OfeO . V» Dezembro de 2001 2 3 4 5 6 SciELO ;lo 11 12 13 14 15 BOLETIM DO MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI Série BOTÂNICA GOVERNO DO BRASIL Presidência da República Presidente - Fernando Henrique Cardoso Ministério da Ciência e Tecnologia Ministro - Ronaldo Mota Sardenberg Museu Paraense Emílio Goeldi Diretor - Peter Mann de Toledo Coordenadora de Pesquisa e Pós-Graduação - Ima Célia G. Vieira Coordenador de Comunicação e Extensão - Antonio Carlos L Soares Comissão de Editoração Científica Presidente - Lourdes Gonçalves Furtado Editor Associado - Pedro Luiz Braga Lisboa Editor Chefe - Iraneide Silva Editor Assistente - Socorro Menezes Bolsistas - Andréa Pinheiro, R. Hailton Santos Assistente Técnico - Williams B. Cordovil CONSELHO CIENTIFICO Consultores Ana Maria Giulietti - Universidade Estadual de Feira de Santana Dana Griffin III - University of Florida Enrique Forero - Instituto de Ciências Naturales/Universidad Nacional, Bogotá Fernando Roberto Martins - Universidade de Campinas Ghillean T. Prance - Royal Botanic Gardens João Peres Chimelo - Instituto de Pesquisas Tecnológicas Nanuza L. Menezes - Universidade de São Paulo/Instituto de Biociências Ortrud Monika Barth - Fundação Oswaldo Cruz Paulo B. Cavalcante - Museu Paraense Emílio Goeldi Therezinha Sant’ Anna Melhem - Instituto de Botânica de São Paulo Warwick E. Kerr - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia William A. Rodrigues - Universidade Federal do Paraná / 2 JUL. 2002 © Direitos de Cópia/Copyright 2002 por/by MCT/Museu Goeldi cm SciELO 10 11 12 13 14 15 doação ISSN 0077-2216 Ministério da Ciência e Tecnologia MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi / Série BOTÂNICA Vol. 17(2) Belém - Pará Dezembro de 2001 PR-MCT MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI Parque Zoobotânico - Av. Magalhães Barata, 376 - São Brás Campus de Pesquisa - Av. Perimetral - Terra Firme Caixa Postal: 399 - Tels: Parque (91) 219-3300, Campus (91) 217-6000 - Fax: (91) 249-0466 CEP: 66040-170 - Belém - Pará - Brasil WWW. museu-goeldi.br O Boletim do Museu Paraense de História Natural e Ethnographia foi fundado em 1894 por Emílio Goeldi e o seu Tomo I surgiu em 1896. O atual Boletim é sucedâneo daquele. The Boletim do Museu Paraense de História Natural e Ethnographia was founded in 1894, by Emilio Goeldi, and the first volume was issued in 1896. The present Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi is the successor to this publication. Financiamento Accredited with the International Association for Plant Taxonomy (lAPT) for the purpose of registration of all ncw plant names CDD: 583.322044 ANATOMIA DOS FOLÍOLOS DE SWARTZIA BRACHYRACHIS HARMS VAR. SNETHLAGEAE (DUCKE) DUCKE E SWARTZIA LAURIFOLIA BENTHAM (LEGUMINOSAE- PAPILIONOIDEAE), OCORRENTES NA RESTINGA DE ALGODOAL/MAIANDEUA-PARÁi Adalgisa da Silva Alvarez^ Raimunda Conceição de Vilhena Potiguara^ João Ubiratan Moreira Santos* RESUMO - O estudo descritivo anatômico dos taxa Swartzia brachyrachis var. snethlageae (Ducke) Ducke e Swartzia laurifolia Bentham, foi desenvolvido na restinga de Algodoal-Maiandeua/Pará. O objetivo deste trabalho, foi estudar a anatomia dos folíolos para auxiliar a taxonomia e conhecer as possíveis adaptações destes taxa, quando submetidos ao ambiente salino. Foram observados caracteres anatômicos como: epiderme e cutícula espessa, estômatos paracíticos, tricomas simples não glandular unisseriado. De acordo com a análise anatômica, podemos concluir que estes taxa, provavelmente desenvolveram adaptações anatômicas ao ambiente salino. PALAVRAS-CHAVE: Anatomia, Swartzia, Pará. ABSTRACT - The descriptive study anatomical ofthe taxa Swartzia brachyrachis Harms var. snethlageae (Ducke) Ducke and Swartzia laurifolia Bentham, was developed in the sandcoast of Algodoal- Maiandeua/Pará. The objective this work, was study the leaflets anatomy, to assist the taxonomy and know the possible adaptation ' Parte da Dissertação de Mestrado da primeira autora ao Curso de Pós-graduação da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará (FCAP). MCT-Museu Paraense Emílio Goeldi, Coordenação, de Botânica. Bolsista. Caixa Postal 399. Cep. 66040-170, Belém-PA. E-mail: gisarez@bol.com.br. MCT-Museu Paraense Emílio Goeldi, Coordenação, de Botânica. Pesquisador. Caixa Postal 399, Cep. 66040-170, Belém-PA. E-mail: raipoty@museu-goeldi.br. ■ Faculdade de Ciências Agrárias. Professor visitante. Av. Tancredo Neves s/n”. CEP 66.077-530. E-mail: bira@museu-goeldi.br. 247 1 SciELO Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 ofthere taxa, when submitíed to saline environment. Were observed anatomicals features as: thickned epidermis and cuticle, paracytic stomata, non glandular unisseriate simple hair. Acording to the anatomical analysis, we can conclude that these taxa, developed probably anatomicals adaptation to environment saline. KEY WORDS: Anatomy, Restinga, Swartzia, INTRODUÇÃO A costa brasileira tem seu limite extremo setentrional a 4°52’45” N, no rio Oiapoque, no Amapá, e o meridional a 33°45’ 10” Sul no Arroio Chui, no Rio Grande do Sul, num total de 7.408 km de extensão. Destes, cerca de 5.000 km são ocupados por dunas e restingas (Maciel 1990). O pioneiro no estudo do ecossistema de restinga no Brasil foi Ule (1901), sendo as regiões sul e sudeste as mais estudadas, em relação às restingas das regiões norte e nordeste, sobre as quais observa-se ainda uma carência enorme de trabalhos em várias áreas, principalmente sobre anatomia vegetal, sendo a maioria das publicações restritas à fítossociologia. Na restinga do litoral nordeste paraense encontra-se a ilha de Algodoal/Maiandeua, considerada a primeira Área de Proteção Ambiental em ambiente costeiro do estado do Pará, de acordo com a Lei estadual 5.621. Nesta área, destacam-se os trabalhos de Santos & Rosário (1988), em que os autores realizaram um levantamento florístico da vegetação fixadora de dunas, na ilha de Algodoal (PA), relacionando 69 famílias com 171 espécies e Bastos (1988), que através de um levantamento florístico, na restinga de Maiandeua (PA), cita que esta área é formada por uma extensa cobertura herbácea e, por indivíduos arbustivos isolados e agrupados em moitas. Ainda Bastos (1996), na ilha de Algodoal (PA), classificou as formações vegetais da restinga da praia da Princesa, encontrando cinco tipos de 248 Anatomia dos follolos de Swartzia brachyrachis Harms var. snethlageae (Ducke) ... formações vegetais: formação psamófila reptante, brejo herbáceo, campo entre dunas, formação arbustiva aberta e mata de Myrtaceae. Segundo Bastos (1988), a família Leguminosae Adanson, destaca-se entre as famílias da restinga de Algodoal/Maiandeua, pelo grande número de espécies que possui. Dentre os taxa foram selecionados para estudos anatômicos, a variedade Swartzia brachyrachis Harms var. snethlageae (Ducke) Ducke e a espécie Swartzia laurifolia Bentham. Cowan (1967) realizou um estudo taxonômico do gênero Swartzia para a Flora Neotrópica, descrevendo 127 espécies neotropicais, e destas, 55 ocorrem na Amazônia brasileira, sendo esta obra considerada com uma das referências mais completas neste gênero. Apesar da existência de vários trabalhos sobre anatomia vegetal em leguminosas, poucos foram com taxa ocorrentes em restinga. Entre os trabalhos realizados com espécies ocorrentes em área de déficit hídrico, citamos Starr (1912) que fez uma análise anatômica comparativa de 16 espécies crescendo em diferentes locais: xerofítico e mesofítico; Shields (1950) que contribuiu para o conhecimento anatômico de espécies em ambiente xérico e Morretes (1988), que estudou a anatomia foliar de espécies que ocorrem nas dunas interioranas do município de Lençóis (BA), descrevendo as adaptações anatômicas das espécies daquela área de restinga. Quanto à família Leguminosae, mais precisamente para o gênero Swartzia, nenhum trabalho de anatomia vegetal foi publicado sobre as espécies da restinga de Algodoal-Maiandeua (PA). Este gênero de acordo com alguns autores, como Polhil & Raven (1981), entre outros, acreditam que sua posição taxonômica dentro das leguminosas é alvo de incertezas. Este fato também não foi ignorado pela maioria dos taxonomistas, já que alguns consideram o gênero Swartzia como pertencente a subfamília Papilionoideae e outros a subfamília Caesalpinioideae. 249 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 Diante da falta de conhecimento da anatomia vegetal destes taxa, e com intenção de reunir subsídios que venham a auxiliar no reconhecimento destes pelos taxonomistas, foi realizado o estudo da anatomia dos folíolos. MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo A ilha de Algodoal/Maiandeua está localizada no estado do Pará, município de Maracanã, entre as coordenadas geográficas 00°35’03” a 00°38’29”de latitude Sul e 47°3r54” a 47°34’57” de longitude WGr, Algodoal com 385 hectares e Maiandeua com 1.993 hectares (Bastos 1996). Material Folíolos dos taxa Swartzia brachyrachis Harms var. snethlageae (Ducke) Ducke e Swartzia laurifolia Bentham, correspondentes ao terceiro, quarto e quinto nós respectivamente, foram coletados e fixados em álcool 70% e F.A.A.(Johansen 1940), para serem processados de acordo com as técnicas usuais em anatomia vegetal. Swartzia brachyrachis Harms var. snethlageae (Ducke) Ducke. Coletor; Luiz Carlos Batista Lobato Local: Pará: Ilha de Algodoal/Maiandeua Data: 26.111.1998. MG: 0149262 Swartzia laurifolia Bentham Coletor; Luiz Carlos Batista Lobato Local: Pará: Ilha de Algodoal/Maiandeua Data: 27.III.1998. MG: 140349 250 Anatomia dos foi tolos de Swartzia brachyrachis Harms var. snethlageae (Ducke) ... Identiilcação O material foi identificado por especialistas em Leguminosas do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), através de estudos taxonômicos, e os resultados comparados com exsicatas pertencentes ao acervo do Herbário João Murça Pires (MPEG). Métodos Dissociação de Epidermes Partes dos folíolos foram seccionados em quatro regiões: ápice, base, nervura central e margem. Cada parte foi imersa em mistura de Jeffrey (Johansen 1940), durante um período de 24 a 48 horas em estufa, a uma temperatura de 56°C. Após a completa separação das epidermes adaxial e abaxial, prosseguiu-se com a coloração, utilizando-se Azul de Astra e Fucsina Básica (Braga 1977) e desidratação pela série alcoólica crescente. Esta técnica permitiu a avaliação qualitativa dos apêndices epidérmicos, na superfície do limbo foliolar. Cortes ao micrótomo O material previamente fixado em F.A.A, foi emblocado em parafina (Johansen 1940), em seguida os blocos foram cortados com o auxílio de micrótomo, e submetidos a etapa de desparafinização, passando pela série alcoólica e aceto-butílica decrescente e pela série alcoólica e aceto-butílica crescente. A coloração foi em Azul de Astra e Fucsina Básica (Braga 1977), e a montagem em bálsamo do canadá. Cortes à mão livre O material foi cortado com lâmina de barbear, utilizando-se cortiça como suporte. A seguir, os cortes foram clarificados em uma solução de água destilada e hipoclorito de sódio aquoso (1:1), e 251 cm Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 corados em Azul de Astra e Fucsina Básica (Braga 1977). A montagem foi entre lâmina e lamínula, com glicerina, protegida por esmalte incolor. Maceração Foram retirados fragmentos do limbo dos folíolos, e imersos em ácido nítrico a 25% aquoso, por 48 horas. Com auxílio de um bastão de vidro, prossegui-se com a maceração, e a montagem foi entre lâmina e lamínula, com glicerina diluída. Através desta técnica foi possível a identificação dos mais variados tipos de células, principalmente as células do tecido esclerenquimático, visando-se particularmente neste tecido, a individualização de fibras e esclereídeos. Testes histoquímicos A natureza dos cristais foi identificada por meio do teste de Chamberlain (1938). A presença de compostos fenólicos foi detectada pelo uso de cloreto de ferro a 10%, de acordo com Johansen (1940). Foi identificada, também a presença de lignina, utilizando-se fluoroglucina + ácido clorídrico e de alcalóides pelo iodo + iodeto de potássio, ambos de acordo com Johansen (1940). F otomicrografias Para as fotomicrografias do material entre lâmina e lamínula, utilizou-se o fotomicroscópio Zeiss. RESULTADOS E DISCUSSÃO A superfície adaxial, do folíolo em vista frontal, de S. hrachyrachis Harms var. snethlageae (Dueke) Ducke e de 252 Anatomia dos folíolos de Swartzia brachyrachis Harms var. snethlageae (Ducke) ... S. laurifolia Bentham, mostra que as células epidérmicas são heterodimensionais de contorno poliédrico. Ambos os taxa apresentam bases de tricomas dispersas no limbo foliolar, concentrando-se particularmente sobre a rede de nervuras (Figuras la-b). Quanto ao tecido de revestimento, em S. brachyrachis var. snethlageae, as paredes das células epidérmicas são levemente onduladas com cutícula lisa (Figura la), enquanto que em 5. laurifolia as paredes das células epidérmicas são retas e a cutícula possui ornamentação granulosa (Figura Ib). Esta diferença no formato das paredes das células epidérmicas deve-se segundo Metcalfe & Chalk (1950), à ação de fatores externos como a luz, que atuam no contorno das células epidérmicas, levando à formação de células com paredes retas em folhas de sol e sinuosas em folhas de sombra. Isto explicaria a diferença existente, quanto a forma das paredes das células epidérmicas entre os taxa, já que S. laurifolia Bentham ocorre em local sujeito a alta luminosidade, enquanto 5. brachyrachis Harms var. snethlageae (Ducke) Ducke em área bastante sombreada. Na face abaxial, tanto em S. brachyrachis Harms var. snethlageae como em S. laurifolia, observa-se a presença de estômatos paracíticos e de tricomas do tipo simples não glandulares, unisseriados, com célula basal curta (Figuras Ic-d). Estas características anatômicas já haviam sido descritas por Metcalfe & Chalk (1957), para a subfamília Papilionoideae e para algumas espécies do gênero Swartzia. O mesofilo em S. brachyrachis Harms var. snetlhageae e Swartzia laurifolia, em corte transversal é dorsiventral, e apresenta a mesma estrutura anatômica. Ambos os taxa possuem células epidérmicas quadradas, heterodimensionais na face adaxial e retangulares na face abaxial, cobertas por cutícula espessa. Abaixo da epiderme adaxial o parênquima paliçádico mostra-se uniforme, com 2 a 4 camadas de células altas em paliçada, apresentando minúsculos 253 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 espaços intercelulares, seguidos do parênquima lacunoso, constituído de 1 a 2 camadas de células irregulares, com articulações laterais, proporcionando a formação de grandes espaços intercelulares (Figura 2a). Subjacente ao parênquima lacunoso, observa-se a presença de uma hipoderme unisseriada, com conteúdo marrom-avermelhado, identificado como composto fenólico de acordo com Johansen (1940) (Figura 2b). Nota-se que esta hipoderme é descontínua e encontra-se interrompida a nível da nervura central. Verifíca-se que o parênquima palicádico, apresenta-se mais diferenciado que o parênquima lacunoso. Esau (1985) explica que o grau de diferenciação do mesofilo e a proporção de tecido esponjoso e em paliçada varia segundo a espécie e o habitat, observa também a autora que em folhas xeromórficas o tecido paliçadico é relativamente mais desenvolvido que nas folhas mesomórfícas. O fato dos taxa estarem em área de restinga, onde existe penodos relativamente longos de estiagem, pode ter influenciado de alguma forma no desenvolvimento dos tecidos paliçádico e lacunoso do mesofilo. Ainda, no mesofilo, nota-se a presença de vários feixes vasculares do tipo colateral aberto, constituindo a nível do xilema, células esclerenquimáticas que formam colunas de extensão, atingindo a epiderme adaxial. A nível do floema verifica-se a presença de ninhos de tecido de sustentação, formados de células com paredes espessadas, em que lateralmente ao feixe vascular encontra-se uma camada de células parenquimáticas ligeiramente espessada (Figura 2a). O fato dos feixes vasculares no mesofilo estarem acompanhados de tecido esclerenquimático, é muito comum em vários gêneros da subfamília Caesalpinioideae, podendo estar presentes ou não na subfamília Papilionoideae de acordo com Metcalfe & Chalk (1957), o que segundo os resultados apresentados pelos taxa, só corroboram com a dos referidos autores acima. Por meio da maceração, foi possível identificar, alguns tipos de esclereídeos, geralmente astroesclereídeos, com paredes lignificadas e lúmen reduzido (Figura 2c). 254 Anatomia dos folíolos de Swartzia brachyrachis Harms var. snethlageae (Ducke) ... Figura I - Vista frontal. Swartzia brachyrachis Harms var. snethlageae (Ducke) Ducke. a) Epiderme adaxial (50mm); c) Epiderme abaxial (3pm). Swartzia laurifolia Bentham b) Epiderme adaxial (50pm); d) Epiderme abaxial (8pm). Base do tricoma = BT; Estômato = ES, Cutícula granulosa (CG); Parede anticlinal ondulada = PAO; Tricoma =TR. 255 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 Figura 2 - Swartzia laurifolia Bentham, Mesofilo em corte transversal, a) Parênquima paliçádico e parênquima lacunoso (3mm); b) Detalhe do parênquima lacunoso destacando a hipoderme (8mm). c) Folíolo macerado (3pm). Esclereídeo = EC; Epiderme adaxial = EAD; Epiderme abaxial = EAB; Célula parenquimática lateral = CPL; Coluna de extensão fibrosa = CEF; Fibra=FB; Hipoderme = H; Parênquima paliçádico=PP; Parênquima lacunoso=PL; Estômato=ES. 256 Anatomia dos folíolos de Swartzia brachyrachis Harms var. snethlageae (Ducke) ... A região da nervura central dos folíolos permite afirmar que tanto as células epidérmicas da face adaxial, como as da face abaxial são unisseriadas e cobertas por uma cutícula nos dois taxa. As células da epiderme adaxial são mais organizadas, geralmente quadradas e heterodimensionais, enquanto as da face abaxial são menores e ovais (Figuras 3a, c). Observa-se que a estrutura histo-anatômica de Swartzia brachyrachis Harms var. snethlageae e Swartzia laurifolia mostra-se bastante semelhante. Entre a epiderme adaxial e as fibras perivasculares, nota-se a presença de três camadas de células parenquimáticas irregulares, com cristais prismáticos solitários, de oxalato de cálcio, sendo que estes são freqüentes em todas as regiões da nervura central (Figura 3a). Á medida que prosseguimos em direção ao interior da nervura central, nas duas espécies, observa-se que o feixe vascular é concêntrico, formado por 8 a 10 unidades de pequenos feixes vasculares do tipo colateral aberto, envolvidos por um anel de fibras perivasculares, intercalados por raios parenquimáticos, estando a região central preenchida por um parênquima fundamental, com conteúdo fenólico (Figura 3b). Subjacente ao anel fibroso, na região próxima à epiderme abaxial, nota-se a presença de um parênquima fundamental, formado por células arredondadas e heterodimensionais (Figura 3c). Nos dois taxa a nervura central é acompanhada por um anel de fibras parenquimáticas, que envolve todo o feixe vascular, revelando portanto um tecido esclerenquimático bastante diferenciado. O tecido que reveste o pecíolo dos referidos taxa, é constituído por células epidérmicas quadradas e heterodimensionais, ambos com conteúdo marrom-avermelhado (Figura 4a), reagindo positivamente ao teste do tanino (Johansen 1940). 257 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 Figura 3 - Swarlzia laurifolia Bentham. Nervura central em corte transversal (3mm); a) Região proximal; b) Região mediana; c) Região distai. Anel de fibras perivasculares = AFP; Epiderme adaxial = EAD; Epiderme abaxial = EAB; Célula pétrea = CPT; Colênquima=CO; Idioblasto taninífero = IT (composto fenólico); Feixe vascular = FV; Parcnquima fundamental = PF, 258 Anatomia dos folíolos de Swartzia brachyrachis^Harms var. snelhlageae (Ducke) ... Figura 4 - Swartzia laurifolia Bentham. Pecíolo em corte transversal, a) Aspecto geral (50mm). b) Região cortical (8mm). c) Região medular (3mm). Anel de fibras perivasculares = AFP; Célula pétrea = CPT; Cristais prismáticos = CP; Idioblastos taniníferos = IT; Feixe vascular = FV; Parênquima fundamental = PF. 259 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 Observa-se que o parênquima cortical é formado por várias camadas de células parenquimáticas irregulares, de paredes finas, algumas contendo cristais semelhantes quanto a forma e composição, aos encontrados na região da nervura central (Figura 4b). Preenchendo a região medular, observa-se o parênquima fundamental constituído de células ovais e heterodimensionais com fibras perivasculares, que formam um anel em tomo do feixe vascular, sendo este semi-circular envolvido por camadas de células esclerenquimáticas, com pequenos feixes vasculares intercalados por raios parenquimáticos e idioblastos taniníferos na região mais central (figura 4c). CONCLUSÃO Fatores ambientais como transpiração excessiva, intensa luminosidade, alta concentração de salinidade, entre outros fatores produzem o desenvolvimento de caracteres morfológicos e anatômicos considerados adaptativos de acordo com Starr (1912), Shields (1950) e Morretes (1988), assegurando a sobrevivência destas espécies vegetais nestes ecossistemas com déficit hídrico. Acredita-se que a presença de caracteres anatômicos como cutícula espessadas, presença de hipoderme, esclerênquima bastante evidenciado, parênquima paliçádico mais diferenciado que o parênquima lacunoso, apresentados pelos taxa estudados, nos levem a concluir, com base nos autores acima citados, que tanto Swartzia brachyrachis Harms var. snethlageae como Swartzia laurifolia, apresentam caracteres adaptativos a esta área de déficit hídrico, neste ecossistema de restinga. 260 Anatomia dos folíolos de Swartzia brachyrachis Harms var. snethlageae (Ducke) ... REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASTOS, M.N.C. 1996. Caracterização das formações vegetais na restinga da princesa. Ilha de Algodoal-PA. Belém, Universidade Federal do Pará, 240p. Tese de doutorado. BASTOS, M.N.C. 1988. Levantamento florístico em restinga arenosa litorânea na ilha de Maiandeua-PA. Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi., Sér. Bot., 4 (1); 159-173. BRAGA, M.M.N 1977. Anatomia foliar de Bromeliaceae da Campina. Acta Amazôn., 7 (3): 1-74. CHAMBERLAIN, C.J. 1938. Methods in plant histollogy. .5.ed. Illinois, University of the Chicago, 86 p. COWAN, R.S. 1967. Flora Neotrópica Monograph N.l Swartzia (Leguminosae, Caesalpinioideae Swartzieae). New York, Hafner publishing Company, 227p. ESAU, K. 1985. Anatomia vegetal. Barcelona, OMEGA, 779p. JOHANSEN, D. A .1940. Plant microtechnique. 2.ed. New York, Macgraw-Hill, 532p. MACIEL, N.C. 1990. Praias, dunas e restingas: unidade de conservação da natureza do Brasil. SIMPÓSIO SOBRE ECOSSISTEMAS DA COSTA SUL E SUDESTE BRASILEIRA, 2. Anais. Águas de Lindóia, ACIESP, 3: 326-351. METCALFE, C.R. & CHALK, L. 1957. Anatomy of the Dicotyledons. v.l. Oxford, Clarendon Press, p. 502-535. METCALFE, C.R. & CHALK, L.1950. Anatomy of the dicotyledons: leaves, stem, and wood in relation to taxonomy with notes on economic uses. .v.2. Oxford, Claredon Press, 724 p. MORRETES, B.L. 1988. 