ISSN 0103-6076 GOELDIANA Zoologia Número 9 Aves do Estado do Maranhão, Brasil David C. Oren 27 de dezembro de 1991 Goeldiana Zoologia Número 9: 27 de dezembro de 1991 Aves do Estado do Maranhão, Brasil David C. Oren 1 RESUMO — Uma lista anotada das 636 espécies de aves registradas até o presente para o Estado do Maranhão, Brasil, é apresentada. Além dos nomes científico e vulgar de cada espécie, são citadas as fontes bibliográficas e a sigla dos museus, brasileiros e norte-americanos, onde estão depositados os espécimes que comprovam a presença da ave no Estado. Em alguns poucos casos, o registro da espécie para o Estado é produto de observações de campo; nestes casos faz-se referencia ao observador responsável pelo registro. Um total de 45 espécies está aqui registrado pela primeira vez para o Estado. Uma única espécie, citada na literatura de forma errada, é retirada da lista estadual. Das espécies listadas, uma, Phoenicopterus ruher , o flamingo-grande, já entrou em extinção em território maranhense, o que parece ser o destino de diversas outras, especialmente aquelas restritas às florestas amazônicas e decíduas do oeste e parte central do Estado, se medidas enérgicas não forem tomadas rapidamente para garantir a conservação da diversidade biológica da região. PALAVRAS-CHAVE: Aves, Maranhão, Brasil, Conservação da Natureza, Biogcografia. ABSTRACT — Checklist of the birds of Maranhão, Brazil. An annotatcd Iist of the 636 bird species registered for the Brazilian State of Maranhão is presented. In addition to the scientific and Portuguese common names for each spccies, the literalure citation and abbreviation of the Brazilian and U.S. muscum collections where voucher specimcns are deposited are citcd. In a few cases, the cvidencc for the presence of the spccies in the State comes from observation rccords; in thesc cases the initials of the observer responsible for the 1 Museu Paraense Emílio Goeldi-CNPq, Departamento de Zoologia, C.P. 399, CEP 66.040 Belém. PA. 2 Aves do Estado do Maranhão record are indicated. A total of 45 species are included on the State list for the first time here. One species included in the literature as present in the State is removed from the Maranhão avifauna, since there is no evidence it occurs there. Of the species listed for the State, one, Phoenicopterus mber , the American Flamingo, is now extinct in Maranhão. A similar fate appears to be in store for several other species, especially those of the Amazonian and tropical deciduous forests of the western and central parts of the State, unless energetic measures are not taken rapidly to conserve Maranhão’s biological diversity. KEY WORDS: Birds, Maranhão, Brazil, Wildlife Conservation, Biogeography. INTRODUÇÃO O Estado do Maranhão possui uma das avifaunas mais ricas do Brasil. O número total de espécies de aves registradas para este Estado brasileiro (636) é quase igual ao número de espécies que se reproduzem cm todo o território combinado dos Estados Unidos e Canadá (645, cf. Robbins, et al 1966), apesar do Maranhão possuir uma área 60 vezes menor, e corresponde a cerca de 40% do total de espécies de aves registradas para o Brasil. A avifauna do Maranhão é rica devido principalmente a extraordinária diversidade de ecossistemas existentes no Estado. No contexto do mapa dos domínios morfoclimáticos sul-americanos, tal como delineado por Ab’Sáber (1977), o Maranhão