ISciELOi 2 3 5 6 7 12 13 14 15 16 17 18 L cm MEMÓRIAS DO INSTITUTO BUTANTAN 1939 TOMO XIII São Paulo, Brasil Caixa Postal 65 índice l’ât. Noticiário AI-CIDES PRADO — Notas Ofiologicas. 2. Obsers'acões sobre os ofídios da fauna amazônica, com a descrição dc um novo genero c especie ^ 3. Mais um caso de albinismo em serpente í* 4. Cinco especies nos-as de serpentes colombianas do genero Atraetns WAGLER 15 AI.CIDES PRADO — Contribuição ao conhecimento dos escorpiões sul-americanos. Sinopse das especies de Rhopalnrus 25 AI-CIDES PRADO i J. L. R10S-P.4TI.S0 — Contribución al estúdio de los Escor- piones de Colombia ^1 W0I.FGANG BCCHERL — Os Quilopodos do Brasil 49 FL.WIO da FONSECA — Comportamento do bugio Alonatta fusca HUMBOLDT inoculado com s-ims amarilico Asibi 363 On thc bchasdour of thc monkey Alonatta fusca Hf.MBOLDT inoculated wilh .\sibi strain of yellow fever %'irus 367 FI-.\VIO da FONSEC\ & P.\l'LO ARTIGAS — Inquérito sobre a sensibilidade de Cebns eirrifer ao s'irus amarilico 373 Investigations on the senslbility of Cebns eirrifer to the yellow fever vinis 377 FI..WIO da FONSECA & A. da SILV.A RA.MOS — Novo snbgcncro e novas especies de annfelinas neotropicas (Diplera. Culicidae). Nota previa 383 l-fDWIG FRAENKEL & THAl.ES MARTINS — Estudos sobre a fisiologia sexual das serpentes 393 BRI NO RANGEL PESTANA; JANDYRA PL.\NBT do AMARAL A LUIZ PEREIRA BARRETTO NETO — Tipos de C diphlrríae em São Paulo. Reações culturais, virulência, loxigcnicidadc e suas relações com os casos clínicos 407 .\RM.4NDO TABORD.A — Contribuição ao estudo da coagulação do sangue. 1. Falhas nos métodos dc coagulação do sangue pelos venenos dc cobra ... 431 ARM.tNDO T.XBORD.A — Elcctrodio dc vidro. Generalidades. Teoria. Tipos. Aplicações 447 NOTICIÁRIO Ao ser impresso o presente numero das “Memórias”, é a seguinte a relação his worontsoui, sp. n. i — Focinho arredondado e fracamente projetado. Diâmetro do olho, metade da sua distancia do focinho. Rostral duas vezes tão larga quanto alta, visivcl de cima; nasal dividida; intemasais mais curtas do que as prefrontais; frontal uma vez e meia tão longa quanto larga, tão longa quanto a sua distancia da extremidade do focinho, mais cuna do que as parietais; frenal cerca de duas vezes tão longa quanto alta; 1 prcocular, estreitamente separada da frontal; 3 postoculares ; temporais 2+3; 8 supralabiais, 4.“ e 5.® junto ao olho; 4 infra- labiais em contacto com a mental anterior respectiva, que é pouco mais longa do que a posterior. Escamas em 19 filas. Ventrais 244; anal inteira; sub-caudais 113/113+1. Verde bronzeada cm cima, com algumas manchas triangulares laterais, pardo- amareladas, que, gcralmentc. não atingem a linha vertebral; cabeça da mesma côr, com duas manchas arredondadas, pardo-amareladas, simétricas, sobre a nuca ; ventre esverdeado, entrecortado de espaço a espaço, por arcas pardo-ama -ciadas, que são o prolongamento das manchas laterais. Comprimento total 885 mm.; cauda 222 mm. 5 6 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Holotipo, macho, sob o No. 10.062, na coleção do Instituto Butantan, S. Paulo. Procedência: rio .^mana. Estado do .Amazonas. Brasil. Colecionado por C. Worontzow, incansável teaiico do laboratorio de Para- sitologia da Faculdade de Medicina, em fevereiro de 1937, a quem o nome da espécie é dado em homenagem. Oferecido pelo prof. Samuel Pessoa, catedrático de Parasitologia da mesma Faculdade. RESUMO Contribuindo para o estudo dos ofidios da fauna amazônica, examinei um lote de serpentes, constante da relação seguinte: Bca hortulana hortulana (L.), Anilius scylalc (L.), Helicofis polylepis Gü.vther, Leptophis ahactuUa (L.),. Leimadophis poecüogyrus (Wied), Siphhphis cennnus (Laurentiüs), Imanto- des cenchoa (L.), Leptodeira annulata (L.), Oxybelis fulgidus (Daudin). AUei- dophis, gcn. n. e Alletdophts xvoronlacnin, sp. n. ABSTRACT Contributing to thc study of the snakcs of the Amazonian fauna, 1 examined a lot of serpents. consisting of: Boa hortulana hortulana (L.), Anilius scytalc (L.), Hclicops polylepis Günther, Leptophis ahaetulla (L.), Leimadophis poe- cilogyrus (Wied), Siphhphis cervinus ( L.\urextius) , Imantodes cenchoa (L.), Leptodeira annulata (L.), Oxybclis fulgtdns (I)acdix), Alleidophis, gcn. n. and Alleidophis tcorontzowi, .sp. n. BIBLIOGRAFIA •r ; BouUnger, A. G. — Cat. Sn. BriL Mus. 1 :101,13i,280.18VJ. Boulenger, A. G. — Cat. Sn. Brit. Mus. 2:113,131.1894. Boulenger, A. G. — Cat. Sn. Brit. Mus. 3:37,84,97,191.1896. lhering, R. tvn — Rev. Mus. Paulista 8:273-379.1911. Brasil, y. — Defesa contra o ofidisino :3ü. Gonus, J. F, — Rev. Mus. Paulista 10:503.1918. Amaral, A. do — Mem. Inst. Butantan 4:3-127.1930. Amaro!, A. do — Metn. Inst. Butantan 9:204,206.1935. Amaral, A. do — Mem. Inst. Butantan 10:87.1935/36. Prado, A. — Mem. Inst. Butantan 12:1.1938/39. , (Tr&balbo da Sccç&o dc OfwtofU c Zoolofia Mcdka do lo»- titmo BotanUn. aprcocDUdo i Scc. ente POR ALCIDES PRADO Sobre o colorido das serpentes, Brehm afinna que, embora a coloração seja quasi sempre a mesma nurrci dada especie, as variações, por vezes, são tão con- sideráveis, que dão em resultado a criação de novos nomes específicos. /Vinda mais, que os casos de melanismo e sobretudo de albinismo são raros. De fato, para justificar tais asserções, citarei o seguinte : o caso de Ditmars, do Bronx Park de Nova York, que descreveu como Crotalus pulvis, um exemplar albino de Crotalus terrificus, proveniente de Managua, na Nicaragua. E, entre nós, a descrição de Bolhrops imequalis, de Magalhães, que representa uma profunda variação no colorido normal de Bothrops allernaia. Ambos os casos foram tra- tados por Amaral, em diferentes ocasiões. Exemplos de anomalia de cromatismo de ofidios, como casos de xantismo e eritrismo especialmente, foram igualmcme relatados por Amaral. Gloyd, do laboratorio de Zoologia da Universidade de Michigan, estudou, mais recentemente, as variações de colorido, sob a forma de desenhos aberrantes, em especimes dos generos Elaphe, Thamnophis c Crotalus, procedentes de di- versas regiões dos Estados Unidos. Os casos de melanismo e de albinismo, para corroborar ainda parte da- quelas afirmativas, são tão raros que os diversos autores nunca deixam de registá-los. Entre outros, apontarei o caso de Procter, estudado no Jardim Zodogico de Londres, que verificou um exemplar albino de Naja naja, procedente de Delhi, na índia. Mencionarei os trabalhos de Amaral, resultantes de observações feitas «n Butantan, entre as espedes Pseudoboa trígemina, Sibynotnorphus turgidus e Crotalus terrificus. Ha pouco, Saporiti, no Jardim Zooogico de Buenos Aires, constatou um caso típico de melanismo num exemplar de Bothrops altemata, vindo de Santa Fé, na Argentina. 1 _>t. 10 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Sobre a questão genetica. com referencia à variação do colorido nos animais, sabe-se que um cruzamento interespedfico foi cons^uido em peixes, por Ne^v- man. cm 1918. O mais detalhado estudo da historia dos cromatoforos nesse tipo de cruzamento foi realizado por A. Russel, segrmdo referencia de Goodrich. Verificou-se que os embriões resultantes dessa hibridização não prosseguem até à maturidade. No estado embrionário, a côr dos cromatoforos se mostra inalterável em cada lun dos individuos, ou ambos, os cromatoforos, podem achar-sc presentes no mesmo embrião. Estes dados indicam que os cromatoforos acompanham a confusão do com- plexo genetico hereditário. Nesse caminho é muito dificil ter-se conhecimento das relações dos melanoforos dos diversos tipos paternais. Isto é explicado por luna totaj ausência de nKlanoforos cm um albino mutante, contrastado com o normal. Quanto ao material corante, pode-se estabelecer que o pigmento parece variar menos frequentemente do que os tipos celulares. A fonna estrutural da melanina não é ainda conhecida. O material corante dos xantoforos e eritroforos provavelmente é consti- tuido por carotenoides. Refere a presente nota um caso de despigmentação, ou melhor, de albinismo, verificado num exemplar adulto de Pseudoboa neuzvicdii, enviado de Terenos, Estado de Mato Grosso, Brasil, colecionado por Paulo Schleich Junior, a 29 de maio de 1939, e caracterizado pelo colorido seguinte, conforme fotografia obtida do natural (Fig. 1): rostral pardo-escura; intemasais amareladas; parte supe- rior da cabeça e nuca, pardo-escuras; dorso, cauda c ventre, inteiramente bran- cos, com apenas duas manchas pardo-escuras, irregulares e muito espaçadas sobre o dorso: a primeira, maior, à direita, e a segunda, menor, à esquerda. Nos exemplares normais adultos, sua coloração é, cm cima, de côr pardo- palida, uniforme, com a parte superior da cabeça c nuca algum tanto enegrecida, com ou sem faixa amarelada sobre as têmporas e occipicio ; ventre branco-amare- lado. Alguns espedmes apresentam pequenas va^riações no colorido com en- tradas laterais branco-amareladas por quasi todo o corpo, como nos mostra a Fig. 2, que representa a fotografia de um desenho obtido do natural. O exemplar em estudo, No. 10.065, apresenta os seguintes caracteres: Adulto á : E. 19; V. 205-f 1; C. 105. Spl. 8 (4., e 5.“ junto ao olho) ; Infl. 8; T. 2-J-3. Compr. total, 1261 mm.; cauda, 339 mm. 2 RESUMO Trata-se de um caso de albinismo em serpente, verificado num exemplar adulto de Psendoboa nemvicdii (D. & B.) . Casos dessa natureza não são freqüentes, a julgar pelas observações dos diversos pesquisadores. Oferece o presente registo, exemplo bastante curioso, pois o especime apre- senta-se quasi inteiramente branco ; apenas a cabeça e a nuca, além de dua,s man- chas dorsais, espaçadas, são pardo-escuras. Nas formas normais, a cabeça, o dorsõ e a cauda são, em cima, quasi uni- formemente pardo-palidos, apresentando, às vezes, entradas esbranquiçadas late- rais, sobre o dorso e a cauda; ventre sempre branco-amarelado. ABSTR.\CT This paper deals with a c^e of albinism of snakes, verified in an adult spe- dmen of Pseudoboa ncvwiedii (D. & B.). Thesc cases are not frequent, as it can be sccn by observations of sevcral authors. The present record shows a vciy cunous spedmen, for it is almost cntirely white, excepting the head, neck and the two separated dorsal spots, whicli are daxk brown. The head, dorsal side and the tail of the normal specimens are, upside, of almost uniform slight brown colour, presenting, sometimes, lateral white entrances on the dorsal side and the tail; the ventral side is always white-yellowish. BIBLIOGRAFIA Brehm, A. E. — Le» Rept et lc$ Batr., Paris *.293. 1885. Boulenger, A. G. — Cat. Sn. Brít. Mus. 3:112.1896. Procter, J. B. — Proc. Zool. Soc. Loodon 4:1125.1924. Amaral, A. do — Rev. Mus. Paulista 15:1,53,59,87.1927. Amaral, A. do — Mem. List Butantan 7:75,81.1932. Amaral, A. da — Mem. Inst Butantan 8:149,161.1933/34. Cloyd. H. K. — Papers Mich. Acad., Sc. Arts & I.,ct 20:661.1934. Saporiti, E. J. — Rev. Soc. Arg. Cienc. Nat 12:343.1937. Goodrich, H, B. — The Aroer. Katuralist 83(746) :198. 1939. iTnbalbo da Scc^So de OfíoloctA e Zoolofía Medica do Xn«- titoto Btitactas, aprcscotado á S«c. de Hif. e Mcd. Trop. da Asa. Paul. de Mcd. cm 4-VI1>39. Dado i ptibli* cidade cm Janeiro de 1940). 3 Mfm- ItuL Baunlan yòL xin — 19Í9 Alcides Praihi — XoUts Ofioiogtcus. 3. Fi«. 2 cm 2 3 4 5 6 7 SciELO ;li 12 13 14 15 16 17 39*. 111:591 8SS NOTAS OFIOLOGICAS 4. Cinco especies novas de serpentes colombianas do genero Atractus TS^acler POR ALCIDES PRADO Foram reunidas aqui, para publicação em nota previa, cinco especies novas de ofidios do genero Atractus. Pertencem elas a dois lotes que vieram da Co- lômbia, respectivamente, cm 1938 e 1939. Alem dessas, outras pertencentes ao mesmo genero foram determinadas, como sejam as seguintes: Atractus crassicaudatus (D. & B.), Atractus metas Bou- lencer e Atractus bocourti Boulencer, esta ultima da fauna do Perú e Equador. O rcvmo. irmão Niceíoro Maria, do Instituto de La Salle, de Bogotá, que tão brilhantemente se ocupa do assunto cm seu país, continua a ser o valioso co- laborador da Secção especializada do Instituto Butantan, fato que é atcst.ado pela presente remessa do importante material. Atractus arangoi, sp. n. (Fig. 1) 9 — Focinho arredondado. Rostral pequena, pouco mais larga do que alta. visivel de cima ; intemasais muito pequenas ; prefrontais mais longas do q^je largas; frontal mais longa do que larga, tão longa quanto sua distancia da ex- tremidade do focinho, muito mais curta do que as parietais; f renal tres vezes tão longa quanto alta; 2 postoculares ; temporais 1 -f 2, a postero-superior lon- ga, atinge a extremidade da parietal respectiva; 7 supralabbis, 3.* e 4.® junto ao olho; 3 infralabiais cm contacto com a mental respectiva de um unico par. Escamas lisas, luzentes, sem depressões apicilares, cm 17. Ventrais 159; anal inteira; subca,udais 25/25 -f- n. Pardo-palida em cima, com manchas pardo- 1 16 Memórias do Inslitulo Butanlan — Tomo XIII i escuras areoladas de claro, irregulares, em bastonetes, geralmente em uma unica serie sobre o dorso ; cabeça pardo-escura ; garganta e ventre branco-amarela.dos. Comprimento total 395 mm.; cauda 52 mm. Holotipo, adulto 9 , sob o No. 136, na coleção do Museu do Instituto de La Salle, Bogotá. Procedência : Colombia. Afim de Atractus major Boulenger, dí^ qual se distingue por possuir nu- mero menor de ventrais e, provavelmente, de subcaudais ; pelo colorido geral e pelo comprimento total, que é muito menor, pois A. major mede cerca de 700 mm. Esta especie é dedicada à memória do grande cientista colombiano Posada Arango. Atractus inJistinctiis, sp. n. (Fig. 2) 9 — Cabeça curta: focinho arredondado. Rostral petfjena, mais larga do que alta, pouco visivel de cima; intemasais pequenas; prefrontais tão longas quanto largas; frontal mais larga do que longa, tão longa quanto sua distancia da extremidade do focinho, muito mais curta do que as parietais; frcnal duas vezes tão longa quanto alta; 2 postocularcs ; temporais 1 -f- 2, a postero-supe- rior, alcança a extremidade da, parietal respectiva ; 1 supralabiais, 3.* e 4.* junto ao olho; 3 infralabiais em contacto com a mental respectis-a de um unico par. Escamas lisas, sem depressões apicilares, em 17. Ventrais 170; anal inteira; subcaudais 35/35 -j- 1. Pardo-avermelhada, com um indistinto traço negro sobre a linha vertebral, o qual partindo da nuca termina quasi na extremidade da cauda ; dois outros da mesma côr nos flancos ; cabeça negra ; lábios, garganta e partes inferiores, branco-amarelados, porem esta ultima irregulamente mancha- da de pardo. Comprimento total 444 mm. ; cauda 48 mm. Holotipo, adulto 9 , sob o No. 166, na coleção do Museu do Instituto de La Salle, Bogotá. Procedência: Ocana, departamento norte de Santander. Proximo a Atractus maculatus (Günther) e a Atractus obtusirostris VVerner, distingue-se daquela pelo maior numero das ventrais e das subcaudais e pelo colorido, desta pelo maior numero das ventrais e menor das subcaudais e pelo colorido. 2 Alcides Prado — Votas Oíiologicas. 4. 17 Atractus longimaculatus, sp. n. (Fig. 3) 1 á — Focinho arredondado. Rostral pequena, pouco mais larga do que alta, visivcl de cima; intemasais muito pequenas, pouco mais largas do que lon- gas ; prefrontais tão longas quanto largas ; frontal pouco mais larga, do que longa, quasi tão longa quanto sua distancia da extremidade do focinho, muito mais curta do que as parietal; f renal duas vezes tão longa quanto alta; 2 postocrjia- res; temporais 1 -f- 2, a postero-superior atinge a extremidade da parietal res- pectiva; 7 supralabiais, 3.“ e 4.* junto ao olho; 3 infralabiais em contacto com a mental respecti\'a de um unico par. Escamas lisas, sem depressões apicilares, cm 17. Ventrais 166; anal inteira; sub-caudais 21/21 1. Castanho-clara, com tres series de manchas negras: l.“ sobre a linha vertebral, cm traço centinuo no terço anterior do corpo, e sob a forma de pontilhados la,rgos nos dois terços rti- tantes; 2.* e 3.* sobre cada um dos flancos, sob a forma de pontilhados finos. Duas faixas negras dos lados da cabeça: uma que vai do angulo posterior do olho à comissura dos lábios, outra, paralela a essa, caminha ao nivel das têmpo- ras. Finalmente, um desenho negro cm V, de vertice posterior, sobre as pa- rietais, e duas manchas negras: uma sobre a frontal e outra sobre a nuca. Partes inferiores amarelas, marchetadas de negro. Comprimento total 372 mm.; cauda 21 mm. Holotipo, ad*jlto S , sob o No. 170, na coleção do Museu do Instituto de La Salle, Bogotá. Procedência: Região do Quindio. Afim de Atractus maculatus (GO.vther), da qual se distingue pela frenal, que é menos longa e pelo colorido geral. Atractus maniaalcsensts, sp. n. (Fig. 4) S — Focinho arredondado. Rostral pouco mais larga, do que alta, não muito visível de dma; intemasais pequenas; prefrontais tão longas quanto lar- gas; frontal tão larga quanto longa, quasi tão longa quanto sua distancia da ex- tremidade do focinho, muito mais curta do que as parietais; frenal duas vezes e meia tão longa quanto alta; 2 postocula,res ; temporais I 2, a. postero-supe- rior atinge a extremidade da parietal respetiva; 7 supralabiais, 3.* e 4.* junto ao olho; 4 infralabiais em contacto com a mental respecti\-a de um unico par. Escamas lisas, sem depressões apicilares, cm 15. Ventrais 152; anal inteira; 3 18 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII subcauclais 20/20 + 1. Castanho em cima, com duas series de manchas negras, guarnecidas de claro, paravertebrais ; cabeça manchada de negro; lábios, gar- ganta e ventre bra.nco-amarelados, sendo o ultimo salpicado de pardo. Comprimento total 370 mm.; cauda 31 mm. Holotipo, adulto ê , sob o No. 172, na coleção do Museu do Instituto de La Salle, Bogotá. E’ afim de Atractus punctiventris .-\m.\ral, que possue as seguintes caracte- rísticas: f renal tres vezes tão longa quanto alta; 3 infralabiais em contacto com a mental respectiva. Também o colorido ’e dimensões de A. punctiventris lhe são diferentes. Atractus reticulatus Boule.vger, que lhe é também afim, assim .«e apresenta: frontal pouco mais larga, do que longa; frenal duas vezes tão longa ■quanto alta. Colorido de A. reticulatus difere bastante da espede em apreço. Paratipo, jovem 9 , sob o No. 157, na mesma coleção, procedente de Vila Maria (ManizaJes). E. 15; V. 154; A. 1 ; C. 18/18 -f 1. Spl. 7 (3.* e 4.^ junto ao olho). Infl. 6 (3 em contacto com a mental res- pectiva,) ; T. 1 2. Colorido perfeitamente idêntico ao da especie tipo. Atractus cotombianus. sp. n. (Fig. S) á — Fodnho obtuso. Rostral pequena, mais larga do que alta, visive! de cima; intemasais muito pequenas; prefrontais tão longas quanto largas; frontal tão larga quanto longa, tão longa quanto sua distancia da extremidade do fo- cinho, muito mais curta do que as parietais; frenal duas vezes tão longa quanto ^ta ; 2 postoculares ; temporais 1 -j- 2. a postero-superior não vai alem do meio da parietal respccti\-a; 7 supralabiais, 3.* e 4.* junto ao olho; 3 infrabbiais em contacto com a mental respectiva de um unico par. Escamas lisas, brilhante.s sem depressões apicilares. em 17. Ventrais 149; anal inteira; subcaudais 29/29 -f 1. Pardo-olivacea cm cima, com faixa negra vertebral, a qual guardando a largura de uma escama, vai da parte nucal à extremidade caudal t escamas, em geral, tarjadas de negro; nos flancos, uma linha clara, a quaj envolve as extremidades das ventrais e a fileira contigua das escamas dorsais; ventre inteirameníe negro, luzente. Comprimento total 362 mm. ; cauda 42 mm. Holotipo, adulto í. sob o No. 174, na coleção do Museu do Instituto de La Salle. Procedência : Chocontá. 4 Alcides Pbado — Notas Ofiologicas. 4. 19 Próxima a Atractus fithrmonm Peracca, da qual se distingue peio menor numero das ventrais e maior das subcaudais. Quanto ao colorido, A. fiihrmanni não {X)ssue nem a faixa negra vertebral, nem a linha clara dos flancos. Paratipo, jovem á , sob o No. 155 na mesma coleqão. Procedência: a mesma da especie tipo. E. 17; V. 144; A. 1; C. 29/29 + 1. Spl. 7 (3.* e 4.“ junto ao olho). Infl. 3 em contacto com a mental respectira; T. 1 + -• Colorido idêntico, apenas o ventre se apresenta mesclado de branco. (Trabalho da Secção dc Ofkdocia e Zoologia Medica, entrr- goc para poblicaçâo ero outubro dc 1939. Dado i pu* bliddadc etn Janeiro de 1940). O Cad. 2 Alcides Phado — Xotas Ofiologicas. í. InsU Butantan \'fÃ. XIII — 1939 N Fií- 1 Atra^-lHS araaficf, »p. n. r.r. 2 ^tracíMi imJistimftas, «p. n. F«. 3 ^tractms »p. n. AixiDES Prado — Sotas Ofiologicas. i. Mem. Tn*t, Btrtantan Vnl XIII — 1919 Fír. 4 Atracims tmami: 0 Írsrmsis, n. Fir. 5 Atrãcimí coiombimmtu, n. 9 595. 46:591. 98* CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DOS ESCORPIÕES SUL- AMERICANOS Sinopse das especies de Rhopalurus POR ALCIDES PRADO O presente trabalho nada mais é do que a súmula das publicações feitas sobre o assunto, no Brasil. Para sua feitura utilizei-mc da excelente chave da autoria de Mello-Leitão, publicada nos Arquivos do Museu Nacional, vol. 34, ano 1932, a qual aparece aqui ligeiramente modificada. Na descrição sumaria 'das diferentes cspecice, servi-me dos traballios origi- nais e, em muitos casos, dos exemplares existentes na coleção do Instituto Bu- tantan, e que são representantes das seguintes especies: Rh. danicli, Rh. goia- ícnsis, Rh. dorsomaculatus. Rh. roclui e Rh. kuUauda. A prevalecer como carater distintivo duas elevações basilares no dorso da Tesicula para Rh. tgicsiasi. como quer Wcmer, considerarei como boa a espede Rh. dorsomaculatus. Si tal caractcristica for fato de observação corrente entre as espedes de Rhopalurus, opinarei para que Rh. dorsomaculatus caiba na sino- nimia daquela. As demais especies me pareceram estáveis, razão pela qual cada uma delas tem seu logar perfeitamente enquadrado na chave que acabo de estabelecer. Chaiv de especies 1 — Segmento caudais II e III com 8 cristas 2 Segmento caudal II com 10 cristas; segmento caudal III com a crista medio-lateral ora indis- tinta, ora bem indicada 5 2 — Estemito I com a area triangular mediana gra- nulosa Rh. agamemnoH Estemito I com a area tringular lisa 3 1 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII 26 3 — Denticulo subaculear ausente Denticulo subaculear presente 4 — Dentes pectineos 20/20 Dentes pectineos 29/29 5 — Dentes pectineos 15 a 17 Dentes pectineos 20 a 27 6 — Cauda cerca de 5 vezes nia» comprida do que o cefajotorace ; denticulo subaculear pequeno e pon- tudo Cauda cerca de 4J^ vezes mais comprida do que o cefalotorace : denticulo subaculear representado por um tubérculo 7 — Segmento caudal I com 12 cristas; estemito I com um desenho negro lambdoide Segmento caudal I com 10 cristas; estemito I não como acima 8 — Mão menos ou tão larga quanto a tibb Mão mais larga do que a tibia 9 — Côr geral pardo-amarelada, quasi uniforme Côr geral, não assim 10 — Mão tão larga quanto a tibia; denticulo subaculear «saliente, pontudo; dentes pectineos 21 a 22 Mão mais estreita do que a tibia ; denticulo subacu- lear reduzido, agudo; dentes pectineos 25/25 1 1 — Vesicula com 2 elevações basilares no dorso \'csicula sem 2 cle\'ações basilares no dorso 12 — Segmentos caudais 1 e II com 10 crista*»; III e IV com 8 Segmentos caudais I a III com 10 cristas; IV com 8 13 — Mão pocico mais larga do que a tibia; dedo movei com fraco lobo basilar; denticulo subaculear sa- liente, em fomia de ponta de prego Mão mais larga do que a tibia; dedo nKxvel com forte lobo basilar; denticulo subaculear reduzido a um tubérculo 14 — Cauda 6 vezes mais comprida do que o cefalotorace Cauda cerca de 4 a 4J4 vezes mais comprida do que o cefalotorace Rh. junccus 4 Rh. iittennedius Rh. danieli 6 7 Rh. acromclas Rh. debilis Rh. latnbdophorus 8 9 11 Rh. sicnochtrus 10 Rh. goiasensis Rh. tnelleipalpus Rh. iglesioji 12 13 15 Rh. dorsoitutculaius 14 Rh. rochai Rh. barythcnar 2 Alcides Pr.\do Contrib. ao conhecimenlo dos escorp. sul-americanos 27 15 — Cauda dilatada nos 2 últimos sarnentos Rh. laJicaiuia Cauda não assim 16 16 — Tronco quasi uniformemente pardo-amarelado ; cau- da da mesma côr, apenas com os segmentos IV e V pardo-enegrecidos Rh. borelli Côr geral pardo-negra, uniforme Rh. pintai Rhopalurus agmnemnon (Kocn) Androctonus agamemnon Koch, Arach. 6:103.1859. HettrocUnut agamemnon Pocock, Jr. Linn. Soc 24:393.1893. Centrurns agamemnon K»aepelis, Das Tierr. 8:94.1899. RhopaJunis agamemnon Pocock, Biol. Centr. Amer. :37.1902. Centrunis agamemnon Pentiieh, Ann. k. k. Kat, Hoffm. 27:240.1913. Rhopalurus agamemnon Mello-Leitão, Mcm. I. O. Cruz 17:276.1924. Rhopalurus agamemnon Meixo-Leitão, Arch. Museu Xac. 34:14.16.1932. Rhopalurus agamemnon Prado & Rios-PatiSo. Rev. .Acad. Colombiana C. E. Fis. Nat. 3.1939. Proximo a Rh. junceus, porem com as patas muitas vezes enegrecidas e os tergitos abdominais com faixas medianas mais claras. Estemito I com triân- gulo mediano sem depressões punctiformes, porem com granulações finíssimas. Denticulo subaculear bem visivel. Dentes pectineos 17 a 20. Comprimento total 80 a 100 mm.. Brasil. Rhopalurus junceus (Herbst) Scorpto juneeus Herbst, N'at ungefl. Ins. 4:65.1800. Heteroetenus juneeus Pocock, Jr. Linn. Soc. 24:324.1893. Centrurtu juneeus Kraeptxix, Das Tierr. 8:94.1899. Rhopalurus juneeus Mello-Leitão, Arch. Mus. Xac 34:14.1932. Rhopalurus juneeus junceus Moreno, Mcm. Soc Cubana 13:65.1939. Côr pardo-amarclada. Cauda pardo-escura, postero-inferionnente. Palpos amarelados, com mãos amarelo-avermelhadadas. Patas amareladas. Tergitos abdominais fortcmcnte granulosos. Estemitos lisos cm geral; I coni triângulo mediano liso, apenas com algumas depressões punctiformes, e limi- tado por sulcos longitudinais convergentes. Cauda, 5 a 6 vezes mais comprida do (jue o cefalotorace. mais dilatada atrás no 3 , granulosa ; I segmento com 10 CTistas; II ao IV com 8; porções intcrcarinais com finas granulações; vesicula ligeiramente granulosa, mais larga do que alta ; denticulo sulaculear ausente (no 3 28 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII jovem ha uma pequena protuberância). Palpos com mãos sem quilhas fortes; dedo movei com forte lobo basilar. Dentes pectineos com 19 a 23 dentes. Comprimento total 80 a 100 mm. Brasil. Rhopalurus intentudius (Penther) Centnirus intermedius Pejítheu, Ann. k. k. Nat. Hofím. ?7:240.1913. Rhopalurus intermedius Mixix>- Leitão, Arch. Mus. Nac. 34:14.1932. Rhopalurus intermedius Prado & Rios-Patino, Rev. Acad. Colombiana C. E. Fis. Nal. 3.1939. Proximo a Rh. junecus, deste diferindo apenas pelo colorido e pela pre- sença de um denticulo subaculear grartde. Elstemito I com a area triangular mediana lisa, apenas com algumas depressões purKtiformes. Dentes pectineos 20 / 20 . Comprimento total 90 mm. Brasil (Piauí). Rhopalurus danúli Prado & Rios-Patixo Rhopalurus danieli Prado & Rios-PatiSo, Rev. Acad. Colombiana C. E. Fis. Nat. 3.1939. Rhopalurus danieli Prado & Rtos-PATiüo, Mem. Inst. Butantan 13.1939. S — Tronco pardo-amarelado. Cauda amarelada em cima, porem com o ultimo segmento pardo-escuro; vesicula da còr deste. Palpos amarelo-palidos ; mãos c dedos pardo-escuròs. Patas amarclo-palidas. Cefalotorace granuloso; cômoro ocular com sulco mediano profundo. Ter- gitos granulosos, com as cristas medianas acentuadas. Estemitos lisos em geral ; I com arca triangular mediana lisa, apenas com algumas depressões punctifor- mes. Cauda longa, cerca de 8 vezes mais comprida do que o cefalotorace, com os segmentos gradualmente alongados; cristas l)em marcadas c granulosas: 1 com 10, II ao IV com 8 e V com 5; espaços intcrcarinais lisos inferiormente c pouco granulosos em cima, com exceção do V que é grosseiramente granuloso; vesicula ligeiramente alargada e granulosa ; denticulo subaculear saliente e rombo. Palpos, com femores e tibias finamente granulosos; mão, levemente achatada do lado externo e convexa do interno, mais larga do que a tibia; dedo movei com 8 fileiras de granulações no gume, e forte loho basilar. Dentes pectineos 29/29. Comprimento total 95 mm. ; cefalotorace 8 mm. ; tronco 30 nun. ; cauda 65 mm. Colombia (Andes colombianos). cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 -\i.ciDEs Prado — Contrib. ao conhecimento dos escorp. sul-americanos 29 Rhopalurus acromelas Lurz & Mello Rkopalurus acromelas Lurz & Mello, Folha Med. 3(4) :25. 1922. Rhofalurus acromelas Mello Campos, Mem. I. O. Cruz 17:252.1924. Rhopalurus acromelas Wolsol, Abhand. Scnclc. NaL GcseL 3^358.1927. Rhopalurus acromelas Mello-Leit.\o, Arch. Mus. Nac. 34:1441.1932. S — Côr geral amarelo ocracea, algum tanto enegrecida ao nivd do cefa- lotorace. tergitos abdominais e dois últimos segmentos caudais. Palpos maxi- lares com tonalidade mais escura paru tibias, mãos e dedos. Cauda, cerca de 5 vezes mais comprida do que o cefalotorace, alargando-se ligeiramente no sentido apicilar; I e II segmentos com 10 cristas granulosas; 111 com a crista medio-lateral fraca, a qual é ausente no IV ; vesicula em baixo com uma serie de grânulos; denticulo subaculear pequeno e pontudo. Palpos, com a mão algum tanto mais estreita do que a tibia; dedo movei com 8 fileiras de grânulos no giune e com vestigio de lobo basilar. Dentes pcctineos 17. 9 — Com tibia, mão e vesicula mais claras; cauda mais delgada. Comprimento total da 9 , 54 mm. ; cefalotorace 6 mm. ; cauda 30 mm. Brasil (Piauí e R. G. do Norte). Rhopalurus debilis (C. L. Kocit) Vaejovis debilis C. Koch, Arach. 8:21.1841. Voejovis debilis Ksaepeus, Das Ticrr. 8:96.1899. Rhopalurus debilis Bokelli, Boll. Mus. Tor. 25.1910. Rhopalurus debilis Mello Campos, Mcm. I. O. Cruz 17:252.1924. Rhopalurus debilis Mello-Leitão, Ardi. Mus. Xac. 34 :1440.1932. 3 — Cefalotorace amarelo, orlado de negro lateralmentc e ornado de grande ttiancha enegrecida na altura dos olhos medianos. Tergitos abdominais amarclo- pardos. com as cristas medianas respectivas escuras. Elstemitos abdominais ama- J^lo-claros. Cauda mais escura do que o cefalotorace; V segmento amarelo-sujo, wni as cristas latero-superiores ornadas de escuro. Patas amarelo-claras. Cefalotorace algum tanto acliatado, com grânulos maiores ao longo da margem posterior; cômoro ocular com sulco mediano bem marcado. Tergitos abdominais irregularmente granulosos; cristas medianas denteadas. Estemitos abdominais brilhantes e lisos em sua grande e.xtensão: I com área triangular mediana lisa. porem com depressões punctiformes. Cauda, cerca de 4)4 vezes mais comprida do que o cefalotorace, finamente granulosa, alargando-se le\'cmente do I ao V ^^mentos; I e II segmentos com 10 cristas; III com a crista medio-lateral cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 30 Mcniurias do Instituto Butantan — Tomo XIII indistinta; vcsicula ovifomie, com 2 series de granulações; dentículo subaculear reduzido a um tubérculo. PaJpos com femores e tibias finamente granulosos; mão pouco mais estreita do que a tibia; dedo mo%el de comprimento superior a 2 vezes o da mão, com 7 fileiras de grânulos no gume e com lobo basilar. Dentes pectineos 15 a 16. Comprimento total 29 mm. ; tronco 1 1 mm. ; cefalotorace 4 mm. ; cauda 18 mm. Brasil (Ceará). Rhopalurus lambdophorus Mello- Leitão Rhofalurus lambdophorus Mmz)- Leitão, Arch. Mus. Nac. 34:12.1932. á — Cefalotorace ocraceo, com arcadas superciliares e orla em tomo dos olhos medianos negras. Tcrgitos abdominais castanho-escuros. Estemitos da mesma côr: I, com 2 fai.xas negras longitudinais curvas, de concavidade externa, limitando o triângulo mediano; cada faixa com um curto ramo interno em .seu terço apicilar, de modo a formar nesse estemito dois “lambdas” negros. Caud:t pouco mais clara do que o tronco. Palpos e patas amareladas. Cefalotorace granuloso, com cristas superciliares da mesma natureza. Ter- gitos com cristas granulosas medianas bem acentuadas. Estemito I, com depres- sões laterais finamente granulosas, e triângulo mediano liso ; os demais lisos, ccwn exceção do V. Cauda densamente granulosa ; I segmento com 1 2 cristas ; 1 1 com 10; III e IV com 8; cristas superiores do II e III com dentículo apicilar maior; vesícula grande, pouco granulosa ; dentículo subaculear retluzido a uma granulação romlia. Palpos com femores e tibias granulosoe; quela da mão mais estreita do que a tibia; dedo movei, cerca de lyí vezes mais comprido do que a mão, com 10 fileiras de grânulos no gume e com pequeno lobo basilar. Dentes pectineos 25/25. Comprimento total 60 mm.; tronco 23 mm.; cauda 37 mm. Brasil (Ceará). Rhopalurus stcnochirus (Pexther) Cenlrwus slenochirus Pentiicb, Ann. k. k. XaL Hoffm. 27:240.1913. Rhopalurus slenochirus Mello Cavi>os, Mcm. I. O. Cruz 17:252.1924. Rhopalurus slenochirus We*ne*. Abhand. Scnck. Gescl. 3:357:. 1927. Rhopalurus stcnochirus Mello-Leitão, Arch. Mus. Nac. 34 :15,31 .1932. 9 — Côr pardo-amarelada, com tronco mais escuro. Cauda da mesma côr, com as cristas inferiores e a ponta do aculeo enegrecidas. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Alcides Pb-\do — Contrib. ao conhecimento dos escorp. sul-americanos 31 Cefalotorace mais estreito na frente do que atrás, granuloso; cômoro ocular com sulco mediano pouco profundo. Tergitos abdominais granulosos, com gra- nulações maiores atrás ; cristas medianas fracas. Estemito I, com os lados depri- midos e finamente granulosos ; área triangular mediana lisa, com depressões punc- tiformes. Cauda, cerca de vezes mais comprida do que o cefalotorace, com os segmentos gradualmente alongados no sentido apicilar; I e II segmentos com 10 cristas ; III e IV com 8; espaços intercarinais granulosos ; vesícula lisa em cima, com grânulos obtusos, cm fileiras indistintas, em baixo ; denticulo subaculear repre- sentado por pequena protuberância. Palpos maxilares, com femores e tibias gra- nulosos; mão tão larga ou pouco menos do que a tibia; dedo movei, cerca de 2 vezes mais longo do que a mão, com 7 fileiras de grânulos no gume e com lol» basilar fraco, recoberto de pequenos pelos. Dentes pectineos 23 a 24. 2 — ^lão com dedo movei sem lobo; dentes pectineos em numero pouco maior. Comprimento total da 9 , 53.5 mm. ; tronco 23,5 mm. ; cefalotarace 7 mm. ; caufia 30 mm. Comprimento total do á , 43 mm.; tronco 21 mm.; cefalotorace 5 mm.; cauda 22 mm. Brasil (Baia). Rhopalums goiasensis, sp. n. £ — Tronco pardo-oscuro ; tergitos alxlominais com cintas apicilares ene- grecidas. Esternitos abdominais pardo-amarclados, It^vados de escuro. Cauda pardo-amarclada, com exceção das cristas granulosas inferiores e dos 2 últimos segmentos, que são negros ; vcsicula pardo-amarelada. com a ponta do aculco infus- cada. Palpos maxilares da mesma côr, com mãos c dedos jiardo-ncgros. Patas l«rdo-amareladas. Cefalotorace granuloso, com grânulos maiores formando cristas; cômoro ocular, com sulco mediano profundo. «>cndo este orlado de cristas granulosas. Tergitos abdominais granulosos, com cristas medianas granulosas do I ao \T; apenas basilar no VII, alem de 2 outras laterais. Esternitos lisos em sua maio- *■>3. I com áreas laterais deprimidas e finamente granulosas ; área triangular me- diana lisa, com raras depressões punctiformes; V granuloso, com 4 cristas da tnesma natureza. Cauda forte, pouco mais de 5 vezes o comprimento do cefalo- torace, alargando-se levemente no sentido apicilar; I e II segmentos com 10 cristas; III e IV com 8; espaços intercarinais apenas granulosos inferiormente; vesícula com grânulos esparsos; aculco longo e curvo; denticulo subaculear sa- liente, pontudo; palpos maxilares: femores e tibias com cristas granulosas; não conve.xa intemamente, tão larga quanto a tibia ; dedo movei cerca de 2 vezes mais longo do que ^ mão, com 8 fileiras de grânulos no gume e fraco lobo basilar. I^tes pectineos 21/21. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 32 >[emorias do Instituto Butantan Tomo XIII 5 — Côr pardo-amarelada do tronco e mãos. Dentes pectineos 22/22. Comprimento total do á : 61 mm.; tronco 24 mm.; ccfalotorace 7 mm.; cauda 37 mm. Comprimento total da 9 : 63 mm.; tronco 26 mm.; ccfalotorace 7 mm.; cauda 37 mm. Holotipo e alotipo, respectivamente, sob os Xos. 66 e 31. na coleção do Ins- tituto Butantan, S. Paulo. Colecionado por Blaser, em dezembro de 1932. Esta especie é afim de Rh. inelleipalpus, da qual se diferencia pela largura da mão em relação à tibia : tão larga quanto esta em Rh. goiasetisis, e menos larga em Rh. inelleipalpus; denticulo subaculear saliente e pontudo em Rh. goiasensis, ao passo que o mesmo é reduzido e apenas agudo, cm Rh. tnelleipalpus; finalmente, Rh. goiasensK parece possuir um menor numero de dentes pectineos. Brasil (Cana Braiva, Goias). Rhopalurus inelleipalpus Lutz & Mello Rhofahtrus meUeifat (>tts Lutz & Meu.o, Folha Med. 3(4) :25. 1922. Rhopalurus tnelleipalpus Mello Camk>s, Mcm. I. O. Cruz 17:275.1924. Rhopalurus tnelleipalpus \V'e*xe*, .-\bhand. Senck. Xat. Cícscl. 3:358.1927. Rhopalurus tnelleipalpus Mello- Leit.ão, .\rch. Mus. Xac. 34:15.31.1932. 9 — Tronco pardo-olivaceo, com um triângulo enegrecido ao nivel dos olhos medianos. Tergitos abdominais com cintas basilares negras, interrompidas ao meio. Esternitos abdominais I a IV claros; V pardo-oliraceo. Cauda com o segmento I pardo-oliraceo ; II e III pardo-oli\-aceos escuros. Extremidades, inclusive palpos maxilares, côr de mel. Ccfalotorace granuloso, com grânulos maiores formando cristas. Tergitos abdominais com cristas medianas denteadas. C^uda robusta, cerca de 5 vezes mais comprida do que o ccfalotorace, não se alargando no sentido apicihr; segmentos caudais I c II com 10 cristas, III e IV com a crista medio lateral respectiva indistinta; espaços intercarinais granulosos; vesicula pequena, piriforme; den- tiailo subaculear reduzido, agudo. Palpos com femores c tibias granulosos ; mão achatada extemamente e conve.xa intemamente, mais estreita do que a tibia ; dedo movei quasi 2 vezes mais comprido do que a mão, com 7 fileiras de grânulos no gume c pequeno lobo basilar. Dentes pectineos 25/25. Comprimento total 48 mm. ; tronco 17 mm. ; ccfalotorace 6 mm. ; cauda 31 mm. Brasil (Ceará). cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Alcides Pr.\do — Contrib. ao conhecimento dos escorp. sul-americanos 33 Rhopalurus igUsiasi Werner Rhopalurus igl iiasi Werkeb, Abhand. Scnck. Nat. Gcicl. 3:357.1927. Rhopalurus iglesiast Meixd-Leitão, ArcK Mus. Nac. 34:15,31.1932. Rhopalurus igUsiasi Pa.sDO, Mem. Inst. Butantan 12:6.1938/39. 9 — Tronco vermelho-escuro. Cauda vermelho-castanha; castanho-negra, atrás. Palpos maxilares mais escuros para o lado das mãos. Patas amarelo-claro- alaranjadas. Cefalotorace granuloso, com cristas. Tergitos com cristas medianas curtas. Estemitos lisos em sua maioria: I com área triangular mediana lisa. Cauda gra- nulosa; I e II segmentos com 10 cristas; III com 8; espaços intercarinais geral- ntente granulosos, com exceção do V’, que também apresenta um sulco longitudinal aprofundado atrás ; vcskula pouco granulosa, com 2 protuberâncias basilares, muito fedondas, no dorso; dentknilo subaculear pequeno, pontudo. Palpos maxilares, com mão mais larga do que a tibia; dedo mot\’el 2 vezes mais comprido do que a mão, com 7 fileiras de grânulos no gume e lobo basilar forte. Dentes pectineos 19 a 22. Comprimento total 95 mm. ; tronco 35 mm. ; cauda 60 mm. Brasil (Piauí). Rhopalurus dcrsomaculatus Pr.mxi Rhopalurus dorsouiaculatus Phado, Mem. Inst. Butantan 12:5.1938/39. 9 — Cefalotorace pardo-escuro, com ua manciia antracoidc irrt^lar à altura dos olhos medianos. Estemitos pardo-enegrecidos. com exceção do I que c pardo-amarelado. Cauda pardo-escura, com os 2 últimos de cor antracoidc, '■«ttral ; vesícula pardo-aveniKlhada, com a ponta do aculeo infuscada. Palpos pardos; dedos pardo-enegrecidos. Patas pardo-amareladas. Cefalotora,ce granuloso, com granulações maiores em cristas. Tergitos gra- nulosos. Eistemitos lisos cm sua maioria : I com áreas laterais deprimidas e fina- niente granulosas; triângulo mediano liso com depressões punctifomies. Cauda lorte. quasi 5 vezes mais comprida do que o cefalotorace, alargando-se ligeiramente no sentido apicilar; I e II segmentos com 10 cristas; III e IV com 8; espaços •ntercarinais granulosos ; vesícula com aculeo longo e cur\'o ; denticulo suliaculear saliente, em fornia de ponta de prego. Mão levemente achatada do lado exter- no e conve.xa do interno, pouco mais li^rga do que a tibia: dedo movei, com 8 fileiras de grânulos no gume e logo basilar fraco. Dentes pectineos 20/21. Comprimento total 92 mm. ; tronco 38 mm. ; cefalotorace 1 1 mm. ; cauda nim. Brasil (Goiás). cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 34 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Rhopalurtis rochai Borelu RhofaUtrus rochai Boreixi. Boll. Mus. Tor. 25:2.1910. Rhopalunis rochai MtXLO Campos, Mem. I. O. Cruz 17:252.1924. Rhopalurtu rochai Weusek, Abhand Scnck. Xat. Gcsel. 13:358.1927. Rhofaliirus rochai Meixo-Leitão, .Xrch. Mus. N'ac. 34:16,31.1932. á — Tronco amarelo-cscuro. Cauda ocracea, com carinas medio-latero- inferiores infuscadas; ponta do aculco pardo-escura. Palpos amarelados. Patas amarelo-palidas. Cefalotorace granuloso, com cristas. Tergitos abdominais fortemente granu- losos. Estemitos lisos em sua maioria: I com áreas laterais deprimidas e fina- mente granulosas ; triângulo merliano em relevo, liso, com depressões punctiformes. Cauda forte, cerca de 6 vezes mais comprida do que o cefalotorace: I e II seg- mentos com 10 cristas; III com a crista medio-lateral indistinta; vesicula quasi esferica, com grânulos esparsos; dcnticulo subaculear representado apenas por I tubérculo. Mão mais larga do que a tibia; dedo movei com lobo basilar forte. Dentes pectineos 25 a 27. Cauda proporcionalmentc mais curta. , 53 mm.; tronco 17 mm.; cefalotorace 6 mm.; 9 — Tronco mais claro. Comprimento total do 3 , cauda 36 mm. Comprimento total da 9 cauda 42 mm. Brasil (Ceara. R. G. do Norte, Pernambuco e Paraiba). 70 mm.; tionco 28 mm.; cefalotorace 7 mm.; Rhopalurus barytUcmr (Pf.nthf.r) CcHtrurus barythcnar Penther, .Ann. k. k. Xat. Hofm. 27:242.1913. Rhopalurus barythcnar Melu> Campos, Mcm. I. O. Cruz 17:252.1924. Rhopalurus barytli:nar Werne*. .\l>han7Uxilares amarelo-claros; dedos escuros. Patas amarelo-palidas. Tergitos abdominais e caudais, como também a vesiatla com granulações gros- *ciras. Cauda com os 2 últimos segmentos alargados; II e III segmentos com 10 cristas granulosas; V com cristas bem marcadas e uma profunda depressão dorsal : vesícula com aculeo longo e curvo ; denticulo suliaculcar petjueno, pontudo, ^lão muito mais larga do que a tibia; dedos com cristas finamente granulosas; dedo movei. 1J4 vezes mais longo do que a mão, com 8 fileiras de grânulos no gume e sem lobo basilar. Dentes pectineos 23 a25. 9 De colorido mais ou menos idêntico ao do ’amente estreita, tão larga quanto a tibia; dedo movei com 8 fileiras de grânulos no gume e com lóbo basilar fraco. Patas fraca- mente granulosas com cristas da mesma natureza. Órgãos pectineos dilatados na base, com 19 a 20 dentes. 9 — Cauda pouco mais longa, quasi 6 vezes o conrprimento do cefalotorace. Mão mais larga do que a tibia. Dentes pectineos 24 a 25. Comprimento total da 9 , 75 mm. ; cefalotorace 8 mm. ; cauda 44 mm. Comprimento total do ê , 77 mm. ; cefalotorace 8 mm. ; cauda 47 mm. Brasil (Ceará c Piauí). Rhopalurus pintoi Mello-Leitão Rkopalurus pintoi Mello-Leitão, Arch. Mus. Kac. 34:11.1541.1932. é — Cõr geral pardo-negra, uniforme. Estemitos abdominais castanho- escuros. Cefalotorace granuloso ; cômoro ocular com 1 sulco mediano profundo. Ter- gitos alxlominais com cristas medianas muito acentuadas. Esternito I, liso, com áreas laterais deprimidas e finamente granulosas ; área triangular mediana de base posterior, lados sinuosos e angulo anterior arredondado; II a IV lisos, com algu- mas depressões punctiformes, esparsas; V granuloso, com 4 cristas da mesma natureza. C^uda, granulosa, cerca de 4J4 ^•ezes mais comprida do que o ccfalo- torace; segmentos I a III com 10 cristas; IV com 8; vesícula pequena, globulosa e granulosa; denticulo subaculear conico e rombo. Palpos com femores e tibias granulosos ; mão mais larga do que a tibia ; dedo movei com 9 series de grânulos no gume e 1 lóbo basilar pequeno. Patas granulosas. Dentes pectineos 20/21. Comprimento total 55 mm. ; cefalotorace 7 mm. ; cauda 32 mm. Brasil (Amazonas). (TraL^Iho 4a Secçio 4e Ofidocia e Zoolofia Medica 4o tn»tituto Bataatan, apresentado na sessão 4e 1J-1X-J9, do Qube Zoolofico do Brasil. Dado á paUteidade em Janeiro de 1940). 12 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Alcides Pr.\do — Conlrib. ao conhecimenlo dos escorpiões sul-americanos. Mem, ln.«t. ButanUn VoL XJÍI — 1&89 íf* ‘/M/wr»# y^~»4snists, »o. n. Rhcfcimnts J9rs9mú*m!atns PKADn Rhcf^mms IctúamJm Tuo«cu. 13 SciELO 11 12 13 14 Alcides Prado — Contrib. ao conhecimento dos escorpiões sul-americanos. Ntcm. Inst. But^tan VqI. XIII — 1939 Rkof^aíums çaiésrmsis, «p. n, Ç SciELO 11 12 13 14 6 17 595.46:591-986 CONTRIBUCIÓN AL ESTÚDIO DE LOS ESCORPIONES DE COLOMBIA POR ALCIDES PRADO y J. L. RIOS-PATIRO (con 2 figuras tn el ttxlo) El Instituto Butantan recibió hace tiempo para su clasificación algunos ejciti- plarcs cie escorpiones de Colombia. Uno de ellos, provcnia de Restrepo (Meta), y nos fué entregado por cl doctor Paulo Antunes, primer asistente de la Sccción de Parasitologia dei Instituto de Higiene de S. Pablo. Su captura tienc feclia: 1934. Otros cinco venian de los Andes Colombianos y fueron remitidos por cl í^evdo. Hermano Daniel, dei Colégio Departamental de S. José, de Medcllin. Win feclia de captura: 1936. Sobre los escorpiones colombianos, cspccialmcnte dei género Rhofalurus, existen pcx^s informaciones. Sólamente, en Kraepelin, Penther, Mello Campos y Mello-Lcitão, encontramos a)go seguro. Sin embargo, quisimos no perder esta •nagnífica oportunidad de traer al campo de la aracnologia esta contribución. í^te estúdio fué publicado en nota prévia cn: Rev. de la Acad. Colombiana de Ciências Exactas, Fis. y Naturales 1939. Rfiopalurus laticauda Thoreu- Cefalotórax y abdómen de color amarillo-pardo. Cola de color amarillo- clatc) obscureenéndose notáblcmente, hasta ilcgar al castano cn los dos últimos *^ientos y la, vesicula. Palpos, amarillo-claro. Dedos de la mano mas obs- ^ros. Patas, amarillo-pálido. Tergitos abdominalcs y caudales, tanto como la '■fsicula, con gruessas granulaciones. II y III segmentos caudales con diez quillas. segmento ca"idal con profunda depresión dorsal y las carenas bién marcadas; ^n los dos últimos segmentos caudales muy anchos. Mano, mucho mas ancha n*ie la tibia y con las carenas finamente granulosas. Dedo móvil sin lóbulo, con hileras de granulaciones en sus aristas. Es una y media veces mas largo ‘lue la mano. Dientes pectineos: 23/24. I^rgo total : 48 milímetros. 1 42 Memórias do Institulo Biitantan — Tomo XIII Proc. : Restrepo (Meta). No. 61, en la colección dei Instituto Butantan. Ejemplar .adulto, macho. Fué coleccionado por el dr. Antunes, 1934. Esta descripeión que hacemos basada en el ejemplar que recibimos, coincide pcrféctamente con la original. Parece que esta especie sea común en Colombia. según indican los autores citados anteriormente. Rhopalurus danieli Prado & Rios-Patixo Hembra — Cefalotórax pardo-amarillo. Preabdómen dei mismo color; tergitos de 1 a VI cada uno, com una faja. transversal, ennegrecida en Su porción apic<*il; VII de color amarillo-claro ; esternitos pardo-amarillos. Cola, amarilla encima ; sobre fondo dei mismo color, en Ia parte baja. sobresalen las carenas que son pardo-obscura.s : el ultimo es pardo-obscuro; vesicula dei mismo color en la ]»artc baja y amarilloso encima. Palpos amarillo-pãlido, con hileras de gra- nulaciones pardas; mano y dedos pardo-obscuros, aquella pardo-rojizo encima. Paias amarillo-pálido. Abertura genital y organos pectineos amarillo-palido. Cefalotórax granuloso, con granulac!ones dispuestas en series obliaias y longitudinales ; arcadas supraciliarcs granulosas; cle\-ación ocular con un sun-o mediano profundo, guarnecido por fuertes granulaciones. Tergitos I à VT fuértemente granulosos con carenas medianas bien notables, prc.semándose en IV a VI una fonna de raqueta; carenas granulosas dei VTl bien evidentes, siendo una pequena basilar, al cèntro. y otras dos a los lados fuertes y simétricas. Esternitos: lisos en su mayor extensión; estemito I. con las áreas laterales deprimidas, densa y finamente granulosas; al centro con una fomiación trian- gular y lisa en aumento, con depresiones puntiformes y pilosas; esternitos lisos al centro y finamente granulosos a los lados; estemito V con cuatro cre.stas. siendo dos medianas, las aiales partiendo de su porción apical alcanzan casi a la porción contraria; y las otras laterales y simétricas que partiendo casi de su porción basilar van mas allá de la mitad; porciones intercarenadas irrcgulár- mente granulosas. Cola larga y fina, ocho veces mas larga que el cefalotórax, no ampliandosc en sentido apical ; todos los tergitos desde I al V. se alargan gradualmente ; ca- renas bien marcadas, I segmento con diez crestas, II al IV con ocho y \* con cinco : espacios entre las carenas, lisos en la parte baja y poco granulosos encima con excepeión dei que es groséramente granuloso en la parte baja, apenas gra- nuloso y surcado encima; vesicula ligeramente alargada y granulosa con e.'pina larga y curra; denticulo subespinoso saliente y romo. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 ALCtDEs PiuDo Jc J. L. Rios-Patixo — Escorpiones dc CoIombia 43 Mandíbulas, poco salientes. Palpos: fémur y tíbia fínamente granulosos, con carenas bien marcada>; tnano lévemente achatada dei lado externo y convexa dei interno, mas ancha rc. propongo intermedius.” Fucra de que el área de dispcrsión es complctamente distinta de la de uuestra especie, esta presenta un número ma\-or de dientes pectineos verificado uo solo en la especie tipo. sino también en los paratipos que lo fucran compara- tivamente. caracter que noe parece bastante fijo. (Tnbajo dc la Seteión dc Oíiolofia y Zoolofia Medica dd Inctitato Botaatati dado a ta poMicidad m Enero dc 3 ^«d. s Alcides Piluk) Jt J, L. Hios-Fatixo Escarpiones de Colombia, ■ Um. imt VoL XIII Rkof^mms stníeii Pkam 4 Rios-TatiíIc Botantan — im ê os QUILOPODOS DO BRASIL POU WOLFGANG BÜCHERL índice sistemático Introdução pag. 49 Método 49 bibliografia Füiição dos Miriápodos na sistema- 50 íoologica tl-ferenças entre Miriápodos e Qui- 52 b^iodof 53 ferenças entre Insetos e Quilópodos '■^*^cteristicos morfológicos comuns 54 Insétos e Quilópodos 54 PROGOSEATA PROGOXE.ADOS ... .... 55 I • Ordem : — Symphila Sinfilos . . 55 Ordem: — Pauropoda Panrópodos , , 58 • Ordem: — Dipiopoda Diplópodos ... 60 OPISTOCOXEATA OPISTOGO.\*E.\DOS 71 C*»sse: — ChUopoda Quilópodos loções gerais 71 71 Pórma geral 71 Colorido 73 Habiut 73 Weios de defera 75 Luminosidade 78 Organiração externa 79 ^ • Cabe f a 79 *) Labro b) Outras peqas da placa cc- 80 falica : 80 ') Olhos 80 Antenas 81 pag- e) Mandíbulas S2 í) Primeiros maxilares 82 g) Segundos maxilares 82 h) Forcipulas 83 i) Língua e Faringe 84 (Exames macro — e mi- croscópicos) 84 2. Adaftafõc das f^ças bueais ao alimento gfi 3. Tronco 90 a) Tergilos 90 b) Estemhos 91 c) Pleuntos 91 d) Paus 92 Ultimas patas 95 Segmento geniul 97 Segmento anal 98 III. Os Quilópodos como parasitas humanos Quilópodos como pseuroparasi- tas humanos 99 1 . P sendoforasilas das fossas nasais 100 2. P sendo farasitas do afarelho di- gtsth-o 101 IV. Quilópodos e meio-ambiente .. 101 1. Dependeneia dos Quilópodos da l»s 101 2. Dependeneia dos Quilópodos do calor e da humidade 102 V. Estrutura do Esqueleto e da epi- derme 103 a) Epiderme 103 b) Cutícula 104 c) Apcndices da pele 106 e) Glandulas cuUneas 108 Órgãos sensoriais 115 3 pag 1 . Órgãos olfativos Hó 2. Órgãos gustativos 116 3. Órgãos táteis H6 4. Órgãos auditivos 116 5. Órgãos do sentido da lua .... 117 VI. Organização interna dos Qui- lópodos 131 (Elxames macro — e micros- cópicos) 131 1. Aparelho respiratório 135 a) Estigmas 136 b) Fisiologia do aparelho res- piratório 138 2. Aparelho circulatório 139 a) Aorta cefalica 139 b) Coração 140 c) Vaso ventral 141 3. Aparelho reprodutor e evolufão 143 a) Aparelho reprodutor mas- culino 145 b) Aparelho reprodutor femi- nino 147 c) Ontogenia e ciclo evolutiw 149 Copula 149 Embriogenu 149 Segmentação do ovo 153 Formação das camadas embrio- nárias 153 Preformação dos orgãos 154 Diferenciação histológica 156 d) Desenvolvimento após a ruptura dos ovos 163 e) Crescimento e ecdyse .... 165 4. Tul>o digestivo 166 a) Intestino anterior 167 b) Intestino mídio 170 c) Intestino posterior 171 d) Fisiologia do tubo digestivo 174 5. l’asos de Malpighi 174 6. 5"ií/rmalmcnte entre os Gcojilo/nàrfos que, liabitando nas cavidades bucais, nasais e "'esmo no intestino, são causadores de varias moléstias humanas. A relcvancia do estudo dos Quilopodos ainda mais se salienta, si Icvannos ^ conta, a dimensão de muitas fôrmas brasileiras, como as centopeias, cuja |^rdeara o reino dos insétos. Aproveitamos a oportunidade para apresenar nossos agradecimentos ao ‘^Ustre colega. Dr. Alcides Prado. cuja preciosa coleqão nos foi muito util na '^^boração deste trabalho. MÉTODO O boni exilo de qualquer trabalho cientijico depende cm primeiro logar da escolha de métodos. Na intenqão de realizar um estudo minucioso e exato *^brc os Quilopodos brasileiros, não s<'>mentc no toncante á sistemática, como I 50 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII também quanto á morjologia extema e interna, á anatomia e jisiologia dos orgãos vitais e, principalmente, quanto á biologia, baseiamo-nos no material deste e ds outros institutos que nos cederem temporariamente suas coleções. Procedemos á autopsia de mais ou menos 100 exemplares, afim de localisar com exatidão os orgãos internos. Conser\'amos vivos 50 exemplares que usamos para experiencias jisio- biológicas: — permanência debaixo d’agua; maneira de comer; alimentos prefe- ridos; quantidade de alimento; localização dos oj^ãos olfativos e gustativos; capacidade regeneradora das antenas e extremidades. Conseguimos alimentar alguns exemplares com Carmin, constatando, ao proceder á autopsia, a deposição deste elemento nos vasos de Malpighi. Etc Foram feitos numerosos cortes de todos os orgãos de diversas especies. com os métodos basófilos, acidófilos e alcalinos. Afim de estudar a morfologia externa, foram feitos preparados macroscó- picos das especies mais comuns, tanto dos apendices cefálicos como das zonas pleurais c extremidades. O trabalho é ilustrado com 60 desenhos originais do A. e 11 fotografias feitas na Secção de Fotomicrografia deste Instituto. BIBLIOGRAFIA Infelizmentc ainda não temos obras cientificas que tratem exclusivamente dos miriápodos brasileiros ou mesmo neotrópicos. No entanto, dada a enorme estensão do território . brasileiro, os diversos climas, as regiões nitidamente áridas ou chuvósas, é facil prevêr o futuro promissor do estudo sistemático neste ramo da nossa fauna. As obras escritas por especialistas estrangeiros, tratam muito pouco dos miriápodos brasileiros. Diz Goeldi, comentando a monografia de C. L. Kocn (1863) que: — “Si o conteúdo desta obra constituisse de perto o essencial dos conhecimentos acerca dos miriápodos brasileiros, forçoso seria chamarmos estes conhecimentos ainda de paupérrimos!” Na citada obra. Koch menciona sómente 12 especies de miriápodos exis- tentes no Brasil. Humbert e Saussure (1872) em “Études sur les Myriapodes" (Paris 1872*, obra esta talvez a mais perfeita de então, principalmente por conter a descrição exata dos miriápodos brasileiros, colhidos aqui por Johannes Nattere* em 18 anos de longas peregrinações e lerados para o Museu de Vienna, já enumeram 79 especies exclusi\-amente brasileiras. S WoLFGAXG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 51 Em 1886 o Prof. Hubert Ludwig calculou o total dos miriápodos existentes no mundo inteiro em 800 especies, das quais 418 para o continente americano, 200 especies para a Europa, e 80 especies para o Brasil. PoRAT cita 103 especies brasileiras. Attems, pelos fins do século passado, mendona 117 especies. Brõlemann, em 1902, enumera já 206 espedes, das quais 48 Quilopodos. Attems, finalmcnte, dta mais de 70 Quilopodos brasileiros, em 1925. Dos livros que apareceram só dtaremos os que interessam à fauna sul- ‘^^ricana. ^Items, C. — in Therese, Prinzessin voo Baycm : — In Südaroerílca gesanunelte Myriapoden und Arachnoiden — Zool. Am. 23 (615) 1900. dtUms, C. — Xetie, durch den Schiffs%-erkehr in Hamburg cingeschieppte Myriapoden. — Mitt. aus d. naturhist Muscimi, 18: 111-116, 1901. ^rõleniann, II. íf-'. — Un mystericux myriapode. ^rõUmoHH — Scolopendropsis bahiensis Brandt. — Bull. Soc. Zoll. 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Nat Hist first ser. 13. 1884. 0 SciELO 11 12 13 14 f 6 17 52 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII PcTty, M. — Deicctus animalium articulatorum, quae collegit Spix et Martius. Monachae, 1833. Pocock, R. I. — Biologia Central! .Americana, 1895. Porat. C. O. t'. — Cber einige exotische Mj-riopoden des Brüsseler Musemns. Ann. Soc. Entom. Belg. 32. 1888. Saujsure, //. de — Xote sur la Famille des Polydesmides, principalement au point de vue des espcces americaines. — Diagnoses de divers M>TÍapodes novao.x. Linnaea Entom. 13, 1859. Sikvsiri, F. — Chilopodi c Diplopodi raccolti dal Capitano G. Bove e dal Prol. L. Balzan nel’ TAmerica meridionale. .Ann. Mns. Civ. Xat. Gênova 14. 1895. Sihrstri, F. — A^iaggio dei Dott. Alfredo Borelli nella Republica .Argentina e nel Paraguay. Chilopodi e Diplopodi. Boll. Mus. Zool. e .Anat. comp. R. Univ. Torino 10 (23). 1895, Sihetiri, F. — \’iaggio dei Dott. .Alfredo Borelli nel Chaco Bolis-iano e nella Republica .Argentina. Ibidem 12 (283). 1897. 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Vcrhoeff, K. 11'. — Pasing bei München, e & Graf AlUms — \’'ienna, $5o atualmente os especialistas de maior renome na cienda miriapodologica. Posição dos miriápodos na sistemática zoologica Os miriápodos pertencem à classe dos Eutracheados. Estes são arlrópodos com a cabeça l)em destacada do tronco, possuindo sómente utn par de antenas: respiram por traqueas, cujos estigmas se acham colocados em ordem metamcrica nos lados pleurais (ou no lado superior) do corpo. Neste grupo de artrópodos distinguimos 4 subclasses: lU Wolfgaxg BCt.herl — Os Quilopodos do Brasil 53 1 . Os Miriápodos. 2. Os Quüopodos. 3. Os Apterigogeneos. 4 . Os Insetos. Deixando de lado as duas últimas sulxlasses. chegamos á subclasse: tnyriá- poda ou Miriápodos. Eulrotjiwados, com segnKiitos geralmcntc l>eni numerosos, com muitas pa^as. possuindo um a dois pares de mckxilarcs; um ou dois pares de extremidades em ^úa segmento do tronco. Os poros genitais estão situados num dos segmentos onteriores do tronco. Os grupos, reunidos nesta subclasse, são Os Sinfilos; Os Peatrópodos; Os Diplópodos. Antigamente os Quilopodos tambem pertenciam a ésta sulxrlassc por mns- *^reni semelhante em sua constituição morfologica ; após um e.\anK minucioso ®^5tatou-sc, porém, que diferiam sob muitissimos aspectos desta subclasse, apro- Xnnando-se mais aos insetos. Em relação á jKisição anterior ou posterior do genital Pocock divide os Miriápodos c Quilopodos cm Progoneados c ^hftogoiisados, sendo os primeiros os verdadeiros .Miriápodos e os segundos ^ Quilopodos. Diferenças entre miriápodos e quilopodos MIRI.\PODOS QUILOPODOS 1. Póros gmitais no fim do tronco. 2. Dois pares de maxilares. 3. As partes medianas das mandíbulas ião fracas ou ausentes. 4. Esqueleto de quitina pura. '^Icareos ; 5. .\s placas pleurais foram mais de um escleríto. 6. Os estigmas podem ser fechados. 7. Sistema traqueal sempre com anasto- mose. quando os estigmas sio pares. 11 A. PROGONEADOS 0 > orifícios genitais abreni-se no terceiro ou quarto segmento do tronco. ^*0 anatnorfos. As patas do primeiro segmento do tronco são atrofiadas ou inteiramente. O labro (denominamos "labro” o labio superior e "labio" *wiplesmente o labio inferior) forma uma só placa com o cUpeo. Os maxilares estão soldados, reimindo-se no gnatochilario. O labio desá- I P®rcccu. 1.* Ordem — Sjmphyla — Sinfilos São Miriápodos pequenos, semelhantes aos Quilopodos; com poucos seg- do tronco, tendo cada .segmento um só par de extremidades. Têm um de maxilares e uma placa oral, bem semelhante ao gnatochilario dos ^•Ptopodos. BIBLIOGRAFIA: ~ — I Progenitori dcgli Inseti e dei Miriapodi, Man. Acead. Torino 1886 ; p. — Beitrãge ror Kenntnis der niederen Mjrriapodoi. Z. Zool. 59. 189S. J — The Genera and Species of the Order Symphila, Quart. J. microsc. Scl 1903. "y. R. — Habits and Struetur of Scutigcrella imniaculata. Proc. Soc. nat ^ Boston 33. 1913. Qassifkatioo of the Order Symphila. J. Linnean Soc. 32. 1913. ff'. — über den Bau der Mundteüe too Scutigcrella immaculata. Arch.. Katurgcsch. 91. 192S. ^ -^lém dos citados, Packard, Haase, Latzel, Bõrner e Verhoeff se dedi- ^ ao estudo destes animais ainda muito pouco conhecidos, principalmente **^nte á ontogenese e ao estado embrionário e postembrionario. Os filhotes ^^■ados já possuíam seis pares de patas. 5j^, ^^lormc demonstra a arvore filogenetica. os Sinfilos representam o ramo e j' ^'^'‘^ttivo dos miriápodos. São de tamanho diminutissimo, muito frágeis Evitando a luz, se encontram sob pedras, folhas cm decomposição, húmida e debaixo da casca de arvores, onde se aproveitam das galerias IS 56 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII ■feitas por outros insetos. Dada a constância de temperatura neste habitat, os Sinfilos se tornaram cosmopolitas. Cabeça: — Na cabeça existem duas antenas multiarticuladas, sendo princi- palmente os últimos artículos a séde dos órgãos scnsoriais. A existência de ocelos ainda é dusddosa, como também a de um orgão tõmõsvaryano. Os dois únicos estigmas existentes abrem-sc abaixo á inserção das antenas e comunicam com duas traqueias não ramificadas, há não ser ni parte anterior do tronco (Fig. 1). Os apendices bucais constam de: a) um par de maxilares reunidos na linlta mediana n’uma chapa, que apresenta um lábo externo, que termina n’um bordo denticulado, e um lóbo interno, oriundo da soldadura de duas plaquinhas, encimado por três orgãos táteis; ésta chapa mediana é muito parecida com o gnatochilario dos Diplópodos e é pro- \'avelmente oriundo da transformação do segundo par de maxilares; b) um par de matidibtilas com bordos um tanto denteados; c) unta liipofaringe na cavidade bucal. O tronco consta de 12 segmentos verdadeiros com 12 pares de patas, sendo os segmentos sem patas artículos intercalares: os prétergitos, também deno- minados tergitos suplementares. As paias constam de 6 artiailações : — co.ra, trocltanter, jeimtr, tihia, pri~ $neiro e segundo tarso, terminando o ultimo por uma unha com uma ou duas unhas secundarias menores. .-\s coxas são comprimidas lateralmente e têm afixo um estilete com um saco respiratório (Fig. 2). A presença de tergitos suplemen- tares e de e.stiletes tem induzido muitos A.\. a considerarem cada segmento coin® sendo duplo, (como nos Diplópodos) supondo que os estiletes fossem apena* um resto de mais uma pata. Outros, porem, aceitam como mais certo, qn^ estes segmentos intercalares sirvam para dar maior flexibilidade ao corpo. íaW este, que também se repete em muitos Quilopodos. O ultimo seguK-nto do tronco, o telsoti, fonnado por um tprgtto, um estef' Ml/o, e dois pleuritoj, tem dois apendices (Patas anais tran.sformadas?). onde sai o canal de uma glandula cericigenica (Fig. 3). Existem aindtt dois tubérculos na frente, encimados por duas cerdas long^ e rijas. O intestino é retilíneo c consta de um esôfago, um intestino médio e nif proctodéuin com dois tubos malpighianos. As 2 glandulas salh-ares extendem-se mais ou menos até ao 4.” segmí***® do tronco. II cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Wolfgang BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 57 Aparelho respiratório — Além da respiração pelas 2 traqueas, situadas abaixo das antenas, existe ainda em larga escala a respiração cutanea e a res- piração pelos saquinhos, fixos na coxa das patas. Sistema nervoso — Há um protocerebro, deuterocerebro e tritocerebro, com comissura, infracosofageana. Diante do esôfago está situado o gânglio frontal. O nervus recurrens se extende por dma do tubo digestivo. A cadeia ventral consta de 11 gânglios, sendo reunidos os 2 conetivos. Aparelho circulatório — O vaso dorsal ou coração emite uma aorta cejalica, havendo, ao que parece, outras artérias. Aparelho genital — Os testiculos são pares, como também os canais defe- fcntes. que dão nas vesiculas seminais. Estas se unem no orifício genital, situa- *ios diante do 4.° par de patas. Também os o%’arios são pares, mas fundem-se ^ póro genital. Sistemática — Ha uma só familia: Scolopendrcllidae — Escolopendrelideos. Especies — Symphylella vulgaris Hansen: — Europa; Scolopcndreüa nothacantha Gcrv. índia; . ” imaculata Newport ; Europa ; -■Mgeria. 15 2.* Ordem — Pauropoda — Paurópodos São Miriápodos pequenos, com poucos segmentos, dos quais cada um tent 1 s<) par de patas. Antems com 3 flagelos longos. Um só par de maxilares. BIÜLIOGRAFIA: Silvestri, F. — Ordo Pauropoda in Berlcsi: Acari, Myriopoda ct Scorpiones hocusque in Italia reperta. Portki, 1902; KrnyoH, F. C. — The Morphology and Gassification of the Pauropoda. Ved. Med. d. Naturh. For. Kopenhagen 1902; Lubbock, J. — On Paurópus, a new type of Centipede. Trans. Linnean. Soc. 1866; Haiuen, H. J. — On the gcnera and species of the Ordcr Pauropoda. Kopenhagen 1902. LaIstI — SchmidI, P. — listes animaisinhos não possuem olhos e coração, nem mesmo traqueias. São quasi microscópicos; fogem da luz e vi\’em em mattas .sombrias, húmidas, sob follias em decomposição, nutrindo-se de vegetais cm detrito. Ontogeneti- camentíj são auamorfos, isto é: as larvas só possuem 3 pares de patas no 2.