BOLETIM DO BOLETIM DO MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI Série BOTÂNICA GOVERNO DO BRASIL Presidência da República Presidente - Fernando Henrique Cardoso Ministério da Ciência e Tecnologia - NCT Ministro - José Israel Vargas Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq Presidente - José Galízia Tundisi Museu Paraense Emílio Goeidi - MPEG Diretor - Adélia de Oliveira Rodrigues Diretor Adjunto de Pesquisa - Antonio Carlos Magalhães Diretora Adjunta de Difusão Científica - Helena Andrade da Silveira Comissão de Editoração - MPEG Presidente - Lourdes Gonçalves Furtado Editor-Associado - Pedro Luiz Braga Lisboa Equipe Editorial - Lais Zumero, Iraneide Silva, Elminda Santana, Socorro Menezes CONSELHOCIENTÍHCO Consultores Ana Maria Giulietti - USP Carlos Toledo Rizzini - Jardim Botânico do Rio de Janeiro Dana Griffin III - University of Florida Enrique Forero - New York Botanical Gardcn Fernando Roberto Martins - UNICAMP Chillean T. Prance - Royal Botanic Garden Hermógencs Leitão Filho - UNICAMP João Peres Chimelo - IPT Nanuza L. Menezes - Instituto de Biociências - USP Ortrud Monika Barth - Fundação Oswaldo Cruz Paulo B. Cavalcante - Museu Paraense Emílio Goeidi Therezinha Sant’Anna Melhém - Instituto de Botânica de São Paulo Warwick E. Kerr - Universidade Federal de Uberlândia William A. Rodrigues - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia Apoio: Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil Sub-Programa dc C&T- PP/G7 • MM A/MCT/FINEP ©Direitos de Cópia/Copyright 1997 por/by MCT/CNPq/Muscu Goeidi 0 4 AGO, 2009 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 ISSN 0077-2216 Ministério da Ciência e Tecnologia Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi I REUNIÀO DOS BOTÂNICOS DA AMAZÔNIA Organizadores Pedro L. B. Lisboa Regina Célia Lobato Lisboa Samuel Soares de Almeida Léa Maria Medeiros Carreira Mário Augusto Gonçalves Jardim Série BOTÂNICA Vol.l2(2) Belém -Pará Dezembro de 1 996 cm 2 3 SciELO 10 11 12 13 14 15 MCT/CNPq MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI Parque Zoobotâncio - Av. Magalhães Barata, 376 - São Braz Campus de Pesquisa - Av. Perimetral - Guamá Caixa Postal: 399 - Telex: (091) 1419 - Fones: Parque (091) 249-1233, Campus (091) 246-9777 - Fax: (091) 249-0466 CEP 66040-170 - Belém - Pará - Brasil O Boletim do Museu Paraense de História Natural e Ethnographia foi fundado em 1894 por Emilio Goeldi e o seu Tomo I surgiu em 1896. O atual Boletim é sucedâneo daquele. The Boletim do Museu Paraense de História Natural e Ethnographia was founded in 1894, by Emílio Goeldi, and the first volume was issued in 1896. The present Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi is the successor to this publication. REVISTA FINANCIADA COM RECURSOS DO Programa de Apoio a Publicações Científicas MCT CNPq FINEP Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil Sub-Programa de C&T - PP/G7 • MMA/MCT/FINEP cm SciELO 10 11 12 13 14 15 APRESENTAÇAO A extensão territorial e a riqueza da floresta amazônica constituem o cenário indicador de que a Botânica deve ser encarada como uma disciplina prioritária na vida acadêmica da região. Mas esta constatação não tem sido suficientemente estimulante para que esta ciência seja aqui apoiada de forma efetiva e contínua. Embora o interesse internacional sobre a flora regional seja uma realidade, a nível nacional ou regional estamos longe de contribuir para o seu completo conhecimento. As instituições de ensino e pesquisa da Amazônia, voltadas para as Ciências Biológicas devem ocupar uma posição de liderança na elaboração de um banco de dados sobre a vegetação e a flora. Os obstáculos a superar não são poucos. O desafio é grande. A realização da / Reunião dos Botânicos, realizada no período de 26 a 30 de junho de 1995, nas dependências do Museu Paraense Emílio Goeldi, faz parte desse esforço de planejar a Botânica regional, como instrumento de seu fortalecimento. A idéia de criar a Reunião dos Botânicos, portanto, visou mais que a apresentação de trabalhos científicos e a confraternização da classe a nível regional . Visou uma avaliação do desenvolvimento da disciplina Botânica na região, para que ações mais organizadas na defesa dos nossos interesses sejam tomadas. Este foi o objetivo principal do Simpósio Situação da Pesquisa Botânica na Amazônia Brasileira, realizado durante o evento. Convidados da maioria dos Estados da região: Acre (Marcos Silveira/ UFAC), Amazonas (Marlene Ereitas da Silva/UTAM), Tocantins (Marccus Vinicius Alves/UNITIS), Pará (Mário Augusto G. Jardim/MPEG), Mato Grosso (Germano Guarim Neto/UEMT) estiveram presentes. Com a colabo- ração dos botânicos Léa Carreira (MPEG), Nívea Fernandes (UFAC) e Silvia Mendonça (EUA) elaboraram um documento com sugestões, que comentaremos mais adiante. O evento foi também uma oportunidade para prestar homenagem ao botânico João Murça Pires, falecido em dezembro de 1994, que por meio século dedicou-se profundamente à botânica, com administrações marcantes à frente dos departamentos de Botânica do Centro de Pesquisa Agroflorestal cm SciELO 10 11 12 13 14 15 da Amazônia Oriental/CPATU e do Museu Paraense Emílio Goeldi e uma indiscutível contribuição à botânica mundial. As atividades da Reunião começaram com duas exposições de caráter científico abordando o tema da ilustração botânica. Ambas foram montadas no Pavilhão Domingos Soares Ferreira Penna do Museu Goeldi. Numa delas foram expostas aquarelas pintadas por alunos do Curso de Ilustração Botânica, ministrado pela professora britânica Christabel King, na Estação Científica Ferreira Penna, em julho de 1994. Formidáveis reproduções de flores da região de Caxiuanã, bem acabadas artisticamente, revelaram que o curso preparou ilustradores da melhor qualidade. A outra exposição foi da ilustradora carioca Dulce Nascimento que expôs uma mostra de plantas na mesma linha da escola de Margaret Mee, famosa ilustradora britânica que por muitos anos dedicou-se a reproduzir plantas amazônicas, principalmente orquídeas e bromélias. Dulce também ministrou durante o evento um curso intensivo de Ilustração Botânica para 20 pessoas, sob a sombra acolhedora das árvores no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi. A Programação técnico-científica realizada foi intensa. Dos 117 trabalhos inscritos foram apresentados 105, ou seja, apenas 14 trabalhos estiveram ausentes. Dos 28 trabalhos inscritos na Sessão de Botânica Econômica, apenas um não foi apresentado. O situação geral pode ser observada na tabela 1 . Tabela 1 - Número de trabalhos inscritos e apresentados na I Reunião dos Botânicos da Amazônia. SESSÕES TÉCNICAS TRABAL. INSCRITOS TRABAL. APRESENTADOS BOTÂNICA SISTEMÁTICA 22 20 MORFOLOGIA VEGETAL 24 19 florística 23 18 ECOLOGIA 20 19 BOTÂNICA ECONÓMICA 28 27 TOTAL 1 17 103 Além das sessões técnicas de painéis foram realizados dois mini- cursos: Taxonomia Vegetal (Professores Marlene Freitas da Silva/ UTAM, Regina Celia Lobato Lisboa/MPEG e Helen Sótão/MPEG) e Ecologia Vegetal (Samuel Soares de Almeida/MPEG, Noemi Viana Leão/CPATU). O evento foi complementado com três expedições científicas: ilha do Combu, onde os participantes observaram uma várzea típica do estuário do Amazonas e o manejo que os nativos fazem com o açaí, o cacau e outras plantas típicas da Amazônia; Crispim, onde os visitantes conheceral o litoral paraense e suas vegetações de mangue e restinga; Caxiuanã/Estação Científica Ferreira Penna, unidade de conservação do Museu Goeldi, situada no município de Melgaço, Pará. A Estação de 33.000 hectares, é constituída por ambiente de terra firme, várzea, igapó, savanas e abundante vegetação aquática. O simpósio Situação da Pesquisa Botânica na Amazônia Brasileira foi muito ativo e dele resultou um documento preliminar, que aborda algumas questões fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa botânica na Amazônia. O documento busca refletir nossos anseios e desejos para o fortalecimento dos Institutos de Pesquisa, bem como de seus profissionais e estudantes. Entre as questões levantadas estão as necessidades de integração e intercâmbio, com a criação de mecanismos que venham a permitir a troca de informações em seus diferentes níveis (instituições, herbários, pesquisadores etc.), que possam direcionar o ensino e a pesquisa em Botânica na Amazônia às reais necessidades regionais; de capacitação de recursos humanos, com ênfase nas ativida- des de Iniciação Científica, Aperfeiçoamento, acompanhadas dos cursos de graduação e pós-graduação e no estímulo à participação de estudantes e técnicos de laboratório em cursos de extensão e estágios supervisiona- dos, visando a sua qualificação profissional; de incentivo a pesquisa, com a formulação do Programa Integrado de Estudos Botânicos dos Estados da Amazônia, como forma de minimizar a notória dificuldade de captação de recursos financeiros; de divulgação científica, com o estímulo ao sistema de doações e permutas de material bibliográfico entre cm SciELO 10 11 12 13 14 15 as instituições amazônicas e incremento da publicação do Boletim Informativo da SBB-Seccional Amazônia. Foi sugerido também que, de maneira extra-oficial, circule entre os herbários listas periódicas, com as novas identificações realizadas pelos especialistas. Isto será de fundamental importância para a elaboração de futuros trabalhos, em particular com enfoque florístico. A entrega dos Anais da I Reunião dos Botânicos da Amazônia, em quatro volumes suplementares do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, mostra que o esforço coletivo sempre dá respostas efetivas. Há uma potencial produção científica, de boa qualidade, sobre botânica na Amazônia que precisa ser transformada em papers. É este um dos objetivos que nós, da atual diretoria da Regional Amazônia, da Sociedade Botânica da Amazô- nia, desejamos transformar em realidade. Pedro L. B. Lisboa Pesquisador Titular/CNPq/MPEG Diretor da Regional Amazônia/Sociedade Botânica do Brasil CDD: 582.16 585.2 ESTATUÁRIA SACRA EM MADEIRA - A IDENTIEICAÇÃO ANATÔMICA A SERVIÇO DA RESTAURAÇÃO E DA CONSERVAÇÃO^ Ricardo H. Ono^ Pedro L. B. Lisboa^ Cláudia V. Urbinati* RESUMO - Este trabalho teve como objetivo principal a identificação das madeiras utilizadas na confecção de esculturas religiosas em Belém do Pará. O estudo foi centralizado em dois importantes sítios históricos de Belém: Igreja de Santo Ale.xandre e Capela da Ordem Terceira do Carmo. Três espécies eiailóforas foram identificadas: Cedrela odorata L., cedro; Pinus sp, pinho e Vochysia sp, quaruba. O cedro foi a madeira mais utilizada, correspondendo a 90% das imagens estudadas, enquanto o pinho e a quaruba foram usadas em apenas uma imagem cada (10%). PALAVRAS-CHAVE: Dendrologia, Anatomia de madeira. Cedro, Arte sacra. ABSTRACT - The purpose ofthis paper is to identijy the wood commonly used in manufacturing religious sculptures in Belém, Pará, northern Brazil. From theses religious sculptures, small pieces were excised for wood Identification. The study is centered on two importam historie sites in Belém, the Igreja de Sant o Alexandre and the Capela da Ordem Terceira do Carmo. Three species of wood * Trabalho apre.sentado na I Reunião dos Botânicos da Amazônia, realizada nos dias 26 a 30 de junho de 1995, em Belém, Pará. ^ Universidade Federal da Bahia e Secretaria de Cultura do Estado do Pará. ^ PR-MCT/CNPq. Museu Paraense Emílio Goeldi - Depto. de Botânica. Caixa Postal 399, CEP 66.040-170. Belém-PA. PR-MCT/CNPq. Museu Paraense Emílio Goeldi - Depto. de Botânica. Bolsista de Iniciação Científica - PIBIC. Caixa Postal 399, CEP 66.040-170. Belém-PA. 151 10 11 12 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 were identified: Cedrela odorata L. (South American cedar); Pinus sp. (pine), and Vochysia sp. (“quaruba"). The cedar hwí more utilized (in 90% of sculptures) than were pine and “quaruba " (only one sculpture of each of these woods). KEY WORDS; Dendrology, Wood anatomy, Cedar, Religious art. INTRODUÇÃO A madeira, devido às suas propriedades e versatilidade como elemento decorativo, desde a antigüidade sempre esteve presente em boa parte dos projetos, fossem eles estruturais ou decorativos. No Brasil, uma parte bastante representativa do nosso patrimônio cultural é expressado em peças talhadas em madeira. Nesta forma de expressão, destaca-se a estatuária sacra, ou seja, a estatuária para fins religiosos. As imagens de santos, que no início da colonização eram importadas da Europa passaram, com a progressiva difusão do catolicismo e o estabeleci- mento de várias ordens religiosas como a Beneditina, Carmelita e Franciscana, a serem aqui produzidas. Copiavam-se originais europeus ou, simplesmente, buscava-se inspiração neles para a criação de novas obras, seguindo as técnicas locais e usando os materiais disponíveis na região. Os artistas executavam obras em barro, pedra, metal e madeira. Essa forma de expressão cultural foi mais acentuada em algumas cidades brasileiras, provavelmente devido a fatores econômicos, geográficos e sociais. Em Belém do Pará, por exemplo, encontramos belos exemplares de imagens sacra. É que a cidade, localizada no delta do rio Amazonas, era passagem quase que obrigatória, para aqueles que adentravam ao rio, vindos do oceano, especialmente do continente europeu que na época, exercia forte influência na economia regional. Além disso, a Amazônia apresenta expres- siva diversidade de espécies arbóreas, lenhosas. Algumas delas foram amplamente utilizadas pelos artesãos da época. Entretanto, a herança cultural da estatuária sacra sofre, de modo geral, um constante processo degenerativo, mesmo porque o estado da madeira 152 Estatuária sacra em madeira - a identificação anatômica Utilizada na confecção dessas peças, já se apresenta como parte morta de um vegetal, portanto, sujeita à deterioração. Este processo é agravado pela ação de agentes externos, como o clima, a umidade do ar e a poluição, propiciando 0 ataque de organismos xilófagos. Estes últimos são os principais responsá- veis pela aceleração de sua decomposição. Belém, por exemplo, apresenta condições favoráveis ao desenvolvimento de organismos xilófagos, uma vez que sua temperatura média anual é de 25,7°C e, a alta umidade relativa do ar, 89% em média, condicionam ambiente propício para seu surgimento e proliferação. Contribui também para a deterioração o fato de que grande parte dessas imagens é de propriedade de ordens religiosas, que em geral não dispõem de recursos que viabilizem a sua conservação e/ou restauração, bem como estudos especificamente voltados para esta arte, aqui na região amazônica. A identificação científica das madeiras utilizadas na confecção dessa estatuária, objetivo maior deste trabalho, representa uma indispensável contribuição para o desenvolvimento de pesquisas que estabeleçam metodologias específicas para a conservação/restauração e prevenção deste valioso acervo, sujeito ao ataque de organismos xilófagos. Este trabalho foi realizado na estatuária da Capela da Ordem Terceira do Carmo e da Igreja de Santo Alexandre, ambas localizadas na área mais antiga do município de Belém, no Estado do Pará. A primeira é anexa à Igreja da Ordem Terceira do Carmo, fundada em 1626 pelos Carmelitas Calçados. A Capela, que foi fundada no início do século XVIII (Cruz 1974) esta passando por um processo de restauração, no qual está incluída a sua estatuária. A Igreja de Santo Alexandre, fundada entre os anos de 1718 e 1719, foi inicialmente chamada de Igreja de São Francisco Xavier, sendo a terceira construída pelos jesuítas no mesmo local da segunda igreja (Cruz 1974). Atualmente, a Igreja está sofrendo intervenções restaurativas de grande porte, cujo projeto tem como objetivo, além da revitalização da Igreja, transformá-la em um museu, onde serão expostas as peças sacras de valor histórico e artístico. 153 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 MATERIAL E MÉTODOS Material. O material que serviu de base para estes estudos foi obtido do estatuário das Igrejas de Santo Alexandre e da Capela da Ordem Terceira do Carmo . Da Igreja de Santo Alexandre foram retiradas amostras de onze peças identificadas na Tabela 1. Da Capela da Ordem Terceira do Carmo foram retiradas amostras de nove peças, também identificadas na Tabela 1. Métodos. As peças foram fotografadas (Figuras 1 - 8) e o local de onde foram retiradas as amostras foi anotado. Com o auxílio de formões de xilogravura (menores e com “fio” preciso) e serras especiais de 1 mm, amostras de aproximadamente 1 cm^ foram retiradas das peças. As amostras foram etiquetadas e acondicionadas em embalagens hermeticamente fechadas e transportadas ao Laboratório de Anatomia de Madeira do Departamento de Botânica do Museu Paraense Emílio Goeldi, para identificação. O estudo macroscópico foi feito com lente de lOx de aumento utilizando-se lupa tipo conta-fio, que permite a identificação das estruturas da madeira e a sua comparação com outras amostras de referência da Xiloteca do Setor de Madeiras do Departamento de Botânica do Museu Goeldi. O estudo microscópico foi feito utilizando-se técnicas usuais para preparação de cortes histológicos e de material dissociado, a partir das amostras coletadas. Os cortes histológicos nos três planos: transversal, tangencial e radial, foram preparados conforme o tamanlio da amostra disponível. Depois de submetidas a fervura para amolecimento, as amostras foram cortadas em um micrótomo Reichert (cortes < 20pm). Os cortes obtidos foram corados com safranina-hidroalcoólica e, em seguida, passados em série alcoólica e xilol para desidratação. Depois foram montados com bálsamo-de-Canadá, entre lâmina e lamínula, para exame ao microscópio. A maceração foi preparada a partir de pequenos fragmentos das amostras, os quais foram colocados em frascos de vidros contendo solução de água oxigenada 120 volumes e ácido acético glacial em partes iguais. Os frascos foram levados à estufa a 60°C, por 24 horas, após o que o conteúdo foi lavado em água corrente. O macerado, depois de imerso em água, foi corado com safranina e conservado para o estudo em formol. Os cortes histológicos foram fotografados em fotomicroscópio Zeiss. 154 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 12(2), 1996 Figuras 1-4 - Imagens confeccionadas em madeira, Igreja de Santo Alexandre, Belém, Pará, Brasil. Figura 1. São Francisco de Bórgia; Figura 2. São Joaquim; Figura 3. Busto não identificado; Figura 4. Imagem não identificada. 156 cm Estatuaria sacra em madeira - a identificação anatômica Figuras 5-8 - Imagens confeccionadas em madeira. Capela da Ordem Terceira do Carmo, Belém, Pará, Brasil. Figura 5. Nossa Senhora da Piedade; Figura 6. Santo Elias; Figura?. Crucifixo; Figura 8. Cristo no Monte das Oliveiras. SciELO Boi. Mus. Para. Emílio Goeldl, sér. Bot. 12(2), 1996 RESULTADOS E DISCUSSÃO Três espécies foram identificadas entre as 20 imagens estudadas: o cedro, Cedrela aff. odorata L. (Figura 9), o pinho, Pinus sp., (Figura 10) e a, quaruba, Vochysia sp. A espécie de maior incidência foi Cedrela aff. odorata (90%), confirmando estudos anteriores (Lisboa 1994a; Lisboa 1994b) que atestaram que o cedro era a madeira preferida dos entalhadores latino-americanos. Apenas duas imagens não foram confeccionadas em cedro: a de um busto não identificado por estar com a face já destruída, pertencente à Igreja de Santo Alexandre, confeccionada em pinho {Pinus sp.) e, a imagem de Santo Elias, da Capela da Ordem Terceira do Carmo, entalhada em quaruba {Vochysia sp.). O gênero Cedrela, da família Meliaceae, abriga todas as 8 (oito) espécies conhecidas de Cedrela encontradas nos trópicos do Novo Mundo. Por fornecer madeiras com excepcionais características para o trabalho artesanal tem se destacado como a preferida entre os entalhadores de escultura sacra. O cedro, além de ser uma madeira leve (0,44 ~ 0,60 g/cm^), possui tração normal em suas fibras e fendilhamento baixo, sendo portanto, fácil de ser trabalhada com ferramentas. Esta propriedade, aliada ao fato da madeira apresentar resina ligeiramente amarga torna-a de razoável resistên- cia aos xilófagos. Estas características a tornou preferida entre as madeiras empregadas na confecção de imagens religiosa. Não há registros sobre a origem das imagens estudadas, mas é possível que várias delas tenham sido confeccionadas já em Belém. A imagem confeccionada em Pinus pode ter sido trazida da Europa ou do sul do país. Esta madeira é mais comum em regiões temperadas, não ocorrendo espon- taneamente na Amazônia. É facilmente reconhecível porque sua estrutura anatômica é constituída de traqueídes e suas faixas de crescimento são muito distintas. Apesar de ser fácil de ser trabalhada, é mais vulnerável ao ataque de organismos xilófagos. Infelizmente a amostra de Vochysia sp. foi insuficiente para a prepa- ração de cortes histológicos, permitindo apenas sua identificação macroscópica. 158 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CRUZ, E. 1974. Igrejas de Belém. Belém, Falangola, 75p., il, LISBOA, P. L. B. 1994. Notes on South American Cedar(Ceí/re/a^ssí7/sVell.)inthesacred art of Brazil. lawaJ., 15: 47-50. LISBOA, P. L. B. 1994. Uma madeira muito usada no Barroco Mineiro. Ciênci. Hoje, 17: 1-20. 