ocupa uma posição tipicamente transicional entre os domínios Amazônico (a oeste), da Caatinga (a leste) c do Cerrado (ao sul). A Hiléia Amazônica penetra no oeste do Estado, tendo como centro a serra de Tiracambu e a serra da Desordem. Esta região é conhecida como "Pré-Amazônia Maranhense". Nas regiões central e leste do Estado ocorrem as florestas deciduais e semidcciduais. No sul do Maranhão, domina o Cerrado e suas vegetações consorciadas (e.g. campos limpos, veredas e florestas de galeria). No litoral maranhense ocorre um mosaico de vegetações características, tais como aquelas sobre dunas, os manguezais, as restingas e enormes zonas sazonalmente alagadas com água doce (as "baixadas"), que se encontram principalmente ao longo do rios que desembocam nas baías de São Marco e de São José próximos à capital, São Luís. No oeste c centro do Estado, as florestas primitivas foram substituídas por formações florestais secundárias, dominadas pela palmeira babaçu (Orbignya phalerata). Um mapa de esquemático da vegetação do Estado do Maranhão, baseado em dados do projeto RADAMBRASIL, foi apresentado em Oren (1988). cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Goeldiana Zoologia , número 9, 1991 3 MÉTODOS Diversos autores publicaram recentemente listas de espécies de aves estaduais para as unidades componentes da federação brasileira ( e.g . Belton 1978, Scherer Neto 1980, Sick et al. 1981, Souza 1990). O padrão de apresentação dos resultados desses artigos pode ser denominado de "sistema BMC", onde o autor indica se o registro da espécie para o estado é baseado em referências bibliográficas ("B"), material em museus ("M") ou observações de campo ("C"). Embora os objetivos desses trabalhos sejam bastante louváveis, eles não podem ser considerados como trabalhos científicos rigorosos. Há muitas razões para isso: as referências bibliográficas específicas, o nome do museu onde o material foi depositado e o nome do observador responsável pelo registro não são mencionados. A exceção para estas listas é a preparada para o Rio Grande do Sul, onde o autor posteriormente publicou duas monografias extensas trazendo todas as informações detalhadas sobre as espécies listadas anteriormente (Belton 1984, 1985). As "check-lists" preparadas para alguns países da América do Sul seguem um padrão similar ao apresentado no Brasil (e.g. Butlcr 1979, Parker et ai 1982), mas, aparentemente, priorizam as observações de campo. Mais recentemente, Remscn e Traylor (1989) progrediram em termos de rigor científico para listas avifaunísticas, pois mencionam a primeira referência na qual a espécie foi registrada para os nove Departamentos da Bolívia. No presente trabalho utilizamos uma outra metodologia, que esperamos seja adotada de uma maneira mais generalizada. Depois de ler toda a bibliografia relevante sobre aves do Maranhão, iniciamos pesquisas em museus brasileiros e americanos com coleções maranhenses e, cm 1983, começamos um ambicioso programa de novas coletas, em especial no pouco explorado oeste do Estado (Oren, 1990b). Aqui apresentamos, de maneira bastante sinóptica, os dados disponíveis sobre a avifauna maranhense, com todas a citações bibliográficas relevantes e com a sigla de todos os museus onde material ornitológico proveniente do Maranhão é depositado. Utilizamos observações de campo apenas quando estas representavam os únicos dados disponíveis para