

aquesta  letra  ;  é  ley  rigurosa 

del  trobar  nuestro  métro  desatada 

como  tu  hondo  Pindaro  hacia 

no  sin  mysterio  segun  yo  sospecho, 

bien  assi  como  madré  cariciera 

que  al  tiemo  nino  entrega  las  galas 

le  pone  mano  de  lexon  é  higa 

porque  se  le  (en  blanco)  en  ella  el  mal  ojo 

es  porque  las  muy  utiles  sentencias 


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EL  TRADUCTOR   LATINO   DE   LAS   COPIAS  33 

se  miren  con  desocupada  vista 

mal  ojo  digo  al  que  se  esta  en  las  galas 

y  por  las  flores  dexa  el  dulce  frulo 

como  lo  creo  y  bien  sanctos  doctores 

confuso  destas  verdades  aunque  malo 

oy  dia  de  la  dulce  y  limpia  sangre 

de  aquellos  que  muriendo  y  no  hablando 

hicieron  confession  à  Dios  accepta 

en  vuestro  de  la  sangre  redemptora 

de  quien  primero  que  se  le  agotasse 

la  sangre  nueva  cobra  hidalguia 

primeros  en  la  escuela  del  martyrio 

que  no  solo  por  Christo  padecieron 

mas  en  lugar  de  Christo  degollados 

quien  fuera  aora  tanto  faborecido 

de  la  christiana  musa  que  pudiera 

dccir  no  como  tordo  y  papagaio 

la  hidalguia  desta  nueva  gentc 

y  df  1  cruel  la  brutedad  villana 

y  la  paciencia  del  que  nos  espcra 

y  la  obediente  y  sagrada  partida 

de  la  siempre  doncella  y  santa  Madré 

del  hijo  de  Dios  Padre  para  Eg>'pto 

donde  la  gran  llaneza  de  la  tierra 

descubre  el  hondo  fin  de  astronomia 

por  la  serenidad  del  ayre  y  delo 

y  la  delicadez  de  los  ingenios 

Quien  te  dixera  Egypto  la  ventura 

en  receptar  en  ti  al  sol  de  justicia 

embuelto  como  en  nubes  en  panales 

nino  pero  Senor  de  tus  planetas 

ni  pienso  que  faltara  ingenio  ni  artc 

no  espiritu  no  nombre  de  poeta 

que  aunque  sufria  temporal  pobreza 

no  fuera  menester  otro  Mecenas 

no  febos  para  fecundar  là  mente 

y  concebir  crecidas  intenciones 

dentro  de  fe  y  mesura  governadas 

y  levantar  con  gran  magnificencia 

los  pies  del  Griego  y  del  Latino  verso 

Remu  bùpauiqtit.  xiv.  % 


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34  GUILLERMO  ANTOLIn 


y  de  las  nuevas  rimas  Castellanas 
a  quien  tambien  ayudas  y  vandeas 
entres  tus  sacras  oras,  é  lecciones 
estudios  y  domesticos  cuidados 
que  solo  bastarias  para  salvarlas 
si  el  raundo  nuevamente  se  anegasse 
aunque  condenas  à  tu  octava  rima 
sin  ser  oyda  y  sin  justa  causa 
como  arte  desdenosa  que  aborrece 
los  dulces  paxaricos  que  criaba 
porque  los  cazadores  los  miraron 
pero  mayores  cosas  esperamos 
de  tu  christiana  musa  en  el  latin 
y  sino  conjetura  mal  mi  musa 
veran  los  que  vivieren  de  la  tuya 
generacion  que  sea  bien  recivida 
de  la  musa  davidica  por  lo  alto 
a  mano  (en  blanco)  Geronymo  y  Ambrosio, 
(Bibl.  delEscorial,  H.  I.  9  fol.  27.) 

En  alabanza  de  las  cuatro  Canticas  del  sublime  y  gracioso  Osias  March  anti- 
guo  Poeta  Valcnciano  Soneto  de  su  observantissimo  rimador  D°  Juan  Hurtado 
de  Mendoza. 

De  sano  amor  secretos  encantados 
de  hondo  aviso  moral  disciplina 
ricas  ganancias  de  la  libitina 
divinos  gustos  al  aima  inspirados 

Veras  aqui  Lector  atesorados 
con  musa  dulce  casta  fuerte  fina 
en  Icngua  obscura,  viexa,  valenciana 
tarde  entendidos,  y  tarde  escuchados 

El  loco  precia  el  retinente  alambre 
Por  el  retinte,  y  resplandor  agudo 
mas  que  oro  fino,  sino  es  relucido 

El  oro  en  su  retinte  es  algo  mudo 
quien  va  por  oro  à  las  minas  con  hambre 
del  precio  y  senas  va  bien  advertido. 

(Bibl.  del  Escorial,  H.  I.  9  fol.  26  v.) 


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TRACTADO  DE  AMIÇIÇIA 


Entre  los  côdices  de  la  Biblioteca  Osuna  que  fueroii  adquiridos  por  el  Estado 
espanol  para  la  Nacional  de  Madrid'  figuran  dos  de  no  despreciable  interés 
para  la  historia  filosôfica  del  Renacimiento.  Nos  referimos  al  Tractado  de  Ami- 
çi(ia  y  al  Tractado  de  la  bienauenturattça,  escritos  por  el  Doctor  Ferràn  Nùnez  à 
liltimos  del  siglo  xv. 

El  Tractado  de  Amiçiçia  lleva  hoy  la  signatura  Hh.  78,  y  es  un  côdice  de 
190X136  mm.,  escrito  en  papel  (excepto  la  primera  y  ûliima  hojas,  que 
estdn  en  vitela),  de  hermosa  letra  de  fines  del  siglo  xv.  Consta  de  doce  folios, 
enloscuales  el  numéro  de  renglones  oscila  entre  35  y  38  por  pagina.  Tiene 
algunos  reclamos.  En  el  folio  10  r.  hay  una  inicial  hermosaniente  iluminada  en 
oro,  azul,  rojo,  rosa  y  verde,  y  la  pagina  (exceptuando  el  mdrgen  derecho) 
ostenta  una  preciosa  orla  de  flores  y  animales.  En  la  parte  inferior  esta  dibu- 
jado  el  escudo  del  Marqués  de  Santillana,  con  la  leyenda  :  Ave  Maria,  gratta 
pkna.  El  tftulo  de  la  obra  (en  rojo)  es  como  sigue  : 

Proljetnio  z  declaraçion  del  verdadero  nonhre  de  amor,  intitûlado  al  tracta  ||  do 
de  amiçiçia,  conpuesto  en  vulgar  lengiia  por  el  doctor  Ferran  Nune^  para  el  ||  illus- 
tre z  serettissitno  seûor  su  seùor  el  duque  del  Infantadgo,  coude  del  Real, 

E.  :  «  Muy  illustre  z  serenissimo  duque  senor  ».  A.  :  suplan  qualquier  defecto 
que  buen  juyzio  dictare  que  deuen  enmendar  ». 

El  Tractado  de  la  hienauenturança  lleva  actualmente  la  signatura  :  Reserv.  6*.- 
i)y  y  es  un  côdice  de  132X87  mm.,  escrito  en  papel,  con  algunas  hojas  en 
vitela,  de  grande  y  buena  letra  de  fines  del  siglo  xv.  Consta  de  setenta  y  nueve 
hojas,  en  las  que  cada  pagina  sueletener  18  renglones.  Hay  algunas  notas  mar- 
ginales, de  la  época.  En  el  folio  1°  r.  va  una  orla  en  colores,  con  el  escudo  del 
Marqués  de  Santillana  dibujado  en  la  parte  inferior,  y  la  palabra  Ihs  en  la  supe- 
rior.  La  inicial  de  la  raisma  pagina  esta  iluminada  en  oro,  azul,  rojo,  rosa,  verde 
y  lila.  Al  folio  6°  v.  hay  otra  inicial  iluminada.  El  tftulo  de  la  obra  (en  rojo) 
dice  asf  : 

Principio  z  introduction  a  un  excelente  tractado  \\de  la  hienauenturança,  copillado 
por  el  doctor  fe  ||  rrant  nuOe^,  del  consejo  del  rrey  z  rreyna  nros  ||  sehores,  para  el 


I .  Catdlogo  ahreviado  de  los  manuscritos  de  la  biblioteca  del  Exmo  Senor  Duque 
de  Osuna  é  Infantado,  hecho  por  el  conservador  de  ella  Don  José  Maria  Rocamora 
(Madrid,  Fortanet,  1882).  Niimeros  163  y  164. 


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36  FERRAN    NUNEZ 


illustre  z  serenissimo  senor  su  se  ||  itor  don  ynigo  lope;;^  de  metidoça,  duq  del  injà  || 
tadgo,  marques  de  santillaua,  conde  del  Real. 

E.  :  a  Por  muy  claro  conosçimiento  tengo  conosçido,  illustrissimo  senor 
duque  ».  —  A.  :  «  E  gloria  e  honrras  z  gracias  infinitas  den  aquel  hazedor  que 
lo  administre  sin  meritos  mios,  al  quai  con  quantas  fuerças  yo  puedo  las  do, 
r  a  la  gloriosa  madré  suya,  que  syn  nenguna  macula  meresçio  ser  madré  suya. 
Deo  gracias.  » 

De  la  personalidad  del  autor,  totalmente  ignorada  hasta  ahora  »,  sabemos 
tan  solo  que  se  calificaba  de  Doctor,  que  perieneciô  al  Consejo  Real  y  que  sir- 
viô  al  Duque  del  Infantado.  Escribi'a  sin  duda  à  liliimos  del  siglo  xv,  pues  los 
dos  opuscules  descritos  (linicas  producciones  suyas  que  conocemos),  van  dedi- 
cados  i  Don  Inigo  Lôpez  de  Mendoza,  segundo  Duque  del  Infantado,  Marqués 
de  Santillana  y  Conde  del  Real,  quien  vivia  por  aquel  tiempo.  Don  Ynigo  fué 
hijo  de  Don  Diego  Hurtado  de  Mendoza,  primer  Duque  del  Infantado,  el  cual 
testô  en  14  de  Junio  de  1475,  y  nieto  deKamoso  autor  de  la  Comedieta  de  Ponça, 

Los  opuscules  rcferidos,  sin  ser  de  primer  orden,  constituyen  una  buena 
muestra  de  lo  que  eran  la  erudiciôn  y  el  estilo,  no  precisamente  en  los  rena- 
cientes,  sine  en  los  aspirantes  d  renacientes  del  siglo  xv.  El  docter  Ferràn 
Nùnez,  como  Pedro  Di'az  de  Tolède,  come  Gracia  Dei,  como  Juan  de  Lucena, 
come  Fernàn  Pérez  de  Guzmàn,  como  Mosén  Diego  de  Valera  y  tantes  êtres, 
a  caresçiende  de  las  formas,  era  contente  de  las  materias  »,  y  asf  se  ve  aquél 
su  anhelo  de  resucitar  el  saber  antiguo,  citando  i  diestre  y  siniestro  a  les  cldsi- 
sices  que  pude  conocer,  y  entreverande  su  dicciôn  con  hôrridos  latinismes.  Su 
cenfesiôn,  al  final  de  la  dedicatoria  del  Tractado  de  la  hienauenturança^  es  harto 
ingenua  :  «  z  ante  que  comiençe  —  le  dice  al  Duque  — créa  uutstra  senoria  que, 
con  tan  grand  pena  se  escriue  en  romance,  que  non  puede  ser  cosa  mas  penosa  z 
de  mayor  tràbajo.  »  Y  este  se  afirmaba  por  los  mismes  anos  en  que  salia  d  luz 
la  Comedia  de  Calisto  z  Melibea  ! 

Repreducimes  d  continuaciôn  el  Tractado  de  Amiçiçia^  sin  êtres  cambios  que 
deshacer  las  abreviaturas  del  original,  escribir  les  nombres  prepies  con  mayûs- 
culas,  sustituir  las  ss  largas  por  cortas,  y  pener  la  puntuaciôn.  El  autor  (como 
indica  él  mismo  al  principie  de  su  trabaje)  toma  por  base  las  opinienes  de  dis- 
tintos  jurisconsultes,  remanistas  y  canonistas,  lo  cual  no  déjà  de  contribuir  i 
la  ingrata  sequedad  de  su  estilo.  No  séria  dificil  tampoco  lacharle  de  alabar  en 
demasfa  los  mérites  de  su  protector,  si  ne  supiésemes  cuin  gênerai  era  este  en 
su  tiempo  y  siguiô  siéndolo  en  les  posterieres. 

A.  BoNiLLA  Y  San  MartIn. 


I .  Hablamos  por  vez  primera  del  Docter  Fcrrdn  Ndnez  en  nuestro  estudio  : 
El  Renacimiento  y  su  infltiencia  literaria  en  Espaiia  {La  Espana  Moderna  ;  Febrero 
de  1902),  pdgs.  98-99. 


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TRACTADO    DE    AMIÇIÇIA  37 


PrOHEMIO  Z  DECLARAÇION  DEL  VERDADERO  NONBRE  DE  AMOR, 
INTITULADO  AL  TRACTA  ||  DO  DE  AMIÇIÇIA,  CONPUESTO  EN  VULGAR 
LENGUA  POR  EL  DOCTOR  FERRAN  NUNEZ  PARA  EL  j|  ILLUSTRE  Z  SERE- 
NISSIMO  SENOR  SU  SENOR  EL  DUaUE  DEL   YnFANTADGO,  CONDE  DEL 

Real  *. 

Muy  illustre  z  serenissimo  duque  senor  :  en  el  comienço  de 
cada  obra,  segund  la  opinion  de  los  antiquissimos  z  christianis- 
simos  doctores  z  de  los  modernos,  el  auxilio  diuino  se  deue 
pedir,  por  que  la  obra  o  intinçion  buena  con  que  se  haze  se  pro- 
traygua  a  buen  fin,  ca  syn  este  adjutoriodel  sumo  bien,  ninguna 
rrazon  se  entiende,  ni  menos  natura  se  puede  substentar,  ni 
acçion  alguna  se  puede  expedir.  Asy  lo  dize  aquel  diuino  orador 
Plato*,  z  aquesto  pretermisso,  non  se  puede  començar  buen  prin- 
çipio,  nin  menos  traher  a  buen  fyn.  E,  segun  dize  el  prin- 
cipe de  los  peripatheticos,  el  Aristotelis,  del  sabio  es  ordenar  z 
con  grande  studio  en  orden  poner.  E  el  Seneca,  en  el  quarto  de 
sus  Declamaçiones  :  toda  honesta  obra  la  voluntad  la  prinçipia  z 
la  ocasion  o  causa  de  la  començar  le  da  fin.  E  acatando  esto, 
ylustre  senor,  mi  habli  tomara  z  tiene  prinçipio  de  aquel  non 
generado  padre  que  da  ser  a  todas  las  cosas,  z  a  los  balbuçientes 
da  eloquençia  z  pone  audaçia  por  su  bondad  marauillosa,  z  a  los 
débiles  flacos  les  da  osadia  z  fuerça,  z  del  vnigenito  fijo  suyo 
que,  sin  varonil  simiente,  de  la  virgen  purissima,  virgen  quedando, 
naçio,  del  quai  es  todo  saber  z  de  quien  procède  toda  sapiençia 
z  sçiençia,  sera  la  prosecuçion  deste  comienço,  pues  que  el  solo 


1.  Estas  Ifneas  van  en  rojo  en  el  côdice. 

2.  Cuyos  diàlogos  Axioco,  Faîro  y  Fedon  puso  en  castellano,  traduciéndolos 
del  latfn,  el  Docior  Pedro  Diaz  de  Toledo,  del  Consejo  del  Rey  Don  Juan  II. 
La  version  del  Fedon  va  dedicada  al  Marqués  de  Santillana,  y  parece  anterior  al 
ano  1445.  Hemos  dado  noticia  detallada  de  estas  traducciones  en  nuestro  :  Ion, 
didlo^o platânicOy  traducido  del  griego  por  Afanlo  Ucalego:  Madrid,  M.C.M.I. 
(paginas  ix-xxv). 


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38  FERRAN    NUNEZ 


es  hermosura  z  décor  de  todas  las  genres  z  uerbo  de  Dios. 
Debaxo  de  la  quai  doctrina  prosiguo,  z  con  su  lumen,  quod  est 
lux  vera  z  eterna^  este  camino  agredior,  z  el  efecto  desta  rrazon 
o  oraçion  z  prinçipio  trahe  el  Paraclito,  proçediente  de  amos,  z 
aquella  conluzida  infusion  deste  sacro  don  puesto  en  la  via  o 
camino.  Comienço,  e  a  la  perfecçion  desta  santissima  trinidad, 
que  indiuidua  tiene  essençia,  loor  z  gracias  z  laudes  ynfinitas  con 
todas  mis  fuerças  ofresçiendo,  de  su  inhefable  misericordia 
teniendo  firme  esperança,  mi  balbuçiente  lengua  en  este  vulgar, 
que  pierde  eldulçor  de  la  eloquençia  z  en  que  ningun  buen  stillo 
se  puede  tomarcomo  en  la  sacra  lengua  latina,quiero  començar, 
dezir  z  loar,  z  mejor  declarar  las  ynnumerables  virtudes  z  exçe- 
lençias  de  vuestra  perssona  z  nobilissima  progenie,  z  prosapia 
donde  procède.  E  porque  a  ofo  asy  conuinientemente  como  a 
vuestra  ylustre  persona  se  pudo  adoptar  sermon  de  noble/a,  ni  a 
otra  persona  alguna  pudo  conuenir  de  se  Unmar  noble  como  (fol. 
1°  V.)  vuestra  seiîoria,  porque  en  verdad  ninguno  tiene  ubra- 
çado  z  vnido  a  si  mesmo  por  quatro  costados  la  generaçion  de 
nobleza  sinon  solo  vuestra  ylustre  perssona,  e  en  todo  modo  o 
genero  délia.  E  por  que  el  philosofo,  en  el  quinto  de  la  Ethica  % 
persuade  z  dize  que  a  los  nobles  es  dado  hazer  merçedes,  z  para 
las  hazer  dize  que  deuen  ser  atraydos  z  persuadidos,  z  esto  dize 
ser  honor  e  gloria,  a  vuestra  senoria,  que  desde  la  juuentud  z 
ninez  todos  los  tiempos  syn  cansar  de  continuo  trabaja  en  tan 
magnificas  cosas,  asi  de  grandeza  destado  como  de  gentes  con- 
tinuas r  marauillosos  hedefiçios  e  de  virtuosa  gouernaçion,  zen 
virtud  colocaren  persona.  La  quai,  segunel  gran  Basillio,  varon 
exçelente  z  de  admirabile  nominaçion,  non  piensa  que  en  esta  via  se 
puede  arbitrar,  nin  menos  estimar  ni  llamarde  vtilidad  o  prouecho, 
sinon  la  via  de  la  virtud,  porque,  segun  el  dize,  nin  la  dignidad,  nin 


I.  Don  Cârlos,  Principe  de  Viana,  tradujoal  castellano  los  diez  libres  delà 
Etica  dNicomaco  enel  siglo  xv  (v.  el  ms.  S,  153  de  la  Biblioteca  Nacional  de 
Madrid,  y  los  P,  191  ;  S,  72;  S,  20;  S,  9  ;  y  T,  127). 


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TRACTADO    DE    AMIÇIÇIA  39 

la  grandeza  de  los  mayores,  nin  las  fuerças  del  cuerpo,  nin  la  forma 
del,  nin  la  honrra  dada  de  todos  los  honbres,  ni  el  ynperio,  ni  otra 
cosaque  se  pueda  dezir  en  esta  vida,  exçelente  z  longeuasperança 
nos  da  para  alcançar  la  eterna  synon  la  virtud .  E  pues  desta  tan 
dottado  esta  vuestra  nobilissima  perssona,  que  con  digna  rremu- 
neraçion  séria  honor  z  gloria,  porque  honor,  segun  lo  dize  el 
philosopho  In  primo  Ethicor.y  mas  esta  çerca  del  dador  de  la 
honrra  que  non  del  que  la  rresçibe,  mas  yo,  ylustre  senor,  con 
ynmensa  alegria  z  gozo  me  alegro,  conosçiendo,  por  çierto  z 
auiendo  aprehendido  z  visto  lo  que  a  muchôs  antes  oya,  z 
que  por  esperiençia  ellos  auian  conosçido,  z  con  vn  spiritu 
de  verdad  que  penetro  mis  cntranas  z  coraçon  en  vna  forma 
marauillosa,  me  mostro  quel  honor  de  vuestra  serenidad  es  el 
bien  propio  z  virtud  rradicada  en  su  ilustre  persona,  que  es  muy 
difiçille  z  avn  quasi  ynposible  que  délia  se  aparté.  E  la  gloria, 
quanto  mas  la  mundana,  como  sea  jnane  z  vana  z  syn  fructo, 
dizelo  aquel  consolado  Boeçio  ' ,  en  el  terçero,  adonde  dize  que 
el  tragico  la  llama  injuria,  i  Que  cosa  es  gloria  en  los  millares  de 
los  honbres  synon  vna  inflaçion  grande  de  los  oyentes  ?  La  mer- 
çed  z  honor  z  gloria  de  vuestra  senoria,  non  es  nin  puede  ser 
synon  aquella  que  de  si  mesma  es  estable  z  por  si  mesma  es 
sufiçiente  bien,  z  esta  es  digna  de  contar  z  numerar  de  vuestra 
ylustre  persona.  Porque  sy  vn  poco  mas  alto  vuestra  senoria  z 
los  que  lo  acataren  los  ojos  alçaren  z  eleuaren,  en  aquel  lugar 
la  hallaran  asentada  z  colocada,  en  el  quai  todas  las  cosas  son,  z 


I .  Del  Tratado  de  consolaciân  de  Anicio  Manlio  Torcuato  Séverine  Boecio, 
muy  conocido  y  mencionado  en  la  Edad  Media,  hay  varias  versiones  castella- 
nas  del  siglo  xv  (véase,  por  ejemplo,  el  ms.  li.  35  de  la  Biblioteca  Nacional 
de  Madrid). 

También  tradujeron  esa  obra,  en  el  siglo  xvn,  el  gran  poeta  D.  Esteban 
Manuel  de  Villegas  y  D.  Agusli'n  Lôpez  de  Reta.  La  version  de  este  liltimo, 
que  i  nuestro  juicio  es  la  mejor  de  todas,  fué  publicada  por  D.  Vicente  Rodrf- 
guez  de  Arellano  en  1805  (Madrid;  por  Gômez  Fuentenebro  y  C*;  xxiv+ 
2$i  pigs  en  80). 


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40  FERRAN    NUNEZ 


donde  se  colocan  los  preclarissîmosvarones.  Caesta  gloria  mun- 
dana,  avnque  paresçe  bien  para  alguna  pane  del  anima,  muy 
pequena  z  de  poco  durar  es.  Por  eso,  seiior,  aquella  que  es  muy 
mas  exçelente  z  que  dura  donde  esta  la  perpetuidad,  esta  apare- 
jada  a  vuestra  exçelençia,  en  la  quai  fruyen  los  bienauenturados, 
que  es  la  eternal  silla  z  morada,  la  quai  non  se  da  a  los  que 
esperança  en  los  honbres  tienen,  nin  a  los  que  atienden  z  siguen 
la  boz  del  pueblo,  nin  a  los  que  su  premio  en  lomundano  ponen, 
saluo  a  los  que  la  virtud  como  vuestra  senoria  tiene,  z  este 
premio  z  gloriosa  corona  en  grandissima  copia  vos  esta  en 
los  çielos  rrepuesto  ;  a  lo  quai  sola  la  yleçebre  virtud  de  vuestra 
(Fol.  2°  r.)  persona  exçelente  vos  traxo  a  esta  verdadera  fama  z 
honrra,  porque  de  vuestra  senoria  siempre  se  dixo,  z  por  obra 
paresçe  z  se  vehe,  z  fuy  buen  testigo,  porquel  honor  deuido  a 
los  que  gouiernan  z  rrigen  la  rrepublica,  como  vuestra  exçelen- 
çia lo  haze  z  quiere,  este  honor  se  deue,  <?  quanto  mas  se  dara  a 
los  que  la  virtud  tienen  ?  Ca,  como  el  Çiçero  dize,  en  el  Sopno 
del  Sçipion,  sola  la  virtud  haze  al  honbre  bien  auenturado,  z  por 
otra  ninguna  via  este  nonbre  de  bien  auenturado  se  alcança.  E 
yo,  queriendome  rreduzir  al  proposito,  sy  el  alegado  principe  de 
los  filosofos  dize  z  persuade  que  a  los  nobles  deuemos  de  atraher 
a  hazer  merçedes,  quanto  mas  détermina  z  se  ha  de  créer  que  se 
deue  de  persuadir  a  los  ylustrissimos,  como  es  vuestra  senoria,  z 
toda  su  progenie  donde  procède  z  de  donde  se  diriua  z  des- 
çiende,  que  desde  losgodos  aca  non  se  lee  generaçion  tan  nobilis- 
sima  nin  donde  tanto  numéro  de  viriudes  z  marauillosos  actos  z 
tan  insignes  varones  ayan  proçedido.(f  Quien  podra  contar  nin 
en  escriptura  alguna  poner  las  exçelençias,  virtudes  z  nobles 
actos  z  de  gran  marauilla  de  aquel  de  memoria  digno  del  stipite 
donde  procède  vuestra  senoria,  el  senor  don  Pero  Gonçalez  de 
Mendoça  ?  Que  avnque  es  puesto  por  grandissimo  loor  z  exçe- 
lençia z  muy  gran  osadia  la  quel  rrey  Saul  hizo,  que  sabiendo 
que  auja  de  morir,  el  z  sus  fijos  podiendo  fuyr,  vino  a  labatalla 
donde  murio,  segun  se  lee  Regum,  primo,  vltimo,  c,y  mayorexçe- 


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TRACTADO    DE    AMIÇIÇIA  4I 

lençia  fue  la  que  fizo  z  de  mayor  osadia,  en  lugar  de  tanto  peli  - 
gro,  que  con  marauilloso  esfuerço  saco  z  libro  al  rrey  su  senor, 
z  puesto  en  lugar  donde  se  pudiera  librar  su  persona  z  ganar 
grandes  tierras  z  gran  senorio  por  tan  gran  seruiçio  como  auia  fecho, 
sabiendo  que  non  podia  escapar,  todo  pospuesto,  como  vn  leon 
brauo,  pensando  el  solo  vençer  z  rrecobrar  lo  perdido,  boluio  a 
pelear  donde  muriov^  Que  podre  dezir  nin  narrar,  nin  menos 
podria  avnque  mucho  trabajase,  en  escriptura  poner  los  belicosos 
actos  del  glorioso  avuelo  vuestro  don  Ynigo  Lopez  de  Mendoça, 
cuyo  nonbre  en  vuestra  senoria  esta  rrecobrado  ?  Cason  tanynu- 
merables  batallas  z  cosasen  que  non  themio  cosa  que  se  pudiese 
dezir  temer,  r  a  que  su  persona  non  pusiese,  z  tan  dignas  de 
loor,  que  es  mas  loor  suyo  z  de  vuestra  senoria,  segun  sonnoto- 
rias,  dexallas,  que  dezillas;  pero  vna  cosa  sola  non  podria  callar, 
mas  mucho  z  mucho  se  deue  escreuir,  que  fue  ser  en  singular 
modo  sapiente,  z  escreuir  tan  marauillosas  doctrinas,  todo  porlo 
natural,  que  por  gracia  le  fue  dado  mas  que  por  arte,  que  nunca 
aprendio  ;  i  de  quien  se  podra  dezir  nin  menos  escreuir,  que 
fuese  tan  sabio  z  tan  exçelente  z  esforçado  varon  en  todas  las 
estorias  que  discurrir  se  pueden  ?  solo  vno  se  hallara  a  quien  le 
semejar  pueda,  que  fue  el  grandissimo  varon  z  de  gran  exçelen- 
çia  Jullio  Çesar,  de  quien  todos  se  nominaron  por  su  exçelençia, 
que  de  audaçia  z  fortaleza  mucho  acabado  se  falla,  z  touo  z  la 
sapiençia  en  exçelente  manera,  que  por  su  sapiençia  fallo  elvisiesto 
del  ano,  z  antes  nin  despues  del  otro  ouo  que  tanto  alcançase. 
Pues  (Fol.  2°  v.)^  que  dire  del  ylustre  senor  duque,  padre  de 
vuestra  senoria,  don  Diego  Hurtado  de  Mendoça,  que  fue  docta- 
do  de  ynumerables  gracias,  taies  que  en  las  quatro  çiuilidades  o 
maneras  de  senorear  que  escriue  el  filosofo  en  el  primero  de  los 
Reioricos,  todas  quatro  touo  z  muy  cognosçidas  en  el  ?;  pues  jn 
espeçie  viniendo  la  prudençia,  avnque  por  exçelençia  se  adapta 
a  Noe,  çerca  de  su  senoria  en  mayor  exçelençia  se  podria  poner, 
z  por  mas  singular,  segun  la  fama  z  obras  que  por  ella  hizo, 
mayormente  en  la  lealtad  z  guarda  de  las  cosas  que  prometia  z 


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42  FERRAN   NUNEZ 


daua.  Pues  la  confidençia,  la  begninidad  z  amor  a  los  que  le  sir- 
uieron,  syn  cuento  se  muestra;  la  stabilidad  z  fîrmeza  muy 
mayor  que  en  Josue,  segun  por  sus  actos  paresçe;  la  perfecçion 
mas  perfecto  fue  que  otro  alguno  en  todas  sus  obras.  El  seso  z 
prudençia  de  Salamon  non  fue  tan  acabado  ;  ya  la  paçiençia  esta, 
avnque  se  adapta  a  Job,  muy  mayor  la  touo  en  grandes  cosas  su 
exçelençia  ;  la  fecundidad  z  perseuerançia,  la  deuoçion,  todas 
segun  los  tiemposen  que  su  senoria  las  exerçito  para desatar  gran- 
des lazos  z  ligaduras  z  sostener  la  rrazon,  ningun  gouernador  la 
alcanço  tan  acabado  como  su  senoria.  Pues  i  que  se  podra  dezir 
de  otros  muy  ylustres  z  serenissimos  seiiores  que  desta  prosapia  z 
projenie  han  proçedido,  de  donde  agora  en  jvuestra  exçelençia  se 
inemora  todo  ?  Pues  bien  con  rrazon,  por  la  breuedad  que  es 
plazer  de  los  modernos,  dire,  tomando  la  doctrina  del  philosopho, 
que  a  tan  ylustre  senor  como  es  vuestra  senoria  deuo  persuadir  z 
atraher  que  faga  merçedes  z  las  fechas  conserue  como  continuo 
lo  haze,  queriendo  tomar  exemplo  de  aquel  inmenso  dador  Dios 
nuestro,  que  sienpre  da  z  nunca  rresçibe.  Ca  si  acatare  a  la  per- 
sona  de  vuestra  senoria,  tantas  z  tan  ynumerables  virtudes  z 
exçelençias  vy  z  estan  el  rradicadas,  que  non  puedo  otra  cosa 
dezir,  segun  el  amor  que  a  tan  pequeno  z  indigno  sieruo  mos- 
tro,  synon  lo  que  dize  él  Posio  '  del  Tito  emperador,  que  paresçe 
vuestra  serenidad  amor  z  deleyte,  z  en  algo  mas  quiero  esten- 
der.  Que  sy  mirare  a  la  prestançia  z  nobilissima  projenie,;  quien, 
entre  todos  los  cabdillos  z  duques  del  mundo  semejable  se  halle, 
que,  por  venustad  de  los  mayores  z  por  gloria  de  los  padres  z 
parientes,  a  vuestra  linpidissima  sangre  z  tan  clara  se  pueda  lie- 
gar  ?  E  sy  de  la  epulençia  de  rriquezas  bastare,  anplissimos  son 
los  scnorios  que  tiene  de  potençia  singular,  losçibdadinos  z  sub- 
ditos  z  de  firme  amor  z  beniuolençia.  Sy  de  la  virtud  z  grandeza 
de  coraçon  opinare  z  acatare,  tanto  grande  z  de  tal  manera,  que 


I .  i  Poggio  Bracciolini,  el  autor  de  la  Hisioria  de  Fîorencia  y  eximio  huma- 
nista  ? 


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TRACTADO    DE    AMIÇIÇIA  43 

es  marauilloso,  mayormente  en  la  sîngularidad  de  los  hedefiçios, 
que  non  se,  mirandolo,  a  que  lo  pudiera  adaptar,  nin  menos 
similar,  synon  aquel  hedefiçio  que  de  la  talla  z  Hellion  que 
hedifico  aquel  notable  rrey  r  muy  memorado  Priamo,  que  mi- 
rando  su  forma  z  sotileza,  creheran  (Fol.  3°  r.)  ser  verdad  lo  que 
desto  se  escriue.  i  Que  dire  de  la  virtud  de  la  justiçia,  que  tanto 
ama  z  quiere,  de  la  rreligion  z  liberalidad,  de  la  clemençia  z  pie- 
dad,  de  la  fe,  z  constançia,  z  moderaçion  z  prudençîa  que  vy  en 
vuestra  senoria,  z  de  que  esta  doctado  z  continue  exerçita  z  vsa, 
synon  requérir  al  philosofo  que  nueuamente  paresca,  z  me  de 
audaçia  para  persuadir  a  tan  nobilissimo  varon  z  de  tanta  exçe- 
lençia  que  me  faga  merçed,  pues  indigno  de  la  resçebir  me  fallo  ? 
z  pues  este  jnfiel,  avnque  muy  memorado  z  que  non  tiene  espe- 
rança,  boluerme  he  aquel  solo  dador  que  a  prinçipio  inuoque, 
pues  aquel  solo  es  el  que  da  a  los  flacos  z  débiles  fuerça,  z  a  los 
ygnorantes  sçiençia,  z  este  guiadormedemuestraque  tengafiuzia 
en  tantas  z  tan  ynumerables  virtudes  como  en  la  ylustre  persona 
de  vuestra  senoria  estan,  que  aquellas  vos  atraheran  a  lo  concé- 
der, pues  la  virtud  esta  en  el  dar,  z  non  en  el  que  rresçibe;  z 
queriendo  non  ser  prolixo  z  dar  fyn  en  este  prinçipio,  serenis- 
simo  senor,  muy  conuiniente  cosa  fue  que  a  tan  graçioso  senor, 
z  de  tantas  virtudes  doctado,  que  tanto  amor  me  mosiro,  sir- 
uiendo  escriuiese,  z  en  perpetuydad  pusiese  por  comienço  z  co- 
gnosçimiento  de  todos  este  tractado  de  amor,  porque  por  esta 
amiçiçia  vuestro  exçelente  z  magnifico  estado  mucho  mas  se 
ahumentaracada  dia,  solo  por  querer  z  amar  lo  honesto^  bueno, 
que  es  el  propio  amor,  segun  adelante  en  este  tractado  paresçe, 
z  por  quedar  la  amiçiçia  con  quien  vuestra  senoria  la  puso.  E 
por  esto,  con  gran  rrazon  mouido,  por  que  a  todos  fuese  noto 
este  nonbre  de  amigo  de  que  me  yntitulo,  que  tan  rradicado 
vuestra  senoria  tiene,  fue  conuiniente  cosa,  por  començar  a 
seruir,  que  en  esta  lengua  vulgar  escriuiese,  para  saber  que  cosa 
es  amiçiçia  z  amor  r  beniuolençia.  E  por  esto,  mouido  con  aquel 
modo  z  acatamiento  que  deuo,  suplico  a  vuestra  exçelente  magni- 


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44  FERRAN   NUNEZ 


fiçençia  que  nonacatando  a  la  flaqueza  z  poco  saber  de  inirrudo 
juyzio  z  non  buen  estilo  desta  mi  obra,  pues  lo  causo  la  nesçes- 
sidadde  la  lengua,  z  al  desseo  z  fyn  que  me  mueue  a  lo  copillar, 
vuestra  scfioria  con  esto  lo  quiera  rresçebir  gratamente,  a  exenplo 
del  rredenptor  nuestro  lesu,  que  le  pluguo  mas  el  exiguo  don  z 
pequeno  de  buena  yntinçion  que  lo  muy  mucho  mas  ;  z  lo 
defectuoso  vuestra  exçelençia  lo  supla  z  lo  superfluo  quite,  z  en 
todo  a  enmienda  z  correcçion  lo  mande  traer,  z  non  mirando  a 
losemulos,  coiîio  ninguno  dellos  caresca;  z  como  quiera  que  es 
noto  a  todos,  pero  asento  mi  animo  aqui  enxerir  algunos  doc- 
tores  z  santos  de  santissima  vida,  z  otros  que  los  touieron,  z 
començare  de  los  poetas,  por  ser  antiquissimos  que  los  storicos  z 
oradores  z  que  otro  genero  de  scriptores.  Homero,  que  fue 
duque  z  cabdillo  de  la  filosofia,  z  fue  n te  z  ynuentor  z  origo  de 
las  cosas  diuinas,  este  en  la  posteridad  de  su  studio  touo  tantos 
emullos,  que  dormitante,  z  yncredulo,  z  otras  jnjurias  en  su 
nonbre  z  escriptura  pusieron,  en  espeçial  Zoylo,  que  fue  maestro 
de  toda  Maçedonia  z  Alexandria,  le  llamo  Homeromastis  en  lo 
que  escriuea  Tholomeo  n^y  contra  yliaderiy  z  era  ya  pasado  desta 
vida  Homero  en  aquel  tienpo  mill  anos  auia.  Maro  mantuano, 
cognosçedor  de  toda  disciplina,  que,  segun  dize  el  Flaco,  non  se 
hallo  en  tierra  alguna  (Fol.  3°  v.)  otro  mas  rresplandesçienie, 
muchos  emulos  touo,  que  le  cononbran  ladron  publico,  z  le 
dizen  feos  denuestos.  Esto  mesmo  padesçio  Pedro  *  Terençio, 
de  los  comicos  el  mas  exçelente.  ^Quien  puedepensarnin  dezir  lo 
del  Tullio  z  Sçiçero,  que  son  luz  de  la  eloquençia  z  doctrina* 
de  los  quales  grandes  Iqpres  se  dizen,  gran  émulation  touieron, 
que  ouo  quien  de  tantos  z  tan  sumos  oradores  oso  dezir  que 
locamente  z  coiïio  escurras  auian  hablado  ?<î  Que  dire  de  Demos- 
tenes,  en  tanta  grauedad  tenido,  z  eminente  en  el  arte  oratoria  z 


1.  Asi,  por  Publio. 

2.  Como  se  ve,  coriSidera  d  Tulio  y  d  Cicerôn  como   dos  distintas  persona- 
lidades. 


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TRACTADO    DE    AMIÇIÇIA  45 

en  el  vso  z  majestad  de  dezir,  que  Epicuro  z  los  que  lo  siguen, 
en  espeçial  Metodoro  z  Ermachus,  z  otros  filosofos,  mucho  lo 
laçeraron,  z  el  mesmo  Epicuro  a  Platon  continue  muerde  z  mal- 
tracta el  philosofo  Aristotiles?  z  el  Eusebio,  en  vn  libro  que  hizo 
de  preparatione  euangelica,  en  vn  capitulo  que  comiença  ElearcuSy 
dize  quel  Aristotelis  fue  judio  z  de  su  génération  '.  l  Quien  podra 
escreuir  la  eniulaçion  del  Fauio  contra  Seneca,  z  Seneca  contra 
Phauio  z  contra  Quintiliano,  z  el  Quintiliano  contra  el,  que 
avnque  son  exçelentes  en  doctrina,  z  varones  de  gran  jngenio, 
nunca  su  propio  nonbre  se  llaman  ?  Pues  dexados  estos  de  tanta 
sapiençia,  viniendo  a  los  santos,  lea  la  contençion  del  glorioso  lero- 
nimo  con  Rufino  Aquiliensi,  con  Jouiniano,  con  Vigilancio.  {  Quien 
vido  las  epistolas  del  Jeronimo  con  Agustino,  z  Agustino  con  el 
Jeronimo,  que  como  quiera  que  santissimos  varones  z  de  ma- 
rauillosa  sapiençia  z  de  tanta  santidad  z  doctrina  ensenados,  que 
a  todos  exçeden  en  susescripturas  z  vidas,  mas  de  eniulaçion  no 
poca,  antes  grande,  es  visto  tener  ?  {  Que  dire  del  Çipriano,  en 
todaarte*  oratoria  admirable,  fue  de  nmchos  acusado  z  escar- 
nesçen  del,  llamandole  Capriano  por  la  jnuidia  z  eniulaçion,  z 
oy  los  Tomatistos  z  Escotistos  en  las  opiniones  tanto  diuerssos  ? 
E  assy,  serenissimo  senor,  vuestra  senoria  non  se  marauille  que 
contra  mi,  pusilo  z  flaco  honbre,  z  yndocto,  algo  se  diga,  mas 
suplico  a  vuestra  senoria  con  la  exçelente  virtud  de  nobleza  lo 
supla,  z  a  los  lectores  suplico  que  lo  lean  con  yntinçion  de  lo 
emendar  cada  que  lo  leyeren,  z  si  leyendo  hallaren  lo  que  yo 
ygnore,  lo  suplan  z  enmienden  z  syn  detracçion  a  correcçion  lo 
trayan,  tomando  la  doctrina  z  sentençia  del  papa  Melchiades,  que 
primero  todo  diligentemente  lo  ynquiran,  z  con  justiçia  z  caridad 
difinan,  a  ninguno  condepnen  hasta  hallar  justo  z  verdadero 
juyzio,  z  a  ninguno  judguen  por  suspicion  de  arbitrio,  mas  pri- 


1.  Desde  :  z  el  Eusebio  hasta  génération  y  estd  subrayado,  y  con  una  cruz  en 
forma  deaspa  al  ma*^gen. 

2.  Borrado:  «  de  «. 


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46  FERRAN    NUNEZ 


mero  prueuen  z  despues  caritatiuamente  condepnen,  z  lo  que 
quieren  para  sy  quieran  para  otro.  E  ynuocando  el  auxilio  del 
que  a  prinçipio  por  auxiliador  tome  coiho  dador  de  las  gracias, 
comiença  el  Tractado  z  dize  asy  *  : 

I 

Para  uerdadera  notiçia  desta  palabra  amiçiçia,  primeramente 
deuemos  saber  por  cognosçimiento  que  cosa  es.  Lo  segundo  de 
donde  se  diriua  z  quantas  maneras  ay  de  amistad.  Lo  terçero 
a  quien  es  deuido,  z  (Fol.  4°  r.)  quanto  el  amigo  deue  amar 
a  su  amigo.  Lo  quarto  que  fruto  trahe  amar.  Lo  quinto  por  que 
causas  se  pierde  o  deue  perder  la  amistad.  Lo  resto  z  vltimo, 
que  prouecho  trahe  tener  amigos,  z  destas  materias  tracta  asaz 
plene  el  filosofo,  en  el  octauo  z  nono  Ethkor.^  z  el  Tulio  in  libro 
de  amiçiçia  ^,  z  en  el  primero  z  terçero  de  ofiçiis,  mucho  por  yns- 
tenso  el  santo  doctor  en  la  segunda  del  segundo,  en  la  quistion 
veynte  z  seys  z  veynte  z  siete  z  veynte  z  ocho,  tractando  de  la 
caridad  por  todas  las  questiones.  Esta  bien  por  ynstenso  por  todo 
el  titulo  veynte  z  siete  de  la  quarta  partida  ;  pone  algo  çerca 
dello  el  Sabio,  prouerbioruniy  çiento  z  veynte  z  siete  ;  mas  por- 
que  en  estos  lugares  esta  muy  vulgar,  dexando  las  rrazones  z 
opiniones  z  diferençias  destos  actores,  por  euitar  la  prolixidad, 
solamente  por  lo  rreduzir  z  traher  al  proposiio  por  mi  ya  yniçiado, 
entiendo  proseguir  en  este  tractado  sola  la  opinion  de  los  juristas. 


1 .  Hay  un  espado  en  blanco  de  dos  Ifneas  en  el  côdice. 

2.  Hay  version  castellana  de  este  opiisculo,  hechaen  el  siglo  xv,  en  el  ms. 
li.  21  de  la  Biblioteca  Nacional  de  Madrid  (es  el  n©  54  del  CatdJogo  ahreviado 
de  los  tnanuscriios  de  la  Biblioteca  del  Excmo.  Sefior  Dtique  de  Osuna  é  Infantado^ 
l)echo  por  el  cottservador  de  ella  Doii  José  Maria  Rocaniora  ;  Madrid,  Fortanet, 
1882). 

D.  Fernando  Casas  publicô  en  Càdiz,  en  1841,  una  nueva  traduccién,  con  el 
texto  latino  y  notas,  de  :  Lelio,  â  didlogo  de  Marco  Tulio  Cicerôn  sobre  la  Amistad 
(xxiv+214  pâgs  en  80). 


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TRACTADO    DE    AMIÇIÇIA  47 

que  sera  cosa  nueua,  z  lo  que  los  doctores  en  estos  casos  ponen 
z  determinan,  yntrexiriendo  algo  de  los  dichos  de  algunos  singu- 
lares  filosofos  z  poetas,  z  algo  de  la  sacra  escriptura  en  el  lugar 
do  conuiene^E  porque  en  estos  casos  ay  algunos  vocablos  que 
non  bien  se  rromançan,  perdone  vuestra  senoria  si  alguna  obs- 
curidad  touieren,  que  yo  entiendo  de  trabajar  de  los  poner  en  el 
mejor  vulgar  que  pudiere.  E  primeramente  se  ha  de  saber  que 
los  juristas  hazen  diferençia,  z  dizen  que  ay  beniuolençia,  z  beni- 
fiçençia,  z  amor,  z  amiçiçia,  z  esto  trahe  entre  sy  diferençias,  por- 
que la  beniuolençia  es  acto  de  la  voluntad,  por  el  quai  a  alguno 
bien  queremos,  de  la  quai  habla  la  ley  inperialis  en  el  prinçipio  ; 
z  la  benifiçençia  es  vna  acçion  o  acto  beniuolo  que  da  gozo  al 
que  lo  rresçibe,  z  asi  se  difine  en  los  feudos,  en  el  .c.  primero,  z 
asy  consta  que  la  beniuolençia  esta  en  la  voluntad,  z  non  es  ope- 
ratiua  de  cosa  buena,  porque  non  obra.  E  tienen  diferençia  estos 
vocablos  de  amor,  porque  amor  rrequiere  deliberaçion  del 
coraçon  z  voluntad  de  obra,  z  por  eso  el  amor  procède  ex  animo, 
segun  se  nota  en  la  ley  terçera  de  donationibus,  z  la  beniuolençia 
niuchas  vezessin  deliberaçion  z  rrepentina  z  arrebatadamente  z  de 
supito  viene,  segun  muchas  vezes  por  experiençia  vehemos  en  dos 
perssonas  que  peleen  z  jueguen  o  hagan  otros  actos,  que  subito 
viene  al  honbrequerer  que  vno  vença  ogane,  avnque  non  le  ama, 
tiene  beniiîolençia  supita  z  presta,  z  algunas  vezes  ama  a  quien 
no  es  su  amigo,  z  por  esto  non  se  puede  dezir  todo  bien  querer 
o  amor  ser  amiçiçia.  Ca  este  amor  de  amiçiçia  ha  de  ser  delibe- 
rada  bien  querençia  entre  dos,  z  ha  de  ser  mutua,  z  a  cada 
vno  manifiesta,  conuiene  a  saber  quel  amor  de  amiçiçia  ha  de 
estar  çerca  del  amante  z  del  amado  como  vna  cosa  clara  z  mani- 
fiesta, sin  mezcla  alguna,  z  por  esto  dize  la  ley  :  a  los  amigos 
auemos  de  Uamar  amigos,  non  por  leue  z  ligero  cognosçimiento, 
mas  antiguo  z  grande,  z  honesta  familiaridad,  por  rrazon  adqui- 
rida,  z  que  sea'  auida  con  los  padres  o  parientes,  non  de  volun- 
tad presta,  synon  deliberada  ;  (Fol.  4^  v.)  assi  lo  quiere  la  ley 
late.,  do  la  glosa,  alegando  al  Tulio,  dize  :  el  amigo  el  mesmo 


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48  FERRAN    NUNEZ 


querer  z  non  querer  en  las  cosas  liçitas  z  honestas  ha  de  tener  de 
su  aniigo  o  amado,  que  quiere  dezir  que  avnque  dos  sean  en 
espeçie,  han  deser  vna  voluntad,  vn  querer,  vn  amor  en  las  cosas 
liçitas,  z  por  esto  propriamente  se  dize  amigOy  que  quiere  àtzxr  custos 
o  guardador  del  coraçon  del  amigo  ;  de  la  quai  ley  z  glosa  se 
concluyen  dos  cosas  :  que  la  perfecta  z  verdadera  amiçiçia  es 
por  lo  honesto  z  bueno  solamente,  z  non  por  lo  délectable,  z 
que  tiene  aparençias  de  ser  bueno  z  non  lo  es,  nin  por  el  querer, 
synon  por  la  rrazon  z  honestad  ;  z  por  esto  dize  la  ley  vna  muy 
marauillosa  habla,  que  los  nuestros  mayores  antiguos  z  doctos 
siguieron  rrazon,  z  los  padres  donde  proçedemos  extimaron  z 
dixieron  aquel  amor  o  amiçiçia  ser  buena  que  procède  de  solo 
coraçon  z  voluntad  buena  z  sinple,  z  non  la  que  procède  por 
lucro  o  ganançia,  o  ynterese  z  prouecho,  como  oy  por  nuestras 
culpas  vehemos  que  no  ay  amor  ni  bien  querer,  ni  la  beniuolen- 
çia  ni  amiçiçia,  synon  por  el  lucro  o  prouecho  que  dello  pro- 
curan  o  esperan  o  han,  non  que  procéda  de  la  voluntad  nin  del 
coraçon,  que  es  presçipua  causa  por  donde  las  cosas  estan  como 
vehemos,  porque  en  todos  fallesçe  la  substançia  de  la  virtud  que 
ha  de  ser  en  el  amiçiçia  o  amor,  que  ha  de  procéder  ex  anUno  z  de 
voluntad,  z  non  por  rrazon  del  ynterese  ;  asy  lo  dispone  la  ley 
allegada,  que  es  terçera,  z  por  esto  dizen  losdoctores  que  inpropio 
trahen  oy  z  por  muchos  tiempos  se  ha  tenido  este  vocablo  de  dezir 
amiga  a  las  que  aman,  porque  non  las  aman  por  lo  honesto  z 
bueno,  synon  por  lo  deleitable,  z  la  verdadera  amiçiçia  es  por  lo 
honesto  z  bueno,  z  con  pocos  z  non  con  muchos,  porque  para 
ser  el  querer  z  non  querer  vno,  non  puede  diuertirse  z  estar  çerca 
de  muchos,  porque  es  natural  cosa  el  disentir  z  non  permanes- 
çer  ni  estar  en  vn  querer  los  muchos,  segun  lo  dize  la  ley 
Iten  si  vnuSy  z  aqui  se  auia  de  traher  çerca  de  la  vnidad  muchas 
cosas  que  por  la  breuedad  omito,  r  desto  se  sigue  que  vera  ami- 
çiçia non  puede  estar  çerca  de  muchos,  z  teniendo  esto  quel  ami- 
çiçia ha  de  estar  en  lo  honesto  z  bueno,  z  se  han  de  querer  z 
amar  los  amigos  antiguos,  z  que  se  ouieron  con  deliberaçion. 


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TRACTADO    DE   AMIÇIÇIA  49 

Dizelo  el  sabio  :  a  tu  amigo  z  al  aniigo  de  tu  padre  non  lo  dexes  ; 
z  porque  este  es  mi  motiuo  z  la  causa  que  me  mouio  a  este  tractado 
escreuir,  para  lo  corroborar  esto,  sera  nesçessario  traher  z  fun- 
darlo  con  dichos  extrahordinarios  avnque  singulares  z  exparzidos 
en  muchos  lugares,  con  este  desseo  de  traher  a  esta  vera  amiçiçia 
a  vuestra  senoria.  z  para  ello  dize  el  Seneca  en  la  terçera  epis- 
tola,  z  el  Inoçençio,  famosissimo  papa  quarto,  fablando   desta 
amiçiçia  que  es  perfecta  :  Con  el  amigo  toda  cosa  se  ha  de  fablar  z 
deliberar  z  primero  ver,  z  asse  de  fablar  tan  osado  como  consigo, 
porque  muchos  muestran  enganar  con  themor  de  ser  enganados, 
que  es  dulçe  dezir  bien  acatado  ;  z  el  Socrates,  en  sus  exortaçiones, 
en  el  capitulo  primero,  dize  ;  non  solamente  (Fol.  5^  r.)  al  ami- 
go se  deue  el  honbre  todo  z  daro  comunicar,  mas  ha  de  tener  en 
la  mesma  amistad  z  comunicaçion  a  los  que  nasçen  de  su  amigo, 
como  herederos  en  la  substançia  del  padre.  De  que  se  signe  que 
por  la  absençia  o  reparaçion  del  anima  z  del  cuerpo,  o  decay- 
miento  destado,  nunca  la  amistad  ha  de  çessar  de  obrar  z  tenerse, 
pues  es  virtud.  E  el  filosofo,  en  el  libro  segundo  de  los  rrttoricosy 
dize  :  apartarse  de  los  amigos  antiguos  z  acostunbrados  es  misé- 
rable confusion  z  flaqueza,  z  miseria  de  coraçon  ;  \  o  coiïio  esto  es 
inhusitado,  que  a  terçero  dia  muy  fastidiosa  paresçe  en  todos  la 
amistad,  siguiendo  en  esto  el  prouerbio  nialo  vulgar,  que  las 
nueuas  cosas  aplazen  !  z  contra  estos  fue  lo  que  dize  el  Sabio  en 
el  Eclesiastico  :  a  tu  amigo  antiguo  non  lo  dexes,  quel  nueuo  non 
puede  ser  semejable  a  el,  de  que  résulta  que  cada  dia  non  se  deue 
tomar  nueua  amistad,  z  el  verdadero  amigo  non  solamente  asi 
ha   de   comunicar,   z  esto  comunmente  es  auido   por   facile, 
avnque   nuestro  saluador  lo   ouo  por  dificile,  que  non  hallo 
mayor  amor  que  poner  su  anima  por  la  de  su  amigo,   que 
es  la  comunicaçion  de  sy  mesmo,    z  darse   en  sus    nesçessi- 
dades,  mas  anle  de  comunicarle  sus  bienes   z  cosas,   lo  quai 
segun  el  tiempo  es  dificultoso,  z  desto  es  griego  prouerbio,  que 
dize  de  los  amigos  es  ser  comunes  todas  sus  cosas,  z  el  Tulio  lo 
dize  en  el  primero  de  los  ofiçios.  En  los  amigos  ha  de  ser  vn  estu- 

Rtxmt  bitfanique.  xiv.  4 


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50  FERRAN   NU5ÏEZ 


dio,  vna  voluntad,  vn  tener,  en  manera  que  cada  vno  sea  el  otro, 
z  cada  vno  aya  la  mesma  delectaçion  z  plazer  honesto  del  otro, 
z  sea  el  vno  z  el  otro  su  amigo  mesmo,  en  que  paresçe  dezir  lo 
que  Pitagoras  dize  :  Quel  amigo  ha  de  ser  fecho  de  muchos  vno, 
z  con  esto  concuerda  el  Valerio  en  el  libro  quarto,  en  el  titulo 
de  moderaçionephor.y  que  coiîio  oyese  que  Xenocrates  su  disçipulo 
muchos  maies  dixiesse  del,  con  inpetu  menospreçiando  z  crimi- 
nando,  z  con  cara  z  vulto  cruel  z  sanoso,  acato  al  que  lo  dizia, 
el  quai  començo  a  jurar  z  dezirle  que  por  que  non  le  daua  fe 
como  el  le  amase,  z  cosas  creybles  le  dizia,  z  con  grandes  jura- 
mentos  dixo  ser  verdad  que  Xenocrates  su  disçipulo  auia  dicho 
del  lo  que  le  dizia.  Luego  le  respondio  que  nunca  los  dioses  qui- 
siesen  nin  podria  ser  que  Xenocrates  su  amigo  tal  dixiesse,  sy 
non  fuesse  nesçessario  z  conuiniente,  de  que  paresçio  amarle  de 
coraçon,  pues  le  escuso  z  non  creyo  lo  que  de  su  amigo  se  dezia  '  ; 
z  tal  ha  de  ser  el  amigo  que  quando  algo  oyere  dezir  de  su  amigo, 
non  lo  deue  creher,  antes  escusarlo  ;  z  a  esto  el  Socrates  en  sus 
exortaçioneSy  en  el  segundo  capitulo,  dize  :  Sy  élégante  z  bueno 
quieres  ser  con  tu  amigo,  quando  algo  del  oyeres,  presto  lo  redar- 
guye,  z  quando  nesçessidad  ouiere,  le  socorre  z  le  ayuda  ;  z  el 
Aristotel,  en  el  libro  segundo  de  los  rretoricos  :  El  fecho  del  amigo 
uerdadero  z  non  fingidoes,  syn  que  lo  piJa  *  nin  requiera,  proue- 

I.  «  Por  lo  quai  menos  me  maravillo  porque  tue  {Plaiôn)  moderado  tan 
constantemente  en  Xenocrates  su  dicipulo.  Avia  oido  que  el  avia  hablado  muy 
mal  muchas  cosas  de  el,  luego  tuvo  en  poco  la  acusacion.  El  que  se  lo  avia 
dicho  porfiava  sin  mudar  el  senblante,  buscando  la  causa  por  que  no  le  dava 
credîto,  anadio  que  no  creya  que  no  le  amase  en  igual  grado  aquel  a  quien  el 
amava  en  tanta  manera.  A  la  postre,  como  aquel  mal  onbre  que  senbrava  las 
encmistades,  uviese  dicho  que  juraria  que  era  ansi  lo  que  dezia,  porque  no  se 
disputase  sobre  su  juramento  falso,  afirmô  que  Xenocrates  nunca  avia  de  dezir 
aquellas  cosas,  si  no  juzgara  le  convenia  que  las  dixese.  »  Valerio  Maximo, 
traduccion  de  Diego  Lopez  ;  Sevilla,  Francisco  de  Lyra,  1632  ;  al  fol.  79.  — 
Otra  version,  delsiglo  xv,  puede  verse  en  el  ms.  Kk.  17  de  la  Bibl.  Nacional 
de  Madrid. 

2.  Escrito:  h  que  puede. 


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TRACTADO    DE    AMIÇIÇIA  5I 

erle  ;  zd  mesmo  filosofo  (Fol.  5°  v.)  en  el  octauo  libro  Ethicor. 
dize  :  segun  la  perfecta  amiçiçia  por  muchas  razones  se  ha  de 
ganar  mucho  el  amigo  z  non  amar  a  muchos  de  vna  amistad,  sy- 
non  plazer  aquel  muchas  vezes.  E  el  Seneca,  en  la  epistola  que 
comiença  longum  michi,  segun  lo  reza  el  Baldo,  doctor  muy  sotil, 
en  vn  tractado  que  hizo  de  la  amistad,  quel  amigo  se  ha  de  pose- 
her  en  el  coraçon,  z  nunca  se  ha  de  apartar  del,  z  ha  de  ser  des- 
seado  continue  uerle.  Eassy  dizia  el  Sçipio  Africano  nengun  peste  ' 
ser  tan  firme  nin  mayor  quel  amigo  z  su  honor.  Ca  muchas  vezes 
entre  los  muchos  amigos  vehemos  grandes  enemistades,  z  non 
quiére  otra  cosa  dezir,  sinon  quel  amigo,  con  quantas  fuerças  pue- 
da,  procure  el  bien  z  honrra  de  su  amigo  por  que  non  le  pierda, 
z  esto  faziendo  le  sera  firme  peste  *  z  que  non  le  esperimente  por 
nesçessidad  z  miseria.  Segun  quiere  la  sentençia  de  aquel  varon 
que  dizia  :  Sy  quieres  prouar  al  amigo,  ponte  en  neçesidad  z  mise- 
ria. Ca  esto  es  herror  manifiesto  dexar  el  amigo  de  tener  amistad 
por  ninguna  causa.  Assy  lo  muestra  z  dize  el  Socrates,  donde 
dize  :  con  los  amigos  luenga  amistad  z  breues  oraçiones,  z  obras 
z  no  palabras  ;  z  el  Tulio,  en  el  primero  de  los  ofiçioSy  dize  que 
ninguna  conpania  o  soçiedad  es  tal  como  con  los  buenos  z  vir- 
tuosos  amigos  en  obras  z  costunbres  tener  luenga  amistad  z  fami- 
liaridad  mucho  conjuhta.  E  el  Boeçio,  in  iercio  de  consolacioney  en  la 
fabula  de  Orfeo,  dize  :  no  ay  mayor  ley  de  amorque  amar  luenga- 
mente  a  su  amigo.  r  el  que  ama  ha  de  tener  themor,  porquel  amor 
con  el  themor,  han  de  tener  conjunçion  z  conpania,  z  han  destar 
conjuntos  en  vno,  ca  non  es  amor  donde  no  ay  themor,  nin  se 
puede  llamar  perfecto. 

Asi  lo  muestra  Salamon  en  el  Eclesiastko,  ecle.  xxv.  :  en  très 
cosas  fue  plazible  mi  spiritu,  las  quales  delante  de  dios  son 
aprouadas  z  por  los  honbres  queridas  z  tenidas  :  La  concordia  de 
los  parientes;  El  amor  z  themor  de  los  amigos,  z  el  varon  z  la 


1.  Tal  VQz:  poste, 

2.  Tal  vez^  :  poste. 


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52  FERRAN   NUNEZ 


muger  que  se  dan  a  consentimiento.  E  todo  esto  es  querer  mos- 
trar  la  perfecçion  del  amiçiçia  z  verdadera  vnion  z  amor,  de  la 
que  este  iractado  prosigue.  d,  como  dize  el  Tulio  in  libro  de 
amiçiçiCy  i  que  cosa  tan  stable,  que  çibdad  tan  firme  es  que  con 
odio  z  discordia  non  se  hunda  z  destruya  z  diuierta  ?  3  el  Salustio, 
in  Jugurtino  :  con  la  amistad  z  concordia  todas  las  cosas  junta- 
mente  z  yguales  creçen.  z  con  la  discordia  o  odio  maxime  se  des- 
hazen  rpierden.  Esegun  dize  el  Jeronimo  en  el  primero  libro 
contra  Jouiniano^  que  los  griegos  entre  sy  discordes,  loauan  a 
Malamoro  su  enemigo,  porque  concordo  a  très  en  vna  casa  :  con- 
Gordo  al  marido,  3  a  la  muger,  z  la  sierua,  z  dize  que  si  este  por 
tan  poco  es  de  loar,  quanto  mas  séria  z  meresçe  ser  en  exçelençia 
loado  el  que  al  principe  con  sus  subditos,  ^  a  vn  pueblo  con  otro, 
z  muchos  vnos  con  (F.  6°  r.)otros  en  amor  z  vnion  concordase, 
z  con  esto  concuerda  el  Iulio  Çesar,  z  se  trahe  in  Policraione  \ 
libro.  X.  capîo.  iij.,  que  non  se  puede  llamar  cauallero  el  que  non 
trabaja  que  los  caualleros  esten  en  amor,  z  en  paz  z  concordia,  z 
desto  le  loan  que  siempre  allego  a  si  gentes,  z  dixo  :  venid,  z 
nunca  despidio  nin  dixo  yd,  queriendolos  all^ar  a  si  con  aquella 
amistad  honesta  z  buena  de  que  propiamente  se  dize  amiçiçia, 
que  avnque  enperador  z  de  grandissimo  estado,  siempre 
quiso  seguir  la  virtud  del  amiçiçia,  z  ponerse  con  sus 
caualleros  z  gentes  en  ella,  non  vsurpando  la  vana  gloria, 
que  es  inproprio  a  los  grandes  senores  z  de  gran  estado.  j  O 
quan  digno  de  loor  se  puede  dezir  el  cauallero,  que  apartada 
toda  cobdiçia  z   interese  en  lo   honesto   z  bueno,  procura  z 


I.  Alude  al  Opus  precJarum  de  nugis  curialium  et  vestigiis  phiîosophorunty  quod 
Policraticon  dicitur,  compucsto  por  Juan  de  Salisbury  (i  i  lo-i  i8o  ?),  obispo  de 
Chartres.  La  primera  ediciôn  de  esia  obra  se  imprimiô  enBruselas,  hacia  1480, 
segiin  La  Sema  Santander  (Dictionnaire  bibliographique  cïjoisi  du  quinzième  siècle^ 
III,  340). 

El  Policraticon  fué  libro  conocidfsimo  en  los  siglos  xiii,  xiv  y  xv  :  Pedro 
Dlaz  de  Toledo  y  Clémente  Sinchez  de  Vercial,  entre  otros  muchos,  lo  men- 
donan* 


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TRACTADO   DE   AMIÇIÇIA  5  3 

obra  tal  ofiçîo  como  este,  que  es  amar  z  vnir  z  concordar  los 
muchos  !  z  para  mayor  fundamento  desto,  el  santo  doctor,  en  el 
lugar  alegado,  en  la  question  veynte  z  seys.  en  el  articule 
segundo,  dize,  rrefîriendo  al  filosofo  en  el  nono:  Queçinco  cosas 
se  rrequieren  para  verdadera  amiçiçia  :  La  primera,  quel  amigo 
quiera  para  el  amigo  bien.  Le  segundo,  que  quiera  que  sea  z 
tenga  ser  z  biua.  Lo  terçero,  que  se  tracten  z  biuan  juntos  delec- 
tablemente.  Lo  quarto,  que  con  deliberaçion  elegido  el  amigo, 
non  se  pierda  z  se  conduela  con  el  z  con  el  se  goze,  que  quando 
su  amigo  touiere  mal,  que  lo  sienta  z  tenga,  z  quando  bien  z 
plazer,  assi  mesmo.  Lo  quinto,  que  dure  la  amistad  z  por  caso 
alguno  se  pierda,  pues  es  virtud  ;  z  asi  concluye*  el  santo  doctor 
con  el  filosofo  en  el  alegado  lugar  quel  amar  es  propio  acto  z 
muestra  de  la  dilecçion,  que  es  acto  de  la  voluntad  tendiente  en 
bien,  con  vna  vnion  al  amado  que  non  esta  en  la  beniuolençia  ; 
z  lo  que  pertenesçe  al  amiçiçia  prouiene  del  amor  que  tiene  el 
honbre  consigo,  z  tal  lo  ha  de  tener  al  amigo,  porque  ha  de  ser 
tal  que  lo  quel  mesmo  quiere  para  sy,  eso  mesmo  quiera  para  el 
amigo,  z  esta  es  la  vnion  del  afecto  ;  z  en  el  primero  qsito  '  dize 
que  no  ay  mayor  virtud  del  amor  z  verdadera  amiçiçia,  que 
preuenir  al  amado  que  ame  el  honbre  primero,  z  obre  por  que 
sea  amado  z  con  el  obren.  Asi  lo  dixo  el  glorioso  padre  de  vuestro 
progenitor  en  sus  prouerbios:  ama  z  seras  amado  *.  Catad  aqui  la 


1.  Quaesito  (?). 

2.  <c  Fijo  mio  mucho  amado, 
para  mientes, 

e  non  contrastes  las  gentes 

mal  su  grado; 

ama  e  seras  amado, 

epodras 

fazer  lo  que  non  faras 

desamado.  » 
(Obras  de  Don  Inigo  Lope^  de  Mendo:^ay  Marqués  de  Santiîlana  ;  éd.  Amador  de 
los  Rios,  Madrid,  1852;  pdg.  29). 


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54  FERRAN    NUNEZ 


probaçion  quel  santo  doctor  dize,  z  esto  mesmo  dize  sant  Agostin 
en  el  libro  que  hizo  de  cathe:i^i:(andis  rrudibus^  z  en  esto  concuerda 
el  filosofo  en  el  octauo,  que  tiene  que  mayor  r  mas  verdadera 
esta  la  amiçiçia  en  amar,  queenser  amado.  Eavnqueenalgodesto 
saïga  del  propositô  començado  z  me  detenga,  porque  paresçe 
por  ello  la  verdadera  amiçiçia,  non  passare  sub  silençio  lo  que 
arriba  dixe  de  tan  noble  enperador  z  de  sus  marauillosos  actos  z  de 
su  gloriosa  memoria  que  tal  amiçiçia  con  lodos  ténia,  faziendo  las 
causas  (Fol.  6**  v.)agenassuyas,  procurando  vnionr  amor  z  con- 
cordia,  que  ofiçio  tan  marauilloso  quien  lo  podra  dezir,  pues  que 
este  mesmo  fuedesde  ab  eîerno  de  nuestro  Dios  infinito  obrado  z 
querido;  por  esto  nuestro  rredemptor  rresçibio  carne  humanar 
sufrio  crudelissima  passion,  queriendo  hazer  vnion  z  paz  entre 
Dios  z  honbre,  z  entre  honbre  z  honbre,  z  entre  angel  z  honbre, 
z  de  dos  pueblos  diuisos  vno,  z  quiiar  las  disensiones  z  discor- 
dias  de  todos,  z  ponerles  en  verdadera  amiçiçia,  z  desto  innume- 
rables  autoridades  se  podrian  traher  de  In  sacra  escriptura,  z 
paresçen  en  sus  marauillosas  obras  desdel  prinçipio  de  la  creaçion 
z  rreparaçion  fasta  oy,  que  dexo  de  contar  por  la  prolixidad  z 
por  non  distraher  a  los  lectores  del  comienço  z  medio  por  mi 
prinçipiado.  Pero  solo  vn  poco  dire,  en  que  se  mostrara  mucho 
esta  vera  vera  amiçiçia,  que  es  vn  decreto  del  glorioso  Jeronimo, 
que  mucho  rreprueua  a  los  que  ponen  odios  z  sienbran  zizania 
en  la  mies  de  Christo  z  entre  los  proximos  coiho  Luçiferos,  que- 
riendo vsar  por  su  ofiçio  por  que  cayo,  z  es  decreto  marauilloso, 
rdize  que  los  que  sienbran  odio  r  zizania  en  la  mies  de  Christo, 
por  contençones  la  queman,  z  faze  en  ella  jnçendio,  tomando  el 
ofiçio  del  enemigo  del  honbre,  queriendo  diuidir  la  inconsutille 
vestidura  suya,  z  como  fue  yndiuisa  la  despedaçan  z  rronpen,  z 
disierpan  la  vinacomo  rraposos  en  loslagos  escondidossynagua; 
donde  concluye  que  es  quasi  inposible  que  est  os  taies  alcançen 
nin  vean  aquel  dulçor  de  la  gloria  sempiterna,  z  ynuocando  con 
el  salmista  en  el  salmo  setenia  z  très,  dize  :  leuantese  dios  todo 
poderoso,  z  judgue  su  causa,  pues  estos  taies  quieren  disipar  z 


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TRACTADO    DE    AMIÇIÇIA  55 

destruyr  la  vnion  christiana  quel  vino,  queriendo  fazer  vera 
amiçiçia  por  susagrada  pasion.  Asi  lo  dize  el  Apostol  :  el  es  ese 
mesmo  pars  nostra  que  hizo  de  dos  cosas  vna,  desatando  la  pared 
que  en  medio  staua,  z  sacando  la  materia  desato  las  enemistades, 
z  de  tanta  diujsion  paz  z  vn  nueuo  honbre,  rreconçiliando  a  dos 
en  vn  cuerpo.  E  en  los  Actos  de  los  Aposioles  dize  :  Dios  non 
esaceptor  de  personas,  masentoda  gente  obra.  Esant  Juan,  en  su 
canonica,  marauillosas  cosas  de  paz  z  desta  vnion  z  amor  escriue. 
z  segun  el  Prosper  escriue,  por  eso  fizo  Dios  todas  las  cosas  rredon- 
das  z  a  figura  çircular,  por  que  se  demostrase  su  vnidad  z  amor. 

n 

E  dexando  esto,  tornando  a  mi  proposito,  pues  es  ya  declarado 
lo  primero,  que  fue  que  cosa  es  amiçiçia,  vengamos  a  desçidir  lo 
segundo.  ra  esto  traherela  opinion  de  los  doctores  juristas,  pues 
fue  este  mi  fundamento,  z  auemos  primero  de  saber  de  donde  se 
diriua  la  beniuolençia,  z  la  benifiçençia,  z  la  amiçiçia,  z  esto 
dizen  que  se  diriua  o  tiene  prinçipio  deste  aduerbio  bene,  z  non 
del  prononbre  btuno,  del  quai  desçiende  z  se  diriua  la  beniuolen- 
çia. E  la  amiçiçia  es  dîriuada  o  (Fol.  7^  r.)  se  diriua  deste  verbo  : 
amOf  o  amor^  que  es  nonbre,  z  esta  conprehende  en  sy  todo  lo 
otro,  z  es  perfecto  en  el,  z  ase  de  rregular  que  se  ame  o  se  de 
segun  la  rrazon  z  la  medida  de  los  meresçimientos  que  presçe- 
dan,  z  non  vitra  nin  mas  de  lo  que  meresçen,  z  a  quien  se  deue 
dnr  este  amor  o  amiçiçia  ^  ha  de  hazerse  bien  aquel  que  bien 
quiere  z  dessea  bien  hazer,  segun  el  merito.  E  dizen  los  doctores 
que  si  dessea  o  da  bien  a  quien  non  lo  meresçe,  non  es  bien 
querer  ni  segun  el  rrecto  juyzio  si  rrazon  se  puede  dezir  amor, 
porque  bien  querer  o  bien  fazer  a  los  que  lo  meresçen,  es  loable  ; 
àsi  lo  determinan.  z  lo  otro,  que  es  amar  o  querer  a  quien  non 
lo  meresçe,  es  perder  z  non  amar.  Asi  se  trahe  en  la  ley  filius 
familias.  De  que  se  signe  que  la  beniuolençia  z  la  benifiçençia 
non  esta  en  la  rrazon  o  en  la  mente,  saluo  el  amiçiçia  z  amor. 


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56  FERRAN   NUNEZ 


porque  es  virtud,  lo  quai  es  habito  z  acto  firme  de  que  se  viste 
h  voluntvid,  acatando  en  el  juyzio  de  la  rrazon.  Ca  la  virtud 
siempre  esta  en  el  animo  del  virtuoso  varon,  z  las  virtu- 
des  del  animo  hacen  virtuoso  cuerpo,  z  las  operaçiones 
del,  segun  el  autentico  de  monachis,  en  el  parrafo  si  vero  ;  z  asi 
determinanel  cognosçimiento  de  donde  se  deuen  diriuar  la  beni- 
uolenciâ  z  benefiçençia  z  amiçiçia,  en  que  non  es  nesçessario  de 
mas  alargar,  porque  es  sin  vtilidad. 


III 


Por  que  veamos  lo  terçero,  que  fue  a  quien  es  deuido  el  bien  que- 
rer  r  amar,r  en  estoconuiene  hazer  algun  rreposo,paraauerverda- 
dera  notiçia  dello,  porque  esto  eslo  mas  nesçessario  a  mi  proposito 
z  al  bien  comun  de  todos,  z  en  esto  asy  mesmo,  dexadas  las  opi- 
niones  de  los  otros  doctores  z  que  en  esto  algo  hallaron,  seguire 
solamente  la  de  los  juristas  z  lo  que  en  esto  determinan,  avnque 
algo  dire  de  otros.  E  lo  que  los  doctores  juristas  dizen  çercadesto, 
es  quel  bien  querer  z  el  humano  amor  o  beniuolençia,  es  deuido 
a  aquellos  a  que  la  rrazon  humana  nos  dicta  o  enderesça  a  bien 
querer  ramar,  porque,  segun  derecho,  deuemos  querer  z  seguir 
lo  que  la  humana  rrazon  nos  dize  o  dicta  z  enderesça  a  bien  querer, 
segun  se  nota  en  la  ley  non  tantum,  z  en  la  ley  si  cuiy  z  en  la  ley 
humanitatis  z  quedam.  E  interrogan  los  doctores  sy  por  esta  rra- 
zon deuemos  bien  querer  z  tener  beniuolençia  a  las  animalias 
brutas,  z  dizen  que  por  que  son  para  sustentaçion  de  la  nuestra 
humanidad,  a  la  quai  es  prouechoso,  z  fueron  criadas  por  Dios 
para  vtilidad  de  la  nuestra  humanidad  las  brutas  animales,  z  aues, 
z  peçes,  z  las  otras  plantas,  segun  la  ley  pecudum,  por  eso  que 
largo  modo  se  puede  dezir  que  les  es  deuida  humana  beniuolen- 
çia, avnque  con  ellos  non  pueda  estar  amiçiçia,  porque  non  tene- 
mos  ni  participamos  con  ellos  en  comunicaçion  alguna,  nin  les 
deuemos  querer  bien  por  ellos  mesmos  nin  por  ellos  ser  buenos. 


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TRACTADO   DE   AMIÇIÇIA  $J 

nin  con  ellos  tenemos  fruyçion  (Fol.  7**  v.)  ni  bien  comun, 
saluo  solamente  el  prouecho  que  dellos  conseguimos  para  nuestra 
sustentaçion,  z  por  esto  non  puede  caher  en  ellos  este  amor  que 
es  amiçiçia,  mas  solamente  la  beniuolençia.  Ca  nosotros,  con 
sola  la  criatura  razonable,  que  es  senora  de  todo,  somos  theni- 
dos  e  deuemos  comunicar  z  fruyr  z  participât  en  bien,  que  es 
amor  de  amiçiçia.  Assi  lo  dize  el  enperador  christianissimo  en  la 
ley  alegada:  porque  la  humana  natura  entre  todos  los  honbres  z 
criaturas  rrazonables  constituyo  vnà  cognaçion,  por  la  quai  nos 
deuemos  bien  querer  z  comunicar  z:  fruyr  en  bien.  Assylo  déter- 
mina la  ley  viij,  z  entre  los  honbres  z  criaturas  rrazonables  con- 
uiene  por  benefiçios  ser  ligados  z  tener  comunion  de  bien  z  vir- 
tud,  que  es  la  amiçiçia,  segun  la  ley  seruus  z  la  ley  incomendato, 
z  por  esta  rrazon,  que  es  singular  en  la  humana  natura,  consti- 
tuyo cognaçion  entre  las  c»  iaturas  rrazonables.  Asi  lo  détermina 
el  Bal.  z  el  Bartulo  en  sus  tractados  que  desta  materia  hizieron, 
z  mueuen  la  quistion  si  a  los  infieles  moros  z  judios  auemos 
de  amar,  z  determinase  que  a  todas  las  criaturas  rrazonables, 
avnque  sean  infieles  z  alarabes,  z  a  los  enemigos  es  deuida 
humana  beniuolençia  z  amor,  por  la  rrazon  de  la  cognaçion  que 
la  naturaleza  constituyo  entre  las  criaturas  rrazonables.  E  el  santo 
dotor  santo  Thomas  dize  que  les  es  deuida  vna  dilecçion  que  pro- 
cède de  la  viçeral  caridad,  que  es  amor  de  amiçiçia.  E  dize  que 
somos  thenidos  a  les  subuenir  en  sus  nesçessidades,  porque  son 
participes  z  comunican  en  nuestra  naturaleza.  E  esto  ha  funda- 
mento  de  vn  decreto  que  comiença  caritaSy  de  que  los  doctores 
notan  z  concluyen  que  por  esta  rrazon  el  hijo  christiano  z  fiel  es 
thenîdo  de  alimentar  z  subuenir  en  las  cosas  nesçessarias  a  su 
padre,  avnque  sea  ynfiel  z  de  qualquier  seta,  e  dize  que  avnquel 
ynfiel  sea  malo  z  contenptor  de  la  verissima  ley  nuestra  z  fe  de 
Christo  nuestro  dios  infinito,  non  por  eso  dexa  de  ser  padre, 
segun  el  testo  de  la  ley  Si  uero  contingent,  E  avnque  en  esto  algu- 
nos  doctores  tengan  diuerssas  opiniones,  la  verdadera  es  quel  hijo 
christiano  o  fiel  es  tenido  de  alimentar  z  subuenir  antes  a  su 


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58  FERRAN    NU^EZ 


padre  infiel  z  non  creyente  verdadera  fe,  que  non  a  otro  que  sea 
de  su  fe  o  christiano.  E  la  rrazon  desto  es  lo  que  dize  el  carde- 
nal  Hostiense,  que  dize  que  dederecho  natural  es  que  los  hijos  a 
los  padres  z  parientes,  quando  son  pobres  o  menguados,  son  the- 
nidos  de  les  alimentar  z  subuenir,  z  en  esto  ninguna  ley  haze 
diferençia  de  fiel  e  jnfiel.  De  que  se  sigue  que  la  ynfidelidad  non 
libra  al  hijo  de  ser  thenido  de  subuenir  al  padre  z  parientes  en 
las  nesçessidades,  z  de  les  alimentar.  E  por  esto  dize  Inoçençio, 
papa  quarto,  singularissimo  doctor,  en  el  capitulo  (Fol.  8**  r.)  quod 
super  y  que  como  todos  los  ynfieles  judios  z  moros  z  otras  gentes, 
por  la  creaçion  son  ôuejas  'de  nuestro  rredemptor  lesu,  el  quai, 
con  este  amor,  sinplemente  z  sin  distinçion  alguna,  dixo  a  sant 
Pedro,  principe  de  los  Apostoles:  apasçienta  las  tnisouejaSy  en  que 
se  entienden,  segun  la  crehaçion,  por  los  ynfieles  assy  como  por 
l  s  fieles,  z  sin  causa  non  les  deuen  nin  podemos  priuar  nin  tomar 
sus  bienes  z  cosas  que  poseen,  z  en  esto  ay  larga  contention 
entre  los  doctores,  z  por  el  tiempo  ser  tal  que  para  la  guerra  de 
los  moros  conuiene,  detenerme  vn  poco  a  lo  determinar,  avnque 
algo  saïga  del  proposito.  Esta  quistion  se  mueue  por  los  doctores 
en  diuerssos  lugares,  z  disçidela  el  Oldraldo,  doctor  famoso  %  en 
vn  consejo  suyo,  z  arguyela  por  la  parte  negatiua,  que  non  les 
pueda  ser  fecha  guerra  sin  pecado,  nin  tomarles  lo  suyo,  por 
estas  autoridades  z  rrazones  :  Dize  que  estando  los  moros,  ene- 
migos  de  nuestra  fe,  en  paz  z  en  quietud,  como  estan  los  que 
entre  nosotros  moran,  non  les  deueser  ynduzida  guerra  ni  tomado 
lo  suyo,  segun  el  testo  de  la  ley.  z  lo  que  nota  el  Ynoçençio 
papa  en  el  alegado  capitulo  j«/ïer  hiis,  porque  non  deuen  ser  con- 
pellidos  nin  menos  forçados  a  que  rresçiban  la  fe  nuestra  nin  se 
bautizen,  z  allega  lo  que  dize  el  Apostol  a  los  rromanos,  que  ya 


I.  Oldradoii  Olrado,  célèbre  jurisconsulto  de  la  escuela  de  Bolonia  (sigio 
xiii).  Muriô  en  Avignon,  en  1335. 

Consûltese  sobre  las  cuestiones  en  cuyo  examen  entra  ahora  el  Doctor,  el 
excelente  libro  de  E.  Nys:  Les  origines  du  droit  international  (Harlem,  1894). 


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TRACTADO    DE   AMIÇIÇIA  59 

nunca  guerra  nin  batallas  carnales  se  han  de  hazer.  E  lo  que  dize 
Malachias  proféra*:  desdel  nasçimientodel  sol  fastadonde  sepone, 
grande  es  el  mi  nonbre  en  las  gentes,  z  en  todo  lugar  es  santifi- 
cado  r  me  es  ofresçido  sacrifiçio  linpio.  E  lo  que  dize  Tholomeo 
en  el  prologo,  z  lo  que  se  dixo  por  los  santos  Apostoles  :  cons- 
tituye  los  principes  sobre  toda  la  tierra,  z  su  poder  non  fue 
artado  o  limitado,  mas  dilatado  z  anpliado  del  mar  fasta  la  mar, 
z  del  rrio  fasta  en  fin  del  mundo.  z  dize  que,  segun  la  opinion 
de  algunos,  los  principes  z  rreyes  christianos  pecan  en  rresçebir 
dellos  tributo;  mas  por  la  parte  afirmatiua,  que  sea  liçita  la 
guerra  z  santa,  z  que  se  deue  hazer  avnque  ellos  quieran  paz, 
trahere  muchas  auctoridades,  z  breuemente,  por  me  reduzir  al 
proposito.  E  la  primera  es  de  Ordo  '  en  vn  sermon,  z  es  vn 
decreto.  Donde  dize  que  todas  estas  tierras  que  losmoros  z  jnfie- 
les  tienen,  asi  la  parte  de  oçidente  como  en  el  oriente,  todas 
fueron  de  christianos  z  siruieron  a  Christo  hasta  el  tiempo  de 
aquel  seudo  z  de  muy  suziasimiente  Mahomad.  z  asi  por  lo  rre- 
cuperar  z  aver  es  liçita  z  muy  permisa  la  guerra.  La  otra  rrazon 
es  que,  avnque  esten  en  paz,  hazenlo  por  non  poder  mas.  Ca 
segun  enemiga  tienen  de  prinçipio  contra  nuesta  fe,  quando 
pudieren  non  la  çessaran  de  hazer  crudamente,  z  porque  es  pre- 
missala  defenssion,  liçitamentelos  jnpugnan.  Porque,  segun  dize 
el  maestro  de  las  estorias  scolasticas  *,  sobre  la  fuga  de  Agar  que 
se  escriue  en  el  Genesi,  a  los  diez  z  seys,  de  su  padre  o  prinçipio, 
que  fue  Ysmael,  lo  trahen  profetizado,  que  le  fue  dicho  :  la  su 
mano  (Fol.  8°  v.)  contra  todos  z  todos  contra  el,  z  en  la  région 
o  prouinçia  de  sus  hermanos  finco  o  puso  tiendas,  lo  quai  todo 
se  dize  por  los  moros,  z  asi  paresçe  que  ellos  guerrean  contra  todos 
z  todos  contra  ellos.  E  por  esto  es  liçita  z  permîssa  la  guerra 
contra  ellos,  porque  se  espéra  que,  quando  ellos  puedan,  turbaran 
la  paz  z  non  la  guardaran.  La  otra  rrazon  es,  z  muy  sufiçiente. 


T.  ? 

2.  Pedro  Comestor,  el  autor  de  la  Histoiia  scholastica. 


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60  FERRAN   NUNEZ 


porque  es  muy  çierto  que  toda  la  prouinçia  que  ellos  posehen  en 
Espaiia  tiranamente  la  tienen,  porque  primero  ftie  de  christianos, 
z  por  batallas  z  guerra  la  ocuparon  z  tienen,  z  alli  ouo  yglesias 
donde  Dios  nuestro  senor  se  siruia,  z  las  destroçaron  z  perdie- 
ron  z  despojaron  por  nuestros  pecados,  por  permission  diuina.  E 
como  los  fieles  christianos  hagan  la  guerra  para  recobrar  lo  per- 
dido  z  de  que  por  violençia  somos  despojados,  liçita  guerra  z 
santa  [es]  z  todos  los  testos  z  santos  doctores  la  aprueuan,  pues 
que  justamente  se  haze  qualquiera  cosaque  por  defension  se  haze. 
z  esto  tiene  el  Ynoçençio  en  el  lugar  alegado.  Otra  rrazon'  es  z 
muy  sotil  porque  estos  moros  non  se  pueden  dezir  ouejas  de 
Christo,  sinon  bueyes  z  bestias  canpesinas.  z  por  ellos  se  dixo, 
pues  que  como  bestias  que  caresçen  de  rrazon,  dexado  el  verda- 
dero  Dios,  adoran  z  honrran  propiamente  ydolos.  Asi  lo  dize  el 
maestro  jn  storia,  z  propiamente  los  moros  se  han  de  llamar  bes- 
tias, pues  quel  padre  suyo  Ysmael  fue  llamado  por  dios  onager^ 
que  significa  bestia,  y  fue  muy  rrazonable,  segun  lo  dize  Mero- 
dio,  porque  despues  del  auia  de  ser  que  los  que  del  proçediessen 
toda  rrabie  o  yra,  z  sana,  o  furor  de  todas  las  bestias  auian  de 
tener,  z  toda  mansedunbre  de  otras  naçiones  auian  de  ser  con- 
quistados  dellos,  z  dize.  E  assi  ha  seydo  ;  en  los  lugares  sanctos 
han  muerto  z  truçidado  a  muchos,  z  fecho  grandes  crueldades 
como  bestias  fieras.  E  por  esto  se  dize  que  lo  que  dixo  Abraham 
a  Ssarra  quando  se  le  quexo  de  su  sierua  Agar,  que  dixo  :  tu 
sierua  en  tu  mano  es,  vsa  délia.  Assy  lo  dixo  Moysen 
en  el  Genesiy  xvij.,  z  figuratiuamente  por  Sarra  se  entiende  la 
santa  yglesia  militante,  que  sirue  a  Christo  z  es  libre,  z  por  la 
Agar  sierua  la  maldita  seta  de  Mahomad,  pues  que  délia  traxo 
origen  o  nasçimiento.  E  asi  la  yglesia  puede  vsar  z  mandar  esta 
como  a  sierua  maldita,  dexandola  z  menospreçiandola  como 
Sarra  hizo  a  agar,  z  asi  se  tiene  por  conclusion  ser  muy  liçita  z 
santa  z  premissa  la  guerra,  z  para  ella  non  solamente  las  cosas 
profanas  se  deuen  z  pueden  tomar  z  vender,  mas  las  dedicadas 
al  culio  diuino,  z  asi   desta  quistion    me  expido,  avnque  otra 


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TRACTADO    DE    AMIÇIÇIA  6l 

razon  se  dize  que  non  pueden  tener  dominio  o  senorio  nin  menos 
juridiçion  en  lo  que  posehen  z  tienen,  z  quien  quiera  ge  lo 
puede  ocupar,  que  es  contra  la  opinion  del  allegada  papa,  que 
dixo  que  posehen  z  que  non  (Fol.  9°  r.)  ge  los  pueden  priuar, 
porque  el  Hosiiense  cardenal,  z  la  comun  opinion  de  los  doctores 
siguen  aquesto.  Contra  el  Ynoçençio,  dondeel  dize  que  si  alguna 
tierra  de  algun  senorio  todos  fuessen  moros,  z  se  tornasen  a  la  fe, 
deuian  obediençia  al  senor  moro  z  subjecçion,  en  esto  le  contra- 
dizen,  z  tienen  que  non,  porque  non  tienen  dominio  ni  juridi- 
çion, ni  son  capaçes  délia,  z  dexando  esto,  tomando  al  proposito, 
avnque  les  sea  deuida  a  los  ynfieles  esta  beniuolençia,  que  se 
toma  en  larga  manera,  espeçial  beniuolençia  es  deuida  z  se  deue, 
z  somos  tenidos  de  bien  querer  a  los  que  son  fieles  z  participan 
en  nuestra  fe,  a  los  quales  primeramente  z  mayor  z  mejor  es 
deuido  el  amor  z  beniuolençia,  z  mas  a  los  de  vna  patria  o  lugar 
que  non  a  los  estranos  z  de  otra  tierra,  avnquel  Baldo  dize  que 
por  ser  todos  obedientes  a  la  madré  santa  yglesia,  non  deue  auer 
diferençia  de  vna  tierra  o  de  otra,  saluo  ser  fieles  z  christianos,  z 
estos  todos  se  pueden  llamar  de  vna  patria  çibdadanos,  z  ha  fun- 
damento  deste  dezir  de  la  ley  primera  en  el  prinçipio  de  la  suma 
Trinidad,  z  asi  mesmo  entre  los  fieles  z  de  vna  fe,  ay  perssonas 
a  quien  es  deuida  mas  espeçial  beniuolençia  z  amor,  z  estos  son 
los  parientes  o  conjuntos  por  conjunçion  de  sangre,  o  que  son 
de  vn  linaje  z  debdo,  z  mas  a  los  mas  propincos  que  a  otros,  por 
la  mayor  partiçipaçion  z  conjunçion.  z  a  èstos  somos  mas  theni- 
dos  de  amar  z  tener  beniuolençia,  por  mayor  vnion  z  porque 
todos  los  de  vn  linaje  hazen  z  representan  vn  cuerpo  segun  la 
ley.  E  la  honrra  z  la  ynjuria  fecha  a  vno  de  vn  linaje  z  de  los 
parientes,  es  fech.i  a  todos  z  a  cada  vno  dellos,  z  por  esto  esta 
de  derecho  çiuil  que  los  parientes  auian  de  consentir  en  el  casa- 
miento  o  matrimonio  de  su  pariente,  z  auian  de  ser  llamados 
a  ellas,  z  el  fijo  non  podia  casar  sin  consentimiento  de  su  padre^ 
segun  la  ley  jn  bello,  E  assy,  ocurriendonesçessidad,  antes  somos 
thenidos  de  subuenir  z  socorrer  z  amar  a  los  parientes  que  a  los 


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62  FERRAN    NUNEZ 


estranos,  z  mas  presçipio  '  amor  de  beniuolençia  les  es  deuido. 
z  esto  se  ha  de  entender  z  limitar  a  los  Buenos  z  virtuoses,  z 
non  a  los  viçiosos  z  malos,  porque  mas  deuemos  amar  z 
tener  beniuolençia  al  amigo  que  tcnemos  en  verdadera  amiçiçia 
z  amor,  z  es  bueno  z  virtuoso,  que  non  al  pariente  z  muy  pro- 
pinco.  z  es  la  rrazon  desto,  porque  la  amiçiçia  ha  de  ser  por 
razon  de  la  virtud  z  de  lo  honesto  z  bueno,  segun  que  arriba  es 
declarado,  z  esta  es  la  vera  amiçiçia,  la  que  es  por  rrazon  de  la 
virtud.  Porque  aquella  es  la  mas  perfectissima  z  mas  obtima  z 
mejor  que  ninguna  cognaçion  nin  debdo,  z  el  que  ama  a  tal 
amigo,  es  amor  de  mayor  perfecçion  que  non  la  cognaçion  o 
debdo,  z  assi  de  mayor  querer  z  amor,  porque  el  que  ama  a 
su  amigo  ama  a  sy  mesmo  bien  z  buena  cosa,  segun  la  ley  ale- 
gada  lait  z  ay  la  glosa,  z  a  esta  dilecçion  z  amor  que  procède 
(Fol.  9°  V.)  z  desçiende  z  se  deue  de  la  cognaçion,  es  deuido  sola- 
mente  a  los  desçendientes  por  lignea  recta,  z  a  los  naturales,  z 
non  a  los  bastardos  z  por  ylliçito  coyto  auidos,  porque  es  natu- 
ral  nonbre,  segun  lo  dize  el  cnperador  z  lo  nota  el  Bartulo  en  la 
ley />r(?/ïMMf /fl(f io,  de  donde  quieren  dezir  z  ynferir  quel  bastardo 
non  se  puede  dezir  de  la  casa  nin  generaçion  del  legitimo,  por- 
que en  esta  cognaçion  que  se  deue  o  procède  a  los  bastardos, 
muchas  vezes  interuiene  fraude  z  mistura  de  otra  sangre;  assy  lo 
présume  la  ley,  avnque  desto  es  larga  contençion  en  derecho,  z  lo 
dexo  por  seguir  lo  començado.  z  viene  la  quistion  a  quien  es 
deuido  esta  beniuolençia  o  amor  de  amiçiçia,  z  como  auemos 
dicho  que  espeçial  beniuolençia  es  deuida  a  los  de  vna  genera- 
çion, z  entrellos  ay  personas  mas  conjuntas,  a  las  quales  se  deue 
muy  mayor  beniuolençia  z  amor,  corîio  es  entre  el  padre  z  el 
hijo,  z  entre  los  hermanos,  entre  los  quales  es  mayor  conjunçion 
z  vnion'de  sangre.  Ca  el  padre  z  el  hijo  son  vna  perssona;  assi 
lo  quiere  la  ley;  z  los  hermanos,  segun  la  opinion  de  los  logicos, 


I.  Asf,  por  precipuo. 


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TRACTADO    ÛE    AMIÇIÇIA  63 

cada  vno  dellos  es  el  otro,  z  entre  si  mesmos  son  vna  cosa.  z 
esto  ha  fundamento  de  derecho  en  la  ley  jrattr  a  fratre.  z  es  de 
saber  quel  padre  mas  ama  al  hijo  z  en  mayor  dilecçion  z  amor, 
que  non  el  fijo  al  padre,  porque  el  padre  lo  ama  coiîio  cosa  suya, 
z  es  mas  çierto  z  sabe  la  causa  mas  cierta  del  amor,  que  sabe  auer 
engendrado  al  fijo,  que  non  por  contrario,  z  el  padre,  assi  como 
de  quien  procède,  ama  al  fijo,  z  el  fijo  al  padre  como  de  quien 
salio,  que  es  menor  dilecçion  ;  assi  lo  quiere  la  ley.  z  por  estas 
dos  postrimeras  rrazones  tienen  algunos  que  la  madré  ama  mas 
al  fijo  que  non  al  padre,  porque  es  mas  çierta  ser  madré,  z  de  la 
madré  salle  el  fijo  en  entera  forma,  z  antes  que  saïga  es  parte 
de  sus  entranas,  z  esto  ha  fundamento  de  la  ley  primera,  z  amos  a 
dos,  el  padre  z  la  madré,  aman  al  fijo  luego  en  el  stante  que 
nasçe,  z  el  fijo  non  ama  a  los  padres  fasta  que  es  capaz  z  ha  los 
afios  de  pubertad,  en  que  puede  amar,  porque  antes  es  ignorante 
de  todas  las  cosas  que  crehe.  z  assi  los  parientes  son  mas  theni- 
dos  de  amar  que  non  ser  amados,  z  avn  porquel  amor  desçiende 
z  non  sube.  E  en  esta  dilecçion  z  amor  esta  quel  honbre  se  deue 
amar  a  ssi  mesmo  z  de  mas  perfecto  amor  que  non  a  otro.  z  por 
esto,  z  porquel  ser  natural  del  honbre  se  conserua  en  los  hijos, 
deuen  ser  mas  amados  que  otra  cosa. 

E  en  esto  mueuen  los  doctores  vna  quistion  singular,  z  es  si 
el  padre  viese  a  su  fijo  en  estrema  nesçesidad  de  morir,  î:  a  su 
padre  mesmo  en  aquella  nesçessidad  extrema,  a  quai  auia  de 
subuenir  z  acorrer  z  librar.  E  rresponden  z  dizen  assi  :  que  antes 
deue  librar  z  subuenir  al  fijo  propio  que  al  padre,  avnque  este 
en  extrema  nçsçessidad,  z  esto  por  la  virtud  del  amor  de  amiçi- 
çia,  z  dizen  que  acatados  los  benefiçios  que  del  padre  se  rresçi- 
ben,  que  es  el  ser,  que  es  (Fol.  lo  r.)  la  mas  perfecta  z  mas 
noble  cosa  del  honbre,  deuria  antes  subuenir  al  padre  z  lo  librar, 
z  antes  le  ayudar  que  al  hijo,  z  antes  al  padre  que  non  a  la  madré 
deue  amar,  porque  en  el  natural  origen  o  nasçimiento,  muy  mas 
poderoso  es  el  prinçipio  del  padre  que  non  otra  cosa,  porque  es 
agente  o  hazedor,  z  la  madré  padesçe,  z  por  simiente  del  padre 


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64  FERRAN   NU>ÏEZ 


que  da  forma  a  la  cosa  z  da  el  ser.  E  por  esto  dizen  los  actores 
que  suele  semejar  el  fijo  antes  al  padre  que  a  la  madré,  segun  se 
nota  en  la  ley  quoi  sinolit,  z  por  esto  sufre  el  padre  por  el  hijo  muy 
mayores  cargos  que  la  madré,  z  avn  de  derecho  non  es  tanta 
vniono  conjunçion  entrel  marido  z  la  muger  como  es  entre  el 
padre  z  el  hijo,  excepta  copulla.  z  por  esta  rrazon  la  ley  consiente 
juyzio  entre  marido  z  muger,  z  non  entrel  padre  z  el  hijo  sinon 
en  caso  singular,  z  es  marauillosa  doctrina  para  acatar  z  mirar  el 
debdo  que  es  deuido  del  fijo  al  padre  z  por  contrario.  E  aqui  se 
nota  vna  breue  question  que  ynterrogan  los  doctores  :  Si  el  fijo  es 
tenido  mas  de  obedesçer  al  principe  r  a  su  mandado  que  al  padre 
r  a  su  mandado,  z  determinan  que  en  las  cosas  que  pertenesçen 
a  la  gouernaçion  de  la  casa,  deue  obedesçer  antes  al  padre,  z  en 
las  cosas  que  pertenesçen  a  la  cosa  publica  z  gouernaçion  délia, 
antes  al  principe  r  a  su  mandado,  segun  se  nota  en  la  ley  penul- 
tima  de  postulando,  z  notando  por  singular  exenplo  de  vn  senador 
que  se  llamo,  que  '  estando  en  el  senado  su  padre,  se  asento 
ençima  del  z  fue  redarguido  del  padre,  z  escusose,  z  dixo  que 
alli  como  senador  mayor  que  su  padre  era  en  la  gouernaçion  de 
la  cosa  publica,  z  en  la  casa  mayor  su  padre,  z  asi  fue  escusado 
de  lajncrepaçion. 

IV 

E  asi,  tornando  al  proposito,  auemos  de  tener  quel  amor  antes 
es  deuido  a  los  conjuntos  que  a  los  estranos,  z  antes  a  los  ami- 
gos  virtuosos  que  non  a  los  conjuntos  en  sangre,  porque  por 
razon  de  la  virtud  esta  entrellos  mayor  conjunçion  de  amor, 
z  por  lo  honesto  z  bueno,  z  non  por  lo  délectable  segun 
es  alegado.  z  asi  fasta  dezir  z  declarar  çerca  de  lo  quarto,  z  es 
que  efecto  trahe  el  amar  o  la  beniuolençia,  z  que  prouecho  délia 
se  consigne,  z  a  esto  rrcsponden  los  actores  de  quien  tome  prin- 

I .  Hay  un  espacio  en  blanco  en  el  côdice. 


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TRACTADO    DE   AMIÇIÇIA  65 

çipîo,  quel  fruto  es  que  bien  queriendo  seamos  bien  queridos,  z 
rresçibamos  bien  de  aquellos  a  quien  lo  fazemos.  E  asi  se  nota  en 
la  ley  stt  z  si  lex,  z  esta  tal  rremuneraçion  se  haze  sin  coherçion  nin 
premia  sinon  de  voluntad  libre,  z  por  eso  se  haze  al  querer  o  arbi- 
triodel  rremunerador,  z  non  del  dador,  porque  aquelque  rresçibe  el 
don  o  es  bien  querido,  mejor  cognosçe  el  fruto  o  prouecho  z  vti- 
lidad  de  lo  que  rresçibio  o  bien  quiso,  que  non  el  dador.  E  por 
esto  en  la  ley  de  la  benifiçençia  sienpre  se  ha  de  mirar  que  se 
conpense  el  bien  z  don  rresçebido  o  amor  z  buena  voluntad  por 
ygualdad.  Desto  es  testo  de  ley  en  la  ley  sinero  non  remunerandiy 
de  lo  quai  se  collige  z  concluye  la  disçision  de  la  quistion  que 
abaxo  se  '  proporna,  que  antes  deue  socorrer  o  ayudar  al  ome 
que  libra  al  (Fol.  lo  v.)  ome  de  morir,  que  no  al  padre,  avnque 
esten  amos  a  dos  en  vn  peligro,  porque  en  le  auer  librado  de  la 
muerte  primero,  meresçio  que  le  rremunerase  z  librase  de  otro 
tal  peligro,  z  asi  se  deue  conpensar  z  pagar.  Ca  como  meresçio 
en  le  librar  primero  a  el  del  tal  peligro,  assi  se  conpensa  z  paga,  z 
asi  como  meresçio  deue  ser  pagado,  coriio  séria  pugnido  en  lo  que 
delinquiere,  segun  se  nota  en  la  ley  ne  quis.  z  asi  se  desçide  lo 
quarto,  quel  fruto  del  amor  es  ser  bien  querido,  bien  queriendo 
z  amando. 


Lo  quinto,  que  fue  sy,  mudada  la  condiçion  o  estado  del 
amigo,  se  puede  dexar  su  amistad,  en  que  se  conprehende  si  la 
mutaçion  viene  por  aduersidad  o  por  otra  manera,  si  sera  causa 
de  dexar  al  que  ama  z  perder  la  amistad  o  amor.  En  esto  dizen 
losdoctores,  alegandome  a  la  conclusion  por  la  prolixidad,  que 
si  el  amigo  mudo  la  condiçion  enuilesçiendo  su  perssona,  z  cor- 
ronpio  las  buenas  costunbres  que  ténia,  z  se  mudo  de  bien  en 
non  tan  buenas  obras,  z  non  se  quiere  corregir  ni  tornar  a  bien 


I .  Despues  de  se^  testado  :  «  prueua  » . 

Rnmt  bispaviqmê.  xiv. 


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66  FERRAN   NUNEZ 


obrar,  que  en  este  caso  se  puede  apartar  z  quitar  la  amistad  z 
amor,  z  dexarlo,  z  non  en  otra  manera  nin  causa  nin  modo 
buscado.  Ca  sy  lo  puede  corregir  el  amigo,  z  ouiarlo  z  apartarlo 
del  mal  o  viçio,  es  tenido  de  le  ayudar  z  sostener,  como  séria  si 
menguado  fuese  de  bienes.  Ca  por  la  ynopia  o  pobreza  o  miseria 
en  que  cayese,  en  ninguna  manera  lo  puede  dexar  nin  se  apartar 
de  su  amistad  ;  es  caso  de  ley  en  la  ley  terçera.  E  asi  mesmo 
separada  el  anima  del  cuerpo,  z  fallesçido  quanto  a  este  mundo, 
z  passado  desta  vida  el  amigo,  preguntan  si  es  justa  causa  por 
que  se  deue  dexar  su  amistad,  z  si  son  tenidos  los  amigos  de  tener 
aquella  mesma  con  sus  herederos  del  amigo.  Ea  esto  responden, 
en  espeçial  el  Bartulo  en  la  ley  vniuSy  donde  non  mucho  bien  lo 
disçide,  mas  de  lo  ya  dicho  se  nota  que  passa  la  amistad  a  los 
herederos  del  amigo,  en  aquel  grado  que  estaua  con  el  defunto, 
en  quanto  se  llama  virtud  de  amiçiçia  z  amor  que  ha  de  durar, 
z  es  deuida  la  rremuneraçion  del  padre  de  ley  natural,  segun  se 
nota  en  las  leyes  alegadas .  z  assi  se  desçide  la  quinta  interroga- 
çion.  z  porque  antes  de  la  conclusion  los  doctores  mueuen  vna 
singular  quistion,  de  que  ya  hize  mençion,  conuiene  aqui  jnxe- 
rirla,  z  la  quistion  es  si  acaesçiese  que  vn  orne  estouiese  en  tan 
gran  peligro  que  non  se  pudiese  escusar  de  morir,  z  alguno  le 
dièse  rremedio  z  librase,  z  por  caso  este  que  asi  le  libro,  puesto 
en  çstrema  nesçessidad,  z  su  padre  de  aquel  que  fue  librado  o 
eximido  de  la  muerte  en  aquella  mesma  neçessidad,  segun  ley 
de  amor  z  beniuolençia,  aquel  séria  mas  thenido  de  subuenir  z 
librar  al  padre  que  lo  engendro  o  a  este  que  le  libro  de  la  muerte, 
z  porque  es  hermosa  question  para  saber  quanto  somos  theni- 
dos  a  aquellos  de  quien  bien  rresçebimos,  oue  causa  de  la  disçi- 
dir  aqui,  z  avnque  en  algo  los  lectores  se  detengan,  les  suplico 
sin  yncrepaçion  nin  fastidio  lo  acaten,  pues  que  non  falle  vn 
punto  de  la  materia  juiçiada;  z  lo  que  los  doctores  en  esta  ques- 
tion en  lugares  bien  ignotos  dizen  para  la  disçidir,  presuponen 
primeramente  que  ninguno  pueda  ser  conpellido  (Fol.  1 1  r.)  ni 
apremiado  judiçialmente  a  defender  a  otro,  z  por  la  defenssa  liçi- 


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1^^^ 


TRACTADO    DE    AMIÇIÇIA  6j 

tamente  se  puede  exigir  z  Ueuar  dinero  ;  est  testo  de  ley.  Mas 
segun  vna  humana  beniuolençia,  de  la  quai   asaz  vezes  auemos 
dicho,  si  non  lo  defiende  peca.  Glosa  es  hordinaria  que  lo  déter- 
mina, z  segun  ella  se  entiende  z  limita  la  ley,  avnque  dizen  los 
doctores  que  por  ayudar  o  defender  a  otro  ninguno  es  tenido  de 
se  poner  a  peligro  de  muerte,  z  a  esto  solamente  es  thenido  el 
sieruo   al   senor,    z    non    a    otro    alguno.    Gi    al  sieruo    se 
jnputa  culpa  de  derecho,  z  grande,  si  non  defiende  a  su  seiior 
poniendose   por  ello  a  peligro  de    muerte,  segun  se  trahe  en 
la    ley  primera  ad  Sellenianum,  porque,   segun   es  ya  dicho  z 
declarado,  cada  vno  es  thenido  de  se  amar  a  si  antes  que  a  otro, 
en  tanto  que  a  ninguno  conuiene  ponerse  a  peligro  de  morir  sin 
grandissimo  cargo   z   pecado,  avnque  sea  permitido  que  en  su 
defension,  conaquel  moderamen  permiso,  puede,  se  defendiendo, 
matar.  Esto  tracta  el  santo  doctor  en  la  segunda  parte  del  segun- 
do,   en  la  quistion   sesenta  z   nueue,  en   el  articulo  final  ;  z 
dexando  esto  z  tornando  a  la  quistion  mouida,  en  la  disçision 
délia  dize  que  paresçe  que  non  es  thenido  de  subuenir  al  padre, 
antes  deue  ayudar  z  librar  al  que  le  escapo  de  tan  gran  peligro  ; 
z  han  fundamento  destas  rrazones  :  ninguno  puede  dar  nin  fazer 
con  otro  mayor  beniuolençia  nin  amor  que  darse  a  si  r  ponerse 
a  peligro  de  muerte  por  el.  z  este  esel  mayor  amor  z  beniuolençia. 
Bien  se  signe  que  le  es  deuida  mayor  rremuneraçion  que  non  al 
padre,  de  que  se  coUige  que  si  sin  peligro  de  muerte   le    libro, 
antes  deue  subuenir  al  padre  que  non  al  que  le  saco  de  aquel 
peligro.  E  ponen  otra  razon  o  exenplo  el  patrono  o  el  senor  que 
libra  al  esclauo  de  la  seruidunbre,  z  le  da  libertad;  este  asi  liber- 
tado,  en  caso  de  nesçessidad,  deue  socorrer  z  ayudar  al  que  asi 
le  dio  libertad  que  non  al  padre  proprio.  E  quanta  diferençia  sea 
librar  de  la  muerte  o  de  la  seruidunbre,   muy  notorio  es  que 
mucho  mas  se  deue  al  que  libra  de  la  muerte.  E  la  diferençia  del 
tal  liberador  coiîio  es  el  que  le  libro  de  la  muerte,  muy  mayor 
z  mas  de  loar  es  que  la  benificençia  del  padre  o  quel  benefiçio 
resçebido  del  padre,  ca  los  animales  brutos  la  tienen,  que  quieren 


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68  FERRAN   NUNEZ 


bien  sus  hijos  z  los  libran  de  qualquier  peligro  que  pueden,  z  este 
non  tienen  a  los  cstranos .  Iten  dizen  que  mas  libéral  beniuolen- 
çia  es  z  de  voluntad  esta  librar  de  la  muerte  que  la  del  padre,  por- 
que  el  padre  por  si  mesmo  z  por  fazer  a  si  gracia  engendra  z  le 
haze,  z  da  ser  al  fijo,  z  el  que  le  libra  del  peligro  de  su  libéra 
voluntad,  le  saca  de  tanto  peligro  como  era  morir.  z  por  eso  es 
mas  voluntaria,  porque  muchas  vezes  engendra  el  padre  por  la 
concupiçiençia  mas  que  por  voluntad  de  generar.  z  asi  mesmo 
han  fundamento,  porque  librar  de  tanto  peligro  coiïio  es  la  muerte, 
que  es  el  vltimo  z  mas  terrible  mal.  Asi  es  mas  graçiosa  benjuo- 
lençia  z  mas  gozosa  que  non  la  del  padre,  porque  en  la  muerte 
todo  se  consume  (Fol.  1 1  v.)  r  assi  mesmo  porque  entre  el  padre 
z  el  hijo  es  vna  gemma  piadad  que  non  es  en  el  estrano,  z  asi 
se  détermina  z  tiene  por  conclusion  que  antes  es  tenido  de 
subueniral  que  le  libro  de  la  muerte  que  non  al  padre,  z  avn 
dan  por  fundamento  que  lo  que  se  haze  açidentalmente  es 
mas  fuerte  que  lo  que  haze  natura  por  su  curso,  z  como, 
si  non  fiiera  librado  de  la  muerte  ex  jnpetu,  todo  quanto 
auia  obrado  natura  z  fecho  por  distançia  de  tienpo  se  per- 
dia  en  aquel  jnstanti,  mas  es  tenido  de  ayudar  al  que  asi  le  libro, 
que  non  al  padre.  z  asi  se  despiden  de  la  quistion  z  disçision  délia. 
i  O  quan  marauillosa  dotrina  z  exenplo  se  puede  tomar  de  la 
disçission  desta  quistion,  para  conclusion  deste  breue  tractado  z 
para  exenplo  de  los  que  oy  biuen,  si  sanamente  lo  miraren  !  Ca  en 
los  benefiçios  z  dones  z  merçedes  que  de  otros  rresçiben,rremu- 
neraçion  que  conpensa  que  seruiçios  son  thenidos  de  hazer,  z 
\  quanto  z  como  son  obligados  \,  z  \  quanta  ingratitudo  z  quan 
mal  crimen  es  ser  non  cognosçidos  a  los  bien  fechores  z  amigos, 
z  a  aquellos  de  quien  han  rresçebido  benefiçios,  merçedes  z 
dones  ! 

VI 

z  tornando  al  proposito,  determinare  lo  vltimo  z  postrîmero 


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;'^\n 


TRACTADO   DE   AMIÇIÇIA  69 

del  tractado,  que  prouecho  es  thener  amigos.  E  este  proue- 
cbo  los  doctores  dizen  que  es  lo  ya  declarado,  que  bien  que- 
rîendo  seamos  bien  queridos,  z  dando  z  bien  faziendo  lo  rresçi- 
bamos,  z  en  esto  nos  rredugamos  a  ssimilar  al  prinçipio  z  buen 
fin  que  esperamos,  que  es  ofiçio  del  ynmenso  Dios,  que  sienpre 
da  z  nunca  rresçibe.  Ca  este  es  el  fin  a  que  todos  nos  deuemos 
dirigir.  j  O  que  fructo  tan  marauilloso!  \  o  que  dulçor  tanto 
suaue  como  es  amar,  z  amando  sienpre  dar  !  ;  ^con  estoes  loado 
z  tenido  en  veneraçion  aquel  marauilloso  enperador  Tito,  que 
dixo  con  grand  amor  a  sus  caualleros,  vn  dia  que  non  auia  hecho 
merçed  nin  dado  cosa,  dixo  :  este  dia  he  perdido,  en  que  non  di 
a  ninguno  algo.  \  O  dicho  tan  noble,  z  tan  digno  de  memoria 
como  este  para  los  principes,  z  duques,  z  senores  deste  nuestro 
tienpo  !  E  cognosçiendo  yo,  serenissimo  z  ylustre  senor,  z  por 
muchas  esperiençias  ya  prouado,  segun  el  prinçipio  ya  propuse, 
quanto  vuestra  senoria  tiene  desta  virtud  de  la  amiçiçia  z  amor, 
z  quanto  la  comunica  cada  dia  con  los  que  ama  z  como  se  da 
todo  a  ellos,  z  como  susçedio  en  el  amor  de  los  gloriosos  padres 
z  progenie  de  donde  viene,  z  como  tiene  en  aquel  amor  a  los 
hijos  de  aquellos  que  sus  padres  quisieron  z  amaron,  z  commo 
rremunera  los  seruiçios  passados  z  dura  este  amor  por  luengos 
tienpos,  z  ha  ofresçido  z  ofresçe  su  grandissimo  estado  a  la  deli- 
beraçion  de  aquellos  que  ama,  z  para  que  cognosçiessen  quanto 
se  deue  por  esto  a  vuestra  exçelençia  z  son  thenidos,  z  quanto 
deuen  seruir  por  rremunerar  aqueste  amor  que  vuestra  senoria 
por  sola  la  virtud  cada  dia  obra,  fue  muy  conuiniente  cosa  z  nes- 
çessario  a  mi,  que,  continuando  el  seruiçio  de  vUestra  jlustre 
senoria,  si  digno  de  me  Uamar  sieruo  puedo,  de  poner  esta  vir- 
tud en  perpetuydad  de  memoria,  por  seguir  esta  doctrina  de  sir- 
uiendo  rremunerar  tanta  merçed  como  en  el  amor  que  me  mos- 
tro  me  hizo,  z  porque  en  otro  modo  tan  exçelente  non  lo  podia 
memorar  como  en  escreuir,  coiho  sea  (Fol.  12  r.)  cosa  muy 
çierta  que  entre  todas  las  cosas  de  obras  z  actos  mundanos  non 
se  puede  poner  en  perpetuidad  de  memoria,  si  se  puede  dezir 


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70  FERRAN    NUNEZ 


como  es  en  las  letras.  E  por  esto  se  diriuan  las  letras  z  se  dizen 
camino  para  los  leyentes.  z  para  esto  fueron  buscadas,  para  per- 
petuar  la  mémorial  para  los  absentes  bazer  présentes,  z  por  esto 
los  primeros  jnuentores  de  las  letras  se  dizen  juezes  de  las  cosas 
passadas  z  signo  o  senal  de  las  futuras.  A  las  quales  fiie  dada 
tanta  fuerça,  que  por  los  absentes  syn  boz  hablan,  z  el  vso  de  las 
letras  fue  hallado  para  memoria  de  toda  la  variedad  de  las  cosas 
que  en  oluidança  se  trahen.  z  por  esta  causa  las  letras  se  dizen 
elementos,  z  como  quiera  que  en  los  ynuentores  ay  diferençia, 
porque  son  très  o  quatro,  entre  los  quales  fue  vno  Feniçes,  por 
memoria  del  quai  los  griegos,  de  quien  fue  primero  ynuentor, 
comiençan  las  letras  z  leturas  z  cartas,  segun  la  opinion  del  glo- 
rioso  Jeronimo,  por  non  oluidar  su  memoria,  en  color  feniçeo. 
Aqui  solamente  dire,  porque  haze  al  proposito  :  \  oquan  notable 
gradesçimiento  de  memoria  digno  !  i  como  duran  en  esta  gente 
los  seruiçios  z  buenas  obras,  z  nunca  lo  quieren  traher  en  olui- 
dança !  ;  z  dexo  los  otros  ynuentores  porque  es  muy  noto  en 
muchos  lugares.  E  por  esto  busqué  este  modo  en  que  tan  exçe- 
lente  virtud  como  esta  que  vuestra  senoria  tiene  publicase,  z  en 
escripto  z  vulgar  lengua  pusiese  para  mas  se  diuulgar  z  memorar, 
porque  a  todos  fuese  muy  noto  esta  debda  que  a  vuestra  sereni- 
dad  por  esta  virtud  se  deue.  E  suplico  a  la  exçelente  virtud  de 
vuestra  senoria  que  comigo  haga  como  dador  de  la  beniuolençia. 
E  lo  rresçiba  gratanter^  mandando  suplir  con  su  magnifiçençia 
qualquier  defecto  que  en  este  breue  tractado  ouiere,  z  en  mi,  que, 
como  humano,  en  el  seruiçio  de  vuestra  exçelençia  aya  omitido. 
z  el  dador  de  las  gracias  z  bienes,  a  quien  en  esto  vuestra  gran 
senoria  y  mita  en  lo  assi  fazer,  por  su  grandissimabondad  lo  quiera 
a  vuestra  exçelençia  rremunerar.  E  assi  mesmo  a  los  lectores 
suplico  que,  sin  yncrepaçion,  porque  a  su  correcçion  se  somete, 
suplan  qualquier  defecto  que  buen  juyzio  dictare  que  deuen 
enmendar. 


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POÉSIES 
ATTRIBUÉES    A   GONGORA 


Les  poésies  qui  constituent  le  présent  recueil  sont  attribué 
à  Gôngora  dans  les  manuscrits  '  où  nous  les  avons  copiées.  G 
attributions  seront  discutées  dans  une  étude  ultérieure. 

R.  Foulché-Delbosc. 


SONETOS 


A   LOPE   DE  VEGA 

EN   OCASION    DE   ESCRIVIR 

LOS  AUCTOS   SACRAMENTALES 

Embutiste,  Lopillo,  a  Sabaot 
en  un  mismo  soneto  con  Ylec, 
y  hechandosele  acuestas  a  Lamec, 
le  diste  un  muy  mal  rato  al  justo  Lot. 

Sacrificaste  al  ydolo  Vehemot, 
que  matan  mal  coplon  Melquisedec, 
y  trayga  para  el  fuego  a  Abimelec 
sarmientos  de  la  viiia  de  Nabot. 

Guardate  de  las  lanzas  de  Joab, 
de  tablazos  del  arca  de  Jafet, 
y  lenos  de  la  escala  de  Jacob. 


I .  A  moins  d^indication  contraire,  tous  ces   manuscrits  se  trouvent  à 
Biblioteca  Nacional  de  Madrid. 


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72  POÉSIES 

No  temas  con  el  rey  Acab, 
ni  en  lugar  de  Bethlen  me  digas  Bet, 
que  con  tus  versos  cansas  aun  a  Job. 

Y  este  soneto  a  buenas  raanos  va  : 
hay  del  alfa,  y  oméga,  y  Jeoba. 

Pap.  cur.  35  KK,/.  loi.  —  M.  8,  f.  94;  dans  ce  dernier  ms.,  l'ordre  des  deux  tercets 
s    interverti. 

2 

CONTRA    LOPE 

Despues  que  Apolo  tus  copîones  vido 
salidos  por  la  voca  de  un  pipote, 
insolente  poeta  tagarote, 
en  su  delphico  trono  la  a  sentido. 

La  satirica  Clio  se  a  corrido 
en  ver  que  la  fréquente  vn  neçio  cote, 
y  de  que  tantas  léguas  en  un  trote 
la  ayas  écho  correr  (crueldad  a  sido). 

Déjà  las  damas,  déjà  a  Apolo,  y  tente  ; 
pide  perdon  al  pueblo  que  enojaste, 
que  aunque  corrido  el  cortesano  vando, 

no  corras  tanto,  corredor  valiente, 
que  si  un  sonbrero  por  correr  ganaste, 
mira  no  ganes  vn  jubon  trotando. 

Ms.  5796.  f.  201  r. 


A   LAS  PUTAS 

Como  acude  el  ambriento  gato  al  mis, 
y  el  ayuno  masiin  al  toma  o  tao, 
el  pobre  mendicante  al  bacalao, 
los  muchachos  golosos  a  el  anis, 

el  buen  olor,  o  malo,  a  la  nariz, 
el  Indio  a  su  maiz  o  a  su  cacao, 
el  toro  en  coso  de  la  plèbe  al  hao, 
y  al  reclarno  la  simple  codorniz, 


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ATTRIBUÉES   A   GONGORA 


Ms.  4044.  f.  259. 


el  alguazil  solicito  a  question, 
el  amador  a  donde  quiere  mas, 
a  boisa  descuidada  el  cicatero, 

el  avariento  a  vozes  de  «  ladron  !  », 
al  treynta  y  nuebe  del  fullero  un  as, 
assi  acuden  las  putas  al  dinero. 


SONETO  BURLESCO  A  LOS  DIOSES 

Aquel  que  en  Delfos  tubo  glorîa  tanta, 
el  dego  dios  temido  en  toda  parte, 
el  velicoso  e  yracundo  Marte, 
que  a  los  demas  en  fuerças  se  adelanta; 

Neptuno,  que  el  mar  rige  y  leuanta  ; 
el  rubio  Tîton  que  su  luz  nos  reparte  ; 
Yris  que  en  su  presencia  nos  départe 
la  tenpestad  que  tanto  al  mundo  espanta; 

Vulcano  y  sus  çidopes,  que  a  porfîa 
trauajaron  por  dar  a  la  red  cauo, 
celosa  industria  que  forjado  auia  ; 

Mercurio  cuia  sciencia  inmensa  alauo, 
y  el  lector  de  esta  eroyca  poesia, 
todos  juntos  me  besen  en  el  rabo. 


Ms.  $796,  f.  185  V. 


RESPUESTA 

De  haçer  de  vuestro  culo  jubileo 
algunos  del  lugar  an  sospechado, 
que  no  vino  a  la  patria  jubilado 
del  reyno  de  Neptuno  a  Prometeo. 

Considerad,  senor,  que  es  caso  feo 
llegar  ante  Bulcano  arremangado, 
de  mero  lujurioso  y  arriscado 
que  podrd  ejecutar  vn  mal  deseo  ; 


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74  POÉSIES 


Ms.  $796,  f.  185  y. 


Ms.  3796,  f.  197  V. 


demas  que  con  esotros  del  conuiie 
podran  juûtarse  los  demas  planetas» 
o  el  sumo  y  poderoso  Joba  solo, 

y  os  la  a  :  :  :  al  primer  enuite. 
Prevenios  de  atacar  las  abujetas, 
que  es  Marte  griego»  y  siciliano  Apolo. 


A  LA   VIDA  DE  ESTUDIANTES 

Volsa  sin  aima,  pereçoso  arriero, 
sol  y  moneda  a  peso  de  oraciones, 
ama  que  circuncida  las  rraciones, 
sanguijuela  del  gusto  y  del  dinero  ; 

anbre  perpétua,  pedigueno  artero, 
deudas  perpétuas,  tristes  camaleones, 
portes  de  cartas  y  quemar  ringlones, 
pobre  inportuno  llanto  de  echiçero  ; 

el  murmurar  y  sama  de  por  uida, 
sabanones  y  nieue  y  maestre  escuela, 
casa  de  esgrimidor,  falsos  criados  ; 

muerte  ciuil,  miseria  no  creida, 
de  la  comida  y  can...  centinela, 
sin  ser  al  rey  traidores  desarmados. 


Clerigo  calabres,  o  calba  trueno, 
discipulo  del  falso  caluinista, 
vasilisco  cruel  de  mala  vista 
que  por  ojos  y  voca  das  veneno  ; 

vaso  no  de  eleccion,  de  maldad  lleno, 
del  sexto  mandamiento  coronista, 
sacerdote  de  Venus  que  conquista 
a  el  cuerpo  gusto  para  el  aima  çieno; 

cara  mas  natural  de  caluarrasa 
que  el  hermano  de  Antonio  de  la  Fuente, 
oficio  de  Jinebra  en  lengua  propria. 


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ATTRIBUÉES   A   GONGORA 


Ms.  3796,  fol.  198. 


Ms.  3796,  f.  200. 


Ms.  3796,  f.  201. 


déjà  el  aima,  traidor,  que  en  vna  casa, 
oratorio  y  amiga  juntamente 
pareçen  a  toda  aima  cosa  inpropria. 


8 


Qpatrocientas  mil  putas,  y  comudos 
menos  los  no  casados  otros  tantos, 
muchos  ypocritones,  pocos  santos, 
infinidad  de  caluos  melenudos; 

botos  de  injenio  en  opinion  de  agudos, 
ninas  que  piden,  tias  con  encanto, 
virgos  postiços,  y  prestados  mantos, 
que  ellos  celosos  y  maridos  mudos, 

esperanças  en  flor,  virtudes  pocas, 
promesas  justas,  obras  infernales, 
sobomos  a  el  del  dijo  y  el  dcl  fallo, 

vobas  vacias,  vacilantes  vocas, 
coches,  frayles,  vasura,  y  ospitales, 
esto  es  Madrid,  y  lo  demas  que  callo. 


9 


Senor  Guadalquiuir,  estese  quedo  ; 
vasta  lo  que  me  déjà  ya  amiinado, 
no  se  leuante  a  mas,  vaste  un  estado, 
que  yo  confieso  que  le  tube  miedo. 

Pero,  de  quando  aca  tanto  denuedo? 
Sin  duda  que  de  hueco  y  de  inchado 
con  el  oro  y  la  plata  que  me  a  dado, 
se  me  viene  a  las  varbas  cada  credo. 

Vuelua,  y  verà  que  no  conoce  padre, 
sino  un  humilde  y  pobre  nacimiento, 
y  que  su  inchaçon  toda  es  locura. 

No  tarde  en  el  correr  hacia  su  madré, 
que  en  pena  de  su  loco  atreuimîento 
le  cargaran  de  palos  de  Segura. 


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76  POÉSIES 


10 


Ms.  3796,  f.  loi  V. 


Ms.  3796,  f.  202. 


El  duque  mi  senor  se  fue  a  Francia, 
y  tu  musa  a  la  tuia  o  a  su  estancia, 
3mpertinente  alaja  fuera  en  Francia, 
pues  tiene  por  prouincia  a  Picardia. 

Demas  que  en  el  Penon  de  Andaluçia 
an  écho  sus  dictamenes  ganancia, 
que  musa  que  asi  agarra  una  distancia 
menos  tiene  de  musa  que  de  arpia. 

Sea  lo  uno  o  lo  otro,  el  tienpo  lo  a  acauado, 
pues  muestras  por  las  ingles  que  ya  orina, 
que  era  vena  que  seca,  a  Dios  sea  dado. 

Deje  su  gracia  la  piedad  diuina, 
pues  la  humana  en  tus  versos  a  espirado, 
reça  o  escriue  en  copias  la  dotrina. 


11 

Predico  el  prouincial  ma...ardia, 
Apolo  de  oradores  y  poetas, 
aquel  que  entre  quadrillas  de  discretas 
vucaros  quiebra  y  vierte  melodia. 

Fue  todo  su  sermon  de  argenteria, 
fiel  minado  de  rayos  y  cometas, 
desgajando  del  cielo  los  planetas 
con  diuerso  foUaje,  con  uoz  fria. 

Entre  nuue  de  çelos  y  temores, 
amagos  de  su  amor  y  pecho  tiemo, 
descubrio  todo  el  juego  entre  las  manos. 

Rindanle  parras  los  predicadores, 
pues  nos  muestra  el  camino  del  infiemo, 
que  lo  demas  escosa  de  cristianos. 


12 

A   UNOS  CAUELLOS  NEGROS 

Libres  canpeando  en  el  neuado  cuello, 
crespas  de  amor  prisiones,  Cloris  mia, 


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ATTRIBUÉES  A   GONGORA 


Ms.  3796,  f.  201  V. 


Ms.  3759,  '•  11' 


entre  lo  negro  y  blanco  pareçia 
alba  tu  rostro,  nubes  tu  cauello. 

En  su  ecliptica  el  sol  paro  por  uello, 
y  en  los  laços  que  el  alba  le  ofrecia 
en  uno  se  enrredo  que  no  podia, 
si  el  color  estranar  negar  lo  vello. 

Viendose  pues  en  la  prision  suaue 
el  padre  de  Phaeton  de  Cloris  vella, 
«  Daphne,  dijo,  deponga  el  tosco  uello, 

pues  por  restituirme  a  desden  graue, 
segunda  Daphne  en  sus  cauellos  sella, 
si  grillos  a  la  luz,  carcel  al  cielo.  » 


13 

A   ESGUEUILLA 

Giyo  enfermo  Esgueuilla  de  opilado, 
y  es  lastima  de  ver  lo  que  padece  : 
el  da  muestras  segun  el  dano  crece, 
que  lo  a  vn  manjar  particular  causado. 

Otros  dicen  que  esta  bien  empleado, 
y  que  el  tiene  la  culpa  y  lo  merece, 
que  gusta  de  las  damas  y  se  ofrece 
por  seruidor,  y  entre  ellas  le  an  aojado. 

Vio  vn  medico  de  camara  la  orina, 
y  juzgô  que  purgarse  le  conuiene, 
y  antes  siruio  de  reuolber  humores. 

Causo  aquesto  en  el  pueblo  gran  moina, 
y  como  en  el  sus  ojos  puestos  tiene, 
fueronle  a  visitar  sus  seruidores. 


14 

Rodeada  de  platos  y  escudillas, 
en  la  mugrienta  mano  vn  estropajo, 
sudando  grasa  con  el  gran  trabajo 
de  no  poder  estar  sino  en  cuclillas  ; 


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78  POÉSIES 


Ms.  3795,  f.  77  V. 


Ms.  3795,  f.  87. 


banadas  de  agua,  puercas  las  faldillas, 
metido  entre  las  piernas  vn  domajo, 
apegado  con  las  nalgas  el  çancajo, 
meneando  a  compas  culo  y  rodillas  ; 

anoche  vide  estar  a  mi  morena 
quando  al  fin  de  sus  platos  yo  Uegaua, 
no  poco  alegre  de  toparla  sola  ; 

y  al  decirme  :  «  Vengais  en  hora  buena  *, 
como  aquella  postura  la  aiudara, 
soltosele  vna  pluma  de  la  cola. 


15 

A  VNOS  BORRACHOS 

Para  poner  en  paz  la  pesadumbre 
que  tuuieron  Gjntreras  y  Padieraa, 
se  haçe  vn  asamblea  en  la  taberna 
do  miden  seis  quartillos  por  açumbre. 

Bebiosecon  mojama,  que  es  legumbre 
que  auiua,  atiza,  ençiende  la  linterna  : 
trabo  la  lengua  Maranon,  y  a  Sema 
le  bino  por  la  boca  su  costumbre. 

Olmos  rindio  la  taça,  y  Antona  ya 
cayo  sobre  la  sangre  de  Camacho, 
y  la  taberna  conuirtio  en  zahurda. 

QjLieda  en  pie  Canizar  y  no  desmaya, 
y  no  dio  otra  senal  de  estar  borracho 
que  brindar  los  tapizes  con  la  zurda. 


CANCIONES 

16 

En  vn  aliso  verde, 
muro  del  vosque  a  lagrimas  del  cielo 

cuios  hu mores  pierde 
por  lo  condenso  del  frondoso  belo^ 
5  eccos  distintos  suroa 

clarin  alado,  çitara  de  pluma. 


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ATTRIBUÉES   A   GONGORA  79 

£1  trajico  lamento, 
suspension  dulce  de  la  selua  amena, 

aun  no  fiado  al  uiento, 
10  desataua  sonoro  Filoména 
llamando  armoniosa 

maculado  pudor  frustrada  rosa. 

La  fuente  enteraeçida 
murmurando  repite  quejas  tantas, 
15  y  de  sierpes  vestida, 

lamiendo  arenas  y  vistiendo  plantas, 

de  perlas  y  corales 
lenguas  hace  los  mas  de  sus  cristales. 

Prestole  atento  oido 
20  nimpha  del  valle  al  paxarilio  derno, 

oyendo  repetido 
en  pico  de  marfil  su  mal  interno, 

y  a  sus  acentos  grata, 
diuidiendo  vn  rubi  la  voz  desata. 

25  De  la  ateniense  ponpa 

a  tu  regio  explendor  cuia  dulçura 

aciama  eteraa  tronpa, 
hiperbole  maior  de  la  hermosura 
que  afecto  fugitiuo 
30  auddz  violô  si  profané  lasçibo. 

Si  de  la  fe  jurada 
libidinosa  accion  ronpio  el  asunto 

a  un  joben  destinada, 
infausto  amor  me  construira  trasunto 
35         de  tu  pasada  pena, 

si  la  propria  se  absuelue  con  la  agena. 

Finjiomela  esperança 
epiulamio  al  prospero  himeneo, 
quando  la  confiança 
40  riendas  imponga  a  barbaro  deseo, 
siendo  a  su  ardiente  filo 
el  mas  subtil  cauello  el  menor  hilo. 


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80  POÉSIES 


No  tanto  fue  el  exceso 
de  virginal  no  meritoria  ruina, 
45  que  me  quitase  el  seso 

a  el  instrumento  que  mi  mal  termina, 

pues  para  maior  mengua 
en  cada  agrauio  me  dejô  vna  lengua. 

Tu  dulce  compania 
50  desmentira  las  mas  de  mis  querellas, 
si  al  rosicler  del  dia 
muro  da  luz  al  circulo  de  estrellas, 

alibias  con  tu  canto 
tanta  desdicha,  desconsuelo  tanto. 


Ms.  3796,  f.  187. 


17 

Lustraua  el  cuemo  de  oro 
el  fulminante  de  la  luz  luçero, 
antes  de  ver  de  Jeminis  los  laços 

que  a  luces  lisongeros 
5  borda  la  piel  del  triunfante  toro, 

cuios  célestes  laços 
a  estas  murallas  donde  estan  pendientes 

cristalinas  serpientes 

rompieron  atreuidos, 
10  y  al  punto  conducidos 

por  canpos  que  de  plata  son,  i  perlas, 

do  salen  a  cojerias 
los  espumantes  de  aquel  mar  tritones, 

que  aljofarados  dones 
1 5  ofrecen  ricos  si  no  son  cristales, 
que  canbiaron  la  luz  por  ser  corales. 

Opandode  lariuera 
frondosos  olmos  atalaias  mudas 
alegres  son  y  de  racimo  copia, 
20  y  a  las  plantas  desnudas 

autoriça  la  hermosa  primauera, 

y  el  fertil  comucopia 
arroja  Ceres  que  juntô  Amaltea, 

y  el  cefiro  recréa 


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ATTRIBUÉES   A   GONGORA  8l 

25  con  soplos  mas  suabes 

vociférantes  aues 
que  en  el  intense  dulces  cantan  prado, 

y  alumbra  con  dorado 
candor  el  sol  los  oriçontes, 
30  luminando  las  cumbres  de  los  montes. 

Del  cristalino  Tormes 
ponposo  marjen  matiçado  hacia 
flores  de  espuma  liquidas  corrientes, 

que  a  uer  la  luz  del  dia 
35  jiraua  por  los  sauces  mas  disformes, 

donde  dos  claras  fuentes 
formauan  dos  confusos  lauerintos 

couardes  tereuintos, 

murtas  que  anima  el  malo, 
40  émulas  son  al  rayo 

de  flamijero  Febo  con  sus  sombras, 

que  menudas  alfonbras 
argenta  y  dora  si  tapetes  vellos 
como  espejos  radiantes  se  ue  en  ellos. 

45  Quando  esmaltando  flores 

ninpha  salio  dentre  la  elada  plata, 
la  mal  vella  que  al  sol  presto  cauellos 

venerando  escarlata, 
lauros  purpureos,  ojos  rouadores, 
50  copos  de  nieue  vellos 

esparce  al  uiento  si  las  manos  toca, 
dulce  y  conpuesta  voca 
que  perlas  aposenta, 
donde  el  marfîl  se  afrenta, 
5  5  eraulacion  del  rubicundo  oriente, 
oroscopo  es  su  frente, 
su  haliento  flores,  rosas,  y  alelies, 
en  dos  opuestos  puntos  carmesies. 

Entre  las  esmeraldas 
60  de  rosicleres  el  candor  tenido 

postrô  el  diuino  cuerpo,  donde  apenas 
fauonio  conpelido 

Rivme  hispanifut    xrv.  6 


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82  POÉSIES 


al  sueno  dulçe  aconpanô  guirnaldas 

con  blancas  açuçenas, 
65  y  en  quanto  al  odo  treguas  le  dio  blando, 

vn  ruisenor  cantando 

desde  vn  olmo  responde, 

el  nino  Amor  se  absconde, 
ydolatrando  su  maior  belleça, 
70  quando  de  la  aspereça 

joben  salio  tan  bello,  que  bastara 
a  ser  rayo  dcl  sol  su  nibîa  cara. 

Del  idolo  dormido 
apenas  uio  los  raios  que  brillando 
75  a  el  aima  libre  cautiuaron  luego, 
olores  lanbicando 
el  canpo  verde  del  abril  florido, 

quando  abrasado  en  fuego 
tocar  intenu  la  neuada  mano 
80  del  angel  soberano  ; 

mas  inuidioso  el  uiento 
rompio  su  sueno  lento, 
al  fatal  tienpo  que  la  hirio  Cupido, 
y  viendo  tan  lucido 
85  al  nueuo  amante  abraça 

yedra  que  a  muro  de  cristal  se  enlaça. 

Murmuran  inuidiosas 
las  aguas  claras  y  el  vndoso  rio 
de  sus  raudales  y  sus  vrnas  bellas 
90         lleno  de  aljofar  frio 

y  coronado  de  amaranto  y  rosas 

con  mas  purpura  en  ellas 
que  ostenta  Tiro,  que  Chorinto  haçe, 
el  verde  margen  naçe 
95  en  carros  espumosos, 

por  ver  lob  amorosos 
laços  de  amor  que  a  su  deidad  le  quitan, 

las  aues  los  inmitan 
con  dulce  acento,  con  arrullos  roncos, 
100  en  mirtos  tiemos,  en  robustos  troncos. 


M$.  5796,  f.  187. 


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ATTRIBUÉES   A   GONGORA  83 


18 


Quitaua  el  belo  a  sus  cabellos  rojos 
Phebo,  que  del  Aurora  el  llanto  bebe 
y  ocupa  a  Morfeo  ansi... 

mis  desbelados  ojos, 
S  quando  vestido  de  color  de  rossa 
y  lises  duro  de  subtil  recamo, 
ver  pareciome  la  enemiga  hermosa 

que  tan  de  ueras  amo  : 

corao  el  abril  la  llubia 
10  suelu  lleuaba  la  madeja  rubia 

con  quien  el  biento,  porque  alegre  lidia, 
si  no  me  daua  celos  daua  ynbidia. 

En  vn  prado  florido  que  mostraua 
que  siempre  su  berdura  defendida 
1 5  olgando  abia  sido  entretenida, 

flores  cogiendo  estaua, 
y  el  prado  ameno  del  fabor  vfano 
pareçe  que  las  flores  adelanta 
a  los  marflles  de  la  blanca  mano, 
20         y  de  la  airosa  planta 

que  el  prado  restituie 
quantas  flores  la  mano  le  destruye 
para  tejer  despues  de  rico  el  seno 
vna  guimalda  en  sitio  mas  ameno. 

25  Eran  seîs  lauros,  cada  quai  frondoso, 
cuios  troncos  bistiendo  mas  en  selba 
la  rosa  carmesi,  la  madreselba, 

y  el  jazmin  oloroso, 
que  gustoso  al  espejo  fugitibo 
30  de  vn  arroyuelo  enriça  su  melena, 
y  el  lisi  claro  bulliçioso  y  viuo, 
mas  su  corriente  enfrena 
mientras  mas  le  dilata 
pasto  que  en  pies  de  brilla  dora  plata 
35  le  escapa  a  las  prisiones  de  aquel  prado 
armadoespino  y  en  binculo  cercado; 


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84  POÉSIES 


Aqui  de  las  cojidas  varias  flores 
vna  guimarda  teje  en  laços  bellos, 
con  que  doblô  la  gracia  a  sus  cabellos 

40         la  causa  a  mis  amores 

y  en  oçio  blando  y  en  descuido  enbuelta, 
ya  en  el  agua  se  mira,  ya  se  laba, 
ya  (como  monstruo)  de  cantar  resuelta, 
su  viguela  tocaua 

45  y  el  aire  suspendia 

de  la  voz  instrumento  la  armonia, 
quando  vn  silbestre  satiro  la  asalta 
que  los  espinos  de  la  çarça  salta. 

Nunca  la  garça  del  nebli  baliente 
50  huiô   turbada  en  mas  presto  buelo 
que  la  ninpha  gentil  clamando  al  çielo 

del  satiro  insolente, 
que  del  primer  asalto  entre  sus  braços 
y  entre  la  selba  de  su  inculto  pecho 
5  5  la  que  me  tiene  en  diamantinos  laços 
cogiera  a  mi  despecho, 
si  no  le  detubiera 
al  monstruo  la  guirnalda  en  la  carrera, 
caiendo  a  tienpo  del  dorado  asiento 
60  que  a  su  dueno  gentil  le  falta  aliento. 

Alço  del  prado  la  guirnalda  bella 
el  satiro  veloz,  y  el  curso  buelbe, 
y  a  la  que  huiendo  en  llanto  se  resuelue 
dice  por  detenella  : 
65  «  Ninpha  gentil,  jamas  por  enojarte 
tus  soledades  açeché  lasçibo  ; 
muero  mil  siglos  a  por  agradarte, 
para  seruirte  viuo, 
y  soy  si  no  lo  saues 
70  aunque  vencido  de  tus  ojos  graues. 
La  suprema  dicha  de  aqueste  monte 
sosiega  el  pecho,  y  a  mi  amor  disponte,  d 

Ansi  lo  diçe,  y  rapido  quai  vemos 
plomo  que  el  bronçe  con  horror  despide, 


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ATTRIBUÉES   A   GONGORA 


8s 


Ms.  3796,  f.  178. 


75  sigue  la  ninpha  que  socorro  pide 
a  los  dioses  suprêmes  ; 
mas  biendolos  tan  sordos  a  sus  voçes, 
como  alentado  su  enemigo  fiero 
ya  de  las  plantas  de  niarfîl  veloçes 

80  falta  el  vigor  primero, 

y  ya  a  las  ebras  de  oro 
de  Arabia,  înbidia  del  amor  thesoro, 
el  amante  grosero  mueue  y  toca 
con  el  haliento  espeso  de  su  voca. 

85  Quando  a  mi  triste  que  bolar  quisiera 
a  defender  mi  ingrata,  pareçia 
que  en  circules. ceruleos  me  ténia 

vna  serpiente  fiera, 
cuio  anhelar  el  torpe  yelo  inmita  ; 
90  entre  los  globos  que  mi  pecho  enlaça, 
no  solo  el  mobimiento  me  enuaraça, 
mas  el  aliento  quita, 
y  tanto  me  fatiga 
viendo  casi  triunfante  a  mi  enemigo, 
95  que  despertaron  y  de  un  mar  banados 
de  lagrimas  mis  ojos  del  belados. 


ROMANCES 


19 

Amenaçaua  los  canpos 
del  cielo  el  mayor  rubi, 
prolijos  terminos  dora 
suspenso  en  nuestro  çenid. 
5  Rugiente  animal  de  Julio 
muestra  la  crespada  crin, 
que  aun  transformado  en  estrella 
résiste  al  Tebano  ardid. 
Del  canicularladrido 
10  despejo  a  sido  infeliz, 
si  lo  florido  del  Mayo 
lo  ponposo  del  abril. 
Palidas  premisas  dan 


los  valles  a  Çeres  si 
1 5  mano  Inculta  tosca  abarca 
granos  conuoca  sutil. 
Frondoso  honor  de  los  olmos 
paloros  suele  vestir, 
reuocando  abraços  tiernos 
20  de  la  sienpre  festa  vid. 
En  desnudo  tronco  ocupan 
ruyna  indiçiando  la  vil, 
mirmidonios  esquadrones 
que  aposenta  su  raiz. 
25  El  noctumo  orror  rrecoje 
de  sus  sonbras  nudos  mil, 
corriendo  cortinas  negras 


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86 


POÉSIES 


a  circules  de  çaphir. 
Quando  pastora  Diana 

30  deidad  en  los  montes  ni, 
no  se  si  madré  segunda 
de  un  dios  jigante  y  ruin. 
No  a... un  exercicio  atenta 
desmiente  lo  femenil, 

35  porquea  los  ojos  reserua 
fléchas  que  a  flojado  en  mi 
sin  arcos  no,  porque  asisten 
en  su  frente  de  marfil 
dos  lisonjas  de  lo  negro, 

40  ponpa  de  este  séraphin. 
Vn  argos  en  la  pestana 
de  su  hermoso  cuerpo  fui, 
con  talares  de  un  deseo 
y  las  al  as  de  un  delphin. 

45  Seguila  y  vi  que  a  una  fuente 
que  coronaua  vn  jazmin, 
para  liquidar  su  aljofar 
humillaua  la  ceruiz. 
Audacias  me  inspiro  el  ualle 

50  y  la  soledad,  que  al  fin 
ardientes  infunde  anhelos 
vna  hermosura  jentil. 
Politicas  regulando 
quai  cortesano  ciuil 

5  5  de  espanol  écho  frances, 
en  rromance  y  no  en  latin. 
A  el  cotumo  a  el  pie  argentado, 
entre  uno  y  otro  aleli, 
conucto  dieron  mis  lauios 

60  quantos  vesos  al  chapin. 
Respondiome  agradecida 
purpureando  el  matiz 
que  fio  a  jiros  de  nueue 
dos  terminos  de  carmin. 

65  Las  armas  de  la  eloquençia 
retorico  al  viento  di, 
asta  que  con  mis  temeças 
hice  las  aguas  reir. 


Prometi  a  su  blanca  mano 

70  la  plata  del  Potosi, 

y  de  adomar  sus  cauellos 
con  todo  el  oro  de  Ofir. 
Çedro  remontada  garça 
sino  couarde  perdiz, 

75  rayo  de  pluma  en  Noruega 
del  sienpre  anbriento  nebli. 
Dejose  vencer  de  ruegos, 
y  el  pudor  perdiendo  alli, 
laços  la  ofrecio  Himeneo, 

80  y  io  ni  un  marauedi. 

Estinguio  Amor  sus  poderes, 
que  lo  suele  hacer  ansi, 
y  gustos  que  son  biolentos 
sienpre  prometen  mal  fin. 

85  Tributela  cortesias 

para  inuentiba  en  Madrid, 
enojose  quai  si  fuera 
yo  ladron,  ella  alguaçil. 
Dijome  vna  amiga  suya 

90  que  estaua  mala,  y  fue  asi, 
pues  estaua  la  senora 
en  uisperas  de  parir. 
Pregunte  su  casa  entonçes 
para  darla  algun  loatrin, 

95  y  dijeronme  que  ocupa 
la  del  noble  Anton  Martin. 
Admiremedel  suceso, 
y  buelto  a  Francia  en  Abril, 
aile  a  Roldan  en  mis  braços, 

100  y  erro  mi  caueça  a  Turpin. 

Ms.  3796,  f.  198-199. 
20 

ADONIX  Y   VENUS 

Rosas  desojadas  vierte 
a  un  valle  que  las  recoje 
el  mas  venturoso  amante. 


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ATTRIBUÉES   A   GONGORA 


87 


el  mas  desdichado  joben. 
5  Con  su  sangre  las  infunde 
nueuo  spiritu  a  las  flores, 
tanto  que  de  ella  animadas 
cada  flor  es  vn  Adonix. 
Robusta  fiera  ejecuta 

10  la  voluntad  de  los  dioses, 
inbidia  de  su  bentura 
y  escarmiento  de  los  hombres. 
Rayos  de  marfil  fulmina 
sobre  el  vellissimo  joben, 

1 5  cibil  castigo  de  un  dios 
por  un  delito  tan  noble. 
Ay  fieraenemiga,  dices 
que  laço  tan  dulçe  rronpes, 
si  yerros  de  amor  castigas, 

20  a  Jupiter  no  perdones. 

Mi  de  al  fin  las  yeruas  dando 
vltimas  respiraciones, 
cuerpo  jentil  que  lo  muda 
era  el  aima  de  los  vosques. 

25  Quando  por  oculta  senda, 
fina  esmeralda  de  un  monte, 
muerta  de  amores  venia 
la  diosa  de  los  amores. 
Los  rayos  de  los  cauellos 

30  cinta  encamada  rrecoje, 
que  quiere  prender  los  rraios 
portio  abrasar  coraçones. 
De  transparente  cristal 
linpio  pie  en  la  yerua  pone, 

35  desnudo  porque  no  a  allado 
coturno  que  asi  le  adorne. 

Y  entre  cristalinas  sierpes 
que  a  darla  la  nueua  corren, 
al  idolo  de  su  gusto 

40  profanado  reconoce. 

Y  aunque  no  duda  que  es  el, 
de  la  duda  se  socorre, 

que  para  enganar  el  aima 
le  ynporta  dudar  entonces. 


45  Mira  aquel  lustroso  oriente 
que  illuminauan  dos  soles, 
y  alla  que  en  el  a  tomado 
ya  su  posesion  la  noche. 
Mira  aquella  hermosa  uoca 

50  jardin  que  aspiraua  fiores, 
y  a  donde  cojio  clabeles 
destroncados  lilios  coje. 
Estatua  de  oro  y  marfil 
vaga  vusca  y  tienta  torpe, 

55  y  alla  enbuelta  en  poluo  y  sangre 
estatua  de  jaspe  y  bronce. 
Dulces  lamentos  repite, 
fieras  mueue,  piedras  ronpe  ; 
mas  mientras  mas  se  lamenta, 

60  solo  el  eco  la  responde. 
«  Ay,  dioses  crueles,  diçe, 
que  quereîs  que  se  malogre 
con  la  maior  hemiosura 
la  voluntad  mas  conforme. 

65  A,  Jupiter  enemigo, 

quando  amante  te  transformes, 
cisne  o  lubia  o  toro,  quente 
tus  robos  el  mundo  progne. 
Y  tu,  Apolo,  quando  sigas 

70  veldad  con  plantas  veloçes, 
corteçudo  tronco  abraces, 
arbol  ingrato  cnamores.  » 
Dijo,  y  al  cadaver  frio 
amante  yedra  enlaçose, 

75  y  prestandole  la  uida, 
silencio  a  sus  quejas  pone. 

Ms.  3736,  f.  199.  En  tête,  les  mots  a  de 
D.  Luis  de  Gongora  •  ont  été  biffés  et 
remplacés  par  l'indication  «  Zarate  », 
d'une  écriture  distincte. 

21 

Malo  estaua  don  Tasajo 
de  tercianas  de  Paris, 


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88 


POÉSIES 


que  vnos  humores  monssures 
le  juraron  por  delphin. 

S  Titulo  del  Rey  de  larça 
le  dio  el  obispo  Turpin, 
en  virtud  de  su  agua  fuerte 
y  a  fuerça  de  su  raiz, 
a  puro  sudar  el  triste 

10  las  mananitas  de  abril  : 
tan  gato  de  Algalia  esta 
que  sufre  un  cape  y  un  miz. 
Despues  de  sus  magistrales 
aguardaua  el  paladin 

15  de  su  salud  eldespacho, 
por  la  camara  salir, 
y  por  no  gastarlo  todo 
en  suspirar  y  gémir, 
a  la  causa  de  sus  maies 

20  asi  la  enpeço  a  decir  : 
«  O  tu,  de  mis  aspereços 
delinquente  y  alguacil, 
y  con  manto  de  soplillo 
ospital  de  Anton  Martin, 

25  sirena  en  quanto  pescado 
del  pielago  de  Madrid, 
de  medio  arriua  muger, 
de  medio  auajo  esmeril, 
si  de  mi  te  as  oluidado 

30  nunca  te  acuerdes  de  mi, 
que  es  vastante  tu  memoria 
a  inficionar  un  pais. 
Desdichada  de  la  casa 
donde  pones  el  chapin, 

3  5  si  acaso  no  la  defienden 
los  pocos  marauedis. 
Si  tanto  enganan  quince  anos, 
tanto  encubre  un  faldellin  ; 
mal  vbiese  el  cauallero 

40  que  caualga  sin  candil. 
Y  pues  la  salud  no  es  cosa 
que  se  a  de  echar  por  ay, 
quien  mira  para  veber 


que  mu*e  para  viuir. 

45  G)legio  an  de  ser  mis  calças, 
si  Dios  me  saca  de  aqui, 
donde  an  de  prouar  linpieça 
asta  las  hijas  del  Gd. 
ProueaDios  de  un  letrado, 

50  donde  puedan  acudir 
a  informar  de  dona  Sota 
como  suelen  de  un  rrocin. 
Pues  quantos  con  ella  topan 
salen  despues  de  subir, 

5  5  peones  de  Colomera, 
caballeros  de  Moclin. 
Justicia,  senora  sala, 
que  no  se  puede  sufrir, 
estando  en  el  mundo  vos, 

60  que  viua  Arnaute  Mami. 
Agradezca,  dona  pu  ta, 
que  un  magistral  biene  al  il 
que  me  sirue  de  mordaça, 
que  mas  ténia  que  deçir. 

Ms.  3796,  f.  200  V. 

21  bis, 

Doliente  esta  don  Tasajo 
de  tercianas  de  Paris, 
que  unos  dolores  monsiures 
le  han  jurado  por  deltin.    * 


5  A  puro  sudar  el  triste 
las  mananitas  de  abril, 
tan  gato  de  algalia  esta 
que  supe  un  zape  y  un  miz. 
Por  divertirse... 

Todo  es  sudar  y  gémir  ; 
10  a  la  causa  de  sus  maies 
comienza  a  culpar  asi  : 
«  O  tu,  de  mis  desventuras 
delinquente  y  alguacil, 


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ATTRIBUÉES   A  GONGORA 


89 


y  con  manto  sevillano 

1 5  Hospital  de  Anton  Martin  ; 
sirena  en  cuantopescado 
del  pielago  de  Madrid, 
por  medio  arriba  muger, 
de  medio  abajo  esmeril  ; 

20  pildora  de  seda  y  oro, 
veneno  con  ambar  gris, 
cometa  que  se  anda  en  pie, 
demonio  que  anda  a  pedir  ; 
si  de  mi  te  bas  olvidado, 

25  nunca  te  acuerdes  de  mi, 
porque  bastan  tus  memorias 
a  infîcionar  un  pais. 
Desdicbada  de  la  casa 
do  tu  pones  tu  chapin, 

30  si  no  es  ya  que  la  defiende 
falta  de  maravedis. 
Si  tanto  engaâan  quince  aâos, 
tanto  cubre  un  faldellin, 
mal  hubiere  el  caballero 

35  que  cabalga  sin  candil. 
Pues  la  salud  no  es  alhaja 
que  se  ha  de  echar  por  ahi, 
quien  mira  para  beber, 
que  mire  para  vivir. 

40  Colegio  han  de  ser  mis  calzas, 
si  Dios  me  saca  de  aqui, 
donde  han  de  probar  limpieza 
hasu  las  hijas  del  Cid. 
Provea  Dios  de  un  albeitar 

45  donde  se  pueda  acudir 
a  informarse  de  dona  Aida 
como  suelen  de  un  rocin  ; 
que  yo  se  que  la  senora 
(perdone  el  terso  marfîl) 

50  podrà  prestar  alifafes 
al  cerro  de  Potosi. 
Aqui  dt  Dios  y  del  rey, 
que  cautivan  en  Madrid, 
que  la  salud  me  capean, 


55  que  me  la  toman  de  orin. 

Justida,  senora  sala, 

que  no  se  puede  sufrir, 

viviendo  vuesa  merced, 

que  viva  Arnaute  Mami. 
60  Très  meses  ha  que  ando  haciendo, 

sin  poderlo  resistir, 

carambanas  de  esqueleto, 

mudanzas  de  matachin. 

Agradeced,  dona  Urganda, 
65  que  un  magistral  viene  alli, 

que  me  sirve  de  mordaza  ; 

que  mas  ténia  que  decir. 

Bibliothèque  privée. 

22 

Montes,  valles,  canpos,  selbas, 
amenaça  el  pardo  otubre, 
fulminando  rayos  de  agua 
enbueltos  en  nectas  nubes. 
5  Despenabanse  las  fuentes, 
los  arroyuelos  conduçen, 
dando  espejos  a  las  aguas 
que  la  blanca  arena  cubren. 
Adomauanse  los  prados 

10  de  oficiosa  muchedumbre 
de  flores,  a  quien  dio  Flora 
en  nectar  altemos  lustres. 
Entonçes  de  Çelia  bclla 
las  dos  mas  hermosas  lunbres 

1 5  terminauan  fuego  al  ielo 
de  las  aimas  que  reduçen. 
Criminal  amor  arrojan 
de  sus  dos  ojos  açules 
flechaços,  que  si  no  ma  tan 

20  suauemente  consumen. 

A  un  balcon  naçiendo  Auront 
el  blanco  marmol  descubre, 
emulando  a  la  açuçena 
a  quien  mas  candor  induçe. 


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90 


POÉSIES 


25  Las  doradas  ebras^fia 
al  biento,  por  que  dibuje 
alguna  prision  lasçiua 
para  las  aimas  que  urten . 
La  mano,  entre  laços  de  oro, 

30  anbiçiosa,  los  confunde, 
neutro  el  sol  en  las  colores 
que  ansi  canbiado  reluçen. 
Argos  traducido  estaua 
al  pie  de  un  olmo  que  sube 

35a  coronar  con  sus  ojas 
vn  berdinegro  açebuche. 
Phiniso,  cuio  balor 
no  es  justo  la  enuidia  oculte, 
adorando  en  su  hermosura 

40  los  esplendores  que  anunçie. 
Viole  Çelia,  y  con  desden 
amorosamente  dulçe, 
corrio  el  belo  a  la  ventana 
y  a  los  ojos  rojas  nubes. 

45  No  tanto  aspiran  olor 
aromaticos  perfumes 
quanto  le  dejo  a  Fabonio 
y  a  las  flores  que  el  produçe. 

Ms.  5796,  f.  176  V. 

23 

A  la  Luna  el  Tajo  ofreçe 
espejos  de  cristal  puros, 
a  donde  sus  cuernos  vea 
y  el  Sol  sus  cabellos  rubios. 
5  Los  pies  argenta  de  vn  monte, 
que  como  Olimpo  segundo, 
porque  a  los  cielos  se  atrebe, 
las  aguas  son  grillos  suyos. 
Su  bientre  prodigo  enuia 
10  por  entre  troncos  adustos, 
si  no  candidos  corales, 
corales  rojos  y  rubios. 
Deidad  venera  en  el  rio 


la  noche  y  su  manto  oscuro, 

1 5  pues  déjà  en  su  margen  verde 
nectar  y  aljofar  difuso. 
Por  bonbas  de  piedra  salen 
espaciosos  aqueductos, 
para  enriquecer  con  ellos 

20  de  flores  copioso  vulgo, 
donde,  si  no  ninpha  casta. 
Venus  de  aquel  monte  inculto 
salio  a  coronar  el  prado 
con  laços  de  su  coturno. 

25  £1  contacto  de  su  planta 
purpurear  hiço  muchos 
clabeles,  que  vistio  el  alba 
de  rosicleres  purpureos. 
La  açucena  no  desmiente 

30  de  sus  candidos  dibujos 
quando  binculo  candores 
a  los  lirios  ama  tuntos. 
A  la  vid  lasciua  y  fertil 
indibiduamente  junto 

3  5  se  bio  el  olmo  que  a  Jerarda 
dio  admiracion,  sino  gusto; 
que  su  condicion  esquiua 
aqu  ellos  frondosos  nudos 
aborrece  porque  son 

40  de  conforme  amor  trasumpto  ; 
y  no  puede  ver  la  yedra 
abraçada  a  el  tosco  muro, 
ni  entre  reciprocos  braços 
las  verbenas  y  los  juncos, 

45  que  quanto  desden  encierra 
de  su  pecho  el  marmol  duro 
que  de  las  cabanas  huye 
inquiriendo  el  balle  oculto. 
Joven  le  adora  que  a  Phebo 

50  lauros  no  le  cède  algunos 
sonorosos  versos  haga 
o  cante  sin  sus  inpulsos. 
De  arponés  y  saetas 
con  que  Amor  le  da  tributo 


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91 


55  tieneel  coraçon  pasado 
y  de  libertad  desnudo. 
Pero  viendo  que  el  rigor 
del  diuino  objeto  suyo 
injustamente  le  acaua 

60  a  manos  de  un  dios  injusto, 
afectuoso  se  queja 
de  su  desden  inportuno, 
dando  aljofar  a  las  aguas 
y  al  biento  exalando  humo. 

M$.  3796,  f.  177. 

24 

A  las  orillas  del  Betis, 
înquieto  cristal  sino 
espejode  maior  vraa, 
de  sierpes  dtgo  maior, 
5  al  son  de  su  leno  corbo 
estaua  Fabio  pastor 
del  Tajo  dandole  al  biento 
lo  que  el  biento  le  nego. 
Tan  dulce  y  tan  numeroso 

10  el  valle  claro  volbio 
en  repetidos  acentos, 
que  le  confundio  la  voz. 
«  Tu,  dijo  Fabio,  que  ausente 
luctuoso  pabellon 

j  5  ereges  a  mis  exequias 
dignas  de  tuestimaçion, 
très  anos  a  que  pendiente 
de  las  luces  de  Phaeton 
fue  mi  vida  inquieto  pino 

20  entre  la  aljaua  veloz. 

Si  mi  pecho  lo  fue  entonces 
ronpe  los  echiços  oy, 
marana  que  desatada 
Ventura  encubre  menor. 

25  Y  si  son  tus  ojos  causa 
de  brillante  confusion, 
muera  la  enuidia,  y  con  ellos 


viua  sierapre  emulaçion. 

Suelta,  si  ères  cielo,  suelta 
30  al  que  tienes  en  prision, 

cautibo  no,  sino  preso 

entre  respectos  de  amor. 

Al  Marte  conparo  insano, 

al  Marte  conparo  yo, 
35  que  si  inconstante  te  muestras, 

inconstante  es  tu  rigor. 

Oprima  el  tiempo  a  mis  danos 

desenpeiios  del  temor, 

maquinas  que  a  costa  mia 
40  desaçen  caudillos  oy. 

No  des  olas  con  que  muera 

quien  aduertîmientos  dio 

a  tus  veldades  que  apenas 

penas  en  penas  fundo. 
45  Y  ausente  de  ti  no  puedo 

en  amagos  de  dolor 

mostrar  sentimientos,  quando 

no  balen  dichas  que  son. 

Duerma  el  silencio,  y  mi  pena 
50  despierte  mi  coraçon 

en  pies  de  niebe,  que  el  yelo 

griUos  graues  le  calço. 

Limalos  tu,  si  merezco 

o  tu  gracia  o  tu  fabor, 
55  que  de  agradecidas  aras 

qualquier  deidad  se  pago.  » 

M$.  3796,  f.  177  V. 

25 

Despenauase  atreuida 
de  lo  excelso  de  vn  escollo 
vna  fuenteçilla  humilde 
por  Uegar  a  ser  arroyo . 
5    Tan  soberuios  sus  cristales 
se  precipitan  furiosos, 
que  en  menudo  aljofar  bueltos, 
riegan  mucho,  inundan  poco. 


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92 


POÉSIES 


Murmurar  intenta  y  tanto 

10  la  desea  el  valle  vnbroso, 
que  entre  çespedes  y  jundas 
le  inpiica  murmureos  troncos. 
Conducida,  pues,  al  prado 
de  su  cierço  pereçoso, 

1 5  en  sieq>es  de  plata  obstenta 
lirios  y  claueles  rojos. 
Vn  sitial  que  oculta  verde 
la  eminencia  de  dos  troncos, 
las  çagalas  requirian 

20  dulce  suspension  de  Apolo. 
Feniçio  y  Jacinto  entonces'' 
saeteados  de  plomo 
que  en  vn  arpon  suio  copia 
el  nieto  del  mar  vndoso, 

25  a  las  veldades  que  miran 
si  aras  no  erigen  deuotos, 
laços  dan  de  amor  suaues 
çelados  aun  de  si  proprios. 
Cama  les  présenta  Flora, 

50  induçidora  del  ocio, 
ocultandose  por  verlos 
detras  de  vn  neuado  chopo. 
Doraua  el  luciente  pelo 
entonces  el  sol  del  toro, 

35  verde  juuentud  delano 
a  quien  alienta  Fauonio, 
que  con  senas  apacibles, 
sino  con  susurros  solos, 
lisonjeaua  las  vides 

40  en  los  braços  de  los  olmos. 
No  larga  estaçion  de  tienpo 
les  concède  Amor  reposo, 
a  pesar  del  prado  ameno 
y  a  pesar  del  valle  sordo  ; 

45  celosa  el  vno  le  obliga 
a  que,  desmentido  a  el  otro, 
las  veneraciones  deje 
deuidas  a  un  pecho  hermoso. 
Propicio  rcsponde  el  eco 


50  con  acentos  no  sonoros 
a  las  quejas  del  amante, 
frustrado  el  color  del  rostro. 
El  rubi  del  lauio  suelta, 
depuestos  fulgores  de  oro, 

5  5  que  canuio  en  biolas  blancas 
del  recurso  de  vn  enojo. 
La  vrujula  solicita 
quando  numéro  coploso, 
del  vosque  y  de  la  riuera 

60  teatro  hiço  no  corto. 

Ms.  5796,  f.  189. 

26 

AL   REY    D.   PHEUPE    3. 

Si  de  antecesores  tantos 
vuscas  etemas  memorias, 
reliquias  son  de  cristales 
pues  en  su  pecho  estan  todas. 
5  Si  de  los  reyes  de  Espana 
rebuelues  tantas  historias 
cuyos  despojos  al  tenplo 
en  mill  vandcras  tremolan, 
mira  el  valor  de  Philipc, 

10  pues  que  con  su  vista  sola 
es  tridente  a  todo  el  mar 
y  es  rayo  en  la  tierra  toda. 
Si  al  pie  de  esta  virgen  vella 
que  estas  montanas  corona, 

1 5  tan  altas  que  se  leuanta 
entre  sus  plantas  la  aurora, 
tan  en  los  cielos  sus  cunbres, 
la  ymagen  tan  en  su  gloria, 
que  es  el  mas  viuo  traslado 

20  del  original  que  adoran, 
publicas  afcctos  puros, 
afeaas  lucientes  ponpas, 
en  marmoles  entallados, 
en  desatadas  aromas. 


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ATTRIBUÉES   A   GONGORA 


93 


25  Nuestro  Rey  viniendo  a  uella 
con  presencia  generosa, 
el  mayor  culto  a  su  fe 
erigio  en  sus  aras  proprias. 
£1  solo  a  uer  sus  altares, 

30  el  a  su  naue  gloriosa, 
desde  su  grandeça  vino 
con  la  grandeça  espanola, 
en  cuias  meniorias  pias 
deuotamente  lustrosas, 

3  5  en  dos  piraroides  altas 

que  los  yndios  montes  moran, 
arden  encendidos  fuegos, 
luçen  etemas  antorchas 
que  la  luz  del  cielo  esconden, 

40  que  los  rayos  del  sol  rouan. 
Espira  en  humos  fragrantes, 
suue  en  Hamas  olorosas, 
quanto  la  Feniçia  suda 
y  quanto  la  Arauia  Uora. 

45  Gran  Rey,  cuya  monarchia 
el  Sol  que  naçe  en  las  ondas 
y  en  las  mismas  ondas  muere 
ni  la  abreuia  ni  la  toca, 
oy  que  a  este  sagrado  alcaçar 

50  volbeys  las  plantas  dénotas, 
trayendo  a  el  sol  de  Maria 
vuestras  estrellas  famosas, 
las  dos  perlas  digo  a  quien 
an  de  cenir  mas  coronas 

5  5  que  los  pocos  mayos  suyos 
que  abrites  muchos  desfioran. 
La  veldad  de  nuestra  infanta 
que  nacio  con  la  que  goça 
a  la  tierra  por  deidad, 

60  a  los  cielos  por  lisonja, 

Carlos  y  fernando,  en  quien 
porque  a  sus  nombres  respondan, 
terror  crées  glorioso 
de  las  naciones  remotas. 

65  Oy  en  fin  que  aveis  dcjado 


sin  aima  a  toda  Lisboa, 
famosa  en  vuestras  entradas, 
en  vuestra  vista  ostentosa, 
esta  admitid  que  esas  plantas, 

70  relijion  afectuosa, 
en  reciuiros  festiua, 
aplausos  humildes  postra. 

Ms.  3796;  f.  190. 

27 

Llegose  tanbien  mi  hora, 
como  hace  a  todos  los  necios, 
y  enamoremea  lo  rubio 
de  quien  me  paga  a  lo  negro. 
5  A  hacer  la  primer  visita 
fue  mi  aima  en  unos  versos, 
porque  menos  se  cansase 
caminando  en  pies  agenos. 
Papeles  la  ynbie  tan  blandos, 

10  que  su  escritorio  con  ellos 
fue  caraarin  de  conservas, 
tan  dulçes  eran  y  tiemos. 
Al  proprio  Sol  cara  a  cara 
llegue  a  perderle  el  respecto, 

15  y  le  dije  que  era  sonbra 
delante  de  sus  cauellos. 
De  perlas  llame  a  sus  dientes, 
y  quisiera,  a  lo  que  entiendo, 
mas  las  perlas  en  sus  manos 

20  que  en  sus  dientes  el  conceptc 

Ay  de  mi,  que  me  muero 
mas  por  vna  muger  que  por  dinero 

y  ella  que  no  me  quiere, 
mas  que  por  mi  por  el  dinero  muere 
25y  asi  la  fama  con  raçon  pregona 
que  soy  yo  neçio  y  ella  socarrona 

Vna  moçuela  picante 
de  aleuissimos  ojuelos, 
cayman  es  de  coraçones 
30  pues  los  engullen  enteros. 


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94 


POÉSIES 


De  reues  me  dio  en  el  aima, 
porque  al  tienpo  de  voluerlos 
supo  hacer  muy  bien  su  herida 
que  ella  rie  y  que  yo  siento. 

3  5  Ya  ella  vbiera  consolado 
mis  fatigas  y  tormentos, 
si  no  tubiera  en  su  casa 
dos  biejos  de  su  consejo. 
Quando  la  doy  memoriales, 

40  a  elles  los  remite  luego, 
y  hacen  tan  mai  la  consulta 
que  mal  despachado  buelbo. 
O  quanta  falta  me  haçe 
aquel  métal  maçilento, 

45  pues  con  estos  pies  y  manos 
diera  alcançe  a  mi  remedio. 
Por  hablar  curiosidades, 
sudaua  sienpre,  el  ingenio 
hasta  que  vi  la  agradauan 

50  mucho  mas  las  de  un  platero. 

Ay  de  mi,  que  me  muero 
mas  por  vna  muger  que  por  dinero  ; 

y  ella  que  no  me  quiere, 
mas  que  por  mi  por  el  dinero  muere  ; 
55y  asi  la  fama  con  raçon  pr^ona 

que  soy  yo  neçio  y  ella  socarrona. 

M$.  3796,  f.  191. 
28 

AL  RIO  DE  HENARES 

Henares  el  de  Siguença, 
liquido  no,  puro  si, 
si  acasso  puro  y  sin  agua 
lo  mismo  quiere  decir, 
5  que  no  nacistes  en  Piscis 
de  vn  astrologo  entendi, 
y  yo  se  que  esta  tal  signo 
lexos  de  vuestro  pais. 
Y  aunque  aquario  ustaba  en  duda. 


10  viendo  que  en  seco  viuis, 
. . .  os  vi  ser  Ganimedes 
si  es  Jupiter  vn  rocin.    . 
Yo  soy  el  primer  poeta, 
entre  quatrocientos  mil, 
15  que  os  dio  nombre  de  cristal 
y  Dios  sabe  si  menti. 
Yo  la  llame  plata  al  agua 
con  que  soberuio  viuis, 
mas  ya  me  e  desenganado, 
20  y  me  atengo  al  Potosi. 
Escuchad  treinta  coplones, 
si  enojo  no  receuis, 
ansi  os  toquen  mas  rabeles 
que  a  Esgueba  en  Valladolid. 
25  Conmigo  os  enojareis, 
pero  que  se  me  da  a  mi, 
aunque  os  precids  de  la  oja 
por  que  espadana  os  renis. 
Si  platicais  para  rio, 
30  bien  como  Guadalquibir, 

no  murmureis  que  es  de  arroyos 
como  de  gente  ruin. 
No  se  yo  si  os  acordais 
de  vna  manana  de  abril, 
35  quando  la  aurora  salia 
sin  llorar  y  sin  reir; 
quando  llegaba  el  farol, 
lanterna,  antorcha  0  candil, 
a  la  ventana  de  Oriente, 
40  balcon  o  zaquizami; 

que  lloraba  en  vuestra  margen 
vn  zierto  amante  infeliz 
con  camaras  en  los  ojos, 
injurias  del  dios  machin. 
45  Desenterro  las  memorias 
de  vn  gusto  pasado  en  fin, 
ridiculo  espectaculo 
sin  spectar  ni  reddil. 
Atacosse,  y  fuesse  a  vn  prado 
50  de  esmeraldas  y  rubis. 


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ATTRIBUÉES    A    GONGORA 


95 


que  destas  pîedras  ay  muchas 
en  el  thesoro  poetil. 
Suspiros  baxos  hechando, 
que  al  viento  hicieron  gemir, 

55  si  no  dixo  de  otra  suerte 
es  çierto  que  dixo  anssi  : 
«  Anssi  tengas,  noble  rio, 
mas  riuera  que  Genil, 
mas  agua  que  el  de  Toledo, 

60  mas  puente  que  el  de  Madrid. 
Si  haçiendo  la  tarde  aurora, 
labare  mi  ninpha  en  ti 
o  a  ti  te  labare  en  ellas 
sus  dos  plantas  de  marfîl, 

65  hazte  espexo  de  su  rostro, 
y  enamorada  de  si, 
conocera  que  son  fuertes 
sus  mexillas  de  carmin . 
Dile  que  por  sus  crudeças 

70  agora  me  an  dado  a  mi 
camaras  en  los  très  ojos, 
y  al  fin  me  abre  de  morir. 
En  dos  de  sufrir  desdenes 
de  su  labio  carmessi, 

75  en  vno  de  serenarme 
a  las  horas  del  dormir.  » 
Pasmose  en  esto  pensando 
en  su  bello  séraphin, 
y  estubose  assi  quatro  horas 

80  y  estubiera  quatro  mill, 
si  vn  asno  tambien  paciera 
no  muchos  passos  de  alli, 
no  se  acordara  a  este  tiempo 
de  su  ninpha  vorriquil, 

85  hecho  vn  suspiro  su  lengua, 
aunque,  segun  entendi, 
fue  rebuzno  en  buen  romance 
y  suspiro  en  mal  latin. 
Al  son  del  clamor  tan  ronco 

90  boluio  nuestro  amante  en  si, 


quando  le  encanto  el  olfato 
Merlin  no,  pero  merdin. 
«  La  de  Caco,  aquel  ladron, 
anda,  dixo,  por  aqui, 
95  que  es  de  taies  enemigos 
atalaya  la  nariz. 
Perros  muertos  son  violetas, 
humo  de  azufre  es  jazmin, 
si  anbar  gris  es  ambar  frio, 

100  suçiedad  es  esta  gris. 
Yo  me  quiero  lebantar, 
que  si  acaso  bien  oli, 
no  esta  la  yerba  sin  zera 
si  al  simple  llaman  ansi.  » 

105  Para  lebantarse  pusso 
la  mano  sobre  vn  patin, 
camara  en  que  hecho  su  pan 
traspalado  otro  Amadis. 
Guardaba  oculto  la  yerba 

1 10  el  riguroso  matiz, 

bien  ansi  como  las  flores 
suelen  al  aspid  cubrir. 
Sintio  ligada  la  diestra 
que  libre  solia  sentir, 

1 1 5  y  alçose  prouido  no, 
pero  proueido  si. 
Llegose  a  labar  a  Henares, 
dando  a  su  planta  jentil 
la  liga  como  en  Segouia 

120  quando  la  quieren  bâtir. 
Iba  a  otro  sitio,  y  vio  en  el 
otra  prouisîon  mas  vil, 
que  en  vn  prado  de  esmeraldas 
era  muy  poco  vn  rubi. 

125  Dos  falsas  si  desîguales 
no  distantes  entre  si, 
que  en  aquel  prado  naçiera 
del  culantro  perejil. 
Espantado  del  successo, 

130  huiendo  se  fue  de  alli, 


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96 


POÉSIES 


que  para  taies  contrarîos 
no  ay  oler  sino  es  huyr. 

Ms.  3796,  f.  17S-176  V.  En  tête,  le  mot 
«  Gongora  »  a  été  biffé  et  remplacé  par 
«  Francisco  Lopez  de  la  Torre  »,  d'une 
écriture  différente. 

29 

AL  TRAJICO  SUCESO  DE  LUCRECIA 

Era  vicario  Tarquino  ? 

Soy  sala  de  competencias 

que  me  mandan  que  déclare 

si  hizofuerza,  o  no  hizo  fuerza? 
5  Y  contrastar  la  opinion 

que  a  la  matrona  conserva 

en  la  posesion  de  casta, 

no  serd  facil  empresa. 

Pero  la  accion  apurada, 
10  si  hazen  conjeturas  prueba, 

el  suceso  mas  ynduce 

voluntad,  que  no  violencia. 

Que  ospedar  vn  rey  ausente, 

Colatino,  no  hay  albeytar 
1 5  que  por  sano  lo  déclare, 

que  por  seguro  lo  tenga. 

Demas  que  hizo  mucho  al  caso 

hauer  quedado  la  puerta, 

sin  tranca»  llabe,  o  zerrojo, 
20  ni  vn  picaporte  siquiera. 

Solo  admito  por  disculpa, 

si  a  cargo  de  alguna  duena 

esiubo,  que  sobomada, 

fue  origen  de  la  tragedia. 
25  Vamos  refiriendo  el  caso  : 

del  campo  el  monarcha  llega  ; 

enganada  o  maliziosa, 

le  da  posada  Lucrecia. 

Si  zenaron  de  consuno, 
30  no  hai  vivienteque  lo  sepa, 

las  estancias  del  reposo 


fueron  sin  duda  diversas. 
En  la  sala  el  rey  a  escuras, 
vigilante  zentinela, 

35  el  sosiego  en  la  familia 
esperando  estaba  alerta. 
Impaciente  en  los  antojos, 
de  saber  con  quantas  entra 
la  fiel  romana  donde 

40  hazer  vn  peso  desea. 
Ya  todo  en  sosiego  mudo, 
la  bordada  cama  déjà, 
su  gaban  toma'y  espada, 
los  zapatos  por  chinelas. 

45  Parte  pues  pisando  errores, 
llega  tentando  tinieblas, 
y  entra  por  la  misma  causa 
que  los  perros  en  la  iglesia. 
Ella  en  suabe  tributo, 

50  pagando  forzosa  deuda 
a  Morfeo  estaba,  quando 
las  plantas  puso  en  la  pieza. 
Entre  esperanza  y  temor, 
confuso  al  lecho  se  azerca, 

55  y  a  luz  de  lampara  escasa 
dormida  Venus  contempla. 
Al  desenfrenado  ympulso 
que  al  precipicio  le  lleba, 
rriendas  al  respecto  pone, 

60  la  ocasion  aprieta  espuelas. 
Mas  venciendo  el  apetito, 
la  sed  amorosa  intenta, 
templar  con  alientos  puros 
entre  nacares  y  perlas. 

65  Temerario  se  avalanza, 
y  de  amor  lasciva  aveja, 
al  fîno  coral  del  lavio 
le  bevio  el  sabroso  nectar. 
Ella  desperto  asustada, 

70  y  apartando  la  caveza, 
de  la  olanda  desembaina 
dos  chrîstalinas  defensas. 


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97 


En  el  lecho  mal  sentada, 
alterada  y  descompuesta, 

75  faccion  yndolente  acusa 
con  lagrimas  y  con  quejas. 
Intentando  reducirla, 
a  requiebros,  a  teraezas, 
dulzes  amores  y  alagos 

80  anade  a  ricas  ofertas. 

Mas  viendo  que  persuadirla 
no  ha  podido  en  ora  y  média 
el  rucgo  blando  y  humilde 
en  fuerza  villana  trueca. 

85  Por  cubrirla  la  descubre, 
y  ya  sin  terliz  la  yegua 
que  a  menester  a  la  brida 
vio  que  estaba  a  la  jineta. 
Tan  embuelta  en  la  camisa, 

90  que  fue  forzoso  romperla, 
obstentando  el  tanto  monta 
gran  machina  de  belleza. 
A  esto  signe  el  amenaza 
de  ponerle  al  lado  muestra 

95  de  vn  esclavo,  que  sin  aima 
déclare  su  ynfame  afrenta. 
Disculpa  para  vna  tonta, 
mas  no  para  quien  se  precia 
de  varonil  y  entendida, 

100  como  en  matarse  lo  muestra. 
Ni  esta  ronca,  ni  son  sordas 
sus  criadas  :  a  que  espéra, 
si  lanze  tan  apretado 
dando  vozes  se  remédia  ? 

105  Mas  con  el  ansia  de  darlas 
trabada  tiene  la  lengua, 
y  a  potente  afecto  humano 
rendidas  las  dos  potencias. 
Ya  los  brazos  no  embarazan, 

iio  dando  tacita  lizencia 
los  ojos  como  dormida, 
los  gustos  como  despierta. 
Viendo  en  la  ocasion  el  joben 

Rnmi  bispaniqui.  xir. 


que  no  ha  menester  la  fuerza, 

115  dos  médias  rramas  divide, 
que  vida  y  reyno  le  cuesta. 
Ya  Su  Magestad  se  va 
con  cl  abuja  desecha, 
a  ser  dulce  Magallanes 

120  del  que  estrecho  considéra. 
Q.uiza  que  no  lo  seri 
disculpa  de  que  el  no  buelva 
a  nabegar  lactitudes 
que  el  mayor  aliento  anegan . 

125  Ancho  u  estrecho,  el  llegô 
con  dulze  y  fresca  marea 
al  norte  que  yman  con  aima 
tantos  dias  a  que  anela. 
Mar  en  lèche,  la  matrona 

1 30  con  el  corriente  se  déjà 
surcar,  y  séria  milagro 
si  agitado  no  se  altéra. 
Poco  a  poco  con  buen  ayre 
va  el  rey  hasta  que  refresca 

135  el  viento,  y  en  obras  vivas 
crujieron  las  obras  muertas. 
Los  concabos  resonaron, 
retumbaron  las  cavemas, 
y  en  golfo  de  espumas  cano 

140  amayno  la  inchada  vela. 

Que  el  cumplio  con  su  negocio 
no  hai  duda;  sobre  si  ella 
vino  en  ello  voluntaria, 
es  toda  la  controversia. 

145  Mas  visto  el  caso,  fallamos 
ser  constante,  que  pues  ella 
no  huyo  quando  el  escurria, 
ayudô  a  la  concurrencia. 

M  s.  4044,  f.  266-269. 

30 

Siempre  lo  he  oido  dccir  : 
asta  las  piedras  se  encuentran. 


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98 


POÉSIES 


porque  al  fin  no  ay  San  Martin 
que  a  cada  puerco  no  Uega . 
5  Por  mi  lo  digo,  que  estando 
cierto  dia  en  cierta  feria 
que  se  hace  en  Escalona, 
vn  lugar  sin  escalera, 
llegando  a  mercar  vn  pollo, 
10  repare,  mas  que  en  la  venta, 
que  me  pidieron  por  el 
ciento  y  dos,  y  très  potencias. 
Dijele  :  «  Moça,  esta  gordo  ?  » 
y  respondiome  risuena  : 
15  «  Alcele  la  rabadilla, 

vera  que  torreçno  ensena.  » 
Era  vna  moçuela,  de  oro 
el  vello  de  la  cabeça, 
la  frente  messa  de  plata, 
20  la  boca  coral  y  perlas. 
Quando  la  vi  tan  hermosa 
vender  vn  pollo  de  chresta, 
que  apenas  le  habran  salido 
plumas  por  entre  las  piernas, 
25  saquele  dos  plumas  solas, 
dijele  dos  mil  endechas, 
porque  le  hice  saltar 
la  sangre  de  la  primera. 
«  O  mi  malogrado  pollo, 
30  o  Jésus,  quien  tal  supiera, 
criandolo  vos,  mi  padre, 
para  gallo  del  aldea  !  » 
Despedime,  y  al  partirme 
hiçome  vna  reuerencia, 
35  con  vn  suspiro  del  aima 
y  los  ojos  en  la  tierra. 
Hasu  que  el  martes  pasado, 
no  aciago  (ni  Dios  lo  quiera 
que  yo  a  tal  martes  le  llame) 
40  sino  de  camestolendas, 
llegando  a  Çocodober 
a  echar  mi  dinero  en  médias, 
vi  vna  moça  que  vendia 


vna  pardilla  coneja. 

45  Dijele  :  <c  Moça,  a  parido 
la  coneja?  »  y  rostrituerta,    \ 
me  respondio  a  lo  mohino  : 
«  Ya  a  parido  la  coneja. 
Vaia,  que  no  es  para  el 

50  que  la  querra  moça  y  recia, 
que  con  el  duerma  en  la  cama  ; 
y  con  el  coma  en  la  messa. 
Haora  vn  ano  era  ansi, 
como  sabe  alguna  de  ellas, 

5  5  pero  como  ya  a  parido, 
desecharala  por  vieja.  » 
Diome  vn  salto  el  coraçon, 
y  en  el  aima  vna  sospecha 
en  que  era  lo  que  decia 

60  methaphora  de  si  mesma. 
Preguntela  su  lugar, 
y  apenas  me  dijo  que  era 
namral  de  Fuensalida, 
quando  luego  cai  en  ella. 

65  Lleuemela  a  mi  posada, 
hicele  poner  la  messa, 
asenteme  yo  a  los  pies, 
pusela  a  la  cabeçera, 
y  pusela  por  principio 

70  dos  çiruelas  amaçenas, 
y  luego  vn  pastel  echiço, 
con  vna  cana  y  dos  yemas, 
y  por  postre  vna  patata, 
con  dos  limas  en  conserua. 

75  Comio  tanto  de  lo  dulce 
que  la  dio  dolor  de  muelas, 
y  una  alteracion  de  madré 
que  entendi  que  se  muriera, 
porque  angustiada  en  la  cama 

80  estubo  toda  vna  siesta, 
los  ojos  bueltos  en  blanco, 
y  en  la  mano  vna  candela. 
Y  quando  bolbiera  en  si, 
de  esta  manera  dijera  : 


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99 


85  «  Ea,  senor,  que  ya  es  hora; 
si  ha  de  tomar  la  coneja, 
saque  vn  puno  de  reaies.  » 
Y  dixe  :  «  Paguese  ella  »; 
y  ella,  como  sabe  el  precio, 

90  tomo  très  y  fue  contenta. 

Ms.  3795,  f.  174. 

31 

AL  PALAÇIO   DE  LISIS 

Desesperado  de  uer 
las  maleças  en  que  nace, 
se  précipita  vn  arroyo 
desde  vnos  riscos  a  un  valle. 
5  El  le  reciue,  y  ofreçe 
en  corteses  ospedajes 
sitio  hermoso  en  que  se  albergue, 
blando  lecho  en  que  descanse. 
Sîerpe  de  cristal  se  arrastra 

10  por  la  sombra  que  le  haçe, 
flores  que  el  cristal  fomenta, 
yeruas  que  la  sierpe  lame. 
De  un  edificio  souerbio 
pisa  humilde  los  vmbrales, 

1 5  pagandole  en  obediençia 
los  honores  de  su  margen. 
De  un  edificio  que  el  sol 
ponpa  del  çielo  arogante 
dexara  el  ser  sol  por  ser 

20  cinborrio  a  sus  omenajes. 
Si  lo  escuchas,  no  te  admires 
que  dejaras  de  admirarte, 
si  saues  que  tiene  a  Lisis, 
y  si  quien  es  Lisis  saues. 

25  La  deydad  de  aquestos  montes 
es,  en  cuias  prendas  graues 
no  hallo  escrupulos  la  inuidia, 
ni  anadio  gracias  el  arte. 
De  su  beldad  se  detienen 


30  a  los  inpenos  suabes 
los  inpetus  de* las  ondas, 
las  coleras  de  los  ayres. 
Libre  no  uio  su  hermosura 
que  captiuo  no  quedase, 

3  5  amante  despues  de  verla, 
fuese  asta  verla  diamante. 
Ay  de  quien  lo  esperimenta, 
y  entre  respectos  cobardes 
no  se  quexa  aunque  se  muere, 

40  no  suspira  aunque  se  arde, 
que  en  sus  ojos  y  en  su  frente 
enquentra  efectos  notables, 
fuego  en  calor  que  le  yela, 
nieue  el  calor  que  le  abrase. 

45  Si  el  carcax  al  hombro  fia, 
si  en  la  mano  el  arco  trae, 
Amor,  deponiendo  el  suio, 
ya  no  es  Amor  sino  amante. 
Aun  las  fieras  solicitan, 

50  desmintiendo  naturales, 
el  que  su  mano  las  yera, 
por  que  su  pie  los  alcance. 
Es  al  fin  comun  echiço 
entre  suspensiones  graues, 

550  mate  las  fieras  hombre, 
o  fiera  los  hombres  mate. 
Alegre  el  canpo  la  sirua 
quando  a  uer  el  canpo  sale, 
en  mesa  de  alaxas  verdes, 

60  dulçes  lisonjas  fragantes, 

que  mucho  quando  son  medras 
que  deuen  sus  prados  antes 
que  del  arroyo  al  cristal 
de  su  planta  a  los  cristales. 

65  En  virtud  de  prendas  suyas 
goçan  prebilegios  taies 
que  verdor  perpetuo  visten, 
cruxa  el  Euro,  el  Autro  brame. 
De  este  duefîo  el  edificio 

70  es  el  templo  de  su  imagen, 


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100 


POÉSIES 


vello  oriente  de  dos  soles, 
hcrmoso  cielo.de  un  angel. 
O  tu,  arroyo,  a  ti  los  ojos 
de  Lisis  nunca  te  falten, 

75  que  la  risa  de  tus  bienes 
diga  el  llanto  de  mis  maies. 
Seran  en  sonantes  musas, 
si  tus  musicas  sonantes 
mi  mortal  ardor  le  acuerdan, 

80  tus  acuerdos  inmortales. 

Ms.  J796,  f.  179. 

32 

—  Decidme  vos,  pensamiento, 
donde  mis  maies  estan, 

que  alegrias  cran  estas 
que  tan  grandes  voces  dan  : 
5  si  libran  algun  cautivo 
o  le  sacan  de  su  afan, 
o  si  biene  algun  remedio 
donde  mis  suspiros  van. 

—  No  libran  ningun  cautivo, 
10  ni  lo  sacan  de  su  afan, 

ni  viene  ningun  remedio 

donde  tus  suspiros  van  ; 

mas  venido  es  un  tal  dia 

que  llaman  senor  San  Juan. 
1 5  Cuantos  los  que  estan  contentos 

con  placer  comen  su  pan, 

cuando  a  los  desconsolados 

mayores  dolores  dan. 

No  digo  por  ti,  cuitado, 
20  que  por  muerto  te  tendran 

los  que  supieren  tu  vida 

y  agora  te  veran  ; 

los  mas  te  habran  envidîa, 

los  otros  te  lloraran  ; 
25  los  que  la  causa  supieren 

tu  firmeza  Icaran, 


viendo  menor  tu  pecado 
que  el  castigo  que  te  dan. 

Bibliothèque  privée. 

33 

Regalanmecon  favores 
las  damas  de  mi  lugar, 
porque  ya  de  monacillo 
he  venido  a  sacristan  ; 
5  y  pues  que  tano  campanas, 
bien  me  pueden  codiciar, 
pues  para  moneda  de  obra 
tengo  bastante  métal. 
No  reparan  en  si  tengo 

10  canongia  o  dignidad, 
esperanza  de  capelo 
o  de  mitra  arzobispal. 
Pues  para  que  sea  querido 
al  uso  de  Portugal, 

15  basta  que  tenga  la  boisa 
franca  comb  gavilan. 
Porque  pienso  hacer  ogano, 
si  hay  tantica  mortandad, 
mas  milagros  con  mi  oficio 

20  que  con  su  espada  Roldan  ; 
porque  para  mi  regalo 
entiendo  que  me  daran 
las  vinageras  el  vino, 
las  sepulturas  el  pan, 

25  las  velaciones  los  polios, 
los  responsos  el  agraz, 
las  campanas  las  gallinas, 
los  ciriales  el  caudal. 


Si  con  este  prometido 
30  y  con  esta  voluntad 
hay  alguna  damichuela 
que  se  quiera  aventurai, 
desde  ahora  le  aseguro 


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lOI 


35 


y  la  digo  en  puridad 

que  en  las ... .  me  remato 

y  en  la  que  me  dièse  mas. 

Las  condiciones  que  saco 

a  la  que  por  bien  de  paz 

aceptasemi  partido 
40  son  las  que  pueden  contar. 

La  primera  que,  pues  yo 

soy  provisor  gênerai, 

y  no  quiero  que  en  su  cueva 

entre  ageno  medio  real, 
45  no  ha  de  ser  antojadiza 

como  paloma  torcaz 

que  por  poner  sobre  espuerta 

déjà  el  mismo  palomar; 

no  ha  de  ser  muy  andariega, 
50  pues  nos  avisa  el  refran 

que  gallinas  y  mugeres 

se  pierden  por  mucho  andar; 

tampoco  ha  de  ser  golosa, 

porque  no  haga  otro  Satan 
55  que  la  tiente  por  la  gula 

como  a  la  muger  de  Adan. 

Mientras  le  doy  con  mi  pico 

el  sustento  natural, 

no  ha  de  admitir  en  su  casa 
60  otra  cana  de  pescar. 

Iten  saco  por  partido 


Bibliothèque  privée. 

u 

A  la  posada  de  ausencia 
llegô  el  Amor  una  noche, 
despues  de  haber  caminado 
catorce  léguas  atroces. 
5  Son  los  celos  una  espuela 
que  a  los  pechos  mas  harones 
les  hace  salir  de  paso, 
porque  el  deseo  los  pone. 


Con  esto  llegô  temprano, 

10  aunque  tarde  le  responden, 
que  en  el  meson  de  la  ausencia 
a  las  cinco  son  las  doce. 
Pensô  que  Agradecîmiento 
en  oyendolesu  nombre 

15  bajara  descalzo  a  abrirle, 
mas  ya  nadie  le  conoce. 
Todos  estaban  dormidos, 
y  a  los  gritos  y  a  las  voces 
levantôse  el  Desengano 

20  y  a  la  ventana  asom6se. 

«  Por  quien  preguntais,  Amor? 
Que  dais  en  vano  esos  golpes? 
Que  Ausencia  esta  con  Olvido  ; 
ella  no  ve,  y  el  no  oye. 

25  Agradecîmiento  es  muerto  ; 
y  aun  pienso,  Dios  le  perdone, 
que  por  casar  con  Ausencia 
le  matô  Olvido  una  noche. 
Los  que  fueron  a  su  entierro 

30  vienen  a  que  se  despose, 
que  el  pesame  y  parabien 
iguales  parejas  corren. 
Ocho  dias  ha  que  os  fuistes, 
tantos  ha  que  tierra  come, 

3  5  que  el  uno  murio  a  las  diez 
y  el  otro  partio  a  las  once. 
Aqui  hay  colgadas  muletas 
y  aun  algunos  cartelones, 
que  a  los  maies  mas  de  asiento 

40  cura  Ausencia  si  los  coge. 
Y  vos,  Amor,  id  con  Dios, 
que  a  un  mozo  tan  gentilhombre 
no  le  faltarà  posada, 
aunque  scaen  esos  montes.  » 
Bibliothèque  privée. 

35 

Despertad,  hermosa  Celia, 
si  por  Ventura  dormis, 


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102 


POÉSIES 


que  vida   que  ha  muerto  a  un 
hombre 
no  es  justo  que  duerma  asi. 
5  Si  no  temeis  la  justicia, 
por  misericordia  oid 
a  un  aima  del  mismo  cuerpo 
que  viene  a  penar  aqui. 
Abrid  esas  celosias, 

10  ya  que  las  puertasno  abris, 
si  no  quereis  qus  entre  dentro, 
como  sombra  del  que  fui. 
Acuerdome  que  una  noche, 
sin  descansar  ni  dormir, 

1 5  os  hallaba  el  sol  en  ellas 
y  vos  en  la  calle  a  mi. 
Para  el  malo  y  para  el  bueno, 
sale  el  sol  y  a  un  mismo  fin, 
y  aunque  mas  me  aborrezcais 

20  salio  tambienpara  mi. 

Agora  que  estais  durmiendo, 
contenta  en  verme  morir, 
holgareis  que  el  cielo  llueva 
y  que  yele  sobre  mi. 
Si  os  detiene  algun  dichoso, 
decidle  que  yo  lo  fui 


25 


que  en  vuestros  brazos  estuve  ; 
mas  no  hay  que  fiar  al  fin 
del  sol  claro  por  febrero, 

30  ni  flor  de  almendro  en  abril. 
Triste  del,  cuando  os  conozca 
como  yo  cuando  os  perdi, 
que  teneis  de  piedra  el  aima 
y  el  rostro  de  un  serafin. 

35  Celia,  pues  no  despertais, 
forzoso  sera  el  sufrir  ; 
dormid  y  velen  mis  ojos 
entretanto  que  dormis. 

Bibliothèque  privée. 


En  los  carrillos  las  palmas, 
y  los  codos  en  los  muslos, 
y  del  aima  por  los  ojos 
derramando  todo  el  zumo, 
5  su  duro  pecho  otros  canos 
hecho  puchero  de  engrudo 
desleido  con  mil  heces 
por  zelos  de  un  mozo  zurdo 


estaba  el  pastor  Gaspacho 
10  apacentando  unos  mulos, 
ganado  que  a  puras  coles 
se  desfajaba  el  menudo. 
Blasfemaba  del  amor 
que  tiene  tretas  de  puto, 
1 5  que  nos  besa  y  nos  cngana 
como  Ganasa  a  Trastulo 


Al  fin  el  pastor  Gaspacho 
con  su  pastora  sanudo, 
que  porque  llorar  le  hace 

20  la  llama  nina  del  humo, 
empunando  un  morteruelo 
en  que  machaca  sus  gustos, 
asi  cantaba  haciendo 
de  su  garganta  un  embudo  : 

25  «  Aunque  yo  fuera  mas  feo 
que  las  nalgas  de  un  tarugo, 
y  mas  ligero  de  cascos 
que  es  de  vuelo  un  aguilucho, 
aunque  vistiera  de  fiesta 

30  camisa  de  angeo  crudo, 
y  por  echarte  requiebros 
te  hubiera  echado  un  rebuzno, 
no  me  hubieras  arrojado 
a  manera  de  trabuco, 

35  o  como  bodo^ue  al  aire 


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103 


de  buea  brazo  y  arco  duro. 
Plegue  a  Dios,  pastora  falsa, 
pues  que  por  ti  me  chamusco, 
te  azote  Amor  con  mas  sagas 

40  que  tienen  rabos  diez  pulpos  ; 
que,  cuando  casarte  quîeras, 
aunque  mientan,  digan  muchos 
que  al  talamo  te  acompanan 
mas  de  cuatro  mil  estupros, 

45  y  que  en  la  villa  probaron 
muchos  hombres  tus  besugos, 
y  que  de  noche  en  la  calle 
bulle  caza  y  andan  bultos  ; 
que  tu  solaz  sea  la  rueca, 

$0  tus  castanetas  el  huso, 
y  que  por  corales  traigas 
majuelos  y  escaramujos  ; 
que  las  berzas  de  tu  huerto 
no  las  riegue  mi  aguaducho, 

5$  y  que  para  tu  tinaja 
faite  derecho  tarugo.  » 
Con  esto  se  fue  Gaspacho, 
porque  de  rabia  se  puso 
mas  sucio  que  dona  Esgueva, 

60  la  madré  de  los  mas  sucios. 

Bibliothèqae  privée. 

37 

Mudanzas  del  tiempo 
y  glorias  caducas 
en  mis  dias  claros 
me  han  dejado  a  obscuras. 
5  Nublosos  cuidados 
que  gustos  enturbian 
tendieron  el  vélo 
de  tristezas  muchas. 
Qpedô  obscuro  todo, 
10  y  hecho  yo  lechuza, 
de  la  luz  me  guardo 
que  no  me  deslumbra. 


A  lo  hipocriton 

desde  esta  mi  funda 
15  saco  la  cabeza 

como  la  tortuga. 

Miro  si  me  ven, 

oyo  si  me  escuchan, 

atientome  mucho 
20  por  andar  en  dudas. 

Ya  no  me  conozco 

despues  que  entré  en  moda, 

que  muchos  estados 

a  qualquiera  mudan. 
25  La  pesadapiedra 

del  cuidado  empuna 

mi  aima  entre  suenos 

en  pie  como  grulla. 

Ya  no  cual  solia 
30  suena  mibandurria, 

que  la  ensordecieron 

del  gran  Tajo  azudas. 

De  los  ojos  mios 

viendo  las  alcuzas 
35  por  memorias  tristes 

que  el  aima  me  estrujan, 

muerto  ando  debajo 

del  pano  de  tumba, 

que  limpia  las  calles 
40  que  aqui  me  embadurnan. 

El  cuello  metido 

por  cortar  las  unas 

sombrero  de  borlas 

muy  a  lo  de  cura  ; 
45  rapado  por  fuerza 

sujeto  a  la  tunda, 

como  si  yo  fuera 

de  los  de  la  chusma. 