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P. da Silva^ Alvadir T de Oliveira^ RESUMO: Uma nova espécie do gênero Lockhartia Hook (Orchidaceae Juss.), coletada no Estado do Pará, é descrita e ilustrada. Lockhartia ivainae Silva & Oliveira não apresentou afinidade com nenhuma espécie descrita para o gênero Lockhartia Hook., conforme consulta em bibliografia especializada. PALAVRAS-CHAVE: Lockhartia Hook, Orchidaceae, Taxonomia. ABSTRACT: A new species of Lockhartia Hook (Orchidaceae Juss), collected in Pará State, is described and illustrated. Lockhartia ivainae Silva & Oliveira has no affinity with any other species described in specialized bibliography on genus Lockhartia Hook. KEY WORDS: Lockhartia Hook., Orchidaceae, Taxonomy. INTRODUÇÃO Segundo Dressler (1993), o gênero Lockhartia inclui-se na Subfamília Epidendroideae Lindley, Tribo Maxillarieae Pfitzer, Subtribo Oncidiinae Benth., e é representado por aproximadamente trinta espécies, com distribuição desde o México e Tiinidad até o Brasil, Bolívia e Peru. Projeto Integrado do CNPq/Processo: 521148/96-0. MCT-Museu Paraense Emílio Goeldi, Coordenação, de Botânica. Pesquisadora. Caixa Postal 399, Cep. 66040-170, Belém-PA. E-mail; manoela@museu-goeIdi.br. MPEG/FBMM-Museu Paraense Emílio Goeldi/Fundação Margaret Mee. Av. Central, Q04, 07, Residencial Sabiá - 40 Horas. CEP 67120-000. Ananindeua-Pa. E-mail: alvadir@ 2 ipmail.com.br. 263 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 Em um estudo taxonômico sobre as Orchidaceae da Amazônia Brasileira, coletou-se no município de Água Azul do Norte, estado do Pará, uma amostra pertencente ao gênero Lockhartia Hook., que não se enquadrou em nenhuma das espécies já descritas para a flora orquídica, conforme foi constatado analisando-se os trabalhos de Cogniaux (1906), Hoehne (1949), Flora de Venezuela (1970), Pabst & Dungs (1975) e Dressler (1993). DESCRIÇÃO DA ESPÉCIE Lockhartia ivainae Silva & Oliveira, sp. nov. Tipo. Brasil, estado do Pará, município de Água Azul do Norte, margem do rio Água Azul , 06/1999. A.T. de Oliveira, 03. Holótipo MG: 150584. Figura 1; ibidem, 19 km da sede do município, campina na margem do rio Água Preta, 06/1994. J.B.F. da Silva & P. Magalhães , 330. Parátipo MG: 146090. Epiphyta pendula; inflorescentia solharia, sub-terminali, flore erecto, sepala dorsali lanceolata, erecta, lateralibus oblongo- lanceolatis, retrorsum arcuatis; petalis ovato-lanceolatis; labello convexo, longitudinaliter oblongo-ligulato, apice obtuso-emarginato, marginibus loborum lateralium laevibus; disco intra lobos laterales, protracto usque ad apicem labelli, dum hoc adrupte reflexo, praedito callositate debile, oblongo-ovata, in base habeníe partem sub- oblongam, minutissimis pilis; columna brevi, angusta in basin, apice duabus alis; anthera terminali, operculata; duobus poliniis. Epífita pendente, caules 14 cm compr., 0,7 cm larg., verdes, numerosos, fasciculados, eretos. Folhas 1,5-3 cm compr., 0,5- 1,5 cm larg., verdes, rígidas, dísticas, imbricadas. Inflorescência solitária, subterminal, flor 1 ou mais , amarela. Brácteas florais 4 mm compr., 3 mm larg., apressas aos pedicelos, membranáceas, cordado- orbiculares. Pedicelos 9 mm compr., cilíndricos, arqueados a partir do 264 Lockhartia ivainae: uma nova espécie de orchidaceae juss. para o Estado do Pará, Brasil Figura I - Lockhartia ivainae. A) Hábito; B) Detalhe da flor; C) Partes da flor: sépala dorsal ■ sd, sépala lateral - sl, pétala — p; D) Coluna; E) Detalhe do labelo; F) Labelo em vista frontal; G) Polinário com as polínias; H) Antera. 265 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 terço médio. Sépalas 4 mm compn, 2-3 mm larg., amarelas, côncavas, a dorsal lanceolada, ereta, as laterais oblongo-lanceoladas, arqueadas para trás. Pétalas 6 mm compr., 2 mm larg., amarelas, convexas, lanceolado-ovadas. Labelo 6 mm compr., 3 mm larg, amarelo, com duas pequenas máculas vermelho-vinho no disco, convexo, longitudinalmente oblongo-ligulado, ápice obtuso-emarginado; bordas dos lobos laterais lisas; disco 4 mm compr., entre os lobos laterais, estendendo-se até próximo ao ápice do labelo, quando este abruptamente arqueia-se para baixo, formando uma calosidade fina, oblongo-ovada e apresentando na base uma porção suboblonga de minúsculos tricomas. Coluna 2,1 mm compr., 1,5 mm diâm., amarela, com mácula vermelho- vinho, curta, estreitando-se para a base, ápice com um par de alas ; antera 1,5 mm compr., 1 mm diâm., terminal, operculada, polínias 2. O epíteto específico é uma homenagem dos autores à Sra. Ivaina Tavares de Oliveira, progenitora do co-autor deste trabalho. Pelos aspectos morfológicos, Lockhartia ivainae Silva & Oliveira não apresenta afinidade com nenhuma espécie descrita para o gênero, conforme constatado em consulta bibliográfica. AGRADECIMENTOS Ao pesquisador Ricardo Secco (CBO/MPEG), pelas críticas e sugestões; ao Pe. José Maria Albuquerque (FCAP) pela elaboração da diagnose em latim; à Fundação Botânica Margaret Mee (FBMM), pela bolsa concedida ao co-autor e ao Sr. Antônio Elielson Rocha (CBO/MPEG), pela ilustração da espécie. 266 Lockhartia ivainae: uma nova espécie de orchidaceae juss. para o Estado do Pará, Brasil REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COGNIAUX, A. 1906. Lockhartia. In: MARTIUS, C.P.F. VON & EICHLER, A.G. (eds.). Flora Brasiliensis, 3(6): 450 - 456. Frid. Lipsiae,. Fleischer. DRESSLER, R.L. 1993. Phylogeny and classification of the Orchid Family. Cambridge, Harvard University Press, 314 p. FLORA DE VENEZUELA. 1970. Orchidaceae. v.l5. Caracas, Instituto Botânico/ Direccion de Recursos Naturales Renovables, part. 5: 96-109. HOEHNE, FC. 1949. Iconografia de Orchidaceas do Brasil. São Paulo, Secretaria de Agricultura, 301 p. il. PABST, G.F.J. & DUNGS, F. 1975. Orchidaceae Brasiliensis II. Hildeshein. Brucke-kurt Scwersow, 418 p. Recebido em: 01.03.00 Aprovado em: 14.04.01 267 CDD: 584.15 CORYANTHES MÍNIMA: UMA NOVA ESPÉCIE DE ORCHIDACEAE JUSS. PARA O ESTADO DO PARÁ, BRASIL* Alvadir T. de Oliveira^ João Batista F da Silva^ RESUMO - Uma nova espécie do gênero Coryanthes Hook. (Orchidaceae Juss.), Seção Coryanthes, coletada no estado do Pará, é descrita e ilustrada. Coryanthes minima está relacionada com Coryanthes cavalcantei Silva & Oliveira, diferenciando-se desta por significantes aspectos da morfologia floral. PALAVRAS-CHAVE: Coryanthes Hook., Orchidaceae, Taxonomia. ABSTRACT - A new species of Coryanthes Hook, (Orchidaceae Juss.), section Coryanthes, from Pará States, is described and illustrated. Coryanthes minima is related to Coryanthes cavalcantei Silva & Oliveira, both species different for several floral morphology aspects. KEY WORDS: Coryanthes Hook., Orchidaceae, Taxonomy. INTRODUÇÃO Segundo Dressler (1993), o gênero Coryanthes Hooker inclui- se na Subfamília Epidendroideae Lindley, Tribo Maxillarieae Pfítzer, Subtribo Stanhopeinae Benth., e é representado por aproximadamente ' Projeto Integrado do CNPq/Processo: 521148/96-0. ^ MPEG/FBMM-Museu Paraense Emílio Goeldi/Fundação Margaret Mee. Av. Central, Q04, 07, Residencial Sabiá/40 horas. CEP 67120-000, Ananindeua-PA. ’ Trav. 14 de Março, 894, Bloco C, Apto 101, Umarizal. Cep. 66055-490, Belém-PA. E-mail: jbfdasilva@zipmail,com.br 269 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 trinta espécies. Na Amazônia está representado por quatorze espécies, sendo que os estados do Amazonas e Pará apresentam maior diversidade de ocorrência delas para o Brasil. Dando prosseguimento ao estudo taxonômico das Orchidaceae da Amazônia Brasileira, coletou-se no município de Moju, estado do Pará um exemplar pertencente ao gênero Coryanthes, que não se enquadrou em nenhuma das espécies já descritas para a flora orquídica, conforme foi constatado analisando-se os trabalhos de Cogniaux (1902), Hoehne (1942), Flora de Venezuela (1970), Gerlach & Schill (1993), Dressler (1993). DESCRIÇÃO DA ESPÉCIE Coryanthes minima Oliveira & da Silva sp. nov. Tipo: Brasil, estado do Pará, município de Moju, igapó do Igarapé do Luso. 09/199.7.5.E da Silva, 860. Holótipo MG; 150577. Figuras 1-2. Epiphyta. Inflorescencia 1-2 flori tenninalibus, pendulis; sepala dorsalis subreniformis, aciita; eaedem laterales falcato-ovatae, acuminatae. Petalae falcato-lanceolatae, acutae, labellum magnum, hipochilio leviter áspero, reflexo, elmifonnis, trilobato, in dimidium longitudinalis fissum leviter pubescente, lobi medianus membranaceus cum sini bini magnitiidi diversi, superiori minor et inferior majus, apice obtuso-emarginatis; mesochilium camosum, aspenim, reflexiim, extra piibescens, carina longitudinali percurrens; epichilium subelipticum, membranaceo, marginibus inde a parte mediana manifeste arcuatis, pubescentibus, rotimdatis. Columna robusta, carnosa, claviformis, basin versus angustata, cornis nectariferibus ornata; anthera terminalis carnosa, polliniis 2. 270 Coryanthes mínima: uma nova espécie de orchidaceae juss. para o Estado do Pará, Brasil epiquílio; C) Antera; D) Polinário com as polínias; E) Flor em vista lateral; F) Flor em corte longitudinal; G) Pétala; H) Sépala dorsal; 1) Sépala lateral. 271 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 Figura 2 - Exemplar de Coryantlies mínima Oliveira & da Silva (Foto: J.B.F. da Silva). Epífita, pseudobulbos 10 cm compr., 2 cm diâm., agregados, eretos, sulcados. Folhas 50 cm compr., 3 cm larg., linear- lanceoladas, levemente côncavas, com três nervuras longitudinais, destacadas entre outras mais finas. Inflorescência 1-2 flores, terminais, pendentes, amarelas, intemamente maculadas de vermelho-vinho, ráque 43 cm compr., 3 mm diâm., com bainhas espaçadas de 15 mm compr.. Brácteas florais apressas aos pedicelos, lanceoladas, 24 mm compr., 7 mm larg.. Pedicelos cilíndricos, 37 mm compr., 4 mm diâm., torcidos, arqueados próximo a região apical, com fendas longitudinais em toda a extensão. Sépalas amarelas, a dorsal 20 mm compr., 32 mm larg., posicionada no sentido transversal, subovada, com ápice agudo, bordos ondulados, enrolados; as laterais 50 mm compr., 30 mm larg., falcado-ovadas, os ápices acuminados, bordos ondulados, enrolados. Pétalas amarelas, 30 mm compr., 10 mm larg., falcado-lanceoladas, agudas, bordos ondulados, enrolados. Labelo amarelo, intemamente maculado de vermelho-vinho, hipoquflio 13 mm eompr., 17 mm diâm.. 272 Coryanthes minima: uma nova espécie de orcbidaceae juss. para o Estado do Pará, Brasil elmiforme, trilobado, os lobos com fendas longitudinais levemente pubescentes; o lobo mediano obovado, membranáceo, apresentado duas reentrância de tamanhos diferentes, a superior menor, circular, 1 mm prof., a inferior maior , oblonga, próximo ao ápice, 3 mm prof., ápice do lobo mediano obtuso-emarginado; lobos laterais carnosos, falcados, ásperos, reflexos, bordas lisas; mesoquflio 17 mm compn, 8 mm diâm., amarelo, intemamente maculado de vermelho- vinho, carnoso, reflexo, bordas viradas para dentro, lisas, externamente percorrida na região central por uma quilha longitudinal, pouco evidente, com até 3 mm larg., a parte basal apresentando uma pequeníssima excrescência pontiaguda (como), 2 mm alt.; epiquílio 20 mm prof., 18 mm larg. na parte basal, 15 mm larg. na parte apical, exteraamente amarelo e intemamente maculado de vermelho-vinho, subelíptico, membranáceo ,com cavidade profunda em vista lateral, bordas arcadas para fora a partir da região mediana, lisas, arredondadas; a parte mediana próxima à coluna com uma reentrância nas bordas em direção à parte apical; parte apical com uma protuberância ereta ( como), aguda, 3 mm alt., próxima a extremidade tridentada, os dentes laterais com ápices falcados e o mediano ligular-obtuso. Coluna 24 mm eompr., 5 mm larg., amarela, claviforme, robusta, carnosa, estreitando-se para a base, bordas aladas, com dois cornos nectaríferos encurvados, 6 mm compn, 4 mm diâm.; antera 6 mm compn, 4 mm diâm., subelíptica, terminal, polínias 2. O epíteto específico refere-se ao tamanho das flores presentes no táxon. Coryanthes ininima Oliveira & da Silva está incluída na seção Coryanthes. Pelos aspectos morfológicos, apresenta maior afinidade com Coryanthes cavalcantei Silva & Oliveira (Figura 3), diferenciando-se por apresentar flores menores; labelo eom o lobo 273 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 mediano obovado, membranáceo, apresentado duas reentrância de tamanhos diferentes, a superior menor, circular, 1 mm profundidade, a inferior maior , oblonga, próximo ao ápice, 3 mm profundidade, ápice do lobo mediano obtuso-emarginado; mesoquílio extemamente percorrida na região central por uma quilha longitudinal, pouco evidente, a parte basal apresentando uma pequeníssima excrescência pontiaguda (como), 2 mm de altura. Figura 3 - Exemplar de Coryanthes cavalcantei Silva & Oliveira (Foto: J.B.F. da Silva). AGRADECIMENTOS Ao pesquisador Ricardo Secco (CBO/MPEG), pelas críticas e sugestões; ao Pe. José Maria Albuquerque, pela elaboração da diagnose em latim; à Fundação Botânica Margaret Mee (FBMM), pela bolsa concedida ao primeiro autor e ao Sr. Antônio Elielson Rocha (CBO/MPEG), pela ilustração da espécie. 274 Coryanthes minima: uma nova espécie de orchidaceae juss. para o Estado do Pará, Brasil REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COGNIAUX, A. 1902. Coryanthes. In: MARTIUS, C.P.F.VON & EICHLER, A.G. (eds.). Flora Brasiliensis, 3(5); 508 - 516. Frid. Lipsiae, Fleischer. DRESSLER, R.L. 1993. Phylogeny and classification of the Orchid Family. Cambridge, Harvard University Press, 314 p. FLORA DE VENEZUELA. 1970. Orchidaceae. v. 15. Caracas, Instituto Botânico/ Direccion de Recursos Naturales Renovables, part. 4: 48-109. GERLACH, G. & SCHILL, R. 1993. Die Gattung Coryanthes Hook. ( Orchidaceae): eine monographische Bearbeitung imter besonderer Berücksichtigung der Blütenduftstoffe. Tropische und subtropische Pflanzernwelt. Maiz, Akademie der Wisselssenschaften und der Literatur. 205 p. HOEHNE, F.C.1942. Coryanthes. Flora Brasílica. São Paulo, 12(6):172-186. Recebido em: 03.03.00 Aprovado em: 17.04.01 275 CDD: 582.16041 OCORRÊNCIA DE CRISTAIS NO TECIDO XILEMÁTICO DE ESPÉCIES ARBÓREAS TROPICAIS* Ademir Castro e Silva- RESUMO - Foi analisado o tecido xilemático de 289 árvores da Amazônia com potencial madeireiro, com o objetivo de observar a presença de cristais nos seus diversos elementos celulares visando a subsidiar a inferência sobre o desgaste de serras e equipamentos comuns durante o processamento de madeiras. A grande maioria dos cristais ocorre no parênquima axial e com menor frequência nos raios e fibras. O conhecimento da ocorrência de cristais no tecido xilemático, contribuiu para identificação de madeiras de difícil separação macroscópica ( lOX) e visual. PALAVRAS-CHAVE: Cristais em madeira, Madeira tropical. ABSTRACT - Xylematic tissue of Amazonian trees with timber potential were analyzed with objective to observer crystals in the various elements to be useful inference about equipment abrasion during wood working with abundance of this mineral encrustation. The major frequency is on axial parenchyma occurring also in rays and fibers. Crystals contributed to separate woods that are hard to distinguish even using a hand lens or visually. KEY WORDS: Crystal in wood, Tropical woods. ' Trabalhô apresentado no 51" Congresso Naeional de Botânica. Brasília, DF, 2000. ^ UTAM-Instituto de Tecnologia da Amazônia. Manaus-AM. E-mail: adcastro@osite.com.br 277 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 INTRODUÇÃO A presença de cristais no tecido xilemático de espécies tropicais é comum e, o tamanho, a quantidade e distribuição pode ser usado na identificação anatômica da madeira e classificação (lAWA Committee 1989; Freitas et al. 7992; Vasconcellos et al. 1993). Atribui-se a presença de cristais de oxalato de cálcio no tecido xilemático como uma forma da planta compensar o excesso de cálcio que ocorre nas paredes celulares como pectato e que aparentemente influencia sua elasticidade. Está claro que há diferenças entre as espécies nas suas habilidades de acumular esse elemento essencial, porém, é consenso geral que os tipos e as concentrações de elementos minerais encontrados em plantas são influenciados pelos tipos e concentrações encontradas no solo onde crescem. Neste sentido, Epstein (1972) argumenta que a comparação dos tecidos das plantas poderia ser usado como indicativo da presença ou ausência de certos elementos minerais no solo. Cristais parecem aumentar em quantidade no tecido xilemático de Acacia nilotica (L.) Willd. ex Delile crescendo em sítios com um alto nível de cálcio permutável (John 1990). Entretanto, há casos em que o número de cristais por unidade da área varia em sítios com tipo de solo similar e com o mesmo nível de cálcio e magnésio. Além do xilema, esses cristais de oxalato de cálcio, podem ocorrer no floema secundário e nas células parenquimáticas tanto do sistema axial, quanto do radial. Podem ocorrer ainda nas iniciais radiais do câmbio (Rao & Dave 1984) e nas células fusiformes (Deshpandes & Vishwakarma 1992). Em Gmelina arbórea Roxb. ex Sm, os cristais se tomam mais abundantes depois de cessada a atividade cambial. Desta forma, a ocorrência de cristais de oxalato de cálcio em todas as células 278 Ocorrência de cristais no tecido xilemático de espécies arbóreas tropicais fusiformes, de uma fileira radial, enfatiza a similaridade das células meristemáticas da zona cambial (Deshpandes & Vishwakarma 1992). Ao que tudo indica, durante o período de maior atividade meristemática, as células fusiformes no câmbio e as células do parênquima axial na zona de condução do floema secundário, em Gmelina arbórea Rox. ex Sm, parecem ficar livres de cristais. Essa flutuação sazonal observada nesta espécie também foi reportada por Venugupal & Krishnamurthy (1987), no floema de ramos jovens de várias árvores. O padrão de distribuição e o arranjo dos cristais no xilema de espécies da família Lecythidaceae, tem sido de valor no diagnóstico para se diferenciar as madeiras de Couropita e Couratari que são macroscopicamente similares (Richter 1982; Botosso 1987). Neste contexto, é que se baseia o presente trabalho, objetivando verificar em quais elementos xilemáticos ocorre maior freqüência de cristais; assim como, relacionar as espécies que apresentam estas incrustações no seu tecido para servir de base ao seu processamento tecnológico. MATERIAL E MÉTODOS As observações microscópicas ocorreram em lâminas histológicas com cortes transversal, longitudinal tangencial e longitudinal radial do tecido xilemático, usando-se os corantes safranina e hematoxilina. O material foi preparado seguindo normas usuais em anatomia da madeira (lAWA 1989). Foram analisadas também lâminas pertencentes ao laminário do Laboratório de Anatomia da Madeira do Instituto de Tecnologia da Amazônia-UTAM (Manaus/AM) e consultados trabalhos sobre anatomia da madeira, publicados em revistas especializadas. A Tabela 1 mostra local de coleta do material examinado e registro de lâmina e número da xiloteca. 279 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 Tabela 1 - Relação das espécies analisadas, procedência e registro. Famílias/Espécies Procedência Xilo./Lam ANACARDIACEAE Astronium lecointei Ducke Mune. Parintins (AM) UTAM795 Spondia lulea Linn. Est. Mao-Ita km 64 (Manaus/AM) UTAM36 Tapirira guianensis Aubl. Est. Mao/Ita km 74 (AM) UTAml93 Tapirira myriantha Tr. Et Pl. Est. Mao-lta km45 (Manaus/AM) UTAM103 ANNONACEAE Annona sericea Dun. IPT (Local coleta: Amazonas) IPTI0155 Rollinea insignis R.E. Fries Est. Mao-lta km 32 (Manaus/AM) INPA754 Rollinia exsucca (Dum.) A. DC Manaus/AM UTAM37 APOCYNACEAE Aspidospenna album R. Benth. Est. Mao-lta km-94 (Manaus/AM) UTAM439 A.spidosperma obscurinervium Azambuja Est. Mao-Caracarai km 8 (AM) INPA774 Couma guianensis Aubl. Projeto Jari/PA UTAM396 Malouetia duckei Mgf. Jard. Bot. RJ604 LINPA181 Parahancornia amapa (Hub.) Ducke Igarapé Cachoeira Alta BOMBACACEAE Bômbax globosum Aubl.'” (Tarumã/AM) UTAM12 Catostema albuquerquei Paula Est. Mao-lta km 139 (AM) INPA4918 Catostema sclerophyllum Ducke Res. Flores. Ducke- Cach. Acará Ceiba pentandra Gaertn.'” (Manaus/AM) INPA3800 Matisia ochrocalyx Schum. Pachira insignis Sav'” Quararibea ochrocalyx Munic. Barreirinha/AM), rio Auaté INPA41 15 Scleronema micranthum Ducke BORRAGINACEAE Cordia bicolor A.DC.'^* Est. Mao-lta Km-55 (Manaus/AM) UTAM530 Cordia goeldiana Huber Cordia sagolii J.M. Lobinsten.'^' Santarém/PA UTAM54 BURSERACEAE Tetagrastris trifoliata (Engl.) Cuart. Est. Mao-lta Km 79 (Rio Preto da Eva/AM) UTAM616 CAESALPINIACEAE Bocoa viridiflora (Ducke) Cowan Est. Mao-lta km-55 (Manaus/AM) UTAM186 Cassia grandis Linn. Manaus/AM UTAM240 Cassia leiandra Benth. IPT (Local coleta: Belém/PA) IPTI95 Copaifera duckei Dwyer. CTFT (Local coleta: Amazonas) UTAM870 Copaifera marlii Hayne Marapiriim/PA INPA7087 Copaifera multijuga Hayne R.F.Ducke-Manaus/AM INPA2881 Copaifera officinalis Will. Jard. Bot. RJ (Coletado Belém/PA) LINPA153 Copaifera reticulata Ducke Est. Cuiabá-Acorizal Km 28 INPA7104 Dicorynia macrophylla Ducke Condado de Loreto, PERU INPA4195 continua... 280 Ocorrência de cristais no tecido xilemático de espécies arbóreas tropicais Tabela 1 - Relação das espéeies analisadas, procedência e registro. (Continuação) Famílias/Espécies Procedência Xilo./Lam Dimorphandra gigantea Ducke Jard.Bot. RJ1196 (coletado era Belém/PA) L1NPA149 Dimorphandra glabrifolia Ducke Est. Mao-Ita Kra 118 (AM) INPA6072 Dimorphandra multiflora Ducke<''> Floresta Nacional do Tapajós/PA Dimorphandra parvifolia Benth. Reserva Ducke (Manaus/AM) LUTAM5 Dimorphandra pennigera Tul. Tarumã - Manaus/AM LUTAM4 Dimorphandra vernicosa Benth. Tarumã - Manaus/AM LUTAM2 Eperua bijuga Mart. Jard. Bot. RJ 611 (coletado Belém/PA) L1NPA163E Eperua leucantha Benth. Floresta Nacional do Tapajós/PA Hymenaea courbaril L. Área Projeto Jari- PA UTAM391 Hymenaea oblongifolia Hub. Jar. Bot. RJ 2817 (coletado em Belém/PA) LlNPA-151 Lecointea amazônica Ducke Município de Parintins/AM LUTAM46 Macrolobium acaciefolium Benth Jard.Bot/ RJ2745 (coletado em Belém/PA) LUTAM39 Mora paraensis Duche**' Floresta Nacional do Tapajós/PA Swartzia aptera DC Curuá-Una - Santarém/PA UTAM636 Swartzia argentea 5pr. Ex Benth Praia grande (Rio Negro) - Manaus/AM UTAM106 Swartzia benthamiana Miq. Bacia Rio Solimões - SP de Olivença (AM) L1NPA179 Swartzia corrugata Benth. Est. Mao-lta km-55 (AM) UTAM220 Swartzia laevicarpa Amsh. Praia Grande (Rio Negro, Manaus/AM) UTAMI04 Swartzia recurva Poepp. Ex Endl. Est. Mao/Caracaraí, Km 60 (Reserva Biologica INPA) INPA8884 Tachigalia myrmecophylla Ducke Reserva Florestal Ducke (Manaus/AM) LUTAM 110 Tachigalia pumblea Ducke Est. Mao/lta, Kra 105 (AM) 1NPA3244 Vouacapoua americana Aubl. Área do projeto Jari/PA UTAM286 CARYOCARACEAE Caryocar microcarpum Ducke Rio Uatumã - Balbina (AM) INPA511 Caryocar villosum Pers. Est. Mao-lta, Km-55 (AM) UTAM200 CLUSIACEAE Calophyllum angulare A.C.Smith Reserva Florestal Ducke (Manaus/AM) INPA3363 Calophyllum brasiliense Comb. Manaus/AM UTAM8 Moronobea pulchra Ducke Área Cidade Nova (Manaus/AM) UTAM13 Vismia brasiliense Choisy*" nUCKEODENDRACEAE Duckeodendron cestroides Kuhim Est. AM-010, Km-100 (AM) UTAM1087 elaeocarpaceae Sloanea porphyrocarpa Ducke Lago do Jacaré- Manacapuru/AM UTAM248 continua... 281 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 Tabela 1 - Relação das espécies analisadas, procedência e registro. (Continuação) Famílias/Espécies Procedência Xilo./Lam EUPHORBIACEAE Glycydendron amazonicum Ducke llevea guianensis Aubl. Hevea spruceana (Benth.) MUIl. Arg.