registrar a espécie para o Estado, e nesses casos, citamos o nome da pessoa responsável pela observação. Aves do Estado do Maranhão A BASE DE DADOS No presente trabalho, citamos 16 referências bibliográficas básicas. Descobrimos que os trabalhos gerais sobre a avifauna sul-americana, tais como Blake (1977) e Meyer de Schauensee (1970), utilizam, quando citam especifica- mente o Maranhão como área de ocorrência da espécie, o trabalho detalhado de Hellmayr (1929). Por isso, estes trabalhos não foram utilizados na elaboração da presente listagem. Informações do tipo "encontrada em praticamente toda a América do Sul ao leste do Andes" não foram consideradas como dados comprobatórios da ocorrência da espécie no Maranhão. Este rigor científico foi indispensável para assegurar a qualidade dos dados apresentados e ao mesmo tempo se prevenir das prováveis influências negativas da fraca base de dados disponíveis sobre a distribuição de aves neotropicais. O códice de Cristóvão de Lisboa (1967), escrito entre 1625 e 1631, representa o primeiro trabalho sobre a ornitologia maranhense. Uma análise crítica das informações desta obra foi apresentada por Oren (1990a). O segundo trabalho é O catálogo das aves amazônicas de Emílie Snethlage (1914), onde a autora, mais preocupada com os registros para o Pará e o Amazonas (para os quais cita localidades específicas), escreve simplesmente "Maranhão" quando a espécie era representada por exemplares provenientes daquele Estado c estavam depositados nas ainda modestas coleções do então Museu Goeldi. O sobrinho de Emílie Snethlage, Heinrich Snethlage, viajou pelo Maranhão e outras partes do Nordeste brasileiro, entre julho de 1923 e fevereiro de 1926, estudando a etnologia dos índios da região e coletando aves. Um relato desta excursão foi publicado (H. Snethlage 1927-28). Dos mais de 2000 exemplares de aves que H. Snethlage coletou e remeteu ao Field Museum of Natural History (Chicago), 1003 são provenientes do Maranhão. Esta coleção formou a base do mais importante trabalho sobre aves maranhenses publicado até hoje (Hellmayr 1929). Hellmayr cita todos os espécimes coletados por H. Snethlage, incluindo data e localidade; também inclui dados sobre aves maranhenses depositadas no Museu Real de Sófia (Bulgária), Museu de Tring (Inglaterra), Museus de Frankfurt e Munique (Alemanha), Viena (Áustria) e São Paulo, coletadas por Ferdinand Schwanda, coletor profissional que se radicou no Maranhão entre 1905 c a data de seu falecimento, aproximadamente em 1910. Schwanda passou a maior parte de seu tempo em Miritiba (hoje chamado "Humberto de Campos") e vendeu exemplares de aves a diversos museus europeus, americanos e brasileiros. Hellmayr também cita as aves incluídas no trabalho meio confuso de E. Snethlage (1926) sobre aves maranhenses coletadas por ela c depositadas no Museu Nacional do Rio de Janeiro, bem como as coletadas do bávaro Johann Spix (1824) depositadas em Munique; por isso não fizemos questão de cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Goeldiann / nologia , número 9, 1991 5 incluir em separado os dados destas publicações. Nós não visitamos a coleção do Field Museum para preparar a listagem aqui aprensentada. Por causa do caráter remissivo do trabalho de 1929 de Hellmayr, incluímos a sigla "FMNH" na listagem para distinguir as espécies que Hellmayr tinha em mãos na hora de escrever seu trabalho