Mis  lienzos  tendidos 
$0  cual  otra  vmda, 

sobre  mi  sotana 

puesta  su  blandura  ; 

hecho  sacristan 


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104 


POÉSIES 


cantando  aleluyas, 

5  5  los  bultos  rociando 
de  las  sepulturas; 
reducido  al  fin 
a  esta  tal  fortuna, 
despues  de  haber  dado 

6o  mas  vucltas  que  grua; 
vivo  deseando 
como  infernal  furia 
abstinente  en  todo 
y  a  el  ojo  la  fruta. 

65  Amo  y  reverencio 
laque  mrs  me  injuria, 
maldigo  las  veras, 
bendigo  las  burlas. 
Mirome  al  espejo, 

70  no  me  veo  arrugas, 
y  hacelas  el  tiempo 
en  mis  aventuras. 
Libertad  amada, 
tu  consuelo  acuda 

75  al  que  al  son  de  grillos 
entona  su  musa. 
Perdite,  o  cuilado, 
por  mi  desvenlura, 
siendo  tu  la  jo^a 

80  que  mas  todos  buscan. 
Sobre  el  oro  puro 
y  perlas  te  encumbras, 
mal  haya  quien  quiere 
gloria  sin  la  tuya. 

85  Coma  quien  quisiere 
la  gustosa  trucha, 
pues  que  no  se  pesca 
a  bragas  enjutas. 
Guste  ser  mirado 

90  aquel  hideputa 
del  que  a  su  pesar 
se  nota  y  murmura. 
Que  todo  es,  al  fin, 
canto  de  la  cuna, 


95  que  para  en  el  llanto 
de  la  sepultura. 
Si  algun  codicioso 
sacare  de  puja 
la  vida  que  compro 
100  yo  la  doy  por  suya. 
Mas  de  que  me  quejo, 
si  es  mia  la  culpa, 
pues  cave  la  fosa 
donde  me  sepultan  ! 

Bibliothèque  privée. 

LETRILLAS 

38 

O  que  bien  que  baila  Gil 
con  las  mozas  de  Barajas, 
la  chacona  a  las  sonajas 
y  el  villano  al  tamboril  ! 

5  Fue  a  Madrid  por  San  Miguel 
y  el  demonio  se  soltô 
que  chaconero  volvio 
si  iba  villano  el. 
Salgan  cuatrocientos  mil 
10  que  con  todas  se  harà  rajas, 
la  chacona  a  las  sonajas 
y  el  villano  al  tamboril. 

Un  olmo  que  el  son  agudo 
en  medio  el  egido  oyo, 

1 5  con  las  ojas  le  bailô 
ya  que  con  el  pie  no  pudo. 
Con  airecillo  sutil 
las  altas  movio  y  las  bajas, 
la  chacona  a  las  sonajas 

20  y  el  villano  al  tamboril. 

Baile  tan  extraordinario 
nadie  le  ha  visto  de  balde  ; 
varas  le  costô  al  alcalde 


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105 


y  bodigos  al  vicario. 
25  £1  capon  del  alguacil 
ha  gastado  sus  alhajas, 
la  chacona  a  las  sonajas 
y  el  villano  al  tamboril . 

Bibliothèque  privée. 

39 

Qpien  tiene  el  tejado  de  bidrio 
no  tire  piedras  al  del  vecino. 

Vecina,  pues  ueis  que  somos 
de  la  carda  y  del  offîcio, 
5  procurad  que  uamos  horras 
yo  con  vos,  y  vos  conmigo. 
Sabed  que  si  sois  nabaja, 
que  me  precio  yo  de  rico, 
y  se  de  punta  jugar, 
10  si  jugar  sabeis  de  filo. 

Quien  tiene  el  tejado  de  bidrio 
no  tire  piedras  al  del  vecino. 

Si  tengo  marido  yo, 
tatnbien  vos  teneis  marido, 

15  y  se  que  no  es  sordoel  vuestro, 
si  tiene  oidos  el  mio. 
Lo  que  os  ymporta  es  callar, 
que  si  vistis  uos,  yo  he  visto  ; 
si  abri  mi  puerta  a  las  seis, 

20  vos  la  abristis  a  las  cinco. 
Qpien  tiene  el  tejado  de  bidrio 
no  tire  piedras  al  del  vecino. 

Si  dejais  las  faldas  sanas, 
no  abra  en  las  mias  peligro, 
25  que  si  de  saia  e  medrado, 
uos  de  saia  y  de  corpino. 
No  mireb  tan  cuidadosa 
a  quien  pareçen  mis  hijos, 
que  a  las  dos  se  nos  entiende 


30  de  reiratos  vn  poquito. 

Quien  tiene  el  tejado  de  bidrio 
no  tire  piedras  al  del  vecino. 

Ms.  Î795,  f.  177. 

40 

Bailad  en  el  corro,  moçuelas, 
pues  os  haçe  la  gayta  el  son, 
que  yo  os  mando  vnas  castanuelas 
guarnecidas  con  su  cordon. 

5  No  es  bien  que  el  conçejoogano 
pague  al  gaytero  de  balde, 
yo  fui  Jil  Castano  Alcalde 
y  como  alcalde  y  castano. 
Si  en  mi  fruta  haceis  dano 

10  yo  os  perdono  quatro  pares, 
rompeldas  con  les  pulgares 
y  vosotras  con  las  muelas. 
Baylad  en  el  corro,  moçuelas, 
pues  os  haçe  la  gayta  el  son, 

1 5  que  yoos  mando  unas  castanuelas 
guarnecidas  con  su  cordon. 

Yo  se  quando  era  la  sala 
de  los  saraos  el  egido, 
el  palenque  de  Cupido, 

20  y  el  theatro  de  la  gala, 
el  dio  marido  a  Paschuala 
y  a  Toribio  muger  tanto, 
y  el  zapatero  el  disancto 
haçe  su  paschua  de  suela. 

25  Baylad  en  el  corro,  moçuelas, 
pues  os  haçe  la  gayta  el  son, 
que  yo  os  mando  unas  castanuelas 
guarnecidas  con  su  cordon. 

Jj.  108,  f.  229. 


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io6 


POÉSIES 


Ai 

Este  mundo  es  vna  escala  : 
vnos  la  suben  y  otros  la  bajan. 

La  cayada  de  vn  baquero 
sirua  a  esta  escala  de  paso, 
5  por  donde  al  imperio  acaso 
succéda  vn  Tartaro  fiero. 
Y  vn  Rey  en  berjas  de  açero 
le  trae  la  persona  pressa, 
y  a  los  perros  de  su  messa 
10  en  las  migajas  le  iguala. 
Este  mundo  es  vna  escala  : 
vnos  la  suben   y  otros  la  bajan. 

De  vn  cordel  esta  escalera 

la  subio  alguno  tirado, 
1 5  que  ya  la  bajo  llebado 

del  collar  de  vna  benera, 

y  abrirle  hiço  carrera 

este  lisongero  falso, 

al  luto  de  vn  cadahalso 
20  desde  el  dosel  de  su  sala. 

Este  mundo  es  vna  escala  : 

vnos  la  suben  y  otros  la  bajan. 

El  caduco  parecer 

de  las  damas  paja  sea, 
25  pues  oy»  mal  sana  y  bien  fea, 

pluma  no  puede  mouer, 

quien  loca  pisando  ayer 

las.nubes  de  sus  chapines 

desafio  serafînes 
30  a  bolar  ala  por  ala. 

Este  mundo  es  vna  escala  : 

vnos  la  suben  y  otros  la  bajan. 

Yo  vi  lebantados  çiento 
que  la  embidia  derribo, 
35  y  a  cada  cual  les  toco 


como  pelota  de  viento, 
la  vna  le  da  con  tiento 
la  otra  con  fuerça.aprieta, 
la  lisonja  con  vaqueta 
40  pero  la  embidia  con  pala. 
Este  mundo  es  vna  escala  : 
vnos  la  suben  y  otros  la  bajan. 

J).  108,  f.  22'/. 

A2 

Salud  y  vida  sepades, 

que  vengo  a  decir  verdades. 

Del  Tajo  vengo  a  cantar 
a  orillas  de  Mançanares, 

5     aunque  para  mis  pessares 
remedio  quiero  tomar. 
Mas  ya  me  quiero  alegrar 
porque  se  que  os  doy  contento, 
quandoal  son  de  miynstrumento 

10  salgo  a  cantar  nouedades. 
Salud  y  vida  sepades, 
que  vengo  a  decir  verdades. 

Ay  doctores  afamados 
que  son  doctores  famosos, 

1 5  ay  doctores  ymbidiosos 

que  presumen  de  ymbidiados  ; 
a  y  otros  menos  letrados 
que  presumen  de  criollos, 
y  que  alegan  por  ser  polios 

20  pollinas  authoridades. 
Salud  y  vida  sepades, 
que  vengo  a  decir  verdades. 

Ay  casadas  vergonçosas 
porque  son  taças  penadas, 
25  ay  donçellas  encaladas 
y  caladas  melindrosas, 
ay  cortesanas  briosas 


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107 


y  entre  Henços  de  paredes, 
ay  viejas  con  que  lloredes 
30  y  ninas  con  que  riades. 
Salud  y  vida  sepades, 
que  vengo  a  decir  verdades. 

El  marido  al  uso  rine 
con  su  muger  dona  Gueca, 

35  porque  en  lugar  de  la  rueca 
cintura  de  perlas  cine  ; 
el  gusta  de  que  se  aline, 
y  quando  mas  disimula, 
companero  es  de  la  mula 

40  que  pintan  las  nauidades. 
Salud  y  vida  sepades, 
que  vengo  a  decir  verdades. 

Ay  corrientes  mormurantes, 
ay  corridos  mormurados, 

45  ay  pénitentes  casados 

que  trahen  cruces  de  diamantes, 
y  discrètes  maleantes, 
en  cuias  conbersaciones 
ay  onças  de  discreciones 

50  y  arrobasde  necedades. 
Salud  y  vida  sepades, 
que  vengo  a  decir  verdades. 

Busconas  vereis  tapar 

de  quien  todos  haçen  cruçes, 

S  5  que  pasan  entre  dos  luces 
como  quartos  por  sellar  ; 
van  de  noche  a  campear, 
porque  se  gastan  aescuras 
sus  pimeas  estaturas 

60  y  sus  gigantas  edades. 
Salud  y  vida  sepades, 
que  vengo  a  decir  verdades. 

La  viudita  vergonçossa, 
toca  y  mon j il  de  picaça, 


65  con  lagrimas  de  mostaça 
sale  picante  y  Ilorossa, 
mas  en  su  messa  viciossa 
ay  gigote  de  senores, 
pepitoria  de  priores 

70  y  picadillo  deauades. 
Salud  y  vida  sepades, 
que  vengo  a  decir  verdades. 

Ms.  3795,  f.  173  V. 

VARIOS 
43 

SATIRA 

A  que  grande  desuentura 
vino  al  mundo  por  su  mal, 
que  no  se  halcança  vn  real 
sin  leuantarse  figura. f. 
5  Este  mal  no  tiene  cura 
ni  se  puede  remediar  ; 
todos  quieren  estafar 
en  faltando  plus  de  argen. 
Remedielo  Dios.  Amen. 

10  Van  las  senoras  casadas 
que  tienen  necesidad 
a  cierta  patemidad 
que  remedio  las  pasadas, 
con  el  marido  enojadas 

15  porque  le  sienten  paçiente, 
y  el  finge  ser  ynoçente 
y  aun  hace  que  no  lo  uen. 
Remedielo  Dios.  Amen. 

Esta  la  casi  doncella 
20  labrando  en  su  bastidor, 
y  a  bueltas  de  su  labor 
anda  el  moçuelo  con  ella. 
Va  el  senor  dotor  auella, 


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io8 


POÉSIES 


por  no  decir  la  cotnadre, 
2$  y  sin  saberlo  su  padre, 
suelen  darle  el  parabien. 
Remedielo  Dios.  Amen. 

La  mozuela  de  seruicio, 

luego  que  déjà  el  esparto 
30  se  sale  con  su  lagarto 

a  darse  vn  poco  de  vicio, 

y  echa  luego  de  juizio 

como  lo  remediara, 

y  que  mentira  dara 
35  porque  no  la  den  vaiben. 

Remedielo  Dios.  Amen. 

La  viuda  jalbegada 

con  su  toca  reuerenda 

que  hace  de  su  cuello  tienda 

40  y  gusta  de  ser  tocada, 
mas  quando  la  muy  taimada 
con  esta  resolucion 
no  admite  conuersacion 
ni  quiere  que  se  la  den, 

45  Remedielo  Dios.  Amen. 

Con  Hngida  debocion 
esta  la  monja  reçando, 
de  pensamiento  pecando 
con  el  que  tiene  aHcion  ; 
50  maldice  su  religion 
porque  no  puede  salir 
y  su  deseo  cumplir, 
aunque  mil  traças  se  den. 
Remedielo  Dios.  Amen. 

5  5  Ya  este  mundo  va  perdido 
y  las  cosas  en  peor, 
ya  priua  el  mormurador 
con  el  que  nunca  lo  ha  sido  ; 
a  tal  miseria  ha  béni  do, 

60  que  si  no  se  ua  a  la  mano 


no  se  ha  de  hallar  vn  cristiano 
que  llamen  hombre  de  bien. 
Remedielo  Dios.  Amen. 

Ms.  3795,  f.  177  V. 

44 

Que  entre  los  gustos  de  amores 
la  noche  se  estime  tanto, 

no  me  espanto, 
que  es  capa  de  peccadores 
5  y  de  peccadoras  manto. 

Que  este  el  padre  confîado 
en  que  su  hija  es  doncella, 
porque  siempre  ha  bisto  en  ella 
vn  termitio  muy  honrrado, 
10  pero  que  viua  enganado 

porque  ubo  quien  a  pie  enjuto 
cojio  flor  y  dejo  fruto, 
trocando  tanto  por  tanto, 
no  me  espanto. 

1 5  Que  en  la  noche  mas  elada, 
estando  el  marido  ausente, 
que  busqué  quien  la  caliente 
la  bellisima  casada 
y  remanezca  prenada, 

20  y  el  marido  este  seguro 
de  que  su  mujer  es  muro 
formado  de  cal  y  canto, 
no  me  espanto. 

Que  la  viuda  ensabanada, 

2  5  los  ojos  en  el  sagrario, 
tenga  en  la  mano  el  rosario 
y  se  nos  muestre  eleuada, 
y  que  la  noche  llegada 
la  visite  el  clerigon 

30  por  hija  de  confesion, 
sin  ser  el  el  Padre  santo, 
no  me  espanto. 


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ATTRIBUÉES   A    GONGORA 


109 


Que  en  la  yglesia  le  amanezca 
a  la  beata  jergona, 

35  y  que  apenas  ay  persona 
a  quien  santa  no  parezca, 
y  que  apenas  anochezca, 
quando,  dejando  el  jergon, 
sepa  gozar  la  ocasion 

40  y  olbidar  tristeza  y  llanto, 
no  me  espanto. 

Qpe  olbidada  de  su  voto 
de  dia  en  el  librador 
tenga  firmezas  de  amor 

45  la  monja  con  su  deuoto, 
y  que  ande  todotan  roto, 
que  picada  en  este  çeuo 
gaste  mas  bêlas  de  seuo 
que  peces  tiene  Amaranto, 

50        no  me  espanto. 

Ms.  J79S,  f.  177- 

45 

Antes  que  el  sueno  me  venza 
y  se  me  apague  la  luz, 
escribir  quiero  mis  maies  : 
memoria,  ayudame  tu. 
5  Mejor  a  cantar  me  aplico, 
quiero  tomar  mi  laud  ; 
menester  sera  templarlo  : 
tiutin,  tararan,  tantus. 

Vencido  llegô  el  amor, 

10  herido  con  arcabuz, 
desde  cuando  me  azotaban 
los  hermanos  de  Jésus. 
Amaba  a  una  zagalilla 
mas  linda  que  un  cielô  azul, 

1 5  cuya  dulce  boca  excède 
lamedores  de  orozuz. 
Con  versos  la  conquistaba  : 
ved  que  barras  del  Piru  ! 


G^nocio  de  mi  flaqueza 
20  estar  falto  de  salud. 

Valiose  del  interes, 

y  aunque  me  ensenô  el  non  plus, 

lleguè  a  vista  de  su  estrecho, 

tanto  puede  mi  virtud  I 
25  Y  con  ser  padre  de  casta 

como  caballo  andaluz, 

layegua  no  meconsiente 

tintin,  tararan,  tantus. 

Soy  en  el  juego  de  amores 
30  tan  desgraciado  tahur, 

que  cuando  habia  primera 

mis  desdichas  hacen  flux. 

En  naciendo  hizo  milagros 

por  obra  de  Belzebu, 
35  y  para  tanto  embeleco 

no  se  quien  le  ha  dado  a  luz. 

Aprendio  las  falsas  letras 

con  tanta  solicitud, 

que  de  he  supo  hacerme 
40  infinitas  veces  eu. 

En  habiendome  ofendido 

en  llegando  a  hacerme  el  buz, 

de  rendido  pago  y  trago 

sus  hierros  como  avestruz. 
45  Haceme  andar  con  rodela 

y  espada  de  Sahagun, 

como  si  acaso  yo  fuera 

Sacripante  o  Ferragut. 

Mariirizame  con  celos 
50  con  no  ser  mas  que  un  run  run, 

casamiento  me  demanda, 

tintin,  tararan,  tantus. 

Bibliothèque  privée. 

46 

El  desdichado  que  logra 
sus  dos  cuernos  peligrosos. 


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IIO 


POÉSIES 


con  el  tiempo  de  la  ropa 
y  la  vida  con  el  odio. 
5  Hurtasele  el  cuerpo  al  zelo 
toro,  a  quicn  enganan  pocos, 
cometio  su  bote  al  viento 
y  a  su  sombra  sus  enojos. 
Cuelga  tu  imagen  de  cera 
10  a  el  escarmiento,  devoto, 
y  antes  que  venga  el  olvido, 
ponte,  misérable,  en  cobro. 
Pregono,  pregono... 

Escarbando  esta  en  la  arena, 

1 5  vedrandosela  en  el  lomo, 
porque  a  las  espaldas  hecha 
memorias  vueltas  en  polvo. 
Imperios  y  monarquias 
le  lienen  los  cuemos  rotos  ; 

20  la  fama  sola  le  ha  hecho 
las  burlas  que  tienen  ojos. 
Dejale  agradecimientos 
que  cual  lebrel  generoso 
se  le  cuelguen  de  la  oreja 

25  si  tiene  orejas  un  sordo. 
Mas  ya  le  encomienda  al  aire 
su  rigor  no  sufre  modo  ; 
quiera  Dios  no  des  cuitado 
largo  ejemplo  en  anos  cortos. 

30      Pregono,  pregono... 
Bibliothèque  privée. 

47 

Despues  que  la  riuera 
pisas  de  nuestro  rio, 
haçe  con  el  estio 
paçes  la  primavera, 
5  y  nuestros  labradores 
tantas  espigas  siegan  como  flores. 

£1  otono  a  jurado 


de  consentir  que  acoja 
qualquiera  seca  oja 
10  en  verde  yerba  el  prado 
de  las  que  çiento  a  çiento 
deriba  de  los  arboles  el  viento. 

No  esta  el  inviemo  cano 
menos  agradecido, 
1 5  y  rejubcnescido 

nos  da  la  fe  y  la  mano 
de  que  seran  al  suelo 
plata  las  nieves  y  christal  el  yelo. 

Al  fin,  dulce  senora, 
20  el  tiempo  te  obedeçe 

y  al  Betis  faborece, 

mientras  el  Tajo  Uora 

y  que  yo  le  acompano, 
els  intiendo  tu  ausencia  y  yo  mi  dano. 
Jj.  108  en  4»  f.  180. 

48 

DECIMAS  DE  D^  LUIS  DE  GONGORA 

A  VNA 
DAMA   SUYA  Q.UE  SE  YBA  A  ROMA 

Mariana,  si  a  Roma  vas, 
en  Jornada  semejante 
ni  te  absuelbo  por  delante 
ni  aseguro  por  detras  ; 
5  tu  hermosura  agraviaras 
a  quien  con  fineza  rara 
adore,  desdicha  clara  ! 
pues  te  vas,  quando  te  alavo, 
donde  han  de  mirar  tu  rabo, 
10    C(  ï   n  ;  :  ;  n  ( 

Ya  que  no  te  vas  a  estrecha 
religion,  donde  salvarte, 
al  menos  te  vas  a  parte 


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ATTRIBUÉES   A   GONGORA 


III 


donde  hasta  el  culo  aprovecha  ; 

1 5  si  algun  espanol  te  flécha 
y  compite  algun  romano, 
tener  zelos  serd  en  vano, 
pues  podran  besar  tu  sol 
en  la  voca  el  espanol 

20  y  en  el  culo  cl  italiano. 

Ya  te  miro,  nina,  andar 
sin  olerte  el  culo  a  algalia, 
mas  tornada  por  Italia 
que  vna  espada  por  la  mar. 

25  Mi  fe  te  quise  entregar, 
tanto,  njna,  mi  araor  fue  ; 
mas  desde  oy  retire 
fe  tan  vana,  pues  regulo 
que  quien  no  guarda  su  culo 

50  menos  guardara  mi  fe. 

Si  Uego  a  necesitar, 
grande  falta  me  has  de  hacer, 
porque  al  fin  ères  muger 
que  hasta  el  culo  sabes  dar  ; 

5S  vn  consejo  has  de  Uevar, 
pues  para  aquesta  jornada 
de  mi  no  has  llevado  nada, 
y  es  que  mires  por  tu  vida 
que  no  vuclvas  descosida 

40  ya  que  vuelbas  desculada. 

Ms.  4044,  f.  257. 

49 

Si  atreuimiento  tubiera 
como  os  e  tenido  amor, 
fuera  menos  mi  dolor 
y  mayor  el  premio  fuera. 
5    Esu  el  coraçon  dudando, 
hablar  y  callar  querria, 
y  entre  el  miedoy  la  osadia 
hablan  mis  ojos  llorando. 


Q,ue  entre  firmes  coraçones 

10  que  sauen  de  amor  constante, 
ya  es  lenguaje  del  amante 
lagrimas  y  no  raçones. 
Y  en  vn  honbre  que  es  prudente 
y  ia  perfcctoen  la  cdad, 

1 5  es  mayor  dificultad 

llorar  que  hablar  cuerdamente. 
Como  hace  el  ciego  dios 
este  loco  disconçierto 
que  sea  yo,  senora,  el  muerto, 

20  y  que  yo  llore  por  vos  ; 
y  mas  que, silo  mirays, 
hace  que  llore  mi  suerte 
por  vos  que  me  dais  la  muerte, 
y  no  porque  me 'la  days. 

25  Que  Amor,  dios  rapaz  y  ciego, 
para  que  abrasado  muera, 
echa  toda  el  agua  fuera 
y  va  acreçentando  el  fuego. 
Huelgome  suceda  ansi, 

30  aunque  ofenda  mi  paçiençia, 
porque  os  jure  la  experiençia 
que  ya  os  quiero  mas  que  a  tni  ; 
que  entre  quantos  an  amado 
con  natural  aficion, 

35  puedo  hacer  obstentacion 
del  mas  firme  enamorado. 
Fuera  del  aima  no  encuentro 
mi  amor  en  otro  lugar, 
porque  el  aima  os  quiere  amar 

40  desde  sus  puertas  adentro. 
Tan  honesto  le  a  criado 
la  raçon  que  le  concierta, 
que  de  la  voca  a  la  puerta 
hasta  agora  no  a  Uegado  ; 

45  viuio  bien  de  esta  manera 
mientras  fue  nino  menor, 
pero  ya  como  es  maior, 
se  muere  por  salir  fuera. 
Por  sosegar  sus  aniojos, 


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112 


POÉSIES 


50  le  ofrezco,  senora  mia, 
que  le  e  de  sacar  vn  dia 
al  campo  de  vuestros  ojos. 
Pero  nosepierda  en  el 
y  me  echen  la  culpa  a  mi, 

5  5  que  a  donde  yo  me  perdi, 
no  es  mucho  se  pierda  el. 
Si  no  es  que  vuestra  velleça 
despierte  a  tener  piedad, 
haciendoos  con  su  humildad 

60  perder  la  naturaleça. 
Pero  de  qualquiera  suerte 
el  aima  esta  a  vos  rendida  ; 
para  vos  quiero  la  vida 
y  por  vos  quiero  la  muerle. 

Ms.  3976,  f.  191  V. 

50 

QjUINTILLAS  A  VNA  TABERNERA 
QjUE  VENDIA   MAL  VINO 

Esta  vende  de  contino 
tabemera  vn  infernal 
vino  que  nunca  combine, 
porque  con  vino  y  con  cal 
nos  vuelbe  el  vino  Cal-vino. 

Ms.  7044,  f.  258. 

51 

REDONDILLA 


52 

A   UNA   DAMA 

EN   OPINION   DE  DONCELLA 

Y  NO   LO   ERA 

Viendo  tu  grande  inchaçon, 
apostaron  vna  vez 
tus  deudos  que  era  prenez, 
tus  padres  que  opilacion. 
Ventilaron  tu  maldad 
quando  salio,  Madalena, 
vn  Jonas  de  tu  vallena, 
que  predico  la  uerdad. 

Ms.  3796,  f.  196. 

53 

A   VNA   DAMA   QJJE  RONPIA 
LOS  JUBONES  POR   DETRAS 

Por  detras  das  en  ronper, 
Juana,  ese  jubon  que  traes  ; 
deue  de  ser  que  si  caes, 
de  espaldas  deue  de  ser. 
Ya  roto  tu  honor,  cscuchas, 
no  vengas  a  deleyurte 
en  ronperte  en  una  parte, 
si  as  de  quedar  rota  en  muchas. 

Ms.  3796,  f.  196. 

54 


Dejad  madurar  las  hubas, 
no  las  cojais  en  su  flor  ; 
si  quando  nina  soys  puta, 
que  sereys  quando  mayor  ? 
Ms.  4044,  f.  269  r. 


A   tJN   POETA  CON   MAL   DE  ORINA 

Mal  poeta  y  no  orinar, 
Castro,  querras  que  te  diga 
que  a  tu  vena  y  tu  vejiga 
y  a  no  les  queda  que  dar. 
Vi  en  las  dos  dos  marauillas, 
que  tu  vena  a  escuras  viene 


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ATTRIBUÉES   A    GONGORA  II3 

a  quedarse  quando  tiene  eso  es  armarte  despues 

tu  vejiga  candilillas.  que  la  pendencia  a  pasado. 

..  .  f      .  Con  amorosas  rencillas 

Ms.  5796,  f.  196. 

ya  con  dos  armas  te  hallas  : 

KK  broquel  para  reparaUas 

y  peto  para  eu  brillas. 

A    UNA   DAMA   PRE5ÏADA  y^^    j^^^,  f.  196. 

Por  encubrir  tu  prenado, 
gran  peto  te  as  puesto,  Ynes  ; 


INDEX    ALPHABÉTIQUE 

A  la  luna  el  Tajo  ofrece.  23. 

A  la  posada  de  ausencia.  34. 

A  las  orillas  del  Betis.  24. 

A  que  grande  desventura.  43 . 

Amenaçaua  los  campos.  19. 

Antes  que  el  sueno  me  venza.  45. 

Aquel  que  en  Delfos  tubo  gloria  tanta.  4. 

Bailad  en  el  corro,  moçuelas.  40. 

Boisa  sin  aima,  pereçoso  arriero.  6. 

Cayo  enfermo  Esguevilla  de  opilado.  13. 

Clerigo  calabres  o  calba  trueno.  7. 

G)mo  acude  el  hambriento  gato  al  mis.  3 . 

De  hacer  de  vuestro  culo  jubileo.  5 . 

Decidme  vos,  pensamiento.  32. 

Dejad  madurar  las  ubas.  5 1 . 

Desesperado  de  ver.  3 1 . 

Despenauase  atrevida.  25. 

Despertad,  hermosa  Celia.  35. 

Despues  que  Apolo  tus  coplones  vido.  2. 

Despues  que  la  rivera.  47. 

Doliente  esid  don  Tasajo.  21  Us. 

El  desdichado  que  logra.  46. 

El  duque  mi  seiior  se  fue  a  Francia||y  tu  musa  a  la  tuia  o  a  su  estancia.  10. 

Embutiste,  Lopillo,  a  Sabaot.  i. 

En  los  carrillos  las  palmas.  36. 

En  un  aliso  verde.  16. 

Era  vicario  Tarquino?29. 

Knmt  hispanique.  xi\.  ^ 


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114  POÉSIES 

Esta  vende  de  contino.  50. 

Este  mundo  es  unaescala.  41. 

Henares  el  de  Siguença.  28. 

Libres  canpeando  en  el  neuado  cuello.  12 . 

Lustrava  el  cuemo  de  oro.  17. 

Liegose  tanbien  mi  hora.  27. 

Mal  poeta  y  no  orinar.  54. 

Malo  estava  don  Tasajo.  21. 

Mariana,  si  a  Roma  vas.  48. 

Montes,  valles,  campos,  sel  vas.  22. 

Mudanzas  del  tiempo.  37. 

O  que  bien  que  baila  Gil.  38. 

Para  poner  en  paz  la  pesadumbre.  1 5 . 

Por  dctras  das  en  ronper.  5  3 . 

Por  cncubrir  tu  prenado.  5  5 . 

Predico  el  provincial  ma...ardia.  11. 

Quatrocientas  mil  putas,  y  comudos.  8. 

Qpc  entre  los  gustos  de  amores.  44. 

Quien  tieneel  tejado  de  vidrio.  39. 

Quitava  cl  vélo  a  sus  cabellos  rojos.  18. 

Rcgalanme  con  favores.  33 . 

Rodeada  de  platos  y  escudillas.  14. 

Rosas  deshojadas  vierte.  20. 

Salud  y  vida  sepades.  42. 

Senor  Guadalquivir,  estese  quedo.  9. 

Si  atrevimiento  tuviera.  49. 

Si  de  antecesores  tantos.  26. 

Siempre  lo  he  oido  decir.  30. 

Viendo  lu  grande  hinchaçon.  52. 


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CONTOS  POPULARES 

PORTUGUEZES 


X.    O  GRILLO   E  O   LEAO 

Uma  vez  o  leâo  encontrou-se  com  o  grillo  que  estava  na  sua 
toca  a  cantar  :  rei,  rei  (som  imitativo).  O  leào  disse-lhe  :  «  Oh  ! 
compadre,  entào  tu  es  rei  ?  »  O  grillo  disse  :  «  Sou,  sim,  sou  o 
rei  dos  bichos  com  azas.  »  O  leâo  que  tambem  é  rei  dos  ani- 
maes,  disse  :  «  Pois  eu  tambem  sou  rei,  e  se  tu  es  rei  e  eu  sou 
rei,  como  é  que  ha  de  haver  dois  reis  num  paiz  ?  »  Responde  o 
grillo  :  «  Pois  tu,  prépara  as  tuas  tropas,  que  eu  te  mostrarei  o 
motivoporque  sou  rei.  »  O  leào  preparou  logo  um  exercito  de 
gatos  para  ir  ter  com  o  grillo  ao  monte.  O  grillo  preparou  um 
exercito  de  mosquitos,  e  deu  uma  coça  nos  gatos  do  leào.  O  leào, 
visto  que  perdeu  os  gatos,  preparou  um  exercito  de  càes.  O 
grillo  botou-lhe  um  exercito  de  moscas  que  derrotaram  os  càes. 
Depois  o  leào  preparou  um  exercito  de  raposas  para  a  batalha  do 
grillo.  O  grillo  entào  soltou  um  exercito  de  vespras  amarellas,  e 
assim  estragaram  o  exercito  das  raposas,  que  s6  escapou  uma, 
que  se  botou  a  nado  a  um  regato  de  agua.  O  leào  entào  preparou 
um  exercito  de  lobos  e  mandou-os  para  o  monte  batalhar  com 
ogrillo.  Os  lobos  com  as  unhas  desenterra  vam  osgrillos,  mas  os  que 
escapavam,  foi  um  sô,  mandou  um  exercito  de  abelhôes  sobre  os 
lobos,  e  o  grillo  que  tinha  escapado  sempre  a  clamar  :  ra,  reiy  rei. 
Nisto  escapou  um  dos  lobos,  e  foi  fugindo  pela  serra  abaixo,  pro- 
curando  um  logar  sombrio.  Os  vespros  saltaram-se  nelle,  e 
foram-no  perseguindo.  A  raposa  que  estava  do  outro  lado  do 


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né  CONTOS    POPULARES   PORTUGUEZES 


regato  e  començou  a  gritarpara  o  lobo  :  «  A'  agua,  compadre,  d 
agua  !  »  Nisto  o  lobo  deitou-se  a  agua  e  affogou-se.  O  leàoque  se 
viu  perdido  em  todas  as  batalhas  que  deu  ao  grillo,  foi  ter  com 
elle  para  que  Ihe  dîssesse  o  motivo  porque  era  rei.  O  grillo  res- 
pondeu-lhe:  «  Tu,  leào,  nâosabesque  eu  sou  rei  dos  bichos,  e 
tu  rei  dos  animaes,  e  Cupido  rei  dos  amantes  ?  Sâo  très  cabeças 
reaes.  »  E  assim  entào  é  que  o  leào  caiu  na  razàQ  sabendo  que 
era  rei  dos  animaes,  que  até  entâo  nào  sabia. 

(Oporto) 

2.  A    RAPOSA 

Era  uma  vez  um  pescador  que  ia  apanhar  lenha  pela  costa  do 
mar,  e  encontrou  um  tubarào  mettido  numarede.  O  tubarâo 
mal  o  viu,  disse-lhe  :  «  Oh  !  bicho  homem,  tiras-me  d'esta  rede  ?  » 
O  homem  teve  pena  do  tubarâo  e  tirou-o  da  rede.  Mas  o  tubarao, 
que  havia  uns  poucos  de  dias  que  cstava  preso  na  rede,  tinha 
fôme,  e  botou-se  ao  homem  para  o  comer.  O  homem  disse-lhe 
muito  afBicto  :  «  Oh  !  tubarâo,  entâo  eu  tirei-te  da  rede  e  tu 
agora  queres-me  comer  ?  »  O  tubarâo  respondeu-lhe  :  «  Como, 
porque  tenho  fôme.  »  O  homem  disse-lhe  :  «  Pois  nâo  m.e 
comas  sem  primeiramente  tomarmos  très  conselhas,  dos  très 
primeiros  folgos  vivos  que  encontrarmos.  Se  todos  fallarem  por 
uma  bocca,  esta  o  juramento  (^/V)  approvado.  E  se  fallar  um  por 
uma  bocca  e  dois  por  outra,  a  maioria  é  que  vence.  »  Mas  o 
tubarâo  nâo  queria  largar  o  homem,  e  nâo  largou,  mas  estava 
sempre  com  elle  agarrado.  Chegdram  d  areia  de  terra  e  avistdram 
um  burro  velho,  e  perguntdram-lhe  :  «  Oh  !  burro,  por  bem  fazer, 
mal  haver  ?  »  Responde  o  burro  :  «  Sempre  foi  e  ha  de  ser.  » 
Preguntou  o  homem  :  «  Porque  dizes  tu  isso  ?»  —  «  Porque  eu 
quando  era  cavallo  Çsic)  novo,  meu  amo  aie  numa  rede  me  tra- 
zia  por  via  das  moscas,  quando  elle  ia  a  cavallo,  eu  ia  todo  con- 
tente a  saltar.  Hoje  que  me  acho  cavallo  velho  botou-me  d  mar- 
gem.  Pagou-me   o  bem  com    o  mal.  »    Diz  o  tubarâo  :  «  Vês, 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  1 17 

homem,  o  primdro  jd  estd  a  meu  favor.  »  D'ahi  a  bocado  passa 
um  galgo  tambem  velho  ;  diz  o  homem  :  «  Oh  !  galgo,  por  bem 
fazer,  mal  haver  ?  »  O  galgo  respondeu  :  «  Sempre  foi  e  ha  de 
ser.  »  Diz  o  homem  :  «  Porque  dizes  tu  isso  ?»  —  «  Porque 
quando  era  galgo  novo,  meu  amo  ia  para  o  monte  d  caça,  e  eu 
corria  aquella  serra  toda  sobre  a  caça.  Tinha-me  o  meu  amo 
tanto  amor,  que  me  nâo  dava  por  dinheiro  nenhum.  Hoje  estou 
cançado  e  velho,  e  meu  amo  para  me  nâo  matar,  botou-me 
para  o  monte  d  margem,  cheio  de  pancadas,  e  aqui  estd  como 
elle  me  pagou  o  bem  com  o  mal.  »  O  tubarào  abriu  entâo  a 
bocca  para  comer  o  homem.  O  homem  disse  :  «  Alto  Id,  que 
ainda  falta  um.  »  Nisto  apparece  uma  raposa.  Diz  o  homem  : 
«  Ah  !  comadre  raposa,  por  bem  fazer,  mal  haver  ?  »  Diz  a 
raposa  assim  :  «  Nào,  que  eu  nâo  posso  lavrar  sentença  sem  ver 
o  crime.  »  Respondeo  homem  :  «  Entào  como  é  que  se  ha  de 
agora  formar  crime  ?  »  Responde  a  raposa  :  «  Torne  o  tubarào 
para  a  rede.  »  O  tubarào  isso  é  que  nào  queria,  mas  nào  teve 
remedio  e  sempre  foi.  O  homem  mal  o  viu  Id,  ainda  o  segu- 
rou  mais  do  que  elle  estava.  A  raposa  entào  disse  :  «  Agora 
salte  o  homem  cd  para  terra.  »  A  raposa  entào  voltou-se  para 
o  tubarào  e  disse-lhe: 

Por  bem  fazer,  mal  haver, 
Sempre  foi  e  ha  de  ser  ; 
Quem  quizer  fugir  que  fuja, 
Que  eu  assim  vou  fazer. 

Depoîs  o  homem  fugiu  para  um  lado,  a  raposa  para  outro,  e  o 
tubarào  ficou  preso  dentro  da  rede.  Depois  a  raposa  foi-se  por 
adiante  num  caminho  a  fingir-se  morta.  O  pobre  homem  que 
andava  apanhando  a  lenha,  encontrou  a  raposa  e  disse  :  «  Ah  ! 
coitadinha,  pobre  raposa,  ainda  agora  me  valestes,  quem  te 
mataria  ?  »  Nisto  pegou  nella  e  tirou-a  do  caminho,  nào  viesse 
algum  carro  que  a  traçasse.  A  raposa  levantou-se  sem  o  homem 
ver,  e  foi  pôr-se  outra  vez  mais  adiante  fingindo-se  morta  outra 


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Il8  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

vez.  O  homem  ainda  teve  pena  d'ella  e  tornou-a  a  arredar  do 
caminho.  Mas  ella  tomou  a  ir  deitar-se  outra  vez  no'caminho 
mais  adiante.  O  homem  a  terceira  vez  disse  :  «  Que  diabo,  tanta 
raposa  !  »  e  pegou  num  cipô  e  começou  a  dar  na  raposa.  Diz  a 
raposa  :  «  Vês,  homem,  em  que  instante  pagas  o  bem  com  o  mal  ? 
Por  bem  fazer,  mal  haver.  »  O  homem  tomou  a  bater-lhe  mais, 
e  a  raposa  foi  a  correr  e  metteu-se  em  casa  do  homem.  O  ho- 
mem tinha  uma  capoeira  de  gaUinhas,  mas  a  capoeira  tinha  uma 
ratoeira  na  porta.  A  raposa  entrou  para  dentro  e  ficou  presa  den- 
tro  da  capoeira  e  comeu  as  galiinhas  todas,  que  eram  sete.  O 
homem  quando  chegou  a  casa  viu  a  raposa  dentro  da  capoeira  e 
as  galiinhas  todas  comidas.  Pegou  num  cipô  e  foi  a  capoeira,  e 
começou  a  bâter  na  raposa.  A  raposa  começou  a  pedir  misericor- 
dia  :  «  Perdoe-me,  seu  lavrador  honrado,  que  eu  sete  le  comi,  e 
quatorze  le  darei,  nem  que  eu  â  fome  morra,  nâo  quero  andar 
debaixo  da  sua  cachaporra.  » 

(Oporto) 

3 .  o  FILHO   DO   PESCADOR 

Era  uma  vez  um  pescador  que  viviamuito  pobre.  Um  dia  que 
nâo  tinha  nada  que  dar  de  comer  aos  filhos,  disse  d  mulher  que 
ia  para  o  mar  a  vêr  se  pescava  aigu  ma  cousa.  Chegou  la  e  lan- 
çou  a  rede  très  vezes,  e  de  très  vezes  nâo  tirou  nada,  e  depois  avistou 
um  navio  muito  rico  e  todo  embandeirado.  E  ouviu  uma  voz  de 
dentro  do  navio  :  «  Pescador,  das-me  esse  menino  que  ahi 
trazes  ?  »  O  pescador  respondeu  :  «  Como  te  hei  de  eu  dar  este 
menino  se  é  da  mai  ?»  A  voz  disse  :  «  Pois  vae  a  terra  e  diz  a 
ella  se  t'o  dâ,  que  eu  te  encho  este  barco  de  dinheiro.  »  O 
pescador  veiu  para  terra  e  disse  para  a  mulher  :  «  Mulher, 
nào  trouxe  peixe  nenhum,  mas  encontrei  la  um  navio 
muito  rico,  e  ouvi  la  uma  voz  de  dentro  do  navio,  se  eu  Ihe 
dava  este  menino  que  me  enchia  o  barco  de  dinheiro.  E  tu, 
entào,  que   dizes,  mulher  ?»  A  mulher  respondeu-lhe  :  «  Pois 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  II9 

entào,  dd.  »  Pegou  o  pescador  e  foi  para  o  mar  com  o  menino 
outra  vez.  l  encontrou  o  navio  no  mesmo  sitio.  Tornou  a 
deitar  a  rede  no  mesmo  costume  e  nâo  tirou  nada.  Depois 
ouviu  outra  vez  a  voz  de  dentro  do  navio  a  dizer-lhe  :  «  Pes- 
cador, dds-me  esse  menino  ?  que  eu  te  encho  e«^se  barco  de  di- 
nheiro.  »  O  pescador  disse  :  «  Dou.  » —  «  Poisentâo,  trazcao  barco 
ao  navio.  »  O  pescador  assim  fez.  Diz  a  voz  depois  :  «  Assobe, 
menino.  »  Apenas  o  menino  saltou  a  bordo,  começou  logo  a 
cair  dinheiro  no  barco  do  pescador.  Mas  o  pescador  disse  que 
nâo  queria  mais  dinheiro,  que  tinha  medo  que  o  barco  fosse  ao 
fundo.  Nisto  o  navio  alvorou  por  outro  lado  com  o  menino,  e 
o  barco  foi  para  terra.  Chegando  o  navio  a  uma  cidade,  o  menino 
ouviu  a  voz  dizer  :  «  Menino,  salta  nesse  escaler.  »  O  escaler  e 
a  cidade  estava  armada  com  toda  a  riqueza.  O  menino  depois 
foi  para  terra.  Quando  chegou,  viu  uma  carruagem  muito  rica, 
puchada  por  seis  cavallos.  E  ouviu  a  voz  dizer-lhe  :  «  Menino, 
entra  naquella  carruagem.  »  O  menino  assim  fez.  Depois  a 
carruagem  partiu  pela  cidade  f6ra.  Chegou  fora  da  cidade  e  foi 
até  um  bosque,  donde  estava  um  cavallo  todo  apparelhado.  Depois 
ouviu  a  mesma  voz  dizer  :  «  Menino,  salta  dessa  carruagem  e 
monta-te  no  cavallo.  »  O  menino  montou-se  no  cavallo  e 
entrou  pelo  bosque  dentro.  Estava  no  meio  do  bosque  um 
palacio  todo  muito  rico  e  embarideirado.  Ali  dentro  do  palacio, 
encontrou  tudo  quanto  era  preciso  para  corner.  Para  entrar 
encontrou  portas,  mas  para  sair  o  menino  nâo  encontrou  ne- 
nhuma.  Sô  via  o  dia,e  à  noite  nâo  via  nada,  porque  naquelle  pala- 
cio nâo  havia  luz.  Assim  esteve  um  anno.  Ao  fim  do  anno  Ihe 
appareceu  a  voz,  e  disse-lhe  :  «  Menino,  como  te  achas  neste 
palacio  ?  »  Respondeu  o  menino  :  «  Acho-me  bem,  que  nâo  me 
falta  nem  comer  nem  beber.  Sô  a  maior  paixâo  que  me  accom- 
panha  é  de  nâo  ver  ningucm,  nem  ter  luz,  nem  saber  quem 
falla  para  mim.  »  A  voz  entâo  disse-lhe  :  «  Ahi  tens  dentro  d'esté 
palacio  seisquartos,  très  de  cada  um  lado.  Très  têm  fatoseoutros 
très  têm  muito  dinheiro.  Entre  esses  fatos  escolhe  o  que  mais  te 


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I20  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZfcS 


agradar.  »  O  menino  escolheu  logo  um  fato  derei.  O  fato  erade 
encanto  e  mal  elle  o  vestiu,  ficou-lhe  logo  muito  certo  nocorpo. 
O  menino  escolheu  tambem  uma  espada  das  melhores.  Depois 
disse  o  menino  que  queria  ir  ver  o  seu  pai  e  a  sua  mai.  Res- 
ponde  Ihe  aquella  voz  :  «  Olha  tu,  se  te  obrigas  a  estar  aqui  neste 
palacio  outro  anno,  seras  muito  feliz,  e  senâoentào  serasdesgra- 
çado.  Vai  ver  a  tua  mai  e  o  teu  pai.  »  Metteu-lhe  dentro  do 
bolso  isca  e  fuzil  sem  o  filho  saber.  O  menino  ussim  que  acabou 
o  numéro  de  dias  que  tinha  tratado,  marchou  para  o  palacio. 
Foi  o  pai  leva-lo  no  barco  aomar.  Assim  que  chegou  la,  avistou 
o  navio,  mas  jd  muito  velho.  Diz  o  pai  :  «  Oh  !  menino,  aquelle 
navio  nâo  é  o  mesmo  !  »  Diz  o  filho  :  «  Pois  nào  é,  nâo,  que 
quando  eu  aqui  o  deixei,  esta  va  elle  muito  rico.  »  O  barco  foi- 
se  approximando  ao  navio  e  ouviu  a  voz  dizer  :  «  Menino,  salta 
para  bordo,  nào  receies  nada.  »  O  menino  subiu  para  o  navio. 
Depois  o  pai  veiu  para  terra  com  o  barco.  Como  o  pai  jà  estava 
muito  rico  com  o  dinheiro  que  Ihe  deu  o  navio,  esqueceu-se  do 
filho.  O  navio  approximou-se  da  cidade,  mas  estava  tambem 
ja  muito  velha.  Desembarcou  e  foi  para  a  carruagem  :  os  caval- 
los  que  puchavam  a  carruagem  jd  estavam  muito  lazarentos  e 
meios  mortos  e  velhos.  Chegou  a  beira  do  tal  bosque,  e  estava 
Id  o  cavallo  d  espéra  délie,  mas  muito  velho.  Entrou  pelo 
bosque  dentro,  chegou  d  beira  do  palacio  e  ficou  muito  triste, 
por  ver  que  o  palacio  estava  a  quasi  a  cair,  e  disse  :  «  Ora  eu 
quando  d'aqui  sahi,  estava  este  palacio  tao  rico,  e  agora  esta 
tudo  velho,  a  cair  !  »  No  mesmo  instante  ouviu  a  voz  dizer-lhe  : 
«  Nào  te  disse  que  nào  trouxesses  lume  contigo  nem  cousa  que 
.  fizesse  lume  ?  »  O  menino,  muito  admirado,  disse  :  «  Nào 
trago  !  »  Responde-lhe  a  voz  :  «  Pois  o  que  te  vale  é  tu  nào  o 
saberes  !  Trata  de  te  pôr  d*aqui  jd  para  fora,  e  agradece  d  tua 
mai  o  tu  perderes  a  tua  fortuna.  »  O  menino  pegou  em  si  e 
alvorou  logo  pelo  palacio  fora.  Foi  andando  e  dirigiu-se  para 
umas  montanhas,  sem  dinheiro  nem  nada  paracomer  nem  vestir, 
todo    roto    e    esfrangalhado.    Chegando    Id  por  essas  monta- 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  121 

nhas  dentro,  encontrou  um  burro  morto;à  beira  doburroestava 
um  leào,  uni  galgo,  uma  aguia,  uma  pomba  e  uma  formiga. 
O  meniiio  passou  e  nào  fez  caso.  D*ali  por  um  bocado 
olhou  para  traz  e  viu  o  galgo  na  corrida.  O  menino  teve 
medo  pensando  que  o  galgo  o  iria  matar.  O  galgo  mal  chegou 
ao  pé  d'elle,  disse-lhe  :  «  Bicho  homem,  torna  atraz.  »  Diz  o 
menino  :  «  Que  é  que  quereis  vos  ?  »  Diz  o  galgo  :  «  Anda  atraz, 
la  t'o  diremos.  »  O  menino  cheio  de  medo  tornou  atraz.  Chegou- 
se  ao  pé  do  burro  morto  e  diz-lhe  o  leào  :  «  Manddmos-te  cha- 
mar  para  ver  se  te  acreves  a  fazer  uma  partilha,  que  nos  encon- 
tramos  aqui  ha  uns  poucos  de  dias  à  beira  deste  animal  e  nào 
sabemos  o  que  havemos  de  comer.  »  O  menino  partiu  o  burro 
e  deu  a  cabeça  a  formiga  :  «  Ahi  tens  tu,  formiga,  para  comeres 
e  casa  para  viveres.  »  Deu  o  peito  ao  galgo  e  diz-lhe  :  «  Ahi  tens, 
galgo,  para  comeres,  e  como  es  o  animal  que  pucha  mais 
pelo  peito,  précisas  de  peito.  »  E  deu  o  fato  (o  bandulho)  d 
pomba  e  a  aguia  e  disse  para  ellas  :  «  Ahi  teem  para  comer  e 
para  se  divertirem  vocês  com  as  unhas.  »  Depois  deu  as  côxas  ao 
leào.  E  nisto  foi-se  embora,  e  os  bichos  ficaram  comendo  o 
burro.  Chegou  ao  principio  de  uma  serra  jâ  cansado,  e  olhou 
para  traz  e  viu  outra  vez  o  galgo  a  correr.  Diz  o  galgo  :  «  Bicho 
homem,  torna  atraz.  »  O  menino  atemorisou-se  porque  julgou 
que  nào  tinha  partido  bem,  e  que  o  queriam  matar.  E  disse 
para  consigo  :  «  Ai,  Jésus  !  que  eu  nào  parti  bem,  e  agora  morro  !  » 
Tornou  outra  vez  ao  pé  do  burro  morto,  e  elles  tinham  jâ 
comidoe  estavam  muito  satisfeitos.  Diz  o  leào  :  «  Bicho  homem, 
estamos  tào  satisfeitos  com  a  tua  partilha,  que  vamos-te  tam- 
bem  agora  dar  cada  um  uma  prenda.  »  —  «  Pobres  bichos,  disse 
elle,  que  prenda  me  haveis  de  dar  ?  »  Fallou  a  formiga  :  «  Sou 
eu  a  primeira  a  dar-te  a  minha  prenda.  Quando  quizeres  entrar 
em  alguma  parte  que  te  nào  vejam,  diz  assim  :  ai  de  mim  !  for- 
miga !  que  entrarâs  aonde  queres  sem  ninguem  te  ver.  »  Diz  o 
galgo  :  «  Pois  tambem,  quando  quizeres  subir  uma  serra  sem  te 
cançares,  diz  assim:  ai  de  mim  l  galgo  !  n  Diz  a  aguia:  «  Pois 


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122  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

tambem,  quando  tu  quizeres  passar  alguma  lagôa  e  nào  possas, 
diz  assim  :  aide  mim  !  aguia  !  »  Diz  a  pombinha  :  w  Pois  tambem, 
quando  tu  quizeres  entrar  nalgum  jardim,  diz  assim:  ai  de  mim! 
pombinha  !  »  Diz  o  leào  :  «  Pois  tambem,  quando  tu  te  quizeres 
defender  d'alguem  ou  fazer  alguma  valentia,  diz  assim  :  ai  de 
mim  !  leào  I  que  fards  tudo  o  que  prétendes.  »  O  menino  foi-se 
embora  e  nisto  chegou  a  beira  de  uma  serra,  e  viu  o  sol  a  fugir 
e  nào  via  senâo  montanhas,  e  entendeu  que  fazia  noite  e  elle 
ficava  nas  montanhas.  Lembrou-se  entâo  dos  bichos,  e  disse  :  aide 
mim! galgo!  Formou' se  logo  num  galgo  e  passou  a  serra  num 
momento.  Assim  que  passou  a  serra  chegou  a  uma  lagôa  e  disse  : 
ai  de  mim! aguia!  Formou-se  numa  aguia  e  passou  a  lagôa. 
Assim  que  passou  a  lagôa,  avistou  logo  um  alvoredo  e  um  jar- 
dim, e  dentro  do  jardim  um  palacio,  donde  andavam  très  damas 
a  passearem  pelo  jardim,  a  brincarem  com  umas  pombinhas.  O 
menino  disse  :  ai  de  mim  !  pombinha  !  Fez-se  logo  numa  pombinha 
e  foi  para  o  jardim  brincar  com  as  outras.  As  damas  começaram  a 
brincar  com  a  pombinha,  a  ver  se  a  podiam  apanhar.  Nào  pode- 
ram  agarra-la  e  deixaram-na  ficar.  Assim  que  anoiteceu, 
foram-se  as  damas  deitar.  A  pombinha  formou-se  numa  formiga 
e  entrou  para  o  palacio  e  foi-se  metter  com  uma  dama  na  cama. 
Depois  disse  :  ai  de  mim  !  homem  !  A  dama  que  deu  fé  do  homem 
â  sua  beira  acordou  e  poz-se  a  gritar  pelas  irmàs.  As  irmàs  levan- 
taram-se  e  foram  ver  o  que  a  mana  tinha.  Neste  comenos  o 
homem  fez-se  outra  vez  na  formiga.  Elias  perguntaram-lhe  que 
era.  Ella  disse  que  era  um  homem,  mas  ellas  nào  viram  nada. 
Tornou  depois  outra  vez  ella  a  gritar  e  as  irmàs  como  nào 
viram  nada  tornaram-se  a  deitar  outra  vez,  e  a  dama  jâ  nào  gri- 
tou.  Quando  viu  o  homem  nacama,  preguntou-lhe  :  «  Que  qua- 
lidade  de  homem  es  tu  ?  »  Elle  disse-lhe  que  era  o  filho  de  um 
pescador,  que  andava  pelo  mundo  a  desencantar  damas,  e  que  jâ 
tinha  desencantado  algumas.  Ella  disse-lhe  :  «  Pois  jâ  que  tu  es 
desencantador,  se  te  atreveres  a  desencantar  meu  pai,  que  é  rei, 
e  esta  encantado  num  leào.  »  O  menino  perguntou  :  «  Que  é 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  12 3 

précise  fazer  para  o  desencan tar  ?  »  Amenina  mostrou-lhe  nomeio 
de  uma  sala  um  leâo  de  ouro,  e  disse-lhe  que  se  houvesse  quem 
se  aventurasse  a  levar  aquelle  leào  e  entre  as  onze  e  a  meia  noite 
a  deita-lo  a  lagôa,  que  o  rei  ou  morria  ou  ficaria  desencantado, 
mas  que  a  pessoa  que  fôr  deve  deita-lo  sô,  porque  se  fôr  agar- 
radaa  elle,  ficam  ambos  perdidos.  O  menino  deixou-a  adorme- 
cer  e  foi  ao  sitio  aonde  estava  o  leâo  de  ouro.  Depois,  como  ti- 
nham  passado  jâ  as  horas,  fîcou  no  palacio  até  a  noite  seguinte. 
Chegou-se  a  noite,  as  horas  das  onze  horas  formou-se  num  leào 
e  foi  empurrando  o  leào  de  ouro  para  a  borda  da  lagôa.  Assim 
que  deram  as  onze  horas  e  meia,  preparou-se  para  o  atirar  a 
agua  ;  empurrou-o  e  sô  o  leào  d'ouro  molhou  os  pés.  Mal  mo- 
Ihou  os  pés,  fez-selogo  num  homem  e  o  rei  ficou  desencantado. 
O  menino  que  estava  feito  num  leào  formou-se  num  homem  ao 
mesmo  tempo.  Disse-lhe  o  rei  :  «  Que  qualidade  de  homem  es 
tu?  »  O  menino  respondeu  :  «  Sou  o  fîlho  de  um  pescador,  que 
aprendo  e  tenho  animo  para  andar  a  desencantar  pelo  mar  e 
pela  terra.  »  Disse-lhe  entào  o  rei  :  «  Pois  tu  has  de  ser  feliz  e 
has  de  casar  corn  uma  de  minhas  filhas,  jâ  que  me  desencan- 
tastes.  »  Foram  para  o  palacio  escolher  das  ires  a  que  mais  Ihe 
agradava.  O  rei  queria  que  elle  escolhesse  a  mais  velha.  Mas  o 
menino  escolheu  a  mais  nova  que  era  aquella  com  quem  elle 
tinha  ficado  de  noite. 

(Oporto) 

4.  maria  do  pAo 
(Variantes) 

A  madrinha  que  dâ  a  menina  o  conselho  de  pedir  os  vestidos 
ao  pai,    é  a  Fada  dos  Lirios. 

Os  vestidos  é  um  côr  do  sol,  outro  côr  da  lua,  o  terceiro  côr 
do  dia,  o  quarto  côr  da  noite,  e  o  quinto  côr  das  estrellas. 

—  Ha  d'esté  conto  em  portuguez  uma  versào  intitulada  Pelle 


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124  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

de  burra,  em  que  as  coincidencias  com  o  conto  de  Perrault  sao 
muito  grandes.  Mas  nâo  sera  uma  infiltraçào  literaria  ? 

5 .  os  DOIS  IRMÀOS  QUE   FORAM   AO   INFERNO. 

Eram  dois  irmâos,  um  pobre  e  outre  rico.  O  pobre  foi  pedir  uma 
esmola  ao  rico.  Elle  deu-lha,  mas  prohibiu-lhe  que  Ihe  chamasse 
irmào.  Um  dia  o  rico  deu  uma  festa.  O  pobre  ainda  Id  tornou  a 
pedir-lhe  uma  esmola.  O  rico  mandou-lhe  dar  um  carneiro 
muito  morrinhento,  que  disse  estava  para  dar  ao  diabo,  mas 
entào  que  o  dava  a  elle.  O  pobre  como  ouviu  isto,  foi  leva-lo 
ao  inferno.  O  diabo  quando  o  la  viu,  disse-lhe  que  jd  oesperava, 
e  em  paga  deu-lhe  muito  dinheiro,  mais  ainda  do  que  o  que 
tinha  o  irmào.  O  pobre  veiu  para  fora,  mandou  fazer  um  palacio 
ainda  mais  rico  do  que  o  do  irmao.  O  irmào  rico  quando  soube 
de  quem  era  o  palacio,  foi  ter  com  elle  e  perguntou-lhe  como 
tinha  feito  aquillo.  Elle  contou-lhe  que  tinha  sido  por  causa  do 
carneiro  morrinhento.  Diz  o  mais  rico  :  «  Quando  elle  te  deu 
tanto  por  um  carneiro  podre,  o  que  me  nào  dara  por  um  gordo  !  » 
E  levou  ao  diabo  uni  gordo.  O  diabo  quando  o  apanhou  no 
inferno,  cortou-lhe  as  màos  e  os  pés  e  metteu-o  numa  caldeira 
de  pez. 

(Oporto) 

6.    o  PORCO  ESPINHO. 

Um  homem  pobre  que  ia  correr  mundo  chegou  a  uma  praia 
de  areia  e  cuidava  que  ella  nào  tinha  fim.  Atravessou  e  metteu-se 
ao  monte.  Encontrou  um  burromorto.  Junto  d'elle  leào,  galgo, 
aguia,  formiga.  Galgo  chamou-o.  O  homem  partiu.  Cabeça  a 
formiga,  peito  ao  galgo,  tripas  â  aguia,  e  ancas  ao  leào.  Deram- 
Ihe  uma  prenda.  Disseram-lhe  o  mesmo  de  um  conto  anterior 
(n°  3).  Viu  um  palacio  muito  longe.  Formou-se  em  galgo  e 
foi  la.  O  palacio  appareceu  no  meio  do  mar.  Fez-se  numa  aguia. 
Viu  la  uma  princeza  à  janella.  Formou-se  numa  formiga,  e  foi 


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CONTOS    POPULARES   PORTUGUEZES  I25 

ter  corn  ella.  A  noite  o  mesmo  na  cama.  As  mesmas  peripecias 
do  conto  anterior.  A  terceira  vez  jâ  nao  gritou.  Ella  disse-lhe 
queo  pai  estava  eiicantado  num  porco  espinho.  Dentro  doporco, 
lebre  ;  dentro  da  lebre,  pomba  ;  dentro  da  pomba,  um  ovo,  e  den- 
tro do  ovo,  o  encanto  do  meu  pai  (o  rei).  «  Se  Ihe  quebrares  o 
encanto,  casas  coniigo.  Quem  trouxer  o  ovo  entre  as  onze  e  a 
meia  noiie  e  Ihe  bâter  com  o  ovo  na  testa,  ou  elle  morre  ou  fîca 
vivo,  mas  casa  comigo.  »  Foi  ter  a  casa  de  um  lavrador  para 
guardar  gado.  Junto  havia  o  porco  espinho.  Foi  para  la  com  o 
gado.  Repete-se  a  scena  de  elle  pedir  o  beijo  da  donzella  e  a  copa 
de  vinho  para  o  vencer.  O  resto  é  identico  ao  dos  contos  semé- 
Ihantes. 

(Oporto) 

7.  a  menina  fin  a. 

(Variantes) 

Rei  com  très  fîlhas.  A  fada  dos  jasmins  foi  ser  madrinha  délias 
todas,  eocondede  Bello-haver  padrinho.  A  mais  nova  chamou- 
se  fina,  a  segunda  falladeira,  a  primeira  pre^uiçosa.  A  preguiçosa 
principiava-se  a  deitar;  eerameia  noite,  ainda  estava  por  deitar  ; 
quando  era  para  se  levantar,  ainda  era  meio  dia  e  nào  estava 
levantada.  A  falladeira  a  janella  sempre  afallar  para  todas.  A  fina 
conservou  a  sua  finura,  sempre,  sempre,  até  casar.  Tinha  quinze 
annos.  A  fada  foi  dizer  ao  rei  que  fizesse  uma  torre  para  as  met- 
ter,  que  arreceava  algum  naufragio  (sic),  O  rei  assim  fez  e  met- 
teu-as  la.  A  comida  ia  pela  janella.  O  conde  Bello-haver,  feito 
caçador,  foi  a  torre,  A  falladeira  arranjou  para  elle  entrar.  Con- 
vidou-as  (deflorou-as)  a  ambas,  a  preguiçosa  e  a  falladeira,  Tam- 
bem  queria  convidar  a  fina,  Mas  ella  pegou  num  cutello  e  defen- 
deu-se.  O  conde  disse  oque  queria  d'ella,  para  ella  se  nào  rir  das 
outras.  Ella  disse  que  outro  dia,  para  ter  o  quarto  muito  bem  pre- 
parado.  Arranjou  a  cama  do  conde  por  cima  da  retreta.  No  tal 
dia  o  conde  foi,  e  caiu  no  buraco.  Depois  o  conde  foi  ter  a  beira 


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126  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

do  mar.  Os  pescadores  salvaram-no.  O  conde  foi  muito  zangado 
para  palacio,  donde  tinha  um  irmào  chamado  Anatào  ' .  O  conde 
foi  procurât  um  feiticeiro.  Contou  e  pediu  uma  coisa  para  la 
enirar  dentro  para  se  vingar.  O  feiticeiro  disse-lhe  que  comprasse 
uma  arvore  com  fruto  (fruiteira,  sic)  e  que  a  praniasse  defronte 
da  torre,  que  ellas  sairiam  a  vir  buscar  a  fruita.  O  conde  assim 
fez.  Depois  foi-se  pôr  a  espreitar  e  adormeceu.  Falladeira  veiu  a 
janella,  e  disse  as  irmàs.  A  fina  desceu  e  apanhou-a.  Quando  o 
conde  acordou,  nâo  esta  va  jâ  a  fruita.  Tornou  zangado  para  casa 
do  feiticeiro.  Disse-lhe  que  comprasse  outra  arvore  de  outra 
fruita.  Elle  assim  fez.  Veiu  a  fina  e  o  conde  agarrou-a.  Levou-a 
para  a  cidade  para  a  justiça.  A  justiça  deliberou  queella  fosse  cor- 
rida a  uma  roda  de  navalhas.  Ella  disse  que  elle  é  que  a  haviade 
ir  mctter,  e  elle  se  ha  via  de  metter  primeiro  porque  ella  nâo 
sabia  como  era.  O  conde  metteu-se,  e  ficou  todo  cortado.  A  jus- 
tiça ficou  satisfeita,  que  elle  nâo  fosse  tolo.  A  fina  foi  outra  vez 
para  a  torre.  A  fada  um  dia  foi  ter  com  o  rei,  e  disse-lhe  que 
mandasse  très  rocas  de  vidro  para  a  torre  para  experimentar  as 
filhas.  As  rocas  dariam  o  signal  se  ellas  algum  dia  perdessem  a 
sua  honra.  O  rei  assim  fez.  Como  as  duas  jâ  esiavam  desfruita- 
das  (xïV),  quebraram  as  rocas.  O  rei  foipassaruma  revista  a  torre, 
e  a  fada  dos  jasmins  disse-lhe  que  as  pedisseâs  filhas.  Assim  fez. 
A  fina  foi  emprestando  a  sua  a  todas.  Orei  ficou  muito  contente 
julgando  que  estavam  puras.  As  duas  completavam  o  tempo  de 
parir.  O  Bello-haver  estava  muito  doente  por  causa  da  roda  das 
navalhas.  Pariram  as  duas.  Ellas  souberam  que  Bello-haver 
estava  a  morrer.  A  fina  mandou  fazer  dois  caixôeszinhos.  Met- 
teu  dentro  os  meninos,  e  mandou-os  pôr  em  cima  d'uma  caval- 
gadura,  e  ella  vestiu-se  d'homem,  e  montou-se  noutra,  e  foi  ao 
palacio  do  conde,  feita  cirurgiâo,  e  perguntou  por  elle,  que  estava 
ali  um  medico.  Subiu,  tomou  o  pulsp  ao  conde,  e  perguntou-lhe 
o  que  era  que  tinha.   Elle  contou-lhe.  Ella  mandou  buscar  os 

I .  Reparar  neste  nome,  nâo  provard  a  origem  litteraria  do  conto  ? 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  I27 

caixôes  que  estavam  na  cavalgadura.  Levaram-os  para  o  quarto 
do  conde.  Disse  que  era  onde  ella  irazia  as  suas  boticas  (reme- 
dios).  Disse-lhe  que  Ihe  tinham  esquecido  as  chaves.  Foi  busca- 
las  e  fugiu  na  cavalgadura  e  levou  a  outra,  e  foi  para  a  torre.  As 
creanças  começaram  a  chorar.  Diz  o  criado  que  eram  ratos.  O 
conde  mandou-os  arrombar,  e  viu  os  dois  meninos  e  um  bilhete 
que  dizia  :  «  Atura-os  que  sào  teus  filhos.  »  O  conde  logo  viu 
que  era  a  fina.  Disse  ao  irmâo  que  ia  morrer  e  que  elle  casasse 
com  a  finà  para  a  maiar.  O  conde  morreu,  e  o  irmâo  foi 
pedir  ao  rei  para  casar  com  z  fina.  O  rei  disse  que  sim.  Casa- 
ram-sc.  No  dia  do  casamento,  a  fina  foi  ter  com  a  aia,  pedindo 
uma  bexiga  de  sangue.  Fez  a  fina  uma  figura  com  a  bexiga,  e 
deitou-a  na  cama  onde  havia  de  dormir.  Quando  o  marido  se  foi 
deitar,  ella  metteu-se  atraz  de  uma  porta.  O  marido  veiu  e  foi 
com  uma  espada  e  atirou  a  boneca.  Ao  tempo  que  bateu  na 
boneca,  arrebentou  a  bexiga,  e  ficou  todo  sujo  de  sangue.  Depois 
ia  para  se  matar  com  a  espada,  julgando  que  tinha  morto  a  mu- 
Iher.  A  mulher  entào  saiu  e  agarrou-lhe  no  braço.  Elle  ficou 
muito  contente  por  ella  ser  tào  fina  e  perdoou-lhe. 

(Oporto) 

8.  a  raposa  e  o  gallo. 

la  uma  raposa  por  um  campo  e  depois  encontrou  um  rebanho 
de  gallinhas  e  gallos.  Uma  occasiào  que  as  gallinhas  avistaram 
a  raposa,  esvoaçaram  e  foram  para  cima  de  um  carvalho.  A 
raposa  tratou  logo  de  botar  terra  ao  ar,  para  as  gallinhas  pensa- 
rem  que  era  milho.  O  gallo  começou  a  affagar  as  gallinhas,  para 
ellas  nào  saltarem  abaixo.  Nistoa  raposa  disse  para  o  gallo  :  «  Oh! 
compadre,  bota-me  cd  um  filho  dos  teus  abaixo,  ou  senào  anda 
tu,  que  nos  agora  temos  feito  uma  composiçao  de  nao  fazer  mal 
uns  animaes  aos  outros.  »  Diz  o  gallo  de  cima  do  carvallo  :  «  Abre 
a  boca,  que  eu  la  te  boto  um  filho.  »  Nisto  o  gallo  fragueou 
(sujoil)  e  a  raposa  de  baixo  aparou  com  a  boca,  cuidando  que  era 


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128  CONTOS    POPULARES    PORTUGUEZES 

um  frango.  Como  nâo  gostou,  botou  fora  e  diz  :  «  Ah  !  compadre, 
que  m'enganastes  !  »  O  gallo  de  cima  respondeu-lhe  :  «  Ah  !  cui- 
davas  que  era  bago,  e  saiu-te  frago  (escremento).  »  Diz  a  raposa  : 
«  Ah  !  compadre,  anda  câ  baixoque  nos  agora  estamostodosbem, 
nem  nos  fazemos  mal  as  aves,  nem  os  càes  fazem  mal  a  nos.  » 
Diz  o  gallo  de  riba  :  «  Ah  1  ah  1  ah  !  pôe-te  ahi  muito  tempo,  que 
vem  ahi  um  caçador  com  uma  quadrilha  de  câes,  que 
te  estraga  (mata).  »  A  raposa  perguntou  :  «  Ah  !  compadre,  de 
que  lado  é  que  elles  vêem  ?  »  O  gallo,  se  Ihe  havia  de  dizer  a 
verdade,  enganou,  a  raposa  e  disse-lhe  :  «  Olha,  é  d'ali.  »  A  raposa, 
julgando  que  era  verdade,  fugiu  para  o  outro  lado  e  foi  metter- 
se  na  boca  dos  càes.  O  gallo,  como  a  raposa  Ihe  tinha  dito  que 
tinha  uma  ordem  para  os  animaes  Ihe  nào  tocarem,  gritou  para 
ella  :  «  Eh  !  comadre,  tnoslra-lhe  a  orderriy  mostra-lhe  a  ordem  » 
(eainda  hoje  o  gallo  canta  assim).  Respondeua  raposa:  «  Nào! 
que  nâo  tenho  tempo.  »  A  raposa,  conforme  poude,  foi  muito 
estafadae  escondeu-se  numas  silvas  onde  os  càes  Ihe  nào  pode- 
ram  chegar.  Andava  por  ali  um  melro  morto  por  enganar  a 
raposa  e  enganar  o  lavrador.  Andava  o  lavrador  e  mal  a  mulher 
a  lavrar  ocampocom  os  bois,  e  o  melro  iaaos  saltinhos  adiante 
d'elle.  Uma  filha  que  tinha  o  lavrador  chorava  que  queria  aquelle 
melrinho,  donde  a  mai  da  pequena  foi  correndo  sobre  o  melro 
para  o  agarrar.  O  melro  fugia  sempre,  como  o  lavrador  via  que 
nào  o  podia  apanhar  e  se  estava  a  atrazar  o  serviço,  disse  para  a 
filha  que  deixasse  o  melro.  A  pequena  poz-se  a  chorar  mais. 
Foram  outra  vez  sobre  o  melro,  mas  elle  fugiu  outra  vez  e  foi 
pousar-se  em  cima  da  cabeça  du  mulher  do  lavrador.  O  lavra- 
dor foi  com  a  vara  e  para  o  agarrar  deu  uma  pancada  na  cabeça 
da  mulher  que  ficou  toda  maltratada,  e  o  melro  fugiu  para  o  sil- 
vado  aonde  estava  a  raposa.  A  raposa,  como  estava  com  muita 
fome,  ia  paracomer  o  melro  e  elle  disse-lhe  :  «  Alto  là,  comadre, 
que  eu  arranjo-te  logo  aqui  muito  de  comer;  nào  me  mates.  » 
A  raposa  diz-lhe:  «  Ondeé  que  tu  mehas  de  arranjaro  comer?» 
—  «  Nào  tarda  que  venha  ahi  o  jantar  para  o  lavrador,  e  tu*podes 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  I29 

come-lo  mais  o  teu  compadre  lobo.  »  D'ahi  a  pedaço  vinha  a 
filha  do  lavrador  com  o  jantar,  e  o  melro  começou  a  saltar  diante 
d'ella  no  caminho.  A  pequena  poz  o  jantar  no  chào  e  tratou  de 
ir  atraz  do  melro.  Neste  comenos  veiu  a  raposa  e  estava  princi- 
piando  de  corner  o  jantar.  Passa  o  lobo  na  occasiâo  e  queria 
comer  a  raposa.  Mas  a  raposa  disse-lhe  :  «  Oh  !  compadre,  temos 
aqui  muiio  de  comer.  »  Vae  d'ahi  o  lobo  como  mais  glotâo, 
comeu  o  jantar  todo,  e  bebeu  o  vinho  tambem  que  ia  para  o 
lavrador,  e  nào  deixou  nada  para  a  raposa.  O  lobo,  como  bebeu 
muito  vinho,  embriagou-se,  e  caiu  no  mesmo  sitio  onde  comeu 
o  jantar,  e  ficou  dormido.  A  raposa  tratou  logo  de  fugir  commedo 
que  viesse  o  lavrador.  O  melro  assim  que  viu  a  raposa  fugida, 
veiu  à  beira  do  açafate  do  jantar  comer  as  migalhinhas  que  esta- 
vam  por  fora.  Depois  assim  que  encheu  o  papo,  fugiu  para  o 
alvoredo,  cantando  de  contente,  por  enganar  o  lavrador  e  a 
raposa  e  o  lobo.  Nisto  a  filha  voltou  ao  açafate  para  ir  levar  o 
jantar  ao  pai,  e  viu  tudo  esperdiçado  e  o  lobo  deitado  a  dormir 
ao  pé.  Tratou  de  ir  para  o  pé  do  pai  a  chorar,  e  contou-lhe  que 
estava  ali  um  lobo  estendido  a  dormir.  O  paipegounogadanho 
e  marchou  para  onde  estava  o  lobo.  A  raposa  que  estava  met- 
tida  no  vallo  (silvado)  gritou  para  o  lobo  :  «  Foge,  compadre  ! 
foge,  compadre  !  »  Mas  o  lobo,  como  estava  a  dormir  nâo  fugiu. 
O  lavrador  foi  e  tan  ta  pancada  deu  no  lobo  até  que  o  matou.  O 
melro,  assim  que  viu  isto,  principiou  a  cantar.  O  lavrador  disse 
para  o  melro:  «  Anda  cd  abaixo,  que  nào  te  faço  mal.  »  O  melro 
entào  respondeu-lhe  :  «  Raposo  velho  nâo  cae  em  laço  —  matastes  - 
lo,  cruel — tira-lhe  agora  a  pelle.  » 

(Oporto) 

9.  o  MOCHO  E  o  LOBO. 

o  lobo  andava  no  matto  e  o  mocho  estava  em  cima  de  um 
pinheiro  no  ninho.  O  lobo  enroscou  o  rabo  no  pinheiro  como 
quem  o  queria  serrar.  O  mocho  de  cima  disse-lhe  :  «  Oh  !  com- 

Rtvtu  bUpaniqiu.  xiv.  9 


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130  CONTOS    POPULARES   PORTUGUEZES 

padre,  nâo  me  serres  o  pinheiro,  senào  os  meus  filhos  caem 
abaixo  e  morrem.  »  Responde  o  lobo  :  «  Pois  se  nâo  queres  que 
eu  serre  o  pinheiro,  anda  tu  ca  baixo.  »  O  mocho  nâo  queria,  mas  a 
final  sempre  veiu  vindo  de  galho  em  galho,  e  depois  disse  para  o 
lobo  :  «  Lobo,  que  queres  de  mim  ?  »  O  lobo  respondeu  :  «  Anda 
cà  mais  abaixo,  que  quero  dizer-te  um  recado.  »  O  mocho  res- 
pondeu :  «  Diz  d*ahi,  que  eu  ouço  bem.  »  O  lobo  tornou  a  dizer: 
«  Anda  cd,  que  eu  nào  te  faço  mal.  »  O  mocho  descuidou-se  e  des- 
ceu,  e  o  lobo  passou-lhe  os  dentés  e  metteu-o  na  boca.  O  mocho  de 
dentro  da  boca  do  lobo  disse  :  «  Eh  !  compadre,  nào  me  comas, 
que  eu  quero  fazer  testamento.  »  O  lobo  disse-lhe:  «  Nào!  que 
agora  nogalheiro  estas  tu.  »  Diz  o  mocho  :  «  Entào  deixa-me  ir 
despedir-me  Id  acima  da  arvore  dos  meus  filhos.  »  O  lobo  disse  : 
«  Nào  te  deixo  ir,  compadre,  que  tu  foges-me.  »  O  mocho  disse 
entào  :  «  Olha,  ao  nienos  has  de  dizer  très  vezes,  que  é  para  elles 
saberem  :  niocho  comi.  »  O  lobo  disse  muito  baixinho,  para  nào 
abrir  a  boca  :  «  nwcho  comi,  »  O  mocho  disse-lhe  :  «  Oh  compadre, 
falla  mais  alto,  senào  nào  ouvem.  »  O  lobo  tornou  a  repetir: 
«  tnocho  comi  »,  jâ  mais  alto.  Responde  o  mocho  :  «  Mais  alto, 
senào  elles  nào  ouvem .  »  Nisto  o  lobo  escachou  a  boca  para  gri- 
tar  mais  alto,  e  ia  a  dizer  «  tnocho  comi  ».  O  mocho  mal  apanhou 
a  boca  aberta,  abalou  para  cima  do  pinheiro  e  disse-lhe  : 
«  Outro,  que  nào  a  mim.  » 

(Oporto) 

10.   o   MENINO  SEM  OLHOS. 

Uma  mai  teve  dois  filhos.  Elles  foram  pedir  esmola,  que 
nào  tinham  nada.  Elladeu-lhe  um  farnel.  Ella  preguntou-lhe  se 
queriam  ambos  comer  da  mesma  vasilha  ou  levar  cada  um  o  seu 
farnel.  O  mais  velho  disse  que  era  melhor  cada  um  levar  o  seu 
farnel.  Assim  foi.  No  caminho  o  irmào  mais  novo  preguntou  ao 
irmào  se  era  melhor  comerem  cada  um  do  seu  farnel,  ou  come- 
rem  primeiro  um  e  depois  o  outro.  O  mais  velho  disse  que  era 


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CONTOS   POPULARES    PORTUGUEZES  I3I 

melhor  assim.  Assim  foi.  No  primeiro  dia  comeram  ambos  a 
comida  do  mais  novo.  No  segundo  dia  eram  ]i  horàs  de  almo- 
çar,  disse  o  mais  novo:  «  Oh!  irmao,  vamos  agora  corner?  »  O 
mais  velho  respondeu-llie  :  «  Nâo,  que  ainda  é  cedo.  »  Depois  ia 
comendo  e  o  mais  novo  nào  comia  nada.  Ao  jantar  o  mesmo, 
em  fim  o  irmao  mais  novo  ja  levava  tanta  fome  que  llie 
tornou  a  pedir  ao  menos  um  bocadinho  de  pâo.  O  mais  velho 
disse-lhe  :  «  Se  me  deixas  tirar  um  olho,  dou-te  !  »  O  mais  novo 
como  estava  desesperado  com  fôme,  obrigou-se  a  deixar  tirar  um 
olho.  Mas  o  irmao  mais  velho  tirou-lhe  o  olho,  mas  nâo  Ihe  deu 
o  bocadinho  de  pào .  O  mais  novo  tornou  a  pedir-lhe  ao  menos 
metade.  O  irmao  disse-lhe;  «  Pois  sô  te  dou  metade  se  me  deixa- 
res  tirar  o  outro  olho  1  »  O  mais  novo  tinha  tanta  fôme,  deixou 
tirar  o  outro  olho.  Depois  o  mais  velho  foi- se  embora  e  deixou 
o  irmào  ali  sô  e  desamparado.  O  menino  vendo-se  cego,  deixou- 
se  por  la  andar  a  ver  se  encontrava  alguem  que  o  guiasse  no 
caminho.  Chegou  a  baixa  de  um  monte  e  ouviu  cantara  aguade 
um  rio,  e  ali  parou  dizendo  consigo  :  «  Nada,  d'aqui  nâo  passo 
eu,  que  como  nâo  vejo  nada,  posso  metter-me  ao  rio  e  morrer 
afogado.  »  Conheceu  que  era  noute  e  foi  indo  as  apalpadellas  e 
encontrou  uma  arve  (arvore)  e  abanou  com  ella,  e  ouviu  cantar 
as  folhas  e  depois  atrepou  para  cima  e  ali  ficou  n'aquella  arve. 
Proximo  d  arve  estava  uma  ponte,  adondecostumava  airodemo- 
nio  com  as  bruxas  fazer  audiencia.  D'ahi  a  pouco  vieram  todas, 
conforme  é  costume,  e  estavam  preguntando  umas  ds  outras  o 
que  tinham  feito  naquelle  dia.  Uma  d'ellas  respondeu  ao  demo- 
nio  que  tinha  cortado  as  aguas  d  capital  da  França,  adonde  que 
ao  fim  de  très  dias  que  morria  tudo  d  sede.  O  demonio  pregun- 
tou-lhe  o  que  tinha  ella  feito  para  cortar  essas  aguas.  Diz  ella: 
«  Eu,  no  espaço  de  quatro  a  cinco  legoas,  por  onde  passa  a  agua, 
encantei  uma  cobra,  e  metti-a  no  canal  da  agua,  donde  a  cobra 
estd  presade  cabeça  e  rabo  dentro  de  um  anel,  e  a  agua  estdpresa 
no  meio  do  rolo  da  cobra.  »  O  demonio  preguntou  :  «  Entâo  nào 
bavera  outra  vez  remedio  para  soltar  essa  agua  para  a  cidade  ?  » 


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132  CONTOS    POPULARES    PORTUGUEZES 

A  bruxa  disse:  «  Ha,  mas  eu  nào  odigo  a  ninguem.  »  O  démo- 
nio  disse  :  «  Entâo,  nem  a  nim  ?»  A  bruxa  respondeu  :  «  A  tisim, 
como  mestre.  O  remedio  é  havendo  quem  se  aventure  a  Id  ir 
com  uma  lança  de  ouro  e  tirar  o  anel  d'antre  (jiV)  a  cobra  sem  a 
ferir;  tanto  corre  a  cobra  para  o  monte,  como  a  agua  para  a  fonte.  » 
O  menino  que  estava  em  cima  da  arve  aprendeu  isto  tudo.  Uma 
outra  bruxa  disse  :  «  Eu  tambem  enfeiticei  o  rei  da  Italia,  que 
esta  encrangado  (entrevado,  perro  dos  nervos  do  corpo)  de  todos 
os  membros  do  corpo,  que  se  nâo  pode  mover  para  lado  algum. 
E  toda  a  familia  real  morre  d'esta  afflicçao  ».  O  demonio  pre- 
guntou  :  «  Entâo,  que  Ihe  fîzestes  tu  para  elle  estar  assim  enca- 
rangado  ?  »  Respondeu  a  bruxa  :  «  Cosi  os  olhos  a  um  sapo,  com 
a  mesma  linha  apertei  o  sapo  de  pés  e  màos  e  tudo,  e  metti-o 
debaixo  da  cama  de  Sua  Magestade.  »  O  demonio  preguntou  : 
«  Entâo  nâo  haverd  remedio  para  dar  outra  vez  saude  a  este 
rei  ?»  A  bruxa  disse  :  «  Ha,  havendo  quem  va  d'aqui  d  Italia  ao 
jardim  do  rei,  tem  um  marmeleiro  em  cima  de  um  chafariz,  e 
havendo  quem  Ihe  colha  o  primeiro  ranco  (arranco,  ramo)  que 
faz  uma  S  em  cima  do  chafariz,  e  Ihe  aguçar  a  ponta  do  feitio  de 
uma  lança,  e  pescar  com  ella  um  peixe  azul  que  anda  dentro  do 
tanque,  e  derrete-lo  numa  bilha  que  nâo  tenha  levado  nada,  e 
levantando  o  pé  esquerdo  do  leito  do  rei,  e  tirando  o  sapo  que 
esta  mettido  debaixo,  e  descosendo-lhe  os  olhos  e  desamarrando-o 
de  modo  que  nâo  se  fîra  o  sapo,  e  deitando  depois  o  sapo  ao 
jardim.  Estando  o  peixe  derretido,  dar  depois  uma  untura  ao 
rei,  e  d'ahi  a  pouco  logo  o  rei  esta  com  a  sua  saude, 
mas  de  certo  o  rei  morre  porque  eu  nâo  o  conto  a  nin- 
guem. »  O  menino  que  estava  em  cima  da  arve  d  escuta,  apren- 
deu tudo.  'Depois  uma  outra  bruxa  disse  ao  demonio  :  «  E  tu,  o 
que  é  que  fizeste?»  O  demonio  respondeu:  «  Eu  jd  fiz  obra 
maravilhosa,  jd  fiz  com  que  tirasse  os  olhos  um  irmâo  ao  outro; 
tambem  jd  ha  très  dias  que  tenho  feito  com  que  uns  bem  casados 
se  deem  mal.  »  A  bruxa  preguntou-lhe  :  «  Entâo,  que  fizeste  tu, 
para  um  irmâo  tirar  os  olhos  ao  outro  ?  »  O  demonio  respondeu  : 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  133 

«  Attenteio  para  o  mais  velho  nào  dar  um  bocadinho  de  pào  ao 
mais  novo  sem  Ihe  tirar  os  olhos.  »  A  bruxa  pregimtou  :  «  Entao 
nào  haverd  remedio  para  esse  menino  ficar  outra  vez  com  visia  ?  » 
O  demonio  disse  :  «  Ha,  mas  como  o  ha  de  elle  saber  se  eu  nâo 
conto  a  ninguem  ?»  A  bruxa  disse  :  «  Mas  deves  conta-lo  a  nos, 
como  nos  te  contamos  tudo  a  ti.  »  O  demonio  entào  disse  :  «  Estd 
aqui  perto  uma  arve  ;  cortando-lhe  très  folhas  e  escupindo-lhe 
très  vezes,  antes  de  amanhecer,  e  pisando  estas  folhas  na  mào, 
com  o  sumo  da  folha  e  com  escupo  da  boca,  untando  as  capellas 
dos  olhos  Cpalpebras),  ahise  fica  com  a  vistanatural.  »  —  «  E  para 
se  darem  outra  vez  os  bem  casados,  como  se  davam  ?  »  O  demo- 
nio respondeu  :  «  Indo  a  uma  egreja  matriz,  colhendo  uma  bilha 
de  agua  benta  da  pia  do  baptismo,  e  colhendo  umas  ervinhas  que 
Ihe  chamam  os  christàos  alecrim  ».  A  bruxa  preguntou:  «  Entào, 
que  fizestes  tu  para  esses  casados  se  darem  mal  ?  »  O  demonio 
respondeu:  «  Aqui  ao  cimo  d'esté  monte  moravam  uns  bem 
casados,  e  eu  fui-me  metter  debaixo  da  cama.  O  homemquando 
entrava  de  fora  para  dentro,  olhava  para  debaixo  da  cama,  e  via- 
me  là  e  fîgurou-se  que  era  um  homem,  e  começou  logo  a  antra- 
jar  (ultrajar,  maltratar)amulherde  mas  palavras.  Assim  se  come- 
çou de  dar  mal,  julgando  que  a  mulher  andava  amigada.  A 
mulher  nào  fazia  senâo  chorar  e  dizer  que  tal  cousa  nâo  fazia.  » 
A  bruxa  preguntou  :  «  Entào  nào  haverd  outra  vez  remedio  para 
elles  fjcarem  bem  ?  »  O  demonio  respondeu  :  «  Sim,  entào  jd  te 
nào  disse  que  em  ir  buscar  a  bilha  de  agua  benta  e  o  raminho  de 
alecrim,  e  botar  dentro  da  casa  em  cruz,  quando  me  Id  vir,  que 
eu  fujo,  e  assim  se  tornam  elles  a  dar  bem  como  eram.  »  Nisto 
o  menino  que  estava  em  cima  da  arve  aprendeu  tudo  ;  depois 
pegou  nas  folhas  da  arve,  que  era  a  mesma  aonde  elle  estava,  e 
fez  o  que  disse  a  bruxa.  Depois  fîcou  logo  com  vista.  Assim  que 
foi  dia,  desceu  pela  arve  abaixo  e  tratou  logo  de  procurar  a  casa 
dos  mal  casados.  Fez  tudo  quanto  o  demonio  disse  e  elles  ficaram 
bem.  D'ali  passou  d  França  e  desencantou  a  cobra  e  deu  agoa  d 
cidade.  O  rei  de  França  Ihe  deu  logo  uma  porçào  de  dinheiro. 


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134  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

Depois  elle  foi  para  a  Italia  e  fez  tambem  o  mesmo  que  a  bruxa 
tinha  dito  ao  demonio.  Quando  o  peixe  estava  derretido,  o  me* 
nino  fallou  parao  rei  e  disse:  «  Real  senhor,  tenha  a  bondade  de 
mandar  todos  os  medicos  embora,  que  Vossa  Real  Mastade  hoje 
ainda  os  ha  de  ir  visitar  a  casa.  »  O  rei  assiin  fez.  Depois  o 
menino  esfregou-o  com  o  oleo  do  peixe  eficou  o  rei  logo  curado. 
Depois  que  o  rei  se  achou  bom,  levou  o  menino  para  palacio  e 
depois  elle  casou  com  a  filha  do  rei.  O  rei  morreu  e  elle  ficou 
senhor  do  reinado.  Nisto  o  irmao  mais  velho  andava  pedindo 
pelo  mundo;  foi  andandode  terra  em  terra,  até  que  foi  dar  ao 
reino  do  irmào,  mas  sem  saber.  Um  dia  estava  o  reid  janellamal 
a  rainha,  e  viu  aquelle  homem  e  conheceu  que  era  o  irmao,  e 
disse  para  a  sentinella  que  estava  d  porta  do  palacio  :  «  Oh  !  sen- 
tinella,  prenda-me  aquelle  homem,  e  tragam'o  câ  a  minha  pre- 
sença.  »  Neste  comenos  foi-se  o  rei  fardar  com  as  suas  insignias 
como  rei,  e  assentou-se  no  throno.  O  sentinella  levou  o  preso  i 
presença  do  rei.  Depois  o  rei  começou  a  preguntar  ao  homem  de 
que  terra  elle  era  ?  O  preso  estava  sem  saber  o  que  havia  de  dizer. 
A  final  là  contou  a  sua  vida.  Depois  o  rei  preguntou-lhe  :  «  Que  é 
feitoda  tua  mai  ?  »  Elle  disse  :  «  Eu  nâo  sei,  porque  desde  que  sahi 
de  casa,  nao  tornei  Id  a  voltar.  »  —  «  E  que  é  feitode  teu  irmao  ?  » 
—  «  Entào  Vossa  Mastade  conhecia  meu  irmào  ?  »  O  rei  disse  que 
sim,  e  preguntou-lhe  porque  é  que  elle  Ihe  tinha  tirado  os  olhos. 
O  irmao  começou  a  negar.  O  rei  entào  disse-lhe  que  bem  sabia 
que  tinha  sido  por  tentaçào  do  diabo,  e  que  elle  era  o  seu  irmào. 
Depois  ficou  no  palacio  com  o  rei,  que  Ihe  perdoou. 

(Oporto) 

ii.  torre  de  babylonia 
(Variantes) 

Os  filhos  quando  vào  com  o  leào  e  a  lança  etc.,  deixam  um  copo 
de  agua  ao  pai,  e  dizem  :  «  Se  este  copo  d'agua  algum  dia  deixar 
de  ser  agua,  vâ-nos  procurar  que  estamos  em  afflicçâo.  » 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  I35 

Os  dois  irmàos  saem  ao  mesmo  tempo  e  chegando  a  um  camî- 
nho  que  se  dividia  em  dois,  cada  quai  segue  pelo  seu. 

Um  dos  irmàos  encontra  uma  princeza  que  estd  para  ser  comida 
por  uma  bicha  de  sete  cabeças  (repete-se  o  episodio). 

Os  irmàos  disseram  um  para  o  outro  :  <'  Se  alguma  vez  vires  o 
astre  (o  tempo)  demudado,  precura  por  mim  que  estou  em 
perigo.  » 

Na  torre  estava  uma  velha  e  uma  menina.  Depois  de  o  irmào  ir 
ver  a  torre,  a  nova  (menina)  disse-lhe  que  havia  de  ir  ter  uma 
lucta  e  venceu-o.  O  irmào  chegou  ao  castanlieiro  e  viu  o  astre 
demudado,  e  depois  foi  ao  palacio  do  irmào.  Como  elle  era  muito 
parecido,  a  mulher  nào  o  conheceu,  e  elle  ao  outro  dia  foi  d  torre 
onde  venceu  a  filha  da  velha. 

Depois  o  irmào  quando  soube  que  elle  tinha  dormido  com  a 
mulher,  queria-o  matar.  Nào  matou,  e  foram  a  um  conselho.  A 
justiça  disse  que  fossem  ambos  a  correr  num  cavallo  i  roda  da 
praça,  eo  que  cançasse  primeiro  era  o  criminoso.  Foi  o  casado 
que  cançou.  Depois  fîcaram  amigos. 

(Oporto) 

12.    outra  VERSÂO   DAS   TRES   CIDRAS. 

Era  uma  vez  um  rei  que  encontrou  uma  menina  num 
monte,  muito  linda,  que  andava  a  guardar  gado,  mas  muito  mal 
trajada.  O  rci  agradou-se  muito  d'ella  e  disse-lhe  para  a  levar 
consigo.  Ella  deixou  ficar  o  gado  e  accompanhou  o  rei.  Chega- 
ram  a  um  chafariz,  e  o  rei  disse-lhe  que  fîcasse  ali,  em  quanto 
elle  ia  ao  palacio  buscar  fato  para  ella,  e  uma  carruagem.  Neste 
comenos  veiu  uma  prêta  e  começou  a  olhar  para  a  agua  (Segue 
a  versàoconhecida). 

(Oporto) 

13.  a  gata  borralheira 
Era  uma  vez  um   viuvo  que  tinha  uma  filha  muito  linda,  e 


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13e  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

casou-se  com  uma  viuva  que  tambem  tinha  uma  filha  muito  feia. 
O  homem  tinha  uma  vaquinha,  e  cada  um  dia  mandava  uma 
vez  a  filha,  outra  vez  a  enteada  a  guardar  a  vaquinha  para  o 
monte.  Mas  a  madrasta  nào  queria  que  a  filha  d'ella  fosse  para  o 
monte,  e  mandava  sô  a  enteada.  Um  dia  appareceu  um  caçador  no 
monte  e  Ihe  preguntou  i  filha  :  «  Donde  es,  menina  ?  »  Ella 
disse  de  quemera  filha.  Depois  o  caçador  perguntou-lhe:  «  Entâo 
tu,  porque  é  que  choras?  »  —  «  E'  porque  o  meu  pai  quer  que 
eu  venha  um  dia  com  a  vaquinha,  eooutro  dia  a  filha  daminha 
madrasta,  mas  a  minha  madrasta  tem-me  raiva  por  eu  ser  mais 
bonita  do  que  a  filha,  e  por  isso  manda-me  sô  a  mim  para  aqui.  » 
O  caçador  disse-lhe:  «  Deixaestar,  minha  menina,  que  eu  hei  de 
ir  a  tua  casa  um  dia  e  levar-te  comigo.  »  Um  dia  o  pai  mandou 
matar  uma  porca,  donde  mandou  lavar  as  tripas  à  enteada.  A 
madrasta  mandou  a  enteada,  porque  nâo  queria  que  a  filha  d'ella 
fosse,  e  disse-lhe  que  fosse  depressa  e  que  se  perdesse  alguma 
tripa,  que  ella  Ihe  daria  a  conta  (pancada).  A  menina,  coita- 
dinha,  nâo  teve  outro  remedio  e  foi  lavar  as  tripas.  Como  a  agua 
do  rio  corria  muito,  fiigiu-lhe  uma  tripa.  Com  medoda  madrasta 
foi  a  correr  pelo  rio  abaixo  para  a  agarrar,  mas  nào  poude.  Ficou 
muito  triste  e  saltou  para  o  outro  lado  do  rio,  chorando  pelo 
abrigo  da  sua  mai.  Nisto  encontrou  um  palacio  com  as  portas 
abertas,  mas  sem  gente  de  qualidade  nenhuma.  Tinha  as  camas 
desmanchadas,  e  estava  todocheio  de  lixo  por  barrer.  A  menina, 
como  era  muito  presumida  (arranjada),  foi  compôr  as  camas  e 
barrer  o  palacio,  e  depois  saiu  e  foi-se  esconder.  Nisto  chegaram 
très  passaros  e  entraram  pelo  palacio  dentro,  e  viram  tudo  bem 
arranjado,  e  subiram  outra  vez  para  o  telhado  e  começaram  a 
dizer  :  «  Oh  !  quem  arranjaria  tào  boa  obra  no  nosso  palacio  ?  Se 
soubessemos  quem  era,  haviamos  de  Ihe  dar  cada  um  a  nossa 
prenda.  »  A  menina  que  isto  ouviu,  appareceu  e  disse  :  «  Foi  eu 
{sic)  » .  Os  passaros  perguntaram  :  «  Entâo  tu  quem  es,  menina  ?  » 
Ella  contou  a  sua  vida.  Um  dos  passaros  disse  entâo  :  «  Eu  te 
sortejo,  que  quando  tu  fallares  com  alguem  te  saiam  flores  de 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  I37 

ouro  pela  boca  fora.  »  Ooutro  disse  :  «  E  eu  te  sortejo  que  tudo 
quanto  vestires  se  torne  no  que  haja  de  mais  rico.  »  O  terceiro 
disse  :  «  Eeu  te  sortejo  que  os  sapatos  que  tu  calces  se  tornem  em 
chapins  de  ouro.  »  A  menina  foi-se  embora,  eos  passaros  larga- 
ram  a  voar.  A  tripa  que  tinha  fugido  pela  agua  abaixo,  quando  a 
menina  la  chegou  ji  estava  junta  corn  as  outras.  Quando  chegou 
a  casa,  a  madrasta  ralhou  com  ella  por  se  ter  demorado  tanto, 
e  perguntou-lhe  :  «  Donde  é  que  vens  tu  agora?  »  A  menina  nào 
queria  fallar,  com  medo;  a  madrasta  ia  para  Ihe  bâter,  e  ella  ia 
parafallar,  para  dizer  que  a  tripa  Ihe  tinha  fugido.  Mas  ao  tempo 
que  ia  para  fallar,  saiu-lhe  um  ramo  de  ouro  pela  boca.  A  ma- 
drasta nâo  a  deixou  fallar  mais.  O  pai  tinha-lhe  feito  um  fato  e 
outro  igual  para  a  enteada,  que  era  para  quando  fossem  guardar 
a  vaquinha  ou  uma  ou  outra  irem  mais  limpinhas.  No  outro  dia 
quando  ella  ia  para  o  monte,  a  madrasta  mandou-lhe  tirar  ofato 
que  ella  levava  e  vestir  uns  farrapos  todos  esfrangalhados.  A 
menina  mal  que  os  vestiu,  tornaram-se  em  fina  nobreza  («V), 
e  a  cousa  mais  rica  que  havia  no  mundo.  Os  sapatos  tornaram-se 
tambem  logo  em  chapins  de  ouro.  A  madrasta  logo  que  viu  isto, 
mandou  a  menina  para  a  cozinha  para  ficar  como  gâta  borralheira 
d  chaminé.  Depois  a  enteada  perguntou-lhe  quemlhe  tinha  dado 
todas  aquellas  prendas.  A  menina  contou-lhe  tudo  pelo  contra- 
rio. Disse  que  tinha  ido  a  um  palacio,  e  que  o  que  tinha  visto 
limpo  sujouo,  e  desarrumou  as  camas  que  estavam  compostas,  e 
deitou  o  lixo  para  o  meio  da  casa.  No  dia  seguinte,  a  madrasta 
mandou  outra  vez  a  menina  ao  rio  lavar  umas  tripas.  A  filha,  que 
tambem  queria  ter  as  mesmas  prendas  da  menina,  pediu  â  mai 
para  ir  ella.  Depois  foi  e  aconteceu-lhe  o  mesmo,  com  a  differença 
que  foi  esbandalhar  o  que  estava  feito.  Os  mesmos  passaros  vie- 
ram  e  viram  o  palacio  estragado,  e  disseram  :  «  Oh  !  quem  séria 
que  fez  esta  obra  tào  ma  ?  »  Appareceu-lhe  entao  a  filha  da 
madrasta  e  disse  :  «  Foi  eu  (sic)  ».  Disse  entao  um  :  «  Eu  te  sortejo 
que  quando  fallares,  sejam  caganitas  de  cabra  que  te  saiam  pela 
bocca.  »  O  outro  disse:  «  Eeu  sortejo-te  que  todo  o  fato  que  vis- 


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138  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

tas  se  faça  em  pelle  de  gâta  borralheira.  »  O  terceiro  disse  : 
«  E  eu  sortejo-te  que  todos  os  sapatos  que  tu  vistas  sefaçam  em 
ferraduras.  »  Ella  foi-se  embora,  e  quando  chegou  a  casa,  a  mai 
perguntou-lhe  aonde  ella  se  tinha  demorado  tanto.  Ella  ia  a  con- 
tar-lhe  e  principiou  logo  de  deitar  caganitas  de  cabra  pela  bocca. 
A  mai  que  viu  aquillo  nâo  a  deixou  fallar  mais.  A  menina  disse 
â  filha  da  madrasta  que  tinha  encontrado  um  caçador  no  monte 
que  Ihe  disse  que  um  dia  a  havia  de  ir  buscar.  A  madrasta  tratou 
logo  de  nâo  deixar  mais  a  filha  fallar,  aceiou-a  (sic^  de  fatos 
muito  ricos  e  mandou  a  menina  para  a  cozinha  chamando-lhe 
gâta  borralheira.  Depois  foi  dizer  mal  da  enteada  ao  marido.  O 
marido  fiava-se  em  tudo  e  acreditava  no  que  a  mulher  Ihe  dizia. 
Um  dia  levou  a  filha  da  madrasta  ao  theatro  muito  aceiada,  e  a 
filha  ficou  em  casa  por  a  madrasta  Ihe  chamar  gâta  borralheira. 
Quando  se  viu  sô,  a  menina  começou  de  chorar  muito,  e  ouviu 
uma  voz  perguntar  :  «  Tu,  que  tens,  menina  ?  »  Ella  respondeu  : 
«  Como  nâo  hei  de  chorar  ?  Meu  pai  foi  para  o  theatro  com  a 
filha  da  minha  madrasta  e  a  mim  deixou-me  em  casa  sôzinha.  » 
Logo  Ihe  appareceu  um  carro  feito  de  uma  abobora  puchado  a 
ratos.  D'onde  ouviu  aquella  voz  que  Ihe  disse  :  «  Tu  entra  no 
theatro  e  toma  este  relogio  e  â  meia  noite  em  ponto  recolhe-te 
ao  carro.  »  Ella  assim  fez.  Ora  quem  havia  ella  de  là  encontrar  ? 
O  mesmo  caçador  que  a  tinha  encontrado  no  monte.  O  caçador 
assim  que  a  viu  entrar  tao  rica,  deu-lhe  logo  o  braço  e  foi  dan- 
sar  com  ella,  porque  era  a  melhor  dama  que  estava  no  theatro 
para  dansa.  A  menina  de  vez  em  quando  olhava  para  o  relogio. 
Quando  faltava  jd  pouco  para  a  meia  noite,  fugiu  do  braço  do 
caçador  e  foi  para  o  carro  que  estava  â  espéra  délia.  Nem  o  pai, 
nem  a  madrasta,  nem  ninguem  a  conheceu.  O  carro,  mal  ella 
poz  pé  nelle,  logo  alvorou  e  foi-se  embora.  Quando  o  pai  e  a 
madrasta  chegaram  a  casa,  jd  ella  estava  no  borralho.  Na  segunda 
noite,  o  mesmo.  Na  terceira  noite,  tornaram  para  o  theatro  e  o 
caçador  que  era  um  principe,  estava  jâ  preparado  para  a  agarrar 
bem  e  nâo  a  deixar  fugir.  Mas  a  menina  assim  que  viu  no  relo- 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  I39 

gio  que  eram  horas  de  se  ir  embora,  deu  um  grande  lacao 
(puchâo)  no  braçodo  caçador  e  fugiu.  O  caçador  foi  sobre  ella 
a  correr  para  ver  se  a  podia  conhecer.  A  menina  com  a  pressa 
com  que  ia  a  fugir,  quando  ia  a  saltar  para  o  carro  deixou  cair 
um  chapim  de  ouro.  O  caçador  agarrou-o.  Nisto  o  carro  alvo- 
rou  e  foi-se  embora.  D*ahi  passado  muito  tempo  o  principe  man- 
dou  um  decreto  por  toda  a  sua  naçao,  que  todas  as  damas  fossem 
a  palacio  e  levassem  um  chapim  de  ouro,  que  elle  la  tinha  outro, 
e  que  aquella  que  o  trouxesse  igual  e  Ihe  servisse  no  pé,  que  Ih'o 
dava  e  que  casaria  com  ella.  A  primeira  que  foi,  quem  ha  via  de 
ser  ?  Foi  a  filha  da  malrasta,  com  a  mai,  e  o  pai  tambem  foi.  A 
menina  que  via  que  tinha  perdido  um  chapim  de  ouro,  poz-se 
chorando  tambem  em  casa  para  ir.  Ali  Ihe  appareceu  logo  um 
carro  puchado  a  dragôes  e  se  apresentou  em  palacio,  ainda  mais 
brève  que  o  outro  em  que  ia  a  madrasta  e  a  filha.  Chegou  ao 
palacio  e  foi  â  presença  do  principe.  O  principe  pediu-lhe  o  pé 
para  Ihe  metter  o  chapim,  mas  mal  o  principe  lh*o  metteuno  pé, 
logo  se  transformou  numa  ferradura.  O  principe  ficou  muito 
admirado  e  perguntou-lhe  o  que  era.  Ella  ia  para  fallar,  e  come- 
çou  de  botar  caganitas  de  cabra  pela  bocca,  e  o  vestido  que  ella 
trazia  fez-se  logo  numa  pelle  de  gâta  cheia  de  borralho,  com  um 
letreiro  dizendo  :  Tu  es  gâta  borralheira.  Nisto  a  madrasta  ficou 
muito  triste.  A  menina  que  estava  tambem  no  palacio,  quando 
viu  aquillo,  deu-se  a  conhecer  ao  pai  as  escondidas  da  madrasta. 
O  pai  ficou  muito  admirado  por  a  ver  vestiJatoda  de  ouro,  e  por 
a  ver  botar  flores  de  ouro  pela  bocca  fora,  e  vê-la  calçada  comum 
chapim  de  ouro,  e  o  outro  pé  descalso.  Perguntou-lhe  quem  Ihe 
tinha  dado  aquillo  tudo.  Ella  contou-lhe  o  que  se  tinha  passado. 
Depois  foi  ter  com  o  principe,  e  mal  principiou  de  fallar  com 
elle,  entrou  a  botar  ramos  de  ouro  pela  bocca.  O  principe  deu-lhe 
o  chapim  e  viu  que  Ihe  servia,  e  depois  disse-lhe  que  ella  havia 
de  casar  com  elle.  A  menina  disse  que  nào,  que  era  com  o  caça- 
dor que  ella  tinha  promettido  casar.  O  principe  entào  declarou-se 
que  era  elle  mesmo  que  era  o  caçador.  A  menina  entào  calçou  o 


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140  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

chapim  de  ouro  e  foi  para  o  carro,  dizendo  que  se  elle  a  queria, 
que  havia  de  a  ir  buscar  a  casa,  que  era  o  promettimento  que  elle 
tinha  feito.  O  principe  metteu-se  logo  numa  carruagem  para  vêr 
se  a  podia  alcançar,  mas  nâo  alcançou  e  voltou  para  o  palacio. 
Um  dia  o  principe  vestiu-se  de  caçador  e  foi  la  para  o  mesmo 
sitio  para  a  ir  buscar.  A  madrastacomo  soube,  sonegou  a  menina, 
e  apresentou  a  filha.  O  principe  começou  a  fallar  corn  ella,  e  ella 
a  deitarcaganitas  de  cabra  pela  bocca.  O  principe,  muito  zangado, 
foi-se  embora  e  nâo  a  quiz.  A  menina  continuou  outra  vez  a  ir 
para  o  monte.  O  principe  ia  sempre  â  caça,  e  um  dia  encontrou-a 
toda  esfarrapada.  Ficou  muito  contente  e  levou-a  consigo,  e  a 
madrasta  nunca  mais  a  tornou  a  vêr. 

(Oporto) 

14.  o  SOLDADO  PULHA. 

Era  um  rei  casado  ha  quinze  annos  sem  ter  filhos.  Tinha  uma 
mulher  que  era  fada.  Houve  uma  filha  do  rei,  e  a  fada  foi  ser 
madrinha  e  disse  que  aos  quinze  annos  havia  de  morrer  a  prin- 
ceza.  Aos  quinze  annos  morreu,  mas  antes  tinha  pedido  ao  pai 
para  ter  sempre  uma  sentinella  a  sua  sepultura.  Todas  as  senti- 
nellas  que  iam,  por  mais  de  um  anno  morria  tudo,  até  que  che- 
gou  a  vez  de  um  soldado  muito  pulha.  Elle  nâo  queria  ir,  mas 
nâo  teve  outro  remedio.  Quando  chegou  â  igreja  onde  a  princeza 
estava  enterrada,  poz-se  a  pensar  e  fugiu.  la  por  uma  serra  acima 
e  encontrou  uma  velha,  que  Ihe  perguntou  onde  ia.  Elle  contou- 
Ihe,  e  ella  deu-lhe  um  relogio  e  disse-lhe  que  voltasse  e  que  as 
onze  e  meia  se  mettesse  no  confessionarip,  e  que  visse  o  que  nâo 
visse,  nâo  fizessecaso.  Elle  voltou,  metteu-se  no  confessionario  e 
as  onze  e  meia,  sentiu  sair  uma  coisa  da  sepultura,  e  correr  toda 
a  igreja  a  chamar:  «  Oh!  sentinella!  oh  !  sentinella  !  »  Elle  nâo 
semecheu.  E  a  tal  cou  sa,  passada  a  meia  noite,  en  trou  na  sepul- 
tura outra  vez.  Ao  outro  dia  o  rei  ficou  muito  admirado  de  o 
vêr  vivo.  Mandou-o  na  outra  noite.  O  mesmo.  A  velha  deu-lhe 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  I4I 

outro  relogio  e  mandou-o  metter  no  altar-m6r.  Na  terceira  noite 
o  mesmo.  Encontrou  a  velha  que  Ihe  deu  o  relogio  e  mandou-o 
metter  as  onze  e  meia  no  baptisterio.  Elle  foi,  veio  a  tal  cousa,  e 
foi  ter  com  elle,  mas  elle,  como  a  velha  Ihe  tinha  dito,  come- 
çou  a  puchar  por  ella,  e  ella  a  puchar  por  elle,  até  que  passando  a 
meia  noite  elle  metteu-se  na  pia,  e  no  mesmo  instante  a  tal 
cousa  ficou  transformada  na  princeza  viva,  e  toda  a  tropa  que  ali 
tinha  morrido  ficou  viva  outra  vez.  Depois  a  princeza  casou  com 
elle,  e  foram  todos  para  o  palacio. 

(Oporto) 

15.0  sacristâo  que  casou  com  uma  velha. 

Era  um  sacristâo  ha  uns  poucos  de  annos.  Uma  velha  que  ia 
fazer  oraçao  d  igreja.  O  sacristâo,  um  dia,  chegou-se  a  ella  e 
offereceu-lhe  râpé  e  perguntou-lhe  :  «  Mulher,  que  devoçao  tens 
tu  aqui  com  esta  igreja  ?»  —  «  Tenho  muita.  »  Começaram 
depois  em  conversas  particulares;  mais  adorava  o  sancristâo  (sic) 
a  velha  do  que  a  velha  ao  senhor.  Um  dia  o  sacristâo  disse-lhe  : 
«  Nâo  era  melhor  que  nos  tomassemos  amores  um  com  outro  ?  » 
A  velha  respondeu  :  «  Ah  !  que  diria  o  mundo,  se  nos  agora 
tomassemos  amores  um  com  outro  ?  »  O  sacristâo  disse-lhe  que 
deixasse  fallar  quem  falla.  Depois  os  dois  velhos  casaram-se.  Elle 
deixou  a  igreja,  e  ella  deixou  a  oraçao.  Foram  viver  ambos  para 
uma  casa,  pedindo  uma  esmola.  O  povo  todo  aperreavam-nos, 
por  elles  serem  velhos  e  tomarem  estado  de  novos.  O  sacristâo 
descorçoou  e  veiu  para  casa  e  disse  para  a  velha  :  «  Mulher, 
fugimos  d'aqui  pra  fora,  ja  nâo  posso  aguantar  as  apupadellas  do 
povo.  »  Responde  a  mulher  que  para  onde  elle  fosse,  ella  tam- 
bem  ia.  Pegaram  num  cesto,  numa  corda,  num  alviao  e  numa 
fouce,  e  fato  nâo  o  levaram,  porque  o  nâo  tinham,  e  foram  para 
uma  montanha  que  se  chamava  Monte  Maninho.  Com  a  fouce 
cortaram  paos  e  fizeram  estacas,  e  espetaram-nas  em  volta 
d'aquella  montaha,  e  amarraram  uma  corda  de  estacacom  estaca 


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142  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

até  donde  a  corda  poude  chegar.  Depois  fizeram  uma  barraca 
de  terra  e  ali  viviam.  De  noite  iani  pedir  esmola.  Por  milagre 
deDeus  a  tnulher  alcançou  (ficou  gravida).  No  espaço  de  nove 
mezes  botou  uma  menina  a  este  mundo.  O  sancristâo  ficou 
muito  admirado.  Nào  queria  ir  convidar  ninguem  para  padrinho 
da  menina.  Foi  para  o  monte  a  vêr  se  via  alguem.  Assim  que 
o  sol  arraiou,  avistoa  um  caçador  no  alto  da  serra.  O  sacristào 
quando  o  viu  botou-se  de  joelhos  diante  d'elle,  por  vêr  que  o 
caçador  era  um  frade.  O  frade  ficou  muito  admirado,  e  o  sacris- 
tào disse-lhe  que  elle  era  mandado  por  Deus  para  ser  padrinho 
de  uma  menina  que  Ihe  tinha  nascido.  O  frade  disse-lhe  que  sim, 
e  que  se  apresentasse  no  convento  de  tal  parte.  O  velho  pediu- 
Ihe  para  elle  tambem  Ihe  arranjar  madrinha,  e  o  frade  disse-lhe 
que  sim,  que  la  houve  de  encontrar  tudo.  O  velho  foi  muito 
contente  para  casa,  mas  muito  triite  por  nâo  ter  fato.  O  frade 
costuma  va  ir  fallar  com  uma  menina  que  morava  defronte  do 
convento.  O  pai  cortou-lhe  o  cabello  e  fechou-o  dentro  de  uma 
gaveta.  Naquelle  dia  o  frade  foi  para  Ihe  fallar  para  a  ir  convidar 
para  ella  ser  madrinha,  e  viu-a  fechada  a  chorar.  Elle  disse-lhe  : 
«  Tu,  que  tens,  que  tanto  choras  ?  »  Ella  contou-lheque  por  via 
d'elle  o  pai  tinha-lhe  cortado  o  cabello  e  fechado-a.  O  frade  abriu 
a  porta  e  foi  ter  com  ella.  Ella  disse-lhe  que  estava  a  chorar  por 
causa  do  cabello.  O  frade  foi  a  gaveta,  abriu-a,  e  poz-lhe  o 
cabello  outra  vez  na  cabeça.  A  menina  ficou  muito  contente.  O 
frade  disse-lhe  que  queria  que  ella  fosse  madrinha  de  uma 
menina.  «  Como  hei  de  eu  ir,  que  meu  pai  nào  me  deixa  ?  » 
Elle  disse  :  «  Deixa,  e  até  te  ha  de  dar  para  tu  levares  a  offerta 
aos  compadres.  »  Nisto  o  frade  foi-se  embora.  Chegou-se  ao  dia, 
o  sancristâo  e  mais  a  sua  mulher  embrulharam-se  nos  farrapi- 
nhos  e  marcharam  para  o  convento,  cobertos  de  vergonha.  Entra- 
ram  e  pozeram-se  num  canto.  O  povo  escarnicava  (sic)  dos  ve- 
Ihos.  D*ahi  a  pedaço  veiu  o  frade  chama-los.  Elles  foram,  e  ves- 
tiram-se  com  um  fato  muito  bom  que  tinha  o  padrinho  para 
elles.  Baptizou-se  a  creança  e  puzeram-lhe  o  nome  de  Joanna.  O 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  I43 

fradc  deu  ao  velho  um  pinto  e  disse-lhe  que  Ihe  havia  de  durar 
seteannos,  para  pagar  a  mestra,  para  a  vistir  etc.,  etc.  O  sacris- 
tào  ficou  muito  admirado  com  aquillo,  mas  nào  disse  nada.  O 
frade  disse-lhe  :  «  Ha  de  chegar-lhe  para  os  sete  annos  e  ainda 
Ihe  ha  de  sobrar,  e  eu  ao  fim  dos  sete  annos  hei  de  la  ir  buscar  a 
menina.  »  A  menina,  o  que  houve  de  crescer  num  anno,  crescia 
num  dia,  e  o  que  havia  de  aprender  num  mez  aprendia-o  numa 
semana.  Ao  fim  dos  sete  annos  estava  uma  mulher  creada.  O 
homem  quando  queria  alguma  cousa  ia  a  caixa  para  trocar  o 
pinto,  e  sempre  achava  o  dinheiro  que  precisava  fora  o  pinto. 
Ch^ou  ao  fim  dos  sete  annos,  tinha  ainda  o  pinto  inteiro.  Vivia 
muito  contente  por  a  menina  crescer  tanto  e  aprender  tanto.  No 
dia  em  que  completou  os  sete  annos,  a  menina  estava  na  mes- 
tra e  a  mai  andava  na  lavoura,  e  o  pai  estava  em  casa.  Chegou  o 
padrinho  da  menina.  Assaudou-se  (saudou-se).  O  sacristao  ficou 
muito  triste.  A  menina  quando  veiu  conheceu  logo  o  padrinho 
e  pediu-lhe  a  bcnça  (sic).  O  padrinho  levou-a  e  deu  ao  pai  sete 
crusados  novos  e  disse-lhe  que  Ihe  haviam  de  durar  toda  a  vida, 
que  Ihe  haviam  de  durar  tantos  annos  como  os  que  jâ  tinha.  Foi 
para  o  convento  dos  frades  o  e  padrinho  disse-lhe  que  se  chamasse 
d*ahi  em  diante  Joào.  Os  outrosfi-ades  perguntaram  quem  era  e  o 
padrinho  disse  que  era  um  seu  afilhado.  Um  dia  passou  pelo  palacio 
do  roi,  e  elle  perguntou-lhe  quem  era  aquelle  rapaz.  O  padrinho 
respondeu  o  mesmo.  O  rei  pediu  ao  padrinho  para  elle  ficar 
comocriado.  Elle  disse  que  sim,  mas  com  acondiçao  que  havia  de 
ter  uma  alcova  sô  para  elle,  e  que  o  nâo  havia  de  mandar  fazer 
nada  que  elle  nào  podesse.  O  rei  disse  que  sim.  O  padrinho 
disse-lhe  :  «  Quando  te  mandarem  fazer  alguma  cousa  que  tu 
nàopossas,  fecha-te  no  teu  quarto  e  chama  por  mim  no  coraçào, 
que  eu  logo  te  appareço.  A  rainha  agradou-sc  d'elle.  Elle  nâo 
quiz.  Quando  o  rei  veiu,  a  rainha  disse-lhe  que  o  Joào  tinha 
dito  que  era  capaz  de  ir  a  uma  quinta  onde  havia  muitos  bichos, 
e  trazer  a  caça  toda  que  la  estivesse.  O  rei  chamou-o  e  disse-lhe 
que  sob  pena  de  morte  que  havia  de  Id  ir.  Joào  foi  para  o  seu 


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144  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

quarto  e  chamou  pelo  padrinho.  Elle  appareceu-lhe.  Elle  con- 
tou-lhe.  Elle  disse  :  a  Diz  ao  rei  que  te  mande  apparelhar  quinze 
cavalgaduras,  das  mais  ferozes  que  houver  em  palacio,  e  quinze 
criados,  e  que  se  preparem  para  amanhà  virem  ter  ao  monte,  e  tu 
vai  tambem,  que  eu  la  teappareço,  e  tomaesta  varinha.  »  Assim 
o  Joâo  fez.  Foram  no  outro  dia  os  criados  para  o  monte  e  d'ahi  a 
bocado  chegou  o  Joâo.  Assentou-se  numa  pedra  e  cada  rebanho 
de  passaros  que  passava  pelo  ar,  elle  ia  com  a  varinha  e  fazia 
umacruz  no  astre,  e  logo  os  passaros  que  caiam  as  canastras, 
cada  canastra  com  sua  qualidade  de  passaro.  D^ali  a  dias  o  rei 
foi  a  uma  festa.  A  rainha  nem  o  criado  nâo  foram.  O  mesmo. 
A  rainha  disse-lhe  que  o  Joâo  Ihe  tinha  dito  que  era  capaz  de 
ir  buscar  omas  laranjas  ao  reino  da  China,  que  marinheiro  ne- 
nhum,  nem  ninguem  era  capaz  de  la  ir  buscar.  O  rei  foi  ter  com 
elle.  O  mesmo.  O  padrinho  disse-lhe  que  fosse  ao  rei,  que  Ihe 
mandasse  preparar  um  navio,  que  elle  depois  Ihe  apparecia.  Elle 
assim  fez.  No  dia  seguinte  metteu-se  na  embarcaçao  e  mandou 
saltar  a  maruja  toda  em  terra.  O  Joâo  assim  que  se  apanhou  sô 
no  navio,  cortou  os  cabos  e  foi  sôzinho.  Ao  fim  de  très  dias 
entrou  pela  barra  dentro  carregado  de  laranja.  Todos  ficaram 
muito  admirados.  Tornou  a  haver  outra  cnçada.  O  Joao  e  a 
rainha  ficaram  no  palacio.  A  rainha  outra  vez.  Elle  o  mesmo. 
Quando  o  rei  veiu,  disse  que  Joâo  era  capaz  de  ir  aos  mares  ver- 
melhos,  buscar  uma  embarcaçao  de  peixe,  que  pescador  nenhum 
era  capaz  de  trazer.  Foi  ao  quarto  chamar  pelo  padrinho.  O 
padrinho  disse-lhe  que  fosse  dizer  ao  rei  que  préparasse  as  mes- 
mas  cavalgaduras  e  que  fossem  ter  a  beira-mar.  E  tu  leva  esta 
varinha.  Elles  foram,  e  o  Joâo  apenas  chegou  assentou-se  numa 
pedra,  e  com  a  varinha  batia  na  agua,  e  de  cada  pancada  que 
dava,  cada  canastra  de  peixe  que  trazia.  Assim  encheu  as  trinta 
canastras  de  peixe.  D*ali  a  dias  houve  outra  festa.  A  rainha 
ficou  outra  vez  mais  o  Joâo  em  casa.  A  rainha  disse  ao  rei  que 
o  Joâo  era  capaz  de  ir  desencantar  très  filhas  que  elles  tinham 
encantadas  e  que  ninguem  era  capaz  de  ir  buscar.  O  rei  man- 


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CONTOS    POPULARES    PORTUGUEZES  I45 

dou-0  chamar.  Elle  foi  ao  padrinho.  Elle  disse-lhe  que  dissesse 
ao  rei  que  mandasse  fazer  um  navio  todo  novo  para  Ihe  dar.  O 
rei  assim  fez.  Assitn  que  estavafeitoo  rei  chamou  o  Joào.  Depois 
elle  foi  ao  padrinho.  O  padrinho  disse-lhe  que  mandasse  saltar 
toda  a  guarniçào  em  terra.  Assim  foi.  Elle  fugiu  com  o  navio 
sôzinho.  E  foi  aos  mares  vermelhos.  Chegou  as  lagas  bravas  (sic) 
dos  mares  vermelhos,  e  o  padrinho  deu-lhe  um  punhal  de  ouro, 
e  disse-lhe  que  nunca  o  tirasse  da  mào,  e  que  nunca  tirasse  do 
pensamento  e  do  coraçao  o  nome  do  teu  padrinho,  e  segue  para 
onde  te  levar  a  tua  inclinaçâo.  Joâo  foi  seguindo  por  uma  mon- 
tanha  fora.  Chegou  d  noite  a  uns  alvoredos,  e  seguiu  sempre 
sem  descansar.  Nisto  â  meia  noite  deu-lhe  o  somno  e  descan- 
sou  um  bocadinho.  Ouviu  cantar  um  passaro,  e  o  passaro  dizia 
que  perto  d'ali  estava  uma  princeza  encantada,  e  se  houvesse 
um  menino  que  a  desencantasse,  que  séria  feliz.  Joao  encheu-se 
de  animo  e  foi  ao  tal  sitio  onde  o  passaro  disse  que  estava  o 
encanto,  e  encontrou  um  chafariz.  la  para  beber  agua,  e  seccou  a 
bica  e  se  abiram  umas  portas.  Joào  entrou  por  aquellas  portas 
dentro.  Eram  umas  minas  \i  por  dentro,  de  ouro  e  brilhantes. 
Elle  chegou  dentro  e  viu  uma  princeza  adornada  de  grandes 
riquezas.  Perguntou-lhe  :  «  Que  fazeis  aqui  ?  »  Ella  respondeu  : 
«  E  vos  que  vindes  aqui  fazer  ?  »  Elle  disse  quea  vinhabuscar.  A 
princeza  disse-lhe  :  «  Pois  entao  accompanha-me,  pois  senào  vem 
ahi  o  meu  encanto  ;  a  ti  encanta-te  e'amim  dobra-me  o  encanto.  » 
Elle  perguntou-lhe  quem  eraoseu  encanto.  A  princeza  disse  que 
era  um  carneiro  que  tinha  sete  pares  de  gaitas  (cornos),  e  a 
princeza  deu-lhe  um  relogio  e  disse-lhe  :  «  Quando  forem  onze 
horas  até  onze  e  meia  e.std  proximo  o  meu  encanto.  »  Joâo  agar- 
rou  na  menina  a  toda  a  força  e  trouxe-a  pelas  minas  fora.  Ao 
sair  das  portas  do  chafariz,  fecharam-se  as  portas  com  tanta  valen- 
tia  que  ainda  trincaram  um  bocadinho  do  vestido  da  princeza. 
Depois  veiu  o  carneiro  dos  sete  pares  de  gaitas.  Joâo  com  o 
punhal  de  ouro  matou-o.  E  pegou  na  princeza  e  levou-a  para 
bordo  da  embarcaçâo.  A  princeza  virou-se  para  terra  e  deu  um 

Rnmi  hispanisme,  xiv.  10 


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146  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

ai.  E  d'ali  ficou  muda  logo.  O  navio  logo  deu  bordo  para 
outra  terra.  Avistaram  uma  cidade.  O  padrinho  disse: 
«  Joào,  salta  em  terra,  com  o  mesmo  punhal,  e  nunca  te 
esqueças  do  teu  padrinho.  »  Joào  foi,  entrou  dentro  de  uma 
citerna,  dentro  da  citerna  estava  um  palacio,  e  dentro  do  palacio 
um  jardim.  Tinha  um  chafariz  no  meio,  e  um  grande  tanque  e 
um  gradeamento  de  bronze  em  volta,  rodeado  de  serpentes,  e  a 
princeza  encantada  a  lavar  no  tanque.  Joào  foi  chamado  por  ella 
dbeira  do  gradeamento,  por  nao  poder  saltar  dentro  ao  jardim. 
Ella  foi  conversando  com  elle,  e  disse-lhe  :  «  Ide-vos  embora, 
que  senào  vem  por  ahi  o  meu  encan to,  e  faz-me  grandes  sacrifi- 
cios  (sic).  »  Joào  disse-lhe  que  nào  se  assustasse,  que  onde  ella 
morresse,  morria  elle.  A  princeza  disse-lhe  que  o  seu  encanto  era 
uma  bicha  de  sete  cabeças.  Quando  forem  onze  horas  e  meia, 
esta  proxima.  A  princeza  depois  sahiu  para  fora  do  tanque  e  veiu 
para  dentro  do  palacio  que  estava  na  citerna,  e  fechou-se  num 
quarto,  e  disse  para  o  Joào  :  «  Aqui  é  que  ha  de  sair  a  serpente.  » 
Joào  esperou  a  bicha  e  chamou  pelo  padrinho.  Assim  que  a 
bicha  appareceu,  cravou-lhe  o  punhal  numa  cabeça;  a  bicha, 
quando  se  viu  cravada,  deu  com  o  rabo  para  cima.  Nisto  abriram- 
se  as  portas  do  quarto  e  a  princeza  fugiu.  Joào,  assim  que  viu  a 
princeza  solta,  accompanhou-a  pela  citerna,  e  deixou  o  punhal  de 
ouro  cravado  na  cabeça  dabicha.  A'horado  meiodia,  appareceu- 
Ihe  o  punhal.  O  Joào  levou  esta  princeza  para  bordo.  A  outra 
irmà  que  estava  muda  abraçou-a,  mas  nào  fallou.  O  navio  botou- 
se  outra  vez  ao  largo.  E  avistaram  a  Turquia.  No  meio  de  umas 
montanhas  estava  um  palacio.  O  navio  nào  levava  senào  o  Joào  e 
as  duas  princezas.  O  padrinho  disse-lhe  :  «  Vês  aquelle  palacio, 
dirige-te  a  elle.  »  Joào  foi.  No  palacio  nào  havia  senào  passaros 
e  sardôes  e  saramagantas,  centopeias  e  outros  bichos.  Elle  entrou 
pelo  palacio  dentro.  O  palacio  fechou-se  no  mesmo  instante  de 
maneiraque  nào  tinha  portas  para  sair.  Abriu-se  uma  mina  den- 
tro do  palacio.  Ouviu  d  hora  da  meia  noite  uma  voz  :  «  Vai-te 
embora,  que  nào  logras  o  que  desejas.  »  Respondeu  o  Joào  :  «  O 


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CONTOS    POPULARES    PORTUGUEZES  I47 

motivo  ?»  A  voz  respondeu  :  «  Porque  nâo  trazes  armas  para 
pelejar  comigo  ?  »  Joào  disse  :  «  Appareçam  as  tuas,  que  as  mi- 
nhas  eu  t'as  amostro  »,  que  era  o  punhal.  No  mesmo  instante, 
apparece  um  gigante.  Joào,  cheio  de  animo,  puchou  pelo  punhal 
e  amostrou-o  ao  gigante.  O  gigante  assim  que  avistou  o  punhal, 
afastou-se  e  disse  :  «  Oh  !  que  arma  tao  pequena  com  tanta 
força  !  »  O  gigante  com  medo  do  punhal  foi  buscar  a  princeza, 
depois  disse  para  o  Joâo  :  «  Mas  tu  nâo  a  levas  sem  armar  lucta 
comigo.  »  A  lucta  principiou  à  meia  noite  e  acabou  ao  meio  dia. 
Joâo  abraçou  o  nome  de  Deus  e  do  padrinho  e  atirou  com  o 
punhal  ao  gigante,  e  o  gigante  cahiu  atordoado.  Joào  pegou  na 
princeza  e  fugiu  pelo  palacio  fora,  e  levou-a  para  o  navio.  Logo 
que  ella  saltou  na  embarcaçâo,  ficaram  todos  muito  contentes. 
Chegaram  depois  ao  sitio  aonde  tinham  desencantado  a  primeira, 
virou-se  a  primeira  para  a  terra  e  deu  outroai.  Depois  foram  até 
ao  reino  do  pai.  Quando  desembarcou  em  terra,  deu  a  princeza 
outro  ai.  Foram  depois  para  palacio.  O  rei  muitô  contente  por 
as  filhas  estarem  desencantadas,  muito  triste  por  a  mais  nova 
estar  surda  e  sem  fallar.  Nisto  houve  outra  festa.  A  rainha 
e  Joâo  ficaram  no  palacio.  A  rainha  outra  vez.  Joâo  nâo 
quiz.  A  rainha  ficou  muitou  zangada.  A  rainha  disse  ao  rei 
quando  elle  veiu,  que  mandasse  matar  o  criado,  porque 
elle  tinha  dito  que  a  filha  mais  nova  que  era  muda,  s6  fallava  d 
ordem  d'elle.  O  rei  mandou-o  chamar  e  disse-lhe  que  a  havia 
de  fazer  fallar  debaixo  de  pena  de  morte.  Joâo  foi  ao  quarto,  e 
chamou  o  padrinho.  O  padrinho  disse  que  fosse  ao  rei  e  que  man- 
dasse fazer  um  banqueté  para  todos,  e  que  no  dia  em  que  esti- 
vesse  toda  a  gente  reunida,  que  chamasse  por  elle.  O  rei  assim 
fez.  No  dia  do  banqueté,  Joâo  chamou  pelo  padrinho.  Elle  disse- 
lhe  que  fosse  ao  rei,  e  que  Ihe  pedisse  para  ficar  ao  pé  do  rei  â 
mesa.  Um  rei  que  estava  a  mesa  perguntou  se  aquella  princeza 
nâo  fallava.  Joâo  disse  :  «  O  cantador,  quando  entra  para  a  praça, 
antes  de  cantar,  considéra  na  cantiga.  »  Quando  muito  llie  pare- 
ceu,  virou-se  o  Joâo  para  a  menina  que  estava  ao  pé  de  si,  e 


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148  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

perguntou-lhe  :  «  Princeza,  que  quer  dizer  aquelle  ai,  que  deu  d 
entrada  da  embarcaçao  ?»  A  princeza  respondeu  :  «  Aquelle  ai 
quer  dizw»r,  que  se  ponha  aqui  um  cutello  bem  agudo,  para  dar 
a  quem  o  merecer.  »  O  rei  mandou  buscar  o  cutello  e  pô-lo  em 
cima  da  raesa.  Depois  a  princeza  callou-se  e  nào  fallou  mais. 
Depois  continuaram  a  comer.  Outro  rei  tornou  a  preguntar  se  a 
princeza  nâo  fallava  mais.  O  Joào  respondeu  :  «  O  cantador  que 
cantou,  ha  de  acabar  a  cantiga.  »  D*ali  a  bocado  tornou  Joao  a 
preguntar-lhe  :  «  Princeza,  que  quer  dizer  aquelle  ai  que  destes 
no  meio  do  mar?  »  Ella  respondeu  :  «  Aquelle  ai  que  dei  no 
mar,  quer  dizer  que  se  encontraram  quatro  donzellas  no  mar  a 
navegar.  »  Depois  callou-se  outra  vez.  Um  outro  rei  tornou  a  pre- 
guntar: «  Entàoa  princeza  nâo  falla  mais?  »  O  Joào  disse  :  «  O 
cantador  que  começou  a  cantiga,  dard  tambem  o  remate,  e 
depois  cantard  sempre.  »  Joào  entào  voltou-se  para  ella  e  disse- 
Ihe  :  «  Princeza,  o  que  quer  dizer  aquelle  ai  que  deu  quando  saiu 
para  terra  ?  »  A  princeza  disse  :  «  O  ai  queria  dizer  que  se 
Joanna  fosse  Joao,  ha  muito  tempo  que  meu  pai  era  cabrao.  » 
Mataram  entào  a  rainha,  e  a  Joanna  casou  com  o  rei. 

(Oporto) 

16.    o  RIO  DE  SANGUE. 

Très  irmâos.  Foi  o  primeiro  correr  mundo.  Encontrou  uma 
velha  que  era  Nossa  Senhora.  Elle  pediu-lhe  que  Ihe  inculcasse 
uma  casa  para  servir.  Ella  disse  que  sim,  mas  que  sô  havia  de 
fazer  o  que  elle  Ihe  dissesse,  e  mais  nâo.  Elle  foi.  O  amo  tomou-o. 
Fez-lhe  a  recommendaçâo,  e  escreveu  uma  carta  e  disse  ao  rapaz 
que  nâo  parasse  por  mais  que  visse  no  caminho.  Deu-lhe  um  saco 
para  tirar  de  comer  quando  tivesse  fôme.  Deu-lhe  um  cavallo  e 
disse-lhe  que  entregasse  a  carta  onde  o  cavallo  ajoelhasse.  Elle 
foi,  viu  um  pomar,  apeou-se  para  ir  buscar  a  fruta,  e  o  cavallo 
sumiu-se,  e  elle  ficou  sô.  Foi  o  segundo  irmâo,  tudo  o  mesmo» 
Passou  o  pomar,  mas  a  mais  adiante  viu  uma  fonte  de  leite. 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  I49 

Parou  para  o  beber  e  nisto  o  cavallo  foi-se  embora.  Foi  o  ter- 
ceiro  irmào.  Encontrou  a  velha,  que  era  Nossa  Senhora,  recom- 
mendou-lhe  tudo,  e  disse-lhe  que  aquelle  amo  estava  muito  zan- 
gado  pelo  que  tinham  feito  os  irmâos.  Elle  foi  e  passou  o  pomar. 
Quando  o  passou,  encontrou  Nossa  Senhora,  que  Ihe  deu  uma 
oraçao  para  quando  elle  se  visse  afBicto.  Foi  adiante  e  viu  a 
fonte  de  leite.  Depois  encontrou  uni  rio  de  agua.  O  cavallo  nâo 
o  queria  passar.  Elle  lembrou-se  da  oraçao,  rezou-a  e  passou. 
Depois  um  rio  de  leite.  Rezou,  passou.  Depois  um  rio  de  sangue  : 
o  cavallo  nâo  queria  passar.  Rezou,  passou.  Encontrou  depois 
dois  penedos  a  baterem  um  no  outro.  Rezou.  Os  penedos  para- 
ram  e  elle  passou.  Depois  encontrou  dois  leôes  a  bâter  um  com 
o  outro.  Elle  rezou  a  oraçào  e  elles  separaram-se  e  elle  passou. 
Depois  encontrou  uns  pretos  a  cortarem  lenha  com  uns  macha- 
dos,  e  outros  a  botarem  para  uma  fornalha.  Rezou  e  elles  sus- 
penderam  os  machados  e  elle  passou.  Depois  encontrou  umas 
pombas  muito  gordas  com  pouca  comida,  outras  muito  magras 
com  muita  comida.  Umas  gordas  a  descerem  do  ar  para  baixo, 
e  outras  magras  a  voarem  do  chào  para  o  ar.  Depois  uma  rua 
muito  estreita  e  suja,  ao  fim  d'esta  rua  estava  uma  grande  cla- 
ridade,  e  muitos  passarinhos  a  cantarem.  No  meio  da  claridade 
um  palacio,  e  dentro  do  palacio  um  homem  assentado  em  cima 
de  um  throno.  Donde  o  menino  se  dirigiu  a  elle  a  entregar-lhe  a 
carta.  Nisto  saiu  para  fora,  e  jà  nâo  viu  o  cavallo.  Ficou  muito 
admirado  a  olhar  para  o  canto  dos  passarinhos.  Chegou  um 
menino  ao  pé  d'elle  e  preguntou-lhe  o  que  estava  elleali  a  fazer. 
Elle  disse-lhe  que  estava  a  ouvir  cantar  os  passarinhos.  O 
menino  disse-lhe  :  «  Vai-te  embora,  que  jâ  aqui  estas  ha  um 
anno  e  um  dia.  »  O  rapaz  ficou  muito  admirado.  O  menino 
disse-lhe  :  «  Vai-te  embora,  que  quem  vive  com  gosto  um  dia 
parece  uma  hora.  »  Foi-se  o  menino  embora,  e  depois  veiu  um 
homem  e  preguntou-lhe  :  «  Que  fazes  ahi  ?»  —  «  Estou  a 
ouvir  cantar  os  passarinhos  »,  disse  elle.  O  homem  disse:  «  Vae- 
te  embora,  que  jâ  aqui  estas  ha  dois  annos  e  dois  dias.  »  O  rapaz 


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150  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

^icou  muito  admirado.  O  homem  disse-lhe  que  llie  havia  de 
dizer  o  que  tinhaencontrado  pelo  caminho.  «  Pomar  de  fructa.  » 
Elle  respondeu  :  «  Sim,  eram  as  maçàs  do  paraiso,  mas  quem  as 
corner  morre,  como  aconteceu  com  teus  irmàos.  »  —  «  Fonte  de 
leite.  »  —  «  Pois  nào  era  leite,  eram  os  demonios  que  estavam 
derretendo  chumbo,  para  beber  quem  ali  passasse  para  morrer.  » 

—  «  Rio  de  leite  »  —  «  E*  o  leite  que  Nossa  Senhora  derramou 
pelos  peitos  fora,  quando  Ihe  arrastaram  o  filho  para  o  Calva- 
rio.  »  —  «  Rio  de  agua.  »  —  «  As  lagrimas  que  Nossa  Se- 
nhora chorou  pelos  seus  olhos  fora,  quando  Ihe  arrastaram  seu 
filho  pelas  ruas  da  amargura.  »  —  «  Rio  desangue.  »  —  «  Foi 
o  sangue  que  derramou  Nosso  Scnhor  Jésus  Christo  pelo  seu 
corpo  fora.  »  —  «  Penedos.  »  —  «  Erào  as  lingoas  das  mur- 
muradeiras,  que  estavam  a  dizer  mal  da  sorte  da  tua  mai.  0  — 
«  Os  leôes.  »  —  «  Erâo  os  teus  dois  irmàos,  que  como  se  virani 
perdidos,  queriam-te  perder  tambem  a  ti.  »  —  «  Quatro  pretos 
a  cortar  lenha,  e  outros  quatro  a  botar  para  uma  fomalha.  »  — 
«  Erâo  os  diabos  do  inferno  que  estavam  a  cortar  as  aimas  e  a 
botar  para  os  fornos.  »  —  «  Pombas.  »  —  «  Nâo  eram  pom- 
bas,  eram  as  aimas  que  tinham  morrido  ha  pouco  tempo,  e  que 
ainda  nâo  tinham  pago  os  peccados.  »  —  «  As  magras  que  iam 
para  cima  ?»  —  «  As  aimas  que  vem  do  purgatorio  jd  livres  para 
o  ceo.  »  —  «  A  rua  muito  escura  ?»  —  «  Era  a  rua  d'amar- 
gura,  onde  Christo  bebeu  o  fel.  »  —  «  A  claridade,  etc..  ?»  — 
«  Claridade,  paraiso  ;  os  passarinhos  a  cantarem,  os  anjos  do 
paraiso;  opalacio,  o  ceo;  e  o  homem,  era  Deus.  »  O  homem 
(que  era  Deus)  depois  disse-lhe  :  «  Agora  vae-te  embora,  e  dize- 
me  o  que  queres.  »  O  rapaz  disse:  «  Queria  ter  decomer  e  beber 
neste  mundo,  e  a  salvaçâo  para  a  minha  aima  no  resto  da  vida.  » 

—  «  Pois  vae-te  embora,  e  vae  ter  com  tua  mai,  e  a  salvaçao 
faz  por  ella,  e  comer  e  beber  ahi  tens  para  ti  e  tua  mai.  » 

(Oporto) 


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CONTOS  POPULARES   PORTUGUEZES  I5I 

17.  LAME    BAIS. 

Era  um  rapaz  que  vivia  com  a  mai  pobremente.  Fugiu  de  casa. 
Encontrou  um  lugar  e  pediu  dormida.  La  disseram-lhe  que  nao 
tinham  camadas,  mas  deram-lhe  as  chaves  de  um  palacio  para 
elle  \à  ir  dormir  se  quizesse,  mas  que  costumava  Id  ir  dormir 
gente,  e  que  desapparecia.  O  rapaz  disse  que  nao  se  impor- 
tava.  Foi  Id,  e  apparecia-lhe  comer  e  beber  e  tudo  quanto  era 
preciso,  mas  nao  podia  sahir  porque  o  palacio  nao  tinha  portas. 
Esteve  Id  um  anno,  e  todas  as  noites  vinha  uma  coisa  fria  ter 
com  elle  d  cama.  O  rapaz  dizia  :  «  Quem  esta  alii  que  se  retire 
de  ao  pé  de  mim,  que  eu  estou  quente  e  nao  quero  arrefecer.  » 
Ao  fim  do  anno  aquella  cousa  fallou,  e  disse  :  «  Se  te  obrigares 
a  estar  aqui  outro  anno  da  mesma  maneira  que  estiveste  este, 
serds  feliz  ;  ficards  senhor  d*este  palacio,  casards  com  uma  de 
minhas  filhas,  escolherâs  quai  quizeres.  »  O  rapaz,  como  tinha 
que  comer  e  beber,  ali  se  deixou  ficar  mais  um  anno.  O  rapaz 
assim  que  acabou  o  anno,  foi  para  fora.  Chegou  a  um  monte  e 
encontrou  um  gigante  a  comer  um  boi  inteiro  assado,  que  era 
a  sua  sobremesa.  O  gigante  preguntou-lhe  :  «  Onde  vaes,  oh 
homem  ?  »  O  rapaz  respondeu  :  «  Vou  para  aquelle  reino  casar 
com  a  filha  do  rei.  »  O  gigante  disse-lhe  :  «  Espéra  ahi,  que  eu 
tambem  vou,  deixa-me  comer  a  sobremesa.  »  O  rapaz  disse  que 
aquillo  levava  muito  tempo,  mas  o  gigante  abriu  a  bocca  e  enguliu 
o  boi  logo  de  uma  vez.  E  foram  ambos  de  dois  {sic).  Mais 
adiante  encontraram  outro  a  tapar  um  ribeiro  d'agua  e  a  beber. 
Preguntou  ao  gigante  onde  elle  ia.  O  gigante  respondeu  :  «  Este 
rapaz  vai  casar  com  a  filha  do  rei  e  eu  vou  accompanha-Io.  »  O 
bebe-agua  disse-lhe  :  «  Queres  que  eu  tambem  va  ?  »  Elles  dis- 
seram  :  «  Pois  anda.  »  —  «  Deixa-me  beber  uma  pinga  d'agua 
que  eu  jd  vou.  »  E  bebeu  uma  presa  d'agua  de  um  sô  trago. 
Foram  todos  très.  Mais  adiante  encontraram  um  com  o  ouvido 
pousado  no  chào.  Perguntaram-lhe  o  que  elle  estava  a  fazer,  e 
elle  dissèque  estava  a  ouvir  arrebentar  as  arvores  em  sete  léguas 


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152  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

de  redondeza.  E  foi  com  elles.  Depois  mais  adiante  encontraram 
outro  que  estava  a  botar  um  oculo  e  com  uma  lança  na  mào. 
Preguntaram-lhe  :  «  O  que  estas  a  fazer  ?»  —  «  Estou  aqui  a 
verse  ouço  um  mosquito  que  estd  d*aqui  sete  léguas  na  janella 
de  um  palacio.  »  E  atirou  com  a  lança  e  veiu  com  um  mosquito 
espetado  na  ponta.  Foi  com  elles.  Depois  mais  adiante  encon- 
traram outro  homeni  com  umas  peias  de  ferro.  Perguntaram-lhe 
para  que  era  aquillo,  e  elle  disse  que  andava  assim  melhor  peado 
que  os  outros  sem  peias.  Assim  foram  para  o  tal  reino.  O  rapaz 
quando  chegou  Id,  disse  para  elles  :  «  Vocês,  agora,  sigam  o  seu 
destino,  que  eu  venho  para  o  palacio  casar  com  a  filha  do  rei  » 
Elles  disseram  :  «  Nada,  nos  accompanhamos-te  até  vir  o  aisa- 
mento,  e  ficamos  d  porta.  »  Elle  entrou,  e  foi  d  presençado  rei. 
O  rei  mandou  chamar  as  très  filhas  para  elle  escolher  uma.  Elle 
escolheu  a  mais  bonita.  O  rei  disse-lhe  :  «  Ai  !  que  escolhestes 
mal  !  »  O  rapaz  preguntou  porque  ?  O  rei  disse  :  «  Porque 
esta  tem  um  vestido  de  azas  e  foge-te.  »  A  princeza  disse  entào 
para  o  rei  :  «  Nào,  que  eu  nào  o  quero.  »  O  que  ouvia  arre- 
bentar  as  arvores,  e  que  estava  com  oouvido  d  escuta,  disse  para 
os  companheiros  :  «  Ai  1  o  que  ella  estd  a  dizer  ?  »  Diz  o 
gigante  :  «  Ella  que  diz  ?  »  —  «  Diz  que  nâo  casa  com  elle.  » 
Nisto  o  rei  disse  :  «  Oh  filha,  tu  has  de  casar  com  elle,  que 
palavra  de  rei  nâo  volta  atraz.  »  Diz  ella  :  «  Pois  eu  s6  caso 
com  elle,  se  elle  comer  os  bois  que  nos  temos  para  comer  num 
mez.  »  O  que  ouvia  arrebentar  as  arvores  disse  para  os  compa- 
nheiros :  «  Ai  !  o  que  ella  estd  a  dizer  !  »  E  contou.  Diz  o 
gigante  :  «  Eu  jd  ha  muito  que  nào  comi,  tenho  uma  fome  dam- 
nada.  »  O  rapaz  veiu  chama-los,  os  bois  jd  estavam  promptos,  eo 
come-bois  no  fim  dos  outros  comerem,  comeu  os  bois  todos.  O 
rei  disse  :  «  Filha,  agora  tens  de  casar,  jd  Id  vào  os  bois.  »  Ella 
disse  :  «  Nao  caso  com  elle,  sô  se  elle  beber  o  vinho  todo  que 
temos  na  adega.  »  O  bebe-ribeiros  bebeu-o.  O  rei  disse  outra 
vez  o  mesmo.  A  princeza  disse  que  sô  casava  com  elle  se  o 
rapaz  dentro  de  uma  hora  Ihe  fosse  levar  uma  carta  a  cem  legoas 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  I53 

de  distancia  a  um  principe  e  trouxesse  a  resposta.  O  que  ouvia 
rebentar  as  arvores  contou  aos  companheîros.  Depois  o  anda- 
rilho  deram-lhe  a  carta  e  foi.  Ficou  o  que  via  ao  longe  com  o 
relogio  na  mâo.  Faltavam  cinco  minutos  para  acabar  a  hora,  e  o 
que  estava  com  o  oculo  deitou  o  oculo,  e  viu-o  estar  deitado 
num  monte,  cançado  de  corrertanto.  Agarrou  em  très  limôes  e 
deu-lhe  com  elles  no  peito.  O  andarilho  levantou-se  de  repente, 
veiu  a  correr,  c  quando  chegou  ainda  faltava  um  minuto  para  aca- 
bar a  hora.  Entregaram  a  resposta  a.  princeza.  Ella  nào  teve  mais 
remedio  senâo  casar.  O  rei  disse  ao  rapaz  :  «  Agora  ella  é  que  te 
ha-de  levar  ao  teu  palacio,  com  o  vestido  de  azas  a  voar.  Mas 
toma  cuidado,  tira-lhe  o  vestido,  e  faz  uma  torre  de  bronze  e 
fecha  dentro  o  vestido,  senào  ella  foge.  »  Assim  foi.  O  principe 
andava  s6  â  caça.  Nisto  veiu  a  mai  do  rapaz.  Ella  começou  a 
chorar  e  â  dizer  â  mai,  que  naquella  torre  estava  fechado  um  ves- 
tido muito  rico  que  ella  tinha.  A  mai  comprou  um  diamante,  e 
foi  cortando  a  torre  por  detraz.  Até  que  chegou  a  tirar  o  vestido. 
A  princeza  mal  o  apanhou,  vestiu-o  para  mostrar  â  mai  como 
Ihe  estava  bem.  E  assim  que  o  poz  fugiu.  O  rapaz  quando 
veiu,  a  mai  contou-lhe,  e  elle  fugiu  tambem,  e  nunca  mais  se 
soube  d'elle. 

(Oporto) 

18.  o  ladrao  da  mao  cortada. 

Um  homem  foi  viajar,  e  deixou  na  terra  a  mulher  e  très  filhas. 
Morreu  a  mulher,  e  elle  veiu  tomar  conta  d'ellas.  Poz  loja  de 
contrabandista.  Quando  as  filhas  jd  estavam  casadas,  abalou  e 
deixou  ficar  as  filhas  com  o  negocio.  Elias  eram  muito  esmoleres, 
e  naquella  terra  andava  uma  grande  manada  de  ladrôes.  O  capi- 
tào  dos  ladrôes  fez  um  conselho  a  manada  para  ir  roubar  as 
meninas.  O  capitào  tratou  de  se  vestir  de  mulher  velha,  e  um 
dia  quasi  d  noite,  foi  pedir  dormida  ds  meninas,  ficando  a  manada 
escondida  ali  perto.  As  meninas  responderam  que  nào  Ihe  podiam 


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154  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

dar  dormida.  Elle  ateimou,  e  pediu  que  Ihe  dessem  nem  que 
fosse  na  cozinha  ao  lado  do  lume.  A  mais  velha,  e  a  do  meio 
nào  Ihe  quizeram  dar  agasalho,  mas  a  mais  nova  teve  pena,  e 
deu-lh'a.  O  ladrâo  entrou  para  dentro  e  deu  très  maçâs,  uma  a 
cada  uma.  As  duas  mais  velhas  trataram  de  corner  as  maças,  mas 
a  mais  nova  guardou  a  sua  no  seio.  Fizeram  a  ceia,  e  deram  de 
cear  ao  ladrào.  Depois  as  duas  mais  velhas  foram-se  deitar.  Diz  a 
mais  nova  :  «  Vocês  deitem-se,  que  eu  fico  acordada  para  vêr  o 
que  a  velha  faz  ao  pé  do  lume.  »  As  duas  mais  velhas,  como  tin- 
ham  comido  as  maçàs,  que  eram  de  encan to,  adormeceram  logo. 
A  mais  nova,  como  nâo  comeu  a  sua,  estava  deitada  mas  acor- 
dada. O  ladrâo  quando  deu  tempo  de  ellas  estarem  a  dormir,  le- 
vantou-se,  e  foi  ter  com  ellas  a  cama  para  vêr  se  esuvara  dor- 
mindo.  As  duas  mais  velhas,  por  via  das  maçâs,  estavam  ferradas 
a  dormir;  a  mais  nova  estava  acordada,  mas  fingiu  que  estava  a 
dormir.  O  ladrâo  poz  entâo  uma  cesta  que  trazia,  e  tirou  d'ella 
uma  mâo  definhada  (de  finado)  e  accendeu-a  e  po-la  no  meioda 
sala.  (A  mâo  de  finado  emquanto  esta  accesa,  ninguem  mais 
acorda  naquella  casa,  e  para  a  apagar  é  preciso  ser  com  vinagre.) 
Depois  abriu  a  porta  e  tocou  numa  trombeta  para  chamar  a  ma- 
nada  dos  ladrôes  que  estava  escondida.  Neste  comenos  a  mais 
nova  que  estava  acordada,  fechou-lhe  a  porta,  e  ficou  dentro  com 
a  luz  (a  mâo)  accesa,  e  o  ladrâo  de  fora.  A  porta  tinha  um  bu- 
raco  gateiro,  e  o  ladrâo  nâo  fazia  senâo  gritar  que  ella  Ihe  desse  a 
mâo  de  finado,  e  o  mais  que  elle  là  tinha  deixado.  Mas  ella  o  que 
fazia  era  gritar  pelas  irmâs.  Ellas  nâo  podiam  acordar  por 
causa  das  maçâs  que  tinham  comido.  O  ladrâo  pediu  que  apa- 
gasse  a  mâo  e  que  Iha  desse.  Ella  apagou-a  com  vinagre,  e  depois 
quando  o  ladrâo  metteu  o  braço  para  ella  Iha  dar,  a  mais  nova 
foi  com  uma  espada  e  cortou-lhe  a  mâo.  O  ladrâo  depois  foi-se 
embora  sem  a  mâo  e  foi-se  curar.  As  duas  irmâs  assim  que  a 
mais  nova  apagou  a  mâo  de  finado,  acordaram  logo,  e  ji  nào 
chegaram  a  vêr  ella  cortar  a  mâo  ao  ladrâo.  Depois  a  mais  nova 
pegou  na  mâo  e  enterrou  tudo.    O  ladrâo  disse  para  os  compa- 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  I55 

nheiros  que  as  havia  de  matar  todas  très.  O  ladrào  fez  uma  luva 
para  vestir,  fingindo  que  trazia  mâo.  Alugou  depois  uma  casa 
defronte  da  casa  onde  as  meninas  tinham  o  seu  négocie,  e  foi 
pôr  tambem  negocio  de  contrabandista.  Depois  namorou-se  da 
mais  velha.  Casou  com  ella.  Um  dia  disse  i  mulher  que  ella 
havia  de  ir  com  elle  d  terra  vêr  uma  grande  funcçao  que  M 
havia  O  ladrâo  quando  chegou  a  uma  serra,  viu  um  chafariz,  e 
foi  beber  agoa  mais  ella.  Depois  mais  adiante  chegou  a  uma 
pedreira  e  disse  :  «  Abre-te,  perola!  »  Abriu-se  logo  uma  mina. 
A  mulher  ficou  como  a  ternura  da  noute  (sic)  quando  viu  aquillo, 
por  se  vêr  debaixo  do  chào.  Depois  o  ladrào  disse  :  «  Fecha-te, 
perola  »,  e  a  mina  fechou-se,  e  elles  ficaram  debaixo  do  chào. 
Foram  andando  e  foram  ter  a  umas  salas  muito  grandes.  Depois 
d'ahi  a  bocado  ouviu-se  a  manada  dos  ladrôes.  Disse  o  ladrâo 
para  elles  :  «  Aqui  esta  a  primeira!  »  Depois  perguntou  d  mu- 
lher quem  Ihe  tinha  cortado  aquella  mào,  e  tirou  a  luva.  Ella  disse 
que  nào  sabia.  O  ladrào  entào  deu-lhe  uma  maçà  e  très  chaves,  e 
disse-lhe  que  abrisse  dois  quartos,  mas  nào  abrisse  o  terceiro,  e  visse 
o  que  estava  nelles,  e  que  quando  elle  viesse  que  Ihe  havia  de  dar 
a  maçà.  Ella  guardou  a  maçà  no  seio.  Foi  vêr  o  primeiro  quarto. 
Eram  barricas  de  ouro  em  pô.  O  segundo  estava  todo  cheio  de 
brilhantes  e  toda  a  especie  de  riqueza.  Ella  ficou  muito  admirada, 
e  disse  :  «  Quando  isto  é  nestes  dois  quartos,  o  que  fard  naquelle 
que  elle  me  prohibiu  de  vêr!  »  Depois  foi  ao  terceiro  quarto  e 
abriu  a  porta.  Ao  tempo  que  abriu  a  porta,  caiu-lhe  a  maçà  do 
seio  e  pisou-se.  Ella  apanhou  outra  vez  a  maçà  e  tornou  a  a 
mctter  no  seio.  O  quarto  estava  cheio  de  gente  morta.  O  ladrào 
que  estava  comoscompanheiros,  mal  a  mulher  abriu  a  porta  do 
terceiro  quarto,  sentiu  logo  e  voltou  para  traz.  Chegou  d  mina  e 
perguntou  d  menina  se  tinha  ido  vêr  os  quartos.  Ella  disse  que 
tinha  ido  vêr  os  dois.  O  ladrào  pediu-lhe  a  maçà.  Ella  deu-lh'a, 
e  elle  mal  a  viu  pizada,  disse  :  «  Ai!  que  me  es  falsa!  »  Matou-a 
logo,  e  po-la  no  terceiro  quarto  com  os  outros  mortos.  Depois 
tratou  de  se  dirigir  para  onde  estavam  as  outras  duas  meninas, 


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156  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

na  loja.  As  irmàs  perguntaram-lhe  pela  irmâ,  e  elle  disse  que 
ella  tinha  gostado  muito  da  terra  e  elle  que  a  tinha  deixado  la 
ficar.  Depois  o  ladrào,  para  as  enganar,  escrevia  por  mào  d'elle 
cartas,  como  se  fosse  ella.  D'onde  veiu  uma  carta,  em  que  a  mais 
velha  convidava  a  segunda  para  ir  Id.  Ella  acreditou  e  foi.  E  o  la- 
drào fez  o  rxiesmo  que  com  a  mais  velha  e  matou-a  e  botou-a  ao 
mesmo  quarto.  Depois  tornou-se  a  dirigir  para  a  loja  onde  estava 
a  mais  nova.  Elle  tornava  a  escrever  cartas  das  duas  para  a  mais 
nova.  Mas  ella  nâo  acreditava.  O  ladrâo  dizia-lhe  que  ella  tinha 
um  grande  casamento  na  terra.  A  mais  nova  nâo  se  queria  fiar, 
mas  tantas  eram  as  cartas  que  ella  sempre  foi.  O  ladrâo  fez 
quando  la  chegou  o  mesmo  que  com  as  outras  irmâs.  Quando 
chegou  à  pedreira,  ellaouviu  dizer  :  «  Abre-te,  perola  »,  e  depois  : 
«  Fecha-te,  perola.  »  Ella  logo  aquillo  ficou-lhe  no  ouvido  para 
Ihe  nâo  esquecer.  Quando  chegou  d  tal  sala,  o  ladrâo  perguntou- 
Ihe  se  ella  sabia  quem  é  que  Ihe  tinha  cortado  a  mâo.  Ella  disse 
que  nâo  sabia,  que  talvez  fosse  alguma  das  suas  irmâs.  O  ladrào 
entào  deu-lhe  as  très  chaves  e  a  maçà,  e  disse-lhe  o  mesmo. 
Ella  viu  o  primeiro,  depois  viu  o  segundo,  mas  ao  terceiro  nâo 
foi.  O  ladrâo  como  nâo  sentiu  que  ella  foi  ao  quarto,  nâo  voltou 
d  pedreira,  e  continuou  a  andar  pelas  serras.  Andava  um  prin- 
cipe d  caça  e  trazia  grandes  joias  consigo.  Os  ladrôes  deixaram-no 
muito  ferido  para  o  roubarem,  e  depois  deitaram-no  por  um  bu- 
raco,  donde  elle  foi  ali  pelo  subterraneo  ao  terceiro  quarto 
donde  estavam  as  mortas.  A  menina  que  estava  no  subterraneo, 
nâo  fazia  senâo  a  limpeza,  fazia  as  camas,  e  fazia  o  comerparaos 
ladrôes,  e  nas  horas  vagas,  ia  para  a  bocca*  da  mina  dizer  : 
«  Abre-te,  perola.  Fecha-te,  perola  »,  para  vêr  se  ella  tambem  se 
abria.  No  dia  seguinte  o  ladrâo  e  os  companheiros  arrecolheram- 
se  d  mina.  Elle  preguntou  d  menina  quantos  quartos  tinha  visto. 
Ella  disse  que  dois.  O  ladrâo  pediu-lhe  a  maçà,  e  ella  estava 
inteirinha.  O  ladrào  entào  disse  para  os  companheiros,  que 
aquella  é  que  havia  de  ser  a  sua  mulher  verdadeira,  e  que  se 
alguem  Ihe  tocasse,  que  o  mandava  matar.  Elle  de  dia  ia  roubar 


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CONTOS   POPULARES    PORTUGUEZES  157 

e  ella  ficava  no  subterraneo  a  fazer  o  corner  e  a  tratar  de  tudo. 
Um  dia  a  menina  foi  ao  terceiro  quarto,  e  viu  as  irmâs  mortas. 
Foi  seguindo  depois  pelo  quarto  dentro,  e  sentiu  uns  gemidos 
que  era  o  principe,  que  os  ladrôes  tinham  roubado.  Ella  pregun- 
tou-lhe  o  que  elle  tinha  e  elle  contou-fhe  tudo.  O  ladrào  tinha- 
Ihe  mostrado  um  unguento,  que  diz  que  era  um  balsamo  para 
curar  toda  a  ferida.  Ella  disse  para  o  principe  que  se  elle  guar- 
dasse  segredo,  ella  curava-o,  e  dava-lhe  de  comer.  Ella  disse-lhe 
que  se  os  ladrôes  ali  fossem,  que  elle  se  fingisse  morto.  Tratou  de 
cura-lo,  e  todos  os  dias  Ihe  ia  ao  quarto  dar  de  comer.  Ella,  um 
dia,  quando  viu  que  o  principe  jd  e^ava  bom,  arranjou  duas 
cavalgaduras,  roubou  tudo  quanto  os  ladrôes  tinham,  e  chegou  d 
porta  e  disse  :  «  Abre-te,  perola  ».  Depois  fugiucom  o  principe. 
O  ladrâo  mal  ella  fugiu,  conheceu  que  havia  novidade  na  mina, 
e  voltou  com  os  companheiros,  mas  jd  ella  tinha  fugido.  Eram 
très  caminhos  que  iam  pela  serra,  e  o  principe  e  a  menina  foram 
por  um  d'elles.  Os  ladrôes  depois  foram  pelo  mesmo  caminho 
atraz  d'elles.  Ella  olhou  para  traz  e  viu  os  ladrôes,  e  disse  :  «  Que 
ha  de  ser  de  nos  ?  »  Desceram  a  uma  baixa  num  alvoredo,  amar- 
raram  os  cavallos,  e  ia  um  lavrador  com  très  carros  de  palha,  e 
ella  pediu-lhe  se  os  deixava  esconder  naquella  palha.  O  lavrador 
disse  que  sim,  e  mandou  parar  os  carros,  e  amarrou  os  bois  a  um 
pinheiro.  O  principe  e  a  menina  esconderam-se  num  carro.  O 
ladrào  chegou  ao  lavrador  e  perguntou-lhe  se  tinha  visto  por  ali 
passar  um  homem  e  uma  mulher.  O  lavrador  disse  que  nâo.  O 
ladrào  começou  a  vêr  o  carro  detraz  da  palha  e  o  do  meio,  mas 
como  nào  encontrou  ninguem,  nào  foi  vêr  o  da  frente.  Depois 
foram  para  o  outro  caminho.  Depois  o  principe  e  a 
menina  sairam  da  palha,  montaram  a  cavallo,  e  foram  para 
a  cidade.  O  rei  como  Ihe  fal tasse  aquelle  filho  ha  uns  pou- 
cos  de  dias,  vivia  muito  triste.  O  principe  chegou  e  foi-se  apre- 
sentar  ao  rei  com  a  menina,  e  contou  ao  pai  o  que  Ihe  tinha 
acontecido.  O  principe  casou  logo  com  a  menina.  O  rei  mandou 
logo  pôr  decretos  annunciando  o  casamento.  O  ladrào  da  mâo 


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158  CONTOS   POPULARES    PORTUGUEZES 

cortada  mal  ouviu  o  decreto,  vestiu-se  e  veiu  para  a  capital  para  a 
matar.  O  ladrào  em  segredo  escreveu  a  menina.  A  menina  che- 
gou-se  ao  principe,  e  pediu-lhe  uma  graça  naquelle  dia  :  que  Ihe 
desse  o  melhor  leâo  e  a  melhor  espada,  e  que  nâo  fosse  dormir 
com  ella  naquella  noire.  O  principe  disse  que  sim.  Ella  pozo 
leào  ao  pé  da  cabeceira.  Depois  a  cabeceira  para  os  pés,  e  pegou 
na  espada.  O  ladrào  quando  viu  que  ella  estava  deitada,  deu-lhe 
com  a  espada  para  a  matar,  mas  ella  que  estava  do  outro  lado 
chamou  o  leào,  e  o  leào  agarrou-se  a  elle,  e  ella  com  a  espada 
matou-o.  O  principe  que  sentiu  aquelle  barulho,  veiu  e  viu-o 
morto.  Foram  dar  parte  ao  rei.  O  rei  mandou  uma  divisào  ao 
outro  dia  para  a  serra.  Os  ladrôes  estavam  dentro  da  mina.  A 
menina  chegou  e  disse  :  «  Abre-te,  perola.  »  A  tropa  entrou,  e 
deitou  fogo  ds  pedreiras,  e  elles  morreram  todos  debaixo  do  chào, 
e  eu  era  soldado  no  tempo  e  quando  vi  isto  vî-me  embora. 

(Oporto) 

19.    os   MACACOS 

(variante) 

Era  um  rei  com  très  filhos.  Todos  très  queriam  o  reino.  Orei 
mandou-os  correr  terras,  e  disse  que  o  que  Ihe  trouxesse  a  melhor 
prenda  séria  o  senhor  do  reino.  Chegaram  a  uma  montanha  e 
viram  très  caminhos.  Cada  um  foi  pelo  seu.  O  mais  velho  en- 
controu  uma  espada  de  ouro.  Como  tinham  combinado  que  logo 
que  achassem  aigu  ma  prenda  haviam  de  voltar  atraz  e  esperar 
pelos  outros,  o  mais  velho  assim  fez.  O  segundo  achou  um  ramo 
de  ouro  com  uma  corôa  tambem  de  ouro  no  mesmo  ramo.  Vol- 
tou  para  traz  e  veiu  encontrar-se  com  o  irmào  mais  velho.  O  mais 
novo  nào  encontrou  nada.  Foi  indo,  foi  indo,  e  ao  fim  de  uns 
poucos  de  dias  entrou  numa  cidade  onde  tudo  eram  macacos. 
Entrou  por  um  palacio  dentro,  e  chegou  a  um  salào  e  viu  uma 
mesa  posta  com  tudo  quanto  era  boni,  e  muitos  macacos  a  come- 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  I59 

rem.  Vieratn  duas  macacas,  uma  velha  e  outra  nova  e  fizeram-no 
ir  para  a  mesa  a  corner  tambem  com  os  macacos.  Elle  comeu,  e 
depois  a  macaca  velha  foi  buscar  uma  avelà  e  entregou-lh'a.  A 
macaca  nova  nunca  o  desamparou  e  nâo  fazia  senâo  fazer-lhe 
festa.  O  principe  um  dia  veiu  para  a  janella,  e  viu  muita  tropa, 
mas  tudo  eram  macacos,  e  muitos  trens  e  carruagens,  mas  todos 
puchados  a  macacos.  A  macaca  velha  e  a  nova  saltaram  para 
dentro  de  uma  carruagem  e  fizeram  com  que  elle  fosse  tambem. 
O  principe  vinha  muito  admirado,  mas  ao  mesmo  tempo  muito 
triste  porque  nâo  via  senào  macacos  por  toda  a  parte.  Os  irmâos 
estavam  na  serra  d  espéra  d'elle,  quando  o  avistaram,  com  aquelle 
grande  exercito  de  macacagem.  Elles  queriam  fugir  com  medo, 
mas  ao  final  sempre  foram  vêr  o  que  era.  O  irmào  entâo  saiu  do 
carro  aonde  vinha  e  foi  abraçar  os  irmâos.  A  macaca  velha  ficou 
na  carruagem,  mas  a  macaca  nova  saiu  com  o  principe  accom- 
panhada  por  muitos  macacos  com  armas.  Os  irmâos  mostraram  a 
espada  de  ouro  e  o  ramo,  e  elle  muito  envergonhado  mostrou  a 
avelâ.  Os  irmâos  foram  para  o  palacio  a  cavallo,  e  elle  metteu-se 
na  carruagem  e  foi  tambem  com  os  macacos.  Quando  chegaram 
perto  do  palacio,  o  exercito  ficou  parado,  e  a  macaca  velha  e  a 
nova  e  o  principe  foram  ter  com  o  rei.  Os  principes  entregaram 
cada  um  ao  rei  a  sua  prenda.  O  rei  foi  ter  com  o  mais  novo  e 
perguntoulhe  o  que  elle  trazia.  Elle  disse-lhe  a  chorar  que  Ihe 
trazia  sô  aquella  avelâ  e  aquellas  macacas.  Depois  pediu  licença 
ao  rei  para  deixar  entrar  o  exercito  dos  macacos.  O  rei  disse  que 
sim.  Entâo  todos  os  macacos  que  eram  officiaes,  mal  chegaram  ao 
pé  do  palacio  logo  se  tornaram  em  gente,  ea  macaca  velha  fez-se 
numa  rainha,  e  a  nova  numa  princeza  mais  linda  do  que  o  sol. 
O  rei  ficou  muito  contente  e  nesse  dia  deu  um  grande  banqueté 
a  toda  aquella  côrte.  Depois  naquelle  dia  haviam  de  se  apresen- 
tar  as  prendas  para  se  vêr  quai  era  a  melhor.  O  mais  velho  apre- 
sentou  a  espada  de  ouro;  o  do  meio  apresentou  o  ramo  de 
ouro  com  a  corôa  ;  o  mais  novo  como  tinha  dado  a  avelâ  ao  pal, 
nâo  apresentou  nada.  O  pai  disse  entâo  que  a  prenda  d'elle  tam- 


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l60  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

bem  havia  de  apparecer.  Foram  buscar  a  avelà  e  pozeram-na  em 
cima  da  mesa.  A  macaca  disse  entào  para  o  rei  :  «  Vossa  Mages- 
tade  é  que  deve  partir  a  avelà  pela  sua  propria  mâo.  »  O  rei  par- 
tiu-a  e  logo  sahiram  de  dentro  sete  corôas  de  ouro.  Depois  o  rei 
chamou  o  conselheiro  mais  antigo,  para  vêr  quai  das  prendas  era 
a  mais  rica.  O  conselheiro  disse  que  as  sete  corôas  da  avelà  erào  a 
prenda  mais  valiosa,  mas  que  se  dévia  dar  ao  mais  velho,  o  da 
espada,  o  reino,  porque  o  do  meio  tinha  uma  corôa  no  ramo, 
que  era  um  reinado;  o  mais  novo  tinha  sete  corôas  que  eram 
sete  reinados.  Ficaram  todos  muito  contentes,  e  o  mais  novo 
casou  com  a  princeza,  que  era  a  macaca. 

(Oporto) 

20.  o  palacio  dos  espinhos 

(Versào  portugueza  de  La  Belle  au  bois  dormant  :  é  perfeita- 
mente  fiel  a  versào  de  Perrault,  e  creio  que  directamente  d'elle 
tirada,  ainda  que  o  homem  que  m'a  contou  nàosabia  1er.) 

Encontra-se  o  episodio  de  uma  fada  Ihe  pronosticar  que  mor- 
reria  por  causa  de  um  fuso.  Por  mais  que  se  évita  ella  fere-se. 
Encantada  a  dormir  por  cem  annos.  Fica  tudo  encantado  com 
ella.  O  castello  fica  rodeado  de  espinhos.  Um  principe  â  caça, 
pergunta  o  que  é  aquillo.  Elle  vae  a  entrar,  e  â  medida  que  entra 
vâo-se  os  espinhos  afastando.  Chega  ao  palacio,  vê  a  menina  a 
dormir,  e  arranca-lhe  o  espinho  do  fuso  da  mào.  Ella  ressuscita, 
e  elle  casa  com  ella. 

(Oporto) 

21.    o   GIGANTE 

Um  pai  tinha  très  filhos.  O  mais  velho  quiz  a  sua  parte  e  foi 
correr  mundo.  Foi  servir  para  casa  d'um  mercador.  Um  dia  o 
irmâo  segundo  quiz  ir  ter  com  elle.  Como  o  pai  nào  queria 
deixa-lo,  foram  os  dois  irmàose  o  pae.  Chegaram,  à  aventura,  a 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  l6l 

casa  do  mercador.  Là  perguntou  o  pai  pelo  filho,  até  que  elle 
Ihe  appareceu.  Depois  foi  o  pai,  quando  o  achou,  com  os  très 
filhos  para  casa.  Perderam-sé  no  carainho  e  metteram-se  a  um 
alvoredo.  Como  jâ  era  noite,  ficaram  ali  a  dormir  aquella  noite. 
Mas  o  mais  novo  nâo  dormiu.  Sentiu  cantar  umas  ras,  e  logo 
viu  que  ali  havia  lenteiros  (terrenos  humidos).  Dirigiu-se  para  Id, 
mas  as  ras  cantavam  sempre  cada  vez  mais  longe.  Até  que  foi 
dar  a  um  'palacio  que  tinha  très  luzes.  Viu  uma  menina  estar  ao 
pé  da  janella,  e  elle  pediu-lhe  um  copo  d'agua.  Ella  deu-lh'o  e 
disse-lhe  se  elle  era  capaz  de  a  desencantar  e  mais  as  très  irmâs  e 
ao  pai,  que  o  seu  encanto  era  um  gigante.  O  rapaz  voltou  para  o 
monte  e  la  no  fundo  de  uma  cova  viu  estar  um  gigante  a  assar 
um  boi.  O  rapaz  foi-se  a  elle  e  perguntou-lhe  para  que  era 
aquelle  frango  que  elle  estava  a  comer.  O  gigante  ficou  muito 
admirado  de  elle  chamar  aquillo  um  frango.  O  rapaz  disse-lhe 
que  costumava  comer  très  d'aquelles  ao  jantar.  O  gigante  entâo 
disse  que  elle  havia  de  comer  aquelle  senâo  que  o  matava.  O 
rapaz  disse  que  sim,  e  como  nâo  podia  mecher  o  boi,  disse  ao 
gigante  que  elle  é  que  o  havia  de  voltar.  Quando  o  viu  assado, 
comeu  um  bocado  até  se  fartar  e  depois  disse  ao  gigante  que  o 
nào  queria,  que  estava  mal  feito.  O  gigante  comeu-o.  Depois 
disse-lhe  que  fossem  vêr  quem  era  capaz  de  subir  mais  depressa 
a  escada  do  palacio.  O  rapaz  disse  que  sim  ;  mal  la  chegou,  subiu 
muito  depressa^  agarrou  numa  grande  bôla  de  ferro,  e  atirou-a 
â  cabeça  do  gigante  que  o  matou.  Logo  a  primeira  princeza  se 
desencantou.  Ella  disse  que  o  encanto  da  segunda  era  um  mocho. 
O  rapaz  matou  o  mocho  ea  segunda  ficou  desencantada.  Depois 
a  primeira  disse-lhe  que  o  encanto  da  terceira  era  um  galgo.  O 
rapaz  armou-lhe  um  laço  e  desencantou-se  a  terceira,  e  o  rei, 
pai  d'ellas.  Depois  o  rapaz  voltou  para  onde  estava  o  pai  e  os 
irmàos  ainda  a  dormir.  Quando  acordaram  foram   a  uma  estai 
lagem,  onde  jâ  estavam  o  rei  e  as  très  filhas  desencantadas.  A 
primeira  casou  com  o  rapaz  e  as  outras  casaram  cada  uma  com  o 
seu  irmao,  e  ficaram  depois  todos  juntos  e  muito  felizes. 

(Oporto) 

Rtvu*  kispani^wt.  xiv.  tx 


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l62  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

22.  O  FEITICEIRO. 

Era  um  pai  e  quatro  fîlhos.  Os  dois  mais  velhos  eram  carvoei- 
ros.  O  terceiro  foi  correr  mundo  :  chegou  a  uma  terra  para  ser- 
vir e  foi  ter  a  uma  casa.  O  dono  preguntou-lhe  se  elle  sabia  1er; 
elle  disse-!he  que  sim,  e  o  amo  mandou-o  embora,  e  disse-lhe 
que  nào  Ihe  servia.  O  rapaz  veiu  para  casa  e  contou  ao  irmào 
mais  novo.  Elle  sabia  muito  bem  1er,  mas  foi  â  tal  terra  procu- 
rar  o  mesmo  amo.  Elle  preguntou-lhe  se  elle  sabia  1er  e  o  rapaz 
disse-lhe  que  nao.  Depois  ficou.  O  amo  era  feiticeiro  e  tinha  mui- 
tos  livros  debaixo  da  cama.  O  rapaz  começou  a  lê-los,  e  quando 
o  anno  do  ajuste  estava  quasi  a  acabar,  fugiu  e  levou  consigo  o 
livro  melhor  que  encontrou.  Em  casa  nào  fazia  senao  estudar. 
Os  irmâos  que  ganhavam  muito  dinheiro  nao  queriam  repartir 
com  elle.  O  rapaz  quando  se  viu  prompto,  fez-se  num  galgo  e 
pediu  ao  pai  que  o  levasse  a  uma  feira  para  o  vender,  mas  que 
nào  vendesse  a  coleira  que  elle  levava.  O  pai  assim  fez.  Ven- 
deu-o  por  muito  dinheiro,  e  o  galgo  depois  fugiu  dos  homens  que 
o  tinham  comprado  e  fez-se  outra  fez  em  gente  e  veiu  ter  com  o 
pai.  Quando  o  dinheiro  se  acabou,  o  rapaz  fez-se  num  cavallo, 
e  disse  ao  pai  que  nào  vendesse  o  freio,  que  era  nelle  que  estava 
a  virtude.   O  pai  assim  fez  ;  como  Ihe  deram  muito  dinheiro 
pelo  freio,   vendeu-o  tambem.  Um  dos  homens  que  o  tinham 
comprado  era  o  feiticeiro,  que  sabia  que  o  rapaz  havia  de  ir  ali 
feito  em  cavallo,  e  foi  elle  quem  quiz  comprar  o  freio.  O  feiti- 
ceiro nào  Ih'o  queria  tirar,  mas  um  dos  companheiros  quando 
chegou  â  estallagem,  e  em  quanto  apanhou  o  feiticeiro  entertido 
tirou  o  freio  ao  cavallo  para  Ihe  dar  de  corner.   O  cavallo  mal  se 
viu  sem  o  freio  fez-se  logo  numa  rà  e  atirou-se  a  um  regato  de 
agoa;  o  feiticeiro  fez-se  num  peixe  para  ir  comer  a  râ;  a  râ 
fez-se  num  passarinho  e  assubiu  ao  ar  ;   o  feiticeiro  fez-se  num 
gafranhoto  (milhano)  para  comer  o  passarinho  ;  o  passarinho  foi 
para  o  beiral  de  um  telhado  e  fez-se  num  anel  que  se  enfiou  no 
dedode  uma  menina  que  estava  â  janella^  O  gafranhoto  fez-se  um 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  léj 

homem  e  pediu  a  menina  para  Ihe  vender  o  anel,  que  Ihe  dava 
muito  dinheiro.  A  menina  ia  a  dar  o  anel  ao  feiticeiro,  e  elle 
caiu-lhe  no  chào  e  fez-se  em  milho  ;  o  feiticeiro  formou-se  numa 
gallinha  para  corner  o  milho  ;  o  milho  depois  formou-se  numa 
raposa  e  comeu  a  gallinha  que  era  o  feiticeiro.  E  assim  o  rapaz 
venceu  e  ficou  com  toda  a  riqueza  do  feiticeiro  e  veiu  para  casa 
do  pai. 

(Oporto) 

23.  o  GATO  MIS  MIS. 

Versào  fidelissima  do  Chat  botté  de  Perrault.  Todos  os  por- 
menores  os  mesmos.  O  dono  é  chamado  marquez  de  Caramba. 
O  gato  tem  medo  do  verdadeiro  marquez  que  era  feiticeiro.  Elle 
vai  visita-lo.  O  marquez  faz-se  numa  onça  e  o  gato  foge  para 
cima  de  uma  trave  todo  assustado.  Depois  o  gato  pede-lheque 
se  faça  num  rato,  e  elle  come-o.  No  fim  depois  do  moleiro  ter 
casado  com  a  filha  do  rei,  o  gato  andava  sempre  dizendo  que  se 
nào  fosse  elle  o  amo  nâo  tinha  sido  feliz.  A  princcza  um  dia 
ouviu,  e  preguntou-lhe  o  que  era  que  o  gato  Ihe  dizia.  O 
moleiro  contou-lhe.  Ella  muito  zangada  escrevcu  aorei  contando- 
Ihe  tudo.  O  rei  veiu,  mandou  matar  o  moleiro  e  ficou  outra  vez 
com  tudo  e  levou  a  filha  para  o  palacio.  (Esta  ultima  parte  é  da 
versào  portugueza.) 

(Oporto) 

24.  o    RAPAZ  E  o  GIGANTE. 

Era  uma  vez  dois  irmàos.  O  mais  velho  foi  correr  mundo  e 
foi  servir.  O  amo  fez  com  elle  o  ajuste  que  o  primeiro  que  se 
zangasse  perdia  as  soldadas,  e  o  que  ganhasse  havia  de  tirar  ao 
outro  uma  correia  de  pelle  das  costas.  O  rapaz  acceitou.  O  amo 
ao  principio  dava-lhe  de  comer,  e  mandava-o  pastar  ovelhas  para 
um  monte.  Depois  cada  dia  Ihe  ia  dando  menos  de  comer,  até 
que  a  final  nâo  Ihe  dava  nada.  O  rapaz  ji  nào  podia,  até  que  se 


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164  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

zangou  com  o  amo.  O  amo  entào  tirou-lhe  uma  correia  das  cos- 
tas  e  nâo  Ihe  pagou  a  soldada.  Depois  mandou-o  embora.  O 
rapaz  veio  muito  triste  para  casa,  e  contou  ao  irmào  mais  novo. 
O  irmâo  disse  que  elle  é  que  la  queria  ir,  para  vingar  o  irmâo. 
Foi,  ajustou-se  e  passou-lhe  o  mesmo.  Mas  o  rapaz,  como  o 
amo  nâo  Ihe  dava  pao,  cada  dia  matava  no  monte  uma  ovelha  e 
comia-a  assada.  A'  noite  o  amo  dava  por  falta  do  cameiro,  mas 
nao  se  queria  zangar.  Até  que  a  final  o  amo,  como  Ihe  iam  fal- 
tando  sempre  as  ovelhas,  zangou-se  com  o  criado.  O  rapaz  que- 
ria que  elle  Ihe  pagasse  a  soldada,  e  queria  tirar-lhe  a  correia  das 
costas.  Mas  o  amo  disse-lhe  que  o  mandava  a  casa  de  um  com- 
padre  para  elle  Ihe  pagar.  Como  o  rapaz  disse  que  nâo  sabia 
escrever,  mandou-o  com  uma  carta  ao  compadre  que  era  um 
gigante,  para  elle  o  matar.  O  rapaz  no  caminho  leu  a  carta,  mas 
nao  disse  nada.  O  gigante  quando  o  viu  depois  de  1er  a  carta, 
começou  a  mandar-lhe  fazer  serviços  muito  pesados,  como  o 
compadre  Ihe  tinha  dito.  Deu-lhe  uma  corda  muito  grande  para 
elle  a  trazer  cheia  de  lenha.  O  rapaz  foi  para  o  pinhal  e  come- 
çou a  atar  o  pinhal  todo  e  disse  ao  gigante  que  era  para  o  tra- 
zer, que  escusava  de  andar  sempre  aos  caminhos.  O  gigante, 
quando  viu  isto,  ficou  assustado,  e  nao  quiz,  e  o  rapaz  disse- 
lhe  entâo  que  trouxesse  elle  o  feixe,  que  elle  por  isso  nao  se 
incommodava.  Depois  o  gigante  mandou-o  buscar  uma  pipa  de 
agua  a  uma  fonte.  O  rapaz  começou  a  cavar  a  fonte,  e  o  gigante 
ficou  muito  assustado  e  nâo  quiz.  O  rapaz  entao  disse-lhe  que 
levasse  a  pipa,  que  elle  por  isso  nâo  se  incommodava.  Depois 
o  rapaz  fiirou  um  pinheiro,  e  tapou  o  buraco.  Foi  dizer  ao 
gigante  que  elle  nào  era  capaz  de  furar  o  pinheiro  com  o  dedo. 
O  gigante  foi  e  partiu  o  dedo.  O  rapaz  foi  ao  buraco  e  fingiu 
que  o  furou.  O  gigante  ficou  muito  espantado  e  mandou  o 
rapaz  embora  e  pagou-lhe  a  soldada.  Depois  o  rapaz  foi  a  casa 
do  amo  antigo,  apanhou-o  e  tirou-lhe  a  correia  das  costas.  Foi 
entâo  para  casa  e  mostrou  ao  irmâo  e  foi  pôr-lha  nas  costas. 

(Oporto) 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  165 

25.    A  MORTE  Q.UE  FEZ  UM  HOMEM  RICO. 

Um  homem  tînha  muîtos  filhos,  e  jâ  todos  os  horaens  da 
freguezia  eram  seus  compadres.  A  mulher  alcançou  outra  vez, 
e  pronta  estava  para  parir;  o  homem  que  nâo  queria  pedir  a 
mais  ninguem  abalou  de  casa.  Encontrou  no  caminho  um 
homem  muito  desfigurado,  que  Ihe  perguntou  onde  elle  ia.  Elle 
contou-lhe,  e  o  homem  disse-lhe  que  voltasse  para  traz,  que  elle 
era  o  seu  padrinho.  Assim  foi.  Quando  acabou  o  baprizado,  o 
homem  disse  :  «  Compadre,  repare  bem  para  mim,  para  me  co- 
nhecer  onde  quer  que  me  encontrar.  Eu  sou  a  Morte.  Tu, 
muda  de  casa  e  faz-te  medico,  que  has-de  ganhar  muito  di- 
nheiro.  Em  tu  me  vendo  aos  pés  da  cama  de  qualquer  doente,  é 
porque  elle  escapa.  Em  tu  me  vendo  a  cabeceira,  é  porque  elle 
morre.  »  O  homem  assim  fez  ;  começou  a  ter  muita  fama,  e 
ganhava  muito  dinheiro,  e  jâ  estava  muito  rico  mais  os  filhos. 
Num  dia  a  Morte  chegou-se  ao  pé  d'elle  e  disse-lhe  :  «  Bem, 
agora  jâ  te  fiz  rico,  mas  hoje  chegoua  tua  vez  e  venho  matar-te.  » 
O  homem  pediu  muito  que  o  deixasse  viver  mais  um  anno.  A 
Morte  consentiu.  O  homem  entào  mandou  fazer  uma  torre  de 
bronze,  com  as  paredes  muito  grossas,  para  a  Morte  Id  nâo 
entrar.  Quando  o  anno  estava  quasi  a  acabar,  elle  mandou  fazer 
um  anel  de  ouro,  metteu-o  no  dedo,  e  fechou-se  na  torre. 
Estava  là  a  jantar,  e  appareceu-lhe  a  Morte  ao  pé  d'elle.  Elle 
muito  assustado,  perguntou-lhe  :  «  Oh  !  comadre  Morte,  tu  por 
onde  é  que  entrastes  ?»  A  Morte  disse  que  pelo  buraco  da  fechadura. 
Elle  entâo  disse-lhe  :  «  Jâ  que  tu  te  mettestes  pelo  buraco  da 
fechadura,  has-de  metter-te  pelo  buraco  d'esta  cabaça.  »  A  Morte 
metteu-se  e  elle  tapou  a  cabaça  com  uma  rolha,  e  disse  d 
Morte  :  a  Agora  sae  d'ahi  para  fora  se  es  capaz.  »  A  Morte  disse- 
lhe  :  «  Oh  !  compadre,  pois  eu  fiz-te  tanto  beneficio,  e  tu  agora 
queres-me  aqui  deixar  dentro  d'esta  cabaça  ?  Tira-me  a  rolha, 
que  eu  nào  te  faço  mal.  »  O  homem  tornou  a  perguntar-lhe  se 
ella  nào  Ihe  fazia  mal.  A  Morte  disse  que  nâo.  Elle  destapou  a 


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l66  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

cabaça  e  ao  tempo  que  destapou,  caiu  mas  nào  morto,  e  a  morte 
roubou-lhe  o  anel.  Elle  disse  :  «  Oh  !  comadre,  entâo  tu  promet- 
testes-me  que  me  nào  matavas,  e  agora  queres-me  matar.  Deixa- 
me  ao  menos  rezar  um  padre  nosso  e  uma  ave-maria  pela  minha 
aima.  »  A  Morte  consentiu.  Elle  que  faz  ?  Começou  a  rezar  o 
padre  nosso  até  ao  meio  ,  e  depois  tornava  a  começar.  De  modo 
que  a  Morte  nào  o  podia  matar.  O  homem  entào  saiu  da  torre, 
e  começou  outra  vez  na  sua  vida.  Um  dia  andava  elle  a  caça  e  a 
Morte  fingiu-sede  mortano  meio  do  monte.  O  homem  chegou, 
julgando  que  era  um  homem  morto,  disse  :  «  Oh  !  pobre 
homem,  quem  te  matou  ?  Deixa-me  ao  menos  rezar  um  padre 
nosso  e  uma  ave-maria  pela  tua  aima.  »  Rezou,  mas  ao  tempo 
que  acabou,  a  Morte  levantou-se  e  matou-o. 