160 CDD: 588.2 BRIÓFITAS DA SERRA DOS CARAJÁS E SUA POSSÍVEL UTILIZAÇÃO COMO INDICADORAS DE METAIS^ Regina C. L. Lisboa^ Fernanda Ilkiu-Borges^ RESUMO - Na Serra dos Carajás, província mineral situada no Sul do Estado do Pará, rica em minérios de ferro, manganês, cobre, ouro, níquel etc., foi realizada uma pesquisa visando determinar a diversidade específica das briófitas nos diferentes ecossistemas da serra e suas associações a determinados depósitos minerais, procurando por espécies que poderiam ser utilizadas como indicadoras da presença de metais. Os resultados parciais mostram maior diversidade específica na canga (minério de ferro) e preferência pelo habitat rupestre. As famílias mais destacadas foram Calymperaceae, Dicranaceae e Hypnaceae, tanto em número de espécies, como em número de espécimes. As espécies mais frequentes foram Campylopus savannarum (C. Midi.) Mitt. , para a canga, e Calymperes lonchophylium Schwaegr., para a mata de terra firme do Projeto Bahia, muito rica em ouro. PALAVRAS-CHAVE: Briófitas, Musgos, Indicadores de metais. Riqueza específica. Carajás. ABSTRA CT - Bryophytes in the Carajás Mountains andtheirpossible utilization as hea^y metal indicators. This study was carried out in the Carajás uplifi, a large mineral reser\’e locatedin the southof Pará State, Brazil. The Carajás area Trabalho apresentado na I Reunião dos Botânicos da Amazônia, realizada nos dias 26 a 30 de junho de 1995, em Belém, Pará. Projeto desenvolvido com auxílios financeiros do Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA), Companhia Vale do Rio Doce, Fundação Margareth Mee e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq/MPEG, PR-MCT/CNPq. Museu Paraense Emílio Goeldi. Departamento de Botânica, Caixa Postal 399. CEP: 66.040-170. Belém, PA, Aluna da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará-FCAP. 161 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 contains vast reserves ofiron (Fe), manganese (Mn), copper (Cu), nickel (Ni) and gold (Au). This study aims to identify and describe lhe bryophyte flora and its relationship of some moss species with identified mineral deposits, looking for species that could be used as heavy metal indicators. The partial results show that the canga vegetation has the highest species richness for mosses. These species grow preferentially on rocks in rupestrian habitats. Calymperaceae, Dicranaceae and Hypnaceae were the most common families of mosses, both in number of species and number of specimens. The more abimdant species were Campylopus savannariim in canga vegetation and Calymperes lonchophyllum in the upland forest of the Project Bahia area, an area with abundant gold resetyes. KEY WORDS: Bryophytes; Mosses, Bioindicators, Species Richness, Carajás. INTRODUÇÃO A província mineral de Carajás está situada no sul do Pará e em parte do Estado do Tocantins, na área de influência das bacias dos rios Araguaia, Tocantins e Xingu (Figura 1). Possui cerca de 150.000 km^ e apresenta-se rica em minérios de ferro, alumínio, manganês, cobre, níquel, cromo, estanho, tungsténio, ouro e zinco. Segundo Silva (1991), a serra dos Carajás (5°54'-6°33’S; 49°53'-50°34’W), propriamente dita, situa-se a 130 km a Oeste do Município de Marabá, sendo cortada pelos rios Itacaiunas e Parauapebas (Figuras 2-3). Apresenta clima tropical, quente e úmido, temperaturas entre 24,3 e 28,3 °C. Nos platôs o clima é tipo serrano, com temperaturas médias de 2 1 a 23 ° C . Nestas serras , as principais elevações são Serra Norte, Serra Sul e Serra Leste. Na Serra Norte ocorrem vários morros de minério de ferro com elevações de 600 a 800 m (NI , N2, N3, N4, N5 etc.). Nestas jazidas de ferro ocorre o afloramento rochoso denominado de canga hematítica, segundo Silva (1991) conhecida vulgarmente como solo tipo “canga”. Além dos minérios de ferro, encontram-se ouro, cobre, manganês e níquel, entre outros. Sobre estes minérios estão dois grandes grupos vegetacionais: floresta tropical pluvial (Figura 4), ocupando mais de 95 % da área, e vegetação metalófila ou campo rupestre ou vegetação de canga (Figura 5), correspondendo a 2 ou 3 % da área. Estas vegetações estão sobre uma grande variedade de solos, contendo diferentes minérios. Os vegetais 162 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 * Briófitas da Serra dos Carajás e sua possível utilização como indicadoras de metais superiores que ali ocorrem já foram estudados por alguns botânicos, cujos trabalhos encontram-se em Brasil (1981), Conselho Internacional do Grande Carajás (1981), Diniz et al. (1982), Flores et al. (1983), Secco & Mesquita (1983) e outros. Entretanto, não há referência sobre a vegetação briofítica. Figura 1 - Localização da Serra dos Carajás, Pará, entre os rios Xingu e Araguaia. A análise das briófitas para pesquisa de elementos minerais tem sido bastante usada, porque elas concentram muitos elementos que estão em excesso, no solo ou em outros substratos. Segundo Seaward & Bylinska (1980, citado por Ando & Matsuo 1984), o valor potencial das briófitas é 163 SciELO 10 11 12 13 14 15 cm Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 muito mais alto do que de plantas vasculares, para avaliação geoquímica. Pela presença de certas espécies de briófitas num determinado local, pode- se obter uma idéia dos depósitos minerais ali existentes. São espécies que estão estreitamente associadas com determinados depósitos minerais. Por exemplo, os chamados musgos do cobre (“copper mosses”) ou musgos do enxofre (“sulphur mosses”) são encontrados sobre rochas ou solos de cobre, mas também sobre minério de zinco, ferro e chumbo sob forma de sulfuretos, assim como em fontes de enxofre. O objetivo deste trabalho é determinar a diversidade específica das briófitas nos diferentes ecossistemas da Serra dos Carajás, procurando associá-las a determinados depósitos minerais. Figura 2 - Mapa da Serra dos Carajás, mostrando os locais de coleta: 1 e 2 - Cangas; 3 - Projeto Bahia; 4 - Igarapé Azul e 5 - Projeto Salobo (Adaptado de Silva, 1991). 164 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Briófitas da Serra dos Carajas e sua possível utilização como indicadoras de metais Figura 3 - Trecho do rio Itacaiunas, que corta a Serra dos Carajás. Figura 4 - Trecho de mata de terra firme da Serra dos Carajás 2 3 4 5 6 SciELO ;lo 11 12 13 14 15 10 11 12 13 14 15 Briófitas da Serra dos Carajás e sua possível utilização como indicadoras de metais MATERIAL E MÉTODOS Foram realizadas três excursões para a Serra dos Carajás em setembro e outubro de 1992 e março e abril de 1993, quando 2.078 amostras de briófitas foram coletadas. As áreas de coleta escolhidas foram as cangas do NI e N3 (minério de ferro), as vegetações sobre minério do ouro (igarapé Bahia, Figura 6), de manganês (igarapé Azul, Figura 7), de cobre (igarapé Salobo) e de níquel (Serra Vermelha). Figura 6 - Trecho do igarapé de Águas Claras, dentro da área do Projeto Bahia, onde se extrai ouro. Para a identificação do material foi utilizada bibliografia usual, citada em Lisboa (1993) e também o método de identificação por comparação. As fotomicrografias foram feitas no microscópio binocular Nikon. Após iden- tificado, montado e registrado, o material será incorporado ao herbário “João Murça Pires” do Museu Paraense Emílio Goeldi (MG). O material constante deste trabalho é apenas parte do que foi coletado, estando o restante em fase de identificação. cm SciELO Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 Figura 7 - Vista geral da mina de maganês do igarapé Azul. A poeira do minério espalha-se pelo ar. O substrato sobre o qual as briófitas foram coletadas foi tipificado conforme a classificação de Robbins (1952): corticícolo, para tronco e ramos de árvores vivas; epíxilo, para ramos e troncos caídos e em decomposição; rupestre, para a superfície rochosa; terrestre, para a superfície do solo ou “litter”. RESULTADOS Foram estudadas, até o momento, espécimes de 20 famílias de briófitas, das quais apenas três são famílias de hepáticas. Um total de 62 espécies estão relacionadas na Tabela 1, junto com o número de ocorrências, o ambiente onde foram coletadas, o substrato que ocupavam e o tipo de minério que se encontrava em maior quantidade no solo do local de coleta. As famílias mais representativas, as espécies mais freqüentes, o ecossistema onde ocorreu maior diversidade de espécies, os substratos mais utilizados e os minérios sobre o qual se encontravam são destacados nas Figuras 8-12, respectivamente. 168 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Tabela 1 - Briófitas da Serra dos Carajás, Pará. N = número de ocorrências. Legenda: Substratos: C = Corticícolo; E = Epíxilo; T = Terrestre; R = Rupestre; Ecossistemas; C = Capoeira; Cg = Canga; V = Várzea; TF = Mata de terra firme; Minérios: Au = Ouro (Igarapé Bahia); Cu = Cobre (Igarapé Salobo); Fe = Ferro (Canga); Mg = Manganês (Igarapé Azul); Ni = Níquel (Serra Vermelha). Briófitas da Serra dos Carajás e sua possível utilização como indicadoras de metais u — — ' (S >o — — ' (S Íí — — (N a -2 a tc c _ I S a ca 60 3 u a > 00 CO 3 tu < tu u < 5 Sr a a í .2 a a S| § I M S aJ < o s Vi ^ a §■§ PJ < U u Dá b . . 02 03 cq Q3 Tt — Tf fSj & =s S o CQ PJ < w u i ^ W) 5 >' 5 .• N ^ s. ^ o o s ,■5 *- S a, f: ^ <3 e;:^ = § § Sl <3 g a . ^ U 5 o « ? 3 g .“5 s CQ .c: 5 Cu Q tS ü ü U «•Sc c •ts o § 5 õ Soo ^ S Q ü: j — ' — (N — ^ (N fO Os — (N — iT) • -J < u 171 Calypogeia amazônica (Spruce) Steph. Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 Campylopus savannarum Isopterygium tenerum Syrrhopodon ligulatus S. prolifer var. acanthoneuros Campylopus surinamensis Racopilum tomentosum 0 10 20 30 40 50 60 Número de ocorrências Figura 9 - Briófitas mais freqüentes da Serra dos Carjás. 172 10 11 12 13 CALYMPER. Número de ocorrências Briófitas da Serra dos Carajás e sua possível utilização como indicadoras de metais Terra Firme Capoeira 4% Figura 10 - Ocorrência de espécies de Briófitas por ecossistemas. Figura 1 1 : substratos preferenciais das Briófitas 173 2 3 4 5 6 SciELO cm 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 Figura 12 - Diversidade específica de Briófitas, por minérios. A Tabela 1 apresenta algumas espécies coletadas e identificadas durante o desenvolvimento deste trabalho e que foram indicadas como novas ocorrências nos trabalhos de Lisboa (1994) e Lisboa & Borges (1995). Em Lisboa (1994), as espécies Bryum subverticillatum (Broth.) Ochi (Figura 13), Porotrichum plicatulum Mitt. , Lepidopilum scabrisetum (Schwaegr.) Steere e L. stolonaceum são ilustradas e comentadas como novas ocorrências para o Estado do Pará. Lisboa & Borges (1995) também ilustram e comentam como novas ocorrências para o Estado do Pará, as espécies Campylopus pilifer Bridei ssp. pilifer var. pilifer e Taxithelium portoricense Williams. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Das vinte famílias relacionadas na Tabela 1 , dez destacam-se quanto ao número de espécies, de acordo com o Figura 8, sendo que Calymperaceae, Dicranaceae e Hypnaceae, com 130, 76 e 43 coletas, representando 15, 6 e 6 espécies, respectivamente (Tabela 1), são as mais diversificadas. Bryaceae, com apenas três espécies, destaca-se com 24 coletas. Campylopus savaniiarum 174 10 11 12 13 Briófitas da Serra dos Carajás e sua possível utilização como indicadoras de metais (Figura 14) é, de longe, a espécie mais freqüente, como evidenciado no Figura 9. Calymperes lonchophyllum, Isopterygium tenerum e Bryum coronatum (Figura 15) vêem a seguir, de um total de 63 espécies já identificadas para a área. A Figura 10 mostra maior diversidade de espécies na canga (57%). Este resultado provavelmente será alterado quando a totalidade do material coletado for identificado, porque é na mata de terra firme que há melhores condições ambientais para as briófitas, no que se refere a disponibilidade de substratos, sombra, umidade e temperaturas mais amenas. O substrato preferido das briófitas na Serra dos Carajás, apresentado na Figura 11, é o rupestre, o que se explica pela grande quantidade de espécies de Dicranaceae que se localizam diretamente sobre o minério de ferro, na canga. A maior diversidade específica está em ambiente cujo solo é mais rico em ferro, bem caracterizado na Figura 12, onde 33% das 63 espécies relacionadas para a Serra dos Carajás são encontradas nas áreas ricas em ferro. Campylopus savannarum é a espécie mais freqüente neste ecossistema. Mas também foi encontrada na vegetação do igarapé Salobo (cobre) e igarapé Bahia(ouro). Campylopus surinamensis é outro musgo muito comum na canga, assim como Pilosium chlorophyllum (Figura 16) e Macromitrium stellulatum (Figura 17). Calymperes lonchophyllum é a espécie mais freqüente na mata alta do projeto Bahia, vegetação sobre minério de ouro. Devido ao fato de a grande parte do material coletado ainda não estar identificado, os resultados apresentados estão sujeitos a alterações que, caso ocorram de maneira significante, comprovará a necessidade de coletas extensivas, seguidas de um criterioso trabalho de identificação, para se ter um bom conhecimento da diversidade específica de uma área. Considerações sobre espécies de briófitas associadas a depósitos minerais só poderão ser feitas quando todo o material coletado estiver identificado. 175 SciELO Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 B Figura 13 - Bryum subverticillalum (Broth.) Ochi. A, Gametófitos agrupados; B, Gametófitos isolados (J. Ramos & C. Rosário, 635). 176 SciELO 10 11 12 13 Briófitas da Serra dos Carajás e sua possível utilização como indicadoras de metais im B *gura 14 - Campylopus savannarum (C. Müll.) Mitt. A, Gametófitos agrupados (J. Ramos & C Rosário, 246); B, Gametófitos com esporófitos (J. Ramos & C. Rosário, 651). cm SciELO SciELO cm Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 Figura \4 - Campylopus savannarum (C. MüIl.)Mitt. C, Ápice do filídio, 250X; D, Células da margem do filídio, 250X; E, Células alares do filídio, avermelhadas e infladas (R. Lisboa, 2122). 10 11 12 13 14 15 Briófitas da Serra dos Carajás e sua possível utilização como indicadoras de metais Figura 15 - Bryum coronatumSchv/aegr. Gametófitos apresentando esporófito(J. Ramos&C Rosário 1080 ). igura 16 - Pilosium chlorophyllum (Hornsch.) C. Müll. Gametófitos completamente aderidos ao substrato, neste caso minérios de ferro (J. Ramos & C. Rosário, 134). SciELO Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 Figura 17 - Macromitrium stellulatum (Hornsch.) Brid. Gametófitos também aderidos ao substrato e apresentando esporófitos onde se vê claramente caliptras mitriformes (J. Ramos & C. Rosário, 692). AGRADECIMENTOS À Companhia Vale do Rio Doce, à Fundação Magareth Mee, ao Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA) e ao Conselho Nacional de Desenvol- vimento Científico e Tecnológico-CNPq, pelo apoio financeiro dado ao projeto. Ao Samuel Almeida pelas sugestões e auxílio na elaboração do “Abstract”. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDO, H. & MATSUO, A. 1984. Applied Bryology. In: SCHULTZE-MOTEL, C. V. (ed.). Advances in bryology. Germany.Cramer. v. 2, p. 133-230. PROJETO RADAM BRASIL. 1981. Folhas SB 22 (Araguai)a e parte da folha SC 22 (Tocantins); Geologia, geomorfologia, solos, vegetação, uso potencial da terra. Rio de Janeiro, Departamento Nacional de Produção Mineral (Levantamento de Recursos Naturais, 4). 180 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Briófitas da Serra dos Carajás e sua possível utilização como indicadoras de metais CONSELHO INTERMINISTERIAL DO PROGRAMA GRANDE CARAJÁS. 1981. Programa Grande Carajás: aspectos físicos, demográficos e fundiários. Rio de Janeiro. DINIZ, L.; ALVES, M.B. & SÁ, R.M.S. 1982. Carajás, informações documentais, v.l. Belém, Museu Paraense Emílio Goeldi. FLORES, R. A. L.; ALVES, M.B.M. &SÁ, R.M.S. 1983. Carajás, informações documemais, V. 2. Belém, Museu Paraense Emílio Goeldi. LISBOA, R.C.L. 1993. Musgos acrocárpicos do Estado de Rondônia. Belém, Museu Paraense Emílio Goeldi, 272p. LISBOA, R.C.L. 1994. Adições à brioflora do Estado do Pará. Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot., 10(1): 15-42. LISBOA, R.C.L. & BORGES, A.L.l. 1995. Novas adições à brioflora do Estado do Pará. Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. ROBBINS, R.G. 1952. Bryophyte ecology of a dune area in New Zealand. Vegetado, Acta Geobot., 4: 1-31. SECCO, R.S. & MESQUITA, A.L. 1983. Notas sobre a vegetação de canga da Serra Norte- 1. Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, n. sér., Bot., Belém, (59): 1-13. SILVA, M.F.F. 1991 . Análise florística da vegetação que ocorre sobre canga hematítica em Carajás, Pará (Brasil). Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot., 7(1): 79-107. 181 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 CDD: 584.15098115 NOTAS PRELIMINARES SOBRE A FLORA ORQUIDOLÓGICA DO ESTADO DO PARÁ, BRASIL Anna Luiza Ilkiu-Borges^ André Luiz de Rezende Cardoso^ RESUMO - O Estado do Pará é o segundo maior do Brasil e está situado ao Norte, fazendo parte da região Amazônica. Possui 1.258.734,35 km^, com densidade demográfica média de 3, 78 hab./km^. Já foram realizados levanta- mentos parciais nas regiões do Médio Amazonas Paraense, Baixo Amazonas, Xingú, Puros, Campos do Marajó, Baixo Tocantins, Marabá, Araguaia Paraense, Guajarina, Salgado, Bragantina, Beléme Vizeu. Onde, até o momento, já foram encontradas 383 espécies, distribuídas em 90 gêneros. As espécies coletadas à medida que florescem estão sendo fotografadas, desenhadas, aquareladas e identificadas. Estudos ainda devem ser realizados para concluira identificação e catalogação das espécies de orquídeas do Estado do Pará. PALAVRAS CHAVE: Orquídeas, Brasil, Estado do Pará, Ecossistema. ABSTRAT- The State of Pará is the second largest and is situated in the north of Brazil. It is part ofthe region called Amazônica. The State covers 1,258, 734, 35 km^ and has as average population density of 3. 78 inhabitants/km^. Various studies have been about the following areas: Médio Amazonas Paraense, Baixo Amazonas, Xingú, Furos, Campos do Marajó, Baixo Tocantins, Marabá, Araguaia Paraense, Guajarina, Salgado, Bragantina, Belém and Vizeu. The studies from these areas have shown that there are 383 orchid species in 90 genera. The species collected are photographed, drawn, painted in watercolor and are identified as they flower. Many more studies are needed to finish identifying and cataloging all ofthe orchids in the State ofPará. KEY WORDS: Orchids, Brazil, State of Pará, Ecosystem. ' Sociedade Par,aense de Orquidófilos. Rua dos Mundurucus, 1553/601. CEP: 66025-660. Bclém-PA. 183 Boi. Mus. Para. Emílio Coeldi, sér. Boi. 12(2), 1996 INTRODUÇÃO Orchidaceae é a maior e mais conhecida família botânica, sendo distribuída por todos os continentes, a exceção do Antártico, e cultivada por populações urbanas e rurais das mais diversas culturas. As orquídeas são também utilizadas por populações indígenas, onde assumem papel em rituais e como plantas medicinais. Por ter adquirido fama pela beleza de suas flores e alta especificidade com o habitat, obtiveram o status de plantas indicadoras da importância da preservação dos ecossistemas e, conseqüentemente, da biodiversidade, funcionando como representantes de um ambiente que se deseja preservar. Ao se tentar identificar as orquídeas que foram encontradas em diversos levantamentos, foi observado que muitas espécies não haviam sido citadas para o Estado do Pará e algumas nem mesmo para a Amazônia, de acordo com Pabst & Dungs (1975, 1977), o mais abrangente levantamento das orquídeas brasileiras, e de acordo com outros trabalhos constantes nos Boletins CAOB, Orquidário, do Herbário Bradeanum (BRADEA), de Sociedades de Orquidófilos do Brasil e no Biologycal Abstract. O objetivo deste trabalho é determinar as espécies de orquídeas que ocorrem no Estado do Pará, ampliando as informações sobre sua distribuição geográfica, assim como indicar e subsidiar a implantação de novas áreas de preservação e, também, reafirmar a importância de áreas já preservadas. MATERIAIS E MÉTODOS O Estado do Pará (Figura 1) é o segundo maior em área do Brasil e está situado ao Norte, fazendo parte da região Amazônica. Possui 1.258.734,35 km^, com densidade demográfica média de 3,78 hab/km^. O clima é tropical úmido, com temperatura média de 26,5°C e altitudes modestas, em geral, com 58% do território situado abaixo de 200 metros, alcançando acima de 500 metros apenas nos extremos norte e sul do Estado. O principal rio que abastece o Estado é o Amazonas, assim como alguns de seus afluentes, e os rios Gurupi e Araguaia, na divisa dos Estados do Maranhão e Tocantins, respectivamente. 184 Figura 1 - Mapa do Estado do Pará. Pelo vasto território e por suas condições geográficas e ambientais, o Pará está dividido em 15 micro rregiões, nas quais o levantamento está sendo feito separadamente. Estas microrregiões são as regiões do Médio Amazo- nas Paraense, Baixo Amazonas, Xingú, Furos, Campos do Marajó, Baixo Tocantins, Marabá, Araguaia Paraense, Guajarina, Salgado, Bragantina, Belém, Vizeu, Tomé-açu e Tapajós (Idesp... 1986). Cada microrregião abrange diversos municípios. 185 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 O estudo de cada microrregião consiste na visita a locais determinados e na coleta de orquídeas para estudos posteriores. No campo é observado a preferência pelo habitat e outras características adaptativas. O material coletado é levado a orquidários para cultivo até que floresçam e à medida que isto ocorre, este é identificado, desenhado (Figuras 2-3) ou aquarelado e exsicatado. A identificação das espécies está sendo feita através dos trabalhos de Dunsterville, G.C.K. & Garay (1979); Hoehne (1949) e Pabst & Dungst (1975, 1977). RESULTADOS Neste estudo foram encontradas, até o presente, 383 espécies de orquídeas para o Estado do Pará. As microrregiões melhor estudadas são as de Marabá, Belém e Bragantina. As regiões que este estudo ainda não abrangeu foram as de Tomé-açu, Tapajós e Campos do Marajó. Esta última possui duas espécies citadas neste trabalho. Trezentos e vinte e sete espécies já foram identificadas, outras precisam ser melhor estudadas para obtenção de identificação precisa. Cerca de 150 espécies já foram desenhadas. O gênero Coryanthes destacou-se por apresentar 10 espécies, das quais apenas 3 foram identificadas até o presente e Mormodes também com 10 espécies e apenas 4 identificadas. Foram encontrados 90 gêneros e os de maior número de espécies são Epidendrum (25), Habenaria (25), Pleurothallis (19), Caíasetum (19), Maxillaria (18), Enqiclia (13) e Vanilla (12). Também 32 gêneros com apenas 1 representante que são: Aga/i/í/a, Aspidogyne, Batemania, Bifrenaria, Brachystele, Caularthron, Diadenium, Dimerandra, Eulophia, Koellensteinia, Liparis, Malaxis, Masdevallia, Mendoncella, Mesadenella, Oeceoclades, Orleanesia, Omithidium, Paphinia, Pelexia, Prescottia, Reichembachanthus, Scelochilus, Schomburgkia, Scuticaria, Solenidium, Spiranthes, Stenorrhinchus, Trichocentrum, Trizeiais, Wullschlaegelia e Zygosepaliim. 