‘’> Hura crepitans L. Joannesia heveoides Ducke*^' Mabea caudata Pax. et Hoffm. Micrandropsis scleroxylon W. Rodr. FABACEAE Alexa grandiflora Ducke Área de Balbina (Presidente Figueiredo/AM) INPA8929 Diplotropis duckei Yakoviev Est. Mao-lta Km 89 (AM) INPA3973 Diplotropis martiusii Benth. Manaus/AM UTAMI4 Diplotropis purpurea (Rich.) Amsh. Área do Projeto Jari/PA UTAM273 Diplotropis racemosa (Hoehne) Amsh. Manaus/AM. Próximo Baln. Ponte da Bolívia INPA4I32 Diplotropis rodriguesii H.C.Lima Est. Mao/lta Km 120 (AM) INPA3642 Dipteryx cordata (Ducke) R.S.Cowan Esta. Mao-Caracaraí (AM) Igarapé da Lagei INPA6532 Dipteryx odorata Willd. Área do Projeto Jari/PA LUTAM47 Ormosia coccinea (Aubl.) Jacks Mun. Itacoartiara (AM) LUTAM723 Ormosia costulata Kleinh. Área da Pona Negra- Manaus (AM) INPA956 Ormosia flava (Ducke) Rudd. Área do Projeto Jari/PA UTAM264 Ormosia macrocalyx Ducke Lago Inemazinho (Cambixe/AM) 1NPA1506 Ormosia nobilis var. nobilis Tul. Igarapé. Cachoeira Alta (Manaus/AM) INPA942 Ormosia paraensis Ducke Ormosia insignis Sav.‘’> Est. Mao-lta Km 165 (AM) INPA3689 Vatairea sericea Ducke Estação Curuá-Una/PA INPA3I13 FLACOURTIACEAE Laetia procera (P. & E.) Eichl. Laetia suaveolens Benth.*” Est. Mao/lta, Km32 (AM) LUTAM 112 GOUPIACEAE Goupia glabra Aubl. Mune. São Paulo de Olivença/AM LINPA289E HUMIRIACEAE Vantanea parviflora Lam. Área Projeto Jari/PA UTAM285 Vantanea uclii Lam. Munic. Itacoatiara (AM) ICACINACEAE Emmotum glabrum Miers.*” Res. Madeireira Mil UTAm986 Emmotum nitens Miers. Prov. Mus. Bot. RJ4963 Emmotum orbiculatum Miers*” (Coletado AM) L1NPA499 Área Projeto Jari/PA Área Projeto Jari/PA UTAM290 UTAM403 Cambixe (Manaus/AM) UTAM15 Floresta Nacional do TapaJós/PA Est. Mao-Ita Km 32 (AM) LINPA246 Est. Mao-lta Km 94 (AM) UTAM438 continua... 282 Ocorrência de cristais no tecido xilemático de espécies arbóreas tropicais Tabela 1 - Relação das espécies analisadas, procedência e registro. (Continuação) Famílias/Espécies Procedência Xilo./Lam Poraqueiba guianensis Aubl. Poraqueiba paraensis Ducke^’' Est. Mao-Caracaraí, Km 14 (AM) INPA1093 LECYTHIDACEAE Bertholletia excelsa H.B.K. Cariniana brasiliense Casar. Santarém/PA UTAM47 Cariniana decandra Ducke Cariniana excelsa Casar.*’' PRORADAM85.396, Colômbia INPA7024 Cariniana integrifolia Ducke Res. Flor. Ducke (Manaus/AM) INPA677 Corytbophora alta R. Knuth. Est. Mao/Ita, Km-155 (AM) UTAM34 Couratari guianensis Aubl. Est. BR165, Km 85 INPA6786 Couratari oblongifolia Ducke & Knuth. Mune. Itacoatiara (AM) UTAm986 Couratari stellata A.C.Smith Est. ZF-2 Manaus/AM INPA8883 Couropita guianensis Aubl. Escliwielera scliomburgkii Vila do Cambixe (AM) INPA2016 CBerg.) Nield.*’' Curuá-Una/PA Holopyxidium jarana (Huber) Ducke Est. AM-010, km 55 (AM) UTAM199 Lecythis usitata Miers. Rio Cuieiras Próx. Lago Pirarucu (AM) UTAM206 MALPIGHIACEAE Byrsonima chrysophylla H.B.K Manaus, Est. Paredão Km 3 (AM) INPA220 Byrsonima coriaceae Kunth. Manaus/AM INPA2 Byrsonima schomburgkiana Benth. Igarapé da Normandia (Rio Branco/AC) INPA42 meliaceae Carapa guianensis Aubl. Manaus/AM UTAM142 Cedrela odorata L. Santarém/PA 1NPA1132 mimosaceae Cedrelinga cataneaformis Ducke Rio Trombetas/PA LUTAM43 Dinizia excelsa Ducke Manaus - Área Cidade Nova UTAM479 Enterolobium maximum Ducke Enterolobium scliomburgkii Área Projeto Jari/PA UTAM341 (Berg.) Nield. Est. Mao-lta, Km 155 (AM) UTAM34 higa brevialata Ducke Cidade Nova (Manaus/AM) UTAM500 Inga edulis Mart, Área Projeto Jari/PA UTAM350 Parkia decussata Ducke Área do Projeto Jari/PA UTAM327 Parkia multijuga Benth. Santarém/PA UTAM51 Parkia opositifolia Spruce ex Benth. Parkia paraensis Ducke Área do Projeto Jari/PA UTAM325 Parkia pendula Benth. Rio Branco - Serra Cigana. LUTAM42 Parkia ulei Kuhlm. Área do Projeto Jari/PA UTAM364 Peltogyne catingae Ducke Rio Canumã (AM) INPA4841 Peltogyne Jloribunda (H.B.K.) Benth. Mune. Bareirinha (AM) LUTAM38 Peltogyne paradoxa Ducke Proc. JBRj94 L1NPA474 Piptadenia comunis Benth. Área do Projeto Jari/PA UTAM355 continua... 283 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 Tabela 1 - Relação das espécies analisadas, procedência e registro. (Continuação) Famílias/Espécies Procedência Xilo./Lam Piptadenia suaveolens Miq. Pithecolobium amplissimum Ducke''> Pithecolobium jupumba (Wild.) Urb. Pithecolobium pedicellare (DC) Benth.'" Platymiscium ulei Harms. MORACEAE Brosimum acutifolium Huber Brosimum rubescens Taub. Clarisia racemosa Ruiz et Pav. OLACACEAE Curupira lefeensis Minquartia guianensis Aubl. PAPILIONACEAE Bowdichia nitida Benth. Hymenolobium modestum Ducke'^* Hymenolobium pulcherrimum Ducke Pterocarpus amazonicus Mart ex Benth. POLYGONACEAE Triplaris surinamensis Cham<’' RUTACEAE Zanthoxylum compactum Waterm. SALICACEAE Salix marliana Leyb. SAPOTACEAE Manilkara cavalcantei Pires & Rodr. Maquira scleropliylla (Ducke) C.C Berg SIMAROUBACEAE Simarouba amara Aubl. TILIACEAE Apeiba aspera Aubl. Apeiba burchellii Sparguc Apeiba echinata Gacrtn. Santarém/PA Área do Projeto Jari/PA Área do Cambixe/AM Área do Projeto Jari/PA Cruzeiro do Sul/AC Res. Flor. Ducke (Manaus/AM) Rio Guieiras (Próx. Lago Pirarucu/AM) Projeto Jari/PA Floresta Nacional do Tapajós/PA Lago de Balbina (Presidente Figueiredo/AM) Lago Paracuuba (Mun. de Manacapuru/AM) Municipio Aripuanã Costa do Baixio (Rio Solimões/AM) Est. Mao-Ita, Km 55 (AM) Res. Flor. Ducke (Manaus/AM) Est. AMOl, Km 49 (AM) Município Manacapuru/AM (Lago do Jacaré) Jard. Bot. RJ45a UTAM53 UTAM415 UTAMI6 UTAm421 INPA6283 INPA7I47 UTAM205 UTAM283 1NPA8866 UTAM528 1NPA6375 INPA6862 UTAMI84 INPA3885 INPA3287 UTAM246 INPAI39E continua... 284 Ocorrência de cristais no tecido xilemático de espécies arbóreas tropicais Tabela 1 - Relação das espécies analisadas, procedência e registro. (Continuação) F amllias/Espécies Procedência Xilo./Lam VIOLACEAE Rinorea macrocarpa Kuntze. Est. BR174, Km 60 (AM) INPA959 VOCHYSIACEAE Erisma uncinatum Warm. Area do projeto Jari/PA UTAM382 Qualea albiflora Warm. Santarém/PA UTAM632 Qualea cassiquiarensis Área do Projeto Jari/PA Spruce ex Warb. UTAM388 Qualea paraensis Ducke Área do Projeto Jari/PA UTAM392 Vochysia maxima Ducke Santarém/PA UTAM67 '"SUDAM (1983) ni Fedalto et a/., (1989) Vasconcellos et al. (1995) I" Vasconcellos et al. (1993) RESULTADO E DISCUSSÃO Do total (289) de espécies analisadas, 60% apresentaram a ocorrência de cristal no seu tecido xilemático (Tabelas 2-3). A grande maioria das espécies (58%) apresentou a ocorrência de cristais solitários, do tipo rombóide no xilema. Em algumas espécies, como em Holopixidium jarana (Hub.) Ducke (Lecythidaceae) observou-se a abundância de cadeias cristaliferas. O parênquima axial (77%) é o elemento xilemático que mais apresenta a ocorrência de cristais, seguido dos raios e, em menor freqüência as fibras (Tabela 1). A ocorrência de cristais, simultaneamente, nos três elementos celulares considerados, ocorreu apenas em Caryocar villosuni (Aubl.)Pers, Cassia grandis L.f., Copaifera martii Hayne, Dimorphandra pennigera Tul., Lecointea omazonica Ducke e Salix martiana Leyb. Algumas espécies, cuja similaridade visual não permitiu uma identificação instantânea, nem mesmo através de um exame microscópico, puderam ser diferenciadas pela presença ou não dessa 285 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 incrustação mineral. Foi o caso de Pterocarpus roheii Vahl e Pterocarpus amazonicus Huber., que são similares no visual apresentando um cerne de cor pardacenta, tendo uma certa similaridade do tecido xilemático, difícil de serem separadas pela anatomia. Entretanto, a ocorrência de cristais do tipo rombóide nos raios e fibras de P amazonicus e a ausência desses minerais no xilema de P. roheii fez com que pudéssemos separar facilmente essas duas espécies. Analisando a deposição de sílica e cristais no xilema de espécies da família Caesalpiniaceae, Vasconcellos et al. (1993) também constataram em alguns gêneros, a possibilidade de separar algumas espécies pela ocorrência de cristais. Uma característica interessante aconteee com algumas espécies dos gêneros Emmotum e Poraqueiba pertencentes à família leacinaceae. As três espécies do gênero Emmotum (E.glabrum Miers, E.orbiculatum Miers e E. uchi (Huber) Cuatr. e as duas do gênero Poraqueiba (P.guianensis Aubl e P. paraensis Ducke), apresentaram a ocorrência de cristais somente nos raios. Poucos gêneros apresentaram essa tendência. Se a tendência continuar para as outras espécies desses dois gêneros, a presença de cristais nessa família poderá ser de grande valor taxônomico. A mesma tendência de ocorrer cristais somente no tecido radial foi observada para Tapirira guianensis Aubl, T. myriantha Tr. et Pl. e Astronium lecointei Ducke pertencentes à família Anacardiaceae, Cordia bicolor A. DC e Cordia sagotti J.M.Lobinsten (Boraginaceae) e para Ducke odendron cestroides Kuhlm (Duckeodendraceae). Vasconcellos et al. (1995) encontraram resultado similar para Byrsonima chrysophylla H.B.K, B. coriaceae Kunth e B. schomburgkiana Benth. pertencentes à família Malpighiaceae. Claro que para aceitar tal proposição deve- se examinar mais espécies dentro desses gêneros e principalmente 286 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Ocorrência de cristais no tecido xilemático de espécies arbóreas tropicais levar em consideração que a concentração desses minerais pode variar com a idade e posição na árvore. Fedalto eí al. (1989), observaram a ocorrência de cristais no xilema de Enterolobium maximum Ducke (Mimosaceae) e Sterculia speciosa K. Schum (Sterculiaceae) provenientes da Floresta Nacional do Tapajós. Entretanto, amostras provenientes de outra região (Curuá-Una) não apresentaram cristais no tecido radial. Isto, entretanto, não exclui a possibilidade de sua ocorrência. Um caso semelhante ocorreu com a amostra analisada de Goupia glabra Aubl, onde foi observada a presença de cristais nos parênquimas axial e radial. Entretanto, Vasconcellos et al. (1995), não observaram a presença dessa incrustação mineral na sua amostra. Esta situação não invalida a separação de espécies dentro de um mesmo gênero baseada na presença de cristais. Ao inferir nesse aspecto verifica-se que, sendo o cálcio um ativador de enzimas e ocorrendo em quantidade considerável na parede celular como pectato de cálcio (Salisbury & Ross 1985), as espécies com grande concentração desse mineral nas suas células poderiam estar ativando enzimas específicas inerentes àquela espécie, e que o excesso estaria sendo acumulado na forma de oxalato ou carbonato de cálcio no tecido. Franceschi (1989) e Deshpandes & Vishwakarma (1992), por outro lado, sugeriram que a formação desses cristais em certos tecidos pode ser um fenômeno reversível e que pode representar uma reserva de cálcio ao invés de resíduo devido ao excesso desse mineral. Prior & Cutler (1992), por exemplo, argumentam que cristais de oxalato de cálcio presente nas espécies de Acacia kanoo Linn., Acacia tortilis (Forssk.) Hayne (Mimosaceae), Cochlospennum mepane (Cochlospermaceae) e Combretum apiculatum Sond. (Combretaceae), são importantes nas propriedades retardantes de 287 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 fogo dessas espécies, isto porque, a combustão inicial produz monóxido de carbono, o qual aumenta a temperatura para cerca de 370° C fazendo com que o oxalato de cálcio se quebre liberando oxigênio. Este, por sua vez, age como uma chama retardante e promove uma combustão similar àquela do carvão vegetal. Nas duas espécies do gênero Cassia analisadas (C. grandis Linn. e C. leiandra Benth) observou-se uma abundância de cristais presumivelmente oxalato de cálcio, no tecido xilemático, podendo- se deduzir que estas espécies provavelmente possuem boas propriedades retardantes de fogo. A Tabela 2 apresenta as espécies cujas amostras não ocorreram a presença de cristais. Tabela 2 - Ocorrência de cristais nos elementos celulares observada no xilema de espécies tropicais. ESPÉCIE PARÊNQUIMA RAIO FIBRA Aldina heterophylla Benth. Aldina latifolia Spr. Ex Bth. Alexa grandiflora Ducke Annoiia sericea Dun. Apeiba aspera Aubl. Apeiba burchellii Spargue Apeiba echinata Gaertn. Aspidosperma album R. Benth. Aspidospenna obscurinervum Azambuja Astronium lecointei Ducke Bertlwlletia excelsa H.B.K. Bocoa viridiflora (Ducke) Cowan Bômbax globosum Aubl. Bowdichia nítida Benth. Brosimum acutifolium Huber Brosimum rubescens Taub. Byrsonima clirysophylla H.B.K. Byrsonima coriacea Kunth. Byrsonima sclwmburgkiana Benth. Calophyllum angulare A.C.Smith Calophyllum brasiliense Comb. Carapa guianensis Aubl. Cariniana brasiliense Casar X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X continua... 288 Ocorrência de cristais no tecido xilemático de espécies arbóreas tropicais Tabela 2 - Ocorrência de cristais nos elementos celulares observada no xilema de espécies tropicais. (Continuação) ESPÉCIE PARÊNQUIMA RAIO FIBRA Carianiana decandra Ducke X Cariniana excelsa Casar X Carianiana integrifolia Ducke X Caryocar microcarpum Ducke X X Caryocar villosum Pers. X X X Cassia grandis Linn, X X X Cassia leiandra Benth. X X Catostema albuquerquei Paula X Catostema sclerophyllum Ducke X Cedrela odorata L. X X Cedretinga cataneaformis Ducke X X Ceiba pentandra Gaertn. X X Clarisia racemosa R. et P. X X Copaifera aromatica Dwyer. X Copaifera duckei Dwyer. X Copaifera guianensis Aubl. X Copaifera martii Hayne X X X Copaifera multijuga Hayne X Copaifera officinalis Will. X Copaifera reticulata Ducke X Cordia bicolor A.DC. X Cordia goeldiana Huber X Cordia sagotii J.M. Lobinsten X Corythophora alta R. Knuth. X Couma guianensis Aubl. X Couratari guianensis Aubl. X Couratari oblongifolia Ducke & Knuth. X X Couratari stellata A.C. Smith X X Couropita guianensis Aubl. X Crudia amazônica Spruce ex Benth. X Crudia oblonga Benth. X Crudia tomentosa Aubl. X X X Curupira tefeensis Black X Dicoryna macrophylla Ducke X Dimorphandra gigantea Ducke X Dimorphandra glabrifolia Ducke X Dimorphandra multiflora Ducke X Dimorphandra parviflora Benth. X Dimorphandra pennigera Tul. X X X Dimorphandra vernicosa Benth. X X Dinizia excelsa Ducke X Diplotropis duckei Yakovlev X X Diplotropis martiusii Benth. X Diplotropis purpurea (Rich.) Amsh. X Diplotropis racemosa (Hoehne) Amsh. X X Diplotropis rodriguesii H.C.Lima X X 289 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 Tabela 2 - Ocorrência de cristais nos elementos celulares observada no xilema de espécies tropicais. (Continuação) ESPÉCIE PARÊNQUIMA RAIO FIBRA Dipteryx cordata (Ducke) R.S. Cowan Dipleryx odorata Willd. X Duckeodendron cestroides Kuhlm. Emmotum glabrum Miers. Emmoíum nitens Miers. Emmotum orbiculatum Miers. Endopleura ucbi (Huber) Cuatr. X Enterolobium maximum Ducke Enterolobium sclwmburgkii (Bergs)Nielti. Eperua bijuga Mart. X Eperua leucantha Benth. X Erisma uncinatum Warm. X Eschweilera sclwmburgkii (Bergs)Nield. X Fagara compacta Huber ex Albuq. Glycydendron amazonicum Ducke X Goupia glabra Aubl. X Hevea brasiliensis Muell. Arg. X Hevea guianensis Aubl. X Hevea spruceana (Benth. )Müll. Arg. X Holopixidium jarana (Huber) Ducke X Hura crepitans L. X Hymenaea courbaril L. X Hymenaea oblongifolia Hub. X Hymenaea palustris Ducke X Hymenaea parvifolia Hub. X Hymenolobium modestum Ducke X Hymenolobium pulcherrimum Ducke X Inga brevialata Ducke X Inga edulis Mart. X Joannesia tieveoides Ducke X Laetia procera (P. & E.) Eichl. Laetia suaveolens Benth. X Lecointea amazônica Ducke X Lecythis usitata Miers. X Mabea caudata Pax. Et. Hoffm. X Macrolobium acaciefolium Benth. X Malouetia duckei Ngf. X Manilkara cavalcantei Pires & Rodr. X Maquira sclerophylla C.C. Berg Matisia ochrocalyx Schum. X Micrandopsis scleroxylon W. Rodr. X Minquartia guianensis Aubl. X Mora paraensis Ducke X Moronobea pulclira Ducke X Ormosia coccinea (Aubl.) Jacks X Ormosia costulata Kleinh. X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X continua... 290 Ocorrência de cristais no tecido xilemático de espécies arbóreas tropicais Tabela 2 - Ocorrência de cristais nos elementos celulares observada no xilema de espécies tropicais. (Continuação) ESPÉCIE PARÊNQUIMA RAIO FIBRA Ormosia flava (Ducke) Rudd. X Ormosia macrocalyx Ducke X Ormosia nobilis var. nobilis Tul. Ormosia paraensis Ducke X Pachyra insignis Sav. X Parahancornia amapa (Hub.) Ducke X Parkia decussata Ducke X Parkia multijuga Benth. X Parkia opositifolia Spruce ex Benth. X Parkia paraensis Ducke X Parkia pendula Benth. X Parkia ulei Kuhlm. X Peltogyne catingae Ducke X Peltogyne floribunda (H.B.K.) Benth. Peltogyne paradoxa Ducke X Piptadenia comunis Benth. X Piptadenia suaveolens Miq. X Pithecolobium amplissimum Ducke X Pitliecolobium jupunba (Wiild.) Urb. X Pithecolobium pedicellare (DC.)Benth. Platymiscium ulei Harms. X Poraqueiba guianensis Aubl. Poraqueiba paraensis Ducke Pterocarpus amazônicas Marth ex Benth. Qualea albiflora Warm. X Qualea cassiquiarensis Spruce ex Warb. X Qualea paraensis Ducke X Quararibea ochrocalyx Vischer X Rinorea macrocarpa Kuntze. X Rollinea insignis R.E. Fries X Rollinia exsucca (Dum) A.DC X Salix martiana Leyb. X Scleronema micranthum Ducke X Simarouba amara Aubl. X Sloanea porphyrocarpa Ducke X Spondia lutea Linn. Sterculia speciosa K. Schum. X Swartzia aptera DC X Swartzia argentea Spr. Ex Benth. X Swartzia benthamiana Miq. X Swartzia corrugata Benth. Swartzia laevicarpa Amsh. Swartzia recurva Poepp. Ex Endl. , Swartzia ulei Harms. Tachigalia mymercophylla Ducke Tachigalia pumblea Ducke X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X continua... 291 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 Tabela 2 - Ocorrência de cristais nos elementos celulares observada no xilema de espécies tropicais. (Continuação) ESPÉCIE PARÊNQUIMA RAIO FIBRA Tapirira guianensis Aubl. X Tapirira myriantha Tr. et Pl. X Tetagrastris trifoliata (Engl.) Cuart. X Triplaris surinamensis Cham. X Vantanea parvoflora Lam. X Vantanea uclii Lam X Vatairea sericea Ducke X Visrnia brasiliense Choisy. X Vochysia maxima Ducke X Voucapoua americana Aubl. X Zantlwxylum compactum Waterm. X X Tabela 3 - Espécies estudadas que não apresentaram cristais. Agonandra brasiliensis Micrs. Agonandra salvalica Ducke Anacardium spruceanum Benth ex. Engl. Andira parviflora Ducke Aniba afjinis Mezz. Aniba burchellii Kosterm. Aniba ferrea Kubitzki Aniba hostamaniana (Nees) Mez. Aniba saníalodora Ducke Aniba terminalis Ducke Anisopliylla manauensis Pires et Rodr. Antonia ovata Phol, Apeiba membranacea Spruee Aspidosperma oblongum A.DC. Astronium fraxinifolium Schott. Bixa arbórea Huber Bocageopsis multiflora R.E. Fries Bômbax longipedicellatum Ducke Brosimum parinariodes Ducke Brosimum polabile Ducke Calycophyllum spruceanum Benth. Cecropia purpurascens C.C.Berg Cedrela odorala L. Chrysophyllum cuspidalum Hoehne. Clarissa racemosa R & P. Couma macrocarpa Barb. Rodr. Manilkara amazônica Standl. Manilkara sigueiraii Ducke Mezilaurus decurrens Kost. Mezilaurus itauba Taub. Mezilaurus lindaviana Scliw. & Mez Miconia affins DC Micropholis gardnerianum (A.DC.)Pierre Microplwlis venulosa Pierre Mouriri brevipes Ilook. Nectandra amazonicum Nees. Nectandra rubra (mez) C.K. Allen Nectandra spumea Kubitzki. Neumaluma anomalum Baillon. Ocotea coslulala Mez. Ocotea cujumari Mart. Ocotea cymbarum H.B.K. Ocotea grandifolia Mez. Ocotea guianensis Aubl. Ocotea pallida Nees Ormosia coutinhoi Ducke Ormosia excelsa Benth. Parinarium monthanum Huber Polygonanthus amazonicus Ducke Poraqueiba sericea Tul. Pouteria guianensis Aubl. Pouteria macrocarpa (Mart.) D. Dietr. continua... 292 Ocorrência de cristais no tecido xilemático de espécies arbóreas tropicais Tabela 3 - Espécies estudadas que não apresentaram cristais. (Continuação) Croton maturensis Aubl. Dugetia iilei (Dielsj R.E. Fries. Duguetia quiatarensis Benth. Endlicheria arunciflora Mez. Endticheria sericea Nees. Euxylophora paraensis Huber Guarea carinata Ducke Guaterria cf sessilis R.E.Fries. Gustavia elliptica Mor. Ilimatanthus attenuata Woodson Inga alba (SW.) Willd. Iryantbera grandis Ducke Iryanthera macrophylla Iryantbera tricornis Ducke Jacaranda amazonensis Vattimo Jacaranda brasiliana Pers. Jacaranda paraensis Vattimo Laetia procera (P. et E.) Eichl. Licania apetala (E. Mey) Fritseh. Licania caudata Prance Pouteria venosa (Mart.) Baehmi. Pseudomedia laevigata Trec. Pseudoxandra polypheba R.E. Fries Pseudroxandra polyphylla Pterandra arbórea Ducke Pterocarpus roheii Vahl. Qualea brevipedicellata Staflew Qualea cff dinizii Ducke Rauwolfia duckei Muell. Arg. Ragala sanguinolenta Pierre Saccoglotis guianensis Benth. Schefflera morototoni (Aubl.) Decne et Plan Scleronema praecox Ducke Simaba guianensis Aubl. Sterculia pilosa Ducke Sterculia pruriens (Aubl.) Schum. Swietenia macrophylla King. Tabebuia barbata (E.Mey.) Sandwith. Trichilia guianensis C.DC Licania rigida Benth. Licaria amara Kosterm. Licaria canella Kosterm Ducke Licaria guianensis Kosterm Licaria vernicosa Kost. Macoubea guianensis Aubl. Unonopsis floribunda Diels. Unonopsis guaterriodes (A.DC.) R.E.Fries Virola albidiflora Ducke Virola calophylla Warb. Virola cuspidata (Benth.) Warb. Virola elongata Warb Virola guggenheimii W. Rod. Virola loretensis A. C. Smith Virola michela Heckel. Virola pavonis Smith Virola venosa Warb. Vismia duckei Maguire Vochysia guianensis Aubl. Vochysia inundata Ducke Vochysia obscura Warm. Vochysia vismiaefolia Spr. Ex Warm. Xylopia aromatica (Lam.) Mart. Xylopia benthamii R.E. Fries. Zanthoxylum rhoifolium Lam. continua... 293 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 CONCLUSÕES • O parênquima axial, é notadamente o elemento celular onde ocorre com maior freqüência, a presença de cristais (77%), sendo característica comum em alguns gêneros. • Existe, entretanto, a necessidade de estudos específicos visando evidenciar os cristais como característica taxonômica; assim como, para determinar o grau de influência sobre o processamento mecânico das madeiras que possuem essa incrustação mineral. • Os cristais podem ser importantes nas propriedades retardantes de fogo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOTOSSO, P.C. 1987. Alguns aspectos estruturais das células cristalíferas de Cariniana integrifolia Ducke. Ciênc. Natura. Santa Maria: 121-128. DESHPANDES, B.P & VISHWAKARMA, A.C.1992. Calcium oxalate crystals in the fusiform cells oftlie cambium o/Gmelina arbórea. lAWA Buli., 13(3):297- 300. EPSTEIN, E. 1972. Mineral Nutrition of Plants; Principies and Perspectives. New York, Wiley, 174pp. FEDALTO, L; MENDES, I.C.A & CORADIN, V.T. 1989. 