(Oporto) 

2é.  JOAO  PELLUDO 

Lavrador  casado  e  sem  fîlhos.  Tinha  uma  amiga  que  Ihe  disse 
que  matasse  a  mulher.  O  homen  perguntou  como  a  havia  de 
matar  sem  crime.  A  amiga  disse-lhe  que  Ihe  desse  fiaçào  ao  guar- 
dar  o  gado.  O  marido  deu-lhe  dois  arrateis  de  linho  para  ellafiar, 
e  que  se  o  nào  fizesse,  que  a  matava  com  pancadas.  A  mulher 
foi  a  chorar,  e  encontrou  uma  menina  com  uma  roca.  Ella  per- 
guntou-lhe  o  que  tinha,  e  a  mulher  contou-lhe.  A  menina  tirou 
a  sua  fiaçào  da  roca,  e  ajudou  a  fiar  a  fiaçào  da  mulher.  A  mulher 
ficou  com  tudo  fiado  e  foi-se  embora  com  o  gado.  O  homem 
quando  a  viu  disse-lhe  :  «  Vês  o  que  vale  o  medo,  pois  amanhà 
has-de  fiar  quatro  arrateis.  »  No  outro  dia  a  mulher.  foi  para  o 
monte,  e  com  a  canceira  da  fiaçào  perdeu  o  gado.  Aquelle  monte 
onde  a  mulher  ia  chamava-se  o  «  monte  do  urso  ».  A  mulher 
começou  a  procurar  o  gado  e  nào  o  achou.  Ella  começou  a  chorar 
e  disse  que  nào  ia  para  casa,  porque  o  marido  a  matava, 
e  ficou  aquella  noite  no  monte.  O  gado  chegou  a  casa,  masfaltava 
uma  toura.  O  bicho  urso  tinha-avindo  buscar  ao  monte  elevou- 


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CONTOS  POPULARES   PORTUGUEZES  167 

a  para  a  cova.  Depois  de  noite  veiu  buscar  tambem  a  mulher  e 
levou-a  para  a  cova.  Depois  teve  copia  (sic)  com  ella  como  se 
fosse  um  homem.  A  comida  d'elles  no  buraco  era  sempre  carne, 
que  o  urso  todas  as  noites  ia  buscar.  A  mulher  ao  fim  de  nove 
mezes  teve  um  filho,  que  tambem  era  fîlho  do  urso.  O  fîlho  foi 
crescendo  e  quando  tinha  très  mezes,  perguntou-lhe  :  «  Minha 
mae,  que  estamos  nos  aqui  a  fazer  debaixo  do  chào  nesta  cova  ?  » 
A  mulher  respondeu-lhe:  «  Nos  nâo  podemos  sair  d'aqui,  porque 
tcu  pai  é  o  bicho  que  esta  aqui  nesta  cova.  »  O  rapaz  ficou  muito 
zangado  e  disse  para  a  mai  :  «  Minha  mai,  nâo  me  diga  que  meu 
pai  é  um  bicho,  meu  pai  é  um  homem.  »  A  mulher  disse-lhe 
que  nao,  que  era  um  bicho.  O  fîlho  disse  :  «  Pois  deixa  estar, 
que  eu  vou  matar  o  bicho,  e  escacho-o  de  meio  a  meio.  E  se 
elle  torna  aqui  a  vir  outra  vez  a  lamber-me  ou  â  minha  mâe,  eu 
escacho-o  de  meio  a  meio.  »  Ao  fim  d'esté  tempo  o  menino  poz 
os  hombros  â  pedra  que  tapava  a  cova  e  virou-a,  e  depois  sahiu  e 
mais  a  mai.  A  mai  ia  quasi  nua,  e  elle  ia  todo  coberto  de  pello, 
porque  era  muito  pelludo.  Foram  esconder-se  numas  devezas  de 
castanheiros,  até  chegar  a  noute.  O  bicho  assim  que  chegou  ao 
buraco  e  que  os  nâo  encontrou,  dava  berros  que  se  ouvia  mais 
de  uma  legoa.  Assim  que  veiu  a  noute,  o  filho  disse  para  a 
mulher  :  «  Minha  mâe,  vamos  para  casa  de  meu  pai.  »  Passaram 
â  porta  de  uma  vizinha,  que  perguntou  â  mulher  donde  ella 
vinha,  que  ha  tanto  tempo  que  a  nâo  tinha  visto.  Ella  disse  : 
«  Eu  venho  do  buraco  do  bicho  urso,  e  este  filho  é  o  que  eu  là 
fui  buscar.  »  A  vizinha  disse  :  «  Entâo  o  teu  homem  agora  nâo 
te  quer,  que  tem  là  casa  outra  mulher.  »  O  filho  disse  :  «  Nâo 
que  elle  ha  de  querer,  senâo  é  porque  o  escacho  de  meio  a 
meio.  »  A  vizinha  deu  fato  â  mulher  para  ella  se  vestir.  Foram 
depois  para  a  porta  do  lavrador,  e  bateram  â  porta  très  vezes,  sem 
ninguem  responder.  A*  quarta  vez,  o  homem  perguntou  de  fora 
muito  zangado  quem  estava  ahi.  Responde  o  filho  :  «  E'  o  seu 
filho  e  a  sua  mulher,  e  abra  a  porta.  »  O  homem  nâo  queria 
abrir  a  porta,  e  disse  que  nâo  tinha  filho  nenhum.  O  filho  disse- 


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l68  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

Ihe  :  «  Abra  a  porta,  meu  pai,  senào  escacho-o  de  meio  a  meîo.  » 
O  pai  vinha  para  bâter  no  rapaz,  mas  elle  botou-lhe  as  unhas,  e 
disse-lhe  que  os  deixasse  entrar,  senào  queomatavaali.  A  outra 
mulher  fugiu.  O  homem  nâo  teve  outro  remedio  senào  deixa-los 
entrar,  e  desde  ali  ao  futuro  fez  vida  com  a  mulher,  e  tratou-a 
bem  e  mais  ao  fîlho.  O  filho  nào  fazia  senàô  crescer.  O  que  havia 
de  crescer  num  anno  crescia  num  mez,  e  estava  todo  coberto  de 
cabello,  de  modo  que  nào  precisava  de  fato.  O  pai  tinha  muito 
medo  d'elle.  O  pequeno  andava  a  brincar  com  os  outros  rapazes. 
Os  outros  rapazes,  como  o  viam  tào  cheio  de  cabello,  nào  faziam 
senào  dizer-lhe  :  «  Oh  !  pelludo,  oh  !  bicho.  »  Elle  um  diazangou- 
se  e  disse  para  os  outros  rapazes  :  «  Oh  !  meus  amigos,  olhai  que 
se  me  tornais  a  chamar  pelludo,  eu  escacho-vos  de  meio  a  meio.  » 
Foi  para  casa  e  disse  para  a  mai  :  «  Oh  !  minha  mai,  eu  quero-me 
baptizar.  »  A  mai  disse  :  «  Pois  sim.  »  Foram-no  baptizar  e  poze- 
ram-lhe  o  nome  de  Joào.  Porém  os  rapazes,  como  elle  era  muito 
pelludo,  chamavam-lhe  Joào  Pelludo.  Elle  zangou-se  e  um  dia 
foi-se  a  elles,  e  moeu-os  de  pancadas.  Joào  Pelludo  quiz  ir  para  a 
escola.  Disse  a  mai  que  os  mais  rapazes  sabiam  1er  e  entào  que 
elle  tambem  queria  aprender.  A  mai  disse  que  sim.  Joào  Pelludo 
foi  para  a  escola,  mas  os  rapazes  nào  faziam  senào  chamar-lhe 
pelludo.  Elle  moia-os  de  pancadas.  Um  dia  num  campo  havia 
uma  pereira  muito  ramalhuda,  e  jantaram  todos  a  sombra 
d  aquella  pereira  os  rapazes  e  o  Joào  Pelludo.  Trataram  de  fazer 
ali  uma  comida,  e  cada  um  havia  de  dar  a  sua  cousa.  Pergunta- 
ram  ao  Joào  Pelludo  se  elle  queria  dar  alguma  cousa.  Elle  disse 
que  sim.  Foi  a  màe  pedir-lhe  alguma  cousa,  e  a  mai  deu-lhe 
um  focinho  de  porco.  Foram  para  debaixo  da  pereira  e  ali  come- 
ram  tudo.  Depois  os  rapazes  disseram  uns  para  os  outros  :  «  Oh  ! 
rapazes,  nos  havemos  de  matar  aqui  o  Joào  Pelludo.  Fingimos  que 
queremos  trepar  a  pereira  e  nào  podemos,  depois  elle  vae,  e  quando 
a  gente  o  vir  la  matamos-lo  a  pedradas.  »  Assim  foi.  Mal  elles  là  o 
pilharam,  entraram  a  dar-lhe  pedradas.  Elle  decimacomeçou  agri- 
tar  :  «  Estai  quietos,  senào  desço  e  mato-vos  a  todos.  »  Elles  nào  fize- 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  169 

ram  caso.  Joâo  Pelludo  desceu,  arrancou  a  pereira,  e  foi-se  aos  rapazes 
e  matou-os  todos.  Foi  para  casa  e  contou  â  mai  o  acontecido.  A  mai 
ficou  muito  triste  a  chorar  o  que  havia  de  ser  d'ella.  As  mais  dos 
mortos  e  os  pais  juntaram-se  todos  em  casa  da  mai  a  clamarem 
justiça.  O  Joào  Pelludo  foi-se  a  elles  e  matou-os  todos.  E  depois 
foi  para  a  escola  sem  se  importar  com  a  justiça.  Donde  nessa 
escola  andavam  os  fîlhos  do  reie  muitos  fidalgos.  Nào  faziam  senào 
chamar-lhe  pelludo  e  bicho.  Joâo  Pelludo  tornou  a  avisa-los. 
Como  elles  continuaram,  foi-se  aos  dois  fîlhos  do  rei  e  matou-os. 
O  outro  que  ficou  fugiu  e  foi  dar  parte  ao  rei.  O  Joâo  Pelludo 
chegou  a  casa  e  disse  para  a  mai  :  «  Minha  mai,  eu  matei  os  filhos 
do  rei,  agora  vou  para  o  monte,  para  uma  cova.  Diga  a  meu  pai 
que  me  mande  fazer  uma  bengala  de  quatro  quintaes  de  ferro  de 
peso,  e  se  alguem  aqui  me  procura,  que  va  ter  comigo  ao  monte, 
que  eu  là  estou.  »  O  rei  tratou  logo  de  mandar  muita  tropa  para 
prender  o  Pelludo.  Foram  ter  com  elle  ao  monte.  Joâo  Pelludo 
encostou-se  a  um  pinheiro,  e  deixou  chegar  a  tropa  â  beira  d'elle, 
e  assim  que  elle  viu  que  vinham  ao  pé,  botou  a  mâo  ao  pi- 
nheiro, arrancou-o  edeixou-ocairpor  cima  da  tropa,  onde  matou 
a  maior  parte  d'ella.  Arrancou  outro  pinheiro  e  deixou-o  cairpara 
outro  lado.  Alguns  que  escaparam  trataram  de  fiigir  para  palacio 
a  dar  parte  ao  rei.  O  rei  disse  que  nâo  Ihe  queria  fazer  mal 
nenhum,  que  sô  queria  que  Ih'o  levassem  â  sua  presença  para  vêr 
que  qualidade  de  homem  elle  era.  O  Joâo  Pelludo,  assim  que  deu 
cabo  da  tropa  foi  para  casa  outra  vez,  e  perguntou  ao  pai  se  tinha 
a  bengala  prompta.  O  pai  disse  que  nâo.  Joâo  Pelludo  disse  ao 
pai  que  tratasse  de  Ih  a  arranjar,  senâo  que  vinha  e  que  o  esca- 
chava.  Neste  comenos,  foi  outra  força  de  tropa  procura-lo  ao 
monte.  Mas  como  o  nâo  encontraram,  foram-se  embora.  O 
homem  que  o  Joâo  Pelludo  queria  por  força  que  fosse  o  pai,  foi 
ter  com  doze  ferreiros,  para  Ihe  fazerem  a  bengala.  Juntaram-se 
os  doze  ferreiros,  cada  um  deu  o  ferro  que  tinha  e  juntaram-no 
num  monte  a  vêr  se  chegava  ao  peso  da  bengala.  Fizeram-na,  e 
depois  perguntaram  os  ferreiros  :  «  Entâo  quem  é  que  ha-de  agora 


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lyO  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

vir  buscar  a  bengala  ?  »  O  Joào  Pelludo  disse  logo  :  «  Ora  essa  ! 
quem  a  ha-de  levar,  sou  eu  mesmo.  »  Os  ferreiros  ficaram  muito 
admirados  e  disseram  :  «  Pois  entào  nos  somos  doze  e  nào 
podemos  com  ella,  e  tu  s6  é  que  a  has-de  levar  ?  »  Joâo  Pelludo 
perguntou  :  «  Quanto  costou  a  bengala  ?»  —  «  Doze  moedas  », 
disseram  os  ferreiros.  »  —  «  Pois  se  eu  a  nâo  levar,  perco  vinte  e 
quatro.  »  Fizeram  a  aposta,  e  o  Joào  Pelludo  pegou  e  metteu  o 
dedo  mendinho  debaixo  da  bengala  e  voltou-a  logo.  Depois  o 
Joâo  Pelludo  pegou  na  bengala  e  foi-se  embora.  Foi 
correr  terras.  Chegou  a  beira  de  um  rio,  onde  estava  um 
gigante  deitado.  Pregunta  elle  ao  gigante  :  «  O  que  estas 
tu  ahi  a  fazer  ?  »  Responde-lhe  o  gigante  :  «  Estou  aqui 
para  passar  gente  neste  rio,  porque  eu  chamo-me  rio  bom  e  rio 
mau.  »  Perguntou-lhe  o  Joào  Pelludo  :  «  Entào  porque  é  que  tu 
te  chamas  assim?  »  —  «  E'  porque  eu  quando  quero  ponho  este 
rio  bom,  e  quando  quero  ponho-o  mau.  »  Diz  o  Joâo  Pelludo  : 
«  Ora,  anda  d'ahi  e  vem  comigo,  que  eu  pago-te  a  soldada.  » 
Chegaram  ao  cimo  de  um  monte  e  encontraram  outro  gigante  a 
arrancar  pinheiros.  Arrancava  um  de  cada  vez.  Preguntou-lhe  o 
Joâo  Pelludo  :  «  Que  andas  tu  ahi  a  fazer,  oh  !  gigante  ?  »  Elle 
respondeu  :  «  Eu  ando  aqui  a  arrancar  estes  pinheiros.  »  O  Joào 
Pelludo  agarrou  na  bengala  e  arrasou  logo  o  pinhal  de  uma  vez. 
Depois  disse-lhe  :  «  Agora  jâ  nào  tens  que  fazer,  pega  em  ti  e  vem 
comigo,  que  eu  pago-te  a  soldada.  »  Chegaram  a  outra  montanha, 
e  andava  outro  gigante  a  arrasar  as  serras  dos  altos  para  os 
baixos.  Donde  o  Joâo  Pelludo  pegou  na  bengala  e  arrasou  logo 
uns  poucos  de  montes  todos  juntos,  e  disse  ao  gigante  :  «  Anda 
d  ahi,  vem  comigo,  que  ganhas  o  mesmo  que  os  outros,  e  vamos 
por  ahi  adiante.  »  E  foram  todos  os  quatro  e  chegaram  a  uma 
villa  e  pediram  quartel  para  dormirem.  Uma  mulher  onde  elles 
foram  bâter,  disse  que  nâo  tinha  agasalho  para  Ihe  dar,  mas  que 
Ihc  dava  a  chave  de  uma  casa  para  elles  là  irem  ficar.  Mas  que  la 
naquella  casa  iam  la  dormir  muitos  passageiros,  mas  que  nâo 
tornavam  a  apparecer.  O  Joâo  Pelludo  respondeu  :  «  Ora,  nessa 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  I7I 

casa  me  quero  ir.  »  E  disse  para  os  companheiros  para  là  îrem 
fîcar,  e  foram  todos  quatro.  Entraram  para  dentro,  e  o  Joâo  Pel- 
ludo  disse  :  «  Olâ,  meus  amigos,  um  ha-de  fîcar  aqui  e  os  outros 
vâo  procurar  comida.  »_0  rio  bom  foi  o  que  ficou.  Elles  foram  â 
comida  e  demoraram-se  até  muito  tarde.  O  rio  bom  estava  deitado 
e  ouviu  uma  voz  dizer  :  «  Eu  caio,  eu  caio.  »  O  gigante  ficou 
logo  muito  assustado,  e  nào  respondeu  nada.  A  mesma  voz  tor- 
nou  a  dizer  :  «  Eu  caio.  »  A'  terceira  vez  que  repetiu  «  Eu  caio  », 
o  gigante  disse  :  «  Pois  cae,  mas  nào  caias  ca  por  cima  de  mim  », 
e  estava  todo  cheiodemedo.  Assim  caiu  aquellaabentesma,  com 
a  figura  de  um  homem  velho,  e  disse  para  o  gigante  :  «  Levanta- 
te  d'ahi,  que  temos  de  ir  jogar  um  jogo.  »  E  foi  buscar  uma  duzia 
de  espadas,  todas  num  molho,  que  reluziam  como  prata,  e  uma 
sô  ferrugenta.  Chegou  ao  pé  do  gigante  e  disse-lhe  :  «  Tu  quai 
queres,  jogar  com  estas  doze  ou  com  esta  s6  ?  »  O  gigante  là 
entendeu  que  as  doze  tinham  mais  força  que  uma  s6,  e 
escolheu  as  doze.  Foram  jogar.  A  espada  ferrugenta  era  de 
ferro,  e  as  doze  luzidas  eram  de  vidro.  O  abentesma  foi  despeda- 
çando  todas,  e  depois  matou  o  gigante,  e  partiu-o  aos  pedaços  e 
metteu-o  numa  bacia,  e  metteu  a  bacia  dentro  de  um  armario. 
Chegaram  os  outros  de  fora,  nâo  viram  luz  accesa.  O  Joâo  Pel- 
ludo  começou  a  chamar  por  elle  très  vezes.  Como  elle  nâo  respon- 
deu, disse  para  os  companheiros  :  «  Querem  ver  que  elle  fugiu  ? 
Pois  se  o  encontro,  nâo  Ihe  deixo  senâo  as  orelhas.  »  Depois 
foram  fazer  a  comida  para  os  très.  Na  outra  noute  seguinte,  disse 
o  Joâo  Pelludo  para  os  dois  companheiros  :  «  Hoje  fica  um,  mas 
nâo  faça  como  fez  o  outro,  e  nos  vamos  arranjar  a  comida.  » 
Ficou  o  arranca-pinheiros.  A*  meia  noite  ouviu  a  voz  a  dizer  :  «  Eu 
caio  »  (o  mesmo).  O  arranca-pinheiros  logo  â  primeira  vez  Ihe 
disse,  ainda  com  medo,  mas  com  menos  medo  do  que  o  outro  : 
«  Pois  cae  para  ahi  !  »  (Depois  o  mesmo  até  a  morte  dentro  da 
bacia.)  Chegou-se  a  terceira  noite  (o  mesmo)  ;  ficou  o  arrasa-serras. 
Aconteceu  o  mesmo  e  morreu.  Chegou  o  Joâo  Pelludo  â  noite  e 
começou  a  chamar  por  elle.  Como  elle  Ihe  nâo  respondeu,  jul- 


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172  CONTOS   POPULARES  PORTUGUEZES 

gou  que  elle  rinha  fugido  como  os  outros,  e  ficou  desesperado. 
Depois  foi  accender  o  lume  para  fazer  a  comida  para  elle  sô. 
Ouviu  a  mesma  voz  a  dizer  :  «  Eu  caio.  »  Diz  elle  :  «  E's  tu  Rio 
bom  ?  anda  là  que  eu  câ  te  espero.  »  Ouviu  outra  vez  a  voz  a 
dizer  :  «  Eu  caio  ».  Diz  elle  :  «  E's  tu  Arrancapinheiros}  anda  là  que 
eu  câ  te  espero.  »  Ouviu  a  voz  terceira  vez  :  «  Eu  caio.  »  Diz  elle 
«  E's  tu  Arrasa  serras  ?  anda  là  que  eu  câ  te  espero.  »  Tornou  a 
voz  :  «  Eu  caio.  »  Diz  elle  :  «  Cae  ou  nao  cae,  seu  f....  de  p...., 
olhe  que  o  racho  com  a  bengala.  »  Caiu  entào  um  braço.  A' 
segunda  vez,  caiu  outro  braço.  O  Joâo  Pelludo  disse  entào  todo 
desesperado  :  «  Caepor  uma  vez,  seu  f....  de  p....  »  Caiu  o  resto, 
e  fez-se  tudo  na  mesma  abentesma  com  a  figura  do  homem  velho. 
Ao  tempo  que  caiu  a  abentesma  disse  :  «  Olâ,  estas  a  cozinhar, 
levanta-te,  que  quero  ir  pelejar  contigo.  »  O  Joâo  Pelludo 
poz-se  a  assobiar,  e  nem  sequerolhou  parao  velho.  O  velho  vaee 
poz-se-lhe  a  mijar  no  lume  para  Ih'o  apagar.  O  Joâo  Pelludo 
zangado  arrumou-lhe  com  a  bengala,  que  o  espernegou  logo.  O 
velho  disse  :  «  Olâ,  tu  tens  assim  valentia,  pois  havemos  de  jogar 
um  bocado  de  espada.  Diz  o  Joâo  Pelludo  :  «  Eu  nâo  preciso  de 
espada,  tenho  aqui  a  minha  bengala  para  jogar  com  ella.  Talvez 
fosses  tu,  que  me  destes  cabo  dos  meus  companheiros.  »  O 
velho  disse  :  «  Fui,  e  faço-te  a  ti  o  mesmo  se  tu  nâo  te  habilitares 
a  jogar  a  espada  comigo.  »  O  Joâo  Pelludo  disse  :  «  Pois  sim, 
vamos  là  jogar  com  uma  espada.  »  O  velho  foi  buscar  as  espadas 
para  elle  escolher.  O  Pelludo  escolheu  a  ferrugenta.  O  velho 
queria  que  elle  escolhesse  as  outras,  mas  o  Joâo  Pelludo  nâo 
quiz.  Joâo  Pelludo  foi  jogar  e  venceu  o  velho  que  era  o  demo- 
nio.  Cortou-lhe  uma  orelha.  Como  o  demonio  nâo  podia  ir 
para  o  inferno  sem  a  orelha,  queria  que  o  Joâo  Pelludo  Ih'a 
désse.  Elle  disse-lhe  :  «  Dou-t'a,  se  me  apresentares  aqui  os  meus 
companheiros.  »  O  demonio,  como  queria  a  orelha,  foi  ao  arma- 
rio,  tirou  as  bacias,  e  deu-lhe  os  companheiros  vivos.  Depois  o 
Joâo  Pelludo  foi-se  ao  demonio  e  em  logar  de  Ihe  dar  a  orelha, 
cortou-lhe  a  outra,  e  metteu-as  ambas  de  duas  num  bolso.  Depois 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  I73 

o  demonio  deitou  a  fugir  por  um  corredor  subterraneo,  e  o  Joâo 
Pelludo  e  os  companheiros  foram  sobre  elle  pelo  rasto  de  sangue 
que  elle  ia  deixando.  Foram  ter  a  um  jardim.  No  jardim  estava 
um  poço  e  o  rasto  de  sangue  ia  a  entrar  pelo  poço  dentro.  O  Joào 
Pelludo  disse  para  os  companheiros  :  «  Elle  esta  aqui  dentro, 
quai  de  nos  é  que  là  ha-de  ir  primeiro  ?  »  Disse  o  Rio  bom  que  ia 
elle.  O  Joâo  Pelludo  metteu-o  dentro  de  um  cesto  e  deu-lhe  uma 
campainha,  para  elle  tocar  quando  quizesse  vir  para  cima.  O  gigante 
foi  descende,  mas  eramtantas  asbalboretas  (borboletas),  assalama- 
gantase  lumi-cùsasaltarem-lhe  âcara,  que  elle  atemorizou-se  e 
veiu  para  cima  de  caminho.  Logo  foi  o  Arranca-pinheiros,  aconte- 
ceu-lhe  o  mesmo.  Foi  sô  mais  abaixo  uma  braça.  O  Arrasa- 
serras  foi,  chegou  ao  fundo  do  poço,  mas  viu  tamanha  escuridào 
que  voltou  para  cima  com  toda  a  pressa.  Foi  entào  o  Joâo  Pel- 
ludo. Elle  disse  :  «  Agora  vou  eu  ;  quanto  mais  eu  for  tocando  a 
campainha,  quanto  mais  vâo  arriando,  que  eu  quando  chegar  ao 
fundo  do  poço,  calo  a  campainha,  e  d'aqui  a  pouco,  quando  eu 
tornar  a  tocar,  puchai-me  para  cima.  »  Metteu-se  dentro  do  cesto, 
e  mais  a  bengala.  Elle  ia  tocando  sempre.  Chegou  ao  fundo  e  encon- 
trou  umas  minas,  e  foi  indo  sempre  por  ali  f6ra  atraz  do  rasto  de 
sangue.  Chegou  ao  fim,  e  viu  uma  sala,  e  uma  princeza  muito 
linda  assentada  num  trono.  Diz-lhe  o  Joâo  Pelludo  :  «  Que 
fazeis  aqui  ?  Visteis  aqui  passar  um  velho  que  eu  procuro?  »  Diz 
ella  :  «  Nâo,  mas  passou  agora  um  redemoinho  de  vento  e  talvez 
fosse  com  elle.  Ide-vos  embora,  que  eu  estou  aqui  encantada.  » 
—  «  Quem  é  o  vosso  encanto  ?  »  perguntou  o  Joâo  Pelludo  ? 
Ella  respondeu  :  «  E'  o  leâo  deouro.  Tem  força  de  quatro  caval- 
los;  ide-vos  embora,  senâo  elle  dobra-me  o  meu  encanto  e 
encanta-vos  tambem.  »  O  Joâo  Pelludo  deu  com  a  bengala  no 
leâo  d'ouro,  que  elle  partiu-se  em  dois,  e  a  princeza  ficou  logo 
desencantada.  Joâo  Pelludo  pegou  nella  e  veiu  mettê-la  no  cesto, 
e  tocou  a  campainha.  A  princeza  deu-lhe  um  anel  muito  rico 
com  o  nome  d'ella  e  do  rei  da  Asia.  Joâo  Pelludo  disse-lhe  que 
espérasse  la  em  cima  do  poço,  e  que  botassem  depois  o  cesto. 


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174  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

Assim  que  ella  chegou  acima,  o  Rio  bom  queria  logo  fugir  com 
ella,  mas  ella  nâo  quiz  e  disse  que  nâo  se  ia  embora,  sem  virem 
tambem  as  outras  duas  princezas  que  ainda  estavam  encantadas. 
O  Joâo  Pelludo  foi  por  outra  mina,  e  ao  fundo  viu  outro  jardim. 
No  jardim  estava  assentada  uma  princeza.  Elle  perguntou  se  ella 
tinha  visto  passar  o  velho.  Ella  disse  que  sô  tinha  sentido  um 
redemoinho  de  vento.  Elle  perguntou-lhe  o  que  fazia  ella  ali.  Ella 
respondeu  que  estava  encantada  numa  aguia.  Joào  Pelludo  per- 
guntou se  nâo  se  podia  matar  a  aguia.  Ella  disse  que  sim.  «  Quem 
colher  uma  setta  de  diamantes  e  apontar  com  ella  ao  sol, 
aaguiavem,  pousa-se  nella  e  alli  morre.  »  A  princeza  tinha  a  setta, 
deu-a  ao  Joào  Pelludo;  elle  amarrou-a  na  bengala,  apontou  com 
ella  ao  sol;  veiu  logo  a  aguia,  pousou  na  setta,  e  ficou  atordoada, 
e  o  Joào  Pelludo  com  a  bengala  acabou  de  a  matar.  A  princeza 
ficou  logo  desencantada.  Elle  pegou  nella  e  foi  leva-la  ao  cesto. 
Ella  deu-lhe  um  lenço  bordado  a  ouro,  com  dois  coraçôes  de  ouro 
no  meio,  com  o  nome  do  rei  da  Austria.  Tocou  a  campainha  e 
elles  guindaram-na  para  cima.  Chegou  a  cima  e  o  Arranca- 
pinheiros  qucrm  tambem  fugir  com  ella.  Ella  disse  que  nào  ia  sem 
vir  a  terceira,  que  ainda  la  estava.  O  Joào  Pelludo  foi  seguindo 
por  outra  mina  e  foi  a  uma  sala,  toda  de  ouro  aonde  estava  uma 
outra  princeza,  muito  triste,  por  as  duas  companheiras  estarem 
desencantadas  e  ella  nào,  por  o  seu  encanto  ser  muito  bravo.  Joào 
Pelludo  Ihe  perguntou  quem  era  o  encanto  d'ella.  A  princeza 
respondeu  que  era  uma  bicha  de  sete  cabeças,  que  dava  berros 
debaixo  do  chào  que  se  ouviam  a  umas  poucas  de  legoas  .  Joào 
Pelludo  dissèque  a  havia  de  desencantar,  e  esperou  pela  bicha.  A 
bicha  veiu,  e  elle  com  a  bengala  matou-a.  Depois  foi  leva-la  ao 
cesto.  Ella  deu-lhe  um  lenço  com  quatro  coraçôes  de  ouro,  um  em 
cada  ponta.  Tocou  a  campainha,  e  ella  foi  para  cima.  Os  très  que 
estavam  em  cima  queriam  fugir,  mas  as  très  nào  quizeram  sem  vir 
a  quarta  que  faltava.  Joào  Pelludo  foi  por  outra  mina  fora.  Foi  dar  a 
um  jardim,  com  um  gradeamento  de  bronze  em  volta,  dentro  do  gra- 
deamento  estava  um  chafariz,  dentro  do  chafariz  estava  um  nicho,e 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  I75 

dentro  do  nicho  estava  uma  princeza  mettida.  Joâo  Pelludo  queria  vêr 
se  la  estava  dentro,  mas  nâo  poude  por  o  gradeamento  ser  muito 
altoe  todo  de  bronze.  A  princeza  disse-lhe  que  se  fosse  tmbora, 
que  vinha  ali  o  encanto  délia  que  o  matava.  Elle  preguntou  quem 
erao  encanto.  Ella  disse  que  erao  diabo  do  inferno.  Joâo  Pelludo 
disse  :  «  Oh  !  oh  !  oh  !  atraz  desse  filho  de  puta  ando  eu  ha  bas- 
tante  tempo.  »  No  mesmo  instante  appareceu  o  demonio.  O  Joào 
Pelludo  tirou  as  orelhas  da  algibeira,  e  trincou-lh'as.  O  demonio 
disse  logo  :  «  Que  queres  tu,  homem  ?  »  Joào  Pelludo  disse  : 
«  Quero  esta  princeza  la  fora  jâ  ao  pé  das  outras.  »  O  demonio 
disse  :  «  Isso  nào  faço  eu,  s6  se  tu  me  deres  as  minhas  orelhas.  » 
Joào  Pelludo  disse  :  «  Bem,  mas  ha-de  ser  depois  de  ella  la  estar 
em  cima.  »  Joâo  Pelludo  disse-lhe  que  se  elle  nâo  pozesse  la  a 
princeza,  que  o  moia  com  a  bengala.  O  demonio  nâo  quiz,  mas  o 
Joâo  Pelludo  foi-se  a  elle  e  deu-lhe  uma  pancada  com  a  bengala. 
Ao  tempo  que  elle  Ihe  deu,  a  princeza  ficou  desencantada,  e  foi  a 
correr  pela  mina  adiante  até  ao  fundo  do  poço.  Joâo  Pelludo  met- 
teu-a  no  cesto,  e  ella  foi-se.  Esta  princeza  nào  deu  prenda  nenhuma 
ao  Joâo  Pelludo.  Chegaram  a  cima,  e  deitaram  o  cesto.  Elle 
em  baixo  pegou  na  bengala  dentro  do  cesto.  Elles  foram  puchando 
o  cesto  até  meio,  e  depois  deixaram-no  cair  julgando  que  era  o 
Joào  Pelludo.  Depois  pegaram  nas  princezas,  e  foram-se  embora. 
Joào  Pelludo  ficou  sô  no  fundo  do  poço.  Andou  a  vêr  tudo,  e 
depois  quando  jâ  estava  farto  de  andar,  de  enraivecido  metteu  a 
mâo  na  algibeira  e  trincou  as  duas  orelhas  do  demonio.  Appare- 
ceu-lhe  logo  o  demonio,  e  perguntou-lhe  :  «  O  que  queres  tu  ?  » 
—  «  Quero  que  me  ponhas  la  fora  d'esta  mina.  »  —  «  Sim,  se  me 
dis  as  minhas  orelhas  »,  disse  o  demonio.  Joâo  Pelludo  disse  : 
«  Dou.  »  O  demonio  disse  :  «  Mas  nào  te  levo  a  bengala.  » 
Joào  Pelludo  disse  :  «  Pois  a  bengala  é  que  tu  là  has-de 
ir  pôr  primeiro.  »  O  demonio  levou-lhe  entào  a  bengala 
e  depois  veiu  busca-lo  a  elle.  Quando  chegou  a  cima,  nào  encon- 
trou  jâ  os  companheiros  nem  as  princezas.  Joào  Pelludo  disse 
para  o  demonio  :  «  Se  me  pôes  agora  onde  estâo  os  meus  compa- 


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176  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

nheiros,  dou-te  as  orelhas.  »  O  demonio  foi  po-lo  ao  pé  dos 
companheiros.  »  Mas  o  Rio  bom  jâ  tinha  passado  para  o  outro 
lado,  e  depois  fez  o  rio  bravo.  O  demonio  passou-o,  mas  elles  jâ 
tinham  fugido  para  o  reino  da  primeira  princeza.  O  Joâo  Pellado 
nâo  Ihe  deu  as  orelhas  ao  demonio.  Depois  o  Joâo  Pelludo  foi  para 
a  capital  da  Asia,  e  hospedou-se  la  numa  estallagem.  O  Rio  bom 
estava  casado  com  a  primeira  princeza.  O  Arranca-pinheiros  foi 
para  a  capital  da  Austria  e  casou  com  a  segunda.  O  da  terceira  foi 
para  a  Africa,  e  casou  com  a  terceira,  e  a  solteira  foram-na  pôr  na 
India.  Depois  o  Joâo  Pelludo  vestiu-se  de  cavalleiro  e  foi  passear 
pela  capital  da  Asia,  levando  o  anel  que  a  princeza  Ihe  tinha  dado 
no  dedo.  Estava  ella  a  janella  quando  elle  passou.  Ella  deu  fé,  e 
disse  para  o  rei  :  «  Oh  !  meu  pai,  que  vae  ali  o  gigante  que  me 
desencantou.  »  O  rei  mandou  logo  um  camarista  chama-lo.  Mas 
elle  no  entretanto  fiigiu  para  a  estallagem.  No  segundo  dia,  trin- 
cou  de  novo  a  orelha  ao  demonio  e  elle  apresentou-lhe  outro 
cavallo  e  outro  fato  de  outra  qualidade.  Passou  e  aconteceu-lhe  o 
mesmo.  Ao  terceiro  dia,  tornou  a  passar.  O  rei  poz  sentinellas 
pela  rua,  e  disse-lhes  que  quando  passasse  aquelle  cavalleiro,  que 
o  fossem  acompanhar  para  vêr  aonde  se  recolhia.  Elle  passou; 
foram  as  sentinellas  atraz  d  elle,  e  foram  dar  com  elle  a  estalla- 
gem. Elle  apresentou-se  e  o  camarista  disse-lhe  que  estava  ali  da 
parte  de  Sua  Magestade,  para  o  levar  a  palacio,  que  Ihe  queria  dar 
uma  pensào,  por  elle  ter  desencantado  a  princeza.  Elle  disse  que 
fossem  adiante,  porque  elle  la  ia  ter.  Quando  o  camarista  se  foi, 
Joâo  Pelludo  trincou  a  orelha  do  diabo,  e  elle  appareceu-lhe  logo, 
e  Joâo  Pelludo  pediu-lhe  um  cavallo  mais  rico  que  o  do  rei. 
Apresentou-se  la,  e  foi  fallar  ao  rei.  O  cavallo  era  o  demonio 
mesmo.  O  rei  perguntou-lhe  quem  elle  era.  Elle  disse  que  era  um 
guerreiro.  O  rei  perguntou-lhe  se  tinha  sido  elle  que  tinha 
desencantado  a  filha.  A  princeza  que  estava  a  ouvir,  disse  logo 
para  o  rei  que  era  e  agarrou-se  a  elle.  Joâo  Pelludo  disse  â  prin- 
ceza que  fosse  para  o  pé.  O  marido  da  primeira  princeza  foi  casar 
com  a  quarta  que  estava  solteira.  Depois  o  Joâo  Pelludo  encon- 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  I77 

trou  a  segunda,  ella  reconheceu-o,  e  elle  mandou  metter  o 
marido  dentro  de  uma  torre.  Depois  encontrou  a  terceira,  ella 
reconheceu-o,  o  marido  foi  posto  noutra  torre.  Neste  comenos 
o  primeiro  que  estava  casado  com  a  solteira,  desafiou  o  Joâo 
Pelludo,  e  elle  ia  para  se  bâter  com  elle.  Mas  o  diabo  para  se  vin- 
gar  do  Joâo  Pelludo,  deu-lhe  armas  de  fogo,  que  foi  quando 
foram  inventadas,  e  elle  matou  o  Joâo  Pelludo. 

(Oporto) 

27.    o  SENHOR  DA  CRUZ. 

Era  uma  vez  uma  mulher  casada  e  era  muito  pobre  e  tinha  um 
irmâo  muito  rico.  A  mulher  era  casada,  e  um  dia  foi  a  um  monte 
onde  estava  uma  capella  do  senhor  da  Cruz,  e  disse-lhe  que  fosse 
elle  jantar  com  ella  no  dia  seguinte,  que  ella  tinha  uma  gallinha 
morta  e  preparada.  O  senhor  disse-lhe  que  sim.  A  mulher  foi 
para  casa  e  no  outro  dia  arranjou  tudo.  Logo  pela  manhâ  appa- 
receu-lheum  pobre  dizendo-lhe  que  tinha  muita  fome.  A  mulher 
teve  muita  pena,  e  deu-lhe  a  moella.  D'ahi  a  bocado  tornou  a  vir 
outro  pobre  com  muita  fome  e  pediu-lhe  alguma  cousa  de  comer. 
A  mulher  com  muita  pena  de  encetar  a  gallinha  que  era  para  o 
senhor  da  Cruz,  deu-lhe  o  figado.  D  ahi  a  bocado  veiu  outro  pobre 
com  muita  fome  e  pediu  que  comer.  A  mulher  nào  tendojâ  mais 
que  dar,  deu-lhe  o  coraçâo.  Depois  poz-se  a  espéra  do  senhor  da 
Cruz,  mas  elle  nâo  veiu.  No  outro  dia  a  mulher  foi  muito  triste 
â  capella  e  disse-lhe  :  «  Meu  senhor  da  Cruz,  tu  tinhas-me  pro- 
mettidoque  vinhas  jantar  comigo;  eu  tinha  a  gallinha  prompta 
e  tu  nâo  viestes  !  »  O  senhor  respondeu-lhe  :  «  Nào  fui,  mas 
mandei.  Vai  para  casa  :  vai  â  arca,  que  a  has-de  achar  cheia  de 
trigo  ;  vai  ao  forno,  queo  has-de  achar  cheio  de  broa;  e  vai  â  tua 
boisa,  que  là  has-de  achar  dinheiro,  e  nunca  te  ha-de  faltar.  »  A 
mulher  foi  muito  contente  para  casa,  contou  tudo  ao  marido,  e 
achou  o  que  o  senhor  da  Cruz  Ihe  tinha  dito.  D'ahi  por  diante  a 
mulher  tinha  tudo  o  que  précisa  va,  e  jd  estava  muito  rica.  O 
irmâo  rico  perguntou-lhe  um  dia  muito  admirado  como  é  que 
ella  sendo  tâo  pobre,  estava  agora  tâo  rica.  A  mulher  contou-lhe 

Rrtmê  hispanique,  xiv.  12 


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lyS  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

tudo.  O  irmào  disse  :  «  Bem,  como  o  senhor  da  Cruz  te  fez  isso 
por  tu  o  teres  convidado  para  ir  corner  uma  gallinha,  o  que  nao 
me  farâ  a  mim,  que  o  vou  convidar  para  corner  uma  vitella  !  » 
E  foi,  matou  a  vitella  e  andou-se  a  convidar  o  senhor  da  Cruz 
para  no  outra  dia  ir  jantar  com  elle.  O  senhor  disse  que  sim.  O 
homem  veiu  para  casa,  preparou  a  vitella  e  poz-se  â  espéra. 
Appareceu-lhe  um  pobre  com  muita  fome  a  pedir-lhe  alguma 
cousa.  O  homem  muito  zangado  mandou-o  pôr  fora  de  casa, 
que  nào  partia  a  vitella,  que  estava  guardada  para  o  senhor  da 
Cruz.  Veiu  segundo,  o  mesmo.  Terceiro,  o  mesmo.  Esperou 
pelo  senhor  depois,  mas  elle  nao  veiu.  No  outro  dia  o  homem 
foi  â  capella  e  disse-lhe  :  «  Meu  senhor  da  Cruz,  entào  tinheis-me 
dito  que  irieis  a  minha  casa  comer  a  vitella,  e  eu  tinha-a  prepa- 
rada  e  v6s  nâo  fosteis  !  »  O  senhor  muito  zangado  respondeu  : 
«  Nào  fui,  mas  mandei  ;  e  quando  tu  nào  attendestes  os  que  iam 
em  meu  nome,  que  me  farias  a  mim  !  »  O  homem  foi-se  muito 
triste  para  casa,  e  d'ahi  por  diante  começou  a  fortuna  a  andar-lhe 
para  traz,  a  ponto  que  veiu  a  ser  pobre. 

(Maria  Canastreira.  Oliveira  de  Azemeis.) 

28.  o   FERREIRO   DA   MALDIÇÂO 

Era  uma  vez  um  ferreiro,  casado  e  tinha  muitos  filhos.  Vivia 
muito  pobre,  e  chamavam-lhe  0  ferreiro  da  maldiçào,  que  quando 
tinha  ferro  nào  tinha  carvào,  E  assim  era.  Quando  tinha  ferro, 
faltava-lhe  o  carvào,  e  quando  tinha  carvào  faltava-lhe  o  ferro, 
de  modo  que  nunca  podia  trabalhar,  e  os  filhos  quasi  que  jâ  nào 
tinham  que  comer,  morriam  de  fôme.  Um  dia  estava  elle  muito 
desesperado  e  saiu  pela  porta  fora  e  foi  por  um  bosque  a  vêr  se 
pedia  uma  esmola  a  alguem  que  encontrasse.  Nào  viu  ninguem, 
mas  quando  jâ  se  vinha  embora,  encontrou  um  cavalleiro  muito 
ricamente  vestido.  O  cavalleiro  mal  o  viu,  dirigiu-se  para  elle  e 
preguntou-lhe  o  que  é  que  elle  queria.  O  ferreiro  da  maldiçào 
contou-lhe  a  sua  historia,  e  pediu  se  elle  Ihe  dava  alguma  cousa, 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  I79 

porque  tinha  os  filhos  quasi  a  morrer  de  fôme.  O  cavalleiro,  que 
era  o  diabo,  disse-lhe  que  Ihe  dava  tudo  quanto  elle  quizesse,  mas 
que  em  troca  elle  havia  de  Ihe  deixar  tirar  très  gotas  de  sangue  do 
dedo  mendinho  da  mâo  direita,  e  que  depois  em  qualquer 
occasiao  que  elle  o  mandasse  chamar  que  fosse,  estivesse  aonde 
estivesse.  O  ferreiro  da  maldiçao  disse  que  sim,  deixou  tirar  as 
très  gotas  de  sangue  do  dedo  mendinho,  e  foi-se  embora.  Mal 
chegou  a  casa,  contou  tudo  a  mulher.  A  mulher,  que  conheceu 
que  era  o  diabo,  fîcou  muito  afflicta  e  disse  para  o  marido  :  «  Ai  ! 
homem,  que  te  perdestes  !  »  O  ferreiro  respondeu-lhe  :  «  Tenho 
fé,  que  me  hei-de  salvar.  »  D'ahi  por  diante,  nunca  mais  Ihe  tor- 
nou  a  faltar  nada.  Tinha  sempre  muito  ferro  e  carvâo  e  jâ  ganhava 
muito  dinh'eiro  para  os  filhos.  Um  dia  que  elle  estava  na  forja, 
chegou-se  um  homem  ao  pé  d  elle,  e  disse-lhe  que  o  cavalleiro 
que  um  dia  o  tinha  encontrado  no  bosque  e  que  Ihe  tinha  pedido 
très  gotas  de  sangue  do  dedo  mendinho  da  mâo  direita, 
o  mandava  chamar.  O  ferreiro  da  maldiçao  começou  a 
malhar  no  ferro  com  muita  força  e  disse  para  o  homem  : 
«  Vocemecê  bem  vê  o  que  eu  tenho  que  fazer;  nào 
tenho  tempo  de  ir  a  seu  amo.  »  E  começou  a  salpica-lo  com 
o  ferro  em  braza.  O  homem  tornou  outra  vez,  mas  o  ferreiro  nao 
Ihe  respondia  outra  cousa,  e  elle  teve  que  se  ir  embora.  Voltou  a 
ter  com  o  demonio  e  contou-lhe.  O  demonio  mandou-lhe  outro 
mensageiro,  mas  aconteceu-lhe  o  mesmo.  Por  fini  foi  o  demonio, 
e  aconteceu-lhe  o  mesmo,  ficando  todo  queimado  com  o  ferro 
em  braza,  e  sem  poder  tentar  o  ferreiro.  Por  fim  o  ferreiro  da 
maldiçao  morreu.  Foi  ter  as  portas  do  Ceu.  Estava  là  Sào  Pedro, 
e  quando  elle  bateu,  preguntou-lhe  quem  era.  Elle  responde  :  «  O 
ferreiro  da  maldiçao.  »  Sào  Pedro  disse-lhe  :  «  Mais  abaixo.  » 
Foi  ao  purgatorio,  bateu,  e  disseram-lhe  :  «  Mais  abaixo.  »  Foi  ao 
inferno.  Bateu,  preguntaram-lhe  quem  era,  e  elle  respondeu  : 
«  Ferreiro  da  maldiçao.  »  O  demonio,  mal  ouviu  este  nome, 
gritou-lhe  :  «  Fora  d'aqui  »,  e  fechou-lhe  a  porta.  Tornou  o 
ferreiro  para  o  Ceu.  Bateu  â  porta.  Sào  Pedro    preguntou-lhe 


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l80  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

quem  era,  e  elle  disse  :  «  O  ferreiro  da  maldiçào,  que  nem  no 
inferno  o  querem.  »  Sao  Pedro  abriu-lhe  entao  as  portas  e  o 
Senhor  disse-lhe  :  «  Entra,  que  o  teu  logar  jâ  aqui  estava  guardado, 
porque  nunca  elle  falta  aos  que  sabem  ter  fé  para  salvar-se.  » 

(Maria  Canastreira.  Olivbira  de  âzemeis.) 

29.    PEDRO  MALASARES 

Variante  da  Foz  do  conto  do  Joào  Pelludo.  É  uma  luz  que 
desce  pela  chaminé  abaixo  e  que  vem  desmanchar  a  ceia  a  cada 
um  dos  companheiros,  até  que  chega  a  vez  de  Pedro  Malasares 
que  vê  a  luz,  corta-a  com  a  espada,  e  corta  a  orelha  do  diabo,  etc. 

30.  LENDA  DO   ALICORNO. 

Era  uma  vez  dois  frades  e  iam  por  um  caminho,  e  encon- 
traram  um  alicorno  (gigante  sô  com  um  olho  na  testa)  a  pastar 
umas  ovelhas  no  monte.  O  alicorno  mal  os  viu  disse-lhes  :  «  Ora 
adonde  vâo  vocês,  que  os  lobos  comem-nos,  venham  comigo 
para  a  minha  casa.  »  Elles  foram,  e  logo  alli  se  abriu  no  monte 
uma  porta  por  encanto  por  onde  as  ovelhas  e  o  alicorno  e  os 
dois  frades  entraram.  O  alicorno  quando  os  viu  la  dentro,  accen- 
deu  o  lume  e  matou  um  dos  frades  e  comeu-o.  Depois  o  alicorno 
poz-se  a  dormir.  O  outro  frade  escondeu-se,  e  quando  o  viu  a 
dormir,  ia  para  o  matar,  mas  depois  considerou  que  a  cova  nâo 
se  podia  abrir  sem  o  alicorno  fazer  o  encanto,  e  elle  nao  podia 
sair.  Foi  entao,  poz  um  espeto  no  lume,  e  quando  estava  em 
braza  passou-lhe  o  olho  e  cegou-o.  O  alicorno  depois  ao  outro 
dia  quando  quiz  deitar  as  ovelhas  para  o  pasto,  atravessou-se 
na  porta  e  para  o  frade  nâo  escapar  ia  apalpando  as  ovelhas 
e  dizendo  a  cada  uma  que  passava  :  «  Passa  tu,  que  tens 
la.  »  O  frade  quando  viu  isto  pegou  numa  faca,  abriu  uma 
ovelha,  e  metteu-se  dentro  da  pelle,  e  o  alicorno  apalpou-o  e 
disse  :  «  Passa  tu,  que  tens  la.  »  Elle  mal  se  viu  fora  disse  : 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  l8l 

«  Tambem  passei  eu,  que  nâo  tenho  la.  »  O  alicorno  chamou 
entâo  por  um  cao  muito  grande  que  teve,  e  o  frade  teve  que 
fugir  para  cima  de  uma  arvore,  senâo  o  cao  matava-o. 

(Orense.  José  Boon  y  Gonçalvez.) 

31.    ALBERTO  DO  DIABO. 

Um  rei  tinha  muita  pena  de  nâo  ter  filhos.  Disse  um  dia  i 
criada,  uma  noite  que  Ihe  fizesse  a  cama,  que  por  arte  de  Deus 
ou  do  Diabo  havia  de  ter  um  fîlho.  Ao  fim  de  nove  mezes  a  rainha 
teve  um  filho.  Para  elle  nascer  estiveram  a  chover  très  dias. 
Quando  nasceu  parou  a  chuva.  Quando  tinha  cinco  annos  jd  fazia 
diabruras.  Matou  depois  dois  mestres,  e  ao  depois  ninguem  o  que- 
ria  ensinar.  Elle  foi  com  outros  sete  rapazes  fazer  uma  casa  nu  m 
monte.  O  rei  morreu  de  pesar.  Elle  com  os  companheiros  rouba- 
ram  e  mataram.  Depois  um  dia  matou  os  companheiros  todos. 
O  pai  quando  ainda  era  vivo,  mandou  muitos  soldados  para  os 
prender.  Elle  cegava  os  soldados  e  mandava-os  cegos  para  o  pai. 
Foi  entâo  que  o  pai  morreu  de  pesar.  Veiu  depois  para  casa.  Mas 
a  mai  com  medo  fechou  a  porta.  Depois  elle  pediu  a  bençoa  à  mai, 
porque  queria  ir  para  Roma  confessar-se.  Foi  ter  com  o  Santo 
Padre  para  elle  o  confessar.  O  Padre  Santo  mandou-o  para  um 
abbade.  Elle  confessou-o  e  disse-lhe  que  em  seis  mezes  nâo  havia 
de  fallar  e  que  nâo  havia  de  comer  senâo  aquillo  que  tirasse  da 
bocca  a  um  câo.  Foi  caminhando  e  foi  dar  a  casa  de  um  rei  que 
estava  jantando.  Preguntaram-lhe  quem  era,  mas  elle  nao  disse 
nada.  Deram-lhe  de  comer,  mas  elle  nâo  quiz  nada.  Depois  atira- 
ram  um  osso  a  um  câo,  e  elle  entâo  apanhou-o  e  começou  a 
comer  da  bocca  do  câo.  O  rei  tinha  uma  filha  muda,  mas  assim 
mesmo  como  era,  havia  um  rei  turco  que  queria  que  elle  Ihe  désse 
a  filha.  O  rei  christâo  tinha  muito  medo,  mas  nâo  teve  remedio 
senâo  ir  ao  campo  batalhar  com  o  turco.  O  Alberto  quando  viu  isto, 
pediu  um  cavallo  e  uma  lança.  Logo  alli  Ihe  appareceu  tudo. 
Foi  como  um  raio,  e  foi  degoUando  os  turcos.  Depois  quando 


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l82  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

acabou,  fiigiu,  e  voltava  para  casa,  e  na  casca  de  uma  noz  recolhia 
o  cavallo,  a  lança  e  tudo,  e  depois  ia  deitar-se  com  o  cao.  O  rei 
christao  quando  chegou  a  casa,  nào  fazia  senào  dizer  que  queria 
saber  quem  era.  A  filha  sabia  quem  era,  mas  como  era  muda, 
nâo  podia  dizer  nada.  Houve  très  batalhas  e  nas  très  aconteceu  o 
mesmo.  A' terceiraum  officiai  feriu  o  Alberto  n'uma  pema,  que  Ihe 
fez  deitar  sangue.  Elle  fugiu.  Mas  o  rei  deitou  um  bando  para  que 
quando  os  medicos  fossem  curar  alguem  que  estivesse  ferido,  que 
se  fosse  solteiro  que  havia  de  casar  com  sua  filha.  O  rei  turco 
quando  ouviu  dizer  isto,  fingiu-se  ferido.  E  o  rei  como  acreditou 
ia  para  Ihe  dar  a  filha  e  o  rei  turco  jâ  ia  para  casar.  Mas  nesta  occa- 
siâo  a  filha  do  rei  veiu-lhe  a  fallar  e  neste  momento  o  Alberto  do 
Diabo  tornou  a  pedir  a  Deus  o  cavallo  e  a  lança  e  veiu  e  derrotou 
o  rei  turco.  Entao  a  filha  disse  ao  rei  que  aquelle  era  quem  tinha 
salvado  o  rei  nas  très  batalhas.  Casou  entâo  a  filha  do  rei  com  o 
Alberto  do  Diabo,  e  no  fim  de  très  mezes  morreram  ambos  na 
graça  de  Deus. 

32.    o   CORDÂO   DE   OURO 

Uma  mulher  pobre  tinha  très  filhas.  Defronte  morava  uma 
vizinha  que  era  fada.  A  vizinha  um  dia  mandou  chamar  a  mais 
velha  das  meninas  para  Ihe  ir  ajudar  a  coser,  pois  tinha  muito 
trabalho.  A  menina  foi.  Chegou  là  e  a  fada  (ella  nâo  sabia  que  a 
mulher  era  fada)  nào  Ihe  deu  nada  ao  almoço.  Ella  ficou  muito 
zangada.  Ao  jantar  deu-lhe  um  bocado  de  pâo  do  tamanho  de 
uma  avelâ.  A  fada  ao  mesmo  tempo  preparou  um  grande  jantar 
que  mandou  para  a  mai  e  as  outras  duas  irmàs.  A  mais  velha  â 
noite  foi  para  casa  muito  desesperada,  e  disse  que  nâo  voltava  a 
casa  da  vizinha  para  a  ajudar,  porque  ella  tinha-a  morto  de  fôme. 
A  fada  que  tinha  vindo  escutar,  disse  consigo  :  «  Esta  jâ  me  nâo 
serve.  »  No  outro  dia  convidou  a  outra  filha  da  mulher,  a  do 
meio.  Esta  foi  e  aconteceu-lhe  o  mesmo,  pois  â  noite  disse 
quando  a  mai  Ihe  perguntou  se  a  vizinha  a  tinha  tratado  bem. 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  183 

que  esta  a  tinha  matado  â  fome.  A  fada  que  estava  a  escutar 
disse  consigo  :  «  Esta  jâ  me  nào  serve.  »  Ao  outro  dia  mandou 
convidar  a  irmà  mais  nova.  Esta  foi,  aconteceu-lhe  o  mesmo.  A 
vizinha  ao  almoço  nao  Ihe  deu  nada.  Ao  jantar  deu-lhe  um  bocado 
de  pâo  do  tamanho  de  uma  castanha.  E  mandou  para  a  mai  e 
para  as  duas  irmàs  um  bello  jantar.  Mas  a  menina  quando  che- 
gou  â  noite  a  casa,  e  que  Ihe  fizeram  a  pregunta  do  costume,  ape- 
sar  de  estar  com  muita  fôme,  disse  que  a  vizinha  a  tinha  tratado 
muito  bem,  mas  ia  comendo  sempre.  A  fada  que  estava  a  esprei- 
tar,  disse  consigo  :  «  Esta  é  que  me  serve.  »  No  outro  dia  man- 
dou-a  outra  vez  convidar,  e  deu-lhe  jâ  muito  de  comer,  e  como 
ella  mostrasse  desejos  de  la  ficar,  ella  disse  que  se  pozesse  â 
meia  noite  â  janella  com  Uina  bacia  de  agoa,  que  havia  de  passar 
um  phantasma,  e  que  Ihe  atirasse  com  a  agoa  dizendo  :  «  Por 
debaixo  de  toda  a  folha  vais  »,  e  que  de  madrugada  o  phantasma 
havia  de  tornar  a  passar,  e  Ihe  fizesse  o  mesmo.  A  menina  assim 
fez,  e  o  phantasma  nunca  mais  tornou  a  passar.  Como  a  mai 
quizesse  que  a  menina  voltasse  para  casa,  a  fada  disse-lhe  : 
«  Toma  la  muita  riqueza.  Mas  quando  tu  estiveres  com  tua  mai  e 
com  tuas  irmàs,  ellas  gastam-te  tudo  e  tu  ficas  sem  nada.  Por 
isso  toma  la  este  cordâo  de  ouro.  Quando  te  vires  n'alguma  neces- 
sidade,  vae  vende-lo  que  nào  te  ha-de  faltar  nada.  »  Assim  foi.  A 
menina  foi  para  casa,  mas  a  mai  e  as  irmàs  gastaram-lhe  tudo,  e 
ellas  ficaram  muito  pobres.  E  passa vam  muitas  necessidades.  A 
menina  lembrou-se  entâo  do  que  Ihe  tinha  dito  a  fada,  e  deu  â 
mai  a  caixa  onde  estava  o  cordào,  que  era  muito  fino,  como  um 
cabello.  A  mai  muito  desconsolada  por  o  cordào  ser  tào  fino  e 
por  isso  valer  tào  pouco,  foi  a  um  ourives  para  o  vender.  Mas 
quai  nào  foi  o  seu  espanto,  quando  viu  que  por  mais  que  o  ouri- 
ves pozesse  pesos  na  balança,  sempre  o  cordào  pesava  mais.  O 
ourives  nào  sabia  o  que  havia  de  fazer,  e  disse  â  mulher  que 
fosse  aos  outros  ourives.  A  mulher  foi  e  aconteceu  a  mesma 
cousa.  Isto  deu  tanto  que  fallar,  que  chegou  aos  ouvidos  do  rei 
que  mandou  chamar  a  mulher  para  Ihe  comprar  o  cordào.  A 


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184  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 


mulher  foi  e  o  rei  mandou  vir  uma  balança  e  começou  a  deitar 
as  joias  que  trazia  para  dentro.  Mas  o  cordâo  sempre  pesava  mais. 
O  rei  muito  admirado  deitou  na  balança  todos  os  seus  diamantes, 
a  corôa  e  o  sceptro,  mas  sempre  o  cordâo  pesava  mais.  Até  que 
finalmente  pôz-se  elle  na  balança.  Pesava  exactamente  o  mesmo 
que  o  cordâo.  Cada  vez  mais  admirado,  pediu  a  mulher  que  Ihe 
contasse  a  historia  d'aquelle  cordâo.  Ella  contou-lhe  tudo.  O  rei 
entâo  mandou  vir  a  menina.  Ella  veiu,  poz-se  na  balança  e 
pesava  tambem  tanto  como  o  cordâo.  O  rei  entâo  disse-lhe  que 
visto  ella  pesar  tanto  como  0  cordâo  e  elle  tambem,  pesavam 
ambcs  o  mesmo,  e  entâo  que  casava  com  ella.  E  assim  foi. 

(D*  Maria  das  Historias.) 

33.    AS   LUZES 

Era  uma  vez  um  pai  com  très  filhos.  O  mais  velho  foi  correr 
mundo  para  achar  fortuna.  Foi  andando,  foi  andando,  e  là  pela 
noite  adiante  levantou-se  um  grande  temporal.  Elle  abrigou-se 
debaixo  de  um  alpendre  por  causa  da  chuva.  Quando  estava 
recolhido  viu  vir  uma  luzinha  là  ao  longe.  Depois  chegou  ao  pé 
d'elle  e  tornou  a  ir-se  embora.  D'ahi  a  bocado  fez  o  mesmo,  e 
ainda  outra  vez  e  outra.  O  rapaz  disse  consigo  :  «  Aquella  luz 
parece  que  me  esta  a  chamar.  Vamos  la.  »  E  foi.  Andou,  andou, 
e  a  luz  sempre  adiante  até  que  chegou  a  um  palacio  muito  lindo. 
A  luz  entrou  e  elle  entrou  tambem.  Depois  a  luz  foi  pôr-se  em 
cima  de  uma  mesa  onde  estava  tudo  quanto  era  bom.  O  rapaz 
comeu  porque  estava  com  muita  fome.  Depois  a  luz  poz-se  a 
andar  até  que  chegaram  a  um  quarto.  O  rapaz  deitou-se  e  ao 
outro  dia  tinha  a  cabeceira  um  fato  novo  e  muito  rico  em  logar 
do  que  elle  tinha  trazido,  que  estava  todo  molhado.  Assim  viveu 
o  rapaz  um  anno.  Comia,  bebia,  nâo  Ihe  faltava  nada,  mas  nâo 
via  ninguem,  nem  ouvia  nada.  No  fim  de  esse  anno  o  irmâo 
segundo  disse  para  o  pai  que  tambem  queria  ir  correr  mundo  e 
procuraroseu  irmâo.  Foi  e  aconteceu-lhe  exactamente  o  mesmo. 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  185 

e  ficou  no  palacio  com  o  irmao.  Ao  fim  de  outro  anno  o  irmâo 
mais  novo  foi  tambem.  Aconteceu-lhe  o  mesmo  e  ficou  no  pala- 
cio. Mas  depois  de  lâestar  uns  poucos  de  dias,  disse  aos  irmàos 
que  ellehaviadedescobrir  omysteriod'aquelle  palacio.  Começou 
a  procurar  tudo,  e  encontrou  numa  casa  uma  chave  de  prata. 
Entrou  a  vêr  onde  ella  servia  e  abriu  uma  porta  e  viu  dentro  de 
uma  casa  très  meninas  muito  lindas,  que  mal  o  viram  Ihe  disse- 
ram  :  «  Ai  de  nos,  que  nos  dobrastes  o  encanto.  »  Depois  disse- 
ram-lhe  que  chamasse  elle  os  outros  dois  irmàos.  Quando  elles 
vieram  a  mais  velha  deu  ao  mais  velho  d'elles  uma  boisa  dizendo- 
Ihe  que  quanto  mais  dinheiro  tirasse  d'ella,  mais  ella  havia  de 
ter.  A  outra  deu  ao  do  meio  uma  toalha,  dizendo-lhe  que  cada 
vez  que  a  estendesse,  ella  se  havia  de  cobrir  de  tudo  quanto  era 
bom.  Finalmente  a  mais  nova  deu  ao  mais  novo  dos  irmàos  um 
espelho,  dizendo-lhe  que  quanto  mais  a  elle  se  visse,  mais  bonito 
havia  de  ficar.  Os  très  irmàos  foram-se  entao  embora  do  palacio  e 
como  tinham  tudo  quanto  queriam,  compraram  um  lindo  palacio. 
Defronte,  morava  uma  princeza  que  começou  a  espreitar,  e  viu 
o  irmao  mais  velho  tirar  dinheiro  sempre  da  boisa  sem  ella  ficar 
vazia,  o  segundo  pôr  a  toalha  e  ella  logo  encher-se  de  comida,  e 
o  ultimo  ficar  cada  vez  mais  bonito  quanto  mais  olhava  para  o 
espelho.  Fingiu-se  apaixonada  pelo  mais  novo,  para  vêr  se  Ihe 
podia  furtar  aquellas  cousas.  Assim  foi  :  o  mais  novo  acreditou, 
e  a  princeza  tanto  Ihe  pediu  que  elle,  uma  occasiâo  que  os 
irmàos  estavam  a  dormir,  tirou-lhes  a  boisa  e  a  toalha  e  junta- 
mente  com  o  espelho  deu  tudo  a  princeza.  Ella  mal  que  se 
apanhou  com  as  très  cousas  nunca  mais  se  importou  saber  com 
o  rapaz.  Os  irmàos  quando  acordaram  e  que  nào  encontraram  a 
boisa  nem  a  toalha,  começaram  a  dizer  mal  d  sua  vida.  O  mais 
novo  entao  contou-lhes  tudo  e  pediu-lhes  que  Ihe  perdoassem. 
Como  jâ  nào  tivessem  com  que  haver  dinheiro  nem  comer,  fica- 
ram  muito  pobres  e  tiveram  que  ir  correr  mundo  cada  um  pelo 
seu  lado.  la  o  mais  novo  muito  triste  quando  Ihe  appareceu  uma 
velha  a  perguntar-lhe  o  que  elle  tinha.  Elle  contou-lhe  tudo. 


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l86  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

Ella  entao  deu-lhe  um  cesto  de  figos,  e  disse-lhe  que  se  fosse 
disfarçar  e  mudar  de  fato,  e  depois  que  fosse  para  defronte  do 
palacio  da  princeza  apregoar  figos,  que  a  princeza  os  havia  de 
comprar,  porque  naquella  estaçào  nào  os  havia.  O  rapaz  assim 
fez.  A  princeza  comprou  os  figos  e  quiz  corner  um.  Mas  apenas 
ella  tinha  comido,  que  logo  começaram  a  nascer-lhe  cornos  por 
todo  o  corpo,  que  num  momento  ficou  coberta  d'elles.  A  princeza 
ficou  muito  afflicta  e  mandou  logo  chamar  os  medicos  da  côrte, 
mas  por  mais  que  fizessem  nào  foram  capazes  de  Ihe  arrancar  os 
cornos.  O  rei  muito  triste  e  sem  saber  o  que  havia  de  fazer  â  sua 
vida,  mandou  deitar  um  bando  em  que  promettia  a  princeza  em 
casamento  a  quem  fosse  capaz  de  a  curar.  A  velha  appareceu 
entâo  ao  rapaz  e  deu-lhe  outro  cabaz  de  figos  e  disse-lhe  que 
fosse  a  palacio  e  que  se  disfarçasse  em  medico,  e  que  depois 
expremesse  o  leite  de  cada  figo  em  cima  de  cada  corno,  que  logo 
Ihe  caiam.  O  rapaz  assim  fez.  Chegou  ao  palacio,  pediu  para 
fallar  ao  rei  e  disse-lhe  que  vinha  para  curar  a  princeza,  mas  que 
o  haviam  de  fechar  no  quarto  com  ella,  e  que  por  mais  que  ella 
gritasse  que  nâo  Ihe  abrissem,  que  era  o  remedio  que  esta  va  a 
fazer  effeito.  Assim  foi.  O  rapaz  expremeu-lhe  o  leite  de  um  figo 
e  caiu-lhe  logo  um  corno.  O  rapaz  entâo  disse-lhe  quem  era, 
e  que  se  ella  quizesse  que  elle  Ihe  tirasse  os  outros,  Ihe  havia  de 
dar  a  boisa,  a  toalha  e  o  espelho.  A  princeza  nâo  teve  outro  reme- 
dio e  deu-lhe  as  très  cousas.  O  rapaz  entâo  pegou  numa  chibata 
que  levava  e  deu-lhe  tanto  que  a  deixou  como  morta.  O  rei 
ouvia  a  princeza  gritar  muito,  mas  como  se  lembrava  da  recom- 
mendaçâo  do  medico,  julgava  que  era  o  remedio  a  fazer  effeito. 
A  final  o  rapaz  foi-se  embora  muito  satisfeito,  encontrou  os 
irmâos  a  quem  deu  a  boisa  e  a  toalha,  e  depois  foram  ao  palacio 
encantado  buscar  as  très  meninas,  com  as  quaes  casaram. 

(D*  Maria  das  Historias.) 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  187 

34.    O    RAPAZ   DAS   BOTAS   DE   SETE   LEGOAS 

Era  uma  vez  um  rapaz  e  tinha  cinco  irmâos.  O  pai  como  nâo 
rinha  quelhe  dar  de  corner,  intentou  deixa-los  no  monte  e  levou- 
os  para  o  monte  e  deu-lhe  tremoços  para  elles  irem  a  comer, 
que  era  para  os  intentar  e  para  elles  là  ficarem.  O  mais  novo  foi 
comendo  os  tremoços  e  deitando  as  cascas  pelo  caminho.  Pela 
manhâ  o  pai  foi  com  elles,  encheu  as  cordas  de  lenha  e  deixou- 
os  ficar;  maso  mais  novo  como  tinha  deixado  ficar  as  cascas,  foi 
indo  pelo  caminho  e  foi  dar  a  casa.  O  pai  admirou-se  muito  de 
elles  encontrarem  o  caminho.  Conversou  com  a  mulher  para  os 
tornar  a  deixar  no  monte.  E  deu-lhe  milho  crû.  Os  outros  irmâos 
comeram-no,  mas  o  mais  novo  foi-o  deixando  pelo  camiiïho. 
Vieram  depois  os  passarinhos  e  comeram-no.  Quando  os  meni- 
nos  viram  que  o  pai  os  tinha  deixado  sôs  no  monte,  e  queriam 
vir  para  casa,  nao  atinaram  com  o  caminho.  Foram  andando, 
andando,  até  que  foram  dar  a  casa  de  um  lobishomem,  onde 
estava  a  mulher  com  cinco  filhas  do  mesmo  lobishomem.  Os 
meninos  pediram  agasalho  â  mulher  sem  saberem  aonde  esta- 
vam.  A  mulher  la  os  agasalhou  com  as  filhas.  D'ahi  a  pouco 
chegou  o  lobishomem,  donde  disse  para  a  mulher  :  «  Mulher  ' 
cheira-me  aqui  a  carne  fresca.  »  A  mulher  disse  :  «  Calla-te, 
homem,  que  temos  ali  cinco  rapazinhos  deitados  com  nossas 
filhas,  coitadinhos,  nao  Ihe  faças  mal  !  »  O  lobishomem  disse-lhe  : 
«  Tira-me  a  ceia.  »  Depois  ceiou  e  foi-os  vêr,  donde  os  achou 
muiio  lustridos  de  gordos,  e  elles  estavam  dormindo.  Disse  elle 
para  a  mulher  :  «  Eu  vou  chamar  os  meus  companheiros.  »  Em 
quanto  elle  foi  chamar  os  outros  lobishomens,  o  mais  novo  que 
estava  a  fingir  que  dormia,  tirou  os  tapiços  que  elle  e  os  irmâos 
tinham  na  cabeça  e  pô-los  na  cabeça  das  filhas  do  lobishomem. 
O  lobishomem  chegou  de  fora  d  ahi  a  pouco,  de  convidar  os 
companheiros  para  comerem  os  meninos,  e  foi  ter  com  elles  â 
cama  para  os  matarem.  Como  elles  tinham  tirado  os  tapiços,  elle 
nâo  os  conheceu,  e  pensando  que  matava  os  meninos  matou  as 


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l88  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

filhas.  Nisto  estavam  os  meninos  debaixo  da  cama  e  fugiram. 
Neste  comenos  o  lobishomem  foi  préparât  as  caldeiras  para  os 
cozer,  mas  quando  os  foi  procurât  nào  os  encontrou  e  viu  as 
filhas  mortas.  O  lobishomem  calçou  umas  botas  de  cada  passada 
que  davam  eram  sete  legoas.  Os  meninos  estavam  mettidos 
numas  brechas  (pedras).  O  lobishomem  poisou  em  cima  das 
pedreiras,  e  os  meninos  estavam  dormindo,  mas  o  mais  novo 
estava  acordado.  Depois  o  lobishomem  ia  enfadado  (cansado)  e 
pegou  a  dormir;  o  menino  foi  e  tirou-lhe  as  botas,  e  chamou 
pelos  irmàos  emandou-os  fugir  d'ali  muitodepressa,  e  em  quanto 
o  lobishomem  estava  dormindo,  trataram  elles  de  fugir  e  o  mais 
novo  vestiu  as  botas  das  sete  legoas.  O  lobishomem  acordou,  e 
o  que  procurava  eram  as  botas,  e  como  as  nao  achava,  nào  podia 
andar.  O  menino  foi  com  as  botas  ter  ao  palacio  de  um  rei,  con- 
tando-lhe  que  havia  ali  um  lobishomem  n'aquella  serra.  Donde 
o  rei  mandou  fazer  um  cêrco  âquelle  sitio.  Depois  o  menino 
disse  ao  rei  que  com  aquellas  botas  era  capaz  de  ir  fezer  um  recado 
em  que  fosse  ao  inferno,  e  o  rei  ficou-lhe  chamando  o  correio  do 
inferno.  O  rei  disse-lhe  que  Ihe  havia  de  ir  buscar  ao  inferno 
um  anel,  que  o  diabo  trazia  entre  o  coiro  e  a  pelle.  O  rapaz  foi 
nas  botas  e  chegou  ao  inferno.  Passou  uma  serra  de  carvào,  e 
depois  encontrou  uns  portôes,  adonde  viu  uma  sentinella,  donde 
Ihe  preguntou  que  portôes  eram  aquelles.  Respondeu-lhe  a 
sentinella  que  eram  os  portôes  do  inferno.  Elle  disse  :  «  Homem! 
isto  mesmo  é  que  eu  pretendia  de  encontrar,  que  tenho  de  câ 
vir  buscar  um  anel  que  o  diabo  traz  entre  o  coiro  e  a  pelle.  » 
A  sentinella  guiou-o  pelo  inferno  dentro.  O  rapaz  encontrou 
depois  uma  velha,  e  disse-lhe  :  a  Velha,  eu  venho  aqui  para  bus- 
car um  anel  que  o  diabo  traz  entre  o  coiro  e  a  pelle.  »  A  velha 
era  a  mai  do  diabo,  e  disse-lhe  :  «  Pois,  calla-te,  que  eu  te  vou 
arranjar  isso,  mas  has-de  là  sair  para  fora  para  a  serra  do  carvào.  » 
O  rapaz  saiu,  mas  disse  â  velha  que  Ihe  désse  resposta  no  espaço 
de  très  dias.  Elle  foi-se  depois  embora,  e  a  mai  do  diabo  foi 
catar  o  filho;  depois  com  a  maniça  de  um  fuso,  metteu-lh'a 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  189 

entre  o  coiro  e  a  pelle  e  tirou-lhe  o  anel  sem  o  demonio  sentir. 
Depois  entregou-o  ao  rapaz,  que  foi  leva-lo  ao  rei.  Depois  o 
menino  pediu  ao  rei  se  Ihe  dava  posses  para  saber  aonde 
paravam  seus  irmàos.  O  rei  preguntou-lhe  donde  elle  era. 
O  rapaz  como  saiu  de  casa  do  pai  em  pequeno  nâo  sabia 
dizer  de  donde  era.  O  rei  entâo  o  mandou  outra  vez  para 
a  serra  aonde  andava  o  lobishomem.  O  rapaz  disse  que  nao  que- 
ria  ir,  porque  andavam  la  os  lobishomens  e  comiam-no.  O  rei 
disse-lhe  que  nâo  tinha  duvida  porque  se  visse  algum,  que  se 
pozesse  nas  botas  das  sete  legoas.  O  rapaz  foi-se  pôr  em  cima  das 
brechas  onde  tinha  roubado  as  botas  ao  lobishomem.  Dormiu 
ali  aquella  noite,  e  pela  manhà  assim  que  deu  com  os  olhos  no 
sol,  virou-se  para  o  nascente  e  deu  uma  passada  nas  botas  e 
encontrou  a  casa  do  pai.  O  pai  tinha  morrido,  e  elleviu  s6  os 
irmàos.  Preguntaram  elles  onde  é  que  elle  tinha  ficado.  Elle  disse 
que  tinha  ficado  na  brecha  a  tirar  as  botas  ao  lobishomem.  O 
rapaz  entao  preguntou  aos  irmàos  como  tinham  elles  vindo  a 
casa  direitos.  Elles  responderam  que  inda  ha  très  dias  é  que  ti- 
nham feito  chegada  â  casa,  que  tinham  corrido  montes  e  valles, 
etc.  e  jâ  nâo  tinham  visto  nem  pai  nem  mai.  O  rapaz  contou-lhe 
por  onde  tinha  andado,  e  que  Ihe  chamavam  o  correio  do  inferno. 
Depois  os  quatro  irmàos  foram  fazer-se  carvoeiros  para  a  serra, 
e  o  mais  novo  foi  outra  vez  para  o  palacio  do  rei,  onde  ficou. 

(Antonio  José  d'Oliveira,  ex-coveiro  de  S.  Christovào  de 
Mafamude,  e  hoje  mendigo,  natural  de  Villa  da  Feira,  arredores 
do  Porto.) 

35.    A    MENINA    DO    CHAPELINHO    VERMELHO. 

Era  uma  vez  uma  mulher  que  estava  numa  serra,  e  teve  duas 
filhas.  A  primeira  chamava-se  Maria.  Um  dia  a  avô  das  meninas 
foi  â  seira  e  encontrou  a  menina  mais  velha.  A  menina  foi  diri- 
gida  â  avô  e  beijou-lhe  a  mào,  e  a  avô  disse  :  «  Deixa  estar, 
minha  menina,  quête  hei-de  dar  um  chapelinho  vermelho;  vae 


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190  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

a  minha  casa  buscâ-lo.  »  A  menina  foi  para  casa  da  mai,  chorando 
que  Ihe  fizesse  uni  bolinho  para  levar  â  sua  avôzinha,  e  a  outra 
irmâ  ficou  em  casa  comida  de  raiva.  A  mai  preguntou-lhe  : 
«  Entâo  como  conheces  tu  a  tua  avôzinha  ?»  A  menina  respon- 
deu  :  «  Sei,  porque  estive  agora  com  ella,  e  ella  disse  que  me  ha 
de  dar  um  chapelinho  vermelho.  »  A  mai  fez-lhe  o  bolo  e 
mandou-a  leva-lo  â  avô.  A  menina  foi  andando  muito  contente, 
e  chegando  a  um  caminho,  encontrou  um  lobo-homem  (tem 
parte  de  homem  e  parte  de  lobo,  mas  nâo  é  o  mesmo  que  lobis- 
homem).  Andava  a  menina  comendo  amoras  d'um  vallado  e 
preguntou-lhe  o  lobo-homem  :  «  Que  fazes  ahi,  menina?  »  Ella 
respondeu  :  «  Estou  comendo  amorinhas.  »  O  lobo-homem  tomou 
a  preguntar-lhe  :  «  Tu  que  levas  ahi  ?  »  Ella  disse  :  «  Levo  aqui 
um  bolinho  paraa  minha  avôzinha.  »  O  lobo  assim  que  ouviu 
fallar  nisto  disse-lhe  :  «  Pois  vae  tu  por  aqui,  que  eu  vou  por 
ali,  a  ver  quem  chega  la  primeiro.  »  Chegou  elle  primeiro  e  bateu 
â  porta.  A  velha  veiu  e  abriu  a  porta  e  disse  :  «  Entra,  minha 
netinha,  entra.  »  A  velha  metteu-se  depois  na  cama,  e  disse  para 
o  lobo  julgando  que  era  a  menina  :  «  Deita-te  ahi  nessa  cama, 
minha  netinha,  que  has-de  estar  muito  friinha.  »  Nisto  a  avô 
adormeceu.  D'ahi  a  pouco  chegou  a  menina,  e  bateu  â  porta. 
O  lobo-homem  fallou  em  logar  da  avô  que  estava  a  dormir  : 
«  Entra,  menina,  que  a  porta  esta  aberta.  »  A  menina  entrou  e 
foi-se  deitar  com  o  lobo,  julgando  que  era  com  a  avô.  Depois 
quando  estava  deitada,  começou  a  correr-lhe  a  mào  pelo  corpo, 
e  a  dizer-lhe  :  «  Oh  !  minha  avôzinha,  para  que  tem  vocemecê 
tanto  cabello  pelo  corpo?  »  O  lobo  respondeu  :  «  E'  para  nâo 
ter  frio  de  dia,  minha  netinha.  »  A  menina  tornou  a  preguntar  : 
«  E  para  que  tem  vocemecê  as  pernas  tào  compridas?  »  O  lobo 
disse  :  «  E'  para  correr  muito,  para  andar  muita  terra  em  pouco 
tempo.  »  Quando  estavam  com  esta  conversa,  a  avô  que  era 
uma  fada  acordou,  e  tratou  de  se  preparar  para  encantar 
o  lobo.  A  menina  tornou  outra  vez  a  preguntar  :  «  Oh  ! 
minha    avôzinha,    para   que    tem    vocemecê    uns   braços    tâo 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  I9I 

compridos?  »  O  lobo  respondeu  :  «  E'  para  te  abraçar  bem, 
minha  menina.  »  A  menina  tornou  a  preguntar  :  «  E  para  que 
tem  vocemecê  uma  bocca  tào  escachada  ?»  —  «  E'  para  te  corner 
bem,  respondeu  o  lobo,  e  mais  a  tua  avô  »  ;  e  ia  para  corner  a 
menina.  Nisto  a  avô  levantou-se  muito  depressa  e  deu-lhe  uma 
troçada  (pancada)  com  a  varinha  de  condâo,  e  ficou  o  lobo 
encan tado.  Depois  a  avô  encheu-o  todo  de  foguetes  e  girasoes 
amarrados  ao  lobo,  e  deitaram-lhe  o  fogo,  e  assim  que  elle  sen- 
tiu  o  pello  a  arder,  deitou  a  fugir,  que  era  o  que  a  velha  que- 
ria,  e  mais  a  menina,  e  depois  o  lobo  foi-se  deitar  ao  poço  do 
moinho,  adonde  ali  morreu  afogado.  Depois  a  avô  começou  a 
reprehender  a  menina  por  ella  dar  acceitaçao  ao  lobo  no  caminho. 
A  menina  disse-lhe  que  elle  a  queria  comer  «  mas  eu  disse-lhe 
que  vinha  trazer  um  bolinho  â  minha  avôzinha,  e  elle  depois 
disse  que  vinha  de  vol  ta.  »  A  avô  disse-lhe  que  nâo  tornasse  a 
fazer  aquillo.  Depois  disse-lhe  :  «  Agora, toma  la  o  chapelinho 
vermelho  que  te  prometti,  e  tu  falla  sempre  muito  bem  a  toda  a 
gente,  faz  a  vontadinha  a  todos,  e  se  te  alguem  pedir  agua,  da- 
Ih'a  com  boa  vontade,  quetu  has-de  ser  feliz.  »  Nisto  foi  a  menina 
para  a  serra  para  casa  da  mai.  Nào  levava  nada  senao  o  chape- 
linho vermelho.  A  outra  irmà  estava  toda  raivosa  por  nâo  ter  um 
chapellinho  tambem.  A  mai  depois  mandou  um  dia  buscar  agua 
a  mais  velha,  mas  ella  nào  quiz.  A  mais  nova  offereceu-se  logo  e 
disse  :  «  Oh!  minha  mâizinha,  de  câ  que  eu  vou.  »  E  assim  foi. 
Estava  na  fonte  enchendo  o  cantaro,  e  passou  uma  velhinha,  que 
era  a  mesma  que  Ihe  tinha  dado  o  chapelinho  vermelho,  mas  que 
ella  nào  conheceu  porque  ia  de  outra  maneira.  A  velhinha  pediu 
agua  â  menina  do  chapelinho  vermelho,  e  a  menina  Ih'a  deu 
com  muito  bom  modo.  Depois  a  velha  disse-lhe  :  «  Olha,  tu  es  a 
menina  do  chapelinho  vermelho  ?»  A  menina  respondeu  : 
a  Sou  sim,  minha  senhora.  »  A  velha  disse-lhe  :  «  Pois  olha,  faz 
tudo  sempre  bem,  e  trata  bem  todos,  que  eu  hei-de  dar-te  uma 
prenda  de  botares  flores  pela  bocca,  quando  fallares  para  alguem.  » 
Depois  a  velha  foi-se  embora.  Foi  a  menina  para  casa  com  a  agua. 


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192  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

A  mai  ralhou  com  ella  por  ella  tardar,  e  ella  disse  :  «  Minha 
mai,  eu  venho  agora,  porque  estive  a  dar  agua  e  a  conversar  com 
uma  velhinha,  e  ella  me  disse  que  me  havia  de  dar  uma  prenda  »  ; 
e  começou  a  deitar  flores  pela  bocca.  Nisto  Ihe  preguntou  a  mai  o 
que  fizera  ella  a  velhinha  para  ella  Ihe  dar  aquella  prenda.  A 
menina  disse  :  «  Ella  pediu-me  agua  e  eu  disse-lhe  que  a  fosse 
beber  â  fonte.  »  E  ella  disse-me  :  «  Mal  falladasejas  tu,  queopre- 
mio  que  recebas  seja  deitares  flores  pela  bocca.  »  A  irmà  mais  velha, 
que  estava  com  muita  inveja,  quiz  ir  â  agua  tambem.  E  foi. 
Dondelhe  appareceu  a  mesma  velha  e  disse-lhe  :  «  Oh!  menina, 
das-me  uma  pinguinha  de  agua?  »  Ella  respondeu-lhe  :  «  Ora! 
eu  dou-lhe  agora  agua  !  va  bebê-la  â  fonte  !  »  A  velha  disse-lhe  : 
«  Fadada  sejas  tu,  que  laves  as  mâos  e  nunca  se  ellas  lavem,  e 
quando  fallares  deitares  chanquinos  (sapos  pequenos)  pela 
bocca.  »  Foi  ella  para  o  pé  da  mai  e  ella  preguntou-lhe  o  que  ella 
tinha  feito  que  se  tinha  demorado  tanto.  »  Ella  disse  :  «  Ora!  pas- 
sou  la  uma  velha,  pediu-me  agua  e  eu  ralhei  com  ella  e  disse-lhe 
que  fosse  bebê-la  â  fonte.  »  E  nisto  começou  a  deitar  chanquinos 
pela  bocca.  A  mai  ganhou  raiva  â  mais  nova,  e  começou  a  bater- 
Ihe  por  ella  ter  ensinado  a  irma  errada.  A  menina  do  chapelinho 
vermelho  fugiu  parao  monte.  Andou  por  ali  muito  tempo  morta 
com  fôme,  toda  rota  e  esfarrapada.  Foi  depois  ser  moça  de  servir. 
Um  dia  appareceu  ali  um  principe  que  ia  â  caça,  e  perguntou- 
Ihe,  vendo-a  tào  linda,  o  que  fazia  ella  por  ali.  A  menina  contou- 
Ihe  tudo.  E  nisto  começou  a  botar  flores  pela  bocca.  O  principe 
quando  viu  isto,  disse-lhe  que  ficasse  ella  ali,  que  a  mandava  bus- 
car  para  casar  com  ella.  Depois  o  principe  preparou  uma  carrua- 
gem  e  veiu  busca-la  à  serra.  E  assim  fez.  Depois  arrecebeu-a 
como  sua  esposa,  e  a  outra  irmà  ficou  sempre  botando  os  chan- 
quinos pela  bocca. 

(Idem.) 

36.    AS  TRES  CIDRAS   DO   AMOR. 

Era  uma    vez  um  principe,  que   queria    casar-se,   mas  ne- 


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I 


CONTOS    POPULARES   PORTUGUEZES  I93 

nhuma  princeza  Ihe  agradava.  Vinham  os  retratos  de  todas 
de  uma  banda  e  d'outra,  mas  elle  a  todas  achava  feias.  Um 
dia  veiu-lhe  o  retrato  das  très  cidras  do  amor,  e  entào  elle 
gostou  muito  d'ellas  e  pediu  ao  pai  para  ir  ao  castello  aonde 
ellas  estavam  encantadas.  Depois  foi,  caminhou  muito  e  viu  ao 
longe  uma  cabaninha  no  monte.  Bateu  â  porta  da  cabaninha,  e 
appareceu-lhe  uma  mulher  velha,  e  perguntou-lhe  se .  ella  Ihe 
dizia  em  que  castello  é  que  estavam  as  très  cidras  do  amor 
encantadas.  A  velha  disse-lhe  que  s6  o  filho,  que  era  o  vento,  é 
que  sabia,  e  mandou-o  metter  debaixo  da  cama  para  o  filho  o 
nâo  ver.  D'ahi  a  bocado  entrou  o  vento,  e  sentou-se  ao  lume,  e 
nâo  fazia  senâo  dizer  para  a  mai  :  «  Oh  1  minha  mai,  aqui  cheira 
a  folgo  vivo!  »  A  mai  disse-lhe  :  ^  Estas  tolo,  aqui  nâo  esta 
ninguem  !  »  Depois  entào  perguntou  a  mai  ao  filho  se  elle  sabia 
em  que  castello  é  que  estavam  as  très  cidras  do  amor.  Elle  disse 
que  era  muito  longe  e  que  ninguem  la  podia  ir  sem  levar  comer 
mastigado  da  bocca  d'elle,  e  uma  mâocheia  de  cinza  de  debaixo 
do  pé  esquerdo  d'elle.  Depois  elle  foi  comer  e  a  mai  fingiu  que 
Ihe  ia  tirar  um  cabello  e  tirou-lhe  da  bocca  um  bocado  de  comer. 
Depois  fez  que  foi  arrastando  lenha  para  o  pé  do  lume,  para  Ihe 
pôr  cinza  debaixo  do  pé  esquerdo.  Depois  o  vento  foi-se  deitar, 
e  disse  â  mai  que  quem  fosse  ao  tal  castello  havia  de  encontrar 
dois  leôes.  Se  elles  estivessem  com  os  olhos  abertos,  estavam  a 
dormir;  e  se  elles  estivessem  com  os  olhos  fechados,  estavam 
acordados.  E  que  tinham  uma  chave  na  bocca,  e  que  quando  Ih'a 
tirassem  Ihe  haviam  de  metter  um  bocado  de  comer  mastigado 
na  bocca,  e  que  haviam  de  despejar  um  bocado  de  cinza  para  Ihe 
armar  um  nevoeiro.  E  com  aquella  chave  haviam  de  ir  abrir  uma 
gaveta.  Nessa  gaveta  esta  uma  fita  vermelha,  e  puchando  por 
ella  haviam  de  vir  as  très  cidras  atadas  todas  très.  Depois  que  as 
levasse,  mas  que  as  nâo  abrisse  senâo  aonde  houvessc  muita 
agua.  E  que  quando  se  viesse  embora,  que  fizesse  o  mesmo  aos 
leôes.  O  principe  deu  muito  dinheiro  â  velha  e  foi  para  o  castello 
das  très  cidras,  com  o  comer  mastigado  pelo  vento  e  a  mâocheia 

Rgifiu  hispanipu.  xrv.  13 


■y 


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194  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

de  cinza  do  pé  esquerdo.  Fez  tudo  o  que  o  vento  disse,  e  trouxe 
as  très  cidrasconsigo.  Chegou  a  uma  fonte  que  havia  no  caminho 
e  abriu  uma  cidra  *.  Appareceu-lhe  uma  princeza  muito  formosa, 
e  pediu-lhe  agua.  Ella  bebeu  e  depois  pediu-lhe  mais,  mas  a  fonte 
secou  e  a  menina  morreu.  O  principe  ficou  muito  triste,  e  disse 
consigo  que  nào  abria  outra  senào  aonde  houvesse  muita  agua.  Foi 
andando  e  chegou  a  uma  outra  fonte  onde  havia  muita 
agua.  Abriu  outra  e  aconteceu-lhe  o  mesmo.  Ficou  muito 
triste  e  chegou  a  terceira  fonte  onde  havia  ainda  mais  agua. 
Abriu  a  cidra,  sahiu  uma  princeza  ainda  mais  linda.  Pediu- 
lhe  agua,  e  elle  deu-lh'a.  Depois  pediu-lhe  mais,  e  como  a  fonte 
nâo  secou,  a  princeza  escapou.  Depois  como  era  perto  do  palacio, 
o  principe  disse-lhe  que  ia  buscar  uma  carruagem  para  a  levar  e 
que  ficasse  ella  ali.  (O  final  como  nas  demais  versôes.) 

37.    os     TRES   MENINOS   aUE     TINHAM 
UMA   ESTRELLA   DE   OURO   NA   TESTA. 

Era  uma  vez  um  rei,  e  andava  â  caça  a  espalhar  as  saudades, 
que  Ihe  tinha  morrido  o  pai  ha  pouco.  Depois  entâo  passou  por 
uma  casa  e  viu  â  janella  très  meninas  muito  lindas.  Depois  o  rei 
mal  chegou  a  palacio  mandou-as  chamar  para  irem  â  sua  pre- 
sença.  Depois  entào  ellas  disseram  que  eram  muito  pobres  e  que 
nâo  tinham  roupa  para  irem.  O  rei  mandou-lhe  vestidos  para  se 
ellas  vestirem.  Depois  entâo  ellas  chegaram  a  palacio  e  o  rei 
mandou-as  metter  num  quarto  e  virem  â  sua  presença  nuas  em 
pello.  Ellas  nâo  queriam,  mas  elle  disse  que  as  mandava  matar  se 
ellas  nâo  quizessem.  Depois  ellas  foram.  Elle  mal  as  viu,  man- 
dou-as retirar  logo.  A  mais  nova  quando  veiu,  trouxe  o  cabello 
todo  caido  para  diante  para  se  tapar.  Depois  o  rei  disse  que 
casava  com  ella.  Quando  estavam  casados,  mandou-lhe  1er  a  sua 

I .  Tambem  uma  variante  diz  que  sào  très  maçâs  vermelhas. 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  I95 

sina.  O  advinho  disse  que  ella  havia  de  ter  très  meninos,  cada  um 
com  a  sua  estrella  na  testa.  Depois  elle  mandou-a  metter  numa 
torre,  mais  o  advinho,  até  ella  ter  os  très  meninos,  para  vêr  se 
era  verdade.  Depois  ella  teve  os  meninos  e  as  irmas  mandaram- 
nosdeitarao  mardentro  de  trescondecinhas.  (D'aqui  para  diante 
semelhante  â  versào  de  S.  Miguel.) 

38.  HISTORIA   DE   JOÂO   GRILLO. 

Havia  um  rapaz  chamado  Joào  Grillo,  que  era  muito  pobre- 
sinho.  Os  paes  queriam  a  todo  o  custo  casal-o  rico,  apezar  da  sua 
pobreza  e  falta  d'educaçâo. 

Um  dia  espalhou-se  por  toda  a  terra,  que  tinham  desapparecido 
as  joias  d'uma  princeza,  e  que  o  rei  seu  pae  daria  a  mào  da  prin- 
ceza  a  quem  descobrisse  o  auctor  do  roubo  ;  mas  [tambem  castigaria 
com  a  morte  todo  aquelle  que  se  fosse  apresentar,  e  que  no  fi  m 
de  3  dias  nào  descobrisse  o  ladrâo. 

Começaram  os  paes  de  Joâo  Grillo  a  metter-lhe  em  cabeça 
que  fosse  tentar  fortuna,  mas  o  rapaz  nâo  queria,  vendo  que 
jâ  alguns  tinham  si  do  mortos  por  nào  descobrirem  as  joias. 
Em  fim,  tanto  o  attentaram  que  se  foi  apresentar  ao  rei. 

Os  guardas  do  palacio  nâo  o  queriam  deixar  entrar  por  o 
verem  muito  rôto,  e  começaram  a  escarnecêl-o  dizendo-lhe  que 
era  doido,  etc.  Por  fim  là  o  deixaram  entrar.  O  rei  e  a  princeza 
tambem  se  riram  muito  d'elle,  mas  nào  tiveram  remedio  senào 
cumprir  a  sua  palavra. 

Metteram-no  n'um  quarto  e  deram-lhe  3  dias  para  pensar. 
la  s6  um  creado  dar-lhe  de  comer  ;  e  a  noute  quando  esse 
creado  Ihe  perguntou  se  queria  mais  alguma  cousa,  elle  respondeu 
que  nào,  e  ao  mesmo  tempo  dando  um  suspiro,  disse  :  «  Jâlâvae 
um  1  »  O  creado  sahiu  muito  atrapalhado  e  foi  ter  com  os  outros 
dois,  a  quem  contou  as  palavras  que  o  Joào  Grillo  tinha  dito.  Estes 
3  creados  eram  justamente  os  que  tinham  roubado  as  joias  da  prin- 
ceza, e  julgaram   que   o  Joào  Grillo  tinha  conhecido  um   dos 


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196  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

ladrôes,  e  por  isso  tinha  dito  :  «  Jâ  la  vae  um  !  »  Enganavam-se, 
porque  elle  se  tinha  referido  a  que  jâ  la  ia  um  dia,  e  elle  ia  cami- 
nhando  para  a  força. 

Os  creados  combinaram  que  no  dia  seguinte  iria  outro,  para 
vêr  se  o  Grillo  tambem  o  conhecia.  Assim  fez  ;  e  â  noute  quando 
perguntou  se  queria  mais  alguma  cousa,  respondeu  Joào  Grillo 
que  nâo,  e  repetiu  :  «  Jâ  la  vâo  dois  !  »  O  creado  ficou  assustadis- 
simo  e  foi  logo  contar  aos  outros.  Imagine-se  como  elles  ficaram. 
No  dia  seguinte  foi  o  outro,  e  quando  à  noute  se  despediu  para 
se  ir  embora,  diz  o  Joào  Grillo  :  «  Esta  prompto  :  jâ  la  vâo  os 
trez  ».  O  creado,  conhecendo  que  estavatudo  descoberto,  deita- 
se  aos  pés  de  Joao  Grillo  e  diz-lhe  :  «  E'  verdade,  senhor,  fômos 
nos  3,  mas  peço-lhe  por  tudo  quanto  ha  que  nâo  diga  ao  rei  que 
somos  nos  os  ladrôes,  porque  ficariamos  desgraçados.  Nos  damos 
as  joias  todas,  mas  nâo  ha-de  dizer  nada.  » 

Joào  Grillo  caiu  das  nuvens,  mas  fingiu  que  effectivamente 
tinha  advinhado.  Prometteu  ao  homem  que  nao  diria  nada,  e 
mandou-lhe  buscar  as  joias,  que  elle  trouxe  logo. 

Como  rinham  findado  os  3  dias,  foi  o  rei  ter  com  Joào  Grillo  e 
perguntou-lhe  :  «  Entâo  descobriste  ?»  —  «  Saiba  Vossa  Mages- 
tade  que  sim  senhor.  »  O  rei  riu-se  muito  julgando  que  o  rapaz 
estava  doido,  mas  elle  apresentou-lhe  as  joias,  sem  dizer  quem 
tinha  sido  o  ladrào. 

Imagine-se  como  ficou  a  princeza,  vendo  que  tinha  de  casar 
com  aquelle  maltrapilho  !  Chorou  muito,  e  pediu  ao  pae  que  nâo 
a  casasse  com  tal  homem,  mas  elle  dizia-lhe,  que  a  palavra  de  rei 
nâo  torna  atraz,  e  que  era  forçoso  casarem.  A  princeza  nâo  teve 
remedio  senâo  conformar-se  ;  mas  o  Joào  Grillo,  que  tinha  bom 
coraçâo,  vendo  a  repugnancia  d'ella,  disse  que  desistia  do  casa- 
mento.  O  rei  gostou  muito  e  disse-lhe,  que  pedisse  o  que  qui- 
zesse,  que  elle  tudo  Ihe  faria.  Joào  Grillo  sô  pediu  para  ficar  no 
palacio. 

O  rei  consentiu,  e  deu-lhe  muitos  saccos  de  dinheiro.  Ficou  o 
rapaz  no  palacio,  e  o  rei  julgava-o  um  advinhào. 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  I97 

Um  dia  o  rei  apanhou  um  grillo  no  jardim  ;  fechou-o  na  mào, 
e  chamou  o  Joao  Grillo.  Veio  o  rapaz,  e  o  rei  pergunta-lhe  :  «  O' 
Joào,  advinha  là  o  que  eu  tenho  fechado  n'esta  mao  ?  »  O  rapaz, 
coitado,  começa  a  coçar  na  cabeza  e  a  dizer  :  «  Ai  I  Grillo,  Grillo, 
em  que  màos  estas  mettido  !  »  O  rei,  julgando  que  elle  se  refe- 
ria  ao  grillo  fechado  na  mâo  d'elle,  ficou  muito  contente,  dizendo  : 
«  Advinhaste,  advinhaste,  é  um  grillo  !  »  E  deu-lhe  muito  di- 
nheiro. 

Outro  dia,  encontrou  o  rabo  d'uma  porca,  que  tinham  morto, 
e  enterrou-a  no  quintal.  Chamou  o  Joào  Grillo,  e  pergunta-lhe  : 
«  O'  Joao,  advinha  la  o  que  esta  aqui  enterrado  ?  »  O  pobre  Grillo 
nâo  sabendo  o  que  havia  de  fazer  â  sua  vida,  começa  a  dizer  : 
«  Agora  é  que  a  porca  torce  o  rabo  !  »  O  rei  abraça-o  muito  con- 
tente, e  diz  :  «  Advinhaste,  advinhaste,  é  o  rabo  d'uma  porca  !  »  E 
dava-lhe  mais  dinheiro.  O  rapaz  vendo-se  rico,  e  temendo  que 
nâo  advinhasse  mais  alguma  cousa,  ou  para  melhor  dizer,  que  o 
acaso  nâo  o  favorecesse,  escreveu  uma  carta,  fingindo  de  ser  da 
mai,  a  pedir  para  que  fosse  immediatamente  ter  com  ella,  porque 
estava  a  morrer.  O  rei  custou-lhe  muito  a  sahida  d'elle,  mas  nâo 
teve  remedio  senâo  deixal-o  ir. 

Despediram-se,  o  rapaz  montou  a  cavallo,  e  quando  jâ  ia  longe, 
o  rei  apanhou  caganitas  de  cabra  que  estavam  na  rua,  mette-as 
no  lenço,  e  começa  a  dizer-lhe  adeus  com  elle.  O  rapaz  que  ia 
longe  e  estava  farto  do  rei,  disse  adeus,  dizendo  :  «  Adeus,  adeus, 
caganitas  para  Vossa  Magestade  !  » 

O  rei  ficou  muito  contente,  e  dizia  :  «  Aquillo  é  que  é  um  rapaz 
esperto  !  Como  elle  advinhou  que  eu  tinha  caganitas  no  lenço  !  » 

B  o  rapaz  fez  a  sua  fortuna,  e  assim  se  viu  livre  do  rei. 

(D.  Ascensâo  de  Faria.  Azambuja). 

39.  MENTIRA    DO  TAMANHO   DE   UM    PADRE  NOSSO 

Era  um  homem  pobre,  cazado,  que  tinha  filhos  e  depois 
tinha  um  compadre  muito  rico  que  nâo  tinha  filho   nem  filha 


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198  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

e  que  gostava  muito  d'aquelle  compadre  porser  muito  verdadeiro. 
E  disse  a  mulher  :  «  Deviamos  ajudar  aquelle  nosso  compadre, 
por  ser  muito  bom  homem,  muito  verdadeiro  e  muito  pobre.  » 

Mandou-o  chamar.  —  E  queria  que  elle  fosse  para  uma  her- 
dade  sua,  que  Ihe  a  dava  de  graça  por  3  annos,  semeando-lhe  a 
seara  e  mettendo-lh'a  em  casa.  Mas  nào  colheu  nada,  que  veiu 
uma  secca  muito  grande.  Foi  ter  com  o  compadre.  «  Ora,  meu 
compadre,  eu  nào  colhi  nada  este  anno,  e  assim  sera  os  outros 
annos  e  entao  despeço-me  da  herdade.  »  O  compadre  disse-lhe  : 
«  Nao  senhor  ;  pode  ser  que  para  o  anno  tenha  mais  fortuna, 
que  colha  muito  bem.  Va  para  a  herdade  e  deixe,  que  eu  torno 
Id  mandar  semear,  fazer  todos  os  trabalhos  e  metter-lhaem 
casa.  —  Ora,  senhôr  compadre,  nào  senhor.  —  Va  p*ra  a  her- 
dade. » 

Foi  p'ra  a  herdade,  mas  com  muito  desgosto.  Mandou-lhe 
semear  a  seara,  porser  muito  bonita.  Ficou  muito  contente  e  veiu 
dizer  ao  compadre  que  tinha  uma  boa  seara.  Veiu  uma  grande 
invernay  nào  colheu  nada.  Veiu  ter  outra  vez  com  o  compadre  : 
«  O'  compadre,  eu  quero-me  vir  embora,  que^nào  tenho  fortuna 
nenhuma  ;  e  entào  o  senhor  esta  perdendo  e  dando-nos  de 
comer  e  semeando  a  seara,  e  entào  despeço-me  e  ^o  senhor  com- 
padre toma  posse  da  herdade.  —  Ora  todos  colhem  alguma  coisa, 
e  o  compadre  nào  colhe  nada?  parece  impossivel.  —  Pois  eu  falo 
verdade,  senhor  compadre,  nunca  colhonadae  eu  nào  sei  mentir. 

Disse-lhe  o  compadre  :  «  Va  p'  ra  caza  e  estude  uma  mentira 
do  tamanho  de  um  Padre  Nosso.  —  Eu,  senhor  compadre  ? 
Deus  me  livre  ;  eu  nào  sei  mentir,  agora  havia  de  vir  dizer  uma 
mentira  do  tamanho  d*um  Padre  Nosso  ?  —  Dou-lhe  3  dias  p*  ra 
a  estudar;  falle  com  sua  mulher  e  vejam  se  a  arranjam.  — 
Nào,  senhor  compadre,  en  nào  sei  mentir  e  minha  mulher  tam- 
bem  nào.  —  Va  para  casa  :  dou-lhe  3  dias,  ja  Ihe  disse,  de  entào 
trazer  a  mentira,  no  fim  dos  3  dias,  do  tamanho  de  um  Padre 
Nosso. 

Foi  para  casa  muito  apoquentado  e  disse  â  mulher  :   «  Ora 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  I99 

nâo  sabes?  o  nosso  compadre  querque  Ihe  arranje  uma  men- 
tira do  tamanho  d'um  Padre  Nosso,  que  tu  mais  eu  havemos 
de  arranjar  em  3  dias.  —  Eu  nâo  ;  comigo  nâo  faças  conta,  que 
eu  nâo  sei  mentir.  » 

Responde-lhe  um  filho  que  elle  tinha,  que  era  afilhado  do 
compadre  :  «  Olhe,  eu  logo  Ihe  arranjo  a  mentira.  Va  dizer 
a  meu  padrinho  se  quer  que  eu  arranje  a  mentira,  nâo  preciso  de 
3  dias  :  vou  jd.  —  Ora  eu  logo  là  vou  dizer  isso  ».  Disse 
a  mulher  :  «  Vae;  entâo  porque  nâo  has  de  ir?  talvez  acceite  o 
pequeno.  » 

Elle  nâo  queria;  mas,  arogos  da  mulher,  foi  a  do  compadre. 
O  compadre,  assim  que  o  viu,  disse  :  «  Ahi  vem  trazer  a  men- 
tira? —  Nâo,  senhor  compadre,  é  o  pequeno,  o  seu  afilhado  que 
diz  que,  se  o  meu  compadre  quizer,  que  vem  elle  dizer  a  mentira, 
que  nâo  précisa  de  3  dias,  que  vem  jâ  de  prompto.  —  Pois  elle 
diz  isso?  — Sim  senhor.  —  Entâo  va  busca-lo.  » 

Trouxe-o.  «  Senhor  padrinho,  quer  que  Ihe  diga  a  mentira? 
por  aqui  começo  : 

Como  eu  tenho  muitas  herdades,  monto-me  no  meu  cavallo, 
vou  dar  um  giro,  ora  por  umas,  ora  por  outras;  mas  tenho 
uma  que  sobre  todas  é  a  melhor.  Tem  tantas  (M  disse)  léguas 
de  largura  e  tantas  de  comprimento;  mas  fui  la,  entrei  na  her- 
dade,  andei  por  aqui,  por  alli,  por  alli,  por  aqui,  sem  Ihe  ver  as 
extremas.  Em  fim  fui  dar  onde  tinham  as  colmeias.  Puz-me  a 
contar  nellas  ;  nâo  as  pude  dar  contadas,  de  muitas  que  eram. 
Puz-me  a  contar  as  abelhas,  faltou-me  uma.  Pego  a  andar,  cor- 
rego  abaixo,  corrego  acima — nada.  Jâ  vinhadescuidado  em  achar, 
oiço  uma  tarrincada  muito  forte,  dentro  d'um  barranco;  asso- 
mei-me  e  vi  um  porco  espmho ztarrincarnelle.  Era  tanto  o  mel, 
senhor  padrinho,  que  corria  por  o  barranco  abaixo  ;  eu  nâo  faço 
mais  nada  ;  metti  a  mâo  ao  seio,  tirei  um  grande  piolho,  ficou-me 
um  coiro,  enchi-o  logo  de  mel,  e  o  mel  a  correr  por  o  barranco 
abaixo.  Metti  a  mâo  ao  seio,  tirei  uma  pulga  e  fiz  uma  borrachâo 
(borracha  grande   para  conter  liquidos).  Vim  para  caza  com  o 


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200  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

meu  borrachâo  e  o  meu  coiro,  cheio  de  mel;  vim  muito  con- 
tente e  fechei-os  no  meu  quarto.  Todos  os  dias,  ia  ver  o  meu 
mel.  Um  dia,  achei  os  coiros  bulidos.  Quem  me  havia  a  mim 
aqui  vir,  se  eu  tenho  a  chave  na  algibeira  ?  Espreitei,  puz-meatraz 
da  porta,  com  um  machado  na  mào.  Quem  havia  de  entrar  ? 
uma  foloza  (pequeno  passaro).  Jogo-lhe  com  o  machado;  dei- 
tou  tanta  penna  que  perguntei  e  tornei  a  perguntar  o  machado 
e  nâo  o  achei. 

Fui  buscar  lume  e  larguei  fogo  as  pennas.  Ardeu  o  machado 
e  ficou  o  cabo.  Peguei  no  cabo  e  puz-me  a  amolar,  a  amolar,  a 
amolar,  ficou  num  anzol.  O*  padrinho,  assim  que  deitei  o  anzol  a 
agua,  sahiu-me  uma  burra  branca  muito  perfeita.  Jâ  tenho  onde 
ir  vender  o  meu  mel.  Arranjei  a  minha  burra,  puz-lhe  os  cairos 
encima  e  fui  vender.  Quando  tornei  à  noite  para  caza,  trazia  a 
burra  uma  grande  matadura  nolombo.  Era  muito  mimosa  e  eu 
fiquei  com  muita  penna.  Fui  com  ella  a  do  alveitar,  ensinou-me 
que  puzesse  p6  de  fava  torrada,  alli  em  cima.  Vim  para  caza, 
mandei  torrar  um  moio  de  fava,  mandei  peneirar  e  puz  em  cima 
da  matadura  e  deitei-a  â  margem,  mandei-a  Id  para  a  herdade. 
Choveu,  fez  bom  tempo,  e  eu,  quando  me  pareceu,  fui  ver  a  burra. 

O'  sçnhor  padrinho,  nâo  queira  saber  o  rico  faval  que  esta  tinha 
no  lombo,  fiquei  muito  contente.  De  quando  em  quando,  ia  ver 
o  faval. 

Ouando  me  pareceu  que  eram  horas  de  ceifar,  peguei  na  minha 
foice  e  fui  até  â  herdade.  Oue  havia  de  eu  Id  ver  ?  um  porco 
javardo  dentro  do  faval,  comendo  as  favas.  Logo-lhe  com  a  foice. 
Entrou-lhe  cabo  no  rabo.  Olhe,  senhor  padrinho,  com  a  foice  cei- 
fava,  com  os  pés  debulhava,  com  as  ventas  assoprava;  colhi... 
10  moios  de  fava. 

—  Basta,  basta,  disse  o  padrinho  ;  vâo  para  a  herdade  e  deixem- 
seestar,  e  acabou-se. 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  201 


40.    OS    LADRÔES 

Eram  duas  amigas  muito  intimas  —  uma  cazada  e  outra  viava. 
A  cazada  tinha  uma  estalagem  e  a  viuva  tinha  uma  loja.  A  cazada 
estava  gravida  e  disse-lhe  a  amiga  :  «  se  fosse  menina,  que  havia  de 
ser  madrinha;  e,  quando  ella  se  desmamar,  com  obrigaçào  de  ella 
vir  p'  ra  minha  caza.  Eu  nâo  tenha  parentes  nem  adhérentes,  e 
quero  que  ella  seja  minha  herdeira.  »  Baptisou-se  a  menina,  cres- 
ceu,  e  assim  que  se  desmamou,  levou-a  a  madrinha  para  casa. 

Queria-a  muito,  estimava-a  muito;  mas  puchava-a  sempre 
para  ella  vir  p'  ra  loja,  a  ensinar.  A  menina  era  jâ  uma  mulher  e 
a  madrinha  fazia-lhe  todas  as  vontades. 

Fizeram-se  alli  umas  grandes  festas;  mas  ellas  nâo  foram.  A 
madrinha,  que  conheceu  que  ella  estava  triste  de  nâo  ir  â  festa, 
disse-lhe  :  «  Deixa  estar;  para  o  mez  que  vem,  fazem-se  outras 
festas,  ainda  mulheres;  entâo  logo  vamos.  » 

Foi  preciso  a  madrinha  sahir  e  nâo  recolher  essa  noite  a  caza  e 
disse-lhe  :  «  Em  sendo  noite,  fecha  a  loja  e  vae  p'  ra  cima  com 
acreada.  » 

Ella  assim  fez;  fechou  a  lojae  foi  para  cima,  mandou  fazer  a 
ceia,  ceiaram,  deitaram-se.  Nâo  estava  costumada  a  dormir  s6, 
nâo  poude  dormir.  Sentou-se  na  cama  ;  quando  ella  olhou  para 
o  solo  da  casa  que  tinha  gretas,  viu  luz  na  loja.  «  Ora  esta!  eu 
fechei  a  loja,  esta  luz  !  ».  Levantou-se,  assomou-se  as  mesmas 
frestas  que  tinha  a  caza  e  viu  5  homens  que  estavam  tirando  a 
fazenda  dos  prateleiros.  Ella  tirou  a  porta  do  leme  e  jogou  com  ella, 
com  muita  força,  ao  meio  da  casa.  Os  ladrôes  fugiram.  Ella  correu 
câ  abaixo  e  fechou  a  loja.  Estava  uma  mâo  do  finado  accesa. 

Pegaram-lhe  a  bâter  â  porta,  que  apagasse  aquella  luz,  que 
Ih'adesse.  Ella  deitava-lhe  agua,  mas  nâo  se  apagava.  Elles  disseram- 
Ihe  :  «  vinagre,  vinagre.  Agora  de  câ  a  mâo.  —  Eu  nâo  abro  a 
minha  porta.  —  Deite-a  ahi  por  esse  buraco  que  tem  a  porta.  — 
Metta  a  mâo,  disse  ella,  que  eu  Ih'  a  dou.  »  Ella  tinha  uma  macha- 


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202  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

dinha;  com  tanta  força  Ihe  deu  uma  pancada  na  mâo  que  Ih'a 
partiu. 

Sentou-se  numa  cadeira,  até  amanhecer.  Veiu  a  madrinha, 
estava-lhe  contando  tudo,  pedindo  que  nunca  mais  deixasse  de  vir 
dormir  a  caza. 

Foram  as  festas  ;  depois  vieram  de  là,  ouvem  um  trem.  Parou  â 
porta.  Desceu-se  um  cavalheiro,  que  vinha  alli,  que  era  o  Conde 
de  XX.  Tinha  sabido  as  boas  virtudes  e  a  boa  creaçâo  d'aquella 
menina,  pretendia  cazar  com  ella.  Ella  disse  que  nâo  era  sua  filha, 
que  se  os  paes  quizessem... 

Ficou  elle  de  vir  buscar  a  resposta.  Assim  que  elle  sahiu,  disse- 
Ihe  a  rapariga  :  «  O'  minha  madrinha,  aquelle  é  o  ladrào  a  que 
eu  cortei  a  mâo.  —  Jésus!  nâo  digas  tal.  Entao  era  là  possivel 
que  seja  ladrào  ?  um  conde  havia  de  ser  ladrâo  ? —  Nào  é  conde  : 
aquelle  homem  é  a  quem  eu  cortei  a  mâo.  —  Vamos  a  caza  de 
tua  màe  ;  isso  é  o  demonio  que  te  tenta  para  tu  nào  teres  fortuna, 
Queres  desperdiçar  um  conde,  porque  dizes  que  é  um  ladrào  ?  » 

A  moça  chorou  muito.  Foram  a  casa  dos  paes.  Esteve-lhe 
contando  e  ella  sempre  a  dizer  que  era  ladrào  e  nào  era  conde.  Obri- 
garam-na  a  dizer  que  sim,  que  logo  se  Ihe  tirava  essa  poeira  da 
cabeça. 

Ao  cabo  de  3  dias,  parou  o  trem  â  porta  ;  elle  entrou  e  per- 
guntou  a  resposta.  Disse-lhe  que  sim,  e  ella  sempre  a  chorar.  Disse- 
Ihe  elle  que  ao  cabo  de  6  dias  havia  de  vir  alli,  havia  de  trazer 
os  papeis  despachados,  para  que  nesse  mesmo  dia  se  recebessem. 

Ao  cabo  d'esses  dias,  veiu  elle.  A  madrinha  tinha  feito  bom 
enxoval;  receberam-se  e  assim  que  foram  ao  copo  d'agua,  foi-se 
logo  ella  despedindo  da  familia,  que  elle  nào  podia  estar  alli  mais 
tempo.  Metteram-se  na  sege  e  partiram. 

Elle  nào  fallava  com  ella,  nem  ella  com  elle.  l  num  certo 
caminho,  mandou-a  descer  da  sege  a  tirou  a  luva  :  «  Conhece 
esta  mào?  —  Muito  bem;  nào  me  trouxe  enganada.  Meus  paes 
e  minha  madrinha  é  que  se  enganaram  ;  eu  nào.  » 

Despiu  ofato,  metteu-o  dentro  da  sege,  pagou  ao  boleeiro,  e  elle 
foi  com  ella  a  pé. 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  20 3 

«  Assim  como  V*  me  fez  ter  tanto  dor,  ha-de  morrer  hoje  ainda 
queimada.  »>  Ella,  coitada,  ia  muito  chorosa;  chegaram  a  um  monte 
(cazal)  muito  negro;  entrou  para  dentro  com  ella.  Estava  là 
uma  velha  cega.   Elle  gritou  :  «   Mai,   aqui  trago   a  grandis- 

sima que  me  partiu  a  minha  mào.  Agora  vou  buscarlenha, 

que  tenho  ahi  pouca,  para  aquecer  o  forno  muito  bem,  e  ella  fica 
aqui  amarrada,  e  V  M/  segura  bem  na  ponta  da  corda.  »  Elle 
sahiu. 

Ella,  coitada,  conforme  poude  viu  se  desatava  a  corda  ;  em 
fim,  conseguiu.  Atou  a  outra  ponta  da  corda  a  uma  tripeça 
e  deitou  a  correr  muito.  Assim  que  avistou  um  homem  que 
estava  arranjando  um  saco  de  carvào,  pediu  ao  homem  que 
por  amor  de  Deus  a  livrasse  da  morte,  que  ella  Ihe  pagaria  muito 
bem.  Disse-lhe  o  homem  que  nàopodia.  Respondeu-lhe  quedespe- 
jassse  um  dos  sacos  de  carvâo,  que  a  mettesse  dentro  do  saco  e 
puzesse  carvào  na  boca.  O  homem  assim  fez.  —  E  que  a  levasse. â 
estalagem  de  XX  que  là  Ihe  haviam  de  dar  6  moedas.  Carregou 
as  suas  cavalgaduras  e  marchou.  Quando  ia  jâ  no  caminho, 
ouviu  gritar.  Olhou  para  traz,  viu  o  ladrào.  Disse-lhe  que 
parasse,  preguntou-lhe  se  tinha  visto  alguma  mulher,  por  alli,  a 
correr.  Disse-lhe  elle  que  sim  (e  apontou-lhe  para  traz)  :  «  Alem 
naquella  altura,  vi  uma  mulher  ir  a  correr.  »  O  ladrâo  tomou 
para  traz  tambem  a  fugir,  a  ver  se  a  achava. 

Elle  pegou  a  dar  nas  cavalgaduras,  â  pressa  a  veiu  ter  â  esta- 
lagem. Pegou  a  descarregar  o  carrêgo,  e  a  creada  chegou  â  porta, 
dizendo  que  nào  descarregasse,  que  nào  queriam  carvâo.  «  Eu 
quero  aqui  ficar  esta  noite.  » 

Assim  que  ella  sahiu  do  saco,  pegou  a  chorar. 

O  pai  e  a  mâe  com  muita  pena  e  deram  logo  as  6  moedas  ao 
homem  e  agradeceram  muito.  Mandaram  chamar  a  madrinha. 
A  madrinha  com  muita  pena  de  a  ter  obrigado  aocazamento,  mas 
que  Ihe  dava  palavra  de  nunca  mais  se  metter  com  essas  coisas. 
«  Mas  eu,  minha  madrinha,  agradeço  muito  tudo  quanto  me 
tem  feito;  mas  ir  p*  ra  sua  caza,  jà  nào,  a  sua  casa  tem  duas  pessoas 


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204  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

sô.  Eu  quero  ficar  na  estalagem;  tem  mais  gente,  nâo  ha  de  succé- 
der tanto  perigo  ».  A  madrinha  vinha  todas  as  noites  visital-a  e 
vel-a.  D'ahi  a  muito  tempo  chegou  um  almocreve  com  duas  cargas, 
uma  d'azeite,  outra  de  vinagre,  digo  de  mel. 

Descarregou,  mandou  fazer  de  corner,  ceou  e  sahiu  a  dar 
agua  aos  machos.  E  a  creada  que  amassava,  essa  noite,  andou  de 
roda  da  menina,  que  queria  tirar  uma  gota  de  mel  aos  coiros 
para  fazer  bolos.  Ralhou  a  menina  muito  com  ella  e  nào  consen- 
tiu  :  que  o  que  entrava  p'ra  alli  era  sagrado,  que  nào  se  dévia 
fazer  isso.  Ella  calou-se,  e  em  quanto  os  amos  ceavam,  pegou  numa 
tîgela  (pequena  vazilha  de  barro,  menos  alta  que  larga)  e  foi 
onde  estavam  os  coiros.  Abanou  um,  para  ver  pelo  peso  se  era 
mel  ou  azeite  ;  ouviu  uma  voz  là  de  dentro  do  coiro  :  «  Jâ  ?  » 
Ella  ficou  estremecida  e  disse  :  «  Ainda  nào  »,  e  correu  onde  os 
amos  estavam  ceando.  Confessou  o  que  tinha  ido  fazer;  mas  que 
dentro  dos  coiros  estavam  homens,  nào  era  azeite  nem  mel. 
Levantou-se  o  patrào  e  a  creada  disse-lhe  que  bulisse  noutro 
coiro.  Respondeu  a  voz:  ((  Jâ?  »  —  «  Ainda  nào  »,  Ihe  disse 
elle.  Correu  com  mais  alguem  que  tinha  na  estalagem  a  casa  do 
ministro  e  contou-lhe  tudo.  O  ministro  mandou  logo  chamar, 
os  meirinhos;  vieram  todos  à  estalagem.  Jâ  chegando  o 
homem  com  os  machos,  foi  logo  preso. 

Foram  ao  quarto,  onde  estavam  os  coiros.  O  ministro  deu 
ordem  a  cada  um  dos  officiaes,  para  bulirem,  ao  mesmo  tempo, 
cada  um  em  cada  coiro.  Responderam  là  de  dentro  :  «  Jâ?  » 
—  «  Jâ  »,  disse  o  ministro. 

Rasgaram  os  coiros  com  facas  que  tinham  consigo.  Foram  logo 
presos  e  maniatados  e  o  ministro  disse-lhe  que  a  causa  que  era 
d'ella,  que  ella  é  que  havia  de  sentenciar.  «  Quero  que  sejam 
enforcados  e  as  cabeças  aqui  defronte  da  minha  porta  da  estala- 
gem. »  Os  paes  e  a  madrinha  pediram  ao  ministro  que  nào  fizesse 
tal.  Foram  enforcados  e  ella  viveu  muito  bem  com  sens  paes  e  a 
sua  madrinha,  d'ahi  por  diante.  Acabou-se. 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  205 

41.  AS  3  MENINAS 

Era  um  principe  que  todos  os  dias  passava  por  uma  rua,  aonde 
haviam  3  raparigas  muito  bonitas;  sempre  olhava  para  dentro  e 
fazia  o  seu  cumprimento.  Um  dia  passou  e  nào  olhou  para  den- 
tro de  caza  :  «  Ahi  vai  o  principe,  disse  uma,  eu  sou  capaz  de 
fazer  uma  cazaca  sem  ser  provada,  e  ella  ficar  justa  ao  corpo  ». 
E  outra  disse  :  «  Eu  sou  capaz  de  fazer  uma  camiza  sem  cos- 
turas  ».  Respondeu  outra  :  «  E  eu  sou  capaz  de  ter  3  filhos 
d'elle,  sem  elle  saber  que  sâo  seus  filhos.  » 

Elle  que  ouviu  estas  razôes,  que  estava  parado  :  «  Quai  das 
meninas  é  que  diz  que  ha  de  fazer  uma  cazaca  sem  m'a  provar,  e 
que  ha  de  ficar  boa  ?  »  Disse-lhe  uma  que  tinha  sido  ella.  «  Quai 
disse  que  m'  havia  de  fazer  uma  camiza  sem  costuras  ?  —  Fui 
eu,  real  senhor.  — Entâo  ja  sei  queaquella  menina  é  que  havia  de 
ter  3  filhos  meus,  sem  eu  saber;  dou-lhe  15  dias  para  fazerem 
essas  obras  ».  E  a  outra  pegou  nella  é  levou-a,  e  metteu-a  numa 
torre.  «  Que,  ao  cabo  de  3  annos,  havia  de  apparecer  com  os 
meninos;  se  fosse  verdade  o  que  ella  dizia,  que  a  recebia  por 
esposa;  mas,  nâo  apparecendo  com  os  meninos,  tinha  pena  de 
morte.  Eu  vou  6  annos  para  fora,  vou  viajar.  » 

Ella,  coitadinha,  ficou-se  muito  triste  ;  fallou  com  umas  fadas, 
prometteu-lhe muito  dinheiroecontou-lhe tudo.  «Nào  tenha  pena 
com  isso,  disseram  as  fadas.  Elle,  tal  dia,  chega  â  corte  de  tal 
reino  ;  eu  te  fado  para  que  tu  sejas  a  cara  mais  linda  que  hou- 
ver;  ponho-te  um  palacio  defronte  da  côrte  ;  elle  ha  de  chegar  â 
janella  e  falla-lhe.  » 

Assim  succedeu.  Foi  para  palacio;  elle  foi  â  janella  e  viu-a. 
Ai!  que  cara  tào  linda,  desceu  abaixo  e  entrou  em  caza  d'ella. 
Falou,  cumprimentou-a  e  depois...  esteve  Id  3  dias  e  despediu-se 
d'ella,  que  elle  que  se  ia  embora  e  deu-lhe  um  boldrii.  Disse- 
lhe  o  reino  para  onde  ia. 

Ella  ao  cabo  d*esse  tempo  teve  um  menino  muito  bonito  e 
vieram  as  fadas,  pegaram  no  menino  e  levaram-lh'o.  Ella  cami- 


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206  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

nhou  para  o  outro  reino,  onde  elle  estava.  Formaram-lhe  outro 
palacio,  defronte  da  hospedaria  onde  elle  estava. 

Pôz-se  a  janella  e  elle  a  janella  estava.  Conversaram  muito, 
oflFereceu-lhe  a  sua  caza  ;  elle  veiu  visital-a,  pagou  na  hospedaria  e 
foi  para  caza  d'ella.  Là  se  demorou  uns  dias,  e  quando  se  retirou, 
deu-lhe  o  sceptro,  Assim  que  teve  o  menino,  vieram  as  fadas  e 
levaram-lh'o. 

Ella  caminhou  para  o  reino  onde  elle  estava.  Formaram-lhe 
outro  palacio,  ao  pé  d'onde  elle  pouzava  ;  travou  logo  relaçôes 
com  elle,  conversaram,  e  elle,  quando  Ihe  pareceu,  desceu  as 
escadas,  subiu  as  d'ella  e  la  esteve  uns  dias.  Ella  pediu-lhe  que 
nào  se  fosse  embora  ainda;  mas  elle  retirou-se,  que  Ihe  era 
preciso  e  deu-lhe  uma  corôa. 

Ella,  ao  cabo  de  nove  mezes,  teve  uma  menina.  Foram  as  fadas 
e  trouxeram-na  a  ella  e  a  menina. 

Metteu-se  na  torre  com  os  seus  3  fîlhos  ;  elle  regressou,  veiu 
logo  ter  com  ella  a  torre. 

Perguntou-lhe  pelos  meninos;  ella  levantou-se;  trouxe  os 
todos  3  cada  um  com  a  sua  prenda  na  mào  e  disse  :  «  Boldrié,  scep- 
tro, corôa  :  quere-a  V.  M.  mais  boa?  » 

Casou  com  ella;  e  ficou  sendo  princeza. 

42.    o   CAIXEIRINHO 

Era  um  rei  muito  amigo  dos  seus  vassalos  ;  mas  tinha  um  parente 
conde.  Eram  intimos  amigos.  Poucas  vezes  estavam  um  sem  o 
outro.  A  rainha  e  a  condessa,  muito  amigas;  e  cada  um  teve 
uma   menina. 

Depoisdassenhoras  estarem  melhorzinhas,  disseo  rei  ao  conde: 
«  Havemos  d'ir  a  uma  caçada,  convida  os  fidalgos  e  depois 
d'amanhà  havemos  de  partir.  Dizem  que  na  tapada  ha  muita  caça 
e  eu  gosto  de  me  divertir  ». 

Arranjaram-se  e  sairam,  todas  de  cavallo.  Assim  que  la  che- 
garam,  appareceu  muita  caça,  muita.  Uns  por  aqui,  nns  por  alli  ; 


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CONTOS   POPULARES  PORTUGUEZES  lO'J 

mas  elle  nunca  se  retirava  do  pé  do  conde,  nem  o  conde  do  pé 
d'elle.  Correram  tanto  sobre  uns  veados  que  se  Ihe  anoiteceu. 
Nào  sabiam  de  companheiro  nenhum.  Perderam  o  tino;  nâo 
sabiam  se  haviam  de  voltar  para  traz,  se  p'ra  diante  ;  nâo  sabiam 
onde  era  a  côrte,  mas  viram  um  lume  d*uns  pastores.  «  Vamos 
Id,  que  aquelles  homens  podem-nos  ensinar.  »  Chegaram  e  pergunta- 
ram  aos  homens  o  caminho  da  côrte.  «  Ah  !  senhores,  a  côrte  é 
d'aquimuito longe.  Os  senhores  nào  chegam  Idestanoite.  Aqui  perto 
estâumaquinta;  podem  alli  ficar  esta  noite,  que  a  senhora  é  muito 
boa,  ha  de  Ihe  dar  pouzada.  »  Disse-lhe  o  rei  que  fossem  ensinar 
onde  era  a  quinta.  Um  d'elles  seguiu  com  elles,  foi-lhe  ensinar. 

O  rei  disse  ao  conde  :  «  Eu  digo  que  sou  conde  e  tu  meu 
creado  ;  nào  quero  que  digam  que  andou  por  aqui  o  rei  perdido.  » 
Bateram  a  porta  e  veiu  o  quintaneiro.  Pediram-lhe  gasalho.  «  Eu 
vou  dizer  a  senhora  »,  disse  o  quintaneiro. 

Mandou  entrar.  Appareceu  uma  senhora,  jâ  de  edade,  cumpri- 
mentou-os,  sentou-se  na  sala  com  elles.  Depois  de  uma  hora, 
seguiu-se  a  ceia;  depois  conversaram  um  bocadinho  mais.  Disse- 
lhe  a  senhora  que  deviam  estar  cansados,  que  se  retirassem'àquelle 
quarto,  que  alli  estavam  2  camas.  Despediu-se  d'elles  e  sahiu. 

Elles  entraram  no  quarto  e  pegaram  a  conversar.  D'ahi  a  coisa 
d'uma  hora,  viram  luz  por  baixo  d'uma  porta.  O  conde  levantou- 
se  e  assomou-se  a  fechadura. 

Viu  uma  madama  muito  bonita,  despindo-se  ;  pegou  na  mâo  do 
rei,  fel-o  assomar  tambem.  «  Q.uer  V.  M.  ficar  com  ella,  esta 
noite  ?  disse-lhe  o  conde.  Deixe-a  deitar,  abraa  porta  de  mansinho 
e  va  ter  com  ella.  »  Esperou  que  se  mettesse  na  cama,  abriu 
porta  eentrou.  Ella  ficou  muito  assustada;  disse  elle  que  nâo 
tivesse  susto  algum,  que  elle  que  vinha  alli,  queria  cazar  com  ella, 
e  assim,  que  nâo  dissesse  nada  a  sua  mâe  por  ora,  que  se  havia 
de  demorar  o  cazamento.  Metteu-se  com  ella  na  cama,  e  ella 
muito  crente  nas  palavras  que  Ihe  tinha  dito. 

Demoraram-se  na  quinta  3  dias;  depois  despediu-se  d'ella, 
deitou-lhe  ao  pescoço  uma  cadeia  d'ouro  com  um  crucifixo 
d'ouro. 


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208  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

Como  o  casamento  estava  demorado  alguns  annos,  que,  se 
tivesse  alguma  creança,  a  mandasse  ensinar  a  1er  e  a  escrever. 

A  mâe,  assitn  que  foi  tempo  de  ella  nâo  poder  encobrir..., 
confessou.  A  màe  perguntou-lhe  de  quem  era.  Disse-lhe  a  filha 
que  era  do  conde  ;  mas  elle  que  havia  de  vir  recebel-a.  A  màe  teve 
tâo  grande  paixao  que  morreu. 

Ao  cabo  dos  9  mezes,  teve  um  menino;  criou-o,  e  depois  que  o 
menino  foi  capaz,  pôl-o  ao  estudo.  Os  outros  estudantes  man- 
gavam  com  elle,  dizendo  que  nào  tinha  pae  certo.  Elle  enver- 
gonhou-se  de  tal  maneira  que  disse  a  mâe  :  que  Ihe  dissesse  quem 
era  seu  pae,  que  os  estudantes  a  toda  a  hora  o  descompunham. 
«  Quem  é  teu  pae?  éa  pouca  fortuna  que  eu  tive.  Tu  es  filho 
dum  conde  que  veiu  aqui  pouzar,  prometteu-me  cazamento  e 
nunca  mais  soube  noticias  d'elle.  —  Entao  como  eu  sou  filho 
d'um  conde,  sào  os  outros  estudantes  menos  do  que  eu.  Assim, 
nâo  quero  estar  aqui,  quero  ir  p*  ra  corte.  » 

A  mâe,  muito  chorosa,  pediu-lhe  que  nâo  a  desamparasse. 
Que  tinha  ficado  sem  mâe,  nâo  queria  agora  ficar  sem  o  seu 
filho.  Mas  elle  venceu,  despediu-se  da  mâe,  tomou-lhe  a  bençam 
e  a  mâe  deitou-lhe  a  cadeia  d'ouro  ao  pescoço. 

Elle  foi  para  a  côrte,  chegou  ao  pé  d*uma  loja  e  perguntou  se 
tinham  precisâo  de  um  caixeiro.  Disse-lhe  que  nâo,  mas  elle 
que  o  mandavaa  outra  loja  que  o  caixeiro  se  tinha  ido  embora  no 
outro  dia.  Fallou  com  o  dono  da  loja;  disse-lhe  que  sim. 

D'ahi  a  tempos,  fez-se  uma  feira  alli.  Elle  foi  com  os  mais 
caixeiros  armar  a  loja.  No  dia  seguinte  que  era  dia  de  feira,  foram 
as  magestades  passear  a  feira.  A  princeza  e  a  condessinha  iam  de 
braço  dado  ;  chegaram  a  loja,  sentaram-se  no  mostrador,  come- 
çaram  a  conversar  com  elle  e  alli  levaram  a  tarde  inteira.  Quando 
voltaram  para  palacio,  disse  a  princeza  a  condessinha  :  «  Que 
tal  te  pareceu  o  caixeirinho?  —  Pareceu-me  muito  bem  »,  disse  a 
condessinha. 

Depois  do  cha,  foi  o  conde  com  a  condessa  e  a  condessinha 
para  sua  casa.  A  princeza  escreveu  logo  uma  carta  ao  caixeiro  e 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  209 

a  condessinha  outra.  Elle  recebeu  as  cartas  e  disse  :  «  Eu,  se 
respondo  a  condessinha,  pode-me succéder  mal;  mas,  se  respondo 
à  princeza,  pode  me  succéder  peor.  » 

Respondeu  â  condessinha.  E  assim  andaram  as  caitas  unspoucos 
d'annos.  Numa  occasiào,  a  condessa  escreveu-lhe  uma,  dizendo- 
Ihe  que  era  jd  tempo  de  pôr  uma  loja  por  sua  conta;  que, 
defronte  de  seu  palacio  d'ella  se  vendia  um  predio,  que  o 
comprasse  e  puzesse  uma  loja.  Nâo  havia  de  faltar  nada. 

Elle  fallou  com  o  patrào  :  que  tinha  vontade  de  pôr  uma  loja 
por  sua  conta,  se  fosse  de  sua  vontade  dar-lhe  credito  :  que  se 
vendiam  umas  cazas,  e  elle  que  as  comprava  para  pôr  loja.  O 
patrào  disse-lhe  que  sim,  com  muito  gosto,  porque  era  muito 
bom  rapaz  ;  que  Ihe  daria  o  credito  que  elle  quizesse.  Comprou 
as  cazas  e  poz  loja. 

Assim  que  foi  para  la,  algum  pobre  que  elle  via  que  nào  era  da 
terra,  dizia-lhe  que  elle  tinha  um  quarto  para  os  pobres,  que  ficas- 
sem  alli  essa  noite.  Isto  logo  se  soube  e  pediam-lhe  pouzada. 
Em  entrando  os  pobres,  lavava-lhe  os  pés,  dava-lhe  de  cear,  e  no 
quarto  tinha  uma  cama.  Pela  manhà  dava-lhe  6  vintens  e  iam- 
se  embora.  E  elles  sempre  aescreverem-se.  Mandou  a  condessinha 
dizer-lhe  que  trabalhasse  elle  de  là  para  fazerem  um  passadiço  na 
rua;  tanto  trabalharam,  até  que  venceram. 

Foi  aos  ouvidos  do  rei  o  que  elle  fazia  aos  pobres.  «  Que 
fundos  terâ  aquelle  contractador,  para  dar  pouzada  aos  pobres, 
ceia  e  6  vintens?  Hei  de  ver  se  é  por  vangloria  ou  se  é  por  cari- 
dade.  »  Entrou  o  conde  e  disse-lhe  o  rei  :  «  Has  de  m'arranjar 
um  fato  aceado,  mas  pobre,  e,  â  noitinha,  manda  m'o  aqui  ao 
meu  quarto.  »  Vestiu-se  do  pobre  e  sahiu. 

Bateu  à  porta  do  mercador,  pedindo-lhe  gazalho  essa  noite. 
Mandou-o  entrar  ;  veiu  o  criado  com  uma  bacia  d'agua,  poz-se- 
Ihe  o  rapaz  a  lavar  os  pés.  Desconfiou  e  disse  :  «  Este  homem 
nào  é  pobre,  tem  uns  pés  muito  finos.  Mas  seja  oque  for.  »  Man- 
dou vir  a  ceia  e  o  rei  disse-lhe  que  ficava  muito  obrigado,  que  jd 
tinha  ceado  numa  casa,  que  Ihe  tinham  dado  umas  sopinhas. 

Revtu  bùpamiqwt  xiv.  14 


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210  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

Foi  para  o  quarto,  fechou-lhe  a  porta  a  chave.  O  rei  sentou-se 
numa  cadeira  ;  alli  esteve  um  pedaço  de  tempo.  Depois  viu  uma 
luz,  assomou-se  a  fechadura  e  viu-o  estar  de  joelhos  a  um  ora- 
torio com  2  vêlas  acesas,  elle  fazendo  a  sua  oraçao.  Depois 
fechou  o  livro,  apagou  uma  vêla  e  p^ou  na  outra,  e  abriu  um 
alçapào  e  desceu.  O  rei  disse  :  «  Tu  entraste,  has  de  sahir.  Hei 
de  estar  aqui  a  fechadura.  » 

Viu-o  vir  com  a  condessinha  pelo  braço.  Nào  se  deitou  nem 
dormiu  e  muito  cedo  bateu  â  porta. 

Que  fizesse  favor  de  Ih'a  abrir,  que  queria  sahir  ;  que  estava 
esperando  alli  hoje  o  seu  irmào;  nào  sabia  se  havia  de  vir  hoje  de 
manhà,  se  de  tarde  :  mas,  nào  sendo  horas  de  partirem,  pedia  ao 
senhor  que  Ihe  fizesse  a  sua  caridade,  a  elle  e  a  seu  mano,  â 
noite;  deu-lhe  6  vintens  e  foi-se  embora. 

Entrou  muito  cedo  em  palacio,  despiu-se  e  mandou  chamar 
o  conde.  Disse-lhe  :  «  Arranja  outro  fato  e  guarda  o  meu. 
O  conde  sahiu  e  veiu  com  outro  fato  d'um  creado  d'elle.  «  A' 
noite  has  de  m'acompanhar,  disse-lhe  o  rei,  e  com  pena  de 
morte  (mostrou-lhe  uma  cara  muito  austéra)  se,  do  que  vires, 
falares.  » 

O  conde,  que  ainda  nào  tinha  visto  o  rei  fallar-lhe  assim, 
temeu.  A'  noitinha  vestiram-se,  foram  a  casa  do  mercador  pedir 
gasalho.  Lavou-lhe  os  pés,  mas  o  mercador  desconfiado  de  que 
nào  eram  pobres.  Mandou-lhe  de  cear  ;  disseram  que  nào,  que 
muito  obrigado,  mas  que  jâ  tinham  ceado.  Foram  para  o  quarto 
e  elle  fechou-lhe  a  porta. 

D*ahi  a  bocado,  vêem  luz  e  o  rei  mandou  assomar  â  fecha- 
dura. Viu  o  mesmo  que  o  rei  tinha  visto  :  depois  de  fazer  a  sua 
oraçào,  pegou  na  luz  e  abriu  o  alçapào.  O  rei  :  «  Pena  de  morte, 
tornou  a  repetir,  se,  do  que  vires,  falares.  »  Assim  que  vieram,  o  rei 
tocou-lhe  no  braço  para  se  calar.  Pela  manhà,  despediram-se  e  o 
mercador  deu  6  vintens  a  cada  um. 

Depois  de  chegarem  a  palacio,  sentaram-se  e  o  rei  dirige-se  ao 
conde  :   «  Que  merece  aquelle  homem  ?  —  Jâ  preso,  disse  o 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  211 

conde,  as  portas  atravessadas,  3  dias  no  oratorio  e  enforcado.  » 

A  princeza  que  soube  d'isto  disse  ao  pae  :  «  V.  M.  bem  sabe 
as  leis  ;  manda  enforcar  um  homem  ;  nào  sabe  em  que  dia  nas- 
ceu,  dequem  é  fîlho  ese  jateve  ordens.  —  Nào  dizes  mal.  Venha 
o  preso  â  minha  presença.  » 

Foram  buscar  o  preso.  Perguntou-lhe  o  rei  em  que  dia  tinha  nas- 
cido.  Disse-lhe  que  nào  sabia.  «  Ja  teve  ordens  ?  — Nào,  senhor.  — 
De  quem  é  filho?  —  Sou  fîlho  da  pouca-fortuna,  assim  me  disse 
minha  màe,  um  conde,  que  foi  pouzar  i  minha  quinta,  a  enga- 
nôu,  que  a  havia  de  receber,  e  nunca  mais  appareceu  por  la.  Por 
signal  Ihe  deu  este  crucifixo  d'ouro  que  minha  màe  me  deitou 
ao  pescoço,  quando  Ihe  pedi  a  ultima  bençam.  » 

O  rei  olhou  para  o  conde.  «  Que  dizes  tu  a  isto  ?  —  Eu  digo 
que  elle  é  filho  de  V.  M.  —  E  eu  entào  digo  que  elle  é  teu 
genro.  » 

Depois  cazou  com  a  condessinha  e  à  princeza  sahiu-lhe  îrmâo. 
Ficaram  todos  muito  bem.  Ainda  hoje  em  dia  Id  estào. 

43.    A   ESTALAJADEIRA 

Havia  uma  estalajadeira  muito  bonita.  A  todos  que  vinham 
pouzar  â  estalagem  perguntava  se  ja  tinha  visto  uma  cara  tào 
bonita  como  a  sua.  Diziam-lhe  que  tào  bonita  ainda  nào  tinham 
visto.  Ficava  muito  satisfeita  com  a  resposta. 

Teve  uma  menina,  muito  mais  linda  do  que  a  màe. 

Perguntava  aos  passageiros  se  havia  uma  cara  mais  bonita  do 
que  a  sua.  Se  a  menina  nào  desmanchasse,  ainda  havia  de  ser 
mais  bonita. 

Escondeu  a  menina  num  quarto,  que  ja  nào  apparecia  a  nin- 
guem.  Passaram-se  alguns  annos  e  a  menina  ja  tinha  curiosidade 
de  se  assomar  â  janella,  em  chegando  alguns  passageiros.  Um  dia, 
chegou  um  trem,  parou  â  porta  da  estalagem  e  a  menina 
levantou-se,  assomou-se  â  janella.  Entraram  para  dentro  os  pas- 
sageiros que  vinham  no  trem.  Perguntou,  pelo  costume,  se  jâ 


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212  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

tinham  visto  uma  cara  tào  bonita.  «  Sim,  senhora,  aqui  em  cima 
nesta  janella,  appareceu  uma  menina  ainda  mais  linda  que  a 
senhora.  » 

Fechou-a  num  quarto  que  nào  tinha  janella,  e  quando  jd  era 
senhora,  peitou  um  creado  para  a  ir  matar.  O  homem,  custou-lhe 
muito  ;  mas,  como  Ihe  deu  um  taleigo  de  dinheiro,  arranjou  uma 
cavalgadura  e  a  mâe  chamou  a  menina  :  que  havia  de  ir  para  o 
convento  essa  tarde,  que  nào  a  podia  acompanhar,  mas  aquelle 
creado  que  era  fiel.  Montaram  nas  cavalgaduras,  caminharam. 

Chegando  là  a  um  certo  sitio,  muito  longe,  apeou-se  elle  e  a 
menina.  «  Agora  descubro  a  verdade,  nào  vai  para  o  convento; 
sua  màe  disse-me  que  a  matasse.  »  A  menina  pegou  a  chorar 
muito;  mas  disse  que  elle  que  nào  a  matava,  que  nào  tinha  animo 
para  isto.  «  Tenho  aqui  este  cào,  mato-o,  tiro-lhe  o  sangue  e 
a  lingua,  que  foi  o  que  a  sua  màe  me  pediu.  Eu  vou-me  embora  e 
a  menina  pergunte  o  seu  destino.  »  Montou  a  cavallo  e  partiu. 

Sentou-se  a  menina  numa  pedra  ;  alli  esteve  chorando  a  sua 
desgraça.  Levantou-se  e  caminhou. 

Foidaraum  cazarào;  entrou,  nào  viu  ninguem.  Viu  umas 
poucas  de  camas  por  fazer,  as  cazas  por  varrer  e  na  cozinha  esta- 
vam  uns  coelhos  pendurados. 

Ella  disse  :  «  Isto  é  gente  que  anda  trabalhando  de  dia;  a 
noite  é  que  recolhem  e  fazem  de  comer.  Eu  vou  fazer  lume  e 
vou  guisar  estes  coelhos.  »  Depois  de  os  ter  ao  lume,  varreu  as 
cazas  e  fez  as  camas.  Neste  tempo,  ouviu  um  tropel  muito  grande 
de  gente.  Como  era  ja  noite,  teve  muito  medo,  metteu-se  numa 
toca  d'uma  oliveira. 

Os  donos  da  casa  eram  uma  quadrilha  de  ladrôes.  Entraram 
para  dentro,  acharam  as  casas  varridas  e  as  camas  feitas.  Foram 
a  cozinha,  acharam  a  ceia  ao  lume.  O  capitào  dos  ladrôes  disse  : 
«  Isto  é  gente  que  estava  aqui,  nào  pode  estar  muito  longe, 
porque  o  lume  esta  muito  activo.  Sahimos  todos  e  vamos  em 
busca.  »  Buscaram  tudo,  nào  a  encontraram.  Vinham  jâ  para  casa, 
deram  tino  de  que  estava  alli  mettida  na  oliveira.  Disseram-lhe 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  21 3 

que  viesse  com  elles,  que  ninguem  Ihe  fazia  mal,  porque  ella  Ihe 
tinha  feito  tanto  bem. 

Veiu  com  elles,  mas  muito  assustada.  Perguntou-lhe  quem  ella 
era.  Disse-lhe  que  era  fîlha  d'uma  màê  tào  tyranna  que  a  mandou 
matar;  mas  o  creadoteve  tanto  dô  d'ella  que  a  deixou  com  vida. 
«  Fiquei  no  campo  sô  ;  depois  caminhei sosinha  e  aqui  cheguei.  Deus 
é  que  me  deparou  este  bem.  » 

O  capitao  olhou  para  os  ladrôes  :  «  Esta  é  uma  filha  que  eu 
tenho  e  sua  irmâ.  Ninguem  a  offenderâ,  nem  Ihe  porâ  um  dedo 
em  cima  para  a  maltratar.  Se  alguem  tiver  essa  liberdade,  fica 
logo  mono  aos  meus  pés.  » 

Ao  amanhecer  sahiram  e  ella  ficou  em  casa,  goveraando.  A' 
noite  vieram,  muito  satisfeitos  com  ella.  Ella,  coitadinha,  nào 
tinha  mais  remedio  que  viver  tambem  satisfeita.  Passaramaannos 
e  veiu  uma  pobre  pedir  a  porta.  Ella  diz  :  «  Ha  2  annos  que 
aqui  estou,  ainda  aqui  nâo  chegou  pobre  nenhum  ;  mas  agora 
peço-lhe  que,  de  quando  em  quando,  venha  por  aqui,  que  a  hei 
de  remediar  se  faz-me  companhia.  »  Pegou  de  conversa  com  a 
velha  e  demorou-se  alli  até  a  tarde. 

Ella  remediou-a  e  pediu-lhe  que  viesse  mais  vezes,  a  meudo. 
A  velha  sahiu  d'alli;  como  andava  pedindo,  veiu  â  estalajem.  «  Jâ 
vi  uma  cara  mais  linda  que  a  sua,  muito  mais  bonita.  Nas  brenhas  de 
tal  parte,  esta  uma  menina  ainda  muito  nova,  muito  mais  bonita.  » 
A  estalajadeira,  lembrando-se  que  séria  a  filha  :  «  O'  Pia 
Velhota,  disse  ella  â  velha,  quando  volta  outra  vez  por  là  ?  — 
Nâo  hei  de  tardar  muitos  dias,  que  ella  pediu-me  que  fosse  mais 
vezes,  a  miudo.  —  Eu  dou-lhe  um  taleigo  de  dinheiro,  se  V.  M.  là 
fôr  agora.  Em  Ihe  mettendo  este  alfinete  na  cabeça  e  vindo-me  dizer 
o  effeito  que  elle  fez,  entrego-lhe  este  dinheiro.  » 

A  velha  sahiu  muito  contente.  Chegou  as  brenhas  e  bradou  por 
ella.  A  menina  sahiu  muito  contente,  â  porta  :  «  Fez  bem,  Pia 
Velhota,  em  virpor  aqui;  nào  vejo  ninguem,  estou  sempre  sô. 
Ha  de  se  deixar  estar  aqui  até  â  tarde.  —  Sim,  minha  menina.  » 
Deu-lhe  de  jantar.  «  Vamosaqui  atéâ  empenado  monte  (cazal).  » 


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214  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

Sentaram-se  e  disse-lhe  a  velha  :  «  E'  amiga  que  a  catem  ?  — 
Ora  !  tomara  eu  que  me  catassem  todo  o  dia.  —  Entao  deite  aqui  a 
cabeça  no  meu  colo.  »  Deitou  a  cabeça  e  a  velha  pegou  a  catal-a. 
Deixou-se  dormir. 

A  velha  puchou  do  alfînete,  cravou-lh  o  na  cabeça  e  a  menina 
ficou  morta.  A  velha  jâ  rinha  pena.  Como  viu  que  ella  nào  bulia 
nem  com  pé  nem  com  mào,  pegou  no  seu  bordao  e  foi-se  embora. 

A'  noîte  vieram  os  ladrôes  ;  nâo  viram  a  ceia  feita  e  nào  a  acha- 
ram  a  ella.  Foram  todos  em  busca,  foram-na  achar  na  empena  do 
monte  ;  trouxeram-na  morta. 

O  capitâo  disse  a  um  :  «  Va  jâ  d'ahi  num  instante  â  cidade; 
mande  fazer  um  caixâo  e  ha  de  vir  aqui  antes  de  amanhecer.  » 
Veiu  o  caixâo,  metteram-na  dentro  ;  pegaram-lhe  4  e  foram-no 
pôr  a  portaria  dos  frades  e  voltaram  para  caza.  O  principe,  que 
nesse  dia  sahiu  â  caça,  passou  pelo  convento  dos  fraJes. 

«  Esta  além  um  caixâo,  vâo  ver  quem  é.  »  Foram-lhe  dizer 
que  era  uma  cara  muito  linda  d'uma  menina  que  estava  morta,  que 
nâo  parecia  morta,  por  ter  muita  cor  na  cara.  O  principe  ordenou 
que  levassem  aquelle  caixâo  para  palacio  para  o  seu  quarto,  e 
depois  de  la  estar  chamou  a  mâe. 

Estiveram-na  vendo  e  disse  :  «  Parece  que  nâo  esta  morta  ;  a 
côr  que  tem  na  cara  nâo  é  d'alma  que  foi  para  o  outro  mundo. 
—  O'  minha  mâe,  disse-lhe  o  principe,  se  ella  estivesse  viva,  des- 
posava-me  com  ella,  que  ainda  nâo  vi  uma  cara  tâo  linda.  — 
Nem  eu,  meu  filho  »,  disse-lhe  a  rainha. 

A  rainha  e  uma  das  aias  despiram-na  ;  nào  Ihe  acharam  contu- 
sào  nenhuma  no  corpo.  O  principe  correu-lhe  a  mào  pela  cabeça 
e  achou  o  alfinete.  Tirou-o  ;  ella  abriu  os  olhos  e  deu  um  ai.  A 
rainha  mandoubuscarum  caldo.  Tiraram-nadocaixâo,  deitaram-na 
na  cama  do  principe.*] 

Pegaram  a  dar-lhe  colherzînhas  de  caldo;  restabeleceu,  falou. 
Ficaram  muito  contentes;  assim  que  esteve  boa,tractou-se  do  caza- 
mento.  Todos  admiraram  a  belleza  d  ella. 
Aos  8  mezes  de  cazados,  sahiu  o  principe  p'ra  guerra.  Quando 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  21 5 

foi  tempo,teve  a  princeza  um  menino,  ainda  mais  bonito  do  que 
a  màe.  A  rainha  escreveu  logo  para  o  filho.  Mandou-Ihe  dizer  que 
a  màe  que  era  linda,  mas  que  o  menino  que  era  muito  mais. 
Mandou  um  soldado  para  a  posta  ;  veiu  ter  o  maldito  soldado  d 
estalajem. 

A  estalajadeira  perguntou  logo  se  jâ  tinha  visto  uma  cara  tâo 
bonitacomo  a  sua.  «  A  princeza  é  muito  mais  bonitaque  a  senhora, 
e  agora  teve  um  menino  que  dizem  que  é  ainda  mais  bonito.  Vou 
agora  levar  esta  noticia  ao  principe.  O  que  fîcarâ  de  contente, 
tendo  successor  ao  reino  !  —  Aonde  para  o  principe  ?  —  Em  tal 
parte.  —  Olhe,  é  melhor  ficar  aqui  esta  noite  porque  ainda  é 
muito  longe  e  pela  manhà  cedo  pode  partir.  »  Poz-lhe  o  jantar 
na  meza  e  2  garrafas  de  vinho  :  «  Beba  e  coma,  que  nao  paga 
nada...  » 

Comeu,  bebeu  e  embebedou-se  ;  deixou-se  dormir.  Ella  foi  d 
mala,  tirou-lhe  a  carta;  escreveu  outra  dizendo  que  a  princeza 
que  deu  muito  â  cabeça  com  un  page,  agora  tinha  tido  um 
monstro,  parecia  mais  bicho  que  creatura.  Fechou  a  carta  e  met 
teu-a  na  mala. 

O  soldado,  pela  manhâ,  depois  d  almoço,  despediu-se  da  esta- 
lajadeira, quiz  pagar;  nao  Ih'o  consentiu,  pedindo  que  viesse  à 
volta  por  alli.  O  soldado  deu-lhe  palavra  que  sim,  que  tornava. 

Chegou  onde  estava  o  principe  e  entregou-lhe  a  carta.  Assim 
qui  a  leu,  deu-lhe  uma  coisa,  cahiu.  Os  soldados  e  os  mais  que 
alli  estavam  levantaram-no  ;  ja  elle   tinha  sentido. 

Poz-se  a  escrever  outra  carta,  dizendo  que  a  princeza  se  tivesse 
dado  â  cabeça,  que  bem  sabia  que  o  que  ella  teve  era  seu  filho,  e 
entaô  que  elle,  indo,  saberia  as  coisas  como  eram.  O  soldado 
recebeu  a  carta  e  partiu. 

Veiu  dar  â  estalajem.  Fez-lhe  muitas  festasa  estalajadeira;  trac- 
tou-o  da  mesma  sorte.  O  soldado,  bebado,  deixou-se  dormir. 

Foi  â  mala  e  tirou-lhe  a  carta;  escreveu  outra,  mandando 
dizer  que,  logo  que  a  mâe  recebesse  aquella  carta,  que  a  mandasse 
matar  mais  ao  filho,  que  elle  que  nao  queria  saber  d'ella  para 
coisa  nenhuma.  O  soldado  no  outro  dia  partiu. 


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21 6  CONTOS    POPULARES   PORTUGUEZES 

Chegou  a  palacio,  entregou  a  carta  a  rainha.  A  rainha  leu*  a 
caria,  calou-se,  nào  disse  nada  â  nora.  A  princeza  via  a  rainha 
muito  triste;  perguntava-lhe  se  tinha  tido  alguma  md  noticia  do 
principe  ou  se  estava  doente.  Disse-lhe  que  nào,  que  nem  estava 
doente,  nem  tinha  tido  mas  noticias.  «  Sàosaudades  quetenho  de 
meu  fîlho.  » 

D  ahi  a  1 5  dias  veiu  o  principe,  e  assim  que  a  rainha  soube  a 
hora  a  que  elle  havia  de  chegar,  mandou  a  nora  e  o  menino 
para  um  quarto  retirado. 

Chegou  o  principe,  sahiu-lhe  a  rainha,  abraçou-o,  beijou-o. 
Elle  tomou-lhe  a  bençam,  perguntou  pela  princeza.  «  Oh!  essa 
é  boa,  mandaste-la  matar  e  perguntas-me  por  ella?  —  Eu  nào, 
minha  màe.  Antes  eu  recebi  uma  carta  sua,  em  que  me  mandava 
dizer  que  a  princeza  na  minha  ausencia  me  tinha  sido  falsa;  o 
fîlho  parecia  mais  monstro  que  genre.  » 

A  màe  chorou  muito,  disse  que  tal  coisa  como  essa  nào  tinha 
escripto  ;  mas  ella  que  nào  tinha  cumprido  as  suas  ordens,  que 
nào  a  tinha  mandado  matar  nem  ao  filho.  Chamou-se  a  prin- 
ceza, contaram-lhe  tudo  :  «  E'  minha  màe  ;  ninguem  podia  fazer 
isto  senào  ella.  » 

Chamou-se  o  soldado.  O  soldado  contou  que  tinha  ido  â  estala- 
jem.  O  principe  mandou  logo  um  esquadrào  de  cavalaria  ;  chega- 
ram  â  estalajem,  trouxeram-na  presa.  Foi  logo  alcabuzada  e  dos 
ossos  fîzeram  uma  cadeirinha  para  o  menino  se  sentar. 

Ficaram  muito  contentes;  nào  houve  mais  novidade  nenhuma 
e  ainda  hoje  em  dia  là  estào. 

44.    o   GALVÂO 

Havia  um  alfaiate  que  tinha  3  fîlhos.  Tinha  muito  grande  fre- 
guesia,porqueera  muito  bom  officiai. Tinha  muito  bomcredito  nas 
lojas,  ia  buscar  fazenda  quanta  queria.  Depois  que  os  filhos  sou- 
beram  o  officio,  deixou  de  trabalhar  e  metteu-se  no  jogo. 

Depois  duns  an  nos,  teve  uma  enfermidade  e  morreu.  Logo 
vieram  os  crédores  —  os  logistas  como   os  do  jogo  —  para  as 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  21 7 

filhas  e  a  mulher  pagarem  o  que  elle  dévia.  Elias  olharam  umas 
para  as  outras  e  a  mais  moça  disse  a  màe  :  «  O'  m  in  ha  mâe, 
nos  havemos  de  pagar  aquillo  que  nem  comemos  nem  bebemos? 
nos  sempre  debaixo  de  trabalho,  e  ainda  haviamos  de  trabalhar 
para  elles  levarem?  isso  nâo;  pornos  tudo  em  venda,  dizendo 
que  é  para  pagamento  :  depois  de  tudo  veiidido,  despejamos  os 
nossos  colchôes,  enchemos  com  a  nossa  roupa  e  fazemos 
4  trouxas.  Uma  noite,  sem  ninguem  ver,  vamos-nos  embora  por 
esst  mundo.  »  Assim  puzeram  as  suas  trouxas  â  cabeça  e  sahiram. 

Andaram  por  aqui,  por  alli,  muitos  dias;  iam  jâ  cansadas,  che- 
garam  a  uma  terra,  ouviram  uma  mulher  a  chorar.  Chegaram  â 
porta  e  perguntaram  :  «  Senhora,  o  que  tem  que  esta  tao  afBic- 
ta  ?  —  Morreu-me  o  meu  homem  ;  fiquei  com  4  creanças  sem 
nenhuma  poder  ganhar  o  sustento.  »  Respondeu  a  mais  nova  : 
«  Se  a  senhora  nos  desse  aqui  gazalho,  por  amor  de  Deus,  esta 
noite,  por  aima  do  seu  homem.  —  Pois  nâo,  sim  senhora,  podem 
entrar.  » 

Estiveram  consolando  a  viuva  e  depois  pegaram  a  conversar. 

«  Esta  terra  nào  nos  parece  feia  ;  se  nos  tivessemos  aqui  for- 
tuna,  ficavamos  aqui.  Nos,  pelo  nosso  officio  nos  governavamos. 
—  En  tao  que  officio  tem  as  senhoras  ?  —  Somos  alfaiatas.  —  Se  as 
senhoras  quizerem  aqui  ficar,  hào  de  ter  muita  fortuna,  muita. 
Aqui  nào  ha  alfaiata  nenhuma;  vào  fora  da  terra  fazeras  obras.  — 
Pois  ficamos,  mas  era  preciso  a  gente  ter  umas  cazas  assim  peque- 
nas;  nâo  podemos  pagar  grande  renda.  —  Aqui  ha  uma  morada 
de  cazas  muito  boa;  o  dono  dâ-as  de  graça.  Dizem  que  appa- 
rece  là  um  medo  ;  vâo  para  la  um  dia,  sahem  no  outro.  »  Respon- 
deu a  mais  nova  :  «  E'  gente  que  faz  o  medo;  faz  favor  de  nos 
dizer  onde  mora  esse  homem  ?  » 

A  viuva  mandou  por  um  pequenito  ensinar-lhe.  Bateram  â 
porta,  perguntaram  o  dono  da  casa  :  «  O'  senhora,  dizem  que  tem 
umas  cazas  para  arrendar.  —  Eu  dou-as  de  graça,  nâo  as  arrendo, 
porque  o  mais  que  là  estâo  é  um  dia  e  uma  noite  ;  depois  sae 
tudo  para  fora,  que  apparece  Id  um  medo  e  no  outro  dia  vem 


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2l8  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

entregar-me  a  chave.  »  A  moça  respondeu  :  «  O  medo  fa-lo 
agente;faz  favor  da  chave?  »  Despediram-se  d'elle  e  vieram 
com  a  chave  na  mao  para  caza  da  viuva. 

«  Ja  temos  caza,  de  graça,  que  o  medo  fâ-lo  a  gente; 
tomâramos  nos  ter  saude.  E  a  senhora  ha  de  fazer  favor  de  nos 
emprestar  alguma  coisa  que  nos  seja  preciso,  que  nào  sao 
horas  de  ir  comprar  nada.  »  Emprestou-Ihe  um  candieiro, 
um  fogareiro  e  alguns  objectos  assim  mais  precisos.  E  ellas,  dos 
colchôes  que  levavam  com  a  roupa,  encheram-nos  de  palha 
e  caminharam  para  caza.  Eram  horas  decear;  estiveram  ceando, 
puzeram-sea  fazer  serào.  Eram  lo  horas,  disse  amàe  para  a  mais 
velha  :  «  Nos  vamo'-nos  deitar  e  fica  tu  esperando  o  medo  ». 
Hcou  ao  serâo,  sosinha. 

Era  meia-noite  em  ponto,  ouviu  um  rugido  de  umas  correntes 
a  arrojarem  pelo  châo  e  ao  mesmo  tempo  uma  voz  dizendo  : 
«  Galvâo,  galvào,  serâo  horas?.  »  Respondeu  outra  voz  :  «  Ainda 
nào.  »  Ella  largou  a  meia,  deitou  a  correr  e  metteu-se  entre  meio 
das  irmâs  que  estavam  deitadas.  Esteve  contando  o  que  Ihe  suc- 
cedeu,  e  as  outras  fizeram-lhe  muito  forte  troça.  A  do  meio 
respondeu  :  «  A'  noite,  fîcoeu;  quero  saberse  issoé  verdade.  » 

Na  outra  noite,  ouviu  ô  mesmo;  correu,  metteu-se  na  cama 
com  as  irmâs  e  a  mais  moça  respondeu  :  «  A'  noite  fico  eu  ;  nâo 
me  hei  de  vir  metter  na  cama,  hei  de  ver  o  que  é.  »  A'  noite, 
ficou  ella  sosinha;  poz-se  a  fazer  o  seu  serâo. 

Assim  que  deu  meia  noite,  ouviu  o  mesmo  rugido  e  as  mesmas 
vozes.  Ella  larga  a  meia,  pegou  no  lenço  d'assoar  e  no  candieiro, 
e  correu  para  onde  elles  estavam.  «  Espère,  que  eu  Ihe  vou 
fazer  as  horas  ».  Ao  mesmo  tempo  ouviu-o  cahir  dentro  da  cis- 
terna;  poz  o  candieiro  no  bocal  e  assomou-se  para  baixo  :  «  Venha 
câ,  venha  ca,  nâo  fuja,  que  eu  Ihe  faço  as  horas.  » 

Sahiu-lhe  um  preto  :  «  O'  mâe  siora,  se  quizesses  vir  p'ra 
aqui,  havias  de  ser  muito  feliz  ;  tenho  um  grande  palacio, 
muita  prata,  muito  oiro,  e  tudo  isto  era  teu  e  a  mâe  siora  nâo 
havia  de  fazer  nada.  Venha  ver,  mâe  siora,  venha  ver.  —  Pois 


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CONTOS  POPULARES   PORTUGUEZES  219 

vem-me  buscar.  »  Pegou  nella,  e  assim  que  chegou  d  agua: 
«  Fecha  os  olhos,  màe  siora.  » 

Andou-lhe  mostrando  tudo.  «  Agora,  màe  siora,  nâo  ha  de 
fazer  nada;  corner,  beber,  divertir-se.  Agora  vamoscear.  —  Eu  jd 
ceei,  disse-lhe  ella,  nào  tenho  vontade.  — Pelo  menos  um  paste- 
linho,  que  isto  nao  é  coisa  que  encha  a  barriga  a  ninguem.  » 
Assim  que  o  comeu,  deixou-se  dormir. 

Pela  manhâ,  achou-se  numa  rica  cama.  O  Galvào  trouxe-lhe 
agua  numa  bacia  e  uma  toalha  para  se  lavar  :  «  Mae  siora,  eu 
chamo-me  Galvâo  e  eu  nâo  sei  o  nome  da  senhora.  »  Ella  deu- 
Ihe  o  nome.  Levou-a  a  uma  copa  onde  estava  muito  vestido  : 
«  Dispa  esse  vestido  ;  cada  dia  deve  vestir  um  vestido,  que  tem 
muito  para  vestir;  e  esse  trapo  deite-o  fora.  » 

A  mâee  as  irmâs  levantaram-se  pela  manhâ,  olharam  para  a 
cisterna  e  viram  o  candieiro  e  o  lenço  d'assoar  em  cima  do 
bocal.  Pegaram  a  chorar  e  a  gritar  que  ella  se  tinha  affogadocora 
medo.  Accudiu  logo  gente  com  fateixas;  nâo  acharam  nada. 

Ella  câ  vivia  com  oseu  Galvâo,  sem  ver  mais  ninguem;  mas 
todns  as  noites,  em  cima  da  ceia,  comia  um  pastel.  Passados  jâ 
9  ou  10  mezes,  diz-lhe  o  Galvâo  :  «  Se  a  mâe  siora  soubesse  o 
que  vae  na  sua  caza..,.  —  Entâo?  —  E'  a  sua  mana  mais  velha 
que  se  caza  amanhâ.  Quer  ir  ao  casamento,  mâe  siora?  —  Se  tu 
me  deixasses  ir,  de  boa  vontade  iria.  —  Se  me  der  palavrade  vol- 
tar.  —  Dou-te  a  minha  palavra  d'honra;  onde  havia  de  eu 
achar  uma  fortuna  egual  a  esta?  —  Eu  vou  pôl-a  ao  bocal  do 
poço,  a  mâe  siora  vae  ;  mas  em  ouvindo  3  assobios,  venha  logoao 
bocal  do  poço,  que  eu  lâestou.  Aqui  tem  este  taleigo  de  dinheiro 
para  dar  a  sua  mâe  e  estes  2  vestidos  para  suas  manas.  Veja  o 
que  faz,  mâe  siora,  nâo  faite  â  sua  palavra.  —  Nào  falto,  nâo, 
nâo  falto.  » 

Veiu-a  pôr  no  bocal  do  poço  ;  assim  que  ella  en  trou  ficou 
tudo  muito  contente,  muito  admirado.  Deu  o  dinheiro  â  mâe,  os 
vestidos  as  manas  e  a  mâe  levou-a  para  um  quarto,  esteve-lhe 
perguntando  o  que  tinha  feito. 


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220  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

Ella  disse-lhe  tudo  que  passava  com  o  preto.  «  Tu  nao  vês  mais 
ninguem?  —  Nâo,  senhora,  sô  o  preto  unicamente  é  que  esta 
naquella  casa  e  eu.  —  Tu  estas  gravida,  disse-lhe  a  mâe,  isso 
talvez  seja  o  preto.  —  Nao,  minha  mâe  ;  o  preto  tracta-me  com 
respeito.  —  Pois  olha:  como  tu  cornes  um  pastel  e  te  achas  pela 
manhâ  na  cama,  faze  que  te  deixas  dormir  da  mesma  sorte  e  vê 
o  que  te  succède.  Aqui  tens  esta  lanterna  de  furta-fogo;  mette-a 
debaixo  da  cama  antes  de  comer  o  pastel  :  faze  que  o  comes  e 
deita  logo  a  cabeça  na  almofada.  E  vê  o  que  te  succède.  Depois  de 
estares  na  cama  e  sentires  deitar  alguem  comtigo,  em  estando 
dormindo,  puchada  lanterna,  deita-lhe  3  pingos  de  cera  na  cabeça; 
logo  conheces  quem  é.  » 

Estando  â  ceia,  ouviu  ella  um  assobio.  Levantou-se,  chegou-a  à 
cisterna,  estava  o  preto  a  esperar  por  ella. 

Beijou-a,  abraçou-a  e  que  nâo  tinha  faltado,  que  dali  por 
diante  ainda  a  havia  de  estimar  mais. 

«  Agora,  mâe  siora,  esta  a  ceia  na  mesa  para  ceiarmos.  —  Eu 
jâ  ceei.  —  Pois  ao  menos  coma  o  pastel.  —  Dâ  câ.  »  Fez  que 
o  comeu,  deitou  logo  a  cabeça  na  almofada.  Elle  pegou  nella, 
levou-a  de  pé  da  cama  mesma  sorte  e  deitou  a  na  cama.  O  preto 
foi  buscar  uma  bacia  e  uma  toalha  e  poz-Ih  a  aopé  da  cama. 

D'ahi  a  um  espaço  de  tempo  entrou  com  um  lenço  na  mâo. 
Deitou-o  na  agua  e  sahiu  um  homem;  limpou-o  numa  toalha, 
meteu-o  na  cama  com  ella  e  sahiu  e  fechoua  porta.  Elle  voltou- 
se  para  ella,  beijou-a  e  deixou-se  dormir. 

Ella,  que  o  sente  dormindo,  pucha  da  lanterna  e  deitou-lhe 
3  pingos  de  cera  na  cabeça  :  «  Ah  !  tyranna  !  dobrastes  o  meu 
encantamento.  Pela  manhâ,  vem  o  preto,  descompôe-te,  pôe-te 
na  rua,  tu  nâo  sabes  caminho  nem  carreira,  nâo  te  dà  nada, 
has  de  morrer  com  fome,  ha  de  te  vestir  o  vestido  preto  que  tu 
trouxestes,  pôe-te  na  rua.  Mas  tu  nâo  Ihedigas  coisa  nenhuma; 
deixa-o  desaffogar,  deixa-o  dizer  tudo  quanto  elle  quizer.  Depois 
d'elle  estar  cansado  de  fallar,  diz-lhe  tu  :  «  Tens  razâo,  Gal- 
vào,  tens  muita  razâo  »,  e  pede-lhe  3  novellos  para  teu  segui- 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  221 

mento.  Tira  a  ponta  d'um  e  pôe  um  â  porta  do  palacio  d'onde 
sahires;  vae-o  desenrolando,  e  onde  elle  acabar,  bâte  â  porta, 
que  é  a  palacio  de  minha  tia.  Pede-lhe  gazalho,  em  louvor  do 
senhor  infante  menino.  Ha-de  fazer  perguntas,  mas  nào  digas 
nada,  que  eu  â  noite  là  irei  estar  comtigo.  »  Chorou  muito,  e 
elle  pela  manhâ  sahiu. 

Veiu  logo  o  preto  a  descompôr  nella.  Disse-lhe  quanto  quiz, 
que  nunca  elle  a  deixasse  ir  a  casa  da  mâe,  que  ella  é  que  fez 
com  que  elle  perdesse  a  sua  fortuna,  etc.  :  «  Aqui  tem  o  trapo  que 
trouxe  vestido,  vista-o.  Ponha-se  jâ  d'aquella  porta  para  fora; 
nâo  Ihe  dou  nada,  que  ha  de  morrer  de  fome.  » 

Disse-lhe  ella  :  «  Tens  razâo,  Galvâo,  mas  dâ-me  3  novel- 
los  para  meu  seguimento.  —  Sim,  senhora,  la  isso  Ihe  dou  eu; 
quero  ver  o  que  faz  com  elles.  »  Pôl-a  fora  e  fechou  logo  a  porta 
nas  costas. 

Ella  tirou  a  ponta  do  novello;  o  novello  foi  a  desen- 
rolar-se,  e  ella  a  andar  sempre  por  onde  o  novello  ia. 
Andou  todo  o  dia  sem  comer  nem  beber.  Ao  sol  posto,  aca- 
bou-se  um  novello  â  porta  de  um  palacio.  Pediu  as  guardas  que 
dissessem  â  senhora  se  Ihe  dava  alli  quartel  essa  noite,  que  era 
uma  pobre  viuva,  que  andava  pedindo  para  se  governar;  mas 
que  Ihe  pedia  em  louvor  do  senhor  infante  menino.  Mandou-a 
entrar. 

Perguntou-lhe  ella  se  sabia  ella  do  senhor  infante  menino,  visto 
que  pedia  esmola  em  seu  louvor.  Ella  disse-lhe  que  nào  sabia,  mas 
alli  na  rua  Ihe  disseram  que  pedisse  gazalho  em  nome  do  senhor 
infante  menino  :  «  Cuidei  que  soubesse  alguma  coisa,  que  me 
disseram  que  uma  mulher  Ihe  tinha  dobradoo  encantamento.  — 
Nào  sei  nada,  minha  senhora.  » 

Mandou-a  para  um  quarto;  mandou-lhe  a  ceia  e  alli  ficou 
naquelle  quarto  até  pela  manhà.  Pela  manhà,  levantou-se  e 
despediu-se.  Mandaram-lhe  dar  pâo.  Elle  foi  ter  com  ella,  de 
noite; perguntou-lhe  oque  tinha dictosua  tia. Esteve-lhe contando 
o  que  se  tinha  passado  :  «  Agora  o  outro  novello  ha  de  aca- 


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222  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

bar  a  porta  de  minha  avô;  pede-lhe  gazalho  em  meu  nome. 
Nào  Ihe  digas  coisa  nenhuma,  que  minha  mâe  jâ  mandou  uma 
escolta  em  tua  pergunta  :  em  te  encontrando,  es  victima.  Eu  la 
irei  ter   â  noite  comtigo. 

Deitou  o  outro  novello,  foi  a  casada  avô.  Succedeu  o  mesmo. 

Deitou  o  3**  novello,  foi  dar  ao  palacio  da  rainha.  Pediu  esmola 
em  louvor  do  senhor  infante  menino  e  gazalho.  Assim  que  Ihe 
falou  no  filho,  mandou-a  entrar;  perguntou-lhe  quem  era.  Sou 
uma  pobre  viuva,  minha  senhora,  que  enviuvei  ha  pouco  tempo. 

—  Mas  para  que  me  pede  gazalho  em  nome  do  senhor  infante 
menino?  —  Porque  tenho  ouvido  dizer  que  a  senhora  nào  nega 
coisa  alguma  que  Ihe  peçam  em  louvor  do  senhor  infante  menino. 

—  Mas  V.  M'*  coitada,  esta  ja  muito  pezada  ;  é  melhor,  jâ  que 
me  fallou  no  meu  filho,  que  esteja  aqui  até  ter  a  sua  creança. 
Mas  V.  M"  sempre  sabe  alguma  coisa  a  respeito  de  meu  filho. 
Eu  mandei  uma  escolta  em  busca  d'essa  mulher  que  Ihe  dobrou  o 
encantamento,  e  quando  pareça  ha  de  ser  alcabuzada. 

Ella  mudou  de  côr.  «  E' muito  bem  feito,  minha  senhora,  que 
pague  quem  tem  culpa.  » 

Mandou-a  para  um  quarto,  onde  estava  uma  cama,  dentro 
d'uma  alcova,  tapada  com  um  cortinado.  Mandou-lhe  de  cear; 
comeu  e  deitou-se.  D'ahi,  veiu  o  infante;  deitou-se  com  ella 
e  perguntou-lhe  o  que  se  tinha  passado  com  a  mâe  :  «  Ainda 
digo  mais,  nào  quer  que  eu  saia  d'aqui  sem  ter  a  creança.  Eu 
aqui  hei  de  vir  todas  as  noites  ;  mas  cautela  com  a  lingua,  nào 
digas  nunca  nada.  Vae  todas  os  dias  pela  manhà  fallar  a 
minha  mâe  e  agradecer-lhe.  »  De  madrugada  sahiu. 

Ella  levantou-se,  veiu  fallar  â  rainha.  Coitada,  nào  havia  de 
dormir  bem;  estava  cansada  da  jornada.  A'  noite  ha  de  dormir 
melhor.  Mandava-lhe  o  comer  e  todas  as  noites  ella  ia  la. 

Levantou-se  um  dia  e  disse  â  rainha  que  estava  muito  doente. 
«  Va  parao  seu  quarto  e  ja  se  manda  chamar  quem  a  entenda.  » 

Vieram  logo  duas  parteiras;  teve  uma  creança.  Deram  parte  â 
rainha;  ficou  muito  contente  de  ella  estar  descansada.  A'  noite 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  223 

veiu  elle;  ficou  muito  contente  do  seu  menino.  Ao  cabo  de 
3  dias  deu  uma  dôr  na  creança,  que  nâo  a  podia  de  maneira 
nenhuma  ter,  nem  ao  collo,  nem  de  marna,  nem  de  maneira 
nenhuma  :a  chorar  sempre.  Veiu  o  pae,  pegou  nelle;  o  menino 
sempre  a  chorar.  Deu-o  a  màe.  «  Vê  se  o  calas,  que  eu  nào  o 
posso  ouvir;  canta-lhe  uma  cantiga,  que  as  creanças  as  vezes 
assustam-se  de  ouvirem  umas  tantas  vozes  e  calam-se.  —  Isso 
nào  canto  eu  ;  havia  de  pôr-me  a  cantar  para  incommodar  a 
rainha?  —  Porque  nào?  Ganta,  canta.  —  Nào  canto,  nào.  — 
Canta-lhe  esta  cantiga  : 

Se  vossa  avô  soubéra 
Que  era  seu  neto, 
Veja  o  que  fizéra  ! 

—  Pois  eu  hei  de  cantar  isso  ?  —  Canta,  sim,  que  mando  eu.  » 
Ella  canton  e  o  menino  calou-se. 

Pela  manhà,  sahiu  elle,  e  ella  levantou-se.  Assim  que  a  rainha 
a  sentiu  leyantada,  veiu  ao  quarto.  Perguntou-lhe  que  tinha 
aquella  menina,  que  tanta  tinha  chorado.  «  Julgo  que  era  dôr, 
minha  senhora,  que  teve.  —  Mas  elle  calou-se  depois  que  can- 
tou.  —  Eu  nào  cantei,  minha  senhora.  — Canton;  te  posso  dizer 
a  cantiga  que  foi  (repetiu).  »  Ella  desfechou  a  chorar  muito. 
Disse-lhe  ella:  «  Nào  chore;  quero  que  me  diga  a  verdade. 
Para  mim  nào  ha  segredos  occultos;  ha  de  me  dizer  tudo  que 
tem  succedido,  e  quando  nào,  ha  de  ser  alcabuzada.  Ainda  nin- 
guem  pediu  gazalho  nem  esmola,  em  louvor  do  senhor  infante 
menino,  e  V.  M",  que  m'o  pediu,  sabe  esse  segredo.  Eu  sou 
capaz  de  o  guardar,  tào  bem  como  V.  M"  o  guarda.  Conte- 
me  a  verdade,  e  ninguem  Ihe  ha  de  pôr  perigo  nenhum.  » 

Ella  contou-lhe  tudo  e  a  rainha  chorou  muito  ;  que  seu 
filho  era  um  ingrato  :  ir  todas  as  noites  e  nào  Ihe  ter  fallado  ! 

«  Faça  a  senhora  o  mesmo  que  eu  fiz  :  uma  lanterna  de  furta- 
fogo.  A  senhora  vae  p'ra  o  meu  quarto,  e  quando  elle  venha,  esta 
a  lanterna  de  baixo  da  cama,  e  a  senhora  encoberta  com  os  corti- 
nados.  Elle  vem;  ha  de  me  perguntar  o  que  passei  com  a  senhora. 


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224  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

e  depois  digo-lhe  eu  :  «  Desvie  para  la  o  cabello,  que  me  oica  no 
corpo,  é  muito  comprido  »,  e  elle  sacode  a  cabeça  e  cae  o  cabello 
para  baixo,  e  a  senhora  segure-Ihe  o  cabello  e  deite-ella  3  pingos 
de  cera,  que  ja  elle  nào  pode  fugir.  »  A  rainha  ficou  muito  satis- 
feita,  esperando  a  noite.  Metteu-se  no  quarto  da  peregrina. 

Veiu  elle,  fallou,  perguntou  pelo  menino,  se  estava  melhor- 
zinho.  Disse-lhe  que  estava  bom,  que  nunca  mais  tinha  tido  a 
dôr;  e  por  nâo  dizer  mais  nada  :  «  Deite  o  cabello  para  fora  da 
cama,  que  me  esta  picando  no  corpo.  »  A  rainha  deitou  os  3  pin- 
gos de  cera. 

Beijou-o,  abraçou-o,  chamando-lhe  ingrato,  que  vinha  alli 
todas  as  noites  e  nào  Ihe  tinha  ainda  fallado.  «  Minha  màe, 
acabou-se  o  meu  encantamento  com  a  nascença  de  meu  filho; 
mas  o  Galvào,  nâo.  Agora,  ha  de  baptizar-se  no  dia  em  que 
minha  màe  fîzer  annos;  depois  dâ  beija-mào.  As  3  ultimas 
mulheres  que  vierem  beijar  a  mào  de  V.  M.,  trazem  um 
lenço  na  mào.  Perguntam  :  «  O  que  quer  V.  M.  de  nos?  — 
Esse  lenço  que  trazes  nas  màos.  »  Elias  de  raivosas  fazem  o  lenço 
em  mil  tiras  e  quantas  feridas  fizerem  quantas  sào  as  feridas  do 
meu  corpo.  Jogam  com  o  lenço  a  agua  e  eu  nào  me  posso 
levantar.  Deve  estar  alli  medico,  cirurgiào  e  confessor,  que  eu 
nào  sei  se   poderei  resistir.  » 

No  dia  que  a  rainha  fez  annos,  baptisou-se  o  menino  e  deu 
(a  rainha)  beija-mào.  As  3  ultimas  mulheres  que  chegaram, 
perguntaram  :  «  Que  quer  V.  M.  de  nos  ?  —  Esse  lenço  que 
trazes  nas  màos.  » 

Rasgaram  muito  bem  o  lenço,  deitaram-no  na  agua  e  deses- 
peradas  sahiram  da  sala.  Accudiram  logo  o  cirurgiào  e  o  medico, 
curaram-no  e  metteram-no  na  cama. 

«  Minha  màe,  hoje  é  dia  grande;  baptisa-se  o  meu  filho, 
minha  màe  deu  beija-mào,  agora  todas  as  personagens  que  aqui 
estào  sejam  minhas  testimunhas  que  eu  cazo  com  minha  mulher. 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  225 

45.  OS   DOIS   PEDRINHOS 

Era  um  reî  muîto  tentado  com  a  caça  ;  mandou  chamar  o  sapa- 
teiro.  Que  Ihe  havia  de  fazer  umas  botas  em  3  dias.  O  sapateiro 
principiou  as  botas  ;  mas  a  mulher  estava  para  ter  uma  creança, 
foi  chamar  a  parteira  e  ao  cabo  de  3  dias  nasceu  um  menino. 

Passaram-se  2  dias;  manda  o  rei  pelas  botas.  Elle  foi  e 
disse  :  «  Senhor,  nào  pude  fazer  as  botas,  porqueminha  mulher,  esta 
noite,  era  meia  para  a  i  hora,  deu  â  luz  um  menino.  —  Ora 
essa!  disse  o  rei,  a  essa  mesma  hora,  teve  a  rainha  outro 
menino.  Has  de  me  dar  o  teu  filho  ;  nasceram  â  mesma  hora 
e  no  mesmo  dia,  en  quero  creal-os  como  meus  filhos  para  saber  o 
destino  ou  a  sina  d'estas  2  creanças.  Vae  fallar  com  tua  mulher  e 
traze-me  aqui  teu  filho.  » 

Elle  veiu  para  caza  e  disse  â  mulher.  Ella  nâo  queria  ;  chorou 
muito  e  elle  disse  :  «  Nâo  Ihe  tires  a  fortuna  ;  elle  vae  ser  creado 
como  filho  do  rei  ;  é  sô  para  saber  o  destino  d'estas  2  creanças 
que  nasceram  â  mesma  hora  e  no  mesmo  dia.  » 

O  rei  mandou  buscar  o  menino.  Poz  a  cada  um  sua  ama  ;  bap- 
tisou-os,  poz  a  ambos  Pedros.  Foram  crescendo  os  meninos 
debaixo  de  nome  deserem  irmâos  um  de  outro.  Eram  muito 
amigos  um  de  outro,  muito  amigos  ;  nào  estavam  nunca  um 
sem  o  outro.  O  rei  mandou-lhe  fazer  umas  bolas  de  ouro,  um 
aro  e  uma  palheta.  lam  para  o  mirante  jogar  ;  mas  o  sapateiro 
sempre  queria  ganhar,  o  principe  tambem  :  guerreavam  um  com 
o  outro,  o  sapateiro  batia  no  principe.  Vinha  fazer  queixa  â 
rainha  :  «  Pedrinho  deu-me.  —  Amanhâ  Ihe  dâs  tu.  » 
Numa  occasiao  estavam  jogando;  o  filho  de  sapateiro  pegou 
numa  bola  de  ouro  e  jogou-lhe  com  ella  a  testa,  fez-lhe  uma 
ferida.  Elle  veiu  a  chorar  muito,  todo  cheio  de  sangue.  Acudiu  o 
rei  e  a  rainha;  e  a  rainha  olhou  para  o  rei  e  disse  assim  : 
«  Sera  caso  que  o  filho  do  sapateiro  andé  enxovalhando  sempre 
uma  pessoa  real  ?  » 

Assim  que  se  curou,  veiu  outra  vez  brincar  com  o  Pedrinho; 

Rtviu  hispaniqm*.  siv.  I$ 


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226  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

tinham  jd  14  para  15  annos.  Guerrearam  outra  vez;  o  principe 
disse-lhe  :  «  Olha,  Pedrinho,  tu  nâo  es  meu  irmao;  a 
minha  marna  disse-me  que  tu  que  eras  filho  d'um  sapateiro.  » 
Elle  que  tinha  mais  tino  que  o  principe,  assimqueteve  occasiaô, 
veiu  ao  gabinete  do  rei  e  perguntou-lhe  :  «  Senhor,  eu  sou  filho 
de  V.M.  ?  —  Porque  me  perguntas  isso  ?  —  Porque  Pedrinho 
disse-me  que  eu  que  era  filho  de  um  sapateiro.  —  Pois  é  ver- 
dade,  mais  criei-te  como  meu  filho  e  ninguem  sabe  esse  segredo 
senâo  eu  e  a  rainha,  porque  teus  paes  ja  morreram.  » 

Veiu  brincar  outra  vez  com  o  Pedro,  e  assim  que  teve  occa- 
siaô, foi  ao  erario,  trouxe  uma  grande  boisa  de  dinheiro,  e  assim 
que  Pedrinho  estava  dormindo,  foi  a  cavalhariça,  montou  num 
cavallo  e  deitou-se  a  correr  por  uma  caiçada  abaixo.  la  conside- 
rando  :  «  Como  eu  nâo  sou  filho  do  rei,  nào  hào  de  fazer 
diligencia  por  me  encontrar.  »  O  Pedrinho  acordou,  nâo  o  achou 
na  cama,  foi  ao  mirante  e  viu-o  ir  a  correr  no  cavallo.  Elle  veiu  â 
cavalhariça,  pegou  num  cavallo  e  montou-o  e  foi  sobre  elle,  a 
gritar  e  a  bradar.  Assim  que  Pedrinho  conheceu  e  olhou  para  traz, 
que  voltasse  para  palacio.  Cada  vez  fugia  mais,  atraz  de  Pedrinho. 
Nâo  teve  mais  remedio  que  foi  parar  e  esperar  por  elle. 

«  Pedrinho,  vae  para  casa,  nâo  queiras  ser  a  minha  desgraça  : 
por  mim  nâo  hâo  de  fazer  diligencia  nemhuma.  Vem  uma 
escolta  logo  sobre  nos;  tu  nâo  has  de  ter  perigo,  mas  eu 
sim.  —  Eu  nâo  volto  para  traz  ;  onde  tu  fores,  vou  eu  :  onde 
tu  morreres,  morrerei  eu.  » 

Caminharam  sempre  para  diante.  Ao  cabo  de  10  dias  ou  12 
de  Jornada,  chegaram  a  um  sitio  onde  havia  2  estradas.  Puchou 
pelo  mappa  e  disse  ao  principe  :  a  Estas  2  estradas  vâo  dar  â  cidade 
de**.  E' distante  d'aqui  2  léguas;  vae  tu  por  uma  que  eu 
vou  por  outra  e  aquelle  que  chegara  primeiro,  que  espère  pelo 
outro.  —  Tu  o  que  queres  é  separar-te  de  mim  e  deixar-me.  — 
Nâo  é  por  isso  ;  pode  ser  que  este j  a  jâ  Id  ordem  para  nos  prende- 
rem  ;  e,  assim,  cada  um  vae  por  sua  parte,  nâo  ha  duvida.  »  Cus- 
tou  muito  a  convencel-o.  O  Pedrinho  foi  por  uma  estrada  e  o 
outro  por  outra. 


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CONTOS   POPULARES  PORTUGUEZES  227 

O  principe  deitou  a  correr  no  cavallo  quanto  podia  e  o  outro 
foi  muito  a  passo.  O  principe  chegou  no  meio  da  tarde  ;  pergun* 
tou  se  estava  alli  um  rapaz  do  seu  tamanho  pouco  mais  ou 
menos  e  com  o  mesmo  fato,  e  ninguem  Ihe  deu  noticia.  Elle 
sahiu  da  cidade. 

O  Pedrinho  chegou  a  noitinha  e  perguntou  (o  mesmo).  Dis- 
seram-lhe  que  sim,  que  tinha  alli  vindo,  perguntando  por  elle,  ao 
meio  da  tarde.  Elle  apeou-se.  «  Isto  é  noite  ;  onde  heî  de  eu 
ir  em  busca  d'elle  ?  amanhà  pela  manhà  sera.  »  Comeu  e 
dormiu.  Pela  manhâ  cedo  levantou-se,  pagou  a  estalagem  e 
sahiu. 

Sahindo  fora  da  cidade,  encontrou  uma  velha.  «  Ai, 
menino,  nào  va  p'r'hi,  porque  hontem  a  tarde  encontraram 
um  menino  naquelle  palacio,  assim  de  seu  tamanho.  Nào  va 
p'  r'  ahi,  que  ha  de  ser  encantado  tambem.  —  O'  tia  velhota, 
VM"  que  me  diz  isso  é  porque  sabe  como  eu  o  hei  de  desencan- 
tar;  eu  Ihe  hei  de  pagar  muito  bem.  —  Ora  VM",  indaque  Ih'o 
eu  ensine,  nâo  é  capaz.  —  Sou,  e  de  muito  mais.  —  Pois  eu 
Ih'o  digo.  VM"  vê  aquella  montanha  ?  se  for  capaz  de  a 
subir...;  ella  nao  tem  onde  o  menino  se  pegue  nem  onde  po- 
nha  os  pés.  Se  puder  fazer  a  diligencia  de  subir,  ha  de  ouvir 
muitos  gritos  e  muitos  tiros  ;  mas  nao  tema^  que  nada  Ihe  faz 
mal.  Se  a  subir,  la  em  cima,  esta  um  gigante.  Hâ-de  Ihe  per- 
guntar  o  que  quer,  o  menino  diz-lhe  :  a  chave  d'aquelle  pala- 
cio. Elle  entrega-lhe  a  chave,  e  o  menino  deita-se  no  châo, 
rebola  para  baixo.  Ha  de  ficar  arrimado  â  porta  de  um  palacio. 
Abra-a  ;  esta  um  grande  lago  no  meio,  com  um  cypreste  no 
meio  do  lago  e  em  cima  do  cypreste  esta  uma  serpente.  Tem 
a  chave  do  quarto  onde  esta  o  principe,  na  bocca.  Se  ella 
estiver  com  os  olhos  abertos,  tira-lhe  a  chave.  Logo  vê  uma 
porta  ;  abra-a,  que  la  esta  o  menino.  » 

Elle  pagou-lhe  muito  e  agradeceu  â  velha  ;  prendeu  o  cavallo 
e  foi  fazer  a  diligencia  de  subir.  Assim  que  começou,  pega  a  ouvir 
muitos  gritos,  muitos  tiros;  a  poder  de  diligencia  chegou  la. 


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228  CONTOS.  POPULARES   PORTUGUEZES 

Sahiu-lhe  o  gigante,  perguntando-lhe  o  que  queria.  «  A  chave 
d'aquelle  castello.  »  Entregou-lh'a  ;  elle  rebolou-se  da  serra  abaixo, 
ficou  com  as  costas  empinadas  a  uma  porta.  Viu  um  lago,  onde 
tudo  era  agua  e  um  cypreste  no  meio.  Poz  muita  duvida  em 
subir  pela  cypreste  acima.  Chegado  là,  encontrou  a  serpente  com 
os  olhos  abertos  ;  tirou-lhe  a  chave.  Quando  desceu  do  cypreste, 
nâo  viu  lago,  nâo  viu  nada.  Abriu  logo  a  porta,  encontrou 
Pedrinho  e  uma  madama  ao  pé. 

Levantou-se,  abraçou-o.  «  Por'mor  de  ti  é  que  tenho  pas- 
sado  tanto  trabalho  e  passarei  ;  vim-te  desencantar.  Amanhâ 
pela  manhâ  sahirei  d'aqui.  Esta  madama  tambem  ha  de  vir 
comnosco.  E'  princeza,  filha  do  rei  de**.  » 

Pareceu  uma  meza,  composta  de  toda  a  qualidade  de  comer  ; 
comeram.  Como  eram  horas  de  deitarem-se,  disse  o  principe  : 
«  Pedro,  deita-te  aqui  nesta  cama,  que  estas  cansado.  —  Nâo 
deito  tal,  deita-te  tu.  —  Eu  jâ  me  deitei  mais  esta  menina;  esta 
noite  dormimos  aqui  ;  agora  dorme  eu.   »   Elles   deitaram-se. 

Eram  8  horas  da  noite;  veiu  uma  aguia,  deu  3  carcaxa- 
das  :  «  Ah  !  ah  !  ah  !  talvez  pensem  que  estâo  livres  do  encan- 
tamento.  A'  saida  d'aqui,  sâo  3,  tem  um  s6  cavallo  ;  logo  ao 
pé  da  muralha  esta  uma  manada  de  cavallos  muito  bons  e 
mansos.  A  princeza  vae  muito  incommodada  ;  ha  de  pedir  um 
cavallo;  mas  em  se  montando,  ficam  sujeitos  ao  mesmo  encan- 
tamento.  Quando  esto  ouvir  e  contar  em  pedra  marmore  se  ha 
de  tomar.  » 

A*s  9  horas  tornou  outra  vez.  «  Quando  d'esta  escaparem, 
la  mais  ao  diante  hâo  de  querer  almoçar.  Esta  uma  figueira  na 
estrada,  com  muito  bellos  figos;  em  comendo  d'elles,  ficam 
sujeitos  ao  mesmo  encantamento.  Quando  (&.  o  mesmo).  » 

A's  10  horas  veiu  outra  vez  e  disse  :  «  Quando  d'essa  esca- 
parem, li  mais  adiante  esta  uma  fonte  ;  como  levam  muita  sede, 
em  bebendo  da  agua,  ficam  sujeitos  ao  mesmo  encantamento. 
Quando  (&).  » 

A's  1 1  tornou  a  vir  :  «  E  quando  d'essa  escaparem,  â  entra- 
da  da  cidade,  cahem-lhe  as  muralhas  em  cima.  Quando  (&). 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  229 

A'  meia  noite  veiu  outra  vez  :  «  Quando  d'essa  escaparem, 
o  rei  ha  de  ficar  muito  satisfeito  de  ver  a  filha,  livre  do  encan- 
tamento  ;  offerece  a  Pedrinho  a  mâo  da  filha,  e  na  noite  em 
que  se  receberem,  â  meia-noite  vem  uma  serpente  e  traga-o. 
Quando  (&).  » 

Esperou  i  hora,  esperou  as  2  ;  e  as  3  foi  acordar  o  Pedrinho 
e  a  princeza  :  «  Meninos^  vamos  acima,  vamos  embora.  » 

Sahiram  do  palacio.  Nào  queriam  a  princeza  nem  o  principe 
îr  no  cavallo  ;  diziam  ao  Pedro  que  se  montasse  nelle,  que  elles 
iam  a  pé.  Logo  pareceu  uma  manada  de  cavallos.  A  princeza 
disse  logo  ao  Pedrinho  que  fosse  buscar  um  ou  dois  cavallos,  que 
seu  pae  que  pagaria  tudo,  e  Pedrinho  disse  :  «  Primeiro  se  hâo 
de  montar  Vm"*  ambos  no  meu  cavallo,  que  eu  vou  buscar  um 
ou  dois  para  nos  irmos  entao  melhor.  » 

Assim  que  se  elles  montaram,  deu  umachicotada  muito  grande 
no  cavallo  ;  foi  buscar  outro,  tirou  um  alfinete  e  metteu-lh'o 
na  anca.  O  cavallo  pegou  a  fugir  e  aos  coices.  Os  outros  segui- 
ram  fazendo  o  mesmo.  Elle  olhou  para  elles  e  disse  :  «  Olhem 
lâ  !  se  eu  montasse  nalgum  d'elles  ou  V.M"»  ?  quando  elles 
fazem  isto  sem  gente,  o  que  faria..  ?  »  Respondeu  a  princeza: 
a  Nada,  nada,  vamos  melhor  assim.  » 

La  mais  adiante  disse  o  principe  que  eram  horas  de|almoça- 
rem.  Apearam-se  e  vâo  olhar,  vêem  uma  figueira,  com  muitos 
figos,  muito  bons  :  «  Que  bellos  figos!  disse  a  princeza,  va 
busca-los  para  almoçarmos.  »  Pedro  tirou  o  lenço  da  algibeira,  foi 
debaixo  da  figueira,  estendeu^o  lenço.  Pegou  a  colher  figos; 
abria-os  e  deitava-os  fora. 

Tantas  vezes  fez  isto  que  o  principe  Ihe  disse  :  «  Em  vez 
de  trazeres  os  figos,  deita-los  fora  ?  —  Elles  nâo  sao  figos, 
respondeu  Pedro,  sâo  boisas  de  bichos.  —  Entâo  nâo.  » 

Estiveram  ^moçando,  montaram  a  cavallo  e  sahiram. 


(Foi  esquecida  a  maneira  como  Pedro  evitou  a  prophecia  que  a 


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230  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

aguia  fez  as  lo  horas.  Pouco  me  parece  ficar  prejudîcado  o  merito 
do  conto,  se  o  tem.) 

Chegando  as  muralhas  da  cidade,  disse  o  Pedrinho  :  «  Nâo 
é  bonito  agora  entrarem  2  pessoas  reaes  montadas  num  so 
cavallo,  como  pessoas  particulares.  O  melhor  de  tudo  sera 
que  eu  va  a  palacio  fallar  com  o  rei,  para  as  mandar  buscar 
como  devem.  Fiquem  aqui  nesta  quinta,  que  eu  logo  câ 
venho.  » 

Foi  a  palacio,  perguntou  o  rei.  Que  estava  alli  um  estranjeiro, 
que  Ihe  era  muito  preciso  fallar-lhe. 

Mandou-o  entrât  ;  passados  os  primeiros  cumprimentos  disse- 
Ihe  se  tinha  gosto  de  ver  a  sua  filha,  jâ  desencantada.  O  rei 
ficou  com  muito  grande  gosto.  «  Tudo  daria  sa  para  a  ver  jâ 
livre  d'aquelle  encantamento.  —  Nào  preciso  nada,  senhor  ;  é 
s6  mandar  derribar  as  portas  (portas  da  cidade)  da  entrada 
de  tal  parte.  Em  ellas  estando  em  baixo,  eu  direi  a  V.M.  onde 
esta.  » 

O  rei  mandou  logo  buscar  todos  os  operarios  ;  nesse  dia  mesmo 
se  deitou  a  muralha  abaixo.  «  E'  preciso,  senhor,  que  a  mande 
buscar,  porque  nâo  é  bem  que  ella  venha  a  cavallo  numa  caval- 
gadura;  que  nâo  é  bonito  entrar  sem  estado  ». 

O  rei  mandou  logo  arranjar  todos  os  trens  e  deu  parte  a  todos 
os  fidalgos  ;  foram  â  quinta  buscal-os.  O  Pedrinho,  assim  que 
viu  o  estadoy  deitou  os  braços  ao  pescoço  de  Pedro  a  beijal-o. 
«  Com  que  t'  hei  de  eu  pagar  tanto  bem  ?  —  Com  o  mal.  » 

Chegaram  a  palacio.  O  rei  disse  para  o  Pedro  :  «  Ja  que 
tive  o  gosto  de  ver  minha  filha  desencantada,  nâo  Ihe  posso 
pagar  senâo  com  a  mâo  d'ella.  —  A  mâo  da  princeza  nâo  me 
pertence  a  mim,  mas  aqui  a  Pedrinho  que  é  principe.  » 

O  rei  deu-lhe  a  mâo  e  depois  tractou-se  do  cazamento.  E  o 
principe  a  perguntar-lhe  com  que  Ihe  havia  de  pagar  tanto 
beni  ?  «  Com  o  mal,  respondia.elle.  Agora  o  que  quero.  é  que 
me  dès  licença  para  ficar  np  teu  quarto,,  na  noite  que  te  rece.- 
beres.  —  Que  me  pedirâs  tu  que  eu  nâo  faça  ?  » 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  23  I 

No  dia  que  se  receberam,  a  horas  de  se  recolherem,  deu  o 
principe  a  chave  a  Pedro.  Pedro  pegou  num  alfange  ;  quando 
sentiu  que  elles  iam  para  o  quarto,  metteu-se  debaixo  da  cama. 

Metteram-se  na  cama  e  deixaram-se  dormir  e  Pedro  pegou  no 
alfange  e  poz-se  de  pé  ao  pé  da  cama. 

De  repente  veiu  abrir  uma  janella  do  quarto,  que  dizia  para  o 
jardim.  Entra  a  serpente  e  Pedro  com  o  alfange  traçou-a  ao 
meio.  Ella  sahiu  e  cahiu  dentro  da  cisterna.  Ao  mesmo  tempo 
acordou  a  princeza  ;  sentiu  a  espadana  de  sangue  na  cara.  Pal- 
pou,  achou  sangue.  Viu  Pedro  com  o  alfange  na  mào,  tambem 
ensanguentado.  Pegou  a  gritar  que  Pedro  a  queria  matar.  Acudiu 
tudo  em  palacio.  Viram  Pedro  com  o  alfange  na  mào,  muito 
branco.  Disse-lhe  que,  se  tinha  sangue,  que  procurasse  a 
ferida.  «  Mas  tenho  sangue,  V.M"  queria-me  matar.  »  O 
marido  a  dizer-lhe  que  Pedro  que  nâo  era  capaz  ;  mas  foi  preso 
no  oratorio  3  dias  e  logo  enforcado. 

O  principe  chorava  de  dia  e  de  noite.  Elle,  no  dia  que  estava 
para  ser  enforcado,  mandou  chamar  o  principe.  Pediu  licença 
ao  rei  e  foi.  v  Entâo  nâo  te  disse  que  me  havias  de  pagar  o 
bem  com  o  mal  ?  »  Elle  desculpou-se  com  a  verdade  ;  nâo  tinha 
culpa. 

«  Mandei-te  chamar  :  quero  pedir-te  um  favor  pela  ultima  vez. 
Quero  que  peças  ao  rei  que,  quando  eu  for  p'  ra  a  força,  quero 
fazer  caminho  pelo  jardim  que  te  m  porta  de  entrada  e  de 
sahida.  Mas  quero  que  elle  e  todos  os  fidalgos  se  ponham  a 
janella  quando  eu  passar.  »  Despediram-se  um  do  outro  com 
muitas  lagrimas,  e  veiu,  deitou-se  a  joelhos  ao  rei,  que  dese- 
java  que  Ihe  fizesse  uma  mercê. 

Levantou-o  e  disse-lhe  que  pedisse  o  que  quizesse.  Disse- 
lhe  o  que  o  Pedrinho  Ihe  tinha  dicto.  Deu-lhe  licença  p'  ra  elle 
vir  pelo  jardim. 

Chegando  a  justiça,  elle  olhou  para  as  janellas  e  viu  tudo 
cheio  de  gente.  Deitou  o  crucifixo,  que  tinha  na  mâo,  no  braço, 
e  disse:   «  Senhor,  morrer   d'uma   maneira,    morrer   d'outra. 


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232  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

tudo  é  morrer  ;  mas  justificado,  nâo  criminoso.  »  Por  aqui  foi 
dizendo  tudo  que  se  tinha  passado  com  a  aguia  ;  ia  dizendo,  ia 
se  fazendo  em  pedra.  Quando  acabou  de  dizer  da  serpente  cahir  na 
cisterna,  ficou  um  homem  de  pedra.  Tudo  muito  admirado  e  ao 
mesmo  tempo  com  pena. 

O  principe  nâo  tinha  consolaçao  nenhuma  ;  ia  de  quando  em 
quando,  de  roda  da  pedra  de  Pedro.  A  princeza  e  o  rei  a  animal-o. 
Que  jâ  nâo  havia  remedio.  Assim  se  passou  um  anno. 

Ao  cabo,  teve  a  princeza  2  meninos  gemeos.  Tinham  jâ  os 
meninos  mezes,  pegou  o  principe  a  sonhar  que  degolando  os 
seus  2  meninos,  parando  o  sangue  numa  bacia,  que  corresse  â 
pedra  de  Pedro  com  o  sangue  quente,  que  lavasse  a  pedra,  que 
Pedro  que  resuscitava. 

Tanto  sonhou  '  té  que  disse  â  princeza.  Ella  disse-lhe  que  tinha 
muita  pena,  e  mais  por  ser  ella  a  causa,  mas  que  matar  os  seus 
filhos,  isso  nâo.  Elle  calou-se.  E  sempre  a  sonhar. 

Um  dia  que  as  amas  nâo  estavam  no  quarto  dos  meninos, 
pega  numa  bacia  e  num  alfange  e  corre  ao  berço  dos  meninos 
e  degola-os  ;  correu  ao  jardim,  lavou  a  pedra  de  Pedro  com  sangue 
e  Pedro  teve  vida. 

Pegou  a  dar  vivas  e  a  gritar.  Acudiu  muita  gente  as  janellas, 
viram-no  vir  com  Pedro  pelo  braço.  Correram  todos  â  porta  do 
jardim,  abraçaram  Pedro  ;  e  elle,  Pedrinho,  disse,  por  fineza  : 
«  Matei  os  meus  2  filhos  para  Ihe  dar  a  vida  a  elle  ;  assim  é  que 
Ih'eu  pagava  tanto  bem  que  me  tem  feito.  » 

Foram  ao  quarto  onde  os  meninos  estavam  mortos;  acharam- 
nos  sâos,  de  saude,  brincando  com  o  alfange  e  as  mâos  cheias  de 
sangue. 

Ainda  maior  gosto  tiveram  e  ficaram  todo  vivendo  junctos. 

46.  o  REI  CEGO 

Havia  um  rei  e  uma  rainha  que  tiveran  3  filhos.  Viviam 
muito  satisfeitos  com  os  meninos.  Jâ  eram  homens,  adoeceu  o 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  233 

pae  com  uma  grande  inâammaçao  nos  olhos  e  cegou.  Vinham 
medicos  de  fora  dos  reinos  ;  foi  em  balde,  que  nâo  recobrou  a 
vista. 

Passado  muito  tempo,  veiu  um  pobre  pedir  â  porta  do  pala- 
cio.  Perguntou  â  guarda  se  S.M.  ainda  era  cego.  Disseram-lhe 
os  guardas  que  ainda  era  cego.  Diz  o  pobre  :  «  Se  pudessem 
alcançar  uma  garrafa  d'agua  do  palacio  d'um  giganie,  no  reîno 
de  tal  parte,  era  s6  applicar-lhe  aos  olhos,  ficava  logo  com  a 
sua  vista  natural.  » 

O  capitâo  da  guarda  ouviu  isto,  foi  dizer  aos  principes.  Res- 
pondeu  o  mais  velho  :  «  Isso  muito  facil  é  de  alcançar,  manda- 
-se  um  soldado  por  ella.  » 

O  mais  novo  respondeu  :  «  Isso  nào  ;  pode  dizer  que  é 
agua  de  là  e  ser  d'outra  qualquer  parte.  E'  melhor  ir  um  de 
nos.  »  O  mais  velho  respondeu  :  «  Pois  vou  eu.  »  Determinou-se 
a  sahida  e  sahiu  com  um  creado. 

Quando  chegava  as  cidades,  por  onde  ia  correndo,  escrevia 
sempre.  Âssim  ia  seguindo  a  sua  jornada. 

Chegou  a  um  reino  e  viu  um  defunto  no  meio  d'uma  praça, 
e  uma  bandeja  ao  pé  em  cima  d'uma  cadeira.  Disse  :  «  Entâo 
este  homem,  depois  de  morto,  esta  pedindo  esmola  ?  —  E' 
para  se  enterrar.  No  nosso  reino,  ninguem  se  enterra  sem  pagar 
ao  parocho;  e  como  elle  é  pobre,  esta  tirando  esmola  para 
se  enterrar  ».  Elle  nâo  respondeu,  metteu  esporas  ao  seu  caval- 
lo  e  foi  seguindo  a  sua  jornada. 

Chegando  ao  reino  do  gigante,  estava  na  estrada  uma  estalagem. 
Elle  apeou-se  e  entrou  para  dentro.  Pediu  de  jantar  ;  logo  se 
poz  a  meza  e  o  comer  sobre  ella.  Sentou-se,  veiu  uma  madama 
muito  linda  sentar-se-lhe  ao  lado.  Nunca  mais  se  lembrou  nem 
de  ir  buscar  a  agua,  nem  dos  paes,  nem  de  ninguem. 

Passado  o  tempo  marcado  em  que  havia  de  ir  e  vir,  como 
nâo  tinha  escripto,  os  paes  e  os  irmâos  disseram  que  era  porque 
elles  tinham  morrido. 

Mas,  anciqsos  pela  agua,  disse  o  do  meio  :    «  Vou  eu  e  hei 


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234  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

de  trazer  a  agua  e  nào  hei  de  morrer  por  la.  »  O  rei  queria, 
antes  jâ,  estar  cego  que  perderos  filhos  ;  mas  elle  sempre  teimou 
e  sahîu.  Montou  a  cavallo  e  nào  levou  criado. 

Seguindo  os  mesmos  passos  da  jornada  do  mano,  chegou  ao  reino 
onde  se  nâo  enterravam  sem  dinheiro.  Viu  uma  defuncta  ;  per- 
guntou  que  fazia  aquelle  corpo  alli,  que  se  nào  enterrava  ?  Que 
nào  tinha  fortuna,  que  estava  tirando  esmolas  para  se  enterrar. 
Elle  nào  respondeu  e  foi  andando. 

Chegou  â  estalaiem.  Sahiu  o  irmào  a  fallar-lhe  ;  perguntou- 
Ihe  porque  nâo  tinha  ido  buscar  a  agua  ao  pae.  Que,  chegando 
alli,  respondeu  elle,  nunca  mais  se  lembrou  de  nada  com  aquella 
madama  que  se  Ihe  sentou  ao  lado.  Entrou  para  dentro  e  pôz-se 
à  meza  a  jantar  ;  veiu  outra  ainda  mais  formosa  e  sentou-se-lhe 
ao  lado.  Nunca  mais  se  lembrou  da  agua. 

Muito  tempo  depois  de  passar  a  hora  marcada,  disse  o  mais  novo 
para  orei  :  «  Os  manos  sem  duvida  morreram,  vou  eu;  quero 
antes  morrer,  fazendo  a  diligencia  para  meu  pae  ter  vista.  » 
Divulgou-se  logo  esta  noticia  no  palacio  e  a  côrte  oppoz-se  a 
îsso  ;  mas  elle  na  noite  seguinte  foi  ao  erario,  trouxe  uma  grande 
somma  de  dinheiro,  montou  num  cavallo,  de  madrugada,  e  sahiu  ; 
mas  sempre  escrevendo. 