186 Notas preliminares sobre a flora orquidológica do Estado do Pará Figura 2 - Catasetum rondonensis Pabst; A- Labelo (vista superior aberto); B- Corte longitudinal do labelo; C- Vista superior do labelo; D- Coluna e labelo (vista frontal); E- Hábito; F- Diagrama; G- Polinário (vista inferior e superior); H- Antera (vista lateral, inferior e frontal com o polinário); 1- Coluna e labelo (vista lateral). 187 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 Figura 3 - Maxillaría ochroleuca Sander; A- Hábito; B- Vista lateral da flor; C- Vista frontal da flor; D- Antera (vista inferior e superior); E- Polinário (vista inferior e superior); F- Coluna e labelo; G- Labelo; H- Diagrama; I- Vista lateral do labelo. 188 Notas preliminares sobre a flora orquidológica do Estado do Pará Foi observado que 265 espécies são exclusivamente epífitas e 68 exclusivamente terrestres. Outras espécies foram encontradas em mais de um tipo de substrato, sendo 6 espécies epífitas e terrestres, 9 espécies epífitas e rupestres e 2 espécies epífitas, terrestres e rupestres. Na Tabela 1 encontram-se as espécies coletadas, sua microrregião de origem e o tipo de substrato encontrado, assim como as espécies registradas em literatura, pertencente ao Estado do Pará, mas sem microrregião determinada. AGRADECIMENTOS Agradecemos à Companhia Vale do Rio Doce e à Fundação Serra das Andorinhas e Fundação Casa da Cultura da Marabá pelo apoio logístico na região do Projeto Carajás e sul/sudeste do Estado do Pará, respectivamente; e à Sociedade Paraense de Orquidófilos pelo apoio às atividades desenvol- vidas neste estudo. 189 Tabela 1 - Orquídeas do Estado do Pará e suas microrregiões de ocorrência. Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 w X X X X xxxx XX xxxxxxxxxxxxxxx > X X X s X X X X X X X ca X X X c/3 X X X o X X X < X X 2 X X X X X X X XX X X H X X X U P-. X X X X X X C3 03 X X O s X X X X X X ON m vo a ^ < o r- vo ^ < vo c/3 o s < ^ "S 1 ê j s SJ SJ S3 V c !S -c I I -ü o «I ã, .2 .2 .Q "3 "a •§ ^ o c Q <3 ? Tj- < •g .S Ce: •a U .S ^ hJ a 'ã- S' c *o Oí) c o U «3 3 c: .2 .2 ^ ^ o < - 1 ^ j c ^ C i-J J çj 3 ^ «3 3 "3 Oo 3 CQ ■2 Ce: CQ o Cá C T3 00 c <3 a 1 s .2 J ON (S o iS s 'Õ cá cá d d ojq ^ o w — U ti- -g ç := J cá -3 3 3 8; ^ 3? è. 2 CQ QC 2 2 •2 2 'B' "B •s: •«: 2- 2- 3 3 •3 >3 ^22 2 ? 5 S ^ f- 5 2 3 ^ *3 ^ C C §. s 2 § § ^ : 2 S I á' Cu P -3 -3 *3 oa CQ e^Q e^ QC CQ cq I 3 ^3 OQ U >> í*-. 3 . 3 , 2^ 2 O O 2 2 2 O o 190 Notas preliminares sobre a flora orquidológica do Estado do Pará 191 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 O H Oi cS 03 D CO E T > S CQ CO o CO w o < 0 w a: 01 0 01 u T M s u cu X Cd CQ Me X X X X X X X X XX xxxxxxxxxxxxxx X XX X X X X X X X X X X X X X X X X X X X o r' < < ® o o 3 < X s ^ 5. I I rc sj c • r- u o o o ^ 'o ^ o ,o c o U U o a a b c:- L) o c s: a <3 C^ o o ■X3 s; o s 3 '■3 o §• & & g s _ 6^ 6^ õ' C' vj vj 192 Cyrtopodium falcilobium Hoehne Cyrtopodium poecilum Rchb.f.& Warm. Cyrtopodium saint-legerianum Rchb.f. (A-699) Cyrtopodium vernum Rchb.f. & Warm. (A-626**) Cyrtopodium virens Rchb.f. & Warm. (A-572**) Notas preliminares sobre a flora orquidológica do Estado do Pará 193 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 194 10 11 12 13 Notas preliminares sobre a flora orquidológica do Estado do Pará 195 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 196 1 SciELO Nolas preliminares sobre a flora orquidológica do Estado do Pará 197 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sêr. Bot. 12(2), 1996 a w X X xxxxxxxxx xxxxxx xxxxxxxx > S X X CQ X X X X X C/) o X C/3 W O < X X X X Ü s X X X X X X X X X o u u H X s u U. X X X X X X X X X cn m Me X 198 SciELO 10 11 12 13 14 Molas preliminares sobre a flora orquidológica do Estado do Pará 199 * SciELO 10 11 12 13 14 15 cm Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 * SciELO 10 11 12 13 14 15 cm Notas preliminares sobre a flora orquidológica do Estado do Pará 201 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 oí w X X X X X X X X X xxxxxxxx xxxxxxxx XX XXX > X X X X s X X X X X X X CQ X X X X X X X i/) X X o X X X X X < X X X s X X X X X X X X X X H X X u tl. X X X X X X X X X X X P 3 CQ X X s X X X Ü o u s ac S; a X X X X X X X X X X X o 05 § ■«ít < > Qh 5 Qí »o >0 \o < 6 -5 t < 4= oi o o Tt ç .= 2 tü 01 Oí Ck; *a ta ca Qí ftí < -s c: t3 t3 o a Gc GS C3 -2 1 1 & ■Q o U a •g DS 5 â -i t K a Ci, s 5 5 .2 S S? ^ 8 a Q ac Co S a §■ •G S o -c Co Co Co CO Co Co s: s: 5 ^ ^ -fe ^ o CO Co Co 202 Sobralia fragrans Lindl. Sobralia liliastrum Lindl. (A-466***) Sobralia macrophylla Rchb.f. (A-414*) Sobralia pumila Rolfe, Sobralia sessilis Lindl. (A-690) Notas preliminares sobre a flora orquidológica do Estado do Pará 203 BoL Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2). 1996 cu o •a B tu o •o ‘c 0) ^ (T. c« Cd < 204 * Q. E c 3 CJ5 d C -G a u CO c E o 3 < E c o o 3 > ^ c O. E o Oí Oí Oí CJj CD OX) oj a> Cl eí Dí DS < O &çi CQ pa > 2 ■§ M M I E < < o o •o o v. o S H >3 :s m X oo o ^ 3 tu i ° 2 CO 00 00 00 00 oo 00 O U U U ií O O U ^ CC Ct^ Oíi CC . * i • * * w * * 23 Sraxu-unS 'SciELO 10 11 12 13 14 15 cm Notas preliminares sobre a flora orquidológica do Estado do Pará REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DUNSTERVILLE, G.C.K. & GARAY, L.A. 1979. Orchids of Venezuela. An Illustrated Field Guide. v.1-3. Massachusetts. Botanical Museum of Harvard University H.U.Printing Office, 1055p. HOEHNE, F.C. 1949. Iconografia de Orchidaceas do Brasil. São Paulo, Secretaria de Agricultura. S.A. Indústrias Graphicars-F, Lanzara, 601p. PABST, J.F.G. & DUNGST, F. 1975. Orchidaceae Brasiliensis. v.l. Hildesheim, 407p. PABST, J.F.G. & DUNGST, F. 1977. Orchidaceae Brasiliensis. v.2. Hildesheim, 418p. IDESP. 1986. Anuário Estatístico do Estado do Pará, 1984. v.7. Belém, Pará, p. 1-364. 205 CDD; 583.32304162 LEGUMINOSAS DA AMAZÔNIA BRASILEIRA - VIL O PÓLEN DO GÊNERO HYMENAEA L. (LEGUMINOSAE CAESALPINIOIDEAE)i Léa Maria Medeiros Carreira^ Flávia Cristina Araújo Barata^ RESUMO: Na Amazônia brasileira, o gênero Hymenaea L. (Leguminosae Caesalpiniodeae) encontra-se representado pelas espécies H. courbaril var. courbaril, H. courbaril var. obtusifolia, H. courbaril var. subssesilis, H. intermedia var. intermedia, H. intermedia var. adenotricha, H. oblongifolia var. oblongifolia, H. oblongifolia var. palustris, H. parvifolia, H. reticulata, H. stigonocarpa var. stigonocarpa e H. stigonocarpa var. pubescens. Seus grãos de pólen foram analisados quanto aos aspectos morfológicos, como tamanho, forma, número de aberturas, estratificação e ornamentação da exina. A acetólise foi o método utilizado para a preparação das lâminas de pólen. Nas descrições foram consideradas principalmente as medidas dos eixos polar e equatorial e da espessura da exina, verificando-se que os grãos de pólen das espécies analisadas são médios, isopolares, de simetria radial, 3-colporados, de superfície punctada, variando de subprolatos a prolatos, o âmbito de subtriangular a circular e a endoabertura de circular a lalongada. Entretanto, as diferenças encontradas na morfologia polínica das espécies examinadas não são suficientes para separar as espécies entre si. PALAVRAS-CHAVE: Pólen, Morfologia Polínica, Leguminosae, Amazônia brasileira, Hymenaea. ’ Trabalho apresentado na I Reunião dos Botânicos da Amazônia, realizada nos dias 26 a 30 de junho de 1995, em Belém-PA. ^ PR-MCT/CNPq, Museu Paraense Emílio Goeldi. Depto. de Botânica. Caixa Postal, 397. CEP 66.040-170. Belém-PA. ^ Bolsista de I. C. do PlBlC/CNPq/MPEG/DBO, Processo No. 800485/93-9, Belém-PA. 207 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 ABSTRACT: In Brazilian Amazon, the genus Hymenaea L. (Leguminosae Caesalpiniodeae) is represented by the following species: H. courbaril var. courbaril, H. courbaril var. obtusifolia, H. courbaril var. subssesilis, H. intermedia var. intermedia, H. intermedia var. adenotricha, H. oblongifolia var. oblongifolia, H. oblongifolia var. palustris, H. parvifolia, H. reticulata, H. stigonocarpa var. stigonocarpa and H. stigonocarpa var. pubescens, which pollen grains were analyzed in terms of morphological aspects, such as size, form, number of apertures, stratijication and omamentation ofthe exine. Slide preparation was done following acetolysis. Measuremenls of the polar and equatorial axis, and the thickness ofthe exine were the main considerations for pollen grain descriptions. The pollen grains ofthe analyzed species were médium size, isopolar, radially symmetrical, 3-colporate, with punctate surface, the form varying from subprolate to prolate. The amb varies from subtriangular to circular and the endoapertures from circular to lalongate. It was not possible to separate the species examinated by its pollen grain morphology. KEY WORDS: Pollen, Pollen morphology, Leguminosae, Brazilian Amazon, Hymenaea. INTRODUÇÃO A flora amazônica, tão explorada por seus recursos naturais, é formada por inúmeras famílias que completam o ciclo de diversidade vegetacional. Dentre elas, destaca-se a família Leguminosae, com aproximadamente 1 .24 1 espécies, distribuídas em 146 gêneros para 3 subfamílias segundo Silva et al. (1989), representando desta maneira uma das mais importantes famílias em relação à composição da flora amazônica. Para Wiersema et al. (1990), as leguminosas existentes no mundo somam cerca de 650 gêneros e 18.000 espécies. O gênero Hymenaea L., pertencente a subfamília Caesalpinioideae, encontra-se representado na Amazônia brasileira pelas espécies H. courbaril var. courbaril L., H. courbaril var. obtusifolia Ducke, H. courbaril var. subssesilis Ducke, H. intermedia var. intermedia Ducke, H. intermedia var. adenotricha Ducke, H. oblongifolia var. oblongifolia Hub., H. oblongifolia \ar .palustris Ducke, H. parvifoliaWuh., H. reticulataDucke, H. stigonocarpa var. stigonocarpa Mart. ex Hayne e H. stigonocarpa var. pubescens Benth. Silva et al. (1989). 208 Leguminosas da Amazônia Brasileira - VII Vários autores, ao estudarem o gênero Hymenaea, o incluíram em diversas tribos, por exemplo; De Candolle (1825a, b) em Cassieae; Bentham (1840) inicialmente em Amherstieae e posteriormente em Cynometreae; Heywood (1971) concorda com Bentham (1 . c . ) dando prioridade para o nome Detarieae. Lee & Langeheim (1973) consideram-no também na tribo Detarieae. O trabalho mais recente e mais completo sobre o gênero Hymenaea é o de Lee & Langeheim (1975) que, além de fazerem a revisão taxonômica, analisaram o referido gênero sob diversos aspectos como: biologia da reprodução, número de cromossomas, observações fenológicas, etnobotânica, química da resina, morfologia comparativa, anatomia geral, etc. Quanto aos esmdos sobre a morfologia polínica, Fasbender (1959) estudou os grãos de pólen de H. oblongifolia, H. parvifoUa e H. stilbocarpa\ Melhem & Salgado-Labouriau ( 1 963) analisaram o pólen de H. stigonocarpa; Salgado-Labouriau (1973), analisando os grãos de pólen de Cassia Tul,. concluiu que seus caracteres morfológicos são semelhantes aos da espécie H. stigonocarpa-, Langeheim & Lee (1974) classificaram o gênero Hymenaea em duas secções: Trachylobium e Hymenaea, e teceram comentários sobre seus grãos de pólen; Graham & Barker (1981), baseados na morfologia polínica, incluiram o gênero na tribo Detarieae e ilustraram em MEV o pólen de H. martiana. A maioria das espécies deste gênero é considerada de grande importân- cia na indústria econômica, como medicinais, ornamentais e alimentícias. Muitas são arbóreas e produzem madeira que é utilizada na construção civil e naval. Algumas são conhecidas vulgarmente como “jutaí” ou “jatobá” e fornecem uma resina denominada “jutaicica”, amplamente empregada na indústria de vernizes (Le Cointe (1947); Record & Hess (1949); Prance & Silva (1975); Silva et al. (1977); Corrêa (1978) e Cavalcante (1988)). As resinas mais resistentes e duráveis são produzidas por leguminosas, em particular pelos gêneros Hymenaea e Copaifera. A resina produzida pelos botões florais de H. courbaríl é fonte de atração de insetos, principalmente abelhas e coleópteros (Tropical Legumes 1979). O trabalho tem como objetivo analisar a morfologia dos grãos de pólen das espécies do gênero Hymenaea L. que ocorrem na Amazônia brasileira. 209 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 12(2), 1996 para que futuramente possam contribuir com outros trabalhos relacionados a este gênero. MATERIAL E MÉTODOS Material Botânico Botões florais adultos foram retirados de amostras existentes nos herbários: MG (Museu Paraense Emílio Goeldi), lAN (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/Centro de Pesquisas do Trópico Úmido) e INPA (Instituto Nacional de Pesquisas de Amazônia). As referências completas de herbário e palinoteca de cada espécie encontram-se nas descrições polínicas. Métodos Para a preparação das lâminas foi utilizado o método de acetólise de Erdtman (1952); posteriormente fez-se a montagem com gelatina glicerinada (Kisser 1935) e, para tornar as lâminas definitivas e isentas de contaminação procedeu-se a lutagem com parafina. Para a obtenção das medidas foi utilizado um microscópio ZEISS, adaptando-se uma objetiva com escala micrometrada. As medidas dos eixos polar e equatorial foram feitas em 25 grãos de pólen, em vista equatorial, utilizando-se a objetiva de 40x. Com esses valores, foram calculados a média, variância, desvio padrão e coeficiente de variação. As medidas da exina e dos diâmetros dos lumens foram feitas em 10 grãos, usando-se a objetiva de lOOx e calculadas somente as médias aritméticas. Para as observações em MEV, os grãos de pólen, após a acetólise, foram deixados por 24 horas em acetona a 50 % e posteriormente desidratados em acetona a 100% durante 30 minutos. Uma gota da suspensão de pólen em acetona pura foi depositada sobre o suporte e deixada secar por algumas horas a 37°C, antes de ser evaporada com ouro. Nas descrições polínicas foi usada a seqüência padronizada de Erdtman (1969), a classificação de Praglowski & Punt (1973) que define as variações 210 Leguminosas da Amazônia Brasileira - VI! que ocorrem no padrão da superfície reticulada e a nomenclatura baseada no Glossário Ilustrado de Palinologia de Barth & Melhem (1988). As fotomicrografias de luz foram obtidas em um fotomicroscópio ZEISS e as de MEV em um microscópio eletrônico de varredura ZEISS modelo DSM-940. Nas descrições e nas legendas das figuras foram usadas as seguintes abreviaturas: amb = âmbito; E = eixo equatorial; MEV = microscopia eletrônica de varredura; ML = microscopia de luz; NPC = número, posição e caráter das aberturas; P = eixo polar; P/E = relação entre as medidas dos eixos polar e equatorial; P/MG = número de registro da Palinoteca do Museu Goeldi; s/n = sem número; s/d = sem data; VE = vista equatorial do grão de pólen; VP = vista polar do grão de pólen. RESULTADOS Descrições polínicas H. courbaril var. courbaril L. (Figura 1 a-d) Coletor: A. Goeldi s/n Determinador: Lee & Langeheim 1971 Herbário: MG 007734 Palinoteca: P/MG-1043 Procedência: Belém Nome vulgar: “jatobá” Grãos de pólen médios, isopolares, de simetria radial, amb subtriangular, forma prolata, 3-colporados, sincolpados, de superfície punctada. A endoabertura é circular. P= 40 ± 0,7(38 - 44);ím; E= 28 ± 0,7(26 - 32)fim; P/E= 1,52; NPC= 345. A sexina (0,8/Ltm) é mais espessa que a nexina (0,3/im) ao nível dos mesocolpos e se espessa ainda mais à medida que se aproxima dos colpos. O teto é quase liso. As pontuações são regulares, cuja distribuição é mais evidente nos mesocolpos. 211 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 2 3 4 5 6 SciELO ;lo 11 12 13 14 15 H. courbaril var. obtusifolia Ducke (Figura 1 e-f) Coletor: W. A. Archer 7559 Determinador: Lee & Langeheim 1971 Herbário: lAN 011906 Palinoteca: P/MG- 1042 Procedência: Belém Nome vulgar: “jutaí” Grãos de pólen médios, isopolares, de simetria radial, amb circular, forma prolata, 3-colporados, de superfície punctada. A endoabermra é lalongada. P= 41 ± 0,8(38 -43)/xm; E=27 ± 0,8(23 -28)/^m; P/E= 1,55; NPC= 345. A sexina (0,8/Mm) é mais espessa que a nexina (0,3/:rm), tornando-se ainda mais espessa nos colpos. O teto é ondulado. As pontuações são irregulares, sendo mais evidentes nos mesocolpos. H. courbaril var. subsessilis Ducke (Figura 2 a-d) Coletor: A. Ducke s/n Determinador: Lee & Langeheim 1971 Herbário: MG 011167 Palinoteca: P/MG-1041 Procedência: Manaus Grãos de pólen médios, isopolares, de simetria radial, amb circular, forma prolata a subprolata, 3-colporados, de superfície punctada. A endoabermra é circular. P= 37 + 0,7(34 -40)^m; E=28 ± 0,9(25 -32)^m; P/E= 1,33; NPC= 345. A sexina (0,9/xm) é mais espessa que a nexina (0,3/ím) nos mesocolpos e torna-se mais espessa nos colpos. O teto é finamente ondulado. As perfurações são irregulares e mais evidentes nos mesocolpos. 213 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 H. intermedia var. intermedia Ducke (Figura 2 e-h) Coletor: R.L. Fróes 25237 Determinador: Lee & Langeheim 1971 Herbário: lAN 051567 Palinoteca: P/MG- 1044 Procedência: Amazonas Grãos de pólen médios, isopolares, de simetria radial, amb subtriangular a circular, forma prolata , 3-colporados, sincolpados, de superfície punctada. A endoabertura é circular. P= 39 ± 1,0(35 - 43)fxm-, E= 25 ± 0,8(22 - 27)/xm; P/E= 1,55; NPC= 345. A sexina é mais espessa que a nexina (0,4/xm) ao nível dos mesocolpos . Próximo aos colpos a sexina se espessa e a nexina diminui de espessura. O teto é fmamente ondulado. As pontuações são regulares e encontram-se uniformemente distribuídas. H. intermedia var. adenotricha Ducke (Figura 3 a-0 Coletor: G.T. Prance et al. 14342 Determinador: M. T. Arroyo 1972 Herbário: MG 043790 Palinoteca: P/MG-1134 Grãos de pólen médios, isopolares, de simetria radial, amb circular, forma sub prolata , 3-colporados, de superfície punctada. A endoabertura é circular. P= 38 + 1,1(28 - 35)Mm; E= 30 + 1,2(24 - 32)/xm; P/E= 1,25; NPC= 345. A sexina (0,9/im) é mais espessa que a nexina (0,3/xm) e tende a se espessar nos colpos. O teto é liso e as pontuações são diminutas, tornando-se pouco evidentes. Em MEV foi verificado que os colpos são longos e estreitos e que a ornamentação da exina confere com as observações feitas em ML. 214 Figura 2 - Pólen de Hymenaea courbaril var. subsessilis. ML: a) VP, corte ótico; b) Idem, ornamentação da exina; c) VE, corte ótico; d) Idem, ornamentação da exina (lOOOx). Pólen de Hymenaea intermedia var, intermedia. ML; e) VP, corte ótico; f) Idem, ornamentação da exina; g) VE, corte ótico; h) Idem, ornamentação da exina. (lOOOx) 215 Figura 3 - Pólen de Hymenaea intermedia var. adenotricha. ML: a) VP, corte ótico; b) Idem ornamentação da exina; c) VE, corte ótico; d) Idem, ornamentação da exina. (800x) MEV: e) VE aspecto dos colpos invaginados (2500x); f) Idem, detalhe da ornamentação da exina (4000x). 216 SciELO H. oblongifolia var. oblongifolia Hub. (Figura 4 a-b) Coletor: A. Ducke s/n Determinador: M. G. A. Lobo 1983 Herbário: MG 014982 Palinoteca: P/MG- 1045 Procedência: Pará Nome vulgar: “jutaí” Grãos de pólen médios, isopolares, de simetria radial, amb circular, forma prolata , 3-colporados, de superfície punctada. A endoabertura é circular. P= 27 + 0,8(25 - E= 19 ± 1,6(17 - 24)fim- P/E= 1,55; NPC= 345. A sexina (0,5/im) é um pouco mais espessa que a nexina (0,3/Ltm). O teto é liso e as pontuações são diminutas, tornando-se indistintas. H. oblongifolia var. palustris (Ducke) Lee & Lang. (Eigura 4 c-f) Coletor: Lee 69 Determinador: Lee & Langeheim 1971 Herbário: lAN 155677 Palinoteca: P/MG-1046 Procedência: Amapá Grãos de pólen médios, isopolares, de simetria radial, amb subtriangular, forma prolata , 3-colporados, sincolpados, de superfície punctada. A endoabermra é circular. P= 30 ± 1,2(25 -32)/xm; E= 22 ± 0,9(19 -25)íim; P/E= 1,46; NPC= 345. A sexina (0,5/im) é quase da mesma espessura da nexina (0,3/im). O teto é liso. As pontuações são regulares, pouco evidentes e uniformemente distribuídas. 217 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Figura 4 - Pólen de Hymenaea oblongifolia var oblongifolia. ML: a) VE, corte ótico; b) Idem, ornamentação da exina(1500x). P6\en de Hymenaea oblongifolia var. palustris. ML: c) VP, corte ótico; d) Idem, ornamentação da exina; e) VE, corte ótico; f) Idem, ornamentação da exina (lOOOx). 218 H. parvifolia Hub. (Figura 5 a-d) Coletor; Langeheim 5623 Determinador: Langeheim 1969 Herbário: MG 066810 Palinoteca: P/MG-1047 Procedência: Pará Nome vulgar: “jutaí” Grãos de pólen médios, isopolares, de simetria radial, amb subtriangular, forma prolata , 3-colporados, de superfície punctada. A endoabertura é circular. P= 32 ± 0,8(28 - 35)/xm; E= 23 ± 0,7(21 - 26)Mm; P/E= 1,53; NPC= 345. A sexina (0,7/zm) é mais espessa que a nexina (0,3/xm). O teto é fmamente ondulado. As pontuações são regulares, pouco evidentes, com distribuição uniforme. H. reticulata Ducke (Eigura 5 e-h) Coletor: A. Ducke 666 Determinador; Ducke 1941 Herbário: lAN 010231 Palinoteca: P/MG- 1048 Procedência: Amazonas Nome vulgar: “jutaí” e “jatobá” Grãos de pólen médios , isopolares , de simetria radial , amb subtriangular acircular, forma prolata , 3-colporados, sincolpados, de superfície punctada. A endoabertura é circular. P = 41 ± 1,0(37 - 44)/.tm; E= 29 ± 1,2(25 - 33)/Lim; P/E= 1,46; NPC= 345. A sexina (0,8/ím) é mais espessa que a nexina (0,4/Lím) nos mesocolpos e tende a se espessar nos colpos. O teto é levemente ondulado e as pontuações são regulares com distribuição homogênea. 219 SciELO Figura 5 - Pólen de Hymenaea parvifolia. ML: a) VP, corte ótico; b) Idem, ornamentação da exina, c) VE, corte ótico; d) Idem, ornamentação da exina (1500x). Pólen de Hymenaea reticulata. ML: e) VP, corte ótico; f) Idem, ornamentação da exina; g) VE, corte ótico; h) Idem, ornamentação da exina (1500x). 