daquelas citadas baseadas em material de Spix, de E. Snethlage e de Schwanda. Emil Kaempfer, um coletor profissional de origem alemã, coletou aves brasileiras e paraguaias para o American Museum of Natural History entre 1926 e 1931. Kaempfer começou seu trabalho em 1926, justamente no Maranhão, onde passou oito meses e coletou aproximadamente 1200 exemplares. Esta coleção nunca foi estudada completamente, mas contribuiu para os 66 trabalhos (1931-1955) escritos por J. T. Zimmer sobre as "aves do Peru", mas que, de fato, são de uma abrangência geográfica muito mais ampla, e os de Naumburg (1935, 1937, 1939). Parte deste material, também, terminou sendo estudada durante a preparação da monumental Check-list of lhe birds of lhe world (15 volumes, 1934- 1979), iniciada por J. L. Peters, mas que é, de fato, de diversos autores. Colctivamente, este trabalho é conhecido simplesmente como "Peters". Nas citações na listagem abaixo, os trabalhos individuais são citados com um número seguido de dois pontos e a página onde a referência ao Maranhão aparece. Nos casos dos extensos trabalhos do Zimmer e do Peters, a citação é por seus respectivos números (5 e 15) seguido por uma barra e o respectivo volume antes da página da referência. Por exemplo 15/8:23 para Myiopagis gaimardii indica Peters, volume 8, página 23. 9 O grande ornitõlogo brasileiro Olivério Pinto, em seu importante catálogo das aves brasileiras (1938, 1944), citou todas as referências bibliográficas anteriores e fez uma listagem completa das coleções do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. As citações bibliográficas de Pinto em nossa listagem, por isso, devem ser interpretadas como exemplares provenientes do Maranhão depositados em São Paulo. Camargo (1957) descreveu uma pequena coleção ornitológica nova de pouco mais de 100 exemplares feita no Maranhão, também depositada em São Paulo. Infelizmente, por razões alheias ao nosso desejo, não foi possível examinar pessoalmente este material. Ridgely (1982), ao publicar os resultados de uma pormenorizada avaliação da distribuição e "status" dos psitacídeos neotropicais, fez os primeiros registros de diversas espécies de araras, papagaios e afins para o Maranhão. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (1BAMA, antigo IBDF) mantém no Rio de Janeiro o "Museu da Fauna", onde estão montados diversos exemplares de aves. Aguirre e Aldrighi (1983, 1987) publicaram cm dois volumes o catálogo completo desta coleção, incluindo diversos exemplares provenientes do Maranhão. 6 Aves do Estado do Maranhão O saudoso Helmut Sick, durante muitos anos o "grand old man” da ornitologia brasileira, publicou sua "magnum opus", Ornitologia brasileira: uma introdução, em 1985. Quando o Maranhão é citado especificamente neste trabalho como parte da distribuição de determinada espécie, indica ou exemplar no MNRJ ou observações pessoais do grande mestre feitas no Estado. Morrison et al. (1986) e Roth e Scott (1987) apresentaram suas observações feitas durante trabalhos patrocinados pela Companhia Vale do Rio Doce, que estava preocupada com o impacto ambiental da implantação do projeto ferro Carajás à avifauna do Maranhão. No caso destes dois trabalhos, as observações foram concentradas nas regiões de especial abundância de aves aquáticas e marinhas. Ridgely e Tudor (1989) publicaram o primeiro volume de um trabalho remissivo sobre as aves da