BOLETIM BIOLÓGICO. LABORATÓRIO DE PARASITOLOGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO PAULO (SÃO PAULO) 1928-29 n. 11-16 BOLETIM BIOLÓGICO. LABORATÓRIO DE PARASITOLOGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO PAULO (SÃO PAULO) 1928-29 n.Il-16 BOLETIM BIOLOGICO REDACTORES : ARTHUR NEIVA, L. TRAVASSOS, CESAR PINTO, FLAVIO DA FONSECA e PAULO ARTIGAS. Auxiliam a publicação deste Boletim as seguintes pessoas: Professores E. de Souza Campos, Pedro Dias da Silva, Dr. João Daudt D’01iveira, Prof. Aguiar Pupo, Prof. A. Carini, Dr. Julio de .Mesquita Filho, Dr. Jesuino Maciel, Dr. Navarro de Andrade, Dr. J. C. N. Penido, Prof. R. Briquet, Dr. Ayres Netto, Prof. Cantidio de Moura Campos, Dr. André Dreyfus, Prof. Sérgio Meira Filho, Dr. Abilio M. de Castro, Cel. Eugênio Artigas, Dr. Julio Schwenck, Dr. Genesio Pacheco, Dr. Paulo Galvão, Dr. J. Ferreira de Andrade, Eng." J. Malhado Quirino, Clemente Pereira, Zeferino Vaz, Francisco de Paula Rodrigues, Carlos Leoncio de Magalhães^ Prof. Franco da Rocha, Camillo Haddad e Dr. Itagyba Villaça. ' 1928 — Fascículos 11-14. S. Paulo — Brasil Lab. de Parasitologia da Faculdade de Medicina. Rua Brigadeiro Tobias, 42. ADVERTÊNCIA: 0 Boletim Biologico é uma pu- blicação exclusivamente votada á divulgação de trabalhos originaes de sciencia pura, man- tido por iniciativa particular, sem preoccupa- ção commercial, não sendo, portanto, accei- tos annuncios ou pedidos de assignatura. Sua distribuição fica a critério da Redacção, que o remetterá aos especialistas e Institutos scien- tificos interessados, acceitando, entretanto, propostas de permuta com publicações con- generes. Não terá, outrosim, caracter de periodico, aparecendo lógo que haja matéria a publicar. A correspondência deverá ser dirigida ao Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Caixa do correio, 2921. Brasil. AVERTISSEMENT : Le “Boletim Biologico” est une publication vouée exclusivement à la di- vulgation des travaux originaux de Science pure, soutenue par initiative privée, sans au- cune préoccupation commerciale; toute de- mande d’annonces ou d’abonnements ne peut être par conséquent acceptée. La distribution du “Boletim” reste à la eharge de la Rédaction qui 1’enverra aux spé- cialistes et aux Instituts scientifiques intéres- sés. La Rédaction acceptera des permutations avec d’autres publications similaires. Le “Boletim” n’aura pas, en outre, cara- ctere de périodique, ne paraissant, pour ce motif qu’aussitôt qu’il y aura matière á publier. Toute correspondance devra être adressée au Laboratoire.de Parasitologie de la Fac. de Méd. de São Paulo. Brésil. Caixa postal. 2921. TYP. CU PULO • LAD. 3. EPHIGEN1A, 21 • S. PAUL* cm 1 SciELO LO 11 12 13 14 15 16 SciELC^o 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 L. cm BOLETIM BIOLOGICO Fauna helminthologica dos Ophideos do Brasil . . . . 13, 50 Fontesia n. gen. ( Trichostrongilidae . Xematodeo) .... 27 Fontesia fontesi n. sp 27 Formigas novas 55 G. Glandium cesarpintoi n. sp. (Pisces) 16 Gnamptogenys ypirangensis (Hymenoptera. Formicidae) n. sp. 60 Gorgulho. Sternechus iincipennis nas vagens de Canavalia .116 H. Hemipteros Hemoparasitos dos Ophideos do Brasil . Henneguya iheringi n. sp. (Myxosporideo) Hymenoptero novo ( Prodecatoma limai n. sp.) Hystrignathus politus n. sp. (Xematodeo) I. Invertebrados (Xematodeos parasitas de) 71 Iridomyrmex riograndensis n. sp. (Hymenoptero. Formicidae) 6 1 Isospora belli Wenyon, no Brasil 79 L. Lepidonema tarda n. sp. (Xematodeo) 72 M. Minutorchis sanguíneas Linton, 1928 (Trematodeo) Mus norwegicus ( Ei me ria carinii parasita de) Myxobulus noguchii n. sp. (Myxosporideo) stokesi n. sp. ( ” ) Myxosporideos novos de Peixes do Brasil .... N Xematodeos de Invertebrados Xeoeolobopsis n. sub. gen. (Hymenoptero. Formicidae) cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO Nelas helminthologicas • 95 O. Ophideos brasileiros (fauna helminthologica dos) 13, 50 Ophideos (Eimeridias ou Coecidias novas dos) . 11 Opisthogonimus megabothrium n. sp. (Treniatodeo) . 50 Ostertagia appendiculata n. sp. (Nematodeo) . . 20 ” khalili n. sp. (Nematodeo) . 25 1 Otocinclus francirochai n. sp. (Pisees) • i ! Óvulos e desova dos peixes de agua doce do Brasil . 97 Oxyrhopus trigeminus (Hemoparasitos de) . 92 P. Peixes ( íam.Siluridae , sub fani. Auchenipterinae) . 40 Peixes de agua doce (Myxosporideos parasitas de) . 41 Peixes novos 1, 40 Peixes (Trypanosomas de) Peixes (desova dos) . 97 Philodrias nattereri (Trypanosomas novos parasitas de) . 81 Phorideos parasitas de formigas dos gen. Atta e Acromgrmex .119 Pintoia n. gen. ( Trichostrongilidae . Nematodeo) . 23 Pintoia inflata (Molin, 1801) Trav., 1928 . 24 R. Rhabdias vellardi n. sp. (Nematodeo) . 13 Rictularia elegans n. sp. (Nematodeo) .129 S. j Sobre a presença do CAmex foedus (Stal. 1851) no Brasil . . 85 I Sobre as glandulas salivares dos Blattideos . 0 Sobre o comportamento de suspensões e solue. de concentr. osmotica differente introduzidas no sacco lympb. crânio- dorsal da rã .110 Sternechus uncipennis nas vagens de Canavalia . . . .110 Sobre o Minutorchis sanguíneas Linton, 1928 (Treniatodeo) . 95 1 T. Taddyella n. gen. (Pisees. Serrasalmoninae) . 45 cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOI.OGICO I Relação dos trabalhos originaes feitos no “Laboratorio de | Parasitologia” da Faculdade de Medicina de São Paulo, jjj durante o anno de 1928. 1 , 39. PINTO, C. 1928. Synonimie de quelques espèces du genre Eimeria. C. R. Soc. Biol. Paris. Tomo 98. pag. 1.564 I 40. PINTO, C. 1928. Classification des Esporozoaires de la sous-classe Eimeridia. C. R. Soc. Riol. Paris. Tomo 98, Pg 1.571 : 4i. PINTO, C. 1928. Henneguya wemjoni n. sp. Myxosporide parasite des branchies de poisson d’eau douce du Bré- sil, C. R. Soe. Riol. Paris. Tomo 98, pag 1.580 ' 42. v. IHERING, R. 1928. Uma nova especie do Otocinclus (Piares nematognatha) , “cascudinho” de São Paulo, Brasil. Boi. Riol., fase. 11, pag 1 43. PINTO, C. 1028. Eimeria amarali, n. sp., parasito de iio- throps neuwidii. Ophideo do Brasil. Boi. Riol. fase. 11 Pag n 44. PEREIRA, C. 1928. Fauna helminthologiea dos ophi- deos brasileiros (2). Rol. Biol., fase. 11, pag. 3 I 45. TRAVASSOS, E. 1928. Tricoslrongglidae do Tamandua tetradartyla (L.). Rol. Biol., fase. 11, pag. 23 1 46. PINTO, C. 1928. Myxobolus noguchii, M. stokesi e Hen- neguya iheringi, especies novas de myxosporideos de peixes de agua doce do Brasil. Boi. Biol., fase. 12, pag. 41 1 47. v. IHERING, R. 1928. Taddyella iwrn. nov. pr<’> Roosevel- tiella Eig. 1915. Boi. Biol., fase. 12, pag 45 1 48 v. IHERING, R. 1928. Glanidium cesarpintoi n. sp. de peixe de couro (Fam. Siluridae subfam. Aucheni- pterinae). Boi. Biol., fase. 12, pag 46 cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 49. PEREIRA, C. 1928. Fauna helminthologica dos ophi- deos brasileiros (3). Rol. Riol., fase. 12, pag. . . 50 1 50. ARTIGAS, P. 1928. Nematoides de invertrebados (VI). Rol. Riol., fase. 12, pag 71 1 51. v. IHERING, R. 1928. Os “guarás” ou ““barrigudinhos” brasileiros na lueta contra as larvas de culicideos. Sc. Med., anno VI, n.° 8, pag 396 1 52. PINTO, C. 1928. Sobre a presença do Cimex fuedus (Stal, 1851) no Brasil. Rol. Riol., fase. 13, pag. . . 85 I 53. PEREIRA.C. 1928. Xotas helminthologicas (I). Boi. Biol., fase. 13, pag 95 1 54. PINTO, C. & Vaz, Z. 1928. Pulgas da fam. Tungidae, observadas no Brasil. An. Fac. Med. São Paulo. 1928. (no prelo). 55. TR WASSOS, L. 1928. Alguns Heterophgidae dos ani- maes domésticos no Brasil. An. Fac. Med. São Paulo, 1928 (no prelo). j 56. PINTO C 1928. Myxosporideos e outros protozoários intestinaes de Peixes da America do Sul. Arch. Inst. Biol. de São Paulo, V. I. (no prelo). E 57. PEREIRA, C. 1923- Revisão do genero Opistogonimus (Trematoda). Rev. Mus. Paulista, v. XVI (no prelo). | 58. TR W VSSOS, E. 1928. Sobre o Moiwdontus seinicircu- laris (Molin, 1861). Rev. Mus. Paulista, vol X\T„ pags. 865, 880, pl. E 4, fig. E H- 1 59 . TRAVASSOS, E., Artigas P. e Pereira, C. 1928. Fauna helminthologica dos Peixes de agua doce do Brasil. Arch. Inst. Biol. São Paulo, vol I (no prelo). 1 G"- v IHERING, R.. BARROS, J. de Camargo e PE AN ET, X 1928. Os ovulos e a desova dos peixes de agua doce do Brasil. Boi. Biol., fase. 14, pag 97 1 61. Pinto C. 1928. Eimeria carinii n. sp. parasita de Mus norwegicus. Boi. Biol. fase. 14, pag 127 cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 1 52. TRAVASSOS, L. 1928. Sobre uma especie do genero Ri- ctularia Froelich (N ematoda) . Boi. Biol., fase. 14, pag. 60. TRAVASSOS, L. 1928. Duas novas especies do gen. .4s- cocotyle. In C. R. Soe. Biol. Paris 61. TRAVASSOS. L. 1928. Sur la systématique de la famille Clinostomidae LUEHE, 1901. C. R. Soe. Biol. Paris. 65. TRAVASSOS, L. 1928. Note sur ia sous-famille Arduen- ninae Railliet A Henry, 1911. C. R. Soe. Biol. Paris. 66. TRAVASSOS, I.. 1928. Sur un nouveau trématode para- site de Laridae. C. R. Soe. Biol. Paris. 67. TRAVASSOS, L. 1928. Sur le genre Leiuris Leuekart, 1850. C. R. Soe. Biol. Paris. 68. TRAVASSOS, I.. 1928. Sur Ies genres Eumorwdontus, Gaigeria et Monodontella. C. R. Soe. Biol. Paris. 129 — (o)— cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO Brasil. São Paulo, 9 de junho de 1928. Fascículo 11. Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. Cathedratico: LAURO TRAVASSOS — Assistente: — CESAR PINTO. .Monitores: PAULO ARTIGAS, CLEMENTE PEREIRA, ZEFER1NO VAZ e EDMUR WHITAKER. N.° 42. & iSilOTHffi^ Uma nova especie de OTOCINCLUS NEMATOGNATHA) “cascudinho” de S. Paulo. Brasil. (Fig. 1) Pelo Dr. R . V C N I H E R I N G () grupo de “Cascudinhos” {Loricariideo . s Hypoptopomi- neos), caracterizado pelos aciculos retrovertidos do bordo rostral, comprehende 1 generos. Estes facilmente se differenciam pela se- guinte chave: Caudal deprimida Oxyropsias (2 esp.) Caudal comprimida Hypoptopoma (5 esp.) Cabeça deprimida I Cabeça normal dos "“cascudos”; placa temporal perfurada Dorsal posterior á ventral; olhos supe- riores. Microlepidogaster (9 esp. brasi- leiras). Dorsal anterior á ventral; olhos lateraes. Otocinclus (14 esp. brasileiras). A presente especie, que consideramos nova. SciELO 11 12 13 15 16 1 2 BOLETIM BIOLOGICO UTOCIXCLUS FRAXCIROCHAI n. sp. distingue-se facilmente das poucas outras congeneres que também têm o supra-occipital guarnecido de aculeos, pelo colorido caracte- rístico, de uma faixa longitudinal da cabeça á caudal e que ter- mina em triângulo no lobulo inferior, havendo no lobulo supe- rior uma mancha redonda, isolada. Dedicamol-a ao eminente psychiatra e scientista, Dr. Fran- co da Rocha associando-nos á homenagem que lhe foi prestada em 4 -IV -1928 com a inauguração do seu busto, como creador do Hospital de Juquery. OTOCIXCUS FR A XCIROCHA I n. sp. I). 1.-7; A. I. - 5; L. 1. - 22; No adipose fin; Supraoc- cipital posteriorly strongly spinulated. Depth of body 6 times in total length; length of head 3 1 3 times. Diameter of eye 6 times in the length of head, interor- bital width twice, length of snout somewath less. Supraoccipital posteriorly elevated and strongly spinulated. Distanee from tip of snout to occipital process 3 times in length. Scutes spinulose, not carinated, 22 in a longitudinal series. Lower surface naked, ex- cept a narrow transverse bar between pectorals and followed on the lines between pectorals and ventrals by 3 scute-like granular patches; a rounded patcli between anais. Snout margined with strong recurved spincs. Pectoral spine bristeled, the last spines as long as those of the supraoccipital; pectoral extending to 2/3 of the ventral; dorsal somewath in ad- vance of the base of the middle of the body; Anal behind of the end of the base of Dorsal. No adipose fin. Caudal moderatly forked, the lower lobe somewhat longer. Olivaeeous, with preponderance of the following black co- Ioration: some spots on the head; a stripe from the snout pas- sing on the lower half of the eye and continued to the caudal; four indistinct transvers hars on the body, the first bcginning at the Dorsal. Fins plain, the Dorsal somewhat indistinetly spoted; caudal very caracteristicaly marked by a median strip, but which is emarginated inferiorly and tenninates with a triangular snot on the lower lobe; the upper lobe with a terminal isolated dot. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOOIOO 3 Many specimens, the largest onc 42 mm. (incl. caudal fin), from kreeks by Pirangy, headwaters of the rio Turvo (into rio Grande of the Paraná — La Plata). R. y. Ih. leg. March,T928. Named after Dr. Franco da Rocha, on his jubilee at Ju- query, 4 - IV - 1928. /" Tcleac dp! Fig. 1 — Otocinclus francirochai, n. sp. cm 1 7 SciELO, 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOf.ICO Trabalho do Laboratorio de Microbiologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. Cathedratico : DR. ERNESTO DE SOUSA CAMPOS — 1." Assistente: DR. FLAVIO DA FONSECA — 2." Assistente: DR. FLORIANO DE ALMEIDA. TRYPANOSOMA FRANCIROCHAI n. sp. parasito de OTOCINCLUS FRANCIROCHAI Ihering, 1928 (peixe de agua doce do Estado de S. Paulo). Por FLAVIO DA FONSECA e ZEFERINO VAZ Em um esfregaço de sangue do Microplecostomus, Otocinclus francirochai Ihering, 1928, gentilmente offertado pelo I)r. Ftodol- pho von Ihering, tivemos a oeeasião de encontrar um unico exem- plar de um Trypanosoma ao qual provisoriamente attribuimos a? características abaixo, esperando que a obtenção de mais abun- dante material permitta uma descripção definitiva. Dimensões. Comprimento, sem o flagello livre, 15 micra. Largura 4 micra. Núcleo principal 3,5 por 2.2 micra, distando 33 micra da extremidade posterior. Blepharoplasto 0,8 por 1 mi- cron. Flagello livre 28 micra. Aspecto geral. O exemplar por nós examinado apresenta a porção posterior enrodilhada, afilando-se o corpo gradualmen- te para as duas extremidades, das quaes a primeira se termina em ponta afilada, não sendo visivel a extremidade posterior, além do blepharoplasto. Protoplasma. Finamente granuloso, corado homogenea- mente em violeta pallida pelo corante Leishman, não apresentan- do descoramento na zona visinha ao blepharoplasto, como é fre- quente observar-se em Trypanosomas de Peixes. Sucleo principal. Elliptieo, de limites nitidos, tocando os bordos do flagellado, de coloração vermelha pouco carregada, ex- ceptuada a do polo posterior, onde se observa accumulo de chro- matina granulosa. O núcleo fica situado no limite do quarto an- terior com os tres quartos posteriores. Blepharoplasto. Volumoso, transversalmente alongado, co- rado em vermelho vivo. Não foi possível verificar si sua posição é ou não terminal. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO Membrana ondulante. Relativamente estreita, bem corada em violeta mais pallida que o protoplasma, atravessando o cor- po do Protozoário, visivel em toda a extensão. Flagello adherente. Intensamente corado e margeando o bordo externo da membrana ondulante, não se conseguindo ver si emerge do blepharoplasto. Flagello livre. Muito longo e intensamente corado. Consignamos o nosso agradecimento ao Dr. Rodolpho von Ihering pelo material fornecido. São Paulo, 28 de Maio de 1928. cm 1 7 SciELO, 11 12 13 14 15 16 17 Depois de 71 horas as femeas de vida livre continham de 3 a 7 ovos, já embryonados, e os punham, especialmente sob a acção do calor (fig. 8). Apoz 96 horas, as femeas apresentavam ovos e larvas no utero, bem como havia muitas larvas rhabditoides soltas nas culturas. Cerca de 140 horas depois já se notavam larvas filarioides enkystadas, e uma grande maioria de formas rhabditoides. Com 170 horas, algumas femeas rhabditoides pareceram soffrer um verdadeiro rejuvenescimento: depois de terem cs- vasiado o utero, parecem ter soffrido uma segunda fecundação, pois foram encontrados exemplares copulando, e dessa possível fecundação, as femeas passaram a apresentar de 9 a 16 ovos, ovos esses que eram menores que os da primeira postura, sendo eli- minados bem menos evoluídos que aquelles (fig. 9). < FORMAS RHABDITOIDES DE 48 HORAS (Fig. 5-6) Comprimento: macho 0,72 mm.; femea 1,01 mm. Largura : macho 0,031 mm.; femea 0,05 mm. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 15 Corpo menos grosso anteriormente, terminando posterior- mente por uma cauda cónica. Boeca com 3 lábios rudimentares. Ausência de capsula buccal. Macho: — Vestíbulo com 0,02 mm. de comprimento; eso- phago com 0,15 mm. de comprimento; bulbo anterior com 0,085 mm. de comprimento; bulbo posterior com 0,02 mm. de diâmetro; distancia interbulbar igual a 0,015 mm.; annel nervoso na parte media da região interbulbar. Anus a 0,050 mm. da extremidade posterior. Alça do testículo a 0,085 mm. da extremidade posterior do esophago; espiculos com 0,035 mm. de comprimento; guberna- eulum com 0,012 mm. de comprimento. Femea: — Vestíbulo com 0,033 mm. de comprimento; eso- phago com 0,15 mm. de comprimento; bulbo anterior com 0,092 mm. de comprimento; bulbo posterior com 0,025 mm. de dia- metro; distancia interbulbar igual a 0,05 mm.; annel nervoso en- tre os bulbos. Anus a 0.080 mm. da extremidade posterior. Vulva um tanto posterior, a 0,525 mm. da extremidade an- terior, e a 0,515 mm. da extremidade posterior; ovejector curto e transversal; úteros duplos, divergentes, com 1 ovos em media; oviductos também divergentes, na continuação dos úteros; ova- rios parallelos e em sentido opposto ao oviducto e ao útero do mesmo lado, não attingindo a metade da distancia que o separa da vulva; a porção mais anterior da alça genital está a 0,108 mm. da extremidade posterior do esophago, e a porção mais poste- rior está 0,182 mm. da extremidade da cauda. Ovos ellipsoides, com, approximadamentc, 0,081 mm. de comprimento por 0,031 mm. de largura. LARVA 1NFESTANTE Fig. 13 Comprimento: 0,672 mm. Largura: 0,035 mm. Forma alongada, terminando-se anteriormente por uma bocca provida de vestíbulo com 0,013 mm. de profundidade, e posteriormente por uma cauda cónica. Esophago com 0,173 mm. de comprimento, rovido de um bulbo posterior, que mede 0,030 de comprimento. Anus a 0,065 da extremidade posterior. l(i BOLETIM BIOLOC.ICO FORMA LIVRE DÉ 71 HORAS. (Fig. 7 - 9) Comprimento: 1,16 mm. Largura : 0,059 mm. Corpo menos grosso anteriormente, terminado posterior- mente por uma cauda cônica. Bocca com 3 lábios rudimentares. Ausência de capsula buccal; vestíbulo com 0,019 mm. de compri- mento; esophago com 0,189 mm. de comprimento; bulbo anterior com 0,098 mm. de comprimento; bulbo posterior medindo 0,034 mm. de comprimento por 0,021 mm. de largura; annel nervoso entre os bulbos. Anus a 0,090 mm. da extremidade posterior. Vulva um tanto posterior, situada a 0,595 mm. da extremi- dade anterior e a 0,565 mm. da extremidade posterior; ovejector curto e transversal; úteros duplos, divergentes, com 6 ovos em media; oviductos também divergentes, na continuação dos úte- ros; ovários parallelos, curtos, e em sentido opposto ao utero e oviducto do mesmo lado, não attingindo 1/3 da distancia que vae da sua terminação á vulva; a porção mais anterior da alça genital está a 0,075 mm. da extremidade posterior do esophago. e a porção mais posterior está a 0,225 mm. da extremidade posterior. Ovos ellipsoides, com approximadamente, 0,073 de com- primento por 0.0-10 mm. de largura. LARVA DE 120 HORAS (Fig. 10) Comprimento; 0,130 mm. Largura: 0,024 mm. Forma alongada, terminando posteriormente por uma boc- ca provida de vestíbulo, que mede 0.001 mm. de profundidade. Esophago com 0,126 mm. de comprimento, provido de 2 bulbos, um anterior, com 0.057 mm. de comprimento, e outro posterior, medindo 0,022 mm. de comprimento por 0,01 1 mm. de largura. Anus a 0,067 mm. da extremidade posterior. FORMA LIVRE DE 170 HORAS (Fig. 11-13) Comprimento: 1,4 mm. Largura: 0,09 mm. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 UOLETIM lilOI.OCiICO Corpo menos grosso anteriormente, terminando posterior- mente por uma cauda cônica. Bocca com 3 lábios rudimentares. Ausência de capsula buccal; vestíbulo com 0,019 mm. de eom- primento; esophago com 0.175 mm. de comprimento; bulbo an- terior com 0,092 mm. de comprimento; bulbo posterior cofn 0,034 mm. de comprimento por 0 028 mm. de largura; annel nervoso entre os bulbos. Anus a 0,1 mm. da extremidade posterior. Vulva um tanto posterior, a 0.75 mm. da extremidade an- terior. e a 0,65 mm. da extremidade posterior; ovejector curto e transversal; úteros duplos, divergentes, com cerca de 16 ovos; oviductos também divergentes, na continuação dos úteros; ovários parallelos, curtos, não attingindo 1/3 da distancia que vae da sua terminação ã vulva; a porção mais anterior da alça genital está a 0.122 mm. da extremidade posterior do esophago, e sua porção mais posterior está a 0,153 mm. da extremidade posterior do animal. Ovos ellipsoides, com, approximadamente, 0,060 mm. a 0,072 mm. de comprimento por 0,041 mm. a 0,046 de largura. Dimensões de ovos postos pelas femeas que solTreram se- gunda fecundação: Comprimento: de 0.080 mm. a 0.082 mm. Largura: de 0.011 mm. a 0,058 mm. (Fig. 12) EXPLICAÇÃO DAS E1GCRAS Fig. Fig. 1 Rhubdias vellardi — Forma parasita de Philodryas schotti. „ ,, — Forma parasita de Oxhyrropus trigeminus. „ ., — Cabeça da fig. 1 augmentada. „ » — Cauda da fig. 1 augmentada. „ .. Femea de cultura de 48 horas. » — Macho de cultura de 48 horas. » — Femea de cultura de 71 horas. — Femea de cultura de 71 horas, detalhe da rabeca. 6 — cm 1 7 SciEL0, 11 12 13 14 15 16 17 18 BOLETIM BIOLOGICO Fig. 9 - ,, - Larva, filha da femea da fig. 7. Fig. 10 — 99 99 Larva, filha da femea de cul- tura de 120 horas. Fig. 11 9? Femea - — Cultura de 170 horas (2. a fecundação). Fig. 12 95 — Ovos de femea de 170 horas. Fig. 13 59 99 — Larva inf estante. 23 BOLETIM BIOLOGICO Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de Sáo Paulo. Brasil. Prof. Cathedratico: LACRO TRAVASSOS — Assistente: CESAR PINTO Monitores: PAULO ARTIGAS, CLEMENTE PEREIRA, ZEFERINO VAZ e EDMUR VVHITAKER. N.° 45. TRICHOSTRONGYLIDAE do TAMANDUÁ TETRADACTYLA (L.) LAURO Por TRAVASSOS Em um tamanduá mirim (7\ tetradactyla (L.), remettido de Rincão, Estado de São Paulo, pelos Snrs. Decio de Camargo e Au- gusto Freire, necropsiado no laboratorio pelo Dr. Cesar Pinto e monitor Clemente Pereira, foi encontrado abundante material hel- minthologico, cujo estudo fazemos na presente nota. O referido animal era parasitado por 6 espeeies differentes de helminthes a saber: Gigantorliynchus echiiiodiscus (Diesing, 1851). Vitinnaiu minuscula Trav., 1915. Pintoia inflata (Molin, 1861). Ostertagia appendiculata n. sp. Fontesia fontesi n. g., n sp. As duas primeiras espeeies são bem estudadas; da terceira, para a qual propomos um novo genero, faremos uma descripção detalhada, por não ser bem conhecida, bem como das outras tres novas. PINTOIA n. y. Triehostongylidae. Cutícula com estriação transversal; ex- tremidade cephalica com dilatação cuticular vesieulosa; azas la- teraes bem desenvolvidas; lábios nullos; femeas com a vulva na metade posterior do corpo, amphidelphas; cauda truncada, termi- nando em tres aculeos e entre os quaes existe um prolongamento filiforme; machos com espiculos sub-eguaes, complexos e curtos; gubernaculum ausente; papillas pré-bursaes presentes; raios ven- traes e lateraes augmentando de tamanho progressivamente de diante para traz; raio dorsal externo nascendo por tronco com- mum ao dorsal; raio dorsal muito desenvolvido e bifurcado no cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 2 1 BOLETIM BIOLOGICO terço distai; ramos secundários com um ramo externo recorrente, que se cruza com o dorsal externo. Especie typo: P. inflata (Molin, 1861). Este genero tem uma disposição de raios bursaes inteira- mente característica e que de algum modo lembra o observado no genero Heligmostrongyhis. 0 nome generico á dado em homena- gem ao Dr. César Pinto. PINTO IA INFLATA (Molin, 1861 ) Trav., 1928. (Figs. 1 a 6) Comprimento: femeas 12 a 12.2 mm.; machos: 9 a 9,5 mm.; largura: — femeas 0,15 a 0,17 mm.; machos — 0,15 mm.. Cutí- cula com estriação transversal e azas lateraes estriadas com 0,030 mm. de largura; extremidade cephalica com dilatação cuticular vesiculosa de cerca de 0,09 a 0,10 mm. de extensão; póro excre- tor a cerca de 0,37 a 0,43 mm. da extremidade anterior; annel nervoso a cerca de 0,30 a 0,50 mm. da extremidade anterior, bocca sem lábios nitidos; esophago claviforme, relativamente longo, mede cerca de 0,61 a 0.77 mm. de comprimento. Femeas com a vulva a cerca de 2 a 2.2 mm. da extremidade posterior; ovejector forte, divergente, medindo cerca de 0.57 a 0,61 mm. de vestíbulo a vestíbulo, vagina muito curta; úteros diver- gentes; ovos com cerca de 0,069 mm. de comprimento por 0.030 a 0.040 mm. de largura maxima; cauda truncada e apresentando tres pontas ou espinhos eonieos, sendo 2 ventraes com cerca de 0.023 mm. e um dorsal com cerca de 0,007 mm.; no espaço limi- tado pelos espinhos existe um filamento cuticular representando a terminação caudal com cerca de 0,030 a 0.038 mm. de comprimen- to; anus a 0,1 I a 0,15 mm. da extremidade posterior; alça poste- rior do apparelho genital a cerca de 0,33 a 0.36 mm. da extre- midade. Machos com bolsa copuladora muito desenvolvida, trilo- bada, sendo o lobo dorsal muito desenvolvido; raios ventraes di- vergentes sendo o ventro-ventral mais estreito e mais curto; raios lateraes também divergentes e augmentando de diante para traz em dimensões; raios dorsaes muito desenvolvidos e com tronco commum; dorsaes externos delgados e longos, com as pontas con- vergindo para o raio dorsal; raio dorsal bifurcado a mais ou menos um terço do comprimento, apresentando os ramos secun- dários uma ramificação lateral, ligeiramente claviforme e longa, que parece cruzar com o raio dorsal externo; o raio dorsal mede cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOC.ICO 25 de comprimento lotai cerca de 0. 10 mm., partindo os dorsaes ex- ternos de cerca de 0,038 mm. da base e a ramificação ficando a 0,23 mm. da origem dos dorsaes externos; papillas pré-bursaes presentes e longas; espiculos complexos (com uma ponta maior e uma delgada e mais curta) medindo cerca de 0,231 mm. de com- primento; gubernaculum ausente. Habitat: - Intestino delgado de Tamandiia tetraclactula (L). Proveniência : - Rincão, São Paulo. Collecionado pelo Dr. Cesar Pinto e Clemente Pereira. OSTERTAG1A KHALIL1 n. sp. (Fig. 7 a 13) Comprimento: femea — 7,5 mm.; macho — 0,2 a 6,5 mm.; largura: — femea e macho 0.17 mm.; cutícula estriada; extremi- dade anterior com dilatação cephalica pouco saliente e com cer- ca de 0,05 a 0,09 mm. de extensão; poro excretor a cerca de 0,25 a 0,30 mm. da extremidade anterior; annel nervoso a 0.12 mm. da extremidade anterior; bocca sem lábios nitidos; esophago clavi- forme, medindo cerca de 0,46 a 0,51 mm. de comprimento por 0,06 mm. de largura niaxima. Femea com vulva situada a cerca de 1.15 mm. da extremi- dade posterior, guarnecida por uma prega euticular pouco sa- liente; ovejector muito desenvolvido e com vagina transversal me- dindo cerca de 0,63 mm. de comprimento total; ovos com cerca dc 0,077 mm. por 0,038 mm.; extremidade caudal aguda e termi- nando em ponta filiforme com cerca de 0.015 mm. de compri- mento; anus a cerca de 0.20 mm. da extremidade; alça posterior do apparelho genital a cerca de 0,46 mm. da extremidade posterior. Machos com bolsa ampla e trilobada; labio posterior peque- no; papillas pré-bursaes não foram vistas; raios ventraes separa- dos e longos, sendo o ventro-ventral o mais longo de todos; lateral anterior curto, não attingindo o rebordo bursal; raios lateral me- dio e posterior parallelos e attingindo a margem bursal; raios dorsaes nascendo por tronco eommum muito curto; dorsaes ex- ternos delgados; raio dorsal bifurcado dichotomicamente tres vezes, de modo a terminar por 6 papillas, medindo 0,09 a 0,10 de comprimento total; dorsal externo tendo origem a 0,007 mm. da base e a primeira divisão a 0,046 a 0,053 da origem do dorsal ex- terno; membranella bursal tetralobada e com cerca de 0,038 mm. de comprimento; espiculos sub-eguaes e com uma dilatação cir- cular na extremidade e um curto ramo dorsal, medem cerca de cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 2 (> BOLETIM BIOLOGICO 0,25 a 0,26 mm. tle comprimento; gubernaculum presente, com cerca de 0,115 a 0,123 mm. de comprimento. Habitat: — Intestino delgado de T. tetradactyla (L.) Prov — Rincão, Estado de São Paulo. Collecionado pelo Dr. Cesar Pinto e Clemente Pereira. O nome desta especie é dado em homenagem ao notável helminthologista M. Khalil. OSTERTAG1A APPEXDICI LATA n. sp. (Fig. 14 a 17) Comprimento: femea 6,3 mm.; macho 3 mm.; largu- ra: femea 0,11 mm.; macho 0,077 mm.; cutícula estriada; extremidade cephalica com dilatação cuticular, com cerca de 0,077 mm. na femea e 0,046 mm. nos machos; póro excretor a cerca de 0,25 mm. da extremidade anterior nas femeas; eso- phago claviforme medindo nas femeas 0,5 mm. de comprimento por 0,38 de maior largura. Femeas com a vulva situada na porção posterior do corpo a cerca de 0,73 mm. de extremidade e guarnecida por um pro- longamento cuticular digitiforme de cerca de 0,092 mm. de com- primento; ovejector com ramos divergentes e vagina curta, mede de vestíbulo a vestíbulo cerca de 0,23 mm. de comprimento; úte- ros divergentes, sendo o posterior muito curto, ficando a alça do oviducto a cerca de 0,27 mm. da extremidade posterior. Ovos el- lipsoides, com cerca de 0.061 mm. a 0,069 mm. de comprimento por 0,030 a 0,038 mm. de maior largura; cauda cônica e aguda; anus a cerca de 0,10 mm. da extremidade posterior. Machos com a bolsa trilobada; lobo dorsal pequeno; raios ventraes bem desenvolvidos, sendo os maiores; raios lateraes ap- proximados na base, sendo o lateral anterior dirigido para fora e os lateraes medio e posterior parallelos e dirigidos para traz; dorsaes nascendo por um tronco commum; dorsal externo sinuo- so e curto, não attingindo a margem bursal; raio dorsal com um comprimento total de 0,046 mm., partindo os dorsaes exter- nos a cerca de 0,007 mm. da base e a primeira ramificação a 0,023 mm. da origem do dorsal externo, apresenta 3 dichotomisações, de modo a terminar em 6 papillas; membranella bursal accessoria presente, trilobada, muito pequena; espiculos sub-eguaes, trifidos na base livre e com dilatações circulares; medem cerca de 0,115 mm. de comprimento; gubernaculum presente, com uma dilatação basal medindo cerca de 0,069 mm. de comprimento. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 27 Habitat: — Intestino delgado de T. tetradactyla (L.). Prov.: Rincão, São Paulo. Colleeionado pelo Dr. César Pinto e por Clemente Pereira. Desta espeeie examinamos um par. Não obstante a diffe- rença de tamanho, julgamos tratar-se de uma só espeeie, não só pela semelhança da extremidade anterior como por não haver outras especies com que se podessem confundir. Approxima-se da O. khalili pela bolsa do macho. PONT ESI A n. micra de comprimento por ã,3 micra de largura. Capsulas polares medindo 3.1 micra de compri- mento por 1,7 micra de largura. Núcleo da capsula polar arre- dondado medindo cerca de 1 micron de diâmetro. Capsula do esporo sem estriação apparente. Não logrei obser- var os filamentos das capsulas polares bem como o vacuolo io- dophilo. Habitat: encontrado no tecido sub cutâneo formando um tu- mor de cerca de um millimetro de diâmetro no focinho de forma joven de Peixe de couro. fam. Siluridae, sub-fam. Pimelodinae gen. (1) () nome da especie ê dedicado ã memória de A. Stokes, outro sábio e martyr da sciencia, victimado este anno na África quando fazia experiên- cias sobre febre amarella. BOLETIM BIOLOGICO 43 Pimeludella ? (jiiv.). Peixe de agua doce do Rio Turvo. Piraugv. Es- tado de S. Paulo, Brasil. O tumor acima referido era constituído quasi (}ue exclusiva- mente ])or esporos de Myxobulos stokesi. O hospedador estava conservado em forniol a 10 e foi col- leccionado pelo Dr. R. von Ihering a quem muito agradecemos pelo material fornecido. HEXXEGIYA 1HERIXG1 n. sp. Eig. 1. Trophozoito desconhecido, sendo apenas conhecidos os espo- ros que foram coloridos pelo methodo de Leismann. Esporos al- Iongados com a extremidade anterior rhomba e a parte posterior afilando-se gradativamente; comprimento do esporo 22 micra por h micra de largura na parte mais ampla. As duas capsulas polares estão situadas no terço anterior do esporo, mais ou menos paralle- las porem uma delias é mais anterior. Medem as capsulas polares 3,4 micra de comprimento por 2 micra de largura. Xucleo do esporoplasma de forma irregular e eolloeado nas proximidades das capsulas polares. Vaculo iodophilo quasi ini])erce])tivel nos exemplares corados pelo Eeishmann. Habitat: branchia ( ?) d e Serrasalmo spilopleura Kner. Peixe de agua doce do Rio Turvo. Pirangy. (Estado de São Paulo). Brasil. õ -(5 - 1928. SciELO 15 16 1 t-1 BOLETIM BIOLOGICO Fig. 1. Esporo (U‘ Myxobolus nogu- chii n. sp. Augmentado 1.800 v ■- zes. Colorido pelo methodo de Lcishma nn. Fig. 2 & 3. Esporas de Myxobolus stokesi n. sp. Augmentados 1.800 vezes. Coloridos pelo methodo de Giemsa. Eig. 4. Esporo de Henneguya iheringi n. sp. Augmentado 1.800 vezes. Colo- rido pelo methodo de Leihmann. C. Pinto. Myxobolus noguchii, M. stokesi e Henneguya iheringi, espe- cies novas de Myxosporideos de Peixes de agua doce do Brasil. BOLETIM BIOLOCICO 45 Trabalho do Laboratorio de Barasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. Cathedratico: LAURO TRAVASSOS — Assistente: _ CESAR PINTO Monitores: PAULO ARTIGAS, CLEMENTE PEREIRA, ZEFERINO VAZ e EDMUR WHITAKER. N." 47. TADDYELLA nom. nov. pro ROOSEVELTIELLA Eig. 1915. Pelo Dr. R. VON IHERING Ao classificar a cspecie de “piranha”, hospedadora da nova es- pecie de Myxosporideo, acima descripta, verifiquei, por indica- ção do Dr. Cesar Pinto, que o nome generico Rooseveltiella pro- posto pelo saudoso ichtyologo Prof. C. H. Eigemnann (Ann. Car- negie Museum, Yol. IX, N.° 3-4, Março de 1915) para um grupo de especies de peixes de subfam. Serrasalmonineos, está preoc- cupado pelo nome generico idêntico, Rooseveltiella Fox (Buli. of the Hygienic Laboratory, U. S. Public Health Service, Washington, Bul. N.° 97, pg. 7, Outubro de 1914), applicado a Siphonapteros. Esta duplicidade poude passar desapercebida, por não ter sido incluído no “Zoological Record” o novo nome generico do Sipho- naptero de Fox. Assim ficará: Taddyella nom. nov. pro Rooseveltiella Eig. líllõ, nec Fox 1914. 4(i BOLETIM BIOLOGICO Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. Cathedratico: LAURO TRAVASSCS — Assistente: — CESAIt PINTO. Monitores: PAULO ARTIGAS, CLEMENTE PEREIRA, ZEFERINO VAZ e EDMUR WHITAKER. N.° 48. GLANIDIUM CESARPINTOI n. sp. de Peixe de couro (fam. SILURIDAE sub-fam. AUCHENIPTERINAE). Pelo Dr. R. V O N I H E R I N G GLANIDIUM CESARPINTOI n. sp. Fig. 1. D. 1 -5; V. (5; A. 10. Comprimento da cabeça (até a base da peitoral) 5 vezes no comprimento total (excl. Caudal); maior al- tura do corpo egual á distancia da ponta do focinho até o re- corte posterior da abertura branchial. Bocca pequena, mandíbula não prognatha, apenas egualando o labio superior. Dentição do intermaxillar e da mandíbula for- mada por espiculas reunidas em faixas, cuja largura é egual a 12 diâmetro ocular. Cabeça inteiramente coberta por pelle grossa, que não permitte perceber partes ósseas do craneo. Os dois pa- res de narinas formam um quadrilátero quasi perfeito (o par posterior um pouco mais afastado entre si que o primeiro); a distancia da narina anterior á posterior eguala á 12 da distancia que separa o 2.° par entre si ;estas acham-se situadas sobre a linha transversal entre os bordos anteriores dos dois olhos, ou seja na vertical sobre a commissura. Os barbilhões maxillares ul- trapassam a abertura branchial por um diâmetro ocular, encai- xando-se em uma dobra da pelle; os barbilhões mentaes medem 2]3 da distancia internasal; os barbilhões postmentaes medem lj2 interorbital. l.° raio da peitoral serrilhado nos dois bordos, com espinhos gradativamente maiores da base ao apice, onde os pos- teriores medem o duplo do comprimento dos anteriores. Compri- mento do l.° raio Peitoral egual á distancia que separa a base destas duas nadadeiras. Processo humeral fino, recto, semelhante BOLETIM BIOLOGICO 47 ao l.° raio da Dorsal e extendendo-se até a vertical desta. l.° raio da dorsal osseo, porem com o apice prolongado por mais uma ter- ça parte por uma porção membranosa; parte ossea serrilhada adiante, lisa atraz; seu comprimento egual á base da nadadeira; o ultimo raio da dorsal está no meio entre a ponta do focinho e a base da adiposa. A Adiposa começa na vertical sobre o fim da Anal. Esta é falcada no macho; na femea o bordo posterior é qua- si vertical. Caudal fortemente entalhada em V curvo. Colorido claro na parte ventral, plúmbeo no dorso; para os flancos a pigmentação se torna menos densa; algumas manchas irregulares nos seguintes pontos: sobre a cabeça, entre a dorsal e a peitoral, atraz da adiposa e um ocello de tamanho duplo do olho sobre o bordo basal superior da caudal. Só a nadadeira dor- sal tem um triângulo escuro entre a base e o l.° raio; as demais nadadeiras são incolores. Typo: 3 exemplares (de 105-95 mm.) de Cachoeira de Emas (Pirassununga) rio Mogy-guassú, Est. de S. Paulo. 0 nome desta especie é dado em homenagem ao prezado eol- lega Dr. Cesar Pinto e em agradecimento aos muitos favores con. que nos tem auxiliado nesta pliase dos nossos estudos, realizados graças á hospitalidade do Laboratorio de Parasitologia da Facul- dade de Medicina de S. Paulo. Ao tempo da publicação da Monographia de A. Miranda Ri- beiro (Areh. Mus. Nac. Vol. XVI, 1912, pag. 358) só se conhecia a especie typica; hoje acham-se comprehendidas 5 especies bra- sileiras neste genero: Glanidium albescens Lütken, da vertente atlantica, do Rio de Janeiro ao Amazonas; Gl. ribeiroi Hasemann (Ann. Carnegie Mus. 1911, vol. 7, pag. 381, fig-) , Rio Iguassú; Gl. melanopterum Ribeiro (Rev. Mus. Paulista, 1918, \ ol. X, pag. 013) Piquete, vertente do rio Parahyba; Gl. piresi Ribeiro (Comm. Li- nhas Telegr. Estrat.; Zoologia, 1920, pag. 14, fig.) Rio S. Manuel, Matto Grosso; Gl. cesar pintoi R. v. Ih. 1928, Rio Mogyguassú, Est S. Paulo. As duas especies descriptas por A. Miranda Ribeiro diver- gem bastante da presente, evidenciando esta maior affinidade com G. albescens e ribeiroi. Desta ultima, alias mal caracterizada na diagnose original, Gl. cesarpintoi differe pelo perfil mais recto, cabeça menor, Anal anterior á Adiposa e talvez pela Dorsal ser- rilhada (o que o auctor não menciona) ; Gl. albescens teni. o aculeo dorsal serrilhado no bordo posterior, mandíbula progna- tha, etc. Característico é o desenho na base da Dorsal da presen- te especie. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 48 BOLETIM BIOLOGICO GLANIDIUM CESARFINTOI n. sp. Fig. 1. D. 1-5; V. 6; A. 1U. Kopfliingc (bis zur Basis des Pektoralstachels) 5 mal in der Kórperlãnge (exel. Caudale) ; grôsste Kòrperhòhe gleich dem Abstande vom Kopfende bis zum hinterem Schnitte der Kiemenòffnung. Mund kiein, der Unterkiefer nieht vorstehend. Die Zahnbãnder, oben und unten in schmalem Streifen, walcher so breit ist wie der halbe Augen- durchmesser. Kopf oben vòllig mit dicker Haut überdeckt, so dass kein Schadelknochen zum Vorschein kommt. Die zwei Xasenlocher bilden fast ein Viereck (das hintere Paar steht nur um ein wenig weiter von einander ib ais das vordere); der Abstand der beiden Lòcher einer Seite gleicht beinahe der Hiilfte des Abstandes des hinteren Paares unter sich; diese befinden sieh auf der Querlinie der Vorderrãnder der Augen, welche ver- likal über der Mundspalte stehen. Die Lippenbarteln überragen die Kiemen- òffnung um einen Augendurchmesser, und sind in eine Furche gebettef; die kleinen Kinnbarteln gleichen 2]3 der Internasalweite; die seitlichen Kinnabarteln gleichen der li2 der Interorbitalweite. Der erste Pektoralstachel ist vorne und hinten gezahnt; an der Spitze sind diese Dornen am lãngsten und zwar die hinteren doppelt so lang ais die vorderen; die Liinge dieses Stachels gleicht dem Abstande zwischen den beiden Flossen. Der knócher- ne, freiliegende Humeralprocess ist schmal und gerade wie der erste Dor- salstachel, unter dessen Verticale er endet. Oberhalb der Spitze des ersten Dorsalstachels folgt noch 1 4 nieht verknôcherten Flossenstrahles; der Dorn ist vorderseits gazahnt, hinten glatt; seine Liinge gleicht der Basis der Flosse; der letzte Strahl der Dorsale befindet sich genau in der Mitte zwi- schen dem Kopfende und der Basis der Fettflosse. Diese ist kiein und be- findet sich senkrecht über dem Ende der Anale. Diese ist beim Mãnnchen am Hinterrande ausgebuchtet, beim Weibchen fast senkrecht abgestutzs. Cau- dale tief, V - fôrmig ausgeschweift. Farbe: Unterseite wisslich, Oberhâlfte bleigrau, dem Rücken entlang am dunkelsten; zu den Seiten hinab lòst sich das Pigment allmiihlich in vereinzelte Punkte auf; unregelmãssige grosse dunklere Flecken auf dem Kopfe, zwischen Rücken u. Brustflosse, und hinter der Fettflosse; an dei Basis der oberen Caudalstrahlen ein Ocellus, doppelt so gross ais das Auge. Flossen einfarbig hell. nur die Dorsale hat einen basalen Dreieck zwischen dem Knochenstrahle u. der Basis. Typus: 3 Exemplare (105 - 95mm.) von Cachoeira de Emas (Pirassu- nunga) Mogyguassú-Fluss, Staat S. Paulo, Brasilien. 50 BOLETIM BIOLOGICO Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. Cathedratico: LAURO TRAVASSOS — Assistente: — CESAR PINTO. Monitores: PAULO ARTIGAS, CLEMENTE PEREIRA, ZEFERINO VAZ e EDMUR WHITAKER. N." 49. Fauna helminthologica dos Ophideos brasileiros (3.°). Por CLEMENTE PEREIRA Em 1896, West descreveu um Trematoide parasito da bocca t esophago de Philodryas schotti, com a denominação de Disto- mum philodriadum; em 1900, Luehe descreveu um Trematoide sob o nome de Opisthogonimus Ucithonotus, que foi pelo proprio autor mais tarde identificado ao Distomum pliilodryadum West, 1896, que passou a pertencer ao genero Opisthogonimus: em 1011. Nicoll descreveu outro Trematoide, também do esopbago de Phi- lodryas shotti, como sendo differente generica e especificamente da espeeie de West, ao qual denominou de Opisthogenes interro- gativus; em 1924, Travassos fez ver cpie o genero de Nicoll não ti- nha razão para ser diverso do de Luehe, passando então essa es- pecie para o genero Opisthogonimus. Dessa maneira, o genero Opis- thogonimus ficou possuindo duas especies, o O. pliilodryadum (West, 1896), e o O. interrogativus (Nicoll. 1914), que se distin- guem com certa facilidade, attentando principalmente para o com- primento relativo dos cecuns, e para a situação do póro genital. Nas pesquizas cpie estamos levando a effeito sobre os helminthos de Ophideos, foi-nos dado encontrar não só as duas especies acima referidas, como também uma outra que consideramos nova, dis- tinguindo-se das duas outras especies principalmente pelo conside- rável diâmetro relativo do acetabulum, e que passamos a descrever sob o nome de OPISTHOGONIMUS MEGABOTHRIUM n. sp. (Figs. 1 a 8) As dimensões apresentadas foram tomadas em exemplares comprimidos. BOLETIM BIOLOGICO 51 Comprimento: oscilla entre 2.8 e 4,1 mm. Largura: oscilla entre 0,9 e 1.2 mm. Corpo alongado, com extremidade anterior arredondada e posterior afilada. Cutícula aspera, evidenciando espinhos na metade anterior do corpo. Ventosa oral deslocada para a face ventral, e medindo 0,450 a 0,575 mm. de diâmetro; ventosa ventral sessil, bastante grande, estendendo-se desde a origem dos cecuns até á zona ova- riana, e medindo de 0,725 a 0,800 de diâmetro; a distancia entre as ventosas é de mais ou menos 0,325 a 0,450 mm.; pharynge esphe- rico e bastante desenvolvido, medindo de 0,175 a 0,225 mm. lon- gitudinalmente por 0,200 a 0,275 mm. transversalmente; esopha- go curto, variando suas dimensões de 0,100 a 0,275 mm.; cecuns longos, terminando de 0,500 a 0,833 mm. da extremidade posterior. Ovário arredondado, para-mediano, equatorial, no limite pos- terior da zona acetabular, e medindo de 0,125 a 0,300 mm. de diâmetro; testículos arredondados, equatoriaes, com os campos afastados, com zonas não coincidindo exactamente, geralmente in- tra-cecaes ou attingindo também a area extra-cecal, e cujo diâme- tro é de 0,275 a 0,500 mm.; póro genital mediano, na zona testi- cular; bolsa do cirrus longa, recurvada, indo da zona acetabular á zona testicular, e medindo de 1,075 a 1,250 mm.; vagina longa, estendendo-se da zona testicular á ovariana, e medindo de 1,333 a 2,83 mm.; glandula da casca para-ovariana; vitellinos com folli- culos disseminados na area intracecal, e estendendo-se da zcna ovariana até bem para traz da zona testicular; o utero dirige-se da zona equatorial para traz, formando alças geralmente espessas, que diffieultam a visibilidade dos cecuns; ovos castanhos, operculados, medindo de 0.027 a 0,034 mm. de comprimento por 0,015 a 0.027 mm. de largura. Ao longo do tubo digestivo, da cobra autopsiada foram encon- tradas muitas formas jovens do parasito em questão, e de algumas delias damos medidas e dezenhos: Exemplares . Figuras . Comprimento . Largura . Ventosa oral . Ventosa ventral. A 13 C D 5 6 7 8 0,616 mm. 0,870 mm. 1,116 mm. 1.268 mm. 0,385 „ 0,415 „ 0,539 „ 0,685 „ 0,254 „ 0,254 ,. 0,323 „ 0,284 „ 0.184 „ 0,223 „ 0,323 „ 0,308 „ cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 0,038 „ 0,084 0,002 „ 0,100 „ 0,130 „ 0,115 „ 0,115 „ 0,115 0,107 0,123 0,095 „ 0,040 „ 0,064 „ 0,068 0,046 „ 0,046 „ 0,053 „ 0,053 0,046 „ 0,061 „ 0,130 „ 0,115 Esophago Cecuns . Ovário Testículos Bolsa do cirrus . Vagina f compri. . Ovos . \ larg. . . Habit: Esophago e bocca de Rhadinoea merremii e de Ophis merremii. Proveniência: Est. de S. Paulo. Brasil. Remettente: Instituto de Butantan. Fig. 1 Fig. 2 Fig. 3 Fig. 4 Fig. 5 Fig. 6 Fig. 7 Fig. 8 EXPLICAÇÃO DAS FIGURAS Opisthogonimus megabothrium n. sp., visto de frente. „ „ „ visto de lado. „ „ „ „ pouco desenvol- vido. „ „ „ „ bolsa do cirrus da fig. 1. „ ., „ „ exempl. jovem (A), „ „ „ „ (B). cm l SciELO, 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 55 Algumas formigas do Museo Paulista. I’or TH. BORGMEIER Em outubro do anuo passado tive occasião de estudar du- rante algumas semanas a importante colleeção de formigas exis- tente no Museu Paulista. Entre o material montado encontrei varias espeeies novas, que em parte descrevo no seguinte, sendo que as outras serão descriptas opportunamente. Deixo aqui assignalados meus sinceros agradecimentos ao il- lustrado professor Affonso d’E. Taunay, actual director do Mu- seu Paulista, pela gentileza com que me franqueou a bibliotheca e as collecções daquelle estabelecimento, e me confesso não menos devedor de gratidão ao prezado amigo snr. H. Luederwaldt, che- fe da secção de invertebrados, pela extrema amabilidade com que me tratou durante os dias felizes em que pude trabalhar em sua companhia. As novas espeeies foram confirmadas pelo dr. C. Me- nozzi. ECITOX (ACAMATUS) TAUXAYI, n. sp. — macho. (F5g. 1) Macho — Comprimento total 10,8 mm. Cabeça pequena, sua largura (inclusive os olhos) exceden- do o duplo do comprimento no meio (até o bordo anterior do clypeo). Olhos pequenos fortemente convexos, occupando quasi toda a região lateral da cabeça e deixando sómente um pequeno es- paço entre a margem ocular anterior e a inserção das mandíbulas; os lados da cabeça não são prolongados para atraz dos olhos. Oeellos pequenos, distando os oeellos lateraes quasi duas vezes mais da margem ocular do que do ccello anterior. Lamellas fron- taes aproximadas entre si, prolongadas até o nivel do ocello an- terior e em seguida curvadas em direcção para os olhos, repre- sentando uma carena saliente obtusa e formando uma fovea pro- funda, circular, nas immediaçces da inserção das antennas. Entre as lamellas frontaes ha um profundo sulco longitudinal. Clypeo muito curto, achatado, margem anterior inerme, muito ligeira e largamente chanfrada em forma de arco concavo. Escapo um cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 õC BOLETIM BIOLOGICO pouco mais comprido do que os lados da cabeça, não notavelmen- te engrossado, cylindrico, ligeiramente curvado; funiculo com- prido; primeiro articulo muito curto e um pouco adelgaçado, apro- ximadamente tão comprido como largo ou só pouco mais comprido do que largo; segundo articulo um pouco mais comprido do que largo; artículos 3-5 tornando-se progressivamente um pouco mais compridos; artículos 6-11 sub-iguaes; articulo terminal o mais comprido de todos, delgado, com a extremidade apical não apon- tada. Mandíbulas curtas e delgadas, não achatadas, no meio for- temente curvadas para dentro, com a extremidade apical apon- tada; bordo exterior convexo, bordo interior no terço basal com um denticulo muito pequeno e obtuso. Mesonoto distinctamente mais largo do que a cabeça (inclu- sive os olhos) e, visto de cima, cobrindo o pronoto. Epinoto, visto de perfil, com a face basal muito curta e a face declive, comprida, abrupta, muito ligeiramente côncava, os ângulos late- raes entre as duas faces arredondados. Estigma epinotal em forma de fenda. Peciolo de formação semelhante ao de Eciton spegaz- zinii Em. macho, mas anteriormente mais abruptamente trunca- do, distinctamente mais curto, visto de cima duas vezes mais largo do que comprido, ângulos anteriores visto lateralmente, no- tavelmente mais convexos do (pie em spegazzinii, face dorsal não escavada, ângulos posteriores não protrahidos. Abdomeil relativamente curto e pouco curvado, face dor- sal vista de perfil ligeiramente convexa, face ventral levemente côncava. Primeiro segmento gástrico um pouco mais comprido do que o segundo. Placa sub-genital formada mais ou menos co- mo em spegazzinii, mas atraz com chanframento semicircular mais estreito. Pernas curtas e delgadas. Unhas denticuladas. Inteiramente brilhante. Thorax com ponteação fina e densa- mente agrupada. Cabeça com pontos mais grossos, esparsos; re- gião genal mais densamente ponteada. Mandíbulas com pontos piligeros. Pellos erectos escassos e curtos na cabeça, mais compridos e mais abundantes nas mandíbulas e no escapo. Pubescencia ad- jacente do thorax semelhante á de spegazzinii, mas notavelmente mais curta, particularmente na face declive do epinoto. Peciolo na face ventral com pellos erectos, compridos. Abdômen com pu- bescencia adjacente muito curta, fina e pouco densamente agru- pada. Pernas com pubescencia densa, curta, obliqua. Cabeça, thorax e peciolo de coloração preta ou pardo-enne- BOLETIM BIOI.OGICO o/ grecida, abdómen vivamente vermelho-pardacento. Escapo preto e funiculo pardo-escuro. Patas ennegrecidas. extremidade distai das tibias e tarsos ferrugineos. Holotypo no Museu Paulista (Xr. 1ÍK587), proveniente de S. Paulo (Ypiranga), Luederwaldt leg. V — 1!)16, de manhan á beira do caminho. Xota — Esta especie nova é visinha de E. spegazzinii Em., de que possuo um exemplar macho proveniente de La Plata (ex coll. Wasmann). Mas E. taimayi é distinctamente menos comprido e differe também pela formação do peciolo e pela pubescencia me- nos abundante. Münnchen. — Gesamtlsinge cipca 10,8 mm. Kopf klein, mil den Augen mehr ais doppelt so brelt wie in der Mitte lang (bis zum Vorderrand des Clypeus) Augen stark konvex, klein. nur durei; cincn schmalen Zwisehenraum von der Insertion der Mandibeln entfernl. Kopfseiten hinter den Augen nicht verlãngert. Occllcn klein, der seitlichc Ocellus ist vom Augenrand fasl doppelt so weit entfernt wie vom vorderen Occelus. Stirnteistcn einander genaehert, bis zum Xiveau des vor- deren Ocellus verlãngert und dann seitlieh zu den Augen umgebogen, eine erhabene, abgerundete Leiste darstellend, welche um die Insertion der Fühler eine tiefe rundliche Grube bildet. Zwischen den Stirnleisten eine tiefe I.üngs- furche. Clypeus sehr kurz, abgeflacht; Vorderrand unbewehrt, sehr schwach und breit bogig ausgerandet. Schaft nur wenig langcr ais die Kopfseiten, nicht merklich verdickt, cylindrisch, leicht gebogen. Geissel lang, 1. Glied sehr kurz und etwas verdünnt, ungeführ so lang wie breit oder nur wenig liinger, 2. Glied ein wenig lânger ais breit, 3-5. Glied allmâhlisch lânger werdend. 6-11. Glied unter sich ungeführ gleichlang, 12. Glied am liingsten, schlank, am Ende nicht zugespitzt. Mandibeln kurz und dünn, nicht abgeflacht, auf der Mitte stark nacli innen gekrümmt, am Ende zugespitzt, Aussenrand konvex, Innenrand, auf dem basalen Drittel mit sehr kleinem, stumpfen Zahn. Mesonotum deutlich breiter ais der Kopf einschliesslich der Augen, vorn stark konvez und bei Dorsalansicht das Pronotum verdeckend. Epinotum im Profil mit sehr kurzer Basalfãche und lânger, steiler, sehr schwach konkaver abschüssiger Flüche, die Seitenecken zwischen beiden Flãchen abgerundet. Epinotalstigmcn sehlitzformig. Petiolus ühnlich gebaut wie bei spegazzinii Em., aber vorn steiler abgestutzt, deshalb kürzer, bei Dorsalansicht etwa zweimal so breit wie lang, Vorderecken im Profil deutlich enger abgerundet und stürker konvex ais bei spegazzinii, Dorsalseite nicht konkav, Hinter- ecken nicht ausgczogen. Gaster relativ kurz und gerade, Dorsalseite im Profil leicht konvex, Unterseite schwach konkav. Erstes Segment nur wenig liinger ais das zweite. Subgenitalplatte ühnlich geformt wie bei spegazzinii, aber hinten weniger weit ausgebuchtet. Beine kurz und zart. Klauen gezühnt. Ganz glünzend. Thorax dicht und fein punktiert. Kopf mit zerstreuten, groberen Punkten, Wangen dichter punktiert. Mandibeln mit haartragenden Punkten. Abstehende Haare spürlich und kurz ain Kopf, lünger und reichliche- an Mandibeln und Scapus. Pubescenz des Thorax ühnlich wie bei spegazzinii, aber bedeutend kürzer, besonders auf der abschüssigen Flüche des Epinotums. Petiolus auf der Ventralseite mit zieralich dichten, abstehenden Haaren. Gaster mit sehr kurzer, anliegender, seidenschimmernder Pubescenz. Beine mit dich- ter, schüger, kurzer Behaarung. Fürbung schwarz bis schwarzbraun, Gaster .'8 BOLETIM BIOLOGICO lebhaft rótlichbraun, Schaft schwarz, Geissel dunkelbraun. Beine schwarzlich. aber distales Ende der Tibien und Ta r sen rotlich. Holotype ini Museu Paulista (Nr. 19687), Luederwaldt leg. V. 1916. Ypi- ranga (S. Paulo), des Morgens am NVege. Anmerkung: Die neue Art steht E. spegazzinii Em. am nãchsten, wovon ich ein Mannchen aus La Plata (e\ coll. Wasmann) besitze, ist aber deutlich kleiner und durch die Bildung des Petiolus und weniger reichlinche Behaa- rung leieht zu unterscheiden. EC1TOV (AC AM ATI S ) BALZAMI MIXEXSES n. sbsp. (operário). Comprimento total 3 — 4 1 1 mm. Cabeça sem as mandíbulas, aproximadamente tão comprida como larga (nos indivíduos menores um pouco mais comprida), posteriormente mais estreita do que anteriormente, regiões la- teraes arredondadas, lados visto de cima ligeiramente conve- xos, ângulos posteriores um pouco protrahidos, bordo posterior visto de cima ligeiramente concavo, na realidade porém profun- damente chanfrado. Olhos distinctos, collocados um pouco acima do meio dos lados da cabeça. Mandíbulas com o bordo exterior concavo, aplainadas na metade apical, bordo apical no meio com um denticulo distincto. Laminas frontaes curtas, atraz convergen- tes e muito aproximadas, para deante moderadamente elevadas e aguçadas, excedendo o bordo anterior da cabeça em forma de dois ângulos obtusos; anteriormente ellas são continuadas por uma quilha ou carena pouco elevada, que rodeia as foveas anten- naes; os braços lateraes desta carena convergem para traz e não alcançam o meio da fronte. Clypeo pequeno e delgado, mais ou menos triangular. Sulco frontal ausente. Escapo ligeiramente curvado na base, não alcançando o bordo occipital. Primeiro ar- ticulo funicular aproximadamente tão comprido como largo cu um pouco mais largo do que comprido, os demais artículos mais compridos do que largos, articulo terminal aproximadamente tão comprido como os dois artículos antecedentes juntos. Prothorax quilhado na margem anterior. Sutura pro-mesono- tal obsoleta. Pro-mesonoto visto de perfil, ligeiramente convexo. Constricçào epinotal moderadamente profunda. Epinoto um pou- co deprimido, aproximadamente = 23 do comprimento do pro- mesonoto; face basal vista de perfil, recta, não marginada, ân- gulos posteriores fortemente arréndondados; face declive curta, vertical, de perfil ligeiramente convexo. Peciolo visto de perfil, mais comprido do que alto, post-peciolo mais alto do que com- prido, ambos anteriormente na face ventral com um dente obtu- so. Vista de cima o peciolo é mais comprido do que largo, o BOLETIM BIOLOGICO 59 post-peciolo sub-trapeziforme, posteriormente mais largo do que anteriormente, em cima arredondado. Cabeça, thorax e peciolo moderadamente brilhantes, post- peciolo, pernas e abdómen com brilho mais forte. Cabeça com ponteação grossa mais ou menos abundante, re- gião genal finamente estriada, região frontal no meio densa e finamente reticulada, immediações dos ângulos posteriores ru- gosas. Mandíbulas finamente estriadas. Pro-mesonoto com pon- teação rugosa e reticulação fina. Epinoto e peciolo com rugas ir- regulares mais abundantes e mais densamente reticulados. Pleu- ras com finas rugas longitudinaes, densamente agrupadas. Post- peciolo e gaster glabros, com finos pontos piligeros. Corpo e pernas com pelios ereetos abundantes, curtos, ama- rello-esbranquiçados. Coloração: cabeça, thorax e peciolo escuros, pardo-averme- lhados, gaster e pernas amarello-vermelhos; funiculo ferruginoso. A descripção se baseia sobre numerosos exemplares prove- nientes de Pirapora (Minas Geraes), E. Garbe leg. 1914. Typos no Museu Paulista (Nr. 18146) e na minha colleeção. Cotypos nas collecções de Santschi e Wasmann. Nota : — Esta sub-especie encontrei entre as especies i. litt. do snr. H. Luederwaldt sob o nome de E. minense n. sp. O snr. Luederwaldt me confiou amavelmente a descripção desta novi- dade, que eu considero como sub-especie de balzani Em. (Buli. Soc. Ent. Ital. 26, 1894, 182) de que se distingue pela coloração mais escura, esculptura do promesonoto etc. Lãnge 3-414 mm. Kopf ohne Mandibeln beim maior umgefãhr so lang wie breit, beim mi- nor etwas liinger ais breit; hinten schmaler ais vorn, Seiten abgerundet, leicht konvex, Hinterecken ewas vorgezogen, Hinterrand bei Dorsalansicht leicht konkav, in Wirkliehkeit tief ausgebuchtet. Aiigen deutlich, etwas über der Mitte der Kopfseiten. Mandibeln mit konkavem Aussenrand, auf der a«pi- kalen Hiilfte abgeflacht, Kaurand in der Mitte mit einem deutlichen Zãhnchen, Stirnleisten kurz, nach hinten konvergierend und stark genâhert, nach vorn miissig erhòt und geschãrft, den Kopfvorderrand in Gestalt zweier stumpfer Ecken überragend; in unmittelbarer Verliingerung der Stirnleisten sind die Fühlergruben vorn und seitlieh von einer kielartigen, wenig erhabenen, ge- bogenen Leiste eingefasst; die Seitenkiele konvergieren nach hinten und en- den noch unter der Stirnmitte. Clypeus klein und schmal, mehr oder weniger dreieckig. Stimfurche fehlend. Fühlerschaft an der Basis schwach gebogen, nicht bis zuni Hinterrand reichend, etwa um die Hiilfte seiner Breite von demselben entfernt. 1. Geisselglied etwa so breit wie lang oder etwas breiter, die übrigen Glieder liinger ais breit, Endglied ungefãhr so lang wie die bei- den vorhergenden zusammen. Prothorax am Vorderrand gekielt. Promesono- talsutur fehlend. Promesonotum im Profil leicht und gleichmãssig konvex. Epinotaleinschnürung miissig tief. Epinotum etwas gesenkt, etwa — 2 1 3 der Lãnge des Promesonotums; Basalfliiche im Profil gerade, nicht gerandet, Hinterecken stark abgerundet; abschüssige Flãche kurz, vertikal, im Profii í)0 BOLETIM BIOLOGICO leicht konvex. Petiolus ini Profil lãnger ais hoch, Post-petiolus hóher ais lang, beide ventral vorn mit einem stumpfen Zahn. Bei Dorsalansicht ist der 1. Knoten etwas lãnger ais breit, der zweite annãhernd trapezfòrniig, hinten breiter ais vorn, ungefãhr so breit wie lang, oben abgerundet. Kopf, Thorax und 1. Stielchenglied massig stark glãnzend, Postpetiolus Beine und Gaster mit stãrkerem Glanz. Kopf mehr oder weniger dicht grob punktiert, ausserdem an den Wangcn sehr fein lãngsgestreift, in der Stirn- mitte dicht und fein genetzt und in der Nahe der Hinterecken gerunzelt. Mandibeln fein lãngsgestreift. Promesonotum grob punktiert und gerunzelt, zwischen den Punkten genetzt. Epinotum und Petiolus dichter unregelmãssig gerunzelt und genetzt; alie Pleuren mit feinen und dichten Lãngsrunzeln. Postpetiolus und Gaster glatt, nur mit feinen haartragenden Punkten.. Abste- hende Behaarung an Kòrper und Beinen reiehlich, kurz, weisslich gelb. Fãr- bung: Kopf, Thorax und 1. Stielchenglied m. o. \v. dunkel rotbraun, Postpe- tiolus etwas heller. Gaster und Beine rotgelb, Geissel rostfarben Beschrieben nach vielen Exempla ren aus Pirapora (Minas Geraes), E. Garbe leg. 1912. Typen im Museu Paulista (Xr. 18446) und in meiner Saniin- lung. Cotypen in coll. Santschi und Wasmann. Anmerkung: Diese Unterart fand sich im Museu Paulista unter den Arten in lit. des Herrn Luederwaldt. Die Tiere waren mit E. minense n. sp. bezettelt. Herr Luederwaldt hatte die Güte, mir die Beschreibung zu über- lassen. Ich halte sic für eine Unterart von balzani Em. (Buli. Soc. Ent. Ital. 26, 1894, 182), wovon sie durch die dunklere Fãrbung und die Skulptur des Promesonotums leicht zu unterscheiden sind. Bei balzani sollen nach Emery die Augen fehlen (oculis nullis), was ich bezweifeln mõchte. GNAMPTOGENYS YPIHAXGEXS1S n. sp. — ( operário ) Operário: — Comprimento total 5,5 mm. Cabeça sem as mandíbulas, um pouco mais comprida do que larga, os lados ligeiramente convexos, ângulos posteriores arre- dondados, bordo posterior recto. Olhos convexos, collocados mui- to pouco a baixo do meio dos lados da cabeça. Mandíbulas um pouco mais delgadas do que em G. sulcata Smith, bordo apical com denticulos muito curtos. Clypeo mais largo do que compri- do, com o bordo anterior recto. Antennas robustas; escapo ligei- ramente curvado no terço basal, em seguida paulatinamente um pouco engrossado, ultrapassando os ângulos posteriores por um espaço igual á sua largura; primeiro articulo funicular um pou- co mais comprido do que todos os demais artículos, com excepção do articulo terminal, o qual é um pouoo mais comprido do que os dois antecedentes sommados. Thorax alongado, mais delgado do que em sulcata, com a região dorsal um pouco aplainada e os lados ligeiramente arre- dondados, sem suturas distinctas. Prothorax sómente um pouco mais largo do que o resto do thorax. O perfil do thorax é ligeira- mente convexo no pronoto, descrevendo em seguida uma linha quasi recta até a face declive do epinoto. Sutura pro-mesonotal completamente apagada, sutura meso-epinotal muito levemente BOLETIM BIOLOGtCO GI aecusada. Constricção lateral do epinoto muito fraca, face decli- %e curta, obliqua. Peciolo mais comprido do que largo, posterior- mente mais largo e mais alto do que anteriormente, ângulos pos- teriores arredondados, bordo anterior recto, bordos lateraes vis- tos de cima, divergentes para traz, ligeiramente convexos, atraz da largura maxima convergentes; visto de perfil, o peciolo é mais comprido do que alto. Abdómen mais esbelto do que em sulcata. Pernas delgadas. Todo o corpo com brilho forte. Cabeça com estrias grossas longitudinaes (aproximadamente 24 estrias entre os olhos), diver- gindo as estrias lateraes para os ângulos posteriores. Clypeo com estrias mais finas. Mandíbulas com pontos alongados. Todo o thorax com estrias grossas longitudinaes (aproximadamente 11 estrias no dorso, na região da constricção epinotal) ; as estrias dorsaes são quasi todas parallelas, só de vez cm quando duas se reunem formando em seguida uma só estria; as estrias das pro- pleuras são posteriormente um pouco curvadas para cima, as es- trias da face declive do epinoto divergem muito ligeiramente per- to do bordo posterior. Peciolo anterior e posteriormente com es- trias arqueadas transversaes, lateralmente com estrias arqueadas longitudinaes; na face dorsal as estrias descrevem uma ellipse muito comprida (com forte e estreita convexidade anterior), di- latando-se progressivamente para baixo e tornando-se quasi re- ctas perto do bordo anterior (inferior) e lateral (interior). Pri- meiro e segundo segmentos gástricos com estriação mais fina do que o thorax, sendo as estrias regulares e longitudinaes; só- mente o primeiro segmento gástrico no meio do dorso perto do bordo posterior com algumas estrias curvadas transversaes. Cabeça, corpo e pernas com pellos erectos relativamente abundantes, finos, esbranquiçados amarellos. Coloração preta, nas articulações dos membros e nas imbri- cações dos segmentos de vez em quando com reflexos côr de fogo, mandibulas, antennas e artículos terminaes dos tarsos amarello- ferruginosos, pernas pardo-ennegrecidas. A descripção se baseia sobre dois exemplares do Museu Pau- lista (Nr. 1Õ736), provenientes de S. Paulo (Ypiranga), Lueder- waldt leg. 2, I. 1911. Typos no Museu Paulista e na minha col- lecção. Nota: — Esta especie característica é visinha de G. sulcata Smith, mas differe pela formação do thorax, esculptura mais grossa, formação do peciolo, etc. Confrontei-a com um exemplar cm l SciELO' 11 12 13 14 15 16 17 62 BOLETIM BIOLOGICO de G. sulrata v. lineata Mayr (Menozzi det.) existente na collecção do Museu Paulista (Luederwaldt leg., Ypiranga). — Gesamtlânge circa õ,5 mm. Kopf ohne Mandibeln ein wenig liinger ais breit, Seiten leich} konvex, Hinterecken abgerundet, Hinterrand gerade. Augen konvex, nur sehr wenig unter der Mitte der Kopfseiten, gelegen. Mandibeln etwas schmãler ais bei G. sulcata Sniith, Apikalrand mit sehr kurzen Zãhnchen. Clypeus breiter ais lang, mit geradcm Vorderrand. Antennen krãftig; Schaft auf dem 1. Drittel ein wenig gebogen, dann zum Apex allmahlich ein wenig verdickt, ungefãhr um seine Breite die Hinterecken übrragend; 1. Geisselglied etwas lãnger ais alie übrigen mit Ausnahme des Endgliedes, das etwas langer ist ais die bei- den vorhergehenden zusammen. Thorax liinglich, schlanker ais bei sulcata, dorsal etwas abgeflaeht und an den Seiten gerundet, ohne deutliche Suturem Prothorax nur wenig breiter ais der Rest des Thorax. Pronotum leicht konvex im Profil, im übrigen bildet das Dorsum eine gerade Linie bis zur abschüs- sigen FlUche des Epinotums. Promesonotalsutur vôllig ausgelòscht, Mesoepi- notalsutur sehr schwach angedeutet. Laterale Epinotaleinschnürung sehr gering. Abschüssige Flãehe des Eipinotums kurz, allmiihlich schief abfal- lend. Petiolus liinger ais breit, hinten breiter und hõher ais vorn, Hinterec- ken abgerundet, Vorderrand gerade, Seitenrãnder bei Dorsalansicht nach hin- ten divergierend, schwach konvex, hinter der grõssten Breite wieder auf eine kurze Strecke konvergirend; im Profil ist der Petiolus langer ais hoch. Gas- ter dünner ais bei sulcata, Beine schlank Der ganze Kôrper mit ziemlich starkem Glanz. Kopf grob liingsgestreift (etwa 24 Streifen zwischen den Augen); die Strcifcn divergieren an den Seiten zu den Hinterecken hin. Streifen des Clypeus feiner. Mandibeln mit lãngli- chen, grübchenartigen Punkten. Thorax in seiner ganzen Ausdehnung liings- gestreit (etwa 11 Streifen auf dem Dorsum in der Gegend der Epinotalkon- striktion), Streifen des Dorsums faste parallel (nur zuweilen vcreinigen sich zwei Streifen zu einem) Streifen der Propleuren etwas nach hinten aufwãrts gebogen, Streifen dtr abschüssigen Fliiche des Epinotums in unmittelbarer Xãhe des Hinterrandes schwach divergierend. Der Petiolus ist vorn und hin- ten bogig quergestreift, an den Seiten bogig liingsgestreift; dorsal vvird so eine sehr flache Ellipse gebildet (mit scharfer Kurve nach vorn), die Kurven er- weitern sich nach unten allmahlich, in der Nãhe des Unterrandes sind die Streifen vorn und an den Seiten fast gerade. Streifen des 1. und 2. Gastersegments feiner ais die des Thorax, regelmassig làngsgerichtet, nur das 1. Segment dorsal in unmittelbarer Nahe des Hinterrandes bogig quer- gestreift. Kopf, Kôrper und Beine mit ziemlich reiehlicher, feiner, wcissgelber abstehender Behaarung. Fiirbung pechschwarz, an den Gelenken und ara Gaste rende dunkelfeuerrot, Mandibeln, Antennen und Endglieder der Tarsen rostgelb, Beine schwarzbraun. — Beschrieben nach 2 Exemplarem aus dem Museu Paulista (Xr. 15736), Luederwaldt leg. S. Paulo (Ypiranga) 2, I. 1911. Typen im Museu Paulista und in meiner Sammlung. Anmerkung: Diese charakteristische Art ist verwandt mit G. sulcata Smith, unterscheidet sich aber durch schlankere Bildung des Thorax, gròbere Skulp- tur, Bildung des Petiolus etc. Sie wurde mit einem Exemplar von G. sulcata v. lineata Mayr vergiichen (Menozzi det.), das sich in der Sammlung des Museu Paulista befindet (Luederwaldt leg., Ypiranga). EUPONERA ( TRA CHYMESOPUS) STIC, MA COMPRESSINODIS n. subsp. — ( operário ) Operário: — Comprimento total 4 mm. Cabeça sem as mandíbulas, muito pouco mais comprida do que cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 63 larga (1 mm. por 0,918 mm.), anteriormente um pouco estreitada, lados ligeiramente convexos, ângulos posteriores um pouco menos arredondados do que em stigma s. str., bordo posterior ligeira- mente concavo. Olhos muito pequenos, chatos, separados da in- serção mandibular por uma distancia aproximadamente igual ao seu diâmetro longitudinal. Mandíbulas com 7 dentes. Episto- ma com quilha longitudinal distincta e a margem anterior arre- dondada. O escapo alcança exactamente o bordo posterior. La- mellas frontaes um pouco menos convergentes do que na especic typica. Pronoto mais largo do que comprido. Mesonoto mais lar- go do que comprido (relativamente um pouco mais largo do que em stigma s. str.), visto de cima aproximadamente semicir- cular, margem posterior recta (num exemplar de stigma s. str.. Museu Paulista Nr. 11372. proveniente das Antilhas, o bordo, pos- terior é ligeiramente convexo e os bordos lateraes são mais convexos do que na nova sub-especie). Epinoto anteriormen- te entre os estigmas tão largo como posteriormente (em sti- gma s. str. distinctamente estreitado anteriormente), sómente no melo um pouco comprimido; face basal com o perfil li- geiramente convexo, um pouco mais comprida do que a face declive. Peciolo, em comparação com a especie typica, nota- velmente mais comprido em sentido longitudinal e mais delga- do, principalmente perto do bordo superior arredondado. Clypeo, mandíbulas, face declive do epinoto e peciolo (prin- cipalmente na face posterior) brilhantes, cabeça quasi mate, tho- rax com brilho ligeiro, gaster um pouco mais brilhante. Mandí- bulas lisas, com pontos piligeros esparsos, perto da base fina- mente estriadas. Cabeça densamente ponteada, thorax e gaster com ponteação menos densa. Pubescencia da cabeça abundante, sedosa, menos densa no thorax e no gaster. Pellos erectos espar- sos e moderadamente compridos, clypeo de cada lado com 1 cer- da comprida. Coloração preta; mandíbulas, clypeo, metade anterior do me- sonoto, bordo posterior do pronoto, face declive do epinoto, me- tade inferior das pleuras, peciolo, face anterior e extremidade do. gaster vermelho-pardos, claros ou escuros; antennas e pernas mais amarello-pardas, com excepção dos quadris anteriores que são vermelho-pardos. Holotypo 1 — no Museu Paulista (Nr. 9966), Luederwaldt leg. 30. IX. 1907, Raiz da Serra, S. Paulo. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOUICO 64 Arbeiter. — Lãnge 4 mm. Kopf ohne Mandibeln nur sehr wenig lãngcr ais breit (I mm.: 0,918 mm.) vorn etwas schmaler ais hinten, Seiten leicht konvex, Hinterecken etwas weniger breit abgerumlet ais bei stigma s. str., Hinterrand mit schwacher konkaver Ausbuchtung. Augen sehr klein, flach, ungcfahr um ihren Langs- -durchmesser von der Mandibelinsertion entfernt. Mandibeln mit 7 Zühnen. Epistom mit deutlichem Mittelkiel und abgerundeten Vorderrand. Fühler- schaft genau bis zum Hinterrand reichend. Stirnleisten iiber den Fühler- gruben relativ etwas weniger stark konvcrgierend und nicht so weit gc- niihert wie bei der typischen Art. Pronotum breiter ais lang. Mesonotum relativ etwas breiter ais bei stigma s. str., breiter ais lang, bei Dorsalansicht ungcfahr halbkreisfôrmig, Hinterrand annãhernd gerade (bei einem Exem- plar von stigma des Museu Paulista, Nr. 11372, aus Westindien ist der Hinterrand etwas nach vorn konvex und die Seitenrãnder sind starker kon- vex ais bei der neuen Unterart). Epinotum vorn zwischen den Stigmen so breit wie hinten (bei stigma s. str. vorn deutlich schmaler und nach hinten ullmahlich verbreitert), nur in der Mitte seitlich ein wenig zusammenge- drückt. Basalflache im Profil leicht konvex, etwas lãnger ais die abschüssi- ge Flíiche. Stielchenknoten im Langssinne deutliche mehr zusammengedriickt ais bei stigma s. str., besonders in der Nãhe des abgerundeten Randes viel diinner. Mandibeln, Clypeus. abschiissige Flíiche des Epinotums und Petiolus (be- sonders auf der Hinterseite) glãnzend. Kopf fast matt, Thorax mit schwa- chem Glanz, Gaster etwas mehr glãnzend. Fiihler schwach glãnzend. Kopf pe 1 Arbeiter im Museu Paulista (Nr. 9963), Luc- derwaldt leg. 30, IX. 1907, Raiz da Serra, S. Paulo. IR1DOMYRMEX RIOGRANDEXSIS n. sp. — ( operário ) Comprimento total 2 11 mm. Cabeça sem as mandíbulas, um pouco mais comprida do que larga, anteriormente estreitada, lados distinctamente convexos, angufos posteriores- largamente arredondados, bordo posterior re- cto ou ligeiramente concavo. Olhos chatos, collocados no primeiro terço dos lados da cabeça. Mandíbulas com 1 dente apical e ou- tro sub-apieal e 3 — 1 denticulos curtos. Clypeo visto de perfil, li- geiramente convexo, bordo anterior aproximadamente recto. La- minas frontaes curtas. Antennas delgadas. Escapo ultrapassando o bordo posterior por um pouco menos do que um terço do seu comprimento. Todos os artículos do funiculo distinctamente mais compridos do que largos; segundo articulo um pouco mais com- prido do que o terceiro. Thorax mais robusto do que em leucomelas Em. Pronoto BOLETIM BIOLOOICO 65 visto de perfil, convexo. Sutura pro-mesonotal distincta. Mesono- to visto de perfil, uma linha recta. Constricção epinotal modera- damente profunda. Face basal do epinoto muito ligeiramente con- vexa, um pouco menos comprida do que a face declive, a qual é bastante abrupta e ligeiramente marginada. Ligeiramente brilhante. Corpo e appendices em toda a par- te muito finamente reticulados, ponteados. Pubescencia muito cur- ta, densamente agrupada. Coloração sujo-amarella ou ferruginosa, cabeça e gaster ge- ralmente mais escuros, pernas e antennas mais pallidas. Meus exemplares estiveram durante 14 annos conservados em álcool; in natura a coloração talvez seja mais escura. A deseripção se baseia sobre numerosos exemplares prove- nientes de Neu Wuertemberg (Rio Grande do Sul), E. Garbe leg. X, 11414. Typos no Museu Paulista (Nr. 19113) e na minha colleção. Co- typos na collecçáo de Santschi. Xota: — Esta especie é visinha de L. leucomelas Em. (in v. Ihering, Berl. Ent. Zeitschr. 