220 H. stigonocarpa var. stigonocarpa Mart. ex Hayne (Figura 6 a-d) Coletor: J.U. Santos & C.S. Rosário 539 Determinador: M. G. Silva 1983 Herbário: lAN 160956 Palinoteca: P/MG- 1049 Procedência: Mato Grosso Grãos de pólen médios, isopolares, de simetria radial, amb subtriangular, forma subprolata , 3-colporados, de superfície punctada. A endoabermra é circular. P= 37 ± 1,1(33 -42)Mm; E= 30 ± 1,2(25 - 34)/xm; P/E= 1,25; NPC = 345. : A sexina (0,7fim) é mais espessa que a nexina (0,4/mi) ao nível dos mesocolpos, tornando-se mais espessada nos colpos. O teto é finamente ondulado. As pontuações são irregulares, cuja distribuição é mais nítida nos mesocolpos dos grãos de pólen. H. stigonocarpa var. pubescens Benth. (Eigura 6 e-h) Coletor: D. Alvarenga 144 Determinador: J.H. Langeheim 1969 Herbário: INPA 161398 Palinoteca: P/MG-1082 Procedência: Brasília Grãos de pólen médios, isopolares, de simetria radial, amb circular, forma subprolata , 3(-4)-colporados, de superfície punctada. A endoabermra é circular. P= 37 ± 1,5(34 -40)/xm; E= 31 + 1,0(27 - 36)/xm; P/E= 1,26; NPC= 445. A sexina (0,7/xm) é mais espessa que a nexina (0,4^m), espessando-se mais ainda nos colpos. O teto é finamente ondulado. As pontuações são regulares e uniformemente distribuídas. 221 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Figura 6 - Pólen de Hymenaea stigonocarpa.\aT stigonocarpa ML: a) VP, corte ótico; b) Idem, ornamentação da exina; c) VE, corte ótico; d) Idem, ornamentação da exina (lOOOx). Pólen de Hymenaea stigonocarpa var. pubescens. ML: e) VP, corte ótico; 0 Idem, ornamentação da exina; g) VE, corte ótico; h) Idem, ornamentação da exina (lOOOx). 222 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO Fasbender (1959), usando a microscopia de luz analisou os grãos de pólen de Hymenaea oblongifolia, Hymemea parvifolia e Hymenaea stilbocarpa descrevendo-os como prolato esferoidais a oblato esferoidais, 3-colporados, de superfície finamente reticulada, a endoabertura muito distinta, variando de esférica a elíptica lolongada, o amb circular, os colpos longos e estreitos e a sexina psilada a fmamente reticulada. De um modo geral, essas observações concordam com as deste trabalho para as espécies esmdadas. Vale salientar que Fasbender (1959.) correlacionou os caracteres polínicos de Hymenaea com os de Trachylobium verrucosum. Para Melhem & Salgado-Labouriau (1963), os grãos de pólen de Hymenaea stigonocarpa são subprolatos, trizonicolporados, de superfície reticulada. Esses resultados coincidem com os aqui obtidos, exceto quanto à superfície, a qual considerou-se punctada segundo Praglowski &. Punt (1973). De acordo com Salgado-Labouriau (1973), os grãos de pólen de Hymenaea stigonocarpa se assemelham aos do tipo Cassia L. por se apresentarem 3-colporados, de forma subprolata a prolata, de superfície levemente reticulada. Os resultados conseguidos neste trabalho concordam com os de Salgado-Labouriau (1973), exceto quanto ao tipo de superfície, pois em virtude do uso da nomenclatura de Praglowski & Punt (1973), este foi substituída pela superfície punctada. Langeheim & Lee (1974), investigaram os grãos de pólen de Hymenaea e Trachylobium da África, citando-os como esféricos a subprolatos e tricolporados, concordando também com os dados aqui observados. Whittingham (s/d) in Langeheim & Lee (1974), fez um esmdo compa- rativo entre os grãos de pólen de Hymenaea oblongifolia, Hymenaea courbarileTrachylobiumverrucosum. Nos de//, oblongifolia qT. verrucosum, as columelas se fusionam formando estrias irregulares e nos de H. courbaril se unem e formam um retículo. As lacunas deste retículo dão um efeito punctado quando observadas em ML e formam depressões semelhantes a crateras quando vistas em MEV. Essas informações foram também notadas neste estudo. 223 cm Graham & Barker (1981), baseados na morfologia polínica, classifi- caram a subfamília Caesalpinioideae em tribos, estando o gênero Hynienaea na tribo Detarieae. Os gêneros constituintes desta tribo foram divididos nos seguintes grupos taxonômicos: Cynometra, Hymenostegia, Hymenaea, Crudia, Detarium e Brownea. O grupo Hymenaea é constituído pelos gêneros Hymenaea e Peltogyne, o qual caracteriza-se por apresentar grãos de pólen com superfície do tipo psilada-punctada, verrucosa, microrreticulada e estriada-reticulada. Essas observações coincidem com as verificadas neste trabalho. De posse dos resultados obtidos neste estudo, foi constatado que os grãos de pólen do gênero Hymenaea são de tamanho médio, isopolares, de simetria radial, 3-colporados com exceção de H. stigonocarpa var. pubescens que são 3(-4)- colporados , de superfície punctada. Variam quanto à forma, de subprolatos a prolatos, ao âmbito de subtriangular a circular e à endoabertura de circular a lalongada. Em face desses grãos de pólen apresentarem-se muito homogêneos entre si, pode-se concluir que se trata de um gênero estenopolínico, logo, não fornece subsídios suficientes, capazes de elucidar a posição taxonômica. AGRADECIMENTOS À Dra. O. M. Barth pelas fotomicrografias obtidas MEV do Instituto Oswaldo Cruz. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARTH, O.M. & MELHEM, T.S. 1988. Glossário Ilustrado de Palinologia. Campinas, UNICAMP, 75p. BENTHAM, G. 1840. VI. Contributions toward a flora of South America - Enumeration of plants collected by Mr. Schomburgk in British Guiana. Hooker's J. Bot. Kew Gard. Misc. 2: 38-146. CANDOLLE, A.P. 1825a. Prodromus Systematis Naturalis Regni Vegetabilis. Paris, p. 94. CAVALCANTE, P.B. 1988. Frutos Comestíveis da Amazônia. Belém, Museu Paraense Emílio Goeldi/Companhia Souza Cruz Indústria e Comércio, 279p. il. 224 CORRÊA, M. P. 1984. Dicionário das Piantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas. V. 2. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, p. 401. 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KEY WORDS: Sapindaceae, Mato Grosso, Goiás, Tocantins INTRODUÇÃO A família Sapindaceae Jussieu compreende cerca de 200 gêneros e 2000 espécies (Good 1974; Croat 1976; Barroso 1984), ocorrendo principalmente na região tropical (Hutchinson 1973). * Trabalho apresentado na I Reunião dos Botânicos da Amazónia, realizada nos dias 26 a 30 de junho de 1995, em Belém, Pará. ^ Professor Adjunto do Departamento de Botânica e Ecologia, Instituto de Biociências, Universidade Federal de Mato Grosso, CEP 78.060-900, Cuiabá, MT. Pesquisador-Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq. 227 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 Está constituída por representantes com diferentes formas de vida, englobando desde as trepadeiras como em Serjania Miller até as altas árvores como em Talisia Aublet (Guarim Neto 1994). Estudos tratando da taxonomia e distribuição geográfica da família Sapindaceae no Brasil foram desenvolvidos nos últimos anos por Guarim Neto (1978, 1985, 1993, 1994) e Acevedo-Rodriguez (1989, 1990). Neste último trabalho o autor apresenta aproximadamente 92 espécies de Serjania para o Brasil, comparando a distribuição geográfica em três regiões distintas; a costa atlântica, o planalto e a bacia amazônica. Os estudos desenvolvidos até o momento sobre a família nos Estados de Mato Grosso, Goiás e Tocantins permitem discutir a ocorrência e distribuição das suas espécies delimitadas, oferecendo subsídios para estudos voltados para a fitogeografia e padrões de distribuição geográfica de vegetais, correlacionado com outras famílias botânicas. METODOLOGIA A realização deste estudo compreendeu etapas diferenciadas, onde adotou-se a seguinte seqüência: P: levantamento bibliográfico sobre as espécies ocorrentes nos Esta- dos de Mato Grosso, Goiás e Tocantins, tendo como base as monografias de Radlkofer (1879, 1895, 1900, 1921) e as revisões preparadas por Guarim Neto (1978, 1985) e Acevedo-Rodriguez (1989); 2“: análise do material botânico pertencente aos Herbários da Univer- sidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Universidade Federal de Goiás (UFG) - Coleção Rizzo. Os dados sobre ocorrência e distribuição das espécies foram compilados diretamente das fichas de coleta do material herborizado, complementados com dados da própria literamra e conhecimento pessoal do autor, obtido através das diferentes viagens de coleta realizadas. 228 Ocorrência e distribuição da família sapindaceae jussieu RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram delimitadas 50 espécies ocorrentes de maneira diferenciada nos Estados de Mato Grosso, Goiás e Tocantins, abrangendo os gêneros Allophylus Linn., Cardiospermum Liim., Cupania Linn., Dilodendron Radik. , Diplokeleba R. Brown, Magonia St. Hil. , Matayba Aublet, Paullinia Linn., Sapindus Linn., Serjania Miller, Talisia Aublet, Thinouia Tr. & Pl., Toulicia Aublet e Urvillea Kunth (Tabela 1). Tabela 1 - Ocorrência da família Sapindaceae Jussieu nos Estados de Mato Grosso (MT), Goiás (GO) e Tocantins (TO). (* Espécies em cultivo.) Espécies MT GO TO I. Allophylus Linn. 1. A. edulis (St. Hil.) Radlk. X X 2. A. leptostachys Radlk. X X 3. A. semidentatus Radlk. X 4. A. sericeus Radlk. X X 5. A. strictus Radlk. X X X II. Cardiospermum Linn. 6. C. grandiflorum Swartz X X 7. C. halicacabum Linn. X 8. C. strictum Radlk. X X X III. Cupania Linn. 9. C. castaneifolia Mart. X 10. C. cinerea Poepp. & Endl. X X 11. C. hirsuta Radlk. X 12. C. hispida Radlk. X 13. C. oblongifolia Mart. X 14. C. rubiginosa (Poir.) Radlk. X 15. C. vemalis Camb. X X IV. Dilodendron Radlk. 16. D. bipinnatum Radlk. X X V. Diplokeleba R. Brown 17. D. flori bunda R. Brown" X VI. Magonia St. Hil. 18. M. pubescens St. Hil. X X X VIL Matayba Aublet 19. M. arborescens Radlk. X 20. M. guianensis Aublet X X X 229 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 Espécies MT GO TO VIII. Paullinia Linn. 21. P. cupana H.B.K.‘ X 22. P. elegans Camb. X 23. P. pinnata Linn. X 24. P. spicata Benth. X 25. P. thalictrifolia Juss. X IX. Sapindus Linn. 26. S. saponaria Linn. X X. Serjania Miller 27. S. cissoides Radlk. X 28. S. e recta Radlk. X X X 29. S. exarata Radlk. X 30. S. glabrata Kunth X 31.5. glutinosa Radlk. X X 32. 5. grandiflora Camb. X X X 33. 5. lethalis St. Hil. X 34. 5. mansiana Mart. X 35. 5. orbicularis Radlk. X 36. 5. ovalifolia Radlk. X X X 37. 5. paucidentata DC. X 38. 5. piscatória Radlk. X 39. 5. platycarpa Benth. X 40. 5. velutina Camb. X X XI. Talisia Aublet 41. 7. angustifolia Radlk. X X 42. T. cerasina (Benth.) Radlk. X 43. T. esculenta (St. Hil.) Radlk. X 44. T. obovata A. C. Smith X 45. T. prancei G. Guarim Neto X 46. T. subalbens (Mart.) Radlk. X XII. Thinouia Tr. & Pl. 47. T. sepium Moore X XIII. Toulicia Aublet 48. T. tomentosa Radlk. X X XIV. Urvillea Kunth 49. U. stipitata Radlk. X 50. U. ulmacea Kunth X 230 Ocorrência e distribuição da família sapindaceae jussieu Os dados obtidos através do estudo realizado, permitiram a preparação da Tabela 2, que contempla a ocorrência e distribuição das 49 espécies catalogadas para a família Sapindaceae, em diferentes tipos vegetacionais do Estado de Mato Grosso, estando essas espécies distribuídas especialmente em áreas do cerrado, pantanal, cerradão, matas primárias e matas ciliares. Tabela 2 - Ocorrência e distribuição das espécies de Sapindaceae nos principais tipos vegetacionais do Estado de Mato Grosso. (CD = cerrado; PA = pantanal; CA = cerradão; MA = matas primárias; MC= matas ciliares; * Espécies em cultivo). Espécies CD PA CA MA MC I. Allophylus Linn. X X 1. A. edulis (St. Hil.) Radlk. 2. A. leptostachys Radlk. X X 3. A. semidentatus Radlk. X 4. A. sericeus Radlk. X X 5. A. strictus Radlk. X ll.Cardiospermum Linn. 6. C. grandiflorum Swartz X X 7. C. halicacabum Linn. X X X 8. C. strictum Radlk. X X Ul.Cupania Linn. 9. C. castaneifolia Mart. 10. C. cinerea Poepp. & Endl. X X 1 1. C. hirsuta Radlk. X 12. C. hispida Radlk. 13. Ç. oblongifolta Mart. X X 14. C. rubiginosa (Poir.) Radlk. X 15. C. vernalis Camb. X X X IV. Dilodendron Radlk. 16. D. bipinnatum Radlk. X X X V. Diplokeleba R. Brown 17. D. floribunda R. Brown' VI. Magonia St. Hil. 18. Af. pubescens St. Hil. X X X VII. Matayba Aublet 19. M. arborescens Radlk. X X 20. M. guianensis Aublet X X X X 231 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 Espécies CD PA CA MA VIII. Paullinia Lirm. 21. P. cupana H.B.K.’ X X 22. P. elegans Camb. X 23. P. pinnata Linn. X X X 24. P. spicata Benth. X 25. P. íhalictrifolia Juss. X IX. Sapindus Linn. X 26. S. saponaria Linn. X. Serjania Miller X 27. S. cissoides Radlk. X 28. S. erecta Radlk. X X X 29. S. exarata Radlk. 30. S. glabrata Kunth X 31. S. glutinosa Radlk. X X 32. S. grandiflora Camb. X 33. S. lethalis St. Hil. X 34. S. mansiana Mart. X 35. S. orbicularis Radlk. X 36. S. ovalifoUa Radlk. X 37. S. paucidentata DC. X 38. S. platycarpa Benth. X X 39. S. velutina Camb. X XI. Talisia Aublet 40. T. angustifolia Radlk. 41. T. cerasina (Benth.) Radlk. 42. T. esculenta (St. Hil.) Radlk 43. T. obovata A. C. Smith 44. T. prancei G. Guarim Neto 45. T. subalbens (Mart.) Radlk. XII. Thinouia Tr. & Pl. 46. T. sepium Moore XII. Toulicia Aublet 47. T. tomentosa Radlk. XIII. Urvillea Kunth 48. U. slipitata Radlk. 49. U. ulmacea Kunth 232 X X Ocorrência e distribuição da família sapindaceae jussieu Salienta-se que o número específico maior, catalogado para o Estado de Mato Grosso, em relação aos outros dois Estados, deve-se, provavelmente, ao fato de as coletas botânicas serem mais sistematizadas, especialmente dirigidas para os estudos do autor, sobre esta família. Por outro lado, a Tabela 3 apresenta a ocorrência e distribuição das espécies catalogadas para os Estados de Goiás e Tocantins, envolvendo áreas vegetacionais de cerrado, cerradão, campo rupestre, matas primárias e matas ciliares. Um total de 19 espécies ocorre no Estado de Goiás. Deste total, somente 7 espécies têm ocorrência catalogada para o Estado de Tocantins Tabela 3 - Ocorrência e distribuição das espécies de Sapindaceae nos principais tipos vegetacionais dos Estados de Goiás e Tocantins. (CD = cerrado; CA = cerradão; CR = campo rupestre; MA = matas primárias; MC = matas ciliares.) Espécies CD CA CR MA MC I. Allophylus Linn. 1. A. edulis (St. Hil.) Radlk. X 2. A. leptostachys Radlk. X X 2. A. sericeus Radlk. X X 4. A. stricíus Radlk. X X X ll.Cardiospermum Linn. 5. C. grandiflorum Swartz X X X 6. C. strictum Radlk. X X III. Cupania Linn. 7. C. cinerea Poeppig & EndI. X X 8. C. vernalis Camb. X X X X IV. Dilodendron Radlk. 9. D. bipinnatum Radlk. X X V. Magonia St. Hil. 10. M. pubescens St. Hil. X X X VI. Matayba Aublet 1 1 . M. guianensis Aublet X X X X VII. Serjania Miller 12. S. erecta Radlk. X X 13. S. glutinosa Radlk. X X X X 14. S. grandiflora Camb. X X X 15. S. ovalifolia Radlk. X X X 233 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 Espécies CD CA CR MA MC 16. S. piscatória Radlk. X 17. S. velutina Camb. X X X X X Vlll. Talisia Aublet 18. T. angustifolia Radlk. X IX. Toulicia Aublet 19. T. tomentosa Radlk. X Considerando a ocorrência e distribuição geográfica das espécies catalogadas, pode-se verificar a seguinte situação: 1 . Espécies de ocorrência no cerrado: Allophylus leptostachys Radlk., A. strictus Radlk., Cardiospennum grandiflonim Swartz., C. halicacabum L., C. strictum Radlk., Cupania oblongifolia Mart., C. vernalis Camb., Diloendron bipinnatiim Radlk., Magonia pubescens St. Hil., Matayba arborescens Radlk., M. guianensis Aublet, Paidlinia elegans Camb., Paullinia pinnata L. , Serjania cissoides Radlk. , S. erecta Radlk. , S. glutinosa Radlk., 5. grandiflora Radlk., S. lethalis St. Hil., S. mansiana Mart., S. orbicularis Radlk., S. ovalifolia Radlk., S. paucidentata DC., S. velutina Camb., Talisia angustifolia Radlk., T. cerasina (Benth.) Radlk., T. prancei G. Guarim Neto, T. subalbens (Mart.) Radlk., Toulicia tomentosa Radlk. 2. Espécies de ocorrência no cerradão: A. strictus Radlk., Cardiospermum grandiflorum Swartz, C. halicacabum L., C. cinerea Poepp. & Endl., Dilodendron bipinnatum Radlk., Magonia pubescens St. Hil. , Matayba guianensis Aublet, Serjania glutinosa Radlk. , S. grandiflora Camb., S. velutina Camb. 3. Espécies de ocorrência no pantanal: Cardiospermum strictum Radlk., Cupania castaneifolia Mart., C. vernalis Camb., Dilodendron bipinnatum Radlk., Magonia pubescens St. Hil., Matayba guianensis Aublet, Paullinia elegans Camb., P. pinnata L., Sapindus saponaria L., Serjania erecta Radlk., Talisia esculenta (St. Hil.) Radlk. 4. Espécies de ocorrência nas matas primárias: Allophylus edulis (St. Hil.) Radlk., A. leptostachys Radlk., A. semidentatus Radlk., A. sericeus Radlk., A. strictus Radlk., Cardiospermum grandiflorum Swartz., 234 Ocorrência e distribuição da família sapindaceae jussieu C. halicacabum L., C. strictum Radlk., Cupania cinerea Poepp. & Endl., C. hirsutaR&àXk. , C. hispida Radlk. , C. rubiginosa (Poir.) Radlk., C. vemalis Camb., Dilodendron bipimatum Radlk., Magonia pubescens St. Hil., Matayba arborescens Radlk., M. guianensis Aublet, Paullinia elegans Camb., P. pinnata L., P. spicata Benth., P. thalictrífolia Juss., Serjania cissoides Radlk., S. erecta Radlk., S. exarata Radlk., S. glabrata Kunth, S. glutinosa Radlk. , S. grandiflora Camb. , S. ovalifolia Radlk. , S. piscatória Radlk., S. platycarpa Benth., S. velutina Camb., Talisia obovata A. C. Smith, Thinouia sepium Moore, Urvillea stipitata Radlk., U. ulmacea Kunth. 5. Espécies de ocorrência nas matas ciliares: Allophylus edulis (St. Hil.) Radlk., A. sericeus Radlk., A. strictus Radlk., Cupania vemalis Camb., S. glutinosa Radlk., S. ovalifolia Radlk., S. velutina Camb., Thinouia sepium Moore. 6. Espécies de ocorrência nos campos rupestres: Cupania vemalis Camb., Matayba guianensis Aublet, Serjania glutinosa Radlk., S. velutina Camb. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACEVEDO-RODRIGUEZ, P. 1989. The systetnatics of Serjania, Section Platycoccus (Sapindaceae). New York. Thesis, 271p. ACEVEDO-RODRIGUEZ, P. 1990. Distributional patterns in Brazilian Serjania (Sapindaceae). Actabot. bras. 4(l):69-82. BARROSO, G.M. 1984. Siste/nática de Angiospermas do Brasil, v.2. Viçosa. Imprensa Universitária, p. 251-251 . CROAT, T.B. 1976. Flora of Panama (Family 108. Sapindaceae). Ann. Miss. Bot. Gdn. 63(3);419-540. GOOD, R. 1974. The geography of theflowering plants. London. Longman Group Limited, 557p. GUARIM NETO, G. 1978. Revisão taxonômica das espécies brasileiras do gênero Talisia Aublet (Sapindaceae). Manaus, INPA/FUA, 256p. 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Dtese formations are described and compared with those that occur on the coast of Brazil. KEY WORDS: Vegetation, Dunes, Coastal region, Phytophysionomy. ' Trabalho apresentado na 1 Reunião dos Botânicos da Amazônia, realizada nos dias 26 a 30 de junho de 1995, em Belém-PA. ^ PR-MCT/CNPq. Museu Paraense Emílio Goeldi, Departamento de Botânica. Bolsista. Caixa Postal 399. CEP 66.017-970. Belém-PA. ^ PR-MCT/CNPq. Museu Paraense Emílio Goeldi, Departamento de Botânica. Caixa Postal 399. CEP 66.017-970. Belém-PA. 237 Boi. Mus. Para. Emílio Coeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 INTRODUÇÃO O litoral amazônico ou equatorial estende-se por mais de 1.500 km, chegando em alguns trechos a atingir a largura de 100 m (Suguio & Tessler 1984), destes, 598 km fazem parte do litoral paraense, estendendo-se desde a foz do rio Amazonas até a desembocadura do rio Gurupi, divisa com o Estado do Maranhão (Diegues 1987). No litoral do Estado do Pará existe uma extensa área coberta por restingas, porém pouco estudada sob o ponto de vista botânico. O primeiro trabalho que se refere a restinga paraense foi escrito por Braga (1979), no qual descreve a vegetação da restinga como de biomassa medíocre, fisionomicamente uniforme e excessiva penetração de luz, que cresce em pequenas extensões no litoral do Amapá, Pará e Maranhão. De acordo com Santos & Rosário (1988) que estudaram a vegetação fixadora das dunas da ilha de Algodoal, Pará, esta dividi-se em florestas litorâneas (mangues), restinga (restinga propriamente dita e dunas) e campos litorâneos. Para as dunas, cita como espécies dominantes Chrysobalanus icaco L., Anacardium occidentale L. e Byrsonima crassifolia (L.) Kunth. Bastos (1988) estudou a vegetação de um campo litôraneo da ilha de Maiandeua, Muni cípio de Maracanã, Pará, composto de um estrato herbáceo e outro arbóreo-arbustivo com indivíduos isolados ou agrupados em moitas e assentado sobre areia branca com depressões coletoras de água pluvial (lagos), durante a época de maior pluviosidade. Mais recentemente Lisboa et al. (1993), esmdaram uma comunidade de restinga na Reserva Ecológica do Bacurizal em Salvaterra, ilha do Marajó. O presente trabalho visa um melhor conhecimento das dunas e restingas do litoral paraense e em especial da Praia do Crispim no Município de Marapanim, Pará, servindo de base para futuros trabalhos de fitossociologia e caracterização das diversas comunidades vegetais que vem sendo realiza- dos neste área, e com isto contribuir para um melhor entendimento deste ecossistema na Região Amazônica. 238 Composição floristica e fitofisionomia da restinga do Crispim AREA DE ESTUDO A área corresponde a uma restinga situada na Praia do Crispim, a 8 km da Vila de Marudá, Município de Marapanim no Estado do Pará. Entre as coordenadas geográficos 47°40’24” e 47°38’00” W e 00°37’06” e 00°34’42” S (Figura 1). O substrato geológico é formado na base, por rochas originadas no Pré- Cambriano que afloram, por exemplo, perto da desembocadura do rio Gurupi. As principais formações sedimentares que assentam-se sobre o embasamento são do Terciário (seqüência carbonática marinha Miocena da Formação Pirabas, recoberta por sedimentos Barreiras e Pós-Barreiras) e do Quaternário. Os sedimentos quaternário superior e do amai são arenosos e argilosos, depositados discordantemente sobre todas outras unidades, formando uma gama de ambientes como praias, planícies de maré, campo, dunas, manguezais e pântanos (Prost 1994). O clima segundo a classificação de Kõppen é do tipo “AM”; clima tropical úmido, com precipitação excessiva durante alguns meses o que compensa a ocorrência de um ou dois meses com precipitação inferior a 60 mm (Sudam 1984). A umidade média anual é de 80%. A temperamra média é de 25 °C, sendo o mês de oumbro o mais quente, com temperamra média mais alta em torno de 31 °C, e janeiro o mês de temperamra média mais baixa, em torno de 21 °C. A precipitação média anual é de 2.500 mm, sendo os meses de fevereiro e março os mais chuvosos, com média de 500 mm, e oumbro e novembro os meses de menor intensidade pluviométrica, em média 20 mm (Sudam 1984). O regime dos ventos são acenmados no verão e tem direção predomi- nante do quadrante nordeste, com velocidades média na faixa de 10 a 15 nós (Diegues 1972; Franzinellí 1982). 