®. 3.° e 4.® segmento. Existem 10 segmentos no tronco e 1 segmento anal (Só- mente Decapaúros possuc 11 segmentos). Os segmentos estão cobertos por 6 térgitos, oriundos ca,da um da união de dois. Cada tergitd, exceto o primeiro, possue cm cada lado uma cerda longa, comprida e rigida (tricobotria). Gcralmente existem 9 pares de patas. O primeiro segmento do tronco ó fraco e tem patas ruílimentares. O.s térgitos 2-5 apresentam cada vez 2 pares de patas, o que póde ser considerado como indido dc diphpodta. Cabeça — tem 2 antenas bifidas com 3 flagelos. Existem 4 articulos basais mais grossos. Das ramificações uma apresenta dois, a outra 1 flagelo. A primeira tem ainda, no meio, um orgão sensorial. Existem um par de mandíbulas inar- tiailadas e 1 par de maxilares bem fracos, reunidos no labia. Tem 3 pares de glandulas salivares, 1 par de maxilares c 1 par dc bucais. O aparelho digestivo é rétilineo e recebe 2 tubos malpighianos. respi- ração é feita atravéz da superjicie toda. 16 WoLFGAKG BCxheri. — Os Quilopodos do Brasil 59 Aparelho geniiai: — O o\-ario é impar, como também o oviduto e a vagina, revestida de quitina. O póro genital está situado na base do 2.® par de patas. Também existe um receptáculo seminal. Os testiculos são 4, reunindo-se cada vez dois em um espermaduto. Os 2 rspermadutos confluem num unico canal deferente, que, de seu turno, se bifurca em 2 canais ejaculatórios com 2 penis, situados também na base do 2.® par paas. Shtematica — Há duas famílias: l'auropodidac-Pcuropodideos — animais velozes; corpo cilíndrico, longo; compridas (Fig. 4). *• Genero: Decapauropus; 13 segmentos: 1 . 2- - : Polypouropus; 12 ” : \ atrof»das: 6 tergitos 2- " : Brachypauropus; 6 tergitos, patas de 6 artículos; Puripouropodidae — Euripauropodideos — animais lentos, corpo achatado, fortemente quitinoso; a cutícula scmeiada de poros respiratórios; 6 tergitos. 17 3.* Ordem — Diplopoda — Diplópodos São Miriápodos tendo o corpo bem redondo ou cilíndrico, com um par de maxilares formando o gnatochilario e dois pares de patas em quasi todos os segmentos do corpo. BIBLIOGRAFIA: SUViStri — Sistema Diplopodum — .\nn. Mus. Cic. Stor. Nat Gênova: 18. 1897; Bode — Polyenus lagunu. De Greer. Inaug. Diss. Halle 1877; MetschnHoff — Embryologie der doppelfüssigen M>TÍopoden. Zeitschr. wisschen. Zoll. 1874, 24. Voges — Beitrãge zur Kenntnis der Juliden. Z. Zool. 31. 1878; Haasf — Sclilesiens Diplopoden. Z. Entomol. X.F.H. 11. 1886. Attems — System der Polydesmidcn. 2 Teile. Dcnkschr. Akadetn. Wiss. Wien 1898 — 99. Sehubari, 0. — Tausendfüssler oder Myriapoden; I: Diplopoda Die Tierveli Deutschlands, 28. Teil. 1934. O corpo dos Diplópodos é em regra de fórma cilíndrica ou meio cilíndrica, ás vezes mais achatada. Cabeça — Na cabeça existem antenas curtas, providas de protuberâncias c pêlos sctisoruàs de fôrmas variadas. As antenas terminam em botão. Acima destas estão os olhos, que são simples, formados por stemaíidcos aglomerados. Em algumas fôrmas os olhos são ausentes. Atrás do labro estão em ambos os lados da boca as tnandibulas, desprovidas de palpos. Elxiste uma hipojarínge e uma epifaringe. As mastdibulas possuem uma chapa de trituração e terminam, quasi geral- mente em um dente agudo, movei. O primeiro par de maxilares é atrofiado. O segundo par está soldado, formando a chapa oral de baixo, bem complicada em sua construção. E’ o gnatochilario com lôbos externos e internos, ambos providos de pêlos sctisorims. Nesta peça existem também palpos mais ou menos acentuados (Fig. 5). Tronco — distingue-se em protorax e mclatorax. 18 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Wolfoang BücKEnL — Os Quilopodos do Brasil 61 O protorax consiste em 4 segmentos simples, isto é, não oriundos da união de dois, e que, portanto, só ostentam 1 par de partas, 1 par de gânglios nervosos, ^ par de estigmas e 1 par de ostiolos cardíacos. O primeiro segmento é ápodo. O metatorax (abdome de outros AA.) é comprido tendo numerosos seg- " "^los. dos quais cada um resulta da união de 2. Temos, pois, segmentos duplos diante de nós. Dai o nome deste grupo de animais. Cada segmento Pussue 2 pares de patas, 2 pares de estigmas, 2 pares de gânglios nervósos e ^ pares de ostiolos cardíacos. Em Glomeris o tronco é curto. A cutícula da péle é dura e muito rica em carbonato de caldo, perfurada Pclos canais de mm'tas glandulas odoríferas protetoras. Cada segmento ostenta ^f^gilos (nas costas), estemitos (no lado de baixo) e pleuritos ("em ambos os ^*dos). Estas 3 placas estão unidas, formando um anel, ou separadas. Os **PtWit05 são homónomos, afóra os segmentos do protorax. Os tergitos são longos do que os esternitos, o que permite ao animal, enrolar-se numa '^Piral. Os tergitos e os esternitos são ligados entre si por uma membrana delgada, permitindo ao animal, curvar-se para os lados. Uma musculatura complicada favorece a estes movimentos. As pata.s curtas e fracas apenas permitem uma locomoção lenta. São fixas ^ tronco na linha mwlia do lado ventral e terminam n’uma unha principal e unhasinhas em fórma de pêlos. Cada pata consta dos seguintes artkulos: ^°^a, préjcmuT*, fetnur, tibia, primeiro e segundo tarso. O ultimo com as refe- unhas. As patas do protorax possuem no tarso um pente de pêlos curtos, servem para limpar as antenas c as peças bucais. Certas patas do macho transformadas cm gonópodos. (Fig. 6). Sistema nervoso — O sistema nervoso consiste n’um gânglio cerebral, divi- em proto-, deutero- e tritocerebro. Dela parte a cadeia ventral de gânglios ^‘*'’’®nomamente segmentados. O nervus rccurrcns parte da comissura suprae- **^^eana. O gânglio frontal está soldado ao tritocerebro. Existe também a ^*^!^sura infraesofageana, que compreende os gânglios do aparelho bucal. Os *^‘”^tos de 2 pares de extremidades possuem cada um 2 pares de gânglios, segmentos do protorax possuem um par somente. ^íá também um sistema de nervos viscerms. ojf sensoriais — exceto os ocelos existem como orgãos sensoríais pêlos nas antenas e um orgão semelhante no gnatochilario. .■Mêm disso liá j^eabeça. entre as antenas e os ooclos. um orgão scnsorial, ate agora ainda *titc discutido. E’ o orgão de Tõmõswar\, que emite para o interior da unia fosseta encruzilhada muito profunda, tendo dentro células sensoríai» ‘Ulares, alongadas, ás quais conduz o nervo tõmõswaryano emitido pelo ^^'ocerebro. 19 62 Memórias do Instituto Butantan Tomo XIII Aparelho digestivo — O aparelho digestivo é, com poucas exceções, {Glo- meris), rétilineo, tendo o anus no ultimo segmento. Distingue-se um esôfago, muito fino, relatiramente curto, diante do qual terminam 2 a 4 glandulas salivares. Em seguida vem o intestino médio, largo, muito comprido, cuja superficie interior está coberta por diverticulos glandulares curtos. Este é separado do reto por um csfincter. O rito recebe Ic^o no começo, na região do esfincter, 2 a 4 vasos malpi- ghianos. E’ curto mas alargado. Possue paredes rugosas, muito tipicas. No final é estrangulado, alargando-se de non’o no anus. Aparelho circulatório — Como orgão central do aparelho circulatório fun- ciona um vaso dorsal, dividido segmentalmente em uma serie de camaras. Dde partem, de um lado, a aorta anterior., curta e, em cada segmento duplo, dois pares de artérias laterais. Nestes segmentos existem, como já vimos, 2 osiíolos cardiacos. Nos segmentos do protorax encontra-sc apenas um par de ostiolos c um par de artérias laterais. Ao redor da cadeia ganglionar ventral encontra-se o sinus ventralis. Existem diversos tipos de leucócitos. Respiração — Os Diplópodos respiram por traqueas, largas e retas, bifur- cadas geralmentc, partindo delas, após a bifurcação, os ramos traqueanos finos, que vão aos orgãos e á musculatura do corpo. Afinam-se gradativamente, de modo que, toda e qualquer parte ou orgão. por mais afastado que seja, c abastecido com oxigênio, elemento vital para toda /| a função organica. Os orificios estigmaticos abrent-se sob as partes basilares dos membros. Sua abertura é provida de pêlos que a protegem contra a poeira c a penetração íi de corpúsculos extranhos. Nos segmentos duplos existem 2 pares de estigmas- || Muitas vezes se confundem com estigmas as aberturas de glandulas cutâneos, i protetoras, situadas no lado superior de cada segmento impar, sccretando ujO I liquido nauseabundo, que, cm alguns generos contem acido cianidrico. (Fon' ; tara gracilis) . í Nos Lisiopetalideos c nos Chordeumotideos existem no segmento anal 2 ou J 3 pares de glandulas cericigenicas. f] Aparelho genital — Temos em ambos os sexos dois orificios genitais, sepa- i rados, tendo o póro genital perto das coxas do segundo par de patas. j Os ovários são pares, ainda que envolvidos num envolucro comum : rcU* nem-sc num canal impar que se bifurca de novo em 2 ovidutos. Estes terminan* [j| num receptáculo seminal, onde ficam retidos os espermatozóides. Os testiculos formam um anel muito oblongo. O canal deferente é inipa^ (|| c muito longo e dá em 2 espennadutos, terminando cada um num orgão copuladof* jj 20 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Wolfgang Bücheul — Os Quilopodos do Brasil 63 Os imchos dos diplópodos possuem patas copuladoras espedais, tranfor- “'adas. Chamam-se gonópodos. São as patas do 7P segmento. Variando de genero em genero e de espede em espede. são característicos importantes para a classificação. Assim os A.\. antigos, não tendo notado este fenomeno, classi- ^cavam muitas vezes, as femeas, que não possuíam gonópodos, como especies nó\-as. Nos Opistandrios os gonópodos se encontram no fim do tronco, sendo deno- 'ttinados teiópodos, por este motivo. Os Polyxenideos carecem de gonópodos. As femeas são quasi sempre maiores, e põem os ovos dentro da terra, cons- fniindo ninhos especiais para este fim. Há anamorjese, possuindo as laivas, ao sairem do ovo, apenas 3 pares patas, e muito poucos segmentos. Algumas fôrmas, como Polyxenus e outras, têm partenogenesc. Os Diplópodos são inofensivos para o hotmm. São exclusiramente herbí- (só algumas espedes comem casualmente substancias animais decompos- de locomoção lenta; escondem-se de preferencia debaixo de pedras, no *oIo húmido, sob folhas ou madeiras em decomposição. Hefendem-sc dos inimigos, enrolando-sc numa bola ou espiral e secretando ® liquido protetor. SISTEMÁTICA 1. Subordem — Psellaphognatha — Pselafofnatos Animais pequeninos, raramente encontrados; evitam a luz, vivendo na terra, Ptxlras ou cm ar\ores mortas, dccomposas. Preferem como alimento subs- ****^^5 animais em detrito. p O corpo é macio, cilindrico e peludo. O tegumento é livre de sais calcarios. este motivo não resistem á secagem. O labro é indepenn fendas e cascas de *^l3s silvestres: 31 74 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII GfofiHdeos, Gchendyla, Scolwplatifs. c) Animais que vivem ás margens dos riachos, sem quasi nunca se afas- tarem dó alcance da^ aguas, caçando insetos, bezouros, atirados á margem pela agua: Lamyctcs; d) animais que lávem ás margens dos tnarcs — (E’ essencial que as praias sejam rochosas). A areia é cuidadosamente esntada. Quando chega a enchente, os Qmlopodos ficam em pequenas cavernas, envoltos em algas, prendendo-se nas pedras. Assim pódem permanecer debaixo d’agua 30-40 horas. Fizemos experiencias, metendo um Olostigmineo n’um copo d’agua doce, permanecendo ele ainda, %Tvo após 3 dias e 14 horas; enquanto que outro exem- plar com o qua) repetimos a mesma experiencia morria logo ao 2.° dia. Muitos Geofilomorfos, preferem a praia rochosa dos mares por ser ela farta de produtos que lhes servem de alimento. e) Animais que vivem sob pedras: — Scohpendromorfa : — As Escolo- pendras ou centopeias estabelecem sua morada sob uma, pedra achatada, de pa- redes rugósas. Debaixo da mesma constroem uma cavemasinha, por onde não pe- netra a luz. Durante o dia a lacraia descansa, meio dobrada para o lado, de modo que a cebeça fique perto da cauda. Quasi nunca se estica completamente. Cada individuo rive isolado, não tolerando mesmo que outro penetre o habitaculo, ha não ser no tempo das núpcias. A' noite a escolopcndra sai de seu esconderijo c caça pelos arredores, voltando sempre de novo á sua caverna. Parece mesmo que o animal não póde viver sem sua pedra. Abre em baixo da mesma um corredor vertical, de 7-10 cm. de profundidade. No fundo este corredor se alarga, e nesta segunda cavidade a Escolopcndra p>õe ovos e protege seus filhotes. Mas também já obser>*amos lacraias sob folhas de ar\-ores. em montes de ti- jolos, em corredores escuros de antigas casas, até mesmo nos arrabaldes de São Paulo. Em Santos, nas casinhas, cola,das ás encostas dos montes (Montserrat. Morro de São Bento) é bastante comum. f) Animais que vhvm debaixo da terra — aproveitam-se dos corredores feitos pelas minhocas que também lhes servem de caça. Quando o chão é bem mole, elas mesmas constroem caminhos subterrâneos, voltando de vez em (juando para cima. — Geofilideos. Ainda há Quilopodos, que vivem em cavernas subterrâneas, não chegando nunca á luz do dia. Perdem os olhos, orgãos supérfluos, e, em compensação, se guiam pelo tato desenvolvendo-se então as antenas. Por esta razão muitos Litlio- biidcos subterrâneos são cegos, enquanto que seus parentes, que vivem á luz do dia. possuem muitos ocelos. Todos os Quilopodos evitam a luz solar direta; preferem a sombra e a hu- midade. 32 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 WoLFGANG Bücheri. — Os Quilopodos do Brasil 75 Caçadores camivoros, vivem isolados. E’ raro encontrar Lithobiideos em ®^sa sendo \4stos sómente quando, após uma estação secca, a chusma cai abun- dinte e quente. Xos meses de Maio a, Outubro os Quilopodos são encontrados mais rara- niente, que no résto do ano. Sobre a idade dos Quilopodos quasi nada consta. Porém, presume-se que iormas grandes perdurem mais de 4 anos, trocando muitas vezes a pele. Meios de defesa: Os Geofilideos, quando atacailos, enrolam-se de maneira que os estcmitos ^'*luem para o lado de fóra. Estes são munidos de glandulas de defesa, que se- ^rtam gottasinhas mal cheirósas. côr de rósa. Os Geofilideos também correm de trás para diante, .\tacados por um animal *^is forte, largam as patas, que quebram entre a coxa e o trochanter, regeneran- em seguida. Varias especies de Lithobiideos fingem estar mórtos permanecendo imóveis o corpo lateralmente encuiA^ado. E’ o meio que empregam quando não lhes ^sta outro, como a fuga precipitada, verificada comumente nos Escutigerideos. * que, de noite, costumam visitar as cosinhas de casas velhas. .Acendendo repenti- ’*^cnte a luz elétrica, eles com velocidade fantastica, sobem as paredes e mesmo vidros das janelas, esquivando-se desta maneira da luz. Certos Lithobiideos pequenos pos.suem a faculdade de secretar fios de cera P^l^s glandulas das coxas dos últimos 3 pares de patas, nos quais se dc|)enduram, descer assim de logares altos. A anna de defesa, e ataque das escohpendras constituem as forcipulas. Estas terminam em dois aguilhões fortes, ponteagudos. perfurados pelo canal de ve- .'\ glandula de veneno está situada dentro das forcipulas, e chega a 2 mm. largura e 4-6 mm. de comprimento. A mordedura é muito dolorosa. E’ sempre mortal para animais inferiores. .As '^folopcndras também atacam e de\-oram outras escolopendras. Pelos fins de Dezembro de 1938, conscrA^amos duas lacrmas vi>-as, sendo uma 16 cm., e a outro de 1 1 cm. de comprimento. Depositamo-las nunu caixa que 'outinha terra, pedregulho e pequenas pedras. Colocamos no centro um ■vaso com algodão, embebido em agua fresca. Pudemos obser\*ar como chuparam o algodão, **^ndo agua desta maneira durante 5 minutos mais ou menos. Xo dia 6 de Janeiro brigaram, enroscando-se e mordendo uma a outra. .A *’'enor ficou imediatamente paralizada largando a outra, enquanto esta conser- as presas enterradas nas pleuras da vitima. Após alguns minutos a menor *''’ha morrido. Xo dia s^uinte a lacraia havia comido uma parte da outra e mais 33 76 Memórias do Institulo Butantan — Tomo XIII 3 minhocas de 6 centimentros de comprimento. Ficara muito abatida provavel- mente em consequência dos ferimentos que também levára, sarando porém com- pletamente logo após. Xo dia 11 de Janeiro demos mais 8 minhocas grandes á lacraia. No dia 24 já não havia mais nem signal de minhoca. Ao abrir a caixa encontramos a lacraia bem conservada e muito viva, dando .saltos raivosos, distendendo as presas posteriores do corpo em atitude de ataque. No dia 26 tomamos um rato branco, de dois meses de idade, de 13 cm. de com- primento. No principio a lacraia se refugiava noutro campo, consers-ando sem- pre as duas ultimas patas em posição ereta. Deu então repentinamente um bóte celere em direção ao rato, prendendo-se no mesmo com as ultimas patas, largan- do-o logo após. .•\proximamo-la ao rato, que se atirou sobre a lacraia, mordendo-a. Ela se defendeu enroscando o agressor e começando a envolvê-lo pela cabeça, en- terrando as presas profundamente na nuca do rato. Este gritava lastimavelmente, estremecendo pelo corpo todo. A lacraia não o abandonou mais. Nem mesmo usan- do de uma pinça conseguimos separa-los. Apenas um minuto após o rato esta\'a morto, enrijecendo imediat.amcnte. Só então a lacraia largou sua ritima. Procedendo a autopsia do rato N^erificamos que a lacrab tinha justamente atingido uma veia do mesmo. O coração ainda palpitara. O pulmão, a bile e o baço estavam normais. O fígado, porém, mostrava ligeiro congestionamento. O efeito letal parecia ter achnndo d’uma paralisia completa do sistema nervoso. Em 22 e em 27 de Fevereiro obtivemos mais duas lacraias grandes. Em 28 do mesmo mês. cada uma matou um rato de 8 cm. de comprimento. Desta vez um dos ratos foi mordido na perna e o outro nas costas. Enterradas as forcipula.®, ambos gritavam, estremecendo continuamente. Depois de separar os ratos das lacraias estes se encolheram continuando a gritar. Esticaram as pernas que logo enrijeceram. O temp decorrido entre a mordedura e a morte foi de 5 minutos apenas. Num deles verificamos ligeira hemorragia bucal. Os orgãos internos, porém, cm ambos foram encontrados em perfeito estado. Parece-nos, portanto, que o veneno da lacraia opera cm primeiro logar so- bre o sistema nervoso, semelhante ao veneno do escorpião. Espéramos continuar nossas pesquisas, afim de estudar também a cficacia do veneno cm cobaias, etc — As espccies menores de Escolof>rndromórfos não são tão perigósas para o homem, porque gcralmente não conseguem perfurar a pele humana, o que não se dá com as lacraias grandes, de 10 cm. para cima. Si a Scolopcndra znridicornis. de 11 cm. consegue matar um rato dentro de alguns minutos, é de presumir, que as escolopendras grandes, principalmente a giçantea, que atinge um comprimento de 26 cm. e que tem presas formidáveis, também seja pcrigósa para o homem. Verhoeff cita um caso de um homem robusto, que foi viajar para a África, onde foi picado por uma escolopendra, ficando por muito tempo paralizado no corpo inteiro. 34 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Wolfgang BCxherl — Os Qnilopodos do Brasil 77 Avgust Barthmeyer & Hans Schmalfuss (Sammlung von Vergiftungs- fãllen. 4 (9) 1933. Verlag Vogei, Berlin), fazem um relatório sobre o envenena- por escolopcndras. Pawlowsky, E. N. “Giftticre und ilire Gifligkeit'', Jena, 1927, afirma que a niordedura da lacraia sómente é letal para animais pequenos. Faust, E. st. “Vergiftungen durcli tierische Gifte” in Flf.ury, F. & Zang- — Lehrbuch der Toxikologie, Berlin. 1928; — relata casos mortais tio lio- devido á mordedura de escolopcndras da índia. Vexzmek, G. “Giftige Tiere und tierische Gifte”, Stuttgart, 1932 : — fala de caso mortal, ocorrido numa criança de 7 anos. mordida na cabeça por uma (Filipinas). Pawlowsky menciena ainda o caso ilum oUcial que bebéra agua num apo- nto escuro não percebendo a lacraia que havia no copo. Esta mordeu-o na garganta morrendo o oficial logo após, sendo a morto mais pela falta de ar que pelo envenenamento. O medico B.artumeyer e o Prof. Schmalfu.ss relatam um fato muito inte- '^cssante: — “Um marujo tralialhava a bordo do navio “Duisburg” da Hapag, an- forado no porto de Malaga em Dezembro de 1932. Sentiu que havia sido picado no ^*^ço por algum bicho. Éra uma lacraia, mais tarde identificada por .\ttems como *^do uma Scclopcndra subspinipes. O animal media apenas 12 an. de com- primento. Logo após a mordedura, seitu as mesmas dõres, que se costumam ve- rificar em mordeduras de cobras. A ferida tomou-se azul com contorno aroxeado. ^ braço inchou muito, doendo horrivelmente. Um estremecimento j)crpa.ssou o que ficou como que fóra de controle do sistema nervoso. O paciente sofreu *^*tlucs de sufocação. Suor frio lhe corria pela testa. O coração batia apressada e irregularmente. Os s^asos linfáticos inflamaram-se, correndo estrias ver- ®'cíhas por todo o braço. Desinfetaram a ferida com álcool, tratando-a com iodo. # ^fante 15 minutos o paciente tcs'c que sugar a ferida, desinfetando em seguida * boca com agua boricada. Como não tinham outra coisa á mão. deram-lhe cada horas 60 gramac de "cognac”, para impedir uma paralisia cardíaca. Dois dias após o mamjo tinha recuperado a sau‘0 36 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Wolfgang BCxherl — Os Quilopodos do Brasil 79 ^barica, Orphnaeus brevilabiatuSj Geofilus electricus e longtcornis e Scolioplanes ^c duas a tres plaquinhas em forma de dentes. , A tiòia e o primeiro tarso formam articulos estreitos, muito mais largos que O segundo tarso é soldado com a unha. Ésta é muito forte e pontuda nos ^ ^°*opendrideos e constituc uma terrível arma de ataque. Perto da ponta está ^*^*crtura do canal de veneno. O canal não se acha, no centro da unha. mas i>erto ’**®cgcni de modo que póde ser notado atravéz da cuticula negra. Em animais 41 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 84 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII jovens o canal ainda é u)*w fossa na superficií, que só paulatinamente se funda, semelhantemente à constituição do dente inoculador das cobras venenosa* opistoglifas e solenoglifas. A glandula dc veneno encontra-se nos tarsos ou no fetnur. Xos grandes Es- colopendridios se encontra no femur, proximo do lado externo, medindo 5 mm- de comprimento. (Vide fig. 13). 1) Lingua e Faringe — A hipofaritige é um simples prolapso cutâneo. cavidade bucal tem paredes fórtes, rugósas. aptas a triturar mais o alimento. -■' garganta é muito musculosa, guarnecida de chapas para a ulterior trituração alimento. A parte anterior da htpofaringe é a "lingua”. Xa base desta encon* tra-se o saco faringeano, sustentado pelo garfo faringeano. A lingua da Escolo' pendra ocupa quasi toda a cavidade buccal. Exames macro — e microscopico Mandíbula — Considerando diversas mandíbulas da Scolopendra viridiconái (preparados diafanolizados e deshidratos em pota^sa a 60° ou Xilol fenicado)- observamos muitas modificações morfologicas na cspecie viridicornis, o que ali^ no.s obriga a estabelecer 2 sube:,pecies conforme demonstra a sistemática. Ésta* modifica,ções se acentuam principalmcnte na fileira dentieulada e nos feixes àe pêlos colocados ao lado dos dentes. Xotamos asimetrta accntua,da no numero d«» dentes, ostentando uma mandibula 4, a outra 5 dentes. Cada. dente é constituid® por tres placas agudas ligciramenle recur\-as, sendo a placa mediana 2-3 veze* maior que as duas placas laterais. Os dentes aumentam progres.< ivamente em manho, sendo o maior situado proximo aos pêlos. Xo lado basilar observanio* unta stilura nitida, separando os dentes do resto da mandibula, constituindo dest* maneira uma verdadeira placa dentaria analoga às do coxosternum forcipular, ta*® que escapou á atenção dc muitos especialistas curopêus. As peças basilares cada dente atingem esta sutura transversal. Xotamos distintamente uma irregular divisória, separando claramente a formação dos dentes do resto da pla^* dentaria. Xo lado interno principiam as fileiras de cerdas, atnas no prindpio, p*'®' longando-se cm fei.xes bifurcados. /“* tnaxilares — (Preparados macroscopicos, diafanolizados e desidrat** dos cm Xilol fcnicado) : Os primeiros maxilares demonstram uma camada q®’* tinósa fina, dc maneira que conservam flexibilidade. Xas zonas, onde os artieul®* dos tehpoditos se unem, a quitina é mais espessa. Xo bdo interno, basilar ^ primeiro articulo lelopoditico existe uma especie de articulação, atingindo ne>í* local a quitina grande espessura. O lado externo do ultimo articulo telopoeli®*^ ê coberto de póros finíssimos. 42 WoLFGANG BCchebl — Os QuUopodos do Brasil 83 Segundos maxilares — E’ notável o fato de haver indicação bastante acen- de unia sutura mediana no coxosternum. Eni alguns exemplares de Sco- ^Pendra viridicomis é bem visível, enquanto que em outros, da mesma especie, ****>lj«n exemplares adultos, ésta sirtura é ausente. •5 ramos traqueanos penetram os artículos (3 ramos grossos, os outros mais Dois tendões passam atravéz dos artículos, e se inserem na base (um cada lado) da garra terminal, sersãndo um para lerantar, o outro para do- brã-la. Placas cefálicos com antenas. (Preparados diafanizados em potassa a óOÇi) : '■funoj traqueanos entram nas antenas, partindo destes ramificações finissimas, **^*niravelmente bem snsiveis, que vão á periferia de cada articulo. Do 4.® arti- «n diante já se observam pelos finíssimos, muito numerosos do 7.® em diante. obser\-amos estiletes nas antenas nem mesmo nos artículos terminais. Placa cefalica — São observadas suturas longitudinais bem visíveis, termi- atrás em suturas poliedricas, que constituem a fôrma das células epiteliais. ■ * frente da placa cefalica existe uma sutura quitinizada dorsal e outra, majs íraca '■entrai. Xo lado dorsal, na região em que termina a sutura, acentua-se uma *^cira elevação triangular. dois dentes quitínósos, laterais, do lahre são separados por suturas da nubinósa interna e do proprio labro, de mapeira que não podcnws consi- ^'^■las como sendo méras protuberâncias quitinizadas deste, (Attems) mas for- ****^‘"^4 independentes. P^gitos, estigtna, pleuritos e patas. (Preparados diafanolizados, desidra- ^ ' com Xilol-fenicado) ; Os dois sulcos cpiscutais são profundos, separando o S'-o cni 3 placas, quasi independentes. A quitina contêm muitos grânulos acas- ^'los ou aA’ermelbados. De \xz cm quando abser^^amos um circulo, livre dc ^^wlos. encontrando-se outro circulo menor no mesmo, quitinoso, provido de . diminuto. Xa zona anterior e posterior a quitina divide-se cm ilhas lon- 7^>anis, contendo igualmente grânulos. São separadas umas das outras por claras, livres de grânulos, podcndo-sc obseiA-ar em alguns logares fracas ^^Ções de suturas. A quitina destas 2 arcas é extrentamente fina dc maneira '^^guardar a flexibilidade. Uma borda estreita, nitida separa o tergito de todas *®*>as laterais, sendo esta borda apenas interrompida pelos sulcos ephcutats. ^ *'o pretergito observamos algumas fileiras de espinhos pequenos, continuan- ** fileiras mesmo dt-ntro do tergito. A mesma formação de espinhos obser- na borda externa, no peritrema do estigma. A parede do cálice estigmal c P®*" fileiras cerradas de pêlos finíssimos, esbranquiçados. O fundo do ca- ^ * gnameddo por outra fileira de pêlos longos, cerrados, que ,«c tocam quasi ^tro. 43 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 86 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Os sulcos medianos do estemito são pouco profundos, não separando o es- temito em 3 placas, como se dá no tergito. Xa zona posterior os sulcos apagam progressivamente, até desaparecerem completamente. Não se observa quasi mais granulação da zona quitinósa. Existem, porém, pequenos pêlos, ainda que em numero restrito. Nos cjcleritos que concorrem para constituir a coxa, podemos observar uma fileira de glandulas na procoxa (35 glandulas. tendo num dos cantos uma espi- cula finissimaj). A itictacoxa e a coxa superior demonstram algumas fileiras de pêlos longos, encontrando-se entre eles alguns estiletes pretos, curtos e grossos. Muito interessante é a jonnação de pêlos pretos, longos, recurvos e grossos na ponta terminal, finos na base, completamente sulmtersos nas camadas quitinósa^ atingindo com a ponta terminal a superfeie interna da cxocuttcula. Encontram-se na zona limitrofe entre a coxa superior e injerior. Xa região das anopleuras existe uma fonnação triangular, composta de uma aglomeração de peças quitinósas, separadas umas das outras por membranas transparentes e 2"-3 sulcos longitudinais. .Ao longo déstas “anopleuras” obser- vamos uma fileira de círculos quitinósos, alguns ma,iores que outros, mas con- sertando sempre a fila. Servem de ponto de inserção aos musculos. Garantem consistência relativamente grande ás zonas pleurais, facultando, contudo, grande flexibilidade. -Assim se explicam fa,cilmente os movimentos bruscos da lacraia, cuja área dorsal consiste de placas quitinósas rigidas. Xas patas podemos observar muitas traquéas, que emitem ramificações para todas as periferias. O tendão da garra terminal principia no prefe7nur, engros- sando progressivamente no 7.® tarso; emitte 2 ramos para as bases dos esporões secundários e insere-se na linha mediana da ultima garra. O esporão do primeiro tarso não tem tendão; é rigido, portanto. Xa ponta apical, dorsal, onde a garra termina no 2.® tarso observa-se uma articulação. Xo lado dorsal, á base do 2.® tarso vemos uma inserção de um outro tendão, e um semelhante no lado ven- tral. Musculos que le\'antam c dobram os articulos. também estão presentes. 2) Adaptação das peças bucais ao alimento Diz Verhoeff (Bronn’s — Klassen und Ordnungen des Tierreiches) quc sómente rarissimas vezes foi possivcl obsers^ar os Quihpodos quando comiam- Em seguida ele descreve suas obsers-ações em Lithobiideos. Tivemos ocasião dc conservar rivos muitos Escolopendridcos, como viridicornis subsipinipes. Paro- tostigmus tibialis e scabricauda, Rliysida brasiliensis ; Trigonocryptos ibe* ringi, podendo observar estes animais enqua^ito comiam. São muito vorazes. Uma Scolopendra viridicornis de 14 cm. de comprimento de^•orou uma minhoca dc 44 Wolfoang BCchebl — Os Quilopodos do Brasil 87 *2 cm.. Aproximando uma minhoca muito fina ao animal e não conseguindo feri- la com as fordpulas, desprezou a prêsa. Em seguida colocamos 4 ratinhos re- CQnnascidos na caixa. A escolopendra ]<^o as^ançou, matando com uma ferroada u*n ratinho ainda sem pêlos. Rasgando-lhe o ventre come<;ou a sugar o sangue, ^^cpois devorou o intestino inteiro. Não arrancou pedaços mas comeu o animal roteiro progressi>"amente. Após 10 minutos não restava na^a mais do ratinho, que tinha o tamanho de 4 cm. .\té os ossos foram engolidos. O aperitivo aumentara ainda o apetite da escolopendra, pois avançou logo P^Ta o segundo rato. Ta,mbcm este foi devorado. No dia seguinte não encontra- mais vestigios dos outros dois ratinhos. .A escohpettdra estava, roliça, in- gorda e preguiçosa. Durante a refeição observamos a, lacraia conx) enfiava a calreça e as antenas *>o rato. A cabeça ficou ensanguentada. Segurou o rato com as forcipulas e os ^lopoditos do segundo maxilar. No dia seguinte a lacraia enrolou-se levemente num canto, ocupada em lim- P**" os réstos de seu lauto jantar. Tivemos ocasião de observar bem de perto o ato de comer cm Parotostigmus *tabricauda. Elste apanhou a lar\-a de um inseto, segurando-a com as patas ante- riores. Durante este ato ergueu a parte anterior do tronco. Enterrou num movi- roor'to rápido as presas na carne mole da vitima. Ésta se contorceu alguns ins- **otcs, ficando paralisada logo após. Observamos então movimentos acelerados dos P®lpos dos segimdos m^ilares, como também das forcipulas que introduziam as- *'ro 05 bocados no âmbito das mandibulas. Cortaram pedaços inteiros da larva. .As ^das e pêlos mandibulares não deixam a comida escapar pelos lados da boca. ^’ão absen-amos movimentos mastigadores. percebendo que tudo êra engulido *os pedaços. Os primeiros maxilares servem de pás ou conchas, quando se trata de sugar o sangue de alguma vitima. Abrindo o intestino de unu lacraia, encontramos o slomodcum repleto de P*rtcs de cuticula quitinósa de colcópteros. No intcMino médio, porem, estes res- cuticulares já não existiam mais. Teria vomitado as peças indigeriveis? Os Escolopcndridcos nunca comem ttm animal que não tcnlia sido morto jwr presas inoculadoras. O veneno mais fraco e menos eficaz ê o dos Geofilo- ••TOrfoi, que sómente possuem uma glandula pequenissima. Após alguns dias de secea, quando a chuva cai abundante e quente, aparc- ^em com as minhócas os Gcojilideos. incansáveis caçadores de vermes. Sucede ** Vezes que o Geoftlideo se lança sobre uma minhóca 5-8 \-ezes maior que ele. ^ roinhóca gerahncnte escapa, ao caçador. Existem, porém, no Brasil, Gcofilideos 17 cm. de comprimento, de cujas garras minhóca alguma escapa. Pl.ateao ®l>scrvou os Lithobiidcos e a eficacia de seu veneno. Nutrem-se principalmcntc dc ***®*cas, mutucas, dipteros e outros pequenos insêtos. • 45 SCÍELO3 13 88 Memórias do Instiliito Butantan — Tomo XIII Os Eicolopendromórfos, principalmente as formas maiores, atacam lagar- tas, minhocas enormes, ratos, insetos de quitina mole, lars-as grandes, etc. . • Porém já os observamos comendo pedaços de banana e outras frutas que colo- cavamos no viveiro. Também substancias vegetais em detrito são devoradas pelos Escolopendromórfos. Quando se encontram com outro animal, não estando com fome e sendo o adversário respeitarv^el (rato, minhoca grande) ambos desatam a fugir. O mesmo acontece quando duas lacraias se encontram. Caso. porém, estiverem com fomí ou si outro incidente qualquer impédir a fuga, então se trava uma luta ás vezes tremenda, que termina com a morte de um dos contendentes. Duas lacraias uma vez enroscadas uma na outra, não se largam mais até que uma delas morra e então, ainda raivosa, a outra começa a devorar a adversaria. Foram obser- vados fatos de canibalismo em todos os Quüopodos. Principalmcnte um animal fraco ou muito lento, não é poupado de forma alguma. As Escolopcndras grandes, quando enraivecidas, agridem mesmo o homem, e qualquer animal, que se lhes depara no caminho. Assim uma Jararaca nó^^a já morreu nas garras duma lacraia. As Escolopcndras, vivendo cm seu esconderijo de pedras, se encontram frequentemente com seus antagonistas, tão ferozes ou ainda mais ferozes que elas mesmas: — as aranhas caranguejeiras (Grammostola. Lycosa, Cicnus) e os escorpiões. .\fim de obseiA^ar o seu comportamento num eventual encontro, juntamos estes animais num viveiro. \'erhoeff escreve que até hoje nada se sabe a respeito. Supõe que um escorpião, por ter mais força muscular nas pinças sáia vitorioso de uma luta com o Quilopodo. óra, quem já observou uma luta entre um Quilopodo c um Escorpião, sabe que o ultimo não faz uso das pinças para esmagar o adver- sarío, mas segunt-o apenas levemente com as mesmas, afim de, com a cauda erguida, poder desferir o golpe certeiro com o ferrão. Este golpe que quasi nunca falha, concede a vitoria ao escorpião. Reunindo escorpião^ aranha e lacraia, obseni‘a,-sc que cada um se recolhe num canto, permanecendo imóveis, com as armas de ataque preparadas. Esta atitude espectati\'a póde durar horas inteiras, sem que nunca um dos tres pro- ceda a um ataque. Afinal, cada um procura um buraco para fugir. Xo caso de um dos animais se aproximar ao outro, este vira o corpo, de maneira que possa observar o adversário, aprontando-se para qualquer eventualidade. Mas nem assim o ataque se procede. Observamos mesmo, uma escolopendra passar por entre o rabo dum escorpião (Tityus serrulatus), sem que este fizesse uso dc sua temivel arma. O mesmo se deu com a Grammostola. 48 WoLFGANO BCxherl — Os Quilopodos do Brasil 89 P^o^•ocando a luta artificialmente, as lacraias, mesmo as maiores são ven- não porque seu veneno seja menos eficaz, mas porque não cons^ueni suas presas furar a quitina do escorpião, enquanto que este desfere golpe *obre golpe com seu aculeo de veneno, nos lados plurais moles da lacraia. Tam- com a aranha se dá o mesmo : — os pêlos urticantes protejem-na, de modo a lacraia não se póde aproximar, enquanto que seus pleuritos moles, ofere- á adversaria um campo de batalha desvantajoso para si mesma. Contudo, numa luta entre uma Grcmunostola enorme e unm Scolopcndra znridicornis, luta. ^ qual ambos os contendores apanharam feridas, das quais gotejara o sangue ^nco, pcrcebctnos que a aranha, incontinente, encolheu-se imóvel num canto. POfêm não paralisada, enquanto que a lacraia que Icv^ára uma ferida grande no penúltimo tergito. continuara sua, marcha como si nada houvesse acontecido, ^lesino após 6 horas a aranha ainda permanecia perfeitamente movei, não para- lisada.- porém, ainda na posição encolhida. Da ferida caiam gotas cristalinas sangue, que o animal lambia de vez em quando. O fato. relatado por Verhoeff, que um Lilhobius de 2 cm. tenha picado '®na aranha, morrendo ésta logo paralisada, não nos parece portanto verosimil, * não ser que a aranha tenha sido peqiK-nissima. N'ota-se claramente que estes ^ animais, que devem se encontrar frequentemente na na,tureza, dado o mesmo ^'tat. fogem um do outro, evitando cuidadosamente qualquer encontro. Re- jeitam a luta. como que concientes da força do adversário. Mesmo, quando o liomcm provoca artificialmente uma luta, como no caso referido, a agressão c *pcnas instantanea. Os Escuiigeridcos são caçadores incansáveis de dipteros. Velozes como um se lançam sobre as moscas, e enlaçando-as com suas longas patas lhes 'l^^fércm o golpe final com seus ferrões. Parece-nos que. excetuando as lacraias, o veneno dos Escutigerideos, c o **'*is eficaz entre os Quilopodos. K. D' Herkclais relata o caso de uma senhora •^rdida no dedo por um Escutigeridio, ter sofrido durante 36 horas dôres hor- *^'«s em todo o braço. Isto c muito significativo, quando se lera em conside- *^ão que- ps Escutigerideos apenas atingem o tamanho de 2-5 cm. Após a refeição, os Quilopodos limpam as peças bucais, principal mente as <^>ttcnas. S<^r^ a antena com as forcipulas e com as escovas do primeiro e *^9undo maxilar começam a limpar articulo por articulo, minuciosamente. Co- ***^*>am a limpeza com os articulas basilares, empregando especial cuidado no« *iticulos apicais. Repetem o processo diversas vezes (5 vezes). Limpa uma fletia repetem o processo com a outra. Finalmente são limpas as forcipulas ' ® primeiro par de patas do tronco. Verhoeff, à pagina 324 cm Bronn’s “Klassen u. Ordn. des Tierreiches” ®Pina que. os Quilopodos que costumam limpar-se após a refeição, preferem 47 90 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII geralmente anhnais secos como alimento, portanto bezouros e outros insetos qui- tinósos. Não podemos confirmar esta afirmação, porque sempre observamos que justamente as lacraias preferem minhocas de pele húmida, e viscosa. Mesmo durante a refeição não se importam de lambusar as antenas. Ao beber agua, mettem as antenas no liquido, de modo a, molha-las inteiramente. Não fazem caso de manchar suas antenas com sangue. Por meio da limpeza posterior removem no\’amente as manchas. Continuamente as glandulas sali^^ares secre- tam um liquido que humedece as peças antes de serem limpas. A limpeza tem diversas finalidades: conservar o corpo húmido, fator importantissimo, para animais de sangue frio, principalmente quando res- piram ainda em grande parte através de póros cutâneos, pois a quitina se conserva mais flexível, quando é humedecida; e, finalmente, as cerdas e os pêlos senso- riais necessitam o maior ^seio, afim de poderem exercer sua função olfativa. A limpeza também afasta os parasitas, cogumelos e açorianos. Obser\’amos. porém, na Escohpendra virídicornis e em alguns Parotostogmineos e em Rhysida, muitos a,carianos, amontoados densamente na região dos pretérgitos e dos plcu- ritos, principalmente em redor dos estigmas, numa r^ão, portanto, de onde poderiam facilmente ser removidos. 3. Tronco: No tronco distinguem-se: placas dorsais ou tergitos; ” ventrais ou cstermtos; ” pleurais ou pleuritos, subdivididas em escleritos. São prindpalmente os escleritos que servem para a sistemática das familias e gcncros. Estes se repetem sempre cm todo o reino dos insetos, de modo que, considerando os filogeneticamente, devem ainda oferecer muita novidade interes- sante para toda a sistcinatica entotnologica. Entre um e outro tergito e esternito existem segmentos intercalares, o5 pretergitos e presternitos, importantes sómente para os Geofilomorfos. (preter- gitos em Crypiops, Theatops). a) Tergitos: Os tergitos mostram colorido mu‘to \-ariado, de amarelo claro até castanho escuro avermelhado. Muitas vezes também são verde-escuros. As margens posteriores pódem ser azuis ou verdes. Entretanto é raro encon- trar um colorido extraordinário, como na Scolnpcndra morsitans e Sc. hardwikei. Os tergitos não são do mesmo tamanho cm todo o comprimento do corpo. Principalmentc o 2., 4., 6., 9., 11., 13. etc. . ., são mais estreitos. Isto se acentua ainda mais nos Anamorfos, nos quais aparecem sómente como ligas estreitas Wolfgang BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 91 A Scutigera possue apenas 7 placas grandes, portando cada uma um estigma t'fspiratório na parte posterior. Entre éstas 7 placas existem ainda 6 menores. Os tergiios ostentam quasi sempre 2 sulcos longitudinais, bem nitidos, que podem ter bifurcações ou outros sulcos laterais. Geralmente os tergitos são lisos, ma’s ou menos brilhantes, podendo, em *íguns generos, existir nas placas posteriores tubérculos ou fileiras de espículas oiiudas quasi imperceptiveis. (Vide fig. 14). b) Estemitos: — Os eslcmitos são sempre menores que os tergitos, per- o> tindo assim ao animal maior flexibilidade. Todos os esternitos são mais ou oienos do mesmo tamanho. Geralmente as placas anteriores passam um pouco por cima da seguinte, cobrindo o f*ré-estemiio e uma pequena pa,rte do proprio 'demito seguinte. Sómente em Cryptops e Otocryptops o estemito anterior é coberto na i>arte posterior pela placa seguinte, resultando um “endoestemite”. Vide fig 15. As extremidades originam-se na zona próxima dos esternitos. Também as Placqs ventrais ostentam geralmente 2 sulcos longitudinais, ainda que não cor- respondentes aos episcutais. As vezes encontra-se um suko mediano unicc nenhum. Também podem existir multiphs depressões nos esternitos. c’ Pleurítos: — Os pleuritos, si fossem mais conhecidos, poder am oferecer ®rinias normas para a sistemática, como já mencionamos. Porém ao estudo r^estas piaras se opõem muitas dificuldades, primeiro, porque se trata geralmente peles finas, transparentes, mal visiveis, divididas cm dobras e pregas; cm **gundo logar, porque os esclerítos pleurais não só diferem cm numero, posição * ordem de genero em genero, mas também de especie cm especie e até mesnat ***”*<^ e mesma especie. .Ainda mais, num indiriduo diferem na região anterior ^ posterior do tronco; na r^ão estigmal e na desprovida de estigma. .A dis- em animais jovens também é diferente da de animais adultos. (Vide % 16). Os AA. como Silvestri, Veriioeff, Sograff, Attems etc... denominam ® *nesmo escleríto com vários nomes diferentes, dificultando desta maneira ainda o estudo dos mesmos. ^*as pleuras inserem-se as patas e os estigmas Cpl^tirostigmoforos). Os esclerítos são ilhas de quitina, que nadam na pele transparente da pleura *^*<^tram-se transições omnímodas desde esclerítos bem nitidos até quasi intei- *^**^tc apagados, mal perceptíveis. Estas placas vitreas são mais numerósas ^ lormas compridas, nas quais servem de inserção aos musculos pleurais. Os ^^vtigerídeos tém os esclerítos mais delgados. 49 92 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Os csclcrUos vão se tomando menores e mais fracos quanto mais se afas- tarem da cabeqa, desaparecendo inteiramente no ultimo segmento, no qual a coxa ocupa o logar entre o tergito e esternito. Nos Geofilideos encontram-se esckrítos mais numerosos. Di\-idimos os pleu- rítos em 3 reg ões: a região estigmal, paralela ao tergito; a região intercalar, paralela á primeira; a região da coxa. ao lado do esternito. Na 1.® região distinguem-se: o escleríto prescutal, deante do estigma; o escleríto estigma!, que rodeia o estigma; o escleríto posiscutal. Estes 3 esclerítos repetem-se em cada segmento. Na 2.“ região temos: 4 placas intercalares, das qua‘s 3 estão numa fileira que corresponde bem aos 3 mencionados esclerítos da 1.* região. A 4.“ placa fica ao lado da 3.* entre ésta e o escleríto postcutal. E’ claro que não se encontr^ ésta ordem em todos os generos e espedes c mesmo nos sarnentos do tronco de um só individuo. No Ethmostigmus, na frente do escleríto prescutal, ainda existem 3 plaquinhas em forma de triângulo, as anopleuroj. Na 3.® região di.stinguimos a: Hipocoxa e a Metacoxa. .\ eucoxa tvnbem é «ubdividida em: Rucoxa superior; Eucoxa inferior' (coxocardo ou " coxo pleura” ) ; f Eucoxa posterior); Na terceira região se inserem as patas. Sobre a procoxa encontra-se ainda uma peqa hemilunar: a catopleura. .\ primeira e a segunda região já não se encontram na cscolopendra. Aqui se percebe apenas uma membrana fina. transparente, com muitas dobras, sendo cm alguns logarcs mais condensada, originando pequenissimos esclerítos mais ou menos enfileirados: Vide fig 16. d) Patas: Os Quilopodos possuem .««mente um par de patas em cad.i segmento do tronco. Os Escolopendrídeos possuem geralmente 21 pares, exce- tuando a Scolopendropsis bahiensis, que possue 2 pares a mais. Os Geofilideos possuem o maior numero de patas. Cada pata tem 6 articulos: coxa, trochanter, prefemur, femur, tibict, tarso 1> e tarso 2. O segundo tarso ostenta sulcos horizontais, parecendo ser subdivi- 50 WoLFGANG Blxherl — Os Quilopodos do Brasil 93 dido eni mais outros artículos, o que, porem de fato não se verifica, nem mesmo ®os Escutigcrideos A coxa ou melhor a eucoxa (3.* r^ião já mencionada) tem a forma de um mais fraco e delgado no lado superior. No lado inferior divide-se pelo tstilote endoesqueletico" (cost^ coxalis) em coxa superior, na frente, e coxa *’*ferior atrás. A ultima, póde ser subdisndida em coxa inferior propriamente e co.ra posterior. Da coxa superior, em certos generos. separa-se uma pecm o 'ompr mento da pata. Em nenhum outro logar se póde admirar melhor a finalidade bio~ecologica *^Um animal, finalidade ésta sempre conseguida pela adaptarão maravilhosa de *^5 orgãos. Damos em seguida um esquema que demonstra melhor esta adaptação: HIPOCOX.\ Procoxa Metacoxa ..... ^^°^^Pm* nos la,dos. O maclio da Escolopettdra morsitans ostenta margem saliente bem acentuada no trochanter, prefemur, femur e principalmente na tibia e no tarso. (Tipo d* coleção miriápodologica do Museu Paulista, classificada pelo Prof. BrõlemaX>'*‘ Sómente se encontram caraetêres sexuais em anima's adultos. 54 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 WoLFGANG Bvcherl — Os Quilopodos do Brasil 97 Xos Lithobiidcos as ultimas patas exercem a função de verdadeiras antenas. Em outros generos acentuam-se muitas cerdas e pêlos táteis. Xa escolopendra já não se verifica isso, sendo as extremidades completanKnte núas, si excetuar- mos os espinhos, que ai são muito grandes e fortes. Outra função das ultimas ®*tremidades é a de serv rem de armas oíenstz-as e principalmente dejotsivas. completamente impossivel segurar com a mão uma Escolopendra viva de uns ^5 cm. de comprimento. Pois é capaz de sangrar a mão humana com os espinhos *8odos, desenvolvendo muita força com as ultimas patas. Os espinhos são colocados para dentro, de maneira que. ao fecharem as patas, servem de pinças, ^ódem perfeitamente prender um animal pequeno. Só então a escolopendra '^olve rapidamente a cabeça para trás, dando o bote afim de enterrar as forci- P*>l3s inoculadoras do veneno. T vemos ocasião de observar por diversas vezes, nas Escolopendras que *®*'scr\ainos vivas, que nunca se arremessam contra a presa, nem a atacapn pela ^•■ente. Agem sempre defensi\-amentc. isto é. passam ao lado da vitima. Caso * presa roçar o corpo da escolopendra, ésta ergue o ultimo par de patas para ® ®r ; um novo contacto faz com que as patas se fechem rapidamente, segurando * presa. A lacraia então enrosca-se completamente no corpo do outro animal, en- lerrando as pinças inoculadoras do mesmo. Estes movimentos das ultimas patas são. como já vimos, mo-vnmcntos refle- automáticos. Mesmo cortando um animal pelo meio, ainda executa estes mentos tipicos de agarrar. Geralmente as ultimas patas agem cm comum, sómente em Trígonocrypiops ' ^Ihtnostigmtts cada pata se move independentemente da outra. Na tibia e no l*^meiro tarso encontra-se uma fileira de dentes obtusos. E’ suficiente que um **'imal lhes toque, para que os dois articulos se fechem imediatamente, como caniwtc de gume denteado. (Vide fig. 19). A autotomia das patas c quasi geral nos Quilopodos. Quando se segura animal numa pata. esta, quebra logo entre o trochanter e o prefemur, para seguida ser regenerada. A autotomia é um meio de proteção, quando os Qa«7o/>odof são agarrados por um adversário mais forte. (Vide fig. 18). ^^ffmenlo genital: O segmento genital é diminuto e quasi insnsivel no lado *^P<^rior. As placas dorsais dos Anamorfos são ainda bem distintas, o que já se dá com os Epimorfos. São triarticulados nos Lilhohiideos, tendo a arti- ***^30 basilar 2-4 esporões, para segurar os ovos. O articulo final serve par.i o sólo. (Vide fig. 20). Eara este fim póde haver 1-3 ramificações. Elstcs apendices movem-se em de ,e„„. Os apendices dít femea da Scutigera possuem sómente dois articulos, sendo ^•nente soldados os articulos basilares. 98 Memórias do Instituto Butantan* — Tomo XIII As femeas dos Escolopendrideos não possuem apêndices genitais. Nos Geo fUideos se encontram 1-2 articulos apendiculares. Os apendices genitais nos machos são simples, prindpalmente nos Afuy morfos. Algumas fôrmas de Escolopendras possuem estiletes (2) curtos, qu« também pódem ser ausentes ou quasi imperceptíveis. Os machos possuem um penis, retraído ou saliente. Segmento anal : O segmento anal é o verdadeiro ultimo segmento do corpo dos Quilopodos. Termina no mesmo a ultima porção do réto. O anus está «scxmdido numa placa triangular, formada dum “tergíto" e de duas chapas anais- III. Os Quilopodos portadores de parasitas Elste capitulo não de'xa de ter sua importância na zoologia médua prind- palmente por muitos Quilopodos se encontrarem nas proximidades do homem- corno os Escutigeridios, que durante a noite visitam as cozinhas mal fechadas, trepando por cima de tudo, contagiando, deste modo, as comidas repostas, mal fechadas. Muita infecção de protozoários póde ser originada desta maneira. Na ecologia vegetal ainda não foi observado nenhum fato em que os Quilo- podos estragassem plantas culturais, como se dá com algumas especies de Dipl^ podos, que, sob certas circunstancias, alastrando-se pelas plantações de batatas» principalmente, causam grandes estragos, dignos de atenção dos dirigentes de uma nação. Si certos Quilopodos pequenos forem observados em tubérculos da man* dioca. batata doce, ba,tatinha ou em outros frutos ou raizes, não devem set considerados destruidores destes vegetais, pois apenas .se aproveitam dos cor- redores já perfurados por insetos, afim de, por meio destes, encontrarem seu alimento. Também não se encontra simbiose. Verhoeff, á pag. 351, de Broxns: — ' "Klassen u. Ordnungen des Tierreiches” a,firma que não existe mxttualismo entre Quilopodos e Insetos conforme se verifica com Diplópodos e formigas ou cupins- Parece-nos porém que ésta afirmação ainda carece de ulteriores estudos, pois conservamos algun.s exemplares de Parotosligmus, de traqueas e estigmas bem caracteristicos, retirado de cupins. Não podemos afirmar, si ali se encontrai^am casualmente. Resta fazer outras pesquisas neste sentido. Conser\'amos há mais de um mez uma Scolopendra tdridicomis de 14 cm- de comprimento, uma femea de Parotosligmus dcmelloi Verhoeff, de 10 cm- de comprimento, 3 Diplópodos e um Coleoptero, da familia dos Ela,teridios, misturados numa ca-xa pequena. Todos estes animais vivem perfeitamente juntos sem um fazer mal ao outro. Este fato ainda é mais digno de menção, notando que não lhes demos alimento algum, afim de provocar briga. Estão 5fi Wolfoang BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 99 ^os bem juntinhos debaixo d’uma pedra. Ao abrir a caA-ema, percebemos o Diplópodo eliminava um suco pelo anus e que os outros, o Coleoptero e ^ lacraias chupavam. Já se acastumaram de tal maneira á rida em comum que ®ria hora depois de afugentados se reimiam de novo. Seria muito interessante proseguir nestes estudos da simbiose e mutualismo ®tfe Quilopodos. As formas grandes de lacraias são geralniente vehiculadoras de acarianos, já rimos. Muitas lanas de dipteros são endoparasitas dos Quilopodos. Mencionamos *^ente o Creophüus e o Proctotrupes. Em muitos exemplares da coleção mir a- Podologica do Instituto obsenam-se faixas irregulares, de um colorido amarelo ^o, que transparece através da cutícula. Cremos tratar-se ai também de lanas 'l® dipteros. Isto é muito frequente nos Parotostigminios. Dubojq descreve em “Archives de Parasitologie” 6. 1902, Gregarinas no ®hestino médio da Scolopcndra dngulala. epitélio encontra-se a Adclea dimidiala. Ko mesmo local, porém, intercelularmente, foi descobérto o Plerocepludus **ohilis Schneider, uma gregarina. E.xiste uma família inteira de Gregarínldeos que parasita exclusi\amente cm ^*^ias. E’ a familia dos Dactylophoridios com os generos : — Rhopalonia. Dac- ^'lophorus, Trichirynchus, Echinomcra. Também este capitulo ainda carece de estudos ulteriores, que ainda nos farão ^^^obrir muito mais parasitas. Quilopodos como pseudoparasitas do homem: Carlos Porter, em “introduccion al estúdio de los Miriópodos, Santiago ^ Chile, 1911", menciona entre os Quilopodos, encontrados no homem, os gcne- ■ — Scutigeros Lilhobius, alguns Geofilidios e poucos Diplópodos. Segundo ^tíHoEFF, os primeiros dois generos seriam muito duvidosos. O pseudo-parasitismo compreende quasi exclusivamente os Geofilomorfos. Encontramos muitos casos, já descritos na parasitologia méd ca. sendo muito **'*>*^r ainda o numero de casos não conhecidos que ocorrem no interior, porque ^ Geofilideos pódem ser ingeridos com qualquer fruta que se come apressada- Os Geofilideos também i)cnetram pelas fossas nasais quando o homem P^oita ao relento. R. Blancuard em '‘.-Xrchives de Parasitologie, 1898", ®*®>ciona mais de 30 casos isolados, fortuitos. 57 100 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII TRATA-SE DE MEROS CASOS DE PSEUDOPAR.\SITISMO. Já no ano de 1599 V. Trinca\'eli in Opera Omnia, Venetiis, 2, descreve uni caso curioso, que não póde deixar de ter sido provocado por um Quilopodo e que passaremos na integra: “Ego qnidem Venetiis nobilissimum patricium vidi. qui, dum febre labo- rarei ct quotidiano praesertim noctu dolore tentaretur; tandem per nasum ver- men ejecit obscurioris coloris, longitudinis 4 fere digitorum, qui utrimque se- cundum longitudinem quosdam tenues et breves pedes habebat et exceptus \'itreO cyaíhu velociter ferebatur; ejectus autem fuit involutus mucis, crassoque et nigro sanguine e qua etiam putrescente matéria ortum habuerat”. Este parasita descrito apresenta de fato todos os caracteristcos de um GcO~ filideo. Blanchard divide os Quilopodos em 1. Pseudoparasitas das fossas nasais; 2. Pseudoparasitas do aparelho digestivo. 1. Pseudoparasitas das fossas nasais Entre os pseudoparasitas das fossas nasais acentuam-se antes de íudo Geofilideos, principalniente Geophilus carpophagus ; GcophiUis clcctricus; Gco- philus lougicornis e Geophiliis cephalicus. Ingerindo frutas apressadamente, prin* cipalmcnte us^as não lavadas, ou alface mal preparada, estes pseudoparasitas p<* netram a cavidade bucal. Dahi passam ao estomago ou então ás vias nasais. Alo* jam-se no “r/mij fronlalis” ou no "sinus tnaxilaris" . Geralmentc os parasitas abandonam este logar, após alguns d as. Porém também já foram observados Gcojilidccs, jxirasitando no nariz humaro durante 6-9 anos. .As cavidades nasais parecem oferecer a estes Quilopodos um meio de vida liastante comodo, encon- trando humidade e ar. Xutrem-se de epitélio e do fluido catarrico que provocam e do sangue, que é eliminado após suas mordeduras na mucosa. Os sintomas, qu- sc acentuam, consistem em pruridos muito persistentes, formigamento, inflaniação, dôres intensas de cabeça. O paciente sente até os movimentos do animal. As mu- cosas do nariz se inflamam veementemente ; o fluxo catarrico é abundante, sen- do misturado com sangue coagulado. Enquanto o parasita vive no nariz, a dôr de cabeça é persistente, e atró*. perdurando através de meses e anos. As pessoas atacadas passam as noites cin continuas insônias. As dôres acentuam-se nas regiões da testa, das frontes ^ do nariz. Continuando a crise por muito tempo, verificam-sc ataques nervósos, deh* rios e mesmo loucura temporaria. O indhriduo corre o risco de perder a vóz ; tre* mores lhe sacodem todo o corpo ; sofre ataques de angustia. A região em que n* dôres mais se acentuam são principalmente a testa e as fontes. 58 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Wolfgang BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 101 As perturbações ner\-ósas são provocadas, conforme Blancuari^ pelas irri- ‘*Ções continuas da mucosa, sobre a qual o pa,rasita está assentado. O referido ®^ico, não liga importanc a. portanto, ás repetidas mordeduras venenosas des:c P**udoparasita, enquanto que Du Moulin opina que as picadas, seguidas sempre Wo esvaziamento das glandulas de veneno, prindpalmente, quando são feitas pe- •^icamente, chegam com o tempo, a infiltrar tanta toxina no organismo, quanto oecessaria para uma alteração profunda do sistema nerA-oso. A expulsão do pseudoparasita prosegue por meio de espirros fortes, provo- *^os artificialmente por álcool, éter, agua de colonia, formol, etc quando ® Quilopodo não abandona voluntariamente seu logar. Também é aconselhável ®*T^f^ar diluições antisépticas. Frequentemente porem estes meios não têm ^fito algum, sendo necessária uma intervenção cirurg ca. 2. Pseudopar 2 Lsitas do aparelho digestivo Os Quilopodos chegam ao aparelho digestivo por meio de frutas, colhidas P^ncipalmente do chão e mal examinadas. Este perigo, de engulir a um destes ^‘•^itas, é tanto maior, quanto menos mastigada fôr a comida. Parece, porem, 0 pseudoparasita não se acha bem á vontade num meio, pobre de oxigênio, que resista perfeitamente á fermentação. Também o calor de 37-38 gráus lhe faz mal. A quitina protege-o contra os sucos gástricos e intestinais. estomago o pseudoparasita demora-se apenas alguns dias, raramente al- meses Os sintomas são semelhantes aos das verminóses: — o paciente cma- • perde o apetite, sofre de distúrbios gastro-intestmais, vomitos c cólicas As vezes manifestam-se desfalecimentos. Sempre fatigado, o paciente as noites com insônias cruéis, resultando como consequenda sérios dis- nervosos. . Eliminando o pseudoparasita, por meio de oleo de ridno, os sintomas tani- ’ ^Icsaparecem quasi imediatamente. Além do hopKm muitos outros vertebrados são pa^sitados por Quilopodos ^■Palmente os pórcos. que costumam revolver o lodo, em busca de alimento. Teinos porém, pouquissimos dados, devido á falta de estudo ulterior. Koe- . relata um caso. cm que um Geofilideo foi encontrado mesmo num ovo ^ galinha. I\'. Quilopodos e meio-ambiente: 1. Dependencia dos Quilopodos da luz: ^ Quilopodos são animais noturnos. Diz Verhoeff, cm sua classica c ma- ^*^1 obra em “Bronns Klas.sen und Ordnungcn des Tierrcichcs, á pag. 371”, ’ ^quanto que alguns Diplópodos são vistos durante o dia e mesmo cm pleno 59 102 Memórias do Instituto Butantan Tomo XIII sol, isto é completamente impossível aos Quilopodos. Quer sejam cegos, quer possuam olhos, e\ntam sempre cuidadosamente a luz. Sómente quando o céu est» muito nublado é possível encontrar um Geofilideo ou Lithobiidco em pleno dia. O A. afirma que observou este fato diversas vezes. Ésta opinião de Verkoef? nos parece porém um tanto exagerada, pelo menos quanto aos EscolopendrideoS» É verdade que não apreciam absolutamente a luz do dia e\'itando cuidadosamente o sol. Tirando as tampas e as lages das ca\-emas dos viveiros, onde guardamos Escohpeudrideos vivos, obser^-amos que procuram logo esconder-se da claridade- Não sendo possível metem sómente a cabecinha debaixo de alguma pedra. Ti- vemos porém, ocasião de observar, repetidas vezes, lacraias grandes, que en> pleno sol de verão correm pelos caminhos e estradas de rodagem de nosso in- terior, Comtudo é certo, que nenhum Quilopodo aguenta por muito tempo o s<^* Continua \'erhoeff, que o motivo não é propriamente a evaporação e a seca- gem do corpo, mas a sensibilidade extretna contra uma luz intensa, que atra- vessa todo o corpo. Fizemos algumas experiências com irnia lampada eletrica, ^rificando o mesmo. Obsenvmos em va,rios exemplares vivos que tínhamos encerrado em caixa* complctamente resguardadas da luz do dia que os Quilopodos são animais tipic*' mente noturnos. Afim de verificar, si neste estado distinguem o dia da noite colo* camos flócos de algodão húmido e limpo nas caixas. Durante o dia o algodá® permanecia limpo e portanto intacto. Após uma noite porém encontramO-í® sujo de barro. 2. Dependencía dos Quilopodos do calor e da humidade Os Quilopodos procuram sempre a humidade. Quanto mais seca fôr a ^ gião, tanto mais profunda controem suas cavernas e ninhos. Bebem muit®» evitam porém molhar completamente o corpo na agua. Contudo já obseiramos que, quando chegam remessas de esco’opendras vas, passam ás vezes, semana, sem beber, durante a viagem. Logo ao chegai' tendo colocado uma vasillia d'agua deante das mesmas, elas submergiam a í** beça completamente n’agua bebendo ininterruptamente durante algum tempo. Humedecem constantemente as diferentes partes do corpo co a sali\’a. partes do corpo que não estão ao alcance da boca, são provida,s de glandulas. <1*^* secretam um oleo graxo, ou então, as paredes de quitina são muito grossas e tas, evitando desta maneira a evaporação. Este fato de espessamento de quitina, se verifica principalmente nos hpendrideos que vivem em regiões áridas, notadamente quando as formas vive*** mais ou menos á superfície do sólo. GO cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 WoLFa\NG BCxreri. — Os Quilopodos do Braúl 103 Os Escolopendrideos sentem á humidade através de toda a superfície d» *®TX). Os Quilopodos mostram muita resistência á agua. Quando, por ocasião 'Je enchentes repentinas, são levados pelas ondas, ficam horas a fio á tona d’agua, então, por meio de ondulações do corpo, procuram conservar uma certa di- *'cçào. Podendo agarrar-se á margem, logo continuam seus movimentos na* Intuais. Hennixgs in “Zur Biologie der Myriopoden, 1 — Biol. Zentralblatt 1903, ) ” afirma que os Quilopodos são capazes de fazer verdadeiramente movimen- natatórios e de submergir n’agua. Verhoeff contesta ésta afirmação, su- Pondo que a submersão sómente possa ser efettiada quando encontram uma pe- na qual se agarram. Os Geofilidcos aguentam mais tempo debaixo d’agua. Os tergitos e os ester- principalmente nos Escolopendrideos não se humedecem n’agua, de\ndo aos ®^s graxos e á epicuticula, constituída de ácidos gordurosos e de colesterina. V. Estrutura do esqueleto cutâneo e da epiderme (A estrutura do esqueleto cutâneo como também a anatomia interna de cada foram estudadas por meio de cortes histológicos de 5-7 micras de gros- Afim de obtermos plena certeza no diagnostico da construção morfologico- ^*®lom:ca, empregamos 3 colorações diferentes: H.-E., van Gieson c Mallory. '■®'urontando scmj)rc as 3 colorações, foi possível, obter um quadro nitido da ®^l’tuição morfologico-anatomica da escolopendra. Além disso conseguimo.s fo- /^*^ar os orgãos mais importantes, localizadas nas diferentes regiões do corpo artrópodo). O corpo dos Quüopodos é revestido por fóra por uma camada dura, consis- a camada, epidermal ou simplesmente a quitina, que abrange tambem as ex- ^idades. No seu lado interno inserem-se os musculos. Ambos os sistemas, o tegumento e a musculatura, estão em intimo contacto ^ffologico e funcional. ^ integumento consta de 2 camadas ininterruptas, a epiderme e a cuticula. está sobreposta. Sob a epiderme encontra-se ainda a membrana basilar. ^ Epidertne: A epiderme ou hipoderme é de origem eclodermal. Consta ’>nia unica camada epilelial, que forma tambem a cuticula. A epiderme é uma muito fina, transparente e vitrea. Contudo sua espessura pódc variar, con- ° a, função e idade de cada indivíduo. Em estado de descanso o e/>i- ® ® achatado, antes c após a renovação cuticular tem a forma cilíndrica, ^^«positando a cuticula inteira na potassa, aquecida á 50®, aparece a forma- "lular da epiderme, como tambem das outras camadas, que descreveremos Qlj * * ^S^nda. Os limites entre as células estão sujeitos a muitas variaç<‘)C5. .\pa- 61 104 Memórias cio Instituto Butantan — Tomo XIII recem geralmente sob forma hexagonica. As células epidermais são muito es- treitas e longas, deixando perceber nitidamente os contornos celulares. Xa co- loração H.