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Recebido em; 17.08.00 Aprovado em: 09.07.01 295 CDD: 584.904526367 O GÊNERO PANICUM L. (GRAMINEAE/POACEAE) NA RESTINGA DA PRAIA DA PRINCESA, APA DE ALGODOAL/MAIANDEUA, MARACANÃ, PARÁ' Antônio Elielson Sousa da Rochar Maria de Nazaré do C. Bastos^ Ricardo de Souza Secco^ RESUMO - O gênero Panicum L. na restinga da Praia da Princesa, Maracanã, Pará Brasil, está representado pelas seguintes espécies: P. discrepans, P. laxum, P. polycomum, Ptrichoides. Para facilitar a identificação das mesmas são fornecidas uma chave dicotômica, distribuição geográfica, sinonímia, ilustrações, bem como comentários adicionais sobre tais táxons. Dentre as espécies estudadas, algumas apresentam potencial forrageiro e outras são fixadoras de dunas. PALAVRAS-CHAVE: Panicum, Poaceae, Taxonomia, Restinga. ABSTRACT — The genus Panicum L. on the Coastal “Princesa ” Beach in the municipality of Maracanã, Pará, Brasil, is represented by the following species: P. discrepans, P. laxum, P. polycomum, P. trichoides. Some of the studied species have potencial as forage plants for animais, and other are anchoring the duns against erosion. A key for the species and data on geographical distribuition are presented. The four species are illustrated KEY WORDS: Panicum, Poaceae, Taxonomy, Sandy Coastal. ' Parte da Dissertação de Mestrado em Biologia Vegetal Tropical do primeiro autor, pela Faculdade de Ciências Agrárias do Pará-FCAP. ^ MCT-Muscu Paraense Emílio Goeldi. Coordenação de Botânica. Bolsista. Caixa Postal 399. Cep: 66040-170, Belém-PA. E-mail: aeliclson@boI.com.br ’ MCT-Museu Paraense Emílio Goeldi. Coordenação de Botânica. Pesquisadores. Caixa Postal 399. Cep; 66040-170, Belém-PA. E-mails: nazir@museu-goeldi.br; rsecco@museu-goeldi.br 297 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 INTRODUÇÃO Para o litoral brasileiro, os trabalhos tratando exclusivamente das Gramineae (Poaceae) são raros. Aqueles especificamente taxonômicos são ainda em menor quantidade, podendo-se destacar entre os mais recentes o de Silva (1997), que trata das espécies do litoral arenoso e do manguezal da ilha do Cardoso, no litoral do estado de São Paulo; e o de Sarahyba (1993), que trata das Poaceae da Área de Proteção Ambiental de Massambaba, no litoral do Rio de Janeiro. No estado do Pará, mesmo com a intensificação dos estudos sobre a vegetação de restinga a partir da década de 90, destacamos apenas o de Vicente ei al. (1999), que tratam da família Tumeraceae A.P. de Candolle, justamente para a ilha de Algodoal. Com relação as Gramineae, não temos conhecimento de nenhum estudo desta natureza, exceto listagens de espécies citadas em estudos fitossociológicos, como os de Bastos (1996) e Santos & Rosário (1988). O gênero Panicum L. é um dos mais importantes dentro da família, possui aproximadamente 500 espécies que habitam, preferencialmente, as regiões tropicais e subtropicais, com algumas estendendo-se às regiões temperadas (Zuloaga 1975). Ao longo do litoral brasileiro a presença de Panicum é confirmada em diversas listagens, de norte a sul (Rocha 2000). Na Restinga da praia da Princesa, o gênero Panicum está representado por 4 espécies, todas ocorrendo na formação campo entre dunas, o que difere do que foi observado por Sarahyba (1993) no litoral do Rio de Janeiro, onde as espécies deste gênero ocorrem nas formações halófila e psamófila reptante. O objetivo do presente trabalho é o estudo taxonômico das espécies de Panicum ocorrentes na restinga da praia da Princesa, como forma de contribuir para o conhecimento das Poaceae do litoral paraense, como parte de um estudo taxonômico que vem sendo realizado pelo autor na referida área. 298 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 o gênero Panicum L. (gramineae/poaceae) na restinga da praia da princesa... MATERIAL E MÉTODOS Área de Estudo A ilha de Algodoal pertencente à APA de Algodoal/Maiandeua, localiza-se no litoral nordeste do Pará, no município de Maracanã, entre as coordenadas geográficas de 00° 34’ 4” a 00° 34’30” S e 47° 3 1 ’ 05” a 47° 34’ 12’ W. (Figura 1). O solo na Ilha está representado por cinco unidades taxonômicas dominantes, Podzólico Amarelo, Pdzol Hidromórfico, Areia Quartzoza, Solo Aluvial, Solo Aluvial Sódico e Soloncchak Sódico (Amaral 1998). A Ilha é constituída por vegetação de manguezal nas porções sul, centro e norte; campos hiper-salinos (apicuns) no interior ou próximo ao manguezal, e vegetação de restinga cobrindo grande parte da planície arenosa, na porção norte, nordeste e oeste. A área de estudo é a restinga da Praia da Princesa, localizada na parte norte da Ilha, desde a zona de preamar até o contato com o manguezal. A área é de aproximadamente 800 metros, e está constituída, segundo Bastos (1996), por cinco formações vegetais distintas: psamófila reptante, brejo herbáceo, campo entre dunas, campo arbustivo aberto e mata de Myrtaceae. Coleta do material As coletas foram realizadas no período de um ano, iniciando-se em maio de 1998. Durante este período foram realizadas 4 visitas ao local, em estações climáticas diferentes no ano, duas no período de maior intensidade pluviométrica e duas no período de menor intensidade. Em cada coleta foi percorrida toda a faixa delimitada como área de estudo, no sentido mar/continente e no sentido paralelo à praia, nas diversas formações vegetais. Os procedimentos para tratamento do material coletado foram baseados em Filgueiras (1992). 299 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 escala : 1:100.000 Figura 1 - Localização da área de estudo, restinga da praia da Princesa, APA de Algodoal/ Maiandeua, Maracanã, Pará. 300 SciELO 11 o gênero Panicum L. (grarnineae/poaceae) na restinga da praia da princesa... Além da coleta, foram visitados os Herbários do MG, lAN e IBGE. O material seco utilizado foi preparado em solução de amónia 70%, as espécies foram devidamente medidas e ilustradas com auxílio de lupa Zeiss equipada com câmara clara. As partes analisadas foram a inflorescência e espigueta, abreviadas como (inf) e (esp), respectivamente, no material examinado. Os sinônimos adotados para as espécies em estudo foram extraídos dos seguintes autores: aqueles referidos por Cremers & Hoff (1993) são adotados para Panicum polycomum Trin., P. laxum Sw.; aqueles referidos por Renvoize (1984) são adotados para Panicum trichoides Sw. TRATAMENTO TAXONÔMICO Panicum L., Sp. Pl. 55: 1753. Milium Adans, Fam. 2: 34. 1763, non L. 1753. Eatonia Raf., Phys. Chim. Hist. Nat. Arts 89: 104. 1819. Talasium (Thalasium) Spreng., Syst. 4, pt. 2:22. 1819. Coleataenia Griseb., Symb. Fl. Argent. In Goett. Abh. 24: 308. 1879. Phanopyrum Raf. Ex Nash in Small, Fl. Southeast. U.S. 104, 1327. 1903. Steinchisma Raf. Ex Nash in Small, Fl. Southeast. U. S. 105, 1327. 1903. Chasea Nieuwland, Am. Midland Nat. 2: 64. 1911. Neohusnotia A. Camus, Buli. Mus. Paris 26: 664. 1920. Polyneura A. Peter, Fedele Rep. Spec. Nov. Beih. 40, pt. 1: 203. 1930. Dichanthelium F. W. Gould, Brit. 59. 26: 1974. 301 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 ERVAS anuais e perenes; colmos eretos ou decumbentes, cespitosos ou rastejantes, estoloníferos; bainhas abertas, arredondadas ou raramente carenadas; lígula membranácea, glabra, pilosa, ou com uma fileira de tricomas; lâmina linear a ovada. INFLORESCÊNCIA panícula aberta ou contraída, racemosa, terminal ou axilar. ESPIGUETAS lanceoladas até subglobosas ou obovoides, dorsalmente comprimidas, sem arista, 2 flósculos; primeira gluma herbácea, Vj- V 3 do tamanho da espigueta, raramente ausente; segunda gluma semelhante ao lema estéril; flósculo inferior neutro ou masculino; lema superior cartilaginoso, rígido, liso e lustroso, com margens abraçando a pálea semelhante; lodículas 2; estames geralmente 3; estigmas 2, plumosos. CARIOPSE elipsóide ou globoso. Espécie-tipo: Panicum miliaceum L. Chave para separação das espécies de Panicum da Restinga da Praia da Princesa 1- Flósculo fértil piloso na base e no ápice, primeira gluma 1 P. discrepans V - Flósculo fértil glabro ou levemente piloso apenas no ápice, pálea presente 2- Lígula membranácea glabra, lâmina até 2,5 cm de comprimentos 2 P polycomum 2’- Lígula membranácea ciliada, lâmina acima de 3 cm de comprimentos 3- Lâmina 8-12 cm de comprimento, linear-lanceolada, base subcordata, espiguetas solitárias, segunda gluma 5 -nervada 3 p laxum 3’- Lâmina 3-6 cm de comprimento, ovada-lanceolada, base cordata, espiguetas pareadas, segunda gluma 3 -nervada 4 P. írichoides 302 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 o gênero Panicum L. (gramineae/poaceae) na restinga da praia da princesa... 1. Panicum discrepans Doell in Mart., Fl. Bras. 2 (2); 252. 1877. Tipo. Brasil, Spnice 602 (Síntipo, MO). (Figura 2). ERVA perene; colmo 20-30 cm de compr., decumbente a largamente reptante, enraizando na base, ramificado; nós e entrenós glabros; bainha pilosa nas margens e parcialmente pilosa na face adaxial; lígula com 1 fileira de tricomas, membrana ausente; lâmina 1,5-7 cm de compr., 3-7 mm de larg., plana, pilosa. INFLORESCÊNCIA 2,5- 3,5 cm de compr., piramidal, terminal, contraída, ascendente; racemos glabros, até 30, 2 cm de compr.. ESPIGUETA 1,2-1,6 mm de compr., 0,5-0,7 mm de larg., solitária, achatada dorsalmente, aguda, glabra ou esparsamente pilosa; segunda gluma 3-nervada; lema inferior semelhante à segunda gluma, 1,2- 1,6 mm de compr., 0,5-0,7 mm de larg., 3-nervado, glabro ou esparsamente piloso; pálea estéril ausente; flósculo fértil, 1,1-1,3 mm de compr., 0,5-0,6 mm de larg., liso, brilhante, piloso na base e ápice; lodículas 2, ápice irregular 0,3-0 ,4 mm de compr., 0,2 mm de larg.; anteras amareladas. CARIOPSE não observada. Distribuição Geográfica: Cuba, Costa Rica, Venezuela, Guianas e Brasil (Davidse etal. 1994). Material Examinado: BRASIL. Maranhão: AltoTuriaçu, entre Araguanã e Nova Esperança, campo baixo, 28-XI-1978 (esp), J. Jangoux & R.P Bahia 01 (MG); Amazonas: Humaitá, Rio Madeira, “Banks” do Rio Ipixuna, 26-XI-1966 (esp), G. T Prance et al. 3345 (IBGE); Mato Grosso: Córrego do gato, 3-X-1968 (esp), Harley et al. 10.444 (lAN); Pará: Belterra, campo úmido, lO-X-1978 (esp), R. Vilhena et al. 201 (MG); Maracanã, Ilha de Algodoal, Restinga da Praia da Princesa, margens de lagos temporários, campo entre dunas, 02-11-1991 (esp), M.N.C. Bastos et al. 722 (MG); Altamira, Ilha do Inferno Verde, 28-XI-1986 (esp), A. Dias et al. 630 (MG). Patiicum discrepans diferencia-se das demais especies do genero ocorrentes na área, por apresentar inflorescência piramidal contraída e flósculo fértil com ápice e base pilosos. Parece ser boa forrageira (Black 1950). 303 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 inflorescência; c: Detalhe da raque; d: Espigueta - lado da segunda gluma; e: Segunda gluma em vista dorsal; f: Lema estéril em vista dorsal; g: Lema fértil em vista dorsal; h: pálea em vista dorsal; i: Lígula; j; Flor. 304 o gênero Panicum L. (gramineae/poaceae) na restinga da praia da princesa... Na restinga da praia da Princesa, P. discrepans forma pequenas populações com indivíduos esparsos na formação campo entre dunas, sempre no período chuvoso. Os indivíduos vegetam nas margens de lagos temporários, podendo ser encontrados também sobre dunas. Foram observados indivíduos de P. discrepans em floração entre os meses janeiro a fevereiro. 2. Panicum polycomum Trin., Mém. Acad. Sei. Pétersb. Sér. 6, 3: 306. 1834. Tipo. R. das Guianas (? LE ). (Figura 3) Panicum siceaneum Trin., Linnaea 10: 298. 1836. P. obovaíum Doell in Mart., Fl. Bras. 2(2): 256. 1877. P. perpusillum Benoist, Buli. Mus. Nat. D’Hist. Nat. (Paris) 22: 277. 1950. P. tamayonis Luces, Boi. Soc. Venez. Cienc. Nat. 15:24 F. 17. 1953. P. /roeríf Swallen, Phytologia. 14(2):70. 1966 ERVA anual, cespitosa; colmos delgados, eretos ou ascendente, 8-20 cm de compr., ramificado; nós e entrenós glabros; bainha mais curta que os entrenós, 5-8 mm de compr., margens ciliadas, dorso glabro a esparsamente piloso; lígula membranácea, com margem recortada; lâmina, 0,5-2,5 cm de compr., 1-3 mm de larg., plana ou involuta, glabra a esparsamente pilosa no dorso, apressa ou ascendente, estreitamente lanceolada, acuminada. INFLO RESCÊNCIA panícula oval, 5-15 espiguetas, flexuosa, 1-3 cm de compr., esparsamente ramificada, racemos e pedicelos muito finos. ESPIGUETA elíptica, obovada ou subglobosa, 1-1,5 mm de compr., 0,6-0,8 mm de larg., glabra a esparsamente pubescente; primeira gluma V^- do comprimento da espigueta, uninervada, ligeiramente acuminada, triangular-ovada com tricomas esparsos; segunda gluma do comprimento da espigueta, ovada, 5-nervada, esparsamente pubescente, quando madura dobrando-se, mostrando o ápice do lema fértil; lema fértil semelhante a segunda gluma mas 3-nervada; pálea estéril ausente; flósculo fértil liso, brilhante. CARIOPSE não observada. 305 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 306 o gênero Panicum L. (gramineae/poaceae) na restinga da praia da princesa... Distribuição Geográfica: Guianas e Brasil (Renvoize 1984). Material Examinado: BRASIL. Pará: Marabá, Serra dos Carajás, campo, 3-IV-1977 (esp), M. Silva et al 3023 (MG); Tucuruí, Margem do Rio Tocantins, campina de areia branca, 30-V-1980 (esp), M. Silva & C. Rosário 5263 (MG); Região do Ariramba, Campo da Taboleta, 30-V-1957 (esp), G.A. Black et al. 57-19780 (lAN); Vigia, Campina da Palha, savana, 31-III-1980 (esp), G. Davidse etal 17686 (MG); Colares, campina, 16-VIII-1913 (esp), A Duck 12566 (MG); Marapanim, Vila de Marudá, Praia do Crispim, campo, 16-VI-1991 (esp), M.N.C. Bastos et al 1057 (MG); Maracanã, Ilha de Algodoal, Restinga da Praia da Princesa, campo entre moitas, rocinha, 19- VI- 1991 (esp), M.N.C. Bastos et al. 853 (MG); ibidem sobre dunas, 20- 111-1999 (esp), A.E.S. Rocha 22 (MG); Na restinga da Praia da Princesa, P. polycomum pode ser encontrada vegetando nas formações campo arbustivo aberto e campo entre dunas, desempenhando um importante papel na fixação das dunas devido, principalmente, ao seu rápido crescimento, formando uma superfície protetora. Em geral, as populações desta espécie na restinga da Princesa são densas. Foram observados indivíduos de P. polycomum em floração entre os meses dejaneiro ajunho. 3. Panicum laxum Sw., Prodr. Veg. Ind. Occ.: 23. 1788; Doell in Martius, Fl. Bras. 2(2): 212. 1877. Tipo. Jamaica, Swartz (Holótipo, S). (Figura 4) Panicum agrostidifon7ie Lam.,Tah\.Encyc\. 1: 172. 1791 P. tenuiculmum G. Meyer., Prim. Fl. Esseq. 58. 1818. P. leptomerum Presl., Rei. Haenk. 1:311. 1830 P. diatidrum Kunth., Rer. Gram. 2: 393. Pl. 110. 1831. 307 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 Agrostis nigrecens Salzm. ex Steud., Nom. Bot. Ed. 2.1: 41. 1840, nom. nud., Syn. Pl. Glum. 1:65. 1854. P. psilanthum Steud., Syn. Pl. Glum. 1: 66. 1854. P. ramuliflorum Hochst. ex Steud., Syn. Pl. Glum. 1: 65. 1854. P agrostis Ness ex Doell in Mart. Fl. Bras. 2(2): 213. 1877. P. liiticola Hitchc., Contr. U.S. Nat. Herb. 22: 485. F. 82. 1922. Panicum caroniense Luces, Boi. Soe. Venez. Cienc. Nat. 15:26. F. 18.1953. ERVA perene, 20-100 cm de alt., colmos eretos a decumbentes, moles, geniculados para a base; nós escuros, glabros, os inferiores ramificando-se, produzindo raízes; entrenós glabros e comprimidos; bainha carenada com uma margem membranácea e outra ciliada; lígula diminutamente ciliada; lâmina, 8-12 cm de compr., 0,8-1 mm de largura, linear lanceolada, subcordada na base, ligeiramente escabrosa nas margens. INFLORESCÊNCIA laxa, terminal, solitária, piramidal, 7-15 cm de compr., racemos alternos, raque angulosa. ESPIGUETA 1.3- 1.5 mm de compr., oblongo-elíptica, largo-subaguda, geralmente pareada com pedicelos desiguais; primeira gluma ca. do comprimento da espigueta, 3-nervada com nervura central levemente escabrosa; segunda gluma ligeiramente mais curta que o lema estéril, 5-nervada, 1.2-1. 3 mm de compr.; lema estéril semelhante à segunda gluma, mas 3-nervado; pálea estéril lanceolada, hialina, nervuras levemente escabrosas; flósculo fértil agudo-lanceolado, pouco mais curto que o lema estéril, liso e brilhante; lema fértil 3-nervado; pálea fértil com ápice levemente escabroso; anteras 3. CARIOPSE não observada. Distribuição geográfica: México, Brasil, Paraguai c Argentina. (Cremers & Hoff, 1993). 308 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 o género Panicum L. (gramineae/poaceae) na restinga da praia da princesa... 309 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 Material Examinado: BRASIL. Pará: Vigia, Savana, 29-III- 1980 (esp), G. Davidse et al. 17594 (MG); Bom Fim, Rio Juruá, 1 1- XI-1900 (esp), Ule 5305 (MG); Almerim, Monte Dourado, B. Pacanari, 13-V-1986 (esp), M.S. Pires & N. Silva 916 (MG); Conceição do Araguaia, floresta de galeria, 24-11-1980 (esp), T. Plowman et al. 9107 (MG) Jacundazinho, Praia arenosa, 9-VI-1949 (esp), G.A. Black 49- 8014 (lAN); Marabá, Serra dos Carajás, campo rupestre, 17-III-1984 (esp), M. Silva et al. 1 855 (MG); Marapanim, Praia do Crispim, restinga, margem de córrego, 14-VI-1991 (esp), MA. C. Bastos et al. 1105 (MG); Maracanã, Ilha de Algodoal, Restinga da Praia da Princesa, campo entre dunas, 15-IX-1999 (esp), A.E.S. Rocha 25 (MG). Panicum laxum desenvolve-se preferencialmente em solos alterados, comuns nas capoeiras, raramente nos capoeirões (Smith et al. 1982). A espécie é rara na restinga da Praia da Princesa, sendo encontrada vegetando na formação campo entre dunas, às margens de lagos ou em áreas úmidas e ligeiramente sombreadas; Black (1950) trata esta espécie como ruderal, sendo que o mesmo é dito por Cabral-Freire & Monteiro (1993) no litoral maranhense, no entanto na área de estudo a ocorrência desta espécie se dá também em áreas não impactadas. Panicum laxum fornece forrageira tenra, de qualidade regular, que em alguns lugares desfruta de melhor reputação (Corrêa 1926). Foram observados indivíduos de P. laxum em floração entre os meses de junho a dezembro. 4. Panicum trichoides Sw., Prodr. 24. 1788. Tipo. Jamaica, Swartz (holotipo, S). (Figura 5) Panicum capillaceum L., Tab. Encycl. 1:173. 1791; Doell in Martius, Fl. Bras. 2(2): 249. 1877. P. micranthum H. B. K., Nov. Gen. & Sp. 1: 105. 1815. ERVA anual; colmos 10-70 cm de compr., decumbentes, ramificados; nós e entrenós pilosos; bainhas arredondadas, estriadas, pilosas, ciliadas, 1-4 cm de compr., 2-4 mm de larg.; lígula curta, membranácea, ciliada; lâmina 3-6 cm de compr., 0,6- 1,5 cm de larg.. 310 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 o gênero Panicum L. (gramineae/poaceae) na restinga da praia da princesa... ovada a ovado-lanceolada, plana, esparsamente pilosa em ambas as faces, do ápice à base, assimétrica, base cordata e ligeiramente amplexicaule. INFLORESCÊNCIA 5-45 cm de compr., terminal e axilar, laxa ou densa, racemos até 30, 2-6 cm de compr.; raque pilosa, escabrosa. ESPIGUETA 1, 1-1,3 mm de compr., 0,6-0 , 8 mm de larg., solitária, pubescente, aplanado-convexa, subaguda; primeira gluma 0 , 6 - 0,8 mm de compr., 0, 5-0,7 mm de larg., do comprimento da espigueta, pilosa, 3-nervada, aguda, deltoide; segunda gluma, 1-1,2 mm de compr., 3-nervada, pilosa, sub aguda; lema estéril 1,2- 1,5 mm de compr., 3-nervado, piloso, subagudo; pálea estéril 0,5-0,7 mm de compr., 0 , 2 - 0,3 mm de larg., V,- V 3 do comprimento do lema estéril, subaguda, pilosa; flósculo fértil 0,8-l,2 mm de compr., 0,5-0,6 mm de larg., subagudo, liso, brilhante. CARIOPSE não observada. Distribuição Geográfica: Em toda a América Tropical, introduzida na África Tropical e Malásia. (Renvoize 1984) Material Examinado: BRASIL. Tocantins; Pium, Ilha do Bananal, Parque Nacional do Araguaia, 29-III-1999 (esp), M. A. Silva etal 4213 (IBGE); Ceará; Paramgaba, Taperaóba, 18-VI-1955 (Inf), G.A. Black 55-18350 (lAN); Pará; Maracanã, Ilha de Algodoal, restinga da Praia da Princesa, sobre dunas, Ol-VII-1992 (esp), L.C. Lobato et al. 492 (MG); Panicum trichoides é muito semelhante a P. trichantliurn Nees, mas diferencia-se por apresentar espiguetas glabras e primeira gluma muito curta, em forma de escama (Renvoize 1984). Na restinga da Praia da Princesa, P. trichoides encontra-se principalmente na base das dunas, com preferência por terrenos abertos e cultivados. Fornece forragem de boa qualidade. É considerada como uma das boas Poaceae forrageiras do Brasil, sendo mais utilizada para pastagem direta que para feno, mas devido ser pouco resistente ao pisoteio e relativamente fraca na luta contra outras plantas, é pouco utilizada (Corrêa 1926). Foram observados indivíduos de P. trichoides em floração entre os meses de junho a dezembro. 311 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 Figura 5 - Panicum trichoides Sw. (LC. Lobato et al. 492). a: Hábito; b: Detalhe da inflorescêneia; c: Espigueta - lado da primeira gluma; d: Primeira gluma em vista dorsal; e: Segunda gluma em vista dorsal; f: Lema estéril em vista dorsal; g: Pálea estéril em vista dorsal; h: Lema fértil em vista frontal;!: Pálea fértil em vista frontal; j: Lígula; 1: Flor. 312 o gênero Panicum L. (gramineae/poaceae) na restinga da praia da princesa... REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, I.G. 1998. Caracterização dos solos de uma topossequência na Ilha de Maiandeua — PA. Belém, Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, 87p. Dissertação de mestrado. BASTOS, M.N.C. 1996. Caracterização das formações vegetais da restinga da Princesa, Ilha de Algodoal — PA. Belém, Universidade Federal do Pará/Museu Paraense Emílio Goeldi, 249 p. Tese de doutorado. BLACK, G.A. 1950. Os capins aquáticos da Amazônia, Belém. Boi. Téc. Inst. Agron. Norte, (19):53-94. CABRAL-FREIRE, M.C.C. & MONTEIRO, R. 1993. 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Flórula Fanerogâmica das Restingas do Estado do Pará. Ilha de Algodoal. I- Família Turneraceae A. P. De Candolle. Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi. Sér. Bot. 15 (2): 173-198. ZULOAGA, F. 1975. El genero Panicum (Gramineae) en la Provincia de Jujuy. Boi. Soei. Argent. Botá., 16(4):420-425. Recebido em: 20.09.00 Aprovado em: 09.07.01 314 V FENOLOGIA FLORAL DE VIROLA SURINAMENSIS (Rol.) WARB. (MYRISTICACEAE) Cléo Gomes da Mota' Mário Augusto G. Jardim^ Milton Guilherme Mota^ RESUMO - É apresentada a fenologia floral de Virola surinamensis (Rol) Warb. visando contribuir no entendimento da dinâmica evolutiva da espécie e na estrutura floral. O estudo foi desenvolvido em uma população natural, localizada no campus da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, em Belém, estado do Pará, durante os anos de 1998 a 1999. O desenvolvimento reprodutivo foi acompanhado desde a formação dos botões florais, formação dos frutos e mudanças nas características florais como cor e odor. Veriflcou-se que a espécie é dióica, suas flores são unissexuais, amarelas, variando de amarelo pálido a ouro; possuem odor suave e adocicado, com antese diurna para ambos os sexos. As inflorescências masculinas apresentam maior display floral, isto é, são maiores (conspícuas) com maior número de flores e maior duração do display floral quando comparadas as femininas. As flores pistiladas são maiores em largura e as estaminadas em comprimento. O ciclo de vida das inflorescências masculinas (54 dias) foi maior que das inflorescências femininas (35 dias), o mesmo aconteceu para o período em que as flores das inflorescências permaneceram acessíveis aos agentes visitantes (masculinas 24 dias e femininas 16 dias). Em termos de unidade floral, as flores ' FCAP-Faculdadc de Ciências Agrárias do Pará. Mestre em Agronomia, Av. Tancredo Neves, s/n. Cep 66077-530, Belém-PA. ^ MCT-Museu Paraense Emílio Goeldi. Coordenação de Botâniea. Pesquisador. Caixa postal 399, Cep 66040-170, Belêm-PA, E-mail: jardim@museu-goeldi.br ’ FCAP-Faculdade de Ciências Agrárias do Pará. Professor Visitante. Av. Tancredo Neves, s/n. Cep 66077-530. Belêm-PA. E-mail: mota@amazon.eom.br 315 Boi Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 estaminadas são efêmeras, duram em média 24 horas e as pistiladas persistentes, com durabilidae média de sete dias; os mecanismos de atração dos visitantes das plantas masculinas devem-se à grande quantidade de flores oferecidas por um período mais prolongado, isto é, grande display floral, oferecendo como recurso o pólen e odor. O odor foi mais intenso durante o período da manhã. PALAVRAS-CHAVE: Virola surinamensis, Fenologia floral, Biologia reprodutiva de plantas. ABSTRACT — Study about floral fenology of Virola surinamensis (Rol.) Warb were realized for understanding of the evolutionary dynamics of floral structure the species and for future works. The study was developed in a natural population located in the Faculted Agrarian Science of Pará during 1998 to 1999. The reproductive development was accompanied from the formation of the floral buttons to the fruits formation changes in the floral characteristic as color and scent. The masculine inflorescences presents larger floral display and number of flowers in long time cycle of life (54 days), when compared with feminine inflorescences (35 days). The floral unit, the flowers estaminate is ephemeral, they last 24 hours and the persistent pistilate on the average with médium duration of seven days. The scent was felt with larger intensity during the period of the morning. KEY WORDS: Virola surinamensis. Floral fenology, Reproductive biology plants. INTRODUÇÃO Virola surinamensis (Rol.) Warb. é uma espécie dióica e pertence à família Myristicaceae considerada filogeneticamente como uma das famílias mais primitivas (Rodrigues 1980 e Bawa 1980). É encontrada em altas concentrações em áreas de várzea e igapó da bacia amazônica. Na região do estuário representa importante fonte comercial, em função da utilização do óleo de suas sementes pelas indústrias de cosméticos. Entretanto, a principal utilização industrial está na madeira, que possui boas características para uso na construção civil, fabricação de cabos de vassoura e indústrias de compensados e laminados. 