239 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 0*SO* 42" 0*32 '42“ 0*34’42' O* 37' 06“ Figura 1 - Localização da área da restinga do Crispim, município de Marapanim, PA. 240 Composição florística e fitofisionomia da restinga do Crispim MATERIAL E MÉTODOS A descrição das formações vegetais, foram baseadas em dados fisionômicos, e na terminologia utilizada por Araújo & Henriques (1984), modificada. O levantamento quantitativo teve inicio em 1991, durante o período de junho de 1991 a novembro de 1992, em excursões semestrais a área de estudo. O material botânico fértil foi coletado intensivamente nas diversas formações vegetais, obedecendo a metodologia convencional, ou seja, cada amostra foi composta de um ou mais ramos floridos, acompanhada, quando possível, com uma amostra de madeira. No laboratório foi procedida a rotina de prensagem, secagem, montagem, até a incorporação no herbário MG. As espécies coletadas foram identificadas por comparação com o material depositado no herbário MG, e também com ajuda da bibliografia especializada. As espécies que não foram possíveis de serem identificadas pelos métodos descritos anteriormente, foram enviados a especialistas. RESULTADOS E DISCUSSÃO A lista florística das espécies da restinga do Crispim, ainda preliminar, apresenta 250 espécies distribuídas em 73 famílias. As famílias mais importante em número de espécies foram: Cyperaceae (24 spp.), Gramineae (22 spp.), Leguminosae (20 spp.), Rubiaceae (13 spp), Myrtaceae (1 1 spp.), Eriocaulaceae (10 spp.) e Convolvulaceae (7 spp.)(Figura 2). Foram identificados até o momento sete comunidades vegetais ordena- das no sentido mar/continente em: halófila, psamófila reptante, brejo herbáceo, dunas interiores, campo entre dunas, campo de restinga e mata de restinga. 1 . HALÓFILA - Situa-se logo após a zona de estirâncio (“foreshore”), sobre pequenas elevações de aproximadamente 30 cm de altura, eventualmente lavadas pelas marés de sizígia, esta vegetação é constituída por espécies, de folhas suculentas, adaptadas a elevado teor de salinidade, que apresenta 241 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 Órgãos de resistência como rizomas e estolões, sendo um primeiro obstáculo a areia deslocada pelo vento (Pfadenhauer 1978; Bernardi et al. 1987). Nesta formação observam-se as halófitas, Sesuvium portulacastrum L. e Iresine vermicularis Moq. Durante a estação chuvosa, na região mais próxima do mar, plânmlas e propágulos de espécies típicas de mangue são lançados na praia por ocasião de marés altas, onde se desenvolvem até uma certa altura, porém não conseguem se estabelecer. CyperaDeae Gramineae Leguminosae Rubiaceae Myrtaceae Eriocaulaceae Convolvulaceae Figura 2 - Distribuição do número de espécies das principais famílias da restinga do Crispim, município de Marapanim, PA. 2. PSAMÓFILA REPTANTE - Formação vegetal sobre os primeiros cordões dunares, que variam de um a cinco metros de altura. Composto por Canavalia rosea (Sw.) DC. , Paspaliim vaginatum Sw. , Sporobolus virginicus (L.) Kunth e as Convolvulaceas, Ipomoea pes-caprae Roth e /. littorales Boiss. Além de Vigna luteola (Jacq.) Benth., há Cassyta americana Nees e Ambrosia microcephala DC. Logo após a esta formação, nota-se um manguezal com disposição paralela a linha de praia composto de Rhizophora mangle L., Laguncularia racemosa (L.) Gaertn. eAvicennia sp. , separando essas primeiras formações, da parte mais interna da restinga. 242 Composição floristica e fitofisionomia da restinga do Crispim A formação psamófila reptante esta presente em quase todo o litoral brasileiro, apresentando diferentes denominações locais e composição floristica. Lima (1960), ao estudar a fitogeografia de Pernambuco, inclui as dunas frontais e as halófilas na comunidade que ele denomina de praia, onde se enquadram as áreas em contato com o mar, solo de areia solta e vegetação rasteira, com as espécies Iresine portulacoides Moq. e Sesuvium portulacasatrum L. , as Convolvulaceas (Ipomoea pes-caprae e I. stolinifera), as Leguminosae {Canavalia rosea e Centrosema brasilianum), além das Gramineas (Sporobolus virginicus e Paspalim vaginatum) que são comuns as duas formações. Pinto et al. (1984), ao estudar a litoral nordeste da Bahia, inclui as Amaranthaceae; Althernanthera marítima (Mart.) St. Hill, Philoxerus portulacoides St. Hill e P. vermicularis Moq. e a Aizoacea; Sesuvium portulacastrum L., na formação denominada de cordão praiano. Entre os gêneros desta formação são comuns para o litoral paraense os de Leguminosae (Canavalia e Centrosema), de Convolvulaceae (Ipomoea) e de Lauraceae (Cassyta). Perreira (1990), em sua caracterização fitofisionômica da restinga de Sepetiba-ES, descreve a formação halófila, como constituída quase que exclusivamente por Blutaparon portulacoides (St. Hill.) Mears, e com uma maior riqueza de espécies que a formação psamófila reptante, sendo as mais comuns Ipomoea pes-caprae (L.) Sweet., Canavalia rosea (Sw.) DC., Sporobolus virginicus Kunth., Mariscus penduculatos (R.Br.) T. Koyama, Ipomoea littoralis Boiss e Stenotaphrum secundatum (Walt.) Kuntze. Araújo & Henriques (1984), ao analisarem a flora das restingas do Estado do Rio de Janeiro, reconhecem 12 comunidades, entre elas a denominada de halófila onde predomina Philoxerus portulacoides St. Hill. e a psamófila reptante, onde dominam as espécies Sporobolus virginicus (L.) Kunth e Ipomoea pes-caprae Roth. Waechter (1990), em seu trabalho das comunidades vegetais das restingas do Rio Grande do Sul, cita as seguintes espécies como mais comuns para as dunas marítimas: Blutaparorn portulacoides (St. Hill.) Mears, Paspalum vaginatum Sw., Hydrocotyles bonariensis Lam., Senecio 243 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 crassiflorus (Poir.) DC., Spartina ciliata Brong. en Duper., Panicum racemosum (Beauv.) Spreng., Andropogon arenarius Hackel, Androtrichum trigynum (Spreng.) Pfeiff. e Cyperus obtusatus (Presl.) Matt. et Kuken. Somente a espécie Paspalum vaginatum é comum ao litoral paraense. 3. BREJO HERBÁCEO - O brejo fica localizado no reverso dos primeiros cordões dunares, é constituído por indivíduos herbáceos com densa distribui- ção onde dominam as Cyperaceas: Fimbristylis cymosa R.Br., Eleocharis caríbae Blake e Cyperus ligularis (L.) Urb., assim como as Gramineas Paspalum vaginatum Sw. e Sporobolus virginicus (L.) Kunth. Além destas espécies, podemos encontrar Rhabdadenia biflora (Jacq.) M. Arg. , Ipomoea pes-caprae Roth e I. littoralis Boiss e, em menor quantidade, as halófilas Iresine vermicularís Moq. e Sesuvium portulacastrum L. Estão presentes também espécies arbustivas, como a Dalbergia ecastophylla (L.) Taub. Esta formação sofre influência de água. salobra por estar localizado próximo de um canal de maré que se comunica com o mar, onde um manguezal composto em sua maioria de Laguncularia racemosa (L.) Gaertn., tenta se estabelecer. Este canal, no período de cheia transborda, depositando sobre o brejo plântulas de Rhizophora mangle L. , Laguncularia racemosa (L.) Gaertn. e Avicennia germinans (L.) Stearn., as quais não conseguem atingir o estádio adulto. Bastos (1993) caracterizou uma formação brejo herbáceo da Praia da Princesa, Pará, semelhante a este da Praia do Crispim, com domínio também das famílias Gramineae e Cyperaceae. A formação brejo herbáceo é citado para outro locais do litoral brasileiro, todos apresentando em comum a presença de Cyperaceae e Gramineae e um período de inundação, como pode ser observado nas descrições de Pereira (1990), para a restinga de Setiba-ES, Araújo & Henriques (1984), Silva & Oliveira (1989) e Sá (1992), para restingas do Rio de Janeiro. 4. DUNAS INTERIORES - São dunas antigas, estabilizadas, com altura de aproximadamente dez metros, localizadas na porção mais interna, não possuindo orientação definida, cobertas por uma vegetação densa e descontínua, principalmente arbórea-arbustiva, onde se destacam: 244 Composição floristica e fitofisionomia da restinga do Crispim Chrysobalanos icaco L., Byrsonima crassifolia Ánacardium ocidentaleL., TapiriraguianensisAubL, Coccolobasp., Guettarda angélica Mart., Matayba guianensis Auh\., Simaba guianensis Aubl. subsp. ecaudata Cronq., Clusia grandifloraSpliig., C. columnaris Eng\., Acaciafarnesiana Willd., Entada polyphyllaBenth., Clitoriafalcata Lam., Copaifera martii Hayne, Eugenia biflora (L.) DC., Eugenia patrisii Vahl, Myrcia cuprea (Berg.) Kiaersk, Myrcia Fallax (Richard) DC., e os cipós Smilax sp., Funastrum clausum (Jaq.) Schltr. e Cassyta americana Nees. Bastos et al. (1995), caracterizando a vegetação da restinga da praia da Princesa, na ilha de Algodoal, Pará, destacaram fisionomicamente seis comunidades vegetais. Entre elas as dunas internas, não orientadas e relacionadas às paleodunas que apresentam as maiores elevações, com altura variando de oito a dez metros, com uma vegetação densa, coberta por árvores e arbustos, onde se destacam Tapirira guianensis Aubl., Matayba discolor (Spreng.) Radlk., Cocoloba latifolia Lam. e Andira retusa (Lam.) H.B.K. 5. CAMPO ENTRE DUNAS - Vegetação herbácea localizada entre as dunas, influenciada por períodos climáticos bem definidos; estação chuvosa, com chuvas freqüentes e afloramento do lençol freático e a estação seca. Esta formação além de espécies perenes como Lagencarpus rigidus Nees, Cyperus ligularis L. e Eleocharis caribae Blake, apresenta espécies anuais e por conseguinte uma cobertura vegetal que varia em cada período do ano. Na estação chuvosa é comum a presença de Utriculariaceae e Droseraceae, enquanto que no período seco as Eriocaulaceae chamam atenção. Bastos et al. (1995) citam para Praia da Princesa, Algodoal, uma região plana entre dunas que apresenta as mesmas características de campo entre as dunas em questão, inclusive com referência a sazonalidade das espécies. 6. CAMPO DE RESTINGA - Área bastante extensa e significativa, localizada após as dunas interiores ou interdigitadas com estas dunas, onde predomina um estrato herbáceo - formado principalmente pelas Cyperaceae Lagenocarpus rigidus Nees, Rhynchospora barbata (Vahl.) Boeck e Rhynchospora riparia (Nees) Boeck e Gramineae Axonopus pubivaginaíus Henr., Axonopus purpusii (Mez) Chase, Eragrostis maypurensis Steud. e Panicum sicaneum Trin. , e um estrato arbóreo arbustivo, composto de moitas (agrupamentos vegetais ou ilha de vegetação) ou indivíduos isolados. 245 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 com altura de aproximadamente três metros. As espécies mais representati- vas das moitas são Humiria balsamifera (Aubl.) St. Hill., Chrysobalanus icaco L., Byrsonima crassifoUa H.B.K., e varias espécies de Myrtaceae: Eugenia biflora (L.) T>C.,E. punicifolia (H.B.K.) DC. eMyrcia rufipila Mc. Vaugh.. A medida que estas moitas aumentam de tamanho e avança o processo de colonização, cresce o número de espécies e passa a ser dominada por Protium heptaphyllum (Aubl.) March., Clusia grandiflora Splitg. e Ouratea racemiformis Ule. Na borda destas moitas, como que delimitando- as instala-se uma população de Lagenocarpus rigidus Nees. Entre as formações das restingas brasileiras a que mais se assemelha a descrição é a restinga de Ericaceae, citada pela primeira vez por Ule (1967) para Cabo Frio, RJ e posteriormente por Henriques et al (1986), onde caracterizou a formação de Ericaceae, distribuída em mosaicos, cujas áreas abertas entre as moitas são dominadas por Gramineae e Cyperaceae, durante a época chuvosa a água se acumula em depressões dando aspecto de brejo a esta formação. Um fato que chama a atenção na descrição deste autor é a referência a cor do solo das áreas entre moitas que segundo ele é de cor cinza escura, no campo de restinga de Crispim este solo é de areia branca. Muitos pontos em comum podem ser observados entre esta formação e a da restinga do Crispim, como afloramento do lençol freático, substrato de areia quartzosa, estrato herbáceo intercalado por moitas e a presença de Humiria balsamifera (Aubl.) St. Hill. Bastos (1988), esmdou uma vegetação da ilha de Maiandeua a qual denominou de Restinga Arenosa Litorânea, assentada sobre areia branca, com depressões coletoras de água pluvial durante a estação chuvosa, com uma extensa cobertura herbácea e indivíduos isolados ou agrupados em moitas como; Humiria balsamifera (Aubl.) St. Hill., Byrsonima crassifoUa (L.) Kunth, Clusia grandiflora Splitg., Pagamea guianensis Aubl., Chrysobalanus icaco L. e Tapirira guianensis Aubl. 7. MATA DE RESTINGA - Esta formação ocorre no contato com o baixo planalto costeiro, composta de árvores e arbustos que apresentam em média seis metros de altura, cujos indivíduos apresentam troncos, em geral, finos e as copas pouco densas, o que permite a penetração de luz. É possível 246 Composição florística e fitofisionomia da restinga do Crispim observar uma pequena camada de matéria orgânica não compacta sobre o solo. A vegetação é composta por Platonia insignis Mart. , Acacia famesiana Willd. , Copaifera tmrtii Hayne, Hymenaea courbaril L. , Pseudimafrutescens (Aubl.) Radlk , Franchetella laterifolia (Benth.) Radlk, Protiumheptaphyllum (Aubl.) March. e as Myrtaceae Mrycia mulíiflora (Lam.) DC., M. fallax (Richard) DC. e Eugenia flavescens DC. Foi observada a presença de cipós como Arrabidaea cinamonea (DC.) Sand. A mata de restinga em estudo é físionomicamente semelhante a de Araújo & Henriques (1984) e Araújo & Oliveira (1988) no litoral do Rio de Janeiro por tratar-se de uma floresta baixa, com cerca de 4 metros de altura. CONCLUSÃO A área apresenta uma zonação bem definida, semelhantes as observadas por Bastos et al. (1995), passando-se de uma vegetação herbácea, com sedimentos inconsolidados (alta movimentação de areia), influência salina, baixos conteúdos de matéria orgânica; para uma vegetação arbórea-arbustiva, com sedimentos estáveis, presença de uma pequena camada de matéria orgânica (caracterizando formação de solo) e a diminuição da influência marinha. Para uma melhor entendimento destas unidades, serão necessários estudos qualitativos e estruturais dessas comunidades vegetais. Cabe salientar que na área se observa um acelerado processo de destruição das dunas para retirada de areia e a especulação imobiliária, facilitado com a pavimentação da estrada, em dezembro de 1991, que dá acesso à praia. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pela concessão de Bolsa de Iniciação Científica a Salustiano Vilar da Costa Neto (proc. 500.385/90-4). À prof® Dorothy Sue Dunn de Araújo, pesquisadora da FEEMA, e à pesquisadora Cristina Senna, pelas críticas e sugestões. 247 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, D.S.D. & HENRIQUES, R.P.B. 1984. Análise florística do Estado do Rio de Janeiro. In: RESTINGAS: origem, estrutura e processos. Niterói, CEUFF, p. 159-193. ARAÚJO, D.S.D. & OLIVEIRA, R.R. 1988. Reserva Biológica da Praia do Sul (Ilha Grande/Estado do Rio de Janeiro): Lista preliminar da flora. Acta Bot. Bras. Rio de Janeiro, 1 (2): 83-94. Suplemento. BASTOS, M.N.C. 1988. Levantamento florístico em restinga arenosa litorânea na Ilha de Maiandeua- Pará. Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot., 4(1): 159-173. BASTOS, M.N.C. 1993. Análise fitossociológica da formação brejo herbácea da Praia da Princesa, Maracanâ-PA. CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, Resumo. São Luís, UFM. 2: 263. BASTOS, M.N.C.; ROSÁRIO, C.S. & LOBATO, L.C.B. 1995. 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São apresentados dados referentes à composição florística e estrutura das duas áreas, obtidos através da aplicação do método de quadrantes. PALAVRAS-CHAVE; Fitossociologia, Matas ciliares. Pantanal. ABSTRA CT- This paperpresents phytossociological data about nvo areas of the gallery forest in the pantanal (wetland) of the Mato Grosso State. The first area is localized in the margin ofthe Bento Gomes riverand the second in the margin ofthe Cuiabá river, both belonging to the pantanal of Poconé. Data concerning tofloristic composition ofthe studied areas are presented too. KEY WORDS; Phytossociology, Gallery forest, Wetland. * Universidade Federal de Mato Grosso. Instimto de Bioeiências - Departamento de Botânica e Ecologia. Bolsista/CNPq. Cep 78060-900. Cuiabá-MT. 251 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 INTRODUÇÃO Estudos fitossociológicos em matas ciliares no pantanal mato-grossense são escassos (Guarim et al. 1992). Essas áreas estão sujeitas a uma dinâmica própria e bastante frágil, e que contribuem signifícativamente para a vida dos próprios rios. Entre os estudos que destacam as matas ciliares pantaneiras, enumerando os elementos florísticos que a compõem, vale ressaltar os de Veloso (1947), Prance & Schaler (1982); Guarim Neto (1984, 1991, 1992); Paula (1986); Conceição & Paula (1990) e Pott & Pott (1994), que tratam especificamente da composição florística do pantanal e simam as espécies de ocorrência nas matas ciliares da região, sem entretanto aprofundar no esmdo da estrutura dessa matas. O pantanal mato-grossense apresenta uma heterogeneidade de paisa- gem, com uma fisionomia que o distingue em diversos pantanais, com características próprias, ecológica e floristicamente diferenciáveis (Adámoli 1982; Alvarenga et al. 1984). A área dos pantanais mato-grossenses ocupa cerca de 133.465km^ com altitudes que variam de 80 a 150 metros. O declive leste-oeste, na área dos pantanais faz com que as águas dos seus afluentes cheguem lentamente ao rio Paraguai e, como conseqüência ocorre o alagamento constante da área. No pantanal mato-grossense, os rios são de extrema importância para a dinâmica da região. Entre esses rios, o Bento Gomes, o Paraguai e o Cuiabá destacam-se no contexto vegetacional das matas ciliares, que se apresentam com uma fisionomia diversificada, ao longo de suas extensões, propiciando abrigo e alimento para a fauna, incluindo o próprio homem. Dessa forma, as matas ciliares são fundamentais no pantanal, principal- mente no que concerne aos aspectos da sua manutenção, enquanto áreas que sofrem acelerada alteração e que apresentam uma biodiversidade florística considerável, se analisada sob o ponto de vista biológico (Guarim Neto 1992). A conservação dessa biodiversidade adquire caráter de indiscutível importância o que pode ser evidenciado no trabalho de Durigan & Nogueira (1990), onde alertam que muito se tem discutido sobre a necessidade de recomposição das matas ciliares que outrora protegiam as margens dos corpos d’ água, evitando o assoreamento, regularizando a vazão dos rios e fornecendo abrigo e alimentação para a fauna. 252 Fitossociologia de matas ciliares no pantanal matro-grossense O objetivo deste estudo é o de contribuir para o conhecimento da estrutura da vegetação de matas ciliares no pantanal mato-grossense, iniciando uma série de publicações específicas para essas áreas, que compõem a importante formação biogeográfica da América do Sul - o pantanal. METODOLOGIA Os estudos fitossociológicos foram realizados em duas áreas de mata ciliar, uma simada na localidade denominada de Porto Cercado, às margens do rio Cuiabá, outra, às margens do rio Bento Gomes, próxima de Poconé, ambas inseridas no pantanal de Poconé, que tem cerca de 15.800km^ (Adámoli 1982), no município de mesmo nome (Figura 1). Utilizou-se o método de quadrantes, conforme descrito e discutido por Curtis (1950) apud Cottam & Curtis (1956) e Martins (1991) e utilizado por Zipparro & Schlittler (1992). Para cada área, foi definido um transecto ao longo das áreas da mata ciliar, estabelecendo-se 50 pontos amostrais, equidistantes em 10 metros, entre si. Em cada ponto foram definidos quatro quadrantes, sendo medidos e considerados os quatro indivíduos mais próximos de cada ponto, com lOcm ou mais de circunferência à altura do peito. Foram anotados ainda, a almra desses indivíduos, seus nomes vulgares e usos na região. Os parâmetros fitossociológicos analisados foram os de freqüência absoluta (FA), freqüência relativa (FR), distância corrigida individual (DCI), área basal (AR.BAS), densidade absoluta (DA), densidade relativa (DR), dominância (DoM), dominância relativa (DoR), índice de valor de cobertura (IVC) e o índice de valor de importância (IVI), de acordo com o usual em estudos dessa namreza. O material botânico coletado encontra-se depositado no Herbário da Universidade Federal de Mato Grosso, compondo o seu acervo. 253 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 12(2), 1996 254 Filossociologia de matas ciliares no pantanal matro-grossense RESULTADOS A Tabela 1 apresenta um quadro resumido dos dados obtidos na duas áreas de mata ciliar esmdadas no pantanal de Poconé. Tabela 1 - Dados referentes às áreas de matas ciliares estudadas nos rios Cuiabá e Bento Gomes. PARÂMETROS RIO CUIABÁ RIO BENTO GOMES N° de indivíduos 200 200 N“ de famílias 23 19 N° de gêneros 29 23 N° de espécies 31 25 Distância média (m) 2,57 2,44 Área média (m^) 6,60 5,95 Densidade total (arv/ha) 1515 1681 Freqüência total 340 280 Área basal total (m^) 3,08 4,54 Dominância total (mVha) 1,16 1,91 Nas Tabelas 2 e 3 encontram-se os dados referentes às espécies amostradas nas áreas estudadas, com seus correspondentes dados estruturais. 255 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 12(2), 1996 rs Z ^ 3 Cd B D o u- •a «u ^ Cd r\ O Uh .. 'Cd O O 5 " “ < .2 ca c oí Uh ^ D- O •O Uh _o "cd > (J T3 0) O •5 c > 300 K od rí — ' o oC r-- rt Tt rf -T o o Os r- <3 »n »n -«t Tí- cn cn CO ■ví oo" oo" oC -C rí — ' o' oC oo' m r' m >0 ts 'a o o o o o r, 05 S SS 2 B $ íHf= 2 S S S S S S g 100 Q S o ov--o;Qr2íDK5t5!2S2?!2222SS2SSSggBBSoQ í:S2;3ãSSSSSS S Õ S Õ S S 5 8 8 S 8 8 8 8 8 § | 888 1,16 Q o‘ o' o' o' o" o" o" o' o' o' o o' o' o' o' o o o o o o o o o o o ^ ^ ^ ^ ^ DR u^oo^noino-no-nu^iioo o o ■n O o lO O o o .0 >n -n -o 8 r^' rí m' — ' 00 ' oo" 00 ' ví Tf Tf rí -í rí n r) cs — — ' — — — 0 0 0 0 0 0 0 < S8S2S°o-S S S 00 S M Ís « ÍS 8 2 5^ i2 2 2 !G g g m B s Q tn oC rí *-^ vcT ^ 'O ^ ^ ^ ^ ® ^ »o r- 00 < Ç S “ IS ^ 0 2 ; íi:: Z 3 w 3 2 ã 0 0 0 ^ 0 ^ 0 0 S. 0 0 q q 0 q q 0 q 3,08 CQ oi ^ q" q" q* ^ ^ ^ cT cT cT Cí cT 0000000000000000000 *< ü ^S§:SSSS2S5?