Chegou  ao  reino  onde  se  nào  enterrava  sem  dinheiro  ;  che- 
gou a  uma  cidade  onde  viu  um  defuncto  â  porta  (da  cidade).  Per- 
guntou  porque  nào  enterravam  aquelle  homem.  Disseram-lheque 
nào  se  podia  enterrar  sem  pagar  ao  parocho  ;  mas,  como  elle  dévia 
muito,  havia  2  dias  que  alli  estava  e  ninguem  Ihe  dava  esmola. 
O  principe  disse  :  «  Este  homem  nào  tem  mulher  nem  caza  ? 
—  Tem  mulher  e  um  filho.  —  Levem-no  la  para  caza  da  mulher, 
que  eu  pago  o  enterro.  » 

Levaram-no  para  caza  da  mulher.  Ella,  coitadinha,  desfechou  a 
chorar  muito.  O  principe  entrou  ;  perguntou  quem  era  a  viuva. 
Depois  disse-lhe  que  fizesse  o  enterro  ao  seu  homem,  que  elle 
pagava  a  despeza. 

Depois  do  enterro  sahir,  olhou  para  a  viuva  e  disse-lhe  que 


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CONTOS   POPULARES    PORTUGUEZES  235 

mandasse  chamar  todos  os  seus  credores.  Depois  de  estarem  junc- 
tos,  disse-lhe  o  principe  como  elles  tinham  a  sua  dévida  per- 
dida,  se  quizessem  estar  pela  sua  proposta,  que  nâo  perdiam 
tudo,  se  queriam  elles  metade  da  divida  que  aquelle  homem  Ihe 
dévia,  perdoando  a  outra  metade  ?  Todos  disseram  que  sim.  Pagou 
a  todos  por  metade  da  divida  e  depois  que  elles  sahiram,  deu 
uma  somma  a  viuva  e  disse-lhe  que  rogasse  a  Deus  que  elle 
fosse  feliz  na  sua  jornada;  que  tambem  ella  havia  deser.  Montou 
a  cavallo  e  seguiu  o  seu  caminho. 

Chegando  a  estalajem,  viu  os  irmâos.  Muito  satisfeitos  assim 
que  o  encontraram  ;  mas  elle  nâo  estava  contente  de  os  ver  alli. 
Elle  nào  se  queria  apear.  Que  nâo  seguisse  a  jornada  sem  jan- 
tar,  que  estava  a  mesa  posta. 

Assim  que  se  sentaram  a  meza,  veiu  outra  madama  ainda  mais 
bonita  e  sentou-se-lhe  ao  lado.  Elle  levantou-se,  deu  um  pulo  no 
cavallo  e  seguiu  seu  caminho.  Os  irmâos  pediram-lhe  que  viesse 
por  alli  de  torna-volta. 

Chegando  ao  palacio  do  gigante,  puchou  a  campainha  e  veiu 
elle.  Perguntou-lhe  o  que  queria.  Disse  que  vinha  alli  buscar 
umagarrafad'agua  dasua  fonte,  quetinha  seu  pae  cego.  O  gigante 
disse  que  sim,  mas  numa  condiçào.  Levou-o  a  uma  janella  : 
«  Vês  aquelle  palacio  ?  Se  me  fores  la  buscar  uma  espada  que  eu 
là  tenho,  logo  te  dou  a  agua.  » 

Elle,  satisfeito  com  a  proposta,  abalou.  Subindo  um  outeiro, 
viu  um  rio  d'agua.  Poz-se  de  roda  d'elle  sem  saber  como  havia 
de  passar.  Pareceu-lhe  uma  rapoza  ;  fallou-lhe  :  «  Tu  tens  medo 
da  agua  ?  fecha  os  olhos  e  passa,  que  nao  te  has  de  molhar. 
Em  là  chegando  has  de  ver  2  exercitos  num  grande  combate, 
muitos  mortos,  muitos  eridos  ;  nâo  tenhas  susto.  Passa  pelo 
meio  d'elles.  A  porta  de  palacio  esta  aberta  ;  no  primeiro 
quarto  esta  uma  meza  e  a  espada  em  cima.  Pega  na  bainhâ 
e  vem-te  embora.  » 

Elle  fechou  os  olhos  e  chegou  a  porta  do  palacio  sem  ser 
molhado.  Assim  que  chegou  ao  pé  do  exercito,  passou  por  elle, 


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236  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

entrou,  pegou  na  bainha  e  sahiu.  Quando  sahîu,  nâo  veiu  nem 
exercitos,  nem  feridos  nem  mortos,  nem  coisa  nenhuma,  nem  resto 
de  nada.  Sentiu  um  estalo  no  braço  ;  olha,  vê  a  espada  dentro  da 
bainha.  Nào  viu  o  rio.  Ch^ou  a  palacio,  entregou  a  espada. 

Ficou  muito  satisfeito.  «  Assim  como  foste  capaz  de  me  îr 
buscar  a  espada,  bas  de  ir  buscar  um  cavallo  que  eu  là  tenho.  » 
Elle  ja  îa  mais  triste,  mas  foi. 

Encontrou  o  rio  e  a  rapoza  la.  «  Ainda  ca  te  mandou  ?  O 
que  elle  quer  é  matar-te,  mas  nào  bas  de  ter  perigo.  Fecha  os 
olhos,  e  passa,  que  bas  de  ver,  â  primeira  caza,  uma  grande 
cavalhariça  com  mangedouras  d'um  e  d'outro  lado.  Os  caval- 
los  estâo  aos  coices  que  encalham  as  pernas  umas  nas  outraz  ; 
mas  nào  te  assustes,  passa  pelo  meio  d'elles.  O  ultimo 
cavallo,  que  esta  â  tua  direita,  tem  um  freio  de  prata.  Tira-o 
da  argola  da  estaca  e  vem-te  embora.  »  Elle  assim  fez. 

Cbegando  la,  eram  os  cavallos  aos  coices  que  nào  o  deixaram 
passar;  mas  mesmo  assim  rompeu.  Tirou-o  da  prisào;  veiu-se 
embora.  Ao  sahir  da  porta,  o  cavallo  ao  pé  d'elle. 

Veiu,  entregou-o  ao  gigante  :  «  Inda  tornas  la,  outra  vez 
a  buscar  uma  filha  que  eu  la  tenho.  »  Elle  foi.  Outra  vez  o 
rio.  A  rapoza  disse-lhe  :  «  Ja  te  ca  nào  manda  senào  esta  vez. 
Entra,  que  â  tua  direita  esta  uma  porta.  Levanta  a  aldraba  e 
entra.  Has  de  vel-a  sentada  com  12  serpentes,  que  é  a  sua 
guarda,  mas  nào  tenhas  medo  ;  que  ellas  hào  de  levantar  a 
gala  direito  a  ti.  Nào  faças  caso.  Là  esta  uma  commoda,  abre 
a  primeira  gaveta,  vês  uma  saia  encarnada.  Tira-a ,  eguala  o 
c6s  com  a  contrapiza  e  deita-lha  ao  pescoço.  E  vem-te  embora 
e  vas  para  caza  de  teus  irmàos.  » 

Elle  entrou  ;  as  serpentes  levantaram  gala  ;  mas  elle  foi  â  gave- 
ta, tirou  a  saia,  deitou-lh'a  ao  pescoço.  Veiu-se  embora,  mas 
jâ  nào  viu  as  serpentes.  Quando  sahiu  da  porta  do  palacio,  ja 
ella  estava  ao  pé  d'elle,  dando-lhe  o  braço. 

Era  muito  linda.  Veiu  e  entregou-a  ao  pae.  Ja  tinha  a  garra- 
fa  cheia  d'agua  ;  agradeceu-lhe  muito  o  favor  e  disse-lhe  que 


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CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES  237 

pedisse  o  que  quizesse.  Elle  pediu  a  espada  ;  deu-lha  de  muito 
boa  mente.  Despediu-se  d'elle  e  sahiu. 

Depois  ouviu  um  tropel  muito  grande  atraz  de  si  ;  era  ella 
montada  num  cavallo,  com  uma  espada  para  o  matar.  Que  assim 
pagavaaquem  atinhadesencantado.  Respondeu-lhe  que  quando 
seu  pae  disse  que  pedisse,  porque  nâo  a  pediu  a  ella  ?  «  Mas 
como  nâo  pediste  senâo  a  espada,  aqui  me  tens  a  mim  e  ao 
cavallo.  » 

Seguiu  a  sua  jornada  ;  como  o  cavallo  nâo  sabia  senâo  aquelle 
caminho,  veiu  dar  a  estalajem.  Os  irmâos,  assim  que  o  viram, 
com  uma  grande  inveja.  Com  a  agua,  com  a  espada,  com  o 
cavallo  e  com  umamadamamelhor  que  a  d'elles  I  mas  mostrando- 
se  muito  satisfeitos  com  elle. 

Tencionaram  fazer  todos  junctos  a  jornada  para  palacio  ;  segui- 
ram  a  sua  jornada  todos  3  com  as  suas  madamas.  O  calor  era 
muito,  levavam  todos  muita  sede,  sem  verara  nem  fonte,  nem 
poço,  nem  monte  (casai).  A  final  acharam  um  poço,  mas  nâo  ti- 
nham  com  que  tirar  agua. 

Os  2  mais  velhos  disseram  :  «  Ora  isto  faz-se  bem,  atando 
as  nossas  bandas  todas  3  e  vae  um  de  nos  là  abaixo  com  um  cha- 
peu,  enche-o  d'agua  e  traz  para  cima.  Pois  va  o  mano  que  é 
mais  levé.  » 

Ataram  as  bandas  a  cintura  do  irmâo  ;  levou  o  chapeu  e  encheu- 
o  d  agua.  Beberam  ;  ainda  tinham  mais  sede  tornou  a  ir  p'ra 
baixo  :  trouxe  mais  agua  e  depois  foi  outra  vez.  Fingiram  que 
Ihe  tinha  escapada  a  banda  da  mâo,  ficou  enterrado  na  agua  atéâ  cin- 
tura. Muitos  gritos,  muitas  finezas,  mas  nâo  podiam  tiral-o  de 
maneira  nenhuma.  Assim,  que  iam  p'  ra  diante  ver  se  encontra- 
vam  alguem  para  os  ajudar  a  tirar.  A  mullier,  quando  o  viu  cahir, 
deu  um  grito  e  ficou  muda,  e  o  cavallo  deitou  a  correr,  que 
nunca  mais  Ihe  puzeram  a  vista  em  cima. 

Seguiram  a  sua  jornada,  e  chegando  ao  seu  palacio,  pegaram 
logo  na  garrafa  e  foram  direitos  ao  quarto  do  pae  ;  mas  nâo  pude- 
ram  destapar  a  garrafa,  de  maneira  nenhuma.  Nâo   podendo, 


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238  CONTOS  POPULARES  PORTUGUEZES 

foram  buscar  uma  bacia  e  um  martello,  mas  nâo  se  pariiu.  Puze- 
ram-na  p'  ra  o  lado,  a  ver  se  alguem  a  ia  abrir  ;  todo  o  trabalho 
foi  baldado.  A  espada  nunca  a  puderam  tirar  da  bainha  e  o 
cavallo  pareceu  la  num  outeiro  muito  longe.  Disseram  aos  pica- 
deiros  que,  picando  os  cavallos,  podia  ser  que  apanhassem 
aquelle. 

O  principe,  que  estava  no  poço,  lembrou-se  da  rapoza  :  «  Ai, 
que  tantas  vezes  me  livraste  da  morte  !  bem  me  dizias  tu  que 
nâo  viesse  por  casa  de  meus  irmàos  !  »  Neste  tempo  pareceu 
ella  ao  bocal  do  poço  :  «  Agora  nâo  sei  ;  nâo  te  posso 
tirar  d'ahi.  —  Anda  là,  rapozinha,  tira-me  d'aqui,  desta  des- 
graça,  senâo  eu  morro  aqui.  —  Eu  nâo;  s6  se  me  deres  mei- 
tade  do  que  for  teu,  dentro  de  um  anno.  —  Nâo  te  dou  mei- 
tade,  dou-te  tudo  quanto  me  pedires.  » 

Tirou-o  do  poço.  Estava  elle  jâ  com  o  fato  roto,  com  uma 
barba  muito  grande  :  «  Vae  a  palacio,  que  teu  pae  '  inda  esta 
cego.  A  garrafa  ainda  nâo  se  desrolhou,  nem  se  partiu  a  mar- 
tello. O  cavallo,  nunca  mais  Ihe  puzeram  a  mâo  em  cima  ;  e 
tua  mulher  esta  muda,  nunca  mais  fallou.  Vae,  has  de  gastar 
muito  tempo  ;  mas  nâo  te  esqueças  do  que  me  promettestes.  » 

Desappareceu  a  rapozinha  e  elle  pegou  a  seguir  o  seu  caminho 
muito  devagarinho,  estava  muito  debilitado.  Chegou  a  algum 
monte,  pediu  alguma  esmolinha  para  comer.  A  poder  de  dias 
chegou  a  côrte,  sentou-se  numa  pedra,  perto  dos  picadeiros  que 
andavam  picando  os  cavallos  ;  e  olhou,  viu  o  cavallo. 

Disse  :  «  Oh  !  que  cavallo  tâo  bonito  !  —  Por  amor  d'elle 
é  que  nos  andamos  aqui  picando  neste,  para  ver  se  o  podemos 
apanhar  ;  mas  elle  nâo  da  mâo  a  ninguem.  —  Ora  eu  sou  capaz 
de  o  ir  buscar.  —  Ora  !  outros  com  mais  pano  no  colarinho  nâo 
podem  quanto  mais  V".  —  Pois  vamos  ver.  » 

Levantou-se,  e  assim  que  foi  direito  ao  cavallo,  veiu  elle 
direito  ao  dono.  Pegou-lhe  na  redea  e  trouxe-o. 

Levou-o  a  palacio,  dizendo  que  elle  nâo  o  tinha  apanhado  ; 
que  um  homem,  que  alli  estava,  é  que  o  trouxera. 


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CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES  239 

«  Talvez  elle  tambem  seja  capaz  de  tirar  a  espada  da 
bainha.  Va  la  chamal-o.  »  Elle  foi. 

Disseram-lhe  se  elle  era  capaz  de  tirar  aquella  espada  da 
bainha.  Deram-lh'a  ;  mas  elle  nao  quiz  :  «  Nao  précisa  isso.  » 
Pegou  na  espada  mesmo  na  mào  do  irmào  e  puchou  por  ella, 
mesmo  sem  força  nenhuma. 

Foram  buscar  a  garrafa.  Que  talvez  fosse  capaz  de  tirar  a 
rolha.  c(  Mas  para  que,  senhor?  —  Porque  é  um  remedio 
que  temos  aqui  p'  ra  meu  pae.  —  Entào,  aqui  nao  ;  é  preciso 
tirar-se  mesmo  ao  pé  da  cama  d'elle.  » 

Levaram-no  ao  quarto,  pediu  uma  bacia,  tirou  a  rolha,  dei- 
tou  agua  nas  maos,  lavou  os  olhos  do  pae.  Logo  ficou  com 
a  sua  vista  clara  como  d'antes.  Como  houve  algum  barulho 
no  quarto,  acudiram  ;  onde  veiu  a  rainha  e  a  rapariga.  E  ella, 
assim  que  o  viu,  deitou-lhe  os  braços  ao  pescoço  :  «  Eu  jâ  te 
fazia  morto  ;  graças  ao  Altissimo,  que  ainda  te  vejo.  » 

A  estas  palavras  os  infantes  olharam  com  mais  attençao  para 
elle.  Pediu  a  bençoa  ao  pae,  fallou  a  todos.  O  pae,  vendo  isto, 
perguntou-lhe  o  que  aquillo  era,  porque  Ihe  tinham  dicto  que 
elle  tinha  morrido.  Elle  contou  tudo.  O  pae  mandou  logo  matar 
os  filhos  ;  as  madamas  ficaram  creadas  da  outra. 

Depois  tractou-se  o  casamento,  cazou  côm  ella.  Ao  cabo  de  1 1 
mezes,  tiveram  um  menino.  No  dia  do  baptizo,  estando  a  noite, 
ao  chà,  de  repente  apagaram-se  as  luzes  das  salas.  Pareceu  uma 
phantasma  ao  pé  do  principe;  todos  se  assustaram  muito. 
Fallou  o  phantasma. 

Que  nao  tivessem  medo,  que  elle  que  vinha  alli  buscar  o  que 
o  principe  Ihe  tinha  promettido  ;  metade  d'aquillo,  que  era  seu. 

Elle  levantou-se,  foi  buscar  um  alfange  e  chegou-se  ao  berço 
do  menino  e  levantou  o  braço.  Mas  a  phantasma  segurou-lhe 
nelle  e  disse-lhe  que  nao  matasse  o  seu  filho,  porque  elle  era  a 
aima  d'aquelle  homem  aquem  elle  mandou  enterrar  e  pagar-lheas 
dividas,  que  tinha  vindo  por  Deus,  livrado  de  tantos  perigos.  Assim, 
que  fizcsse  o  que  tinha  promettido  a  sua  mulher  de  a  fazer  feliz. 


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240  CONTOS   POPULARES   PORTUGUEZES 

Desappareceu  ;  ficaram  todos  muito  satisfeitos  e  elle  no  outro 
dia  mandou  2  aias  e  uma  escolta  buscar  a  mulher.  O  filho  ]i 
tinha  morrido. 

Metteu-a  no  convento  com  grande  tença.  Acabou-se. 

Recolhidos  por 

Z.    CONSIGLIERI   PeDROSO. 


Le  Gérant  :  M.-A.  Desbois. 


MAÇON,   niOTAT  FRËXES,   IMMUMBURS. 


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VOCABULARIO   DE   PROVINCIALISMOS 
ARGENTINOS  Y  BOLIVIANOS 


PRÔLOGO 

Hispaue'y  non  roniatié,  memoreiis  loqui  me, 

Orgvdlo,  y  muy  legitimo,  es  de  todo  espaiiol  que  tenga  dos  dedos  de  firente, 
cuando  al  pisar  las  playas  de  America  oye  hablar  su  propio  idioma;  y  en 
cualquier  sitio,  y  en  todas  ocasiones,  siente  acariciar  su  ofdo  con  el  eco  de  con- 
versacioncs  que,  por  lo  familiares  é  inteligibles,  le  traen  el  recuerdo  de  la 
patria  lejana.  Claro  esta,  que  el  vulgo  emigrante  no  ve  en  esta  mancomunidad 
de  lenguaje  màs  que  una  ventaja  para  sus  conveniencias  personales  ;  y  que  à 
los  bohemios  de  cualquiera  clase  y  condiciôn  que  sean,  les  ha  de  venir  de  per- 
las eso  de  no  tener  que  aprender  otro  idioma  en  tierra  extrana  para  dar 
curso  libre  à  la  pénola  y  à  la  sin  hueso  ;  pero  sobre  la  idea  utilitaria  debe  pre- 
valecer,  y  prevalece  el  orgullo  de  raza  halagado  al  ver  que  allcnde  los  mares 
crece  robusta  y  frondosa  una  rama  del  gran  roble  castellano,  asegurando  la 
inmortalidad  de  los  elementos  fundamentales  de  la  civilizaciôn  hispana  :  la 
religion  y  el  idioma.  Lograron  las  naciones  americanas  sacudir  el  férreo  yugo 
de  la  Metrôpoli  :  han  podido  darse  nuevas  leyes,  adoptar  exôticas  costumbres, 
y  hasta  posible  es  abracen  otra  religion,  pero  ya  no  les  es  dable  formarse  un 
idioma  privativo  nacional. 

Qpiera  que  no,  el  americano  ilustrado  pensarâ,  hablard  y  escribirà  en  la  lengua  de 
los  conquistadores.  Las  fantasfas  de  Sarmiento  y  demâs  corifeos  hispanôfobos, 
las  pretensiones  de  tantos  americanisimos  de  hablar  y  escribir  «  en  criollo  »,  no 
pasan  de  alardes  inocentes  que  caen  en  lo  ridiculo  cuando  se  toman  en  serio. 
Por  lo  pronto,  el  pretendido  lenguaje  criollo,  fuera  de  algunos  modismos  y 
términos  dialectales  que  por  designar  cosas  del  Nuevo  Mundo  son  desconoci- 
dos  en  la  Penfnsula,  no  pasa  de  ser  un  bodrio  de  barbarismes,  solecismos,  ar- 
caismos  y  demâs  fealdndcs  gramaticales,  hasta  el  punio  que  eso  de  iwiericanis' 
mos  empieza  A  tener  la  significaciôn  que  daban  los  atenienses  à  la  voz  solccismo, 
por  haber  perdido  los  habitantes  de  Soles  en  la  Cilicia,  la  pureza  de  su  lengua 

Rexmt  hispanique,  xjv.  i6 


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242  CIRO    BAYO 


patria.  Hojeando  este  Focabulario  se  poue  de  manifiesto  que  tan  americanismos 
son  los  terminachos  ingestados  de  araucano,  guarani,  quichua,  aimarâ  6  chiqui- 
tano,  como  los  barbarismos  de  lenguaje  que  se  cometen  con  el  uso  de  recién^ 
garantir,  y  saher^  por  ejemplo  ;  como  tantos  galicismos  por  el  estilo  de  cabina, 
caserna,  usina^  etc.  ;  y  como  ciertos  convencionalismos  de  lenguaje  taies  como 
cojer,  concha,  pedo,  etc.  ;  lo  que  no  empece  para  que  todos  y  cada  uno  de  cstos 
vocablos  ostenten  el  pomposo  tftulo  de  americanismos  6  criollismos.  De  suerte, 
que  â  trueque  de  ser  originales,  sfrvense  algunos  escritores  de  un  lenguaje 
agauchado  6  apaisanado,  tomando  à  empeno  escribir  de  un  modo  distinto  del 
en  que  se  habla. 

Porque  en  verdad  sea  dicho,  en  Bolivia  y  en  la  Argentina  se  habla  mejor 
que  se  escribe.  i  En  que  consiste  que  en  ambos  pai'ses  se  hable  un  castellano  que 
con  prescindencia  de  algunos  dejos  provinciales,  es  tan  puro  y  limpio  como  el 
de  las  Castillas,  hasta  el  punto  que  el  gaucho  y  el  cholo  se  expresan  con  facun- 
dia  y  correcciôn  de  lenguaje  que  para  si  quisieran  muchas  ilustraciones  regio- 
nalistas  de  la  Peninsula  ;  y  en  cambio  la  mayoria  de  la  gente  ilustrada  esgrime 
la  pluma  peor  que  el  colegial  màs  atrasado  de  la  clase  de  Retôrica  ?  Yo  lo 
atribuyo  al  poco  estudio  que  en  escuelas  y  liceos  se  hace  de  la  Gramàtica,  al 
escaso  de  Literatura,  y  al  ninguno  de  las  lenguas  madrés,  consecuencia  del 
divorcio  en  que,  digan  lo  que  quieran  los  americanistas  peninsulares,  viven  los 
sur-americanos  de  la  Madré  Patria.  i  A  que  forjarse  ilusiones?  Asf  como  los 
jôvenes  de  la  tribu  de  Roboam  hacfan  decir  â  este  :  «  Mi  dedo  meiîique  es 
mâs  grande  que  el  pulgar  de  mi  padre  »,  palabras  que  determinaron  el  cisma 
entre  Israël  y  Judâ  :  asf  piensa  la  joven  America  al  compararse  con  su  madré 
Espana. 

La  Historia,  la  Literatura,  Artes  y  Ciencias  espanolas  son  menospreciadas  6 
desconocidas  en  America,  en  lo  que  tienen  la  mayor  culpa  los  editores  penin- 
sulares que  dejando  el  mercado  â  los  Gamier,  Bouret,  Appleton  y  otros 
libreros  de  Paris  y  Nueva  York,  permiten  la  invasion  y  propaganda  de  trabajos 
extranjeros  interesados  en  desacreditar  d  Espana  por  odios  politicos  ô  religiosos. 
Siendo  lo  peor,  que  cuando  alguien  se  queja,  como  yo  lo  hago  ahora,  de  que 
los  americanos  no  compran  libros  espaiîoles,  se  contesta  que  tal  queja  es  infun- 
dada,  porque  los  espanoles  no  producen  nada.  En  verdad  que  no  podrân  decir 
lo  mismo  en  lo  que  atane  à  los  maestros  de  escuela,  como  que  â  fuerza  de 
ponerlos  en  caricatura,  en  sainetes  y  zarzuelas,  los  hemos  exhibido  al  mundo 
entero.  Saben,  por  consiguiente,  en  America  que  los  domines  espanoles  son 
materia  de  exportaciôn.  Sin  embargo  se  hace  venir  de  Alemania  profesores  de 
lengua  castellana  para  ensenarla  en  Liceos;  y  tudescos,  franceses  é  ingleses 
regentan  câtedras  y  dirigen  Academias,  Observatorios,  Laboratorios  y  Escuelas 
normales,  asf  en  Bolivia  como  en  la  Argentina.  Y  \  vive  Dios  I  que  yerran  en 
esto  las  Repûblicas  Australes  !  Porque  ya  que  no  tengamos  en  Espana  sabios, 


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PROVINCI  A  LISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  243 

ni  literatos,  ni  artistas,  no  se  negarâ  que  el  mâs  negado  de  sus  pedagogos  sirva 
para  ensenar  la  lengua  nacional  mejor  que  ciertos  gramàticos,  asi  exôticos  como 
indfgenas,  que  no  contentos  con  mercantiiizar  con  el  idioma  castellano,  lo 
degûellan  y  estropean  *. 

Si  â  estos  elementos  daninos,  y  con  esto  cierro  la  digresiôn,  se  anaden  la 
caterva  de  periodistas  que  hacen  gala  de  escribir  en  criollo,  porque,  como 
nuestros  «  renaixensos  »,  son  incapaces  de  escribir  en  buen  castellano  ;  la 
redacciôn  de  docuroentos  oficiales  en  oriografia  atnericana  ;  la  plaga  de  trodit- 
tori  que  no  traduitori  que  alimentan  los  editores  extranjeros;  y  la  jerigonza 
de  terminachos  plebeyos  de  que  se  hace  gala  en  escritos  y  conversaciones, 
milagro  sera  que  no  se  confirme  en  plazo  no  muy  largo  la  opinion  de  Bello, 
quien  dice  que  «  à  no  evitarse  esta  anarqufa  de  lenguaje  se  hablarà  con  el 
tiempo  en  America  una  jerga  desconocida  ». 

Ya  va  sucediendo  en  Sur- America  lo  que  en  la  Espana  romana  con  el  latfn  del 
Lacio.  En  Roma  se  ténia  por  extrano  y  medio  incomprensible  el  latfn  que 
hablaban  en  la  Peninsula  (Valdés,  Didlogo  de  las  lenguas).  Asi  Aulo  Gelio  intro- 
duce  Â  su  poeta,  haciéndole  dccir  :  Hispané^  non  rontanéy  memoretis  îoqui  me 
(recordad  que  hablo  en  espanol,  no  en  latin). 

Si  à  este  resultado  propenden  los  americanistas,  pueden  estar  satisfechos; 
pero  exige  la  equidad,  adviertan  que  hablan  en  americano,  no  en  espanol. 
Déjense  de  proclamar  el  castellano  como  idioma  nacional  ;  y  déjense  sobre 
todo  de  contratar  profesores  extranjeros  para  enseiiarlo.  Funden  câtedras  de 
araucano,  de  quichua  6  de  aimarà,  como  las  que  para  la  enseiîanza  del  otomi 
y  guarani  fundaron  los  birbaros  espaiioles  en  las  universidades  de  Mexico  y 


I .  Entre  tanto  texto  màs  6  menos  disparatado  que  usan  en  las  escuelas 
argentinas,  puedo  citar  el  Rudimentista  por  la  Setîora  Caprile.  He  aqui  como 
trata  esta  senora  al  idioma  de  Cervantes  : 

El  Mino  es  un  rio  enla  Espaiia. 

Mi  café  es  caliente. 

Ella  es  en  mi  cuarto. 

Los  Estados  Unidos  son  al  S.  de  Canada. 

Las  selvas  de  zona  torrida  son  llenas  de  monos.  Con  otras  monerias,  como, 
•  Elduenode  la  casa  vuelverd;  Sébastian  se  transfiriô  â  Salta.  »  La  misma 
seiiora,  probablemente  «  signora  »,  que  d  la  publicaciôn  de  su  obrita  era  dircc- 
tora  de  una  Escuela  Normal  de  Buenos  Aires,  dice  :  del  America  ;  miraculoso, 
Onorid;  Escurial,  etc. 

Y  el  Rudimentista  era  mctodo  de  lectura  subvencionado  por  el  Consejo  de 
Educaciôn  ! 


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Lima  respectivamente,  y  escriban  en  e^os  idiomas  indfgenas,  como  los  regio- 
nalistas  europeos  lo  hacen  en  flamenco,  bable,  lemosin  6  vascuence. 

A  bien  que  los  materiales  son  copiosos  y  solo  aguardan  los  artifices  que  sepan 
darlcs  aplicaciôn.  i  Que  lengua  màs  rica  que  la  guarani^  cuya  abundancia, 
propiedad  y  admirable  mecanismo  la  hacen,  en  el  sentir  de  algunos  filôlogos, 
mâs  sabia  y  filosôfica  que  cualquiera  de  las  de  la  antigûedad  ?  Ni  que  otra 
raâs  varia  y  melodiosa  que  la  quicima,  de  una  concision  asombrosa,  y  con 
declinaciones  y  conjugaciones  como  la  mâs  adelantada  lengua!  i  Cuâl  otra,  en 
fin,  mâs  robusta  y  varonil  que  la  ainiardy  que  en  lo  relativo  â  palabras  significa- 
tivas  iguala  â  cualquier  otro  idioma  ?  Una  de  esas  lenguas  primitivas  pudo  pre- 
valecer  como  idioma  nacional  y  pan-americano,  como  prevaleciô  el  quichua 
desde  el  Guayashasta  el  Maule  en  tiempo  de  ladominaciôn  incâica,  sin  mâs  que 
por  la  autoridad  de  las  armas.  Pero  esta  visto  que  los  americanistas  pueden 
menos  que  los  •  amaiitas  »  peruanos;  eso  que,  como  lo  repito,  la  tarea  no 
serf  a  dificil. 

Tan  no  lo  es,  que  â  medida  que  la  instrucciôn  cunda  en  los  pueblos  sur-ameri- 
canos,  han  de  surgir  poemas  populares,  como  esospoemas  gauchescos  de  Hidalgo, 
Ascasubi,  del  Campo  y  Hernândez,  cuyo  pintoresco  lenguaje  no  es  dable  com- 
prender  â  menos  de  haber  residido  en  la  campana  de  Buenos  Aires.  Y  digo 
que  en  la  campana  de  Buenos  Aires,  porque  asi  entienden  en  el  resto  de  la 
Repûblica  Argentina  ciertos  pasajes  de  Martin  Fierro^  por  ejemplo,  como  en  la 
Penfnsula  y  demâs  pafses  de  habla  castellana  >.  Por  esto  no  acierta  Unamuno 
cuando  escribe  :  «  Hacen  bien  (los  argent inos)  en  llamar  idioma  nacional  al 
brioso  espanol  de  su  gran  poema  el    Martin  Fierro  ». 


I.  «  Estoy  encantado  con  el  Martin  Fierro  »  de  Hernândez,  dfjome  uno  de 
los  primeros  literatos  de  Lima.  —  Y,  sin  embargo,  respondi,  para  Vds.  ese  her- 
moso  poema  es  Rosario  en  Berheria.  —  i  Por  que?  —  Porque  la  mitad  de  sus 
bellezas  son  para  ustedes  sanscrito  ;  no  las  entienden.  —  Pues  yo  las  percibo 
muy  bien.  —  Error  ;  6  si  no,  expliqueme  esa  : 

Nos  retiramos  con  Cruz 
â  la  orilla  de  un  pajal  ; 
por  no  pasarlo  un  mal 
en  el  desierto  infinito, 
hicimos  como  un  bendito 
con  dos  cueros  de  baguai. 
—  Pues  claro,  en   lo  de  bendito  expresa  la  prontitud  con  que  arreglaron  las 
pieles.  —  Y  cuando  le  hube  explicado  el  problema  de  la  Irase,  picôse  enorme- 
mente  y  no  me  ha  perdonado  aquella  replicaciôn.  » 
(Juana  M.  Gorriti.  Carta  al  Autor  inserta  enel  Prôlogo  de  Martin  Fierro.) 


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Y  es  porque  en  las  Repùblicas  australes  sucede  en  orden  al  lenguaje  lo  mismo 
que  en  Espana  :  cada  provincia  habla  el  suyo  privativo.  En  la  Argentina  es 
distinto  el  lenguaje  criollo  del  gaucho  porteno  del  que  se  habla  en  Santa  Fé  y 
Côrdoba,  provincias  colindantes  con  la  de  Buenos  Aires. 

Hablan  el  guarani  ô  paraguayo  en  la  de  Corrientes  ;  el  quichua  peruano  en 
la  de  Santiago  del  Estero,  y  un  castellano  salpicado  de  voces  araucanas  y 
quichuas  en  las  restantes  provincias  andinas  y  del  norte. 

En  cuanto  â  Bolivia,  el  quichua  es  el  popular  en  los  Departamentos  de  Chu- 
quîsaca,  Potosf  y  Cochabamba;  asi  comoel  ainiarden  los  de  La  Paz  y  Oturo; 
y  en  los  restantes  departamentos  como  Santa  Cruz  y  el  Béni,  corren  vdlidos  por- 
ciôn  de  vocablos  que  se  necesita  Dios  y  ayuda  de  lenguaraz  para  entenderlos. 
De  donde  résulta»  que  tan  ayuno  se  queda  un  cruceno  del  quichua  castellano 
que  le  habla  un  arriero  cochabambino  y  un  porteno  del  guarani  de  Corrientes, 
como  un  castellano  del  vascuence  ô  del  catalan  de  Lérida. 

^Cômo  han  de  prctender,  pues,  los  americanistas  imponernos  esa  plaga  de 
nombres  indigenas,  muchos  de  ellos  con  équivalentes  en  castellano,  con  los  que 
sin  venir  d  cuento,  salpican  sus  obras,  cuando  ni  en  su  patria  misma  los  entien- 
den  !  O  sera  que  d  este  farragoso  caidlogo  reducen  sus  aspiraciones  regionalistas? 
Pues  ni  Olmedo,  ni  Bello,  ni  Heredia,  ni  Andrade,  con  ser  americanfsimos  se 
valieron  de  él  para  cantar  las  glorias  nacionales  y  la  naturaleza  americana. 
Precisamente  lo  que  mds  avalora  las  «  Tradiciones  »  de  Palma,  es  eba  sobrie- 
dad,  esa  diffcil  facilidad  en  el  manejo  del  estilo  criollo,  y  en  términos  tannatu- 
rales  y  atinados,  que  casi  siempre  se  transparentan  y  adivinan  sin  necesidad  de 
recurrir  al  Dicciotiario  de  Peruanismos  de  Arona. 

Por  lo  demds,  y  como  antes  decia,  va  no  les  es  dable  d  los  indigenistas 
criollos,  escribir  en  lengua  amerindia^  como  los  regionalistas  europeos  en  la 
de  sus  respectivas  provincias.  Estas  fueron  autônomas  cuando  la  época  de  la 
formaciôn  literaria  de  su  lenguaje,  y  asi  redactaron  Côdigos  como  cl  de  los 
Usatjes  de  Barcelona,  poemas  como  el  de  Boecio,  Ley  de  amor,  Cintigas  y 
Poemas  Galeses.  La  momificaciôn  y  decadei  cia  de  estas  lenguas  vino  con  la 
p<^rdida  de  la  nacionalidad  de  los  pueblos  que  las  hablaban,  y  anémicas  siguen 
d  pesar  de  los  esfuerzos  loables  y  patriôticos  de  sus  modemos  regcneradores. 

Las  lenguas  americanas,  sin  tiempo  para  alcanzar  la  edad  de  oro  en  la  que 
un  idioma  se  fija,  se  limpia  y  adquiere  esplendor,  fueron  heridas  por  la  tspada 
del  conquistador  que  las  podô  y  iransformô,  hasta  el  punto  de  reducirlas  d  ser 
exôticas  en  su  propio  terreno  y  hacerlas  producir  frutos  hibridos  y  de  extrano 
ingerto  *.  Los  fieros  castellanos  dieron  d  la  nueva  sociedad   su  religion  y  su 


I .  «  No  se  diga  que  los  poemas  y  dramas  indios  desa parce ieron  por  causa  de  la 
conquista  espanola,  como  muchos  afîrman;  no  senor;  un  pueblo  creador,  una 


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246  CIRO    BAYO 


idioma  ;  y  natural  es  que  ninguna  de  las  lenguas  îndfgenas  con  ser  vulgari- 
zadas,  estudiadas  y  reducidas  à  formas  gramaticales  por  sabios  y  misioneros, 
pudiese  resistir  à  la  culta  y  adelantada  lengua  de  Castilla,  quedando  relegadas  à 
ser  lenguas  «  paganas  »,  en  el  sentido  que  à  esta  palabra  dieron  los  primeros 
cristianos  al  gentilismo,  cuando  desterrado  este  de  las  cîudades  y  de  la  gente 
patricia,  hubo  de  refugiarse  en  los  campos  de  donde  no  habia  de  tardar  también 
en  desaparecer. 

A  ser  pagana  y  por  consiguiente  rural  y  campesina  se  ha  de  concretar  la 
literatura  netamente  criolla  ;  y  en  tal  sentido,  merecen  aplauso  y  buena  acogida 
de  todos  los  folk-loristas  csos  poemas  populares  como  los  gauchesco  rio-pla- 
tenses  y  bucôlicos  de  Colombia,  cuyos  idiotismos,  vulgarismos  y  hasta  neolo- 
gismos  se  aceptan  buenamente  porque  aportan  el  sabor  de  hi  tierruca,  condi- 
mento  nacional  que,  en  su  punto,  satisface  el  gusto  artfstico,  pero  cuyo  secrcto 
pertenece  â  muy  pocos  Vatels  americanos  :  Isaacs,  Hemàndez,  Garda  Gutié- 
rrcz,  etc. 

Éstos  si  que  son  los  verdaderos  depositarios  de  la  genuina  sal  criolla,  tan 
apreciable  como  la  sal  dtica  en  literatura  y  la  otra  sal  andaluza  en  las  «  manos 
de  charla  »  ;  pero  que  no  hay  que  confundir  con  las  especicrfas  de  toda  laya 
con  que  salpican  sus  obras  los  escritores  ultramarinos,  con  fnfulas  de  regiona- 
listas  6  îndigenistas  ;  en  su  mayor  parte  pinches  metidos  â  cocineros  que 
creen  haber  servido  un  plato  criollo  por  haber  echado  à  porrillo  terminachos 
indigenas  y  rùsticos  vulgarismos.  De  donde  se  dériva  una  irritante 
injusticia.  En  la  Penfnsula,  como  en  America,  como  en  todas  partes, 
escribe  quien  quiere  y  d  lo  que  valga,  sin  preparaciôn  no  dire  cientffica  y 
literaria,  pero  ni  siquiera  gramatical  ;  y  cata  ahf  el  porque  de  la  pobreza  de 
estilo  y  penuria  de  lenguajc  que  todos  lamentâmes.  Contra  estos  contraban- 
distas  literarios  estàn  los  carabineros  de  la  lengua,  criticos  ô  como  quiera  lla- 
màrseles,  los  cuales  pluma  en  ristre  y  ojo  avizor,  decomisan  cualquier  gazapo 
que  sorprenden  por  entre  los  trigos  literarios.  En  los  maizales  americanos  ya 
es  distinto.  Si  por  acaso  un  buscador  de  ripios  ultramarinos  sorprende  un 
gazapo  gramatical,  salen  los  hijos  del  pafs  con  la  rauletilla  de  los  criollismos, 
palabreja  sobre  cuyo  significado  ya  sabe  el  lector  â  que  atenerse.  Es  decir,  que 
en  un  escritor  peninsular  es  galicismo  escribir  usina,  aflijenie,  etc.  y  comète 


raza  imaginatîva  produce  siempre,  créa  con  mayor  6  menor  elevaciôn  de  con- 
cepto.  i  Que  es  lo  que  ha  producido  nuestra  raza  indigena  en  mâs  de  très 
siglos  de  coloniaje,  desde  la  conquista  hasta  el  dfa?  Nada,  absolutamente  nada. 
Los  pocos  cantos  quichuas  que  sacan  à  relucir  en  toda  pendencia  literaria  los 
indigenistas  son  obras  criollas  vertidas  en  el  idioma  quichua,  vaciadas  en  netos 
y  muy  netos  moldes  castellanos  »  (Santiago  Vaca  Guzmân.  Estudios), 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  247 

grave  falta  escribiendo  catalanadas  ô  concordancias  à  lo  Sancho  de  Azpeitia  y 
voces  arcdicas,  y  no  delinque  el  amcricano  que  usa  locuciones  bârbaras  ô 
arcâicas,  6  que  conjuga  un  verbo  à  lo  ainericano,  «  porque  no  hay  razôn 
para  preferir  lo  que  caprichosamente  haya  prevalecido  en  Castilla  ». 

«  Chile  y  Venezuela,  anade  Bello,  tienen  tanto  derecho  como  Aragon  y 
Andalucfa,  para  que  se  toleren  sus  accidentales  divergencias.  En  ellas  se  peca 
mucho  menos  contra  la  pureza  y  correcciôn  del  lenguaje,  que  en  las  locuciones 
afrancesadas  de  que  no  dejan  de  estar  salpicadas  hoy  dia  aun  las  obras  mâs 
estimadas  de  los  escritores  peninsulares.  »  Tal  dice  el  que  poco  antes,  en  el 
prôlogo  de  su  excelente  «  Gramàtica  castellana  »,  pone  de  manifiesto  que 
a  juzga  importante  la  conservaciôn  de  la  lengua  de  nuestros  padres  en  su 
posible  pùreza,  como  un  medio  providencial  de  comunicaciôn  y  un  vfnculo  de 
fratemidad  entre  las  varias  naciones  de  origen  espanol  derramadas  sobre  los  dos 
continentes  ». 

Tengo  para  mi,  que  tan  prevaricadores  del  buen  decir  son  galiparlistas  como 
amerindo-parlistas  ;  ademâs  que  ni  Aragon,  ni  Andalucfa,  ni  Chile,  ni 
Venezuela  tienen  derecho  à  que  se  canonizen  sus  accidentales  divergencias. 
Todo  lo  mâs,  seràn  gracias  de  baturro  ô  de  majo,  ô  de  huaso,  ô  de  llanero, 
respectivamenie,  nunca  cànones  impuestos  à  la  lengua  castellana.  Opino,  si, 
como  Bello,  que  debe  patrocinarse  la  conservaciôn  de  vocablos  nuevos  forma- 
dos  de  rakes  castellanas,  segûn  los  procederes  ordinarios  de  derivaciôn  que  el 
castellano  reconoce  y  de  que  se  ha  ser\ndo  y  sirve  continuamente  para  aumen- 
tar  su  caudal,  6  como  cscribe  Bunge  (Notas  pedagôgicas)  :  «  La  evoluciôn  es 
fatal;  perohayque  evolucionar  dentro  y  no  fuera  de  la  lengua  castellana.  » 
Declaro  paladinamente  que  no  conozco  en  castellano  palabras  que  expresen  con 
mâs  propiedad  la  idea  que  representan  como  empamparse,  blan^uear,  barrajar, 
apunarse,  y  tantas  otras  para  cuyo  significado  remito  el  lector  al  texto  del  Voca- 
hulario.  Tampoco  hay  en  castellano  palabras  équivalentes  â  yapa^  sohorno^jacù^ 
etc.  He  aquf  neologisnios  que  debieran  tomar  carta  de  naturaleza  en  la  Penfn- 
sula,  no  inscribiéndolas  en  el  panteôn  de  la  Academia  Espanola,  de  donde  se 
exhuman  olienies  â  cizallas  y  aceite,  sino  vivificadas  por  la  propaganda  eficaz 
de  escritores  y  oradores,  como  va  sucediendo  con  no  pocas  voces  cubanas. 
Ello  se  ha  de  verificar  en  lo  porvenir,  cuando  la  coincidencia  en  el  amor  y 
cultivo  de  la  lengua  espanola  establezca  la  conciliaciôn  y  la  armonfa  entre  los 
hijos  de  la  gran  familia  hispana;  «  que  es  un  mundo  el  del  espiritu,  que  se 
déjà  seiiorear  mâs  fâcilmenie  por  la  paz  y  bien  unida  andanza  »  (Barrantes). 

Opino,  sf,  con  Unamuno,  que  «  solo  un  Hmite  tiene  la  libertad  linguistica  y 
limite  libre  en  cuanto  es  mâs  bien  que  impuesto,  nacido  de  la  necesidad  de  las 
cosas.  Este  limite  es  la  inteligibilidad  de  lo  que  se  dice  »  (Contra  et  purisme . 
Espaiîa  Modema).  Por  esto  es  por  lo  que  abomino  de  la  exportaciôn  de  man- 
gangases,  sinsontes,  araras,  uratûes^  nandùes,  hurucavûes,  mutunes  y  lantos  termi- 


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248  CIRO   BAYO 


nachos  indigenas  de  bichos  y  plantas  de  la  exubérante  America.  El  mangangd 
es  la  abeja;  el  sinsonte  la  calandria  y  si  se  quiere  e\  ruisenor;  la  arara  el 
papagayo,  el  nandù^  el  avestruz  :  y  asf  por  el  estilo.  Ademâs  de  que  el  nandû 
guarani'  de  Buenos  Aires  es  el  suri  aimarâ  en  La  Paz,  el  piyu  chiquitano  en 
Santa  Cruz  de  la  Sierra  ;  como  el  sinsonte  es  el  tojo  boliviano,  etc.  etc.  A  no 
tener  équivalentes,  cftense  les  nombres  vulgarizados  por  los  naturalistes 
quienes  los  tomaron  por  lo  regular  de  los  indigenas  :  Asf  :  jaguar  y  carpincho, 
puma,  condor,  sariga,  etc.  todos  ellos  de  pura  cepa  americana. 

Se  me  objetarâ  que  muchas  especies  de  la  flora  y  fauna  americanas  son 
distintas  de  las  europeas,  pero  como  no  se  trata  de  sutilezas  cientificas,  sino  de 
fijar  nombres  para  entendemos,  responderé  con  estas  bellisimas  palabras  de 
Cuervo  en  sus  Apuntacioues  al  lenguaje  bogotano  : 

«  No  pocas  veces  hemos  contemplado  con  ternura  aquellos  corazones  de 
hierro  de  los  conquistadores,  reblandeciéndose  al  tender  ellos  por  primera  vez 
la  vista  sobre  paisajes  parecidos  à  los  de  su  patria,  y  fingiéndose  en  sus  mez- 
quinas  chozas  una  Cartagena  y  una  Santa  Fé  ;  y  como  para  completar  la  ilu- 
sien,  revistiendo  en  su  fantasfa  los  campos  con  las  flores  y  yerbas  testigos  de 
sus  juegos  infantiles.  » 

Dicho  esto,  vayan  cuatro  lineas  acerca  el  plan  de  este  Vocàbulario. 

Todas  las  palabras  que  en  él  van  insertas  las  he  ofdo  de  viva  voz,  tomândolas 
al  vuelo,  como  quien  dice,  sin  perjuicio  de  cotejar  su  autenticidad  y  significa- 
ci6n  verdadera. 

Para  no  hacer  màs  empalagoso  el  texto,  dejo  de  citar  las  localidades  en  que 
se  dice  esta  6  la  otra  palabra  ;  porque  sucede  que  en  una  misma  repûblica  se 
dice  de  très  y  cuatro  maneras.  Bastarà  como  indicador  y  pauta,  que  cuando  en 
el  texto  indica  palabra  auca  es  que  la  palabra  es  pampeana  6  de  la  Provincia 
de  Buenos  Aires  ;  si  guarani,  de  las  provincias  que  hablan  este  idioma  ;  si  qui- 
chua,  que  la  voz  es  gênerai  en  los  departamentos  quichuas  de  Bolivia;  y  lo 
mismo  cuando  se  indique  que  es  aimard.  Tratdndosc  de  voces  generalizadas  6 
pan-americanas,  ello  se  advierte  oportunamente  en  el  texto. 

Tropezarâ  el  lector  con  muchos  vocablos  que  no  son  americanismos,  ni 
mucho  menos,  como  husilis,  arco,  la^o,  uti  possidetis,  venenos,  etc.  pero  como 
aluden  d  cosas  americanas  6  son  de  abolengo  americano  (como  America,  indio, 
inca,  café,  papa,  etc.),  se  incluyen  en  el  texto  con  un  brève  glosario  de  cada 
una  de  ellas. 

Finalmente,  las  descripciones  zoolôgicas  y  botdnicas  las  he  tomado  sobre  el 
terreno,  aprovechando  de  mis  observaciones  propias  y  de  los  datos  suministra- 
dos  por  naturales  é  indigenas. 

En  una  palabra,  que  este  Vocàbulario  no  estd  dictado  por  la  lectura  de  libros 
americanos,  ni  redactado  sobre  la  mesa  de  un  bufete,  sino  que  es  un  extracto 
de  mis  notas  de  viaje  por  la  pampasia  argentina,  la  cordillera   boliviana,   los 


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PROVINCIALISMOS   AGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  249 

llanos  de  Santa  Cruz  y  Mojos  y  por  las  regiones  del  Noroeste  de  Bolivia  ; 
extracto  ordenado  y  compulsado  debidamcnte  para  su  actual  publicaciôn  y  que 
no  doy  por  infalible,  agradeciendo  muy  mucho  cualquier  enroienda  6  adver- 
tencîa  que  de  allende  y  de  aquende  se  sirvan  hacerme. 

Ciro  Bayo. 


BIBLIOGRAFlA 

ObRAS  CONSULTADAS  para  la  AMPLIACIÔN  y  ESCLARECIMIENTO  DEL  SIGNinCADO 
DE  ALGUNAS  VOCES  CONTENIDAS   EN    ESTE   VOCABULARIO. 

Conde  de  Lenius.  Relaciôn  de  la  Provincia  de  Quixos  '. 

P.  Montoya.  Vocabulario  de  las  palabras  guaranfes  usadas  por  el  traductor 
de  la  «  Conquista  espiritual  »  del  P.  Montoya,  por  Bautista  Oetano  (Anales  de 
la  Biblioteca  Nacional.  Rio  Janeiro.  Tomo  2°,  1877). 

P.  Machoni.  Vocabulario  de  la  Lengua  Luléy  con  advertencias  del  Dr.  Larsen 
(Buenos  Aires). 

Arona.  Diccionario  de  peruanismos. 

M.  E.  de  Ribero.  Diccionario  de  las  principales  voces  técnicas  de  la  mineralo- 
gfa  peruana. 

Rujino  Cuervo.  Apuntaciones  criticas  sobre  el  lenguaje  bogotano. 

Juan  Seijas,  Diccionario  de  barbarismos  argentinos  (Buenos  Aires,  1876). 

Almeida  de  Araujo,  Diccionario  Encj'clopedico  :  Novo  Diccionario  da 
Lingoa  Portugueza,  incluso  vocabulario  da  lingua  brazilcira  ou  tupay. 

Calandrelli,  Diccionario  filolôgico  coinparado. 

UOrhigni,  Descripciôn  de  Bolivia. 

Manuel  José  Cortés,  Ensayo  sobre  la  Historia  de  Bolivia. 

Rajael  Peiia.  La  Flora  Crucena  (Santa  Cruz  de  la  Sierra). 

Chernoviti.  Diccionario  de  Medicina  Popular. 

José  Cardûs.  Las  misiones  franciscanas  en  Bolivia  (Barcelona,  1878). 


I .  El  primero  quizàs  que  escribiô  un  diccionario  de  Vocablos  particulares  de 
Indias  fué  el  conde  de  Lemus  en  la  Relaciôn  de  la  Proi'incia  de  Quixos^  à  lo  que 
se  han  sumado  :  Vocesveneiolanas  de  Aristides  Rojas  ;  Diccionario  de  chilenismoSy 
de  Zorobabel  Rodriguez  ;  Voces  cuhanas  de  E.  Pichardo  ;  Voces  rio-platenses^  de 
Daniel  Granada  ;  Dicciottario  de  las  voces  americanas  en  uso  en  las  Repûhlicas  del 
Plata  y  Chile,  por  Enrique  Tagle  ;  ModismoSy  locnciones  y  términos  mejicanoSy 
por  José  Sànchez  Somocio  (Madrid,  1892);  Minucias  lexicogrdficaSy  por 
R.  Monner  y  Sanz,  etc. 


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250  CIRO    BAYO 


Fray  Nicolas  Armentia,  Viajes  al  Madré  de  Dios  (La  Paz). 

P.  Mossi.  Diccîonario  quichua. 

Ondar^a.  Diccîonario  geogrdfîco  de  La  Paz. 

Dalence.  Estadfstica  de  Bolivia. 

Ltigue-Moreno,  Geografia  de  Bolivia. 

Francisco  Lat^ina,  Geograffa  de  la  Repiiblica  Argentina. 

Ernesto  O,  Rûch.  Guia  gênerai  de  Bolivia  (Sucre,  1866). 

Marcos  Sastre.  El  Tempe  argentino. 

Carlos  Ltmée,  Agricultura  (Buenos  Aires). 

A.  Ehelot.  La  Pampa. 

REFRANES  Y  MODISMOS  CRIOLLOS 

Nota.  Estos  refranes,  frases,  locuciones,  modos  adverbiales,  etc.  van  por 
orden  alfabético  de  la  letra  inicial  con  que  empieza  cada  uno  de  ellos  :  Asi  : 
Apretarse  cl  gorro,  Sudar  farina^  Tocar  piante,  etc.  se  apuntan,  res^ctiva- 
mente,  en  ,  ^,  5  y  T. 

A  trucos,  A  punetanos,  ô  à  patadas. 

Al  hotôn  )  ^     y  .  . 

Al  divim  cohele    )  ^'  ''^^°  ^'  ^^^'^  '  P^'  ^'"°  ''P"'*'^- 

Al  qtu  le  toque  el  guante^  que  se  h  chante  :  A  quien  Dios  se  la  dé,  San  Pedro 
se  la  bendiga. 

Andar  d  la  gurda.  Andar  boyante  ;  platudo. 

Andar  de  golillaf  andar  de  florilla,  ir  de  punta  en  blanco  ;  andar  de  bureo. 

Apretarse  el  gorro.  Apretarse  los  calzones,  para  correr. 

Averigùelo  Vargas.  Locuciôn  tan  usual  en  la  Penfnsula  como  en  America. 
Parece  ser  que  en  el  Consejo  de  Castilla,  y  antes  en  el  de  Indias,  figuraba  un 
don  Francisco  Vargas  à  quien  se  encargaba  la  averiguaciôn  de  las  cosas  dificiles, 
por  lo  que  los  demds  consejeros  respondfan  en  los  casos  arduos  :  averigfulo 
Vargas;  muletilla  que  se  hizo  popular  usàndose  cuando  alguna  cosa  es  diffcil 
de  averiguar. 

BoUar  para  el  pulpero.  Trabajar  para  el  Rey  de  Prusia,  como  dicen  los 
franceses  :  porquè  el  pulpero  se  come  todo  cl  fruto  del  trabajo  del  gaucho 
vicioso. 

Cada  clxincho  d  su  estaca.  Cada  cual  à  su  oficio  ô  cada  mochuelo  d  su  olivo. 

Calentar  el  mate  pare  que  otro  se  lo  tome.  Sacar  las  castanas  del  fuego,  hacer  de 
caballo  blanco. 

Caramha!  —  Yahajo  las  peras.  Habfa  en  Montevideo  un  frutero  ambulante  que 
tapaba  las  peras  que  porteaba,  con  hojas  de  ortiga  para  evitar  el  manoseo  de  las 
mucamas.  Las  cuales,  como  intentaran  mcter  su  mano  en  el  cesto  de  la  fruta,  al 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  25  I 

sentir  el  escozor  de  las  ortigas,  exclamaban  :  /  Caramha!  —  Yabajo  las  peras, 
agregaba  el  frutero  entre  formai  y  risueno. 

Cantar  para  el  carnero,  Espichar  ;  morirse;  el  liltimo  canto  del  cisne. 

Como  avcstni^  en  un  cerco.  Entre  la  espada  y  la  pared. 

Como  bola  sin  manija  :  como  tren  sin  freno. 

Como  los  mates  sirvo  si  me  dbren  la  boca.  No  hay  que  buscar  tcrs  pies  al  gato. 

Como  rata  con  tirante    \ 

à  I  Como  perro  con  cencerro. 

Como  perro  con  tramojo  ; 

Como  un  sola^o  d  média  noche  :  como  un  rayo  con  tiempo  sereno. 

Contar  las  trece.  Cantar  triunfo  6  las  trece  letros  que  suman  ambas  palabras. 

Correr  con  la  vaina.  Vencerlc  fdcilmente. 

Chancho  limpio  no  engorda.  Véase  chancho. 

Dar  changûi.  Dar  largas  ;  dar  ventaja  para  luego  ganar  mds. 

Degallos  d  média  noche.  Tiempo  comprendido  entre  la  hora  en  que  el  gallo 
cantô  à  san  Pedro  y  las  doce  de  la  noche. 

De  juro.  De  veras  :  formalmente. 

Detanto  andaralguna  vex  ha  de  cuajar,  Pobre  porfiado  saca  mendrugo. 

Dios  castiga  sin  reheuque.  Dios  castiga,  pero  no  mata. 

Donde  camotes  quemaron,  ceni^as  queJaron.  No  hay  burlas  con  el  amor. 

Durât  como  cordero  gordo  en  majadaflaca.  Lo  que  una  flor  en  el  irbol. 

El  despedirse  no  es  irse. 

El  que  corne  y  no  pita,  como  el  que  se  pierde  y  no  grita.  Que  no  hay  mejor 
digestivo  que  un  pitillo  6  cîgarro. 

El  sol  es  el  poncho  de  los  pohres, 

El  homhre  propone  y  Dios  dispone  ; 
Lo  que  el  gallo  hace,  la  gallina  pone. 

Entre  Gualeguayy  Gualeguaychu.  \ 

à  [  Entre  Pinto  y  Valdemoro. 

Entre  San  Juan  y  Mendo:(a.  ; 

Es  inùtil  poner  el  la^o  al  anca.  No  hay  remedio.  Dar  coces  contra  el  agui- 
jôn. 

Esta  yuca  pide  sal.    \  Esta  nina  pide  novio. 

à 

Este  huevo  pide  sal.  )  Este  busca  un  garrotazo. 

Esta  yuca  no  entra  en  el  costal.  Esta  bola  6  mentira  no  pasa. 

Estar  de  palangana.  Estar  ocioso  ;  inmôvil.  Echar  bravatas  y  luego,  nada. 

Estar  llorando  (una  cosa).  A  ojos  vistas. 

Este  gallo  qne  no  canta  algo  tiene  en  la  garganta.  Pasquin  que  los  limenos 
dedicaron  al  Virrey  Al  nendariz  (Marqués  de  Castel  Fuerte),  quien  hizo  con- 
tcstar  con  otro  pareado  : 


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252  CIRO    BAYO 


Este  gaJlo  cantarà  y  d  alguno  le  pfsard,  Episodio  parecido  al  de  Venceslao, 
rey  de  Polonia  à  quien  titularon  «  IVenceslaus,  aller  Nero  »,  respondiendo  él  : 
«  Si  ego  non  fui,  ero.  » 

Hacer  cabras  d  alguno.  Hacerle  frente,  como  las  cabras  cuando  se  topan  con 
los  cuernos. 

Hacer  galletas,  Anudar  panuelos  para  la  lista  de  la  lavandera  ô  para  ponerlos 
d  secar. 

Hacer  gtiaca.  Llenar  la  hucha. 

Hacer  marras.  Véase  Gamarra. 

Hacer  sebo.  Criar  gordura;  no  hacer  nada. 

Hacer  se  el  chattcho  rengo.  Hacerse  el  sueco. 

HeJàrsele  el  sebod  alguno.  Cortàrsele  el  argumento,  6  acabar  con  sus  recur- 
sos. 

Homhre  cobarde  no  entra  en  Palacio.  Expresiôn  nacida  de  un  acte  temerario 
de  Melgarejo  en  la  ciudad  de  La  Paz  (1865);  el  cual  ya  vencido  y  à  merced 
de  su  contrario  Belzu,  fué  à  palacio  seguido  de  su  ayudante  Campero  con 
intenciôn  de  rendir  la  espada.  Al  subir  la  escalinata,  hubo  de  insultar  à  Mel- 
garejo un  edecdn  de  Belzu,  por  lo  que  indignado  aquél,  lo  matô  de  un  pis- 
toletazo.  Al  ruido  de  la  detonaciôn  vino  Belzu  con  sus  demis  ayudantes,  carisa- 
tisfechos,  pues  estaban  esperando  la  comparecencia  de  Melgarejo.  El  cual,  dado 
d  todos  los  diablos,  dispara  el  segundo  tiro  contra  cl  mismo  Belzu,  que  cae 
muerto,  en  medio  del  estupor  de  sus  amigos.  Siibito  Melgarejo  se  asoma  à  una 
de  las  galenas  que  daban  al  patio  del  palacio,  donde  vivaqueaban  los  soldados 
vencedores  de  Belzu  y  los  vencidos  de  Melgarejo,  y  les  grita  con  voz  estentô- 
rea  «  Soldados,  Bel^u  Jm  niuerio,  iquiénvive  afjora?  —  a  Melgarejo!  viva  Melga- 
rejo! »  clama  la  soladesca;  y  asi,  por  uno  de  los  hechos  mâs  notables  de  la  his- 
toria  de  las  guerras  civiles  americanas  y  aun  del  pretorianismo  roraano,  pasô 
Melgarejo  del  borde  de  la  Roca  Tarpeya  al  Capitolio. 

Ir  por  Getdfe.  Por  los  cerros  de  Ubeda. 

Irse  al  humo.  A  ciegas  ;  irse  al  bujto. 

Irse  como  lista  de  poncho.  Irse  derecho  como  las  cenefas  ô  listas  de  la  capa 
americana. 

Juntarse  como  mai^/ruto.  Como  moscas  à  la  miel. 

Largar  el  rollo.  Vomitar.  También  echar  la  casa  por  la  ventana. 

Lo  de  OroxpOy  si  le  veo  no  le  cono^co. 

Lo  mismo  es  Ghana  que  Jiiana,  Tanto  monta,  monta  tanto,  Isabel  como  Fer- 
nando. 

Lo  que  es  moda  no  incomoda. 

Lhmarle  d  uno  ^amba  canuta.  Decirle  las  verdades. 

Mate  amargo  y  china  pampa,  solo  por  necesidad.  A  buen  hombre  no  hay  pan 
duro. 


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PROVINCI ALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  253 

Me  îfolearon.  Me  cogieron.  —  Me  vencieron. 

Mepelô  las  chauchas.  Me  limpiô  hasta  la  ùltinia  peseta. 

Meteren  tipa.  En  la  circel.  En  cafûa. 

Mêler  violin  en  boisa.  Irse  con  el  rabo  entre  piemas.  Hacer  lo  que  los  mur- 
guistas  cuando  los  despachan  con  la  mûsica  à  otra  parte. 

Mofilar  el  picaio.  Montar  en  côlera. 

No  me  deje  el  seho  afuera  (refiriéndose  al  mesenterio  que  sale  con  ocasiôn  de 
alguna  herida  en  el  vientre  ocasionada  en  una  reyerta).  No  me  perdone  V.  la 
vida.  —  No  me  tenga  làstima.  Véase  «  i  Velorio  d  mf  ?  » 

No  tener  cru^  en  el  maie.  No  tenerla  en  la  mollera  ;  no  tener  juicio. 

No  tener  el  ctiero  para  un  négocia.  No  ser  idôneo  ô  compétente  para  algo. 

Oiganle  la  maula.  Oigan  su  tema  !  Miren  con  lo  que*viene  ahora  ! 

Otra  cosa  es  con  guitarra.  Del  dicho  al  hecho 

Pagar  la  chapetonada.  Pagar  el  aprendizaje. 

Pan  y  queso  comida  de  Uso.  Véase  leso. 

Pegar  una  citera.  Una  azotaina,  una  rcprehensiôn  6  una  soba. 

Pegarse  como  carretilla  al  cuero    \ 

6  '  Comoniufrago  d  una  tabla. 

Pegarse  amto  hucrfano  d  la  te  ta      * 

Pelarse  la /rente.  Salir  chasqueado;  rascarse  la  frenie  después  de  un  desaire 
ô  contratiempo  repentino. 

Fintar  el  venado.  Huir  ;  que  es  lo  que  mejor  sabe  hacer  este  animal. 

Pisar  la  guasca.  Caer  en  la  trampa.  H.icer  lo  que  el  caballo  enlazado  que  se 
enreda  en  el  cabestro. 

Pisé  la  guasquita  un  dia 
y  en  ella  me  vi  erredado. 

(Martin  Fierro.) 

Pisarseel  poncho.  Hacer  una  plancha,  ir  por  lana 

Ponerse  d  fojas.  Discutir;  venir  d  razon. 

Ponerse  maceta.  Hacerse  viejo.  Véase  Maceta. 

Que  lo  moule  Chajaneta.  Chajarrcta  es  el  nombre  de  un  deibravador  ô  chuca- 
rero  de  nota  ;  y  tal  expresiôn  équivale  d  «  que  lo  mate  el  Tato  »,  de  nuestros 
toreros  de  invierno. 

Quedar  d  deber  d  coda  sauto  una  vêla.  Deber  d  las  once  mil  virgenes. 

Quedar  yesca.  Quedar  limpio  de  alguna  cosa  ;  aflûs. 

Rajar  la  tierra.  Salir  de  estampia  ;  como  un  rayo. 

Saber  las  de  Quico  y  Caco.  Saber  mds  que  Picio. 

Sacudir  su  poncho  el  diablo.  Tirar  de  la  manta  y  dtscubrirlo  todo. 

Sanclx>  te  llaums^  sea  por  angaSy  sea  por  mangas.  Paciencia  y  barajar. 

Saïga  el  sol  por  ande  quiera.  Saïga  el  sol  por  Antequera  ;   nombre  que  por 


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254  CIRO   BAYO 


cierto  suena  en  la  geografîa  argentina,  por  ser  el  de  un  arroyo  en  las  islas  del 
Paranâ. 

Se  quiebra,  pero  no  se  duebla.  Arrogante  lema  de  los  Quinones  que  anda  en 
boca  de  los  criollos  como  dignos  descendientes  de  los  altivos  castellanos. 

Ser  gallo,  Ser  vivo,  avispado,  listo. 

Ser  mds  malo  que  el  aji.  Porque  una  persona  con  sus  picardfas  hace  llorar 
como  esos  ajies  rabiosos  (guindillas)  que  se  toman  para  predisponeràla  chicha. 

Saîirle  d  uno  h  viuda  ô  la  viudita,  Ir  por  lana  y  volver  trasquilado.  'Jal 
expresiôn  dériva,  sin  duda,  de  un  episodio  que  relata  el  tradicionalista  Palma. 

Si  Dios  es  grande,  el  monte  es  mayor.  Que  el  monte  todo  lo  cncubre  y  que 
hasta  él  no  llega  la  acciôn  de  la  justicia. 

SoUarse  sobre  el  pucho.  La  ocasiôn  la  pintan  calva.  Véase  Pticho. 

Sudar  como  el  venado  ô  escupir  como  el  guanaco.  Cuando  se  trabaja  y  no  se 
corne,  como  el  venado  que  se  fatiga  en  balde. 

Stidar farina.  Sudar  la  gota  gorda. 

Taies  las  hecîjas,  taies  las  sospechas. 

Tanlo  hi^o  el  diàblo  con  su  hijitOy  hasta  que  le  sacô  un  ojito.  Refrân  por  el  que 
se  reprenden  los  carinos  que  matan. 

Tocar  plante  6  la  polca  del  espiante    \ 

à  [  Tocar  retirada. 

Tocar  viola  ^ 

Toma  mate,  ché!  Fraile  mostén,  tù  lo  quisiste,  tu  te  lo  tén. 

l  Velorio  d  mi?  Como  el  velorio  (velatorio)  se  hace  d  los  muertos;  quiere 
decirse  que  uno  â  quien  se  le  amenaza,  responde  :  «  i  Crée  V.  que  me 
matara  ô  que  me  moriré  de  susto,  para  que  mehagan  velorio?  »  La  frase  es 
aplicable  â  los  demds  casos  en  que  se  trata  de  enganar,  ô  abusar  de  la  buena 
fe,  es  decir,  que  es  équivalente  â  nuestra  expresiôn  ^  A  mi  con  esas,  que  soy 
monago  de  las  Salesas? 

Verse  en  figurillas  para  tal  cosa.  Verse  apurado,  con  un  compromiso. 

Vino,  marido  y  bretana,  de  Espana.  Locuciôn  del  tiempo  dcl  coloniaje,  segùn 
la  cual  las  criollas  tenfan  por  lo  mejor,  el  vino  de  Espana,  el  mârido  peninsular 
y  la  bretana  ô  lienzo  de  las  fàbricas  de  Castilla. 

Vivir  de  arriba.  De  bôbilis;  de  gorra  ;  del  sable,  como  dicen  en  Madrid. 

Volàrselelos  patos  ô  los  pdjaros  d  uno.  Salir  de  sus  casillas. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  255 


VOCABULARIO 


Abarrotes  (tienda  de),  de  comestibles.  Asi,  «  Tienda  de  aba- 
rrotes  »  se  lee  en  las  tiendas  de  ultramarinos  de  Bolivia  y  la 
Argentina.  Parece  que  es  voz  usual  en  toda  America  desde 
Mexico  d  Chile. 

Abelmosco  (^Hibiscus  abelmoschus.  L.).  Planta  malvâcea  cuyos 
frutos  almizclados  se  emplean  en  perfumeria. 

Abombado.  Estùpido.  Carne  abombada,  carne  pesada. 

Abortivo.  Llaman  asi  en  la  campaiia  de  Buenos  Aires  al  aza- 
fran  que  poco  ô  nada  se  usa  en  la  culinaria  del  pais  y  ùnica- 
mente  se  expende  como  remedio  en  la  botica,  sin  duda  por  la 
propiedad  que  tiene,  una  vez  cocido,  de  hacer  arrojar  las  secun- 
dinas. 

Abutûa.  Véase  ButiJa,  nombre  con  que  mas  vulgarmente  es 
conocida  esta  planta. 

Acajû  ô  Anacardo  (^Anacardium  occidentale.  L.).  Terebînta- 
ceas  anacardeas.  Arbol  resinoso  de  fruto  reniforme  comp  la  cas- 
taiîa  (mejor  que  cordiforme,  de  donde  su  nombre  cientifico  ana- 
cardium);  comestible  y  de  aplicaciones  médicas.  El  ârbol  es  de 
mediano  tamaiîo,  y  su  fruto,  que  es  una  nuez  reniforme, 
encierra  una  almendra  dulce  que  se  come  asada.  El  fruto  maduro 
sirve  para  hacer  sorbetesy  limonadasy  hasta  aguardiente,  hacién- 
dole  fermentar.  La  corteza  del  tronco  es  astringente  y  usada 
en  baiios  en  las  hinchazones  de  las  piernas.  Mediante  incisiones 
se  obtiene  una  résina  que  se  emplea  en  las  artes. 

AcApite.  Nadie  dice  aqui  pàrrafo^  sino  acdpite  tal  ô  cual. 

AcAsf.  Vulgarismo  cruceno  aplicable  â  tiempo,  pesoymedida. 
Ej.  :  Llego  accLsi  una  persona  cuando  llegôa  tiempo  de  sentarse  a 
la  mesa.  /  Acasl  !  cuando  el  peso  corresponde  con  la  medida.  La 
botella  vino  acasiy  cuando  el  contenido  cupo  exactamente  en  el 
recipiente,  etc. 


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256  CIRO   BAYO 


AcASO.  i  Quieres  venderme  lèche  ?  —  £  Acaso  pude  atar  el  ter- 
nero  ?  (que  he  chupado  a  la  vaca).^  Esta  en  casa  Don  Sancho  ? 
l  Acaso  regresô  de  la  ciudad  ?  —  Puedes  prestarme  el  hacha  ?  — 
l  Acaso  esta  sana  ?  Tal  se  expresan  los  crucenos,  de  manera  que 
este  acaso  es  un  triste  caso  sinônimo  de  nones. 

AcATANGA.  Del  quichua  acdy  excremento.  Coleôptero,  esca- 
rabajo  pelotero  que  anidaen  el  estiércol. 

AcocuYADo!  Encandilado,  alegre  por  la  bebida.  Compara- 
ciôn  derivada  del  brillo  que  despide  el  cocuyo  6  luciémaga  ame- 
ricana  y  del  aturdimiento  con  que  revolea  a  la  luz  de  su  fosfo- 
rescencia.  Es  de  notar  que  en  estos  paises  australes  el  cocuyo  no 
se  llama  tal  sino  tucu. 

Acsu.  La  saya  de  bayeta  de  la  india  quichua. 

Acu.  Harina  favorita  de  los  indios  collas  hecha  de  canagua. 

AcuGUAYACA.  Del  aimard  acu^  harina;  y guayaca,  boisa.  Paquio 
en  Santa  Cruz .  Fruta  de  vaina  dura,  que  quebrantada  con  vio- 
lencia  ofreceuna  fruta  comestible. 

AcuLLiCAR.  Voz  quichua.  Mascar  coca.  Vicio  favorito  de  los 
peones  bolivianos  y  de  indiscutible  beneficio  por  sus  condiciones 
gdstricas.  En  elPcrù  d\ccn  chachar. 

AcHACANi.  Variedad  de  papa  muy  indicada  para  la  curaciôn  del 
«  azogamiento  »  ;  enfermedad  que  padecen  los  indios  mineros. 

AcHACHAiRii.  Voz  guarani.  Prosiea.  Arbol  cuya  fruta  del  tama- 
no  y  aspecto  del  limon,  si  bien  de  color  verde,  contiene  cuatro 
almendras  déhiscentes  dentro  de  una  pulpa  carnosa  de  un  âcido 
muy  agradable. 

AcHAjUANARSE  (uua  caballeria).  Encalmarse  por  el  excesivo 
calor  6  fatiga. 

AcHiOTE  (5/jca  Orellana.  L.).  Uructi  en  guarani.  Arbolito  de 
hermosas  flores  blancas  y  de  frutos  vellosos  y  blandos,  usados 
para  dar  color  d  la  comida.  Reemplaza  d  nuestra  pimienta. 
Ûsanlo,  ademds,  los  indios  del  Oriente  para  pintarse  el  cuerpo, 
preservândose  por  este  medio  del  sol  y  de  los  insectos.  Es  la 
Bija  de  Cuba. 


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PROVINCI ALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  257 

AcHiRA.  Voz  quichua  {Canna,  L.)  Balicero  ô  planta  acua- 
tica  que  suministra  un  tubérculo  6  papa  violacea  muy  fibrosa, 
la  cual,  cocida,  es  de  sabor  parecido  al  del  boniato. 

AcHOjCHA  (Leoua  carnuda).  Hortaliza  con  la  que  se  hacen  relle- 
nos  y  dulces. 

AcHUCHEMO  (maiz).  El  que  en  una  misma  espiga  tiene  granos 
amarillos  y  negros. 

AcHUPALLA.  Voz  quichua  derivada  àt  piha  (que  estosignifica), 
por  la  semejanza  que  los  indios  hallaron  entre  la  figura  de  esta 
fruta  y  las  pesas.  — Lalibra  de  la  balanza  y  las  pesas  del  marco. 

AcHURA.  Voz  quichua,  pie:};a  de  carne,  Los  menudos  y  piltra- 
fas  de  la  res  ;  como  el  higado,  los  rinones,  las  tripas,  la  panza  y 
hasta  la  lengua  y  los  sesos,  cosas  todas  de  las  que  poco  6  ningûn 
caso  hacen  los  campesinos  crioUos  de  los  distritos  ganaderos,  afi- 
cionados tan  solo  d  los  bocados  donde  se  puede  hincar  bien  el 
diente.  En  Buenos  Aires,  achuras  significa  también  la  licencia  que 
los  duenos  de  un  matadero  dan  d  la  gente  pobre  para  recoger  los 
desperdicios  de  la  carneada, 

AcHURADORES.  Gente  que  en  los  saladeros  y  catnales  recojen  las 
achuras  de  la  res. 

AcHURANADA  (res).  Cornigacha. 

Aflijente  .  Usado  por  aflictivo  y  que  trasciende  d  galicismo, 
por  mas  que  Baralt  lo  admite  como  bueno. 

Aflijs.  Limpio  de  polvo  y  paja.  i  Que  tal  ché,  hermano?  — 
Aflùs,  responde  un  gaucho  âotro.  — Es  palabra  genuimante  espa- 
nola  de  la  que  los  peninsulares  hemos  perdido  hasta  el  recuerdo. 

Soy  en  el  juego  de  amores 
un  desgraciado  tahur 
que  cuando  habia  primera 
mis  desdichas  hacen  flux. 

(Romance  inédito.) 

Afrechero.  Pdjaro.  Género  Fringilla, 
Afrecho.  Como  en  Andalucia,  el  salvado. 

Revut  hispanique,  xiv.  17 


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258  CIRO    BAYO 


Agachados  (Hôtel  de  los) .  Fondin  de  pobres  en  los  barrios 
bajos  de  la  ciudad  de  La  Paz  (Bolivia),  donde  los  jornaieros  y 
pobres  de  levita  comen  por  un  real  su  raciôn,  sentados  en  el 
sueloô  poco  menos:  agachados,  por  consiguiente. 

Agarrapalo.  Véase  Suelda-consuelda.  Verdadero  constrictor 
végétal  que  tiene  la  propiedad  de  agarrarse  de  los  otros  àrboles  para 
hacerse  lugar  y  suplantar  ïi  los  demis.  Las  tempestades  sacuden 
y  desga jan  el  drbol  proteaor  ;  mas  el  agarrapalo  se  préserva  al  abrigo 
de  la  copa  hospitalaria.  Asi  continua  medrando  y  estendiendo 
sus  raices  hacia  el  suelo  hasta  que  las  introduce  en  tierra  y  se 
desarrolla  y  crece  vigoroso. 

Agave.  Nombre  griego  (^admirable)  con  que  se  désigna  el 
magùey  mejicano  6  tuna  de  estos  paises. 

Agipa.  Véase  Topinambuco. 

Aguachento  -a.  Substancia  sôlida  ô  liquida  que  perdiô  su 
natural  sabor  por  estar  aguada  ô  muy  diluida.  Asi,  la  carne 
tierna,  el  Xf^pallo  antes  de  sazonar,  el  té  poco  cargado,  etc. 

Aguaicar.  Voz  quichua.  Pelear  muchos contra uno  solo.  «Me 
aguaicaron  »,  me  acometieron . 

Aguaitar.  Otear.  Espiar  con  la  vista. 

Agualate.  Color  violiceo  6  amoratado  de  los  sôlidos  y  liqui- 
dos  en  descomposiciôn  :  como  la  carne  y  la  lèche  pasadas  6  agua- 
laies. 

Aguapé.  Véase  Tarope. 

AguarA.  «  Pequeno  animal  de  estos  paises  (Rio  de  la  Plata) 
que  solo  de  noche  hace  oir  su  voz  triste  y  melancôlica  como  la 
postrer  plegaria  de  un  moribundo  »  (Magariiîos  Cervantes).  Véase 

BOROSCHI. 

Aguatero.  Aguador. 

Aguililla.  Paso  acompasado  de  un  caballo  de  paseo;  y  por 
analogia  el  «  trapio  »  del  andar  femenino. 

Aguilillos.  Caballos  de  estima,  chilenos,  de  andar  ligero  y  tan 
suave,  que  uno  se  creeria  llevado  en  litera.  Alcedo  los  llama 
«  aguililla  »  y  dice  :  «  caballo  que  al  paso  signe  d  otro  corriendo.  » 


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PROVINCI  A  LISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  259 

Acurt.  Nombre  guarani  del  jochi  6  paca  (Mus  paca^  L.  y 
Calogenus  fulvus),  Roedor  mayor  que  la  liebre,  cuerpo  ratonesco, 
cola  muy  corta,  color  plomizo.  Habita  en  cuevas  6  en  los  hue- 
cos  de  los  drboles  y  su  carne  es  tan  deliciosa  como  la  de  un  lechon- 
cillo  mamôn.  El  /oc^pintado  es  la  paca  leonadaô  coati  del  Bra- 
sil,  de  cuerpo  màs  grueso,  pelo  menos  fino,  pero  de  carne  mucho 
mds  sabrosa.  Es  domesticable .  Peirina  en  Mojos;  Sàri  en  Jungas 
(Dpt°  de  La  Paz,  Bolivia)  ;  juiia  en  otros  paises. 

AjACHO.  Bebida  fuerte  hecha  de  aji  y  chicha. 

Ajt.  Pimiento  picante.  Varias  clases  (Capicum  annuum,  L.  Piper 
longifolium) .  Condimento  esencial  de  la  cocina  americana  en 
los  paises  donde  se  hace  uso  de  la  chicha,  la  cual  sirve  a  maravillas 
para  calmar  los  ardores  de  esta  clase  de  pimiento  que  en  Espana 
llamamos  ^w/W///a .  —  Refran:  Sermas  malo  que  el  aji.  Porque 
como  este  hace  llorar  6  rabiar. 

Ah  malaya  !  interjecciôn  que  entre  la  gente  rùstica  de  casi  toda 
America  équivale  à  nuestro  ardbigo  ojalà!  que  nunca  he  oîdo  en 
Indias. 

Ahocarse.  Enredarse.  El  cabresto  se  ahocôy  dice  el  gaucho. 

AimarA.  De  ayam-aruy  que  lleva  la  palabra  ;  ô  hiam-arUy  la 
palabra  antigua,  segiin  otros  etimologistas.  La  naciôn  aimard  que 
tanto  figura  en  la  historia  pre-colombiana  habitaba  la  meseta  de 
los  Andes,  y  segun  el  historiador  Pedro  Cieza  de  Leôn  era  lapro- 
vincia  mds  extensa  de  las  cuatro  en  que  se  dividia  el  gran  impe- 
rio  incdsico  6  Tahuantisuyo  (la  cuarta  parte  del  mundo).  La 
région  de  los  aimaraes  se  llamaba  Collasuyo,  del  Collao  en  que 
habitaban.  Todavia  en  el  Oriente  boliviano  y  en  la  Argentina 
Uaman  collas  d  los  moradores  de  la  altiplanicie;  como  signe  11a- 
mdndose  Collao  la  région  montanosa  del  Peni.  Las  ruinas  de 
Tiahuanaco  parece  son  obra  de  los  aimardes,  cuya  nacionalidad 
victima  de  alguna  catâstrofe,  volviô  d  levantarse  bajo  la  domina- 
ciônquichua.  Actualmente  se  conservan  en  Bolivia  algunos  nom- 
bres geogrdficos  de  las  antiguas  tribus  aimardes  como  :  Larecaja, 
Omasuyos,  Pacajes,  y  demds  distritos  de  la  Paz  y  Oruro,  ùnicos 


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260  CIRO   BAYO 


departamentos  en  que  se  conserva  el  idioma  aimard,  calificado 
por  aigu  nos  como  el  sinscritode  America. 

AisA.  Término  minero  équivalente  à  desplome  6  sentazôn  de 
cerro . 

AjACHO.  Aji. 

Alagaek).  Estero  ôterreno  niundado;a/tf^tfr5^unaembarcaciôn  : 
hacer  agua. 

Alambrado.  Cerco  de  alambres  variables  en  numéro  y  para- 
lelos  como  linea  telegrafica  rastrera,  que  se  prolonga  indefinida- 
mente,  reforzado  d  trechos  por  postes  de  handubay  à  de  otra 
madera  sôlida  y  durable  d  la  que  se  adaptan  los  alambres.  Es 
importaciôn  norteamericana  y  por  ella  se  cierran  léguas  de  terri- 
torio,  quedando  encerrado  el  ganado  pero  con  libertad  de  pas- 
tar. 

Alasita.  Del  aimard,  cômprame.  Feria  de  juguetes  que  se 
célébra  en  La  Paz  y  en  Sucre  el  i6  de  Julio. 
Alarife.  Persona  lista  y  avisada  (Arg.). 
Albardones.  Tierras  altas,  aptas  para  toda  especie  de  cultivo, 
d  orillas  de  los  canales  y  arroyos,  cuya  anchura  varia  desde  cinco 
hasta  cien  6  mds  varas.  Desde  lo  alto  del  albardôn  va  descen- 
dicndo  el  terreno  hasta  formar  la  concavidad  6  estanque  inferior 
que  se  Uama  regularmente  bahado  à  estero  cuando  tiene  tan  poca 
agua  que  se  seca  en  el  estio  :  y  laguna,  la  propiamente  tal. 

Albinagio.  «  No  conociendo  ninguna  palabra  castellana(escribe 
Bello  en  su  «  Derecho  Internacional  »)  que  corresponda  d  la 
francesa  aubaine,  en  el  sentido  particular  de  que  aqui  se  trata, 
(la  confiscaciôn  de  los  bienes  inuebles  de  un  extranjero  al 
morir  este,  6  su  exclusion  de  la  sucesiôn  de  todo  sùbdito  del 
senor),  me  he  atrevido  d  traducirla  por  la  voz  albinagio  deri- 
vada  de  albanagium  ô  «  albinagium  »  que  en  la  baja  latinidad 
significaba  lo  mismo  que  aubana.  » 

A  este  derecho  de  albinagio  6  de  aubana  (alibinatus)  asi  como 
d  los  de  composiciôn  y  de  detracciôn  estaban  sujetos  los  poli^ones  y 
todos  los  extranjeros  establecidos  en  Indias  'con  permiso  de  la 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  26 1 

corona.  El  de  composiciôn  era  aquel  derecho  en  virtud  del  cual 
se  exigia  a  los  extrangercs  venidosd  Indiassin  licencia,  una  parte 
de  sus  capitales  a  trueque  de  que  no  se  ejecutasen  en  ellos  las 
leyes  que  habian  infringido.  Por  el  de  detracciôn,  el  fisco  se 
hacia  justicia  en  los  bienes  de  los  extranjeros  que  salian  de 
Indias  («  Recopilaciôn  de  Leyes  de  Indias  »). 

Alcalde.    Cierta  especie  de   carnero  de   cuatro  astas.  Véase 

NlîïO  ALCALDE. 

Alcaucil.  Indistintamente  toda  clase  de  alcachofa.  Es  anda- 
lucismo. 

Alciôn.  La  correa  de  la  quecuelga  el  estribo. 

Alemas.  Lugares  dispuesîos  para  bano  pùblico  en  las  margenes 
del  rio  Rocha  (Cochabamba,  Bolivia). 

Alentadito.  i  Cômo  estd  usied  ?  6^  C6mo  ha  amanecido  ?  — 
Alentadito,  responde  un  cruceno. 

Alfajor.  No  lo  explica  bien  el  Dicc.  de  la  Academia.  Enmién- 
dese  por  esta  definiciôn  :  harina  de  maîz  molido  en  mortero  y 
batida  con  miel  hervida;  pasando  la  masa  que  résulta,  i  una 
tabla  en  la  que  se  corta  aquélla  a  medida  que  se  va  enfriando.  — 
Puiial  gauchesco. 

Alferazgo.  Fiesta  religiosa  que  costean  uno  ô  mis  alféreces  y 
d  la  que  signe  una  fiesta  casera.  Cada  misa  de  alferazgo  vale  12 
pesos  (en  Bolivia)  y  ningùn  indio  serrano  se  estima  en  algo  si  no 
ha  dado  una  fiesta  por  este  estilo  d  sus  compadres  y  companeros 
de  comunidad. 

Alférez.  Persona  que  sufraga  los  gastos  del  alferazgo. 

Algodôn.  Varios  drboles  de  estos  paises,  de  los  géneros  gossi- 
pîunty  hirsutum  y  tricuspidalum  (mapajo,  toboroschi,  toco-toco, 
etc.);  dan  algodôn  dediferentes  calidades.  Los  naturales  lo  utili- 
zan  para  hamacas  y  otros  tejidos. 

Alibibi.  Especie  de  aji  del  Oriente,  muyrabioso. 

Alilicù.  Avechucho  de  la  especie  buho. 

Almendro  {Bertholetia  excelsa.  Humb.).  Licitideas.  Ârbol 
mngnifico  que  se  yergue  magestuoso  por  encima  de  los  otros 


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262  CIRO    BAYO 


gigantes  de  la  selva  americana.  Sus  cocos  grandes  como  los  de 
la  palma-cocotero,  lo  que  vale  decir,  del  tamano  de  la  cabeza  de 
un  nino  de  pocos  meses,  encierra  hasta  32  almendras  de  corteza 
dura,  planas  por  dos  costados  y  redondeadas  por  el  centre.  Estas 
almendras  del  Para  6  de  Caupolicdn,  como  se  las  Uama,  6  sacupaias 
en  el  Brasil,  saben  a  coco  y  se  comen  crudas  ô  asadas,  aunque  en 
gran  cantidad  son  indigestas.  Molidas  cuando  nuevas,  dan  una  lèche 
muy  gustosa;  cuando  rancias,  dan  por  cada  8  kilogramos  5  de 
aceite  muy  usado  en  perfumeria  y  aùn  para  cocinar.  —  Los  Mr- 
baros  hacen  la  \anioca  cociendo  la  almendra  con  el  maîz.  Ademds 
con  el  liber  del  àrbol,  que  se  obtiene  desprendiendo  la  corteza  en 
grandes  tiras  y  batiéndola  bien,  se  haceuna  estopa  excelente  para 
calafatear  las  embarcaciones  de  los  rios.  —  Es  pura  fabula  lo  que 
algunos  viajeros  cuentan  sobre  el  modo  que  usan  los  monos  para 
abrir  los  cocos  del  almendro,  que  diz  que  los  abren  golpeàndo- 
los  en  las  ramas  de  los  drboles.  Esos  cocos  ùnicamente  se  abren  a 
machete.  Los  que  los  monos  abren  son  los  de  la  especie  Lecytis 
grandiflora  (Aublet),  cuyo  fruto,  cuando  maduro,  abre  por  si  solo 
la  tapa  cônica  del  coco. 

Almizcle.  Olor  caracteristico  también  de  algunos  animales 
americanos,  como  el  caimân,  el  pécari,  etc.  A  muchas  personas 
les  répugna  el  olor  del  almizcle;  sin  embargo,  este  es  el  perfume 
sagrado  de  algunas  tribus  indias,  como  lo  es  del  budhismo. 

Almorranada  (Es  una).  Un  acceso  de  mal  humor.  Alude 
esta  expresiôn,  d  que  es  creencia  que  las  almorranas  producen 
mal  humor  en  los  que  de  ellas  padecen. 

Almud.  Medida  agraria  de  100  varas  cuadradas,  y  otra  medida 
de  capacidad  de  25  libras,  usada  en  el  Departamento  de  Santa 
Cruz  de  la  Sierra  (Bolivia). 

Alpedo.  Véase  la  P. 

Âloe.  Liliâceas.  Planta  repartida  en  casi  todas  las  regiones  cdli- 
das  del  globo.  En  algunos  puntos  donde  la  he  visto,  le  llanian 
acibar  por  el  jugo  amargo  que.  por  incision,  escurre  la  planta. 

Aloja.  Bebida  refrescante  hecha  de  fruta  del  algarrobo  expri- 
mida  en  agua  azucarada. 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  263 

Alzado.  Animal  que  hahuidoal  monte.  Joven  al:(ado  :  por  cre- 
cido  ô  de  buena  estatura  ;  es  crucenismo. 

Alzadora.  Ninera  ;  ordinariamente  negra  6  india. 

Allulla.  Masa  de  harina  de  maiz  y  manteca. 

Amacho.  Sobresaliente  en  algo.  Amacho  tiradoTy  amacho  bebe- 
dor,  dicen  los  gauchos  portenos. 

Amalgamaciôn.  Invenciôn  hecha  en  1 5 52, en  Pachura (Mexico) 
porel  ingenierode  minas  espanol  Bartolomé  Médina.  Como  es  uno 
de  los  procedimientos  empleados  aùn  en  algunos  distritos  por  los 
mas  modestos  establecimientos  metalûrgicos,  no  estard  de  mds 
copiar  esto  que  lei  en  el  tomo  V  de  El  Instrtictor  Reperiorio  (Buenos 
Aires,  1838)  :  «  Dicese,  y  lo  dice tambien  Humboldt,  que  los  mine- 
ros  espanoles  dejaban  tanta  plata  en  los  desechos  después  de  la  amal- 
gamaciôn, como  la  que  sacaban.  Una  compania  inglesa  mandô 
un  comisionado  a  Lima  en  1803  para  saber  si  las  autoridades 
le  permitirian  exportar  el  residuo  de  los  minérales  trabajados  en 
las  minas  de  Pasco,  é  informada  de  que  no  habia  dificultad, 
mandô  la  compania  un  barco  al  Callao  para  traer  un  cargamento 
de  dichos  desechos.  Tan  ciertos  estaban  los  interesados  de  hacer 
una  gran  fortuna,  que  guardaron  el  mayor  secreto  en  la  especu- 
laciôn.  El  barco  volvio  a  Inglaterra,  donde  por  lo  barato  del 
carbôn  pensaban  hallar  un  tesoro.  El  resultado  fué  que  despues 
de  haber  hecho  varias  operaciones,  por  el  fuego,  en  solo  58  tone- 
ladas  no  sacaron  plata  ni  aun  para  pagar  el  carbôn  consumido, 
habiéndoles  costado  el  desengano  mas  de  diez  mil  pesos.  Al 
ano  siguiente  hizo  su  viaje  el  célèbre  Humboldt  y  reviviô  el 
mismo  error  en  su  obra  que  publicô  a  su  vuelta  à  Europa.  Esto 
moviô  a  varias  companias  inglcsas  a  irabajar  las  minas  de  Mexico, 
pero  ya  han  salido  de  este  engano,  à  gran  costa  suya.  » 

AmAru.  Serpiente,  en  quichua.  Tupâc-Amâru,  nombre  del 
cacique  que  sublevô  la  indiada  en  el  alto  Perù;  Amaru-mayOy  rio  de 
la  Serpiente,  como  llamaron  los  quichuas  al  actual  Madré  de 
Dios  d  causa  de  los  muchos  tornos  y  râpidos  de  la  corriente. 

AmAuta.  Sabio  ô  mago  de  la  corte  de  los  incas,  encargado  de  la 
instrucciôn  de  la  nobleza,  d  cuya  casta  pertenecia. 


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264  CIRO    BAYO 


Amazonas.  La  réunion  del  Solimâes  y  Negro  forma  el  rio  pro- 
piamente  tal,  como  le  llamô  nuestro  Orellana.  Segùn  modernas 
investigaciones,  la  fabula  de  las  amazonas  se  reduce  d  que  esos 
son  unas  indias  viejas  repudiadas  que  viven  en  lugares  aislados 
formando  verdaderos  pueblos  de  mujeres,  como  el  que  hallô 
Crevaux  en  el  Parou  (Guayana). 

Ambaibillo.  Véase  MATtco. 

Ambaibo  (jCecropia  palmata.  Wild.  Urticeas).  Ârbol  de  la 
America  del  Sur  también  llamado  «  arbol  del  perezoso  »  porque 
este  animal  (el  perico  ligero)  se  alimenta  con  preferencia  de  las 
hojas,  yemas  y  frutas  de  aquél.  Estas  tienen  la  figura  de  dedos 
de  guante  y  son  de  gusto  exquisito  parecido  al  del  higo.  El 
ambaibo  adorna  las  margenes  de  los  nos  ecuatoriales  y  sus  flores 
y  frutos  alimentan  a  los  peces  que  se  aglomeran  en  los  remansos 
que  sombrea  la  copa  del  drbol,  verde  por  encima  y  blanquecina 
por  abajo. 

America.  En  un  vocabulario  de  americanismos  no  debe  faltar 
esta  voz.  Del  nombre  del  florentino  Amérigo  Vespucci,  Amé- 
rico  Vespucio  en  castellano,  cujos  viajes  al  Nuevo  Mundo  publicô 
en  latin  en  1505.  Américo  es  nombre  derivado  de  Americh  que 
en  antiguo  alemdn  significa  ave  cantora.  Cuantas  disquisiciones 
se  han  aventurado  sobre  el  curioso  tema  del  origen  del  nombre 
America  carecen  de  fundamento,  probndo  que  tal  nombre  se 
conocia  antes  del  descubrimiento  del  Nuevo  Mundo,  sin  apli- 
carse,  como  es  natural,  à  este.  Consta,  ademàs,  que  el  triunfo  del 
florentino  pareciô  tan  injusto  al  Consejo  de  Indias,  que  en  1508 
este  décrété  que  el  nuevo  continente  se  llamase  Colombia  ;  pero 
era  demasiado  tarde.  El  nombre  de  America  habia  prevalecido  en 
mapas  y  relaciones. 

Amigo.  Tiene  muchas  acepciones,  tantas  como  resultan  del 
tono  de  la  voz  y  del  tôpico  de  la  conversaciôn.  V.  gr.  — i  Como  le 
va,  amigo?  —  Ldrguese  ahorita,  amigo.  —  No  embrome, 
amigo.  —  Esta  bueno,  pues,  amigo,  etc.  —  Amigazo  {amigaso) 
dicen    también  los  gauchos.  Grande  y  biien  amigo  es  la  formula 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  265 

cancilleresca  con  que  los  présidentes  de  estas  repùblicas  se  dirigen 
a  los  dénias  jefes  de  Estado,  incluse  reyes  y  emperadores. 

Amuchar.  Hermosa  adaptaciôn  del  arcàico  amuchigar,  aumen- 
tar.  El  rebano  amucha;  las  gallinas  amuchan  ;  es  decir,  se  multi- 
plican.  Amucho  bebedor  =  gran  bebedor. 

Amujar.  Agacharlas  orejas  el  animal  (Arg.). 

Anaconda.  Boa  aquatica,  Pr.  Mav. 

Anana.  Bromelidceas.  Varias  especies  en  America.  Véase  Pina. 

Anastina.  Voz  chiquitana=  «  rendido  à  tus  pies  ».  Plegaria 
religiosa  de  mucha  unciôn  y  armonia  que  los  indios  chiquitanos 
entonan  después  de  la  misa  6  de  otra  fiesta  religiosa.  La  anastina 
se  canta  todos  lossâbados  al  son  de  violines,  y  al  pie  de  las  cruces 
que  adornan  las  encrucijadas  de  los  pueblos,  por  los  ninos  de 
ambos  sexos  dirigidos  por  fiscales  y  fiscalas  conforme  à  la  tradi- 
ciôn  de  los  misioneros  jesuitas.  /^ 

Anatuyo.  Voz  chiquitana.  Animal^e  color  overo  con  man- 
chas  coloradas  ù  oscuras. 

Anca.  Azul  en  quichua.  Asi  Anai-mayo,  rio  azul;  nombre 
del  rio  que  esta  entre  Quito  y  Pasto. 

Anco.  Calabaza  6  especie  de  zapallo.  Hoco  en  Santa  Cruz. 
Lacayote  en  otros  distritos.  —  Anco,  color  blanco  en  quichua. 
Asi  Ancamarca  (pais  abundante  en  calizas  6  pais  blanco)  ;  Anco- 
huma  (cabeza  blanca),  nombre  con  que  antes  era  conocido  el 
Illampu,  el  pico  mas  elevado  de  los  Andes  bolivianos  (7.200 
métros  sobre  el  nivel  del  mar)  d  24  léguas  al  N.  O.  de  La 
Paz.  —  Métal  de  plata  con  aspecto  de  plomo  grueso  6  de  galerna. 
Vulgarmente  «  plomo  ronco  ». 

Ancosa.  Voz  quichua;  de  anccossaniy  brindar.  La  prueba  que 
del  bebestible  pide  el  comprador  a  licoreros  y  vinateros,  suce- 
diendo  que  al  cabo  de  muchas  ancosas  6  cataduras  el  comprador 
suele  quedarse  dormido  en  la  ùltima  taberna  donde  le  dieron  la 
ancosa. 

Anchetas.  Parolas,  palabreria.  Voz  gauchesca. 

Ancho.  Poroto  6  judîa  ancha,  de  segmento  negro. 


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266  CIRO    BAYO 


Anclero.  El  ruletero  ambulante  que  da  vueltas  â  las  maneci- 
tas  ô  anclas  de  la  nieda,  en  las  callesde  Buenos  Aires. 

Ancuco.  Miel  hervida  hasta  reducirla  i  pasta  en  la  que  se 
incrusta  mani,  almendras,  etc. 

ANDARde  florcita,  de  picaflor.  Andar  de  fiesta  en  fiesta.  Andar 
hecho  un  j  ay  de  mi!  Es  término  gauchesco. 

Andavète.  Jarro  ô  pichel  de  la  cabida  de  un  litro,  para 
tomar  chicha.  Es  un  verdadero  anda  y  vête.  Potrillo  en  Chile. 

Andenes.  Escalones  en  las  laderas  de  los  Andes  con  cultives 
«  d  modo  de  piramides  de  verdura  »,  agrega  el  historiador  Pres- 
cott.  —  El  gênerai  Miller  en  sus  «  Memorias  »  supone  que  de 
estos  andenes  vino  llamarse  Andes  â  la  gran  cordillera,  pero  este 
ùltimo  nombre  es  anterior  à  la  conquista. 

Angaripolo.  El  tocuyo  ô  lienzofabricado  en  Toco  (Venezuela), 
que  iba  i  Espana  y  de  aqui  volvia  pintado  y  bien  acondicionado 
para  venderse  en  Cochabamba  con  el  nombre  del  margen. 

Angollo.  Mazamorra  de  harina  de  trigo. 

Angurriento.  Avariento,  codicioso. 

Aniego.  Inundaciôn.  Substantivo  derivado  de  la  conjugaciôn 
irregular  de  anegar. 

Anôn.  Sabrosisima  fruta  Uamada  coraTiôn  en  Puerto  Rico; 
rinôn  en  Venezuela  y  chiritnoya  en  estas  latitudes.  Véase  Chiri- 
moya. 

Anta.  «  Nombre  genérico  de  los  animales  que  tienen  armadura, 
como  el  venado,  gamo,  etc.,  y  de  cuya  piel  se  hacen  calzones, 
petos,  etc.,  que  por  esto  se  llaman  de  piel  Je  ante.  Los  portu- 
gueses  llamaron  anta  al  tapir  americano  por  la  semejanza  de  la 
piel  y  uso  que  de  ella  se  hacia  al  curtirla.  Piel  de  anta  ô  ante  es 
no  solo  la  de  tapir,  si  que  también  la  de  biifalo,  alce,  gamo  y 
venado  preparada  con  aceite  »  (^Diccionario  partugués  de  Fran*^° 
Solano  Constancio).  Véase  Tapir. 

Anta  (corteza  de)  {Drynis  granatensis.  L.).  Magnoliacea,  cuya 
coneza  prétende  el  vulgo  que  come  el  anta  para  medicinarse. 

Anti.  Voz  quichua.  «  Tierra  de  los  Andes.  »  De  ahi,  AntisuyOy 
parte  del  imperio  incdico  que  miraba  à  los  Andes. 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  267 

Antuco.  Diminutivo  quichua  de  Antonio.  Nombre  araucano 
que  équivale  a  «  aguas  del  sol  »  (aniiy  sol  ;  côOy  agua).  — Volcan 
de  Antuco  en  la  provincia  de  Arauco  (Chile). 

Anapa.  Harina  de  algarrobo. 

Apîapanco.  Cactus.  Especie  de  caracori  minùsculo,  de  forma 
esferoidal,  con  abundantes  puas,  que  crece  a  raiz  del  suelo  ô  bien 
parasito  de  otras  plantas.  Es  voz  chiquitana  que  ha  pasado  a  la 
flora  crucena,  como  tantas  otras  voces  indtgenas. 

AnilerIa.  Campo  de  anil.  El  anil  es  un  arbusio  del  cual  se 
extrae  un  jugo  verde  que  al  contacto  del  aire  se  convierte  en  azul 
y  entonces  depone  poco  à  poco  el  anil  ô  indigOy  preciosa  materia 
colorante  tan  estimada  en  tintoreria  y  quimica. 

Apacheta.  Nombre  que  suena  repetidas  veces  en  el  oido  del 
viajero  en  los  Andes.  Adoratorio  de  camino  en  los  altos  de  eues- 
tas  y  coUados,  reducido  muchas  veces  a  un  montôn  de  piedras; 
aunque  en  las  cumbres  de  mas  empeno,  es  una  capillita  de  cal  y 
canto,  con  una  énorme  cruz  empotrada  en  la  pared  del  fondo. 
Hacer  noche  en  una  apacheta  équivale  i  cobijarse  en  un  panteôn 
mortuorio.  Los  indios  de  la  altiplanicie,  en  especial  los  postillo- 
nes,  conservan  la  costumbre  de  escupir  un  poco  de  coca  acullicada 
en  las  apachetas,  antiguo  homenaje  de  gratitud  à  Pachacâmac,  el 
dios  de  la  naturaleza  entre  los  Peruanos,  bajo  cuyo  amparo 
habia  llegado  el  viajero  hasta  la  empinada  apacheta.  El  indio,  al 
llegar  cargado  al  alto  de  la  cuesta,  decia  :  napa-cheta  »,  que  équi- 
vale â  Deo  gratins.  No  contento  con  tirar  coca,  echaba  besos  al 
aire  en  senal  de  adoraciôn,  pues  los  indios  no  tienen  otro  voca- 
blo  que  signifique  adorar  sino  el  coniùn  de  besar.  —  En  el  dia, 
apacheta  es  sinônimo  de  ladronera,  y  asi  se  dice  en  Bolivia  : 
vaya  usted  a  robar  à  una  apacheta,  como  si  dijéramos,  à  Sierra 
Morena  ;  porque  los  contados  bandoleros  que  hay  en  el  pais,  no 
hallan  otro  sitio  mas  propicio  pai:a  desbalijar  al  viajero  que  el 
alto  de  una  apacheta,  que  ademas  suele  ser  el  cruce  de  varios 
caminos  de  la  sierra. 

Apalama.  El  pilarcito  donde  se  pone  la  pieza  para  el  juego  de 


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268  CIRO    BAYO 


la  raqueta.  Lance  del  mismo  juego  en  que  dos  tejos  estan  a 
igual  distancia  del  blanco. 

Apalancar.  La  acciôn  de  guiar  los  punteros  de  las  embarca- 
ciones  del  Béni  a  un  costado  del  rio  para  encostarlas  à  amarrarlas. 

Aparcero.  Como  en  Andalucta,  mediero,  participe  en  un  tra- 
bajo  6  industria.  También  es  sinônimo  de  amigo  intimo  y 
en  tal  sentido  es  cariiïoso  este  saludo  entre  paisanos  argentines  : 
i  Cômo  dice  que  le  va,  aparcero  ? 

Apenas  (ser  6  estar  de).  Servir  de  poca  cosa. 

Aperarse.  Proveerse,  vestirse.  Asi,  «  laiglesiase  aperôcontodo 
le  necesario  »  ..,  escribe  un  misionero  al  prefecto  de  la  provincia. 

ApereA.  Nombre  guarani  muy  generalizado  en  el  Rio  de  la 
Plata,  del  cuis  6  conejillo  de  Indias. 

ApfRi.  Indio  que  acarrea  el  minerai  en  las  minas;  y  por  exten- 
sion el  faquin  6  indio  cargador  de  la  ciudad  de  la  Paz. 

Apoparado.  Atontado,  medio  opa.  Véase  Opa. 

Aproches.  Inmediaciones,  cercanias.  La  Academia  admite 
este  vocablo  en  el  sentido  de  preparaiivos  para  acercarse  a  bâtir 
una  plaza. 

Aptapi.  Colecta,  en  quichua.  Gira  campestre  de  jôvenes  de 
ambos  sexos  que  se  acuotan  para  ello.  Las  mujeres  ponen  la 
comida  y  los  hombres  los  licores,  y  unos  y  otrosesia  amabilidad 
criolla  de  que  guardo  indeleble  recuerdo  por  alguno  que  otro 
aptdpi  d  orillas  del  Nuccho,  en  Chuquisaca. 

Apunarse.  Véase  Puna. 

Aputàmu.  Véase  JaputAmu. 

Araonas.  Indios  del  Madré  de  Dios,  al  Noroeste  de  Bolivia, 
casi  todos  conquistados  por  los  barraqueros  de  este  rio.  Hablan 
el  idioma  tacana  y  son  de  costumbres  mansas  y  apacibles.  Los 
Cavinas  y  Machuis  son  sus  aliados  y  parientes. 

ArAra.  No  se  Uama  con  otro  nombre  al  papagayo,  en  todo  el 
Oriente  boliviano.  Varias  especies  del  género  psittacus  y  hya- 
cinthus  de  rutilante  color.  Arara  es  voz  guarani,  aumentativo 
de  ara^  periquito  6  cotorra. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  269 

Araroba.  Ârbol  equinoccial  en  estas  latitudes.  La  corteza 
reducida  a  polvo  suministra  los  famosos  polvos  rojos  de  Bahia 
(Brasil)  indicados  contra  las  herpès. 

Araucano.  Los  indios  pampas  del  sud  de  la  Argentina  (calfu- 
curaches,  pehuenches,  catrielches,  ranquelches,  etc.)  se  conside- 
ran  como  originarios  de  Chile  y  hermanos  de  los  araucanos. 
Hablan  el  auca  que  es  el  idioma  generalizado  en  el  sur,  rico  y 
armonioso  ;  y  todosellos  locomprenden,  por  diferentes  quesean  los 
acentos.  —  Sabido  es  que  la  Eneida  de  Chile,  La  Araucana^  es 
obra  de  Alonso  de  Ercilla  que  no  hizo  mds  que  poner  en  verso 
su  diario  militar. 

Arca  (del  hueso).  La  clavicula,  en  Buenos  Aires.  En  otras 
partes  de  la  Argentina  eslilla,  Tranquilla  en  Santa  Cruz  de  la 
Sierra. 

ArcaIsmgs.  Son  muchos  ;  unos  pueden  considenirse  como 
vicios  de  pronunciaciôn  y  alteraciones  de  vocablos  (la  termina- 
ciôn  tes  del  pretérito,  y  ate  de  los  verbos,  como  sosegdte,  andaie, 
etc.),  otroscomo  supervivencias  del  castellano  antiguo  (a  cas  de — 
denantes  —  gud  —  hechizo),  etc. 

Arco.  Los  arcos  de  los  indios  del  Oriente  son  hechos  de  madera 
dura  y  elastica  labrada  de  algunos  drboles  y  palmeras,  singular- 
mente  de  la  chonta.  Para  templar  el  arco  lo  agarran  con  la  mano 
izquierda,  y  con  la  derecha  toman  la  flécha  y  el  cordel  que 
sueltan  a  un  tiempo,  torciendo  el  cuerpo  algo  d  la  izquierda. 
Variable  es  el  tamano  de  esta  arma  primitiva,  siendo  de  notar 
que  las  tribus  cazadoras  y  mansas  la  usan  mas  corta  que  las 
guerreras.  Asi,  mientras  los  pacificos  araona  del  Béni  y  guarayo 
de  Santa  Cruz  de  la  Sierra  emplean  un  arco  de  menos  de  un 
métro,  el  del  indômito  sirionô,  que  vive  al  lado,  alcanza  métro  y 
medio  y  algo  mds.  El  arco  sirve  d  los  indios  como  maza  de  guerra, 
con  la  que  se  defienden  en  caso  de  sorpresa  y  con  la  que  rematan 
d  las  victimas  ya  heridas  por  la  flécha  y  que  se  debaten  con  las 
ansias  de  la  muerte. 

Arepa.  Como  la  famosa  de  Antioquia  (Colombia),  se  hace  en 


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270  CIRO    BAYO 


Santa  Cruz  de  la  Sierra  de  harina  de  yuca  ô  de  maiz  puesta  d 
calentar  en  el  tiesto,  con  lo  que  résulta  una  masa  abizcochada 
muy  aparente  para  acompinar  al  café  ô  «  servir  de  lictores  del 
chocolaté  »,  como  llama  Marroquind  los  bizcochos. 

Argentina.  Nombre  que  aplicô  a  las  Provincias  del  Rio  de  la 
Plata  el  poeta  é  historiador  Barco  de  Centenera  en  su  poenia 
«  La  Argentina  » ,  y  que  después  ha  servido  para  designar  la 
repùblica  actual. 

Argolla.  El  anillo  de  compromiso  que  regala  el  novio. 

Armada.  Plazo  ô  vez.  Asi,  d  pagar  en  cuatro  armadas. 

Armado.  Pescado  de  tamano  variable,  sin  escama,  con  dos 
hileras  de  espinas  d  cada  lado  d  manera  de  sierra.  Llega  d  tener 
hasta  una  arroba  de  peso  y  su  carne  es  muy  sabrosa  y  alimenti- 
cia.  Su  vitalidad  es  poderosa  :  fuera  del  agua  vive  un  dia,  y 
aùn  después  de  destripado,  desoUado  ysalado,  continua  su  carne 
palpitante.  Criase  en  los  nos  del  Oriente  boliviano. 

Armador.  El  chaleco. 

Arranchar.  Hacerse  de  algo  ô  aprehender  d  alguno. 

ArrayAn  ô  mirto.  Toda  la  planta,  conocida  en  Europa,  es  aro- 
mdtica.  De  ella  se  extrae  el  cosmético  conocido  con  el  nombre  <ie 
«  agua  deângel  ».  Los  brasilenos  llamand  sus  frutos  «  craveiro  da 
terra  »  .  —  Hay  en  la  especie  argentina  una  particularidad  zoolô- 
gica  :  «  la  oruga  del  esquife  »,  segùn  la  ha  denominado  el  Sr. 
Mdrcos  Sastre  en  el  «  Tempe  andino  ».  — Véase  en  la  O. 

Arreada.  El  acto  de  arrear  una  tropa.  Véase  Tropa.  Leva  for- 
zosa  en  dias  de  revoluciôn. 

Arreador.  Ldtigo  de  mango  grueso  y  lonja  larga  que  se  usa 
para  arrear  el  ganado. 

Arrechada.  Mujer  cachonda  (Arg.). 

ARREQ.U1NTAR.    Apretar   fuertemente    con   cuerda  ô   vendaje- 

(Arg.). 

Arria.  Recua  de  caballerîas  ;  y  por  extension  el  conjunto  de 
personas  despreciables. 

Arribeno,  llaman  en  Buenos  Aires  al  provinciano  del  inte- 
rior. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  27 1 

Arriéras.  Hormigas  que  en  recuas  ô  arrias  andan  siempre 
por  un  camino  perfectamente  trazado  hasta  el  punto  fijado, 
para  dispersarse  en  busca  de  alimento  ;  y  por  el  cual,  en  gran 
orden,  van  las  mis  cargadas  con  su  provision  y  vienen  las  otras 
sin  carga  en  busca  de  ella.  A  las  mismas  6  de  especie  afin  (neu- 
rôpUras)  Uaman  caT^adoras  en  el  oriente  de  Bolivia,  a  cuyo  recuerdo 
se  me  crispan  los  nervios,  acorddndome  de  los  malos  ratos  que 
me  han  hecho  pasar  en  mis  caravanas  por  aquella  région. 

Arrimante.  Véase  Janacona. 

Arrocillo  {Asprella  ori:(pyde),  Graminea  de  campos  hùme- 
dos,  muy  apetecida  por  el  ganado,  y  de  flores  parecidas  à  las 
del  arroz. 

ArtIculos  coloniales.  En  esta  clasificaciôn  se  comprenden  el 
café,  té,  azùcar,  especias,  algodôn,drogas,substancias  tintôreas,  y 
maderas  de  ebanisteria  como  el  cedro,  la  caoba,  el  palisan- 
dro,  etc. 

Artocarpo  {Artocarpus  incisa,  L.)  Es  el  arrogante  drbol  bau- 
tizado  también  con  el  nombre  de  «  Ârbol  del  Pan  »,  que  abunda 
asî  mismo  en  Oceania.  El  alimento  lo  constituye  la  pulpa  fari- 
nicea  de  sus  frutos,  perfectamente  esféricos  y  de  gran  tamano, 
la  cual  después  de  asada  en  el  horno  se  corne  con  manteca,  y  es 
un  bocado  de  ângel.  —  Es  el  mand  de  algunos  indios  del  Oriente 
quienes  lo  comen  sin  tantos  requilorios. 

AsACii  {Ura  brasilensis.  Wildenow).  Euforbidceas.  Ârbol  colo- 
sal  del  cual  se  extrae  por  incision  un  zumo  gomoso  que  se  soli- 
difica  como  el  de  la  seringuera.  Los  indios  del  Oriente  usan  de 
él  para  embriagar  d  los  peces. 

AsADO  con  cuero.  Famoso  plato  crioUo  superior  d  todos  los 
asados  de  la  cocina  europea.  —  Se  prefiere  siempre  una  ternera 
6  vaquillona  gorda.  Se  destina  para  el  asado  de  campo,  los  cos- 
tillarcs,  el  pecho  y  el  anca.  Al  sacar  los  trozos  mencionados,  debe 
quedar  siempre  un  sobrante  de  cuero  de  très  dedos,  lo  menos,  al 
rededor  de  cada  manta  de  carne,  para  que  no  se  queme  esta  al 
asarse.  Préndese  un  buen  fuego  al  aire,  protegido  por  un  ârbol  6 


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272  CIRO   BAYO 


una  pared  ;  se  agregan  huesos  de  osamenta  vacuna,  y  cuando  todo 
esta  quemado,  se  le  da  vueltas  con  largos  palos  a  propôsito.  Al 
tiempo  de  corner,  se  le  sala  con  salmuera. 

El  asado  con  cuero  es  obligado  en  las  fiestas  campestres,  en  giras 
y  expediciones  de  caza,  hierras,  remates,  etc.  Es  de  origen  arabe, 
y  por  esto  dice  Alejandro  Dumas  que  lo  aprendiô  a  preparar  en 
Argelia. 

AsAHt  ÇEuterpeedtilis,  Martius).  Una  de  las  palmeras  mas  her- 
mosas  de  los  trôpicos  ;  de  tronco  liso  y  recto,  con  un  penacho  de 
hojas  palmeadas,  compuestas  de  foliolos  dispuestos  como  los  de 
una  pluma  de  ave.  Con  sus  cocos  se  prépara  una  bebida  azuca- 
rada,  color  vinoso,  muy  réfrigérante  que  en  el  Pard  llaman 
coahy,  Goza  también  de  predicamento  el  palmito  que  suministran 
sus  hojas  antes  de  su  perfecto  desarrollo  y  que  he  tomado  muchas 
veces  como  ensalada  entre  el  arroz  y  charqucy  y  charque  y  arroz, 
obligada  menestrade  la  navegaciôn  fluvial  en  los  rios  de  Bolivia. 

AsAYÉ.  Espuerta  hecha  de  palma,  muy  en  uso  en  todo  el 
Oriente  boliviano. 

AsERO.  Culebra,  en  aimarâ.  —  Asero-marca,  pais  de  culebras, 
Provincia  del  Acero  (debiera  escribirse  Asero)  en  el  Departa- 
mento  boliviano  de  Chuquîsaca,  etc. 

AsoROCHARSE.  Apuuarsc. 

AsPAS.  Astas  6  cuernos  de  animal  vacuno. 

AsTi-ABiERTA   Res  comicancha. 

Atabaliba.  Ataliba  ô  Atahuallpa.  Con  estos  nombres  se 
llama  al  infortunado  principe  indro  que  gobernaba  el  imperio 
peruano  à  la  llegada  de  los  espanoles.  Oviedo  en  su  «  Histo- 
ria  de  las  Indias  »  escribe  Atabaliba  ;  el  inca  Garcilaso,  Atahuall- 
pa, y  prétende  que  los  gallos  traîdos  por  los  espanoles  pronun- 
ciaban  cantando  el  nombre  de  Atahuallpa,  de  donde  le  vino  à  la 
gallina  el  nombre  de  huallpa  ô  gualpa  que  aun  conserva  en  qui- 
chua.  El  Padre  Blas  Valero  (cuzqueno)  atribuye  esta  etimologia 
d  que  cuando  los  gallos  cantaban,  los  indios  creian  que  lloraban 
por  la  muerte  del  inca. 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  273 

Atabaliba  es  el  nombre  de  pila  de  algunos  americanos,  y  él  ha 
tenido  el  honor  de  verbalizarse  en  : 

Atalibar,  sinônimo  en  la  Argentîna  de  robar,  espoliar,  por 
un  Don  Ataliba  (el  apellido  se  calla)  que  hizo  méritos  suficientes 
para  verbalizar  su  nombre,  cmulando  d  Guillotin,  Lynch,  Boy- 
cott, Escobar,  Lambin  y  demis  quedisfrutaron  de  igual  privilegio. 
«  Me  han  atalibado  el  reloj  »,  dice  un  porteiio,  asi  como  los 
chicuelos  de  Paris  gritaban  alla  por  1 791  :  «  Me  han  brissotcado 
el  trompo  »,  aludiendo  a  Brissot,  hombre  de  mala  reputaciôn  en 
lo  referente  al  séptimo  mandamiento. 

Atabacado.  Empachado,  hastiado.  Voz  gauchesca. 

Atado.  Cajetilla  de  cigarrillos. 

Ataja-camino.  Pajaro,  como  nuestro  aguzanieve,  que  vuela 
de  trecho  en  trecho,  asustando  d  las  caballerias. 

Ataja  (La).  Arritranca  que  se  pone  en  la  grupa  del  animal 
para  que  la  montura  no  se  corra  adelante. 

Atarantado.  Aturdido  ;  picado  de  la  tardntula,  dedonde  indu- 
dablemente  dériva  este  provincialismo  boliviano. 

Atirantar.  Estaquear  en  la  Argentina.  Estirar  en  el  suelo  d 
una  persona,  agarrdndola  de  pies  y  manos  paraser  azotada.  Espec- 
tdculo  muy  frecuente  en  cuarteles,  comisarîas  y  corregimientos 
de  estos  paîses,  no  menos  que  en  ciertas  barracas  y  estancias  en 
las  que  impera  el  régimen  feudal. 

Atocinatado.  Pesado  de  carnes,  obeso. 

Atorarse.  Estacionarse  algo  6  alguien  ;  los  alimentos  en  el 
bûche,  una  persona  en  un  sitio,  etc.  En  catalan  hayel  verbo  aiu- 
rar  con  igual  significaciôn. 

Atortojarse.  AbatatarsCy  turbarse,  encogerse  como  una  rosca 
6  torta. 

Atorrante.  El  vago  y  azotacalles,  en  argot  rio-platense.  Qui- 
zâs  tenga  su  derivado  en  û  atorarse  anterior.  Al  atorrante^  llaman 
en  Montevideo  gniso  ô  guisote,  y  garabito  en  oiros  puntos. 

Atracarse.  Acercarse  con  buena  ô  mala  intcnciôn.  Se  me 
atracô  y  le  pegué  un  rebencazo.  —  Me  le  atraqué  para  saludarle. 

Rtxme  hitpaniqut.  xiv.  i8 


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274  CÏRO   BAYO 


Atuel.  Voz  auca  («  Laraentaciôn  »).  Nombre  de  un  rio  de  la 
provincia  argentina  de  Mendoza. 

Auca.  Voz  quichua  :  el  sombrero  hongo.  —  La  lengua  araucana 
que  hablan  6  comprenden  los  indios  de  Chile  y  del  sud  de  la 
Argentina. 

AuDiENCiA.  Por  lo  gênerai,  la  corte  de  Madrid  se  conformaba 
para  lo  temporal  con  las  dîvisiones  espirituales  que  regian  para 
los  Obispados,  y  aun  con  las  establecidas  como  provincias  por 
diferentes  ôrdenes  religiosas.  Tal  se  détermina  en  la  real  cédula 
de  1636.  Las  «  Reaies  Audiencias  »  en  America  obedecian  d  una 
division  tan  racional  y  bien  establecida,  que  ellas  han  dado  la 
pauta  à  las  nuevas  nacionalidades  en  que  se  fraccionô  la  vasta 
unidad  del  imperio  hispano-americano.  Cuanto  mas  se  estudia 
el  sistema  geogrdfico  de  las  antiguas  audiencias,  tanto  mds  se 
admira  la  sabiduria  que  ha  procedido  a  su  colocaciôn  respectiva. 
Absurdo  hubiera  sido  trazar  el  largo  de  los  territorios  de  occi- 
dente  d  oriente,  porque  el  deseo  de  dar  iguales  costas  d  las 
Audiencias  hubiera  producido  el  efecto  de  hacer  centrales  y  ale- 
jadas  del  mar  la  mayor  parte  de  los  territorios  y  provincias  de  cada 
una  de  las  secciones.  En  el  sistema  preferido  por  Espaiia,  las 
Audiencias  interiores  pueden  acercarse  mds  d  la  costa,  dado  que 
aquéllas  que  ostentan  configuraciôn  litoral  toman  en  su  longitud 
todo  el  espacio  que  necesita  su  unidad  territorial.  Paises  cortados 
desde  el  Amazonas  hasta  el  Pacifîco  ^  hubieran  sido  mds  accesibles 
al  comercio  que  lo  son  hoy  Bolivia  y  el  Perù,  guardando  esa 
contiguïdad  de  tan  fdcil  comunicaciôn  ?  Casi  todas  las  dificultades 
de  las  repùblicas  sud-americanas  son  mds  bien  aduaneras  que 
geogrdficas. 

AuRORA.  Chicha  cochabambina  que  los  aficionados  prefieren 
al  vino. 

AvESTRUz.  Véase  NandO. 

AviADO  y  Aviador.  El  habilitado  para  un  negocio  y  empresa, 
y  el  habilitador. 

Ayacucho.  Etimolôgicamente,  «  rincôn  de  los  muertos  »,  por- 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  275 

que  los  primeros  espanoles  hicieron  en  ese  lugar  una  gran  carni- 
ceria  de  peruanos.  En  su  Uanura  se  librô  à  9  Diciembre  de  1824 
la  batalla  que  puso  fin  a  laguerra  de  la  independencia  sud-ame- 
ricana  que  duré  quince  afios.  «  Mariscal  de  Ayacucho  »  es  el 
titulo  con  que  se  galardonô  al  vencedor  en  la  jornada,  Antonio 
José  Sucre.  Devueltaal  hogar  los  ilustres  vencidos,  fueron  llama- 
dos  «  Ayacuchos  »  en  Espana,  como  senal  de  ignominia.  Partido 
«  ayacucho  »  fué  llaniada  la  fracciôn  libéral  que  militaba  en  el 
partido  libéral  durante  la  reacciôn  de  la  «  década  ominosa  »  ;  y 
antes  que  progresista,  fué  llamado  partido  ayacucho  aquél  d 
cuyo  frente  se  puso  el  gênerai  Espartero,  quien  si  bien  peleô  en 
America  no  esiuvo  comprendido  en  la  capitulaciôn  del  9  de 
Diciembre,  por  haberle  cabido  la  suerte  de  estar  en  comisiôn  à 
Espana  con  pliegos  del  virrey  Laserna. 

Conforme  à  la  etimologia  ya  apuntada,  se  derivan  Ayapampa 
(campo  de  los  difuntos),  Ayapata  (cumbre  de  los  muertos)  y 
otros  nombres  de  localidades. 

Ayarichis.  Cierta  comunidad  indigena  del  Departamento  de 
La  Paz,  que  baila  una  danza  llamada  «  ayarichi  »,  al  son  del  5iVtt 
6  especie  deflauta  de  Pan,  pues  los  tubos  de  cana  estdn  paralela- 
mente,  de  mayor  à  menor  en  largo  y  anchura,  con  las  aberturas 
en  una  sola  linea. 

Ay  juna  !  Interjecciôn  gauchesca  de  admiraciôn,  sîncope  de 
hijo  de  p... 

Un  ginete  del  Bragado 

de  apdativo  Laguna, 

mozo  ginetazo,  (  ay  juna  !  Etc. 

Ayllo.  Del  quichua:  linaje,  casta  6  familia.  Parcialidad  en  que 
se  subdivide  una  comunidad  indigena. 

AzoTARSE  (à  algo).  Arrojarsecon  prontitud  «  como  carpinchod 
la  mar  »  (Ascasubi). 

AzoTEA.  Toda  casa  de  adobe  en  la  campana  de  Buenos  Aires  de 
techo  piano,  tenga  6  no  terrado  6  azotea.  Cuando  el  techo  for- 


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276  CIRO   BAYO 


ma  dngulo   para  la  caida  del  agua  de  la  Uuvia,  ildmase  casa 
média. 

AzoTERA.  Los  dos  cabos  de  la  rienda  que  saliendo  del  nudo  en 
que  éstosse  reunen,  sirven  para  azotar  el  caballo  ifalta  de  reben- 
que  6  talero.  Los  arabes  usan  también  riendas  con  azoteras.  En 
Bolivia  usan  el  chicotilloy  que  es  una  gruesa  lonja  de  cueroen  for- 
ma de  larga  palmeta,  hendida  en  dos  suelas  y  anadido  à  las  rien- 
das. 

B 

Baba.  Mariposa  grande  de  rutilantes  colores,  correspondiente 
à  la  magnifica  «  barboleta  »  del  Brasil.  Es  voz  muy  propia  apli- 
cada  d  las  pegajosas  mariposas  noaumas  que  infestan  las  pasca- 
nas  de  Chiquitos,  molestando  i  personas  y  animales. 

BacAn.  El  abarraganado.  El  amante  de  una  prôjima. 

Bacaray.  Ternero  nonato.  Sulloen  quichua. 

Bachicha.  Nombre  que  se  da  en  Buenos  Aires  à  los  emigran- 
tes  italianos.  Entre  el  vulgo  itilico,  sobre  todo  en  la  Liguria,  es 
frecuente  el  nombre  de  Juan  Bautista  que,  abreviado  como  Paddy 
de  Patricio  en  Irlanda,  se  ha  hecho  Bachicha,  Bautista. 

Bagual.  Qballo  alzado  de  las  Pampas,  procedente  de  la  ma- 
nada  que  hubo  de  abandonar  el  adelantado  Mendoza.  Pocos  bagua- 
Ics  quedan  ya  d  medida  que  el  hombre  avanza  en  la  conquista 
del  desierto.  Es  sinônimo,  por  consiguiente,  de  caballo  indômito 
y  arisco.  A  la  moda  de  Portugal,  dos  burros  sobre  un  baguai. 
Loc.  popular. 

i  Eh  baguai  !  Es  voz  portena  équivalente  d  nuestro  j  No  sea 
V.  animal  !,  cuando  un  atolondrado  nos  pisa  un  callo,  6  nos  da 
un  encontronazo  al  doblar  de  una  esquina. 

Baile.  En  la  Argentina  y  Bolivia  como  en  el  resto  de  Ame- 
rica, hay  bailesded  dos,  que  son  de  importaciôn  europea,  polcas, 
valses,  etc.,  y  bailes  sueltos  que  son  los  tipicos  de  la  tierra. 
Antes  se  bailaban  el  pericôn,  cielito,  tango,  galopa,  etc.  ;  hoy  el 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  277 

gaio,  triunfo,  chacarera,  marote,  correntino,  remedio,  prado, 
huelky  firmeza,  cuando,  pajarito,  cueca  ô  zamacueca  que  es  baile 
chileno,  etc.,  etc.  Casi  todos  estos  bailes  empiezan  d  la  voz  de 
saque  del  guitarrero,  y  cuando  el  bailador  sacô  pareja  responde  à 
su  vez  «  meta  »  (mùsica).  Entonces  el  miisico  comienza  d  ento- 
nar  su  copia  d  cuyo  tiempo  empieza  el  movimiento.  Bailes  hay 
como  el  gato,  que  es  el  gauchesco  por  excelencia,  que  se  acom- 
paiia  con  «  relaciôn  »,  castaiieteo  de  dedos  y  lances  de  panuelo. 
Véase  Milonguero.  El  baile  popular  boliviano  es  la  cueca. 

Balaca.  Hablador,  parleta.  Nombre  balaca,  dice  el  gaucho 
aludiendo  sin  duda  al  continuo  balar  de  corderos  y  vaquillonas. 

Balsa.  Embarcaciôn  construida  con  un  palo  muy  liviano,  11a- 
mado  «  palo  de  balsa  »,  muy  adecuada  para  navegar  rios  como 
los  tributarios  del  Béni  de  poco  fondo  y  rdpida  corriente.  Cada 
balsa  consta  de  siete  palos,  de  los  cuales  el  del  centro,  que  es  el 
mds  largo,  se  llama  «  pescuezo  »  porque  al  remate  forma  laproa. 
A  unoy  otro  lado  del  pescuezo  estan  los  huatlris  ;  vienen  después 
los  a  maestres  »,  y  los  de  cada  costado  extremo  con  las 
«  voladoras  ».  Dos  6  très  balsas  unidas  forman  el  «  callapo  ».  Las 
guarachas  »  son  los  asientos  latérales  formados  en  el  callapo. 
Véase  Callapo. 

BAlsamo  de  Tolù.  Extrâese  de  una  leguminosa  ÇMyrospermum 
ioluiferum.  De  Candolle).  Se  emplea  como  estimulante  en  medici- 
na,  y  su  nombre  dériva  de  la  ciudad  de  Tolù,  en  Colombia. 

Balsôn.  La  soga  del  timôn  del  arado  que  va  atada  al  yugo. 

Ballata  ô  Guallata.  Voz  quichua.  Zancuda  de  la  especie  del 
flamenco,  que  habita  los  lagos  de  la  cordillera  y  lagunas  del 
Oriente. 

Bamba.  Desinencia  del  vocablo  Pampa.  Entra  en  la  composi- 
ciôn  del  nombre  de  muchos  pueblos,  lugares  y  postas.  Cochabamba 
(ciudad  de  Bolivia  =  laguna  en  la  llanada).  Totabamba  (llanura 
de  enea),  etc. 

BambA.  Voz  brasilena  usada  en  el  departamento  boliviano  de 
Santa  Cruz  de  la  Sierra.  Res  de  color  uniforme  con  brochazos 
blancos  como  churrones  de  cal  ô  yeso. 


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278  CIRO    BAYO 


BambiJ.  VéaseTACUARA.  Novio  bambûy  noviocalabaceado  (Arg.). 

Banana  y  Bananero.  Nombres  brasilenos  del  plàtano  y  plata- 
nal,  usados  indistintamente  en  las  repùblicas  sud-americanas. 
Véase  Plàtano. 

Banco.  «  Hacerle  banco  à  alguno  »  ;  humillarlo  como  reo  en 
banquillo.  Es  argentinisnîo. 

Bandera.  Las  fajas  céleste  y  blancaeran  el  simbolo  de  la  sobe- 
ranîa  de  nuestros  reyes  en  Flandes,  Ndpoles  é  Indias.  De  esta  ban- 
dera real  hicieron  los  argentines  divisa  y  escarapela  el  25  de 
Mayo  de  18 10  y  mas  adelante  bandera  nacional  el  gênerai  Bel- 
grano. 

La  bandera  boliviana  parece  ser  que  dériva  del  arco  iris,  cuyos 
colores  principales  adornaban  el  estandarte  del  incadel  Perù.  Sin 
embargo,  es  tradiciôn  en  el  pais,  que  estando  los  congresistas 
divididos  en  el  asuntode  los  colores  de  la  nueva  bandera,  diéronse 
un  cuarto  inlermedio  para  deliberar,  i  cuyo  tiempo  apareciô  en  el 
patio  del  salon  législative  una  chola  naranjera.  Su  mantôn  rojo, 
el  amarillo  de  las  naranjas  en  el  cesto  y  la  pollera  verde  de  esa 
mujer,  fueron  una  inspiraciôn,  de  tal  suerte,  que  por  unanimi- 
dad  se  decidiô  que  los  colores  encarnado,  amarillo  y  verde  fue- 
ran  los  de  la  bandera  de  la  Repùblica. 

Bandera  de  remate.  El  trapo  con  la  divisa  ô  nombre  del  mar- 
tillero  6  rematador  que,  como  pendôn  de  los  farautes,  flota  en 
poblados  y  despoblados  donde  quiera  se  verifica  el  rcmate. 
Subasta  derivase  precisamente  del  sub-hasta  de  los  romanos. 

Bandolero.  El  tocador  de  bandola  ;  y  también  el  ocioso  entre 
los  chuquisaquenos. 

Bandurria  (Ibis  nielanopis),  Ave  acudtica,  grande  como  una 
pava,  y  del  sabor  de  esta.  Es  de  cuerpo  gris  plateado,  con  el 
pecho  y  el  rêvés  de  las  alas  blancas,  formando  un  hermoso  con- 
traste cuando  vuela,  casi  siempreen  bandadas.  Tiene  un  pequeno 
copete  y  un  pico  muy  largo.  Su  canto,  sin  ser  desagradable,  no 
abona  ciertamente  el  nombre  del  ave.  A  esta  se  le  llama  tam- 
bién caquingora  en  quichua,  y  camion  en  otros  paîses. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  279 

Bagresapo.  Renacuajo.  Guasarapo  en  Mendoza. 

Baoueano.  Guîa,  practicode  la  Pampa.  El  baqueano  es  un  tipo 
de  las  pampas  tan  util  y  notable  comoel  rastreador.  De  ambos  se 
hacen  lenguas  los  escritores  argentines,  d  causa  de  la  maravillosa 
destreza  que  demuestran  en  seguir  una  senda  6  rastrillada.  El 
baqueano  es  hombre  que  ha  debido  de  andar  mucho  y  tener 
buen  ojo  para  reconocer  lo  andado,  cosa  no  muy  ficil  en  la  pam- 
pasia  donde,  como  vulgarmente  se  dice,  todo  el  monte  es  oré- 
gano,  d  causa  de  la  uniformidad  del  paisaje.  El  rastreador,  de 
mas  mérito  aùn,  tiene  vista  y  olfato,  pues  conoce  las  huellas  de 
un  animal,  y  da  con  un  individuo  por  oculto  que  esté.  En  una 
palabra,  si  el  baqueano  es  la  brûjula  de  la  pampa,  el  rastreador 
es  el  sabueso.  —  El  mérito  de  ambos  se  aquilata  reflexionando  lo 
que  es  la  Pampa  platense,  verde  llanura,  mar  seco  sin  orillas,  d 
veces  sin  un  drbol,  sin  un  médano,  sin  un  hilo  de  agua,  océano 
de  verdura  donde  todo  rastro  se  pierde  como  el  surcode  la  quilla 
en  el  agua,  y  donde  ya  alzado  el  sol,  quienquier  que  no  sea 
baqueano  pierde  el  rumbo  y  anda  como  unaaguja  loca  de  imantar, 

Baqueano  en  mi  opinion  debiera  escribirse  vaqueano,  pues  es 
mds  que  probable  dérive  de  vaquero,  el  mejor  prdctico  de  un 
terreno  por  razôn  de  su  oficio  nômada,  pero  lento  y  continuo. 
El  Sr.  Cuervo  apunta  que  dériva  de  baquia^  término  con  que  los 
espanoles  designaron  después  de  la  conquista  d  los  soldados  vie- 
jos,  y  significa  veterano,  experio.  Anade  que  Juan  de  Guzmdn 
en  su  notaciôn  28  sobre  la  Geôrgica  1*  de  Virgilio  escribe 
«  vaquiano  »,  diciendo  que  es  voz  de  la  isla  de  Santo  Domingo. 
Pudo  tener  razôn  Guzmdn,  pero  es  muy  singular  que  Esteban 
Pichardo  en  su  «  Vocabulario  de  voces  cubanas  »  no  cite  ni  por 
asomo  ese  vocablo,  esro  que  Pichardo  era  nacido  «  en  el  corazôn 
de  la  isla  de  Santo  Domingo  »  como  el  mismo  dice  en  el  prô- 
logo  de  su  obra. 

Baquetù.  Aventadorô  sopladorde  palma  que  usan  en  Mojos. 
Ebéjecn  Santa  Cruz. 

Barbacoa.  Tablado  junto  al  techo  de  la  casa  para  guardar  gra- 


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280  CIRO   BAYO 


nos,  frutos,  etc.  Es  voz  generalizada  en  toda  America.  En  Bolivia 
se  le  llama  también  guaracha  y  tendal  segùn  sirva  ademâs  de 
asiento  6  de  colgadero. 

Barbasco  ô  verbasco  {Robinia  Nicou).  Bejuco  cuya  corteza  se 
emplea  como  veneno  végétal  para  embarbascar  los  peces.  Varios 
son  los  bejucos,  todos  ellos  énormes,  que  sumergiéndolos  en  el 
agua  envenenan  el  pescado  de  nos  y  lagunas  :  el  citado  Bobinia, 
el  Bignonia  scandenSy  Barrière;  el  Saqquinia  armilaris  y  el 
Astragalo  incanis  ;  todos  ellos  frutescentes  y  de  frutos  purpùreos. 
Al  barbasco  llaman  timbô  en  guarani. 

Barbilla  ô  barbada.  Jâquima  6  cabezada  con  un  bocado  de 
palo  que  como  la  yacuma  se  pone  â  los  burros  conductores  de 
maiz  ô  alfalfa  para  que  no  coman  de  la  carga  de  los  companeros. 

BARBiauEjo  6  barbijo.  Panuelo  para  la  cabeza  puesto  a  la 
mujeriega  ô  a  la  catalana,  es  decir,  atado  bajo  la  barba.  Ûsanlo 
los  gauchos  bajo  el  sombrero  en  sus  trabajos  pastoriles  para  evi- 
tar  el  frio  y  el  sol. 

«  Hacerle  un  barbijo  d  alguien  »,  hacerle  un  chirloen  la  cara. 

Barcino.  Color  blanco  y  pardo,  como  en  todas  partes  ;  pero 
ademàs  en  la  Argentina  es  el  poUtico  que  muda  de  casaca. 

Barraca.  Depôsito  de  cueros  y  lanas  en  la  Argentina.  —  La 
factoria  à  orillas  de  los  nos  donde  se  recoje  toda  la  goma  elabo- 
rada  en  los  centros  del  Béni  y  Madré  de  Dios. 

Barrajar.  Derribarcon  fuerza  en  el  suelo.  «  Es  enérgica  esta 
expresiôn  americana  :  le  barrajô  contra  el  suelo  »,  dice  Juan 
Seijas  en  su  «  Diccionario  de  barbarismos  cotidianos  ». 

Barrero.  Lugar  de  greda  salitrosa  de  la  que  son  tan  golosos 
los  animales  montaraces,  como  monos  y  antas,  que  hacen  verda- 
deras  excavaciones  en  el  terreno.  A  los  barreros  acudiamos  en 
noche  de  luna  los  empleados  de  la  barraca^  alla  en  el  Madré  de 
Dios,  cuando  querîamos  regalarnos  con  un  anta  li  otra  pieza 
mayor. 

Barrilete.  Cometa  de  seis  puntas,  yestrellay  papagayo  y  bomba 
segùn  tenga  cinco,  très  ù  ocho  puntas. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  28 1 

«  Es  un  barrilete  »  por  :  es  una  coqueta,  sedice  en  Bolivia. 

Baticola.  Por  analogia  con  la  pieza  del  apero,  de  ese  nombre, 
el  taparrabos  que  usan  los  indios  barbares  y  los  banistas.  Desde 
luego  me  parece  mds  eufônico  y  mds  décente  baticola  que  tapa- 
rrabos. 

Bato  ô  jabirù  (Miecteria  americana.  L.).  Zancuda  del  tamano 
del  flamenco,  de  cuerpo  blanco  y  hermoso  coUar  rojo.  Con  su 
énorme  pico,  largo,  negro  y  muy  grueso,  coje  los  pescados  d  los 
que  saca  la  espina  dorsal  antes  de  engullirlos.  Su  paso  es  grave  y 
acompasado;  de  ahi,  tal  vez,  su  nombre  batOy  sinônimo  de  lelo. 

Hace  el  nido  en  los  drboles  riberenos,  pero  con  mâs  frecuencia 
en  las  pampas,  d  inmediaciones  de  las  lagunas,  con  la  precauciôn 
de  limpiar  de  yerba  el  perimetro,  para  que  su  nidada  no  sea  con- 
sumida  por  el  incendio  de  la  pradera,  recurso  d  que  apelan  los 
habitantes  de  Mojos  para  brozar  y  rozar  los  campos. 

BATuauE.  Alboroto,  gresca.  No  es  voz  rio-platense,  supuesto 
que  Cuervo  la  apunta  en  sus  «  Apuntaciones  al  lenguaje  bogo- 
tano  »  suponiendo  que  dériva  de  ba^uqueûTy  mezclar.  Tengo 
para  mi  que  es  de  origen  brasileno.  Batuque  es  una  danza  usada 
en  el  Brasil  é  islas  Azores.  Hé  aqui  como  la  describe  un  escritor 
de  la  «  Tierra  del  Sol  »  :  «  Cada  caballero  con  pasos  graciosos 
y  entretegidos,  va  â  sacar  su  dama  la  cual  acepta  el  convite  : 
comienza  con  su  pareja  una  especie  de  juego  que  termina  des- 
pués  de  muchos  requiebros  y  meneos  de  cuerpo  por  una  fuerte 
ombligada  que  produce  un  sonido  cuando  los  danzantes  son  agiles 
y  diestros.  » 

Bellaco  6  harta  bellaco.  Plâtano  grande,  del  tamano  de  una 
berengena  y  peso  de  libra  y  média  6  dos  libras,  asi  llamado 
porque  con  uno  basta  para  aplacar  el  hambre  mâs  bellaca.  Lld- 
manle  en  otras  partes  «  banana  de  la  tierra  ». 

Bejuco.  Trepadora  que  crece  de  abajo  arriba  hasta  subirse  a  la 
copa  de  los  mds  altos  drboles.  Sus  caprichosas  espirales  y  el  grosor 
de  su  diâmetro  dan  d  los  bejucos  la  apariencia  de  énormes  boas 
enroscadas  d  los  troncos  de  los  arbolones  de  la  selva,  siendo  real- 


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282  CIRO   BAYO 


mente  otros  tantos  constrictares  végétales  como  el  agarrapalo  ya 
apuntado.  Hay  bejucos  tan  duros  y  resistentes  que  como  el 
gûetnbé  y  el  isipâ  seemplèan  como  amarras  y  cordeles;  algunos 
dan  una  lèche  narcôtica  como  el  verbasco;  de  otros  come  el 
ganado,  como  el  hediondo  cuiùqui  de  olor  parecido  al  ajo.  Otros 
dan,  a  una  simple  incision,  agua  fresca  como  el  «  bejuco  de 
agua  »  (Bignonia  aquosa.  Nicolson).  Los  mas  son  venenosos,  sin- 
gularmente  los  del  género  strychnoSy  de  los  que  se  extrae  el  famoso 
curarty  veneno  végétal  con  el  que  envenenan  sus  fléchas  algunos 
salvajes  amazônicos.  Los  bejucos  del  curare  son  :  strychnos  Cre- 
vaux  de  la  Guayana  ;  el  Castelneaunay  del  Perù;  el  iyupensis  Plan- 
chon,  etc. 

Bejucos  (Puente  de).  Véase  Puente, 

Bendito.  «  Rezar  un  bendito  »,  rezar  un  padre  nuestro,  por 
la  posiciôn  de  las  manos  cuando  se  juntan  para  orar. 

«  Hacer  un  bendito  »,  hacer  con  estacas  y  lonas  6  poncho  una 
cubierta  en  àngulo. 

Nos  retiramos  con  Cruz 
à  la  orilla  de  un  pajal  ; 
por  no  pasarlo  tan  mal 
en  el  desierto  infinito 
hicimos  como  un  bendito 
con  dos  cueros  de  baguai. 

(Martin  Fierro.) 

Beni.  Famoso  departamento  boliviano,  objeto  de  las  pesquisas 
de  los  aventureros  espanoles  que  iban  en  demanda  del  fabuloso 
Imperio  de  Enin.  En  la  actual  circunscripciôn  administrativa 
estan  enclavados  Mojos,  célèbre  por  sus  aniiguas  misiones  y  su 
ganaderia,  el  Beni,  propiamente  dicho,  abundante  en  riqueza 
forestal,  especialmente  en  la  «  seringa  »  ô  goma  elâstica.  El  rio 
Beni,  que  nace  cerca  de  la  ciudad  de  La  Paz,  da  su  nombre  al  depar- 
tamento, yendo  à  confundirse  con  el  Mamoré,  frente  Villa  Bella, 
para  formar  juntos  el  Madera,  el  mayor  afluente  del  Amazonas. 
Beni,  en  lengua  tacana,  es  «  viento  »,  asi  dice  d'Orbigni  y  es 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  283 

verdad  como  pude  comprobarlo  tratando  con  los  indios  araonas 
empleados  en  las  barracas  gomeras  de  aquel  distrito. 

Benjui  {Styrax  benjoin,  Dryander).  Estiraxineas.  De  esta 
planta  proviene  el  pénétrante  olor  a  incienso  que  exhalan  algunas 
fogatas  que  encienden  los  viajeros  en  los  bosques  de  la  cuenca 
amazônica. 

Berenguela.  Mdrmol  boliviano. 

Beri-beri.  Significa  «  debilidad  6  flaqueza  »  en  la  isla  de  Cei- 
lan,  de  donde  ha  pasado  con  aquel  nombre  al  inglés  y  portugués. 
Ha  sido  observada  esta  epidemia  en  el  Brasil  desde  su  apariciôn 
en  Bahia  en  1866.  También  he  visto  casos  aislados  en  el  Béni 
boliviano.  La  enfermedad  esta  caracterizada  por  amenguamiento 
de  la  sensibilidad  cutdnea,  debilidad  gênerai  con  dolores  en  los 
miisculos  cuando  se  les  oprime,  hinchazôn  de  la  cara  y  de  todo 
el  cuerpo,  anémia,  opresiôn  gâstrica,  dispepsia,  disnea,  paralisis 
graduai,  debilitamiento  de  la  voz  6  ronquera,  sacudimiento  de 
los  nervios.  En  los  casos  fatales  se  termina  por  sufocaciôn.ô 
asfîxia;  y  en  los  favorables  por  secreciôn  ùrica  abundante  y  res- 
tauraciôn  graduai  de  lasfuerzas.  Se  atribuye  dberi-beri  al  envene- 
namiento  de  la  sangre  por  derrames  serosos  y  estagnaciôn  san- 
guinea,  consecuencias  de  la  falta  de  ejercicio,  de  la  humedad  del 
suelo  y  del  uso  de  aguas  impuras. 

Beterava.  Nombre  gdlico  aplicado  en  estos  paises  d  la  remo- 
lacha,  nombre  que  ni  de  oîdas  conoce  el  vulgo,  y  asi  le  dan  «  azii- 
car  de  beterava  ». 

Bt  6  vi  (fienipa  americand),  Arbol  ribereiïo  de  los  trôpicos,  de 
fruta  negra  y  redonda,  la  cual  suministra  un  tinte  negro  de 
mucha  duraciôn.  Los  araonas  tinen  con  él  el  cuerpo  de  los  reciéu 
nacidos  para  preservarlos  de  las  picaduras  de  las  sabandijas.  Cara 
debiy  cara  sucia. 

BiBOCA.  El  solideo  del  cura. 

BiBOSi.  Véase  Agarrapalo.  Lldmase  también  àrbol  de  camisa^ 
porque  provee  de  vestido  d  los  indios  mansos  del  Oriente.  Para 
ello,  se  bâte  fuertemente  el  liber  humedecido,  contra  un  tronco 


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284  CIRO   BAYO 


d  manera  del  canamo  cuando  se  escarda,  hasta  que  se  ablanda 
y  deshilacha.  Las  raîces,  chatas  y  aplanadas,  dan  unas  tablas, 
naturalmente  conformadas,  que  sirven  a  maravilla  para  arcones 
6  cachas. 

Bicoque.  Golpe  dado  en  la  cabeza  con  los  nudillos  de  los  dedos 
doblados.  Cocacho  en  Chile. 

BiCHOCo.  Caballo  viejo  y  estropeado  de  los  cascos.  Por  transla- 
ciôn  à  las  personas  y  cosas  averiadas.  —  Bichoquera,  la  enferme- 
dad  de  los  caballos  d  quienes  se  les  cierran  los  candados. 

BiCHOFEAR.  Dar  una  silbatina,  burlarse  de  alguien. 

BiCHOFEO.  Voz  burlona  que  achacan  en  la  campaiia  de  Buenos 
Aires  al  pdjaro  bienteveo, 

BiCHO-MORO  (Lyttaattomaria.  Germ.).  Cantârida  del  Rio  de  la 
Plata.  Insecto  de  color  ceniciento  punteado  de  negro,  y  tôrax 
redondeado.  Es  muy  danîno  en  las  hortalizas,  y  cuando  se  le 
agarra,  viene  por  la  boca  y  trasuda  por  las  coyunturas  un  licor 
amarillento  câustico  que  produce  ardor  en  la  piel.  Cuando 
muerio,  exhala  un  olor  particular.  Los  farmacéuticos  lo  emplean 
como  équivalente  d  la  cantdrida  6  mosca  de  Milàriy  sobre  la  que 
tiene  la  ventaja  de  no  ser  ponzonosa. 

Bienteveo  (  Tyrannus  melancholicus,  y  auriflammd),  Pdjaro  colop- 
térido,  de  intenso  amarillo,  cuyo  nombre  argentino  es  onoma- 
topéyico,  porque  el  pdjaro  d  cada  instante  saluda  con  suestridente 
y  claro  j  bien  te  veo  !  —  En  Tucumân  y  Bolivia  le  Uaman  quetupi 
y  doquiera  suele  vérselo  en  el  lomo  de  las  vacas  sacdndoles  las 
garrapatas.  Véase  Bichofeo. 

Bife.  Beefsteak.  «  La  Pampa  es  el  primer  criadero  de  bifes  del 
globo  terrdqueo  »,  escribe  un  literato  argentino,  para  ensenanza 
de  peninsulares  que  no  se  hartan  de  escribir,  pedir  y  comer  bis- 
teques  à  bisteks. 

BiLOCARSE.  Chiflarse;  alocarse  dos  veces,  sin  duda. 

BiRA-BiRA.  Flor  campestre  de  la  que  se  hace  una  infusion  tei- 
forme. 

BiSAR.   Repetir  una  parte  del  programa,   previa  la  formula 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  285 

«  biSy  bis  »  mucho  mds  culta  y  natural  que  nuestro  \  que  se 
repita!! 

Blandengue  ô  blandingo.  Blando,  blanducho.  Al  tiempo  de 
la  Independencia  habia  en  Montevideo  el  Escuadrôn  de  los 
«  blandengues  »  asi  Uamados  los  «  blandengues  »  6  lanceros  espa- 
iioles. 

BLANauEAR  à  uno.  Dejarlo  seco  de  un  balazo.  Muy  bien  dicho 
por  el  doble  significado  que  encierra  de  hacer  blanco  y  de  la  livi- 
dez  cadavérica  de  la  victima. 

Bobo  ô  parajo  bobo.  El  sauce  Uorôn,  muy  abundante  en  las 
orillas  de  los  rios  americanos. 

Bocô.  Escarcela  ô  cartera  de  viaje.  Es  provincialismo  cruceiio. 

BocHA.  Juego  conocido  también  en  la  Peninsula.  El  campesino 
americano  juega  à  las  bochas  en  un  espacio  cuadrado  6  canchay  de 
piso  bien  nivelado  y  limpio,  enipujando  las  bolas  con  la  mano, 
unas  contra  otras.  Entre  los  contendores  se  atraviesa  dinero  ô  una 
convidada  de  copas. 

BocHiNCHE.  BuUa,  alboroto.  Derivasesin  dudade  la  confusion 
y  zaragata  que  se  arma  en  pulperias  y  boliches  donde  se  juega  à 
las  bochas. 

BoLA  PERDiDA.  Una  sola  que  usaban  los  indios  querandies  a 
manera  de  arma  arrojadiza,  y  con  la  que  incendiaron  el  primer 
establecimiento  de  Buenos  Aires.  De  un  «  golpe  de  bola  »  muriô 
entonces  el  hermano  del  adelantado  Mendoza. 

BoLACHA.  Bulto  de  goma  ya  solidificada  que  entregan  los  pica- 
dores  del  Béni  a  los  barraqueros.  Recogida  la  lèche  del  ârbol  de  la 
goma,  el  mozo  la  vacia  en  una  batea  de  madera,  trasladandose 
junto  al  buyàn  ù  horno  portàtil.  Frente  a  si  y  del  lado  del  buyôn 
tiene  plantadas  dos  horquetas  de  madera  atravesadas  por  un  palo. 
El  mozo  apoya  sobre  él  un  segundo  palo  grueso  que  sostiene  con 
una  mano,  mientnis  con  la  otra  va  echando  poco  a  poco  la  lèche 
végétal  sobre  el  bastôn  que  empuna  previamente  untado  de 
barro  para  evitar  la  adherencia  de  la  goma,  haciéndola  pasar  por 
el  humo  del  buyôn  a  fin  de    que  la  lèche  se  solidifique.  Repite 


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286  CIRO   BAYO 


la  operaciôn  hasta  terminar  con  la  lèche*  del  balde.  La  pasta  se 
solidifîca  al  rededor  del  bastôn,  formando  una  bola  ô  bolacha, 
Cuando  esta  ha  llegado  al  peso  de  20  kilos  nias  ô  menos,  se  saca 
el  bastôn  y  queda  hecha  la  bolicha,  la  cual  sesenala  con  las  ini- 
ciales  del  operario,  y  mas  adelante  se  le  anade  en  la  barraca  la 
marca  del  barraquero.  Las  bolachas  pierden  de  su  peso  al  secarse 
sobre  20  libras,  por  lo  que  el  vendedor  da  al  comprador  una 
libra  de  tara  por  cada  arroba  cuando  la  goma  es  fina  y  seca. 
Cuando  la  goma  es  fresca  se  da  hasta  el  io**/o  de  tara.  Varias 
son  las  formas  de  la  bolacha  :  achatada,  en  forma  de  pera,  de 
niate  churuno,  pero  como  siempre  résulta  que  para  el  acarreo  se 
empujan  haciéndolas  rodar  como  bolas,  de  ahi  el  nombre  de  bola- 
cha, prestado  del  portugués.  —  En  la  Exposiciôn  de  Chicago 
figuré  un  trozo  esférico  de  goma  elàstica  de  superior  calidad  y 
peso  de  i4arrobas  ô  161  kilogramos,  procedente  del  Béni  boli- 
viano. 

Bol  AD  A.  Ocasiôn,  aventura  amorosa,  etc. 

/  Quf  bolada,  chél  dice  un  tenorio  porteno  a  un  su  amigo. 

BoLADORAS  ô  voladoras  segûn  se  quiera  hacer  derivar  el  vocablo 
de  bola  ô  de  volar.  Dos  bolas  de  plomo  ô  sino  de  piedra  al 
extremo  de  dos  trenzados,  sin  manija,  de  nervios  de  buey  bien 
sobados.  Las  emplean  los  gauchos  portenos  para  agarrar  ani- 
males mayores,  como  caballos  y  vacas. 

Bolas  de  Ponce  (Las).  Lance  en  el  juego  de  carambola  cuando 
las  bolas  estan  pegadas  y  hay  que  volverlas  al  punto  de  salida. 

BoLAzos  (decir).  Decir  bolas,  disparates. 

BoLEADOR  (caballo).  Que  no  admite  silla. 

BoLEADORAS  (Las).  Éstas  son  très  :  se  arrojan  circularmente  d 
manera  de  honda,  sirviendo  de  manija  ô  agarrador  una  de  las 
très.  Los  gauchos  las  arrojan  con  tanta  destreza  «  que  sin  errar 
el  tiro  d  el  que  eligen  entre  la  muchedumbre,  queda  enredado  y 
cae  »  (Alcedo). 

BoLEAR.  Perseguir  avestruces  con  las  boleadoras. 

BoLETO.  BoLETA.  ij  BoLETOs!!  gritau  los  revendedores  d  las 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  287 

puertas  de  los  teatros  en  estos  paises,  ô  anuncian  cobradores  de 
tranvia  y  revisores  de  ferrocarriles. 

BoLiCHE.  Esquina.  Pulperia  pequena  6  ventorrillo  de  poco  mis 
6  menos  que  ha  empezado  siendo  cantina  de  un  juego  de 
boliche. 

Carro  bolichero.  Que  expende  café,  lèche  y  aguardiente  en  las 
calles  de  Buenos  Aires. 

BoLiviA.  El  pais  antes  llamado  Alto  Perù,  dependiente  del 
virreinato  de  Lima,  y  desde  1776  del  de  Buenos  Aires.  Lleva  este 
nombre  del  libertador  Bolivar.  Tal  nombre  se  diô  d  mociôn  de 
Manuel  Martin,  diputado  por  Potosi,  uno  de  los  48  congresistas 
que  asistieron  d  la  Constituyente  del  Alto  Perù  en  1823. 

BoLiviANO.  El  natural  de  Bolivia  y  la  moneda  deplata  valor  de 
100  centavos  subdividido  en  10  reaies  6  5  pesetas  6  tontines, 

BoLiviANAS  (Las).  Las  criadillas  de  toro.  Asi  llamadas  en  Bue- 
nos Aires  por  alusiôn  d  las  bolas  de  bolear. 

BoLSAS.  Mineralogia.  Piedras  sueltas,  algunas  de  muchosquin- 
lales  de  peso,  ricas  en  métal. 

BoLSEAR.  Calabacear  entre  amantes.  —  ,;  Que  tal,  ché,  con 
fulana?  —  Meholseô,  contesta  un  porteno. 

BoLLA.  Otro  nombre  del  sombrero  hongo. 

BoMBEAR.  Descubrir  posiciones^  estar  de  espia  en  paz  6  en 
guerra.  «  Los  malones  bombeaban  los  ganados  de  los  cristianos 
para  robirselos.  » 

BoMBERO.  Vigia  de  la  Pampa  6  escucha  del  ejército  argentino, 
en  la  estrategia  particular  de  las  guerras  en  la  Pampa,  ya  civiles, 
ya  contra  la  indiada.  El  atalaya  tiene  que  subirse  d  un  palo  ô  eu- 
cana;  de  ahi  el  nombre  de  hombero  que  sus  camaradas  le  aplican 
haciendo  honor  à  su  habilidad  gimndstica. 

BoMBiLLA.  La  cdnula  de  plata  ô  de  métal  inferior  con  la  que  se 
toma  el  mate.  Véase  Yerba  mate. 

BoREBf.  Chicote  de  mango  cimbado  con  dos  ô  très  chorros 
que  usan  en  Santa  Cruz. 

Bord.  Véase  Sotuto. 


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288  CIRO   BAYO 


BoROSCHi  (jCanis  jubatus).  Es  el  lobo  rojo  de  America,  de  la 
misma  familia  que  el  lobo  mejicano  (canis  mexicanus)^  el  lobo  de 
Europa  {canis  lupus)  y  el  lobo  negro  (canis  lycaon). 

Cuadrùpedo  grande  como  un  mastin,  color  canela  y  con  crines 
negras  a  lo  largo  del  espinazo.  Su  grito  es  parecido  al  del  zorro, 
al  que  se  parece  en  la  hediondez  que  despide.  Es  carnivoro  y 
ataca  de  noche  à  las  gallinas  y  aves  de  corral.  Los  habitantes  de 
Mojos  aseguran  que  cuando  este  animal  no  tiene  que  robar, 
entretiene  el  hambre  comiendo  tierra.  Su  piel  lanuda  es  muy 
solicitada  en  Mojos,  como  que  sirve  de  panacea  6  talisman  para 
evitar  porciôn  de  enfermedades.  Lo  positivo  es  que  el  cuero  del 
boroschi  no  se  pudre  en  el  agua. 

BoRUjo.  Masa  revuelta  y  mojada,  como  el  cabello  después  del 
bano. 

BosTA.  El  excremento  del  ganado  vacuno  es  el  combustible  mas 
d  mano  y  mas  econômico  de  la  Pampa,  como  que  en  las  estan- 
cias  hay  peones  sin  mds  oficio  que  el  de  recoger  la  bosta  disemi- 
nada  en  el  campo.  Combustible  tan  primitivo  vase  reemplazando 
por  la  lena  de  los  montes  artificiales  y  por  los  panes  cortados  de 
los  establos  de  ovejas  que  suministran  otro  combustible  mas 
compacto  y  mejor  oliente  que  la  boniga. 

Bosta  de  pescado.  Bollos  ô  esponjas  durisimas  que  no  son 
otra  cosa  sino  los  nidos  de  ciertos  peces  microscôpicos  de  los  nos 
del  Béni.  Estos  bollos  quedan  incrustados  en  los  drboles  cuando 
las  aguas  bajan  de  nivel.  La  bosta  de  pescado,  después  de  que- 
mada  se  mezcla  con  greday  forma  una  loza  muy  estimada,  como 
la  que  se  fabrica  en  Santa  Ana,  pueblo  del  Departamento  del 
Béni. 

BoTACiONES  (estar  de).  Llevar  botas  granaderas  6  de  canon 
alto  que  ùnicamente  se  pone  el  gaucho  cuando  va  i  la  ciudad  6 
al  pueblo.  Por  consiguiente,  estar  de  botaciones,  es  equivoco 
porteno  que  lo  mismosignifica  «  votar  »  que  «  andar  embotado  ». 

BoTAS  DE  POTRO.  Cldsico  calzado  del  gaucho  porteno  que  y  a 
tiende  d  desaparecer  al  influjo  de  la  civilizaciôn  europea.  Es  la 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  289 

piel  de  los  ijares  de  una  yegua  6  potro  desjarretado^  que  se  va 
sacando  como  se  descalza  un  guante,  resultando  de  la  forma  y 
amplitud  de  una  bota,  aunque  con  la  punta  cortada,  motivo  por 
el  cual  los  que  usan  ese  calzado  llevan  desnudos  los  dedos  del 
pie.  Las  botas  de  potro  mis  apreciadas  son  las  de  color  blanco, 
y  por  eso  los  potros  «  cuatralbos  »  eran  los  preferidos. 
BoTADO  (nino).  Expôsito. 

BoTÔN  DE  PLUMA.  Hecho  de  tiritas  de  cuero  para  adorno  de 
riendas.  Es  laborgaucha  de  dificil  ejecuciôn. 

BoYA  (estar  en).  Estar  en  auge  una  mina  ;  y  esiar  en  boga  un 
negocio  6  una  persona. 

BoYÉ.  Culcbrôn  que  como  el  majâ  de  Cuba  se  tiene  en  las 
plantaciones  para  que  las  limpie  de  alimanas.  Es  voz  guarani 
derivada  de  «  boio  »  =  culebra. 

BoYERO.  Pequena  torcaz,  blanca,  con  las  puntas  de  las  alas  de 
negro  azabache  ;  asi  .llamada  por  un  silbo  particular  parecido  al 
del  arreador  de  ganado. 

BozAL.  Rudo,  torpe.  O  dériva  de  «  negro  bozal  »,  6  de  que 
el  aludido  es  merecedor  de  llevar  bozal  como  el  jumento. 
Brama.  Cierta  clase  de  gallina  doméstica  muy  copetuda. 
Bravo.  Enojado.  «  Mi  hijito  estd  bravo  y  llora  ».  «  El  pingo 
esta  bravo  y  no  come.  » 

Brete.  Margada  6  corral  para  ganado,  pero  nids  pequeno  que 
aquél,  y  sirve  en  la  campana  de  Buenos  Aires  para  encerrar  las 
ovejas  «  sacadas  à  la  pata  »  en  las  ventas  6  apartés. 

Brillazôn.  Espejismo  observado  en  la  Pampa,  que  hace 
antojar  visiones  de  incendios. 

He  aqui  un  neologismo  tan  bueno  6  mejor  que  el  galicismo 
miraje. 

BRoauELONA.  Nombre  vulgar  de  la  garrapata  (Yxodes). 
BuBUYA.  Voz    brasilena,  como  casi  todas  las  voces  nâuticas 
empleadas  en  la  navegaciôn  fluvial  de  Bolivia.  Dejarse  llevar  una 
embarcaciôn  por  la  corriente,  sin  ayuda  de  remos. 

Buco-Buco.   Aristoloquia  (Mikania  H,  Ktli).    Bcjuquillo  de 

Rnite  hispanique,  xiv.  19 


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290  CIRO   BAYO 


Gu.iyaquil.  Végétal  médicinal  que  tiene  lasingular  propiedad  de 
aprisionar  en  la  yema  los  insectes  interventores  de  la  fecunda- 
ciôn. 

BucuRÙ.  Voz  chiquitana  =  «  Papa  acuosa  ».  Tubercule  muy 
esponjoso  que  conserva  el  agua  de  la  Uuvia  mucho  tiempo, 
siendo  la  providencia  de  los  barbaros  y  viajeros  del  Oriente. 
Rinde  hasta  3  litros  de  agua,  sin  mis  que  una  incision  en  la 
planta  6  machacdndola  con  una  madera.  El  liquide  es  fresco  y 
con  todas  las  propiedades  del  agua  destilada. 

BuEY.  Para  amansar  un  novillo,  sea  para  el  arado  6  para  la  ca- 
rreta,  se  empieza  por  atarlo  de  las  astas  à  un  palenque  ô  d  los 
palos  de  un  corral,  para  que  el  dolor  que  le  produce  la  soga  i 
fuerza  de  sentarse,  le  obligue  d  cabestrear.  Esta  operaciôn  se 
Uama  en  el  campo  de  Buenos  Aires  «  palenquear  al  buey  ».  En 
seguida  se  le  despunta  las  astas  y  se  le  acollara  con  un  buey 
manso  :  el  novillo  de  las  astas  y  el  buey  del  pescuezo.  A  los 
pocos  dias,  cuando  se  ve  que  el  novillo  «  cabestrea  »  bien  y  que 
camina  a  la  par  del  buey,  ya  se  puede  uncirto.  —  Lldmase  «  buey 
de  mano  »  al  que  estd  d  la  izquierda  del  arado,  porque  para  arar 
se  le  ata  un  cordel  delgado  d  la  oreja  izquierda,  el  cual  sirve 
como  de  rienda  para  régir  la  yunta.  El  otro  buey  que  estd  d  la 
derecha  del  arado,  se  Uama  «  buey  de  vuelta  » .  —  Para  uncir  un 
novillo,  se  le  pone  de  vuelta  con  un  buey  manso  de  mano,  y  se 
ata  al  yugo  con  una  soga  otro  buey  manso  d  la  derecha  del 
novillo.  Ese  buey  se  Uama  madrina.  De  esta  manera,  el  novillo 
se  encuentra  entre  dos  bueyes  mansos  :  el  de  mano  y  la  madrina. 

Para  hacerlo  trabajar,  se  empieza  con  una  rastra  liviana,  y 
cuando  se  ve  que  el  novillo  empieza  d  tirar  y  se  acostumbra  d 
dar  la  vuelta,  se  quita  el  buey  madrina.  Cuando  anda  bien  asi, 
se  le  hace  arar  en  terreno  blando  6  ya  barbechado,  teniendo 
siempre  cuidado  de  ayudarle  con  el  arado,  para  hacerle  menos 
penoso  el  trabajo  ;  y  en  liltimo  caso,  volcar  el  arado  para  que  el 
animal  no  se  acobarde.  Asi  se  sigue  paulatinamente  hasta  que 
puede  acompanar  al  buey  de  mano  en  el  trabajo  seguido. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  29 1 

Para  uncir  por  primera  vez  un  novillo  d  la  carreta,  se  le  pone 
primeramente  al  pértigo  ;  pero  como  en  las  carreras  no  se  puede 
siempre  proporcionar  el  esfuerzo  a  la  potencia  del  novillo,  los 
bueyes  amansados  de  este  modo  no  valen  como  los  que  se 
amansan  con  el  arado. 

Bueycabalhy  carguero  6  sillonero.  «  Cabestrillo  »  en  el  Ecuador. 
El  amansado  para  ensillarse  y  que  se  maneja  a  favor  de  unas  rien- 
das  6  tiras  de  cuero  que  pasan  por  la  ternilla  de  la  nariz.  Es  insus- 
tituible  para  atravesar  fangales  y  largas  travesias  llenas  de  barro, 
pues  con  él  se  realiza  lo  que  los  italianos  dicen  del  burro  :  piano, 
piano,  va  sano  e  va  lontano. 

Buey  corneta,  Buey  revoltoso,  alborotador  deuna  «  hacienda». 
En  la  tropa  nunca  falta  un  btuy  corneta,  Refrân  gaucho  (véase 
Tropa). 

BuFEO  (Jnca  boliviensis,  D'Orbigni).  La  vaca  marina  ô  peje  que 
citan  los  geôgrafos  antiguos  al  hablar  del  Maraiiôn  ô  Amazonas. 
Algunos  prosistas  castellanos  del  siglo  xvii  dicen  bufeo  por  delfin. 
Es  un  pescado  énorme  de  i8o  i  200  kilos  ;  su  boca  como  la  del 
esturiôn,  labio  superior  hocicudo,  condientes  muy  filos.  Su  carne 
es  poca  y  hedionda,  pero  de  ella  se  extrae  aceite  para  el  alum- 
brado.  Se  le  encuentra  en  el  Madera  y  en  todos  los  tri  buta  rios  del 
Amazonas  que  no  estdn  obstruidos  por  rdpidos  ô  cachuelas.  Por 
esto  abundan  en  el  Mamoré,  Itenes  é  Itunama,  y  ni  uno  solo  se  ve 
en  los  misteriosos  y  aturbonados  Béni  y  Madré  de  Dios. 

BuGRE.  Voz  brasileiia.  El  indio  salvaje.  En  los  mapas  de  Bolivia, 
en  la  secciôn  de  Chiquitos,  no  esraro  encontrarse  con  estas  llama- 
das  :  «  Région  de  los  bugres.  »  —  «  Aqui  empiezan  los  bugres  », 
etc.,  como  en  las  antiguas  geogratîas  «  Hic  sunt  leones  ». 

BuNA.  Hormiga  de  picadura  irritante. 

BuRACA.  «  Petaca  »  ô  zurrôn  de  cuero,  mâs  largo  que  ancho, 
hecho  de  un  solo  pedazo  de  cuero  en  cruz  y  con  solo  una  aber- 
tura  al  extremo.  Los  crucenos  lo  emplean  para  conducir  sal  y 
azùcar. 

BurucuyA.  Voz  guarani  con  que  se  désigna  en  el  Paranâ  la 


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292  CIRO   BAYO 


pasiflora  de  los  botânicos  y  Pasionaria  de  los  cspanoles.  —  Pachio 
en  Santa  Cniz.  Parcha  en  otras  provincias. 

ButOa.  «  Abutiia  6  parra  brava.  »  Planta  trepadora  cuyo  tallo 
trepandoalrededor  del  tronco  de  los  drboles  prôximos,  llega  hasta 
la  copa,  porelevada  quesea.Cuandonueva,  despideun  olor  péné- 
trante. Su  raiz,  que  es  recetada  por  los  médicos  como  diurética  y 
beneficiosa  contra  la  hidropesia,  fué  traida  del  Brasil  i  Europa  i 
fines  del  siglo  xvii. 

BuTUcO.  Fiesta  de  los  indios  chiquitanos  el  dia  de  la  Candelaria 
(2  febrero).  Es  una  batalla  6  torneo  con  fléchas  embotadas  con 
bolas  de  cera  6  de  madera,  entre  dos  «  parcialidades  »  para  ven- 
gar  mutuos  agravios.  Esta  especie  de  «  juicio  de  Dios  »  se  célébra 
en  la  plaza  mayor  de  los  pueblos  «  coram  populo  »,  al  son  de 
cajas  y  flautas^  presidiendo  los  caciques.  Algunos  contendientes  se 
desnudan  de  medio  cuerpo  arriba,  otros  se  refuerzan  con  coleto, 
segùn  se  convenga.  Las  mujeres  detrds  de  los  flecheros  les  alargan 
las  fléchas  y  sirven  chicha  para  enardecerlos.  Terminada  la  batalla, 
ambas  parcialidades  se  dan  la  mano  de  amigos,  conviddndose 
mutuamente  i  bailes  y  libaciones  que  duran  dos  ô  mis  dias.  Es 
espectaculo  digno  de  verse,  como  el  huitorô,  Véase  Huitorô. 


Caballo.  El  caballo  argentino  desciende  de  los  baguales  de  la 
Pampa,  vdstagos  i  su  vez  de  la  caballada  que  Mendoza  aban- 
donô  cuando  se  frustré  el  primer  establecimiento  de  Buenos  Aires. 
Todo  esto  es  muy  sabido.  Lo  que  no  es  tanto,  es  que  el  caballo 
argentino,  como  el  berberisco  y  la  mula,  tienen  solo  cinco  vérte- 
bras  lumbares,  mientras  que  los  caballos  persa,  drabe  y  tdrtaro 
tienen  seis.  Ademâs  la  direcciôn  de  las  apôfisis  en  vez  de  ser 
horizontal,  es  haciaadelante.  —  «  Datos  son  éstos,  aiiade  Ebelot 
(de  quien  tomamos  estos  datos)  que  dan  quepensar  si  el  caballo 
argentino  serd  hijo  del  berberisco  ô  fruto  de  alguna  mula,  animal 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  293 

no  sîempre  infecundo  como  se  crée,  pues  en  el  Pitou  los  cases 
de  la  fecundaciôn  de  la  mula  se  producen  hace  cuarenta  anos  con 
mucha  rcgularidad  desde  el  cruce  que  se  hizo  con  el  coa^  burro 
africano  »  {La  Pampa), 

El  caballo  argentino  tan  sufrido  como  el  nùmida,  de  famoso 
recuerdo,  es  capazde  andar  treinta  léguas  6  sea  150  kilômetros, 
de  sol  à  sol.  Solo  el  mustang,  el  caballo  comûn  criollo  de  Tejas, 
también  de  cria  espanola,  es  de  tanto  vigor  y  resistencia;  que  si 
bien  pequeno  anda  con  su  ginete  hasta  50  millas  todos  los  dias, 
durante  una  semana,  sin  mas  alimento  que  el  pasto  que  puede 
mordisquear  por  la  noche,  atado  con  un  lazo  de  algunas  varas. 
Exactamente  como  el  caballo  argentino.  Véase  Tropilla. 

Cabanuelas.  Las  primeras  Uuvias  de  verano,  estaciôn  en  la  que 
empieza  la  época  de  aguas  en  la  zona  tropical.  Los  agricultores 
bolivianos  toman  una  piedra  distinta  cada  nueve  dlas,  alli  en  el 
mes  de  septiembre,  y  por  la  mayorô  menor  humedadquereviste 
la  parte  que  estaba  hundida  en  el  suelo,  predicen  la  copia  de 
aguaceros  para  cada  uno  de  los  nueve  meses  de  la  temporada 
agricola.  A  estas  piedras  cabalisticas  Uaman  también  cabanuelas, 

Cabarga.  Envoltura  de  cuero  amarrada  con  chipa  à  tiento,  que 
suple  la  herradura  que  al  ganado  vacuno  se  pone  para  el  paso  de 
los  Andes,  à  fin  de  que  no  se  aspeen  los  animales.  Por  cierto 
que  en  Asia  acostumbran  hacer  lo  mismo  con  los  camellos  al 
pasarlacordillera. 

Cabildo.  El  Municipio  6  Ayuntamiento.  Instituciôn  genuina- 
mente  espanola.  «  La  primera  forma  de  gobierno  civilizado  que 
conocieron  las  poblaciones  aborigènes;  fué  la  que  encontraron 
sus  descendientes  mestizos  y  en  la  que  se  educaron  los  hijos  de 
los  conquistadores  »  (Joaquin  V.  Gonzalez,  Mis  monianas). 

Los  cabildos  americanos  formados  en  su  mayor  parte  de 
criollos,  fiieron  los  puntos  de  partida  de  los  futuros  gobiernos 
hispano-americanos. 

Cabras.  Suciedad  en  las  rodillas. 

Cabrito  (Juego  del).   En  algunas  provincias  argentinas,  pero 


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294  CIRO   BAYO 


mis  aun  en  el  sud  de  Bolivia,  es  gênerai  el  juego  del  cabrito. 
Dos  hombres  â  caballo,  puestos  frente  d  frente,  toman  por  las 
patas  un  cabrito  mucrto  y  parten  i  escape  en  direcciôn  contraria. 
El  que  por  su  mayor  fuerza  queda  con  el  cabrito,  procura  llegar 
al  término  seiialado  de  anterhano  ;  pero  los  del  bande  opuesto 
siguen  disputàndole  la  presa,  siéndoles  permitido  derribar  al  con- 
trario, que  no  sale  airoso  sino  cuando  ademds  de  tener  mucha 
fuerza  es  gran  ginete. 

Caburé.  Voz  guarani  con  la  que  se  désigna  en  el  Rio  de  la 
Plata  i  una  especie  de  mochuelo,  llamadô  también  en  la  campana 
argentina  el  «  rey  de  los  pajaritos  »  porque  diz  que  éstos  vienen 
cuando  aquél  los  llama  para  comerse  el  mis  gordo.  Sin  duda 
por  esto,  nuestro  Azara  escribe  «  que  tiene  el  valor  y  la  destreza 
de  introducirse  bajo  las  alas  de  todas  las  aves,  sin  exceptuar  los 
pavos  y  caranchos,  y  agarrdndose  en  sus  carnes,  les  dévora  los 
costados  y  les  priva  de  la  vida  ».  No  hay  tal  cosa.  Es  una  errônea 
interpretaciôn  de  la  costumbre  pajaril  de  burlarse  del  mochuelo 
cuando  estd  cegado  por  la  luz  del  sol.  Pero  tantoy  tanto  le  urga 
algûn  atrevido  pajarillo,  que  el  mochuelo  no  tiene  mas  que 
atrapar  al  imprudente  y  hacerle  trizas. 

Cacao  (Theobrotna-cacao.  L.  ).  Su  nombre  griego,  «  manjar  de 
los  dioses  »,  corresponde  al  jugo  sabrosisimo  en  que  las  semillas 
estdn  envueltas.  Sabido  es,  que  con  ellas  se  hace  el  chocolaté. 
Segiin  Prescott,  el  cacao  fué  conocido  por  Colon  en  1502  en  su 
viaje  por  la  costa  de  Honduras,  cuyos  habitantes  lo  empleaban 
como  alimento  y  bebida. 

CACARAfiADO.  Voz  quichua,  de  cacarana  :  el  hoyito  que  déjà 
la  viruela  ;  cara  cacaranada,    cara  picada. 

CACiauE.  Voz  haitiana  :  cagik,  jefe  de  tribu. 

CacuI.  El  tojo.  Pdjaro  notable  por  la  construcciôn  de  su  nido 
en  forma  de  boisa. 

Cacha.  Voz  chiquitana.  Nombre  vulgar  en  el  Oriente  de  Boli- 
via del  Quebrasho  blanco  del  Rio  de  la  Plata  (véase  Quebracho).  — 
Arcôn  de  madera  sin  guarniciones  de  talabarteria  que  sirve  de 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  29) 

baûl.  —  El  espolôn  artificial  que  se  pone  al  gallo  de  pelea.  Llà- 
mase  también  cachera. 

-  CachafAs.  Picaro  redomado.  Voz  portena  derivada  sin  duda 
alguna  de  difis  que  con  Judas  tienen  el  privilégie  de  monôpo- 
lizar  el  odio  de  los  buenos  cristianos  aquende  y  ultramar. 

G^^CHAR.  Agarrar  ;  de  donde  cachi  al  vigilante  6  agente  de  poli- 
cîa  porteiio,  entre  la  gentc  malcante. 

Cacharpa.  Palabra  generalizada  en  estos  paîses;  de  significa- 
ciôn  muy  elastica,  que  lo  mismo  significa  una  prenda  que  un 
trapo  despreciable.  —  Mis  cachar pas  son  mis  bartulos,  mis  pilchas 
6  jaeces  del  recado,  mis  adomos  de  plata,  etc. 

Cacharpaya.  La  despedida  que  en  Bolivia  se  liace  a  un  viajero 
jinete  en  una  mula  ;  agasajo  que  ordinariamente  se  hace  en  las 
goteras  de  la  poblaciôn  con  libaciones  abundantes,  de  suerte  que 
el  pobre  andante  d  pocos  pasos  del  camino,  6  va  dormido  sobre  la 
caballeria  6  se  apea  a  dormirla  en  una  apacheta. 

Cachaza.  Voz  brasilena.  El  resacado  à  aguardiente  de  muchos 
grados.  —  La  espuma  del  guarapo  al  clarificarse. 

Cachera.  Véase  Cacha. 

Cachi.  En  quichua,  sal.  De  ahi  Cachimayo  (Riosalado).  En 
aimarâ  el  piso  enlosado  para  secar  la  coca. 

Cachilo  {Zanotroquia  strtgiceps.  Bow).  Fringilidos.  Pajaritoque 
en  el  campo  de  Buenos  Aires  llaman  ^n7//7o  6  engrilladoy  porque 
una  tradiciôn  aseguraque  cuando  Dios  hizo  à  los  animales  el 
reparto  de  sus  dones,  el  cachilo  con  toda  su  pequeiiez,  pidiô  ser 
mis  fuerte  y  mis  poderoso  que  el  dguila.  En  castigo  de  su  sober- 
bia  lo  condenô  a  andar  engrillado,  por  cuyo  motivo  el  cachilo 
anda  d  saltitos. 

Cachimbo.  La  pipa  de  fumar. 

Cachina  blanca.  Alumbre  sôlido  del  que  hay  ricas  muestras 
en  Inquisivi  (Dpt°  de  La  Paz). 

Cacho.  El  cubilete  de  los  dados.  Tirar  al  cacha,  decidir  la 
suerte.  Aléa  jacla  est,  Véase  Dado. 

Cachuela.  Del  portugués  cachoeira.  Rauda  6  caîda  que  en  el 


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296  CIRO   BAYO 


Oriente  forman  algunos  nos,  en  olas  gigantescas,  con  remolinos 
al  pie  que  abarcan  de  un  estremo  i  otro  de  la  orilla  en  una 
anchura  de  centenares  de  métros.  Por  esta  causa  las  embarca- 
ciones  se  descargan,  transportando  la  carga  por  tierra  hasta  reem- 
barcarla  en  el  punto  donde  el  agua  esta  mansa.  Si  el  rio  estd 
bajo  hay  que  arrastrar  las  embarcaciones  con  rodillos  6  bien  tirar- 
las  d  la  sirga  ;  y  solo  en  las  mayores  crecientes  pueden  pasar  los 
baieloms  por  los  canales  que  forman  las  mdrgenes,  y  aun  asi  i 
média  carga  y  con  remeros  habiles  é  intrépidos.  Esas  rom- 
pientes  que  tantas  victimas  causanà  las  tripulaciones  del  oriente 
boliviano  son  las  cinco  del  Mamoré  y  las  doce  del  Madera,  mis 
formidables  todavia  entre  Villa  Bella  y  Manaos.  La  cachuela  mis 
importante  del  rio  Béni  es  «  La  Esperanza  »,  que  tiene  las  pro- 
porciones  de  una  verdadera  cascada. 

Cachucha.  Nombre  vulgar  del  aguardiente  de  caiia  6  cachaza. 

Cachuncar.  Voz  quichua.  Chocar  los  piedras  cuando  vuelan 
disparadas  de  un  bando  d  otro,  entre  ninos  de  la  escuela  6  entre 
indios  de  las  comunidades  del  interior. 

Cadenero.  En  Côrdoba  el  vigilante  de  orden  piiblico  por  la 
cadenilla  que  lleva  al  cinto  para  esposar  las  manos  de  los  deteni- 
dos.  —  Chafe  en  Buenos  Aires;  Maragato  en  Mendoza;  Paca  en 
Chile. 

Cadete.  El  meritorio  ô  aprendiz  de  comercio. 

Cadillo.  Pelusilla  voldtil  de  ciertas  plantas  que  se  pega  d  la 
ropa  6  d  la  carne  ocasionando  en  este  ùltimo  casolas  testes. 

Café.  Del  drabe.  Goza  de  fama  universal  el  café  paceno  de 
Yungas  (véase  Yungas).  Es  bien  conocido  el  uso  y  preparaciôn 
del  café.  La  gente  pobre  de  estos  paîses  y  aun  los  viajeros,  que 
no  pueden  ir  sobrecargados  de  maquinillas  ni  coladores,  lo 
hacen  hervir,  y  espumdndolo  convenientemente,  toman  un 
café  que  en  todo  el  Oriente  llaman  café  de  pascana  ô  café 
Taborga,  nombre  de  uno  de  los  primeros  colonos  del  Béni. 
Los  hacendados  hacen  preparar  el  café  para  sus  peones  del 
modo  siguiente.    Escojen  el  café  de  inferior  calidad  :  hacen  tos- 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  297 

tar  el  grano  à  la  manera  que  se  tuesta  el  cacao.  En  seguida  se 
muele  en  una  piedra,  cuidando  de  que  no  se  vuelva  polvo: 
toman  después  très  libras  de  agua  por  medida,  a  las  que  ponen 
una  de  panela  6  papelôn,  y  al  fuego  la  reducen  i  agua-miel.  Luego 
que  esté  hirviendo,  se  mezclan  dos  onzas  de  café,  que  por  diez 
minutos  se  déjà  en  infusion  :  al  cabo  de  este  tiempo,  el  café  esta 
en  el  asiento  de  la  vasija  y  la  bebida  potable. 

CafOa.  La  càrcel.  Palabra  importada  al  argot  porteno  por  los 
antîguos  esclavos  africanos. 

Caguiye.  Chicha  camba  6  cruceiia.  Hay  el  refrdn  en  Chuqui- 
saca  :  «  Pegarse  como  la  mosca  à  la  nata  del  caguiye.  » 

CAhui,  Mazamorra  que  se  obtiene  de  la  oca  por  la  acciôn  del 
sol.  Véase  Oca. 

Caima.  Soso,  desabrido. 

CaimAn.  Del  dialecto galibi  (Brasil)  =caiy  moverse;  man,  no; 
es  decir  que  no  se  mueve.  Véase  Yacaré. 

CAiNCA  (Chiococca  aquifoga  brasiliensis.  Martîus).  Végétal 
médicinal  muy  util  contra  las  mordeduras  de  las  serpientes. 

CAiTO.  Hilo  de  lana  para  tejer  6  bordar.  Es  voz  quichua  muy 
usada  en  los  departamentos  donde  se  hpbla  esta  lengua,  hasta 
por  quienes  hablan  castellano. 

Caja.  El  tamboril  de  los  indios,  obligado  acompanante  de  sus 
cantos  y  danzas. 

Cajetilla.  El  élégante  porteno.  Pepe  en  Sucre,  cachaco  en 
Bogota.  Véase  Ciùtico. 

Cala.  Piedra  en  aimard.  Asi  Calamarca,  cantera  ô  pais  pedre- 
goso  ;  CalacotOj  montôn  de  piedras. 

Calaguala  (Polypodium  adianti forme).  Especie  de  helecho 
empleado  como  antisifilitico. 

Calandria  {Cassinus  cristatus),  Ave  cantora  llamada  por  Buf- 
fon  el  ruisenor  americano.  Impropiamente  llamada  calandria, 
pues  en  rigor  pertenece  al  género  de  los  mirlos.  Es  pâjaro  exclu- 
sivamente  americano.  En  Chile  y  Mendoza  le  llaman  tança;  en 
Santa  Cruz  tojo  ;  en  Mexico  y  Cuba  sinsonte,  y  en  otros  puntos 


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298  CIRO   BAYO 


burlàn  :  nombres  todos  alusivos  d  la  facultad  que  posée  de  reme- 
dar  el  canto  de  las  otras  aves  y  aûn  el  grito  de  algunos  cuadrû- 
pedos. 

CalapAri.  Voz  aimard.  Piedra  caldeada  que  se  echa  d  la  lâ^ua 
cuando  ya  estd  servida  d  la  mesa  para  que  conserve  el  calor.  Véase 
LAgua. 

Calcahuesal.  Campo  desparejo  6  desnivelado. 

Caliche.  Materia  prima  de  la  que  se  extrae  el  salitre. 

Calichera.  Terreno  abundante  en  caliche.  El  sabio  Dombey 
que,  en  1778,  acompanô  d  la  expediciôn  cientifico-espanola  de 
Ruiz  y  Pavôn,  fue  quien  diô  d  conocer  por  vez  primera  la  bon- 
dad  del  salitre  de  la  entonccs  provincia  peruana  de  Tarapacd. 

Calisaya.  Véase  Quina. 

Calostro.  Como  en  la  Peninsula  es  la  primera  lèche  de  lahem- 
bra  recién  parida.  Apoyo  Uaman  aqui  â  la  s^^nda  que  signe 
dando  la  vaca  y  que  es  mejor  que  la  primera. 

Calucha.  El  hueso  del  coco,  almendra,  nuez,  etc. 

Caluyo.  Baile  zapateado  de  los  indios  bolivianos  del  interior, 
con  mudanzas  y  trenzados,  y  que  ha  trascendido  al  resto  del  pais. 

Calzador.  Portapluma  (Arg.).  Lapicera  (Bol.). 

Calzôn.  Guiso  de  cerdo  con  picante. 

Callahuayas.  Indios  de  los  cantones  de  Curba  y  Arasasùs  en 
el  Departamento  de  La  Paz,  asi  llamados  de  su  danza  caracteris- 
tica,  la  callahuaya  6  especie  de  cuadrilla  d  pasos  saltados  y  con 
varias  figuras.  Estos  indios,  los  primeros  botdnicos  del  imperio  de 
los  incas,  d  modo  de  los  primeros  médicos  de  Grecia,  hacen  lar- 
gos viajes  â  Chile,  la  Argentina,  Perii  y  el  Ecuador,  curando 
empîricamente  con  lasgomas,  résinas  y  otros  simples  de  que  van 
provistos.  Aseguran  poseer  recetas  para  inspirar  el  amor,  como 
también  para  hacer  olvidar  lo  que  se  ama;  poseen,  pues,  el 
elixir  de  Dulcamara  y  las  aguas  del  Leteo.  Lx)  que  saben  verda- 
deramentees  conducir  de  la  Argentina  d  Bolivia  mulas  chûcaras  sin 
perder  una  sola.  Para  ello  las  ensordecen,  y  no  oyendo  ningùn 
ruido,  siguen  ellas  su  camino  sin  espantarse.  Otra  costumbre  de 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  299 

esos  indios  —  se^ùn  testimonio  de  Cortés,  {Ensayo  sobre  la  historia 
de  Bolivid)  —  es  que  todo  el  tiempo  de  su  largo  viaje  dejan  sus 
mujeres  al  cuidado  de  un  amigo  y  adoptan  los  hijos  nacidos 
durante  su  ausencia.  —  A  los  Callahuayas  Udmanlos  también 
cocales  y  yunguenos. 

Callampa.  Voz  quichua.  Boleto,  seta  ù  hongo  comestible. 

Callapo.  Voz  quichua.  Parihuela.  La  réunion  de  dos  balsas, 
en  la  navegaciôn  del  Mapiri  y  Béni,  lo  que  permite  transportar 
25  quintales  de  carga. 

Cama.  En  quichua  y  aimard  équivale  i  «  hasta  ».  Deahl  Ata- 
cama  cuyo  desierto  en  el  litoral  del  Pacifico  debiô  ser  el  confin 
del  imperio  de  los  Incas. 

Camal.  Matadero  ô  macelo. 

Camaleôn.  Llaman  asi  los  campesinos  crucenos  d  la  iguana. 

Camalote  (Phalaris  arundinacea,  L.).  Graminea.  Yerba  nudosa 
de  los  nos  que  al  empantanarse  en  lagos  y  lagunas  forma  islas 
âotantes  en  las  que  llegan  d  arraigarse  ârboles  con  séquito  de 
sagitarias,  nenûfares  y  demds  plantas  acuaticas.  A  estas  islas  Ao- 
tantes en  las  que  cabe  una  persona  y  navegan  d  su  pesar  los  tigres 
sorprendidos  por  una  avenida,  llaman  camalote  los  riberefios  del 
Paranà,  y  colcha  los  bolivianos  del  Oriente.  —  Kamalotera, 
en  éuscaro  es  »  lecho  de  amor  ». 

Camanchaca.  Niebla  meona  de  la  costa  del  Pacifico. 

Camareta.  Morterete  para  regocijos  pùblicos. 

Camba.  El  indio  chiriguano  6  tembeta  que,  como  las  golondri- 
nas,  anuncian  la  primavera  en  Sucre,  viniendo  desde  el  Oriente 
cargados  de  loros,  monos,  maies  y  aliblbis  que  cambalachean  de 
casa  en  cas;i.  Entre  los  cruceiios  espaiioles  6  caucdsicos,  es  sinô- 
nimo  de  indio.  «  Los  enemigos  nuestros  son  très  :  colla,  camba 
y  portugués  »  (el  boliviano  de  la  altiplanicie,  el  indio  y  el  bra- 
sileiio).  Refrdn  cruceno. 

Camdirù.  Pececillo  del  Béni  y  Madré  de  Dios,  de  cuerpo  vibrd- 
til,  largo  de  unos  12  centimetros  y  muy  delgado,  con  la  cola 
acabada  en  punta.  Esta  probado  que   sabe  introducirse  por  las 


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300  CIRO   BAYO 


vias  naturales  de  los  animiles,  de  las  que  es  dificil  extraerlo 
porque  se  agarra  con  dos  espinas  en  las  agallas,  una  i  cada  lado. 
El  menor  daiio  que  ocasiona  es  una  fuerte  hemorragia  por  la  via 
donde  se  ha  introducido. 

Camijeta.  Camisôn  blanco,  sin  mangas,  ancho  y  ceiiido  por 
la  cintura  que  usan  los  indios  civilizados  del  Oriente,  asi  como  el 
tipoy  las  mujeres.  Camijeta  y  tipoy  son  prendas  muy  adecuadas  al 
clima  y  tienen  cierta  apariencia  i  la  clâsica  indumentaria  romana 
y  griega,  aclimatada  por  los  jesuitas  en  las  misiones  de  Mojos  y 
Chiquitos. 

Camiti.  Género  Boa.  Es  la  securi  del  Béni.  Gigantesca  serpiente 
del  tamano  de  la  boa  constrictor,  con  un  gancho  ôseo  en  la  punta 
de  la  cola,  del  diàmetro  del  menique  y  largo  de  4  à  5  pulgadas. 
Con  este  gancho  se  clava  en  la  presa  que  acechô,  enroscândosele 
y  quebrantândole  los  huesos  con  fuerte  contracciôn.  La  camiti 
esta  tendida  en  las  orillas  de  las  lagunas  6  enroscada  en  algùn 
arbolôn  de  las  inmediaciones.  No  es  venenosa,  ni  acomete  al 
hombre. 

Camote  (jConvolvulus  batata),  Boniato  y  Batata.  Variedad  de 
batata,  muy  productiva,  de  énormes  tubérculos  y  de  color  rosado 
desvaido  por  fuera  y  amarillo  por  dentro.  En  la  Provincia  de 
Buenos  Aires  se  conocen  las  batatas  colorada  larga,  de  largos 
tubérculos,  algo  fibrosa  ;  la  colorada  de  Montevideo,  de  tubérculos 
puntiagudos,  muy  dulce  ;  y  la  blanca  de  Santa  Fé,  de  tubérculos 
largos,  aplastados  en  las  extremidades  y  de  sabor  muy  agra- 
dable. 

En  Sucre,  es  el  galdn  6  visitante  asiduo  de  una  dama,  y  essinô- 
nimo  también  de  amor.  Asi  se  dice  :  fulano  esià  encamotado  6 
tiene  un  camote  grande  por  fulana.  Véase  Refranes  y  Modismos. 

Campear.  Buscar  en  campo  abierto  animal  6  persona. 

Campo.  (Hacer).  Hacer  lugar,  dejar  sitîo.  «  Hagan  campo  » 
dice  el  maestro  a  sus  escolares  y  el  oficial  â  sus  soldados,  cuando 
quieren  aclarar  filas. 

CamuatI.   Voz  guarani  :  ca,  avispa;  ww,  amistad  y  a//,  reu- 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  3OI 

niôn  ;  avispas  reunidas  amigablemente.  La  camuati  es  mucho 
mis  pequena  que  la  abeja  doméstica,  pues  solo  tiene  un  centi- 
metro  de  largo  y  poco  mds  de  una  lînea  de  grueso.  Su  figura 
esbelta  y  graciosa  no  estd  afeada  por  el  vello  que  tiene  la  otra. 

A  la  colmena  Uâmase  también  camuaH.  —  Rancho  ôpuesto  de 
los  leiiadores  y  caleros  de  las  barrancas  del  Paranâ. 

Canapé.  Especie  de  camastrôn  que  los  indios  poronguenos  de 
Santa  Cruz  de  la  Sierra  fabrican  de  corteza  trenzada  de  algunos 
drboles  y  bejucos. 

Cancelario.  El  rector  de  las  universidades  de  Bolivia. 

Canco.  Nalga.  «  Mujer  cancuda  »  6  potoca;  la  de  anchas 
caderas. 

Cancha.  Patioycorral  en  quichua.  Voz  muy  generalizada  en 
America,  aplicable  d  todo  lugar  despejado  propio  para  un  déporte. 
Asi,  cancha  de  pelota,  cancha  de  caballos,  cancha  de  gallos,  etc. 
Recodo  6  ensenada  que  describen  los  rios  en  su  curso. 

Canchalagua  (jChironia  untauram),  Veg.  médicinal. 

Candela.  «  No  dar  candela  »  es  dar  higa  una  escopeta  de 
piston. 

Candelero.  Hijo  de  clérigo.  En  el  Perû  lo  llaman  jo/t/wo,  sin 
duda  por  aquello  de  «  filii  clericorum  nepoH  voc3lïïI\xx  ». 

Candombe.  Baile  bdquico  importado  del  Âfrica  y  muy  popular 
en  las  comparsas  carnavalescas  de  Buenos  Aires. 

Caneco.  Ebrio  ô  peneque.  En  la  acepciôn  de  vaso  de  peltre 
enlosado,  es  voz  portuguesa  usada  en  Santa  Cruz. 

Canela  de  olor  y  Canela  negra.  Laurineas.  Variedades  ame- 
ricanas. 

Canga  (Piedra).  Minerai  de  hierro  con  arcilla. 

Cangalla.  Vocablo  de  distinto  significado.  Asi  cacharpas  ô 
prendas  heterogéneas.  —  Cierto  aparejo  ô  albarda  para  Uevar 
cargas. 

Cangallar.  Saquear. 

Cangallo.  Nombre  de  una  pequena  ciudad  capital  de  la  pro- 
vincia  de  este  nombre  en  el  departamento  peruano  de  Ayacucho, 


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302  CIRO   BAYO 


En  cierta  ocasiôn  en  que  i  inmediaciones  de  este  pueblo  pernoc- 
taba  un  escuadrôn  realista,  las  cangaUeras  que  eran  las  ùnicas 
que  habian  quedado  en  las  casas  por  estar  los  hombres  en  la 
guerra,  arriaron  el  ganado  bravo  contra  los  soldados  dormidos, 
que  fueron  sorprendidos  y  dispersados  con  pérdida  de  prisioneros 
y  caballada.  El  gobierno  espanol  ordenô  llamar  «  Regimiento 
dei  sueno  »  al  que  asî  se  dejô  sorprender  y  mandé  nuevas  fuerzas, 
las  cuales  tomaron  i  Cangallo,  lo  incendiaron  y  echaron  Insceni- 
zas  al  rio.  En  recuerdo  de  este  episodio  los  argentinos  bautizaron 
con  el  nombre  de  Cangallo  una  de  las  calles  de  Buenos  Aires. 

Canillera.  Abrigo  de  cuero  6  bayeta  sobre  la  carne  de  la 
canilla,  i  diferencia  de  la  polaina  que  se  pone  en  el  mismo  sitio 
pero  por  sobre  la  ropa. 

Canoa.  Del  caribe  cana-onUy  ârbol  vacîo  y  embarcaciôn  que 
de  él  se  hace.  Es  voz  gênerai  para  designar  un  esquife  ligero  y 
casi  siempre  un  tronco  cavado  con  fuego  y  hacha  del  drbol  que 
ha  de  servir  de  embarcaciôn. 

Cantiîîa.  Cintiga  ô  cintico. 

Cantuta.  Voz  quichua,  clavellina.  Planta  de  varios  colores, 
parecida  i  la  «  espuela  de  caballero  »,  aclimatadaen  los  jardines. 
Llamada  también  «  flor  de  los  incas  »,  porque  les  servia  de  bla- 
son como  la  flor  de  lis  à  los  Borbones. 

Ca^afïstvla  ÇCassia  fistula.  L.).  Véase  Mamijri. 

Canahua.  Quino  de  clase  inferior  que  aprovechan  los  îndios 
de  la  altiplanicie  para  sopas,  caldos,  etc. 

Caoba  (Swietenia  Mahagoni.  L.).  Mara  en  el  Oriente  de  Boli- 
via;  taiiba  en  el  Brasil,  de  donde  caoba  en  castellano.  En  lengua 
«  tupi  »  ô  gênerai  del  Brasil,  tatiba  significa  ano,  porque  los 
indios  cuentan  los  anos  por  la  petrificaciôn  del  caobo. 

CApac  ô  Kcapac.  Nombre  de  excelencia  en  quichua,  que 
significa  poderoso,  grande.  Manco-Câpac,  el  fundador  de  la  dinas- 
tia  peruana. 