316 Fenologia floral de Virola Surinarnensis (Rol.) Warb. (Myristicaceae) A grande pressão nas populações naturais da espécie tem despertado o interesse da comunidade científica para realização de pesquisas que visem obter conhecimentos básicos e subsídios biológicos para programas de conservação, manejo, aspectos evolutivos do taxa e no melhoramento genético. A fenologia floral de uma espécie faz parte dos estudos de sua biologia reprodutiva. Tais estudos são importantes para reprodução sexual e adoção de estratégias para cruzamento com outras espécies do gênero. O nível de assincronismo de épocas de floração, da receptividade do estigma e comportamento floral podem determinar o isolamento reprodutivo de um taxa em relação ao outro, portanto, pode-se contribuir para estudos evolutivos do grupo (Venturieri & Silva 1997). Nesta pesquisa determinou-se a fenologia floral da Virola surinarnensis (Rol.) Warb., visando contribuir com informações para o entendimento da dinâmica evolutiva e da estrutura floral da espécie. MATERIAL E MÉTODOS Localização da área de estudo O estudo foi realizado em uma área de várzea localizada no campus da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, próximo a bacia do igarapé Murutucum, lado direito do rio Guamá, município de Belém, estado do Pará. Apresenta as coordenadas geográficas 01° 27’ 253 e 0r27’ 399 latitude S e 48‘’26’026 e 48‘’26’ 148 longitude W Gr. A altitude no ponto mais alto da área de estudo é 41m. O clima de acordo com Kõppen é do tipo Afi. A precipitação média anual é de 2900 mm e a temperatura média anual é de 25‘’C, variando entre 21 e 3rC. A umidade relativa está em tomo de 84%; e a insolação anual é de 2219 horas e os meses mais chuvosos de janeiro a março. 317 SciELO 10 11 12 13 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 Obtenção dos Dados Os dados fenológicos foram coletados com auxílio de duas torres metálicas do tipo andaime com cerca de 20 metros de altura, instaladas próximo da copa de 10 árvores masculinas e 10 femininas para visualização das inflorescências e flores individuais. O período de observação das fenofases florais masculinas foi janeiro de 1998 a Janeiro de 1999 e das fenofases florais femininas de junho de 1998 a agosto de 1999, nos dois casos com avaliação das flores diariamente. As observações compreenderam os estádios de desenvolvimento, desde a formação do primórdio floral até a completa formação de sua arquitetura e o tempo decorrido até a abscissão total das flores nas inflorescências. Foram utilizados binóculo e lupa micrométrica. RESULTADOS E DISCUSSÃO Plantas Masculinas Durante o período de estudo foram registrados dois picos de floração. As árvores masculinas iniciaram o primeiro pico de floração na segunda metade do mês de abril, tendo seu auge em maio. Ao final deste mês surgiram novos primórdios florais, que originaram um outro pico de floração em junho e julho, findando em agosto. A floração foi contínua, durou em média 102 dias. No mês de julho foi observado o maior número de árvores, de ambos os sexos, florescendo na população. O outro período de floração das árvores masculinas iniciou em novembro, estendendo-se até o início do mês de janeiro, durou em média 90 dias. A floração das plantas femininas foi difícil de ser percebida, pois foi inconspícua, enquanto que na masculina foi conspícua a distâncias maiores que 50 metros, visto que a cor amarelo das inflorescências contrastou- se com o verde das folhas. A Figura 1 mostra os estádios de desenvolvimento da inflorescência masculina e sua respectiva arquitetura floral. 318 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Fenologia floral de Virola Surinamensis (Rol.) Warb. (Myristicaceae) Ç)>. ^ 9 ^ Estádio Estádio Estádio 03 Estádio 01 02 9 ^ Estádio ^ 06 Estádio 09 Figura 1 - Estádios de desenvolvimento da inflorescência masculina de Virola surinamensis (Rol.) Warb. e sua respectiva arquitetura floral, em uma população natural localizada no Campus da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, no período de 1998 a 1999. 319 SciELO 11 14 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 O estádio 01, ou seja, o primórdio floral corresponde ao surgimento no ápice do ramo de um botão coberto por um par de brácteas que se abre longitudinalmente. O processo de abscissão das brácteas ocorre conforme o crescimento do botão, entretanto, elas só desprendem-se quando os botões qile irão formar o primeiro par de ráquilas laterais, abrirem-se lateralmente, afastando-se do botão que iria formar a raque central (ou eixo central). O estádio 02 foi atingido em média dez dias após o estádio 01, correspondeu a formação da primeira tríade^ , ou seja, a primeira trifurcação na raque central, que originará o primeiro par de ráquilas opostas. No estádio 03, formou- se o segundo par de ráquilas na raque central. No primeiro par de ráquilas formou-se a primeira tríade. Os botões que iriam originar o terceiro par de ráquilas começaram a afastar-se lateralmente. Do estádio anterior a este decorrem em média mais sete dias, totalizando 17 dias. No estádio 04, o segundo par de ráquilas continuou a crescer e teve inicio a formação do terceiro par de ráquilas (opostas). Este estádio foi atingido após 21 dias. No estádio 05 houve a formação da segunda tríade (sub-ráquilas) no primeiro par de ráquilas. No segundo par de ráquilas formou-se a primeira tríade. O terceiro par de ráquilas continuou a se desenvolver. Neste estádio teve início a formação do quarto par de ráquilas (alternas) da raque central. Este estádio foi atingido após 26 dias. O estádio 06 ocorreu em média, apenas dois dias após o estádio 05, totalizando cerca de 28 dias. Neste estádio, formou-se no primeiro par de sub-ráquilas do primeiro par de ráquilas, a primeira tríade. O segundo par de botões que iriam formar o segundo par de sub-ráquilas, continuou a crescer e o botão apical desta raque perdeu suas brácteas, porém, os botões ainda continuaram juntos. No segundo par de ráquilas houve a formação do primeiro par de sub- ráquilas. O terceiro e o quarto par de ráquilas continuaram crescendo. No estádio 07 formou-se a segunda sub-ráquila do primeiro par de ráquilas, neste formou-se também a terceira tríade de botões. No segundo par de ráquilas teve início a formação da terceira tríade. Trifurcação resultante do desenvolvimento dos meristenias apical e secundários. 320 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Fenologia floral de Virola Surinamensis (Rol.) Warb. (Myristicaceae) No terceiro par de ráquilas formou-se a primeira tríade. O quarto e o quinto par de ráquilas perderam as últimas brácteas. Neste estádio, 30 dias após o estádio 01 ocorreu a antese das primeiras flores. No Estádio 08, a arquitetura da inflorescência já encontrava-se completa e as inflorescências já haviam perdido todas as suas brácteas. No estádio 09 houve a abscissão total das flores, após 54 dias do primeiro estádio. As flores das inflorescências masculinas permaneceram acessíveis aos agentes visitantes durante 24 dias. A seqüência temporal das fenofases florais das inflorescências masculinas pode ser observada na Figura 2. A antese das flores estaminadas ocorreu durante o dia, com início logo nas primeiras horas da manhã (6:00 h) e término no final da tarde, sendo que o maior pico de abertura das flores ocorreu das 12:00 às 16:00h. Em média abriram 27 flores diariamente. No momento da antese, os grãos de pólen encontravam-se expostos nas aberturas longitudinais das anteras e certa quantidade foi observada na parte interna das pétalas. As mudanças florais que ocorreram nas flores estaminadas iniciaram na antera, que após 6 horas apresentavam coloração marrom escura. Após 24 horas da antese, observou-se o inicio da senescência floral. As bordas das pétalas adquiriram uma coloração amarelo mais escuro, ocorrendo concomitante com início da abscissão. Por esse comportamento, as flores masculinas foram consideradas efêmeras, pois permaneceram pouco mais de 24 horas presas à inflorescência. Plantas Femininas As árvores femininas observadas, floresceram duas vezes em períodos distintos. Cinco árvores iniciaram a floração em junho e tiveram pico de abertura das flores na segunda metade do mês de julho, estendendo-se até a segunda metade do mês de agosto. O tempo de floração foi de 82 dias. Outras árvore femininas começaram a emitir primórdios florais em novembro e tiveram seu pico de floração em 321 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 dezembro, findando em janeiro. Apesar do acompanhamento contínuo (mensal) da floração ter sido realizado em um número reduzido de árvores, os dois picos de floração observados ocorreram nos períodos de menor pluviosidade e maior insolação (no caso, o mês de julho) e maior pluviosidade e menor insolação (novembro). A Figura 3 mostra os estádios de desenvolvimento da inflorescência feminina e sua respectiva arquitetura floral. O estádio 01 foi semelhante ao descrito para a masculina. O estádio 02 foi atingido três dias após o estádio 01. Neste estádio ocorreu a formação da primeira tríade, que iria dar origem ao primeiro par de ráquilas opostas. No estádio 03 observou-se a formação de nova tríade na raque central que iria dar origem ao segundo par de ráquilas. No primeiro par de ráquilas, os botões começaram a afastar-se lateralmente. Este estádio ocorreu seis dias após o estádio 01. No 04 observou-se a formação de nova tríade na raque central, que deu origem ao terceiro par de ráquilas. No primeiro par de ráquilas pode-se observar, o primeiro par de sub-ráquilas. A inflorescência leva em média 09 dias para atingir este estádio. O estádio 05 caracterizou- se pelo surgimento de novas sub-ráquilas, no primeiro par de ráquilas. No segundo par de ráquilas formou-se a primeira tríade. A raque central continuou a desenvolver-se formando nova tríade que originaria o quarto par de ráquilas. Neste estádio ocorreu a queda das últimas brácteas que envolvem os fascículo e a antese dos primeiros botões que encontravam-se nas posições apicais da inflorescência. Este estádio para ser atingido levou em média 19 dias. Após 23 dias as inflorescências femininas encontravam-se no estádio 06, isto é, com a arquitetura completa e cerca de 50% de suas flores já abertas. O estádio 07 correspondeu ao início da formação dos frutos, quando o ovário das flores polinizadas começaram a se desenvolver. Neste estádio, as pétalas destas flores já completamente secas, persistiam presas a base do pequeno fruto em formação. A disposição temporal destes estádios pode ser observada na Figura 2. 322 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Fenologia floral de Virola Surinamensis (Rol.) Warb. (Myristicaceae) — ■ — Masculina — « — Fem inina Figura 2 - SeqUência temporal de desenvolvimento das inflorescências masculinas e femininas de Virola surinamensis (Rol.) Warb. e seus respectivos estádios. Belém (PA), 1999. p Estádio 04 Estádio 07 Figura 3 - Estádios de desenvolvimento das inflorescências femininas de Virola surinamensis (Rol.) Warb c sua respectiva arquitetura floral, em uma população natural localizada no Campus da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, no período de 1998 a 1999. 323 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 Na inflorescência feminina, as flores permaneceram disponíveis para os visitantes florais em tomo de 16 dias. A antese ocorreu durante o dia desde as primeiras horas da manhã até o final da tarde com início por volta das 8:00 horas. Entretanto, as observações demonstraram que o màior número de flores em antese ocorreu em dois picos durante o dia, pel!^ manhã das 9:00 às 12:00 h e a tarde das 12:00 às 16:00 h. Neste último pico houve um número maior de flores abertas. Em média, abriram 10 flores diariamente. A flor pistilada ao abrir apresentou odor suave adocicado e cor amarelo-pálido. O estigma encontrava-se receptivo, entretanto, com os lóbulos estigmáticos fechados, com tonalidade verde limão, sendo fácil de perceber a presença do exsudato, isto é, um líquido na superfície estigmática. Os lóbulos estigmáticos abriram no decorrer do dia. O estigmá permaneceu com esta cor cerca de 48 horas. As mudanças florais na flor pistilada tiveram início 48 horas após sua abertura tendo iniciado pelo estigma que foi adquirindo progressivamente uma coloração marrom escura das bordas para o centro. Após 72 horas da antese as flores apresentaram uma tonalidade amarela mais escura. Após 168 horas (T dia) as bordas das pétalas começaram a escurecer (marrom) e iniciou o processo de abscissão daquelas que não foram polinizadas, persistindo apenas as polinizadas, onde já se observava uma ligeira dilatação do ovário. Após 360 horas da abertura da flor (15° dia), continuaram presas na inflorescência apenas os ovários daquelas flores que estavam no processo de formação do fmto, ou seja, com o ovário dilatado. As pétalas totalmente secas ainda persistiam presas na base do ovário. Estas observações coincidem com os estudos de Pina-Rodrigues & Mota (1996) e Pifia-Rodrigues (1999) sobre os padrões de florescimento c fmtificação de Virola surinamensis, em uma população implantada em Belém. De acordo com os autores “os maiores picos de florescimento e frutificação ocorreram na estação seca (julho a setembro). Nas plantas masculinas registrou-se maior intensidade de 324 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Fenologia floral de Virola Surinamensis (Rol.) Warb. (Myristicaceae) florescimento, podendo apresentar até dois eventos durante o mesmo ano, o que não foi observado nas femininas. No período das chuvas (dezembro a março) ocorre o florescimento de outro grupo de plantas, originando um pico de menor intensidade. Em nível de espécie, o padrão de floração foi anual a irregular, porém, em nível de indivíduo foi regular. Foi constatado que existem plantas masculinas e femininas que apresentam florescimento simultâneo e único, com formação de grupos de sub-populações de indivíduos que trocam fluxo gênico apenas entre si. Isso poderia levar ao seu isolamento reprodutivo. Newstrom et al. (1994), faz referência aos modelos de floração em florestas tropicais e aos níveis de análise desta floração, que podem focalizar a pesquisa em nível de flores, inflorescências, ramos, plantas individuais, até em níveis de população e comunidade. O estudo dos eventos fenológicos de Virola foram acompanhados nas inflorescências e flores individuais. O desenvolvimento das inflorescências para ser melhor caracterizado foi classificado em estádios conforme a disposição arquitetônica. De acordo com Endress (1994), o movimento dos lóbulos estigmáticos tem função ecológica, afeta a hercogamia e age como um sinal visual para aos polinizadores. O estudo dos padrões fenológicos de plantas tropicais em flores e inflorescências individuais e sua respectiva duração, tem merecido pouca atenção por parte dos pesquisadores, contudo, importantes estudos como os realizados por Frankie et al. 1983; Bawa 1983; Gori 1983; Primack 1985 e Newstrom et al. 1994, têm sido desenvolvidos nesta área do conhecimento para esclarecer este fenômeno. As observações das fenofases florais das inflorescências masculinas e femininas de virola, demonstram disparidade no período de formação da inflorescência antese das flores formação e duração do display floral. A floração masculina prolongada c antecipada antes do período aincrônico máximo de floração também pode ser importante 325 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 na atração e manutenção do número de polinizadores necessários para o aumento do sucesso reprodutivo. Muitas destas diferenças na floração têm sido atribuídas como conseqüência do alto custo fisiológico da produção de fmtos resultando em um aumento proporcional na alocação de recursos tanto para a reprodução feminina como para a masculina (Delph & Meagher 1995). De acordo com Newstrom et al. (1994), em espécies dióicas (como a virola) existem sensíveis diferenças no modelo de floração entre plantas masculinas e femininas. Os resultados encontrados nessa espécie estão em concordância com o proposto por Willson 1979; Bawa 1980; Stephenson & Betin 1983; Bawa 1983 e Newstrom et al. 1994, pois, na inflorescência, o tempo gasto para a formação completa da arquitetura e a duração do display floral em plantas masculinas é bem maior que em femininas. Os resultados indicam que possivelmente plantas masculinas possuem a função de atrair visitantes oferecendo -grànde quantidade de alimento por um período prolongado, mantendo um polinizador específico. Bullock (1982) obteve resultados semelhantes para a espécie dióica Campsoneura sprucei (A. DC.) Warb. (Myristicaceae) na Costa Rica. A espécie apresentou comportamento diferenciado em árvores masculinas e femininas, com relação ao número de florescimento por ano, número de inflorescência por árvore e número de flores por inflorescência, caracterizando ocorrências similares nas árvores masculinas, sendo que o tempo de permanência da flor pistilada foi bem maior que da flor estaminada. Frankie et al. (1983), estudando espécies arbóreas na Costa Rica, também mostraram diferenças temporais na produção de recursos entre flores estaminadas e pistiladas. De acordo com os autores, a ausência de sincronismo no fluxo de néctar entre flores de sexos diferentes que apresentam vários picos de produção diária facilitou o movimento dos polinizadores entre os indivíduos masculinos c femininos. 326 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Fenologia floral de Virola Surinamensis (Rol.) Warb. (Myristicaceae) De acordo com Crestana (1993), a espécie dióica Genipa atnericatia L. apresenta características diferenciadas para flores de ambos os sexos; sua duração não é efemêra diferente da maioria das espécies arbóreas tropicais. As flores pistiladas apresentam antese diurna, com maior número de flores em antese por volta das 10:00 horas da manhã; muito embora algumas iniciem a antese até no máximo às 17:00 horas, permanecem presas ao ramo cerca de sete dias. As flores estaminadas também possuem antese diurna, com o maior volume de flores iniciando a antese por volta de 8:30 horas. Entretanto, um número cada vez menor de flores inicia a antese até no máximo às 15:00 horas. Estas flores permanecem presas na planta em tomo de seis dias. Bawa & Beach (1981) correlacionaram modos de polinização e os sistemas reprodutivos com a fenologia, analisando padrões de florescimento de plantas tropicais em termos de horário, duração e freqüência. Nas espécies dióicas, as árvores masculinas apresentam antecipação do horário de antese, com maior duração do período de floração e em alguns casos, maior freqüência de florescimento em comparação com as plantas femininas. Estes fenômenos combinados ao assincronismo ou sincronismo floral são vistos como mecanismos para otimizar a eficiência da polinização. A antese das flores estaminadas e pistiladas de virola ocorreu em média aos 30 e 20 dias (após o estádio 01) respectivamente. As inflorescências masculinas e femininas levaram cerca de 34 e 23 dias para alcançar sua arquitetura completa. Este período mais prolongado na masculina deve-se ao maior número de flores e maior complexidade de ramificações na formação de sua arquitetura, em comparação com as inflorescências femininas, que possuem um número significa-tivamente menor de flores e arquitetura menos complexa. Nas flores individuais, os resultados continuaram demostrando diferenças intersexuais na longevidade floral. As flores masculinas são efêmeras, permanecendo cerca de 24 horas presas na inflorescência, enquanto que as femininas permanecem cerca de 168 horas (7 dias). 