-E. as células epidermais mostram coloração vermelha e núcleos azueis, podendo ha\'er 2-3 núcleos numa única célula. A cromatina nuclear é dividid» em flocos. De s-ez em quando observmios entre as células epiteliais outras muito maiores, com conteúdo nuclear granuloso, transparente. São as células trichà- gcnas. e as células scnsoriais profundas, cujos canais, perfurando a cutiail* quitinósa, vão á periferia. Em alguns logares observamos distintamente inserções da musculatura dor- so-lateral. Xa coloração de Mallory as células epiteliais e os feixes musculares são roxos enquanto que as células scnsoriais e trichogenas conservam a coloração vermelha. Em certos logares a cuticula e a epiderme demonstram lacunas larga* que constituem os canais de saida das células secretoriais, obturadas no lado terminal pela epicuticula. Considerando a constituição inteira da cuticula perifé- rica dos Escolopendrideos, temos a impressão da existência de uma analogia pef* feita entre o tubo digestivo anterior e o réto de um lado e a consttuição mor- fologica da cuticula de outro, com exceção de estar ausente na ultima a camad* muscular, envolvente. Enquanto que encontramos no lado externo da carapaÇ* a epicuticula, seguida da exo- e endocuticula, e da epiderme, obseni-amos o con- trario no tubo digestivo em que a epiderme passa por fóra da endo-exo e cuticula. b) Cuticula: A cuticula forma um verdadeiro exoesqueleto mais ou meno* elástico, mas bastante grosso. De>e a sua origem á epiderme. Quanto á sua fof mação ainda nada consta de certo. Reichelt supõe que a cuticula seja um duto secrctorial de toda a superficie da epiderme, produto este que se póde ma- nifestar tainbcm sob a forma de gotasinhas; P. Schulze, pelo contrario, afinn* que o plasma cpidermal mesmo se transforma gradati\’amente em substancia cn* ticular. E’ mais provável que a ação commum entre a transformação e a sccreçã® da cpMcrme. seja a geradora da cuticula. A cuticula c de diferente espessura corpo dos Quilopodos. Xão reveste sómente o exterior, como também o réto c ^ stomodeum, os orgãos genitais e as traqueaj. A substancia basica da cuticula ^ a quitina. dc composição quimica ainda pouco esclarecida. E’ um hidrato de hono com um complexo coloidal. Xão c-xiste cm estado puro no corpo dos hpodos, mas sempre conjuntamente com incrustações organicas ou anorg*'”* cas. Conserva, contudo, uma relativa flexibilidade. A quitina é solúvel em diafanol com clóro-iodeto dc zinco. .'\ cuticula consta de 3 camadas principais: a epicuticula; a cxocuticula; a endocuticula. 62 Wolfgang BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 105 A constituição cuticular toma-se mais nitida com Mallory. onde as 3 cama- se distinguem nitidamente, enquanto que com H.-E. ou Van Gieson demons- Irani coloração uniforme. A epicuticula: A epkuticula é uma pele extremamente fina, e transparente. Passando por cima da exocuticula, também existente nas extremidades. Não é ^'^ituida de quitina, porém de ácidos gordurosos e colestcrím, portanto d’uma *ubstanda lipoide, que protege o animal contra a secura. A epicuticula com ^••E. permanece incolor; com Mallorj- porém tóma uma coloração amarela ou '^^nnellia. A exocuticula : Também é denominada camada pigmentaria ou epiderme. De- ®**^stra células hexagónais, em sua superfície inferior. Não afirmamos com isso éla mesma consista de células mas éstas são apenas as fôrmas das células *P'dermais. A exocuticula é a camada ma's fórte da cutícula e é formada de quitina. Mos- colorido diferente, amarelo, marron, verde ou mesmo azul. Coloridos extraor- **>narios são raros, como por exemplo, côr de rósa, \noleta, cm alguns e.xemplarcs Otostigma scabricauda e dcmelloi. A exocuticula está situada debaixo da r/>i- ^Jtcula. constituindo uma camada mais grossa, lisa ou denticulada, conforme os ^'Versos locais morfológicos. Nunca obserA^amos preto. Com H.-E. demonstra colorido violáceo e vermelho ou amarelo com Mallon’. Nos locais onde há «lenticulos, encontram-se estes situados numa zona homogênea de peles finíssimas, conjunto forma impressõees hexagónais, causadas pelas células cndocuti- ''ílares. A endocuticula: Ésta é a camada mais grossa oríunda de muitas camadas fi- **'*?imas, sobrepostas como folhas de um libro, Nos Quilopodos a cutícula tem di- espessuras nas diferentes partes do tronco, sendo mais grossa nos tergitos ^^lernitos. Entre os tergitos e esternitos como também nos pleuritos ela se »Tina ■'^qui se distingue em esclerítos, ilhas quitinósas mais grossas, e membranas. finas, flexiwis e transparentes. Nas ultimas a exocuticula é finíssima, de mo- ” nue ésta parte é muito movei e flexivcl, permittindo ao animal movimentos la- de baixo para cima, e vice-versa. A endoaiticiüa é 8-10 «zes mais grossa a exo-e epicuticula juntas. Constitue camadas lamelares sobrepostas em nu- ^0 de 20-30 mais ou menos. Geralmente as lamelas são ligeiramente onduladas, **^^ndo p^lelamente á exocuticula. Entre a camada lamelar existe ainda uma substancia que corre em sentido oposto. Ésta na coloração de Mallorv’ é •J^lhada enquanto que aquela é azul pálido. Com H.-E. ambas as substancias 0 basilar a camada lamelósa se condensa. Na camada lamc- 1 alguns logares, células bastante grandes, com núcleo c . Quando amontoadas, os limites intercclulares se tonnm r.3 106 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII As células, de preferencia^ se aproximam mais á exocuticula. Além destas células encontramos na camada lemalar células sensortais, bem nitidas, cobertas por uma célula protetora transparente. Os apendices setisoriais destas células per- furam a exo-e cpicuticula, terminando na periferia externa em crateras, tubérculo* ou cm espinhos. Os canais das células trichogenas também percorrem cm linha reta toda a cuticula, terminando num aculeo ou pêlo. Além desses elementos encontra- mos substancias luzidias, rcfringentes fortemente á luz. e que pro\-avelmente são elementos secretoriais semelhantes ás substancias graxas (é pro\'avcl que conte- nham elementos cereos). Pseudópôros perfuram toda a cuticula. A membrana basilar: A membrana basilar envolve as células epidennicas comuns e as células glandulares da epiderme. c) Apendices da pele: O esqueleto qu tinóso é perfurado em toda a super* ficie por muitos poros e canais que servem principalmente para a respiração cu- lança, que ainda é bem desenvolvida, principalmente porque o sistema respirató- rio traqucal ainda é muito primitivo, sendo necessário um exercido ativo, afim ^ garantir um arejamento dos orgãos internos do animal. Distinguem-se canais de 2 tipos: — os que deixam passar os nervos dos p* los e aculeos sensoriais, e os canais que scr\’cm de saída ás glandulas cutaneoS Estes últimos atravessam a> camada lamelar da endocuticula, formando aí m’’ taso capilar muito fino. Pêlos: A olho nú a superfície dos tergítos, estemitos e das patas parece desprovida de qualquer pélo, sendo mais frequente se dar este fato com o* Iiscolopendridcos. (Vide fig. 21). Comtudo um aumento de 300 vezes mostra muitos pelos finíssimos, dispôsto* irregularmcnte. AunKntam em proporções nos diferentes logares do tronco, priO' cipalmcnte na cabeça, onde já póortfêni Colorido da pele: Quasi todos os Quilopodos ostentam colorido intenso. mais ou menos uniforme. Varia gcralmentc dc um amarelo claro a um ^**^lbo escuro, em todas as transições como o amarelo luzidio, amarelo escuro, ^^l^^lho tijolo c vermelho sangue. Os tons nzinhas tendo o mesmo nivel destas, ou então se aprofundam na epi- como já disse, sendo maiores e arredondadas. Glandulas culancas pluricelulares: Na formação das glandulas mulíicelulares ^■ntrani muitas células, de igual ou diferente construção. Distinguimos: ^ Placas glandulares: cujo tipo vemos nas glandulas das coxopleuras dc Qui- ^Podos, capazes de eliminar uma substancia cericigcnica. Formara sempre um '^Po poroso, nitidamente delimitado, reto, pouco convexo ou concavo; Peixes glandulares: células afundadas entram an contacto fisiológico co- Seus canais secretores reunem-sc em feixes c terminam na pele numa placa 1'^urada por muitos poros finos: (glandulas labiais dos Quilopodos). Glandulas ocas, profundas: pertencem ás placas ou aos feixes glandula- ' estando sempre aprofundadas na epiderme. Não possuem canais que comuni- eoni o mundo exterior, terminando pelo contrario, num atrio comum, numa glandular, revestida dc uma intima cuticular. A membrana basilar da ^^emie reveste estas glandulas por fóra. como a membrana própria. um destes três tipos de glandulas multicelulares pertencem: 1. glandulas dos estemitos; 2. glandulas coxais c aneds; 3. glandula de veneno; 4. glandulas dc segtncnlos cefálicos. T? * evidente que nem sempre estes tipos aparecem nitidamente. Pelo con- muitas vezes, os três tipos se confundem c formam desta maneira glandu- ^^^^Pástas e complexas. As glandulas tambcm não estão estrita e cxclusiva- . ' distribuídas nos logares mencionados, ainda que sejam encontrados prin- nos mesmos. glandulas dos estemitos: Nos Geofilideos éstas glandulas são isoladas ou loadas em feixes ou em placas. Seus canais ttrminam numa peneira de que formam um campo poroso delimitado no meio do estemito. O campo • vezes, ser rodeado por um anel de quitina. íi„ especies possuem 2 pares de glandulas em cada canto do esternito. ^^hendyla sómente as placas anteriores são pro\ndas dc glandulas. Cada 67 110 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII glandula têm seu canal proprio, muito fino e comprido. O núcleo fica no fundo da célula. A glandula é rodeada por fibras musculares estriadas que, com sua contração, auxiliani o esvaziamento da mesma. O suco secretado mostra colorido variavel. Em Himantarium Gabrielis côr de rósa (Gottasinhas côr de rósa) ; em Choetechelyue côr mais clara. A secreção destas glandulas também possue poder fosforescente em alguns anima's. não se sabendo ainda, si a fosforescência é de- vida á própria secreção ou á existência de baterias como já mencionamos: — Scolioplancs crassipes. Glandulas coxais e anais. Os Geofilideos possuem muitas glandulas coxens, porém sómente 2 anais. Os Lilhobiideos possuem glandulas coxais nos ultimos 4 pares de patas numa serie enfileirada, mais raramente em duas séries, ou entái’J são irregularmente dispersas. Nos Ephnorfos sómente se encontram nas coxopk**'* ras das ultimas patas; terminando livremente na superficie nos Escolopendro- mórfos. Nos Geofilideos as glandulas coxais se encontram nos lados. Pódem estar | superficie ou nas ca\ndades. Êstas cavidades se encontram no lado interior da* coxas ou na péle intermediaria perto do segmento anterior. Os canais glandulares pertencem a um feixe de cclul^, são largos mas ctif tos nos Lithobiideos, compridos e finos nos Epimorfos (Veriioeff). Em rostoma principiam com um alarganwnto arredondado, sendo a parede engt^' sada por meio de filamentos espirais. A parede é recoberta por cabelos, que tram a secreção. A importância das glandulas coxais ainda não está esclarecida sufic’cnttropicais. Qua«i todos os QuHopodos mordem cm defeza própria, inoculando '^cno. \ mordedura, não tem outras consequências, sinão dôres intensas, infla- locais, que são neutralizadas com aplicações de amoníaco. .A picada c para insetos e outros animais de pórte pequeno, produzindo sempre a imo- **açâo absoluta da vitima. Í*^ic3 resultados até hoje obtidos, quanto ao estudo do veneno c de sua com- N*o quimica ainda são muito escassos. Os A.A. da Europa geralmentc usa- ^ para as suas experiencias animais pequenissimos. os Lithobiidcos. O Lilho- ®ícança apenas o tamanho de 3-5 cm.. E’ claro que o efeito produzido pela ^^ura da lacraia de 20 e tantos cm., dada a igualdade de veneno, deve ser jj^J^tavclmente maior e mais grave. Plateau (1876), MacLeod (1878), (1898), Faust (1919), Frederico (1924), Martini (1923), Ve- (1925) fizeram estudos e experiencias, principalmcntc com Líthobius. *^izendo-se frequentemente quanto aos resultados. (1904) diz da escolopcndra : — “Fait des morsures tres doulou- ^ chez lliomme avec oedémc de la partie atteinte”. » G9 112 Memórias do Instituto Butantan Tomo XIII Faust (1906) afirma que a natureza quim'ca deste veneno e os seus com- ' ponentes ainda são inteiramente desconhecidos. A mordedura das Escolopcn- dras europeias, pequenas, pro^^ocam no homem, sómente fenomenos locais, q«^ se manifestam em forma de pequenas inflatnofões. No verão, porém, a afecçáo é mais grave que no inverno: — verificam-se injlanuj^õc^ locms muito graves, que se alastram por todo o membro. Não foram porém verifcados sintotnJS gerais. Heymoxs (1925) diz mais ou menos o mesmo, referindo-se aps Lithobii- deos. "Geralmente não pódem perfurar a péle humana: si o conseguirem, con* ' tudo, verifica-se ap>enas dôr passageira”. Calmette (1905), Martixi (1923), Eysell (1924) nos dão a^ mesmaS referencias. Balei de Castro (1921) descreve mais detalhadamente um caso de mof* dedura numa perna, produzido pela Scohpcndra hcros. WooD (1866) fala numa criança de 4 anos, que morreu devido á mordí* dura de uma escolopcndra. Sebastiany (1870) cita 2 casos ocorridos pela ferroada da Scolopenàf* nwrsitons: — em uma, criança de 8 anos e num homem de 49 anos. Vcrific*' ram-se intensissimas dôres locais, vómitos, dôres de cabeça muito fortes, tof* nando-se o local afetado muito vermelho, com uma aureola preta no centro, daO' do-se também uma “inflammation des vaisseaux IjTnphatiques”. Hirst (1920) e Castallani (1919) não referem nada de novo. Chalmers (1919) menciona diversos casos mortais. Descreve da segui*’*^ maneira os efeitos gerais: — “Effects of the venom. The poison causes lo*^ and general symptoms. At first there is itching, but this is quickly followed ^ intense pain. which extens all over the limb. A red spot appears at the side of the bite, which enlarges and bccoo’^ black in the centre, and sometimes there are lymphangitis and lympliadeflt^ The general symptoms are great mental anxicty, vomiting, irregular pulse, d>* ziness, and headache”. OwANo (1917) e Corxwall (1915) tentaram estudar a natureza quin*^ do veneno. Não podemos considerar os trabalhos deles como sendo conip^ tos, po’s fizeram sómente experiencias cm animais. if* Scunee (L(LL) descreve melhor o efeito do veneno da Scohpendra sitatts. Parece que todos estes AA., prescindindo de proprios estudos e experieO' o que é muito desculpável, dada a dificuldade de arranjar material vivo, 70 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 WoLFGANG Bccherl — Os Quilopodos do Brasil 113 complicações dificílimas de um estudo farmacologico detalhado, repetem mais menos o que Dubosq (1898) já tem descrito: “L’homme est trés sensible au venin: mais les effects s-arient selon 1’epoquc. hiver la morsure provoque une petite élesmre ortíeé disparuc une hcurc aprcs". Continua, dizendo que no verão •. — “L'inflanimation pre^resse pendam *^tc-six, quarante-hu't heures ou meme 3 jours et s’étend loin de 1’endroit P*qué. Une morsure á un doigt cause 1’enflure de toute la main et de la moitié ^ la\-ant bras”. Hase: — “(über die Giftwirkung der Bisse der Tausendfüsse, Berlin- in Centralbl. für Parasitol. und Baktcriol. und Infektionskrankheitcn, 1926 e 1928), tendo sómente á mão Lilhobüdcos c Escolopendrideos de tamanho ®üito pequeno, fez cumtudo experiencias relevantes cm seres humanos e al- em si mesmo. Verificaram-sc sempre dôres muito violentas, no mesmo ins- **’*’^i em que as pinças perfuram a pele. Em seguida originam-se pustulas e cm- seguidas por hemorragias locaLs. Das duas aberturas, feitas com as pinças, s^a um pouco de sangue, ma- '*'|«stando-se um eritréma, causado pela hiperemia no local afetado. A venni- é muito intensa seguida por forte hemorragia. conseguiu fazer um estudo comparado do veneno de Lilhobiidcos e ^olopendrtdeos. Chegou á conclusão, que se trata rcalmente de venenos espcci- sendo o dos Escolopendrideos muito mais eficaz. Chegou mesmo a afirmar a composição do veneno varia entre uma especie e outra. Teriamos então um paralelo com o veneno ofidico que também varia de especie cm especie, l'-'dendo naturalmente haver certo parentesco entre o veneno de algumas espe- ’ de outro lado um maior afastamento entre o de outras espedes. . ^ase chegou á seguinte conclu.são: que as cspecies morfologicamente pare- podem perfeitamente ter dijercn(as toxicologieas. Si juntarmos todos os resultados, obtidos em conjunto, pelos AA. citados, falar de 2 fases, que ocorrem num indivíduo mordido pela lacraia. *) fase local : principal: pustulas, empolas; eritrema, vermelhidão acentuada; dôr violenta, e persistente até o 3.° dia. secundaria: a ferida sangra um pouco; hemorragias fortes; inchação do membro. 71 .ã cm 2 3 4 5 7SCÍELO, ;l1 12 13 14 15 16 17 114 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII b) jase geral : vómitos ; aceleramento do pulso; dôres gerais; inchação do membro inteiro; dôr de cabeça violenta; distúrbios nervosos; (Eventualmente sucede a morle ou paralisia leni pararia quando se trata <1* uma lacraia tropical de tamanho grande e quando a vitima é de constituição frac* (cr'ança) (Verhoeff). Glândulas cefálicos: Encontram-se na Escolopendra 2 glandulas taringea* nas, cujos canais de saida estão situados perto do labro. Além disso existem 4 qlaudulas maxilares, muito grandes, que vão para dentro dos segmentos tronco, terminando as 2 primeiras ao lado da hipofaringe e as 2 ultimas na chap* externa do coxoslcrno dos segundos maxilares. Éstas glandulas se dividem em muitos lóbos, envoltos pelo tecido conjuntivo e abastecidos por vasos sanguineoSi traqueas e nervos. Função das glandulas cutaneas: E’ claro que as glandulas pódem entrai em atividade quando irritadas pelos centros nervosos. Para que isto se dé, ‘ necessário que os nervos se comuniquem de fato com as glandulas como vimo* nas glandulas maxilares ou salivares. Ésta comunicação ainda não con->l^ quanto ás outras glandulas, de modo que se póde afirmar que elas se encontram cm função continua, óra despejando seu conteúdo, óra coligindo e conscrv’and® a secreção c acumulando este fluido. A própria secreção depende muito de fatores do exterior, principalmentc m** QuiloMdos, que são animais de sangue frio. A importância das glandulas a vida destes animais ainda não foi estudada. Ésta lacuna no nosso saber ^ tanto mais persistente, quanto é dificil, fazer uma analise dos componentes secreções. Pondo em ordem as glandulas, conforme a sua função fisiológica organismo do Quilopodo podemos distinguir entre; a) Glandulas exuviais: ainda pouco estudadas, de suma importância ^ ato da renovação cwticular (eedise). b) glandulas salivares: cuja secreção auxilia a digestão; c) glandulas ccricigenicas: em muitos Lilhobiideos ; d) glandulas de veneno; (todos os Quilopodos) ; e) glandulas fosforecentes ; (Geofilideos). 72 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 WoLFa\NO Bücheri. — Os Quilopodos do Brasil 115 f) glandulas de oleo graxo: que impedem que o corpo se humideça com *gua, o que é muito importante para a respiração cutanea. g) glandulas de adesão: cuja. secreção possibilita a adesão das patas dos Q^üopodos em paredes lisas: Escutigerideos. ORGÃOS SENSORIAIS Os orgãos scnsorials são receptores, prosndos de células sensoriais, que tõdetn perceber certas irritações do mundo exterior, transnütindo estas irrita» ao sistema nervoso. Os elementos essenciais destes orgãos são as células *^»soríais ou células ner\'ósas sensoriais, de uma ou mais neurofibrilas. O Piasfna e o núcleo désfas células estão dentro dos pêlos ou aculeos sensoriais, ^iíélio ou siAepitelio. /Vs células nervosas sensoriais têm a capacidade de ^«r/orijiar a irritação do meio — ambiente em excitação nervosa. Pódctn ***titir fibrilas para a periferia ou para o interior dos pêlos. Células sensoriais simples sem outros aparelhos auxiliares são raríssimas nos ^^ilopodos. Ouasi sempre as células sensoriais entram cm contajcto com forma- ^°*s cuticulares, que lhes scr\’em de adjutório, aumentando as irritações ou trans- ***^lindo-as d’uma maneira apropriada ás referidas células ou então colaboram reforçar a excitação central. São os pêlos, cerdas, estiletes, aculeos, etc... Conforme as irritações do meio ambiente podemos também distingu'r os ^^^ttores das mesmas: ^^lações quitnicas: ^'°Çôes mecânicos: ^ da temperatu '^^òes luminosas: 1 . 2 . 3 . 4. 5 . 6 . 7 . 8 . 9 . orgãos olfativos, orgãos gustathvs; orgãos táteis; orgãos estáticos; orgãos do sentido do movimento e da posição; orgãos auditivos; orgãos do sentido da temperatura; orgãos do sentido da luz; orgãos do sentido da dôr. Tod bs — - estes orgãos são compostos de papilas nervosas, isto é : uma células sensoriais se reunem num grupo, estando munidos de aparelhos com os quais formam uma unidade funcional. Conforme estes apa- ^ auxiliares distinguimos: ilG Memurias do Instituto Butantan Tomo XIII a) papilas de pêlos: b) papilas de aculeos: c) papilas cônicas: d) papilas em forma de placa: e) papilas côncavas: Sensilla trichodea; ” chactica; ” basiconica; ” placodca; ” coeloconica; 1. Órgãos olfativos: São orgãos qucmorcceplorcs. Orientam o organ!sin®i sobre outros corpos que desprendem odor. Xos Quilopodos temos os cstdctfS | das antenas, que exercem ésta função. Existem principalmente nos articulo* finais, em duas series longitudinais, uma cm cada lado. Póde haver uns 20 estiletes. Estes pódem estar em cima de tubérculos, pqpilas cônicas, ou então nascem numa cavidade: papilas coeloconicas. Taml>em pódem estar ausente» cm alguns generos. Os pêlos e estiletes olfativos aumentam perto da'ponta daí antenas. Existem também em redor da boca. principalmente nos palpos 0*^ maxilares. Vide fig. 24. 2. Orgãos gustativos: Estes orgãos ser\em e.xclusivamente á jun(^ nutritiva, e, portanto, acham-se colocados sempre perto da boca. Reagem conü* elementos, geralmcnte diluidos, com que estio em contacto imediato. Xaturalmcntc póde liavc exceções, e é bem proravel que se descubra*® ainda orgãos gustativos justamente nos logares, menos esperados. Por enqua»*® muito jK)uco sabemos á respeito destes orgãos nos Quilopodos. Porém ê ju-'*® prcsupô-los principalmcnte nos palpos dos ma.xilares. Pudemos descobrir gustativos nas mandibuhs de muitos Parotostigminios. 3. Orgãos táteis: coincidem nos Quilopodos com os orgãos olfativ®*" Assim mesmo as antenas e nos Lithobiideos e Geofilideos tamlxm as ulti*®** patas servem de orgãos tate s. o que ê bem comprecnsivel, si levarmos em coU*** que os Geofilideos gosam da faculdade dc correr para trás. sem \nrar o corp®" Orgãos estáticos e orgãos de sentido da posição ainda não foram estudad^ sendo sua existência, porém, quasi certa. 4. Orgãos auditivos: Porter cm “Estúdios sobre los Miri:qx)dos nos’’ diz, que ainda, não foi encontrado um orgão auditivo especial dos podos. Irá não ser que o orgão de Latzeu, pequeno saco qu tinoso, situado região inferior da, cabeça de Seviigera, seja um orgão auditivo. O orgão, a ^ ele se refere um pouco confusamente, deve ser o orgão maxilar da situado cm duas depressões laterais da placa basilar do primeiro maxilar. Xe^*^ 74 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 WoLFGAXG BCr.HEuL — Os Quilopodos do Brasil 117 *^vidades existem pêlos e cerdas bífidas. Abaixo das duas depressões encon- tram-se ncuronios. O orgão é completamente coberto por uma pélesinha muito fnia e ondulada. As ondas acústicas fazem os pêlos vibrar. Como homólogo ® este oigão maxilar dos Escutigerideos existe nos LithobUdcos um orgão frontal, *bndo em ambos os lados das fontes. Estes orgâos são crateriformes. ^> 0 » Escolopendridcos são bem redondos' e tão aprofundados no tecido que chegam mais a tocar a quitina. Perderam portanto, o contacto com o mundo '*tcrior, permanecendo sem função. ^^os Geofilideos o orgãc frontal está inteiramente ausente. ^•os Liihobiideos u orgão frontal ê bem caracteristic'). Veriioeff o descreve seguinte maneira: “Xos Lithobiideos o orgão frontal tõmõszvryano fica situado ,as antenas e os ócelos,- porém- mais ao lado ventral. E’ constituído por anel redondo, duplo ou quadruplo, que protege uma membrana finíssima c **’**'*'> sensível, em cujo meio encontra-se uma jorma^ão crateríforme que cons- utn verdadeiro tímpano, o orgão auditivo". Isto airda c confirmado pelo de as formas cegas dos Lithobiideos terem descn\-olvido ainda mais este orgão. PoRTER, pelo contrario e com menos razão, opina que o orgão de Tõmõsvar>- um orgão olfativo. Fisiologicamente um timpano c pouco apto p.ara per- irritações quimica«, ma« sim irritações mecanico-acusticas. Ainda não foi estudada a ex'stcncia de orgãos do sentido da temperatura. 5. Orgãos do sentido da luz: Em muitos Escolopendridcos encontram-se ■•s variaveis em numero e agrupados aos lados da região cefalica. Geralmen.e ^ ^los são 4. sendo dispostos diagonalmente, o ultimo um pouco mais distante ^'^Iros três e também maior. elementos fotoreceptores, as células Ansuais, são de origem ep dcrmica. ®^«ando de papilas bipolares. Cada célula visual consta de uma fileira de e d 'um nervo otico. orgãos visuais dos Quilopodos são ocêlos simples. .-\ contea ê nir\-a. ^ cndo as lentes ser côncaao-ctanvexas. bicômxjxas e planocons^cxas. É.«ta da incurseição pódc ser verif cado num e mesmo animal, de modo que visão dupla e até mesmo tripla, ajustada para todas as distancias. ^enntra-se também um corpe cristalino e um rhabdoma. ^ olhos dos Escutigerideos são os mais perfeitos de todos os Quilopodos. t ’ ®fgâos \dsuais são pseudofacctados, de modo que as lentes ostentam fonna ^otial. ' Ocelos são constituídos da seguinte maneira: 118 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Um grupo de células suais se reime, entrando as suas fileiras de esti- letes, também denominados rhabdomas, em união funcional. Sobre o rhabdonrt encontra-se o aparelho dioptrico, que colhe e quebra os raios luminosos. Os Qtãlopodos possuem ócelos simples, como j.á disse, isto é: uma ou mais célula* visuais estão providas apenas de um aparelho dioptrico. Este aparelho consU da comea, lentifonne ou redonda, formada pelas células corneagenas epidermai» A comea origina-se da cuticula. Quasi sempre, quando se tira a cuticula do animal, tk'sprega-se a comea. Gkekaciier fala nos Escolopendridcos de células cristaloides^ que formam um corpo vitreo. Verhoeff põe isso em durida, achando que se trata da camada comeágena, que denomina lentigena. O aparelho dioptrico permite que os raios luminosos, vindos de uma direção, sejam colhidos e transmitidos, concentrados e reforçados, ao rhabdotna. ^ aparelho dioptrico reforça, portanto, os raios luminosos. Xesta função ainda ® secundado pelo pigmento, que se encontra em redor da com.ea, excluindo f*’ jutros raios, que vêm de outra direção. Nos Quilopodos as células da retina formam uma cavidade redonda, em cujo fundo entram os nervos znsuais. No centro, diante das células visuais, estão os rhabdotnas, cujos estiletes estão dispostos transversalmente nos Escolopendridcos, vcrticalmente, portanto, aos raios da luz. Nos Lithobiideos os estiletes são radiais. Os ócelos estão em imima relação com o progresso da reno\-ação cuticulaf- Ésta renovação é muito frequente nos animais jovens e adultos. A camada comeana tem um risco no centro. Este é fechado antes da renovação cuticulafi afim de dar origem a uma, nova córnea. O interior dos estiletes contém plasnt^ granuloso. Neste conjunto podemos nos referir ma,is uma vez, á sensibilidade geral do* Quilopodos contra a luz solar direta, que é mortal para quasi todos eles. N*** é uma fotorecepção, no verdadeiro sentido da palavra, porque esta é afixa ao* ócelos, mas antes, uma percepção mecanica dos raios ultravioleta, nocivos. Cout® os Quilopodos não possuem geralmente pigmentos pretos nos tergitos\ não' podet» impedir completamente que estes ultraraios atravessem seu corpo. Por motivo são obrigados a se refugiarem, durante o dia, em logares sombrios. 7fi cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 SciELO cm Ki(. S ScaUttndr» vtrUuonit NEWPORT. Plac» Kfalica coa u amou*. 9/1 2 — OlhcM. J — Placa ccfalica rirta do lado inlmw. 4 — Sulco* Ion(ituditiai>. 5 — Labro. 6 — Qipco. 7 — Picurito principal. S — Picurilo xcttndario poitcnor. ^olfc.vno Büchehl — Oi Quilopodos do Brasil Mem. In«t. Btrtantan Voi. XIII 1939 7 W.^uc\trX Mcm. Inst. BaUi^^r WoLPGANG Blcherl — Os Quilopodos do Brasil Vol, XIII — \9S9 W. Dwclicrl Fi». S Sc 0 ÍPf^dra viri4i. 2 — do bastão. 5 — Triângulo. 4 — Articulação. 5 — Filexra d« oentc»* rêlo» tatei». 7 — Cerdas lonns. divididas. SciELO 78 n-fa WoLFGANQ Bucherl — Os QuUopodos do Brasil Vol. XIII — Fic. 11 Scoío^tndra vi*i4Ú0rmis. Seftsodoe maxilares Com palpo triartkulado. Aomento 2i/l j — CsxottcrDunu 2 — laciaio do trochantcr. 3 — Palpo triarticulado com farra tenaioal. qoe serrem de escora. SciELO «OLFGANG BCxherl — Os QuUopodos do Brasil ^lefXL Intt. Botanun Vol. XIII — 1939 Fif. 12 Scotffpmért viri^tcümit. Fortipolas vistas 4o lado dMsal. Aomvnto 25/1 * " Coxulcniuin com pixu dratiri»». 2 — Solco» qaitinoK». J — InciOo do tracbantCT. 4 — Artico]acã& 5 — TdojiodiU). 6 — Atoilhõ» com una] de rtncno. cm 2 3 4 5 6 7SCÍELO, ;l1 12 13 14 15 16 17 WoLKG.vxG Bucherl — Os Qttilopodos do Brasil MezD. In»t. VcJ. XIII 65 a- Fi», 13 Scoioftmára firijúornis. Corte tranrreríil tUirH d» flandnla de reneno (Cd. H E. 5 micra) Aumento < 1 — Musculatura etrterior. 2 — (JUndula» de Tetictx). 3 — Ma«eulo« intcrflandulares. 4 — Ca deferentes. 5 — Csnal deferente coraom. 6 — Bcner.to toxko. Fif. 14 Scoi^pmJra viri«i^<^rNt/. Tergito coo estigma plenral. Aumento lS/1 1 ~ Sulcos episcutais. 2 — Pretergito, 3 *— Fstigma. 4 — Fileiras de glandulai cu? SciELO «OLFGANG Bücherl — Os Quilopodos do Brasil M«m. Inst. ButAntan VoL XIII — 19J9 1 W t)»erl Fif. 15 Scoio^€n4rú viriduornis. Aoxncntc 14/1 * ~ Suloot locgitodiiuJ». 2 PUcaA irtercAlarrs. V/f euras rif. 16 ri\anto 'k wn »efTDctito trooco. Atimcnfo 12/1 cm 2 3 4 5 6 7SCÍELO, ;l1 12 13 14 15 16 17 WoLFGANG BCcherl — Os QuHopodos do Brasil Menu Inst. VoL XIII — 1919 Fiic. 17 Sccíof>en4Íra xHndUornis. Pteurito com pata c c»tiftno. Aometito 10/1 I — Kstifrmo. 2 — Anopleuras, 3 — Cotopleunu 4 — Prccoxa. 5 — Coxa «operior. 6 — Co** inferior. 7 — Mctocoxo. 8 — Trrchanler. 9 — Prefemur. 10 — Fesnur. 11 — Ti^io. 12 Taroo 1. 13 — Tar*o 2. 14 — Garra com dois tsporces. SciELO Mem. Inst. Butantan ''olfgang BCxherl — Os Quilopodos do Brasil \'oL XIII — 1939 Fi*. lí Scoiaf^drm viridicamii. 21.* jar d« extmm'l*de*. 25/1. W. BwcKerl ! 85 Mem. Inst. WoLFGAKG Bückerl — Oi Qiülopodos do Brasil VoJ. xm — I9J» Fie. 19 Tngcn^cíypieps ikrrtnff%, 21.* paU com fileiras de dentes quitinosos no fcmnr, tibU ' ' 1.» Uno. 15/1 "! 2 3 4 5 6 7SCÍELO ;l1 12 13 14 15 16 17 ^'0Lrc.VNG BOcherl — Os Quilopodos do Brasil Mem. Inst. Batantan Vol. XIII 1939 'fS'^ Fif. 20 Scoíú^tndra tiri4icormis. S«finef)to« prcvenítal, fenital e a&al macbo^ lS/1 W. S^ch^rl Fif. 21 viridicornis. Pcloc e cerdas do artictilo terminal do 2.* maxilar, 25/1 cm 5 7SCÍELO ;l1 12 13 14 15 16 17 WoLFGANG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 131 IV. Organização interna dos Quilopodos NOTAS PRELIMINARES: Exames macro- e microscopicos: legião cejaUca: Xa regão cefalica vemos nos cortes microscopicos diver- camadas musculares, a aorta cefalica, rodeada por traqueas; o esôfago e as ®'*'®ssuras subesofageanas. Catnada muscular: distinguimos feixes dorso-laterais, que se in>erem no dorsal externo e correm ao centro do corpo, um feixe grosso de cada lado. “cs feixes musculares demonstram divergência acentuada de fóra para dentro. ‘ * 1 nha mediana dorsal inserem-se outros 2 feixes dorso-laterais, mais finos Os primeiros, demonstrando divergência contraria àqueles, de maneira que ^to os externos como os internos se encontram no centro, formando assim dois ^^9ulos dorsais, cuja base se encosta na cuticula dorsal. , ^'estes triângulos encontram-se feixes de musculatura longitudinal, muito con- ^cotes. Museulos longitudinais encontramos também no lado ventral do esôfago. *^ofago é rodeado por uma camada espessa de museulos finos circulares exter- , c museulos longitudinais internos. Na região esofageana anterior encon- ^*mos ainda, no lado ventral dois feixes de museulos logitudinais, que se encos- ^ "a muíailatura circular. Todos estes museulos são estriados, aparecendo *’**Jamente, com a coloração de Mallorj- as estrias transversais vcnnellio-escuras. 0 resto do musculo azul escuro arroxeado. Com a Coloração H.-E. os '^los são vermelho pálidos, sendo bem nitidos os seus nuclcos azueis, ccni ^ ^do granuloso. Os núcleos dos museulos longitudinais mostram grand' ^■^iistencia, enquanto que os dos museulos dorso-laterais são oblongos com a ^*^tina dividida cm flocos. E’ interessante notar que num feixe dorso-lateral '''icleos se encontram todos enfileirados, ocujiando uma zona me-amos os v^sos malpighianos. As glandulas genitais a.ccessorias estão *^das ao lado do tubo digestivo, demonstrando um conteúdo granuloso com pequeníssimas coloridas de vermelho-vivo. Até aqui os exames -mi- '^0‘copicos gerais. Os Miriápodos c Quilopodos comparados com outros grupos de ínverte- têm relati\amente pouca influencia sobre o homem. Daí provêm em ^^riro logar o fato, de serem tão pouco conhecidos, mesmo pelos cientistas. •gnorancia é ainda muito maior, no tocante á morfologia inferna, á fisiologia, ^ ^ologia e á ecologia. Mesmo os especialistas, perckndo-se não raras vezes, em *^-«itatica pura, — como tem acontecido com o benemerito Brõi.emann' nos trabalhos relativamentc ás espccies bras'leiras, trabalhos estes feitos no *^****Vi deste século, ignorou quasi de todo a biologia destes animais. Desta ^**ocira obtivemos, como resultado dos trabalhos dos mesmos, catalogos de y»nina nuda”, baseados simplesmente em característicos externos, como o colo- os espinhos de certas regiões do corpo, o tamanho do animal e os artiailos * *ntenas. óra, quasi não se encontra outro grupo de artrópodos, onde justa- estes característicos sejam mais variavTÍs. ^ resultado de todas éstas tentativas foi grande decepção para os leigos ^^^sunto, uma desconfiança baseada cm bôas razões para os especialistas cm * um litigiar ininterrupto, debates contínuos, entre os especialistas. ^4ra não incorrer neste mesmo erro, após ter descrito a organização externa ^ Qftilopodos queremos tratar neste capitulo a organização interna, referindo- *®*’Prc ás nossas próprias experiendas, em cortes histolc^'cos do sistema (Jo tyjjQ digestivo, do aparelho circulatório e excrctor, das glandulas etc.,, j^Acrc^entarcmos os resultados de nossas observações, também sobre a fisio- “ biologia, como aliás já temos feito no capitulo anterior, azendo um córte longitudinal, através dos tergítos, podemos observar a localização dos orgãos internos: no lado dorsal: uma camada de mus- Uiloj ^ • atravessada pelas traqueas respiratórias ; um pouco abaixo : o vaso dorsal ; aparece o aparelho genital, envolvido no corpo gorduroso; segue 4 Ca ? digestivo com os vasos de Malpighi ; finalmentc no lado de baixo : ^*a ganglionar ventral. ^^notação de ar é produzida por contrações do A*aso dorsal c do tubo e ainda pelos movimentos do animal. Assim sempre se dá um 91 134 Memórias 9*^ e na cadeia ganglionar ventral, que principia na cabeça. 92 cm 2 3 SciELO 3 11 12 13 14 15 16 WoLFGANO Blxherl — Os Quilopodos do Brasil 135 A massa cerebroide compreende 3 pares de lóbos ou gânglios que corres- P*^dem a outros tantos segmentos primitivos, cefálicos. O colar esofageano rodeia o esôfago. A cadeia ventral se compõe d'uma serie de gânglios, colocados em todo o *®*®primento do corpo, primiti\’amente pares, soldados quasi inteiramente, cor- respondendo um par de gangl os a cada segmento. A massa cerebroide dá origem aos ner\‘OS, que se distribuem pelos orgãos eabeça, e aos que enervam o tubo digestivo. Cada gânglio ventral emite nervos periféricos, em numero de 4, que vão tnusculos e ás extremidades. 1. Aparelho respiratório: A respiração é aquela parte do metabolismo, que consiste na renovação dc ^«nentos gasosos sendo absorvido oxigênio, para que se possa verificar a oxi- ^ão das substancias alimentidas nos tecidos, eliminando o dióxido de car- que resulta desta mesma oxidação. A respiração póde ser dupla: quimico-capilar: é a respiração dos tecido t ^ células, dando-se a oxidação nos tecidos ou em sua superficie, impregnada «Icmcntos ferreos; e a respiração exterior; que consiste na renovação dos . * Kazes citados, produzida pelo organismo do animal c o mdo ambiente. Um **®'Plcs processo de difusão. ^•^âos respiratórios, seriam, portanto, aqueles orgãos dum animal, que a respiração exterior (Weber). N'os Quilopodos os orgãos respiratórios, as traqueas, ramificam-se progres- ^**'**>te, quanto mais penetram o corpo, colocando os canaliculos finiss'mos ^tacto direto com o teddo que absor\e o oxigênio. '*n»ifi, traqueas dos Quilopodos são de origem cctodcrm:U formando feixes *»t; •cados. São formados por tubos epiteliais finissimos, que por meio de comunicam com o exterior, tubo traqueal consiste: de uma intinui no interior, e du’a tnatris, no exterior. já dissemos, as traqueas são de origem ectodcrmal. Portanto, sua é igual á cuticula, sendo sómente a ordem inversa, permanecendo a *^K/a bem no centro, revestindo os filamentos espirais. Em seguida encon- Como 93 136 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII tramos a, epicuticula, que constitue a parede entre os filamentos. Em terceiro Ioga» temos a cndocuticula, que fórma a parede de fóra da traquea, dando á mesma a necessária dureza contra qualquer pressão de fóra, de maneira que o tubo perma- nece sempre alargado. (Vide fig. 25). Os filamentos espirais estão bem unidos um do outro. A traquea também não é uniforme em todo o seu comprimento, havendo 1'geiro alargamento que ar- mazena o ar. No lado exterior a traquea é revestida pela matria. Ésta consiste de cclulas cpilcliais achatadas, hexagonais, revestida por fóra por uma membrana basilar. Sómente pudemos obser\-ar uma matric fraca nos QuilopodoÀ, e isto exclu- sivaraente nas traqueas muito grossas, isto é, que permanecem bem perto do estigma. Quanto mais se afina e ramifica tanto mais fraca e imperceptivel tam- bém se toma a matriz, sendo já de todo imperceptivel nos canajiculos finíssimos das ultimas ramificações traqueanas. Também a inttnta enfraquece, permanecendo \nsivel sómente o jilamento espiral. (Vide fig. 25). Perto do estigma encontram-se 2 tubos traqueanos que logo se ramificam. A intitna é de natureza quitinósa. Perto dos tecidos os canalicuhs traqueanos se afi- nam ainda mais, o jilantento espiral desaparece e a traquea termina no tecido por meio de um traqucolo. A intima deste já não consiste mais de quitina, mas d’umâ massa coloidal, albuminoide, a traqueana (Koch). Os traqueolos já não contem ar, mas sim um liquido incolor. Este liquido exerce função importantissima, para a difusão osmotica do oxigênio. Quanto maior for o tecido, tanto maior será também sua necessidade de oxigênio e, con- sequentemente, tanto maior seu poder de sucção, que se toma perceptível através deste filtro liquido, de maneira que o oxgenio é aspirado. Estes traqueolos ainda não foram estudados suficientemente, prindpalmente nos Otosligmimos e Cryptopideos. Observei estes orgãos finíssimos, nos testículos como nas glandulas de veneno dos Escohpendrideos. a) Estigmas: Propriamente dito, estignux significa apenas o póro respira- tório uma fenda simples, por meio da qual as traqueas estão em contacto com o ar. Nos Quilopodos, porém, já não se encontram estes estigmas simples. Estão sempre rodeados por tatnpas, cálices, dobras e outros aparelhamentos, que per- mitem abrir e fechar o estigma protegendo-o contra a entrada de corpúsculos eS' t ranhos, como grãosinhos de areia ou poeira. Os estigmas variam a construção de família em familia e de genero em gê- nero. de modo que servem muito bem para a classif cação. Numero e posição dos estigmas também variam. WoLFGANO BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 137 Os estigmas nos Escutigerideos são 7, colocados na parte posterior dos ter- Kitos. São portanto, impares. (Notosiigincphora). Em todos os outros Quüopodos os estigmas se encontram nos lados pleurais, {Eleurostigmophora) . Os Lithobiideos possuem 6 pares de estigmas: nos segmentos 3, 5, 8, 10, 12, 14, Os Escolopendrideos possuem 9 pares de estigmas nos segmentos 3, 5, 8, 10. 12. 14, 16, 18, 20. Os Geofilideos têm outros tantos pares de estigmas, quantos são seus segmen- tos do tronco, excehiando o ultimo e o primeiro. Nunca se encontram estigmas *>os segmentos genital, anal e na eabeça. Acham-se colocados sempre mais perto tlos tergitos que dos esternítos, e sempre atrás da pata. Em alguns generos são ^ pequenos, que sómente com muita dificuldade podem ser descobertos. Os Quilopodos pleurostigmorfos demonstram estigmas de construção muito ^^riavel, podendo sempre ser dist'nguidas 3 partes prindpais: O peri trema; O atrio; O poro estigmal propriamente dito. Vide fig. 26. O 'peritrema forma um anel quitinoso, muito estreito. Está colocado numa Ciência das pleuras. O atrio em alguns generos está situado no mesmo nivcl das pleuras, ficando porém geralmente submerso. Suas paredes são providas de pelinhos curtos ou °otras formações cuticularcs, que formam uma especie de filtro ou tampa, ve- 'l^do o acesso de eorpusculos extranhos. A formação do filtro e a posição mais menos submersa variam de genero em genero ate mesmo de especie cm especie, 'lo maneira que é muito dificil dar aqui uma descrição exata, ficando isto reser^^ado P*ra a parte sistemática deste trabalho. O cálice também \-aria em profundidade. No fundo do cálice encontra-se o póro estigmal. No seu começo existem pe- 1®^ compridos, dispostos em forma de colar, que pódem obturar a entrada, per- ****nccendo livre apetus uma fendasinha muito estreita. (Fotomicr. 3). Atrás do póro estigmal encontra-se uma cavidadd, em que entram as tra- 9*'caj. Os Quilopodos anamorfos possuem estigmas alongados, com cálice profundo interior. Este mesmo fato se verifica também nos Escolopendrideos, diferindo Apenas pela forma mais ou menos triangular. 138 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Os estigmas dos Cryptof>ideos são quas: redondos. Em Heierostoma o atrío desaparece completamente de maneira que o póro estigtnal fica á mesma altura do peritrema (Verhoeff). Os estigmas dos GcofUideos são sumamente pequenos, em forma de funS. Conforme a construção do atrío e do cálice distinguimos: estigmas simples, alon- gados, redondos ou triangulares; estigmas^ em fórma de meia espiral; estig^ms de espiral duplo. Os estigmas são formados por quitina elástico. Nas paredes do atrío inse- rem-se fibrilas musculares, lisas; estas, coníraindo-se abrem o cálice; distenden- do-se. fecliam-no. Partem dos estigmas geralmcnte 2-6 traqueaj, que pódem anastomosar-se tto mesmo segmento ou então formam um tubo comum com a traquea do segmento seguinte. Quando existem mais de 2 traqueas, uma parte para o segmento da frente, uma para o segmento de trás, e as outras para o centro. Aí se anastomnsam com as traqueas do outro lado. Os tubos exteriores fornecem ar ás extremiebdes, para os tecidos pleurais e o sistema nervoso ventral. Os tubos interiores ramificam-se seguindo o curso do vaso dorsal. As ramificações entram também no ovário, nos testiculos, e no te- cido gorduroso. O primeiro c o ultimo estigma do corpo são maiores do que os outros. Isto é facil de entender, si levarmos em conta, que fornecem ar de um lado para, todas as peças bucais e glandulas cefálicas, de outro lado ao segmento genital e ás glân- dulas genitais secundarias e ao segmento anal. Interessante é o sistema respiratório dos Esculigerideos . E’ certamente um aparelho original em todo o reino soologico (V’er a prancha colorida). Nos 7 tergitos anteriores encontram-se 7 estigtnas impares, com um perítre- ma bastante saliente. Segue então o orifício estomatico interior, que dá para uma camara de ar, muito larga e sinuosa. Nesta camara entram mais ou menos 600 traqueias. b) Fisiologia do aparelho respiratório : Diz Verhoeff que quando o Qui- lopodo está cm repouso, move comtudo continuamente as peças bucais e as an- tenas. E’ claro que assim o sangue gira melhor, sendo as traqueas cefálicas com- primidas. O mesmo se verifica, quando o animal corre, sendo notável que as formas muito anastomosadas, por cujo corpo, portanto, o ar gira mais facilmente, {Scohpendra), são mais lentas e preguiçosas, emquanto que as formas, que têm poucas ou nenhumas anasiomoses (Anamorfos e Esculigerideos) são ageis r energicas. 96 WoLFG.vNC BCxherl — Os Quilopodos do Brasil 139 Xão podemos, porém, confirmar int^ralmente ésta observação do A. citado, ^os animais qu; observamos desde algxms meses verificamos justamente o con- trario. Abrindo a caixa, onde estão encerrados e retirando a placa de sua ca- verna, pudemos sempre observar, que continuam durante algum tempo, comple- tamente imóveis. Suas antenas não se movem. Seu corpo permanece colado ao chão. Assim ficam durante um dia inteiro sem mudar de posção. Podemos antes confirmar, quanto aos QuUopodos as opinião de Koch, verificando, que mesmo em estado de descanso perfeito, a difusão entre o ar das traqueas e o ar de fóra é perfeitamente suficiente para fornecer tamo ar fresco ^ organismo, quanto é. necessário. Também c du\’idosa a afirmação que a pres- são, exercida sobre as traqueas pelos movimentos do t-aso dorsal, do tubo diges- e dos musculos das extretnidades, aumente o arejamento das traqueas. As experiências de Kocn demonstram claramentc que mesmo os mosnmentos mais enérgicos destes animais provocam sómente uma graduação minima de ventilação tias traqueas. O caso já é outro, quanto á contração dos musculos, que se inserem nos tergítos, nos estemitos e nas pleuras. Si estes se contrairem, provocam um estreitamento do lumen do corpo, portanto o or c expulso; si se distendem, au- *nentando o volume das cazddades internas, o or se renova. A expiração, portanto, é atis'a, enquanto que a inspiração é passiva, .-\inda festa a pesquisar, si, nos Quilopodos nos quais se encontra anastomoses longitu- dinais de um estigma para outro, um .sers-e para a expiração e o outro para a '^Piração. O oxigênio entra nos tecidos pela difusão osmotica através dos Iraqueolos. O dioxido de carbono é eliminado tanto pelas traqueas como também através tl^ superficic inteira do corpo. A intensidade do consumo de oxigenio sobe gradatis-amente com a inten- ndade do tnetabolismo geral, de modo que um animal em descanso precisa me- **t>s oxigenio do que um animal cm continuo movimento. 2 . Aparelho circulatório Xotas preliminares: Ex. microsc. de cortes histol, com H.-E., v. Ceson e ^lallory. a) Aorta cefalica: Passa por dma do esôfago; é triangular, sendo seu '^teiido formado por uma substancia granulósa com col. roxa pelo método de Mallorj-. E’ a linfa. Observamos também alguns éritrocitos que formam como que *®na cadeioi ou uma aglomeração local. A aorta cefalica é rodeada por uma ca- 140 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII tnada epitelial, cujas células demonstram nudeos grandes com conteúdo granu- loso. No lado externo esta camada é rodeada por um sépto ondulado. Xo liqu do linfático encontramos ás vezes grandes vacuolos refringindo fortemente a luz. Musculans ausente. b) Coração: a niuscularis cardiaca consiste de musculos estriados. A forma do coração é oblonga, mais estreita nos lados. Xo coração observamos cé- lulas endocardiacas pequenas. As células pericardiacas são muito grandes coni membrana celular forte, e conteúdo pouco consistente, podendo-se distinguir mui- tos núcleos. As células exocardiacas cobrem toda arca entre o vaso dorsal e o tubo digestivo, formando uma espccie de triângulo, cuja base, muito larga, assenta no lado dorsal do tubo digestivo. O vasu dorsal é constituido por uma série de camaras cardiacas, que acom- panham em seu numero os segmentos do corpo. De cada camara parte um par de artérias laterais finas, das quais um ramo '■a' á região plcural e o outro ao tecido gorduroso. Podem-se ver as artérias até na ultima ponta da e-xlremidadc. Xa frente o vaso dorsal é continuado pela aorta cefálica. O logar de transiqão não pódc ser delimitado com exatidão. Desta artéria mediana saem 2 arcos la- terais (Crossas aorticas) que, indo para baixo e rodeando o esôfago, form.mi um anel completo, o anel sanguineo esofagiano. A artéria cefálica mediana continua para a frente, dobra para baixo e sobe por cima do esôfago, seguindo para trás o canal mais forte. Este, diante do anel esofagiano, divide-se cm 2 ramos, muito curtos e fechados atrás. São pro- vidos de forte musculatura. Contraindo-se continuamente, seix-em de bombas sanguineas. Nos Escolopcndrideos não obser\-amos estes 2 ramos. A artéria mediana confinúa entre o cerebro e o esofago, emitindo ainda 3 pares de artérias, das quais uma \-ai á região cerebral e os outros 2 pares á re- gião esofagiano. O vaso dorsal term’na no local, onde os vasos de .Malpighi entram no reto (Verhoeff). Xa aorta cefalica encontram-se 2 plaquinhas cõnca\-as, musculosas c movci.s. que exercem o papel de 2 comportas, sendo abertas pela corrente sanguinea que vai de trás para diante e fechadas pelo sangue que corre em sentido inverso- Vide fig. 27. Xo fim de cada camara cardiaca encontra-se um par de ostiolos, um eni cada lado, pelos quais o sangue aflue ao coração. 98 WoLFa\NO BCxherl — Os Quilopodos do Brasil 141 Os ostiolos formam comportas, que permitem a entrada do sangue, impe- dindo porém, a saida do mesmo. Em sua formação entram feixes de ntusculos transversais. (Foíomicr. 4). A parede do zuso dorsal consta de 3 camadas : a adventitia, por fóra é formada de lecido conjuntivo repassada por mimj- ^os finissimos longitudinais e transversais ; a muscularis (camada do meio), que constitue a parte mais grossa; a intima ou o endocardio, que é uma membrana tenuc, homogênea, com pou- cos núcleos, oriunda da muscularis. Envolve também os vmsculos exteriores, dc •tiodo que é melhor denomina-la perimisio (Verhoeff). A artéria cefalica me- diana perde gradativamente a muscularis, e com ésta, a função da contractiblidade. .Também as artérias laterais carecem de todo da muscularis, ou possuem-na ^mente no principio, conservando desta maneira só o perimisio. O vaso dorsal, pulsátil, é rodeado pelo pericárdio, que forma o “sinus pericardialis”, no qual ^tá dependurado o coração. (Fotomicr. 5). O tecido. do pericárdio tem muitas lacunas, de modo que o sangue póde en- trar facilmente. Forma sacos longitudinais e cavidades pulsáteis. Xo diafragma pcricardiaco inserem-se as bases dos musculos aliformes, que di\*vrgcm dc fóra para dentro, estando dispóstos cm ordem segmentaria, um feixe cada lado. (Fotomicr. 6). ’ c) O vaso ventral: O vaso sanguineo ventral está colocado entre o tubo '^hestivo e a cadeia nervosa ventral, não terminando como o vaso dorsal no co- ttteço do réto, porém no fim do corpo, dobrando ai um pouco para cima c termi- tt^do numa bifurcação. Tambcm na frente o vaso ventral divide-se cm 2 ramos, ^rrritindo cada segmento 1 par dc artérias laterais, que abastecem com sangue ás *^remidades e uma artéria impar. (Fotomicr. 7 e 8). d) Fisiologia do coração: O sangue, por si só, poderia fluir para a frente, para trás. Para que se estabeleça um aclo circulatório ordenado é preciso que Órgãos pulsáteis funcionem ritmicamente. Assim vemos ondas pcristalticas percorrerem todo o toso dorsal, no sentido trás para diante. A contração sistolica é exercida pela camada muscular, à '^^tenção diastolica se faz passi\*amente ou pela contração dos musculos aliformes. ^ranie a diástole o sangue é aspirado através dos estiolos no vaso dorsal. .\ *^tole provoca a direção da corrente sanguinea á aorta da cabeça, no fim da qual u sangue é despejado na cavidade cefálica. Dai o unico caminho abérto é a ca- ^ade abdominal, na qual o sangue corre para trás, devido também aos movi- ^etiios peristalticos do vaso ventral. : 142 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Desta maneira todos os orgãos internos são banhados pelo sangue. Portanto, ainda que os Quüopodos tenham lun aparelho circulatório bem primitivo, gozam contudo, d’uma perfeita circulação, que põem todos os orgãos do corpo em contacto com o sangue fresco, renovado, rico em oxigênio, estando assim o metabolistno perfeitamente salsaguardado. O sangue: O sangue consiste propriamente d’um tecido fluido, formado dai células sanguineas e do plasma sanguineo. O plasma sanguineo ou a hetnolinfa dá origem ao sôro dos tecidos. Mais da metade do volume geral do plasma sanguineo é constituide por agua, diminuin- do ésta, quando os Quilopodos estiverem em regiões sêcas. O plasma dos Qk'* lopodos é geralmente incolor, ligeiramente arroxeado ou avermelhado. O sôrO contém corpúsculos gordurosos e outros derivados albuminoides. A presença de elementos anorganicos, como magnésio, cobre, calcio, ealio, sodio, nitratos e carbonatos de cobre, sulfatos e fosfatos, encontrados sempre em insitos, ainda não foi aver'guada. As células sanguineas constam de linfocitos e amebocitos. Os linfocitos são pequenos, mas de grande numero, originando-se nos cof pos linfáticos que, nos Escohpertdrideos se encontrara colocados entre o 4.° e o 21° sarnentos, nas artérias laterais do toso dorsal, dentro de apendices, havendo tam- bém no cwo ventral 3-6 destes apendices. Tornam-se facilmente \-isiveis pela in- jeção de carmim. O protoplasma dos linfocitos é escuro (Verhoeff). Os amebocitos são maiores tendo um núcleo envolto em plasma claro. Pó- dem formar pseudópodos. Verhoeff menciona ainda outros corpúsculos extranhos, de sign'ficação des- conhecida. Alem disso ele fala de corpúsculos sanguineos menores, médios c maiores. Conforme as pesquisas de Muttkowski resalta claramente, que todas as diferentes formas de corpúsculos se podem unificar n’uma unica fôrma comufl» primitiva, diferindo as diversas células sanguineas apenas conforme o gráu de desenvolvimento ou conforme a função diferente (fagocitóse, leucockos secreto- res, leucócitos transportadores de alimentos, etc...). Haber provou, comtudo, que durante o ciclo evolutivo d’um corpúsculo san- guineo pôde haver mudanças ciclicas de sua forma. ff 100 WoLFGANO Bücherl — Os Quüopodos do Brasil Quanto a estes fatos, afirma Weber, vemos ciaramente que é preciso ter stuno cuidado na descriqão de diversas células ^sanguineas. Falando Verhoefp corpúsculos maiores, médios e menores dentro da linfa, cremos tratar-se apenas 'lunia unica fórma primitiva, sendo as outras fôrmas simples derivados. Trataremos aqui também do tecido conjuntivo, composto de elementos elas- f>^s com muitas lacunas e vacuolos, contendo fibras musculares lisas e estriadas. ^ tecido conjuntivo enche as lacunas do corpo. (Fig. 28). E’ composto em grande parte pelo: Corpo adiposo : As células adiposas ou gordurosas formam geralmente lóbos **Tegulares de forma diferente. As células são mais ou menos hexagonais tendo 'On núcleo pequenissitno no centro. O plasma contêm grãosinhos de funcção des- ^hecida. Cada célula é bem nitidamente separada da outra. As células adiposas *cumulam as substancias de reseriM, para distribui-las principalmente aos or- mais sensiveis, como o coração, os orgãos genitais e o sistema nervoso. ^unca são encontradas entre os musculos. Unem-se ás vezes, formando uma es- de tecido epitelial. (Foto 6). Os grânulos e as gotasinhas dc gordura constam de ácidos gordurosos e de •ttbstancias albuminoides. Células de carmim: O teddo conjunti%'0 contem certas células que aceitam ^ carmim (carminofilas), quando este é injetado no sangue. São dc origem tne- **^uimatica e rodeiam os rasos sanguineos e as glandulas salivares (Verhoeff). 3. Aparelho reprodutor e evolução : A'endendo, como cremos, o mt mero c o maior ou menor desenvolvimento deste grao de maturação. CryptofS hortensis tem 4 testiculos (Vericoefe). Cryptops pucta'us 8-9, pxxlendo o ui- timo ser atrofiado. Cada testiculo têm o seu tubo deferente. Todos estes tubos dão finalmente no vas deferens comum, e mais largo. Scolopcndra dalmatica tem 18 testiculos, e cingulata 22-24: He>-mons. 0 vas deferens forma no fim um sinus genitalis, que contém secreção granulosa de significado desconhecido. Scolopcndra zdridicornis tem testiculos muito bem desenvolvidos. Os testi- culos ficam entre o intestino e o vaso dorsal ; começando no 4.® vão até ao 15- segmento do corpx). Estão inteiramente envoh-idos pelo tecido adiposo, que ai forma células poliedricas, muito bem separadas umas das outras. O numero dc testiculos é 18 ou 20, estando sempre 2 ligados, de modo que temos 9-10 pares. Os testiculos -são oblongos, com as p>ontas afinadas, encontrando-se sempre 2 pa- ralelos. Enquanto que Heymons tem observado em Scolopcndra dalmatica, que os 18 testiculos, elipsoides, conservam em todo o seu perairso a mesma direção, da esquerda em cima para a direita cm baixo, em Scolopcndra cingulata 22-24 testiailos da direito á esquerda, não potlemos confirmar uma posição fixa, quanto á especic brasileira de Scolopcndra viridicornis. Nesta a posição dos testiculos (18-20) descreve um semicírculo, indo os da frente da esquerda para a direito c os dc trás da direita para a esquerda, tendo no meio, todas as transições. (Vide fig. 29). O primeiro par de testiculos está um pjouco afastado dos outros. Existem sem- pre curtas lacunas entre cada p»r. Éstas lacunas ainda aumentam nos 3 últimos pares. Os testiculos são mqito brancos e facilmente visiveis. logo que se abre o tecido adi|X>so. Entram nas mesnas ramificações finissimas das traqueas. Em outros exemplares da mesma Escolopendra obseivamos que ex‘ste so- mente um intcr\-alo entre o 1.® c o 2.® testiculo, não mais entre os outros. Cada testiculo px)ssue seu proprio ^'as deferens. Todos reunem-se no vas de- ferens comum, mais largo, que começa atrás do ultimo testiculo. Este vas defe* rens é muito sinuoso, formando diversas alças. Sua parte dianteira é fina c delgada. •102 WoLFGANC BCcHERt. — Os Quilopodos do Brasil 145 Sua pane posterior é muito grossa, formando 2-12 alargamentos, em forma de caniaras, que denominarei camaras “espermatoforicas”, pois em cada uma delas se encontra um espermatóforo. Cada camara tem no centro, no sentido venical. 'Hna saliência e uma cavidade aos dois lados. O espermatóforo está assentado nesta saliência por meio de um hilo concavo (Vide f g. 30), emitindo duas pro- tuberâncias nas cavidades laterais. O espermatóforo é reniforme. com colorido entre vermelho e castanho, medindo 3mm. de comprimento c 1,5 mm. de lar- gura. Sua casca é dura e quitinósa. No lado dorsal ésta casca possue 2 sulcos que se cruzam, um horizontal, mais fraco, e um vertical, forte. Ostentam ligeiras cur- Os espermatóforos contêm os espermatozóides c uma massa homogênea, fina- nicnte granulada, incolor. Pro\'avelmcnte os espermatóforos partem-se nos If^ares destas suturas, libertando assim os esp>ermatozoides, que são fios longos e finos ÍSchaufler). Os Quilopodos anamorfos possuem um par de vesículas seminaes. Os epimor- fos carecem destas vesiculas. Em todos os Quilopodos encontram-se 2 pares de glandulas accessorias. O vas deferens bifurca-se em baixo, seguindo um ramo fino á esquerda, enlaçando u réto. Em seguida unem-se de novo, formando um ligeiro alargamento, no qual ^tram os canais das 2 glandulas secundarias anteriores. (Fotomicr. 7). Os canais das duas outras gbndulas soldam-se, entrando no duetus cjacula- torius que termina no penis. Pudemos também obserrar na Scolopendra viridicomis estas duas glandulas *«cssorias, das quais as 2 maiores, ficam sobre o ^•as deferens. e as outras duas no *ado inferior. Os cana s d’um par entram no duetus cjaculatorius e as duas outras base do penis. Neste logar os caniculos constituem uma verdadeira rede, de que é dificil dizer, si este fato também é verificado em todos os Escolo- Pfndridcos. Tomam-se necessárias pesquisas ulteriores principalmente quanto aos Pa- ^otostigmineos e Cryptopideos. As glandulas do lado ventral são as menores. Nas glandulas pódem-se dis- *>t>gUT muito bem as diversas células, mais ou menos poliedricas ou redondas. F^onnam uma massa homogênea, com muitos grânulos. O ramo fino da bifurca- ^ão do vas deferens, forma o arcus genitalis. Perdeu sua função fisiológica, dei- tando perceber, que originariamente, os prototipos dos Quilopodos possuíam um deferens duplo. (Fotomicr. 9), O ramo grosso constitue o tubo func onal; estreitando-se no fim. passa a o duetus ejaeulaiorius, que dá no póro genital, rodeado pJo aparelho co- Pnlador. 14G Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII O testículo cresce progressívamente na medida em que o animal amadurece. Póde também formar laços e malhas. \'erhoeff descreve magistralmente a espemiatogenese. “O testículo é formado por uma tenue muscularis c um peritonio. Xo testí- culo novo vêm-se a‘nda membranas celulares; estas desaparecem gradativamente com a idade, de modo que em animais completamente adultos, desapareceram as membranas celulares, dando logar a um amontoado de células (Syncytium)- Os núcleos das células foliculares são muito grandes. Mesmo quando não existe epitélio dfstinto, passam comtudo massas nucleares da perifer‘a para o centro do folicuk). A di^’isão dos núcleos é indireta ou cariocinética. Muitas células assim partidas, formam o material nutritivo, de modo que se encontram : Células nutritkm e espertnatogoneos com um nucleolo visivel. Os espermatogonios ou células germinativas ficam sempre ma’s constrangi- dos pelo tecido folicular, dando ^sim origem a cadeias longitudinais testiculares, que absorvem as células nutritivas. Conforme a necessidade podem a'nda outros espermatogonios ser dissolvidos para serstírem de substancias alimentícias para as células germinativas. Sómente depois deste processo as cadeias recebem comissuras transversais formando as- sim espermatocitos. Estes, dividindo-se, dão origem aos espermatideos. Destes, finalmente, nascem os espermatozóides filiformes e definitivos. Verhoeff poz todo este processo complicadíssimo num quadro muito claro: Células indiferentes do epitélio gcrm;nativo : células germinati\-as células nutritis-as indiferentes (syncytium) I I espermatogonios espermatogonios abortivos (alimento) I espermatidios I espermatozóides. Os espermatozóides são incluídos numa massa liquida, secretada pelas acoes- sorias, que endurece logo, formando assim os espermatójoros. A parte grossa do vas deferens, que contêm as camaras cspermatoforicas. aceitou, a nosso ver, a função das vesículas seminais, pois encontram-se justa- mente nas formas, em que estas faltam. Cada camara forma desta maneira uma verdadeira vesicula. As glandulas genitais accessorias formam a casca dos espermatóforos e a se* ereção, na qual nadam os espermatozóides. 104 WoLFGANG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 147 b) Aparelho reprodutor feminino: Gimo o aparelho reprodutor do macho, *ssim também o da femea está situado entre o tubo digestivo e o coração (Vide %- 31). O ovário, ent animais, maduros, extende-se até aos sarnentos da cabeça. Originariamente o ovário era par, reunindo-se, depois na frente, de modo que *^ultou uma alça. Esta se estreita gradativamente, até resultar um tubo impar, mais ou me- ®os largo, sendo sempre muito comprido. O o\ario é rodeado por uma camada de niusculos. Consta de um epitélio genital, homogêneo. Em animais jovens não *e encontra a'nda vestigio de ovulos. Estes são sómente encontrados em adultos. Como os testiculos assim também os ovários são envoltos no tecido adiposo. Vide fig. 32. Na Scolopendra viridicornis (Fig. 31) o ovario representa um tubo, longo, *síreito no começo, alargando-se em seguida. No lado posterior estreita-se de ®ovo, entrando paulatinamente no vas deferens. O peritoneo e a musculatura **o mais desenvolvidos no lado ventral que no dorsal; assim também o epitílio Çfrminativo é mais forte naquele, no qual se formam o\nilos. O peritoneo é muito fino. quasi imperceptivel. A tnuscularis também é fraca, demonstrando os mus- ^*dos estriação muito escassa, O ovario carece de cavidade central, mas está repleto de células e núcleos, fi^ente os ovários jovens não apresentam ainda divisões intercclulares (Syn- fWíttm). A disposição dos ovulos no ovario é irregular, estando óra. os ovulos gran- des na frente e os menores atrás, óra, em disposição inversa ou então obedece a ordem completamente espontânea. Geralmente um só ovulo ocupa toda lar- Pira do orario, acontece porém 2 ou 3 otoIos pequenos serem justapostos no •nesmo plano. Entre os ovulos observam-se estádios de divisão. A evolução dos óvos é muito semelhante á dos espermatosoider. Todos os núcleos celulares e foliculares são rodeados por plasma originado células do epitélio germinativo ventral, diluidas, quando chegam ao lado de (Verhoeff). Algumas células, porém não se dissolvem; crescem muito; for- membrana celular, fornecendo assim os futuros ovulos e as células fol culares aderentes. O lado ventral do ovario seria, portanto, o "germarium". O xntelino produz núcleos vitclares. São substancias nutritiA^ts, que se dissolvem, alimentando os ovulos desta maneira. Nos ovulos em formação vêm-se primeiro crescer os núcleos, depois for- ®^-se núcleos e, finalmente, um anel plasmatico com membrana fina ÍVERnOEFF). 