América do Sul, que promete ter quatro volumes no total. O primeiro tomo trata das aves oscines e contém diversos primeiros registros para o Maranhão, embora um erro, também. Oren (1990b), baseado em novos exemplares depositados no Museu Paraense Emílio Goeldi e observações de campo, acrescentou 70 espécies de aves à avifauna maranhense. Reconhecemos que a pesquisa bibliográfica não foi feita de uma maneira completamente exaustiva. Por exemplo, Dickerman (1988) recentemente incluiu material do AMNH em sua revisão taxonômica do bacurau Chordeiles pusillus. Para poder terminar a presente lista, foi necessário usar algum critério. No caso citado, como o material é também relatado aqui na lista, pois pertence ao American Museum of Natural History, resolvemos não nós preocuparmos em citar a bibliografia pertinente. As coleções ornitológicas maranhenses examinados pessoalmente por nós incluem as do American Museum of Natural History (1305 exemplares preparados por Kaempfer em 1926 e por Schwanda em 1905 e 1906); Museu Paraense Emílio Goeldi (2631 exemplares, a maioria coletada desde 1983, mas incluindo material mais antigo coletado por Schwanda, O. Martins, E. Dente e J. Hidasi); Los Angeles County Museum (796 exemplares coletados em Imperatriz cm 1960 por J. Hidasi); Louisiana State University Museum of Zoology (311 exemplares coletados na Fazenda Cachimbo, município de Coroatá por E. Dente em 1972); Carnegie Museum (16 exemplares obtidos através de permuta com o Field Museum e coletados por H. Sncthlage em 1924 c 1925). Passamos muitos anos estudando o material no MPEG e dois meses no AMNH. Infelizmente, o tempo para estudos das coleções do LACM e LSUMZ, incluía apenas um dia em cada instituição. Assim, ficamos dependentes principalmentc dos dados do livro de tombo para incluir aqui as informações deste material. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Goeldiaiia Zoologia, número 9, 1991 7 Mesmo assim, tivemos tempo para desvendar problemas com algumas espécies apesar do breve período disponível. No caso do Carnegie Museum, passamos uma semana estudando não somente a pequena coleção de material do Maranhão, mas, também, a coleção ímpar que esta instituição possui do rio Solimões. O nosso orientando Haroldo Guerreiro de Albuquerque fez o serviço de verificar as coleções do MNRJ, pelo qual agradecemos. Ele copiou fielmente todos os dados das etiquetas do material depositado no Rio de Janeiro. Estes dados serão muito úteis para a monografia pormenorizada que estamos prepar- ando sobre as aves maranhenses. Em geral, tentamos não utilizar observações de campo para registros, recorrendo a estes dados apenas quando são os únicos disponíveis. A maioria dos registros de campo são nossos, indicados como "DCO”. Nosso orientado Antônio Augusto Ferreira Rodrigues, maranhense de nascimento e de ampla experiência, especialmente com aves costeiras, contribuiu com diversos registros, enquanto nosso colega Edwin O. Willis gentilmente cedeu os dados sobre o furnarídeo Synallaxis mficapilla que observou nos arredores de Bacabal nos anos 70. RESULTADOS O presente trabalho inclui 636 espécies para a avifauna maranhense. A seqüência utilizada segue Meyer de Schauensee (1970) em geral, mas com algumas modificações consideradas importantes, tal como a retirada de Tityra e afins da família Cotingidae e seu posicionamento entre os Tyrannidae. Os nomes vulgares