í2SS§Kg? 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Bot. 12(2), 1996 A Tabela 4 apresenta as famílias ocorrentes nas duas áreas, compa- rando o número de espécies (SPP), de indivíduos (N) e o índice de Valor de Importância (IVI), em ordem decrescente do IVI para o rio Cuiabá. Tabela 4 SPP N IVI FAMÍLAS LEGUMINOSAE SAPINDACEAE MORACEAE STERCULIACEAE VERBENACEAE POLYGONACEAE HIPPOCRATEACEAE EUPHORBIACEAE LAURACEAE ANACARDIACEAE MELIACEAE BORAGINACEAE ERYTHROXYLACEAE ANNONACEAE RUBIACEAE COMBRETACEAE FLACOURTIACEAE BIGNONIACEAE CHRYSOBALANACEAE SAPOTACEAE MYRTACEAE GUTTIFERAE CAPPARIDACEAE MELASTOMATACEAE DILLENIACEAE APOCYNACEAE VOCHYSIACEAE OCHNACEAE RC BG RC 06 03 33 01 02 26 02 01 20 01 - 06 01 - 03 01 03 16 01 - 17 01 01 16 01 01 08 02 - 06 01 01 09 01 01 06 01 01 05 01 - 06 01 02 04 01 - 13 01 01 04 01 - 03 01 01 03 02 - 02 01 01 02 01 01 01 01 - 01 - 01 - - 01 - - 01 - - 01 - - 01 - BG RC BG 10 54,68 17,47 10 28,90 10,37 22 28,22 68,65 - 22,18 - - 21,34 - 31 20,15 35,96 - 19,87 - 03 17,58 3,86 04 14,25 5,88 - 12,00 - 28 11,28 29,39 01 9,34 1,68 08 6,31 10,84 - 5,86 - 11 5,26 14,50 - 4,36 - 07 4,12 11,08 - 3,55 - 02 3,46 3,07 - 2,62 - 13 2,34 16,52 28 1,12 26,24 - 1,12 - 13 - 27,71 02 - 7,73 03 - 4,45 03 - 3,59 01 - 1,26 299,91 301,25 RC= rio Cuiabá. BG= rio Bento Gomes. 258 Fitossociologia de matas ciliares no pantanal matro-grossense Na Tabela 5 estão listadas as espécies amostradas, ordenadas nas suas respectivas famílias, com seus nomes vulgares (NV) e uso regional (UR). Tabela 5 TAXA NV UR ANACARDIACEAE Mangifera indica L. Spondias lutea L. mangueira cajá comestível, medicinal frutos comestíveis ANNONACEAE Unonopsis lindmannii R. E. Fries pindaíba-preta ornamental APOCYNACEAE Aspidosperma cylindrocarpon M. Arg. peroba-rosa madeira BIGNONIACEAE Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standley ipê-roxo madeira, medicinal BORAGINACEAE Cordia glabrata (Mart.) A. DC. louro madeira, ornamental CAPPARIDACEAE Crataeva tapia L. cabaceira isca de pesca CHRYSOBALANACEAE Licania parvifolia Hub. pimenteira apícola COMBRETACEAE Combretum leprosum Mart. came-de-vaca madeira, medicinal DILLENIACEAE Curatella americana L. lixeira lixa caseira ERYTHROXYLACEAE Erythroxylum deciduum St. Hil. pimenteirinha ornamental EUPHORBIACEAE Mabea fistulifera Mart. ornamental FLACOURTIACEAE Casearia aculeata Jacq. espeteiro forrageira GUTTIFERAE Calophyllum brasiliense Camb. guanandi madeira, medicinal Rheedia brasiliensis (Mart.) Pl. & Tr. bacupari comestível, madeira HIPPOCRATEACEAE Salada elliptica (Mart.) G. Don siputá frutos comestíveis LAURACEAE Ocotea suaveolens Hassler canela ornamental, madeira 259 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 TAXA NV UR LEGUMINOSAE Cassia grandis L. Inga affinis DC. Inga fagifolia (L.) Willd. Inga marginata Willd. Pterodon sp. cana-fístula ingá ingá ingá ornamental frutos comestíveis frutos comestíveis frutos comestíveis MELASTOMATACEAE Mouriri guianensis Aubl. roncador isca de pesca, madeira MELIACEAE Trichilia elegans A. Juss. cachuá medicinal MORACEAE Brosimum lacíescens (Moore) Berg Cecropia pachystachya Tréc. leiteiro embaúba látex medicinal, madeira MYRTACEAE Myrcia ambígua DC. frutos comestíveis OCHNACEAE Ouraiea castaneifolia Engl. ornamental POLYGONACEAE Coccoloba ochreolala Wedd. Coccoloba mollis Casar. Triplaris americana L. uvinha novateiro frutos comestíveis ornamental madeira RUBIACEAE Chomelia obtusa Cham.& Schl. ornamental Duroia saccifera Benth. ornamental Psycholria canhaginensis Jacq. ornamental SAPINDACEAE Cupania oblongifolia Mart. Cupania vernalis Camb. camboatá camboatá madeira madeira SAPOTACEAE Chrysophyllum marginatum Radlk. Pouteria glomerata (Miq.) Radlk. leiteirinho laranjinha frutos comestíveis frutos comestíveis STERCULIACEAE Guazuma ulmifolia Lam. chico-magro medicinal, madeira VERBENACEAE Vitex cymosa Bert. tarumã madeira, comestível VOCHYSIACEAE Vochysia divergens Pohl cambará madeira, medicinal 260 Fitossociologia de matas ciliares no pantanal matro-grossense DISCUSSÃO E CONCLUSÃO No levantamento fitossociológico das matas ciliares do pantanal mato- grossense, foi amostrado um total de 41 espécies arbóreas, distribuídas em 37 gêneros e 28 famílias. Estas espécies representam floristicamente as duas áreas de amostragem, do rio Cuiabá e do rio Bento Gomes. Os resultados da Tabela 1 mostram os dados dos principais parâmetros considerados, comparando as duas áreas de mata ciliar, objeto deste estudo, onde pode-se perceber uma variação nesses parâmetros. Nas Tabelas 2 e 3, estão listadas, em ordem decrescente de IVI (índice de Valor de Importância), as espécies amostradas em cada uma das áreas e seus respectivos parâmetros fitossociológicos. A análise dos dados dessas tabelas mostra que as espécies que compõem floristicamente as duas áreas, na posição de IVI, diferem, garantindo às suas matas ciliares espécies que determinam a comunidade vegetal. Isso mostra que as espécies definem o ambiente. Na área do rio Cuiabá, a espécie de maior IVI é Inga affinis DC., com valores altos de área basal e no rio Bento Gomes, Brosimum lactes cens tem valores elevados de área basal. Estas e outras espécies apresentam-se em destaque, com altos valores de IVI, em função, principalmente, do porte elevado dos indivíduos, com valores altos de DoR e não devido ao número alto de indivíduos. Esta estratégia de ocupação pode ser observada por Cupania oblongifolia Mart. , no rio Cuiabá, onde a espécie apresenta o quarto maior IVI e na mata ciliar do rio Bento Gomes, Trichilia elegans A. Juss. e Rheedia brasiliensis (Mart.) Pl. & Tr. são as espécies que ocupam a segunda e quarta posições de IVI, respectivamente. Por outro lado, na Tabela 4, ordenada a partir dos valores decrescentes de IVI das famílias presentes na área de mata ciliar do rio Cuiabá em comparação com aquelas do rio Bento Gomes, pode-se perceber, através dos dados apresentados, a variação a nível das famílias presentes nas duas áreas bem como salienta-se aquelas que ora ocorrem em apenas uma das áreas. Na Tabela 5 os dados salientam as espécies amostradas, com seus nomes vulgares e usos regionais, onde cerca de 30% das espécies são reconhecidamente utilizadas como produtoras de frutos comestíveis e como alimento de ictiofauna. De modo amplo, o uso das espécies amostradas nas 261 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 duas áreas de mata ciliar do pantanal mato-grossense, na região de Poconé, abrange categorias que envolvem os frutos comestíveis, as plantas medici- nais, ornamentais, madeireiras, apícolas, forrageiras bem como aquelas usadas como isca de pesca e mesmo o próprio látex. A importância dos frutos produzidos por essas espécies, na alimentação da ictiofauna é um dado que também justifica a conservação e preservação das matas ciliares dos rios Cuiabá e Bento Gomes, rios estes imprescindíveis na bacia pantaneira. Portanto, as matas ciliares do pantanal mato-grossense estão constitu- ídas de espécies que as caracterizam floristiscamente, onde os cursos d 'água e os seres que os habitam dependem da sua efetiva manutenção. As matas ciliares são, sem dúvida, elementos imprescindíveis na composição das diferentes fisionomias do pantanal, cujas unidades de paisagem são definidas através dos seus componentes e das relações que aí se processam. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADÁMOLI, J. 1982. O pantanal e suas relações fitogeográficas com os cerrados. Discussão sobre o conceito de complexo do pantanal. CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 32. Anais: 109-119. ALVARENGA, S.M.; BRASIL, A.E.; PINHEIRO, R. & KUX, H.J.H. 1984. Estudo geomorfológico aplicado à Bacia do Alto rio paraguai e pantanais mato-grossenses. Boi . Téc. Proj. RADAMBRASIL. 1:89-187. CONCEIÇÃO, C.A. & PAULA, J.E. 1990. Contribuição ao conhecimento da flora do pantanal mato-grossense. Rev. Cient. e Cult. 5(1): 13-22. COTTAM, G. & CURTIS, J.T. 1956. The use of distance measures in phytossociological ampling. Ecology, 37(3):451-460. DURIGAN, G. & NOGUEIRA, J.C.B. 1990. Recomposição de matas ciliares. IFSer. Reg. 4:1-14. 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Constatou-se que o manejo é realizado com o desbaste de petfilhos na touceira e desbaste dos estipes para extração do palmito. Entre outras atividades o aproveitamento das partes vegetativas como adubo; produção de mudas e a proteção da cabeça do palmito para evitar a perda de umidade e o e.xcesso de ressecamento. O tratamento da água deve ser mais efi caz para o preparo da conserva, aumentando-se as dosagens de produtos químicos adequados. O palmito do Marajoí enquadra-se nos padrões de qualidade à comercialização, além de estar associado a conservação da espécie em função do manejo. PALAVRAS-CHAVE: Euterpe oleracea. Comunidade, Manejo, Palmito. ABSTRACT - Was visited areas ofnative açai in the communityes of Marajó river, country of Gurupá, Pará State. Was observed the managemente and production of the hearth palm in consen’e. The people in this area use to pare sprouts in to clump for extraction of hearth palm. They use the vegetative parts with fertilizer for seedlings production. The water treatment can be more ejficient for conserve preparation using adequate Chemical products. The hearth palm from Marajoí is under ofthe estandart ofquality and commercialization. KEY WORDS: Euterpe oleracea, Community, Management, Hearth Palm. * Trabalho apresentado na I Reunião dos Botânicos da Amazônia, realizada nos dias 26 a 30 de Junho de 1995, em Belém, Pará. ^ PR-MCT/CNPq. Museu Paraense Emílio Goeldi - Depto. de Botânica. Bolsista de Iniciação Científica - PIBIC. Caixa Postal 399, CEP 66.040-170. Belém-PA. ^ PR-MCT/CNPq. Museu Paraense Emílio Goeldi - Depto. de Botânica. Caixa Postal 399, CEP 66.040-170. Belém-PA. 265 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 INTRODUÇÃO Nas várzeas do estuário amazônico, a palmeira açaí {Euterpe oleracea Mart.) representa um dos principais produtos extrativistas das comunidades ribeirinhas (Guedes et al., 1995; Lopes, 1982). O processo de aproveitamen- to concentra-se na extração de frutos e palmito. Na maior parte dos municípios estuarinos os frutos são considerados sustento ou complemento na alimentação. O palmito abrange o comércio das fábricas ou indústrias localizadas na sede do município onde ocorre a extração ou na capital paraense. Nos últimos anos, o acréscimo da comercialização do palmito tem prejudicado a conservação das populações nativas dos açaizeiros. O palmito tem sido retirado de forma indiscriminada, de tal maneira que algumas áreas encontram-se degradadas. Considerando-se desde a forma de extração à situação econômico-alimentar das comunidades ribeirinhas, o processo extrativista do palmito não sofreu mudanças nos últimos anos, onde a única classe beneficiada é a dos proprietários de fábricas ou indústrias. Este trabalho tem por objetivo avaliar a forma de manejo e o beneficiamento do palmito em conserva nas áreas de várzeas, pertencentes aos moradores das comunidades do Marajoí, no município de Gurupá, Estado do Pará. METODOLOGIA Foram realizadas entrevistas com 30 moradores das comunidades localizadas no baixo, médio e alto Marajoí, e nas respectivas áreas de manejo de açaizais. Coletou-se amostras do palmito em conserva e água para posterior análise na Unidade Laboratorial da SESPA (PA). RESULTADOS E DISCUSSÕES O manejo dos açaizais envolvem o desbaste de estipes altos, finos e com baixa produção de frutos; raleamento por corte ou anelamento de espécies arbóreas sem valor econômico local ou utilizadas apenas como lenha. Este 266 Avaliação das populações nativas de açaizeiro sistema de manejo é ideal para rotação de cortes de plantas adultas, raleamento seletivo de concorrência e desbaste seletivo nas touceiras de açaí (Bovi 1993; Calzavara 1972, 1976, 1987; Costa 1973; Jardim & Anderson 1987). O adubo namral de partes vegetativas do açaizeiro como: folhas, frutos, cachos secos e envoltório foliar do palmito pode ser aproveitado diretamente na base da touceira. Segundo (Calzavara 1992), os resíduos provenientes da retirada do palmito podem ser utilizados como ração para bovinos e suínos, após a decomposição. São ainda um excelente adubo orgânico para hortaliças e frutíferas. A produção de mudas em viveiro é uma das alternativas para recompor áreas onde os açaizais são precários como por exemplo: capoeiras e áreas de elevada extração de palmito. Segundo Calzavara (1987), a produção de mudas por sementes é muito mais rápida e viável, as mudas poderão ser produzidas por sementes de boas plantas matrizes. A produção do palmito em conserva é um processo artesanal utilizado na maioria das áreas visitadas. Nascimento & Silva (1990) afirmam que a produção do palmito em conserva passou a constimir-se um dos principais itens de exportação do extrativismo vegetal do estado. (Brabo 1979); (Calzavara 1987), descrevem a produção de palmito em conserva com o seguinte processo: classificação da matéria-prima, descascamento, colo- cação na salmoura, colocação nas latas, salmoura especial, banho-maria, recravamento, resfriamento, e finalmente o transporte. No Marajoí o processo é semelhante, modificando-se apenas a embalagem do produto. A preparação da salmoura envolve 2 kg de sal + 300 g de ácido cítrico em 50 litros de água. A água utilizada vem do rio Marajoí, segundo informantes locais é fervida ou então adicionam doses de hipoclorito. Os vidros e tampas são cedidos pelo comprador do produto. O morador local ainda paga R$ 3,00 pelo Kg de ácido cítrico (chamado de sal). Após todo o preparo a conserva é vendida aos comerciantes ao valor de R$ 0,30. Após 0 corte da cabeça de palmito inicia-se o processo enzimático provocando manchas de coloração marrom escura na parte apical. Este processo ocorre devido a exposição duradoura à temperatura e umidade. O processo enzimático atrai insetos da ordem coleoptera que provocam 267 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 perfurações e danos na matéria prima. Em alguns casos, estes palmitos são recusados pelo comprador. A Composição físico-química e microbiológica comprovou que trata- se de um produto que atende as normas legais vigentes para comercialização do palmito próprio para consumo. A presença de coliformes fecais e 5. aureus encontradas em baixas proporções não invalidam o uso do produto. Esta contaminação está associada ao tipo de água utilizada no preparo da salmoura e minimizada em função do tipo de tratamento químico utilizado no local. Aconselha-se tornar mais eficaz o tratamento da água aumentando-se a dosagem de produtos químicos adequados. Detectou-se em uma amostra de água no médio Marajoí que encontra-se sem condições de uso, tanto para a balneabilidade como para uso industrial, sendo necessário passar por um sistema de tratamento. CONCLUSÕES As populações de açaizais nativos localizados nas áreas visitadas na comunidade do Marajoí, representam exuberante potencial extrativista com matéria-prima para frutos e palmito. A ação comunitária nas atividades do manejo dos açaizais vem integralizar o processo homem x planta x produto, no qual a verdadeira ação de produzir associa-se a arte de preservar. Neste caso torna-se necessário o desbaste de todos os perfilhos novos e juvenis; raleamento da mata, tendo-se o cuidado de não permitir a entrada de luz excessiva; o desbaste de estipe em função do tipo de palmito; o aproveitamento de adubo orgânico com partes vegetativas da planta; a proteção da cabeça de palmito logo após o corte pode ser feita com material plástico, lona ou papel que impedirá a perda de umidade e excesso de ressecamento, e o tratamento da água deve ser mais eficaz para o preparo da conserva, aumentando-se as dosagens de produtos químicos adequados. Finalmente, o palmito extraído na comunidade do Marajoí enquadra-se nos padrões de qualidade à comercialização, além de estar associado a conservação da espécie em função do manejo praticado e com garantia de rotatividade produtiva para frutos e palmito. Todavia, o processo de 268 A\aliação das populações nativas de açaizeiro cooperativismo entre os moradores poderá ser uma solução e a curto prazo, através do planejamento de ações de manejo, produção e comercialização de frutos e palmito. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOVI, M.L.A. 1993. Açaí - informações básicas para a exploração e cultivo. Campinas, Instituto Agronômico de Campinas, 14 p. BRABO, M.J.C. 1979. Palmiteiros de Muaná - Estudo sobre o processo de produção no beneficiamento do açaizeiro. Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, nova sér. Belém, (73). CALZAVARA, B.B.G. 1972. As possibilidades do açaizeiro no estuário amazônico. Boi. Fac. Ciênc. Agrár. Pará. Belém, (5);1- 103. CALZAVARA, B.B.G. 1976. As possibilidades do açaizeiro no estuário amazônico. Turialba, IICA. CALZAVARA, B.B.G. 1987. Recomendações básicas - n. 3. Belém, EMBRAPA/CPATU, set. CALZAVARA, B.B.G. 1992. Lições de um pioneiro na pesquisa do açaí. 16p. (Informativo Beira do Rio, 35). 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Belém, 29 p. 269 CDD: 582.0464 582.0467 CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE FRUTOS E GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE ESPÉCIES ARBÓREAS NATIVAS DA AMAZÔNIA^ Inm Célia Guimarães Vieira^ Nancy Galvãd^ Nelson de Araújo Rosa^ RESUMO - A análise das características de frutos e sementes de 120 espécies arbóreas da Amazônia revelou que drupas e bagas são os tipos de frutos mais freqiientes. A maioria das espécies (65%) têm frutos entre I e 5 eme 40% das espécies têm frutos mais pesados que 10 g. /lí sementes, por sua vez, são menores do que 10 cm e a maioria (60%) e mais leve do que 1 g. Mamíferos dispersam sementes mais pesadas do que pássaros. Testes de germinação de 23 dessas espécies, em condições controladas de luz e temperatura, mostraram que a maioria apresenta dormência de sementes e que apenas 30% germinaram na presença de luz. Germinação cryptocotiledonar foi mais frequente. PALAVRAS-CHAVE: Morfologia do fruto. Flora amazônica. Dispersão de sementes. Germinação de sementes. ABSTRA CT - The morphological anaiysis offruits and seeds ofl20 tree species ofthe Amazonian flora revealed that drupes and berries were the most frequent. The majority of species (65%) have fruits between 1 and 5 cm and 40% ofthe species had fruits heavier than 10 g. Almost 607o ofthe seeds were smallerthan 1 g. Mammals disperse larger seeds than birds. Germination tests of23 ofthese 1 Trabalho apresentado na 1 Reunião dos Botânicos da Amazônia, realizada nos dias 26 a 30 de junho de 1995, em Belém, Pará. 2 PR-MCT/CNPq. Museu Paraense Emílio Goeldi. Depto. de Botânica. Caixa Postal, 397. CEP 66.017-170. Belém-PA. 3 Universidade Federal do Pará. Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia. IPAM. Bolsista. CEP 66.075-110. Belém-PA. 271 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 species under controlled temperature and light conditions showed tliat only 30 % had a higli germination rate under light and that cryptocotilar germination was the most frequent. KEY WORDS; Fruit morphology, Seed dispersai, Amazonian flora, Seed germination. INTRODUÇÃO A morfologia de frutos e sementes tropicais tem atraído atenção de muitos botânicos e as informações estão em livros e publicações sobre taxonomia (Corner 1976; Van der Roosmalen 1977). Entretanto, existem poucas informações sobre descrições detalhadas da dispersão e germinação de frutos e sementes de espécies tropicais (Janzen 1970; Ng 1978; Van der Pijl 1982; Roth 1987; Vazquez-Yanes & Orozco-Segovia 1990). O conhecimento sobre as características de frutos e sementes das espécies contribuem para o entendimento da regeneração e manejo das florestas tropicais. Na Amazônia, alguns dos fatores que limitam a regene- ração florestal após perturbação da floresta, estão diretamente relacionados com as características da semente (Martini et al. 1994; Nepstad et al. s.d.; Vieira et al. s.d.). Este trabalho descreve algumas características de frutos e sementes de uma parte da flora arbórea da Amazônia, incluindo os padrões de dispersão e germinação e discute a relação entre os padrões encontrados e a recolonização florestal de áreas perturbadas no leste do Pará. MATERIAL E MÉTODOS Caracterização dos frutos e sementes Os frutos e sementes foram coletados, ainda frescos no chão de florestas remanescentes do leste do Para (floresta da Fazenda Monte Verde, município de Peixe-Boi e floresta do Mocambo, município de Belém), acondicio- nados em sacos plásticos e levados ao laboratório para identificação e caracterização. 272 Caracterização morfológica de frutos e germinação de sementes A determinação das dimensões foi obtida, mediante a utilização de paquímetro, estabelecendo como parâmetro de comprimento e largura o sentido longitudinal e transversal, respectivamente. O peso fresco foi obtido com 0 auxílio de balança analítica. Após secagem do material em estufa a 40°C- 60°C por um período de 3 a 7 dias (dependendo da espécie e do tipo de fruto), os frutos e sementes foram novamente pesados para a determinação do peso seco. Os valores de peso e tamanho apresentados, referem-se a média aritmética da amostragem de cada espécie, de acordo com a disponibilidade de propágulos encontrados na floresta primária, (3 a 20 amostras por espécie). Os frutos e sementes foram agrupados em muito pequenos (< 1 cm), pequenos (1-5), médios (5-10 cm) e grandes (> 10 cm) para a apresentação gráfica. Quanto ao padrão de cor foram agrupados em claros, todos os frutos e sementes de coloração amarela, verde e suas derivações. Em escuros, todos aqueles de coloração preta, marrom, vermelha e suas derivações. Foram avaliadas 120 espécies, abrangendo 40 famílias e 87 gêneros, incluindo 68 espécies com alto valor madeireiro (Tabela 1). Germinação de sementes Foram realizados testes de germinação de sementes de 23 espécies arbóreas, em condições controladas de luz e temperatura. A escolha das espécies baseou-se na disponibilidade de no mínimo 40 sementes viáveis para a realização do teste. As sementes recém coletadas foram submetidas à temperatura constante de 27°C na ausência e presença de luz, em uma câmara de germinação marca FANEM modelo 347, equipada com 4 lâmpadas fluorescentes de 40 watts. Grupos de sementes (número variável dependendo da disponibilidade de sementes de cada espécie) foram colocados em gerbox previamente esterilizados com álcool, usando como substrato papel de filtro umedecido com água destilada, até atingir aproximadamente 90% de umidade. Foram utilizadas 4 repetições de no mínimo 10 sementes cada (dependendo da espécie). As avaliações e contagens das sementes germi- nadas foram realizadas diariamente, durante 40 dias. 273 Campomanesia arommica Myrtaceae 20.9x23.3 6.16 S.IkòJ 0.18 Mamífero Lenha, Carvão (Aubl.) Griseb. Carapa guianensis fíuh\. Meliaceae 67.5x150 45.0x36.1 18.81 Mamífero Madeireiro, medicinal (fruto; Caracterização morfológica de frutos e germinação de sementes a o S CO 'O Cl o. o. B rt S o d U S XI a < 5 5 H i o &■ t3 E «0 s E o o •S -o o H ea tS « »eo •s e s s E CO U •5 i ç/5 Ü < a Q §■ a B eo O) (N u J 3 a <3 Oo § •C) P c u > (S o d d g 2 d d U < B a S ^ 1° Q Q & .