148 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Soldani-se então as células foliculares com os o\'ulos. O plasma sincicial diminue na proporção que os ovulos crescem. Muitos oi^onios degeneram, ser- vindo de alimento aos ovulos definitivos. Deste processo evolutivo, pouco claro. \*erhoeff, fez o seguinte quadro: Em seguida as células foliculares rodeiam completamente o osailo, formando o córion. Devemos acentuar aqui que as primeiras fases da oc^enese ainda são bastante desconhee das e que é muito proravel, que estudos aprofundados, nos trarão ainda muita surpreza. Na primeira fase as células genitais primitivas dão origem a oogonios. Na segunda fase ariginam-se os oocitos e as células nutritivas. (Depdolla). A terceira jase é a fase do crescimento : a) primeiro periodo do creschnento : o oocito ainda se encontra no ger- mario. O crcsdmento do plasma e do núcleo é diminuto. A cromaiina do núcleo forma filamentos, que se disolvem, em srguida, em grãosinhos. b) segunda fase de crescimento : Ésta é feita no vitelino. A cromotina continua a dissolver-se em grânulos ; o pia mia celular crcsce muito. O ooplasnut recebe gema nutritiva, formada pelo dcutoplasma. O dcutoplasma consta de grânulos gordurosos e de substancias albuminoide». No fim deste segundo periodo a casca do ovo se forma, a saber: uma membrana vitelina, a camada periférica, formada pelo ooplasma ; e a casca propriamente dita, o córion, originado pelo epitélio folicular. O certon tem a consistência da substancia quitinosa, porém não é idêntico á esta. A corionina é de origem mesodermal protegendo o ovo; permi:te. com- tudo, a troca de gazes. O córion da Scolopendra viridicornis principia bem grosso. Em estados mais arançados. afina-se gradatiramente. de modo que é de presumir que desa- pareça completamente (Weber). O ovário é continuado pelo ovidúto. O oviduto dos Lithobiideos é impar, emitindo em seguida um ramo que abraça o réto, unindo-se após novamente ao tubo principal antes de terminar no póro genital. Este fato póde ser consi- Celulas indiferentes do epitélio germtnativo i'«ntral : cclulas germinatK-as celuias foliculares ovulos células nutritivas ovos ovulos atrofiados (alimento). 106 WoLFGAXG BCcheiil — Os Quilopodos do Brasil 149 derado como sendo o mais primitivo dos Quilopodos. Nos Ephitorfjs, o oviduto c sempre impar: quando houver uma curta ramificação, o ramo. que enlaça o ^■fto, é fino e atrofiado e sem função própria, como nos orgãos do macho. Xa Escolopendra estas duas ramificações não se unem mais, entrando ambas juntas no sinus gcnitaUs, no mesmo logar da embocadura das 2 glandulas acccs- sorias. O oviduto direito é mais largo, conlinuando ao longo do réto. Encon- Iram-se ainda 2-3 pares de glandulas apendiculares seminais. Uma destas glan- dulas secreta um liquido que tem a, capacidade de conser>-ar vivos os espenna- tosoides (Verhoeff). As glandulas superiores fornecem uma substancia que envolve os ovos ao serem depostos. Estes ovos são colocados nos apendices Senitais da femea. Neste logar pódem ser humedecidos constantemente pela secreção das glandulas accessorias. As glandulas superiores das femeas dos Geofilidcos são muito pequenas. Na Escolopendra viridicornis sómente se encontram duas gla,ndulas accesso- fóra dos receptáculos semina s. Êstas glandulas contem um liquido para ^^^írA-ar vivos os espermatozóides. Glandulas para humedecer os ovos, por- '*nto, não existem. Isto é um fator importante, para pro\‘ar, que as fôrmas P^des, sulamericanas, não sejam oviparas, mas viviparas. As duas glandulas muito lobadas, encobrindo em grande parte o reto, os receptáculos e a parte •nferior do vas deferens. Os receptáculos seminais são comuns ás femeas de todos Quilopodos. For- ampolas mais ou menos grandes (Fig. 31), que recebem os espermatozóides, a, fecundação dos ósnilos. O reeceptaculo, devido á sua origem ectodermal, é constituido por uma intima *l*nt:nósa. Seu epilélio é mais ou menos glandular. .\ parede contem fibrilas *®u*cula^es que pódem formar feixes, por meio dos quais se exerce .pressão sobre ^ receptáculos, de modo que os espermatozóides são expulsos. c) Ontogenia e ciclo evolutivo : Copula: Para que se efetue, é preciso que ambos os sexos se encontrem, modo que o espermatozóide possa ser transportado para a femea. Nos Quilopo- ainda se tem obsers-ado sómente muito poucos casos de copula. Nos Esco- ^P^ndridios grandes nada consta a respeito. Sendo estes animais muito ferózcs. modo a não se tolerarem, é proravel, que o macho deponha os esperma- ^foros em logares, onde se encontram femeas e que estas recebam os elementos nais do chão. Embriogenia: Também este capitulo carece ainda de estudos mais detalhados, ***^cipalmente a embriogenia dos Anamorfos. .\ dos Epimorfos foi estudada por ^®craff (Geophilus proximus) Metschxikoff e Heymons (Scolopendra dai* *'*^ica e cingulata). Todos estes comtudo, obtiveram resultados diferentes ^Rhoeff). 150 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Seguiremos neste capitulo as exposições magistrais de X^^erhoeff (Bronn’s Klassen und Ordnungen des Tierreiches) , acrescentando nossas observações, feitas na Scolopendra viridtcornis. Os OTOS são redondos ou ligeiramente alongados, envoltos pelo córion. A fecundação dos o\’ulos nem sempre se realiza It^o após a copula, principal- mente nos Escolopcndrídeos tropicais, onde a femea póde guardar por muito tempo os espermatozóides nos receptáculos seminais. A fecundação sempre é verifi- cada. quando o o\’ulo passa perto da embocadura dos tubos dos receptáculos semi- nais. Logo em seguida a femea desóra. As femeas dos Quilopodos de 16 pares de patas depõem os ovos um por um. Estes ficam colocados á parte terminal, ventral entre as ultima.s patas, sendo humedecidos constantemente pela secreção das glandulas accessorias. Desta maneira não pódem resecar. As femeas dos Epitnorfos depõem mu tos ovos em seguida, cuidando-os, até que os filhotes perfurem o córion. O numero de ovos é de 15-33. A mãe refi^’a-se então sob o sólo, numa cavidade, que da construira para este fim. Verhoeff, em Bronn’s “Klassen u. Ordnungen des Tierreiches”, afirma que alguns Escolopendrideos, segimdo A A. antigos, são viviparos, o que não passa\a de uma afirmação bem duddósa, po's Silvestri e antes de tudo, HeV- MONS, provaram o contrario, pelo menos no tocante ás especies européas dos Escolopendrideos. Heymons conseguiu obscr\-ar exatamente a postura dos ovoí (no numero de 30 mais ou menos). O tempo da postura é no principio do més de Junho. Os ovos ficam colados no ventre materno. Sómente em fins de Julho o* filhotes abandonam o córion, trepando aos tergítos do organismo materno. Antes de' discutir este assunto, queremos dar as noções gerais sobre o qu^ se entende em biologia sob oznparidade, ovovhdparidade e vivtparidade. Oviparidade se verifica, quando a postura se dá antes de começar a CTOluçâo embrionária. Vivipar idade existe quando os filhotes abandonam o organismo matemo sómente depois de terminada a evolução embrionária. O filhote nasce nestes casos como larva, quando se dá metamorfose, ou então numa forma já completa- mente idêntica á adulta. Ovoviviparidade comprende todas as graduações entre os dois extremos, p®” dendo ainda o animal novo nascer como germe ou embrião. Apezar da afirmação de Heymons, no tocante á postura de ovos da ScO' lopetidra dalmatica, devemos confirmar novamente a op'nião antiga, confonnc a qual certas Escolopendras tropicais seriam viviparas. ou mais acertadamente ovoviviparas. 108 WoLFGANG Bvcherl — Os Quüopodos (lo Brasil 151 Por óra ainda não pudemos obser\'ar diréramente a «viparidade. Mas, disse- ^do mu tas femcas da Scolopcndra viridicortúí, tivemos ocasião de observar ®*nipre embriões, em estados muito avançados. (Vide fig. 33). Nestas femeas o siniK genitalis está muito alargado, formando cavidades iterais. Nestas cavndades se encontram os embriões, geralmtnte em numera sendo os da frente ainda menos desenvolvidos e menores que os da parte trás. Muitas vezes encontram-se sómente 2 embriões. Os embriões maiores deixam entrevér muito bem a futura cabe<;a com seus segmentos. Também •odo o tronco já está segmentado, havendo também as preformações das futuras ®Oremidades, ainda que as ultimas sejam fraquisimas e quasi imperceptiveis. ponta terminal do lados uns nos outros. Os ovos são muitissimo sensiveis e '^bcados, sendo impossivel, mesmo com o máximo cuidado, conserva-los vivos. *^*•*000 afastados do ventre materno. Perecem poucos dias após. O simples ^oníacto com a terra c suficiente, para que pequenos grãos de terra adiram aos infeccionando-os. Os ovos estão presos entre as ultimas patas maternas, humedecidos de vez em quando pela secreção glandular. Seceo, o ovo imediatamente. A femea revista os ovos frequentemente, separando os **'’’3gados e devorando-os, afim de não contagiarem os bons. Também protege ' 'Irfcnde sua cria, principalmente com as ultimas patas. Si ela for acossada ^endo movimentos bruscos, pode acontecer facilmente, que os ovos caiam, sendo desprezados pela femea. Durante todo este periodo, que póde durar algumas ****^nas, a femea. tendo toda ésta carga de ótos entre as ultimas patas, devendo k*'otfgç.]Qj contra o contacto com o solo. imobiliza-se completamentc. Não póde *”^tar-se nem siquer beber agua. 1Õ2 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XJII Ésta oviparidade póde ser muita certa e pro\'ada nas Escolopendras europeus, que são de tamanho diminuto, em comparação com as nossas especies, que merlem mais de 20 cms.. Como acabamos de dizer, conseguimos extrair embriões de 3 mm. da Scolopendra inridicornis. Si estes embriões antes de serem expe- lidos do organismo materno fossem incluidos numa casca de ovo e em seguida colados entre as ultimas patas da mãe, então se originaria um aglomerado considf ravel, do tamanho de alguns cm.. Impossivel seri^ proteger ésta massa contra o contacto com o solo; impossivel seria também, caberem todos os ovos entre a» ultimas extremidades do animal adulto. E.‘itanios convencido, portanto, no tocante á Scolopendra viridicornis, c talvez também quanto ás ouíras especies grandes do Brasil, aparentadas com a x-iridicornis, a Scolopendra gigantea e Scolopendra subspinipes, tratar-se, sinão de ziviparidade, pelo menos da ovoziviparidade. Fatores, que aconselham ésta conclusão, podem ser aduzidos muitos, como o fator da ausência do segundo par dc glandulas genitais accessorias, justamente este par, que tem a função dec secretor um liquido para humedecer constantemente os ovos póstos. Um outro fator é que os embriões se encontram sómente no numero de 3-5 na femea, enquanto que nos exemplares que põem ovos, estes são sempre em numera acima dc 15. O jator biológico mais importante é, sem duvida, o germe ler percorrido no organismo materno as primeiras fases da evolução embrionário, de modo que se póde percelier perfeitamente a segmentação e as preformações prim'tivas das futuras patas, emquanto que, conforme a definição da oviparidade, a evolução embrionária só principia quando o ovo se encontra fóra do animal adulto. Neste ponto o magistral Verhoeff é um tanto obscuro, pois fala em sua obra da evolução embrionário, sem nunca citar o momento tm que o ovo c expelido do organismo materno; pelo contrario, dá a entender que a ez-olucã-i se perfaz, quando o ovo já se encontra fóra. Comtudo. mais ad ante, mostra uma figura de um embrião, em estado muito avançado já, dc modo que se vejam perfeitamente todas as patas, afit' mando que é um embrião “e.rtraido do organistno materno”. Conforme a definição biologica de Weber sobre ovo- e vhiparidade, Verhoefe se contradiria- A ontogenese dos Quilopodos compreende uma série de trasformações.» a começar da fecundação, passando pela evolução embrionária ou embriogenese, percorrendo a fase postembrional ou metamorfose, até chegar ao estado definitivo, o animal perfeito, jovem. Também este ainda percorre diversos ciclos, ate atingir a maturação sexual. A evolução é seguida pelo per odo da senexeneia e. finalmente, pela mort^- A Embriogenese abrange todos os processos, que fazem com que um óvulo unicelular forme um organismo pluricelular, independente. A fase embrionan* termina geralmente quando o filhote abandona o ovo (Quilopodos otn poros) ou o organismo materno (Quilopodos ovoviviparos ou viviparos). WoLFGAXG Bücherl — Os Quilopodos do Brasil 133 Divide-se a embriogenese em 4 períodos, a saber: 1 . o período da segtneniaíão do ovo ; 2. o período da formarão das camadas; 3. o período da formação dos orgãosy 4. o período da diferenciação histoíogica; A segmentação'. A segmentação compreende uma série de procesMs mitó- *^os sucessivos, que dão em resultado a formação de células cada vez menores ® mais diferenciada^. A s^mentação depende em grande parte da presença ^ distribuição do vitélio nutrith-o, ou das substancias de reserva contidas no oto. j O vitélio se apresenta sob a forma de esferas ou gotas, formando uma massa •^tite, que resiste á segmentação. O vitélio ou deutoplasma es:á distríbuido dentro do ovo dos Quilopodos mais ou menos simetricamente. O ovo dos Chi- ^Podos é um tanto centrolecital e muito rico cm xnlélio. A segmentação é ^Porentemente total. Não ha blastema. Rigorosamente falando a segmentação ® nperficial. Começa com a divisão mitotica do núcleo central. Estes novos “'^cleos. rodeados por ooplasnta, migram através do deutoplasma cm direção á P^ifería do ovo. Ai sofrem divisões ulteriores, atingindo finalmcnte o "blas- ‘fnia” periférico. Estando agora complctamcnte fóra do âmbito do deutoplasma, também o plasma começa a segmentar-se superficialmente. Deste modo orígina-se camada celular, epitclial, perifcríca, o Blastoderma (Weber). Temos agora a massa vitelar no centro, e uma camada germinatkia, super- ^^1. Por fóra. O polo animal é constituído de uma só camada celular, enquanto que o P^lo vegetal, vitelar, consta de varias camadas. Pormação das ceanadas: No polo animal as celulas dirídem-se acelcrada- indo muitas para o interior do ovo. Também o vitélio, já separado em celulares, caminha para o interior do ovo. As 3 camadas celulares, o ecto- ento- e mesoderma, portanto, üriginan>sc imigração celular e vitelar das zonas polares e circumpolarcs. ^ Desta maneira começa a formar-se o germe, na sentido de trás para diante. ^ Mesoderma forma duas faixas divergentes, que iniciam num ponto comum, '•'^soderma é de origem ectodermal. Gastrulação não existe nos Quilopodos. As celulas, que estão por entre as fai.xas mesodermais, transformain-se em ^*>las mesenquimatosas. As macromeras do vitélio fornecem o endoderma. ^ O futuro embrião fica préformado numa parte do lado wntral e numa zona Ambas éstas zonas são unicelulares no começo. 154 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Formarão dos orgãos: Ko germe embrionário acentuam-se, em primeiro logar, 3 segmentos primithos, no lado posterior. Ainda não foi possivel des- cobrir si estes segmentos desaparecem de novo, durante a formação ulterior, ou si resultara os orgãos definitivos dos mesmos (Verhoeff). Em seguida salien- tam-se 2 outros segmentos, logo adiante dos 3 primeiros, e um outro atras destes 3. Na mesma medida, que se originam novos segmentos, alonga-se gra- dati\’amente o germe. Bem distante, destes 6 segmentos, salientam-se maU 4 segmentos. Diante da boca origina-se a placa cefálica impar, e atrás da mesma, as indicações deu futuras antenas. Pouco depois seguem os outros segmentos cefálicos, sendo os primeiros as fcfrcipulas, que constituem um segmento muito bem desenvolvido; em seguida os segundos ma.vUares e os segmentos das extremidades do corpo. Por ultimo se formam os segmentos dos primeiros xilares e as mandibulas. Entre as antenas e as mandibula,s existe uma distancia relativamente grande, nascendo neste local um outro segmento primitivo, n preforcipular. Ao segmento forcipular seguem, nos Escohpendrideos, os 21 segmentos da* extremidades, que, no começo, em nada se distinguem dos segmentos cefálico*» Todos juntos parecem simples estrias transversais mais ou menos estreitas ® distantes umas das outras. Ao ult’mo segmento do tronco segue o segmento do telsori, e adiante ainda um segmento muito estreito, intermediário. Resumindo, podemos fazer a seguinte tabela da segmentação primitiva: a) segmentos cefálicos: 1 . placa cefálica impar ; 2. tubérculos antenais, pares: 3. segundos maxDares; 4. s^mento forcipular, muito forte. b) segmentos do tronco: 5. -25 : os segmentos das extremidades Escolopendrideos) : c) Mais outros segmentos cefálicos: 26. primeiros maxilares; 27. mandibulas. d) segmentos finais: 28 . segmento intermediário ; 29. telson. WoLFGANO Bixherl — Os Qnilopodo^ do Brasil 155 Xo lado ventral os segmentos se unem paulatinamente, fazendo desaparecer * fa xa ventral. Terminada, porém, a s^mentação. se afastam de novo, dando ®*%em a uma nora faixa ventral. Pela formação dos folhetos ou das camadas e pela, segmentação sucessiva diversas zonas, o germe no principio uniforme e achatado, se transforma ^ embrião segmentado. Este, no começo, conser\-a ainda a forma achatada. Em breve, porém cresce por cima do vilelio, recebendo assim a forma definitira. A segmentação exterior dos Quilopodos prindpia sempre com um alarga- da ponta apical (protocefalon). As extremidades ficam préformadas por um par de entumecimentos curtos, **Tedondados. que se dist'nguem logo em seguida cm 3 partes: uma protuberância mediana; uma, sxcção exterior; uma secção interior. As extremidades do tronco não se desenvolvem conforme á sua posição no ^*Po, mas segundo sua função fisiológica. Assim, logo em seguida ou mesmo ‘miultaneamcnte com a formação das fordpulas também se originam as ultinuis Deste fato se percebe a analogia destes dois segmentos dos Quilopodos, **”*0 assim que podemos chamar as ultimas patas de "segmento fordpular ter- ®>inal”. Abaixo do clipeo, percebe-se uma prega da pele, que rai produzir o (Verhoeff). Durante este ciclo evolut vo nascem ainda apendices postorais, que formam ^fnntenas embrionários. E’ ésta uma formação, dc grande importância filoge- '**^iea, pois demonstra claramente a descendeneu^ dos Quilopodos e o seu paren- intimo com os crustáceos. As préantenas embrionárias mais tarde desa- P*'‘ccem. O acron ou placa cefalica é preoral. Os gânglios nervósos ventrais são préformados por duas faixas longitudi- finas, tendo saliências em cada segmento. Finalmente alargam-se as faixas longitudinais. O germe se curva entre ® ttono e o decimo segmento, dividindo assim o vitélio em duas partes. O ovo **^ta-se. Aparecem agora na membrana veniralis os esternítos e na membrana dor- Os tergitos. O vitélio penetra pelo corpo; a forma do germe se acentua nitidamente. Agora podemos falar de um embrião verdadeiro. Aparece já uma cuticula tenra, A-itrea, amarelada, com um dente primitivo, longo (Einzahn), colocado no segundo maxilar. ^este estádio encontramos os embriões, que conseguimos extrair de di- ^^sos animais da espede Scolopendra viridicomis. (Figura 33). O córion **^*^^ta no meio, e após alguns dias a cuticula embrionária é renorada. 113 cm SciELO, 11 12 13 14 15 16 17 156 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII O embrião entra no estado jeial. O feto cresce rapidamente, gastando sempre mais reserva alimentida, o iritclio. E’ bem possivel, que nas formas ovovivíparas, onde o vitélio não c tão bem desenvolvido como nas osnparas, o feto seja alimentado dirétamente pela secreção leitosa das glandulas accessorias. De fato, quando se fazem cortes na região genital de uma femea, ferindo uma destas glandulas vê-se perfeitamente escorrer o suco leitoso, muito branco. Agora o féto troca a cutícula pela segunda tfr. Reveste-se de pele no>'at que, no principio, mostra nit damente a estrutura celular de quitina (parece nffl mosaico poligonal) : é o primeiro estado da adolescência. O animal, neste estado ensaia os primeiros movimentos locais. Mas aind* pennanece no lado ventral da mãe. Esta defende energicamente sua próle- Quando algum perigo ameaça, distende as ultimas patas em atitude de defeza- Faz movimentos bruscos; dá saltos ameaçadores com a parte dianteira do corpOi de modo que o agressor, conhecendo a terrível eficac'a do veneno, fi^ anKdrontado. Comtudó afirma Heymoxs, não se póde falar numa afeição especial que * mãe tenha para com seu filhotes. Pelo contrario, aqui se trata apenas de um processo inconsciente, mecânico, de movimentos reflexos do sistema nervoso, pr®" vtxrado p>ela postura dos ovos e p>elo contacto dos mesmos com a, região genit*^ materna. Heymoxs consegu’u afastar os ovos da parte ventral da mãe, sem que d* o percebesse, substituindo-os por um pequeno pedrt^lho aredondado. A feme* protegeu esta pedrínha durante 8 dias, sem notar a diferença. Neste ponto somo* forçados a fazer uma pequena observação: primeiro o A. afirma que os ovo* são qua^i diariamente revistos pela femea que ingere os encontrados em nús condições, afim de imped r a contaminação dos bons. óra si ela conserva^ [| durante 8 dias uma pedra, protegendo-a como sendo um ovo perfeito, excluindo a hipótese de não poder distinguir um ovo de uma pedra, devemos constatai uma certa incoerência ou mesmo contradição nas afirmações do ilustre A. Após os primeiros movimentos locomotórios no ventre materno, os íUU' maisinhos se aventuram também a trepar para o lado superior do organisin® materno. Uma vez ai, abandonam completamente a mãe, ficando porém sciU* pre ainda nas imediações e sob os cuidados da mesma. Após uns 30 dias efetua-sc uma nova eedise, pois o crescimento c bastante rá- pido e a quitina não é elastica. O animalsinho tem agora o tamanho de alguns ou- (Falamos sobre Escolopendrideos) . Diferenciação histológica : Por conveniência e para dar maior clareza ao qu** dro evolut‘vo, tão complexo em si, costumamos separar a ontogénese nos 4 p^ Üt WOLFCAXG BCcHERL Os Quilopodos do Brasil 157 ^^os, sem pretender com isto, que os 4 ciclos estejam separados nitidamente do outro. Pelo contrario, encontra-se uma transição continua de um periodo ao tornando dificilimo classificar lun caso determinado a algum periodo. Das paredes de celotna diferenciam-se os orgãos mesodermais, originando-se ^ préformação do sistema nervoso. O entoderma come<;a a formar o tubo diges- *^'■0 médio. — em uma pala\-ra: o per‘odo de formação das 3 camadas passa ao P^odo da diferenciação histológica. Em linhas gerais póde ser estabelecido o seguinte: .1. O Ectoderma forma o exoesqucleto e os elementos quitinósos interiores; glândulas epidermais; os orgãos sensoriais; o sistema nervoso; o sistema res- P'tatório ; o stomodaeum e o proctodaeum e a maior parte do aparelho genital. 2. O entoderma fórma o intestino médio (.\fesenteron). 3. O mesoderma dá arigem á musculatura; aos epitélios das vias genitais ; ás **”«das peritoniais do intestino e dos orgãos genitais; ao aparelho circulatório; *** diafragmas e outros orgãos pulsáteis ; ás peles epitcliais conjuntivas ; ao corpo **Jiposo e seus derivados, como os orgãos fosforescentes. O ultimo ainda é um incerto, sendo necessárias experienc’as ulteriores (Weber). O mesoderma forma a parede ventral somatica das camaras celomaticas (so- ‘****'>plcura), e a, parede dorsal, visceral dos mesmos (Splanchnopleura). .-\s paredes, somatica e visceral, são unidas no principio, separando-se somente farde, dando logar ao ccloma, cujas camaras se desenvolvem de frente pa- trás. Cada peça formada tem sua própria cornara celomatica: O segmento préantenal tem 1 camara celomatica. O segmento anteruü tem ” ” ” ” O segmento prémandibular ” ” ” ” As mandibulas, os los. e 2os. maxilares, as forcipulas e os 21 segmentos das **l*’«indadc possuem cada um, 1 par de camaras celomaticas, enquanto que a ^*9ião genital apresenta 2 camaras celomaticas; o telson carece do mesmo. Eortanto, o interior das patas também c revestido de celoina. O resto do **’**^crma reveste o stomodaeum, proctodaeum e a região do clipeo e do labro ^'^^ItOEFF). Um grupo de células se isola, na parede somafea. ladeiando o ectoderma e ®^endo os musculos longitudinais do dorso. A musculatura longitudinal do tem a mesma origem como os musculos das patas. U celoma também dá origem aos cardioblastos e aos musculos cardiacos em ^^1. que ficam na junção da parede somatica com a visceral. 138 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII O cndodertna é revestido por uma camada celular, mesodermal, splanchnictí- Os cardioblastos formam os \'asos sanguíneos cardíacos; os \-asoblastos as aortas (Verhoeff). A adventícia do coração é formada por células mesodermais. vizinhas cardioblastas. Os osHolos correspondem aos dissipimentos, sendo formados pch» acumulação dos cardioblastos. O \-aso ventral é analogamente formado. O peritoneo intestinal é formado pela parede visceral celomatica. As célu- las restantes da parede somatica fonnam o corpo adiposo. O corpo adiposo au- menta na mesma proporção em que d minue o vitélio. A advertência do sistema ner^•oso, o perimisio da musculatura e o interior da matrix das traqueas, tambem deri\-ados do corpo adiposo mesodermal. O ectodcnna é constituído por uma camada unicelular. A cutícula, no pnu- dpio, possue uma só camada. Sómente nos estados mais desenvolvidos se distu** guem as tres camadas já conhecidas, sendo a interna a mais grossa. As glandul»* são simples células hipodérmicas maiores. E’ interessante o fato de a glandul* de veneno ter o poro de saida na base do jerrão. Sómente com a idade do an>' mal ésta abertura caminha sempre mais para a frente, encontrando-se perto d* ponta dos ferrões em animais completamente adultos. Origina-se desta maneira o canal de iveneno. Os estigmas tambem possuc** origem ectodcrmal. assim como o sistema nervoso. E’ formado por cclulas ecto~ dermais. que se desprendem da superfície do germe, migrando para o interiof- Unindo-os numa massa, dão origem aos gânglios: migrando isoladamente ao inl^ rior. formam* a cadeia ganglionar. No principio as duas cadeias ventrais são separadas pela membrana veu* trai. porém mai.s tarde se soldam completamcnte. de maneira que resulta uu^ gattglio impar. PoRTER não tem razão ao afirmar que cada gânglio mostra tambem comi“ suras transversais. Ainda que prim'tivamente tenha havido 2 gânglios cm segmento, estes, comtudo. se soldam totalmente. O gânglio siibesofageano df*’* nitivo é formado por diversos gânglios, como se verifica claramente no embri»'* dos Ouilopodos. Soldam-se o gânglio mandibular e os dos 2 maxilares. O cerebro dos F.scolopcndrideos resulta da soldadura de 4 préformações: 1. dc im« preformação préoral. impar: Arqmctrtbre". 2. dc duas préfonnações pré-orais: lobus frontal**' tamina dorsal**' lohus opiic**’ 3. de 3 gânglios, pares, post-orais, distribuidos em ordem metamerica pelos segmentos pré-antenal. antenal e pré-mandibular protoceríbro; deuterocerebra, tritocerebro. 4. de uma seccão pré-oral, impar, do sistema nervoso visceral : { pons cerebri- 116 WoLFGANG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 1Õ9 Segundo Verhoeff a préformação do arqui-cerebro precede a das ex:rc- ®*^des. Na r^ão do clipeo o ectodenna se toma pluricelular. O arqui-cerebro * solda consecutivamente com as outras partes cerebrais, a saber com o lobus hontalis, que se origina das cavidades laterais, e com a lamina dorsalis, oriunda caridades medianas. Os gânglios do segmento pré-antenal formam a ligação ®ire o proto- e o deutero-cerebro. O sistema nervoso visceral é préformado pelo "pons cerebri”. Células gan- t^ionares da parede dorso-mediana do stomodeum dão origem ao nervus re- ^^ens. Na linha mediana dorsal isolam-se células ectodermais, formando o nervo «lorsal. Órgãos fontais estão em comunicação com o lobus jronlalis por meio do de Tõmõsvary. Este ultimo nerve perdeu nos Escolopendrideos sua fun- ^ íisiolt^ica de nervo sensorial, pois não chega a tocar a pele de quitina. como ^ temos visto. Verhoeff apresenta uma tabela muito clara, sobre a origem das diferentes ^rtcs cerebrais: LCXJAR DE ORIGEM: — L0C.\LIZ.\Ç.\0 PRIM.^RIA arqui-cercbro-clipio lamina dorsalis cerebri: — cavidades medianas l^^oeerebmm : lobi froolales ^yneerebrum: lobi optici l^^otocerebrum : — prae-cerebrum ^*'^ercbnnn l^eulcrocerebntm: — lobi olfactivi an- tcnales ^*tacerebrum 1’’^tocerfbfiim: — lobi postantcnalcs ; laterais pré-antenais antcnal; pré-mandibulares ; prí-oral; f* *• 1 segm. postoral; 2 segm. postoral ; 3 segm. postoral ; Comparando o cerebro dos Quilopodos com os dos Insétos, observa-se uma ^^‘'t^rdancia quasi completa: esro dos Quilopodos: Cerebro dos Insétos: L/J"''cerebro parte anterior da comissura supraesofageana ; lJ*"* dorsalis cerebri lobus tertius procerebri; frontalis ” secundus " ; lontalis entumecimentos intergangliares ; ®Pticus lobus primus optiou procerrfjri; ocelos laterais, facetados; j °^ebnim ainda não descoberto (ausente?) |^**cocerebrum deuteroccrebnnn : ^'‘^ebruni trítocerebrum. 117 cm SciELO, 11 12 13 14 15 16 17 160 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII 1 1 % V • í p Verhoeff vai ainda mais longe, tentando estabelecer um quadro sinóptico entre os Miriápodos em geral, os Quilopodos, os Inséfos, os Aracnídeos e os Crustáceos, no tocante aos segmentos primitivos do acron. Miriapoda Insecta Acron (Acron) (Protocefalon) 1. meUmero: (segmento préantenal) 2. n segmento antenal 3. tf (segmento prémandibular) 3. n ” mandibular 5. tf primeiro maxilar 6. n segundo maxilar 7. f* ausente (Protocefalon) segmento antenal " prémandibalar ” mandibular primeiro maxilar segundo maxilar ausente Arachnidia Crustacea Acron: (protocefalon) (Protocefalon) 1. metamero: ( ” ) ( ) 2. n segmento dos chelicerios segmento das antenulas 3. f* ff ” pedipalpos t* antenal 4. «• 1. das extremidades *• mandibular 5. ** 2. de 1. maxilar 6. f» 3. ff ff 2. ** ff 7. f* 4. ff ff ausente. (Os nomfs nitre farenteses indicam que a peça cm questão cjrect de afendices proprios). Examinando bem a presente tabela, vê-se nitidamente que existe uma grande aproximação entre Insetos e Quilopodoí, não, porém, entre Quilopodos c CruS' taceos, nem entre Quilopodos e Aracnídeos. Chegamos assim á conclusão que» pela ontogenese não póde ser explica.da a origem monofiletica, dos ArtrópodoSt nem mesmo dos Traqueados. O quadro sinoptico é um tanto forçado, carecendo, ás vezes, mesmo de fu*'* damentação solidamente cientifica. Escleritos: No periodo fetal as placas dor.sais e ventrais são ainda tr!part»* das. Uma membrana fina e transparente separa no lado ventral e dorsal* os ter* gitos. Progressivamente unem-se mais e mais. até restar apenas uma fenda muit® estreita, os 2 sulcos longitudinais ou episcutais, vis'vcis em muitas formas adulta* dos Quilopodos. Ainda resta estudar as formas, que não apresentam estes sulcos- O motivo da tripartição dos escleritos ainda é um tanto obscuro. E’ possivc* que ela favoreça a inserção muscular de um lado, salvaguardando a flexib lidadc corporal, principalmente nos animais, onde as camadas quitinósas dos tergitos sío muito fortes. Êsta, também é a razão, porqxK os sulcos são muito fracos nos estef* 118 WoLFG.VNG Bücherl — Os Quilopodos do Brasil IGl nuos. Aí a quitina nunca ch^ á mesma grossura, permanecendo sempre mais fraca e delgada, e consequentemente mais flexível. Alias não ex‘ste analc^ia en- fre Os sulcos dorsais e ventrais, diz Verhoeffí, porque os ventrais são sempre 'rm ^ant apagados. Em nossas pesquisas, feitas com a Scolopendra vtrídicornis e cni alguns Parolostigmincos, pudemos obser\-ar, comtudo, que também os sulcos Tentrais merecem o nome de verdadcTos sulcos, emquanto que em outras for- mas desapareceram quasi completamente. Atribuímos este fáto, não tanto á on- togenese diferente, mas ao uso fisiologico di\-erso, isto é: sendo a camada de Quitina dos estemitos muito fina, e sendo, por isso mesmo, o estemíto sempre f>astante movei, não é preciso que a’nda esteja tripartido, emquanto que o ter- Pto. uma placa enorme, de quitin^ extremamente dura,' obstaria a uma movimen- *a<;âo rápida, si não fosse dividido cm tres partes. Os pré-tergitos e pré-estemítos formam um sarnento intercalar, rudimen- que é mais desenvohido nos Geofilideos, mas também em alguns Parotostig- ^ineos do Brasil. Extremidades: Conforme já vimos cm outro logar, quando falamos da loco- ‘*’oção e transformação fisiológica das patas, podemos observar ontogcncticamente a formação das diferentes partes das patas, principalmentc da, coxa, que constituc ^ elemento essenc al das extremidades. A sincoxa ou simplesmente coxa divide-se cm: eucoxa, muito movei; e em f^ipocoxa. Ésta ultima se subdivide em: Procoxa: — a peça principal, que permanece quasi imóvel, constituindo desta ***aucira a base de resistência que suporta todo peso da pata; Meíacoxa: — ésta constitue dc novo uma peça muito movei. Conforme já verificamos, estão soldadas nos Anamorjos a procoxa e a meta- As diferentes peças da hipocoxa servem de transição e de esteio entre a ^coxa e o esterniio. Este fato foi muito discutido, sendo confinnado novanwnte Mi inserção dos musculos motores, que se orig nam no esternito e não na hi- Poeoxa. A unlia forcipular, que constitue a pinça inoculadora de veneno, é no começo verdadeiro a,rticulo. Sóemnte no decurso da evolução e da edade do Quilo- f'°’osos, ainda que muito rudimentares e de saquinhos de celoma como tarabem de préformações de extremidades. Éstas desaparecem no segmento postgenital. ficando, porém, conservadas no genital, formando diminutos apend'ces. O sarnento postgenital é mais estreito quc o genital e é retrátil. Também o genital pôde ser retraido para dentro do ul- timo segmento do tronco, de maneira que ambos estes segmentos desaparecem eompletamente, principalmente nos Escolopendrideos. São eréteis pela pressão sanguinca. Em an’mais adultos o estemito genital é muito bem desenvolvido, possuindo uma sutura mediana nas femeas, enquanto que nos machos encontra-se, de cada lado, um apendice genital em forma de estilete. Elstes apendices são os restos de verdadeiras patas bem visíveis nos machos dos Escolopendrideos. O» tergitos do segmento genital e postgenital são completamente soldados- O telson forma tres operculos, que fecham o anus: a lamina supraanaüs e duas laminas adanais. A estas se une ainda uma laminasinha muito delgada c fraca, a lamina subanalis, diante da mesma está situado o poro genital. Órgãos visuais: As préformações ocelares já se tomam perceptíveis durante o periodo fetal. No local, onde se formam os ocelos. o ectoderma se toma pluri- celular. Em 4 logares determinados afundam os núcleos celulares dentro do te- cido e vêm formar as células visuais. Novas células ectodcrma's se sobrepõem e, prolongando-se, dão origem á membrana visual externa. Estabelece-se, por den- tro. um espaço, preenchido, consecutivamente, pelas células visuais interiores, com- pridas e com apendices plasmaticos. que formam os estiletes visuais. As própria' células dão origem á retina. As células visuais exteriores, rizinhas á membrana, também se prolongam, formando as neuro-fibrilas. O ocelo primitivo solda-se ao gânglio ótico dando origem ao ners’o ótico. O pigmento basilar da retina é formado sómente apó' a primeira renovação aiticular. As células lentigenas produzem uma camada quitinósa. muito fna e ritrea, que. após o estádio fetal, rec:b? a fomn e convexidade de lente. Seria interessante fazer observações, si, nas formas cégas, existem préfor- mações embrionárias de orgãos visuais. Nós mesmos, por óra, não podemos fazer pesquisas, neste sentido; suponhamos porém, que também se encontre preíor- mação v sual nas formas cégas e que sómente mais tarde ésta préformação venha a desaparecer, analogamente ao desaparecimento do orgão tõmõsvarvano do* ' WoLFOANO Bucherl — Os Quilopodos do Brasil • 163 ^colopendrideos. Éíta afirmação nos parece ser confirmada pelo fato, de existi- rem muitos Quilopodos que não ostentam olhos, mas simples plaquinhas vitreas, *eni pigmento e retina. Isto corresponderia a uma atrofia secundaria por falta de uso destes or- ¥^ 0 ', principalmente nas formas subterrâneas. Aliás também nas formas, que vivem á plena luz do dia. a força risual ê diminuta (Verhoeff). Órgãos genitais i Como já Anmos. quando tratamos do animal adulto, tam- no embrião os orgãos reprodutores estão colocados entre o vaso dorsal jaiI- *^ril e o tubo d gestivo. O celoma é preenchido por células genitais de or gem cpitelial. Então não ha mais prt^resso na formação dos orgãos reprodutores, nem ^smo nos estádios, chamados de “adulescens”. A diferenciação sexual se acentua sómente no individuo já bastante desen- ^Ivido e de tamanlio muito avantajado (3-5 cm.: — Verhoeff). Tivemos ocasião de autopsiar Escolopendras do tamanho respeitável de 8 ^ent metros, não encontrando testículos ou otários nos mesmos, .^ntes de chega- '*^cm á madureza sexual, obsen-am-se, nos machos, vesículas seminais, e nas fe- ovulos. envoltos em epitélio achatado. Intestino: O stomodaeum e o proctodaeum são, como já vimos, de origem *Wodermal, enquanto que o intestino médio c formado pelo endoderma. A mus- ^ttlatura do tubo digestivo é fornecida por células mesodermais. O stomodaeum c ® prinKiro a desenvolver-se ; segue então o proctodaeum. Xos Quilopodos o vi- tclio penetra no intestino médio (Verhoeff). Por ocasião da eedise também o ^'télio do intestino médio é substituído, sendo sempre regenerado por determi- **»das células, que conservam em alto gráu a capacidade da d Ansão mitótica. O *P'téIio entodcrmal do intestino médio é formado por uma parte de micromeras, ^do a outra parte absorvida, juntamente com as macromeras. para a formação vitélio embrionário, que ser\-e de alimentação ao germe (Heymons). Si considerarmos que o mesmo epitéro do intestino médio é formado, nos ^^nelideos, por macro- e micromeras entodermais, e nos Pterygota por células *^odemiais. sendo o entoderma primitivo inteiro transformado em vitélio, então a segunda pro\-a da origem porfiletica dos artrópodos e vermes. d) Desenvolvimento vpós ruptura dos ovos: Percorrido o período da seg- ^*ntaf(io (segmentação do ovo até a formação completa do blastoderma) ; trans- Posto também o estádio da formação das camadas (Segmentação do germe; dife- •^^nciação do protocefalon ; formação da camada inferior) ; terminada a formação 'los orgãos (aparece a lacuna neural e as antenas) ; formam-se as extremidades ce- filicas e os apendices do tronco; fazem-se o stomodaeum e cm seguida o procro- acentuam-se os tubos traqueanos; prolongam-se. finalmente a_s extrem'- os poros de saida das traqueas se transformam em estigmas; a lacuna 164 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII neural prolonga-se;) : o embrião rompe o primeiro envolucro; pronta, finalmenie a diferenciação histológica (aparece o vaso dorsal ; acentua-se a pigmentação dos ócelos; a^ ramificações traqueanas se enchem de ar; o embrião forma os escle- ritos e pigmentos; a movimentação ativa inicia-se), passados todos estes periodos é chegado o momento em que o ovo é rompido (nas formas oviparas), ou então a larva abandona o organismo materno. Inida-se agora a evolução postembrional. Ericu Haase, Latzel & Verhoeff fizeram observações sobre ésta evolu- ção. Cada um destes AA. fez uma tabela própria dos diferentes estádios a serem percorridos pelos Quilopodos jovens. Falamos de epitnorfóse: — quando o ani* mal abandona o ovo, sendo provido já de todos ps orgãos e do numero definitivo de patas e sarnentos. Verifica-se atuífnorfosc: quando o Quilo podo nasce com pequeno numero de orgãos definitivos apenas, devendo ele perfazer diversos es- tádios, durante os qua's se aperfeiçoa, até atingir o tamanho normal. Conforme éstas duas fases evolutivas diridem-se os Quilopodos em Epimorfos e Anamorfos. Mas com ésta divisão não se exclue, que se encontre uma certa transição entre as duas fases, podendo um grupo perfeitamente ter desonvolvi- mento anamorfo durante alguns estádios, e epimorfo durante outros, como se verifica nos Escolopendrídeos e Escutigerideos. Este delo evolutivo é denominado " hemianamorfose” (Verhoeff), Latzel divide os estádios a seran percorridos durante a evolução post-embrional em estádio de: 1. Pullus; 2. Puer ; 3. Juvenis ; 4. Junior ; 5. Maturus. Verhoeff, tomando em consideração a hemianamorfose, tem ainda mais div'sões : 1 . 2 . 3. 4. 5. 6 . 7. 8 . 9. 10 . 11 . Foetus ; Larva prima; Larva secunda; Larva tertia; Larva quarta; Larva media. estádio de anamorfose; Slalus agenitalis; S tatus imtnaturus; S tatus praematurus : Status pseudomaturus ; Status maturus. estádio da epimorfose. WoLFGANO BCxherl — Os Quilopodos do Brasil 165 e) Crescimento e renovação cuticular (ecdise) : — Dada a rigidez da qu!- o crescimento não se póde dar consecuti\’amente, mas só e prindpalmente no tempo em que a renovação cuticular se efetua. Xeste período o crescimento é toorme, prindpalmente em formas jovens. Durante o tempo, que medeia entre *wia c outra ecd se, o cresdmento é nulo ou quasi nulo. O que já não se veri- fica com tanta predsâo em animais cuja quitina é tenue e mole {Geojilidcos), A ecdyse é inidada pela distenção da epiderme. E’ favoredda pela secreção ^ um liqu do que enche a lacuna entre a matríx e a cutícula. As células apicais matríx perfazem uma mudança estrutural, entrando numa fase de elerado ^^csdmento. Em cada ecdyse se reno^'a não sómente a cuticula e as suas diferencbçõcs ^truturais, como pêlos, espiculas, aculeos e espinhos, mas também as formações •nteriores do esqueleto quitinoso, os tendões cuticularcs, as partes quitinósas dor *^^ãos sensor ais, as glandulas epidermais e tambem a intima cuticular do esó- c do réto e a intima das traqueas. Geralmcnte todas éstas partes são con- J*mtainente alteradas sem serem dilaceradas. Quando o esofâgo for muito cs- ^®'to, não permitindo tal processo, então a intima é triturada no tubo digestivo, ser eliminada através do réto. A epiderme, impedida em seu livre crescimento pela quitina dura, forma mui- dobras e pregas (observamos isto muitas vezes no material do Instituto Bu- *^tan). Lógo após a ecdise, a nova cuticula, formada pelas células epidermais, *^®mpanha naturalmente éstas dobras, i>orcm sendo muito fina e elastica, não Merece resistência ao alisamento da epiderme. Entre os Quilopodos o numero das eedises varia muito. O numero minimo 10 eedises. A ecdise não se verifica mais cm animais completamcntc adultos, * não ser, que sejam gravemente feridos. Desta maneira póde-se mesmo provocar *ríificialmcnte a ecdise. Qjrtamos a antena esquerda e a quarta pata direita duma ^^^olopendra de 7 cm. Mais ou menos após 2 meses e meio, 11 articulos nóvos '•nham sido regenerados na antena; a pata, porOT, que cortamos entre o préfe- e femur, e não entre o prefemur e trochanter, regenerada quasi inteiramente tempo, ficou menor que as outras e muito mais fraca. Nesse interim tinliam ** 'verificado duas eedises. As patas, portanto, regeneram-se muito mais dificil- que as antenas. Muito interessante é observar o animal, no momento da ecdise. Na parte abre-se uma fenda longitudinal. .^ cuticula do corpo todo e pr'ncipalmente 1'*'* patas distende-se e separa-se, sem rasgar em parte alguma. Afinal o animal movimentos semelhantes aos de uma minhóca. saindo pela janelinha da ca- Todo o processo lera mais ou menos meia hora. Ainda é muito duvidoso, s' o crescimento e a mutilação são os únicos fato- 9ue motivam a ecdise. Certamente tambem entra em jogo a função excreto- das glandulas en.xuviais para auxiliar a tarefa dos vasos de Malpighi. IGG Memurias do Instituto Rutantan Tomo XIII E’ claro que debaixo da pele quitinósa se acumulem, com o tempo, certos sais e outros elementos noc'vos, que não pódem ser eliminados pelos orgãos ex- cretores. óra, com o fluxo enxuvial, estes elementos são expelidos. Xo estádio senil a eedise já não se efetua. A quidna endurece e engrossa pro- gressiramente, de modo que aparece num colorido quasi preto. Até o estádio da madureza sexual os Quilopodos precisam alguns anos. De* pois ainda vivem perfeitamente uns 6-9 anos, de maneira que sua idade com- pleta supera um periodo de 10 anos. 4. Tubo digestivo: O tubo digestivo e os seus orgãos accessorios não formam unidade morfolcr gica, mas sim funcional, consistindo ésta na captura do alimento; na tri;ura(;ão do mesmo, e finalmente na d gestão. Pela secreqão glandular, pela respiração e transpiração perde-se uma grande quantidade dagua, que o organismo procura recuperar, bebendo ou então, nutrindo-se de material, que contenha quan- tidade suficiente dagua. Para que o organismo dos QuÜopodos possa, gozar integralmente de todas suas funções fisiológicas, são necessários também sai< anorganicos, que são como que catalisadores dos processos vitais. O alimento àc todos os Quilopodos consiste em material orgânico, em substancias albuminoide* ricas em nitrogênio, para a formação e alimentação do plasma celular, e ^ glícidios e lipidios. que são a fonte de energia do metabolismo. Os dois ultimo* elementos também pódem ser formados pelos protidios. Os Quilopodos são exclusis^amente soójagos, nutrindo-se de material anim^ vivo ou morto. Não raras vezes, porém, também tomam substancias vegetais etn detrito, apreciando imensamente cértas frutas carnosas. Para obterem seu ah- mento, os Quilopodos fazem verdadeiras correrias, principalmente de noite. procura de outros animais. Os Lithobiidcos apreciam muito pequenas aranhas. Os Geofilideos nutrem-** especialmente de minhocas ; os Escutigerideos caçam moscas e pequenas barata** que atacam de improviso, enlaçando as com suas longas patas, multiarticulada» e moveis; os Escolopendrideos, finalmente, \’ivem de coleopteros e outros inséto* de quitina mais ou menos mole. principalmente de brocas, que residem em podres. Por este motivo encontram-se os Escolopendrideos prindpalmetne ct** páus podres, debaixo de vigamento húmido de cascas e choupanas; sob tijolos * outras pedras e páus amontoados. Atacam também qualquer outro animal, mesm® muito maior que eles mesmos. Obser\amos, como já temos descrito em outf* parte deste trabalho, as escolopendras grandes matarem mesmo ratinhos, sugantí*' avidamente seu sangue. Éstas escolopendras são temiveis, preferindo sempre * WoLFGANG Büciierl — Os Quilopodos do Brasil 167 *solan)ento. Quando duas se encontram, estando com fome, agridem-se mutua- “'cnte. Tra\’a-se um combate terrivel. Ambas se enlaçam enterrando umá as Pí^csas no corpo da outra. A mais fraca é sempre vencida, e imediatamente devo- *^da. Mesmo a,s partes quitinósas. como os ferrões, as peças mandibulares, os **rgitos e estemitos sãõ ingeridos. As peças bucais dos Quilopodos são de tipo triturador, isto é, as duas man- armadas com derrtes forte e pontudos, se movem uma contra a outra, em **ntido transversal ; o labro e os dentes do coxostemo das forcipulas exercem P*^são em sentido vertical ; o labio, que está IocalÍ7ado embaixo, é côncavo e serve concha para alimentos liquidos; os ferrões forcipulares e as unhas terminais segundos maxilópodos seguram a presa introduzindo-a no âmbito dos dentes ****tidibulares. O intestino dos Quilopodos consiste de 3 partes, de origem genetica dife- O intestino anterior ou stomodaeum e o intestino posterior ou procto- ^um ou réto são de origem ectodermal, formando o anus e a cavidade bucal, afundam sempre mais para dentro do corpo. O intestino médio ou mesente- ^on é uma formação entodermal. O intestino forma um tubo que %’ai da boca até o anus, isto é atravessa ^0 o corpo e consta histologicameiite de uma só camada epitelial, rodeada por pela splanchnopleura. Ésta c formada por di«rsas camadas musculares, (®iusculos longitudinais e musculos transversais ou circulares, com fibrilas par- *^^nicme estriadas). A muscularis possue inervação motor c scnsivcl. No lado interior o epitilio c revestido, nos intestinos anterior e posterior, intima cuticular e quitinósa, de origem ectodermal. Entre a muscularis e o ep‘tclio observa-se ainda a membrana ou túnica pro- que recebe o caracter de epitélio conjuntivo no intestino médio, sendo a *****’^rana simples no stomodaeum e proctodaetnn (Vide fig. 34). O tubo digestivo dos Quilopodos é rétilineo, tendo, na maioria dos casos o médio o maior comprimento. Podem-se encontrar exceções, como na onde é muito menor que o anterior. Mas mesmo nas Escolopendras ^^nteron é o mais comprido. *) O intestino anterior: Na região anterior do esôfago a camada muscular *huito grossa, prindpalmente na zona da frente. Nésta zona encontramos fei- **iusculares tripartidos, isto é: feixes musculares longitudinais por fóra. ^**^^^res no entremeio e longitudinais por dentro (Fotomicr. 10), ^ intima fôrma protuberandas internas muito simétricas. Na linlia mediana ram-se duas déstas protuberâncias muito longas e largas, tocando-se no 125 cm SciELO, 11 12 13 14 15 16 17 168 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII meio do lumen. Em ambos os lados encontram-se duas protuberâncias finas, bi- furcadas. Na região csojagcana posterior, em cortes corados com H.-E., a muscula- tura longitmlinal e c rcular é corada dc vermelho escuro verificando-se a mesma coloração com o método de Mallory. A musculatura circular é mais forte que a longitudinal, podendo-se perce- ber nitidamente os séptos musculares quando são aumentados 600 vezes. A túnica própria fómu^ uma membrana muito indistinta, porém bera acentuada em alguns trechos. Nos locais onde a intima fórma prolapsos internos, á ma- neira de diverticulos no intestino de vertebrados, a camada muscular é muito grossa, preenchendo toda a lacuna. Com o método Mallory a túnica própria e corada de vermelho escuro, como também os feixes musculares. A epiderme ou epitcHo forma uma camada continua corada com o método de Mallory de ver- melho claro. Consta de células epiteliais homogêneas, todas mais ou menos do mesmo tamanho, podendo-se perceber nitidamente os núcleos celulares, nos quais a cromatina é dispersa em flocos, tendo no entremeio algumas manchas claras que refringem fortemente a luz. São provavelmente substancias de reserva. Dc vez em quando encontramos na camada epitelial células grandes pelo menos 4-6 vezes maiores que as células epiteliais maiores, tendo um ou mais núcleos no centro. São células secretoriais. A intima ou cuticula quitinósa também é bas- tante grossa demonstrando constituição tripla, sendo a endocuticula a camada mais espessa (Col. Mallory azul-claro). A exo- e epicuticuJa formam duas camadas finas. epiderme juntamente com a intima formam protuberâncias capazes de fecliar quasi inteiramente o lu- men intestinal, principalmente na parte anterior, isto é, na região esofageana- Ao redor do intestino anterior observamos uma camada grossa constituida P«*® corpo adiposo. Este fato se dá principalmente no lado ventral, ficando, comtudo, livre un»a area, mediana entre a cadeia ventral e o tubo digestivo. No lado dorsal o corpo adiposo é menos forte, demonstrando constituição dispersa, até *que se con- dense na região do ^'aso dorsal. A musculatura é muito forte, feando por fóra os feixes de musculos trans- versais ou circulares (que funcionam como constrictores), e por dentro os mus- culos longitudinais, como dilatadores. A túnica ou membrana propr'a nem sem* pre póde ser bem distinta. O epilelio é bem grosso formando cértos apendices, que vão para o interior do lumen do stomodaeum (em Scolop. ziridicornis') , com paredes muito sinuO" sas. -As células epiteliais não completam todo o espaço do epitélio, mas estão bem isoladas, tendo como comunicação um epitélio muito fino, delgado e uin WoLFGANO BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 169 *ânto fibrilar. As células ep teliares pódem ter um ou mais núcleos. Estes, ge- ^mente, estão colocados perto da parede celular. No epitélio ainda se encontram glandulas unicelulares, de proporções bas- **nte vantajosas, com conteúdo granuloso. E’ revestido interiormente pela intima, é a continuação direta da cuticula epidermal, e, portanto, consta das mesmas ®*nadas. A exocuticul^ é bastante forte. Toma-se bem visivel. em cortes trans- ^sais, corados com H.-E. coloração toma um tom amarelado. (Vide fig. 36). No intestino anterior distinguem-se a faringe, formada pela epi- e hipofaringe ; ® esôfago, que se alarga atrás, e o proventriculo com o esfincter. O proventriculo e o seu esfinter fecliam o tubo digest‘vo anterior contra o *^dio. Xa Scolopendra z^iridicomis o csfinctcr é formado cm parte pelo intcs- bno anterior e em parte pelo intestino médio (Vide fg. 35). O intestino ante- •lor alarga-se muito neste logar, formando uma dobra por dentro, subindo de no tubo anterior. A musculatura longitudinal do intestino médio entra neste e, desta maneira, estabelece-se uma un ão intima entre os dois tubos. O proventriculo forma 6-8 séptos fortes redeados por musculos circulares e ^fitudinais. A intima do proventriculo é provida de pequenos aculeos, espiculares, fi- ^•■las curtas e grossas, apendices pontudos irregulares. Em todo o aparelho fi- os musculos longitudinais por fóra, os circulares no interior. O esfincter exerce o papel de fechar o tubo anterior contra o médio. A função fisiológica do proventriculo e esfincter é a seguinte : A faringe, secundada por sua musculatura, efetua movimentos peristalticos, impellcm o alimento, humedecido pela secreção das glandulas salivares, para *^«itro do esôfago. Dai as matérias alimentidas passam ao proventriculo. O» f«nticuIos e aculeos da intima deste são moridos uns contra os outros, devido ao mutuo dos musculos c'rculares e longitudinais. Desta maneira trituram t o alimento que consiste em grande parte de substancias quitinósas, princi- ^^nte na.« grandes formas dos Escolopendrideos. Tivemos ocasião de e.xtr^r. diversas vezes, restos de pinças, ferrões, e pla- Quitinósas de outras lacraias descoradas. O esfincter, que fica atrás do proven- ^ulo, fecha o tubo intestinal, de maneira que o alimento, após a primeira tri- ***f^çâo, devido aos movimentos peristalticos. póde ser nos-amente repelido para '^tro do intest'no anterior e esôfago, onde sofre de novo. agora já muito mais **^erado, a influencia das secreções salis-ares. Volta noscamente ao proventri- que lhe serve de passagem ao intestino médio. Segundo Balbiaxi o intestino anterior dos Crytopideos é tão comprido como ’**^io e posterior juntos. Na região das glandulas saliveares é muito estreito; em seguida se alarga, *^ando-se novamente estreito e finaliza pr meio de um bulbo no intestino mé- 70 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII dio. Elste é tão largo como aquele. O réto é muito curto e estreito, tendo no prin- dpio dois vasos malpighianos, que vão até a região das glandulas salivares. O esfinctcr de Cryptos demonstra, 6 protuberâncias radiais. Atrás do esfincter o epi- télio curva-se para fóra, terminando juntamente com a intima. Também nos Geojilideos o intestino anterior é muito comprido, com “mus- cularis” mu’ to desenvolvida. O cpitélio é fraco. A “ intima” é inteiramente lisa, não demonstrando proventriculo nem esfincter. Os LÀthobiideos têm o intestino anterior, curto. Carecem do proventriculo e do esfincter. O fato de alguns Escolopendrideos terem um tubo anterior curto, c outros (a maioria) terem este tubo longo (fig. 34), talvez venha a ser ainda imprtantc para estabelecer novos generos, nos Escolopendrideos. Parece-nos um tanto deficiente uma classificação, que se baseia exclusiva- mente em caracteristicos externos, classificação ésta feita por Attems, Ch.^m* BERLINj. PORTER, HUMBERT et SaüSSURE e BrÕLEMAXX. b) o intestino médio ou mesenteron : No intestino medio podemos observar um enfraquecimento notável das camadas musculares principalmente da camada longitudíruü exterior. A cmnada ciratlar é um pouco mais forte. A tun'ca pró- pria é visivel sob a forma de uma membrana finissima lisa. O epitélio do intes- t'no médio demonstra de novo células epiteliais menores com membranas inter- celularcs apagadas, com núcleos bem acentuados, demonstrando certa granulação mais escura, e raras células secretoriais maiores. A intima é ausente, sendo a su- perfide interna do epitélio lisa e carecendo de quaisquer protuberâncias. O intestino médio é rodeado pelo corpo adiposo, entrando, comtudo. no scu lado infero-lateral cm contacto com feixes da musculatura drcular oriunda das pleuras. O mesenteron é constituído por feixes musculares longitudinais, mais fracos que no stomodaeum; seguem então feixes de musculos circulares. A muscularis, portanto, é de const‘tuição contraria á do intestino anterior. Em seguida, obser- ramos a túnica própria, mais risivel que no tubo anterior. O epitélio é muito alto, liso por dentro, constituído por glandulas secretoriais e células epiteliares. O mesenteron é um tubo simples, rétilineo, mais ou menos curto. O epitéiiy carece de diverticulos. O mesenteron exerce duas funções: a secrcqão de fermentos digesti\-os c a reabsorção do alimento. A função secrctorial é exerdda pelas glandulas unicelulares, que se achaiU distribuídas por entre as células epiteliais. Como o mesenteron carece da intima, a secreção póde se efetuar por via di- réta, difundindo o liquido das glandulas dVétamente no lumen. O liquido se- WaLFCANG BCxiierl — Os Quilopodos do Brasil 171 cretorial se forma, devido a atuações reciprocas entre o nucko e o plasma glan- dular. Observa-se perfeitameníe no quadro microscopico, principalmente nas Esco- ^Pendras, que se ajuntam granulações plasmaticas c parcelas de cromatina. Como resultado desta atuação rcdproca observa-se em cada glandula, uma secreção gra- nulosa ou liquida, principalmente na parte apical da célula que encobre o núcleo. As células epiteliais são muito longas, com membranas celulares muito fracas, de modo que se toma extremamente dificil, descobrir os I mites de cada célula. Seus núcleos também são longos não tendo local determinado na célula (Ve- *hoeff). A absorção de alimento se of)era por difusão ptassiva por via osmotica ou por sucção ativa do alimento, dilu'do em liquidos semicoloidcs ou coloides. Para Pste fim a membrana é provida de numerosos póros. pelos quais o alimento se di- funde no epitélio do mesenteron, alojando-se em primeVo logar dentro do plas- nia. Depois da distribuição do alimento no plasma, formam-se vacuolos nos quais os elementos alimenticios se encontram cm estado difuso. Segue-se agora a agregação dos grânulos alimenticios. Finalmente os vacuolos desaparecem, permanecendo os grânulos no plasma. Era seguida abandonam as células epiteliais, passando ao *wgue ou á cavidade visceral. ■\ absorção não é feita por diverticulos, a,usentes nos Quilopodos, mas atra- 'ez da superfic'e inteira do intestino médio. Como as células se gastam paulatinamcnte, são regeneradas sempre de novo. células epiteliais se regeneram em grupos, por divisão mitotica, enquanto que ^ glandulas se reconstituem uma por uma. Os restos, não digeridos de alimento passam ao réto. Nos Escolopcndrídcos o esfincter não fecha de todo o intestino anter;or do médio, de modo que mesmo no intestino se encontram fragmentos de quit na e outras substancias duras c inassimilaveis. c) O rito : A camada muscular do réto é constituída por musculos circu- ’arcs no lado externo seguida por outra camada de musailos longitudinais, muito fina. .\ camach circular interna é a mais grossa, ha,vcndo 5-9 fei.xes musculares paralelos. A túnica própria, com coloração roxa (Mallorv’) é bem nitida em al- guns logares. O epitélio é muito alto, sendo os limites das células cpitelais in- distintos. Células secretoriais não existem, liavcndo contudo cm cértos locais ce- fulas maiores com conteúdo granuloso, muito refringente. A intima demonstra a mesma constituição que a do intestmo anterior sendo também da, mesma es- pessura que aquela. Vide fig. 37. A epiderme e a intUna formam sépíos longitudinais internos mu'to fórtes, *^pazes de obturar quasi completamente o lumen. Existem 4 séptos grandes que tocam quasi no centro, e no permeio 5 séptos menores. Interessante é o fato de existirem entre a camada muscular interna c os séptos, cirtos elementos cclula- 129 172 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII rcs muito vacuolisados, corados de azul e de significado desconhecido. Presu- mimos serem de constituição quitinosa. Na zona anterior do róto a musculatura longitudinal é muito fraca, enquanto que as 2 camadas de musculatura circular são fórtes, formadas de feixes musat- lares largos. Entre a camada circular interna e o cpitclio obser^-amos traqucolos finos, fornecendo ás células epiteliais o necessário oxigen’o. Na coloração com H.-E. as estrias musculares são muito claras, atravessando o feixe muscular cm linhas paralelas sinuosas. Na zona dos núcleos musculares depara-se-nos um elemento homogcneo, livre de estrias. Os núcleos existem em numero de 1-9 cm cada feixe; são oblongos, com a, cromatina di.ssolvida em flocos. São localizados tanto no centro como na periferia dos feixes. A intima e o epitélio fonnam 4-8 protuberâncias, que vão para o interior do lumem intestinal, tocando-se no centro. Em muitos cortes as terminações finissima,s das traqueas foram atingidas longitudinalmente, de maneira que o liquor traqueano se tomou bem visivel. Os núcleos das células epiteliais são grandes, situados sempre ao longo da túnica própria, demonstrando forma longa e esíre ta ou curta e larga. Quasi sempr»-* estão encostados ás paredes celulares. A intima demonstra ligeira rugosidade. Queriamos mencionar ainda neste logar, que as glândulas genitais accessorias possuem uma camada de musculos circulares extremamente grossa, sendo células epiteliais muito pequenas, dispostas simetricamente em redor da intima. TiSta ultima é atravessada, no lado interno, por séptos longitudinais fracos. Tan,o os receptáculos seminais, como também as glandulas genitais secundarias e o otdduto são muito sinuosos, de maneira que num córte de 5 m'cras, as segundas foram cortadas 5 vezes c o oviduto 4 vezes. O ultimo é muito largo, sendo revestido por uma catnada epitelial estreita. O “oogonio" é muito grande, havendo 1-2 pequenos germes no mesmo. Os núcleos das células epiteliais dos receptáculos são redondos ou muito estreitos e longos, emquanto que os centro. Do canal parte o póro large que \'ai á superficie externa. As paredes deste póro são quitinósas, liavendo por dentro espirais, para reforçar as paredes. O póro perfura toda a camada quitinosa externa, terminando a superficie da coxopleura. N eurofibrUas muito f nas, originadas do gânglio genital, entram nas parede? dos receptáculos seminais. Dentro do lumen destes podemos obsersar espcrma~ tozoides redondos. Na coloração de Mallorj- distinguimos facilmente todos os 130 WoLFGANG BCxherl — Os Quilopodos do Brasil 173 Órgãos, situados na zona posterior do réto. A intima deste é ainda mais grossa *^o que na parte anterior. As 3 camarlas musculares conservam a mesma gros- sura. As sinuosidades das glandulas genitais secundarias desapareceram, de ma- neira que obsers-amos apenas 2 canais (femea) de glandulas secundarias, situados perto da camada muscular externa do réto, um em cada lado. Os musculos são roxos; o epitélio vermelho escuro. \o lado interno de cada capai depa- *^-se nos dois canais dos receptáculos seminais, demonstrando o epitélio colo- ^Ção vermelho-clara. Na parte ventral vemos o "sinus genitalis”, formado pelo oviduto, que se cur\a. estreitando-se ao mesmo tempo. Toda ésta zona é rica etn nervos. Obser\Timos um ramo nervoso impar no centro, entre os 2 recep- táculos seminais. Parte do mesmo um par de ner\-os que acompanham o réto Pclo bdo exterior. Do local, que seria a continuação do gangl o genital, partem •gualmentc 2 ramos, que divergem muito, alargando-se no lado externo das 2 glandulas genitais secundarias em verdadeiros “gânglios” nervosos, observando-se nos 2 ramos divergentes pequenos engrossamentos ganglionares, correspon- lestino médio. Por conveniência costumamos dizer, que o reto prindpia, onde tubos de Malpighi entram no intestino, ou então, onde começa a intima. A.\. modernos consideram os \’asos malpighianos como ainda pertencentes intestino médio (Tr.\ppmann). Na Escolopendra viridieornis observamos no fim do intestino médio que as tíobras transversais das paredes aumentam muito em grossura. .Ao mesmo tempo *strcita-se o tubo. Antes de entrar no réto forma um estrangulamento, dentro tio qu^ começam as dobras longitudinais da intima. Ésta pôde fecltar quasi ^^tttpletamentc o tubo, deixando ap>cnas frestas diminutas. O alimento é nova- triturado e filtrado, antes de passar ao réto. O intestino posterior (Vide fig. 37) é muito curto e estreito. Forma duas '^Jiatações na frente; corre, então, em linha réta para trás; dobra ligeiramente * esquerda e, afinando-se num estrangulamento, termina no ohmj, subindo levc- ^***ote para cima. 174 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII No réio vemos, por fóra, miisculoj transversais; seguem então tiiusrulos longitudinais e por dentro no^^amente musculos transversais ou circulares. Dentro do tubo vemos a túnica própria, o epitélio e finalmentc a intima quitinósa. O epitélio e a intima formam ma's ou menos 8 dobras longitudinais, mui '-0 fortes, atrawssando o réto em todo o seu percurso, sendo porém na frente muito mais grossa que atrás. (Vide fig. 37). No logar da entrada dos vasos de Malpighi existem saliências epiteUens, muito lobadas, continuadas pelos séptos da intima, onduladas no principio, retas ma,is atrás. Nos logares onde o réto é muito estreito, os séptos podem obstruir com- pletamente o tubo intestinal, deixando livre apenas um lumen muito fino. frente para trás o lunxin aumenta progressivamente, e tomando os séptos mais fracos na mesma proporção. d) Fisiologia do tubo digestivo: Os Quilopodos nutrem-se quasi exclusi- \'amente de animais vivos, que são mortos pelo veneno das forcipulas. Também gostam de jrutas moles e outras matérias vegetais como vimos. Pela ação das mandíbulas o 1'quido secretado pelas glandulas salivarei, penetra o alimento. Toda a digestão é efetuada mercê ação dos sucos intestinais e salivares, sucos estes que constituem os fermentos, elementos orgânicos muito complexos qu® exercem o papel de catalisadores. No intestino anterior o alimento é tr'turado; abrindo-se o esfinter, passa tudo juntamente com as partes duras (Areia, pêlos, pedaços de quitina, pinças inoculadoras, etc...) ao intestino médio. .Aqui se verifica o processo principal da digestão. O epitélio secreta um fermento amarelado ou amarelo-vermelho, neutro levemente alcalino, formando proteases e lipases, dissolvendo, portanto, as substancias albuminoides e gordurosas. Ao mesmo tempo o intestino médi<> ainda absorve ativamente ou por via osmotica, o pimento já digerido. absorpção é contimuda pelo réto. Matérias indigestas, como a quitina, grãos de areia, são eliminada,s, formando o e.xcremento, envolto numa membrana tenue. 