BOLETIM BIOLÓGICO. LABORATÓRIO DE PARASITOLOGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO PAULO (SÃO PAULO) n.1-10 BOLETIM BIOLOGICO REDACTORES: ARTHUR NEIVA, L. TRAVASSOS, CESAR PINTO, FLAVIO DA FONSECA e PAULO ARTIGAS Auxiliam a publicação deste Boletim as seguintes pessoas: PROFESSORES E. DE SOUZA CAMPOS, PEDRO DIAS DA SILVA, DR. JOÃO DAUDT D’OLIVEIRA, PROF. AGUIAR PUPO, PROF. A. CARINI, DR. JULIO DE MESQUITA FILHO, DR. JESUINO MACIEL, DR. NAVARRO DE ANDRADE, PROF. M. L. OLIVEIRA FILHO S. Paulo — Brasil Lab. de Parasifologia da Faculdade de Medicina. Rua Brigadeiro Tobias, 42 . 1, | SciELO ADVERTÊNCIA: ü Boletim Biologico é uma pu- blicação exclusivamente votada á divulgação de trabalhos originaes de sciencia pura, man- tido por iniciativa particular, sem preoccupa- ção commercial, não sendo, portanto, accei- tos annuncios ou pedidos de assignaturas. Sua distribuição fica a critério da Redacção, que o remetterá aos especialistas e Institutos scien- tificos interessados, acceitando, entretanto, propostas de permuta com publicações con- generes. Não terá, outrosim, caracter de periodico, aparecendo lógo que haja matéria a publicar, sem levar em conta a extensão do trabalho. A correspondência deverá ser dirigida ao Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Caixa do correio, 2921. Brasil. BOLETIM BIOLOG1CO ÍNDICE alphabetico das matérias. A. Adeleidae Adeleinae Anatomia e biologia dos Xyctotherus dos Batrachios do Brasil Anomalias do ovário da Fasciola hepatica L. 1758 Apiomerus (gen.) Aplectana vellardi (n. sp.) Ascaris retusa (Rudolph, 1819) B. Bartonella bacilliformis Strong et col. 1915 21 „ muris Carini, 1915 94 „ ranarum n. sp 25 „ rocha-limai Faria et Pinto, 1926 21 Blattideos (Xyctotherus dos) 14 c. Cariniella (n. gn.) 83 Cariniella carinii (n. sp.) 83 Carnoya pyramhoia n. sp 60 Chagasellinae 82 Ccccideas 49 Coelosis biloba (L. 1758) 73 Contribuição para o estudo de um hymenoptero parasita de um eoleoptero myrmecophilo 73 D. Dendrorchis (n. gen.) 16 Dendrorchis neivai n. sp 17, 20 E. Eimeria boveroi n. sp 50 „ rocha-limai n. sp 50 Estudos sobre Coccideas 19 cm 1 SciELO 10 11 12 13 14 15 16 BOLETIM BIOLOGICO F. Fasciola hepatica L. 1758. (Anomalias do ovário da) Pag. no Gorgoderidae Glyphthelmis elegam n. sp H. Hemiderma brevicauda Wied. (ematozoarios de) Hemiptaros-heteropteros hematophagos Hypopygio dos Triatomideos . Hystrignathus (gen.) .... elegam n. sp. . hoehnei n. sp. . inermis n. sp. . leidyi n. sp. longicauda n. sp. longicollis n. sp. similis n. sp. . vesicidosus n. sp. I. Icthyocephalus (n. gen.) 62 Icthycephaliis icthyocephalus n. sp 62 Invertebrados (Nematoides de) 1, 38, 51), 1)7 Isakis falcatum (n. sp.) 1)8 Isakis subulatum (n. sp.) 1)9 K. Klossinae 82 N. Nematoides de Invertebrados 1, 38, 59, 97 Notas helminthologieas 85 Nyctotherus dos Batrachios do Brasil 15 >» >» Blattideos do Brasil 11 cm 1 SciELO 10 11 12 13 14 15 16 BOLETIM BIOLOGICO Pag. X yctotherus buissoni n. sp 14 „ cordiformis 46, 18 „ cunhai 46, 48 „ ovalis 14 tejerai n. sp 45, 47, 48 „ viannai n. sp 16 Orcheobius cruzi n. sp. O. . . 51 Parasitismo das Trichomonas por Sphaerita minor .... 34 Plagiorchidae 16 R. Ransomnema (n. gen.) Ransomnema (n. gen.) „ longispicuhim n. sp „ ransomi n. sp Resistência das especies de Xyctotherus in vitro . Rhigonema truncatum (n. sp.) Rondonema (n. gen.) Rondonema rondoni n. sp S. Sphaerita minor Cunha et Muniz Scolia sp Schneideria (n. gen.) Schneideria retusa (Rud., 1819) Sobre um novo genero de Coccidea da sub-Tamilia Klossinae Sobre uma nova Aplectana Trematoides Novos . Triatomideos . Trichomonas vitali n. sp. cm 1 SciELO LO 11 12 13 14 15 16 BOLETIM BIOLOGICO Relação dos trabalhos originaes feitos no “Laboratorio de Parasitologia” da Faculdade de Medicina de São Paulo, durante o anno de 1926. 1. TRAVASSOS, L. 1926. Catadiscus cohni nova especie. Trematodeo parasita de Batrachio. In Sciencia Me- dica. Anno 4 N.° 6. pp 278 2. NEIVA, A. & PINTO, Cesar. 1926. Trypanosoma bour- rouli e Haemogregarina gomesi novas especies. In Sciencia Medica. Anno 4. N. u 6. pp 280 3. PINTO, C. & VALLIM, A. R. 1926. Estudos sobre Cocci- deas. In Boi. Ins. Brasileiro de Sciencias. Anno. II. N.° 6. pp 216 I. PINTO, C. 1928. Estudos sobre Ciliados parasitas. In Boi. Inst. Brasileiro de Sciencias. Ann. II. N.° 6. pp. . . 219 5. PINTO, Cesar. 1926. Sobre a presença da Entamoeba ra- narum no Brasil. In Boi. Inst. Brasileiro de Sciencias. Anno. II. N.° 6. pp 214 6. SCHWENCK, J. 1926. Fauna parasitologica dos Blatti- deos do Brasil. In Sciencia Medica. Anno. 4. N.° 9. pp. 491 7. TRAVASSOS, L. 1926. Mais uma nova especie do genero Strongyluris. In Annaes da Fac. de Med. de São Paulo, volume I. 8. PINTO, Cesar. 1926. Phlebotomus neivai e Phlebotomus fischeri novas especies. Sobre o apparelho espicular dos Phlebotomos e seu valor especifico. In Scienc : a Medica. Anno. 4. N.° 7. pp 370 9. PINTO, Cesar. 1926. Triatomideos da Venezuela, com a descripção de uma nova especie do genero Eutriatoma (E. arthuri.) In Annaes da Fac. de Med. de São Paulo. vol. I. 10. PINTO, Cesar. 1926. Classificação dos Triatomideos (He- mipteros-heteropteros hematophagos). In Sciencia Medica. Anno 4. N.° 9. pp 485 11. ARTIGAS, Paulo. 1926. Nematoides de Invertebrados. In Boletim Biologico. Fascículo I. pag 1 cm 1 SciELO LO 11 12 13 14 15 16 BOLETIM BIOLOGICO 12. TRAVASSOS, L. 1 026. Evolução do Rhabdias fulleborni nova especie. In Archiv fur Schiffs. und Trop-hyg. 1926 13. PINTO, Cesar. 1926. Nyctotherus dos Rlattideos do Brasil. In Boletim Biologieo. Fase. I. pp 14 11. TRAVASSOS, E. 1926. Trematodeos Novos (V). In Bo- letim Biologieo. Fase. I. pp 16 15. PINTO, Cesar. 1926. Hypopygio dos Triatomideos (He- mipteros-heteropteros hematophagos). In Boletim Biologieo. Fase. 2. pp 27 16. PINTO, C. & FONSECA, Fl. da. 1926. Triehomonas vitali n. sp. Parasitismo das Triehomonas por Sphaerita mi- nor Cunha et Muniz, 1923 e relação das especies de Spbaeritas conhecidas. In Boletim Biologieo Fase. 2 pp. 31 17. ARTIGAS, Paulo. 1926. Nematoides de Invertebrados (II) . In Boletim Biologieo. Fase. 2. pp 38 18. PINTO, Cesar. 1926. Anatomia e biologia dos Nyctothe- rus dos Batrachios do Brasil. In Boletim Biologieo. Fase. 3. Pag 15 19. CARINI, A. & PINTO, Cesar. 1926. Estudos sobre Coc- cideas. In Boletim Biologieo. Fase. 3. Pag. ... 19 20. TRAVASSOS, F. 1926. Anomalias do ovário da Fasdola bepatica. In Boletim Biologieo. Fase. 3. Pag. . . 55 21. ARTIGAS, Paulo. 1926. Nematoides de Invertebrados (III) . In Boletim Biologieo. Fase. 3. Pag 59 22. PINTO, C. 1926. Sobre um novo genero de Coceidea da sub-fam. Klossinae ( Cariniella carinii). In Bole- tim Biologieo. Fascículo 1. Pag 82 23. TRAVASSOS, Lauro. 1926. Notas Helminthologicas. In Boletim Biologieo. Fase. 1. Pag 85 21. TRAVASSOS, Lauro. 1926. Ascaris retusa (Rudolph. 1819). In Boletim Biologieo. Fase. 4. Pag 87 25. TRAVASSOS, Lauro. 1926. Sobre uma nova “Aplecta- na”. In Boletim Biologieo. Fase. 1. Pag 94 26. ARTIGAS, Paulo. 1926. Nematoides de Invertebradas (IV) . In Boletim Biologieo. Fase. 4. Pag 97 BOLETIM BIOLOGICO Fazemos no presente trabalho a descripção de oito especies de neniatoides por nós estudados e que por sua niorphologia subor- dínam-se ao genero Hystrignathus Leidy, 1850. A especie typo do genero é //. rigidus Leidy, 1850, da qual so- mente a descripção da femea foi publicada, permanecendo des- conhecida a niorphologia do macho. As especies cuja descripção vamos desenvolver são encontra- das em communidade na luz e diverticulos intestinaes de Coleopte- ros passalideos, sendo o material proveniente da Estação Biologica que o Museu Paulista mantem no Alto da Serra (São Paulo), sob a competente direção do notável botânico F. C. Hoehne, que nos proporcionou o ensejo de collecionar os insectos hospedadores dos helminthos que óra nos preoccupam. Limitar-nos-emos presentemente a descrever as femeas, pois se torna bastante complicado o isolamento especifico dos machos» Brasil. São Paulo, 7 de setembro de 1926. Fascículo 1 Trabalho do Laboratorio de Parasitologia de Prof. cathedratico: LAURO TRAVASSOS - São Paulo - Br N." 11 Nematoídes de Invertebrados POR PAULO ARTIGAS (Monitor da cadeira de Parasitologia da Fac. de Medicina de São Paulo.) BOLETIM BIOLOGICO dados o grande dimorphismo sexual que apresentam estes nema- toides e o facto delles viverem em promiscuidade; faremos, por taes motivos, apenas a diagnose generica do macho que até agora não foi publicada. Genero HYSTRIGNATHVS Leidy, 1850. — Syn. Xyo Cobb, 1888. — Diagnose generica. FEMEA. — Cor branca; corpo longo, delgado e muito movei; cutícula apresentando-se, geralmente, com espinhos na região an- terior do corpo e dispostos em series, com 16 a 18 fileiras. Lábios salientes; esophago com uma porção anterior, que pode ser cy- lindrica ou elaviforme e mais ou menos longa, com vestíbulo an- terior variavel e terminando por um bulbo posterior, possuindo uma valvula tricuspide. Vulva mediana, dispondo-se, geralmente, pouco abaixo do meio do corpo; aparelho reproductor monodel- pho e prodelpho; ovejector dirigido para diante; utero dirigido de diante para traz; ovário dirigido de traz para diante. Ovos alon- gados, asymetricos e ovalares, com casca espessa e, ás vezes, com formações exteriores. MACHO — Cor branca; menor do que a femea e muito me- nos movei do que ella; desprovido de espinhos cuticulares; apre- senta duas azas eephalicas nos campos lateraes. Lábios pouco aparentes; esophago com um curto vestíbulo e com a porção anterior cylindrica ou ligeiramente elaviforme e bul- bo posterior. Cloaca sub-terminal, desprovida de apparelho espieular, que é substituído por uma formação chitinosa que torna mais resistente a porção terminal. Existe uma papilla impar preanal a uma dis- tancia variavel do anus. Tubo testicular dirigido de traz para dian- te e sem inflexão. BOLETIM BIOLOGICO 3 Hystrignathus leidyi n. sp. (Figuras 1. 2, 3.) Comprimento total 2,4 mm. Largura maxima U,l(i mm. Cutícula com fileiras de espinhos que deixam de existir ao nivel mediano do bulbo. Lábios salientes que medem 0,013 mm. de altura; vestíbulo com 0,038 mm.; esophago claviforme e com bulbo posterior separado por uma porção intermediaria estreitada; eso- phago anterior medindo 0,18 mm. por 0 ,(j/ mm.; porção media com 0,04 mm. e bulbo com diâmetro de 0,06 mm. A vulva fica distante do anus 0,61 mm.; este está situado a 0,38 mm. da extremidade caudal. Ovos achatados medindo 0,131 mm. por 0,044 mm. Hystrignathus longicollis n. sp. (Figuras 4, 5. 6.) Comprimento total 2,6 mm. Largura maxima 0,12 mm. Apresenta a cuticula lisa, sem espinhos. Lábios pouco salien- tes que medem 0,010 mm. de altura; vestíbulo com 0,053 mm.; esophago muito longo, sub-cylindrico, tendo um bulbo posterior separado da porção anterior por um estreitamento pouco sensível e bastante curto; a porção anterior do esophago mede 0,5 mm. por 0,027 mm.; a porção mediana tem 0,038 de comprimento; o dia- metro do bulbo é de 0,069 mm. A vulva fica 0,82 mm. do anus. Anus situado a 0,36 mm. da extremidade posterior. Ovos achatados de um lado, medindo 0,123 mm. por 0,038 mm. BOLETIM BIOLOGICO Hystrignathus elegans n. sp. (Figuras 7. 8, 9.) / Comprimento total 2,6 mm. Largura maxima 0,15 mm. Cutícula com espinhos muito pequenos que deixam de exis- tir na altura da porção intermediaria do esophago. Extremidade cephalica apresentando lábios pouco salientes e com uma dilatação cuticular lisa que termina de modo brusco ao attingir o nivel mediano do vestíbulo. Os lábios, pouco apa- rentes, têm 0,007 mm. cie altura, tendo a dilatação cephalica 0,046 mm.. Vestíbulo com 0,053 mm.. Esophago com a porção anterior clavifcrme e muito mais larga que a porção intermediaria; mede o esophago anterior 0,31 mm. por 0,061 mm.; a porção interme- diaria mede 0,046 mm.; o bulbo tem de diâmetro 0,077 mm.. Annel nervoso situado a 0,23 mm. da extremidade anterior; poro excretor post-bulbar. A vulva está a 0,77 mm. do anus; anus situado a 0,19 mm. da extremidade caudal. Os ovos medem 0,126 mm. por 0,053 mm. Hystrignathus vesiculosus n. sp. (Figuras 10, 11, 12.) Comprimento total 2 mm. Largura maxima 0,115 mm. A cutícula na porção anterior é guarnecida de espinhos até o nivel da porção intermedia do esophago e apresenta uma dila- tação vesiculosa, lisa, anterior, que desaparece no fim do vestíbulo. Lábios salientes com 0,015 mm. de altura. A dilatação cepha- lica tem 0.016 mm. de comprimento; o vestíbulo mede 0,038 mm.. Porção anterior do esophago claviforme, mas pouco accentuada- mente, medindo 0,26 mm. por 0,038 mm.; porção intermediaria com 0,038 mm. de comprimento; o bulbo mede 0,068 mm. de dia- metro. Annel nervoso situado a 0,2 mm. da extremidade anterior. A vulva fica a 0,52 mm. do annus e este a 0,46 mm. da extre- midade posterior. Os ovos medem 0,115 mm. por 0,033 mm. cm 1 SciELO 10 11 12 13 14 15 16 BOLETIM BIOLOGICO D Hystrignathus hoehnei (1) n. sp. (Figuras 13, 14, 15.) Comprimento total 1,55 mm. Largura maxima 0,1 mm. Cutícula com espinhos muito pequenos que deixam de apare- cer antes do bulbo e com uma ligeira dilatação cephalica lisa. Lábios com 0,007 mm. de altura, tendo a dilatação cephalica 0,011 mm. Vestíbulo com 0,038 mm. de comprimento. Porção an- terior do esophago ligeiramente claviforme com o comprimento de 0,16 mm. e largura maxima de 0,038 mm.; porção intermediaria medindo 0,030 mm. e bulbo com diâmetro de 0,046 mm.. Annel nervoso collocado no meio da porção anterior do esophago. A vulva está a 0,51 mm. do anus e este está situado a 0,30 mm. da extremidade posterior. Medem os ovos 0,103 mm. por 0,038 mm. Hystrignathus similis n. sp. (Figuras 16, 17, 18.) Comprimento total 1,6 mm. Largura maxima 0,13 mm. Cutícula com espinhos bastante desenvolvidos que se desta- cam até o nivel inferior do bulbo. Não existe dilatação cephalica. Lábios salientes com 0,007 mm. de comprimento. Vestíbulo com 0,038 mm. Esophago com a porção anterior aceentuadamente cla- viforme, medindo 0,2 mm. por 0,045 mm. de largura; porção in- termediaria reduzida, com o comprimento de 0,026 mm.; o bulho tem de diâmetro 0,053 mm. Poro excretor post-bulbar situado a 0,46 mm. da extremidade anterior; annel nervoso a 0,15 mm. da extremidade cephalica. A vulva está a 0,50 mm. do anus e este a 0,26 mm. da extre- midade posterior. Os ovos medem 0,115 mm. por 0,038 mm. (1) O nome da especie é dedicado ao Snr. F. C. Hoehne, Director da Estação Biologica do Alto da Serra (Est. S. Paulo). J BOLETIM BIOLOGICO Hystrignathus longicauda n. sp. (Figuras 19, 20, 21, 22.) Comprimento total 2,6 mm. Largura maxima 0,19 mm. Cutícula com espinhos muito desenvolvidos na extremidade anterior, medindo cada um 0,011 mm., esses espinhos existem até o nivel medio do esophago. Lábios salientes, bem pronunciados e rodeados por um ligeiro annel cuticular, medem de altura 0,007 mm. O vestíbulo tem 0,049 mm. de comprimento. Esophago lige : ramente claviforme, medindo a porção anterior 0.24 mm. por 0 053 mm.; porção intermediaria com 0,038 mm. e diâmetro bulhar com 0,069 mm. Annel nervoso situado no meio da porção anterior do esophago. Poro excretor a 0,16 mm. da extremidade anterior. A vulva está a 0,77 mm. do anus e este dista da extremidade caudal 0,58 mm. Ovos com 0,115 mm. por 0,038 mm. Hystrignathus inermis n. sp. (Figuras 23, 24, 25.) Comprimento total 1,74 mm. Largura maxima 0,092 mm. Cutícula sem espinhos. Lábios muito salientes e destacados por um ligeiro estrangulamento, medem de altura 0,007 mm. Ves- tíbulo medindo 0,030 mm. Porção anterior do esophago claviforme com o comprimento de 0,38 mm.; o bulbo mede de diâmetro 0,053 mm. Annel nervoso pouco acima da metade da porção anterior do esophago. A vulva está a 0,63 mm. do anus e este fica a 0,19 mm tia ex- tremidade posterior. Os ovos medem 0,138 mm. por 0,016 mm. cm 1 SciELO 10 11 12 13 14 15 16 BOLETIM BIOLOGICO 7 Chave para a classificação das especies do genero HYSTRIGNATHUS por nós descriptas a) Com espinhos b Sem espinhos c b) Com extremidade cephalica dilatada .... d Sem dilatação cephalica e fy ' c) Com porção anterior do esophago longa e cy- / lindrica /longicollis Com porção anterior do esophago curta e cia- \ viforme inermis d) Com dilatação cephalica muito pequena . . . hoehnei Com dilatação cephalica terminando na altura do meio do vestíbulo elegans Com dilatação cephalica acabando na altura da terminação do vestíbulo vesiculosus e) Com cauda muito longa longicauda Com cauda mais longa (pie o esophago, incluin- do o bulbo Iei(I lJÍ Com cauda mais curta que o esophago, incluin- do o bulho similis 8 BOLETIM BIOLOGICO V P. Artigas. Xematoides de Invertebrados. BOLETIM BIOLOGICO P. Artigas. Xematoides de Invertebrados. i O J Ho, rf jv7 10 BOLETIM BIOLOGICO 7 '- / ‘o T f 1 O ? 1 m rn. P. Artigas. Xematoicles cio Invertebrados. 1, | SciELO BOLETIM BIOLOGICO Artigas. Nematoides de Invertebrados. 12 BOLETIM BIOLOOICO / / P. Artigas. Nematoides de Invertebrados. O / ,•?} ; 7 14 BOLETIM BIOLOGICO Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo - Brasil. Prof. cathedratico : LAURO TRAVASSOS — Assistente: CESAR PINTO N." 13 Nyctotherus dos Blattideos do Brasil POR CESAR PINTO Nyctotherus ovalis Leidy. (Fig. 1.) Corpo achatado, oval com 91 micra de comprimento por 57 micra de largura. Dois ou tres vacuolos pulsáteis. Cytopygio obliquo. Macronucleo oval com 30 micra de comprimento por 15 micra de largura. Cytopharynge transverso com 45 micra de ex- tensão. Parasito do intestino de Periplaneta americana e Blattideos sylvestres. Nyctotherus buissoni nova especie (Fig- 2.) O nome da especie é dedicado á memória do mallogrado seien- tista Jean Buisson, auctor de importantes trabalhos sobre Ciliados parasitos. Comprimento 118 micra. Largura 68 micra. Corpo ellipsoide. Cytopliarynge transverso com 57 micra de extensão. Macronucleo oval com 30 micra de conprimcnto por 15 micra de largura. I)e cada extremidade mais afilada do macronucleo emerge um fila- mento que attinge o bordo do corpo do eiliado e que funcciona como um verdadeiro sustentáculo do macronucleo. Um vacuolo pulsátil. Cytopygio obliquo. Parasito do intestino de barata sylvestre proveniente de São Paulo. BOLETIM BIOLOGICO 15 < - 2 . Fig. 1. Nyctotherus ovalis Leidy. Original. Fig. 2. Nyctotherus buisso- ni n. sp. Original. ^ 3 " Fig. 3. Nyctotherus viannai n. sp. Original Cesar Pinto. Nyctotherus dos Blattideos do Brasil. cm l 2 3 4 SciELO 10 11 12 13 14 15 16 1G BOLETIM BIQLOGICO Nyctotherus viannai nova especie (Fig. 3.) O nome especifico é dedicado á memória do saudoso e grande seientista Gaspar Vianna. Corpo ovoide tendo de comprimento 91 micra por 57 micra de largura. Cytopharynge com 45 micra de extensão, rectilineo e obliquo. Macronucleo oval com 30 micra de comprimento por 15 micra de largura. Um vacuolo pulsátil. Cytopygio obliquo. Parasito do intestino de barata sylvestre proveniente de São Paulo. Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo - Brasil - N.° 14 - Trematodeos Novos, (V) POR LAURO TRAVASSOS Nesta nota descrevemos dois Trematodeos novos, um da fa- mília Gorgoderídae na qual constitue um typo novo e outro da familia Plagiorchidae do genero Gli/phthelmis. O primeiro foi capturado em Icem ou Agua Doce por Cesar Pinto e Mario Yen- tel quando em excursão scientifica áquella localidade de São ’’aulo e é parasito da vesícula natatorio de peixe; o segundo foi capturado no Laboratorio de Parasitologia durante os trabalhos práticos e parasita o intestino de rã. Dendrorchis novo genero. Gorgoderídae; corpo chato de contorno piriforme; sem pha- rynge; cecos longos e sinuosos; póro genital sub-mediano; bolsa do cirrhos pequena; testículos ramificados, oblíquos, intra-ce- caes; ovário lobado profundamente, na zona do testículo anterior e no campo do posterior; vitellinos allongados, intra-cecaes, pre- BOLETIM BIOLOGICO 17 ovarianos; utero occupando toda a area do corpo excepto a arca intra-cecal adiante dos vitellinos. Especie typo: Dendrorchis neivai nova especie. Este genero se approxima bastante de Prosthenys- tera do qual se distingue pela forma do vitellino e pela situação intra- cecal deste, pelos testículos oblíquos e ramificados. Dendrorchis neivai nova especie (Fig- 1.) Corpo chato de contorno piriforme e de còr branca leitosa; comprimento 6-8 mm.; largura maxima ao nivel do testículo an- terior 4-5 mm.; cutícula lisa; ventosa oral com 0,6 a 0,7 mm. de diâmetro, sub-terminal; esophago sem pharynge, com porção ini- cial de paredes ligeiramente espessadas, mede do rebordo infe- rior da ventosa á bifurcação 0,4 a 0,8 mm. de comprimento, muito delgado; cecos longos e sinuosos, terminando perto da extremi- dade posterior; acetabulo pouco maior que a ventosa oral, mede cerca de 0,67 a 0,90 mm. de diâmetro, zona acetabular distante da zona da ventosa oral 1 mm. a 1,8 mm.; póro genital sub-mediano, mais ou menos equidistante do acetabulo e da bifurcação esopha- geana; bolsa do cirrhos pequena, geralmente transversal e com pequeno cirrhos e vesícula seminal, mede cerca de 0,4 mm. de comprimento; testículos ramificados com zona e campos em con- tacto mas não superpostos, intracecaes, medem cerca de 1 por 1 mm. a 1,2 por 1,5 de diâmetros longitudinaes e transversaes; ovário profundamente lobado, na zona do testículo anterior e no campo do posterior, abaixo do vitellino, mede 0,52 por 0,57 mm. a 0,60 por 0,70 mm.; vitellinos transversaes, alongados, sinuosos, raramente com pequenas ramificações, situados áeima da zona ovariana e abaixo ou invadindo parcialmente a zona acetabular, intra-cecaes; glandula de Mehlis muito pequena; canal de Laurer não foi observado; utero com muitas alças occupando quasi toda area do corpo desde a ventosa anterior, na area extra cecal e intra cecal excepto a area intra cecal pre vitellina; ovos ellipsoides de dimensões variaveis, de casca fina, não operculados, os maiores medem 0,045 a 0,053 por 0,030 a 0,038 mm., os menores medem de 0,023 a 0,030 por 0,015 a 0,023 mm.; póro excretor terminal; vesícula excretora longitudinal, simples. Habitat : vesícula natatoria de “Piracanjuba” (peixe de agua doce), Brycon landi. Proveniência: Icem ou Agua Doce. Estado de S. Paulo. Brasil. 18 BOLETIM BIOLOGICO Collecionado em Maio deste anno pelo Dr. Cesar Pinto e Ma- rio Ventel. 0 nome especifico é dado em homenagem á Arthur Xeiva que muito contribuio para que se realizasse a excursão scientifica á Icem. O material que serviu para a descripção desta especie esta- va fixado, comprimido entre lamina e laminula e colorido pelo carmin. Glyphthelmis elegans nova especie (Fig. 2.) Corpo ellipsoide, regular, cutícula com revestimento de es- pinhos chatos muito nitidos sobretudo na extremidade posterior, espinhos caducos; comprimento total do parasito 3 a 3.2 mm.; largura 1,4 a 1,7 mm.; ventosa oral sub terminal com 0,25 a 0,37 mm. de diâmetro; pharynge presente, muito desenvolvido, logo cm seguida á ventosa oral, medindo de diâmetro 0,17 a 0,25 mm.; esophago muito curto medindo de comprimento 0,15 a 0,22 mm.; cecos longos, atingindo a extremidade posterior do corpo, largos com 0,12 a 0,15 mm. de largura; acetabulo pre equatorial, um pou- co menor cpie a ventosa oral, medindo de diâmetro 0,25 a 0,27 mm. e a 0,0 a 0,7 mm. da ventosa oral; poro genital ligeiramente lateral, bifurcai ou pcst bifurcai, intra cecal; bolsa de eirrhos muito grande, curva com eirrhos protractil e vesícula seminal grande, medindo de 0,70 a 0,82 mm. de comprimento por 0,17 a 0,20 mm. de largura maxima, ultrapassando a zona acetabular e invadindo a zona ovariana. Testículos redondos, equatoriaes com zonas coincidindo e campos afastados, medindo 0,35 por 0,37 a 0,45 por 0,42 mm.; ovário redondo, pre testicular com campo entre os campos testieulares ou coincidindo com o campo do tes- tículo do lado opposto ao póro genital, a zona superpondo-se em parte á zona acetabular, medindo cerca de 0,30 a 0,12 mm. de dia- metro; vitellinos constituídos por acines volumosos, situados na area extra cecal, desde a zona bifurcai até quasi a terminação do intestino; glandula de Mehlis muito pequena; utero occupando to- da a area do corpo intra e extra cecal abaixo da zona acetabular, com alças muito nitidas de direcção transversal; ovos ellipsoides, de côr castanho escura, operculados, medindo 0,033 a 0,38 mm. de comprimento por 0,015 a 0,020 de largura maxima; vagina muito ui c Fig. 1. Dendrorchis neivai n. sp. Original. BOLETIM BIOLOGICO Fig. 2. Glyphthelmis elegans n. sp. Original. L. Travassos. Trematodeos Novos. BOLETIM BIOLOGICO Brasil. São Paulo, 15 de outubro de 1926. Fascículo 2. | 8| *LIOTHECAt \>i- PAULo . '' / A W^ Trabalho do Instituto Oswaldo Cruz. Manguinhos. Director: Prof. Carlos Chagas. Sobre a BARTONELLA ROCHA-LIMAI Faria et Pinto, 1926 parasita de HEMIDERMA BREVICAUDA Wied. Annexa uma lista dos parasitas deste grupo até hoje descriptos. PELOS DRS. J. GOMES DE FARIA (Chefe de Serviço do Inst. Oswaldo Cruz.) E CESAR PINTO (Assistente do Inst. Oswaldo Cruz.) BARTONELLA ROCHA-LIMAI Faria et Pinto, 1926 Fig. 3 Microorganismos vivendo no interior das hematias com 1-1,5 micra de comprimento por 0,1 a 0,15 micron de largura, dispos- tos irregularmente nos globulos vermelhos, isolados ou agrupa- dos em numero que varia de 14 a 30 indivíduos, ás vezes incon- táveis mesmo, pelo arranjo que tomam no interior dos erythro- cytos. Morphologicamente podem ser divididos em: a) bastonetes extremamente finos, rectos, alongados, ás vezes encurvados em arco e colorindo-se pelo methodo de Giemsa em vermelho-vinho Podem ter contorno perfeitamente regular ou possuir pequenas saliências. As extremidades são geralmente arredondadas. A sub- stancia constitutiva do corpo dos bastonetes córa-se fortemente pelo Giemsa, condensando-se quasi sempre nas duas extremida- des, dando assim o aspecto que têm certos micróbios chamados vacuolisados ( Bacillus pestis, B. influenzae, etc.). Estas conden- sações podem apresentar-se também no meio do corpo do bas- cm l SciELO 10 11 12 13 14 15 16 22 BOLETIM BIOLOGICO tonete, com um aspecto granular. Forma b) corpúsculos arredon- dados que lembram minúsculos coccus, em geral dispostos aos pares formando diplococcus ou mais alongados com aspecto de lialter ou biscoito. Nestas formas vê-se frequentemente uma parte central mais clara e nos polos nitida condensação chromatica. Em nenhuma das formas descriptas ácima vê-se uma diffe- renciação morphologica nitida que permitta admittir a existên- cia de plasma e nuclo bem individualisado. Entre os microorganismos e o estroma do globulo parasita- do não existe zona clara nem outra qualquer differenciação mor- phologica. As Bartonellas parecem estar presas ou adherentes á superfície dos globulos vermelhos. Na infecção expontânea deste parasito o numero de hemalias infectadas é relativamente pequeno, comparado com outras in- fecções de Bartonellas. Nos erythroeytos não parasitados e mais raramente naquel- les invadidos pela Bartonella rocha-limai ê notável a anisoeytose, a polychromatophilia e a presença de corpúsculos de Jolly. Foram observadas formas desta Bartonella extra-globulares, que provavelmente provinham de hematias arrebentadas. Estas formas encontram-se geralmente agglomeradas, o que falia em favor daquella hypothese. Belação das especies de Grahamellas e Bartonellas conhecidas •ué a presente data. Especies de Grahamellas c Bartonellas. Hospedadores. Grahamella talpae Brumpt, 1911 Taipa europea. „ sp. Balfour, 1906. Jaculus jaculus ou Jaculus gordoni balfouri Brumpt, 1911. M *» ♦* »» ” .. françai Brumpt, 1913. Microtus incertus »» J» * ” Myoxus nitela - Elyomys quercinus ,. sp. Henry, 1913. Microtus agrestis »» >» ♦» » Grossopus fodiens - Neomys fodiens „ joyeuxi Brumpt, 1913. Golunda fallax „ sp. Léger, 1913. Mus maurus . „ Visentini, 1913. Taipa „ „ Prowazck, 1913. (Gelben Maus) BOLETIM BIOLOGÍCO 28 1 Especies de Grahamellas e Bartonellas. Hospedadores. Grahamella sp. Coles, 1914. Ficld mause ii ii H ii „ vole ti ti ti ti Water yole ii ti Ü tf Taipa ii it ti ti Batos novos „ „ Dudstchencko, 1914. Pequeno roedor „ „ Macfie, 1914. Rato cinzento ti it tt a Epimys norwegieus 191(5 Brown rats. sp.? it it ii ti Cricetomys gambians ” Epimys rattus , muris Carini, 1915. „ norwegieus sp. A. Léger, 1917. Croeidura stampflii „ ninaekohl-yakimovi Yakimoff, 1917. Cricetus phoca Grahamella sp. Marzinowsky, 1917. Buli sp.? „ brumpti Rlbeyro et Aguila, 1918 Desmodus rufus Grahamella musculi Benoit-Bazille, 1920. Mus musculus var. albinos Grahamella rhesi Léger, 1922. Macacus rhesus „ acodoni Carini, 1924. Acodon serrensis j Baríonella bacilliformis [ Strong et col., 1915. Homo sapiens. I Bartonella rocha-limai 1 Faria et Pinto, 192(5. Hemiderma brevicauda Bartonella ranarum I Cunha et Muniz, 192(5. Leptodactylus oeellatus cm l SciELO 10 11 12 13 14 15 16 24 BOLETIM BIOLOGICO Fig. 1 Bartonella bacilliformis Strong et col. 1915, de uma preparação de sangue humano. Caso grave de febre de Oroya, enviada pelo Dr. Almenara ao Dr. J. Muniz. Original. Fig. 2 Bartonella muris Carini, 1915. Original. Fig. 3 Bartonella rocha-limai Faria et Pinto, 1926. Original. Faria & Pinto. Sobre a Bartonella rocha-limai. ete. Castro Silva, dei. BOLETIM BIOLOGICO 25 Trabalho do Instituto Oswaldo Cruz. Manguinhos. Director: l’rof. Carlos Chagas. Sobre uma nova especie de BARTONELLA parasita do sangue e dos orgãos de LEPTODACTYLUS OCELLATUS. PELOS D RS. A. MARQUES DA CUNHA e JULIO MUNIZ (Assistentes do Instituto Oswaldo Cruz.) BARTONELLA RANARUM nova especie. (Fig. A, B, c, D) Em preparações de sangue de um Leptodactylus ocèllatus coradas pelo methodo de Giemsa e intensamente parasitadas pela Haemogregarina leptodactyli Lesage, que estava nos servindo para estudo deste protozoário, encontramos dentro e fóra das hematias, pequenas formações com aspecto de bastonetes e de tamanhos variaveis, medindo cerca de 0,7 micron a 2 micra de comprimento por 0,2 a 0,3 micron de largura. Essas formações apresentavam-se coradas em azul claro pelo Giemsa e deixavam ver no seu interior pequenas condensações em forma de grânulos coradas em vermelho que se dispunham geralmente nas extremi- dades, podendo porém nas formas de maior comprimento serem ellas encontradas em outras partes do corpo. Nem todas as formas apresentam esses grânulos perfeitamen- te individualisados, formas ha em que a substancia que se con- densa para formal-as acha-se disseminada por todo o seu corpo. O numero de elementos dentro de um hematia é relativamente pequeno na maioria das vezes encontram-se de 1 a 1 elementos, raramente acima de (5. Fóra das hematias elles não são em grande numero, podendo ser encontrados isolados ou formando grupos nos quaes se podem contar 10 a 15 indivíduos. Em cortes de orgãos (figado, baço e pulmão) elles são vistos fóra das cellulas dispondo-se geralmente isolados. Pelas nossas observações esses elementos se dividem como as Bactérias. Collocamos os elementos por nós encontrados no san- gue e nos orgãos de Leptodactylus ocèllatus entre as Bartonellas creando para elles uma nova especie — Bartonella ranarum. Até agora ainda não tinham sido descriptas especies deste genero paratitando animaes de sangue frio. (Seceão de Protozoolcgia do Instituto Oswaldo Cruz (Man- guinhos). 