39, 1894, 378 nota), mas se distingue pelo thorax mais robusto, epinoto menos convexo, sutura epino- tal menos profunda e coloração differente. Lãnge 2 14 mm Kopf ohne Mandibeln etwas lãnger ais breit, vorn verschmãlert, Seiten deutlich konvex, Hintereeken breit abgerundet, Hinterrand gerade, oder schwach ausgebuchtet. Augen flach, ungefiihr am 1. Drittel der Kopfseiten. Mandibeln mit 1 apikalen und 1 subapikalen Zahn uud 3-4 kurzen Zãhnchen. Clypens im Profil leicht konvex, Vorderrand annahernd gerade. Stirnleisten kurz. Fühlcr schlank. Scliaft um etwas weniger ais 1|3 den Hinterrand über- ragend. Alie Geisselglieder deutlich lãnger ais breit, 2. Glied etwíís lãnger ais das dritte. Thorax krãftiger gebaut ais bei leucomelas Em. Pronotum im Profil konvex. Pro-mesonotalsutur deutlich. Mesonotum im Profil eine ge- rade Linie. Epinotalsutur mãssig tief. Basalflâche sehr schwach konvex, etws kiirzer ais die steile anschüssige Flãche, die schwach gerandet ist. Mãssig glãnzend. Uberall sehr fein genetzt punktiert. Anliegende Pubes- cenz ãusserst kurz und fein, dicht. Fãrbung hell schmutzig gelb oder mehr rostgelb, Kopf und Gaster gewòhnlich dunkler, Beine und Fühler blasser. Meine Exemplare lagen 14 Jahre inAIkohol; in natura diirfto die Fãrbung dunkler sein. Zahlreiehe Exemplare aus Xeu Würtemberg (Hio Grande 8 Quasi mate, mandíbulas, antennas e pernas ligeiramente bri- lhantes. Cabeça com reticulação extremamente fina. Pubescencia adjacente abundente no corpo e relativamente comprida. Pellos erectos no clypeo e entre as lamellas frontaes, no dorso do thorax. no peciolo, nas pernas e mais abundantes no abdômen. Coloração amarello-ferruginosa, ás vezes mais escura. Man- díbulas e antennas pardacentas. iA descripção se baseia sobre 1 soldado e 5 operários provenien- tes de Guarujá (Est. de S. Paulo), Herm. v. lhering leg. 28. VIII. 1910, em madeira. (Museu Paulista Nr. 15864). Nota: — Da mesma especie vi ainda um soldado (comprimen- to 7,5 mm.) de S. Paulo (Matto do Governo), Luedenvaldt leg. 8. X. 1906 (Museu Paulista Nr. 5595), o qual não foi tomado em con- sideração na descripção acima, por discordar em vários pontos, ao que me parece de importância secundaria, do exemplar de Guarujá. — Lãnge 8,5 mm. Kopf ohne Mandibeln so lang wie breit, vorn deutlich verschmãlcri, Seitenrãnder besonders unterhalb der Augen konvex, Hinterrand schwach konvex. Der Kopf ist vorne bis oberhalb der Fühlergruben (ungefãhr bis zum Niveau der Augenmitte) schrãg abgestutzt; die abgestutzte Flãche ist an den Seiten stumpf (nicht scharf) gerandet und geht auf der Stirn in der Hohe der Augen mit starker Konvexitiit allmãhlich in die Occipitalregion iiber; seitlieh des Clypeus ist sie bis etwas oberhalb der Fühlergruben schwach eingesenkt. Augen' oval, flach, etwa um ihren Querdurehmesser vom undeutlichen Rande der Stutzflãche entfernt. Mandibeln massig stark, ge- schlossen, 4 Ziihne sichtbar. Clypeus nicht eingesenkt, trapezfórmig, etwas lãnger ais vorn breit, Vorderrand annãhernd gerade, Seitenrãnder ganz ge- rade, in der Mitte mit deutlichem Lãngskiel, die beiden Seitenhãlíten sanft dach- fõmig abfallend. Stirnfeld klein, dreieckig. Stirnfurche vorhanden, anfangs schwach oberhalb der Fühlergruben zu einer schwachen Liingsgrube vertieft, bald darauf (auf dem Niveau der Augen) ausgelôscht. Stirnleisten leicht S — fórmig, vor den Fühlergruben schwach, darauf eine scharfe Leiste dartel- lend, welche die tiefe Fühlerrinne z. t. überwòlbt, nach hinten divergierend und bis oberhalb des Niveaus des Augenhinterrandes reicheml. Da die Stutz- flãche 1: is deutlich oberhalb der Fühlergruben reicht, sind die Fühlerrinnen auch im Profil konvex. F'ühlerschaft um das Doppelte seiner Breite die Hin- terecken überragend, auf dem 1. Drittel gebogen, im ganzen seitlieh etwas zusammengedrückt, am letzten Drittel etwas verdickt. Geissel schlank, die relative Liinge der Glieder ist aus der Photographie ersichtlich. Thorax nnis- sig kriiftig. Pronotum dorsal etwas abgeflacht, an den Seiten abgerundet. Promesonotalsutur deutlich, nach vorn konvex. Mesonotum lãnger ais breit. im Profil sehr schwach konvex. Metanotum kurz, deutlich abgegrenzt. Epi- notalfurche deutlich. Basalflãche des Epinotums im Profil konvex, abschüs- sige Flãche schief, etwas kürzer ais die Basalflãche. Stielchenknoten deutlich hôher ais lang, oben breiter ais an der Basis, Ober — und Seitenrand abge- rundet. Hinterleib ziemlich kurz. Schenkel seitlieh zusammengedrückt. Kopf und Beine mit sehwachem Glanz, der übrige Kórper mehr oder weniger matt. Kopf dicht und fein genetzt, die Stutzflãche ausserdem mit zerstreuten haartragenden Punkten. Mandibeln punktiert und sehr fein lángs- gestreift. Kopf mit reichlichen abstehenden, kurzen, gelblichen Haaren, BOLETIM BIOLOGlCO 69 die der Stutzflache sehr kurz. Thoraxrücken, Stielchen und Gaster mit reich- lichen abstehenden, mãssig Iangen Haaren; Gaster ausserdem mit zerstreuter anliegender Pubescenz. Beine reichlich abstehend behaart, besonders die Vor- 76 BOLETIM BIOLOGICO Contribuição para o conhecimento do apparelho reproductor e da reproducção dos Blattideos. Por S. DE TOLEDO PIZA JUNIOR O apparelho reproductor de Leucophaea surinamensis acha-se localisado posteriormente, na região ventral do abdômen. Os tubos ovarianos (ovariolos) , ao contrario do que acontece com Periplaneta em que o seu numero é normalmente constante, variam, não só de indivíduo para indivíduo, como em um mesmo indivíduo, de ovário para ovário. Os limites dessa variação não se acham ainda fixados, pois as minhas observações foram feitas em um numero relativamente pequeno de femeas. Nestas, comtu- do, tive a opportunidade de encontrar de 12 a 23 ovariolos para cada ovário, sendo, por conseguinte, provável, que uma ootheca possa conter até 46 embryões, embora a maior por mim encontra- da contivesse apenas 36. Cada ovário se continua por um oviduclo que se reune ao seu congenere dando origem a um tubo ovariano impar (gonoducto ) , o qual depois de um pequeno percurso, dilata-se para constituir o uterus. Este se communica com uma grande bolsa genital onde se dá o desenvolvimento do embryão. Esta bolsa é formada por um sacco de paredes finas, que, quando o numero de embryões é gran- de e o seu desenvolvimento adeantado, póde distender-se até oc- cupar toda a cavidade abdominal, comprimindo os orgãos e o tubo digestivo de encontro á parede dorsal do abdômen. Os embryões se dispõem transversalmente na bolsa genital, em duas camadas, sendo ahi reunidos em um capsulo ou ootheca. Em minhas observações nunca tive a opportunidade de encon- trar uma ootheca fóra do organismo materno; também, não foi dado observar o nascimento das larvas. Entretanto, pude, em va- rias dissecações praticadas, constatar, na ootheca, embryões em adeantado estado de desenvolvimento, e em dois casos, pequenas larvas com todos os seus appendices já formados, prestes a nascer. Isso leva-me a crer que Leucophaea seja uma barata ovo-vivipara, quer dizer, que toda a ontogenese se passe no organismo materno, nascendo as larvas no momento da expulsão da ootheca. BOLETIM BIOLOGICO Os receptáculos seminaes ( receptuculiim seminis, spermathe- ca) são bem desenvolvidos e se apresentam sol) fôrma de dois lon- gos tubos espiralados, terminados na extremidade livre por uma empola oviforme, inseridos symetricamente sobre a parede dor- sal do oviducto eommum. Sob este ponto de vista Leucophaea dif- fere grandemente de Periplaneta na qual se observa uma unica spermathcca relativamente muito menor, que se abre dorsalmente na ])arede superior da bolsa genital, na placa ebitinosa correspon- dente ao IX sternite. A presença de duas spermathecas tão desenvolvidas dá a es- pecie em questão uma organisação muito mais adequada á repro- ducção sexuada do que a de qualquer outro Blattideo. Entretanto, não é isso o que se verifica. Na Europa e na America do Norte onde os estragos causados ás plantas de estufa têm chamado a attenção para esse insecto nocivo, bem como entre nós, não se conseguiu, até boje, assignalar a presença de um só macho. E’ possível, entre- tanto, que este venha um dia a ser encontrado nos climas tropicaes. Leucophaea surinamensis é, pois, dotada da faculdade de se re- produzir por partheuogenesis (Ihehjlokia) . As criações isoladas feitas com o fim de verifieár 'experimentalmente esse modo de reproducçâo, não me deram nunca resultados completos. Assim é que todas as femeas obtidas de larvas enclusuradas, morreram antes do nascimento das novas larvas. Apezar de não haver po- dido conseguir larvas vivas por esse modo, pude, com tu do, cons- tatar, extrahindo a ootheca das femeas que morriam em eapti- veiro, a presença de embryões em avançado estado de desenvol- vimento e mesmo a de larvas já perfeitamente constituídas e prestes a nascer. As minhas observações bastam, portanto, para demonstrar que a segmentação do ovo c o consequente desenvol- vimento do embryão se dão sem que o ovulo haja sido fecundado. Piracicaba. Junho 78 BOLETIM BIOLOGICO Apparelho reproductor de Leucophaea surinamensis: ov, ovários (ovariolos', ovi, oviducto, gdi, gonoducto impar; ut, uterus; sp, spermatheca; gla, glandulas annexas; b, bolsa genital e ootheca. ■ . cm l 2 3 4 5 7 SCÍELO) 71 12 ]_ 3 14 15 16 BOLETIM BIOLOGICO Brasil. S. Paulo, 22 de Setembro de 1928. Fascículo 13. Um caso de coccidiose intestinal humana por ISOSPORA BELLI, observado em S. Paulo Pelo Prof. Dr. A . C A R I N I Nas fezes de uma menina, que nos foram trazidas ao La- boratorio, em 22 de junho p.p., para exame microscopico, tive- mos oecasião de encontrar oocystos de eoccidios, pertencentes á especie Isospora belli. Poucos dias depois pudemos examinar a criança e recolher a observação. N. Sc. de 4 annos de idade, nascida em S. Paulo de paes italianos. E’ um pouco franzina, mas de desenvolvi- mento regular. Nada de notável ao exame clinico. Contou-nos a mãe que em fins de Maio a menina teve um pouco de febre e como estava pallida e com pouco appetite foi chamado um medico. Este tendo examinado a urina c encon- trado uma pequena quantidade de pús, receitou urotropina. Passados alguns dias, os paes administraram-lhe um ver- mífugo, que determinou a espulsão de um grosso Ascaris. Dias depois, a menina queixava-se de ligeiros desarranjos intestinaes (dores abdominaes, evacuações irregulares, ás vezes diarrhéa, presença de filamentos de muco nas fezes) e a familia nos pediu o exame das fezes, para verificar se haviam ainda vermes no intestino. As fezes eram pastosas, de cor café com leite, com poucas mucosidades. 0 exame microscopico revelou a presença de al- guns oocystos de Isospora belli, raras Amebas moveis da dy- senteria, raríssimos flagellados e poucos ovos de Trichuris tri- chiura. A conselho do seu medico a menina foi submettida a tra- tamento durante algum tempo, o exame das fezes repetido depois cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 se BOLETIM BIOLOGICO varias vezes não revelou mais a presença dos coccidios, emquanlo continuavam, embora raras, as Amebas, e os ovos de Trichuris. Tivemos occasião de ver a menina algumas semanas depois e ella vae bem. Os oocystos não eram numerosos nas fezes, mas nas pre- parações encontrava-se um exemplar cada 10 a 12 campos mi- croscópicos. Apresentam forma oval, medindo 28 a 31 micra de cumprimento por 10-12 de largura. A membrana é fina, lisa, re- sistente. O protoplasma occupa a parte central apresentando-se sob a forma de uma esphera granulosa, ainda não segmentada. Nas fezes conservadas, nota-se a segmentação do protoplasma. Para melhor seguir a evolução dos oocystos, guardamos um pouco de fezes, diluidas em sôro physiologico com addição de solução de acido chromico a 10 ” °. Pudemos assim constatar que o protoplasma vae alongando-se até dividir-se em dois, cada um dos quaes transforma-se em um esporo, ligeiramente ovalar de cerca 10 micra de diâmetro. No fim de poucos dias, no interior de cada esporo vem formando-se quatro esporozooitos, ficando também um corpo residual granuloso. Nos oocystos maduros os esporozooitos são alongados, vermiformes. Nada podemos dizer a respeito do papel pathogeno do coc- cidio no nosso caso, visto como os ligeiros desarranjos intestinaes podem ser attribuidos á contemporânea presença de outros pa- rasitos pathogenos. E este o segundo caso de coccidiose intestinal humana ob- servado no Brasil, tendo sido o primeiro assignalado em 1925 por Cesar Pinto e Genesio Pacheco (1) do Instituto “Oswaldo Cruz’*. Este coccidio foi encontrado por Wemjon durante a grande guerra, no Oriente, onde é relativamente frequente. Em seguida foi achado em quasi todos os paizes. Na America do Sul, foi encontrado também em Buenos Aires por Castex e Greenway. (2) (1) Cesar Pinto e Genesio Pacheco — Sobre a presença da Isospora belii Wenyon no Brasil — Sciencia Medica — 1925 n." 7. (2) Mariano Castex e Greenway — Coccidiosis humana por Isos- pora Belii. La Prensa Medica Argentina — Agosto de 1923. BOLETIM 1BIOLOGICO 81 CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DOS HEMOPARA- SITOS DOS OPHIDEOS I Nota: — Nova especie de Trypanosoma parasita do Philodryas nattereri Dr. SAMUEL PESSÔA (Assistente do Instituto de Hygiene) Em laminas de sangue de um ophidio terrestre do Brasil, Philodryas nattereri , fixadas e coradas pelos methodos de Giemsa e Pappenheim, encontramos alguns Trypanosomas, que cremos tratar-se de uma nova especie, pois differem quanto a sua mor- phologia, dos outros até agora descriptos no sangue dos ophidios. Eneontramol-os em numero de 3 a 4 para cada lamina exa- minada; variam pouco quanto ás dimensões e não apresentam o dimorphismo tão commum nestes protozoários. Dimensões: — Em vários organismos medidos encontramos as seguintes dimensões medias: Comprimento do corpo, flagello, inclusive 16 a 51,8 micra Largura do corpo no maior diâmetro — 7 a 9 micra Comprimento do flagello livre — 6 a 11 micra. adherente — 31 a 37 micra Distancia da extremidade posterior ao blepharoplasto — 1,4 a 1,7 micra do blepharoplasto ao núcleo — 17,8 a 20,6 micra Núcleo — 3 micra x 2,7 micra. O Trypanosoma estudado apresenta um aspecto geral do Try- panosoma rotatorium. Em esfregaços seccos este parasito enroia-se sobre si mesmo tomando uma forma circular, como nos representam as figuras juntas. A membrana ondulante, que é larga, cora-se em violeta muito pallida. O protoplasma é muito granuloso e vacuolisado, cora-se em azul escuro e não apresenta differenças de coloração entre as partes situadas acima do núcleo ou abaixo delle, como cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 82 BOLETIM iBIOLOGICO no caso do Trypanosoma mega da rã. O núcleo arredondado acha- se regularmente collocado no centro do parasita e bem visivel» assim como um pequeno centrosoma. 0 blepharoplasto é muito pequeno, arredondado, pois mede 0,3 a 0,5 de micron, acha-se sempre situado a pequena distancia da extremidade posterior. O flagello livre é pequeno e tinge-se fracamente pelos corantes mencionados, sahindo direetamente do blepharoplasto. Propomos a esta nova especie o nome de Trypanosoma phy- lodriasi. BOLETIM BIOLOGICC 83 UMA NOVA ESPECIE DE HYMENOPTERO NAS SEMENTES DE ANONACEA Por GREGORIO BONDAR Ultimamente o Dr. A. de Costa Lima, Lente da Escola Su- perior de Agricultura no Rio de Janeiro, publicou na Revista “Chacaras e Quintaes” a descripção de uma nova especie de Mi- crohymenoptero Prodecatoma spermophaga C. Lima, da super- familia des Chalcidideos, familia de Eurytomideos, cuja larva se desenvolve nas sementes de araçá (Myrtacea) e Canavalia (Le- guminosa) . Xo município de Joaseiro, Estado da Bahia, nas sementes de uma Anonacea selvagem, de fructas vermelhas encarnadas quan- do maduras, encontramos uma outra especie nova, cuja descri- pção constitue objeeto desta communicação. O insecto eviden- temente deposita os ovos nos fructos da Anonacea quando o en- voluero da semente ainda está molle. A larva desenvolve-se dentro da semente, comendo os cotyledoneos. Os adultos se formam e sabem antes da frueta amadurecer ou no momento da matura- ção, fazendo um orifício circular nas sementes e na casca da frueta. As fructas parasitadas as vezes mostram deformações, quando as sementes tinham sido atacadas muito novas e abor- taram em consequência do bicho. Na maior parte, porém, as fructas não mostram signal algum da presença do bicho antes de ellc sahir. Prodecatoma limai n. sp. Fe mea. Comprimento 6 mm.; côr geral uniforme ochraeeo amarellada; entre os ocellos ha uma mancha acastanhada escura, e uma outra na inserção do pescoço; as antennas um pouco mais coloridas do que o resto do corpo, com o segundo segmento basal quasi preto; o pedunculo abdominal preto. A cabeça e o thorax pontilhados de covinhas mais ou menos hexagonaes; do fundo de cada covinha sae um pello curto e ruivo. Azas claras, com a nervura estigmal mais escura. Patas uniformamente «chraceas. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO Ú1 A éspecie differe da Prodecatoma spermophaga Costa Lima, pelo tamanho duas vezes maior, pela falta de coloração no thorax, abdomem e nas patas traseiras. Dedicamos a especie ao Dr. A. de Costa Lima, notável scien- tista brasileiro e nosso distincto amigo. Typo dois exmeplares de femeas remettemos ao Dr. Costa Lima para serem incorporados as collecções do Museu Nacional do Rio. BOLETIM BIOLOGICO 85 Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. Cathedratico: LAURO TRAVASSOS — Assistente: — CESAR PINTO. Monitores: PAULO ARTIGAS, CLEMENTE PEREIRA, ZEFERINO VAZ e EDMUR WHITAKER. N." 52 Sobre a presença do CIMEX FOEDUS (Stal, 1854) no Brasil Dr. C E S A R PINTO Em 1854 Stal descreveu sob o nome de Acanthia foeda um percevejo proveniente de Columbia. Em 1873 Stal (Enum. Hemipt. t. 3 pp. 104) deu uma diagnose incompleta deste parasita dizendo que “a especie é semelhante ao Cirnex lectularius, sendo o processo apical da cabeça mais es- treito, não ampliado. Thorax mais estreito. Abdômen na parte superior glabro. Cerdas dos bordos lateraes do pronoto e dos elytros mais esparsas e mais curtas”. Rothschild (1912. Novit. Zool. t. 19. pp. 94-5 fig. 7 e 8) es- tudou o apparelho genital do macho e em 1913-4 (Buli. of Entom. Res. t. 4. pp. 345) apos exame do exemplar typo diz que são ne- cessários novos estudos para firmar-se a especie ( foedus ) como differente de Cimex hemipterus. O Prof. A. da Costa Lima obteve um exemplar de C. foedus proveniente de Xicteroi no Est. do Rio que lhe foi entregue por um seu discípulo na Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária. Infelizmente o colleccionador não disse onde havia captu- rado o exemplar, ignorando-se qual o habitat do Cimex foedus. O exemplar classificado pelo Prof. Costa Lima e por nós foi cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 SC BOLETIM 'BIOLOGICO gentilmente emprestado para uma diagnose mais detalhada que daremos abaixo. CIMEX FOEDUS (ST AL, 1854) Fig. 3, 4, 6 Syn.: Acanthia foeda Stal, 1854 Clinocoris foedus Roth., 1912 et 1913-4. Exemplar femea montado em balsamo. Comprimento 5 mm.; largura do corpo na parte mais ampla 2,1 mm.: Comprimento da cabeça: 575 micra. Largura ” ” sem os olhos: 525 micra. ” ” ” com ” ” : 725 ” Comprimento dos olhos: 175 micra. Largura ” ” : 100 ” Cabeça revestida de cerdas finas que recobrem igualmente os olhos. As cerdas do clypeo medem 77 micra de comprimento e as do labro 53-69 micra de comprimento. As cerdas que revestem a cabeça medem 61 micra de com- primento. Entre a origem das antennas e os olhos existem cerdas lar- gas, implantadas no bordo anterior da cabeça que medem cerca de 72 micra de comprimento. O l.° articulo antennal é curto (150 micra de comprimento por 100 micra de largura), ligeiramente mais largo do que o 2." articulo e revestido de cerdas que medem cerca de 46 micra de comprimento. O 2." articulo antennal é mais comprido e mais estreito do que o l.° medindo 539 micra de comprimento por 38 micra de largura. O 2.° articulo é revestido irregularmente de cerdas que medem cerca de 46 micra de comprimento. 0 3.° e o 4.° artículos estão mal conservados ou faltam no exemplar que estudamos. Rostro recto com tres artículos medindo o primeiro cerca de 192 micra de comprimento; o segundo articulo 231 micra de comprimento e o terceiro articulo 207 micra de comprimento. Clypeo sob a forma de um cone truncado (fig. 3 - 4), com a extremidade apical mais aguda do que em Cimex hemipterus e C. lectiilarius. BOLETIM BIOLOGICO 87 Pronoto com a morphologia mais ou menos idêntica á do Cimex hemipterus, medindo cerca de 525 micra de comprimento por 1 mm. de largura, revestido irregularmente de cerdas pon- teagudas, as dos bordos lateraes do pronoto são mais largas, ge- ralmente recurvadas, com 53-61 micra de comprimento e as ex- tremidades apicaes bifidas ou com tres pontas. Mesonoto tendo cerdas finas apenas na parte posterior me- dindo estas cerdas cerca de 61 micra de comprimento. Metanoto com um grupo de cerdas medindo cerca de 58 micra de compri- mento, afiladas e agglomeradas principalmente na porção me- diana. Elytros (fig. 6) medindo cerca de 746 micra de largura. As cerdas dos elytros são pequenas do lado da linha mediana e augmentam progressivamente em comprimento nos bordos la- teraes onde são mais agglomeradas, mais largas e com as extre- midades bifidas. As cerdas lateraes dos elytros medem 53-61 micra. Primeiro annel abdominal revestido de cerdas em dois terços da sua largura; no centro deste annel as cerdas medem cerca de 58 micra de comprimento, são afiladas e agglomeradas como no metanoto. As cerdas não agglomeradas dispõem-se na parte pos- terior do annel. Os anneis restantes são revestidos de cerdas eollocadas na parte posterior dos respectivos anneis. 0 ultimo segmento abdo- minal é completamente revestido de cerdas mais longas (100 micra de comprimento) do que as outras cerdas abdominaes. Orgão de Ribaga e Bcrlese collocado iateralmente entre os anneis 4.° e 5.“ medindo cerca de 300 micra de largura por 115 micra de comprimento. Femures dos tres pares com 325 micra de largura na parte mais ampla. Tibia do l.° par com 875 micra de comprimento ” ”2° ” ” ()7õ ” ” ” ” ” 3.“ ” ” 1 mm. e 300 ” Tarsos com tres articules. Todos os femures, tibias e tarsos são revestidos de cerdas es- parsamente dispostas com cerca de 56 micra de comprimento e as extremidades apicaes ponteagudas ou bifidas. Habitat: desconhecido. Distribuição geoyraphica: Columbia e Brasil (Xicteroi, Es- tado do Rio de Janeiro). cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 88 BOLETIM BIOLOGICO cl. Fig. 1 — Cabeça e pronoto da femea de Cimex lectularius L. Fig. 2 — Cabeça e pronoto da femea de Cimex hemipterus (Fabr.). Fig. 3 — Cabeça e pronoto da femea de Cimex foedus (Stal). Todas as figuras na mesma escala. Original.. cl. clypeo; o. olho; c. cabeça; p. pronoto. BOLETIM BIOLOGICO 89 Fig. 4 — Femea de Cimex foedus (Stal, 1854). Augmento de 80 diâmetros. Original. C. Pinto. Sobre a presença do Cimex foedus no Brasil. V*. Foderman, phot v Fig. 5 — Femea de Cimex hemipterus (Fabr. 1803). Augmento de 60 dia- melros. Origina] C. Pinto. Sobre a presença do Cimex foedus no Brasil. Federman, phot. SciELO BOLETIM íBIOLOGICO BOLETIM EIOLOGICO UI Fig. e Elytro da femea de Cimex foedus (Stal, 1854). Original. Fig. 7 — Elytro da femea de Cimex hemipterus. Augmento de 110 dia- metros. Original. C. Pinto. Sobre a presença do Cimex foedus no Brasil. Federman, phot. 02 BOLETIM BIOLOGICO CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DOS HEMOPARA- SITOS DOS OPHIDEOS II Neta: — Formas schizogonicas, no sangue peripherico de uma hemogregarina do Oxyrhopus trigeminus Figs. 1 — 11 Pelo Dr. SAMUEL B . P E S S ô A (Assistente do Instituto de Hygiene) Em geral a schizogonia das Hemogregarinas se passa no in- terior de certas vísceras dos animaes parasitados. E’ mesmo, ex- cepcional, o encontro desta forma de divisão no sangue peri- pherico. Wenyon, na sua Protozoolcgia, diz: — “Quanto á re- currencia de schizontes em fôrma de divisão multinuclear ou segmentar no sangue peripherico, devemos lembrar (pie, quando este processo se manifesta nos globulos vermelhos, as cellulas contendo os schizontes em multiplicação, são geralmente retidas nos vasos dos orgãos internos antes do inicio da multiplicação cellular. Entretanto, ás vezes as cellulas contendo os schizontes podem apparecer no sangue peripherico como se dá no caso do Plasmodium falciparum. Examinando uma lamina com esfregaço de sangue periphe- rico de um ophidio do Brasil, o Oxyrhopus trigeminus, corada pelo methodo de Pappenheim, encontrámos formas que, pensa- mos constituírem phases de divisão de uma hemogregarina, pa- rasita desta serpente. Provavelmente a schizogonia se processa da maneira se- guinte: O parasita antes de se dividir curva-se fortemente em U; suas bordas se juxtapõem, e se fusionam formando uma massa ovoide. O núcleo que se conserva na peripheria entra em divisão, e o mesmo se dá com o protoplasma formando-se deste modo dois e muito excepcionalmente tres novos indivíduos. A capsula do parasita continua unica durante todo processo divisionário. Não é raro encontrarem-se globulos albergando tres indivíduos. Tivemos occasião de observar na nossa preparação as phases principaes do processo, e cremos, não seria muito temerário sup- BOLETIM 1BIOLOGICO 93 por tratar-se de uma especie de hemogregarina que apresenta o cyclò schizogonico no sangue peripherico. As figuras que acompanham esta nota mostram algumas das principaes formas encontradas. EXPLICAÇÃO DAS FIGURAS Fig. 1 — Globulo normal. Fig. 2 — ” parasitado per uma Hemogregarina. Fig. 3 — ” ” ” duas Hemogregarinas. Figs. 3 e 4 — Hemogregarinas em V. Fig. 5 — Principio da Schizogonia. Fig. 6 — Divisão dando 3 indivíduos. Fig. 7 — Globulo parasitado por 3 Hemogregarinas. Fig. 8 — Forma mais adiantada da divisão. Figs. 9, 10 e 11 — Ultima phase do processo. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 94 BOLETIM BTOLOGICO Pessoa, S. Contrib. ao estudo dos Hemoparasitos dos Ophideos. II.* Xota. BOLETIM BIOLOGIGO 95 Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. Cathedratico: LAURO TRAVASSOS — Assistente: — CESAR PINTO. Monitores: PAULO ARTIGAS, CLEMENTE PEREIRA, ZEFERINO VAZ e EDMUR WHITAKER. N.° 53 NOTAS HELMINTHOLOGICAS (I) POR CLEMENTE PEREIRA SOBRE O MIN U TOR CHIS SANGI INEUS LINTON, 1928. Em “Proeeedings of the United States National Museum”, vol. 73, Art. I, pp. 24-25, figs. 35-56, sob o titulo geral de “Notes on Trematode parasites of Birds”, Linton descreve a especie e genero novos, Minutorchis sanguineus Linton, 1928, de Laras atri- cilla, proveniente de Massachussets (E. U. A.). Em 1921 Travassos teve occasião de publicar no "Brasil- Medico”, Anno 35.“, Vol. II, n.° 22, pag. 337, duas novas especies de Opistorchidae parasitos de Aves, uma das quaes, o Pachytrema magnum Trav. 1921, de Sterna maxima, proveniente do Rio de Janeiro (Brasil), é de tal maneira semelhante á especie de Lin- ton, que achamos conveniente considerar Minutorchis sanguineus Linton, 1928 synonimo de Pachytrema magnum Trav. 1921, bem como o genero Minutorchis Linton, 1928 synonimo de Pachytrema Looss, 1907. Odhner, referindo-se, em nota, ao Minutorchis sanguineus (Arkiw for Zoologi, Band 20 B, X.” 2), acha que esta especie é idêntica ao Pachitrema calculus Looss, 1907. De facto, são especies muito próximas; mas deixando de lado os va- lores absolutos, porque as medidas em questão se referem a exemplares cie talhe differente, temos ainda uma differença sensível no tamanho re- lativo das ventosas: em P. calculus, o acetabulo é maior que a ventosa oral, ao passo que em M. sanguineus essa relação é inversa. Póde-se invocar ainda um argumento de ordem zoogeographica em favor da diversidade das duas especies, qual seja o pertencer o hospedador do P. calculus á fauna Palearctica, ao passo (jue M. sanguineus-Pachitrema magnum, é encontrado em aves das faunas Neotropiea e Nearctica. SciELO 11 12 13 14 BOLETIM BIOLOGICO Brasil. S. Paulo, 4 de Dezembro de 1928. Fascículo 14. Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. Cathedratico : LAURO TRAVASSOS — Assistente: — CESAR PINTO. Monitores: PAULO ARTIGAS, CLEMENTE PEREIRA, ZEFERINO VAZ e EDMUR WHITAKER. N.° 60 OS OVULOS E A DESOVA DOS PEIXES D’AGUA DOCE DO BRASIL PELOS DR. RODO L P HO VON IHERING (da Secção de Caça e Pesca, da Secret. da Agricultura) JOÃO DE CAMARGO BARROS e NELSON PLANET Académicos de medicina Um dos objectivos prineipaes da Conimissão designada pelo Exmo. Sr. Dr. Fernando Costa, digno Secretario da Agricultura do Est. de São Paulo, para estudar a “piracema” de 1927-28, no rio Mogy-Guassú, foi a observação da biologia dos peixes dessa re- gião. Como para a piscicultura todos os peixes, considerados do ponto de vista economico, têm funcções assignaladas : — a) pei- xes de boa carne; b) peixes que servem de alimento áquelles e c) peixes nocivos, — o biologo deve a todos elles prestar egual atten- ção. Os resultados de taes estudos deverão servir de base aos tra- balhos práticos, orientando-os pela feição mais concorde com a indole natural de cada especie. Infelizmente os trabalhos da commissão só puderam forne- cer, neste particular, as poucas observações que adeante relatare- mos; durante todo o tempo de nossa estadia na Cachoeira de Pi- rassununga só havia peixes com óvas imaturas e a melhor epoca, a da desova, (que nesse anno, de todo anormal, se deu em Feverei- ro), não nos foi permittido assistir. Interessantíssima é a tabella referente á contagem dós ovulos de 22 especies de peixes, trabalho este executado com toda meticulosidade e, que estamos certos, é o primeiro passo dado no Brasil para a orientação segura da de- feza dessa grande riqueza natural, que povoa os nossos rios. Fi- 98 BOLETIM BIOLOGICO camos assim sabendo, á mão de dados exactos, quanto será facil garantir a proliferação dos nossos melhores peixes — pois é certo que a mais rudimentar intervenção racional conseguirá pôr a salvo uma fracção bem maior do total de ovos do que a que evolue nor- malmente dessa quantidade phantastica — 2.619.000 ovulos de um só dourado — da qual certamente nem 1/10.000 se salva ao léo da natureza. Repassando, além disto, a bibliograpbia que elucida questões referentes á desova dos peixes brasileiros, pudemos accrescentar ás observações próprias as que anteriormente haviam sido publi- cadas sobre o mesmo assumpto. E’ pouco, pouquíssimo. Quasi tudo, pois, está por estudar e só em plena natureza, á beira dos rios, na epoca própria, taes estudos poderão dar os resultados desejados. I)o catalogo dos peixes de agua doce do Brasil, que está sendo organizados por um de nós (R.v. Ih.) , vê-se que o total de 1.380 especies dos nossos peixes de vários systemas hydrographicos se enquadra pela maior parte nas 2 grandes famílias Characideos e ,V ematognathas, que abrangem, respectivamente 540 e 570 espe- cies; afora o pirarucu e outras famílias monotypicas, as 3 famílias menores ( Cichlidae , Gynmotidae, e Poecilidae) não merecem relevo, pois não encerram peixes de valor economico immediato. Deixamos, aqui, de parte as especies puramente marinhas, das quaes um ou outro representante se adaptou á agua doce (raias, pescadas, etc.) . XEMATOGXATHAS — (peixes de couro). Bagres — O Dr. 11. von lhering observou no Rio Grande do Sul a uesóva dos bagres marinhos, que sóbem pelas embocaduras dos rios, nos mezes de Novembro, Dezembro e Janeiro. E’ o seguinte o resumo dessa observação, feita no rio Camaquam; Bagres ferneas de ( Arius commerssonii) Xetuma barbus (Lac.) pegados em Setembro, estavam com os ovários bem desen- volvidos, com ovulos quasi maduros; pela contagem foi verificado o total de 118 ovulos (sendo 57 de um e 61 de outro lado). A desova dá-se em Novembro, Dezembro e Janeiro; os machos pe- gam os ovos depois de fecundados e guardam-nos na cavidade bucal, em numero de 36 a 48. Esses ovos medem 18 mm. de dia- metro e em começo de Fevereiro o embryão já mede 60 mm. de comprimento, com o corpo enrolado sobre o sacco vitelino. Só raramente também as ferneas incubam taes ovos na bocca e tanto BOLETIM BIOLOGICO 99 é assim que só excepcionalmente se pegam machos no espinhei, pois estes, com a bocca cheia, não pegam na isca. Lembra o Dr. Ihering que, em taes circumstancias deve ser facil promover a criação artificial dos ovos em aquario, tornando assim racional o aproveitamento dessa grande abundancia de ba- gres, depois tia epoca da desova; no emtanto, essa pescaria, como ainda hoje ella é praticada, conduz ao depauperamento de uma va- liosa fonte de renda. Porém, certamente nem todas as especies de bagres procedem do mesmo modo; ha uma especie australiana que deita seus ovos, de 3 mm. de diâmetro, em ninhos cuidadosamente preparados no leito dos rios. Devemos ainda lembrar que Schomburgk mencio- na até a viviparidade de um Arius como tendo sido observada na Guyana, porém os auctores posteriores sempre têm posto em du- vida tal indicação e até agora não houve demonstração positiva desse facto. Nenhuma observação documentada nos consta a respeito da desova de nossos bagres e mandys d’agua doce. A’ vista de vários exemplos de peixes de couro exoticos, mais ou menos correlatos ( Glanis da Europa, Ameiuriis dos Estados Unidos) é provável que também entre nós haja especies que, como aquellas. depositem seus ovos em camas cuidadosamente preparadas, incumbindo de- pois ao macho a guarda, a defeza e também a constante limpe- za da ninhada. Devemos, porém, chamar attenção para os dados anatómicos encontrados nos machos de duas especies, que serão descriptos em nota a parte. Em um delles ( Pseudo pimelodus zunyaro — bagre sapo), ba como que um orgão genital externo; no outro, (bagri- nho — Traehycoristideo), o canal ejaculador se prolonga em or- gão externo, atravessando o 1." raio da nadadeira anal. Mandys — (Pimelodinae) . Ha uma só obsrevação positiva em especie desta subfamilia: Conorrhynus nelsoni, de Jucantan, que méde quasi 50 cms. de comprimento e corresponde mais ou menos ao nosso mandy do gen. Iheringichthys, também com focinho curvo, dos tributários do rio Paraná. Em dois exemplares machos daquella especie foram encon- trados ovos na bocca, sendo que um retinha um só ovo, ao passo que no outro exemplar foram encontrados 39 ovos, bem desenvol- vidos, também na bocca. Mandy Serra — (ou “ Cuyú-cuyú' ou "Abotoado” — familia Doradinae) . E’ sabido que varias especies desta familia peram- cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 100 BOLETIM BIOLOGICO bulam por terra, em viagens emprehendidas em procura de aguas mais abundantes (ao contrario das trahiras que, em analogas cir- cumstancias de seccas prolongadas, se enterram no lodo). Para taes marchas por terra, esses peixes não estão tão mal apparelha- dos como poderá pensar quem não lhes conhecer a estructura. O peito e o pedunculo caudal são protegidos por uma couraça idêntica á dos "cascudos” (Loricariidae ) ; as aberturas branchiaes são estreitas e varias modificações especiaes que se notam em seus orgãos internos, tendem também a permittir a esses peixes demo- rada permanência fóra d’agua. A marcha effectua-se da seguinte forma: o peixe ergue a parte anterior do corpo sobre as nadadei- ras peitoraes e, tendo-se curvado em semi-circulo e firmando-se sobre o pedunculo caudal, projecta-se para a frente. Tão rudi- mentar processo de locomoção ainda assim lhe permitte acom- panhar um homem que ande de vagar e as distancias assim venci- das attingem ás vezes alguns kilometros. De certa especie de Mandy Serra ( Doras hankocki) da Guyana sabe-se que o casal pre- para cuidadosamente o ninho, feito de folhagem e no qual ficam guardados os ovos, cobertos por matéria vegetal. Tanto o macho como a femea montam guarda e corajosamente atacam quem se approximar de seu tesouro. Tamboatá (ou “Camboatá”; familia Callichtlujclae) — Estes peixinhos são do typo dos “cascudos”, mas sua armadura é forma- da por duas series de aduelas parallelas; algumas das especies andam por terra quando querem mudar de aguas. Temos noticias referentes á desova de 2 especies desta familia: Hoplusternum littorale, peixinho de um palmo de comprimento; foi observado construindo um ninho de um palmo de diâmetro, e que em parte se eleva acima da flôr d’agua; o material empre- gado consiste em folhagem fresca, que os peixes arrancam da ve- getação da margem, bem como muita espuma. A femea junta as duas nadadeiras ventraes, formando assim como que uma con- cha, na qual recolhe os ovos, ao mesmo tempo que o macho lhes faz chegar o esperma. Depositados os ovos no ninho, são elles en- tregues á guarda do macho que tão bem os defende, que nem á própria esposa permitte approximar-se. Outra observação relata como dçsova certa especie do ge- nero Corydoras. Uma femea é acompanhada por tres ou cinco machos e um destes, depois de prolongados preâmbulos, atira-se á companheira, segurando-a pelos bigodes, üs ovulos e o leite são apanhados na concha formada pelas nadadeiras ventraes da BOLETIM BIOLOGICO 101 femea; só poucos ovos são assim fecundados de cada vez, uma duzia no máximo, e logo depois são levados para uma pedra, que a mãe limpou previamente com cs beiços; a substancia viscosa que envolve os ovos, os faz colar fortemente. A mesma scena se repete talvez 40 ou 50 vezes no mesmo dia, ou sejam 250 ovos col- locados em vários sitios; parece que ninguém fica encarregado da respectiva guarda. Cascudos ( Locariidae ) — A primeira documentação refe- rente á desova dos cascudos foi a que L. Agassiz transmittiu de Manáos a M. Edwards. Communicava Agassiz ao seu amigo que o cascudo-espada ( Loricaria ) guarda seus ovos nas dobras dos bei- ços e que outros cascudos (Hy posto mus) chocam sua ninhada como as aves. O primeiro desses factos, ainda que confirmado pelo Conselheiro Steindarhner, foi comtudo posto em duvida por outros auctores. Por nossa parte (R. von 111.) podemos, porém, confir- mal-os em absoluto, pois lembramos ter examinado cascudos (Gen. Loricaria) com uma grande carga de ovos de talvez 2,5 mm. de diâmetro, colladas aos largos beiços desse peixe. Aliás a contagem dos ovulos dos cascudos, como ficou do- cumentado em nossa tabella (115 a 118 ovos por exemplar) já in- dica que qualquer providencia muito especial garante a eclosão tal- vez da totalidade desse reduzido numero de ovos. Rabeca (Bunoce phalidlae) — São pouco numerosas as espe- cies aqui comprehendidas; de 1 delias, do gen. Aspredo, è conhe- cida a biologia e esta é das mais surprebendentes. A femea, de- pois de ter posto os ovos sobre uma lage e ter aguardado a fe- cundação, comprime-os contra o peito, para que a substancia pega- josa que envolve os ovos, os faça collar fortemente á pelle; as ve- zes toda a face ventral do peixe fica assim pontilhada de ovos. Talvez em consequência de uma irritação provocada por esses corpúsculos, a pelle cresce formando pedúnculos, de modo que, por fim, a face ventral do peixe se apresenta como que coberta de cogumelos, cujas cabeças seriam os ovos, assim perfeitamente defendidos e abrigados. São apenas estas as modalidades de desova conhecidas no amplo grupo dos Scmatoynathas, que abrange 6 famílias, subdi- vididas em 10 subfamilias, com 570 especies. Mais limitadas ainda são as observações colhidas na cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 102 BOLETIM BIOLOGICO Fam. CHARACIDAE Agrupam-se aqui, por suas affinidades naturaes 540 espe- cies brasileiras, pertencentes a (5 famílias, com 25 subfamilias, ou sejam, pela nomenclatura popular: a) Corumbatás, b) Piavas, cbimborés, ferreirinhas, c) Lambarys e piracanjubas, d) Peixe cachorro e dourado, e) Piranhas e pacús, f) Trahiras. Ora, de todo esse conjunto, só duas especies foram, ao que nos consta, estudadas positivamente durante sua desova: a tabarana e a trahira. Da Tabarana ( Salminus hilarii) tivemos occasião de conhe- cer a desova ha cousa de 15 annos, no Ypiranga; as respectivas notas e desenhos talvez ainda estejam archivados no Museu Pau- lista. Reproduziremos de memória os detalhes interessantíssimos que tivemos occasião de observar. Após vários dias de chuvas prolongadas, as varzeas do rio Ta- manduatehy, entre as estações de Ypiranga e São Caetano esta- vam alagadas; certa noite, alguns moradores da região, que an- nualmente aproveitavam a piracema, cercaram os peixes, que haviam sahido do rio para os campos alagados. Esbarrando con- tra as redes e tapumes, não podiam as tabaranas voltar ao leito do rio e assim a pescaria rendeu algumas centenas de kilos de peixe. Seja dito de passagem que, ainda mezes depois, pudemos comer dessas tabaranas, que, passadas na gordura e bem acondi- cionadas se conservaram optimamente e com excellente sabor. Nos dias subsequentes á piracema, ao sol quente, vadeamos pela agua morna da varzea, em procura de ovos; mas já fomos achar minúsculos peixinhos no capim alagado. Levamol-os para o laboratorio em um aquário improvisado, mas por falta de ap- parelhamento necessário, não podiamos manter a agua em tem- peratura conveniente (não dispúnhamos nem de gaz nem de ele- ctricidade) e assim os peixinhos amanheciam mortos, quasi todos. Além disso, notavamos um cannibalismo feroz nos pequenos re- cipentes, provavelmente por falta de plâncton mais abundante. O comprimento dos peixinhos orçava por alguns millime- tros apenas; porém, desde que algum delles excedia aos outros por uma fracção do comprimento total, logo se atirava ao com- panheiro menor e o fazia caber no seu estomago. Tanto era assim, que o numero de alevinos diminuía rapidamente, sem deixar ves- tigos e emquanto os mal alimentados permaneciam pequenos, os cannibaes dobravam de tamanho. Pudemos por essa occasião acompanhar o crescimento dos orgãos internos, observando-os ao BOLETIM BIOLOGICO 103 microscopio. 