327 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 Bawa (1983) enfatizou que pode ser esperado em plantas masculinas e femininas, diferenças na duração da floração com base na seleção sexual e na relativa energia gasta na produção de gametas, pois, se de fato a quantidade de acasalamentos é realmente enfatizada pelo macho, um extenso período de floração pode ser mais vantajoso para os machos que para as fêmeas. Por outro lado, o comprimento do período de floração feminina pode ser encurtado, se o sucesso reprodutivo feminino for limitado pelos recursos disponíveis para a produção de frutos e não pela sua capacidade de ser polinizada. Os resultados obtidos parecem concordar com esta teoria, visto que as flores masculinas funcionam somente como doadoras de pólen e investem principalmente na quantidade, e em flores pequenas de curta longevidade; enquanto que as flores femininas investem mais na qualidade da fertilização, possuindo flores maiores que permanecem mais tempo na inflorescência. Estudos sobre a longevidade floral realizados por Ashman & Schoen (1996) em 280 espécies demonstraram maior número de espécies com flores efêmeras, ou seja, de um a dois dias. Entretanto, com esse número decrescendo conforme aumenta a longevidade floral. O autor sugere que esta longevidade floral é um caráter que reflete a adaptação da planta a uma variedade de condições ecológicas. Primack (1985) discutiu um modelo no qual a duração floral é determinada por uma possível interação (trade-ojf) entre a baixa aptidão (fitness) até o custo fisiológico de produção da flor e manutenção da estrutura floral, a qual deve-se adicionar o risco do parasitismo floral e o ganho de aptidão aumentando diretamente a probabilidade do sucesso reprodutivo para flores de vida longa. Flores de um dia devem ocorrer em plantas onde a probabilidade de ser visitada em um dia é igual a 1 (um) e podem por essa razão habitar locais onde as flores podem vir a ser rapidamente saturadas com pólen, suficiente para alcançar o máximo de sementes formadas e possibilitando o conhecimento das limitações do recurso. Sob estas 328 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Fenologia floral de Virola ^"•''"nmensis (Rol.) Warb. (Myristicaceae) condições a manutenção das flores abertas mais tempo pode incorrer um custo desnecessário. Durante o período funcional a flor recebe recursos para se manter viva e atrativa para os polinizadores. Deste modo, a manutenção dos gastos florais pode competir com a produção de uma nova flor ou outra função na planta, se os recursos forem limitados. Por essa razão, para uma perspectiva de adaptação, a longevidade floral das plantas deve (ou pode) refletir o balanço entre a conseqüente aptidão à polinização e a manutenção dos custos (Primack 1985). O tempo que uma flor permanece aberta pode influenciar no número total de visitantes polinizadores e pode afetar a quantidade e a diversidade de pólen que uma flor recebe e, também, a quantidade de pólen disseminado. A longevidade floral contribui para determinar o número de flores que abrem em determinado período e na duração do display floral', além do número total de flores por plantas (Primack 1985). Ultimamente, muitos estudos têm demonstrado que a longevidade floral influencia na qualidade e na quantidade de progénies produzidas por uma planta (Ashman & Schoen 1996). CONCLUSÕES Constatou-se que o assincronismo floral é evidente nas plantas masculinas e femininas ao longo do período de florescimento. Porém, existe sobreposição de fases florais masculinas em relação as fases femininas, o que permite a fecundação cruzada da espécie. Portanto, uma das estratégias da longa permanência das flores masculinas seria manter recursos florais até o momento em que as flores femininas iniciam sua antese e, por conseguinte, aptas para fecundação. Associado ao tempo de vida das flores masculinas estão os recursos florais que são considerados estratégias de manutenção de visitantes e polinizadores. 329 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 REFERÊNCIAS BLIBIOGRÁFICAS ASHMAN, T. & SCHOEN, D.J. 1996. 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";,n :,i >v,i' ;•■ ^,v>v(fí 4V1 ^'íttwfeMTTw'» ,>»7'’.Vy>’;\ .W ') ’ ,íi.:»Í.^M^0O‘i /.t'.*'’ v^-'-ií'i'-:'.'r!'..í •.»'t'iws''>.íi fAí ii^ ' ■;tr.í"'iVnV'Hv'' ^■' ■ '''''S-. / ' .íjfcín(in?r.b -jb aw»! ■t}ít\ ;'f;ir'i: ) •>/> ícai;uí'' 'i 'jb«i‘iiSTjy »»;•, . .j vjvi- Aírí íilifiMlíO» íi- Ví'ví-5irf>' ,V 'jVu' - 2 .- - .'TC-íifAí üiktv/i (Vm-Í "íí) ítii,^ií »^i£tli.' riMt.-õPWií . .HSl^Slíi®^ ■>' . • '.oríiSRwl^.Ciró:)!' br';: abíicf^f jípllfe-jí-K ) v.f£K'''í^<:’f f.\X :H '■ A ,/,0*,'l^; 1> ; í.-í ; <; .f;'...'J )0 ', ' 4 >rXM;>i:- li-i . '. *• -'-in .;i íuüjfcsa ..t'TÍ '1 'I.Í-'* , ■' ', i! loÇfr-í - ■ r.-; C' ■ V*»-"- ' '■ ' ■■•íAr r- .-, " y- ' A-' .■ríi"';C'í^ . ' •->•« Va-íSU r-t r SÍV;V «;.■' • "•■■■' : a;í ■ ... 2 3 4 5 6 SciELO 10 11 12 13 14 15 cm CDD: 58152643 COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA DE UMA FLORESTA DE VÁRZEA DO ESTUÁRIO AMAZÔNICO, ILHA DO COMBU, ESTADO DO PARÁ, BRASIL Mário Augusto G. Jardim} Ima Célia Guimarães Vieira^ RESUMO - Esta pesquisa analisa a composição florística e estrutura de uma floresta de várzea localizada na ilha do Combu, munícipio de Belém, estado do Pará. Foram delimitadas dez parcelas de um hectare, alocadas em dois ambientes (cinco parcelas em várzea baixa e cinco em várzea alta) e divididas em transectos de 10 x 100 m. Foram consideradas as árvores e palmeiras com diâmetro a 1,30 m do solo (DAP 10 cm). Registrou-se o DAP e altura. Para Famílias e Espécies calculou-se a frequência relativa (FR); densidade relativa (DR); dominância relativa (DoR); índice de valor de importância (IVI%) e índice de valor de cobertura (IVC). As amostras botânicas coletadas de árvores e palmeiras foram classificadas pelo Sistema de Cronquist, adotando-se o “nomina conservada ” para Leguminosae e incorporadas ao Herbário João Murça Pires do Museu Paraense Emílio Goeldi/MG. Os resultados mostraram 18 famílias, 41 gêneros e 45 espécies na várzea baixa e 29 famílias, 56 gêneros e 67 espécies na várzea alta. Nos dois ambientes a palmeira açaí foi dominante. As palmeiras foram mais representativas na várzea baixa, enquanto as árvores na várzea alta. Possivelmente, os fatores do meio influenciam na adaptabilidade das espécies nos respectivos ambientes. PALAVRAS-CHAVE: Fitosscxiiologia, Floresta de várzea. Várzea baixa, Várzea alta. ' MCT-Museu Paraense Emílio Gocldi. Coordenação dc Botânica. Pesquisador. Caixa Postal, 399, Cep 66040-170. Belém-PA. E-mail: jardira@museu-gocldi.br ' MCT-Museu Paraense Emílio Goeldi. Coordenação dc Pesquisa e Pós-Graduação. Pesquisadora. Caixa Postal, 399, Cep 66040-170, Bclóm-PA, E-mail: ima@muscu-goeldi.br 333 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 ABSTRACT— The objective ofthis research went know to composition and it structures floristic of a forest of located floodplain in the Island ofCombu, municipal district of Belém, State ofPará. Ten plots of I hectare allocated in two dijferent environments were defined (being five plots in the low floodplain and five plots in the high floodplain) and divided in transects of 10 x 100 meters. Soon after mensured the trees and palm trees with diameter (D AP ■* 10 cm) and was considered the height. For Families and Species was calculated relative frequency (FR); relative density (DR); relative dominance (Pain); index ofvalue of impo rtance (IV1%) and index of covering value (IVC) through the Program FITOPAC. The collected botanical samples of trees and palm trees were classified by the System of Cronquist the “nomina conserved” for Leguminosae being incorporated in Herbarium João Murça Pires ofthe Museum Paraense Emílio Goeldi/MG. The results showed 45 species distributed in 18 families and 41 genera in the low floodplain and 67 species in 29 families and 56 genera in the high floodplain. In the two enviroments the açaí palm was dominant. The palms trees went more representative in to low floodplain, while the trees in the high floodplain. Possibly, the factors ofthe half influence in the adaptability of the species in the respective enviroments. KEY WORDS: Fitossociology, Floodplain, Floodplain Low, Floodplain High. INTRODUÇÃO As várzeas do estuário amazônico foram denominadas de “várzeas de maré” por Ducke & Black (1954); Pires (I 974 ); Prance (1979); Pires & Prance (1985) e Prance (1985) em decorrência das inundações constantes provocadas indiretamente por águas oceânicas, que bloqueiam e revertem o fluxo de água doce que corre pelos rios e baías do estuário e causam modificações topográficas, estabelecendo dois ambientes denominados de “várzea baixa” e “várzea alta” que podem ser diferenciados na composição e estrutura flonstica. Essas diferenças estruturais parecem refletir numa intónseca relação entre os fatores edáficos e a topografia nos dois ambientes (De Granville 1992; Smith 1996). 334 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Composição Jlorística e estrutura de uma floresta de várzea do estuário amazônico... Quanto às caractensticas ambientais, a várzea baixa é constituída por palmeiras e menor diversidade em espécies arbóreas florestais, cujo solo é Glei Pouco Húmico e permanece temporariamente alagado. A menor ocorrência de árvores está associada à falta de oxigenação dos solos e ao crescimento radicular limitado (Lunt et al. 1973; Esau 1974 e Pelacani 1993). Na várzea alta são encontradas espécies arbóreas com maior freqüência e palmeiras, Latossolo Amarelo que apresenta-se compactado com pouca influência hídrica (Pires 1974; Smith 1996 e Pelacani 1993). Inúmeros estudos têm sido desenvolvidos sobre a flora existente em áreas estuarinas amazônicas com a finalidade de entender e conhecer a potencialidade local (Black et al 1950; Conceição 1990; Ayres 1993; Ferreira & Stohlgren 1999 e Rabelo 1999). As referidas pesquisas apresentaram resultados voltados à composição florística e estmtura. Toma-se importante nestes estudos conhecer a composição florística ocorrente nos dois ambientes (várzea baixa e alta), pois segundo Prance (1985) e Pires (1974) as marés provocam mudanças na estrutura do solo e topografia, o que limitaria ou permitiria o estabelecimento de espécies nestes ambientes. MATERIAL E MÉTODOS Caracterização da Área de Estudo A ilha do Combu localiza-se no município de Belém, estado do Pará, na margem esquerda do rio Guamá e abrange uma área total de aproximadamente 15 km^ na latitude 48° 25 W; longitude 1° 25 S, cerca de 1,5 km ao sul de Belém (Figura 1). O Clima é do tipo Am, segundo a classificação de Kõppen; pluviosidade com média anual de 2.500mm e temperatura média anual de 27°. Quanto a vegetação e topografia é uma área de floresta natural composta continuamente de cipós, árvores, arbustos, lianas e espécies de sub-bosque; apresenta estrutura e composição florística variada. 335 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 incluindo floresta primária e secundária (Jardim 1991). As influências sedimentares e topográficas causam efeitos importantes na estrutura da vegetação, condicionando a formação de dois ambientes topográficos de várzea (baixa e alta) e, por conseguinte, determinando diversidade florística diferente (Hamp 1991). Para Hamp (1991), Sampaio (1998) e Silva & Sampaio (1998), na várzea baixa o solo é do tipo Glei Pouco Húmico, com alta percentagem de siltes, argila e baixa percentagem de areia, em decorrência de sedimentos transportados pela ação constante das águas do Rio Guamá. Apresentam baixa saturação com pH em tomo de 4,5 - 5,0 e com valores médios de fósforo inorgânico (0,27 mg), fósforo orgânico (0,04 mg) e carbono (85 ± 16 mgC/g). O solo da várzea alta resulta do acúmulo muito recente de sedimentos, imperfeito a mal drenado, de coloração acinzentada ou neutra (compostos reduzidos de ferro) que se apresenta por vezes mosqueado de vermelho-amarelado, como conseqüência da oscilação do lençol freático. São geralmente argilosos com elevado teor de limo na composição granulométrica, pH de 7,5 - 8,0 e valor médio de fósforo inorgânico de 0, 10 mg, fósforo orgânico 0,07 mg e carbono 83 ± 27 mgC/g (Silva & Sampaio 1998). Está localizada numa faixa nas margens de rios e igarapés, com uma diferença topográfica em relação a várzea baixa, de aproximadamente 1,5 a 2,0 metros. É formada por intensa deposição de matéria orgânica e com drenagem eficiente onde durante os meses menos chuvosos apresenta solo totalmente seco e compactado. Análise Fitossociológica Foram delimitadas dez parcelas de um hectare divididas em transectos de 10 x 100 m e distribuídas aleatoriamente nos dois ambientes, sendo as parcelas 01, 03, 04, 06 e 07 na várzea baixa e as parcelas 02, 05, 08, 09 e 10 na várzea alta (Figura 2). 336 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Composição florística e estrutura de uma floresta de várzea do estuário amazônico... Figura I - Mapa de localização geográfica da ilha do Combu, município de Belém (PA). 337 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 oO bened,^^ I LHA DO , MAR/SCUJA M VA- vorzeo Alta VB_ vdrzeo Baixa Figura 2 - Croqui de alocação de 10 parcelas de 1 hectare em ambiente de Várzea Baixa (VB) e Várzea Alta (VA) na ilha do Combu, município de Belém (PA). Para localizar a várzea baixa e a várzea alta seguiu-se a descrição dos ambientes e orientação topográfica de Hamp (1991) e Sampaio (1998). Adotando-se a metodologia utilizada por Curtis & Mcintosh (1950) e Mueller-Dombois & Ellenberg (1974), foram mensuradas as árvores com diâmetro a 1,30 m do solo e (DAP^ 10 cm) e estimada a altura. A medição das palmeiras foi baseada em Scariot et al. (1989), adotando-se o DAP ^ 10 cm e estimando-se a altura. Nos açaizeiros foram medidos todos os estipes da touceira com DAP^ 10 cm, estimando-se a altura. As amostras botânicas coletadas de árvores e palmeiras foram classificadas pelo Sistema de Cronquist; adotando-se 338 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Composição florística e estrutura de uma floresta de várzea do estuário amazônico... O “nomina conservada” para Leguminosae. As amostras foram incorporadas no Herbário João Murça Pires do Museu Paraense Emílio Goeldi/MG. Com os dados obtidos foram calculados para família e espécie os parâmetros fitossociológicos de freqüência relativa (FR); densidade relativa (DR); dominância relativa (DoR); índice de valor de importância (IVI%) e índice de valor de cobertura (IVC), através do Programa FITOPAC, desenvolvido pelo Prof. Dr. George John Shepherd do Instituto de Biologia da UNICAMP, São Paulo. RESULTADOS Várzea Baixa Foram amostradas 45 espécies distribuídas em 18 famílias e 41 gêneros. Para análise das espécies e famílias considerou-se apenas os valores ^ 5% dos parâmetros fitossociológicos estudados (Tabela 1). Os valores de freqüência e densidade relativa mais representativos foram das seguintes espécies: Euterpe oleracea (24,55%) e (56,35%), Qiiararibea guianensis (12,50%) e (9,92%), Astrocaryum murumuru (6,70%) e (4,17%) e Carapa guianensis (5,36%) e (2,58%). Para a dominância relativa: Euterpe oleracea (32,46%) continuou obtendo a primeira posição seguida de Pseudobombax munguba (17,05%), Brosimum lactescens (6,90%), Hura creptans (6,44%), Virola surinamensis (5,53%), Astrocaryum murumuru (5,47%) e Quararibea guianensis (5,38%). Quanto ao índice de valor de importância, destacam-se: Euterpe oleracea (37,79%), Quararibea guianensis (9,27%), Pseudobombax munguba (6,82%) q Astrocaryum murumuru (5,44%). Para o índice de valor de cobertura: Euterpe oleracea (88,81%), Pseudobombax munguba (18,24%), Quararibea guianensis (15,30%), Astrocaryum murumuru (9,64%), Hura creptans (8,03%), Brosimum lactescens (7,10%) e Virola surinamensis (6,72%). 339 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 340 SciELO 12 13 15 Tabela 1 - Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas em 5 hectares da várzea baixa com Família, Nome Científico, Frequência Relativa (FR), Densidade Relativa (DR), Dominância Relativa (DoR), índice de Valor de Importância (IVI%) e índice de Valor de Cobertura (IVC) na ilha do Combu, município de Belém, Pará. As espécies encontram- se organizadas em ordem decrescente de IVI (%). (Continuação) Composição florística e estrutura de uma floresta de várzea do estuário amazônico... U > ONOO^«— Tfm»— oooNvooorNioow-í-^m^r^Tt ooooooooooooooooooo > sONOfOfooor-r^so\oor^ 1 1 < I I 2-S« S a c a _a ^ ’3 ti 60 S s 1 Ü C < •2 2 2 g S 5 »; S c c c -a .a £ .a s -a ^ B .s l-d-S c/l ~ M D • X x> Ü 'C .a •*> s: 3 2 „ 00 60 g o 3 w a 3 2| a 'Q .sí .a : ^ C ‘-S -2 ^ > a O ^ ^ a ^ .a a .2 c S-2 s 2 -2 òl 3 3 ■;í ^^3 áidòsllll tj *- c V. 3 - Lo CO cr J o ^ .2 5 2*^ §3-3 -Sc S ^ 3 .2 ®0 2 £?'S S! >0 s S 3 ,§ a •- Ü Q U. ■a .‘O < a 3 2 1 .a S a a c ,,00.0 ||l S c .o 2 3 í: 3 c* ^ i- g 3 ^ ^ u a, a: 3 u u rs ra u a> u u ^ 4) — o Sí (d 1) g s W iuuo.uCLao S E E “ 341 Rubiaceae Uncaria guianensis (Aubl.) Gmel. 0,45 0,20 0,05 0,23 0,25 Malpighiaceae Malpighia sp. 0,45 0,20 0,03 0,22 0,23 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 Neste ambiente nota-se a ocorrência da etnovariedade conhecida por açaí-espada, com freqüência relativa de 3,13%, densidade relativa (1,39%), dominância relativa (0,37%) e os índices de valor de importância (1,63%) e cobertura (1,76%). Estes valores são menores do que aqueles alcançados para o açaí-preto. Entre as famílias, Arecaceae apresentou maior número de espécies e índice de valor de importância em relação às demais. As dicotiledôneas alcançaram cerca de 34 espécies em relação as palmeiras (Monocotiledôneas) com 1 1 espécies. Embora as dicotiledôneas estejam em maior número de espécies, constata-se que a densidade relativa, dominância relativa e índice de valor de importância foi maior para Arecaceae. Juntas elas representam mais de 50% do valor de importância (Tabela 2). A densidade relativa da Arecaceae atingiu 70,65%, Bombacaceae (11,90%) e Leguminosae (5,18%). Isto mostra com clareza a representatividade das 1 1 espécies de palmeiras encontradas. Quanto a dominância relativa as famílias que se destacaram foram: Arecaceae (45,85%), Bombacaceae (23,07%), Euphorbiaceae (7,80%), Moraceae (7,05) e Myristicaceae (5,53%). Quanto ao índice de valor de importância, Arecaceae (54,70%) e Bombacaceae (17,16%), Leguminosae (5,82%) e Euphorbiaceae (5,19%) apresentarem indíces de valores ^ 5%. Várzea Alta Foram amostradas 67 espécies distribuídas em 29 famílias e 56 gêneros. Para análise das espécies e famílias considerou-se apenas aquelas que apresentaram valores ^ 5% dos parâmetros fitossociológicos estudados (Tabela 3). Os valores de freqüência e densidade relativa mais representativos foram das seguintes espécies: Astrocaryum murimuru (8,06%) e (8,82%); Euterpe oleracea (6,64%) e (7,98%) e Sarcaulus brasiliensis (6,64%) e (6,30%) respectivamente. 342 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Composição florística e estrutura de uma floresta de várzea do estuário amazônico... Tabela 2 - Parâmetros fitossociológicos das famílias amostradas em 5 hectares da várzea baixa com número de espécies (NE), Densidade Relativa (DR), Dominância Relativa (DoR) e índice de Valor de Importância (IVI%) na ilha do Combu, município de Belém, Pará. As espécies encontram-se organizadas em ordem decrescente de IVI (%). FamQia (NE) DR DoR IVI(%) Arecaceae 11 70,65 45,85 54,70 Bombacaceae 3 11,90 23,07 17,16 Leguminosae 10 5,18 2,46 5,82 Euphorbiaceae 3 2,39 7,80 5,19 Meliaceae 2 2,78 2,09 3,55 Moraceae 3 0,60 7,05 2,99 Myristicaceae 1 1.19 5,53 2,98 Clusiaceae 1 1,39 3,67 2,43 Sapotaceae 1 1,19 0,39 1,58 Sterculiaceae 2 0,80 1,58 1,23 Melastomataceae 1 0,40 0,11 0,47 Sapindaceae 1 0,40 0,13 0,53 Ulmaccae 1 0,20 0,06 0,23 Combretaceae 1 0,20 0,05 0,23 Hemandiaceae 1 0,20 0,03 0,23 Chrysobalanaceae 1 0,20 0,04 0,23 Rubíaceae 1 0,20 0,05 0,23 Malpighiaceae 1 0,20 0,02 0,22 Para dominância relativa: Spondias mombin (28,60%), Euterpe oleracea (11,29%) Terminalia dichotoma (9,18%) e Astrocaryum mummiiru (6,08%) sobressairam-se em relação as demais espécies. Quanto ao índice de valor de importância, destacam-se: Spondias mombin (10,43%), Euterpe oleracea Astrocaryum murumuru (7,65%) e Sarcaulus brasiliensis (5,10%). Quanto o índice de cobertura: Spondias mombin (29,86%), Euterpe oleracea (19,21%), Astrocaryum murumuru (14,90%), Terminalia dichotoma (10,44%), Sarcaulus brasiliensis (8,67%), Quararibea guianensis (6,78%), Protium krukofii (6,49%), Pithecelobium cauliflorum (6,18%), Rheedia macrophylla (6,05%) e Trichilia quadrijuga (5,46%). 343 Tabela 3 - Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas em 5 hectares da várzea alta com Família, Nome Científico, Frequência Relativa (FR), Densidade Relativa (DR), Dominância Relativa (DoR), índice de Valor de Importância (IVI%) e índice de Valor de Cobertura (IVC) na ilha do Combu, município de Belém, Pará. As espécies encontram- se organizadas em ordem decrescente de IVI (%). Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 sor^or^ooo^'^'0»r»ooooo 00 (N on vo r* rn 0 \ 0 \ Tf oo" vo" so" o UD vo (S — ^ — « fnrt-u-iOTfTj-sOfO-^ ov os r» ^ c/5 2 .2 S = 3 ^ SJ '^1 "3 S I .2 ^ ^ -S c 5 « « 3 .5 1 1 ^ Ola. fÜ iz t: CQ -S X ^ a a S3 00 ?s J= •5 -o c o CQ tí s 2J «3 3 0= a o T3 ca s; a Co 3 60 3 CU . < "i CJ a ^ CQ ca 3 3 uj 3 ^ ° g. Q u Q 5 . ^ 3 j- jD g < CQ 3 ^ 2- c o 2 2 2- « - 5 t; g Q 3 .5 U O QC 3 I § C C: 3 3 -àí -r* .2 CJ o .2 ^3 2 a 2 O to fJ Cd P 3 ^ ^ < < < 00 CQ w Sí Cd sHsS u ^ Cd .2 V) C ^ ^ 3 0 " — 05 u 2 u o « «rt «a ^ Cd Cd .ü .« 2 S g *5 -5 o Q Cd >» Q. 3 ^ CJ CJ — Cd *.5 Cd o OJ U CO S U. J -J « ^ td ccí.tC 2 j>juStt-Uc /5 344 SciELO 12 13 15 Tabela 3 - Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas em 5 hectares da várzea alta com Família, Nome Científico, Frequência Relativa (FR), Densidade Relativa (DR), Dominância Relativa (DoR), índice de Valor de Importância (IVI%) e índice de Valor de Cobertura (IVC) na ilha do Combu, município de Belém, Pará. As espécies encontram- se organizadas em ordem decrescente de IVI (%). (Continuação) Composição florística e estrutura de uma floresta de várzea do estuário amazônico. SO ^ 00 On On Os Ov 00 o" o" o" O O* 00 O sO '«O ‘O rt tJ- ^ ^ O o" o" o o" Tt ^ w-> o o o O O O O O fS •rf 00 00 00 Tf o" O o" o" o" t*- r- r*» ^ Tf ^ Tf Tf o ó o o" o oosor-o\r^ovONOsONr^ r-SOSOlOWiTfTtTfTfTf ó ' D- s E I 3 < O o, CO c 2 3 3 ^ 2-3 3 .3 a «Ur; .3 ~ s s 3n l* CQ ^ 3 Co to a l-õ u a a. 3 •5 -S 2 -ss S •S3 a 2 I i 2 o -3 5 "S a ^ 2 S 'C 3 ^-S 2 .c o -2 ■a f ra 5 ^ O ,<4/ 3 a: UJ O 4: (U 0) B rt u BB a> u 3 C3 Cd Cd •i: •t: 3á « « ^ S ^ ^ H 5 3 B B Cd 3 ^ O i> ü o 9 — ^ © V DIFFERENCES OF PRIMARY AND SECONDARY TERRA FIRME FORESTS ALONG THE UAICURAPA RI VER NE AR PARINTINS, AM ACCORDING TO THE RELATIONSHIP BETWEEN Individual tree size and vessel AREA IN STEM CROSS SECTIONS Akio Tsuchiya' Mario Hiraoka? ABSTRACT - Forest inventory and stem disk sampling were carried out in a primary forest (FP), 20 year-old and 8 year-old secondary forests (C20, C8) on a terra firme site along tfie Uaicurapa River near Parintins, AM. The relationship between individual tree size and vessel area (%) in stem cross sections was investigated. The number of species and individuais was 68 and 253 in the FP (T2500 nr). 