15 - 9 - 1926) . cm l SciELO 10 11 12 13 14 15 16 2 li BOLETIM BIOLOGICO XX Fig. a, d. Bartonella ranarum Cunha et Muniz. A fig. d mostra exemplares fóra das hematias. Original. W ■ ■é Fig. b, c. -c Bartonella ranarum Cunha et Muniz. Exemplares no interior das hematias. Original. Cunhe & Muniz. Bartonella ranarum. 1, | SciELO BOLETIM BIOLOGICO 27 Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. cathedratico: LAURO TRAVASSOS — Assistente: CESAR PINTO. Monitor: PAULO ARTIGAS. N.° 15 Hypopygio dos Triatomideos (Hemipteros-Heteropteros Hematophagos) e do genero APIOMERUS. POR CESAR PINTO (Assistente do Inst. Oswaldo Cruz.) Não existindo ainda trabalhos sobre a anatomia do hypopygio dos barbeiros, resolvemos fazer os primeiros estudos sobre aquelle orgão masculino que em outros grupos de Arthropodes tem for- necido importantes elementos para a Entomologia Systematica. Os nossos primeiros ensaios foram feitos em exemplares re- centemente sacrificados de Trialoma brasiliensis Neiva, T. infes- tans (Klug) e T. sórdida (Stal) e em material conservado de T. rubrofasciata (De Geer), T. Inlzi Neiva et Pinto, Rhodnius brumpti Pinto e Hemipteros-heteropteros do genero Apiomerus. A technica é muito simples e consta do seguinte: colloca-se o insecto sobre uma lamina e com uma pequena thesoura bistolo- logica secciona-se transversalmente o abdómen entre o 5.° e o 6." annel. (Veja fig. 1); comprime-se com um estylete a parte basal do segmento abdominal seccionada, o que permite a desenvagina- ção do hypopygio. Ao campo do microscopio entomologico, com augmento de 16 vezes, procura-se, com duas agullias histológicas, afastar os dois ganchos do hypopygio (Veja fig. a) que se pren- dem á bolsa deste orgão por meio de ligamentos fortes. Uma vez separados os dois ganchos é de todo o interesse que os mesmos sejam observados pelas diversas faces que apresentam e cada uma delias desenhada com a camara clara. Nos exemplares de Hemipteros-heteropteros conservados nas collecções conseguimos com facilidade separar os dois ganchos do hypopygio e achamos que no material guardado ha muito tempo é mais facil a retirada das peças que constituem o hypopygio da- quelles insectos. cm l SciELO 10 11 12 13 14 15 16 BOLETIM BIOLOGICO 2o ANATOMIA DO HYPOPYGIO. O hypopygio dos Triatomideos é um orgão pequeno, medindo cerca de dois millimetros de comprimento por um millimetro de largura e formado pelas seguintes peças: uma bolsa de paredes chitinosas bastante forte, contendo no interior dois ganchos, bem visíveis pela face ventral (Fig.u) e dorsal (Fig. 6). Nas especies de barbeiros em que estudamos este orgão, encon- tramos sempre um forte espinho (Fig. a, b, c) localisado na face interna e apical da bolsa do hypopygio (Fig. a, b). Visto com for- te augmento este espinho é de forma angular com uma ponta aguda voltada para a peripheria (Fig. c). Os dois ganchos do hypopygio estão sempre com as extre- midades apicaes livres voltadas para a linha mediana do corpo do insecto. A extremidade basal dos ganchos é presa no fundo da bolsa do hypopygio por fortes ligamentos. Nas especies do genero Triatoma que estudamos observam-se cerdas mais ou menos lon- gas dispostas nos dois terços apicaes dos ganchos. Os ganchos do hypopygio do Rhodnius brumpti são muito menos cerdosos do que nas especies do genero Triatoma. Nos Triatomideos estes gan- chos são recurvados, tendo a extremidade basal mais afilada e uma das faces apresenta-se excavada (Fig. 5), a parte apical c espatulada (Fig. 2, 4, 5 e 6) com uma forte saliência obliqua na face inferior (Fig. 2, 4 e 5). No genero Apiomerns, cujas especies são insectívoras, tendo porem o rostro recto, os ganchos do hypopygio são muito longos com cerdas ou pellos bastante compridos como se ve na fig. 7. Ao contrario do que se observa nos generos Triatoma e Rhodnius a extremidade apical dos ganchos nos Apiomerns é afilada e ier- mina em ponta mais ou menos rhomba. EXPLICAÇÃO DAS FIG CR AS (Todos os desenhos que illustram este trabalho são originaes do auctor). Fig. 1 — Face ventral de 'Triatoma infestans (Klug); exem- plar macho mostrando o hypopygio no 6.° annel abdominal. Os pontos negros nas margens dos anneis são os orifícios estigma- ticos. Fig. a Hypopygio de T. infestans, visto pela face ventral. Fig. b — Hypopygio de T. infestans, visto pela face dorsal. BOLETIM BiOLOGÍCO 2'J Fig. c — Espinho da bolsa do hypopygio, visto com fort nc auginento. Fig. 2 — Os dois ganchos do hypopygio de Triatoma lutzi , vistos pelas duas faces. Fig. 3 — Ganchos do hypopygio de Triatoma rubrofasciata, espeeie typo do genero. Fig. 4 — Gancho do hypopygio de Triatoma infestam. Fig. 5 — Ganchos do hypopygio de Triatoma sórdida, vistos pelas duas faces. Fig. 6 — Ganchos do hypopygio de Rhodnius brumpti vistos pelas duas faces. Fig. 7 — Gancho do hypopygio de Apiomerus sp. Reduvideo não hematophago. CONCLUSÕES a) No presente trabalho indicamos a technica para o estudo do hypopygio dos Triatomideos e estudamos este orgão nas se- guintes especies: Triatoma rubrofasciata (espeeie typo do gene- ro)., T. Intzi, T. brasiliensis, T. infestam, T. sórdida, Rhodnius brum- pti e num Hemiptero-heteroptero insectívoro do genero Apiomerus. b) Pela forma dos dois ganchos do hypopygio é possível a separação dos generos Triatoma e Rhodnius do genero Apio- merus. c ) A forma geral dos ganchos do hypopygio nas especies do genero Triatoma é muito semelhante á que se observa no ge- nero Rhodnius. d) E’ difficil a separação das especies de Triatomas pela forma dos ganchos du hypopygio; sómente o estudo de um gran- de numero de especies poderá dizer sobre o valor especifico da- quelle orgão masculino. São Paulo, 25 de agosto de 1926. cm l SciELO 10 11 12 13 14 15 16 ‘.VI BOLETIM BIOLOCiCO Fig. 4 Fig. 5 Cesar Pinto. Hypopygio dos Triatomideos. J. Toledo, dei. BOLETIM BIOLOGICO 33 Fig. 6 Rhodnius brumpti Pinto, 1925. Cesar Pinto. Hypopygio dos Triatomideos. J. Toledo, dei. 2 3 4 5 6 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 34 BOLETIM BÍOLOGÍCO Trabalho dos Laboratorios de Parasitologia e Microbiologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. cathedraticos: L. TRAVASSOS e E. DE SOUZA CAMPOS. Assistentes: CESAR PINTO e FLAVIO DA FONSECA. N." 16 TRICHOMONAS VITALI nova especie. Parasitisrao das TRICHO- MONAS por SPHAERITA MINOR Cunha et Muniz, 1923, e relação das especies de Sphaeritas conhecidas. PELOS DRS. CESAR PINTO e FLAVIO DA FONSECA Durante os estudos que temos feito sobre Flagellados para- sitos de Batrachios procedentes de varias localidades do Estado de São Paulo, obtidos graças á gentilesa dos Drs. Vital Brasil e Vellard, verificámos em todos os exemplares de Bufo marimis a presença de uma especie de Trichomonas que consideramos nova e para ella creámos a denominação especifica vitali em homena- gem ao Dr. Vital Brasil, Director do Instituto de Butantan. Já em 1923 A. Marques da Cunha e Júlio Muniz tinham de- monstrado, pela primeira vez entre nós, que a 7 richomonas nut- ris, T. gallinarum e T. aviam podiam ser parasitadas por uma Sphaerita, que aqucllcs auctores denominaram de Sphaerita mi - nor. O parasitismo do protoplasma das Trichomonas por especies de Sphaeritas õ muito curioso e apezar de serem conhecidas desde 1886, quando Dangeard creou o genero Sphaerita (S. endógena Dang.), ainda modernamente foram interpretadas erroneamente na Europa como fazendo parte de pliases evolutivas das 7 richo- tnonas. Por isso não é demais chamarmos a attenção para aquelles microorganismos já observados parasitando Rhizopodes, Lugle- nas e Trichomonas. Também na Trichomonas vitali tivemos a opportunidade de observar o parasitismo do protoplasma pela Sphaerita minor Cunha et Muniz, com esporangios de 7 a 9 indivíduos (Fig. D) ou completamente disseminadas no protoplasma do Flagellado. A disposição dos esporangios lembra uma rosacea e pelo methodo de Heidenhain observa-se nitida differença de tonalidade da còr. BOLETIM BIOLOGÍCO 35 TRICHOMON AS V1TALI nova especie. (Fig. A. B. c.) Comprimento de 15 a 21 micra; largura de 12 a 16 micra. Nú- cleo 6 micra de comprimento por 3 micra de largura. Corpo mais ou menos piriforme. Não observamos cytostoma nos exemplares estudados. O axostylo quando presente só é visível na parte mais posterior como se ve na fig. B. Na parte anterior do parasita está localisado o corpúsculo basal redondo e fortemente colorido em negro, dando origem aos tres flagellos anteriores, ao flagello recorrente, membrana ondu- lante e a costa. A membrana ondulante forma quatro ou seis on- dulações bem pronunciadas. Protoplasma alveolar e pouco differenciado em endoplasma e ectoplasma. No endoplasma notam-se pequenas inclusões forte- mente coloridas pelo Heidenhain. O núcleo é grande e mais ou menos alongado com um pe- queno caryosoma que ás vezes falta. Nesta especie os flagellos anteriores e o recorrente apresen- tam dimensões bastante exageradas pois medem os primeiros 25 a 27 micra de extensão e o recorrente 30 micra. Alguns exemplares da Trichomonas vitali apresentavam in- fecção por Sphaerita minor que invadia de modo generalisado o protoplasma do flagellado como se ve na fig. C. As Sphaeritas podem se apresentar sob a forma de uma ro- sacea (Fig. D) com differença de tonalidade, colorindo-se forte- mente pelo Heidenhain ou então mais claras como se ve na fig. 1). Habitat: Intestino de Bufo marinus proveniente do Estado de São Paulo. Brasil. O nome da nova especie de Trichomonas é dedicado ao Dr. Vital Brasil que gentilmente enviou exemplares de Bufo marinus para o Laboratorio dc Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. 30 BOLETIM BloLOGÍCO RELAÇÃO DAS ESPECIES DE SPHAERITAS CONHECIDAS Especies de Sphaeritas Especies de Protozoários Auctores das observações Sphaerita endógena Dang. 1886. Nuclearia simplex Dangeard, 1886 Sphaerita endógena Dang. 1886. Heterophrys dispersa ff tf Sphaerita endógena Dang. 1886. Euglena sp. ff ff Sphaerita sp. Entamoeba salpae Leger & Duboscq, 1904 ** ff „ muris Wenyon, 1907 »* tf Vahlkampfia Umax Chatton & Brodsky, 1909 Entamoeba minchini Mackinon, 1913, 4 Edolimax nana Dobell, 1919 ff }f Iodamoeba biitschlii Nòller, 1921 Dientamoeba fragilis ff ff ff ff Entamoeba histolytica ff ff ff ff „ coli . ,, Sphaerita minor (?) ff ff Sphaerita minor Cunha & Muniz Trichomonas muris Cunha & Muniz, 1923 Sphaerita minor Cunha & Muniz „ gallinarum „ „ 1923 Sphaerita minor Cunha & Muniz „ avium „ „ „ 1926 Sphaerita minor Cunha & Muniz „ vitali Pinto & Fl. da Fonseca. | 1926 BOLETIM BIOLOGICO 37 C. Pinto & F. da Fonseca. Trichonionas vitali, etc. 38 BOLETIM BIOLOGICO Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. cathedratico: LAURO TRAVASSOS — Assistente: CESAR PINTO. Monitor: PAULO ARTIGAS N.° 17 Nematoídes de Invertebrados (II) POR PAULO ARTIGAS RAXSOM X EM A novo genero. Cutícula finamente estriada; corpo fuslforme, com maior es- pessura ao nivel do esophago. Capsula buccal com formações in- ternas irregulares. Seis pequenos lábios destacando-se da orla capsular. Porção anterior do esophago com formações chitinosas e estrias transversaes, porção intermediaria estreita e bulbo pos- terior globuloso. Intestino rectilineo. Cauda cónica e aguda. Ap- parelho genital feminino amphidelpho e didelpho; a vulva fica na metade posterior do corpo; oVejeetor dirigido para diante; utero curto e sacciforme; ovários oppostos, apresentando grandes e pou- cas cellulas piriformes, dirigem-se para a porção mediana do cor- po. Ovário anterior pouco abaixo do bulbo esophagiano; ovário posterior acima da vulva. Ovos pouco numerosos. No macho existe uma ventosa preanal desenvolvida e diversos pares de papillas pre e post-anaes. Tubo testieular dirigido de traz para diante, com a parte inicial dobrada; existem dois espiculos de tamanho differen- te. Sem gubernaculo. As denominações Ransomnema, dada ao genero, e R. ram- somi dada á especie typo traduzem uma singela homenagem que prestamos ao grande helminthologista Ransom, cujos trabalhos notabilizaram para sempre seu nome de grande scientista. No novo genero Ransomnema incluímos duas especies R. ran- somi n. sp. e R. longispiculum n. sp. A primeira foi encontrada em myriapodes procedentes de Remedios (Estado de S. Paulo) e a segunda em myriapodes de Manguinhos (Rio de Janeiro). R. ransomi foi a primeira especie estudada e delia distingui- mos R. longispiculum por caracteres differenciaes fornecidos pelo macho desta especie; apresentando as femeas das duas especies BOLETIM iBIOLOGICO 3'J morphologia extremamente semelhante. A diversidade de origem e fauna parasitaria differente dos myriapodes nos pérmittiram o isolamento das femeas de R. longispicuhim. Considerando a seme- lhança intima que existe entre R. ransomi femea e li. longispicu- lum femea deixaremos de fazer a descripção pormenorisada des- la ultima, limitando-nos, apenas, a dar as dimensões de vários exemplares. RANSOMNEMA RANSOMI n. sp. (Fig. 1 a 7) Descripção da femea. — Exemplar de tamanho medio, apre- sentando um comprimento de 2 mm. e uma largura maxima de 0,123 mm. Cutícula finamente estriada. Corpo fusiforme, mostra a sua maior espessura ao nivel do esophago, estreitando-se gradativa- mente para a extremidade posterior. Capsula buccal de consti- tuição notavelmente irregular, com formações salientes interio- res e tendo de altura 0,038 mm. No rebordo capsular notam-se seis pequenos lobulos delle destacados a moda de lábios. Faz se- quência á capsula buccal um curto vestíbulo de 0,015 mm. de comprimento. O esophago apresenta a porção anterior semelhan- te a um fuso e rija, com formações chitinosas e estrias transver- saes; a porção esophagiana intermediaria é muito delgada; o bulbo posterior é globuloso e apresenta uma valvula tricuspide. Mede a porção anterior do esophago 0,216 mm., a porção media 0,069 mm., e o bulbo tem um diâmetro de 0,069 mm. O intestino c rectilineo, ligeiramente dilatado junto ao bulbo. A cauda é có- nica, aguda, tem de comprimento 0,161 mm. Apparelho genital amphidelpho e didelpho; a vulva está col- iocada na metade posterior do corpo, a cerca de 0,71 mm. da extremidade caudal; ovejector dirigido para diante, é musculoso e com um esphincter a 0,13 mm. da vulva; o útero é relativa- mente curto e sacciforme; os ovários, um anterior e outro poste- rior em relação ao utero, são constituídos por cellulas piriforines muito grandes e pouco numerosas; os ovários se dirigem para a prção mediana do corpo, o ovário anterior fica logo abaixo do bulbo esophagiano e o posterir sempre acima da vulva. Os ovos são pouco numerosos, regulando em media meia duzia, medem no utero 0,130 mm. por 0,055 mm. Descripção do macho. Exemplar com um comprimento de 1,5 mm. e uma largura maxima de 0,11 mm. A porção mais lar- ga do nematoide está situada ao nivel da primeira porção do esophago. A cutícula apresenta finíssimas estriações trans- 40 BOLETIM BIOLOGICO versaes; como formações ciiticulares exteriores notam-se uma ventosa preanal medindo 0,026 mm. de diâmetro, com a parte central espinhosa e situada a 0,115 mm. do anus, um par de pa- pillas preanal e mais quatro pares post-anaes. A cauda é cônica e tem de comprimento 0,154 mm. A capsula buccal e esophago apresentam a mesma disposição que já vimos na femea desta especie, a capsula buccal medindo 0,038 mm., o vestíbulo 0,015 mm. a porção anterior do esophago 0,246 mm. a porção intermediaria 0,077 mm.; o bulbo 0,061 mm. O tubo intestinal é resctilineo, apresentando apenas uma dilatação post-bulbar. O tubo testicular acha-se dirigido de traz para diante, e tem a parte inicial dobrada, dirigida para a porção terminal do ne- matoide. Existem dois espiculos e de tamanhos differentes, al- cançando o maior 0,130 mm. e o menor 0,069 mm. Habitat: Intestino de myriapode (Julideo). Proveniência: Brasil (Est. de São Paulo. Remedios). R. LON GISPIC ULUM n. sp. (Fig. 8 e 9) Dimensões da femea. Damos as dimensões de tres exempla- res somente, quanto á descripção morphologica é a mesma que fizemos para R. ransomi. l.o Exemplar 2.0 Exemplar 3.o Exemplar Comprimento total 1,85 mm. 1,801 mm. 1,832 mm. Largura maxima . 0,107 mm. 0.115 mm. 0,115 mm. Altura da capsula buccal 0,023 mm. 0,030 mm. Comprimento do vestí- bulo . . . . . 0,015 mm. 0,015 mm. Comprimento da porção anterior do esophago. 0,231 mm. 0,215 mm. Comprimento da porção media do esophago . 0,077 mm. 0,085 mm. Diâmetro do bulbo 0,069 mm. 0,069 mm. Comprimento da cauda . 0,123 mm. 0,146 mm. 0,130 mm. Distancia da vulva á ex- tremidade posterior 0,585 mm. 0,585 mm. 0,569 mm. Descripção do macho: Fazemos a distinção entre R. ransomi e R. longispiciiluin pela diversidade de tamanho (pie existe nos BOLETIM BIOLOGiCÒ 41 - spiculos das duas especies e pelas differenças que apresentam as papillas euticulares. Damos abaixo as medidas de dois exemplares de R. lon- yispiciilum : 1.0 Exemplar 2 ,o Exemplar Comprimento total . . 1,54 mm. 1,54 mm. Largura maxima . > . 0,107 mm. 0,092 mm. Altura da capsula buccal 0,023 mm. 0,030 mm. „ do vestíbulo 0,023 mm. 0,015 mm. Comprimento da porção esophago .... anterior do 0,165 mm. 0,184 mm. Comprimento da porção esophago .... media do 0,061 mm. 0,069 mm. Diâmetro do bulbo. 0,053 mm. 0,053 mm. Comprimento da cauda . 0,115 mm. 0,092 mm. 0 maior dos espiculos mede no primeiro exemplar 0,415 mm.. no segundo 0,377 mm. e nos dois o maior espiculo ultrapassa o nivel em que se situa a ventosa preanal, caracter constante na especie; o espiculo menor mede no primeiro exemplar 0,084 mm., no segundo 0,069 mm. Em R. longispieiihim também existe uma ventosa preanal se- melhante á que vimos em R. ransomi, no primeiro exemplar que medimos esta ventosa dista da cloaca 0,169 mm., no segundo 0,161 mm.; em R. longispiculum existe mais um par de papillas prea- nal, outro ad-anal e quatro post-anaes, destes o ultimo fica na porção sub-terminal da cauda e é bem menor que os outros. Habitat: Intestino de myriapode (Julideo). Proveniência: Brasil (Est. do Rio. Angra dos Reis). IBLIOTHEC •• w s. FTÜlZT-^ 44 BOLETIM BIOLOGICO Fig. 9 P. Artigas. Xematoides de Invertebrados (II). EXPLICAÇÃO DAS FIGURAS Fig. 1 - — Ransomnema ransomi. Macho inteiro. „ 2 — „ „ Fcmea inteira. „ 3 — „ „ Cabeça mostrando a capsu- la bucal. „ 1 — Ransomnema ransomi. Cauda do macho de perfil. „ 5 — „ „ App. genital femea não gra- vido. „ 6 — Ransomnema ransomi. App. genital femea disecado para que se veja a disposição dos ovários. „ 7 — Ransomnema ransomi. Extremidade posterior da femea. „ 8 — Ransomnema longispiculum. Cauda do macho de perfil. „ 9 — Ransomnema longispiculum. Cauda do macho de face mostrando as papilas. / BOLETIM BIOLOGICO Brasil. São Paulo, 15 de novembro de 1926. Fasciculo 3. • | . L I O TH B C A * •.^3. PAULO ; Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de < Medicina de São Paulo. Brasil. Frof. cathedratico : LAURO TRAVASSOS — Assistente: CESAR PINTO. Monitor: PAULO ARTIGAS. N.° 18 Anatomia e biologia dos NYCTOTHERUS dos Batrachios do Erasil. (NYCTOTHERUS TEJERAI nova especie). POR CESAR PINTO (Do Instituto Oswaldo Cruz) Resistência das especies de Nyctotherus "in vitro” Num trabalho que publicamos no n.° 6, Anno II. pag. 219 (1926) do Boletim do Instituto Brasileiro de Sciencias, demonstramos que o Nyctotherus cordiformis Stein, 1867 é dotado de grande resistên- cia vital, pois este ciliado póde ser mantido vivo em fezes de Bufo marinus, adicionadas de agua physiologica, durante 20 dias em temperatura de mais ou menos 20" (mezes de abril e maio). Continuando estes estudos verificamos que a vitalidade do Nyctotherus cordiformis póde attingir até 30 dias fóra do intes- tino dos hospedadores, sem haver conjugação nem multiplicação do ciliado in vitro e conservando sempre o funccionamento dos vacuolos pulsáteis Em condições normaes o Nyctotherus cordiformis póde ef- fectuar 12 pulsações dos vacuolos no espaço de meia hora, ha- vendo entretanto variação nos diâmetros dos vacuolos for- mados (tres de tamanho medio, quatro grandes e 5 de diâmetros differentes). dcuolos pulsáteis cytopyp LO OCí ã^lUS rr,u ronudeo - miironuc/eo - ci/io ^ytophànnge - --V_v s v\ - jcuc/os nuTntivos pertsComá linhas de imercdo :?> tfos c//:05 Fig. 1 — Nyctotherus cordiformis. Original. Fig. 2 — Nyctotherus cunhai. Original. <\ Pinto. Anatomia e biologia dos Nyctotherus dos Batrachios do Brasil. R. Fischer, dei. 18 BOLETIM BIOLOGICO O Nyctotherus lejerai n. sp póde viver muito bem nas fezes de Bufo mar i nus depositadas em agar simples contido em placas de Petri durante 10 dias (Travassos e Pinto). NYCTOTHERUS TEJERA1 n. sp. Fig. 3 O nome da nova espeeie é dedicado ao illustre seientista ve- nezuelense Prof. Henrique Tejera, cathedratico de Medicina tro- pical na Universidade Central de Caracas. Corpo achatado, piriforme, tendo maior diâmetro no terço posterior; comprimento 333 micra por 215 micra de largura. Ma- cronucleo obliquo, alongado, tendo 115 micra de comprimento por 16 micra de largura. Micron ucleo invisível a fresco. Peristoma curto, com cerca de um terço do comprimento to- tal do corpo do ciliado. Cytopharynge transverso com cerca de 200 micra de extensão e terminando em ponta muito recurvada, sem cilio pharyngeano. Dois vacuolos pulsáteis. Linhas de inserção dos cilios dispostas parallelamente c no sentido longitudinal do corpo do protozoário. Cytopygio ou anus bastante nitido e dirigido obliquamente. Habitat: Intestino de Bufo marinus proveniente do Estado de São Paulo. Brasil. Os nossos sinceros agradecimentos ao Snr. Paulo Artigas, monitor do Laboratorio de Parasitólogia da Faculdade de Medi- cina de S. Paulo, que teve a gentileza de nos mostrar e chamar a attenção para esta espeeie nova. Diagnose das especies de NYCTOTHERUS parasitos de Batrachios do Brasil. Peristoma longo, igual ou ligeiramente maior do que a me- tade do comprimento do corpo do ciliado. Cytopharynge trans- verso e terminando em ponta recurvada. Um cilio pharyngeano. Um ou dois vacuolos pulsáteis (Fig. 1) Nyctotherus cordiformis (Stein, 1867.) (Hospedadores: Leptodactylus oceltatus. Bufo ma- rinus e Hyla crospedospila) . Segundo H. Aragão e C. Pinto. Peristoma curto, com cerca de um terço do comprimento total do corpo do ciliado. Cytopharynge transverso e terminando em ponta muito recurvada, sem cilio pharyngeano. Dois vacuolos pulsáteis (Fig 3). .Y. lejerai Pinto, 1026. (Hospedador: Bufo ma- rinus). Segundo C. Pinto. Peristoma quasi igual á metade do corpo do ciliado. Cyto- pharynge obliquo e terminando em ponta não recurvada forte- mente, sem cilio pharyngeano. Um vacuolo pulsátil (Fig. 2). X. cunhai Pinto, 1026. (Hospedador: Hyla crospedospila) . Segundo C. Pinto. BOLETIM BIOLOGICO 49 Trabalho ,/ m m 66 BOLETIM BIOLOGICO Fig. 6 — R. rondoni, pprção cephalica do macho. Paulo Artigas. Xcmatoides de Invertebrados (III). J. Toledo, dei. o,o3 m.m BOLETIM BIOLOGICO (57 Fig. 8 — Carnoya pyramboia, femea com ovos. Fig. 10 — C. pyramboia, app. genital de femea immatura. Fig. 9 — C. pyramboia, femea sem ovos. Paulo Artigas. Xematoides de Invertebrados (III). J. Toledo, dei. 68 BOLETIM BIOLOGICO Eig. 12 — C. pyramboia, extremidade anterior da femea com espinhos em detalhe. Paulo Artigas. Xematoides de Invertebrados (III). J. Toledo, dei. JFÍM BOLETIM BIOLOGICO 69 Haulo Artigas. Xematoides de Invertebrados (III). J. Toledo, dei. 70 BOLETIM BIOLOGICO Fig. 14 — C. pyramboia, apparelho espicular visto de perfil e de frente. Paulo Artigas. Xematoides de Invertebrados (III). J. Toledo, dei. o o 3 w m BOLETIM BIOLOGIGO Pado Artigas. Xematoides de Invertebrados (III). J. Toledo, dei SciELO - ^Ifs, • paulo >' . '-traí BOLETIM BIOLOGICO Brasil. São Paulo, 24 de dezembro de 1926. Fascículo 4. Trabalho da Comnüssão de Estudo e Debellação da Praga Cafe ' Director: ARTHUR NEIVA. eira. Contribuição para o estudo de um hymenoptero parasita de um coleoptero myrmecophilo. POR M. L. DE OLIVEIRA FILHO COELOSIS BILOBA (L. 1758) E SC OU A SP. (1) O Co elo sis biloba (L. 1758) é encontrado em formigueiro de Alta e conhecido do vulgo pelo nome de “pae do formigueiro” Os machos medem 35 a -10 mm. e as femeas 30 a 35 mm. e são de côr castanha escura. Tem vôo largo, á noite e a meia luz; é atrahido pela luz artificial. Caminha grandes distancias com lentidão pro- vavelmente a procura de ninhos do Alta onde penetra pelos canaes. O material foi encontrado em ninho de Atta sexdens (L) cm pastaria velha em terra compacta de encosta, sem desentulho novo e na occasião com aetividade nocturna. Dos 8 exemplares 3 eram machos (figuras 1 e 2) e 5 femeas (fi- guras 3 e 1), encontrados na profundidade de l,m40 a 2,m30, nos canaes, na visinhança das cavidades abobadadas agrupadas umas ao lado das outras e sobrepostas. As superiores não continham “esponjas”, formadas, neste caso, por folhas verdes e fenadas re- picadas e “mascadas”, invadidas pelo fungo que sei've de ali mento ás formigas, hospedando algumas cavidades vasias poucas formigas inactivas, na maioria “soldados” (cabeçudas). (1) Material colhido em Louveira no Município de Jundiahy Esta do de S. Paulo, Fazenda do Dr. Júlio de Mesquita, em 20 - IX - 26 cm 1 SciELO 0 11 12 13 14 15 16 74 BOLETIM BIOLOGICO Essas cavidades são chamadas pelo povo “panellas”, onde é cultivado o fungo que aglomera o variado material vegetal re- colhido pelas formigas e disposto de modo a ir formando uma massa porosa que por muitos é acertadamente chamada “esponja”. Nas “esponjas”, varias de grande volume (até 0,40 x 0,2õ x 0,20, havia formigas em vários estádios, larvas atrazadas, in- sectos novos descorados e adultos, de todos os tamanhos. As “esponjas” volumosas estavam ainda sendo acrescidas com novo material repicado de novo. estando já a camada rente ao piso da cavidade, até o meio, com còr amarellada de material semi exgotado, emquanto que as camadas superiores tinham côr meio esverdeada, ainda, das folhas fragmentadas de novo. invadidas de pouco, pelo mycelio do fungo. Os coleopteros machos e femeas estavam nos canaes de sahida das cavidades, onde não existiam formigas no momento da excava- ção. Foram encontradas 4 nymphas, 2 de femeas (fig. õ) e 2 de ma- chos (fig. ti), em cavidades estreitas com alguma terra solta, sem paredes lisas, a poucos centímetros do desemboque dos canaes nas panellas e 1 2 a 1 centímetro de distancia das paredes dos canaes, sem communicação com elles. As larvas todas desenvolvidas (fig. 7), seis delias foram en- contradas nas mesmas condições das nymphas, e uma na camada de terra separando duas grandes panellas (teclo e piso), ambas com “esponjas” volumosas, separação essa de 8 centímetros no ponto menos espesso, não tendo sido possível verificar o per- curso que foi seguido para ahi chegar. Parece que cavam mal na terra, pouco abaixo da superfície do piso das cavidades. Não foi encontrada nenhuma nas panellas nem nos canaes. A larva parasitada do Coelosis biloba (L) (fig. 8) pela larva do Scolia sp. estava em cavidade a cerca de 10 centímetros de distancia do desemboque de um canal, numa cavidade (panella) com “esponja”, com uma separação de terra de um centímetro de espessura da parede do canal. O insecto adulto Scolia (fig. 0) appareceu na profundidade de 2,m 10 não tendo sido observado se estava em canal ou cavidade. Imagens desse Scolia já tinham sido observadas rondando ninhos de Alta sem que fossem vistas nelles penetrarem. Provavelmente o fazem nos momentos de inactividade ex- terna das formigas, indo ferir com o seu aguilhão a larva do Coelosis biloba quando se está aninhando na sua cavidade para passar á nympha, injectando o seu veneno anesthesiante e em se- guida depositando um só ovo em cada larva. t BOLETIM BIOLOGICO /o A larva do Scolia suga a do ('.o elo sis biloba reduzindo-a á pclle conipletamente vasia (fig. 10). Attingido o pleno desenvol- vimento (fig. 11) começa o seu casulo por um emaranhado de lios frouxos, depois outros agglutinadbs formando uma pel- licula sedosa amarella-dourada que reveste sem adherir um en- volucro de um agglutinado coriaceo, liso, muito resistente, de còr castanha— escura-suja, de forma ellipsoide com eixos de 0,m03 a 0,m033 e 0,m013 a O.mOlõ (fig. 10 e 12). O casulo repousa sempre sobre a pelle esvasiada da larva do ('■oelosis biloba (fig. 10). Nointerior do casulo coriaceo do Sco- Ita encontra-se a evacuação de exogtamento tia larva antes de passar á nympha. Nos intestinos da larva do Coelosis biloba não foi encontrada matéria terrosa e sim granulações com a apparencia de serem da camada inferior, amarellada, das “esponjas”, do material já ex- gotado pelo fungo. Xa profundidade onde foram encontradas essas larvas, nesse local, não existem raizes, sendo de suppor que tanto as larvas como as imagens se alimentem dos resíduos das “esponjas”. (O trabalho photographieo foi executado pelo sr. Alberto Fe- derman). cm 1 SciELO, 11 12 13 14 15 16 17 SciELO cm 1 M. L de Oliveira Filho. Cont. para o est. de um hymenoptero paras, de um coleopt. myrmecophilo. BOLETIM BIOLOGICO SciELO cm 1 BOLETIM BIOLOGICO Fig. 8 (x 2) M I de Oliveira Filho. Cont. para o est. de um hymenoptero paras, de um coleopt. myrmecophilo. BOLETIM BIOLOGICO Fig. 13 (x 2) M. L. de Oliveira Filho. Cont. para o est. de um hymenoptero paras, de um coleopt. myrmecophilo. SciELO cm 1 jSciELO) 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 z. cm BOLETIM BIOLOGICO 83 Sub-fam. KLOSSIXAE Xoua diagnose: Oocystos esphericos, obovacs ou ellipticos, com ou sem micropyla. Esporos em numero variavel, cada um delles com 4 esporozoitos. CAR1XIELLA novo genero Diagnose: Klossinae, com esporos ellipsoides contendo 4 es- porozoitos (Fig. B.) Uma micropyla em cada polo do esporo. Especie typo do genero: CARIXIELLA CARIXII nova espeeie. (Fig. A e B) Oocystos (Fig. A) muito grandes, medindo 172,5 micra de comprimento por 62 micra de largura, ellipticos com finíssima membrana de revestimento. Não observamos micropyla nos oocys- tos desta Coccidea, aliás taes formações são ás vezes de difficil observação, principalmente nos esporos. Estes são ellipsoides (Fig. B) com 17,2 raiara de comprimento por 10,3 micra de lar- gura, tendo cada esporo 4 esporozoitos no seu interior e em cada polo do esporo existe uma micropyla bem visivel quando se exa- minam os esporos fóra dos oocystos. Hospedador: Os oocystos de Cariniella carinii foram en- contrados pelo Prof. A. Carini nas fezes de rãs (Leptodactylns ocellatns) provenientes da cidade de São Paulo. Brasil. O nome do novo genero bem como da especie são dedicados ao illustre parasitologo Prof. A. Carini que tanto tem contribuído com trabalhos de grande valor para o estudo da Protozoologia no Brasil. Em cortes de orgãos de Leptodactylns ocellatns que apresen- taram oocystos de Cariniella carinii nas fezes o Prof. Carini não encontrou formas endocellulares desta Coccidea o que faz suppor não ser este Protozoário um parasito da rã. E’ provável que a re- ferida Coccidea pvnlna em outro animal une seia devorado ne las rãs. Xo fascículo 3 do Boletim Biologico descrevemos com o Prof. A. Carini uma especie de Adeleidae com o nome de Orcheobius cruzi Carini et Pinto, 1926. Xa nossa opinião esta especie deve en- trar para o genero Cariniella pelo facto de se apresentarem os esporos com a mesma forma dos de Cariniella carinii, não poden- do ficar no genero Orcheobius por ser o esporo deste genero de forma espherica. São Paulo, 20 Xovembro, 1926, cm 1 scíelo; 11 12 13 14 15 16 17 Fig. 1 Fig. A. Oocysto maduro de Cariniella carinii. Desenho com oc. 12. Obj. G a. Leitz. Alt. da mesa. Fig. B. Esporo de C. carinii. Desenho com oc. 12. Obj. im. 1 12. Leitz. Alt. da mesa. C. Pinto. Sobre um novo genero de Coccidea da sub- fam. Klossinae (Cari- niella carinii). J. Toledo, dcl BOLETIM BIOLOGICO 85 Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. cathedratico: LAURO TRAVASSOS — Assistente: CESAR PINTO. Monitor: PAULO ARTIGAS. N.