0 corpo translúcido permittia ver as pulsações do vaso sanguíneo, que, representando artéria e veia ao mesmo tempo, abrangia a principio apenas metade do comprimento da colum- na dorsal; depois, a olhos vistos, o sangue ampliava seu trajecto e ião rapidamente, que mal dava tempo para esboçar as figuras das suceessivas phases. Certamente são os peixes desta categoria, isto é, os que desovam na varzea, que têm alevinos de crescimen- to mais rápido, nesta quadra inicial. E' evidente que a natureza apressa de tal forma o desenvolvimento do alevino, para lhe per- mittir que em poucos dias adquira o desembaraço e a resistência necessários para acompanhar as aguas, quando estas voltam ao leito do rio. Suppomos que a esta mesma categoria de desovado- res da varzea, como a tabarana, pertencerá também boa parte dos demais Characidae, taes como o dourado ( Salminus maxillosus Cuv. e Vai.) e os lambarys (Tetragonopterinae) . A Trahira foi estudada durante sua desova pelo Sr.Carlos Moreira; a esse collega deve nossa literatura a primeira contri- buição sobre piscicultura no Brasil, com a minuciosa observação que passamos a resumir. “A trahira ( Hoplias malabaricus) começa a desova em Julho e esta se prolonga até Março do anuo seguinte. Esses peixes na epoca própria, se reunem aos casaes e preparam o seu ninho no fundo do rio, lago ou açude, em que vivam, preferindo porém, pequenas profundidades (25 a 30 ems.). Escolhido o logar, este é limpo, até ficar somente areia, na qual fazem uma pequena de- pressão. Macho e femea se conservam nas proximidades do lo- gar da desova, até o momento da femea desovar, o tpie ella faz não de uma só vez, mas por parcellas de 2.500 a 3.000 ovules e de 15 em 15 dias, até o exgottamento dos ovários; o macho fecunda os ovulos de cada desova, assim que esta se faça. Depois, a femea se reiira, ficando o macho encarregado de guardar os ovos, fazen- do-o, porém, machinalmente, pois se estes são retirados, elle ain- da se conserva ao lado do ninho vazio, e si collocado em um aquá- rio, onde previamente tenham sido postos os ovos epie estavam can- fiados á sua guarda, elle os devora sem reeonhecel-os. Os ovos da trahira medem de 2 a 2,5 mm. de diâmetro e são de côr amarello-topazio; a incubação desses ovos dura d dias, findo os quaes nascem os alevinos, que medem 6 a 8 mm. de com- primento. A principia os alevinos mantêm-se com movimentos limitados, mas á proporção que a vesícula umbelical vae sendo ab- sorvida, elles vão nadando mais livremente, até que ao fim de cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 104 BOLETIM BIOLOGICO 10 ou 11 dias, aquelle reservatório foi completamente exgottado. Nessa occasião têm os peixinhos de procurar alimentos por conta própria e o piscicultor vê-se então seriamente embaraçado para sustentar os alevinos, que regeitam os alimentos mais commu- mente usados nesta phase, para peixes de outras especies, taes como: gemma de ovo cosido, figado de boi, farinha de trigo e de mandioca, etc. Neste caso torna-se então necessário crear os ale- vinos da trahira em cubas, ditas fluctuantes, no proprio meio em que vivem e á custa do plâncton local. Pacú — Podemos accrescentar ainda a seguinte observação infelizmente apenas parcial, referente ás primeiras phases de cres- cimento do Pacú do rio Mogy-Guassú. Esta especie attinge no má- ximo 2(5 cm de comprimento, medindo então a altura do corpo 14 cm.. O colorido é quasi inteiro branco prateado; o macho apre- senta larga malha de côr de tijolo sobre a linha lateral. Como fi- cou assignalado na tabella de contagem dos ovos, o ovário desta especie contêm ovulos de variadíssimas dimensões, o que indica que o peixe faz a desova por pareellas. Nas nossas pescarias com redinhas finas de filó, em busca de plâncton, pudemos obter bom numero de alevinos desta especie e todos elles encontrados sob rai- zes de aguapé da margem do grande rio, sendo pois quasi certo que o pacú desova entre estas plantas aquaticas. Como um de nós mostrará em outro capitulo, estas primeiras phases são interes- santissimas. O menor alevino que pudemos colher, mede 12,3 mm. Resta-nos lembrar a historia, de modo algum comprovada, dos ninhos de piranha, á qual os naturalistas ainda hoje allu- dem, apezar de não haver melhor documentação a respeito, se- não um artigo publicado pelo Dr. Holder em um “magazine” de 1883. Tal narrativa é acompanhada de um desenho, que mostra um ninho, semelhante a um côco, íluctuando na agua e preso a um ramo; duas piranhas montam guarda. São horas, afinal, de verificar como se multiplica essa praga das aguas, o mais feroz de todos os peixes. Fam. CICHLIDAE — "Acarás” ou “Papa-terra”, “Joanni- nhas” ou “Guensas”, "Tucunaré” e " Jacundá”) — A não ser o tu- cunaré e especies aliadas ao gen. Cichla, que attinge 1/2 metro de comprimento, não ha propriamente outros peixes, nesta familia, que mereçam destaque pelo valor eeonomieo. A especie mais com- BOLETIM BIOLOGICO 105 muni das aguas da vertente atlantica do Brasil meridional, o Aca- ra ( Geophagus brasiliensis ) . apenas attinge um palmo de compri- mento; porém como diz seu nome generico e também um seu.ap- pellido “papa-terra”, sua carne tem gosto de lodo. Uma enorme variedade de espeeies semelhantes abunda nos pequenos rios e apenas pela belleza de seu colorido despertam elles o interesse dos amadores de aquarios; na Europa os negociantes, que se de- dicam a essa especialidade, cultivam numerosas variedades de Cichlideos. Hensel e o Dr. H. von Ihering, ambos no Rio Grande do Sul, deram as primeiras noticias mais detalhadas sobre a procreação do Geophagus. Os machos enfeitam-se com lindas cores para attrahir a pre- ferencia da femea; uma vez acasalados, preparam os dois uma cama no leito do rio e ahi os ovos são como que aninhados, perma- necendo os paes de vigia. Logo que os filhotes começam a nadar, o pae, .principalmente, os obriga a se manterem reunidos em gru- pos e se por acaso um dos peixinhos se afasta e não quer tornar logo para junto dos demais, o velho o abocanha e o cospe entre os irmãos. Em caso de perigo, o peixe abre a bocca e abriga tcda a filha- rada na ampla cavidade. Como se vê, são assim os acarás os pei- xes mais interessantes para divertidas observações em aquarios. Agassiz, porém, affirma que em peixes de outras espeeies desta familia , encontrou os ovos na bocca, adherentes ás guelras e portanto temos assim a certeza de uma nova modalidade de in- cubação. Farn. POECIL1DAE — (Guarú-guarús ou Barrigudinhos). — Algumas espeeies desta familia se destacam pelo seu valor como elementos saneadores das pequenas aguas. Em media, es- tes peixinhos não ultrapassam poucos centímetros de comprimen- to e algumas espeeies mal attingem 20 mm. As espeeies carnívo- ras dão caça ás larvas de insectos, mesmo nos menores filetes de agua, onde aliás vivem de preferencia e em muitos dos quaes são os únicos representantes de sua classe. Assim devemos tel-os em conta de nossos melhores auxiliares na lucta contra a multiplica- ção dos pernilongos. Com o costumeiro enthusiasmo pelas novi- dades exóticas, muito se tem apregoado entre nós a utilidade das espeeies norte americanas do genero Gambusia, esquecida, ou antes, ignorada como anda a fauna nacional, rica em mais de 40 cm 1 SciELO' 11 12 13 14 15 16 17 106 BOLETIM BIOLOGICO especies desta família. Das 4 subfamilias aqui comprehendidas e que têm representantes na nossa fauna, só uma, Fundulinae, é ovipara; as outras, Cyprinodontinae, Anablepsieninae e Poecili- inne são todas oviparas e como o diz seu nome vulgar, a femea sempre tem o ventre crescido, abrigando ahi dezenas e por vezes até uma centena de embryões. O primeiro raio da nadadeira anal do macho soffreu uma transformação em orgão intromissor, deno- minado “gonopodio”. Com relação á desova dos grandes peixes amazônicos “pira- rucu’ ( Arapaima gigas) e “aruaná” ( Osteoglossum bicirrhosum), encontram-se indicações reunidas por A. Miranda Ribeiro (Ar- chivos do Museu Nacional, Vol. XII, 1903, observações de A. Ro- drigues Ferreira, pag. 156 e Comm. Linhas Teleg., publ. n. 58, 1920) bem como na “Pesca na Amazónia”, de José Veríssimo, pags. 39 e 190. Contagem dos ovulos de especies de peixes d’agua doce do Rio Mogy-guassú Nome do peixe Comp. do peixe Peso do peixe _ a o > t n o © _ Q--S Ovos por gramma Total de ovos 1 Dourado . . _ 720 1.326 954.720 la „ ... 860 9.000 900 1.281 1.152.900 1 b — 10.000 1.153 1.028 1.186.284 1 c „ ... £51) 12.000 980 1.211 1.186.780 1 <1 — 9.000 1.070 1.126 1 .204.820 1 e „ ... 1.030 18.500 2.071 1.247 2.582.537 1 f ... 1.000 14.000 1.940 1.350 2.619.000 2 Plracanjuba . 690 4.000 490 1.142 568.716 2 a — — 588 1.206 709.128 2 b — — — — 928.125 2 c „ . . 660 6.000 590 1.788 1.054.920 2 d 570 5.500 905 1.177 1.065.185 3 Piapara — 1.900 248 3 . 567 884.616 4 Piabussú . — 1 .435 217 3.500 759.500 5 Piavinha . 360 885 138 2.996 413.448 6 Curumbatá — 670 70,5 1.305 92.002 7 Peixe Cigarra — — 29,8 2.367 70.536 7 a „ „ 230 160 21,2 2.072 64.646 8 Solteira 290 318 44.5 1.856 82.592 9 Tabarana . 330 260 23,1 2.356 54.423 9a „ ... 360 556 59,05 885 52.259 BOLETIM BIOLOGICO 107 9 b Tabarana . 310 432 50,7 754 38.227 10 Peixe Cachorro- Agulha (1) . 250 145,5 15,7 1.939 30.442 11 Mandy-juba . . 300 213 7,3 3.154 23.024 12 Mandyzinho . — 11,7 1,15 4.056 12a »* • — 13,3 0,250 1.350 13 Mandy Branco . 110 8 0,725 4.102 14 Lambary . 120 22,3 2.7 10.120 27.324 15 Canivete . 200 20 2,82 3.266 9.210 lã a ... 110 11,8 0,9 — 3.064 líi. Pacú . ... 325 11 631 6.941 17 Tambihú . . — 23 1,1 7.336 18 Saguirú — 49,3 1,7 7.040 19 Ferreirinha . 150 37 2,9 1.608 4.663 20 Cascudo (4.625). 120 20 0,75 — 118 20 a »» • i - J 20 0,4 — 115 (1) Esta contagem não poude ser rigorosa, por se ter dado a fixação dos ovulos em bloco, de difficü desagregação. Infelizmente ainda não nos foi possivel classificar o material de peixes, obtido no rio Mogyguassú, devendo assim ficar para um dos proximos nu- meros deste Boletim a identificação dos nomes vulgares dos peixes desta lista. Estudos futuros deverão ultimar nossas observações, comple- tando detalhes relativos á medição, desenho da micropyle, etc. Por ora só podemos accrescentar á contagem dos ovulos as anno- tações que abaixo enumeraremos de accordo com a tabella. Todos os peixes de escama (Characideos) que observamos, á excepção do pacú e da trahira, devem desovar de uma só vez, pois sempre constatamos que os ovulos de ambos os ovários se desenvolvem todos por egual, á excepção, naturalmente, de al- guns poucos ovulos esporádicos, abortivos. Nas duas espeeies aci- ma apontadas como excepção, e que adiante descreveremos, a desova deve se dar parcelladamente, facto que também é de pre- ver para o mandy. ü ovário do dourado, quando ainda immaturo, é verde claro (quasi còr de abacate) ; á medida que os ovulos se desenvolvem, até adquirem uma pigmentação inteiramente differente, castanho- avermelhada; esse colorido não surge simultaneamente em toda a extensão do ovário, dando occasião de se ver na mesma ova as duas tonalidades mencionadas, formando um curioso mosaico geral. BOLETIM BIOLOGICO iÕ* O peso de cada ovulo, quando maduro, deve ser approxima- damente de um milligrammo. (Não se deve tirar a media das va- rias contagens por grammo, mas sim tomar em consideração o total minimo constatado). Assim podemos prever que no ovário maduro do dourado haverá menos de 1.000 ovulos por grammo. Nossa tabella nos permittiu calcular, de accordo com 7 con- tagens completas, que, em media, o dourado gera 140.000 ovulos por kilo do seu peso, o que aliás também confere bem para nos- sos dois exemplares extremos, de peso minimo (4 kls.) e máximo (18 kls.) e assim não será de estranhar que se verifique em dou- rados de 25 kilos de peso, um total de ovulos superior a 3 milhões. Estes dois dados positivos são valiosos para os futuros traba- lhos practicos de piscicultura. Os ovulos da piracanjuba apresentam uma còr verde escura, esmeraldina; suas dimensões são approximadamente as do dou- rado. O total minimo por grammo verificado foi de 1.142 e a jul- gar pela media de tres boas observações, a piracanjuba deve ter 180.000 ovulos por kilo de seu peso, ou seja um total máximo de quasi 2 milhões nos exemplares bem desenvolvidos. Grande variedade de dimensões apresentaram sempre os ovos do mandy, cascudo e pacú. No fim da contagem do conteúdo do ovário do mandy, restava sempre um tecido de pequena cohesão, no qual nada se podia perceber a olho nú e que, ao mieroscopio, revelava grande nume- ro de ovulos em crescimento. Caracteres interessantes verificamos nos ovos do pacú, pro- porcionalmente pouco numerosos, de grande fragilidade, de di- mensões variadíssimas, attingindo os seus maiores exemplares, o maior volume por nós observado em ovos de peixe e apresen- tando uma bellissima còr de ambar levemente avermelhada. Essas verificações parecem indicar que não serão o mandy e o pacú especies, ás quaes possam ser facilmente adaptados os processos culturaes, tão commodos na maioria dos outros peixes. Nos “cascudos”, muito á semelhança do que observamos nos raandys, os ovulos são de tamanho variado e também se verifi- ca que a maturação é desegual, achando-se os ovulos menores, em formação, envolvidos por um tecido relativamente espesso. Já referimos no texto anterior a razão ecologica que permitte aos cascudos esta grande reducção do numero de ovulos e lembrare- mos o facto analogo, registrado com relação aos bagres marinhos. Pela protecção, por assim dizer absoluta, que os guarús, ba- w BOLETIM BIOLOGICO 109 gres e cascudos dispensam ao embryão, podem esses peixes redu- zir o numero de ovulos quasi ao mínimo necessário para a manu- tenção da especie. Inversamente, os peixes que soltam os ovos ao léo da sorte, vêem-se obrigados a elevar o numero de ovos a um máximo por assim dizer fantástico. Mas, é ahi, justamente, que se torna ao mesmo tempo neces- sária e facil a intervenção do homem: pela fecundação artificial desapparecerá a parcella maxima do desperdício que se verifica, á lei da natureza, pois que todos os ovulos tratados entrarão em segmentação. Em seguida ha duas modalidades a seguir, confor- me os intuitos do piscicultor. Pretendendo-se criar os peixes de forma a mantel-os ao alcance, até que attinjam dimensões ade- quadas ao consumo, impõe-se todo o rigor dos cuidados de uma cultura artificial. Se, ao contrario, se trata, sómente, de repovoar os rios, não se torna necessário um grande apparelhamento para essa cria- ção. Logo que os alevinos, decorridos poucos dias, iniciam sua vida livre, serão elles soltos em aguas adequadas do rio, em pe- quenas parcellas; ainda que uma grande fracção se perca, victi- ma da perseguição por parte de seus inimigos naturaes, a acção do repovoamento terá sido feliz e ao mesmo tempo pouco dis- pendiosa. A tendencia natural dessa intervenção será para augmentar o numero dos peixes mais recommendaveis para o mercado (dou- rado, piraeanjuba, piapára, piavussú) ; mas é preciso não esque- cer que, augmentando o numero dos grandes peixes carnívoros, cumpre também manter na proporção correlata os peixes cpie de- verão servir de pasto áquelles (eorumbatá, saguirú, ferreirinha, solteira, etc.). cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 110 BOLETIM BIOLOGICO SOBRE O COMPORTAMENTO DE SUSPENSÕES E SOLUÇÕES DE CONCENTRAÇÃO OSMOTICA DIFFERENTE INTRODUZIDAS NO SACCO LYMPHATICO CRÂNIO - DORSAL DA RÃ. J A Y M E R . PEREIRA A questão da circulação lymphatica nos batrachios comquan- to apresente grande importância, sobretudo no ponto de vista physiologico e pharmacologico, pelo uso corrente desses animaes nos laboratorios, tem sido mais ou menos descurada. Sabe-se que o apparelho circulatório lymphatico comprehende um certo nu- mero de espaços denominados saccos ou seios lymphaticos espa- lhados principalmente á superfície do corpo, logo abaixo da pel- le e que se communicam uns com os outros, mantendo ainda com- iiiunicações com o systema circulatório sanguíneo por meio de orgãos especiaes chamados corações lymphaticos. Estes são em numero de quatro, situados dois na parte anterior e dois na parte posterior do corpo animal. A lympha é impulsionada para a torrente sanguínea, por in- termédio desses orgãos que representam verdadeiras bombas de sucção (diástole) e propulsão (systole), aspirando a lympha dos espaços lymphaticos e jogando-a no systema circulatório sanguí- neo atravez das veias jugular interna, na parte anterior e eschia- tica, na parte posterior. (1). A pulsação desses corações lymphaticos não tem, segundo Gaupp (2), nenhuma relação com a do coração sanguíneo; nem ha também synchronismo entre os batimentos dos corações lym- phaticos de um lado com os do lado opposto. Quanto á direcção da corrente lymphatica, quasi nada se sabe, segundo a affirmação de Holmes. (3). Na rã, é o sacco lymphatico cranio-dorsal a melhor via para a administração das drogas em solução, não só pela grande faci- lidade na sua utilização, como também pela rapidez de absorpção que é notável. E sendo este animal dos mais usados nos labora- torios de pharmaeologia e physiologia, util será qualquer contri- buição no sentido de solver o problema do funccionamento do seu systema lymphatico ainda tão obscuro. BOLETIM BIOLOGICO 111 O sacco cranio-dorsal da rã se communica directa e indire- ctamente com muitos outros espaços lymphaticos, e quanto á sua communicação com o systema venoso, ella se faz por intermédio dos seios lymphaticos basillar e illiaco, onde se acham situados os corações lymphaticos anteriores e posteriores respectivamente (fig. D- 4 Fig. 1 Sacco cranio-dorsal. Seio basillar. Coração lymph. anterior. Veia jugular interna. Fig. 1 a Sacco cranio-dorsal. Sacco illiaco. Coração lymph. posterior. Veia eschiatica. A’ primeira vista, o caminho a ser percorrido tpor uma solu- ção qualquer introduzida no sacco cranio-dorsal, seria muito sim- ples, podendo a solução ganhar o systema circulatório sanguíneo pelas vias comprehendidas nos esehemas acima. Nem sempre, as cousas se passam desta maneira e as experiencias por nós reali- zadas, mostram que a via de penetração depende de factores in- herentes ás próprias soluções injectadas, e esta diversidade evi- dencia, por outro lado, a existência, na rã pelo menos, de um mechanismo de defeza contra as suspensões e soluções de concen- tração osmotica superior a do sangue deste animal, que passadas direetamente ao meio interno poderiam provocar distúrbios no seu metabolismo normal. Nossos estudos neste terreno tiveram sua origem em uma ob- servação feita pelo nosso distincto collega prof. Miguel Osorio de Almeida, que tendo injectado no sacco cranio-dorsal de uma rã (1) uma solução de assucar, viu apparecer sob a lingua deste ani- mal uma tumef acção accentuada a que elle chamou de edema sub—lingual. Esta observação a nós communicada levou-nos a realizar uma serie de experiencias só agora terminada e cujos resultados vão ser aqui relatados. Nossas experiencias, como era natural, começaram com injec- (1) Leptodactylus ocellatus L. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 112 BOLETIM BIOLOGICO ções de soluções de assucar de eanna que provocaram sempre o apparecimento do phenomeno acima descripto. Quanto ao tem- po que decorre entre o momento da injecção e a formação do edema ('), elle é variavel conforme a concentração da solução e as condições actuaes do animal. No mais das vezes a formação se opera dentro de 1 ou 2 minutos. O liquido retirado por puneção da tumefacção sub-lingual revelou-se o mesmo injectado no sacco cranio-dorsal e as expe- riências practicadas com outros assucares, taes como a glycose, a lactose e a levulose, permittiram a observação de idênticos re- sultados. Em algumas rãs, após a formação da collecção liquida sub- lingual. verificamos no conteúdo do estomago e das primeiras porções do intestino a presença de assucar por meio do reactivo de Febling, o mesmo resultado sendo obtido na agua distillada com que se lava a bocca desses animaes. Em rãs normaes de con- trole, esses materiaes jamais reduziram aquelle reactivo. Parece- nos, por conseguinte, que as soluções de assucar collectadas de- baixam da lingua passam por um processo de diffusão ou de os- mós, ou, o que é mais provável, atravez de communicações dire- ctas para a cavidade buccal e dalii para as porções mais profun- das do tracto digestivo. Movimentos de deglutição são de facto observados, não podendo estes ser confundidos com os da respi- ração, porque envolvem movimentos de abertura e fechamento do maxillar inferior. A injecção dessas soluções praticadas nos saccos lymphati- cos femoraes não provoca a tumefacção sub-lingual, distribuindo- se os líquidos pelos saccos visinhos, como os cruraes e os latc- raes. Após essas experiencias realizadas com soluções assucaradas, injectamos soluções e suspensões diversas taes como, sòro phy- siologico (6,5°/ 00 ), liquido de Ringer, suspensão de amido de mi- lho e sangue citratado de carneiro, observando então que as duas ultimas eram capazes de provocar o phenomeno descripto, ao passo que as soluções salinas eram desprovidas desta propriedade. Por vezes observamos a passagem do amido para a cavidade buc- cal e para o estomago, sendo a sua presença ahi revelada por meio da reacção característica que esta substancia dá com o iodo. A passagem do sangue foi verificada por inspecção directa. O oleo de oliva também por nós experimentado em uma úni- ca rã, não passou para debaixo da lingua. No dia immediato ao w BOLETIM BIOLOGICO 113 desta experiencia, o sacco cranio-dorsal da rã se apresentava bas- tante tumefacto e cheio de liquido. Grande parte deste foi reti- rado por puncção, constatando-se então, ao ado de um liquido opalescente, grande quantidade de oleo. Na porção opalescente constatamos, por meio do azotato de prata, a presença de chlo- retos. Injectamos então nesta mesma rã uma solução de saccha- rose corada pela eosina que passou immediatamente para o es- paço sub-lingual carregando comsigo algumas goticulas de oleo. Dada a ausência de tumefacção sub-lingual após a injecção de soluções salinas, resolvemos investigar o comportamento de so- luções idênticas, mas de concentração osmotica differente e das experiencias realizadas neste sentido pudemos observar que as soluções de chloreto de sodio hypotonicas e isotonicas (em rela- ção ao sangue da rã) não passam para o espaço sub-lingual, em- quanto que as soluções hypertonieas abi veem ter immediatamen- cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 lli BOLETIM BIOLOGICO te. Us mesmos resultados foram obtidos empregando-se solu- ções de glycose de concentrações differentes. São estes os factos. (2) Investigando as relações que existem entre os diversos espa- ços lymphaticos da rã, verificamos em dados colhidos no livro de Gaupp, que o saeco cranio-dorsal mantem relações directas e indirectas com muitos outros espaços lymphaticos, o que se pode ver facilmente no eschema seguinte, projectado de aeCordo com os dados acima referidos. 1 — Sacais craniodorsalis. 2 — Sinus suppraorbitalis. 3 — Saccus lateralis. 4 — Sinus basilaris. 5 — Saccus iliacus. 6 — Saccus interfemoralis. 7 — Sinus ceratohyoideus. X — Sinus subscapularis. Representados por círculos e linhas cheios, estão os espaços lymphaticos e respectivas communicações comprehendidos no trajecto seguido pelas soluções hypertonicas e suspensões, desde o saeco cranio-dorsal onde são injectadas, até os seios basi-hyo- dèo e sub-lingual que ficam situados debaixo da lingua. O edema ou tumefacção sub-lingual de que temos falado não representa senão a passagem do liquido injectado no saeco cranio- dorsal para os dois seios lymphaticos alojados sob a lingua. Nem Gaupp, nem outro autor qualquer, tanto quanto sabe- mos, tem-se referido ás communicações directas dos seios basi- hyoidêo e sub-lingual com a cavidade buccal, communicações estas que se evidenciam agora claramente com a faeil passagem de soluções e suspensões collectadas naquelles seios para dentro desta cavidade. Taes observações põem ainda em evidencia a existência na rã de um mechanismo de defeza que poderiamos classificar de es- pecifico, visto como elle se exerce tão somente contra as soluções hypertonicas e as suspensões cuja passagem immediata para a í) — Sinus sternalis. 10 — Sinus temporalis profundus. 11 — Sinus parahyoideus. 12 — Sinus sublingualis. 11 — Sinus mandibularis profundus. 15 — Sinus ceratohyoideus. 16 — Sinus basihyoideus. (2) Algumas dessas experiencias foram repetidas com outras especies de rãs (Rana catesbiana, R. esculenta dos Est. Unidos da A. do Xorte, e no Brasil em Leptodactylus pentadactylus). BOLETIM BIOLOGIGO 115 torrente sanguínea perturbaria o equilíbrio funcrional do animal em questão. Apezar das communicações provavelmente directas entre os espaços lymphaticos comprehendidos no trajecto seguido pelas soluções e suspensões que vão ter aos seios sub-linguaes, parece ainda evidente quo o transporte destes líquidos se processa em virtude de um phenomeno biologico, uma vez que elle não pode ser explicado nem por effeito da gravidade e nem pelo da capil- laridade, porque neste caso todas as soluções seriam indistincta- mente transportadas para aquelles seios, o que não acontece Contra a hypothese da acção da gravidade ha ainda a notar que a posição da cabeça, nas rãs, é sempre voltada para cima e os lí- quidos injectados no sacco-cranio-dorsal se collectam sempre na parte posterior e inferior deste espaço lymphatico. CONCLUSÕES: Nem todas as soluções injectadas no sacco cranio-dorsal da rã passam direetamenle ao sangue. Isto só se verifica quando estas soluções teem uma concentração osmotica idêntica ou infe- rior á do sangue do animal. As soluções hypertonicas e as sus- pensões se dirigem para outros saccos lymphaticos e sobretudo para os seios basi-hyoidêo e sub-lingual de onde se passam para a bocca e porções inferiores do tracto digestivo. 0 oleo de oliva quando injectado no sacco cranio-dorsal ahi permanece, provocando uma chamada de liquido (lympha ou sòro sanguíneo) para este sacco. A corrente lymphatiea que percorre os espaços lymphaticos, possivelmente dirigida, em condições normaes, num determinado sentido, pode seguir caminho differente sob a acção de soluções hypertonicas e suspensões. Esta variação parece traduzir um mechanismo de defeza do animal contra estas soluções e suspen- sões que não poderiam passar directamente ao sangue, sem per- turbar o equilíbrio orgânico e funccional do animal em questão. REFERENCIAS (1) John Priestley: Jour. of Physiol. 1878. Vol. I, pag. 16. (2) Qaupp: Anatoniie des Froshes. Vol. IV, pag. 442. (3) Holmes: Biology of the frog. Pag. 281. 1 li? BOLETIM BIOLOGICO GORGULHO STERNECHUS UNCIPENNIS Boh. nas vagens de CANAVALIA. I’OR GREGORIO BONDAR Os adultos têm hábitos nocturnos; de dia conservam-se na planta, agarrados fortemente, para este fim lhes servem os ganchos duplos das tibias. De noite, de madrugada e, no tempo nublado, durante o dia, alimentam-se nas vagens verdes, porém já crescidas de leguminosas Canavlia sp.. fazendo umas fe- ridas redondas, situadas do lado dorsal da vagem (do lado da dehiscencia) ; o diâmetro das covas é de 8 a 10 mm. O insecto róe até chegar ao endocarpo da fructa, uma especie de membrana, que o insecto deixa intacta. Furando esta membrana, no meio da cóva o insecto introduz embaixo delia um ovo de dois mm. de comprimento, sobre um de largura, de eòr amarclla. O ovo e posto no meio de polpa, que envolve as sementes, e nunca nas sementes, directamente. A larva que nasce 1 a õ dias depois, ali- menta-se no principio de polpa da vagem, e depois ataca os ca- roços. As covinhas de desova, que serviam primeiro para alimentação do adulto, são feitas symetrieamente uma contra outra de dois lados da vagem, e os ovos postos, um de cada lado, acham-se por conseguinte alojados um perto do outro. O caso normal é dois ovos em cada vagem. Acontece, porém, que as vagens faltam, e as femeas apressadas em postura, aproveitam as vagens já ser- vidas para pôr mais ovos. As feridas, são, neste caso feitas aci- ma das primeiras, que sempre estão na ponta da vagem. A vagem dá bem para alimentar duas larvas, as outras tor- nam-se victimas das mais fortes. A postura é feita na ponta da vagem, em baixo, para que a larva alimentando-se possa progre- dir facilmente de baixo para cima, sem ser incommodada pelos detrictos, que assim, á medida da subida delia, accumulam-se em baixo. A vagem de Canavalia explorada, contém em media 10 caroços, cabendo para cada larva cinco caroços. As larvas depois de esvasiarem a vagem, consumindo a sua ração, o que vale cerca de um pouco mais de um mez, furam a parede edeixam-se eahir no BOLETIM BIOLOGICO 117 chão; afundam-se na terra uma dezena de centímetros e fazem um alojamento em que passam em repouso vários mezes, trans- formando-se depois em nymphas e adultos. O cyclo evolutivo é um tanto longo, ao menos de 6 mezes (e pode ser de 1 anno), passados na maior parte na terra. As larvas quando attingem o seu máximo crescimento, medem de 22 a 25 mm. de comprimen- to, sobre 8 mm., de diâmetro. São branco-amarelladas, cabeça es- cura, com a linha mediana de sutura mais clara, e duas faixas obliquas claras. No 1." annel ba uma faixa transversal amarella. O adulto é um gorgulho robusto, de 12 a 15 mm., de comprimen- to, sobre 7 a!) mm., de largura; a còr do corpo é castanho-escura, vedada porém, pelas escamas ferrugineo grisalhas, mais ou menos densas; cabeça, tliorax e elytros fortemente rugosos; nos elytros ba estrias com covinhas grosseiras, irregularmente distribuídas. No hombro de cada elytro ba uma bossa e um corno, situado la- teralmente; na parte ante-apical uma bossa em cada elytro. Na extremidade de cada tibia ba duas fortes espinhas, que servem para o insecto agarrar-se ás plantas em repouso. A especie foi identificada pelo Dr. Guy A. K. Marchall, dire- ctor do Imperial Bureau of Entomology, em Londres. Além do interesse especulativo, o conhecimento da biologia deste gorgulho poderá ter interesse practieo, pois atacando as Canavalias selvagens poderá passar ás plantações da especie cultivada Canavalia ensiformis, conhecida entre nós como fei- jão hollandez, feijão de porco, etc., cuja cultura no Brasil terá seu futuro. 1 de Outubro de 1928. 11S BOLETIM BIOLOGICO Sternechus uncipennis Boh. nas vagens de Canavalia sp. a) Vagem de Canavalia sp. atacada pelo gorgulho; o) orificio tapado, por onde foi introduzido o ovo; f) feridas symetricas (de cada lado da vagem) onde o insecto se alimentou, b) Ovos; c) larva; d) cabeça da larva, vista de frente; e) adulto. Figuras b, c, d, e, augmentadas duas vezes, (orig. do Autor). BOLETIM BIOLOGICO 119 Nota previa sobre alguns phorideos que parasitam formigas cortadeiras dos generos ATTA e ACROMYRMEX POR FREI T H O M A Z B O R G M E I E R O . F . M . (Do Instituto Biologico de S. Paulo.) A maioria dos phorideos myrmecophilos até agora conheci- dos do Brasil parasitam formigas de correição do genero Eci- ton. Visto que, a par dos Ecitonini, as formigas cultivadoras de fungos dos generos Atta e Acromyrmex (Tribus Atíini) consti- tuem, quanto ao numero dos indivíduos, o principal contingente da fauna myrmecologica do Brasil, era de esperar que também cilas fossem parasitadas por grande numero de phorideos. São, entretanto, poucos os casos que constam até hoje na literatura. Os primeiros phorideos attophilos foram descriptos por mim em 1925. Trata-se de Neodohrniphora acroinijrmecis Borgm. (1925, p. 216) e Procliniella hostilis Borgm. (1925, p. 267). Posterior- mente pude accrescentar mais tres especies: Allochaeta longici- liata Borgm. (syn. A. propinqua Borgm., 1926, p. 46), Apocepha- ius lamellatus Borgm. (1926, p. 49) e Stenoneurellys laticeps Borgm. (1927, p. 507). A especie Lépido phoromyia zikani Borgm., mencionada por Schmitz (Natuur-hitor. Maandblad, 1928, p. 66), do Bio Grande do Sul, sem duvida não passa de um hospede occasional de Acro- myrmex. Recebi, é verdade, também algumas femeas dessa es- pecie de Campo Bello (Itatiaya), que foram capturadas sobre Acromyrmex subterranus For. (J. F. Zikán, l;eg. 21-X-1926), mas esses phorideos se encontram geralmente em substancias podres, particularmente em cadaveres de cupins, e segundo já observa Schmitz, nada têm que vêr com formigas ou cupins. São esses os únicos casos mencionados na literatura sobre phorideos encontrados com formigas cortadeiras. Dado o grande prejuizo material causado annualmente nas culturas brasileiras pelas formigas dos generos Atta e Acromyr- mex {saúva e quem-quem), a investigação exacta de seus para- sitas tinha, além do interesse scientifico, um interesse eminente- mente pratico. Por isso pedi aos meus collecionadores prestassem BOLETIM BIOLOGICO 120 at tenção particular para com os phorideos tjue vivem com for- migas cortadeiras. Minha esperança não foi desilludida. Se bem que o material de phorideos attophilos reunido na minha collec- ção até hoje esteja longe de ser completo, fiz ultimamente uma revisão do mesmo, depositando os resultados dos meus estudos num artigo illustrado que será publicado na Allemanha. Como a impressão desse trabalho ainda vae demorar, resolvi publicar a presente nota prévia, enumerando todas as as especies tratadas no referido artigo e caracterisando ligeiramente as especies novas. Com excepção de Allorhaeta lonçjiciliata Borgm.. todas as es- pecies aqui mencionadas são parasitas inimigos de Atta ou Acro- myrmex, os quaes pairam a pequena altura sobre as formigas, aproximando-se-lhes por detraz, afim de lhes injectar um ovo por entre as imbricações dos segmentos abdominaes. ALLOCHAET A LOXG1C1LIATA Borgm. 192(5 Os exemplares typieos desta especie são provenientes de Pe- tropolis e foram encontrados com Acromyrmex muticinodus For. subsp. h o mal o ps For. Com a mesma formiga C. Prade colleccio- nou um par in copula (31-X-1926), cujo macho foi reconhecido como idêntico a A. propinqua Borgm., nome esse a passar para a synonymia. Provavelmente esses phorideos procuram as formigas carre- gadeiras para lhes mendigar uma gotta de alimento, quando ellas descem pela arvore carregando recortes de folhas; pois, segundo uma obser\ação interessante de C. Prade, feita em Petropolis (23-XII-1926), os phorideos pousavam sobre as folhas tacteando com as antennas a região buccal das formigas. Semelhantes cos- tumes foram observados na Europa em Meto pina (ormicomen- dicula Schmitz com relação a Solenopsis fuyax. Si Allochaeta longiciliata passa o cyclo evolutivo dentro do formigueiro, é ainda cousa a averiguar-se. 0 certo é que o ovi- positor das femeas não é muito chitinisado e se acha desprovi- do de ferrão, pelo que é incapaz de perfurar a membrana inter- segmental afim de injectar um ovo nu abdômen das formigas, como se da com as demais especies attophilas enumeradas neste trabalho. XEOUOII RXIPHORA DECLIXATA Borgm. 1925 Este phorideo é um dos principaes parasitas inimigos da BOLETIM BIOLOGIOO 121 saúva, portanto insecto utilíssimo. Encontrei uni exemplar desta espeeie na eollecção do Museu Paulista, que foi capturado em 21-XI-lí)(l(i, por H. Luederwaldt, em São Paulo, na entrada de um ninho de Alta laevigata Fred. Smith. Uultimamente (10-XI-1927), meu confrade e amigo Caetano Prade encontrou centenas desses phorideos em Bom Retiro ( S. Catharina, Município Herval), perseguindo a Atta sexdens L. Transcrevo aqui o trecho respectivo da carta que acompanhou a remessa do material: "Os phorideos que estão no vidrinho A pertencem ás formi- gas do vidro grande marcado com a mesma lettra. As formigas deste vidro são todas provenientes do mesmo ninho. Com ellas encontram-se phorideos em abundanda. Só que é muito custoso pegal-os, porque as formigas são muito ferozes e onde estão co- brem o sólo. Si não fosse isso, dava para pegar centenas. Segun- do me parece, são todos da mesma espeeie, mas o Sr. poderá ver. Esses phorideos perseguem as formigas bem de perto até que che- gam a tocar o abdómen das formigas, dando-lhes uma espeeie de cutueão. Então o phorideo fóge de repente, e a formiga dá uns movimentos como para defender-se. E’ o que observei só a res- peito desses phorideos.” NEODOHRX1PH ORA ACROM YRMECIS Borgm. 1925 Os typos desta espeeie são provenientes de Rio Negro (Paraná), e foram encontrados por W. Frey sobre um ninho de Acromyr- mex sp. (28-11-1924). XEODOHRNIPHORA WASMAXXI n. sp. Em Junho deste anno o rev. Dom Bento Piekel encontrou em Tapera (Est. Pernambuco), sobre Atta sexdens var. rubropilosa Foi\, duas femeas de N eodohrniphora, que constituem uma nova espeeie, a qual é visinha de acromymecis, differindo, porém, pelo ovipositor menos comprido e pela nervação das azas; também o tarso anterior é relativamente mais curto. Comprimento total 2,8 mm. A PO CE PH A L L JS LAMELLATUS Borgm. 1926 Os typos desta espeeie foram encontrados pelo autor em Pe- tropolis na entrada de um ninho de Acromyrme x muticinodns ssp. homàlops For. (20 XII-1921). 122 BOLETIM BIOLOGICO APOCEPHALUS ATTOPHILUS n. sp. Desta nova espécie recebi uma femea de Bom Retiro (S. Catha- rina), C. Prade leg. 1!)27, sobre Attu sexdens L. Ella se distingue facilmente das demais especies brasileiras pela formação do ovi- positor que é espatulado, com as margens lateraes ligeiramente convexas. Comprimento da aza, 1,8 mm. Nervura costal 0,16 do comprimento da aza. Balancins amarellos. Comprimento total 2,7 mm. APOCEPHALUS RIOXEGRENSIS n. sp. Esta nova especie c visinha de A. peniculatus Borgm. 1025, da qual differe pela formação do ovipositor e pela nervação das azas. O ovipositor é menos largo, relativamente mais comprido e com as margens lateraes ligeiramente côncavas. Comprimento da aza 1,34 mm. Nervura costal 0,58 do comprimento da aza, por- tanto distinctamente mais comprida do que em peniculatus. Comprimento total 2.1 mm. Holotypo 1 femea (em álcool) de Rio Negro (Paraná), \V. Erey leg. 13-111-1921 sobre Acromyrmex subterrâneas var. brun- neus For. APOCEPHALUS DUBITATUS n. sp. Possuo um exemplar proveniente de Minas Geraes, amavel- mente cedido pelo prof. A. Reiehensperger (Bonn) e que possivel- mente constitue a femea desconhecida de .4. obscuras Borgm. 1021. Mas encontram-se algumas differenças que põem isto em duvida. As tibias medias são mais delgadas e o esporão terminal é relativamente mais curto. Também a segunda divisão da nervu- ra costal é mais curta. Holbtypo 1 femea de Minas Geraes, Fuja leg. IX. 1 1)23 sobre Acromyrmex subterrâneas var. brunneus For. M YRMOSICA RIUS nou. yen. Pertencente á sub-familia Metopininae. Cabeça mais larga do que o thorax. Cerdas supra-antennaes em anteversão. Terceiro articulo antennal oval, no macho alon- gado, arista subapical. Palpos curtos, com poucas cerdinhas como em Pseudacteon. Sexto tergito abdominal no meio do bordo ante- rior com pequeno orifício glandular semicircular. Ovipositor chi- ünisado, tubiforme. Hypopygio curto e baixo, segmento anal em BOLETIM BIOLOGICO 123 forma de bainha, inoderadamente comprido. Patas delgadas, sem cerdas isoladas. Tarso anterior da femea de articulação indistin- cta. Pretarso anterior ou medio geralmente muito adelga- çado. Aza do typo de Megaselia, nervura costal muito abreviada, approximadamente 1/3 do comprimento da aza. Typo do genero: Myrmosicarius gracilipes n. sp. CHAVE DAS ESPECIES ] — Terceiro articulo antennal approximadamente de compri- mento normal — 2. — Terceiro articulo antennal distinctamente alongado — õ. 2 — Tarso posterior na face antero-ventral com cerdas micros- cópicas — tarsipennis n. sp. — Tarso posterior com pubescencia normal — 3. 3 — Tarso anterior exactamente do comprimento da tibia — cru- delis n. sp. — Tarso anterior distinctamente mais comprido do que a ti- bia — 4. 