5. Vasos de .Malpighi Os vasos de Malpighi formam os orgãos excretares dos Quilopodos. Exis- tem sómente cm numero de dois, um de cada lado. Percorrem cm linhas sinuo- sas o corpo inteiro, chegando próximo ás glandulas salivares. .Anatomicamente são constituídos por células cpitelia’s muito compridas, que contém granulação muito fina. Por fóra destas células encontra-se uma camada de musculos longi- tudinais. Os vasos malpighianos expulsam as substancias toxicas e nocivas. 132 WoLFGANG BCcheri. — Os Quilopodos do Brasil 175 6. Sistema nervoso: O sistema nervoso dos Quilopodos consta de uma parte central e periférica, ^or intermédio do sistema nervoso periférico o sistema nervoso central está em *®ntacto de um lado com os orgãos receptores (orgãos sensoriais) e de outro ^do com os orgãos ejectores (musculos, glapdulas, etc...). Os receptores perce- as irritações do exterior, transformam-nas em sensibilidade nervosa, a qual, ^'Po^s de ser coordenada pelo sistema central, é transmitida aos efectores, exe- Qitando estes a determinada atividade. Funcionalmente, portanto o sistema nervoso forma uma unidade indivisivel Os orgãos sensoriais e os receptores. Anatômica e geneticamente a união intima só é encontrada entre os primeiros (Weber). De acordo com a histologia o sistema nervoso consta do neurilcma e nos nen- ^onios. O neurilcma ainda é pouco conhecido. Forma uma pele finissima, de ^lureza epitelial, que envolve o sistema ner4'oso. Os neuronios são de origem ectodermica. Cada neuronio fomu uma unidade ^ular, ainda que muito consistente e pouco distinta. Comtudo, pudemos obser- em alguns cortes longitudinais através de um gânglio ventral da Scolo- Pfndra viridicomis (Vide fig. 39). células neuron’cas, ganglionares, poliedricas, *®uito nitidas, que formam a camada exterior dos gânglios, ficando os apcndices ^jformes, ncuro-fibrilares no interior. Xo centro de cada gânglio vemos o ^^ropilenia ou substancia punctala, fibrilar, uniforme. Xo sistema ner\-oso dos Quilopodos devemos distinguir duas partes gencti- ^^^icnte diferentes, a saber: a cadeia ganglionar ventral Cconi nervos centrais ^ Periféricos) com o cerebro e o sistema stomatogastrico ou sistema nervoso ^sceral. (Vide fig. 38) . a) A cadeia ventral: A cadeia ganglionar ventral é muito comprida e Acorre o corpo inteiro, sendo dividida era outros tantos gânglios segmentares, *Piantas são as verdadeiras extremidades. Além disso encontra-se ainda, no fim corpo, atráz do ultimo gânglio abdominal, um gânglio menor, o genital. Exep- ***®ado os primeiros 2 gânglios segmentares e os dois ult'mos. que estão bem ^*^- Septos da intima. 3 — IntestifX) medio. 112 cm 11 12 13 14 15 16 17 WoLFGANO BCcuerl — Os Quilopodos do Brasil 187 3) O trilocerebro : O tritocerebro pertence geneticamente ao segmento intercalar primitÍTO. Emite os “lobi postcercbralej” que inervam o labro. A “ponte cerebral" une os lobos anlenais. O tritocerebro contêm neurojibrillas, "substanlia punciaSa” e algumas célu- las ganglionares. (Verhoeff). O tritocerebro emite um ner\’o para cima, outro para baixo, e um terceiro, mais forte, o “nervus recurrcns” , para, trás. O conetho subesofageano consta de 2 ramos grossos, cilindricos, com “substanlia Punctata”, ncurofibrilas e células ganglionares. Os conetivos soldam-se ás 3 partes cerebrais. c) A cadeia visceral: A cadeia visceral é formada pelo “nervtts recurrens" que acompanlia a superficie dorsal do intestino. Em Seutigera e Scolopcndra c "nervus recurens” forma logo no principio um pequeno gânglio, do qual partem 2 nervos para os musculos d latadores da faringe. Paulatinamcnte o nervo se ptrde no tecido do tubo digestivo (Verhoeff). Existe também um ttervo dorsal no qual ainda não foi descoberto, como está unido ao sistema ner\'oso. fnerva o coração, formando uma cadeia ganglionar, muito fina e quasi invis vel. VII. SISTEMÁTICA 1. Noções gerais: O estudo dos Quilopodos, é um assunto que ha muito tempo interessa os fnlotnologos, pelo importante paj)el que os Qmlopodos desempenham como repre- *wtantcs e protótipos do imenso reino dos insetos. .Animais nocivos ao homem. Por serem transportadores de verdadeiros parasitas humanos, os Quilopodos pa,ra- s*tam as cavidades nasais humanas, causando distúrbios gravissimos. Final- **'entc também nos interessam, por apresentar nosso país, fôrmas enormes, como * Scolopcndra gigantea, a Scolopcndra viridicornis e a Scolopcndra subsphtipes, lórmas estas que podem atingir mais de 20 cm. c que, providas de pinças inocula- *^ores muito fórtes, causam com stia picada dôres violentas, inflamação do lo- afetado, distúrbios nervosos, paralisia c até mesmo a mórte (em crianças P^uenas). Apesar deste grande interesse, obsen-a-se, comtudo, uma certa confusão cm sistemática, devido em grande parte ao fato de estarem os especialistas muito *Iastados uns dos outros, ou por terem usado métodos falhos na escolha de verda- *Iciros caracteristicos. De.screver um Quilopodo unicamente pelo colorido que apresentâ, principal- ’*'«ite quando se tem poucos exemplares, querer distinguir um indisnduo do °wtro pelas cerdas, curtas ou longas, densas ou raras, pelos aculeos ou cerdas, 188 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII e artículos das antenas, seria basear-se sómente em característicos falhos e \-aria- veis. Mesmo especialistas de peso, como Attems e Brõlemann, classificando as especies dos Escolopendrideos brasileiros pelas espiculas.no prcfcmur, cairam numa certa confusão. Assim, por exemplo, a Escolopcndra zdrídtcornis, conforme os característicos por des dados, deveria ter sómente dois espinhos ou nenhum no prefemur das patas, e no emtanto, há exemplares desta mesma especie que apresentam 5-8 espinhos no local dtado. Os antigos .AA. costuma\-am descrever os Quilopodos, baseando-se simples- mente ém um ou dois característicos isolados. Pouco se preocupavam, si de fato estes caracteritsicos éram constantes e tipicos. O resultado foi uma grande confusão, aumentada pela impossibilidade pra- tica de obter as antigas monografias, espalhadas por todo o mundo, casualmente mencionassem obras recentes. D’outro lado, as chaves sistemáticas modernas são confecionadas com mu to esmero no tocante ás especies europeas e asiaticass, obtidas por expedições cientificas, enquanto que os generos e esj>ecies brasileiras continuam ainda hoje, sendo “ierra ignota", principalmente os Escutigeridios c Lithobüdios. Queremos contribuir com este trabalho para o melhor escla,recimento da posição sistemática dos Escolopcndridios brasileiros. Nesta sistemática tomare- mos como base a obra magistral de Attems, criticando leal- e cientifcamente seus defeitos, no tocante a algumas especies brasileiras, defeitos estes, desculpá- veis pela dificuldade de obter na Europa cm grande quantidade nossas especies. Para a sistemática dos Escutigerideos, Lithobiideos e Geofilideos utilisar-nos- emos de monografias e separatas por nós colegidas na, Europa e na America. Muito grande é o perigo de um sistemata incauto tomar diferenças inditdduaií dentro de uma e mesma especie como diferenças e característicos cspecificos, perigo este tanto maior quanto maior for a probabilidade do corpo externo dos Quiypodos, a;iimais de sangue frio, expostos ás mais diversas tem- peraturas e mudanças do meio-ambiente, sofrer contínuas aletrações. Facilmente quebram as patas; lesões mal regeneradas desfiguram o animal; no logar de feridas crescem protuberâncias, pêlos ou cerdas ; extremidades lesadas se pódem tor- nar maiores ou menores, mais grossas ou finas, numa palavra, modificações ^ variações individuais pódem induzir o pesquisador, a crear novas especies, sem ter a certeza si estes caracteres de fato são hereditários. A sistematka moderna, objetiva, não levará em conta, um ou dois caracte- rísticos sómente, mas todo o conjunto de característicos, insistindo prindpalmente nos constantes e tipicos, deixando mais de lado os secundários. Não se preocup* absolutamente com os individuais e inconstantes. Ultimamente a conformação dos orgãos genitais externos dos machos e das femeas tem sido de sumo \-alot 14G WoLFGAXO BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 189 pani a sistemática, como também a biometria dos aniniais, as medidas exatas, geométricas do corpo inteiro, comparado com as diversas partes, a posição, o tamanho, a grossura, a conformação, as sinucsidades de cada articulo ou extre- midade, tomada em particula,r e comparado o conjunto todo. Resultam desta maneira carateristicos. ás vezes surprehendentes. principalmente cm animais como os Quilopodos, que gozam de simetria bilateral e cuja parte posterior do corpo corresponde de certo modo á parte anterior, de maneira que, em alguns generos, as ultimas patas pódem ser consideradas verdadeiras antenas. Vimos no capitulo anterior, quando tratamos da embriologia, que a evolução ontogenetica tende sempre á recordação de um tipo, já existente nos ancestrais, isto quer dizer que os caracteristicos especificos dos pais são passa,dos tambem, aos filhos; que o fenotipo, a soma de todos os caracteristicos realizados num 'nd’viduo, é determinado sempre por fatores especificos internos, chamados fatores i^weditarios ou simplesmente genotipo. Indiriduos gcnotipicamente iguais pódem ^irer, derido ás diferentes condições do meio ambiente, modificações fenotipicas, climatologicas, alimentares, etc..., permanecendo o genotipo sempre o mesmo c variando apenas o fenotipo. E’ provável tambem a exisícneia, ainda que ate i^oje ignorada, de casos e mot‘vqs que provaram a modificação dos fatores herc- esmo local, podendo-sc, portanto, presumir que os fatores exteriores sejam o> ®>esmos. nunca, haja individuos completamente iguais. Pelo contrario, a for- de qualquer caracteristico, o tamanho do corpo, das extremidades, a arti- ^'^çâo das antenas, o colorido, a densidade de qu'tina. a estrutura do integu- ^ento, os oi^ãos sensoriais, as glandulas cutaneas sofrem sempre maiores ou **’cnores oscilações. Os dentistas denominam este fato zwdação. Existe variação geográfico quando éstas oscilações provém de individuos de *onas geográficas diferentes ; temos variações individuais quando se trata de indi- 190 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII viduos de um e mesmo local. A \-ar'a<;ão nunca é brusca, acentuando-se, ao contrario, em transição lenta entre indivíduos variantes, de modo que, havendo material muito abundante, facilmente se póde estabelecer uma cutxm, na qual o ma.vimo e o minimo são mais raros, sendo o médio o ma's frequente. E’ possivcl a existência de s'ariações que se fundamentam em modijicações geográficos; encon- tram-se também \-afiações baseadas em modificações climatologicas ; existem finalmcnte rariações fundadas em mutações, originando-se desta maneira combi- nações de caracteristicos diferentes. Já se vê como é dificil colocar num sistema os gêneros, especies e raças de um grupo de animais, como são os Quilopodos, presuposta a, sua extrema depen- dencia do clima, do solo, da altitude ; animais, enfim, que estão em contacto intimo com os fatores do meio-ambiente. Neste logar devemos também falar das anomalias que se verificajn com maior ou menor frequência no grupo dos Quilopodos, oferecendo bases fallias para a sistemática. E’ dificilimo distinguir num caso determina.do, si se trata de uma simples \ariação, provocada pelos fatores já citados, ou si temos de fato uma anomalh verdadeira diante de nós. Si cértos Escolopendrideos, por exemplo, apresentam patas mais ou menos gastas pelo uso, presuposta a impossibilidade dc regeneração, devido á sua edade avançada; si os dentes do coxosterno forcipular e das man- dibulas forem gastos e reduzidos derido à longa trituração d’um alimento duro, quitinóso, isto não será anomalia porém simples variação ou atrofia secundaria. A verdadeira anomalb sempre constitue um caso excepcional numa cspecie. Assim, examinando mais de 100 exemplares da Scohpcndra viridicornis, só pude- mos descobrir um unico, cujos estigmas laterais, segmentares não se corespond ani. Anomalias, principalmcnte, quando não patológicas, são uteis, favorecendo o animai a vencer melhor os obstáculos do meio ambiente, adquirindo grande im- portaneb na formação de no\’as especies. Em muitas especies desta mesma Escolopendra obsei^-amos repetidas vezes patas ou antenas menores, que as outras, incap^cs, portanto, de exercer perfeitamente sua função fisiológica, devido á regeneração mal feita, principalmente, quando se trata de um animai já com* plemtamentc adulto. Ficando um Quilopodo ferido no corpo, o ferimento não sara, enquanto não liouver nova ccdisc. Afim de se poder pôr os Quilopodos no sistema zoologico, é predso considerar sua evolução paleontologica, ontc^enctica, ecologico-gcografica e morfologica* Conforme os exemplares fosseis, póde-se fazer a seguinte an-ore gencalo" gica dos Quilopodos e Miríápodos em geral : 148 192 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII CHILOPODA: íVerhoeff: — 1925 ) 2. Subclasse: — PLEUROSTIGMOPHORA 1. Ordem: — ANAMORPHA 1. Subordem: — Craterostigmo|Jiora 2. Subordem: — Lithobiomorpha : 1 . Familia — Cermatobiidae 2. Familia: — Lithobiidae 1. Ordem: — EPIMORPHA 1. Subor',Iem: — Scolopendromorpha 1. Familia: — Cryptopidae 2. Familia: — Xewportiidae 3. Familia: — Theatopsidae 4. Familia: — Plutoniidae 5. Familia: — Scolopocrj-ptidae 6. Familia: — Scolopendridae Appendix: — Asanadidae 2. Subordem: — Geophilidae 1. Familia : — Medstocephalidae 2. Familia: — Geophilidae 3. Familia : — Gcmibregmatidae 4. Familia: — Bnuilophilidae 5. Familia ; — Schendylidae 6. Familia ; — Himantaríidae. Nem todas estas famílias são encontradas em nosso continente e ainda menos no Brasil. Aduzindo, portanto, apenas os característicos gerais e mais importantes para melhor compreensão quanto ás formas de fóra, trataremos, a s^uir, com todo o cuidado dos specimes do Brasil e das formas que vieram de fóra, mas j* se acostumaram em seu novo habitat. A divisão acima exposta não é aceita por todos os AA: Attems, pot exemplo, faz outra d’rísão, estabelecendo tribus e subfamilias nos Escohpcf*' dromorjos. Acresce ainda o avanço, que o estudo dos quilopodos tem tido nestes últimos anos. principalmente no tocante á formas europeas e asiaticas, de maneir* que novas subfamilias e mesmo familias se vem introduzindo, aqui e acolá, fatP este que dificulta ainda mai suma exposição nitida e clara do assunto. Sendo Verhoeff, atualmente o mais acreditado especialista, jun;ament* com Attems, no tocante aos Escolopendromorjos, adotamos, neste trabalho, * divisão sistemática do primeiro, introduzindo generos e especies nóvas, ondí preciso for. cm SciELO, 11 12 13 14 15 16 17 150 CHILOPODA Noção geral; Os Quilopodos são artrópodes iraqueados, com cabeça e tronco. Suas fl«- ^fnas constam no minimo de 13 arfculos, podendo o numero destes subir até ad- de 150. (Escurígerideos) . Pódem existir olhos simples, geralmente em nu- tnero de 4, dispostos em forma de uma cruz ou então imnneros olhos pseudo- focelados (Elscutigerideos), ou são inteiramente ausentes. Na placa cefalica enxergam-se macroscopicamente duas suturas longitudinais (na maioria dos Quilopodos), convergentes de frente para trás, secundadas, ás ^czes, por duas sulurasinhas curtas transversais, basilares. No lado ventral da placa cefcdica existe o labro, nem sempre bem desenvol- ^do, e saparado ap>enas da placa por meio de uma membrana muito fina e trans- parente. No centro, o labro forma um dente quitinoso. As mandíbulas estão no *ado interno, lateral, da cavidade bucal. Mostram, como já temos visto, construção Estante complicada. Estão sempre armadas com dentes muito fortes e duros. As mandibulas estão cobertas pelo primeiro maxilar, que tem apenas 2 arti- ^los verdadeiros ou palpos que não terminam em unhas. Suas peças basilares se *oldam, formando o labio. Este é côncavo e serve de concha para aspirar agua e *Jinientos liquidos. A ultima peça morfologica da cabeça são os segundos maxilares. Estes con- *^’aram um tanto a forma de pata primitiva. Seus tclopoditos ostentam a mais ^•'ersa construção, podendo constar de 3-5 articulos verdadeiros. Nos Escutige- ’^eos encontram-se mesmo verdadeiros tarsos, sendo cada articulo provido de 2 ® 4 aculeos muito grandes. A unha terminal dos segundos maxilares é obtusa, côncava, e pôde ter uma ou duas unhas secundarias no lado. Primeiros e segundos maxilares estão encai- *ados na abertura bucal da placa cefalica por meio de peles e musculos. Conser- '■am sempre grande mobilidade. Sua quitina não é muito dura, porém, também é necessar’o desde que estejam protejidos, por sua vez. pelo enorme coxos- ^^utn jorcipular. Ésta peça origina-se pelo soldadura do estemito e da coxa das ^^cipulas. 194 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII O coxostcrnum demonstra melhor desenvolvimento nas lacraias grandes, por- tanto existem em seu interior musculos fortes e resistentes, que abrem e fecham as pinças inoculadoras de veneno. As coxas e os cstemitos são separados uns dos outros nos Escutigeridios. As forcipulas constituem propriamente o primeiro par de patas, mas, devido á sua junção fisiológica, mudaram de local, avançando sempre mais para a frente até cobrirem inteiramente os maxilópodos, no lado ventral da cabeça. Paralela- mente os seus tclopoditos se transformam de articulos de pata em verdadeiras pinças curvas e pontudas, com ferrão de quitina forte. As p'nças sempre contêm, em todos os Quilopodos, sem exceção alguma, duas glandulas de veneno, uma de cada lado, de dimensões exiguas, e cujo canal excretar termina perto da ponta das pinças. O tronco é, segundo alguns AA., segmentado homonomamente ; s^undo outros a segmentação é heteronoma. Esta divergência de opiniões é resolvida facil- mente, tendo em vista a função fsiologica diferente, principalmente das extremi- dades no começo e no fim do corpo. As primeiras patas, já não são enspregadas, na maioria dos casos, para a locomoção, auxiliando no ato de comer. Portanto, os seus tergitos já não precisam sustentar o peso do corpo; consequentemente são mais fracos, enqua,nto que 05 tei^itos seguintes constituem placas íortc', largas, porque tambem as patas são mais fortes. Fato análogo verifica-se com as ult’mas patas, que \neram a ser \erdadeiras armas defensivas, monopolizando quasi inteiramente a defesa do animal. Conse- quentemente ostentam proporções avantajadas, prindpalmente nos Escolopen- dromorfos. lambem os tergitos são mais fortes, que os anteriores. Portanto, a segmentação originariamente homônoma passi a sar secundara- mente. cit-vido ao papel fisiologico das extremidades, ^cgnientação heterônoma! O tronco consta de placas dorsais ou tergitos, placas ventrais ou estemitos e placas laterais ou ecierítos pleurais. Os primeiros formam camadas grossas dc quitina; nos segundos a quitina é mais fraca e nos últimos verificam-se apenas pequenas ilhas quitinósas em peles moveis c transparentes. Ao longo dos tergitos, e muitas vezes tambem dos esternítos, correm 2 sul- cos longitudinais, ausentes nos Escutigerideos. O menor numero de patas é dc 15 pares {Escutigerideos) e o maior 173 pares nos Geofilideos. Quanto maior 0 numero de patas, tanto menor seu comprimento. As patas constam de coxa, trochanter, prefemur, femur, tibia e 1-2 tarsos, oom um sem unha fnal. Os tarsos podem ser multiarticulados, como nos Escu- tigerideos. A unha terminal pôde ter 2 unhas secundarias, pequenas. Os estigtnaS, quando impares, ficam localizados na linha mediana, terminal dos tergitos, quando pares, no lado superior, terminal das plauras, perto das carinas dos tergitos. Entre os tergitos e estemitos encontram-se a'nda segmentos intercalares, mais ou menos visiveis. Xo segmento das ultimas extremidades os pleurítos estão I WoLFGANG Bücherl — Os Quilopodus do Brasil 193 ausentes. Após o ultimo segmento do tronco seguem ainda 3 outros segmentos, •nuito pequenos, e quasi nunca visiveis do lado superior: os segmentos genital, Posigcnital e anal. O primeiro e o se^ndo apresentam ainda, restos de segmentos •tansformados, os apêndices genitais e postgcnitais, gcralmente melhor desen- ^Uidos nas femeas, principalmente nos Escutigeridios. O segmento anal carece *®mpre de extremidades. Todos os Quilopodos são opistogoneados, isto é, seu Poto genital termina sempre no fim do corpo, entre os segmentos genital e post- 8«iital. adiante do anus. A organização interna dos Quilopodos é a srçuinte: a) iVo exterior uma camada de musculos muito forte e consistente, verifi- ^do-se a inserção muscular principalmente nas dobras internas entre os tergi- e as pleuras e entre os estemitos e as pleuras. b) A cadeia ganglionar ventral com o cerebro no lado dorsal da placa cé- tica. A cadeia percorre todo o corpo. c) O tubo digestivo, que p>ercorre, cm linlia réta todo o coqx), a começar boca e a, terminar no anus. Con.sta de stomodaeum. intestino médio e procto- '^cum ou réto. d) Os orgãos genitais, geralmente impares, crescendo os ovários c os tc.s- hculos sempre ma's i>ara a frente, paralelamente ao crescimento do corpo, de ***^cira que em exemplares complctamente adultos já prindpiam nos primeiros ^^Stnentos do tronco. e) O ZKiso dorsal, pulsátil, dividido em outras tantas secções, quantos são segmentos do tronco. f) O corpo adiposo ou gordurosàf. que inwlvc principalmentc o coração ® os orgãos genitais, dissolvido numa rede de células poligonicas. N 133 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 I 1.* Subclasse — Notostigmophora — Verhoeff, 1901. Já o nome indica o principal caracteristico deste interessante grupo, que con- siste no fato dos estigmas estarem IcxalÍ 2 ados na linha, mediana dos tergitos, cm numero de 7, um em cada placa dorsal (Vide prancha colorida). Dos estigmas impares irradiam os tubos traqueanos. Os Escutigcrideos são facilmente reconheciveis pelas antenas longas e ex- tremidades de extensão fabulosa, que os tomam ágeis, podendo deslisar mesnw pelas paredes mais lisas numa velocidade nota,vel. .As patas mais longas são as ultimas que servem de verdadeiros laços preenseis. De noite o Escutigerideo, \-elóz como a sombra, deslisa pelas paredes, prin- cipalmente das cosinhas de casas rurais, capturando moscas. Os Escutigerideo* possuem dois olhos pseudofacetados, ou melhor, inúmeros olhos simples, colcxado* cm ordem s metrica. As antenas são mais compridas que o corpo, multiariiculadas, distinguindo-** sempre duas partes, divididas por um nó. A parte que fica perto do corpo * denominada “jlagcllum primum". Princip'a com um articulo muito grande, vidido por uma sutura meio apagada em dois articulos : é a coronha, que apresenta um buraco redondo, o orgão ccnsorial. O articulo seguinte chama-se ‘‘flagcllo- basale". No fim do jlagcllum primum encontra-se um articulo ma or: o nodale, * depois deste, o postnodale. S^^e, então a segunda parte da antena, o flagcllu^ secundum, também multiarticulado. , Nem sempre se encontram o nodale e o postnodale, como também nem senv pre existe perfeita harmonia entre a antena do lado direito e a do lado esquerdo- Pelo contrario, é muito comiun poder obser\-ar, que num lado se encontre o no- dale e no outro não; que num lado o jlagcllum primum consta de 70 articulo* e no outro lado de ma‘s de 100; que num lado a, antena ostenta as duas divisõe* e no outro não. Ésta inconstância nos articulos das antenas dificulta muito classificação dos Escutigcrideos. Os antigos AA. tomaram justamente os artí- culos das antenas como caracteristico pr‘ncipal em suas descrições, de maneira que surgiu muita confusão. Os orgãos sensorims do primeiro maxilar fomiajO estiletes. Os pêlos dos segundos maxilares são muito grandes, sendo facilmente cm SciELO, 11 12 13 14 15 16 17 154 WoLFGANO BCxherl — Os Quilopodos do Brasil 197 '^stos. Estes constam de trochanter, prcfemur, fcmur, tibia e tarso. Este, em *tnia forma vinda de Madagascar, é dividido em primeiro e segundo tarso. Unha terminal não existente. Nota,-se, porém, pelo menos nos especimes brasileiros, •“na formação de quitina dura. Os maxilares apresentam aculeos muito longos, em ••uniero diferente nos diversos generos. .'\s íorcipulas também são muito bem •fcsenvolvidas. As duas pinças inoculadoras dc veneno são tão finas como a ponta d’uma agulha, de modo que podem perfurar facilmente até mesmo e pele ^nnnana. A afirmação de Patton: — “It is quite harmless”, parece-nos um •anto duvidosa, já que conseguimos relatar um caso (no primeiro cap.), em uma senhora fôra mordida, sofrend dôres fortes nos dias seguintes. As coxas f(»’cipularcs são muito move‘s, independentes uma da outra, isto não unidas no meio. Na margem mediana, dianteira observam-se 4 aculeos *^mes, em cada lado. Entre as coxas fica, o estemito, que é muito pequeno. Os Escutigerideos possuem 15 pares de patas que aumentam de tamanho' dc frente para trás. E’ nota«l a facilidade com que se lhes desprendem as patas, ^•re a coxa e o trochanter encontra-se na frente e atrás uma articulação gibósa. ^ primeiro e o segundo tarso são divididos em inúmeros segtnentos. O articulo •^•ante da unha terminal é denominado tarso-jinale. Apezar da imensa abundancia de animais dentro do grupo dos artrópodos. se encontrarão ma’s outros specimes. cujas patas sejam tão perfeitas, tão ^***Tnoniosas e belas como as dos Escutigerideos. Fileiras de pelos, aculeos finos * longos, transparentes e opacos, crateras e circulos, espiculas vermelhas e ala- *^jadas, espinhos erétos e colados á pata, aculeos enormes com ramificações, *•••-0 enfim, o que o artista mais caprichoso pudesse imaginar, se encontra aí “•“na .seriação harmoniosa e perfeição tão singela, como só a natureza o salc **zer. No lado inferior, principalmcnte no segundo tarso, encontram-se cértos «- ^etes ou protuberâncias, em ordem e numero mais ou menos característico. As '•^••nias patas são as mais compridtis carecendo de unlias terminais. Já não são ****das para a locomoção, porém unicamente para o enlaçamento da presa. O tronco consta de 15 segmentos com patas, como já vimos. Tergitos, po- só se encontram 8, sendo o 2.®, 4.®, 6.", 11.® c 13.® cobérto pelos outros, de que se tomam invisiveis do lado superior. O tergito, que corresponde aos ntos 7.®, 8.® e 9.®, é muito grande e comum a todos eles ; é um sinterpíto. As placas subanais da femea são empregadas para carar o solo onde es- seus óvos. O 3 Notostigmorjos foram divididos em 1902 por Pocock numa unica ordem : 198 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII 1.* Ordem : Scutigeromorpha. Gervais, eiíi 1837, estabeleceu a unica família: os Scutigeridac. L-\tzel redescreveu ésta família em 1880. Em ISKH Verhoeff fez a seguinte chave desta familia: Fam. Scutigcridae - A. No jlagcllum primum das antenas quasi todos os artículos (exceto o no~ dale e postnodalc) são muito mais largos (2-3 vezes mais) do que longos. Os artículos mais curtos possuem sómente 2-3 drculos de pêlos. EstilettS sensoriais do primeiro maxilar lisos ou com riscos divergentes. Apendices nitais do segmento postgenital do macho em forma de estiletes, semelhantes ao* do segmento genital: — l.subfam. Scutigerinae Verh. B. No flagellum prímum das antenas quasi todos os artículos tão longo» como largos (sómente alguns mais largos que longos) . Artículos antenais coto muitos fêlos não sendo dispóstos tão circularmente como em Scutigerinae. MeS' mo nos a,rticulos mais curtos encontram-se 6-7 círculos de pêlos. Também ot> jlagcllum secundum a maiot(a dos artiailos mais longos que largos. Os ntat* curtos com 4 círculos de pêlos. Estiletes dos orgãos sensociais dos primeiro* maxilares com círculos transversais. Apendices genitais do macho alargados ciO forma de folhas, muito unidas na I nha mediana. O sintelopodito da femea scO* articulação gibosa, movei, entre as peças basilares e terminais, sendo estas ap®* nas separadas por suturas: 2. subfam. Pselliophorinae Yerii A primeira sub-familia dos Scutigerinae V'eriioeff dividira, no mesmo ano, 3 trihus: a) Flagellum prímum das antenas com mais de 110 artículos. Tergd^^ com aculeos, mas sem espinhos. l.° - 14.° par de patas com estiletes tarsais. .Aeule® tarsal presente ou ausente: 1. Tribu: Ballonemini: Verh. Ballonemini: com 2 generos: 1. Gen: — Ballonema — Verh. (com uma unica especie: — Guinéa). 2. Gen: — Parascutigera: — Verh. (com uma unica especie: — pélago da Oceania). b) Flagellum prímum das antenas com menos de 90 articulos. TcrgH'^ cobertos por espinhos. Carinas latera s dos tergitos com espinhos em forma serrote: c: WoLFGANG Bücherl — Os Quilopodos do Brasil 19 ;> c) As extremidades posteriores e do meio (exceto o 15°) entre o primeiro e o segundo tarso com 2 aculeos. 10.°-14.° par de patas sem estiletes tarsais; l.°-9.°’ par só com estiletes anteriores, raras vezes também posteriores: 2. Tribu: Scu- iegerini : Veru. com 2 generos : com 2 generos: 1. Gen. : Scutigera Lamarck: 1801 (algumas especies e raças, habitando nas regiões do Mediterrâneo, da Afiica do Su! e da America do Xorte. Parta rá pertence a Scutigera jorceps, da qual diz Pattons “The house centipede A familiar object on walls...”. 2. Gen.: Lassophora Veru. 1905: con> uma unica especie em Madagascar. d) Todas as patas sem aculeos tarsais. l.°-14.° par de patas com duas fileiras estiletes tarsais, sendo as das patas anteriores mis fracas : 3. Tribu: Thereuonemini Verii. com os seguintes generos: 1. Gen. Thcreuonema Verii. 1904: algumas especies e raças na China, Japão. T^urijurstão. Siria e Egito. ' 2. Gen. Thereuopoda Verii. 1905: algumas especies e raças na índia, Cei- *no, Borneo, China e no Japão. 3. Gen. Tachathereua Verii. 1905: uma unica especie em Marrocos. 4. Gen. Orihothereua Verii. 1905: uma unica csp)ecie na índia. 5. Gen. Allothercua Veru. 1905: uma unica especie na Ausiralia. 6. Gen. Thereuopodina Veru. 1905: uma unica especie cm Ceilão. 7. Gen. Podothereua \'^erii. 1905: uma unica especie no Arquipélago da Oceania. Como se vé da America do Sul e cspccialmente do BrasJ nada consta. Esta mesma chave, em 1925, o proprio Veriioeff inutilizou em parte, ele- '^*ndo ;ts sufamilias dos Scutigerimic e Pselliophorinae a verdadeiras jamilias, *npr’mindo de todo a primeira tribu do Ballonemini, porque, como ele mesmo '''nifessa. os articulos do jlagclium primum das antenas são variaveis demais, não oferecendo verdadeiros caracteristicos. As vezes não existe divisão entre o jlagel- luiii primum e flagcllum secundum, estando ausente o nodale. Este fato póde ®^orrer não só numa especie, porém, até mesmo num e mesmo individuo (seria *9~ lothereua — Parascutigera — Prionopodela Verh. — Thereuopoda — (coro os subgeneros : — Orthothereua e Mocrothereua) — Prothereua Verh. — The- reuopodina — Podothcreua. Portanto, nem em 1925 encontramos referencia alguma a especies de Esc*' tigerideos do Brasil. Em 1936 Verhoeff fez nova tentativa de pôr os Escutigerideos num sis* tema. Diz ele que desde 1905 ninguém procurou introduzir nóvos métodos a sistematização destes animais. Sómente foram encontradas descrições isoladas e muito ambíguas, inúteis para uma visão nitida do conjunto, de modo que, ainda hoje. os Escutigerideos continuam sendo um grande enigma para os cientistas. O motivo destas dificuldades consiste no fato de os Escutigerideos mostra* rem tantas ^•ariações morfológicas, no tocante ás antenas e seus articulos, no tocante ás patas, os aculeos e espinhos, cerdas e pêlos, que é impossivel classi* ficá-los conforme estes característicos. O unico característico constante que serve para a discriminação de generos c especies são os gonôpodos das femeas (Vide fig. 47 e 48). O sintelopodito gonopódico consta de 3 partes: O Proarthron. O Mesarthron. O Metarthron. O proarthron forma a peça basilar do gonópodo começando nos logares ond^ o gonópodo é fixo ao coxosterno, terminando na região em que principia a cd'*‘ dade interna. No logar da soldadura entre o proarthron e o coxosterno citis* tem placas quitinósas: duas na linha mediaiu e duas nos lados. As laterais mam uma especie de articulação dando um certo movimento á placa. Na lit'*’* mediana obseiA^amos uma soldadura dos proarthra direito e esquerdo sendo duzida pelo fato de um proarthron se encaixar no outro. Na, borda interna longitudinal de cada proarthron existem uma ou fileiras, mais ou menos regulares, de cetdas táteis. Segue então uma zona onà‘ estas estão ausentes. Na borda externa encontramo-las de novo, mas compri^* ‘e em numero maior no lado basilar, menores e mais raras na pionta terminal. O mesarthron é a continuação direta do proarthron. Não é absolutameO^* separado deste. Seu principio póde ser fxado na região, onde começa a ca'"*' 138 cm 3 5 6 7SCÍELO, ;l1 12 13 14 15 16 17 WoLFGANG Bücherl — Os Quilopodos do Brasil 201 interna do sintdopodito. Os dois membros do íMsarthron formam uma Qvidade interna, cujo comprimento e largura ^’aria de genero a genero e até especie a especie, de modo que oferece um ótimo característico para a siste- ’>®t5ca. As bordas internas da carídade portam cerdas como também a superfi- dos dois membros. O metarthron é formado pelos dois apendices terminais, moveis. A mob li- dos mesmos é, no entanto, muito restrita. As bordas internas pódem ser lisas ^ lobadas ou então fracamente denteadas. Pódem ser curvos ou retos; mais ^rtos ou mais compridos que a carídade do mesarlhron. Para a s stematica é preciso, considerar o gonópodo em todos os seus de- as areas de pêlos sensoriais; a posição destes pêlos; si também existem ^•"das e espiculas; si as bordas externas são paralelas ou divergentes; si a ca- ^dade é mais longa do que larga ; si existem feixes de pêlos e msuas bordas inter- etc Além disso ê preciso considerar os espinhos nas fileiras de cerdas Prefemitr, femur e tibia das patas : O numero dos articulos no pr‘meiro e no **Sundo tarso das patas; a ausência ou existência de estiletes tarsais; os aculeos Prefemur, femur e tibia e no fim do primeiro tarso das extremidades. Fi- ***Jniente ainda se verifica a exiçtencia de espinhos e cerdas nas placas dorsais. ^nc’palmente nas zonas estigmaticas c nas carinas laterais. Scutigera L.amarck, 1801 Para a sistemática deste genero também os gonópodos da femea oferecem ^ ttwlhores característicos. Meixert. em 1885, descreveu uma Scutigera nigrovittaia. isto ê. cujo tronco *P*'fscnta 3 fa,ixas longitufbnais pretas, animal este, encontrado nos arredores rídade de São Sdvador, no Estado da Bahia. O animal foi descrito muito de- ^^temente. sendo impossivel reconhecer o tipo, e ainda menos classificar ou- Escutigerideos como este. A respeito de gonópodos nada consta. Siu^ESTRi fala de Scutigera Guilidingii Xewp. encontrada no Chaco c em ^tas regiões da Bolivia (1895 e 1897). .\lguns anos mais tarde, estando no Chi SiLATvSTRi percebeu um Escutigerideo fugir pelo campo, sem poder captu- Éstas são todas as noticias a respeito destes artrópodos, tão interessantes pouco conhecidos. Opina Verhoeff que a bacia do Oceano Indiano seja o berço dos Escuti- ^*^ios e que sómente o Velho Mundo possue generos e especies ajitochtones. cm- que o Novo Mundo só ostenta formas aberrantes, le^•adas para lá por de navios, etc. . . Q>mo pros-a persuasira ele aduz o fato, de se encon- 159 cm SciELO, 11 12 13 14 15 16 17 202 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII trarem sómente Escvtigcridcos no Xovo Mundo perto das praias e em casas- óra, isto não corresponde bem aos fatos, porque no Brasil encontram-se muitos Escutigcridcos, mesmo no Interior de nosso Continente. Também não se pódc admitir facilmente que um Escutigcrídco, chegado da Europa por meio de um na\’io, tenha percorrido mais de 1000 quilômetros. Aliás os Escutigerideos imo são nada raros no Brasil. A subfamilia dos PselUophoritiac possue até agora dois generos : Pseüiophoro Verh. com os seguintes característicos: 6.°-14.°. par de extremidades com 2 aculeos entre o primeiro e segundo tarsol l.°-14.°. par de extremidades com 3 aculeos tibiais; com inúmeros cstiletcS a começar da 11.^ extremidade; 1. ® par de extremidades com 18-42 articulos tarsais; 2. ® par de extremidades com 16-42 articulos tarsais; 3. ®-13.® par de extremidades cora 9-11-29-45 articulos tarsais. Tergitos providos de pêlos muito curtos. Encontram-se 3-7 especies, distn* buidos sobre a África Oriental, o Congo, a America Latina. Gcn. Sphcndoni' ma Verh.. Todas as extremidades sem aculeos tarsais. 2 especies em Togo e em Cs' merum. Os Escutigcridcos brasileiros pertencem a subfamilia dos Psellio-phorinae ou ao genero Seuligera. Scutigera (subfam. Scutigcrinac) : No tarso das extremidades anteriores encontram-se muitos estiletes grande^ todos de me.«mo tamanho, e mordem alternativa, não sendo encontrados estilete* menores, intermediários, mas, em logar destes, pêlos que se prendem estreitamente ao tarso. Na frente, no prefemur do primeiro e segundo tarso encontram-se fileiras de cerdas longas, sendo este local desprov do de espinhos. Quinta chapa stomatidea na area interna, nas carinas laterais e nas bordai provida de espinhos ; na area interna : aculeos táteis, simples, tanto mais numer^^ sos, quanto menor fôr o seu numero de esp‘nhos. Colorido do corpo amarelo-claro. Flagcllum prímum das antenas com 58-78 articulos. mais largos que longo»- Primeiro par de extremidades com 11-18 -j- 30-35 articulos tarsais; Segundo ” ” ” ” 11-14 + 28-32 Quarto ” ” ” 9-12 + 26-30 Sétimo ’’ ” ” ’• 7- 8 -+- 24-2o •Algumas especies e subespecies no Mediterrâneo, na África e na Américo Norte. IGO cm SciELO, 11 12 13 14 15 16 17 WoLFGANG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 203 Subíamilia : Pselliophorinae Genus : Brasilophora BCxherl, 1939 Artículos das aninias quasi todos 1 yi vezes nuiis longos que largos, cobertos fflteiramente de pêlos curtos, com um circulo de cerdas mais longas na porta ter- titinal de cada articulo e cora 1-2 espinhos atrás deste circulo nos primeiros 8 ar- dciilos. Fl. 1.54-58 artic. (Vide fig. 44). Na ponta terminal do prejcntur, feinur e tíbia das extrem dades 1-1 í com 3 aculeos. Na ponta termina,! do primeiro tarso das extremidades 1-11 com 2 *ctdeos. Estiletes tarsais sómente no segundo tarso das extremidades 1-6, desapa- recendo a começar da 5.^ extremidade. Placas dorsais com poucas cerdas porém muitos espinhos que se enfileiram linha mediana, tendo cada espinho uma cerda ao lado. 6-7 tergitos na linha •®cdiana, saliente, 2-3 fileiras de espinhos de cada lado, ficando 1'vre no centro ^nia area longitudinal estreita. As fileiras continuam retas, mesmo através das Píacas estomatieza, ainda que acompanhem as cur\-as das placas citadas, ^da espinho tem uma cerda ao lado, diminu ndo na mesma proporção em que o Espinho cresce. Nas duas placas estomaticas 20-17 espinhos. Carinas laterais com espinhos e cerdas, que formam uma especie de serrilha Principalmentc nas bordas posteriores laterais. 1.0 2.0 2.0 4.0 par de patas: 18-19 -}- 50 artículos nos dois tarsos: par de patas: 15 -f- 46 par de patas: 15-16 -}- 34 -|- 47 par de patas: 13-14 -f- 37 -|- 41 -••-'TV 1-11 par de patas 2 aculeos laterais ventrais no fim do primeiro tarso. par de patas: 11-14 -|- 35 -f- 48. Gonópodos da femea, muito longos e es- ^^tos : 3 veses mais longos do que largos. Cavidade entre o mesarthron também 2 ^es mais longa do que larga. As bordas externas do pro- e mesarthron divergem pouco da frente para trás. Bordos internos do metarthron inteiramente lisos. Este novo genero distingue-se de Pselliophora Verhoeff pela presença de *®Pinhos no 6.® e 7.® terglto; pelo numero menor de espiculas nos tergitos ante *^otes; pelo maior comprimento dos artículos no flagellum primum das antenas; P^^ presença de aculeos tarsais já no primeiro par de extremidade, por ter rela- **^^ainente poucos estiletes tarsais, e estes já desapareceram do 6.® par de patas ^ diante. 204 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII 1. Brasilophora margaritata BCxhf.rl, 1939. Comf>rimcHtoi fetnca: 42 mm. — macho 38-41 mm. Colorido: Plac^ dorsais castanho-escuras, com faixa mediana longitudinal castanho-vermelha. Bordas laterais enegrecidas. Placas estigmaíicas vermelhas. Segmento prégenital e genital, estemitos e extremidades amarelo-douradas. extremidades com manchas circulares esculas. (Vide fig. 40) Antenas: Articulos muito mais longos do que largos, não sómente no Flagellutn pritnum, como também no Flagcllum secundum (^ainda que haja alguns articulos que sejam tão largos como longos). Xa ponta terminal os articulos se encurtam pro* gressiramente. (Vide fig. 44). Nodalc e postnodale sempre bem nitidos. sendo visiveis mesmo á olho nu. Alguns articulos são quasi 2 vezes mais longos do que largos ; entre eles existem outros menos longos, sendo porém sempre mais longos do que largos. Flagellun* primum na femea com 45 articulos; no macho com 58 articulos. Os pêlos cobrem todo o articulo, não sendo possivel distinguir circulos or- denados. Na borda terminal de cada articulo encontra-se um circulo de cerdas longas (Vide fig. 44). Os primeiros 8 articulos basdares ostentam perto da ponta terminal, no la*^'’ medial. 1-2 espinhos. Segundo maxilópodo com 1 tarso sómente. Este multiarticulado, é provido de pelos e cerdas. Não ostenta garra terminal porém uma ponta quitinósa. ^ formula dos aculeos do prefemur. femur e tihia é 2 -|- 4 -|- 2. Coxas forcipulare> com 4 -|- 4 aculeos longos, na placa mediana, na borda anterior. Os aailcos esta” rodeados por uma fileira de cerdas. Artiailo das extremidades no 1.® e 2.® tarso: FEMEA: M,\CHO: 1. p. de extr. 18 -+- 50 art. 19 -|- 46 2. p. de extr. 15 -f- 46 ” 3. p. de extr. 16 4- 47 ” 15-1-34 4. p. de extr. 13 4- 41 ” 14 4- 37 5. p. de extr. 13 4- 48 ” 6. p. de extr. 11 -f- 43 ” 12 4- 37 8. p. de extr. ” 14-4-36 10. p. de extr. ” 11 -f- 35 11. p. de extr. ” 13 -|- 37 1-11.® par de patas providos de 3 aculeos longos no prejemur. jemur e ua tibiu; no fim do primeiro tarso 2 aaileos mais curtos (Vide fig. 45). 162 206 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII A começar do 2.° prefemur encontram-se na femea alguns espinhos laterais, terminais, em cada prejcmur. 1) Na borda entre o grande aculeo ventral e a ponta terminal do prefemur do 3.° par de patas do macho : 3, mediano 5 espinhos. 2) Na borda entre o grande aculeo ventral e a ponta terminal do prefemur do 4.® par de patas do macho : 6, mediano 6 espinhos. Também no prefemur das outr^ extremidades existem espinhos, não orde- nados em fileiras ; nas extremidades posteriores, porém, os espinhos estão enfilei- rados, sendo cada um acompanhado por uma cerda. Além das duas fileiras de espinhos superior e inferior, encontram-se geralmen- te ainda 3-4 fileiras laterais de espinhos e cerdas, fileiras éstas que se acentuam gradativamente. Nas extremidades anteriores os espinhos laterais só existem no lado mediano, extendendo-se progressivamente ao longo das patas posteriores. Os estiletes tarsms da femea são escassos e insignificantes enquanto que no macho são pouco maiores e mai.s numerosos, mas mesmo assim ainda bastante pequenos. Os articulos do primeiro tarso, além dos feixes de cerdas no lado ventral, ostentam, a começar da quarta extremidade. 1=2 espinhos em cada artictilo- 0 pr‘meiro articulo, porém, tem duas fileiras de espinhos, o segundo 4 (Vide fig. 45). garra terminal das patas é ponteaguda. O segundo tarso é mo\*el devido ao grande numero de articulos (Vide fig. 46). Placas dorsais: Nas placas dorsais distinguem-se: a zona dos estigmas, cons- tituída por duas placas ma‘s ou menos nitidas; — a faixa longitudinal, situada entre a placa anterior e o estigma; as duas areas laterais, o lado da faixa longi* tudinal mediana; as carinas laterais, salientes; O numero das espiculas e dos esp nhos e das cerdas nas diferentes zonas 1 característico para distinguir as diferentes especies. O e.squema da Brasilo- phora margaritata é o seguinte: Femea : 1. placa xstomaiica: 15 18 espiculas curtas, situadas na faixa long - tudinal mediana; 8-1-7 espiculas na zona do estigma; 0 espiculas nas carinas laterais. Nas duas areas laterais observam-se algumas espiculas, muito pequenas conw também algumas cerdas. 164 WoLFGANQ BOcherl — Os Qoilopodos do Brasil 207 2. placa estomalica: 8 + 9 espiculas, m^s grossas que na placa anterior, na faixa longitudinal. 11 + 7 na zona do estigma; 0 — nas bordas já não mais lisas, mas um tanto rugósas, ostentando algii- cerdas. Algumas espiculas na area lateral e também cerdas. 3. placa estomatica: 8+9 irnia faixa long tudinal ; 21 + 24 na zona do estigma; 0 + 0 carinas. cerdas na area lateral : 4. placa estoíttatica: 33 + 24 22 + 12 4 espiculas muito finas. 7 na arca lateral. 5. placa estomalica: 17 + 13 15 + 20 7+9 espinhos nas carinas laterais, do lado pos- **r or. .Mguns espinhos pequenos nas areas laterais. 6. placa estomatica: O numero de espinhos alcança o auge. Aumentam *^bem de tamanho. Sua posição não é mais tão irregular, como nas placas *«teriores, formando fileiras (2-3 em cada lado) bem regulares, na linlia mc- '^na da faixa longitudinal, feando sempre uma arca complefamentc livre de *spinhos. Cada espinho tem uma ou duas cerdas ao lado. Placas estigmaticas 2+31 espinhos. As cannas laterais demonstram um numero elerado de espinhos curtos, grossos, acompanhados sempre por uma cerda. Princ’palmcntc margem posterior os espinhos Ao mais numerôsos, semelhando a uma verda- deira denteação. Os espinhos posteriores são maiores; decrescendo paulati- ***mente na frente, de maneira que nunca atingem a borda anterior. As duas P^^cas dos estigmas já não são mais completas, unindo-se na frente com a faixa •iiediana. Ésta é um tanto elevada no centro. 7. placa estomatica: Os espinhos das carinas latcrajs são muito densos, ^do cerdas longas na borda posterior. As areas laterais são providas de Qumerósos espinhos e poucas cerdas. Na faixa mediana e nas duas placas estomaticas os espinhos são enfileirados (Vide fig. 48). 165 cm SciELO, 11 12 13 14 15 16 17 208 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII 8. placa dorsal: é o ultimo tergíto de quitina dura. Mais longo do que largo, com bordas laterais sinuosas (Fig. 48). Xo centro se acentua unia ligeira depressão longitudinal que se estende mais em profundidade que em lar- gura. borda posterior é arredondada. Xas areas laterais encontram-sc ' espinhos e cerdas nos lados. Macho: As placas dorsais do macho são constituidas como as da femea. sómente o numero de espinhos é maior, decrescendo na mesma proporção o numero de cerdas. Prindpalmente as carinas laterais mostram grande numero de espinhos. Xa faixa longitudinal os espinhos conser\’am ainda mais o carater n-sc mais ou menos 5 espinhos pequenos, sendo o resto ainda provido de **piculas. 5. ® Tergíto: 18 espinhos nas carinas laterais por entre cerdas longas, e **P'culas menores do que as das placas anteriores. 5 -f 3 espinhos nas placas estomaticas. 6. ® Tergíto: Os espinhos são maiores, ordenados cm fileiras longitudinais: 22 -f- 21 espinhos nas carinas, no meio de cerdas; 28 28 na area interior, dividida no meio por uma fossa estreita longitu- ^'^1. fossa ésta que se obserA^a também em todos os outros tergitos. 5 -f 5 espinhos nas placas estomaticas. 2.® Tergíto: 19 -|- 20 espinhos nas carinas laterais; J2 -I- 12 na area interna; 4 -f- 4 nas placas estomaticas. 8. Tergíto: 3 -f- 3 nas carinas laterais; 5 4- 5 na area interna; Borda posterior um tanto hi-lobada. Fossa mediana muito fraca, porém *^da visivel. 214 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Xa coleção do Instituto Butantan encontram-se ainda alguns exemplares d® Escutigcridcos remetidos do Estado de Matto Grosso (Terenos, Três Lagoas)- Infelizmente, porém, dc^^do á longa viagem e á falta de pratica em sua captura, estes animais vieram para cá muito estragados, com patas e antenas quebradas, impossibilitando praticamente sua classificação. Para obtermos resultados nitidos sobre a expansão dos Escutigerideos atras’CS do território brasileiro, é preciso que sejam obtidos ainda muito mais exemplares. Uma coisa, porém, parece indiscutivelmente certa; que os Escutigerideos brasi- leiros constituam formas indígenas. Isto não exclue que uma ou outra especie tenha sido transf'orlada com mercadorias para as nossas praias, instalan- do-se nas imediações de casas humanas, situadas perto do mar. Mais difidl « admitir ésta hipótese, quanto aos Escutigerideos dos arrabaldes da Capital de São Paulo e cidades adjacentes, porque neste caso eles dedam vencer a serra do Ma'» de 1000 metros de altura. A existência de Escutigerideos no interior do Estado de Matto Grosso, Gran Chaco c da zona Araraquarense não póde ser explicado d’outra forma, sinão admitindo que sejam formas originarias daquelas regióes- Os poucos exemplares da coleção supra-mencionada dificultam estabelecer uma chave sistemática certa. A titulo de ensaio poder-se-ia fazer a seguinte chave ; a) Bordos externos do pro- e tnesaiihron dos Gonópodos da femea /'oen* lelos ou pouco divergentes de frente para trás. Articulos das antenas mais longos do iculas ^inas e longas. / 175 •C»i u 218 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII 4. Tcrffito: Xa placa estovtatica esquerda encontram-se 6, na direita ^ espinhos pequenos. Xo resto observam-sc sómente cspiculas e cerdos, em grande numero. Também existem sómente espiculas nas carinas. 5. Tcrgífo: Carinas laterais com 2 espinhos apenas. Xas placas esto* maticas 6 espinhos; no resto espiculas, muito pequenas. 6. Tergíto: 25 espinhos nas carinas laterais. Xo bordo posterior 1 esp>' nho. 30 espinhos na area prestigmal, ordenados em fileiras longitudinais, tendo cada espinho á sua base uma cerda, um pouco mais comprida que o espinho. Além disso ainda existe um certo numero de cerdas ir regularmente espalhadas pelas areas. 6 6 espinlios nas placas estomaticas. 7. Tergíto •. 14 15 espinhos nas carinas laterais; 15 -f- 13 espinhos nas areas prestigmais, com cerdas a sua base: 5 -}- 4 nas placas estigmais. 8. Tergíto-. um pouco mais largi» do que longo, com margens convergentes de frente para trás. As margens não correm em linha réta, mostrando salienc® lateral. Bordo posterior obtuso, arredondado, com ligeira depressão da inargem- Xas carinas laterais 4 4 espinhos. Carina no lado posterior sem espinho algum. Xa area interior encontram-se 12 espinhos irregularmente distribuidos- O tergíto seguinte é inteiramente coberto por cerdas longas e uniformes. O uh»' mo tergito ostenta cerdas longas, mais ou menos 10 em cada lado. Xo meio destas cerdas encontram-se pelos cm grande numero, cobrindo ® tergíto inteiro, deixando livre apenas uma faixa longitudinal mediana, mais larÇ’ na frente do que atrás. Gonópodos: um pouco mais longos do que largos, com bordas externas muitt* divergentes de trás para deante, originando-sc desta maneira a cavidade interna* muito curta, porém, bem larga. * Xo local, onde o proarthron se liga á peça anterior, encontram-se óua* plaquinhas quitinósas medianas e duas laterais, tanto no lado superior como t>*’ inferior. As plaquinhas laterais mostram distintamente seu caráter de cazndadf^ articulares, girando nas mesmas a protuberância quitinósa da peça anteriot- (Vide fig. 50). Xo proarthron e mesarthron encontram-se poucas cerdas. O mesarthro^ está quasi inteiramente desprovido das mesmas. Além das cerdas o proarthf<}^ é provido de inúmeros poros. Um sulco mediano reto, atravessa o proarthron* Pêlos ausentes. Proarthron: cerdas laterais: 7 -t- 5; Cerdas mediana: 14 -f- 15 em cada lado, ficando livre uma faixa medico*' Xo lado dorsal (vide fig. 51) as cerdas ou aculeos são mais numerosos, cobrind® Fijr. 40 l^tiuilofkorã IttCHEKL cm 2 3 4 5 6 7SCÍELO, ;l1 12 13 14 15 16 17 ííLFGANG Bucherl Os Quilopoiios í/o Brasil Mem. In»t. Butartan Vol. XIIÍ — 1939 cm 11 12 13 14 15 16 17 WoLFOANG Bücherl — Os QuUopodos do Brasil f : — ni.. . M«a. Inst. ^ , PutioUa i Voí. XIII — I9i9 "J Fif. 47 Brasüo^hota marçitritúta BCCHERL. Gonó podos da fciQca visto do lado veotral. 30/1 1 — Proarthroti. 2 — Me^rthroo. 3 — Matarthron. 4 — Cavidade interna. Fig. 48 BrasiJcfh^a marçarUata BCCHERL Gonópodos da femea vistos do lado dorsal. 30/L W. Fig. 49 Broii/offcora marçarita BCCHERL. Limite entre o* mes. e metarthron. 50/1. 1 — Mesarthron. 2 — Ar tkula^ão. 3 Metarthron 182 cm SciELO, 11 12 13 14 15 16 17 226 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII irrcgularmente o proarthron, deixando livre apenas uma estreita faixa mediana, longitudinal. A base do mesarthron é quasi tão larga quanto a cavidade interna. Ésta e muito curta, formando o seu lado apical luna ponta triangular que entra no proartJtron, continuando com os sulcos medianos do mesmo. Xo lado ventral existem lun ou dois aculeos longos apenas, enquanto que no lado dorsal os aculeos são mais numerosos, dispostos em uma ou duas fileiras (Vide figs. 50 c 51). Existe um feixe de cerdas tanto no lado dorsal como no ventral. O mctarthron é nitidamente distinto do mesarthron. Em sua ponta apical encontra-se uma sutura hemilunar, de significado desconhecido. Aqui já não podemos afirmar o mesmo do que na espede de Brasilophora margarítata, a saber, que ésta saturasinha seja a continuação de uma articulação. A mobilidade do metarihron parece-nos muito limitada. No lado ventral o mctarthron é liso e desproddo de cerdas, excetuando 2 -f- 3 na ponta apical, enquanto que no lado dorsal podemos obser\-ar uma fileira de cerdas em cada mctarthron., fileira ésta continuada por poros na ponta terminal. A borda interna parece ser lisa. Xum aumento de 100 vezes, aparece, nO entanto, uma ligeira denteação da borda interna (Vide figs. 50 e 51). O proarthron tem as bordas externas tão compridas quanto o mctarthron. O mesarthron tem a metade do comprimento do proarthron. Brasiloscutigera distingue-se facilmente da Brasilophora, uma vez pelo nu- mero maior de articulos das antenas; pelas medidas destes mesmos articulos. sendo estes na primeira muito mais largos do que longos, e na ultima mais longos do que largos. Distinguem-sc também pelos gonópodos como demonstram dc sobra as figs. 47 e 50. Brasiloscutigera habita as regiões das praias no Sul do Brasil, sendo encon- trada frequentemente em casas velhas, principalmcnte nas cosinhas, onde desliza velozmente pelas paredes, caçando moscas e outros insétos. 2. Subclasse : Pleurostigmophora Verhoeff, 1901 2. Ordem: Lithobiomorpha: — Familia: Lithobiidae Os estigmas désta subclasse encontram-se colocados nos lados pleurais, aoi pares. As antenas nunca são divididas em duas secções, não alcançando qua^t nunca o tamanho do corpo. Os articulos das antenas não se afinam tanto cofflO nos Escutigerideos. A cavidade bucal encontra-se no lado inferior (Vide fig. 41)’ As peças bucais constam de WOLFGANG BCcHERL Os Quilopodos do Brasil ■ - 1 par de mandíbulas; * ■ ' 1 par de primeiros maxilares ; ’ ■ 1 par de segundos maxilares; 1 par de forcipulas, nas quais o estemíto e as coxa 3 estão solda- ^ completamente (Coxosternum). Os Pleurostigmorfos são cegos ou então possuem 2 a 4 olhos ou mais. Os *nicuio5 áhtenais são pelo meros 13 ou mais de 100. Perto dos ocelos está Situado o orgão frontal tõmõst^ai^-ano. 1. Ordem: AXAMORPHA 1 . Subordem : CR.ATEROSTIGMOPHOR.\ 2. Subordem: LITHOBIOMORPHA 1. Familia: CERMATOBIIDAE 2. Familia: LITHOBIIDAE Os Lithobiidios da America do Sul ainda carecem de um estudo aprofundado. Êsta familia tem perto de trezentas espccies, distribuidas pelo mundo inteiro. O brasil, porém, figura apenas com 3 espccies, descritas, já pdos fins do século Passado. Ulteriores pesquisas não foram feitas. No entanto, nossa patria Ostenta muitas especies de Lithobiidcos, pertencentes principalmcnte ao genero ^ithobius Stuxb s. str. Este subgenero é caracterizado pela seguinte maneira : — Os tarsos de todas as extremidades divididos cm dois artículos; numero de ®celos acima de 10. Articulos antenais 25-50. Glandulas coxais na. 12.*, 13.*, e 15.* extremidade. Estigmas nos segmentos: 3, 5, 8, 10, 12 e 14. Tergitos menores: 2, 4, 6, 9, 11, 4, 13. Tergítos llel3ou9. Ilel3 com apendice laterais. Trochanter muito desenvolvido cm todas as extremidades. Ultimo par de extremidade com garra e esporão. Na coleção miriápodologica do Instituto Butantan sómente se encontram 3 ^ttnplares, dos quais dois oertencem ao sul^enero Liihobius. óra, 3 exemplares são suficientes para fazer uma chave sistemática cérta, nem para identificar especie e distingui-la de outras congeneres. Somos, portanto, obrigados, ^ deixar o traballio sobre Lithobideos brasileiros para ocasião mais oportuna luando tivermos conseguido mais exemplares. 3.* Ordem : Scolopendromorpha (Vide fig. 42) O maior numero dos Quilopodos brasileiros pertence a ésta subordem. As fórmas menores atingem apenas a 10 mm., e as maiores chegam a mais de 25 185 ■228 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII centiinclros. O colorido é geralmente uniforme, amarelo mais claro ou mai^ escuro com reflexos dourados, ou vermelho de tijolo, acastanhado ou verde escuro. Encontram-.se também coloridos belissimos: azul claro, s-iolaceo, cõr de rósa e verde claro. Nos Escolopcndromorjos os olhos nunca ultrapassam o numero de 4 e nunca diminuem, a não ser que estejam inteiramente ausentes. Os segmentos do tronco são sempre constantes. 21 ou 23. A cabe<;a consta da placa cefalica, um par de mandibulas, 2 pares de uiaxi^- lares^. e das forcipulas. A constituição macroscópica destes elementos já í®* anteriomiente descrita. A placa ccjalica ostenta geralmente duas suturas longitudinais, convergentes da frente para trás. Xo bordo posterior encontram-se as vezes duas plaquinhas basilares. O tergito jorcipular tem às vezes uma fossa hemi-circular. Os tergítos ds tronco possuem quasi sempre dois sulco.s longitudinais, os sulcos “episcutofS • Estes sulcos, ainda que muito mais fracos, são também encontrados nos esternitos. O ultimo tergito e esternito carecem destes sulcos, acentuando-se no logar doí mesmos uma depressão mediana longitudinal ou uma carina saliente. Também se encontram às vezes pretergitos, presternitos e cndoslernitos A região pleural é caracterizada pela pre.«cnça de esclcrilos pleurais, que. unin* do-se. formam as diferentes partes da coxa das extremidades. Estes cscleritoi variam de genero a genero, oferecendo, desta maneira, ótimos caracteristico* para a sistemática. As extremidades constam de coxa, trochanter, prefemur, fêmur, tihia, p^‘~ metro tarso e segundo tarso com garra. Ésta geralmcntc possue duas garraí pequenas secundarias. Xo ultimo segmento do tronco os esclerítos pleurais estao inteiramente soldados, formando a '‘coxo pleura", inteiramente coberta de póroí- constituição da ultima extremidade é diversa das outras, devido á diferente função fisiológica desta. Ostenta gcralmente espinhos longos, pontudos, coni apendices no prefemur. Etn alguns generos os machos ostentam formações ticulares, características para as especies. Sempre se encontram estigmas aos pares, nos lados pleurais dos segmentos- 3. 5. (7), 8. 10. 12. 14, 16. 18, 20 (22). A posição, a forma e o numero desteS é novo característico para os generos. O estigma é triangular, redondo ou o'"^' Os três últimos segmentos do corpo, o prcgenital, genital e anal, são muitn pequenos, e geralmente invisíveis, dificultando desta maneira a distinção entrc machos e íemeas. WOLFGANO VBCchekL Os. Quilopodos do Brasil 229 Chave das familtaj (confomie Attems ) : 4 ocelos em cada lado. Estemitos com 2 sulcos ou sem sulcos longi- 1 tudinais medianos, raramente com um unico sulco mediano impar nunca transversal: l.“ fa»i. Scolopcndridae. • [■ ócelos ausentes, ou apenas manchas ocelares no local dos ocelos. Es- ^ ternitos com sulco impar longitudinal, no meio (falta raramente). Só excepdonalmente 2 sulcos longitudinais; muitas vezes sulco trans- • versai : '2.* Fo»HÍ/fo: Cryptopidae. 1. Familia: Scolopcndridae Poc., 1895. O ocelos sempre existentes. .Antenas com 17-30 articulos, geralmente mais ^ngos do que largos, com pouquíssimos pélos nos articulos basilares, aumentando oiião gradativamente o numero de pêlos, tão curtos que mesmo com aumento íorte são mais visiveis. As forapulas mostram no lado anterior do coxosternum <í^tcs muito fortes e cm numero de 3 4, 4 -f 4, 5 -f 5. Diante dos dentec tamanho, ainda que com córnea diversamente convexa. Apendice na ponta poS' terior das coxopleuras com uma ou mais pontas. Garra terminal do segundo maxilar com 2 esporões. 7 generos, 125 especies certas, 38 dtnndósas>, entre os quais no Brasil ocor- rem 5 generos e 30 especies. 188 WoLFOANG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 231 Chave dos generos da America do Sul: 23 pares de extremidades. Primeiro tarso mais curto do que o segtmdo : 5.® gen. Scolopendropsis. 21 pares de extremidades 2 primeiro tarso, principalmente das extremidades posteriores um pouco mais curto do que o segundo. Coxopleuras curtas, sem apendice ... 4.® gen. Rhodo. Primeiro tarso mais comprido do que o s^;undo, raramente do mesmo tamanho à Todas as extremidades sem esporão tarsali. Lábios do cálice cstigmal individual. Estigmas sem dobras pleurais no obrdo externo: 2.® gen. Connocephalus; Quasi todas as extremidades com esporão tarsal 4 Ultimas extremidades sempre com esporões. Cabeça ultrapassando o primeiro tergito. Lábios estigmais dissolvidos em pedúnculos em forma de feixe: 1.® gen. Scolopendra; Ultimas extremidades sem esporões laterais. Cabeça e primeiro sí^mento do tronco unindo-se li\Temente. Lábios estigmais indivisos: 3.® gn. Arthrorhabdus. 1. Genus: Scolopendra L., 1758. As Escolopendras todas possuem 21 pares de extremidade.s, muito robustas. Us primeiros dois pares são um pouco mais fracos. O primeiro par exerce papel “Uportante no ato de comer, o que prova tamlxan a presença de 1 espinho no ^ado ventral, na ponta terminal, tanto no prefemur, como no femur e na tibia c tle 2 no primeiro ta^so. Este fato repete-se quasi constantemente também no ^orotostigmincos e em Rhystda. A placa cefalica tem dois .sulcos longitudinais, mais ou menos nitidos, ou t^teiramente ausentes. Placas basilares não existentes. A placa cefalica passa Por cima do primeiro tergíto, alcançando muitas vezes a fos.sa horizontal. As t®xas do segundo maxilar não apresentam mais vestigios de sutura mediana, pelo menos não nas formas perfeitamente adultas, enquanto que em formas jovens ® cm algumas espedes brasileiras observamos indicação ainda fraca desta sutura. A penúltima articulação do segundo maxilar tem sempre um espinho longo, ^®rtc, que nasce na area interna, anterior ou sobre uma saltcncla ou arca lisa. ^ vnha terminal é muito forte, roncava, e é acompanhada de duas garras menores 189 cm SciELO, 11 12 13 14 15 16 17 232 Memórias tio Instituto Butantan —‘Tomo XIII secundarias, ás vezes quasi invisíveis. As forcípulas possuem 3 -f- até 5 -p ^ dentes fortes, nascendo atrás dos mesmos uma cerda, mais ou menos longa, em certos casos quasi invisível. Mandíbulas com dentes fortes : 4 ou 5 ou 3 sómente, colocados numa fileira, * pennanecendo porém o menor na frente e encaixando-se o seguinte postero- lateralmente. Os tergitos do tronco mostram homonomia, ainda que os tergítos 2, 4, 6. 9, 11, 13, 16, 17 e 19 sejam um pouco menores, acentuando-se ésta diferença princijxilmente nos segmentos anteriores. 1 . Tergito com ou san fossa hemi- circular. Todos os tergítos, exceto o ultimo e ás vezes o primeiro, possuem dou sulcos epíscutais raramente ausentes. As carinas laterais vão do 3.° até ao l5.‘’ tergito ou são encontrados sómente no ultimo. Este póde ter frequentemente uma quilta mediana, muito saliente. Também os estemítos possuem dois sulcos longitudinais, mais fortes ou mais fracos, mas nunca inteiramente ausentes. As coxopleuras mostram um campo coberto inteiramente por poros. SeU apendice posterior é sempre bem desenvohádo, conico ou cilíndrico, com j)onta5 c espinhos na base no lado terminal. As ultimas extremidades fortes, providas de espinhos agudos no prejenuir e ás vezes também no femur. A ausência com- pleta de espinhos é muito rara. No prefemur encontra-se um apendice chamado “espinho do canto”, que tem 1 a 4 pontas. As garras terminais das e-xtre- midades sempre possuem 2 esporões secundários. Em todas as patas existe sem- pre um esporão no fim do primeiro tarso; dois no tarso da primeira e-xtremidade- nenhum no ultimo tarso (geralmente). O primeiro tarso é sempre mais com- prido do que o segundo. Os estigmas são triangulare.í ou lig .•iramente o\'aiS- O colorido das Escolopendras é uniforme, prevalecendo o amarelo, princt- palmente nos estemítos e nas extremidades, como tambem nas antenas. Os ter- gitos são mais escuros, vermelho-castanho mais ou menos enegrecido ou com reflexos esverdeados. Em animais jovens os tergitos mostram um amarelo dm- rado. Em alguns casos os tergitos são azulados, principalmen.e no limite entre um e outro segmento. As bordas posteriores dos tergitos quasi sempre sao N^erde escuras. Tambem as extremidades pódem ser desta côr. Este genero contêm atualmente 33 cspecies validas, sendo 4 subdivididas 13 stibcspccies. Além disso existem 32 especies insuficientemente descritas. Na zona neotropica encontramos 10 especies e 2-3 subespecies. Chave das especies neotropicas: . . 1 1 . tergito sem fossa hcmicircular " 1 . tergito com fossa hemicircular ^ 190 WoLFGANG BCcherl — Os QuUopodos do Brasil 23S tarso das ultimas extremidades sem esporão. Apendice coxopleural afinan- ^o-se somente na ponta terminal; com espinhos. Prefemur da 20.“ extremidade do lado dorsal, na ponta terminal com 1-6 espinhos pequenos. Cabeça com 2 •ttlros longitudinais. Coxostemum forcipular com sulco transversal 3 Prefemur da 20.“ extremidade no lado dorsal, na ponta terminal, sem espinhos. Cabeça sem sulcos longitudinais. Coxostemum fordpular sem sulco transversal 4 Pêlos dos articulos antenais seriados. Carinas laterais desde 5.° ao 8.° tergitos. Préfemur da 20.