° 23 NOTAS HELMINTHOLOGICAS PELO DR. LAURO TRAVASSOS Examinando o material existente no laboratorio de Parasi- tologia da Faculdade de Medicina de S. Paulo, material collecio- nado pelos alumnos durante vários annos, tivemos opportunidade de observar dois factos curiosos que registramos aqui. Infelizmen- te o material é em grande parte mal conservado e sempre sem rotulo ou com indicações deficientes. Em um frasco rotulado como proveniente de gato de Ribei- rão Preto, encontramos ao lado da Taenia ( Megacephahis ) tae- nieformis Batsch, 1786 muitos exemplares de Moniliformis mo- niliformis (Bremser, 1811). Entre os diversos exemplares de M. moniliformis existia um com a tromba profundamente implanta- da em um exemplar de 7’. taenieformis (fig.l). O facto é dupla- mente interessante: em primeiro lugar pelo parasitismo do gato, pelo .17. moniliformis, e em segundo lugar pela fixação de um Acantocephalo em um parasito do intestino do mesmo bospeda- dor. Facto idêntico já havia sido assignalado por Furhmann. A fixação do Acantocephalo no Cestodeo não representa um para- sitismo em parasito pois a tromba dos Acantocephalos é simples- mente um orgão de fixação. Xo nosso caso teve a vantagem de afastar qualquer duvida sobre a co-habitação dos dois parasitos no intestino de um mesmo hospedador, pois, os Acantocephalos, uma vez retirados dos intestinos dos seus hospedadores não mais procuram fixar-se pela tromba e parece mesmo (pie esta fixação só se pode dar no inicio da pbase intestinal dos Acantocephalos. O outro facto curioso observado foi o fragmento de um exem- plar de Taenia ( Taeniarrhinciis ) saginata Goeze, 1782, apresentan- do a anomalia conhecida pelo nome de “Tenia triedrica” e que mor- phologicamente representa um Cestodeo e meio. Essse material estava misturado a diversos outros fragmentos de Taenia (T.) saginata e de Taenia (Taenia) solium L. 1758, sem nenhuma in- dicação e distribuído em vários frascos. S. Paulo XI-Í126. 86 BOLETIM BIOLOGICO Fig. 1 Lauro Travassos. Notas helminthologicas. FEDERMANN, phot. BOLETIM BIOLOGICO 87 Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. cathedratico: LAURO TRAVASSOS — Assistente: CESAR PINTO. Monitor: PAULO ARTIGAS. N.° 24 ASCARIS RETUSA (Rudolph, 1819) PELO DR. LAURO TRAVASSOS Este parasito descripto em 1819 pelo grande Rudolph foi no- vamente visto e descripto em 1876 por Schneider que trabalhou com material de Rudolph. Nos seus estudos Schneider ponde se- parar o A. retusa do seu Heterakis faciata e conãiderou-o como um representante dos Heterakideos descrevendo-o com o nome de Heterakis retusa, espeeie alliada á H. uncinata ( Ascaris un- cinata, Rudolph, 1918). Não considerou Schneider o Aspidocephatus scoleciformis Diezing, 1851. Railliet e Henry mais tarde demonstraram a vali- dez do genero Aspidocephatus no qual deviam entrar duas espe- cies parasitos dos Dasipodidae — scoleciformes Diezing e facia- ta Schneider. Como fosse occupado o nome Aspidocephatus Die- zing. propuzeram para o genero o nome de Aspidodera Railliet & Henry, 1912, nome pelo qual é actualmente conhecido da sciencia, Nos nossos estudos de revisão dos Heterakideos brasileiros tivemos opportunidade de observar, escrever e representar as di- versas especies do genero Aspidodera, duas das quaes parasitos dos Dasipodidas e referidas atraz. Tivemos também opportuni- dade de estudar o R. uncinata Rudolph incluído por Schneider no genero Heterakis e considerado por este auctor como espeeie vi- sinlia, sobretudo pela estruetura da cauda dos machos, do .4. re- I usa Rud. Para o .1. uncinata Rud. propuzemos um novo genero Paraspidodera que ficaria na familia Heterakidae ao lado de As- pidodera. Hall em 1916, equivocando-se na interpretação e deseripção das figuras de Schneider, entendeu que o parasito por nós deno- minado P. uncinata não correspondia á espeeie de Rudolph c sim tratava-se de espeeie não descripta, considerando a espeeie descripta em 1819 como do genero Subuluru. Este equivoco de 88 BOLETIM EÍOLOGICO Hall foi por nós referido logo em seguida ao apparecimento do seu notável trabalho sobre os Nematodeos dos roedores. Examinando um tatá proveniente de Jahú que nos foi dado pelo alumno Vasco F. Costa tivemos opportunidade de encontrar alguns exemplares do A. uncinata de Rudolph ao lado de nume- rosos exemplares das duas especies de Aspidodera — .s colecifor- mis e faciata. Pelo exame deste material verificamos a razão do grande Schneider consideral-a próxima de uncinata pela estructura da cauda dos machos. A estructura buccal e esophagiana, porem, a afasta inteiramente dos outros Heterakideos, este afastamento ainda se torna mais sensível pela situação e aspecto curioso do poro excretor. A ausência de bulbo esophagiano alliada á situação póst- esophagiana do póro excretor, e a presença de uma ventosa pré- anal e ausência de lábios do typo Ascaris fazem com que essa especie tenha uma posição systematica inteiramente isolada e in- termediaria entre Heterakidae e Ascaridae. Para essa especie propomos um novo genero que denominaremos Schneideria em homenagem ao grande helminthologista. SCHXEIDERIA n. g. Bocca com tres pequenos lábios (typo Oxyuridae) seguida de um vestíbulo conico e sustentado por G bastonetes chitinosos; existem na face interna de cada labio duas formações chitinosas dispostas em forma de V invertido e com as margens externas denteadas; esophago claviforme, “sem bulbo”; na união do eso- phago com o intestino existem pequenas glandulas unicellulares; póro excrector post-esophagiano, muito grande; femeas prodel- plias de ovejector dividido de diante para traz e muito longo, mas tendo apenas a primeira porção fortemente musculosa; úteros parallelos e dirigidos para traz; ovários parallelos e dirigidos para frente; machos com dois espiculos; gubernaculo pequeno; ventosa pré-anal presente com rebordo chitinoso; azas caudaes ausentes; sete pares de papillas sesseis. Especie typo: S. retusa ( Rud ., 181!)). Habitat: grosso intestino de Dasipodides. cm 1 iSciELO, 11 12 13 14 15 16 BOLETIM BIOLOGICO 89 Schneideria retiisu (Rud. 1819). (Fig. 1-9). Comprimento: femea 7,1 a 8 mm; machos (3 a 7 mm; largura femea e macho 0,4 mm. Corpo branco, rectilineo, nas femeas, ligeiramente curvo nos machos, fusiforme; cutícula estriada transversalmente e com azas lateraes que terminam perto das extremidades; bocca trimera de lábios pequenos (typo Oxyuridae) e tendo na face interna duas formações chitinosas dispostas em forma de V invertido e com a margem externa denteada (fig. 1); vestíbulo buccal em forma de tronco de cone de base anterior e com seis bastonetes chitino- sos com 0,038 mm. de comp.; esophago claviforme e, com revesti- mento chitinoso interno, que na dilatação posterior transforma-se em seis bastonetes, estes bastonetes terminam antes do fim do eso- phag claviforme e com revestimento chitinoso interno, que na di- latação posterior transforma-se em seis bastonetes, estes bastone- tes terminam antes do fim do esophago, tornando-se a cavidade dahi para traz muito delgada e tendo uma ligeira dilatação trans- versal que parece representar o vestígio do bulbo esophagiano (fig. 2) ; intestino rectilineo e tendo no ponto de juncção com o bulbo uma coròa de pequenas glandulas unicellulares; póro ex- cretor post-bulbar e constituído por uma ampla cavidade com formações dispostas radialmente (fig. 3), fica a cerca de 0,82 a 0,81 mm. da extremidade anterior e a 0,56 a 0,60 mm. da extre- midade posterior do esophago; annel nervoso no meio do esopha- go, a cerca de 0,25 a 0,34 mm. da extremidade anterior; azas la- teraes com 0,023 mm. Femeas prodelphas com a vulva situada acerca de 2,3 mm. da extremidade anterior, isto é, acima do meio do corpo; oveje- ctor dirigido para a extremidade posterior e tendo um longo ves- tibulo bifurcado; úteros dirigidos de diante para traz e contendo numerosos ovos; oviductos dirigidos primeiramente para traz e depois para a frente (fig. 6) ; ovários sinuosos, parallelos e di- rigidos de traz para a frente; ovos de casca lisa e medindo 0,053 a 0,061 mm. de comprimento por 0,038 mm. de largura maxima; cauda cónica, anus a cerca de 0,57 mm. da extremidade posterior. Machos com cauda cónica sem azas e apresentando uma ven- tosa préanaí circular de rebordo chitinoso, tendo no bordo pos- terior uma pequena papilla, mede de diâmetro 0,053 min.; apre- sentam sete pares de papillas sesseis e uma impar, mediana, logo acima da ventosa; as papillas pares são dispostas do modo se- guinte: tres"pares ad-anaes, quatro pares post-anaes e equidistan- tes; espiculos simples, sub-iguaes e medindo cerca de 0,64 mm.; cm 1 SciELQ 11 12 13 14 15 16 17 90 BOLETIM BIOLOGÍCO gubernaculo fracamente chitinisado, diminuindo de grossura de dentro para fóra, mede cerca de 0,13 mm.; tubo tesíicular termi- nando muito antes do póro excrector e constituído por um canal ejaculador e um canal deferente rectilineos e o testículo propria- mente dito enrolado e muito mais fino. Habitat: intestino grosso de Tatusia sp. Proveniência: Jahú, S. Paulo. S. Paulo XII-926. EXPLICAÇÃO DAS FIGURAS Figura 1 — extremidade anterior vendo-se o vestíbulo e as formações chitinosas dos lábios. Figura 2 — extremidade posterior do esophago e anterior do intestino vendo-se as glandulas existentes na união do esopbago com o intestino e o poro excrector. Figura 3 — poro excretor, visto de frente. Figura 4 — poro excretor, visto de lado. Figura 5 — extremidade posterior da femea vendo-se o anus p os oviductos (vista de frente). BOLETIM BIOLOGICO 91 Fig. 1, 2 e 3. L. Travassos. Ascaris retusa (Ruldolph, 1819). J. Toledo, dei. JF7F-1 iuiU£'o 92 BOLETIM BIOLOGICO L. Travassos. Ascaris retusa (Ruldolph, 1819) J. Toledo, dei 0,4 tn.m. 94 BOLETIM BIOLOGICO Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. cathedratico : LAURO TRAVASSOS — Assistente: CESAR PINTO. Monitor: PAULO ARTIGAS. N." 25 SOBRE UMA NOVA “APLECTANA” PELO DR. LAURO TRAVASSOS O grande numero de sapos que teem sido examinados no la- boratorio de Parasitologia tem fornecido abundante material uti- lizado nos cursos e ainda dado a opportunidade de encontrar pa- rasitos não conhecidos. Entre estes acha-se a especie que vamos descrever. Estes batrachios são remettidos ao laboratorio de Parasito- logia por gentileza dos Drs. Vital Brasil e Vellard, a este ultimo dedicamos a presente especie. APLECTANA VELLARDI n. sp. (Fig. 1 e 2) Comprimento: femeas 4,3 mm., machos 3,5 mm.; largura: femeas 0,37 mm., machos ( 1.3 mm. Corpo de côr branca, com azas lateraes nitidas e fina estria- ção transversal; póro excrector pré-bulbar pequeno; bocca com tres pequenos lábios; esophago com pequeno vestíbulo anterior de cerca de 0,038 mm. de comprmento; porção eylindrica do eso- phago com cerca de 0,36 a 0,38 mm. de comprimento e um bulbo com 0,10 a 0,12 mm. de diâmetro antero-posterior. Femeas amphi-delphas; vulva no meio do corpo; ovos com 0,081 a 0,092 mm. de comprimento por 0,053 mm. de largura ma- xima; cada cónica diminuindo bruscamente de grossura e termi- nando em ponta fina e alongada; anus a 0,40 mm. da extremidade. Machos com cauda alongada e terminando em ponta subu- lada, e guarnecida por 10 pares de papillas dispostas do modo seguinte: seis pares post-anaes sendo dois pares no inicio da por- ção subulada, quatro pares entre esses dois e o anus, sendo dois BOLETIM BIOLOGICO 95 ventraes e dois/ lateraes; dois pares ad-anaes sendo um ventral e lateral e finalmente dois pre-anaes, um lateral e um ventral; es- tas papillas se dispõem de modo a formarem de cada lado da linha mediana duas series symetricas. Espiculos sub-iguaes e constituídos por duas porções: uma basal e outra terminal, tendo esta o dobro do comprimento da primeira, medem de 0,169 a 0,192 mm. de comprimento; gubernaculo ausente; anus a 0,44 da extre- midade caudal. Habitat: Grosso intestino de Bafo marinus. Proveniência: Butantan, S. Paulo. S. Paulo, XI-926. 96 BOLETIM BIOLOGICO Fig. 1 e 2. Aplectana vellardi n. sp. L. Travassos. Sobre uma nova Aplectana. JJTTJtl. BOLETIM BIOLOGICO 1)7 Trabalho do Laboratorio de F > arasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. cathedratico : LAURO TRAVASSOS — Assistenle: CESAR PINTO. Monitor: PAULO ARTIGAS. N.° 26 NEMATOIDES DE INVERTEBRADOS (IV) POR PAULO ARTIGAS ISAKIS FALCATUM n. sp. IS A K IS SUBVLATVM n. sp. RHIGOXEMA TRUXCATUM n. sp. Consideramos neste trabalho tres especies de nematoides que encontramos no apparelho intestinal de myriapodes e cuja sys- tematisação parecia-nos algo obscura, em razão da incerteza que existe a respeito dos generos a que reportamos os parasitas (pie ora nos preocupam. Pretendemos collocar uma das especies que vamos tratar no genero Rhigonema Cobb, 1898 e as outras duas no genero Isakis Lespes, 18õ(>. A descripção original de Lespes do genero Isakis c muito incompleta e acompanhada de figuras deficientes. Cobb, criando em 1898 o genero Rhigonema , não desenvolveu descripção alguma, limitando-se apenas a dar figuras e a formula que em- prega para a caracterisação destes helminthos. Naturalmente por esta causa de esclarecimentos reduzidos é que Baylis e Daubney collocaram Rhigonema como synonimo de Isakis. Nós achamos, porem, que Rhigonema deve ser mantido, pois, apesar de muito proximo de Isakis possue um caracter generico de valor indiscutí- vel, que é a presença de uma vesícula seminal (Fig. 12 e 14), que não existe em Isakis (Fig. (>) ; alem disso a terminação caudal que é curta e truncada em Rhigonema se mostra nos Isakis em geral consideravelmente mais desenvolvida. As especies que descrevemos abaixo e que collocamos no ge- nero Isakis apresentam características genéricas que encontra- mos na descripção que Sckrjabin desenvolveu quando determinou 98 BOLETIM BIOLOGICO I. multipapillata Sckrjabin, 1926; essas características também também encontramos nos optimos trabalhos de Leidy que nos apresenta magníficos desenhos. As publicações de Leidy e de Sckrjabin eliminaram as duvidas que poderiamos ter a respeito de Isakis se tivéssemos que nos basear exclusivamente na incom- pleta descripção de Lespes. Descrevemos 7. falcatum n. sp. e 1. subulatum n. sp.; são dois typos muitos proximos e cuja distinção se faz pelos caracteres que os machos apresentam, pois as femeas se confundem. Dare- < mos em seguida o quadro com medidas de exemplares das duas especies de tamanho variado e de proveniência diversas. ISAKIS FALCATUM, nova especie Figs. 1 -8 Femea (figs. 1-6). A cutícula é estriada transversalmente, o corpo se estreita para a extremidade posterior e termina por uma cauda cónica e aguda. Na região cephalica, rodeando os tres lá- bios que delimitam uma exigua cavidade, notam-se formações cuticulares (fig. 3), uma para cada labio, collocadas pouco abai- xo da implantação labial; estas formações cuticulares são regu- lares em sua porção media e recortadas nos extremos. Os lábios são salientes; adjacentes aos bordos de inserção dos lábios exis- tem quatro papilas, estando duas chegadas ao labio dorsal e a cada labio subventral correspondendo uma das duas restantes (fig. õ). Sottopostas aos lábios e na cavidade bucco-pharyngiana notam- se tres formações triangulares denticuladas que se articulam en- tre si (fig. 5). A porção esopbagiana apresenta uma dillatação anterior musculosa, com estriações transversaes e com bastone- tes chitinosos na porção anterior inicial (fig. 3-4). O bulbo pos- terior, cordiforme e achatado, se encaixa no intestino por inter- médio de uma valvula cujos lábios são notavelmente proeminen- tes na luz intestinal. Apparelbo genital do typo amphidelpho, ova- rios oppostos e divergentes, ramos uterinos convergindo para um ovejector longo; a vulva se acha collocada na porção mediana do corpo do nematoide. Os ovos, ligeiramente ellipsoidaes, não são muito numerosos. Poro excretor na porção posterior do bulbo an- terior e anel nervoso na parte mediana deste (Fig. 1). Macho (figs. 7-8). Notam-se na extremidade anterior for- mações cuticulares semelhantes as que observamos na femea. A BOLETIM BIOLOGICO 99 cutícula, estriada transversalmente apresenta na região caudal (fig. 7) sete pares de papillas, dos quaes quatro são preanaes e os restantes tres postanaes. Os espiculos são iguaes e recurvos, apresentando na extremidade uma “aza” que se destaca do bordo posterior. O apparelho genital comprehende um tubo testicular composto de muitas alças e uma porção terminal rectilinea. Não existe gubernaculo. ISAKIS SUBULATUM, nova especie Figs. 9-11 Femea. Como já dissemos acima não encontramos caracte- res que nos differençassem a femea de I. falcatum n. sp. da fe- mea de I. siibiilatum, de modo que nestas duas especies muito próximas encontramos os caracteres differenciaes apenas no ma- cho, sendo de notar que tivemos occasião de examinar myriapo- des com infestação mixta. Macho. As formações que encontramos na região cephalica r,ão idênticas ás que notamos em I. falcatum n. sp. Os caracteres differenciaes de I. siibulatiim n.sp. residem nos espiculos que se apresentam de grande comprimento, delgados, pouco recurvos e sem “aza”; não existe gubernaculo. Na cutícula notamos na re- gião da cloaca, nove pares de papillas, sendo quatro pares prea- naes e cinco postanaes. A disposição do apparelho testicular é semelhante a que observamos em I. falcatum n. sp. Habitat — Intestino de myriapodes. Proveniência: Mangui- nlios (Districto Federal); cidade do Rio de Janeiro; cidade de São Paulo, Remedios (Est. de São Paulo). •TUECAf \ULO 0 A 100 BOLETIM BIOLOGICO No quadro abaixo damos dimensões de diversos exemplares machos e femeas das duas especies: £ ^ £ p g P § c3 á £ -£ «3 d P P '■ X CB X 1 3 — P X * 2 = ca ~k cn 2 X Macho Macho Macho Macho Femea Femea Femea Femea Compr. total 5,5 4,7 7 5,8 7,4 5.4 5,4 7,1 Larg. maxima . 0,27 0,27 0,3 0,25 0,3 0,27 0,25 0,3 Lábios . ... 0,02 0,03 0,04 0,03 Esoph. anterior 0,35 0,33 0,4 0,4 0,35 0,38 0,35 0,43 Bulbo 0,13 0,09 0,1 0,1 0,11 0,1 0,8 0,1 Dist. vulva-anus 1,8 2 1,9 Cauda .... 0,28 0,29 0,6 0,6 1,0 0,7 0,6 1.0 Compr. espiculos . 0,11 0,11 0,73 0,69 Larg. espiculos. 0,02 0,02 Annel nervoso . . 0,18 Poro exeretor . 0,38 0,4 0,36 Ovos 0,69x0,53 Os numeros referentes a annel nervoso e póro excrector in- dicam a distancia que se acham da extremidade anterior. As me- didas são em millimetro ou fração de millimetro. R H IG OS EM A TRLXCATUM, nova espeeie Figs. 12 - lfi Em R. Iruncatum n. sp. encontramos na extremidade anterior uma constituição parecida com a que existe nas especies de Isakis que acima descrevemos, porem não observamos as formações cuticulares que rodeam os lábios (fig. 13); a mesma conformação dos Isakis existe no que diz respeito á conformação do esophago, bulbo, annel nervoso e poro exeretor. O corpo termina em uma extremidade que se affila repentinamente quer na femea ou no macho, (figs. 12-16). O apparelho genital feminino se abre exteriormente (vulva) na região mediana dó corpo e é característico por possuir uma vesícula seminal (fig. 14) que se dispõe anteriormente ao oveje- ctor. Os ovários são duplos e oppostos, confluindo para o utero. Os ovos, que são ligeiramente ellipsoidaes, não se mostram em BOLETIM BIOLOGICO 101 grande numero. No macho são notáveis onze pares de papillas, dos quaes oito pares são preanaes e tres postanaes (figs 15-16). Os espiculos são reforçados e um tanto falciformes; não existe peça accessoria. O tubo testicular é dirigido de detraz para dean- te tendo apenas uma simples dobra na porção inicial. Tiramos medidas de vários exemplares, cujo resumo é o que segue : Macho M acho Macho Femea Femea Femea Femea Compr. total. 5,1 3,6 5,0 4,7 4,7 5,1 4,9 Larg. maxima . 0,3 0,27 0,3 0,35 0,37 0,35 0,3 Lábios 0,02 0,023 0,023 0,025 0,017 Esoph. anterior. 0,34 0,3 0,29 0,33 0,33 0,33 0,31 Rulbo 0,12 0,15 0,10 0,1 0,12 0,1 0,9 Dist. vulva-anus 2,1 2,2 2,3 Cauda 0,11 0,11 0,11 0,15 0,14 0,15 Compr. espiculos . 0,33 0,30 0,29 Larg. espiculos. Annel nervoso . 0,027 0,03 0,14 Poro excretor . Ovos 0,36 0 81x0,61 Os numeros referentes a annel nervoso e póro excretor in- dicam a distancia que se acham da extremidade anterior. As me- didas são em millimetro ou fração de millimetro. Habitat — Intestino de myriapodes. Procedência: Mangui- nhos (Districto Federal) e Remédios (Est. de São Paulo). EXPLICAÇÃO DAS FI OCRAS Fig. 1 — Isakis falcatum. Femea completamente desenvolvida. Fig. 2 Isakis falcatum. Femea com poucos ovos. Fi«. 3 — Isakis falcatum. Femea. Detalhe da região cephalica. Fig. 1 — Isakis falcatum. Femea. Região anterior. Fig. 5 Isakis falcatum. Lábios vistos de frente. 1112 BOLETIM BIOLOGICO Fig. 6 — Isakis falcatum. Apparelho genital feminino dissecado. Fig. 7 — Isakis falcatum. Macho. Porção caudal. Fig. 8- — Isakis falcatum. Macho. Porção anterior. Fig. 9 — Isakis subulatum. Macho. Fig.10 — Isakis subulatum. Macho. Porção caudal. Fig. 11 — Isakis subulatum. Macho. Porção anterior. Fig. 12 — Rhigonema truncatum. Femea. Fig. 13 — Rhigonema truncatum. Femea. Região cephalica. Fig. 14 — Rhigonema truncatum. Vesícula seminal da femea. Fig. 15 — Rhigonema truncatum. Macho. Fig. 16 — Rhigonema truncatum. Macho. Região caudal. 104 BOLETIM BIOLOGICO 0,03 m.m. Fig. 5 P. Artigas. Xematoides de Invertebrados (IV). J. Toledo, dei. J. Toledo, dei. Fig. 6 Fig. 7 P, Artigas. Xematoides de Invertebrados (IV), BOLETIM BlOLOGlCO cm 2 3 4 5 6 7 11 12 13 14 15 16 17 106 BOLETIM BÍOLOGÍCO Fig. 9 P. Artigas. Nematoides de Invertebrados (IV). J. Toledo, dei. boletim biologico // £ °// 5 // ^ // ° ® ©// • a// J’. Artigas. Xematoides de Invertebrados (IV), J. Toledo, dei, U -Sij P. Artigas. Xematoides de Invertebrados (IV). J. Toledo, dei. cm 1 2 3 4 5 6 7 SCÍELO d 11 12 ]_ 3 14 15 16 110 BOLETIM BIOLOGICO W P. Artigas. Nematoides de Invertebrados (IV). J. Toledo, dei. 1 ^ cm 1 2 3 4 5 6 7 SCÍELO d 11 12 ]_ 3 14 15 16 cm 1 11 12 13 14 15 16 17 $ BiBUOIH£DA^ BOLETIM BIOLOGICO REDACTORES: ARTHUR NEIVA, L. TRAVASSOS, CESAR PINTO, FLAVIO DA FONSECA e PAULO ARTIGAS Auxiliam a publicação deste Boletim as seguintes pessoas: PROFESSORES E. DE SOUZA CAMPOS, PEDRO DIAS DA SILVA, DR. JOÃO DAUDT D’OLIVEIRA, PROF. AGUIAR PUPO, PROF. A. CARINI, DR. JULIO DE MESQUITA FILHO, DR. JESUINO MACIEL, DR. NAVARRO DE ANDRADE, DR. J. C. N. PENIDO, PROF. R. BRIQUET, DR. AYRES NETTO, PROF. CANTIDIO DE MOURA CAMPOS, DR. ANDRE’ DREYFUS, PROF. SÉRGIO MEIRA FILHO, DR. ABÍLIO M. DE CASTRO. 1927, Fascículos 5-10. S. Paulo — Brasil Lab. de Parasitologia da Faculdade de Medicina. Rua Brigadeiro Tobias, 42. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 ADVERTÊNCIA: O Boletim Biologico é uma pu- blicação exclusivamente votada á divulgação de trabalhos originaes de sciencia pura, man- tido por iniciativa particular, sem preoccupa- ção commercial, não sendo, portanto, accei- tos annuncios ou pedidos de assignaturas. Sua distribuição fica a critério da Redacção, que c remetterá aos especialistas e Institutos scien- tificos interessados, acceitando. entretanto, propostas de permuta com publicações con- generes. Não terá, outrosim, caracter de periodico. aparecendo lógo que haja matéria a publicar. A correspondência deverá ser dirigida ao Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Caixa do correio. 2921. Brasil. AVERTISSEMENT : Le “Boletim Biologico” cst une publication vouée exclusivement à la di- vulgation des travaux originaux de Science pure, maintenu par initiative particulière, sans aucune préoccupation commerciale; tou- te demande d’annonces ou d’abonnements ne pouvant par conséquent ètrc acceptée. La distribution du “Boletim” ne tiendra qu’à la Rédaction qui 1’enverra aux spécialistes et aux Instituts scientifiques intéressés. La Réda- ction se reserve le droit d’accepter des permu- tations avec d’autres publications similaires. Le “Boletim” n’aura pas, en outre, cara- ctere de périodique, ne paraissant que lorsquMI y aura matière à publier. Toute correspondance sera adressée au La- boratoire de Parasitologie de la Fac. de Méd. de São Paulo. Brésil. Caixa postal, 2921. Typ. CUPOLO — Lad.* Santa Ephieenía N.® 21 — S. Paulo cm 1 SciELQ 11 12 13 14 15 16 17 II BOLETIM BIOLOGICO Batrachio (Nematodeos parasitas de) 147. Biologia das larvas de Triatoma megista (Hemiptera. Fam. Triatomidae) 115. Genero Belminus Stal, 1859 (Hemiptera. Fam. Triato- midae) 109, 113. Biologia do Cimex hemipferus e C. lectularius . . . 115. Biologia do Dielocerus formosus (Hymenoptera. Ten- thredinoidea) 129. Biologia do Pediculus humanus e Haematopinus eurys- ternus 115. C. Capillaria sentínosa n. sp. Parasita de peixe de agua doce do Brasil 215, 216. Chilomastix mesnili (Wenyon) 201. Ciliados do gen. Balantidium parasitos dos macacos . 6. Cimex hemipterus (De la présence d’un stigmate res- piratoire sur les tarses du) 115. Cimex limai n. sp 186. Classification de genres d’Hemiptères de Ia fam. Tria- tomidae (Reduvidioidea) 103. Combate ao berne (Dermatobia hominis) .... 25. Considerações a respeito da Bartonella ranarum Cunha et Muniz, 1926 32. Contribuição para o estudo da Entomologia florestal paulista 66. Critbidia spinigeri n. sp., parasita do app. digestivo de Spiniger domesticus (Hemiptera. Reduvidioidea) . 86. Crustáceos Isopodes terrestres do Brasil 194. Cruznema (Novo genero de Nematodeo parasita do in- testino de Myriapode) 209. Cultura do Trypanosoma eruzi 16. Cytamoeba bacterifera 34, 35. D. De la présence d’un stigmate respiraloire sur les tarses du Cimex hemipterus, C. lectularius, Pediculus hu- manus, Haematopinus eurysternus et chcz les larves de Triatoma megista Dermatobia hominis L. ior cm 1 SciELQ 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO m Dielocerus formosus (Hymenoptera. Tentliredinoidea) . 129. Duas especiaes novas de Crustáceos Isopodes, terrestres do Brasil 194, E. Enkystamento do Chilomastix mesnili em cultura . . 201. Entamoeba dreyfusi n. sp. parasita do ceco de Didelphis aurita 91. Entomologia florestal 66, 73. Gen. Eratyrus (Hemiptera. Fam. Triatomidae) . . . 109. Genero Eutriatoma (Hemiptera. Fam. Triatomidae) . 109. F. Fauna helminthologica dos ophideos brasileiros. . 179. G. Glossidiella n. gen. (Trematodeo. Fam. Plagiorchidae) 96. Glossidiella ornata n. sp. (Trematodeo. Fam. Plagior- chidae) 96. Glossidium loossi n. sp. (Trematodeo. Fam. Plagior- chidae) , 95. ' r. * II. Haematopinus eurysternus (Anoplura) 115. Haemostrongylus raillieti n. sp. (Nematodeo. Fam. Mc- tastrongylidae) 54. Harmostomideo da Columba livia Dom 62. Harmostomum (Harm.) mazzantii n. sp. (Trematodeo. Fam. Harmostomidae) 62. Hemipteros 43. Hymenoptera. Tentliredinoidea 129 L. Gen. Lamus Stal, 1859 (Hemiptera. Fam. Triatomidae) 113. Gen. Limaia Pinto, 1927. (Hemiptera. Reduvidioidea) . 44. Limaia rubor Pinto, 1927 45. IV BOLETIM BIOLOGICO Gen. Linshcosteus Distant, 1904 (Hemiptera. Fam. Tria- tomidae) . 