1 — Ovipositor na extremidade apical forquilhado. Sexta ner- vura longitudinal ligeiramente em forma de S — gracilipes n. sp. — Ovipositor na extremidade lanceolado. Sexta nervura na metade distai recta — cuspidatus n. sp. 5 - — Arista menos comprida do que o terceiro articulo antennal. Quarta nervura quasi recta — grandicornis n. sp. — Arista 1/3 mais comprida do que o tercereiro articulo anten- nal. Quarta nervura ligeiramente côncava — catharinensis n. sp. MYRMOSICARIUS GRACILIPES n. sp. Comprimento total 1,8 — 2 mm. Typos 17 femeas (em álcool) de Rio Negro (Paraná), W. Frey leg. 13-111-1924 sobre Acromgrmex subterrâneas var. brun- neus For. MYRMOSICARIUS CRUDELIS n. sp. Comprimento total 1,4 -1,7 mm. Holotypo 1 femea (em álcool) de Bom Retiro (Santa Catha- rina), C. Prade leg. 1927 sobre Atta sexdens L. Paratypos 6 femeas 12 -! BOLETIM BIOLOGICO da mesma localidade, C. Prade leg. 29-VIII-1927 com Snlenopsis naevissima ( ?) . MYRMOSICARIUS CATHARIXEXSIS n. sp. Esta especie é visinha de M. crudelis, mas differe delia pelo terceiro articulo antennal que é mais comprido, e pela nervação das azas. Comprimento total 1,4 mm. Holotypo de Bom Retiro (Santa Catharina) , C. Prade leg. 28-XI-1927 sobre Acromyrmex sp. (prope diabólicas Santschi). Nota — A esta especie me parece pertencer um exemplar ma- cho apanhado por C. Prade na vidraça da janella (30-11 1-1927). MYRMOSICARIUS GRAXDICORXIS //. sp. Comprimento total 1,7 mm. Esta especie é visinha de .V. catharinensis, mas o terceiro ar- iiculo antennal é ainda mais comprido e tarnbem a nervação das azas é differente. Comprimento total 1,36 mm. Holotypo 1 femea de Raiz da Serra (Est. do Rio de Janeiro), \Y. S. Bristowe leg. Agosto de 1923, “flying over saúva”. MYRMOSICARIUS TARSIPEXXIS n. sp. Esta especie é visinha da especie typica crudelis, mas o tarso anterior é mais curto e o metatarso posterior apresenta na face antero-ventral cerdinhas microscópicas. (Fig. 1-2). Comprimento total 1,8 mm. Holotypo 1 femea (em álcool) de Petropolis, C. Prade leg. 23-XII-1926 sobre Acromyrmex muticinodus ssp. homalops For. Pa ratypo 1 femea da mesma localidade, A. Wiltuschnig le« Abril 1927. MYRMOSICARIUS CUSPIDATUS n. sp. Esta especie é muito visinha de gracilipes, mas a formação do ovipositor é differente. Comprimento total 1,7 mm. Typos: 1 femea (em álcool) de Petropolis, C. Prade leg. III- 1926 sobre Acromymex muticinodus ssp. homalops For. Além BOLETIM BIOLOGICO 125 disso 1 femea (conservada a secco) da mesma localidade, C. Pra- de leg. 12-1 1 -11)23. STENONEURELLYS LAT1CEPS Borgm. 11)27 O holotypo desta especie é proveniente de Petropolis, C. Pra- de leg. 23-XII-1926, sobre Acromyrmex miiticinodus ssp. ho maio ps For. PROCLIMELLA HOST1LIS Borgm. 11)25 Esta especie foi encontrada na mesma localidade e com a mesma formiga, B. Ronchi leg. 14-XII-1921. ZUSAMMENFASSUNG Diese Arbeit enthâlt eine vorlâufige Notiz iiber Phoriden, die bei Blattschneiderameisen schmarotzen. Meine Untersuchung c-rgab 1(5 sichere Arten, die sich auf 6 Gattungen verteilen. Mit Ausnahme von Allochaeta longiciliata Borgm. sind alie feind- iiche Verfolger von Ai ta oder Acromyrmex, welche dicht iiber den Ameisen schweben und sich denselben von binten náhern, um ih- nen mittels des cbitinosen Ovipositors ein Ei zwischen die Hinter- leibstergite einzuspritzen. Fünf weitere Arten (1 Neodohrni- phora sp., 3 Myrmosicarius ssp. und 1 nov. gen.) bleiben vor- lâufig unbeschrieben. In Wirklichkeit dürfte die Anzabl der bei Attta und Acro- myrmex parasitisch lebenden Phoriden noch erheblich grósser sein. BIBLIOGRAPHIA Borgmeier, Th. 1924, Novos generos e especies de Phorideos do Brasil. Boi. Mus. Nac., Rio, vol. I, pags. 1(58-202, 23 figs. ” 1925, Novos subsídios para o conhecimento da familia Phoridae. Arch. Mus. Nac. Rio, vol. 25, pgs. 85-281, (51 figs. no texto, Est. I-XYII. ” 192(5. Phorideos novos ou pouco conhecidos do Brasil. Boi. Mus. Nac. Rio, vol. 2, fase. 5, pgs. 39-52. Est. I-III. " ” 1927, Zwei neue myrmecophile Phoriden aus Brasilien. Eos, Madrid, vol. 3, pgs. 505— 511, 3 figs. no texto, 1 est. 126 BOLETIM BIOLOGICO 1) Myrmosicarius tarsipennis n. sp. Tarso posterior x 200. (Object. Zeiss 10 mm., Ocul. Homal. I). 2) Myrmosicarius tarsipennis n. sp. pata posteriox x 70. (Object. Bausch & Lomb, 32 mm., Ocul. Zeiss Homal. I). BOLETIM BIOLOGICO 127 Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. Cathedratico: LAURO TRAVASSOS — Assistente: — CESAR PINTO. Monitores: PAULO ARTIGAS, CLEMENTE PEREIRA, ZEFERINO VAZ e EDMUR WHITAKER. N." 61 EIMERIA CARINII nova especie. Parasita de MUS (E.) NORWEGICUS do Brasil. PELO DR. CESAR PINTO Examinando fezes de ratos (Mus ( E .) norwegicus) colhidas pelo prof. A. Carini, tive a opportunidade de encontrar grande numero de esporos maduros de uma Eimeridia pertencente ao ge- nero Eimeria que me parece ser uma especie nova. O nome especifico é dado em homenagem ao prof. Carini que foreueceu o mterial contendo esporos do Protozoário abaixo des- cripto. EIMERIA CARIS II n. sp. Fig. 1 Hospedador: Murideo (Mus (E.) norwegicus) proveniente da cidade de São Paulo, Brasil. Localisação : esporos maduros encontrados nas fezes. Diagnose: oceysto maduro (Fig. 1), arredondado tendo de diâmetro 22 a 23 micra ou ligeiramente irregular tendo 22,1 mi- cra por 23,8 micra. Membrana do oocysto tendo 1,7 a 2 micra de espessura e muito característica pelo facto de possuir peque- nas estriações transversaes. A parede que reveste o oocysto é lisa não se notando pequenas depressões como acontece com a Eime- ria intricata Spigl. Oocysto maduro contendo no seu interior quatro esporos sem reliquat oocystico. Os esporos são arredondados ou ovalares e medem lti a 18 micra de comprimento por 9-10 micra de largura. No interior de cada esporo existem dois esporozoitos e um reli- quut esporai constituído por grânulos refringentes irregularmen- te esparsos. 12$ BOLETIM BIOLOGICO Fig. 1. Oocysto madura de Eimeria carinii n. sp. x 1.800 diâmetros. BOLETIM BIOLOOICü 129 Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Brasil. Prof. Cathedratico: LAURO TRAVASSOS — Assistente: — CESAR PINTO. Monitores: PAULO ARTIGAS, CLEMENTE PEREIRA, ZEFERINO VAZ e EDMUR WHITAKER. N." 62 Sobre uma especie do genero RICTULARIA Froelich (Nematoda). POR LAURO TRAVASSOS O material que forneceu assumpto para esta nota faz parte de uma collecçào de helminthes de Chiropteros que nos deu o dis- tincto collega Dr. Samuel Pessoa, do Instituto de Hygiene de São Paulo, a quem muito agradecemos. Em trabalho posterior daremos conta, com mais detalhe, das especies de helminthes encontradas nesse material. Agora nos occuparemos exclusivamente de uma especie do genero Rictu- laria. Ha na literatura apenas referencias de uma especie de Rict ti- laria. da fauna de Nematodeos do Brasil, a qual se refere a um pa- rasito descripto por Diesing em 1851, do Oxymycterus rufiis (Ro- dentia). Este parasito foi incluído por Hall em genero aparte: Rictularioides Hall, 1916, Diesing inicialmente denominou-o Ophiostoma amphicantha e só é conhecido pela descripção de Diesing, que, como todas as descripções antigas, é insufficiente. Hall baseou-se na extranba estructura eephaliea, descripta e re- presentada por Diesing para o estabelecimento de novo genero. Não obstante vir a descripção acompanhada de figura, parece- nos ser prudente uma certa reserva sobre a interpretação a dar á descripção e figuras da extremidade eephaliea desta especie que bem pode ser resultado de uma má fixação ou qualquer outro de- feito do material. Por diversas vezes temos encontrado Rietularias parasitando morcegos, mas nunca tivemos opportunidade de estudal-as e des- crevel-as. Esse nosso material anterior está no Instituto Oswaldo Cruz não nos sendo possível agora estudal-o. 130 BOLETIM BIOLOGICO O genero Rictalaria foi por Hall, em 1913, separado em uma sub-familia que indevidamente subordinou aos Stroiujyloidea. Ralliet, em 1916, separou em familia aparte que justamente in- cluiu nos Spiruroidea. Realmente as Rictularias teem todas as características de Spiruroidea desde a capsula buccal, morpbolo- gia do esophago, extremidade caudal dos machos, e mesmo as formações cuticulares. Yorke & Maplestonc. 1926, em sua formidável monographia dos nematodeos dos vertebrados acceitam a orientação de Railliet mantendo os Rictulariidae nos Spirudoidea. Incluiram nesta fa- milia 5 generos: Rietularia, Rictularioides, Echinomena, Espinitec- tus e Pneumonema. Sobre Rictularioides já nos referimos atraz, manifestando a opinião de ser prematuro o estabelecimento de genero para especie ainda mal conhecida. Quanto á Pneumone- ma e Echinonema não me parecem bem situados aqui, sobretudo Echinomena, embora não possamos indicar melhor collocaçáo. Espinitectus, porém, deve ser afastado desta familia. Sobre a si- tuação desse genero trataremos em trabalho que está no prélo, feito em collaboração com P. Artigas e C. Pereira e que appare- cerá nos Archivos do Instituto Biologico de São Paulo. Baylis & Daubney incluiram este genero como appendice dos Thelazinae, sem reconhecer para elles qualquer grupo autonomo, opinião que não é acceitavel. Resumindo, consideraremos do modo seguinte os Rictula- riidae Railliet, 1916: — Uma só sub-familia Rictulariinae Hall, 1913 com os generos: Rietularia Froelich, 1802; Rictularioides Hall, 1916. Pneumonema Jonhston, 1916 e Echinonema v. Linstow, 1898 poderão ficar apenas como generos parecidos no aspecto ex- terior, parecendo-nos que Echinonema se approxima mais dos Ascaroidea. Pneumonema é evidentemente um Spiruroidea, mas cuja situação ainda não pode ser estabelecida. RIETULARIA ELEGASS n. sp. (Fig. 1-6) Comprimento: femea — 1,6 mm. Macho — 2,3 mm.; largura: femea — 0,21 mm.; macho — 0,13 mm. Corpo mais attenuado an- teriromente e com cutícula estriada transversalmente, apresen- tando duas series longitudinaes de formações chitinosas caracte- rísticas. Essas formações são situadas ventro-lateralmente e teem inicio anteriormente, ao nivel do principio do esophago e posterior- cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 131 mente, perto da extremidade posterior, á 0,42 mm. nas femeas e 0,19 m. nos machos, desta extremidade. São dispostas aos pares e bastante approximadas uma das outras; modificam-se gradualmente de diante para traz; a prin- cipio augmentam as dimensões até mais ou menos o nivel da ter- minação do longo esophago e dahi para traz diminuem progres- sivamente. Damos figuras de 2 typos principaes destas forma- ções : as observadas na figura 2 são situadas antes da terminação do esophago e teem 1 aculeo curvo e raiz larga, medem mais ou menos 0,077 mm. de comprimento, sendo 0,030 mm. para o aculeo, e de largura 0,030 mm. As formações representadas na figura 3 são situadas atraz do esophago e medem 0,092 mm. de compri- mento, sendo 0,038 para a lamina, por uma largura de 0,15 mm. Como se vê, são mais longas e mais estreitas. A extremidade anterior apresenta uma ampla capsula buc- cal que não é situada obliquamente como em muitas especies, mede cerca de 0,038 por 0,038 nas femeas e 0,030 por 0,030 mm. nos ma- chos, isto é, teem secção mais ou menos quadrada. Não pudemos observar bem os lábios, comtudo nos pareceu serem em numero de 2. A cutícula em torno da extremidade cephalica estava extre- mamente dilatada, mas evidentemente, devido a defeito de fixação. O esophago é extremamente longo e quasi cylindrico, mede cerca de 1,3 mm. de comprimento na femea e 0,67 mm. no macho por uma largura respectivamente de 0,061 e 0,046 mm. Aunei nervoso na extremidade anterior do esophago, a cerca de 0,15 mm. da ex- tremidade anterior do corpo, nos dois sexos. O póro excretor não pôde ser observado. Femeas com a vulva situada a cerca de 2,1 mm. da extremi- dade anterior, sendo o apparelho genital de lypo pro-delpho; o ovejector se dirige para traz, os úteros ficam em continuação ao ovejector e vão até o nivel do anus onde curvam-se para a frente de tal modo que os ovários ficam ao nivel do ovejector. Os ovos são relativamente grandes e de casca extremamente espessa, me- dem cerca de 0,012 mm. de comprimento por 0,018 a 0,023 mm. de maior largura. A extremidade posterior é cónica, ficando o anus a cerca de 0,10 mm. da extremidade. O anus é precedido de um longo recto, extremamente delgado e talvez mesmo cego. Machos com a extremidade posterior curvada em arco e com azas muito estreitas. Apresentam cerca de 8 pares de papillas sendo seis post-anaes mais ou menos em dois grupos, e dois pares pré-anaes; notámos ainda uma papilla pré e outra post-anal, im- 132 BOLETIM BIOLOGICO pares. Os espiculos são desiguaes, medindo cerca de 0,046mm. e 0,107 mm. respectivamente. Habitat: — Eiimusospes perotis Wied. Proveniência: — Engenheiro Gomide, Est. de São Paulo. Como vimos, essa especie foi colleccionada pelo Dr. Samuel Pessoa, sendo o morcego determinado peio Sr. João Lima, do Mu- seu Paulista. No mesmo material encontramos também um exemplar ma- cho de Haplostronyylus paradoxus (Trav., 1918). EXPLICAÇÃO DAS FIGURAS Fig. 1 — Extremidade anterior e capsula buccal. Fig. 2 — Formações cutilares da femea, perto da termina- ção do esophago, vistas ventralmente. Fig. 3 — Idem, ao nivel da porção anterior do intestino, vis- tas também ventralmente. Fig. 4 — Extremidade posterior da femea, vendo-se o recto rudimentar. Fig. 5 — Extremidade caudal do macho, vendo-se as forma- ções cuticulares de perfil. Fig. 6 — A mesma, mas augmentada, para mostrar os espi- culos e as papillas. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 135 Contribuição para a biologia de CENTRIS SPONSA e ACANTHOPUS EXCELLENS (Hymen.) POR BENTO PICKEL A biologia dos Podaliriidae é pouco conhecida até hoje, ao que parece, porque compulsando as obras referentes a este ponto em o nosso paiz, encontrei somente algumas notas sobre o modo de vida destas abelhas solitárias. R. v. Ihering, em sua Biologia das abelhas solitárias do Brasil (1), fornece valiosos apontamen- tos sobre a nidificação do Podalirideo Ptilothrix plumata Sm. que se cria em casa dc cupim no Estado de São Paulo. F. Silves- tri (2), achou outra abelha, a Centris thoracical Lep., nu Estado de Matto Grosso, também em cupinzeiros de duas especies. A. Ducke, finalmente, também assignala os ninhos de cupim como criadouro das abelhas grandes de Centris. Embora Ihering tenha encontrado vários criadouros para os differcntes generos de Podoliriidae, parece entretanto, que as es- pecies de Centris se criam exclusivamente em casas de cupim. As minhas pesquizas confirmam plenamente esta supposi- ção para outra especie de Centris que ha dois annos tenho encon- trado em casas de cupim, no Estado de Pernambuco, na Fazen- da da Escola S. de Agricultura de Tapera. Examinando os cupinzeiros da região em busca de termito- philos encontrei sempre casulos vazios e cheios de uma cupi- neira que extrahi e criei no laboratorio, podendo estudar-lhe al- guns traços biologicos de que tratam as linhas abixo. O termitophilo c um bellissimo insecto, determinado pelo Dr. Costa Lima como Centris (Melanocentris) sponsa Sm., e o cupim, em cujas casas vive, foi determinado por F. Silvestri como Microcerotermes bouvieri Desn. Deixo consignado neste logar os meus agradecimentos aos dois sicentistas pela determinação do material. As casas de cupim, preferidas pela Centris sponsa, são muito duras porque são construídas de argilla, tendo a côr da terra donde porvem. Encontram-se sempre por cima da terra coitadas (1) Revista do Museu Paulista, vol. 6. (2) E. Wasmann. Das Gesellschaftsleben der Ameisen, I. Band. 13í> BOLETIM BIOLOC.ICO em paus ou rochedos desde poucos cm. acima do solo até á al- tura de cinco e mais metros. Nunca encontrei casulos desta es- pecie de Centris em cupinzeiros de especie differente, de sorte que se póde admittir um caso de symbiose constante e regular entre os dois insectos. A Centris sponsa é de côr preta com pubescencia dourada nos tres primeiros tergites abdominaes e no torax, excepto o photho- rax e uma área quadrada mesonotal com o escutello. A pubes- çencia tio terceiro tergite abdominal não é constante, pois, ás ve- zes é fraca e póde mesmo faltar. As azas são preto-azuladas. Os exemplares da collecção da Escola têm 3 cms. de comprimento por 1 cm. de largura. Não capturei o macho, embora criasse vá- rios especimens de material colhido nos cupinzeiros; todos os in- divíduos eram femeas, das quaes encontrei uma perfurando a casa de cupim em busca da liberdade e outras em nidificação. A Centris sponsa tem metamorphose interessante, cujas pha- ses pude seguir e estudar. O ovo é roliço e tem forma oblonga e curva com 5 mm. de cumprimento (Fig. 1-A). As larvas obde- eem a quatro typos, cujos instars suppõem varias ecdyses, não se encontrando porém as exuvias, a não ser a ultima pelle larval. O primeiro instar é uma larva curva e enrugada que se encontra deitada sobre a massa alimentícia accumulada no fundo do al- véolo. A lama recem-nascida tem 6 mms. de comprimento e attin- ge em pouco tempo 3 a 4 cm. de cumprimento (Fig. 1-B). O se- guinte instar é uma larva roliça e lisa com 1 cm. de comprimen- to por 1 cm. de largura. Neste periodo de maior crescimento a larva consome todo o alimento que consiste de pollen e mel, de- nominado vulgarmente “saburá”. (Fig. 1-C). O outro instar é uma larva com os somites encolhidos e enrugados, tendo 3,5 cm. de comprimento. Nas pleuras começa esboçar-se a divisão tergo- sternal. (Fig. 1-D). Durante este tempo a larva principia a tecer o casulo revestindo o alvéolo internamente com uma camada lisa e forte de textura pergaminhosa. Depois da formação do casulo ha mais um instar larval muito encolhido e quasi immovel, tendo de comprimento 3 cm. mais ou menos. (Fig. 1-E). Parece que a Centris "hiberna” neste estádio até effectura-se, em Maio e Ju- nho, a transformação em nympha. As larvas são apodas e cegas, sempre de côr branca e com dez estigmas nos lados. A nympha é de côr branco-suja, excepto no thorax e na cabeça que são es- curos, quasi pretos. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 137 Fig. 1 O tempo de evolução dura provavelmente uns 9 mezes, em condições normaes. Surprehendi as femeas na nidificação e pro- creação desde Julho até Outubro. As imagos apparecem de Ju- nho a Outubro. Segundo H. Luederwaldt (in litt.) , no Estado de Maranhão, a Centris sponsa, representada por tres exemplares (1 macho e 2 femeas) no Museu Paulista, apparece em Setembro. As larvas adultas que se conhecem pela presença de forte casulo, encontrei desde Setembro até Julho. As nymphas achei tão so- mente nos mezes de Junho e Julho. Os alvéolos, sempre sobrepostos em numero de dois a quatro, raro havendo um só, são tão bem construídos no interior das ca- sas de cupim, que estes isopteros não os podem perfurar. Acon- tece, porém, que alguns alvéolos novos occupados pelo cupim que mata o inquilino. Nunca os alvéolos se encontram no núcleo in- terno, muito duro, que constitue o reducto da mestra, mas sem- 138 BOLETIM BIOLOGICO o fc m 4if. \ i [ 31 - W*M m., I m ' Fiff. 2 pre na peripheria mais molle. Mais para o centro do cupinzeiro só sáo encontrados alvéolos antigos que são cheios das galerias do cupim ou habitados por formigas do gen. Camponotus de va- rias especies. Os alvéolos têm a mesma forma descripta e figura- da por Ibering, mas são bem maiores, tendo 2,5 cm. de compri mento e 2 cm. de largura maior no bojo, ficando mais estreitos perto da tampa. A superfície externa é aspera e adherente firme- mente ás galerias do cupim, a interna é alizada e lustrosa. 0 al- véolo novo é quebradiço, apezar da parede grossa, formada do material do cupinzeiro, e se desmancha no álcool em uma mas- sa amorpha, ao passo que o velho é resistente, graças ao casulo forte que o forra. 0 fundo é arredondado e contém o alimento cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 139 da larva. Este material que tem cheiro agradavel, no principio é liquido em cima e mais solido em baixo, ficando enxuto mais tarde. A tampa do alvéolo é chata, provida internamente de uma cicatriz característica e serve de supporte ao alvéolo seguinte. A posição da larva é erecta, com a cabeça inclinada para o fundo, ao passo que a joven larva é deitada sobre o saburá. A sabida da imago se effectua pelos lados e não pela tampa como pensa Ihe- ring. Encontrei varias vezes cupinzeiros com uma, duas e até qua- tro perfurações superpostas, e até quinze em um unico, por onde tinham escapado as imagos e dois indivíduos surprehendi neste trabalho. E por este motivo que também os alvéolos deitados são abertos na parede lateral, quando se criam no laboratorio (Fig. 3). Fig. 3 A nidificação é muito interessante. As femeas que encontrei fazendo os alvéolos perfuraram a casa de cupim na base ou de lado, excavando uma galeria ascendente que, dando uma volta larga, findou num canal descendente em prumo (mais ou menos), onde no fundo havia os alvéolos com saburá e um ovo, o ultimo sem tampa ainda. O trabalho da nidificação parece ser pouco demorado, porque as larvas da mesma ninhada ordinariamente apresentam poucas differenças na idade. Achei porém também I4(> ROLETIM RIOLOGICO Fig. 4 Junto com a Centris criei também o seu parasita, Acantho- I >us excellens Schr. A còr deste insecto bellissimo concorda muito bem com a descripção de Schrottky (3). Assim, |>ois, está prova- do que este Nomadideo queA. Ducke (1) considera como for- ma geographica de A. splendens F. occorre também em Pernam- (3) Revista do Museu Paulista, vol. õ. (4) Commissão de linhas telegraphicas estratégicas de Matto tirosso ao Amazonas. Annexo X." 5 Hymenopteros. cm l SciELO ninhadas cujo alvéolo mais antigo (o inferior) encerrava uma lar- va adulta, ao passo que os outros superiores continham larvas m uito jovens. Esta demora na construcção dos alvéolos se expli- ca pelos hábitos pacíficos do cupim. Ordinariamente o cupim obs- true o canal aberto pela Centris, fechando o rombo, de sorte que desapparece todo o vestígio da presença de inquilinos. A Centris perturbada assim no seu trabalho é obrigada a construir n’outro logar. Em cupinzeiros, todavia, que em parte são deshabitados, encontrei intacto o canal aberto pela Centris e também os bura- cos de sahida. (Fig. 4). BOLETIM BIOLOGICO 141 buco. Entretanto, esta raça foi encontrada até agora (ao que pa- rece) somente nos Estados de São Paulo e Matto Grosso. 0 unico exemplar que possuo, é femea, tendo 2.5 cm. de comprimento e 0,9 cm. de largura. De Agosto a Novembro en- contrei também as larvas deste parasita dentro do alvéolo de Cen- tris. O ovo de Acànthopus é roliço, oblongo, curvo e finamente granuloso, provido de um risco longitudinal e tem 6 mms. de com- primento. Na tampa de um alvéolo encontx - ei grudado um ovo vazio, cuja larva tinha perecido. Pude constatar tão somente tres instars larvaes, acredito porém que tem mais. A larva reeem- de- salagada, de Omni. de comprimento, traz na cabeça pardacenta mandíbulas fortes e curvas da mesma còr e, no prothorax dois pseudopodes. Também os outros somites são bastante prolonga dos a ponto de servirem para a locomoção. Encontrei uma des- sas larvas que viajava no interior do alvéolo em procura do ovo de Centris arrastando atraz de si o chorion o que ainda não ti- nha abandonado. (Fig. 1-F). O seguinte instar é uma larva seme- lhante ao typo D de Centris, mas desta differe pela presença dc patas e a fórma das mandíbulas etc., illustrada pela F. 2, os ca- differença dos estigmas desses dois typos larvaes, a presença de patas e a fórma das mandíbulas etc. illustrada pela Fig. 2 os ca- racteriza sufficientemente. Summamente interessante na larva de Acànthopus deste instar é a existência de palpos. O palpo la- bial é triartieulado, sendo o articulado basal largo ou folhoso. (Fig. 2-N). Os palpos existentes na base das mandíbulas, no lado externo da cabeça, são biarticulados e certamente devem ser re- lacionados com as maxillas, embora que estas faltem na larva. (Fig. 2-0). (No adulto estes palpos são ausentes ou reduzidos a tubérculos). Facto interessante para o hymenaptero é o appare- eimento de dejecções da larva. Depois de consumido o saburá, apparecem os excrementos filamentosos que são aproveitados no forro do alvéolo. Mas encontrei também uma larva que princi- piou a excretar antes de ter consumido o alimento. Em seguida se dá a muda, desta larva, que tem 3 cm. de comprimento. A larva, do ultimo instar provavelmente, é fulva e tem a derme bastante dura e quebradiça, com conteúdo quasi leitoso. Possue patas em fórma de mamillos, mantem posição recta no alvéolo e tem 1,3 cms. de comprimento e fórma característica. (Fig. -H). 0 estigma do mesothorax é muito pequeno em comparação com os outros, ao todo em numero de nove. No fundo do alvéolo encontra-se a pelle molle que traz impressões do trabalho das mandíbulas. An- 142 BOLETIM BIOLOGICO tes de nymphar esta larva tece casulo bem como a Centris. mas o tempo da construcção varia um pouco, sendo feito em geral pela larva do segundo instar, emquanto se póde encontrar lar- vas do terceiro instar sem o casulo. Não encontrei a nympha. Abrindo os cupinzeiros achei também uma imago desfeita em pe- daços que provavelmente foi morta pela Centris dentro do alvéo- lo surphendida em flagrante na violação do lar pagando o de- licio com a vida. Quadro symbiotico entre CENTRIS e ACANTHOPUS cujas larvas foram encontradas em um cupinzeiro unico, aberto em 1 de Outubro. Nota: — As lettras significam os instar da Fig. 1 e os algarismos 1 a 14 o numero de ninhadas, sendo o alvéolo 1.” o inferior de cada ninhada. O significa morto pelo cupim. B* é uma larva em desalagamento. A symbiose entre o cupim e Centris se limita á occupação por meios violentos de uma parte do cupinzeiro pela abelha, sem que esta entre nos canaes e sem viver á custa do primeiro. Vivem juntos em compartimentos separados e sem communieação entre si. A Centris é apenas invasora, apoderando-se de um logar pe- queno para a cria e abandona o cupinzeiro. F. Silvestri creou para este caso de symbiose da Centris o nome de termitophilo alloicoxeno (5). Deve, porém prevalecer o termo de termitophilo metoico, creado por Wasmann em 1895 (6) para designar aquelles hospedes que vivem na visinhan- ça ou dentro do ninho de formigas ou térmitas, sem relações di- ta) F. Silvestri. Boll. Mus. Torino, 1902. X.“ 419. Cit. in (2). (6) E. Wasmann, Die Myrmecophilen und Termitqphilcn. Leyden, 1896. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 143 rectas com os hospedeiros, dos quaes recebem tratamento paci- fico ou hostil. O caso de symbiose do Acanthopus com a Centris é verda- deiro parasitismo, mas com relação ao cupim o primeiro também é metoico no mesmo sentido como a Centris sponsa Sm. Escola S. de Agricultura "São Bento’, em Tapera, 24 de Ou- tubro de 1928. -(O)- REDACTORES: ARTHUR NEIVA, L. TRAVASSOS, CESAR PINTO, E. SOUZA CAMPOS, FLAVIO DA FONSECA e PAULO ARTIGAS. Auxiliam a publicação deste Boletim as seguintes pessoas: Professores E. de Souza Campos, Pedro Dias da Silva. Dr. João Daudt D'01iveira, Prof. Aguiar Pupo, Prof. A. Carini, Dr. Julio de Mesquita Filho, Dr. Jesuino Maciel, Dr. Navarro de Andrade, Dr. J. C. N. Penido, Prof. R. Briquet, Dr. Ayres Netto, Prof. Cantidio de Moura Campos, Dr. André Dreyfus, Prof. Sérgio Meira Filho. Dr. Abilio M. de Castro, Cel. Eugênio Artigas, Dr. Julio Schwenck, Dr. Genesio Pacheco, Dr. Paulo Galvão, Dr. J. Ferreira de Andrade, Clemente Pereira, Zeferino Yaz, Francisco de Paula Rodrigues, Carlos Leoncio de Magalhães, Prof. Franco da Rocha, Dr. Itagyba Villaça, Prof. Almeida Prado, Prof. Enjolras Vampré, Dr. Otto Bier, Dr. Adolpho Penha, Dr. Celso Rodrigues, Prof. Carmo I.ordy, Dr. José Oria, Prof. Flaminio Favero, Dr. Floriano P. de Almeida, Dr. Renato Locchi, Dr. Paulino Longo. 1929 — Fascículos 15-16 S. Paulo — Brasil Lab. de Microbiologia da Faculdade de Medicina. ADVERTÊNCIA: 0 Boletim Biologico é uma publicação exclusivamente votada á divulgação de trabalhos originaes de sciencia pura, mantido por iniciativa particular, sem preoccupação commercial, não sendo, portanto, aeceitos annuncios ou pedidos de assignatura. Sua distribuição fica a critério da Redacção, que o remetterá aos especialistas e Insti- tutos scientificos interessados, acceitando, entretanto, propostas de permuta com publicações congeneres. Não terá, outrosim, caracter dc pcriodico, aparecendo lógo que haja matéria a publicar. A correspondência deverá ser dirigida ao Laboratorio de Micro- biologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Rua Theodoro Sam- paio, 11. S. Paulo. Brasil. AVERTISSEMENT: Le “Boletim Biologico” est une publication vouée exdusivement à la divulgation des travaux originaux de Science pure, soutenue par initiative privée, sans aucune préoccupation commerciale; toute demande d’anuonces ou d’abonnements ne peut étre par consé- quent acceptée. La distribution du “Boletim” reste á la charge de la Rédaction qui Tenverru aux spécialistes et aux Instituts scientifiques intéressés. La Rédaction acceptera des permutations avec d’autres publications si- milaires. Le “Boletim” n'aura pas, en outre, caractère de périodique, ne paraissant, pour ce motif qifaussitôt qu’il y aura matière ã publier. Toute correspondance devra être adressée au Laboratoire de Mi- crobiologie de la Fac. de Méd. de São Paulo. Rua Theodoro Sam- paio, 11. São Paulo. Brésil. NOTICE: The "Boletim Biologico” is a publication entirely dedicated to the divulgcnce of original works of pure Science, maintained by a private initiative without any commercial intercst, so that ajvertise- ments and subseriptions are not received. It is distributed by the edi- torship who will send it to the specialists and scientific institutes wh o intercst themselves in these researches, accepting, however, proposals of exchange with fellow-publications. Moreover, this paper will not be published periodically, apperaing as soon as there is subject-matter. The correspondence must be addressed to the Laboratorio de Mi- crobiologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Rua Theodoro Sampaio, 11. São Paulo. Brasil. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO índice dos fascículos 15 e 16. ÍNDICE ALPHABETICO DAS MATÉRIAS. Anatomia Pathologica Helminthologia Hematologia . Mycologia. Pbarmacodynamica. Prolozoologia . A . . 1, 16, 81 e . . ‘>0, 23 e . . . 18. 28 e Acção do veneno de respectivo. sapo sobre o appareibo cardio vascular Alterações pathologicas do tecido adiposo na moléstia de Cha- gas congénita experimental ■ • Amazona aestiva (Sobre os granulocytos eosinophilos do san- gue circulante da) . Arduenninae de Bradypus tridactylus I B Blastomycose experimental Blastomycose no Brasil (Incidência da) Bradypus tridactylus ( Arduenninae de) • C Cephalobium nitidum n. sp Coccidioidico (Estudo sobre o parasito do granuloma) . Corpos intranucleares nas cellulas do retículo endothelial do gânglio Iymphaticc parasitado pelo Trypanosoma cruzi . Crabro tabanicida n. sp E Experimental (Blastomycose) Experimental (Trypanosomiase americana congénita) . 99 85 1)2 17 97 65 .36 65 75 47 1 20 23 1 81 97 99 13 20 28 BOLETIM BICLOGICO Estudos sobre o parasito do granuloma coccidioidico . . .97 F.citophilo (Um novo histerideo) 85 Ganas pis carnalhoi n. sp. (Uni novo parasita da mosca das fructas) 70 Gânglio lymphatico parasitado pelo Trypanosoma cruzi (Cor- pos intranucleares nas ecllulas do reticulo endothelial do) 99 incidência da Blastomycose no Brasil 23 Infecção do camondongo branco com a Leishmania brasiliensis Vianna, 1911 (Possibilidade de) . . 18 Leishmania brasiliensis Vianna, 1911 (Possibilidade de infec- ção do camondongo branco com) 18 Leiuris Leuckart, 1850 Leiuris leptocephaliis (Rud. 1819) . gracilis (Rud. 1819) Limacoccus n. gen Limacocens serratus n. sp M Moléstia de Chagas congénita experimental (Alterações patho- logieas do tecido adiposo na) 75 Mosca das fructas (Um novo parasita da) .... . 70 N Nova especie de nematoideo do genero Cephalobium . . 81 Novas especies de r I rypanosomas de peixes brasileiros de agua doce ru; Novo hymenoptero destruidor de motucas Novo genero e nova especie de pulgões da Bahia Novo parasita da mosca das fructas . . cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIGLOGICO Paraleiuris n. gen 4 Paraleiuris loechii n. sp 4 Parasito da mosca das fructas (Um novo) 70 Parasito do Granulo ma coccidioidico (Estudos sobre o) 97 Possibilidade de infecção do camondongo branco com a Leish- mania brasiliensis, Vianna, 1911 j ^ Pulgões da Bahia (Um novo genero e nova especiè de) . 59 Strongi/loides ophidiae n. sp. 16 Trypanosomiase americana congénita experimenta! . ... 2 K Trypanosomas de peixes brasileiros de agua doce (Novas espe- cies de) Trematoide parasito do intestino de cobra Trypanosoma chetostomi n. sp. . „ larai n. sp „ piracicabae. Travtrema travtrema n. g. e n. sp. . Trypanosoma cruzi (Corpos intranucleares nas cellulas do gân- glio lymphatico parasitado pelo) 99 X Xenister n. gen Xenister schivartzmaieri n. sp. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 AVISO IMPORTANTE A reforma por que acaba de passar a Faculdade de Medicina de S. Paulo determinou ficasse interrompido por dois annos o cur- so de Parasitologia, cuja cadeira foi transferida do l.° para o 3.° anuo. Seu Cathedratico, o Prof. Lauro Travassos, aecedendo ao convite de “Instituí fiir Schiffs-und Tropenkrankheiten”, de Ham- burgo, para abi realizar um curso de Helminthologia, conservar- se-ha afastado de nosso paiz por lapso de tempo superior a um an- uo. Seu Chefe de Laboratorio, o Prof. Cesar Pinto, acaba de ser nomeado para reger a cadeira de Hygiene da “Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária do Rio de Janeiro”. Emquanto perdurar esta situação, passará o “Boletim Biolo- gico” a constituir publicação da Cadeira de Microbiologia da mes- ma Faculdade, continuando a Redacção a ser formada pelos mes- mos elementos, accrescidos da pessoa do Prof. Ernesto de Sousa Campos, Cathedratico de Microbiologia. A lista de collaboradores, incluindo os Redactores ausentes, os Profs. Lauro Travassos e Cesar Pinto, não soffrerá, porém, a mí- nima alteração para menos, o mesmo succedendo á orientação da Revista, que não será absolutamente modificada. A Redacção roga aos que teem a gentileza de enviar-lhe publi- cações, remettel-as para o NOVO ENDEREÇO DO BOLETIM BIO- LOGICO: LABORATORIO DE MICROBIOLOGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DE S. PAULO. R. THEODORO SAMPAIO N. ü 11 — S. PAULO BRASIL cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 IMPORTAXT NOTICE Tlie change through which the “Faculdade dc Medicina de São Paulo” has just passed, determined tliat the course of Parasitology should be interrupted for 2 years, because the subject was trans- ferred from the lst. to 3rd. year. Its Professor, Lauro Travassos, acceding to the invitation of the Tustitut f. Schiffs. u. Tropenkran- kheiten”, of Hamburg to realize a course of Helminthology there, will be away from our country for more than 1 year, and the Chief of the Laboratory, Cesar Pinto, has just been nominated to take charge of the subject of Hygiene of the “Escola Superior de Agri- cultura e Medicina Veterinária do Rio de Janeiro”. While this situation lasts, the “Boletim Biologico” will be pu- blished by the Chair of Microbiology of tlie same Faculty, the edi- torship continuing to be formed of the same elements, with the ad- dition of Prof. Ernesto de Souza Campos, Professor of Microbiology. The list of collaborators, including the absent coadjutors, Prof. Travassos and Prof. Cesar Pinto, will not, however, suffer any al- teration at all, nor will the scientifie direction of the Magazine be changed in any away. The editorship asks those who have the kindness to semi them publications to direct them to the new address of the Boletim Bio- logico ” : Laboratorio de Microbiologia da Faculdade de Medicina de São Paulo RUA THEODORO SAMPAIO, 11 São Paulo — Brasil cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Trabalho do Laboratorio de Microbiologia da Faculd. de Medicina de S. Paulo. Prof. Cathedratico Dr. ERNESTO DE SOUSA CAMPCS. l.° Assistente Dr. FLAVIO DA FONSECA. 2." Assistente Dr. FLORIANO PAULO DE ALMEIDA. N.° 21 ARDUENNINAE de BRADYPUS TRIDACTYLUS L. POR ZEFERINO VAZ e CLEMENTE PEREIRA () material que forneceu assumpto ao presente trabalho, é pro- veniente de dois exemplares de Br adi/ pus tridactylus I.., sacrifi- cados no Laboratorio de Anatomia da Faculdade de Medicina de S. Paulo, pelo digno Assistente dessa cadeira, Dr. Renato Locchi, a quem muito agradecemos o ter-nos cedido o optimo material encontrado; nossos agradecimentos são extensivos ao Dr.-Floriano de Almeida, Assistente da Cadeira de Microbiologia, da mesma Faculdade, que teve a gentileza de colher parte do alludido ma- terial. Tivemos occasião de encontrar as duas especies do genero Leiuris Leuckart, 1850, revalidado por Travassos. 1028. que tor- namos a descrever, bem como uma nova especie, para a qual acha- mos conveniente creàr um novo genero, que descrevemos em seguida. Leiuris Leukart, 1850. Ardueiminae; capsula buceai chitinosa, constituída por duas porções, das quaes uma anterior, em forma de taça, guarnecida de saliências chitinosas em forma de dentes, e outra posterior, cylin- drica, tendo a estructura que caracterisa as Ardunenninue ; cristas rutilares longitudinaes simples. Parasites do intestino delgado de Bradypodidae. Especie typo: L. leptocephalus (Rud., 1810). o BOLETIM BIOLOGICO Leiuris leptocephalus (Riul., 1819) (Figs. 1 - 8) Comprimento: macho 22,5 mm.; femca, 35 mm.. Largura: macho, 0,5 mm.; femca. 0,57 mm.. Bocca hexagonal, circumdada por laminas chitinosas de bor- dos livres denteados, e que são dispostas em dois grupos lateraes, constituídos cada um por tres laminas largas, grupos esses que talvez representem vestígios de antigos lábios, e que são separa- dos entre si por uma ou duas laminas estreitas e medianas, possi- velmente vestígios de inter-labios ancestraes (fig. 3) ; essa bocca dá entrada a uma capsula relativamente grande, na qual se en- contram dois pares de formações chitinosas medianas, sendo uir. par de forma quadrilatera e outro bifida; em seguida a essa ca- psula encontra-se um vestíbulo que parece constituído por uma pilha de anneis chitinosos e que mede 0,323 mm. de comprimento no macho e 0,37 na femea; pharynge com 0,4(5 mm. de compri- mento no macho e 0,49 na femea; o esophago posterior ou pro- priamente dito mede 2,25 mm. de comprimento no macho, e 2,87 mm. na femea; anus a 0,23 da extremidade posterior no macho, o a 0,28 na femea. Macho com a extremidade posterior enrolada, o que lhe de- termina ligeira asymetria, com azas caudaes cuja maior largura c de cerca de 0,05 mm.; nfssa extremidade notam-se quatro pares de papillas pedunculadas bre-anaes, dispostas em dois grupos, dos quaes um é mais proxinío e outro é mais distante do anus; no- lam-se ainda sete pares tíe papillas sesseis post-anaes, sendo dois pares de papillas alongadas immedialamente apoz o anus, um par de papillas lateraes sesseis, e tres pares de minúsculas papil- las para-medianas; espiculos desiguaes, medindo o maior cerca de 1,61 mm. de comprimento, e o menor 0,46 mm.. Femea com vulva a cerca de 13,7 mm. da extremidade ante- rior, ou seja, um terço do comprimento do corpo; ovejector longo, apresentando um cotovello no seu percurso, até o qual méde 0,73 mm.; apparelho genital didclpho e amphklelpho; ovos em- bryonados. medindo cerca de 0,053 por 0,030 mm. HABITAT — Intestino delgado de Bradypus tridactylus. PROVENIÊNCIA — Estado de S. Paulo, Brasil. 2 3 4 5 6 7 11 12 13 14 15 16 17 f BOLETIM BIOLOGICO 3 Leiuris gracilis (Rud., 1819) (Figs. 9 - 16) Comprimento: macho, 7 mm.; femea, 9 a 10 mm.. Largura: macho. 