“ extremidade do lado dorsal, na ponta terminal, com 3-6 espinhos, ventralmente sem espinho algum. Prefemur das ultimas extremidades no lado *^ero-intemo. Espinho do canto longo, com 6-9 espinhos na ponta terminal. C^fima garra com depressão profunda no lado interno. 6. — Scol. allentans. Pêlos das antenas não seriados. Sómente o ultimo tergíto com carinas laterais. Pfcfcmur da 20.“ extremidade na ponta terminal dos lados dorsal e ventral com ^ fspiuho. Préfemur da ultima extremidade no lado supero- interno com 4 espi- •'lios. Espinho do canto curto, com 2 espinhos. Ultima garra estreita no lado '^^tral 5. Scol.-arthrorhabdoldes. Pféfemur das ultimas extremidades no lado inferior pelo menos com 4 espinhos. ^3rsos das extremidades posteriores sem pêlos. Préfemur, femur c tibia da **^dma extremidade do macho achatados no lado superior 4. Scol. morsitans. Ptéíemur das ultimas extremidades no lado inferior com 0-3 espinhos; o pré- íemur pelo menos 2 e meia vezes mais longo do que largo ; arredondado no lado ^'‘Perior; com 1-2 espinhos no lado interno. Espinho do canto de 1 ou mais P®t>tas. Estemitos com 2 sulcos longitudinais. 6 articulos basilares das antenas '^providas de pêlos. Coxopleuras com apendice curto. u1tra])assando porém ^'tida a margem posterior 2. Scol.-subspinipes. 2a). Cabeça e o primeiro tergito com o mesmo colorido que os outros tergitos. castanhos, verde oliva ou amarelo-acastanhados com margens posteriores '^cm desenvoh-ida, não atingindo porém a borda posterior. Aí ha depressão li- geira. Quilia nujis fórte na frente que atrás com protuberância em ambos os la- dos. As vezes encontra-se uma fossa mediana fraquíssima no meio da quilia. (Vide fig. 54). Espinhos no ultimo préfemur 12-17, dispóstos irregularmente. O tamanho désta subespecie nóva ^’aria entre 9 c 12 centímetros. O seu habitat é o interior dos Estados de S. Paulo, Minas e ^íatto Grosso. l b. Scolopcndra virídicornis 1 ’iridicontis, n. subsp. Tergítos castanho-a vermelhados com bordas posteriores verdes cinzentas ®u azues. Xas outras regiões do corpo o colorido c igual ao da subspccic anterior. Eabeça, 1.® e ultimo tergito vermelhos, porém não tão bem destacados como na ®*ítra espccie. Quilia media,na do ultimo tergito alcançando quasi a bórda pos- terior, mas muito fraca e fina no começo, alargando-se muito na metade poste- encontrando-se neste alargamento um sulco mediajio que se perde na P®cte anterior da quilia. Não existem protuberâncias nos lados. (Vide fig. 55). Os sulcos episcutais são mais fortes do que na subespecie anterior. Encontra- também um curto sulco mediano, muito fraco, quasi imperceptível na borda Posterior de alguns tergitos. As carinas laterais principiam no 4.® tergito. No ^e>xosternum forcipular encontra-se uma depressão longitudinal a,trás do sulco transversal. Depressões léves também se encontram na placa cefalica. Os es- P'nhos no préfemur da 21.* extremidade são geralmente seriados: 6 ventrais em ^ fileiras; 1 medial e 3 dorso-medianos. ig.i cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 238 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Ésta nó\-a subespede distingue-sc da, outra subespecie: l.°: pelo colorido diferente, principalmente pelo azul das bordas poste- riores dos tergitos. 2°: pela quilia mais grossa na parte posterior e mais fina na frente. 3. °: pelo sulco mediano na quilia. 4. °: pela a,usencia de protuberâncias nos lados da quilia. O tamanho da nova subspecie ^•aria entre 12-18 cm. E’ encontrada em to- dos os Estados do litoral de nosso pais e também no Hinterland. A Scolopcndra viridtcornis s. str. não mostra colorido tão verde porém mais acastanhado. A quilia é mais larga e quasi nunca tem protuberâncias nos lados, mas apenas grânulos finos. (Vide fig. 55.“) Ésta nossa divisão da Escolopendra viridtcornis em 2 subespecies não teni por óra carater definitivo. Temos muito material remetido por coleciona- dores ocasionais par:^ este Instituto sem anotação exata da região cm que forai» apreendidos os animais. Désta maneira persiste a duvida, si o colorido preto dc umas, ou verde escuro de outras, é realmente um fator genetico proprio ou apc* nas uma acomoda,ção morfológica ao habitat diferente, ou finalmente um colorido protetor contra inimigos. Por outro lado, as indicações de procedência demonstram claramente qu2 os 2 diferentes individuos habitam mais ou menos promiscuamente, de maneira que encontramos justificadas nossas tentativas de separa-los cm subespecies, untn vez que o colorido geral, a formação diferente, dos sulcos episcutais, a fôrma di- versa da região quiliar, a construção biomctrica de todo o corpo não são de so- menos importância para a distinção de subespecies. Conforme demonstram as fotografias Xs. 9 e 10 há grande •variabilidade na cspecie zdridicornis. Os 15 exemplares fotografados são quasi todos animai* adultos excetuando os 3 últimos. Em alguns os lados do tronco são completa- mente paralelos ; em outros o tronco é mais grosso no mei, noutros no fim. No- tável é também a modificação das ultimas extremidades : o préfemur é óra grosso e curto, óra comprido e fino. A fossa hemicircular dos tergitos das forcipulaS é em alguns exemplares coberta quasi pela placa cefalica, enquanto que n’outros excmplaj^es ela se distancia da mesma placa. A lacraia de antenas verdes é um artrópodo tipico da zona neotropica e cs- pecialmente do Brasil. Encontra-se tanto entre o sistema fluvial do Amazonas e do Rio São Francisco como na cósta, de Pernambuco e Bahia, descendo até oS extremos do Rio Grande do Sul. E’ encontrada na cidade do Rio de Janeiro c em Santos. Prefere como moradia, quando instalada em moradias, corre- WoLFGAXG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 239 dores sombrios, húmidos porém quentes; penetra nos buracos de madeira carco- niida, onde caça insetos, larvas e outros escolopendridios pertencentes principal- 'nente aos generos : Otostigma e Rhysida. Quando de manhã o sol começa a aquecer, a lacraia refugia-se num loga,r sombrio, porém, ao alcance dos raios solares, onde permanece enrolada, com a cabeça dobrada para trás, de maneira que as armas defensivas, — (as ultimas extremidades) e as armas ofensivas — (as pinças forcipulares). estejam prontas para qualquer perigo iminente. Permanece horas a fio nesta posição aparente- mente sonolenta; de vez em quando ergue as antenas apalpando o chão tremu- lamente. Não altera sua imobilidade nem mesmo quando animais pequenos se •"efugiam a seu lado. Aproximando-sc um animal maior, a lacraia se afasta um tanto de seu logar, continuando na mesma impassibilidade. Quando o sol do meio dia aquece mais seu esconderijo, ela se retira para o fundo da toca. A lacraia nesta posição não permanece alheia com o que se passa em seu fedor. Basta perturbar o seu descanço removendo a madeira o tijolo que lhe serv'em de abrigo para que ela, alguns instantes imóvel, ainda, mas já com as ®f>tenas tremulas, salta de seu logar em movimentos bruscos, com as ultimas Patas eriçadas ameaçadoramente, procurando fugir sempre alerta e prevenida, do incauto que aproximar demais as mãos! o tcrrrccl artrópodo com presteza eximia encrava as pinças inoculadoras nas mãos do descuidado. Não sofrendo perturbação, a lacraia', ao cahir da tarde, começa a movi- ttientar-se. O ar ainda está quente; o sol já desapareceu; sobe a evaporação do sólo: é chegada a hora propicia para as caçadas. Animal cetrnivoro, a lacraia percorre distancias relativamcnte grandes em procura de alimento voltando porém, *empre ao local a,costumado. Trepa pelas fendas e buracos das paredes; sóbe Os telhados das casas rurais; revista as despensas e adegas, sempre pronta tam- **etn a agredir qualquer parceiro, desde que seja de menor tamanho. Nada *ociavcl, não tolera a companhia de outras lacraias; não faz caso porém da oorivivencia com diplópodos, Polydesmidcos princijjalmente, aos quais nunca *ttolcsta. 2. — Scolopendra subspinipes Leach, 1815. Depois da Scolopendra ziridicornis a subspinipes é a mais frequente no Representa uma especie verdadeiramente cosmopolita ainda que restrita :onas tropicais e subtropicais. Encontramo-la no Japão, na China, na índia, illujs do Arquipélago do Pacifico, em Java e Sumaira, principalmente na zona ^**do-austraJiana. No Brasil a Scolopendra subspinipes é frequentemente encon- nos estados maritimos do Sul. O seu tamanho varia entre 11 e 18 cm. 197 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 240 Memórias do Instituto Butantan — Tomo Xin Esta especie, á primeira vista é bem semelhante à Scolopendra virídicornis e póde ser distinguida facilmente désta pelo brilho intenso de seu corpo. O Brasil é habitado pela subespede seguinte: . 2a. — Scolopendra subspinipes siibspinipes Leach, 1815 Sinonimias: — auda.x — sexpinosa — borbonica — sepiemspinosa — Pl'ulsivos clonicos. seguidos pela paralisia dos musculos respira- tórios. O colorido é uniforme, vermelho acastanliado, mais ciado ou mais escuro, às vezes com reflexos esverdeados principalmente nas extremidades. Nas patas pos- teriores o colorido verde acentua-se mais. sendo, comtudo, o 2.® tarso sempre Ofnarelo como também os esternitos. Antenas com 17 artículos, dos quais 6-11 basilares desprovidos de pêlos. Os sulcos do coxostemum forcipular formam o 201 244 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII mesmo triângulo sulcai como na Escolopendra viridicomis. O sulco mediano òra não atinge o transversal, óra se ramifica^ passando as ramificações além deste. Dentes no mesmo numero e na mesma posição como em viridicomis. Os sulcos cpiscutMsc epistemais como na viridicomis. Do 4.°, 15.® ou 19.® tergito encontra-sc um curto sulco mediano na borda posterior, aliás também presente em alguns exemplares da Scohpendra viridicomis. Ultimo tergito desprovido de quilia i fossa. 1.® par de extremidades com 1 espinho no prefemur, 1 no femur, 1 na tibia e 2 pequenos no 1.® tarso. Todas as outras extremidades com 1 espinho no.l- tarso. O prefemur de quasi todas as patas ostenta no lado dorsal na ponta termi- nal 1-4, geralmente 2-3 espiculas; o femur 1-0 espiculas. Apêndice coxopleurai com 5-8 pontas e algumas espiculas perto do bordo posterior e 1 espinho na mar- gem. 21.° prefemur com 15 a 25 espinhos, mais frequentes no lado superior do que no inferior. Femur com ou sem espinho. Espinho do canto com 5-7 pontas. Já mencionamos a grande concordanda morfologica désta especie com f»* ridicomis. 8. Scolopendra armata Kspln., 1903 9-12 cm. de comprimento. Coxostemum forcipular com 4 4 dentes, des quais os 3 internos inteiramente soldados c o externo sempre isolado. Triângulo sulcai no coxostemum. Perto dos dentes uma cavidade com uma cerda. Carinas laterais só existentes no 19.® tergito e nos teigitos s^;uintes oü então sómente no ultimo tergito. Desprovido de quilia mediana. Sulcos epistemais fra* COS. Prefemur 19.® às vezes com 1 espicula ; prefemur 20 com uma a, duas espi* culas dorsais e às vezes ainda com 2 ventrais; prefemur 21.®, com 7-8 espinhos no lado infeio-interno c 2-3 no lado supero-intemo. Apendice coxopleurai com 1'^ pontas e 1 espinho na margem posterior. Ultima garra sómente com 1 esporão, as outras garras todas com 2 O resto é idêntico à Scolopendra viridicomts- Venezuela e Norte do Elstado de Amazonas. 9. Scolopendra robusta Krpln., 1903 16-18 cm. de comprimento. Igual à especie anterior, excetuando as seguiO' tes diferenças: Coxostemum forcipular com sulco mediano curto. Sulcos basilares das P^^' cas dentarias formando angulo réto. 1.® tergito com fossa hemieircular. CantuJS laterais do 4.® tergito. Apendice coxopleurai com 5 pontas e 1 espinho na maf' t^em. Prefemur ultimo com 14-17 espinhos. Espinho do canto com 1 espinho cen- tral forte e 8 espinhos menores em redor. Colombia e México. WoLFGANG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 245 < 10. Scolopendra viridis Say, 1821. Sinonimias: Scolopendra parva — punctiventris. 10-15 cm. de comprimento. No colorido pre\-alece o verde escuro, principal- Biente nas bordas posteriores dos tergítos e nas articulações basilares das patas, sendo os outros artículos amarelos. Placa cefalica sem sulcos; às vezes com um unico sulco mediano quasi imperceptível. Antenas com 21-31 artículos, dos quais ■1-12 basilares despro\ndos de pêlos. 4^4 dentes. Os dois internos soldados. Segue-se uma pequena cavida,de em cada placa dentaria, encontrando-se nesta um tubérculo encimado por mna cerda. ^âo existe sulco horizontal. Penúltimo articulo do 2P maxilar sem protuberância Central. l.° tergito com fossa hcmicircular e dois sulcos longitudinais. Os outros l^gitos e eslemítos com dois sulcos. Carinas laterais existentes desde o 7.® ou 16.® tergito. Apendice ccxoplcural com 1-11 pontas e com 1-2 espinhos na mar- Rcm. 1.® par de extremidade com 2 esporões tarsajs: 2.®-20.® com 1 ; 21.® pré- femur com 12-15 espinhos irregularmente dispostos. A lacraia verde tem o seu habitat nas zonas entre o ifexico setentrional e o Brasil do sul. Entretanto é raramente encontrada nos Elstados brasileiros. lOa^ Scolopendra viridis polymorpha Wood, 1861 Sinonimias: Scolopendra pucble — gaumeri — copeana — olomita-lcpto- dera — pachypus. Scolopendra leptodera Kohlrausch, classificada por Brõle- ^AXíí como sendo Scolopendra leptodera n.® 78, 81 em "Catalogo da, Fauna bra- sileira do Museu Paulista 2. 1909 "não é senão a subespecie Scolopendra viridis polymorpha. Também a Scolopendra annulipes Lucas, 1884, mencionada por ^Rõlemann no mesmo catalogo, deve ser colocada entre as espccies duvidosas, 'nsuficientemente caracterisadas. Scolopendra viridis polymorpha tem o mesmo habitat da viridis. Apresenta ®s seguintes característicos: 13 cm. de compr. Antenas com 24-31 artículos, dos quais os 8-12 basilares desprovidos de pêlos. 21.® tergito com sulco mediano. Apendice coxopleuraj com 4-7 pontas, ou 1-4 sómente. Ultimo préfemur com 15-23 espinhos. Espinho do *^010 com 3-6, geralmente com 4 pontas. 11. Scolopendra angulata Newp., 1844 Sinonimias: Scolopendra punctiscutata — prasina — nitida — puncticeps republicana. A Scolopendra angulata é rara no Brasil, podendo ser encontrada nos limi- com os paises seguintes: Veneauela, Bolivia e Ecuador. E’ um dos maiores 203 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 t 246 Memórias do Inslilulo Butanlan — Tomo XIII > Escolopendrideos ncotropicos, pois atinge o respeitável comprimento de 18 cni.f sendo a média 13-15 cm. O colorido varia como era Scolopendra viridiconns com a diferença que também a cabeça e ultimo segmento acompanhiyn o colorido do tronco. Os sulcos basilares das placas dentarias continuam ainda no coxostemuin» de maneira que, juntamente com o sulco horizontal, se origina um triângulo largo. Suko mediano ausente. Atrás dos dentes não existe cerda. Sulcos episcutais desde o 5.° ou 7P tergito, às vezes sómente visiveis na metade anterior ou posterior. 20.® par de extremidade com esp>orão no l.° tarso. Apendice coxopleural com pequeno espinho na margem lateral e com 2-4 pontas. Ultimo préfemur com 14-19 espinhos, dos quais 6-8 se encontram no lado ventral, 3-5 no lado interno e 3-4 no lado supero-intemo. Quanto ao resto é.sta especie egual a Scolopendra explorans, com a diferença que, em harmonia com o tamanho a\'antajado, os espinhos e os sulcos são mais destacados. 2. Genus Arthrorhabdus Poc., 1891 Deste genero por óra se conheça sómente uma unica especie encontrada no Pará : Arthrorhabdus spinifer Kr.\epl. Sinonimia: Cupipes, spinifer. Compr. 30-35 mm. Colorido ajnarclo esverdeado pálido. Cabeça na borda posterior com um sulco curto mediano. Sem laminas basilares. O 1.® tergito co- bre um tanto a parte posterior da placa cefalica. Antenas com 18 articulos. dos quais 5-7 basilares despro\-idos de pêlos; os outros com pêlos finissimos amarelos dourados. Coxosternum forcipular com curto sulco mediano, quasi invisivel. 4 4-4 dentes, sendo o interno isolado e os outros 3 unidos sem estarem soldados. Sulcos episcutais do 1.® ao 20.® tergito. 21.® ter- gito com culco mediano. Sómente este tergito com carinas laterais. Nos estf^' nitos existem dois sulcos fracos. Quasi todas as extremidades com esporão tarsaj- Ultimo préfemur com 6-8 espinhos no lado supero-interno e com 2-3 espinhos n® lado ventral. Espinho do canto com 2 pontas e 2 espiculas diminutas na margeio anterior. Sem esporão tarsal. Garra, terminal sem esporões laterais. Apendice co- xopleural sem ponta, no canto interno com 2 grãosinhos; na, margem lateral ^ grãosinho diminuto. 3. Genus Cormocephalus Newp., 1844 Este genero é representado por um grande numero de especies tanto africa- nas como australianas, da China, índia e Oceania. Os Cormocefalideos são animai* t 204 WoLFGANG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 247 cosmopolitas, preferindo sempre cotias tropicais e subtropicais, a\-ançando para as ^nas de climas temperados. Na cona nêotropica encontramos apenas 13 especies por óra, podendo-se presumir com justa razão que ainda serão descobertas novas. São de porte pequeno, de meio cm. a 5-7 no máximo. Têm 21 pares de extremi- dades, todas sem esporões tarsais. Sempre se encontra garra terminal. Os estig- tnas são pequenos, e.scondidos entre os pleuritos e as bordas dos tergitos, de ma- neira que são descobertos dificilmente. Sua fórma varia entre oral, triangular ou lieinilunar. A placa cefalica apresenta geralmente 2 pequenas laminas basilares. Passa por cima do l.° tergito. As antenas têm 17-23 articulos, dos quais 6-12 ba- silares são despros-idos de pêlos. Os tergitos 2, 4, 6, 9, 11 e 13 são um pouco mais ctiros do que os vizinhos. Os sulcos episcutais principiam desde o primeiro ao 5.® Iprgito ou vão até ao 20.°. T^tmbem os estcrnítos têm 2 sulcos longitudinais. Os dentes do coxosternum são 4 -f-4 ou 5 -|- 5. Sua placa é provida de uma cerda fina. O apendice coxo- Pleural pódc ser atrofiado. O ultimo préfemur apresenta geralmente espinhos. Existem 4 subgeneros, 72 especies com 16 subcspccies, 12 raças e 6 especies duiidósas, distribuindo-se estes para a cona nêotropica com 2 subgeneros e 13 especies. Chai’e dos generos: Cabeça sobreposta, pelo l.° tergito a) subg. Connoccplialus. Cabeça sobrepondo o l.° tergito ou ambos tocando-se apenas. Apendice coxo- Pleural comprido, fino, arredondado, com algumas espiculas na ponta tei- **^‘nal b) subg. Ilemiscolopendra. a) Subgenus : Cormocephalus Newp. Sinonimia : Cupipes. Choiv das especies: Placa cefalica com um sulco mediano, curto. Placas basilares presentes 1 . C. mediosulcatus. Placa cefalica com 2 sulcos longitudinais abreviados ou longos. Placas basilares presentes ou ausentes 2 •^titcnas 16 articulos. dos quais 7-8 basilares desprovidos de pêlos. Placa cefa- l*ca com 2 sulcos abreviados e com 2 laminas basilares. Coxopleuras sem apen- 'llcc, CO m 1 espicula diminuta do lado medial. 21.° tergito com sulco mediano e carinas laterais, havendo indicações de pseudocarinas em alguns tergitos interiores 2. C. bonaerius. ^-iminas basilares ausentes ou somente pequenas. Antenas com 17 articulos, *los quais 4-8 basilares desprovidos de pêlos. Coxopleuras com ou sem ipendices 3 205 248 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Placas dentarias do coxostemum sem dentes ou com 3 + 3 dentes ’ Placas dentarias do coxostemum com 4 + 4 dentes ^ Coxostemum com 2 sulcos longitudinais, que atravessam toda a placa, conver- gindo na frente onde forma um angulo pontudo. Sulco transversal simples ainda que ondeado. 3 + 3 dentes 3. C. tmpressus- Coxostemum com a mesma, formação dos sulcos longitudinais. Sulco trans- versal com vários sulcosinhos ramificados. Dentes ausentes, encontrando-se no logar dos mesmos uma protuberanda sinuosa 4. C. ama^onaf’ Antenas 17 articulos, dos quais +5 basilares desprovidos de pêlos. l.° tergito sem sulcos longitudinais. Coxopleurais sem apendice e sem espinhos. Ultim® préfemur em espinhos 5. C. vcnczuclionus Sulcos episcutais desde o 1.® tergito. Coxopleuras com apendice longo curto, com ou sem espinhos ^ Apendice coxopleural airto aredondado sem espinhos. Ultimo préfemur grosso# atrto com dois espinhos pequenos. Estigmas redondos 6. C. brasilietists^ Apendice coxopleural longo, terminando em 2 pontas ' 6 articulos basilares das antenas desprovidas de pêlos. Do 6.® tergito em deantf existe uma quilia fraca. Tergitos 1-20 com 2 sulcos episcutais. 21.® tergito con» carinas laterais. Estemitos com levre depressão mediana, 7. C. ungulai*^- 6-12 articulos Iw.silares das antenas desproridos de pêlos Placa ccfalica com 2 sulcos longos. 8-12 articulos basilares das antenas despr®* vidos de pêlos Placa cefalica com dois sulcos abreviados. Placas basilares bem visiveis 6 art>* culos ba,silares das antenas desprovidos de pelos. Carinas laterais desde o /• ou 9.® tergito orantiip^^ 1 . Cormocephalus mediosulcatus Att., 1928 E’ encontrado nos Estados do Nórte do Brasil, no Pará e na ilha do ilarai<^' Mede 3-5 cm. Colorido acastanhado. Placa cefalica com sulco mediano coio* pleto. clntctuu 18 articulos, dos quais os 6 basilares carecem de pêlos enquant® que os outros apresentam pelos curtos e louros. Existem 3 + 3 dentes forc%f*' lares. Encontra-se um sulco transversal, do qual parte na linha mediana sulco longitudinal, bifurcado na frente. No 1.® tergito existem sómente vestiQ^^^ 206 WoLFGANG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 249 sulcos episcutais, sendo completos do 2° até ao 20.°. 21.° tergito com sulco ®>*diano. Sómente este com carinas laterais. Tergiíos 2-19 com sulcos trans- versais divergentes, curtos. Estemitos 2-20 com 2 sulcos longitudinais. No *ês:o inteiramente lisos. 21.° esternito com depressão redonda no lado posterior. ^oxopleuras sem espinhos e sem apendice. A area porosa é grande. As ultimas P®.tas muito grossas, sendo o préfemur achatado no lado medial e portanto 2 es- P^os na ponta terminal, 4-6 no lado interno, 1-2 no lado superior. Eispinho canto bem desenvolvido com duas pontas. Ultima garra tão longa quanto o tarso, sem esporão lateral. 1-20 extremidade com 2 esporões secundários, ^íigmas estreitos triangulares. 2. Cormocephalus bonacrius Att., 1928. Tamanho e colorido como na especie anterior. Cabeça com 2 sulcos longi- ^inais abreviados e laminas basilares. Antenas com 16 articulos dos quais ^ basilares desprovidos de pêlos. 4 -f- 4 dentes jorcipulares sendo o externo mais isolado e os 3 internos mais '^'Klos. 2 sulcos longitudinais atravessam a placa convergindo na frente, sendo *^vavessados por um delicado sulco horizontal. Do primeiro ao 20.° tergito *^stem 2 sulcos episcutais; 21.° com sulco mediano. Sómente nesta placa exis- ^ carinas verdadeiras, enquanto que do 16.° tergito cm diante existe apena> ^**udocarinas. Hstemitos com 2 sulcos. Todas as patas com 2 espiculas diminutas íado. Ultimo préfemur, fêmur e tibia grossos, sómente pouco mais longos que . 8os; cada um com sulco curto, profundo, no lado supero-terminal. Préfemuf ''*^cro-lateral com 2-4, atrás com 4 espinhos. duyanas e Venezuela. 3. Cormocephalus impressus Por., 1876. Sinonimias: Cupipes microstoma — C. propulsos — Otostigma cormoce- No Brasil, principalmente no estado de Matto Grosso, existe a seguinte ^'edade: 3.* Cormocephalus impressus neglectus Chamb., 1914. Colorido verde oliva com uma, faixa mediana mais clara, sendo a cabeça ^ vriTicIhada. 5-6 cm. de comprimento. Os sulcos da placa cefalica atingem quasi ^fda anterior. Antenas com 17 articulos, sendo os primeiros 4 articulos basi- 207 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 250 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII lares desprovidos de pêlos. Coxas jorcipulares com dois sulcos que formam u® triângulo frontal, sendo atravessado por um sulco transversal. Os sulcos das placas detUarias formam quasi uma réta. 4 -f- dentes jorcipulares. tergito com sulcos espiscutais e uma fraca quilia mediana. 21.° tei^íto com sulc® mediano. Carinas laterais a comeqar do 8.° ou 10.° tergito. Esternitos 2-20 cofl' 2 sulcos e com fraca impressão na frente. Coxopleuras sem apendice, com 1-2 espinhos. Ultimo préfcmur com esp*' nlw do canto e 4-8 espinhos menores. Os 1.®* 3 articulos com sulcos fracos t® lado dorso-terminal. 4. Cormocephalus amazonae Ch.\mb., 1914. Temos a impressão de que ésta espccie constitue apenas tuna \'ariedade àe impressus, tantas são as semelhanças. Difere do impressus pelo seguinte: ostenta manchas escuras nas arcas laterais dos tergitos. 7 articulos basilares das antenas carecem de pêlos, começando abruptamente no 8.°. O sulco transversal do coxoi~ termim é ramificado, formando malhas finas. As placas dentarias carecem dÇ dentes, ostentando no logar dos mesmos protuberâncias de íórma estranha. iP^ a impressão de anotnalias morfológicas). Alguns esternitos demonstram indicação de um fraco sulco mediano ao lad® dos dois outros. Coxopleuras com apendice longo terminando em 2 ponta*- Ultimo préfcmur e femur com sulco profundo no lado supero-terminal. Pref^ mur no lado ventral 2-4 espinhos, medial 3, dorso-medial 2 e um espinho ^ canto. O habitat desta nó\-a especie é a bacia a>nasonica. 5. Cormocephalus venezuelianus Brõl., 1898. Sinonimia: Cupipes ungulatus Brõlemann — em Catalogos do Muí^ Paulista 2: 9. (Aliás o Prof. Brõlemank dta continuamente Cupip^^ Kohlrausch como sendo sinonimo do sul^enero Cormocepludus). A espccie é encontrada na Venezuela. Méde apenas 2 cm. 4 -j- 4 dentes cipulares. Coxopleuraes em espinhos e sem apendice. O rêsto é idêntico á esp^ cie anterior. 6. Cormocephalus brasiliensis Humb. & Sauss., 1870. Sinonimia: Cupipcs brasiliensis Brõl. Placa cefalica com pequenas laminas basilares, 25 mm. de comprimento. xostermutn com 2 sulcos longitudinais completos um tanto convergentes na frd*^ WoLFGANG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 251 Scin sulco transversal. 4 + 4 dentes forcipulares, os dois do meio maiores. Coxo- Pleuras sem espinhos, com pequena protuberância arredondada. Area porosa Pande, atingindo a margem posterior. Ultimas palas grogsas, sendo o femur, a ^l>ia e o l.° tarso extreitos no lado apical. Prefemur e femur com sulco largo no lado supero psoterior. Prefemur sem espinhos, sómente com 2 espiculas em 'ngar do espinho do canto. Ultima garra sem esporões. Amazonas, Venezuela. 7. Cormocephalus ungulatus Meikert., 1886. 1 Sinonimia: Cupipes ungulalus Brõl. Tamanho 4 cm. Acastanhado. Cabe<;a amarelada. Sulcos da placa cefalica abreviados. Antenas 17 artículos, os 6 basilares desprovidos de pelos. 4+4: ^^tes forcipulares, sendo o externo isolado. Coxosternum com 2 sulcos longitu- '^inais terminando num angulo ponteagudo, não atingindo a borda anterior. Ex- Ifrnitos com depressão mediana muito leve. Tergltos como em impressus. ^oxopleuras com apendice curto terminando cm duas pontas. Prefemur ultimo no bdo ventral com 2-4 espciulas pequenas. Espinho do canto com 1-2 pontas; *^orso-medial com 0-2 espinhos; medial com 0-4 espinhos. Pernambuco, Amaxonas, Venezuela. , 8. Cormocephalus andinus Krpln., 1903. Sinonimia: Cupipes. Cábe<;a com 2 sulcos longitudinais. 8-12 artículos basilares das antenas sem pelos. Carinas laterais desde o 6 ou 9 tergito. Coxopleuras com apendice longo de *Iuas p>ontas. Ultimo prefemur no lado ventral com 6 no medial com 2 espinhos, apinho do canto presente. Bolivia, Perú. 9. Cormocephalus aurantiipes Xewp., 1844. Sinonimia: Cormocephalus marginatus — grazilis — obscurus — pygome- ■ — subminiatus — pallipes — ; Scolopendra subminiata aurantiipes — Obscura Pt*ncticeps. Ésta especie é autochtone da Ausiralia. Encontra-se também no Rio de Ja~ ^tro. Julgamos que para lá tenha sido transportada por meio de mercadorias. 209 *^< 1 . 16 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 252 5[emorias do Instituto Butantan — Tomo XIII Amarelo acastanhado, com patas verdes ou amarelas. Alcança 10 cm. de ta- manho. Antenas 17 artículos, sendo os 6 basilares desprovidos de pêlos Coxos- ternum com 4 -j- dentes, e um curto sulco mediano e um sulco transversal fra- co. Placa ccfalica com 2 laminas basilares e dois sulcos longitudinais abresnad®' segundo ao 20.® tergito com 2 sulcos cpiscutais. Carinas laterais do 6.® tergito em deante. Ultimo tergito com ou sem sulco mediano (talvez seja ésta difereiiÇ* um caracter sexual entre macho c femea). Esternito 2-20 com 2 sulcos. Ultt»^ esterníto com fraca depressão mediana. Apendice coxopleural longo e com dua> pontas. Prefemur ultimo muito mais longo do que largo, achatado ventralmente c neste 'ocal com 3 espinhos; no lado infero-medial com 2, no medial 1, no btl® supero-medial com 2 espinhos. O espinhe do canto é bem acentuado. b) Subgen. Hemiscolopendra Krplx., 1903. Placa cejalica sem sulcos longitudinais. Coxosternum forcipular sem sulcos- Apendice coxopleural comprido, conico, com algumas espiculas na ponta. Este sul^enero contêm apenas 5 especies, quasi todas próprias da zoo^ neotropica, sendo a Hemiscolopendra ehilensis Gerv., 1847 c a micluxeUi^ Att., 1903 e a platei Att., 1903, encontradas no Chile. Como tipo transcrevemos os característicos de: Hemiscolopendra laevigatus PoR., 1876. Sinonimia: Scolopendra cormocephalina — longispina — laevigata. Tamanho 4-6 cm. Esvxrrdeado com reflexos dourados. A borda posterior d® cabeça cobre em parte o primeiro tergito. Antenas com 17 a 21 artículos, quais 5-6 basilares desprovidos de pêlos 3 -}- 3 ou 4 4- 4 dentes forcipulara^ Sulíos cpiscutais desde o 3.® até ao 20.® tergito. 21.® tergito com sulco mediaf’' 2.®-20.® esternito com 2 sulcos longitudinais. 21.® com fraca depressão tn^ diana. Apendice coxopleural com 5-7 pontas pequenas negras e com 3-5 esp*' nhos ao redor. Ultimo préfemur com 6-9 espinhos no lado infero lateral; 8-11 espinhos no supero medial. Espinho do canto com 2-3 pontas. 4. Genus Rhoda Mein., 1886 O genero Rhoda não foi mencionado por Brõlemann, quando foram ente unidos. Placas dentarias' estreitas, mais longas do que largas, sem cerda. Apendice préfemural com 1-2 plaquinhas quitinósas sobresalientes. Sulcos dos **lernitos e tergitos da 2.*-20.® placa. 21.® tergito com sidco mediano e carinas laterais. 13.®-19.® estcniito com fra- ^ sulco longitudinal mediano, visivel 'ómente na area mediana de cada piada, ^odas as patas com 2 esporões na base da garra tenninal. Apendice coxopleural ^Psente com 1-2 espiculas na borda posterior das coxopleuras. Ultimas patas ^'■ossas e curtas, principalmente os seus articulos basilares. Préfemur com o 211 254 Memórias do Instituto Butantan Tomo Xin espinho do canto com 1-2 pontas; no lado infero-mediano 2-3 espinhos. 2.° tarso com ou sem esporão. Pernambuco, Bahia. . - . . • - As duas especies, igualando-se em tudo, exceto os esporões tarsais, impõe a suspeita de que pertencem a uma e mesma especie, sendo as divergendas méras diferendações morfológico-sexuais entre machos e femeas. E’ neces- sário a obtenção de mais espédmes, afim de esdarecer satisfatoriamente ésta questão. Que de fato existem distinções sexuais externas, veremos daramente quando tratarmos dos Parotistigminiqs, nos quais se encontram especies, cujos machos ostentam esporões, apendices, espiculas, quilias, ausentes ou quasi su- pressos nas femeas. 5. Genus: Scolopendropsis Braxdt, 1841. • O genero Scolopendropsis constitue como que um enigma na subfamilia dos Escolopendridios. Demonstra todos os característicos desta, excetuando o numero de 21 segmentos e extremidades, encontrando-se em logar dos mesmos 23 segmeth tos com extremidades como nos generos Otocràptps e Scolopocràptops. Exce- tuando o numero de segmentos Scolopendropsis assemelha-se quasi inteiramente á Rhcda thayeri, de maneira que se impõe a suspeita de ^mbas pertencerem mesma espede, ostentando a primeira apenas dimorjismo segmentar. Afim de esclarecer esta questão seriam necessárias observações em exem- plares vivos de ambas as espedes e sexos, estudando principalmente a série de filhotes. Scolopendropsis bahiensis Brandt, 1841. Sinonimia : Scolopendra bahiensis Brant ; Pithopus inerinis Brõl, é idên- tica a Rhoda thayeri. 617 cm. de comprimento. Placa ccfalica com curto stdco mediano, coberta em sua borda posterior pelo 1.® tergito. 23 segmentos com extremidades. 4 ócelos em cada lado. 6 artículos basilares das antenas desprovidos de pêlos. Coxosternut* com sulco mediano bifurcado na frente e um sufeo transversal. 3 3 dentes, os 2 internos unidos. Sulcos episcutais do 2.® — 20.® segmento. Existem em alguns tergítos curtos sulcos transversais. Sómente o 23.® tergito com cariuttt laterais e com stdco mediano. Esternitos 2-22 com 2 sulcos longitudinais, bifur- cados na frente. Atrás encontra-se um fraco sulco mediano transversal. Coxe~ pleuras sem apendices, com 2-3 espiculas pequenas na margem posterir. prêfemur com 3 espinhos no lado inferior 4-5 no lado interno e 2 espinhos superiores. Espinho do canto com 2 pontas. Ultima garra denteada finamente. 212 WoLFGANO Bücueri. — Os Quilopodos do Brasil 255 sem esporões laterais. Esporões dorsais ausentes em todas as patas, as garras das extremidades com 2 esporões laterais. Estados da Bahia, e Pernambuco. B. Subfamilia Otostigminae Krpln., 1903. Sinonimias: Ethmostígtmnae F58oe. — Anodontostominae V58cc. — Otos- tigminü Att. Estigmas grandes, principalmente o l.°. Este é o\’al, paralelo ao comprimen- to do corpo, enquanto que os outros são mais redondos, mais largos no lado dos tergitos. Em preparados diafanolisados, deshydratados em xilol fenicado, podemos obsenar a constituição morfológica dos estigmas. São salientes com bórda lame- lósa ou estão no mesmo nivel dos pleuritos. Não ha pcriiretna externo desen- volvido como nos Escolopendrideos, de maneira que a divisão do estigma 'cm vestíbulo e cálice interno não póde ser aplicada nésta subfamilia. A parede in- terna fórma dobras, cobertas de pêlos. No fundo do estigma entram os ramos traqueanos. O l.° tergito quasi sempre sobrepassa e cobre a borda posterior da placa cefalica. Laminas basilares ausentes. Existem 21 segmentos com extremi- dades. Estigmas nos segmentos 3, 5, (7), 8, 10, 12, 14, 16, 18, e 20, portanto 9 ou 10 pares. Prêjemur jorcipular quasi semipre presente e bem desenvolvido. No 2P tarso sempre um esporão tarsal frequentemente 2, pelo menos nas patas anteriores. O primeiro tarso é mais comprido do qu eo 2.®. O labro forma fran- jas e cerdas. Existem nésta subfamilia 2 tribus, 7 generos, 113 especies, 30 subespecies, 4 Variedades e 8 subespecies duvidosas, distribuídos sobre todo o globo terrestre, «ncontrando-se no Brasil e na zona neotropica 2 get\eros, 34 especies e 5 sub- espécies, todos pertencentes á tribu dos Otostigmineos, apresentando 2 placas dentarias bem desenvolvidas com dentes agudos. Estemítos nunca com sulco •ncdiar.o impar, sendo os 2 sulcos epistemais ausentes ou não. Geralmente são •nuito fracos, curtos e mal visiveis 1. Tribu: Otostigminii Att., 1930. Com 05 característicos acima, mencionados. Ultimas patas compridas e finas, **>uifo moveis, com espinhos diminutos no préfcmur ou desprovidos de e,spinhos. As ultimas patas não ficam eriçadas em atitude defensira como se verifica nas ^scolopcndras. Movimentando-se o artrópodo, são arrastadas toca,ndo de vez 213 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 256 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII em quando o sólo; exercem o papel de lemes auxiliando a locomoção désta maneira. Em algumas especies o dimorfistno sexual se acentua, como já observamos. Os esporões no fim do l.° tarso sempre estão presentes, como também esporões laterais no lado da garra terminal. 2-4 articulos basilares das antenas desprovi- dos dos pêlos. Chai’c dos generos: 9 pares de estigmas nos segmentos 3, 5, 8, 10, 12. 14, 16, 18 e 20: 1. Genu.« Otosligtnii^- 10 pares de estigmas nos segmentos, 3, 5, 7, 8, 10, 12. 14, 16, 18 e 20; Préfemur do coxosternum com apendice longo 2. Genus: Rhysiáo- 1. Genus: ütostigmus Por.. 1876. 6 subgencros, 75 especies, 12 subespeciej, 2 variedades e 2 varicdales duvi- dosas cm todo o mundo. Na zona neotropica: 5 subgeneros, 27 esp-'cies e 3 subcsprcies. Cltair antiga dos subgeneros: Coxopleuras do ultimo segmento terminando num apendice longo, pontudo, provido de espinhos. Ultimo préfemur provido de espinhos. Subgenus: Otostigmus Att. 1930- (África, Australia, Oceania, índia e Japão). Em toda a zona neotropica, segundo Attems existe apenas 1 unko sub- genero : Parotostigmus. Já nos referimos á insuficiente divisão feita por Attems num trabalho p®* nós publicado na “Rev. de Biol. e Hyg.” 10 (l):54-64. 1930. Concordamos plenamente com Verhoeff, para simplificar a sistemática e fazer jus á dif^ renciação dos climas sulamericanos, ás extensões enormes dos territórios néo* tropicos com a topografia rariabilissima de planicies áridas, montanhas alt3’ e matas húmidas e quentes, na introdução de subgeneros nóvos dos quais P^^®' samos a transcrever a chave sistemática: 1 . — Sem apendices coxopleurais ou sómente muito curtos, sempre sem fcspinhos. Préfemur das ultimas patas sem espinhos.. 3.3- WoLFOANG Bücherl — Os Quilopodos do Brasil lai 2. — Ultimo tergíto do macho com apendice comprido digitiforme. . S 3. — Ultimo tergito do macho sem apendices 4.5. 4. — Femur do 20.® par de extremidades do macho, com apendice comprido: 3. Sut^enus Ecuadoplcurus Verh. 5. — Femur do 20.® par de extremidades do macho normal 6,7. 6. — Préfemur do 21.® par de extremidades do macho com apendice no lado interno: 4 Subgenus Androtostigmus Verh. 7. — Préfemur do 21.® par de extremidades do macho sem apendice: 5. Subgenus Parotostigmus Ait. Ultimo tergíto do macho com apendice comprido digitiforme. Coxopleura*. com apendices longos conicos não espiculados: 1. Subgenus Coxopleurotostigmus Büciierl. 8. — Ultimo tergíto do macho com apendice curto. Coxopleuras sem apen- dices finais 2. Sul^enus Dactylotcrgitius Verh. Os Otostigmiuos possuem 21 segmentos com extremidades. São distingui- dos á primeira vista dos Escolopendrideos pelo tamanho diminuto (4-12 cm), pelo colorido muito mais vivo, prevalecendo o tv^ul, o roxo, o amarelo mais claro ou mais escuro, enquanto que as Escolopcndras demonstram, como temos 'dsto, côres castanho-vermelhas; outra diferença consiste na maior flexibilidade de seu tronco, devida á uma espessura menor dq exocuticula. A placa ccfalica quasi ntinca tem sulcos longitudinais, nein laminas basilares. E’ sempre coberta cm parte pelo tergito forcipular. Os 4 ócelos são localizados lateralmente, sendo 0 ultimo maior do que os outros 3, encontrando-se já um ócelo no lado vcntral. Fxaminando uma série de preparados das peças cefalicas, conseguimos fazer ^ seguintes obserrações : o labro demonstra um dente tnediano triangular pon- teagudo, sendo as regiões laterais muito protaidas, excedendo o dente mediano em •amanho. As áreas internas não são separadas do résto do labro. Na área ^ftfero-intertia existem pêlos finos. A zona entre o clipeo e o labro é coberta P®r pêlos e cerdas curtas, enfileirando-se as ultimas transversalmente. Na fren- te do clipeo o numero de pêlos é maior. No meio da frente existe uma futura quitinósa mais forte no lado superior. Vendo a carapaça ccfalica pelo ^ado superior, não denotamos vestigio algum de suturas longitudinais. A área tOfla é porosa, nascendo no canto de cada póro um pêlo fino. (Visível sómcntc ••um aumento de 5ÓÒ vezes. ) Na região ocelar e frontal estes pêlos são um pouco •Uaiores. Na linha mediana frontal, diante do triângulo do clipeo ob-xrvamos formação cônica quitinisada, envolta numa capsula transparente. Existem ^^■34 arliculos antenais, dos quais 2-4 basilares completamente desprovidos de 215 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 258 Mciuorias do Instituto Butantan — Tomo XIII pêlos. Estes se originam no lado inferior do 3.° ou do P articulo e daí em diante cobrem todo o articulo, deixando livre apenas estreita área do lado basilar de cada um. Os pêlos são pequenos e iguais. Poucas são as cerdos táteis maio- res. Em alguns exemplares de Rhysida encontramos entre estes pêlos cerdos longas ramijicadas. Trata-se de orgãos oljativos e gnsXativos, das mais variadas fôrmas morfologicas. óra são muitos mais longos do que o articulo antenal, de igual grossura na base e na ponta; óra são curvos com base estreita e lisa e com ponta terminal larga e ramificada (Vide fig. 52). No coxosternum do 2.® m^ilar observa-se fraca indicação de uma sutura mediana primitiva. No lado interno existem alguns pêlos. Aumentam em nu- mero no ultimo articulo. A garra terminal é provida de um esporão lateral. A “escova" de pêlos perpassa todo o articulo, transgredindo ainda a garra. O» pêlos encerram-se numa membrana quitinósa longitudinal. Coxosternum jorci- pular com placas dentarias bem desenvolvidas. 4 -}- 4 ou 4 -}- 5 dentes, muita» vezes unidos na base. Perto do dente mediano existe uma cerda longa. Sulcos basilares das placas muito fracos, com curta continuação lateral Outros sulcos não existem. O apendice interno do prejanur é muito grande, demonstrando na borda interna uma faixa de quitina dura na qual se encontram 3 4-5 plaquinhas quitinósas em fôrma de denticulos. Os últimos nem scmpr® são nitidos. Pinças muito agudas com o canal de veneno bem saliente. A glandula de veneno ê longa, atingindo a, ponta apical do prefemur. Os dentes das mandibulas são muito agudos, tripartidos. Constatamos um fato curiosis- simo, pelo exame de uma série de preparados macroscopicos : é a substituição dos •lentes mandibularcs gastos pelo uso, por nóvos, existentes já no interior doS velhos. Em alguns preparados observamos dentição tripla, a menor e ma>* nó va sempre no interir da maior. Os pêlos sensoriais laterais das mandibula* constituem 11-14 feixes, sendo cada feixe reforçado por uma jaixa quitinóso curva. Os tergitos 4, 6, 9, 11, 13, 15, 17, 19 são um pouco mais estreitos do q^e os outros. Sulcos episcutais desde o 4.® ou 6® tergíto. Encontram-se também fracas quilias longitudinais ou fileiras granulosas espiculadas. Carinas laterais presentes, pelo menos nos tergitos posteriores e sempre no ultimo. Este, ^ vezes, com apendice mediano. Esternitos com sulcos longitudinais fracos quasi invisiveis. Nunca atingem quasi a borda posterior; ás vezes vão sómente até a metade da placa. Existem depressões mediana.s ou laterais. O ultifi^^ esternilo quasi sempre com depressão mediana. Coxopleuras com ou sem apen* dice. Os estigmas têm a forma de um sino, com paredes internas cobêrías pêlos. Ultimo prefemur com ou sem espinhos. Na ultima e penúltima p^** encontram-se nos machos de algumas espedes apendices finais Ultima, normal, com 2 esporões laterais. Muitas espedes possuem um esporão no infero-terminal do prefemur, femur e tibia do 1.® par de extremidad;s. 2 esp®" WoLFGANQ BCcherl — Os QuUopcxlos do Brasil 259 rões no 1.® tarso foram observados em muitas patas anteriores, enquanto que nas outras existe apenas 1. 20.® e 21.® par com ou sem esporão tarsal. 1. Subgenus: Coxopleurotostigmus Bücherl, 1939. Ultimo segmento do macho com apendice no fim do ultimo tergíto e com apendices coxopleurais longos não espiculados Otostigmus (C) Cavalcanti Bücherl, 1939. Comprimento 36-45 mm. Colorido verde-arul, metálico, brilhante ou verde sa- turado. Esternitos e extremidades amarelo escuros. Pata com pontuações mais claras. Antenas 18 artículos, dos quais os 2*/^ basilares desprovidos de pêlos. 5 -(- 5 ou 4 5 dentes jorcipulares soldados na base. Sulcos das placas den- tarias fortes, formando um angulo de 160®. Na linha mediana encontra-se um sulco curto. Do 5.® ao 6.® tergíto em deante existem 2 sulcos episcutais. No uieio dos mesmos uma leve depressão. Carinas laterais sómente no ultimo ter- gito. Bordas laterais dos outros tergitos, um pouco salientadas. Ultimo tergíto do macho com apendice digitíforme, mais comprido que o proprio tergíto, e maior do que o de Otostigmus caudatus Brõl. (Vide figs. 53, 2-3). A ponta deste apendice é lateralmente comprimida, havendo em ambos os lados uma cavidade oblonga com um jeixe dc pêlos vermelhos. Na femea a borda é normal, um tanto saliente. Os esternitos são lisos, sem nenhuma de- pressão nem sulco. O ultimo estemíto do maclio ostenta borda posterior reta, com curta depressão triangular (Vide fig. 53, 1). Coxopleuras do macho com apendice longo, fino, cuivo. Sem espinhos na curva terminal. Na jemea não se necontra tal apendice, porém uma ligeira protuberância. Préfemur ultimo sem espinhos. Todas as garras com 2 esporões laterais. 1.* - 16.“ extremidade com 2 esporões no fim do 1.® tarso. 17.“ - 20.“ com 1 ; 20.“ com 0. l.“ - 4.“ extremidade com 1 esporãonolado postero medial da tibia. l.“ extremidade com um esporão no femur. Estados de São Paulo e Santa Catharina. 2.® Subgenus. Dactylotergilius Verh., 1937. Otostigmus (D) caudatus Brõl., 1902. 40-50 mm., acastanhado ou verde azul. Placa cejalica e primeiros 2 ter- gítos vermelhos. Antenas com 18 articulas, dos quais os 2 articulos basilares intei- namenie e o 3.® no lado dorsal desprovido de pêlos. Entre os pêlos anteriais 217 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 260 >[emorias do Instituto Butantan — Tomo XIII existem cerdos sensoríais grandes e bífidas. 4 -f* 4^ ou + 5 dentes forcipu- lares com uma cerda cm cada placa. Sulcos episcutais desde o 7° ou 8-° tergíto. Sómente o ultimo com carinas laterais e com apendice mediano digitiforme. Na femca a borda posterior é obtusa. Estcmítos sem sulcos. Comtudo, com. o vidro de aumento, observam-se sulcos medianos anteriores em alguns esternitos. Co- xopleuras sem apendices e sem espinhos. Ultimo préfemur sem espinhos. Todas as garras com esporões secundários. l.° par de extremidades com um esporão no lado postero-medial do préfemur, fcmur e tibia. l.°-7P par de extremidades com 2 esporões no 1.® tarso. 8.®-20.* extremidade com 1 esporão no 1.® tarso. I.agõa, Sta. Cathariius, Campo Limpo, Itapetininga, Alto da Serra e Capital de S. Paulo. 3. Subgenus. Ecuadopleurus Verh., 1937. 1. Otostigmus (E) insignis Krpln., 1903. Verde oliva. Extremidades e esternitos amarelos. Antenas 17 artículos, 2^ desprovidos de pelos. 4 -f- 5 dentes forcipulares. Sulcos basilares placas dentarias formando angulo obtuso. Tcrgiios com sulcos episcutais. desde n 6.®. Do 3.® em diante com pseudocarinas ; sómente o 21.® com verdadeiras carinas. Quilia mediana bem acentuada, e indícios de quilias secundarias nos últimos sarnentos, mais acentuados nos machos que nas femeas. Existem fileiras especuladas nos últimos tergitos. (parentesco com dcmellot e scabricauda) . Esternitos cm algumas zonas com sulcos curtos fracos e com impressão mediana grande, com 2 impressões laterais e 3 impressões pequena» deante da borda posterior. Coxopleuras sem espinhos e sem apendices. Ultimo préfemur sem espinhos ; no tnacho 'com apendice longo, apresentando um feixe de pêlos em cada lado. Coxa do 20.® par de extremidades com 1 chifre longo curvo, ultrapassando o ultimo esternito. 1.® e 2.® par de patas com 2 esporões tarsais; 3.®-20.® (21.®) com 1 esporão. Equador. 2. Otostigmus (E) silvestrii Krplx., 1903. Verde oliva ou azul. 50 mm de compr. Antenas 17 artículos, dos quaiâ 2-2*'^ desprovido de pêlos. 4 -j- 4 dentes forcipulares. Sulcos episcutais desde o 7.® segmento. 21.® tergito com caritias laterais. Nos últimos segmentos existe unia quilia mediana. Esternitos com 6 depressões, 3 na frente e 3 atrás. Coxo~ pleuras sem apendices e sem espinhos. As coxas do 20.® par de extremidades do macho demonstram estiletes cur\'os, menores que na espede anterior. Tam- WoLFGAXG BCcHEnL — Os Quilopodos do Brasil 261 l>ein o préfemur do 21.° par de extremidades tem um apendice cilíndrico; um pouco mais curto que o préfemur. l.° c 2.° par de patas com 2 esporões tarsais; 3.° ao 20.° comum. Equador. 2a.) Otostigmus (E) s. silvestrii Krpln., 1903. Alguns tegítos com pseudocarinas laterais e com rugosidades nos lados. Quilia mediana fraca, sómente presente no ultimo tergíto. O résto é idêntico aos característicos da especie. Equador. 2b.) Otostigmus (E) s. intermedius Krpln., 1903. Tcrgitos lisos, sem rugosidades. Os apendices das coxas do 20.° par de Extremidades aüngem a borda posterior do ultimo estcmíto. Quanto ao rcsío completamcnte idêntico com os característicos da especie. Equador. 4.* Subgenus. Androtostigmus Veru. Este subgenero contem 5 especies s-alidas, sendo a especie tipo Ostotigmus teabricauda. Verhoeff, cm 1937, descreveu mais de uma especie nóva: Otos- ^igtnus demelloi. Além disso o autor opina que Otostigmus rex não é senão a femea de Otostigmus scabricauda. Verhoeff critica na obra de Attems este não ter tomado em consideração 0 dimorfismo sexual deste grupo. Afim de demonstrar que de fato existe tal <íimorfismo, confronta macho e femea de Otostigmus demelloi, estabelecendo as *Eguintes diferenças morfológicas: J j *nacho : 20.^ extremidade com 1 esporão tarsal ; fetnca : 20.* extremidade setn esporão tarsal ; ’**ocho: 17.°-20.° tergito com inúmeros tubérculos que diminuem na frente, afas- ^do-sc sempre mais da linha mediana, continuando porém perto das pseudo Earinas ; f entea: tcrgitos lisos, sem rugosidade nem tubérculos; ! *>uicho: do 5.° tergíto em diante se encontram carinas laterais com rugosidade; ^ ^uilia chata e leve, presente sómente na linha mediana, isso mesmo só nos I *Ergítos posteriores, cada vez mais fraca até inteiramente ausente do l.° ao 5.° *Ergito ; ^ feinca: pseudocarinas ausentes, sómente o 21.° tergíto possue carinas verdadeiras; 219 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 262 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII macho: estemítos com depressão mediana; jemea: estemítos sem depressão mediana- Não sabemos, quantos exemplares Verhoeff teve a mão, quando estabeleceo estes característicos dimorfos. Não podemos, entretanto, confirma-los de vianCif^ alguma. Pelo contrario, passando em revista mais de 20 exemplares, procedente* de diversos estados, tanto machos como jemeas, sempre tivemos que constatafi que este dtmorjismo de Verhoeff não existe absolutamente! Pelo contrario» encontram-se femeas de Otost. demelloi na coleção deste Instituto, que demons* tram maior rugosidade nas zonas laterais dos tergítos; impressões mais p*'®' fundas nos estemítos; carinas laterais desde o 5.° tergíto ; quilia mediana saliente . fileiras de tubérculos espiculados nos últimos tergítos; esporão tarsal na 20. extremidade. Estes característicos se encontram em todas as fetneas, ainda que numa* mais acentuados do que em outras. Nunca são totalmente ausentes. Bem faz Verhoeff, portanto, continuando na descrição das diferenças mor- fológicas, de acentuar que se baseou exclusivamente sobre o material que teve ^ mão, não dando certeza, si de fato os característicos éram como os havia desento- Examinando a serie toda que temos diante de nós, em parte pertencentes * cspecie scabricauda e em parte a demelloi, hesitamos declarar, si de fato a ulttm* constitue uma verdadeira especie, ou apenas uma ra^a; porque o caracteristio® principal, que os separa, conforme Verhoeff, seria o apendice préjemural tnachos, mais curto em scabricauda do que o préfemur, mais longo do que este eto demelloi. Todos os outros característicos; pseudo-carinas e rugosidades desde o 3.° tergíto em scabricauda (em demelloi só do 5.° tergíto) ; coxopleuras coi'’ apendice obtuso, porém bastante protaído em scabricauda (sem protraçâo alg^' ma em dcmelhÍQ, e mesmo o colorido: todos estes característicos, enfim conjlue* nas 2 especies. Mesmo o comprimento do apendice préfcmural varia mud®- Temos na coleção machos de scabricauda, cujo apendice prefemural é tão long® ou mesmo mais longo do que o préfemur. Consideramos, portanto, a especie demelloi Veri?., cotno subespecie scabricauda. Cremos que Attems, cm sua descrição de scabricauda, não di*' punha de uma série de machos, porém apenas de um ou pouquissimos exemplof*^’ cujo apendice prefemural demonstrava pouco comprimento. Chave das espeoet de AndrotostigmuJ, cujos machos demonstram apendice no ultimo par de patoe- Apendicc em fórma de um botão pequeno ‘ ' 3. Otostigmus {A) goeldii: Pará — Vcnezuel*' Apendice prolongado cilindrico 220 1 WoLFGANG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 263 Apendice íragil, fino, da metade do compr. do préfemur. Tergítos 10-19 com 1 ^ quilias medianas 2. Otostigmus (A) pococíi: Guyana brasileira. . Apendice estendendo-se além da metade do préfemur 3 Apendice com terços do tamanho do préfemur. l.®-3.° par de patas com 2 '■ Esporões no 1.® tarso 5. Otostigmus (A) brunneus: Guyana ingleza. •^>cndicc ainda majs comprido 4 ^'^cmítos com grande depressão mediana e 3 depressões pequenas deante da I j ^rda posterior e 2 depressões na frente. Terg^ítos com quilia mediana e tuber- * '^os enfileirados 1. Otostigmus (A) scabricauda: Brasil. ^ternitos sem depressão alguma. Placas dorsais lisas sem quilias ^ 4. Otostigmus (A) clavifer: Guyana inglesa. 1. Otostigmus (A) scabricauda H. & SaüS., ‘1870. Sinonimias; O. scabricaudus — brasiliense — appendiculatus — branchiotre- scabricauda — branchiotoma. Comprimento 60-70 mm. Colorido verde claro ou escuro ou acastanhado. Es- ***^itos e extremidades amarelo doirados. Antenas 17 artículos, 2-2 desprovidos pêlos. 4-f4 dentes jorcipulares (ás vezes 4-f-5), inteiramente isolados uns dos "^ros ou os 2 internos de cada placa unidos ou então se encontra uma lacuna me- separando os dois internos dos 2 externos de cada placa. Diante dos dentes ’''ima cavidade ou sobre um tubérculo encontra-se uma cerda longa. Na frente do ^°^osternum existe um sulco curto mediano, bem visivel. Pseudocarinas laterais o 3.® ou 5.® tergito. Em seus bórdos internos encontram-se ligeiros séptos ^àsos, aumentando em saliência e subindo gradativamente á zona mediana até nos últimos 3-5 tergítos, cobrem toda a placa, enfileirando-se os tubérculos, *|®*Wnstrando pequenas espiculas. O mesmo se verifica nas femeas. Sómente o ul- térgíto demonstra carinas verdadeiras. A quilia mediana é sempre fraca, prin- ^Piando desde o 3.® ou 8.® tergito. Percorre todas as placas terminando no meio do , fergíto. Percorre todas as placas terminando no meio do 21.® tergito, dando 7^*" a uma depressão curta, mediana, que ultrapassa os bórdos posteriores e con- . ^ ainda o lado inferior do tergito. Sulcos episcutais fracos, existentes desde o • ou 8.® tergito. Estemitos sem sulcos, porém com grande depressão triangular "''^iana, em alguns exemplares mais achatados, em outros muito profundos, salien- ^^o-se na zona anterior uma depressão redonda, diminuta, porém profunda, ^ote do bordo posterior existem 3 depressões leves que, ás vezes, confluem só. Em alguns exemplares também na frente os estemitos são achatados. 221 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 2G4 >fcmorias do Institulo Butanfan — Tomo XIII Ultimo estemito com bordo posterior réto e com fossa longitudinal mediana. Coxopléuras sem apendice, porém muito prolongadas, excedendo o esternito eni comprimento, arredondadas posteriormente e sem espinhos. Comtudo, obsers^amos tendencia para o prolongamento deste apendice. Xum exemplar, por ex.. encon- tram-se 2 pequenos tubérculos conicos. Em outros exemplares as coxoplcuni» já são mais ponteagudas. 1.® e ás vezes também o 2.® par de extremidades com 2 esporões no lado infero-terminal do 1.® tarso. O 1.® par, além disso, com 1 esporão no femur c na tibia. 2.®-20.® par de extremidades com 1 esporão . tarsal. 21.® préfemur do macho no lado interno 1 apendice menor ou tão com- prido como o préfemur, ostentando na sua ponta terminal, no lado inferior, um feixe de pêlos vermelhos. • Todo o apendice demonstra visto com aumento fraco, pequenos estiletes conicos. vítreos e pelos diminutos. Também o mur apresenta estes estiletes. São os canais de sahida das glandulas. Otostigmus scabricauda é encontrado em^ todos os Estados brasileiros, cipalmente no ifatto Grosso, Goyax, São Paulo e St. Catharina. 1.* Otostigmus (A) scabricauda var. demelloi Verh., 1937 Veriioeff supõe que a scabncàuda seja maior do que a. demelloi. Sua suposi- ção porém não póde ser confirmada; pelo contrario, demelloi é tnuifo uiais busta, demonstrando maior rugosidade nos últimos tergitos. .As cavidades <1®* eslernitos são mais profundas. E malguns espécimes também as placas ven- trais demonstram rugosidades. O apendice préfemural do nutcho excede sempr*^ o préfemur em tamanho. E' comprimido no lado posterior, apresentando um fe>*® de pêlos. Quanto ao résto a rariedade é identiac á scabricauda. Dcmello'’ \^ERH. distingue-se de scabricauda principalmcnte pelo colorido. Este é az®* roxo, com pontuações vítreas, avermelhadas ou azues nas patas. O roxo de- monstra. reflexos metálicos. Não se consersa absolutamente no álcool. Mesmo os feixes musculares dorsais demonstram este colorido. .As côres ostentam belo conjunto, sublinhado ainda pelo tom róseo das patas quasi transparentes- O apendice co.vopleural é curto, arredondado. Quilia mediana geralmente fraca- No lado interno da tibia existe um campo poroso bem extenso, não localizad® numa depressão, conforme descreve Veriíoeff, porém numa saliência. O bitat de demelloi é idêntico ao de scabricauda. Otostigmus rex Chamb., 1914. Êsta espccie é completamente idêntica á scabricauda, distinguindo-se apc* nas pelo colorido castanlio escuro da cabeça e do 1.® tergito e pelas 3 pequei»*' WoLFGANG Bücherl — Os Quilopouos do Brasil 2cr> depressões existentes na arèa anterior dos esternitos, de maneira que deve ser considerada como a femca de scabricauda. De fato nunca temos encontrado machos que demonstrem os característi- cos de Otostigmus rex. 2 . Otostigmus (A) pococki Kraepl., 1903. 65-70 mm. de comprimento. Azul esverdeado, com a cabeqa amarelada. Antenas 17 articulos, dos quais 2^ articulos basilares desprorídos de pêlos. Placas den- tarias lun pouco mais largas que longas com -4-1-4 dentes agudos e uma cerda cm cada placa. Sulcos episcutais e carinas laterais completos desde o 5.® ter- &íto. Xa mesma placa principia também a quilia mediana, secundada, a começar do 7.® tergito, por 2 quilias secundarias. Éstas aumentam gradativamente em tamanho, bipanindo-se, de maneira que do 10.°- 12.® tergito obsers-amos já 5 quilias longitudinais, rugósas, finamente tuberculadas, todas elas de igual es- pessura. Xo ultimo e penúltimo tergito a,s 2 quilias externas desaparecem no- '■amente. As placas dorsais posteriores são cobertas de tubérculos promiscuos. Esternitos com 3 cavidades diante da borda posterior, c 3 na zona anterior, mais Iracas e muitas vezes confluidas numa unica depressão. Apêndice coxopleural obtuso, sem cspinlios. 1.® par de extremidades com 1 esporão no femur, na tibia e 2 no 1.® torso. 2.®-19.® ou 20.® par com 1 esporão no 1.® tarso. Ultimo pre- Icmur do macho no lado supero-intemo um apendice frágil da metade do compri- mento do prefemur, cwn 1 feixe diminuto de pêlos vermelhos. Guyana bra- seira. * 3. Otostigmus (A) goeldii Brõu, 1898. 24 mm. de comprimento. Verde olrva com reflexos pardos. 2*4 articulos basi- lares das antenas desprovidas de pêlos. 4-f-4 dentes forcipulares com 1 cerda ^ cada placa dentaria. Tergitos brilhantes. Sulcos episcutais do 3.® ou 4.® cm diante. Pseudocarinas do 2.® cm diante. Sómente o ultimo tergito com carinas ^verdadeiras. Esternitos lisos, sem sulcos e cavidades. 1.® par de patas com 2, 2.®-19.® par com 1 esporão tarsal. Ultimo pjcfemur do macho com pequeno bo:ão no lado supero-interno. Pará e Venezuela. 4. Otostigmus (A) clavifer Chamb., 1921. 50-55 mm. Verde oliva com cabeça avermelhada. 20 articulos antenais. 2J4 l^ilares desprorídos de pêlos. 4 -j- 4 dentes forcipulares; os 2 medianos são 223 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 2G6 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII maiores. 1 cerila longa em cada placa. Sulcos episcutais do 5.® tergíto em diante. 21.° tergíto com cannas laterais Todas as placas dorsais lisas, sem quilias, tu- bérculos ou rugosidades. Esternitos sem sulcos. Ultimo estemito com depressão longitudinal mediana. Coxopleuras não protraídas. Ultimo préfemur do macho cota apendice longo, fino, oriundo do lado antero-interno, perto da borda posterior do tergíto, estendendo-se até a ponta terminal do préfemur ou mesmo um pouco além. No lado terminal do prefemur encontra-se uma saliência encimada po*" um feixe de pêlos vermelhos. l.° par de patas com 1 esporão no femur e na tibia- l.°-4.° par com 2 esporões no l.° tarso; 5.°-20.° com 1 esporão. Guyana inglesa. 5. Otostigmus (A) brunneus Chamb., 1921. 32 mm. Castanho escuro ou mais claro com reflexos avermelhados. Placa cefalica com 2 sulcos curtos na borda posterior. 20 artículos antenais; 2 basi' lares sem pêlos. 4 -f- dentes jorcipulares ; os dois internos de cada lado ont- dos. Tergitos lisos; sómente o ultimo com carinas laterais. Sulcos episcutais do 4.° em diante. Esternitos sem depressões e sulcos. l.° ao 3.° par de patas com 2 esporões tarsais; 4.°-20.° com 1. Ultimo préfemur do macho com apef* dice cilindrico, atingindo 2/3 do comprimento do préfemur. Guyana inglesa. 5. Subgenus: Parotostigmus: * O prefemur das ultimas e.xtrcmidades carece de espinhos e de apendices machos. No lado postero-interior das tibias das ultimas extremidades encontra-s* frequentemente um campo poroso ou um apendice curto ponteagudo. (.0. bialis e pradoi). Coxopleuras curtas, quasi nunca protaidas, geralmente espinhos na ponta. Chave das especies: Tibia no lado postero-interno do ultimo par de extremidades do macho com ap^' dice curto, ponteagudo Tibia do macho sem este apendice ^ Comprimento 40-45 mm. Pseudocarinas laterais desde o 3.° tergíto. Estemito* sómente com 1 cavidade ou no máximo com duas . . 1. Otostigmus (P) prado*- Comprimento 80 mm. Pseudocarinas laterais desde o 16.°-19.° tergíto. Estem**® com 4-6 cavidades 2. Otostigmus (P) tibúd^' WoLFGANO BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 267 •0 Coxopleuras com apendice de 1-2 pontas. Antenas com 20-21 artículos. 4 -f 4 dentes fordpulares. Estemítos sem sulcos longitudinais e tergitos sem quilias 3. Otostigmus (P) bürgcri. Coxopleuras sem apendice ou com 1 muito curto, arredondado 4 Os dois a, tres pares anteriores dos estigmas muito prolongados em forma de sacos. Tergitos lisos, sem quilias. Sulcos episcutais desde o 5.° segmento. Carinas laterais do 7.® segmento em diante. Estemítos com 2 sulcos que se estendem até a metade da placa 4.0lostiginus (P) longistigma. Todos os estigmas normais. Sulcos episcutais atravessando os tergitos de mar- gem á margem 5 Os 4 últimos pares de estigpnas muito prolongados. Sulcos episcutais completos desde o 6.® tergíto ; nos 2-3 anteriores os sulcos existem sómente na zona anterior e posterior de cada placa. Do 4.® segmento em deante existe uma quilia me- diana achatada. Estemítos com cavidade profunda, redonda 5. Otostigmus (P) longipes. Twlas as e.xtremidades normais b Esporões tarsais ausentes ou quasi invisíveis. 4 artículos basilares das antenas desprovidos de pêlos. Sómente o ultimo tergíto com carinas laterais. Sulcos epistemais completos 6. Otostigmus (P) limbatus. Esporões tarsais bem visíveis 7 Tergitos lisos, sómente ás vezes nos lados um tanto mgósos. Bórdos posteriores do ultimo tergíto arredondados ou formando angulo obtuso. 8.®-19.® estemito com dois sulcos completos 7. Otostigmus (P) sulcatus. Tergitos com quilias fracas e fileira,s de tubérculos ou sem os mesmos 8 Antenas curtas. Estemítos com sulcos curtos na frente. Ultimo estemito sem d^ressão mediana 8. Otostigmus (P) inermis. Tergitos sem quilia mediana. r\ntenas de tamanho médio. Elstemítos com ou sem sulcos curtos 9 Sulcos episcutais desde o 6.®-8.® tergíto. Tergitos lisos. Sem pseudo-carinas. Estemítos com 2 sulcos curtos na frente. Coxopleuras um tanto protaidas. 1.® 16.® par de extremidades com 2 esporões tarsais 9. Otostigmus (P) krctsii. Sulcos epistemais abreviados. Dois artículos basilares das antenas sem pêlos 10 I Sulcos epistemais dois terços ou tres quartos do compr. do esterníto. 20.* extre- I niidade sem esporão tarsal 10. Otostigmus (P) amasome. ' Estemítos com sulcos curtíssimos na borda anterior 11 225 C«d j- cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 2G8 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII extremidade com 2 esporões tarsais. Esternitos sem depressões. Ter- gitos com fossa mediana e duas quilias longitudinais cm cada lado 11. Otostigmus (P) tidius- ou 9.° par de extremidades com 2 esporões tarsais 12 Sómente o l.° par de extremidade com 2 esporões tarsais. Tergitos com 3 quilias longitudinais entre os 2 sulcos episcutais. Rugosidade nas quilias e nos lados dos tergitos. Esternitos com 3 depressões .... 12. Otostigmus (P) casus. Os l.“ 2-5 pares de extremidade com 2 esporões tarsais 13 O l.° e 2P par de patas com 2 esporões tarsais. Carinas laterais sómente no ultimo tergito. Os sulcos epistemais atingem 2/3“ do compr. do estemíto. Coxopleuras prolongadas atras, obtus^ e arredondadas 13. Otostigmus (P) muticus. Os l.“ 4-5 pares de extremidades com 2 esporões tarsais. Carinas laterais do 7.°-8.® tergito. Esternitos sem depressões. Sulcos epistemais atingindo a me- tade da placa. 2}^ articulos basilares da santenas sem pêlos 14. Otostigmus {P) dolosus. 1. Otostigmus (P) pradoi BOcHERi.. 1939. Castanho escuro ''om reflexos verdes. Placa ccfalica verde ou vermelho es- curo. Esternitos amarelos. Patas amarelo-esvcrdeadas. 16-17 articulos antenais', 2 basilares inteiramente desprovidos de pêlos; o 3.® dorsalmente sem pêlos. 4 -r 4 dentes forcipulares com 1 cerda cm cada placa. Na frente do coxos* ternum 1 pequeno sulco mediemo. Supcrficie forcipula,r esparsamente pontuada- Sulcos cf'iscutais desde o 5.® tergito. Do 3.® tergito em diante existem curtos sulcos na frente dos tergitos. Esternitos com 2 sulcos que atingem a metade da placa. Perto da borda posterior existe uma cavidade redonda, profunda, desapa- recendo gradativamente. Ultimo esterníto liso em depressão. Seu bordo poste- rior cortado em linha reta. Tergito 3-19 com pseudocarinas; 21.