100. M. Macacos parasitados por Balantidium 0. Gen. Marlianus Distant, 1902 (Hemiptera. Fam. Triato- midae) 113. Gen. Meccus Sial, 1859 (Hemiptera. Fam. Triatomidae) 113. Gen. Mestor Kirk, 1904 (Hemiptera. Fam. Triatomidae) 113. Motoponorthus schwencki n. sp. (Crustáceo isopode terrestre) 195. X. Nematoide parasita de Qni&cidae 78. Nematodeos 20. Nematodeos Novos 52- Xematodeos (Ovos de Nematodeos disseminados pelos Oniscos) 1- Nematodeos de invertebrados (V) 209. Nota sobre o Ascaris vitulorum 22. Nota sobre os generos Prototapirella, Tripalmaria e Tri- caudalia (Ciliados parasitas) Novo methodo de provável efficiencia para o combate do berne (Dermatobia hominis) Nyctotherus travassosi Cunha et Pinto, 1927. (Ciliada parasita de Oligocheto do Brasil) O. Oniscos como dissemínadores de ovos de Nematodeos 1. Oniscicula n. gen. (Nematodeo. Fam. Oxyuridae) . . 78. Oniscicula oniscicula n. sp. (Nematodeo. Fam. Oxyu- ridae) 78. Ophideos brasileiros (Fauna helmithologica dos) . . 179. Oswaldonema n. gen. (Nematodeo. Fam. Trichostrongy- lidae) 52. Oswaldonema cruzi n. sp. (Nematodeo. Fam. Triehos- trongylidae) 58. Oxysomatium (Nematodeo) 20. 40. 2 ;>. 88 . cm 1 SciELQ 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO P. Papel dos Oniscos como portadores e disseminadores de ovos de Nematodeos 1. Gen. Panstrongylus Berg, 1879 (Hemiptera. Fam, Tria- tomidae) 114. Paralysia experimental determinada pelo Trypanoso- ma cruzi de origem humana 153. Pediculus humanus 115. Peixes de agua doce do Brasil (Nematodeos parasitas dos) 215. Pesquisas sobre o berne (Dermatobia hominis), sua fre- quência no homem, nos bovinos, suinos e equídeos e da appl. de um novo methodo de provável effi- cieencia para o seu combate 25. Pesquisas sobre Verruga peruana experimental . . 135. Philoscia paulensis 194. Plagiorchis luhei n. sp. (Trematodeo. Fam. Plagior- chidae) 97. Pneumonesces neivai n. sp. Trematodeo parasita do pul- mão de rã 212. Praga dos bambús. Rhinastus sternicornis (Germ.) . . 73. Gen. Prototapirella Cunha. (Ciliado parasita) . . . 40. Gen. Psammolestes Bergroth, 1911 (Hemiptera) ... 111. Pulmão. (Helminthos parasitos do) 179, 212. R. Rhabdias labiata n. sp. (Nematodeo. Fam. Rhabdia- sidae) Rhinastus sternicornis (Germ.). Coleoptera .... Rhizopodes parasitas Gen. Rhodnius Stal, 1859 (Hemiptera. Fam. Triato- midae) 109. Schrankia brasili n. sp. (Nematodeo. Fam. Oxyuroidea) Siphonapteros. Fam. Tungidae Sobre algumas formas interessantes encontradas em cultura de Trypanosoma cruzi 10 . cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 í Vi BOLETIM BIOLOGICO Sobre o Dielocerus formusus (Hymenoptera. Tenthre- | dinoidea) 129. Sobre o genero Oxysomatium 20. Sobre os Ciliados do genero Balantidium parasitas dos Macacos 6. Sobre um Nematoide parasita de Oniscidae .... 78. Gen. Sphaeridops Amyot et Serville, 1843 (Hemipte- ra. Reduvidioidea) 43. 1 Sphaeridopidae fam. de Hemiptera. Reduvidoidea . 43. i Stigmate respiratoire sur les tarses du Cimex hemipte- j rus, C. lectularius, Pediculus humanus, Haemato- pinus curysternus et chez les larves de Triatoma megista 115. T. Trematodeos Novos. Glossidium Ioossi n. sp. . 95. Trejmatodeo parasita do pulmão de rã 212. Gen. Triatoma Lap. 1832 (Hemiptera. Fam. Triato- midae) 109. Triatomidae (Hemiptera) 103. Triatoma guntheri (Berg, 187!)) Pinto, 1027 .... 114. Triatoma megista 115 Gen. Tricaudalia (Ciliado parasita) 40. Gen. Tripalmaria( Ciliado parasita) 40. Trypanosoma cruzi 10, 153. Tunga caecata (End.) Siphonaptera. Fam. Tungidae . 178. Tunga penetrans (L.) Siphonaptera. Fam. Tungidae . 177. Tunga travassosi n. sp. Parasita de Tatusia novem- cinctus 174. L. Ema ])raga dos bambus. Rhinastus sternicornis 73. V. Verruga peruana experimental . . ' J . . 135. cm 1 SciELQ 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOCilCO VII Relação dos trabalhos originaes feitos no “Laboratorio de Parasitologia” da Faculdade de Medicina de São Paulo, durante o anno de 1927 27. SCHWENCK, J. Papel dos Oniscos como portadores e disseminadores de ovos de Nematoides. In Bole- tim Biologico. Fase. 5 1. 28. TRAVASSOS, L. Sobre o genero Üxysomatium. In Bo- letim Biologico. Fase. 5 20. 20. TRAVASSOS, F. Nota sobre o Ascaris vitulorum. In Boletim Biologico. Fase. 5 22. 30. PINTO, Cesar. Spbaeridopidae, n. fam. de Hemipte- ro Reduvidioidea. In Boletim Biologico. F"asc. 6 . 1.3. 31. SCHWENCK, J. Sobre um Nematoide parasita de No- niscidae. In Boletim Biologico. Fase. 7 ... . 78. 32. PINTO, Cesar. Entamoeba dreyfusi n. sp. parasita do céco de Didelphis aurita. In Boletim Biologico. Fase. 7 91. 33. PINTO, Cesar. De la présence d’un stigmate respira- toire sur les tarses du Cimex bemipterus, C. lectu- laris, Pediculus bumanus, Haematopinus euryster- nus et chez les larves de Triatoma megista. In Bo- letim Biologico. Fase. 8 115, 31. PINTO, Cesar & DRFYFUS, A. Tunga travassosi n. sp. parasita de Tatusia novemcinctus do Brasil. In Bo- letim Biologico. Fase. 9 174. 35. PEREIRA, Clemente. Fauna helminthologiea dos ophi- deos brasileiros. In Boletim Biologico. Fase. 10 . 179. 36. ARTIGAS, Paulo. Nematodeos de invertebrados (V). In Boletim Biologico. Fase. 10 209. 37. TRAVASSOS, F. & ARTIGAS, Paulo. Pneumonesces neivai n. sp. Trematodeo do pulmão de rã. In Bole- tim Biologico. Fase. 10 212. 38. TRAVASSOS, F. Uma nova Capillaria parasita de pei- xe de agua doce: Capillaria sentinosa n. sp. In Bo- letim Biologico. Fase. 10 ■ . 215. BIBlIOlHÊCíU cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO Brasil. • V-® Paulo A 5 <{Rangl/ Sâo Paulo, 11 de abril de 1927. Fascículo 5. ^ ___ BIBLJOThecÍ. Trabalho do Laboratorio de Parasitologí Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. cathedratico: LAURO TRAVASSOS — Assistente: CESAR PINTO. Monitores: PAULO ARTIGAS e J. SCHVVENCK. N.° 27 Papel dos Oniscos como portadores e disseminadores de ovos de Nematoides POR J. SCHWENCK (Do Lab. de Parasitologia da Fac. de Med. de S. Paulo). Estudando no fim do anno passado a fauna parasitologica desses pequenos crustáceos pertencentes á familia ONISCIDAE conhecidos pela designação vulgar de “tatuzinhos” ou “bichos de conta'’, chamou-me a attenção o facto de encontrar com bastan- te frequência no conteúdo intestinal dos mesmos certas formações muito semelhantes a ovos de TOXOCARA. Como esses crustá- ceos provinham do quintal de casa, onde existiam animaes do- mésticos, examinei as fezes destes, tendo encontrado nas do gato grande numero daquelles mesmos ovos cuja presença havia ve- rificado no intestino dos oniscos. Comecei então observar melhor o habito de vida dos tatuzi- nhos que, seja dito de passagem, são extremamente frequentes tanto na Capital de S. Paulo como no interior do Estado. Vivem nos quintaes e nos jardins, debaixo de objectos abandonados ao ar livre ou no meio de tufos de relva, donde saem, principalmen- te á noite, em busca de alimento. Nos quintaes onde não existem aves, arriscam-se elles a deixar seus esconderijos mesmo du- cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 o BOLETIM BIOLOGICO rante o dia. São muito timidos c, quando se apercebem desco- bertos, os machos fogem apressados emquanto que as femeas se enrolam á maneira de uma conta de rosário, donde o nome po- pular, talvez mais em uso em Portugal que no Brasil, de “bicho de conta”. Procuram de tal modo a visinhança das casas que se é levado a pensar que a sociedade humana os attrae. Nunca pude verificar a presença delles a grande distancia das habitações. Co- mem de tudo. Restos de alimentos cozidos, escarros, matérias or- gânicas em decomposição e até folhas verdes de vegetaes, sobre- tudo quando são ainda jovens e não encontram outro meio de subsistência. Sua alimentação de escolha são, porém, as fezes, fezes humanas por excellencia. Note-se, no emtanto, que elles re- jeitam estas ou outra substancia qualquer, se não encontrarem ierra á sua disposição. A copropbagia dos oniscos é um facto fa- cilmente verificável. Onde existem fezes humanas abandonadas por muito tempo sobre o solo, ahi se acham invariavelmente os oniscos, sobretudo á noite. Encetando uma serie de experiencias, tomei um lote de ta- tuzinhos, de procedência diversa, e os colloquei com fezes de gato, carregadas de ovos de TOXOCARA. Cinco ou seis horas após, as fezes de oniscos examinadas já revelavam a presença de ovos, evos que continuaram ainda a apparecer nas fezes dos crustáceos dezoito horas depois de retirados estes do material infestante. Mas seriam estes ovos capazes de evolução? Não estariam elles mortos a despeito de toda a sua apparencia de vitalidade? Cumpria ve- rificar. Depositei, então, numa placa de Pettri, cujo fundo recobri com papel chupão embebido d’agua, os preparados com ovos, ten- do o cuidado de manter sempre fechada a referida placa afim de evitar a evaporação da agua e a consequente exsiceação do meio. o que viria comprometter o desenvolvimento dos ovos. A partir do lã." dia os ovos começaram a mostrar embryões moveis. Ob- servei mais, que, ao contrario do que succede com os ovos de AS- CARIS LUMBRICOIDES, os ovos de TOXOCARA tendem a li- bertar a larva no mundo exterior. Tive occasião de assistir mui- tas eclosões. A larva debate-se furiosamente até romper a casca do ovo, donde ella sae seja por uma fenda seja por um orifício mais ou menos circular. Depois de 30." dia, é í Fcquentissimo en- contrar-se ovos perfurados e larvas moveis no liquido da pre- paração. 11a um outro facto interessante que importa seja mencionado. Os ovos de TOXOCARA, quinze dias depois de defecados pelo BOLETIM BIOLOGICO 3 gato podem, uma vez ingeridos pelos oniscos, appareeer nas fe- zes destes já embryonados. Mas os tatuzinhos não têm necessidade de comer excremen- tos de 15 dias para evacuar ovos já maduros que são os únicos infestantes. Os ovos recentemente fornecidos pelo gato e comidos logo pelos oniscos, podem continuar sua evolução nas fezes dos crustáceos, ainda que conservadas a secco. Colhi muitos bastone- tes fecaes contendo ovos recentes e os colloquei num “godet” bastante enxuto que guardei num armario, á temperatura do la- borai orio. De tempos em tempos examinava alguns bastonetes para me scientificar do estado dos ovos. No fim do 18.° dia estes começaram a embryonar-se e as larvas, após sua formação, con- servaram-se moveis por um espaço de tempo de 8 a 15 dias, não obstante a impropriedade do meio. Além deste periodo, as lar- vas perfuravam os ovos e libertavam-se. Muitas perecem com o esforço feito para saliir do ovo. Vi algumas presas á casca so- mente pela extremidade caudal que não poude desvencilhar-se do ovo por se achar enrolada dentro delle á maneira de nó. Estas experieneias feitas com ovos de TOXOCARA, reprodu- zi-as eu com ovos de ASCARIS LUMBRICOIDES. A oniscos dei fezes humanas carregadas de ovos de lombrigas. No dia seguin- te, as dejecções dos crustáceos apresentavam ovos em perfeito es- tado. Estes ovos, eollocados em camaras húmidas, mostraram-se larvados ao cabo de 28 dias. Estas larvas apresentavam, no co- meço, movimentos tardos, interrompidos por longos espaços de immobilidade; dias depois, estes movimentos tornaram-se vivos, se bem que permanecesse ainda bastante espessa e resistente a casca dos ovos. A' guisa do que fiz nos ensaios precedentes, collequei em “go- dets” enxutos muitos bastonetes fecaes de tatuzinhos, contendo ovos recentemente postos. Estes bastonetes, examinados em inter- vallos de tres em tres dias, mostraram, no fim do 38.° dia, alguns ovos embryonados. Os ovos de ASCARIS podem, por conseguinte, desenvolver-se e attingir á maturidade, envoltos em fezes de oniscos, conservadas á temperatura ambiente. A marcha evolutiva nestas condições soffre um atrazo tanto maior quanto mais fraco fôr o estado hy- grometrico da atmosphera. 0 numero reduzidíssimo de ovos em- bryonados obtidos por este meio póde ser perfeitamente expli- cado visto como fòram elles eollocados cm lugar secco e, portan- to artificial. Entregues á natureza, as fezes de oniscos absorvem humidade e a retêm por tempo bastante sufficiente para que o cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 4 BOLETIM BIOLOGICO ardor do sol não attente contra a vitalidade dos ovos. Estes, alénr disso, podem deshydratar sem morrer, tomando um estado de vida por assim dizer latente. Basta, porém, molhal-os para que elles revivam. Este phenomeno, aliás, é bastante conhecido. Os tardigrados, bem como muitos outros animaes inferiores, podem permanecer por largo tempo em estado de morte apparente, bas- tando, porém, humedecel-os para os reviver. Fezes de oniscos com ovos de ASCARES, que tive a preoccupação de todas as noites collocar ao relento, deram um grande numero de ovos embryo- nados. Se os tivesse exposto á chuva e ao sol, em condições na- turaes emfim, o exicto teria s : do forçosamente maior. Muitos ovos de ASCARIS. de fezes de oniscos, que já se achavam em con- dições precarias de vida, alguns mesmos com larvas inteiramente immoveis, depuz eu em camaras húmidas, e, ao cabo de uma se- mana mais ou menos, se mostraram uns visivelmentes vivos, ou- tros com larvas bastante moveis. A’ noçáo do portador e dispersador de ovos accresce esta outra, não menos interessante, a da protecção do ovo. A menor pressão exercida sobre a laminula é sufficiente para esmargar os ovos de TOXOCARA embryonados, de uma preparação. Os ovos de ASCARIS, apezar de muito mais resistentes devido a espessura da casca, não deixam porisso de carecer também de protecção. As fezes humanas não se prestam para este fim. Além de não reterem humidade sufficiente para garantia do embryão, deshy- drata-as o calor, reduzindo-as a uma crosta dura, secca, capaz de esboroir-se e deixar os ovos sem defesa em face dos insultos da natureza. As fermentações produzidas pela fauna microbiana que nellas se desenvolve devem tornal-as também um meio bastante improprio para o desenvolvimento do ovo e formação do em- brão que terá ainda contra si um sem numero de insectos que procuram sempre as fezes seja para delias tirar alimento, seja para nellas crear as suas larvas. Os bastonetes fecaes dos oniscos, dentro dos quaes os ovos se acham englobados como uma substancia medicamentosa den- tro de uma pillula, assegurariam a vitalidade destes ovos pondo a fragilidade dos mesmos ao abrigo de todos os attrictos. A poro- sidade desses bastonetes c a sua falta de gordura, permittindo-os conservar a humidade da noite e a agua das chuvas, garantem a vida do ovo durante as horas de sol. Infelizmente, as propriedades physicas dos bastonetes muito também concorrem para tornal-os poderosos agentes de dissemi- nação de ovos de nematoides. Leves e dispostos cm calha, facil- BOLETIM BIOLOGICO 5 mente podem ser deslocados e mesmo ascendidos pelo vento; relativamente duros, não se reduzem a poeira em consequência dos attrictos; desprovidos de viscosidades, não se adherem a lu- gar nenhum. Nestas condições, nada impede que o vento os es- palhe em todos os sentidos e mesmo os faça penetrarem no inte- rior das habitações, augmentando grandemente as possibilidades de infestação. Os ovos de ASCARIS também já podem ser defecados em- bryonados pelos tatuzinhos; basta que as matérias de que elles se nutrem tenham sido evacuados ha mais de vinte dias. As experiencias realisadas com ovos de TRICHURIS TRI- CHIURA ainda estão em andamento. Os ovos deste parasita saem vivos nas fazes dos oniscos, pois nalgumas preparações conserva- das em camaras húmidas já se pode vel-os bastante segmentados. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO (> Trabalho da Secção de Protozoologia do Instituto Oswaldo Cruz. Birector: Prof. Carlos Chagas. Chefe da Secção Henrique B. Rohan de Aragão. Sobre os Ciliados do genero BALANTIDITJM parasitos dos Macacos. PELOS D RS. ARISTIDES MARQUES DA CUNHA e JULIO MUNIZ. (Assistentes) Recebemos ;dò Dr. Henrique B. R. de Aragão material do ceco e do grosso intestino de um macaco ( Cebus ciar ay a von Humboldt, 1811) morto em Pacau no Estado de Minas que continha exempla- res de um Ciliado do genero Balantidhim. Brooks (1903), Noc 11)08), Brumpt (1909) e Joyeux (1913 haviam assignalado a presença de Balantidium em macacos. Esses Esses auctores identificaram as especies por elles encontradas ao Balantidium coli. Hegner e Holmes (1923) assignalaram em um macaco do Brasil, ( Cebus variegatus ) um Balantidium que se differencia dos Balantidium coli e Balantidium suis pelos seguintes caracteres: a) o Balantidium do macaco mede em media 44 micra de com- primento por 25 micra de largura emquanto que o B. coli mede 8G micra de comprimento por 80 micra de largura e o B. suis 80 micra de comprimento por 43 micra de largura; b) a relação entre o comprimento e a largura é no B. coli de 1,30 e no B. suis de 1,99 emquanto que no Balantidium do macaco é de 1,76; c) o cytostoma quasi terminal no B. coli e desviado para a face ven- tral no B. suis, occupa no Balantidium do macaco posição inter- mediaria. O núcleo do Balantidium encontrado por Hegner e Holmes no Cebus variegatus se assemelha ao do B. coli. Esses au- ctores não crearam especie á parte para esse Balantidium pela incerteza de que os caracteres assignalados tivessem valor espe- cifico. O ciliado que encontramos no Cebus caraya apresenta porém caracteres que o differenciam das demais especies conhecidas bem como do Balantidium estudado por Hegner e Holmes. Assim do Balantidium coli, B. suis e do Balantidium do Ce- bus variegatus elle se diffencia facilmente pela forma do macro- BOLETIM BIOLOGICO - nudeo. Por esse caracter se approxima a nossa especie do Balan- tiümm caviae Neiva, Cunha et Travassos do qual porem se diíTc- rencia por possuir essa ultima especie um único vacuolo contra- ctil na extremidade posterior, ao passo que o Balantidium do Ct bus caraya apresenta dois vaculos contracteis como os Balan- tidium culi e B. sais. Convem notar que os macacos nos quaes têm sido assignala- da a presença de Balantidium eram animaes que viviam em capti- veiro, ao passo que a nossa observação se refere a animal captu- rado em natureza. BALANTIDIUM ARAGÃOI Cunha et Mi* (Fig. a, b, c, e, f, g, h, i.) SfêtiorBcCA^ Corpo ovoide muitas vezes com a extremidade anterior mais exfreita. 0 peristoma fica collocada na extremidade anterior um pouco desviado para a face ventral. O peristoma é curto e se as- semelha ao do Balantidium coli. O ciliado é uniformemente re- vestido de cilios finos. Na borda do peristoma ba uma fileira de cilios mais espessos do que os outros constituindo a zona adorai O macronucleo é mais ou menos espherico e occupa posição va- riável, quasi sempre mais proximo da extremidade posterior do que da anterior. Junto ao macronucleo observa-se o micronucleo. Esse ciliado possue dois vacuolos contracteis, um situado na parte posterior, outro geralmente menor collocado na parte media do corpo. Na extremidade posterior do protozoário se observa o anus ou cytopygio sob a forma de uma depressão tubular. Encontramos algumas formas que interpretamos como ex-conjugantes que apre- sentavam duas placentas. Medimos 30 exemplares desse cilia- do e achamos como media as seguintes dimensões: comprimen- to 67, 7 micra; largura 53,6 micra. A relação entre o compri- mento e a largura é de 1,26. As dimensões do Balantidium aragãoi são muito variáveis, o comprimento oseilla nos exemplares medidos entre 40 micra e 02 micra, a largura entre 32 micra e 76 micra. O macronucleo apresenta dimensões variaveis em relação com o tamanho do ci- liado, variando entre 12 a 20 micra de diâmetro. Habitat: grosso intestino de Cebus caraya von Humboldt, 1S11 de Minas Geraes. Brasil. As dimensões do Balantidium aragãoi approximam-se das do Balantidium coli c do Balantidium caviae e por isso pensamos ser cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 8 BOLETIM BIOLOGICO de interesse juntar alguns dados sobre o tamanho dessas especies. As medidas effectuadas de um caso de balantidiose humana ob- servada por nós deu como media 45,6 micra de comprimento e 35,6 micra de largura, oscillando o comprimento entre 36 e 56 mi- cra e a largura entre 28 a 10 micra. A relação entre o comprimen- to e a largura era de 1,28. As dimensões encontradas por nós são muito menores que as referidas por Mac Donald, embora a relação entre o comprimento e a largura seja sensivelmente a mesma que a dada por este auctor. As dimensões do Balantidium caviae são em media de 66,6 micra de comprimento e 59,8 micra para a largura; a relação en- tre o comprimento e a largura c de 1,11. As dimensões desta es- pecie são pouco variaveis oscillando o comprimento entre 60 a 76 micra e a largura entre 52 a 68 micra. As medidas por nós dadas neste trabalho foram feitas em preparados fixados e corados, sen- do que de accôrdo com as nossas observações os ciliados apresen- tam-se a fresco geralmente mais alongados. Recentemente Sangiorgi e Ugdulena, Sangiorgi descreveram duas novas variedades do Balantidium minutum (B. mimitum var. italicum e B. minutum var. albanese) . Esses ciliados encon- trados em culturas de fezes são sem duvida alguma protozoários coprozoicos. O mesmo acontece com o Balantidium? que Alejan- dro Senez encontrou em culturas de fezes de um caso humano de Tucuman (Argentina) e que pela descripção e desenhos dados pelo auctor pode-se indentificar ao Culpada steini Maupas, 1883. EXPLICAÇÃO DAS FIGURAS an = anus ou cytopygio. ma — macronucleo. mi = micronucleo. vac e v. c. = vacuolo contractil. cyt. = cytostoma. Fig. a = forma grande de Balantidium aragãoi. Fig. b = B. aragãoi mostrando a forma exacta do cytopygio. Fig. c = forma pequena do B. aragãoi. Fig. d = Balantidium sp. de Hegner e Holrnes do Cebus varie- gatus. Segundo Hegner e Holrnes. Fig. c = Microphotographia do B. aragãoi, vendo-se o cytosto- ma nitidamente. BOLETIM BIOLOG1CO 9 Fig. Fia. Fig. Fig. Fig. f = Microphotographia do B. aragãoi, vendo-se o cytopygio e um dos vacuolos contracteis. g = B. aragãoi , forma pequena (microphotographia). h — B. aragãoi, forma de ex-conjugante com duas placen- tas (microphotographia). i = B. aragãoi, mostrando uma forma grande (a) e outra pequena ( b ) (microphotographia). j — Microphotographia de Balantidium coli, mostrando o macronucleo reniforme. Caso de balantidiose humana. Original. k = Microphotographia de tres exemplares de Balantidium coli, de um caso humano. Original. I = Desenho de uma preparação a fresco do Balantidium caviae, segundo Neiva, Cunha e Travassos. m = (Microphotographia'- do Balantidium caviae, de uma preparação fixada em sublimado álcool de Schahdinn e colorida pelo Borax-carmin. Original. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 boletim biologico 11 Fiff. e. Un . Fig. f Cunha & Muniz. Sobre os Ciliados do genero Balantidiuiu cm 1 6 1 SciELO 11 12 ]_ 3 14 15 16 17 Í2 BOLETIM BIOLOGICO c /- /ua. Fig. g. Fig. h. Cunha & Muniz. Sobre os Ciliados do genero Balantidiura. BOLETIM BIOLOGICO Fig. k. Cunha & Muniz. Sobre os Ciliados do genero Balantidium. lfi BOLETIM BIOLOGICO Sobre algumas formas interessantes encontradas em culturas de Trypanosoma cruzi PELO DR. JULIO MUNIZ (Do Instituto Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro) Em estudos que estamos procedendo sobre a evolução do Trypanosoma cruzi nas culturas, tivemos occasião de observar umas formas interessantes cujas descripções daremos na presen- te nota. Elias foram encontradas em preparações coradas pelo pro- cesso de Rosenbusch após fixação a húmido, de uma cultura de Trypanosoma cruzi, feita em meio N. N. N. datando de lõ dias e conservada a temperatura ambiente. Essa amostra que estava servindo para os nossos estudos vi- nha sendo mantida no laboratorio ha mais de dois mezes por meio de repicagens em meio N. N. N, e provinha de um cachorrinho infectado experimentalmente. De passagem assignaleremos aqui o apparecimento constan- te nessas culturas de grande numero de formas finas de Trypa- nosoma, semelhante as descriptas por Chagas nas glandulas sali- vares do Triatoma (fig. 1, 2, 3). As formas que queremos assignalar neste trabalho appresen- tam-sc constituídas por um agrupamento de elementos com as- pecto de banana e dispostos de uma maneira que lembra gomos de uma laranja. Pela estructura que apresentam esses elementos pode-se logo a primeira vista differenciar duas formas. E’ assim que n'aquella representada pela fig. õ os elementos que a constituem e que são em numero de doze ou mais, apre- sentam um núcleo pequeno com a chromatina bastante conden- sada podendo-se notar em alguns delles a presença de um blepha- roplasto. A outra representada pela fig. (5 os elementos são em numero menor porem de maior tamanho possuindo um núcleo volumoso, no qual a chromatina se dispõe em forma de raio. Uma outra forma interessante que encontrámos no mesmo material é a da fig. 4, que representa sem duvida phase mais atrazada da primeira que descrevemos, podendo-se já observar n’ella o ap- parecimento dos elementos com forma de banana. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 17 Os núcleos dessa forma que são em grande numero, apresen- tam também a chromatina bastante condensada. Todas essas for- mas que acabamos de descrever foram encontradas em pequenos numero nas nossas preparações. Lebedeff (1910) encontrou em culturas de Trypanosoma rota - torium formas constituidas por elementos dispostos de egual ma- neira como nas que acabamos de descrever não tendo porem ob- servado o dimorphismo desses elementos. Esse autor é de opinião que os elementos provenientes das formas por elle vistas (formas em rosacea) representam os indi- víduos machos que mais tarde iriam fecundar outras formas (in- divíduos femeas) existentes na mesma cultura. Xo nosso caso é possível que as formas menores que possuem um núcleo com a chromatina condensada representem os elementos machos e as outras os elementos femeas. Em favor da existência do phenomeno de fecundação nas cul- turas por nós estudadas de Trypanosoma cruzi, falia o seguinte facto que tivemos occasião de observar. Examinando ao micros- cópio uma cultura em placa de Petri, contendo meio X. X’. X. mo- dificado (sangue desfebrinado de coelho substituído por sòro do mesmo animal) que tinha sido semeada tred dias antes com um gotta da mesma cultura na qual observáramos as formas que descrevemos acima (Cultura em meio X. X. X. datando 15 dias), encontramos grande numero de Crithidia, largas, apresentando movimentos bastante lentos dos flagellos que não permittiam o seu deslocamento e ao lado d’ellas, em menor numero, outras formas mais finas, que se moviam rapidamente de um para ou- tro ponto do campo microscopico. Seguindo uma destas ultimas tivemos occasião de vel-a passar junto e permanecer ligada por meio da sua extremidade posterior a um ponto da parte anterior de uma forma larga de Crithidia. Xotamos também que ella per- manecendo ligada a outra de momentos a momentos apresenta- va intensos movimentos do seu flagello. Após 15 minutos vimos que a forma larga começava a se ar- redondar e a apresentar movimentos no interior do seu plasma, emquanto que a forma fina com os movimentos do flagello cada vez menos intensos, apresentava uma diminuição do seu compri- mento, acompanhada de ligeiro augmento da sua expessura com- íorme se vê nos schemas 8 e 9. Xo fim de 25 minutos os movimen- tos do flagello d’essa ultima forma eram bem raros. Infelizmente tivemos de interromper a nossa observação logo depois por se haver dessecado a superfície do meio de cultura contida na placa. 18 BOLETIM BIOLOGIGO Em preparações que tínhamos feito momentos antes com o ma- terial d’essa placa, e que foram corados pelo processo de Rosen- busch, encontramos duas formas de Crithidias uma ao lado da outra (fig. 7) como que unidas e morphologicamente distinetas, sendo que a mais fina apresenta o seu núcleo fragmentado. Por mais que procurássemos na mesma preparação não encontramos outras formas finas de Crithidias com esse aspecto de núcleo. E’ possível que a figura observada por nós represente o inicio do phenomeno de fecundação e só ulteriores pesquezas é que po- derão resolver esse facto. Tudo leva a crêr porem na possibilidade de se passarem nas culturas do Trypanosoma criizi, debaixo de certas condições, phe- nomenos de fecundação. NOTA DA ESTAMPA As figuras 1, 2, 3, foram desenhadas de preparações coradas pe- lo Giemsa. As figuras 4, õ, 6, 7. foram desenhadas de preparações fixadas a húmido e coradas pelo Rosenbusch. Todas essas figuras foram desenhadas ao microscopio com a ocular com. 12 e a objectiva de irnm. 112. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 iíuniz. Sobre algumas formas interessantes encontradas em culturas do Trypanosoma cruzi. SciELO 11 12 13 14 6 17 BOLETIM BIOLOGICO 20 Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. cathedratico: LAURO TRAVASSOS — Assistente: CESAR PINTO. Monitores: PAULO ARTIGAS e J. SCHWENCK. N.° 28. SOBRE O GENERO OXYSOMATIUM POR LAURO TRAVASSOS Baylis em trabalho muito recente ( Ann. Mag. Xat. Hist. vol. 19, p. 279, 1927) procura demonstrar a identidade do Oxysoma brevicaudatum Schneider com Fusaria brevicaudata Zeder. Este facto corresponde identificar Oxysomatium • a Aplectana. Baseia-se o helminthologista inglez na comparação dos tra- balhos de Zeder e Schneider, isto é nos mesmos elementos que o grande Railliet se baseou para consideral-as diversas. Infeliz mente não existe no Brasil o trabalho de Zeder, não sendo, por- tanto, possível fazer opinião própria. Railliet é sempre muito pru- dente e muito sabio em suas conclusões. Por outro lado Baylis argumenta citando os factos que lhe induziram a pensar de modo diverso do grande mestre. Infelizmente os pesquizadores euro- peus têm se descuidado de investigar directamente estudando mi- nuciosamente a fauna dos batrachios da Europa o que viria re- solver definitivamente o assumpto. Temos, portanto, duas hypotheses : Railliet está com a razão e existem os dois generos sendo Oxysomatium mal caracterizado; Baylis está com a razão e Aplectana é synonimo de Oxysomatium. Baylis, porem, deixa perceber poder manter-se o genero Aplecta- na para as formas sem gubernaculo ou melhor para as especies em que não foi descripto gubernaculo. Terá razão? Parece-nos que não pois em varias especies que temos observado verificamos todas as gradações entre um gubernaculo bem desenvolvido e a ausência delle, mantendo os parasitas uma morphologia tão uni- forme que se torna diffieillimo, senão impossível a caracterização especifica dos indivíduos femeas. Maior differença existe entre o typo do genero na accepção de Baylis que especies por elle des- criptas e incluídas no mesmo genero. Por outro lado incluindo no genero Oxysomatium ( senso Baylis) o Oxysomatium simples BOLETIM BIOLOGICO 21 Trav. que não tem positivamente parentesco com as outras espe- cies. Em conclusão temos: 1. ° existe Oxysomatiurn longispiculum Railliet e Henry, es- pecie mal conhecida e typo de um genero mal caracterizado, no qual será incluído com reservas. O. simples. 