0,20 mm.; femea, 0,37 mm.. Abertura buceal oblonga, com o maior eixo no sentido dorso- ventral, dando entrada a uma cavidade buceal relativamente pe- quena, que anteriormente é delimitada por delicada membrana, que é sustentada por quatro raios chitinosos, sendo dois lateraes (na continuação das linhas lateraes), e dois medianos, (na conti- nuação das linhas ventral e dorsal) ; a capsula buceal mede 0,032 por 0,032 mm. no macho, e 0,048 por 0,018 mm. na femea; em seguida, surge um vestíbulo, que parece ser constituído por uma serie de auneis chitinosos superpostos, e que mede 0,152 mm. de comprimento por 0,028 mm. de largura no macho e 0,160 a 0,168 mm. de comprimento por 0,032 mm. de largura na femea; pharynge medindo 0,28 mm. de comprimento por 0,028 de largura no macho e 0,32 mm .de comprimento na femea; o esophago posterior, ou esophago propriamente dito, mede 1,16 mm. de comprimento por 0,056 mm. de largura no macho e 1,52 mm. de comprimento por 0,096 mm. de largura na femea. Macho com cauda ligeiramente enrolada e um pouco asyme- írica, com azas caudaes de pequeno desenvolvimento; notam-se quatro pares de papillas pedunculadas pre-anaes, dispostas em dois grupos, sendo um mais proximo e outro mais distante do anus; em seguida ao anus veem-se dois pares de papillas gesseis alonga- das; quasi na extremidade posterior ha um grupo de minúsculas papillas; anus a 0,1 1 mm. da extremidade posterior; espiculos des- iguaes. medindo o maior cerca de 0,69 mm. de comprimento e o menor 0,21 mm.. Femea com vulva de 1,015 a 4,29 mm. da extremidade ante- rior; ovejeetor relativamente longo, apresentando um cotoveilo no seu percurso; apparelho genital didelpho e amphidelpho; ovos embryonados, medindo de 0,046 a 0.048 mm. de comprimento, por 0,023 a 0,021 mm. de largura. HABITAT — Intestino delgado de Bradypus tridactylus. PROVENIÊNCIA — Estado de S. Paulo, Brasil. Não foi sem alguma relutância que nos resolvemos a inluir esta especic no genero em que se acha, pois a estruetura da por- ção anterior da capsula buceal apresenta differenças sensíveis en- tre esta especie e a especie typo do genero; entretanto, a organisa- 4 BOLETIM BIOLOGICO cão geral nas duas especies é tão concordante, que só um estudo acurado deste interessante grupo poderia fornecer dados que nos informassem com segurança sobre o valor systematico dos seus elementos morphologicos. Paraleiuris n. gen. Arduenninae; capsula buccal chitinosa, constituída por duas partes, das quaes uma anterior, simples, sem formações chitino- sas em forma de dentes, e outra posterior, cylindrica, tendo a es- tructura característica dos Arduenninae : Parasitos do estomago de Bradypodidae. Especie typo : P. locchii n. sp. Paraleiuris locchii n. sp. (Figs. 17 - 26) Comprimento: macho 10,8 mm. a 12, 75 mm.; femea 14,9 mm. a 18 mm.. Largura: macho, 0,11 a 0,17 mm.; femea, 0,15 a 0,20 mm.. Corpo longo e muito fino, attenuado anteriormente, e termi- nado posteriormente por curta cauda cónica. Bocca simples, dan- do entrada a um vestíbulo, que se inicia caliciforme, cálice esse que mede de 0,013 a 0,015 mm. de comprimento, continuando de- pois uniformemente cylindrico, e parecendo ser constituído por anneis chitinosos superpostos; seu comprimento é de cerca de 0,13 mm. por cerca de 0,10 mm. de largura; esophago com 0,5 a 0,7 mm. de comprimento total por 0,02 a 0,04 mm. de maior largura; é dividido em duas porções, das quaes uma anterior, menor (pha- rynge), com cerca de 0,15 mm. de comprimento, e outra posterior ou esophago propriamente dito; recto curto; póro excretor a 0,17 mm. da extremidade anterior; na intersccção do terço anterior do pharyngc com seus dois terços posteriores, desembocam duas glandulas unicellulares, medindo cerca de 0,17 mm. de compri- mento. Macho: possúe na extremidade posterior azas caudaes, me- dindo cerca de 0,03 mm. de largura por 0,4 de comprimento, e quatro pares de papillas pedunculadas pre-anaes, cujos pedún- culos medem 0,01 mm. de comprimento, mais dois pares de pa- pillas sesseis alongadas, immediatamente post-anaes, e terminal- mente, mais quatro pares de pequenas papillas sesseis, rodeando cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO unia ligeira depressão; anus a cerca de 0,11 mm. da extremidade posterior; espiculos notavelmente desiguaes, medindo o menor cerca de 0,19 mm. a 0,2(5 mm., e o maior, de 2,04 a 2,15 mm. de comprimento; gubernaculo pouco chitinisado. Femea: anus a cerca de 0,12 a 0,13 mm. da extremidade pos- terior; vulva anterior, situada a cerca de 3,4 mm. da extremidade anterior, ou seja, approximadamente, na união do quarto ante- rior com os tres quartos posteriores do corpo; ovejector extrema- mente longo, apresentando um eotovello na união do seu primeiro terço com os dois restantes, até o qual méde cerca de 0,96 mm.; apparelho genital didelpho e amphidelpho, com úteros a principio parallelos e depois divergentes; ovários relativamente curtos; ovos já embryonados, medindo cerca de 0,053 mm. de comprimento por 0,023 mm. de maior largura. HABITAT — Estomago e diverticulo de Bradijpus tridactylus. PROVENIÊNCIA — Estado de S. Paulo, Brasil. Dedicamos esta especie ao Dr. Renato Loechi, digno assistente da Cadeira de Anatomia da Faculdade de Medicina de S. Paulo, que gentilmente nos facilitou, a pesquiza dos helminthos que cons- tituiram objecto do presente trabalho. Explicação das figuras Fig. 1 — L. leptocephalus — extremidade anterior, de face. 99 9 99 99 — armadura buccal, de face. 99 3 — „ 99 - — armadura buccal, de frente. 9 » 4 — „ 99 — macho, total. 99 5 — „ 99 - — cauda do macho, de face. 99 6 — „ 99 — extremidade caudal do macho. face. 99 7 — „ 99 — ovejector. 99 8 — „ 99 — cauda da femea. 99 9 — „ (jrcicili. s extremidade anterior, de face. 99 19 — „ 99 armadura buccal, de face. 99 H — „ 99 — bocca. de frente. 99 12— „ 99 — azas lateraes. 99 13 — „ 99 — cauda do macho, de face. 99 14 — „ 99 — extremidade caudal do macho. 99 15 — ,, 99 — ovejector. 99 1(5 — „ 99 — extremidade caudal da femea. 99 17 — P. locchii extremidade eephalica. de BOLETIM BIOLOGICO •9 18 — 99 99 — extremidade eephalica, de perí >9 19 — 99 99 — armadura buccal. 99 20 — 99 99 — femea, total. 99 21 — 99 99 — vulva. 99 22 — 9? 99 — joelho do ovejector. 99 23 — 99 — cauda da femea, de face. 99 24 — 99 99 - extremidade posterior, de face. 99 25 — 99 99 — azas caudaes do macho. 99 26 — 99 99 — extremidade caudal do macho Entregue para publicação a 2. VI. 929. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 7 mi# 81811STHECV Í2í!1£ JFF.TaleFo FF. Fig. 3 SciELO 0.2 mm. BOLETIM BIOLOGICO cm l 2 3 4 5 7 SClELO 77 72 73 74 75 16 77 BOLETIM BIOLOGICO I o, 2 mrn . Fig. 14 Fig. 12 ' Toledo dei. BOLETIM BIOLOGICO 11 Fig. 13 Fig. 13 BOLETIM BIOLOGICO l‘i Fig. 20 JFF.TnledD dei. 16 BOLETIM BIOLOGICO Trabalho do Laboratorio de Microbiologia da Faculd. de Medicina de S. Paulo. Prof. Cathedratico Dr. ERNESTO DE SOUSA CAMPOS. 1.” Assistente Dr. FLAVIO DA FONSECA. 2.” Assistente Dr. FLORI AN O PAULO DE ALMEIDA. N.° 22 STRONGYLOIDES OPHIDIAE n. sp. POR CLEMENTE PEREIRA Ao que parece, é esta a primeira vez que se assignala a pre- sença de representantes do genero Strongyloicles em Ophideos, sendo mesmo que Yorke & Maplestone (“The Nematode parasites of Vertebrates”, 1926), ao darem a diagnose deste genero, consi- deram-no como parasitando unicamente o intestino de Mammife- ros. Vamos descrever unicamente a forma parasita: Comprimento: 2,7 a 3,6 mm.. Largura (proximo á vulva) : 0,04 mm.. Corpo delgado, afilando-se um pouco anteriormente, e termi- nando com uma cauda cônica. Extremidade anterior truncada, com pequenino orifício buccal. Esophago alongado, mais diiatado em sua porção posterior, e medindo de 1,05 a 1,13 mm. (grosseira- mente 13 do comprimento do corpo), e tendo de largura, poste- riormente, cerca de 0.03 mm.. Vulva saliente, na reunião dos 2i3 anteriores com o terço pos- terior do corpo, distando da extremidade posterior, de 0,8 a 1,2 mm.; ovejector curtíssimo; apparelho genital didelpho e amphy- delpho, com úteros divergentes, contendo de 6 a 7 ovos, com um ou dois blastomeros apenas; oviductos na continuação dos úteros, e seguidos dos ovários, que se reflectem sobre os oviductos, indo em direcção á vulva, sendo que o posterior pára a maior distan- cia da vulva que o anterior; o ramo anterior do apparelho genital chega a cerca de 0,03 mm. do esophago, e o ramo posterior vae de 0,06 a 0,1 mm. de extremidade posterior do corpo. Anus, de 0,07 a 0,1 mm. da extremidade posterior. Ovos, com cerca de 0,038 mm. de comprimento por 0,015 a 0,023 de largura maxima. HABITAT: Intestino de Drymobius bifossatus Raddi. PROVENIÊNCIA: Estado de S. Paulo, Brasii. Entregue para publicação a 2. VI. 929. C. PEREIRA — Strongyloides ophidiae n. sp. cm 1234567 SClELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 18 BOLETIM BIOLOGICO Trabalho do Laboratorio de Microbiologia da Faeuld. de Medicina de S. Paulo.. Prof. Cathedratico Dr. ERNESTO DE SOUSA CAMPOS. 1.” Assistente Dr. FLAVIO DA FONSECA. 2.° Assistente Dr. FLORIANO PAULO DE ALMEIDA. N.° 23 Possibilidade de infecção do camondongo branco com a LEISHMANIA BRASILIENSIS Vianna, 1911 PELO DR. FLAVIO DA FONSECA As verificações de Gonder, Row, Sergent, Pavoni e Laveran sobre o possibilidade de infectar camondongos brancos com a Leishmama tropica (Wright, 1903) levaram-nos a tentar a obten- ção dos mesmos resultados com a Leishmania brasiliensis Vianna, 1911. Embora as tentativas levadas a effeito por Wenyon e Wagner e Koch tivessem dado resultado negativo, foi-nos entretanto pos- sível obter em um caso inoculação positiva. O numero de animaes inoculados, por via dermica, periio- neal ou testicular. elevou-se a 10. O material utilisado foi ora virus (humano ou de cão infecta- do experimentalmente), ora germens de cultura de varias amos- tras por nós isoladas de doentes do interior do Estado de São Paulo. As culturas tinham numero variavel de repicagens, varian- do egualmente o numero de dias de desenvolvimento cultural. As inoculações foram, de regra praticadas uma só vez; em alguns casos, porém, repetimol-as até õ vezes, como aconselha Row para o successo das inoculaçães com L. tropica. No unico caso positivo por nós observado, o animal fòra ino- culado com cultura de 1.* repicagem, com 11 dias, da nossa amos- tra A T , a qual, portanto, só mostrava fôrmas jovens, não apresen- tando ainda os corpos redondos que Row affirma serem os únicos infectantes na L. tropica, os quaes são também vistos na L. bra- siliensis. Morto espontaneamente o animal 70 dias após a unica ino- culação que soffreu, praticada no recesso vagino-peritoneal, como o aconselha Laveran, foi verificada a presença de Leishmanias de aspecto typico, inclusive rhizoplasta, em esfregaços do figado, não tendo sido encontradas nos do baço. BOLETIM BIOLOGICO 19 xV pequena infectuosidade da L. brasiliensis para o camun- dongo, em contraste com elevada percentagem, obtida principal- mente por Laveran, com a L. tropica, póde ser attribuida a diffe- rença biologica entre as duas espeeies congeneres, o que, todavia, não affirmamos, podendo correr por conta de decréscimo de vi- rulência do germen cultivado em meio de cultura relativamente pobre como o cie Noguchi, que utilisamos para a conservação de nossa collecção, ou ainda ser interpretada como devida a diffe- renças raciaes entre os camondongos por nós utilisados e os em- pregados por pesquizadores que obteem facilmente a infecção desse animal. Entregue para publicação a 5. VI. 929. 20 BOLETIM BIOLOGICO Trabalho do Laboratorio de Microbiologia da Faculd. de Medicina de S. Paulo. Prof. Cathedratico Dr. ERNESTO DE SOUSA CAMPOS. l.° Assistente Dr. FLAVIO DA FONSECA. 2." Assistente Dr. FLORIANO PAULO DE ALMEIDA. N.° 24 BLASTOMYCOSE EXPERIMENTAL PELO DR. FLORIANO PAULO DE ALMEIDA O presente trabalho refere-se a uma serie de experiencias que, em animaes do laboratorio, vimos fazendo, com material prove- niente de casos de Rlastomycose observados em São Paulo. Em Setembro de 192(1 iniciamos, no Laboratorio de Microbio- logia da Faculdade de Medicina de São Paulo, as nossas experi- mentações que têm proseguido sem interrupção até a presente data em virtude da relativa frequência da Rlastomycose neste Estado. Em nossos trabalhos servimo-nos frequentemente de pús proveniente de lesões humanas ou animaes, algumas vezes de cul- turas e poucas vezes de outros productos de lesões blastomyce- ticas. Os animaes utilisados são o cobayo.e o camondongo branco, e até o presente foram inoculados õ6. sendo 45 cobayos e 11 ca- mondongos brancos. Varias foram as vias utilizadas para a introducção do para- sito. Assim usamos a via peritoneal, a testicular e a cutanea. Em vista dos resultados obtidos com a inoculação testicular é ella que ultimamente vem sendo preferida. Segundo a via de inoculação, acham-se os cobayos distribuídos do seguinte modo : VIA TESTICULAR \ pús — 20 31 cultura — 10 j filtrado de cultura — 1 VIA PERITONEAL \ pús — 6 10 cultura — 3 I material de amygdala — 1 cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 21 VIA CUTANEA (dermica) 4 ^ pús — 2 í cultura — 2 total 45 Dos 31 cobayos inoculados no testículo, 20 o foram com pús proveniente de indivíduos doentes ou de outros cobayos. Em 14 desses 20 casos o pús contava menos de 10 dias de ex- traeção menos de 10 dias, portanto, de permanência em geladei- ra a 8’C, visto ser elle abi conservado. Em 4, o pús contava de 10 dias a 10 mezes. E nos 2 últimos o material injectado provinha de gânglios suppurados conservados em líquidos fixadores: Klotz e formol a 10 0 |“. O material conservado em liquido de Klotz con- tava 4 annos e 5 mezes e o de formol 2 annos. Em 10 dos casos de inoculação testicular injectamos culturas de varias edades. Em um ultimo caso utilisamos um filtrado, em vela Berkfeld, de 6 amostras de culturas. As inoculações peritoneaes foram feitas, com pús — 0, com culturas — 3 e com producto de amygdala — 1. Em 4 cobayos fizemos escarifieação na face externa das coxas posteriores e abi depositamos uma gotta de pús ou de cultura, sendo que em 2 foi feita uma única escarifieação e eollocada a gotta de pús, ou de cultura em meio liquido. Em outros 2 fizemos durante 8 dias escarificações diarias e de cada vez depositavamos uma gotta de pús ou de cultura. Em dos cobayos que recebeu uma unica escarifieação foi, tempos de- pois, injectado subcutaneamente na face externa da outra coxa com um pouco de pús, formando-se no local um abcesso muito rico em parasitos. Os resultados obtidos são os que passamos a expòr. Dos 14 cobayos inoculados no testículo com pús tendo menos de 10 dias de geladeira, 10 apresentaram orchite especifica, o que nos dá 78,5 °|° de resultados positivos. Das 4 inoculações com pús de mais de 10 dias obtivemos ape- nas um resultado positivo — 25 °j°. Os 2 casos, em que o material provinha de gânglios conser- vados em liquidos fixadores, foram negativos. Para o caso das inoculações com culturas, necessitamos uma exposição mais minuciosa. Referiremos os numeros dos cobayos e das amostras utilisadas. 22 BOLETIM BIOLOGICO Cobayos 30 e 30-a 101 102 121 102 207 Cultura amostra 1 — resultado negativo „ 1 — „ positivo cultura proveniente do cobayo 33 inoculado com pús do doente O. M. que deu amostra 2. Esta cul- tura vinha sendo mantida na estufa a 37°C. Resul tado negativo. inoculado com uma cultura obtida de gânglio (in- tacto) conservado em liquido de Klotz, 4 annos e 5 mezes, cultura que foi considerada como sendo de um OIDIUM (Dr. Olympio da Fonseca, filho) e marcada por nós com o n.° 11, resultado negativo, amostra 3 — resultado negativo 3 ,, ,, 214 „ 5 — 99 positivo 250 „ 3 - 99 99 368 „ 11 — 99 negativo Obtivemos 1 5 resultados positivos ou seja 30 O ultimo caso de inoculação testicular foi um filtrado, ferido acima. já re- Das inoculações peritoneaes por nós feitas em numero de 10 resultaram todas negativas; 0 foram feitas com pús, 3 com sus- pensão de culturas e 1 com material retirado de amygdala, por meio de tampão de algodão e suspenso em solução physiologica. Os 11 camondongos brancos foram inoculados com pús, ora no testículo, ora no peritonee e nem uma unica vez obtivemos resul- tado positivo. Dos cobayos inoculados no testículo temos um, cujo resultado só poderá ser obtido neste mez, porquanto a inoculação data de 25-5-1929. Entregue para publicação em 6-6-929 2 3 4 5 6 7 11 12 13 14 15 16 17 f BOLETIM RIOLOGICO 23 Trabalho do Laboratorio de Microbiologia da Faculd. de Medicina de S. Paulo. Prof. Cathedratico Dr. ERNESTO DE SOUSA CAMPOS. 1." Assistente Dr. FLAVIO DA FONSECA. 2.° Assistente Dr. FLORIANO PAULO DE ALMEIDA. N.° 25 INCIDÊNCIA DA BLASTOMYCOSE NO BRASIL PELO DR. FLORIANO PAULO DE ALMEIDA No estudo que já ha algum tempo vimos fazendo sobre a Blas- tomycose, procuramos obter sobre os casos observados, publica- dos ou não, dados bastante amplos para a organização de uma es- tatística. E’ um ensaio desta (pie boje trazemos á publicidade. Foi-nos possível até o presente obter indicações, não poucas vezes incompletas, sobre 202 casos de Blastomycose occorridos em alguns Estados brasileiros. Desses, 188 indicavam a nacionalidade, o que nos permittiu organizar o quadro abaixo t Brasileiros 107 Hespanhóes 27 Japonezes 22 Portuguezes 12 Italianos 12 Syrios 4 Rumaicos 1 Húngaros 1 Allemães .... ... 1 Francezes 1 Total 188 Em 174 casos encontramos referencia á côr dos indivíduos ata- cados, obtendo o seguinte: Brancos 129 Amarellos 22 Pardos 12 Pretos 11 Total 174 24 BOLETIM BIOLOGICO Apenas 187 dos casos davam indicação de sexo, pertencen- do ao sexo masculino 173 e ao feminino 14. Consoante a edade, podemos apresentar o seguinte quadro : Menos de 10 annos 10 a 20 annos . .... 23 20 „ 30 99 .... 42 30 „ 40 99 .... 33 40 „ 50 99 .... 43 50 „ 60 99 • .... 26 60 „ 70 99 .... 6 70 „ 80 99 2 Total .... 177 Em 192 casos cuja procedência era conhecida, sobresáe o Es- tado de São Paulo com 141, seguindo-se o do Rio de Janeiro com 27, o de Minas 13, Bahia 7, Matto Grosso 3 e Goyaz 1. Vejamos cada Estado em separado, verificando a nacionali- dade, sexo, edade e còr. Começaremos pelo de São Paulo: Brasileiros 63 Hespanhóes 25 Japonezes 22 Portuguezes 8 Italianos 8 Syrios 3 Rumaicos 1 Húngaros 1 Allemães 1 Francezes 1 Total 133 Pertenciam ao sexo masculino 125 e ao feminino 12. Segundo a còr dos doentes, temos a seguinte divisão: Brancos 94 Amarellos 22 Pardos 6 Pretos 4 Total 126 cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO Considerando a edade dos pacientes, foi-nos possiveJ organi- zar a tabella abaixo: Menos de 10 annos . . 0 De 10 a 20 annos . . . 24 „ 20 „ 30 99 ... . . 32 „ 30 „ 40 99 ... . . 23 „ 40 „ 50 99 ... . . 20 „ 50 „ 00 99 ... . . 18 „ 00 „ 70 99 ... õ „ 70 „ 80 99 ... . . 1 Total . . 129 Hio de Janeiro : No Estado do Rio de Janeiro foram observados 30 casos. In- cluímos aqui 2 procedentes de Matto Grosso e 1 de Goyaz. Vários outros casos originários do Estado de Minas vão na relação que desse Estado damos mais abaixo. Ainda outros casos foram publi- cados, sem que no entanto apresentassem indicação alguma. Encontramos referencia á nacionalidade em 29 casos e assim distribuída : Brasileiros 21 Portuguezes 4 Italianos 3 Hespanhóes 1 Total 29 Quanto á côr, eram Brancos 24 Pardos 3 Pretos . 2 Total 29 Todos os casos eram do sexo masculino. De accordo com a edade, temos o seguinte: BOLETIM BIOLOGICO 27 No Estado de São Paulo o numero de casos não publicados é extremamente elevado, como nos foi dado observar percorrendo os registos de vários Laboratorios e as notas de alguns clínicos. Quer nos parecer que nos restantes Estados o mesmo se verifica, de onde se pode suspeitar que o numero dos nossos dados está muito aquem da realidade. Entregue para publicação a 5. VI. 929. 28 BOLETIM BIOLOGICO Trabalho do Laboratorio de Microbiologia da Faculd. de Medicina de S. Paulo. Prof. Cathedratico Dr. ERNESTO DE SOUSA CAMPOS. I.” Assisíente Dr. FLAVIO DA FONSECA. 2 .° Assistente Dr. FLORIANO PAULO DE ALMEIDA. N: 26 TRYPANOSOMIASE AMERICANA CONGÉNITA EXPERIMENTAL PELO DR. ERNESTO DE SOUZA CAMPOS Em Outubro do anno passado entregamos uma nota para ser publicada no 3." Volume dos Annaes da Faculdade de Medicina, sob o titulo "Transmissão intrauterina do Trypanosoma cruzi” e em 17 de Fevereiro do corrente anno fizemos uma communicação, sobre o mesmo assumpto, perante a Sociedade de Medicina e Ci- rurgia de São Paulo, dando conta de alguns resultados das expe- riências que vimos realizando sobre a transmissão congénita da try- panosomiase americana. Assignalamos então os primeiros resul- tados obtidos com uma cadella que infectada aos nove mezes de idade e depois de entrar em periodo chronico, não mais apresen- tando parasitos no sangue circulante, transmittiu a moléstia aos seus descendentes, nas suas duas únicas gestações, a primeira sete mezes depois da data em que foi inoculada e a segunda 1!) mezes a contar da mesma epoca. Em ambos os partos os filhotes nasceram a termo, vivendo, pouco tempo, de õ a 15 dias de vida extrauterina, os que apresen- taram o sangue parasitado e estando ainda vivos e em observação os que tinham o sangue negativo. Os primeiros foram sacrifica- dos e submettidos a exanie histo-pathologico. Este exame revelou, nos dois casos, o mesmo processo histo-pathologico, encephalo- myelite, myorardite, nephrite, etc., como também foi observado no primeiro cão adulto que serviu de ponto de partida para esta serie de experiencias. Resultado analogo conseguimos com outro animal, inoculado, com resultado positivo, em 10 de Abril do anno transado, com sangue do 1." caso de infecção congénita. Este animal, mais de um anno mais tarde, quando tinha o sangue negativo (30 de Maio de 1920) deu 3 crias, todas victimas da infecção congénita. Também BOLETIM BIOLOGICO 2!) neste caso encontramos lesões no systema nervoso central, cora- ção, etc., idênticas ás dos casos anteriores. Nas duas series de experieneias as femeas não tinham mais parasitos no sangue peripherico por occasião do parto. Pelos re- sultados obtidos, parece demonstrado que os protozoários, aloja- dos na intimidade dos tecidos da mãe, passaram aos fetos atravez da placenta ou do ovário. Preferimos não sacrificar ainda as duas cadellas, esperando obter outros resultados que confirmem e am- pliem os aetuaes. Resumimos, em seguida, o protocollo das experieneias, do- cumentando-o com algumas microphotographias dos aspectos mais interessantes. RESUMO DAS EXPERIENCIAS I. Cão 130 (1) — (Rol. Biologico, São Paulo, 1927, fase. 9, pg. 153). Macho adulto. Inoculado em 30 de Junho, 1927, por via intra- peritoneal, com sangue contendo Trypanosoma cruzi de or‘gem humana, mantido em cobaya e proveniente do Instituto Oswaldo Cruz (Manguinhos). Exames feitos desde 15 de Julho até 2 de Agos- to demonstraram numerosos parasitos no sangue circulante. Symptomas de paralysia eram evidentes alguns dias antes da morte occorrida em 2 de Agosto. Este animal serviu de ponto de partida para esta serie de ex- periências. O seu sangue foi inoculado em cobayas e na eadella 137, cuja historia é adiante descripta. Exame histo-pathologico : Medulla espinhal — Extenso processo inflammatorio, em fo- cos circumscriptos e esparsos, tanto na substancia cinzenta como na substancia branca, contendo numerosas formas aflagelladas do protozoário. (V. Figs. cit. no Boletim). Bulbo raehidiano — Focos inflammatorios semelhantes na substancia branca. Protuberância annular — Salpicando a substancia branca v.u lam-se diversos focos de infiltração cellular, contendo ou não pa- rasitos. O centro de uma dessas zonas inflammatorias (Fig. 1) é inteiramente occupado por um grande agglomerado de parasitos onde se vêm diversos núcleos vesiculares e isolados, sendo diffi- cil determinar se os germens estão contidos ou não dentro de cel- (1) Numeração geral do Laboratorio. SciELO 11 12 13 14 30 BOLETIM BIOLOGICO lulas soldadas ou superpostas porque os limites eellulares não são visíveis. Na zona peripherica do fóco encontram-se alguns ele- mentos eellulares, com contornos bem visíveis, tendo eytoplasrna relativamente abundante e ligeiramente ramificado (microglia de Hortega?), contendo 5 a 10 fôrmas de leishmania. Nos núcleos cinzentos nota-se apenas uma ligeira infiltração perivascular. Cerebello — Apenas na camada mollecular foram encontra- dos alguns pontos lesados. Cerebro — O processo inflammatorio é mais extenso no cere- bro, abrangendo tanto a substancia branca como a cinzenta, em focos múltiplos. Coração — O arcabouço conjunctivo do. orgam mostra uma infiltração eellular dispersa em vários pontos, principalmente em torno dos vasos sanguíneos. No musculo cardíaco encontram-se nu- merosas fibras repletas de parasitos, com ou sem reacção em torno. Rim — No tecido renal o processo é intersticial attingindo, em maior ou menor grau, não só a substancia medullar e cortical como o tecido adiposo do liilo do orgam e o systema vascular. (V. Annaes da Faculdade de Medicina, Vol. 3, 1929, em via de publicação). Testículo — O tecido intersticial mostra zonas inflammato- rias mais ou menos extensas onde se notam as cellulas descriptas por Gaspar Vianna, como “cellulas de tamanho gigantesco, hos- pedeiras de parasitos que, em seu interior, podem ser encontrados por centenas.” Estas cellulas são ás vezes cercadas por laminas eonjunctivas t não raro situadas junto ; membrana basal dos tubulos semini- feros, comprimindo-a e fazendo saliência no interior do tubulo. II. Cadella 137 — Nascida em 17 de Outubro de 1926, no canil da Faculdade de Medicina e de paes normaes. Seis dias depois foi inoculada com trypanosoma de velha cultura, sem virulência, e nada de anormal apresentou. Em 18 de Julho, 1927, foi inoculada com sangue do cão 130. Apresentou parasitos no sangue e sym- : tomas do periodo agudo da moléstia até Setembro do mesmo anno. Desde essa epoca o animal ficou apparentemente são, sen- do sempre negativos os exames de sangue. O primeiro cio foi mui- to tardio sendo o animal coberto por um cão também infectado pela mesma raça de trypanosoma e outro normal. Em 11 de Fevereiro de 1928 pariu 6 filhotes apparentemente normaes. Em 20 de Março morre um dos eãezinhos e em 25 dois outros, sem exame. Appareccndo outro animal doente, verifica- cm l SciELO' 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 31 ram-se numerosos trypanosomas no sangue circulante. Foi sacri ficado e sua historia será descripta sob o numero 220. Dois cãe- zinhos restantes estão ainda vivos. Sómente um anno mais tarde a cadella apresentou o segundo cio, apezar de viver em plena li- berdade, sendo então fecundada por um cão normal. Em 8 de Fevereiro, 1929, nasceram 5 cãezinhos a termo e de aspecto nor- mal, tendo, um dellcs, numerosos trypanosomas no sangue cir- culante. Foi sacrificado e registrado sob o numero 137-a. III. Cãozinho 220 — Nascido em 11 de Fevereiro 1928, da pri- meira gestação da cadella 137. Foi sacrificado um mez e meio mais tarde (26 Março), tendo numerosos trypanosomas no sangue circulante. O sangue foi inoculado em 2 cobayos e 1 cão, com re- sultado positivo, 8 dias depois para as cobayas e 15 dias para o cão. Foram também isolados trypanosomas em meio de cultura N. N. N. O sangue da mãé, examinado no mesmo dia e subsequen- tes, foi sempre negativo. Exame histo-palhologieo : Mediilla espinhal — Todo o tecido medullar está invadido por múltiplos fócos inflammatorios, alguns contendo cellulas com parasitos. Cerebro — Processo inflammatorio idêntico, porém com maior intensidade. Coração — O tecido nobre do orgam, onde se notam nume- rosas fibras parasitadas, está suffocado pela tumultuosa infiltra- ção cellular diffusa do seu arcabouço conjunetivo. Em alguns pon- tos mal se distingue o tecido muscular tão intenso é o processo inflammatorio intersticial. No endocardio, muito espesso e séde de forte reacção inflammatoria, encontram-se, também, numero- sos trypanosomas. Rim — Lesces idênticas ás que vão descriptas nos Annaes da Faculdade de Medicina, Vol. III, 1929 e que em ultima analyse, constam de processo inflammatorio intersticial diffuso, contendo parasitos. Figado — Discreta infiltração cellular ao longo dos espaços e fissuras interlobulares, com raros parasitos. Baço — Tecido byperplastico contendo numerosos trypano- somas dispostos em grupos e dispersos no seio do tecido. Gânglio lymphatico — Gânglios intracavitarios muito augmen- íados de volume. Os abdominaes formam massa relativamente vultuosa, pesando 10 grammas. Parasitos em grande numero, for- mando especie de cystos como no tecido splenico. 32 BOLETIM BIOLOGICO IV. Cãozinho 137-a — Nascido em 8 de Fevereiro de 1929. O exame de sangue feito 3 dias depois revelou abundantes trypano- somas no sangue peripherico. Com este material foram inocula- dos 5 camondongos brancos, 2 cobayos e 1 cão, todos com resulta- do positivo. Foram também obtidas culturas em N. N. N. Em 13 de Fevereiro, encontrado quasi agonisante, foi sacrificado. Exame histo-pathologico : O exame histo-pathologico da medulla espinhal, cerebro, co- ração, rim, gânglio lymphatico, demonstrou lesões idênticas ás que foram descriptas nos tecidos do cão 220. Outros orgams não fo- ram examinados. V. Cadella 230 — Peso: 3Kg.680. Em 10 de Abril de 1928 foi inoculada com sangue proveniente da infecção congênita do cão- zinho 220 e passado uma só vez pela cobaya. O sangue só se mos- trou positivo a partir de 26 do mesmo mez, mantendo-se assim até 7 de Julho e dahi por diante, sempre negativo. Desde essa epoca até o momento actual o animal vem mantendo aspecto normal e em 30 de Maio do corrente anno deu 3 crias. Dois dias depois um dos filhotes, muito doente, foi examinado, encontrando-se trypanoso- mas no sangue. Morreu na noite seguinte, sendo necropsiado no dia seguinte e registrado sob numero 230-a. Nos outros dois filhotes só foram encontrados trypanosoma» nos dias 3 e 5 de Junho. O cão 230-b, no dia 6, amanheceu agoni- sante, foi sangrado para culturas e inoculação em outros animaes e sacrificado. O outro cãozinho está ainda vivo. VI. Cãozinho 230-a — Nasceu em 30 de Maio de 1929 c mor reu em 2 de Junho, tendo parasitos no sangue. Exame microscopico : Tecido nervoso central — Ligeira reacção inflammatoria com raros parasitos. Coração — Raras fibras cardíacas mostram pequeno numero de parasitos, que foram observados apenas em numero de 3 a 5. A reacção do tecido conjunctivo é também muito pouco accentuada. Rim — Capsula conjunctiva muito espessada com vasos san- guíneos enormemente dilatados e cheios de sangue. No exame de uma unica íamina não encontramos parasitos. Pulmão — Foram encontrados parasitos no seio de tecido pul- monar. Outros orgams não foram ainda examinados. VII. Cãozinho 230-b — Nasceu também em 30 de Maio de 1929 e foi sacrificado para exame histologico ainda não realizado. cm l SciELO' 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 33 EXPLICAÇÃO DAS FIGURAS Fig. I — Cão 130 — Agglomerados de parasitos na protuberância annular. Para maior documentação V. figs. 1, 2, 3, 4, neste Boletim, Fase. 9, 1927, pgs. 170 a 173. Fig. II — Cão 220 — Infecção congénita — Focos inflammatorios na medulla espinhal. Fig. III — Cão 137-a — Infeção congénita — Sangue peripherico com trypanosomas. Fig. IV — Cão 137-a — Infecção congénita — Medulla espinhal com um fóeo inflammatorio ao lado do canal ependymario. Fig. V — Cão 137-a — Infecção congénita — Musculo cardíaco com fibras parasitadas. Fig. VI — Cão 230-a — Infecção congénita — Fóco de parasitos no cerebro. BIBLIOGRAPHIA Nathan Larrier. 1921. Buli. Path. Exct. T. 14, p. 232. „ „ 1928. Buli. Acad. Med. 3 Serie. T. 99, pag. 97 Villela E. A. 1923. Folha Medica. Anno 4. N. (5, p. 41. Entregue para publicação a 10. VI. 929. Fig. 4 Fig. 4 Fig. <> Cão 137-a — Medulla espinhal. „ „ — Musculo cardíaco. 36 BOLETIM BIOLOGICO Trabalho do Laboratorio de Microbiologia da Faculd. de Medicina de S. Paulo. Prof. Cathedratico Dr. ERNESTO DE SOUSA CAMPOS. 1.” Assistente Dr. FLAVIO DA FONSECA. 2 .° Assistente Dr. FLORIANO PAULO DE ALMEIDA. N." 27 NOVAS ESPECIES DE TRYPANOSOMAS DE PEIXES BRASILEIROS DE AGUA DOCE (2.“ Nota prévia) (1) PELOS DE. FLAVIO DA FONSECA e ZEFERINO VA Z Em Dezembro de 1928 fomos convidados pelo notável zoolo- go patricio Dr. Rodolpho von Ihering a tomar parte em uma se- gunda excursão destinada a estudos de piscicultura, da qual f« - ram respectivamente organisador e patrocinador aquelle eminente scientista e o Snr. Rodolpho de Lara Campos. Teve essa excursão logar no salto do Rio Piracicaba, na cida- de de Piracicaba, Estado de S. Paulo. Por occasião dessas pesqui- zas tivemos opportunidade de verificar a presença de Trypano- somas no sangue de varias especies de peixes, constituindo o pre- sente trabalho uma nota prévia onde são descriptos esses para- sitos. Em homenagem á comprehensão do valor scientifico de taes pesquizas e ao espirito emprehendedor e altamente patriótico do patrocinador dessa excursão, o Snr. Rodolpho de Lara Campos, abrimos excepção na norma até hoje por nós seguida para a de- nominação das novas especies dedicando-lhe uma d'ellas, o Try- panozoma larai n. sp., parasito de Corimbatà-uvü (n. vulg.). Tninanozoma chetostomi n. sp. (Figs. 1 e 2) Hospedador: Chetostomus sp. Foram vistos dois typos facilmente identificáveis, differindo principalmente pela largura. Typo I (fig. 1) Foram medidos 1 exemplares que forneceram as seguintes medias : (1 ) 1.“ Xota a sahir no 3." volume dos Annaes da Fac. de Med. de S. Paulo. BOLETIM BIOLOGICO 37 Comprimento sem flagello livre 29,6 Largura Núcleo | comprimento I largura .... Distancia do núcleo á extremida- de posterior J comprimento Blepharoplasto > , | largura . . Distancia do blepharoplasto á ex- tremidade posterior .... te proximo á extremidade anterior e gradualmente na posterior, terminando geralmente em ponta rhomba. 29,6 micra 35 micra 27 micra „ 2,5 99 2 „ 3,1 „ 3,5 99 3 ,. 2,3 ,, 2,5 M 2,2 16,5 „ 18 11 0,7 „ 1 9* 0,6 „ 0,5 „ 0,8 99 0,4 ., 15 „ 17 99 14 ornas que se afilam bruscamen- PROTOPLASMA. Protoplasma granuloso, descorado em cer- ios pontos, inclusive na zona do blepharoplasto, parecendo ás ve- zes apresentar vacuolos; corado em azul-violeta pelo Leisbmann. NÚCLEO. Descorado, roxo pallido, tocando os bordos, de li- mites pouco nítidos. BLEPHAROPLASTO. Alongado ora no sentido longitudinal, ora no transversal : sub-terminal nitido em alguns e duvidoso em outros exemplares. Corado em vermelho vivo. MEMBRANA ONDULANTE. Visivel em todos os exemplares, tomando bem os corantes. FLAGELLO ADHERENTE. Visivel nos pontos em que é ap- parente a membrana ondulante, em alguns exemplares. FLAGELLO LIVRE. Visivel, tomando, porém, mal os corantes. Typo II (fig. 2) Deste typo apenas foi possível encontrar um exemplar cujas dimensões são dadas abaixo. Comprimento sem flagello livre Largura Núcleo | comprimento \ largura Distancia do núcleo á extremidade posterior 30,5 micra 1 3.5 3.5 15 38 BOLETIM BIOLOGICO Blepharoplasto í comprimento °’ 5 " | largura 0,6 Distancia do blepharoplasto á extremidade posterior 0,8 Flagello livre — (Impossível medir) ASPECTO GERAL. Mais largo que o typo precedente; extre- midade posterior bruscamente afilada e posterior gradativamente. PROTOPLASMA. Finamente granuloso, corado em azul-vio- leta pallido, com zonas descoradas, mais denso que o typo prece- dente. Zona cio blepharoplasto descorada. NÚCLEO. L m pôuco mais nitido que o do typo precedente, de cor arroxeada, com chromatina accumulada na peripheria. Não toca os bordos do Trypanozoma. tendo forma elliptica e orienta- ção diagonal. BLEPHAROPLASTO. Sub-terminal, vermelho intenso, alon- gado transversalmente, e de situação lateral. MEMBRANA ONDULANTE. Yisivel negativamente sempre que atravessa o corpo. FLAGELLO ADHERENTE. Invisível. FLAGELLO LIVRE. Yisivel nos pontos em que não é coberto pelo corpo. Trypanozoma piracicaboe n. sp. (Figs. 3 e 4) Hospedador: Loricaria piracicaboe Ihering Apresenta-se com dois typos bem differenciados. Typo I (fig. 3) Só num dos exemplares encontrados foi possível fazerem-se medidas. Comprimento sem flagello livre 42 micra Largura 2.1 . I comprimento 1 „ Núcleo , | largura 1 „ Distancia do núcleo á extremidade posterior .... 28 ,, Blepharoplasto I “"'Pnn.enlo 0.11 .. | largura 0,3 Distancia do blepharoplasto á extremidade posterior . 0 Flagello livre invisível cm l SciELO BOLETIM BIOLOGICO 39 ASPECTO GERAL. Longos e muito finos, apresentando-se sem- pre enrolados sobre si mesmos, o que impossibilitou a medida de vários exemplares encontrados. Corpo afilando-se gradualmente para ambas as extremidades. PROTOPLASMA. Finamente granuloso, irregularmente co- rado em azul-violeta pelo Leishman, apresentando a extremidade posterior descorada. NÚCLEO. De forma variavel, com chromatina granulosa, bem corado em vermelho, não tocando os bordos lateraes do Try- panozoma. BLEPHAROPLASTO. Terminal, muito pequeno, redondo, e intensamente corado em vermelho. MEMBRANA ONDULANTE, FLAGELLO ADHERENTE E FLAGELLO LIVRE. Invisíveis. Typo II (fig. 4) Foram medidos 4 exemplares, que deram as medias abaixo: Comprimento sem flagello livre . 38 micra 40 micra 36 micra Largura 2,4 „ 2,4 „ 2,3 . [ comprimento . Núcleo 1 . 4 „ 4 4 j largura .... . 2,5 „ 2,7 „ 2,3 . Distancia do núcleo á extremida- de posterior . 26,5 ,; 28 „ 26 ' comprimento . Blepharoplasto 1 laraura . . 0,8 . 0,7 „ . 1 „ 1 0.6 0,6 Distancia do blepharoplasto á ex- tremidade posterior 0 Flagello livre invisível ASPECTO GÈRAL. Exemplares distinguindo-se dos do typo precedente principalmente por serem mais largos e apresentarem um blepharoplasto mais volumoso, de regra afilando gradualmen- te para a extremidade posterior e bruscamente para a anterior. PROTOPLASMA. Finamente granuloso, com zonas de colo- ração mais intensa que outras e de regra descorado na zona do blepharoplasto. NÚCLEO. Pouco intensamente corado, chromatina finamente granulosa, homogeneamente esparsa, tocando os bordos lateraes do Trypanozoma. Em um dos exemplares achava-se no terço pos- 40 BOLETIM BIOLOC.ICO terior do corpo, ao contrario do que se observa nos restantes, quf o apresentam no terço anterior. BLEPHAROPLASTO. Terminal, relativamente grande, inten- samente corado em vermelho vivo. MEMBRANA ONDULANTE, FLAGELLO ADHERENTE E FLAGELLO LIVRE. Invisíveis. Trypanozoma larai n. sp. Hospedador: Prochilodus sp. (Corumbatá uvú, n. vulg.) Apresenta-se este Trypanozoma com dois typos, differindo principalmente pelo tamanho. Typo I (fig. 5) As medidas correspondem a 3 exemplares. Largura. Núcleo j comprimento \ largura. Distancia do núcleo á extremida- de posterior < comprimento . Blepharoplasto > largura 34,6 micra 38 micra 32 micra 1,66 ** 2 1,5 4 99 4 4 9* 1,7 99 2 1,5 99 21 '9 22 ““ 99 20 „ 0,87 99 1 0,7 99 0,66 99 0,7 „ 0,6 1,66 99 2 1,5 99 16 um só exemplar) Distancia do blepharoplasto á ex- tremidade posterior .... Flagello livre ASPECTO GERAL. Trypanozomas longos e muito finos, quer em relação ao comprimento, quer de modo absoluto, cujo corpo, de regra, se afila gradualmente na extremidade posterior e brus- camente na anterior. PROTOPLASMA. Coloração irregular, ora homogenea, ora com zonas mais intensas; finamente granuloso, corado ora em azul-vioietta, ora em arroxeado, pelo Leishman, com a zona do blepharoplasto sempre descorada. NÚCLEO. Bem corado, de limites nitidos, de aspecto pouco homogéneo, tocando os bordos do Trypanozoma. BLEPHAROPLASTO. Redondo ou longitudinalmente alonga- do, sub-terminal, intensamente corado. MEMBRANA ONDULANTE. Invisível. FLAGELLO ADHERENTE E FLAGELLO LIVRE, visíveis. De regra cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Entregue para publicação a 10. VI. 929. 