® com carittos verdadeiras. As pseudocarinas se tornam mais fracas nas placas posteriores. Patas 1-3 com 2 esporões tarsais; 4-19 com 1. No lado interno da tibia do nuiclti' encontra-se um apendice triangular, ponteagudo, muito mais comprido do q^c o de tibialis. Ésta diferença toma-se ainda mais nitida. considerando aue prado* tem apenas 40-45 mm., enquanto que tibialis méde 80 mm. Além disso existe na baáe deste apendice uma saliência cilíndrica comprida, visivel em todo o com- primento da tibia. e na ultima parte do fcmiir, o que não verificarmos eni tibialis. São Pendo, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro. WoLFGAXO BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 2G9 2. Otostigmus ÍP) tihialis Brõl., 1902. 80 mm. Verde de oliva; cabeça e primeiro tergito acastaniiados. Aulcnas 17-18 articulos: ás vezes, no mesmo individuo num lado 17, no outro, 18; 2-3 articulos basilares sem pelos. 4-f4 ou 4-f5 ou 5-f5 dentes forcipulares, não unidos, com uma cerda em cada lado. Sulcos episcutais muito fracos, principiando Tergitos com sulcos episcutais completos. Sómente o 21.° tergito com carinas no 4.0-8.® tergito. Os últimos tergitos com pscdudocarinas. Sómente o 21.° ter- pito com carinas verdadeiras, com ou sem impressão mediana deante da borda posterior. Sulcos dos esternílos muito curtos só existentes na bórda anterior de cada placa. Duas cavidades na linha mediana,, sendo a anterior mais profunda c nitida. Além disso existem ainda 2 cavidades laterais. Ultimo estemito geral- merte com impressão mediana longitudimd muito fraca. Coxopleuras curtas. Sem espinhos. Tibia das ultimas patas do macho no lado interno com um pequeno apendice agudo, porém muito menor que cm pradoi. 1.0 par de patas com 1 esporão no femur, 1 na tibia e 2 no tarso. 2.o-20.® com 1 esporão no tarso. Santos, Alto da Serra, São Paulo, Paraná c Amazonas. 3. Otostigmus (P) biirgeri .-^ttems., 1903. Antenas com 21 articulos. 3-4 articulos basilares desprovidos de pelos. •^4-4 dentes forcipulares. Carinas laterais do 5.® tergito em diante. Sulcos ^Pneutais desde o 5.® até ao 19.® tergito. Esternitos sem sulcos. Apcndice co- ^oplcural com 2 pontas. l.®-17.° par de patas com 2, 18.®-20.® com 1 esporão tarsal. Colombia. 4. Otostigmus (P) longistigma RCctierl, 1939. 37-42 mm. Tergitos amarelo claro ou vermelho escuro. Tergitos anteriores acastanhados com reflexos verdes. Esternitos amarelos. Os l.“ 3 pares de es- ‘Vntas formam um tubo externo muito comprido. Os outros estigmas são nor- "lais apresentando-se sob a forma de e.-piral. Antenas curtas, com 17 articulos, quais os 2 e 2/3 basilares desprovidos de pêlos. Os outros artiailos todos cobertos de pelos uniformes. 4 -|- 4 dentes forcipulares ; os 3 internos mais ou '*’cnos unidos. Existe imi sulco curto na linha mediana do coxostemum. Do 227 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 270 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII 5.°-7.® tergito os sulcos estão completos. Tergítos lisos. Desde o 7.® segmento existem pseudo-carinas. Sómente o 21.® tergito com verdadeiras cannas. Bordo posterior salientado. Estemitos lisos, brilhantes, com cavidade redonda no meio e com 2 sulcos longitudinais que atingem a metade >ia placa. Ultimo esternito cotn depressão longitudinal. Mais longo que la^go, com bordos posteriores cur- vos. Coxoplcuras com poros grandes, enfileirados. Seus bordos formam uma linlu curva atingindo quasi o tergito. Mesmo fóra do campo poroso existem ainda póros jracos numa pequena área posfero-superior. 1.® par de pa,tas com 1 esporão no femur e 1 na tibia. 1 .® e 2.® par de patas com 2 esporões tarsais ; 3.® ao 20.® com 1 esporão. Todos os exemplares désta nova cs pede foram encontrados em cupif^- Temos a impressão de que o habitat não exerceu influencia modificadora sobre eles, exetuada a conformação do aparelho respiratório. Os occlos ostentam o mesmo tamanho que os de outra fôrmas. São Paulo e Paraná. 5.. Otostigmus (P) longipes BOcherl, 1939. 50-55 mm. Verde olira ou verde amarelado. Esternitos e extremidades ama* relas. Placa cejalica fortemente biloba,da na frente. O tronco aumenta cm pf^ porções de frente para traa, atingindo a maior espessura no 18.® segmento. O® últimos 3 pares da patas muito longas. Vide fig. 56, 3. Antenas 17 articulos 2 e 2/3 articulos bailares desprovidos de pelos. 4 -f- 4 dentes, não unidos, havendo era cada placa dentaria uma lacuna, qu* separa os 2 dentes. Numa cavidade existe uma cerda longa. Coxosternum com sulco mediano. Atrás do mesmo uma depressão oval. Vide. fig. 56, 1. Apcndice medial do préfemur forcipular com 2-3 protuberandas quitinósos- 3. ®. 4.® e 5.® tergito com sulcos episcutais curtos, visiveis sómente na frente c atráz de cada placa^ Do 6.® em diante os sulcos são completos. A começar d® 4. ® segmento existe uma quilia mediana fraca, perpassando todos os tergitos scm nunca atingir porém a borda posterior. Ultimo tergito com quilia muito curto> atráz dela uma. depressão que se prolonga numa fossa estreita pouco profunda- Sómente este tergito tem carinas laterais, terminando numa ponta; os outros ter- gítos com pseudocaritujs. Os 4 últimos tergitos com tubérculos pequenos. résto lisos, brilhantes, com reflexos esverdeados. Esternitos com uma cavidade redonda profunda. Vide fig. 56,2. WoLFGAXO BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 271 Ao longo do bordo posterior encontram-se 3 declives achatados, confluindo írcquentemente numa depressão sómente. Sem apendices coxopleurais. l.° par de extremidades com 1 esporão no femur e na tibia; par com 2 esporões, 4.°-20.® com 1 esporão tarsal. Estado de São Paulo. 6. Otostigmus (P) limbatus Mein . 1886. Sinonimia: Otostigma limbatum. 48 mm. Azul esverdeado ou acas^nhado. Antenas 17 articulos. 2^-4 ar- tículos basilares desprovidos de pêlos. 3-4 dentes fordpularcs. Sulcos cpiscutais desde o 3.® tergíto. Sómente o ultimo com verdadeiras carinas laterais. Sem Çuilia. Conforme Attems os esternitos possuiriam sulcos longitudinais com- fletos. Verificamos porém que de fato os sulcos se encurtam progressivamente atingindo sómente a metade do 19.® estemiío, e desaparecendo totalmente o 20.®. As 2 depressões medianas que, conforme Attexs são grandes e nitida.s, realmente são de tamanho diminuto e quasi invisiveis. Apêndices coxopleurais arredondados, desprovidos de espinhos. 1.® par de extremidades com 2 esporões tarsais diminutos; todas as outras patas geralmentc sem e.^porão tarsal. Quando 0 esporão existe numa das patas, é diminuto e quasi invisivel. .-ilto da Serra, Paraguay e Argentina. Existem ainda alguns exemplares, machos e femeas na coleção deste Ins- tituto que diferem consideravelmente da especie tipo. Demonstram 1 esporão no íemur e na tibia do 1.® par de extremidade; 2 esporões tarsais nos l.®« 3 pares ^ patas; sulcos longitudinais nos últimos esternitos, incompletos ou de todo ausentes; as duas depressões medianas dos esternitos muito fracas ou comple- ^amente ausentes. Por este motivo cremos que se trata' d’uma subcspecie nova: 6.®: Otostigmus (P) l- limbatus, n. subsp. E’ um pouco menor que limbatus. Encontra-se principalmente no interior do Estado de São Paulo. 7. Otostigmus (P) sulcatus Mein., 1886. Sinonimia : Otostigma sulcatum. 35 mm. Amarelo avennelhado. Antenas com 17 articulos, 2}4 basilares des- providos de pelos. 3 -f 3 ou 4 -|- 4 dentes forcipulares. mais ou menos soldados. 229 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 272 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Tergitos com sulcos desde o 6°; com carinas laterais desde o 7P-9P, com quiliti mediana do tergíto e com quilias laterais fracas e alguns tubérculos pequenos. 20° e 21° tergíto quasi liso. 8.°-19.° cstemíto com 2 sulcos fracos, completos e um sulco mediano fraco. Ultimo esterníto sem depressão alguma. Çoxopleuras com apendices curtos, sem espinhos. l.°-18.° par de extremidades com 2, 19.°-21.° com 1 esporão tarsal. Uruguay e Brasil {R. G. do Sul). 8. Otostigmus (P) inermis Por., 1876. 36-42 mm. \^erde, azul ou amarelado, ás vezes com faixa bratica ao longo dos tergitos; esternítos, patas e antenas amarelos. As ultimas com 17 artiailos. 2j^-3 desprovidos de pêlos. 4 -f- 4 ou 5 5 dentes forcipulares com 1 cerda fio^ quasi imperceptivcl em cada placa dentaria. Sulcos cpiscutais fracos e muitas vezes completamente invisiveis, porém sempre presentes, conforme constatamos numa série de prepa,rados. Os sulcos principiam no 4.° ou 6.° tergíto. Carinas laterais do 7.°-10.° ter- gíto. Quilia mediana desde a 5.* placa dorsal. Estrias longitudinais finamente tuberculadas, acompanh^as lateralmente por dobras rugósas. Ultima placo dorsal com alguns tubérculos, j)orém sem depressão. Ejtcrnitos com sulcos muito curtos, sómente ^^siveis nas bordas anteriores. As vezes se concentram 3 fracas cavidades longitudinais. Ultimo esternito liso. Çoxopleuras sem apendices. Os 1" 4-18 pares de extremidades com 2, os seguintes com 1 esporão tarsal. Argentina, Colombia e Venesuela. I" ) I J i 9. Otostigmus (P) kretzii Bücuerl, 1939. 33 mm. Verde oliva brilhante. Esternítos amarelos. Forcipulas enegrecidas: pata verde-azueis com o 2.° tarso amarelo. Antenas 17-18 artículos; 2 basilares com pourpiissimos pêlos longos; o 3.° e o 4.° despro^^dos de pêlos no lado dor- sal. Placas dentarias mais largas que longas, com uma cerda delgada, oriunda numa cavidade, imediatamente embaixo do 3.° dente. 5 5 dentes forcipulares, sendo o do meio o mais forte. Sulcos basilares formando angulo muito obtuso, havendo também um curto sulco mediano. Vide fig. 57, 1. Apêndice prcfcmural forte, com 3 plaquinhas quitinósas. Do 6.°-8.° ter- gíto principiam os sulcos cpiscutais. Com depressão mediana longitudinal entre 230 WoLFG.VNG Bücherl — Os Quilopodos do Brasil 273 os sulcos. Sem quilia mediana nem pseudocarinas. As vezes, porém, em logar da quilia uma estria branca. Tergitos lisos. Sómente o ultimo com carinas ver- dadeiras porém sem depressão nem quilia. Esternitos com 2 sulcos curtos. Sem cavidades. Ultimo estemíto com fossa ou com quilia longitudinal. Vide fig. 57, 2. Coxopleuras um tanto protaidos, sem espinhos. Póros pouco numerosos po- rém muito grandes, atingindo quasi a borda do tergito. l.°-16.® par de patas com 2 esporões tarsais; 20.° par com ou sem esporão; 1.® e 2P par com 1 esporão tibial; l.° par com 1 esporão femural. São Paulo, Minas, Matto Grosso e Sta. Catharina. 10. Otostigmus (P) amazonae Cn.\MB., 1914. 32 mm. azul esverdeado ou acastanhado. Placa ccjalica verde escuro. An- tenas 17 articulos, 2 basilares desprovidos de pêlos. 4 -|- 4 dentes f orei pulares, o externo um tanto isolado e menor. Sulcos episcutais desde o 4.° tergito. Últimos lergítos com pseudocarinas. Sómente o 21.° com carinas verdadeiras, sem de- pressões e sulcos. Quilia ausente. Esternitos com dois sulcos que vão até a metade de cada placa ou um pouco além, e com duas cavidades fracas na linha mediana. Ultimo estemíto com fossa tnediana longitudinal fraca. Coxopleuras um tanto protai- das, sem espinhos. 1-6.^ extremidades com 2,7.°-19.° com 1 esporão tarsal. 1.® extremidade com 1 esporão no femur e na tibia. Estado do Amazonas. 11. Otostigmus ÍP) tidius Chamb., 1914. 14J4 mm. Castanho escuro, um pouco avemielhado. Antenas com 17 arti- eulos, os 2 basilares desprovidos de pêlos. 4 -f 4 dentes forcipulares. Sulcos episcutais do 4.° ou 5.° tergito. No meio dos tergitos existe uma fossa mediana estreita, acompanhada de 2 quilias fracas. Sómente o ultimo tergito com carinas iterais. Esternitos com sulcos abrevdados. Sómente os últimos com fracas im- pressões. Ultimo estemíto com fossa longitudinal pouco profunda. l.°-18.° par orém a placa cefalica mediana. O dente é mais longo que largo, triangular e agudo. As 2 areas laterais do labro *ão cobertas, perto da borda medial por algumas fileiras de pelos que, em linha ^rva, acompanham as bordas internas, estendendo-se, em seguida, ap longo dos fx>rdos posteriores. Nos pleurítos encontram-se muitos pêlos. No lado dorsal a placa cefalica é coberta de finas pontuações. As maiuiibulas são mais longas e •nais estreitas que as dos Escolopendrideos. Existem 4 -f- 4 ou 5 + 5 ou gcralmente 4 -f 5 dentes mandibulares. En- *^ntram-se ás vezes nutna mandíbula 2-3 fileiras dentarias, uma atráz das ou- fras. Os pelos laterais são muito fortes. Em alguns logares da mandibula, entre Os dentes, e entre as fileiras de cerdas, pudemos descobrir cerdas longas rami- ficadas, transparentes, demonstrando a construção ti pica das cerdas sensoriais olfativas. Consideramos, portanto, as mandíbulas não sómente como aparelhos *®astigadores e sede do sentido gustativo mas também como sede do olfato. O P«nultimo articulo do 2.® maxilar demonstra um esporão fino e longo. A garra terminal do 2.® maxilar tem um esporão posterior muito fino. mui- vezes ausente (Rh. brasíliensis) . Forcipulas com 4 -|- 4 ou 4-|-5 ou 5-j-5 'f^tes, ás vezes parcialmente unidos, sendo os esternos sempre os mais fracos, f^eante da fileira dentara, que é curva, enocontra-se uma pequena cerda, sa- 233 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 276 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII hindo dirctamcnle da, cutícula, (sem cavidade c tubérculo). Sulcos basilares da5 placas dentarias bem acentuados com ligeira ramificação lateral. Placas dentarias mais largas que longas. Em alguns exemplares notamos uni pequeno stdco mediano. Apendice préfemural bem desenvolvido com 3 plaqui- nhas quitinósas. l.° tergíto sem sulcos. 2.°, 4.®, 6.®, 9.®, 11.®, 13.®, 15.®, 17.® 19.®, mais curtos que os outros. Sulcos episculais começando do 5.® ou 7.® ter- gito. Sulcos completos ou abreviados. Carinas laterais sómente no ultimo seg- mento ou também em alguns tergitos anteriores. Sulcos dos esternítos sempte curtos. Coxo pleuras com apcndices longos, finos, muito protraídos, com pontas e espinhos. Ultimas patas compridas e delgadas com ou sem espinhos no femur. Esporões tarsais sempre presentes em numero de dois ou um. Garras terminais com 2 esporões laterais. Em algumas patas anteriores encontra-se, cni ^•arias especies, um esporão na tibia. Xo 1.® par de extremidades existe um es- porão no préfemur e um no femur, no lado dorsal majs largo, encostado no bordo lateral dos respectivos tergitos. Cálice muito profundo, com as paredes internas sinuosas, dobradas em es- pirais incompletas, com fileiras de pelos diminutos. O cálice é muito largo no começo; desce, estreitando-se progressi\'amente, e termina nos ramos traqueia- nos. O 1.® estigma é o\'al, os outros oblongos. Existem 10 pares de estigmas nos seguintes segmentos. 3, 5, 7, 8, 10, 12, 14, 16, 18 e 20. 18 especies com 12 subespccics e 2 raças, existindo na região neotrópica especies e 3 subespecies. Chave das especies néotropicas: Tergitos com sulcos epi.«cutais completos. Sómente o 21.® tergito com carinas laterais 1. Rhyslda nuda. * ^ Tergitos com ou sem sulcos episcutais Tergitos com sulcos episcutais. Carinas laterais em alguns dos segmentos pos- teriores. Apendice coxopleural com uma a 3 pontas. 4.®-21.® tergíto com muito* grânulos finíssimos. Ultimo préfemur sem espinhos: 2. Rhysida cclcris- Tergitos com ou sem sulcos episcutais ^ Apendice coxopleural com 3-4 pontas, e com 1-2 cspiculas laterais, porém ?oni c.>^pinho no lado dorsall. Tergitos com sulcos episcutais completos. Quili*^ ausentes. Esternítos com 2 sulcos muito curtos. 2 esporões tarsais nos 7-19 pares de patas. Antenas com 17-18 artículos. Ultimo préfemur com 6-1- espinhoc: 3. Rhysida longipf^- Todos os tergitos sem sulcos episcutais completos; quando presentes, só cxisteni nas bordas posteriores. Carinas laetrais do 6.® ou 8.® tergito. Ultimo préfemo*’ sem espinhos ou com alguns muito pequenos. Sulcos basilares das placas den- tarias muito diwrgentes, formando quasi uma réta : .... 4. Rhysida brasiliensts- 231 WoLFGAXG BCxherl — Os Quilopodos do Brasil 277 1. Rhysida celeris HuMB. & S^auss., 1870. Sinonimias : Rhysida aspera — Branchiostoma celer. 60-70 mm. Verde azul ou ^verde oliva e, ás vezes, acastanhado. Estemítos amerelos. Patas verde azuladas, as ultimas mais azuis ainda. l.° tcrgíto sobrc- passando a placa cefalica. Antenas com 18-20 ^rticulos, dos quais o 3.° articulo basilar com pelos na borda apical. 4 -j- 4 ou 5 5 dentes jorcipulared, agudos, sendo maiores os do meio. Deante dos mesmos encontra-se uma cerda robusta. Placas dentarias mais largas que longas; os sulcos basilares formam ura angulo obtuso. Sulcos cpiscutais muito fracos, quasi invisiveis, principiando entre o 3.® e o 6.® tergito. Carinas laterais geralmente ausentes ; quando presentes são muito pequenas. Ultimo tergito sempre com carinas laterais, formando duas bordas fortes que terminam em duas pontas laterais posteriores. Tergitos com rugosidade e granulação extremamente fina. Esicrntios anteriores com pelos curtos, esparsos. Sulcos curtos, ás vezes quasi invisiveis. Ultimo com borda posterior cortada «m linha réta, um tanto curva para dentro. Apêndices coxopleurais curtos, cô- nicos, com base grossa e com 1-2 espinhos pequenos na borda posterior. Outros espinhos não existem. Ultimas patas longas, transparentes e delgadas, sem es- pinhos no préfemur. l.®-17.® ou 18.® pv de patas com 2 esporões tarsais; 19.® 20.® com 1 esporão. 1. ®-4.® par de patas com 1 esporão tibial. 1.® par de patas com 1 e.sporâo femural. Rhysida celeris constitue uma forma verdadeiramente sulamericana, encon- trada cm todos os paizes de clima tropical e subtropical. Xo Brasil ela vive tanto na bacia do Atnaaoiuis como nas regiões pedregosas de Goyas e Matlo Grosso. En- contra-se também nos arredores da capital de S. Paulo; na, Serra do Mar c nas planicies do Rio Grande do Sul. 2. Rhydisa nuda Xewp., 1845. Sinonimias: Branchiostoma nudüm — Rh. immarginata — Rh. togoensis. Antenas com 17-21 articulos. Tergitos desde o 3-8. com sulcos cpiscutais completos, atravessando toda a placa. Sómente o 21. com carinas laterais. Apen- elos sulcos episternajis muito mais visíveis; 3.° pd® colorido uniforme também da placa cefalica e dos últimos 2 segmentos ; 4.° pd^ ausência d oesporão femural no l.° par de patas; 5.° pela ausência de esporão tarsal no 2.°, 3.°, 4.° e 5.° par de patas. Por este motivo somos obrigados a estabelecer ésta subespede nova denominamos Rh. nuda riograndctisis, sendo o Estado do Rio Grande do Sul o local em que é encontrada mais frequentemente 3. Rhysida longipes Xewp., 1845 Sinonimia : Branchiostoma. 3.®. Rhysida longipes longipes Xewp., 1845. Sinonimias: Rhysida longipes — (Brõl. em Catalogos :14) — Branchios- toma longipes — obsoletum — gracile. lista especie chega 88-92 mm. E’ muito rara, podendo ser encontrada em quasi todos os estados do Brasil, sendo mais frequente no interior. ^ colorido varia entre amarelo escuro, verde oliva e azul esverdeado. AntenOS WoLFGANQ BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 279 com 18 articulos, dos quais 2 e Vs basilares desprovidos de pelos. 4 -f 4 ou 5 -j- 5 dentes forcipulares; os internos quasi soldados em sua base. Deante dos dentes existe uma cerda. Os sulcos basilares formam angulo quasi réto. En- contra-se também um curto sulco mediano. Sulcos episcutais desde o 4.° ou 6.^ tergíto. Carinas laterais desde o 7.® ou 12.®. Esternitos com 2 sulcos fracos e curtos. l.°-12.® ou 15.® par de extremidades com 2, 16.®-20.® com 1 esporão tarsal. Apendice coxoplcural muito longo com 3 pontas e 1 espinho dorsal. Ultimo préfemur com 6-10 espinhos que se dividem pelas zonas inferior, mediana c dorsal. Espinho do canto presente. São Paulo, Maito Grosso, Bahia, Goyaz, Paraná e Rio Grande do Sul. 4. Rhysida brasiliensis Krpln., 1903. A Rhysida brasiliensis é uma das espedes mais comuns no continente bra- sileiro. Atinge entre 7-12 cm. O colorido é geralmentc verde azulado claro ou escuro, ou verde oliva. Antenas com 17-18 articulos (às vezes 21), sendo ®s 3 basilares desprovidos de pêlos. O 3.® articulo demonstra alguns pêlos no lado dorsal. 4 -f 4 dentes forcipulares, formando os sulcos basilares quasi Uma réta. Tergitos lisos, brilhantes, sem sulcos episcutais, ou com sulcos extre- niamente curtos na margem posterior. Carinas laterais desde o 9.® tergito ou •omente no ultuno. Ultimo tergito com curta depressão mediana deante do bórdo posterior. Esternitos lisos, brilhantes, com 2 sulcos curtos na borda anterior. 0 ultimo com fraca depressão longitudinal, mediana. l.®-19.® ou 20.® par de patas com 2 esporões tarsais. 1.® ao 7.® ou 4.® com 1 esporão tibial; 1.® com 1 csp>jrão femural. Préfemur ultimo sem espinhos. Apendices coxopleurais ouríos, conicos, com duas pontas. Em todos os Estados do Brasil. 4.® Rhysida brasiliensis rubra, n. subsp. 60-70 mm. Colorido castanho claro ou vermelho acastanliado, percorrendo 'una faixa clara, larga, todos os tergitos. Em logar da quilia encontra-se uma tstria longitudinal, preta. A placa cefalica é muito mais estreita que o 1.® tergíto. Todo o corpo brilhante como na Scolopendra subspinipes. Anteiuis 21 articulos, ^ basilares sem pêlos. Entre os pêlos curtos existem cerdas. Coxostemum jor~ Apular com espiculas. fVide fig. 58). 237 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 280 ^íemorias do Instituto Butantan Tomo XIII Placas dentarias muito pequenas. Semelhantes ás de Rhysida monticuhif um pouco afastadas uma da outra. 5 -i- 5 ou 6 6 dentes muito pequenos. Espiculas também nas placas dentarias. Bordas antero-laterais do coxostcrnutfí rétas. Sukos basilares cun-os, com uma continuação que percorre a parte antero-lateral do coxostemum. Na área mediana deste existe uma grande de- pressão arredondada. Tergitos sem sulcos episcutais. Esies são encontrados sómente sob a fonna de traços extremamente curtos, visiveis apenas deante a borda posterior de cada tergito. Corinas laterais desde o 8.° ou 10.® tergíto. Ultimo tergito com carinas laterais fortes, terminando em duas pontas. Bórda posterior bilobada, com curta depressão mediana. Esternitos brilhantes, cono espiculas finas. Sulcos curtos na borda anterior. Encontram-se 6 depressões, formando 2 series horizontais. As duas medianas muito fracas. As 2 latero- posteriores profundas. Esterníto ultimo com impressão longitudinal leve. Apên- dice coxopleural como em Rhysida brasiliensis. Campo poroso atingindo as bordas laterais do tergíto. Préfemur ultime sem espinhos, porém provido de pêlos. par de extremidades com 2 esporões tarsais; 16.®-20.® par cotn 1 ; 1 .®-2.° par com 1 esporão tibial ; 1 .® par com 1 esporão femural. São Paulo, Matto Grosso. 2. Familia: Cryptopidae Sinonimias: Criptpsii — Plutoniinae — Cryptopinae. Sem occlos. An- tenas com 15-18 articulos, geralmcnte 17, com artículos ba^silares cobertos de cerdas fortes. Coxostemum forcipular sem placas dentarias ou com placas rnuití» rudimentares. Tarsos geralmcnte divididos em 1.® e 2.® articulo, ou então unias- ticulados. Esternitos geralmente com sulco longitudinal impar e, ás vezes, ainda com sulco transversal originando-se desta maneira uma cruz episternal. Chave das subfamilias: 21 pares de extremidades. Coxopleuras geralmcnte sem apendices: 1. Subfarn. Cryptopinae. 23 i>arcs de extremidades. Coxopleuras com apendice longo e fino; 2. Subfant- Scolopocryptopinae. A. Subfamilia: Cryptopinae Att. 21 pares de patas. Sem océlos. Sómente Mimops com manchas ocelareS vitreas. Antenas 17 articulos. Co.rosternum forcipular sem placas dentarias 238 WoLFGANG BCciiebl — Os Quilopodos do Brasil 281 com placas rudimentares. Préfcmur jordpular sem apendice interno. Endocs- ternilos visiveis. Esteniítos com sulcos em fónna de cruz. Coxoptcuras só- ■ mente em raros casos com apendices. Patas com espinhos finos. Préfcmur ultimo em espinhos grandes. Tibia, IP tarso e o femur das ultimas patas com dentes em forma de serrote. 9 pares de estigmas nos segmentos 3, 5, 8. 10, 12. 14 16, 18 e 20. 4 generos, dos quais 3 com espécimes neotropicos. Chave dos generos nétotropicos: I Manchas ocelares \-itreas presentes. Estemitos com 2 sulcos paralelos. Apen- I dice coxopleural longo; 1. gen. Mimops. I ^lanchas ocelares ausentes. Estemitos com 1 sulco ou com 2 em forma de I cruz 2 TclopcKÜtos forcipulares muito curtos, de maneira que as pinças fccliadas não se tocam. Borda anterior do coxosternum forripular com 2 plaquinhas redondas protaidas em angulo agudo: 2. gen. Paracryplops. Telopoditos forcipulares compridos, sobrepa.-ssando uma pinça a outra. Borda *uterior do coxosternum réta ou ligeiramente bilobada: 3. gen. Cryptops. 1. Genus: Alimops Krplx., 1S>03. Uma unica especie brasileira e neotropica, a: Mimops occidentalis Chamb., 1914. 21 pares de patas. Uma mancha occlar na região cefalica antcro—lateral. mm. Placa cefalica com duas impressões laterais convergentes, que vão a metade da cabeça. Antenas 17-18 articulos. Bórda anterior do coxosler- ""u: com 2 plaquinhas. 1.® tergíto, com fossa hemiciradar. Os sulcos episcutais '^tueçam no mesmo tergíto, primeiro com um sulco impar. Este ra;nifica-se. ^correndo os 2 ramos todas as placas dorsais. No meio existe quilia mediana. ^^ente o ultimo tei^to tem carinas laterais. Os sulcos paramedianos não ‘^«■vessam a plarâ toda. mas terminam um pouco depois da metade. Borda pos- *'cior protraida. formando a borda mediana do prolapso uma reta. 2.-19 esternito ^ 2 sulcos longitudinis. Apendices coxopleurais cilindricos, com base grossa, '^rtos de cspículas pretas. Ultimo préfemur e femur longos, semeiados de 239 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 282 Memórias do Instituto Butantan Tomo XIII pequenos espinhos pretos. Préfemur no lado pôster o-terminal com elevação saliente. Primeiro tarso das patas com 1-2 espinhos. E.sta especie é raríssima, tendo sido encontrada sómente nos arredores Rio de Janeiro. 2. Genus: Paracryptops Poc., 1891. Também deste genero foi encontrada sómente uma unica especie que habita em algumas zonas da Guyana Ingleza. Paracryptops ínexspectus Chamb., 1914. 16 mm. Amarelo doirado. Placa cefalica com 2 sulcos curtos, paralelos. Coxas forcipulares com impressão mediana pouco profunda. Em frente existem 2 lobos arredondados, afastados um pouco um do outro. Não existem plaqur nhas dentarias. l.° tergito longo, com ou sem sulcos. 2.®-20.® tergito com sulcos paratncdianos e com 1 sulco lateral em cada placa. 21.° tergito com sulco nicdiou<^ profundo e com prolapso do bordo posterior. Estcrnitos com sulco transversal curvo e com impressão atrás do sulco. Patas com poucas cerdas. As ultimai com cerdas fortes. Préfemur ultimo com muitos espinhos longos, às vezes dorsO latcralmentc substituídos por pêlos. Tibia com 4 dentes em forma de serrilha. l.° tarso com um dente. 3. Genus: Cryptops Leach./ 1815. O genero Cryptops, contêm grande numero de cspecies, distribuídas todas as zonas geográficos do mundo. Comtudo. no Brasil, temos apenas unica especie, e nos outros paises neotropicos apenas 6 especies. Esta escassc* de especies na America do Sul certamente não justificaria a conclusão de Cryptopidcos estarem ausentes em nosso Continente. Pelo contrario, procedendo a captura metodicamente, desbravando as selvas ainda não exploradas, tocante aos Escutigerideos, tidos até pouco como inexistentes na Brasil. O abundancia de especies deste genero, conforme verificamos analogamente tocante aos Escutigerideos, tidos até pouco como inexistentes no Brasil. O 4**^ dificulta o encontro de Cryptopidcos, é o fato de viverem eles no subsolo c®’ tocos de madeira, nas lacunas feitas pelas raizes das arvores, etc Julgamos necessário expôr os caractéres genéricos, limitando-nos no seguio^®' á descrição das especies neotropicas. Seguimos a chave magistral de Atte**®' WoLFGANO BCchebl — Os Quüopodos do Brasil 283 “Sem ócelos. 21 pares de extremidades. Placa cefalica sem ou com 2 sulcos ás vezes abreviados. Antenas quasi sempre com 17 articulos, dos quais 2-4 articulos basilares com cerdas fortes, compridas. Os pêlos dos outros arti- culos são muito densos, existindo fileiras de pêlos mais longos. 2.® membro telopoditico do 2.® maxilar sem espinho. Garra terminal sem garras laterais. Bórda anterior das coxas jorcipulares nunca com dentes ou placas dentarias, porém, geralmente bilobada, com fileiras de cerdas. 1.® tcrgito com ou sem lossa transversal hcmicircular e com sulcos paramedianos. Os outros tergítos com 2 sulcos cpiscutais c 2 sulcos laterais largos e acha,tados, e ainda dois iulcozinhos nas margens. Sómente o ultimo tergíto com carinas laterais. Es- ternítos geralmente com 2 sulcos em fórma de crus, estando ausente o sulco longitudinal (ás vezes). Endoesternitos geralmente visíveis. Apcndices coxopleurais curtos ou ausen- tes. com algximas espiculas pretas. Campo poroso, pequeno c oblongo ou grande e largo, alcançando a borda do tergito. Entre os póros existem cerdas longas. As cerdas das ultimas extremidades são diferentes das de outras, fornecendo característicos ótimos para a distinção das especies. “E’ lamcntavcl.” diz Attems, “que ainda não tenham sido estudadas as cerdas em quasi nenhuma das especies”. Préfemur ultimo com cerdas curta.s e espinhos diminutos, ficando livre uma área longitudinal no lado vcntral do préfemur e do femur. Na zona apical, dorsal, do préfemur, femur e tibia encontram-se muitas vezes dentes ter- minais. No lado ventral a tibia e o primeiro tarso demonstram uma fileira de dentes em forma de serrote. Ambos os tarsos pódem scr comprimidos contra a tibia (vide fig. 19). Tarsos 1-19 com 1-2 articulos; o 20.® tarso sempre biarticulado. Estigmas redondos ou oblongos. Chave dos subgeneros: Esíemitos sem reforçamento transversal medial 1. Subgen. Chromatanops. Estemítos com reforçamento transversal medial 2 Endoestemito delimitado nitidamente por uma cruz sulcai. Tarsos biarticulados : 2. Subgen. Trigonocryptops. Endoestemito não delimitado por sulcos. Tarsos 1-19 geralmente uiarticulados : 3. Subgen. Cryptops. 1. Subgenus: Chromatanops Verhoeff., 1906. Especie unica,: C. (Chrom.) bivittatus Poc., 1893. 20 mm. Amarelo pajido, com 2-4 estrias verdes no dorso. 1.® tei^ito com fossa hcmicircular. Bórda posterior da placa cefalica sobrepassando o 1.® tergito. 241 ]g 284 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII 1° tergito com depressão redonda sem sulcos longitudinais. 2.*’- 20.° com sulcos episcutais. Todo o corpo contêm pigmento preto, ordenado em fileiras longi- tudinais. 3.°-19.° tergito com sulcos longitudinais, laterais, um tanto curvos. 21.® ♦ergíto com depressão mediana. Esternítos com sulco em forma de cruz, lisos, sem delimitação nitida dos endoestenútos. Bórda anterior das coxas jorcipulares reta, com 2 + 2 cerdas longas. Apcndiccs coxopleurais extremamente curtos; póros pequenos. l.°-19.° tarso uniarttculado. Ultimo préfemur sem fossa dorsal, cc*m cerdas uniformes no lado ventral; femur com fossa dorsal; no lado ventral com uma área longitudinal, desprovida de cerdas. Tibia com 5, l.° tarso com 2 dentes em forma de serrilha. Estigmas redondos. Colombia: Sierra de Santa Martha. 2. Subgenus; Trigonocryptops Veriioeff, 1906. Este subgenero contem uma linica especic neotropica, o Trigonoeryp' tops ihcrvtgi Brõl.-Verhoeff, em 1937, num artigo: — “über cinige ChilopodcK aus Australien u. Brasilicn”. publicado em: — “Zoologische Jakrbüchcr, Jena ^ de.screveu mais uma especie nóva: — Trigonocryptops triangulifer. Diz nesta monografia que a especie nóva é muito parecida com a de Brõlemann, difcrind:> porém: l.° pelos sulcos das placas cefalicas que se estendem de lado a lado; 2.® pelo ultimo tergito liso, enquanto que em iheringi há uma fileira de tubérculos em cada lado. 3.° por um dente na borda interna apical do femur ultimo, ausente cm iheringi. 4.° por um dente no lado súpero-apical da ultima tibia, ausente em iheringi. 5.° pelo fato de os 15 dentes da tibia estarem completamcnie isolados, enquanto que em iheringi são “mais ou menos” soldados. 6.° pelo fato de o» últimos esternítos terem apenas cerdas uniformes, enquanto que em iherind^ existem espinhos curtos. \’^erhoeff certamente terá comparado a sua especie com a iheringi, fazendo-se valer no confronte da chave de Attems. Óra, éstn chave, como já tivemos ocasião de mostrar em outros logares, é dejiciente no tocante a varias especies brasileiras. Assim a chave relata de iheringi: 1. ° placa cefalica sem sulcos. ou com indicações fracas de sulcos. Brõlem.^n>'. porém, que descreveu a especie pela primeira vez, diz na “Rczdsta do Muscu Paulista Vol. 5: “não existem sulcos visiveis”. 2. ° Ultimo tergito com uma fileira de tubérculos. Brõlemann não men- ciona o assunto em questão. Veriioeff estabeleceu a nova especie triangulijer, basciando-se apenas unico e.vcmplar, uma femea, que obteve de Minas Geraes, por intermédio Museu Nacional do Rio. Este exemplar méde apenas 33mm. Através de WoLFGANG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 285 confronto esmerado de uma grande serie Trigonocryptopidcos, existentes na coleção de Quilopodos deste Instituto, verificamos o seguinte: 1.” Que não existe espede alguma no Brasil, que tenlia exatamente os cam- 5éres dados pelo chave de Attems como sendo os de iheringi; 2P Que também não existe uma espede adulta de triangulifer Verhoeff, que tenha apenas 33 mm., mas que todas as fôrmas aqui existentes pertencem á uma e mesma espede, a iheringi segundo Attems ou a triangulifer segundo Verhoeff. Para obter plena certeza sobre o assunto, diagnosticamos novartiente o espede tipo de Brolemanx, obtida temporariamente do Museu Paulista. De fato. não é outra coisa que uma forma adulta (72 mm) do triangulifer \ Verhoeff, tendo obtido apenas um unico exemplar, tomou-o como animal adulto tratando-se de fato, porém, apenas de um estádio juvenil. Julgamos necessário portanto por em sinonimia a espede triangulifer Verhoeff com a espede iheringi Brõlemaxk e redescrever, para eliminar as duvidas, a ultima: C. (Trigonocryptops) iheringi Brõl., 1902. Redescrição: mihi. 60-92 mm de compr. ; largura 4-6 mm. Colorido ania- telo dourado ou amarelo avermelhado. Todo o corpo finamente pontuado. Cabeça tão larga como longa, com 2 sulcos muito finos, divergentes, atraves- sando toda a placa cefalica. A borda posterior da mesma placa passa por cima do primeiro tergito. Bórda anterior das co.ras fordpulares bilobada, enduredda a quitina de ambos os lóbos, de maneira a se assemelliarcm á plaquinhas inde- pendentes. 6-1-6 espinhos em logar dos dentes, e mais adiante fileiras de cerdas. Sulco mediano fraco, estendendo-se além da metade do coxosternum. rintenas com 16-17 artículos, os 2 artículos basilares com menos cerdas que os Outros, porém éstas cerdas muito fortes e quitinisadas. Os outros articulos ^tenais com pêlos curtos e sem cerdas, decrescendo o tamanho e o numero das ultimas na proporção que a,queles aumentam. l.° tergito sempre com fossa hemi- rircular e geralmente com 2 sulcos paramedianos. Estes, ás vezes, ausentes. 2.°-20.° tergito com sulcos paramedianos que nem sempre correspondem á suturas. Km muitos exemplares obsers-ani-se. prétergítos. 3.°-19.o tergito com sulcos latc- ’’<^is. acompanhados por uma depressão, nunca atingindo a borda posterior. 20.® Icrgíto sómente com ligeira depressão em cada lado. sem sulcos. Todos os *®Fgítos rugósos, tuberculados, aumentando os tubérculos em proporção nos ulti- *Uos. Na borda postero-lateral dos tergitos encontra-se uma fileira de cerdas. ^rdas pequenas existem também no meio das pbcas dorsais. 21.® tergito sem *ulcos mas com larga depressão mediana longitudinal. Coberto inteiramente por fuberculos, como nos tergitos anteriores, encontrando-se em cada lado 1-2 espi- 243 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 286 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII nho5, dispostos simetricamente, ou 6 6 espinhos numa fileira longitudinal- (é a fileira de grânulos de Attems). Bórda posterior muito protraida, com ponta mediana longa e aguda, deprimida na mediana, Estemitos rugósos, mais longos do que largos, com pêlos uniformes e algumas cerdas em ambos os lados da borda posterior e com espiculas no ultimo ou nos últimos 2-3 estemitos. Com sulco longitudinal e sulco transversal ligeiramente curvo resultando uma crus com as hastes laterais \4radas para cima. Na borda posterior encontra-se outro sulco transversal, perfeitamente paralelo ao transversal da cruz, porém muito fino c delgado, quasi invisivel, delimitando o esternílo e o endoesternito. Atrás do mesmo encontra-se outro sulco transversal, curvo em sentido oposto, de maneira que os ápices das duas curvas se tocam no meio, divergindo fortemente os seus ramos laterais, dando origem a 2 triângulos. Bórda posterior do endo-esternito reta ou ligeiramente curva. A crus sulcai anterior já é fraquíssima no 19.® estemito desaparecendo quasi totalmcntc no 20.®. Ultimo esteraito com depre,*- são mediana, larga, porém pouco profunda, soldada lateralmente ás coxopleuras. Éstas arredondadas na zona posterior, sem apendices, cobértas de cerdas e espi- culas por entre os póros. Espiculas mais densas na borda posterior. Campo poroso rclativamente pequeno, não tingindo a borda superior do tergíto. Todas as patas biarticuladas, cobértas por pequenos espinhos no prefemur, jemur, tibio e tarso. O numero destes espinhos é maior nas partes anteriores. Ultimas patas estreitas e longas, com sulco dorsal no préfemur e femur, sulco este estreito « longo ou então largo e mais curto. Espinhos são apenas encontrados no préfe- mur e femur, e alguns (2-3) ainda na tibia. A posição dos espinhos corres- ponde mais ou menos ás fileiras longitudinais, sem que se verifique este fa'® em todos os exemplares. Também o numero de espinhos é muito variavel. Com- tudo, observa-se geralmente uma área dorsal no préfemur, desprovida, de espinhos, enquanto que estes existem em numero maior no lado infero-basilar. No os espinhos ocupam a zona infero-mcdial. Na margem posterior dorso-mediaJ do femur encontr^-se um espinho maior que, em alguns casos, é muito insign*' ficante, ou mesmo ausente; no lado inferior pérto da borda terminal ou um tanto afastado, observamos um dente que óra é largo e obtuso, óra conserva mais ® forma de um espinho grosso. No lado ventraj da tibia e do 1.® tarso existe unia fileira de dentes, em fôrma de serrilha (vide fig. 19). O numero dos dentes da tibia é de 13-21, geralmente porém 14-16 em animais jovens, 18-21 em adultos- Todos os dentes são isolados um do outro, aumentando a sua proporção no lado terminal. Em alguns exemplares consta,tamos que os 3 últimos dentes são colo- cados muito juntos, de maneira que parecem “mais ou menos soldados", tiO dizer de Brõlemann. Na maioria dos casos porém, também estes são isolados- Os dentes do 1.® tarso são 5-7, todos distanciados um do outro. Minas Gerais, São Paulo (Alto da Serra), Matto Grosso, etc. WoLFGAXG BOcheul — Os Quilopodos do Brasil 287 Xa serie de Trigonocryptops iheringi désta coleção encontram-se, como de- monstar o diagnostico acima tanto exemphres que corresponde a chave de Attems e outros com os diagnósticos de Verhoeff, A causa da discordanda entre os dois é sem duvida o fato, de se terem estabelecido característicos morfo- lógicos, tendo apenas um único exemplar. Xeste erro incorreu Brõleman*x, e este erro foi repetido por V’erhoeff, o ultimo ainda com a desvantagem de ter considerado uma jórtna jovem como sendo uma fórma adulta. Aproveitamos o ensejo para dizer que, em grupos, cuja base morfológica — evolutiva é muito varíavel, carecendo de caracteres tipicamente constantes, o den- tista, que descrevesse especies nó\'as, fundamentadas sobre hm» unico exem- plar, estaria sujeito a muitos erros e estas especies nóvas seriam praticamente duvidosas, como se dá no caso citado. Pelo mesmo motivo julgamos insufi- dente no grupo dos artrópodos e insetos, conservar apenas um unico exemplar como o tipo da cjpecie, por quanto que sómente atravéz de muitos exemplares podemos realmente verificar o âmbito da volubilidade morfológica de cada cspecie. Poitanto, não estabelecer um individuo-tipo porém uma série-tipo I Analisando laminas de preparados macroscopicos obsei^a-sc perfeitamente que a glandula de veneno dos Trigonocryptopideos c apenas um canal estreito, porém longo, estendendo-se da poma anterior das pinças até a zona anterior do préfemur. Xo clipeo encontram-se algumas fileiras de aculeos. A garra terminal do segundo maxilar é longa, estreita e cur>’a, passando além dos pelos da "escova”. Garras laterais ausentes; o articulo terminal é cobérto por aculeos grandes e pequenos. A fileira, de pêlos, situada ao lado dos dentes ttuindibulares, demonstra constituição morfol^ica interessante, consistindo cada pelo de uma haste longa c fórte, de quitina amarelo-avcrmelhada, partindo désta haste finas ramificações peludas, resultando desta maneira um verdadeiro pente. Xa 3 extremidades loco- oiotoras distinguimos 3 formações cuticulares diferentes: cerdos curtas delgadas c flexiveis; aculeos longos, agudos, inen-ados e íinalmente espiculas aculeares curtas fortemente quitinisadas e ocas. 3. Subgenus: Cryptops Leach., 1815. Esternítos com reforço quitinisado curvo entre as coxas. O endoesternito oào é nitidamente separado do esternito. Xão existem os 2 triângulos do endo- esternito conforme verificamos em Trigonocryptops. Tarsos das extremidades 1-19 uniarticulados. 1.® tergito com ou sem fossa hcmicircular. Todo o corpo Pniformemente amarelo ou acastanhado. Este sul^nero ainda bastante desconhecido na faum de artropodos brasi- leiros. Uma unica espede apenas foi descrita até agora: 245 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 288 Memórias do Instituto Butantan Tomo XIII Cryptops (C) heathií Chamb., 1914. 10 mm. Amarelado, com cabeça mais escura; placa cejalica com curtos sul- cos posteriores. Placa cefalica passando um pouco por cima do 1.® tergito- Bórda anterior da coxa jorcipiilar reta, com 3 + 3 cerdos. 1.® tergíto com fossai licmicircular que se alarga numa depressão mediana. 2 sulcos longitudinais atingem a fossa hemicircular convergindo na frente onde se cruzam formando "W'". 2.®-3.° tergíto com sulcos paramedianos 21.® com depressão mediana. Esterniios lisos. Coxopleuras sem apendices com alguns espinhos posteriores. Campo po- roso pequeno: Tarso das patas anteriores indistintamente biarticulado. Préfemuf e femur das ultimas patas com sulcos longitudinais; préfemur no lado infero- metlial com muitas espiculas, tendo cerdas no lado superior; femur com alguns dentes em forma de serrote e muitas espiculas no lado ínfero-medial. Tibia cotn 4, tarso com 2 dentes em forma de serrote. Parahyba do Nórte. Temos a impressão que até agora foram apenas encontrados muito poucos ejcemplares pertencentes á esta espece. Xa Argentina existem os seguintes Cryptopidcos: 1. Cryptops (C) crassipes SiLV., 1895. 17mm. Amarelo escuro, com 2 estrias verdes na linlta mediana e 1 estn* verde em cada lado. Cabeça sem sulcos. 4 aculeos finos na borda pos* terior forcipular. 1.® tergíto com fossa hemicircular e com 2 sulcos longitudina*^ divergentes. 2.® tergito sem sulcos. 3.®-20.® com sulcos paramedianos. SulcoS laterais presentes desde o 4.® ou 5.® tergito. Quilia mediana fraca. EsterniiO^ com sulco transversal delgado. Póros coxopleurais 7-9. Tarsos 1-9 uniarti* cul.ados. Préfemur e femur últimos com sulco dorsal. Tibia com 6, tarso 2 dentes em fórma de serrilha. .Argentina. 2. Cryptops (C) galatheae Meix., 1886. Sinonimias: Capiivrae — brasiliensis. 24 mm. Cabeça cl.®* segmentos amarelos-avermelhados. O resto do corp® amarelo esverdeado. Placa cefalica com 2 sulcos completos finos. Bórda f^‘ cipitlar anterior bilobada com 6 -í- 6 aculeos. 1.® tergíto com fraca fossa hef**' WoLFGANG Blchekl — Os Quilopodos do Brasil 289 circular, protraída na linha mediana. Sulcos paramcdianos desde o 4.® tergíto; ntlcos laterais, curvos, desde o 6.°. Estcmitos 1-18 com sulcos em forma de cruz. Coxoplcuras sem apendices, tendo apenas cerdas. Póros não atingindo o tergíto. l.®-19.® tarso unicrliculado. Préfemur e femur últimos sómente com sulcos longitudinais curtos. Poucos espi- nhos no lado infero-media. Femur com 1, tibia com 7-8 tarso com 3 dentes cm forma de serrote. Tibia. além disso com 2 dentes na borda terminal. Montevideo, e alguns exemplares do Rio Grande do Sul e Matto Grosso. No Chile foram encontradas as seguintes especie.s: (3) Criptops (C) detectus SiLV., 1899. 16 mm. Amarelo saturado. Cabeça sem sulcos. Bórda anterior das coxas iarcipulares quasi réta, 1.® tergito com jossa Itemicircular e depressão mediana redonda e 2 sulcos longitudinais. 2.®-20.® tergito com sulcos paramcdianos; 4-19.® com sulcos laterais. Esternitos 2-17 com sulcos em forma de cruz. 18.® <»m sulco horizontal sómente. Coxoplcuras com 20-25 póros. Ultimas patas no femur com 1. na tibia com 6, no tarso com 2 dentes cm forma de serrillia. (4) Cryptops (C) monilis Gerv., 1849. 33 mm. Amarelo castanho. Placa cefalica sem sulcos. Borda anterior das coxoí jorcipularcs réta, com 6 -f- 6 aculeos. 1.® tergito sem fossa hcmicircular, *nas com sulco mediano impar, bifurcando-se na frente. 4-18.® tergito com sulcos ípiscutais muito curtos. 4-18.® com sulcos laterais largos. Tergítos 19 e 20 sem Sulcos. 21.® com carinas laterais e pequenos tubérculos. Esternitos lisos c lírilhantes. com sulco em forma de cruz, que dasaparece no 19.®. Ultima tibia com 6-12 dentes em fonna de serrilha; tarso com 3-5. (5) Cryptops (C) triserratus Arr., 1903. 34 mm] Amarelo castanho. Cabeça sem sulcos. 1.® Tergíto sem sulcos. ^ ®-18.° tergito com sulcos episcutais. Sulcos laterais desde o 3.®. 21.® tergito Com depressão mediana. Esternitos 1-19 com cruz sulcai. Bórda anterior das coxaj forcipulares réta, com aculeos. Coxoplcuras sem aculeos. Os póros atin- ?cm quasi as margens dos tergítos. Patas com cerdas. Préfemur e femur ulti- sem sulcos dorsais, com cerdas nos lados ínfero-medial e súpero-medial. Sém 3rea desproWda de cerdas. Femur e tibia na borda terminal, cm cima. com 1-2 247 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 290 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII protuberâncias negras. Femur cora 3, tibia cora 12-16, tarso cora 3-5 dentes em íórma de serrilha. Chile. Na Patagônia foi encontrada a seguinte especie: 6. Cryptops (C) patagonicus Mein., 1886. 18 rara. Vermelho castanho. Antenas 17 articulos. Bórda anterior das coxas jorcipulares sem cerdas. 2.°-18.° tergíto cora sulcos laterais. (Dos sulcos episcutais o A. não fala). Estemitos 1-18 cora cruz sulcai. Patagônia. Na Guyana Ingleza existe a especie: (7) Cryptops (C) furciferens Cuamb., 1921. 13J^ rara. Placa cefalica sem sulcos longitudinais. Bórda anterior das coxas jorcipulares bilobada, com 3 -}- 3 cerdas. l.° tergíto com fossa hemicir- cular e com 2 sulcos longitudinais que se cruzam na frente. 2.°-20.® tergíto com sulcos paramedianos. Ultima tibia com 4, l.° tarso com 2 dentes em fórma de serrote. B. Subfamilia. Scolopocryptopinae Att. 23 pares de patas. Sem ócelos. Antenas com 17-11 artculos. Bórda ante- rior das coxas jorcipulares sem ou com placas dentarias, porém sempre sera dentes. Préfemur com ou sem apêndice interno. Cabeça passando por cinw do l.° tergíto. Este com jossa hemicircular. Sulcos episcutais presentes. Sulcos laterais presentes. Tarsos uni-ou biarticulados. Estigmas nos seguintes segmentos: 3, 5, (7), 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20 e 22. Estemitos nunca com 2 sulcos longitudinais, porém com 1 longitudinal mediano ou então com mais 1 transversal. Endoesternito presente sómente em Nezvportia. Coxoplcuras com apêndice longo fino. Campo poroso pequeno. UltUnas extremidades com espi- nhos no préfemur e geralmente também no femur. Raras vezes na tibia. O 2.^ tarso das ultimas patas dividido em muitos articulos. Chave dos generos: Estigmas presentes no 7.° segmento 1. Ger.us: Scolopocryplops. Estigmas ausentes no 7.° segmento 2 WoLFGANG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 29t 2.° tarso das ultimas patas uniarticulado. Antenas 17 artículos. Placa cefalica sem sulcos longitudinais. Préfemur ultimo com 1-2 espinhos: 2. Genus: Otocryptops. 2P tarso das ultimas pa,tas dissolvido numa série de artículos. Bórda anterior das coxas fordpulares com ou sem 2 plaquinhas 3. Genus: Nnvporiia. 1. Genus: Scolopocryptops Newp., 1844. 1 pares de estigmas. Sómente os tarsos do ultimo par de patas biarticulados^ o résto uniarticulado. Préfemur ultimo com 1 espinho dorsal e 1 ventral, maior. Todas patas, exetuando as ultimas com 1 esporão tarsal. Tibia das patas 1-19 ou 21 com 2 esporões. 23 pares de extremidades. Cabeça sem sulcos. Antenas com 17 artículos. Sem occlos. 2.® membro telopoditico do 2.® maxilar com 1 esporão. Garra terminal sem esporões. Pelos da escova muito longos, cobrindo quasi totalmente a garra terminal. Scolocryptops miersii * Newp., 1845. 70-110 mm. Colorido apiarelo-castanho, enegrecido, com pontuações verde- escura.s, ou amarelo-avermelhado. Cabeça, primeiro e últimos segmentos quasi sempre vermelhos. Patas amarelas ou ligeiramente arcrmelhadas. Placa ceja- lica com pontuações finíssimas, sem sulcos e sem depressões. Na região do clipeo existem cerdas e pequcitos aculeos, colocados em curva hemicircular. Placas do labro com fileiras de pêlos no bórdo posterior e, no meio destes, alguns pélos mais longos. O pleurito lateral interno, secundário, é a continuação diréla do pleurito externa^ principal, sendo separado deste apenas por uma sutura delicada. Antciuis com 17 artículos, 3yí basilares desprovidos de pêlos curtos, porém com cerdas fortes pouco numerosas. Entre os pêlos dos outros artículos encontram-se também algumas cerdas longas. As cerdas estão sobre tubérculos escuros. Em ambos os la,dos de cada articulo antenal encontra-se uma saliência longitudinal provida de cerdas. Préfemur das forcipulas com apendice interno fórte. Coxas com pontuações finas. Bórda anterior réta, com depressão hori- zontal réta, e na frente désta com 2 lóbos quitinósos estreitos, porém longos, mais salientes nas zonais laterais que nas medianas. Desprorida de dentes. Na linha mediana encontra-se um sulco longitudinal, quasi invisível em animais inteiros, porém bem acentuado nos preparados diafanolizados. Atrás o sulco se desfaz numa rêde de pequenos sulcos transversais. Na base das 2 plaquinhas encontram-se cerdas em numero de 10 em cada lado. Os apendices internos das coxas do 1.® maxilar são finos e longos, estendendo-se muito para a frente, 249 292 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII cobertos inteiramente por cerdas, pêlos e aculeos sensoriais. Além disso encon- tram-se em sua, bórda anterior fileiras cerradas de pelos eguais. As coxas dos segundos maxilares não demonstram vestígios de um sulco mcdiatio. As man- díbulas são providas de uma fileira de dentes joríes e na frente de uma outra fileira de dentes menores. As cerdas são fortes, curvas, quitinisadas sem rami- ficações. l.° tergito com fossa hemicircular. Sulcos episcutais desde o 2.® ou 6.® tergito até ao 22.°. Ultimo tergito sem sulcos, porém com ligeira saliência mediana que se transforma em depressão muito fraca na área da borda posterior. Nos lados dos tergitos observamos uma leve depressão que se extingue nos tergitos posteriores. Carinas laterais desde o 4.® ou 6.® tergito. Ultimo tergito com margens laterais curvas para baixo e 2 pontas nos cantos posteriores. Ester- nítos com rugosidades, sem sulcos nem depressões. Ultimo esterníto com sulco mediano longitudinal, forte. Apendices coxopleurais deslocados para o lado interno, paralelos, b^tante longos e ponteagudos. O campo poroso atinge quasi as bordas laterais dos tergitos. E.rtremiáades 1-19 ou 20 com 2. 20.* com 1. 21.*-23.* sem esporões tibiais; l.®-22.* com 1 esporão tarsal. Ultimas patas muito compridas com tarso biarticulado. Préfemur com um espinho ventral muito forte e um menor no lado súpero-medial. Estado de S. Paulo, Minas c Sta. Catharina. São mencionadas ainda 3 outras especies de Scolopocryptopideos (viridis Gerv. 1847 e aurantiaca Gerv. 1847, ocorrentes no Brasil e quadrisulcatus Dad. 1891, encontrada na Venezuela), porém foram descritas insuficientemente, de maneira que é impossivel considerá-las espedes determinadas. 2. Genus: Otocryptops H.\.\se., 1886. Sem ócelos. 23 pares de extremidades. Estigmas nos seguintes segmentoi: 3. 5, 8. 10, 12, 14, 16, 18 e 20. Placa cefalica sem sulcos. Antenas 17 articulos: 3-8 articulos basilares com aculeos fortes; os outros articulos com cerdas qu" aumemam progressivamente. As cerdas são biarticuladas isto é: com articulo basilar mais grosso. Bórda posterior do labro com margem hialina, portando uma franja de cerdas longas. Coxas dos 2.®* maxilares com ou sem xestigio^ de uma sutura mediana. 2.® membro telopoditico com ou sem esporão. Coxas forcipulares com bordas salientadas no lado anterior, e algumas cerdas. Apên- dice préfcmural forte. 1.® tergito com fossa hemicircular. Pretergitos muito curtos. Sulcos paromediatios, do 2.®-8.® até ao 22.® tergito. Xos mesmos ter- gitos encontram-se carinas laterais. Ultimo tergito sem sulcos e depressões. Carinas com cantos posteriores terminando em ponta. Catnpo poroso tocando quasi os lados do tergito. Tarso 1-22 uniarticulado. 23.® biarticulado. Pre- femur ultimo com um sepinho forte no lado ventral e um menor no lado súpero- 250 WoLFOANG Bücherl — Os Quiiopodos do Brasil 293 niediaro. Extremidades 1-22 com 1 esporão tarsal; 1-19 ou 20 com 2 esporões libiais. 1. Otocryptops ferrugineus Brõl., 1919. As ultimas patas quasi tão longa^ como os 6 tergitos posteriores. Tcrgítos arado por uma membrana de pele. Xa frente **^bos estes pleuritos terminam no mesmo nivel, dando origem a uma membrana **^nsparente mais grossa. tran.sversal que os separa de outra plagulnha, tão larga ^n:o ambos juntos. Este pleurito cefálico anterior é característico para o genero. coxas do segundo ma.xilar não apresentam nenhuma sutura, ao contrario da ^irmação de Attems. O 2.® membro tclopoditico porta um esporão no 2.® ^iculo. A garra tenninal é muito pequena, sem esporões laterais. O 1.® ma- ^lar é egual ao de Scolopocrypiops. Antenas 17 articulos. dos quais os 2-6 P*'imeiro5 demonstram cerdas fortes; os outros apenas pelos unifonnes aniare‘o "^^irados. Bórda anterior das forciptdas quasi réta. com 2 saliências quitinósas ; dentes; com algumas cerdas atráz destas saliências. Xo meio da coxa ha ^**ta rôde fina de sulcos horizontais. Apcndice prefcmural bem desenvolvido ^ com um sulco basilar. Sulcos cpiscutals do 4.® ou 6.® até ao 19.® ou 21.® 251 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 294 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII tergíto. Carims laterais ausentes ou muito fracas, existindo do 6° tergito em deante. 22.® tergíto com carinas sómente na metade anterior, 23.® sem carinas. Esíernitos sem sulcos. l.®-19.® par de extremidades com 2 esporões tibiaisl 20.® ao 21.® com 1 ; 22.® e 23.® sem esporão tibial l.®-21.® par com 1 esporão tarsal nos limites em que em outros generos principia o 2.® tarso. Garras ter- minais com 2 esporões laterais. Apendice coxopleural agudo. Campo poroso atingindo as bordas do tergito. Préfemur ultimo com 1 espinho grande no lado superior e um menor no lado ventral. Ultimas patas com pelos finos nos machos, emquanto que as das fetneas carecem de pelos. Otocryptops ferrugineus jemigineus var. jerrugineus Att., 1930. 1 Ésta raça também ocorre no Sul do Brasil, porém não se distingue pratica* mente da subespecie acima, descrita, de maneira que a consideramos como sendo sinônima aquela. Otocryptus ferrugineus ferrugineus var. parcespinosus Kkpln., 1903. Articulos basilares das antenas com cerdas avermelhadas. O campo poroSO não atinge as bordas laterafs dos tergííos. Espinho no lado infero medial do préfemur ultimo pequeno. Ecuador, Perú. Otonryptus ferrugineus ferrugineus var. macrodon Krpln., 1903. Ésta raça ocorre no Paraná, porém não póde ser separada sistematicafflcnt® de Otocryptops f. fcrrugincns, de maneira que também ésta especie deve ^ considerada como sinônima de ferrtigineus. Ib. Otocryptus ferrugineus riveti Brõl., 1919. Placa cefalica com 2 depressões na zona posterior. Articulos basilares dit» antenas com tantos pelos como os outros. Tergítos 4-6 com sulcos curtos borda posterior; o résto com sulcos completos. 7.®-21.® tergitos com cari^ laterais. 22.® com carinas somente na parte anterior. Esterníto ultimo c®*** sulco mediano. Patas 1-18 com 2 esporões tibiais; 19-20 com 1 ; Apendice co^ pleural triangular. Poros muito grandes, atingindo os bordos laterais do tergt^®* Elspinho medial muito pequeno. O résto é cgual a ferrugineus ferrugineus. Ecuador. WoLFGANO BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 29.J Ic. Otocryptops ferrugineíts invcrsus Chamb., 1921. Attems fala désta subespecie, insuficientemente descrita, não podendo ser ^ssificada portanto, que as borda^ anteriores das coxas forcipulares concordam Pcrfeitaniente com as de melanostomus. Opinamos que iiwcrsus seja uma raça *Pcnas de ferrugineus jerrugineus. Guyana Itigleza. 2. Otocryptops melanostomus Newp., 1845. Ésta espede é também muito frequente nos Estados do Sul do Brasil. 50-Ó0 Castanho avermelhado. Antenas 17 articulos, dos quais 4-9 basilares sem P*los, porém com cerdas. Bórda anterior das cojras forcipulares com engros- **Wentos quitinósos, porém sem dentes. No meio da placa, existe uma rêdc ^Kontal dc sulcos. Apendice prefemural forte. Sulco/ paramedianos desde o tergíto. Carinas laterais do 6.® tergito cm diante. Os últimos 3 tergitos carinas. Esternítos sem sulcos, tendo em seu logar pontuações rugósas. ^Pendices coxopleuraij longos, finos. l.®-18.® par de patas com 2; 19.®-20.® 1 esporão tibia; l.®-21.° com 1 esporão tarsal. 3. Otocryptops sexpinosus Say., 1821. Tergitos sem sulcos episcutais. O résto egual á cspccie anterior. Colombia. 3. Genus: Newportia Gerv., 1847. Este genero é exclusivatncnte neotropico. Qs espécimens atravessaram twlo ® Continente da America do Sul, penetrando também nas zonas da, America Cen- 'tal. Preferindo clima húmido, quente, evitam as alturas da zona tropica, con- ^trando-se nas regiões silvestres da Bacia Atnaxonica e das margens fluviais, tintais cégos, vivem debaixo do sólo ou sob folhagem. São de tanxanho pequeno, *®tre 20-60 mm. O seu corpo é muito delgado. As patas, com exceção do par, são extremamente curtas. Temos a impressão de que este genero a transição dos Escohpctuiromórfos para os Geofilideos, impressão ésta, ***’'la reforçada pelo corpo vermiforme dos Ntnvportiidcos. 23 pares de patas, sendo o tarso das extremidades 1-21 uniarticulado, com Csporâo na zona em que devia começar o 2.® tarso. Tibias com 1-2 esporões **P®rões terminais. Préfemur das ultimas extremidades com espinhos pequenos 233 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 296 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII no lado ventral. Femur no mesmo lado geralmente 1-3 espiculas. Tibia sem espinhos. Tarso biaríiculadcn, sendo o 2.° tarso subdividido em muitos artículos secundários. Existem 11 pares de estigmas muito pequenos, redondos ou ligei- rameníe oblongos. São localisados nos s^^mentos: 3, 5, 7, 8, 10, 12, 14, 16, IS, 20 e 22. A placa cefalica demonstra geralmente 2 sulcos longitudinais. l.° ter- gíto com fossa hcmicircular e com sulcos paratnedianos, que se bifurcam, ãs vezes, de maneira que os 2 ramos internos se cruzam, formando a figiira de um “W”. Todos os outros tergitos com 2 sulcos episcutais retos e 2 laterais, um tanto cuivos. Sómente o ultimo tergito demonstra carinas laterais. Antenas 17 articulos. Existem cerdas também nos articulos basilares. 2.° metnbro iAo~ podilico do 2.° maxilar com esporão delgado no lado süpero-intemo. Coxa fos- apnlar com bórda anterior réta ou ura tanto bilobada, acentuando-se, ás vezes, 2 plaquinhas quitinósas muito curtas e largas. Existem algumas cerdas na região destas plaquinhas. .O Prof. Brõlemakn menciona em 1909 cm ‘‘Catalogos da Fauna Brasileira” 6 especies brasileiras, hoje em parte sinônimas. Attems em “Das Tierreich’ 1930, fala de 23 especies, 4 subespecies, e 4 especies duvidosas, todas encontradas na aona ncotropica inclusive o norte do México. Em território brasileiro foraii» capturadas 5 especies c 7 subespecies. Transcrevemos a chave sistemática dc Attems, acrescentando os resultados dc novas pesquisas. Chave das especies: Ultimas patas sem garra terminal Ultimas patas com garra terminal 2.° tarso multí articulado. Tibia das patas anteriores com 1 esporão lateral, rara' mente com 1 ventral; numa unica especie com 2 esporões. Tarso das patas anteriores com 1 esporão ventral ^ 2.° tarso com articulos indistinctos. Tibia das patas anteriores com 2 esporões. Tarso geralmente sem esporão. 1.® tergito com sulcos episcutais indirisos; numa especie sem sulcos l.° Tergito com fossa hcmicircular. Sem cavidade. Sulcos indivisos 1.® tergito* com fossa hcmicircular e com rcintrancia ligeira na zona mediana, ^ atráz com uma. cavidade. Sulcos longitudinais bifurcados formando um “W” 1.® tergito e placa cefalica sem sulcos longitudinais: 1. Neu cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 298 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. Os sulcos paramedianos do 1.® tergíto continuam ainda além da fossa hemi- cirailar l3 Os sulcos terminam na região da fossa 14 Bórda anterior das coxas forcipulares réta com saliências fracas. Fêmur ultimo com 1 espinho medial e com 1-2 ventrais. Elstemitos até ao 19.® com sulco me- diano: 9.® Ncii'portia sitnoni Brõl. 1898. Venezuela. Bórda anterior das coxas forcipulares bilobada, com saliência forte. Femur ultimo com 2 espinhos mediais e sem espinho ventral. Estemítos até ao 12.® ou 13.® com sulco mediano. Os 3-4 últimos estemítos com sulco horizontal: lO- Newportia juhnnanni Rir., 1914: Colombia. Ultimo femur sem espinhos. 1.® tarso grosso como o 1.® atriculo do 2.® tarsos 11. Newportia balzanii SiLV. 1895. Paraguay- Ultimo femur com espinhos. 1.® tarso mais grosso que o 2.® l5 Bórda anterior das coxas forcipulares réta com duas plaquinhas na frente. 2.® tarso com 6-11, raramente com mais artículos. 12. Newportia monticols Poc., 1890. Equador, Colomb:a- Bórda anterior com 2 plaquinhas bilobadas. 2.® tarso com 18-25 artículos: l*^- Newportia bicegoi- A parte do 1.® tergíto que fica deante da fossa hemicircular é muito menor qu*^ a posterior. 1.® tarso das ultimas patas cilindrico, sem canto terminal: 13- Neivportia b. bicegoi Brõl. 1903: ManaqS- A fossa hemicircular divide o 1.® tergíto em 2 partes quasi eguais. 1.® tarso das ultimas patas alargado na ponta terminal e com 1 canto agudo: 13. b. — portia bicegoi collaris Kraep. 1903. G. franceza- Ultima tibia com 3 espinhos ventrais. Espinhos dorso mediais do ultimo pre^»^ mur quasi tão grandes como os do lado ventral: 14. Newportia mexicana S.AtJSã- 1858. Mexico- Ultima tibia sem espinhos. Espinhos dorso mediais do ultimo préfemur niuiW menores que os do lado ventral O tarso das ultimas extremidades não dividido: 15. Newportia lasia 1921. Guyana ingR**' 1.® tetgíto com sulcos longitudinais A fossa hemicurcular é interrompida entre os 2 sulcos longitudinais: 16. portia divergens Chame., 1922. Guaterníi^’ A fossa hemicircular é completa ^ 256 cm 7SCÍELO, ;l1 12 13 14 15 16 17 WoLFGANG Büchebl — Os Quilopodos do Brasil 299 Tibia das extremidades 1-20 sómente com 1 esporão ventral: 17. Xczvf>ortia mmW/iVo Chamb., 1922. Honduras. I Tibia das extremidades 1-20 com 1 esporão ventral e 1 lateral 21 Tarso das ultimas patas não di\ndido distintamente em l.° e 2° tarso: 18. New- Portia brevipes Poc., 1891. Guyana ingleza. O 1 .o tarso das ultimas patas distinto do 2.° tarso 1 22 Cabeça com 1 sulco horizontal deante da borda posterior, cruzando os sulcos lon- gitudinais: 19. Nneportia emsli Poc., 1891. Pernambuco, Venezuela. (Provavelmente transportada para Pernambuco por via maritima) Cabeça sem sulco transversal 23 Apendice coxopleural curto, um tanto cur\o com cerdas laterais. 23.° estemíto com bordas laterais quasi paralellas. 2.® tergito com 2 sulcos curtos na frente: 20. Neivportia slolli Poc., 1886. Colombia, Guatemala. Apendice coxopleurall, réto com poucas cerdas laterais. 23.° estemito com bor- das laterais convergentes. 2.° tergito com 2 sulcos posteriores curtos: 21. Ncw- portia paractisis Chamb., 1914. Pará. 2.° tarso das ultimas extremidades mal articulado. l.° tarso mais longo que a tibia: 22. Xnvportia amacomea Brõl., 1904. Pará. 2° tarso das ultimas extremida,des com 9 articulos. l.° tarso da metade do compr. da tibia: 23. Ncivportia unguifer Chamb., 1921. G. ingleza. Como a coleção quilopodtca deste Instituto contêm apenas 2 exemplares des- 'c genero, pertencentes a subespecie: Xc7i'portia_ l. longitarsis, abstemo-nos *^ste trabalho do^estudo detalhado das respectivas especies. limitando-no? a des- crição das especies mais comuns no Brasil: Newportia longitarsis \ewp., 1845. Sinonimia : Scohpocryptos. Placa cefaltca com 2 sulcos longitudinais ctirtos na zona posterior. l.° tergito coin fossa hemicircular e com sulcos episculais entre a fossa e o bordo posterior. Pemur das ultimas patas com 1-2 espinhos. Tibia das patas anteriores com espo- *^*0 lateral. . Newportia longitarsis longitarsis Xewp., 1845. 40-51 mm. Amarelo awrmelhado com cabeça acastanhada, demonstrando 2 “'ilcos curtos. Antenas 17 articulos. dos quais 2-5 basilares desprovidos de pêlos. 257 C«d 19 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Wolfgano Bücherl — Os Quilopodos do Brasil Mcm. Inst. Butaot^P Vol. XIII — 19J9 I »/. W ^'wclierl Fig. 52 L Pdos oUitivos e gustativos das antenas de RhjiiiJa trasüírHsif: $0.'l. 2 W. húcherL Fig. 53 — 3 Fig. 53 Ofoendra víridiccrtiit NEWP. WoLFGAXG BCciIEtíL — F.g. .