seguem os propostos por Willis e Oniki (1991), com o acréscimo, em alguns casos, de um segundo nome vulgar, quando de uso corrente no Maranhão. Ridgely e Tudor (1989) incluem Thyrothonis coraya entre os membros da avifauna maranhense. Consideramos isso um equívoco, pois, sabe-se que esta espécie não é conhecida em nenhum ponto ao leste do rio Tocantins, nem na região de Belém, Pará, nem no Maranhão. Um total de 45 espécies está aqui registrado pela primeira vez para o Maranhão, a maioria baseada em espécimes em museus. A lista de espécies de aves do Maranhão ainda é, entretanto, incompleta. Se maiores esforços forem feitos para estudar a avifauna do Estado, com certeza muitas espécies novas serão adicionadas à lista aqui apresentada. 8 A ves do Estado do Maranhão Queríamos destacar o registro feito por Antônio Augusto Ferreira Rodrigues do flamingo-grande, Phoenicopterus ruber, para o Maranhão, especificamente na região dos Lençóis Maranhenses. Este registro é baseado em exaustivas entrevistas com antigos moradores da região. Ademais, o MNRJ contém um flamingo-grande coletado no Ceará, onde o nome vulgar para a espécie era "Maranhão". Supomos que o flamingo-grande reproduzia, ou, no mínimo, freqüentava a região dos Lençóis, e, as vezes movimentava-se até o Ceará. Como os cearenses sempre viam os flamingos chegando do oeste (a direção do Maranhão) e voltando na mesma direção, foram batizados com o lugar de sua suposta origem: Maranhão. Os velhos moradores dos Lençóis afirmam que a caça e modificações ambientais extinguiram o flamingo-grande da região aproximadamente 30 anos atrás. A avifauna do Maranhão corre o risco de perder outras espécies de aves nos próximos anos, se um rigoroso programa de conservação da diversidade biológica do Estado não for adotado com urgência. As florestas amazônicas do oeste do Estado e as floresta decíduas da parte central estão sendo devastadas com uma rapidez assustadora. Muitas espécies de aves maranhenses são restritas a esses habitats. É importante destacar que em muitos casos estas aves dispersam as sementes ou polinizam as flores de plantas de importância econômica, ajudam a controlar pragas e desempenham outros papéis fundamen- tais ao funcionamento dos complexos ecossistemas do Estado. Ao perder essas aves, o Estado do Maranhão ficará mais pobre, inclusive em termos de opções para futuras gerações humanas. A única reserva para a vida silvestre na zona de floresta amazônica do Estado, a Reserva Biológica do Gurupi, permanece abandonada pelo governo federal, sendo uma das muitas "reservas no papel" do sistema brasileiro de unidades de conservação. Na zona de florestas decíduas, não há sequer um hectare em reserva, parque ou outro tipo de unidade de conservação, nem de verdade, nem "no papel". A combinação da atividade madeireira para o fornecimento de madeira, principalmente para o Nordeste brasileiro aliada à atividade carvoeira para o fornecimento de carvão vegetal às indústrias de ferro-gusa ao longo da ferrovia São Luís-Carajás (Oren, 1988), bem como pressões demográficas, pedem urgência para o estabelecimento de uma política coerente de conservação da biodiversidade dos ecossistemas naturais do Maranhão, um dos Estados mais ricos em recursos biológicos do Brasil. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Goeldiana Zoologia, número 9, 1991 9 Chave para as fontes publicadas: 1 = Cristóvão de Lisboa (1967) 2 = E.Snethlage (1914) 3 = H.Snethlagc (1927/28) 4 = Hellmayr (1929) 5 = Zimmer (1931-1955) 6 = Pinto (1938/44) 7 = Camargo (1957) 8 = Ridgely (1982) 9 = Aguirre & Aldrighi (1983/87) 10 = Sick (1985) 11 = Morrison, Ross & Antas (1986) 12 = Roth & Scott (1987) 13 = Ridgely & Tudor (1989) 14 = Oren (1990b) 15 = Peters (1934-79) 16 = Naumburg (1937/39) Chave para as coleções: AMNH = American Muscum of Natural History (Nova York) CM = Carnegie Museum (Pittsburgh) FMNH = Field Muscum of Natural History (Chicago) LACM = Los Angeles County Museum (Los Angeles) LSUMZ = Louisiana State University Museum of Zoology (Baton Rouge) MNRJ = Museu Nacional (Rio de Janeiro) MPEG = Museu Paraense Emílio Goeldi (Belém, Pará) Chave para as observações: AAFR = Antônio Augusto Ferreira Rodrigues DCO = David C. Oren EOW = Edwin O. Willis cm Família Phoenicopleridae Goeldiarta Zoologia, número 9, 1991 Família Calhartidae Cathartes melambrotos urubu-da-mata 14:10 14 Aves do Estado do Maranhão X z X z o Uj Oh 2 ON <6 O w o- 2 2 Uh 2 u 3 X z 2 Lu O tü CU 2 O 4b O UJ cu 2 2h r-i rH ü & oq ^ o Z W CU 2 (N c4 Z 2 Lu 10 4o vo 4ò 3 ._CJ , „ O .-U vO ód IO d i K >o UJ Tf r-* •/-, «o < C4 tü Tf -1 *Tí *0 cu vo Tf Tf -J c4 Tf £2 Zx co CO 2 4ó Tf ?„e Tf z O o r-^ dd 4o r-' «K *o Z «o «K C' UJ CJ 2Í CO CO U'', Tf «o Tf >o ^ 2 «/I Tf cu Q c4 Lu Ó4 04 Tf Tf CO co Lu CO CO Tf 2 O w cu 2 co ■o co a o ■o 6 73 Ó > ca 60 O •a •o c çu 6 £ ~ «6 0 g >> 5 a .«•n B U 3 3 Cj 5 c 3 .50 .3 1 Uj & -s. 3 S‘ U u 2 •Ü ?3 ’-S -3 3 1 «o 1 ."3 “3 *5 "3 «0 1 .3 3 § *r 3 O 3 •S £U § G 2 - 3 iç 1 tj 1 e Q 3 5 •S o .u 55 O '3 s 3 *3 3 3 .U =§ 3 O X X CQ 3 CQ s I 5 3 cq 1, | SciELO AMNH: FMNH; LACM Milvago chimachhna carrapateiro 3:515; 4:452: 6:87: 12:126: MPEG; AMNH: FMNH; LACM 16 Aves do Estado do Maranhão 1, | SciELO Família Aramidae Goeldiana Zoologia, mitnero 9, 1991 Família Ileliornithidae Eurypyga helias pavãozinho-do-pará 3:470,517; 6:123: MNRJ; AMNH 18 Aves do Estado do Maranhão O lü B- X 2 z u 2 1 tu — 1 X z 22 5 -> Z 2 < O tu z 2 E _ 2 _ O z < d z o tu o. 2 õo «O > O I 3 -3 s (2 .§ §■ .O í I, | SciELO 15 Pionus maximiliani maitaca-verde AMNH Goeldiaiw Zoologia, número 9, 1991 23 *0 VO 2 Óv' x z 2 u < < O t- r 06 ■7 r-J 05 2 J PJ /-> 66 Òv O [r | . .. cu z i /5 O 3 Crí Z vO O CN vb PJ cu O PJ cu 'X 1 2 r-’ Tf N 2 D C /5 N 2 o 00 vb O sO X ^ p-’ rf c-i CN (sf >-í ní Tf 3 2 C /5 nJ õ 66 2 ò <3 § 2 § 2 § § O *3 § 1 I* O *§ 2 2 N <3 X <3 X N 3 g X NJ § X 1 G- u £ G- O $ 3 $• í a £ 0 a a Guira guira anu-branco 2:216; 3:523; 4:436; 6:181; MPEG; MNRJ; AMNH; Goeldiana Zoologia, número 9, 1991 Chaetura spinicauda taperá-de-sobre-branco 10:352 Chaetura brachyura taperá-de-cauda-curta 14:11 Panyptila cayennensis taperá-tesoura 4:399; 10:353; MNRJ Reinarda squamala taperá-do-buriti 5/64:19; AMNH Família Trochilidae Glaucis hirsuta beija-flor-besourão 1:98,191; 3:521; 4:381; MPEG; MNRJ; FMNH; LACM; LSUMZ 26 Aves do Estado do Maranhão X z o£ Z 2 O UJ cu 2 co * N •u-2 00 rc * N _-2 C-I X v> ts> cò J Dá z s o X) a. 2 N S D oo 2 z 2 o UJ cu s o cc X, Os v© vO 00 r") y.x m U-c r^j ô Dá Z ô 00 oo 00 oc c*~i r^j 05 Sj ^ z « 2 ^x §1 C4 ^ c-i O' X X, !£N IO S ro ^ 71 £ C'! 