42 BOLETIM BIOLOGICO 1 4\00 F. Fonseca & Z. Vaz — Novas espeeies de Trypanosomas de peixes brasileiros de agua doce. SciELO 11 12 13 14 6 17 BOLETIM BIOLOGICO .43 DE UM NOVO HYMENOPTERO DESTRUIDOR DE MOTUCAS. POR CARLOS R. FISCHER Trabalho do Instituto Biologico de S. Paulo NOTA PREVIA De Novembro de 1 027 até Março de 1928 tivemos opportuni- dade de acompanhar o modo de se comportar de um hymenoptero caçador de tabanideos cuja biologia foi objecto de estudos que mais tarde serão dados á publicidade nos Archivos do Instituto Biologico de S. Paulo. Na presente nota previa descrevemos o novo hymenoptero acompanhado de uma lista das especies de motucas por aquelle capturadas. CR ABRO TABAMCIDA n. sp. FEMEA. Niger, den.se punctata et fliwo-einereo pilosa; seapo antennarum, mandibiilis ex parte, linea transversa pronoti pun- etoque utrinque lateraliter, maeulis 2 scutelli, abdominis segmen- tis 2 o - 6/n, tibiis e.r parte tarsisque flavis; abdomine leniter pun- ctato; alis fumato-hgalinis, stigmato ochraceo, nervis f aseis. Long. 11-12 milim. Cabeça pouco lustrosa, fina e densamente pontilhada, cober- ta de pubescencia flavo-einerea; parte inferior das orbitas e ely- peo revestidos de pubescencia prateada, apresentando-se dourados conforme a incidência da luz; fronte ligeiramente exeavada. Bor- dos posteriores (e superiores) dos olhos situados numa linha recta que passa pelo centro da cabeça; ocellos collocados em curva, os 2 posteriores situados exactamente sobre a linha imaginaria acima referida guardando a mesma distancia entre si e da extremidade do olho. Clypeo, earenado no centro, densamente coberto de pêlos prateados ou dourados conforme a luz. Ü espaço entre os olhos, no angulo anterior inferior, tem a largura que corresponde foi- 44 BOLETIM BIOLOGICO gadamente ao comprimento do segundo e terceiro segmentos an- tennaes reunidos. Mandíbulas bifurcadas na extremidade possuin- do um grande dente collocado no lado interno e quasi no meio. Thorax pouco lustroso e densamente pontilhado com pubes- ceneia esparsa flavo-cinerea. 0 pronoto é atravessado transver- salmente por uma linha saliente que se inclina para os lados. Se- gmento mediano apresentando leves rugosidades transversaes na parte anterior e também encontradas no apice que possue na base fino sulco mediano e longitudinal. Area basal limitada por sulcos curvos. Pleuras pontilhadas e com rugas longitudinaes na parte superior. Abdómen lustroso e finamente pontilhado; segmento apical terminando em ponta chanfrada, comprimida e ligeiramente le- vantada. Area pygidial levemente convexa e pontilhada. A nervura cubital transversa attinge a cellula justamente na parte mediana. O esporão da ultima tibia alcança a metade do metatarso. MACHO. Menor e mais delgado. Antennas com mais 1 segmen- to do que a femea, com 13 artículos excluindo a radicula. A parte glabra da fronte é mais larga no macho. Faltam as manchas ama- rellas das mandíbulas e do escutello. O contrario dá-se nas pernas, onde o amarello cobre parte do femur nos tres pares. As rugosi- dades do thorax são mais accentuadas. A descripção da femea foi baseada em 3 femeas em excellente estado de conservação. A do macho foi sobre um exemplar reti- rado de uma nympha. Cotypos na minha collecção e na do Instituto Biologico. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 45 Damos cm seguida a lista dos tabanideos encontrados nas cel- lulas de incubação do Crabro tabanicida. São 11 especies bem dis- tinctas. Dos representantes do genero Neotabanus não foi possí- vel a determinação de tres especies. O macho da especie n.° 5 era desconhecido até agora. * ! Machos 1 Femeas Total 1 / Poecilosoma quadripunctata (F.) 10 1 11 2 Neotabanus modestas (Wied.) 1 3 4 3 Neotabanus sp. 3 1 4 4 Neotabanus triangulum (Wied.) 2 - 2 5 Acanthocera coarctata (Wied.) 1 — 1 (5 Dichelacera alcicornis (Wied.) 1 — 1 7 Poecilosoma punctipennis (Mcqt.) \ — 1 1 8 9 Neotabanus sp. Neotabanus obsoletas (Wied.) ou 1 1 especie affim. — - 1 1 10 Neotabanus comitans (Wied.) 1 1 1 11 Neotabanus sp. 1 1 1 TOTAL 19 9 28 São Paulo, 15 de Junho de 1929 cm l FISCHER, C. R. — De um novo hymenoptero destruidor de motucas. CRABRO TABANICIDA n. sp. BOLETIM BIOLOGICO BOLETIM BIOLOGICO 47 Trabalho do Lab. de Histologia e Embryologia da Fac. de Med. de S. Paulo. Prof. Cathedratico Dr. CARMO LORDY. 1.» Assistente, Dr. ANDRÉ DREYFUS. 2." Assistente, Dr. JOSÉ ORIA. SOBRE OS GRANULOCYTOS EOSINOPHILOS DO SANGUE CIRCULANTE DA “AMAZONA AESTIVA”.. Nota preliminar de um estudo sobre os elementos figurados do sangue circulante e dos orgãos hematcpoieticos em Papagaios brasileiros, POR J . ORIA Os estudos systematicos sobre os componentes do sangue cir- culante e dos orgãos hematopoietieos nos Vertebrados inferiores (Aves, Reptis, Batrachios e Peixes), são relativamente numerosos, comparados com os escassos estudos systematicos hematologicos sobre Mammiferos. Todavia, ha naquelles estudos, muitos pontos que ainda per- manecem pouco claros e que não estão totalmente resolvidos. As- sim, relativos ao sangue e hemaíopoiese das Aves, podemos citar alguns dos factos que, ultimamente mais têm prendido os AA„ por exemplo: a renovação sanguínea segundo o rythmo annual das estações, a origem das cellulas fusiformes, a eosinophilapoiese e o méeanismo de formação dos granulocytos eosinophilos. etc.. Aproveitando o material de Aves e preferentemente uma es- pecie brasileira de Papagaio, (A. aestiva), é opportuno revelar aqui o valor intrínseco dos estudos morphologicos em representantes da nossa fauna, cuja riqueza constitue um campo illimitado de pes- quizas. E’ nosso intuito fazer pois, uma tentativa de systematização dos elementos figurados do sangue e dos orgãos hematopoietieos nesta especie e, dizemos tentativa, porque apenas estamos iniciando um trabalho (pie requer grande numero de observações e emprego de technica apropriada. Por outro lado, a exiguidade do material bi- bliographico com que pode contar nosso meio, não nos permitte ainda formar completo juizo comparativo entre nossos achados e os existentes na literatura. Nesta nota preliminar, exporemos sem maiores detalhes do que os trazidos por uma observação apenas esboçada, o que nos occor- 48 BOLETIM BIOLOGICO reu dum primeiro estudo sobre os granuloeytos eosinophilos do san- gue circulante da A. aestiva. Antes de relatarmos nossos achados, referiremos o que foi pos- sível obter de um apanhado geral da bibliographia relativa somen te aos granuloeytos eosinophilos das Aves. Em vista das difficul- dades expostas, nossas consultas por emquanto não puderam ser bem completadas e só em parte foram directas: entretanto, obriga- mo-nos, na apresentação do trabalho definitivo, a fornecer todas as citações opportunas. LITERATURA — As primeiras observações sobre granuloey- tos eosinophilos de Aves foram feitas por EHRLICH e SCHWARZE. que nelles descreveram especiaes granulações alongadas como agu- lhas, e que por isso, denominaram, “granulaçães crystalloides”. Essa forma granular, foi ainda depois observada por vários AA. em outros Vertebrados inferiores e reobservadas nas Aves por BIZZOZERO e TORRE (1880). GRUENBERG (1901), descreveu no sangue circulante da Galli- nha e do Pardal, entre os diversos typos leucocytarios, duas varie- dades de granuloeytos- eosinophilos: granuloeytos com crystalloi- des e granuloeytos com granulações esphericas. Além disso, este A. notou presentes no interior dos crystalloides, alguns grânulos es- phericos incluidos na peripheria daquelles e salientando-se pela sua refringencia e sua tingibilidade em azul pela coloração de Mi- chaelis. Os estudos ulteriores individualizaram as duas variedades de granuloeytos eosinophilos e estabeleceram que, os granuloeytos com crystalloides seriam os representantes maduros na evolução dos granuloeytos com granulações esphericas, (CULLEN, 1903; DANT- SCHAKOFF, 1909; LOEWENTHAL, 1909; KARASINOFF, 1910; JOLLY, 1911; LAUNOY, 1914). DANTSCHAKOFF (1909) e WERZBERG (1911), verificaram na medulla ossea das Aves, a existência de cellulas mononuclea- das — grandes e pequenos lymphocytos, que reconheceram como cellulas primarias de origem dos elementos eosinophilos. DANTSCHAKOFF ainda, descreveu nos fócos hematopoieti- cos do embryão de Gallinha, um terceiro typo de granulocyto eo- sinophilo, pequeno elemento com crystalloides e com o núcleo po- lymorpho: granulocyto eosinophilo embryonario. Segundo WERZBERG, para se chegar aos granuloeytos eosi- nophilos, partindo-se dos lymphocytos da medulla ossea, ter-se-ia primeiro a formação de um pequeno elemento com grânulos es- BOLETIM BIOLOG1CO I!) phericos acidophilos e com o núcleo redondo ( promyelocyto) . Em seguida, deste ultimo, derivariam dois differentes elementos de maior talhe (myelocytos) , dos quaes, um com grânulos crystalloi- des, outro com grânulos esphericos, e ambos com o núcleo ainda não polymorpho. Com a segmentação nuclear, estariam esses ele- mentos integralmente formados e desse modo se observariam nor- malmente no sangue circulante das Aves e dos Reptis. Occorre dizer que para WERZBERG, as granulações crystal- loides poderiam soffrer modificação de forma, taes de serem re- ductiveis a granulações esphericas no granulocyto maduro, em- quanto que estas, uma vez formadas, nunca se transformariam em crystalloidês. O eschema de WERZBERG foi modificado por KOLLMANN (1912). Este A. na medulla ossea de vários Sauropsideos e, dentre as Aves inclusive uma especie próxima a nossa ( Melopsittaciis un- dulatus), reconheceu o granulocyto com crystalloidês, como sendo o unico representante terminal dos elementos granulosos. Para KOLLMANN, a cellula estipite dos granulocytos eosino- philos, seria o grande lymphocyto, muito abundante na medulla ossea e rara no sangue. Afim de dar o elemento maduro formar- se-iam primeiramente os myelocytos, também numerosos na me- dulla ossea: são elementos possuidores de algumas granulações perfeitamente esphericas de diâmetro pouco variavel e de affini- dade amphophila; pelo triacido de Ehrlich, assumiriam estas, uma côr apenas avermelhada ou mesmo violaeea. Corar-se-iam ainda pelos corantes básicos e seriam metachromaticas. A medida de sua evolução, o “myelocyto” tenderia a perder sua affinidade amphophila para alquirir uma eosinophila. Para KOLLMANN, a granulação acidophila espherica formar-se-ia no seio da própria granulação amphophila: eis para o A., um facto contrario á theoria da especificidade leucocytaria de EHRLICH. Nos myelocytos mais maduros, a principio, existiriam granulações amphophilas e acidophilas, para com o tempo prevalecerem as ultimas. Os myelocytos eosinophilos puros, por sua vez, assumi- riam progressivamente os crystalloidês: em um mesmo elemento sei ia possível verificar granulações esphericas ao lado de crystal- loides e mais tarde, na evolução completa, ter-se-iam só os crys- talloides. 0 núcleo por sua vez, de redondo que era nos myelocytos será polymorpho nos leucocytos maduros. Todavia, a maturação nu- clear não caminharia ao par da granular: encontrar-se-iam granu- 50 BOLETIM BIOLOGICO locytos contendo erystalloides, mas com o núcleo ainda não se- gmentado. Os erystalloides, uma vez presentes na cellula, seriam irredu- ctiveis de forma: segundo KOLLMANN, nunca passariam a gra- nulações esphericas, contrariamente ao supposto por WERZBERG. Uma particularidade interessante observada ainda por KOLL- MANN. vem a ser a pers:'stencia da substancia amphophila no in- terior dos erystalloides. Por meio de technica apropriada de modo a evitar as alterações que soffre o material na sua colbcita, este A., em alguns casos, na medulla ossea dos Sauropsideos, conseguiu ver granulações esphericas amphophilas como que sendo expul- sas do interior da massa eosinophila do crystalloide. Essa persis- tência da substancia amphophila nos erystalloides, seria indice do processo de maturação granular dos leucocytos e, uma prova de que essa maturação faz-se por substituição de uma substancia por outra. Finalmente, MAY (1925), demonstrou como positiva a “reac- çâo da oxydase” nos granulocytos eosinophilos das Aves. MATERIAL E TECHNICA — Para nosso estudo preliminar sobre os eosinophilos do sangue da A. aestiva valemo-nos de 9 exemplares, material procedente de S. Paulo e fornecido pelo Prof. S. Meira que, entre nós, vem effectuando pesquizas nesse grupo de Aves. Não pudemos por ora, levar em conta as condições em que se achavam esses animaes no momento de exame, como sejam, as fornecidas pelas variações sexuaes periódicas, as possíveis modi- ficações no sangue circulante e orgãos hematopoieticos dependen- tes do rythmo annual das estações. Do mesmo modo, nada pode- mos adiantar quanto a eventuaes condições pathologicas: parasi- tos e certas affecções peculiares a essas Aves. O sangue foi colhido por puneção dos vasos axillares. Utiliza- mo-nos de methodos corantes diversos, dos quaes, importantes para o estudo dos granulocytos são: a Hematoxylina-eosina, como metliodo de orientação; o Azul de Toluidina, para reconhecimento de possíveis granulações basophilas; as misturas corantes de uso corrente — Leishmann, Romanowsky-Giemsa e Pappenheim, para ponto de partida de nossas observações. Como methodo especifi- co, empregamos a Fuchsina dc Altmann, (pie nos serviu para ve- rificação de um achado que julgamos de interesse no estudo dos granulocytos, isto é, presença de granulações fuchsinophilas no in- ferior dos erystalloides acidophilos. Por outro lado a Fuchsina sim- cm l SciELO' 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO .')! pies ou em mistura com o Orange não revelam ditas granulações especificas. Fizemos ainda, o methodo da reacção da peroxydase, segun- do Good-pasture. O desenho (L. Ebstein), é de preparação de sangue circulante do exemplar VII. OBSERVAÇÕES PRÓPRIAS — Os granulocytos eosinophilos são os únicos representantes dos leucocytos granulosos do sangue circulante da A. aestiva. Até agora, nesta especie, não verificamos a existência de granulocytos basophilos, contrariamente ao que se observa em outras Aves e nos Reptis e Amphibios. Na A. aestiva, ha duas variedades de granulocytos eosinophi- los: granulocytos com granulações crystalloides — crystalloidoey- tos — e granulocytos com granulações esphericas. Accresce referir a existência de formas intermediarias, isto é, leucocytos com as duaes especies de granulações, formas raras porém, no sangue cir- culante da A. aestiva. a) — Crystalloidoeytos — Os crystalloidoeytos se observam na maioria dos exemplares, e em quasi todos, representam o 100 °j° de granulocytos. São elementos de cerca de 15 p. de diâmetro, com o núcleo de contorno pouco nitido, geralmente polymorpho. Este, não affecta estructura característica: é pobre em chromatina e se córa em violeta-pallido. O cytoplasma encerra crystalloides, quasi sempre alongados e com as pontas agudas, medindo 2 a 3 a de comprimento; ás vezes, são riais curtos e tem as pontas rhombas, como “em grão de trigo” Como quer que sejam, se dispõem sem regularidade, e são muito abundantes num mesmo elemento, podendo até se superporem ao núcleo. Coram-se em vermelho pela Eosina e pela Fuchsina, em alaranjado pelo Orange; não demonstram nenhuma tonalidade basophila pela Toluidina. Por vezes, coram-se mal pelas cores aci- das ou não se coram de todo, como que fossem dissolvidos sob a acção dos reactivos. Neste ultimo caso, nos granulocytos assim alte- rados apparece a imagem negativa dos crystalloides num fundo levemente roseo. Pelo methodo panoptico, na maioria dos crystalloides, além do mais, observamos granulações esphericas dispostas justamente no interior do crystalloide, como que incrustadas em sua massa. Geralmente, taes incrustações acham-se repellidas para as extre- midades daquelle, e raramente oecupam sua parte central. Reconhecem-se pelo seu brilho especial e pela maior refringencia 52 BOLETIM BIOLOGICO e, pela còr roxa adquirida com o May Grümvald-Giemsa, contras- tando no fundo vermelho do crystalloide. Além disso, obtivemos a coloração especifica desses grânulos em todos os crystalloidocytos .do sangue circulante da A. aestiva, empregando a Fuchsina de Altmann com previa fixação em álcool methylico. Desse modo, emquanto os crystalloides se coram em roseo, deixam ver em seu interior, sobretudo em suas extremida- des as incrustações esphericas vivamente coradas em purpura. Este facto merece aqui registo especial: ao que parece, foi pela primeira vez realizada por nós, a observação de grânulos fuchsinophilos com tal disposição, nesta variedade de granulocy- los do sangue circulante do Papagaio. Referiremos ainda, termos obtido reaeção positiva para a per- oxydase dos crystalloidocytos na especie considerada. b) — Granulocytos com granulações esphericas — Os granu- locytos com granulações esphericas são menos frequentes no san- gue da A. aestiva. No entretanto, em o exemplar II, nós os obser- vamos como predominantes em numero, muito embora não se apresentem sempre com seus caracteres morphologicos nitidos. As- sim, raramente as granulações esphericas ficam bem coradas pela Eosina: sua côr é debilmente alaranjada. Pouco refringentes, têm quasi sempre contorno mal discernivel. Maiores do que as eom- muns granulações dos eosinophilos sanguíneos dos Mammiferos, são porém, pouco abundantes num mesmo elemento, ainda que se possam achar superpostas ao núcleo. Na maioria das vezes as granulações esphericas só podem ser demonstradas negativamente; o cytoplasma tem então um aspe- cto alveolar ou de rèdc, cujas malhas claras circulares desenham o molde das granulações. A rède eytoplasmatica assim constituí- da, se tinge em roseo pelas cores acidas; pelos meíhodos de Pap- penheim, Leishmann, etc., verificamos esparsas aqui e alli, nas suas trabéculas, escassos e minúsculos grânulos corados em viole- ta. Ditas inclusões granulosas seriam provavelmente da mesma natureza do que as observadas no interior dos crystalloides. O núcleo desta variedade de granulocytos, quasi sempre bilo- bado, é rico em chromatina disposta em blocos, que pelos metho- dos usuaes se tinge intensamente em roxo, mais intensamente do que a dos crystalloidocytos. As formas de transição entre granulocytos com granulações esphericas e granulocytos com crystalloides, são muito raras no sangue circulante da A. aestiva. Todavia, no exemplar IX, a for- em 1 SciELO' 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO ma granular predominante é a dita em "grão de trigo”, isto é,. nienos alongada e menos ponteaguda do que a forma crystalloide. CONSIDERAÇÕES GERAES — A observação classica de duas variedades de granulocytos eosinophilos do sangue circulante das Aves, é ainda confirmada por nós no sangue circulante da A. aes- tiva. Das duas variedades, os elementos portadores de crystalloides, como para cutros AA., são para nós as formas typicas, visto os ter- mos observado como predominantes na maioria dos exemplares. Admittindo-se o que os AA. estabeleceram como bem definido, se- riam essas portanto, as formas evoluídas da serie granulocytaria. Por sua vez, os granulocytos com granulações esphericas, de observação accidental no sangue de Papagaio, correspondem ás formas ditas immaturas. Nem por isso, taes formas podem deixar de existir prevalentemente em percentual como numa de nossas observações. Esta differença individual, é até certo ponto, ntil de se referir: differenças individuaes no âmbito da formula granu- locytaria do sangue de Aves, ao que parece, nunca foram bem le- vadas em conta pelos AA.. Para explicar a existência de maior quantidade de granulocy- tos com granulações esphericas no sangue circulante das Aves em geral, poder-se-á pensar: l.°) — numa reacção da medulla ossea e subsequente passagem para a torrente circulatória de elementos leucocytarios em phase anterior á maturação; 2.°) que os granu- locytos com granulações redondas sejam formas de alteração ou mesmo simples aspectos artificiaes dos communs crystalloidocy- tos; 3.“) que sejam formas evoluídas dos crystalloidocytos ( WERZBERG) . A primeira hypothese é a mais cabivel no nosso caso como o c em todos os casos da maioria dos AA.. Também não é possível, que os elementos com grânulos espheroidaes sejam formas modi- ficadas dos communs crystalloidocytos: naquelles, o núcleo é es- tructuralmente definido e bem conservado; nestes, ao contrario, os phenomenos altcrativos nucleares denunciam formas já avançadas. As granulações esphericas dos granulocytos do sangue de Pa- pagaio, coram-se mal pela Eosina. Deduz-se dahi, que para passar á granulação crystalloide, a granulação espberica necessita assu- mir uma substancia acidophila. Do exposto por KOLLMANN, se- ria este, um dos processos realizados na maturação granular. Dos nossos achados, nada podemos adiantar da natureza chi- mica dessa forma granulosa, nem mesmo demonstrar o mecanis- mo de sua substituição pelo definitivo crystalloide. Entretanto, a 54 BOLETIM BIOLOGICO demonstração feita por nós de incrustações fuchsinophilas no in- terior dos crystalloides, poderia trazer alguma luz sobre o proble- ma da substituição da granulação espherica pelo crystalloide. Taes incrustações que ainda observamos por methodos habituaes, cor- respondem claramente ás granulações brilhantes que GRUNBERG observára no sangue de Gallinha; equivalerão ainda, ás granula- ções amphophilas persistentes em crystalloides, que KOLLMANN, de igual modo e com igual disposição, demonstrou nos respectivos elementos de medulla ossea em vários Sauropsideos. Outros processos corantes especiaes evidenciarão possivelmen- te as inclusões granulosas dos crystalloides dos granulocytos da A. aestiva. E’ o que procuraremos conseguir com o tempo. Finalizando, consideraremos a reacção da peroxydase: nos granulocytos da especie estudada, ella é positiva como o fòra para MAY em varias espeeies de Aves. CONCLUSÕES 1 — Observamos no sangue circulante do Papagaio duas va- riedades de granulocytos eosinophilos: granulocytos com granula- ções esphericas, debilmente eosinophilas e granulocytos com crys- talloides fortemente eosinophilos. 2 - — Os granulocytos com crystalloides são os prevalentes na taxa leucocytaria, o que não impede observarmos por vezes igual prevalência dos granulocytos com granulações esphericas. 3 — Os granulocytos com granulações esphericas têm estru- ctura nuclear sempre bem manifesta. 1 — A presença de granulocytos com granulações esphericas no sangue circulante da A. aestiva, decorreria da passagem de ele- mentos jovens da medulla ossea. 5 — Os crystalloidocytos do Papagaio são elementos maduros: seu núcleo tem a estruetura habitual do de cellulas sanguíneas em phase final evolutiva. 6 — O crystalloide não é homogeneo: possue uma incrusta- ção espherica refringente que se cora em violeta pelo May Griin- wald-Giemsa. 7 — E’ de se suppor que pela primeira vez, foi obtida por nós a coloração especifica das incrustações dos crystalloides: coram- se e mpurpura pela Fuchsina de Altmann. BOLETIM BIOLOGICO 55 8 — Taes granulações fuchsinophilas poderiam estar ligadas aos phenomenos de maturação granular dos leucocytos. 9 — A reacção da peroxydase, segundo Goodpasture é posi- tiva nos granulocytos eosinophilos do Papagaio. 10 — Até agora, não verificamos a existência de granulocytos basophilos no sangue circulante da especie em estudo. LISTA BIBLIOGRAPHICA t — BIZZOZERO e TORRE, Arch. fiir med. Wissensch., 1880. 2 — BIZZOZERO e TORRE, L’ematopoesi nei Vertebrati infe- riori. L Osservatore, Gazz. clellc cliniche, V. pg. 165-467, 1882. 3 — CULLEN, John’s Hopldns Buli., 1903. 4 — DANTSCHAKOFF, V., Untersuchungen ü. die Entwicklung des Blutes und Bindgewebes bei den Vôgeln; Anut. Hefte, vol. 37, 1908, Arch. f.'mikr. Anal., vol. 73, pg. 111, 1909. 5 — DANTSCHAKOFF, V. Uber die Entwicklung des Knochen- marks bei den Vôgeln. Arch. {. mikrosk. Anal., vol. 74, pg. 885, 1909. 6 — DENYS, Sur la structure de la moelle des os et la genese du sang chez les oiseaux, La Cellule, V, 1887. 7 — EHBLICH - SCHWARZE, cit. por LEVADITI. (Le Leucocyte et ses granulations, pg. 40, 1902). 8 — GRUENBERG C., Beitrâge z. verg. Morph. der Leukozylen, Virchows Arch., vol. 163, pg. 303-342, 1901. 9 — JOLLY, Cumpt. Reiid. Soe. Biol., 25-2-1911, cit. por Jolly (Traité). 10 — JOLLY, Arch. cTAnat. Micr., XVI. 1915, cit. por Jolly (Traité). 11 — JOLLY, Traité technique d’Hematologie, vol. I, pg. 226 Pa- ris, 1923. 12 — KASARINOFF, Folia Haematologica, X, 1910. BOLETIM BIOLOGICO l 57 Sangue circulante da "A. AESTIVA”. (Exempl. VII). Fuchsina de Altmann; grânulos fuchsínophilos no interior dos crystalloides dos granulocytos. (Leitz, imm. 1 yT2; oc. 8 B' BOLETIM BIOLOGICO Brasil. S. Paulo, 20 de Dezembro de 1929. Fascículo 16. 4 UM NOVO GENERO E NOVA ESPECIE DE PULGÕES DA BAHIA. (Homoptera, Coccidae, Pseudococcinae) POR GREGORIO BONDAR Bahia Limacoccus n. gen. Larva — Antennas de 7 segmentos; extremidade posterior com vários pares de pêlos. Femea incluída em folliculo tenue, eeroso, de margem intei- ra, desprovido da franja marginai; a forma do folliculo mais ou menos circular ou alongada, convexa ou chata, adherente ao dorso da femea, deixando livre a extremidade do corpo, com orifício anal e genital, de forma que os ovos ou larvas, ao sairem, se acham em liberdade. A femea é desprovida de patas e antennas, ou estas ultimas são rudimentares. O ultimo segmento abdominal constitue uma placa saliente, destacando-se do resto do corpo; nella se acham os orifícios anal e genital; lateralmente a placa, ou pygidio forma lo- bos um de cada lado, bem chitinisados e providos de pêlos. No lado ventral posterior e lateralmente na margem ha glân- dulas cerigenas tubulares cylindricas. Por certos caracteres o genero é ligado ao grupo dos Asterole- canineos, outros caracteres, porém, não permittem incluir nessa sub-familia, razão porque ligamo-lo ao grupo polymorpho dos Pseudococcineos, ao lado do genero Antonina. ISciELO 3 11 12 13 14 15 16 GO BOLETIM BIOLOGICO Tijpo - Limacoccus serratus n. sp. Denominamos o genero em homenagem ao distincto scientista brasileiro e nosso amigo Dr. A. de Costa Lima, em reconhecimento de valioso apoio que nos presta, na ardua tarefa de pesquisador. Limacoccus serratus, n. sp. Larva. Alongada, subovoidal, sem olhos visíveis; antennas de 7 segmentos, delles o ultimo, o mais comprido, um pouco menor do que os tres penúltimos juntos, guarnecido de dois pêlos, um maior e outro menor; patas curtas, com a tibia e o femur muito mais finos do que os dois segmentos basaes; terminam em uma unha, acompanhada de 4 pêlos com bolinha na ponta; orifício anal arredondado, acompanhado de um par de pêlos curtos; posterior- mente ha oito pêlos; delles dois grandes e dois menores situados na margem posterior e dois pares também desiguaes na submargem. Ha no dorso glandulas discoidaes, pouco visíveis, isoladas ou grupadas em duas, tres e mais. Comprimento do corpo cerca de 638 micra. Largura „ „ „ » 328 „ Comprimento da antenna „ „ 90 „ Comprimento da pata „ „ 93 „ Folliculo da femea subcordato, cobrindo o corpo em uma pel- iicula f;na de substancia fibrosa insolúvel no xilol, formada pelos fios brancos pouco ligados entre si; o folliculo percebe-se mais pela margem grossa, que se desprendendo parece um tanto com um arco em roda do insecto. A margem inteira, o lado ventral e os lobos anaes são livres, não ha, portanto, ovisacco. Femea adulta de configuração subcordata ou subcircular, for- temente colorida em amarello-castanho, principalmente na mar- gem e na parte anal. Não se nota a divisão dos segmentos do cor- po; este é chato ou um tanto globoso quando cheio de ovos: an- tennas rudimentares, junto da margem, representadas por dois segmentos, delles o segmento basal curto e largo, e o terminal mais alongado e fino; patas faltam; o rostro é muito comprido, ultrapassando ou excedendo em comprimento o diâmetro do corpo. A margem em forma de serra, com dentes bem reforçados, le- vando cada um vários denticulos. O orificio anal e genital desem- cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 61 bocam na margem posterior, formando uma placa alargada de cada lado em pequeno lobo, tudo fortemente chitinisado. Perto da abertura anal ha 8 pêlos, delles dois maiores, e nos lobos ba tres ou quatro pequenos pêlos em cada um; os lobos são dentilhados. Ha no dorso glandulas circulares formadas de vários discos, isolados ou em grupos de dois. tres e mais; estas glandulas são distribuídas em todo dorso principalmente na submargem; en- tre os dentes marginaes ha glandulas tubulares; na face inferior, principalmente nos sectores latero-posteriores ha numerosas glan- dulas tubulares cerigenas; ha dois pares de estigmas situados sy~ metricamente na metade posterior do corpo, formados de uma cavidade da qual sobresae uma especie de pincel de barba, com numerosíssimos poros miúdos; em roda dos estigmas as glandula? tubulares apparecem em facho. As glandulas tubulares pcC- duzem cera branca, filiforme, adherente á folha da planta, e que, sahindo do corpo do insecto, propulsiona o bicho para frente; as glandulas do estigma produzem cera flocculenta. Nas femeas adultas, ás vezes a cera tubular em vez de sahir numa direcção para o lado posterior sahe em todas as direcções, deixan- do assim o bicho immovel num logar e formando em roda delle camadas de cera branca vitrea ou um tanto floccosa, como acon- tece nos alcyrodideos. Os dentes marginaes, emquanto a femea está fechada dentro do folliculo ceroso — são voltados para cima, sobresahindo as ve- zes pelo folliculo em forma de tubérculos irregulares; a margem do insecto nesta phase é inteira e o folliculo forma uma carina circular em roda. Quebrando-se o folliculo os dentes se estendem lateralmente, dando aspecto característico a este insecto. As femeas maduras são repletas de ovos, que amadurecem no ovário, e as larvas fazem eclosão dentro da cavidade abdominal, de modo que a especie é vivipara, não necessitando do ovisacco. O insecto cria-se na palmeira Attalea, sp., no olho da planta; as larvas e femeas novas procuram introduzir-se nas folhas novas, ainda dobradas e entram ali. progressivamente empurradas pela cera sahida das glandulas tubulares, de modo que a femea, sendo ápoda, tem capacidade de progredir na direcção opposta á incli- nação dos tubos cerigenos. A presença do insecto na folha da palmeira nota-se de longe pelas manchas amarelladas, geralmente em forma de virgula, for- madas perto da margem nos foliolos das palmas. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 62 BOLETIM BIOLOGICO Ü diâmetro das femeas maiores attinge 3 mm. em comprímen to, a maioria, porém tem cerca de 2 a 2,5 mm., o dente maginal mede 90 micra, a largura da glandula tubular abdominal 0 micra. Habitat — Colligimos o insecto no município de Viçosa, Es- tado da Bahia, em folhas da palmeira Attalea sp. Typo — Collecção do auctor, cotypos — Museu Nacional do Rio de Janeiro e Instituto Biologico de S. Paulo. Gregorio Bondar cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 63 Em folhas de Attalea sp. 1) Manchas amarelladas, causadas em folha pela cocherrilha. 2) Femea augmentada; a - cera em forma de camada fina de fios pa- rallelos, que impelle o hicho pa- ra frente; b - cera flocosa em roda da femea immovel. Original do auctor. Fig. B - Limacoccus serratus n. sp. 1) Femea desprovida do folliculo; 2) Antenna, muito augmentada. 3) Segmento anal da femea, com augmento maior. Original do auctor. BONDAR, GREGORIO — Em novo genero e nova especie de pulgões da Bahia. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 64 BOLETIM BIOLOGICO Fig. B — Limacoccus serratus, n. sp. 1) Larva; 2) Antenna da larva; 3) Pata da larva; 4) Femea adulta: a - arco formado pelo folliculo quebrado; b- estigmas; c - glandulas tubulares; d - ultimo segmento abdominal, formando placa saliente; e - orifício anal e genital desembocam nesta placa; f - ovos i - larvas prestes a sahir; g - glandulas discoidaes; j - antennas; 5) Dentes marginaes e tubos cerigenos lateraes; 6) Estigma, rodeado de glandulas tubulares; 7) Glandula discoidal; 8) Glandula tubular augmentada. Original do auctor. BONDAR, GREGORIO — Lm novo genero e nova especie de pulgões da Bahia. SciELO BOLETIM BIOLOGICO 05 Trabalho do Departamento de Physiologia e Chimica Biológica da Faculdade de Medicina de S. Paulo. Prof. Cathedratico I)r. FRANKLIN DE MOURA CAMPOS. 1." Assistente Dr. J. A. ALBUQUERQUE CAVALCANTI, 2." Assistente Dr. J. DUTRA DE OLIVEIRA, 3." Assistente DR. OCTAVIO PAULA SANTOS. ACÇÃO DO VENENO DE SAPO SOBRE O APPARELHO CARDIO- VASCULAR RESPECTIVO (') PELOS PROF. F. MOURA CAMPOS e ACAD. P. J. TOLEDO Em experiências anteriores, um de nós, já teve occasião de provar que Vulpian não tinha razão quando affirmára que os te- cidos do sapo não eram sensíveis ao seu proprio veneno. Assim é que em uma serie de trabalhos do Laboratorio de Physiologia fo- ram os seguintes factos registados : a) — o veneno augmenta a excitabilidade muscular, diminuin- do o período latente e o tempo total de uma curva isotonica. (1) b) — - retarda o apparecimento da fadiga muscular e accelera o restauramento dos musculos fatigados. c) — diminue a chronaxia normal do nervo sciatico, ou a elevada pela acção da fadiga. (2) Os resultados adiante referidos trazem mais uma documen- tação do que affirmámos atraz. Elles dizem respeito á acção do veneno sobre o apparelho cardio-vascular. ACÇÃO SOBRE O CORAÇÃO Foi usada a technica da perfusão do coração como aconselha Tredlenburg. Era applicada uma canula de François-Frank no sinus venoso. Um dos seus ramos era ligado a um recipiente com Ringer e o outro a um vaso com Ringer mais veneno. Os batimen- tos cardiacos eram registrados por meio de uma alavanca cardíaca Harvard. Resultado — - A perfusão do liquido de Ringer mais veneno Communicado á Sociedade de Biologia de S. Paulo em 8-10-29. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 i5<; BOLETIM BIOLOGICO produzia um auginento immediato da amplitude dos batimentos cardíacos ( ç/raphicos n." 1 e n.° 2). ACÇÃO SOBRE O APPARELHO VASCULAR A canula era collocada no bulbo arterial e o escoamento do li- quido era feito por meio de uma incisão do sinus. Ficcu provada a accão vaso-constrictora do veneno. Assim tivemos: (irajjhicu n." 3. Perfusão de Ringer Perfusão de Ringer minuto. (II) 1(5 gottas por minuto. (I) veneno 9 gottas — por Graphico n." 4. Perfusão de Ringer — 3(5 gottas por minuto. (I) Perfusão de Ringer veneno — 13 gottas por minuto. (!I) Graphico n.° õ. Perfusão de Ringer — 31 gottas por minuto. (I) Perfusão de Ringer 4- veneno — 23 gottas por minuto. (II) Perfusão de Ringer 4- veneno 16 gottas por mi- nuto. (III) Perfusão de Ringer + veneno (após 10 minutos) 10 gottas por minuto. (IV) O veneno de sapo (Bufo marinus) produziu, assim, um augmen- to das contracções cardíacas e uma vaso-constricção no proprio animal. Agindo sobre dois dos mais importantes factores de ma- nutenção da pressão arterial podemos concluir, a priori, que elle eleva a sua pressão sanguínea. BIBLIOGRAPHIA (1) Campos (F. M.), e Santos (O. P.) — Acção do veneno de sapo sobre os musculos esqueleticos. Annaes da Faculdade de Medicina de S. Paulo. X. 3 - 1928 pag. 27. (2) Campos (C. M.) e Campos (F. M.) — Acção do ve- neno de sapo sobre a chronaxia. Trabalho apresentado ao Con- gresso da Academia Nacional de Medicina — 1929. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 cm 1 BOLETIM BIOLOGICO Gr. n.° 1. Xotar o augmento de amplitude dos batimentos cardíacos pela acção do veneno. Gr. n.° 2. Acção do veneno de sapo sobre o coração do mesmo animal. CAMPOS, F. M. e TOLEDO, P. J. — Acção do veneno de sapo sobre o appa- relho cardio vascular respectivo. BOLETIM BIOLOGICO /^ív0l4xo /£•■ uáshJrOjÜLty Ju.15’ ' • Gr. n." 4. 1 — 36 gottas / min. II = 18 gottas /min. CAMPOS, F. M. e TOLEDO, P. J. — Acção do veneno de sapo sobre o appa- relho cardio vascular respectivo. cm l 2 3 4 5 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 70 BOLETIM BIOLOGICO GANASPIS CARVALHOI n. sp (Hymenopt. — Cynipidae) UM NOVO PARASITA DA MOSCA DAS FRUTAS (Anastrepha fratercula Wied.) POR H. DETTMER S. Valkenburg, Hollanda J . FEMEA — Lisa. brilhante, preta. Mandíbulas e palas (inclu- sive os quadris) sujo-amarellas, ligeiramente transparentes. Pleu- ras, segmento mediano e particularmente os primeiros artículos antennaes tirando para vermelho. Abdómen pardo-vermelho-es- curo. No álcool a coloração é mais avermelhada. Cabeça tão larga como o thorax. Visto de deante, ella é mais alta do que larga; a distancia entre a base mandibular e a base das antennas e a distancia intra-ocular estão em proporção de 33:20. Em baixo da base das antennas ha uma carena abreviada. O comprimento da região genal e o comprimento e largura do olho estão em proporção de 15:18:20. As proporções dos artículos antennaes (a partir do primeiro) são 11 (larg. 5) : 5 (4,5) : 12 (4,5) : 9: 9:9:9:9:9:9:9 : 9 : 12 (6). A partir do terceiro articulo, a largura da antenna augmenta progressivamente um pouco. Os artículos 3-5 alcançam a maior largura na extremidade, os artí- culos 7-12 são ovaes com a extremidade truncada, o articulo 13 c coniforme; os artículos 7-13 formam uma clava pouco accen- tuada; todos os artículos (os primeiros menos do que os demais) apresentam cerdas erectas, ligeiramente curvadas. Anteriormente no prothorax, a borda superior apresenta ao meio um entalho cordiforme. O escutello apresenta puncturas foveladas, os lados são ver- ticalmente abruptos; posteriormente elle excede ligeiramente o segmento mediano. A tigella, vista do lado, é bastante saliente, de maneira que a carena estreita entre as foveas escutellares li- geiramente obliquas, é bastante abrupta. A tigella é oval, ligei- ramente abaulada, lisa ou ligeiramente estriolada em sentido transversal, posteriormente com uma fovea circular relativamen- cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 71 le grande, deante da qual se acham de cada lado duas ou mais puncturas, grossas. Seu comprimento, desde a sutura mesonotal, é de 28. sua largura 28. a largura do eseutcllo (visto de cima) 22. A borda da tigella excede ligeiramente o escutello e é pallida. 