§• a c: o -c 275 Iryanlhera juruensis Warb. Myristicaeae 15.5x19.5 6.20 22.5x14.5 2.68 Mamífero, pássaro Lenha, carvão, vara Iryanthera sagotiana (Benth.) Warb. Myristicaeae 26.5x35.8 13.63 13.3x22.2 2.07 Pássaro Madeireiro /acarando copa/a (Aubl.) D. Don. Bignoniaceae 185.3x90.7 104.2 15.0x30.0 0.12 Vento Madeireiro Caracterização morfológica de frutos e germinação de sementes c ,2 E E CQ (d a. < U Q 3 Q a ^ _ > ■i 2S 'C O •g 1 1 i III r- ^ \6 X X CsJ ^ — fN m X X X cn ® U-5 u '3 *3 ■B B a j j u < .3 (j O) t h •r -3 « I s -ê *2 TS «2 4> :s a cu — I 1 1 3 & & a ^ ^ E s J= u CQ a 0 1 -s; .Q i I 3 3 CQ 5 t t t t t •g -g •§ -g -g ^ ^ ^ j >2 Cu CQ oa CQ CQ o d — r>- 00 00 00 fS -«t o ri «N «— P 'O ^ as 00 Tt d d •r» 00 — W W W W 4> 1 i .g a .S c U* o. o. o. Q. 'õ. J= 3 3 3 3 « U UJ CÜ tÜ U C/^ *— «- ^ I O K I <3 2* 2? 2 I I 3 S 5 .D 3 < 277 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 s. V) Q u u — « ro S 2 S 2 > •£ c 8 & -g 6 2 « u s u o u Q 3 Q §■ -i -a _ 5 ^ .2 -c 5 ^ Q. a. a S P P S 2 I t O. O vo d 2 o e H •P I -r. -3 > S s tu s e •o *0 Ê CO s o — d d (N »< O íS «Ti •c^ as Ci. d & B CO 2 o d i£ 2 5 Q d E "g ^ 8 2 1 Ê CO s o d 8 o CQ d Ci. 5 5 ^ -c §* ^ ^ u :g:g:gía:^oooo o o 278 Parinari montana fKuh\. Chrysobalanaceae 26.0x43.0 23.0x15.0 Mamífero Madeireiro, frutos comestíveis Caracterização morfológica de frutos e germinação de sementes •- E E CQ 2 .c U 'C o c c iS s CQ s S) ^ vo oo O r«-' o d o o o B B B is is is £: ^ o .= .= .= .= 2 lllll E E cQ n B B s s S u -1 o Tj- m fS — ‘ O d — — . 00 • >< X X X •rr o 00 in d wS rò «r> — 2 o cx o ê- a - ^ A •Si ”5 o o > ^ ^ Q_ CL S W 2 S '« o. w*) lO d Ov ÍN -- B CQ d 00 — — XXX r-. Tt — — •a íO 2 S 'W a B w o ri íS ^ uu ^ (N Os — »n ó 00 Tf 00 ò ON vS ^ ^ — 00 fS rs — — vo «n t-, 00 00 — 1/^ rn O d ^?á§ySÊ-B*.s 2 S .2 .2 a rt w o, <2i o .b .t= 2 g 8 15 •si2ppo§S^ 3 .2 § 5 g* « J ü>X3:c^wwu p Ü «3 •5 § 5 U Q < ? 5 è. 0 Ci. •2 1 o o S O o d cc .5 > u 3= „■ o ê- 280 Caracterização morfológica de frutos e germinação de sementes RESULTADOS Caracterização dos frutos e sementes As características de frutos e sementes de 120 espécies arbóreas da Amazônia estão apresentadas na Tabela 1, incluindo o uso econômico das mesmas. Os tipos de frutos mais encontrados foram drupa (34%) e baga (31%), seguidos de cápsula (23%) e legume (12%) (Figura 1). A maioria (82%) das espécies apresentou até 10 sementes (inclui-se nesse grupo todas as drupas), e apenas 5% apresentaram mais de 100 sementes por fruto (Figura 2). Com relação à coloração, constatou-se que praticamente a metade das espécies apresentou frutos de cor clara e a outra metade, cor escura. As sementes encontradas, por sua vez, são ligeiramente mais escuras (56%). Figura 1 - Tipos de frutos de 103 espécies arbóreas da Amazônia. 281 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 A maioria das espécies têm frutos entre 1 e 5 cm (65%), e apenas 10% têm frutos muito pequenos (até 1 cm), enquanto 25% têm frutos maiores que 5 cm (Figura 3). 40% das espécies apresentaram frutos mais pesados que 10 g, enquanto apenas 16% apresentaram frutos leves (< 1 g) (Figura 4). Com relação as sementes, 29% das espécies tem sementes menores que 1 cm, e não foi encontrada nenhuma espécie com semente maior do que 10 cm (Figura 3). A maioria das espécies possuem sementes leves (58%), e apenas 12% possuem sementes mais pesadas do que 10 g (Figura 4). A freqüência de classes de peso de sementes em uma escala logarítmica produziu uma distribuição aproximadamente normal (Figura 5). Os menores pesos de sementes encontrados foram os das espécies Cecropia palmata e Cecropia obtusa (0.0021 g) e o mais pesado foi o de Couepia bracteosa (89.6 g) (Tabela 1). A grande maioria das espécies (90%) apresentou dispersão zoocorica, sendo que os principais dispersores foram mamíferos e pássaros. Foi encontrada diferença significativa entre o peso de sementes e o tipo de dispersão (Kruskal-Wallis, F = 6.17, P<0.01). O peso das sementes dispersas por mamíferos foi significativamente mais alto do que o de sementes dispersas por pássaros (Medias = 7.6 g vs 0.5 g; Median test, ^ = 3.63, P = 0.01). Existe um grupo de 34 espécies que são dispersas tanto por pássaros como por mamíferos. Este grupo possui sementes maiores do que 1 g e menores do que 10 g, que diferem significativamente do peso de sementes carregadas somente por pássaros (7é^ = 3.63, P=0.05). Não foi encontrada diferença entre peso de sementes dispersas somente por mamí- feros, das dispersas tanto por pássaros como por mamíferos (X^ = 0.20, P = 0.65). Germinação de sementes A maioria das espécies avaliadas apresenta dormência de sementes em condições artificiais (Tabela 2). Entretanto, as espécies Cecropia palmata, Bagassaguianensis, Cecropia obtusa, Dipteryxodorata, Lacmelleafloribunda, Carapa guianensis, e Hymenea oblongifolia apresentaram alta porcentagem de germinação na presença de luz, e todas germinaram dentro das três primeiras semanas de avaliação. Algumas espécies, principalmente as da família Leguminosae apresentaram alta dormência de sementes, geralmente 282 Tabela 2 - Germinação de sementes de espécies arbóreas da Amazônia. Caracterização morfológica de frutos e germinação de sementes PJ w u Q. u W efl efl ç 5 ÇS a c c c a a o o o o o o — «o -o T3 *0 "O c o •a _ _ U U D c a c c o o o o -o T3 T3 -a a> u o ii> re rt d çg c c c C o o o o •a c e c o o o ^ *0 *0 *0 U tu U (U u u u o o o o o U U U U PU ^ vo o Cu £? u o D. u o o. Si' U U U ü- o 8 o. u o. OJ (U c c U* d d U tu U- ^ O (X «o 8 8 I 8 ^ z z 6 z V V OV V ^ ^ ^ «N I I § I 1 7 7 " 7 z S 5. 5- z Q o m S o 2 7 8 8 o I o s z 7 7 ^ 7 ^ “ - z z z z e e Soo ' o :2 o 888 ?Sos| 8 | 8 ? 878 || 88 g 8 §|| T T T II 7 II II II II II Ji II JL II II II II II II V JL II II II II II _ - .. z z z S z e z m ^ ÒÒ 00 m in uo 2 ^ 00 ^ z z — S ^ z ^ 8 jí! 8 o Z Z Z Z Z (NOvO^SfííSoO^OOO — o ---- frj — — rn^i— z 5- z z cn vo (S "i- ^ i> U XI .o :=!, D 3 s < < O- ^ to UO .ü rS c «J P 3 X s ^ -Ti -c> Q X 00 <3 a OO <3 CQ 'C .2 -2 o 2S Ctj OO _Ç 3 a 5 ’S, X) 3 < ^ •£ /— S W Ti s Q a 5 ”3 Ci. a 03 CQ O O Q 5 < 5 3 5 í? •§ ^ o Q Q c c X d K X â ■§ ifO < X C d . c c a> CQ á c u ü a CQ Cu tU Cu o o CQ X ÍH Cu a> o £ $3 c d e X 3 Q OO «3 *r* c O Ç) CQ oo d .2. X d d «3 5 o 2 Ci. •C) a Sí' ^ •2 5 S 3 ^ O ? 00 ^ •2 .2 ã <3 'g Q CU 00 .s: <3 i I íi s 283 SciELO Obs.: N = número de sementes colocadas para germinar. Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 100 No. de sementes/fruto Figura 2 - Número médio de sementes por fruto de 101 espécies arbóreas da Amazônia. Figura 3 - Tamanho do fruto e semente (comprimento em cm) de espécies arbóreas da Amazônia (Njy = 104, Njg = 115 espécies). 284 Caracterização morfológica de frutos e germinação de sementes Figura 4 - Peso do fruto e semente, em gramas, de espécies arbóreas da Amazônia (Nj^. = 92, N^g = 103 espécies). Figura 5 - Distribuição de peso de sementes de 103 espécies arbóreas da Amazônia, 285 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 associada a dureza do tegumento. As espécies Parkia multijuga e Ormosia coutinhoi, que apresentaram 100% de dormência no teste, germinaram muito bem (mais de 60%) quando foram submetidas a escarificação com lixa. As espécies Dialiumguianensis, Bagassa guianensis, Batesiafloribunda, Dipteryx odorata, e Hymenea oblongifolia obtiveram a mesma porcentagem de germinação tanto no claro como no escuro. A espécie Simphonia globulifera apresentou baixa taxa de germinação em condições artificiais, talvez devido a desidratação de algumas sementes, entretanto notou-se que as sementes localizadas no chão da floresta sob alta umidade e sombra germinaram rapidamente. Com relação ao tipo de germinação, a maioria das espécies (69%) apresentou germinação cryptocoliledonar, em que as plântulas tem cotilédones escondidos no tegumento da semente. Esta estratégia restringe o potencial fotossintético dos cotilédones, mas por outro lado aumenta a capacidade da semente estocar nutrientes (Ng 1978). Em florestas tropicais da África, Ng (1978) e Hladick & Miquel (1990) encontraram apenas 30% das espécies (N > 100) com germinação cryptocotiledonar e segundo esses autores, esse tipo de germinação estava associado as sementes grandes. Só com amostragem de mais espécies, podemos avaliar os tipos de plântulas mais freqüentes na floresta amazônica. DISCUSSÃO As florestas tropicais são reconhecidas pela alta riqueza de espécies. Entretanto, em paisagens sujeitas a perturbações antrópicas, como o leste do Pará, a diversidade biológica depende da área dos ecossistemas naturais que permanecem intactos e da habilidade das espécies nativas de regenerar nos habitats perturbados (Nepstad et al. 1994; Vieira et al. s.d.). O conhecimento das características dos frutos e sementes, nos permite fazer previsões dos tipos de espécies que persistirão após perturbação da floresta. Neste contexto, podemos dizer que as espécies que produzem sementes grandes e pesadas ( > 10 g) e que não apresentam dormência, não devem ser encontra- das no banco de sementes do solo, que é a primeira fonte de sementes para recolonização da área após perturbação da floresta. Se não tiverem boa capacidade de brotar, essas espécies não serão favorecidas em ambientes 286 Caracterização morfológica de frutos e germinação de sementes perturbados e ficarão restritas a fragmentos de floresta. Segundo Foster & Janson (1985), geralmente as espécies restritas a habitats maduros e estáveis tem sementes maiores do que aquelas que se estabelecem em habitats perturbados. A ausência dessas espécies em áreas antrópicas pode estar relacionada a falta dos dispersores de sementes no fragmento ou a sua limitação na dispersão. Espécies como Carapaguianensis, Caryocar glabrum, Couepia bracteosa e Licania macrophylla podem ser incluídas neste grupo. Tais espécies nunca foram encontradas em florestas secundárias da região em extensos levantamentos botânicos realizados pelos autores. Um outro grupo de espécies produz sementes menores (entre 1 e 10 g), algumas adaptadas a dispersão por pássaros e mamíferos e outras por vento. Essas espécies podem permanecer dormente no solo e em casos de pertur- bação da floresta, elas podem ser favorecidas. Como exemplo deste grupo citamos as espécies Ambelania acida, Apeiba burchelii, Aspidosperma desmanthum, Bagassa guianensis e Geissospermum sericeum. Estas espécies são freqüentemente encontradas em florestas secundárias da região. O terceiro grupo e o das espécies com sementes pequenas ( < 1 g). Elas podem ser encontradas no banco de sementes do solo e germinam bem na presença de luz. Compõem este grupo as típicas pioneiras sensu Whitmore (1985). Esse grupo de espécies é adaptado e altamente favorecido pelo distúrbio. Neste grupo destacam-se as espécies Cecropia palmata, Didynopanax morototoni, Goupia glabra, e Jacaranda copaia, que são espécies encontradas em alta densidade em florestas secundárias da região. Com a continuidade deste estudo sobre morfologia e germinação de sementes, poderemos estabelecer com mais detalhes as relações existentes entre as características das sementes, as condições ambientais para o desenvolvimento das plântulas e o entendimento do processo germinativo das espécies, e assim entender melhor os mecanismos envolvidos no estabeleci- mento dessas espécies em ambientes antrópicos. 287 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 12(2), 1996 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CORNER, E.J.H. 1976. The Seeds of Dycotiledons. 2 v. London, Cambridge University Press, 315p. FOSTER, S. & JANSON, C.H. 1985. The relationship between seed size and establishment conditions in tropical wood plants. Ecology 66(3): 773-780. HLADICK, A. & MIQUEL, S. 1990. Seedling types and plant establishment in an African rainforest. In: BAWA, K.S.&HADLEY, M. (eds.). Reproductive Ecology of Tropical Eorest Plants-Man and Biosphere Series MAB/UNESCO. p. 261-282. JANZEN, D. H. 1970. 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Clarendon, Oxford, 352p. 288 CDD 583.32304183 INFLUÊNCIA DO SUBSTRATO, RECIPIENTE E INTENSIDADE DE LUZ NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PAU-FERRO CAESALPINIA LEIOSTACHYA DUCRE^ Maninho Alves de Andrade Júnior^ Daniel D nane Pereira^ Genaro Viana Donielas^ Elson Soares dos Santos^ RESUMO - Foram testados, a nível de viveiro, dois níveis de intensidade de luz (pleno-sol e 50% sombreado), três tamanhos de recipiente (9,0 x 15,0; 15,0 x 17,0; 15,0 X 25,0 cm) e quatro substratos (Latossolo vermelho-amarelo; Latossolo vermelho-amarelo ->r esterco caprino (1;1); Latossolo vermelho- amarelo + esterco caprino ( 1 :2); Latossolo vermelho-amarelo -f esterco caprino ( 1 :3)) sobre a percentagem de germinação, o índice de velocidade de emergên- cia e a percentagem de sobrevivência de plantas de pau-ferro Caesalpinia leiostachya Ducke. O experimentofoi disposto de fonna inteiramente casualizada. A análise estatística foi efetuada apanir de um modelo fatorial 2x3x4, sendo adaptado para o fator época na variável percentagem de sobrevivência resultando num fatorial 3x2x3x4. A partir dos resultados obtidos indica-se para produção de mudas de pau-ferro a utilização de substrato Latossolo vermelho- amarelo, o recipiente pequeno (9,0 x 15,0 cm) e o nível pleno-sol. PALAVRAS-CHAVE; Pau-ferro, Caesalpinia leiostachya. Produção de mudas. ABSTRACT-Weretesteds, the levei ofnursery, two levei ofintensityoflight (full sunlight and 507c shade), three dimmensions of Container (9,0 x 15,0; 15,0 x 1 7, 0; 15, Ox 25, 0 cm) and four subst rates (Latossol yellow-red; Latossolyellow- ’ Parte da Dissertação de Graduação do primeiro autor. ^ Engenheiro Agrônomo do Museu Integrado de Roraima - GER/SECD/DC/MIRR. ^ Professor do curso de Agronomia da Universidade Federal da Paraíba - CCA/UFPB. Professor do curso de Agronomia da Universidade Federal da Paraíba - CCA/UFPB. ^ Pesquisador da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba/EMEPA-PB. 289 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 red + capríne manure (1:1); Latossol yellow-red + caprine manure (1:2); Latossol yellow-red+caprine manure (1:3)) about lhe percentage of germination, lhe Index ofspeed ofemergency and lhe percentage of survival ofplants of pau-ferro Caesalpinia leiostachya Ducke. The experiment was to make offonn entirelly casualized. The analysis statistics was effectued basead in a model factorial 2x3x4, also adjusted by the factor epoch in the variable percentage of survival in a modei factorial 3x2x3x4. Basead of the results obtaineds is indicated by production ofplants of pau-ferro the utilisation ofsubstrate Latossol yellow-red, the Container small (9,0 x 15,0 cm) and the levei full sunlight. KEY WORDS: Pau-ferro, Caesalpinia leiostachya, Production of plants. INTRODUÇÃO A minimização dos custos de um determinado programa de produção de mudas passa necessariamente pela acerto na tomada de decisões que envolvem fatores complexos. Fatores como luz, água, temperatura e condições edáficas são alguns dos elementos do meio ambiente que influem no desenvolvimento da vegetação. O suprimento inadequado de um desses fatores pode reduzir o vigor da planta e limitar seu desenvolvimento (Ferreira et al. 1977). Picheth ( 1 987) , cita que por vezes a utilização de um substrato de menor fertilidade pode ser mais indicado, pois geralmente se apresenta com melhores qualidades físicas. Não sendo muito argiloso apresenta-se mais arejado e permeável, portanto com menor incidência de fungos e bactérias. Segundo Sturion (1980b), as dimensões dos recipientes trazem impli- cações de ordem técnica e econômica, sendo ótima aquela que harmoniza o custo de produção e a possibilidade de obter um máximo desenvolvimento das mudas. Pereira & Pereira (1986), relatam que recipientes de grandes dimensões, embora confiram bom desenvolvimento às plantas, contribuem para a elevação dos custos de produção e de transplantio da muda. A intensidade, qualidade, duração e periodicidade da luz influenciam tanto quantitativa como qualitativamente no desenvolvimento da planta (Kramer & Koslowski, citados por Sturion (1980a)). Gomes (1989), relata que trabalhos recentes têm demonstrado que o sombreamento, em qualquer nível, é prejudicial ao crescimento das mudas. 290 Influência do substrato, recipiente e intensidade de luz na germinação de sementes O estudo da influência de fatores como tipo de substrato, tamanho de recipiente e níveis de intensidade de luz é de fundamental importância para ampliar a margem de acerto na escolha qualitativa de tais fatores, quando objetiva-se a produção de mudas de uma determinada essência. O presente estudo visa contribuir com informações sobre a germinação de sementes de pau-ferro Caesalpinia leiostachya Ducke quando submetidas a ação, isolada e em interação, daqueles fatores. MATERIAL E MÉTODO A essência do pau-ferro C. leiostachya apresenta várias utilizações, desde a exploração econômica de sua madeira em construções civis e navais (Heringer (1947); Lopes (1982); Silva (1983)), passando pela ornamentação de praças e parques de várias cidades do país, utilização em programas de reflorestamento (Lorenzi 1992), até em usos na alimentação animal e na medicina popular em algumas regiões (Corrêa 1984). Neste ensaio foram utilizadas sementes previamente tratadas com ácido sulfúrico (H2SO4) P. A. durante cinco minutos, semeadas em número de uma por recipiente a uma profundidade de 2,0 cm e em posição de queda (Andrade Júnior 1994). Como substratos utilizou-se: - Latossolo Vermelho-amarelo == LVA - LVA -I- Esterco caprino (mistura 1:1) = 1:1 LVA + EC - LVA -I- Esterco caprino (mistura 1:2) = 1:2 LVA-I-EC - LVA -h Esterco caprino (mistura 1:3) = 1:3 LVA-I-EC Tanto 0 LVA como o esterco caprino foram passados em peneira de malha 10,0 x 10,0 mm, sendo a mistura composta com base no volume. As dimensões dos recipientes foram as seguintes: - Pequeno: 9,0 x 15,0 cm = 550,0 cm^ - Médio: 15,0 x 17,0 cm = 1.125,0 cm^ - Grande: 15,0 x 25,0 cm = 1.700,0 cm^ 291 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 12(2), 1996 Os recipientes utilizados foram sacos de polietileno preto sanfonados na base e com orifícios para drenagem do excesso de água. A intensidade de luz foi testada em dois níveis: Pleno-sol e 50% sombreado. Para obtenção do nível sombreado, construiu-se uma estrutura em forma de mesa com dimensões de 0,60 x 1,0 x 5,0 m (altura, largura e comprimento), onde foram fixadas ripas de madeira de 1,0 cm de largura e espaçadas de centímetro em centímetro, formando assim uma grade, tanto na parte superior como nas laterais. Analisou-se a percentagem de germinação, o índice de velocidade de emergência e a percentagem de sobrevivência, sendo que para esta última as leituras foram feitas aos 30, 60 e 90 dias, enquanto que para as duas primeiras os dados foram coletados diariamente durante 30 dias, contados a partir do início da germinação. Considerou-se o início da germinação quando visualizava-se o caulículo com os cotilédones na superfície do substrato. Os dados em percentagem foram transformados para arc sen V x% (Cochran & Snedecor 1979). O índice de velocidade de emergência das plântulas foi calculado segundo Popinigis (1977). O delineamento estatístico usado foi o fatorial 4x3x2, inteiramente casualizado, com 4 repetições. Cada parcela foi composta por 10 plantas. O fator época (idade das plantas) correspondente aos 30, 60 e 90 dias, foi acrescentado à análise fatorial para a variável percentagem de sobrevivência, resultando num modelo fatorial 3 x 4 x 3 x 2. As análises estatísticas do presente estudo foram realizadas no Setor de Estatística e Informática da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba - EMEPA/PB. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise da variância revelou efeito significativo dos fatores substratos e níveis de intensidade de luz sobre as variáveis percentagem de germinação, índice de velocidade de emergência (Tabela la) e percentagem de sobrevi- vência de plantas de pau-ferro, acrescentando-se ainda para esta última variável o efeito significativo do fator época (Tabela 2a). 