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X z 2 IS z lU -T X Dá *—> Z z X 2 O <5 tu »— í I 2 O z 2 tü Dá z tü r- CU z 0- >: 2 2 E 2 »o 00 r O i/~i l/"i \C CM 6' - w , 0 10 N fN r—> r— • »— 1 'C «0 '-t ^ «K ON C' n O' fÓ r^j _J -rf Tf Tf . _ . . , r-j 2 :d is 'M \x ‘2 a z 2 GC rn O r^i 0 ro ò CNJ i/~, tü CU 2 cm *Tí rõ O U Q Ô>' 0 §0 rf ÒT 0 tü ro rj oC $5 Tf 2 CM ^ Tf Tf C'! «O CO £ sf| CM ^ —} Tf sC CO CM CM ^ rO cO 2 co Lu CO ri -2 •2 .3 b 3 3 3 3 Q =2 =2 :§ 3 «5 á O cB 1 3 •g I 1, | SciELO 15 Cenhiavis cirmamomea joão-do-brejo 3:527; 4:350; 5/19:13; 6:415; 15/7:95; MPEG; MNRJ; Goeldiana Zoologia, número 9, 1991 33 Sderurus caudacutus vira-folha-pardo 14:6; MPEG Mynnotherula axillaris choquinha-de-flanco-branco 3:454.526; 4:370; 5/4:10; 15/7:195; 16:240; MPEG; MNRJ; FMNH Goeldiana Zoologia, número 9, 1991 35 & y. © ro cn - (N N «n Ó 1 3 3 § 5 2 § 3 O 3 *3 I g ~3 O .O ’g *£> .O p [Cj 3 p 3 O 3 3 § o 3 3 £ £ E £ 1 í 1 £ £ CJ 1 Schleria naevia formigueiro-do-igarapé 4:379; 10:531; 15/7:228; 16:266; MPEG; AMNH Hylophylax poecümola rendadinho 3:456,526; 4:380; 5/12:8; 10:532; 15/7:253; 16:272; MPEG; MNRJ Aves do Estado do Maranhão O , „ ID . « o Pu o UJ 2 tu Cu P- 2 ós vo 2 cn i 1 CM só © >b Tf Tf CM — T Có z 2 o üJ 0< X z o UJ D- 2 < O J K 00 z O X O UJ 0- 2 < «/-> ô vd Tf o- 2 o ri O Tf 2 IO Tf X . , r-~’ rf) p i Ov cj •o Tf 00 Tf r-' Tf cP Tf cd O' O r>; 2 u < Tf àC C4 *n 2 r-* Tf O". vb rn cd O Tf O C'- 5 a •2^ *2 1 c a 1 **> c -o a !§. «o a $* o o .a a •S2 2 O O >> 4 p §> 5) o .§ «a. 5> a § § Jr a <3 <3 !§, >< *a 2 s 2 -2 a | a a ê I â ê o £ 1, | SciELO 15 Goeldiana Zoologia, número 9, 799/ 1—3 ac I x 2 Z . ► >— -T Z z z 2 2 Z Lu ■ oi 2 2 2 Lu ü z E E ►y < âc 2 44 •- N 2 D O* LO cu 2 1 E z z 2 < o E a z 2 Z 2 < c ri i CO O 2 O 2 O . - O LU LO E aí X Jí cç N 22 ..D — • 1/5 «J 0\ .. 9 ÍX "Z d 2 . ^x »n J_h 7 uò pó < X z 2 Uh ►“í £ Z 2 d UJ Oh 2 92 VC rp Tf X z o X Oh 2 X 92 92 N 2 X 2 x z 2 E xr 06 z 2 pp N 'p , « 3 X Tf t/J pó X 06 z 2 d x o. 2 92 O do' fp- è Tf N 2 x-2 do' ro D 4+ ^ c /0 -H CO *J c- o «X ê- <2 3 >3 1, | SciELO 15 Goeldiana Zoologia, número 9. 1991 43 a£ >—> AT r- r4 r-' IO 4 O *“ 1 o o 00 < 2 «o vO ò «o o ô CN co Si cí T" 1 'O T! rn o o Tf vo vsí »o co ro ÜJ a. vo o >© co 'O C4 'O (N sO co Tf N Tf co 2 Tf Tf v-f Tf \o Tf IO to ro <*> D CO On (N co t*) c n to co «O to IO «O Tf cò i-J co Tf co co CO tO CO Srelgidopteryx ruficollis andorinha-serradora-do-sul 3:536; 4:266; 7:81; MPEG; MNRJ; AMNH; FMNH; SciELCVo 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 L. cm 6:388; MNRJ; AMNH; FMNH 46 Aves do Estado do Maranhão O U cu 2 'C N 22 íD -u C/) ^ — — su - ^ VO J ua z « Uh 3 í N.Z fO ^ vO <*5 vO & CCi >7 iza cò 2 I Z r^-j Tf SN <*2 s§ C4 _J ?.2 su rò J »ó Tf vO i/~i C4 CG vO £N vO M-, Tf IO Ò 22 <ó 2 vb vO C4 ti- 2 Ai Tf" O Ê MÍ ri D n «5? 8 Tf * 0 " ,__ co £ ^Z MPEG '; MPEG T— < Z io *5 82 s: co 1 — J CC 2 oq z. o . .. < •o ro A~~ J co Aí ò” A) Ai !Q tí io N cu 2; 'O vo 2 2 C\ so vi rn ÔT ô en . „ 1-2 8 . ■c o ■g á. a g •ü R a .R C I a o 3 *a u» <3 .2 *§ <3 O C -2 3 .3 2 ÇJ o js 3 t 3 5 3 a «o 3 ,3 3 S cu s 1 -2 3 1 §> •a Cl O «o .3 | >1 .*0 a i S 4 § *r c •§ S O g o -s: •5 1 6. •2 3 1 2 •3 s* •3 o §• <3 .§ .<2 1 1 .1 2 J CO rí X CO CO z CM J ?-2 K < cri J J O UJ cu 2 X z aC z 2 rí n <6 1, | SciELO Goeldiana Zoologia , número 9, 1991 51 o .a 1 .2 a g "a o 3 1 § 8 g f U> «o '5, «O s a 3 ~3 3 S, .3 s .3 .3 tJ q 3 1 1 | 4 -3 *3 Çu 0 O o c o £ 1 g g O o « ò Tf co CM o CU 2 4h 2 s Tf" 00 r-’ 'O ^ CM « r- (J O UT co m Pd 23 tü Oh 2 r-" *D CO o CO CO o X CM Tf v© ^ z «2 'O §§ Tf 00 «O lo \ lo z 'O tu -i u H _) sO vo r- 2 Cjl, 00 r-* 00" Os CM S 5