2. ° Oxysomatiurn longispiculum é idêntico á Aplectana bre- brevicaudata e, portanto, não existe o genero Aplectana a não ser que nelle sejam incluídas as poucas especies sem gubernaculo ( crucifer , pintoi, vellardi, etc., ficando a micro-pénis como interme- diaria) e tendo-se de incluir O. simples em novo genero (para o qual, caso venha a se demonstrar estar a razão com Baylis, pro- pomos a denominação de Raillietnema). Entre as especies descriptas como Aplectana, existe uma des- cripta por Steiner com o nome de Aplectana kraussei; o auctor salienta em seu trabalho a possibilidade de ser esta especie in- cluída em outro genero pela ausência do bulbo esophagiano. Por este e vários outros caracteres julgamos não dever essa especie ser incluída no genero Aplectana ( senso Railliet), devendo até fi- car bem afastada deste grupo. Julgamos dever ser incluída em genero novo que denominamos Steineria, n. gn. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 22 BOLETIM BIOLOGICO Trabalhe do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. cathedratico: LAURO TRAVASSOS — Assistente: CESAR PINTO. Monitores: PAULO ARTIGAS e J. SCHWENCK. N.° 29. Nota sobre o ASCARIS VITULORUM POR LAURO TRAVASSOS Este Ascarideo, parasita do gado, apresenta morphologia mui- to curiosa que o aproxima mais das especies parasitas dos car- nívoros que da do homem e do porco ou do parasita dos equí- deos. Pelo aspecto macros copico foi confundido com o A. lumbri- coides da qual era distinguida apenas pelo hospedador, do mes- mo modo que o parasita de poice era tido por especie diversa da do homem. O estudo morphologico e a infestação experimental vieram demonstrar a identidade da especie do homem e do porco. O Ascarideo de cavallo tem morphologia bem característica de modo a sempre ter sido considerado como especie a parte e até ser separado em genero independente. O parasita dos bois tem a estuctura esophagiana do genero Toxocara e ainda a dis- posição das papillas genitaes do macho, bem como a forma da extremidade caudal. Por outro lado se afasta deste genero pela ausência das azas cephalicas, forma dos ovos, estructura dos lá- bios, etc. Baseando-nos nestas características morpholoaicas jul- gamos dever ser esta especie separada em genero a parte a que denominamos — Neoascaris n. yen., tendo como typo Aeous- caris vitiilorum (ÍIOEZE, 1782). cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO Brasil. São Paulo, 26 de maio de 1927. Fascículo 6. fi/5 «5 mitiECAv 8RAS\V Pesquizas sobre o berne, sua frequência no homem, nos bovinos, suinos e equídeos e da applicação de um novo methodo de provável efficiencia para o seu combate. POR ED. NAVARRO DE ANDRADE (Chefe do Serviço Florestal da Companhia Paulista) Ha muitos annos vimos procedendo a estudos e experiencias com o fim de verificar se nos será possível baratear o custeio dos euealyptaes já formados nos hortos florestaes da Companhia Pau- lista, custeio que constitue, sem duvida, a mais avultada verba das despesas do Serviço Florestal. Até o terceiro anno, essas planta- ções requerem cuidados especiaes, que não devemos nem pode- mos dispensar, tanto mais que já estão sendo feitos por preços mí- nimos. Após aquella edade, porém, a vegetação que reveste os terrenos dos euealyptaes, embora pouco prejuízo traga ás arvores, sob o ponto de vista cultural, precisa ser removida, pelo enorme perigo que offerece nos casos de incêndio, sobretudo na epoca da secca. O meio que nos pareceu mais efficaz foi o do aproveitamento para pastagens da vegetação rasteira que cobre os terrenos plan- tados de eucalyptos. A principio, tal vegetação era apenas consti- tuída por sapé ( lmperata brasiliensis Trind.) e barba de bode cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 2f> BOLETIM BIOLOGICO ( Aristida pallens H. B .) ; mas, á medida que os eucalyptos iam en- riquecendo as terras com as folhas e raminhos que delles se des- prendem e que, segundo cálculos que fizemos, andam por cerca de 40.000 kilos por alqueire e por anno, essa vegetação se foi transformando, sem qualquer intervenção de nossa parte, passan- do a nella predominar, com pujança e grande vigor, o capim gor- dura ou catingueiro (Fanicam melinis Trid). Estas pastagens que, mesmo em eucalyptaes de 18 a 20 annos, continuam a apresentar magnifico aspecto e viço, têm a enorme vantagem de se manter verdes durante todo o anno e de resistir galhardamente aos mais intensos frios do nosso inverno, o que facilmente se comprehende, protegidas como estão sob o coberto do arvoredo. Restava saber qual a especie de gado que melhor se daria em taes condições, preenchendo egualmente o fim visado. Ini- ciámos as experiencias pela criação de ovinos, adquiridos no nosso Estado, no Rio Grande do Sul e no Uruguay, sem resultado satis- factcrio, não sómente porque os carneiros se dão mal em nosso clima húmido e quente, mas também porque preferem pastos de vegetação rasteira e nos eucalyptaes os capins se desenvolvem com extraordinária pujança. Além disto, é grande o numero de moléstias que atacam os ovinos, o que obriga a cercal-os de cui- dados impraticáveis nas circunstancias em que precisavamos es- tabelecer sua criação. O gado bovino, que, a principio, pareceu resolver a contento o problema apresenta, porém, o gravíssimo inconveniente de ser atrozmente perseguido por bernes, em pastos arborizados. Isto pudemos observar, durante longo lapso de tempo, quer nos ani- maes dos proprios hortos, quer nos de colonos, empregados e de criadores que alugam as nossas pastagens para grande quantidade de cabeças de gado vaccuin. A solução, finalmente, parece-nos ter sido achada nos equí- deos, gado cavallar e muar, que tudo espesinham, comem e des- troem e que não são quasi perseguidos por bernes. Num dos seus quatro notáveis trabalhos sobre o berne (Biologia da mosca do berne — Dermatobia hominis — observada em todas as suas phases de collaboração com o Dr. J. Florencio Gomes e publi- cado nos "Annaes Paulistas de Medicina e Cirurgia”, Vol. VIII, n. n St, Setembro de 1S>17). Arthur Xeiva diz ter observado o para- sita uma só vez no cavallo, em Itapura (obr. cit. pag. 202). Deante dos magníficos resultados obtidos com a criação de equídeos para limpeza dos eucalyptaes e por dispormos de eleva- do numero de bovinos e vários jumentos, repartidos pelos diffe- cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 27 rentes hortos florestaes, resolvemos fazer uma serie de observa- ções que nos permittissem verificar a resistência de taes animaes ao berne. Taes observações foram feitas directamente pelo autor deste trabalho ou seus auxiliares-tecbnieos, sempre que possível com a colheita de larvas nos animaes infestados. Examinámos grande numero de cabeças dadas como atacadas por bernes, em que se tratava simplesmente de bicheiras produzidas pela Chry- somyia macellaria (Fab.) e a factos analogos attribuimos muitas das citações que se fazem frequentemente. Para complemento de nosso estudo, incluimos os casos de pes- soas infestadas, tão elevado nos pareceu o seu numero e por nun- ca ter sido citada em nenhum trabalho tão alta porcentagem de infestação. Hasta assignalar que Xeiva, a quem se devem os me- lhores estudos sobre o berne, ficou surprehendido com o alto ín- dice de 2 %, em Itapura, zona berneira, onde superintendeu todo o serviço de saneamento, por pccasião da eonstrucção da E. F. No- roeste do Brasil, com grande numero de trabalhadores, então. Os animaes existentes no Serviço Florestal da Companhia Paulista estão assim distribuídos pelos seus diversos hortos: j Hortos Bovinos Equincs Muares Jumentos Porcinos total inf. total inf. total int. total inf. total inf. Jundiahy — 3 3 2 9 «> — 2 — | Boa Vista 345 345 13 2 29 3 — — Rehouças 2(10 205 3 — 7 2 — -i T a t ú 1 — 10 — — — — -i Cordeiro — 2 — — Loreto 12 12 98 5 16 1 1 - -1 Rio Claro 12 12 169 4 29 6 18 — 89 9 Camaquan 43 43 70 22 22 8 1 1 11 4 j Total 650 650 356 33 118 2(1 2(1 1 105 13 | Porcentagem ioo% 9,3% | 17%! 5% 12 3 % Xeiva, cujo poder de observação é verdadeiramente notável e cuja actividade scientifica parece incrível em nesso meio, lembrou- nos ha tempo, como maneira possível e provável de evitar que o berne ataque os outros animaes e pessoas dos hortos, a retirada de todo o gado bovino. () quadro acima paiece dai inteira razão a suggestão de Xeiva, pois que nelle se verifica que nos hortos em que não ha cabeças de gado vaccum i.s outros animaes não 2.x BOLETIM BIOLOGICO estão infestados. Dalii nasceu a idea de fazer observações e expe- riências neste sentido, formando pastos isolados, sem vegetação ar- bórea e sem bovinos nas proximidades, e a varias distancias dos eucalyptaes ou outro arvoredo. Tudo leva a crêr que, mesmo sob as arvores, desde que não haja no mesmo pasto gado vaccum, os equídeos se manterão livres de bernes. Vamos, ao mesmo tempo, fazer retirar de alguns hortos todos os bovinos, conser- var nelles sómente equídeos e registrar cuidadosamente todas as observações, examinando constantemente o pessoal que alli tra- balha. São questões que interessam profundamente os trabalhos da prophylaxia do berne. Quanto á localização dos parasitas nos equídeos, pudemos verificar que elles apparecem, de preferencia, no pescoço e nas ancas, o que leva a suppòr que tal se dá por serem os pontos mais facilmente feridos em taes animaes, por escoriações pro- duzidas pelas cercas de arame farpado dos nossos pastos, o que, comtudo, depende de melhor e mais attenta observação. Estas escoriações attrahem maior numero de moscas lambedoras que, são portadoras comprovadas de ovos de berne. Facto que merece também ser assignalado é o que se refere aos asininos. Das 20 cabeças existentes no Serviço Florestal, só uma se apresenta com berne e de todos elles é esse justamente o unico animal que é mantido sempre preso em cocheira. Nenhum dos outros, apesar de viverem nas nossas pastagens sob os euca- lyptaes, dia e noite, ba mais de dois annos, teve até hoje berne. Convem egualmente chamar a attenção para o facto de, por motivo de serviço, não haver cães no horto de Rio Claro, animaes sabidamente muito sugeitos á infestação, e que os gatos existentes foram todos atacados pelo parasita. Numa coelheira, em que man- temos ha cerca de 11 annos, permanentemente, vinte coelhos, nunca observámos infestação produzida por berne. Na fazenda “Campo Alto”, no município de Araras, de pro- priedade do Dr. Martinho da Silva Prado em 580 bovinos, estavam todos com parasitas e dos 200 equídeos existentes só um muar teve berne uma vez, ha cerca de .‘5 mezes. Verdadeiramente impressionante é a quantidade de pessoas atacadas por bernes no Serviço Florestal da Companhia Paulista, a que já nos referimos em outro logar deste trabalho. Nunca se registrou nada semelhante. O seguinte quadro indica o numero de habitantes em cada horto, incluindo homens, mulheres e crean- ças, o de infestados e sua porcentagem: cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 29 HORTOS NUMERO DE PESSOAS Porcentagem existentes infectadas Jundiahy 26 7 26,92 Boa Vista 111 18 16,21 Rebouças 38 13 34,21 T a t ú 41 10 46,32 Cordeiro 27 14 51,85 Loreto 105 55 54,28 Rio Claro 277 134 48,37 Camaquan 104 103 53,09 • Total 819 363 Média 44,32 Seria, sem duvida, interessante conhecer o numero exacto de bernes encontrados nos differentes moradores dos hortos flores- tíies, mas isso não nos foi possível conseguir com o rigor neces- sário, razão por que nos limitámos a determinal-o sómente onde tal estatística poude ser feita com absoluta segurança. Assim, no horto de Jundiahy, as 7 pessoas infestadas tiveram um total de 21 bernes; no de Boa Vista, 18 retiraram 13 larvas; no de Rebouças, 18 extrahiram 12 e. finalmente, no de Cordeiro, as 14 pessoas ata- cadas tinham 86 bernes. No horto de Rio Claro, observámos o caso de um empregado, extrangeiro, ter tirado de uma só vez 100 ber- nes, outro com 86, um com 72 e ainda outro com 26. Quanto á localização dos bernes, em pessoas, observámos o seguinte em 51 homens, 20 mulheres e 56 creanças: Homens Mulheres Creanças Nos pés Nas pernas Nos braç. Na cab. Nas cost. No peit. 9 17 10 — 22 7 4 — 7 10 6 19 19 Em resumo: Nos homens: 13,13 % nas costas, 33.2 % nas pernas, 10,6 % nos braços e cerca de 1 % nos pés. Nas mulheres; 35 % nas costas, 35 % nas pernas, 20 nos bra- ços, 5 % nos pés e 5 % no peito. Nas creanças: 33,9 °/c na cabeça, 33,9 % nas costas, 17,8 % nas pernas, 10,7 % nos braços, 1,8 % no peito e 1.7 % nos pés. cm 1 2 3 4 5 6 7 SClELO 11 12 13 14 15 16 17 30 BOLETIM BIOLOUICO Nas creanças, é também frequente apparecerem larvas nas palpebras, tendo nós já registrado seis casos destes, ha tempo. Xa fazenda Parámirim, em Limeira, de propriedade do Sr. Thomaz Rossetti, na casa de residência, em (3 pessoas, 3 tiveram bernes, sendo 1 adulto e 2 menores. O adulto teve-os nas pernas, um menino num braço e uma menina na cabeça. Nos homens, as pernas são infestadas, sobretudo, na parte em que ligam os atilhos das ceroulas, ou onde apertam as polainas, o que corro- bora perfeitamente as duas bypotheses aventadas por Xeiva, no trabalho citado anteriormente. Em tres dos hortos da Companhia Paulista, pudemos deter- minar exactamente o numero de pessoas infestadas, segundo a edade, como mostra o quadro abaixo: j HORTOS ADULTOS MENORES total infestados total infestados Loreto 34 21 2(5 15 Rio Claro !)8 59 118 57 Camaquan 102 18 92 .ir, Total 231 128 23(5 r> 27 i Quanto ao sexo dos adultos, verifica-se o seguinte, apenas em relação a dois daquelles hortos: HORTOS HOMENS í total dULHEREá total 1 intestad. j 0[0 infestad. 1 OJO 1 Rio Claro 18 13 89,5 50 1(5 32 Camaquan (59 36 52,2 33 12 36,3 Total 117 79 83 28 Média (57,5 33,7 Quanto ao sexo dos menores, observámos o seguinte, num dos hortos: Em 52 meninas, havia 30 infestadas e cm 12 meninos tinham bernes 2(5. Embora não nos tivesse sido possível organisar estatística a este respeito, temos a impressão de que são mais sujeitos a ber- nes os indivíduos de raça branca. Xo horto de Rio Claro, talvez cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOC.ICO 31 por méra coincidência, os negros são menos atacados e são pre- tos os únicos trabalhadores que escaparam a infestação. O nosso campeiro, de raça negra, vive junto ao gado nos euealyptaes, per- correndo continuamente os pastos durante o dia, e até hoje só uma unica vez foi atacado e, assim mesmo, por um só berne. () alto grão de infestação nos nossos empregados talvez se explique pela situação das suas casas de morada, localizadas todas ellas muito proximo ás plantações, quando não estão, como na sua grande maioria, dentro das mattas de eucalyptos. Apesar de ser o horto de Boa Vista, nas proximidades de Cam- pinas, o que possue maior numero de bovinos, (345), é também o que apresenta menor porcentagem de infestação. Attribuimos este facto á circumstancia de ser aquelle o unieo horto com pastos lim- pos, completamente despidos de vegetação arbórea, embora cir- cumdados por euealyptaes. Nas outras plantações do Serviço Florestal, com grande di- versidade de solos, altitudes, humidade e exposição, nunca pu- demos notar qualquer preferencia do berne por lugares altos ou baixos, distantes ou proximos de fontes, ribeirões e cursos de agua, por terreno plano ou inclinado, etc., desde o momento que se trate de pastagens sob o coberto do arvoredo, ou, pelo menos, re- vestidas de vegetação arbórea. Rio Claro, Abril, 1927. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 32 BOLETIM BIOLOGICO Considerações a respeito da BARTONELLA RANARUM Cunha e Muniz 1926. PELQ3 DRS. ARISTIDES MARQUES DA CUNHA e JULIO MUNIZ Após a publicação no Boletim Biologico, Fase. 2 de lõ de Outubro de 1926, de uma nota na qual descrevemos um parasita no sangue e nos orgãos do Leptodactylus ocellatus o qual foi por nós incluído no genero Bartonella, recebemos uma carta do Dr. A. Carini que lembrava a possibilidade de ser o parasita por nós estudado talvez idêntico a alguma das formas por elle observadas no sangue do mesmo animal e que foram descrrptas em trabalho publicado nos Annaes do Instituto Pasteur de 1910. Nesse trabalho Carini descreve diversas formações por elle encontradas no san- gue do referido batrachio chegando ás seguintes conclusões: “En- tre os hemoparasitas do L. ocellatus se encontram: 1. ° Elementos bacilloides que são provavelmente de natureza pro- tozoarica. 2. " Conglomerados de pequenos bacillos analogos aos Bacillus krusei porem mais finos e mais curtos e por esta razão espe- cificamente distinctos. 3. ° Corpos especiaes descriptos por alguns autores como Cyta- maeba que não apresentam nem núcleo nem reacções coran- tes dos protozoários e que podem em certas circumstancias assemelhar-se aos conglomerados de bacillos.” Examinando o referido trabalho tivemos a impressão de que os elementos bacilloides representados com os numeros 1. 2, 3, 4, o, 6, 7. 8, na estampa que acompanha o trabalho e que possuem cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 33 protoplasma e núcleo nitidamentes differen ciados se parecem com formas jovens de um protozoário parasita do sangue de batrachios e pertencentes ao genero Dactylosoma Labbé. Quanto as outras formações observadas pelo Dr. Carini correspondem segundo elle ás formas deseriptas por Kruse e Gabritchewsky em 1 SUO no sangue dt rãs europeas. As maneiras de interpretar essas formações dif- ferem na opinião de cada um desses dois últimos autores. Assim Kruse as considera como conglomerados de bacillos no interior de um vacuolo existente na própria hematia, emquanto que Ga- britchewsky como um protozoário amaeboide no interior do qual se encontram uns bacillos. Posteriormente diversos autores en- contraram e estudaram essas formações filiando-se uns á opinião de Kruse e outros ã de Gabritchewsky. Assim Labbé (1894) consi- derando-as como um protozoário denominou-as Cytamaeba ba- cierifera. Wasielewski (189(5) adopta a opinião de Labbé. Laveran (1899) pensa como Kruse e denominou os bacillos com o nome de Bacillus Knisei. Dutton, Todd, Tobey, (1907) assignalaram a Cytamaeba nos batrachios da África. Carini (1910) distingue os agglomerados de bacillos por elle observados semelhantes ao Ba- cillus Krusei dos corpos especiaes analogos a Cytamaeba dos au- tores que em certos casos na sua opinião se assemelham a um conglomerado de bacillos. Nbeller (1913) observou a Cytamaeba bacterifera e a interpreta da mesma maneira que Kruse. Recente- mente Hegner (1921) encontrou a Cytamaeba na Bana clamitans e na Bana catesbiana mostrando-se favoravel á opinião daquelles que interpretam essas formações como um protozoário parasita no interior do qual pode-se observar bacillos ( Bacillus Krusei) vi- vendo como hyperparasita cu em symbiosc com o protozoário. Mayer (1921) numa sessão do Instituto de Doenças Tropicaes de Hamburgo, leu uma ccmmunieação na qual faz um apanhado so- bre a questão das Grahamellas e Barlonellas e parece approxi- mar destes parasitas o Bacillus Krusei do qual mostrou preparados. Qualquer que seja o modo de interpretar as formações que acabamos de referir ellas em absoluto não podem se confundir com os parasitas que descrevemos em nosso trabalho com o nome de Bartonella ranarum. Este parasita se apresenta sob a forma cie bastonetes curtos com as extremidades arredondadas e com uma maior condensação nos polos da substancia que os forma. Elles medem 0,7 a 2 micra de comprimento por 0,2 a 0,5 micra de largura enquanto que os corpos bacilloides de Carini (Da- ctylosoma?) em media apresentam dimensões maiores. Coradas pelo methodo de Giemsa a Bartonella ranarum se apresenta co- em 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 31 BOLETIM BIOLOGICO rada em roxo e com maior intensidade nas suas extremidades ao passo que os corpos bacilloides apresentam uma differenciação nitida de plasma e núcleo que se coram da mesma maneira que nos protozoários. Do Bacillus kruzei a Bartonella ranarum se differencia facil- mente por ser mais expressa, por não se corar uniformemente e não se apresentar em conglomerados e nem dentro de vacuolos. Do que acabamos de affirmar é facil certificar-se comparando as figuras e as microphotographias que damos com os desenhos de alguns autores que se occuparam do assumpto ( Ivruse, Lave- ran, Carini) e que reproduzimos no presente trabalho. Tivemos também occasião de observar a Cytamaeba bacte- rifera em preparações de sangue de alguns exemplares de L. ocel- latus e da qual damos desenhos. Esse material só serviu para con- firmar a opinião que tínhamos formado pela leitura dos trabalhos dos differentes autores acima citados. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETLM BIOLOGICO Fig. i - (5 Gytamaeba bacterifera. Fig. 7 - 9 Bartonella ranarum. Original. Gamara clara oc. comp. 12. obj. im. 1 12. Cunha & .Muniz. Gons. a respeito da Bartonella ranarum. BOLETIM BIOLOGICO 37 Ampliação da mierophot. da estampa 2. Cunha & Muniz. Cons. a respeito da Bartonella ranarum. d-Pírtlo 3.S BOLETIM BIOLOGICO |i | 8 I I 8 • * io 11 12 # « # o ; i+ fe 0 * I ! :Uo-' x - 15 16 17, ê ê '*f| S% * > 18 19 20 * 21 O 22 i Beproducção de alguns desenhos dados pelo l)r. A. Carini no seu tra- balho "Sur quelques parasites semblables a des “Bacilles rencontrés dans les hematies du Leptodactylus ocellatus” In Arn. Inst. Pasteur de Paris. 1910. vol. 24. pp. 153. Cunha & Muniz. Cons. a respeito da Bartonella ranarum. boletim biologico 39 e* ■>>> •’ u í ’ . x Fií!. 1 - Hreproducção do Bacillus kruzsi da- das por La vera n no seu trabalho “Sur J e bacille parasite des hématies de Rana esculenta. In C. R. Soe. Biol. ( 13 maio 1899) He. Ser vol. I. pp . 355 As cinco figuras não numeradas representam o Bacillus kruzei secundo Walthcr Kruze. In Vircho\v’s Archiv. 1890. vol. 120. pp . 541. Cunha & Muniz. Cons. a respeito da Bartonella ranaruni. BOLETIM BIOLOGICO Nota sobre o genero PROTOTAPIRELLA, TRIPALMARIA e TRICAUDALIA. BELOS D RS. ARISTIDES MARQUES DA CUNHA e JULIO MUNIZ Xo anno de lí)18 um de nós (Cunha) descreveu um ciliado parasita do Tapirus americanus, para o qual criou o novo genero Prototapirella pertencente a farnilia Cycloposthiidae e se diffe- renciando do genero Cycloposthium por possuir, além dos dois caudalia existentes neste genero, mais dois outros situados no bor- do dorsal, sendo um proximo a extremidade anterior e o outro na parte media do corpo. Xo anno seguinte (1919) Gassowski criou para um ciliado parasita do cavallo, o genero Tripalmaria cara- cterizado pela presença de um appendice caudal no bordo dor- sal, proximo a extremidade anterior além dos dois outros como no genero Cycloposthium. Em 1923 Buisson descreveu sob o nome de Tricaiululia um novo genero de ciliado parasita do rhinoce- ronte e caracterizado por possuir no bordo dorsal, proximo a ex- tremidade anterior um appendice caudal além de dois outros si- tuados de cada lado da extremidade posterior. Buisson considerou esse genero como intermediário entre os generos Cycloposthium e Prototapirella. Pelas descripções dada dos dois últimos generos fica evidente que o genero Tripalmaria e Tricaudalia são synoni- mos, devendo prevalecer o primeiro d’elles criado por Gassowski em 1919. Parece que Buisson ao descrever o genero Tricaudalia desconhecia o trabalho do autor russo. Durante os estudos a que procedemos sobre os filiados pa- rasitos dos mammiferos do Brasil, tivemos occasião de encontrar em material do intestino de Tapirus americanus, ao lado de gran- de numero de formas de Prototapirella, (fig. 1) algumas outras com os caracteres do genero Tripalmaria (fig. 3) e que muito se assemelhavam ás primeiras, das cpiaes apenas se differenciavam cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 41 I>clos caracteres genericos e por serem relativamente mais curtas, Pensamos a principio (pie essas formas representavam uma nova espeeie do genero Tripalmaria, mais tarde, porem, encontramos formas semelhantes a ellas (fig. 4 e 5) nas quaes já se podia notar o inicio da formação de um novo appendice caudal no bordo dor- sal entre os dois outros característicos do genero Tripalmaria. Esse novo appendice caudal se forma muito proximo do pos- terior e d'elle se affasta pouco a pouco a medida do seu desenvol- vimento que se completa sem que o ciliado apresente nenhum si- gual de divisão (divisão do micronueleo, formação de novo cvtos- toma etc.), adquirindo com isso o ciliado a forma typica de uma Prototapirella. Nos mesmos maíeriaes encontramos formas de divi- são (fig. 2) que apresentavam no bordo dorsal 4 caudalia dispostos da seguinte maneira: um anterior e outro posterior, ambos bem des- envolvidos; dois outros na parte media sendo que o posterior se apresentava com o desenvolvimento completo emquanto que o anterior ainda cm formação. Na face ventral além de um novo cytostoma em formação encontravam-se dois outros caudalia. sen- do um posterior bem desenvolvido e um outro ainda com o desen- volvimento incompleto colloeado na parte media logo adiante do cytostoma em formação. Por esta descripção pode-se concluir que esta forma provém de um exemplar de Prototapirella no qual já se observa a forma- cão de um novo cytostoma e de dois outros caudalia. Da divisão desta forma resultam dois exemplares com os ca- racteres do genero Tripalmaria, que após a formação de novo ap- pendice caudal conforme assignalamos mais acima, se transforma em Prototapirella. Pelo que vimos podemos concluir que os ciliados do genero Prototapirella logo após a divisão podem assumir a forma de Tri- palmaria. A maior abundancia de formas de Protatopirella no ma- terial proveniente de diversos exemplares de Tapirns americanas, por nós examinado, nos leva a considerar o estádio de Protatopi- rella como sendo a forma habitual do ciliado adulto. Não quere- mos com isso por em duvida a existência do genero Tripalmaria representado por especies bem definidas. Convem assignalar que também os conjugantes da Protota- pirella intestinalis se apresentam com os caracteres genericos da Tripalmaria, conforme teremos occasião de assignalar em traba- lho posterior. BOLETIM BIOLOGICO 4 ? Cunha & Muniz. Nota sobre o genoro Prototapirella, Tripalmaria e Tricaudalia. BOLETIM BIOLOGICO 43 Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. cathedratico: LAURO TRAVASSOS — Assistente: CESAR PINTO. Monitores: PAULO ARTIGAS e J. SCHWEXCK. N. u 30 Sphaeridopidae, nova familia de Hemiptero Reduvioideae, com a descripção de um genero e especie nova. PELO DR. CESAR PINTO Em 1843 Ainyot e Serville na “Histoire Xaturelle cies Insectes Hemiptéres, pp. ,‘581-2 estabeleceram o genero Sphaeridops para o Reduvius amaenus descripto em 1825 por Le Pelletier e Serville. Xa opinião de Amyot e Serville (1813) o genero Sphaeridops deve fazer parte de uma familia autonoma que chamaram de fíre- vicipites. Estudando o Sphaeridops amaenus (Le Pel. et Serv., 1825) e o hemiptero que vamos descrever abaixo( Li maia ruber) adoptamos a opinião abalisada que aquelles auctores sustentaram e mais adiante daremos as características da familia Sphaeridopi- dae, constituída até esta data por dois generos bem caracterisados. Damos abaixo a diagnose do genero Sphaeridops e propomos um novo genero ( Li maia ), ambos oriundos do Brasil. Genero SPHAERIDOPS Amyot et Serville, 1843. Diagnose: Corpo glabro. Cabeça curta, sem prolongamento ante ocular. Tubérculo antennifero (Fig. D) muito característico pelo facto de possuir a extremidade apical bifurcada. Primeiro ar- ticulo da antenna pilloso e do mesmo comprimento que a cabeça; segundo articulo antennal pillcso, muito mais comprido que o pri- meiro. porém mutilado no exemplar que estudamos. Pescoço curta, cylindrico, começando bruscamente para traz dos olhos. Estes são grandes, glcbulosos, salientes e quasi se tocando pelo lado ven- tral. Ücellos grandes, muito proximos um do outro (Fig. D), col- locados na mesma direcção dos tubérculos antenniferos e numa base muito saliente. Rostro rectilineo, fino, curto e formado por tres artículos: cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 4-í BOLETIM BIOLOGICO o l.° é o mais grosso de todos (Fig. E) e curto; o 2.° é o mais lon- go e o 3.