23 and 45 in the C20 (/lOO nP), 18 and 102 in the C8 (/lOO m-), respectively. Species richness recovered along with time following abandonment, but only two species occurred commonly. The average tree height was 4.10 m in the C8 and 12.99 m in the FP. It was estimated from the standard deviation (C8: ±1.82 m, FP: ±7.15 m) that the development of strata had occurred with the passage of time. The aboveground biomass also differed greatly between the two stands (C8: 1.60 t/ha, FP: 259.59 t/ha). Most species showed a dijfuse vessel arrangement. The vessel area (%) oftall trees tended to be high in contrast to small individuais. This means that the percentage of vessels conveying the sap vertically is dependent on tree height. Further, the vessel area ofthe juvenile forest was larger than that of primary forest even under comparable tree heights. It is belicved that the low and uniform tree height with limited light stress causes the rapid growth rate in juvenile secondary forests. • Department of Environmental Stuclies, Faculty of Integrated Arts and Sciences, Hiroshima University, Higashi-Hiroshima, Hiroshima 739-8521, Japan. E-mail: tsuchiya@hirosliima-u.ac.jp 2 Department of Geography, School of llumanities and Social Sciences, Millcrsville University, Millcrsville, PA 17551-0302, U.S.A. 367 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 KEY WORDS: Primary forest, Secondary forest, Strata, Tree height, Vessel area. RESUMO - O inventário florestal e a coleta das amostras dos cortes transversais dos troncos foram feitas em uma floresta primária ( FP), e em uma floresta secundária de 20 e 8 anos (C20, C8) em terra firme ao longo do Rio Uaicupura perto de Parintins, AM, para investigar a relação individual entre o tamanho da árvore e a área de vaso(%) nas secções de cortes tranversais dos troncos. O número de espécies e indivíduos foram 68 e 253 em FP (/2500 m^), 23 e 45 em C20 (/lOO nr), e 18 e 102 em C8 (/lOO nd), respectivamente. Apesar de muitas espécies terem sido recuperadas com tempo devido apos ao abandono, somente duas espécies aparecem comumente. A média de altura das árvores é de 4.10 m em C8 e 12.99 m em FP. Baseado no desvio-padrão (C8: ±1.82 m, FP ±7.15 m) foi estimado que o desenvolvimento dos estratos ocorreu devidamente com o tempo. A biomassa também difere bastante entre as duas parcelas (C8: 1.60 t/ha, FP: 259.59 t/ha). A forma de distribuição da maioria das espécies apresentou um arranjo difuso. Houve uma tendência para que a área de vaso ( %) de árvores altas fosse maior que das árvores pequenas. Isso significa que a porcentagem de vasos, os quais são responsáveis pelo transporte vertical da água, é independente da altura da árvore. Assim sendo, a área de vaso da floresta juvenil foi maior que da floresta primária, mesmo em casos de árvores com alturas similares. Acredita-se que árvores de pequeno porte e uniforme com pouca assecibilidade a luz, são responsáveis pela grande taxa de crescimento das florestas secundárias Juvenis. PALAVRAS-CHAVE: Floresta primária, Floresta secundária, Estratos, Altura da árvore. Área de vaso. INTRODUCTION The landscape of the Middle Amazon is characterized by the seasonal inundation forest (várzea), where plants are subjected to altemating aquatic and terrestrial phases, and by the non-flooded upland forest (terra firme). Internai migrations to the region, inhabited mainly by indigenous and part-indigenous caboclos, was triggcrcd by the late ninetccnth ccntury rubber boom. Following the collapse of the latex-bascd cycle of cxtractivism, the emigrants who rcmained in 368 Diferences of primary and secondary terra firme forests along the uaicurapa river... the region began the development of the várzea and adjoining terra firme. Riverine changes began to accelerate after the 1950s with jute farming, and particularly after the 1980s with the replacement of jute by cattle. During the low water season, cattle are pastured on the abundant natural grasses of the várzea. The livestock are shifted to the terra firme in the high water season, when the bottomlands are submerged (Sternberg 1998). To accommodate the increasing demands for beef by Amazonian urban centers, particularly Belém and Manaus, herds expanded and along with them the deforestation of terra firme adjoining the várzea. In the late 1990s, the speculative growth began to be tempered as a result of severe competition from other breeding areas and pasture abandonment is beginning to take place. At present, researchers are debating how regeneration occurs in such places (Feamside 1998; Uhl et al. 1998). On the other hand, traditional land use has been carried out next to the cattle ranches on the terra firme. Manioc (Manihot esculenta Kantze.), the main staple of local inhabitants, is cultivated along with other crops under shifting cultivation. One to two hectare plots are opened in the forest by slash-and-bum, and manioc is cultivated for two years. Then, the land is fallowed, and a new site is opened. Therefore, secondary forests with differing ages are scattered on the terra firme. Rapid inroads into the Amazon rain forest, increasingly evident sincc the 1980s, are changing the trend of vegetation Science. For example, evaluation of deforested areas, development of selective logging methods, and afforestation techniques, are gaining ground, as opposcd to studies of specics diversity and exploration of lumber resources (LBA 1997). Long-tcrm monitoring of regeneration processes, simulation studies of optimum logging intervals, and enriched agroforestry systems are being favored (Higuchi 1994; Van Leuween er a/. 1997). Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 A drawback of vegetation Science and plant ecology is the absence of a perspective that investigates the processes ranging from germination, establishment, and succession to the recovery of a natural forest. Studies of plant communities generally focus on species richness and aboveground biomass. Limited attention is given to species and individuais that select their own life space following the development of strata. In the field of fluid dynamics, it is well known that the amount of fluid passing through a cylinder is proportional to the product of the fourth power of the diameter and the number of cylinders (Calkin et al. 1986; Tyree & Ewers 1991). For a tree, it is equivalent to the diameter of vessels and their density. Canopy species are required to absorb soil water so as to cope with the potential water gradient between the ground surface and the leaf layer (Zimmermann 1983; Fitter & Hay 1985). From comparisons of vessel areas in stem cross sections and individual tree sizes in a secondary forest at the Caxiuanã National Forest, Pará, where the development of strata had begun, Tsuchiya et al. (s.d.) demonstrated that the vessel area of canopy species is larger than species remaining dose to the forest floor. However, the relationship has not been discussed for a primary forest where trees exist in multiple layers. Further, it has not been investigated whether the vessel area remains equivalent between the primary and secondary forests when tree sizes are equal. Therefore, the first objective in this study is to compare the vessel and tree sizes in a primary forest. Secondly, it compares the relationship between the primary and secondary forests. MATERIALS AND METHODS The study site is located on a terra firme site along the Uaicurapa Ri ver near Parintins, AM (Figure 1). As is true with other areas of the Middle Amazon, transhumance of cattle between várzea and terra firme, small scale logging, extraction of forest products and manioc cultivation are the main activities of local inhabitants. In March 1999, 370 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Diferences of primary and secondary terra firme forests along lhe uaicurapa river... we established quadrats in a primary forest (2500 m^) and in two secondary forests (100 each). Hereafter, they are called FP, C20 and C8. The forest age of FP is unknown. The landowner has never used it. The C20 is a 20 year-old secondary forest fallowed after manioc cultivation. Likewise, the C8 is an 8 year- old secondary forest. Parintins Uaicurapa River 50 km Figure I - Study arca (Rio Uaicurapa). Rivers and lakcs are sliadcd in black. Várzea is doltcd. cm SciELO Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 Tree height, DBH and the number of stems per individual were investigated. The tree height was estimated from a distance with a Leica-Disto and the angle of elevation with a range finder. The DBH was measured with a tape measure for individuais over 5 cm in the FP and over 1 cm in the other two stands. From these parameters, the aboveground biomass of each individual tree was estimated using allometric equations proposed by Higuchi et al. (1994), and the total biomass (DW: t/ha) was calculated (individuais of DBH<5 cm were eliminated due to the regulation). Small trees at the FP were measured separately in a sub-quadrat (100 m^) established within the large quadrat. Dead trees, fallen trees and palms were also counted but they were not included among the living trees. Species were identified from the local name and leaf samples were taken to the herbarium of the Museu Paraense Emílio Goeldi for identification. Stem core samples were obtained with an increment borer in the FP and C20 (height: 1 m, core length: 10 cm). In the C8, stem disks were obtained by cutting down the trees. Two samples were obtained from each individual. It was impossible to take samples from all the individuais in the quadrats. The following percentage of samples and number of species were covered: 37% (58 species) in FP, 44% (13 species) in C20, and 34% (15 species) in C8, respectively. Attention was paid to obtain samples from different tree sizes. Growth ring measurements were condueted only with disk samples from C8. Core samples from FP and C29 were not used because it was difficult to identify the ring boundaries. Both core and disk samples were glued in a piece of wood, and were polished with a sand paper attachcd to a grinder (Nichika, RG-A30S). Then, the 1998 tree-ring was obtained with the image analysis software (Mitani, Mac Scope 2.5) through a CGD camera (Tokyo Denshi, CS5510) mounted on a measure scope (Nikon, MM-22). The magnification was x50 to xlOO. When the ring width was too large, the input was divided over several times since each input could accommodate an 372 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Diferences of primary and secondary terra firme forests along lhe uaicurapa river... area between 1.4 mm^ (xlOO) to 6.0 mm^ (x50). The area of each vessel, its number, its diameter, and circumference and brightness were measured, but we used mainly the vessel area (% of vessel area in the 1998 tree-ring) in this study. In addition, the distribution pattem of the vessel and parenchyma was also investigated. RESULTS Species richness, slratification, aboveground biomass at the stand levei Table 1 shows the results from the forest inventory in each stand. The number of botanical families, species and individuais appearing in all the three stands was 34, 87, 400, respectively. The FP (2500 m^) was made up of 253 individual trees (DBH=5 cm) consisting of over 31 families and 68 species. The C20 (100 m^) was represented by 45 individuais, consisting of over 15 families and 23 species. In C8 (100 m^) there were 102 individuais, with over 12 families and 18 species (DBH=1 cm). Species richness increased with time after abandonment. However, as is shown in black circles (Figure 2), the commonly appearing number of families was only 9 (Melastomataceae: N” 22, Guttiferae: N" 14, Lauraceae: N” 16, Annonaceae: N“ 2, Sapindaceae; N” 30, Boraginaceae: N” 5, Apocynaceae: N” 3, Anacardiaceae: N" 1, Celastraceae: N” 8), and that of species was only 2 (Miconia spp.: N” 41, Maramara and Cordia alliodora (R. & P.) Cham.: N” 15). Species appearing frequently in the FP were Protium heptaphyllum (Aubl.) March. (Burseraceae, n=32), Pithecellobium latifolium (L.) Benth. (Leg-mimo., n=23), Eschweilera spp. (Lecythidaceae, n=18. Morrão). Individuais of Lauraceae (n=17) and Sapotaceae (n=16) were also large. In C8, the largest species were made up of Miconia spp. (n=50), Vismia cayennensis (Jacq.) Pers., Vismia giiianensis Choisy, Vismia latifolia (Aubl.) Choisy (n=23 in total). There was no consistency both in families and species between the two stands. Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 Table 1 - Results of forest inventory: number of species, families and individuais, DBH (cm) and tree height (m), aboveground biomass (DW: t/ha). Stand Species Families Individuais DBH cm r\\ m DW t/ha M’ 68 31 253/2500 m’ 16.03 12.99 259.59 Primary forcsl DBH<5 cm: not included 1012/ha ±10.92 ±7.15 n=253 C20 23 15 45/100 m' 8.18 7.72 112.20 20 ycar-old forest DBH<1 cm: not included 4500/ha ±6.23 ±4.33 n=30 C8 18 12 102/100 m’ 3.77 4.10 1.60 8 ycar-old forest DBI{<1 cm: not included 10200/ha ±2.51 ±1.82 n=27 Botanical family n: 400 ° «oiíMaíilMTnííríTMmolTIlTMTTMManmTriOTrjsM 4142805261 23468155 2999 4 2776 1734 5 535651 626521 162277 B 83 84 5844481237 1530265754663643137031 2 6 6338503519727578 7 8587 Species FP ■ C20 C8 Figure 2 - Number of families (uppcr) and species (lowcr) appcaring in cach sland. 374 Diferences of primary and secondary terra firme forests along lhe uaicurapa river... Except for Astrocaryum murumuru Mait., the dominant palm species was different between the secondary and primary forests. Bactris maraja Mart. and Syagrus inajai (Spruce) Becc. were dominant in the primary forest, but Lepidocaryum tenue Mart., Cocos nucifera L. f. and Maximiliana maripa (Cor. Ser.) Drude were found in the secondary forests. Also, the secondary forests were characterized by numerous vines and stumps of original trees which had re-sprouted. There was not a large difference in the number of dead trees among the stands, but the mean diameter of dead trees reached 31.4 cm in the FP and gaps were found in places. Both tree height and DBH became greater with time, but the Standard deviation also increased. In sorting them by size, the division between the large-sized individuais and the small ones becomes evident in the FP (Figure 3). Most of the trees are composed of médium and shrubby individuais lower than 20 m and 20 cm, but a small number of large-sized individuais, which form the canopy layer, pushcs up the standard deviation. Plot C20 shows similar characteristics, but the stand itself remains small. The dcvelopment of strata at C8 is not evident yet. Most trees are lower than 10 m in height, and the DBH is less than 10 cm. The stand is uniform and little difference is found both in tree height and DBH. The relationship between tree height and DBH is shown in Figure 4. They are not regressed by a linear functiòn but the tree height in the FP pcaks at 40m and the DBH=40 cm. There was not a large difference in the relationship of small individuais among the stands. They were distributed in the lower Icft of Figure 3. The alxtvcground biomass (DW) estimated by allomctric cquations combining tree height and DBH varied grcatly from 1.60 t/ha (C8) to 259.59 t/ha (FP). Although the number of individuais used in the estimate in C20 was 30 and in C8 was 27, the difference in DW attaincd more than 160 times, since individuais with DBH<5 cm were not Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 included in the calculation. The interannual change is shown in Figure 5. The horizontal axis cannot be cannot be indicated precisely because the forest age of FP is unknown. However, it is possible to observe that the DW at C20 has recovered to about one half that of FP. 40.00 , 30.00 ■& •Jj 20.00 JC 10.00 0.00 70.00 E ü 40.00 m 30.00 Q Individual tree Figure 3 - Trcc hcight (uppcr) and DBU (lower) of cach stand .sorlcd by size. 376 cm SciELO Diferences of primary and secondary terra firme foresis along the uaicurapa river... 377 cm 2 3 4 SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 Individual tree size and vessel area Examples of stem cross sections are shown in Figure 6. They are all 1998 growth rings, but they do not include the year’s entire ring. Trattinickia rhoifolia Willd. at the FP (Figure 6-1, upper) is a tall tree (tree height: 35.0 m, DBH; 68.0 cm, DW: 4.8966 t) and the vessel area covers 29.69%. Guatteria citriodoria Ducke is a small tree (tree height: 7.0 m, DBH: 8.0 cm, DW: 0.0006 t) and the vessel area reaches 3.49% ((Figure 6-1, lower). In the case of C20, they are 17.0 m, 22.0 cm, 0.2526t for Tapirira guianensis Aubl., and are 4.0 m, 2.5 cm, 0.0000 t for Cecropia jaranyana A. Rich. (Figure 6-2). In the same way, comparable figures for Didymopanax mowtoíoni Dence are TH: 10.0 m, DBH: 12.0 cm, DW: 0.0020 t, and for Sapindus saponaria L. TH: 2.5 m, DBH: 3.0 cm, DW: 0.0000 t (Figure 6-3). Since some individuais had DBH less than 5 cm, they are shown with a zero DW. The vessel distribution pattem for all examples shows a diffused arrangement. Single or a few united vessels are randomly distributed in a radial pattem. One hundred thirty seven individuais, or 92% of all the individuais sampled, were diffused porous wood, and the others had the radial arrangement. There were two types of parenchyma: the vasicentric parenchyma of paratracheal type and the reticulate/banded parenchyma of apotracheal type. Parenchyma is dependent on the species, but there was a tendency that a tall tree represented the paratracheal type and a small tree the apotracheal type. Each figure illustrates two examples for each stand with different tree sizes and vessel areas. The species are different, but the vessel areas seemed to depend on the individual tree size. Figure 7 shows the relationship between tree height and vessel area. In spite of including 58 species in the FP, the relationship was almost linear. When comparing the relationship among the three stands, it can be observed that the gradient was steeper in thejuvenile forest. Forexample, when the tree height is 10 m, the vessel area was less than 10% in the FP, about 10% in the C20, and more than 10% in the C8. 378 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Diferences of primary and secondary terra firme forests along lhe uaicurapa river... C'20; No.406 Tapirira guiancnsis Aubl, ANACARDIACEAE Difluse porous wooil, Paratraclical parenchyma Vcssel area: 21.60% C20 C20: No.380 Cecropia juranyana A. Rich., MORACEAE DifTuse poroiis wood, Apotractical parcnrhyina Vea-icl arca: 7.98% I 0 1000// m Picurc 6-1 * ExDmpIcs of vcsscls in stcni cross scclions from cíich stând (ciliptic tissucs) 379 2 3 4 5 6 SciELO ;lo 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 Figure 6-2 - Examplcs of vcsscis in stem cross scctions from cach stand (ciliptic tissucs). C20 C20: No.406 Tapirira guianensis Aubl., ANACARDIACKAE DifTuse porous wood, Paratracheal parcnchyma Vcssel area: 21.60% C20: No.380 Cccropia juranyana A. Rich., MORACEAE DifTuse porous wood, Apotraclical parenchyma Vcssel area: 7.98% I 1 0 1000 380 Diferences of primary and secondary terra firme forests along íhe uaicurapa river... CS: No.365 Sapindus saponaria L., SAPINDACEAE UifTusc porous wood, Apotrachcal parcnchyraa Vcsscl arca: 4.20% 1000 ti m Figure 6-3 - Examples of vcsscls iti stcm cross scctions froni cach stand (clliptic tissucs) SciELO C8: No.277 fíiJymopanax morototoni Dencc. et Pianch., ARAUACEAE DifTuse porous wood, Paratracheal parenchyma VesscI arca: 1 3.98% cm 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 30.00 20.00 a 0.00 C20 ^ ▲ i FP .1 ■ ■ W ■ m ■ !"'■ - ' C8 . , A M -■H > M /Bii 0.00 10.00 20.00 30.00 Tree height (m) 40.00 Figure 7 - Relationship between tree height and vessel area in each stand. DISCUSSION More than 50 forest inventories have been carried out in Amazonian primary forests (Brown et al. 1989). The aboveground biomass ranges between 90 and 397 t/ha, and the average is 268 t/ ha. Feamside (1987) reported a figure of 215 (±61.7 t/ha), and Higuchi et al. (1994) cited 228 t/ha. The result of this study (259.59 t/ha) is close to the previously reported values. Regarding the species richness and the number of individuais, Almeida et al. (1993) reported that the number of families is between 31 and 47, species 84 and 196, and individuais (DBH=10 cm) 347 and 727 (/ha). It is impossible to compare the species and families because the quadrat area is different, but the number of individuais limited to DBH=10 cm at the FP (700/ ha) is larger than other inventories. All species appearing in the three stands were classified into three classes in terms of potential tree height (shrub species: <10 m, médium species: 10-20 m, canopy species: >20 m), and the number 382 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Diferences of primary and secondary terra firme forests along the uaicurapa river... of individuais is indicated in percentages (Table 2). The result indicated that the shrub species predominated in the C8 (74.5%), while the canopy species dominated in the FP (53.2%). This suggests that plant succession occurs continuously, and the species composition changes from shrub species to several groups of species with different heights. Thus, the change of species composition is related to the development of strata as shown in Figure 3. Table 2 - Classification of tree species in each stand according to the potential height. Stand AG(%) AM(%) AP(%) FP 53.2 37.0 9.8 C20 51.1 11.1 37.8 C8 23.5 2.0 74.5 AG: >20 m in tree height, AM: 10-20m, AP: <10 m Reports refer to wood anatomy of Amazonian hardwood species, but the relationship between individual tree size and vessel parameters are not described (Sudam 1981; Loureiro et al. 1997). Trees must absorb water necessary for photosynthesis through vessels. The increase in vessel number and diameterTiring about the increase in vessel area. This is a scheme to absorb as much water as possible against the gravity in the extension growth (Fitter & Hay 1985). Decrease in friction drag inside the vessel is accomplished by an increase in vessel diameter (Poiseuille’s law: Zimmermann & Brown 1971). When the mean diameter is large, the vessel area also becomes larger, even if the number of vessels decreases. Long distance and large quantity transportation of sap is realized by this mechanism (Figure 7). However, the extension growth is not unlimited. After a given height thickening growth comes to surpass extension growth due to the potential water gradient (Figure 4). Although a high correlation coefficient exists between the vessel area and DBH, it is 383 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 a secondary product resulting from the dose relationship that exists between tree height and DBH. Thickening growth, which is a horizontal growth, has no connection with vertical water potential. In a stratified forest, e.g., primary forest, small individuais are light stressed, while in a juvenile secondary forest tree size is uniform and annual growth is large. In measuring the annual ring width of 35 stem disks obtained in C8, the tree age was found to be 6.36 and the mean radius to be 36.241 mm (Figure 8). As diameter is twice the radius, the annual growth is 1 1.389 mm. The average tree height of these individuais was 5.67 m, while extension growth averaged 0.89 m. As most core samples did not reach the pith, and their tree-ring boundaries could not be identified precisely, it is not possible to compare the primary and secondary forests directly. However, it is unlikely that primary forest shrubs have the same growth rate as those in the secondary forest. Not only shrubs but also canopy individuais cannot attain annual extension growth comparable to those of secondary forests. Similarly, the 1998 tree ring width from the FP is 1.850 mm (S.D.; ±0.467 mm). This is less than one sixth of C8. Consequently, it is concluded that trees in a juvenile secondary forest with uniform forest structure can grow fast, and this fact makes the vessel area increase to support the growth. In this study, the comparison of individual tree sizes and vessel areas from three stands with different ages indicates that the extension growth is dependent on the vessel area. However, extension growth varies between primary and secondary forests due to differences in forest structure. As a future project, we plan to measure the photosynthetically active radiation and conduct imagc analysis of the stomata aperture of leaves in primary and secondary forests. 384 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Diferences of primary and secondary terra firme foresis along the uaicurapa river... 30.000 0 ) 20.000 > 0.000 C8 (n: 35, Spe.: 15) 1 3 (■ 'jH'-?:;' ,'t. .V >. .;?v4-4 mi ;«ÍÃ' .!■ 'Á‘í 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Year Figure 8 - Annual change in cumulative ring widths of 35 stem disks from the C8. ACKNOWLEDGEMENTS Financial support for this study carne from the Fukutake Science and Culture Foundation. Mr. Carlos Rosário da Silva at the Department of Botany, Museu Paraense Emílio Goeldi, assisted us in identifying the plant species and in estimating the potential tree heights. 