292 Influência do substrato, recipiente e intensidade de luz na germinação de sementes Na Tabela 1 , verifica-se que o efeito do substrato sobre a germinação foi levemente significativo, fato este constatado quando observa-se o LVA (99,85%) e a mistura 1:1 LVA-I-EC (99,83%), promovendo as mais altas percentagens de germinação de sementes de pau-ferro, diferindo significa- tivamente dos substratos formados pelas misturas 1:2 e 1:3 LVA-l-EC, que embora inferiores , proporcionaram altas percentagens de germinação (93,61% e 96,10%, respectivamente). De um modo geral, todos os substratos utilizados apresentaram ótima percentagem de germinação, com médias acima de 90,00%. Montenegro (1992), verificou que a percentagem de germinação de sementes de sombreiro Clitoriafairchildiana não apresentou resultado significativo entre os substratos formados pela mistura 1:1 subsolo + húmus caprino (77,50%), mistura 1:1 subsolo -f esterco bovino (72,50%) e subsolo puro (60,00%). No entanto, este último foi significati- vamente inferior aos substratos formados por terriço da mata (87,50%) e mistura 1:1 subsolo -f composto orgânico (87,50%). Tabela 1 - Valores médios das percentagens de Germinação e Sobrevivência e do índice de Velocidade de Emergência de plantas de pau-ferro Caesalpinia leiostachya Ducke, em função dos fatores avaliados Fatores Germinação (arc sen V x%) (%) Sobrevivência (arc sen V x%) (%) IVE Substratos LVA 87,85a 99,85 83,07a 98,50 1,80a LVA-bEC (1:1) 87,69a 99,83 70,62b 88,99 1,45b LVA-t-EC (1:2) 75,37b 93,61 63,14c 79,58 1,10c LVA-t-EC (1:3) 78,62b 96,10 63,96c 80,72 1,07c Recipientes Pequeno 80,08a 97,03 70,05a 88,35 1,36a Médio 82,69a 98,34 70,44a 88,79 1,36a Grande 84,37a 99,04 70,10a 88,41 1,34a Intens. de Luz Pleno-sol 86,31a 99,58 74,00a 92,39 1,40a 50% sombreado 78,45b 95,99 66,39b 83,96 1,31b Épocas (dias) 30 dias _ 72,72a 91,17 60 dias - - 70,54ab 88,90 - 90 dias - - 67,34b 85,16 - Médias de um mesmo fator seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. 293 cm Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 A análise da variância não revelou efeito significativo do tamanho do recipiente sobre a percentagem de germinação (Tabela la) de sementes de pau-ferro. No entanto, observa-se que há uma tendência a aumentar a germinação a medida que aumenta o tamanho do recipiente (Tabela 1). Tabela la - Análises de variância para dados de percentagem de Germinação e índice de Velocidade de Emergência de plântulas de pau-ferro Caesalpinia leiostachya Ducke, em função de diferentes substratos (Sub), recipientes (Rec) e intensidades de luz (Lum). Quadrados Médios Fonte de GL Percentagem de Índice de velocidade variação Germinação' de emergência Sub 3 971,6269** 2,8015** Rec 2 149,7644ns 0,0040ns Lum 1 1.481,4530** 0,1980** SubxRec 6 15,8379ns 0,0724** SubxLum 3 709,9306** 0,2280** RecxLum 2 120,3956ns 0,1893** SubxRecxLumLum 6 94,5422ns 0,0447* Resíduo 72 71,9293 0,0191 Média 82,38 1,35 C.V. (%) 10,29 10,22 * Significativo ao nível de 5% de probabilidade ** Significativo ao nível de 1 % de probabilidade ns Não significativo 1 dados transformados em arc sen Vx% Em relação ao fator intensidade de luz, nota-se que o nível pleno-sol (99, 58 % ) foi significativamente superior ao nível 50 % sombreado (95 ,99 % ) . Porém, ambos obtiveram ótimos resultados em relação ao percentual germinativo de sementes. Para a percentagem de germinação de sementes de guapuruvu Schizolobium parahyha, Ferreira et al. (1977), verificaram que o nível 0% de sombreamento (77,00%) obteve resultado significativamente superior ao nível 50% (61,00%). Quanto à percentagem de sobrevivência, verifica-se ainda na Tabela 1 que o substrato formado pelo LVA foi significativamente superior aos demais, proporcionando 98,50% de sobrevivência das plantas. A mistura 1 : 1 LVA -b EC obteve uma considerável percentagem de sobrevivência (88 ,99 % ) , 294 Influência do substrato, recipiente e intensidade de luz na germinação de sementes sendo significativamente superior às misturas 1:2 (79,58%) e 1:3 (80,72%) LVA + EC. Observa-se ainda que a medida que aumenta a proporção do esterco caprino na mistura com o LVA, ocorre um decréscimo no percentual de sobrevivência, isto verificado até a mistura 1:2 LVA-I-EC, passando a estabilizar-se ou não mais decrescer quando na mistura 1:3 LVA-I-EC (80,72%). Percebe-se ainda, uma leve tendência a aumentar a percentagem de sobrevivência das plantas nesta última mistura (1:3). Campos et al. (1986), não encontraram efeito significativo entre os substratos formados por Latossol roxo (0,96), misturas 1:1 e 1:2 deste solo com esterco bovino (0,95 e 0,98, respectivamente) sobre a relação entre número de plânmlas mortas e número total de plântulas emersas de sibipiruna Caesalpinia peltophoroides. A análise da variância não revelou efeito significativo entre os tamanhos de recipiente sobre a variável percentagem de sobrevivência Tabela 2a. A intensidade de luz influenciou significativamente a percentagem de sobrevivência das plantas de pau-ferro. O nível pleno-sol (92,39%) propor- cionou uma maior percentagem de sobrevivência quando comparado ao nível 50% sombreado (83,96%). No entanto, para plantas de imbuia Ocotea porosa Sturion & lede (1982) verificaram que os níveis 30% e 60% sombreado (79,70% e 74,90%, respectivamente) foram significativamente superiores ao nível 0% (66,40%) em relação a percentagem de sobrevivência obtida aos dez meses. A percentagem de sobrevivência expressa na Tabela 1, decresceu a medida que aumentou a idade das plantas de pau-ferro. Maiores percentuais foram verificados para as idades de 30 e 60 dias (91,17% e 88,90%, respectivamente). Aos 90 dias (85,16%) houve uma redução significativa para esta variável. O substrato LVA proporcionou o mais alto índice de velocidade de emergência de plântulas (1,80), sendo significativamente superior aos demais. A melhor mistura foi a do tipo 1:1 LVA-bEC (1,45), apresentando diferença significativa entre as demais. As misturas 1:2 (1,10) e 1:3 (1,07) LVA + EC não diferiram entre si. De um modo geral, observa-se que a medida que aumenta a proporção do esterco caprino na mistura, ocorre um decréscimo no índice de velocidade de emergência. De acordo com Campos 295 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 et al. (1986), para o índice de velocidade de emergência de plântulas de sibipiruna C. peltophoroides os substratos Latossol roxo + esterco bovino na proporção 1:2 (3,40), Latossol roxo (2,94) e Latossol roxo+esterco bovino na proporção 1:1 (2,50) não diferiram significativamente entre si. Porém, este último apresentou diferença significativa quando comparado com o substrato formado pela mistura Latossol roxo + areia + esterco bovino na proporção 2:1:6 (3,80). A análise da variância não revelou efeito significativo do tamanho do recipiente sobre o índice de velocidade de emergência de plântulas de pau- ferro (Tabela la). O índice de velocidade de emergência de plântulas de pau-ferro (Tabela 1) foi mais alto quando não houve sombreamento, ou seja, o nível pleno-sol (1,40) foi significativamente superior ao nível 50% sombreado (1,31). Ferreira et al. (1978), verificaram que plânmlas de tamboril Enterolobium contortisiliquum e jatobá Hymeneae stigonocarpa apresen- taram maior energia germinativa quando submetidas ao nível de 0% de sombreamento. A análise da variância revelou efeito significativo da interação entre os fatores substratos e intensidades de luz sobre as variáveis percentagem de germinação, índice de velocidade de emergência (Tabela la) e percentagem de sobrevivência (Tabela 2a) de plantas de pau-ferro. De acordo com a Tabela 2, observa-se que as médias da percentagem de germinação de sementes de pau-ferro não diferiram significativamente entre si quando analisamos a interação do substrato LVA com os níveis de intensidade de luz utilizados, o mesmo ocorrendo para o substrato formado pela mistura 1:1 LVA-I-EC. No entanto, as médias obtidas pelas misturas 1:2 e 1:3 LVA-I-EC em interação com as intensidades de luz apresentaram decréscimo significativo com o nível 50% sombreado. O nível pleno-sol obteve médias percentuais uniformes para a germi- nação de sementes em todos os substratos utilizados, não havendo diferença significativa entre as mesmas. Porém, verifica-sequeonível50% sombreado proporcionou médias significativamente superiores para os substratos LVA e 1 : 1 LVA -I- EC quando comparadas com aquelas obtidas pelas misturas 1 :2 e 1 :3 LVA + EC. Com a redução da intensidade de luz ocorre um decréscimo 296 Influência do substrato, recipiente e intensidade de luz na germinação de sementes na temperatura do substrato, portanto a medida que aumenta a proporção da matéria orgânica (esterco caprino) na composição dos substratos, aumenta também a umidade. De acordo com Kiehl (1985), a matéria orgânica aumenta direta e indiretamente a capacidade do solo de armazenar água. Toumey & Korstian, citados por Ferreira et al. (1977), relatam que a influência do sombreamento sobre a germinação deve ser indireta, através da temperatura ou da umidade do solo, pois com a menor incidência dos raios solares, menores serão a temperatura e a evaporação. Tabela 2 - Valores médios das percentagens de Germinação e Sobrevivência e do índice de Velocidade de Emergência de plantas de pau-ferro Caesalpinia leiostachya Ducke, em função da interação avaliada. Int. de Luz LVA Substratos LVA+EC(1:1) LVA+EC(1:2) LVA+EC(1:3) Germinação (arc sen Vx%) Pleno-sol 87,23aA (99,76) 86,93aA (99,71) 86,62aA (99,65) 88,46aA (99,91) 50% somb. 88,46aA (99,91) 88,46aA (99,91) 68,1 IbB (86,09) 68,78bB (86,89) Sobrevivência (arc sen Vx%) Pleno-sol 85,36aA (99,34) 69,5 laB (87,74) 68.26aB (86,27) 72,89aB (91,34) 50% somb. 80,78aA (97,41) 71,74aB (90,18) 58,01bC (71,94) 55,03bC (67,15) índice de Velocidade de Emergência Pleno-sol l,73aA l,45aB l,21aC l,21aC 50% somb. l,87aA l,44aB 0,99bC 0,93bC Médias de uma mesma variável seguidas pela mesma letra minúscula na vertical e pela mesma letra maiuscula na horizontal não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey , ao nível de 5% de probabilidade. Médias entre parênteses representam valores originais. A percentagem de sobrevivência das plantas de pau-ferro foi significa- tivamente reduzida quando as mesmas foram conduzidas sob sombreamento em interação com o substrato formado pela mistura 1 ;2 LVA + EC. De forma mais acentuada, podemos observar o mesmo decréscimo na interação 50% 297 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 sombreado com o substrato 1:3 LVA + EC. As médias obtidas pelos substratos LVA e mistura 1:1 LVA + EC, quando avaliados separadamente em interação com as intensidades de luz, não apresentaram diferença significativa. No entanto, observa-se que para a mismra 1:1 LVA + EC ocorreu um aumento na percentagem de sobrevivência das plantas com o sombreamento de 50% (Tabela 2). Tabela 2a - Análise de variância para dados de percentagem de Sobrevivência de plantas de pau-ferro Caesalpinia leiostachya Ducke, em função de diferentes substratos (Sub) , recipientes (Rec), intensidades de luz (Lum) e épocas. Quadrados Médios Fonte de variação GL Percentagem de Sobrevivência' Sub 3 6.110,1102** Rec 2 4,2293ns Lum 1 4.176,4468** Época 2 702,6595** SubxRec 6 200,6383ns SubxLum 3 1.308,8074** SubxÉpoca 6 141,6333ns RecxLum 2 1.394,8055** RecxÉpoca 4 62,5573ns LumxÉpoca 2 28,6358ns SubxRecxLum 6 1.004,9197** SubxLumxÉpoca 6 39,6687ns RecxLumxÉpoca 4 130,5067ns SubxRecxÉpoca 12 36,6730ns SubxRecxLumxÉpoca 12 44,2295ns Resíduo 216 116,8409 Média 70,20 C.V. (%) 15,40 ** Significativo ao nível de 1 % de probabilidade ns Não significativo 1 dados transformados em arc sen V x% Para o nível pleno-sol o LVA apresentou o melhor percentual de sobrevivência das plantas de pau-ferro, sendo significativamente superior aos demais. Dentre as misturas, a do tipo 1:3 LVA + EC obteve melhor resultado, muito embora não tenha havido diferença significativa entre as mesmas. 298 Influência do substrato, recipiente e intensidade de luz na germinação de sementes No nível 50% sombreado observa-se que o LVA foi significativamente superior aos demais. No entanto, a mistura do tipo 1 : 1 LVA-I-EC foi a que melhor proporcionou a sobrevivência das plantas, sendo significativamente superior as demais. A exemplo do que ocorreu com as variáveis percentagem de germi- nação e percentagem de sobrevivência, o índice de velocidade de emergência de plântulas de pau-ferro sofreu influência dos fatores substrato e intensidade de luz quando analisados os substratos formados pelas misturas 1:2 e 1:3 LVA4-EC, com os mesmos obtendo redução significativa nas respectivas médias apenas em interação com o nível 50% sombreado. Ainda na Tabela 2, observa-se que o índice de velocidade de emergência das plântulas decresceu significativamente a medida em que, partindo do substrato LVA, aumentou a proporção do esterco caprino na composição do substrato, sendo este decréscimo verificado até a mistura do tipo 1:2 LVA-i-EC, não mais decrescendo e até mesmo estabilizando-se na mismra do tipo 1:3 LVA-f-EC. Fato este observado para ambos os níveis de intensidade de luz em interação com os substratos utilizados. A análise da variância revelou efeito significativo da interação entre os fatores substratos e recipientes sobre o índice de velocidade de emergência de plânmlas de pau-ferro (Tabela la). De acordo com a Tabela 3, verifica-se que as médias obtidas para o índice de velocidade de emergência de plântulas de pau-ferro não apresen- taram diferença significativa entre os tamanhos de recipiente quando em associação com quaisquer dos substratos. Tabela 3 - Valores médios do índice de Velocidade de Emergência de plântulas de pau-ferro Caesalpinia leiostachya Ducke, em função da interação avaliada. Recipientes LVA Substratos LVA+EC(1;1) LVA+EC(1:2) LVA+EC(1:3) Pequeno l,91aA l,51aB l,04aC 0,96aC Médio l,79aA l,43aB l,14aC LlOaC Grande l,69aA l,40aB l,14aC 1.14aC Médias seguidas pela mesma letra minúscula na vertical e pela mesma letra maiuscula na horizontal não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. 299 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 Em todos OS tamanhos de recipientes utilizados o LVA promoveu a mais alta média de velocidade de emergência de plântulas, sendo significativamen- te superior aos demais substratos. Dentre as misturas utilizadas como substrato a do tipo 1:1 LVA + EC foi a que obteve melhor resposta para esta variável. As misturas 1:2 e 1:3 LVA + EC não apresentaram diferenças significativas entre as médias obtidas. A análise da variância revelou efeito significativo da interação entre os fatores recipientes e intensidades de luz sobre as variáveis percentagem de sobrevivência (Tabela 2a) e índice de velocidade de emergência de plântulas de pau-ferro (Tabela la). Na Tabela 4, observa-se que a sobrevivência das plantas de pau-ferro, quando conduzidas em recipiente pequeno, sob o nível pleno-sol foi maior que aquela obtida pelo sombreamento. O mesmo ocorrendo em relação ao recipiente médio. Os níveis de intensidade de luz não apresentaram diferença significativa entre si quando associados ao recipiente grande. Tabela 4. Valores médios da percentagem de Sobrevivência e do índice de Velocidade de Emergência de plantas de pau-ferro Caesalpinia leiostachya Ducke, em função da interação avaliada. Intens. de Luz Pequeno Recipientes Médio Grande Sobrevivência (arc sen Õx%) Pleno-sol 74,32aAB (92,69) 77,81aA (95,53) 69,89aB (88,18) 50% somb. 65,79bAB (83,18) 63,07bB (79,49) 70,3 laA (88,64) índice de Velocidade de Emergência Pleno-sol 1 ,46aA l,32aA l,41aA 50% somb. l,25bB l,41aA l,27aAB Médias de uma mesma variável seguidas pela mesma letra minúscula na vertical e pela mesma letra maiuscula na horizontal não diferem entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Médias entre parênteses representam valores originais. Em relação ao nível pleno-sol, verifica-se que o recipiente médio foi o que proporcionou o maior percentual de sobrevivência das plantas. No entanto. 300 Influência do substrato, recipiente e intensidade de luz na germinação de sementes não diferiu significativamente do recipiente pequeno, que por sua vez, embora tenha atingido um percentual mais alto, não obteve resultado significativo quando comparado com o recipiente grande. No nível 50% sombreado, a percentagem de sobrevivência mais alta foi observada no recipiente grande, não havendo contudo, diferença significa- tiva quando comparada com aquela obtida no recipiente pequeno. Porém, este último não diferiu significativamente do recipiente médio que obteve a percentagem mais baixa. A maior velocidade de emergência de plântulas de pau-ferro conduzidas em recipiente pequeno foi observada quando houve a incidência direta dos raios solares, sendo significativamente superior ao índice obtido pelo sombreamento de 50%. Os demais recipientes não apresentaram diferença significativa entre as médias quando em interação com os níveis de intensidade de luz. Observa-se ainda na Tabela 4 que no nível pleno-sol não houve diferença significativa entre as médias do índice de velocidade de emergência de plântulas para todos os tamanhos de recipiente. CONCLUSÕES Os melhores resultados advindos deste estudo foram obtidos através da semeadura realizada em substrato Latossolo Vermelho-amarelo, contido em recipiente pequeno (9,0 x 15,0 cm) e conduzido a pleno-sol. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE JÚNIOR, M.A. 1994. Contribuição ao estudo do pau-ferro Caesalpinia leiostachya Ducke. Areia, Universidade Federal da Paraíba, 109p. Tese. CAMPOS, L.A.A.; SÁ, J.C.A.; DEMATTÊ, M.E.S.P.; VELHO, L. M.L.S. & VICENTE, M . E. A . 1 986. Influência de profundidades de semeadura e substratos no desenvolvimento inicial diis\b\çi'\r\in?í (Caesalpinia peltophoroideshcnú\.). Científica. São Paulo, 14(1/ 2):101-113. COCHRAN, W.G. & SNEDECOR, G.W. 1979. Métodos Estadisticos . 6 ed. México, Continental, 694p. 301 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 12(2), 1996 CORRÊA, M.P. 1984. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil: e das exóficas: de Janeiro, IBDF. il. Ki y aíflivadas. 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Fax: (091)24-1-0701 Betém-Parã BOLETIM DO MUSEU PARAENSE EMÍUO GOELDI INSTRUÇÕES AOS AUTORES PARA PREPARAÇÃO DE MANUSCRITOS 1 ) O Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi dedica-se à publicação de trabalhos de pesquisas científicas que se referem, direta ou indiretamente, à Amazónia, nas áreas de Antropologia, Arqueologia, Lingüística, Botânica, Ciências da Terra e Zoologia. 2) Os manuscritos a serem submetidos devem ser enquadrados nas categorias de artigos originais, notas preliminares, artigos de revisão, resenhas bibliográficas ou comentários. 3) À Comissáo de Editoração é reservado o direito de rejeitar ou encaminhar para revisão dos autores, os manuscritos submetidos que não cumprirem as orientações estabelecidas. 4) Os autores são responsáveis pelo conteúdo de seus trabalhos. Os manuscritos apresentados devem ser inéditos, não podendo ser simultaneamente apresentados a outro periódico. No caso de múltipla autoria, entende-se que hà-concordãncia de todos os autores em submeter o trabalho ã publicação. A citação de comunicação de caráter pessoal, nos manuscritos, é de responsabilidade do autor. 5) A redação dos manuscritos deve ser, preferencialmente, cm português, admitindo- se, contudo, manuscritos nos idiomas espanhol, inglês e francês. 6) O texto principal deve ser acompanhado de resumo, palavras-chave, “abstract”, “key words”, referências bibliográficas e, em separado, as tabelas e figuras com as legendas. 7) Palavras e letras a serem impressas em negrito devem ser sublinhadas com dois traços e as impressas em grifo (itálico), com um só traço. 8) Os textos devem ser datilografados em papel tamanho A-4 ou similar, espaço duplo, tendo a margem esquerda 3 cm, evitando-se cortar palavras à direita. As piosições das figuras e tabelas devem ser indicadas na margem. As páginas devem ser numeradas consecutivamente, independentes das figuras e tabelas. 9) Os manuscritos devem ser entregues em quatro vias na forma definitiva, sendo uma original. 10) O título deve ser sucinto e direto e esclarecer o conteúdo do artigo, podendo ser completado por um subtítulo. O titulo corrente ( resumo do título do artigo) deverá ser encaminhado em folha separada para que seja impresso no alto de cada página impar do artigo e não deverá ultrapassar 70 caracteres. 11) As referências bibliográficas e as citações no texto deverão seguir o “Guia para Apresentação de Manuscritos Submetidos ã Publicação no Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi". 12) No artigo aparecerá a data do recebimento pelo Editor e a respectiva data de aprovação pela Comissão Editorial. 1 3) Os autores receberão, gratuitamenre, 30 separatas de seu artigo e um fascículo completo. 14) Os manuscritos devem ser encaminhados com uma carta à Comissão de Editoração do Museu Paraense Emilio Gocldi-CNPq (Comissão de Editoração, Caixa Postal 399. 66040-170 llelém, Pará, Brasil). 15) Para maiores informações, consulte o “Guia para Apresentação de Manuscritos Submetidos ã Publicação do Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi”. CONTEÚDO Artigos Originais ESTATUÁRIA SACRA EM MADEIRA - A IDENTIFICAÇÃO ANATÔMICA A SERVIÇO DA RESTAURAÇÃO E DA CONSERVAÇÃO Ricardo H. Ono, Pedro L. B. Lisboa, Cláudia V. Urbinati BRIÓFITAS DA SERRA DOS CARAJÁS E SUA POSSÍVEL UTILIZAÇÃO COMO INDICADORAS DE METAIS Regina C. L. Lisboa, Fernanda Ilkiu Borges NOTAS PRELIMINARES SOBRE A FLORA ORQUIDOLÓGICA DO ESTADO DO PARÁ, BRASIL Anna Luiza Ilkiu-Borges, André Luiz de Rezende Cardoso LEGUMINOSAS DA AMAZÔNIA BRASILEIRA - VII. O PÓLEN DO GÊNERO HYMENAEA L. (LEGUMINOSAE CAESALPINIOIDEAE) Léa Maria Medeiros Carreira, Fiávia Cristina Araújo Barata OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO DA FAMÍLIA SAPINDACEAE JUSSIEU NOS ESTADOS DE MATO GROSSO, GOIÁS E TOCANTINS Germano Guarim Neto COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E FITOFISIONOMIA DA RESTINGA DO CRISPIM, MUNICÍPIO DE MARAPANIM, PARÁ Salustiano Viiar da Costa Neto, Maria de Nazaré do Carmo Bastos, Luiz Carlos Batista Lobato FITOSSOCIOLOGIA DE MATAS CILIARES NO PANTANAL MATO-, GROSSENSE Germano Guarim Neto, Vera Lucia M. S. Guarim, Edson C. C. de Moraes, Lúrnio A. Dias Ferreira AVALIAÇÃO DAS POPULAÇÕES NATIVAS DE AÇAIZEIRO EUTERPE OLERACEA NA COMUNIDADE DO RIO MARAJOÍ, MUNICÍPIO DE GURUPà (PA) SandroA.J. Mesquita, Mário Augusto G. Jardim CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE FRUTOS E GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE ESPÉCIES ARBÓREAS NATIVAS DA AMAZÔNIA Ima Célia Guimarães Vieira, Nancy Galvão, Nelson de Araújo Rosa 151-160 161-181 183-205 207-226 227-238 237-249 251-263 265-269 271-288 INFLUÊNCIA DO SUBSTRATO, RECIPIENTE E INTENSIDADE DE LUZ NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PAU-FERRO CAESALPINIA LEIOSTACHYA DUCKE Martinho Alves de Andrade Júnior, Daniel Duarte Pereira, Genaro Viana Dornelas, Elson Soares dos Santos 289-302 0 Braal EM ACAO SciELO 10 11 12 13 14 15