Capacha.  Prisiôn  ô  encierro.  «  Meterlo  en  la  capacha  », 
meter  a  uno  en  cafûa,  en  chironûy  en  la  tipa^  nombres  todos  con 
que  se  désigna  la  cârcel. 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  303 

Capachear.  Voz  quichua.  Tomar  los  labios  con  el  pulgar  y  el 
indice. 

Capacheca.  Puestos  ambulantes  de  las  vendedoras  en  el  mer- 
cado  de  Sucre.  Voz  quichua. 

Capacho.  Sombrero  viejo. 

Capar.  Enatar  como  dicen  en  Leôn.  Empezar  un  queso,  un 
jamôn,  etc. 

Capataz.  Jefe  de  peonada  en  estancia  6  barraca.  Un  grado 
menos  que  mayordomo. 

Capear.  Escamotear.  Me  capearon  el  reloj ;  como  si  un  toro 
resucitado  pudiera  decir  «  Me  capearon  la  vida  »,  porque  al 
capearle  le  dieron  la  estocada.  —  Calotear  dicen  tarfbién  en  La 
Plata. 

CapellAn.  El  que  mejorô  de  fortuna  por  haberse  casado  con 
mujer  rica. 

CApi.  Voz  quichua,  maiz.  Harina  blanca  de  maiz  que  se  pone 
en  la  sopa. 

CÀPiA.  Harina  de  maiz  tierno  tostada.  Naco  en  Mendoza. 

Capiguara  (Cavia  capilmra  6  sus  hidrochaeris.  L.).  Véase 
Carpincho. 

Capin.  «  Capin  gordura.  »  (Tristiges  glutinosa).  Gramînea 
forraginera. 

Capirotada.  Plato  criollo  compuesto  de  came,  maiz  y  queso, 
el  todo  preparado  del  siguiente  modo  :  Hiérvase  la  came  hasta 
que  se  ablande,  échese  harina  de  maiz  sancochado  y  tostado  hasta 
reducirlo  d  pasta,  y  agréguese  bastante  queso  y  manteca  frita  con 
especias. 

CapitAn.  Asi  se  Uama  el  comandante  y  timonel  à  un  mismo 
tiempo,  de  las  embarcaciones  remeras  del  Oriente.  Nombre  deri- 
vado  del  que  los  misioneros  dieron  à  los  jefes  de  parcialidades 
indîgenas  encargados  de  dirigir  las  expediciones  navales  y  te- 
rrestres. En  las  embarcaciones  a  que  se  hace  aqui  referencia,  el 
capitàn  es  el  encargado  de  hacer  la  comida  del  patron,  de  cuidar 
de  su  équipage  y  de  acomodarle  el  petate  en  las  pascanas. 


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304  CIRO   BAYO 


CapulIn.  Cerczo,  como  en  Mexico. 

Capuja.  El  juego  dehacer  saltarun  objeto  de  la  mano  cerrada 
de  otro,  dândole  un  golpe  y  haciéndoselo  suyo. 

Carabanchel  ô  camaranchel.  Figôn  ô  chicheria  donde  se  orga- 
niza  unajuerga. 

Caracorè.  Cactus.  Cardones  ô  cirios  por  la  forma  de  sus  tallos, 
gruesos,  blandosy  jugosos,  perfectamente  prismdticos;  desprovis- 
tos  de  hojas  pero  adornados  en  la  época  de  la  florescencia,  de 
lindas  flores  con  pétalos  numerosos  y  un  manojito  de  estambres 
en  el  centro.  Abunda  en  los  terrenos  montanosos  de  las  regiones 
cilidas.  Su  fnito  es  comestible  y  cubierto  de  espinas,  como  el  de 
las  chumbefas.  En  algunas  tolderias  del  Chaco,  sus  troncos  sir- 
ven  de  blanco  para  el  ejercicio  de  la  flécha.  Véase  Cardon. 

Caracù.  Voz  pampa.  El  tuétano  del  hueso,  ô  tutano  que  dicen 
los  gauchos.  Hasta  los  caractises;  hasta  las  entraiias,  hasta  la 
médula.  —  Vozbrasilena.  Res  vacuna  de  pelo  fino  y  delgado,  poca 
cola,  pero  con  borla  ô  plumero  en  el  borde. 

Caracha.  Llaga  de  cualquier  clase  y  magnitud.  CarachentOy 
Uagado.  Es  voz  quichua. 

CarachAqui.  Del  quichua,  que  literalmente  significa  descalzo. 
Persona  que  no  tiene  donde  caerse  muerto. 

Carachapa.  Voz  quichua,  cola  pelada.  Véase  Sariga. 
,     Caraguay.  Lagarto  grande. 

Carancho  (JPolyborus  vulgaris).  Vultùrida.  El  gavilàn  de  la 
Pampa.  Tuy  à  tareche  en  otras  provincias. 

CARAO.Ave  acudtica  de  regular  tamano. 

Carapachayo.  Isleno  del  delta  del  Parana. 

Caravana.  Pendiente  largo  que  usan  las  mujeres  del  pueblo. 
«  Correr  caravanas  »,  alabar  ô  adular  â  una  persona. 

Carayano.  Nombre  que  dan  al  blanco  los  indios  del  Oriente 
boliviano.  Voz  quichua  :  kcara  ô  kcala,  pelado  ô  calvo.  Asi, 
hcala-hunuiy  cabeza  calva. 

Carbon ADA.  Véase  Majo. 

Cardon.  {Ccreus  peruviand).  Cactus  que  tiene  distintos  nombres 


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PROVINCI ALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  305 

en  las  provincias  argentinas  del  Norte  segiin  las  especies  :  ulàla 
(cactus  flagelifortnis,  L.).  que  produce  unos  higos  morados 
chumbos  ;  cuco,  de  higos  no  comestibles  ;  y  el  cardan  macho,  pro- 
piainente  dicho,  que  se  emplea  para  tablas.  Para  ello  se  cortan  en 
sentido  longitudinal  y  ofrecen  anchos  tablones  que  si  bien  poro- 
sos,  se  endurecen  notablemente  y  sirven  para  puertas  y  ventanas 
de  ranchos,  asi  como  para  cercos  de  corrales,  en  paises  prôximos 
i  la  puna,  donde  la  vegetaciôn  es  raquitica.  Los  cardones  alegran 
el  paisaje  de  losterrenos  montaiiosos  con  sus  caprichosos  troncos 
herbiceos,  verdes  y  estriados,  en  cuyos  extremos  apuntan  anchas 
flores  blancas,  amarillas  ô  purpùreas,  segiin  el  cdctus.  Algiin 
tronco  crece  aislado  tomando  la  colosal  magnitud  de  un  obelisco. 
Los  mas  se  ramifican,  pero  siempre  hacia  arriba,  lo  que  le  ha 
valido  el  nombre  de  cirios. 

Caré  6  Amerîna.  Végétal  médicinal.  Cenigcoie  en  Mexico. 

Cargador.  El  mozo  de  cuerda.  Changador  en  Buenos  Aires  ; 
ApirîQïïLz  Paz. 

Carimbo.  El  hierro  para  marcar  reses.  —  La  senal  que  en  otro 
tiempo  servia  para  marcar  los  esclavos.  Por  real  cédula  de  1784 
se  ordenô  al  virrey  del  Perù  se  recogiera  de  las  arcas  reaies  y 
demas  depôsitos,  las  marcas  Uamadas  de  carimbar  que  servian 
para  senalar  los  esclavos,  quedando  en  consecuencia  abolida  esta 
costumbre. 

Carôligo.  Cigarro  de  papel  que  hay  que  liar  todavia  ô  se  estd 
liando.  —  «  Hdgase  un  carôligo,  compadre  !  »  dice  un  gaucho 
alargando  hguayaca  à  petaca.  Es  vocablo  muy  apropiado,  pues 
porser  esdnijulo  evoca  la  idea  de  caracolear  ô  enroscar  el  ciga- 
rrillo. 

Caroî^day.  Véase  Majo. 

Carotear.  Voz  francesa.  En  el  juego  de  carambolas,  dejar  la 
bola  del  adversario  entre  el  mingo  y  la  contraria. 

Carozo.  Aqui  es  el  hueso  de  la  fruta. 

Carpa.  Tienda  de  campana.  Choza  en  aimara. 

Carpincho.  Véase  Capiguara.  Es  el  mismo  animal,  pero  con 


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306  CIRO    BAYO 


el  nombre  del  margen  en  el  delta  del  Paranâ.  El  animal  mis  cor- 
pulente entre  los  roedores,  parecido  al  cuerpo  en  su  tocino  y  el 
sabor  de  su  carne,  si  bien  difiere  de  él  por  su  forma,  indole  y  cos- 
tumbres.  Sin  ser  anfibio  anda  mucho  en  el  agua  donde  nada  y  se 
zambulle,  sacando  con  frecuencia  la  cabeza  para  respirar  ;  es  noc- 
turno,  y  como  se  alimenta  del  pasto  de  las  orillas,  no  se  aleja 
mucho  de  las  riberas.  Algunos  carpinchos  han  Uegado  à  domesti- 
carse. 

Carreta.  Pesado  armatoste,  vehiculo  de  la  Pampa,  tirado  por 
seis  bueyes.  La  célèbre  carreta  tucumana  ocupa  prôximamente 
una  longitud  de  15  métros  y  lleva  como  carga  màxima  1800  kilos. 
Li  carreta  americana  se  reduce  â  un  camastrôn  ajustado  sobre  dos 
6  cuatro  ruedas  de  un  solo  trozo  de  madera  cada  una,  a  modo  de 
ruedas  de  niolino.  Lleva  un  toldo  de  cuero  y  paredes  de  lo  mismo 
sujeus  a  los  adrales.  De  la  carreta  sale  una  pértiga  dividida  en  très 
yugos,  postigo  y  cuartas.  Véase  Tropa. 

Carro.  Mâs  pequeno  que  la  carreta  y  sin  toldo.  Lleva  gene- 
ralmente  cuatro  caballos  :  el  de  varas^  cadenero,  balancin^  y  ladero. 
A  estos  se  anade  el  cuarteador que  tira  suelto  en  la  cuarta  del  carro 
en  los  casos  en  que  es  preciso  tirar  con  fuerza,  como  acontece  en 
cuestas  y  bâches,  espectaculo  muy  frecuente  en  los  tranvias  urba- 
nos  an  tes  de  generalizarse  la  tracciôn  eléctrica.  —  «  Carro  boli- 
chero.  »  Véase  Boliche. 

Carrusel.  De  estejuegoy  nombre  ^rm^c?  (car-Roussel  ô  como 
se  escriba)  han  hecho  en  Sucre  titulo  de  ramera,  aludiendo  dque 
esta  clase  de  mujeres  son  como  los  caballitos  volantes  que  de  todos 
se  dejan  montar. 

Carpir.  Rozar  tierras.  Se  dice  en  Aragon. 

Cas  ;  a —  de;  en —  de.  Apocope  familiar  en  America  y  que 
pasa  por  anticuado  en  la  Peninsula  donde  se  usé  por  lo  menos 
hasta  el  tiempo  de  Calderôn  como  se  ve  en  sus  comedias  (Bello). 

Casal.  Pareja  de  macho  y  hembra. 

Cascabel  (La)  (Crotalus.  L.).  Màs  pequena  que  la  boa,  pues 
casi  nuncapasa  de  dos  varas,  pero  muy  venenosa.  En  la  puma  de 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  307 

la  cola  tiene  una  especie  de  vaina  con  unos  diez  6  veinte  nudos 
del  tamano  de  una  avellana,  con  una  bolita  movible  que  produce 
un  sonido  seco  cuando  encolerizado  el  animal  la  agita.  No  suelta 
la  presa  en  dias  enteros  y  hasta  se  atreve  d  resistir  el  fuego  de  la 
pradera  incendiada,  dejàndose  achicharrar  muchas  veces,  como  lo 
he  visto  en  Mojos.  Su  veneno  parece  ser  un  virus  rdbico  que  en 
pocos  minutos  extingue  la  vida  de  un  animal.  Las  personas  por 
ella  mordidas,  arrojan  sangre  por  todos  los  poros  del  cuerpo,  pero 
el  veneno  se  neutraliza  acudiendo  pronto  a  combatirlo  con  los 
remedios  que  todos  saben  (succiones,  cauterio  y  ligadura).  El 
polvo  de  diente  de  caimdn  almizclado  con  un  pojo  de  agua^  lo 
usan  como  antidoto  los  indios  con  sorprendente  éxito. 

Cascarilla.  Véase  Quina. 

Castear.  Cubrir  el  gallo  d  la  gallina.  Vocablo  muy  propio 
que  he  oido  en  Tucumdn. 

Castilla.  «  La  castilla  »  dicen  los  puebleros  por  el  idioma 
castellano.  En  America  llaman  de  Castilla  d  los  animales  y  plan- 
tas exôticas,  asi  conejo  de  Castilla,  bayeta  de  Castilla,  etc.  Esta 
ùltima  es  la  bayeta  que  las  cholas  bolivianas  se  ponen  encima  de 
las  cuatro,  cinco  y  d  veces  mds  «  poUeras  »  que  se  ponen. 

CatacAta.  Végétal  médicinal. 

Catanga.  Carrito  tirado  por  un  caballo  para  el  transporte  de 
frutas. 

CatAri.  Vibora  en  aimard.  Nombre  del  famoso  Tupdc  Catdri 
que  asediô  La  Paz  en  el  siglo  xviii. 

Catinga.  Hedor  d  cuero  sobado  que  despide  el  cuerpo  del 
indio  y  del  n^o.  —  El  nervio  de  la  cola  de  algunos  animales. 

Catingo.  Futre,  meticuloso. 

Catita.  Cotorrita  y,  por  una  bella  metdfora,  las  copas  de 
ajenjo  en  algunas  localidades. 

Catitear.  Engancharse  en  los  aires  los  «  papelotes  »  ô  come- 
tas  d  manera  de  catitas. 

Cato.  Medida  agraria  de  40  varasen  cuadro  quegeneralmente 
abarca  1 1  cabe:^às  de  coca  de  d  mil  plantas  cada  una.  Usase  en  el 
Dept**  de  La  Paz.  Véase  Coca. 


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308  CIRO   BAYO 


Catumba  (La).  Entre  ninos  crucenos  el  ùltimo  lugar  en  la 
escuela. 

CaiJca.  Bizcocho  de  trigo  que  hacen  en  Santa  Cruz. 

Caùcho.  Ârbol gomifero  delà  familiade  las  euforbiàceas,  que 
no  debe  confundirse  con    la  seringa   ô  goma  eldstica.    Véase 

SiRINGA. 

Caya.  El  chuho  de  la  oca. 

Cazuela.  Sitio  que  como  hasta  no  hace  mucho  en  Espana  hay 
reservado  en  los  teatros  para  las  mujeres  de  entrada  gênerai,  y 
al  que  se  sube  por  una  escalera  aparté.  Las  cazuelas  de  Buenos 
Aires  y  Montevideo  son  verdaderos  escaparates  de  niiias  bonitas. 
Demàs  estadecir  que  en  palcosy  platea  pueden  estar  juntos  ellos 
y  ellas. 

Cebado.  Tigre,  caimàn  li  otra  alimana  que  ha  probado  carne 
humana,  y  muy  temible  porque  en  este  caso  la  prefiere  d  la  de 
los  otros  animales.  En  algunos  lugares  hay  la  creencia  de  que  el 
tigre,  por  ejemplo,  prefiere  la  carne  del  indio  à  la  del  blanco, 
pero  tengo  para  mi  que  si  el  tigre  se  arroja  con  preferencia 
sobre  el  indio  es  porque  le  ve  desnudoô  semi-desnudo,  sirvién- 
dole  de  mayor  incentivo;  sin  negar,  empero,  que  la  «  catinga  » 
del  indio  ha  de  ser  un  tufillo  de  sin  par  atractivo  para  el  jaguar. 

Cebar.  Ir  alimentando  el  mate  con  yerba.  Por  esa  palabra  se 
desprende  la  habilidad  que  requière  la  preparaciôn  de  aquella 
infusion  criolla.  Se  dice  «  cebar  mate  »  en  el  mismo  sentido  que 
cebar  un  horno,  un  arma  de  fuego  6  un  animal  para  la  matanza, 
esto  es,  operando  con  tiempoy  medida.  Véase  Mate  y  Yerba. 

Cebil.  Ârbol  cuya  corieza  Ilamada  «  zumaque  »  se  emplea 
en  la  curtiembre. 

Cedro  (Cedrela  odorata.  L.).  Sin  ser  exactamente  igual  al 
del  Libano,  el  cedro  americano  fué  asi  llamado  por  los  espaiioles 
d  causa  del  olor  aromatico  y  la  amargura  de  su  corteza,  propie- 
dades  analogas  d  los  cedros  de  la  Siria.  Los  cedros  americanos 
crecen  en  grupos  y  en  familias  por  orden  de  tamaiio.  El  cedro 
macho  es  muy  corpulento,  tira  d  Colorado  y  es  de  madera  blanda 


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PROVINCIALISMOS   ARGEKTINOS   Y    BOLIVIANOS  309 

aunque  se  endurezca  en  el  agua.  A  diferencia  de  los  cedros  del 
Libano  condenados  i  desaparecer,  como  que  ahora  200  anos  un 
viajero  contô  23  solamente  de  ellos,  abundan  tanto  en  el 
Oriente,  que  los  rios  traen  en  sus  avenidas  multitud  de  troncos 
caîdos  en  los  derrumbes  de  las  barrancas  ;  troncos  que  detenidos 
paulatinamente  por  las  cachuelas  de  la  boca  de  Madera,  ha  dado 
este  nombre  al  Rio  brasileno. 

Ceiba  {Bombax  ceiba.  L.).  Familia  de  las  bombâceas. 

Ceibo  (JErytrina  Crisia-galli.  L.).  Ârbol  excelso  de  hermosas 
flores  llamadas  patitos  en  la  Argentina  porque  flotan  en  el  agua  ; 
y  gallitos  en  Santa  Cruz,  porque  sus  flores  labiadas  parecen  un 
gallito  con  su  correspondiente  cola  y  cresta;  como  que  para 
mayor  propiedad  los  hacen  pelear  anadiéndoles  puas  de  totay,  de 
cuguchi  6  alfileres.  Cosoriô  se  Uama  en  Santa  Cruz  de  la  Sierra, 
donde  es  niuy  abundante  el  àrbol  que  pertcnece  d  las  legumi- 
nosas. 

Ceja  de  monte.  Arco  de  bosque  que  corta  un  caniino. 

Cektavo.  La  centésima  parte  del  peso  fuerte  americano.  — 
«  Guerra  de  los  diez  centavos  »  :  la  que  estai  16  entre  Chile  y 
Bolivia  en  1879  con  ocasiôn  de  haber  decretado  el  congreso 
boliviano  un  impuesto  de  diez  centavos  por  quintal  de  salitre 
exportado  por  la  companla  anônima  de  salitres  y  ferrocarriles  de 
Antofagasta.  El  Perù  fué  arrastrado  i  la  guerra  por  negarse  a  per- 
manecerse  neutral.  Esta  guerra  del  Pacificoacabô  en  1882  con  la 
derrota  de  los  aliados  en  Tacna,  y  la  ocupaciôn  por  Chile  de  las 
salitreras  de  Tarapaca  y  guanos  de  Atacama. 

Centinela  (La).  Malecôn  ô  islote  que  hace  de  puerto  fluvial 
en  las  poblaciones  riberenas  de  Mojos. 

Centro.  Rancherio  en  medio  de  la  selva  del  Béni,  del  cual 
centre  irradian  las  sendas  i  las  distintas  estradas  6  grupos  de 
arboles  de  la  goma  a  cargo  de  los  picadores.  En  el  centro  ô  cen- 
tres fijan  su  a  carpa  »  ô  levantan  su  choza  de  «  chuchios  »  los 
«  freguezes  »  y  peones  de  una  barraca,  y  en  este  pâraje  estdn  los 
buyones  y  el  desfumador.  Véase  Bolacha.  Cuàndo  el  centro  esta 


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310  CIRO   BAYO 


prôximo  d  la  bàrraca,  acuden  los  peones  à  esta  con  sus  bolachas, 
regresando  el  domingo  con  provisiones  para  la  semana. 

Cèpe.  Véase  Sepe. 

Césares  (Là  ciudad  de  los).  Sonada  ciudad  buscada  por  aven- 
tureros  espanoles  d  tràvés  de  la  Pampà,  de  la  Patagonia,  del  gran 
Chaco  y  del  Atacama,  y  que  si  ha  costado  victimas,  contribuyô 
d  la  exploraciôn  y  dominio  de  esas  regiones.  Cuatro  aventureros 
espanoles  de  la  expediciôn  de  Sebastidn  Gaboto,  se  hicieron 
famosos  por  haber  ido  los  primeros  desde  el  Parand  al  Cuzco, 
âbriéndose  paso  por  entre  peligros  infinitos.  Hernandarias,  gober- 
nador  de  Buenos  Aires  (siglo  xvii)  hizo  una  expediciôn  hasta 
el  estrecho  de  Magallanes,  interesado  también  en  el  descubri- 
miento  de  la  imaginaria  ciudad  de  los  Césares. 

Cercado.  El  ejido  de  una  poblaciôn. 

Cereza.  La  baya  roja,  cuando  madura,  del  café. 

Cermada.  Vomitivo  hecho  de  orines,  sal  y  ceniza  que  acos- 
tumbran  en  el  campo. 

Cerote.  Torzal  de  cera  para  encender. 

CiELiTO.  Canciôn  populâr,  de  versos  ajustados  â  los  sucesos 
del  diâ,  muy  en  boga  àntes  en  los  paises  del  Platâ. 

Cimarrôn.  Animal  alzado.  La  persona  asalariadà  que  huye  âl 
monte.  —  «  Mate  cimarrôn.  »  El  mate  amargoô  servidosin  azii- 
câr.  Mate  amargo  y  china  pampa,  solo  por  necesidad  (Refrdn  poaeno). 

CiMARRONEAR.  Matear  del  amargo. 

CiMBA.  Voz  quichua,  cimpa^  pelo  trenzàdo.  Trenzâ  ô  coleia 
que  usan  los  quichuàs  é  indios  bârbaros  del  Oriente.  La  cos- 
tumbre  de  usar  trenza  los  hombres  blancos,  imperaba  también 
en  Buenos  Aires,  como  en  Madrid  en  tiempo  de  los  chisperos 
y  manolos.  En  los  anales  de  la  Argentina  se  remémora  là  revo- 
luciôn  del  Regimiento  de  Pâtricios  en  el  aiio  1812,  porque  el 
gênerai  Belgrano  ordenô  que  su  genre  se  cortara  la  cimba. 
Parece  ser  que  la  coleta  quichua  era  senal  de  servidumbre,  puesto 
que  el  inca  y  varones  de  la  familia  impérial  se  distinguian  por 
Uevar  el  pelo  corto. 


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PROVINCI  A  LISM  os    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  3  II 


CiMBADO  (El).  «  Chicote  »,  cordel  ôcuero  trenzado  a  manera 
de  cimba  6  trenza. 

CiNCHADAS  (Juego  de).  Es  de  dos  maneras.  Una  cuerda  larga 
de  cuyos  extremos  asen  dos  bandos  contrarios,  hasta  que  el  mas 
fuerte  arrastrando  al  otro  le  hace  pasar  el  palo  que  como  fiel  de 
balanza  esta  en  medio,  6  bien,  son  dos  carros  atados  fuerte- 
mente  por  las  culatas  y  tirados  por  caballos  en  direcciones  opues- 
tas,  ganando  el  que  arrastra  al  otro.  Es  juego  muy  en  boga  entre 
los  carreros  de  la  campana  y  de  los  suburbios  de  Buenos  Aires. 

CiNCHO.  Peladura,  calva  ô  claro  de  arbolado  en  una  ladera  6 
flanco  de  montana. 

CiauE.  Piedras  que  se  parten  de  las  cajas  de  una  mina  para  dar 
entrada  al  minero  en  el  fondo  en  seguimiento  de  la  veta. 

CiiJtico.  Dicese  también  Piciiislico.  El  individuo  que  en  Ingla- 
terra  apellidan  «  snob  »,  en  Italia  «  cafon  »,  en  Portugal  «  fili- 
pon  »,  en  Francia  «  rastaquouère  »  y  en  Espana  «  cursi  ». 

Clarificadora.  Caldera,  gran  paila  6  tacha  donde  el  guarapo 
â  la  temperatura  de  éo  grados  se  clanfica  y  arroja,  con  las  espu- 
mas,  las  materias  leiiosas,  acuosas  y  fermentables  que  forman  la 
«  cachaza  ». 

Clavo.  Metafôricamente  es  como  en  la  Peninsula  grave  cui- 
dado  ô  pena  que  acongoja.  Asi  :  «  Hoy  me  aprobaron  y  me  he 
sacado  el  clavo  de  encima.  »  Pero  ademas  :  Estafa,  sablazo.  Ej.  : 
Fulano  clavô  al  Banco  en  diez  mil  pesos  ;  Mengano  me  clavo  en 
la  calle,  etc.  —  Mercaderia  ô  cosa  que  no  sirve  :  Hoy  he  ven- 
dido  un  clavo,  —  Me  vendiô  V.  un  clavo,  etc. 

CoATt.  Voz  guarani,  de  coatya,  Roedor  de  pintada  piel;  muy 
gracioso  cuando  joven,  pero  perjudicial  y  danino. 

CoBijA.  Cualquiera  cubierta  de  lana,  cuero,  poncho,  que  sirva 
de  manta,  y  por  antonomasia  la  primera. 

Coca  {Pauviana  herbà).  Antes  del  descubrimiento  de  la 
«  cocaina  »  y  de  sus  maravillosas  propiedades  anestésicas,  el  con- 
sumo  de  la  coca  estaba  limitado  â  la  indiada  de  la  aliiplanicie  y 
à  los  pedidos  de  los  asientos  minérales  en  que  los  mineros  no 


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312  CIRO   BAYO 


hacen  nada  faltindoles  la  coca.  Hoy  en  dia  su  cultive  constituye 
la  producciôn  de  mayor  riqueza  en  las  vegas  templadas  de  Boli- 
via  y  Peni.  Las  yungas  de  La  Paz  y  la  Provincia  de  Otuzco  en 
el  Peni  suministran  la  coca  de  mayor  calidad,  yéndoles  al  alcance 
la  de  Cochabamba  en  Bolivia  y  la  de  Cajabamba  y  Huamachuco 
en  las  margenes  del  Maranôn. 

El  tamano  medio  del  arbusto  flexible  y  ramoso  es  el  de  dos 
varas. 

La  planta  vieja,  expérimenta  la  invasion  de  un  musgo  parà- 
sito  que  la  seca  y  amengua  el  producto  ;  es  indispensable  reco- 
gerlo  ô  rasparlo  del  tronco  a  que  se  adhiere  ;  operaciôn  denomi- 
nada  iamilleo, 

Existen  très  diversidades  de  coca  :  la  principal,  de  hoja 
grande,  doble  y  generalmente  aceptada  en  el  consumo  ;  la  muna- 
coca,  de  hoja  menuda  y  exquisita  calidad  que  no  se  cultiva  porque 
no  hace  bulto  y  es  trabajoso  recojerla,  y  la  coca-té^  que  no  es 
apetecida  para  mascada  por  muy  fuerte,  y  que  se  emplea  como 
la  hoja  que  le  presta  su  nombre,  en  infiisiones  saludables  y  aro- 
mdticas. 

Todos  los  establecimientos  de  coca,  se  hallan  situados  en  que- 
bradas  y  laderas  mis  6  menos  cubiertas,  siendo  su  clima  el  tem- 
plado(de  19^*5  a  24^3,  centîgrado)  bajo  cuya  influencia,  desarrolla 
y  alcanza  la  mejor  calidad  de  la  hoja  y  la  vida  larga  del  plantio. 
En  las  regiones demasiado  profundasyen  que  escasea  la  aeraciôn, 
la  hoja  de  la  coca  es  delgada,  amarillenta  y  dotada  de  pocas 
sales. 

La  zona  en  que  se  levanta  hpaltna  verde,  pasa  por  ser  la  indi- 
cadora  de  la  capacidad  del  suelo  y  del  clima  apropiados  para 
el  cultivo  de  la  coca,  no  siéndolo  todavîa  aquélla  en  que  se  pré- 
senta la  blanca  que  es  de  climas  algo  frescos. 

Cumplido  el  prcliminar  de  todo  trabajo  montnnés,  cual  es  el 
del  roce  à  chaqueo  que  consiste  en  derribar  los  ârboles  ô  la  maleza 
(chumi)  que  cubren  el  terreno,  para  dejarlos  secar  durante  la 
estaciôn  frigida  y  ser  quemados  antes  de  la  primavera  ;  es  forzoso 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  313 

optar  por  la  preparaciôn  del  terreno,  conforme  a  alguno  de  los 
métodos  conocidos,  para  fundar  el  cato  que  ha  de  recibir  la  planta 
y  que  son  :  —  la  Cavada,  el  Lliqui,  Ceumpu,  Estaquilladoy  y  Mari- 
ffiacho  :  cinco  en  todo,  con  sus  nombres  indîgenas.  De  estos,  el 
del  Lliqui  y  Estaquillado,  abrevian  considerablemente  la  disposi- 
ciôn  de  los  hiuichos  6  cavidades  en  que  se  ponen  las  plantas,  labrdn- 
dolas  ligera  y  superficialmente,  ô  bien,  reemplazandolos  con  sur- 
cos  bordeados  de  hierro  6  piedra.  Ambos  se  practican  en  sitios 
pianos,  blandos  y  de  buen  terreno,  con  éxito  satisfactorio  en  los 
primeros  tiempos. 

El  CeumpUy  la  Cavada  y  Marimacho,  requieren  (por  estar  Uama- 
dos  d  infundir  mds  larga  duraciôn  al  establecimîento)  trabajos 
mucho  mds  prolijos  ;  pues,  sobre  depurar  el  terreno  de  toda  maleza, 
dejar  aplanada  y  rellenadas  sus  desigualdades,  etc.,  imponen  la 
construcciôn  de  surcos  ô  huachos  que  afectando  la  forma  de  ram- 
blas  hechas  de  arriba  abajo  como  en  la  Cavada^  à  de  abajo  arriba 
como  el  CeumpUy  son  fuertemente  golpeados  y  apisonados,  para 
que  su  forma  deanfiteatro  résista  la  acciôn  de  los  aluviones  ;  cons- 
tituyendo,  por  tanto,  un  repliegue  ù  oquedad  intermedia,  donde 
se  situa  la  planta,  proporciondndole  un  terreno  blando  y  pulve- 
rizado  donde  prosperen  y  se  extiendan  sus  raices. 

Conforme  d  los  métodos  preindicados,  la  coca  ocupa  el  centro 
de  los  huachos  que  distan  una  vara  uno  de  otro  y  en  el  sentido 
de  la  inclinaciôn  necesaria  para  dejar  correr  las  aguas.  En  el  del 
MaritnachOy  que  exije  terrenos  llanos,  las  plantas  son  colocadas 
d  ambos  costados  del  ancho  bordo,  de  suerte  que  las  dos  hileras 
de  ellas  se  encuentran  separadas  por  una  misma  rambla.  En  este 
sistema  de  huachos  se  asienta  demasiado  la  tierra  del  plantîo,  por 
dar  constante  paso  d  los  trabajadores  por  su  intermedio,  loque  es 
un  gran  defecto. 

Sin  vacilaciôn  puede  decirse  que  el  Ceumpu  es  el  mejor  de  los 
métodos  apuntados  ;  desde  luego,  porque  los  huachos  que  se  cons- 
truyen  de  abajo  nvriba,  son  mucho  mds  consistentes  que  los  de 
los  otros  métodos  inversos;  y  en  seguida,  porque  dichas  cavidades 


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314  CIRO   BAYO 


conforme  el  plan  de  su  labranza  y  coraposiciôn,  contienen  la 
tierra  végétal  mis  rica,  el  humus  de  las  superficies  y  el  subsuelo. 
No  asi  en  aquellos,  en  los  que  la  plantaciôn  se  verifica  forzosa- 
mente  sobre  tierra  ingrata  removida  de  los  bajos  fondos  y  que  en 
regiones  montuosas  suelen  estar  desposeidos  de  tierras  densas  y 
abonadas.  Es  que  estas  ùltimas  se  han  de  haber  forzosamente  ago- 
tado  en  la  composiciôn  de  los  bordos. 

El  azadôn,  la  chucchuca  à  azada  y  el  cuchillo  de  monte  son 
los  instrumentosque  se  usan  en  estas  labranzas. 

Un  cato  de  coca  abraza  40  varas  cuadradas,  conteniendo  1 1 
cabe^as  de  â  mil  plantas.  Forman  en  consecuencia  110,000  en 
junto,  cuyo  numéro  no  pareceria  susceptible  de  caber  en  una 
extension  relativamente  corta  ;  pero  colocadas  como  se  hallan  las 
plantas  â  una  cuarta  de  distancia  una  de  otra»  formando  hileras 
separadas  por  calles  angostas,  su  numéro  es  prôximamente 
exacto. 

Segùn  la  calidad  del  terreno  y  su  situaciôn  azotérmica,  la  pri- 
mera hoja  se  recoje  al  ano  de  puesta  la  planta,  en  las  vegas  y  â 
los  dos,  en  las  faldas  elevadas.  La  primera  hoja  de  la  planta  (que 
se  debe  sacar  cuidadosamente)  se  llama  hojeada;  la  sçgandz  poche- 
ada,  y  las  siguientes  que  corresponden  â  la  época  de  las  très 
mitas  anuales  (marzo,  junio  y  octubre)  se  denominan  lluchuSy 
aludiendo  â  la  manera  de  despojar  la  hoja,  resbalando  ambas 
manos  sobre  los  tallos  que  la  sostienen. 

Las  mitas  que  se  repiten  de  3  en  3  meses,  6  sean  4  al  ano,  debi- 
litan  sensiblemente  las  plantas  y  son  reputadas  como  atentatorios 
del  porvenir  del  establecimiento. 

La  coca  se  propaga  por  almâcigas  puestas  en  unas  concavidades 
especialmente  preparadas  llamadas  camellones  de  tierra  desmenu- 
zada  y  fina  y  después  de  lavada  la  goma  que  envuelve  la  semilla. 
Una  vez  sembrada,  se  tapa  el  camellôn  con  grandes  hojas  colo- 
cadas à  manera  de  techumbre,  hasta  que  la  planta  tenga  4  6  5 
hojas.  Al  cabo  de  seis  meses,  el  pequeno  retono  puede  ser  11e- 
vado  â  los  huachos  donde  se  instala  con  el  auxilio  de  una  estaca 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  315 

rellenando  con  tierra  floreada  el  hoyo  que  recoje  sus  abundantes 
raîces.  Se  debe  verificar  esta  operaci6n  un  dîa  nublado  6  en  que 
caîga  Ilovizna,  para  asegurar  un  éxito  complète. 

Después  de  cada  mita,  se  hace  el  desyerbo  del  catocon  el  auxi- 
lio  de  chantas  6  pequenas  lanzas  forradas  de  almocafre,  que  tam- 
bién  afecta  la  forma  de  una  lanza  corva  y  de  los  aflojadores  de 
hierro  cuya  punta  es  aplastada. 

Su  longitud  responde  â  la  necesidad  de  operar  sobre  planiîos 
tiernos  6  de  mâximo  crecimiento  (3  catos  en  métros  viejos).  En 
la  mita  de  marzo,  que  corresponde  à  la  de  la  mayor  exhuberan- 
cia  de  la  vegetaciôn,  se  agrega  al  desyerbo  ordinario  la  repeticiôn 
del  mismo,  pasado  un  corto  intervalo. 

Requintado  constante  y  cuidadosamente  un  cocal,  para  llenar 
los  claros  que  han  podido  dejar  en  él  las  enfermedades  de  la  planta 
â  la  vez  que  los  asaltos  de  sus  astutos  enemigos,  pueden  mante- 
nerse  prôsperos  por  mâs  de  40  anos  !  En  aquellas  regiones  privi- 
legiadas,  se  conservan  los  gérmenes  como  para  coniribuir  cual 
mâs,  cual  menos,  â  mantener  latente,  si  no  imperecedera,  la  vida 
végétal. 

La  cosecha  6  mita  de  la  coca,  se  verifica  con  cierta  indispen- 
sable celeridad  que  corresponde  bien  â  la  précision  con  que  deben 
llevarse  â  cabo  sus  beneficios.  Ella  se  verifica  por  peones  de 
ambos  sexos  que  proceden  al  lltichu  con  ambas  manos  y  van 
depositando  la  hoja  en  una  lalega  a-narrada  â  la  cintura  y  que 
acuden  â  vaciarla  cada  vez  que  se  llena,  al  galpôn  ventilado  y 
seco  llamado  mathuasi.  Sin  mâs  dilaciones  se  extiende  la  hoja — 
sin  separaciôn  de  calidades — en  el  lugar  merituado,  para  que  ella 
no  entre  en  calor,  y  cuidando  de  que  la  capa  extendida  no  pase 
de  unas  8  pulgadas  de  espesor.  Al  dia  siguiente,  se  la  saca  al  ten- 
dal  que  équivale  â  una  plazoleta  embaldosada,  de  20  varas  cua- 
dradas  siquiera,  y  un  tanto  elevada  por  los  extremos,  donde  la 
hoja  es  expuesta  al  sol  y  removida  y  batida  Qicraseca)  por  très 
veces,  levantândose  las  capas  de  abajo  arriha,  â  fin  de  que  toda 
lacantidad  de  mato  que  haentrado  en  beneficio,  seque  con  igual- 


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3l6  CIRO   BAYO 


dad.  El  estado  de  retirarlo  en  grandes  sacos  de  bayeta,  lo  déter- 
mina cierta  ductibilidad  de  la  hoja,  que  indica  que  aiin  conserva 
un  resto  de  humedad  en  que  ha  de  aprovecharse  para  que  no 
quede  pulverizada  en  las  operaciones  sucesivas. 

Llévanse  en  este  estado  los  sacos  de  hoja  a  los  altos  de  la  casa, 
donde  se  vacîan  para  que  refresque,  ensacândola  por  la  noche  y 
pisandola  dentro  de  los  sacos. 

Antes  de  encestarla  en  la  prensa,  es  preciso  sacarla  una  vez  mâs 
al  tendal  â  recibir  el  fuerte  calor  solar  por  unos  quince  mînutos 
y  llevarla  de  nuevo  al  alto  de  la  casa  â  enfriarse,  después  de  lo 
cual  estarâ  recién  la  coca  dispuesta  â  ser  prensada.  No  valdrîa  la 
pena  de  extenderse  en  detalles  respecto  de  esta  operaciôn  mecâ- 
nica.  Diremos  tan  solo  que  con  ellas  quedan  formados  los  cestos  6 
tambores  (de  24  libras  el  primero  y  de  60  netas  el  segundo), 
envueltas  en  las  fibras  de  plàtanos  denominadas  cu:^uro5  afianza- 
das  con  lianas  silvestres. 

Es,  si,  de  la  mayor  importancia,  el  saberque  si  no  se  Uevan  â 
cabo  con  absoluta  regularidad  los  beneficios  que  se  deben  dar  à  la 
coca,  y  en  el  orden  senalado,  la  cosecha  se  halla  expuesta  à 
perderse  deplorablemente,  por  causa  de  lo  tornadizo  del  tiempo. 

En  aquellos  climas  tropicales,  todo  esta  sujeto  â  accidentes  ino- 
pinados.  El  dîa  sereno  y  el  nublado,  el  sol  ardiente  y  la  tempes- 
tud,  se  alternan  cuando  menos  se  piensa,  sin  dar  tregua  para  nada. 
El  aire  siempre  hiimedo,  se  enfria  6  no,  al  atravesar  losbosques; 
dilâtase  6  se  condensa  el  vapor  que  contiene  y  sobreviene  uno  li 
otro  meteoro,  sin  que  los  anuncie  signo  alguno  manifiesto. 

Asî,  pues,  cuando  hecha  la  mita,  el  sol  se  oculta  por  dîas  segui- 
dos,  la  coca  hùmeda,  confiada  en  tnathuasi,  pierde  el  color  y  la 
calidad.  Seis  dîas  son  todo  el  plazo  que  puede  permanecer  allî  sin 
deterioro.  Cuando  secada  al  tendal,  después  deesteùliimo  lapso 
no  haysol  que  la  seque  suficientemente,  6  cae  llowiznz,  se condena 
(choctaska)  y  sus  propiedades  de  sabor  y  buen  gusto  quedan 
desvanecidas  6  se  disipan  hasta  tal  punto  que  no  cabe  sino  arro- 
jarla.  Cuando  por  falta  de  sol,  no  se  ha  podido  resecar  la  coca, 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  317 

entra  también  espontâneo  repentino  calor  y  se  pone  rojiza  y 
picante,  lo  que  la  déprécia  del  todo.  Por  ùltimo,  si  Uegaâ  ences- 
tarse  sin  haber  estado  convenientemente  seca,  se  condena  en  el 
camino  y  se  habrâ  conducido  una  carga  inùtil  y  penosaniente 
elaborada,  al  través  de  aquella  naturaleza  hurana  y  por  rutas  no 
siempre  accesibles  aun  â  los  cascos  del  mulo.  Trasporte  y  trabajo, 
todo  se  habrâ  perdido. 

Sabido  es  que  la  coca  actùa  en  el  estômago  como  anestésico  : 
suprime  la  sensaciôn  del  hambre,  pero  no  la  satisface.  De  la 
coca  se  extrae  la  cocaina,  alcaloïde  extraido  por  vez  primera  en 
1869  de  las  hojas  de  la  planta  por  Niemann,  de  Viena.  Un  kilo- 
gramo  de  hojas  de  coca  da  cerca  de  2  gramos  de  alcaloïde.  La 
higrina  es  otro  alcaloïde  liquido  volatil  que  de  las  mismas 
hojas  se  extrae. 

CocACHO.  Voz  quichua.  Capôn  en  castellano.  Bicoque  en 
Tucumân  ;  golpe  dado  en  la  cabeza  con  los  nudillos  de  los  dedos. 

CocADA.  Especie  de  turrôn,  asi  llamado  en  La  Paz.  Tableta 
en  Sucre  y  otras  localidades. 

Coco.  El  fruto  lenoso  de  las  palmeras  y  el  de  ciertos  ârboles 
como  el  almendro  {Beriholetià).  La  pulpa  cocotera  es  la  que  pro- 
duce el  coco  tan  apetecido  por  la  leclie  que  encierra  y  por  la 
carne  adherida  â  sus  paredes.  EJ  de  lasdemâs  palmeras  es  menor, 
y  aunque  los  monos  y  los  «  bârbaros  »  le  hincan  el  diente,  la 
verdad  es  que  solo  aprovecha  para  la  extracciôn  del  aceite.  Estos 
cocos  cuelgan  en  racimos  énormes  que  al  madurar  caen  al  suelo. 

El  portugués  Barros  asegura  que  el  nombre  de  coco  se  diô  por 
sus  paisanos  â  la  nuez  de  la  palma,  por  su  parecido  con  la  careta 
6  mascara  con  ojos  y  nariz,  muy  aparente  para  meter  susto  â 
los  ninos,  â  quienes  se  les  grita  :  \  que  viene  el  coco!  —  Lo  cierto 
es  que  nuestro  Juan  de  Salinas  (siglo  xvn)  haciendo  hablar  à 
un  coco,  escribe  : 

Véngome  aca  porque  vca 
su  retrato  al  natural, 
que  en  la  lengua  original 
lo  misnw  es  coco  quffta. 


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3l8  CIRO    BAYO 


CocoLORO.  Voz  quichua.  Otro  nombre  del  carozo  ô  hueso  de 
las  frutas. 

CocuYO.  Coleôptero  fofiforescenie  de  los  trôpicos.  También 
tucu  y  curucusl. 

Cocha.  Voz  quichua,  laguna.  Cachabambay  Pampa  banada; 
Yanacocha,  Laguna  negra,  etc. 

CocHAYUYO.  Alga  del  Pacifico,  y  una  especie  semejante  que 
se  da  à  orillas  del  lago  Titicaca.  Ambas  mas  que  sabrosas  son 
suculentas. 

CojER.  Lo  que  prohibe  el  sexto  de  la  Ley  de  Dios.  En  el  Rio 
de  la  Plata  es  palabra  mal  sonante  y  hay  que  reemplazarla  siempre 
por  agarrar.  Los  mismos  comediantes  se  veri  apuradillos  cuando 
han  de  recitar  versos  como  la  décima  aquella  de  la  «  Vida  es 
sueno  »  :  Cuentan  de  un  sabio  que  un  dia  en  que  se  conjuga  dos 
veces  el  verbo  cojer. 

CojUDO.  Tonto,  primo,  pavo  de  la  boda.  «  Hacerse  el  cojudo  »  : 
hacerse  el  sueco.  A  este  respecto  séame  licito  referir  un  chasca- 
rrillo  6  como  quiera  Uamarse,  que  he  oido  en  uno  de  los  salones 
mas  aristocrâticos  de  Sucre.  Hablaba  en  una  tertulia  intima  uno 
de  estos  Diôgenes  cultos,tan  bien  estereotipados  por  el  P.  Coloma 
en  Pequeheces;  uno  de  estos  hombres  a  quienes  se  les  dispensa 
cualquiera  sinvergùenceria  por  lo  mismo  que  a  tienen  cosas  »  ; 
y  en  su  relaciôn  aludiendo  â  otra  persona,  dijo  que  era  un  beà^us 
vir.  La  senora  de  la  casa,  no  muy  fuerte  en  latin,  picada  por  la 
curiosidad,  preguntô  que  significaba  el  latinajo.  —  Beatus  vir  ? 
cojudo,  senora,  cojudo,  respondiô  el  interrogado.  Los  mânes  de 
Horacio  se  estremecieron  por  la  interpretaciôn  y  los  asistentes 
chuquisaqueiios  se  mordieron  los  labios  de  risa. 

CoLCHA.  Véase  Camalote.  Yerbas  y  plantas  acuâticas  que  â 
manera  de  colchas  propiamente  dichas,  cubren  la  superficie  de 
algunos  lagos  de  Mojos,  obstaculizando  la  navegâciôn  de  canoas 
y  batelones. 

GiLCHico  6  quitameriendàs  (Colchico  autumnalé).  Végétal 
médicinal. 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  319 

CoLEGio.  En  los  pueblos  de  Mojos  y  Chiquitos  es  sinônimo 
de  hospederia  6  apeadero  de  viajeros,  por  ser  el  local  destinado 
para  esto  después  quedejô  de  séria  casa  de  los padres misioneros. 

CoLEGio  Nacional.  Instituto  oficial  desegundaensenanza. 

CoLETO.  Cota  6  saco  de  ante  6  cuero  que  usan  los  vaqueros 
en  terrenos  fragosos.  I^  costra  ô  corteza  de  algunas  amasaduras. 

CoLGAR  la  galleta.  Dejar  cesànte.  Despedir  un  doméstico  6 
empleado.  «  Me  colgaron  la  gàlleta  »,  dice  el  criollo  de  estos 
paîses,  cuando  precisamente  le  qui  tan  el  panent  nostrum. 

ColibrI.  Nombre  caribe  de  la  avecilla  mas  conocida  en  estos 
paîses  por  picafloty  porque  se  la  ve  siempre  chupar  el  nectar  de 
las  flores,  sin  ajarlas,  ni  tocarlas.  Llàmanla  también  tominejo  por 
su  extremada  pequenez,  y  pâjaro  resucitado  porque  se  creia  que 
moria  en  el  invierno  para  resucitar  en  verano.  Su  nombre  mas 
poético  es  corasU  cabellos  del  sol,  que  le  darr  los  indios  del 
Oriente. 

CoLiTA.  El  nino  mimado  siempre  prendido  a  las  faldas  de  la 
madré.  «  Hacer  colita  »  :  los  muchachos  para  hacer  correr  un 
carnero  «  le  hacen  colita  »  meneândole  el  rabo. 

CoLQUE  6  choque.  Plata,  en  quichua  yaimarâ  respectivamente. 
Asi  :  colquechaca,  puente  de  plata  ;  choque-tnamani,  âguila  de 
plata  ;  choqueyapUy  sementera  6  chacra  de  plata,  nombre  primir 
tivo  de  la  ciudad  actual  de  La  Paz. 

Colla.  Habitante  del  Collao  6  de  la  Alta  Planicie.  Sinônimo 
de  Boliviano  entre  los  Argentinos  y  también  de  mezquino  y 
misérable  aludiendo  a  los  yunguenos  ambulantes  de  que  en  otra 
parte  se  hace  menciôn.  Véase  Callahuayas. 

Nombre  que  dan  los  crucenos  d  sus  compatriotas  del  interior 
y  en  gênerai  d  todos  los  serranos,  pues  d  los  de  Valle  Grande  se 
les  Uama  también  collas  no  obstante  pertenecer  al  Departamento 
de  Santa  Cruz.  En  la  familia  de  los  incas,  colla  era  sinônimo  de 
infanta  ô  princesa;  asi  Marna  Colla. 

Collera,  llaman  en  Mendoza  d  los  botones  postizos  de  los 
punos  de  la  camisa.  Tibis  6  tibies  en  Buenos  Aires. 


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320  CIRO   BAYO 


CoMEjÉN.  Gusanillo  roedor  6  carcoma.  Refiere  el  tradiciona- 
lista  Palma  que  a  un  escribano  le  exigiô  la  Real  Audiencia  de 
Lima  la  exhibiciôn  de  un  expediente  en  el  cual  estaban  protoco- 
lizados  un  testamento  y  titulos  de  propiedad.  Cuando  eldeposita- 
rio  de  la  fe  pùblica  hubo  agotado  todo  su  arsenal  de  evasiones,  y 
tracamandanas,  se  présenté  ante  el  virrey,  que  lo  era  el  Marqués 
de  Castelfuerte,  y  le  dijo  :  «  Senor  excelentisimo,  por  mis  que 
he  revuelto  mi  archive,  no  encuentro  ese  condenado  proceso,  y 
barrunto  que  el  comején  se  lo  ha  comido.  »  —  «  Esas  tenemos, 
senor  mio?  contesté  el  virrey,  pues  à  chirona  el  comején.  »  Y 
desde  entonces  quedé  como  refrdn,  cuando  una  cosa  no  parece  : 
i  Vamos,  se  la  habrâ  comido  el  comején  ! 

CoMODORO.  Como  en  Inglaterra  y  Estados  Unidos,  llaman  asî 
en  la  Argentina  al  capitan  de  navio  que  manda  una  divisién  de 
mds  de  très  buques.  Ahora  bien,  comodoro  viene  del  inglés 
comnwdore  (acentuada  la  silaba  coiii)  que  se  dériva  del  espanol 
antiguo,  cémitre,  capitin  de  mar  bajo  las  érdenes  del  almirante  ; 
y  andando  el  tiempo,  el  que  en  las  galeras  ténia  el  mando  de  las 
maniobras  de  los  forzados  y  remeros,  cambiado  luego  en  cômitor^ 
commodor,  Littré  y  Webster  avanzan  mas  aiin,  y  en  sus  respectives 
diccionarios  hacen  derivar  la  palabra  comodoro  del  espanol  comen- 
dadoTy  derivada  à  su  vez  del  bajo  latin  conwiendarCy  comandar. 

En  el  almirantazgo  argentine  no  dieron  con  este  busilis  y  en  su 
afdn  de  copiar  a  los  anglo-sajones  adoptaron  la  palabra  comodoro 
que  por  las  explicaciones  anteriores  debiera  también  adoptar  la 
marina  espanola  de  guerra. 

Como  nô  ?  De  variable  signifîcacién.  En  gênerai  corresponde  a 
los  casos  que  en  castellano  se  exclamaria  :  i  Cémo  no  ha  de 
ser  como  usted  dice  ?  é  ^  Cémo  no  ha  de  sucederé  se  ha  de  hacer 
tal  cosa  ? 

CoMPADRE.  En  Europa  el  compadre  es  el  padrino,  y  el  compa- 
drazgo  un  parentesco  espiritual  reconocido  como  un  obstaculo 
para  contraer  matrimonio.  En  America,  y  entre  las  dases  de  la 
dase  média  y  baja,  el  compadre  significa  un  vinculo  de  amistad 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  32I 

indisoluble;  de  protecciôn  decidida,  manifiesta  y  de  substancia, 
y  un  numéro  respetable  de  convites  y  francachelas  y  de  cumpli- 
dos  sin  cuento.  Cur  compatres  tant  assidue  et  splenditer  in  America 
honorantur?  Ademds  de  los  compadres  de  pila  y  de  confirmaciôn, 
hay  compadres  de  pelo  y  de  juramento  6  de  misa  y  de  profesiôn, 
de  boda  y  de  bandera,  de  concierto  y  de  desafîo,  de  ôleos  y 
muchos  mâs. 

Fiestas  6  dias  de  cotnpadres.  El  primero,  6  mâs  distante  del 
Carnaval,  se  llama  Jueves  de  los  compadres;  el  que  le  signe, 
Jueves  de  las  comadres,  y  el  mâs  inmediato  i  las  Carnestolendas, 
Jtieves  gordo.  Tomaron  estos  nombres  porque,  antiguamente,  en 
el  primer  jueves  indicado,  los  que  habian  en  el  ano  anterior 
sacado  de  pila  â  algûn  pârvulo,  solîan  obsequiar  â  las  que  habian 
sido  sus  comadres.  En  el  segundo  jueves  las  comadres  obsequiaban 
d  su  vez  â  los  compadres  ;  y  el  tercero  tomô  el  nombre  de  gordo 
porque  acercândose  la  Cuaresma  6  época  de  abstinencia  de  cames, 
se  soHa  celebrar  como  por  despido  con  unas  solemnes  merendonas 
de  todo  lo  mds  pringoso  y  suculento  de  que  pronto  iban  d  verse 
privados. 

CoMPANONES.  Los  testiculos.  Voz  anticuada  como  lo  atestigua 
este  pasaje  del  D*"  Laguna  :  «  Mezdado  con  aceite  omphacino,  con 
un  poco  de  ôleo  rosado  y  vino  sirve...  d  la  inflamaciôn  de  los 
compaiiones  »,  etc.  (Dioscorides,  1.  7,  c.  128). 

CoMUNiDAD.  Sociedad  politica  formada  por  cada  una  de  las 
diferentes  tribus  de  indios  quichuas  y  aimardes.  Cada  comunidad 
se  subdivide  en  ayllos  à  parcialidades,  estas  gobernadas  por 
caciques  y  toda  la  comunidad  por  el  curaca.  El  corregidor  del 
canton  es  la  autoridad  gubernativa  de  la  comunidad  y  cuida  de 
la  distribuciôn  de  tierras  ;  désigna  los  alcaldes  y  alguaciles  ;  los 
indios  que  han  de  servir  semanal  ô  mensualmente  al  cura,  al 
subprefecto  y  al  mismo  corregidor.  Senala  en  fin,  los  aiféreces, 
la  prestaciôn  vial  y  las  derramas.  Véase  Derrama. 

CoNCHA.  Lo  que  las  mujeres  tienen  y,  segiin  la  copia,  es  la 
perdiciôn  de  los  hombres.  Es  voz  que  ofende  los  oîdos  argenti- 

Revue  hispanique,  xiv.  2X 


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322  CIRO    BAYO 


nos,  â  lo  menos  en  Buenos  Aires,  donde  es  preciso  cambiarla 
también  por  otra  palabra  équivalente  cuando  ocurre  hablar  de  la 
armadura  de  galâpagos  y  tonugas. 

CoNCHAVO.  Colocaciôn  ô  acomodo.  Agenda  de  conchavos  se 
titulan  en  el  Rio  de  la  Plata  lo  que  en  la  Peninsula  «  Agencîa 
de  criadas  ô  de  colocaciones  » . 

Voy  alconchavOy  voy  â  mi  tarea.  Es  palabra  muy  usual  y  bas- 
tante  expresiva,  pues  équivale  â  refugiarse  en  un  empleo  como 
el  crustàceo  à  la  tortuga  en  su  coucha  ô  caparazôn.  Usa  de  este 
vocablo  Rocamora  (intendente  espanol  de  Corrientes  en  el  siglo 
xvni)  en  sus  informes.  Sin  esto,  dijera  que  era  italianismo,  de 
acconciar,  acomodarse. 

CoNCHAVARSE.  Emplearse,  ocuparse  en  algùn  trabajo  asala- 
riado. 

CoNCHO.  El  sedimento,  las  heces  de  cualquier  liquido,  y  la 
misma  borra  de  la  tinta. 

CoNCHUDA.  Libertina,  mujer  cojedora. 

CoNDENARSE.  Echarse  â  perder  la  coca  por  falta  de  sol.  Véase 
Coca. 

Condor  {Vultur  griphus.L,).  Cran  buitre  de  los  Andes.  Con- 
dor es  nombre  derivado  de  aintur,  grande  ;  como  cuntur  manca, 
olla  grande;  cuntur-hina-pùnky  gran  andador,  etc.  En  aimarà 
cun-cun,  trueno  y  rayo  ;  arco  que  disparaba  cl  rayo  como  una 
flécha  en  la  imaginaciôn  del  indio  y  simbolizado  en  el  condor 
por  la  rapiJez  fulminante  con  que  se  abate  sobre  la  presa.  Segùn 
los  etimologistas,  el  cun-cun  del  sânscrito  envuelve  la  misma 
idea.  —  Los  chilenos  Uaman  manque  â  este  énorme  buitre,  ave, 
sin  contradicciôn,  la  mayorque  surca  el  aire.  Tiene  un  métro  y 
30  centîmetros  desde  la  punta  del  pico  hasta  la  extremidad  de  la 
cola,  y  3  métros  la  enverjadura  de  sus  alas.  Su  cuerpo  esta  reves- 
tido  de  plumas  negras,  â  excepciôn  de  la  espalda  que  es  total- 
mente  blanca.  Adôrnale  el  cuello  un  collar  de  plumas  levanta- 
das  y  blancas,  y  la  cabeza  es  casi  râla.  La  hembra  es  menor  que  el 
macho  y  de  color  pardo  ;  no  tiene  collar,  pero  lleva  en  la  cabeza  un 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  323 

penacho  6  copete.  «  Hay  en  los  Andes  peruanos»,  escribe  el  limeno 
Don  Santiago  Cardenas,  «  très  especies  de  côndores.  La  primera 
de  color  ceniciento,  designada  con  el  nombre  de  moro-moro, 
no  tiene  menos  de  4  m.  60  de  enverjadura.  La  segunda  no  tiene 
nada  de  particular;  es  de  color  café  y  tiene  4  m.  30.  La  tercera 
es  el  condor  de  espalda  y  cola  blancas,  la  ûnica  conocida  por  los 
naturalistas.  Es  de  3  m.  66  en  la  extension  6  enverjadura  de  sus 
alas.  »  Los  côndores  hacen  sus  nidos  en  los  picos  de  los  Andes  6 
en  las  faldas  mas  escarpadas  de  la  cordillera,  poniendo  dos  huevos 
mucho  mayores  que  los  de  la  pava.  Habitan  igualmente  las  tie- 
rras  frîgidas,  como  en  las  costas  del  Pacîfico,  en  las  del  Atlântico, 
en  la  Patagonîa,  â  gran  distancia  de  las  montanas.  D'Orbigni 
ha  visto  el  condor  cernerse  al  nivel  de  la  cumbre  del  Illimanî  que 
tiene  7.500  métros  de  altura.  Se  alimenta  de  la  carne  de  los  ani- 
males que  encuentra  muertos  6  que  matan  ellos  mismos  cegân- 
dolos  primero,  cuando  les  es  imposible  arrebatarlos  del  suelo, 
como  acontece  con  ovejas  y  novillos.  Cuando  el  condor  esta 
ahito,  no  puede  volar,  pero  si  se  ve  hostigado,  él  mismo  provoca 
las  nâuseas,  con  lo  que  desembarazado  del  lastre  remonta  el 
vuelo. 

Como  curiosidad  he  de  citar  el  condor  del  Batallôn  «  colora- 
dos  »  de  Bolivia.  Â  ténor  de  una  claùsula  del  Côdigo  militar  de 
Balliviân  de  este  pais  que  autoriza  la  paga  de  un  guitarrero  y  ani- 
males domesticados,  para  recreo  de  los  soldados,  tenîa  aquel  regi- 
miento  un  condor  que  le  seguîa  en  sus  marchas  y  bajaba  el  vuelo 
donde  aquél  acampaba.  Esta  ave  ténia  raciôn  de  soldado,  conocîa 
i  la  tropa  y  mostraba  preferencia  por  el  individuo  que  le  daba  la 
raciôn  de  carne.  Como  en  Bolivia  esta  subsistente  la  pena  de  azo- 
tes en  la  milicia,  sucediô  que  el  racionero  del  condor  hubo  de  ser 
castigado  â  la  flagelaciôn.  En  el  preciso  momento  que  atinantado 
descargaban  sobre  las  nalgas  del  soldado  los  varazos,  acudiô  el 
condor  â  ampararle  con  sus  énormes  alas.  El  cabo  apaleador  no 
tuvo  tiempo  de  atajar  uno  de  los  golpes,  y  sin  querer  diô  en  el 
condor.  Este  pudo  rcmontar  el  vuelo  y  dcsde  cntonces  se  perdiô 
de  vista. 


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324  CIRO    BAYO 


CoNDUCTOR  6 canal.  Extensa  rejilla  ôentablado  encajonado  que 
en  movimiento  giratorio  conduce  la  cana  al  trapiche. 

CoNFiTERÎA.  Nombre  de  los  establecimientos  anâlogos  d  nues- 
tros  cafés  de  bulevares  y  paseos,  en  cuyo  mostrador  se  expenden 
ademâs,  dulces,  cigarros,  etc. 

CoNSiGUiENTE  (Y  por  el).  Expresiôn  que  équivale  â  «  lo 
mismo  digo  »  6  â  las  résultas.  Ejemplo  :  «  i  Cômo  dice  que  le  va  ? 
—  Bien,  gracias,  y  por  el  consiguiente,  »  Cervantes,  entre  otros, 
lo  emplea  con  idéntico  significado  en  la  carta  de  la  duquesa  dTeresa 
Panza. 

CoNTROL.  Feo  galicismo  usadosin  contradicciôn  en  estos  pai- 
ses.  —  Régla,  equilibrio,  inspecciôn. 

CoNVENTiLLO.  Casa  de  vecindad.  Caserôn  con  habitaciones,  à 
modo  de  celdas  de  un  convento,  que  van  â  dar  â  un  patio  comùn 
donde  se  lava,  se  guisa  y  ainda  mais,  El  conventillo  de  mis  cuar- 
tos  era  en  mi  tiempo  (1888-97)  el  de  la  calle  Anchorenay  numéro 
14S7  (Buenos  Aires)  que  tiene  como  unas  400  piezas. 

CoNVOY.  Las  vinagreras.  No  me  parece  mal,  y  casi  casi  la 
prefiero  d  la  nuestra,  maxime  cuando  las  vinagreras  usadas  en 
el  dîa  son  un  verdadero  convoy  cargadas  de  aceite,  vinagre,  mos- 
taza,  sal  y  palillos. 

CoPACAVANA.  Venerado  santuario  de  los  pacenos,  sito  en  la 
peninsula  de  ese  nombre,  d  orillas  del  lago  Titicaca.  Copacahatta 
tiene  sus  raîces  en  la  lengua  maya  cuya  naciôn  parece  que  ocupo 
la  altiplanicie  andina  y  fue  la  fundadora  de  los  monumentos  de 
Tiahuanaco  (véase  Tiahuanaco).  Co-paa-bahuna,  tierra  pequena 
en  medio  del  agua,  6  peninsula,  como  loes  efectivamente,  de  16 
léguas  de  largo  y  6  de  ancho. 

CopÂiBO  (jCoparifera  officinalis.  Jacq.).  Leguminosas.  Arbol 
elevado  y  frondoso,  de  quince  d  veinte  métros  de  altura,  de 
hojas  anchas  y  espesa  corteza  oscura.  Cortado,  arroja  un  aceite 
de  color  dorado,  olor  fuerte  suigeneris  y  gusto  amargo.  El  drbol 
en  toda  su  fuerza  da  fdcilmente  12  libras  de  jugo  ôleo-resinoso 
en  una  sola  incision,  practicdndose  très  por  aiio.  Este  aceite,   la 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  325 

copaiba  se  exporta  para  la  farmacopea  y  es  muy  buscado  por  los 
pintores,  ora  para  dar  mayor  vivacidad  a  los  colores,  ora  para 
alejar  los  inseaos  de  las  pinturas,  d  causa  de  su  olor  répugnante. 
Cuando  el  aceite  esta  destilando,  hace  un  ruido  semejante  al  que 
proJuce  el  arranque  de  un  palo  carcomido.  Los  indios  deducen 
de  este  hecho  ridiculas  preocupaciones.  Es  muy  abundante  en 
todo  el  Béni. 

CoPAL  americano  {HUnenea  CourbariL  L.).  Leguminosa  de  la 
misma  familia  que  el  copal  de  Asia.  Su  résina  es  la  que  vende  el 
comercio  para  la  fabricaciôn  de  los  mejores  barnices  sécantes. 

CoQUERA.  El  sitiode  guardarla  coca. 

CoQUiNO.  Familia  Quenopodeas.  Ârbol  de  madera  laborabley 
fruta  agradable  de  que  se  hace  compota. 

CoRBATA.  Chalina  6  panuelo  de  color  que  llevan  al  cuello  los 
gauchos,  con  el  pico  flotando  encima  el  poncho. 

CoRCOVA.  El  dîa  siguiente  al  onomdstico  que  también  sedebe 
celebrar,  pues  dicen  en  Bolivia,  burla  burlando,  que  si  no  se  alarga 
la  Hesta  hasta  ese  dia,  le  sale  una  corcova  al  interesado  ô  al  com- 
padre  que  corriô  con  los  gastos  de  la  fiesta. 

CoRCOVADO.  Véase  JacamI. 

CoRi.  Oro  en  aimarâ.  Coripatûy  alto  de  oro.  Coricaucha,  el 
templodel  Sol.  Coriguaico,  rincôn  de  oro. 

CoRMA.  Cepo  6  barra  de  hierro  de  hasta  35  libras  de  peso,  que 
se  ve  en  Europa  en  los  museos  de  antiguallas,  y  en  los  corregt- 
mientos,  carceles  y  cuarteles  sud-americanos. 

CoRO.  «  Cobre  »  en  aimara.  Coracoro,  corocoUo,  cerro  de  cobre. 

CoRONTA.  Voz  quichua.  Mario  ô  espiga  de  malz  desgranada. 

CoROTA.  Voz  quichua.  Cresta  de  gallo.  Las  corotaSy  los  testî- 
culos.  —  Nombre  de  una  frutilla  muy  sabrosa. 

CoROZo.  El  hueso  exterior  de  las  frutas.  En  el  comercio  se 
conoce  el  corozo  ô  fruto  de  extrema  dureza  que  sirve  para  falsi- 
ficarel  marfil.  Por  cierto  que  hay  un  experimento  para  distinguir 
el  marfil  animal  del  marfil  végétal  ô  coro::p,  ya  que  d  simple 
vista  no  es  fdcil  diferenciarlos.  Basta  con  verter  en  la  superficie 


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3i6  CIRO    BAYO 


una  gota  de  âcido  sulfùrico  concentrado .  Si  no  déjà  huella  en  el 
marfil,  este  es  legîtimo;  en  caso  contrario,  si  déjà  una  mancha 
rosada,  senal  de  que  el  marfîl  es  végétal. 

CoRPA.  Arriero  de  Challapata  (departamento  de  Oruro)que 
lleva  coca.  —  i^  A  lo  corpa.  »  A  lo  bruto  ;  d  lo  arriero.  Es  voz 
quichua  quesignifica  peregrino  pobre. 

CoRVO.  Arma  del  roto  chileno  que  usan  también  ios  gauchos 
cuyanos.  Especie  de  navaja-alfanje  de  dos  filos  que  arrebana  en 
donde  hace  presa. 

CoRRENTiNO.  El  natural  de  Corrientes,  provincia  argentina. 
—  Baile  popular. 

CosoRio.  Ladrôn  6  lunfardo. 

CosoRiô.  Véase  Ceibo. 

Cota.  Roquete  ô  sobrepelliz  de  Ios  monigoîes  à  seminaristas 
(Bolivia). 

CoTENSiA.  Arpillera  6  genero  burdo  para  sacos,  jergones,  etc. 

CoTO.  Voz  quichua.  Bocio,  papada  6  papera  :  tumor  ocasio- 
nado  por  el  desarroUo  anormal  de  la  gldndula  tiroides.  Aunque 
se  atribuye  al  uso  de  ciertas  aguas,  su  causa  no  estd  bien  deter- 
minada,  pues  lo  mismo  se  ve  el  coto  en  Ios  valles  profundos, 
como  en  las  minas,  en  terrenos  hiimedos,  como  en  las  monta- 
nas. 

—  Cdscara  de  un  drbol  del  género  Cotoquinia  perteneciente  d  la 
flora  peruana.  Es  de  olor  aromdtico,  parecido  al  del  alcanfor  y  d 
veces  al  de  la  canela.  La  medicina  emplea  la  cotoniay  alcaloide  de 
la  tintura  del  coto,  contra  las  diarreas  y  enfermedades  neural- 
gicas. 

CoTUDO.  Que  tiene  coto  6  papada. 

CoTUFA.  Dengue,  remilgo.  «  Hacer  cotufas  »  por  hacer  den- 
guesy  contorsiones,  es  frase  muy  comiin  en  Bolivia. 

CovACHA.  Poyo  de  adobes  que  en  tambos  à  postas  y  hospi ta- 
ies sirve  de  cama  nada  blanda  y  menos  limpia. 

CovADERA.  Filôn  de  guano  que  se  encuentra  en  algunos  sitios 
de  la  Costa  del  Pacifico. 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  327 


CoYUYO.  Voz  quichua.  La  cigarra  6  chicharra. 

CozAR  (Mal).  Epilepsia.  CoTiariente,  el  atacado  de  ese  mal. 

CrespIn.  Ave  entre  mirlo  y  abubilla,  de  plumacrespay  encres- 
pado  copete. 

Criandera.  Ama  de  lèche. 

Cribao.  Fleco  grande  que  adorna  los  extrenios  de  los  calzon- 
cillos  que  asoman  por  debajo  dchiripà.  Véase  ChiripA. 

Cristal.  Vaso  y  copa,  indistintamente .  Trâeme  un  cristal 
limpio— Trdeme  un  vaso  limpio. 

Cristiano.  Voz  que  entre  la  gente  campesina  es  el  prototipo 
del  Homo  sapiens,  «  Hablar  en  cristiano  »,  «  corner  como  cris- 
tiano »,  etc.,  d  diferencia  de  los  salvajes  y  animales.  Este  perro 
piensa  como  un  cristiano,  como  una  persona. 

Crucero  (El).  La  Cruz  del  Sur,  hermosa  constelaciôn  que  en 
el  hemisferio  austral  reemplaza  a  la  estrella  Polar  del  Norte.  — 
Encrucijada  de  camino  6  esquina  de  calle.  En  Sicasica,  por  ejem- 
plo  (La  Paz)  denominanse  las  calles  «  Crucero  i*";  Crucero  2°  », 
y  asi  sucesivamente. 

Cuadra.  Medida  de  longitud,  ordinariamente  de  150  varas. 
La  légua  argentina  tiene  40  cuadras  (6.000  varas).  —  Manzana 
de  casas.  «  Tomô  un  espacioso  sitio  y  lo  repartie  d  manera  de 
casas  de  ajedrez,  en  117  islas,  que  por  ser  cuadradas  las  llamaron 
comunmente  cuadras  »  (P.  Cobo,  Fundaciôn  de  Limn), 

CuADRERO  (Animal).  Corredor  ;  que  corre  muchas  cuadras  de 
distanciaenun  tiempo  dado. 

CuADRiLLEAR.  Seutarse  la  carga  sobre  los  cuadriles  del  animal; 
lastimdrselos. 

CuAjAR  un  buen  sueno.  Dormir  d  pierna  suelta. 

CuAjo.  Ave  acudtica  de  pescuezo  largo,  que  encoje  cuando 
estd  parado,  d  manera  de  tubos  de  una  flauta.  —  Cuajar  6  el 
cuarto  estomago  de  los  ruminantes. 

CuARESMERO.  Pdjaro  asi  llamado  porque  diz  que  sôlo  canta  en 
la  cuaresma. 

CuARTiLLO.  Moneda  de  cobre,  valor  de  dos  centavos,  asi  11a- 
mada  en  Mendoza. 


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328  CIRO    BAYO 


CucAR.  Provocar,  buscar  el  coco  6  très  pies  al  gato. 

Cuco.  Durazno  pintôn  :  como  cuqueafy  corner  los  primeros 
duraznos. 

CucuLi.  Especie  de  palomita  torcaz. 

CucHA.  Llamita  anal,  de  mejor  sabor  que  un  recental. 

CucHARA.  Llana  de  albanil. 

CucHETA.  Camarote. 

CucHi.  Véase  Quebracho  y  Urundey.  Cerdo.  «  En  las  voces 
aragonesas  de  Torres  Fornes  hallo  :  coch-coch  para  acariciar  al 
cerdo  ;  y  efectivamente,  cocho  en  Navarra,  Alava,  Asturias,  y 
gochoen  Galiciay  Castilla,  vale  el  cerdo  ;  y  en  Berceo  {Duelo  197) 
cuchô  »  (Julio  Cejador). 

CucHO.  Medida  de  capacidad  para  lîquidos,  de  nueve  bote- 
llas  (La  Paz). 

CucHÛQjJi.  Cosa  6  persona  sucia  en  extremo.  Derivado  de 
cuchi  6  cucho. 

CuECA.  Baile  popular  de  Bolivia  y  Chile.  Su  mùsica  es  repo- 
sada  y  armoniosa  como  la  de  cldsicos  minuésy  gavotas.  Las  figuras 
de  este  baile  dicen  que  derivan  del  recuerdo  que  en  él  se  hace  d 
la  chueca  6  clueca  que  esquiva  las  caricias  del  gallo. 

CuERVO.  A  algunas  especies  de  dnades  y  patos,  al  macà  por 
ejemplo,  llaman  en  algunos  distritos  cuervoSy  sin  duda  por  la 
analogla  con  estas  vultiiridas  en  la  manera  de  cojer  y  devorar 
la  presa. 

Cuico.  Indio  de  raza  enana  y  desmedrado.  —  Apodo  que  dan 
loschilenos  à  los  bolivianos.  Jugando  del  vocablo,  recuerdo  haber 
leido  en  un  periôdico  chileno,  refiriéndose  d  cierta  intemperancia 
de  un  colega  boliviano  :<;  tu  qtioque  cuico?  que  por  la  cacofonîanie 
causô  suma  gracia. 

Cuis.  Conejillo  de  Indias,  asi  como  la  vi:^cacha  el  conejo 
grande  de  la  pampa.  Véase  Vizcacha. 

CujA.  Especie  de  catre  hecho  con  armazôn  de  tablas  6  canas, 
sirviendo  de  colchôn  un  ancho  cuero. 

CuLATA.  Parte  trasera  del  carro. 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  329 

CuLLÉN.  Té  americano. 

CuMARÛ.  Voz  guaranî  (Cutnaronna  odorata.  Aublet).  Legumi- 
nosas.  Ârbol  gigantesco  de  la  zona  tôrrida  del  cual  se  aprovecha 
la  almendra  grande  encerrada  dentro  de  una  ciscara  semi-lenosa, 
para  un  aceite  esencial  en  perfumeria.  En  Cordillera  (de  Santa 
Cruz  de  la  Sierra)  se  hace  de  ella  una  chicha  amarilla  muy 
embriagadora.  La  almendra  entera  que  se  llama  haba-tunca  es 
aromdtica  y  agradable  al  gusto  y  sirve  para  perfumar  el  tabaco  y 
la  ropa.  La  madera  es  laborable. 

CuNÙMi.  Criadito  indio  en  las  fiamilias  crucenas. 

CuNA.  La  mujer  guaraya.  Véase  Guarayos. 

CuNAPÉ.  Bizcocho  muy  agradable  de  lèche,  queso,  canela  y 
harina  con  tintes  blancos  y  rosados. 

CuPEst.  Algarrobo  americano. 

CuRACA.  Autoridad  indigena  en  las  comunidades  quichuas.  En 
tiempo  de  los  Incas,  el  imperio  se  dividiô  administrativamente  en 
cuatro  regiones  6  departamentos;  éstos  en  provincias,  las  pro- 
vincias  en  pueblos  y  éstos  en  ayllos  6  parcialidades.  Los  curacas 
eran  los  cabezas  de  éstos  ùltimos.  Véase  Comunidad. 

Curare.  Substancia  de  color  oscuro,  aspecto  resinoso  como  el 
opio,  amarga,  inodora  y  soluble  en  el  agua.  El  curare  se  extrae  de 
unos  bejucos  venenosos  (véase  Bejuco)  y  con  él  envenenan  sus 
fléchas  ciertos  indios  del  Amazonas,  Orinoco  y  Guayanas.  Lo 
obtienen  delà  raspadura  de  la  corteza,  que  se  hace  hervir  algu- 
nas  horas,  filtrdndose  luego  por  medio  de  algodones,  consiguién- 
dose  asi  un  lîquido  concentrado  de  color  negro,  el  cual  se  reduce 
d  pasta  mediantela  evaporaciôn.  Asî  obtenido,  el  curare  seguarda 
en  calabazas  y  tabocaSy  y  con  él  gradùan  el  efeçto  en  las  puntas 
de  las  fléchas.  La  acciôn  del  venéno  obra  en  el  sistema  nervioso 
sin  ser  absorbido  por  la  sangre  ;  y  asi  se  explica  que  los  animales 
muertos  puedan  ser  comidos  impunemente,  con  tal  que  se  corte 
el  pedazo  de  came  donde  entré  la  flécha  envenenada.  La  carne 
queda  blanca  y  el  animal  herido  no  sufre  hasta  que  esta  prôximo 
d  morir.  El  antîdoto  contra  este  veneno  es  la  miel  6  azùcar  ô  sal 
diluida  en  agua  y  mejor  en  orines. 


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330  CIRO    BAYO 


CiJri.  Graminea.  Los  nervios  de  la  hoja  se  emplean  para  este- 
ras y  aventadores  de  poco  precio. 

CuRiCHE.  Pantano  6  laguna.  El  «  curiche  grande  »  :  el  mar  y 
mejor  aun,  niama-cocha  6  laguna  grande,  en  quichua. 

CuRUCUSi.  Véase  Cocuyo.  LIaman  Tapiosi  à  otra  variedad  de 
luciérnaga  de  luz  intermitente  y  màs  apagada. 

CuruciJtu.  Voz  quichua.  Echar  alguna  cosa  al  aire  para  ser 
cogida  al  vuelo. 

CuRUPAsi  ÇAcacia  egyptiaca),  Ârbol  de  pobre  aspecto  pero  de 
madera  algo  morada,  veteaday  médula  de  hierro.  El  curupasî 
«  barcino  »  es  similaral  ébano.  Lacorteza  del  drbol  espor  el  con- 
trario muy  frdgil  y  se  emplea  en  curtiembres. 

CurrA.  Voz  pampa.  Piedra.  Asî  huitchu-currày  la  honda.  Currâ 
lauquén^  laguna  de  piedra.  Es  famosa  en  las  guerras  de  la  Repùblica 
con  las  tribus  de  la  Pampa,  la  «  dinastîa  de  las  Piedras  »  entre 
los  cuales  figuraron  los  caciques  Calfucurâ  (piedra  azul),  Namun- 
curd,  etc. 

CuRRUTACO.  Animal  de  hocico  romo. 

CiJsi  {Orbygnia  phalerata.  Athaleas  spetiosà).  Palmera  llamada 
tanibién  de  la  Tebaida  por  su  semejanza  con  los  cocoteros  de  esta 
région.  Abunda  en  el  Oriente  boliviano  y  su  aceite  es  el  prefe- 
rido  de  las  indias  para  untarse  y  dar  brillo  à  su  cabellera. 

CuTivt.  La  crencha  6  raya  partida  en  el  cabello.  Pretenden  los 
crucenos  que  dériva  de  «  cutis  vi  ».  —  «  Se  non  é  vero...  » 

CuTÙQXJi.  Bejuco  cuyas  hojas  al  comerlas  el  ganaclo  comuni- 
can  d  su  carne  un  olor  d  ajo  que  casi  la  hace  despreciable.  Cutù- 
qui  es  el  nombre  chiquitano  àthiBignonia  alliacea.  L. 

CuYANO.  El  natural  de  la  antigua  provincia  de  Cuyo.  Véase  Cuyo. 

CuYO.  Nombre  de  la  région  que  comprendîa  las  actuales  pro- 
yincias  argentinas  de  San  Luis,  San  Juan  y  Mendoza,  y  solo  se 
conserva  en  la  organizaciôn  eclesidstica.  Asi  obispo  de  Cuyo  cuya 
sede  es  la  ciudad  de  San  Juan.  Cuyo  es  voz  quichua  que  significa 
arena. 

Pronombre  adjetivo  del  que  se  usa  y  abusa  como  interroga- 
tivo  y  muy   especialmente  como  interrogaciôn  direcu.   V.  gr. 


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PROVINCI ALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  33  I 

l  Cuya  casa  es  esta  ?  —  Cuya  capitales  Madrid  ?  — Tal  construc- 
ciôn  en  que  cuyo  hace  las  veces  de  predicado  sobreentendiéndo- 
sele  un  antécédente  de  persona,  résulta  algo  arcdico  en  oîdos  espa- 
noles,  sin  querer  decir  con  esto  que  suene  mal. 

Cuzco.  Nombre  de  la  ciudad  que  fundô  Manco-Kàpac  y  capital 
del  imperio  incdico,  del  cual  era  centro  ù  ombligo,  cuyo  liltimo 
significado  tiene  en  quichua.  —  Falderillo  llamado  choco  en  otras 
partes.  También  en  éuscaro  ku^y  koch sirwen  para  llamar  el  perro . 

CuzLJRO.  Véase  Perotô. 

Chabela.  Bebida  hecha  de  vino  y  chicha. 

Chaca.  Puente  ô  arco  en  quichua.  Colquechacay  puente  de 
plata.  —  Chuquisacay  puente  de  oro.  —  Rutnachacay  arco  no  con- 
cluido  (lugar  en  donde  se  encuentran  los  cimientos  de  un  vasto 
edificio  prôximo  à  Tiaguanaco). 

Chacaneo  (Para  el).  Para  diario,  para  el  tragin  de  faena  6  de 
la  chacra. 

Chacarero.  Labrador  ;  horticultor.  Véase  Chaco  y  Chacra. 

Chacarilla.  Quinta,  granja  ô  chacra  pequena. 

Chacarita.  Chacarilla.  El  campo  santo  de  Buenos  Aires. 

Chaco.  Voz  guarani  :  desierto.  De  ella  derivan  chacra  y  cha- 
carero. —  Lugar  desmontado  à  inmediaciones  de  pueblos  y  estan- 
cias  donde  se  cultiva  arroz,  maiz,  cana,  yuca,  café^  tabaco  y 
demâs. 

— También  voz  quichua,  caza  de  animales  con  cercode  gente. 
Cran  caceria  de  vicuiias  que  se  organiza  en  Catamarca  y  otras 
provincias  del  Norte  de  la  Argentina.  En  estos  chacos  se  hace 
una  batida  circular,  obligando  a  los  animales  â  entrar  en  corra- 
les  donde  se  les  esquila  soltandolos  luego  â  la  vida  montaraz. 

—  El  Gran  Chaco,  vasta  extension  de  terreno  inexplorado  en  el 
que  habitan  las  tribus  guerreras  de  los  tobas,  matacos  y  otras  tri- 
bus guaranies  que  alli  se  refugiaron  huyendo  de  las  invasiones 
quichua  y  espanola. 

Chacobo.  Indio  de  la  tribu  Pacaguara  (entre  el  Rogo-aguado 
y  el  rio  Mamoré)  que  se  présenta  en  son  de  paz  d  los  pasajeros 
de  este  rio  y  en  el  pueblo  de  Exaltaciôn  de  Mojos. 


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332  CIRO   BAYO 


Chacote.  Daga  larga  y  filosa. 

Chacra.  Extension  de  terreno  de  4  à  12  cuadras.  Al  salir 
de  los  pueblos  americanos  se  hallan  i**  las  quintaSy  que  son  de 
una  cuadra  cuadrada;  2**  las  chacras,  de  cuatro  ;  3*"  las  estancias, 
de  muchas  cuadras  y  aùn  léguas.  Las  ùltimas  chacras,  de  mis 
extension  que  las  del  egido,  se  encuentran  a  una  légua  de  la  plaza 
del  pueblo.  Por  lo  gênerai,  las  quintas  abastecen  de  aves,  huevos 
y  verduras  ;  las  chacras  de  frutos  y  frutas  ;  las  estancias  de  carne. 
Esta  clasificaciôn  no  es  absoluta,  pero  sirve  para  dar  una  idea  del 
rus  americano. 

Chacurrusca.  Mezcla  de  minérales  de  distinta  composiciôn, 
con  el  objeto  de  facilitar  la  extracciôn  de  la  plata. 

Chafalote.  Caballo  pesado. 

Chafallo.  Remiendo;  anadido  en  la  ropa. 

Chairar.  Correr.  «  Sacar  d  uno  chairando»,  correrlo. 

Chaguar.  Maguey  ô  pi  ta,  textil  de  primer  orden.  La  piola  con 
que  se  hace  bailar  el  trompo. 

Chaguarazo.  Cimbrôn  ô  golpe  dado  con  latigo  de  chaguar. 

Chaja.  Ronco,  afônico.  Vozquichua. 

Chajâ  {Palainedia  chavaria.  Tero).  Tapacaré  en  el  Oriente 
boliviano.  Ave  de  amor  por  los  ingleses.  Ave  tan  corpulenta  como 
el  pavo,  pero  mucho  mas  alta  y  cuellierguida.  Es  herbivora.  El 
nombre  de  chajâ  con  que  se  le  conoce  en  la  Pampa  y  provincias 
rîo-platenses,  es  onomatopéico  ;  es  voz  guarani  que  significa 
Viimos  !  porque  parece  que  diga  con  sus  chillidos  chnjây  chajâ, 
i  lo  que  responde  la  hembra  clmjali!  En  algunos  ranchos  de 
Mojos  encontre  entre  los  volatiles  caseros  con  el  nombre  de 
Tapacaré  al  chaja  que  conod  en  la  Pampa  de  Buenos  Aires.  Ave 
corpulenta  y  vigilantisima  es  el  centinela  l'el  paraje  donde 
habita  ;  asî  en  el  campo  donde  revolando  avisa  el  paso  de  un 
pasajero  como  en  las  casas  d  las  quedael  alerta  con  su  grito  ronco 
y  desapacible.  A  favor  de  los  espolones  ô  unas  que  lleva  en  las 
convergaduras  de  las  alas  defiende  de  las  aves  de  rapina  sus  po- 
lluelos  y  las  gallinas  que  estan  bajo  su  vigilancia.  Asi  como  com- 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  333 

pite  en  vigilancia  con  los  salvadores  del  Capitolio,  rivaliza  tam- 
bién  en  castidad  y  (idelidad  conyugal  con  la  legendaria  tôrtola. 
—  «  El  chajà  »,  escribe  Marcos  Sastre(£/  Tempe  argentino),  «  nos 
ofrece  lo  mas  sublime  del  amor  conyugal,  pues  se  asegura 
que  cuando  algûn  cazador  llega  a  matar  a  uno  de  los  consortes, 
el  otro  no  tarda  en  morir  de  pena,  después  de  exhalar  prolonga- 
dos  gemidos  en  derredor  de  los  sitios  donde  ha  sido  privado  de 
la  que  amaba...  Se  dice  que  el  chajà  es  «  pura  espuma  »  por  su 
carne  floja  y  babosa.  En  su  cuerpo  se  advierte  una  esponjosidad 
muy  blanda  al  tacto,  que  consiste  en  que  tiene  la  piel  separada 
de  la  carne,  cosa  de  média  pulgada,  por  una  infinidad  de  celdillas 
llenasde  aire.  Tal  apariencia  hace  del  chajà  un  verdadero  aerôs- 
tato,  pues  inflàndose  tal  vez  estas  cavidades  con  algûn  gas  interior 
permite  al  chajâ  remontarse  por  los  aires.  » 

En  el  Brasil  existe  el  kaauchi  que  parece  ser  el  venlriloctto  del 
Oriente  boliviano,  negro  aterciopelado,  cuyo  grito  se  oye  à  una 
légua  de  distancia  en  las  primeras  horas  de  la  manana  que  es 
cuando  canta.  Es  una  especie  anàlogaal  chajà  ô  tapacaré. 

Chala.  Voz  quichua.  Lahoja  ya  seca  que  envuelvela  mazorca 
de  maîz,  y  en  gênerai  la  envoltura  de  todos  los  céréales  como 
trigo,  cebada,  arroz,  etc.  «  Cigarro  de  chala  »,  liado  ô  envuelto 
en  chala  fina. 

Subdivision  del  medio  real  boliviano  ô  cuartillo  y  que  no 
leniendo  moneda  especial  se  gasta  en  adminiculos  de  especias  ô 
chucherias.  —  El  cuartillo  tiene  4  chalas.  —  «  Tener  mucha 
chala  »,  muchodinero. 

Chalaca.  La  combinaciôn  de  los  numéros  2  y  4  en  los  dados, 
juego  que  en  Bolivia  es  muy  corriente. 

Chalana.  Pequena  embarcaciôn  de  los  nos  platenses,  plana, 
sin  quilla,  y  generalmcnte  sin  cubierta.  A  diferencia  de  lacanoa, 
tiene  timon  y  vêla,  y  cuando  le  falta  el  viento,  anda  à  impulsos 
de  un  botador  ô  bichero.  Si  es  muy  chica  se  maneja  como  gon- 
dola con  una  espadilla  ô  pala  que  sirve  à  la  vez  de  remo  y  de 
gobernalle. 


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334  cïRO  BAYO 


Chaleco  decuero.  En  las  guerras  civiles  del  Rio  de  la  Plata, 
algunos  caudillos  castigaban  con  el  «  chaleco  »  de  cuero  fresco, 
cogidos  los  brazos  en  las  vueltas.  —  Sinônimo  de  tlojo  ô  hara- 
gdn.  — i  Que  esta  usted  hacienJo,  chaleco} 

Chalona.  Carne  de  oveja  panda,  saladay  endurecida  al  home; 
y  lambién,  res  ovina  desoUada,  abierta,  salada  y  secada  al  sol. 

Chaloso.  Viejo;  arrugado  como  chala  seca. 

Chalchal.  Especie  de  acerola.  Chalchalero,  zorzal  muy  aficio- 
nado a  esta  fruta. 

Challa.  «  Arena  »  en  aimard.  Challapata,    cerro  de    arena. 

Chamal.  Bayeta  cuadradacon  que  las  indias  serranas  se  cubren 
de  medio  cuerpo  arriba,  a  manera  de  mantôn. 

Chamba.  Voz  minera.  El  sulfato  de  zinc,  gris  azulado. 

Chamca.  Mazamorra  gruesa  de  chuno. 

Chamico  ô  estramonio  (Datura  stramonium).  Végétal. 

Champa.  Turbaque  se  halla  en  algunos  lagos  de  la  cordillera 
de  los  Andes.  Voz  quichua,  el  césped. 

Champarse.  Zamparse  en  el  agua,  y  por  analogîa  meter  algo 
râpidamente  en  el  bolsillo. 

Champi.  Escarabajo  pelotero  como  el  acatanga, 

Chamuchina.  Quisicosa,  pequenez  ô  chilicoterla, 

Chanca.  Estrujado  de  polio  ô  conejo  con  mucho  aji  que  se 
acostumbra  comer  en  Bolivia  d  la  hora  del  mediodia. 

Chancaca.  Mazacote  en  Buenos  Aires  ;  empaniiado  en  Santa 
Cruz  de  la  Sierra  ;  rapadura  en  Cuba  ;  papelôn  en  Venezuela  ; 
dulce  en  Colombia,  y  panela  (Antioquia).  —  Masa  preparada  con 
miel  de  barreno,  aziicar  negro  ô  el  jugo  de  la  cana  de  azùcar. 
«  Dulce  companera  del  viajero,  del  cazador  y  del  pobre  »  (Isaacs). 

Chancador.  De  chancary  en  quichua;  «  machacar  ».  El  que 
manosea  ô  maltrata  las  cosas  en  su  empleo  ô  trajin. 

Chanchar.  Sacar  aprisa  y  corriendo  d  alguno  como  d  chancho 
con  estaca. 

Chancho.  El  cerdo.  Sinônimo  por  consiguiente  de  puerco  y 
sucio.  Chancho  limpio  no  engorda;  hacerse  el  chancho  rengo, 


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PROVIKCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  335 

hacerse  el  sueco  ;  cada  chancho  à  su  estaca,  zapatero  d  tus  zapa- 
tos. 

Chaneca.  Voz  auca.  Trenza  ô  cimba  de  las  mujeres. 

Changa.  Pichincha  ;  ganga,  trabajo  de  poca  monta,  bien  remu- 
nerado,  6  buena  compra. 

Changador.  Faquin  ô  mozo  de  cuerda. 

Changango.  Chapucero;  de  poca  habilidad. 

Chango.  El  boliviano  nacido  en  la  costa  chileno-boliviana. 

CHANGt)i  (Dar).  Zarandearlo  ;  darle  alas  para  cortârselas  des- 
pués  ;  darle  ventaja  en  el  juego  para  ganarle  mds.  Voz  muygene- 
ralizada  en  el  Rio  de  la  Plata. 

Chanar.  Arbol  de  frutilla  amarilla,  dulce  y  glucosa. 

Chapetôn.  Novato  ;  aprendiz.  «  Recién  Uegado  i  Indias  » 
segùn  el  sentido  que  le  da  Calancha  en  su  «  Crônica  de  la 
Orden  de  San  Agustîn  ».  —  Sinônimo  de  espanol  en  casi  todas 
las  Repiiblicas  sud-americanas. 

Chapetonada  (La).  Los  espanoles  peninsulares.  —  «  Autosy  vis- 
tos,  sentencia  dada.  \  Mueran  Uzos,  Pizarro  y  \2i  chapetonada  !  »  — 
Pasquin  que  apareciô  en  Chuquisaca  el  25  de  Mayo  de  1809  en 
la  renida  contienda  entre  la  Real  Audiencia  y  el  Présidente  Pizarro. 
—  Mal  de  aclimataciôn  de  los  chapetos  recién  llegados  a  Potosî, 
de  donde  ahora  «  Pagar  la  chapetonada  »  ô  sufrir  un  aprendizaje 
ô  noviciado. 

Chapina.  Papa  que,  al  secarse,se  vuelve  morada. 

Chapino.  Animal  que  tiene  los  vasos  del  pie  enfermos  ô  lisia- 
dos. 

Chapona.  Especie  de  gabàn. 

Chaposo.  Velludo  y  encarnado  de  cara. 

Chaquear.  Desmontar  ô  brozar  un  terreno. 

Chaquira.  Voz  chiquitana.  Abalorios  para  collar  de  las  indias. 

Charamusca.  La  de  estos  paises  no  es  la  «  charamusca  »  de 
Mexico,  golosina  compuesta  de  azûcar  y  queso,  ô  de  aziicar, 
limon  y  pina  ;  sino  la  prosdica  chamarasca  del  Diccionario  de 
la  lengua  :  lena  menuda,  hojas  sçcas  y    palillos   delgados  que 


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336  CIRO   BAYO 


levantan  una  llama  de  poca  duraciôn,  pero  lo  bastante  para  ini- 
ciar  una  fogata. 

Charango.  Guitarrillo  con  cinco  cuerdas  de  tripa,  de  tonos 
tiples  muy  alegres,  que  usan  indios  y  cholos  bolivianos.  Disrin- 
guesé  de  les  otros  instrumentos  de  cuerda,  por  su  modo  de 
templar.  Se  templa  de  la  prima  â  la  quinta,  de  esta  à  la  segunda 
y  de  esta  à  la  cuarta  ;  es  decir  que  el  temple  sea  de  lo  agudo  â  lo 
grave. 
Charata.  Gallinâcea  montés  muy  apetitosa. 
Charavôn.  Dechardy  el  polio  delavestruz,  Extraviado,  nômada 
como  avestruz  suelto. 

Charcôn.  Animal  flacuchento,  que  no  engorda  nunca.  Y  por 
translaciôn  las  personas  enjutas.  Nuestro  D.  Quijote  es  el  proto- 
tipode  loshomhrcs  charcanes, 
Charola.  Bandeja.  , 

Charque  ô  charquî.  Tasajo,  carne  salada  y  seca.  De  la  voz 
quichua  chaquisca,  seco.  De  ella  dériva  la  palabra  inglesa  jerked, 
buey  secado  en  la  America  del  Sur. 

El  charque  fresco  y  nuevo  es  agradable,  pero  cuando  viejo  tan 
répugnante  que  ni  los  perros  de  la  ciudad  lo  comen.  Asî  y  todo 
constituye  la  base  de  la  alimentaciôn  de  los  peones  en  el  Oriente, 
como  el  pacote  en  el  Brasil  y  el  tasajo  en  Cuba. 

CHARauEAR.  Cortar  la  carne  en  lonjas  finîsimas  y  ponerla  â 
secar  al  sol.  —  «  A  fulano  lo  charquearm  »,  lo  asesinaron. 

Charquearse.  Apoyar  la  mano  en  la  grupa  cuando  se  va  â 
caballo. 

CharquicAn.  Caldo  de  charque.  Bien  hecho  constituye  la  cele- 
brada  «  sopa  valdiviana  ». 

Charuto.  Cigarro  purode  chala  li  hoja  de  maiz,  con  otra  envol- 
tura  de  tabaco.  Es  voz  brasilena. 
Charrasca.  Sable,  chaparote. 
Charrusco.  Véase  Churrasco. 

Chasca  (Gallina).  «  Mulata  »  en  Buenos  Aires  ;  «  Quinacha  » 
en  Santa  Cruz  ;  «  chura  »  en  el  interior.  Gallina  de  pluma  crespa 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  337 

como  la  ave  «  chasquita  »,  adornada  con  un  espolôn,  como  le  gallo. 
Es  muy  buena  ponedora. 

Chascôn.  Chascudo,  melenudo. 

Chascudo.  Hombre  de  pelo  crespo  6  enmaranado. 

Chasgarro.  Chascarrillo,  chiste. 

Chasmeado.  Participio  que  se  usa  para  significar  algo  que  se 
hace  a  intervalos  6  que  se  encuentra  à  trechos.  Asî  :  Uueve  chas- 
meado ;  el  chocolaté  se  encuentra  muy  chasmeado  en  el  monte. 

Chasque  ô  chasqui.  Voz  quichua,  peatôn.  Correo  de  pie  6  de 
caballo. 

Los  incas  del  Perù  tenîan  chasques  apostados  de  trecho  en  trecho 
en  tambo(véaseTAMBo)deQuitoâTumbez,  quienesen24  horas 
Uevaban  los  ôrdenes  impériales  de  un  confîn  â  otro  del  reino. 
Refiérese  que  estando  un  inca  visitando  las  ruinas  de  Tiahua- 
naco  se  le  présenté  un  chasque  que  le  dejô  asombrado  por  la 
rapidez  con  que  habia  ejecutadosu  viaje  de  ida  y  vuelta.  —  «  Tia- 
huanaco  »,  dijole  el  inca  (siéntate,  guanaco)  comparândole  con 
este  veloz  animal.  Desde  entonces  lldmase  asî  el  paraje  aquel 
(véase  Tiahuanaco).  Sigue  siendo  proverbial  la  fama  de  anda- 
rines  de  los  postillones  de  la  Cordillera.  Es  de  verles  siguiendo 
al  viajero  hasta  la  posta,  al  trote  de  la  cabalgadura,  yendo  ellos 
â  pie  y  sin  mas  equipaje  que  un  poncho  para  preservarse  del  frio 
de  la  puna  y  su  «  chuspa  »  de  coca  cuya  mascada  renuevan  i 
cada  «  apacheta  »  6  leguario  del  camino. 

CHAsauiDO  (adjeiivo).  Arruinado, /wwJjWo.  Que  diô  el  trueno 
gordo  6  el  chasquido  final  como  la  lena  seca  cuando  arde  y  se 
consume. 

CHAsauiTA  6  Macho-macho.  Véase  CrespIn. 

Chatasca.  Plato  criollo.  Charque  deshilado,  picado  en  un 
almirez  6  mortero  y  aderezado  con  especias  y  grasa  de  vaca  6  de 
puerco.  Asî  preparado  el  charque,  de  salado  que  era  se  convierte 
en  picante  y  seco. 

Chaijcha.  Judia  verde.  —  El  toinîn,  chirola  6  peseta  boli- 

R0vme  hispanique,  xiv.  22 


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338  CIRO    BAYO 


viana.  —  «  Pelar  la  chaùcha  »,  esgrimir  el  façon.  —  «  Es  una 
chaùcha  »,  es  una  inocentada.   . 

Chaya.  Voz  quichua,  de  challani,  echar  agua  a  menudo.  Efec- 
tivamente  el  juego  del  Carnaval  (/a  chaya)  signe  siendo  en  toda 
Sud-América  el  remojarse  como  los  patos,  primero  con  pomos 
de  olor,  luego  con  baldes  de  agua,  y  después  sumergiendo  al 
pobre  visitante  en  el  estanque  6  en  una  tinaja  del  patio.  Es  una 
fineza  que  se  debe  de  agradecer.  En  Montevideo  he  llegado  à  ver 
a  unos  oficiales  del  ejército  echar  mano  a  las  bombas  de  riego 
à  inmedaciones  del  cuartel  y  remojarse  bonitamente  ellos  y  sus 
amigos.  Era  gente  «  chayera»  6  que  jugaba  al  Carnaval.  —  «  Ya 
Uega  el  tiempo  delà  chaya  »,  se  acerca  el  carnaval. 

Chayas.  Huella,  rastrillada.  Voz  quichua,  de  donde  chayanta, 
he  llegado. 

Ché.  Interjecciôn  y  pronombre.  —  Ché,  oye  !  —  Dame,  ché;  no 
puedo,  ché,  etc.  No  es  especial  de  los  pueblos  del  Plata  como  leo 
en  algunos  escritores  rîo-platenses  ,  pues  se  usa  también  y  con 
igual  6  mayor  frecuencia  en  Bolivia.  Tanto,  que  los  chilenos 
Uaman  despectivamente  los/  chés!  à  argentinos  y  bolivianos. 

Ché,  en  lengua  pampa  es  hombre,  como  se  constata  por  Ran- 
quelches,  Pehuenches,  Tehuenches,  etc.  En  guarani  es  «  yo 
soy  ».  Dicese  (creo  que  por  Daireaux)  quecuando  los  primeros 
espanoles  desembarcaron  en  el  Rio  de  la  Plata,  vestidos  à  la  euro- 
pea,  con  armas  y  caballos,  hubieron  de  parecer  a  los  indios,  séres 
de  otro  planera.  Asombrados  los  naturales  huyeron  al  pronto  ; 
pero  uno  de  los  indios  6  por  mâs  atrevido  ô  por  mâs  curioso, 
tocô  con  sus  manos  a  un  espanol  y  luego  i  otro,  entendiendo 
con  esto  que  los  extranjeros  eran  hombres  como  los  demis.  Y 
llamando  a  sus  companeros,  les  infundiô  confianza  gritàndoles  : 
chés,  chés  (son  hombres,  son  hombres).  O  porque  el  caso  hiciera 
gracia  à  los  espanoles,  6  porque  creyeron  que  la  palabreja  era 
voz  de  llamada  entre  los  indios,  la  adoptaron  en  el  sentido  parti- 
cular  que  conserva  hasta  el  dîa.  —  Fantasias  aparté,  tengo  para 
mi  que  el  ché  rio-platense  y  boliviano  no  es  mâs  que  el  antiguo 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  339 

et  castellano  con  que  se  llamaba  ô  se  pedîa  atenciôn  a  una  per- 
sona,  tan  usado  por  las  tapadas  y  embozados  de  las  comedias  de 
capa  y  espada;  voz  anticuada  ya  y  que  se  usa  todavîa  en  el  reino 
de  Valencia  en  la  forma  y  frecuencia  que  en  estas  provincias  de 
Sud-América. 

Cherùje.  Picadillo  de  plâtano  con  carne.  Especie  de  sancocho 
de  Antioquia. 

Chico.  Llaman  en  Santa  Cruz  de  la  Sierra  al  adormecimiento  de 
un  mûsculo  con  cierto  hormigueo  que  no  hay  que  confundir  con 
el  calambre. 

Chicote.  Trenzado  de  cordel.  Lâtigo.  La  «  azotera  »  boli- 
viana. 

Chicha.  Famosa  bebida  sud-americana,  tanto  como  el  pulque 
mejicano.  Hacese  de  harina  de  maîz  6  de  yuca,  de  manî  6  de 
cualquier  otro  tubérculo  6  cereal.  Pero  la  chicha,  por  antonoma- 
sia,  la  nacional,  digàmoslo  asi,  es  la  hecha  de  maiz.  Para  su  ela- 
boraciôn  mascan  la  harina,  y  el  muco  que  résulta  seexpone  al  sol. 
Cuécese  luego  y  se  deposita  en  grandes  tinas  soterradas  y  tapadas 
herméticamente  para  que  fermente  la  masa,  lo  que  acontece  â  los 
ocho  6  diez  dîas.  Destâpase  entoncesy  esta  buena  para  beber.  Es  so- 
bremanera  diurética  y  de  notoria  eficacia  para  expeler  los  calculos 
delà  vejiga,  pudiéndose  asegurar  que  no  hay  indio  que  sufra  de 
este  mal.  También  se  le  atribuye  virtudes  prolîficas,  y  eso  que 
esta  demosirado  con  la  fecundidad  de  las  mujeres  indias  viene  a 
certificarlo  el  hecho  de  llegar  d  tener  hijos  mujeres  europeas 
estériles  antes  de  llegar  al  pais  y  hacerse  bebedoras  de  chicha. 

En  Santa  Cruz  y  en  el  resto  del  Oriente  boliviano  hacen  una 
chicha  menos  fiierte  que  la  «  chicha  colla  »,  que  es  la  anterior- 
mente  descrita.  Para  ello  se  muele  la  jora  6  granos  de  maîz 
reventado  ;  rediicense  éstos  â  masa  en  agua  fria,  y  el  todo  se 
tuesta  parcialmente  en  vasijas  de  barro  6  en  horno,  coldndose 
repetidas  veces  hasta  que  se  purifica  y  fermenta.  Los  muqtuadores 
mascan  luego  esta  masa  hasta  que  la  juzgan  convenientemente 
desmenuzada  6  convertida  en  muco,  Tras  esto,  se  echa  agua  d  la 


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340  CIRO    BAYO 


masa  y  se  ponen  las  oUas  al  fuego  por  24  horas,  durante  el  cual 
tiempo  se  remueve  la  masa  agregândole  harina  i  cada  momento. 
Cuando  el  liquide  se  enfrîa,  se  le  pasaâ  grandes  càntaros  de  barro 
en  donde  en  una  noche  fermenta.  Esto  se  conoce  por  un  aceite 
amarillo  que  bulle  en  la  superficie.  No  cabe  duda  que  la  saliva 
de  los  muqueadores  es  el  principal  agente  de  la  fermentaciôn  ; 
ella  transforma  el  almidôn  en  aziicar  y  este  a  su  vez  en  alcohol. 
Acostumbrado  uno  a  la  chicha  y  liaciendo  caso  omiso  de  la  puerca 
manera  como  se  hace,  es  una  bedida  muy  aceptable  é  higiénica 
a  la  manera  de  la  sidra  6  sagardûa  vascongada.  Ix)s  indios  qui- 
chuas  Uaman  a  la  chicha,  akca;  los  del  Cuzco  a^ûa,  de  donde  se  ha 
trasladado  al  castellano. 

En  chicha^  en  efervescencia.  Asi,  el  rioestden  chicha(ô  revuelto); 
fulano  esta  en  chicha  (calomecano),  etc. 

ChichapI  (Ccltisoccidentalis,  L.).  Arbusto  espinoso  llamado/a/a 
en  el  interior. 

Chiche.  Juguete.  Objeto  pequeno  y  lindo,  lo  que  nosotros 
Ilamamos«  una  monada  ».  El  pezôn  de  las  mujeres. 

Ponerse  en  chiche^  ponerse  ebrio  ;  aunque  este  chiche  viene  de 
chicha,  de  la  que  hasta  el  nombre  han  olvidado  los  gauchos  por- 
tenos. 

Chichera.  Mujer  que  hace  6  expende  chicha. 

Chichilo.  Especie  de  titi  de  color  amarillento. 

Chicholo.  Cierta  pasta  dulce  envuelta  en  chala  que  se  vende 
en  las  pulperîas  de  Buenos  Aires. 

Chiflero.  Mercachifle.  Buhonero. 

Chigua.  Varies  significados.  Red  para  pâjaros;  aparato  para 
la  cata  de  las  tunas  en  Tucumàn  ;  bulio  6  fardo  de  charque 
(véase  Chipa);  el  cogollo  de  cualquier  palmera  (en  aimarâ). 

Chila.  Chuno  seco  de  yuca  ô  plâtano.  Véase  Maraya. 

Chilca.  Voz  quichua.  Yerba  comûn  de  aplicaciones  médici- 
nales. Dos  clases  :  Anguslo  y  Latifolia  (Baccharis). 

Chilenas  (Las).  Los  fémures  de  animal  y  el  tuétano  que  con- 
tienen.  Véase  Murucuntuyo. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  34 1 

Chilicote.  Voz  quichua  :  grillo  (insecto).  ChilicoUar,  entrete- 
nerse  con  poquita  cosa  ;  jugar  de  poco  en  poco. 

Chilo.  Otro  diminutivo  de  Juan.  Menos  que  Juancho. 

Chilla.  Pelusa  volatil  del  cardoy  otras  plantas. 

Chima.  Salvado,  afrecho  6  jache  de  irigo  mezclado  con  el  de 
maîz,  mas  el  aditamento  de  manteca  de  vaca  y  salmuera.  De  la 
chima  hdcense  ricas  empanadas  a  las  que  se  adornan  con  queso, 
aji,  cebolla  y  carne. 

Chimango  (^Milvago  pe:(oporus.  Burm.).  Falcônidas.  —  «  Gas- 
tar  pôlvora  en  chimangos  »,  gastar  pôlvora  en  salvas  ;  predicar 
en  desierto  ;  hacer  favores  a  un  ingrato,  etc. 

Chinche.  Bicho  que  en  America  se  ha  hecho  masculino. 

Chinchilla  (^Chinchilla  lanigera.  Bonnet).  Mamifero  roedor, 
mas  pequenoque  el  conejo  europeo;  cabeza  parecida  â  la  de  la 
ardilla,  largos  bigotes  y  orejas  grandes.  Es  animal  muy  limpio  y 
dôcil  que  se  ve  perseguido  por  su  piel  suave  y  finîsima  de  color 
gris.  Habita  en  las  montanas  del  Perù,  Bolivia,  Chile  y  Norte 
de  la  Argentina,  de  donde,  como  los  castores  del  Gmada,  no  tar- 
darâ  en  desaparecer  si  no  se  reglamenta  la  caza. 

Chinchulines  (Los).  Los  intestines  de  res  envueltos  por  una 
telita  de  sebo. 

Chinga.  Voz  que  expresa  la  idea  de  haberse  perdido  algo  que 
se  dejô  en  un  sitio.  Ejemplos:  Busqué  mi  caballo,  y  chinga;  el 
ganado  dejôel  chaco  chinga. 

Chingana.  Pozo;  peringundîn  donde  â  ocultas  juegan,  beben 
y  rinen  los  maleantes. 

Chingar.  Hacer  higa  un  arma. 

ChmcoLO  (Zonoiriche  matutina.  Vieil.)  Fringtlidos. 

Chinitas  del  campo.  Sinantérea  amarilla.  Florecilla  siempre 
verde  y  florida  y  abudantîsima  en  las  praderas  sur-americanas. 
Tanto-  en  la  parte  ori Aial  de  los  llanos  de  Nebraska  y  Kansas, 
cerca  del  rio  Missouri,  como  en  los  desiertos  natronosos  de  Cuyo 
y  cuchillas  graniticas  de  Catamarca  y  Côrdoba,  vense  léguas  cua- 
dradas  cubierias  de  estas  florecillas  amarillas,  que,  segùn  la  lati- 


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342  CIRO   BAYO 


tud,  se  alzan  desde  uno  hasta  siete  pies  de  elevaciôn.  Es  una  flor 
que  ama  al  sol,  y  âsus  bénéfices  rayos  crece,  purificando  y  aroma- 
tizando  la  atniôsfera  de  los  campos. 

Chino.  Nombre  vulgar  del  indio  en  la  Argentina,  como  camba 
en  Bolivia.  Hay  en  la  Provincia  de  Buenos  Aires  el  dicho  :  «  China 
pampa  y  mate  amargo,  solo  por  necesidad  »,  es  decir  que  una  y 
otro  solo  son  aceptables  en  caso  extremo.  Sin  embargo,  el  mate 
amargo  6  cimarrôn  es  mas  saludable  que  el  dulce,  como  que  los 
aficionados  lo  prefieren  a  este.  Cuanto  las  chinitas  en  flor,  son 
monîsimas  :  esbeltas,  altas  y  delgadas  ;  del  color  de  la  arcilla  tos- 
tada.  Las  chinas  de  Buenos  Aires  visten  poUera  larga  y  vaporosa 
que  pone  de  relieve  los  contornos  delicados  de  un  busto,  por 
desgracia,  pobre  de  caderas  y  pechos.  Éstos,  que  se  agostan 
pronto,  son  de  curvas  exquisitas  y  senalados  no  por  una  fi-am- 
buesa  sino  por  una  mora  negra  muy  sazonada. 

Chine.  El  zorrino  de  Cuyo.  Voz  auca. 

ChIo.  Apolillado,  carcomido.  Asi  :  arroz  chio\  diente  chlo  ; 
fruta  chiay  etc. 

Chipa.  Voz  quichua.  Envoltura  de  paja  para  huevos,  frutas  ô 
charque.  La  cârcel.  «  Meter  en  chipa:  en  la  cafùa.  Engano  6 
estafa  en  el  juego.  Chipar  =  estafar,  sorprender  la  buena  fe. 

Chipaco.  Tosta  hecha  de  semita.  Cara  de  chipacOy  cara  lân- 
guida,  triste. 

Chipeno.  Medida  de  capacidad  para  azùcar,  de  2  arrobas. 
Doce  chipenos  forman  una  horma  de  ley. 

Chipilo.  Pldtano  cortado  en  rodajas  6  torteritos  que  se  frien 
cuando  han  de  servir  para  provision  de  viaje.  Por  analogîa,  la 
plata  acunada  entre  los   indios  lumupaseiios  y  araonas. 

Chiquitos.  Indios  asî  llamaJos  por  tener  inuy  bajas  las  entra- 
das  de  sus  viviendas.  Hoy  distrito  boliviano. 

Chirapa.  Prenda  de  vestir  deteriorada  o  andrajosa. 

Chircal.  Maleza  de  chirca.  Arbusto  lenoso  y  seco  muy  apa- 
rente  para  combustible. 

ChiriguanA.  Sinaruba  ù  omaruba.  Rutâceas. 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  343 

Chiriguano.  Indio  de  raza  guaranî  que  vive  en  los  valles  que 
forman  las  ûltimas  estribaciones  de  la  Cordillera  oriental  de  los 
Andes,  entre  el  gran  Chaco,  el  rîo  Bermejo  y  Santa  Cruz  de  la 
Sierra.  Cambas  6  Tembetas  son  llamados  por  los  crucenos  (véase 
Tambeta)  y  casi  todos  estân  reducidos  por  los  misioneros  del 
Colegio  de  Tasija. 

Chirimoya.  El  fruto  del  chirimoyo.  Fructus  annonœ  chirimoya, 
El  arbol  es  bastante  elevado;  la  fruta  de  tamano  variable  y  de 
cdscara  delgada  que  se  déjà  partir  entre  los  dedos.  Sacadas  las 
pepitas  —  que  son  menos  cuanto  mejor  es  la  calidad  de  la  chiri- 
moya —  cômese  la  pulpa  con  cuchara  y  es  de  un  sabor  agri- 
dulce  tan  deleitoso  que,  segûn  un  jesuita  misionero  (el  noticioso 
padre  Eder,  siglo  xvii)  «  debia  darse  a  los  moribundos  europeos 
para  excitar  en  ellos  el deseo  del  paraiso  ».  Yo  por  mi  parte  lapre- 
fiero  à  la  pina  y  la  diputo  por  reina  de  las  frutas  americanas. 

Varias  son  las  clases  de  chirimoyas.  La  silvestre  6  guandbano, 
la  amarilla,  la  crespa. 

En  Buenos  Aires  es  estimada  la  chirimoya  de  Salta  ;  en  Boli- 
via,  la  de  Yungas. 

Chirimoyo.  Anona  trypedale,  Véase  Chirimoya. 

ChiripA.  Preiina  que  por  una  extremidad  se  rodea  a  la  cintu- 
ra  y  pasando  la  otra  por  entre  las  piernas,  se  vuelve  a  cenir  por 
delante,  sujetando  las  dos  puntas  con  una  faja  ô  cinturôn.  Es  el 
pantalon  6  zaragûelles  del  gaucho  porteno  y  prenda  muy  cômoda 
para  el  trabajo  rural  ecuestre,  ademâs  que  es  de  facil  hechura  y 
de  pronto  lavado,  sin  que  pierda  los  colores  chillones  a  que  tan 
aficionado  es  el  gaucho.  —  Gente  de  chiripây  genre  campesina. 
Santo  Cristo  de  la  Petrina,  Se  venera  en  una  iglesia  de  la  ciudad 
boliviana  La  Paz,  y  viste  un  chiripa  terciopelo  recamado  de 
adornos.  Cuentan  que  un  argentine  forastero  acostumbraba 
hacer  limosnatodaslas  nochesâ  unpobre  que  encontraba  siempre 
en  el  riiismo  sitio.  Cierta  noche  muy  frîa  que  habiendo  perdido 
en  el  juego  hasta  el  liltimo  ceniavo  no  ténia  nada  quedarle,  qui- 
tôse  el  chiripa  y  se  lo  diô  al  pobre.  A  la  maiiana  siguiente  se  \i6 


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344  CIRO    BAYO 


al  Cristo  de  la  iglesia  vestido  de  chiripâ.  Creyendo  el  sacristân 
que  era  burla  sacrilega,  tratô  de  quitârselo  pero  no  pudo  conse- 
guirlo.  Diô  parte  a  la  comunidad,  el  vecindario  se  conmoviô  y 
en  un  momento  acudiô  inmenso  gentîo  al  lugar  del  suceso.  En 
él  figuraba  el  argentine,  que  al  punto  renociô  en  el  chiripâ  del 
Cristo  el  que  habîa  dado  al  pobre.  Contô  el  suceso;  hiciéronse 
pesquisas  para  buscar  al  pobre,  pero  no  encontrândole,  todos 
cayeron  en  la  cuenta  que  se  habîa  operado  un  milagro. 

Chirlo.  Lapo  6  cacheté.  —  Te  daré  un  chirlo  si  no  te  callas  — 
se  oye  decir  a  las  madrés  portenas  a  sus  hijos. 

Chirola.  El  tomîn  chileno  y  boliviano.  Interjecciôn  équiva- 
lente a  :  quia  !  oiga  que  tal  ! 

Chischisco.  Arrebatina.  «  A  la  marchanta.  » 

Chitar.  Piar  los  polios  y  los  pichones  de  aves. 

Chivar.  Fornicar. 

Chivato.  Aprendiz  de  albanil.  Ayudante  de  carretero  en  las 
minas. 

Chivè.  Harinadeyuca  entreverada  con  harina  de  maîz,  ô  sola 
mezclada  con  agua  dulce  y  dejândola  hinchar  un  poco.  Es  una 
bebida,  6  como  quiera  llamârsela,  muy  usual  en  Mojos  y  el  Bra- 
sil. 

Choco.  Falderillo  de  lanas.  Color  rojo  oscuro.  Caballo  choco  : 
alazân.  Sombrero  de  copa  6  cilîndro. 

Choclo.  Espiga  tierna  de  maîz  muy  estimada  en  toda  Ame- 
rica para  la  confecciôn  de  platos  nacionales. 

Choclôn.  Cauchôn  plantado  de  maîz. 

ChochI.  Larva  de  langosta  que  asuela  las  chacras. 

Chochoé.  Pato  macho. 

Chofa.  Gafas  de  color. 

CHOiauÈN.  Voz  auca.  El  handû  6  avestruz. 

Cholo.  Mestizo  de  t spanol  é  india.  El  plebeyo  de  las  poblacio- 
nesdonde  ambas  razas  se  fiisionaron.  Porque  se  da  el  caso  que 
en  Buenos  Aires  no  hay  cholos  y  sî  los  hay  en  Tucumân,  por 
ejemplo.  Esto  porque  las  razas  autôctonas  del  Rîo  de  la  Plata 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  345 

(jjuerandies  y  charrùas)  a  fuer  de  guerreras,  prefirieron  desapare- 
cer  ô  emigrar  antes  que  capitulât,  niientras  que  otras  mas  pacî- 
ficas  (quichuas,  guaranîes,  etc.)  doblaron  la  ccrviz  y  se  amalga- 
maron  con  los  conquistadores. 

Chonono.  Rizos  sobre  la  frente.  Aulos  en  la  Argentina. 

Chonta  (^Astrocarinm  chonta.  Martius).  Una  de  las  palmeras 
que  mas  resaltan  por  su  gallardîa  y  corpulencia.  Abundantîsima 
en  el  Oriente,  cuyos  indios  hacen  sus  arcos  con  la  madera  densa 
y  elâsiica  de  esta  palmera. 

Chopochôro.  Longirostro  que  hace  su  nido  en  las  espinas  del 
aromo  6  del  chichapî,  siendo  notable  por  su  canto  acompasado 
como  el  son  del  bailede  «  macheteros  »  que  usan  en  Mojos. 

Choquihue.  Voz  mojena  con  la  que  se  désigna  al  brujo  6 
hechicero,  personaje  principal  de  la  tribu. 

Chorizo.  Pasta  de  barro  y  paja  para  embarrar  ranchos. 

Choro.  Almeja  del  Pacîfico,  muy  suculenta. 

Choronazo.  Papirote.  Sacudida  que  con  el  indice  apoyado 
contra  el  pulgar  se  da  en  la  oreja  de  otro. 

Chororô.  Especie  de  perdiz  de  gran  tamano  que  canta  de 
noche  como  el  gallo  a  horas  determinadas  dando  très  silbidos 
agudos  y  por  très  veces  repetidos. 

Chorrera.  Cortejo  ;  séquito  de  cosas  animales  6  inanimadas. 

Chorro.  Cada  uno  de  los  ramales  de  lâtigos  y  azoteras. 

Chota.  La  nina  chuquisaquena  que  va  de  corto,  pues  que  ya 
empieza  a  presumir.  Equivale  pues  a  nuestra  «  polla  ». 

Chûcaro.  Redomôn  ;  caballeria  récalcitrante.  Animal  indômito 
ô  apenas  domesticado.  Indios  y  gauchos  montan  admirablemente 
los  caballos  chùcaros  de  la  Pampa  ô  del  Chaco,  bien  asî  como 
los  cow'boys  los  «  mustangs  »  y  «  bronchos  »  del  Far- West, 

Chucha.  La  concha  de  la  mujer. 

Chucho.  Diminutivo  de  Agustin. —  «  Viejo  chucho»,  machu- 
cho.  Voz  quichua:  calentura  con  escalofrîos.  El  chucho  no  es 
otra  cosa  que  la  malaria  de  Italia  y  las  fiebres  palùdicas  de  otros 
paises,  sin  tratar  de  determinar  si  el  agente  que  obra  sobre  el 


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34^  CIRO    BAYO 


organismo  que  détermina  la  fiebre  es  un  principio  gaseoso  6 
miasmâtico,  como  antes  se  creîa  6  un  microorganismo  como  hoy 
se  acepta. 

Chuchuca.  Mazorca  de  maîz  tierno,  cocida  y  puesta  â  secar 
al  sol  6  en  un  horno. 

Chueco.  Estevado,  patizanibo. 

Chugchoca.  Instrumente  de  labranza  rematado  en  pala  y 
pica. 

Chulco.  Voz  quichua,  sulko  :  menor.  El  hijo  liltimo,  el  Ben- 
jamin de  la  familia.  Es  voz  muy  extendida  en  Bolivia. 

Chulo.  Gallinâcea  6  aura  tinosa. 

Chulpa.  Véase  Huaca. 

Chulupaco.  Chulupe  6  cucaracha  grande. 

Chulupe.  Cucaracha  (jColeôptero  silphates,  Latreille). 

Chumacera.  El  eje  sobre  el  que  gira  una  balanza  de  cualquier 
orden  ;  asî  el  tolete  de  Iqs  remos,  el  eje  del  cubo,  etc.  Esta  pala- 
bra no  es  ningiin  americanismo,  pero  la  verdad  es,  que  de  cien 
peninsulares,  noventa  y  nueve  no  saben  lo  que  significa;  mien- 
tras  que  se  oye  i  diario  en  boca  del  criollo  mas  înfimo. 

Chumba.  Sulfuro  de  cinc. 

Chumbar.  Enviar  una  perdigonada. 

Chumbeado.  De  poca  monta.  «  Boliche  chumbeado  »,  ten- 
ducho. 

Chumbo.  Voz  portuguesa.  Municiôn  de  perdigones. 

Chumuco.  Pato  zumbillidor.  Becasina. 

Chuncaco.  Esi>ecie  de  sanguijuela  de  los  banados.Voz  qui- 
chua. 

Chunco.  Expresion  carinosa  muy  usada  por  los  espanoles  de 
los  departamentos  quichuas  de  Bolivia,  entre  amantes  y  perso- 
nas  que  se  quieren  entranablemente  :  «  mi  amado,  mi  querido.  » 

Chunchos.  Indios  llamados  hoy  mosetenes  6  madalenos,  de  la 
misiôn  de  Covendo  (La  Paz).  En  aimarâ  :  salvaje,  por  lo  que 
se  complacen  los  peruanos  de  la  costa  en  llamar  asî  â  los  boli- 
vianos. 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  347 

Chuîîa.  Gallindcea  que  se  domestica  para  defender  las  aves  de 
corral. 

Ghunista.  El  nino  que  (por  hacer  chunos  al  sol)  falta  â  la 
escuela.  Sinônimo  de  embroUôn  en  Santa  Cniz. 

Chuno.  Voz  aimara  :  «  hielo  »  (^Amylum)  ;  papa  que  cuando 
madura  se  pone  à  helar  y  sirve  para  el  chàiro  paceno  6  chupe 
nacional. 

Chupalla.  Bolsay  tabaquera  hecha  del  bûche  bien  sobado  del 
avestruz. 

Chupe.  Plato  nacional  .  Sopa  boliviana  hecha  de  papas  coci- 
das  en  agua,  6  en  lèche  cuando  pican  gordo,  y  espigas  de  maîz 
tierno  (choclos),  aji,  oca  y  chuho,  anadiendo  â  todo  esto  tajadas 
mas  ô  menos  suculentas.  Cuando  este  guiso  se  hace  sencilla- 
mentecon  chuhoà  papa  helada,  tst\  chàiro. 

Chuquisa.  Prostituta  6  ramera.  Es  provincialismo  de  Chile. 

Churcar.  Remar  con  fuerza  ;  que  ronquen  los  remos. 

Churla.  Saco  de  cuero  6  tambor  en  que  se  envuelvela  corteza 
de  la  quina. 

Churo.  Lindo,  valiente  ;  doble  significaciôn  por  aquello  de 
que  aquî  como  en  todas  partes  : 

Siempre  brilla  hermosa 
la  faz  del  vencedor.     . 

CHiiRQUi.  Espino  silvestre  muy  abundante  en  los  caminos  fra- 
gosos  de  la  Cordillera,  como  en  el  trayecto  de  Jujuy  â  Tupiza. 
Segûn  la  latitud,  crece  alto  con  grueso  tronco.  Da  una  frutilla 
llamada  cholôn<\\xQ  sirve  de  alimento  à  cabras  y  burros,  compa- 
neros,  en  union  de  las  Hamas,  del  indio  solitario  de  la  Puna. 

Churuno.  Calabaza  redonda  con  un  agujero  que  sirve  para 
Uevar  agua.  Ûsase  también  en  el  Oriente  colgarlo  de  algun  ârbol 
porque  el  viento  al  colarsepor  la  abertura  del  c/;«r«m7  produce  un 
ruido  semejante  al  del  cuerno,  sirviendo  de  senal  para  llamar  â 
los  extraviados  en  el  monte.  —  Bolacha  de  goma,  por  analogia 
de  formas.  Véase  Bolacha. 


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34^  CIRO   BAYO 


Churrasco  ô  charrusco.  Pedazo  de  carne  sin  sal,  tirado  sobre 
brasas  fuertes  y  que  se  arrebata  exteriormente  quedando  lleno  el 
centro  de  un  jugo  sabroso  y  nutritive.  Cômese  caliente,  quitân- 
dole  la  ceniza  muy  por  encima  y  echândole  salmuera.  Es  plato 
nacional  sur-americano  (como  el  asado  con  cuero)  y  eso  de  11a- 
marse  churrasco  es  muy  apropiado  al  agradable  chirrido  de  la 
carne  al  asarse  sobre  las  brasas. 

Churrinche.  Cardenal  en  otrns  partes,  a  causa  del  copete  rojo 
queostenta  el  pâjaro.  Su  cuerpo  es  de  color  plomizo  negro  y  no 
mayor  que  el  jilguero.  Hace  su  nido  valiéndose  de  las  telillas 
con  que  los  insectos  tejen  en  acacias  y  drboles  espinosos.  Su 
vuelo  es  râpido  y  recto  como  el  de  la  alondra.  En  el  campo  de 
Buenos  Aires  hay  la  supersticiôn  que  no  bebe  agua,  pero  dista 
mucho  de  ser  asî,  porque  he  visto  muchos  de  esos  pâjaros  en  las 
colchas  del  Itunama,  en  Mojos. 

Churrucar.  Morirse,  en  jerga  crucena. 

Chusgo  (Gallo).  Ordinario,  vulgar. 

Chuso.  Voz  quichua,  cosa  pequena.  La  persona  de  ojos  peque- 
nos  6  que  mira  a  cegarritas. 

Chuspa.  Voz  quichua,  boisa.  La  tabaquera  y  la  boisa  de  lana 
de  vicuna  en  que  el  indio  de  la  altiplanicie  lleva  su  provision  de 
coca. 

Chûspi.  Voz  quichua,  mosca.  Nombre  de  un  baile  de  indios 
y  cholos  bolivianos  que  se  ejecuta  en  el  entierro  de  los  ninos. 
Uno  6  dos  hombres,  segiin  el  tamano  del  ataùd,  Uevan  la  caja 
con  la  mesa  sobre  la  cabeza,  siguiendo  la  comitiva  de  hombres  y 
mujeres,  aquellos  de  dos  en  dos,  estas  después,  en  formaciôn 
igual  y  con  ramos  de  flores.  De  cuaiido  en  cuando  se  hacc  una 
parada;  pausa  que  se  aprovecha  para  apurar  sendos  mates  de 
chicha,  en  tanto  que  los  padres  de  la  criatura  y  los  compadres 
bailan  con  sus  deudos  y  amigos  el  chtispi  al  son  de  gueuas  y  cha- 
rangos.  Una  nmjer  con  un  palo  simula  que  va  a  maiar  una  mos- 
ca en  el  pie  del  hombre  y  en  esta  pantomima  va  cantando^  mai- 
tac  chai  chuspi  ?  (^jdônde  esta  el  moscôn?)  Como  es  natural,  el 


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PROVINCI ALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  349 

hombre  salta  y  brinca  que  se  las  pela,  para  esquivar  los  golpes, 
algunos  de  ciego,  que  asesta  la  bailadora. 

Chuta.  El  indio  aimarâ  de  La  Paz  y  el  calzôn  de  bayeta  que 
el  mismo  usa  a  nianera  de  zaragûelles. 

Chuto.  Rabôn.  Romo  y  pequeno. 

ChuturubI  (color).  Color  de  la  miel  del  peto  chuturuH,  Véase 
Peto. 

Chuy.  Baliza  ô  semilla  redonda  y  lustrosa  de  la  Achira  6 
balicero  (familia  amonea)  que  sirve  â  los  ninos  crucenos  para 
jugar  âlas  balas. 


D 


Damajuana  6  damezana.  Voz  andaluza. 

Mas  quiero  una  damajuana 
que  no  una  dama  Juanita, 
porque  con  la  damajuana 
todo  pesar  se  me  quita. 

En  efecto,  la  damajuana  es  un  garrafôn  para  vino  y  licores. 

Damasco.  El  albaricoque.  También  se  dice  en  Andalucîa,  y  si  se 
citan  damasco  y  daviajiiana,  es  porque  la  generalidad  de  los 
criollos  no  dicen  nunca  albaricoque  ni  g.irrafa. 

Dano  (El).  Fascinamiento,  mal  de  ojo  6  jettatura.  El  dano 
argentino  como  el  fascino  napolitano  y  el  hualicho  ô  gualicho 
pampeano  no  son  sino  expresiones  distintas  de  un  temor  vago 
à  lo  desconocido.  Generalmente  tiene  por  causa  el  histerismo, 
la  epilepsia,  y  siempre  la  ignorancia.  Véase  Gualicho. 

Darse  CORTE.  Darse  tono.  «  Agapito,  date  corte  »;  purocorte, 
etc.,  son  expresiones  que  se  oycn  a  diario  enLaPlata. 

De  arriba.  De  balde.  «  Vivir  de  arriba  »,  vivir  del  mand. 

Debocar.  Vomitar  ô  dar  arcadas. 

Demasiado.  Empléase  en  Bolivia  en  el  sentido  de  muy  ô 
mucho,  de  cuya  construcciôn  resultan  frases  disparatadas,  como 


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350  CIRO    BAYO 


esta  :  Fulano  es  deinasiado  sabio  ;  la  quiero  detnasiàdo;  soy  dema- 
siado  honrado,  etc. 

Derrama.  Suscriciôn  a  prorrata  en  especies,  que  los  corregi- 
dores  sacan  a  las  comunidades  indîgenas  de  Bolivia  para  recep- 
ciôn  y  agasajo  de  las  autoridades  que  van  de  transite.  Muy  pro- 
piamente  llâtnase  derramay  pues  es  una  gabela  que  se  derrama 
por  todo  el  itinerario  del  personaje  viajero. 

Descachazar.  Quitar  la  parte  inipura  del  guarapo  ya  cocido. 

Desecho.  Atajo,  sendero.  En  Ercilla  se  encuentra  la  misma 
vozcon  igual  significado,  pero  en  género  femenino.  «  No  tiene 
aquel  camino  otrz  desecha  »  (citado  por  Cuervo). 

Descuajaringado.   «    Desguanangado  »  ;  descoyuntado. 

Desguanangar.  Deshacer,  desencuadernar,  desbaratar,  etc. 

Desierto  ô  Travesia.  Gran  extension  de  pampa  en  las  provin- 
cias  de  San  Juan  y  la  Rioja,  de  vegetaciôn  raquîtica  y  rastrera  ; 
ora  sin  un  solo  ârbol  que  interrumpa  la  aridez  del  terreno,  ora 
poblado  de  matorrales  de  chanares  que  mas  adelante  se  con- 
vierten  en  bosques  de  caldenes  y  otros  drboles  entre  los  que  des- 
cuella  el  «  quebracho  blanco  »  parecido  al  sauce  llorôn  que  con 
sus  ramas  mustias  y  cabizbajas  parece  condolerse  de  la  aridez  de 
esos  lugares.  Algunas  otras  plantas  hay  como  la  tola,  el  chûrqui, 
siendo  un  hecho  muy  significativo  que  todas  dan  espinas  en 
lugar  de  hojas,  como  un  signo  de  ingraiitud  de  aquellos  eriales. 

Los  ùnicos  vivientes  que  turban  el  silencio  de  esas  regiones 
son  los  «  guanacos  »  que  corren  en  bandadas,  y  uno  que  otro 
«  jote  »  6  cuervo  que  se  ceba  en  la  osamenta  de  una  mula  ren- 
dida  al  cansancio,  6  en  la  de  un  guanaco.  Véase  Zonda. 

Desocar.  Despearse  los  animales  de  pezuna. 

Despacio.  Como  observa  Bello,  suelen  los  hispano-america- 
nos  confundir  viciosamente  despaci^  adverbio  de  liempo,  con 
paso,  quedoy  adverbio  de  modo.  En  tal  guisa,  dicen  muchos  : 
M  habla  despacio  »,  por  :  habla  en  voz  baja. 

Despearse  un  animal,  es  en  America  como  en  Espana  infla- 
mdrsele  a  un  animal  los  vasos  por  lo  pedregoso  del  camino.  Asiel 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  35  I 

ganado  lanar  que  de  las  provincias  argentinas  del  norte  se  trans- 
porta a  Chile  a  través  de  la  Cordillera,  à  pesar  de  que  no  anda 
mas  de  4  léguas  diarias,  es  el  mis  dificil  de  conducir,  no  solo 
porque  se  cansa  fdcilmente  sino  tainbién  porque  se  despea.  A  los 
bueyes  se  les  préserva  un  tanto  de  ese  accidente  herràndoles  las 
manos  6  poniéndoles  cabargas. 

Despepitado.  Fruta  en  compota  a  la  que  se  le  ha  quitado  el 
hueso  6  carozo. 

Desperciadir.  Tiene  también  en  estos  paises  el  significado  de 
avispar  a  una  persona;  quitarle  el  polvo  delà  dehesa. 

Despostar.  Hacer  partijas  de  un  animal  desollado,  cortàndole 
por  las  coyunturas.  Es  neologismo  muy  aceptable,  supuesto  que 
la  Academia  admite  «  posta  »  en  el  significado  de  tajada,  pedazo 
de  carne,  pescado  ù  otra  cosa. 

Desrielamiento.  Descarrilamiento,  y  desrielar  el  verbo,  muy 
natural,  pero  innecesario. 

Diamela.  Flor  de  blanco-lechoso,  de  suave  y  pénétrante  olor 
à  jazmin.  La  diamela  significa  amor  en  el  lenguaje  de  la  flora 
americana,  y  en  tal  sentido  le  cantan,  alaban  y  manosean  los 
«  sinsontes  »  de  las  mârgenes  del  Plata. 

DiCHOSA  (La).  Escupidera  6  vaso  de  noche. 

DiMiNUTivos.  Hasta  la  mds  minima  expresiôn  llevan  los  sur- 
americanos  la  disminuciôn  de  los  nombres  substantivos.  Aunque 
ello  se  presia  al  capricho  de  cada  cual,  las  terminaciones  mas 
generalizadas  son  en  ito  é  itito,  como  :  dulcito,  dulcecito.  En 
Santa  Cruz  usan  la  terminaciôn  ingOy  asi,  de  solo,  solingo,  —  «  Yo 
solingo  trabajo  mi  chaco.  »  —  «  Pandingo  esta  el  rio  »  (porpandoô 
llano  y  bajo)  ;  y  acutingOy  chiquitingo,  blandingo,  etc. 

DistingOendo.  Los  chilenos  que  con  el  argeniino  Sarmiento 
à  la  cabeza,  tienen  el  privilegio  de  haber  disparatado  en  gramd- 
tica  mis  que  ningiin  otro  pueblo  de  origen  hispano,  tienen  y 
han  aclimatado  en  estas  repùblicas  un  séptimo  género  gramati- 
cal,  denominado  distinguertdo,  calificativo  que  ni  castellano  es. 
Distingùendo  (del  género)  son  aquellos  nombres  que  teniendo 


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352  CIRO    BAYO 


dos  signifîcados,  se  usan  unas  veces  como  masculines  y  otras 
como  femeninos,  segiin  sea  el  significado  en  que  se  emplean, 
como  :  capital,  consonante.  En  suma,  los  vocablos  homônimos. 

DoRADiLLA  ÇPilea  niycrophild).  Ubriceas.  Planta  que  crece  desde 
las  Antillashasta  el  Brasil.  Los  ingleses  lallaman«  artillery  plant  » 
6  planta  artillera,  porque  tan  luego  como  el  agua  toca  los  cuatro 
sépalos  coloridos  del  caliz,  dispuestos  en  cmz,  éstos  se  abren 
en  forma  de  esirellas,  y  las  anteras  se  rompen  lanzando  al  aire 
la  abundancia  de  granos  de  polen  fecundante  que  cada  uno 
encierra.  Llàmase  Doradilla,  porque  d  proporciôn  que  crece  se 
muestrade  color  de  oro  d  los  rayosdel  sol.  Crece  sobre  los  teja- 
dos,  en  los  lugares  hùmedos  y  hoy  se  cultiva  en  los  jardines. 

DoRMiDA.  Alcoba  6  dormitorio. 

Drac.  El  grog  britànico.  Beberaje  fresco  que  hasta  los  gauchos 
piden,  hecho  de  aguardiente,  agua  y  aziicar. 

Drosera  {Drosera  rotundï).  Longifolias.  Planta  carnivora  cuyas 
hojas  estân  bordeadas  de  tentdculos  muy  finos  provistos  de  un 
liquido  Colorado  y  viscoso.  Cuando  un  insecio  se  posa  en  una 
hoja,  los  tentdculos  se  contraen  y  apresan  al  insecto,  asimildndo- 
selo  la  planta  para  su  nutriciôn.  La  drosera  es  beneficiosa  para  la 
tos  ferina. 

DuRAZNO.  Melocotôn,  como  en  Andalucia.  Hay  en  estos  pai- 
ses  americanos  duraznos  blancos,  amarillos,  bayos,  abridores  ô 
priscos  y  pelones.  Aunque  de  variado  sabor,  son  sin  excepciôn 
dulcîsimos  y  fragantes.  Los  duraznos  silvestres  del  delta  del 
Paranâ  son  los  preferidos  en  Buenos  Aires.  Son  tan  abundantes 
que  de  ellos  se  extrae  el  «  aguardiente  de  durazno  »  en  alambi- 
ques  establecidos  en  el  mismo  Delta.  Con  el  hueso  6  carozo 
haciéndolo  infundir  en  aguardiente,  se  prépara  uno  de  los  mejo- 
res  licores,  conocido  con  el  nombre  de  «  agua  de  Noyô  ».  La 
madera  del  ârbol,  la  ùnica  madera  que  con  la  del  ombû  se  que- 
maba  en  otro  tiempo  en  las  cocinas  de  Buenos  Aires,  continua 
empleândose  en  el  campo  como  postes  de  corral.  Con  la  infu- 
sion de  los  pétalos  se  hace  el  jarabe  de  durazno  purgativo  y  ver- 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  353 

miftigo.  «  El  complexe  de  tantas  cualidades,  asî  utiles  como 
agradables  »,  concluye  diciendo  el  educacionista  Sastre,  «  hace 
del  durazno  un  don  precioso  de  la  naturaleza  en  la  provincia 
de  Buenos  Aires,  que  todo  el  mundo  ha  apreciado  debidamente  ». 
Por  todas  partes,  en  los  establecimientos  de  campo,  sea  estancia, 
chacra  ô  quinta,  se  ven  montes  de  durazno. 

DuRAZNiLLO.  Arbusto  de  lugares  hùmedos  y  lagunas,  indicio 
seguro  de  agua  d  pocas  varas  de  profundidad  del  sitio  donde  se 
halla. 


Ebéje.  Aventador  de  hoja  de  palma.  Baquetà  en  Mojos. 

EcHOR  (Burro).  Garanôn  ô  semental. 

Eldorado.  Région  encantada  que  los  aventureros  espanoles  del 
siglo  XVI  la  situaban  en  la  actual  Guayana  holandesa. 

Embarbascar.  Véase  Barbasco. 

Embarcaciones.  Las  que  se  usan  en  la  navegaciôn  de  los  nos 
de  Bolivia  (Mojos  y  Béni),  son  de  casco  piano,  dândoles  la  forma 
de  botes.  Se  clasifican,  segùn  su  tamano,  en  monterky  que  carga 
hasta  38  quintales;^fln/ffl,  hasta  75  y  Batelones  hasta  200  y  mds. 
Una  monterie  tiene  de  seis  d  ocho  varas  de  largo,  y  de  dos  d  très 
de  ancho.  La  garitea  de  ocho  y  once  por  dos  y  très  de  ancho.  El 
batelôn  de  once  y  catorce  por  très  y  cuatro.  El  casco  se  labra  del 
tronco  carcomido  de  una  mara  ô  caobo,  que  se  va  abriendo  d 
fuego  lento  colocdndolo  d  très  cuartas  ô  una  vara  sobre  el  suelo. 
De  este  modo,  cuando  el  fuego  es  vivo  y  bien  dirigido,  d  las  dos 
horas  el  palo  esta  completamente  blando,  pudiéndosele  dar  la 
forma  conveniente.  Después  se  acaba  de  labrar  procurando  que  el 
ângulo  de  proa  sea  lo  mas  agudo  posible  para  que  corte  bien  el 
agua,  y  que  la  popa  y  proa  sean  bien  levantadas  para  que  la 
embarcaciôn  no  peligre  en  las  fuertes  olas  que  se  levantan  en  los 
rîos.  El  calado  de  estas  embarcaciones  nunca  excède  de  una  vara 
a  cinco  cuartas.  Las  tablas  se  trabajan  con  hacha  y  azuela,  de 
modo  que  de  un  tronco  cualquiera  solo  se  sacan  dos  tablas. 

RiWÊê  httfqnique.  xiv.  ij 


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354  ^^^^  SAYO 


Consta  pues,  una  embarcaciôn,  ya  sea  monterie,  garitea  6  bate- 
lôn,  del  casco,  tablas,  dos  rodelas  de  proa  y  popa,  codos  6  barro- 
tes  que  Ueva  de  trecho  en  trecho  para  darle  mâs  solidez,  y  quilla 
y  timôn.  La  tripulaciôn  ordinaria  es  desde  cinco  hasta  quince 
hombres.  Uno  maneja  el  timôn  y  los  demis  reman.  El  remo  no 
excède  de  vara  y  média  de  largo.  Se  rema  sin  punto  de  apoyo  y, 
como  se  dice,  à  pulso,  al  contrario  del  remo  de  boga  ;  primero 
porque  como  se  va  siempre  aguas  arriba  buscando  la  menor 
corriente  posible,  chocaria  el  remo  en  las  orillas,  barrancas  ô 
troncos  ;  después,  porque  el  modo  de  colocar  la  carga  no  déjà 
espacio  suficiente  à  los  tripulan tes  para  usar  los  remosde  boga.  Los 
tripulantes  se  colocan  pareados  en  los  costados  de  la  embarca- 
ciôn, y  para  punUros  se  colocan  los  mâs  diestros.  Estos  punteros 
van  delante  y  tienen  por  obligaciôn  vigilar  cuando  hay  troncos 
ù  otra  clase  de  obstaculos  que  no  ve  el  timonel  ;  ajrudar  â  este 
en  el  manejo  de  la  embarcaciôn  cuando  alguna  corriente  impre- 
vista,  el  choque  contra  algùn  tronco  flotante,  etc.,  ladea  y  hace 
varar  la  embarcaciôn;  gancheafy  es  decir  echar  un  palo  largo 
con  su  gancho  â  los  troncos  de  las  orillas  y  tirar  de  él  cuando 
alguna  corriente  no  puede  ser  vencida  d  remo.  Véase  Balsa, 
Chalana,  Challapo. 

Embramar.  Enroscar  la  espla  de  una  embarcaciôn  fluvial  â  un 
palo  ù  ârbol  de  las  mârgenes. 

Embromar.  Fastidiar,  servir  de  enojo.  «  \  Déjese  de  embro- 
mar  !  »  dice  una  muchada  â  un  galdn,  d  primeras  de  cambio. 

Empacarse.  Hacerse  reacia,  récalcitrante  una  caballeria.  «  La 
suerte  se  empacô  »  =  quedô  plantada. 

Empajarse.  Hartarse,  atorarse, 

Empampanarse.  Desorientarse,  perder  el  rumbo.  Bonita  meta- 
fora  digna  de  generalizarse  en  todos  los  idiomas,  por  lo  expresiva, 
adecuada  y  significativa,  como  marearse,  empantanarse,  etc. 

Empanizado.  Véase  Chancaca. 

Empozar.  Depositar  en  jerga  covachuelista  ô  burocrdtica.  Asi  : 
«  Esta  suma  queda  empo:^ada  en  la  fecha  en  el  Tesoro  pùblico,  segùn 
recibo. . .  »  etc.  Redacciôn  disparatada  en  todos  conceptos. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  355 

Empunar.  Dar  punetazos;  meter  à  uno  adentro  el  puno. 

Encorajado.  Encolerizado. 

Enfaginar.  Reclutar,  ganar  prosélitos  d  una  causa. 

Engana-pichanga.  Mercachifle  que  sonsaca  la  plata  con  sonse- 
ras  de  très  al  cuarto. 

Engorde.  Para  engordar  los  animales  en  las  estancias  que  lie- 
nen  potreros,  se  empieza  por  hacerlos  consumir  el  pasto  de  los 
potreros  mds  inferiores,  y  a  medida  que  engordan,  se  pasan  à  otros 
de  mejor  pasto.  Se  llama  carnudo  el  animal  que  esta  listo  para 
engordar,  pero  que  aun  no  esta  en  estado  de  venta.  De  carne 
blanca  el  animal  que  empieza  à  engordar  ;  puede  decirse  que  es 
cuando  pinta  el  engorde  ;  ya  se  puede  matar  en  saladero.  De 
buena  carne  es  cuando  el  engorde  esta  mas  adelantado  ;  y  àt  carne 
gorda  cuando  el  animal  ha  desarrollado  una  gordura  superior, 
que  también  se  llama  pella,  Todos  los  animales  gordos  de  un 
establecimiento  se  reunen  en  una  tropa  que  se  lleva  i  los  merca- 
dos  ô  i  los  saladeros,  léguas  y  léguas,  por  los  troperos, 

La  carne  de  novillo  se  clasifica  en  los  mataderos  en  :  lomo, 
asado  de  tira,  nalga  y  bifes  de  chorizo,  falda,  pechos,  agujas  y  cola, 
petas,  cabeza  y  achuras.  Los  precios  siguen  en  la  proporciôn  des- 
cendente  de  esta  clasificaciôn. 

Enjalme.  Enjalma.  La  carona  de  lujo  que  ponen  al  toro  y  que 
hay  que  quitdrsele  en  uno  de  los  lances  de  la  corrida,  équivalente 
al  quite  de  la  mona. 

Enlatar  y  empajar.  Cubrir  el  armazôn  del  techo  del  rancho 
con  latas  y  después  con  paja,  à  al  contrario. 

Enlazar.  Aprisionar  la  res  por  la  cabeza  con  el  lazo  corredizo 
que  va  al  extremo  de  una  larga  cuerda  trenzada,  sujeta  por  el  otro 
extremo  al  lado  izquierdo  de  la  montura  cuando  se  va  i  caballo, 
y  sino  por  la  mano  izquierda.  Con  la  mano  derecha  se  le  imprime 
fuerza  centrifuga  como  el  remolino  de  una  honda,  arrojando  el 
rollo  à  larga  distancia,  precisamente  en  torno  de  la  cabeza  del 
animal.  Es  operacion  que  requière  prictica  y  habilidad.  Véase 
Lazo. 


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3S6  CIRO   BAYO 


Enojado,  por  enfodado,  que  no  se  oye  decir  nunca  entre  los 
criollos. 

ENsiRiRi.  Vivir  enfermo  de  continue.  Sufrir  de  una  enfermedad 
crônica.  Se  dice  en  el  oriente  de  Bolivia. 

Ensoquilla  y  ensoquillar.  Ensogar  y  encerrar  ;  aprisionar. 

Entredicho.  Toque  de  somatén  ô  generala.  Toque  continuado 
de  campanas  en  caso  de  incendio  6  alarma. 

Envenado.  Façon  6  cuchillo  con  venas,  ô  que  siquiera  esta 
reforzado  con  niervos  6  venas  de  animal. 

Era.  Tinaja  ô  cantara  donde  fermenta  la  chicha. 

Erebo.  Véase  Herepo. 

ERauE.  En  quichua,  trompeta.  Zampona  pastoril  de  los  indios 
quichuas. 

EscANO.  Banco  ô  poyo  de  los  paseos. 

Esclavatura.  Voz  portuguesa  casi  ùnicamente  usada  en  estos 
paises  en  lugar  de  la  propia  espanola  :  esclavitud. 

EscoBiLLAR.  Zapatear  en  un  baile. 

EscoLiNO.  Escolar,  colegial. 

EscoRiAL.  Riscal  ô  monte  cortado  d  tajo. 

EsGARRAR.  Gargajear,  y  esgarradera  la  escupidera. 

EsLiLLA.  La  clavicula.  Islilla  la  llama  Cervantes  en  el  cap.  2** 
del  «  Curioso  impertinente  ». 

EsPANOLAS  (Las).  Las  patillas.  «  Barba  espanola  »  cuando  se 
peinan  patillas  y  bigote,  pero  no  perilla;  es  decir  â  lo  Gimpo- 
amor,  ô  como  los  portugueses  dicen,  â  lo  «  suizo-espanola  ».  Barba 
asesina,  al  bigote  y  barba  sin  patillas,  usada  generalmente  por  los 
argentinos  tradicionalistas,  desde  que  Rosas  prohibiô  la  barba 
cerrada  porque  esta  formaba  la  letra  U,  inicial  de  salvaje  uni- 
tario. 

EsPANOLES.   Se  llaman  en  censos  y  partidas  bautismales  los 

criollos  con  don.  Los   demâs,  la  plebcy  son  mestizos,  zambos, 

indigenas  ô  negros.  «  Blanco  como  un  espanol  »,  es  dicho  que 

he  apuntado  en  Tucumin. 

EsPESADO.  Lâhua,  en  el  interior  de  Bolivia.  Géfio  en  el  Rio  de 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOUVIANOS  357 

la  Plata.  Especie  de  gâchas  de  Castilla  :  agua  hirviendo  en  la  que 
se  echa  harina  de  trigo  ô  de  maiz,  aji,  papas  y  algun  pedacito  de 
carne.  Véase  Lâhua. 

EsposA  (La).  El  anillo  episcopal. 

EspuNDiA.  «  Pian  amerîcano  6  frambuesia  »  de  la  especie  del 
«  granode  Alepo  ».  Bubas  en  el  Brasil  en  donde  ftié  importado 
por  los  esclaves  africanos. 

Ûlcera  fatal  de  las  regiones  calidas  que  se  inocula  por  la  pica- 
dura  de  insectos  que  anteriormente  picaron  en  individuos  ata- 
cados  de  esta  enfermedad  ;  por  la  lèche  de  la  nodriza,  etc.,  es 
decir  por  toda  clase  de  coniagio.  La  enfermedad  se  présenta 
primero  en  forma  de  bubas  secas,  como  cabezas  de  alfiler,  un 
tanto  blandas,  luego  en  bubas  hùmedas  ô  ulcéras  abultadas,  rojas 
y  extendidas,  rezumando  un  liquido  mucoso;  después  como 
clavos  bubdticos  ô  abultamientos  acompanados  de  cuando  en 
cuando  por  Uagas,  lo  mismo  en  la  cara  que  en  los  pies  ô  en 
cualquiera  parte  donde  los  microbios  hallan  materia  dispuesta 
para  la  incubaciôn. 

La  espundia  se  contrae  d  poco  cuidado  que  se  tenga  con  una 
Uaga  ô  rascadura  fuerte  ;  ô  bien  no  secândose  bien  los  pies  des- 
pués de  haber  vadeado  curiches  y  lagunas,  por  lo  que  se  reco- 
mienda  en  estecaso  friccionarlos  bien  con  aguardiente  ô  ron.  Los 
indios  del  Béni  emplean  para  la  cauterizaciôn  de  las  primeras  Ua- 
gas de  espundia,  la  arena  caldeada,  remedio  doloroso  pero  herôico 
y  eficaz,  pues  con  él  se  logra  cambiar  la  ûlcera  en  quemadura  de 
fâcil  remedio.  Es  de  notar  que  el  caballo  es  el  animal  mds  pro- 
penso  i  enfermar  de  espundia.  A  la  misma  ô  parecida  enferme- 
dad llaman  en  Cuba  «  mazamorra  ». 

EspuRRiR.  Regar  aventando. 

EsauiNA.  Ventorrillo,  pulperia  6  almacén  rural.  Tienda  de 
ultramarinos  situàda,  por  lo  regular,  en  la  esquina  de  la  cuadra, 

EsTANCiA.  Establecimiento  rural  comparable  d  los  latifundios 
lomanos,  destinado  principal  mente  d  la  cria  de  hacienda  ô  ga- 
nado. 


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3S8  CIRO   BAYO 


EsTANCiERO.  Dueno  de  estancia. 

Estante.  Pilar  de  madera,  generalmente  de  tajibo,  para  sus- 
tentât el  trapiche. 

EsTAauEAR.  Estirar  el  cuero  de  una  res  desollada  clavândola 
con  estacas  ô  palitos  hincados  en  el  suelo  d  favor  de  la  maceta  ù 
otro  instrumente.  —  Tormento  que  como  el  de  atirantar  se  usa 
en  algunos  corregimientos  y  consiste  ensuspender  atado  a  cuatro 
estacas  el  cuerpo  del  atormentado. 

Estera  (De  6  en).  Osase  después  de  verbo  activo,  asi  :  llevo  la 
gente  en  estera^  quedô  de  estera.  Gente  enferma  6  cansada  ;  incapaz 
de  dejar  la  horizontal. 

EsTERAR.  Cubriren  cierta  extension.  V.  gr  :  Estaba  el  campo  este- 
radito  de  frutas,  de  muertos,  etc. 

EsTERO.  No  es  lo  que  dicen  los  Diccionarios.  El  estero  america- 
no  es  una  laguna  accidentai  formada  por  los  rebalses  de  un  rîo  ô 
por  las  Uuvias,  y  que  Uega  à  secarse.  Véase  Banado. 

EsTORAQUE  brasileno.  Género  Styrax.  Arbol  del  que  se  extrae 
un  bâlsamo  anâlogo  al  estoraque  oficinal  africano.  Sirve  para  em- 
plastos  y  ùsase  también  como  incienso  en  las  iglesias  rurales  ô 
misioneras  del  Oriente  boliviano. 

EsTRADA.  Trecho  6  avenida  de  ciento  cincuenta  modéras  6  ârbo- 
les  gomeros  que  se  confian  â  un  picador  6  seringuero.  Estas 
estradas  varian  de  extension  superficial  segùn  como  estén  agrupa- 
dos  los  ârboles.  Asî  :  estrada  de  surcoy  cuando  los  gomales  forman 
avenidas  casi  rectas;  de  manchay  cuando  estân  dispuestosen  semi- 
circulo  6  circulo  entero  ;  de  manga,  cuando  la  lînea  de  los  ârboles 
signe  una  marcha  caprichosa;  y  serpentina,  como  la  de  una  co- 
rriente  deagua. 

EsTRELLÔN.  Tropezôn  ;  choque  (muy  bien  dicho). 

EsTREMENO.  Extremado. 

EsTRiBiTOS.  Remilgos,  carantonas.  El  nino  hace  estribitos  :  hace 
pue  héros,  lloriquea. 

EsTRiBOS.  Los  del  gaucho  son  de  madera,  ô  de  hueso,  astas  ô 
suela,  redondos  ù  ovalados  con  un  eje  horizontal  de  manera  que 


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PROyiNCIALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  359 

quepan  estrictamente  las  puntas  de  los  dedos,  como  ordenan  las 
reglas  de  equitaciôn. 

EsTRiBOs  DE  BRASERO.  Son  de  plata,  monumentales,  parecidos 
a  un  braserito  en  la  parte  donde  descansa  la  planta  del  pie.  Estribo 
de  monte  :  con  una  suela  triangular  que  cubre  por  delante  la 
armazôn  del  estribo  para  resguardar  el  pie  de  las  espinas  del 
monte. 

Para  el  estribo  à  del  estribo,  La  copa,  el  mate  6  la  invitaciôn 
final  que  se  hace  al  viajero  que  esta  â  caballo  6  con  el  pie  en  el 
estribo. 

EsTRiLAR.  Rabiar,  enojarse. 

EsTRiLO.  Rabieta. 

EsTRUENDO.  Cohete  tronador. 


Façon.  El  cuchillo  del  gaucho  portefîo;  el  que  pudiera  llamarse 
su  sexto  dedo,  pues  con  él  corta  pan,  carnea  la  res,  limpia  el 
caballo,  pulimenta  las  tiras  de  cuero  con  que  hace  sus  guasquitaSy 
y  se  defiende  de  sus  enemigos.  Llévanlo  envainado  en  cuero  6  en 
plata  segùn  el  rumbo  de  cada  cual  y  se  lo  cinen  â  la  usanza  mari- 
nera, es  decir  al  rinôn  izquierdo. 

El  puiial  es  arma  mâsfina  que  el  façon.  Suele  ser  de  rico  métal 
y  de  élégante  empunadura,  generalmente  en  forma  de  pomo  6 
en  (ese  doblada)  :  de  ahi  la  expresiôn  «  sumir  elpuhal  hasta  la  ese  », 
que  corresponde  â  la  nuestra  :  hasta  las  cachas  6  hasta  los  gavi- 
lanes. 

Pelar  el  façon  es  servirse  de  él  ;  y  â  fe  que  el  gaucho  es  tan  dies- 
tro  en  la  esgrima  de  esta  arma  como  nuestros  gitanos  andaluces. 
No  es  raro  ver  en  pulperias,  rinas  de  gallos,  velorios,  carreras  de 
caballos,  juegos  de  taba  y  demâs  diversiones  en  que  se  reune  la 
gauchada,  no  es  raro  ver  dos  rivales  que  se  acometen  cuchillo  en 
mano  y  el  poncho  arrollado  al  brazo  izquierdo  â  guisa  de  escudo. 


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360  CIRO   BAYO 


Los  facones  varian  de  tamano  y  algunos  dan  quînce  y  raya  à 
las  famosas  navajas  de  Albacete. 

Falaciano  (Papel).  Papel  chupôn  y  papel  deestraza. 

Falca.  Alambique  pequeno  y  muy  manuable. 

Falucho.  Pendiente  ô  arracada  de  oro  en  forma  de  trébol,  con 
très  perlas. 

Falla.  Falta  (arcaismo  en  hora  buena  redivivo  en  America). 

Faranguear.  Esquivar  el  cuerpo,  dar  un  esguince. 

Fardado  (Bien  6  mal).  Bien  6  mal  trajeado,  vestido. 

Farina.  La  raiz  de  la  yuca  (véase  Yuca)  contiene  un  jugo 
venenoso  de  principio  deletéreo,  muy  volatil,  que  desaparece  por 
medio  de  la  torrefacciôn.  Esta  raiz  reducida  â  polvo  se  Uama 
harina  de  yuca,  harina  de  mandioca  bfarinha  en  brasileno,  uno  de 
los  alimentos  mâs  nutritivos  del  oriente  por  la  mezcla  de  almi- 
dôn,  défibra  végétal  y  de  materia  extractiva  que  contiene. 

Farol.  Gabinete  en  Bogota.  Mirador  6  balcon  saliente  con  caja 
de  cristal. 

Farra.  Diversion.  Farrear^  echar  una  cana  al  aire. 

Farruto.  Enclenque;  de  alfeiiique. 

Fiebre.  He  aquî  una  palabra  que  con  no  ser  nueva  ni  mucho 
menos,  conviene  hacerla  présente  y  adjuntarla  en  el  «  vade 
mecum  »  de  todo  europeo  y  no  europeo  que  viaja  por  los  pai- 
ses  câlidos  de  la  America  del  Sur.  Como  ahora  la  fiebre  ama- 
rilla,  que  no  se  conocia  en  la  época  de  la  conquista,  fueron 
antes  las  fiebres  perniciosas  el  terrorde  los  primeros  espanolesen 
America  hasta  el  hallazgo  de  la  quina.  Hay  fiebre  amarilla  ô 
vômito  negro  ;  fiebres  biliosas  ô  continuas  (tifoidea,  puerpéral, 
de  las  viruelas,  etc.)  y  fiebres  intermitentes  que  después  de  decla- 
rarse  cesan  y  vuelven  â  manifestarse  por  veces,  de  tal  modo  que 
las  alternativas  de  reapariciôn  y  cesaciôn  se  efectùan  en  tiempos 
regulares.  En  lenguaje  vulgar  los  criollos  distinguen  muy  mucho 
entre  fiebre  y  calentura.  Esta  ùltima  es  sinônima  de  cachondez  6 
erotismo. 

FiERO.  Feo,  que  no  es  palabra  usual  entre  los  criollos.  Acep- 
ciôn  que  se  ha  olvidado  en  la  Peninsula: 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  361 

Y  pues  quien  te  trae  al  lado 
es  }jermo50  aunque  sea  fiero, 
poderoso  caballero 
es  don  Dinero. 

(Qpevedo.) 

Engaharse  fiero  :  malamente,  de  cabo  a  rabo. 

FiESTAS  ctviCAS.  Las  naciones  americanas  como  paîses  nuevos 
son  muy  amantes  y  celosas  de  sus  glorias  patrias.  En  la  Argen- 
tina  se  celebran  como  fiestas  patrias,  el  Vànticinco  de  Mayo  (de 
18 10)  y  el  Nueve  de  Julio.  En  Bolivia  :  el  6  de  Agosto,  aniversa- 
rio  de  Junin  y  de  la  constituciôn  de  laRepùblica;  perocadadepar- 
tamento  célébra  otras  fechas  mémorables  :  Chuquisaca  el  25  de 
Mayo  ;  La  Paz  el  1 6  de  Julio  ;  Potosî  el  10  de  Noviembre  ;  Cocha- 
bamba  el  14  de  Septiembre;  Santa  Cruz  el  24  del  mismo  mes. 

Fila  india.  La  que  los  indios  de  lasselvas,  andando  de  uno  en 
uno,  forman  en  sus  marchas  y  expediciones.  Tâctica  aconsejada 
por  la  necesidad,  pues  de  otra  manera  no  se  puede  andar  â  través 
de  las  ramas,  lianas  y  arbustos  que  obstruyen  el  camino  del 
monte.  Â  vanguardia  van  los  mocetones  y  jefes  de  la  tribu  que- 
brando  ramas,  ô  cortândolas  si  conocen  el  hierro,  para  dejar  paso 
libre  à  las  familias.  Véase  Quebrado. 

FiLiBUSTERO.  Segùn  unos,  como  Mauricio  Saint-Aguet,  que  les 
ha  consagrado  toda  una  epopeya,  viene  del  inglés  free^  franco,  y 
broteTy  pillo.  Segùn  otros,  como  Sablier,  dériva  del  flamenco  wli- 
bot  àfliboty  nombre  con  que  se  designaba  un  pequeno  barco  pro- 
pio  para  excursiones  pirdticas.  Esta  parece  ser  la  etimologîa  ver- 
dadera,  ya  que  los  primeros  filibusteros  se  establecieron  en  las 
colonias  holandesas,  donde  era  corriente  la  palabra  wliboL  Poste- 
riormente  estos  aventureros  se  dividieron  en  bucaneros  (bouca- 
niers)y  ocupados  en  la  caza  de  puercos  y  toros  salvajes  y  en  la 
venta  de  los  cueros  boucanés  \  en  agricultores  y  filibusteros  pro- 
piamente  dichos  ô  navegantes  y  hombres  de  acciôn. 

FiLLiNGO  6  fichingo.  Cuchillo  pequeno. 

FiNCA.  Por  antonomasia,  el  establecimiento  rural  destinado  â 
la  explotaciôn  agricola.  Véase  Estancia. 


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362  CIRO   BAYO 


FiRULETE.  Adorno,  requilorio  ;  dibujos  en  cosa  6  persona. 

Fiscal.  Indio  boliviano  que  por  turno  entra  al  servicio  domés- 
tico  del  cura. 

FlauchIn.  Flacucho  (flacuchin  6  flautîn). 

Flete.  Caballo  brioso,  corridor.  Flete  chapeado  es  el  caballo  del 
gaucho  porteiîo  con  montura  chapeada  de  plata. 

Flor  (De  mi).  Como  mil  flores  ;  excelente,  muy  bien.  Asî  : 
Pingo  demi  flor  (caballo  soberbio)  ;  baila  de  mi  flor  :  baila  como  una 
peonza,  etc.  Es  frase  castiza  espaiiola. 

Floripondio  (Jûatura  arborescens),  Arbolito  (no  arbusto  como 
escribe  la  Academia)  de  la  flora  americana,  que  da  una  tlor  gamo- 
pétala  andrôgina,  de  varios  colores,  pero  generalmente  blanca. 
Dicen  en  Bolivia  que  esta  flor  es  «  la  enamorada  de  la  luna  »,  por- 
que  cuando  este  astro  esta  en  su  plenitud,  aquélla  exhala  su  mayor 
fragancia.  A  la  larga  este  olor  es  danino,  pues  exerce  acciôn  sobre 
el  sistema  nervioso,  como  todas  las  plantas  del  género  datura, 
debido  â  la  daturinCy  alcaloïde  cuyos  efectos  son  los  mismos  que 
la  terrible  «  atropina  »,  alcaloïde  extraîdo  de  la  belladona. 

Fluminense  (La  ciudad).  Rio  Janeiro  ;  asî  como  fluminenses  â 
los  naturales  de  esta  capital. 

FoGAjE.  Bochorno. 

FojAS  (Ponerse  â).  Discutir,  en  términos  curiales. 

FoNDO.  Método  6  procedimiento  de  beneficiar  los  negrillos  6 
sulfuros  de  plata,  inventado  por  Don  Âlvaro  Alonso  Barba,  cura 
de  San  Bernardo  de  Porosî,  que  juntamente  con  el  «  método  del 
patio  »  practicaban  los  antiguos  mineros  de  esa  ciudad  del  Alto 
Perù,  hoy  Bolivia.  Ambos  métodos,  ademâs  de  tardîos,  ocasiona- 
ban  gran  pérdida  de  azogue  y  de  plata,  no  precisamente  porque 
se  perdiera  casi  una  tercera  parte  en  las  relavas  (véase  Amalgama- 
ciôn),  sino  porque  no  se  conseguia  extraerla  de  todos  los  mine- 
raies.  Asî  y  todo,  fué  un  gran  adelanto  metaliirgico  para  la  época 
en  que  se  produjo. 

F0RAD0.  Agujero. 

F0RRAD0.  Estafermo  ;  monigote  de  palo. 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  363 

Francûcu.  Casta  de  gallo  rabôn  que  se  desarrolla  mucho,  aun- 
que  résulta  flojo  para  la  pelea. 

Frangollar.  Disimular.  También,  hacer  las  cosas  a  la  ligera. 

Frangollo.  Cocina  pobre  y  ligera.  Caldo  de  maiz. 

Frangoyador.  Domador  de  poco  mérito,  entre  los  gauchos 
rîo-platenses. 

Fregués.  Voz  portuguesa  :  feligrés  6  cliente.  Individuo  al  que 
el  barraquero  del  Béni  habilita  para  la  pica  de  goma,  dàndole 
vîveres  y  arrenddndole  estradaSy  de  cuyos  gastos  se  cobra  con  la 
goma  que  aquél  le  entrega.  Hay  fregués  que  trabaja  solo  y  otros 
que  tienen  mozos  à  su  servicio.  La  diferencia,  pues,  entre  el 
fregués  y  el  mozo  6  peôn,  es  que  este  trabaja  por  un  salario  y 
aquél  por  contrata  y  por  su  cuenta. 

Frontino.  De  cara  blanca  6  alba  frente:  nombre  del  caballo 
que  tan  caro  le  costô  a  Bradamante.  —  Todo  animal  con  man- 
chas  blancas  en  la  cara. 

Fruta.  El  aprisco  6  abridor,  por  antonomasia. 

Frutilla.  La  pesa. 

Frutos.  En  la  provincia  de  Buenos  Aires  se  comprenden  por 
frutos  del  pais,  los  céréales  y  los  residuos  y  productos  de  un  ani- 
mal (cueros,  lanas,  huesos,  sebo,  etc.).  En  los  demâs  paîses  hay 
frutos  menores  y  mayores.  Los  primeros  son  las  plantas  alimen- 
ticias  que  se  usan  para  el  consumo  diario.  Los  segundos  son  el 
café,  .cacao,  algodôn,  anil,  aziicary  tabaco. 

FuNDiDO.  Hundido,  tronado,  enquiebra./  Me  fumlieron!  dicen 
con  mucha  propiedad  tahures,  candidatos,  pleitistas  y  demâs  gente 
criolla  a  la  que  saliô  mal  un  asunto  6  negocio. 

Quefundirse  viene  de  hundirse  y  no  defundir,  lo  pruebaeste 
pasaje  entre  tantos  otros  :  «  El  remedio  de  nuestros  maies  é  las 
fortalezas  de  nuestros  mayores  ya  se  fundieron  »  (Oliveros  de 
Casiîlla,  cap.  xv). 

FustAn  6  centro.  Enagua.  Las  cholas  bolivianas  del  interior 
usan  poUeras  cortas  como  las  aldeanas  de  Sorîa,  apuntandopor 
debajo  el  fileté  del  fustân  6  centro,  lo  ùnico  limpio  que  Uevan, 


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364  CIRO   BAYO 


pues  â  excepciôn  de  la  pollera  superior,  llevan  â  modo  de  guarda- 
infante  cuatro  6  cinco  poUeras  viejas  y  nauseabundas  que  les 
sirve  de  cama  y  paiio  de  limpieza.  Sin  que  esto  quiera  decir 
que  no  haya  cholas  que  dan  el  opio  por  lo  pulcras  y  atildadas. 
FuTRE.  FuTRAQUE.   Lechuguino  del  Plata. 


Gabazo.  Bagazo,  la  cana  de  azùcar  exprimida. 

GachupIn.  En  lenguaje  mexicano,  hombre  que  Ueva  calzado 
con  punta  6  que  pica,  aludiendo  d  la  espuela.  Andando  el 
tiempo,  este  nombre  indigena  vino  à  darse  â  los  espanoles  en 
toda  la  America,  alternando  con  los  de  chapetôn,  godo  y 
gallego. 

Gajo.  La  barbilla  6  menton. 

Galeones.  Navîos  que  Uevaban  d  Espana  los  tesoros  del  Peni 
y  Sur-América.  La  flota  hacîa  el  viaje  de  Mexico.  Galeones  y 
flota  se  equipaban  y  montaban  en  Sevilla  y  Cadiz,  linicas  plazas 
en  las  que  los  castellanos  y  los  Fugger,  arrendatarios  de  las 
minas  de  Almadén  por  Carlos  V,  tenîan  el  privilegio  de  traficar 
con  las  colonias.  Por  la  ordenanza  de  1765  se  extendiô  f  12 
puertos  de  Espana  la  facultad  de  comerciar  con  estas  ;  y  en  1774 
se  permitiô  la  libertad  de  comercio  â  las  colonias  entre  si. 

Galera.  El  sombrero  de  copa  alta  6  chistera. 

Galpôn.  Cobertizo  para  preservarse  de  la  intempérie,  6  alma- 
cén  para  guardar  céréales,  cueros  y  ganado.  Es  voz  antigua  :  «  Y 
los  idolos  estaban  en  aquel  galpôn  grande  de  la  casa  del  sol  » 
(Licenciado  Ond^ardo,  Relaciôn  segundd).  —  Ovejas  de  galpôn^ 
de  medio galpôn  :  finas  y  semi-finas. 

Gallego.  Piropo  que  en  estos  paîses  dan  al  espafiol  peninsu- 
lar.  —  Mesa  gallega,  el  que  en  una  mesa  de  juego  hace  limpia 
6  desbanca  i  puntos  y  banquero  sin  dejarles  blanca. 

Gallera.  Recinto  para  rina  de  gallos.  Véase  Gallo. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  365 

Gallinazo.  Vultùride  que  segùn  las  provincias  se  llama  jote, 
sucho,  ciudadano,  urubii,  etc.  :(^opilote  en  Mexico;  chulo  en 
Peni  ;  aura  tinosa  en  Cuba  ;  carranco  en  el  Paraguay.  En  todas 
partes  es  el  agente  de  limpieza  en  campos  y  ciudades. 

G  ALLO.  Los  gallos  han  dado  origen  en  America  d  una  porciôn 
de  derivados. 

Gallo  policiuly  el  agente  de  orden  pùblico.  —  Ser  gallo,  ser 
avispadoy  compétente  para  algo. 

Gallito  (El).  Antifaz  que  termina  en  una  especie  de  cresia  de 
gallo  con  un  agujero  por  el  que  respiran  los  indios  en  los  traba- 
jos  de  amalgamaciôn  de  la  plata.  —  GalUro,  dueno  de  un  gallo 
de  pelea.  —  Galleray  canche  6  renidero  de  gallos. 

Riha  de  gallos.  Los  gallos  de  pelea  se  preparan  en  lugares  lim- 
pios  de  yerba  cuidando  de  que  no  los  moje  la  lluvia  y  de  que  no 
beban,  pues  asî  como  el  maiz  no  les  aumenta  el  peso,  por  el 
momento,  si  el  agua  que  beban.  Tampoco  se  les  permite  juntarse 
à  las  gallinas  ;  de  suerte  que  van  d  la  muerte  adornados  con 
todas  las  virtudes  del  guerrero  antiguo  :  la  sobriedad  y  la  pureza. 
Antes  de  la  lucha  se  pesan  d  razôn  de  libras  y  onzas,  y  asi  se 
dice  :  «  Pesa  el  Colorado  3  y  7  onzas.  »  Esta  operaciôn  se  hace 
ante  un  jurado  encargado  de  precisar  las  cifras,  de  concertar  la 
lucha  y  arreglar  cualquîera  dificultad  d  guisa  de  ârbitro  compo- 
nedor.  Â  veces  no  se  pesan  los  gallos  y  se  lidianpor  cabeza  y  pata. 
Equilibrados  los  sacos  que  contienei  d  los  combatientes,  anùn- 
ciase  la  pelea,  engudntase  d  éstos  un  par  de  afilados  espolones,  se  les 
lame  las  espuelas  y  la  cabeza  para  cerciorarse  que  no  llevan  veneno 
6  cierto  unto  que  postre  al  contrario  y  se  les  arroja  d  la  valla  azu- 
zândolos  con  palabras  y  ademanes.  Préside  el  espéctaculo  la  auto- 
ridad  6  el  juez  nombrado  por  los  aficionados.  Una  rina  de  gallos 
es  un  cuadro  criollo  rico  de  color,  de  vida  y ...  de  emociones 
cuàndo  se  apuestan  cientos  y  miles  de  pesos  por  el  gallo  giro  6 
por  el  quinacho,  y  luego  resultan  pataleando  y  vencidos. 

Gambeta.   Esquince  6  vuelta  ràpida  cuando  se  esquiva  una 


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366  CIRO   BAYO 


agarrada,  como  hace  una  persona  6  un  animal  a  punto  de  ser 
aprehendido.  Ûsase  también  ^ambetear  por  hurtar. 

Gangocho.  Saco  ô  boisa  hecha  de  «  juto  »  ô  cdnamo  y  que  en 
otras  provincias  llaman  cotensio. 

Carabin  A.  Futeza  6  garambaina. 

Garabito.  Otro  nombre  del  «  atorrante  »  ô  bohemio  del 
Plata. 

Garaipé.  La  corteza  de  un  drbol  del  mismo  nombre,  que  redu- 
cida  a  cenizas  se  mezcla  con  el  barro  para  converti  rlo  en  tacupé 
y  procéder  a  la  fabricaciôn  de  un  ladrillo  enlosado  tan  bueno 
como  el  de  Santa  Ana  de  Mojos. 

Garantir.  Verbo  defectivo  de  la  tercera  conjugaciôn  del  que 
los  americanos,  singularmente  los  argentinos,  derivan  las  formas 
garantOy  garanta,  etc. 

GaravatA.  Chaguar  (Bromelidcea).  Especie  de  pita  muy 
estimada  por  ser  de  hoja  textil.  Varias  especies  y  todas  notables 
por  la  vistosidad  de  la  planta  por  sus  varas  rojas  brotando  del 
centro  y  su  hermosa  flor  blanca. 

Garbear.  Lloviznar.  Véase  GariJa. 

Garifo.  Palabra  muy  castellana,  pero  que  pocos  peninsulares 
conocen  y  menos  aùn  emplean  :  vivo,  listo. 

Garitea.  Chata  toldada  6  sin  toldo,  del  poste  de  una  chalupa, 
de  25  a  30  toneladas,  que  navega  por  los  nos  de  la  cuenca  boli- 
viana  del  Amazonas.  Véase  Embarcaciones. 

Garnica.  Guindilla  6  aji  verde  muy  picante. 

Garùa.  Calabobos;  chilche;  chinchin  en  Cuba  ;  sirimiri  en  las 
provincias  vascongadas  ;  orbayo  en  Asturias. 

Carrapata  (Jxides  ricinus.  L.).  Aracnido  acarideo.  Especie  de 
arador  del  tamano  de  una  lenteja  que  vive  en  las  hojas  de  los 
ârboles  y  entierra  la  cabeza  en  la  piel  de  personas  y  animales, 
reforzàndose  con  los  ganchos  de  que  esiân  provistas  sus  patas, 
con  tanta  tenacidad  que  si  se  tarda  en  sacarlo,  atraviesa  la  epi- 
dermis  originando  un  fuerte  escozor  y  luego  una  Uaga  de  dura- 
ciôn.  Se  las  destruye  con  fricciones  de  infusion  de  tabaco,  de 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  367 

kerosen  6  de  pomada  mercurial.  Las  garrapatas  pequenas  Ud- 
manse  polvorines. 

Garronuda.  Palmera  (Jriartea  Orbignana.  Martius).  Llâmanla 
vichiri  en  el  Béni  ;  lemcuda  en  Chiquitos,  y  Vinte-pes  los  brasilenos  d 
causa  de  la  estrana  configuraciôn  de  sus  raices,  las  cuales  desde 
la  altura  de  très  varas  separanse  unas  de  otras  d  medîda  que  se 
aproximan  al  suelo  y  sostienen  el  tronco,  liso  y  empinado,  a 
manera  de  tripode.  Remata  esta  gallarda  palmera  un  penacho 
de  pencas  recortadas.  Los  pausernas  de  Chiquitos  utilizan  las 
raîces  espinosas  â  que  antes  se  alude,  para  rayar  la  yuca. 

Gâtas  (Â).  Casi,  apenas.  Ver,  oir,  librarse  d  gâtas  :  casi,  casi 
librarse,  oir  6  ver. 

Gatear.  Hacerle  los  bajos  d  una  bella.  Cortejarla. 

Gâtera.  Del  quichua  cattOy  mercado.  Regatona,  recovera  6  ver- 
dulera  de  Sucre  y  Potosi. 

Gato.  Baile  favorito  de  los  gauchos  portcnos.  Es  baile  suelto 
que  requière  mucha  gracia  y  soliura.  Escon  w  relaciôn  »,  es  decîr 
que  en  cada  compds,  para  la  guitarra  y  la  pareja  envida  copias 
alusivas  d  la  fiesta,  d  la  concurrencia  6  d  los  afectos  que  mutua- 
mente  se  tengan.  Algunos  j6venes  aprovechan  la  «  relaciôn  » 
para  declararse  â  sus  «  morochas  »,  quienes  tienen  un  arsenal  de 
copias  para  contestar  lo  que  convenga. 

Gaucho.  Nombre  que  segùn  algunos  dériva  del  irzhe  chaouch  : 
pastor  6  conductor  de  rebanos  que  suena  chàucho.  En  Andalucia 
y  Valencia,  aiiade  Ebelot,  con  la  ligereza  caracteristicade  los  turîs- 
tas  franceses,  llaman  chauchos  d  los  pastores  de  grandes  rebanos. 
Gaucho,  en  definitiva,  es  el  campesino  de  la  Argentina.  El  gau- 
cho porteno  que  ha  vivido  en  întimo  contacto  con  los  indios, 
aliândose  con  sus  hijas  y  viviendo  en  sus  tolderias,  ha  tomado 
de  ellos  sus  armas  :  el  lazo  y  las  bolas,  y  el  clâsico  chiripà.  Su 
cardcter  ofrece  una  mezcla  de  bien  y  de  mal,  de  vicios  sin  freno 
y  de  cualidades  meritorias.  Es  indolente,  pendenciero,  jugador, 
borracho,  cruel,  orgulloso  y  temerario  ;  pero  fiel  hasta  la  muerte 
d  un  amigo  6  patron  de  su  agrado.  Por  un   quitame  alld  estas 


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568  CIRO   BAYO 


pajas>  anda  d  cuchilladas,  i  lo  que  contribuye  no  poco  el  que 
desde  su  in&ncia  tine  las  manos  en  sangre  de  animales  en  las 
matanzas  6  carneadas  de  hacienda,  acostumbrdndose  después  sin 
gran  trabajo  al  color  de  la  purpura  humana.  En  las  otras  provin- 
cias  argentinas  donde  el  campesino  es  fruto  hibrido  de  la  raza 
indigena  que  doblô  el  cuello  i  la  esclavitud,  el  gaucho  aunque 
de  costumbres  parecidas  al  del  porteno,  dista  mucho  de  este,  el 
verdadero  tipo  de  la  «  cavalleria  rusticana  »  en  estos  paises.  G>n 
lo  dicho  se  déjà  entender  que  el  moderno  gaucho  ya  no  es  «  el 
eslabôn  que  une  al  hombre  civilizado  con  el  hombre  salvaje, 
sin  ser  ni  lo  uno  ni  lo  otro  »,  como  lo  define  Magarinos  Cer- 
vantes. 

Gavilanes.  El  casco  del  caballo  consta  de  candado  y  gavilanes. 
Son  éstos  la  eminencia  côrnea  de  en  medio  ;  asi  como  el  candado 
la  elipse  donde  se  ajusta  la  herradura. 

Gaviota  de  rIo.  La  del  género  sierna  que  se  ve  en  los  nos 
del  interior  à  muchas  l^;uas  de  la  costa.  ni  A  las  gaviota  »,  tomar 
las  de  Villadi^o. 

Getapù.  Cuna.  Cualquier  objeto  que  al  pie  de  una  silla  6 
mesa  6  mueble,  sirve  para  establecer  el  equilibrio. 

El  amor  que  me  taladra 
Decesita  getapû  ; 
viviremos  si  te  cuadra 
cual  bibosi  y  motacû. 

(Copia  cruccna.) 

GiPURi.  El  nervio  central  de  las  hojas  de  palmera  y  de  la 
yuca. 

GiRO  (Gallo).  Casta  de  color  amarillo  con  alas  grises,  indicio 
de  valor  y  fortaleza  i  juicio  de  los  aficionados  i  la  galloma- 
quia. 

GisumI.  Sobre  un  huevo  pone  la  gallina,  y  aquél  que  se  le  déjà 
en  el  nido  para  que  siga  poniendo,  lo  llaman  gisumi  en  Santa 
Cruz. 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  369 

GoFio.  Comida  de  los  islenos  de  Canarias  y  también  de  estos 
palses.  Véase  Esperado  y  Lahua. 

GoLiLLA.  Chalina  que  se  pone  el  gaucho  encima  del  poncho. 
—  Andar  de  golilla,  «  andar  de  florcita  »,  de  picaflor  ;  aludiendo 
a  que  la  golilla  es  uno  de  los  trapitos  de  cristianar. 

GoMA.  Véase  Siringa. 

GoTERAS  (Las).  Los  arrabales  6  afueras  de  la  poblaciôn. 

Granza  (Una).  Un  poco,  una  menudencia. 

Grato,  a.  Agradecido,  obligado.  «  Leestoy  a  V.  grato  por  tal 
cosa.  »  Es  la  formula  corriente. 

GuÀ.  Interjecciôn  de  asombro  muy  usual  entre  los  crioUosde 
los  departamentos  quichuas.  Va  siempre  sola,  d  diferencia  del 
1  g^^y  '  citado  por  Bello  ;  ni  tampoco  sirve  para  significar  una 
sorpresa  irrisoria,  à  lo  menos  en  Bolivia  donde  la  he  oido 
emplear  en  casos  muy  di versos.  Equivalente  d  j  gud  !  es  el  jâu  de 
los  indios  del  Oriente. 

GuABA.  Véase  Paca  y. 

GuACANQUi.  Epiteto  familiar  con  que  se  désigna  por  la  indiada 
de  La  Paz  d  la  moneda  de  plata  de  un  boliviano.  —  Subidas  y 
bajadas  en  las  cuestas  de  algunas  lomas,  en  donde  el  camino 
suele  ser  muy  enjabonado  â  causa  de  estar  cubierto  de  una 
arcilla  colorada  6  amarilla,  blanda  y  resbaladiza  como  jabôn. 
Guacanqui  quiere  decir  :  llorards  (en  quichua)  y  de  veras  que 
estos  guacanquis  estân  para  hacer  llorar  de  rabia  d  los  viajeros. 

GuacurO  (Statice  Brasiliensis).  Plombagineas.  Végétal  de  ralz 
rica  en  tanino  ;  tônica  y  astringente.  —  Ave  nocturna  de  los  bos- 
ques  del  Oriente,  de  canto  parecido  al  del  cuclillo. 

GuacurOes.  Indios  que  ocupan  los  terrenos  bajos  del  Pilco- 
mayo  inmediatos  al  rio  Paraguay.  Aunque  en  estado  de  barba- 
rie, mantienen  algùn  comercio  con  los  blancos. 
GuACHERPO.  Animal  de  mucha  barriga. 

GuACHACHEAR.  De  guochàchi  :  empujar,  en  quichua.  Dar 
empujones. 

GuACHO.  Persona  y  animal  expôsito.  Guancho  en  Colombia. 

Rtwu  hispanique.  xiT.  24 


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370  CIRO   BAYO 


La  «  oveja  guacha  »  ô  la  «  ternera  guacha  »  suelen  ser  el  patri- 
monio  de  los  hijos  del  estanciero  que  las  cuidan  y  regalan.  — 
«  Huevo  guacho  »,  el  que  no  incuba  la  hembra.  Es  voz  tan 
generalizada  entre  los  campesinos  americanos  que  apenas  si 
entenderdn  la  voz  «  expôsito  ». 

GuAGUA.  Infante,  nino.  Voz  quichua. 

GuAico.  Voz  quichua,  muladar.  Quebrada  ù  hondonada  en 
las  goteras  de  la  poblaciôn,  destinada  generalmente  para  depôsito 
de  la  basura. 

GuAiNO.  Voz  quichua,  de  huanin,  muerto.  Triste  6  yaravi, 
Canciôn  popular  boliviana,  como  el  hambuco  de  Antioquia  y  la 
vidalita  de  Santiago  del  Estero. 

Esta  melodiosa  y  tiema  miisica  (escribe  Cortés)  es  casi  siempre  por  tér- 
mino  menor,  pasando  muy  rara  vez  al  mayor,  en  cuyo  caso  el  grave  bemol, 
el  dulce  sostenido  y  el  agradable  becuadro  son  los  que  entran  en  su  composi- 
ciôn  que  admite  prodigiosas  apoyaturas,  oportunos  ligados,  calderones  y  los 
mds  primorosos  trinos.  Asf,  no  ticnen  un  compas  determinado,  ni  arreglado  à 
los  principios  estrictos  de  la  mûsica,  aunque  hay  algunos  de  3  X  8,  6  X  8  y 
3X4.  Se  puede  decir  que  son  caprichos  6  fantasias  musicales.  Consiste  su 
principal  mérito  en  la  estredu  y  admirable  armonia  que  guarda  la  mûsica,  que 
llaman  «  la  tonada  »,  con  los  versos  que  tienen  el  nombre  de  «  letra  ».  Las 
pénétrantes  y  sentidas  notas  del  yaravi  llenan  el  aima  de  mil  inexplicables  tor- 
mentos,  hasta  cierto  punto  dulces  y  gratos,  porque  nacen  del  amor.  Se  canta 
generalmente  el  yaravi  al  son  de  la  guitarra  entre  dos  personas,  una  de  las  cua- 
les  lie  va  el  alto  y  la  otra  el  bajo.  Cuando  las  personas  que  lo  entonan  son 
objeto  de  la  adoraciôn  de  algunos  de  los  oyentes,  su  aima  se  ve  inundada  por 
tormentos  del  mis  entusiasta  amor  ;  el  yaravi  en  alta  noche  sirve  de  serenata 
y  hace  despertar  dulcemente  al  que  se  dirije.  El  métro  empleado  en  la  letra  de 
los  yaravies  es  por  lo  comûn  el  de  seis  y  ocho  silabas,  ya  en  cuartetos,  ya  en 
quintillas,  ya  en  octavas  ô  décimas  con  glosas.  Es  muy  comûn  cuando  se  usa 
del  octosflabo,  poner  después  de  cada  dos  versos  uno  de  cinco  sflabas,  llamado 
pie  quebrado  ;  el  que  hace  un  importantfsimo  papel,  pues  al  entonarlo  se  hacen 
trinos  y  apoyaturas  de  una  inexplicable  dulzura. 

Y  ahora  vaya  de  mi  cosecha  uno  de  los  yaravies  6  guarinos 
mas  en  boga  que  se  cantaba  en  Sucre,  durante  mi  larga  estancia 
en  esta  hermosa  ciudad  : 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  57I 

Cuando  vayas  à  Roma, 

j  mi  palomita  I 
dile  à  Leôn   trece 

i  ay  mi  vidita  I 
que  baile  un  bailecito 

i  mi  palomita  I 

si  le    parece. 
I  Por  vos,    vidita  I 

si  le  parece,  si, 

canta  y  no  llores, 
que  cantando  se  alegran 

los  pecadores. 

/  Es  un  guaino/GS  una  confusion,  una  algarabîa;  por  el  barullo 
de  genre  alegre  que  se  pasa  la  noche  cantando  guainos  â  la 
luna. 

GuAiauEAR.  Voz  quichua.  Sorpresa  poco  agradable  de 
muchos  contra  uno  solo  en  detrimento  de  las  espaldas  del  infe- 
liz. 

GuAjojô.  Es  el  Urutaû  llorôn  de  Guido  Spano.  Pâjaro  coni- 
rrostro  que  canta  lùgubremente  en  las  noches  de  luna. 

GuALAiCHO.  Voz  quichua.  Mal  criado,  sucio. 

GuALiCHO.  Véase  Hualicho. 

GuALUZA.  Tayà  en  Santa  Cruz.  Especie  de  papa  de  gran 
tamano  y  de  gusto  parecido  al  boniato. 

GuALLATA.  Voz  quichua.  Pato  grande. 

GuAMPA.  Aspa  6  cuerno  para  recipiente.  As!  :  guampa  de  sal  ; 
guampa  de  agua,  etc. 

GuANACO.  Voz  quichua  {Camelus  guanacus,  L.).  Venado  de  las 
pampas  y  travesias  andinas.  —  Pardsito  arador  cuya  picadura  pro- 
duce tumores  malignos. 

GuANAENOS.  Véase  Lecos. 

GuANCACO.  Palo'que  se  ata  â  la  cabeza  del  animal  para  mejor 
aguante  del  domador. 

Guanear.  Ensuciarse. 

Guano.  Voz  quichua  :  estiércol.   Abono  que  proporciona  el 


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372  CIRO   BAYO 


depôsito  secular  de  excrementos  de  las  aves  marinas  en  dos  islas 
del  Pacifico  vecinas  a  las  costas  peruanas,  en  forma  de  colînas 
de  apariencia  arenosa  y  amarillenta,  con  fuerte  olor  a  amonîaco. 
Estos  depôsitos  no  requieren  otra  operaciôn  que  Uenar  los  sacos 
en  las  covadtraSy  como  en  un  granero,  y  vender  el  guano  por 
miles  de  toneladas  a  los  especuladores  que  de  todos  los  puntos 
del  globo  vienen  en  busca  de  este  precioso  abono  agricola.  La 
fama  del  guano  la  divulgô  el  sabio  A.  de  Humboldt  i  la  vuelta  de 
su  viaje  d  America,  y  desde  estonces  se  usa  en  la  agricultura.  El 
guano  es  ceniciento,  rojizo  ô  amarillento  ;  de  sabor  salado  y  olor 
amoniacal.  Contiene  acido  lirico,  uratos,  fosfatos  de  amoniaco  y 
de  magnesia,  materias  grasas,  etc.  Por  experimentos  hechos  con 
guano  procedente  de  las  covaderas  de  Chinchas  y  Mejillones, 
esta  probado  que  un  métro  cùbico  de  guano  produce  en  los 
céréales  mis  efecto  que  cincuenta  de  estiércol  de  corral. 

GuAO  6  GuACO  (Micania  Guaco.  Humboldt).  Planta  trepadora 
de  las  Epatorias  que  crece  à  orillas  de  los  rios  y  tiene  fama  de 
preservar  del  veneno  de  las  serpientes. 

GuAPO.  Usado  ùnicamente  en  la  acepciôn  de  valiente  y 
animoso  para  el  trabajo.  Los  crioUos  Uaman  compadre  à  compa- 
drito  al  que  nosotros  guapo  6  maton  ;  y  lindo  i  lo  guapo,  her- 
moso. 

GuAPOMO.  Végétal  de  dos  clases,  de  bejuco  y  de  arbusto.  Da 
un  fruto  redondo,  amarillo  cuando  maduro,  con  très  6  cuatro 
semillas  en  una  pulpa  muy  azucarada. 

GuapurO  {Mortus  guapurû),  Ârbol  de  la  flora  crucena,  cuyo 
fruto  del  tamaiio  y  gusto  de  la  ciruela,  sirve  para  fabricar  un 
vinejo  muy  aceptable.  El  fruto  del  guapurù  se  produce  de  un 
modo  extrano.  No  adherido  por  un  pediinculo  al  arbol,  como 
sucede  en  la  mayor  parte  de  los  végétales,  sino  que  aparece  pegado 
a  la  superficie  del  tronco  y  de  las  ramas  gruesas  del  ârbol,  â  la 
manera  que  las  lapas  li  ostras  à  la  roca,  El  tronco  de  un  guapurù 
cargado  de  fruta,  parece  un  ârbol  cargado  de  viruelas,  pero  estas 
viruelas  son  la  exquisita  fruta  â  que  antes    se  hace  referencia. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  373 

El  cacao  produce  sus  frutos  de  idéntica  manera.  —  «  Medio  pro- 
videncial  (anade  un  mîsionero  noticioso)que  la  naturaleza  emplea 
para  conseguir  que  el  agente  de  la  propagaciôn  y  diseminaciôn 
llegue  i  madurar,  mîentras  en  las  ramas  esta  expuesto  a  caer  en 
verde  cuando  estas  chocan  entre  si  durante  los  vientos  fuertes 
reinantes  en  esta  région.  » 

GuAPURUCiTO  6  Yerba  mora.  Muchas  especies  :  solanum  biforme 
foliuniy  nigrutUy  saponaceumy  etc. 

GuAQUi  6  HuAQUi.  Voz  quichua  :  «  dame  un  poco.  »  Tîtulo 
de  Castilla  concedido  al  gênerai  Goyeneche  por  la  batalla  de  ese 
nombre  (i6  Mayo  1816)  en  el  Alto  Peni,  boy  Bolivia.  Huaqui 
es  un  canton  de  [Pacajes,  i   18  léguas  de  la  ciudad  de  La  Paz. 

GuARACA.  Voz  auca;  huarà  :  pava  (Pénélope).  Pava  démonte 
de  color  rojizo.  Color  anâlogo  en  ciertas  caballerlas. 

GuARACHA.  Barbacoa,  chapapa,  tendal. 

GuARAGUA.  Adorno  ;  firulete  en  Buenos  Aires. 

GuARALEVA.  Voz  quicHua.  Asi  Uaman  los  crioUos  en  Chu- 
quisaca  â  los  pobres  de  levita,  y,  por  odio  banderizo,  los  conser- 
vadores  a  los  libérales. 

GuaranA.  Famosa  bebida  fresca  de  los  brasilenos  y  crucenos 
y  aun  del  Centro  America,  preparada  por  la  pasta  de  una  planta 
de  este  nombre,  de  la  especie  Paulinea  Sorbilis.  (Martius)  Sapin- 
dâcea.  La  planta  se  siembra  en  almâcigos  y  da  una  hoja  como  la 
de  la  coca.  Los  frutos  se  presentan  en  pampanos  de  hermoso 
color  rojo  ;  las  almendras  que  contienen,  casi  del  tamano  de 
avellanas,  son  las  que,  en  estado  de  madurez,  se  tuestan,  se 
machacan  (quitândoles  antes  las  simientes)  y  luego  de  amasadas 
con  agua  vuélvense  â  tostar  y  se  ponen  a  endurecer  en  el  horno, 
6  bien  pônense  los  bollos  en  tendales  para  ahumarlos  y  endure- 
cerlos.  De  ahi  sale  el  guaranâ  preparado  en  forma  de  tortas  6 
cilindros  de  color  rojo  6  ceniciento,  tan  duras  que  hay  que  limar- 
las  para  servirse  de  ellas.  Es  de  sabor  amargo,  por  lo  que  se 
acostumbra  dulcificar  con  azùcar  al  echar  el  agua.  Esta  décanta 
el  guaranâ,  bastando  dos  cucharadas  del  polvo  para  preparar  una 


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374  cï'^o  8AYO 


bebida  refrescante  y  tônica  en  extremo  por  la  telna  que  contiene 
el  doble  del  mejorté  negro,  y  cinco  veces  como  el  café.  El  gua- 
rani, asi  empleado,  se  usa  en  el  Brasil  y  Oriente  de  Bolivia, 
donde  lo  conoci,  como  el  cûralo  todo,  tomado  sobre  todo  en 
ayunas  6  con  el  estômago  vacîo.  En  el  Bajo  Amazonas,  en  Silva, 
Parentins  y  Santarem  (Para)  se  cultiva  el  guarand  por  los  indios 
munduruciis  ya  civilizados  y  famosos  cazadores.  Estos  indios  lo 
usan  comiendo  los  granos  y  como  brevaje  para  cobrar  fuerzas  en 
sus  fatigas  cinegéticas.  Lo  llaman  ctipana.  Los  indios  guaranies 
del  Paraguay  y  Bolivia  son  los  que  mds  han  divulgado  el  uso  del 
guaranày  anuncidndolo  como  panacea  en  los  paîses  que  recorren 
para  su  expendiciôn. 

GuARANGO.  Del  quichua,  huaranac:  sans-culotte.  Muchacho 
sucio  y  zaparrastroso.  Voz  familiar  muy  usada  hasta  en  la  pro- 
vincia  de  Buenos  Aires. 

GuaranL  Voz  quichua,  de  huara,  calzôn  ;  ni,  sin.  Hombresin 
calzones,  porque  fueron  los  primeros  hombres  desnudos  que  los 
guerreros  peruanos  tuvieron  ocasiôn  de  ver.  La  misma  etimolo- 
gia  conviene  â  los  Guarayos,  El  guarani  es  el  tupi  ô  «  lingoa  gérai  » 
del  Brasil.  Lahablan  con  pocas  variaciones  los  indios  paraguayos, 
los  chiriguanos  y  guarayos  de  Bolivia,  y  son  muchisimos  los 
nombres  geogrâficos  sur-americanos  que  de  ella  derivan  :  Paranâ, 
rio  grande  ;  Uruguay ,  rio  de  los  pdjaros  ;  Paraguay,  rio  de  las 
flores,  etc. 

GuARAPO.  El  jugo  de  la  cana  dulce  exprimida  en  el  trapiche  y 
la  bebida  fermentada  que  del  jugo  se  hace. 

GuARAPÔN.  Sombrero  de  fieltro  de  anchas  alas. 

GuARAPONA.  Sombrero  aludo  6  guarapôn  que  usan  las  mujeres 
del  campo  para  preservarse  del  sol. 

Guarayos.  Indios  de  las  misiones  de  este  nombre,  de  raza 
guarani. 

GuARDAMONTE.  Guamiciôn  ancha  de  cuero  crudo,  bien  sobado, 
puesto  d  la  cabeza  del  «  recado  »  y  delante  del  «  guancaco  »  para 
resguardar  las  piernas  del  ginete  de  la  maleza  del  monte,   en  la 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  375 

condiciôn  del  ganado.  Los  historiadores  argentines  aseguran  que 
la  vision  de  los  gauchos  tucumanos,  de  guardamonte  y  lanza, 
influyô  no  poco  en  la  rota  de  los  realistas  en  Tucuman  y  Salta. 

GuARGUERO.  El  garguero  6  esôfago. 

GuARiFLE.  Delicioso  nectar  compuesto  de  huevo  batido  con 
molinillo  en  agua  caliente,  mas  azùcar,  canela  y  un  tantico  de 
cognac. 

GuASCA.  Tira  de  cuero  para  soga,  riendas,  etc.  Es  voz  quichua 
que  significa  «  vogay  cordon  ».  De  ahi  viene  llamarse  Huâscar 
al  hijo  légitime  de  Huayna  Cdpac.  Al  nacer  principe,  su  padre 
mandé  hacer  una  cadena  de  oro  de  700  pies  de  largo  y  de  muchos 
quintales  de  peso,  proporciones  énormes  que  valieron  al  recién 
nacido  el  nombre  de  Huâscar,  como  si  dijéramos  Torcuato,  cuya 
etimologia  romana  corresponde  à  la  quichua  Huâscar.  Esta  famosa 
cadena  de  oro  es  la  misma  que  la  tradiciôn  asegura  estar  en  el 
fondo  del  lago  Titicaca. 