385 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 REFERENCES ALMEIDA, S.S.; LISBOA, P.L.B. & SILVA, A.S.L. 1993. Diversidade florística de uma comunidade arbórea na estação científica Ferreira Penna em Caxiuanã (Pará). Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, Sér. Bot. (1): 93-128. BROWN, S.; GILLESPIE, A.J.R. & LUGO, A.E. 1989. Biomass estimation models for tropical forests with applications to forest inventory data. For. Sei. 35 (4): 881-902. CALKIN, H.W.; GIBSON, A.C. & NOBEL, PS. 1986. Biophysical model of xylem conductance in tracheids of Fern Pteris vittata. J. Experimental Botany 37: 1054-1064. FEARNSIDE, PM. 1987. Summary of progress in quantifying the potential contribution of Amazonian deforestation to the global carbon problem. WORKSHOP on biogeochemistry of tropical rain forests: problems for research. Proceeding. Piracicaba:75-82. FEARNSIDE, PM. 1998. Agro-silvicultura na política de desenvolvimento na Amazônia brasileira: a importância e os limites de seu uso em áreas degradadas. In: GASCON, C. & MOUTINHO, P. 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As espécies ocorrentes na área são em geral comuns ao longo do litoral nordeste do Estado do Pará, com exceção de Caesalpinia bonducella (L.) Roxb. que não consta das listagens científicas das floras litorâneas locais. Caracterizaram-se duas formações vegetais para o ecossistema em estudo, a psamófila reptante dominada por Ipomoea imperati (Vahl) Griseb., Alternanthera ficoides (L.)Br. e Canavalia rosea DC. e o brejo herbáceo, no qual destacam-se Fimbristylis cymosa R. Bre Fimbristylis spadicea (L.) Vahl.. No trecho de manguezal inventariado foram registradas duas espécies, Rhizophora mangle L. e Avicennia genninans (L) Steam. tendo a última se destacado em dominância, densidade e freqiiência. PALAVRAS - CHAVE: Restinga, Manguezal, Florística, Estrutura. MCT-Muscu Paraense Emílio Goeldi. Coordenação de Botânica. Pesquisador. Caixa Postal 399. Cep: 66040-170, Belém-PA. E-mails: dario@muscu-gocIdi.br, nazir@muscu-gocldi.br FCAP-Faculdadc de Ciências Agrárias do Pará. Professor Visitante. Av. Tancredo Neves, s/n. Cep. 66077-530, Belém-PA. E-raail: bira@museu-goeldi.br MCT-Muscu Paraense Emílio Goeldi. Coordenação de Botânica. Bolsista DCR/CNPq/MPEG. Caixa Postal 399. Cep: 66040-170, Belém-PA. 389 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 17(2), 2001 ABSTRACT - Canela Island, on the coast of Pará State, northern Brazil, is considered one ofthe region ’s largest ecological sanctuaries for aquatic and migratory birds and is a recognized conservation area. A botanical survey of the island was undertaken in order to better know the regional flora and to contribute to its management plan. Botanical material was collected and vegetation structure was analyzed. A baseline ofI48 m was drawn from the rnean high tide line at the shore to the mangrove forest, and parcels of vegetation were analyzed along this line. In the mangrove forest, the quadrate method was used. On the island, 80% ofwhose area is in mangroves and 20% in dunes, 32 plant species from 19 plant families were identified. For the most part, these plant species are those that are common to the shore vegetation of northeastern Pará, except for Caesalpinia bonducella (L.) Roxb., a species not previously listed for the local shore flora. Two vegetation formations were characterized for the ecosystem under study: the low psammophile formation dominated by Ipomoea imperati (Vahl) Griseb., Alternanthera ficoides (L.) Br. and Canavalia rosea ( Sw. ) DC., and the herbaceous swamp formation, in which Fimbristylis cymosa R. Br. and Fimbristylis spadicea (L.) Vahl. are most evident. In the mangrove qiiadrats, two species were found, Rhizophora mangle L. and Avicennia germinans (L.) Stearn., the latter ore being more dominant, denser, and more abundant. KEY WORDS: Sandy Coastal, Mangrove, Structure, Floristic. INTRODUÇÃO A ilha Canela localiza-se no município de Bragança, nordeste do estado do Pará, a 10 km da costa. O local apesar de relativamente pequeno, não ultrapassando a 8 km de perímetro é considerado um importante refúgio de aves aquáticas da região (Roma et al. 1996; Ayres apud Teixeira 1996). A área abriga um notável ninhal de guarás (Eudocimus niber), que de acordo com censo realizado em 1996, apresenta uma população em tomo de 10.000 aves, figurando entre as maiores já observadas em território brasileiro (Roma et al. 1996). A fim de assegurar a continuidade das aves que ali se encontram, protegendo-as da perturbação ambiental humana no local, foi sugerido à Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Pará (SECTAM) transformar o local em Área de Preservação da Vida Silvestre (Roma et al. 1996). 390 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 A vegetação da ilha Canela, município de Bragança - Pará, Brasil Relatos dos moradores mais antigos da ilha, informam que o local, quando dos primeiros habitantes, resumia-se a um pequeno “lombo branco” desprovido de vegetação (Teixeira 1996). Atualmente a vegetação é constituída em 80% de Manguezais e 20% de restinga. A restinga encontra-se geralmente margeando a ilha, estendendo-se, em poucos locais, até o centro da mesma, intercalando-se ao manguezal. É constituída em sua maioria por ervas e alguns arbustos. O manguezal é dominante, ocupando várias porções da ilha, apresentando, dentre suas espécies características, Avicennia schaueriana (Stapf.) Leechman, pouco freqüente nos manguezais do litoral nordeste do Pará. Este trabalho tem como objetivo a caracterização florística e fitossociológica da vegetação da ilha Canela, de modo a contribuir com o conhecimento do ecossistema litorâneo amazônico. MATERIAIS E MÉTODOS Area de Estudo A ilha Canela pertence ao litoral nordeste do estado do Pará, situada no município de Bragança, entre as coordenadas 0”47’06" S e 46“43’41" W (Figura 1). Apresenta 363,23 ha de área e aproximadamente 8 km de perímetro, dista 4.500m do continente, e 30.350m da cidade de Bragança (Teixeira 1996). Amostragem da vegetação Para a amostragem da vegetação, utilizou-se, na restinga, o métodos de parcelas (Mueller-Dombois & Ellenberg 1974) e no manguezal, foi utilizado o método dos Quadrantes (Martins 1991). Na restinga, a partir de uma linha base estendida sobre a vegetação, foram lançadas 100 parcelas de 1 m-, sendo tomadas anotações das espécies ocorrentes e estimadas suas coberturas percentuais (área ocupada na parcela), bem como áreas com detritos c/ou sem vegetação. Elaborou-se um perfil esquemático de distribuição e extensão das formações vegetais, orientado no sentido mar - centro da ilha. 391 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 Figura 1 - Mapa esquemático de localização da área de estudo. Ilha Canela, Bragança, Pará: A) Localização cm relação ao Pará e ao Brasil; B) Fotografia aérea. 392 A vegetação da ilha Canela, município de Bragança - Pará, Brasil Para a amostragem do manguezal, considerou-se os indivíduos com DAP (circunferência a 1,30 m do solo) igual ou superior a 10 cm. A metodologia baseou-se em Pontos Amostrais. Em cada Ponto Amostrai registram-se os quatro indivíduos mais próximos do centro do ponto, com respectivos dados de circunferência, distância ao Ponto Amostrai e altura total. A distância entre os pontos amostrais foi de cinco metros. Tal medida foi estabelecida preliminarmente ao estabelecimento dos pontos, a partir de medições testes, de modo a evitar a inclusão de um mesmo indivíduo em mais de um ponto amostrai. Foi efetuado um levantamento geral das espécies nas nas áreas não amostradas. A identificação botânica foi feita por comparação com o material existente no herbário do Museu Paraense Emílio Goeldi (MG), estando o material coletado incorporado ao referido herbário. Parâmetros fitossocíológicos Os parâmetros fitossociológicos calculados foram Densidade, Dominância, Freqüência e o Valor de Importância das espécies (Mueller-Dombois & Ellenberg 1974), gerados através do programa Fitopac, versão 2.0 (G.J. Shepherd, UNICAMP-SP). RESULTADOS E DISCUSSÃO Florística Foram levantadas um total de 34 espécies, distribuídas em 21 famílias, com informações de hábito de crescimento e local de ocorrência (Tabela 1). Destas, cinco ocorreram no manguezal, outras 28 na restinga e uma (Spartina hrasiliensis L.) nas enseadas lamosas banhadas pela maré. As espécies ocorrentes na área de estudo são de maneira geral comuns ao longo do litoral nordeste do Pará (Bastos 1996; Costa Neto et al. 1995; Costa Neto 1999; Lisboa et al. 1993), à exceção de Avicennia schauericma e Caesalpinia honducella. 393 Tabela 1 - Listagem florística das espécies amostradas e observadas com respectivos hábito de crescimento e local de ocorrência. Ilha Canela, Bragança - PA. PR = Psamófila reptante; BH = Brejo herbáceo. BoL Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. J7(2), 2001 XXX XXX t/jfc-ii eo Pi ^ W UJ J W J UJ <'<'< WtUtÜUJWUJUJCÜttUüoo‘^^‘' 5 rírít'>?ííí'« £ £ £ £x) £j:3Xi B £x) B £ £ £ £x)X} £x)jdx> £ax)X) £x> £ £.0 £ B £> <<<<0<00<<0<<<<<00<000<000<0<<0<<0 u « « w a> — ü o — — e« c<3 u << C C ^ cj u V O O *0 ü &• D< (O (O <<<< *2 4) 4) . O b. Ui V) ,0 X) ^B £ J3 o o UUUC 4 > 4 > a> 4 > u o ^ (Q Cd (k 4 > 4 ) 4 > 4 > 4 )'"- u O y O 4 > •“ U U 4> 4) cd Cd Cd Cd CO CO c/i (/) 4> o o o o S e c ç ç üS _ - - 4 ) ^ Cd Cd > 3 4) 4) J H> > C/5 ^ Ò* J ■ í- to O W 5 ^ Cd 3 ^ ^ a >. *r ' 4) • B 2 2.a o 8 5 Q-“ n.c c 2i 5 ^ ^ c =s 2 .S a 'S §•[§ g 3 3 a Ü ^ Co oa 0 ; 'C 50 CO . .“ J ■ ÍOá J m :S - íSdíS ;5<2: 3 f G > Co ^ G S Q 4> B G to 4. -V _çj a G Q a a ° -2 -Ü S ^ 5 §■ s ^ SS I ^clga^^ccl ^cj 3 >ua^ ■Sj'£;' 3 ' S .s .Q ^s§a|t£.ã.^a .a - 32 ^ 1.2 S'g-§ ^ 8 S 2 3 2.a.a 5 ^ 2 |-S' a^SGcç>Ç5C*c:CCg§,i: cSIocS^I-I-c^gIIcScíícSõ Q.T3 25 3 2 's 2“^ a 5 >-a 5 0.S a S:! ,§ a J>:S OCiSa: vJ W “>£> .J c/5 j • 5 - 3-^ 35 3 -s; .2.2 2:.2?2 c c oo 5 l-.iá 5 .| 2 5 5? '5 •;: S Cj *2 Q B 2 c^ B 5 e 5 „ ~ o •5 3 a o •«: , *5 .S ?-2 .c -íi^ ^ ik Q c: o ií ^ Cx. 4 . ^ Ci B o ••- 3 a B B*^ « «"a u J Ci. 4) &0 «o S B B 394 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 A vegetação da ilha Canela, município de Bragança - Pará, Brasil Avicennia schaueriana ocorre no manguezal da área de estudo em população pouco abundante, sendo facilmente confundida com A. germinans, dada a semelhança em aspectos vegetativos. No Herbário do Museu Paraense Emílio Goeldi (MG), registra-se coleta para tal espécie nas regiões de Salinas, São Caetano de Odivelas e Bragança. A outra ocorrência mencionada {Caesalpinia bonducella), corresponde a um arbusto de aproximadamente 1,5 m de altura, o qual não foi encontrado referência em listagens da flora litorânea local. Fitossociología Restinga A restinga da ilha Canela está representada por duas formações vegetais, denominadas de psamófila reptante (plantas com hábito reptante de crescimento, ocorrentes em cordões de dunas) e brejo herbáceo (vegetação herbácea, ocorrente em áreas periodicamente inundadas, geralmente localizada nos reversos de dunas) (Figura 2). Conforme retratado no perfil esquemático (Figura 3) a área amostrada caracteriza-se por um cordão dunar de aproximadamente 1 m de altura em relação ao nível da praia, com extensão que atinge 100 m, onde se desenvolve a formação pasamófila reptante. Segue-se a esta formação, em ^18 m de extensão, um brejo herbáceo, apresentando como limite posterior uma faixa de manguezal. Na Tabela 2, encontram-se ordenadas em Valor Importância (VI) as 20 espécies amostradas. Ocupam as cinco primeiras posições, respectivamente, Cassita filifonms, Sporoholus virginicus, Fimbristylis cynwsa, Fimbristylis spadicea e Ipomoea imperati. Estas espécies juntas representam 74,14% do VI total. As demais 15 espécies correspondem aos 25,86% restantes. Das doze (12) espécies apenas observadas na restinga, cinco (05) Chrysobalanus icaco, Byrsonima crassifolia, Hibisciis furcellatus, Caesalpinia bonducella, Dalbergia ecastophylla, correspondem a art)Ustos, não abrangidos pelo método herbáceo empregado. 395 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 Em dominância nota-se coerência nos valores em relação a ordenação das espéeies em VI, diferente do observado em freqüência, onde Sporobolus virginicus e Impomoea imperati, respeetivamente 1“ e 3” maiores valores neste parâmetro ocupam a 2“ e 5® posição em VI. Figura 2 - Vista geral da restinga; A) psamófila reptante, B) brejo herbáceo; ao fundo manguczal. Ilha Canela, Bragança, Pará. Proio Psomo fi lo Reptante ” 100 m Bre jo 48n Maoguezol Figura 3 - Perfil esquemático da restinga. Ilha Canela, Bragança, Pará 396 A vegetação da ilha Canela, município de Bragança - Pará, Brasil Tabela 2 - Espécies amostradas na restinga e seus parâmetros fitossociológicos. Ilha Canela, Bragança, Pará. DoR = Dominância relativa; FR = Frequência relativa; VI = Valor de importância. Espécies DoR (%) FR(%) VI VI(%) Cassytha filiformis 20,42 12,67 33,10 21,86 Sporobolus virginicus 13,32 16,21 29,19 19,28 Fimbristylis cymosa 12,40 6,62 19,02 12,56 Fimbristylis spadicea 11,32 5,71 17,03 11,25 ípomoea imperati 8,82 7,99 16,81 11,10 Alternanihera ficoidea 4,46 7,19 11,65 7,70 Pycreus polystachyos 2,11 4,34 6,45 4,26 Brutaparon portulacoides 1,14 3,65 4,80 3,17 Canavalia rosea 1,21 2,74 3,95 2,61 Paspalum vaginal um 1,06 1,60 2,65 1,75 Sesuvium portulacastrum 0,53 1,94 2,47 1,63 Vigna luteola 0,24 0,91 1,16 0,76 Ambrosia microcepliala 0,44 0,68 1,12 0,74 Cyperus ligularis 0,35 0,57 0,92 0,61 Eleocharis geniculata 0,09 0,46 0,54 0,36 Turnera melochioides 0,04 0,23 0,27 0,18 Rhabdadenia bijlora 0,04 0,23 0,27 0,18 As espécies consideradas características da formação psamófila reptante por Bastos et al. (1995); Bastos (1996) e Costa Neto et al. (1995), para as restingas da praia da Princesa e Crispim, respectivamente, são encontradas, neste estudo, juntamente a representantes típicas do brejo herbáceo, como Fimbristylis cyinosa, Fimhrístylis spadicea e Pycreus polystachyos. Semelhante ao observado noutras áreas do litoral nordeste do Pará (Bastos 1996; Costa Neto eia/. 1995; Costa Neto 1999), espécies próprias de manguezal como Avíce/iía genninans e Rhizophora tmingle, geralmente em forma de propágulo, distribuem-se na área do brejo herbáceo, auxiliadas quase sempre por canais de maré que circundam tais áreas, contudo, não se estabelecem definitivamente. 397 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Boi Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 Manguezal Os manguezais estão distribuídos no Brasil desde o paralelo 4°20’N até o paralelo 28”30’S, estendendo-se desde o Cabo Orange, no Amapá, até a cidade de Santa Catarina, sendo representados por bosques, com características estruturais bem variadas (Scheffer-Novelli & Cintrón 1988). Neste estudo, inventariou-se um trecho de manguezal situado na porção norte da ilha (Figura 4). A partir de 20 pontos amostrais, foram amostrados 80 indivíduos, correspondendo a 0,1 12 ha de manguezal. Apenas duas espécies foram registradas, Rhyzophom mangle e Avicenia germinans. A densidade foi de 716,91 indivíduos/ha., com área basal de 22,037 m^a. A não inclusão das outras espécies listadas para o manguezal, Lagunciilaria racemosa e Conocarpus erectus é explicada em função do desenho amostrai. Tendo sido a amostragem direcionada ao centro do manguezal, não abrangeu tais espécies, cujo hábito de ocorrência é limitado às bordas do manguezal. No caso deAvicennia schaueriana, a não inclusão deve-se, como Já mencionado, a sua baixa abundância na área, aliado ao próprio fator de casualidade da amostragem. Análises comparativas de parâmetros estruturais obtidos neste estudo a outros realizados em manguezais do litoral paraense são limitadas, em função das diferenças metológicas na obtenção dos dados. Estudos como o de Lisboa et al. (1993), Almeida (1996) e Bastos & Lobato (1996), investigando manguezais em diferentes trechos deste litoral, utilizaram parcelas em suas amostragens, incluindo indivíduos (a 1,30 m do solo) com DAP variando de 5 a 10 cm. No que pese às diferenças metodológicas nas análises comparativas desses estudos, registra-se uma densidade variando de 200 a 1860 indivíduos por hectare, referente aos manguezais de Salvaterra/Marajó (Lisboa et al. 1993) e do Crispim/Marapanim (Bastos & Lobato 1996), respectivamente. Em parâmetros de área basal, exemplifica-se uma variação de 6,25 a 43,8 metros quadrados por 398 A vegetação da ilha Canela, município de Bragança - Pará, Brasil hectare, respectivamente aos manguezais de Salvaterra/Marajó (Lisboa et al. 1993) e Algodoal/Maracanã (Bastos & Lobato 1996). Almeida (1996) sugere uma relação de padrões de densidade de indivíduos e riqueza de espécies vinculados a teores de nutrientes e salinidade do ambiente, numa análise de que quanto mais próximo do estuário, menor o estress salino, maior a disponibilidade de nutrientes via descarga do rio Pará e portanto maior a possibilidade de colonização vegetal. Não obstante a esta interpretação, deve-se, obviamente, considerar as idades dos manguezais, assim como as particularidades geomorfológicas onde estes se econtram. A Tabela 3 apresenta os dados estruturais das duas espécies amostradas, onde se evidencia a nítida superioridade de Avicenia genninans em todos os parâmetros analisados, atingindo índices maiores que 50% em relação a Rhyzophora mangle, em alguns parâmetros como Densidade, Dominância e VI. A expressividade estrutural de Avicenia genninans não surpreende em se tratando de manguezais do litoral do Pará, este fato é comum ao longo do litoral do estado, conforme detectado por outros autores como Almeida & Lobato (1990) e Lisboa et al. (1993). Figura 4 - Vista geral do manguczal. Ilha Canela, llraganva, Pará. SciELO cm 10 11 12 13 14 15 Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Boi. 17(2), 2001 Tabela 3 - Espécies amostradas no manguezal e seus parâmetros fitossociológicos. Ilha Canela, Bragança, Pará. N“ Indiv = número de indivíduos; Dens. Rei = densidade relativa (%); Dom. Rei. = dominância relativa (%); Freq. Rei = frequência relativa (%); VI = valor de importância. Espécies N" Indiv. Dens. Rei. Dom. Rei. Freq. Rei. VI %VI Avicennia germinans 50 62,50 74,20 55,56 192,26 64,08 Rliizophora mangle 30 37,50 25,80 44,44 107,74 35,92 CONCLUSÃO Foram identificadas na ilha Canela um total de 34 espécies, ocorrentes no manguezal e restinga, sendo a grande maioria (58,82%) de hábito herbáceo, comuns da restinga. Levando em consideração os ambientes e foramações vegetais envolvidos, este número de espécies segue um padrão de normalidade em riqueza florística no litoral paraense. Falha no desenho amostrai referente ao caminhamento dentro do manguezal, prejudicou a metodologia empregada (quadrantes), tendo em vista a não inclusão de espécies típicas de borda, como Laguncularia racemosa e Conocarpiis erecíus. AGRADECIMENTOS Ao pesquisador Dirk Schories, pelo apoio logístico em Canela e Bragança; ao pesquisador Inocêncio Gorayeb, pelas informações fornecidas e material didático sobre Canela e ao Elielson Rocha, pela confecção do perfil esquemático da restinga. 400 A vegetação da ilha Canela, município de Bragança - Pará, Brasil REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, S.S., & LOBATO, L.C.B. 1990. Ecossistema de manguezal: uma abordagem sobre a presença humana, a flora e a fauna. ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E O MAR, 4. Anais. Belém, Museu Paraense Emílio Goeldi. jun. ALMEIDA, S.S. 1996. Estrutura e florística em áreas de manguezais paraenses; evidências da influência do estuário amazônico. Boi. Mus. Para.Emílio Goeldi, Sér. Ciênc. Terra, 8: 93-100. BASTOS, M.N.C. 1996. Caracterização das formações vegetais da restinga da Princesa, Ilha de Algodoal-PA. Belém, Universidade Federal do Pará/Museu Paraense Emílio Goeldi, 249p. Tese de doutorado. BASTOS, M.N.C.; ROSÁRIO, C.S. & LOBATO, L.C.B. 1995. 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Recebido em: 22.09.00 Aprovado em: 22.01.02 402 SciELO 10 11 12 13 14 15 BOLETIM DO MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI INSTRUÇÕES AOS AUTORES PARA A PREPARAÇÃO DE MANUSCRITOS 1 ) O Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi dedica-se à publicação de trabalhos cientí- ficos que se referem, direta ou indiretamente, à Amazônia, nas áreas de Antropologia, Arqueologia, Linguística, Botânica, Ciências da Terra e Zoologia. 2) Os manuscritos a serem submetidos devem ser enquadrados nas categorias de artigos originais, artigos de revisão, notas preliminares, resenhas bibliográficas ou comentários. 3) Os trabalhos devem ser encaminhados através de carta à Comissão de Editoração Científica (COED) do Museu Paraense Emílio Goeldi (Av. Magalhães Barata, 376 - São Brás. 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A citação de comunicação de caráter pessoal, nos manuscritos, é de responsabilidade dos autores. 7) A redação dos manuscritos deve ser, preferenciaimente, em português, admitindo-se trabalhos em espanhol, inglês e francês. 8) O texto principal deve ser acompanhado de Resumo, Palavras-Chave, Abstract e Key Words, Referências Bibliográficas, Tabelas e Figuras, com as respectivas legendas. 9) Os textos devem ser entregues em três vias, sendo uma original e duas cópias impressas, além de disquete, ZIP ou CD. As figuras geradas eletronicamente devem estar em arqui- vos separados; gráficos (Word, Excel) e imagens digitalizadas (formato tiff). 10) O título deve ser sucinto e direto, esclarecendo o conteúdo do trabalho, podendo ser completado por subtítulo. 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SNEIHIAGEAE (DUCKE) DUCKE E SWARTZIA ÍAURIFOUA BENTIIAM (LEGUMINOSAE-PAPILIONOIDEAE), OCORRENTES NA RESTINGA DE ALGODOAL/MAIANDEUA-PARÁ Adalgisa da Silva Alvares, RaUmmda Conceição de Villtena Potiguara, João Ubiralan Moreira Santos.,. 247-262 WCKHARTIA IVAINAE: UMA NOVA ESPÉCIE DE ORCHIDACEAE JUSS. PAIU O ESTADO DO PAIÚ, BIUSIL Manoela K E. da Silva, Alvadir T. de Oliveira 263-267 CORYASTUES MÍNIMA; UMA NOVA ESPÉCIE DE ORCHIDACEAE JUSS. P,VRA O ESTADO DO PAIÚ, BRASIL Alvadir T. de Oliveira, João Batista E. da Silva 269-275 OCORRÊNCIA DE CRISTAIS NO TECIDO XILEMÁTICO DE ESPÉCIES ARBÓREAS TROPICAIS Ademir Castro e Silva - 277-296 O GÊNERO PA.V/CUA/ L. (GRAMINEAE/POACEAE) NA RESTINGA DA PRAIA DA PRINCESA, APA DE ALíIODOAL/MAIANDEUA, MARACANÃ, PARÁ Antônio Elielson Sousa da Rocha, Maria de Nazaré do C. Bastos, Ricardo de Souza Secco - 297-314 MíNOLOGIA FLORAL DE VIROIA SCRINAMENSIS (Rol.) VVARB. (MVRISnCACEAE) Cléo Gomes da Mota, .Mário Augusto G. Jardim, Milton Guilherme Mota 3I5-33I COMPOSIÇÃO I LORÍSTICA E ESTRUTURA DE UMA FLORESTA DE A ÃR/.EA DO ESTUÁRIO AMAZÔNICO, ILHA 1)0 COMBU, ESTADO DO PARÁ, BRASIL .Mário Agasto G. Jardim. Ima Célia Guimarães Vieira 333-354 CATASETVM CAXARARIENSE, CATASETVM OSAKADIANUM E CATASETlMAIATCMi NOVAS ESPÉCIES DE 0RCIIIDACF:AE JUSS. PARA O ESTADO DE RONDÔNIA, BIUSIL Manoela F. E da Silva, Alvadir T. de Oliveira 355-366 1)11 1 ERENCES OI PRIMARV AND SECONDARY TERRA FIRME FORE.STS ALONG THE UAICURAPA RIVER NEAR PARINTINS, AM ACCORDING TO THE RELATIONSIIIP BE IAVEEN INDIVIDUAL TREE SIZE AND \ ESSEL AREA IN STEM CROSS SECTIONS Akio Tsuchiya, .Mario lliraoka 367-387 A MXIETAÇÃO DA ILHA CANELA, MUNICÍPIO DE BIU(;ANÇA - PARÁ, BIUSIL Dário Dantas do Amaral, João Vbiratan M. dos Santos, Maria de Nazaré do Carmo Bastos, Denise Cristina Torres Costa 389-402