° é curto e fino. A extremidade apical do ultimo articulo do rostro deslisa sobre o sulco estridulatorio que é longo, ter- minando em ponta e attingindo a inserção das coxas anteriores. Pronoto quasi triangular com o lobulo anterior curto e sa- liente (Fig. D); ângulos postero-lateraes do pronoto pouco sa- lientes; lobulo posterior do pronoto sinuoso. Na parte media do pronoto existe um sulco longitudinal que occupa dois terços da- quelle orgão. Escutelo triangular com a extremidade apical voltada para cima. Elytros do mesmo comprimento do abdômen, porém mais treitos que elle. Abdômen ovalar, de bordos achatados e um pouco eleva- dos de cada lado dos elytros; sua extremidade é ligeiramente chan- frada, pelo menos nas femeas. Patas bastante delgadas, curtas; as anteriores um pouco mais do que as outras; coxas não tumecidas; tarsos bem grandes. Especie typo e unica Sphaeridops amaenus (Le Pel. et Serv. 1825). Patria: Brasil (Estado de São Paulo). Biologia desconhecida. Genero LIMAI A nov. (1) Diagnose: Hemiptero da família Sphaeridopidae, cuja mor- phologia geral lembra um Redu video do genero Corecoris. Corpo glabro. Cabeça curta, sem prolongamento ante ocular. Tubérculos antenniferos ligeiramente pillosos, cylindricos, sem bi- furcação na extremidade apical (Fig. A, C), grandes, porrectos, excedendo visivelmente o bordo anterior da cabeça. Antennas (Fig. A, C) com o primeiro articulo pilloso, pouco mais de duas vezes mais longo que o tubérculo antcnnifero; segundo articulo antennal pilloso e cerca de duas vezes mais longo do que o pri- meiro articulo. Faltam os restantes artículos no exemplar que ti- vemos em mãos. Pescoço curto e cylindrico. Olhos grandes, globulosos, salientes e quasi se tocando pelo lado vcntral. Ocellos pequenos, muito proximos um do outro, col- (1) Genero dedicado ao meu prezado Mestre e grande amigo Prof. A. da Costa Lima. BOLETIM BIOLOGICO 45 locados na mesma direcção dos tubérculos entenniferos e numa base pouco saliente. Roslro rectilineo, fino, muito curto e formado por tres ar- tículos de comprimentos sub iguaesf Fig. B). Extremidade apical do ultimo articulo do rostro deslisando sobre o sulco estridula- torio oollocada na metade anterior da excavação pro-esternal largamente côncava. Pronoto quasi triangular com o lobulo anterior curto. Ân- gulos postero-lateraes do pronoto pouco salientes: bordo posterior do pronoto pouco sinuoso. Escutelo triangular com a extremidade apical voltada pa- ra cima. Connexivo saliente como nas especies do genero 1 riatuma. Hemielytros quasi attingindo a extremidade do abdómen, pelo menos nos exemplares maebos. Patas bastante delgadas, curtas, as anteriores um pouco mais do que as outras. Coxas não tumecidas. Tarsos com tres artículos. Especie typo: Limaia ruber nova especie. UM AI A RUBER nov. sp. Fig. A, B, C, F. Exemplar do sexo masculino tendo 21 mm. de comprimento por St mm. de largura. Pela forma que apresenta lembra este He- miptero um Ccreideo do genero Corecoris. Cabeça. Sem região ante-ocular, de coloração alaranjada ex- cepto atraz dos ocellos onde ba uma mancha preta. Desta còi também se apresenta toda a porção anterior da cabeça até o tylus, inclusive os tubérculos antenniferos e o 1- segmento antennal, o 2.» segmento antennal é um pouco mais claro (pie o 1.", ambos são revestidos de pillosidades oehracca que se nota igualmente nos tubérculos antenniferos e na fronte. Tubérculos antenniferos (Fig. A, C, tub. ant.) grandes, porrectos, excedendo visivelmente o bor- do anterior da cabeça. Olhos grandes, salientes, quasi se tocando na face inferior da cabeça (Fig. B) Rostro recto, muito curto e com tres artículos sub-iguaes (Fig. B. Ir. Ilr, Illr.). Tylus quasi nullo (Fig. B.). Primeiro articulo da antenna pouco mais de duas vezes mais longo que o tubérculo antennifero; articulo II.° cerca de duas vezes mais longo do que o articulo I. (big. A, C.). Ocel- los muito proximos um do outro. Thorax. Tborax com pronoto amarello no disco e avermelhado nos bordos lateraes, apresentan- cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 40 BOLETIM BIOLOGICO do manchas negras de aspecto característico (Fig. C, as partes pon- tilhadas indicam essas manchas). As pleuras e o pro-sterno apre- sentam-se também manchados de negro. Porção anterior do pro- noto separada da posterior que é a mais larga, por uma ligeira constricção. Escutelo (Fig. C. a parte pontilhada indica a mancha negra desta parte do orgão) alaranjado, percorrido longitudinal- mente por uma faixa negra e apresentando uma pequena ponta cô- nica de còr preta, voltada para traz. Superfície do pronoto, escu- telo e pleuras enrugados. As rugas do lobulo anterior do pronoto formam linhas curvas de concavidade posterior, as do lobulo pos- terior do pronoto são mais visíveis na metade anterior e trans- versalmente dispostas no meio e irregularmente collocadas para os lados. Pleuras também enrugadas. Meso e metapleuras de còr preta. Meso e metasterno vermelho alaranjado no meio. Escavação pro-sternal largamente côncava, percorrida pelo sulco estridula- torio apenas na metade anterior. Mesosterno não elevado e metas- terno ligeiramente túmido. Hemielytros de um pardo escuro, com as nervuras e porções adjacentes da membrana de um amarello pallido. Corio apresentando-se como que salpicado de escuro. Cla- vo com uma pequena mancha escura quasi na base. Os hemiely- tros quasi attingem a extremidade do abdômen. Connexivo rubro com manchas pretas oceupando a maior parte da porção basal dos cinco primeiros segmentos e a metade do ultimo. Face ventral do abdômen vermelha escura no meio, denegrida de cada lado numa pequena extensão na base dos cinco primeiros segmentos e na borda anterior dos mesmos, de modo que as manchas triangulares centraes prolongam-se em estreitos ramos até uma larga faixa de cada lado e esta por sua vez confundindo-se com as manchas ne- gras do connexivo. Segmento genital denegrido. Pernas de colo- rido pardo escuro; tarsos mais claros e com tres artículos. Typo na collecção do Instituto Qswaldo Cruz. Rio de Janeiro. Brasil. Distribuição geographica: Brasil (Estado de Minas Geraes Mar de Espanha.) Capturado em 21-11-11)10. Os nossos agradecimentos ao l)r. A. Lutz que nos cedeu o exemplar para estudo e ao Prof. A. da Costa Lima que verificou tratar-se de uma especie nova, sugerindo-nos ao mesmo tempo a creação de uma nova familia para este interessantíssimo hemipte- ro que provavelmente é um hematophago de vertebrado. Biologia desconhecida. BOLETIM BIOLOGICO ■17 SPHAERIDOPIDAE nov. fam. Syn.: BREVICIPITES de Amyot et Serville, 1813. De accôrdo com as regras de nomenclatura o nome Brevici- pile não póde prevalecer porque não foi tirado de um genero de liemiptero e assim sendo prevalecerá o nome Spharidopidae. Diagnose: Henrpteros com a cabeça curta, sem região ante- ocular (Fig. A e C). Tubérculos antenniferos grandes (Fig. A, C, D) porrectos, excedendo visivelmente o bordo anterior da cabeça. Olbos grandes, salientes, quasi se tocando na face inferior da ca- beça (Fig. B). Rostro recto, com tres artículos (Fig. B, E). EXPLICAÇÃO DAS EIGERAS Todos os desenhos são originaes do autor. Fig. A = cabeça de Limaia ruber n. sp. vista de cima. tub. ant. = tubérculo antennifero. Ia. Ila. = primeiro e segundo artículos antennaes. Fig. B r= cabeça de Limaia ruber, vista de perfil. Ir. Ilr. Illr. = artículos do rostro. Fig. C = cabeça e thorax de Limaia ruber. As regiões pontilhadas indicam as manchas existentes na cabeça, pescoço, pronoto e escutelo. Fig. I) = cabeça, pronoto e escutelo de Sphaeridops amaenus. tub. ant. = tubérculo antennifero. Ia. Ila. = artículos antennaes. Fig. E = cabeça de Sphaeridops amaenus vista de perfil. Ir. Ilr. I Ir. = artículos do rostro. Fig. F. = Aza superior de Limaia ruber x 5,5. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 49 Fig. C Cabeça, pronolo e escutelo de Limaia ruber. tub. ant. tubérculo antennifero. Ia. Ila. 1.” e 2.” artículos da antenna. A parte pontilhada atra dos ocellos, no pescoço, no pronoto e escutelo indica as manchas existentes naquellas regiões. I)r. Cesar. Pinto. Sphaeridopidae, nova fam. de Hemiptero, etc. BOLETIM BIOLOGICO NEMATODEOS NOVOS. POR LAURO TRAVASSOS Vamos descrever dois Strongyloideu novos que capturamos recentemente em Angra dos Reis. A primeira especie é da Fam. Trichostrongylidae e tem es- tructura bursal bastante característica para constituir um novo ge- nero. A segunda é um Metastrongylidae do genero Haemostrungy- lus sendo a 3. a especie conhecida deste curioso grupo de nema- todeos. OSWALDOXEMA n. g. Trichostrongylideos pequenos, de côr vermelha e enrolados em 5 ou (i espiras com a porção posterior do corpo mais delgada e não enrolada; cutícula entumescida, com cerca de 12 estrias lon- gitudinaes; extremidade anterior separada do corpo por um es- trangulamento cuticular; femeas com a vulva logo acima do anus; ovejector forte; anus sub-terminal. Machos com bolsa ampla e característica e de contorno regular; bolsa assimétrica; raios bur- saes do lado direito dispostos do modo seguinte: ventr. ventral. ventro-lateral e lateral anterior formando um grupo, dirigido para diante, da mesma largura tendo o ventr. lateral mais ou menos o dobro do comprimento dos dois outros; lateral medio e posterior fundidos em quasi toda a extensão e extremamente desenvolvidos, são os maiores raios; dorsal externo muito desenvolvido, occupa o segundo logar em tamanho; raios do lado esquerdo: ventr. ven- tral e v. lateral muito afastados sendo o venlro lateral mais delgado e aproximado dos lateraes; lateraes com um longo tronco com- nuim e extremidades equidistantes; dorsal externo muito delgado, é o raio mais delgado, e parallelo aos lateraes; raio dorsal e m um cm 1 2 3 4 5 6 7 SClELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 53 par de ramos logo acima do inicio e terminando em duas pontas, os ramos lateraes têm inserção ligeiramente assimétrica no tronco commum e as extremidades profundamente fendidas. Espiculos longos e delgados, gubernaculum não apparente, cone genital sa- liente. Esp. typ. O. cruzi n. sp. Habitat: Intestino delgado de roedores. OSWALDOXEMA CRUZI, X. SP. Comprimento: femea, 3,8 a 4,8; macho, 3,2 a 3,8. Largura: femea, 0,09 mm. a 0,12 sem a cutícula, com a cutícula 0.15 a 0,20 mm.; macho, 0,08 a 0,10 sem a cutícula e 0,16 com a cutícula. Trichostrongylideos pequenos, de corpo espiralado tendo cer- ca de 5 a 6 voltas e com a extremidade posterior recta e mais del- gada que o resto do corpo, de còr vermelho claro; cutícula entu- mescida sobretudo no terço anterior, com uma dilatação cuticular cephalica de cerca de 0,04 a 0,06 mm. e estriada transversalmente e separada do resto do corpo por um estrangulamento, tem estria- eão transversal muito fina hem notável ao longo das cristas lon- gitudinaes, com cerca de 12 cristas longitudinaes afastadas de cer- ca de 0.015 mm. sendo as 5 da face ventral muito mais desenvol- vidas que as outras; bocca núa sem papilas apparentes; annel ner- voso no meio do esophago; póro excretor a cerca de 0,25 mm. da extremidade anterior; esophago elaviforme com cerca de 0,26 a 0,35 de comprimento por 0,038 mm. de largura. Femeas com a vulva perto do anus, a cerca de 0,060 a 0,083 mm. da extremidade posterior; ovejector hem desenvolvido; com cerca de 0,190 mm. de comprimento; utcro dirigido para diante com 15 a 20 ovos de cerca de 0,068 mm. de comprimento por 0,030 mm. a 0,033 mm. de maior largura; anus sub-terminal a cerca de 0.015 a 0,022 mm. da extremidade posterior; cauda arredondada. Machos de bolsa ampla e de contorno regular e sem chanfra- duras, sustentada por raios inteiramente asimetrieos exeeptuado o dorsal, mede de diâmetro antero posterior cerca de 0,144 mm. e 0.228 mm. de diâmetro transversal; raios bursaes distribuídos do modo seguinte: ventro-ventraes sub-iguaes e dirigidos para frente: raios ventro-Iateraes muito differentes, o esquerto muito delgado e acompanha os lateraes, o da esquerda junto ao ventr. ventral e 54 BOLETIM BIOLOGICO com cerca do dobro do comprimento deste; raios lateraes a di- reita com um tronco commum, sub-iguaes e regularmente afasta- dos, os da esquerda separados em dois grupos um constituído pelo lateral anterior junto ao ventro-lateral, e outro pelos lateraes me- dio e posterior com um longo tronco commum extremamente des- envolvido e apenas separados na extremidade; dorsaes externos, o direito delgado e parallelo aos lateraes o da esquarda extrema- mente desenvolvido e parallelo aos lateraes medio e posterior; dorsal regularmente desenvolvido e apresentando perto da base dois ramos lateraes de inserção ligeiramente asimetrica tanto os ramos lateraes como o tronco são desdobrados na metade ou no terço distai; cone genital muito saliente; espiculos muito delgados e muito difficeis de observar por serem fracamente chitinisados, medem 0,46 a 0,53 mm. de comprimento; gubernaculum ausente. Habitai: Intestino delgado de Ayouti paca. Proveniência: Angra dos Reis. Est. do Rio. Brasil. Este curioso Trichustronyylideo se afasta ínteiramente dos ou- tros pela asimetria bursal motivada pelo enorme desenvolvimen- to dos raios lateral medio e posterior e dorsal externo do lado esquerdo. Os espiculos são muito delgados e pouco chitinisados e muito difíceis de observar mesmo em material vivo, só aparecendo com nitidez pela acção do phenol. HA EMC )S TROXG YU S R Al LIA ET I n. sp. Comprimento: femea, lõ a 20 mm.; macho, 13 a lõ mm. Largura: femea, 0,23 a 0,28 mm.: macho, 0,21 a 0,22 mm. Corpo delgado, de côr rosea, pouco movei; cutícula lisa; ex- tremidade anterior com a cutícula levemente dilatada e com 3 pequenos lábios; lábios tendo cada um uma papila interna maior e uma muito delgada externa; annel nervoso no meio do esophago a cerca de 0,19 a 0,25 mm. da extremidade anterior; póro excretor abaixo da terminação do esophago e representado pela abertura de um fino canal de direcção obliqua a cerca de 0,31 a 0. II mm. da extremidade anterior; esophago claviforme, muito pequeno, mede cerca de 0,26 a 0 31 mm. por 0,030 a 0,0õ3 mm.; intestino mais ou menos reetilineo e repleto de substancia negra. Femeas prodelphas com a vulva a cerca de 0,21 a 0,24 mm. da extremidade posterior; ovejector pouco musculoso, tendo uma porção impar de cerca de 0.60 a 0,68 mm. de comprimento e dois vestíbulos que se confundem com o utero; anus a cerca de 0,68 cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 55 a 0,83 mm. da extremidade posterior que é obtusa; recto muito delgado; ovos de casca muito delgada, em morula no utero, medem cerca de 0,053 a 0,060 mm. por 0,030 mm. Macho de bolsa pequena, bilobada; raios ventraes afastados des outros e com tronco commum; lateraes com tronco commum sendo o lateral anterior mais afastado dos outros dois; dorsal ex- terno isolado; dorsal com dois ramos e uma papila no ponto de bifurcação indicando existência de um pequeno ramo intermediá- rio; todos os raios são terminados por papilas muito nitidas; aber- tura ano-genital a cerca de 0,076 mm. da extremidade posterior; espiculos sub-iguaes, bem chitinisados e estriados transversalmen- te; são soldados na metade distai por uma lamina de chitina igual- mente estriada transversalmente, medem cerca de 0,418 a 0,494 mm. de comprimento; gubernaeulum ausente; tubo testicular di- rigido para diante sem formar alças e terminando perto do inicio do intestino; canal ejaculador com cerca de 0.364 a 0,494 mm. e terminando em um canal commum ao tubo digestivo de cerca de 0.30 a 0,34 mm. de comprimento; a extremidade anterior dos ma- chos é curvada ventralmente, existindo na face côncava musculos oblíquos semelhantes aos observados em outros nematodeos so- bretudo na familia Kulhlanidae, musculos estes nem sempre bem % isiveis. Habitat : Ventrículo direito e artérias pulmonares de Canis azarae. Prov. Angra dos Reis. Est. do Rio. Rrasil. Janeiro, 1927. Deste parasito encontramos em 1913 um exemplar femeo; ago- ra encontramos um outro animal parasitado com algumas cente- nas de nematodeos que occupavam o ventrículo direito e obstruíam as ramificações da artéria pulmonar produzindo dilatações occupa- das pelos parasitos e coalhos sanguíneos. Opportunamente referi- remos o resultado das pesquizas histopathologicas do pulmão. Este parasito é muito proximo de H. vasorum, no qual Rail- liet diz não existir raios dorsaes. Verificamos em nosso material que quando observado de lado dá impressão nitida da não exis- tência do raio dorsal o qual com toda a probabilidade existe tam- bém na especie tipo. 56 BOLETIM BIOLOGICO Osvvaldonema cruzi, cauda do macho. L. Travassos. Xematodeos novos. Oswaldonema cruzi, extremidade posterior e anterior da femea. Se«men mediano mostrando as einco estrias longitudinaes mais fortes Travassos. Nematodeos novos, BOLETIM BIOLOGICO 58 H. raillieti, extremidade anterior. Exemplar femeo. L. I ravassos. Nematodeos novos. cm 2 3 4 5 6 7 S ciELO 11 14 17 BOLETIM BIOLOGICO II. raillieti, bolsa copulailora. L. Travassos. Nematodeos novos. 60 BOLETIM BIOLOGICO H. raillieti. extremidade posterior do macho, vista de perfil. L. Travassos. Xematodeos novos. G2 BOLETIM BIOLOÍilCO Sobre um Harmostomideo da COLUMBA LIVIA DOM. POR LAURC TRAVASSOS Xo velho mundo eram assignalados como parasitos de Colum- ba livia dois Harmostomideos: Harmostomiim furcatum (Rud. 1819) e Distonm columkae Mazzanti, 1889. Era assignalada para o Gallus domesticuso Harrn. commutatum (Dies. 1858). O primeiro parasito de aves selvicolas e accidentalmente em C. livia é bem conhecido. O segundo, descripto deficientemente, é geralmente con- siderado igual ao II. commutatum. Recentemente, em 1923, Witen- berg descreveu um Harmostomidae de Gallus domesticas (II. yalliiiae Wit. 1923) que julga ser diverso de II. commutatum, es- tabelecendo para as duas especies um novo sub-genero — Posthar- mostomum. Joyeux, em 1923, descreveu com o nome de II. commutatum um parasito de Gallus domesticus. Sumida meleugris e Columba domestica que Wittenberg em sua monographia dos Harmos- tomiuae (Zool. Jahrb. Syst. V. 51, p. Ki7, 1925) considerou igual ao II. ( Postharmostomum ) gallinae e portanto diversa do II. com- mutatum. Desse modo temos na literatura referencia a duas especies bem caracterisadas parasitando o pombo: Harmostomum (Harmostom- mum) furcatum (Rud. 1819) e Harmostomum (Postharmosto- mum) gallinae (Witenberg, 1923) e um terceira referencia em descri pção insuficiente Distomum columbae Mazzanli. 1889. A descripção do I). columbae não permite de modo algum iden- tifical-o. Desde 1913 temos encontrado com frequência um Har- mostomum nos pombos dos arredores de Manguinhos que não corresponde a nenhum outro dos bem conhecidos. E’ admissível que corresponda ao I). columbae, o que aliás se dá com as outras duas especies acima referidas, por isso julgamos mais acertado cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 63 consideral-a como uma forma nova que denominaremos //. maz- zaniii em homenagem ao pesquizador italiano. HA RM OS TOM [ 11/ ( HARM .) MAZZAXTII n. sp. ? Distoma columbae Mazzanti, 188!) Corpo de forma alongada, medindo de 2.2 a (5,2 mm. de com- primento por 0,1 a 1.1 mm. de largura; acetabulum pré-equato- rial, pouco menor que a ventosa oral, mede 0,15 a 0,30 mm. de diâmetro, é pouco apparente por ficar retraindo dentro do corpo do parasito, dista da ventosa oral de 0,47 a 0,85 mm.; ventosa oral forte, sub-terminal, mede 0,23 a 0,40 mm. de diâmetro; pharynge logo em seguida a ventosa oral, muito desenvolvido, mede de 0,13 a 0,25 mm. de diâmetro transversal por 0,12 a 0,22 de diâmetro longitudinal; esophago quasi nullo; cecos longos, sub-rectilineos e terminando na extremidade posterior do corpo á uma pequena distancia um do outro; poro genital na area do testículo anterior a cerca de 0,5 a 1,2 mm. da extremidade posterior; bolsa do eir- rus pouco desenvolvida e pouco apparente em preparados to- taes; testículos inter-cecaes, post-uterinos, o anterior um pouco maior que o posterior, medem de 0,12 a 0,(32 mm. de diâmetro longitudinal e 0,12 a 0,50 de diâmetro transversal, tem as tem as zonas separadas pela zona ovariana e os campos coincidin- do; ovário com o campo coincidindo com o campo íesticular e a zona separando as zonas testiculares, mede 0,10 a 0,45 mm. de diâ- metro transversal por 0,12 a 0,32 mm. de diâmetro longitudinal; glundula de Melilis post-ovariana; ulero muito desenvolvido, com alças transversaes e occupando toda a area cecal e intra cecal desde a zona bifurcai até a zona do testículo anterior; ovos numerosos, castanho escuros, medem de 0,035 a 0,045 mm. de comprimento por 0,027 a 0,030 de maior largura; vitellinos extra-cecaes desde a zona bifurcai até a zona ovariana. Habitat: Intestino delgado de Columba Haia dam. Temos encontrado esta especie sempre em grande numero e apresentando grandes variações de dimensões não obstante man- ter sempre as mesmas relações. Para melhor elucidação damos um quadro de dimensões, em seguida; cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 6íj BOLETIM BIOLOGICO Contribuição para o estudo da Entomologia Florestal Paulista. POR ED. NAVARRO DE ANDRADE (Chefe do Serviço Florestal da Companhia Paulista) Havia já muito que desejavamos estudar a biologia dos inse- ctos inimigos das nossas arvores, como meio de defesa das grandes plantações de eucalyptos que a Companhia Paulista vinha effe- ctuando. Embora a preciosa essencia australiana seja de notaria resistência e conte ainda hoje, entre os insectos, reduzidíssimo nu- mero de inimigos, mesmo em sua patria, e apesar de datar a sua introducção em nosso paiz de mais de 00 annos, tudo nos leva a suppôr (pie os de predadores das madeiras indígenas se venham a adaptar ao eucalypto, ou, pelo menos, a algumas das suas nume- rosíssimas espeeies. Infelizmente, porém, o accumulo de trabalho durante o periodo de plantio dos eucalyptaes não nos permittiu lazer para iniciar estudo de tão grande importância economica. Agora, que virtualmente está encerrada esta phase de nosso ser- viço, pretendemos dar a devida attenção ao estudo da Entomologia Florestal, [tara o que acaba de ser creada, no Serviço Florestal da Companhia Paulista, uma secção especial. Em todos os paizes, a entomologia florestal apresentou sem- pre innumeros embaraços, pela simples razão de que as florestas estão a cargo de sylvicultores. que não são entomologistas, e estes últimos, que não são sylvicultores, têm difficuldades em identifi- car as espeeies florestaes, de que nem sempre é possível a co- lheita de material sufficiente [tara a sua determinação, condição essencial [tara o estudo da biologia das [tragas arbóreas. E’ pre- ciso ainda notar que não é das mais agradaveis a vida em flores- tas ou mattas, mórmente á noite, occasião mais propicia [tara o estudo e colleeta dos insectos inimigos das arvores. A [trova te- cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BlOI.OíilCO 67 mol-a no facto de ter sido a sua biologia estudada, na grande maio- ria das casos, quando são por elles também atacadas as arvores ornamentaes de parques, jardins e ruas das cidades. Pode dizer-se que o Serviço Florestal da Companhia Paulis- ta está em condições verdadeiramente excepcionaes, óptimas, para proceder a taes estudos, pois que os seus teehnicos residem todos dentro das suas plantações florestaes, que contam actualmente cer- ca de dez milhões de exemplares de varias essências, formando grandes massiços. Além disto, em muitos dos seus hortos existem ainda parcellas de matta virgem ou eapoeirões e capoeiras, com toda a vestimenta original, onde poderá ser estudada e observada a fauna entomclogica indígena em seu verdadeiro meio. Ha a as- signalar ainda o facto de estarem as culturas florestaes da Com- panhia Paulista disseminadas por vasta área do território pau- lista. em oito pontos differeptes e em condições muito diversas de clima, solo e flora, o que nos permitte dispôr de elementos de pri- meira ordem, diffieilmente encontrados alhures, para um estudo acurado do importante problema. Xo Brasil, é incontestável que as maiores contribuições ao estudo das pragas arbóreas têm sido trazidas por Grego rio Bon- dar, profissional distinctissimo, de longa pratica e notável esforço. Infelizmente, porém, os cargos que tem oecupado nem sempre lhe têm permittido dedicar-se ao ramo em que se distinguiu como especialista, sendo também para lamentar que não tenha dado á publicidade o resultado completo de suas pesquizas e investigações. Até aqui, apesar de iniciados os nossos estudos em Junho do anno passado, pudemos já conseguir grande copia de dados para o perfeito conhecimento da biologia dos nossos principaes insectos, inimigos das essências florestaes, tendo, ao mesmo tempo, desco- berto pragas novas, ainda não ciladas por nenhum autor. De mui- tas delias, obtivemos a biologia completa, que iremos trazendo op- purtunamente a publico, e de outras, embora já deseriptas por autoridades patrícias, determinámos com rigor a arvore ou arvo- res indígenas hospedeiras, o seu verdadeiro habitat, elemento que faltava naquelles trabalhos. Assim, por exemplo, a Macrophora acrentifer (Oliv.) foi motivo de detalhado estudo por parte de Carlos Moreira, em sua “Entomologia Agrícola Brasileira”, bole- tim n. 1 do Instituto Biologico de Defesa Agrícola, Rio de Janeiro, 1921, sem comtudo, ter o distincto entomologo mencionado, -se- quer, qualquer essencia nacional que abrigasse a praga. O Sr. Mo- reira descreve apenas os seus estragos na laranjeira e outras au- ranciaceas. Sendo, porém, taes plantas exóticas, embora de remota cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 68 BOLETIM BIOLOtíICO introducção no Brasil, não pode ser considerado completo nenhum trabalho em que se omitta o nome das arvores indígenas, de onde a praga passou para as de proveniência extrangeira. Bondar diz em seu Fascículo III, das “Pragas das Laranjei- ras e Outras Auranciaceas”, publicado em S. Paulo em 1915, que — “nas mattas o insecto ataca arvores da nossa flora espontânea, como o cedro (genero Cedrela) e algumas outras, de famílias diversas”. — Não ha duvida de que, sendo brasileiro o insecto, ha-de forçosamente hospedar-se em plantas da nossa flora, o que torna extremamente vaga a citação do emerito entomologista. Nas nossas pesquizas. conseguimos encontrar as essencias flo- restaes indígenas preferidas pelo conhecido insecto. Assim, nas mattas da fazenda S. Bento, de propriedade do Sr. J. Alves Penna, no município de Bio Claro, colhemos larvas, pupas e adultos da Macrophora accentifer (Oliv.) em giiaraiuvas, arvore communis- sima da flora lenhosa paulista, mas cuja classificação botanica ainda não foi feita. 0 seu tronco e porte fazem lembrar muito as jaboticabeiras das mattas. Na fazenda Campo Alto, do Dr. Mar- tinho da Silva Prado, no município de Araras, colhemos a mesma praga atacando a arvore denominada mamoninho (Esenbeckia febrífuga A. Juss.), rutacea muito vulgar e, finalmente, no horto florestal de Bio Claro, eneontramol-a em grande numero em san- gue de drago ( Croton urucurana Baill.), euphorbiaeea que parece merecer a sua prcfeneia. Em todas estas tres arvores os estragos são consideráveis. Conseguimos colher material sufficiente para a criação deste cerambycideo e acompanhar perfeitamente todos os seus estádios. A Stenoma albella Zell., citada como atacando somente as myrtaceas, foi por nós encontrada em piatahos (Platanus orien- talis L.), casuarinas ( Casuarina sp.) e em duas essencias brasilei- ras: sananduva ( Erythrina cristagalli L.), leguminosa muito com- mum, sobretudo nas baixadas e banhados, e numa cunoniacea, vulgarmente conhecida por cangalheiro ( Belangera tomeulosa Camb.). Übservamol-a frequentemente em eucalyptos, myrtaceas, mas só causando estragos consideráveis numa parcella do horto de Cordeiro, em (pie as arvores se apresentam rachiticas, em más condições de vegetação. Este microlepidoptero tem sido captura- do sómente á noite nos hortos da Companhia Paulista e é bas- tante abundante. Um insecto que nunca vimos citado como prago por nenhum autor, em arvores indígenas, Acanthodrres jaspidea (Cerni.), foi cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 69 j)or nós apanhado fazendo estragos no tamboril ( Enterolobium timbouva Mart.) e na caixeta ( Tabebuia cassinoides Pyr. D. C.). Egualmente ainda não descripto como depredador, capturá- mos o insecto Macraspis movia Burm., causando grandes estragos em paineiras ( Bômbax sp.). Xos dois únicos trabalhos que conhecemos sobre a mosca Pan- tophtalmus pictus (Wied.). de autores nacionaes, erradamente de- nominada “mosca da casuarina”, além desta vulgar conífera, vi- mos citada apenas a canellinha sylvestre como albergando o di- ptero. Xos estudos que estamos procedendo, pudemos já encon- tral-o em lí) arvores distinctas, de varias famílias, 12 das quaes indígenas. São ellas: Batalha — X ectandra robusta Lof. e Eve, lauracea, em Araras Angico — Piptadenia macrocarpa Benth., leguminosa, em Araras Guarantan — Esenbeckia leiocarpa Endl, rutacea, em Araras Canellão — Sectamlra sp., lauracea. em Araras Pinheiro — Araucaria brasiliana A. Rich., conífera, em Araras Massaranduva — não identificada, lauracea, em Araras Canellinha rajada — não identificada, lauracea, em Araras Guapuruvú — Schizolobium excelsiim Vog. leguminosa, em Rio Claro Bracatinga — Mimosa sórdida Benth., leguminosa, em Rio Claro Tayuva — Broussonetia xanthoxylum Mart., moracea, em Rio Claro Saguaragy — Colubrina rufa Reiss., rhamnacea, em Rio Claro Páu-pereira — Platyscyamiis regnelli W., leguminosa, em Jundiahy Cinco destas especies foram observadas pelo meu companhei- ro de trabalho, engenheiro-agronomo Octavío Yecchi, em Ara- ras, na fazenda Campo Alto e em Remanso, também naquelle mu- nicípio. todas ellas, porém, com pequeno numero de furos de en- trada. De todas as madeiras indígenas, a mais atacada é o sagua- ragy, em que encontrámos 53 furos, seguindo-se-lhes a bracatinga, leguminosa do Paraná, introduzida em S. Paulo ha cerca de 9 annos. Em madeiras exóticas, conseguimos até esta data notar os estragos da mosca nas seguintes: Tamarindeiro — Tamarindus indica L., leguminosa, em Rio Claro cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 70 BOLETIM BIOLOGICO Platano — Platanus orientalis L., platanacea, em Rio Claro e Jundiahy Nespereira — Eriobotrya japonica Lindl., pomacea, em Rio Claro e Jundiahy Carvalho — Qiiercus sp., cupulifera, em Rio Claro e Jundiahy Choupo do Canadá — Popahis canadensis (Midi.), salieinea, em Jundiahy Magnolia — Magnolia grandiflora L.. magnoliacea, em Jun. diahy Casuarina — Casuarina sp., conífera, em todo o Estado. Nas casuarinas, observamos a mosca em (piatro especies dif- ferentes ( glauca , turnloa , equisiti folia e cunninghamiana) , estando completamente livres dos seus estragos a C. strincta e a C. sube- rosu, apesar de plantadas em grande numero no Horto de Jun- diahy, onde todas as outras especies estão muito atacadas. Um outro insecto, cerambycideo. ainda não citado por ne- nhum autor, o Hypsioma fasciata Thoms., foi por nós encontrado no monjoleiro. Araria polyphylla 1). C., estando quasi terminado o estudo da sua biologia. Nesta mesma essencia, muito commum no nosso Estado, onde também é conhecida por guaruraia ou go- ruraia, capturámos o vulgaríssimo serrador Oncideres dejeani Thoms. e a Chlorida festiva (Lin.), este ultimo também ainda não assignalado anteriormente. Egualmente novas para a nossa litteratura são as observações que fizemos do Steirastoma stellio Dej., atacando as paineiras ( Bômbax sp) e sua especie affin Steirastoma meridionale, além do S riras punctiger, do Anisopodus sp. e do Acroeinas longimamis (L.), este até aqui assignalado sómente em figueiras indígenas e exóticas. A única referencia que conhecemos sobre o Callirhroina é a de A. Costa Lima, nos Archivos da Escola Superior de Agricultura e Veterinária, que annota uma especie indeterminada sobre o abieiro. Em Rio Claro, colhemos a especie C. equestre no Jacaran- dá-caroba, earobeira, caroba ou carobinha ( Jararanda sp.), bi- gnoniacea muito disseminada pelo Estado. O Oncideres dejeani (Thoms.), talvez o mais commum dos serradores ou serra-pá us, foi por nós observado em 23 esseneias indígenas e em 11 plantas exóticas, desde a rija urindeuva (M.s- tronium fraxinifolium Schot) até ao molle guapuruvú {Srhizo- lobium exrelsum Vog.). Do mesmo genero, já observámos o O. ampiitalor (Fab.) sobre eucalyptos e uma especie nova sobre o jacarandá-mimoso ( Jacarandá mimosaefolia Don), em Rio Claro. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 71 Conseguimos a biologia completa do Criodion tomenlosum, na Araria decurrens Willd., já descripto por Bondar em “Chaca- ras c Quintaes”. O Corroderus novempunctatus (Germ.) foi colhido em Rio Claro em ingazeiros (Inga vera Willd.) e o Polyrrhaphis grandi- ni Buy., mencionado sempre como inimigo das myrtaeeas, em exemplares da nossa gigantesca figueira branca ( Urostigma enorme) . Inteiramente originaes, são as observações cpie temos feito quanto aos estragos do Compsoeerus barbicornis Fab. na braca- tinga ( Mimosa sórdida Bentb) ; da Eurhroma gigantea (L.), em paineiras e imbirussús ( Bômbax sp.) ; do lepidoptero Zeuzera sp. na bracatinga, leguminosa já citada anteriormente, e numa outra arvore da mesma familia, o angico rajado ( Pitheeolobium sp.) ; da Chlorida rostata Serv., no saguaragy, também já mencionado; da Eburia oetoguttata em laranjeiras; da Eburodacrys vittata, em da Eburia oetoguttata (Germ.) em laranjeiras; da Eburodacrys vittata , em jabeticabeiras e da Maristomela rorallina (Yig.) em tameiras (Phenix dartylifera L.). Também não nos consta que tenha sido citada como arvore albergando a conhecidissima praga dos laranjaes Diplosrhema rotundirolle (Serv.) o cinnamomo (Metia Azedararh L.), planta exótica, mas sub-cspontanea no Brasil, com larga área de disse- minação em nosso Estado. Encontrámos grande numero de exem- plares infestados em Boa Vista, município de Campinas, em Ara- ras, na fazenda do Dr. Martinho da Silva Prado, e no horto de Rio Claro. Em essencias indígenas vimol-o no capexingui ( Croton flo- ribundus Mart. Spr.) e no sangue de drago (Croton urucurana Baill.), ambas euphorbiaceas, sendo que nesta ultima foi, além de Rio Claro, observado em Amparo pelo Dr. Paulino Reech. O Seleus punctiger, tido como depredador de arvores mortas c madeira secca c assim encontrado por nós em eucalyptos, pai- neiras. cambuhy e nas duas preciosas essencias brasileiras peroba (Aspidosperma polyneuron Midi.) e guayuvíra (Patagonula ame- ricana E.), foi encontrada causando estragos em eucalyptos vivos (especies rostrata e obliqua) na fazenda Campo Alto, do Dr. Mar- tinho da Silva Prado, em Araras, e numa laranjeira doente, em Rio Claro. Um platypodideo (Platypus sp.) foi apanhado em vários hor- tos da C. Paulista perfurando grevilleas (Grevillea robusra Cunn.), eucalyptos (varias especies), cinnamomo e casuarina. O Stenodontes spinibarbis L. só foi observado em arvores sec- cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 72 BOLETIM BIOLOGICO cas (peroba e cambuhy), assim como os trachyderideos Trachyde- res succintiis (L.), T. dimidiatus Fab. e T. thoracicus (Oliv.), con- firmando estes tres a asserção de Bondar, em seus interessantes fascículos. Roendo as folhas de vários eucalyptos, capturámos em Rio Cla- ro o coleoptero Bola. r flavolineatas Mann., também novo em nossa litteratura. Um outro coleoptero chrysomelideo, que ainda não poude ser identificado, foi visto desfolhando completamente pés novos de eucalyptos numa fazenda de Limeira. O Cratosomus fasciatus, já descripto por Bondar, foi colhido no horto de Rio Claro, em diversos exemplares de capexingui ( Croton floribimdas M. Spr.). assim como na jaqueira ( Artocar - pus inteyrifolia L.) surprehendemos o Taeniotes sealaris Fab. O interessante cureulionideo Khinastus sternicornis (Germ.). cuja biologia foi estudada apenas por Rondar, em artigo das “Cha- caras e Quintaes”, e citado por Costa Lima (obr. cit. e Mem. do Instituto de Manguinhos) como atacando o taquarussú, foi en- contrado por nós em varias especies de bambusaceas e, crémos que pela primeira vez, no bambú imperial ( Phyllostachys castil- lonis Mitford) e na conhecida cresciuma ou crixiuma ( Merosta - chys ?), no horto de Rio Claro e nos arredores desta cidade. O auxiliar do Serviço Florestal, engenheiro-agronomo Octa- vio Vecchi, trouxe-nos material de caibros de Eucalyptus tereti- cornis Sm. esburacados por uma mamangaba ( Xylpcopa sp.), em Loreto, no município de Araras, onde a Companhia Paulista man- tem um horto florestal. Temos em viveiro, em observação, varias lagartas de lepi- dopteros que destroem a folhagem de varias essencias indígenas, de algumas das quaes já conseguimos a biologia completa, como, por exemplo, da Brassolis aslyra Godt, parasitada por uma mosca ( Xanthozona sp.), que destroe 75 % dos seus casulos. De todos os insectos enumerados, mantemos exemplares no Serviço Florestal da Companhia Paulista, no gabinete de Ento- mologia, de Rio Claro, assim como todo o material em que foram encontrados. Ao lado do laboratorio entomologico, organisámos um insectario, ou viveiro, para a criação de todos os inimigos de nossas especies lenhosas. E' nossa intenção ir dando á publicidade, os trabalhos que te- mos realizado, para os quaes muito tem contribuído o nosso auxi- liar Sp. Martinho Hunger Filho, concorrendo assim de algum mo- do para a elucidação de um dos mais importantes problemas de nossa economia florestal. Rio Claro, Abril de 1927. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO Brasil. São Paulo. 20 de junho de 1927. Fascículo 7. UMA PRAGA DOS BAMBÚS. RHINASTUS STERNICORNIS (Germ.) POR E E\ NAVARRO DE ANDRADE (Chefe do Serviço Florestal da Companhia Paulista) Quem primeiro se occupou deste interessante insecto, em nos- so paiz, foi o distincto entomologista patrício Dr. A. Costa Lima, no Fase. 1 do tomo VIII, de 1916, das “Memórias do Instituto Os- valdo Cruz”, e, mais tarde, em Abril de 1922, num bello e desen- volvido artigo da revista paulista “Chacaras e Quintaes”, o Dr. Gregorio Bondar. Lste suppoz tratar-se do R. latisternus Guer. Men., a cuja diagnose se ajustavam perfeitamente os exemplares de que dispunha, excepto no tamanho, o que lhe despertou a des- confiança de se tratar de outra especie, ou de especie nova; aquel- le descreveu-o como R. pertusus Dalm., verificando depois, em notável trabalho de Dezembro de 1922, nos “Archivos da Esco- la Superior de Agricultura e Medicina Veterinária”, ser esta es- pecie synonyma da R. sternicornis (Germ.), como declarava Bon- dar no seu artigo citado. Pudemos, no Horto Florestal de Rio Claro, acompanhar toda a evolução deste malfazejo curculionideo, esclarecendo pontos ainda obscuros da sua biologia e rectificando ligeiros enganos daquelles dois trabalhos, o que nos anima a trazer o nosso mo- desto contingente a assumpto já manejado por mestres. Na descripçào, nas “Memórias do Instituto Oswaldo Cruz”, deste insecto, diz o Dr. Costa Lima que “o macho desta especie, differe da femea pelo tamanho menor, pelo rostro não serrado e pela saliência cónica e curta do prosterno”, o que não é rigoro- samente exacto, pois que o macho é, geralmente, maior do que a 74 BOLETIM BIOLOGICO femea, é clle que tem o rostro serrado e mais accentuada a sa- liência do prosterno. Aliás, Bondar já o deixára bem assignala- do no seu trabalho, quando, em linguagem pittoresca, como con- vinha aos leitores a que se dirigia, mostrava que o bico da fe- mea era lizo, de diâmetro egual, ao passo que o nariz do macho é de secção quadrangular, rugoso, muito mais forte e serrado na parte trazeira, que serve de gancho. Não acertou, porém, ao af- firmar que o rostro serve ao macho para segurar-se durante a copula. Tivemos ensejo de observar varias vezes este acto, pho- tographando-o até, e pudemos verificar que o macho, então, se segura fortemente com as patas deanteiras, geralmente nem se- quer apoiando a tromba na sua companheira. A sua posição faz lembrar a dos elephantes em actos semelhantes. Com a serrilha do rostro vimos muitas vezes estar o macho a raspar a primeira camada do caule dos bambus, facilitando, assim, á femea o seu trabalho de perfuração, sem que nos seja possível affirmar que se trate de regra geral, ou apenas de “cor- tezia” de alguns. Vimos muitos machos não intervirem em ab- soluto nesta tarefa de suas companheiras. A perfeita descripção que do insecto e suas larvas faz o Dr. Costa Lima poupa-nos o trabalho de aqui reproduzil-a. O distincto entomologista Dr. Gregorio Bondar diz que os Ín- dios brasileiros apreciam extremamente as larvas deste curculio- nideo, a que dão o nome de pia-pia, verdadeiras linguiças de al- vura deliciosa. E’ devéras interessante e muito curioso que Steb- bing (Indian Forest Insects, London, 1914) tenha observado o mesmo phenomeno, cm relação aos habitantes de uma parte da índia, com as larvas de um outro curculionideo, Cyrtotrachelus sp., também grande depredador de bambus, e do C. langipes Fabr. que elles procuram com avidez. Em Bio Claro, os adultos surgem a partir de meados de .Ja- neiro, sendo mais abundantes em Março. Os mais tardios foram apanhados em fins de Abril e um apenas a 1." de Maio. Em grande numero de exemplares, verificámos ser de 50 0 0 o de ma- chos. A còr dos adultos protege-os admiravelmente, confundin- do-os com as geminas e botões junto aos septos dos entrenós dos bambus. Quando se percebem observados, ou perseguidos, dei- xam-se cahir sobre o chão, onde é difficilimo captural-os no meio das folhas seccas, amarellas, de que se não distinguem. A copula é muito demorada, tendo nós, por diversas vezes, verificado que se prolonga por 21 e até 36 horas. Durante ella, a femea passeia, carregando o seu parceiro, ou, mais geralmeq- cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO /o te, traballia na perfuração dos côlmos. Nunca as vimos atacar senão brotos ou rebentos do mesmo anno, em nada prejudican- do os bambus maduros. Os furos são redondos, em dlfferentes linhas, tendo nós contado até 16 na mesma carreira, fazendo lembrar os fui-os de gaita ou pifaro. Em cada um delles depo- sita a femea um ovo de que, de 8 a 12 dias, sabem as larvas. O maior numero de larvas que encontrámos no mesmo entrenó foi de lã, sendo, geralmente, de 6 a 10. Até fins de Março, só encon- trámos larvas pequenas, mas a sua evolução parece ser rapida, pois que, com mez e meio, já têm, em média, 50 millimetros e aos tres mezes começam a encasular-se, para se transformarem. Dispondo nós de um bom bambusal junto ao laboratorio de entomologia, pudemos fazer observações amiudadas e repe- lir grande numero de experiencias muito interessantes. Tivemos o feliz ensejo de observar um facto, verdadeiramente curioso e que ainda não viramos assignalado: as larvas entre-devoram-se, á medida que se desenvolvem. A nossa atenção foi para este pon- ío chamada ao abrir algumas dezenas de entrenós e ao notar que, quando pequenas, as larvas são sempre numerosas, diminuindo o seu numero á medida que crescem, de tal maneira que, ao attin- girem seu completo desenvolvimento, de 70 a 80 millimetros, se encontram sempre isoladas, em numcio singular. li\emos depois occasião de assistir a um destes festins, vendo uma larva grande sugar soffregamente uma sua irmã pequenina. Bondar descreve perfeitamente o trabalho realizado pelas larvas c o extravasamento da seiva em que mergrtlhum e nadam aquellas. Diz que em Setembro e Outubro ellas sobem para a par- superior do entrenó, onde se encasulam. Neste ponto é que dis- cordam as nossas observações, pois, que, como acima deixamos dito, em Rio Claro este trabalho de transformação se opera cm princípios de Junho, algumas vezes até, em fins de Maio. Assim que os bambus começam a amarellecer, a seccar, é signal de que as larvas se estão transformando em pupas. Abertos os entrenós, então notámos sempre que estavam completamente seccos, ten- do desapparecido o liquido aecumulado na base. Isto explica o facto, que, a principio, nos causára estranheza, de ficar o furo de sabida, verdadeiro rombo, mais frequentemente na parte in- ferior do entrenó, em nivel também inferior ao que era occupado pelo liquido mucilaginoso, gosmento. Se o liquido permaneces- se. o adulto, para sahir, teria de dar um verdadeiro mergulho, o que nos parecia pouco provável. 1‘ela observação de grande numero de exemplares, verificá- cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 7c; BOLETLM BIOLOGICO mos que é, em média, de 7 a 8 dias a vida dos adultos post coihtm, tendo sido de menos de 2 0(0 o dos que sobreviveram áquelle pe- ríodo e de 13 dias a duração do que por mais tempo gosou as delicias deste mundo. Durante a copula, se se approxima um outro macho, o que está acasalado deixa a sua posição e persegue-o, afastando-se o outro rapidamente, evitando a lucta. O Dr. Costa Lima menciona apenas como planta atacada o taquarussú ( Chusquea gaudichaudi) , mas nós observámos os es- tragos deste insecto no bambú vulgar ( Bambusa vulgaris Schrad), no imperial ( Phgllostachys castillonis Mitf) e na crixiuma (Me- rostachys?) . Em todo caso, não se podem comparar os estragos do bambú gigante (Dendrocalamus giganteus Munro). No Horto Flo- restal de Rio Claro, ha uma enorme e lindíssima touceira deste bambú, no meio de vários outros fortemente atacados e que, entre- tanto, não apresenta nenhum estrago, nem signaes de tentativas de ataque. Além de Rio Claro, em diversos pontos, obsevámos esta pra- ga no município de Araras e no de Amparo. Abertos os entrenós e expostos ao sol. as larvas morrem ra- pidamente, parecendo-nos que este meio de defesa deveria ser empregado, de preferencia, no mez de Maio, antes de iniciados os casulos. Rio Claro, Junho de 1927. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 boletim biologico % -âftASU»- -n • *í II ll tf i [ 'Wl |f • r 1 Ed. Navarro de Andrade. Uma praga dos bambus. RHINASTL1S STERNI CORNES. 78 BOLETIM BIOLOGICO Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. cathedratico : LAURO TRAVASSOS — Assistente: CESAR PINTO, Monitores: PAULO ARTIGAS e J. SCHWENCK. N.° 31 Sobre um Nematoide parasita de ONISCIDAE. POR J. SCHWENCK Os tatuzinhos em cuja cavidade geral encontra-se o parasita abaixo descripto foram determinados por especial obséquio do Dr. Carlos Moreira, Direçtor do Instituto Biologico de Defesa Agrícola, do Rio de Janeiro, a quem mais uma vez testemunha- mos o nosso reconhecimento. Estes tatuzinhos pertencem ao genero Philoscia que o I)r. Carlos Moreira suppõe seja uma especie nova, muito próxima pe- los seus caracteres morphologicos do Philoscia uittata Say, exis- tente nos Estados Unidos, á beira-mar. * 'i Diagnose do genero OXISCICULA noa. genero. Oxyuridae; bocca com tres lábios nitidos; esophago cylin- drico com pequeno vestíbulo c bulbo posterior piriforme; poro excretor post-bulbar. Femea: Amphidelpha; vulva mediana e saliente; ovos nu- merosos de casca relativamente espessa e rugosa, já embryona- dos por occasião da postura. Macho: Muito menor que as femeas; dois espieulos sub- eguaes com gubernaculum; cauda cônica e sem azas; ventosa pre-anal de rebordos chitinosos, junta ao anus. Especie typo : O. oniscicula n. sp. Habitat : Cavidade geral de Crustáceos isopodes. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 79 OMSC1CULA OMSC1CÜLA X. SP. (Fig. 1-11) Comprimento: Femea 5 mm.; macho 2, mm. 5. Largura: Femea 0,mm37; macho 0,mml7 a 0,mm20. Femea : Coloração branca leitosa; cutícula lisa; póro excre- tor post-bulbar, a cerca de 570 a da extremidade anterior; an- nel nervoso a cerca de 320 u da mesma extremidade; pharynge com 8 ii mais ou menos de profundidade; lábios nitidos, porém muito pequenos; esophago com 1,1 mm. de comprimento e 38 u de largura mais ou menos; bulbo piriforme com cerca de 92 u de comprimento e 81 /; de largura, dispondo de valvulas mais appa- rente (pie no macho; anus com o labio posterior muito saliente, situado a 138 u mais ou menos da extremidade caudal que é obtu- sa e termina em ponta aguda, triangular; vulva muito saliente: a saliência anterior mede cerca de 54 uca posterior cerca de 38,5 //; úteros divergentes; orgams genitaes femeos amphidelphos; o ovário anterior fica a 510 u mais ou menos para atraz do esopha- go e acha-se enrolado adeante da vulva, emquanto o ovário pos- terior fica para atraz desta; nenhuma alça do apparelho genital atinge o anus; ovejeetor curto e dirigido para traz, com vestíbulo muito amplo e bifurcado; os ovos já saem embryonados por oc- casião da postura; têm elles a casca rugosa, typo Toxocara, e medem cerca de 250 u x 38,5 u. Macho: Coloração branca leitosa; cutícula lisa; póro ex- cretor post-bulbar; annel nervoso no ponto de união do bulbo com o esophago propriamente dicto; pharynge muito pequeno com 5 ii mais ou menos de profundidade; esophago com cerca de 400 u de comprimento e 100 u de largura; bulbo piriforme com 80 a de comprimento e 01 u de largura, apresentando valvulas muito pequenas; anus a 170 u mais ou menos da extremidade caudal e, logo acima delle, uma ventosa circular com cerca de 10 a de diâmetro; papilas com a seguinte distribuição: um par pre-anal adeante da ventosa; dois pares adanaes, sendo um ven- tral e outro lateral; cerca de seis pares post-anaes, sendo tres la- teraes equidistantes e tres sentraes; as papillas post-anaes são muito difficeis de ser observadas e parecem poder variar em nu- mero e posição; cauda subulada; espiculo com 160 u de compri- mento e 8 u de largura; appendice terminal do espiculo com 8 u de comprimento; gubernaculum cuneifoime com cerca de 90 2 3 4 5 11 12 13 14 15 16 17 80 BOLETIM BIOLOGÍCO u de comprimento e 12 u de largura na base; canal ejaculador com cerca de 400 a de comprimento; canal deferente com 500 u mais cu menos; testículo com a extremidade reflexa; o testículo não attinge o esophago e mede cerca de l,mm3 de comprimento. Habitat: Cavidade geral de Philoscia vittata Say. ? EXPLICAÇÃO DAS FIGURAS Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. 1 — Femea adulta, inteira. 2 — Esophago da femea. 3 — Cauda da femea. 4 — Vulva. 5 — Ovo. 0 — Macho inteiro. 7 — Cauda de macho, vista de frente. 8 — Cauda de macho e espiculos vistos de frente. 0 — Ventosas. 10 — Ventosas e abertura ano-genital, vistas de lado. 11 — Cauda de macho e espiculos, vistos de perfil. •w uiço'o BOLETIM BIOLOGICO Fijr. B um Xematoide parasita de Onisei(lae. \u tu £0'Q ‘iU UI Ç 0 O 84 BOLETIM BIOLOGICO J. Schwenck. Sobre um Xematoide parasita de Oniscidae. cu ui ço'0 8G BOLETIM BIOLOGICÜ CRITHIDIA SPINIGERI n. sp. parasita do apparelho digestivo de SPINIGER DOMESTICUS* (Hemiptero Reduviidae) POR CESAR PINTO Em excursão que fizemos ao Estado de Matto Grosso em 1922 com os Drs. L. Travassos e Julio Muniz tivemos a opportunidade de capturar diversos exemplares de nymphas e adultos de um Hemiptero Reduviidae ( Spiniger domesticus) que vive nas frestas de barro existentes nos ranchos do povoado conhecido pelo nome de Capivara á margem esquerda do Rio S. Lourenço, em pleno pantanal. Todos os ranchos que visitamos estavam infestados por Spiniger domesticus que os regionaes conhecem pelo nome de bar- beiros dadas a semelhança que aquelle hemiptero apresenta com os representantes do genero Triatoma. 0 Spiniger domesticus é sugador de insectos, principalmente de baratas (Periplaneta ame- ricana) conforme informações que nos forneceu o Snr. Felizardo, morador daquelle povoado. A observação do rude sertanejo era verdadeira porque mais tarde o Dr. Lauro Travassos teve a op- portunidade de verificar os hábitos predadores do Spiniger ru- bropictus que com grande avidez lança-se sobre outros insectos (baratas) introduzindo nelles o rostro para lhes sugar o conteúdo. Xo intestino dos adultos e das nymphas de Spiniger domes- ticus verificamos a presença de uma Crithidia que descreveremos sob o nome de Crithidia spinigeri na proporção de 20 0 0 dos he- mipteros que examinamos na Fazenda “Joffre” do Dr. Octavio da Costa Marques. Os flagellados são muito ageis e medem cerca de 15 a 18 mi- cra de comprimento. O corpo é afilado e corado em azul pallido pelo methodo de Giemsa. Blepharoplasto com 1,5 micron de dia- metro e collocado muito proximo ou afastado do núcleo princi- pal. Este é alongado com 3 micra de comprimento por 1,5 a 2 mi- cra de largura. Flagello livre com cerca de 10 micra de compri- mento e partindo do blepharoplasto. boletim biologico 87 2o '-^FTa/edo de/. Ct-sar Pinto. CRITHJDIA SPIXIGERI n. sp. lobulo posterior do pronofo escufelo Fig. 5 — Thorax de Triatoma, Triatoma megista (Burra.) 1 = épines pronotales antérieures. 2 & 3 — tubercules du lohe antéricuir du pronote. Original. ■1 4 >2 3 Fig. fi — Thorax de Triatoma (T. rubrofasciata De Geer). 1 — lohe antérieur du pronote. 2 = lobe post. du pronote. 3 = scutellum. 4 = angle post. du pronote. Original. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 108 BOLETIM BIOLOGICO Fig. 7 — Phot. d’oeufs de Triatoma megista (Burra.) pondus éparpillés. Les plus foneés sont de couleur rouge, indiquant que les larves sont en train de sortir. Original. Fig. 8 — Photo. d’une feraelle de Meccus, — Triatoma palidipennis, niontrant le connexive trés large (c). IVaprès C. Pinto. 1925. BOLETIM BIOLOGICO 109 CLEF POUR LA CLASSIFICATION DES GENRES. 1. Rostre nc dépassant pas les yeux... Fig. 11. LINSHCOSTEUS Distant, 1904. (Nord de 1’Inde). 1 a. Rostre dépassant les yeux 2. 2 (la) Premier artiele du rostre plus long que le second . .‘5. 2 a. Premier artiele du rostre, deux fois au moins plus court que le second . . 4. 2 b. Premier artiele du rostre une fois et demi plus court que le second 5. .4 (2) Premier artiele de 1’antenne court. n’atteignant pas le somment de la tète .... Fig. 19. BELMINUS Stal, 1859 (Columbie) 5a. Premier artiele de 1’antenne long, dépassant le sommet de la tète ADRICOMIUS Distant, 1903 (Samôa) 4 (2 a) Antennes insérées sur le sommet de la tète Fig. 10. RHODNIUS Stal. 1859 (Colombie, Venezuèle, Guyannes et Brésil) 4 a. Antennes insérées au rnilieu de la région ante-oculaire Fig. 3 et 10. EUTRIATOMA Pinto, 192(5. (Brésil) 5 (2 b) Antennes insérées prés des yeux ou au rnilieu de la région ante-oculaire (5. (5 (5) Angles postérieurs du pronote épineux Fig. 12. ERATYRUS Stal, 1859. (Columbia et Guyanne) (ia. Angles postérieurs du pronote non épineux Fig. (» et 9. TRIATOMA Laporte, 1832. Syn.: Conorhinus Lap. 1832. Meccus Stal, 1859. Lamus Stal, 1859. Mestor Kirkaldy, 1904. Panstrongylus Rerg, 1879. (Amériques, Indes, Chine, Madagascar, Philippines, .lava, etc.) cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 110 BOLETIM BIOLOGICO Triatoma Mestor JETM Fig. 9 — Schème de la tête du Triatoma (T. rubrofasciata De Geer), vue de profil et de devant. Id. id. de Mestor — Triatoma megista. 1 = clypeus ou tylus. 2 = tuberculc frontal ou juga. 3 = tubercule antennifère. 4 = oeil. 5 = ocelle. 6 = cou. Ir. Ilr. Illr. ^ artieles du rostre. Ia. Ila. rr ler. et 2ème. art. de 1’antenne. Original. BOLETIM BIOLOGICO 111 -Ir A-Zr -2 mV ■Ir -4 2 6-P - \Mr Eatrintoma Rhodnius JKT.drl. E'ig. 10 — Schème de Ia tète ilu Eutriatoma (E. tibiamaculata Pinto, 1926) et du Rhodnius (Rhodnius prolixus Stal, 1859). Voyez 1’explication cie la fig. 9. Original. ffh 2'*. Km 2 K L \&r M -1 -ò 1-1 ;Ir 2-U^l I «-V\ % 'ò' X -Ur P «1 ~4 \ "6 S 4r \-fflr r s Linshcosteus Meccus ■IFTdpJ. E'ig. 11 — Schème de la tète du Linshcosteus (L. carnifex Distant, 1904) et du Meccus = Triatoma pallidipennis (Stal, 1870). Voyez 1’explication de la fig. 9. Original. cm l 2 3 4 5 7 SClELO 77 72 73 74 75 16 77 112 BOLETIM BIOLOGICO <--- sp. Fig. 12 — 'lète et thorax iTEratyrus (E. cuspidatus Stal.) I et II — articles antennaux. sp. épines de 1’angle post. du pronote. D’après F. Larrousse. 4 F ig- 13 — lète de Belminus (B. rugulosus Stal). Ia- IV a = articles antennaux. 1 = clypeus ou tylus. 2 — non dessiné par Stal. 3 = tubercule antennifère. 4 — oeil. JVaprès Stal, BOLETIM BIOLÓGICO 113 Genre BELMINUS Stal, 1859. Belminus Stal, 1859 est un excéllent genre de Triatomidae parce que le premier article du rostre est plus long que le deuxiè- me et le premier article anténnal est eourt, iTatteignant pas le sominet de la tête. Dans la diagnose originale du genre Belminus, le grand hé- miptérologiste Stal a nié la présence d’ocelles cliez ce genre, mais en travail postérieur (Hemiptera-Fabrieiana. vol. I. pp. 123) il a corrige cette diagnose signalant des ocelles chez le genre Bel- minus. Genre MARLIANUS Distant, 1902. Basé sur l'information de A. Neiva (1914. Rev. do genero Tria- toma Lap. pp. 62-3) que le Conorhinus diminutus Walker, 1873 est la même espèce décrite par Stal en 1859 sous le nom de Bel- minus rugulosus, nous pouvons conclure que le genre Murlianus créé par Distant en 1902 pour cette espèce-là est synonime de Bel- minus. En comparant les déscriptions de Walker et de Distant avee celles de Stal il nous fut tout-à-fait impossible d’arriver à cette vérification. Genre MECCUS Stal, 1859. Le genre Meccus avait comine caractéristique principale la grande largeur du connexive cliez les femelles et les lobes pro-tho- raciques nettement séparés par une constriction. Nous pensons que la première caractéristique anatomique que nous avons dé- crite plus haut ne constitue pas un élement morphologique généri- que et encore moins la constriction des lobes prothoraciques, par- ce que cliez certaines espèces du genre Triatoma on peut aussi re- marquer cette formation. Les articles du rostre et les insertions des antennes chez le genre Meccus sont les mêmes qu’on observe chez le genre Triatoma. Genres: LAMUB Stal, 1859 et MESTOR Kirkaldy, 1904. Le nom Lamus Stal, 1859, avait été déjà employé par Stal lui-même en 1853 pour un Penlatomidae du genre Haplosterna et voici pourquoi Kirkaldy en 1904 a proposé le nom Mestor pour les cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 114 BOLETIM BIOLOGICO Triatomidae possédant 1’insertion des antennes prés des yeux. II existe en eífet quelques espèees ayant les tubercules antennaires très rapprochés des yeux (Triatoma megista, T.geniculala, T. lutzi, 7. giintheri etc.) mais les articles du rostre sont pareils dans leurs proportions a ceux qu’on observe chcz Fespèce type du genre 1 natoma (Triatoma rubrofasciata) , ce qui nous oblige à tenir Ie genre Mestor Kirkaldy, IÍI04 pour synonime de Triatoma Lapor- te, 1832. Genre PANSTRON GYLUS Berg, 1879. Berg en étudiant en 1879 un Triatomidae de PArgentine, pos- sédant les tubercules antennifères très rapprochés des yeux et mé- connaissant súrement le travail de Stal (1859). a créé pour son es- pèce (giintheri Berg, 1879) le genre Panstrongylus. En examinant un spécimen apporté par le Dr. A. Neiva de PArgentine et etiquete comine Panstrongylus australis, nous avons constate que cette espèce (Panstrongylus australis) est un nom. nudum, et nous oricntant par le travail original de Berg (1879) nous avons identifié ce spécimen de P. australis avec Fespèce P. giintheri. Le genre Panstrongylus doit ètre par conséquent considéré comme synonime de Triatoma et Fespèce que j’ai décrite comme Triatoma larroussei, est done le Panstrongylus giintheri. Dans ces conditions cette espèce aura la synonimie suivante: Triatoma giintheri (Berg, 1879) Pinto, 1927. Syn.: Panstrongylus giintheri Berg, 1879. „ australis nom. nudum. Triatoma larroussei Pinto, 1925. Genre PSAMMOLESTES Bergroth, 1911. Le genre Psammolestes possède le premier article antennal très court (brevissimus) , un peu plus long que large. Comme nous n’avons pas eu en main des spécimens de ce genre, nous ne pou- vons rien dire à cet égard. BOLETIM BIOLOGICO 115 Travail du Lab. de Parasitologie de la Fac. de Méd. de S. Paulo. Brésil. Prof. cath. L. Travassos. Agrégé: Cesar Pinto. Moniteurs: Paulo Arligas et J. Schwenck. N.O 33. De la présence d’un stigmate respiratoire sur les tarses du CIMEX HEMIPTERUS, C. LECTULARIUS, PEDICULUS HUMANUS, HAEMATOPINUS EURYSTERNUS et chez les larves de TRIATOMA MEGISTA. (1) Par le Docteur CESAR PINTO. (Fig. 1 - 12) En étudiant des spécimens de punaises ( Cimex hemiptenis), de poux ( Pediciilus humanas et Heamatopinus eiirysternus) et des larves de Triatoma megista, montes selon le proeédé d’Almeida Cunha, nous avons constate dans 1’extréniité apicale du dernier article du tarse, près des ongles, une formation allongée et striée transversalement. Cette formation ressemblant morphologiquement au stigmate allongé qu’on observe dans le 8 ème segment abdomi- nal des puces ou Sipbonaptères; nous 1’avons donc considéré par analogie comme un stigmate respiratoire. Cette manière d’interpré- tation fut confirmée par la présence d’un canal qui sort de 1’extré- mité supérieure du stigmate (Fig — 11) tarsal (Fig 5) et par- court longitudinalement les trois articles du tarse, le tibia et le fémur (Fig 5) du Cimex hemipterus. Sur ce dernier segment des pattes le canal devient plus ample et double et acquiert la morpho- logie sjtiralée des tubes tracbéens (Fig — 5). Sur 1’extrémité basale du fémur ces tubes tracbéens rejoignent les tracbées du métanote et du ler anneau de Fabdomen (Fig. 5) (1 et2). Nous ne scmmes pas parvenus à observer le point oü le canal respiratoire des pattes aboutit à ceux de 1’abdomen et du tborax, mais cette liaison doit forcément exister. (1) Xote presentee à la Soe. de Biologie et Hygiène de S. Paulo, séan- ce de 8 - 8 - 1927. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 116 BOLETIM BIOLOGICO Chez le pou des bouefs ( Haematopinus eurysternus) le canal peut être observé, en partie, le long du tarse; chez le pou de l’hom- me ( Pediciilns humanas) et chez les larves de Triatoma megista nous n’avons observé le stigmate que près des ongles. En plongeant des spécimens vivants de Cimex lectularius dans 1’eau et les observant ensuite au microscope entomologique à fai- ble grossissement, nous avons constate la présence de bulles d’air s’échappant du point de jonction du fémur avec le tibia. Les spécimens de C. lectularius colorés par le procédé de Cos- ta Lima (In Arcb. Escola Sup. de Agric. & Med. Veter. vol. V. Nos. 1 & 2 (1921) pp. 123-6) ont présenté três nettement le stigmate et le canal trachéen du tarse ainsi que le canal du tibia et du fémur. D’après ce que nous venons d’exposer, il nous semble liors de doute que chez les Cimicidés (Cimex hemipterus, C. lectularius ) , les Pédiculidés (Pediculus humanus et Haematopinus eurysternus ) , les Hematopinidés et les Triatomidés, il existe un système respi- ratoire dont le point de le débouchement (stigmates) se place près des ongles; il y aurait par conséquent une respiration par les pat- tes des ces insectes-là. BOLETIM BIOLOGICO 117 cl. ? Fig. 1. — Anatomie externe (face dorsale) de Cimex hemipterus Fabr. A. — tòte. B. — pronotuni. C. = mesonotum. D. = élytre. E. = metanotum. 1 - 8 — ségments abdominaux. cl. = clypeus.. I - IV — articles antennaux. Original. 118 BOLETIM BIOLOGICO Fig. 2. — Anatomie externe (face ventrale) de Cimex hemipterus Fabr. rt. — rostrum. st. = stigmates thoraciques et abdorainaux. cx. = cuisse. tr. — trochanter, fm. — fémur, tb. = tibia. ts. — tarse à trois articles. O. B. = orifice de 1’organe de Berlese. sp. — spiculum. Original. BOLETIM BIOLOGICO 11 !) ff Fig. 3. — Diagnose différentielle entre Cimex hemipterus et Cimex lectula- rius. Les (leux spèces existent au Brésil. A. = Cimex lectularius. B. == „ hemipteurs. 1. = clypeus. 2. = oeil. 3. = tête. 4. — pronotum. I - IV — articles antennaux. Desseis faits sur la mênie échelle. Original. BOLETIM BÍOLOGICO 121 i / Fig. 5. — Fémur, tibia et tarse de la 2 ème paire de pattes de Cimex hemipte- rus (femelle), montées par le procédé d 'Almeida Cunha. 1. = stigmate du thorax. 2. = id. du ler anneau de 1’abdomen. 3. — trachées longitudinales sur le fémur, le tibia et le tarse. 4. = stigmate tarsal, prés des ongles. Original. 122 BOLETIM BiOLOGlCÒ Les microphotos 6-12 ont été montées selon le procédé d’Almeida Cunha. Fig. 6. — Tarse de la lère paire de pattes de femelle de Cimex hemipterus, montrant à 1 le canal trachéen et à 2 le stigniate près des ongles. Original. Federman, phot. BOLETIM BIOLOGICO 123 Fig. 7. — Tarse de la 3 ème paire de pattes de nymphe de Cimex hemipíerus montrant à 1 le canal trachéen et à 2 le stigmate près des ongles. Original. Federman, phot. 124 BOLETIM BIOLOGICO Fig. 8. — Amplifieation de la fig. 7. 1 — canal trachéen. 2 = stigmate près des ongles Original. Federman, phot. BOLETIM BIOLOGICO 125 Fig. 9. — Extrémité apicale du tarse de Ia lère paire de pattes de femelle de Cimex hemipterus, grossie 670 fois. 1 = dernier article du tarse. 2 = canal trachéen. 3 = stigmate. 4 — ongle. Original. Feder man, phot. BOLETIM BIQLOGICO 127 E'ig. 11. — Extrémité apicale du tarse de la 3 ème paire de pattes de femelle d’Haematopinus eurysternus. 1 = tarse. 2 = canal trachéen. 3 = sügmate. 4 = ongle. Original. Federnian, phot. BOLETIM BIOLOGICO Brasil. São Paulo, 15 de Setembro de 1927. Fascículo 9. v>v ^Wíf V, r fi t; fy 'y/rjr/ff v > m ’ . ; r /, V ' ■■' ' ^r r ‘ :r r r J rí”-'' r T : r r * '« Itll • ‘ - r - r -V ,T - : VV,\VV-\^ rV- Í,\T.T XV ' \QV J* - • • r TJ i? T f T' •• • ;• i ; i r-V^H- W * 1 1 f t . f u i f ; ft f j < / j líillliiiiiiil "rV ■ 4^44i m íll . 1.1 ' M TT -VC tV-v Fig. 1. Femea de Cimex limai n. sp. cm 1 ■SciELO 0 11 12 13 14 15 16 194 BOLETIM BIOLOGICO DUAS ESPECIES NOVAS DE CRUSTÁCEOS ISOPODES TERRESTRES DO BRASIL Por CARLOS MOREIRA São pouco conhecidos os crustáceos isopodes terrestres do Brasil e raras são as especies brasileiras citadas na bibliographia. F’m material que me remetteu o Dr. J.Schwenck do Labora- torio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de S. Paulo, iden- tifiquei as seguintes especies: Oniscidae Porcellio laevis Latr. Porcellio scaber Latr. e duas especies novas que constituem o assumpto desta nota: Philoscia paulensis sp. nov. e Metoponorthus schwencki sp. nov. Àrmadillididae : Armadillidiiim vulgare (Latr.) Cubaris murina Brandt já foi encontrado no Brasil segundo H. Richardson e o ligydideo Ligyda exótica (Roux) é communi nos rochedos das praias do Rio de Janeiro. PHILOSCIA PAULEXSIS sp. nov. (Fig. l, 2 e 3) Corpo oval alongado tendo de comprimento pouco mais de duas vezes a largura, comprimento 10 mm., largura 4,5 mm. A cabeça é mais larga do que longa, com a margem anterior sinuosa, a parte mediana convexa entre as antennas do segundo par e côncava na altura destas; os olhos são pequenos ovaes e situados nos lados da cabeça; as antennas do primeiro par são ru- dimentares, de tres segmentos, muito curtas, alcançando apenas me- tade do comprimento do segundo segmento das antennas do se- gundo par; as antennas do segundo par são longas, e alcançam o quarto segmento thoracico; o primeiro articulo destas antennas é o mais curto, o segundo é pouco mais longo e o quarto é um pouco mais comprido do que o terceiro, o quarto tem mais ou BOLETIM BIOLOdICO 195 menos o dobro do comprimento do terceiro e o quinto bem mais longo do que o quarto; o flagello é composto de tres artículos subeguaes. Os segmentos thoracicos são eguaes, o primeiro é apenas li- geiramente mais longo, não apresentando epimeros distinctos; o abdómen é visivelmente mais estreito do que o thorax, os dois ])rimeiros segmentos são cobertos pelo ultimo segmento thoracieo, as parles lateraes dos segmentos são bem desenvolvidas, curvas ])ara trás; o telson é largo triangular com o apice arredondado. O pedunculo ílos uropodes alcança, a extremidade do telson o ramo interno alcança um terço do comprimento do articulo ter- minal do uropode. Todas as pernas são ambulatórias. O colorido desta especie é castanho muito escuro; de cada lado dos segmentos thoracicos, correm duas linhas brancas sendo que somente a interna é bem nitida a externa é reduzida a pontos que desapparecem nos segmentos posteriores; na parte dorsal dos segmentos, ha linhas longitudinaes juntas, curtas e irregulares de cada lado, deixando nos segmentos ao longo do dorso uma linha branca mal definida. Habitat: E’ encontrado em São Paulo em terra de jardim. Os maiores exemplares tem í) a 10 millimetros de compri- mento e 1,5 millimetros le largura. Ha uma variação de colorido em muitos exemplares desta especie, em que as linhas longitudinaes são bem definidas sendo o espaço entre estas mais claro e a linha clara ao longo do dorso mais evidente, parecendo differente da forma typica. METOPOXORTHUS SCHWEXCKI sp. nov. (Fig. 4, 5, e 6) Corpo oblongo alongado finamente granulado com uma ou mais series de granulações maiores em linha transversal a meio de cada segmento thoracieo. Cabeça mais larga do que longa, ru- gesa, granulada, borda frontal sinuosa, convexa na parte central e côncava na altura das antennas do segundo par; ângulos antero lateraes salientes arredondados; olhos pequenos oblongos próxi- mos da borda lateral; antennas do primeiro par muito pequenas, de tres segmentos, alcançando apenas a base do segmento das antennas do segundo par; primeiro segmento destas muito pe- queno, segundo e terceiros do mesmo tamanho, quarto do tama- nho dos dois anteriores juntos, o quinto é o mais longo; o fla- gello tem dois segmentos, o terminal mais curto. Os segmentos das 19(i BOLETIM BIOLOGICO antennas são roxos com as extremidades brancas. Estas antennas alcançam a borda posterior do segundo segmento thoracico. O primeiro segmento thoracico é ligeiramente mais longo do que os outros; os dois primeiros tem os ângulos lateraes voltados para a parte anterior e os dois últimos são curvos para trás. O colorido da cabeça e dos segmentos thoracieos é castanho escuro, com linhas, ou pontos claros convergindo para a frente e mais juntos proximo a linha central, que é castanho escura. Os segmentos abdominaes são muito mais estreitos do que os thoracieos, os dois primeiros têm as extremidades lateraes co- bertas pelo ultimo segmento thoracico; os tres segmentos seguin- tes têm os ângulos lateraes curvos fortemente para trás; o ultimo segmento (telson) é muito agudo, sua extremidade excede um pouco a borda posterior do pedunculo dos uropodes, os ramos in- ternos alcançam um quarto do comprimento terminal do ramo externo dos uropodes. Todas as pernas são ambulatórias. Comprimento do maior exemplar 10 millimetros e 1 milli- metros de largura. Habitat: S. Paulo em terra de jardim sob pedras, vasos, e outros objeetos. Dedico esta especie ao I)r. J. Schwcnck, do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de S. Paulo, que a des- eobrio. cm 1 SciELO LO 11 12 13 14 15 16 1 98 BOLETIM BIOLOGICO -Prçi/oscicr pauleiysis sp.oova Fig. 2 — Cabeça com as antennas; a — antennulas — Philoscia paulensis Moreira 1927. Fig. 3 — Segmentos terminaes do abdômen com os uropodos, augmentados 29 vezes. — Philoscia paulensis Moreira, 1927. cm 1 2 3 4 5 6 SCÍELO lo 11 12 ]_ 3 14 15 16 BOLETIM BIOLOGICO d — maxillipede. Todas as figuras ampliadas 43 vezes SciELCVo 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 L. cm BOLETIM KIOLOGICO 201 Enkystamento do CHILQMASTIX MESNILI em cultura Pelos Drs. ARISTIDES MARQUES DA CUNHA e JULIO MUNIZ (Do Instituto Oswaldo Cruz) (Com 1 fig.) Em culturas da Entamaeba hystolitica obtidas partindo de fezes de um indivíduo atacado de dysenteria amaebiana chronica, observámos o desenvolvimento, ao lado desse parasita, do Chilo- mastix mesnili e de Tmchomonas hominis encontrados nas fezes juntamente com aquelle protozoário. Xessas culturas empregámos para a parte solida: l.°-agar do meio X. X. X. sem sangue; 2."-o mesmo meio com sangue; 3.°-meio X. X. X. aquecido a 100" (meio chocolate). A parte liquida era constituída por liquido de Ringer com o ph.: 7,4, ao qual se adtUeionou para 500 c. c. a clara de um ovo bem como 1 °|" de dextrina para impedir o desenvolvimento do Blastocystis. A quantidade de meio liquido usado para cada tubo era de 1 a 5 e. c. A Entamaeba hystolitica se desenvolveu bem em qualquer desses meios sendo os que continham sangue mais favoráveis para as culturas iniciaes e o sem sangue para a sua conservação. Xo meio com sangue, quer este seja ou não aquecido, obser- vamos sempre no fim de 21 horas de permanência na estufa a 37" grande numero de fôrmas flagelladas de Chilomastix mesnili. Examinando essas mesmas culturas com 18 horas de permanên- cia na estufa a 37°, fomos surprehendidos com o apparecimento de grande numero de kystos desse flagellado, kystos esses que não existiam nas fézes semeadas. Feitas novas culturas partindo de fezes, idêntico resultado observámos. Em alguns tubos os kystos eram em grande numero, formando as vezes grupamento. Tra- tando com solução forte de lugol, éra facil por em evidencia a extructura interna dos mesmos. Examinando as culturas com maior espaço de tempo obser- vámos o desapparecimento das fôrmas flagelladas e dos kystos. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 202 BOLETIM BIOLOGICO Nos transplantes das culturas, dava-se geralmente grande pro- liferação de Trichomonas, tornado-se, os Chilomastix raros e aca- bando por desapparecer completamente facto esse que nos im- pediu de approveitar essas culturas para um estudo mais deta- lhado da questão. Pensámos que o enkystamento do Chilomastix mesnili nas culturas ainda não tenha sido assignalado e que esse facto possa ser approveitado para o estudo dos phenomenos que acompanham o enkystamento desse flagellado. Fig. 1. Kystos de Chilomastix mesnili (Wenyon). Cultura de 48 horas em meio de chocolate. Oc. 4. Obj. 1 12. cm 1 SciELO LO 11 12 13 14 15 16 BOLETIM BIOLOGICO 20:5 A ACAROPHILIA DO CAFEEIRO e seu papel eventual na defesa da planta contra os fungos parasitas Por AGESILAU BITANCOURT Piracicaba. Est. de S. Paulo. (Com as figs. 1-7) As folhas de cafeeiro apresentam uma particularidade que passa provavelmente desapercebida de todos os que diariamente lidam com a preciosa planta. Examinando-se com cuidado a superfície dessas folhas, veri- fica-se, na face superior, ligeiras intumescências abahuladas si- tuadas entre a nervura principal e as nervuras lateraes. exacta- mente no angulo formado entre as mesmas (fig. 1 e 2). Na face inferior vê-se no mesmo lugar uma pequena abertura ou “ostiolo”, de forma bastante variavel, mas em geral alongada no sentido da bissectriz do angulo (fig. 3). Um corte transversal da folha praticado na altura de uma dessas intumescências mostra que á mesma corresponde uma cavi- dade no seio do parenchyma foliar (fig. 4 e 5). Nesta cavidade que de aceordo com a nomenclatura botaniea constitue uma crypta, ne- nhum orgão especial se encontra. A epiderme que a envolve, con- tinuação da epiderme inferior da folha, é perfeitamente parecida com esta ultima, porem sem estomatos e com cutícula mais fina. O que mais notável se observa no corte transversal 6 a presença, em torno da crypta, de duas outras camadas de cellulas pequenas, regulares, sem meatos entre-se, formando assim um tecido com- pacto, completamente differente dos outros tecidos da folha. Praticando-se cortes tangenciaes na superfície inferior da folha, de modo a descobrir a cavidade das pequenas cryptas, encontram-se quasi sempre pequenos aearos ou seus vestigios. Os adultos são ra- ramente encontrados. Vêm-se entretanto com frequência, pequenos ovos medindo 0,10 x 0,01 mm., de coloração alaranjada e muito re- fringentes, que contêm larvas hexapodas em differentes estados de differenciação. Mais frequentemente ainda, encontram-se as cascas de ovos já abandonados pelas jovens larvas e pelles abandona- cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 2U4 BOUETIM BIOLOGICO das pelos acaros nas suas suceessivas mudas. As larvas hexapodas, as nymphas e os adultos encontram-se com muito mais raridade e acredito que estes arachnideos só se utilisam das cryptas no mo- mento das mudas e da desova, assim como nos primeiros dias de existência. No exame de mais de mil cryptas só logrei encontrar uns 5 ou 6 adultos ou nymphas. A figura 6 representa um dos aca- ros encontrados, sendo possível, entretanto, que existam varias es- pecies nas cryptas das folhas do cafeeiro. Para a devida identifica- ção do pequeno arachnideo, tenciono enviar as minhas prepara- ções a um especialista. Qual é o papel destes acaros na vida do cafeeiro? Com a par- ca bibliographia de que me pude utilisar não consegui verificar se estas curiosas cryptas do cafeeiro já tinham sido assignaladas e a importância delias no biologia da planta perfeitamente apura- da. E’ possível, entretanto, ter-se desde já, uma ideia do papel que podem desempenhar os acaros em relação ao cafeeiro. Semelhan- tes cryptas já foram, com effeito, descriptas em outras plantas. Axel N. Iundstròm, citado por Otto Porsch (1) estudou bem esta associação de acaros com diversas dicotyledoneas. Em geral as pe- quenas habitações de acaros, que os autores allemães denominam Acarodomatien, que podemos traduzir por “acarodomacios”, são menos differenciadas do que no cafeeiro. Na “tilia” Tilia euro- peu, por exemplo, vê-se na eommissura das nervuras lateraes com a nervura principal, uma pequena rède densa de fios entrelaçados que reunem as duas nervuras, formando o tecto do acarodomacio, ao passo que as nervuras formam os muros e o limbo foliar, o chão. Em outras plantas como o Eloeocarpiis, o papel da rède de fios é desempenhado pelos proprios tecidos da folha que unem as nervuras de lado a outro, reservando um pequeno espaço entre estas e o limbo foliar. Emfim em outros casos, como em Copros- ma, por exemplo, temos exactamenle o que se encontra no ca- feeiro (fig. 7). Em todos estes acarodomacios, os acaros põem os ovos, e as larvas ainda muito novas alimentam-se das exsudações dos tecidos visinhos. Vimos que no cafeeiro estes tecidos são de na- tureza especial. A estruetura destes tecidos é exactamente pareci- (1) OTTO PORSCH. — Wechselbeziehungen swischen Pflanzen uns Tier in CHVX I NI) JOHAXXSEX. — Allgemeine Biologic, p. 552. cm 1 SciELO LO 11 12 13 14 15 16 BOLETIM BIOLOGICO 205 da com a estructura do tecido saccharifero dos nectarios. Por este motivo pode-se admittir que, alem de abrigo, a planta fornece ali- mento ao acaro, pelo menos durante a primeira phase da existên- cia. A estes benefícios que o acaro recebe da planta, elle retribue, segundo Lundstrõm, fazendo a limpeza da folbas, ingerindo todas as sujeiras e especialmente os esporos de fungos parasitas que o vento traz na superfície das folhas. A estas conclusões chegou Lun- dstrôm pelo exame das peças buecaes dos acaros, o que fornece um bom indice do genero de alimentação. Por minha parte verifi- quei frequentemente, nas cryptas, esporos de diversos fungos que podem ser considerados fragmentos de seus alimentos habituaes trazidos pelo acaro no acarodomaeio presos em qualquer parte do corpo. E’ portanto um verdadeiro sei'viço que o acaro presta á planta, evitando até um certo ponto a contaminação desta por fun- gos parasitas cujos esporos foram trazidos pelo vento. Trata-se, pois, aqui, de uma verdadeira symbiose, — e não de um simples commensalismo — , que em muitos pontos pode ser comparada á “mymiecophilia” e por analogia chamada “acarophilia”. Assim, só se explica convenientemente como a própria planta fornece ao pequeno arachnideo abrigo e alimento. E’ preciso, entretanto, notar que todos os autores não concor- dam com esta opinião. Otto Porsch lembra que outros acaros pro- vocam nas plantas cecidias parecidas com os acarodomacios, e que eixi alguns casos Onde os acaros foram experimentalmente affastados das plantas hospedes, os doixiacios degeneraram no fim de certo tempo. Ti’atar-se-hia, portanto, não de symbiose mas tão somente de parasitismo fraco que nenhum prejuízo serio poderia ti’azer á planta. Xa minha opinião, entretanto, acho mais provável o papel be- néfico do acaro em relação á planta. Só assim é que se pode ex- plicar semelhante differenciação das cryptas que, conforme já dis- se, possuem um tecido especial provavelmente destinado a forne- cer o alimento aos acai-os novos. Alem disso encontram-se frequen- temente cryptas perfeitamente organisadas não habitadas por aca- ros, ou por terem um ostiolo rudimentar ou nullo, ou por outro qualquer motivo. A analogia com as galerias dos tubérculos das plantas myrmecophilas é portanto completa pois é sabido que as. mesmas se differenciam mesmo na ausência das formigas. Piracicaba, 22 de Setembro de 1927. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 20(5 BOLETIM BIOLOGICO Fig. 1 Folha de cafeeiro. As cryptas estão situadas no angulo agudo formado entre a nervura principal e as nervuras secundarias. Fig. 2 Commissura da nervura Fig. 3 Commissura da nervura principal da folha de cafeeiro com principal da folha de cafeeiro com uma nervura lateral (face superior) uma nervura lateral (face inferior) Distingue-se a intumescência pro- Distingue-se o ostiolo da crypta duzida pela crypta (x 10). (x 10) BOLETIM BIOLOGICO 207 Fig. 4 Corte transversal schematico da nervura prin- cipal da folha do cafeeiro na região de uma crypta, a, b, c, diversas partes do limbo d, e, f, g, h, ,i j, diversas par- tes da nervura principal, q, e, diversas partes da nervura lateral, o, cavidade da crypta, p, ostiolo. Fig. 5 Detalhe da figura 4 (parte comprehendida en- tre os dois traços verticaes pontilhados (x 40). cm l SciELO BOLETIM BIOLOGICO ;m)s Fig. 6 Acaro que frequenta as cryptas do cafeeiro (x 100). Fig. 7 Acarodomacios de diversas Dicotyledoneas; da esquerda para a direita: Tilia europea, Eloeocarpus, Co- prosma. (Seg. Otto Porseh, loc. cit. ) . BOLETIM BIOLOGICO 209 Trabalho do Laboratorio de 1’arasitologia da Faculdade de Medicina de São Faulo. Brasil. Prof. cathedratico: LAURO TRAVASSOS — Assistente: CESAR PINTO. Monitores: PAULO ARTIGAS e J. SCHWENCK. N.° 36 NEMATODEOS DE INVERTEBRADOS. (V). POR PAULO ARTIGAS CRU ZN EM A CRUZNEMA novo genero e nova especie. (Fig. I e 2) Xo intestino de myriapodes provenientes de Remedios (Est. de S. Paulo. Brasil), encontramos um nematodeo para o qual estabelecemos um novo genero, sendo a especie ora descripta a especie typo do mesmo genero. Descrevemos apenas a femea de Cruznema cruznema por não termos encontrado até a presente data um exemplar masculino da especie. Diagnose do genero. — Tres lábios salientes. Esophago com duas porções, uma anterior mais larga e musculosa e outra pos- terior mais estreita, abrindo-se no intestino por intermédio de um bulbo, possuindo uma valvula tri-labiada chitinosa. Appare- lho genital monodelpho e opistodelpho, contendo ovos e larvas; vulva perto do anus. Especie typo: C. cruznema n. sp. Deseripção de C. cruznema n. sp. Exemplar tendo um com- primento total de 0,9 mm. e uma largura maxima de 0,11 mm. O nematodeo apresenta tres lábios muito salientes, triangulares e bem separados, medindo 0,01 mm. de altura. Um vestíbulo de 0,06 mm. liga o esophago á cavidade rodeada pelos lábios; o eso- phago apresenta duas porções, uma anterior musculosa com fi- brilias irradiadas da luz esophagiana e que mede 0,11 mm.; a outra porção esophagiana, posterior, tem de comprimento 0,08 mm. e se termina por uma parte ligeiramente entumescida (bul- bo). que está separada do intestino por uma valvula de tres lá- bios chitinosos. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 210 BOLETIM BIOLOGICO Intestino regularmente rectilineo, terminando a 0.06 mm. da extremidade posterior. Apparelho genital monodelpho e opistodelpho; o ovário, originando-se na parte mediana do corpo, dirige-se para diante; o oviducto se encurva para traz; o utero dirige-se primeiro para traz, inflecte-se e se dirige para diante e, finalmente, encurvan- do-se uma ultima vez, orienta-se para a extremidade posterior; ficando a vulva a 0,10 mm. do anus. Cruznema cruznema é vivipara: nella observamos ovos, pou- cos, medindo em media 0,070 mm. por 0,036 mm., e larvas tam- bém em numero pequeno algumas ainda no ovo e outras livres na cavidade uterina. A fig. 1 é de um exemplar de Cruznema cruznema, a fig. n.° 2 é, com maior augmento, a da metade pos- terior de um outro exemplar. Habitat : intestino de Myriapode diplopode. Distrib. geographica : Est. de S. Paulo. Remedios. Brasil. cm 1 SciELO LO 11 12 13 14 15 16 P. Artigas. Xematodeos de invertebrados (V). 212 BOLETIM BIOLOGICO Trabalho do Laboratorio de Parasiíologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. cathedratico: LAURO TRAVASSOS — Assistente: CESAR PINTO. Monitores: PAULO ARTIGAS e J. SCHWENCK. N.° 37 PNEUMONESCES NEIVAI n. sp.; trematodeo do pulmão de rã. POR LAURO TRAVASSOS e PAULO ARTIGAS A especie que vamos descrever é extremamente conimum no pulmão das rãs (Leptodactylus oscellahis L.) dos arredores do Rio de Janeiro e de São Paulo; tem sido confundida com as es- pecies congeneres da Europa e da America do Norte, estas muito bem estudadas por Stafford. Distingue-se o Pneumonesces neivai das outras especies do genero pela ausência do acetabulo que não conseguimos obser- var nem em cortes. O nome da especie é dado em homenagem ao Dr. Arthur Neiva, que com grande interesse vem seguindo e auxiliando as pesquizas parasitologicas que vimos fazendo em São Paulo. PNEUMONESCES NEIVAI n. sp. (Fig. 1) Comprimento variando entre 3,75 mm. e 6,75 mm., largura variando entre 1,3 mm. e 2,3 mm., medidas tomadas em exempla- res grávidos e fixados comprimidos; são de còr escura devido ao grande aecumulo de ovos com casca de còr castanha e ao con- teúdo intestinal, sangue. A cutícula é lisa. Ventosa oral medindo de 0,32 mm. a 0,55 mm. de diâmetro e de situação sub terminal. Pharynge esphe- rico e bastante desenvolvido e collocado logo em seguida á ven- tosa oral, com dimensões variando entre 0,12 mm. a 0,25 mm. de diâmetro. Esophago muito curto; cecos largos, geralmente reple- tos de sangue, extendendo-se até quasi a extremidade posterior. cm 1 SciELO LO 11 12 13 14 15 16 BOLETIM BIOLOGICO 213 ficando em parte occultos pelas alças lateraes do utero. Póro ge- nital junto á ventosa oral, mediano; bolsa do cirrho muito longa e sinuosa, geralmente muito difficil de ser observada e attingin- do a zona ovariana. Testículos equatoriaes ou post-equatoriaes, em zonas coincidentes ou parcialmente divergentes, com os cam- pos em contacto ou ligeiramente afastados; os testículos são um tanto alongados no sentido longitudinal e pouco lobados, suas medidas variam de 0,72 mm. a 1,2 mm. de comprimento por 0,4 mm. a 0,8 mm. de largura. Ovário redondo, mediano, pre-equa- torial, pre-testicular medindo de 0,3 mm. a 0,55 mm. de diâmetro. Glandula da casca muito desenvolvida, occupando a zona entre ovário e testículos e apresentando contornos pouco nitidos. Utero com um ramo decendente sinuoso passando entre os testículos, forma as duas alças lateraes características do genero e que nes- ta especie são muito desenvolvidas, ultrapassando por vezes a zona ovariana; o ramo terminal é mediano, sinuoso e apresenta muitas alças acima da zona ovariana. Ovos com casca muito es- pessa e operculo muito pouco nitido, são de còr castanha e medem de 0,053 mm. a 0,061 mm. de comprimento por 0,030 mm. de lar- gura maxima. Vitellinos de folliculos volumosos, tendo um grupo- pre-equatorial e outro post-equatorial, occupando toda a largura do parasita, sendo o posterior intra-cecal e o anterior intra e ex- tra-cecal. Habitat: pulmão de Leptodactylus oscellatus L. provenientes, do Rio de Janeiro e de São Paulo. Brasil. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 SciELO cm 1 214 BOLETIM BIOLOGICO Travassos e Artigas. Pneumonesces neivai. Trematodeo do pulmão de rã. BOLETIM BIOLOGICO 215 Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de .Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. cathedratico: LAURO TRAVASSOS — Assistente: CESAR PINTO. Monitores: PAULO ARTIGAS e J. SCHWENCK. N.° 38 Uma nova CAPILLARIA parasita de peixes de agua doce: CAPILLARIA SENTINOSA n. sp. POR LAURO TRAVASSOS O genero CapiUariu s. I. ou melhor a sub família Capilla- riine Railliet, 1915 esta ainda muito longe de ser posta em ordem. Os generos em que se desdobra ainda estão mal conhecidos e muito confusos e a maioria das especies mal estudadas. O numero de especies deste grupo conhecidas não é pequeno, mas provavelmente é muito maior, pois, por suas dimensões re- duzidas, não raro passam despercebidas mesmo a pesquizadores attentos. Estes nematoides parasitam toda a serie de vertebra- dos tendo os mais variados habitats. Os representantes deste grupo na fauna helminthologica bra- sileira precisam de uma revisão cuidadosa. Fizemos uma tenta- tiva neste sentido mas que infelismente foi muito deficiente, alem de conter alguns erros. Apoz esse trabalho descrevemos duas es- pecies brasileiras: dúbia e hydrochueri. Agora vamos descrever uma outra especie que encontramos parasitando o estomago de peixes de agua doce. Até agora são mencionadas oito especies de Capillarias pa- rasitando peixes. Sao as seguintes: brevispicula (v. Linstow, 1873); yracilis (Bellimgham, 1840); fritschi (Trav., 1011); leusci Ilesse, 1023; rubra (v. Linstow, 1802); tomentósa (Dujardin, 1843); tuber- culata (v. Linstow, 1014); spinosa Mac Callum, 1020. A especie que descrevemos agora é a primeira parasita de peixe mencionada no Brasil. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 21 (! BOLETIM BIOLOGICO CAPILLARIA SEXTIXOSA n. sp. (Fig. 1 a 4) Comprimento: femea 4,6 a 4,7 mm.; macho 2 mm. Largura: femea 0,07 mm.; macho 0,04 mm. Esophago com 2,17 mm. de comprimento nas femeas (1 : 1,19 do comprimento total) e 1,17 mm. nos machos (1: 1,35); porção muscular do esophago relativamente muito longa, mede cerca de 0,2 mm. de comprimento; annel nervoso a cerca de 0,07 mm. da extremidade anterior. Femeas com vulva não saliente e seguida de ovejector curto e forte; ovário terminando a cerca de 0,077 mm. da extremidade posterior; ovos de casca espessa e com cerca de 0,041 a 0,049 mm. de comprimento por 0,020 a 0,023 mm. de maior largura; anus sub-terminal. Machos com testículo estendendo-se até perto da extremi- dade posterior do esophago; extremidade posterior levemente torcida ventralmente e terminando truncada obliquaménte, é li- geiramente escavada; espiculo pequeno, delgado, sem bainha espinhoso e medindo cerca de 0,089 mm. de comprimento. Habitat: Estomago de Tetragonopterus sp. (Lambary). Proveniência: Parnahyba, São Paulo. Nota — Aproveitamos a opportunidade para substituir dois nomes de generos por nós propostos e que eram já occupados: Steineria e Sehneideria. O primeiro deverá denominar-se Steiner- nerna n. n„ e o segundo Schneidernema n. n. São Paulo, XII — 1927. A.W6LP' *•' BOLETIM BIOLOGICO 217 Cap. sentinosa — cauda da fcmea. Fig. 2 Cap. sentinosa — ovejector. 0 , 01 * mm. 1 1 Fig. 4 Cap. sentinosa — ovo. Travassos. Cap. sentinosa n. sp. cm l SciELO 0 11 12 13 14 15 16