0 segmento mediano é densamente coberto de pellos que, con- forme a incidência da luz e o angulo de visão, ora são mais es- branquiçados, ora mais cinzentos. As carenas do segmento me- diano são fortes, delimitando quasi uma área rhomboidal. Azas ligeiramente tingidas de amarello, pubescentes, ciliadas. Cellula radial fechada na orla anterior. Nervuras fortes, amarel- las; aréola ausente; nervura cubital ligeiramente indicada. Com- primento da aza 170, comprimento das quatro divisões da ner- vura sub-costal relativamente õ7 : 20 : 0 : 40; as duas divisões da nervura radial estão em proporção de 20 : 31 ; a primeira divisão é ligeiramente curvada, a segunda quasi recta. A segunda divisão é um pouco prolongada na orla além do ponto de contacto com a orla. Comprimento relativo da tibia e dos 5 artículos tarsaes das patas posteriores 55 : 22 : 8 : 6 : 5 : 8 (inclusive a unha 10). A franja de pellos no abdômen é bastante densa, mais ou menos esbranquiçada como os pellos do segmento mediano. Se- gundo segmento abdominal na borda posterior finamente ponti- lhada. O comprimento do abdômen (até a extremidade da val- vula ventral) e sua altura e largura estão em proporção de 85 : 60:35: comprimento do segundo segmento 70, de maneira que em exemplares desseccados somente a valvula ventral é proemi- nente na borda posterior. Comprimento da cabeça — 30, do thorax — 75. Comprimento total da femea 9,00 mm. Comprimento da an- lenna 1.90 mm. Comprimento da aza 2.70 mm. MACHO — Antenna filiforme, na extremidade ligeiramente attenuada. O comprimento e largura dos diversos artículos estão em proporção de 10 (largura 6) : 5 (5,5) : 21 (6) ; 19 : 23 : 22 : 21:22 : 22 : 23 : 21 : 20 : 20 : 20 : 20. Segundo articulo quasi globular, terceiro articulo ligeiramente curvado e alcançando a maior largura na extremidade distai, artículos seguintes quasi cy- lindricos. Todos os artículos pubescentes, sem cerdas. Comprimento relativo da cabeça, do thorax e do abdômen 30 : 80 : 83. Comprimento e largura do abdômen em proporção cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 72 BOLETIM BIOLOGICO de 60 : 1 1. O segundo segmento não cobre inteiramente os seguin- tes. No mais. não existe differença notável entre os dois sexos, a não ser que no macho o primeiro articulo antennal e abdómen são um pouco mais escuros, a franja abdominal um pouco mais estreita e a aza um pouco mais comprida. Comprimento total do macho 3,00 mm Comprimento da an- tenna 4,(50 mm. A descripção se baseia sobre 1 macho e 21 femeas. O macho e 10 femeas se acham na collecção do autor, 11 femeas foram de- positadas na collecção do Instituto Biologico, S. Paulo, Brasil. (1) Abstrahindo de ligeiras differenças no comprimento dos artí- culos antennaes e no comprimento total, não ha differença notá- vel entre os diversos exemplares. Todos os exemplares foram criados pelo snr. Miguel Carva- lho Leite, daetylographo do Instituto Biologico, de pupas de Anas- trepha fratercula Wied., parasitando goiabas ( Psidium guayava Raddi) provenientes de Casa Verde, S. Paulo, capital, 20-III-1B29. WEIBCHEX — Glatt, glaenzend, schwarz. Mandibeln und Beine mit Hueften schmutzig hellgelb, etwas durchscheinend. Die Rleuren, das Medi- anscgment, namentlich die ersten Fuehlerglieder ins Rote spielend. Hin- terleib dunketbraunrot. Im Alkohol scheint alies roter. Der Kopf ist so breit wie der Thorax. Von vorn gesehen, ist er raehr hoch ais breit, un zwar verhaelt sich die Entfernung von der Mandibel- basis bis zur Fuehlerbasis zur Entfernung von Auge zu Auge wie 33 zu 20. Unterhalb der Fuehlerbasis ist eine abgekuerzte Leiste. Die Lacnge der Wange verhaelt sieh zur Laenge und Breite des Auges bzw wie lã : 28 : 20. Das Verhaeltnis der Laenge der Fuehlerglieder, angefangen beira ertsten, ist 11 (Dicke 5) : 5 (4,5) : 12 (4,5) :9:9:9:9:9:9: 9 : 9 : 9 : 12 (16). — Vom 3. Gliede bis zuni Ende nimrat der Fuehler an Dicke allmaehlieh wenig zu. Glied 3-5 sind jeweils ara Ende ara dicksten, Glied 7-12 sind eifoermig mit abgestutztem Ende, Glied 13 ist kegeiig: Glied 7-13 bitden eine sehwach abgesetzte Keule; alie Gliederam wenigsten die ersten — sind mit abstehenden, wenig gekruemmten Borsten besetzt. Vorn ara Prothorax ist die Randung oben in der Mitte herzfoermig ausgeschnitten. Das Rueckenschildchen ist grubig-punktiert, seitlich steil abfallend, nach hinten das Mediansegment etwas ueberragen. Der Napf ist, von der Seite gesehen, ziemlich erhaben, deshalb ist die schmale Leiste swischen den twas schragen Schildchengruben ziemlich abschuessig. Der Xapf ist oval, schwach gweoelbt, glatt oder wenig quergestrichelt, hinten mit verhaeltnismaessig grossem, kreisrundem Gruebchen, davo- • «derseits (1) Fóra desses exemplares devolvidos pelo autor, se acham mais 18 femeas na collecção tio Instituto Biologico (Frei Borgmeier). cm l SciELO' 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 73 mit 2 oder mehr groben Punkten. Seine Laenge, von der Xaht des Mesonotums ab gemessen, ist gleich 28, seine Breite 14, die Breite 14, die Breite des Schildchens, von oben gesehen, ist 22. Der etwas ueberragende Band des Napfes ist bleich. Das Mediansegment ist dicht mit Haaren besetzt, die je nach dem Lichte und dem Winkel, unter dem sie gesehen werden, mehr weisslirh oder mehr grau erscheinen. Die Leisten des Mediansegmentes sind stark, ein fast rhombisehes Feld umschliessend. Die Fluegel sind ein wenig gelblich getruebt, behaart, bewimpert. Radial- zelle ist am Vorderrande geschlossen. Die Adern sind scharf, gelb; die Areola fehlt; die Cubitalis ist eben angedeutet. Die Laenge des Fluegels ist gleich 170, die Laenge der 4 Absehnitte der Subcostalis ist beziehungsweise 57 : 20 : 6 : 40; Laenge der 2 Absehnitte der Radialis ist beziehungsweise 20 und 31; der 1. Abschnitt ist ein wenig gekruemmt, der 2.. fast gerade. Naehdem der 2. Abschnitt den Rand getroffen hat, ist er am Rande nor-h etwas verlaengert. Verhaeltnismaessige Laenge der Tibie und der 5 Tarsenglieder am Hin- terbein ist 55 : 22 : 8 : 6 : 5 : 8 (mit Klaue 10). Der Haarkranz am Hinterleib ist ziemlich dicht, mehr oder minder weiss erscheinend aehnlich den Haaren des Media nsegments. Das 2. Segment ist em Hinterrande fein punktiert. Die Laenge des Hinterleibes, his zur Spitze der Bauchklappe gemessen, verhaelt sich zu seiner Hoehe und Breite wie 85 : 60 • 35; Laenge des 2. Segments ist gleich 70, so dass bei den einge- trockneten Exemplaren nur die Bauchplatte unter ihm hervorragt. Laenge des Kopfes — 30, des Thorax — 75. — Gesamtlaenge des Weibchens 9,00 mm. Laenge des F'uehlers 1,90 mm.; Laenge des Fluegels 2,70 mm, MAEXXCHEX — Der Fuehler ist fadenfoermig, gegen Ende wenig an Dicke abnehmend. Die einzelnen Glieder verhalten sich an Laenge wie 10 ( (Dicke 6) : 5 (5,5) : 21 (6) : 19 : 23 : 22 : 21 : 22 : 22 : 23 : 21 : 20 : 20 ; 20 : 20. Das 2. Glied ist fast kugelig, das 3. ist wenig gekruemmt und distai am dicksten, die folgenden sind fast zulindrisch. Alie sind behaart, nicht beborstet. Verhaeltnis der Laenge von Kopf, Thorax, Hinterleib ist beziehungsweise 30 : 80 : 83. Am Hinterleib verhaelt sich die Hoehe zur Breite wie 60 : 44. Das 2. Segment bedeckt die folgenden nicht voellig. Sonst ist kaum ein nennenswerter Unterschied zwischen Maennchen und Weibchen, ais nur, dass bei dem Maennchen das 1. Fuehlerglied und der Hinterleib etwas dunkler, der Fluegel etwas laenger und der Haarkranz des Hinterleibes etwas schmaeler ist. Laenge des Maennchens 3,00 mm. Laenge des Fuehlers 4,60 mm. Beschrieben nach 1 Maennchen und 21 Weibchen. Davon befinden sich das Maennchen und 10 Weibchen in meiner Sammlung; 11 Weibchen im Insti- tuto Biologico S. Paulo, Brasilien. Abgesehen von kleinen Unterschieden in der Laenge der Fuehlerglieder und in der Groesse ist kaum ein Unterschied bemerkbar. Alie Stuecke wurden gezogen von Herrn Miguel Carvalho Leite, Dacty- lograph am Instituto Biologico, am 20-III-1929 aus Puppen von Anastrepba fratercula Wied., die Goiaba-Fruecte parasitierten und welche aus Casa Verde, S. Paulo Stadt, stammen. BOLETIM BIOLOGICO 75 Trabalho do Laboratorio de Microbiologia da Faculd. de Medicina de S. Paulo. Prof. Cathedratico Dr. ERNESTO DE SOUZA CAMPOS. 1.® Assistente Dr. FLAVIO DA FONSECA. 2.“ Assistente Dr. FLORIANO PAULO DE ALMEIDA. N.° 29 ALTERAÇÕES PATHOLOGICAS DO TECIDO ADIPOSO NA MOLÉSTIA DE CHAGAS CONGÉNITA EXPERIMENTAL PELO PROF. DR. ERNESTO DE SOUZA CAMPOS Em estudo anterior sobre a histo-pathologia do rim, na try- panosomiase americana experimental (1), foram assignaladas al- terações pathologicas verificadas no tecido adiposo que preenche a cavidade do seio renal. Nessa região encontram-se parasitos, sob forma de leishmania e extensa proliferação de cellulas com os caracteres dos elementos da serie myeloide do sangue. Asses- tando-se no interstício das vesículas adiposas ou formando bainha que envolve as ramificações do systema vascular sanguíneo, estas cellulas neoformadas grupam-se em ilhotas esparsas, de grandeza variavel, ou constituem zonas mais consideráveis que assumem, desse modo, o aspecto da medulla ossea funccionante. Idêntico processo observamos em outros territórios do tecido gorduroso, contido na loja renal, principalmente no que se dispõe em torno da glandula suprarenal. Merece menção especial a dis- posição dos parasitos no tecido. Localisam-se ahi tanto na trama de fascículos conjunctivos que compõe o arcabouço de sustenta- ção das cellulas adiposas como no interior destes elementos. No esteoblasto occupam toda a massa peripherica de cytoplasma que contorna a gotta adiposa cujo volume é pouco inferior ao da cel- lula que a contem. São tão numerosos os parasitos nesta zona protoplasmatica que elles formam, em conjuncto, uma esphera oca que envolve completamente a gotta de gordura contida no seu interior. Como a vesícula adiposa attinge, em geral, grande volume, medindo seus diâmetros 20, 40, 100 micra, ou mais, não pode ser comprehendida, por inteiro, nos cortes micrometricos que são de 5 a 7 micra de espessura. Estas secções abrangem, por- 76 BOLETIM BIOLOGICO tanto, apenas uma parte destes volumosos elementos queãppa- recem, por isso, nos preparados histologicos sob formas diversas. Tomam o aspecto de calota espherica quando é interessada a ex- tremidade ou polo da cellula e a forma de segmento espherico quando a secção se approxima do seu plano equatorial No pri- meiro caso a gotta de gordura apparece circumdada por uma coroa de trypanosomas, sob a forma de leisbmania; no segundo, como um disco cheio destes parasitos. O centro e a peripheria deste disco não podem ser vistos com a mesma distancia focal em virtude da sua convexidade ou concavidade, conforme o lado em que a calota é observada. Estas duas imagens estão figuradas nas microphotographias nos. 1 e 2. 0 desenho da figura 3 demons- tra, mais nitidamente, o mesmo campo representado na micropho- tographia n.° 1. Nas tres gravuras nota-se a reacção myeloide do arcabouço conjunctivo. Estas pesquizas foram realizadas em material proveniente de um cãozinho — n.° 137 B — que adquiriu a infecção transmit- tida pela mãe que é portadora da moléstia em estado chronico. Sua historia será relatada em outra publicação. O animal, forte- mente parasitado, morreu no 2.° mez de vida extrauterina, apre- sentando lesões e parasitos, no cerebro, medulla espinhal, gânglio lymphatieo, rim, etc. EXPLICAÇÃO DAS FIGURAS Todas as figuras representam cortes histologicos do tecido adiposo que envolve a capsula suprarenal, sendo os preparados fixados em formol a 10% e corados pela hematoxylina-eosina. Neste tecido adiposo do cãozinho 137 B, que adquiriu a moléstia de Chagas por via intrauterina. notam-se parasitos dentro de es- teoblastos e reacção myeloide no arcabouço conjunctivo. Fig. I — Oc. áxB — Obj. 1 7a. Microphotographia mostrando o segmento esphe- rico de um esteoblasto com numerosas formas de leishmania no cytoplasma peripherico. Reacção myeloide. Fig. II — Oc. 85xB — Obj. 1 7a A.55. Microphotographia mostrando a calota espherica de cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 'O.T BOLETIM BIOLOGICO \V esteoblasto com numerosos protozoários. Reac- ção myeloide. Fig. III — Desenho do campo microphotographado na fig. I. PATHOLOGICAL CHANGES IN THE ADIPOSE TISSUE IN CONGENITAL TRYPANOSOMIASES OF THE DOG. EXPERIMENTAL CHAGAS’ DISEASE. BY ERNESTO DE SOUZA CAMPOS, M. D. SUMMÂRY : In a case of congenital trypanosomiasis, caused by the Trypanosoma cruzi (Chagas’ disease) of a two months old puppy» the history of which will be described later. tbe A. has ob- served pathological changes in the fat areolar tissue of the túnica adiposa of the kidney, mainly around the suprarenal bodies. There were found numerous leishmania-like forms of the parasites in the loose connective tissue and inside the fat cells. In these cells the small amount of cytoplasm which still remains pressed against the cell wall is entirely full of the protozoa. As a matter of fact the spherical fat drop is completely cove- red by tbe organisms. In tbe sections of the cell near its equator (figs. I, III) one can see a ring of parasites surrounding the oil globule; in the sections taking the cell extremity (fig. II) the pa- rasites are seen all over the pole of the cell. The loose connective tissue shows also a very conspicucus mye- loid formation which follows also the vascular net-work. There are also numerous lesions with parasites in the other tissues of tliis puppy, as :n the brain, spinal cord, lymphgland, kidney, adrenals and so on. Its mother was experimentally infe- cted in July 18, 1927. and has delivered several infected puppies since then. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 79 Fig. 2 CAMPOS (E. DE SOUZA) — Alterações pathologicas do tecido adiposo na Moléstia de Chagas congénita experimental. SciELO 11 12 13 14 BOLETIM BIOLOGICO 81 Trabalho do Laboratorio de Parasitologia da Faculd. de Medicina de S. Paulo. Prof. Cathedratico Dr. LAURO TRAVASSOS. 1." Assistente Dr. CESAR PINTQ. Uma nova especie de nematoideo do genero CEPHALOBIUM Cobb, 192 0. POR PAULO A R T I G A S Cobb. em 1920, estabeleceu o genero Cephalobiiim, baseado nos caracteres morphologicos apresentados por um nematoideo parasito de Gri/llideo. O genero creado por Cobb é extremamente interessante pela constituição pharyngiana que apresenta fórma ainda não notada por nós nos nematoideos de invertebrados que temos estudado. A característica essencial deste genero é apresentar o pha- rynge constituído por duas partes: uma anterior, cercada de um aunei cbitinoso, e uma posterior, também cercada de chitina, e possuindo uma formação typica a (pie dão o nome de “orgão glot- toide”. No proseguimento das pesquizas que v nhamos realizando no laboratorio do prof. Travassos, na Faculdade de Medicina de São Paulo, tivemos opportunidade de examinar namatoideos parasi- tos de grillos e que, sem hesitação, collocamos no genero a que estamos fazendo referencia. O material por nós examinado pro- vinha de Angra dos Reis, Estado do Rio e de Remedios, Estadp de São Paulo; encontramos nesse material de dupla procedência o mesmo parasito, que é o que descrevemos: CEPHALOBIUM NIT1DUM n. sp. Femeas: Comprimento 3 a 3.5 mms.; largura maxima 0,12 mm. Lábios imperceptíveis; bocca pequena; em continuação dire- cta com a capsula buccal nota-se o pharynge, com comprimento de 0,035 mm., apresentando uma porção anterior cylindriea, limi- tada por annel de chitina resistente, que por sua vez é rodeado por formações chitinosas discontinuas; após esta porção anterior lenlr-.s uma outra, separada da primeira por segmento curto des- provido de chitina; a porção posterior também é cercada de um annel chitinoso e apresenta um orgão que, em secção, se mostra cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 82 BOLETIM BIOLOGICO de aspecto cordiforme, é o orgão glottoide, provavelmente com funcção trituradora. Em seguida a este orgão vem o esophago, que em sua porção anterior é tubuliforme, apresentando posterior- mente ligeira dilatação bulbar, após esta dilatação ha parte es- treitada que liga esophago e intestino, mede esta porção delgada 0,090 mm. de comprimento, a parte restante tem 0,34 mm. O tubo intestinal é simples e sem inflexões; o anus acha-se a 0,46 mms. da extremidade caudal; a cauda é longa e se afina gradualmente. Vulva mediana, estando localisada a 1,7 mm. do anus; ovários e úteros duplos, oppostos e parallelos, os ovários de direcção op- posta aos úteros correspondentes; typo amphidelpho; os ovos na cavidade medem 0,070 por 0,045 mm.. Machos : Os machos medem, mais ou menos, 1,65 mm. de com- primento e têm de largura maxima 0,12 mm. Apresentam uma formação bucco pharyngiana analoga a das femeas e o mesmo typo esophagiano. Tubo testieular simples, dirigindo-se de diante para traz, muito longo, tendo começo logo abaixo do esophago. Apresenta dois espiculos delgados e resistentes, sustentados por um gubernaculo reforçado. Apresentam um par preanal de papillas e mais seis pares pos- tanaes. sendo um isolado dos demais. Hahilat : Intestino de Gryllotalpa sp. Procedência: Angra dos Reis (Estado do Rio) e Remedios (Estado de São Paulo). Explicação das figuras: 1 — Extremidade anterior, mostrando com detalhe a bocca e as duas porções características do pharynge. 2 — • Femea, desenho total. 3 — Cauda do macho, vista anteriormente. 4 — Espiculos vistos com detalhe. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 85 Trabalho do "Instituto Biologico de Defeza Agrícola Animal’ Director: DR. ARTHUR NEI\ A UM NOVO HISTERIDEO ECITOPHILO POR thomaz borgmeier o. (Do Instituto Biologico de S. Paulo) F . M . Os autores que, nos últimos annos, mais contribuiram para o conhecimento dos histerideos myrmecophilos da America do Sul, são REICHENSPERGER (Professor de zoologia na Universi- dade de Bonn) e BRUCH (Olivos, Argentina). Ambos descreve- ram um bom numero de generos novos, baseados sobre typos ás vezes muito curiosos e interessantes. Ainda assim, a fauna dos histerideos myrmecophilos da região neotropica está longe de ser bem conhecida. A maioria das formigas sul-americanas nunca fo- ram examinadas a respeito de hospedes (inquilinos), e também ha muitas especies do genero Eciton de que até agora não se conhece nenhum eoleoptero que viva em symbiose com ellas. Está neste caso, segundo me parece, Eciton schlechtendali MAYR de que des- crevo no seguinte o primeiro histerideo que vive em sua compa- nhia e que foi descoberto pelo rev. P. J. S. SCHWARZMAIER em Campinas, Est. de Goyaz. XENISTER nov. gen. Corpo grande, oblongo sub-oval, sub-convexo, posteriormente gibboso, ricamente pelludo. Cabeça moderadamente grande, retráctil. Fronte não separa- da do clypeo, com as bordas lateraes espessadas e ligeiramente elevadas, convergentes para deante (mais ou menos como em Ster- nocoelopsis) . Labro grande, mais largo do que comprido, sub-rec- tangular, borda anterior ligeiramente convexa, anteriormente um pouco obliquamente truncada. Mandíbulas curvas, com 1 dente apical aguçado e achatado e 1 dente interno obtuso e indistincto. Olhos grandes. Antennas articuladas em baixo dos olhos. Escapo ligeiramente curvo, espessado, anguloso, de forma pyramidal irre- gular, na face superior com pellos ruivos erectos. Funiculo 8 — articulado. Primeiro articulo um pouco mais comprido do que cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 86 BOLEI LM BIOLOGICO largo, mas distinctamente mais largo do que o segundo. Artículos 2-7 Iransversaes, caliciformes, progressivamente dilatados. Clava uni-articulada, um pouco menos comprida do que os 6 articulos antecedentes addiceionados, oval, ligeiramente comprimida, fina e densamente pubescente. Foveas antennaes relativamente peque- nos, collocados directamente ao lado da chanfradura anterior do prothorax. Prothorax transversal, sub-rectangular, irregularmente gibbo- so, posteriormente um pouco estreitado, com os ângulos anteriores largamente arredondados, anteriormente no meio suavemente chanfrado, borda anterior notavelmente espessada e acompanha- da por uma linha marginal mais ou menos distincta que apresenta nas extremidades lateraes, uma fileira de pellos compridos, erectos, exsudatorios; atraz desta fileira se encontra uma carena obliqua pouco elevada com um tufo de pellos. Atraz da chanfradura ante- rior se acha de cada lado, numa ligeira depressão, um tubérculo com pellos, e um pouco mais para traz, no meio, ba uma carena transversal indistineta que apresenta em cada extremidade um tufinho de pellos. Atraz desta carena, mais ou menos no meio do prothorax (em sentido longitudinal) ha uma fileira transversal de 4 tubérculos equidistantes com tufos de pellos exsudatorios. Ao lado destes tubérculos, um pouco mais para traz, existe uma fovea estreita profunda da qual parte um sulco que vae em di- recção obliqua para a margem lateral, e outro que vae obliqua- mente para a borda posterior; os dois sulcos formam aproxima- damente um angulo recto; a área existente entre elles e a mar- gem lateral é ligeiramente elevada e gibbosa. Perto da borda pos- terior se acha ainda de cada lado, mais ou menos nas extremi- dades do terço medio, um forte tufo de pellos em linha transver- sal. Borda lateral sem linha marginal. Os elytros são pelo dobro mais largos do que o comprimento do prothorax (no meio), mais largos do que compridos, posterior- mente um pouco estreitados, atraz dos hombros um pouco gibbo- sos, atraz convexos, nas margens lateraes arredondados. Ha 1 li- nha sub-humeral bisinuada e 1 linha humeral distincta curvada e aprofundada na metade basal. Além disto, existem 5 linhas dorsaes distinctas, completas, brilhantes; os interstícios são mates, indistinctamente careniformes, e apresentam fileiras regulares de tufos soltos de pellos erectos. Na extremidade distai da quarta linha dorsal ha um fraco tubérculo alongado. Propygidio sub-hexagonal, coberto de tufos esparsos, soltos, cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 87 de ])cllos ruivos erectos, posteriormente de cada lado com um tu- bérculo coniforme. Pygidio igualmente pelludo. mais comprido do que largo, borda anterior recta, borda posterior convexa, um pouco atraz do meio com um tubérculo coniforme que é conti- nuado para traz por uma ca rena longitudinal arredondada, pou- co elevada, que não attinge a borda posterior. Prosterno anteriormente muito largo e deprimido, formando um sulco transversal profundo e largo que o separa da placa gut- lural; posteriormente fortemente convexo, gibboso e arredonda- do, sem linha marginal; a base é muito ligeiramente côncava, pra- ticamente truncada, e apresenta uma depressão chata coniforme. Placa guttural proeminente, conchoidal, transversal, com a borda anterior convexa e acompanhada por uma linha marginal dis- tincta. Mesoslerno muito curto e largo, muito saliente, formando uma carena arredondada, borda anterior ligeiramente biconcava, extremidades lateraes providas de um tufo de pellos erectos. Me- tasternd muito pouco abaulado, quasi plano, distinctamente des- tacado do mêsosterno, trapeziforme, posteriormente mais largo do que anteriormente, e distinctamente mais largo do que com- prido; linha mediana distincta; bordas lateraes aguçadas, sem linhas marginaes; perto dos ângulos anteriores se encontra de cada lado um tubérculo alongado, pouco elevado, ligeiramente obliquo, com tufos de pellos exsudatorios. Primeiro esternito ab- dominal curto e largo, trapeziforme. Além disto, mais l esternitos são visíveis. Pernas alongadas. Tibias comprimidas, na borda externa com espinhos curtos. Femures e tibias com pellos que são compridos na borda interna das tibias e na margem das fossetas tarsaes. Me- tade basal dos quadris ( coxae ) anteriores na face postero-ventral com tufo de pellos compridos densamente agrupados. Tibias me- dia e posterior nas bordas interna e externa com linha marginal mais ou menos distincta. Fossetas tibiaes e tarsaes presentes. Genotypo a seguinte especie: Xenister schwarzmaieri n. sp. Comprimento (sem cabeça) 4,8 mm., largura 2,6 mm. De eôr pardo-castanha. Fronte e face superior do escapo den- samente pontilhadas, asperas. Margem elevada da fronte, labro e mandíbulas finamente reticul- uas, mais ou menos brilhantes. Fronte no meio de cada lado com um grupo de poucos pellos cur- em 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 88 BOLETIM BIOLOGICO tos. Prothorax muito finamente chagrinado, semi-brilhante. Es- trias dos elytros mais ou menos brilhantes, muito finamente re- ticuladas; interstícios coriaceos, mates. Propygidio e pygidio igualmente finamente coriaceos, mates. Placa guttural e maior parte do prosterno brilhantes; parte posterior do prosterno e mesosterno finamente reticulados, e portanto menos brilhantes. Metasterno e primeiro esternito abdominal sub-mates, muito fi- namente reticulado-ponteados e longitudinalmente estriolados; metasterno com poucas puncturas mais grossas nas quaes se in- serem pellos extremamente curtos. No meio do mesosterno ha, na borda anterior, uma fileira transversal de pellinhos curtos. Todos os pellos exsudatorios (no prothorax, nos elytros, no propygidio, no pygidio, nos quadris anteriores, no meso e metasterno) são ruivos. Todas as pernas são mais ou menos pontilhadas. Pubes- cencia da clava amarello-esbranquiçada. A descripção se baseia sobre 1 exemplar (femea) proveniente de Campinas, Est. de Goyaz, e capturado no meio de um bando de Eciton schlerhtendali MAYR pelo rev. P. .1. S. SCHWARZ- MAIER, a quem dedico a especie. Holotypo na minha collecção. Este genero interessante que, sem duvida, representa um alto grão de adaptação myrmecophila (symphilia), reune em si cara- cteres de outros generos ecitophilos como sejam Ecitonister REICH., Sternocoelopsis REICH. (formação da fronte) e Synetis- ter REICH., mas differe de todos elles pela formação do prothorax, do prosterno, da placa guttural e pela esculptura dos elytros. 0 dr. C. RRUCH que viu o exemplar typico, confirmou o ge- nero e teve também a gentileza de fazer as duas esplendidas mi- crophotographias que acompanham este trabalho. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 89 Fig. 1 — Xenister schwarzmaieri. Borgm., ^sta dorsal (C. Brueh, phot.). BORGMEJER (THOMAZ) Um novo Histerideo ecitophilo. SciELO 11 12 13 15 16 1 Fig. 2 — - Xenister schwarzmaieri Borgm., vista ventral. (C. Bruch. phot.). BORGMEIER (THOMAZ) — Um novo Histerideo ecitophilo. BOLETIM BIOLOGICO Í!1 Fig. 3 Xenister schwarzmaieri Borgm., pro-, meso- c metasterno. pjg 4 Mem, f - fronte, b - borda lateral da fronte, o - olho, 1 - labio, m - mandíbula. Fig. 5 Idem, tíbia e tarso anterior, face anterior. (Original). BORGMEIER (THOMAZ) — Um novo Histerideo ecitophilo. cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 92 BOLETIM BIOLOGICO Trabalho do "Instituto Biologico de Defeza Agrícola Animal”. Director: DR. ARTHUR NEIVA TRAVTREMA TRAVTREMA n. gen. e n. sp., Trematoide parasito do intestino de cobra. (1) POR CLEMENTE PEREIRA Travtrema n. gen. Plagiorchidae: Corpo pouco alongado, com maior diâmetro na altura da união dos dois terços anteriores com o terço posterior; acetabulo pre-equatorial; póro genital lateral, pre-acetabular; bol- sa do cirro globosa e muito muscular, pre-acetabular, contendo vesícula seminal bem desenvolvida e parte prostatica alongada; cirro imperceptível; vagina piriforme e grande, apresentando uma luz notavelmente franjada; utero pouco espesso, descrevendo nu- merosas alças no terço posterior do corpo; ovário lateral, attingin- do o limite posterior da zona acetabular; testículos com campos afastados e zonas quasi coincidentes; vitellinos dispostos em dois grupos lateraes, constituídos cada um por cerca de uma dezena de acinos volumosos, cecaes, intra e extra cecaes, pouco excedendo os limites da zona testieular; cecos apenas attingindo o terço poste- rior do corpo. Especie typo: Travtrema travtrema n. sp. Habitat: Intestino de Reptis. Dedicamos os nomes de genero e especie ao nosso mestre, Prof. Lauro Travassos. Este genero se approxima notavelmente de Enodiotrema Looss, 1900, delle se afastando, no entanto, principalmente pelo aspecto da vagina. Travtrema travtrema n. sp. Comprimento : 2,5 mm.. Largura: pouco accentuada anteriormente, augmenta logo apoz (1) Apresentado ao Congresso Medico do Centenário da Academia de Medicina em Julho de. 1929. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 03 o plano equatorial, chegstndo a attingir um máximo de 1,6 mm., ao nivel da zona testicular. Cutícula lisa. Ventosa oral deslocada para a face ventral, me- dindo 0,35 mm. de diâmetro longitudinal por 0,4 mm. de diâmetro transversal; acetabulo muito maior que a ventosa oral, pouco an- terior ao plano equatorial, medindo 0,42 mm. de diâmetro longi- tudinal por 0,72 mm. de diâmetro transversal; a distancia entre as ventosas é de 0.32 mm.; á abertura oral segue-se um pharynge ap- proximadamente espherico e bem desenvolvido, medindo 0,17 mm. de comprimento por 0,15 de largura; esophago curto, com cerca de 0 7 mm. de comprimento, terminando por uma bifurcação, cujos ramos medem 0,030 a 0,038 mm. de comprimento; os cecos attin- gem quasi o limite dos dois terços anteriores do animal, distando da extremidade posterior cerca de 1 mm.. Ovário alongado, com cerca de 0.22 mm. de comprimento por 0.11 mm. de largura, lateral, proximo a uma das areas eecaes, com zona parcialmente commum ás zonas acetabular e testicular, e com campo commum ao campo de um dos testículos; testículos de con- tornos irregulares, com 0,33 mm. de maior diâmetro por 0,19 mm. de menor diâmetro, com -os campos bem afastados um do outro e proximos ás areas eecaes correspondentes, intra-cecaes, com zonas não de todo coincidentes, mas que parcialmente se compenetram, de modo a constituírem uma zona unica, que limita anteriormente com a zona acetabular; póro genital lateral, na zona comprehen- dida entre a bifurcação do esophago e a zona acetabular; bolsa do cirro volumosa e globosa, com parede muscular forte, mostrando grande vesícula seminal e parte prostatiea alongada, medindo cer- ca de 0,40 mm. de comprimento por 0,20 mm. de largura, immedia- lamente pre-aeetabular; vagina piriforme, relativamente longa, to- da cheia de franjas internas, augmentando seu diâmetro em direc- ção ao utero para restringir-se bruscamente ao attingil-o, medindo cerco de 0,46 mm. de comprimento por 0,13 mm. de maior largura; glaudula da casca para-ovariana, alongada, medindo cerca de 0,12 mm. de comprimento por 0,07 mm. de largura; vitellinos com folli- culos pouco numerosos, volumosos, medindo alguns até 0,115 mm. de maior diâmetro, eecaes, intra e extra-cecaes, oeeupando uma zona cujo limite posterior coincide com o limite correspondente da zona testicular, e cujo limite anterior coincide com o limite correspondente da zona ovariana; o utero é um tubo pouco espes- so e extremamente tortuoso, que se dirige da zona equatorial para traz, descrevendo numerosas alças que occupam quasi toda a me- 94 BOLETIM BIOLOGICO tade posterior do animal, difficultando a visibilidade da extremi- dade dos cecos, e que, dirigindo-se novamente para diante, vae-se terminar proximo á zona acetabular; ovos castanhos, operculados, medindo cerca de 0.046 mm. de comprimento por 0,023 mm. de maior largura. Hospedeiro: Ophis merremii (Wagler, 1824). Local: Intestino. Procedência: Instituto de Butantan (S. Paulo). Especie typo: Na collecção particular do autor. A descripção desta especie é baseada em um unico exemplar, comprimido, que foi encontrado no decorrer de uma das 120 au- topsias de differentes especies de Ophideos, que tivemos occasião de fazer. A determinação do Ophideo em questão, nós devemos á bon- dade do Dr. Afranio Amaral, digno director do “Instituto de Bu- tantan”. EXPLICAÇÃO DAS FIGURAS Fig. 1 — Travtrema travtrema, visto de frente. „ , detalhe da bolsa do cirro e da vagina. Fig. 2 LITTERATURA CONSULTADA Baer. J. C. 1924 — Description of a New Genus of Lepodermatidae (Trematoda) with a Systematic Essay on the Family. (With 2 Text-figures). — in Parasitology, vol. 16, n.° 1, pag. 22. Looss. A. 1901 — Ueber Trematoden aus Seeschildkroten der regy- ptischen Küsten. — in Centralbl. f. Bakt. u. Parasit., vol. 30, Pag. 555. Pratt, H. S. 1902 — Synopsis of North American Invertebrates. — in American Naturalist. vol. 36. pag. 953. Travassos, L. 1928 — Fauna helminthologica de Matto Grosso. — in American Naturalist, vol. 36, pag. 953. Mem. Inst. Osw. Cruz. vol. 21, fase. II, pg. 309. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Ti$- 1 PEREIRA, CLEMENTE — Travtrema travtrema n. gen. e n. sp., Trematoide parasito do intestino de cobra. 9 (; BOLETIM BIOLOGICO PEREIRA, CLEMENTE — Travtrema travtrema n. gen. parasito do intestino de ccbra. e n. sp., Trematoide cm 2 3 4 5 6 ciELO 14 17 BOLETIM BIOLOGICO 97 Trabalho do Laboratorio de Microbiologia da Faculd. de Medicina de S. Paulo. Prof. Cathedratico Dr. ERNESTO DE SOI ZA CAMPOS. 1." Assistente Dr. FLAVIO DA FONSECA. 2.° Assistente Dr. FLORIANO PAULO DE ALMEIDA. N. u 30 Nota previa ESTUDOS SOBRE O PARASITO DO GRANULOMA COCCIDIOIDICO^ (Studies of the parasit of Coccidioidal Granuloma) PELO DR. FI. ORIANO PAULO DE ALMEIDA Nos casos de Granuloma coccidioidico que temos tido occasião de observar no Brasil encontramos, aspectos morphologicos do parasito nos tecidos, localisações, portas de entrada, culturas e inoculações, que não correspondem aos descriptos nos Estados Unidos. No quadro incluso estabelecemos resumidamente as princi- paes características differenciaes que, a nosso vêr, permittem a separação do parasito dos casos brasileiros, da especie Coccidioi - des immitis. ESTADOS UNIDOS ( pelle Porta de entrada ; . . I pulmces Í pelle - frequentes ossos - frequentes pulmões frequentes gânglios Iymphati- Í cos - pouco fre- quentes intestinos - desco- nhecidas Localisa- ções prin cipaes L5KAMU pelle bocca pelle - frequentes ossos - raras pulmões - raras gânglios lymphaticos - cipal localisação intestinos - frequentes prin- Dimensões do parasito a 80 micra De 3 De 1 a 40 micra mais ou menos cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 98 BOLETIM BIOLOGICO Reproducção nos teciclos - For- mação e differenciação dos esporos no interior da cellu- la, ruptura desta para a li- bertação daquelles. Culturas - Facilmente obtidas nos meios communs de La- boratorio. Inicio no 2.° dia e rápido desenvolvimento. Formas filamentosas. Aspe- cto de flocos de neve. Inoculações - Resultados posi- tivos facilmente obtidos, em cobayos, por qualquer via de inoculação, generalisação das lesões. — • Não se nota uma nitida for- mação nem differenciação de esporos no interior das cellulas. Dehiscencia de pe- queninas formações (espo- ros) atravez a membrana, até exgottamento da cellula. (Brotamento múltiplo de muitos autores.) Differen- ciação chromatica nos pre- parados corados pelo meth. Goodpasture Mac-Callum. Difficilmente obtidas. Meios de Sabouraud os mais apro- priados, dando culturas com aspecto de pennugem branca ou cinzenta. Inicio da cultu- ra depois de 20 dias, desen- volvimento lento. Em caldo e agar simples pH 7,4 pre- dominam as formas espheri- cas eguaes ás encontradas nos tecidos. Resultados positivos difficil- mente obtidos sem ser pela via testicular. Não se obser- va generalisação das lesões, mas apenas lesões locaes. Levando em consideração as differenças assignaladas, e até que novos estudos venham a elucidar completamente a questão, propomos, para o parasito agente do Granuloma coccidioidico bra- sileiro, a denominação Coccidioides brasiliensis, aproveitando a designação de especie Zymonema brasiliense, dada em 1912 por Splendore. S U M M A R Y The A. have studied the parasite of the Coccidioidal Granuloma on the point of view of its portais of entry, localisations morphology, cultures and inoeulations, and found some differenees which permit to consider the ger- men of the Brazilian cases as distinct from the Coccidioides immitis. Considering these differenees and until new studies fully enlighten the question, the author proposes for the agent parasite of the Brazilian Cocci- dioidal Granuloma the denomination of Coccidioides brasiliensis, adopting for the species the designation of Zymonema brasiliense, given in 1912 by Splendore. cm l SciELO 11 12 13 14 15 16 17 BOLETIM BIOLOGICO 99 Trabalho do Laboratorio de Microbiologia da Faculd. de Medicina de S. Paulo. Prof. Cathedratico Dr. ERNESTO DE SOUZA CAMPOS. 1." Assistente Dr. FLAVIO DA FONSECA. . 2 ° Assistente Dr. FLCJIIANO PAULO DE ALMEIDA. N.° 31 CORPOS INTRANUCLEARES NAS CELLULAS DO RETÍCULO ENDOTHELIAL DO GÂNGLIO LYMPHATICO PARASITADO PELO TRYPANOSOMA CRUZI. Nota previa. PELO PROF. DR. ERNESTO DE SOUZA CAMPOS Em estudo sobre a anatomia pathologiea do gânglio lympha- tico na trypanosomiase americana (moléstia de Chagas) experi- mental, do cão, observamos, nas cellulas do retículo endothelial, muito proliferadas, alterações pathologicas attingindo, principal- mente, o núcleo desses elementos do tecido. Examinamos apenas material proveniente de animaes até dois mezes de idade, tendo adquirido a infecção por via intrauterina ou por inoculação sub- cutânea de sangue de outros animaes infectados. Nestes casos, as cellulas do tecido reticular dos gânglios intracavitarios, muito hy- perplasticos, apresentam, no seu cytoplasma, numerosos parasi- tos, sob a forma de leishmania. 0 núcleo dessas cellulas parasitadas assume aspecto parti- cular que coincide, em geral, com os caracteres morphologicos e tintoriaes descriptos em infecções causadas por virus filtráveis, taes como herpes, virus III, varicella, moléstia da glandula submaxillar da cobaya, cultura de tecido infectado com virus III, etc. Ima«ens estructuraes semelhantes encontram-se também nas illustrações de Magarino Torres, no supplemento das Memórias do Insti- tuto Oswaldo Cruz, figurando cellulas hepaticas em casos de febre amarella experimental do M. rhesus e M. cynomol- gus. Diversos outros pesquizadores também observaram taes alterações na syphilis congénita. Estas alterações consis- tem. em essencia, no apparecimento, no interior do núcleo e quasi cm 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 100 BOLETIM BIOLOCICO sempre na sua parte central, de uni corpúsculo (microphotogra- nliias, 1 e 2), de dimensões variaveis, porém, em geral, bem des- envolvido e fortemente chromophilo. Em torno desse corpo cen- tral fica um espaço ou halo claro entre elle e a membrana nuclear peripherica. Nesta membrana dispoe-se o resto da chromatina nuclear existente. O corpúsculo intranuclear é intensamente aci- dophilo ou oxyphilo nos preparados corados pela hematoxylina- eosina (fig. 1). Pelo methodo de Goodpasture ou de Goodpasture Mac Callum toma o tom violeta escuro e com a hematoxylina de Heidenhain a côr preta (fig. 2). INTRANUCLEAR BODIES IN EXPERIMENTAL TRYPANOSOMIASES OF DOGS (CHAGAS DISEASE). BY ERNESTO DE SOUZA CAMPOS, M . D . In the swollen lymphnodes of pupies infected congenitally or by inoculation of blood eontaining Trypanosoma cruzi, there is a proliferation of cells of the retículo endothelial tissue some of which show numerous leismania like forms of the parasites in its cytoplasm. The nuclei of these cells show characteristie changes vhich botli morphologically and tintorially are similar to the stru- ctures associated with some of the diseases caused by filterable viruses, as Iierpes, in man and rabbits, virus III, varicella, disease of the submaxillary glands of guinea pigs yellow fever. and so on. The some nuclear changes have been also descri- bed in congenital syphilis. These are round, oval or even slightly irregular mass (microphot. 1, 2) which lie in the central part of the nucleus staining very well by differents methods. The nucleus takes on a vesicular character so that there is a clear space bet- ween the central body and the limiting membrane which is dceply stained vith the basic dyes. Usually the inner surface of the mem- bran is irregular as though the basic staining material, were col- lected there. The central body is deeply stained by the eosin in the hematoxylin-eosin sections (fig. 1), violet by the Goodpasture or Goodpasture-Mac Callum method and blach by the Heidenhain’s iron hematoxylin. BOLETIM BIOLOGICO 101 Microphotographia I — Corte de gânglio lymphatico de cãozinho infectado pelo Trypanosoma cruzi. Coloração Goodpasture— Mac Callum. Ao cen- tro vê-se uma grande cellula endothetlial repleta de protozoários. O núcleo indicado pela setta tem um corpo central que toma quasi toda a sua superfície, sendo rodeado por um halo claro. Aug. Obj. Im. 1/12 Oc. 8xb. SOUZA CAMPOS, PROF. E. — Corpos intranueleares nas cellulas do reticulo endothelial do gânglio lymphatico parasitado pelo Trypanosoma cruzi. 102 BOLETIM BIOLOGICO Microphotographia II — Corte do mesmo gânglio lyphatico da fig. I, corado pela hematoxylina ferrica de Heidenhain. 1) Cellula do retículo endothelial muito augmentada de volume e repleeta de formas de leishumani do Tryp. cruzi. 2) Núcleo. 3) Corpo intranuclear intensamente corado em preto. SOUZA CAMPOS, PROF. E. — Corpos infranucleares nas cellulas do reticulo endothelial do gânglio lymphatico parasitado pelo Trypanosoma cruzi.