GuASO  6  HuASO.  El  paisano  de  la  provincia  argentina  de  San- 
tiago del  Estero,  correspondiente  ni  gaucho  de  otras  provincias. 

Nombre  del  gaucho  chileno  que  no  hay  que  confundir  con  el 
roto  (véase  Roto).  En  Buenos  Aires  guaso  es  sinônimo  de  guarro 
6  persona  sucia  y  mal  educada. 

GuATA.  Véase  Huata. 

GuATEA.  Asado  con  cuero  a  la  usanza  salteiia  6  de  la  Provincia 
de  Salta  (Arg.). 

GuATO.  Cualquierasoga  que  sirve  para  ataralgo. 

GuATOCO.  Voz  quichua.  Persona  ôcosapequena  ypetacuda. — 
Plâtano  fino  y  gustoso  como  la  mantequilla,  de  mata  pequena  y 
racimo  pesado  y  rastrero. 

GuAYABO  (Psidium  guayaba.  Raddi).  Mirticeas.  Ârbol  de  18  a 
20  pies  de  altura,  cuyo  fruto  es  la  guayaba,  amarillo  cuando 
maduro,  de  pulpa  rosacea  de  la  que  se  hace  la  dulcîsima  «  guaya- 
bada  ».  La  maderadel  ârbol  llâmase  en  Euvopa  palisandro. 

GuAYACA.  Voz  quichua.  Boisa,  tabaquera  y  monedero. 

GuayacAn  {Guajacum  officinale.  L.).  Rutdceas.  Ârbol  corpu- 


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37^  CIRO   BAYO 


lento  de  flores  amarillas  que  resaltan  hermosamente  en  el  verdor 
de  la  floresta  americana,  y  rinde  la  goma  llamada  guayaca  en  el 
comercio.  En  las  provincias  del  norte  de  la  Argentina  goza  fama 
el  guayacan  de  preservar  del  rayo.  Con  su  madera  se  hacen  vasos, 
tazas  y  bastones  muy  estimados  por  la  dureza,  finura  y  aroma  de 
la  madera.  Véase  Palo  santo. 

GuAiCA.  Cada  una  de  las  cuentas  del  rosario(voz  quichua). 

GuAZUMA.  OImo  americano. 

GuEMBÈ.  Bejuco  del  género  philodendron  ;  fuerte  y  resistente 
como  que  sirve  para  atar  vigas  !y  campanas  en  muchos  pueblos 
del  Oriente.  Como  planta  trepadora  se  abraza  â  cualquier  vecino 
por  corpulento  que  sea,  subîendo  cada  ano  sus  nervios  pero  cam- 
biando  de  tallos,  los  cuales  aunque  prendidos  de  los  nuevos,  des- 
cuelgan  sus  bejuquillos  hasta  echar  nuevas  raices  en  tierra.  De 
esos  nervios  salen  otros  nuevos,  siempre  de  arriba  abajo,  de 
manera  que  con  el  tiempo  la  planta  ofrece  el  aspecto  de  una 
ancha  cabellera  que  cuelga  con  simetria  y  majestad  desde  una 
altura  de  veinte  y  mâs  varas.  Estos  hilos  6  bejucos  son  los  que 
se  aprovechan  para  amarrar  y  colgar  objetos  pesados,  pues  ademas 
de  su  fortaleza  es  incorruptible.  El  gûemhé  se  conoce  â  simple 
vista  por  su  fruto  parecido  d  una  mazorca  de  maiz  sin  chala,  con 
granos  que  en  color  y  sabor  los  encuentro  pariguales  à  los  de  la 
granada. 

GûiRO.  Aqul  es  el  tallo  verde  de  maîz  que  come  el  ganado  con 
fruiciôn. 

GuiTARRA.'«  Otra  cosa  es  con  guirarra  »,  refrdn  rio-platense 
équivalente  â  :  No  es  lo  mismo  soplar  que  hacer  botellas  ;  Del 
dicho  al  hecho,  etc. 

GuRDA  (Andar  a  la).  Â  la  gorda;  estar  platudo. 

GuRRUMiNA.  Persona  pusilanime,  timorata.  Zangolotino.  Socie- 
dad  de  gente  cursi  6  picitistica. 

GuRUPt.  Individuo  que  en  los  remates  pùblicos  y  subastas  d 
pliego  cerrado,  puja  el  valor  de  la  subasta,  de  concierto  con  el 
martillero  à  con  el  interesado.  —  Juanillo  en  Bolivia. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  377 


H 

Habas.  La  dilataciôn  ô  ensanche  del  calzado  del  lado  del 
menique  y  que  efectivamente  simula  al  bulto  del  haba. 

HablantIn,  a.  Hablador,  parleta.  Mâs  hablantin  que  catita  : 
charla  mis  que  una  cotorra. 

Haber,  Sinônimo  de  estar  en  muchos  puntos  del  departa- 
mentode  Santa  Cruz  de  la  Sierra.  £).:«£  Esta  Juan  ?  — No  hay. 
—  Trâeme  el  sombrero.  —  No  hay.  »  Es  decir,  no  se  encuentra 
6  no  esta  donde  se  puso. 

Hacer.  Es  comùn  entre  los  criollos,  aun  entre  los  letrados,  que 
hacer  aplicado  al  transcurso  del  tiempo,  déjà  de  ser  împersonal, 
tomando  el  tiempo  mismo  por  sujeto.  Verbi-gracia  :  Hacen  sets 
ahos,  hacen  très  dias  qat  zcomtcïà  tal  cosa.  Tal  cual  pasaje  en  este 
sentido,  citado  por  Bello,  encuéntrase  en  nuestros  clâsicos,  pero 
el  mismo  gramâtico  reconoce  que  es  un  yerro  chocante  y  que 
mejor  dicho  estd  «  hacîa  ». 

Hacer  cabras  à  alguno  =  hacerle  frente  cara  â  cara,  como  cabra 
i  otra  cuando  se  topetean. 

Hacienda.  El  conjunto  de  bienes  semovientes  de  una  estancia, 
el  cual  se  subdivîde  en  especie  caballar,  vacuna  y  lanar. 

Rodeo  de  la  hacienda.  La  operaciôn  de  juntar  al  ganado  en  un 
cerco  6  corral,  ya  sea  para  vigilarla  de  mds  cerca,  ya  para 
recogerla  de  noche,  ya  para  las  Ventas  de  haciendas.  Véase 
Venta. 

Hamaca.  Cama-columpio,  cuyo  empleo  ha  aconsejado,  d  mi 
ver,  antes  la  necesidad  de  preservarse  de  la  humedad  y  de  las 
sabandijas  tropicales,  que  no  el  calor  tôrrido.  La  mejor  parte  de 
las  tribus  bârbaras  del  Oriente  usan  de  este  artefacto  tejido  de 
algodôn  silvestre  ;  y  digo  la  mayor  parte,  porque  los  araonas  del 
Béni,  por  ejemplo,  no  lo  usan. 

Hamachipeque.  «  Cabeza  de  pajarito  »  en  aimarâ.  Papa  que 
tiene  este  parecido,  de  la  que  se  obtiene  una  fécula  excelente  para 
panetela  ô  mazamorra  de  enfermos. 


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378  CIRO   BAYO 


Hamachana.  Especie  de  valeriana. 

Hancara.  Mate  oblongo  que  sirve  para  platillos  de  balanzrs 
rùsticas  6  improvisadas,  6  bien  para  poner  huevos. 

Harabicus.  Voz  quichua  :  harahuec,  cantor.  Nombre  con  que 
se  distinguian  los  vates  durante  el  imperio  de  los  Incas,  y  que 
significaba  ademâs  en  el  lenguaje  peruano,  inventer.  La  voz  de 
los  harabicus,  segùn  el  testimonio  del  Inca  Garcilaso,  se  alzaba  en 
los  triunfos  de  las  grandes  solémnidades  del  imperio,  y  sus  poesîas 
estaban  destinadas  d  perpetuar  el  recuerdo  de  las  hazanas  y  de  los 
acontecimientos  nacionales. 

HarAhui.  Jaravi,  canciôn  6  triste.  Véase  Guaino. 

Harpia  ÇFalco  destructor),  Soberbia  falcônida,  llamada  saluna 
por  los  yuracarés  de  Moleto  (La  Paz)  en  cuyo  territorio  sucediô 
a  D'Orbigny  con  una  de  estas  aves  la  aventura  que  cuenta  en  su 
«  Descripciôn  de  Bolivia  ». 

Harto.  Adverbio  de  cantidad,  entre  muchoydemasiado.  Asi  : 
Este  ârbol  tiene  hartos  duraznos  ;  fulano  tiene  haria  plata,  etc. 

Hasta  luego.  El  adiôs  de  despedida  en  Bolivia,  aunque  no 
hayan  de  volver  d  verse  ni  en  esta  ni  en  la  otra  vida. 

Hechizo.  Arcaismo  cruceno  :  hechura.  No  hay  que  devanarse 
los  sesos  para  conocer  que  «  hechicero  »  dériva  de  hechizo  en  el 
sentido  que  dan  los  crucenos  a  esta  palabra  y  que  a  mi  sabe  d 
gloria.  Si  todos  los  arcaîsmos  fueran  como  este,  hdgase  con  ellos 
el  milagro  de  Lâzaro. 

Hediondilla.  Andreshualla  y  cestro.  Familia  solandceas. 
Ûsanse  para  banos  en  Santa  Cruz  sus  hojas  aterciopeladas  verde  y 
blanco  mate.  El  baiio  résulta  suavemente  aromâtico,  aunque  el 
nombre  de  la  planta  huela  mal. 

Hembraje.  Réunion  de  mujeres  ;  asi  como  tnachaje  a  la  de 
hombres.  En  Buenos  Aires  es  muy  corriente  decir  macho  y  hem- 
bra,  refiriéndose  a  personas,  en  ciertos  casos,  si  bien  no  se  ha 
llegado  todavia  â  usar  de  estos  términos  en  las  estadîsticas. 

Herepo  ô  erepA.  Es  el  nombre  del  palodc  poros,  à  sea  delarbusto 
del  que  los  indigenas  de  Mojos  aprovechan  los  frutos  para  vasos. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  379 

botellas,  platos  y  otros  utensilios  que  también  llaman  erepà,  Hasta 
en  guarani  encontramos  la  palabra  irupé  6  plato  en  el  agua,  para 
designar  la  reina  de  los  nenùfares  6  Victoria  Regina.  Véase 
Tarope. 

Herepo,  por  consiguiente,  es  el  mate  6  poro  de  un  tamano 
determinado  que  sirve  para  sacar  la  chicha  de  los  cântaros,  Uamado 
marépi  en  otra  localidad,  en  Reyes.  Sirve  también  para  designar 
un  mate  de  capacidad  establecida  que  se  emplea  para  medir  las 
pepitas  de  cacao  entre  los  indios  mojenos.  Es  una  medida  équi- 
valente a  dos  libras.  Antes  de  que  el  dinero  circulara  en  Mojos, 
el  herepo  servîa  de  permuta  para  las  transacciones  mercantiles, 
como  el  pecus  en  Roma  antigua. 

HiCANCHO.  Ave. 

HiERRA.  La  marca  de  novillos  de  una  «hacienda».  Divertida 
fiesta  criolla  campestre.  Acorrada  la  vacada  después  de  un  rodeo, 
los  gauchos  del  pago  y  toda  la  peonada  del  establecimiento,  â 
caballo  todos,  van  enlazando  reses  remolcandolas  al  medio  del 
campo.  Aquî  cuidan  otros  ginetes  de  derribarlas,  pealândolas  6 
enlazdndolas  6  dândolas  pechadas,  aplicàndolas,  asî  que  las  vol- 
tean,  el  hierro  candente  con  la  marca  del  dueno,  senalândolas  las 
orejas,  la  campanilla,  etc.  y  concluyendo  por  capar  al  novillo  de 
un  modo  ripido  y  expedito.  Durante  la  hierra,  el  estanciero 
acompaiiado  de  los  invitados  préside  las  distintas  operaciones 
dando  ôrdenes  â  capataces  y  peones  y  tnateando  en  la  rueda  junto 
â  la  fogata  donde  estân  puestos  â  asar  los  menudos  de  la  res  y  los 
suculentos  «  asados  con  cuero  »  para  el  festin  de  Camacho  que  â 
la  hierra  sucede.  La  came  no  se  economiza,  tanto  que  cualquier 
novillo  perniquebrado  al  ser  arrastrado  â  lazo,  6  muerto  por  los 
capeadores,  se  le  carnea  inmediatamente  y  sirve  para  el  asado  de 
la  peonada  ;  asado  que  amos  y  criados  comen  sentados  sobre  la 
yerba  de  la  pampa  regândolo  con  damajuanas  de  vino  Carlôn 
(Benicarlô)  ôfrancés,  compradas  al  pulpero. 

Hoco.  Véase  Mutùn  y  Jaci),  Zapallo  6  calabaza  de  primera 
calidad.  Anco  en  la  Argentina.  Hacerse  el  hoco,  rastrear,  arras- 
trarse. 


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380  CIRO   BAYO 


HojEADA.  La  primera  hoja  de  la  coca  que  se  saca  cuidadosa- 
mente. 

HoRCÔN.  Palo  rûstico  6  tronco  de  ârbol  que  sirve  de  puntal 
para  la  armazôn  del  techo  de  los  ranchos  6  cabanas  americanas. 

HoRERO.  Horario  del  reloj,  asî  como  momentero  al  minutero. 

HoRMA.  Vasija  cônica  de  barro,  y  en  Mojos  de  cuero,  muy 
grande,  en  la  que  se  coagula  el  melado  para  su  resoluciôn  en  azù- 
car.  Horma  de  ley  :  medida  de  capacidad  para  azùcar  de  12  chipe- 
nos  6  sea  24  arrobas. 

HoRMiLLA.  Botôn  del  calzôn. 

HoRNERO  {Furnarius  rufus.  D'Orbigny).  Hornillero  en  otras 
partes.  Tiluche  en  Santa  Cruz  y  Mojos.  —  Pâjaro  muy  intere- 
sante  por  sus  costumbres,  y  en  especial  por  la  inteligencia  que 
demuestra  en  la  construcciôn  del  nido,  el  cual  tiene  la  forma  de 
un  horno  con  la  entrada  en  curva  reentrante  en  su  lado  inferior 
â  manera  de  boca  de  caracol.  Lotrabaja  con  barro,  pajasy  cerdas, 
colocândolo  en  los  horcones  de  los  ârboles,  en  la  punta  de  los 
postes  telegrâficos  y  en  cualquier  sitio  prominente,  como  desa- 
fiando  los  vientos  que  efectivamente  nada  pueden  contra  la  resis- 
tencia  de  la  fâbrica.  Es  muy  querido  de  la  gente  campesina,  la 
cual  crée  formalmente  que  el  pâjaro  no  trabaja  en  los  domingos. 
Puedo  comprobar  que  esto  no  es  cierto,  pues  he  tenido  muchos 
homeros  de  vecinos  en  la  campaiia  de  Buenos  Aires. 

HuACA.  En  quichua,  idolo,  cosa  sagrada;  pero  el  uso  lo  ha 
consagrado  especialmente  al  monticulo  que  révéla  la  existencia 
de  sepulturas  indias.  Son,  pues,  hs  huacas,  cementerio  de  momias 
con  idolillos  y  vasos  de  chicha.  Estos  sepulcros  se  reducen  â 
paralelepipedos  en  forma  de  homos,  hechos  de  adobes  tan  fuerte- 
mente  adheridos,  que  las  inclemencias  del  tiempo  nada  han 
podido  contra  ellos,  en  muchos  siglos,  si  bien  algunos  ya  estan 
sin  techo.  Las  huacas  estan  emplazadas  en  lugares  eminentes, 
siendo  notables  las  del  camino  de  Oruro  â  La  Paz  (Bolivia)  y  las 
del  valle  de  Rimac  (Lima),  verdaderas  colinas  artificiales  que 
se    suben  â    caballo  y   unidas   entre  si  por   caminos  cubiertos 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  38 1 

entre  paredones.  Los  quichuas  enterraban  â  sus  muertos  doblân- 
doles  el  cuerpo,  ligândoles  los  muslos  y  las  piernas  y  poniéndo- 
los  sentados  en  un  càntaro,  sin  echarles  tierra  encima.  El  frio 
intenso  de  la  sierra  impedia  la  corrupciôn.  Con  ellos  enterraban 
tesoros,  tanto  que  de  una  sola  huaca  se  sacô  por  valor  de  sesenta 
mil  pesos  oro.  Segùn  los  teôlogos,  «  ni  el  rey,  ni  los  goberna- 
dores  tenîan  derecho  al  oro  de  las  guacas  porque  no  era  adquî- 
rido  por  industria  ni  conquista,  y  que  perteneda  â  la  iglesia 
porque  estaba  alli  ofrecido  por  ritos  religiosos.  Que  el  tomarlo 
los  aventureros  era  pecado  mortal  de  hurto  ;  que  no  podîa  haber 
salvaciôn  sin  restituirlo  y  hacer  penitencia  ».  De  ahi  vendra  la 
expresiôn  aun  boyante,  hacer gtiaca,  guardar  6  depositar  la  plata.  — 
Mxguaca  ô  mi  huaca^  mi  hucha  ôalcancia. 

Huaca.  Corrupciôn  del  castellano  «  vaca  ».  As!  Hutnahuacaj 
cabeza  de  vaca,  pueblo  de  la  provincia  de  Jujuy. 

HuACHO.  Véase  Guacho.  —  Surco  6  cavidad  en  que  se  pone 
la  planta  de  la  coca. 

HuALicHO.  Los  indios  pampas  admiten  un  prîncipio  bueno 
llamado  Pillârty  y  otro  malo,  Hualiche  ô  Gualichù.  La  morada 
de  este  genio  maléfico  es  un  ârbol  llamado  del  hualicho,  que 
crece  solitario  en  las  llanuras  pampeanas  é  imponente  se  destaca 
en  la  llanura  con  sus  ramas  casi  siempre  desnudas  de  hojas.  El 
tal  ârbol  suele  ser  un  algarrobo  secular,  de  tronco  arrugado  y 
torcido  y  copa  ancha  donde  los  indios  cuelgan  sus  ofrendas.  — 
Tienc  gualichoy  s^xjettatore. 

HuANCÀRA.  Voz  quichua.  El  tam-tam  ô  tamboril  indio. 

HuANDO.  Angarilla. 

HuANGUE.  Género  Columba,  Paloma  torcaz. 

HuARi.  Voz  aimarâ;  la  vicuna.  —  Nombre  de  la  célèbre 
batalla  del  26  de  Sepiiembre  de  1547  entre  Centeho  y  Carvajal. 
Hoy  es  canton  de  la  Provincia  de  Omasuyos  â  14  léguas  de  La 
Paz. 

HuASi.  Voz  quichua:  casa.  Entra  en  la  composiciôn  de  muchas 
palabras  que  designan  pueblos  y  casas.  Asi  :  Ingahuasi,  casa  del 


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382  CIRO   BAYO 


inca  ;  Mamahuasi,  casa  materna  ;  Corpahuasi^  hospital  ;  Sankahuasi, 
cârcel;  Pihahuasiy  lugar  en  los  ingénies  donde  se  ftinden  las 
pinas  de  plata,  etc. 

HuASO.  Véase  Guaso.  —  Cierto  venado  (la  harina  macho)  de 
carne  excelente.  Véase  Hurina. 

HuAYNA.  En  quichua,  mozo,  mancebo.  Huayna  Capac,  el 
Xin  inca. 

Huisu.  Arado-azada  que  se  impulsa  con  el  pie  puesto  en  un 
estribo  6  horcôn  que  lleva  en  su  cuarta  inferior  y  empunando  el 
asta  con  las  dos  manos.  De  este  aparato  se  sirven  en  Yungas  para 
abrir  surco  en  los  rincones  y  porciones  de  tierra  donde  no  puede 
entrar  el  arado. 

HuATA.  Voz  quichua  :  ano;  asî  :  Huata-mosoj ^  ano  nuevo.  — Las 
tripas  6  intestinos  ;  de  donde  el  saca  Iniata  6  corvo  de  los  rotos 
chilenos.  —  Por  analogia,  la  guita  6  cordel  hecho  de  lonja  de 
cuero,  6  las  fibras  de  cualquier  textil.  Huata,  Aguas  minérales  a 
3  léguas  de  Sucre  6  Chuquisaca. 

HuiTOC.  S6I0  por  curiosidad  tomo  esta  palabra  quichua  del 
«  Diccionario  Quichua-Castellano  »  por  Fray  Honorio  Mossî, 
misionero  :  «  Huitoc,  fruta  silvestre  que  ni  es  de  comer  ni  otro 
provecho  ;  es  de  color,  forma  y  tamaiio  de  una  berengena  de  las 
grandes,  la  cual  partida  en  pedazos,  echada  en  agua,  dejândola 
estar  asi  très  6  cuatro  dias  y  lavândose  después  con  ella  el  rostro 
y  las  manos  y  dejando  enjugar  al  aire,  a  très  6  cuatro  veces  que 
se  laven,  pone  la  tez  mâs  negra  que  la  de  un  etiope  ;  y  aunque 
después  se  laven  con  agua  clara,  no  se  pierde  ni  se  quita  el  color 
negro  hasta  que  han  pasado  diez  dias,  y  entonces  se  quita  con  el 
hollejo  de  la  misma  tez  dejando  otro  como  el  que  antes  estaba.  » 
Parece  ser  el  platanillo  de  Santa  Cruz  que  no  hay  que  confundir 
con  el  platanillo  macho,  irhol  frutah 

HuiTORO.  Pelota  de  goma  y  juego  de  losindios  chiquitanos.  Se 
juega  en  los  très  dias  de  carnaval.  En  la  alborada  del  primer  dia 
cada  parcialidad  esta  alerta  en  el  limite  divisorio  y  al  primer  toque 
de  campana  se  levantan  con  fuerte  griteria  y  ruido  de  cajas,  y 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  383 

empieza  el  juego.  La  pelota  esta  hecha  con  la  résina  del  mangaba 
6  peloto.  Se  arroja  la  pelota  al  aire  y  los  jugadores  haciendo  cuatro 
esquinas  la  recojen  con  la  cabeza  y  se  la  van  enviando  de  cabeza 
a  cabeza,  â  cuyo  fin  brincan  6  se  arrastran  para  restar  la  pelota 
segùn  el  empuje  6  la  direcciôn  en  que  venga,  no  siendo  permi- 
tido  en  ningùn  caso  tocarla  con  las  manos.  Es  juego  de  mucha 
destreza  y  de  sumo  interés.  VéaseBuruciJ. 

HuLiNCATE  6  ulincate.  Variedad  de  durazno. 

HuMiTA  6  huminta.  Voz  quichua.  Maiz  cocido  en  chala,  cho- 
clo  pisado  mezclado  con  suero  y  lèche  de  vaca,  puesta  la  masa  â 
secar  en  el  horno.  Sîrvese  envuelto  en  chala  6  sin  ella  y  es  una 
golosina,  especialmente  cuando  se  le  adereza  con  picadillo  de 
aves,  queso  y  especias  y  rocîo  de  vino. 

HuNCO  6  fullo.  Poncho  de  lana  sin  flecos,  que  con  el  calzon- 
cillo  corto  y  ancho,  â  modo  de  zaragûelles,  compone  la  vestimenta 
de  los  indioscharcas. 

HuRiNA.  Especie  de  corzo  de  piel  cobriza  y  animal  doniesticable. 
Es  la  hembra  del  huaso. 


I 

Idioso.  Lundtico. 

Iguana  (JPodimena  Tiquexin).  Abundante  en  la  zona  tôrrida  é 
intertropical.  Tan  impropiamente  como  Camaleôn  en  Santa 
Cruz  de  la  Sierra,  llaman  Iguana  en  Buenos  Aires  d  un  lagarto 
muy  grande  de  la  Pampa  que  anida  en  las  cuevas  de  las  vij^cachas. 
Los  gauchos  hacen  sortijas  con  los  anillos  de  la  cola,  llevàndolos 
puestos  como  talismdn. 

Illa.  Medallas  y  también  monedas  fuera  de  curso  légal  pero 
que  suelen  circular  con  demérito  en  Bolivia. 

Imilla.  Doncella  quichua.  LaMaritornes  de  los  hogares  bolivia- 
nos  en  los  departamentos  quichuas. 

ImpAvido.  Del  Capitolio  d  la  Roca  Tarpeya  no  hay  mds  que 
un  paso,  y  esto  es  aplicable  â  este  vocablo  que  de  valeroso  y  sin 


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384  CIRO   BAYO 


miedo  que  significa  en  la  Peninsula,  équivale  en  Bolivia  a  desca- 
rado  é  insolente, 

Inca.  Voz  quichua  que  significa  lo  que  en  griego  tnonosy  de 
donde  monarca  é  inca.  En  lengua  quichi  (naciôn  anterior  a  la 
quichua),  Inca  suena  lo  mismo  que  «  yo  soy  ».  Losprimeros  his- 
toriadores  escriben  ingUy  dando  a  la  ge  el  sonido  gutural  y  duro  de  la 
«  gain  »  arabe  ;  y  con  esta  ortografia  se  conserva  en  el  nombre  de 
todos  los  compuestos  en  lengua  peruana  :  Ingahuasi,  Ingavi,  etc. 

Inca  no  era  solo  el  titulo  del  soberano  indio  del  Perù,  sino 
el  de  todos  los  nobles  de  sangre  real  descendientes  en  Hnea  mascu- 
lina  del  fundador  de  la  dinastîa,  Manco  Capac.  En  lengua  pampa 
huincà  significa  extranjeroy  con  este  nombre  se  désigna  al  blanco, 
como  con  el  de  carayano  en  el  oriente  de  Bolivia.  El  ùltimo  inca 
fué  Sairi-Tupac  XVIII,  hecho  cristiano  con  el  nombre  de  Diego. 
Muriô  â  los  47  aiios  de  edad,  y  dejô  una  hija  que  casô  con  Mar- 
tin Dîaz  de  Loyola,  de  quien  descienden  los  marqueses  de  Oro- 
pesa  y  de  Alcanices. 

El  glorioso  nombre  Inca  solo  se  conserva  como  tradiciôn  en 
algunas  fiestas  populares  de  los  indios  quichuas,  implantadas  con 
formas  litùrgicas  por  los  jesuitas,  y  toleradas  por  los  gobiernos. 
Como  prototipo  de  taies  instituciones  cîtase  la  Dinastia  Nisia  en 
la  ciudad  de  la  Rioja,  por  ser  un  cacique  de  este  nombre 
quien  investido  del  nombre  de  inca  y  gran  sacerdote,  asis- 
tido  por  alféreces  6  caballeros  nobles,  cofrades,  allis  ù  hom- 
bres  buenos,  préside  el  primero  de  cada  aiio  la  procesiôn  del 
Nino  alcalde  à  Jesiis,  y  de  San  Nicolas  de  Bari,  su  lugar- 
teniente  en  la  tierra.  El  Nino  Jesiis  es  llamado  «  Nino  Alcalde  » 
por  haberse  aparecido  entre  los  diaguiias  imponiéndoles  la  paz 
cuando  éstos  se  sublevaron  por  las  predicaciones  del  santo.  Des- 
pués  de  la  procesiôn  empiezan  las  fiestas  profanas  que  se  mani^ 
fiestan  en  formas  desbordadas  y  licenciosas,  como  suelen  ser 
todas  las  expansiones  indîgenas. 

Indio.  Nombre,  como  essabido,  derivado  del  de  Indias  Occiden- 
tales que  Colon  diô  al  Nuevo  Mundo  y  que  debiera  trocarse  por 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  385 

«  amerindo  »,  para  evitar  equivocaciones.  Muchas  y  variadas  eran 
las  naciones  indias  que  ocupaban  losactuales  territorios  de  Bolivia 
y  de  la  Argentina,  algunas  de  las  cuales  se  conservan  por  su 
alianza  con  los  conquistadores  y  otras  han  mudado  de  residencia 
6  emigraron  por  no  rendirse  a  la  servidumbre.  En  la  Argentina, 
fuera  de  los  indômitos  pampas  (querandîes  y  charnias)  acorrala- 
dos,  aventados  y  confundidos  con  otras  tribus  al  pie  de  la  Cordi- 
llera  y  en  los  confines  de  la  Patagonia,  solo  quedan  exentos  de 
tutela  gubernativa  los  indios  del  Gran  Chaco  cuya  reducciôn 
parece  ser  larga  y  dificil,  por  la  topografia  del  pais  y  lo  belicoso 
y  nômada  de  las  tribus  que  lo  ocupan.  En  Bolivia,  viven  confun- 
didos con  la  raza  blanca,  quichuas  y  aimarâeSy  los  mojos  y  chiqui- 
tanosy  y  empiezan  a  estarlo  los  guanagos  y  chiriguanos.  En  el 
Béni  figuran  los  araonasy  chacobos^  toronomaSy  cavinas,  etc.,  tribus 
recientemente  descubiertas  por  exploradores  y  misioneros. 

Indultarse.  Convidarse  uno  mismo  ;  meterse  donde  no  le 
llaman.  Halle  la  mesa  puesta  y  me  induite  tn  ella;  hallé  una  causa 
y  en  ella  me  induite. 

Inflaciôn.  Tal  se  désigna  el  alza  gênerai  de  los  precios  ;  uno 
de  los  signos  que  indican  la  subida  de  los  cambios  internacio- 
nales  y  por  consiguiente  de  la  depreciaciôn  de  la  moneda. 

Ingenio.  Casa  para  la  fundiciôn  de  metales  y  la  en  que  se 
élabora  el  azùcar. 

Los  carros  encargados  de  la  conducciôn  de  la  cana,  desde  los 
terrenos  en  que  se  cultiva  hasta  el  Ingenio,  van  depositândola 
para  que  a  su  vez  los  caneros  la  coloquen  en  el  conductor  que  la 
Ueva  hasta  el  trapiche  donde  por  la  presiôn,  très  énormes  masas 
de  hierro  en  forma  cilîndrica,  extraen  la  sustancia  sacarina  de 
la  caiia,  en  su  primer  estado. 

El  conductor  es  un  inmenso  catre  de  madera  que  tiene  una 
extension  no  menos  de  veinticinco  métros.  Colocadas  las  tablas 
ensentido  horizontal  y  sostenidas  por  una  gruesa  cadenade  hierro, 
enlazada  en  sus  extremos  a  un  cilindro  con  engranaje,  su  marcha 
es  acompasada  y  lenta,  para   facilîtar  el   trabajo  a  los  peones, 

Rtvue  hispanique,  xiv.  2  s 


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386  CIRO   BAYO 


siendo  su  movimiento  elmismo  que  el  de  una  inmensa  sierra  sin 
fin.  Esta  calculado  que  arrastra  continuamente  un  peso  que 
no  baja  de  setecientas  arrobas  en  los  grandes  ingenios. 

Después  de  extraîdo  el  jugo  a  la  cana,  que  en  su  primera  trans- 
formaciôn  se  le  llama  caldo,  cae  este  a  una  grande  batea  de  hierro, 
parte  intégrante  del  mecanismo  conocido  con  el  nombre  de 
trapichty  y  de  allî,  por  un  canal  de  hierro,  va  a  la  coladera  donde 
recibe  el  bautismo  de  su  primera  depuraciôn,  para  en  seguida 
pasar  a  las  bombas,  que  en  incesante  movimiento,  lo  conducen, 
por  medio  de  canerias,  al  departamento  de  las  mâquinas. 

Conducido  el  caldo  de  la  manera  que  he  mencionado,  pasa  â 
las  defecadoras  donde  la  acciôn  del  vapor  hace  depurarle  los  cuer- 
pos  extranos  que  las  coladeras  hayan  dejado  pasar.  De  alli  baja 
â  los  filtros  donde  el  carbôn  animal,  6  sea  el  hueso  carbonizado, 
le  extrae  los  residuos  de  la  cana  y  la  maloja  y  en  seguida  sube  â 
los  tachos  de  coccion  para  volver  por  ùltima  vez,  en  estado  de 
meladoy  â  los  filtros  que  lo  depuran  definitivamente,  arrojândolo 
por  canales  conductores  â  un  depôsito  desde  el  cual  pasa  â  los 
triples  con  una  temperatura  mds  alta  que  el  melado.  Los  triples 
â  su  vez  suben  la  temperatura  calorifera  y  cuando  ha  adquirido 
la  determinada,  lo  desalojan  de  sus  entranas  de  fuego  para  arro- 
jarlo  â  otras  mas  ardientes,  los  tachos  al  vacio  donde  durante  ocho 
horas  se  agita  en  borbotones  producidos  por  un  vapor  de  cinco 
atmôsferas,  hasta  Uegar  al  estado  de  melai^a  con  que  pasa  â  las 
centrlfugas  ;  en  las  centrifugas  es  recibido  por  los  blanqueadores 
que  lo  convierten  por  fin  en  aziicar. 

El  azùcar,  en  este  estado,  tiene  un  pronunciado  sabor  de  aceite 
que  lo  hace  muy  répugnante,  y  su  color  no  es  el  blanco  nîtido 
del  azùcar  que  expende  el  comercio,  pero  un  ascensor  mecinico 
lo  lleva  hasta  un  molino  cilîndrico  que  lo  piirifica,  refinândolo 
para  que  los  embolsadores  reciban  con  la  boca  abierta  el  precioso 
dulce,  como  picarescamente  se  les  dice,  aludiendo  â  la  acciôn  de 
abrir  la  boca  de  la  boisa  6  sea  la  parte  descocida  de  esta  que 
permite  recibir  dentro  el    producto  elaborado  definitivamente, 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  387 

después  de  las  multiples   transformaciones  que  sufre  antes  de 
Uegar  â  tal  estado. 

lNGERTo(Dar  un  —  ;  oser  un  — ).  Dar  gato  por  liebre  ;  ser  una 
filfa,  una  bola. 

InsAporo.  Insustancial,  sin  sabor.  Casi  prefiero  esta  palabra  â 
«  insîpido  ». 

Insulto.  Desmayo,  sincope. 

Intrigar.  Verbo  muy  usual  en  estos  paises,  en  sustituciôn  de 
llamar  la  atenciôn.  En  tal  sentido  parece  galicismo. 

Invernar,  El  encierro  del  ganado  en  potreros  para  el  engorde. 
Por  alusiôn,  el  descanso  de  la  peonada,  6  la  permanencia  larga 
de  una  persona  en  sitio  de  relativa  comodidad  antes  de  seguir 
un  viaje  azaroso  6  una  larga  faena. 

Ipecacuana  (  Cephclis  ipecacuanha.  Richaud).  Rutdceas.  Se  le 
llama  también  poalla  en  el  Brasil.  Raîz  brasilena  y  bejuquillo 
por  su  tronco  delgado  y  aéreo  de  unos  3  3  centimetros  de  altura, 
que  crece  d  la  sombra  de  los  gigantes  de  la  selva,  y  muy  particu- 
larmente  en  las  tierras  hùmedas  y  pantanosas,  al  lado  de  la 
vainilla.  Las  raîces  que  son  las  queemplea  la  farmacopea,  son  del 
grosor  de  una  pluma  de  ganso,  tortuosas  y  anulares  como  la 
ténia,  de  olor  y  color  desagradables.  De  las  très  especies  de  ipeca- 
cuana, gris,  rojiza  y  blanca,  la  primera  es  la  màs  estimada.  Es 
un  excelente  medicamento  como  vomitivo,  tônico  y  expecto- 
rante, segiin  las  dosis,  habiendo  sido  Helvetius,  el  famoso  médico 
de  Luis  XIV,  quiendiôaconocerenEuropa  la  virtud  médicinal  de 
esta  planta. 

Irire.  Mate  ô  poro  ovoidal  en  el  que  se  toma  la  chicha  cuando 
se  liba  en  abundancia,  y  â  la  que  comunica  muy  buen  sabor. 

Irirear.  Tomar  chicha  en  irire, 

Irupè.  Tarope  à  Aguapé  {Victoria  Rcf^ina.  Sindley).  Nombre 
guarani  (plato  en  el  agua)  de  la  flor  mds  admirable  de  las  nin- 
fedceas.  Véase  Tarope. 

IsiGA  ÇMyrocarpus).  Ârbol  abundante  en  tierra  firme  en  los 
paises  cdlidos  que  exsuda  una  résina  amarillenta,  dura  como  la 


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388  CIRO    BAYO 


pez-resina  6  colofonia,  y  aromâtîca  como  el  incienso  al  que  sus- 
tituye  en  las  misiones  del  Oriente.  Pretenden  que  aplicada  la 
isiga  à  las  sienes  corrige  el  estrabismo.  Los  parches  de  esta  résina 
quitan  los  dolores  de  cabeza  pero  también  el  sueiio. 

IsiPÔ  ô  sipô.  Nombre  guarani  de  una  planta  trepadora  de  tallos 
tan  largos  y  fuertes  que  lo  mismo  sirven  para  cordeles  que  para 
ebanisteria,  dando  a  la  trama  un  lustre  especial.  En  Santa  Cruz 
se  ven  muchas  sillas  y  muebles  tejidos  de  sipô.  Varias  clases  : 
Liana  escalera  {Batdimia)  ;  Yagua  pindâ  ÇSisonh  acubald)  de  esplén- 
dido  follaje  y  de  raîces  aéreas  muy  estimadas  en  el  comercio  ;  otra 
bignonias  de  agua  pura  mediante  una  pequena  incision,  etc. 

IsLA.  Llaman  isla  en  Mojos  a  las  manchas  de  arbolado  en  los 
lugares  altos  de  la  pampa,  que  por  librarse  de  las  inundaciones 
periôdicas  en  el  pais,  se  convierten  en  refugio  del  ganado  y  en 
chacos  de  cultivo. 

IsocA.  Oruga.  Véase  Sicasica. 

IsuTURi).  La  borra  de  algodôn. 

Itenes.  Rio  Guaporé  de  los  brasilenos.  —  Indios  salvajes  que 
ocupan  el  territorio  entre  el  Itenes  y  el  Mamoré,  por  donde  pasaba 
el  antiguo  «  Meridiano  de  Demarcaciôn  »  de  Espana  y  Portugal. 

ItunAma.  Indios  y  rio  de  la  provincia  de  Mojos.  Tunama  en 
lengua  chiquitana  équivale  a  junco  ;  de  modo  que  Ittmama  sera 
Rio  Juncal  6  de  los  juncos, 

j 

Jabôn.  Susto.  Me  le  dieronun  jabôn  :un  buen  meneo.  Jabonado  : 
asustado  : 

]AhOKK}iDi(^PilocarpuspennatîfoIius.LemzirG),  Rutaceas.  Arbus- 
to  cuyas  hojas  cuajadasde  pequeiiosreceptdculosdaunaceite  esen- 
cial  que  goza  de  propiedades  diaforéticas  6  sudorîficas,  virtudes 
dadas  a  conocer  porel  Dr.  Sinfronio  Coutinho,  de  Pernambuco. 

Jabirù  {Micteria  atnericana,  L.).  Véase  Bato. 

Jaconta.  Puchero  en  que  se  reune  lo  cocido  en  très  ollas  de 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  389 

carne  variada,  tubérculos  y  frutas.  La  jaconta  se  sîrve  en  fuentes 
de  plata  y  es  el  plato  de  carnaval.  Puesta  â  enfriar  y  dejando  esta 
comida  de  un  dia  paraotro,  résulta  lo  que  llaman  en  La  Pazjuniche 
ô  juntuchûy  que  algunos  prefieren  â  la  misma  jaconta. 

Jacù  ô  jacùu.  Lo  que  se  pone  sobre  la  mesa  para  acompanar  la 
comida,  no  precisamente  como  entremés  li  hors-^œuvre,  sino 
como  bocado  que  alterna  con  los  demâs  manjares.  Asî,  el  pan 
esjactl,  y  â  falta  de  pan,plâtano  cocido,  yuca,  etc. 

JacumAru  6  caferana  (Taquia  guianensis,  Aublet).  Gencianâ- 
ceas.  Arbusto. 

JAcHi.  Otro  nombre  del  salvado  ô  afrecho. 

Jaguar  (Félix  op:^a.  L.).  Tigre  americano.  Animal  de  hermosa 
piel  y  de  instinto  sanguinario,  aunque  muy  inferior  en  todo  al  de 
Bengala. 

JagOel.  Paùro  en  Santa  Cruz.  Depôsito  de  aguas  servido  por 
norias  6  conductos.  En  las  estancias  de  Buenos  Aires  se  abren 
jagueles  para  abrevar  el  ganado  en  tiempo  de  sequîa. 

Jaicoso.  Hombre  excitado  que  alborota. 

Jalapa.  Macho  y  hembra  {Exogonium purga,  Bentham).  Con- 
volvulaceas.  Arbusto  muy  abundante  en  Chiquitos.  La  raîz  resi- 
nosa  de  esta  planta  se  bénéficia  en  extracto,  produciendo  los 
mismos  efectos  que  la  corteza  fresca.  Regularmente,  una  sola 
pildora  del  tamano  de  un  garbanzo,  basta  para  cortar  la  hemo- 
rragia  y  pujos  de  sangre.  Cuando  asî  no  surte  efecto,  se  usa  en 
hvativas,  disolviendo  en  cada  una  una  pildora.  La  raîz  de  jalapa 
es  del  tamano  de  una  nuez,  de  superficie  rugosa  y  color  gris 
oscuro. 

Jalarse,  Mandarse  mudar;  irse. 

Jalon.  Trecho  ô  distancia.  —  «  De  mi  pueblo  al  tuyo  hay  un 
buen  jalon.  » 

Janucho.  Un  Juan  Lanas. 

Japapear.  El  jaleo  de  manos  ô  palmoteo  que  acostumbran  los 
indios  del  Oriente,  con  acompanamiento  de  voces  y  alaridos, 
para  provocar  al  combate. 


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390  CIRO   BAYO 


Japutamo  ô  aputamo  {Filaria  dermathermica,  Silva  Araujo). 
Animâlculo,  casi  invisible,  de  color  amarillo  y  rojo,  que  pulula 
en  la  yerba  y  produce  un  vivo  escozor  que  origina  una  enfer- 
medad  cutànea  que  el  Dr.  Silva  Araujo  bautizô  con  el  nombre 
de  filiarosis,  El  japutamo  à  piojo  de  la  yerba  introdùcese  en  las 
vcsiculas  de  la  piel  y  el  prurito  que  ocasiona,  obligando  al 
enfermo  a  rascarse,  origina  la  rotura  de  las  vesîculas  derramando 
sobre  la  piel  los  animâlculos  y  sus  huevecillos.  Se  combate  esta 
afecciôn  cutanea  con  lociones  de  agua  fenicada  6  fricciones  de 
alcohol  ô  agua  florida.  El  japutamo  es  un  huésped  molesto  del 
que  no  escapa  ningùn  viajeroque  pisa  la  fresca  yerba  del  Oriente. 

Jara  {ledum  palustre).  Végétal.  —  Alto  ô  descanso  en  una 
marcha.  —  Jarear^  «  hacer  jara  »  ô  «  hacer  pascana  w,  porque 
las  jaras  son  indicios  de  aguada. 

Jaracoréchi.  CeboUa  albarrana. 

Jarayes.  Lagos  formados  por  las  crecientes  del  Rio  Paragua 
al  Oriente  de  Bolivia  en  la  linea  de  demarcaciôn  con  el  Brasil. 
Hâllansesituados  a  306  métros  sobre  el  nivel  del  mar;  Uaman- 
dose  jarayes  por  la  jara  que  crece  en  su  superficie. 

Jarca.  Voz  quichua  :  Acacia  hermosa.  Ârbol  de  madera 
colotada  ô  «  gateada  »  para  construcciôn,  sirviendo  también  para 
carbôn  de  herreria  en  Santa Cruz  delà  Sierra. 

Jarichi.  Lazo  que  las  mujeres  del  Oriente  se  atan  al  extremo 
de  las  trenza^. 

Jarubichi.  El  guarapo  que  se  endulza  mds  aiin  con  barreno 
para  hacer  licor. 

Jatata.  Especie  de  palmiche  (género  Oreodosca)  con  el  que  se 
hace  un  trenzado  tan  menudo  y  fino  que,  como  el  que  acos- 
tumbran  los  indios  araonas  y  otras  tribus  del  Béni  para  cubrir 
sus  ranchos,  aguantan  seis  y  diez  anos.  Con  jatata  hacen  tam- 
bién cestillos  y  envoltorios  para  guardar  plumas,  dientes  de 
animales,  abalorios  y  demâs  arreos  indîgenas. 

Jatupû.  Nombre  reservado  por  los  crucenos  para  la  espuma 
del  jabôn. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  39 1 

JAu.  Interjecciôn  que  entre  los  criollos  de  Santa  Cruz,  singu- 
larmente  entre  los  campesinos,  sustituye  al/  ché  I  VéaseCnÉ. 

Jaùsi.  Lagartijo  verde  é  inofensivo  abundante  en  campos  y 
casas  del  Oriente;  su  came  es  comestible  y  hasta  agradable. 

Jebe.  Goma,  de  donde  jehal  por  gomal  en  el  Perù,  correspon- 
diente  al  hular  de  Centro  America,  Ni  estarâ  demas  advertir  que 
huh  dériva  del  azteca  nie  à  goma  que  los  antiguos  mejicanos 
empleaban  para  pelotas  en  sus  juegos  pùblicos  (Torquemada, 
Monarquia  indiand). 

Jebijones.  Corrupciôn  de  hebillones. 

Jején  ô  ejene.  Trompideo  miniisculo  muy  mortificante  por  lo 
repetido  y  artero  de  sus  ataques,  y  de  picadura  que  levanta 
ronchascomolapicada  de  peto  ô  abeja.  Es  el  terror  de  los  viajeros 
fluviales  del  Oriente,  sin  que  valgan  abanicos  ni  mosquiteros. 

Jempin.  Nombre  expresivo  que  en  lengua  aucasignifica  «  dueno 
del  decir  »  y  que  se  aplica  à  los  bardos  araucanos. 

JenechenI.  Tizôn  ô  tuero  que  se  anade  al  fuego  para  que 
este  se  conserve  latente  hasta  el  siguiente  dia,  6  para  cuando  sea 
menester.  En  Santa  Cruz,  cuna  de  este  vocablo,  le  llaman  tam- 
bién  durador, 

Jergôn.  Color  gris  de  jerga. 

JicHi.  Voz  chiquitana  :  rey.  Nombre  que  los  crucenos  danâ  todo 
animal  quesiendorey  deuna  lagunadicen  que  la  alimenta  con  su 
presencia  ô  atrae  la  humedad,  como  el  caimân,  un  viborôn,  una 
anguila.  VéaseJiCHiTURiaui.  — El  caracol. 

JiCHiMORA.  Especie  de  culebra  acuatica  de  color  verdoso. 

JiCHiTURtaui.  «  Rey  de  los  palos.  »  Ârbol  de  madera  dura  y 
amarilla  como  la  caoba,  de  la  que  se  labran  preciados  bastones. 

JiPijAPA.  Las  hojasdel  cogollo  de  la  palmera  (Carlodovica  jimi- 
pera,  Ruiz  y  Pavôn),  que  en  forma  de  abanico  se  desarrolla  al 
extremo  de  un  tallo  poco  elevado  del  suelo.  De  estas  hojas  se 
hacen  sombreros,  siendo  los  mas  estimados  los  que  se  tejen  en 
Buenavista,  cerca  de  la  ciudad  de  Santa  Cruz  de  la  Sierra. 

JiPURt  6  gipuri.  La  vena,  filamento  6  nervio  central  de  la 
yuca  6  del  ramo  de  palma. 


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392  CIRO   BAYO 


Joco.  Hoco. 

JocHE  6  jochi  Colorado.  Aguti.  — Joche  pintado  :  paca. 

JocHEAR.  Torear,  azuzar. 

JoiCHi.  Gusano  que  fabrica  una  boisa,  llevàndola  a  remolque 
y  encerrando  en  ella  cuanto  trapo,  hilo  6  cosa  menuda  encuentra 
en  su  camino. 

JoMETOTO.  Cualquier  palo  6  instrumento  que  seempleacomo 
batidor  para  remover  una  masa  liquida  6  sôlida. 

JoNE.  Elbarro  endurecido.  —  A  jona^os  :  pedrea  de  jones. 

JoNOBOCO.  Ârbol  de  substancia  tiutôrea,  de  color  que  tira  â 
encarnado  y  sirve  â  los  indîgenas  del  Oriente  para  untarse  el 
cuerpo  como  con  el  achiote  à  urucû. 

Jopo.  Alfiler  grande  para  prender  el  pelo,  que  cuando  la  guerra 
de  los  quince  anos  (de  la  Independencia)  las  mujeres  patriotas 
tenîan  âgalausarlo  al  lado  izquierdo.  —  Rizos,rM/o^  6  mechones 
que  caen  sobre  la  f rente. 

JoRA.  El  maîz  depositado  hasta  que  empieza  â  echar  brotes, 
estado  en  que  se  aprovecha  paramolerlo  y  muquearlo;  operacio- 
nes  preliminares  de  la  chicha. 

JosEFiNo.  El  jornalero  y  peôn  libre  de  derecho  en  Côrdoba 
(Argentina). 

JoTE.  Gallinazo  de  las  travesîas  de  San  Luis  y  La  Rioja. 

Juan.  El  soldado  boliviano. 

JuBRE.  La  suarda  6  churre  que  cria  el  sudor  en  la  lana  de  las 
ovejas. 

JucumAru.  Véase  Ucumàru. 

JuELGO.  Regûeldo  ô  eructo  6  eructaciôn  que  es  como  queria 
D.  Quijote  se  Uamara  este  grosero  vocablo. 

Juma  (Estar  en).  Estar  en  pitima. 

JuMBARAYii.  Excremento  acuoso  de  la  gallina. 

JuMETREAR.  Fastidiar,  fregar  la  paciencia. 

JuRGUNERO.  Palo  COU  que  remueven  las  brasas  del  horno.  Es 
voz  andaluza  que  se  estila  en  Santa  Cruz  de  la  Sierra  juntamente 
con  este  cantar  : 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  393 

Si  tu  me  quisicras 
como  yo  te  quiero, 
tu  fueras  el  horno, 
yo  el  jurgunero, 

JuYACA.  Artificio  usado  para  encender  fuego  en  despoblado 
por  los  viajeros,  a  imitaciôn  de  la  que  usan  los  indios.  Consiste 
en  un  palito  que  en  forma  de  molinillo  se  le  hace  girar  perpen- 
dicularmente  en  un  agujero  hecho  en  una  madera  seca  y  porosa, 
en  elque  se  pone  previamente  alguna  materia  de  fàcil  combus- 
tion (algodôn,  chamarasca,  trapo,  etc.)  en  la  que  prende  la 
llama  con  el  calor  del  frotamiento. 


Labor.  Cuando  en  las  minas  se  va  labrando  la  veta,  derecha  â 
plomo,  ô  hacia  abajo,  se  dice  labor  à  plomo  ;  si  â  nivel,  labor  de 
fronton.  Chimenea  â  la  que  va  derecha  hacia  arriba.  Labor  à 
chiflôn  â  la  que  va  de  soilayo.  La  mas  dificultosa  de  estas  labores 
es  la  de  chimenea^  porque  se  va  subiendo  perpendicularmente, 
armando  andamios  ô  barbacoas  â  los  que  suben  los  barreteros  â 
trabajar. 

Laça.  Voz  quichua.  Soso  ;  persona  sin  gracia. 

Lacaya.  Voz  aimarâ.  Casanuevaâ  la  que  s61o  le  falta  el  techo  ; 
ô  casa  vieja  destechada.  Véase  Tapera. 

LKQK\OTE(^SicyosEdulos.]zc(\\x\vi).  Calabaza  de  tierra.  Planta 
sarmentosa.  Auco  y  Hoco, 

Lagarto.  La  protuberancia  que  en  el  brazo  senala  el  mùsculo 
biceps, 

LAhua.  Véase  Espesado. 

Lama.  Moho  ;  cardenillo. 

LamantIn  (^Manatus  americanus).  Manati  americano.  Llâmase 
Pexi-boy  en  el  Madera,  y  toro  ô  pez-buey  en  el  Béni.  Cetdceo  que 
se  encuentra  en  el  Amazonas  y  sus  tributarios,  en  cuyas  orillas  é 
islas  merodea  alimentândose  de  las  gramineas  y  camalotes  de  la 


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394  CIRO   BAYO 


corriente.  Es  animal  voluminoso,  de  seîs  métros  de  largo,  inofen- 
sivo,  de  figura  pisciforme,  cabeza  de  becerro,  aletas  anteriores 
terminadas  en  cinco  dedos  ;  carencia  total  de  miembros  posteriores, 
y  el  cuerpo  terminado  por  una  aleta  oval  y  horizontal  en  figura 
de  abanico.  Las  hembras  tienen  dos  tetas  prominentes.  El  laman- 
tin es  de  piel  gruesa  y  negra  y  de  carne  muy  adiposa,  pero  comes- 
tible, en  donde  clavan  el  arpôn  los  pescadores  del  Amazonas, 
cuyas  aguas  surcan  los  manaties  en  bandadas.  La  mixara  de  las 
provincias  del  Amazonas  y  del  Para  no  es  otra  cosa  que  la  carne 
del  lamantin  frita  en  su  propia  grasa.  No  es  raro  encontrar  algu- 
nos  de  estos  cetâceos  en  el  Béni,  cuando  ha  logrado  salvar  las 
cachuelas  del  Madera.  No  hay  que  confundirlos  con  el  bufeo 
(Jnca  boliviensis), 

Lambeador.  Jugo  6  yerba  llamado  también  pegà-pega,  de  hoja 
como  la  vid  de  parra,  sumamente  viscosa  por  lo  que  se  hace  difl- 
cil  arrancarîa  de  la  ropa  6  de  la  piel  cuando  â  ellas  se  prende. 

Lamber.  Lamer.  Uno  de  tantos  barbarismos,  como  cabresto, 
redamadOy  prienda,  pacencia,  etc.,  que  salen  de  labios  de  paisa- 
naje  americano  y  del  peninsular  ;  normà  loquendi  que  se  debe  â  la 
mayor  facilidad  que  hallan  para  usar  ciertas  palabras  ;  aunque  por 
esta  vez,  parece  mas  fâcil  pronunciar  lamer  que  lamber. 

Lampa.  Voz  quichua.  Laya  de  borde  en  média  luna  y  dstil  en 
puiio  6  agarradera. 

Lampaso.  Planta  cuya  hoja  se  aplica  para  remedio  del  higado. 

Lantana  {Làntana  Brasiliensis).  Verbenâcea!  Hierba  sagrada, 
yarabisco,  sucupira,  omoncos  en  Chiquitos.  Planta  cuyo  prin- 
cipio  activo,  la  lantanina,  goza  de  propiedades  febrifugas  con  la 
ventaja  sobre  la  quina  de  tolerarla  los  estômagos  mas  delicados  ; 
y  sobre  el  sulfato  de  quinina,  de  obrar  mâs  eficazmente,  bastando 
dos  granos  inmediatamente  suministrados  después  del  ataque. 
Con  solo  el  cocimiento  de  su  corteza  se  ha  cortado  en  très  tomas 
tercianas  y  cuartanas  de  diez  y  ocho  meses. 

Lanza  (Indios  de).  Los  guerreros  de  tribu,  como  los  pampas 
é  indios  del  Chaco,  que  manejan  esta  arma  de  guerra,  ginetes  en 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  395 

veloces  caballos.  Chusma  es  la  parte  de  indiada  que  no  va  â  los 
nialones  6  expediciones  militares. 

Lapacho.  Véase  Tajibo. 

Laque.  Voz  quichua.  Maîz  blando,  molido  y  cocinado. 

Lari.  Indio  aimarâ  de  La  Paz  y  Oruro,  que  vive  en  lo  mas 
âspero  de  la  meseta  boliviana  en  casas  de  piedra,  algunas  de  la 
forma  de  un  horno,  con  entrada  sumamente  baja  y  de  cara  al  sol. 
Los  laris  se  acuestan  sobre  un  cuero  de  llama,  ùnico  animal  que 
los  acompana  en  su  soledad,  y  se  alimentan  de  oca,  maiz,  habas, 
quinoa,  millmeyde  una  papamuy  amarga,  Uamada  luqui. 

Latir.  Ladrar  el  perro,  y  laiidos  los  ladridos. 

Latôn.  Nombre  vulgar  del  sable  6  chafarote,  aludiendo  â  la 
vaina  que  antes  era  de  latôn  con  tirantes  de  tiento. 

Lazo.  Soga  larga  y  trenzada,  del  grosor  de  un  dedo  y  perfec- 
tamente  flexible  mediante  repetidos  untos  de  sebo,  y  puesta  â 
secar  al  sol  para  que  se  endurezca.  Sii-ve  para  enlazar  las  reses  en 
campo  abierto.  Es  el  rejo  de  enlazar ^  de  Bogota. 

Cuando  se  trata  de  enlazar  un  animal,  se  suelta  el  lazo  que  va 
arroUado  en  el  arzôn  derecho  del  anca  quedando  un  extremo 
sujeto  â  la  cincha;  el  otro  cabo  con  el  nudo  corredizo  se  voltea 
con  la  derecha,  en  espiral,  al  galope  tendido,  tirândolo  â  los  cuer- 
nos  6  al  pescuezo  de  la  res  desde  una  «  honesta  distancia  ».  Por 
este  sistema  se  agarra  un  nido  de  avispas  echando  al  galope  el 
caballo  para  evitar  la  picadura  de  los  bichos  ;  y  también  al  tigre 
procurando  estrangularlo. 

El  laxp  lo  han  heredado  los  americanos  de  los  indios  abori- 
gènes, quienes  usaban  este  aparatocomo  arma  de  caza  y  de  guerra, 
al  igual  de  las  bolas  y  de  la  macana.  Es  singular  coincidencia  que 
usaran  la  misma  arma  los  almogâvares  de  la  Edad  Media,  los 
cuales,  segûn  los  historiadores,  iban  provistos  de  unas  correas 
para  sujetar  sus  «  azcanas  »,  6  para  aprovisionar  al  enemigo, 
teniendo  algunos  la  habilidad  de  arrojarlo  à  manera  de  lazo. 

Los  campesinos  americanos  no  tienen  rival  para  manejar  este 
rollo  de  cuerda  que,  en  sus  manos,  se  convierte  en  una  trompa 


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39é  CIRO    BAYO 


de  elefante  que,  girando  en  los  aires,  cae  y  aprisiona  en  su  nudo 
al  blanco  de  su  tiro.  Los  anales  de  la  Independencîa  cuentan  que 
en  la  batalla  de  Las  Cruces,  tratando  Allende,  aunque  en  vano, 
de  organizar  el  ataque  y  de  reducirlo  â  las  reglas  de  la  tâctica 
espanola,  observé  que  los  enemigos  habîan  enmascarado  unas  pie- 
zas  de  artilleria  con  unas  ramas,  de  manera  que  las  columnas 
mejicanas  llegaban  hasta  cierta  distancia  y  alli  eran  desbaratadas 
por  la  metralla.  Allende,  sin  calcular  el  peligro,  desata  el  la:^o  que 
Uevaba  â  la  grupa,  pone  las  espuelas  â  su  caballo,  y  seguido  de 
algunos  rancheros  corre  sobre  aquel  horno  de  fuego  que  cubrîa 
la  verdura  de  los  ârboles.  Se  oye  una  detonaciôn  y  el  intrépido 
ginete  y  los  que  le  seguîan  caen  envueltos  en  una  nube  de  metra- 
lla. Allende  que  habia  escapado  de  la  muerte,  llega  de  un  salto 
hasta  donde  estaban  las  piezas,  las  tira  el  lazo,  y  lo  mismo  hacen 
los  rancheros  ;  lo  amarran  â  la  cabeza  de  la  silla,  ponen  la  espuela 
â  sus  caballos  y  se  llevan  la  artilleria,  dejando  â  los  soldados 
espanoles  atônitos,  con  la  mecha,  el  estopin  y  las  balas  en  la 
mano.  «  La  batalla  se  gana  completamente,  anade  Manuel 
Payno,  todos  los  oficiales  y  soldados  espanoles  quedan  tendidos  en 
el  catnpo.  »  \  Como  soldados  de  plomo  !  6  como  en  una  antigua 
crônica  de  la  batalla  de  Aljubarroba,  que  refiriéndose  â  una  mujer 
Britas  de  Almeida  que  con  una  pala  de  horno  matô  siete  caste- 
llanos,  anade  :  «  Quantos  vivosrapuit,  omnes  esbarrigavh.  » 

Refiere  también  Larrâzabal  (Vida  de  Bolivar),  que  el  llanero 
Carvajal,  «  el  tigre  encaramado  »,  manejaba  las  bridas  del  caba- 
llo con  la  boca,  y  con  las  manos  las  armas  y  el  lazo.  Cuando  la 
intervenciôn  inglesa  en  el  Rio  de  la  Plata,  en  tiempo  de  Rosas, 
habiendo  enviado  una  expediciôn  en  bote  un  comodoro  inglés  â 
hacer  aguada,  los  gauchos  del  Paranâse  presentaron  de  improviso 
y  agarraron  con  el  lazo  â  los  descuidados  marineros  que  estaban 
en  los  botes,  llevândoselos  â  la  orilla.  Parece  ser  que  en  Hawaï 
(Sandwich)  el  ganado  se  maneja  también  como  en  America,  â 
caballo  y  con  el  lazo.  Los  cuidadores,  llamados  vaqueros  (en  espa- 
nol)  por  los  norte-americanos,  tienen  el  nombre  de  espanoles 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  397 

entre  los  islenos,  por  haber  sido  vaqueros  venidos  de  Méjico  ô 
Califomia,  quienes  les  ensenaron  el  oficio. 

Enlos  rodéos  y  en  hshierraSy  sobre  todo,  es  dondeluceel  gaucho 
argentino,  asî  como  el  vaquero  mojenoen  las  arreiidaSy  su  habilidad 
en  el  manejo  del  lazo,  ejecutoria  de  su  oficio  y  supremo  recurso 
para  procurarse  una  res  agena  y  carnearla.  Entre  los  campesinos 
y  aun  entre  muchachos  hâcense  apuestas  para  no  dejarse  arrastrar 
por  el  lazp.  Y  en  efecto,  dos  6  très  hombres  no  pueden  arrastrar  â 
otro  que  se  ponga  tendido  6  agachado  en  tierra,  cuando  en  posi- 
ciôn  bîpeda  séria  arrastrado  por  un  nino.  Esto  dépende  de  la 
flierza  que  desplegan  los  huesos  de  la  cadera  en  doble  arco,  siendo 
necesario  una  fuerza  inmensa  para  quebrarlos  en  Hnea  recta,  â  la 
manera  que  es  imposible  quebrar  un  huevo  apretado  por  las 
puntas. 

La^o  es  también  un  nudo  que  se  hace  en  el  cabestro  para 
sujetar  los  animales  de  silla.  En  esto  de  hacer  nudos  los  gauchos 
son  mas  habiles  que  los  marineros.  Véanse  algunos  : 

Ld:^o  chilenOy  lazo  que  no  es  trenzado  sino  torcido,  extraordina- 
riamente  fuerte.  Llâmase  chileno  por  ser  el  mas  usado  por  los 
huasos  de  Chile.  —  La:(p  pampa,  de  cuero  de  potro,  trenzado  en 
ocho.  —  La:(p    tren:(^ado  6  torzal,  de  cuatro  ù  ocho  tientos. 

«  Es  inûtil  poner  el  lazo  al  anca  »,  nohay  remedio  que  valga. 

Laùcha.  Ratoncito.  Minerito  en  otros  puntos.  Sinônimo  de 
baqueano  6  prâctico  en  Colombia.  En  la  Argentina  hay  el  dicho 
es  una  lauchitay  por  :  es  una  ardilla,  es  un  vivo. 

Lauquén.  Voz  pampa,  lago.  Nombre  que  menudea  en  la  topo- 
grafia  argentina  :  Curru  Lauquén,  Trenque  Lauquén,  etc. 

Lecos.  Indios  pacenos  âorillas  del  Mapiri  (confluente  del  Béni), 
famosos  por  su  habilidad  en  manejar  las  balsas  y  por  los  rîos. 
Guanaehos  se  les  llama  también,  de  Guanay,  capital  de  su  dis- 
tri  to,  canton  de  Larecaja. 

Lechiguana.  La  avispa  mêlera  y  la  rica  miel  que  produce. 

Lechuza  {Noctua  vulgaris.  D'Orbigny).  Buho  de  la  pampa 
que  anida  en  las  vizcacherasô  madrigueras  de  los  conejos  ameri- 


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398  CIRO   BAYO 


canos  que  tienen  minado  el  suelo  de  los  campos.  La  lecliuza 
hace  centinela  a  la  entrada  de  estas  cuevas,  avisando  la  entrada 
de  animales  forasteros,  como  iguanas,  vîboras,  tejones,  etc.  Aqui, 
como  en  Europa,  hay  la  misma  prevenciôn  contra  la  lechuza  :  se 
la  toma  por  ave  de  mal  agùero,  y  los  indios  le  tienen  tal  inquina, 
que  cuando  déjà  oir  su  funeral  graznido  en  ocasiôn  que  hay  un 
enfermo  en  la  tolderia,  no  se  dan  punto  de  reposo  hasta  sacrifîcar 
â  la  fatîdica  cantora.  La  persiguen  â  cahallo,  la  cansan  y  asi  que 
hacen  presa  en  ella,  la  sujetan  â  toda  aquella  lista  de  atropellos 
que  el  Maestro  Gonzalez  enumeraen  su  «  Canciôn  â  Mirtabella  ». 

Légua.  La  légua  argentina  tiene  40  cuadras  de  150  varas, 
esto  es  6.000  varas.  La  boliviana  tiene  4  kilômetros  subdivididos 
en  30  cuadras  de  185,  63  métros,  en  junto  6.662  varas. 

Leme.  Voz  antigua  espanola  y  aquî  tomada  del  portugués  :  el 
timôn. 

Lenguachuta.  Tartamudo,  tartajoso. 

Leofû.  Voz  auca  :  rio. 

Leoncillo  (Simia  Adipus,  L.).  Monito  del  tamano  de  un 
perrito  recién  nacido,  que  puede  embolsillarse  en  la  faltriquera. 
Debe  su  nombre  â  una  melena  que  le  adorna  como  el  lèôn. 

Leoncito.  El  «  conejito  »  en  el  juego  de  damas. 

Leonera.  Asi  llaman  en  Buenos  Aires  al  depôsito  de  los  dete- 
nidos  por  causas  graves  en  el  departamento  de  policîa. 

LEQUE-LEauE.  Véase  Tero-tero. 

Leso.  Tonto.  «  Asî  se  engana  al  leso,  con  pan  y  queso  » 
(refrân). 

Leva.  Levita.  De  leva  y  g'alera  :  de  levita  y  sombrero  de  copa. 

LiBES.  Nombre  indio  de  las  boleadoras.  —  Dos  boleadoras  cor- 
tas  con  manija  en  aspa  que  emplean  los  nifios  para  tirar  â  los 
pâjaros. 

Libéral.  Animal  de  buena  sangre.  —  Pronto,  y  es  andalucis- 
mo.  «  Escùrrase  con  viento  en  popa  y  miidese  libéral  »  (Fernân 
Caballero.  Clemencid), 

LiEBiG  (Carne).  Nombre  tudesco  que  ha  tomado  carta  de  natu- 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  399 

raleza  en  el  vocabulario  americano,  por  el  famosoextracto  de  carne 
que  se  prépara  en  el  saladero  de  Fray  Bentos  (Uruguay)  y  en  Rio 
Grande  del  Brasil.  Es  carne  de  buey  6  de  vaca,  magra,  sin  huesos, 
hecha  jigote,  a  la  que  se  da  consistencia  de  extracto  mediante 
algunas  preparaciones  quîmicas.  El  caldo  concentrado  de  Liebig 
esta  hecho  con  los  tegumentos,  tendones  y  huesos  de  la  res,  y 
en  el  comercio  tiene  la  apariencia  de  la  cola  de  pegar.  Véase 
Saladero. 

Lima.  El  fruto  del  limero  {Ciira  medica  îimelîd).  Variedad  del 
limonero.  —  Lima,  capital  del  Perù,  dériva  de  Rimac,  rio  que 
riega  su  término. 

LiMETA.  Frasco  de  barro,  a  modo  de  los  de  vidrio  de  ginebra, 
que  se  lleva  atado  a  los  tientos  del  «  recado  ».  —  «  Empenar  la 
limeta  »,  libar  i  menudo.  —  Con  scrlimetawoz  castellana,  pocos 
seran  los  peninsulares  que  descifren  este  terceto  : 

Aqui  vive  el  pimiento  y  la  mostaza, 
colérica  mujer  que  no  se  aplaca 
sin  muchos  tumbos  de  limeta  6  taza. 

(La  Vida  del  Picaro.  Autor  desconocido  ;  principios  del  siglo 
XVII.  Revue  Hispanique^  IX.) 

LiNDO.  A  las  très  acepciones  que  Cuervo  dade  esta  voz  (Revue 
Hispinique,  IX)  :  legltimOy  casti:(o  y  bello,  pudiera  aiiadir  una 
cuarta  :  como  interjecciôn,  \  Lindo!  Bravo!  muy  bien  dicho  ! 
muy  bien  hecho  ! 

LiPEZ.  La  aiparrosa  se  llama  Piedra  Lipex^.  Lipez  6  llipi  en  len- 
gua  quichua  :  centellea  ;  por  referirse  a  una  sal  blanca  y  transpa- 
rente como  el  cristal  que  cubre  una  llanura  de  mas  de  sesenta 
léguas  cuadradas,  en  la  provincia  de  Lipez,  departamento  de 
Potosi. 

LiauiCHiRi.  Voz  aimarâ,  cuyo  significado  literal  es  raspa- 
dor  de  sebo,  y  que  ha  tomado  carta  de  naturaleza  en  Bolivia  en 
el  sentido  de  misérable. 

Lise  ô  tacaiio.  Atrevido.  /  Ay^  que  liso  !  dice  una  criolla  a  un 
atrevido  galàn. 


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400  CIRO   BAYO 


Lx)BO  DE  MAR.  Abundan  en  la  Patagonia  y  en  la  costa  méridio- 
nal de  la  Argentina  los  lobos  de  dos  pelos  y  de  uno.  Las  pieles 
de  dos  pelos  se  cotizan  en  Europa  a  3  y  4  libras  esterlinas.  En 
la  Repùblica  Oriental  hay  pesquerias  de  estos  animales  en  la  isla 
de  Lobos,  Castillo  y  Coronado  ;  asi  como  en  la  Argentina  en 
Mar  del  Plata,  Loberia  y  Peninsula  Valdés. 

LoBO  DE  Rto  (^Castor  huidobritis),  Ababari  en  Mojos.  Parecido 
â  la  nutria  ;  de  pelo  fino,  cabeza  de  perro  de  presa,  cola  aplanada 
en  forma  de  paleta  de  albafîil,  como  la  del  castor  ;  patas  cortas  y 
dedos  con  membranas  naiatorias.  Persigue  en  tropas  â  los  peces 
de  los  rios  y  se  defiende  â  mordiscos  de  sus  enemigos.  En  los 
lugares  que  frecuenian  no  aparecen  caimanes  y  hay  poca  pesca. 
Su  came,  aunque  no  muy  sabrosa,  es  comestible. 

LocoTO.  Especie  de  pimiento  muy  picante,  que  se  muerde 
crudo. 

LocRO.  Comida  espesada  ù  oUa  podrida  de  choclo,  arroz, 
papa,  chuno,  yuca,  etc.,  tinta  con  aji  6  urucii.  Se  Uama  también 
«  comida  de  pasajero  »,  por  lo  fâcil  y  pronto  de  su  aderezo. 

LocuMBA.  Pisco  ô  aguardiente  de  uva,  agradable  y  muy  aromâ- 
tico,  cuyo  nombre  dériva  de  Locumba,  puebloperuano  â  18  léguas 
de  Tacna,  el  primeroen  acreditarlo.  Véndese  en  La  Paz  y  en  mu- 
chas  localidades  del  litoral  en  botellas  grandes  por  lo  benigno 
de  sus  efectos. 

LoKA.  Medida  superficial  de  nueve  varas  cuadradas.  Doce  lokas 
componen  el  càtodecoca. 

LoMBRiz  (caballo).  Jamelgo  de  caja  estrecha  y  larga. 

LoMEAR.  Esquivar  el  cuerpo,   una  empresa  ;  hacerse  el  sueco. 

LûcuMA.  El  Maoney  de  Cuba.  Familia  Sapôteas. 

LucHE.  Alga  suculenta  del  Pacifico  que  se  importa  al  inierior 
del  continente. 

LuNFARDO.  El  calô  ô  argot  del  hampa  argentina. 

Lunes  (San).  La  plèbe  de  Cochabamba  es  muy  devota  de 
Baco,  y  del  primer  dia  de  la  semana  ha  hecho  un  santo  que  con 
el  nombre  de  «  San  Lunes  »   ha  propagado  su  culto  en  otras 


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PROVIKCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  4OI 

ciudades  de  Bolivia.  Este  santo  de  la  embriaguez  esta  pintado 
como  iicka-llanid  à  pendôn  de  chicheriaconcara  de  hombre  ebrio  ; 
cuerpo,  de  cantaro  de  chicha  ;  un  violin  y  una  guîtarra  por  bra- 
zos  ;  no  tiene  pies,  sin  duda  para  denotar  la  dificultad  con  que 
caminan  los  borrachos;  Ileva  por  sombrero  una  jarra  de  servir 
chicha  ;  tiene  delante  una  mesa  con  dados,  barajas,  ganzùas  y 
puiiales,  fiel  emblema  de  los  vicios  que  albergan  las  chicherîas 
6  tabemas  plebeyas. 

Luaui.  Otra  de  las  ciento  y  pico  especies  de  la  papa  americana. 
Es  de  sabor  amargo.  Véase  Lari. 

Llama.  Animal  de  carga  de  los  indios  peruanos  y  bolivianos, 
desde  an  tes  de  la  conquista  espanola.  Si  bien  se  emplea  indis- 
tintamente  a  estos  animales  como  cargueros,  los  machos  son 
preferidos  à  las  hembras  destinadas  preferentemente  a  la  cria.  En 
todos  los  pasos  de  los  Andes  se  usa  la  mula;  los  jujuenos  y 
bolivianos  emplean  el  burro  y  la  llama,  animal  este  el  mas  econô- 
mico,  por  su  sobriedad,  aunque  no  carga  mas  de  cuatro  arrobas. 
Generalmente  bajan  de  las  alturas  rebanos  de  Hamas  cargadas 
de  sal,  pero  también  transportan  panes  de  aziicar  y  petacas  con 
mercaderias  de  poco  peso.  La  llama  anda  sin  cansarse  cuatro 
léguas  diarias.  Cuando  necesita  descanso,  dobla  con  cuidado  las 
rodillas  y  se  acurruca  de  modo  que  no  descomponga  la  carga  ; 
pero  cuando  se  la  fatiga,  no  dejândola  descansar,  da  golpes  con 
la  cabeza  contra  el  suelo.  Sise  la  irrita,  escupe  una  saliva  càus- 
tica.  Los  indios,  cuya  paciencia  compite  con  la  de  la  llama,  cuando 
esta  se  echa  al  suelo,  se  sientan  a  su  lado  y  se  entretienen  en 
tirarla  piedrecitas  â  la  oreja,  hasta  que  aburrido  el  animal,  se 
levanta.  La  llatna  es  la  providencia  del  indio  de  la  altiplanicie. 
Este  se  alimenta  de  su  carne  ;  trenzando  su  lana  hace  sogas  para 
asegurar  la  carga  6  para  hacer  la  honda,  su  arma  favorita  ;  em- 
plea el  cuero  para  ho/otUy  y  retobado,  para  su  caja  à  tambor  con 
que  acompana  la  flauta  ;  el  excremento  para  abono  y  combustible 
en  los  trechos  donde  acampa  en  sus  viajes,  conocidos  con 
el   nombre    jara    à   pascana  ;   con  la    particularidad  que    los 

Revui  bisptutiqm.  xiv.  26 


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402  CIRO   BAYO 


ganados  sedentarios  tienen  sitios  determinados  para  depo- 
ner  sus  excrementos,  los  cuales  se  venden  en  carguitas  destinadas 
a  la  «  quema  »  ô  fundiciôn  de  metales,  por  la  aridez  del  terreno 
en  que  los  in^enios  esiân  emplazados.  La  llama  se  nutre  comiendo 
a  pellizcos  los  pequenos  pastos  de  la  alriplanicie,  y  puede  estar 
seis  dias  sin  beber,  aunque  carece  del  admirable  estômago  del 
camello.  Su  vidasealarga  hastaquince  ôveinte  aiios.  Con  motivo 
de  su  cria  tiene  el  dueiio  del  rebano  varias  fiestas  muy  sonadas  ; 
el  gkilpi,  que  se  reduce  a  marcar  el  rebano  cortandole  un  pedacito 
de  oreja  6  en  ponerle  adornos  en  el  cuello  y  orejas,  cuando  los 
animales  se  destinan  al  trabajo  ;  la  otra  fiesta  en  que  ayudan  â  la 
procreaciôn  de  los  machos  asi  que  estos  tienen  3  aiios  y  â  la 
que  asisten  ùnicamente  los  indios  casados. 

Llanta.  Voz  quichua  :  sombra.  Quitasol  hecho  de  cuero, 
sostenido  por  un  palo,  a  cuya  sombra  venden  las  gâteras  6  muje- 
res  del  mercado. 

Llantén  {Plantago  major),  Proteragineas.  Végétal  médicinal  de 
la  flora  chilena. 

Lliclla.  La  manta  de  las  indias  quichuas  que  se  prende  con 
el  topo. 

Llipta  ô  Uucta.  Pan  minerai  6  pasta  alcalina  compuesta  de 
cenizas  de  quinoa,  de  papas,  de  cardon,  hediondilla,  de  maiz 
tiemo,  de  molle  y  otros  végétales,  â  las  que  se  anade  cal,  de 
modo  que  la  masa  résulta  bastante  dura,  y  asî  gustan  los  indios 
quichuas  de  tomarla  cuando  acullican  coca  â  fin  de  dar  â  esta 
sazôn,  â  manera  de  sal.  Los  indios  de  Caupolicân  (provincia 
paceiia)  se  sirven  del  mismo  modo  de  una  planta  llamada 
chimacro.  Los  de  la  région  del  Amazonas  reducen  â  polvo  las 
hojas  secas  de  la  coca  y  mezclândolas  con  cenizas  de  hojas  de 
ambaibo,  lo  mastican  con  algo  de  tapioca  àfarina^  tragando  con 
deleite  la  pasta  heterogénea  que  de  todo  esto  résulta.  La  llipta^ 
aunque  de  compuestos  végétales,  puede  incluirse  entre  los  subro- 
gantes  minérales  que  han  dado  origen  â  la  clasificaciôn  de  «  gli- 
tivoros  »  y  «  geôfagos  »  entre  pueblos  de  distintas  zonas. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  403 

Llorador  (El).  La  capilla  del  Panteôn  6  cementerio  donde 
con  lloriqueos  se  despide  al  muerto  que  va  al  hoyo. 

LlorOnas  (Las).  Espuelas  grandes  vaqueras,  asi  llamadas 
porque  hacen  «  Uorar  sangre  »  al  animal.  Llâmanse  también 
roticedoras  por  el  ruido  que  hacen  ;  y  na^arenas  porque  se  arras- 
tran  al  andar  con  ellas. 

Lloslla.  Voz  aimarâ.  Avalancha  de  no  importa  que.  Asi  :  he 
ganado  una  lloslla  de  plata,  por  :  he  ganado  un  chorro  de  duros. 

Llucho.  Voz  aimarâ.  El  fruto  del  ambaibo. 

Llullucha.  Ova  comestible. 

M 

MacA.  Género  Pelicanus,  Cuervo  acuâtico.  Margullôn. 

Macana.  Voz  quichua  :  Macanacuno,  pelear.  Lamaza  de  guerra 
de  los  antiguos  querandies,  y  de  los  tobas  del  Gran  Chaco  ;  de 
donde  su  actual  signifîcado  de  palo  6  arreador  con  correa,  de  los 
arrieros  argentinos.  —  Un  tejido  de  algodôn  que  hilaban  an  tes 
los  indios  de  Mojos,  pero  que  con  la  despoblaciôn  de  este  terri- 
torio  por  el  enganche  de  gente  para  los  gomales  del  Noroeste,  ha 
pasado  â  algunos  pueblos  del  departamento  de  Santa  Cruz,  prin- 
cipalmente  â  la  provincia  de  Guarayos.  —  Macana  6  fnacana:(p, 
bola,  mentira. 

Macanudo.  Excelente,  superior  :  «  \Waya\xnzm\x\er macanudal^^ 
i  Vaya  una  real  hembra  ! 

Macaco.  Voz  portuguesa,  mono.  Epiteto  que  los  argentinos 
dan  â  los  brasilenos  sus  vecinos. 

MacachIn.  Fruta  silvestre  muy  dulce,  y  abundante  en  pam- 
pas y  terrenos  chaqueados, 

Macear.  Apostar  6  hacer  traviesas  en  el  juego. 

Maceta.  Cachiporra  para  clavar  estacas,  y  que  el  gaucho  lleva 
en  sus  expediciones,  asi  como  el  soldado  de  caballerîa  para  esta- 
quear  las  tiendas  de  campana. 

«  Ponerse  maceta  »  :  hacerse  viejo,  aludiendo  â  los   cascos  de 


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404  CIRO   BAYO 


las  caballerias  que  se  agrandan  y  vuelven  macetas  con  la  vejez 
del  animal. 

Maciega.  Yerbal  inculte. 

Maciel  (Goma).  El  caucho  en  el  Béni  (distinto  de  la  siringa), 
por  haber  sido  un  tal  Maciel  el  primero  en  explotarlo. 

Macono.  Ave  de  los  bosques  del  Oriente  que  le  da  por  cantar 
que  se  las  pela,  cuando  mis  calienta  el  sol. 

Macontullo.  Véase  Murucuntuyo. 

Macote  ô  maciia.  Grande.  Palabra,  como  cafiia,  importada 
en  el  Rio  de  la  Plata  por  los  esdavos  africanos. 

Macuco.  Muchachograndullôn.  —Ave.  Véase Martineta. 

Macumbè.  Grande.  «  Espuelas  macwnbéy>  :  espuelas  vaqueras. 

Macuciuino.  Macuco.  «  Macuquina  »  se  Uamô  la  primera 
moneda  espanola  acunada  en  Méjico  hacia  mediados  del 
siglo  xviii,  de  donde  los  macuquinos  actuales.  Antes  que  la 
moneda  macuquina  se  acunaron  las  «  adraves  del  puerco  »,  por 
verse  en  una  de  las  caras  la  figura  de  un  porquero. 

Mâcha,  machona.  Virago;  mujer  fuerte  y  varonil. 

Machaca.  Voz  quichua  :  nuevo.  Asî,  machacamarca. 

Machado.  Ebrio,  mamado.  —  Macharse,  emborracharse. 

MACHAauE.  Eltema  ôporfia.  «  Ya  es  tnuy  chori:(o  tu  tnachaque  », 
dicen  los  criollos. 

Machùri.  Machorra,  de  la  que  sera  desinencîa. 

Machusca.  Voz  quichua.  Mujer  jamona. 

Madama.  La  partera  6  comadrona,  entre  el  paisanaje  rio- 
platense. 

Madera.  En  el  sentido  de  palo  à  tronco  de  drbol,  es  voz  por- 
tuguesa.  En  el  Béni,  dicen  «  una  estrada  de  tan  tas  maderas  » 
por  de  tantas  seringueras. 

El  Rio  Madera  fué  asi  llamado  por  los  inmensos  troncos  de 
cedros  que  lleva  en  tiempo  de  sus  inundaciones,  de  noviembre 
a  abril.  A  esta  etimologia  responde  también  la  Isla  Madera 

Que  do  muito  arboredo  assim  se  chama. 

(Camoens.  Os  Lusiadas^  <:anto  V.) 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  405 

Madia.  Planta  oriunda  de  Chile,  ya  importada  en  Europa.  Se 
cultiva  por  la  semilla  que  da  un  aceite  comestible,  aunque  su 
sabor  no  es  del  gusto  de  todos.  La  planta  despide  un  olor  fuerte 
y  desagradable,  y  aunque  las  ramas  secas  conservan  este  acci- 
dente, las  apetecen  las  ovejas. 

Madré.  Laguna,  6  cauce  abandonado  de  un  rio,  que  no  ha 
sido  obstruido,  de  manera  que  sus  aguas  son  alimentadas  6 
renovadas  en  las  crecientes. 

Madrejôn.  Laguna  que  se  comunica  con  un  rio,  por  sergene- 
ralmente  parte  del  cauce  antiguo  6  madré  que  abandonaron  las 
aguas. 

Madrina  (Yegua).  Yegua  i  la  que  se  pone  un  cencerro  6  cam- 
panilla,  y  que  seguida  de  la  manada  6  tropilla  es  arreada  à 
grandes  distancias  por  los  gauchos,  quienes  hacen  largos  viajes 
al  galope,  sin  mds  que  detenerse,  tnanear  la  yegua,  cambiar  de 
caballo  al  aproximarse  la  tropilla  al  rededor  de  la  madrina,  y 
seguir  galopando  hasta  otro  relevo. 

Por  analogia  llimase  fwtfrfnwû  â  la  mujer  que  se  entiende  con 
dos  ô  mds  hombres.  —  Buey  madrina.  El  que  va  i  la  derecha 
del  novillero  en  la  yunta  de  la  carreta. 

MagOey.  La  tuna  de  donde  los  mejicanos  sacan  el  pulque, 

MaIz  del  aire.  Planta  parasita,  de  hojas  verdes  y  pomposas  y 
de  fruta  como  espiga  de  maiz,  pero  de  granos  rubies,  como  la 
mazorca  dtl  guembé. 

Majao  ô  majado.  Charque  majado  6  picado  en  mortero,  con 
arroz.  Plato  muy  substancioso  de  la  culinaria  crucena.  Lldmase 
también  «  sopa  valenciana  », 

Majeno.  Platano  de  color  morado,  y  comestible,  que  a  primera 
vista  parece  una  berengena. 

Majo.  Nombre  tacana  con  que  es  conocida  en  todo  el  Béni  la 
preciosa  palmera  {Copernitia  cerifera.  Martius).  Caronday  y 
Patduba  del  Brasil. 

Sus  hojas  de  un  perenne  verdor  suministran  la  cera  amarilla 
que  se  emplea  para  la  fabricaciôn  de  vêlas.  Para  obtenerla,  se 


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406  CIRO   BAYO 


cortan  las  hojas  de  la  palmera  y  se  exponen  al  sol.  A  los  très  6 
cuatro  dias  se  agostan  y  i  esta  sazôn  bdtense  en  un  lugar  abri- 
gado  del  viento,  y  con  esto  sueltan  un  polvo,  que  recogido  y 
derretido  al  fuego,  es  la  cera.  Los  coquitos  del  tamano  de  una 
avellana,  sirven  para  hacer  lèche,  echandolos  en  agua  tibia.  Al 
cabo  de  una  6  dos  horas,  las  almendras  se  reblandecen,  se  las 
estruja  en  agua  fria,  y  colando  la  masa  se  obtiene  la  lèche.  Para 
obtener  la  manteca,  hicese  hervir  la  lèche,  y  en  cuanto  hierva, 
suspende  la  manteca.  Entonces  se  vierte  agua  fria,  detiénese  el 
hervor  y  se  ha  conseguido  la  manteca  v^etal.  La  paja  del  majo 
sirve  para  sombreros  finos,  esteras,  abanicos,  canastillos,  etc. 
(véase  Jipijapa).  De  su  madera  hâcense  instrumentos  de  cuerda, 
tazas,  etc.  De  lo  expuesto,  se  desprende  que  el  niafo  es  la  provi- 
dencia  de  los  lugares  donde  se  cria. 

Malabar  (Un).  Escamoteo;  trampa  en  el  juego. 

Malacote.   Noria. 

Malanga.  Fruta  ihmzdz  ocuma  en  Venezuela. 

Malebo.  Malvado,  malhechor.  Gaucho  nialebo:  danino,  que 
esta  fuera  de  la  ley. 

Mal-haya.  Particula  optativa  que  entre  elpaisanaje  criollo  reem- 
plaza  al  aràbigo  jojald!  que  no  he  oîdo  una  vez  siquiera  en  la 
campaiia  americana  y  muy  poco  en  las  ciudades.  Asi  pues  el 
malhaya  criollo  es  un  \  quien  hubiera!  V.  gr.  «  Ah  mal-haya  qui- 
nientos  pesos  !  » 

Maloca.  Guarida  6  pueblo  de  indios  montaraces.  —  Malo- 
quear.  Hacer  un  malôn  (véase)  y  comerciar  de  contrabando. 

Maloja.  La  hoja  de  la  cana  de  aziicar. 

Malôn.  Ataque  y  sorpresa  de  los  indios  bravos  6  tnalones. 

M  ALTON.  Animal  6  persona  joven  pero  de  desarroUo  precoz. 
Asi  un  cordero  maltôn;  una  nina  mallonciia. 

Malluhatu.  Especie  de  mono  ahullador. 

Mama.  Voz  quichua  :  matrona.  Mania  Colla,  hermanay  mujer 
de  Manco  Cdpac  ;  Marna  Cora,  hermana  de  Sinchi  Roca  ;  Mama 
Huasi  :  casa  solariega. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  407 

Mamaco.  Pava  como  el  mutùn  6  yacù,  pero  de  pico  amarillo 
y  vientre  blanquizco.  La  hembra  es  la  llamada  pava  pintada. 

Mamamico.  Voz  quichua  :  cesôn.  La  criatura  que  al  nacer 
cuesta  la  vida  d  su  madré,  en  virtud  de  la  operaciôn  cesdrea. 
Julio  César  fué  un  mamamico. 

Mamàni.  Voz  aimard  :  dguila.  De  donde  muchos  nombres  geo- 
graficos.  Chulumaniy  capital  de  Yungas  ;  Illimani  (dguila  resplan- 
deciente),  montana  de  La  Paz,  una  de  las  mds  altas  del  globo. 

Mamarse.  Emborracharse. 

MamboretA.  Voz  guarani.  Capuchino;  fraile  rezador  en  la 
Peninsula;  caballo  del  diablo  y  Tuciira  en  Mojos.  —  {Mantis 
religiôsd).  Ortôptero.  La  configuraciôn  de  este  insecto  carnivoro, 
es  idénticaal  congénère  europeo.  Cuando  un  mamboretà  se  siente 
aprisionado,  contrae  las  patitas  delanteras,  y  la  piedad  popular 
supone  que  contesta  senalando  al  cielo  cada  vez  que  los  ninos 
le  preguntan  :  «  i  Dônde  esta  Dios  ?  »  Otros  etimologistas 
quieren  que  mamboretà  signifique  en  guarani  :  «  i  Dônde 
esta  tu  chacra?  »,  pero  cualquiera  que  sea  el  significado,  los 
espaiioles  encontraron  d  este  animalito  bautizado  asi  entre  los 
guaranîes.  He  de  aducir  una  observaciôn  biolôgica  sumamente 
curiosa  é  instructiva  d  la  vez,  tomada  de  las  Études  sur  les  facul- 
tés mentales  des  animaux  de  Houzeau.  En  los  insectos  sobrevive 
particularmenteel  impulso  genésico  d  las  mutilaciones  mds  graves, 
ddndose  el  caso  en  el  mantis  religiosa,  que  la  decapitaciôn  del 
macho  no  le  impide  el  acto  de  fecundar  d  la  hembra. 

Mamelucos  6  Paulistas.  Zambos  brasilenos  que  por  algùn 
tiempo  fueron  «  arranchadores  »  ô  cazadores  de  indios  salvajes  6 
doctrinos  que  reducian  d  su  servicio  6  vendian  como  esclavos  en 
Matto  Grosso,  que  era  su  cuartel  gênerai.  Estos  secuestradores 
de  nuevo  cuiio  fueron  llamados  mamelucos  por  su  semejanza  con 
los  antiguos  esclavos  de  los  soldanes  de  Egipto,  y  paulistas  por 
haberse  establecido  en  un  principio  en  la  ciudad  de  San  Pablo. 

En  la  flora  brasilena  figura  el  anda-acû  6  «  purga  de  los  paulis- 
tas »,  hermoso  drbol  que  crece  d  orillas  del  mar;  de  bastante 


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408  CIRO   BAYO 


altura  y  cuyas  almendras  son  un  purgante  enérgîco.  Su  influen- 
cia  sobre  los  terrenos  arenosos  maritimos  6  dunas,  es  parecida 
d  la  de  los  pinos  en  las  Landas. 

Mamesô.  Zozobradednimo;  presentimiento  (Santa  Cruz). 

Mamùri.  Planta  género  Casia  (Cassia  fistuld).  Abundante  en 
los  campos  de  la  zona  tôrrida.  Tiene  una  vaina  con  semillas  den- 
tro  de  una  pulpa  laxanie.  Estas  semillas  las  aprovechan  algunos 
para  hacer  café  y  para  calmar  el  dolor  de  muelas,  sirviendo  para 
esto  ùltimo  la  raiz  de  la  planta. 

ManA.  Dulce  hecho  de  mani. 

Manacaracx).  Género  Tinamus.  Gallineta  montaraz. 

Manca.  Voz  quichua.  La  olla  de  cocinar. 

Mancarrôn.  Caballo  matalôn  y  viejo. 

ManclIn.  Animal  que  sin  causa  justificada  cambia  de  un  dla 
para  otro  de  carâcter  6  de  condiciones.  Asi  un  caballo  que  hoy 
anda  mucho  y  maiiana  apenas,  un  gallo  que  ayer  era  peleador  y 
hoy  es  cabra,  etc. 

Manco  CApac  ô  Inca  Kapajh  =  Senor  Poderoso.  Fundador 
con  su  hermana  y  esposa  Marna  Cello,  del  imperio  de  los  incas. 
Aparecieron  en  el  lago  Titicaca  y  fueron  los  fundadores  de  la 
ciudad  del  Cuzco  (1054-1117).  Segiin  Garcilaso,  Manco  no  es 
palabra  quichua.  Lo  cierto  es  que  la  palabra  es  participio  del 
verbo  quichua  mancuni  :  cortar  en  pedazos. 

Manchai-puitu.  Voz  quichua  :  cântaro  aterrador.  La  quena  à 
flauta  del  indio  peruano  y  boliviano  introducida  en  el  hueco  de 
un  cântaro  de  barro,  con  lo  que  résulta  un  sonido  lugubre,  de  un 
bajo  profundo,  casi  funèbre.  Véase  Quena. 

Manchas  del  Sur.  Nombre  popular  de  las  «  Nubes  de  Maga- 
llanes  ». 

Manchita  (Â  la).  Juego  infantil  que  consiste  en  correr 
teniendo  uno  algo  en  la  mano,  gritândole  : 


Yo  ténia  una  gallina 
y  la  corté  el  pescuecito, 
me  chupé  la  sangueciia 
y  me  robe  la  manchita 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  4O9 

entretanto  que  cada  cual  porfia  por  quitarle  la  prenda. 

Mandarse  mudar.  Irse.  «  j  Mdndese  mudar  !  »  ;  Viyase  usted! 

MAndia.  «  Melon  de  agua  »  y  «  patiUa  ».  La  sandla. 

Mandioca.  Véase  Farina  y  Yuca. 

Manea.  Apea  ô  correa  para  atar  las  manos  à  las  caballerias. 
Tirso  de  Molîna  la  llama  maneota  : 

l  Al  gusto  poné  maneotas  ? 
Dfle  que  las  tiene  rotas 
y  si  llega,  dale  coz . 

(Santa  Juatm.) 

La  manea  americana  es  de  guesca  trenzada,  de  piel  de  toro  6 
vaca,  y  i  veces  de  hierro  con  candado.  Un  escritor  criollo  llama 
â  las  maneas  muy  elegantemente  «  grillos  de  trenzada  piel  ». 
Los  arabes  manean  también  d  sus  caballos  con  sogas  de  pelo  de 
cabra  6  de  camello. 

Maneche  (^Misâtes  seniculus).  Mono  ahullador,  grande  y  muy 
velludo,  de  piel  rojiza  y  suave.  Tiene  ùna  papera  6  coto, 
con  la  que  produce  un  ruido  parecido  al  del  trapiche  cuando 
muele  la  cafia,  por  lo  cual  en  algunas  partes  se  le  llama  «  mono 
trapichero  ».  De  madrugada  y  â  la  puesta  del  sol,  canta  la  tropa 
de  los  maneches,  produciendo  un  ruido  largo  y  sostenido  como 
el  de  un  ganado  de  vacas.  Su  came  es  comestible  y  hasta  puedo 
anadir  que  excelente,  cuando  se  ha  perdido  la  aprensiôn.  Guara- 
yos  y  chiriguanos  lo  llaman  carayà. 

Manene.  Pantano  movedizo  en  piano  désignai. 

Mangaba.  Gomero  poco  corpulento,  cuando  mds  de  cinco 
métros,  propio  dé  terreno  de  altura  en  pampa,  â  diferencia  del 
peloto,  su  congénère,  que  es  de  curiches  y  rios.  Abunda  en  los 
llanos  de  Chiquitos  y  produce  ademds  de  una  poma  agridulce,  la 
résina  de  que  hacen  pelotas  los  indios  para  el  huitorô.  Véase 

HUITORÔ. 

Manganeta.  Manganilla.  Juego  de  manos. 

MangangA.  Nombre  guarani  de  la  abeja  cîmarrona,  de  gran 


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410  CIRO   BAYO 


tamano.  Hay  muchas  variedades  que  se  distinguer!  por  el  color, 
por  la  forma  de  las  colmenas  6  tapas  y  hasta  por  la  intensidad 
de  sus  picaduras.  Véase  Peto. 

Los  mangangases  :  los  patacones  ;  la  plata. 

Mangue  (JMangifera  indica.  L.).  Ârbol  frutal  del  Âfrica  acli- 
matado  en  los  paises  cdlidos  de  America.  El  mango,  su  fruto,  es 
exquîsito  como  el  de  la  papaya,  y  para  mâs  golosina,  se  corne 
con  aziicar  6  sal.  Su  almendra  6  simiente  es  rica  en  âcido  gâllico. 
Prodiicese  muy  bien  en  las  chacras  y  en  los  chacos  de  Mojos  y 
del  Béni. 

Mango.  El  fruto  del  mangle. 

Mangôn.  Cerco  6  campo  cerrado  para  cierre  de  ganado. 

Mangorrera.  Cuchillo  entre  punal  y  machete.  «  Empriéstame 
la  mangorrera  para  picar  el  naco  »  (Acevedo  Dlaz). 

Mangrullo.  Palo  alto  â  modo  de  cucana,  al  que  se  encara- 
man  los  bomberos  para  vigilar  el  campo  raso  (véase  Bombero). 
El  mangrullero  6  bombero  es  el  espia  de  avanzada  del  ejército  argen- 
tino,  6  el  aulaya  de  los  fortines  del  desierto  cuando  se  vigilaba 
la  invasion  de  los  malones. 

ManI.  En  Mexico  y  en  Espana  :  cacahuète.  Mandûbi  en  gua- 
rani {Arachis  hipogea).  El  nombre  de  mani  corresponde  mejor  i 
la  principal  utilidad  que  reporta.  En  hebreo  significa  aceite  (valle  de 
Gethsemani  à  del  aceite)  y  sabido  es  que  de  él  se  saca  un  rico  ôleo, 
que  en  el  Oriente  boliviano  es  en  tanta  cantidad  que  de  una 
arroba  de  manî  suelen  sacarse  seis  y  ocho  libras  de  aceite,  tos- 
tando  el  fruto,  machacàndolo  hasta  reducirlo  à  pasta  y  sumién- 
dolo  en  una  caldera  de  agua  hirviendo  de  la  que,  con  una  cuchara, 
se  saca  el  aceite  de  la  superficie.  Del  manî,  se  hace,  ademâs,  una 
chicha  muy  sabrosa. 

Mano  de  charla.  «  Echaremos  una  mano  de  charla.  »  Expre- 
siôn  que  significa  el  tiroteo  de  palabras  que  se  hace  al  tiempo 
que  se  estrecha  la  mano  de  otro. 

Manolear.  Provocar,  desafiar. 

Manso  de  abajo  (Potro).  Que  aguanta  la  cincha  y  puede  ser- 
vir como  animal  de  tiro,  pero  no  de  silla. 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  4II 

Mantas.  Voz  minera.  Manchas  argentiferas  extendidas  y 
grandes,  pero  delgadas  y  de  poco  grosor. 

Manu.  Voz  tacana  :  rio.  Manutata,  padre  de  los  nos  (el 
Madré  de  Dios);  Manuripe  (rio  chico);  Tahuamanu  (rio  de  los 
ambaibos) ,  Dati  Manu  (de  las  tortugas),  actual  rio  Ortôn,  etc. 

Manzanillo  6  manzanilla  {Hippomane  mancenilla.  L.)  ;  Eufor- 
bidceas.  Ârbol  alto  y  venenoso  desde  la  raiz  hasta  el  fruto.  Aun- 
que  es  proverbial  que  la  sombra  del  manzanillo  es  funesta,  el 
naturalista  Jacquin  asegura  que  echô  una  siestecita  de  très  horas 
i  la  sombra  de  este  irbol,  sin  la  menor  novedad.  Sus  frutos  son 
parecidos  à  una  manzana  pequena  y  de  acciôn  irritante  local. 
Abunda  en  el  Béni  y  en  toda  la  région  amazônica. 

Mananear.  Madrugar. 

Mapajo  6  mapoco.  Especie  de  algodonero.  Ârbol  indîgena, 
muy  alto  y  de  copa  umbelada,  que  produce  capullos  de 
algodôn,  color  aperlado,  mâs  suaves  que  el  mismo  algodôn,  pero 
menos  abundantes.  Estos  capullos  se  ensanchan  al  sol  y  se  con- 
traen  â  la  sombra,  y  de  ellos  se  sirven  los  indios  para  hilar  hama- 
cas,  frazadas  y  demis  artefactos. 

Mara  (JSivistenia  Mahagont),  Voz  guarani  :  maray  ârbol.  Espe- 
cie de  cedro,  semejante  al  cinamomo  y  de  madera  preferida  para 
construcciones  navales  en  los  rîos  del  Oriente. 

Maragato.  El  natural  de  la  provincia  de  San  José,  en  la  Repù- 
blica  Oriental. 

Maraya.  El  chufio  de  banana  6  de  mandioca  que  antes  de 
secarse  del  todo,  adquiere  un  mugre  particular  del  que  gustan 
algunos  criollos,  como  ciertos  aficionados  del  queso  agusanado. 
—  El  chuno  de  pldtano,  completamente  seco,  llâmase  chila. 

Marayahù.  Voz  guarani  (JBactris  maraya,  Jacquin).  Palmera 
de  unos  cuatro  métros  de  altura,  tronco  espinoso  y  un  racimo  de 
cocos  pequenos,  del  tamaiio  y  configuraciôn  de  las  bellotas.  Las 
hojas  son  muy  hendidas,  flexibles  y  ramificadas.  El  nombre  cien- 
tifico  de  bactris  6  bastôn,  dériva  del  uso  que  en  ebanisteria  se  da 
al  tallo  de  esta  palmera. 


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412  CIRO   BAYO 


MaraynintIn.  Las  dos  piedras  juntas,  morocco  y  maran,  con  que 
se  muele  el  aji. 

Marca.  Voz  aimarâ  :  comarca  6  région.  De  ahl  derivan  por- 
ciôn  de  nombres  de  pueblos,  tatnbos  y  haciendas.  —  Catamarcay 
Calamarca,  pais  pedregoso;  Machacamarcay  pais  nuevo;  Anco- 
marca,  Cochimarca,  Cajamarca,  etc. 

Marco.  Medida  de  peso  équivalente  a  ocho  onzas,  muy  usada 
en  mineria  para  apreciar  la  ley  de  la  plata.  —  Molde  de  cera. 

Marchamo.  Impuesto  que  se  cobra  por  cada  res  que  se  sacri- 
fica  en  los  camales  6  mataderos  pùblicos. 

Marchanta  (Â  la),  6  A  la  marchancha  :  i  la  arrebatiiîa.  Chis- 
chisco  en  Santa  Cruz. 

Marchante.  Oliente,  parroquiano. 

Marchar.  Hacer  aprisa  algo;  activar  una  faena.  «  Marcha  un 
bife  »  se  oye  en  los  restaurantes  rio-platenses. 

Marchero  (Caballo).  El  que  va  ensillado  cuando  se  Ueva  i 
otro  animal  de  tiro. 

Marea.  Creciente  en  sentido  inverso  i  la  corriente  del  rlo, 
causada  por  el  empuje  de  los  vientos  en  el  Rio  de  la  Plata.  — 
Maresia  (voz  portuguesa)  en  el  Béni. 

Maria  (Arbol  6  Palo).  Véase  Palo. 

Marico.  Mochila  que  à  favor  de  una  cinta  que  se  sujeta  en  la 
frente,  apôyase  en  la  espalda. 

Marigûi.  Trompideo  simulia.  Algo  mds  grande  que  el  jejen, 
verdadero  verdugo  de  los  que  navegan  los  rios  que  cruzan  las 
florestas  del  Oriente. 

Marimono  {Attelés  Panissus).  Una  de  las  especies  mayores  de 
cuadrumanos  de  America.  Su  came  es  comestible  como  la  del 
inaneche. 

Maripi.  Mate  pequeno  para  escanciar  la  chicha  de  los  cinta- 
ros  d  los  vasos,  6  bien  para  medir  granos. 

Maripero.  El  Ganimedes  6  escanciador  de  Reyes  (Mojos)  que 
maneja  el  maripi. 

Marlo.  Mazorca  de  maiz  desgranada.  Sirve  de  combustible, 
como  en  Castilla  el  «  garuUo  ».  Coronta  en  quichua. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  413 

Maroma.  Cable  de  acero  con  una  roldana  de  la  que  se  tira  con 
una  cuerda  desde  la  orilla,  haciendo  deslizar  una  red  en  la  que 
estân  metidas  personas  y  carga,  que  juntas  atraviesan  los  torrentes 
y  riachuelos  de  Yungas. 

NÎARauETA.  Chaacaca  de  la  que  se  destila  un  alcohol.  La 
cera  ya  elaborada  y  puesta  en  marcos  6  moldes,  la  que  seca  y 
forrada  en  odres,  se  destina  a  la  exportaciôn.  La  marqueta  chi- 
quitana  pesa  cinco  arrobas,  y  dos  marquetas  componen  la  carga 
de  una  mu  la,  6  sea  diez  arrobas. 

Marras  (Hacer).  Hacer  tiempo  que  ocurriô  algûn  suceso. 
Tal  dla  hizo  un  aiio.  Asî  :  «  Hace  marras  que  no  he  visto  a  Don 
Fulano.  »  He  oido  decir  que  tal  expresiôn  dériva  de  hace  cl  tiempo 
de  Gamarray  personaje  politico  del  Perù  que  di6  mucho  que  hacer 
a  Bolivia,  hasta  que  victima  de  su  ambiciôn,  muriô  en  Ingavi 
(1845).  Lo  cierto  es  que  en  Bolivia  se  dijo  y  hay  quien  dice 
todavia  :  sombrero  de  Gamarra  ;  leva  de  Gamarra,  etc.,  para 
denotarla  vejez  de  una  prenda. 

Martineta.  Perdiz  de  las  pampas.  Macuco  en  Santa  Cruz 
(JTinamus  variegatus). 

Marucha.  La  carne  sobre  la  paleta  de  la  res  que  se  da  a  los 
matanceros  por  su  trabajo. 

Marucho.  Zagalôn  que  ya  al  frente  de  una  vacada,  soplando 
un  cuerno,  de  cuando  en  cuando,  para  que  las  reses  que  se  apar- 
tan  del  camino,  internândose  en  la  umbria,  vuelvan  a  reunirse 
a  la  tropa. 

Masaco.  Amasijo  de  plâtano  asado,  molido  en  mortero  con 
queso  6  picadillo  de  carne. 

Masapùri.  Plâtano  maduro  sancochado  y  estrujado,  con  lo 
que  résulta  un  fresco  agradable  entre  los  crucenos. 

Masarandûba  (Mimosop  excelsa.  Freire  Allemâo).  Sapotaceas. 
Da  un  jugo  semejante  a  la  gutapercha  que  mana  de  otro  ârbol 
originario  de  la  India  y  Oceania. 

Mascabado  (Azùcar).  Azùcar  que  en  estado  de  miel  cristali- 
zada  se  deposita  en  grandes  pipas  puestas  â  escurrir,  sin  emplear 


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414  CIRO   BAYO 


medios  colorantes.  Los  panes  de  aziicar  medio  descoloridos  cons- 
tituyen  el  azùcar  quebrado  6  terciado. 

Masi.  Especie  de  ardilla,  trepadora  de  palmeras. 

Masita.  Pasta  dulce  de  harina,  como  bizcocho,  panatela,  etc. 
«  Para  masitas  »,  piden  los  niiios  criollos,  como  para  galletitas 
los  peninsulares. 

Mataco.  Especie  de  talù  6  armadillo. 

Matacos.  Indios  semi-salvajes  del  Gran  Chaco  que  componen 
actualmente  una  tribu  numerosa. 

MatachIn.  Torero  de  invierno  ù  hombre  alquilado  para  pro- 
vocar  el  toro  cuando  en  las  capeas  no  hay  aficionados  que  lo 
hagan. 

Matadero.  Cuarto  de  soltero  donde  los  jôvenes  corren  juer- 
gas  y  matan  honras. 

Matado  (Caballo).  De  mala  fâcha  y  con  mataduras. 

Matambre.  El  «  badal  »  de  Aragon  6  carne  valiente  del  cos- 
tillar,  gorda  y  apetitosa,  que  en  realidad  es  un  mata-hambre,  no 
s61o  por  lo  substanciosa,  sino  porque  es  lo  primero  que  se  corta 
de  la  res. 

Matancero.  Matarife  6  carnicero.  Mana:(o  en  quichua.  Mana- 
ceria,  carniceria. 

Mataserrano.  Pepino  6  cohombro. 

Matato.  Mate  con  pico,  que  sirve  de  tazôn  para  sacar  el  caldo, 
6  bien  la  chicha  en  los  menajes  pobres.  Corresponde  al  maripi  de 
Mojos. 

Matatudo.  Animal  de  hocico  largo,  6  geta  como  la  del  jabali  ; 
asi  como  currutaco  al  de  hocico  romo.  Conforme  â  esto,  se  dice  : 
chancho  matatudo,  chancho  currutaco. 

Mate.  Véase  Yerba  Mate.  Fruta  del  «  Palo  de  poros  »  y  de 
la  calabaza  vinatera  (Cucurbita  Lagenària.  L.),  que  tiene  varios 
nombres  segùn  su  forma  y  tamano.  Asi  :  mate  churuno,  calabaza 
de  los  peregrinos  ;  poro,  largo  y  sin  pico  ;  galletâ,  mate  oblongo, 
como  lo  indica  el  nombre  ;  porm,  mate  con  «  porrita  »  ô  pico  6 
mzngo  ;  paraguayo,  en  forma  de  8. 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  415 

Refrân  :  como  los  mates  sirvo  si  me  abren  el  pico.  Véase  Refranes 
yModismos. 

Mateo  (Don).  «  i  Dônde  esta  don  Mateo  ?  »  preguntan  los 
gauchos  cuando  el  mate  no  circula,  6  no  ce  màteà,  en  fiestas  y 
reuniones. 

Matete.  Disputa,  reyerta.  —  Fango  menudo.  —  Especie  de 
engrudo. 

MathuAsi.  Galpôn  ventilado  y  seco  paradepositar  la  coca. 

Matiaguaso.  El  pendejo. 

Matico.  Tordo  del  Oriente,  de  cuerpo  anaranjado,  cola  negra 
y  alas  coloradas.  Ave  muy  canora  y  domesticable,  y  tan  peleadora 
que  pelea  como  los  gallos  hasta  morir  6  matar  â  su  rival.  Ârbol 
{Piper  àngustifolium,  Ruizy  Pavôn).  Especie  de  pimentero  ame- 
ricano,  peculiar  al  Perù  y  Bolivia.  Sus  hojas  astringentes  cierran  las 
heridasy  cortan  la  gangrena.  La  infusion  de  las  mismas  empléase 
contra  la  diarrea,  disenteria  y  sobre  todo  contra  la  blenorragia. 
—  Ambaibillo  y  Moco-moco,  en  tacana. 

Matrero.  «  Sepan  voacedes  que  cuatrero  es  ladrôn  de  bestias  » 
(Jiinconete  y  Cortadillo). 

Matucho.  Nombre  que  como  el  de  godos,  chapetones,  gachu- 
pines,  gallegos,  etc.,  regalaron  los  patriotas  sud-americanos  â  los 
peninsulares. 

Matufia.  En  lunfardo  argentino  :  grilla  6  engaiio. 

Mayô  6  mayu.  Rio  en  quichua.  ChinumàyOy  rio  pequeno; 
CachimayOy  rio  de  la  sal  ;  Aritumayo,  rio  del  anillo;  Amarumayo, 
rio  de  la  serpiente  (el  Manutata  6  Madré  de  Dios);  PilcomayOy 
Chicha-PilconuiyOy  etc. 

Mazamorra.  Maiz  pisado  en  mortero  y  luego  hervido  en  agua 
6  en  lèche  con  azûcar.  Es  uno  de  los  alimentos  mâs  generali- 
zados  en  America.  Api  en  quichua.  «  La  mazamorra  espesa  para 
la  mesa;  la  cocida  para  la  mesa  tendida.  » 

—  Avenida  de  barro  vais  6  menos  compacto,  cuyo  impetu  y 
acciôn  se  asemeja  al  de  los  aludes  de  nieve.  Se  forma  en  los 
origenes  6  nacientes  de  las  quebradas,  barrancos  y   torrentes 


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41 6  CIRO   BAYO 


afluentes  de  algunos  rios,  y  sobre  todo  en  los  lugares  elevados 
de  los  Andes  cuyos  lagos  y  lagunas  dominan  las  hoyas  hidro- 
grâficas,  las  cuales  estân  formadas  de  terrenos  aluviales  de  acarreo 
y  de  pocaconsistencia,  cimentadas  a  su  vez  en  terrenos  perméables 
en  déclive,  de  arcilla,  salitre  li  otras  sales  delicuescentes.  Las 
aguas,  al  filtrarse,  penetran  fâcilmente  en  los  terrenos  sueltos,  y 
al  Uegar  â  la  capa  subyacente  imperméable,  se  detiene,  operân- 
dose  progresivamente  la  disgregaciôn  y  formàciôn  del  barro,  el 
cual  en  contacto  con  el  lecho,  destruye  la  cohésion  primitiva, 
por  lo  que  este  va  desmoronândose  y  desplazando  siguiendo  un 
piano  de  resbalamientogeneralmenteal  «  thalweg  »  de  laquebrada. 
El  movimiento,  al  principio  lento,  se  convierte  luego  en  râpido, 
rotatorio  y  de  impulsion  merced  â  la  cantidad  de  masa  acumulada 
y  â  la  fuerza  mecanica  que  desarrolla  el  agua  al  través  de  las 
tierras  remojadas  y  al  estallido  del  gas  hidrôgeno  protocarburado 
aprisionado  en  las  cavidades  internas,  con  temblor  y  ruido  pare- 
cidos  al  delterremoto.  Al  producirse  la  ma:(amorra^  si  el  terreno 
ofrece  poca  resistencia,  es  desprendido  y  arrastrado  por  la  avenida, 
arrasando  ârboles,  piedras,  edificios,  etc.  Al  Uegar  al  thalweg  y  6 
bien  se  esparce  por  los  llanos  ô  bien  detiene  el  curso  del  rio  for- 
mando  una  barrera  que  obstruye  su  curso  hasta  que  acumulândose 
el  agua,  rompe  el  diqueproduciendo  desbordes  éinundaciones fan- 
gosas.  Se  ha  calculado  en  116.632  kilogramos  la  impulsion  de 
:un  métro  cùbico  de  ma:(jmorra  desde  160  métros  de  altura.  Las 
llanuras  y  desembocaduras  donde  se  ha  depositado  la  capa  de  la 
tna^amorra  presentan  plaças  escamosas  de  arcilla  endurecida, 
sobre  un  subsuelo  todavia  hiimedo,  asi  que  el  paso  por  estos 
terrenos  es  sumamente  peligroso.  En  cambio,  como  constituyen 
tierras  casi  homogéneas,  son  utiles  para  la  agricultura,  mejorân- 
dolas  con  abonos  y  cultivos  sucesivos.  Esta  modificaciôn  geolô- 
gica  que  constituye  un  fenômeno  muy  comiin  en  Bolivia, 
cesara  indudablemente  una  vez  que  los  terrenos  por  donde  se 
infiltran  las  aguas  se  hayan  nivelado  en  las  partes  bajas,  formando 
una  superficie  dificilmente  disgregable. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  417 

Mazorca.  La  espiga  de  malz,  como  en  la  Peninsula,  y  por 
extension  toda  clase  de  fnitos  como  el  cacao  cuyos  granos  estan 
apretados  ;  al  modo  que  quiso  dar  a  entender  Sancho  Panza, 
cuando  Uamaba  tna:^orca  de  perlas  a  Dulcinea  y  sus  doncellas,  en 
la  aventura  de  Toboso. 

La  Mazorca  de  Rosas.  Tribunal  secreto  encargado  de  las  ejecu- 
-ciones  decretadas  por  el  dictador  6  sus  lugartenientes.  Ma:(prqueroSj 
los  esbirros. 

Mecha-canalla.  Hijo  de  clérigo  pobre.  Véase  Candelero.  — 
Blandôn  :  el  hijo  de  canônigo.  Es  decir  que  segùn  la  alcurnia  del 
nacido  se  le  aplica  la  nomenclatura  cerera  que  por  clasificaciôn 
le  corresponde. 

Media  arroba  (Llevar  la).  Llevar  ventaja.  Expresiôn  tomada 
de  las  carreras  de  caballos. 

Medidor.  Especie  de  lepidôptero  geômetra  ;  gusano  as!  11a- 
mado  porque  en  las  contracciones  que  hace  al  arrastrarse  por  el 
suelo  6  en  una  rama,  parece  que  los  esta  midiendo. 

Megaterio.  Animal  antediluviano  cuyo  esqueleto  fué  hallado 
por  primera  vez  en  un  lecho  de  arcilla  entre  la  villa  de  Lujân  y 
el  Rio  Parand,  en  la  Provincia  de  Buenos  Aires,  y  depositado  en 
el  Museo  de  Madrid,  en  1789,  después  de  haber  sido  armado  y 
descrito  por  Don  José  Garriga,  de  cuyas  observaciones  se  valiô 
el  sabio  Cuvier  para  clasificarlo.  Parece  ser  que  los  restos  del 
megaterio  son  peculiares  â  las  provincias  del  Plata,  pues  en  ellos 
se  han  hallado  los  linicos  ejemplares  que  conoce  el  mundo  cien- 
tifico  :  el  ejemplar  ya  citado  de  Madrid  y  el  otro  de  Londres 
remitido  en  1832  por  el  ministro  britanico  en  Buenos  Aires, 
hallado  también  en  el  Rio  Saladillo,  â  pocas  léguas  de  la  capital. 

Melero  (Oso).  Viverra  melivora.  Ni  es  oso,  ni  gato  melero 
como  le  Uamaron  los  espanoles.  Es  del  tamano  de  un  perro, 
cara  de  mono  y  de  muy  poco  pelo.  Gran  aficionado  â  la  miel, 
arranca  el  panai  â  zarpadas,  resguarddndose  de  las  picaduras  de 
lasabejasuntândose  con  miel  y  cera  en  cuya  viscosidad  se  adhie- 
re  la  chamarasca  del  monte  haciéndole  invulnérable  contra  sus 

Ri%me  hispaniqm.  xjv.  27 


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4l8  CIRO   BAYO 


enemigas.  Como  el  oso  hormiguero  (véase  Tamandùa),  terne 
al  hombre  y  huye  encaramândose  à  los  ârboles. 

Melgarejo  ô  tostôn.  Moneda  acunada  en  Bolivia  después  de 
la  batalla  de  la  Canteria,  en  pùblico  testimonio  de  gratitud  â  su 
Excelencia  el  gênerai  Mariano  Melgarejo.  En  el  anverso  tiene 
grabadas  las  efigies  del  dictador  y  de  su  secretârio  de  Estado, 
Mariano  Donato  Munoz,  con  el  lema  «  Al  Valor  y  al  Talento  ». 
Por  orden  del  12  de  noviembre  de  1868  se  mandé  que  éipeso 
melgarejo  circulase  por  seis  reaies,  aunque  no  ténia  mâs  valor  que 
cinco,  para  subsanar,  segùn  el  gobierno,  los  danos  causados  â  su 
crédito  y  â  las  transacciones  del  pais.  Todavia  por  otro  decreto  se 
ordenô  larecogidade  los  «Melgarejos  »  para  darlesel  nue vo  valor 
de  ocho  reaies.  En  el  dîa,  es  moneda  feble  que  vale  très  reaies, 
subdividida  en  dos  melgarejos  de  â  real  y  medio  cada  uno. 

Melgarejada.  Pronunciamiento  ;  cuartelada,  en  lo  que  era 
practico  D.  Mariano,  Uno  de  cuyos  actos  diô  origen  al  refrân  : 
<c  Hombre  cobarde  no  eatra  en  palacio.  »  Véase  Refranes  y 
Modismos. 

Menas  (De  todas).  Clases  6  especies. 

Menta  (De).  Ser  de  fama  6  nombradia.  Mentado. 

Meridiano.  Como  primer  Meridiano  6  Meridiano  especial 
senalado  para  servir  de  punto  de  comparaciôn  y  determinar  la 
longitud,  los  argentinos  se  sirven  del  que  pasa  por  Côrdoba;  en 
cuya  ciudad  hay  un  observatorio  astronômico.  Los  bolivianos  se 
rigen  por  el  meridiano  de  Paris.  —  Meridiano  de  Deniarcaciôn 
era  el  que  servla  de  limite  entre  las  colonias  portuguesas  y 
espaiiolas. 

Meridiem  (Ante  y  Post).  Antesy  después  del  mediodia.  For- 
mula adoptada  por  la  culti-parla  criolla  y  asi  las  9  a.  m.  6  las  9 
p.  m.  segùn  sea  lâs  nueve  de  la  maiiana  6  de  la  noche. 

Merienda.  La  comida  que  se  hace  â  la  francesa,  ô  â  la  caida 
de  la  tarde. 

Mesôn  de  fierro.  En  el  corazôn  del  Chaco,  en  el  camino 
que  recorren  los  féroces  indios  tobas  en  sus  excursiones  à  la 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  419 

Argenrina,  hâllase  en  un  lugar  llamado  «  Otumpa  »  un  gran 
mesôn  ;  masa  grande  de  minerai  parecido  al  hierro,  que  se  supone 
ser  un  aerolito  6  «  piedra  del  cielo  ».  En  la  «  Relaciôn  de  la 
Provincia  de  Tucumân  »  que  al  Licenciado  Cepeda,  présidente  de 
la  Audiencia  de  La  Plata  por  los  anos  de  1583,  diô  Pedro  Sotelo 
Narvaez,  se  alude  a  este  aerolito  en  este  pasaje  :  «  En  este 
para  je  (el  Gran  Chaco)  se  ha  hallado  un  pedazo  de  hierro  como 
un  cerro  pequeno  y  del  cual  se  ha  hallado  algùn  grano  rodado 
y  es  muy  amoroso  de  labrar.  »  En  el  siglo  xviii  se  hicieron 
varias  excursiones  para  dar  con  él,  pero  luego  se  perdiô  el  rastro. 
El  gênerai  argentinoTaboada  lo  encontre  en  una  de  sus  expe- 
diciones,  pero  como  no  supo  fijar  el  sitio  astronômico,  no  volviô  6 
dar  con  él  â  la  vuelta.  Este  bloque  es  tanto  mâs  notable,  cuanto 
que  no  se  tiene  noticia  de  que  exista  en  el  mundo  otro  mejor, 
sino  es  el  que  hay  en  Rusia,  del  cual  se  regalaron,  como 
cosa  de  mucho  mérito,  un  par  de  pistolas  â  Napoléon  1°.  Del 
métal  de  Otumpa  hay  también  dos  pistolas  sobre  la  mesa  de  la 
secretaria  del  Gobierno  de  Washington.  Dicese  que  el  gobierno 
de  la  provincia  de  Santiago  del  Estero  tiene  establecido  un  buen 
premio  en  metâlico  al  primero  que  dé  noticia  précisa  del  sitio 
donde  se  halla  el  tnesôn  de  fierro. 

Mesopotamia  Argentina.  Expresiôn  de  Martin  de  Moussy  que 
ha  tenido  mucha  resonancia.  Comprende  el  Delta  del  Paranâ, 
también  llamado  el  Tempe  argentine  por  el  escritor  Marcos 
Sastre. 

Mestizo  ô  Cholo.  Hijo  de  europeo  é  india.  En  tiempo  de  la 
dominaciôn  espaiiola  los  mestizos  formaban  la  tercera  clase,  des- 
pués  de  los  peninsulares  y  criollos.  Tras  los  mestizos  seguian  los 
negros  africanos.  Los  indios  formaban  clase  separada. 

Metapaso.  Juego  infantil  :  el  salto  del  carnero.  Sarataca  en  los 
departamentos  quichuas. 

MEzauiNAR.  Rehuir,  evitar  6  negar  alguna  cosa.  Vg.  :  «  Le  pedi 
pan  y  me  lo  me^quinô,  »  —  «  Quise  hablarle  y  se  me:^quinô 
calle  arriba  »,  etc.  En  Colombia  nie:((iuinar  significa  defender  d 
alguien. 


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420  CIRO   BAYO 


MicQuiPULAzo.  Voz  quichua.  El  golpe  que  con  las  manos 
juntas  y  ahuecadas,  se  da  en  la  cabeza  de  otro. 

MicuRÉ.  Carachupa  en  Santa  Cniz.  Véase  Sariga. 

Miche.  Oveja  desorejada,  en  seiial  de  marca. 

MiLAGROSA  (Cruz).  La  de  madera  que,  con  una  hucha  6  cepillo 
de  animas,  hay  en  los  caminos  del  norte  de  la  Argentina  para 
que  los  viajeros  echen  algiin  dinerillo,  que,  recogido  por  los 
campesinos  del  pago,  sirve  para  sufragio  de  los  fallecidos  en  el 
trânsiio  y  para  recomendaciôn  del  viajero,  constituyendo  dos 
vêlas  encendidas  tan  piadosa  ofrenda. 

Miuco.  El  soldado  del  ejército  de  linea. 

MiLONGUERO.  Tipo  popular  de  las  Repûblicas  del  Plata  y  que 
no  se  debe  confundir  con  el  Payador  (véase  Payador).  El 
milonguero  en  sus  milongas  6  canciones  abarca  mas  dilatados 
horizontes  que  el  payador,  improvisando  al  compas  de  su  guitarra 
desde  la  entusiasta  canciôn  patriôtica  hasta  el  sentimental  triste. 
El  segundo  cultiva  un  género  especial,  eminentemente  acentuado 
y  con  un  sabor  orillero  que  encanta  al  gauchaje.  Al  milonguero 
s61o  se  le  encuentra  en  los  centros  de  poblaciôn.  Los  parajes 
donde  se  exhibe  son  los  cafetines  de  los  suburbios,  casas  de 
baile  y  de  juego  donde  se  reunen  los  compadritos.  Pocos  ejem- 
plares  de  legitimos  milongueros  se  encuentran  ya.  La  mayoria 
de  los  que  as!  se  titulan  no  son  mas  que  imitadores  rutinarios 
6  que  cantan  lo  aprendido  de  memoria,  careciendo  de  aquella 
improvisaciôn  descuidada  de  los  primitivos,  pero  las  mas  de  las 
veces,  orginal  y  graciosa.  Varias  clasificaciones  pueden  hacerse  de 
las  milongas  y  pero  las  mas  générales  y  aceptadas  son  las  criollasy  por 
la  entonaciôn  especial  del  canto  y  el  caracteristico  acompana- 
miento  de  los  bordones. 

MiLLO.  Alumbre  desmenuzable. 

Mina.  Barragana,  companera.  Esta  clase  de  minas  es  abundan- 
tisima  en  la  campana  americana. 

MiNGA  (La).  Voz  quichua,  minccani  :  alquilar  por  la  comida 
y  la  bebida.  —  Réunion  de  personas  para  el  convite  6  agasajo 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  42 1 

que  les  da  el  dueno  de  una  finca  6  explotaciôn  agricola,  antes  de 
empezar  la  faena. 

MiNANGO.  Pedazo  6  porciôn  pequena  de  una  cosa.  Asi  :  «  un 
mihango  de  carne  »,  por  una  tajada. 

MiNARDiz.  Asi  llaman  en  el  comercio  d  los  alamares  6  brande- 
bourgs. 

MiauiLo.  Nutria. 

MiRASOL.  Especie  de  garza  rabona,  alba  y  de  plumaje  estima- 
disimo,  singularmente  el  de  la  rabadilla  que  llega  a  pagarse  â 
cien  nacionales  el  kilo  por  los  proveedores  de  Buenos  Aires. 
Dériva  el  nombre  del  ave,  de  estarse  â  orillas  de  las  aguadas  con 
el  pico  levantado  mirando  al  sol.  Abundantisima  en  las  lagunas 
de  Mojos. 

MisiA.  Senora.  Tratamiento  cariiioso  que  â  las  senoras  maduras 
se  da  en  el  campo  y  aun  en  las  ciudades.  —  Misia  en  Bolivia.  Las 
ancianas  aristocrâticas  de  Galicia,  â  principios  del  siglo  xix  se 
daban  el  tratamiento  inglés  de  misias  (misiress)  en  recuerdo  del 
hermoso  Lord  Wellington. 

En  los  clâsicos  se  lee  misa.  Asi  : 

Yo  vengo  con  esas  galas 
que  envia  el  futuro  esposo 
à  misa  Juana. 
(Tirso  de  Molina,  La  santa  Juana.  Acto  2»,  escena  segunda.) 

MisiONES.  Territorio  de  la  Argentina,  cuya  capital  es  Posadas. 
Esta  Repiiblica  en  cuya  gobernaciôn  estuvieron  enclavadas  las 
famosas  reducciones  guaraniticas  y  del  Tucumân,  no  conserva 
oficialmente  sino  las  servidas  por  los  padres  Salesianos  en  Tîerra 
de  Fuego  y  Chubut.  En  Bolivia  hay  cuatro  colegios  francîscanos 
de  «  Propaganda  Fide  »  :  en  La  Paz,  Sucre,  Potosi,  Tarija  y 
Tarata. 

Miso  (Andar).  Tal  vez  de  :  andar  remiso.  Entre  el  gauchaje  es 
sinônimo  de  estar  pobre  6  andar  sin  un  centavo. 

MiSTOL  6  quitachihù.  Azufaifo  peruano  (  Zi^^phus  Peruviana. 


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422  CIRO   BAYO 


Lamarck).  Frutilla  que  sirve  en  Santiago  del  Estero  para  hacer  el 
dulce  patay. 

Mita.  La  cosecha  de  la  coca.  Véase  Mitayos. 

MiTAYOS.  Voz  quichua  :  de  mitta,  tanda,  vez  de  tiempo  ;  asi 
mitayo  vale  tanto  como  el  que  trabaja  por  turno.  Mita  de  agua, 
el  turno  de  riego  en  una  finca.  Los  antiguos  mitayos  trabajaban 
en  las  minas  cumpliendo  la  mita  à  contribuciôn  personal  que 
por  turno  servian.  Estaba  arreglada  à  arancel,  pues  el  jornal  se 
tasaba  en  cuatro  reaies,  aunque  habia  minas  como  las  de  Potosi 
en  que  ganaban  un  peso.  La  mita  duraba  seis  meses.  Finido  este 
término  volvian  â  su  pueblo  los  mitayos  â  cultivar  los  campos, 
no  tocândoles  el  turno  en  dos  6  très  meses  mds,  segûn  era  mâs 
6  menos  crecido  el  vecindario  de  los  pueblos.  La  mita  era  institu- 
ciôn  incâsica  que  conservaron  los  espanoles,  y  si  bien  es  indu- 
dable  que  estos  explotaron  el  trabajo  de  los  indigenas,  no  hay  que 
Uegar  al  extremo  de  suponer  que  ella  fuese  la  causa  de  la  extin- 
ciôn  de  la  raza  india  ;  pues  segùn  el  testimonio  de  Ulloa  {Nolicias 
americanas),  los  mitayos  se  convidaban  â  doblar  su  trabajo  para 
ganar  mâs,  y  aun  se  quedaban  voluntariamente  después  de  con- 
cluido  el  tiempo  preciso  de  la  mita. 

Por  lo  demâs,  los  mineros  espanoles  hicieron  en  su  tiempo  lo 
que  los  mineros  criollos  contemporâneos  :  explotar  las  minas 
con  el  trabajo  de  los  indigenas.  La  aristocracia  boliviana  y  chilena 
viven  de  las  rentas  que  les  proporciona  ya  el  indio  quichua,  ya 
el  obrero  chileno,  casi  tan  mal  retribuidos  como  los  antiguos 
mitayos,  si  es  que  no  lo  estin  peor,  pues  el  indio  moderno  tiene 
vicios  que  sus  antepasados  desconocian. 

MizauE.  Dulce,  en  quichua  ;  de  donde  Altamisque  6  colmena. 
—  Nombre  de  una  ciudad  de  bastante  importancia  en  los  prime- 
ros  tiempos  de  la  conquista,  y  que  venido  â  menos  es  hoy 
poblaciôn  secundaria,  capital  de  la  provincia  del  mismo  nombre 
en  el  departamento  boliviano  de  Cochabamba.  Â  quince  léguas 
al  nordeste  de  la  actual  Mizque,  en  el  risueno  valle  de  Pocona, 
fué  donde  estuvo  situada  la  primera  Mizque,  que  con  Machaca- 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  423 

marca  y  Comarapa,  pueblos  de  mineros,  sufragaban  el  impuesto 
Uamado  del  capin  à  chapin  de  la  Reina^  para  los  gastos  del  cal- 
zado  de  esta  senora.  A  este  impuesto  alude  Don  Quijote  cuando 
se  déjà  decir  :  «  i  Que  caballero  andante  pagô  pecho,  alcabala, 
chapin  de  la  reituiy  moneda  forera,  portazgo,  ni  barca  ?  »  (Parte 
I*,  capitulo  46). 

MococoA  (Estar  de).  Estar  con  la  luna  ;  con  esplin. 

MocHEO.  Color  entre  amarillo  y  verde,  caracteristico  de  las 
materias  orgânicas  en  descomposiciôn.  «  Color  mocheo  »,  color 
cadavérico,  de  ictericia. 

MocHERÙ.  Planta  ô  animal  estéril. 

MoGOLLAR.  Trampear  ;  andar  con  camândulas. 

MoGUiLLO.  Cacha  ô  cachera.  Espolôn  hecho  de  espina  de 
cebil  que  se  enguanta  al  natural  del  gallo  de  pelea. 

MoHiNO  ô  mojino.  Animal  de  color  chocolaté  con  el  hocico 
negro.  Asi  :  macho  y  mula  mohinos. 

Mojo.  Grasa  que,  cocinada  con  cebolla,  pimientos,  comino, 
y  algunos  tumbitos  de  carne,  viene  a  parecerse  à  la  «  car- 
bonada  ». 

MojÔN.  Pila  de  soretes  à  excrétas  de  cstômago  sano  y  que 
digiere  bien. 

Mojos.  Territorio  comprendido  en  el  actual  Departamento  de 
Béni,  cuya  capital  Trinidad  fué  fundada  por  Gonzalo  Solis  de 
Holguîn,  â  quien  le  fué  dada  la  Provincia  en  encomienda  a  prin^ 
cipios  del  siglo  xvii.  Pocos  anos  después  entrô  el  Padre  Juan 
de  Soto,  al  que  siguieron  otros  padres  jesuitas,  presididos  por  el 
P.  Marbân  (autor  del  «  Arte  de  la  lengua  Moja  »  impreso  en 
Lima  en  1701),  y  fundaron  lasfamosas  «  Reducciones  ». 

Mojos  es  el  pais  de  los  Moxos,  cuya  conquista  emprendiô  el 
inca  Yupanqui,  de  cuyo  paso  se  conservan  vestigios  en  el  pais. 
Mas  tarde  fué  la  région  encantada  que  con  el  nombre  de  «  Gran 
Mojo  »  buscaron  los  aventureros  espaiioles,  algunos  de  los 
cuales  es  creencia  generalizada  hayan  dado  origen  â  varias 
tribus  indigenas  del  Oriente  notables  por  su  semejanza  en  rasgos 


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424  CIRO   BAYO 


y  color  con  el  tipo  caucâsico.  —  Indios  de  Mojos  :  varias  tribus  : 
itunamas,  cayubabaSy  canichanasy  mohimdSy  trinitarios  y  mojos  pro- 
piamente  dichos,  repartidas  en  los  pueblos  de  Magdalena,  San 
Pedro,  Loreto,  San  Javier,  Baures,  San  Ignacio,  Reyes,  San 
Joaquin  y  Exaltaciôn  en  una  superficie  de  13.750  léguas  cua- 
dradas.  Acerca  de  lo  que  fué  y  es  ahora  Mojos,  puede  consultar 
el  lector  la  curiosa  obra  de  René  Moreno  «  Archivos  de  Mojos  y 
Chiquitos  »,  Santiago,  1888. 

MojosEARSE.  Enmohecerse. 

Mojoso(El).  E\  façon  de!  gaucho  casisiempre  mojado  6  tinto 
en  sangre  por  la  carneada  de  animales. 

Molle  (Schinus  Molk),  Falso  pimentero.  Uno  de  los  ârboles 
de  la  America  del  Sur  aclimatado  en  el  litoral  del  Mediterrâneo. 
Es  de  corteza  rugosa  y  agrietada,  tronco  y  ramas  retorcidas,  hojas 
aplumadas  y  racimos  de  flores  blanquecinas  que  preceden  â  unas 
bayas  de  color  de  rosa,  tamanas  como  granos  de  pimienta,  con 
cuyo  sabor  tiene  alguna  semejanza.  Utilizase  su  résina  para  dar 
consistencia  d  las  vêlas  de  sebo.  El  ârbol  es  de  perenne  verdor 
como  casi  todos  los  végétales  resinosos. 

MoLLETE.  Pan  de  municiôn  6  de  miga  de  harina  y  corteza  de 
salvado  ô  afrecho.  Chùmi  en  otras  provincias. 

MoMO.  Arbol  laborable. 

MoNDONGO.  Amasijo  de  afrecho,  maiz  en  grano,  pero  bien 
limpio,  y  miel,  que  se  da  â  los  caballos  de  regalo  para  que  engor- 
den  y  crien  el  pelo  lustroso. 

MoNiGOTE.  Llaman  en  Sucre  al  seminarista  6  colegial  que  signe 
sus  estudios  en  el  Seminario  Conciliar. 

Monte.  Terreno  cubierto  de  vegetaciôn  arborescente.  Es  sin6- 
nimo  de  floresta,  selva,  bosque  y  soto;  con  significaciôn  mâs 
genérica,  abarcando  los  cuatro  significados.  En  Espana  tenemos 
Ingenieros  de  Montes  (monte  tallar  y  monte  alto).  En  la  Pro- 
vincia  de  Buenos  Aires,  pais  de  los  bosques  artificiales,  que  son 
los  verdaderos  montes  en  agricultura,  se  han  aclimatado  perfecta- 
mente  sauces,  duraznos,  eucaliptus,  y  demds  ârboles  que  sombrean 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS  Y   BOLIVIANOS  425 

las  estancias  y  algunos  trechos  de  la  pampa  â  manera  de  islas  de 
arboleda.  Parece  ser  que  un  Senor  Videla  fué  el  primer  estan- 
ciero  que  planté  un  monte  de  diversas  especies  de  ârboles  en  su 
estancia  de  Magdalena,  partido  de  Buenos  Aires  (Semanario  de 
AgricuUura,  Ind.  y  Corn. y  1808,  Buenos  Aires). 

«  Ganarse  al  monte  »,  escapar,  huir  de  la  justicia,  como  hacen 
los  peones  en  el  Oriente,  de  los  cuales  es  este  significativo  refrân  : 
Si  Dios  es  grande^  el  mante  es  mayoTy  à  como  en  el  vecino  Brasil 
dicen  :  «  Se  Deus  é  grande,  o  tnatto  é  maior.  »  Porque  si  Dios 
es  grande  porque  todo  lo  puede,  el  monte  es  mayor  que  â  todos 
cobija,  sustenta  y  esconde. 

Montera.  El  capacete  de  los  indios  é  indias  quichuas  6  som- 
brero caprichoso  de  copa  cônica,  alas  anchas  y  flexibles,  colores 
vivos,  y  recamados  de  lentejuelas  y  filigranas,  que  indudable- 
mente  dériva  del  antiguo  chambergo,  aunque  ahora  tenga  mâs  de 
chinesco  que  de  hispano.  A  este  respecto  he  de  anadir  que  entre 
los  indios  pampas,  llaman  al  sombrero  chamberû,  voz  castellanizada 
de  chambergo,  puesto  que  los  indios  solo  usaban  la  vincha  y  no 
conocian  tal  artefacto.  Sabido  es  que  lafamosa  chamberga  era 
un  sombrero  redondo  y  sin  picos  que  usaba  el  «  Regimiento  de 
la  Reina  »  en  la  menor  edad  de  Carlos  II,  de  donde  le  vino  el 
nombre  de  Regimiento  de  los  «  chambergos  »,  cuyos  soldados  â  su 
vez  lo  habian  copiado  de  los  del  gênerai  francés  Schomberg  que 
peleô  contra  los  espaiioles  en  Gitaluna  y  el  Rosellôn. 

MoNTERiA.  Véase  Embarcaciones. 

MopÔRi.  Ârbol  de  construcciôn. 

Mora.  Labala  de  fusil.  «  \  Ahi  va  una  morita  !  »  dicen  los  sol- 
dados americanos  con  la  misma  gracia  que  los  nuestros  «  un 
pepino  »,  cuando  ven  venir  una  bala  de  canon. 

Mordoré  (Color).  Voz  gâlica,  que  sustituye  à  amaranto. 

MoRLACOS  (Los).  La  guita  6  dinero. 

MoRMOSo.  De  muermo.  Apaleado  en  la  cabeza.  Que  queda 
como  caballo  con  muermo,  enfermedad  caballar  que  ataca  la 
cabeza. 


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426  CIRO   BAYO 


MoROCO.  La  pantorra  6  «  barriga  daspernas  ».  —  Vozaimari  : 
moroccOy  redondo.  La  mano  de  almirez  6  piedra  redonda  que  hace 
susveces  en  las  cocinas  americanas,  para  moler  aji,  maiz  6  trigo. 
G)n  el  moroco  se  muele  sobre  otra  piedra  grande,  lustrosa  y  algo  c6n- 
cava,  llamada  maran  6  catauna,  El  conjunto  del  aparato  Uâmase 
marannyntin, 

MoROCHO.  Moreno  6  trigueno.  Asi  :  «  Prefiero  una  morocha 
de  Tucumân  a  una  gringa  rubia.  »  Es  decir  prefiero  una  morena 
tucumana  à  una  rubia  ingiesa  ô  alemana.  —  Trigo  morocho. 

MoRRO  (Caballo).  Tordo. 

MoRRONGUEAR.  Chupar.  Morronguear  de  la  bombilla,  de  la 
limeta,  etc. 

MosauETERO.  De  nwsquetear  :  estar  ocioso  6  curiosear.  «  Seno- 
rita  mosquetera  »,  la  que  en  un  baile  plancha  el  asiento. 

MoTA.  La  pasa  6  pelo  del  negro. 

MoTACÛ  {Maximiliana  Princeps.  Martius).  Palmerade  terrenos 
bajos,  de  largas  y  anchas  hojas  que  van  creciendo  como  las  hojas 
de  la  pila,  envolviendo  el  tronco.  Sus  cocos  grandes  como 
limones,  tienen  supericardio  duro  y  fibroso  quesirve  de  combus^ 
tible  para  «  desfumar  »  la  goma  en  los  untroSy  a  causa  de  la 
densa  humareda  que  producen.  Cuelgan  en  racimos  de  mds  de 
un  quintal  de  peso.  Cuando  estos  cocos  se  abrensolos  6  i  golpes, 
se  agusana  la  pepita  à  almendra  y  entonces  los  indios  y  ortos 
que  no  son  indios,  como  los  peones  crucenos,  comen  con  avidez 
estos  gusanos,  ensartândolos  con  el  gipuri  de  la  palma.  Yo  los 
he  probado  también,  y  confieso  que  fritos  en  el  mismo  aceiie 
en  que  estân  impregnados  no  son  desagradables  y  hasta  valen  i 
chicharrones.  El  moiacû  es  palmera  abundantisima  en  el  oriente 
boliviano,  y  el  nombre  cientifico  que  lleva  es  en  homenaje  al 
principe  Maximiliano  Neuwied  que  ha  descrito  gran  numéro  de 
palmeras  y  ofidios  del  Amazonas. 

MoTE.  Voz  quichua,  muttiy  molet.  Malz  pelado  con  ceniza. 
lavado  y  puesto  d  hervir.  Mute  en  otras  partes. 

Moto.  Cuadrùpedo  rabôn. 


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PROVINCIALISMOS  ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  427 

MoTOjOBOBO  (J^hisalis  Alkekenje.  L.).  Solandceas.  Végétal  ali- 
menticio.  Planta  rastrera  que  da  unos  frutos  como  pequenos 
tomates  agridulces,  y  que  es  prueba  de  fertilidad  de  todo  terreno 
que  lo  produce.  Especies  anâlogas  :  motojobobo  embolsado,  camambù, 
alquenje  6  vejiga  de  perro. 

Morose.  Instrumento  cortante  de  filo  embotado  ô  de  punta 
roma. 

MoTOYOE.  Ârbol  frutal  silvestre  de  alto  tronco  y  ramitas  hori- 
iiontales,  lo  que  le  da  hermoso  aspecto. 

MoTOZ.  Insecto  imperceptible  que  no  sacândolo  à,  tiempo 
ocasiona  la  ceguera.  Es  una  de  las  plagas  del  Béni. 

MucAMO.  En  Buenos  Aires  no  se  emplea  otra  palabra  para 
significar  un  criado  ô  doméstico.  Servicial  en  Santa  Cruz;  Pongo 
en  La  Paz.  Mucanw  es  voz  quichua  derivada  de  muquear  ô  hacer 
el  muco,  levadura  6  fermento  de  la  chicha  (véase  Chicha  y 
Muco).  En  Buenos  Aires  la  tomaban  los  buenos  criollos  en 
tiempo  de  la  independencia,  pero  ya  nadie  la  conoce,  habiéndose 
conservado,  empero,  corriente  y  moliente  â  todo  ruedo  la  voz 
mùcamo, 

Muco.  Voz  quichua  :  grano.  El  grano  de  maiz  mascado  cuya 
levadura  puesta  â  secar  al  sol,  haciéndola  hervir  después  y  puesta 
en  tinajas  bien  tapadas  para  que  la  masa  fermente,  constituye  la 
chicha.  Pesia  al  pecado  original  del  muco^  uno  se  acostumbra  â 
los  usos  del  pais  y  gusta  de  la  chicha.  Yo  â  lo  menos  la  preferia  i 
los  venenos  alcohôlicos  que  los  europeos  exportamos  â  America, 

MucÛRi.  Nombre  vulgar  cruceno  del  resacado  ô  aguardiente 
de  alcohol. 

MucHACHO.  Palo  q  ue  sirve  de  palanca  para  sacar  la  rueda  del 
carro. 

MuLAS  (Las  mulas  de  Don  Juan  de  la  Cueva).  Juego  de  ninos 
que  he  visto  en  Santa  Cruz.  Puestos  en  rueda,  con  las  manos 
entrelazadas,  viene  por  la  parte  de  afuera  el  que  hace  de  tigre  y 
cambia  con  las  mulas  del  ruedo  estas  palabras:  «  i  Cuyas  son  estas 
mulas  ?  —  De  Don  Juan  de  la  Cueva.  —  i  Que  comen  ?  —  Cebada 


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428  CIRO   BAYO 


verde.  —  £  Québeben  ?  —  Sangre  degente.  — ^  Con  que  se  enla- 
zan  ?  — Concintas  verdes.  —  £  Se  pueden  cojer  ?  —  Se  pueden.  » 
Âestoel  tigre  se  abalanza  âunade  lasmulitas,  recibiéndole  todos 
à  patadas  hasta  que  en  uno  de  tantos  ataques^  arranca  â  una  de 
las  mulas  que  en  seguida  se  metamorfosea  en  tigre.  «  Segùn 
Acisdo  que  por  razôn  de  empleo  hace  y  deshace  del  Archive  de 
la  municipalidad  de  Lima,  Don  Juan  de  la  Cuevay  Gimpuzano, 
conciliario  perpetuo  de  la  Inquisiciôn  y  guarda  mayor  de  montes 
y  plantios  de  la  Ciudad  de  los  Reyes,  desempenaba  en  1634, 
entre  otros  mercantiles,  el  cargo  de  tesorero  de  la  riquisima 
Archicofradia  de  la  virgen  de  la  O  :  y  anade  el  chistoso  biôgrafo 
que  un  dia  anocheciô  y  no  amaneciô  en  Lima,  fiigândose  mâs 
redondo  que  la  O  de  que  era  tesorero.  Doscientos  mil  duros 
mal  contados  se  evaporaron  con  su  senoria,  que  no  parô  hasta 
Lisboa.  Siguiôse  causa  criminal  al  ausente  y,  mientras  ella  se 
sentenciaba,  dispuso  el  Cabildo  que  un  muiieco  6  figurôn  de 
trapo  con  joroba  doble,  antiparras  de  câscara  de  chirimoya  y  un 
plâiano  por  nariz,  montado  sobre  un  jumento  en  lenguas,  se 
exhibiera  representando  al  de  la  Cueva  en  las  procesiones  de 
Corpus  y  Cuasimodo,  paseo  de  Alcaldes,  volatines  del  Tajamar 
de  los  Alguaciles,  maromas  de  Matienzo  y  demâs  Éirsas  pùblicas 
y  recreos  populares,  permitiéndose  â  los  particulares  hacer  burla 
é  irrisiôn  de  su  nombre,  dirigirle  injurias  y  hasta  Uamarlo  hijo 
de... cabra.  Los  muchachos  formaban  el  cortejo  del  muneco, 
cantando  unas  copias  que  empiezan  asi  : 

Juan  de  la  Cova 
coscorova, 
nino  bonito 
con  platanito... 

y  que  conduyen  con  no  pocas  palabras  sucias  y  obscenas.  Esta 
mojiganga  durô  hasta  losprimeros  anos  del  gobierno  de  Âbascal  » 
(Ricardo  Palma,  Tradiciones). 

MuuTA  (JPraopus  hibridus).  Armadillo  6  tatù.  Desdentado. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  429 

Animal  de  carne  mâs  delicada  que  su  congénère  el  Peludo  y 
ambos  provistos  de  un  caparazôn  ôseo  que  los  cholos  cruceiios 
utilizan  para  caja  de  charango.  Llamase  nmlita  por  sus  orejitas 
tiesascomo  las  de  lamula.  —  «Es  unamulita  »,  es  un  inocente, 
un  simplôn,  en  témiinos  gauchescos. 

MuNA-cocA.  La  coca  de  hoja  menuda  y  de  primera  calidad. 

MuRCièLAGO  americano.  Las  especies  PteropuSy  Béni  y  Molosus 
(Geoffroy)  son  las  de  mayor  tamano  y  se  alimentan  de  frutas. 
Los  del  género  Philostoma  chupan  la  sangre  de  los  bueyes  y 
otros  animales.  Abundan  tanto  los  murciélagos  en  Mojos,  que 
ocurre  muchas  veces  no  entender  la  palabra  del  predicador  por 
el  ruido  que  aquellos  animales  mueven  en  el  tumhado  à  cielo 
raso  del  techo  de  la  iglesia. 

MuRUCUNTUYO  6  macontullo.  Voz  quichua  =  las  chilenas  6 
femures  de  vaca.  En  Santa  Cruz  se  habla  todavla  de  los  muru- 
contullos  ô  murucuntuyos  que  «  asayés  »  colgaban  de  los  ranchos, 
y  que  una  comadre  prestaba  à  otra  para  sacar  grasa  al  caldo,  no 
sin  prévenir  â  la  usufructuoria  con  la  frase  sacramental  «  que  no 
me  lo  champurree  usted  tnucho  »  (que  no  me  le  saca  toda  la  man- 
teca),  asi  estuvieran  los  huesos  mâs  limpios  y  pelados  que  los 
fôsiles  en  que  estudiô  Cuvier  la  clasificaciôn  antediluviana. 

MuRURÉ.  Artocarpe.  Urticeas.  El  ârbol  del  pan  de  estos  paises, 
con  harina  que  se  hace  de  semilla  molida. 

MusELGA.  Especie  de  mus  ilustrado  que  juegan  en  la  Argen- 
tina. 

MutOn  6  yacù.  Hoco  (^Pénélope),  Especie  intermedia  entre  el 
faisan  y  el  pavo  ;  de  menor  tamano  pero  de  la  misma  forma 
que  este.  Su  plumaje  es  de  un  tornasolado  verdinegro  con  refle- 
jos  metilicos  y  el  pecho  de  color  chocolaté.  Tiene  sobre  la  base 
del  pico  una  canincula  carnosa  naranjada  y  en  seguida  un  mono 
negro  y  sedoso,  elegantemente  rizado.  Esta  especie  se  reune  por 
bandadas  numerosas  y  elige  por  mansiôn  los  bosques  ;  anida 
sobre  los  ârboles  y  se  alimenta  de  semillas,  frutas  y  brotas.  Sus 
costumbres  son  tan  pacificas  como  sociables,  y  los  guaranies,  con 


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430  CIRO    BAYO 


el  nombre  de  yacû  la  tenian  como  ave  casera  en  la  época  de  los 
conquistadores.  Es  obvio  decir  que  es  una  «  boccata  di  cardi- 
nal! ». 

N 

Naco.  Andullo  6  mazo  de  tabaco,  formado  por  hojas  arrolla- 
das  de  esta  planta.  Algunos  nacos  Uegan  â  tener  una  vara  de 
largo,  y  para  que  no  pierdan  el  aroma  se  les  rodea  con  ataduras 
de  âxÀa  6  bejucos  elâsticos.  Asi  se  presentan  en  el  comercio  los 
famosos  tabacos  de  braganza  (brasileno)  y  Cayuaba,  de    Mojos. 

Nahuel.  Voz  pampa  :  Tigre.  Lago  de  Nahuel  Huapi,  ô  del 
Tigre  blanco. 

NavIo  de  asiento.  Buque  que  por  el  tratado  de  asiento  cele- 
brado  en  1740,  concediô  Espana  â  Inglaterra,  pudiendo  esta 
importar  un  determinado  numéro  de  esclavos  y  un  solo  carga- 
mento  de  mercancîas  en  el  puerto  de  Puerto  Bello.  El  gobierno 
de  Inglaterra  transfiriô  este  derecho  de  asiento  â  la  compania  del 
Mar  del  Sur,  como  entonces  se  llamaba  â  toda  la  extension  de 
entrambas  costas  de  la  America  del  Sur  al  Sur  del  Orinoco. 

Nazarenas.  Espuelas  asi  llamadas  porque  al  andar  el  gaucho 
con  ellas  arrastra  la  descomunal  rodaja  de  la  espuela,  como  el 
Nazareno  su  cruz.  Véase  Lloronas.  Es  el  acicate  de  nuestros 
vaqueros  andaluces. 

Negrillo.  Variedad  de  jilguero,  de  cuerpo  negro  y  plumas 
remeras  amarillas.  —  Sulfuro  de  plata,  como  el  plomo  ronco,  el 
rosicler  y  el  cochizo. 

NEuauÉN.  Voz  pampa  :  Correntoso.  Rio  de  la  Argentina. 

NiGUA  {Pulex  penetrans.  L.).  Parecida  a  la  pulga  y  habiunte 
de  las  inmundicias.  Invade  los  dedos  del  pie  agujereando  el  cutis, 
y  hay  que  sacarlo  pronto  para  evitar  que  ponga  huevos.  Si  no  se 
saca  bien  la  nîgua  ô  sus  huevos  con  una  aguja,  résulta  una  herida 
muy  enconada  y  de  bastante  duraciôn.  El  agujero  que  ha  abierto 
se  cura  con  ceniza  de  tabaco  ô  sebo  muy  caliente.  —  Pique^  en 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  43  I 

otras  provincias.  SuUi  en  Yungas,  de  donde  viene  Uamar  en 
Bolivia  «  suttis  »  à  los  yunguenos. 

Nina.  «  En  Chile,  escribe  Bello  en  su  Gramâtica,  como  en 
algunos  otros  paises  de  America  se  abusa  de  los  diminurivos.  Se 
llama  senorita  no  solo  â  toda  senora  soltera,  de  cualquier  tamaiîo 
y  edad,  sino  â  toda  senora  casada  ô  viuda,  y  casi  nunca  se  la 
nombra  sînocon  el  diminutivo,  Pépita,  Conchita,por  mâsancianas 
y  corpulentas  que  sean.  Esta  prâctica  debiera  desterrarse,  no  solo 
porque  tiene  algo  de  chocante  y  ridicula,  sino  porque  confonde 
diferencias  esenciales  en  el  trato  social.  En  el  abuso  de  las  ter- 
minaciones  diminutivas  hay  algo  de  empalagoso.  » 

Esto  que  dice  Bello  del  diminutivo  senorita  puede  extenderse 
con  mas  razôn  â  nina,  diminutivo  carinoso  que  los  inferiores 
dan  d  una  senora,  asi  tenga  mâs  anos  que  Ninon  de  Lenclos. 

NiNO  Alcalde.  Véase  Inca.  —  La  fiesta  del  Niito.  Es  cosiumbre 
entre  la  cholada  boliviana  tener  un  nino  Jesùs  en  casa,  al  cual 
dan  fiestas  desde  Navidad  hasta  Carnaval.  Para  ello  se  contrata 
una  murga  que  con  los  convidados  â  la  fiesta  se  encaminan  â  la 
iglesia,  donde  se  dice  una  misa  —  la  misa  del  Nino  —  y  al  son 
de  bailes  populares,  como  nuestros  villancicos  de  Navidad. 
Vuelta  la  comitiva  â  casa,  se  entonan  canciones  alusivas  al  Nino, 
entre  tanto  corre  la  chicha,  obligândose  hombres  y  mujeres. 
Cuando  laalegria  es  gênerai,  se  tapa  con  un  vélo  la  imagen  dçl 
Nino  y  empieza  el  baile  hasta  la  maiiana  siguiente. 

Nlo.  Género  Gastrolabium.  Planta  venenosa  que  mata  â  los 
animales  que  de  ella  comen. 

NoQjUE.  Cuero  vacuno  ô  lanar,  bien  retobado,  para  pellejo  de 
yerba  mate,  maiz,  trigo,  etc.  —  «  Barriga  Uena  como  un 
noque.  »  Frase. 

NoviLLERO.  En  una  yunta,  el  novillo  que  va  â  fa  izquierda  del 
buey  madrina.  Véase  Buey. 

NoviLLOS  (Correr).  Correr  toros  callejeros  6  toros  de  cuerda 
en  las  calles  de  los  pueblos  de  Bolivia,  desde  el  Sâbado  santo 
hasta  el  Lunes  de  Pascua. 


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/\^2  CIRO   BAYO 


NuDO.  De  varias  clases  los  hacen  los  gauchos,  maestros  en  el 
arte  de  hacer  nudos  y  lazadas.  Véase  Lazo.  —  Nudo  pampa  6 
estaca  de  campana.  Agujero  algo  hondo  que  se  hace  en  el  suelo, 
en  el  que  se  introduce  la  punta  de  la  soga  en  nudo.  Lu^o  se  api- 
sona  la  tierra  y  el  cabestro  queda  tan  sôlidamente  amarrado  que 
por  mâs  tirones  que  dé  el  animal  no  consigue  hacerlo  soltar, 
porque  el  empuje  es  oblicuo  y  el  arranque  ha  de  ser  de  abajo 
arriba.  G)n  este  nudo  se  afianza  un  animal  en  plena  pampa,  sin 
ârboles  ni  estacas.  —  Nudo  potrero  à  potreador.  Que  no  se  cierra 
por  mâs  que  forcejee  el  animal.  —  Nudo  ciegOy  un  nudo  tras 
otro.  Frase.  Al  nudo^  en  vano. 

NuESTRO-AMO.  El  vidtico  que  se  lleva  i  los  moribundos. 

NuEz  MOSCADA  (Myrtstica  officinalis.  L.).  Ârbol  de  la  flora  oceâ- 
nica  (Molucas)  que  se  encuentra  también  en  America,  como  en 
Cayena  y  en  Yungas  de  Bolivia.  Ademds  del  aceite  volatil  y  graso 
que  de  su  almendra  se  extrae,  la  usan  en  Bolivia,  raspando  la 
nuez  para  condiment©. 

NUMERO  CUATRO  (Haccr  el).  La  posiciôn  favorita  del  gaucho 
cuando  esta  sentado  pierna  sobre  pierna,  hacienda  el  numéro  4, 
como  él  dice. 

NuNCA.  Emplean  en  Santa  Cruz  este  adverbio  de  tiempo  acom- 
panado  de  verbo,  en  lugar  de  a  no  ».  Asi  :  nunca  vino  d  verme 
Fulano;  nuuca  compuso  el  reloj  el  relojero;  por  :  no  vino  la 
visita  ;  no  compuso  el  reloj  el  relojero  ;  lo  hara  manana,  etc. 

NÛTRiA.  Quiyày  en  guarani.  I^menotros  s\i\os  {Castor  Hui- 
dobrus).  Véase  Lobo  de  Rio,  En  el  mercado  de  Buenos  Aires  se 
anuncia  entre* los  «  frutos  del  pais  »,  cueros  denutria  «abiertos 
por  el  lomo  »,  esto  es  cortado  el  cuero  por  la  raya  del  cuerpo 
donde  estaban  las  mamas  que  se  extirparonal  desoUarel  animal. 
Estos  cueros  abiertos  se  pagan  hasta  cinco  nacionales  el  kilo, 
mientras  que  los  cueros  abiertos  por  la  barriga  se  pagan  sola- 
mente  un   peso. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  433 


N 

Nacurubi.  Mochuelo  de  la  Pampa. 

Namurucû  (Hacer).  Limpiar  el  maiz  pisado,  en  la  misma 
cavidad  del  mortero,  a  favor  de  los  dedos,  sin  valerse  de  cedazo 
ni  hornero,  con  lo  que  se  obtiene  la  separacîôn  del  maiz  mas 
grueso. 

NandC.  Nombre  guarani  delavestruz  ^mtnc^Do  (Rhea  Strutio. 
L.).  Siyu  entre  los  cruceiîos  ;  suri  en  quichua  ;  choiqué  en  auca,  de 
donde  calchaquie  (pluma  de  avestruz),  nombre  de  una  tribu  que 
se  adornaba  con  este  distintivo.  Aunque  el  nandù  en  opinion  del 
sabio  Darwin  no  es  avestruz,  los  naturalistas  lo  han  incluido  en 
este  género.  De  todos  modos,  se  diferencia  del  africano  en  que 
este  es  didâctilo  y  el  iiandù  es  tridâctilo.  Otra  particularîdad  del 
avestruz  americano  que  lo  distingue  de  su  congénère  el  africano, 
es  que  el  primcro  se  tira  voluntariamente  al  agua  y  atraviesa  d 
nado  grandes  lagunas.  Como  chajaes  y  ieros,  los  nandûes  Uevan 
en  los  extremos  de  las  alas  una  una  con  la  que  se  defienden 
cuando  se  ven  acorralados.  Debido  al  comercio  que  de  sus  plu- 
mas se  hace  y  a  la  proteccion  que  se  les  dispensa  para  aumentar 
su  propagaciôn,  los  avestruces  abundan  en  las  pampas,  mezcla- 
dos  con  el  ganado  vacuno  y  lanar,  paciendo  la  yerba  y  comiendo 
langostas  de  las  que  son  muy  golosos.  Viven  ordinariamente  en 
familias  de  ocho  a  diez  individuos  a  las  orillas  de  las  lagunas, 
arroyos  y  sitios  donde  hay  agua.  En  lugares  donde  hay  fruta, 
embisten  el  arbusto  y  dan  fueries  pechadas  contra  el  tronco  d 
fin  de  hacer  caer  el  fruto.  Lo  mismo  hacen  los  machos  cuando 
pelean  entre  si,  es  decir,  retroceden  un  poco,  se  embisten  de 
frente  y  se  topan  con  el  pecho.  Es  ave  muy  arisca,  voraz  y 
corredora.  Corre  con  tanta  facilidad  que  aun  cuando  algiin  ginete 
esta  ya  encima  de  ella  para  enlazarla,  hace  tantos  lances  y 
esguinces  que  dificilmente  se  puede  agarrar.  Cuando  es  pichôn 
6  charà,  entonces  se   coje   mds  fdcilmente  y  se  la  domestica, 

Revmt  hitpani^ut.  uv.  a8 


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434  CIRO   BAYO 


ddndole  de  corner  en  la  mano,  como  se  ve  en  las  estancias  de 
Buenos  Aires.  Hacia  el  mes  de  noviembre,  los  avestruces  hacen 
su  nido  entre  los  pajonales  de  la  pampa  y  cada  hembra  pone 
una  docena  de  huevos,  y  como  se  juntan  très  6  cuatro  casales  en 
la  misma  nidada  résulta  que  esta  se  compone  de  cuarenta  d  cin- 
cuenta  huevos  que  en  seguida  empollan  los  machos.  Lo  que  si 
nadie  ha  visto,  ni  imaginado,  es  lo  que  nos  cuenta  el  novelista 
Ferndndez  y  Gonzalez  de  los  avestruces  africanos,  que  parael  caso 
es  lo  mismo,  que  segùn  él  «  anidan  en  las  altas  rocas  junto  â 
las  dguilas  y  buitres  »  {Los  NegreroSy  cap.  29).  Cada  huevo  de 
avestruz  équivale  d  doce  de  gallina  y  es  muy  bueno  de  comer. 
El  primer  huevo  que  ponen  lo  dejan  sin  empollar,  y  cuando  d 
poco  mds  de  un  rties  de  la  incubaciôn  las  charitas  empiezan  â 
salir,  el  padre  quiebra  entonces  con  el  pico  el  primer  huevo  de 
réserva,  en  cuyolicor  se  van  reuniendo  moscas  y  mosquitosque 
sirven  de  comida  d  los  recién  nacidos.  El  avestruz  es  no  solo  muy 
voraz,  sino  también  muy  curioso.  No  es  raro  verlo  en  las  estan- 
cias donde  viven  en  estado  de  relativa  domesticidad,  acercarse  d 
grupos  de  personas  y   mirar  atentamente  d  los  que  conversan. 
Esta    curioridad  les  es   fatal  d  veces.  En  Mojos,  principalmente, 
los  jaguares   para  cazar   los  piyus    en    pampa   rasa,   se    aga- 
zapan   en    tierra,    levantando    la     cola    que    agitan    en    todas 
direcciones.  Los    avestruces,  movidos  d    curiosidad,    se    apro- 
ximan  d  ver  el  objeto  que  llamô   su  atenciôn,    d  cuyo   tiempo 
el  tigre  que  los  atisba,  de  un  salto  hace  presa  en  cualquiera  de 
cllos.  La  carne  del  avestruz  no  vale  gran  cosa,  pero  si  la    del 
pecho  que  aunque  muy  grasientaesdelicaday  de  exquisito  sabor. 
Lldmanla  picana  6  picanilla,  Fuera  de  algunos  barraqueros  de 
Buenos  Aires,   négociantes  en  plumas  de  avestruz,  en  ninguna 
otra  provincia  hacen  caso  deesos  animales  sino  es  para  plumeros 
y  abanicos,  y  naturalmente  para  robarles  los  huevos.  Los  indios 
de  La  Paz  llevan  al  mercado  estos  huevos  àsuricacinas  (huevos  de 
avestruz).  Por  esto  llama  la  plèbe  suricacinas  d  las  gallinas  6  per- 
sonas cobardes. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  435 

Nandubay.  Ârbol  de  madera  durisima  que  â  veces  quiebra  el 
hacha  del  lenador,  con  la  propiedad  de  endurecerse  en  el  agua 
6  humedad  que  debiera  pudrir  la  madera.  Cuchi  6  colo  en  otras 
partes. 

Nanaca.  Bâsiulos  6  cachivaches. 

Napearô.  Cada  uno  de  los  cuerpos  de  hilo  que  forma  la  ma- 
deja  en  el  carton  6  madera  donde  va  el  ovillo. 

Neque.  Barro,  en  aimarâ.  Los  colegiales  pacenos  Uaman  heque- 
peque  (cabeza  de  barro)  â  aquellos  de  sus  condiscîpulos  de  cabeza 
dura  ô  incapaces  para  las  letras.  —  Neque-ahuira  (Rio  de  barro) 
se  llama  en  el  mismo  departamento  i  todas  las  quebradas  6  ria- 
chuelos  sin  imporiancia  que  se  llenan  en  las  avenidas. 

No.  Abreviatura  de  Senô  à  Senor.  No  Pancho,   Senor  Pancho. 

NocA.  Voz  quichua  :  yo.  De  donde  la  frase  corriente  «  para 
hoca  »  :  para  mî. 

O 

Obligar.  En  los  bailes  caseros  bolivianos  y  en  todas  las  reu- 
niones,  hay  la  costumbre  de  obligar.  Consiste  en  que  la  persona 
obligada  bebe  una  porciôn  de  licor  igual  â  la  que  ha  bebido  el 
que  ha  hecho  la  invitaciôn,  pudiendo  aquélla  obligar  â  otra 
persona.  De  este  modo,  las  copas  estân  en  continua  circulaciôn, 
por  lo  que  la  fiesta,  saliendo  de  los  limites  convenientes,  se  con- 
vierte  por  lo  comùn  en  una  verdadera  orgîa.  Es  costumbre  here- 
dada  de  los  indios,  tanto  que  en  una  «  Relaciôn  de  la  ciudad  de 
La  Paz  »  por  el  corregidor  Diego  Cabeza  de  Vaca,  en  1586,  se 
lee  :  «  Es  costumbre  que  nunca  bebe  ninguno  de  estos  indios 
esta  bebida  (la  chicha)  solo  ;  sino  que  tienen  todos  los  vasos  â 
pares,  y  habiendo  de  beber  el  uno  en  uno  de  los  dichos  vasos, 
ha  de  dar  a  beber  al  companero  en  el  otro.  Redunda  de  estas 
borracheras  que  cometen  muchos  estupros.  » 

ObrajerIa.  Dep6sito  de  maderas  extra(das  de  los  montes  y 
labradas  toscamente  para  la  exportaciôn.  Hay  muchas  obrajerias 
â  lo  largo  de  las  costas  de  los  rios  Paranâ  y  Paraguay. 


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436  CIRO    BAYO 


OcA  (JDxalis  tuberosà).  Acedera  tuberosa.  Oxalideas.  Tubér- 
culo  originario  do  los  Andes,  caracterizado  por  sus  tallos  carno- 
sos,  hojas  divididas  en  cuatro  hojuelas  que  recuerdan  la  forma 
del  trébol,  y  umbelas  de  flores  amarillas.  Cada  pie  produce  abun- 
dantes  tubérculos  6  raices  del  tamano  de  una  patata,  de  diferente 
color,  y  aspecto  oblongo  con  Honduras  escamosas.  Ames  de  con- 
sumir  esos  tubérculos,  debe  ponérselos  al  sol  durante  algunos 
dias,  para  transformar  en  azùcar  el  almidôn  que  contienen  y 
quitarles  su  natural  acidez.  Se  les  cuece  en  agua  y  se  monda  en 
un  pano  la  fina  piel  de  que  estân  cubiertos. 

OcELOTE.  Gato  pantero  (^Felix  pardalis.  L.). 

OcoRÔ.  Ârbol.  —  La  comida  que  por  guardarse  de  un  dia  a 
otro  se  agria,  con  un  gusto  parecido  al  fruto  del  ocorô. 

OcHOÔ.  Ârbol  corpulento  y  frondoso,  de  una  fruta  como 
manzana,  y  comestible.  Su  résina  es  corrosiva  y  fluye  de  la  cor- 
teza  a  menor  incision,  siendo  uno  de  los  venenos  mas  activos. 
El  uso  menos  malo  que  de  ella  se  hace  es  para  embarbascar  los 
peces  sin  que  la  carne  se  resienta  del  veneno.  Dos  ô  très  gotas  de 
ochoô  mezcladas  con  aceite  sirven  como  eficaz  vomitivo.  —  Glo- 
bos  de  manteca  compacta  que  suelen  encontrarse  en  la  grasa  de 
los  animales,  hacia  la  région  axilar. 

Ôfrico.  Término  altisonante  en  la  Peninsula  6  por  lo  menos 
muy  poco  usado,  y  que  en  Bolivia  lo  usan  corrientemente  en 
lugar  de  lôbrego  ô  tenebrero.Asi  :  esta  dormida  es  muy  ôfrica: 
esta  alcoba  es  muy  oscura. 

OiDOR.  Titulo  que  en  las  Reaies  Audiencias  correspondia  al 
de  Relator  6  magistrado  de  Sala  de  nuestros  dias.  En  Indias  los 
habia  en  las  très  audiencias  de  Mexico,  Lima  y  Charcas  (hoy 
Sucre),  formando  cada  una  un  Colegio  de  seis  oidores.  Laaudien- 
cia  del  Cuzco,  creada  en  1777  por  Carlos  III  para  recompensar  la 
fidelidad  de  los  cuzqueiios  cuando  la  sublevaciôn  de  Tupac- 
Amaru,  constaba  de  très  oidores  con  el  sueldo  respectivo  de 
4.500  pesos.  Tal  era  el  respeto  del  pueblo  hacia  estos  magis- 
trados,  que  segùn  se  dijo  ingeniosamente  «  habia  que  empenarse 


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PROVINCI  A  LISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  437 

con  Su  Majestad  para  que  al  Santisimo  Sacramento  se  le  diera  el 
titulo  de  Oidor,  para  que  en  sus  visitas  i  los  moribundos  tuviera 
mayory  mds  lucido  acompanamiento  ». 

OjalA.  Como  interjecciôn  se  reemplaza  por  malhaya.  El  ojalà 
que  suelen  emplear  algunos  criollos  es  en  lugar  de  aunque  : 
V.gr.  :  ojalâ  le  recuerde,  nunca  se  ha  de  levantar,  aunque  le  llame 
6  le  despierte,  no  se  ha  de  levantar. 

Ojo  DE  BUEY.  Cierta  semilla  de  bejuco,  de  extrano  parecido  à 
un  ojo  de  buey. 

Ojota.  Voz  quichua.  Abarca  6  sandalia  de  plantilla  de  cuero 
que  se  sujeta  por  un  botôn  pasando  una  tira  de  cuero  por  entre 
el  pulgar  y  el  dedo  inmediato  del  pie.  Es  el  calzado  del  cholo  y 
del  indio  serrano  de  Bolivia  y  el  que  usa  el  ejército  en  sus  mar- 
chas, como  la  alpargata  nuesiros  soldados.  Véase  Tamango. 

Olla.  Medida  agraria  proporcionada  d  la  extension  de  terreno 
que  puede  sembrarse  con  el  contenido  de  una  regular  olla  de 
maiz.  —  La  cavidad  intertorâcica  por  donde  se  hiere  el  corazôn 
de  las  reses. 

Omaso.  El  tercer  estômago  de  los  ruminantes. 

Ombù.  Arbol  de  la  America  del  Sur,  caracteristico  de  la 
Pampa  platense.  Pertenece  al  género  Fitolaca,  cuyas  variedades  se 
conocen  también  en  la  America  del  Norte.  Es  planta  dioica,  es  decir 
que  tiene  los  sexos  separados  en  individuos  distintos.  Es  tan 
longevo  que  no  se  conoce  el  término  de  su  vida,  y  tan  grande 
que  diez  hombres  con  los  brazos  extendidos  apenas  lo  pueden 
abrazar.  El  jugo  del  drbol  y  de  sus  hojas  sirve  para  curar  el  esca- 
bro,  especie  de  rona  de  las  ovejas,  asi  como  para  combatir  la 
borrachera  y  la  sîfilis.  El  zumo  jabonoso  de  là  fruta,  lo  emplean 
las  lavanderas  de  Buenos  Aires  para  quitar  las  manchas  mds 
tenaces  de  la  ropa.  En  Sevilla,  segun  Colmeiro,  se  le  llama  sapote, 
y  bella  sombra  en  Mâlaga  y  otros  puntos  de  Andalucia  en 
donde  fué  importado  de  America. 

Once  (Toraar  las).  Expresiôn  derivnda,  segùn  Madiedo  (colom- 
biano),  de  las  once  letras  de  la  palabra  nguardiente.  En  Bolivia, 


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438  CIRO   BAYO 


donde  es  muy  comùn  tomar  las  once,  nadie  ha  reparado  en 
esta  coincidencia  gramatical,  y  si  lo  dicen  es  en  el  sentido  de 
tomar  (a)  las  once  de  la  maiiana  el  aperitivo  6  cocktail  preliminar 
à  la  comida. 

Onza  (^Felix  onça.  L.).  Especie  de  tigre  de  la  America  del  Sur, 
de  piel  amarillenta,  omada  de  manchas  negras  cuadradas  6  en 
forma  de  O  6  de  «  onzas  de  oro  ».  Por  lo  demâs,  tiene  las  mis- 
mas  costumbres  y  artimanas  del  tigre  ;  nombre  génerico  de  los 
felinos  de  gran  tamano,  abundantes  en  America. 

Opa.  Voz  quichua.  Sordo-mudo  é  idiota.  Voz  muy  generali- 
zada  en  los  departamentos  de  habla  quichua.  En  Colombia,  opa 
es  interjecciôn  équivalente  d  \  hola! 

Opado.  Ojeroso,  pâlido. 

Opaparado  ô  apoperado.  Aturdido. 

Operia.  Estupidez. 

Orejano  ù  orejôn.  Animal  sin  marca,  y  por  consiguiente, 
mostrenco. 

Orejones.  Nombre  de  muchas  tribus  del  Amazonas  â  las  que 
pertenecen  algunas  que  pueblan  los  territorios  bolivianos  del  Acre 
y  Madré  de  Dios.  Se  les  llama  tal,  por  la  costumbre  que  tienen 
de  horadarse  las  orejas,  agrandândolas  poco  a  poco  hasta  conse- 
guir  que  colgando  de  ellas  arracadas  de  algùn  peso,  llegue  d  esti- 
rarse  el  lôbulo  inferior  de  la  oreja  hasta  el  hombro. 

Organito  ô  cilindro.  Variedad  de  tordo  de  color  café  claro, 
que  recorre  las  notas  de  una  escala  cromdtica  con  maravillosa 
armonia,  de  donde  le  vienen  ambos  nombres  que  son  los  queapli- 
can  los  ninos  d  las  armrtnicas  de  boca. 

Orientales.  Los  uruguayos  ô  habitantes  de  la  Banda  Orien- 
al  del  Rio  de  la  Plata.  Asi  pues  montevideanos  y  porteiios  son 
rivales  en  toda  la  extension  de  la  palabra,  pues  precisamente 
rival  dériva  de  rivus,  habitante  en  la  orilla  opuesta  del  rio. 

Orosùs.  Regaliz. 

Oroya.  Sistema  de  puentes  llamado  en  castellano  tarabita. 
Puente  de  segundo  orden  de  cuerdas  suspendidas  por  las  que 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  439 

se  deslizan  los  pasajeros,  ya  metidos  en  canastos  6  pelotas,  ya 
apoyando  diestramente  pies  y  manos  en  las  maromas.  Véase 

PUENTE  COLGANTE. 

ÛRTOMiauio.  El  ano  de  las  personas.  Upite,  el  de  los  animales. 

Oruga  DEL  EsauiFE.  Ofuga  singular  que  vive  entre  las  raraas 
del  mirto  6  arrayân,  alimentândose  de  sus  hojas.  Es  de  una 
pulgada  de  largo,  lampina,  muy  semejante  a  la  oruga  llamada 
«  bicho  de  cesto  ».  Lo  misnio  que  esta  vive  aquélla  constantemente 
dentro  de  una  vivienda  portâtil  sin  dejarla  nunca,  pues  la  dispo- 
siciôn  de  sus  miembros  no  la  permite  andar  fuera  sino  arrastrdn- 
dose  penosamente.  Dicha  vivienda  tiene  la  forma  de  buquecillo 
con  cubiertas  de  dos  pulgadas  de  largo  y  média  de  grueso,  que 
llamô  esquife  el  Sr.  Sastre  —  cuya  es  esta  descripciôn  —  por  tener 
dos  proas  como  el  batel  de  este  nombre,  las  cuales  se  levantan 
con  gracia  formando  una  curva  à  semejanza  de  las  gondolas.  En 
cada  proa  hay  una  abertura  ô  escotilla  por  donde  la  oruga- 
marinero  se  asoma  para  dirigir  su  nave  sin  salir  de  la  bodega. 
Este  esquife  esta  formado  de  una  pasta  durisima  de  color  aplo- 
raado  producido  por  el  insecto,  suave  al  tacto  y  lustrosa.  Su  sis- 
tema  de  locomociôn  es  muy  curioso  :  es  propiamente  una  navega- 
ciôn  aérea.  El  esquife  esta  siempre  suspendido  entre  dos  ramas 
del  arbusto,  como  un  columpio,  por  dos  hilos  ô  maromitas  ase- 
guradas  en  una  y  otra  proa.  Probablemente  la  oruga  suelta  como 
la  arana  su  primera  hebra  hasta  que  el  ambiente  lo  lleva  a  una 
ramita  en  que  se  pegue;  entonces  la  oruga  la  va  recogiendo 
desde  a  bordo  para  dirigir  su  navecita  hacia  el  nuevo  gajo  que  le 
présenta  abundante  alimento.  En  las  horas  de  reposo  retira  el 
esquife  de  la  amarradura  y  lo  déjà  columpiândose  entre  sus  dos 
maromas.  Cuando  le  llega  el  tiempo  de  pasar  al  estado  de  crisa- 
lida,  corta  una  de  las  maromas  y  ata  fuertemente  el  esquife  por 
una  de  las  proas  a  una  rama  delgada,  quedando  en  posiciôn  ver- 
tical mientras  se  opéra  la  metamôrfosis. 

Oscurana.  Obscuridad. 

Oso  BANDERA.  Véasc  Tamandûa. 


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440  CIRO    BAYO 


OsoTOCOSo.  Ârbol  de  madera  laborable. 

OtomIa.  Crueldad,  ensanamiento. 

OvEjAS.  El  ano  1550  Irala  mandé  a  Nufla  de  Chaves  al  Peni 
para  complimentar  al  Présidente  La  Gasca,  y  d  su  vuelta  Chaves 
trajo  a  La  Asunciôn  las  primeras  cabras  y  ovejas.  Ruy  Diaz  de 
Guevara  refiere  que  una  noche  los  indios  se  aproximaban  para 
caer  de  sorpresa  sobre  el  campamento  de  los  espanoles,  y  al  oir 
el  balido  de  aquellos  animales,  creyeron  que  eran  senales  de 
alerta  de  los  centinelas  y  se  retiraron,  mostrândose  a  la  manana 
siguiente  a  lo  lejos.  Por  aquel  tiempo  las  ovejas  se  vendian  en  el 
Cuzco  â  cincuenta  y  sesenta  pesos  fuertes  una,  y  las  cabras  â 
ciento  cuarenta.  Esas  ovejas  que  introdujeron  los  espanoles  eran 
de  la  raza  llamada  «  churra  »  en  Espana.  En  la  Provincia  de 
Buenos  Aires  donde  tanto  se  han  multiplicado  esos  utiles  ani- 
males usan  el  siguiente  método  para  hacer  pasar  d  las  ovejas  los 
rios  ô  arroyos.  Se  acercan  las  ovejas  en  silencio  a  la  margen 
del  arroyo  ;  se  enlazan  suavemente  de  las  astas  algunos  carneros 
ù  ovejas  cornamentadas  y  se  les  hace  cruzar  juntos  y  despacio  el 
arroyo  delante  de  la  majada.  Sucede  que  algunas  ovejas  se  lar- 
gan  tras  de  ellos  y  poco  â  poco  todo  el  rebano.  Si  ningùn  animal 
se  lanza  tras  de  los  que  se  ha  hecho  cruzar  el  arroyo,  enlazados 
del  asta  y  tirândolos  de  la  ribera  opuesta,  unos  peones  cortan 
una  porciôn  del  rebano,  y  le  hacen  entrar  en  el  agua,  sin  golpes 
ni  ruido,  en  la  direcciôn  de  los  animales  que  la  vadearon.  Se 
signe  haciendo  asi  por  porciones  de  rebano,  hasta  que  el  reste 
de  las  ovejas,  como  las  de  Panurgo,  se  deciden  â  juntarse  con 
las  companeras  de  la  otra  orilla.  Es  menester  observar  el  mayor 
silencio  durante  toda  la  operaciôn,  pues  en  él  consiste  la  princi- 
pal condiciôn  del  éxito. 

OvEREAR.  Dorar  d  fuego  lento.  Dar  color  overo  d  los  manojos 
de  yerbadel  Paraguay,  para  tostarlos  luego  en  la  barbacoa  y  lanzar 
la  yerbaal  mercado.  Vcase  Yerba. 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  44 1 


Pacaguâras.  Indios  esparcidos  en  la  vasta  zona  que  forma  el 
dngulo  entre  el  Béni,  el  Madera  y  el  Purùs.  Estan  fraccionados  en 
varias  tribus,  unas  mansas,  otras  guerreras,  siendo  todos  ellos 
excelentes  navegantes. 

Pacarâ.  Ârbol  frondosodel  Oriente  que  da  una  fruta  en  forma 
de  oreja,  muy  utilizada  para  lavar  la  cabeza  y  la  ropa. 

Pacay.  Arbol  del  género  Ingas.  Los  hay  de  muy  diversas 
especies  en  Colombia,  en  el  Ecuador  y  el  Perù,  con  los  nombres 
de  guamOy  guavo  ô  gtuibo  (Jnga  fastuosa,  Wild.  —  Prosopia  dulcis. 
Humboldt).  Acacias.  En  lengua  guarani  lldmase  inga  el  ârbol  y 
la  fruta.  Es  végétal  muy  frondoso,  de  unas  hojasque  a  su  énorme 
grandor  reunen  la  circunstancia  de  crecer  unas  en  seguida  de 
otras  ligadas  entre  si  por  una  excrecencia  del  pedùnculo  en  forma 
de  cruz.  La  fruta,  a  manera  de  algarroba,  contiene  una  fécula 
dulce  y  algodonada,  con  unas  pepitas  negras,  parecidas  i  esas 
«  habas  »  de  que  hacen  los  ninos  frailecicoSy  como  decia  la  hija 
del  ventero  cervantino.  Sino  frailecicos,  las  ninas  campesinas 
criollas  hacen  con  las  habas  del  pacay  pendientes  para  sus  orejas. 

Paco.  Voz  quichua,  ppaccOy  bermejo.  Animal  llamado  vicuha 
en  lengua  aimard.  Véase  Alpaca  y  Llama.  —  Voz  minera. 
Minerai  argentîfero  con  mezcla  de  ôxido  de  hierro  y  de  color 
amarillo  6  rojizo. 

Pacote.  Voz  brasileiia.  El  charque  de  mejor  calidad  enchi- 
pado  6  empacotado, 

Pacovilla  ô  pacovi  ÇPlatanta  insignis.  Martius).  Canelâceas. 
Hermoso  drbol  de  tronco  grueso  y  recto  que  da  una  fruta  del 
tamano  de  una  naranja  con  estrias  amarillas  y  coloradas.  Su 
pulpa  es  de  sabor  agridulce  y  sirve  para  hacer  confitura. 

Pacumûtu.  Asador  improvisado  de  madera  para  espetar  monos, 
jochis,  pavas  y  demds  animales  que  caen  d  mano. 

Pachio.  Véase  BurucayA.  Pasionaria,  pasiflora.  Parcha  en 
Venezuela. 


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442  CIRO   BAYO 


Padrôn.  Padrillo  6  «  cojudo  »  de  una  manada  de  caballos. 

Pago.  Voz  castellana  pero  usada  en  pocas  provincias.  En 
America  es  gênerai  para  designar  el  campanario  rural,  el  sitio 
donde  uno  vive  : 

Yo  no  soy  de  este  pago 
soy  Valcarce, 
la  que  quiera  venirse 
puede  aprontarse. 

(Copia  popular). 

Es  vocablo  de  verdadero  sabor  clisico,  pues  sabido  es  que  los 
campes  romanos  en  que  se  refugiaron  las  clases  populares, 
estaban  divididos  en  circunscripcion  es  â  cada  una  de  las  cuales 
se  llamaba  «  pagus  ».  El  pago  americano  tiene,  pues,  la  misma 
significaciôn  del  pago  itàlico. 

PAiCA.  La  india  chiquitana. 

Paila.  Caldera  para  hervir  grandes  masas  liquidas.  Casa  de 
paila  :  la  de  los  ingenios  de  azûcar  en  que  esta  la  paila  para  el 
guarapo. 

Pailôu.  Voz  portuguesa.  La  caida  6  tumbo  de  una  cachuela. 
—  Cancha  6  ensenada  de  los  nos. 

Pajarero.  Muchacho  que  desde  un  andamio  6  barbacoa  6 
chapapa,  vigila  las  bandadas  de  pâjaros  que  vienen  à  los  sembra- 
dios  6  plantaciones  del  chaco,  asustândolos  con  una  cana  à  cuyo 
extremo  pone  un  guinapo,  6  bien  dando  voces  y  con  honda. 

Pajero  (Gato).  Gato  montés  de  la  Pampa. 

Pajonal.  Mata  de  pajas  alias  y  bravas  que  altemadas  con  la 
gruma  y  otros  pastos,  cubren  la  vasta  extension  de  la  pampa. 
A  veces  arden  los  pajonales  y  consumen  la  pradera,  como  en  la 
batalla  de  Ituzaingô.  El  fuego  prendiô  en  el  pasto  demasiado 
alto  y  ya  seco  por  la  fuerza  de  los  soles,  y  cundiô  con  extraor- 
dinaria  rapidez,  pereciendo  abrasados  muchos  heridos  sin  haber 
sido  posible  libertarlos  de  las  Hamas. 

Pajuela.  Laminita  de  oro  6  de   plata.  Comùnmente  se  usan 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  443 

dos  :  una  para  el  aseo  de  la  dentadura,  otra  para  el  de  los  oidos.. 
Aquel  refran  de  que  «  para  los  dientes,  oro,  viznaga  6  nada», 
es  disonante  en  America,  supuesto  que  vi:^naga  significa  aqui 
muy  distinta  cosa  que  en  la  Peninsula.  Véase  Viznaga.  El  fôs- 
foro  ô  cerilla  indistintamente.  Palito  en  Montevideo. 

Pajuerano.  El  que  ha  ido  d  la  capital  6  al  pueblo  por  una 
temporada.  V.  gr.  :  «  ^  Que  es  de  fulano  ?  —  Anda  de  pajuerano 
en  Buenos  Aires.  » 

Pajùye.  Plâtano  maduro  amasado  en  agua  fria. 

Palancôn.  Animal  y  persona  grande.  Asî  :  buey  palancôn. 

Palangana.  Fachendoso,  fanfarrôn.  Estar  de  palangana,  no 
atreverse  después  del  desafîo  6  provocaciôn. 

Palca.  Cualquiera  de  las  tablas  de  las  embarcaciones  menores 
que  labran  en  el  Oriente.  —  La  Xque  forma  la  junta  de  dos  nos 
6  dos  caminos,  por  lo  que  palca  es  sinônimo  de  junta  6  cruce. 
—  El  horcôn  que  forma  el  ângulo  de  dos  ramas.  —  Bodoque  en 
forma  de  Y  en  cuyos  brazos  se  ata  la  goma  que  sirve  para  dis- 
parar  à  los  pâjaros  yâ  las  frutas  maduras. 

Palenque.  Atadero  6  estaca  para  amarrar  caballerlas  y  reses. 

Palillo.  Condimento  para  dar  color  amarillo  d  la  comida. 

Palisandro.  La  madera  del  guayabo,  magnifica  para  obras  de 
ebanisteria. 

Palizada.  Empalizada.  Barricada  de  troncos  atracados  al  pie 
de  las  barrancas  en  que  terminan  las  curvas  de  los  nos. 

Palmas.  Estos graciosos  ârboles  delà  zona  tôrrida  son  el  adorno 
de  los  lugares  en  que  crecen,  y  la  providencia  de  los  campesinos, 
viajeros  y  salvajes.  Sus  hojas  sirven  para  techumbre,  y  mejor 
aùn  el  tronco,  que  por  serhueco,  rajândolo  por  lamitad  y  limpio 
de  los  filamentos  que  contiene,  présenta  dos  canales  que  sirven 
de  teja,  con  la  ventaja  de  ser  menos  expuestos  à  incendios,  â 
causa  de  la  savia  oleaginosa  que  contienen.  Este  aceite  que  en 
algunas  palmeras,  como  el  cust,  es  muy  estimado  para  untar  el 
cabello,  para  combatir  las  afecciones  cutàneas  y  aun  para  la  eco- 
nomia  doméstica,  se  saca  de  la  almendra  de  los  cocos,  los  cuales 


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444  CIRO   BAYO 


se  presentan  en  racimos  copiosos  y  de  énorme  peso.  Adherida  d 
la  corteza  hay  una  materia  blanca,  el  palmttOy  nombre  que  se  da 
también  al  cogollo  de  las  hojas  nuevas,  del  que  comen  los  monos 
y  los  viajeros  perdidos  en  el  monte.  De  las  fibras  de  la  corteza 
del  drbol  se  hacen  cordeles  para  hamacas  y  arcos  ;  de  las  hojas, . 
sombreros,  espuertas,  esteras,  abanicos,  etc.  La  yema  terminal 
se  aprovecha  para  ensalada.  Véase  Caranday,  Cusi,  Motacù, 
Chouta,  Garronuda,  etc. 

Palma  de  los  Andes  (Ceroxylia  andicola.  Martius).  Es  la  palmera 
que  mds  aguanta  el  frio  por  lo  que  se  la  encuentra  en  las  prime- 
ras estribaciones  de  la  Cordillera. 

Palma  de  Rosario  (Euterpe  precatoria),  Asi  llamada  porque  sus 
cocos  pequenos  sirven  para  cuentas  de  rosario  à  los  indigenas  de 
Mojos.  La  palmera  es  de  tronco  liso  y  recto,  coronado  de  grandes 
hojas  graciosamente  arqueadas. 

Palma  real  (Mauritia  viniferà).  Notable  entre  todas  por  su 
erguido  talle  y  lo  pomposo  de  sus  pencas,  grandes  en  forma  de 
abanico  y  dispuestas  en  amplia  corona.  La  forma  de  sus  racimos 
es  un  peciolo  largo  y  horizontal  del  que  cuelgan  otros  peciolos 
mas  pequenos  que  son  los  que  sustentan  los  frutos  unos  debajo 
de  otros  formando  hileras  como  cuentas  de  rosario.  Es  la  ûnica 
palmera  que  présenta  el  coquito  6  semilla  sin  envoltura  lenosa. 

Palma  Cristi.  Euforbiaceas.  Véase  Ricino. 

Palmicho.  Palma  cuyas  hojas  son  muy  aparentes  para  surubis 
6  techos  de  paja  ;  llamada  también  en  otros  sitios  palmiche^  palmi- 
cho y  jatata.  Pertenecen  al  género  Oreodosca. 

Palmito.  El  cogollo  de  muchas  palmeras,  que  crudo  es  agra* 
dable  al  paladar,  y  picado,  cocido  y  aderezado  convenientemente 
résulta  una  magnifica  ensalada. 

Palo.  Nombre  que  como  el  de  «  madeira  »  entre  los  portu- 
gueses  y  brasilenos,  usan  los  crioUos  para  nombraralgunosârboles, 
arbolitos  y  arbustos.  Asi  :  palo  Maria  y  palo  santo  que  son  mas 
que  palos  ;  y  palo  de  lèche,  palo  de  viboras,  palo  de  tinte ,  palo  de 
poros  y  palo  de  boisa,  segùn  sus  propiedades  y  aplicaciones. 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  445 

Palo  Brasîl  {Cesalpina  echinata.  Lamarck).  Este  drbol  grande, 
pero  déforme  y  espinoso,  es  el  que  diô  nombre  al  Brasil,  por 
haberse  fijado  los  portugueses  en  la  abundancia  que  de  él  habia 
en  los  puntos  donde  desembarcaron.  El  color  rojo  6  brasil  lo 
suministra  el  leno  del  arbol  y  e?  muy  usado  en  tintoreria.  Se  le 
halla  también  en  el  Béni  y  en  Santa  Cruz  de  la  Sierra  donde  es 
llamado  palo  Rosa. 

Palo  Maria  ÇCallophillum  Brasiliensis).  Arbol  elevado  de 
mds  de  cincuenta  métros  de  altura.  Solo  su  tronco  hasta  las 
primeras  ramas  tiene  mds  de  treinta.  De  su  madera  se  trabajan 
la  mayor  parte  de  las  embarcaciones  y  canoas  que  surcan  los 
rios  del  Oriente,  y  aunque  solo  duran  de  très  i  cuatro  anos,  en 
cambio  son  muy  ligeras,  y  si  naufragan  no  van  al  fondo.  Lo 
mejor  que  proporciona  el  Palo  Maria  es  el  Balsamo  de  Maria, 
que  fluye  por  incision  de  la  corteza.  Es  de  color  oscuro,  y  coagu- 
lândose  hay  necesidad  dedisolverlo  al  fuego.  Echa  tanta  fragancia, 
que  los  granos  del  coâgulo  se  usan  también  como  incienso  en  las 
Misiones. 

Palo  santo.  Nombre  de  ciertos  drboles  de  familias  distintas. 
(Vintera  aromatica  y  el  Guajacum  officinale^  L.,  6  Guayacàn)  Rutd- 
ceas.  Véase  Guayacàn  que  es  el  verdadero  palo  santOy  sin  duda 
porque  diz  que  préserva  del  rayo. 

Bombdcea.  Otro  drbol  de  tronco  leiioso,  hojas  grandes  lanceo- 
ladas,  pecioladas  y  de  hermoso  color  verde.  El  tronco  hueco 
envia  varios  canales  d  la  corteza  y  d  las  ramas,  por  cada  uno  de 
cuyos  nudos  salen  unas  hormigas  grandes,  rojas,  de  molesta  pica- 
dura  asi  que  se  toca  el  drbol.  Por  esta  circunstancia  es  llamado 
palo  santOy  es  decir,  drbol  de  mi'rame  y  no  me  toques,  como  las 
cosas  sagradas.  Este  tronco  vacio  es  magnifico,  sin  embargo,  para 
armadurade  edificios  con  tal  que  no  esté  al  descubierto. 

Palo  de  balsa.  Arbol  parecido  al  ambaibo,  de  tronco  liviano  y 
esponjoso  que  los  indios  del  Béni,  singularmente  los  mosetenes, 
aprovechan  para  sus  balsas  y  callapos. 

Palometa  (Serrasalmus  marginatus).  Pez  mediano,  de  colores 


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446  CIRO    BAYO 


amarillos  con  doble  hilera  de  dientes  en  forma  de  pirimide,  con 
los  que  corta  la  presa,  incluso  los  dedos  de  los  caimanes,  como 
con  unes  alicates.  Como  observa  D'Orbigny,  los  dientes  de  pah- 
meta  han  sîdo,  desde  los  tiempos  mas  remotos,  las  tijeras  de  los 
indigenas  del  Oriente  y  aun  de  los  tejedores  primitivos  para 
recortar  los  hilos.  Puedo  también  anadir  que  sirven  de  peine, 
como  he  visto  usarlos  a  los  indios  araonas  del  Béni.  Lsipalometa 
es  animal  muy  temible  para  los  banistas  que  luciendo  todo 
lo  que  Dios  les  diô  refrescan  el  cuerpo  en  los  nos  del  Oriente, 
porque  se  exponen  à  una  amputaciôn  cruenta  en  medio  del  agua. 
Para  evitar  el  riesgo  de  palometas,  rayas,  torpédos,  caimanes, 
camdirùes  «  et  ejusdem  furfuris  »,  la  gente  acostumbra  banarse 
por  ahi,  echândose  agua  con  una  tutuma  à  calabaza,  à  la  manera 
que  representan  al  Precursor  bautizando  al  Mesîas  en  el  Jordan. 

Palta.  Voz  quichua.  Fruto  del  paltero  (Laurus  persea,  L.  — 
Persea  gratissima  y  Faites  aguacate).  Aguacate  en  Cuba  y  Brasil  ; 
cura  en  Colombia.  Riquîsimafrutade  los  valles  ô  tierras  calientes 
que  tiene  la  forma  de  calabacîn  verde,  cuyo  vértice  lo  forma  una 
protuberancia  à  modo  de  huevo.  La  pulpa  que  tira  à  amarillo,  es 
la  que  mezclada  con  un  poco  de  sal  6  de  azûcar,  d  gusto  del 
consumidor,  se  come  con  cucharilla,  6  untdndola  en  pan,  à 
guisa  de  mantequilla  végétal.  Es  tan  estimada  que  se  remite  por 
correo  al  interior.  La  palta  de  La  Paz  es  famosa  en  toda  Bolivia. 
—  En  Chiquitos,  la  carga  de  soborno  6  sobrante  de  la  carga  que 
se  pone  en  medio  de  los  bultos  ô  petacas. 

Palla.  Palmera.  Maximiliana  Regia,  Hart. 

Pallar.  Voz  minera  tomada  del  quichua.  Escoger  los  trozos 
de  minerai  util  en  una  roca  estéril. 

Pampa.  Voz  auca  y  quichua  que  significa  llanura  larga  y  dila- 
tada.  La  pradera  americana  es  uniforme  sin  que  se  tropiece  con 
una  sola  piedra,  y  el  terreno  esta  socavado  por  madrigueras  de 
vizcachas,  lechuzas,  iguanas,  armadillos  y  otros  roedores.  Entre 
las  aves  abundan  las  rapaces  y  casi  todas  las  acuâticas  que  ale- 
gran  las  lagunas  y   banados  asi  como  el  uniforme  verdor  del 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  447 

carapo.  Mas  afuera  esta  el  dominio  de  los  venados,  gumacos, 
avestruces,  pumas  y  jaguares.  La  necesidad  de  arbolado  ha 
hecho  que  cada  estancia  se  lo  procure  artificialmente.  Darwin 
atribuye  la  falta  de  vegetaciôn  arborescente  en  la  Parnpa  argen- 
tina  â  los  fuertes  vientos  reinantes  en  la  région  ;  ello  es  que  los 
arboles  crecen  en  ella  pronto  y  bien.  Estos  montes  6  bosques 
artificiales  de  sauces,  paraisos,  duraznos,  manzanos  y  euailiptus 
se  destacan  sonrientes  como  manchas  de  pincel  en  el  vasto  hori- 
zonte.  El  ombûy  decantado  ârbol  de  esta  région,  es  rara  arbor  in 
dtsertOy  pues  casi  todos  cayeron  al  golpe  del  lenador.  Los  pocos 
ombùes  que  quedan  Uaman  asi  mâs  la  atenciôn  por  aquello  que 
«  todas  cosas  por  ser  raras  son  preciosas  ».  En  la  pampa  argen- 
tina,  en  esta  Uanura  sin  limites,  imagen  del  mar  en  la  tierra,  las 
menores  ondulaciones  del  terreno  cobran  â  la  vista  proporciones 
extraordinarias,  y  el  espejismo  tan  frecuente  en  el  verano,  da  â 
los  pajonales  la  apariencia  de  palmeras  sembrando  de  oasis  fan- 
tasticos  este  océano  de  verdura. 

Dentro  de  los  alambrados  en  que  esta  encuadrada  la  llanura 
colonizada,  pacen  millonesde  bueyes,  ovejas  y  caballos,con  entera 
libertad  y  sin  gran  cuidado  de  sus  duenos.  Las  lagunas,  ora  natu- 
rales,  ora  alimentadas  por  las  Uuvias,  son  de  inmensa  utilidad 
para  estos  ganados  que  moririan  â  millares,  si  ellas  faltaran.  No 
dice  bien  el  chileno  Lastaria  cuando  escribe  :  «  Nada  mâs  triste 
que  la  Pampa  en  el  invierno.  Solo  se  ve  el  desierto  en  toda  su 
inmensidad.  Parece  que  al  retirarse  de  alH  las  aguas  del  mar, 
dejaron  estampado  el  sello  del  Océano  para  eterna  memoria.  » 
Comprendo  que  tal  impresiôn  causa  al  hombre  de  las  monta- 
nas  la  inmensa  llanura  con  su  àmbito  extenso  ;  pero  aparté  de 
que  la  Pampa  no  es  la  estepa  6  pâramo  que  muchos  se  imaginan, 
uno  se  encarina  fàcil mente  con  ella  por  su  agradable  y  sano 
clima,  por  los  especticulos  atmosféricos,  tan  curiosos  y  de 
tan  fàcil  observaciôn  como  en  el  mar,  por  el  estudio  de  su 
variada  fauna,  ysobretodo,  por  la  hospitalidad  y  afables  maneras 
de  sus  habitantes.  La  pampa  de  Mojos  por  su  vecindad  al  rtô- 


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448  CIRO   BAYO 


pico  y  por  la  feracîdad  que  le  comunica  el  sistema  hidrografico 
que  la  surca  y  la  circunda,  tiene  mas  parecido  con  las  llanuras 
del  Orinoco. 

Pampa.  Flojo.  Esta  pampa  :  flojea.  Tal  vez  de  :  bamba,  colum- 
pio.  —  Caballo  pampa.  Oscuro  con  una  mancha  blanca  en  la 
frente. 

Pampaco.  Voz  quichua.  Colmena  subterrànea  en  forma  de 
botijas  aglomeradas. 

Pampero.  Viento  del  Sudoeste,  gênerai  y  constante  en  la  Ame- 
rica del  Sur.  Vienio  de  afuera  le  llaman  en  Buenos  Aires  ;  el  Sur 
en  el  Oriente  de  Bolivia  ;  y  pampero  mas  generalmente,  por  venir 
del  lado  de  las  Pampas  argentinas.  Es  viento  impetuoso  que 
hace  estragos  en  tierra,  mar  y  rios;  pero  es  muy  sano,  à  lo 
menos  en  la  Provincia  de  Buenos  Aires,  como  que  las  personas 
experimentan  cierto  bienestar  mientras  se  déjà  sentir.  En  latitudes 
mas  altas,  la  rapida  transiciôn  del  calor  al  frio  que  ocasionan 
los  sureSy  causa  pulmonias  y  mortandad  de  animales. 

El  pampero  sopla  casi  siempre  cuando  el  cielo  ha  estado  nubla- 
do  y  lagrimeando  por  algunos  dias,  borrando  con  sus  rafagas 
impetuosas  los  nubarrones,  y  dejando  a  su  conclusion  un  cielo 
purisimo.  Es  viento  utilisimo  en  regiones  como  la  Pampasia, 
asî  argentina  como  mojeiia,  falta  de  arbolado  y  donde  la  atmôs- 
fera  séria  deletérea  d  causa  de  tanta  ciénaga,  pantano,  animales 
muertos  y  demds  fomes  de  corrupciôn.  En  tiempo  de  prolongada 
seca,  el  pampero  levanta  y  arrebata  en  pos  de  si,  inmensos  tor- 
bellinos  de  tierra  végétal,  que  llegaron  a  ser  tan  densos  el  12  de 
Mayo  de  1866,  que  al  pasar  por  la  ciudad  de  Buenos  Aires,  a  las 
dnco  de  la  tarde,  sumieron  d  la  capital  durante  diez  minutos  en 
la  mas  densa  oscuridad.  Un  testigo  presencial  dice  que  parecia 
una  montana  de  très  6  cuatro  mil  métros  de  elevaciôn,  y  tan 
oscura  y  densa,  que  a  su  pasodejaba  caer  una  lluvia  a  torrentes 
de  barro  liquido.  El  huracdn  duré  en  todo  su  fiiror  mas  de  una 
hora.  Hora  y  média  antes  de  pasar  por  encima  de  Buenos  Aires, 
es  decir  a  las  très  y  média,  habia  pasado  por  Rosario  que  esta  i 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  449 

400  kilômetros  de  la  capital,  feores  son  los  estragos  que  el  pam- 
pero  causa  en  élagua,  donde  las embarcaciones,  si  estàn  ancladas, 
garrean  y  sufren  averias  de  importancia.  En  los  grandes  rios 
levanta  énormes  olas  que  impide  el  avance  de  las  embarcaciones 
menores  que  no  tienen  mâs  remedio  que  encostar  d  la  orilla,  en 
donde  estan  expuestas  â  otro  riesgo  mayor,  cuales  que  la  fuerza 
del  viento  derribe  uno  de  los  arbolones  de  la  orilla  que,  al  caer, 
arrastra  consigo  un  pedazo  de  la  barranca  sepultando  batelôn  y 
tripulantes,  de  noche  principalmenle  cuando  sobreviene  el  sura:(p 
con  fuerza  y  coge  descuidada  â  la  gente  en  la  pascana. 

Pampichuela.  Dirainutivo  de  pampa. 

Panca.  Voz  quichua.  La  hoja  que  envuelve  el  choclo  à  espiga 
tierna  de  malz. 

Pando.  Llano  y  de  poco  fondo.  Curiche  pando;  arroyo  pandingo. 
Pantano  poco  profundo  ;  arroyo  de  poca  y  mansa  corriente. 

Panes.  Mentiras.  —  Echar  panes  :  decir  mentiras;  contar 
grandezas.  —  «  |  Son  panes  !  »  dice  maliciosamente  el  gaucho 
cuando  duda  de  algo  que  le  cuentan. 

Pangaré.  Caballo  de  hocico  blanco. 

Pango.  Confusion,  desconcierto.  Tal  vez  de  pânico. 

PAwauEauE.  Voz  inglesa  :  pancake,  pan  dulce  â  la  sartén. 
Suena  «  panquec  »  y  es  el  plato  que  un  dia  al  aiio  se  sirve  en 
los  restaurantes  de  Londres.  Tal  como  se  corne  en  los  hoteles 
sur-americanos  es  una  tortilla  con  harina  y  azùcar,  plato  muy 
exquisito  aclimatado  por  los  chilenos. 

Panteôn.  Cementerio.  Todo  el  recinto  de  un  campo  santo. 

Panvaso  (pan  bazo).  Pan  de  dos  capas,  muy  abultado  en 
medio.  «  Gordo  como  panvaso.  » 

Papa.  Voz  quichua.  La  patata.  De  lamisma  voz  derivz  papaya^ 
fruto  parecido  â  la  papa.  Pasan  de  ciento  las  variedades  de  este 
tubérculo  americano,  â  cual  mâs  nutritivas  y  suculentas.  Entre 
ellas  se  distinguen  en  Bolivia,  la  racachûy  lilicoya,  chuho,  tunta, 
ulltku,  caya,  ocUy  viahOy  gîmluT^a^  etc.  Sin  embargo,  â  excepciôn  de 
los  habitantes  de  las  tierras  frigidas  entre  los  cuales  la  papa  es 

Rtvuê  hispanique,  xnr.  29 


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450  CIRO   BAYO 


como  en  Europa  el  pan  del  pobre,  en  los  demâs  puntos  se  la  des- 
precia.  Bien  es  verdad  que  para  reemplazarla  tienen  la  yuca  y  el 
plâtano,  tan  nutritives  como  la  patata.  La  papa  es  originaria  de 
la  America  del  Sur.  Los  mejicanos  no  la  conocîan  cuando  arribô 
Cortés.  Zarate  Acosta,  escritor  castellano,  tesorero  del  virreinato 
del  Perù  en  15 14,  la  describiô  en  su  época.  Poco  después  fué 
llevada  â  Espana,  y  de  nuestro  pais  se  propagé  a  Italia,  en  donde 
se  aclimatô.A  Irlanda  fué  llevada  de  Santa  Fé  en  1588,  si  bien  su 
cultivo  no  se  generalizô  en  las  Islas  Britânicas  hasta  el  primer 
tercio  del  siglo  xvii.  Con  estas  fechas  â  la  vista  se  queda  tamanita 
la  gloria  de  Parmentier,  el  cual  no  empezô  su  propaganda  hasta  el 
ano  1778. 

Término  minero.  Masa  énorme  de  plata,  como  la  famosa  papa 
de  Himntajaya  que  pesaba  33  quintales (5.190  kilos);  tan  grande 
que  ningùn  arriero  pudo  llevarla  hasta  Arica  y  hubo  de  Uevarse 
poragua. 

Papagayo.  Abraza  un  considérable  numéro  de  especies.  Aràra 
y  paxàba  en  el  Oriente.  Algunas  especies  son  parleras,  otras  no  ; 
pero  todas  de  rutilantes  colores,  ramilletes  con  plumas  para  valerme  de 
la  celebrada  frase  de  Calderôn.  La  hora  mas  propicia  para  ense- 
narles  â  hablar  es  de  noche  â  una  hora  fija,  teniendo  â  oscuras  la 
habitaciôn  y  preparando,  de  antemano  el  ânimo  del  discipulo  con 
un  bizcocho  borracho,  para  desatarle  la  lengua  ;  no  por  esto  son 
de  despreciar  los  momentos  del  dîa,  singularmente  â  las  primeras 
horas  de  lamanana  en  las  que  el  ave  se  manifiesta  muy  parlanchina. 
Entonces  se  adelanta  mucho  poniéndola  delante  de  un  espejo, 
para  que  se  créa  acompanada  de  otra  de  su  especie.  Cuando 
interrumpe  la  lecciôn,  yéndose  por  los  cerros  de  Ubeda,  con 
chdchara  y  graznidos,  conviene  corregirla  echàndola  un  vaso  de 
agua  frîa  a  la  cabeza,  6  una  bocanada  de  humo  d  los  ojos.  La 
correcciôn  debe  de  ser  inmediata  para  que  no  adquiera  mafias  y 
se  haga  incorregible.  Frutas,  maiz  y  pastelillos  es  lo  ùnico  que 
debe  dârseles  para  que  conserven  la  salud  ;  asî  como  permitirlas 
banarse  d  su  gusto,  para  que  el  plumaje  no  desmerezca.  Los 
papagayos,  como  los  elefantes,  no  se  reproducen  en  cautividad. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  45 1 

Papango.  La  bolita  de  vidrio  6  de  barro,  6  semilla  de  chuy  con 
que  se  ju^a  â  balas. 

Papayo.  Voz  quichua  :  de  fruta  como  papa  grande  (jCarica 
Papaya.  L.).  Euforbiâceas.  Hermoso  ârbol  frutal  de  diez  d  veinte 
métros  de  altura,   tronco   liso  y  cillndrico,   coronado   por  un 
ramillete  de  hojas  umbeladas,  lo  que  le  da  el  aspecto  de  higuera 
palmeada.  A  esta  se  parece  en  sus  hojas,  y  d  la  palmera  en  ser 
de  flores  dioicas,  generalmente,  esto  es,  que  rara  vez  coexisten 
los  dos  sexos  en  un  misrao  végétal.   El  tronco,  los  tallos  y  el 
fruto  verde  proporcionan  por  incision  un  jugo  Idcteo  que  las  mujeres 
emplean  como  legia  para  quitar  las  manchas  de  la  ropa,  y  los  dulca- 
tnarasmvdles  contra  las  rubicundideces.  Mezclado  con  agua  aqueste 
jugo,  tiene  la  particularidad  de  ablandarla  carne  puesto  en  remojo, 
circunstanciâ  de  que  se  aprovechan  los  naturales  para  ademds 
hacerla  âesta  ùltima,  de  mâs  fdcil  digestion.  El  mismo  resultado 
se  consigne  envolviendo  la  carne  fresca  en  hojas  de  papayo,  por 
lo  que  allî  donde  el  drbol  abunda,  envuelven  la  carne  con  sus  hojas, 
como  en  Europa  con  hojas  de  col,  de  higuera  6  de  vid.  Reciente- 
mente  se  ha  descubierto  que  la  papaina  extraida  del  jugo,  es  un 
magnificodigestivo  superior  dla  pepsina  animal,  como  que  ademds 
de  transformarse  en  peptona  (esto  es,  en  productos  lîquidos  faciles 
de  digerir,  la  lèche,  la  clara  de  huevos,  y  la  carne  muscular) 
disuelve  la  materia  âcida  tanto  en  un  centro  dcido  como  en  un 
centro  neutro  (Wûrtz  y  Bouchât).  El  fruto,  la  papaya^  es  agra- 
dabilisimo  y  muy  conveniente  tomado  en  ayunas.  Tomado  â 
deshora  y  con  exceso,  tengo  experimentado  que  predispone  â  la 
fiebre  â  los  no  aclimatados  en  el  trôpico. 

Papelote.  Cometa  de  papel.  Véase  Barrilete. 
PAauETE.  Elégante,  bien  empaquetado. 
PAauio.  Arbol  corpulento  y  espeso,  de  madera  dura  y  résina 
aromâtica.   Su  fruto   comestible,   aunque  seco  y  farinâceo,   es 
llamado  en  otros  puntos  acu^uayaca  {Himenea  Caurbaril), 

Paraba.   Guacamayo.    Muchas  especies  del  género  AtnpeUs. 
Véase  Papagayo. 


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4S2  CIRO    BAYO 


Paradero.  Rodeo;  lugar  donde  se  recojen  y  juntan  las  reses. 
Paraguayo.  El  làtigo  del  mayoral  6  capataz  de  una  peonada. 

—  Rosqueta  hecha  de  azùcar,  clavo  y  almidôn.  —  Mate  para- 
^uayo.  Véase  Mate. 

Parajobobo.  Véase  Bobo. 

Paraparaiï.  Végétal  médicinal. 

Parejero.  Caballo  de  carrera  al  que  se  da  por  les  gauchos  una 
educaciôn  especial,  aunque  no  tan  exagerada  como  a  los  «  pur 
sang  »  de  hipôdromo. 

Pariguana.  Especie  de  cuervo  acuàtico,  notable  por  el  variado 
matiz  de  sus  plumas. 

Parima.  Ave  mayor  que  la  garza  comiin,  de  hermoso  color 
violado. 

Partido.  Division  administrativa  territorial  en  la  Argentina. 

—  Al  partido  :  à  partes  iguales  en  los  frutos  de  una  cosa. 
Pascana.  Voz  quichua  :  desatar;  porque  en  hspascanas^  jaras 

6  altos  en  la  marcha  se  alivia  de  su  carga  a  las  bestias  y  antes  à 
los  indios.  Las  pascanas  son  lugares  en  despoblado  donde  se  des- 
causa  6  pernocta  en  un  viaje.  Algunas  de  las  pascanas  que  se  ven 
en  la  cordillera  chileno-argentina  fueron  mandadas  construir  por 
el  Gobiemo  espanol  para  refiigio  del  correo  y  de  los  viajeros  que 
transitaban  por  los  pasos  de  los  Andes.  Entre  ellas  se  conservan 
en  buen  estado  las  del  camino  de  los  Andes  por  Mendoza  que 
data  del  tiempo  de  la  conquista  y  ponia  en  comunicaciôn  Buenos 
Aires  con  Santiago  de  Chile,  a  guisa  de  camino  real.  En  todo  el 
camino  se  encuentran  diez  casas  6  piezas  cuadradas  de  seis  varas 
de  diâmetro,  sobre  un  macizo  de  cal  y  canto  de  très  6  cuatro 
varas,  para  que  sobresalga  de  la  nieve  de  la  cordillera.  El  edificio 
es  de  bôveda  compuesta  en  forma  de  arco,  y  la  fàbrica  tan  sôlida 
como  lo  acredita  la  vetustez  de  su  origen.  Véase  Apacheta  y 
Tambo. 

Paspa.  Grieta  que  el  frio  hace  salir  en  los  labios. 

Pasta  (Una).  Una  muiieca  de  idem. 

Pata.  Voz  quichua.  Cima  6  altura.  Entra  en  la  composiciôn 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  453 

de  muchos  nombres  geograficos.  Asi,  Samaipata,  alto  del  des- 
canso;  Challapata,  altura  de  arena;  Coripata,  cûspide  de  oro; 
Ayapatay  cumbre  de  los  muertos. 

PatabA.  Véase  Majo. 

Patacar.  Muquear  la  chicha. 

Pataconear.  Enflorar  el  toro  que  se  juega,  con  patacones  6 
moneda  que  se  gana  el  lidiador  màs  arriesgado  que  los  arranca 
de  su  sitio. 

Patasca  6  pastaca.  Cabeza  6  rabo  de  cerdo  cocido,  con  granos 
de  maiz  pelado. 

Patay.  Especie  de  pan  de  higo,  hecho  de  la  fruta  del  mistol  6 
algarrobo,  y  harina,  todo  machacado.  Es  el  dulce  favorito  de  los 
santiaguenos  argentinos. 

Patear.  Indigestarse  algo.  Hastiar.  Es  el  homôlogo  de  nuestra 
significativa  frase  :  «  Dar  una  patada  en  el  estômago.  »  Me  pateô 
la  chicha  \  no  puedo  mâs  con  ella. 

Patero.  Guaracha  6  cobertizo  bajo,  al  que  se  encaraman  las 
aves  de  corral,  principalmente  los  patos. 

Patilla.  Poyo  6  asiento.  — El  antepecho  6  alfeizar  de  la  ven- 
tana. 

Patio  (Beneficio  del).  Método  de  amalgamaciôn  de  la  plata  que 
introdujo  en  Potosi,  Pedro  Fernàndez  de  Velasco  hacia  el  ano 
1572,  aunque  su  invenciôn  pertenece  d  Bartolomé  Médina, 
minero  de  Pachucca,  en  Mexico  (véase  Amalgamaciôn).  Este 
sistema  se  redujo  al  principio  d  triturar  el  minerai,  mezclar  su 
limalla  con  una  mezcla  de  sal  y  la  cantidad  suficiente  de  azogue 
que  se  incorporaba  à  la  masa  à  fuego  lento.  Esta  masa  se  lavaba 
en  seguida  en  grandes  pozos  ô  bateas,  en  los  que  era  depositada 
la  pella  que  se  amoldaba  en  pihas  6  forma  de  panes  de  azûcar. 
Finalmente,  se  quemaban  estas  para  la  exhalaciôn  del  mercurio. 
En  1586  se  perfeccionô  el  sistema  del  patio  por  Corso  de  Leca 
que  fué  el  primero  en  hacer  uso  del  hierro,  por  cuyo  medio  se 
descomponîa  el  muriato  de  plata.  Este  beneficio  de  hierro  fué 
introducido  a  principios  del  siglo  xix  por  Gellert  en  los  labo- 
ratorios  de  Sajonia. 


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4S4  CIRO   BAYO 


Patitos.  Las  flores  del  ceibo  hembra,  de  hernioso  color  rojo 
encendido,  y  labiadas,  de  manera  que  al  caer  en  el  agua  bogan  â 
favor  de  la  corriente,  como  patitos  minûsculos,  â  cuya  circuns- 
tancia  deben  su  nombre. 

Pato  REAL.  Asi  llamado  por  la  brillantez  de  su  plumaje.  Es 
de  cerca  de  una  vara  de  largo;  tiene  la  cabeza  guaraecida  de 
protuberancias  camudas  de  un  color  rojo  muy  vivo  ;  su  plumaje 
es  negro,  reluciente,  toraasolado,  verde  oscuro.  Saca  hasu  doce 
patitos  en  cada  incubaciôn.  Lldmasele  también  pato  moscado  6 
almixclado  por  el  olor  que  despide,  proveniente  de  un  licor  que 
filtra  de  unas  glàndulas  debajo  de  la  rabadilla,  que  hay  que  cor- 
tar  para  que  la  came  no  tome  mal  olor. 

Patria.  Caballo  ù  oveja  que  tiene  cortada  la  mitad  de  la 
oreja  derecha.  Dériva  el  nombre  de  la  practica  antigua  de  senalar 
asi  d  los  caballos  alzados  6  de  marca  desconocida,  destindndolos 
i  la  caballeria  del  ejército.  Eran  de  la  «  patria  »,  como  en  otros 
tiempos  hubieran  sido  reyunos  6  del  rey,  adjetivo  que  aun  se 
conserva  :  «  Al  peje-rey  hubo  un  tiempo  que  se  llamô  peje- 
patria  »  (Palma). 

Patujû.  Platanillo  6  ârbol  del  viajero  (Bégonia  Platanifolia. 
Schott).  Planta  que  crece  en  terrenos  bajos  y  hùmedos,  perdida 
en  la  enmaranada  maleza  de  las  selvas,  cuyos  claros  embellece 
con  la  vista  de  su  pomposo  follaje  y  el  rutilante  color  de  sus 
bayas.  Su  tallo  herbiceo  adornado  de  largas  y  pomposas  hojas* 
como  las  del  bananero  6  pldtano,  con  la  diferencia  que  crecen 
opuestas,  sube  d  la  considérable  altura  de  ocho  ô  diez  varas.  El  agua 
de  la  lluvia  al  resbalar  por  las  hojas  de  un  verde  mate  fresco,  se 
filtran,  como  por  un  embudo  en  el  tronco,  del  cual  mediante  una 
pinchada,  se  obtiene  un  chorro  de  agua  que  instantdneamente 
hay  que  aprovechar,  bien  aplicando  los  labios  bien  una  calabaza 
deanchos  bordes.  Hzy  patujties  que  suministran  hasta  una  botella 
de  litro.  Por  esto  es  llamado  el  drbol  del  viajero,  alld  en  los 
desiertos  americanos.  El  platanillo  propiamente  dicho  es  la 
especie  mâs  alta  y  de  hojas  mucho  mayores,  con  las  que  se  for- 
man  techos  en  las  pascanas  y  paraguas  improvisados. 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  455 

Paujé.  Espigas  de  maiz  colgadas  de  su  chala  y  apareadas,  para 
que  no  las  invada  el  gorgojo.  «  Trâete  un  paujé.  »  Trae  un  par 
de  espigas,  6  una  yunta  de  maiz. 

Paûro.  Depôsito  de  aguas  que  bajan  de  una  vertiente  6  represa 
cualquiera. 

Pausa.  El  cohete  que  à  intervalos  6  a  pausas  déjà  caer  una 
lluvia  de  colores. 

Pava  6  paba.  Tétera  para  calentar  el  agua,  ordinariamente  para 
la  infusion  de  la  yerba  mate.  Agua  en  la  pava,  y  yerba  en  la 
yèrbera,  es  lo  que  nunca  falta  en  los  ranchos  argentinos.  Pava 
de  monte.  La  hembra  del  mamaco.  Hacerse  la  pava  :  burlarse 
de  alguno.  —  /  Quépavada  !  \  Que  tonteria,  que  insulsez! 

Payador.  Tipo  popular  de  los  paises  del  Rio  de  la  Plata.  Es 
el  trovador  americano  que  tiene  por  escena  los  ranchos  y  pulpe- 
rias  de  la  campaiîa.  Ya  se  conservan  muy  pocos  modelos,  y  muy 
pronto  solo  vivirà  en  la  leyenda,  abultada  por  la  fantasia  popular. 

Llàmanse  payadas  a  improvisaciones  sobre  un  tema  dado  por 
el  auditorio  6  à  elecciôn,  segun  convenio.  Al  payador  le  retruca 
otro  colega,  tomando  como  pu  ma  de  partida  la  esencia  de  la 
estrofa.  De  manera  que  el  payador  supone  otro  contrincante  que 
realce  su  mérito,  6  le  venza.  Estas  justas,  como  observa  Julio 
dlcano,  hablando  de  los  cantadores  de  su  pais,  tienen  general- 
mente  por  objeto  la  ingeniosa  vuelta  6  traslaciôn  de  una  idea, 
ide  modo  que  si  el  uno  canta  : 

Ayer  pasé  por  tu  casa  ; 
Alcé  los  ojos  y  vi 
Un  letrero  que  decfa  : 
«  Yo  no  nacf  para  ti.  a 

El  Otro  replica  : 

Yo,  como  supe  leer, 
Borré  aquel  y  puse   otro, 
Donde  le  dejé  entend iendo  : 
«  Ni  yo  para  ti  tampoco.  » 

Con  ser  atinada  y  cxacta  la  anterior  observacién,  tengo  para 


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45 6  CIRO   BAYO 


mi  que  la  payada  americana  recuerda  mis  bien  la  tension  entre 
los  trovadores  provenzales,  ora  personal,  ora  técnica,  y  que  solîa 
sujetarse  a  la  décision  de  un  drbitro  ;  tal  como  acontece  en  los 
teatros  de  Buenos  Aires  y  Montevideo  cuando  justan  dos  trova- 
dores. Con  ser  payador  voz  rio-platense,  soy  de  opinion  que 
dériva  de  paya^  dos,  en  aimard  ;  y  robustece  esta  opinion  el  que 
hspayadaSy  si  bien  con  otros  nombres,  son  générales  en  Ame- 
rica, aunque  aqui  me  limitaré  â  lo  que  conozco  de  Bolivia. 

En  Cinti,  provincia  vinicola  del  departamento  de  Chuquisaca, 
se  elige  en  tiempo  de  la  vendimia  un  hombre  que  dirija  la  pisa 
de  la  uva.  La  primera  cualidad  que  se  le  exige  es  la  de  ser  poeta, 
porque  la  pisa  se  hace  al  compds  del  canto  que  gira  sobre  las 
improvisaciones  del  trovador.  Los  versos,  aunque  generalmente 
faltosde  rima,  son  d  veces  chuscos,  graciosos  y  picarescos,  porque 
tienen  por  objeto  los  gestos  6  las  palabras  de  los  tra  bajadores.  Otras 
veces  son  alabanzas  al  vino,  y  anacreônticas  de  todogénero,  como 
lo  hàcian  en  Grecia  los  vendimiadores.  Por  lo  comiin  otros  tra- 
bajadores  sienten  correr  por  sus  venas  el  fuego  de  la  inspiraciôn, 
y  retrucando  al  primer  cantor  convierten  la  fiesta  en  payada.  De 
parecido  modo  acontece  en  algunos  distritos  del  Brasil.  «  Em 
setembro  começa-se  a  desmanchar  a  mandioca,  a  fazer  a  farinhada. 
E  que  alegres  dias  e  festivos  serôes  na  humilde  casa  de  palha  do 
pequenho  lavrador!  Postos  amigos  e  visinhos  no  mais  cordial 
adjutorio,  arrancam,  raspam,  cabani  a  bendita  raiz.  Lavam-a  â* 
prensa,  â  peneirà.  Suor  de  escravo  nâo  vereis  alli  correr;  é  o 
travalho  livre  e  fecundo  ameniiado  pela  saudosa  modinha  cearense^ 
tangendoa  viola,  ou  porinterminaveis  historias  de  cobras  e  onças  » 
(Rodolpho  Theophilo,  Historia  de  Secca  do  Cearâ). 

Entre  los  groseros  indios  de  la  altiplanicie  se  practica  lo  que 
ellos  Uaman  el  tincu,  Uno  propone  un  argumento  y  otro  le  res- 
ponde  ;  con  la  -circunstancia  que  casi  siempre  pasan  del  terreno 
del  arte  al  campo  de  batalla,  pues  el  vencido  en  el  torneo  litera- 
rio,  propone  al  otro  una  justa  â  garrotazos  en  la  que  intervie- 
nen  las  respectivas  comunidades.  de  manera  que  lo  que  empezô 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  437 

en  payada  acaba  en  var  apalos  y  golpes.  (Lo  que  Uaman  tincuchicus 
es  desafiar  al  caminante  i  quien  bebe  mas,  hasta  que  uno  û  otro 
cae  en  tierra,  d  veces  muerto.  Por  cierto  que  en  Malejàn  (de 
Espana)  en  dias  de  fiesta  mayor  hay  la  timta  que  sirve  para  que 
los  parridarios  de  Baco  apuesten  à  quien  bebe  mds,  hartàndose 
de  mosto  gratuitamente.) 

De  lo  dicho  se  desprende  que  la  payada  no  es  mas  que  la  poe- 
sla  dialogada,  comùn  â  muchos  paises.  Sin  ir  mâs  lejos,  los  vas- 
cos,  sobre  todo  los  franceses  de  La  Soûle,  tienen  predilecciôn  por 
esta  forma  poética.  Muchas  de  sus  canciones,  sobre  todo  las  de 
amor,  son  pequenos  diâlogos  entre  dos  personas.  Los  chikiloSy  ver- 
sos que  los  pastores  cambian  de  ladera,  y  los  coblak  6  improvisa- 
ciones  en  la  taberna  son  otras  tantas  payadas. 

Payo.  Albino. 

PÉCARI  {Sus  iajassu.  L.).  Tajasû  en  chiriguano.  Puerco 
montés.  Los  hay  de  cuatro  clases  :  â  lo  menos  en  el  Béni  donde 
se  matan  como  conejos.  El  cinche  blancOy  parecido  al  jabali,  de 
cara  blanca  y  raya  del  niismo  color  que  le  arquea  la  espaldilla.  El 
quijada  blanca,  también  degran  tamano;  el  taitetûy  menor  que  los 
anteriores;  y  el  cajita,  de  color  oscuro,  mds  pequeno  que  sus 
congénères,  pero  también  mâs  bravo.  Llâmase  cajita  por  el  ruido 
de  tambor  que  mueve  al  ir  en  piaras.  Estos  puercos,  singular- 
mente  \oscajitas,  andan  en  tropas  numerosas  y  son  tan  acome- 
tedores  que  no  hay  otro  remedio  para  librarse  de  ellos  que  subirse 
â  un  ârbol,  cuidando  que  este  sea  grueso,  porque  si  es  delgado  lo 
roen  y  lo  tumban  los  pécaris.  Fâcil  es  cazarlos  entonces,  d  golpes 
6  â  tiros,  con  la  particularidad  que  las  primeras  victimas  son 
devoradas  por  sus  compaiîeros.  No  abandonan  el  sitio  hasta  que 
todo  esta  en  silencio  6  cuando  el  cazador  se  ha  eclipsado  en  las 
alturas.  La  carne  de  estos  animales  es  comestible,  pero  no  es  tan 
agradable  como  muchos  creen,  a  lo  menos  la  de  los  cajitaSy  por  la 
irritaciôn  con  que  muriô  el  animal.  En  la  espalda,  cerca  de  la 
rabadilla,  tienen  una  glândula  6  especie  de  ombligo  de  olor 
almi^clado.  Esta  probado  que  antes  del  descubrimiento  de  Amé- 


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45 8  CIRO   BAYO 


rica  por  los  espanoles  no  habîa  especie  alguna  porcina  en  esta 
parte  del  mundo.  Todas  las  variedades,  pues,  que  se  hallan  ahora 
en  America  vienen  de  un  par  de  la  especie  llevado  de  Europa. 

Pechada.  El  campesino  crioUo  que  se  precia  de  buen  ginete  y 
de  ir  bien  montado,  vuelve  grupas  6  toma  carrera  para  derribar 
con  el  pecho  del  caballo  un  novillo  en  las  hierras.  Estos  son 
los  pechadores.  Otras  veces  se  dan  puhadas  en  el  costado  y  aun 
con  la  cabeza  del  pingo  para  lograr  que  otros  ginetes  hagan  sitio 
en  una  cabalgata.  Las  pechadas,  como  las  topeadaSy  han  ido  con- 
virtiéndose  en  diversion  ecuestre;  se  adiestran  los  caballos» 
se  ensayan  los  ginetes,  se  cruzan  apuestas,  y  los  campesinos 
criollos,  en  especial  los  guasos  y  rotos  chilenos,  y  los  gauchos 
seentreganà  este  violento  ejercicio  en  que  muchas  veces  resultan 
caballos  aplastados  y  caballeros  perniquebrados. 

Pechar.  En  fabla  antigua,  pegar.  Véase  Pechadas.  —  Pedir 
prestado;  «  dar  un  sablazo  ». 

PECHEREauE.  Sinôuimo  de  licor. 

Pecho  amarillo.  Pàjaro  (Leistrs  aniicus.  Bom). 

Pecho  Colorado  (JTurpialis  guayanensis.  Bom).  Longirostros. 

Pechono.  Santurrôn,  beato.  Neologismo  propio  y  muy  signi- 
ficativo  :  de  darse  golpes  de  pecho. 

Pedo  (Al).  Se  dice  en  castellano  «  por  razôn  de  gusto  »,  inù- 
tilmente,  en  balde.  —  «  Es  curioso,  dice  Seijas,  oir  emplear 
(en  Buenos  Aires)  esta  palabra  que  envuelve  una  idea  indécente, 
en  todos  los  circulos  sociales.  «  Me  causé  al  pedo;  hablô  al  pedo.  » 
Y  no  contentos  aùn,  dicen  al  tnismlsimo  pedo  :  j  Vayan 
ustedes  al  monte  y  no  vuelvan  en  veinte  dîas,  sô  indécentes  !  » 

Pedrada  (A  la).  Sombrero  echado  à  la  nuca. 

Pego  de  coca.  La  raciôn  del  peôn  cochabambino,  que  la  acu- 
lUca  en  la  hora  de  descanso,  de  doce  d  dos  de  la  tarde,  antes  de 
volver  al  trabajo,  bien  as!  como  el  buey  antes  de  volver  al  arado. 

Pehual.  El  correôn  anadido  d  la  sobrecincha  6  sobrepellôn. 
Véase  Recado. 

Péji    ô  peludo.  Especie  de  tatii  de  color  barcino,  con  manchas 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS  Y   BOLIVIANOS  459 

blancas  en  las  articulaciones.  Es  la  especie  mayor  del  armadillo, 
tan  grande  que  en  la  concavidad  de  su  caparazôn  cabe  muy  bien 
una  arroba  de  maiz.  Elp^ïgusta  de  alimentarse  de  carne  muerta, 
por  lo  que  escoje  sus  madrigueras  d  inmediaciones  de  los 
cementerios.  Véase  Peludo. 

Pelado.  Qlvo.  El  indio  porque  carece  de  pelos  en  las  partes 
hûmedas. 

Pelarse.  Quedar  corrido,  burlado.  Véase  Chaucha  y  Refranes 
y  Modisnws. 

Pelecho.  Escamilla  que  résulta  de  la  formaciôn  de  nueva 
epidermis  â  consecuencia  de  una  llaga  6  herida.  Substantivo  de 
pelechar. 

Pelôn.  Melocotôn  6  durazno  mondado  puesto  â  secar  para 
orejones,  en  un  tendal  6  chapapa. 

Pelota.  Cuando  el  viajero  llega  â  orillas  de  estos  grandes  rios 
americanos  que  Dios  se  ha  olvidado  de  hacer  pasar  junto  a  las 
grandes  ciudades,  al  contrario  de  lo  que  decîa  un  fraile  predica- 
dor,  inconveniente  con  que  se  tropieza  en  Bolivia  principalmente 
donde  la  viabilidad  técnica  esta  en  mantillas,  entonces  hay  que 
valerse  de  la  pelota.  Cuero  con  los  extremos  medio  doblados  y 
levantados  hacia  dentro,  amarrados  con  correas  à  fin  que  el  cuero 
conserve  la  forma  del  forro  de  una  pelota  medio  abierta.  Dentro 
de  este  cuero  se  pasan  las  oroyas  y  los  rios,  muy  cômodamente, 
con  dos  6  mas  cargas.  Solo  hay  que  cuidar  de  no  moverse  mien- 
tras  uno  esta  dentro  de  la  pelota,  porque  cualquier  movimienro 
brusco  podria  hacerla  ladear,  llenarla  de  agua  y  hundirse.  Estas 
pelotas  son  tiradas  por  uno  6  dos  vadeadores  apostados  en  los 
pasos  de  los  rios,  y  por  medio  de  una  cuerda  que  pasan  por 
encima  del  hombro  y  debajo  del  brazo,  van  nadando  y  remol- 
cando  durante  mas  6  menos  tiemposegiin  la  creciente  6  el  împetu 
del  rio. 

Este  sistema  de  la  pelota  lo  han  usado  los  americanos  hasta  para 
viajar  por  tierra.  Asî,  los  postillones  que  pasaban  la  cordillera  de 
los  Andes,  de  Santiago  âMendoza,  se  pertrechabandeun  cuero  de 


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460  CIRO   BAYO 


vaca  6  de  carnero,  segun  los  casos,  con  bastôn  alpino  herrado,  un 
zurrôn  para  las  provisiones,  y  la  balija.  Cargados  asî,  caminaban 
por  la  nieve,  y  cuando  Uegaban  â  una  altura,  tendîan  el  cuero  y 
sentândose  en  él,  se  empelotaban,  es  decir,  se  ataban  dos  puntas 
por  la  cintura,  y  las  otras  dos  puntas  por  los  muslos,  con  correas 
d  propôsito.  Luego  seasegurabanâ  los  hombros  la  carga,  y  estando 
listos,  se  balanceaban  deun  lado  â  otro  hasta  principiar  â  resbalar  por 
la  nieveen  la  direcciôn  que  se  proponîan.  Todo  el  cuidado  era  guar- 
darelequilibriodel  cuerpo,  porque  si  se  trastornaba,  ibanrodando 
como  un  pellejo  hinchado  hasta  quedar  sepultados  en  el  abismo  ; 
mientras  que  con  cuidado,  podîan  resbalar  por  média  légua  hacîa 
su  camino,  para  volver  a  subir  otra  ladera  y  tomar  otra  nueva 
resbalada.  Estos  correos  no  s61o  eran  de  parte  del  Gobiemo,  sîno 
hasta  de  particulares,  y  aun  solian  pasar  asî  mercaderias. 

Pelota.  Juego  tan  éuscaro  como  americano,  por  el  que  sienten 
inclinaciôn  casi  todos  los  indios  del  Nuevo  Mundo.  La  que  usan 
los  indios  pampas  6  aucas  esta  formada  de  una  pelota  de  crines 
y  pelos  que  se  encuentra  enel  estômago  de  ciertos  vacunos  aficio- 
nados d  comer  los  despojos  de  otros  animales,  con  lo  que  se 
ponen  desmedrados  y  enfermos.  Esta  amalgama  se  cubre  con  dos 
semi-circulos  de  criadillas  de  toro  y  de  esta  suerte  la  pelota  tiene 
la  dureza  de  una  piedra.  G)n  ella  juegan  à  la  pilma  que  es  su 
juego  atlético  favorito.  Véase  Pilma. 

Los  indios  chiquitanos,  entre  otros  del  Oriente  de  Bolivia, 
juegan  al  huitorô  con  pelotas  hechas  del  «  peloto  »,  algunas 
grandes  y  pesadas  como  balas  de  artilleria.  Véase  Huitorô. 

Peloto.  Ârbol  (Hebea  cauîchuc  y  jatrapa  elastica).  Mangaba. 
Da  una  goma  blanca  que  sin  ser  tan  estimada  como  la  seringa  ô 
siphoniay  puede  reemplazarla.  Abunda  en  los  bosques  de  Santa 
Cruz  y  de  Mojos  y  con  ella  se  hacen  las  pelotas  con  que  los 
indios  chiquitanos  juegan  al  htiitorô.  Véase  Mangaba. 

Peludo.  Animal  del  género  de  los  desdentados  {Dassipus 
vellosus.  Desm.).  Abunda  en  las  pampas  donde  hace  sus  madri- 
gueras  y  proporciona  una  caza  muy  distraida  y  provechosa  d  la 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  46 1 

luz  de  la  luna,  que  es  cuando  este  armadillo  ô  tatû  sale  a  mero- 
dear.  Véase  Mulita  y  Pèji.  —  Refrân  :  Por  causa  del  peludo  ; 
por  mor  de  la  borrachera. 

Pella.  En  la  oveja  lo  que  el  matambre  en  la  vaca  ;  el  sain  6 
gordura  de  que  se  hacen  los  chicharrones. 

Penca.  Otro  nombre  de  la  tuna  6  higo  chumbo.  —  Azotera 
en  forma  de  doble  pala  6  palmeta.  Véase  Azotera. 

Penga.  Cada  uno  de  los  grumos  de  que  se  compone  la  tiimara 
6  racimo  de  plâtanos.  Generalmcnte  el  grumo  tiene  diez  plâta- 
nos,  y  constando  el  racimo  de  diez  grumos,  ayùdenme  ustedes  à 
sacar  la  cuenta  de  los  frutos  que  tiene  todo  el  racimo. 

Peni.  El  lagarto  que  llaman  iguana  en  Buenos  Aires. 

Pensecola.  Guerrera  6  saco  militar. 

Pepa.  Bola  de  piedra  6  de  vidrio  para  juego  infantil. 

Pepe.  El  lechuguino  boliviano;  aunque  es  voz  generalizada  en 
otrôs  puntos,  como  en  Venezuela. 

Pépita.  Por  antonomasia,  la  del  cacao. 

Pepitero.  Ave  cantora. 

Peral.  Bosquecillo  de  perales.  Hasta  aqul  es  legitimo  caste- 
llano,  pero  no  lo  es  pero  aplicado  al  arbol,  pues  pero  en  legitimo 
espanol  es  una  especie  de  manzano  6  camuesa,  sien  do  muy 
celebradoel  «  pero  de  Rondà  »,  en  Andalucia. 

Percollar.  Acaparar,  monopolizar. 

Perchel.  Almear;  pajar  6  parva. 

Perico  ligero.  Calipedes  ;  que  corre  mucho.  (Calîpedes  fué 
un  histrion  griego  que  en  la  escena  estaba  siempre  en  actitud  de 
correr,  pero  que  nunca  adelantaba  un  paso.  Asi  llamaron  también 
los  romanos  d  Tiberio,  segûn  refiere  Suetonio,  porque  todos  los 
afios  se  preparaba  para  la  guerra  y  nunca  salîa  a  ella.)  —  Ftrtxpso^ 
Macaco  preguiça  en  el  Brasil.  Animal  del  tamaiio  de  un  cordero 
(de  donde  le  viene  el  otro  nombre  de  «  mouton  paresseux  »  que 
le  dan  los  criollos  de  la  Guayana  francesa),  cara  de  mono,  cola 
rudimentaria  y  très  unas  largas  en  cada  una  de  las  cuatro  extre- 
midades,  que  le  sirven  de  defensa  y  asidero  para  trepar  d  los 


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462  CIRO   BAYO 


ârboles,  singularmente  â  los  ambaibos  y  bivosis  de  cuyos  cogollos 
es  muy  goloso.  En  el  suelo  anda  como  una  tortuga,  y  aunque 
no  camina  con  mucha  mds  ligereza  cuando  esta  trepado,  lo  hace 
con  relativa  agilidad  y  sobre  todo  con  una  habilidad  gimnâstica 
que  envidiarîa  un  funàmbulo  de  circo.  Se  pasa  dîas  enteros  sin 
corner  asido  como  una  marmota  de  una  rama  del  àrbol,  6  bien 
acurrucado  al  pie  del  tronco  donde  es  fâcil  presa  del  tigre  y  de 
los  cazadores.  El  grito  del  perico  es  un  \  ay  !  lastimero  ;  y  para 
defenderse  extiende  sus  brazos  en  ademan  suplicante,  lo  que 
hace  créer  que  llora  y  pide  gracia,  cuando  su  intenciôn  es  la  de 
elevar  los  garfios  en  el  objeto  que  le  amenaza.  Y  con  tal  furia 
los  hinca  que  no  hay  otro  remedio  que  cortarle  los  brazos  para 
desasirse  de  él.  Por  lo  demds  es  un  animal  tan  manso  y  tan  fâcil 
de  criar,  que  atândolo  â  un  arbolito  y  no  olvidândose  de  rega- 
larle  con  congollos  tiernos,  ni  estorba  con  exigencias,  ni  grita, 
ni  se  mueve,  â  no  ser  para  hacer  cuatro  escarceos  gimnâsticôs  y 
volver  al  reposo.  En  suma,  es  un  mono  atrofîado,  con  unassolas 
en  lugar  de  dedos.  Su  piel  finisima,  gris  oscura,  sirve  para  pello- 
nes,  forros  de  asientosy  aun  para  vestidos,  tanto  que  en  algunas 
poblaciones  de  Bolivia  anuncian  la  venta  temos  de  piel  de  perico 
para  ninos  de  corta  edad. 

Pericote.  Rata  grande. 

Perindola.  Perinola.  Tal  como  la  hevisto  entre  los  ninos 
crucenos  es  de  cuatro  caras  con  sendas  iniciales  :  P  (ponga)  ; 
5 (saque);  r(todo);  N(Nada),  las  cuales  senalan  los  lances  del 
juego  al  caer  el  trompo.  Cuando  rueda  sin  punta,  cambiadala  T 
en  5,  es  el  Baltasar. 

PeringundIn.  Sitio  de  réunion  de  gente  alegre  y  maleante.  — 
Bai  le  de  candil.  Chingana. 

PermanA  6  peromanâ.  Voz  chiquitana  :  recocimiento.  Chicha 
crucena  de  primera  calidad. 

'  Perotô.  Fibras  6  tiras  végétales  de  plâtano,  bivosi,  almendro, 
iîoje,  etc.,  para  ataduras,  envoltijos  y  nudos.  Cu:(uros  Uaman  en 
La  Paz  âlas  fibras  de  plâtano  afianzadas  con  lianas  silvestres  con 
que  se  envuelven  los  cestos  y  tambores  de  coca. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  46J 

Personal.  Peonada  ô  gente  tiabajadora  de  quepuede  disponer 
el  fregués  6  el  barraquero  gomero. 

Perû.  El  vasto  imperio  de  los  incas,  que  a  la  llegada  de  los 
espanoles  se  extendia  desde  los  2  de  latitud  Norte  hasta  37  gra- 
dos  latitud  Sur  (véase  Tihuantisuyo).  Creen  algunos  que  la 
palabra  Perù  viene  de  Birù,  nombre  de  un  cacique  que  ténia  sus 
estados  en  la  costa  del  Padfico,  pero  la  version  mas  admitida  es 
la  siguiente  :  «  Cuando  Uegaron  los  espanoles  à  nuestras  costas, 
preguntando  por  el  nombre  del  pais  a  un  indio,  les  contesté 
este  :  Berti.  Luego  mirando  al  rîo  :  Pirti.  Entonces  aquéllos  res- 
pondieron  :  «  Acabemos,  que  aquî  todo  es  Perû  »  (Paz  Soldân). 

Peta.  La  tortuga  de  rîo  6  tartaruga.  Abunda  tanto  este  quelô- 
nidoenel  Béni,  que  en  ciertos  meses  se  puede  llenar  con  ellos 
batelones  enteros. 

Petaca.  Baùl  de  cuero  con  tapa  de  lo  mismo,  de  varias  labores 
y  d  propôsito  paraser  transportado  i  lomode  mula.  En  las  «  Rela- 
ciones  de  Indias  »  se  lee  que  los  incas  ensenaron  y  mandaron  d 
los  indios  aimardes  de  Pacajes  pagar  su  tributo  con  pescados  y 
petacas  de  paja  6  totora  del  Lago  Titicaca. 

Petacuda.  Persona  6  cosa  de  volumen  y  peso. 

Petiso.  De  pequeiia  estatura  6  alzada.  —  Caballopetiso  :  «  po- 
ney »  6  sunicho. 

Peto.  Avispa  mêlera  de  colmena  en  forma  de  campana,  hecha 
de  algodôn  y  fîbras  végétales,  lo  que  da  d  la  fdbrica  la  consistencia 
del  carton.  En  la  base  dejan  un  orificio  de  diferente  didmetro, 
pero  siempre  lo  bastante  grande  para  que  pase  una  obrera.  Dentro 
tienen  sus  galeriasde  una  arquitectura  admirable.  El  peto  chubumbi 
es  la  especie  mayor,  d  la  que  pertenecen  esas  tapas  6  colmenas, 
grandes  como  campanas  de  iglesia  que  se  ven  colgando  en  chacos 
y  drboles  frutales.  El  peto  mamûri  hace  sus  colmenas  de  menor 
tamaiîo,  subterrdneas,  pero  su  miel  es  mds  abundante  y  fina. 

Peùmo.  Ârbol  frutal  cuya  fruta  acerolada  se  exporta  mucho 
por  los  puertos  de  Chile. 

PiALAR.  De  piola  6  cordel.  Apealar,  manear  un  animal. 


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464  CIRO    BAYO 


PiARA.  Arria  de  diez  burros  cargados.  Asi  una  piara  de  lena  son 
cien  arrobas  de  lena. 

PiCA.  (La).  La  incision  en  los  drboles  gomeros  para  obtener 
la  lèche  6  goma.  —  Picar,  dar  el  golpe  con  el  machadino  en  el 
tronco  de  la  seringuera.  —  Picador  y  el  peôn  de  la  pica.  VéaseBoLA- 

CHAy  SiRINGA. 

PiCADA.  Paso  ô  vado  de  un  rio.  —  Camino  vecinal  6  trocha  i 
través  de  un  monte,  que  ha  habido  que  picar  6  desbrozar. 

PiCANA.  Aijada  con  un  clavo  6  puya  que  sale  de  la  pica  cosa 
de  dos  centi  métros  y  sirve  para  avivar  â  los  bueyes  de  tropas  y 
carretas.  Las  canas  mds  estimadas  para  vara  de  picana  son  las 
tàcuaras  de  la  provincia  de  Corrientes.  —  Ternero  asado  que  con 
acompaiîamiento  de  chicha  y  baile  se  come  en  Noche  Buena,  en 
la  média  noche  del  sdbado  al  domingo  de  Gloria  y  la  noche  de 
San  Silvestre.  Es  costumbre  popular  bolivianaque  ha  trascendido 
à  las  mis  altas  clases  sociales.  —  Picana  à  picanilla  :  la  pechuga 
del  avestruz  ;  bocado  muy  exquisito. 

PiCANTE.  Guiso  condimentado  con  aji  ô  locoto  y  demâs  estimu- 
lantes,  y  tan  rabioso  quehace  lloraralque  no  esta  acostumbrado. 
Tanto  como  nuestros  guisos  de  conejo,  tienen  fama  en  las  pican- 
terias  bolivianas  los  picantes  de  idem  ;  sin  duda  por  la  fecilidad 
que  alli  como  aqui  hay  para  servir  gato  por  liebre.  La  afîciôn  de 
los  crioUos  d  los  picantes  puede  muy  bien  ser  heredada  de  los 
conquistadores  espailoles,  sobre  todo  de  los  oriundos  de  Extre- 
madura,  «  cuyo  régimen  alimenticio  prépara  admirablemente 
para  la  conquista  de  America  »  (Velisla,  Recuerdos  de  Extrema- 
dura).  Y  signe  diciendo  el  ingenioso  escritor  :  «  Me  basta  pro- 
bar  una  sopa  de  guindilla,  y  sobre  todo  cierta  tortilla  con  chorizo 
que  trasladé  incautamente  al  estômago,  para  explicarme  la  indi- 
ferencia  con  que  Pizarro  y  sus  valientes  compaiieros  acogîan  los 
calores  de  los  trôpicos.  En  efecto,  los  rayos  de  la  zonatôrrida  son 
unos  verdaderos  polvos  refrescantes,  si  se  les  compara  con  un 
embutido  de  Extremadura,  y  esto  solo  daba  ya  una  inmensa  supe- 
rioridad  â  los  conquistadores  sobre  los  incas.  Al  paso  que  estos 


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PRO VINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  465 

desventurados  hijos  del  sol  se  limîtaban  d  adorarlo,  les  extreme- 
nos  venîan  acostumbrados  â  comérselo.  » 

PiCANTERtA.  Fonda  del  caballo  blanco  donde  se  sirven  platos 
fuertes  ô  picantes  regados  con  chîcha. 

PiCATA.  «  Pensum  »  ;  ejercicio  oral  6  escrito.  Lecciôn  que 
toma  el  profesor  al  discipulo,  y  repaso  semanal  6  mensual  de 
una  asignatura. 

PiCAZO.  Color  de  caballo. 

PiciûsTico.   Original,  extravagante;  cursi    6   ciùtico.  Véase 

ClÛTICO. 

PiCHANGA.  Bebida  que  se  hace  conservando  dulce  y  sin  fer- 
mentar  la  lagrimilla  del  vino,  pormedio  del  alcohol.  Es  bebida 
muy  adecuada  para  ninos  y  mujeres.  —  Engaha  pichanga,  el  que 
quiere  dar  gato  por  liebre  ;  y  en  especial,  el  mercachifle  que 
quiere  enganar  con  sus  bagatclas;  es  decir  que  prétende  dar  agua- 
pié  por  vino  bueno. 

PiCHARA.  Comida  quelos  indios  de  la  Altiplanicie  dejan  en  las 
orillas  de  los  caminos,  generalmente  en  huacas  y  apachetasy  para 
los  mânes  de  los  difuntos. 

PiCHE.  Especie  de  desdentado  6  armadillo.  Nombre  que  tal 
vez  dérive  de  espichado  por  lo  pitarroso  y  cegatôn  del  animal.  — 
Végétal.  Coromachi  en  Santa  Cruz  (JFabiana  imbricatd),  Solanâ- 
ceas.  Arbusto  del  sud  de  Chile  y  de  la  Argentina,  de  olor  muy 
pronunciado  a  vainilla.  La  decocciôn  desumadera  se  recomienda 
para  las  enfermedades  de  la  vista. 

PiCHico.  Cada  una  de  las  falangesde  los  dedos  de  los  animales. 
Con  estos  huesecitos  juegan  los  ninos  â  una  especie  de  suerte  de 
dados. 

PiCHiNCHA.  Ganga  ;  beneficio  que  se  reporta  por  poco  trabajo  6 
dinero. 

PiCHiRO.  El  sabor  que  dejan  en  el  paladar  las  frutas,  precisa- 
mente  camosas,  como  la  manzana,  la  guayaba,  plitano,  etc., 
comidas  antes  de  su  compléta  sazôn. 

PiCHOLEAR.  Tantear,  ir  probando. 

Rnmt  hispamiqtu.  xiv.  ro 


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466  CIRO   BAYO 


PiCHuauÉ.  El  corazôn  de  una  res. 

PlEDRA-CANGA.  VéaSC  CaNGA. 

PiEDRA  MOVEDiZA  dcl  Tandil.  Great  attraction  de  los  turistas  en 
la  provincia  de  Buenos  Aires.  Es  un  monolito  de  115.000  kilo- 
gramos  de  peso,  columpiàndose  â  ochenta  métros  de  altura  sobre 
uneje  cuya  circunferencia  s61o  mide  once  pulgadas.  Es  necesario 
que  la  mente  del  visitador  haga  un  esfuerzo  para  convencerse  de 
que  aquella  mole  inclinada,  se  mueve  realmente,  y  una  vez  com- 
probado  el  fenômeno,  contempla  absorto  la  Piedra  movediia.  Un 
hombre  emprendedor  y  estudioso,  Mr.  Reade,  escribiô  el  siguiente 
relato  y  explicaciôn  de  la  Leyenda  del  Tandil,  con  motivo  de  un 
viaje  de  40  turistas  ingleses,  que  en  febrero  de  1862  fueron  â 
visitar  el  pueblo  del  Tandil  y  con  especialidad  las  sierras  y  la 
famosa  Piedra  : 

La  Leyenda  del  Tandil,  tal  cual  me  fué  contada  hace  muchos  anos  por  un 
Cacique  viejo,  es  como  sigue  y  es  doblemente  interesante,  por  razôn  de  la 
extraordinaria  conformaciôn  ftsica,  iba  d  decir  confirmaciôn,  de  la  localidad. 

El  Sol  es  un  Cacique  que  pasô  d  mejor  vida  en  un  ticmpo  muy  remoto,  y 
quien  fué  el  mis  grande  de  su  raza,  pero  que  viene  diariamente  à  velar  por  sus 
hijos.  La  Luna  es  su  esposa.  Un  dfa,  asf  dice  la  leyenda,  notôse  algo  anormal 
en  el  Sol,  parecfa  estar  enfermo.  Viéndose  que  un  gran  Leôn  (puma)  lo  estaba 
acosando,  por  lo  que  se  habfa  puesio  pàlido  y  su  luz  fué  extinguida  por  la 
sangre  que  derramaba. 

Los  bravos  de  la  tribu  fueron  llamados  apresuradamente  y  atacaron  al  leôn 
con  sus  fléchas,  hasta  que  una  de  ellas  lo  traspasô,  entrindole  por  la  barriga  y 
saliendo  la  punta  junto  al  espinazo,  quedando  la  flécha  en  posiciôn  vertical; 
debido  d  esta  herida  cayô  el  Leôn  d  tierra,  manteniéndose  sin  embargo  de 
pié  ;  el  mônstruo  en  su  agonia  estaba  terrible  y  formidable,  no  atreviéndose 
ninguno  acercarse  d  él.  El  Sol  recobrô  su  apariencia  risuena  y  sonriô  nueva- 
mente  d  sus  hijos  desapareciendo  luego  como  de  costumbre.  Cuando  apareciô 
su  esposa  la  Luna  derramando  su  luz  sobre  la  tierra,  viô  al  mônstruo  rodeado 
por  los  conspiradores,  encontrdndose  aûn  con  vida  ;  indignada  la  Luna  con 
ellos»  tomô  piedras  y  las  arrojô  sobre  ellos,  hasta  cubrirlos  con  una  énorme 
cantidad,  excepciôn  hecha  de  las  cabezas,  dlas  cuales  no  pudo  tocar,  quedando 
descubiertas  hasta  hoy.  La  ûltitna  piedra  arrojada  cayô  sobre  la  punta  de  la  flécha  ^ 
sobre  la  ctial  qiiedô  fijada^  piidiendo  verse  aùn  en  la  mistna  posiciôn.  La  Piedra 
oscila  de  Norte  d  Sur  con  facilidad,  sietido  impostble  hacerlo  de  Este  d  Oeste,   pero 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  467 

el  Leôn  sepultado  como  se  encuentra  no  estd  muerto,  y  al  despuntar  los  pri- 
meros  rayos  de  la  aurora,  como  mensajeros  de  la  llegada  del  Cacique  (el  Sol), 
el  Leôn  se  mueve  como  si  quisiera  atacarlo,  los  conspiradores  aullan,  las  piedras 
se  estremecen  ;  asi  que,  à  esta  hora  la  Piedra  oscila  de  Oeste  d  Este,  como 
saludando  al  Sol. 

Esu  leyenda  parece  tener  alguna  relaciôn  con  un  éclipse  del  sol,  y  una  lluvia 
meteôrica,  pero  es  muy  extrano  que  una  prolija  inspecciôn  de  estas  rocas, 
demuestra  la  forma  de  la  cabeza  de  un  leôn  (puma),  la  piedra  movediza  y 
los  conspiradores,  en  la  misma  posiciôn  que  les  asigna  la  leyenda. 

Tan  extraordinario  me  pareciô  este  hecho  confirmatorio,  por  decir  asf,  de  lo 
que  me  habia  comunicado  el  indio,  que  procedi  acto  continuo  é  hice  sacar  una 
fotograffa  que  demuestra  lo  que  antecede. 

PijE.  Un  grado  menos  que  piciùstico.  Es  voz  chilena. 

Pila.  Perro  pelado.  —  Cala  en  Bolivia,  del  quichua  ckalay 
pelado  ;  de  donde  Calacala,  Calacoro^  etc.  —  Por  extension,  d  los 
jôvenes  imberbes. 

PiLCA  6  pirca.  Voz  quichua  :  pared.  Cerco  de  piedras  apila- 
das  para  corral  ô  bardai. 

PiLCO.  Voz  quichua  :  Colorado.  El  Ptlcomayo,  rîo  que  en  el 
departamento  de  Chuquisaca,  corre  por  el  gran  Chaco  y  es 
afluente  del  rîo  Paraguay. 

PiLCHA.  Cada  una  de  las  piezas  del  recado.  Véase  Recado  y 
Cacharpa. 

PiLETA.  Abrevadero  de  caballerias. 

PiLMA  6  la  Pilma.  Juego  de  pelota  auca  6  araucano.  Los  jôve- 
nes de  la  tribu  se  reunen  en  la  plaza  de  la  tolderia,  trazan  un 
ancho  cîrculo  en  el  suelo,  y  entrando  en  él,  dividense  en  dos  ban- 
dos  opuestos  y  fronteros.  Varios  campeones  estân  provistos  de 
una  pelota  :  los  de  un  bando  en  la  mano  derecha,  los  de  otro  en 
la  mano  izquierda,  arrojando  cada  cual  su  pelota  por  atrâs,  de 
suerte  que  vaya  i  salir  por  delante,  levantando  la  pierna  izquier- 
da  6  derecha,  segûn  la  mano,  y  enviando  el  proyectil  à  un  adver- 
sario,  i  condiciôn  de  que  le  dé  en  el  cuerpo  so  pena  de  perder  un 
punto.  De  ahî  mil  lances  y  equilibrios  para  evitar  el  golpe. 
Cuando  sucede  que  uno  ha  recibido  el  pelotazo,  tiene  que  tomar 


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468  CIRO   BAYO 


la  pelota  y  lanzarla  al  contrincante  de  igual  manera  y  con  las  mis- 
mas  condiciones  apuntadas.  El  que  sigue  vuelve  i  empezar  y  asi 
hasta  que  el  cansancio  rinde  los  brazos.  Véase  Pelota. 

Pilon.  Calvo  ô  pelado  como  el  pilon  de  la  romana. 

PiLPiNTO.  Voz  quichua  :  mariposa  pequena. 

PiNCHULEAR.  Pouerse  de  veinticinco  alfileres.  —  Pinganear. 

PiNGANiLLO.  Elégante,  bien  trajeado  6  «  pinchuleado  ». 

PiNEDA.  Género  en  Historia  natural,  en  honor  de  Antonio 
Pineda,  naturalista  espanol  que  vino  à  America  con  Tadeo 
Hœncke  y  Luis  Naes,  a  bordo  de  «  La  Descubierta  »,  mandada 
por  Alejandro  Malespina  en  1790,  en  comisiôn  dedar  la  vuelta  al 
mundo.  Pineda  muriô  en  1792  en  Illoc  (Luzôn)  y  varios  natura- 
listas  le  dedicaron  gran  numéro  de  plantas,  asi  como  â  su  sabio 
compaiîero,  el  bohemio  Hœncke,  muertoen  18 17  en  Cochabam- 
ba  de  Bolivia. 

PiNGO.  Caballo  corredor. 

PiNGOTEAR.  Hacer  corvetas  ;  dar  salios. 

PingOIn.  Palmîpedo  de  la  Patagonia.  Da  hasta  un  kilo  de 
aceite  y  abunda  tanto  en  todas  las  islas  del  Estrecho  magalldnico, 
especialmente  en  la  de  Torra,  que  puede  sacarse  del  producto  de 
la  caza  mil  pipas  annales. 

PiNiNicô.  Toda  pasta  dulce  reblandecida  por  el  calor  6  la  hu- 
medad,  estd  pininicô  para  los  crucenos. 

PiNauiLLO.  Del  quichua  :/>//w:«//(?,  pifano.  Especiede«  flageo- 
let »  de  très  agujeros  que  tocan  los  indios  quichuas  y  que  acom- 
panan  con  danzas. 

PiNTA.  Asi  llaman  en  Bolivia  al  juego  de  los  dados,  â  la  orden 
del  dia  en  aquel  paîs,  desde  el  club  aristocrâtico  â  la  mâs  misé- 
rable chingaita.  En  Buenos  Aires  y  Santiago  de  Chile  es  juego 
villano,  como  en  Europa.  El  juego  de  los  dados  fué  importado 
por  los  soldados  espanoles,  como  lo  prueba  el  que  Atahuallpa  lo 
aprendiô  en  su  cautividad,  lo  mismo  que  el  ajedrez  ;  y  el  que  por 
una  suerte  adversa  de  los  dados  naciô  el  refrin  aquel  :  «  Jugarse 
el  solantes  que  nazca  »,  por  haber  jugado  un  soldado  de  Pizarro, 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  469 

y  perdido,  la  imagen  en  oro  del  sol  que  le  tocô  en  el  bodn  del 
templo  de  Coricancha  en  el  Cuzco.  De  los  soldados  pasô  a  los 
mineros,  y  de  éstos  al  resto  del  pais.  Como  antes  dije,  esta  tan 
en  boga,  que  en  donde  quiera  se  reunen  dos  6  très  amigos  y  aun 
desconocidos,  hay  que  jugar  al  cacho  (el  cubilete)  una  ronda  de 
cocktailsy  y  luego. . .  â  limpiarse  los  bolsillos  tirando  quittas,  senas, 
ases  y  cuadras. 

PiSîA.  El  fruto  de  la  anana.  Se  cultiva  para  el  consumo,  pues 
en  estado  silvestre  es  de  gusto  desagradable.  Los  espanoles  la  cono- 
cieron  por  vez  primera  en  la  Isla  Guadalupe. 

PlîîO  DE  GANADO.  MoUtÔn. 

PiNONERO.  Pinon  de  la  India  Qatropha  curcas.  Linneus).  Pino- 
nero  que  habita  las  regiones  tropicales  de  America  y  Âfrica.  Es 
un  arbusto  de  mediana  altura  cuyos  pinones^  del  tamano  de  una 
nuez,  contienen  très  semillas  como  aceitunas,  dentro  de  las  cuales 
estdn  las  almendras  purgantes. 

PiOLA.  Cordel  6  bramante  para  ligamentos. 

Pipi  An.  Manjar  de  almendra  6  mani  tostado  y  molido  con  ha- 
rina  y  carne  fresca. 

PiauE.  Voz  quichua  :  pulga  {Pulex  penetrans).  Véase  Nigua. 
«  Primo  hermano  de  la  pulga  y  tfaîda  de  Lima  â  Chile,  â  caballo 
de  la  escolta  del  présidente  Sotomayor  en  los  primeros  anos  del 
siglo  XVII  »  (Vicuna  Makenna). 

PiauiLLtN.  Ârbol  frutal. 

PirAiba.  Siluroide,  Pez  gigantesco  de  mis  de  dos  métros  de 
largo,  de  boca  de  escualo,  pero  de  rebordes  esquinosos  en  lugar 
de  dientes,  que  navega  el  rio  Béni  y  el  Madera.  Tiene  la  cola 
roja,  vientre  amarillo  y  escamas  de  un  color  pardo  negruzco. 
Muerde  fdcilmente  el  cebo  que  se  pone  para  otros  peces,  arras- 
trando  las  canoas  en  su  huida. 

PiRARUCÙ.  Pescado  que  salado  en  charque  se  come  en  el  Rio 
Madera  y  sus  tribu  tarios. 

PiRATONA   (Una).  Arbitrariedad  ;  injusticia.  Piraterîa. 

PiRGUA.  Voz  quichua.   Troj  hecha  de  paredes  de  cana  6  ado- 


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470  CIRO   BAYO 


bes  con  techo  de  paja  6  palma.  —  Colcapirgua  :  troj  de  plata  (Geo- 
grafia). 

PiRiRi.  Urraca. 

PiRauiN.  Contratista  de  caminos  6  de  trabajos  de  zapa  de  mi- 
nas. 

PiSAR  EL  MAiz.  Molerlo  en  tacù  à  mortero.. 

PiscôiRA.  Mala  hembra;  mujer  mala.  Derivado  tal  vez  de  pé- 
cora. 

PiSTO  (De  pîsto  en).  De  poco  en  poco. 

PiSTOCo.  Angosto;  de  poca  capacidad  cùbica. 

PiTA  (Pedir).  «  Pedir  cacao  »  en  Bogota.  Pedir  treguas.  Véase 
Refranes  y  Modismos. 

PiTAjAYA.  Voz  quichua  :  espino.  Nombre  genérico  del  cactus. 
—  Mezquindad  6  bicoca.  V.  gr.  :  Me  ofrecen  una  pitajaya  por  el 
caballo  y  no  lo  quiero  vender. 

PiTAR.  Fumar  :  de  pitOy  cigarrillo.  Segiin  Julio  Rivero  dériva 
de  pitura,  voz  brasilena  :  tabaco. 

PiTAY.  Afecciôn  herpética  acompanada  de  escozor,  que  se  con- 
trae  en  los  climas  câlidos  â  consecuencia  de  cortarse  la  transpi- 
raciôn  por  un  cambio  atmosférico.  Se  alivia  mediante  baiios  repe- 
tidos,  ô  fricciones  de  agua  florida,  6  soluciones  de  agua  fenicada. 

PiTiTO.  Tropeolo  6  capuchina;  flor  asi  llamada  por  la  figura  de 
pito  ô  pipa  de  fumar  de  sus  pétalos. 

PiTO.  Cereal,  ordinariamente  cebada,  tostado  y  molido  ;  y  en 

gênerai,  harina  preparada  con  céréales.  Al  pito  hecho  de  canagua 

se  le  Uama  acu.  Es  famoso  el  pito  (de  maiz)  de  Tacna  que  llega 

hasta  La  Paz  de  Bolivia. 

.  PiTÔN.  Ârbol  frutal  de  fruto  como  guinda  amarilla  6  verdosa. 

PiYU  6  pillu.  Véase   Nandù. 

PiYÙYU.  Lance  en  el  juego  de  billar  cuando  el  mingo  se  pone 
en  tal  situaciôn  que  para  dar  en  cualquiera  de  las  otras  bolas  hay 
que  tirar  por  banda. 

Planchôn.  Planicie  ô  meseta  en  las  cumbres  andînas.  «  El 
Paso  del  Planchôn.  » 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS    Y   BOLIVIANOS  47 1 

Platal.  Dineral.  —  Blatanudo  :  adinerado. 

Platanal.  Plantaciôn  de  bananeros. 

Platanillo.  Véase  Patujù. 

Platano.  La  banana  6  fruto  del  banano.  —  Canoa platanera  : 
de  las  menores,  como  para  el  transporte  de  plâtanos  por  el  rîo. 

Platino.  Cuerpo  simple  descubierto  por  Antonio  de  Ulloa  en 
el  Choco  (Colombia).  Lo  llamô  platina  en  su  relato  de  viaje 
(Madrid,  1748). 

Playa.  Cancha  6  explanada  delante  de  los  ranchos;  6  espacio 
carpido  al  rededor  de  una  obra  cualquiera,  como  playa  en  que 
termina  la  verdura  de  la  pampa.  —  Espacio  de  tierra  dura  y 
apisonada  que  forma  la  hacienda  en  los  sitios  donde  acostumbra 
juntarse  en  rodeo.  —  En  los  saladeros,  la  explanada  bajo 
techo  d  orilla  de  un  arroyo,  en  la  que  los  «  desoUado- 
res  »  cortan  las  «  achuras  »  6  despojos  de  las  reses.  —  Espacio- 
sos  remansos  6  ensenadas  que  forman  los  tornos  à  vueltas  de  los 
rios  Paraguay  y  Paranâ. 

Plèbe.  La  plebs.  Lo  que  nosotros  decimos  el  pueblo  6  prole- 
tariado,  pero  que  en  las  igualitarîas  repûblicas  australes  llaman 
«  plèbe  »,  compuesta  de  cholos  é  indios.  Los  demâs  son  \zs  per- 
sonas  décentes. 

PoALLA.  Nombre  brasileno  de  la  ipecacuana,  que  ha  prevalecido 
en  algunas  provincias  crucenas  fronterizas  al  Brasil. 

PocHECÔ.  Lo  que  ha  llegado  a  hastiar  cualquiera  de  los  cinco 
sentidos. 

PoLEADA.  Manjar  hecho  de  lèche  cocida,  anîs,harina,  azùcar  y 
maîz  bien  cocido  y  reventado,  como  de  patasca. 

PoLEO  {Menta  polegium,  L.).  Labiadas.  Planta  que  habita  los 
lugares  hùmedos  de  Europa  y  America.  Sus  flores,  de  olor  d 
menta,  son  emenagogas. 

PoLizoNES.  Asi  se  llamô  antaiio  d  la  gente  trabajadora  que  vio- 
lando  la  prohibiciôn  de  pasar  a  las  colonias,  venîan  a  America. 
La  ciudad  de  Buenos  Aires,  por  el  sinnûmero  de  llovidos  6  poli- 
lones  que  contenîa,  mereciô  d  fines  del  siglo  xviu  el  dictado  de 
«  Apeadero  de  los  Poli:(pnes.  » 


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472  CIRO   BAYO 


PoLVORiN.  Cuando  las  garrapatas  son  pequenas,  tienen  un  color 
rojizo,  y  propenden  â  apinonarse  en  bollos  en  los  arbustes.  Basta 
rozar  éstos  alpasar  por  el  monte,  paraque  los  animalculos  se  pren- 
dan  i  laropa,  como  rocio  de  azafrân,  esparciéndose  en  seguida  por 
todo  el  cuerpo,  de  pies  â  cabeza.  Entonces  el  atribulado  viajero 
dice  :  me  pican  los  polvorines.  Para  librarse  de  ellos  no  hay  mis 
remedio  que  sacudir  bien  la  ropa  y  lavarse  el  cuerpo  con  agua  de 
tabaco  ô  fenicada. 

PoLLA.  Qrrera  hipîca  de  mds  de  dos  ginetes.  —  Correr  una 
polla  :  un  «  handicap  ». 

Poncho.  Capa  de  cuatro  puntas,  6  como  la  describe  Alcedo  : 
«  Manta  cuadrada  con  una  abertura  en  medio  para  metei  la 
cabeza.  »  —  Es  la  capa  del  viajero  y  del  campesino  americano  ; 
la  famosa  ruana  colombiana.  ^{poncho  y  el  chiripâ  (véase  Chiripà), 
las  dos  prendas  del  vestido  gauchesco,  se  adaptan  al  clima  del 
pais.  Su  manejo  es  sencillo  y  utilisimo  para  ir  â  caballo  no 
habiendo  por  otra  parte  dificultades  para  hallarlos  en  los  vastos 
territorios  de  la  Repiiblica,  pues  se  fabrican  con  productos  indi- 
genas  y  no  necesitan  de  las  habiles  manos  de  un  sastre.  ^\  poncho 
représenta  el  chaleco,  la  chaqueta  y  el  gabân  ;  el  chiripâ  sustituye 
los  pantalones  ;  y  si  en  verano  el  gaucho  se  tiende  i  dormir  à  la 
intempérie,  su  vestido  reemplaza  también  el  colchôn,  la  sâbana  y 
la  frazada.  Si  ademis  puede  proporcionarse  un  par  de  élégantes 
bo^s  granaderas  con  brillantes  espuelas,  el  gaucho  esta  en  traje 
de  fiesta,  creyéndose  dueno  del  mundo  ;  particularmente  cuando 
montado  en  un  pingo  con  recado  nuevo,  riendas  plateadas  y  lazo 
d  la  grupa,  cruza  a  rienda  suelta  la  dilatada  llanura.  Antes  los 
ponchos  y  chiripàes  solo  se  hacian  en  el  pais,  pero  hoy  vienen 
del  extranjero,  de  Manchester,  de  Sabadell  6  Tarrasa,  siendo 
generalmente  mds  baratos,  pero  de  inferior  calidad.  La  hebra  del 
chaguar  con  la  que  los  indios  del  Chaco  fabrican  sus  escasos  vesti- 
dos,  puede  hacer  competencia  al  yute  de  Manila,  cuando  los 
fletes  sean  faciles  y  baratos.  La  lana  de  las  ovejas,  vicunas, 
guanacos  y  Hamas,  constituyen  la  materia  principal  para  la  fabri- 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  473 

caciôn  de  los  mejores  ponchos.  El  color  natural  de  la  lana  de 
vicuiias,  que  en  otro  tiempo  era  el  ùnico  material  empleado  en  la 
fabricaciôn  de  los  ponchos,  varia  entre  el  oscuro  y  el  pardo  oscuro 
separando  mecdnicamente  las  hebras  de  diversos  tintes,  y  haciendo 
con  ellas  los  hilos  por  medio  del  huso,  résulta  un  trabajo  muy 
primitivo,  pero  de  género  imperméable,  ni  muy  grueso,  ni 
pesado.  Resguarda  también  a  maravilla  de  los  rayos  del  sol.  El 
subido  precio  de  los  ponchos  de  vicuna  esti  justificado  por  varias 
razones.  Por  una  parte,  la  caza  de  los  animales  es  algo  penosa 
(chaco)  y  producen  escasa  criacomo  ya  hasucedido  con  las  chin- 
chillas y  esta  d  punto  de  suceder  con  los  bisontes  de  las  praderas 
norte-americanas.  Solamente  las  personas  ricas  pueden  comprar 
los  ponchos  legitimos  mds  finos,  debiendo  las  demds  resignarse 
con  las  imitaciones  europeas  6  con  los  que  se  preparan  en  el  campo 
con  la  lana  de  ovejas,  adornados  con  colores  chillones.  Los  indios 
pampas  y  los  paisanos  de  Santiago  y  Catamarca  sobresalen  en  la 
labor  de  estos  artefactos  asi  como  Tucumdn  en  la  de  recàdos  y 
carreras  de  trdnsito. 

Poncho  puyo  à  puUo  :  poncho  ordinario  de  abrigo.  —  Poncho 
inglés.  Por  el  color  de  las  rayas  como  el  «  plaid  »  escocés.  — 
Poncho  vicuna.  El  mejor  y  mds  caro.  —  Poncho  pampa.  Que  hacen 
las  indias,  de  colores  chillones  d  favor  de  ciertos  ingredientes.  — 
Poncho  mâcha.  El  pampa  cuando  es  grueso,  y  que  d  veces  se  pone 
comopellôn  encima  del  secado.  —  Poncho  bicharcu:o  6  pzis^no.  Lis- 
tado  que  hacen  en  provincias.  —  Poncho  Cutama.  De  lana,  tejido 
por  los  indios  de  la  Cordillera  en  Santa  Cruz  de  la  Sierra  (Boli- 
via).  Frases.  Véase  Refranes  y  Modismôs. 

PoNGO.  Indio  paceiio  que  d  trueque  de  un  salario  mensual 
que  gana  en  fletes,  se  alquila  como  bestia  por  el  dueno  de  una 
finca,  6  para  el  servicio  doméstico  de  quien  lo  solicita  ;  siendo  lo 
mas  chusco  que  hay  duenos  de  pongos  que  los  alquilan  como  si 
fueran  esclavos.  El  alquiler  del  pobre  indio  aimard  varia  segiin 
se  le  contrate  con  taquia  (excremento  de  llama)  6  lena,  6  sin 
estos  combustibles.  —  Pongo  Mittani  :  el  pongo  mujer  que  se 
ocupa  en  las  faenas  domésticas.  Véase  Semanero. 


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474  CIRO   BAYO 


PoNTizuELA.  Media  luna  de  rico  métal,  colgante  del  freno  del 
caballo,  al  que  se  adapta  con  un  gonce. 

Popt.  Cara  popi  =  la  con  manchas  6  pecas.  —  La  ropa  esta 
pofH  cuando,  después  de  lavada,  quéda  con  maculas  por  no  secarla 
à  tiempo.  Es  voz  cruceiia. 

PoRONGUENO.  Indio  cniceno  de  Porongos.  —  Papel  porongueho. 
La  hoja  seca  de  plâtano  en  la  que  se  escribe  con  tinta  de  achiote. 
Llâmase  asi  porque  fué  invenciôn  de  un  indio  de  Porongos. 

PoRRA.  Mechôn  de  pelos  enredados.  —  La  puesta  6  traviesa 
que  va  en  cabeza  en  el  juego  de  dados  6  de  azar.  —  El  asa  del 
poro  ô  mate. 

PoRTABALAYO.  Voz  brasilefia.  Porta-vîandas. 

PoRTADA  6  tranquera.  Paso  ô  puerta  de  trancas  6  de  ferrada 
que  permite  el  paso  libre  en  los  alambrados.  Estas  portadas, 
cuando  el  ginete  es  hdbil  las  abre  erapujândolas  con  el  mango  del 
rebenquCy  a  cuyo  tiempo  se  cuela  con  el  caballo.  En  seguida  se 
cierra  la  «  tranquera  »  para  que  la  hacienda  no  se  entrevere  con 
la  de  otra  estancia. 

PoRTAFOLio.  Cartera  ministerial. 

PoRTENO.  El  natural  de  la  ciudad  de  Buenos  Aires  y  de  su  pro- 
vincia  ;  por  el  nombre  de  Puerto  de  la  Santisima  Trinidad  de 
Buenos  Aires  (\\xt  le  diô  Mendoza  en  1535.  Es  un  curioso  ejem- 
plo  de  antinomia,  llamarse  portthos  a  los  hijos  de  una  ciudad  que 
no  ha  tenido  puerto,  verdaderamentetal,  hasta  1889  (el  Madero)  ; 
asi  como  llamarse  Rio  de  la  Plata  al  estuario,  cuando  ni  el  rio 
lleva  plata,  ni  el  pais  la  tiene  en  su  moneda. 

PosETACÙ.  Hormiguero  que  los  turiros  ù  hormigas  lacustres 
hacen  adherido  d  los  drboles  y  â  gran  altura  del  nivel  del  suelo, 
para  salvarse  de  las  inundaciones. 

PoTETE,  putiitu  ô  jomete.  Harina  de  maiz  hervida,  sin  mâs 
condimento  ni  anadidura. 

PoTO.  Voz  quichua  :  la  cara  de  atrds  ;  y  potear^  hermano 
gemelo  de  otro  verbo  muy  usual  en  la  Penînsula,  de  que  solo  se 
diferencia  en  el  cambio  de  la  primera  vocal. 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS    Y   BOLIVIANOS  475 

ParocA.  Mujer  nalguda,  pequena  y  rechoncha. 

PoTOst.  El  cerro  de  Potosf  en  forma  perfecta  de  cono,  es  el  mds 
hermoso  ejemplar  que  puede  verse  en  el  mundo,  tanto  por  su 
aspecto  como  por  la  abundancia  de  plata  que  ha  producido. 
Ningiin  otro  cerro  de  sus  dimensiones  puede  rivalizar  con  él  en 
riqueza  de  rendimiento  argentifero.  Elévase  i  3.107  pies  sobre  el 
nivel  de  la  plaza  mayor  de  la  ciudad,  debiendo  tenerse  en  cuenta 
que  esta  esta  situada  en  la  falda  del  cerro  à  13.275  pies  sobre  el 
nivel  del  mar.  I^  composiciôn  del  cerro  es  porfîdica  con  vetas  de 
pizarra  y  arenisca  en  su  exterior  y  en  su  base,  dejando  en  su 
ùltimo  tercio  la  pura  manifestaciôn  porfidica.  La  mitad  superior 
del  cono  es  la  que  sin  duda  ha  producido  los  minérales  mâs  subidos 
de  ley  ;  asî  que  en  esta  parte  es  donde  se  notan  los  piques,  soca- 
vones,  chimeneas,  etc.  que  han  convertido  el  cerro  en  un  verda- 
dero  panai  de  abejas.  Los  socabones  principales  son  veinticinco 
â  lo  mis;  pero  los  piques,  contra-socavones  y  chimeneas  son 
innumerables. 

Durante  el  gobierno  del  intendente  Paula  Sanz  (â  principios 
del  siglo  xix)  llegô  d  Potosi  una  comisiôn  cientîfica  para  perforar 
la  base  del  cerro  que  mide  25.565  métros  de  circunferencia, 
continuando  el  trabajo  del  socavôn  Berrio  pcrteneciente  al  antiguo 
minero  A.  Lôpez  de  Quiroga,  con  el  nuevo  nombre  de  Real 
Socavôn,  Los  antiguos  trabajos  de  este  establecimiento  se  tras- 
pasaron  en  i88é  d  una  compania  inglesa  «  Royal  Silver  Mines  of 
Potost  »,  que  signe  siendo  la  duena  y  senora  del  Cerro. 

Todas  las  vetas  de  minerai  de  plata  contienen  ley  de  estano, 
y  hay  también  vetas  que  rinden  exclusivamente  este  ùltimo 
métal.  La  potencia  productiva  varia  en  un  ancho  de  8  d  i  pul- 
gadas,  siendo  la  ley  de  la  plata  mayor  cuanto  mds  se  cine  la  veta 
y  la  ley  del  estano  cuanto  mâs  se  ensancha.  Es  de  notar  que  aùn 
signe  trabajândose  sobre  labores  antiguas  y  que  la  base  sigue  en 
absoluto  virgen  de  investigaciôn. 

Très  son  los  medios  de  obtener  el  estano  en  el  cerro  de  Potosi  • 
i"  separândolo  por  lavado  de  los  relaves  résultantes  de  la  amal 


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47^  CIRO   BAYO 


gamaciôn  por  plata  ;  2**  relavando  los  antiguos  depôsîtos  dejados 
por  los  antiguos  beneficiadores  en  las  minas  del  sinniimero  de 
ingenios  en  ruina  de  la  llamada  Rivera;  y  3°explotando  las  vetas 
cruceras  que  si  son  pobres  de  plata  son  abundantes  en  estano.  — 
El  Real  Ingénie^  hermoso  establecimiento  montado  con  los  apa- 
ratos  mecdnicosmâsmodernos,  tiene  en  uso  concentradores  Fren, 
cuyos  resultados  son  excelentes  :  5  0/0  de  métal,  con  ley  de  60 
i  70  0/0  fino.  Sin  embargo,  su  actual  producciôn  es  relativa- 
mente  pequena,  ajustada  â  la  gruesa  de  elaboraciôn  plata,  que  es 
el  principal  objetivo  de  la  Empresa. 

Tan  énorme  es  la  cantidad  de  estano  que  ha  sido  desperdiciada 
y  arrojada  al  rio,  que  bien  puede  afirmarse  que  las  arenas  del  rio 
de  la  Plata  contienen  estano  del  Potosi. 

Casi  por  en  medio  de  la  ciudad  pasa  el  Rio  de  la  Rivera  que 
incrementando  sus  aguas  en  las  cercanfas,  constituye  el  Tarapaya, 
afluente  del  Pilcomayo,  quien  â  su  vez  lo  es  del  Plata.  Pues 
bien,  se  ha  calculado  que  el  Tarapaya  ha  arrebatado  â  las  minas 
de  Potosi  en  el  espacio  de  66  anos,  desde  1546  en  que  se  des- 
cubrieron  estas  hasta  i6ri,  40  millones  de  plata  que  se  sepulta- 
rian  en  las  arenas  del  Pilcomayo.  Cuanto  al  estano,  suponiendo 
que  la  ley  de  plata  en  término  gênerai  sea  de  600  onzas  por 
tonelada,  tal  como  sale  de  las  vetas,  con  el  minimum  de  5  **/© 
de  estano,  y  atendiendo  â  que  desde  1546  hàsta  1864  la  produc- 
ciôn plata  alcanza  d  la  énorme  cantidad  de  3.630.928.362  onzas, 
tendremos  que  han  sido  abandonadas  â  la  corriente  de  la  Rivera 
i.}02.iyj  toneladas  de  estano  ! 

  causa  del  quebranto  en  el  precio  de  la  plata  se  ha  despertado 
el  interés  de  la  explotaciôn  del  estano.  Hombres,  mujeres  y  ninos 
se  ocupan  en  escoger  de  los  desmontes  de  minas  antiguas,  de  los 
puentes  de  labores  abandonadas  y  de  las  ruinas  de  los  ingenios, 
metales  de  estano  que  venden  à  los  beneficiadores  à  precio  bajo, 
contentindose  con  obtener  la  ganancia  diaria  de  un  boliviano, 
équivalente  â  3  pesetas  de  nuestra  moneda.  Gran  parte  de  la  po- 
blaciôn  obrera  vive  de  esta  industria;  pero  siendo  los  medios  de 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  477 

explotaciôn  tan  primîtivos  como  imperfectos,  la  producciôn  no 
adelànta  ni  puede  competir  con  otras  explotaciones  deestanoen  el 
extranjero.  Otra  cosa  séria,  si  alguna  compania  con  fuerte  capital 
se  dedicase  a  explotar  estano  bajo  la  base  virgen  del  cerro,  en 
cuyo  caso  se  quintuplicaria  el  rendimiento  actual. 

PoTRERO.  Alfalfar  6  recinto  cerrado  destinado  al  engorde  6 
invernada  de  animales.  —  Dehesa  potril. 

Prenado  de  la  calentura.  Cierto  estado  de  congestion  ô  de  hin- 
chazôn  del  cuerpo  que  précède  y  predispone  â  la  fiebre  intermi- 
tente,  patrimonio  de  las  tierras  calientes. 

Presa.  Tàjada  de  came.  Presa  de  ptilpa  :  carne  sin  hueso. 

Prestaciôn  vial.  Servicio  6  contribuciôn  personal  â  que  estdn 
obligados  todos  los  habitantes  de  Bolivia  para  la  construcciôn  6 
reparaciôn  de  caminos.  Ix)s  indios,  los  cholos  y  los  soldados  son 
los  ùnîcos  que  lo  prestan,  porque  los  demâsciudadanos  se  eximen 
de  doblar  el  espinazo  pagando  un  boliviano  por  cada  dia  de  los 
très  que  dura  la  prestaciôn. 

Presumir.  Cortejar  ;  enamorar.  Asî  :  Vyihno  présume  i  Mengana  : 
que  la  corteja. 

Presupuestar.  Neologîsmo  apadrinado  por  Palma,  Castelar, 
Valera  y  otros  académicos,  y  que  me  parece  perfectamente  inù- 
til,  y  dire  el  por  que.  —  Ni  propios,  ni  extranos,  ni  aquende,  ni 
allende,  nos  acordamos  de  presuponer,  verbo  antiguo  en  lenguaje 
rentistico,  tanto  que  se  usa  en  documentos  del  siglo  xvii.  Entre 
los  a  papeles  de  Hacienda  »  desde  Felipe  II  en  adelante  (ms. 
Biblioteca  nacional  de  Madrid)  se  lee  :  «  Se  presuponen  para  los 
gastos  ordinarios  de  la  Casa  Real  320.000  reaies;  para  Flandes, 
720.000  »,  etc.,  etc. 

Procurador  de  reos.  Abogado  de  oficio. 

PucarAra.  Véase  SucuRUCii. 

PucHA.  Interjecciôn  gauchesca.  /  La  pucha  I  por  las  cuatro 
letras.  Tirso  de  Molina  la  emplea  como  provincialismo  gallego 
en  su  «  Mari-Hernandez  ». 

PucHEADA.  La  segunda  hoja  de  la  coca,  correspondiente  â  la 


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478  CIRO    BAYO 


segunda  mita  6  cosecha.  La  de  la  primera  llâmase  hojeaday  la  ùl- 
tima  lluchus.  Estas  très  mitas  anuales  verificanse  en  los  meses 
respectives  de  mayo,  junio  y  octubre. 

PucHiCHE.  Furùnculo  6  divieso.  —  La  persona  6  cosa  molesta 
como  una  de  aquellas  excrecencias.  Véase  Yomomo. 

PucHO.  Voz  quichua  :  sobras;  bolilla  de  cigarro.  En  Lima 
habia  antes  çlpuchero  6  vendedor  depuntas  de  cigarro.  No  dériva, 
pues,  de  «  poco  ô  poquito  »,  como  aventura  Cuervo.  —  Soltarse 
sobre  el  pucho  :  echarse  pronto  sobre  algo,  à  la  manera  que  los 
ninos  callejeros  sobre  un  pucho  encendido. 

PuEBLADA.  Tumulto  popular  ;  asonada  de  gente. 

PuENTE  colgante  6  taravita.  Puente  hecho  de  bejucos  para  pasar 
rios  6  t  or  rentes.  Su  origen  es  sin  duda  peruano  y  segùn  el  testi- 
monio  de  D .  Antonio  UUoa,  fué  inventado  por  el  cuarto  inca 
Mayta  Câpa  c,  el  cual  mandô  hacer  un  puente  de  bejucos  sobre  el 
Apurimac,  largo  mds  de  200  pasos  y  algo  mâs  de  dos  varas  de 
ancho. 

PuERTA  DEL  CORRAL  (La).  La  primera  vértebra  cervical  de  los 
animales  por  la  que  se  les  introduce  el  hierro  en  las  caraeadas. 

PuERTA  DEL  SOL  (La).  Tan  renombrada  como  la  ideni  de  la 
capital  de  Espana,  es  en  la  ciencia  arqueolôgica  la  otra  «  Puerta 
del  Sol  »  sita  en  una  parte  de  las  monumentales  ruinas  de  Tia- 
guanaco,  llamada  Acapana.  Es  un  mpnolito  de  pôrfido,  de  32 
representaciones  emblemâticas  6  16  à  cada  lado,  perfectamente 
visibles.  La  figura  mds  saliente  se  encuentra  sobre  el  dintel.  Es 
una  figura  humana  de  pie  ;  la  cabeza  recta  y  abiertos  los  brazos. 
La  cabeza  es  notable  porque  ella  sola  compone  la  mitad  de  la 
estatua  total  ;  tiene  orlados  los  ojos  de  fajas  entre  alas  delineadas 
hacia  las  sienes  y  de  la  frente  parten  seis  cabezas  de  cinocéfalo  y 
una  de  chacal  coronada  de  cuatro  plumas.  Otras  seis  cabezas  tiene 
dibujadas  en  la  orla  de  la  faja  que  le  cine  el  cuerpo.  Cada  mano 
tiene  cuatro  dedos  con  un  cetro  en  las  dos  :  el  de  la  diestra  sur- 
montado  por  una  cabeza  de  condor  ;  el  de  la  izquierda  se  bifurca 
en  ramales  que  rematan  en  cabezas  de  aràras  6  papagayos.  Los 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  479 

pocos  arqueôlogos  que  han  visitado  estas  ruinas  estdn  acordes 
que  la  Puerta  del  Sol  es  de  mérito  superior  por  la  obra  y  la  ve- 
tustez,  si  bien  divergen  en  el  significado  de  su  representaciôn. 
Véase  Tiahuagenaco. 

Pues.  En  Bolivia  se  usa  el  pues  i  cada  paso  a  la  usanza  vizcaina, 
vamos,  pues  ;  si,  pues  ;  dame,  pues,  «  En  estos  y  parecidos  casos, 
pues  es  redundante  y  equivoco  »  (Baralt).  Empero,  siendo  indu- 
dable  que  pues  dériva  del  «  post  »  latino,  no  lo  es  menos  que  en 
ciertas  acepciones  mantiene  el  significado  de  «  en  seguida  ».  A 
él  cabeatribuir  q\  vamos,  pues  ;  oye,  pues,  etc.,  de  criollos  y  vas- 
congados. 

PuESTO.  Rancho  6  cabaiia  dentro  del  término  de  una  estancia 
donde  vive  algùn  pastor  6  peôn  encargado  del  rebano.  A  veces 
se  alquilan  6  se  arriendan  los  puestos  por  personas  que  nada  tie- 
nen  que  vercon  el  establecimiento  donde  radican  aquéllos. 

PuiNO.  Tinaja  que  cargan  los  chicheros  y  aguateros  bolivianos. 
—  Puruha  en  algunos  distritos  de  la  Argentina. 

Pujozô.  Moho  6  cardenillo  que  invade  los  objetos  abandona- 
dos  en  tierra. 

PulperIa.  Esquina  6  boliche  rural.  Establecimiento  campestre 
que  es  almacén,  tienda,  taberna  y  casa  de  juego.  Sitio  de  cita  del 
gauchaje  y  mentidero  de  la  campaiia.  AIH  se  juega  d  la  taba,  al 
truco  y  â  las  bochas  ;  y  en  dias  de  fiesta  se  organizan  carreras, 
pechadas  y  topeadas.  Es  negocio  lucrativo,  porque  debido  â  lo 
desperd igados  que  estân  los  ranchos  y  d  la  distancia  que  estân 
las  estancias  de  la  poblaciôn,  los  cimpesinos  acuden  â  la  pulpe- 
rîa  d  surtirse  de  lo  preciso  y  â  gastar  también  mas  de  lo  preciso. 
El  pulpero  comercia  en  todo,  dedicdndose  preferentemente  â  los 
frutos  del  pais,  6  sea  â  la  compray  venta  de  cueros,  lanas  y  céréa- 
les. Pulperia  dériva  quizds  de  pulqueria,  establecimiento  anâlogo 
en  Mexico.  EUo  es  que  en  lengua  auca,  Udmase  pulcu  à  pulcuy  al 
licorque  se  obtiene  por  la  fermentaciôn  de  frutas  silvestres.  — 
Bolear  para  el  pulpero.  Modismo.  Véase  Refranes. 

PuLULÈ.  Persona  de  carne  fofa  y  caida,  como  ciertas  mujeres 
en  la  région  umbilical. 


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480  CIRO   BAYO 


PuLÙLU.  Cuerno  que  tocan  los  indios  en  las  fiestas  para  las 
siembras  y  que  ademas  sirve  de  distintivo  de  los  postillones  6 
chasques  à  pie.  Con  el  aditamento  de  un  tubo  de  caiia  es  el  crqm 
à  elqui.  Tiene  un  sonido  de  verraco  y  con  él  entretienen  sus  ocios 
los  pastores  de  cabras  y  Hamas. 

Puma  (^Felix  concolor.  Azara).  Aunque  se  le  Uama  leôn,  es  solo 
un  espantajo,  «  un  misérable  gato  que  huye  de  los  perros  »  (Sar- 
miento).  El  historiador  Gomara  hablando  de  este  felino  decia  : 
«  No  es  tan  fiero  este  leôn  como  lo  pintan  »  ;  expresiôn  que  ha 
quedado  como  proverbial. 

PuNA.  Voz  quichua.  Sierra  6  région  fria.  El  paso  de  la  cordi- 
llera  es  peligroso,  no  tanto  por  los  temporales  y  peligrosos  acci- 
dentes que  ocurren  en  la  région  de  la  ptina^  como  por  la  sufoca- 
ciôn  que  se  expérimenta  en  estos  parajes,  à  causa  del  frio  de  la 
noche  y  la  dificultad  de  respirar  por  la  rarefacciôn  del  aire.  Esta 
sofocaciôn  llâmase  mal  de  la  puna  à  soroche  =  mal  de  las  monta- 
nas.  —  Apunarsô  :  asorocharse.  En  Hawaï,  donde  se  encuentra 
la  palabra  puna  con  el  mismo  sentido  que  en  America,  los  caza- 
dores  se  alivian  del  mal  de  las  montaiias  sangrdndose  levemente 
en  mitad  de  la  frente  â  raiz  del  cabello. 

PuNGUiSTA.  Raspa;  rateroen  argot  porteno. 

PuNiLLA  (La).  El  término  6  caida  del  tejado  de  un  rancho  de 
aleros.  Lo  que  en  la  Argentina  llaman  «  cola  de  pato  ». 

PuNTA.  Pina  6  montôn  de  cosas  homogéneas  que  se  separan 
de  un  todo  homogéneo.  Asi  :  punlaàe  vacas,  punta  de  nihos.  — 
Por  punta^  en  globo,  en  conjunto. 

PuNTANO.  El  natural  de  la  ciudad  argentina  de  San  Luis  por 
estar  situada  en  la  «  punta  de  los  venados  »,  al  extremo  de  la 
Sierra  de  Côrdoba. 

PiJauio.  Voz  quichua.  Manantial.  Es  voz  corriente  hasta  en 
provincias  castellanas  como  Santa  Cruz  de  la  Sierra.  —  Poza  6 
laguna  natural  que  en  las  pampas  de  Mojos  se  cubre  de  plantas 
palùdicas  y  lacustres,  d  manera  de  colchas  6  «  camalotes  ».  — 
Vilcapugio,  lugar  donde  se  librô  una  batalla  en  tiempo  de  la  Inde- 
pendencia  ;  dériva  de  ptiquio. 


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PROVINCI ALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  48 1 


PuRÔN.  Voz  portuguesa  :  porâo,  sentina.  Sitio  de  las  embar- 
caciones  menores  del  oriente,  que  hay  que  estar  desaguando  con- 
tinuamente. 

PuRTOA.  Véase  Puino. 

Pusc:hca.  Voz  quichua  :  huso.  El  que  llevan  siempre  consigo  las 
indias  quichuas,  haciéndolo  girar  entre  los  deJos  hilando  coposde 
lana,  ora  estén  andando  en  un  viaje,  ora  apacienten  los  rebanos. 

PuYONES.  Cacheras  6  espolones  del  gallo. 

PuYUNGA.  Véase  Pampaco. 


QuEBRADA.  En  toda  America  es  voz  sinônima  de  arroyo  que 
se  inunda  en  las  avenidas,  descendiendo  por  hendiduras  de 
tierra. 

QuEBRACHO  (jOoroylyna  cerulea),  Ârbol  de  primera  magnitud, 
asi  llamado  por  su  fragilidad.  —  Otro  drbol  de  igual  nombre 
(quebracho  blanco.  Aspidosperma  qmbracha)  de  la  familia  de  las 
apocîneas,  demaderadurisima,  muy  rico  en  tanino  y  en  alcaloïde  : 
la  «  aspidospermina  ».  Las  raîces  de  este  végétal  son  antifebrifugas 
como  la  quina.  —  Quebracho  Colorado  à  cuchl.  De  madera  dura  é 
incorruptible.  Su  corteza  y  el  extracto  del  serrin,  abundantes  en 
tanino,  ùsase  en  tenerîa  y  es  objeto  de  mucho  comercio  en  el  rio 
Paraguay. 

QuEBRADO.  La  senda  6  camino  que  abren  los  bârbaros  cuando 
salen  de  sus  guaridas  ô  malocas  para  una  expediciôn.  Se  reduce 
a  una  sucesiôn  de  ramitas  cortadas  a  mano  6  «  quebradas  »  a 
pequenas  distancias,  de  manera  que  hay  que  tener  la  vista  muy 
ejercitada  para  no  ^xtraviarse  en  el  monte,  siguiendo  el  hilo  de 
Ariadna  de  los  palitos  quebrados. 

QuEBRANTADA  (Agua).  Agua  tibia  6  destilada. 

QuEMA  (Hacer).  Hacer  punteria  en  el  blanco,  ya  sea  en  el 
disparo  de  armas  de  fuego,  y  a  en  los  juegos  de  destreza  relacio- 
nados  con  la  balîstica. 

QuEMA-QUEMA.  Especie  de  escolopendra. 

Revue  hispanique,  xiv.  ji 


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482  CIRO   BAYO 


QuEMAZÔN  6  Brillazôn.  Espcjismo  de  las  pampas,  parecido  la 
que  se  produce  en  el  desierto  africano.  —  En  masculine,  el 
qûemai^ôn  es  un  métal  de  poca  ley  que  se  halla  en  una  mina,  à 
flor  de  tierra. 

QuENA.  Voz  quichua,  pena  de  amor.  Hauta  de  cana,  de  variable 
tamaiio,  si  bien  por  lo  gênerai  tiene  de  largo  média  vara,  y  de 
diâmetro  2/3  de  pulgada  ;  abierta  por  ambos  extremos.  Consta  de 
cinco  agujeros  en  la  direcciôn  de  la  embocadura,  y  uno  al  cos- 
tado.  Âquélla  es  redonda,  y  por  donde  se  sopla  esta  cortada  en 
bisel,  de  adentro  afuera.  La  quena  quichua  acompanada  del  tam- 
bor  6  caja  es  triste,  melancôlica,  casi  funèbre.  Suelen  â  veces  los 
indios  horadar  un  cântaro  de  barro  por  los  costados  para  intro- 
ducir  la  quena  y  las  manos  por  los  agujeros,  y  entonces,  el  eco 
de  la  quena  «  es  la  verdaderaexpresiôn  de  los  sepulcros  »  (Cortés) 
por  laresonanciay  tristeza  impondérables  que  adquieren  las  voces 
de  la  âauta.  La  quena  acompanada  del  càntaro,  es  el  manchaipuiiu 
(cdntaroaterrador).  Cuentan  las  crônicas  que  cierto  joven  peruano, 
llamado  Camporeal,  hijo  de  espanol  y  de  india,  se  enamorô  de 
una  doncella  descendiente  de  los  conquistadores.  Los  padres 
espanoles  de  la  virgen  peruana  hicieron  alejar  â  Camporeal  de 
Lima,  haciéndole  créer  que  su  amada  se  habia  casado  voluntaria- 
mente  con  un  apuesto  caballero.  El  desdeiiado  galân,  en  su  deses- 
peraciôn,  se  hizo  sacerdote.  D^spués  de  algiin  tiempo,  regresô 
â  Lima,  donde  un  dia  celebrando  en  un  templo,  al  volverse  al 
pueblo  para  decir  d  los  fieles  «  Dominus  vobiscum  »,  viô  à  su  ado- 
rada  que  parecia  decirle  «  y  tu  seras  conmigo  ».  Atraido  por  la 
tentaciôn,  Camporeal  colgô  los  hâbitos,  huyendo  d  las  montanas 
con  Maria.  Por  algiin  tiempo gustaron  el  amor -mezclado  con  la  hiel 
de  los  remordimientos,  en  su  cabana,  hasta  que  muriô  Maria,  y 
Camporeal  enloqueciô  por  la  desgracia.  El  amante  sacô  del  lecho 
el  helado  cuerpo  de  Maria,  lo  colocô  en  el  tosco  banco  de  piedra 
donde  ella  soHa  sentarse  y  se  propuso  presenciar  la  lenta  descom- 
posiciôn  del  cadâver.  Durante  las  funèbres  veladas,  compuso  un 
canto,  consignando  en  cada  estrofa  la  metamorfosis  de  una  de  las 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  48^ 


gracias  de  Maria,  operada  porla  disoluciôn  de  la  carne  que  iba 
desprendiéndose  gradualmente  de  los  huesos.  Luego  que  el 
cadâver  quedô  reducido  â  blanco  y  descamado  esqueleto,  formô 
con  la  tibia  una  flauta,  y  con  ella,  en  las  noches  de  luna,  evocaba 
el  aima  de  su  amante  con  sonidos  tan  desgarradores,  que  los 
pastores  de  las  cercanias  abandonaron  sus  cabanas.  Mùsica  y 
palabras  del  canto  de  Camporeal  son  conocidas  en  el  Alto  y  Bajo 
Peni  con  el  nombre  de  manchai-puitu. 

OuENADO.   Apasionado;  encamotado, 

QuENCHACHEAR.  Traer  mala  suerte.  «  Apârtese  V.,  que  me 
quenchachea,  » 

QuEREZA.  La  larva  que  depositan  las  moscas. 

QuETUPt.  Nombre  quichua  del  pâjaro  Bienteveo. 

OuicHUA  (y  no  quichùa,  como  por  ahî  se  dice  6  se  acentùa). 
La  naciôn  quichua  pertenecia  al  reino  del  Cuzco,  â  una  y  otra 
orilla  del  Abancay,  y  de  ella  proviene  la  lengua  gênerai  del  Peni. 
Quichua  équivale  â  tierra  templada.  Hablan  esta  lengua  en  la 
Argentina  los  habitantes  de  la  Provincia  de  Santiago  del  Estero  ; 
en  Bolivia  los  de  los  departamentos  de  Chuquisaca,  Potosî  y 
Cochabamba  ;  esta  generalizadaen  varios  distritos  delPerù,  Ecua- 
dor, Colombia  y  Venezuela,  y  a  ella  pertenecen  sinnûmero  de 
palabras  usuales  y  términos  geogrâficos  sur-americanos. 

i  OuiÉN  SABE  !  Expresiôn  escéptica,  que  como  el  «  chi  lo  sa  !  » 
de  los  lazzaroni  napolitanos,  anda  en  boca  de  los  criollos  sur- 
americanos,  especialmente  de  los  campesinos.  —  i  Lloverâ  hoy? 
— l  Cuàntas  léguas  hay  deaquî  a  tal  parte?  —  «  Quién  sabe! 
senor  »,  responden  invariablemente  con  una  flema  que  hace 
montar  en  côlera.  Aunque  del  mal  el  menos,  pues  ha  de  saber 
el  lector  que  en  America,  acostumbran  otra  muletilla  enrespuesta 
â  lo  que  se  ignora  6  no  se  quiere  decir  :  —  El  cielo  anuncia 
tempestad  ?  —  Asi  serây  senor.  —  LIegaremos  temprano  â  X  ? 
—  Asî  sera,  senor,  etc. 

QuijA  (Estar  de).  Estar  con  hambre. 

QuiLOMBO.  Voz  brasilena.  Sinônimo  de  burdel  6  lupanar  y 


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484  CIRO    BAYO 


que  se  ha  generalizado  con  esta  acepciôn  en  média  America  del 
Sur.  En  el  Brasil  llamaban  antes  quilombo  al  asilo  de  los  negros 
cimarrones  en  lo  mas  recôndito  del  m^ï//o  (monte).  El  «  quilombo 
de  Palmarès  »,  alla  por  el  siglo  xvii,  y  el  de  Carlota  en  Matto 
Grosso  en  1770,  son  famosos  en  los  anales  de  la  esclavitud,  por 
la  bravura  de  los  negros  y  la  crueldad  de  los  blancos.  —  Mujer 
quilombera  :  ramera. 

QuiLLANGO.  Manta  de  varias  pieles  cosidas  que  usan  los  indios 
aucas  6  araucanos.  —  El  conjunto  de  las  piezas  6  enjalme  del 
recado, 

QuiLLAY.  «  Mopôri  »  en  el  oriente  de  Bolivia  {Sapindus  sapo- 
narià,  —  Quillaia  smegmadermas.  De  Candolle).  Arbol  de  la 
flora  chilena.  Su  corteza  rica  en  saponina  se  emplea  en  farma- 
copea,  con  el  nombre  de  corteza  de  Panama.  Es  objeto  de  mucho 
comercio  por  los  puertos  del  Pacîfico. 

QuiMBA.  Planta  abundante  en  los  sembrados,  asî  en  Europa 
como  en  America.  Apuntaré  como  curiosidad  que  en  Italia  se 
\hma  farinelli,  nombre  del  célèbre  cantante  Carlo  Boschi  que 
figura  en  el  reinado  de  nuestro  primer  Borbôn.  —  La  segunda 
figura  de  la  cuadrilla. 

QyiMBO.  Confitado.  Asi,  huevo  quimbo. 

QuiMiL.  Especie  de  cactus,  de  frutoagrio  que  come  el  ganado. 

QuiMÔN.  Clasede  lienzo  6  zaraza. 

QuiNA.  La  quina  pertenece  a  la  familia  de  las  Rubiàceas  que 
comprende  mis  de  cuarenta  especies;  entre  ellas  el  café  y  la  ipeca- 
cuana.  Arboles  y  arbustos  de  hojas  siempre  verdes,  y  de  flores 
de  suave  olor,  blancas,  rosadas  6  rojas.  La  quina  Calisaya  (nombre 
del  indio  querevelôel  secreto  de  sMCur^cxàn^ {Cinchona  Calisaya, 
Weddel)  ;  la  gris  Huanuco  {Cinchona  tnicranthas.  Ruiz  y  Pav6n)  ; 
y  la  quina  roja  de  Loja  y  del  Ecuador,  proveniente  de  gran  numéro 
de  cortezas,  son  las  preferidas  en  el  comercio. 

La  especie  cascarilla  se  distingue  por  sus  hojas  mds  grandes 
y  lisas  y  por  las  brâcteas  rojas  que  acompanan  el  pecîolo  de  las 
flores.  Con  la  infusion  de  la  corteza  de  este  ârbol  curô  en  1638 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  485 

la  virreina  del  Peni,  condesa  de  Chinchén,  enferma  de  calenturas 
intermitentes  rebeldes.  Dicho  medicamento  le  fué  sugerido,  no 
por  los  jesuitas,  como  se  cuenta,  sino  por  el  gobernador  de 
Loja,  Don  Francisco  Lôpez  Ginizares,  que  habîa  curado  de  pare- 
cida  dolencia  con  la  misma  corteza  proporcionada  por  el  indio 
Kalisaya.  El  naturalista  Linneo  désigné  al  végétal  con  el  nombre 
de  Cinchona  en  honor  de  la  condesa.  Posteriormente,  el  Dr. 
Weddel,  botânico  de  la  expediciôn  francesa  venida  en  1843  à 
Sur-América  al  mando  del  conde  de  Castelnau,  publicô  un 
pirecioso  informe  de  la  cascarilla  en  su  monografia  «  Histoire 
naturelle  des  quinquinas  »,  fruto  de  sus  observaciones  en  Cocha- 
bamba  y  Santa  Cruz  de  Bolivia. 

La  quina  crece  en  terreno  escabroso,  asî  que  no  se  encuentra 
en  las  llanuras.  Es  ârbol  grueso,  alto  y  pomposo,  de  hojas  pare- 
cidas  a  las  del  café.  Sucede  con  la  fiebre  y  con  la  quina,  lo  que 
con  las  anginas  de  las  regiones  hiperbôreas  y  el  hielo  :  que  el 
remedio  estd  al  lado  de  la  enfermedad.  El  arbol  florece  a  los  seis 
anos,  y  a  los  ocho  6  diez  suministra  la  corteza.  Las  heridas  se 
cicatrizan  con  musgo,  sujetado  con  bejucos,  y  al  ano  vuelve  à 
criarse  una  segunda  corteza  que  es  la  mâs  rica  en  alcaloïde.  En 
el  Departamento  boliviano  de  La  Paz,  famoso  en  tiempo  no 
lejâno  por  su  'producciôn  cascarillera  que  vino  a  arruinar  la 
competencia  de  la  quina  inglesa  en  la  India,  una  légua  cuadrada 
daba  cabida  d  cerca  de  dos  millones  de  plantas,  cada  una  de  las 
cuales  produce  de  seis  a  ocho  libras  de  corteza.  Hay  casi  tantos 
nombres  como  cortezas  6  especies  botânicas  ;  aunque  empieza  a 
reconocerse  que  un  mismo  ârbol  puede  dartoda  clase  de  cortezas 
segiin  su  situaciôn  y  edad.  La  quina  roja  viene  d  ser  entonces  la 
corteza  del  ârbol  ;  hamarilla,  la  de  las  ramas  mayores  ;  y  hceni- 
cienta,  la  de  las  ramas  menores.  El  nombre  vulgar  de  quina  se 
dériva  de  otro  ârbol  cuya  corteza  es  la  que  emplearon  los  jesui- 
tas en  el  mismo  siglo  xvii,  también  como  febrîfugo.  Los  indîos 
lo  llamaban  quino-quino,  y  quina-quina  â  la  corteza  y  â  los  frutos. 
Es  el  tniroxylon  perniferum  que  se  cria  en  muchos  parajes  de  la 


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4^6  CIRO    BAYO 


cuenca  amazônica  y  que  produce  el  bâlsamo  Ilamado  del  Perù. 
Hasta  1648  Europa  no  conociô  el  inapreciable  descubrimiento 
de  la  quina^  que  en  aquella  época  fué  importada  del  Perù.  La 
Condamine,  enviado  al  Perù  para  medir  algunos  grades  del 
ineridiano,  inaugurô  en  1758  el  estudio  cientîfico  de  la  quina, 
descubriéndose  en  1820  la  quinina,  alcaloïde  de  la  quina 
y  el  mejor  de  los  antisépticos.  El  «  sulfato  de  quinina  » 
en  pîldoras,  lo  inventaron  Pelletier  y  Caneton,  quimicos 
franceses.  En  todas  las  calenturas  malâricas  el  efecto  de  la 
quinina  es  maravilloso  ;  hasta  se  puede  decir  que  no  existe  otro 
medicamento  para  combatirlas.  Desgraciadamente  hay  hasta 
entre  los  médicos  la  idea  de  que  la  quinina  puede  emplearse 
contra  toda  clase  de  fiebres,  y  que  antes  de  su  aplicacién  es 
preciso  esperar  el  descenso  de  la  temperatura  ordinariamente 
alta  de  los  accesos.  Esta  idea  ha  sido  refutada  en  el  Congreso  de 
médicos  indios  de  1894.  Desde  hace  algunos  anos,  Francia  en 
Argelia,  Inglaterra  en  sus  colonias  de  la  India  oriental  y  Holanda 
en  Java,  prestan  particular  atenciôn  a  la  plantaciôn  de  quinaleSy 
con  tan  lisonjeros  resultados  que  en  la  India  inglesa,  por  ejem- 
plo,  se  vende  la  quina  en  los  estancos,  en  paquetitos  de  â  2 
peniques.  En  Bolivia,  que  con  el  Perù  y  el  Ecuador  cpmparte  el 
monopolio  de  esta  planta,  es  tal  la  desidia  de  los  gobiernos  que 
han  dejado  arruinarlos  quinalesabandonados  por  los  particulares, 
desde  que  a  estos  no  les  traia  cuenta  su  explotacién  ;  y  como  no 
se  han  dictado  medidas  salvadoras,  ni  se  ha  ofrecido  compensa- 
ciôn  alguna  a  los  cascarilleros ^  résulta  que  la  quina  llega  impor- 
tada, esto  que  el  consumo  es  énorme  en  el  pais  y  que  se  paga  â 
precios  fabulosamente  caros. 

QyiNACHA.  Voz  quichua.  Casta  de  gallina  copetuda,  de  pluma 
crespa  y  con  quihe  6  espolôn  como  el  gallo. 

QuiNAS  (Echar).  La  suerte  de  echar  dos  cincos  con  los  dados. 

QuiNCHA  6  quincho.  Cerco  de  palos  6  de  canas^'para  corral  6 
brete. 

QyiNO-ctuiNO,  Dos  especies  distintas  :  Miroxylon  perniferum^ 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  487 

Miroxylon  toluiferunty  que  suministranrespectivamenteelbâlsamo 
del  Perù  y  el  de  Tolù  (Colombia). 

QuInoa  (jChaiodium  quittd).  Planta  anua  cuyo  fruto  en  racimo 
es  comestible,  y  aun  se  hace  de  él  una  cerveza  de  mucha  fermen- 
taciôn.  En  Omasuyos  (La  Paz)  hay  la  creencia  de  que  la  quinoa 
da  y  conserva  el  buen  color  â  las  personas  que  la  usan. 

Q.UINAR.  Tirar  con  el  trompo  sobre  el  del  contrario  dândole 
con  la  punta  ô  quitte. 

QuiNE.  Cacheda.  Véase  Quinar. 

QuiPi.  Morral  6  mochila,  en  quichua. 

Quipos.  Invenciôn  que  se  atribuye  al  amaùta  Illa,  favorito  del 
cuarto  inca,  Maita  Câpac.  — Nudo,  en  quichua.  Los  quipos  eran 
un  sistema  de  nudos  de  hilos  de  lana  de  diversos  colores,  hechos 
con  admirable  artificio,  mediante  los  cuales  los  indios  peruanos 
conservaban  la  hîstoria  y  los  anales  del  imperio,  y  aun  losusaban 
como  escritura.  El  P.  Acosta  asegura  que  esta  clase  de  escritura 
aun  era  usada  en  su  tiempo  entre  los  indios,  algunos  de  los 
cuales  aprendieron  de  memoria  las  oraciones  cristianas  por  medio 
de  los  quipos. 

QuiRiCHi.  Verruga. 

QuiRNEjA.  La  trenza  que  usaban  antes  los  criollos  cruceiios. 
Véase  Cimba. 

QuiRauiNCHO.  Otro  nombre  del  Armadillo.  Dàssipus  tninutus. 

QuiSA.  Platano  maduro,  peladoy  tostado,  que  se  pone  â  secar 
al  sol  hasta  que  se  convierte  en  agradable  orejôn.  En  Mojos 
hacen  una  quisa  especial,  superior  â  la  crucena,  amasando  el 
plâtano  maduro  y  poniéndolo  â  secar,  con  lo  que  résulta  una 
especie  de  pan  de  higo  que  da  à  este  quince  y  raya. 

QuisauiDO.  Voz  quichua  :  quikqui  ;  estrechez.  —  Ventosidad. 

OuiSTE  6  quieste.  Vulgarismo  boliviano  por  :  «^  que  es  de 
tal  cosa  ?»  —  Asî  :  iquiste  mi  sombrero  ?  :  ^  que  es  de  mi  som- 
brero ? 

QuiTABiJsi.  Mosca  dorada  incubadora. 

QuiTAHUCHO.  Aji  silvestre  del  tamano  de  una  guinda. 


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488  CIRO    BAYO 


Quito.  Nombre,  segun  los  estimologistas  quichuas,  que  sigiri- 
fica  Provincia  6  Reino. 


Rabona.  Mujer  del  soldado  boliviano,  y  que  hasta  no  hace 
mucho  acompanaba  a  este  en  sus  marchas  y  en  la  guerra.  Dormîa 
en  el  cuartel,  y  como  es  natural  cuidaba  del  alimento  y  aseo  de  su 
cuyo,  convirtiendo  el  cuartel  en  un  conventillo.  Durante  la  adminis- 
traciôn  Arce  (1888-92)  se  sacaron  hs  rabonasdtl  cuartel  implan- 
tando  el  rancho  ;  pero  siguen  aun  â  los  soldados  acompanân- 
dolos  en  sus  acantonamientos.  Sirven  de  vivanderas  en  el  campo 
de  batalla  y  es  indecible  el  entusiasnio  que  comunican  â  sus 
maridos. 

Racacha  (^Conium  moschatum),  Una  de  las  variedades  de  la 
papa  americana,  que  se  da  hasta  los  mil  métros  sobre  el  nivel  del 
mar. 

Raga.  Chanza  6  burla.  «  Lo  dije  por  raga.  » 

RaIces.  Aùn  mejor  que  la  pelota  (véase  Pelota)  sirven  para 
navegar  un  trecho  à  favor  de  la  corriente  unos  palos  secos  y 
livianos,  generalmente  de  «  palode  balsa  »,  en  el  Béni,  6  de 
otra  madera  cualquiera.  A  estos  palos  los  Uaman  raices.  En  uno 
de  ellos  se  cabalga,  de  manera  que  el  vienire  y  el  pecho  descansen 
sobre  él;  y  como  es  tan  liviano,  puede  soportar  el  peso  de  una 
persona  sin  que  se  hunda  del  todo.  Sin  embargo  hay  que  bracear 
continuamente  contra  el  agua,  casi  lo  mismo  que  cuando  se 
nada,  orientândose  al  punto  por  donde  se  quiere  salir.  Hay  que 
tener  la  precauciôn  de  sujetar  bien  la  rai:^  con  las  piernas  para 
que  no  cuelgue  6  se  escape,  sobre  todo  si  la  persona  no  sabe 
nadar  ;  aunque  en  este  caso  va  un  nadero  tirando  de  la  rtf/:(  por 
una  cuerda. 

Rajar.  Hablar  maldealguno.  Hacerle  la  disecciôn  con  lalen- 
gua.  Es  voz  muy  apropiada.  —  Rajar  la  tierra.  Huir  de  estampia» 

Ramada.  Cobertizo  ô  enramada  sobre  cuatro  palos,  para  res- 


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PROViNCIALISMOS   ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  489 


guardar  el  ganado  de  la  intempérie.  —  Chapapa  6  tendal  muy 
alto  para  colgar  tiras  de  came  charqueada.  —  La  parte  de  afuera 
de  la  reja  que  sepai'a  el  mostrador  de  las  pulperias  del  pùblico  que 
à  deshoras  de  la  noche  acude  d  ellas. 

Rampa.  Las  andas  en  que  era  llevado  el  Inca.  Hoy  se  aplica  i 
la  litera  6  silla  de  manos. 

Rancho.  Nombre  que,  como  el  de  «  chalet  »  â  las  cabaiias 
suizas,  se  da  en  toda  America  a  las  habitaciones  rurales  de  la 
gente  pobre.  En  Tejas,  sin  embargo,  los  yankees  Uaman  ranchos 
a  las  estancias  ;  y  en  Chorrillos,  balneario  de  Lima,  llaman  asi 
también  â  espléndidas  quintas  de  recreo,  porque  cuando  los 
limenos  salieron  por  primera  vez  a  veranear  tuvieron  que  acomo- 
darse  en  los  ranchos  de  totora  de  los  chorrillanos,  bien  asi  como 
los  valencianos  en  las  barracas  del  Grao  y  del  Cabanal.  —  Quie- 
ren  algunos  que  dérive  rancho  de  que  los  antiguos  espanoles 
iban  a  abastecerse  de  vîveres  a  las  chozas  de  los  indios,  es  decir, 
que  iban  «  porel  rancho  »,  de  donde  se  quedô  tal  palabra  para 
designar  las  habitaciones  indias.  Si  bien  es  cierto  que  en  las 
relaciones  antiguas  de  Indias,  rancheador  équivale  a  cazador  de 
indios,  de  donde  arranchador ^  es  indudable  que  dériva  de  cama- 
ranchôn;  luego  se  dijo  rancho,  y  Cervantes  lo  emplea  con  este 
significado  en  la  aventura  de  la  mora  :  es  decir  habitaciôn  pobre, 
de  donde  la  etimologîa  del  rancho  americano,  por  lo  gênerai 
mezquino  y  misérable.  —  El  rancho  es,  por  lo  gênerai,  de  pare- 
.  des  de  adobe  y  techo  de  paja,  reemplazado  por  caiias  y  hojas  de 
palma  en  los  paîses  cdlidos.  Los  ranchos  indios  de  la  Altiplanicie 
son  miseras  chozas  de  piedras  amontonadas  casi  sin  mortero,  con 
techo  de  paja  6  totora  de  las  inmediaciones.  —  El  aspecto  del 
rancho  americano  varia,  por  consiguiente,  segùn  las  condiciones 
climatolôgicas  del  pais.  Me  limitaré  i  describir  el  rancho  de  la 
provincia  de  Buenos  Aires,  y  luego  el  de  Santa  Cruz  de  la  Sierra, 
como  modelos  de  aquella  vivienda.  El  rancho  argentino  es  de 
paredes  embarradas  6  de  adobes  al  natural,  dejando  al  desnudo 
la  sencilla  armazôn  del  edificio,  los  postes  ù  horcones  y  lastijeras 


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490  CIRO   BAYO 


de  madera  con  techo  en  ingulo.  Separada  de  la  vivienda,  y  â 
veces  dentro  de  la  misma,  esta  la  cocina,  si  asî  puede  Ilamarse  a 
unas  trébedes  en  el  santo  suelo  que  sirve  de  homilla  y  fogôn. 
La  costumbre  de  alimentar  el  hogar  en  el  suelo,  debe  atribuirse  a 
la  mayor  facilidad  para  preparar  los  asados  y  tubercules,  ùnicas 
viandas  delà sencilla  culinaria  crioUa,  y  al  mejor  aprovechamiento 
del  combustible  por  otra  parte  muy  liviano,  que  se  reduce  a 
chamarasca,  marlos  y  bosta.  Esté  hogar  se  alimenta  por  una  aber- 
t  ura  en  el  techo,  enfâticamente  llamada  chimenea,  porque  si,  porque 
corresponde  d  la  columna  ascendente  del  humo,  de  modo  que  si 
llueve  hay  que  apartar  la  lumbre,  y  si  no  llueve  se  vive  en  una 
nube  densa  de  humo  que  hace  toser  y  estornudar  y  llorar,  mien- 
tras  no  arde  la  Uama.  Alguna  cabeza  de  vaca  6  unpellejohinchado 
compléta  el  ajuar  de  la  mesa  y  d  veces  es  el  ùnico  asîento  que 
puede  ofrecer  el  gaucho  pobre.  En  el  rancho  argentino  se  matea 
siempre,  por  lo  que  el  fuegocasi  nuncase  apaga,  y  la  humareda 
que  sale  de  la  humilde  morada  alegra  la  vista  y  el  coraz6n  del 
viajero  errante  por  la  Pampa,  porque  sabe  que  ha  de  ser  bien 
recibido  en  el  seno  de  una  familia  amable  y  hospitalaria. 

El  rancho  cruceiio  en  poco  6  nada  varia  del  anterior,  en  cuanto 
dsu  arquitectura.  Las  paredes  son  de  estacas  bien  apretadas, 
canas  6  tacuaras,  y  el  techo  de  palmera,  terminado  en  punilla  6 
cola  de  pato.  Un  cobertizo  alrededor  del  rancho  resguarda  de 
los  soles  y  Uuvias  en  estos  climas.  A  la  sombra  de  la  ratnada  ô 
cobertizo  cuelga  el  cruceno  su  hamaca,  asiento  de  preferencia 
que  se  cède  al  recién  llegado,  tomando  el  dueno  una  silla  6 
taburete  forrado  de  cuero.  Dentro  de  la  habitaciôn  cuatro  cachas 
6  baùles  de  madera  ;  unos  cuantos  garabatos  en  las  paredes  para 
hamacas  y  prendas  de  vestir  ;  un  par  de  sillas  de  cuero  de  vaca  y 
las  chapapas  6  barbacoas  con  mosquitero,  que  sirven  de  cama. 
Prôximos  a  la  vivienda  estdn  el  horno,  el  corral  para  el  ganado, 
el  bramadero  6  palenque  para  atar  las  reses,  y  el  patero  donde  se 
sube  a  donnir  la  volateria.  La  punilla  sir\'e  generalmente  de 
alacena,  dispensa  y  granero  ;  en  ella  se  guardan  tarros  de  manteca 


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PROVINCI ALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  49 1 

de  vaca  y  de  cerdo,  panes  de  sal  de  Chiquitos,  buracas  à  zurrones 
de  azùcar  y  empaniiado  ;  las  pirguas  à  trojes  de  arroz  y  maiz  y 
la  provision  para  el  jacuù  :  plâtanos,  yucas  y  hocos  ô  zapallos 
tiernos.  Afuera,  y  en  alegre  desorden,  estân  el  tendal  6  guarache 
donde  se  pone  a  secar  el  charque  ô  tasajo  ;  el  tacû  à  disforme 
mortero  hecho  del  grueso  tronco  de  un  ârbol,  para  pisar  el  maiz 
6  el  arroz;  los  cantaros  de  agua;  las  bateas  de  las  mujeres  y  de- 
mis utensilios  de  esta  laya  que  pueden  desafiar  a  la  intempérie. 
A\g[in2iparaba  de  hermoso  plumaje  amarillo,  azuly  rojo,  posada  en 
el  caballete  del  rancho;  un  monoatado  junto  a  lapuerta  y  un  par 
de  maticos  (tordos  de  vivo  color  amarillo  con  cabos  negros)  dentro 
de  una  jaula  hecha  del  jipuri  6  vçna  de  la  hoja  de  palma,  adornan 
la  visualidad  del  rancho  por  el  que  entran  y  salen  chanchos  mata- 
tudoSy  gallinâs  taporas  y  quinachas,  algùn  piyu  àomtsûc^âiO  y  uno 
que  otro  cordero  guacho,  Finalizaré  esta  larga  descripciôn  con  la 
nomenclatura  mas  generalizada  de  los  ranchos^  segùn  sus  acciden- 
tales  y  pasajeras  formas,  pues  algunos  sirven  provisionalmente  y 
duran  el  tiempo  de  la  recolecciôn  y  chacarismos. 

Rancho  vara  en  tierra,  Cuando  las  varas  de  la  armaz6n  incli- 
nadas,  descansan  por  un  extremo  en  el  suelo,  y  por  otro  en  la 
guia  ô  cumbrera,  parte  compuesta  de  un  solo  alero,  quedando 
el  resto  en  descubierto.  Asi  se  construyen  casi  todos  los  ranchos 
improvisados  en  las  pascanas,  con  hojas  de  plâtano  ô  de  patajù, 
y  aun  depalmera,  para resguardarse  del  sol  y  delà  lluviaenchacos 
y  jaras. 

Rancho  cola  de  pato.  Véase  Punilla. 

Ranga-ranga.  Tripicallos  de  vaca  condimentados  conaji  muy 
picante  y  otros  ingredientes,  plato  que  nada  tiene  que  envidiar  a 
los  callos  de  Madrid  y  a  las  tripes  à  la  mode  de  Caen, 

Rapadura.  Dulce  de  miel,  de  cana  y  lèche. 

Rapi.  «  Matambre  »  ô  carne  gallina  por  su  forma. 

Rasgo  (A  todo).   A  toda  fuerza;  con  violencia. 

Raspetôn  (De).  De  refilôn. 

Rasqueta.  Almohaza  para  limpiar  el  caballo. 


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492  CIRO   BAYO 


Rastreador.  Véase  BAauEANO. 

Rastrillada.  Huellas  de  hombres  y  animales  en  el  canjpo. 

Ratania  {Krameria  triandia,  Ruiz  y  Pavôn).  Poligaleas. 
Arbusto  de  raiz  leiiosa  empleada  como  astringente  enérgico. 

Ratoncito.  Es  el  juego  de  la  gallina  ciega,  que  los  ninos  cni- 
cenos  han  cambiado  en  ratoncito.  El  que  hace  de  raton  va  con 
los  ojos  vendados  ;  los  demâs  le  rodean  cantandole  : 

—  Ratoncito  i  que  has  perdido  ? 

—  Una  aguja  y  un  tendal 

En  el  totoral. 

—  l  Que  estas  haciendo? 

—  Jugando. 

—  i  Qpé  quieres  corner  ? 

—  Chinas  peladas. 

—  Pues  dé  très  vuelias  i  la  recoba  y  busqué. 

A  esto  le  hacen  dar  très  vueltas,  corriendo  todos  a  su  alre- 
dedor,  hasta  que  el  raton  agarra  uno  de  ellos  y  adivina  quién  es. 

Raya  {Trigon  histrix).  Pescado  esférico  de  rio,  de  una  vara 
de  diimetro  y  cola  redonda  provista  de  agudas  espinas  con  una 
flécha  huesosa  en  la  extremidad,  que  el  pez  dirige  i  su  voluntad  ; 
lo  que  sucede  cuando  se  le  pisa  en  la  arena  de  los  rios  en  que  se 
sumerge.  La  herida  es  peligrosa  y  s61o  se  alivia  chupàndola,  6 
con  emplasto  de  ajo  molido  6  polvo  de  pimienta. 

Rayuela.  Juego  que  consiste  en  lanzar  desde  larga  distancia 
tejos  6  monedas  d  un  pequeno  espacio  limpio  de  tierra  en  el 
que  enclavan  los  proyectiles,  y  atravesado  por  un  hilo  tirante, 
rasando  el  suelo.  El  tejo  que  mâs  se  acerca  al  hilo,  es  el  que  gana. 

Realengo.  «  Estamos  realengos  »,  estamos  en  paz,  a  mano; 
patas.  Sin  duda  dériva  del  que  habiendo  servido  6  pagado  alcaba- 
las  quedaba  quito,  sin  deber  al  rey. 

Rebecù.  Guitarrillo  con  cuerdasde  alambre. 

REBENauE.  Mango  corto  de  madera,  fuerte  y  retobado  con  una 
lonja  de  cuero  a  modo  de  azotera.  Sirve  para  animar  al  caballo 
y  se  Ueva  prendido  à  la  muiieca,  d  favor  de  una  manija  que  sale 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  493 

de  la  punta  del  mango.  —  Al  rebenque.  Modo  de  ajustar  un 
trato  de  compra  de  ganado,  senalando  con  el  rebenque  las  reses 
que  se  quiere  separar.  Refrân  :  Dios  castiga  sin  rebenque  (véase 
Refranes  y  Modismos). 

Rebozo.  Poncho  femenino  que  se  pone  cubriendo  la  cabeza. 

Recado.  Palabra  que  en  espanol  désigna  el  conjunto  de  cosas 
que  siendo  heterogéneas  en  especie,  tienden  i  formar  un  todo 
homogéneo  ;  asi  :  —  recado  de  escribir  :  plumas,  tintero  y  papel  ; 
recado  de  sacar  candela  (en  Colombia)  :  el  pedernal,  eslabôn  y 
yesca;  6  lumbres,  segun  la  Academia;  y  recado,  por  antonoma- 
sia,  al  apero  y  avios  de  montar  del  campesino  americano. 

El  recado  argentino  se  compone  por  su  orden  :  de  las  aba- 
ieras  :  dos  6  très  cueros  de  oveja  que  se  ponen  sobre  el  lomo  del 
caballo.  Llâmanse  también  «  lonas  »  6  «  caronillas  ».  Mandil, 
jerga  6  lienzo  como  de  una  vara  cuadrada,  puesta  sobre  la  caro- 
nilla  ;  Udmase  también  matra.  Las  caronas  :  una  de  cuero  sin  cur- 
tir  y  otra  de  suela  6  cuero  curtido  adornado  con  relieves  hechos 
d  punta  de  cuchillo  6  con  hierro  candente.  Los  bastos  :  especie 
de  albarda  â  la  que  van  sujetas  las  correas  para  los  estribos.  Los 
bastos  constituyen  el  verdadero  recado  y  estân  hechos  de  paja 
forradosde  cordobdn  6  suela;  es  el  verdadero  arnés.  La  cincha  : 
hecha  de  un  cuero  muy  fuerte  y  crudo.  Estd  compuesta  de  dos 
piezas  unidas  en  uno  de  los  extremos  con  sendas  argollas  de 
hierro.  Una  de  las  tiras  se  extiende  sobre  el  lomo  del  caballo 
atravesando  el  recado  ;  mientras  la  otra  pasa  por  abajo  de  la  ba- 
rriga,  ajustdndose  ambas  por  un  correôn  de  cuero.  A  la  cincha  se 
le  ponen  los  estribos  cuando  no  losllevan  los  bastos.  A  una  de 
las  argollas  antedichas  esta  pegado  un  gancho  para  sujetar  la 
cuarta  del  carro  del  que  tira  a  veces  el  caballo  cuarteador.  El 
coginillo  :  tejido  de  lana  puesto  sobre  la  cincha.  Se  le  Uama  tam- 
bién/?^//c>«,  y  algunas  veces  va  cubierto  por  el  sobrepuesto,  de 
pelo  de  carpincho  6  de  perico.  Todo  esto  va  asegurado  por  la 
sobrecincha  6  cinturôn  de  varios  colores.  Compléta  el  recado,  el 
peno,  bozal  con  cabestro  para  atar  el  caballo,  y  el  rebenque.  Fuera 


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494  cïRO  BAYo 


de  todo  esto,  el  gaucho  rumboso  adoma  su  jku  con  el  fiador  à 
dngulo  en  el  pescuezo  ;  el  chapeado,  cinta  de  plata  que  va  en  la 
cabezada  ;  el  prêtai^  brillante  cinturén  de  plata  6  baticola,  algu- 
nas  veces  floreada  y  de  grandes  dimensiones  alrededor  del  pecho  ; 
y  la  pontiimla  6  média  luna  de  plata  colgante  del  freno.  Este, 
cuando  el  gaucho  monta  en  pelo,  se  sustituye  por  el  bocado  ô 
jaquima  que  se  ata  a  la  boca  del  caballo.  —  Recado  cantor  :  de 
pocas  pilchas  ô  cacharpas,  como  se  llaman  las  piezas  del  recado. 

Receso.  Las  câmaras  en  receso  :  en  suspenso.  Baralt  admite  este 
vocablo. 

Recién.  «  Literatos  y  comerciantes,  gauchos  y  estancieros, 
mujeres  y  hombres,  viejos  y  ninos,  todos  dicen  reciériy  indistin- 
tamente,  y  muchas  veces  sin  el  sentido  de  recientemente.  Recien- 
temente,  que  significa  nuevamente,  pocos  dias  antes,  no  se  apo- 
copa,  ni  se  puede  apocopar,  sino  antes  de  participio.  Asî  lo  asien- 
tan  todas  las  gramaticas  de  lengua  castellana.  Son,  pues,  barba- 
rismos  inexcusables,  los  siguientes  :  recién  acabo  de  saber,  etc. 
(aqui  esta  demas,  amén  de  mal  empleado)  ;  recién  se  descubriô  el 
incendio  volaron  los  bomberos  (aqui  esta  por  apenas)  ;  i  cuando 
llegaste  ?  Recién  (aqui  figura  como  hace  ppco,  ahora  mismo)  ; 
recién  habîa  salido  de  su  casa;  cuando  llegamos  desperté  recién. 
Pero  el  ejemplo  mas  bonito  es  este  :  Levantados  estos  cargos, 
podré  recién  rectificar  en  otro  terreno,  etc.  (aqui  esta  por  enton- 
ces).  Recién^  pues,  s61o  puede  emplearse  en  estas  construcciones  : 
recién  venido,  recién  nacido,  recién  llegado,  etc.  ;  y  si  Cervantes 
lo  us6  alguna  vez,  fué,  como  asienta  Bello,  con  adjetivos  que 
asumen  un  sentido  participial  :  se  embarcaron  todos  los  basti- 
mentos  con  cuatro  personas  de  las  recién  libres  »  (Seijas). 

Recoba.  Mercado.  Despacho  de  carne  fresca  en  la  campana. 

Recordar,  por  dispertar.  Es  arcaismo  conservado  en  America. 

Redova.  Baile  antiguo  que  como  la  varsoviana,  el  cielito,  la 
pavana^  etc.,  se  bailaba  antes  en  la  Peninsuia  y  en  estos  paises. 

Refalarse.  Despojarse  de  aigo.  Refalarse  las  botas.  Quitirse- 
las. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  495 

Regalo  de  la  Reina  {Amaranthus  iricolor,  L.).  Amarantâceas. 
Planta  de  jardin,  de  hoja  tricolor  :  verde,  rojo  y  amarillo  como 
la  bandera  boliviana. 

Regata  ô  resgata.  Clase  de  lienzo  de  algodôn,  algo  mejor  que 
la  macana  de  Mojos  y  Santa  Cruz. 

Releges.  Voz  minera.  Paredes  de  piedra  seca,  de  una  caja  à 
otra,  para  reparos,  en  que  estriban  las  paredes  de  la  mina. 

Relumbroso.  Brillante,  brunido,  coruscante. 

Remesones.  a  intervalos  ;  à  ratos.  Sale  el  sol  a  remesones  ;  Uueve 
à  remesones. 

Reparar.  Imitar  lo  que  otro  hace  ;  escamecer. 

Repulgo.  Pico  ;  borde  dentado.  V.  gr.  Empanada  con  repulgos. 

Resacado.  El  aguardiente  dos  veces  pasado  6  sacado  por  alam- 
bique  6  falca, 

Resero.  El  que  arrea  una  tropa  de  ganado  con  destino  a  los 
corrales  de  abasto  y  saladeros. 

Reservado  (Caballo).  Que  por  lo  arisco  6  manero,  6  bien 
por  su  estimaciôn,  de  nadie  es  montado  sino  por  su  dueno  6 
domador;  bien  asi  como  Bucéfalo  estaba  reservado  ûnicamente 
para  Alejandro  Magno. 

Retar.  Reprender. 

Reto.  Reprensiôn. 

Retobar.  Forrar  con  cuero  los  bultos  y  mercaderias. 

Retreta  Série  6  retahila.  Asî  :  Traigo  una  retreta  de  cosas. 
—  Me  diô  una  retreta  de  palabras. 

Retrucar.  Responder;  redargùir.  Palabra  derivada  del  truco 
y  retruco  del  juego  de  trucos  y  naipes. 

Reventôn.  GraJerîa  natural  de  peiiascos  en  las  laderas  de  los 
cerros. 

Reyuno  (Caballo).  Caballo  tronzo.  Que  tiene  la  oreja  cortada 
â  cercén  en  senal  de  desecho,  res  nullius  6  del  Rey.  El  caballo 
patria  lleva  también,  comoseiial  de  desecho,  cortada  la  punta  de 
la  oreja. 

Rezongar.  Refunfunar;  murmurar  por  lo  bajo  ;  hablar  entre 


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496  CIRO   BAYO 


dientes.  Es  voz  muy  usada  en  America,  y  poco  6  nada  en  la 
Penînsula,  à  pesar  de  ser  castiza. 

RiciNO.  Véase  Palmas. 

RiESGOSO.  Arriesgado. 

Ripio.  Pedrecita  6  cascajo.  Palabra  poco  usada  en  la  Penînsula. 
Sin  embargo  ripio  explica  la  frase  «  no  perder  ripio  ».  Mis  vulgar 
esel  vocablo  en  el  Reino  de  Valencia,  donde  llaman  ripiadors  i 
los  chiquillos  mal  criados  que  arman  pedreas  en  las  afueras  de 
la  poblaciôn  en  lugar  de  ir  d  sacar  canas  verdes  al  maestro  de 
escuela. 

RiscADiLLO.  Liencillo  de  algodôn. 

RocA.  Prudente,  en  quichua.  Sobrenombre  de  variosincas  del 
Perù. 

RocAMBOR.  El  tresillo  con  algunas  variantes  del  que  se  juega 
en  la  Penînsula. 

Roco-Roco.  Trompideo  minûsculo;  cierto  mosquito  blanco, 
casi  imperceptible,  del  Béni,  que  produce  un  escozor  insufrible. 

RocHA.  «  Hacer  cal  va  en  Castilla  ;  hacer  pimienta  »  en  Aragon. 
Hacer  novillos,  en  suma,  como  se  dice  mis  generalmente, 
cuando  los  niiios  faltan  d  la  escuela,  sin  consentimiento  de  los 
padres  6  del  profesor.  Aseguraun  escritor  cochabambino  (Salva- 
tierra),  que  «  hacer  Rocha  »  dériva  de  la  mala  costumbre  que 
tienen  los  niiios  de  Cochabamba  de  ir  d  jugar  d  orillas  del  rio 
Rocha  que  pasa  junto  d  la  ciudad,  de  donde  la  expresién  pas6 
al  resto  de  Bolivia.  Yoopino  que  para  que  la  expresiôn  se  haya 
hecho  nacional,  debe  originarse  de  otra  causa  mds  sonada  ;  y  la 
encuentro  en  el  famoso  monedero  falso  Rocha,  del  que  se  hacen 
lenguas  los  «  Anales  potosinos  »,  y  cuya  memoria  se  ha  perpe- 
tuado  en  el  pais,  hasta  el  punto  de  llamarse  moneda  rochuna  d  la 
monedafalsa.  Asi  pues,  hacer  rocha  losninos,  equivaliô  un  tiempo 
â  decir  que  se  ocultaba  como 'Rocha  para  cosa  «  non  sancta  ». 
Aunque  en  toda  la  Repùblica  se  dice  hacer  rocha  por  hacer  novillos, 
ninos  y  colegiales  en  otros  puntos  de  Bolivia  dicen  para  significar 
lo  mismo  :    «  Hacer  la  chancha.  »  En  Santa  Cruz  de  la  Sierra 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  497 

llaman  chuhista  al  faltôn,  y  hacer  la  chuha,  d  la  inasistencia.  — 
Hacer  la  yuta  en  Buenos  Aires  ;  hàcer  cimarra  tn  Chile. 

RocHUNA  (Moneda).   Falsa  6  mal  acuiiada.  Véase  Rocha. 

RoDEO  (Hacer  ô  pasar  el).  Agrupar  6  juntar  la  hacienda  de 
una  estancia  en  un  lugar  senalado  :  operaciôn  que  se  hace  al 
alba,  al  anochecer,  y  cuantas  veces  es  necesario  juntar  el  ganado 
para  la  venta,  hierra  6  esquila.  Parece.  que  tiene  por  objeto  aman- 
sar  el  ganado  y  aquerenciarlo  al  lugar. 

Rolar.  Conversar  con  alguien  y  conversar  de  algo.  Asî,  un 
habitante  de  la  ciudad  dira  :  «  La  conversaciôn  rolô  sobre  tal 
cosa  »  ;  y  un  paisano  quebrando  el  cuerpo  con  su  modito  com- 
padre,  dira  de  otro  :  «  Yo  no  rolo  con  él.   »* 

RoLLizo.  Leno  6  corte  de  un  tronco,  en  la  forma  que  se 
embarcan  las  maderas  en  el  Paranâ. 

RoNCADERA.  Espuela  vaquera  de  grande  y  sonante  rodaja.  — 
Lloronà  y  Nazarena. 

RoNDA.  Hilera  ordenada  de  hormigas  termites  que  i  su  paso 
exterminan  cuanto  hallan. 

RoNDANA.  Roldana  6  polea  sobre  la  que  da  vuelta  una  cuerda. 

RondIn.  Agente  de  seguridad  en  Bolivia. 

RoscA  (En).  Piernas  en  paréntesis.  —  Chueco  6  patizambo. 

RosiCLER.  Voz  minera.  Cloruro  de  plata.  Plata  maciza. 

RosiTA  (De).  De  vago  ;  de  balde.  Asi  :  Estuve  de  rosita  en  el 
baile  ;  entré  de  rosita  en  el  teatro. 

RosTRO  asado.  Cabeza  asada  de  res  ovina  que  se  vende  en  la 
recoba  de  Oruro  todas  las  mananas,  y  es  el  regalo  de  trasnocha- 
dores  y  madrugadores. 

RuBio  (Estar).  Estar  ebrio.  Alude  al  parpadeo  del  que  esta  en 
chiche,  semejante  al  rubio  à  albino  i  quien  le  molesta  la  luz 
demasiado  viva. 

RucA.  El  toldo  6  choza  de  los  indios  del  Sur.  Araucanos  y 
Patagones  la  construyen  con  estacas  de  cuatro  6  cinco  pies,  for- 
mando  las  paredes  entre  dos  horcones  que  aguantan,  à  manera 
de  toldo,  pieles  cosidas  de  caballo,  con  un  agujero  en  el  centro 

Revue  hitfanique.  uv.  32 


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498  CIRO   BAYO 


para  dar  respiradero  al  humo  del  hogar.  Los  toldos  tienen  la 
entrada  mirando  al  oriente,  para  que  todas  las  mananas  el  jefe  de 
la  casa  rocie  con  agua  el  umbral,  de  cara  al  sol,  con  lo  que  se 
conjura  por  todo  el  dîa  la  maléfica  influencia  del  gualicho. 

RuiciA.  Pavonia  y  Dombaya.  Très  géneros  de  plantas  creadas 
por  el  botânico  espanol  Cabanilles,  en  homenaje  a  los  très  sabios 
que  formaron  la  expediciôn  mandada  en  1778  por  Carlos  III  para 
estudiar  las  producciones  naturales  de  la  America  espanola  : 
Hipôlito  Ruiz,  José  Pavôn  (espanoles)  y  José  Dombey,  francés. 

RuMBEADOR.  El  prdctico  ô  baqueano  encargado  de  rumbear. 
Véase  Rumbear. 

Rumbear.  Bru julear  ;  abrirse  camino  por  el  monte  6  en  la 
pampa.  —  Buscar  yerbales,  àrboles  de  goma,  etc.  desde  una 
altura. 

Rural.  Campesino  ;  riistico.  Asi  :  Esctula  rural.  — /  Vos  sos 
tnuy  rural  I 

RuTÙcu.  Voz  quichua  :  corte  6  siega.  El  rutùcu  â  que  se  hace 
referencia  aqui  es  el  corte  del  cabello  de  los  ninos  de  siete  anos, 
motivo  para  una  fiesta  de  familia  entre  los  cholos  del  interior  de 
Bolivia.  Para  ello  nombran  padrinos  del  nino,  como  en  el  bautis- 
mo,  y  convidan  â  todos  los  parientes  y  amigos.  La  cabellera  del 
rapaz  la  ensortijan  en  bucles  adornados  con  cintas,  y  cada  invitado 
corta  una  guedeja,  oblando  por  ella  tanto  mds  cuanto,  cuyo  pro- 
ducto  sirve  para  costear  la  fiesta  y  baile  que  acompana  al  acto. 
El  pelo  del  rutùcu  se  guarda  como  oro  en  paiio,  y  si  acontece 
que  el  nino  muere  ô  Uega  d  figurar  mas  adelante,  entonces  pasa 
dla  categoria  de  talismdn. 


Sabaleta.  Pequeno  peje  de  los  rîos  mediterrâneos,  semejante 

sâbalo  {paca  lineatus), 

Sabanôn.  Gusano  que  ruinando  el  suelo  levanta  un  tubo 
cônico-cilîndrico  hecho  de  arcilla,  y  de  paredes  sumamente 
Usas. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  499 

Sabatinas.  Pruebas  de  examen  en  périodes  cortos,  porlo  regu- 
lar  los  sâbados,  en  cual  dia  se  hace  el  repaso  de  lo  cursado  en  la 
semana. 

Saber.  «  En  Buenos  Aires  saben  hacer  barro  ;  saben  hacer  bue- 
nas  funciones,  etc.  Donde  se  vç  que  no  solo  usan  a  saber  por 
soler,  sino  que  lo  ponen  en  plural  con  el  impersonal  haber,  cosa 
à  todas  luces  descabellada  »  (Seijas). 

Sabino  (animal).  Caballeria  que  a  consecuencia  de  los  anos 
6  de  las  fatigas  continuadas,  cambia  el  color  de  las  manchas  del 
pelo,  que  por  lo  gênerai  se  vuelven  blancuzcas  6  grises. 

Saga  (De).  Correr  6  huir  mas  que  de  prisa  :  por  la  posta. 

Sacha.  Voz  quichua  :  monte  6  floresta.  De  donde  sacharosa 
sachacoly  etc.  —  El  jornalero  6  peôn  salteno  (de  Salta). 

Sachacol.  Euforbiâceas.  Planta  de  la  que  se  extrae  el  famoso 
mercurio  végétal. 

Sagi).  Véase  Majo. 

Saguaipé.  Especie  de  sanguijuela  de  banados  y  lagunas.  — 
Enfermedad  que  ataca  a  las  ovejas  que  beben  en  estos  sitios.  El 
hîgado  se  llena  de  estos  anélidos,  y  en  el  ùltimo  periodo  de  la 
enfermedad  se  forma  un  tumor  flemoso  bajo  la  garganta  de  las 
ovejas.  En  este  caso,  la  enfermedad  no  tiene  remedio. 

Sagûinto  ô  Arrayân.  Especie  de  guapurti  que  sirve  mejor  que 
este  para  aloja  6  mistela. 

Sairi  Tupac.  El  XVII  y  ùltimo  inca  reconocido  por  el  gobier- 
no  espanol.  Hecho  cristiano  tomô  el  nombre  de  Diego  y  dejô 
una  hija  que  casô  con  D.  Martin  Diez  de  Loyola. 

Saisi.  Jigote  de  papas,  hervidoen  chichay  condimentado  con 
ajî  6  pimiento.  —  Ajacho. 

Saladero.  Establecimiento  destinado  d  la  matanza  de  reses 
vacunas  y  d  la  preparaciôn  de  la  carne.  Véase  Liebig. 

Salamanca.  La  ciencia  6  sabidurîa  que  va  unida  al  glorioso 
nombre  de  Salamanca  6  de  la  Universidad  Salmaticense,  ha  venido 
à  parar  en  el  Plata  como  sinônimo  de  brujeria  ô  ciencia  diabô- 
lica.  Sic  transit... 


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500  CIRO    BAYO 


Salitre.  Véase  Caliche. 

Salto.  Giscada.  El  Salto  del  Guairà,  en  los  24*^  (Repùblîca 
Argentina),  es  una  maravilla  narural  que  como  el  Tequendama  de 
Bogota  y  el  Vigua  al  oriente  de  Colombia,  da  celebridad  al  rio 
Parani.  Fué  descrito  magistralmente  por  nuestro  Âzara. 

Sanabria.  Extrana  cornipciôn  del  nombre  ^anàhoria,  entre 
la  gente  del  pueblo. 

Sanca.  Voz  quichua.  La  bosta  ya  encendidaque  sirve  de  com- 
bustible â  los  indios  de  la  Altiplanicie. 

Sancochar.  Salcochar  :  cocerô  hervir  i  fuego  lento. 

Sancocho.  Sopa  de  plâtano  verde  rebanado,  carne  6  pescado  y 
ralces  ô  tubérculos. 

SandIa  cimarrona.  Vid  blanca  6  Lianà  brionia.  Especie  de  man- 
drâgora. 

Sango.  Mazamorra  de  trigo,  con  queso  y  otros  aditamentos. 

Sangre  del  drago.  Substancia  resinosa  que  produce  una  pal- 
merade  Asia  (jCalamus  draco.  Wildenow)  y  otro  drbol  abun- 
dante  en  la  America  del  Sur  (Pterocarpus  draco.  Linneus).  Legu- 
minosas.  Véase  Tarco. 

SangrIa.  Bebida  muy  refrescante  hecha  de  vinagre  6  vino  con 
agua  y  azûcar. 

Santafecino.  El  natural  de  Santa  Fé,  en  la  Argentina,  sin 
duda  para  diferenciarse  del  «  Santafecero  »  el  natural  de  Santa  Fé 
de  Bogota. 

Santopiè.  Especie  de  escolopendra  llamada  «  ciento-pies  ». 
Los  americanos  pronuncian  siento-pies,  y  de  ahi  â  santopiè  no  va 
mucho,  y  con  este  nombre  se  ha  quedado. 

Sapacala.  Voz  quichua.  Especie  de  vampiro  que  muerde 
cuando  un  animal  esta  dormido,  en  la  narizy  en  los  pies,  llegando 
d  causar  una  regular  sangria. 

Sapico  ô  sapicoa.  Voz  brasilena.  Alforjas  de  una  pieza  con  dos 
aberturas  que  cuelgan  en  el  arzôn  trasero. 

Sapirâ.  Vista  apagada  y  legaiiosa.  —  «  Ojos  sapird.  » 

Sapo.  Los  sapos  de  la  America  tropical  son  tan  énormes,  que 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  50I 

segùn  el  noticioso  Padre  Eder  «  uno  no  cabia  en  su  solideo  ». 
Parece  que  no  son  venenosos,  y  entre  otras  habilidades,  tienen 
la  de  tragarse  las  ascuas  de  fu^o,  con  aquel  mismo  ruido  que  se 
produce  cuando  echan  agua  al  hierro  candente  6  en  el  fuego. 

Sapopema.  Los  tablones  6  cunas  naturales  que  algunos  drboles 
forman,  como  bifurcaciones  del  tronco  6  raigones  que  lo  afianzan 
en  el  suelo. 

Sapuita.  Rdbula;  picapleitos  ;  charlatan. 

Sarataùca.  Del  quichua  taïkay  mon  ton.  El  salto  de  carnero, 
6  «  paso  »  en  Madrid  ;  juego  infantil  en  todos  los  paîses.  Tam- 
bién  metàpaso^  de  la  voz  preventiva  de  correr  6  andar  à  paso 
recio  para  dar  el  salto  sobre  el  que  esta  doblado  y  ha  de  aguan- 
tar  los  asaltos  de  los  companeros. 

Sariga.  Carachupa  6  Micuré,  Zarigûeya.  Varias  especies  de 
didelfos  que  habitan  toda  la  America.  Los  espanoles  llamaron 
comadreja  6  semi-vulpeja  à  este  animal,  por  hallarle  parecido  con 
la  especie  europea.  Es  didelfo  (dos  ùteros),  es  decir,  tiene  un 
segundo  seno  6  ancho  bolsillo  en  el  bajo  vientre  formado  de 
su  mismo  pellejo  que  cubre  las  mamas,  cuyos  pezones  son  muy 
delgados,  filiformes,  puntiagudos  y  largos  como  de  dos  pulgadas. 
A  los  pocos  dias  de  prenez  la  sariga  pare  6  mâs  propiamente, 
aborta  y  hace  pasar  los  hijos  a  su  boisa.  Pai*a  esto  la  madré,  Ue- 
gado  el  trance  del  parto,  se  encorva  hacia  adelante  à  fin  de  que 
uno  de  sus  largos  pezones  pénètre  en  el  utero.  AUî,  apoderdn- 
dose  de  él  el  pequenuelo,  nace  prendido  y  pasa  â  la  boisa,  y  asî 
sucesivamente  los  seis  ù  ocho  hijos  de  cada  gestaciôn  se  van  tras- 
ladando  al  nuevo  seno  donde  permanecen  asidos  de  las  mamilas 
sin  soltarlas  durante  muchos  dias.  Después  empiezan  à  salir  â 
comer  6  d  solazarse,  volviendo  cuando  quieren  al  abrigo  de  la 
boisa.  Es  singular,  ademâs,  que  los  ôrganos  de  gencraciôn  son 
duplicados  tanto  en  las  hembras  como  en  el  macho.  Por  lo 
demâs  es  de  fea  figura  :  hocico  largo,  boca  hendida  hasta  los 
ojos,  cola  de  vibora  y  por  consiguiente  pelada  (de  ahi  su  otro 
nombre  quichua,  carachupa)^  pelo  âsperosin  lustre  y  cuerpo  que 


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502  CIRO   BAYO 


parece  siempre  sucio  y  que  despide  un  tufo  desagradable  ;  de 
donde  el  nombre  guarani  micuré,  hediondo. 

Sartanejas.  Montones  de  tierra  digerida  por  las  lombrices  y 
que  estas  levantan  tan  juntos  unos  d  otros,  y  tan  altos  y  pun- 
tiagudosy  que  no  se  puede  andar  por  ellns  ni  i  pie  ni  i  caballo, 
so  pena  de  hundirse  como  en  un  lodazal.  Estas  lombrices  las 
comen  algunos  indios,  a  manera  de  espârragos,  recogiéndolas 
antes  de  amanecer,  que  es  cuando  los  anélidos  salen  de  sus 
escondrijos.  Los  hoyos  de  estos  montkulos,  no  menos  que  la 
porosidad  de  la  tierra  de  que  estân  formados,  sirven  para  alimen- 
tar  por  algiin  tiempo  el  hilo  de  agua  de  algunos  arroyos  que  a 
poco  mâs  tardar,  en  plena  estaciôn  seca,  quedan  agotados. 

Sasafrâs  {Lauriis  sassafras,  L.).  Laurineas.  Arbol  copudo  que 
se  encuentra  en  agrupaciones  en  toda  la  America.  La  raiz  odori- 
fera  es  la  que  aprovecha  el  comercio  para  usos  médicinales,  como 
sudorifico  y  anti-sifilitico. 

Sayubi).  Pajarillo  azulado,  insectivoro,  que  gusta  de  anidar  en 
los  aleros  de  los  tejados. 

Seboro.  Cangrejo  de  agua  dulce. 

Semifa.  De  accmita  6  pan  negro.  Segunda  harina  que  cae  al 
cemerse  al  afrecho  6  salvado.  De  ella  se  hacen  empanadas  y  los 
boUos  que,  para  la  venta,  se  exhiben  en  mesitas  con  blanco  man- 
tel  a  las  puertas  de  los  ranchos  a  lo  largo  de  los  caminos  prôximos 
i  las  ciudades. 

Senda.  Véase  Quebrado. 

Senuelo  ô  cinuelo.  Buey  cabestro  6  buey  guia  que  va  delante 
de  los  otros  bueyes  lo  mismo  para  llevarlos  al  sacrificio  en  los 
saladeros,  que  para  mover  la  tropa  en  el  campo.  Guiase  con  la 
picana  à  garrocha  à  cuya  punta  va  una  campanilla  ô  cencerro. 
Otras  veces  el  «  cinuelero  »  suele  Uevar  una  esquila  como  la 
yegua  madrina. 

Sepe  ô  cùqui  (JIEcodoma  cephalattis,  L.).  La  verdadera  hormiga 
termites,  provista  de  mandibulas  que  son  verdaderas  tijeras  que 
cortan  la  copa  y  las  hojas  de  los  drboles.  Hace  sus  nidos  subte- 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  503 

rraneos  en  una  extension  de  màs  de  doscientos  métros.  La  tierra 
que  levantan  los  sepes^  forma  verdadera  colmena  6  promontorios 
que  son  los  que  escarba  el  osohormiguero.  Hacen  sus  falansterios 
en  la  proximidad  de  las  lagunas  afin  de  librar  los  huevecillos  de 
la  voracidad  de  los  roedores,  hasta  llegar  a  inundar  sus  silos 
cuando  aquéllos  extreman  su  ataque.  Como  es  hormiga  de 
cintura  de  abispa  y  abdomen  muy  desarrollado,  singularmente 
la  especie  Uamada  sept  culôn,  los  îndios  las  cosechan  arrojdn- 
dolas  en  tiestos  donde  se  esti  tostando  maîz.  Botan  la  mitad  del 
cuerpo  con  la  cabeza  y  comen  el  abdomen,  de  un  gusto  parecido 
al  grano  de  maîz  quemado.  No  hay  que  confundir  el  sépe  con  el 
cèpe  de  los  almacenistas  :  hongo  6  seta  comestible. 

Serebô.  Viscosidad  que  dejan  al  tacto  las  cosas  dulces,  liqui- 
das ô  sôlidas. 

Serére.  Ave  de  mediano  tamano,  muy  abundante  en  los  setos 
de  Oriente,  notable  por  la  presteza  con  que  huye  delante  de  la 
gente. 

Servicial  (El  y  La).  Criado  6  doméstico. 

Servilla.  Voz  poco  usada  en  la  Penînsula  y  muy  generalizada 
entre  los  criollos  :  pantuflo  6  zapatilla. 

Sesma.  Numéral  partitivo,  usado  también  en  Espana,  donde 
poco  â  poco  va  relegandose  al  olvido  por  la  adopciôn  del  sistema 
métrico  décimal.  La  sesma  es  la  sexta  parte  de  la  vara  que  ordi- 
nariamente  se  mide  poniendo  doblados  los  cuatro  dedos  de  la 
mano,  apoyândolos  sobre  las  segundas  falanges  y  extendido  el 
pulgar  cuanto  se  pueda.  Los  ninos  criollos  emplean  esta  métrica 
para  medir  distancias  de  bala  â  bala  6  en  el  tejo,  diciendo  : 
«  cuarta  jeme,  sesma,  palmo  »,  etc.,  y  suelen  anadir  :  «  mano 
volcada,  yema  pelada,  » 

Sestache.  Arbol  de  madera  de  construcciôn. 

Sica-sica.  Vozquichua. /jocaen  laArgentina. —  Rinchis  eruca. 
Oruga  erizada,  también  Ilamada  «  quema-quema,  »  —  Nombre 
de  uno  de  los  dos  cerros  al  S.  de  la  ciudad  de  Sucre  6  Chuqui- 
saca,  al  pie  de  los  cuales  esta  sita  la  poblaciôn.  Segûn  la  tradi- 


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504  CIRO    BAYO 


ciôn,  una  cacica  tenîa  materialmente  sitiado  d  un  gobernador 
espanol  con  una  de  tantas  reclamaciones.  En  ocasiôn  que  este 
salîa  â  una  expediciôn  urgente,  la  incansable  mujer  le  acompanô 
hasta  las  afueras,  y  al  despedirse  al  pie  del  cerro,  el  jefe  espanol 
diô  el  anhelado  consentimiento,  diciendo  :  «  Si,  cacica  »  (si, 
casica).  Nombre  que  desde  entonces  quedô  al  cerro. 

SiGNOs  ARiTMÉTicos.  Todos  los  autores  de  cierta  nombradia  en 
Aritmética  dan  comosigno  de  la  division  los  dos  puntos  :  D.  Mar- 
cos  Sastre,  Garcia,  Sarrat  y  Otamendi  en  Buenos  Aires  ;  Miranda, 
Ricaldini  y  Fontân  en  Montevideo,  han  usado  porque  si,  con 
toda  impropiedad  el  signo  -r  que  es  el  de  la  progresiôn.  Otros 
lo  emplean  •!•  y  en  una  Revista  de  Educaciôn,  al  signo  +  que 
siempre  hemos  llamado  mâsy  se  le  da  también  porque  si  el 
nombre  de  pltis.  Son  modernismos  de  mal  gusto. 

SiLLAHuAsi.  Voz  quichua,  animal  de  lomo  hendido,  sea  6  no 
sea  sillonero  ô  animal  de  silla. 

Sillon.  Silla  de  montar  para  mujer. 

Sillonero  (Caballo  y  buey).  Que  admiten  ginete  6  que  son 
animales  de  silla. 

SiMARUBA  (JSitnaruba  officirialis.  Candolle).  Rutâceas.  Arbol 
corpulento  del  que  se  aprovecha  la  corteza  de  sus  raîces  como 
tônico  enérgico.  Se  traia  de  la  China  al  Perù,  hasta  que  en  1794 
lo  descubriô  en  Mainas  el  misionero  Girbal. 

SiMULO.  Planta  caparîdea  de  propiedades  estimulantes  y  anti- 
escorbùticas. 

SiNABO.  Indio  manso  de  la  tribu  Pacaguara  que  habita  los 
lugares  vecinos  i  las  cachuelas  del  Mamoré  del  Departamento 
de  Santa  Cruz. 

SiNCHi.  Voz  quichua  :  fuerte,  valeroso.  —  Sinchi  Roca  (i  107- 
1136)  primogénito  de  Manco  Capac. 

SiMi.  Voz  quichua  :  boca.  De  ahî  Simi-hucatana^  bocado  6 
jàquima  de  tiento  para  atar  la  boca  al  caballo  y  que  reemplaza 
el  freno. 

SingAni.  Aguardiente  de  uva  rauy   amoroso  al  paladar,  asî 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  505 

llamado  de  la  finca  de  aquel  nombre  situada  en  el  valle  de 
Turuchipa,  en  el  departamento  de  Potosi.  El  singdni  es  tan 
mentado  y  apreciado  en  Bolivia  como  el  locumba,  y  unas  gotas 
de  su  licor  comunican  un  aroma  exquisito  al  té  de  la  manana  6 
de  la  noche. 

SiPO.  Véaselsipo. 

SiRiNGA  6  ârbol  de  la  goma  (Siphonia  elasticd),  Euforbiâceas, 
que  no  hay  que  confundir  con  el  caucho  (véase  Jebe  hulero). 
De  varios  végétales  se  extrae  la  goma  elàstica.  El  ârbol  de  la 
goma  con  distintos  nombres  y  con  rendimientos  mas  ô  menos 
pingûes,  se  extiende  desde  el  Ecuador  hasta  los  trôpicos  ;  pero  el 
rey  de  esta  familia  végétal  es  el  Siphonia  elàstica  6  Hevea  Guya- 
nensi  que  se  encuentra  en  la  cuenca  amazônica  mds  inmediata  i 
la  Linea.  Confundese  generalmente  este  ârbol  con  el  caucho  del 
Perù,  como  se  le  désigna  en  el  comercio,  de  caractères  anâlogos 
â  los  de  la  goma  y  que  se  explota  en  el  Africa  austral,  y  aùn  en 
America  con  los  nombres  de  jebe  y  huleros,  siendo  asi  que  «  la 
siringa  »  cuya  zona  comienza  en  los  i2**  30'  lat.  Sur  de  la 
America  Méridional,  se  distingue  por  caractères  privativos.  El 
ârbol  del  caucho  crece  en  tierra  firme  y  en  los  faldios,  ya  aislada- 
mente,  ya  en  jebales  6  agrupaciones.  Cuanto  mâs  separado  de 
sus  companeros  mâs  corpulento  se  desarroUa  el  ârbol,  que  por  lo 
gênerai  es  de  raices  salientes  y  encorvadas  en  forma  de  unas  de 
ancla.  Su  explotaciôn  es  muy  sencilla  y  en  nada  parecida  â  la  de 
la  siringa.  Côrtase  el  ârbol  de  raiz  y  en  seguida  se  le  sangra  con 
tantas  incisiones  como  admite  el  tronco,  très  6  cuatro  por  lo 
regular,  dirigiendo  la  caida  de  la  lèche  por  unas  hendiduras  que 
la  conducen  al  suelo.  La  lèche,  que  es  el  caucho,  se  coagula  en 
cintas  por  medio  de  la  cal  ô  potasa,  cintas  que  se  van  aprensando 
conforme  se  recojen,  y  arden  perfectamente.  La  cauchera  es  casi 
inexhausta  ;  no  obstante  estar  derribada  y  esquilmada,  brotan 
sus  renuevos  con  tal  vigor  y  rapidez,  que  â  los  cinco  anos  brinda 
con  nuevo  jugo.  Tal  es  el  sistema  ds  explotaciôn  de  estos  ârbo- 
les  en  el  Perù,  Ecuador,  Colombia  y  Centro  America  ;  sistema 


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506  CIRO    BAYO 


facil,  pero  defectuoso,  pues  acaba  por  hacer  desaparecer  las  eau- 
cheras  de  aquellos  paises,  en  donde  ya  empiezan  d  escasear,  i 
causa  de  la  constante  tala  de  esos  àrboles.  Abunda  también  el 
caucho  en  el  Oriente  de  Bolivia,  pero  nadie  lo  explota  mientras 
haya  seringueraSy  por  cuyo  producto  se  paga  el  doble  del  caticho. 

Veamos  ahora  que  es  y  cômo  se  explota  la  siringa.  Condamine 
llevô  la  goma  âEuropa  por  vez  primera  en  1736,  y  en  su  diario 
de  observaciones  llamô  siringa  al  que  los  brasilenos  «  pâo  da 
siringa  »,  y  siringuero  al  extractor.  El  nombre  siringa  viene  de 
que  los  portugueses  aprendieron  de  los  indios  del  Amazonas 
hacer  bombillas  6  jeringas  sin  émbolo  ;  especie  de  pelotas  huecas 
en  forma  de  pera  con  un  agujero  en  la  puma.  Lleno  de  agua,  y 
apretando  el  aparato,  sale  aquélla  con  fuerza  por  el  agujero.  Tal 
juguete  es  la  mayor  diversion  de  aquellos  indios,  los  cuales, 
segûn  Condamine,  lo  presentan  por  cortesia  a  sus  huéspedes, 
siendo  su  presentaciôn  el  preliminar  de  fiestas  y  agasajos.  De  tal 
origen  viene  pues  el  nombre  cientîfico  Siphonia  elastica  dado  por 
Parson  al  ârbol  de  lagoma  ;  etimologîa  que  por  cierto  corresponde 
perfectamente  d  las  aplicaciones  que  de  esa  materia  se  hace  para 
cables,  sondas,  cdnulas,  jeringas,  pezoneras,  etc.  El  drbol  es  cor- 
pulento,  de  30  d  50  métros  de  altura,  decorteza  gruesa  y  blanda 
y  de  color  variable  en  el  liber  :  blanco,  rosado  6  morado  oscuro  ; 
su  copa  de  hojas  parecidas  à  las  de  la  yuca,  simples  y  tripartitas, 
se  cubre  de  hermosas  flores  rojas  en  el  invierno,  y  su  aspecto  es 
tan  caracteristico,  que  visto  el  ârbol  una  vez,  se  reconoce  en  todo 
tiempo  y  en  todo  lugar,  mayormente  cuando  tiene  la  particu- 
laridad  de  presentarse  6  agrupacionesô  seringales  en  los  que  luego 
se  abren  las  estradas. 

Estas  seringueras  cubren  vastas  zonas  del  Perù,  Brasil  y  Bolivia, 
y  abastecen  el  comercio  de  las  4/5  partes  de  este  producto  tan 
estimado,  con  el  nombre  de  Siringa  del  Para,  El  ârbol  de  la 
goma  es  propio  de  terrenos  hiimedos,  de  hondonadas  sujetas  â 
inundaciones  periôdicas  por  las  crecientes  de  los  rios  y  ricos  en 
materias  inorgânicas.   De  ahî  que  las  islas  del  Amazonas,  las 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  5O7 

selvas  y  afluentes  de  este  rio,  tienen  el  monopolio  de  ese  valioso 
produao,  y  refiriéndonos  à  Bolivia,  las  regiones  del-  Béni,  Madre 
de  Dios,  Acre  y  Punis,  nos  que  cortan  verdaderos  filones  deoro 
végétal  cuyo  valor  acrece  en  proporciôn  de  su  proximidad  al 
ecuador  y  de  la  humedad  del  teneno.  Otra  causa  que  influye 
en  la  mayor  secreciôn  del  ârbol  es  la  espesura  del  monte  en  que 
estaenclavado;  por  estolos  buenos  gomalesestdn  tan  escondidos, 
que  solo  la  mirada  experta  del  rutnbeador  puede  dar  con  él.  Descu- 
bierto  el  gomal  6  gomales,  y  tomada  su  posesiôn  légal,  poco  des- 
pués  Uega  al  sitio  una  pequena  colonia  enviada  de  la  Barraca 
con  viveres,  machadinos,  tichelas,  buyones  y  demâs  utensilios  de 
trabajo  ;  âbrense  estradas  6  caminos  que  bordean  el  gomal,  repâr- 
tense  los  obreros  para  la  «  pica  »  y  el  centro  esta  ya  constituido. 
Si  la  région  esta  poblada  de  bârbaros,  se  busca  su  alianza  ;  si  no, 
se  les  résiste,  y  en  ùltimo  caso  se  les  ahuyenta  6  aniquila  en 
nombre  del  trabajo  y  de  la  civilizaciôn.  Véase  Bolacha,  Estrada 
y  Pica. 

SiRiNGUERO.  El  picador  gomero.  —  Especie  de  mirlo  carpintero, 
de  color  oscuro,  que  pica  la  madera  de  la  seringuera  y  alegra  el 
silencio  de  la  selva  con  su  silbido  agudo  y  pénétrante. 

SiRiONO.  Indio  bravo  al  Oriente  de  Santa  Cruz,  de  raza  guarani, 
vecinos  y  enemigos  mortales  de  losguarayos. 

SiRiPi.  Maîz  menudo  y  atortujado  que  se  cierne  en  el  urupé 
para  hacer  chicha. 

SiRiPiTA.  Vozaimarâ  =grillo.  Persona  pequena  y  entremetida, 
como  el  grillo  que  con  ser  tan  pequeno  mùeve  tan  grande  ruido. 

SiRViNACO.  Concubinato  légal  que  usan  los  indios  y  cholos 
del  interior  de  Bolivia,  antes  de  matrimoniarse.  Es  costumbre 
tan  gênerai,  que  rara  vez  se  casa  un  indio  sin  haber  sometido 
la  mujer  a  esta  prueba,  inmoral  segùn  nuestras  rutinarias  opi- 
niones,  pero  previsora  y  acertada  como  lo  demuestra  la  expe- 
riencia. 

SixJto.  Vasija  con  potasa  para  la  legia  del  jabôn  6  del  azùcar. 

SoBORNO  (De).  Anadidura  y  complemento,  de  variable  aplî- 


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508  CIRO    BAYO 


caciôn.  Asi  :  las  copas  del  soborno  (después  del  café);  dîa  de 
sohorno  (la  huelga  que  sigue  a  un  dîa  festivo,  ô  como  dedan  los 
latinos  :  «  post  festum,  pestum  »).  Carga  de  soborno  :  la  suple- 
mentaria,  etc. 

Sobre  el  auto  =  En  el  acte.  Barbarisme  gauçhesco,  mâs 
excusable  que  el  sobre  tablas  de  los  Honorables  Diputados  de 
estes  paîses,  per  «  sobre  la  mesa  »  :  en  estudio. 

SocA.  Voz  quichua.  El  brotede  la  se^^unda  cesecha  del  arrez 
6  de  la  caiia. 

SocAPAR.  Verbe  muy  bien  derivade  de  socapa.  Encubrir  una 
falta  6  una  intenciôn. 

SocAVÔN.  Voz  minera.  Barrene  que  hacen  à  les  cerros,  â  nivel 
6  â  fronton,  â  mode  de  callejôn,  cavado  à  veces  en  piedra  viva. 
Notable  entre  tedes  es  el  Real  socavôn  de  Potosi, 

SocÔRi.  Especie  de  serpentario  que  habita  en  las  pampas  de 
Mojes  y  lianes  de  Santa  Cruz.  Es  grande,  de  zances  altos  y  colo- 
rades,  plumaje  ceniciento,  y  al  igual  que  las  avestruces  suele 
pasearse  gravemente  entre  el  ganado  vacuno. 

SoLAQUE.  Cémente  dcpolve  de  ladrillo  que  sirvepara  solaquear 
à  pavimentar  el  piso  de  los  estanques. 

Sombrera.  El  sombrero  de  pane  6  de  paja  que  usan  las  muje- 
res  del  campo. 

SopAiPiLLA.  Bunuele  vuelto-â  freir  en  miel. 

SoPAR.  Mejar  la  pluma  en  el  tintero. 

Sorete  ô  sorullo.  Excréta  humana  firme  y  consistente.  Vénse 
MojÔN. 

Soroche.  Véase  Puna.  —  Voz  minera.  Galena  :  sulfure  de 
plomo  argentifère. 

SoRaufN.  Pescozôn. 

SoRTijA.  Juege  ecuestre  también  conocide  en  Eurepa.  — El 
pedazo  de  carne  de  la  res  que  esta  en  la  punta  del  lome,  junte  â 
la  cola. 

SosEGÂTE.  Estâte  quieto.  Palabra  aqui  apuntada  para  traer  à 
colaciôn  la  arcaica  terminaciôn  ate  tan  empleada  en  estes  paîses 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  509 

como  paràte,  sentate  y  demds  imperativos  de  verbos  actives; 
aunque  peor  es  cuando  se  dice  para,  jugâ,  no  llorés,  etc.  «  Te 
doy  un  sosegâte  si  no  callas  »,  dicen  las  madrés  a  sus  chiquillos. 

SoTANA  redonda  (Un).  Un  sacerdote  cabal,  modelo  de  su 
clase. 

SoTRETA.  Caballo  mancarrôn,  maula,  manero. 

SoTUTO  ô  BoRO.  Diptero  de  la  familia  Estridos.  Insecto  pare- 
cido  d  una  mosca  peluda,  que  deposita  sus  larvas  en  la  ropa 
puesta  i  secar,  por  lo  que  es  hasta  higiénica  dar  esta  à  planchar 
en  los  climas  donde  el  boro  es  indigena.  Estas  larvas  perforan  la 
piel  y  se  introducen  en  la  carne  sin  hacerse  sentir.  Asi  encerra- 
das,  crecen  hasta  su  perfecto  desarrollo,  en  figura  de  tornillo, 
con  unos  lanillos  de  pelos  muy  duros  que  causan  un  dolor  atroz. 
Para  sacarlas,  si  no  se  quiere  esperar  d  que  salgan  por  si  mismas, 
se  cierra  herméticamente  el  agujero  por  el  que  respira  con  una 
especie  de  lacre  végétal  hecho  de  un  arbol  del  pais,  el  ntascajoy 
bien  caliente,  hasta  que  muere  el  bicho.  Después  de  muerio, 
basta  darle  un  apretôn,  sin  agarrarlo,  y  sale  con  facilidad.  Los 
indios  lo  sacan  fdcilmente  haciendo  cierto  ruido  apenas  percep- 
tible, con  la  boca,  d  cuyo  llamado,  el  boro  6  sotuto  saca  la  cabeza. 
Entonces  lo  agarran  por  esta  parte  y  lo  hacen  salir  con  el  ruido 
de  una  botella  que  se  destapa.  Los  perros  son  muy  propensos  a 
esta  plaga  y  se  les  extrae  el  boro  del  modo  indicado,  atdndolos 
primero  paraque  no  se  resistan  d  la  operaciôn.  La  Uaga  résul- 
tante se  cura  con  sal  6  tabaco. 

Suco.  Aluviôn  de  tierra  fangosa  que  inunda  y  estropea  los 
campos.  Véase  Mazamorra. 

SucucHO.  Voz  quichua.  Cueva  6  guarida.  De  donde  el  verbo 
Siicuchear,  ocultar  algo. 

SucuMBÉ.  Cordial  ô  bebida  hecha  de  yema  de  huevo  batido, 
lèche  y  gotas  de  cognac. 

SucupiRA.  Nombre  brasileiio  del  yaravisco  à  lantana. 

SucHA.  Gallinazo,   urubûy  carranco,  etc. 

SucHE.  Peje  de  rio. 


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510  CIRO    BAYO 


SuELDA-coNSUELDA  6  vcrdolaga  (Cactacea  Lepismium),  Extrano 
pardsito  cuya  semilla  va  envuelta  en  el  câliz  de  una  bellota,  ador- 
nado  aquél  de  très  fajas  :  roja,  verde  y  amarilla.  Préndese  con 
facilidad  en  las  yemas  de  los  arbustos  espinosos,  arraigando  y 
desarrollândose  con  tanto  6  mas  vigorque  el  ârbol  primitive. 

SuENA  (De).  A  escape  ;  a  piedra  menuda. 

SuicAra.  Cuervo  grande.  Pala-pala  en  quichua. 

SuisÉ  6  suizÉ.  Palabra  derivada  del  francés  «  Absinthe  suisse  »  y 
aclimatada  en  casi  toda  America.  Ajenjo  con  goma  6  azûcar. 

SujETO  (Ser  6  no  ser).  Ser  ô  no  ser  capaz  para  determinada 
cosa.  V.  gr.  :  «  No  es  V.  sujeto  de  pegar  a  fulano.  —  No  es 
sujeto  de  escribir  una  carta  »,  etc. 

Sujo.  Végétal  comestible. 

Sultana.  Infusion  preparada  con  la  pelicula  del  café. 

SuLLO  6  suyo.  Voz  quichua;  de  sullu,  abortar.  El  temero 
nonato,  llamado  en  la  Argentina  bacaray,  —  Medida  agraria  de 
Cochabamba. 

SuMURUCiJcu.  Nombre  onomatopéyico  del  buho. 

SuNCHAR.  Pinchar. 

SuNCHO.  Voz  quichua  (^Aster.  L.).  Arbusto  del  género  papa- 
verâceas  que  da  unas  flores  amarillas,  de  largos  pétalos  coloca- 
dos  en  forma  estrellada,  como  la  margarita.  Estos  pétalos  no 
estân  en  igual  numéro  en  cada  flor,  y  como  es  planta  abundnnte 
en  huertas  y  jardines,  aprovechan  en  Bolivia  de  estas  circunstan- 
cias  para  câbala  amorosa,  haciendo  estas  preguntas  :  «  ^  Me 
quieres  ?  —  ^  Te  quiero  ?  —  ^  Poco  ?  —  ^  Mucho  ?  —  ^  Nada  ?  » 
A  cada  una  de  estas  interrogaciones  se  arranca  un  pétalo  a  la 
flor  y  en  el  punto  que  la  frase  se  interrumpe  por  haberse  ago- 
tado  las  hojuelas,  alH  esta  la  respuesta.  Es  una  supersticiôn  amo- 
rosa digna  de  celebrarse  por  un  Anacreonte.  —  Duela  6  aro  de 
hierro,  y  fleje  para  cubas,  toneles  y  cajas  (en  este  sentido  es  voz 
nâutica  castellana). 

SuNiCHO.  Petiso  en  Buenos  Aires.  Poney  6  caballo  de  pequena 
alzada,  procedente,  por  lo  comûn,  de  crias  de  la  Puna  6  alturas 
frigidas. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  5II 

Si)piA.  Aguardiente  todavia  inferior  al  resacado  por  haber  pasado 
por  un  solo  alambique. 

SupuNio.  Mohin  de  mal  humor  6  de  desprecio.  Es  cruce- 
nismo. 

SuRERO.  El  natural  de  les  partidos  al  Sur  de  la  Provincia  de 
Buenos  Aires  ;  asi  como  arribeho  al  de  los  del  Norte.  Los  gauchos 
stireroSy  por  haber  combatido  mas  tiempo  contra  los  indios  malo- 
nes,  consérvanse  todavia  arrogantes  como  en  el  tiempo  de  Rosas, 
la  edad  de  oro  del  gauchaje  ;  época  encarnada  en  el  chiripà  punzô 
y  la  gorra  colorada  à  manera  de  gorro  frigio  6  barretina  catalana. 

SiiRi.  Otro  nombre  del  nandù,  piyu  6  avestruz  americano. 

SuRRAPA.  El  ùltimo  hijo  habido  en  una  mujer.  Chulco  en  qui- 
chua. 

SuRUBi  {Platistomapardalis.  D'Orbigny).  Peje  de  rio,  sin  esca- 
mas,  ni  espinas  ;  tan  corpulento  que  hay  que  llevarlo  en  palan- 
quin. —  Cumbrera  de  hojas  de  palma. 

SuRUCUCÙ  ô  Sucurf .  Voz  guarani  :  suru^  animal  ;  cury  6  curùy 
ronc^doT  (Lachesis  Rombheata.  Newted).  Vîbora  con  dientes  largos 
muy  venenosos  ;  de  vientre  blanquecino  y  amarillo,  el  cuerpo  con 
manchas  romboideas  i  lo  largo  de  la  columna  vertébral. 

SuRUCUÈ.  Guacamayo  parlero  del  género  Trogôn,  que  prefiere 
los  Uanos  por  morada. 

SuRUPt.  Enfermedad  que  se  contrae  al  pasar  sin  precauciones 
la  cordillera  de  los  Andes,  en  los  puntos  donde  hay  nevados, 
como.sucede  en  La  Paz  de  Bolivia.  Consiste  en  una  inflamaciôn 
de  los  ojos  producidapor.la  sutileza  del  aire,  el  frio  y  la  blancura 
de  la  nieve.  Se  évita  fdcilmente  poniéndose  de  antemano  anteojos 
ahumados  6  de  color. 


Taba.  El  carnicol  de  vaca  6  novillo  que  sirve  para  un  juegode 
azar  muy  corriente  entre  los  campesinos  americanos.  Es  juego 
muy  antiguo,   tanto,   que  asegura   un   historiador  griego,  fué 


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512  CIRO    BAYO 


inventado  por  los  tracios  para  entretener  el  hambre.  La  taba 
americana  se  tira  como  el  tejo,  poniendo  el  pie  en  una  raya,*y 
tirando  d  otra  se  hace  suerie  6  culo  segùn  caiga  del  lado  côncavo 
6  convexo.  La  clavada  consiste  en  que  el  hueso  caiga  a  plomo 
del  lado  de  la  suerte.  En  este  juego  alternan  muchos  jugadores, 
crùzanse  muchas  apuestas  y  hace  las  delicias  de  los  pulperos  de 
la  campana  por  lasganancias  que  les  proporciona. 

Tababé.  Lînea  irregular,  recta  6  curba,  como  las  lîneas  de  la 
taba.  Asi  :  \âso  iababé  ;  régla  tababé. 

Tabaco.  Planta  originaria  de  las  Antillas.  Muchas  son  las 
especies  americanas,  ricas  todas  en  nicotina,  alcaloïde  particular 
de  las  hojas  y  que  destilado  en  potasa  ciustica  disuelta  en  agua, 
es  un  veneno  violento.  En  la  Argentina  y  Bolivia  abundan  las 
especies  rustica,  paniculata^  auriculaia  y  la  repanda  de  la  que  se 
elaboran  los  famosos  habanos,  El  tabaco  de  Misiones  y  de  Tucu- 
mân  son  los  mejores  de  la  Argentina  ;  asi  como  en  Bolivia  el  de 
Santa  Cruz  y  el  Càyubaba  de  Exaltaciôn  de  Mojos,  que  con 
buena  elaboraciôn  pudiera  competir  con  el  famoso  Bragan:(a  del 
Brasil. 

Tabaqueada.  Carne  descompuesta  que  se  Uena  de  tabaco, 
para  que  al  comerla  el  condor  se  marée  y  aletargue,  siendo  fâcil 
entonces  el  cogerlo  ô  matarlo. 

Tablada.  Pampa  ô  lugar  despejado  d  inmediaciones  del  pue- 
blo,  para  feria  de  ganado. 

Taboca.  Canutode  tacuaraà  bambù,  en  corte  oblicuo  ô  cir- 
cular  que  sirve  de  recipiente  para  agua,  sal,  manteca,  etc.  En 
los  primeros  tiempos  de  la  explotaciôn  gomera,  d  faltade  tichelas 
de  métal,  se  recogîa  la  lèche  del  ârbol  en  iabocas, 

Taborga  (Café).  Café  hervido  en  tacho  ;  sin  color  y  ligera- 
mente  espumado.  Lldmase  taborga  del  nombre  de  uno  de  los 
primeros  pionniers  del  Oriente  boliviano.  También  café  toreado, 
porque  se  hace  apri<:a  y  corriendo  ;  y  café  de  pascana, 

Tacàka.  Tribu  de  indios  neôfitos  del  Departamento  de  La 
Paz.  La  lengua  tacana  es  la  gênerai  en  el  Béni  y  la  hablan  ô 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  513 

entienden  muchas  tribus  establecidas  entre  los  rios  Madré  de 
Dfos  y  Béni,  principalmente  los  Araonas  y  Cavinas.  —  Andén  ô 
escalôn  cultivado  en  las  laderas  de  los  Andes  (véase  Andén). 
—  Voz  minera.  Plata  nativa  6  cloruros  de  subida  ley. 

Taclla.  Arado  primitivo  de  los  indios  andinos. 

Taco.  El  tacôn  del  calzado.  —  Recipiente  pequeno.  Asi  :  un 
taco  de  ginebra.  —  Ârbol.  Especie  de  mimosa  de  très  dases  : 
rosado,  morado  y  amaranto,  y  en  todas  ellas,  las  hojitas  se  con- 
traen  al  tocarlas. 

Tacù.  Mortero  grande  como  hecho  de  un  tronco  labrado,  en 
el  que  se  muelen  céréales  con  una  porra  manejada  à  dos  brazos. 
Pisar  el  tacû  es  la  faena  que  mas  entretiene  â  las  cholas  del 
Oriente. 

TacuAra.  Caiia  de  Indias  y  Bambii  en  Asia  {Arundo  macrocau- 
lis.  L.).  Gramîneas.  Cana  gigantesca  de  veinte  d  treinta  varas 
de  alto,  por  très  palmos  de  circunferencia.  Su  madera  ligera  y 
sôlida,  aprovecha,  sin  màs  que  abrirla  en  secciôn  longitudinal, 
para  tabiques  6  paredes  y  para  entarimados.  Los  cortes  de  tacuara 
6  tabocas  sîrven  de  recipientes  y  en  caso  apurado  para  vasijas  de 
cocina,  pues  es  caiia  que  résiste  por  algiin  tiempo  el  fuego.  De 
las  barbas  6  raicillas  que  se  presentan  ahorquilladas,  se  hacen 
albardas  à  bastos. 

Tacupé.  Barro  cocido,  que  â  manera  de  liga  en  los  metales, 
se  mezcla  al  barro  crudo  que  ha  de  entrar  en  el  homo,  para 
mayor  solidez  de  la  obra.  Es  voz  guarani,  de  pi,  fuego.  A  esta 
etimologia  corresponde  el  tacapi  ô  maza  de  guerra  de  ciertos 
indios  del  Amazonas  en  los  sacrificios  ô  en  la  guerra,  endu- 
recida    al  fuego. 

Tacho.  Hoja  de  lata  y  utensilio  de  este  métal.  Asi  :  «  Pon  el 
tacho  d  calentar  »  (la  tétera  ô  pava).  —  Paila  mâs  pequena  que 
las  meladora,  descachaT^adora  y  clarificadora,  en  donde  se  dan 
las  ùltimas  cochuras  al  guarapo  hasta  su  compléta  purificaciôn. 

Tafalla.  Género  en  botânica,  creado  en  homenaje  de  Juan 
Tafalla,  discipulo  de  los  Ruiz  y  Pavôn, 

Revue  hispaniqme.  xiv.  3} 


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514  CIRO    BAYO 


TafI.  Pueblo  de  la  provincia  de  Tucumdn,   famoso  por  su 
queso,  de  invenciôn  de  los  jesuitas. 
Tafia.  Aguardiente  de  cana. 

Tahuantisuyo.  Nombre  del  imperio  incasico.  Estaba  dividîdo 
en  cuatro  grandes  regiones  :  Chinchasuyo,  al  N.  ;  Antisuyo,  al  E.; 
CollasuyOy  al  S.  ;  y  Cuntisuyo,  al  O.  Cuzco  (el  ombligo),  era  el 
centro  del  Imperio  y  de  él  partian  cuatro  caminos  calzados  para 
las  sendas  regiones.  La  partîcula  stiyo  ô  saya,  signi6ca  en  aimarâ 
banda.  De  ahî  las  palabras  Hanansaya  y  Uransaya  que  en  Bolivia 
como  en  el  Peni  senalan  la  parte  alta  de  una  comarca,  à  una 
banda  de  rîo  en  oposiciôn  a  la  parte  baja  à  la  otra  orilla* 

TAiTA.  Derivada  del  quichua  :  padre.  Es  voz  carinosa,  a  la 
vez  que  de  homenaje  que  los  indios  dan  a  sus  patronos  6  d  las 
personas  que  les  merecen  respeto  y  consideraciôn. 

Taitetû.  Variedad  de  pécari  6  puerco  montés,  que  anda  en 
pequenas  tropas  y  hace  sus  madrigueras  al  pie  de  los  ârboles,  de 
donde  se  les  saca  fâcilmente,  ahumdndoles  el  escondrijo. 

Tajibo.  Véase  Lapacho.  El  tajibo  del  Oriente  boliviano  6  de 
madera  amarilla,  muy  dura  y  de  humo  aromdtico  con  el  que  se 
ahuyentan  mosquitos  y  jejenes,  plagas  volatiles  de  la  région.  Hay 
varias  especies  de  tajibo  qne  se  distinguen  por  la  diversa  colora- 
ciôn  de  sus  flores. 

Tala  (^Celtis  tala),  Urticdceas.  Véase  ChichapI.  La  tala  es 
casi  el  ùnico  végétal  que  pueden  ramonear  las  cabras  y  ovejas  de 
los  indios  de  la  cordillera. 

Talero.  El  rehenque  de  mango  mds  largo  y  oblongo  y  de  lonja 
mayor.  —  Pan  talero.  Que  tiene  la  figura  cilindrica  como  «  barra 
de  Viena  ». 

Tamal.  Voz  quichua.  Empanada  de  maiz.  Chocio  ô  maiz 
tierno  bien  apisonado  con  manteca,  lèche  6  suero,  luego  cocido 
en  la  olla  y  en  seguida  envuelto  en  chala.  Parece  que  es  el  hayaca 
de  Venezuela. 

Tamalera.  Panuelo  ô  venda  que,  como  la  hoja  del  maiz  ô 
chala  al  tamal,  cnvuelve  la  cara  cuando  se  padece  de  fluxion  y 
dolor  de  muelas.  Andar  de  tamalera  :  andar  con  la  cara  vendada. 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  515 

Tamandiïa.  Oso  bandero  ù  hormiguero  {Mirmeœphaga.  L.). 
Cuadrùpedo  bastante  singular,  tanto  por  su  forma,  como  por 
sus  costumbres.  Es  plantigrade  como  el  oso  comùn,  es  decir  que 
al  andar  se  apoya  en  las  palmas  de  los  pies  con  las  unas  recogi- 
das.  Estas,  las  de  las  manos,  son  gruesas,  fuertes  y  grandes  como 
garfios  de  romana.  Con  ellos  trepa  d  los  ârboles  en  busca  de 
hormigueros  que  desbarata,  en  tanto  que  con  la  lengua  larga  y 
vibrâtil,  â  manera  de  viborilla,  va  engullendo  hormigas  a  cente- 
nares.  Su  cabeza  se  adelgaza  hasta  la  boca,  en  forma  de  hocico  ; 
tiene  orejas  de  raton  y  ojos  de  topo.  Aunque  es  animal  inofen- 
sivo,  cuando  se  ve  atacado,  se  defiende  como  un  gatopanza  arriba, 
y  tanta  es  la  fuerza  de  sus  garras,  que  con  ellas  se  prende  al 
tigre  y  no  lo  suelta,  sucediendo  que  ambos  mueren  agarrados  y 
mutuamente  despedazados.  El  Uamado  simplemente  «  oso  hor- 
miguero »  se  diferencia  del  oso  bandera  en  que  no  tiene  la  hermosa 
cola  plumeada  con  la  que  se  envuelve  como  en  una  cobija  para 
dormir.  Es  de  menor  tamano  y  no  tiene  la  acometividad  del 
otro.  «  Por  alla,  todos  extranan  que  entre  semejantes  animales 
no  se  encuentre  nunca  el  macho,  y  es  que  dichos  animales  son 
hermafroditas;  y  ajanque  exteriormente  todos  parecen  hembras, 
son  sin  embargo,  macho  y  hembra  â  la  vez  ;  solo  que  el  aparato 
masculino  no  es  exterior,  ni  esta  en  donde  generalmente  suele 
estar  ;  sino  que  lo  tienen,  spgûn  parece,  en  lo  interior  de  la  gar- 
ganta,  de  suerte  que  para  hacer  el  oficio  de  macho  se  sirven  del 
hocico  solamente.  Algunos  de  por  allî  al  ver  dicho  animal  en 
cierta  actitud  han  creido  y  creen  que  él  mismo  se  fecundiza  sin 
necesidad  de  otro  agente  ;  pero  parece  que  no  es  asi  y  que  es  indis- 
pensable que  sea  entre  dos  »  (P.  Cardùs.  Misiones  franciscanas 
entre  los  infieles  de  Bolivia.  Barcelona  1886). 

Tamango.  «  Ojota  »  6  abarca  hecho  de  cuero  vacuno  sin  cur- 
tir.  El  tamango  del  gaucho  se  diferencia  de  la  ojota  india  en 
que  esta  es  una  mera  sandalia  que  se  sujeta  pasando  una  tira  de 
cuero  por  entre  el  deJo  gorJo  del  pie  y  el  inmeJiato,  hasta  abo- 
tonarla  con  un  nudo  de  cuero  trenzado,  mientras  que  el  tamango 


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5l6  CIRO    BAYO 


ademâs  de  la  plantilla^  tiene  alas  que  cruzan  el  empeine  del 

Tamarindo  {Tamarindus  indica,  L.).  Arbol  originario  del  Asia 
y  muy  comùn  en  America.  Es  erguido,  de  hojas  alternas  y 
pequenas.  Su  fruto  es  una  vaina  en  la  que  estân  encerradas  las 
semillasen  mediode  una  pulpa  agradable. 

Tambo.  Palabra  que  â  cada  paso  se  oye  en  Sur-América.  Voz 
quichua  :  venta  6  albergue  en  las  pascanas  ô  etapas  de  camino 
en  Bolivia  y  el  Peni.  Los  incas  tenian  establecidos  iatnbos  de  dis- 
tancia  en  distancia  y  generalmente  de  seis  en  seis  l^uas,  en  los 
caminos  que  cruzaban  el  imperio,  para  servir  de  albergue  â  los 
viajeros  y  de  punto  de  relevo  â  sus  chasques  6  mensajeros.  Véase 
Chasqjue.  Estos  paradores  se  conservan  todavia  subvencîonados  6 
arrendados  por  el  Gobiemo  central  para  el  servicio  de  postas.  — 
Posada  6  conventillo  en  las  poblaciones  de  Bolivia,  y  Lecheria 
en  Buenos  Aires.  —  Palenque  6  bramadero  en  el  Paraguay. 

Tambor.  Cuero  û  odre  en  que  se  envuelve  la  coca  ô  la  yerba 
mate,  y  que  al  retobarse  con  la  sequedad  y  el  sol,  se  endurece 
notablemente  asegurando  el  contenido.  Véase  TERao. 

Tamilleo.  La  operaciôn  de  raspar  del  tronco  del  ârbol  de  la 
coca  el  musgo  pardsito  que  humedece  la  preciada  hoja. 

Tanaca.  Voz  quichua  :  Mujer  fea  y  zaparrastrosa. 

Tanceto.  Yerba  lombriguera.  Familia  Sinantéreas. 

Tano.  Contracciôn  de  napolitano.  Nombre  despeaivo  dado 
d  los  numerosos  napolitanos  avecindados  en  Buenos  Aires  y  que, 
como  los  gallegos  en  Madrid  y  los  irlandeses  en  Londres,  se  dedi- 
can  a  los  oficios  mds  ruines. 

Tapa.  Colmena  d  manerade  campana  de  carton,  mas  ô  menos 
grande,  de  los  petos  6  abispas. 

Tapacarè.  Véase  ChajA. 

Tapado.  Tesoro  oculto  ;  entierro  en  el  calô  de  presidio  en  la 
Peninsula.  —  Animal  tapado  :  de  un  solo  pelo  ô  color.  As!  : 
caballo  tapadOy  el  caballo  enteramente  blanco  ô  negro. 

Tape  6  tipe.  Voz  quichua.  Barbilampino.  Indio  de  unas  mi- 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  ylj 

siones  ya  extinguidas,  notables  por  su  cabeza  melenuda  y  cara 
lampina  ;  de  donde  tape  chascudo  al  hombre  de  espesa  cabellera  y 
barba  râla. 

Tapeque.  Avios  à  provisiones  de  viaje.  No  se  emplea  otra 
palabra  en  todo  el  Departamento  de  Santa  Cruz  de  la  Sierra. 

Tapera.  Voz  quichua.  Ruina  ;  rancho  destartalado  y  por  con- 
siguiente  abandonado. 

Tapioca.  Véase  FariSa  y  Yuca.  Raspando  la  yuca  se  reduce 
d  masa  y  se  exprime.  El  zumo  que  escurre,  depone  un  polvo 
blanco  que  es  fécula  amildcea  muy  pura,  vulgo  tapioca.  Después 
detostada,  se  convierte  en  harina  de  mandioca  6  farina,  de  uso 
gênerai  en  el  Brasil  y  otros  paises  de  America  para  caldo  y  jaleas. 

Tapir  (Jiippopotamus  terrestris.  Linneus).  Anta  6  gran  bestia 
(véase  Anta).  Cuadrùpedo  del  tamano  de  un  ternero  de  un  ano, 
de  patas  cortas  cabeza  parecida  a  la  del  puerco,  cola  raquitica, 
cuero  de  paquidermo  y  geta  flexible.  La  cabeza  asi  conformada^ 
le  sirve  para  librarse  del  tigre,  vecino  peligroso  de  los  lugares  en 
que  vive  el  tapir,  pues  cuando  aquél  se  le  echa  encima,  dispara 
el  anta  d  lo  mds  enmaranado  del  monte,  con  tal  impetu,  que 
herido  el  jaguar  por  las  espinas  y  las  puntas  de  los  palos,  se  ve 
obligado  à  abandonar  la  presa.  El  anta  es  animal  frugivoro,  y 
vive  d  inmediaciones  de  los  nos,  â  los  que  sale  siempre  poruna 
misma  senda,  en  donde  le  esperan  los  cazadores  d  las  horas  de 
la  madrugada  6  en  las  noches  de  luna,  pues  siendo  animal  noc- 
turno  prefiere  estos  momentos  para  banarse  6  chapotear  en  los 
barreras  à  salitrales  de  las  orillas.  Cuando  se  baiia  6  se  gana  al 
agua,  nada  como  un  buzo,  pero  como  tiene  que  asomarse  d  res- 
pirar,  entonces  se  le  dispara.  Se  le  amansa  de  cachorrito  y  signe 
al  dueno  como  un  perro,  aunque  d  paso  lento,  pues  es  animal  de 
ordinario  pesado  como  casi  todo  los  paquidermos,  Acerca  del 
tapir  el  misionero  Armentia  consigna  la  siguiente  circunstancia  : 
«  Este  cuadrùpedo  tiene  un  silbido  en  todo  parecido  al  de  una 
especie  de  dguila  Uamada  chtivi.  Cuando  el  chuvi  silba,  la  gran 
bestia  responde  y  se  aproxima  :  el  chuvi  se  para  encima  del  anta 


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5l8  CIRO    BAYO 


y  la  limpia  de  la  énorme  cantidad  de  garrapatas  de  que  estàn 
llenos  los  tapires  y  de  que  se  alimenta  el  chuvi.  Esta  relaciôn 
entre  animales  tan  distintos,  explotan  con  mucha  habilidad  los 
indios  araonas,  y  en  gênerai  todos  los  bârbaros  del  Amazonas  ; 
imitan  elsilbidodel  chuvi,  contesta  el  tapir  y  cuando  se  aproxima 
lo  flechean.  » 

TapitI.  Especie  de  liebre. 

Tapora.  Gallina  copetuda. 

Taquia.  Bosta  de  Uama  que  sirve  de  combustible  en  las  chozas 
de  la  altiplanicie,  yaun  para  alimentar  los  homos  de  los  ingenios 
metaliferos. 

Taq.uirAri.  Baile  indigena  del  Oriente  con  acompanamiento 
de  caja  y  flauta.  El  chobena  chiquiiano  es  bastante  parecido,  pero 
se  diferencia  en  que  estd  coreado  por  la  voz  de  las  mujeres.  — 
Chobena  es  voz  guaranoca  que  significa  :  canto  y  baile. 

TarA.  Jaro  suculento. 

Taraco  ô  taracco.  Voz  quichua.  Especie  de  antifaz  hecho  de 
lana  de  alpaca  ô  de  llama,  que  se  usa  para  impedir  que  el  frio 
de  la  altiplanicie  dane  la  cara. 

Tarampabo  (Œurcarpea  tarampabo),  Palmera  de  cocos 
aceitosos  como  los  del  cusi,  y  de  tronco  muy  elevado,  que 
sostiene  sus  hojas  en  una  sola  lînea  repartida  d  los  dos  lados  del 
tronco,  formando  un  abanico  de  un  verde  hermosisimo. 

Tararira.  Uno  de  tantos  nombres  del  punal  gauchesco. 

Tarascar.  Agarrar  de  los  pelos,  como  se  usa  entre  verduleras 
y  lavanderas. 

Tarascones.  Tarascadas  y  mordiscones. 

Tarco.  Véase  Sangre  del  Drago.  La  especie  americana 
correspondiente  al  draco  de  Asia. 

Tareche  ô  tuy.  Voz  quichua  :  el  carancho  de  la  Argentina. 
—  Cierta  especie  de  pequeno  loro  de  color  azulado. 

Tari.  Especie  de  calabaza  ô  tutuma. 

Tarope.  Aguapé;  Joupé.  Voces  guaranîes  :  discos  ô  platosen 
el  agua.  Bandeixa  de  a^ua  en  el  Brasil.  Nenùfar  ô  planta  acuatica 


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PROVINCI  A  LISM  os    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  519 

flotante,  de  disco  mds  ô  mènes  grande,  verde  y  natâtil.  En  les 
ries  se  ven  taropes  mezclados  y  retenidos  por  las  tacuaras  espi- 
nosas,  y  por  las  empalizadas  que  entorpecen  la  navegaciôn. 
De  vez  en  cuando,  la  fuerza  de  la  corriente  abriéndose  camino 
desgaja  manchas  enteras  de  taropes  en  las  colchas  y  camaloteras, 
que  bogando  en  la  direcciôn  del  rio,  toman  el  nombre  de  cama- 
lotes,  verdaderos  jardines  flotantes  llenos  no  solamente  de  flores 
hermosîsimas  del  trôpico,  sino  a  veces  de  capigtiarasy  garzas  y 
jaguares  alli  aislados  por  sorpresa.  La  flor  mds  admirable  de  la 
familia  de  las  ninfeaceas  y  el  verdadero  tarôpe  à  irrupé  (plato  en 
el  agua)  es  la  curiale  amaTpnica  (Haencke)  6  Victoria  Regina 
(Lindley).  Abundantisima  en  las  llanuras  inundadas  de  Mojos 
y  en  casi  todas  las  lagunas  interiores  comprendidas  en  la  zona 
tôrrida,  y  aun  mas  abajo  en  los  rios  Paraguay  y  Parani,  donde 
la  encontre  D'Orbigny  en  1827  y  fué  el  primero  en  enviarla  i 
Europa.  Elsabio  Tadeo  Haencke  fuéquienen  1779  diôàconocer 
al  mundo  cientifico  esta  planta  que  denominô  Curiale  ama^^onica, 
Posteriormente,  en  1836,  el  botânico  inglés  Lindley  la  bautizô 
con  el  nombre  de  Victoria  Regina  en  obsequio  d  su  entonces 
joven  y  siempre  graciosa  soberana  ;  y  un  ano  después  el  viajero 
alemdn  Schomburg  que  encontre  este  nenùfar  en  la  Guayana 
inglesa,  la  describiô  preconizdndola  como  «  reina  de  las  flores  ». 
Yo  d  mi  vez  he  de  describirla,  sin  pretender  descubrirla,  en 
homenaje  d  la  deleitosa  impresiôn  que  me  causé  al  verla  por 
primera  vez  en  la  Laguna  Itunama  de  Mojos,  faltandome  poco 
para  que  transportado  de  admiraciôn,  como  Haencke  al  descu- 
brir  la  planta,  me  pusiera  de  rodillas  para  dar  gracias  d  la  Provi- 
denciaporunacreaciôn  tan  prodigiosa.  Maravilla  del  reino  végétal 
y  titdn  del  reino  de  Flora  es  efectivamente  el  irupé^  aten- 
diendo  d  su  tamano,  â  su  nectario,  sus  pistilos  tan  grandes  como 
astas  de  buey,  y  sus  hojas  como  ruedas  de  molino.  Las  hojas 
siempre,  y  la  flor  6  el  fruto  segiin  la  época,  son  las  ùnicas 
partes  visibles  de  la  planta  ;  quedando  siempre  en  inmersiôn  los 
tallos,  el  pedùnculo  y  el  caliz.  La  flor  grande  y  esponjosa  como 


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520  CIRO   BAYO 


una  lechuga,  esta  compuesta  de  mds  de  cien  pétalos  escalonados 
por  tamaiio,  desde  la  periferia  al  centre  y  en  colores  alternados  de 
un  puro  blanco,  rojo  y  d  veces  morado.  Â  simple  vista  parece  una 
énorme  copa  blanca,  pero  examinandola  bien,  se  ve  que  en  su 
interior  présenta  una  suave  graduaciôn  de  vivos  encarnados.  Estd 
sustendada  por  un  càliz  compuesto  de  4  hojas  de  siete  pulgadas 
de  largo  y  très  de  ancho  en  la  base,  blancas  por  la  parte  înterior 
y  de  purpura  carmin  al  exterior,  de  donde  arrancan  numerosos 
estambres  amarillos  y  rojos  d  manera  de  airosa  cimera.  Lo  mejor 
que  se  me  ocurre  para  dar  una  idea  de  tanta  magnîficencia,  es 
comparar  la  flor  d  un  tazôn  de  alabastro  à  fina  porcelana  llena 
de  fresas  ahogadas  en  vino  de  Jerez.  La  Curiale  amaionica,  pues 
no  hay  que  pasar  por  el  pirdtico  y  adulador  nombre  que  le  diô 
el  Dr.  Lindley,  estd  sujeta  al  extrano  fenômeno  del  sueno  de  las 
plantas.  A  medida  que  el  sol  baja,  la  flor  va  recogiendo  sus 
pétalos  ;  se  apimpoUa  y  empieza  d  sumergirse  lentamente,  mer- 
ced  al  pedûnculo  que  es  eldstico,  de  tal  manera  que  con  la  luz 
del  dia  vuelve  d  alargarse  lo  suficiente  para  subir  d  âote  la  cerrada 
flor,  parecida  entonces  d  una  énorme  camélia  que  â  los  besos  del 
sol  se  entreabre  esparciendo  un  exquisito  aroma  que  tras- 
ciende  â  jazmin.  Tan  singular  fenômeno  y  la  misma  hermosura 
de  la  flor,  linicamente  se  puede  apreciar  en  los  dîas  del  verano  aus- 
tral que  corresponden  â  la  estaciôn  de  aguas  en  estos  paîses.  En 
otono  se  ha  transformado  en  un  fruto  esférico  del  tamano  de  una 
sandia  con  numerosas  semillas  6  granos  redondos  tel  tamano  de 
la  pimienta,  llenos  de  unasubstancia  feculenta  y  comestible,  como 
que  los  viajeros  la  emplean  como  harina  de  maiz.  Alla  en  la 
primavera,  época  en  que  la  planta  ha  tenido  tiempo  para  germi- 
nar  y  crecer,  las  primeras  en  aparecer  d  la  superficie  son  las  hojas 
nuevas  que  en  su  total  desarroUo  tienen  no  menos  de  una  vara 
de  didmetro  por  dos  pulgadas  de  grueso,  lo  que  les  da  el  aspecto 
de  una  gran  bandeja  en  el  agua.  Son,  pues,  verdaderos  discos 
flotantes  de  un  hermoso  color  verde  por  encima  y  rojizo  por 
abajo  y  los  bordes  ;  y  de  tanta  resistencia,  merced  d  la  red  de 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y   BOLIVIANOS  52I 

nervios  ahuecados  de  que  estân  compuestos,  que  aguantan  per- 
fectamente  el  peso  de  una  garza,  posada  en  uno  de  ellos  como 
un  guerrero  sobre  el  payés.  Estas  grandes  hojas  circulares  y  en 
numéro  variable,  flotan  permanentemente  al  nivel  del  agua,  con 
la  particularidad,  que  se  ve  en  la  flor,  de  prestarse  el  pecîolo  que 
arranca  del  centro  de  la  hoja  a  los  caprichos  de  la  linea  de  flota- 
ciôn,  de  suerte  que  en  las  mayores  inundaciones  sobrenadan 
acompanando  d  la  âor.  Finalmente^  la  planta  esta  defendida  por 
largas  espinas  en  el  tallo,  pedùnculo  y  peciolo. 

Tarqjuino.  El  primer  toro  de  raza  Durham  que  Uegô  i  la 
Repùblica  Argentina,  fué  introducido  el  ano  1838.  El  animal  se 
llamaba  «  Tarquino  »,  y  los  paisanos  de  Buenos  Aires  creyeron 
que  este  nombre  designaba  la  raza  del  animal  y  no  el  animal 
mismo.  De  ahi  proviene  que  hoy  dia  muchos  hombres  de  campo 
dicen  todavia  a  toro  tarquino  »>,  <x  vaca  tarquina  »,  para  designar 
un  animal  vacuno  de  raza  6na. 

Tartancho.  Tartamudo. 

Tartaruga.  Voz  brasilena.  La  pela  6  tortuga. 

Tarùci.  Cinta  de  colores  que  las  indias  solteras  chiquitanas 
atan  alrededor  de  la  cabeza,  prendiendo  una  rosa  à  cualquier 
adomo  en  la  frente,  i  manerade  florôn  de  una  diadema. 

TarumA.  Végétal  alimenticio,  cuyo  fruto  morado  del  tamano 
de  una  ciruela  es  de  una  pulpa  blanda  muy  aceitosa  que  aprove- 
cha  también  para  cortar  la  disenteria. 

TarutAru.  Trébol  acuitico. 

Tasajudo.  Animal  6  persona  larga  y  flaca.  De  tasajo.  Véase 
Charque. 

Tasi  ô  Doca.  Planta  trepadora,  notable  po.r  la  magnitud  de 
sus  frutos,  comestible  en  asados,  por  la  particularidad  que  tienen 
sus  florecillas  de  atrapar  por  la  trompa  i  las  mariposas  que  en 
ellas  la  introducen  para  libar  el  néaar. 

Taxa,  tatay  y  taita.  Nombre  que  se  da  en  Bolivia  i  los 
curas,  d  los  frailes  y  d  las  personas  mayores,  respectivamente. 
«  Los  indios  y  aun  los  niiios  y  mujeres,  en  vez  de  responder 


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522  CIRO   BAYO 


con  imprecaciones  à  los  peores  tratamientos,  replican  dulce- 
mente  /  tatay  /,  como  un  hijo  que  se  duele  de  la  indignaciôn 
paterna  »  (Locenta). 

Tatararè  ô  tataracô.  Mancha  sobre  otra  mancha.  V.  gr.  :  En 
una  taza  de  café  la  mancha  del  azûcar  ô  de  una  gota  de  lèche 
sobre  la  mancha  del  café  derramado  ;  una  mancha  de  vino  sobre 
la  mancha  del  café  derramado;  una  mancha  de  vino  sobre 
unlamparôttdegrasaen  unaservilleta,  etc.  Enamboscasosse  dice 
en  Santa  Cruz  de  la  Sierra  :  taza  taiarari  ;  servilleta  tatararé. 
Etimologia  propia  ô  forzada,  diz  que  tatararé,  dériva  de  tatara- 
nieto,  porque  una  mancha  llama  otra  mancha. 

Tataratancho.  Voz  quichua.  El  trompo  que  al  girar  va 
saltando,  es  decir  que  lleva  los  dos  movimientos  centrifugo  y 
centrîpeto. 

Tatù.  Armadillo.  Varias  especies.  Mulita,  peludo,  peji,  etc. 

Tatusa.  Mujercita  y  mujerzuela  segûn  el  sentido  de  la  frase. 
Derivado  del  tatù,  que  lo  mismo  puede  ser  simbolo  de  recogi- 
miento  por  la  prisiôn  en  que  se  encierra,  como  de  parranderia 
por  sus  excursiones  nocturnas. 

Taùca.  Voz  quichua.  Montôn  de  cosas  ;  y  plegadillo  que  se 
hace  en  la  ropa. 

TaunAchi.  Rodaja  de  cascabeles  que  se  hacen  sonar  cinén- 
dolos  à  laspiernas.  Al  mismo  artificio,  llaman  en  Chiquitos  «  pai- 
chachù». 

TayA.  Nombre  cruceno  de  la  gualuza  ô  especie  de  batato  ô 
yaro  suculento. 

Tayuya  Qsianosperma  ficifolid).  Cucurbitàceas.  Planta  que 
liene  distintas  aplicaciones  terapéuticas. 

Taza.  Cavia  ù  hoyo  que  para  regar  los  ârboles  se  hace  al  pie 
del  tronco. 

Tfe  pampa.  Planta  rastrera  que  da  una  excelente  y  aromatica 
infusion.  Los  argentinos  del  territorio  de  Santa  Cruz  que  la 
emplean  reconocen  en  ella  propiedades  médicinales  para  el  higado. 

Tecte.  Voz  aimard.  La  chicha  de  maiz. 


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PROVINCI  A  LISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  $23 

TecterIa.  Chicheria  donde  se  expende  el  tecie, 

Tehuelches.  Son  los  indios  patagones  divididos  en  dos  gran- 
des tribus  :  la  que  habita  entre  los  rios  Chupat  y  Limay;  y  la 
otra  entre  el  mismo  Chupat  y  el  Estrecho.  La  lengua  tehuelche 
es  completamente  disrinta  de  la  auca. 

Tejôn.  Carnîvoro  de  cola  gatuna  anillada,  cuerpo  de  tejôn 
europeo,  nariz  movible  yalargada  en  trompa.  Vive  en  cuadrillas 
en  los  bosques  de  Sur-América,  y  para  dormir  se  enrosca  en 
forma  de  média  bola.  Es  manso  y  se  domestica  con  facilidad, 
aunque  conservândose  siempre  urano,  grosero  y  estùpido. 

Tembeta.  De  temhcy  labio,  en  guarani.  Indiochiriguano  de  la 
cordillera  de  Santa  Cruz  de  la  Sierra.  Llâmanle  tettibeta  los  cni- 
ceiios  porque  entre  la  enda  y  el  labio  inferior  se  ponen  una 
planchita  de  la  que  parte  un  tubito  que  perforando  el  labio  sos- 
tiene  pegado  con  cera  alguna  chaquira  6  vidrio  de  color,  à  mane- 
ra  de  ojo  grande  y  brillante  entre  la  boca  y  la  barbilla. 

Templado.  Amartelado.  V.  gr.  :  «  Pepe  y  Lola  se  conocieron, 
y  pronto  quedaron  templados,  »  No  déjà  de  ser  un  vocablo  propio 
y  significativo. 

Tendal.  Campo  Uano.  Asî,  tendal  de  gramilla  ;  el  tendal  del 
cielo.  Tal  vez  corrupciôn  de  cendal. 

Tercio.  Pellejo  Ueno  de  polvo  de  la  yerba  mate.  Cada  saco 
cosido  con  tiento  6  tira  de  cuero,  hinchado  por  la  plenitud  del 
contenido  y  tomado  del  sol,  se  endurece  como  una  roca,  y  en 
este  estado  se  entrega  al  comercio,  pesando  cada  tercio  unos  cien 
kilogramos.  Véase  Tambor. 

Terére.  La  yerba  mate  puesta  en  maceraciôn  en  agua  fria  ; 
resultando  una  bebiJa  agraJable  sin  los  inconvenientes  del  mate 
frîo.  Véase  Yerba. 

Termites.  Hormigas  que  pueblan  el  Oriente,  del  cual  son  la 
ciento  y  una  plaga.  Varias  especies  del  género  Neurôpteras,  y 
tantas,  que  un  naturalista  se  veria  apurado  para  clasificarlas.  Las 
hay  de  todos  tamafios  y  colores,  ofensivas  é  inofensivas,  algunas 
provistas  de  un  aguijôn   abdominal,  otras  de  tijeras  bucales  con 


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524  CIRO    BAYO 


las  que  devastan  cuanto  d  su  paso  encuentran.  Ademds  de  las 
hormigas  de  Palo  Santo  (véase  Palo),  termes  arborum,  las  que 
mas  molestan  al  viajero  son  las  ca:(adoras  6  de  ronda  (termes  des- 
tructor)  que  hacen  sus  expediciones  en  falangestan  ordenadas  que 
d  uno  le  parece  ver  una  columna  militar  en  marcha,  con  escua- 
dras,  jefes  y  oficiales.  Cuando  invaden  la  pascana  6  la  cama  de 
un  rancho,  no  hay  mâs  remedio  que  «  mandarse  mudar  »  del 
sitio,  y  dejarlas  pasar.  En  pocos  minutos  hacen  su  escarceo  lim- 
piando  de  aranas  y  cucarachas  el  lugar  por  donde  pasaron  y  pro- 
siguen  su  marcha.  En  Yungas,  estas  hormigas  saben  dar  cuenta  de 
toda  una  mita  6  cosecha  de  coca. 

Las  incanderas  à  bunas  {termes  bellicostis)  son  negras,  grandes 
como  de  una  pulgada,  con  aguijôn  abdominal  cuya  picadura 
escuece  veinticuatro  horas,  causando  un  dolor  intolérable  que 
algunas  veces  dégénéra  en  fiebre.  Las  turirus  (termes  lacuster) 
que  andan  siempre  por  camino  cubierto  6  de  barro  con  tùneles 
de  chamarasca,  fi)an  sus  hormigueros  de  arcilla  en  los  palos  de 
los  ranchosy  troncos  de  los  drboles,  d  modo  decolmenas,  y  aiin 
se  dan  mafia  para  conservarlos  intactos  en  el  agua  cuando  las 
crecientes  de  los  rios  hacen  subir  notablemente  el  nivel  de 
las  aguas.  Ni  pican,  ni  muerden,  pero  si  se  las  déjà,  des- 
truyen  una  casa  con  su  ajuar.  A  estos  hormigueros  Uaman  los 
cruceiios  posetacù.  Las  sepe  {termes  siiculentus)  grandes  como 
abejas  y  cuyo  abdomen  tostado  como  se  acostumbra  tostar  el 
café,  es  un  bocado  exquisito  para  los  indios  y  otros  que  no  son 
indios.  hàsjorobarés  {termes  domesticus)  que  seceban  en  la  dispensa 
y  en  cualquier  comestible  que  se  déjà  sin  resguardo,  etc.,  etc. 

Terne  ô  ternero  (cuchillo).  Façon  de  grandes  dimensiones 
que  sirve  para  el  degiiello  de  las  reses.  Cuando  en  una  disputa 
sale  à  relucir  el  tenUy  los  gauchos  balan  como  terneros,  como 
remedando  al  novillo  cuando  huele  el  hierro  del  desollador. 

Terneraje  (El).  Las  crias  del  ganado  bovino  de  una  estancia  ; 
asi  como  corderaje  a  la  cria  lanar. 

Tero-tero  {Vanellus  cayanensis.  L.).  Leque  en  quichua.  Ave 


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PROVINCI  A  LISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  525 

însectivora  esparcida  en  toda  la  America.  Anida  en  despoblado  i 
inmediaciones  de  las  aguadas.  La  hembra  pone  cuatro  huevos 
de  un  hermoso  color  morado,  jaspeado  de  blanco.  Es  ave  muy 
vigilante,  sobre  todo  en  la  época  de  la  cria,  y  âturde  con  sus  chi- 
llidos  el  viajero  que  atraviesa  las  vastas  Uanadas  de  las  pampas. 
—  Gaucho  terotero  :  hombre  vivo  y  arrestado. 

Teterilla  (Caballo).  Que  tiene  una  lista  blanca  en  la  frente, 
arqueàndose  en  las  cejas  como  aros  de  anteojos. 

TiAHUANACO  6  Tiaguanaco.  Ruinas  famosas,  tanto  como  las 
de  Palenque  en  Yucatân,  emplazadas  en  el  lugar  de  aquel  nombre, 
â  orillas  del  lago  Titicaca,  en  el  Departamento  de  La  Paz.  En 
dos  partes  principales  se  encuentran  repartidas  :  en  Acapana  y 
Puma  Chaca.  En  el  primer  punto  hâllanse  los  vestigios  de  un 
templo  6  palacio  construido  con  bastante  simetria  d  lo  que  se 
adivina,  pues  muchas  de  sus  piedras  han  sido  utilizadas  para  la 
iglesia  parroquial  del  pueblo  inmediato,  para  umbrales,  dinteles, 
jambas,  mesas  y  poyos  de  casas  de  los  vecinos.  Columnas  de 
mucho  mérito  han  sido  transportadas  â  fincas  que  estan  â  très  y 
cuatro  léguas  de  Acapana,  y  touristas,  indios  y  muchachos  hacen 
con  las  piedras  lo  que  les  viene  en  gana,  destruyendo  poco  a  poco 
los  vesiigios  de  las  milenarias  ruinas.  /  Quod  non  fecerunt  barbarie 
fecerunt  Barberini!  A  esta  secciôn  de  Acapana  pertenece  la  monu- 
mental Puerta  del  Sol  ya  descrita  en  la  P.  En  Puma  Chaca  6 
Puma  Punco  se  encuentran  los  cimientos  de  otro  inmenso  edifi- 
cio,  verdaderamente  ciclôpeo,  dedicado  evidentemente  à  templo. 
Chucaque  6  ciudad  de  piedra,  llamô  Manco  Qpac  à  Puma  Chaca 
(en  lengua  maya  :  arco  no  concluido),  admiradoel  inca  del  esplen- 
dor  y  magnitud  de  las  construcciones.  El  gobierno  de  Bolivia  en 
1894  creô  un  museo,  6  mas  bien  conservatorio  para  preservar 
estas  preciosas  reliquias  de  las  profanaciones  de  picapedreros  y 
muchachos;  pero  como  no  hay  empleados,  ni  el  Estado  se  preo- 
cupa  del  asunto,  hasta  el  grado  que  la  Junta  municipal  del  lugar 
ha  tenido  que  votar  una  cantidad  para  la  adquisiciôn  de  mate- 
riales  dispersos  en  la  vecindad,  résulta  que  el  Museo  nosirve  sino 


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526  CIRO    BAYO 


para  poner  en  evidencia  la  desidia  oficial  y  su  poco  interés  por 
este  tesoro  arqueolôgico.  Con  la  cabeza  de  idolo,  varias  piezas 
pequenas  trasladadas  al  museo  de  La  Paz,  juntamente  con  colec- 
ciones  de  particulares  que  d  aquéllas  podrian  agregarse,  forma- 
riase  un  conjunto  valioso  y  suficiente  para  inaugurar  el  Museo 
apetecido.  Por  falta  de  un  conjunto  completo  de  las  ruinas,  los 
arqueôlogos  andan  de  cabeza  sobre  el  origen  de  los  monumentos 
de  Tiahuanaco,  tan  antiguos  en  opinion  del  americanista  Bras- 
seur de  Bourbourg,  como  los  de  Egipto,  Ninive  y  Babilonia. 
Algunos  los  diputan  como  obra  de  los  mayas^  pueblo  que  creô 
los  notables  monumentos  de  que  aun  se  conservan  ruinas  en 
diterentes  puntos  de  la  America  Central,  las  cuales  desde  que  las 
diô  d  conocer  el  Padre  Brasseur  antes  citado,  son  objeto  especial 
de  las  investigaciones  de  los  arqueôlogos  americanos.  La  existen- 
cia  de  numerosos  objetos  de  la  piedra  llamada  jade,  en  los  anti- 
guos monumentos  de  Mexico,  Yucatân  y  Perii,  piedra  de  que 
no  se  ha  encontrado  todavia  ninguna  cantera  à  yacimiento  en 
America,  hace  pensar  que  estos  objetos  fueron  importados  por 
inmigraciones  procedentes  del  Asia  y  de  la  Polinesia.  Humboldt, 
Striebel,  Forbes,  Benattî,  Falb  y  ùltimamente  Hule  que  estuvo 
très  meses  enTiaguanaco,  reconiendadoespecialmenteal  gobiemo 
de  Bolivia,  han  visitado  estas  ruinas  y  explican  su  origen  y  signi- 
ficado  de  muy  distintas  maneras.  Unos,  que  los  pôrfidos  que  en 
Tiahuanaco  abundan,  no  son  naturales,  sino  artificiales  ô  ama- 
sados  mediante  combinaciones  ingeniosas  cuyo  secreto  se  ha 
perdido;  otros,  que  son  grandes  pedrones  tallados  en  sus  bordes 
para  vincular  con  otros.  Ello  es  que  en  el  rudimentario  Museo 
existen  varias  piedras  redondas  ù  ovaladas,  con  costuras  que  indi- 
can  que  han  sido  unidas,  con  la  particularidad  quequebradas  con- 
tienen  en  el  centro  como  la  médula  de  los  drboles,  diversos  relie- 
ves.  Algunas  hay  con  engastes  como  las  murallas  peldsgicas  de 
Tarragona.  El  monolito  que  estd  â  la  salida  de  Tiahuanaco  para 
La  Paz  esta  vaciado  ;  y  vense  finalmente  piedras  con  huellas  y 
pisadas,  como  estos  cuarzos  y  obsidianas  que  se  muestran  con 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  527 

huellas  de  animales  antediluvianos.  Igual  discrepancia  hay  entre 
los  etimologistas  acerca  del  origen  del  nombre  Tiaguanaco.  La 
leyenda  mas  aceptada,  siguiendo  a  Garcilaso,  es  que  hahiendo  el 
inca  Maita  Capac  pasado  el  rio  Desaguadero  y  venido  al  lugar 
donde  estân  emplazadas  las  monumentales  ruinas,  Ilamado  por 
entonces«  Chucagua  »  (ciudad  de  piedra),  recibiô  un  chasqueque 
llegô  mucho  antes  de  loque  se  le  esperaba.  Asombradoelinca,  le 
dijo  :  «  Tihuai,  huanaco  »  (siéntate,  guanaco)equiparândolo  con 
el  cuadrùpedo  mas  velozque  conocîan  los  peruanos.  Segùn  otros, 
Isaac  Escobar  en  sus  Analogias  filosôficas  del  aimarà  entre 
ellos,  encuentran  la  raiz  en  el  aimarâ,  de  Tia-orilla,  y  guanaca, 
seca;  en  oposiciôn  âlos  lugares  pantanososdeTiiicaca,  y  derivan 
Tiahuaguanaco  de  Thia-waha-akcy  esto  es,  el  hombre  de  la  orilla 
seca,  para  distinguirlo  del  habitante  del  lago.  Brasseur  enamorado 
de  la  civilizaciôn  maya,  en  sus  Lettres  sur  le  Mexique^  dice  que 
Ti-a-i  significa  literalmente  en  lengua  maya  :  Dios  sobre  el 
agua  ;  Hunnabkuel  Dios  omnipotente,  y  por  todo  Ti-a'i'hun-abku^ 
pais  sobre  el  agua  del  Dios  omnipotente  ;  etimologîa  enteramente 
opuesta  â  la  aimarâ.  En  resoluciôn,  que  cada  filôlogo  arrima  el 
ascua  a  su  sardina,  y  que  lo  linico  positivo  es  que  Tiahuanaco 
6  Tiaguanaco  debiô  ser  por  mucho  tiempo  la  capital  de  un  vasto  im- 
perioô  maya  6  quiche (noquichua,  que  fué  posterior  dominaciôn), 
capital  quefuédestruida  por  uno  de  esos  cataclismos  tan  frecuen- 
tes  en  los  Andes,  â  menos  que  haya  sido  destruida  vandâlica- 
mente  por  la  guerra,  como  apuntan  los  historiadores  Garcilaso  y 
Herrera. 

TiBi  6  tibié.  Botôn  de  quita  y  pon  ;  y  los  gemelos  para  punos 
de  camisa. 

TiCHELA.  Voz  brasileiia.  Pichel  6  pequeno  recipiente  de  hoja 
de  lata  6  peltre  al  que  desciende  el  liquido  gomal  de  la  siringa 
en  estado  blanquecino  y  un  tanto  espeso.  El  trabajo  de  entichelar 
empieza  àl  rayar  el  alba.  La  lèche  se  coagula  y  endurece  al  salir 
el  sol,  tal  que  si  prontamente  no  se  lleva  al  «  desfumadero  »  6 
se  moja,  pierde  su  calidad  convirtiéndose  en  cernambi  à  goma 
inferior. 


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528  CIRO   BAYO 


TiENTO.  Tira  de  cuero  sacado  con  el  cuchillo,  que  sirve  para 
anudar  ô  sujetar  algo.  Véase  Guasca. 

TijERETA.  Especie  de  hirundo  6  golondrina,  de  cola  larga  y 
ahorquillada  parecida  a  una  tijera  abierta.  Es  avecilla  muy  revol- 
tosa  y  tan  atrevida  que  Uega  i  imponerse  â  las  aves  de  rapina. 
En  otros  lugares  la  llaman  estrelldj  porque  con  la  cabeza,  las 
alas,  y  las  puntas  de  la  cola  présenta  â  la  vista  cinco  radios  muy 
visibles  cuando  esta  revoloteando. 

TiLico.  Persona  afeminada. 

TiLUCHE  {Furnarius  Rufus.  D'Orbigny).  Véase  Hornero.  — 
Es  un  tiluche  :  es  una  ardilla  ;  un  vivo  como  el  pâjaro  de  ese 
nombre. 

TiNCA.  Voz  quichua.  Fiesta  obligada,  asalto  como  decimos 
ahora  en  Espana,  que  un  amigo  hace  â  otro  para  que  dé  una  fiesta 
en  casa  de  este  ûltimo,  proporcionândole  en  cambio  los  licores  y 
demâs  adminîculos  de  la  fiesta,  amén  de  los  convidados  y  de  los 
quebraderos  de  cabeza. 

TiNCU.  Véase  Payador. 

TiNTORERA.  Tiburôn  de  la  mayor  especie,  muy  abundante  en 
las  costas  de  la  America  equinoccial,  que  debe  su  nombre  â  una 
particularidad  que  révéla  su  pre^encia  à  larga  distancia,  particu- 
larmente  de  noche.  Unos  agujeros  que  tiene  el  animal  en  tomo 
del  hocico  destilan  cierta  materia  glutinosa  que  se  extiende  por 
todo  el  cuerpo  del  escualo,  dando  â  este  un  brillo  como  si  fuera 
un  gusano  de  luz.  En  las  noches  de  borrasca,  sobre  todo  cuando 
el  viento  sopla  con  fuerza  y  brama  el  trueno,  es  cuando  mâs 
brillan  esos  resplandores  fosfôricos.  El  mismo  fenômeno  se  pro- 
duce en  las  noches  oscuras  ;  cuanto  mâs  densas  son  las  tinieblas, 
mâs  luminoso  es  el  surco  que  traza  la  tintorera.  Este  escualo 
para  hacer  presa  vese  obligado  â  volverse  enteramente  boca 
arriba,  à  diferencia  del  tiburôn  que  solamente  re  vuelve  de  cos- 
tado. 

TiPA.  Ârbol  como  el  tarco  de  la  sangre  del  Drago  porque  su 
zumo  es  colorado-sanguîneo.  —  Voz  quichua.  Cesto  y  canasto 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  529 

de  totora,  bejucos,  hojas  de  palma,  6  simplemente  de  paja.  — 
«  Meter  en  tipa  »,  ireter  en  la  cârcel. 

TiPE.  Véase  Tape. 

TiPOY.  Es  el  clàsico  vestido  de  las  indias  civilizadas  del 
Oriente. 

Prenda  entre  bâta  y  camisôn,  viene  a  ser  una  tùnica  larga, 
descenida,  ampulosa  y  sin  mangas,  como  el  brial  de  los  ângeles 
en  los  cuadros  devotos. 

Segiin  parece,  lo  impusieron  los  jesuitas  a  sus  neôfitas,  para 
apartarlas  de  la  vanidad  y  refinamiento,  pero  si  asî  fué,  preciso 
es  confesar  que  los  hijos  de  Loyola  la  erraron.  No  hay  otra 
prenda  mujeril  que  mejor  se  preste  â  mas  lances  de  coqueterîa, 
exceptuando  acaso  el  famoso  niantôn  de  las  limenas  tan  recatado, 
tan  monjil,  pero  que  el  garbo  de  las  hijas  del  Rimac  hace  provo- 
cativo  y  de  una  belleza  tan  pldstica  como  el  mas  descocado  «  in- 
croyable ».  Razôn  por  la  que  un  senor  Arzobispo  prohibiô  el 
uso  del  mantôfiy  ya  se  entiende  que  sin  conseguirlo,  catalogândolo 
entre  las  tentaciones  de  San  Anton. 

Tentaciôn  y  de  las  mas  peligrosas,  es  también  el  tipûy^  sucedâ- 
neo  inmediato  de  la  primitiva  hoja  de  parra.  En  esto  el  artificio 
vence  â  la  realidad.  Aunque  la  enagua  6  centra  quita  la  diafanidad 
de  las  formas,  con  todo  el  delgado  tipoy  se  subleva  y  Proteo  enca- 
denado  con  hilvanes,  ora  se  infla  y  ondula,  ora  pliégase  y  cine 
al  cuerpo  perfilando  las  femîneas  curvas  como  el  cendal  de  una 
Venus  académica. 

Usan  estas  indias  banarse  en  pûblico  de  un  modo  tan  original, 
que  vale  la  pena  de  ser  referido. 

Van  al  bano  vestidas  y  â  medida  que  entran  en  el  agua  se 
arremangan  el  tipoy  hasta  cenirselo  por  entero  â  la  cabeza  â  ma- 
nera  de  turbante.  Asî  se  banan  hasta  la  cintura  y  aun  hasta 
medio  pecho,  y  â  la  salida  van  desdoblando  los  pliegues  con  un 
tiento  y  précision  tan  admirables,  que  la  mirada  mas  inquisidora 
apenas   descubrirà   otra  cosa  que  tipoy  y    agua    y  agua  y   tipoy. 

TiRADOR.  Cinto  de  cuero  que  se  cine  â  la  cintura  para  sostener 


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530  CIRO    BAYO 


el  chiripâ.  Esta  chapeado  de  monedas  de  plata  6  medallas,  como 
rumbosamente  dicen  los  paisanos  de  Buenos  Aires.  Hay  tirador 
que  vale  mâs  plata  que  pesa,  tanto  por  las  labores  engastadas 
como  por  la  antigûedad  de  las  medallas.  Como  el  tirador  lleva 
escarcelas  para  el  dinero,  nunca  como  aqui  se  aplica  el  gaucho 
que  asî  lo  lleva  aquella  de  «  llevar  el  rinôn  bien  cubierto  ». 

TiRiRÙ.  Voz  guarani  :  //,  mi  ;  iVtVrf,  vasija.  El  mateabierto  que 
sirve  a  la  gente  pobre  de  vaso  de  noche. 

TiRiTiRi.  Baile  indigena  de  Mojos  con  acompanamiento  de 
flauta  y  tamboril.  Por  lo  gênerai  es  de  ritmo  armonioso  y  vivo, 
si  bien  résulta  monôtono  por  la  sencillez  de  su  melopea  y  por 
la  repeticiôn  con  que  lo  bailan  los  indios,  hasta  cansarse. 

TiscHAR  6  tinquear.  Uhate  en  laArgentina.  Disparar  con  la 
una  las  bolas  de  vidrio,  las  semillas,  huesos  de  frutas  y  demâs 
chirimbolos  que  sirven  para  el  juego  infantil  de  balas.  —  Tirar 
los  dados  en  la  Pinta. 

TiSTES.  Las  verrugas  que  causan  las  espinas  de  la  tuna  al  cla- 
varse  en  las  manos,  en  el  cutis  ô  en  los  pies. 

TiTEAR.  Burlarse  de  alguien;  tomarle  el  pelo.  Es  voz  muy 
generalizada  en  la  Argentina. 

TiTEO.  La  acciôn  de  titear. 

TiTiscA.  Gallina  de  plumas  irisadas  como  el  gallo. 

ToBAS.  Indios  bravos  que  habitan  la  orilla  izquierda  del  ^ilco- 
mayo,  en  el  Gran  Chaco,  notables  por  su  altivez  é  independen- 
cia  y  guerreras  costumbres.  Son  los  indios  mejores  ginetes  de  la 
America  del  Sur  y  usan  la  macana,  la  lanza  y  las  fléchas. 

ToBORiscHi  {Boinbax).  Arbol  que  hacia  el  centro  del  tronco 
se  ensancha  como  un  énorme  tonel,  lo  que  le  da  particular 
aspecto  en  lo  enmaranado  del  monte.  Su  fruto  rinde  una  especie 
de  algodôn,  como  el  del  «  mapajo  »,  aunque  de  menos  prove. 
cho.  Refiriéndose  a  estos  ârboles  escogidos  por  las  abejas  para 
sus  colmenas,  dice  con  mucha  razôn  un  boliviano  (Aramayo)  : 
«  Los  caminos  de  Chiquitos  estân  empedrados  de  tortugas  y  los 
ârboles  son  pipas  de  miel.  » 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  53 1 

Tocante.  Conmôvedor.  Lastîmero.  Feo  galicismo. 

TocAR  FIANTE  6  Tocar  viola  :  tocar  en  retirada  ;  tomar  las 
hebillas  de  Diego  como  dicen  aqui  por  tomar  las  de  Villadiego. 

Toco.  Especie  de  cedro  de  madera  superior  para  muebles  y 
gabetas  de  melado.  —  Taburete  riistico. 

TocTO.  Nombre  indîgena  de.  la  comida  cotidiana  en  las  barra- 
cas  del  Béni,  pueblos  de  Mojos  y  pascanas  del  Oriente  :  arroz 
con  pedazos  de  carne  fresca  y  si  no,  charque. 

TocDYo.  Con  este  nombre  se  désigna  en  toda  America  del 
Sur,  el  bramante  6  lienzo  de  algodôn  fabricado  en  Toco  y  11e- 
vado  à  Espana  donde  se  le  daba  una  mano  de  obra  y  volvia  a 
America  con  el  nombre  «  angaripolo  ».  Hasta  no  hace  mucho 
se  fabricaba  en  Cochabamba  un  tocuyo  muy  estimado. 

Tojo.  Mellizo.  «  Hermanos  tojos  »  :  hermanos  gemelos.  — 
Ornitologia.  Cassinus  cristatus.  La  calandria  americana.  Véase 
GvLANDRiA.  Dos  especies  :  la  mâs  pequena  es  la  que  remeda  el 
grito  6  la  voz  de  los  animales,  lo  que  le  ha  valido  el  epiteto  de 
burlôn  con  que  se  le  conoce  en  otras  partes.  Viene  a  ser  la 
«  abubilla  de  Salomôn  »  de  los  cuentos  arabes  que  diz  hablaba 
todas  las  lenguas.  Parece  ser  el  mismo  pâjaro  que  en  Cuba  y 
Mexico  llaman  sinsonte,  tenca  en  Chile,  calandria  en  el  Plata, 
gulungo  en  Colombia  ;  rabionero  y  mochilero  en  otras  partes; 
pero  en  su  estado  natural,  dista  mucho  de  merecer  el  dictado  de 
«  ruisenor  americano  »  con  que  le  honrô  el  naturalista  Buffon, 
a  menos  que  el  pâjaro  en  cautividad  aprenda  alguna  cantilena 
que  repite  con  notable  maestria  y  primorosa  ejecuciôn.  Lo  mâs 
notable  del  tojo,  calandria  6  como  quiera  llamârsele,  es  la  manera 
como  construye  su  nido,  en  figura  de  botella  ô  redoma  tejida  de 
espinas  del  aromo  y  acacias  espinosas,  que  pone  colgante  de  las 
ramas  de  los  ârboles  con  una  hebra,  de  modo  que  los  nidos  se 
balancean  continuamente,  y  a  inmediaciones  de  los  hormigueros 
y  colmenas  de  cuyos  moradores  se  alimenta.  La  particularidad 
de  ser  colgante  su  nido  le  ha  valido  en  inglés  el  nombre  de /jû(w^- 
nest,  Estos  nidos  botellas  se  balancean  â  docenas  en  las  orillas  de 


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532  CIRO    BAYO 


los  rios,  d  tan  poca  altura  del  agua,  que  el  viajero  desde  su  bâte- 
lôn  puede  ver  la  entrada  y  la  salida  del  pàjaro  en  el  nido,  lo  que 
hace  deslizândose  por  el  cuello  de  la  botella.  Esta  va  forrada  inte- 
riormente  de  algodôn  de  mapajo,  suave  y  lustroso  como  la 
seda. 

TolderIa.  Agrupacîôn  de  toldos.  Especie  de  «  kraal  »  ameri- 
cano. 

ToLDETA.  El  mosquitero,  que  acompanado  de  una  almohada 
para  reclinar  la  cabeza  y  una  estera  de  junco  ô  de  palma  trenzada 
encima  de  la  cual  se  tiende  uno  à  falta  de  hamaca,  debe  de  ser 
el  acompanante  obligado  del  viajero  por  el  Oriente,  ora  navegue 
los  nos  de  los  Uanos,  ora  haya  de  intemarse  en  la  espesura  del 
monte. 
ToLDO.  Véase  Ruca. 

TonJ  (Balsamo  de),  Véase  Qumo-auiNO. 
Tomado  (Estar).  Se  sobreentiende  que  de  licor.  Embriagado. 
TomIn.  La  peseta  boliviana  6  chirola. 

ToNGADA.  Voz  quichua.  Grupo  6  enviôn  en  cosas.  Asî  :  «  Se 
cortaron  cuatro  tongadas  de  cana  ;  en  dos  tongadas  trasteé  mis 
cacharpas.  » 

ToNGO.  Engano  en  el  juego.  Voz  que  se  ha  aclimatado  en  los 
frontones  de  pelota  para  significar  la  mala  fe  de  algunos  pelotaris 
que  salen  à  perder. 

ToNGORi.  Achura  6  menudo  de  la  res,  que  consiste  en  el  cor- 
don espinal. 

ToNTiLLo.  Nombre  clâsico  y  bien  sonante  del  afrancesado 
polisson. 

TopiNAMBUCO  ÇHeliantus  tuberosus).  Especie  de  cotufa  de  abun- 
dante  jugo  sacarino.  —  Ajipa  en  quichua. 

Topo.  Voz  quichua  :  alfiler.  La  cuchara  6  cucharas  de  plata  6 
de  peltre  que  las  indias  quichuas  se  ponen  en  el  pecho  como 
prendedor  del  mantôn  de  bayeta,  sirviéndole  al  mismo  tiempo 
de  utensilio  para  corner.  —  Medida  agraria  que  la  ley  incasica 
prescribia  dar  por  cada  hijo.   —  Volante  hecho  de  «  jipuri  »  6 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  533 

fibra  de  palma  con  que  juegan  los  indios  y  ninos  crucenos,  y 
que,  como  la  pelota,  era  juego  conocido  en  America  antes  de  la 
venida  de  los  espanoles.  —  Topo  entre  jugadores  significa  que 
se  cobra  6  se  paga  en  relaciôn  con  el  dinero  que  el  que  copa  tiene 
en  mesa. 

Toque.  Turno  6  vez.  Asî  el  mate  se  toma  por  toques^  esto  es 
cada  y  cuando  le  toca  â  uno  el  turno.  A  este  respecto  no  sera 
ocioso  advertir  que  cuando  se  sirve  mate,  aun  cuando  lo  ofrezca 
la  senora  de  la  casa,  no  se  dan  las  «  gracias  »  sino  â  la  tercera  ô 
cuarta  vez,  pues  gracias  significa  aqui  que  no  se  quiere  mâsmate. 
Como  muestra  de  cortesîa,  basta  con  levantarse  al  tomar  y  al 
devolver  el  mate. 

ToREAR.  Ladrar  los  perros. 

ToRNO.  Vuelta  6  codo  de  un  rio. 

ToRO.  La  bola  que  empuja  6  tischà  el  nino  en  el  juego  de 
balas.  —  Torito.  La  «  vaca  »  6  puesta  que  se  juega  en  socie- 
dad. 

ToROMONA.  Tribu  india  entre  los  nos  Béni  y  Madré  de  Dios, 
muy  parecidos  â  los  araonas  en  lengua  y  costumbres. 

ToRTERO.  El  huso  que  se  mueve  con  los  dedos;  y  todos  los 
objetos  que  en  forma  6  en  color  representan  discos  ;  asî  :  botôn 
tortero  ;  pinta  torteray  etc. 

ToRZÔN.  Sincope  de  torcijôn  6  torozôn. 

ToTAY  {Cocos  tota.  M.).  Palmera  de  las  mas  significadas,  pues 
à  la  elegancia  de  su  penacho,  reune  las  condiciones  de  que  la 
pulpa  de  su  fruto  maduroes  dulcecomo  el  dâtil,  siendo  alimen- 
ticia  la  fécula  que  contiene  la  médula  del  tronco.  Destila  ademâs 
un  agua  que  fermenta  â  las  24  horas,  convirtiéndose  en  una 
especie  de  chicha  natural.  Es  la  providencia  del  viajero  en  los 
vastos  palmarès  del  corazôn  de  la  America  méridional. 

ToTORA.  Voz  quichua.  Enea;  y  totoral^  pajonal  detotoras. 

ToYA.  Aro  de  cascabeles  alrededor  de  las  piemas  con  el  que 
los  indios  acompanan  ciertas  danzas.  Véase  TaquirAri. 

Tracalada.  Montôn.  A  iracaladas  :  â  montones.  Ûsase  tam- 


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534  CIRO    BAYO 


bien  en  Bogota.  El  erudito  Cuervo  sospecha  si  tracaladas  viene 
de  «  matracaladas  »  voz  que  en  igual  sentidousaQuevedo  en  «  Las 
necedades  de  Orlando  ». 

Traça yA.  Tortuga  pequena  â  orillas  de  los  nos. 

Traido.  La  parte  contraria  6  el  adversario  con  quien  se  envida 
en  el  juego  de  azar. 

Tramojo.  Palo  colgado  de  un  collarôn  de  madera  6  simple- 
mente  atado  a  un  lazo  que  se  pone  a  un  animal  doméstico  para  que 
no  entre  en  un  cercado  6  no  se  aleje.  También  una  horquilla 
puesta  en  el  pescuezo  con  el  eje  en  alto  y  levantado  de  manera 
que  el  animal  (cerdo  ô  buey,  generalmente)  no  entre  en  los  cha- 
cos  6  en  el  monte.  —  Atramojado  :  que  arrastra  tramojo.  — 
Como  perro  con  tramojo  =  como  perro  con  trabanco  ;  como 
gato  con  cascabel. 

Tranquera.  Véase  Portada. 

Transir.  For  transigir. 

Trapiche.  El  de  madera  lo  componen  très  grandes  cilindros 
que  colocados  horizontalmente  ruedan  sobre  su  eje,  y  exprimen 
en  su  rotaciôn,  unos  contra  otros,  las  canas  de  azùcar. 

Trastornar.  Trasponer;  dar  una  vuelta  6  rodeo.  Asi  :  al 
trastomar  una  esquina  ;  al  trastornar  un  cerro. 

TravesIa.  Véase  Desierto. 

Trazado.  Machete  de  monte  para  limpiar  maleza  y  charquear. 

Trece  (Contar  las).  Ponerse  las  botas  ;  cantar  victoria.  No 
se  de  donde  venga  esta  expresiôn,  como  no  sea  de  los  puntos  que 
para  ganar  se  canta  en  algiin  juego  de  naipes. 

Trempe.  Las  trébedes. 

Trenza.  Rastra  6  sartade  chicharrones.  Corrientes  es  el  clâ- 
sico  pais  de  los  chicharrones  tren:(ados  que  ningiin  forastero  déjà 
de  gustar  â  su  paso  por  la  ciudad  de  las  Siete  Corrientes. 

Trigo.  Este  rey  de  los  céréales  crece  en  America  desde  los 
2.300  à  los  4.000  métros  sobre  el  nivel  del  mar.  Dona  Inès 
Munoz,  la  primera  espanola  que  entré  en  el  reino  del  Peni  fué 
la  que  diô  el  trigo  â  este  pais,  el  mismo  aiio  de  la  fundaciôn  de 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  535 

Lima  (1535),  de  donde  se  extendiô  â  las  demâs  provincias  de 
la  America  Austral.  Llevado  de  Espana  â  casa  de  D*  Inès  un 
barril  de  arroz,  como  hallara  desperdigados  algunos  granos  de 
trigo,  llena  de  buen  deseo,  depositô  algunos  en  una  maceta  «  con 
la  curiosidad,  dice  el  P.  Lobo,  que  si  plantara  una  mata  de  cla- 
vellinas  6  de  albahaca,  y  con  el  beneficio  y  regalo  que  fué 
haciendo  â  esta  su  corta  sementera,  naciô  y  creciô  con  notable 
lozania  y  diô  muchas  y  grandes  espigas.  »  Tanta  diligencia  pusie- 
ron  los  vecinos  de  Lima  en  la  sementera  de  la  preciosa  semilla 
que  en  1539  se  construyeron  los  primeros  molinos  harineros  del 
Perù  y  secomenzô  â  fabricar  pan.  En  el  espacio  de  pocos  anos 
trasplantaron  los  conquistadores  multitud  de  estas  semillas  ; 
cebada,  arroz,  centeno,  habas,  garbanzos,  lentejas,  frijoles, 
alpiste,  alfalfa,  lino,  canamo,  sin  contar  buen  numéro  de  flores, 
arbustos,  drboles  madereros  y  frutales.  Al  segundo  marido  de  la 
Ceres  peruana  déhcsQ  también  en  1560  la  plantaciôn  de  las  pri- 
meras estacas  de  olivo,  procedentes  del  Ajarafe  de  Sevilla,  con 
la  circunstancia  de  haberse  logrado  una  sola  de  las  dos  6  très  que 
llegaron  vivas.  De  este  primer  pie  datan  todos  los  renuevos  tras- 
plantados  en  tierra  austral  hasta  Chile  ;  de  suerte  que  â  Ribera  y 
â  su  mujer  Inès  Munoz  debe  gente  hispano-americana  el  pan  y 
el  aceite  que  recogen  en  el  Nuevo  Mundo. 

Tripa  gorda.  El  intestino  recto  de  los  animales  vacuno  y 
ovino.  Una  de  las  achuras  en  los  mataderos. 

Tripas  dulces  y  amargas.  Las  de  cordero  envueltas  en  sebo 
que  se  comen  lavadas  ;  y  las  que  se  tiran  por  inutiles  para  el  con- 
sumo. 

Triste.  Tîmido  ;  corto  de  genio.  —  El  popular  y  sentimental 
guaiho. 

Trompa.  Santoniaen  italiano.  Instrumento  metâlico  en  forma 
de  herradura  con  una  lengûeta  suelta  que  se  hace  sonar  con  el 
indice  de  la  mano  derecha,  en  tanto  que  se  aspira  el  aire,  puesto 
el  aparato  en  los  labios.  Los  gauchos  mendocinos  llevan  esta 
musiquilla  en  la  toquilla  del  sombrero,  como  la  cuchàra  los  anti- 


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CIRO    BAYO 


sopistas  »  de  Salamanca  y  Alcalà.  A  veces  se  reunen  para 

del  venado,  y  la  cabalgata  dispara  por  loscampos,  sonando 
îridas  trompas  con  una  variedad  diatônica  que  résulta  con- 
i  y  armoniosa  como  una  fanfarria. 
MPETA.  Bozal  hecho  de  cuero  en  forma  de  trompa  de  paqui- 

que  se  pone  â  los  terneros  para  que  no  mamen  ô  à  los 
ara  que  no  pasten  en  vîsperas  de  una  carrera.  —  «  Fulano 
trompeta  »,  es  un  imbécil.  Corolario  :  que  trompeta  en 
►aises  es  lo  dicho  y  nada  mas,  y  que  al  instrumento  mûsico 
imamos  trompeta  y  al  que  lo  toca,  se  les  llama  trompa. 
MPiLLO.  Ârbol  maderero. 

PA.  Manada  de  bueyes  que  se  arrea  de  una  estancia  â  otra, 
Ds  campos  à  los  corrales  de  abasto  y  saladeros  ;  operaciôn 
înta  y  fatigosa  por  la  dispersion  de  los  bueyes  en  las  pam- 
/ados  que  hay  que  atravesar.  Mas  penosa  es  todavia  la  con- 
n  de  ganado  â  través  del  monte  ;  y  asî,  los  mojenos  acos- 
in  acollararlos  de  dos  en  dos,  yendo  al  frente  â  caballo  6 
y  sillonero  el  «  marucho  »  tocando  un  cuerno  que  sirve 
»  â  los  viajeros  para  que  se  aparten  de  la  estrecha  senda 
)nte  por  la  que  ha  de  pasar  la  tropa  ;  asî  como  para  que 

yunta  extraviada  saïga  al  camino.  —  Tropa  de  carrelas, 
y  tirado  por  bueyes.  Tras  las  carretas  siguen  muchos  bue- 

repuesto  (véase  Carreta).  La  tropa  de  carretas  avanza 
'  majestuosamente  en  la  dilatada  llanura,  haciendo  rechi- 
1  formidables  ruedas  de  los  pesados  armatostes.  Las  que  aun 
jlean  en  la  Pampa  argentina  van  adomadas  de  una  larga 
.  que  sale  horizontalmente  del  techo  côncavo  en  que  esta 
da,  y  se  llama  llamador.  Â  su  extremo  va  una  red  de  la 
elga  una  cola  de  buey.  Hay  carretas  de  dos  y  très  colas, 
hay  bajàes  de  dos  y  très  colas,  pero  de  bùfalo.  De  noche 
ga  el  farol  del  llamador  y  de  esta  guisa  cada  carreta  es  un 
de  la  pampa  que  lentamente  anda  su  camino.  En  tiempo 
cada  convoy  llevaba  un  canoncito  para  defenderse  de  los 
.  La  tropa  va  al   mando  de  un  capataz,   con   maestro  y 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  537 

oficiales.  El  «  maestro  »  es  el  carpintero  que  compone  los  des- 
perfectos  de  las  carretas  y  recibe  un  sueldo  fijo,  haya  6  no  haya 
necesidad  de  su  trabajo.  Por  lo  demâs,  un  viaje  en  carreta,  si 
bien  es  atrozmente  pesado,  es  el  mejor  medio  de  que  el  viajero 
conozca  el  pais  que  atraviesa,  por  la  lentitud  de  la  marcha  y  por 
los  escarceos  que  arma  al  hombre  :  se  hace  à  pie  ô  â  caballo, 
acompanando  la  tropa.  De  esta  suerte  hice  el  trayecto,  înolvi- 
dable  para  mi,  de  Trinidad  de  Mojos  â  Santa  Cruz  de  la  Sierra  ; 
ciento  veinte  y  sets  léguas ^  de  regreso  de  mi  expediciôn  al  Béni  y 
Madré  de  Dios  (1895-97). 

Tropilla.  Cuando  el  gaucho  emprende  una  expediciôn  lejana, 
V  acon  una  tropilla^  y  si  no  la  tiene  se  la  procura  en  el  camino. 
La  tropilla  es  una  manada  de  caballos  que  va  suelta  siguiendo  â 
la  yegua  madrina.  Â  esta  se  le  arrea  en  la  direcciôn  que  quiere 
el  ginete,  y  enlazândole  cuando  no  se  déjà  tomar,  y  maneândola 
en  los  altos  de  la  marcha,  los  demds  caballos  se  agrupan  en  tomo 
de  ella  permitiendo  al  ginete  cambiar  de  cabalgadura.  El  animal 
desensillado  sin  mds  que  revolcarse  y  morder  un  poco  de 
yerba  del  campo  signe  galopando  con  la  manada,  la  cual  brinca, 
retoza  y  mordisquea  la  grama  sin  dejar  de  seguir  à  la  yegua 
madrina,  arreada  convenientemente  con  el  talero  6  elrebenque. 
De  este  modo  el  gaucho  atraviesa  largas  distancias  sin  matar 
caballos.  El  arreo  de  una  tropilla  es  una  de  las  escenas  màs 
interesantes  de  la  Pampa. 

Troya  (â  la).  Juego  infantil.  En  un  circulo  descrito  en  el 
suelo  se  hace  rodar  un  trompo  ;  los  jugadores  tiran  d  dar  sobre 
él  y  sacarle  del  ruedo,  lo  que  se  consigue  haciendo  quihe  6  cachada. 

Trozar.  Sincope  de  destrozar.  Romper. 

Trùa  (Estar  en).  Estar  curdo,  ebrio. 

Truco.  Singular.  Juego  de  naipes  que  en  otras  partes  dicen 
truque.  «  Â  trucos  »,  d  punetazo  limpio. 

TRuauERO.  El  que  cuenta  los  tantos  en  las  canchas  de  pelota. 
También  canchero. 

TucAn.  Hermosa  ave  del  Oriente,  muy  conocida  para  ser 
descrita  aqui. 


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538  CIRO   BAYO 


Tucu  6  Tuco  Voz  quichua  :  brillante.  Luciérnaga  americana  ; 
curucusi  y  cocuyo.  Vaga  lume  en  el  Brasil.  De  «  tucu  »  dériva 
Tucumân  (jucu,  brillante  ;  huma,  cabeza),  cabeza  brillante,  nom- 
bre de  un  cacique  principal  de  los  Lules  que  conocieron  los  espa- 
iioles  cuando  conquistaron  la  provincia.  El  tucu  americano  es 
muy  diferente  de  la  luciérnaga  europea.  Su  luz  es  perenne  y 
alumbra  por  los  discos  que  tiene  en  la  espalda  y  en  la  juntura 
del  pecho  con  el  abdomen,  cuando  abre  las  alas.  Su  tamano 
varia  segùn  la  especie  :  los  hay  de  pulgada  y  média  de  longitud. 
Su  caparazôn  es  fuerte,  de  color  negro  y  forma  oblonga.  Es  fitô- 
fago  é  inofensivo.  Los  indios  se  lo  atan  d  los  dedos  del 
pie  para  andar  en  las  noches  oscuras,  y  si  conviene,  alumbran 
sus  chozas  con  una  jaula  repleta  de  tucus.  Se  les  cria  fâcilmente 
metiéndolos  en  una  grillera  ;  alimentandolos  con  cana  dulce  y 
cuidando  de  proporcionarles  un  baiio  diario,  sacândolos  del  agua 
apenas  se  observa  que  se  cansan  de  nadar.  —  Manco  6  inùtil  de 
algiin  dedo  de  una  mano. 

TucucHO.  Vejiga  6  globito  hinchado  de  aire. 

TucuRA.  Voz  quichua.  Langosta  saltamontes.  —  Apodo  que 
en  la  Altiplanicie  boliviana  dan  d  aquellos  curas  que  lo  merecen 
por  sus  abusos  y  simonias. 

Tut  6  TARECHE.  Véase  Carancho. 

TujA  (A  la).  Juego  infantil  que  en  la  Penînsula  llaman  0  el 
escondite  ». 

TujURÉ.  Otro  nombre  del  api  6  mazamorra. 

TuMBADo  y  tumbadillo.  Çielo  raso  d  la  usanza  antigua,  de 
grosero  lienzo  que  oculta  el  techado  de  las  casas  viejas  6  de  tejas, 
d  la  antigua  espanola,que  todavîase  estilan  en  Bolivia. 

TuMBEAR.  Andar  de  ceca  en  meca.  Ir  dando  tumbos  por 
cstos  mundos  de  Dios. 

TuMBiTOS.  Pedacitos,  «  charquecitos  »  de  carne  d  manera  de 
jigote. 

TuMijojo.  Nombre  que  en  lengua  tacana  signifie»  «  pepita  de 
piedra  »  y  se  da  a  cierta  palmera  por  la  figura  de  sus  cocos  llenos 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  539 

de  aceite,  tan  bueno,  que  se  emplea  para  alimentai*  laslamparas 
de  las  Iglesias,  alla  en  Misiones  donde  la  liturgia  no  puede  ser 
rigida. 

TuNA  {Cactus  opuntia).  Chumbera.  —  El  mùsculo  biceps ,  cuya 
protuberancia  Uaman  otros  conejo  ôsapo. 

TuNCUNA  6  MuNDÙcu.  El  juego  a  la  coxcoja  entre  muchachos 
de  tirar  la  piedra  dentro  de  un  cuadro  hecho  en  el  suelo  y  moverla 
con  un  solo  pie,  que  es  lo  que  significa  la  voz  quichua  tuncUy  de 
donde  tuncuma. 

TuNGSTENO.  Cuerpo  simple  descubierto  en  America  por  el 
espanol  D.  Jacinto  Elhuyar,  fundador  en  el  siglo  xviii  del  Real 
Seminario  deMineria  en  Mexico. 

TùNaui  6  gallo  de  roca  ÇRupicold  peruviand),  Ave  del  tamano 
de  una  paloma  y  de  hermoso  color  escarlata.  En  Cochabamba  le 
llaman  chapetôn, 

TuNTA.  El  chuno  blanco  que  se  obtiene  poniendo  la  papa  6 
la  yuca  en  una  excavaciôn  que  se  llena  de  agua,  tapândola  con 
paja  6  totora.  Al  cabo  de  treinta  6  cuarenta  dias,  la  papa  se  ha 
convertido  en  chuno  blanco,  en  tnntày  que  por  esto  se  diferencia 
del  chuno  ordinario,  que  es  negruzco. 

TupÀ.  Dios  en  lengua  guarani.  —  Tupâ  es  una  interjecciôn 
admirativa,  mezcla  elocuente  de  sorpresa,  de  admiraciôn  y  de 
misterio.  Se  compone  de  la  admiraciôn  tu  y  de  la  particula  inte- 
rrogativa  pâ,  de  donde  résulta  cuando  se  invocaâ  Dios  —  i  Quién 
ères  tù  ?  —  Parecido  al  Tupà  guarani,  en  las  letras  y  en  la 
significaciôn  es  el  Tupac  de  los  antiguos  quichuas;  nombre  de 
honor  équivalente  â  Senor  6  Autôcrata.  —  De  Tupac  derivan 
muchas  palabras  que  significan  las  insignias  usadas  por  los  incas. 
Asi  :  Tupacocha,  plancha  de  oro  y  piedras  preciosas  engastadas, 
en  que  seponia  la  macapacha  ô  borla  impérial  ;  iupacâuri^  el 
cetro  incasico  ;  y  Tupac-cocahuriy  el  vidtico  que  daba  el  inca  â 
sus  embajadores  :  una  talega  muy  pequeiïa  llena  de  maiz, 
que  por  ser  del  principe,  era  de  gran  sustento,  porque  un  grano 
quitaba  el  hambre.  Por  esto  habîm  de  comer  un  grano  al  dia 
y  tenian  que  regresar  sin   acabar  la  provision. 


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540  CIRO   BAYO 


Tupi.  «  Lingoa  gérai  »  del  Brasil  6  Guarani.  Es  la  lengua 
de  muchas  tribus  del  Oriente  que  la  hablan  con  lîgeras  modifi- 
caciones,  pero  tantas,  que  pudieran  catalogarse  por  dialectos.  Â 
ella  pertenecen  casi  todos  los  nombres  americanos  mas  en  boga 
de  la  faunay  flora(aguti,  arara,  capiguara,  nandù,  lapir,  etc. 

TupiciÔN.  Espesura  ;  lo  intrincado  de  un  monte. 

TupiDO.  Enmaranado,  como  en  buen  castellano.  —  Â  menu- 
do,  con  frecuencia.  Asî  :  «  Bebe  tupido  ;  miente  muy  iupido.  » 

TuREREAR.  Repetir  el  eco  ;  dar  vueltas  concéntricas  como  la 
casa  del  turo  à  caracol. 

TuRiRO.  Voz  tacana  :  /wn,  torcido.  Véase  termites. 

TuRNEO.  Bizco  6  bisojo.  De  ojos  turnios. 

Turc.  La  casa  del  jichi  à  caracol. 

TuRRiA.  Voz  del  argot  platense,  sinônimo  y  apocope  de  ato- 
rrante. 

TuRRiL.  Ânfora  6  vasija  grande. 

TusA.  El  eje  esponjoso  y  ligeramente  lenoso  de  la  efpiga  de 
maîz,  en  donde  se  forman  los  granos.  Véase  Choclo  y  Marlo. 

TusAR.  Cortar  el  pelo  ;  de  donde  caballo  tusado,  que  es  lo 
contrario  de  caballo  crinudo.  Entre  los  campesinos  crioUos  es 
costumbre  la  de  iusar  las  crînes  al  caballo,  sin  duda  para  mayor 
facilidad  en  el  manejo  del  lazo  6  de  las  boleadoras,  y  para  evitar 
las  espinas  y  obstâculos  del  monte. 

TuscA.  Arbusto  espinoso  de  la  Puna. 

TusTUZ.  Por  testuz. 

TuTA-MiSA.  La  misa  del  gallo  6  de  Noche  Buena.  De  tuta, 
noche  en  quichua. 

TutAchi.  Maiz  6  trigo  de  Guinea.  Basta  sembrarlo  una  sola 
vez.  De  sus  raîces  brotan  tallos  como  canas  de  azùcar,  con  unas 
espigas  que  se  prefieren  a  las  de  cualquier  otro  maiz. 

TuTi.  Limpio  de  algo.  Carecer  de  ello.  Asi  :  Un  tuerto  esta 
tuti  de  un  ojo  ;  como  un  cojo  esta  tuti  de  una  pierna. 

TuTUMA.  La  fruta  del  tutumo  6  calabacero  arbôreo  {Crescen- 
Ha  Cujeta.  L.)  Fruta  en  forma  de  calabaza  esférica,  de  un  pie  de 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  54 1 

diâmetro  y  de  corteza  lenosa.  Sirve  para  varies  usos  domésticos 
y  se  le  da  arbitraria  forma,  apretândole,  cuando  esta  madurando, 
contra  un  ârbol  ù  otro  cuerpo  duro. 


U 


UcLE.  Variedad  de  cactus  6  cardon. 

UcumAri  ô  jucumàri  como  pronuncian  los  crucenos  aspirando 
las  palabras  en  hache  6  que  ellos  suponen  que  la  tienen.  —  El 
oso  n^ro  de  America. 

UlAlu.  Véase  Cardon. 

Ulincate.  Especie  de  prisco  6  durazno  abridor. 

Umeche.  La  cera  végétal  de  algunas  palmeras  que  molida  y 
hervida  produce  una  manteca  blanca  para  vêlas,  que  al  encenderse 
despide  un  olor  muy  suave,  y  aun  los  indios  la  aplican  â  sus 
llagas  como  bàlsamo. 

Unatear.  Escamotear  ;  «  tocar  el  arpa  »,  metafôricamente 
hablando. 

Urina  {Cervus).  Especie  de  cabra  montesa.  Véase  Hurina. 

Urpila.  Voz  quichua.  Paloma  pequena.  Es  voz  muy  exten- 
dida  desde  Tucuman  à  Colombia. 

URRAauEAR  (Hacer).  Hacer  ver  las  estrellas  â  alguno.  Hacerle 
sudar  là  pita^  como  también  se  dice. 

Urubi)  ô  carranco.  Vultùrida.  Véase  Gallinazo.  D'Orbigny, 
en  su  Descripciôn  de  MojoSy  cuenta  esto  de  una  de  esas  aves  : 
«  Uno  de  estos  pâjaros  que  era  el  mâs  atrevido  de  la  banda  y 
muy  conocido  por  algunas  senales,  particularmente  porque 
cojeaba,  asistîa  siempre  â  las  distribuciones  (de  carne)  de  Con- 
cepciôn.  Apenas  comparecîa  por  el  aire,  saludâbanlo  con  gritos 
de  alegria  todos  los  indios  para  quienes  era  ya  un  objeto  de 
diversion  ;  asi  es  que  jamâs  se  le  hacia  el  menor  dano.  Este  bien- 
venido  huésped  no  habia  faltado  unasola  vez  en  diez  anos  consé- 
cutives, y  estaba  ya  tan  consentido,  que  se  llevaba  la  carne  hasta 


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542  CIRO    BAYO 


de  los  canastos  de  los  indios.  »  Estas  aves  parece  que  estuvieran 
encargadas  exdusivamente  de  la  limpieza  de  campos  y  çiudades, 
pues  libran  diariamente  habitaciones  y  calles  de  los  animales 
muertos  y  de  lasinmundicias  de  todasclases.  En  Lima  los  llaman 
«  ciudadanos  »,  como  que  se  hombrean  con  la  genre,  la  cual 
nunca  incomoda  d  estosempleados  civiles,  aunque  éstos  despiden 
un  olor  poco  agradable  y  perturben  el  orden  piiblico  armando 
camorra  con  al;;iin  can  por  disputarse  una  piltrafa. 

UrucO.  Voz  guarani  (Bixa  orellanà),  Véase  Achiote  que  es  el 
nombre  quichua. 

Urundey.  Voz  guarani.  Véase  Cuchi. 

Urupè.  De  iirUy  cesto,  en  guarani.  —  Tamiz  ô   cedado  de 
hojas  de  palma. 

Urupero.  Barbarismo.  Grupera. 

Usina.  Grosero  éinùtil  galicismo  muy  corriente  en  estos  pai- 
ses.  Fâbrica. 

UsuTA.  Véase  Ojota  y  Tamango. 

Uti  possidetis  (El)  delano  1810.  Principio  comùn  en  derecho 
americano  proclamado  por  los  estadistas  de  la  Independencia 
como  régla  del  equilibrio  internacional  sud-americano.  El  uti- 
possidetis  garantiza  todo  el  tefritorio  queen  1810  era  espaiiol;  y  à 
cada  secciôn  americana,  los  limites  que  en  la  unidad  admînistra- 
tiva  colonial  estaban  asignados,  como  virreinatos,  presidencias 
6  capitanias  générales.  Es  muletilla  cancilleresca  que  se  invoca 
en  todas  las  cuestiones  de  limites  entre  estas  Repiiblicas 
australes,  â  la  mayor  parte  de  las  cuales  «  la  extension  es  el 
mal  que  las  agobia  »  (Sarmiento)  ;  sin  que  esto  obste 
para  que  admitan  también  el  Derecho  de  conquista  procla- 
mado por  las  vièjas  monarquias  de  la  caduca  Europa^  como  con 
presunciôn  juvenil  escriben  los  publicistas  americanos.  «  El 
uti-possideùsy  dice  el  boliviano  Diez  de  Médina,  es  régla  de  demar- 
caciôn  territorial  y  no  mâs;  es  regulador  geogrâfico,  no  polîtico  » 
ÇTarija  y  el  uti-possidetis.  1884).  Y  Manuel  Ricardo  Trelles  : 
«  Cuando  se  trata  de  deslindar  un  Estado  compuesto  de  determi- 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  543 

nado  numéro  de  provincias,  el  uti  possidetis  aplicado  à  las  grandes 
divisiones  gubernativas,  â  los  virreinatos,  es  aplicable  lambién 
a  las  subdivisiones  gubernativas  de  esos  virreinatos  »  (Cuestiôn 
de  Limites  entre  la  Repùblica  Argentina  y  Bolivid).  Ampliando 
el  sentido  del  uti- possidetis,  anade  también  otro  publicista  boli- 
viano,  Santiago  VacaGuzmân,  muertoen  Buenos  Aires  en  1886: 
«  Consolidada  la  Independencia  en  1825,  no  podfa  prevalecer 
otra  base  para  la  formaciôn  de  los  Estados,  que  la  voluntad  de 
las  provincias,  nùcleosque  poseian  los  elementos  necesarios  para 
la  vida  propia.  En  oposiciôn  d  este  modo  deapreciar  la  operaciôn 
operada  por  las  Colonias,  se  ha  invocado  el  principio  del  «  Uti- 
possidetis  de  18 10  »,  al  cual  se  le  atribuyen  todas  las  virtudes 
posibles,  y  que  desviado  de  su  verdadero  espiritu,  vase  convir- 
tiendo  en  un  mito  ;  unos  lo  consideran  régla  de  equilibrio  inter- 
nacional  ;  otros  fundamento  de  las  nacionalidades  americanas  ; 
muchos  le  hacen  valer  como  régla  de  deslinde,  dândole  una 
elasticidad  acomodaticia  â  sus  conveniencias.  En  mi  humilde 
concepto,  el  Uti-possidetis  no  puede  ser,  como  su  nombre  mismo 
lo  indica,  mâs  que  un  interdicto  para  acreditar  el  derecho  pose- 
sorio;  sacarlode  su  esfera  juridica  para  convertirlo  en  principio 
de  Derecho  pùblico,  es  pretender  convertir  una  ley  especial  en 
Côdigo  internacional,  y  confundir  las  instituciones  polîticas  con 
las  leyes  civiles  y  los  derechos  naturales.  » 


Vacante  (Terreno).  En  Coroico  (Departamento  de  La  Paz) 
designan  asi  la  montana  ô  andén  poco  culiivado,  en  terrenos 
anexos  a  haciendas  é  independientes  de  ellas. 

Vainilla  {hpidendum  vainilla.  L.  —  Vainilla  aroniatica.  Siv.). 
Orquideas.  Planta  sarmeniosa  y  trepadora,  abundante  en  curiches 
6  pantanos,  enlazândose  â  los  ârboles  à  manera  de  yedra,  ô  im- 
plantandose  en  los  troncos  para  vegetar  nuevamente  aun  separada 
de  la  tierra.  El  fruto  6  semillas  van  encerradas  en  capsulas  largas 


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544  CIRO    BAYO 


y  gruesas  en  las  extremidades  ;  verdaderas  vainas  que  al  tiempo 
de  recogerlas,  antes  de  su  compléta  madurez,  son  de  un  rojo 
encendido.  Estas  vainas  tan  estimadas  por  el  fragante  olor  que 
despiden  y  por  sus  propiedades  estimulantes  y  afrodisiacas,  se 
untan  con  aceite  al  recogerse,  no  tanto  para  su  conservaciôn, 
como  para  que  no  se  resquebrejen  al  ponerlas  à  secar  al  sol. 
En  el  comercio  se  presentan  dasificadas  en  très  especies  :  vainilla 
légitima^  bastarda  y  vainillôn. 

Vampiro.  Otra  de  tantas  especies  de  murciélagos  de  la  Ame- 
rica tropical.  Atormentan  de  un  modo  particular  â  los  animales, 
cuya  sangre  chupan  venteando  suavemente  la  herida  con  las  alas. 
Lo  peor  es  que  casi  siempre  pican  en  el  mismo  sitio,  con  lo  que 
la  herida  se  encona  y  agusana,  y  el  animal  se  inutiliza  para  el 
trabajo.  Los  mas  grandes  despedazan  la  carne  causando  una  herida 
de  duraciôn.  En  estos  paîses  la  W^imzïi  Murciélago.  Véase  Murcié- 
lagos. 

Vanadio.  Es  elphmo  rojo  de  Matapàn.  Por  los  anos  de  1801 
el  ingeniero  espanol  de  minas  D.  Andrés  del  Rio,  famoso  por 
sus  discursos  acerca  de  las  vetas  metalicas  y  â  la  sazôn  profesor  en 
la  renombrada  Escuela  de  Mineria  de  Mexico,  estudiando  un 
plomo  rojo  procedente  deZimapân,  descubriô  un  cuerpo  simple 
nuevo,  al  cual  llamô  eritronio,  â  causa  del  color  rojo  de  sus  sales. 
De  esta  manera,  poco  mâs  6  menos,  comienza  en  todos  los  tra- 
tados,  diccionariosy  enciclopediasdequimica  la  historia  del  vana- 
dio, sin  que  luego  en  la  monografia  del  métal  y  de  sus  combina- 
ciones,  â  la  hora  présente  bastante  compléta,  se  vuelva  â  citar 
al  sabio  espanol,  ni  se  mencione  siquiera  el  trabajo  origen  de  su 
descubrimiento. 

De  perlas  debiô  parecerle  la  labor  de  don  Andrés  del  Rio  â 
cierto  quimico  francés  de  menor  cuantia,  amigo  suyo,  résidente 
también  en  Mexico,  cuando  le  hizo  abandonar  el  estudio  del 
métal  que  descubriera,  para  publicar  dos  anos  mâs  tarde,  en  Paris, 
la  nueva  estupenda  del  hallazgo,  en  los  minérales  de  plomo, 
de  otro  cuerpo  simple,  atribuyéndose  por  de   contado  la  gloria 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  545 

del  descubrimiento.  Mas  no  logrô  sus  intentes,  pues  otros  inves- 
tigadores  hallâronlo  en  los  hierros  muy  ductiles  de  Suecia,  fabri- 
cados  con  minérales  de  Taberg,  y  diéronle  el  nombre  de  vanadio, 
con  que  es  conocido,  en  recuerdo  de  une  de  los  dioses  6  de  los 
héroes  de  la  mitologii  escandinava;  asi  pasô  el  descubrimiento 
real  y  positivo  de  un  espanol  desde  las  ardientcs  regiones  ameri- 
canas  al  helado  clima  del  pais  del  Sol  a  média  noche,  y  de  esta 
manera  se  hizo  que  solo  quede  un  levé  recuerdo  de  su  obra, 
consignado  en  brevisimas  Hneas,  puestas  al  comienzo  de  la  histo- 
ria  de  un  cuerpo  simple,  bien  poco  notable  hasta  ahora  cierta- 
mente,  pero  muy  bien  estudiado,  sobre  todo  por  varios  insignes 
quimicos  ingleses  y  alemanes. 

Fué  necesario  que  trascurriera  casi  un  siglo  para  encontrar 
medios  de  aplicar  el  vanadio  y  sus  carburos  en  la  industria,  y  el 
mismo  tiempo  ha  pasado  sin  apenas  saberse  en  Espana  que  un 
espanol  lo  habîa  descubierto. 

VAauiTA.  Crisolema'de  cuerpo  redondo  y  oprimido  como  una 
lenteja.  Algunas  son  de  un  vivo  esmeralda,  y  otras  como  un 
ascua  de  oro. 

Vara  (La).  Dos  estrellas  Alfa  y  Beta  del  Centauro,  que  d  la 
distancia  que  se  las  ve,  aparentan  estar  distanciadas  una  vara. 

Varchilôn.  Ordenanza  sanitario  6  a)aidante  del  cirujano 
militar.  —  El  curandero  que  ejerce  clandestinamente  la  medi- 
cina. 

Varear.  Ejercitar  los  caballos  inmediatamente  antes  de  correr 
una  carrera.  Ejercicio  muy  bien  descrito  por  el  escritor  uruguayo 
Magarinos  Cervantes.  «  ;  Cancha  !  j  cancha  !  senores  »,  grita- 
ron  los  jueces  nombrados  para  presidir  las  carreras  y  dirimir 
cualquier  disputa  que  pudiera  tener  lugar.  Los  espectadores  al  oir 
la  palabra  sacramental  con  que  generalmente  empiezan  estas 
diversiones,  se  abrieron  â  derecha  é  izquierda,  repitiendo  j  can- 
cha, cancha  !  ;  palabras  que  pronunciadas  por  mil  voces  distintas, 
producia  en  la  apinada  muchedumbre  el  mismo  efecto  que  la 
férrea  quilla  de  un  bergantin  que  vuela  dividiendo  las  movibles 

Revue  hisftaniqme.  xiv.  )$ 


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546  CIRO    BAYO 


aguas  del  mar,  acariciado  por  las  brisas  nocturnas.  En  menos  de 
diez  minutes  se  formô  una  larga  calle...  Los  jueces  hicieron  cua- 
tro  rayas  en  el  suelo  con  intervalos  de  cien  pasos  entre  cada  una. 
Los  corredores  se  colocaron  en  la  primera  y  â  una  senal  suya 
comenzaron  los  «  vareos  »  que  consisten  en  lo  que  vamos  a 
referir.  Primero  marchan  ambos  ginetes,  paso  d  paso,  hasta  la 
segunda  raya  y  volviendo  atras  ;  luego  al  trote,  hasta  la  tercera, 
y  retrocediendo  igual mente  ;  después,  al  galope,  hasta  la  cuarta, 
tornando  à  colocarse  en  la  primera,  procurando  siemprecada 
uno  tener  el  impetu  de  su  caballo,  â  fin  de  inspirar  con- 
fianza  â  su  adversario.  En  seguida  galoparon  cuatro  6  cinco 
veces  desde  la  primera  à  la  segunda,  tercera  y  cuarta  lînea, 
sucesivamente  ;  y  cuando  los  que  pisaban  juntos  la  ùltima  raya 
gritan  j  ahora!,  respondieron  los  ginetes  i  ahora  !  y  se  lanzaron 
â  toda  brida,  seguidos  de  los  jueces  y  de  la  multitud  que  se  reple- 
gaba  tras  ellos  à  medida  que  pasaban  delante  de  ella,  devorando 
el  espacio.  » 

Vascos  (Fonda  de).  Sitio  de  réunion  donde  se  arma  mucho 
ruido  y  jarana. 

Velay.  Interjecciôn  muy  usada  de  Tucumân  para  arriba,  pero 
que  se  diferencia  del  \  velay!  de  Valladolid.  El  velay  de  Castilla 
équivale  â  ahi  verâ  usted  ;  mientras  que  la  acepciôn  americana  es 
idéntica  al  voilà  francés,  es  decir  hé  aqui.  —  V.  gr.  «  Tràeme  el 
sombrero.  »  —  Velay ^  sehoTy  dice  el  mucamo  6  servicial  al  pre- 
sentar  la  prenda.  —  «  Préstame  un  peso.  »  —  Felay^  dira  el 
interpelado  bien  se  lo  dé,  bien  le  ensene  el  portamonedas  vacio. 

Velorio.  Velatorio.  Guardia  que  se  hace  de  noche  â  los 
difuntos,  para  la  que  convida  la  familia  â  toda  la  vecindad.  Tam- 
bien  la  que  se  hace  â  las  imâgenes  sagradas  en  casa,  la  vispera  de 
su  fiesta.  Los  velorios  de  la  carapaiia  son  singularmente  tipicos, 
en  especial  los  que  se  celebran  por  un  nino  muerto,  en  cual  case 
se  baila,  se  bebe  y  ainda  mais  â  favordela  noche  y  en  la  playadel 
rancho.  Pulpero  hay  en  Buenos  Aires  que  alquila  el  cadâver  de 
un  infante  para  poder  el   beberaje  de  la  noche  y  explotar  d  la 


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PROVINCIAUSMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  547 

gauchada  que  allî  se  reune.  —  Quimera.  a  Ver  velorios  »,  ver 
visiones.  —  i  Velorios  â  mî  ?  —  ^  Â  mî  con  esas  ? 

Venado.  Véase  guanaco. 

Venenos.  Muchos  y  muy  variados  son  los  que  se  confeccio- 
nan  con  plantas  y  résinas  americanas,  y  cuyo  secreto  guardan 
los  indios,  hasta  el  punto  que  los  neôfitos  de  las  Misiones  se 
resisten  a  divulgar.  Por  esto  es  dificil  dar  el  nombre  botânico  de 
los  végétales  que  producen  alguno  de  los  tôsigos  que  voy  â  con- 
signar.  Sabido  es  como  se  prépara  el  curare.  El  curare  se  emplea 
solo  para  la  caza  ;  pero  hay  otros  venenos  que  matan  al  hombre  ; 
uno  de  ellos  preparado  con  un  salitre  que  blanquea  la  tierra  â 
la  sombra  de  unârbol  especial,  especie  de  manzanillo,  cuya  som- 
bra tiene  fama  de  ser  deletérea  y  lo  es,  pues  ni  yerba  crece  â  sus 
pies.  Raspando  este  salitre,  se  le  hace  hervir;  filtran  luego  la 
disoluciôn  y  recogen  los  cristales  después  de  evaporada  el  agua. 
Cuando  un  indio  quiere  deshacerse  de  su  enemigo,  se  pone  entre 
la  carne  y  la  una  del  pulgar  de  la  mano  derecha  un  poco  de 
polvo  de  esta  sal  ;  convida  â  otros  primero  con  el  marlpi  à  cala- 
baza  Uena  de  chicha  i  fin  de  no  infiindir  sospecha,  y  cuando 
llega  el  tumo  de  servir  â  la  victima,  mete  disimuladamente  el 
pulgar  en  el  licor  y  lo  envenenade  modo  que  el  que  bebe  debecaer 
de  muerte  casi  fulminante.  En  la  guerra  arrojan  con  una  honda 
una  bola  de  greda  con  espinas  untadas  de  este  veneno,  que  al 
inocularse  en  la  sangre  produce  anâlogos  efectos  que  en  el  apa- 
rato  digestivo.  Otros  venenos  producen  una  disenteria  pertinaz, 
vahidos,  somnolencia,  aniquilamiento,  etc.  ;todo  el  repertorio,  en 
fin,  de  Locusta.  Véase  Bejucos. 

Venia  (La).  El  saludo  militar. 

Venta.  Especie  caballar.  —  Los  animales  caballares  se  vendent/ 
corte  y  d  elegir. 

Para  que  una  venta  al  corte  se  efectùe  de  un  modo  justo  y 
equitativo,  es  menester  que  el  corte  reparta  proporcionalmente 
en  los  dos  lotes  los  animales  buenos  y  los  animales  inferiores, 
y  para  conseguirlo,  es  menester  moverlos  para  mezclarlos  bien 


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548  CIRO    BAYO 


antes  de  efectuar  el  corte.  Pero  ese  procéder  no  puede  emplearse 
sino  cuando  los  potrillos  son  grandes  ya  y  de  edad  de  destetarse. 
Habiendo  potrillos  chicos,  es  preciso  parar  rodeo  à  la  yeguada 
y  efectuar  el  corte  cuando  los  animales  estân  tranquilos,  para 
evitar  de  separar  potrillos  de  sus  madrés.  Asi  mismo,  una  vez 
operado  el  corte,  es  menester  tener  los  dos  lotes  durante  algùn 
tiempo  â  corta  distancia  uno  de  otro,  para  que  los  potrillos  vuel- 
van  â  junurse  con  sus  madrés,  si  algunos  se  han  apartado  de 
ellas. 

Las  yeguas  se  compran  a  elegir  para  la  cria  ô  para  los  salade- 
ros.  Para  los  saladeros,  donde  se  utilizan  las  yeguas  gordas,  se 
distinguen  dos  grados  de  gordura  :  de  coyote  y  de  medio  cogote. 

Hacienda  vactina,  —  Los  animales  vacunos,  lo  mismo  que  los 
caballares,  se  venden  al  corte  6  â  elegir. 

En  las  ventas  al  corte,  la  costumbre  mas  gênerai  es  que  los 
terneros  vayan  por  muertos  6  que  vayan  dos  por  uno,  desde  el 
mes  de  Agosto,  época  en  que  empieza  la  pariciôn,  hasta  el  pri- 
mero  de  Enero,  y  de  Enero  en  adelante,  se  da  por  lograda  la 
pariciôn  y  se  hace  entrar  en  la  cuenta  todo  lo  que  camina. 

Las  diferentes  clases  de  animales  que  componen  una  hacienda 
al  corte  :  toros,  novillos,  vacas,  toritos,  vaquillonas  y  terneros  no 
se  encuentran  siempre  en  la  misma  proporciôn.  Se  considéra 
excelente  compra,  cuando  la  hacienda  contiene  el  20  %  de  novi- 
llos, buena  compra  cuando  contiene  el  15  %  y  mediana  compra 
cuando  contiene  el  12  ^'/o.  Si  los  novillos  no  alcanzan  al  12  %  la 
compra  es  mala.  En  una  hacienda  al  cône,  a  mas  de  la  propor- 
ciôn de  novillos  que  hemosindicado,  se  calcula  el  6  %  de  toros 
y  del  25  al  35  7o  de  vacas  de  vientre;  el  resto  se  compone  de 
toritos,  vaquillonas  y  terneros. 

En  cuanto  al  modo  de  cortar  el  ganado  vacuno,  debe  obser- 
varse  las  disposiciones  que  hemos  indicado  al  hablar  de  la  especie 
caballar. 

Si  se  trata  de  compra  â  elegir  para  cria,  los  animales  deben 
llenar  las  condiciones  que  hemos  indicado  al  hablar  de  los  repro- 
ductores. 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  549 

Hacienda  lanar.  —  Los  animales  lanares  se  venden  al  carie  6  à 
sacar  de  la  pata. 

Si  el  corte  se  hace  en  el  campo,  después  de  mover  la  majada 
para  que  todas  las  clases  de  animales  se  mezclen  bien  el  que  debe 
hacer  el  corte  entra  al  trotecito,  indicando  a  los  que  lo  siguen  y 
que  entran  uno  tras  de  otro  en  el  corte  hecho,  cual  es  la  punta 
que  va  d  llevar.  Una  vez  cortada  la  majada,  se  tiene  algiin  tiempo 
los  dos  lotes  a  alguna  distancia  uno  de  otro,  para  que  si  algunos 
corderos  se  han  apartado  de  sus  madrés,  vuelvan  â  j  un  tarse  con 
ellas.  En  seguida  se  Ueva  la  punta  comprada  al  corral  para 
contar  las  ovejas  y  marcarlas  con  pintura,  alquitrân  6  tiza, 
para  poder  reconocerlas  si  sobreviene  alguna  mestura  en  el 
camino. 

Las  ventas  al  sacar  de  la  pata,  se  hacen  del  modo  siguiente  : 
el  comprador  mira  las  ovejas  en  el  chiquero,  y  cuando  ve  alguna 
que  le  gusta,  la  agarra  de  la  pata  y  se  pasa  al  traschiquero. 
La  compra  al  sacar  de  la  pata  no  da  derecho  al  comprador  de 
voltear  las  ovejas,  como  lo  creen  equivocadamente  algunas  per- 
sonas,  si  no  se  ha  incluido  esa  condiciôn  en  el  contrato.  Cuando 
se  venden  ovejas  al  sacar  de  la  pata,  toda  oveja  que  agarra 
el  comprador  es  suya  y  debe  apartarse  pasândola  al  traschi- 
quero. 

VENTANiLLAs(Las).  Las  horas  de  la  salida  y  de  la  puesta  del  sol, 
que  efectiva  y  respectivamente  son  las  ventanas  del  dîa  y  de  la 
noche. 

Verdugôn.  Arruga  que  hace  el  calzado  en  el  pie.  —  Roturade 
la  ropa. 

VergOenza  (La).  Arcaismo  muy  comùn  en  America,  para  signi- 
ficar  el  liston  6  larguero  de  pucrtas  y  ventanas. 

Verônica.  Matôn  negro  que  como  el  manto  de  las  «  tapadas  » 
llevan  con  mucha  gracia  las  seiioras  chilenas,  peruanas  y  boli- 
vianas  (véase  Tipov).  Usanlo  encuadrando  con  él  la  cara,  d 
modo  de  mantilla,  liandolo  al  cuello  y  cubricndo  en  ancho 
vuelo  todo  el  cucrpo.  Usanlo  para  asistcncias  rcligiosas  y  para 
lutos. 


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550  CIRO    BAYO 


Verraco.  Roedor  parecido  â  la  vizcacha  que  se  halla  en  las 
provincias  del  Norte  de  la  Argentina. 

Versus.  Termine  juridico  équivalente  â  «  contra».  Pônese 
entre  el  nombre  de  ambas  gentes  litigantes.  Asî  :  «  Pérez  versus 
Perecito.  » 

Vespasiana.  Llaman  asi  en  Buenos  Aires  la  columna  min- 
gitoria,  como  en  ciertas  localidades   europeas. 

ViCTiMAR.  Matar;  asesinar  :  es  neologismo  en  esta  ùltima 
significaciôn.  Los  diarios  acostumbran  referir  asî  un  crimen  : 
Ayer  fué  victiniado  en  la  calle  X,  fulano  por  mengano.  El  victi- 
mario  se  diô  â  la  fuga  sin  que  el  gallo  policial  de  la  esquina  se 
enterara  del  hecho  hasta  que  el  pùblico,  etc. 
•  VicuNA  (Àncheunia  vicunnia.  —  Camelus  vicunna.  L.).  Perte- 
nece  como  la  llama  y  la  alpaca  al  género  de  los  camélidos.  A  la 
variedad  doméstica  de  la  vacuna  llama  alpaca  en  Bolivia  ;  y  la 
lana  de  una  y  otra  especie  sirve  para  la  fabricaciôn  de  los  pon- 
chos mis  finos.  En  la  Repûblica  Argentina  la  caza  de  estos  ani- 
males es  insignificante  en  comparaciôn  del  Perù  y  Bolivia.  Solo 
las  provincias  de  Jujuy  y  Catamarca  cuentan  con  algunos  gana- 
dos  de  Hamas  y  alpacas.  En  esta  ùltima  provincia,  lo  mismo  que 
en  la  cordillera  boliviana  y  peruana,  las  vicunas  se  hallan  todavia 
en  grandes  rebanos.  Para  la  caza  de  estos  animales  se  organizan 
chacos  6  caarias  de  mangUy  las  cuales  hasta  que  el  gobierno  las 
reglamentô,  eran  una  verdadera  hécatombe  de  ese  animal  pre- 
cioso,  que  poco  â  poco  desaparecerâ.  Véase  Chaco. 

ViCHAR.  Espiar;  atisbar. 

ViCHE.  La  octava  parte  de  la  fanega  boliviana. 

ViDALiTA.  Canciôn  de  los  paisanos  de  Santiago  del  Estero,  que 
corresponde  al  triste  6  guaiiio  de  Bolivia. 


Los  paisanos  en  Santiago 
cuando  reciben  visita, 
lo  primero  que  acostumbran 
es  cantar  la  vidait  ta, 


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PROVINCI  A  LISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  55  I 

cantan  los  portenos,  con  la  sorna  que  los  castellanos  : 

Los  gallegos  en  Galicîa 
cuando  van  en  procesiôn,  etc. 

ViNAL.  Arbusto  médicinal  para  los  ojos. 

ViNCHA.  Panuelo  que  cine  las  sienes  de  varias  maneras  :  ora 
a  guisa  de  birrete  de  enfermo,  ora  como  turbante,  ora  como 
«  cachirulo  »  aragonés,  y  esto  es  lo  mas  comùn,  pues  la  vincha 
dériva  del  panuelo  6  cinta  que  los  caciques  pampas  se  ponen  como 
emblema  de  sabidurîa.  El  gaucho  porteno  se  cine  la  vincha  en 
las  carreras,  en  las  boleadas  y  en  todo  ejercicio  ecuestre  en  que 
estorba  el  sombrero. 

ViNCHUCA.  Insecto  del  género  Ixodes.  Bicho  que  infesta  los 
lugares  sucios,  en  especial  los  tambos  y  las  chozas  de  los  indios 
de  la  Cordillera.  Habita  lo  mismo  en  los  lugares  frîos  que  en  los 
câlidos,  escogiendo  las  horas  de  la  noche  en  que  estân  dur- 
miendo  los  viajeros,  para  chuparles  la  sangre.  Parece  que  la  vin- 
chuca  es  bastante  inteligente  para  mantenerse  invisible  todo  el 
rato  que  la  luz  esta  encendida,  pues  asî  que  esta  se  apaga, 
aquélla  se  descuelga  del  techo  con  tanta  précision  que  viene  à 
caer  perpendicularmente  sobre  la  frente  6  la  nariz  del  durmiente. 
For  esto,  la  mejor  receta  para  librarse  de  las.  vinchucas,  es  arre- 
bujarse  bien  en  las  cobijas,  medio  muy  Uevadero  y  hasta  conve- 
niente  en  la  frigida  altiplanicie. 

VinerIa.  Tienda  6  despacho  de  vino. 

ViRA-viRA.  Véase  Bira. 

ViRACOCHA.  Senorito,  patron.  Dictado  familiar  que  se  da  i  los 
caballeros  en  los  departamentos  de  habla  quichua.  Firacochaevâ  el 
epîteto  del  Sol,  el  dios  que  adoraban  los  peruanos  ;  de  ahî  que 
tomando  â  los  espanoles  por  hijos  del  sol,  les  Uamaran  viracochas, 
—  «  Viracocha  »  6  Rey  Caballero  :  nombre  del  Inca  VIH. 

ViRLUCHO.  Casquete  cônico  con  borla  y  orejeras.  Gorro  de 
dormir. 

ViRUELA.  En  periôdicos  é  informes  médicos  veo  la  aficiôn  de 


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552  CIRO   BAYO 


muchos  americanos  a  escribir  virhtiela  con  lo  que  verdadera- 
mente  tocan  la  vihuela  de  la  gramâtica.  Conste  que  viruela  se 
escribe  sin  hache  y  conste  tarabién  que  el  remedio  contra  esta 
terrible  enfermedad,  la  vacuna,  descubierta  por  Jenner,  practi- 
cada  y  reconocida  en  1779  en  la  Gran  Bretana,  fué  aplicada  j>or 
Espana  en  America,  très  anos  después,  en  1802.  En  este  ano  el 
Gobierno  de  Madrid  despachô  de  Câdiz  varias  fragatas  a  los 
virreinatos  y  Capitanias  générales  con  facultatîvos  y  suficiente 
numéro  de  ninos  a  bordo  para  procurar  la  vacuna  de  nino  â 
nino  durante  el  viaje  y  extender  la  prâctica  al  continente  é  islas 
de  America.  Suceso  que  celebrô  dignamente  D.  Manuel  José 
Quintana  en  su  oda  A  la  Expediciôn  espahola  para  la  propaga- 
Cîôtt  de  la  vacuna  en  America  bajo  la  direcciôn  de  D,  Francisco  Bal- 
mis. 

Visita.  Langosta  saltona. 

ViUDA.  El  zirù  guarani,  de  color  verde  brillante.  Ave  solitaria 
y  de  canto  lastimero. 

ViUDFFA.  Avecilla  blanca  con  el  pico  negro.  —  Salir  le  â  uno 
la  viudiia  à  la  viuda  :  salir  chasqueado  ;  con  la  puerta  en  las 
narices. 

ViVAR.  Victorear  ;  dar  vivas.  Voz  mas  propia  que  ovacionar  y 
victorear. 

VizcACHA  {Lagostomus  trichodaciylus.  Azara).  Varias  especies. 
Conejo  de  la  Pampa,  cuis  6  conejillo  de  Indias.  Vi:^cacha  es  el 
nombre  quichua  de  la  mayor  especie  de  estos  roedores.  Es  de 
cola  peluda  como  la  de  la  zorra,  barriga  blanca  y  asentaderas  ca- 
llosas  sobre  las  cuales  se  sienta  graciosamente  en  la  entrada  de 
sus  cuevas  6  a  las  orillas  del  camino.  En  tiempo  de  los  incas,  los 
peruanos  hacian  con  la  piel  de  vizcacha  bellas  estofas,  y  en  Chile 
actualmente  se  emplea  para  la  fabricaciôn  de  sombreros.  Su  came 
despreciada  por  los  paisanos  de  Buenos  Aires,  se  corne  en  otros 
puntos  ;  y  en  todas  partes  se  persigue  el  bicho  por  su  voracidad 
y  trabajo  de  zapa.  En  el  campo  de  Buenos  Aires  se  ven  las  «  viz- 
cachicidas   »  ô  mâquinas  para  la  dcstrucciôn  de  vizcacbas  por 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  5)3 

medio  de  la  asfixia  que  produce  el  humo  del  azufre  que  hay  en 
una  hornilla.  Es  industria  lucrativa,  hasta  el  punto  de  haberse 
visto  pagar  dos  mil  pesos  nacionales  por  cuatro  léguas  que  se 
limpiaron  de  vizcachas.  En  los  Estados  Unidos  Ilaman  prairie  dogs  à 
ciertos  roedores  de  pradera  de  una  especie  andlc^a  a  las  vi:(cachaSy 
con  su  mismo  sistema  de  cavar  huecos  y  andar  a  saltitos.  En 
ambas  Américas,  estos  roedores  tienen  por  centinela  un  buho 
particular  (noctua  vulgàris.  D'Orb.)  que  se  halla  siempre  a  la 
entrada  de  las  vizcacheras  y  disputa  el  domicilio  d  los  mismos 
roedores.  Véase  Lechuza. 

ViZNAGA,  que  asî  se  escribe  sin  duda  para  diferenciarla  de  la 
Biznaga  castellana.  —  Lo  que  sirve,  papel  6  pano,  para  limpiarse 
la  cara  de  atrâs.  «  Servir  para  viznagas  »  :  servir  para  limpiarse 
la  idem  de  idem.  Véase  Palfix). 

VolantIn.  Otro  nombre  de  la  pandorga  6  cometa. 

Volantusa.  Mujer  ambulante  y  amiga  de  hacer  favores. 

VolcAn.  Llaman  asî  en  ciertas  provincias  andinasâ  esos  torren- 
tes  de  verano  que  en  las  quebradas  suelen  llevarse  todo  por 
delante.  Son  aludes  de  agua,  barro,  ârboles  y  cantos  rodados  de 
todo  calibre.  El  bramido  de  su  marcha  desoladora  se  oye  à  la 
distancia  de  algunas  léguas,  debiendo  el  viajero  encaramarse  à 
un  cerro  hasta  que  Uegue  y  pase  la  avenida. 

VoLEAR.  Véase  Bolear. 

VoRACEAR.  Publicar;  vocear. 

Vos.  En  America,  como  en  Inglaterra,  no  se  usa  a  secas  el 
pronombre  tû  sino  que  se  reemplaza  por  vos  que  es  mds  afectivQ. 
El  patron  al  criado,  el  padre  al  hijo,  el  maestro  a  su  discîpulo, 
les  llaman  de  vês  al  estilo  de  los  antiguos  castellanos  y  como 
hacen  hablar  los  novelistas  românticos  a  sus  personajes.  El  vos 
segun  Gaspar  Teseja  (en  sus  Cartûs  mensajeras\  a  mediados  del 
siglo  XVI  era  tratamiento  inferior,  al  que  seguia  el  impersonal  y 
Xuego  vuestra  merced.  En  Santa  Cruz,  ciudad  de  blancos,  todos 
los  de  esta  raza  se  voseaban  entre  si,  con  exclusion  de  quien 
quicra  que  fucse  indio,  6  cholo,  ô  colla.  Tratâbansc  de  tû  los 


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5S4  CÏRO   BAYO 


iguales  ;  el  inferior  hablando  con  el  superior  usaba  de  la  segunda 
del  plural.  Â  los  collas  mas  décentes  se  les  trataba  con  el  rigido 
y  etiquetero  «  usted  »  (René  Moreno).  Este  uso  del  vos  criollo 
esta  afeado  por  la  costumbre  de  construirlo  con  el  singular  de 
los  verbos  ;  asî  :  dame  vos;  i  tenés  vos  ?;  escuchâ  vos,  Lo  cual 
es  un  solecismo,  y  segûn  Bello,  una  comipciôn  insoponable. 
«  Enhorabuena,  —  anade  Seijas,  —  que  uséis  el  tratamiento 
de  vos  por  /fi,  asî  daréis  â  vuestro  lenguaje  un  sabor  novelesco 
algo  chocante  por  lo  vulgar  ;  pero  pide  la  gramâtica  que  digâis  : 
vos  tenéis,  gozâis,  pensais  ;  venid,  sacad,  callad,  etc.,  y  no  tenés, 
gozâs,  pensas,  venî,  sacâ  y  callâ.  Pero  si  os  han  de  tener  por 
redicho  signe  no  màs  ttl  que  me  oyes  hablando  con  vos.  Yo  daria 
algo  por  no  escuchar  este  vulgar  é  insoportable  vos.  »  Esta  cen- 
sura de  Seijas  me  parece  exagerada  ;  porque  si  bien  es  verdad 
que  gramaticalmente  este  vos  es  una  disparatada,  otra  cosa  es 
oido  en  la  intimidad  del  hogar  ô  con  el  acento  que  le  da  el 
afecto  ô  la  pasiôn;  resultando  un  tratamiento,  si  incorrecto, 
muy  afectivo,  sin  la  aspereza  del  /«,  ni  la  rigidez  del  usted. 


Yacami  6  corcovado.  Singular  gallinâcea  muy  abundante  en 
los  bosques  del  Béni,  Madré  de  Dios,  Acre  y  Punis.  Especie  de 
Pénélope  à  yacù  (véase  MutiJn).  Es  como  una  pavita,  de  cabeza 
negra,  cuello  violâceo  y  cuerpo  de  hermoso  plumaje  negro  ater- 
ciopelado,  con  plumas  encerradas  en  la  rabadilla,  y  blancas  en  el 
pecho.  Llâmasela  también  «  corcovado  »,  porque  tiene  el  cuello 
enarcado  lo  que  le  hace  parecer  que  anda  coq  la  cabeza  baja, 
sobre  todo  cuando  se  acerca  una  persona  que  ella  conozca,  alre- 
dedor  de  la  cual  da  vueltas,  abriendo  las  alas  y  cacareando  en 
voz  baja  ;  por  lo  que  los  naturales  dicen  que  saluda  y  hâce  zale- 
mas.  Su  grito  reducido  â  algunos  golpes  secos  que  concluyen 
con  eco  apagado,  le  dan  fama  de  ventrilocua,  facultad  que  hace 
resaltar  cuando  oye  cantos  ô  alboroto   en  la  casa,  ruidos  que 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  555 

parece  animan  el  ave.  S^  domestica  fâcilmente  ;  sôlo  que  vive 
en  perpétua  discordia  con  las  aves  de  corral  :  con  las  gallinas 
porque  les  quita  los  polluelos  para  cuidarlo  él,  y  con  los  gallos 
porque  los  pelea  â  cada  rato.  Atrévese  también  con  los  perros 
entre  loscuales  se  interpone  valientemente  cuando  rinen  dos  de 
ellos. 

Yacaré.  Nombre  guarani  del  caïman .  Caimân  es  d  su  vez  voz 
del  dialecto  galibi  del  Brasil  ;  caiy  moverse  ;  mariy  no  ;  es  decir 
que  no  se  mueve.  Los  caimanes  americanos  se  subdividen  en  dos 
especies  :  el  Lacer  ta  iguatta  (L.),  largo  de  dos  varas,  inofensivo 
y  de  cola  comestible  ;  y  el  verdadero  caimân  que  es  el  Lacerta 
alligator  y  de  color  oscuro  y  tamaiîo  variable,  de  cuatro  i  seis 
varas.  Como  observa  d'Orbigny,  el  tamano  de  los  caimanes  esta 
en  proporciôn  con  los  nos  que  habitan.  Sus  fauces  estân  ador- 
nadas  con  una  doble  hilera  de  sesenta  dientes  arriba  y  otrostan- 
tos  abajo.  Junto  à  la  encia  inferior  y  al  ano  tienen  dos  boisas 
con  almizcle.  Este  almizcle  en  el  animal  vivo  es  pastoso  como 
la  miel,  pero  al  contacto  del  aire  se  solidifica  en  pedazos  de 
color  oscuro,  de  amargo  sabor.  Los  dientes  del  caimân  los  tie- 
nen los  indios  como  amuletos  contra  el  veneno  de  las  serpientes 
y  para  expeler    las  secundinas  del  parto. 

Yacôn  ô  haricona.  Tubérculo  sacarino. 

Yaguané.  Voz  auca  :  el  piojo.  —  Animal  de  pelo  oscuro  y 
lomo  y  barriga  blancos. 

Yaguarete  ô  jaguar.  Véase  Jaguar.  Voz  guarani  ;  de  guara  : 
corredor. 

Yajo.  Peto  manso  cuya  colmena  como  herrada  volcada  pone 
en  los  arbustos  y  pajonales  altos. 

Yanacona.  Del  quichua  yana^  criado  ;  6  yankarunaSy  gente 
de  balde,  como  actualmente  se  Uama  â  los  arrimantes  6  colonos 
de  la  indiada  sujeta  â  la  tasa  6  contribuciôn  indigenal.  En 
tiempo  de  la  dominaciôn  inca,  los  yanaconas  componîan  la  clase 
inferior  del  pueblo,  especie  de  parias  ôilotas.  —  Yanacona.  Sacer- 
dote  al  par  que  curandero  y  brujo  de  los  indios  araonas. 


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5S6  CIRO    BAYO 


Yapa.  Napa  en  Colombia.  Palabra  que  ademâs  de  signi6car 
adehala  ô  agasajo  sobre  la  venta,  se  extiende  â  otras  acepciones 
siempre  en  sentido  aumentativo.  Asî  :  un  chico  va  âcomprar  algo 
a  la  tienda  y  el  mercader  para  tenerlo  por  parroquiano  le  da  un 
juguete  6  un  dulce  de  yapa  ;  una  taza  de  café  entre  amigos  es 
agradable  de  tomar,  pero  mejor  si  de  yapa  hay  una  buena  breva  ; 
à  Fulano  le  robaron  el  reloj  y  de  yapa  el  ladrôn  le  diô  una 
paliza  etc.,  etc.  También  se  verbaliza,  y  asi  :  Yàpeme  V,  el  peso 
por  descuénteme  la  pesada  del  pilon  ;  y  yâpetne  V,  de  este  dulce 
6  yàpeme  el  plato;  por  déme  V.  mas  6  auménteme  el  plato.  Yapa 
es  voz  quichua  derivada  indudablemente  de  llapar,  voz  minera  : 
anadir  mercurio  al  horno  donde  se  hace  la  amalgama  de  plata, 
y  es  americanismo  que  debiera  aceptarse  en  la  Penînsula. 

Yaravi.  Canciôn  popular.  Véase  Guaino. 

Yaravisca.  Véase  Lantana. 

Yarkta.  Végétal  combustible  de  la  région  de  la  Puna,  que 
ramonean  las  Hamas  y  cabras. 

Yavarè.  Palo  de  dos  métros  de  alto  con  una  piel  de  tigre  6 
plumas  de  avestruz  en  la  punta  de  arriba,  que  sirve  de  guia  y 
compas  para  los  bailes  de  carnaval  en  Chiquitos,  asi  como  para 
convidar  al  huitorô  à  juego  de  pelota. 

Yerba.  Por  antonomasia  la  Yerba  mate,  paraguaya  6  té  de  los 
jesuitas  (^Ylex paraguanensiSy  Lambert;  Ylex  mate^  Saint-Hilaire  ; 
Ylex  gorgoruiy  Spix  y  Martin).  El  ârbol  de  la  yerba  tiene  por  lo 
comiin  la  altura  de  un  naranjo,  al  que  se  parece  por  la  forma  de 
las  hojas  y  por  otras  particularidades.  Sus  flores  son  blancas,  de 
cuatro  pétalos,  dispuestas  en  pequenas  capsulas  en  el  eje  de  las 
hojas.  A  veces  es  tan  corpulento  el  tronco  que  se  necesitan  dos 
hombres  para  abrazarlo.  Se  cria  con  preferencia  en  los  lugares 
altos,  frîos  y  hùmedos,  costeando  los  nos  del  Paraguay,  Misiones 
y  algunas  provincias  del  Brasil.  Villa  S.  Pedro  del  Paraguay  es 
para  cl  ârbol  de  la  yerba  lo  que  Usrî  para  el  té,  y  Moka  para  el 
café.  Aunque  el  ârbol  de  la  yerba  crece  espontâneamente  en  los 
montes,  se  plantan  yerbales  artificiales  en  razôn  de  la  demanda  y 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  557 

buen  precio  del  articulo.  El  procedimienio  mas  aceptado,  a  lo 
menos  en  el  Brasil,  es  colocar  en  un  recipiente  un  poco  de  agua 
con  potasa  hasta  que  esta  sufîcientemente  densa  para  que  pueda 
flotar  un  huevo.  Échanse  entonces  en  este  baiio  las  semillas  de 
yerba  por  veinticuatro  horas,  pasadas  las  cuales,  se  procède  à 
plantar  los  granos  en  lîneas,  a  très  métros  de  distancia  en  todo 
seniido.  La  yerba  crece  bastante  aprisa  y  un  agricultor  que  planta 
mil  plantas  tendra  à  los  cuatro  ô  cinco  anos  por  cada  una,  de  dos 
a  très  arrobas,  es  decir,  veinte  â  treinta  kilos  ;  de  manera,  que  si 
el  dueno  de  la  plantaciôn  continua  ensanchando  su  yerbal  con 
mil  plantas  annales,  en  pocos  anos  tendra  una  renta  que  muy 
pocos  productos  podrân  igualar,  vendiéndose  como  se  vende  con 
dos  pesos  de  ganancia  por  cada  kilo.  Para  plantar  la  yerba  segùn 
este  sistema,  es  preferible  en  chacos  6  rozados  en  el  interior  del 
monte,  y  resguardada  de  los  vientos  por  los  altos  ârboles  que 
rodean  el  cerco.  Las  hojas  son  que  se  utilizan  para  el  comercio, 
las  cuales  no  estân  perfectamenre  sazonadas  hasta  después  de  très 
anos  y  à  fines  de  invierno,  época  en  que  dicen  los  paraguayos  que 
el  mate  esta  gordo.  Entonces  pasan  por  unos  hornos,  se  las  muele, 
se  las  pulveriza  y  embalan  en  tercios  ô  tambores  para  la  exporta- 
cion.  La  yerba  mate  es  rica  en  âcido  lànico,  y  en  cafeîna  que  en 
ciertns  especies  es  abundante.  En  el  comercio  se  conoccn  varias 
clases  de  yerba  :  pa^'a^^uaya^  argentinùy  misionera  y  paranagtià.  Lo 
singular  es  que  la  yerba  mateera  considerada  como  un  producto 
venenoso  hasta  que  los  jesuitas  de  las  misiones  guaranies  la 
dieron  al  comercio  y  lo  pusieron  de  moda  en  los  paises  del 
Plaïa.  Segùn  hacian  decir  d  los  indios,  la  yerba  mate  era  un 
regalo  de  Santo  Tomâs  que  al  venir  al  Paraguay  hizo  de  un  ârbol 
anies  peligroso,  una  planta  saludable  y  de  regalo. 

El  mate^  como  sencillamente  se  dice  â  la  infusion  de  la  yerba, 
es  la  dasica  bebida  del  Plata  con  la  que  se  obsequia  a  las  visitas, 
en  ranchos  y  poblados.  I^  operaciôn  de  preparar  el  mate  se 
Ilama  :  cebar  mate,  i  Porqué  se  dice  ccbar,  en  vez  de  servir 
mate  ?  l  Porqué  esta  diferencia  al  designar  funciones  al   parecer 


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5S8  CIRO    BAYO 


anâlogas  ?  Por  la  razôn  de  que  no  son  seniejantes.  El  cebar  mate 
bien,  es  tan  drBdl,  que  en  algunas  familias  antiguas  solo  lo  hacian 
sirvientas  especiales,  Damadas  «  cebadoras  de  mate  ».  La  palabra 
cebar  expresa  ademâs  la  idea  de  mantener,  alimentar,  sustentât 
algo  en  estado  flbreciente.  Se  quiere  indicar  en  la  frase  «  cebar 
mate  »  no  el  acto  de  llenar  el  pote  à  calabacita  con  agua  caliente 
sino  mantener  este  mate  en  condiciones  siempre  apetitosas.  «  Es 
una  funciôn  tan  sagrada  como  la  de  las  mismas  vestales,  para 
algunos  materos  intransigentes  »  (Arata).  La  cebadura  se  opéra 
del  modo  sîguiente.  Échase  con  una  cucharilla  yerba  en  el  mate 
hasta  la  mitad  ô  un  poco  mds,  poniendo  desde  luego  la  bombilla  ; 
luego  se  vierte  una  ô  dos  cucharadas  de  agua  fria  que  se  aspi- 
ran  y  se  escupen,  a  fin  de  limpiar  la  yerba  de  las  impurezas 
tomadas  al  contacto  del  aire.  Ya  en  este  estado  se  le  va  echando 
â  pulso,  d  chorro  de  tétera,  agua  hirviendo,  cuidando  de  remo- 
ver  la  bombilla  para  que  aparezca  en  la  superficie  el  color  ama- 
rillento  de  la  infusion,  signo  indeleble  de  que  la  yerba  es  buena 
y  esta  â  punto  de  tomarse.  Algunos  materos  acostumbran  tomar 
desde  la  segunda  echadura  dejando  la  primera  al  que  la  cebà,  à 
la  manera  que  al  descorchar  una  botella  se  vierte  un  poco  de 
vino  en  copa  propia,  obsequiando  en  s^uida  â  los  demâs.  Tal 
es  el  mate  cimàrrôn  ô  amargo,  que  se  convierte  en  dulce  sin  mâs 
que  aiiadir  â  cada  toma  una  cucharadita  de  azûcar.  Cuando  la 
infusion  esta  muy  aguada,  hay  que  yaparla. 

Para  tomar  el  mate  se  chupa  de  la  bombilla  sujetando  el  mate 
con  la  mano  derecha,  y  uno  se  acostumbra  de  tal  manera  que 
por  caliente  y  quemante  que  esté  la  cànula,  se  chupa  sin  lasti 
marse  la  boca.  El  mate  se  sirve  en  una  réunion  por  toques  6  tur- 
nos  y  es  inconveniencia  endosarlo  â  otra  persona  cuando  se  tiene 
en  la  mano  ;  eso  del  cuidado  del  cebador  ô  cebadora  que  lo  sirve 
(véase  ToauE).  Lo  que  mâs  extrana  â  los  que  no  estân  iniciados 
en  las  costumbres  del  Plata,  es  la  promiscuidad  en  el  uso  de  la 
bombilla,  es  decir  que  una  sirve  pira  todos;  pero  ello  es  una 
aprensiôn  que  desiiparece  pronto,  mayormente  cuando  los  pri- 


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PROVINCIALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANOS  559 

meros  mates  se  toman  después  de  servirse  una  mujer  de  frescos 
labios.  Por  lo  demas,  la  yerba  es  para  los  gauchos  lo  que  la  coca 
para  los  indios  collas  ;  con  ella  aplacan  el  hatnbre  y  mitigan  la 
sed^  cualidades  que  unidas  a  su  tâcil  manejo  han  contribuido  à 
hacerla  bebida  nacional.  El  mate  cocido  que  se  da  à  los  niiios  y 
personas  enfermas  es  lo  que  en  el  Paraguay  llaman  ierere.  Véase 
Ref reines  y  Modismos. 

Yerbal.  Plantaciôn  espontânea  6  cultivada  de  la  yerba  mate. 

Yerbatero.  El  que  se  dedica  à  la  explotaciôn  de  la  yerba  mate. 
Como  esta  crece  espontâneamente,  las  mas  de  las  veces  el  yerba- 
tero, mâs  que  agricultor,  es  un  verdadero  explorador  de  los 
montes.  Lo  mismo  que  el  gomero  es  un  buscador  de  tesoros  végé- 
tales ;  un  pionnier  que  solo  6  aliândose  con  los  indios  de  la  région, 
se  interna  en  los  bosques  para  dar  con  un  yerbal,  que  segiin  los 
casos,  vale  lo  que  el  filon  de  una  mina.  El  hallazgo  y  denuncia 
de  yerbales  es  una  pingûe  entrada  para  el  fisco  del  Paraguay  y  de 
la  Argentina. 

YiSTA.  Véase  Llucta. 

Yocalla.  Voz  quichua  :  muchacho,  y  por  extension  a  los 
golfos  callejeros  de  Bolivia.  Es  notable  el  «  puente  de  Yocalla  » 
sobre  el  Pilcomayo,  en  el  camino  de  Potosi  à  Sucre  6  Chuqui- 
saca,  obra  de  un  solo  tranco,  y  tan  dificil  que  la  tradiciôn,  aqui 
como  en  todas  partes,  la  atribuye  al  diablo. 

YoMOMO.  Especie  de  tremedal.  Lugar  blando  en  terreno  firme 
en  el  que  inopinadamente  se  hunden  las  caballerias.  Llâmasele 
también  puchiche  por  la  analogîa  que  présenta  ese  accidente  con  la 
blandura  del  furùnculo  6  divieso  en  la  epidermis,  llamado  puchi- 
che por  los  cruceiîos. 

YoPEROjOBOBO.  Del  género  Elepo.  Vibora  larga  y  estrecha,  de 
escamas  amoratadas  sobre  fondo  castano.  Es  muy  venenosa,  y 
abunda  en  el  Oriente. 

Yuca  ÇYatrapa  manihot,  L.  ;  Maniât  utilissima,  Phol.).  Eufor- 
biâceas.  La  hay  de  varias  clases,  pero  la  dasificaciôn  mas  acepiada 
y  corriente  en  el  pais,  es  en  dulce  y  brava  6  atnarga.  La  yuca 


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560  CIRO   BAYO 


dulce  se  corne  asada  6  cocida  en  tubérculo  y  figura  asada  al  lado 
de  los  plâtanos  asados  en  el  mantel  de  la  mesa,  sirviendo  de  jacû 
(véase  Jacù).  Con  ella  se  hacen  varios  guisos  como  las  patatas  en 
los  climas  templados  y  frîos.  La  raîz  de  la  yuca  comestible,  y 
mejor  aiin  de  la  amarga  à  venenosa  (asî  llamada  porque  contiene 
dcido  prùsico),  sirve  para  extraer  la  farina  6  mandioca,  que  tam- 
bién  se  divide  en  dulce  y  amarga.  Esta  ùltima  se  hace  rallando 
la  yuca  ;  después  de  pelada  y  lavada  y  poniéndola  â  fermentât, 
desapareciendo  con  la  cocciôn  los  principios  deletéreos  del  jugo 
venenosoy  constituye  el  principal  alimento  de  las  poblaciones 
rurales  del  Brasil  y  otros  puntos  limitrofes,  como  el  Paraguay, 
Santa  Cruz,  el  Béni,  etc.  La  harina  dulce  se  obtiene  del  mismo 
modo,  pero  sin  fermentar.  La  yuca  es  un  arbusto  frondoso  cuyas 
hojas  se  parecen  â  las  de  la  higuera.  Los  bulbos  de  la  raîz  son 
los  que  se  arrancan  para  las  operaciones  antedichas,  y  guardân- 
dolos  en  lugar  hùmedo,  cuando  llega  la  hora  de  plantarlos,  se 
cortan  en  pedazos  de  medio  pie  y  se  entierran  en  agujeros  poco 
profundos,  naciendo  nuevos  gajos  de  cada  nudo.  Es  frecuente 
hallar  en  una  solâ  planta  cuarenta  yucas  largas  como  los  mayo- 
res  pepinos,  pero  no  conviene  arrancarlos  sin  necesidad,  pues 
fâcilmente  se  pudren,  mientras  que  en  la  sierra  crecen  mis  ymâs 
y  duran  dos  anos.  Los  indios  del  Oriente  y  en  gênerai  todos  los 
del  Amazonas,  llevan  harina  de  yuca  como  avîo  para  sus  viajes 
por  rio  y  por  tierra.  Cada  cual  va  provisto  de  una  talega  con  la 
provision,  y  para  comerla,  echan  un  puiiado  en  una  tututna 
llena  de  agua.  Âsi  que  la  harina  ha  empapado  bien,  la  comen 
sirviéndoles  al  mismo  tiempo  de  comida  y  refresco.  Para  hacer 
la  chicha  de  yuca  se  cuece  el  tubérculo,  se  muele  bien  en  batanes, 
se  muquea  la  pasta  y  luego  se  disuelve  en  agua  tibia,  dejando  que 
fermente  un  dia.  En  las  provincias  del  Para,  Maranôn  y  Ama- 
zonas del  Brasil,  hacen  el  tucupi  6  salsa  del  liquido  résultante 
del  exprimimiento  de  la  harina  de  yuca.  Los  cogol los  de  la  yuca, 
como  los  de  la  mayor  parte  de  las  plantas  trepadoras,  son  boni- 
simos  de  comer,  rociando  antes  en    agua  los  que  tengan  cierta 


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PROVINCI ALISMOS   ARGENTINOS   Y    BOLIVIANO  56 1 

acritud,  «  Yo  los  he  comido  asi,  escribe  Darwin,  y  me  han  pare- 
cido  casi  tan  buenos  como  los  espârragos.  » 

YucuMA.  Redecilla  a  manera  de  bozal  que  se  pone  a  los  burros 
tragineros  de  heno.  Corrupciôn  àt  jàquima, 

YuNGAS  (Las).  Vallès  profundos  al  pie  de  la  Cordillera  de  los 
Andes,  donde  la  temperatura  no  baja  de  21**  centigrados,  ni  sube 
de  45°.  En  las  yungas  de  los  Departamentos  de  Cochabamba  y 
La  Paz,  se  produce  cacao,  coca  y  toda  clase  de  frutos  tropicales, 
entre  ellos  el  café  de  las  yungas  de  la  Pâ:(^,  famoso  en  el  mundo 
entero.  Es  un  café  especial  del  que  solo  este  pais  tiene  el  mono- 
polio natural.  El  color  de  sus  granos  es  amarillento  y  éstos  son 
mucho  mayores  que  las  cerezas  del  café  ordinario.  Las  bayas  6 
cerezas  se  recogen  antes  de  su  compléta  madurez,  si  bien  en 
este  estado  tienen  el  aroma  que  cualquicr  otro  café  cosechado 
maduro,  y  se  secan  revolviéndolos  en  fondos  de  piedra.  Esta 
clase  de  café  se  produce  en  una  de  las  faldas  del  lUimani,  y  mu- 
chos  lo  prefieren  al  Moka,  solo  que  résulta  muy  raro,  menos  por 
lo  reducido  de  la  producciôn,  que  por  lo  dificil  y  costoso  del 
transporte,  condiciones  ambas  que  lo  hacen  raro  en  el  comercio. 
Como  curiosidad  debe  citarse  que  entre  el  café  de  Yungas,  el 
mejor  es  el  llamado  del  Pànteônde  Chulumàniy  6  sea  de  un  antiguo 
campo  santo  convertido  en  cafetal,  en  Chulumani,  capital  de  la 
Provincia  de  Yungas,  distante  28  léguas  de  La  Paz  y  i  2,11^ 
métros  sobre  el  nivel  del  mar.  Lo  pintoresco  de  esta  situaciôn 
topografica  de  las  Yungas  al  pie.  de  los  nevados  andinos,y  el  con- 
traste de  su  clima  tropical  con  el  que  pocas  léguas  mâs  arriba  se 
expérimenta  ,  y  sobre  todo  la  opulencia  de  sus  vegas  hizo  decir 
a  un  escritor  paceno,  Villamil,  que  en  una  de  las  yungas^  la  de 
SoratCy  estuvo  emplazado  el  Paraiso  terrenal  y  que  Adân  y  Eva 
hablaron  el  aimarâ.  El  dato  positivo  histôrico  que  he  recogido  es 
que  las  Yungas  era  el  destierro  que  los  incas  daban  a  los  serranos 
para  los  cuales  el  clima  abrasador  y  mal  sano  de  estos  valles  era  una 
muerte  lenta.  El  côdigo  pénal  incasico  castigaba,  ademàs,  con  el 
confinamiento  a  las  Yungas  al  que  provocando  â  otro  lo  mataba 
en  la  pendencia. 

Kfvue  hispanique,  xiv.  36 


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s 62  CIRO    BAYO 


YungueSjos.  Los  habitantes  de  Yungas,  y  muy  particularmente 
aquellos  indios  originarios  de  Ambani,  Curva  y  Chacasini 
(Provincia  de  Munecos),  celebrados  botânicos  del  imperio  de  los 
incas  y  que  hasta  hoy  ejercen  su  profesiôn  de  herbolarios  (véase 
Callahuayas).  Al  decir  de  Cortés,  emprendcn  viajes  sin  comu- 
nicarlo  a  nadie,  porque  suponen  que  el  sentimiento  de  la  partida, 
que  causan  a  los  demàs,  trae  desgracia.  El  poderoso  estimulo 
para  que  estos  indios  emprendan  viajes  de  cuatro  i  ocho  anos,  es 
el  presentarse  el  dia  de  Corpus  6  del  patrono  del  lugar  montados 
en  un  buen  mulo  enjaezado  con  chapas  de  plata,  y  echar  pie  i 
tierra  en  medio  de  la  plaza.  Desde  este  momento,  hasta  los  ninos 
se  estimulan  y  forman  propôsito  de  viaje. 

YusuMA  6  Canelôn.  Arbol  de  corteza  aromdtica  y  muy  bus- 
cada  por  los  indios  araonas  del  Béni  y  tacanas  de  Tumupasi, 
para  combatir  las  fiebres.  Su  madera  sirve  también  en  ebanisteria. 

YuTA.  Voz  quichua.  Ave  rabona  ô  sin  cola.  Hacer  là  yuta. 
Hacer  novillos.  Véase  Rocha. 

YuYO.  Voz  quichua.  Yerba.  Nombre  entendido  desde  la  Pata- 
gonia  al  Istmo.  —  Yuyo  vergon:(oso.  La  sensitiva. 


Zafacoca.  Riiia;  disputa;  matete. 

Zalles.  En  el  pico  Chorolque  (Provincia  Chichas,  del  Depar- 
tamento  de  Potosî,  en  Bolivia),  se  trabaja  una  mina  de  zinc  y 
bismuto  d  los  17.000  pies  ingleses  de  elevaciôn  sobre  el  nivel 
del  mar.  Es  la  mina  mas  alta  del  mundo  y  hasta  donde  puede 
llegar  el  minero;  y  es  también  el  punto  mis  alto  habitado  por 
el  hombre  segûn  lo  haceobservar  mi  distinguido  amigoelSenor 
Ernesto  O.  Rûck,  rectificando  la  noticia  de  que  el  lugar  mis 
alto  y  habitado  fuera  el  otro  del  Thibet,  d  16.000  pies,  donde 
esta  emplazado  un  monasterio  budista.  En  el  inaccesible  Cho- 
rolque cada  pedrôn  es  una  mole  de  piedra  como  una  casa  ;  y  d 
veces  sobrepuestos  estos  pedrones  ruedan  al  menor  desequilibrio 


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PROVINCIALISMOS    ARGENTINOS    Y    BOLIVIANOS  563 

hasta  los  planes,  produciendo  formidable  estruendo.  Estos  terre- 
nos  se  llaman  en  el  lugar  :(àlleSy  y  forman  vastas  extensiones  de 
cerros.  El  mincro  tiene  que  escalar  estos  zallesy  trepar  por  estos 
pedrones,  valiéndose  de  cables  y  guiadores  que  lo  sostienen  en 
su  subida,  en  medio  de  un  frfo  que  lo  entumece  y  de  un  viento 
que  lo  voltea  y  arrebata  si  no  se  sostiene  firme  en  su  ascension. 

Zamacueca.  Variedad  de  la  cueca  6  baile  nacional  en  Chile, 
Perù  y  Bolivia. 

Zambardo.  Chiripa,  casualidad.  «  Golpe  dura,  T^ambardo  seguro  » 
es  frase  favorita  entre  los  billaristas  chambones  ô  principiantes. 

Zambo.  Hijo  de  india  y  negro,  y  por  extension  d  todo  aquel 
que  tiene  el  cabello  crespo  y  rizado  del  zambo. 

Zamucos.  Indios  chiquitanos  alzados,  de  la  antigua  misiôn  de 
San  Ignacio. 

Zanco.  Voz  quichua.  Comida  espesa  sin  caldo,  ni  salsa.  — 
Especie  de  polenta  ô  borona  hecha  de  maiz  con  agua  hervida. 

ZANCUDO.Mosquito. 

Zapallo,  Voz  quichua.  Calabacin  y  calabazas  comestibles. 

Zapatilla  (La).  Juego  de  ninos.  La  «  columna  »  en  Madrid. 
Puestos  aquéllos  en  rueda,  se  van  pasando  un  chicote  que  el  que 
esta  en  el  centro  trata  de  coger.  En  estas  intentonas  va  reci- 
biendo  chicotazos  de  aquéllos  i  cuyas  manos  va  i  parar  el 
chicote,  mientras  los  congregados  corean  :  «  Zapatilhy  rueda, 
rueda.  » 

Zaramullo.  Disparate. 

Zarapico  y  zarapito.  Zancuda  de  color  gris  que  se  alimenta 
de  lombrices  de  charcas  y  lagunas. 

Zarazo.  Se  dice  de  los  céréales  que  estân  madurando  y  de 
las  maderas  ya  medio  secas.  Asî  :  trigo  iara:ip;  codro  :(ara:(o. 

Zarco.  Animal  de  ojos  azules,  ô  de  ojos  de  color  distinto  uno 
de  otro. 

Zarigueya.  Véase  Sariga. 

Zarzaparrill\  {Smylax  Salsaparilla.  L.).  Planta  de  tallo  sar- 
mentoso  y  nudoso  con  infinidad  de  zarcillas  delgadas  y  negras, 
que  son  las  médicinales.  Hay  muchas  variedades  de  zarzaparrilla. 


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564  CIRO    BAYO 


conocidas  en  el  Brasil  con  el  nombre  de  japecangas,  El  nombre 
genérico  de  :^ar:^a  se  le  da  porque  tiene  algunas  espinas  retorci- 
das  en  cada  articulaciôn,  en  las  que  suelen  nacer  las  hojas.  Parri- 
lia,  porque  en  la  parte  inferior  de  las  hojas  sobresalen  muy  mar- 
cados  unob  nervios  paralelos  y  convergentes,  cuyos  extremos 
superiores  terminan  en  el  nervio  central.  La  zarzaparrilla  se 
emplea  en  medicina,  como  auxiliar  del  mercurio. 

ZEauE.  Vino  6  chicha  que  ha  perdido  su  fuerza. 

ZocoTROLLO.  Cosa  grande.  Asi  :  «  /  Que  [ocotrollo  de  libro  esta 
escribiendo  no  Poncho  I  ;  /  Qui  xpcotrollo  de  pcrro  /  »  —  Se  dice  tam- 
bién  Tpcoiroco, 

ZoNDA.  Viento  cdlido  é  impetuoso  del  Norte,  en  las  travesias 
de  San  Juan  y  la  Rioja,  que  levanta  torbellinos  de  polvo  sali- 
troso  y  arenas  de  los  médanos.  Véase  Desierto. 

ZoNzo.  Palabra  castellana  poco  usada  en  la  Peninsula  y  hasta 
â  saciedad  en  America.  Sinônimo  de  tonto,  imbécil,  desaborido. 
Ejemplos  :  /  Que  ion:(p  !  dice  sonriendo  una  crioUa  al  galân  que 
la  requiebra.  —  «  No  sea  usted  :^on:^o  »,  grita  el  maestro  à  un  niiio 
torpe;  que  animal  tan  ion:^o  l 

ZoRONGO.  Peinado  en  forma  de  castana,  6  rodete  d  la  griega  con 
queantes  se  tenîa  recogida  la  cabellera.  —  Pelo  postizo  que  ana- 
den  las  mujeres  â  su  peinado. 

ZoRRiNO  {Mephitu  patagonicus),  «  Hediondo  argentino.  »  Ani- 
mal abundante  en  America  y  de  una  hediondez  que  se  transmite 
i  regular  distancia. 

ZoRZAL.  Pavode  la  boda;  «  primo  ». 

ZuMAauE.  Corteza  del  cebil  que  sirve  para  curtir  cueros. 

ZuMuauÈ  {Cocos  botryphord),  Palmera  muy  empinada  y  la  que 
mejor  sirve  para  techos  de  ranchos  y  casas  de  campo. 

ZuNiACÀ.  En  las  barracas  gomeras  del  Béni,  Madré  de  Dios  y 
Acre,  llaman  asi  al  maiz  cocido  con  almendra  6  mani  tostado. 
Es  el  mote  chiquitano. 

ZuRRARSE.  Pederse  sin  ruido,  pero  â  costa  del  olfato  ageno. 

ZuRUBi.  Véase  Surubi. 


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DOCTRINA  DE  LA  DISCRIÇION' 


PROLOGO 


Deseando  llegar  al  verdadero  estado  e  conosçimiento,  dando 
grof/as  al  soberano  bien  ;  consyderando  los  trabajos  e  defectos 
que  se  Recresçen  por  los  viçios  e  deseos  abastados  de  muchas 
menguas  en  los  enganos  que  son  en  la  biuienda  desta  triste  vida  ; 
conosçiendo  en  mi  las  taies  menguas,  adoleçiendome  de  mis 
proxymos,  acorde  de  ordenar  el  présente  tractado  descubriendo 
los  lazos  en  que  yo  cay  por  mi  culpa  menospresçiando  la  doc- 
trina  de  la  discriçion  por  el  franco  alvedrio  z  libertad  que  me  fue 
dado  para  vsar  de  virtudes,  syguiendo  la  mi  disuluta  sensua- 
lidad,  enboluiendo  me  en  vanas  z  viles  costunbres.  Por  lo  quai 
soy  acusado  de  mi  conçençia  que  cruel  mente  me  atormenta, 
Recordandome  los  yerros  e  maculas  en  que  cay  ;  pero  toda  via 
esperando  enla  misericordia  del  mi  criador  z  Redewptor  Ih«u- 
cristo  piadoso  verdadero  Dios  z  verdadero  honbre,  esforçandome 
en  la  fee,  conortandome  en  la  su  esperança,  apiadandome  en  la 
su  piadad,  conosçiendo  ser  obligado  a  la  verdadera  sastifaçion, 
atribuyendo  los  loores  a  zquel  de  quien  pende  todos  los  bienes 
de  los  quahs  yo  so  obligado  a  dar  cuenta  ansy  del  juyzio  e 
Razon  que  me  docto  como  de  los  vienes  tenporales,  sy  algunos 
posey  ansy  como  su  despensero  de  lo  quai  todo  tengo  a  dar  espresa 
cuenta. 


I.  Copié  sur  le  ms.  de  l'Escorial  iv.  b.  21,  ff.  88-108.  Précédemment  publié 
par  Florencio  Janer  (in  Rivad.  Poeias  casiellanos  anteriores  al  siglo  XV ,  pp.  373- 
378).  —  R.  Foulché-Delbosc. 


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5 66  PEDRO    DE    VERAGUE 


Abrigando  me  su  manto 
Padre  z  Fijo,  spiritu  Santo, 
Seguire  el  dulçe  canto 
Réparable, 


Non  fablando  co«  letrados, 
Frayres,  mowjes  z  perlados. 
De  quien  somos  enformados 
En  la  ley. 


Esto  pense  ordenar 
Para  el  nino  administrar, 
Por  c\ue  es  malo  despulgar 
El  çamarro. 


Cata,  moço,  abre  el  ojo 
Y  non  bîuas  por  antojo  ; 
Sy  te  picare  el  abrojo, 
Escarmiewta. 


A  la  Virgen  exçelente 
Seruiras  deuota  mewte, 
Con  glorioso  présente 
Cada  dia. 


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REVUE  HISPANIQ.UE  Tome  XIV.  PI.  5. 


^pîm^d  Uni  IfcttkiU 

^mW  orniez  ^  «r^tatcm^5eftm^<^ 
J^<A W  tmetiod  tmt9o  ^btia  ^ 

X 


DOCTRINA  DE  LA  DISCRIÇION 


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DOCTRIKA    DE    LA    DISCRICION  567 


6 

Esta  es  Madré  de  Dios 
Que  rruega  sienpre  por  nos  ; 
Tus  fechos  todos  en  gros 
Le  encomienda. 


Es  perfecta  guamîçion 
Los  articulos  syn  quistion  : 
Do  non  alcança  discriçion 
La  fe  basta. 

8 

COMIENÇA    EL   CREDO 
DIXO   SANT   PEDRO 

Creo  en  vn  Dios  marauilloso, 
Padre  Todo  Poderoso, 
En  çielo  z  tierra  virtuoso 
Cmdor. 

9 

DIXO   SANT   lOHAN    EVANGELISTA 

Creo  en  Ihesu  Cristo, 
En  forma  de  pan  es  visto, 
Eternal  Fijo  e  misto 
Con  el  Padre. 

10 

DIXO   SANTIAGO,    FIJO   DEL   ZEBEDEO 

De  Espiritu  Santo  conçebido 
E  de  la  Virgen  nasçido. 
Este  nos  fue  prometido 
De  avcniçio. 


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568  PEDRO    DE    VERAGUE 


il 

DIXO   SariTE   ANDRES 

Este  fiie  cruçificado 
Muerto  z  sepultado, 
De  Pilato  otorgado 
La  sentençia. 

12 

DIXO   SANT   FELIPE 

Al  Infierao  deçendio 
E  sus  puertas  quchranto  : 
Los  sanxos  padres  libre 

Que  le  esperauan. 

13 

DIXO  sanro  thomas 

Padesçio  como  cordero. 
Despues  al  dia  tercero, 
Dios  z  omne  verdadero 
Resurgio. 

14 

DIXO   SANT   BARTOLOME 

Por  otro  Padre  profuwdo 
Subio  al  çielo  deste  mundo  ; 
En  Trenidad  es  segundo 
A  la  diestra. 


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DOCTRINA    DE    LA    DISCRIÇION  569 


15 


DIXO  SANT   MATHEO 

Este  grsLfid  Senor  potetite 
En  vn  dia  çierta  mente 
Juzgara  bien  deligente 
Biuos  e  muertos. 

16 

DIXO   SANTIAGO,   FIJO  DEL    ALFEO,    Z   SANT  XIMON 

En  el  Santo  spiritu  crée, 
E  en  la  ygl^xia  por  qw/en  leo 
Ser  catholico  deseo 
De  les  S^wtos. 

17 

DIXO   SANT   BERNABE 

Yo  crée  la  Remisyon 
Qwe  Dios  fara  por  su  passyon 
Alosque  daran  rrazon 
Penitençia. 

18 

DIXO   SANTO  MATHIA 

Todos  Resçuçitaremos 
En  las  carnes  que  oy  tenemos, 
Y  por  cuenta  pasaremos 
Muy  estrecha. 


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570  PEDRO    DE   VERAGUE 


19 

Dios  mostrara  su  vitoria 
A  los  buenos  dando  gloria 
E  a  los  malos  por  memoria 
Pena  syenpre. 

20 

Scan  los  tus  pensamiewtos 
En  guardar  los  mawdamientos, 
E  faras  buenos  çimientos 
Fe  con  obra. 

21 

A  Dios  ama  sobre  todo, 
Aborresçe  falso  modo, 
Qtt^  este  mundo  todo  es  lodo 
Y  sus  ponpas. 

22 

AMARAS   A   DIOS   SOBRE  TODAS  LAS   COSAS, 
E  A   TU   PROXIMO  COMO  A    TY   MESMO. 

Ama  z  sirue  a  vn  Dios  z  trino, 
A  tu  proximo  sey  begnino, 
Este  es  derecho  camino 
De  saluaçion. 

23 

NO   JURARAS    EL  NOWBRE   DE   DIOS   EN    VANO 

Nyn  por  çielo  ni«  por  tierra 
El  (\ue  jura  mucho  yerra, 
Que  peor  corta  (\ue  sierra 
En  el  aima. 


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DOCTRINA    DE   LA    DISCRIÇION  $71 

24 

Por  jurar  a  Dios  en  vano 
Vieron  mucho  mal  criV/iano, 
Que  fizierow  de  tenprano 
Mala  fyn . 

25 

Yo  vi  vn  Renegador, 
Disululo  fablador  ; 
Renegando  con  furor 
Espiro. 

26 

GUARDARAS   LAS    FIESTAS. 

Domingo  z  fiestas  guardaras, 
Conprar  y  vender  escusaras, 
Los  libramiewtos  dexaras 
Para  oiro  dia. 

27 

Escusa  caminos  z  caça, 
Juegos,  tauernas  z  plaça, 
Destos  sale»  muygrawd  rraça 
En  las  fiestas. 

28 

ONRRARAS  A  TUS  PADRES  SPlVl/UALES 

A  tus  padres  honrraras, 
Su  maiidado  co/ipliras, 
Sy  nofty  sepas  que  faras 
A  ti  dapno. 


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572  PEDRO   DE   VERAGUE. 


29 


Quie;i  a  sus  padres  now  obedesçe. 
El  Senor  Dios  lo  aborresçe  ; 
Muerte  z  vida  padesçe 
Lastymado. 


30 

NOW  DEUE   OM«E   MATAR   NIW  COBDIÇIAR   MUERTE. 

^  De  fazer  ofendimiewto 

Fuye  el  consentimiento  ; 
Ni«  solo  por  pensamiento 
Now  mataras. 

31 

;\  NON    PARAS    FORNIÇIO. 

De  todo  dapiioso  viçio, 
,  Por  fazer  a  Dios  seruiçio. 

En  espeçial  de  forniçio 
Te  rrefrena. 

32 

NOW    FURTARAS   NIW   COWSENTIRAS. 

De  furtar  por  alguwd  arte 
Pelo  en  ty  now  fallew  parte. 
Que  mas  vale  obligarte 
A  pedirlo. 


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DOCTRINA    DE   LA    DISCRIÇION  573 


33 


NOn  DIRAS   FALSO  TESTIMUMIO. 

Quien  leuanta  testimonio 
Leuar-lo  ha  el  demonio 
Biew  garfado,  en  el  puno 
A  su  casa. 

34 

NOW    COBDIÇIARAS    LA    MUGER   CASADA. 

Non  cobdiçies  la  casada, 
Parienta  nin  consagrada  ; 
Por  ty  now  sea  q//^brantada 
Lealtad. 


35 


\On  COBDIÇIARAS  LAS   COSAS  DE  ALGUNO. 

Cobdiçias  deshordenadas 
Trahen  perdidas  dobladas, 
E  causan  a  las  vegadas 
Muerte  segura. 


36 


LAS   SIETE   VIRTUDES  THEOLOGALES   Z   CARDINALES. 


Très  virtudes  théologales 
E  las  quatro  cardinales 
Muestran  gracias  espeçiales 
Todas  siete. 


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574  PEDRO    DE   VERAGUE 


37 

El  qtie  tanto  biew  aloinça 
Fee,  caridad,  esperança, 
Deste  sera  su  folgança 
Muy  segura. 

38 

QuaTKO   CARDINALES. 

Justiçia  muestra  grawdeza, 
Prudençia  z  fortaleza, 
Fallo  que  es  grawd  Riqueza 
Tewperawça. 

39 

LAS   QUATORZE   OBRAS  DE   MISERICORDIA 
QUE   PERTENESÇEN  A    LA   CARIDAD 

Esperança  perderas, 
E  la  fee  quando  seras 
Delante  Dios,  veras 
Su  presençia. 

40 

Con  gratid  liberalidad 
Faz  obras  de  caridad. 
Que  la  linpia  voluwtad 
Non  peresçe. 

41 

La  caridad  es  tan  alta 
Q//^todos  bienes  alcança, 
De  quicn  non  Resçibio  falta 
Galardon. 


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DOCTRINA    DE    LA    DISCRIÇION  573 


i2 

SIETE   SP^WtUALES. 

Bien  se  mostro  ser  espejo 
Dar  consejo  syn  trebejo, 
Nuwca  vi  preso  vençejo 
Qtu  bolase. 

43 

Détermine  por  onesto 
Ouiew  en  mostrar  esta  presto, 
E  muestra  sienpr^  su  gesto 
Agradable. 

44 

Caridad  sabe  quai  es  : 
Perdonar  sy  mal  qw^rres, 
E  tornar  lo  qtt€  tenes 
Mal  ganado. 

45 

Tus  pensamientos  passiuos 
Deuen  ser  cowtenplatiuos  ; 
Por  los  muertos  y  los  biuos 
Rogaras. 

46 

Pues  co«solaçion  qw/ssiste 
Quando  trabajo  touiste, 
Por  ty  sea  bien  en  triste 
Co//solado. 


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57^  PEDRO    DE   VERAGUE 


il 

Es  vn  grado  virtuoso 
Conportar  al  enojoso, 
E  mostrar  gesto  gr^fioso 
Syn  maliçia. 

48 

Castiga  todo  errante 
Mas  con  graçioso  senblante, 
Coiîio  fyno  diamawte 
Claro  z  fuerte. 

49 

LAS   SIETE   CORPORALES 

Deues  vestir  al  desnudo, 
Y  tener  te  han  por  sesudo 
Quando  tengas  por  escudo 
Buenas  obras. 

50 

Vesitar  deues  al  pobre, 
Awnque  Ropa  non  te  sobre, 
Por  que  la  tu  aima  cobre 
La  corona. 

51 

Deues  fartar  al  fanbriento, 
Dar  a  beuer  al  sediento, 
E  sacar  por  Rendimiewto 
Al  cabtiuo. 


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DOCTRINA    DE    LA    DISCRIÇION  577 


52 


Al  enferme  vesytando 
E  al  muerto  soterrawdo, 
Por  estos  vados  pasawdo 
Yras  en  paz. 

53 

Con  caridad  exçelente 
Claro  yra  el  siruiente 
Qtie  leuara  tal  présente 
Ante  Dios. 

Si 

LOS   SYETE   PECADOS   MORTALES. 

Allende  de  bien  obrar 
Mas  deues  de  trabajar, 
Q«e  te  tienes  de  velar 
De  los  pecados. 

55 

En  beuer  sey  mesurado, 
Enel  corner  hordenado, 
Por  qtie  seas  Reparado 
En  virtudes. 

56 

AÇIDIA 

Aborresçe  la  tristeza, 
Que  zu  fizo  es  pereza, 
E  librar  te  ha  de  vileza 
Pensamiew/os. 

Rex'uf  hispaniqut.  xiv. 


37 


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578  PEDRO    DE   VERAGUE 


57 


El  que.  fuere  p^rezoso 
Syenpre  sera  deseoso, 
Pues  non  deue  ser  quexoso 
De  fortuna. 


58 


LUXURIA 


De  luxuria  te  Refréna, 
Fama  y  seso  rroba  y  pena. 
Aima  y  cuerpo  condepna 
A  todo  mal. 


59 


Grand  linpieza  es  castidad, 
Ama  y  sygue  lealtad, 
Pon  cow  Dios  tu  voluwtad, 
Esta  seguro. 


60 


La  muger  sy  Dios  me  vala, 
Discriçîon  y  seso  cala  ; 
En  espeçial  de  la  mala 
Te  desuia. 


61 

YWBIDIA 


Grand  tormento  es  desigual 
Del  enbidioso  mortal, 
Sy  oiro  tiene  buew  cabdal 
Penado  muere. 


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DOCTRINA  DE    LA    DISCRIÇION  579 


62 


Enbidioso  mal  fadado, 
El  que  sigue  tal  pecado 
En  sy  mesmo  es  cuytado 
E  omeçida. 


63 


Nuwca  medre  tal  pecado 
Syn  prouecho  auer  cuydado, 
Biuc  triste  y  peiiado 
Porfaçawdo. 


64 

Los  seys  otros  de  cowsuno 
Su  deleyte  ha  cada  vno  : 
Este  non  tiene  niwguno 
Sy  non  pena. 

65 

ÇINCO   SENTIDOS. 

Çinco  sentidos  que  tienes 
Piensa  coiho  los  mantienes 
For  ellos  maies  z  bienes 
Puedes  auer. 

66 

Voluwtad  deues  vençer. 
En  gustar,  holor  y  veer, 
E  biew  oyr  z  taner 
Buenas  cosas. 


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580  PEDRO    DE    VERAGUE 

67 

LOS  sanxos  sacramewtos. 

Los  Santos  Sacramewtos  fuwdados 
En  tierra  nnestrà  fec  liordenados 
Por  clerigos  declarados 
Te  sera«. 


Resçebir  santo  bautismo, 
Confirmaçion,  eso  mismo 
Penitençia  syn  sofrismo 
Es  biew  fecho. 

69 

Demandar  a  Dios  perdon 
E  Resçebir  cômuniow, 
De  matrimonio  mewçion 
Deues  fazer. 

70 

Escala  de  saluaçio» 

Es  la  horden  de  Religion, 

De  la  sana  vnçion 

Te  menbraras. 

71 

SOBERUIA 

Soberuia  causa  la  guerra 
Donde  todo  mal  se  ençierra, 
Aborresçewlo  en  su  tierra 
Qw/en  la  vsa. 


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DOCTRINA    DE  LA    DISCRIÇION  581 


72 


Soberuia  es  maldiçion. 
Que  tienew  por  confusion 
Los  qite  estan  en  perdiçion 
Para  sienpre. 

73 

AUARIÇIA 

Fallo  que  es  el  avariçia 
Causa  de  mucha  maliçia  : 
Amistança  niw  justiçia 
Non  consiente. 

n 

Sy  tienes  por  quai  quicr  via 
Algo  de  tirania, 
Ante  del  postrimer  dia 
Cata  enmienda. 

75 

Los  rricos  avariçiosos 
Tanto  que  viuaw  viçiosos, 
De  los  fechos  virtuosos 
Fablar  basta. 

76 

Dexaras  pasar  la  yra 
Qjte  p^wetra  mas  que  vira, 
Antes  quel  mal  fagas  mira 
Quanta  dapna. 


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582  PEDRO    DE   VERAGUE 


77 

Sy  te  vieres  aq«^ado 
De  tristeza  y  cuydado, 
Piensa  quanto  has  errado 
Contra  Dios. 

78 

GULA 

Los  gastos  desordenados 
En  corner,  putas  y  dados, 
Fazen  pobres  y  lazrados 
Syn  rreparo. 

79 

TRABAJOS   MUWDANOS. 

En  Dios  pone  tus  fechos, 
Esquiua  falsos  prouechos, 
De  pobres  y  de  contrechos 
Non  burlaras. 

80 

Con  Dios  non  seas  estrano  : 
Vna  vez  z  syn  engano 
Ho  lo  menos  en  el  ano 
Te  cowfiesa. 

81 

Sy  qttteres  bien  de  consuno. 
Non  digas  mal  de  ninguno  ; 
Deues  oyr  en  ayuno 
Las^nta  misa. 


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DOCTRINA   DE    LA  DISCRIÇION  583 


82 


Fagase  la  oraçion 
Con  deuoto  coraçon, 
Que  rrogar  syn  deuoçion 
Esobra  vana. 


Deues  bien  continuar 
La  ygkjia  para  orar, 
E  sy  vieres  pedricar 
Oye  bien. 

84 

Lo  que  dîxere  faras, 
Sus  obras  esquiuaras 
De  los  que  trahew  por  demas 
La  vestidura. 

85 

Sienpre  sea  tu  pensar 
En  seruir  a  Dios  y  hamar, 
Que  lo  al  as  dexar 

Muy  en  breue. 

86 

De  la  muerte  grawd  senora, 
Pecador  y  pecadora. 
Terne  sienpre  aqw^lla  ora 
Espantable. 


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584  PEDRO    DE    VERAGUE 


87 


Mienbrate  qtu  as  de  morir, 
E  piensa  lo  por  beuir  ; 
Asy  podras  bien  Régir 
La  tu  vida. 


Trabaja  por  bien  beuir; 
Sy  te  q///eres  del  mal  partir, 
A  iienpo  de  Repentir 
Non  podras. 


89 

Qttanào  touieres  poder, 
Now  sygas  el  mal  quevcr 
Sy  non  podrias  aver 
Mal  por  ello. 

90 

Paramientes  lo  que  digo  : 
Sy  tuuieres  buew  amigo 
Guardale  ;  e  de  enemigo 
Te  velara5. 

91 

Nunca  créas  de  ligero; 
Aborresçe  lisonjero  ; 
Para  el  dia  postrimero 
Te  guarnesçe. 


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DOCTRINA    DE   LA  DISCRIÇION  585 


92 

Paguemos  lo  que  deuemos, 
Pues  que  de  morir  avemos  ; 
Sy  now  mal  dia  tenemos 
Senalado. 

93 

Toma  el  bien  quando  viniere; 
Sy  tu  mewgua  lo  perdiere, 
Despues  que  se  te  entendiere 
Llora  en  vano. 

94 

Sy  tuuieres  bue«  asyento, 
Now  te  mude  cada  viento  ; 
En  tus  fechos  ten  bue«  tiento, 
Now  temeras. 

95 

Seras  rrîco  biew  andante 
Sy  Refrénas  tu  talante 
De  qualqukr  tienpo  mudante 
Sei  pagado. 

96 

Sy  tu  senor  te  da  fiebre, 
Ames  qw^l  mal  mucho  qw/ebre, 
Busca  con  zquel  pesebre 
Mejoria. 


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58e  PEDRO    DE   VERAGUE 


97 

Con  qualqtt/er  que  fablaras, 
Sy  la  verdad  trataras, 
El  caudal  que  sacaras 
Sera  seguro. 

98 

La  huerta  de  libertad 
Détermina  la  verdad 
De  qw/en  syenpre  la  bondad 
Qttiere  seguir. 


El  amor  tiene  jurado 
Qtt^  now  sera  perdonado 
El  que  fuere  bien  amado 
Sy  no«  ama . 

100 

Ama  z  sygue  buen  consejo, 
Fuye  de  perro  bermejo, 
Por  nuevo  camino  el  viejo 
Non  dexaras. 

iOi 

De  alguno  non  Retrayas, 
Mas  avisate  non  cayas 
En  tal  yerro,  por  que  ayas 
De  callar. 


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DOCTRINA   DE    LA    DISCRIÇION  387 


102 


Porfaçar  es  falso  juego, 
Y  de  su  ganawçia  Refiego  ; 
Non  se  apaga  bien  el  fuego 
Con  estopas. 


103 

Sy  por  encobrir  tus  rraças 
Yerros  de  otros  profaças, 
Quando  vieres  lo  que  taças 
Lloraraj. 

104 

Avn  que  te  digan  syn  sabor, 
Dexa  estar  al  Rifador  ; 
Sy  forçado  es  el  Rumfor, 
Sufre  su  miedo. 

105 

Dexa  ponpas  z  hufana, 
E  vistete  a  la  llana  ; 
De  toda  palabra  vana 
Te  desuia. 

106 

El  que  en  este  rrey  mundo  quiso 
Onrras,  Riqw^zas  e  rîso. 
De  heredar  el  parayso 
Se  despida. 


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588  PEDRO    DE    VERAGUE 


107 


Ese  es  pobre  mesurado 
Hon  qw^rer  lo  mal  ganado, 
Mas  cowtento  z  pagado 
De  su  parte. 


108 


Gita,  hordena  bie«  tu  vida 
G)n  cowseio  z  seso  Regida, 
Que  grand  verguença  abatida 
Es  pedir. 


109 

Seguiras  a  la  mesura 
Que  es  virtud  que  muchodura, 
Sy  non  ella  te  segura 
De  seguirte. 

110 

El  mal  falla  buew  conorte, 
El  hictj  non  ha  q/n'cn  lo  comporte  ; 
Muchos  andan  en  la  corte 
Por  demas. 

111 

De  Senor  que  sea  çeloso, 
Listimero  z  sospcchoso, 
Prcsta  mente  scy  manoso 
En  te  partir. 


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DOCTRINA    DE    LA    DISCRIÇION  589 


112 


Grand  bien  puede  cofiqw<:rir, 
Q.«/en  tCA^prado  es  en  beuir, 
E  puna  por  bien  seruir 
A  grand  senor. 


113 

Es  obra  marauillosa 
Buena  niuger  z  fermosa, 
Rica  z  generosa 

De  parientes. 

114 

Faze  yerro  sy  non  mella 
En  el  tal  engxenplo  ella, 
Ser  certes  coiho  donzella 
Bien  criada. 

115 

Fazle  firme  çerradura 
A  tu  lengua,  de  figura 
Que  te  avise  a  la  cordura 
Lo  (\ue  digas. 

116 

Sy  vsas  de  mal  dezir, 
Fuerça  es  mucho  mentir  : 
Por  ello  podras  venir 
A  grand  dolor. 


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590  PEDRO    DE   VERAGUE 


117 

Maguer  lo  juzguew  por  feo, 
Pon  tu  casa  en  buen  arreo, 
Todavia  cow  deseo 

De  conçiençia. 

118. 

Pon  tu  vida  en  buena  tasa, 
Sy  tuuieres  cabdal  casa, 
No»  tengas  galgo  en  casa 
Que  non  caçe. 

119 

Nyn  por  los  profaçadores 
Ayan  tus  fechos  vigores, 
Plaze  a  grandes  z  menores 
Co«  buen  tenple. 

120 

Dobla  blanca  z  cornado. 
En  el  gastar  sey  mesurado, 
En  el  gasto  mesurado 
Para  pro. 

121 

Cada  vno  se  alabe 
De  fazer  lo  que  en  el  cabe, 
Qiic  vsar  lo  que  non  sabe 
Es  peligro. 


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DOCTRINA    DE    LA    DISCRIÇION  59 1 


122 

Fazer  obra  nueva  mewie, 
Antes  piensa  sufiçiewte, 
Sy  te  fallas  diligente 
Para  ello. 

123 

No»  fies  en  los  parientes, 
Mas  a  bondad  para  miemes, 
Sey  onesto  a  las  gentes 
Co»  amor. 

124 

Sy  non  fuere  de  padre  o  madré. 
De  hermano,  primo,  conpadre, 
Por  demas  esta  que  ladre 
El  <\ue  es  pobre. 

125 

Pobre,  viejo  z  doliente, 
Hermano,  pn'mo,  pariente. 
De  fablarle  solamewte 
Se  desdena. 

126 

Sy  le  veen  andar  avara 
La  palabra  le  da  en  cara, 
Veyendole  bueluew  la  cara 
Co«  desden. 


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592  PEDRO    DE    VERAGUE 


127 

Hermanos,  pnmos  carnales. 
En  mis  trabajos  y  maies 
Como  crueles  mortales 
Me  dexarow. 

128 

Muestran  sana  ynfengida, 
Captelosa  z  omeçida, 
Por  veer  en  mi  conosçida 
Pobredad. 

129 

Pensante  en  esto  (\ue  sumo 
Fazewlo  seguwt  pr^sumo, 
Porqw^  faga  poco  fumo 
En  sus  casas. 

130 

Sy  me  viesen  con  fauor 
Rico,  franco  z  gastador, 
Todos  me  dirien  senor, 
Grofias  boisa. 

131 

Esto  now  es  marauilla, 
Pues  es  en  toda  Castilla, 
Mas  doblada  es  la  mawzilla 
En  Toledo. 


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DOCTRINA   DE   LA    DISCRIÇION  593 


132 


De  parientes  y  senor, 
Dime  quai  es  el  mejor. 
Respondio  el  sabîdor  : 
Pasar  syn  ellos. 

133 

Padesçîo  bondad  antigua. 
Pues  el  muwdo  se  amortigua, 
Yerra  qmen  now  se  castigua 
De  manana. 

134 

Escarmienten  todos  en  mi, 
Que  todo  lo  mio  di. 
No»  me  acuerdo  sy  vos  vy 
Como  vos  llaman  ? 

135 

Viuo  triste  z  penado, 
Qw^ndo  en  Dios  he  bien  pewsado, 
Fallo  me  muy  cowsolado 
De  esperança. 

136 

En  mi  grand  tribulaçion, 
Por  aver  cowsolaçion, 
Busco  de  mi  condiçion 
Otro  tal. 

Rame  hispmtiîqve.  xiv.  ^^^ 


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594  PEDRO    DE    VERAGUE 


137 

Maguera  qw^  me  cowsuelo, 
Mi  coraçon  thrae  duelo, 
Pesa  me  de  mi  ahuelo 
Que  murio. 

138 

Viedate  de  andar  cow  sueltas 
Ni«  con  malas  fagas  bueltas, 
Quito  de  todas  Rebueltas 
Te  conoscan. 

139 

Yo  mostrare  qw^ïnto  valgo, 
Piensa  bien  a  lo  <\ue  salgo, 
Por  virtudes  de  fidalgo 
Se  conosçe. 

140 

Con  vna  honça  de  miel 
Bueluew  syete  honças  de  fiel, 
Ved  qtie  xarope  cruel 
Este  muwdo. 

141 

De  palaçio  z  senores 
Sy  te  burlan  los  fauores, 
Conosccias  tus  dolores 
A  la  vejes. 


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DOCTRINA    DE   LA   DISCRIÇION  595 


142 


Owando  fueres  moço  chico 
E  avn  que  tengas  padre  rrico, 
Çiençia  y  arte  te  suplico 
Que  deprewdas. 


143 


Çiencia  y  arte  es  mina  de  oro  ; 
Por  lo  non  saber  yo  lloro  ; 
Mas  vale  que  grand  thesoro 
Nin  privança. 


144 

En  otra  tierra  estrana 
Avn  por  bien  çiençia  y  mafia, 
Tenemos  lo  nos  en  Espaiia 
Bien  por  mal. 

145 

Dize  la  antigua  cowseia  : 
La  mal  ganada  oueja, 
Mala  fyn  ha  la  pelleja 
Y  su  dueiio. 

146 

Quien  desecha  su  pariente 
Por  pobreza  qtu  en  el  siente, 
Now  le  espère  ser  présente 
A  sus  pr/esas. 


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59^  PEDRO    DE   VERAGUE 


147 


Qualqttter  que  esto  leyere, 
Sy  le  bien  no»  paresçiere, 
Rasgue  por  do  q«/siere 
Syn  Reçelo. 


148 


Quiew  de  bondad  no«  se  enoja, 
Fallara  bien  en  que  escoja, 
E  por  synple  qwien  se  moja 
He  non  lo  siente* 


149 


Aqw^l  es  que  bien  entiende 
Qw/en  castigua  z  se  defiende 
De  los  dapiîos  que  Reprehende 
A  los  otros. 


150 


Sy  por  virtudes  lo  muestra. 
Es  su  voluntad  es  presta 
De  seguir  lo  que  demuestra 
Por  doctrina. 


151 


Quien  leyere  lo  présente, 
Le  suplico  huniill  mente, 
Algund  yerro  sy  lo  siente, 
Me  perdone. 


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DOCTRINA    DE   LA    DISCRIÇION  597 


152 

Para  mien  tes  honde  vienes 
E  guarda  bien  lo  que  tienes, 
Que  la  fama  y  los  bienes 
Es  la  howrra. 

153 

Por  muy  biew  guardar  tu  ley, 
Y  por  ser  leal  a  tu  rrey, 
E  por  defender  tu  grey 
Deuej  morir. 

154 

FFYN 

Malos  viçios  de  mi  arriedro, 
E  con  todo  esto  now  medro, 
Sy  now  este  nowbre  Pedro 
De  Verague. 


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LETRILLAS' 


Con  el  son  de  las  ojas 

cantan  las  aues, 
y  responden  las  fuentes 

al  son  del  ayre. 

Quando  a  las  sospechas 
de  mi  pensaroiento 
canto  en  mi  instrumento 
Uorosas  endechas, 
quando  agudas  fléchas 
del  tirano  Amor. 
creçen  mi  dolor 
ynsufrible  y  graue, 
responden  las  fuentes 
al  son  del  ayre. 

Su  dulze  armonia 
me  ofende  y  enoja, 
que  aun  triste  congoja 
la  misma  alegria. 
Quando  sale  el  dia 
salgo  a  suspirar, 
y  quando  a  llorar 
me  obligan  roisroales, 
responden  las  fuentes 
al  son  del  ayre. 


Si  a  la  Corte  bas, 
con  las  damas  de  ella 


abre  los  ojos, 
y  la  boisa  zierra. 

Sus  figuras  son 
pinturas  flamencas, 
de  agradables  lejos, 
y  enojosos  zercas. 
Son  con  quien  las  siruen 
cosarias  ynglesas 
en  no  guardar  fe 
y  en  robar  haziendas. 
Oluidadas,  quieren; 
queridas,  desprezian  ; 
lo  cnojoso  admiten, 
lo  amable  desdefîan. 
Son  Julio  en  calor, 
Otubre  entibieza, 
Hebrero  en  mudanzas, 
y  Marzo  en  lasbueltas. 
Son  yman  del  gusto 
que  tras  sy  le  lleban, 
y  buzanos  son 
de  vna  faltriquera. 
Aduertido  de  esto, 
la  vez  que  las  béas, 

abre  los  ojos 
y  la  boisa  zierra. 

Hallaras  estampas 
en  damasco  hechas, 
quiero  dezir  damas 
ques  vn  asco  verlas. 


I.  Madrid,  Biblioteca  Nacional,  Ms.  3890  (ancien  M.  84),  ff.  9-57. 

R.  Foulché-Delbosc. 


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LETRILLAS 


599 


Veras  transformada 
en  blanca  vna  negra, 
que  lo  que  pareze 
no  daran  por  ella. 
Veras  conuertidas 
en  rubias  mil  trenzas, 
que  las  martirizan 
por  que  se  conviertan. 
Hallaras  de  dientes 
algunas  hazeras, 
con  vezinos  menos 
que  el  arte  las  puebla. 
Porque  no  te  enganen, 
la  vez  que  las  veas, 

abre  los  ojos 
y  la  boisa  zierra. 

Donzella  hallaras 
que  aya  sido  suegra, 
y  con  todo  aquesto 
quiere  ser  donzella. 
Casada  ay  que  libra 
en  si  misma  letras 
para  el  mismo  dia 
que  a  casar  la  lleban. 
Viudas  de  Siqueo 
ay,  que  a  quien  las  ruega 
solo  el  dezir  «  sy  » 
tienen  deSiqueas. 
Hallaras  alli 
mil  sueltas  solteras, 
que  si  el  mal  es  patria, 
son  finar  franzesas. 
Lagrimas  fingidas, 
falsas  aparienzias, 
lascibos  enganos, 
burladoras  veras. 
Veras,  pero  el  tiempo 
que  durare  el  verlas, 

abre  los  ojos 
y  la  boisa  zierra. 


LETRILLA   Y   VAILE 

Que  bien  vailan  las  serranas 

dia  de  San  Juan  el  Verde, 

en  el  val  de  Manzanares, 

quando  el  sol  claro  amancze. 

En  mil  corros  diuididas 

con  canziones  dife rentes, 

vnas  al  pandero  cantan 

y  otras  responden  alegres. 

La  mafia  de  San  Juan,  damas, 

cine  el  Rey  sus  armas. 

Quai  aplica  al  ynstrumento 

la  v6z  suabe  que  tiene, 

quai  cantando  da  las  bueltas 

que  en  tal  ocasion  dar  suelen. 

Velissa  canto  tanbien, 

que  las  margenes  suspende, 

las  claras  aguas,  las  aues, 

los  olmos,  los  sauzes  verdes. 

Libre  se  mostro  cantando, 

y  burlando  de  amor  quiere 

darnos  a  entender  que  viue 

sin  amor,  y  a  fe  que  nûente. 

Al  fin  tcmplo  la  zagala 

de  sus  iingidos  desdenes 

vna  parte  con  las  querdas, 

y  dijo  de  aquesta  suerte  : 

«  A  quien  digère  que  los  hombres 

en  ausenzia  guardan  fe, 

yo  se  lo  contradire.  » 

Respondio  Jaçinta  entonzes, 

que  con  amor  se  entretiene  : 

«  Ruego  a  Dios,  pastora  yngrata, 

que  zelos  te  abrasen  sienpre.  » 

Esto  llorando  dezia, 

quando  a  los  ojos  le  ofreze 

el  zielo  sus  esperanzas 

de  su  Brasildo  que  viene, 


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6oo 


LETRILLAS 


y  dizela  enternezida  : 

«  Dulze  amor  y  bien  présente, 

no  os  partais  de  mi  presenzia, 

y  escuchad  si  acaso  os  fuerdes. 
Nosalgais  de  nochea  caza,  el  cauallero, 
que  haze  la  noche  escura,  lindo  amor, 

y  muerome  de  miedo.  » 

Dejan  el  sotillo  todas, 

llebando  sobre  las  frentes 

guirnaldas  entretegidas 

de  rosas  y  de  claueles. 

Con  gran  fiesta  y  regoçîjo, 

hazia  la  uilla  se  buelben 

por  la  puente  Segobiana» 

cantando  de  aqucsta  suertc  : 

«  No  me  los  ame  nadie 

a  los  mis  amores, 

no  me  los  ame  nadie, 

que  yo  me  los  aftiare.  » 


que  goçais  de  la  playa 
de  Barzelona. 

Sus  gijuelas  blancas 
y  arenillas  rojas, 
con  vuestros  christales 
rien  y  retozan. 
Graue  raagestad 
de  su  cara  hermosa, 
adorada  ymagen 
de  toda  la  Europa. 
AUy  de  Diana 
las  ninfas  hermosas 
musicas  suaues 
cantan  todas  oras. 
Todo  me  repite  : 
o  sagradas  olas 
que  goçais  de  la  playa 
de  Barzelona. 


Vuestras  risas  me  dizen, 

sagradas  olas, 
que  gozais  de  la  pla3ra 

de  Barzelona. 

No  es  milagro  altiuo 
que  viuais  gozosas, 
pues  gozais  la  playa 
mas  que  milagrosa. 
Quando  a  sus  orillas 
llegueis  venturosas, 
ya  uereis  la  causa 
que  me  da  congojas. 
Bello  parayso, 
margcn  deleitosa, 
primauera  ethema, 
risa  del  aurora. 
Causas  verdaderas 
dais  a  la  memoria, 


Aunque  beis  que  sale  humo 
de  la  villa  de  Alcorcon, 
no  penseis  que  cuezen  came, 
que  ollas  y  pucheros  son. 

Como  Tiene  en  esta  edad 
el  engano  tal  potenzia, 
pocas  vezes  la  aparienzia 
conforma  con  la  verdad  ; 
haze  en  secreto  amistad 
la  donzella  a  quien  le  aplaze, 
y  aunque  en  lo  publico  haze 
virginal  demonstraçion, 
no  penseis  que  cuezen  came, 
que  ollas  y  pucheros  son. 

La  casada  solizita 
a  su  marido  el  fabor, 
y  alcanzarale  mejor 
que  vn  descalço  carmelita. 


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LETRILLAS 


éOI 


y  aunque  a  la  piedad  ynmita 
quien  su  petiçion  ampara, 
si  la  veldad  de  su  cara 
hizo  la  negoçiaçion, 
no  penseis  que  cuezen  carne, 
que  ollas  y  pucheros  son. 

Pierde  la  viuda  su  esposo, 
y  aquella  noche  primera 
su  huerfano  lecho  espéra 
substituto  venturoso, 
y  aunque  su  rostro  hermoso 
en  tiernas  lagrimas  vana 
y  triste  luto  acompana 
su  desleal  corazon, 
no  penseis  que  cueze  carne, 
que  ollas  y  pucheros  son. 

Con  rumbo  y  temeridad 
ay  ziertas  gentes  3mquietas 
que  salen  como  cometas 
senalando  mortandad, 
y  aunque  en  la  ferozidad 
del  mostacho  y  quexa  de  ante 
dejan  atras  el  semblante 
de  César  y  Zipion, 
no  penseis  que  cuezen  came, 
que  ollas  y  pucheros  son. 

Yo  se  de  algun  ygnorante 

que  entre  el  bulgaço  ynperfeto 

pasa  plaza  de  discreto 

y  de  muy  gran  estudiante, 

y  aunque  del  Benbo  y  del  Dante, 

diga  versos  de  memoria, 

antiguedades  de  historia 

y  adagios  de  Zizeron, 

no  penseis  que  cueze  carne, 

que  ollas  y  pucheros  son. 

Viste  vn  fingido  devoto 
saco  de  roto  sayal, 


y  el  bien  que  se  haze  a  este  tal 

es  echarle  en  saco  roto  ; 

y  aunque  en  su  aparienzia  noto 

vna  vida  pénitente, 

si  es  fingido  lo  aparente 

y  lo  oculto  vizios  son, 

no  penseis  que  cueze  came, 

que  ollas  y  pucheros  son. 

Plumas  y  sombreros  grandes 
y  valonas  de  Cambray 
se  yo  de  alguno  que  tray, 
sin  ser  soldado  de  Flandes. 
O  Musa,  no  te  desmandes, 
pero  di  qualquier  vltraje, 
que  si  es  valiente  en  el  traje 
y  no  lo  es  en  la  ocasion, 
no  penseis  que  cueze  came, 
que  ollas  y  pucheros  son. 

6 

La  que  me  abraso  mi  fe 
sin  tocarme  en  el  vestido, 
la  morena  morenica  a  sido, 
la  morena  morenica  fue. 

Quien  te  a  mudado,  pastor, 
siendo  libre  y  înuidiado? 
Solo  vn  amor  me  a  mudado, 
que  muda  mucho  el  amor. 
Y  quien  fue  la  que  tu  fe 
a  derribado  y  ronpido  ? 
La  morena  morenica  a  sido, 
la  morena  morenica  fue. 

Como  a  podido  ofender 
tus  deseos  defendidos  ? 
Siempre  los  mas  atreuidos 
bienen  mas  presto  a  caer. 
Ya  de  oy  mas  bella  mare 
el  venzedor  mas  rendido. 


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n 


LETRILLAS 


morena  morenica  a  sido, 
morena  morenica  fue. 


ilze  pensamiento 
e  bien  te  atreues, 
ito  mas  eres  mio 
anto  me  pierdes. 
m  a  las  de  amor 
e  suben  al  zielo 
mires  al  suelo, 
es  poco  valor, 
e  bien  te  atrebes. 

8 

ay  zagala  en  esu  villa, 
lia,  hermosa  como  vos, 
d  me  lo  demande  Dios. 

de  mi  pena  y  tormento 
iel  mal  que  me  abeis  hecho 

estoi  yo  tan  satisfecho 
anto  vos  sin  sentimiento, 
>i  no  viuo  contento 

vermc  morir  por  vos, 
il  me  lo  demande  Dios. 

ibe  vn  tiempo  fortaleza 
n  que  al  amor  resisti, 
fue  porque  nunca  vi 
nadie  tanta  velleza  ; 
si  la  naturaleza 
I  quiso  extremarse  en  vos, 
il  me  lo  demande  Dios. 

)  prétende  el  corazon 
,  senora,  liuertad, 
en  esto  la  voluntad 
quien  sigue  a  la  razon  ; 
si  me  muebe  pasion 


a  que  la  tenga  por  vos, 
mal  me  lo  demande  Dios. 

Si  jamas  os  oluidare, 
Zelia,  por  otra  ninguna, 
desuieme  la  Fortuna 
todo  quanto  deseare  ; 
si  el  pensamiento  empleare, 
senora,  en  oira  que  en  vos, 
mal  me  lo  demande  Dios. 

Si  para  que  con  vos  ande 
mi  cuidado  tan  perdido, 
me  viereis  arepentido, 
Zelia,  Dios  me  lo  demande  ; 
y  si  de  una  fe  tan  grande 
no  vbiere  memoria  en  vos, 
mal  os  lo  demande  Dios. 

9 

Aunque  mas  os  quiera 
mis  maies  contar, 
no  me  dan  lugar. 

Aunque  tenga  atreuimiento 
de  deziros  mi  tormento, 
rezelos  de!  escarmiento 
de  poderos  enojar 
no  me  dan  lugar. 

Quando  llego  mas  osado 
a  deziros  mi  cuidado, 
el  corazon  de  turbado 
de  un  medroso  rezelar 
no  me  da  lugar. 

Vienenme  tal  vez  antojos 
de  deziros  mis  enojos, 
mas  la  ueldad  de  esos  ojos 
que  miran  para  matar 
no  me  dan  lugar. 


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LETRILLAS 


603 


Mas  como  qucreis  que  os  quente 
todo  el  mal  que  el  aima  si  ente» 
si  ya  que  se  me  consiente 
respondeis  a  bien  librar, 
no  me  dan  lugar. 

10 

A  la  fe,  Gil,  ya  no  puedo 
guardar  ganado»  ni  se, 
despues  que  me  enamore. 

Solia  por  este  prado 
guardar  mis  cabras  y  ouejas, 
y  en  este  campo  de  quejas 
solo  guardo  mi  cuidado  : 
perdido  dejo  el  ganado 
porque  solo  guardo  fe 
despues  que  me  enamore. 

Ves  aquî,  Gil,  lo  que  medra 
quien  a  seruirle  se  anima, 
que  el  arbordonde  se  anima 
consume  amor  como  yedra, 
apenas  ser  hombre  o  piedra 
podra  juzgar  quien  me  ve 
despues  que  me  enamore. 

Gil,  tan  diferente  estoy 
de  aquel  pasado  Miguel, 
que  ya  dizen  si  es  aquel 
adonde  quiera  que  boy  : 
como  envelesado  estoy, 
no  puede  lenernie  en  pie, 
despues  que  me  enamore. 

11 

Linda  buena  cara, 
seais  bien  llegada, 
cara  buena  linda. 


bien  seais  venida. 
Aqueste  domingo, 
no  muy  de  manana, 
fue  Jazinta  al  prado 
la  rezien  casada. 
Dieronle  aquel  dia, 
para  ir  mas  galana, 
gala  el  artifizio 
y  el  natural  grazia. 
Ella  que  salia, 
yo  que  la  miraba, 
con  que  lindos  ojos 
que  salio  de  casa  ! 
Quando  llego  al  campo, 
dijo  vnajitana, 
suspensa  la  vista, 
graçiosa  la  habla  : 
«  Linda  buena  cara, 
deme  vna  limosna 
tu  cara  de  pascua, 
que  aquesos  ojuelos 
son  de  enamorada. 
Très  Juanes  y  vn  Pedro 
penan  por  tu  causa, 
casaras  dos  vezes, 
seras  bien  casada.  » 
Ella  con  cuidado 
sus  joyas  guardaba, 
lemicndo  la  alibîe 
de  tan  noble  carga  ; 
y  ansi  rezelosa,   • 
la  dize  se  baya, 
mas  la  jitanilla 
buelbe  a  ynportunarla  : 
«  Linda  buena  cara, 
seas  bien  llegada. 
A,  cara  de  rosa, 
a,  senora  hidalga, 
buelbeme  esos  ojos, 
no  es^tes  enojada.  » 
Diola  al  fin  limosna. 


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6o4 


LETRILLAS 


y  sobre  las  rayas 
vna  cruz  la  hizo 
en  la  niano  blanca  : 
«  Pariras  dos  hijos, 
la  dize  la  sabia, 
y  dirate  el  vno 
la  misa  cantada  ; 
vema  a  ser  el  otro, 
si  sigue  las  armas, 
capitan  o  alferez, 
querranle  las  damas. 
Linda  buena  cara, 
larga  vida  tienes, 
Dios  te  la  de  larga  ; 
mucha  hazienda  y  bienes 
te  veman  por  agua  : 
viuiras  alegre, 
aunque  te  amenazan 
dos  enfermedades, 
mas  ya  son  pasadas.  » 
Dijo  y  fuese  luego 
sin  hurtarla  nada, 
que  a  tan  vellos  ojos 
nadie  los  agrabia. 
Voluiose  con  esto 
alegre  a  su  casa, 
donde  Albano  y  Tirsî 
a  su  puerta  cantan  : 
'(  Linda  y  buena  cara, 
seais  bien  llegada  ; 
cara  buena  linda, 
bien  seais  venida.  » 

12 

Llaman  a  la  puerta 
y  espero  a  mi  amor  : 
todas  las  aldabadas 
me  dan  en  el  corazon. 

Vêla  mi  esperanza 


por  quien  se  desuela, 
que  amando  rezela 
oluido  y  mudanza  ; 
culpo  su  tardanza, 
y  en  fe  de  mi  amor 
todas  las  alilauadas 
me  dan  en  el  corazon. 

En  brazos  le  tîene 
otra  mas  lozana  ; 
viene  la  manana 
y  el  traidor  no  viene  ; 
mientras  se  detiene 
zentinela  soy  : 
todas  las  aldabadas 
me  dan  en  el  corazon. 

Hago  zentinela 
con  el  pensamiento, 
el  dolor  que  siento 
me  causa  la  uela  ; 
mi  aima  rezela 
oluido  y  temor  : 
todas  las  aldauadas 
me  dan  en  el  corazon. 

13 

Vête  mas  de  espaçio,  amor, 
porque  si  tanto  porfîas, 
mal  podran  durar  mis  dias 
con  tan  continuo  dolor. 

Templa  ya  si  te  pareze 
solo  de  noche  mi  fuego, 
mas  no  saues  como  çiego 
si  es  de  noche  o  amaneze  ; 
si  me  roba  tu  rigor 
apriesa  mis  alegrias, 
mal  podran  durar  mis  dias 
con  tan  continuo  dolor. 


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LETRILLAS  6o$ 


Vasten  los  pasados  anos  si  a  la  edad  del  nino  amor 

sufriendo  sin  liuertad,  me  buelben  las  penas  niias, 

que  ya  no  sufre  mi  edad  mal  podran  durar  mis  dias 

tan  juueniles  enganos  ;  con  tan  continue  dolor. 


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VARIA 


Un  antôgrafo  de  Don  Juan  Manuel. 


No  tengo  noticia  de  otro  autôgrafo  conocido  de  Don  Juan  Manuel  que  del 
expuesto  en  una  vitrina  del  Archivo  Histôrico  Nacional»  poco  intercsante  en 
su  fondo,  ya  que  es  una  donaciôn  al  entonces  pueblo  de  Madrid,  y  aûn  menos 
en  su  forma,  pues  solo  tiene  très  palabras  «  yo  don  Johan  »  *. 

En  el  Archivo  de  la  Corona  de  Aragon  yace  una  carta  del  mismo  don 
Johan,  escrita  toda  de  su  mano,  mucho  mis  extensa  que  una  mera  suscrip- 
ciôn,  y  por  este  concepto  muy  digna  de  ser  reproducida  en  facsfmil,  y  tan  no- 
table literariamente,  que  puede  fîgurar  sin  desdoro  al  lado  de  las  demis  obras 
suyas,  à  las  cuales  igualii  en  correcciôn  y  pureza.  El  escritor  aparece  màs 
grande  que  lo  que  lo  conociaraos  por  ser  esta  carta  suya  mâs  espontinea  y 
no  haberla  escrito  con  propôsitos  de  hacerla  pûblica  ;  el  amigo  carinoso  se 
muestra  en  frases  muy  delicadas  y  el  cazador  entusiasta  y  orgulloso  de  sus  avios 
de  caza  se  retrata  de  cuerpo  entero. 

No  Ueva  fecha  de  ano,  pero  yendo  dirigida  al  Rey  Alfonso  IV,  segûn  indi- 
can  las  palabras  «  vuestros  hermanos  los  infantes...  don  Pedro  et. . .  don  rramon 
berengel  »  hermanos  de  aquel  rey  y  diciendo  haber  sido  martes  el  5  de  Enero, 
dia  de  la  data,  el  ano  es  seguramcnte  elde  1332. 

El  lugar  en  donde  la  escribiô  es  el  castillo  de  Gard  Munoz,  pueblecito  de  la 
actual  provincia  de  Cuenca,  partido  judicial  de  San  Clémente,  el  mismo  que 
nombra  en  el  «  Libro  de  la  caça  »  al  tratar  del  Obispado  de  Cuenca. 

El  facsfmil  adjunto  es  del  mismo  tamano  que  el  original  :  al  reverso  lleva 
el  sobrescrito  también  autôgrafo. 

Andrés  Giménez  Soler. 


I .  Aunque  no  en  facsimil  fué  publicado  en  la  «  Historia  de  la  villa  y  Corte 
de  Madrid  ». 


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VARIA  607 

Al  Rey  de  Aragon 

por 
don  Johan 

Sennor  vi  la  carta  de  respuesta  que  me  troxo  sa(n)cho  garcia  [et] 
dixo  me  commo  loado  adios  sodés  ya  bien  sano  sennor  dios  sabe  el 
grand  plaser  que  yo  desto  he  pero  tan  grand  cueyta  oue  de  las  nueuas 
que  aca  s...  [dejla  vuestra  dolenvia  et  tan  grand  plaser  he  de  la  vues- 
tra  salut  que  nin  lo  puedo  créer  nin  puedo  bien  f(o)lgar  fata  que  vos 
vea  et  por  esto  quiero  vos  aperçebir  porque  mandedes  a  vuestros  caça- 
dores  que  metan  mientes   en  su  fazienda  que  con  la  merçed  de  dios 
luego  sere  en  valençia  con  vusco  pero  si  vos  queredes  que  vaya  uos 
sabet  que  auedes  a  mi  faser  dos  cosas  la  vna  por  que  yo  se  que  el 
cuydado  embarga  mucho  a  la  salut  que  en  quanto  yo  fuere  con  vusco 
que  non  fablemos  en  ningun  seso  ni  en  cosa  que  podades  tomar  cuy- 
dado ni  enojo  la  otra  que  me  dexedes  corner  mis  dineros  en  vuestra 
tierra  et  enbio  uos  esto  désir  desde  aca  porque  si  melo  [non]  otorgar- 
des  que  sepades  que  non  vos  yre  ver  et  faser  medes  en  ello  muy 
grand  pesar  sennor  si  esto  me  otorgades  luego  sere  con  vusco  e  set 
seguro  que  vos  et  todos  vuestros  caçadores  de  aues  et  de  canes  vos 
veredes  en  rroydo  con  el  recabdo  que  yo  uos   leuare  para  todas  las 
caças  et  porque  yo  querria  que  en  todo  tomassedes  uos  plaser  he 
enbiado  rogar  a  vuestros  hermanos  los  infantes  que  sean  y  con  vusco 
porque  los  pueda  yo  uer  et  sea  todo  el  plasçr  complido  et  sea  la  vues- 
tra merçed  que  enbiedes  por  don  pedro  et  roge(des)  a  don  rramon 
berengel  que  se  non  parta  de  vos.  escrita  de  mi  mano  enel  castiello 
martes  très  dias  de  enero. 


Era  el  remédia  olvidar, 
y  olvidoseme  el  retnedio. 

Ces  deux  vers  sont  célèbres  et  ce  n'est  que  justice  ;  je  me  bornerai  à 
rappeler  qu'ils  sont  cités  —  exactement  ou  non  —  1°  dans  quelques 
éditions  de  la  Casa  de  locos  de  amor  de  Quevedo  : 

Siendo  el  remedio  olvidar, 
se  me  olvidaba  el  remedio. 


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éo8 


VARIA 


20  dans  El  parecidoen  la  Corte  de  Moreto  (jornada  II,  escena  4)  : 


DoNA  Inès. 
Don  Fernando. 
DoNA  Inès. 

Tacon. 


DoNA  Inès. 
Tacx)n. 


Don  Fernando. 


Déjà  esa  aprehension  tan  vana. 
Este  olvido  es  gran  rigor. 
No  se  te  olvida  el  amor, 
y  se  te  olvida  lo  hermana  ? 
No  has  oido  una  copliila 
de  Gil,  que  eso  contradice, 
pues  le  culpas  ? 

Y  que  dice  ? 
Escucha  la  redondilla  : 
Dî,  porqué  no  dos  un  medio 
que  remédie  tu  pesar  ? 
Era  el  remedio  olvidar^ 
y  olvidôseme  el  remedio. 
A  la  culpa  que  me  impones 
con  ella  he  de  responderte. 
Oye,  que  satisfacerte 
quiero  en  las  mismas  razones. 
Entre  el  corazon  flechado 
y  la  memoria  perdida 
una  cuestion  se  ha  fonnado  : 
el  te  quiere,  ella  te  olvida  ; 
conque  la  lid  se  ha  trabado. 
El  corazon  dice  pues 
que  hay  un  medio  que  es  remedio, 
y  ella  le  arguye  despues  : 
«  Si  un  medio  el  remedio  es, 
diy  porqué  no  dos  un  medio  ?  » 
El  medio  es  que  el  corazon 
que  ères  mi  hermana  se  acuerde  ; 
mas  siendo  délia  esta  accion, 
la  memoria,  que  te  pierde, 
le  da  luego  esta  razon  : 
«  No  es  medio  para  tu  fuego 
que  yo  lo  llegue  à  acordar, 
pues  si  te  quito  el  sosiego, 
has  menester  otro  luego 
que  remédie  tu  pesar.  » 
Viendo  el  daiio  la  razon 
de  fuego  tan  encendido 


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VARIA  609 

en  tan  injusta  pasion, 

siendo  culpado  el  olvido, 

rine  solo  el  corazon. 

El  dice  :  «  Yo,  que  he  de  hacer  ? 

La  memoria  has  de  culpar, 

que  temiendome  ofender, 

pensô  que  para  querer 

era  el  remedio  olvidar,  » 

La  razon  condenô  luego 

que  la  memoria  en  la  fragua, 

a  Costa  de  mi  sosiego, 

eche  del  acuerdo  el  agua 

para  apagar  este  fuego. 

Annque  perdiese  mi  gloria, 

si  ejecutase  este  medio, 

fuera  mi  salud  notoria  ; 

mas  faltôme  la  memoria, 

y  oluidôseme  el  remedio, 

3«»  dans  Los  Ires  afectos  de  amor  de  Calderon  (jornada  III,  escena 

13): 

RosA.  Y  no  se  puede  dar  medio 

entre  un  placer  y  un  pesar  ? 
Laura.  (cantattdo)      Era  el  remedio  olvidar, 

y  olvidôseme  el  remedio. 

La  «  coplilla  de  Gil  »  à  laquelle  fait  allusion  le  Tacon  du  Parecido 
en  la  Corte  et  la  redondilla  que  cite  le  même  personnage  ne  font-elles 
qu'un  même  quatrain  et  où  en  avoir  le  texte  exact  ?  C'est  ce  qu'ont 
recherché  divers  érudits,  mais  sans  succès.  J'ai  été  assez  heureux  pour 
trouver  dans  un  manuscrit  de  la  Biblioteca  Nacional  de  Madrid  (M.  84, 
cote  actuelle  3890  ;  toi.  38)  la  pièce  suivante  : 

LETRILLA 

—  Gil,  porque  no  das  vn  medio 
que  dé  medio  a  tu  pesar  ? 

—  Era  el  remedio  oluidar, 
y  oluidôseme  el  remedio. 

Revne  httpaniq»e.  xiv.  39 


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élO  VARIA 


—  Aprende  oluido,  pastor. 
No  estes  un  rudo  y  dormido. 

—  Como  e  de  aprender  oluido, 
si  la  memoria  es  amor  ? 

—  Muy  lejos  esus  del  medio 
que  te  pudiera  sanar. 

—  Era  el  remedio  oluidar, 
y  oluidoseme  el  remedio. 

—  Déjà  vaidos  de  cabeza, 

que  amor  tray  gran  pesadumbre. 

—  Dejara  de  ser  costunbre, 
mas  es  ya  naturaleza. 

—  Otros  an  buscado  medio, 
no  a  sido  solo  en  amar. 

—  Era  el  remedio  oluidar, 
y  oluidoseme  el  remedio. 

—  A  mal  recaudo  pusiste 

lo  que  te  importa  en  extremo. 

—  Aun  dezillo  solo  temo, 
que  oluido  es  remedio  triste. 

—  Pues  si  no  buscas  vn  medio, 
amores  te  an  de  matar. 

—  Era  el  remedio  oluidar, 
y  oluidoseme  el  remedio. 


R.  Foulché-Delbosc. 


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TABLES 

DU    TOME    XIV 
1906 


I.   TABLE    PAR    NUMÉROS 


NUMÉRO  45. 

Julio  MoREiRA.  —  Factos  de  synuxe  do  portuguôs  popular.  IV- VIII..  i 
R.    Foulché-Delbosc.  —  La  traduction  latine  des   Copias  de  Jorge 

Manrique 9 

Guiliermo  AntoUn.  —  Sobre  cl  traductor  latino  de  las  Copias  de  Jorge 

Manrique 22 

TEXTES 

Ferran  Nu5ïEZ.  —  Tractado  de  amiçiçia,  publicado  por  A.  Bonilla  y 

San  Martfn 34 

Poésies  attribuées  à  Gôngora 71 

Contos  populares  portuguezes,  recolhidos  por  Z.  Consiglieri  Pedroso ...  115 

NUMÉRO  46. 
Ciro  Bayo.  —  Vocabulario  de  provincialismos  argentinos  y  bolivianos .     24 1 

TEXTES 

Pedro  de  Verague.  —  Doctrina  de  la  discriçion 565 

Letrillas $98 

VARIA 

Andrés  Gimènez  Soler.  —  Un  autôgrafd  de  don  Juan  Manuel 606 

R.  Foulché-Delbosc.  —  Era  el  remed'w  ohidar^ 

y  ohndôseme  el  retnedio 607 


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él2  TABLE   DES   MATIERES 


n.     TABLE     PAR    NOMS    D'AUTEURS 


Anonymes 

La  traduction  latine  des  Copias  de  Jorge  Manrique,  publiée  par  R.  Foulché- 

Delbosc 9 

Contos populares  portuguezes,  recolhidos  por  Z.  Consiglieri  Pedroso ii $ 

Letrillas,  publiées  par  R.  Foulché-Delbosc 598 

Ântolin  (Gnillermo) 

Sobre  el  traductor  latino  de  las  Copias  de  Jorge  Manrique 22 

Bayo  (Ciro) 

Vocabulario  de  provincialismos  argcntinos  y  bolivianos 241 

Bonilla  y  San  Martin  (A.) 

Texte.  Ferran  Nunez.  Tractado  de  amiçiçia 54 

Consiglieri  Pedroso  (Z.) 

Texte.  Contos  populares  portuguezes 115 

Foulché-Delbosc  (R.) 

Era  el  remedio  olvidar 

y  olvidôseme  el  remedio 607 

Texte.  La  traduction  latine  des  Copias  de  Jorge  Manrique 9 

Texte.  Poésies  attribuées  à  Gôngora 71 

Texte.  Pedro  de  Verague.  Doctrina  de  la  discriçion 565 

Texte.  Letrillas 598 

Giménez  Soler  (Andrés) 

Un  autôgrafo  de  don  Juan  Manuel 606 

Gongora 

Poésies  attribuées  à  Gôngora,  publiées  par  R.  Foulché-Delbosc 71 


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TABLE   DES   MATIÈRES  613 

Jnan  Mannel 

Un  autôgrafo  de  don  Juan  Manuel,  publicado  por  Andrés  Giménez  Solcr.     606 

Moreira  (Julio) 

Factos  de  syntaxe  do  português  popular.  IV- VIII i 

Nonez  (Ferran) 

Tractado  de  amiçiçia,  publicado  por  A.  Bonilla  y  San  Martfn 34 

Veragae  (Pedro  de) 
Doctrina  de  la  discriçion,  publiée  par  R.  Foulché-Delbosc 565 

III.  PLANCHES  HORS  TEXTE 


1-4.  La  traduction  latine  des  Copias  de  Jorge  Manrique.  Reliure 8-9 

$.  Doctrina  de  la  discriçion 566-567 

6.  Autôgrafo  de  don  Juan  Manuel 606-607 


Le  Gérant  :  M. -A.    Desbois. 


UACON,   MOTAT   FREKBt,   IMPRIMEURS 


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REVUE 
HISPANIQUE 

Rectteil  consacré  à  Vétude  des  langues^  des  littératures  et  de  Vhistoire 
des  pays  castillans,  catalans  et  portugais 


DIRIGE      PAR 


R-    Foulché-Delbosc 

Topne   XI y,    —  Numéro   46. 


NEW  YORK 

THE  HISPANIC  SOCIETY  OF  AMERICA 
AuDUBON  Park,  West  156111  Street 

PARIS 

LIBRAIRIE  C.  KLINCKSIECK,  11,  Rue  de  Lille 

1906 


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SOMMAIRE 


PAGES 


Ciro  Bayo.  —  Vocabulario  de  provincialismos  argentiiios  y  bolivianoî».     241 


TEXTES 


Pedro  de  Verague.  —  Doctrina  de  ladiscriçion 565 

Letrillas $98 


VARIA 


Andrés  Giménez  Solkr.  —  Un  autôgrafo  de  don  Juan  Manuel 606 

R.  Foulché-Delhosc.  —  Erael  remedio  olvidai\ 

y  olvidôseiiie  e1  remedio 607 


IBibliotheca  hist>anica 

Voir  à  la  page  3  de  la  couverture. 


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iBibliotheca  hist>anica 


I.  —  Comedia  de  Calisto  z  Melibea  (Unico  texto  auiéntico  de  la  Celestina). 
Reimpresiôn  publicada  por  R.  Foulché-Delbosc 8  pesetas. 

II.  —  Vida  del  soldado  espanol  Miguel  de  Castro  (i  593-161 1),  escrita  por 
^  mismo  y  publicada  por  A.  Paz  y  Mélia 12  pesetas. 

III.  —  La  vida  de  Lazarillo  de  Tormes,  y  de  sus  fortunas  y  aduersidades. 
Restituciôn  de  la  ediciôn  principe  por  R.  Foulché-Delbosc 4  pesetas. 

TÏMge  sur  grand  papier  du  Japon  (n'»»  i  A  15) 2ç  pesetas. 

IV.  —  Diego  de  Neguerucla.  Farsa  llamada  Ardamisa.  Réimpression  publiée 
par  Léo  Rouanet 4  pesetas. 

V.  VI,  VII,  VIII.  —  Colecciôn  de  Autos,  Farsas,  y  Coloquios  del  siglo  XVI, 
publiée  par  Léo  Rouanet.  Les  quatre  volumes 60  pesetas. 

IX.  —  Obres  poétiques  de  Jordi  de  Sant  Jordi  (segles  xiv«-xv«),  recuUides  i 
publicades  per  J.  Massô  Torrents 4  pesetas. 

Tirage  sur  grand  papier  du  Japon  (n<»  i  à  12) épnisé 

X.  —  Pedro  Manuel  de  Urrea.  Penitencia  de  amor  (Burgos,  15 14).  Reim- 
presiôn publicada  por  R.  Foulché-Delbosc .  / 4  pesetas . 

XI.  —  Jorge  Manrrique.  Copias  por  ia  muerte  de  su  padre.  Primera  ediciôn 
crftica.  Publicala  R.  Foulché-Delbosc. 4  pesetas. 

Tirage  sur  gran  1  papier  du  Japon  (n<*«  i  &  2$  ) >o  peseus. 

XII.  — Comedia  de  Calisto  z  Melibea  (Burgos,  1499).  Reimpresiôn  publicada 
por  R.  Foulché-Delbosc 10  pesetas. 

Tirage  sur  grand  papier  dn  Japon  (n»»  i  à  2$) $o  pesetas. 

XIII.  —  Perâlvarez  de  Ayllôn  y  Luis  Hurtado  de  Toledo.  Comedia  Tibalda, 
ahora  por  primera  vez  publicada  segùn  la  forma  original  por  AdoIfo  Bonilla  y 
San  Martin 4  pesetas. 

XIV.  —  Libro  de  los  enganos  z  los  asayamientos  de  las  mugeres.  Publfcalo 
AdoIfo  Bonilla  y  San  Martin 4  pesetas . 

XV.  —  Diego  de  San  Pedro.  Carcel  de  amor  (Sevilla,  1492). . .     4  pesetas. 

Tirage  sur  grand  papier  du  Japon  (n*»   i  à  12) 25  pesetas. 

XVI.  XVII.  —  Obras  poéticas  de  D.  Luis  de  Gongora,  publicadas  por 
R.  Foulché-DelbobC Sous  presse. 

XVIII.  —  Spill  o  Libre  de  les  Dunes  per  Mestre  Jacrae  Roig.  Ediciôn  critica 
con  las  variantes  de  todas  las  publicadas  y  las  del  Ms.  de  la  Vaticana,  prôlogo 
estudios  y  comentarios  por  Roque  Chabds 20  pesetas. 

Les  volumes  de  la  Bibliothecu  hispanica  sont  en  vente  à  Barcelone  (Libraiiie 
de  «  L'Avenç  »,  Ronda  de  FUniversitat,  20),  et  à  Madrid  (Librairie  de 
M.  Murillo,  Alcala,  7). 


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La  Rtvue  Hispanique^  fondée  en  1894,  ^^^^xx,  tous  les  trois 
mois  ;  elle  forme  chaque  année  deux  volumes  de  six  cents 
pages  chacun. 

Le  prix  de  l'abonnement  à  Tannée  courante  est  de  vingt 
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Aucun  numéro  n'est  vendu  séparément. 

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La  Revtie  Hispanique  annonce  ou  analyse  les  livres,  brochures 
ou  périodiques  dont  un  exemplaire  est  adressé  directement  à 
M.  R.  Foulché-Delbosc,  boulevard  Malesherbes,  156,  à  Paris. 


Tout  ce  qui  concerne  la  rédaction  et  les  échanges  de  la  Revue 
Hispanique  doit  être  adressé  à  M.  R.  Foulché-Delbosc, boulevard 
Malesherbes,  156,  à  Paris. 

Tout  ce  qui   concerne  les  abonnements  doit    être  adressé  : 

pour  l'Amérique,  à  M.  le  Secrétaire  de  The  Hispanic  Society 
of  America,  Audubon  Park,  West  156  ''^  Street,  New  York  City; 

pour  l'Europe,  à  la  librairie  C.  Klincksieck,  11,  rue  de  Lille, 
à  Paris. 


SBibliotheca  hist>anica 

Voir  à  la  page  3  de  la  couverture 


MAÇON,  PROTAT  FRERES,  IMPRIMEURS. 


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