<1 LilhobiKs: sut>Kmu« Lilhobuj STUXH Os íjuilupoclos (lo Brasil A!cro, Inst. Butantan Vol. XIII — 1939 V. í>'u.c)ier| 25 !) WoLFGANG BCcherl — Os QuUopodos do Brasil Mera. Inst. Batantam Voí, XIII — 1939 Fiff. 54 ^coícptndra vir. niffra n. subfp. Ul- timo terpto com qutlia mediana. Fig. 55 Scolopmdra v. viridic^mis. Ultimo tergito com quilia mediana. Scoícpcndra r, xnndUormis. Ultimo tergito com quilia mediana. 261 Man. Inst. BuunU» WoLFG.\N'G Bücherl — Os QuHopodos do Brasil 1939 Vol. XI II rl W. B U.C Fu. 56 OtosiiçmtLs (P.) longipts BCCHERL Coxocternum com as çIzcas dentarias. 2 — Estemitos com depressão redonda mediana 3 — Vista lateral dos últimos segmentos do tronco. SciELO, 262 WoLFGAXG Bücherl — Os Quílopoílos (lo Brasil Mnn. Inst. Butantan Vol. XIII — 1939 Fi*. 57 — I w Fi*. 57 — i Fik. 57 Otostiffmus (P.) trrttii BCCHERL 1 — Coxocternum com placas dentarias. 2 — Ultimo cstemito com apêndices coxopleurais. ^ J^úcherX ¥ig. 5ít Rhytida brasiiimjis rubra if>. Coxo«ternum forcipular 263 306 Memórias do Instituto Butantan Tomo XIII Coxas forcipuJares na borda anterior com 2 plaquinhas curtas, largas e com cerdas pequenas. 1 P tergito com fossa hemicircular e com 2 sulcos que continuam ainda deantc da fossa. 2P-22P tergito com srtlcos paramedianos. Do 4.° ou 6.° tergito em diante existem sulcos laterais. Ultimo tergito liso, sem sulco algum. Esterníto com sulco mediano impar e com 2 sulcos curtos laterais. As tibias com 1 esporão ventral; os tarsos sem esporão algum: Apcndices coxopleurais finos, longos,- com cerda compridas á sua base. Campo poroso atingindo na frente as bordas laterais do ter- gíto. Préfemur ultimo 3-6 espinhos ventrais. No lado dorso-medial com 2 filei- ras de 6-12 espiculas. Prefemur e femur era sua ponta terminal com depressão. Femur com 1 espinho no lado medial. Tibia sem espinhos. 1.® tarso da metade da tibia. 2P tarso de 8-19 articulos. Newportia longitarsis sylvae 1914. Ésta subespecie é um pouco menor que a precedente. O colorido é o mesm«>- Antenas com 15-17 articulos, os basilares também com pelos. Bórda anterior da** coxas forcipulares sem plaquinhas. l.° tergito como na especie precedente, cort* exepqão de ainda existirem 2 sulcos transversais deante da bórda posterior, não se tocando no meio. No 2.® tergito encontra-se uma réde entremeada de sulcos finos. 3.® tergito com 2 sulcos transversais. Quanto ao résto ésta subespecie e idêntica á anterior. Neivportia longitarsis bicegoi Brõl., 1903. 30-36 mm. Bordas anteriores das coxas forcipulares com 2 plaquinhas P^' quenas estreitas. Fossa hemicircular com reintrancia na linha mediana e com u^ia cavidade. Quanto aos caractéres restantes, pódem ser determinados facilmente ^ mão da chave sistemática acima. 4. . Ordem. Geophilomorpha Poc.. 1896. ScBORDEM. Geophilidae (Vide fig. 43). Océlos ausentes. Antenas com 14 articulos. Estigmas sempre pares, situadns nas pleuras, tendo cada segmento um par, isto é: não existem segmentos sem cs* tigma a não ser o 1.® e o ultimo segmento de extremidades. Constituição alongada, vermiforme, com patinhas extremamente curtas O corpx) é estreito tU WoLFGAXG BCcherl — Os Quílopodos do Brasil 309 frente e atrás, engrossando um pouco no meio. O colorido c uniforme, acompa- nhando a côr da terra, sendo as patas e os esternítos mais claros. Ultimas patas muito mais fracas que as dos Escolopendridios, sómente um pouco mais longas que as anteriores. São dirigidas para traz, divergindo um pouco causando a im- pressão de verdadeiras antenas. O trochantcr destas patas é visivel. O numero menor das patas é de 31 pares, o maior de 173 pares. Tergito do segmento forci- pular nunca soldado com o do l.° segmento das patas. A formação da coxa das extremidades é a seguinte: a eucoxa inferior e superior unidas formam apenas meio circulo, sendo de todo ausentes a eucoxa posterior e a, coxopleura. A mela- e a procoxa demonstram desenvolvimento acentuado, correndo a costa coxalis em direção á ultima. Os pleuritos intercalares, superiores, são grandes, sendo visiveis também os segmentos intercalares. Glandulas anais muito frequentes. Coxopleu- ros do ultimo segmento entumecidas, havendo muitas glandulas coxais. -A historia dos Geofilideos é a mesma dos outros Escolopcndroinorfos, isto é : os Geofilideos éram quasi desconhedtlos pelos cientistas do século passado. Mei- nert, em 1870, começou a coordenar sistemática este grupo, salientando a im- portância das peças bucais e as formações dos esclerítos pleurais. Cook, em 1895, já distingue 9 familias entre os Geofilomorfos. Em 1901. Verhoeff, men- ciona 3 subfatnilias e 7 tribus, enquanto que 2 anos depois .-^ttems descreve 5 Oftbfamilias. Um novo avanço na sistemática dos Geofilomorfos significava a chave dc Verhoeff (1908), na qual o A. estabelece 2 superfamilias, 6 famílias, 7 subfami- lias, 7 tribus, 32 generos e 4 subgeneros. Em 1910 já éram conhecidas cerca 250 especies de Geofilomorfos, quasi a 4^ parte portanto de todos os Quilopodos Em 1900 começou uma disputa os cientistas acatados, como Brõlemann. Verhoeff, Siutestri e Attcms, sobre a sistematisação deste grupo, ainda tão pouco estudado e quasi diariamente enriquecido com nos-as formas, disputa ésta muitas vezes estéril e carecendo dc fatores construtivos. Comparando todas as tentatis-as modernas de estabelecer um sistema dos Geo- filomorfos, impõe-se nos a convicção dc que tudo seja ainda muito problemático por óra, c que os sistemas hoje vngentes sofrerão profunda alteração num futuro proximo. O motivo destas alterações da chave sistemática dos Geofilideos resulta do fato de estes Quilopodos viverem sempre subterrâneos aparecendo casualmente só á luz do dia. De construção morfologica aparentemente uniforme, os Geofili- deos demonstram grande v^ariabilidade em muitos orgãos, dificultando desta ma- neira a sistematização. Podemos concluir pois que é praticamente impossivel, dar uma chave sistema.tica completa deste grupo porque dia a dia devemos contar com um novo enriquecimento deste ramo da fauna neotropica. 267 310 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Em tempos mais modernos Verholfk elaborou a seguinte chave das ía- milias ; Geophilomorpha Superfamiliae < I Phcodesimta Verh., 1908. Adestnata V'erh., 1908. 1. Superfamilia : Placodesmata Labro muito largo. Coxostrnium do 1.® maxilar dividido longitudinalmente por suiura nxídiana. Articulos basilares dos telopoditos do 2.® maxilar muito longos. Coxostcrmim destes apendices com reintrancia triangular. Pleuras do segmento forcipular separadas dos telopoditos por lamelas laterais do coxoster- nuni. Endoestemitos presentes. Familia unica: Mecistocephalidae Verii.. 190L 43-101 segmentos com patas. Artículos jorcipiilarcs fortes, visiveis do lado dorsal. Ferrões gratides. Placa cefalica mais longa que larga. Antenas mais lon- gas que a pla,ca cefalica. 2 tribus com 3 gêneros, distribuidos pelo Mediterrâneo, America do Korte e America Latina. 2 . Superfamilia : Adesmata Labro não muito largo. Coxostemum do l.° maxilar sem sutura mediana- Articulos basilares dos telopoditos do 2.® maxilar curtos. Coxostemum curto Pleuras forcipulares sem separação dos telopoditos (exceção: Brasilopliilidae)- Endoestemitos pequenos. 8 Familias : 1 ) Mandibulas com placa dentaria e uma serie de lamelas mais ou menos paralelas. Esternitos com poros concentrados. Labro livre e uniforme- !.*• Familia: Himantariidac* 2) Mandibulas com placa dentaria e uma lamela apenas. Póros glandulares dos esternitos não concentrados ou de todo ausentes. Coxopleuras do ultmto^ segmento das patas com 0-2 glandulas {Escaryus com muitas glandulas) WoLFGANG Bücherl — Os Quilopodos do Brasil 311 Labro constando de uma arcada mediana e 2 placas adjacentes, portanto, tri- partido. sendo a lamela dentaria frequentemente dissolvida em secções qui- tinósas : 2.* Familia : Schendylidae. 3) Mandibulas sem placas dentarias, ou sómente com rudimentos de placas 4,5 4) Mandibulas com algumas lamelas. Póros glandulares dos estemitos dispostos irrcgularmente 3." Familia Oryidae. 5) Mandibulas com uma lamela apenas 6.7 6l I^bro atrofiado inteiramente ou apenas na zona mediana. For- cipulas com 1 articulo intermediário somente ou com articulo terminal extremamente curto. 2.®* maxilares sem garra termi- nal. Estemitos sem póros. Telopoditos das ultimas extremida- des com 5 articulos 4.* Familia: Aphilodontidae. 7) Forcipulas sempre com 2 articulos intermediários. .Vrticulo ter- minal nunca muito curto. Segundos maxilares com garra ter- minal. Telopoditos das ultimas extremidades geralmentc com 6 articulos ; Labro uniforme, com pontas ou denticulos na bor- da posterior 5.® Familia: Qonibregmatidac. 8/ Coxopleuras do ultimo segmento de j>atas circuniscrito para es- tes segmentos sómente, não alargado para os segmentos vizinhos 9,10 9) I^bro forte, com franjas na borda posterior. Estemitos com 2 campos porosos, um atrás do outro: 6.* Familia: Himantosomidac. 10) Labro tripartido, sendo atrofiada a parte mediana ou as duas zonas adjacentes, ou o labro todo é mdimentar. Elsternitos ge- ralmente com 1 campo poroso ou sem algum. Encontrado-se 2 campos, o anterior é dividido em 2 laterais pequenos 11, 12 11) Corpo geralmente estreito na frente com cabeça muito pequena. Labro H) Corpo geralmente estreito na frente com cabeça muito peque- na. Labro atrofiado ou com parte mediana grande e zonas adjacentes mdimentares 7.® Familia: Scolioplanidae. 12) Corpo não muito estreito na frente. Labro tripartido com parte mediana rudimentar e com zonas adjacentes grandes: 8.® Familia: üeofilidae. Éstas 8 familias subdividen-sc cm 18 subfamilias com 65 gciicros mais ou 'Plenos. Dar aqui uma descrição exata de todos estes generos. além de transpor os 1'tnitcs deste trabalho, seria inútil, no tocante as fonnas que não são encontra- 269 312 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII das no Brasil. Limitar-nos-emos, por conseguinte, exclusivamente aos espéci- mens neotropicos e brasileiros. Carlos PoRTER, em “Introduccion al estúdio de los Miriópodos”, em 1911, menciona os seguintes Gcofüotnorfos, encontrados no Chile. 1. Fam. Geophilidae Especies: Pachymcrinus .miUcpunctatHS\ 65 mm. 61 pares de patas ” camJÍcuIaius ; 75 mm. 75 ” ” ” ” pluripes; ” porleri; Eurytion gracilc; ” metopias; ” michaelseni; Pachymerium anmtum; Schizotaenia alacer; 9 mm. 33 pares de patas. ” psilopus; Apogeophilius clavigcr; Linotaenia araucanensis; 30 mm. 43 pares de patas. 2. Fam. Schendylidae Schendyla montana, 16 mm. 40 pares de patas. Os nomes de muitas destas especies são considerados hoje sinónimos. Quanto ás formas dos paizes adjacentes ao Brasil encontramos referenciíis ainda que em grande parte insuficientes nas monografias de Sylvestri. Em- "Oiilopodi e Diplopodi delia America Meridionale 1895”, o A. descreve as sC' girintes especies. a) Orphnaeus polypodus SiLV. (Rio Apa, Paraguay) : Fetnea: 70 mm. Com 112 pares de extremidades, sendo as patas anais n»t=> longas que as anteriores. Pleuras pequenas sem póros. Esternítos com póros di* minutos. Esierníto final curto e largo. Tergítos bisulcados. Tclopoditos forcipulares atingindo a margem frontal, com coxas e /ew***^ inermis. Antenas longas. Placa cejalica tão larga como longa. WoLFGAXG Büchehl — Os Quilopodos do Brasil • 313 b) Geophiius paraguayensis Silv. (Rio Apa, Praguay) : Femra 20 nim de comp. 41-43 pares de patas. c) Geophiius armatus Silv. (Argentina) : 24 mm. 54-55 pares de patas. Em “ChUopodi e Diplopodi de la Guayra, Venezuela”, 1896; d) Orphnaeus brevilabiatus (Pita). Em “ChOopodi e Diplopodi dei Chaco Bolivbno e dela Argentina”, 1897 : e) Nannophilus bolivianus Silv. Elm “Chilopodi e Diplopodi neU’Ecuador”, 1897 : f) Polycricuj cquaiorialis Silv.: 30 mm. de compr. 55-57 pares de patas. g) Notiphilides tnaximiliani {Oryidae) : Santhiago. Em “Nova Geophiloidca Argentina”, 1898: h) Orinophilus platensis Silv.: 9 mm. de compr. 31-33 pares de patas. i) Aphilodon spegazáni Verh.: 42 mm. 63-65 pares de patas. l) Eurytion centralis Silv. Colombia; 46 mm. 65 pares de patas. Em “Descrizione di alcuni generi e species di Geophüotnorpha’’ . 1909: m) Macronicophilus ortonedae Silv. Ecuador. n) Aphilodon intcrmedius Silv. Missiones. o) Aphilodon augustalus Silv. Missiones, Corumbá: Femea estreita na frente, .•\marclada com placa cejalica ferruginosa, mais longa que larga. Antenas duas vezes mais longas que larga. Anlenas duas wzes mais longas que a placa cejalica. 4-7 poros coxais. 55-59 pares de patas. 18 mm. de compr. p) Aphilodon modestus Silv. Paraguay: 9 mm. de compr. 45 pares de patas. r) Mecophilus ncotropicus Silv. Paraná: 8 mm. 35 pares de patas. Pa- tos ultimas 2 vezes mais longas que as outras, grossas na base, com 8 póros glandulares subcoxais. As outras extremidades são curtas sendo o 6.® articulo mais longo que o 5.°. s) Apogeophilus bonariensis Silv. Buenos Ayres: 16 mm. 55-59 pares de patas. t) Dtnogeophilus pauropus Silv. Uruguay. 271 314 . Memórias cio Instituto Butantan Tomo XIII Brõlemann, no comecjo deste século, descreveu 11 espícies de GeopUilidius brasileiros, pertencentes a 7 generos diferentes, distribuidos em 4 familias; (ieophilidae I Geophilus auiücmiiii Gerry. 1897. Geophüus sublacvis Mein. Chomatobius brasiliamis Humb. & Sacss. 1870. (ionobregmatidae Aphilodon vttcronyx Brõl. 1901. Orydae Hcnwrya latigissima C(X)k. 1896. N otiphilides grandis Bròi.. 1903. Grphaeus brasiliensis Mein. 1870. Schendylidae ScJicndyla brasiliana Silv. 1897. Schcndyla gounellei Br5l. 1902. Schcndyla imperfossa Brôl. 1901. Schcndyla paulista BrcIl. 1SK)3. Attems, eni "Einige neuc Gcophiliden it. Lilhohiidcn dcl Ilamburgcr 3/:<' scum”, 1934 descreveu uma nova apecie: Brachyschcndyla pcclinata Att. 1934. 40 mm. 55 pares de extremidades. Clipeo de estrutura rude, unifoniie, »-• com algumas cerdas quasi microscópicas. Labro com reintrancia moderada c mais ou menos 30 denticulos, dos quais os 8 externos são agudos e curvos, os internos curtos e obtusos. Antenas filiformes com pelos curtos e abundantes todos os articulos, não se encontrando cerdas maiores. Os 13-14 dentes mandf bulares são reunidos em blocos. 1.® maxilares com 2 pares de palpos lisos e es- treitos, curvos contra a linha mediana. Apendices coxais dos segundos maxiloff^ não separados nitidamente. 2.® c 3.® articulo telopoditico com cerdas. Coxa cipular com pequena reintrancia mediana, porém sem labclos. Todos os articulo» lisos na borda interna. Tergitos com 2 sulcos longitudinais, com poucas cerdas. não enfileinadas. Esternitos pontuados, com cerdas curtas; duas caviilades oblon- gas. medianas: sem poros ventrais. Ultimo esterníto quasi quadrado com bód- das laterais fracamente convergentes e com cerdas abundantes. Ultimas pal*’ do macho grossas e com muitas cerdas. Coxa com 2 póros; 1.® e 2.® articulo tarsal do mesmo comprimento, sem garra terminal. Petropolis. (Também existente na coleção deste Instituto). Veriioeff, em “Über cnige Chilopoden aus Australien «. Drasil»-''* > 1937 menciona uma especie noz'a, pertencente a familia Oryidae. Também entt^ os Geophilidios de nossa coleção encontram-se exemplares desta especie, obo- WOLFGANG BÜCHERL Os Quilopodos do Brasil 31Õ gando-nos a referir os característicos mais necessários: Orphnacus porosus Verh. 1937. 60-120 mm. 95 a 103 pares de extremidades. Amarelo cinzento. Tergitos com 2 sulcos paraincdianos que desaparecem progressisamente nos tergitos ante- riores, completamente ausentes nos tergitos 1-5 e nos 6 últimos. Esternitos lisos. Aniems 2]^ vezes mais longas que a placa cefalica. Do 3.° segmento em diante existem paratergitos. Telopoditos do 2P maxilar com 3 ou inúmeras cerdas. IP estemíto com faixo porosa estreita deante da borda posterior; na frente poucos poros. 2P esternitos com 5-6 póros na zona posterior, na linha mediana. Estigmas anteriores oblongos. Minas Geraii, S. Paulo e Mal to Grosso. Orphonaeus brasilianus Humb. & Sauss. Esternitos do ultimo segmento mais largos que longos. 67-103 jiares de extremidades. Colorido uniforme, mais escuro no lado dorsal que no ventra! Borda posterior do ultimo estemíto réta. Paratergitos desde o 3.° segmento. Articulos basilares das antenas um pouco afastados uns dos outros. Gonópodos da femea biarticulados. uma ^•ez e meia mais largos que longos (Articulo Ixi- silar 2 vezes mais largo que longo). Esternitos com 2 faixas porosas transver- sais, unidas por póros laterais num quadrângulo. Os 4 ultitnos esternitos care- <^em da faixa porósa anterior. 4 exemplares na coleção de Quilopodos deste Instituto. 273 VIII DISTRIBUIÇÃO GEOQRAFICA DOS ESCOLOPENDROMORFOS Ainda estamos longe da possibilidade de elaborar um esquema perfeito sO" bre a distribuição geográfica dos Escolopendromorfos de nosso pais. Território» imensos continuam desconhecidos. A fauna do estado de S. Paulo é certamente a mais conhecida de todo o Brasil, permitindo-nos fazer uma estatistica já ben> cería no tocante aos Escolopendromorfos deste Estado. Os Quilopodos são animais caçadores, munidos de aparelho de veneno, de- pendendo, portanto, em 1.® logar de insetos s-ivos. Preferem terreno acidentado» quente, principalmente mattas com densa folhagem, encoritrando sempre caÇ3 abundante nestes sitios. Evitam cuidadosamente a areia movidiça. Mudam fre- quentemente a moradia; porém, uma vez alojados num logar apropriado, o^de encontram alimento em abundancia, constroem ali sua moradia. Sertões áridos, rios largos e montanhas altas são barreiras naturais que Ih®’ tolhem a passagem. Os rios pódem ser casuahnente transpostos, quando ilhas oU objetos flutuantes lhes servem de meio de transporte. Nos arredores dos portos maritimos encontramos Quilopodos exóticos, abor- dados ás praias por meio de navios ou mercadorias. Basciando-nos na lista de frequência de Quilopodos, elaborada pelo Pr®*- Brõlem.\n*n, estabelecemos a seguinte lista de frequência c distribuição geoç^' fica dos Escolopendromorfos brasileiros, muito incompleta e provisória; Escutigeridios: estados de S. Paulo. Minas, Matto Grosso, Santa CathariU^' Pará e Rio Grande do Sul. Lithobiideos: Escolopendrideos : üeofilideos: Em todo o Brasil. cm 7SCÍELO, ;l1 12 13 14 15 16 17 271 . WoLFGANG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 317 A porcentagem de frequência dos Quilopodos é a seguinte: Escutigerideos 15% Lithobiideos 15% Escolopendrideos 50% Qeofilideos: 25% No Brasil encontram-se 2 familias autóctones: Aphilodon e Newportia scolopendropsis ocupa uma posição sistemática, pouco esclarecida. As especies mais frequentes no Estado de S. Paulo são as seguintes: Scolopendra znridicornts, Scolopcndra subspinipes, Parotostigmus pradoi, Parotostigmus scabricauda, ParotoJiigmus dctucUoi, Rhysida brasiliensis, Rhysida nuda, Rhysida celeris, Scolopocryptos miersii. Trigonocryptops iheringi, Otocryptops jerrugineus, Newportia longitarsis. 275 - Problemas anatomo-fisiologicos ainda não esclarecidos 14. Como decorre a embriogenese dos Anamorfos? Fazer observ-ações sobre a ovo-viviparidade dos Escolopcndrideos. Obser\’ar a copula nos Quilópodos. Será que todos os machos depositam espermatóforos no chão? Há bipartição dos ouvidutos nas femeas dos Criptopideos e enlaça o ramo atrofiado o réto? Componentes químicos do veneno e experiencias farmacológicas da toxina de lacraias. Qual é o significado das glandulas coxopleurais dos Quilópodos? Encontra-se inervação dos pelos antenais? Existe um orgão maxilar nas Escolopendras ? Existe um orgão frontal nos Geofilideos? Qual é a função das células humorais do epitélio do intestino médio? Existem corpos linfáticos nos Escutigerideos e Geofilideos? Qual é a natureza dos corpúsculos heterogeneos dos corpos linfáticos? Qual é a função dos grãosinhos gordurosos no sôro? Qual é a origem dos musculos longitudinais dos vasos malpighianos ? A disposição dos escleritos pleurais nos diversos generos e especies. Fazer observações, si os sulcos dos esternitos correspondem ou não a ver- dadeiras suturas. Qual é a formação dos segmentos intercalares? Qual é a importância fisiológica do tecido gorduroso? C»d. 20 277 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 cm SciELO, 11 12 13 14 15 16 17 WoLFGANG Bücheiii, — Os QiiHopoilos (lo BrosU Mcm. Inst. Butantan Vol. Xlir — 1939 Fotomicrosr. I PoíyJesmusz impre5»õe» cm barro, causadas ptíos cscrcmentos. 6 VCZC9 aument. Fotomicrogr. 2 ^olof^endra firidicornisi corte transs-ersal a 6 micras através da gtandula de veneno. Com forte aument. 279 WoLFGANG Bücherl — Os QttUopodos í/o Brasil Mcm. Inst. Vol. XIII — 1939 Fotomkrofr. 3 ScoJcf^udra tririJicomis: c6rte loojritDdina] a 10 micras ao lonfo do cstifina. obcsnrando-M os (rires de pêlos que fexam o fundo do calke estigtnal como tam* bera as fiteiras de pelinbos que ladetam as paredes inten»as do cálice. Ko fundo observamos um grande alargamento cansado pelas terminações d ^ y traqoeas e senrindo de camaras de reserva de ar. (Cocn forte aumenta) Fotofflicrogr. 4 Scoíer^dra viridicormú: corte transversal a 7 micras através do vaso dorsal, observao' do-se as edntas pencardiacas e eod«ardiaca5 e os musctilos aliformes, juntamente com o septo dorsal e as camadas da rauscxilatura dorso-lateral. Aumento forte. 280 SciELO cm WoLFGANG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil Man. Intt. ButanUn Vol. XIII — 1939 > ofoBticTofr. 3 Sntoffodra tin.ííf*rnú: córtc tr»n»VCTMl atrarn do mooilCTÓn. <í>»cTTaB«fc> »« mi cima a< tic» camada» dc quilina c unida» á» rocvna» « feixe» mu»culare» docwlaitrai». Xa linha maliana oWrrania» o coreão cora o» muKuk» aliformc» tnanaularr». Km baixo do coracio aram »* noa o» tc»ticol«» rnvollu» t crful-i» adipo»a». cu)o« contorn»» •do muito niliih*. >Iai» I»ara Icuxo nutamo» a» camada» mu»cularc» (ini»»ima« mc»ailaun. Auraoito forte. SciELO Ku(om)cr envolto# por elementos adiposo# nitidamente contornados. Na zona superior, em ambos os lado#, obeerv.i* mos os feixe* musetUares dorso*l£terais. Aumento forte. Fotoroicrottr* 8 Scol^fcndra viridicornis: córte transversal através da refiâo ev>fa*tana. No lado supe* rior e nas zonas laterais deparam-se-oos feixes muscidares dorsais, dorso-laterais e dorso* ventrais. No meio notamos o esofago e sobre o roesnio a aorta cefalica. Em seu lado inferior observamos o gânglio nervoso sohesofageano. Entre o esofago e o gânglio vem?s o feixe muscular horizontal. Em toda a região entre o gânglio e o esofago eocno tam* bem em ambos os lados do esofago ubservamos numeroso# vacuólo#, constituídos pdas traqueas respiratórias cortadas transversalmcnte. Aumento forte. 282 WoLFGAXG BCcherl — Os QiiHopoilos do Brasil Mcm. Inst. fiutAnton Mrtn. Inst, SotAntsn • > * * Fotonicrocr. 9 '»«' t«n.«r«I „ra«. A. „m, ,.»,„i„r do m««,leTon. -Xo I«k> doi^ oWrr»n»« o cvríçio coo a. cHul« «ocaidiacas Jiformc. Unido «^mo dn*r» «jK« o va. dcfvrvn. * rm ambo, o. Iad«. jã na xona «tcrior o. do., va». malp.*h>.no.. .\o cmlro oUvnramo. o Int» digv.ti.ou Xo lado wntral *Í. T C»ngIio«ar vvntral, mmto unida», tvn.lo vm »vu lado dov«l a artvru. wntral. Xo lado infvro-Utvral ol-vrvamo. a. 4 glandol... svn.ta.. ac««or.a.. vnvoJta. nvlo corno ad.no». .\umvnto forte KotomicrDKr. 10 Sc^opmára viridtcomis: córie transrrrsal atrarés da rona «ofaecana. O «ofaco fonna nu- nerósot s^os intemo«. prmchidos por demento» mo»culare«. Por cima do esofago depa- ra-»e a aorta ecfalica e em ambos os lados as traqueas. Em baixo vemos muKulot horiaootais. Aomeoto forte. 283 WOLFGANG BÜCHERi, Os Qtlilopodos do Brasil M«n. In»t. Butanta» VcJ. XIII — 1939 Fotomicrogr. 1 1 Sc0Ícpcndra X'iridUotnisi côrfc transrrr^a] atravn de um fanglio oer* vo*o vcntral, ob^/rvando-^c em ambo» lado» a estrada do» nervua pcnfcrico». Dentro da ma»«a ranflkmar noCaroo» vestifio» de tm: »uIco borixontal c um rerticaJ, ktkío o ultimo o indicio da duplicidade primitiira» de*te irartelio. No ta<Ío rmtral ob^erramo* cdula» adipó* »a» e no meio da» me«mas al{r\in» traf^ueólo». Aumento forte. Fotomicro^. 12 Sicoic^cndra tiridicornir: continuação da série de corte», dos quais um é representado na fot. 11. O sulco longitudinal da massa ganglionar é bem nitido. No lado superior bera unida ao gangbo, obser%amos a artéria de^endens rentral. Em redor do gânglio deparam-se-no» ele- mentos adipósos e musculares. Aumento forte. 281 WoLFGANC BCcherl — Os Qiülopodos fio Brasil Mcm. InsU Butantan Vol. XIII — 1939 FotoiBtcmcT. IJ Séri« d» ScmIoffHirã xirUiformis TÍ»«a i»Io lado doraal. 285 WoLFGANG BiciiERL — Os Qiiüopodos ilo Brasil Mem. Inst. Vol. XIII — ^ympoftíi&ssSSS/fe» FotfjrnicnufT. 14 Série i1a Scolo^mdra x^ridíccrmis %-ista p«lo lado renlral. APENDICE — AXHAXG I. Brasilianische Scutigeriden In der neutropischen Zone ist bis hcut" so vicl wie übcduiupt nicht übcr Scutigcriden gearbeitct worden. Allgcmein war nian der Ansicht, es würdc sich hier lediglich um Formcn handeln, die aus anderen I-ãndern nach hier Z'er- schleppt worden wãren (durch Schiffsverkchr). Dass dem aber nicht so sein kann, crhehlt schon aus der Tatsache, dass in BrasUien Sculigcrídcn nicht nur in Küstenstãdten oder in Ortscliaften. die an der Bahn licgen. sondem auch tausende Kilomcter weit im Innern vorkommen, unter Steinen und Felsen sowohl, ais auch in deu Hüttcn der Eingeborenen. Mit Recht betoní Verhoeff in einer Monographie, “Dass man sich, was gerade diese Zone betrifft, noch auf viele übcrraschungen gefasst machen kõnne”. Ungefãhr um die Jahrhundertwendc führt Brõlemaxn in scinem “Cata logo da Fauna Brazileira", vom “Museu Paulista” die Seutigera nigrovillala Mein. auf. und Silvestri erwãhnt noch cinige Excmplare aus dem Gran Chaco und aus Chile, — das ist alies, was uns bisher übcr diese interessante Tiergruppe berichtet wurde. Weiin man bedenkt, dass erst Verhoeff es war, dem es gclang. ein entscheidendes Diagnostikum in den Gonopoden der Weibchen aufzustellen, dann kann man verstchen. wie wcnig man mit Scutigeridcnbe- schneibungen aus dem vorigen Jahrhundert, wo man auf die dusseren Ge- ^chlechtstnerkmale überhaupt nicht sah — (siehe Scut. nigroiittata Meinert), anfangen kann. Allerdings konnte ich bei einigen Formcn, die ich im Folgen- den von neuem beschreiben werde, nachdem sie bereits in einem meiner Aufsãtze, der in der Zeitschrift “Rev-ista de Biolcçia e Hygiene 10 (1) :54-64. 1939” der “Faculdade de Medicina, São Paulo”, erschienen bt, bchandelt wurden. cine ãberraschende übereinstimmung hauptsãchlich der Artikeln am 1. Tarsus der Beinpaare und der Domrcihen am Prãfemur. Femur und Tibia, feststcllen. 287 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 330 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Pseiliophorinae Subfamilia ; Pseiliophorinae Brasilophora BCcherl. 1939. Fast alie Glieder am flag. prim. mal lãnger ais breit, ganz mit kurzeii Haaren bedeckt. Ein Kranz lãngrer Haarc befindet sich am Ende jedes Gliedcs- Die ersten 8 Glieder mit 1-2 Dõmchen vor dem Haarkranze. Flag. prim. 54-5S Glieder. Am Ende vom Prãfemur, Femur und Tibia der Beine 1-11 je 3 Sta- ch.eln; am Ende des 1. Tarsus je 2. Tarsalzapfen, gleich gross, in kleiner Anzahl, nur am 2. Tarsus der Bcinpaare 1-6. Stigmenplatten mit Dõmchenreihen in der Mitte, und dazwdschcn Haare. 6 7 Tcrgit mh 2 — 3 solcher Domen- reihcn, die jedoch eine mittlere, lángliche Flãche freilassen. Die Domreih^n setzi-n sich auch auf den Stigmenplatten fort, nur dass sie hier die Rundung bcgleitcn. Jedes Dõmchen hat ein Haar zur Seite; dieses im gleichen Verhãltn»* zur Grõssenzunahme des Dõmchens abnehmend. Stigmenplatten (6. -j- 7.) - 20 — 17 Dõmchen jederseits. Seitenwãnde der Tergíte dicht mit Haaren unn wenig von vome nach hinten divergierend. .Innenwãnde der Mctarthren glai*' ohne Kerbung. Das neue Genus unterscheidet sich von PsclUophora Verhoeff durch Vorhandcnsein von Domen am 6. und 7. Tergit; durch eine sael klcinere .Anz^h* von Dornspitzen an den vorderen Rückenplatten ; durch die Gegcnwart von " Tarsals.ncheln schon am 1. Beinpaar; durch die kleine Anzahl von Tarsalzapf^’ vor aliem aber durch die grosse Lãnge der Antennenglieder am flag. prinunn- Brasilophora margaritata Bücherl., 1939 Weibch. : 42 mil.; Mãnnch.: 38-41 mil. Rúckenschilde dunkeíbraun. nii* rotbraunen mittlercn Lãngsstreifen. Seitenrãnder dunkel. Stigmenplatten rõtlic^*- Hintcre Kõrperrcgion, Sternite und Beine hellgelb. Letztere mit dunklen 388 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 WoLFGANO BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 331 ken. Antennenglieder am flag. prim. lãttgcr ais breit. Nodale und Postnodale gut sichtbar. Flag. prim. beim Weibch. 45, beim Mãnnch. 58 Glieder. (Sielie Fig. 44). Die ersten 8 Glieder mit 1-2 Dõmchen; \on dem Endrande ein Kranz von lãngeren Haaren. 2. Maxilopodenpaar mit einem vielglic-drigem Tarsus. mit Haaren und Cirren besetzt. Coxostemum mit 4 -f- 4 langen Stacheln, von Haarreihen umgeben. Glieder am 1. und 2. Tarsus: Wcibchen : •Mãnnchen: 1. Bcinpaar : 18 + 50 2. •• 15 J- 46 3. •• 16 + 47 4. 13 + 41 5. *• 13 + 48 6. 11 + 43 8. 10. 11. ; 19 -i- 46 15 -1- 34 14 + 37 12 + 37 14+36 11 + 35 13 + 37 l.-ll. Bcinpaar mit je 3 Stacheln am Prãfemur, Femur und Tibia, und mit 2 Tarsalstaclicln. (Siehe Fig. 45). Domen in den Haareihen: auf der Ob;r- und Unterseite: am Prãfemur, Femur und Tibia: Wcibchen : Mãnnchcn : 0 . Bc:n|iaar: — 0 0 0 0 25 0 0 0 0 20 0 b 17 0 0 30 6 0 23 6 0 26 15 0 26 9 C 29 4 0 14 24 0 17 9 1. 0 37 9 6 26 4 0 29 24 í. 0 30 15 • ,'om 6. — 11. Prãfemur des Mãnnchens ist Zahl - 0 konstant. 33.; >(emurias do Instituto Butantan — Tomo XIII Ausserhalb dieser Reihen kommen noch andere Domên vor, die unregel- mãssig 1)ald vor dem Endrande, bald an den Seiten der Glieder steheti. Aut den hinteren Beinen verlieren sich diesc unregeliriãssigen Domen immer mehr. indem sie sich in Reihen ordnen, wobei an der Basis eines jeden ein Haar entspringt. Die Tarsalzapfen der Mãnnchen sind grõsser und zahlreicher alã die der Wcibchen. Die Glieder des 1. Tarsus zeigen ausser den Sohlenhaaren 1-2 Dõrnchen, ausgehend voni 4. Beinpaar, und zwar sind am 1., grõsserem Gliede 2, ani 2. Wcibchen : 1 . Tergit : vorhanden. (Siehe Fig. 45 U.46). 15 18 Dornspitzen auf beiden 8 + 7 ff ff ff 0 auf den Seitenrãndem. 33 + 24 22 -r 12 2 -f 2 17 + 13 15 + 20 7 + 9 Die Zahl der Domen errcicht ihren Stigmenzonen 6. Tergit: ãusserste Grõsse. Auf der Tergitflãche ordnen sich die Dõrnchen in I.ãngsrcih«t- eine breite Mittellinic frei lassend. Stigmenzonen mit 24-31 Dõrnchen. Seitenr?-*’' der mit Dornsãge. Die Domen dichter an der hinteren, seitiichcn Zone. Hier sin^ die Dõrnchen auch grõs.^er. Die beiden Stigmenzonen gelien vorne unmirtelbaf in die Tergitflãche, in die medianen, beiderseitigen Tergitwülste Gber. Das 7. Tergit zeigt die gleiche .-\uei den Wcibchf^’ und dass in denselben Maasse die Haare klciner und spãrlichcr werden. Rcgclmãssigkeit der Domrcihen ist bei ihnen noch hõher. Das Metarthron der weiblichen Gonopoden zeigt die gleiche Grõsse wie 3^* Mesarthron. Dieses ein wcnig lãnger ais das Proarthron. (Siehe Fig- und 48). .\usscnseiten des Pro- und Mesarlhrons fast paralell, nur wenig na^^ 29ü cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 WoLFGAXG BCxherl — : Os Quilopodos do Brasil 333 hinten divergierend. Proarthron mit dorsalen und ventralenMittelnãhten. Vorne 4 Quitinplãttchen jederseits, 2 in der Medíane und 2‘Iaterale. 'Das Unke Proar- thron in das rechte hineingeschoben. Díe Haare auf der Dorsalseite bilden Reihen, wobei die lãngeren in der hinteren medianen Linie licgen und nach vome zu kürzer werden, wãhrend an der Aussenseite die lãngeren Haare vome und die kürzeren hinten sind. Zwischen den inneren und ãusseren Dornen befindet sich eine kahle Flãche. die auch Verhoeff in seiner Monographie erwãhnt. Die Mesarthralbucht ist lãnger ais breit, mit glatten Innenwãnden. wobei ihre Breite gleich der Breite der Basis des MesartJxrons ist. Am Ende des Mesarthrons befinden sich 2 Haarbündel, wobei das ventrale grõsser ist. .A.uf derselben Seitc, nahe dem Ende, befinden sich zwei ganz schwache horizontale Wülste, an denen einige lãngere Haare entspringen. Die Innenrãnder des 3/cf- arihron sind gladt und leicht gebogen. Wcnn Verhoeff in seiner Mono- graphie: — “Kritische Untersuchungen asiatischer Scutigeriden”, die er vor kur- zem vcrõffcntlichte, bemcrkt, er habe an der Basis des Mctarthron eine kleine gebogene Naht. deren Bedeutung nicht zu erkcnnen ist, festgestellt, so kann ich dem hinzufügen, dass cs mir mõglich war, nachden ich verschiedene Gonopoden- prãparate hergestellt, und sie, unter Zusatz von Chemikalien (Zedemôl, etc...) durchsichtig gcmacht hatte. wenigstcns bei einigen Objektcn gcnanntc Naht ais untcre Gclenkgrenze des -l/eí-und Metarthrons zu idcntifiziercn, wobei sowohl das Mes- wie das Mctarthron je eincn Gelenkkopf bilden, die hart nebeneinander licgen. und an ihrer Innenscite ineinandergreifen, so dass die Bcwegung too innen nach aussen crmõglicht wird. (Siche Fig. 49). Brasilophora margaritata Bücherl kommt in São Paulo, in Paraná, bis zur Grenze von Matta Grosso \*or, und bevorzugt die mcnschlichcn Wohnungcn, be- sonders die Küchen primitiver Holzhãuser. Brasilophora paulista Bücherl, 1939 Mãnnchcn: — 23-24; IPcibchen 25 mil. Gelbrõtliche Rückcnplatten, von 2 Lãngsstreifcn durchzogen. Stemite und Antennen hellgclb. Bcine gelbrot mit dunklen Flecken. Antennen: 41 Glieder am dag. prim.. darunter einige ctwas lãnger ais breit, andere so lang wie breit und wieder andere cin wenig breiter ais lang. Auch am flag. set einige Glieder lãnger ais breit. .•\ntennen- glieder mit cinem Kranz von Endhaaren und an den Ecken 2-4 lãngere Borsten, aber keine Dõmchen. ■J'Jl cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 334 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Dõmchen auf den Rückenplatten : 1 . Tergit : Stigmenplatten : 8 + 6 Dõmchen mit Haaren an ihrer Basis ; 13+9 auf der Vorderflãche ; 2 + 4 ” den Seitenrãndern. 2. Tergit: 15 + 12 4. Tergit: 16 + 14. 5. Tergit: 13 + 17. 8 + 8 . 14 + l-l- 6. Tergit: Stigmenzonen in der Vorderflãche übergleitend. 13 + 15 Seitenrãnder mit Dorasãge. 7. Tergit: Mittlere Zone des Tergits mit 2 brciten Lãngswülsten, unmit- telbar in die Stigmenzonen übergehend. Die Dõmchen dieser Platte am grõss- ten und zahireichsten. Auch Haare sind vorhanden. Doriicn in Lãngsreihen geordnet. Dornsãge. 8. Tergit: Einige Dõmchen und Haare auf der Innenflãche. Seitenrãnder noch fast domgcsãgt. Hinterrand zwcibogig. Tarsalartikel : 1 . Beinpaar : 2 . 4 + 38: 3. Beinpaar: 12 + 38; 5. 15 + 39; 4. ” 12 + 36. Beinpaar : 10 + 37 : Das Prãfemur und die Tibia der ersten 6 Beinpaare zcigen Haareihen von grosser Regelmãssigkeit, aber keine Dõmchen. \'om 4. Beinpaar an einige unrcgeiinãssige, winzige Dõmchen an der Vorderfront der Endzone des Prâfe- murs. Tarsalzapfen nur am 2. Tarsus einiger vorderer Beine. In kleincr .Anzahl und alie gleich gross und gebogen. Domreihen an der Ober-und Unterseite des Femurs: 17 0 20 12 17 1 . Beinpaar : 2. Beinpaar: 3. Beinpaar: 8 292 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 WoLFGANG BCcheri. — Os Quilop>odos do Brasil 335 17 5. Beinpaar: 6. Beinpaar : 18 Stacheln am Prãfcmur, Femur, Tibia u. Tarsus der Beinpaare 1 — 6: 3 + 2 — 3 + 3 + 0 — 2. Weibliche Gonopodeni Sehr ãhnlich denen von inargaritata, aber noch lãnger und schmãler. Besonders die Metarihralanhãnge sind sehr krãftig und auf ihrer Dorsalflãche unbchaart. Inncnrãnder glatt. Ausscnrãndcr des Pro- und Mesarthrons von hinten nacli vome divergierend. Am Proarthron seitiichc Haarrcihen. Dancben cine haarfreie vertíeftc Einbuchtung. Mesarthralbucht 2 mal lãnger ais breit, mit leicht geschwungcnen glatten Innenrãndern. Die 2 Haarbün- del \\-ic bei tnargaritata. Von dieser unterscheidet sich paulisía, durch die wcniger langcn Antennengliedcr, an deren auch di« Dõmchen fchlcn; durch die geringere Anzahl der Tarsalglieder, besonders des 2. Tarsus: durch die lãngeren und *chmãlertn weiblichen Gonopoden. Geographisch Arrteilt sich BrasHophora paulista wie die vorige Art. Jest sie im Hinterlande des Staates São Paulos, in der Araraquarensesonc am hàufigsten. Auch sie kommt in den Stãdten vor, und wird wohl von da ins Hin- lerland vorgedrungen sein. Die Mãnnchen sind ctwas kleinor ais dic weilx:hen. Ihre Farbc spiclt mchr •ns Gell^rüne über. Zwei Mãnnchen, die an Orten gefunden wurden, zwischen denen hunderte von Kilometer liegen, zeigcn doch eine so grosse übcreinstimmung •n der Zahl ihrer Tarsalglieder, dass ich nicht umhin kann, zumal da Verhoeff Slaubt. auch dieses QTarakteristikum sei zu sehr s^ariierend. um mit Sicherheit *Ur Systematik Venvendung finden zu kõnnen, die Formei ihrer Tarsalglieder ^>icr aufzuführen: Mãnnchen aus São Paulo; Mãnnchen aus der Zone von Araraquara: Glieder am 1. u. 2. Tarsus. 2. Beinpaar: 13 + 34 13 + 34 3. " : 11+30 11+30 4. ” : 9 + 28 9 + 29 5. " : 8+28 8 + 29 7. ” : 8 + 27 8 + 26. In allen anderen Beinen ist die Gliedcrzahl am 1. Tarsus beider konstant 8, "^àhrend sich die des 2. Tarsus gradativ von vorne nach hinten TCniiehren. Auch 293 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 336 4 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIIÍ die Domenanzahl in den Haareihen der Extremitãtenartikel zcigt grõsste Ha- monie. Scutigerinae: Brasiloscutigera Bücherl, 1939 Flag. prim. 110-125 Glieder; alle 2-3 mal breiter ais lang. Vordere Rücken- platten mit Dornspitzen und grõsseren Haaren. Keine kleineren Haare daz\vi- schcn. V'om. 4. Tergit an übergang der Donrspitzen in richtige kleine Dornca- Seiteniãnderdomen in geringer Anzahí. 1. Beinpaar mit 2 Tarsalspomen. Dic ersten beiden Beinpaare mit 2 Tibialspomcn : alle anderen, wic auch Prãfemuf und Femur mit 3. Tarsalzapfcn sehr gross: 9-15 am 2. Tarsiis der vorderen 7 Beinpaare. 1. Beinpaar mil 15 -f 37 Tarsalanikel 2. " '•13-1-34 3. - " 15 -f 34 4. " 11 -f 36 5. " " 10 -f 42 \\'cibliche Gonopoden sehr stark nach hinten divergierend. MesarthralbucM kurz, aber sehr weit, breiter noch ais die Basis des Mesarthrons. Meiarthron von gleicher Lãnge wie das Proarthron. Das ncuc Genus nãhert sich Balloncnut Verhoeff sehr. unterscheidet sich jedoch von ihm 1. durch das Vorhandcnsein von richtigen Domen (nicht Dornspitzen) auf den hinteren Rückenplatten ; 2 durch die beiden Tarsalspome am 1. Beinpaar; 3. durch die geringe Anzahl von Tarsalzapfen. die schon vom 7. Beinpaar an allmãhlich verschwinden. Das neus Genus unterscheidet sich auch von Parascutigera Verhoeff, md dem es im Aügemeinen auch einige Ahnlichkeiten hat, einmal durch das Vor- handensein von Tarsalspomen. die bei Parascutigera durchgehend fehlen ; durch die Drcizahl der Tibialspome an den Beinpaaren 3-9. w.ãhrend Parascutigera aO genannten Extremitãten nur 2 Spome aufweist. Die Gonopoden von Ballonema und Paraseutigera sind mir leider unbckannt. so dass ich gerade betrcffs dieses entscheidenden Merkmals keine unterschied- lichen Bezeichnungen angeben kann. Das neue Genus ist im Süden Brasiliens aiuutreffcn und scheint da ‘hií Hochplateaux von Rio Grande do ^ul vorzuziehen. Wie weit sein eigentliches Verbreitungsgebiet, wie auch das der oben beschricbenen .Arten, geht, ist dem restrikten Material nicht festzulegen. 294 WoLFCAXC BCxherl — Os Quilopodos do Brasil 337 .(■ . Brasiloscutigera viridis BCciierl, 1939 Mánnchen 20-23; IFeibclicn 22-26 mil. Rücken und Scitcn hcller oder dunkler grün schimmemd. Der grüne Farbton leicht geblasst. auch an frisclK*n Tieren. Bauchseíte gelb mit grünlichem Schimmer. Ebenso die Bcine, dcren Tibicn und Tarsen jedoch vollstãndig gelb sind. Aiilcnncn sehr lar.g, mit gui ichtbaren Nodalc und Posinodalc. 114 Glieder am flag. prim.. Einigc Glieder ganz extrem kurz, so dass sie den Eindruck eincs Ringcs hinterlassen. Am End- rande ain Kranz lãngerer Haare und dazwischen einige Borsten. Donien nichí vorlianden. Beinpaar : 15 -f- 37 Tarsalzapícn: 7 Dic ♦rsten 5 Beinpaare 13 -i- 34 *• 8 nur Haarrcihn. aber keine 15 H- 34 9 IXimcn. 0 0 8 11-1-36 - 9 6. I^inpaar: — — 0 8 14 0 4 17 10 -f 42 9 0 10 14 -•\n einigen vordcren Bcinen cinigc vcrstrcute Dõmchcn. Tcrgit: 12 feinc Domspitzen, sonst vollstãndig kahi. 01>erílãchc grob gekõrnt. Tcrgit: ungefãhr 30 Domspitzen. .-\n den Scitcnrãndern cb nfalls einigc Domspitzen. Tergit: Die Domispitzen sind schon grõsser ais aut den vorigcn Tcrgiten und ordnen sich allmãlilich zu I.ãngsrcihcn. Tergit: 25 Domen an den Seitcnrãndcm ; 30 Dorntn auf der Rückcnflã- che in I..ãngsreihcn gcordnet und mit einem Haar an ihrer Ba- sis. Ausserdem sind noch unregelmãssig vcrstrcute ITaare vor- handcn. .Auf den Stigmenzoren 6 Dõmclien jcdcrscits. Tergit: 14-}- 15 Dõmchcn an den Seitenrãndern : 15-1-13 Dõmclien auf der FlãclK; 5 -|- 4 Dõrnchen auf den Stigmenzoncn. Tergit: etAvas breiter ais lang, mit leicht geschwungcncn und nacli hinten konvergierenden Rãndem. Endrand síumpf, gcrundet, mit leich- tem Mitteleindruck. 12 Dõrnchen auf der Flãche; 4-f4 Dõm- chen an jedem Seitenrande. 295 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 338 Memórias do Instituto Butantan Tomo XIII Weibliche Gonopodcn ein wenig lãnger ais breit, mit stark nach hinten divcrgierenden Aussenseiten. Mesarthrdbucht sehr weit und kurz. (Siehe Fig. 50). Auf der \'’entralseite des Proarthrons 7-5 lãngere Borstcn am Aussenrande jcdcr Seite und 14-15 in der Mediane. Daneben eine kleine Lãngsdepression. MeMrthron am Gninde fast so breit wie die Innenbucht. Vorderrand der Bucht dreicckig, leicht geschwungen. Auf der Dorsalseite zahlreichere Borstcn ais auf der Ventralscite (Siehe Fig. 50 u. 51). Metarthron mit seiner Basis dicht an das Mesarthron herangerückt, so dass seine Bcweglichkeit eine sehr verminderte ist. Auf der Ventralscite ist das Metarthron glatt und borstenlos, mit Ausnalime von 2-5 Borstcn vor seinem Endrandc. .Auf der Dorsalseite dagegeo sieht man eine Borstenlãngsrcihc, welchc bis ganz nach hinten reicht. Innenrand des Metarthrons glatt. Erst bei 100-facher \'ergrõsserurg kann nun tine ãusserst feine Kerbung beoíxichten. Brasiloscutigera unterscheidct sich von lírasilophora durch die .-\nzahl. Form und Lãngc der .Antcnncnglicder und die Gonopodcn. II. Bemerkungen iiber Scolopendra viridicornis .-\uf Grund morphologisch-biomctrischcr und farblicher ranationen durch die goegraphische .Ausdchnung der ncutropischen Zonc mit ihren ver- schiedenen Klimaten, mit streng ariden Gegcnden einerseits (Chaco, Ceara, Matto Grosso), mit fcuchtwarmen Flussniederungcn (.Amazonas, São Francis* co), mit ihren Hõhcnlagen andererseits (Itatiaya c Roroima 3000 m.) sehc mich gczvvungen, die Scolopendra viridicornis, die wohl die hãufigste und I)" pische Skolopendraar: Süda.mcrikas darstellt, indem sic in allen obengenannteu Zonen erscheint, in 2 Unterarten einzuteilcn, und zwar in: 1. Scolopendra znridicornis nigra. n. subsp., 1939 und 2. Scolopendra znridicornis zdridicornis, n. subsp., 1939. Scolop. viridicornis nigra, n. subsp. Tergitc dunkel. fast schwarz bis tief- schwarz mit mattem rot-grünlichem Glanz. N*ur selten Endrãnder grünlich. Kopf, erstes und letztes Kõrperscgment rot, grell vom übrigcn Kõrpcr. abstechend. Minnch. 10 — 15 cm. Weibch. 11 — 17 cm. I.etzter Tergit und Prãfemur rauh. Episcutalfurchen schwach bis fast unkcnntlich. etwas stãrkcr in der hinteren Hãlfte des Tergites. Scolop, virid. viridicornis, n. subs- Tergite rot-braun mit grünen, grauen edef blauen Endrãndem. Kopf, erstes und letr** Kõrpersegmcnt rõtlich, vom übrigen Kõrp*^ nkht sehr abstechend. Minnch. 14 — 17 cm. Weibch. 15 19 cm. Letzter Tergit und Prãfenmr Episcutalfurchen normal, gut sichtbar. einigen Tergiten ist auch eine kleine Mitteifurche hinten ausgeprãgt. 296 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 WoLFGAXG BCxhebl — Os Quilopodos do Brasil 339 Stemite mit gut ausgepràgten Lãngsfurchen, dic Ton Rand ru Rand laufen. Antenncn 17 Artikel. 3. 1/3 ohne Haare. Seitliche Berandung der Tergite vom 3. an bcginnend. Leutes Tergit mit gut entwickcitem Me- diankiel, der den Hinterrand bet weitem nicht erreicht Vor dicsem ein seichter Medianeindruck. Mediankiel vome viel breiter ais hinten. Zu seincn beiden Seiten viele kleine Hõckerchen. Manchmal An- deutungcn cincr ãusserst zarten Furche in der Mitte des Kieles. vorne stãrker, nach bintcn schwãcher werdend. Atn letzten Prãfemur 12 — 17 Domen, in ordnungsloser Verteilung. Habitat: — S. Paulo, Minas, Matto Grosso; Lãngsfurchen der Stemite breit, oft vor dem Hinterrande auslaufend. Antcnnen wie bei nigra, nur stãrker imd lãnger. Seitliche Berandung vom 3. — 5. an beginnend. Mediankicl des letzten Tergites erst dichl vor dera Hinterrande abschliessend. Der Kie! selber sehr schwstch und fetn am Anfang; in der Mitte allmãhlich erstar- kend; in seiner letzten Hãiftc dic grõsste Brrite erreichend und oral abschliessend. In dieser Verbreiterung eine kurze, tiefe Furchc, dic nach vome ausiãuft, ohne jedoch den dünnen Teil des Kieles zu errcichen. Keinc Hõckerchen. Die Domen am letzten Prãfemur meist geordnet, und zwar 6 untere in 3 Rcihen, 1 medialer und 3 anf der oberen intemen Seite. Habitat: — õstliche Siaaten Brasiliens, vom Xorden bis zura Süden, und Randgcbiete des Hintcr landes. Beide Unterarten liegen mir in mehr ais 40 Exeraplaren vor, imd konnte ersehen dass sie teilweisc nebeneinander vorkommen. III. \’^ERHOEFFS neue Otostixminenuntergattungen Verhoeff, in eincr Monographie aiis dem Jahre 1937, macht sehr trcffcnd den Versuch, das Genus Otostigmus in Untergenera cinzuícilen. .^uf Grund Oieiner morphologi.«chen üntersuchungen sehliesse ich mich scincr meisterhaften Und übcrsichtlichen Neuordnung nicht nur nicht an, sondem sehc mich aucli gezwungen, seinem Schlüsscl eine neue Unlergaítung, dic ich in einem .Aufsatz, der 1939 in der Revnsta de Biologia und Hygicne, São Paulo, crschiencn ist. ÍJeschriebcn habe, anzufügen: Subgenus: Coxopleurotostigmus Bücherl, 1939. “Das letzte Kõrpersegmcnt des Mãnncliens mit langen, {ingcrfõrmigcn I^ortsatz. Coxopleurien mit langem, leicht einwãrtsgekrümmten cinspitzigcn I^ortsatz, ohne Domspitzen am Ende”. 297 cm 10 11 12 13 14 15 16 340 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII < Otostigmus (C) Cavalcanti Blcherl, 1939. Lãngc 36-45 mil. Grün bis metalliscliblau, leicht glãnzcnd oder riet dun- kelgrün. Stemite und Beine dunkelgelb; Beine mit hellen Punkten. Amenncn mit 18 Gliedern, davon 2j/$ unbehaart, die übrigen gleidiniãssig goldgclb be- baart. Coxostemum nrit 5 + 5 — 4 + 5 Zãhnen, teilweise an ihrer Basis ver- wachsen. Basilarfurcben deutlich, einen Winkel von 160'’ bilden ; an ihrer Spitzse eine giit sichtbare, kurzc Medi^furche. Episkiitalfurchen voni 5.-6. Tergit an. In ihrer Mitte oft eine Lãngsdcpression, die sich stellenweise in einen leicht crbabenen Wulst verwandelt. Xur 21. Tergit gerandct: einige vordere md Scheinrãndem. Letztes Tergit des Mãnnchens mit fingerfôrmigen Fortsatz, der lãnger ist ais das Tergit selbst und auch lãnger ais der von O. coudatus BroI- (Siehe Fig. 53, 2-3). Die Spitze des Fortsaizes seitlich zusammengepresst, md 2 làngsovalen Grübchcn mit langen, roten Haaren. Beim Wcibchcn ist def Hinterrand des letzten Tergits normal, leicht spitz vorgewõlbt. Stemite ganí glatt, ohne Furchen und Eindrücke. Endstemit des Mãnnchens mit geradem Hinterrand; davor, in der Mitte eine kleinc, dreieckigc Einbuchtung. Coxo* pleurien des Mãnnchens mit langen dünnen, cinwãrtsgckrümmten. Fortsat*! ohne Dornspitzen an scinem Hinterrande und ohne Dõrnchen an den Seiten und am Rade der Pleuricnfurchc. Beim Weibchen Koxopleurien normal, hõchs* tens mit kurzer, dicker Ausbuchtung am Ende. Letztes Prãfemur dorncnloi* .Mie Endkrallen mit 2 Nebenkrallen. 1. Beinpaar mit Femuralspom: 1.-4. nid Tibialspom; 1.-16. mit 2 Tarsalspomen von gleicher I.ãnge; 17.-20. mit ^ Tarsalspom. (Staat São Paulo und Sta. Catharina. in 800 m. Hòhe). 4. Subgenus: Androtostigmus Verh.. 1937. Das neue Subgenus cnthãlt nur 2 .Arten. scabrícauda und dewclloi. serdem pflichte ich Verhoeff bei, dass "rcx” lediglich das Weibchen von hricauda sei. Scine aufgcstellte Tabelle über den Dimorphismus zwisched Mãnnchen und Weibchen von demelloi (Monographie, 1937) kann ich indessfd nicht bestãtigen. Xachdem eine grosse Serie von Mãnnchen und Weibchen, scabrícauda sowohl wie auch von demelloi, von mir untersucht wurde. inusst* ich feststellcn, dass der einzige Geschlechtsunterschied, ausser den Genital anhãgen. nur im mãnnlichcn Prfcmuranhang besteht. Auch die Wcibch^ haben einen Tarsalspom am 20. Beinpaar; auch ihre Tergite liaben Knõtchcn* Runzeln und Kiele, und zwar oft viel stãrker ais Dies bei den Mãnnchen 2118 WoLFGANG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 341 Fali ist. Ebenso haben die Weibchcn auch an den vorderen Tergiten Scheinrãn- der und tiefe Gruben an den Stemiten. Ich habe in der ganzen Otostigminen- kollektion des Institutes Butantan kein einziges Weibchcn gefundcn, an welchem Verhoeffs Diagnostica zutreffen würden. Aufrichtig freut es mich, dass Verhoeff ais vorsichtiger Wissenschaftler hl cinem Nachsatz schreibt: "Er müsse das wertvolle Material schoncnd be- handeln, und deshalb gelte das übcr die Geschlechtsunterschiede von demelloi íicsagte nur ais wahrscheinlich, nicht ais absolut siclier”. Des Weitcren \\’ar es oiir mõglich, eine Serie von scabricauda und demelloi niorphologisch verglei- chend zu untersuchen, und zwar stamnit das Material aus allen Staaten Süd- hrasiliens (São Paulo, Rio, Goyaz, Matto Grosso, Minas), also von ganz ver- *chiedenen Biotopen, von arid-trockenen Zonen, wie aus den rcgenreichen, bis 1000 m. hohen Bergen des õstlichen, brasilianisclien Randgebirges (Alto da Serra), und konnte dabei feststellen, dass die 2 Artcn, sowohl ein gemeinsames Habitat bcsitzen, ais auch weitgehensí ineinander überspielen. Xur die Farbe 'st bei demelloi konstant rnetallisch violett, mit rosaroten Beincn. wãhrcnd sic hei scabricauda mehr ins GnÃnliche bis hellgrün, niit gelbcn Beinen und Stemiten fibergeht. Die grüne Farbe ist ziemlich alkoholkonstant, wãhrend die violeltc, *uch in dunklcn Glãsern und in dunklem Raume sc^Ieich diffundiert und sogar die enclo-esqucletalen dorso-latcralen Muskclbindcl fàrbt. Auch der wcitere P^osse Untcrschied, der kurze Endprãfcniuranhang des Mãnnchens von scabri- ^auda und der langc Anhang von dcuulloi (lãnger ais das Prãfemur) sind niclil *llau schwcrssnegcnd ; denn ich konnte Mãnnchcn von scabricauda untersuchen, 'l^Tcn Prãfcmuranhang fast so lang oder sogar etwas lãngcr ist ais das Prãfemur. diesem Zusanimenhangc drãngt sich mir die Cberzcugung auf, dass scabri- ^uda in den Schlüsseln ziemlich unvollstãndig beschricben worden ist; dass '''ír aliem nicht gcnügend Exemplarc den Wissenschaftlcrn zur \’crfügung ***nden. Ich mõdite mir daher gestatten, meine Befunde, soweit sie nicht in Ax- Schlüssel berücksichtigt wurden, hicr niederzulegen. Otostigmus (A) scabricauda Humb & Saus., 1870 4 4-4 und manchmal 4 4-5 Kieferfusszãhne, davon entweder die beiden ***^ialen grõsser und ven^achscn, oder alie 4 ziemlich glcich gross; der ãussere, 'íferale immer etwas isoliert. Oder es bestcht ein Z\vischenraum, der die 2 ***^ialen und die 2 lateralen Zàhne jeder Platte trennt. Vor den Záhnen eine krãftige Borste, die bald in ciner lãngsovalen Grube, bald auf cinem *hõhten Knõtchcn entspringt. Grundfirchen sehr krãftig, davon eine kurze. 290 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 342 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII abcr gut sichtbare Medianfurche. Die Grundfurchen setzen sich noch ein Stück in kurze Seitcnfurchen fort, die am Prãfemurrande auslaufen. Der Madiankiel der Tei^ite ist bald hõher, bald seichter. Auf dem letzterti Tergit bricht cr in der Mhte ab und geht in eine rinnenfõrmige Vertieíung über. die am Endrandc am stãrksten ist, so dass die beiden hinteren Kinder von deÇ Mitte aus aufgeworfen crscheincn. Stemite mit grosscm, dreieckigem Median- eindruck, dessen vordere Zone oft eine klcine, grubenfõrmige Vertieíung aufweist, die sich regdmãssig aut allen Stemiten wiedcrholt. 3 Grübchen vor dem Hintcrrandc. oft ineinanderfliessend. Die 2 Vorderrandgruben in AtteMS Schlüssel oft nicht vorhanden. Coxoplcurienfortsatz ziemlich vorgezogen. da.' Stcmit wei übcrragcnd, aber am Ende dick und rund. Unbedomt. Manchmal an der Innenseite der Coxopleurenenden noch ein kleiner konischer Ansatz. der nur wenig hervorragt. Prãfemuranhang kürzer bis gleichlang mit dem Prãfemur ; an seinem Erde von unten nach oben zusammengedrückt (also nicht so, wie e® Fig. 191 au< Attems Schlüssel zeigt), und mit einem rotgclbem Haarschopf verschen. Der Anhang ist an seinem Grunde verdünnt, und nicht so nahe at" Tergit mit dem Prãfemur vcrsvachsen, ^vie man nach Fig. 191 aus /ítteMS Schússcl meinen kõnnte, sondem ein gutes Stück dahinter. An der Verwachs* ungstelle ist eine deutliche Gelenkhaut sichtbar. Die ganzen Endbeinc, wie auch ein Teil der hinteren Seitencxtremitãten und der Prãfemuranhang sind bedeckt von kurzen. konischen Zãpfchen, dic durchsichtig sind und oft in ein dünnes Haar endigen. Feine Hãrchen liegt® auch zwischen den Zãpfchen. Auch an demelloi bemerkt man am Inncnrand dft Tibia ein ziemlich umfangreiches Porcnfeld, das jedoch nicht immer in cinff Vertieíung liegt, wie Verhoeff meint. sondem meistens sogar auf einer klcine*' Erhõhung. Am ersten Beinpaar beobachtet man 1 kleinen Spom am Ende des Fentur» und der Tibia. Meistens hat nur dieses Paar 2 Tarsalspome. Das 20. Beinpa**^ besitzt immer einen Tarsalspom. Im übrigen stimmt alies mit .Attems Schlüssel überein. Wenn ich nu Verhoeff neue Art. O. (A) detnclloi der scabricauda genüberstelle, so sche ich, ausser der allerdings sehr abweichenden Farbc, keine weiteren Anhaltspunkte, einschliesslich des Prãfemuranhangs und der kürzere** Coxopleuricnfortsãtze, diese Art von der anderen abzutrennen. und mõchtc daher ais Varictas demelloi Verhoeff ansehen. Demelloi ist nach meinen Befunden krãftiger und auch lãnger ais scai'^' cauda. Sie ist hãufiger in Brasilien ais scabricauda. Ihre Wcibchen untcrschcid^ sich in nichts von den Mãnnchen, ausser dem fehlendcn Prãfemuranhang. 300 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 WoLFGAXG BCcherl — Os QuHopodos do Biasil 343 Ais neue V^ietãt ist demeUoi Verh. unbedingt anzusehcn, das beweist •schon die grosse Farbkonstanz. In hiesiger Kollektion befinden sich Tierc aus en übcrhaupt zu tun haben, mit Vertretem also, die liinrcichcnd Zeit hatten, ihrcn Kõrper nior- phologisch wcitgehcnst umzugc.stalten und sekundãren «cxucllcn Dimorphismus auszubilden, was bei philogcnctisch jungen Formen kauni der Fali .-cin dürfte. Vielleicht wird cs niir mc^lich sein, darüber im I.-aufe der Zcit an au.sgiebigc- rem Material weitere Beobachtungen anzustcllcn. Otostigmus (P) longipes BCcherl. 1939. O. (P) longipes BCcherl in Revista de Biologia e Hygiene, São Paulo, 1939 50-53 mm Mãnnchen und Wcibchcn. 01i\-grün bis gelbgrün. Bauchseite und Bcine gelb. Glãnzend. Kopf so breit wic lang, mit weit gefurchter Stime, fast frei an den ersten Kõrperschild stossend. Kõrper nach liinten zu an Grõsse zunchmend, so dass er am 18. Segment die hõchste Dickc erreicht. Die letztcn 3 Beinpaare sehr lang, 2-2 mal lãngcr ais die vorlicrgehenden. (Siehe Fig. .56. III). Antcnnen den 4. Rückcnschild überragend. 17 Glieder, davon 2 2/3 unbehaart. 4 -f- 4 Kitfcrfusshüftzãhne. Zahnreihe mit einer mitticrcn Lakune, durch die die Borste hindurchragt, welche in einer Vertiefung jeder Zahnplatte entspringt. (Siehe Fig. 56, 1). Gmndfurclien sehr deutlich. seitiich im Co- xosternum auslaufend. In der Ebene eine kurze Medianfurche, sich vome leicht teilend. Hinter ihr ein kleines ovales Grübchen. Prãfemurfortsatz mit 2-i Qiitinhõckerchen. 3.. 4. und 5. Tergit mit kurzen Furchen voine und hinten; 303 340 Mtrmurias do Instituto Biitantan Tomo XIII 6.-20. mit durchgehemlen Episkutalíurchen. \'om 4. Segment an ein schwachcr Mediankiel des Endscgmentes extrcm kurz, dahinter einc Depression, die sich in einc Furche verlãngert, die den Endrand erreicht. Vom 3. Segment an Scheinfurchen ; nur das letzte Tergit mit richtigen Seitenfurchen. Auf den letzten Segmenten feine Kõmelung in mehreren l^ngsreihen, aber ãussersí schwadi. Sonst ganze Rückenflãche glatt und glãrzend. . Stemite mit tiefer ninder Mediangrabe, die nach hinten zu allmãhlich schwãcher wird. Vor dem Hinterrande 3 seichte Depressionen, oft in eine einzige zusammenfliessend. (Siehe Fig. 56. II.). Letztes Stemit lãnger al.s breit, mit nach hinten konvergierenden Seitcnrãndern und geradem Endrande. Porenfeld gross, mit gereihtem Porensieb. Porenrand geschwungcn, fast den Tergitrand berührend. Ganz kurze. unbedomte, abgerundete Fortsãtze. Erstes Beinpaar mit 1 Femural — ur.d 1 Tibialsporn. 1-3. Beinpaar mit 2; 4-20, mit eincm Tarsalspom. São Paulo. Zu Otostigmus (P) limbatus Mein'.. 1886. mõchtc ich bemerkcn, dass mir mchrerc Excmplare, Mãnnchcn wie WcÜKhen, \-orliegen, dic zwv in Grõsse. Farbe, .-\ntcnncn- und Coxosternumhildung mit limbalus übcreinstimmen, auch das gleichc Habitat mit diescm haben, aber dcnnoch in wesentlichcn Punkten von diesem abweichen, wie das Vorhandcnsein von 1 Spom am Femur und an der Tibia des ersten Beinpaares; durch das Vorhandcnsein von 2 Tarsalspomen an den ersten 3 Extremitãtcnpaaren ; durch dic kürzeren Langsfurchen auf den letzten Stemitcn, wo sie nur mehr bis zur Hãlfte reichen, um auf dem 19. und 20. vollstãndig zu vcrschwirden ; schliesslich noch durch das zuweilen vollstãndige Fchlen der bciden Stemitgruben, oder. falis diese vorlianden, durch ihr Verschmelzcn zu einer flachen Grubc, die ãusscrst schv.ach ist. Diese neuen Charakteristika zwingen mich, alle diese Excmplare in einc neuc Unterart einzureihen, nãmlich. Otostigmus (P) limbatus, n. subsp. Otostigmus (P) kretzii Bücherl, 1939. O. (P) krctsii in “Revista de Biologia e Hygicne”, São Paulo, 1939. 33 mm. Olh-grün, mit mattem Glanze. Stemite und Beine gelb. Unterscite des Kopfes schwãrzlich. Kopfschild ein wcnig breitcr ais lang. Das letzte der 304 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 WoLFGANo BCcuerl — Os Quilopodos do Brasil 347 4 Augcn sehr gross. Antennen 17-18 gliedrig, oft am selben Tier, 2. Gnmd- glieder vollstãndig kahl, wenn auch mit vereinzelten lãngeren Haaren besetzt; das 3. und 4. Glied au£ der Dorsalflãche unbchaart. Alie anderen Glíeder mit kurzen Haaren bcdeckt, die sich an den Endgliedem in Reihcn ordncn. 3-4 Gnindglieder oft sehr dick. 2., 4., 6., 9., 11., 13., 15., 17 und 19. Tergit schmãler ais die anderen, wobei die Verschmãlerung, im Gegensatz zu den anderen Scolopcndromorphcn, nach hinten zunimmt. Zahnplatten breiter ais lang, mit 5 krãftigen, zugespitzten Zãhnen jederseits. Inmitten jeder Zahnplatte, in eincr runden Grubc, eine zarte Borste. Gnmdfurchen einen sehr stumpfen Winkel bildend. \’ome am Coxo- stemum eine kurze Medianfurche. (Siehc Fig. 57, 1). Prãfemurfortsatz krãf- tig, mit 3 zahnartigen Chitinplatten. Episkutalfurchen auf dem 6.-8. Tergit beginnend. Keine Seitenrãnder. Zwischen den Furchen ein Icichter schmãler Medianeindruck. Ohne Kiele, oder Domen; a,uf einigen Tergiten eine wcisse Mittellinie. Sonst ist die Oberflãclie vollstãndig glatt und glãnzend. Nur das letzte Tergit mit Scitenrãndem, aber ebenfalls ohne Furchen oder Kiele. Hin- terrãndcr einen stumpfen Winkel bilden. Stemite mit kurzen Furchen auf dem Vorderrande. Im übrigen glatt und glãnzend. nur einige ctwas eingcbuchtet. Letztes Stemit manchmal ganz glatt, manchmal mit Icichtem Medianeindruck oder mit Mcdianwulst (Siche Fig. 57, 2). Coxopleurcn ein wenig vorgezogen, domenlos. Poren wcnig zahlreich, aber gross, und fast bis an den Tergitrand reichend. 1-16 Beinpaar mit 2; 17. - 20. mit 1 Tarsalsporn; 1. und 2. mit 1 Tibial-, 1. mit 1 Femuralspom. Otostigmus krelsii ersdieint auf dtn ersten Blick ais weitgehend mit iwrmis übereinstimmend. Zum Mindesten sind beide Arten nahe verwandt. Die Unterschiede zwi- schen beiden sind gross: — keine falschen Seitenrãnder; keine HõckerclKn, noch Kielstreifen auf den letzten Segmenten, weder bei Mãnnchcn noch bei Weibchen ; kein Mediankiel ; verschiedene Bespomung am Femur und an der Tibia der ersten beiden Beinpaare:- bei kretzii. Die neue .-\rt scheint gebirgige, be^valdete Hõhenlagen sandigen, trockenen, Gegenden etschieden vorzuziehen, und hat ihr Habitat von Rio bis Paraná, aiso in den südõstlichen Randstaaten der brasilianischen Union. Otostigmus (P) casus Cuamb. ist kaum von weiblichen Jugendformcn der Arten scabrícauda und demclloi zu unterscheiden. Der einzige Unterschied wãre vielleicht da,s Vorhandcnsein von kurzen Stenutfurchen. Aber ich konnte dieselben, wenn auch sehr undeutlich. 305 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 i 348 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII bei den beiden genannten Arten antreffen. Ich bege also Zwcifel, ob O. casus nicht mit Jugendstadien der Weíbchen, besondcrs von scaltrkisuda, identisch sei. Mein Zweifel wird noch durch die Tatsache bckrãftigt, dass ich õfters Otostig- miiienmaterial aus Matto Grosso erhalten babe, und dabei immer scabricauda und dcmelloi, aber nicnials coiítr antraf. IV. Neue Studien am Qenus: Rhysida: Genus : Rhysida. Nachdem ich cine Reihe von makroskopischen Prãparaten, hauptsãchlich der Kopfteile, ciner Spezicnserie dieses Genus hergestellt hatte, konnte ich cinig neue Tatsa,chen feststellen, die morphologisch- physiologisch sicher nicht unin- teressant sind und des Interesses nicht cntbehren dürften. Bi Rhysida brasilicnsis existiercn zwischen den kurzcn, gleichmãssigen, gold- geibcn Haaren lange reich^-erzweigte Geruchshaare. Sie sind oft lãnger ais da< Glicd, aus dem sie entspringen (Sichc Fig. 52), sind cntweder dickcr an ihrer Basis oder an ihrem Ende; kürzer und gcstreckt oder lang und gewunden. Dic feinen Haarverzweigungen sind entweder nach aussen oder nach innen gerichtct. Sie konunen sclbst auf den unbehaarten Grundglicdern vor, sind jedoch zahlrei- chcr an den Terminalgliedem der beiden Antcnncn. Ganz ãhnliche Gebilde fand ich an den Mandibcln %'or, und zw"ar unter dca Zahnreihen, die übrigens doppelt und dreifach sein kõnnen, immer eine Reihe hinter der anderen; dann über die scitlichcn Borstenreihen hinausragend und vor dieser, so dass die Mandibcln. neben ihrer Aufgal)c ais Zerkleinerungswerk- zeuge, auch Sitz des Geruchs-und Geschmackssinncs sind. Der Hauptpleurit der Ventralseite des Kopfschildes ist sehr lang und krãftig* der innen gelegene Stützpleurit dagegen viel schmãler und schwãcher. Rhysida celeris Humb. & Saus., 1870 Bei den meisten Tergiten fand ich keine Schcinrãnder an den Seiten Die Farbc geht auch mehr ins braun-rote über. wúhrend die Beinc blãulieh sind. Die Stemitfurchen sind kurz, und auch am Hinterrand des Stemites sicht- bar. Die crsten 4 Beinpaare mit Tibialsporn. das 1. Bcinpaar ausserdem nu' 1 Femuralspom. São Paulo, Matto Grosso. 306 WoLFOAXG Bücherl — Os Quilopodos do Brasil 349 Rhysida nuda nuda Newp., 1845. In Attews Schiüssel scheint mir die Bcschreibung dieser, im südlichen Bra- silien (Rosário, Rio Grande do Sul) ztemlich hãufig angetroífcnen Art. weií- gehenst unvollstãndig. So fand ich durchgehend bei den mir vorliegendcn Elxemplaren den Kopíschild und die bciden Ictzten Kõrpersegmente rõtlich, zicm- lich von der obigen oli^-grünen Fãrbung abweicliend. Die Stemitfurchcn fchlcn manchmal vollstãndig. Die EpiskutaUurdicn vcrschwinden bereits auí dtm 19. Tcrgit. Die ersten 1-4 oder 1-5 Bcinpaare zeigcn 1 Tibialspom, und das crstc Paar 1 Femuralspom. Wenn diese Charakteristika ausrcichend sind. und wenn «lie Beschreibung im Sclilüsscl zutreffcnd ist, dann glaubc ich, cine rteiic Subspccifs aufstcllen zu kõnnen, für die ich den Namcn Rhysida nuda riograndensis, n. sul)sp.. da sie in Rio Grande do Sul am hãufigsten anzutreffen ist, vorschlagen niõchtc. Rhysida brasiliensis Kkpln., 1903. Ausser den morphologischen Eigenschaíten, die im Schlüsscl angcgcben sind, niõchte ich noch folgende envãhnen: die Grõssc des Ticresschwankt ziA-ischen 7 und 12 t' tellinie der Hüften em grosser. runder Eindruck. Coxostemumvorderrand gerade. Tergite nur mit kurzen Furchen \’or dem Hinterrand. Vom 7. - 10. an ãusserst schwache Seitenrãnder. Diese sehr stark auf dem 21. Tergit. und hinten kurz spitzig ausgezogen. Hinterrand zweibogig, mit seichter, kurzer Medianfurchc. Stemite zerstreut behaart, mit schwachen, kurzen Furchen am Vorderrand und mit 2 Querreihen von je 3 rundlichen Depressionen, von denen dic beiden mittleren die schwãchsten, die beiden hinteren seitlichen bei weitem dic stãrkstn sind. Ltztes Sternit mit seichter Medianfurche. Coxopleurenan* hang wie bei Rh. brasilicnsis. Hintere Porenfeldíurche stark geschwungcn. End- beiiiprãfemur unbedomt, aber mit zer.streutcn Haaren besetzt. 1. - 15. Beinpaaf mit 2-; 16. - 20. mit 1 Tarsal-; 1. und 2. mit 1 Tibial-, 1. mit 1 Femuralsporn. São Paulo. Matto Grosso. V. Trigonocryptops Iheringi u. triangulifer: ein wissenschaftliches Alissverstandnis Cryptops (Trigonocryptops) iheringi Brõl.. 1902. Verhoeff beschreibt in einem .Aufsatze: ‘‘über cinigc Chilopoden aus Australien und Brasilien,” 1937, eine neue Spezies, die er Trigonocryptops trian' gultfer benennt. In seiner Bcschreibung scheint er sich auf ein einziges Exempl^f gestützt zu habcn, das aus Minas Gerais stammt. Er vergleicht dieses E.xem- plar mit der Beschreibung von Trig. iheringi Brõl. nach dem Schlüssel voti Attems. Bcdauerlicherweise muss ich feststellen, dass die von Verhoeff beschriebcne Alt nichts weiter ist, ais ein Juvenis weibchen der Art iheringi. Dass VerhoeF^ sie ais eine neue Spezies diagnostisierte, verwundert nicht, da Brõleman eben- falls nur ein einziges Exemplar vorliegen hatte, das zufãllig die Eigensebafte»- die in Attems Schlüssel erwãhnt sind, besass. Dass meine beiden Behauptungen unbedingt der Wahrheit entsprechefl» konnte ich an Hand eines ausgiebigen Materials ^us der ChilopodensammlunJT dieses Institutes nachprüfen. Nahezu 40 Exemplare standen mir zur Verfúgu^' darunter weibliche Juvenisstadien, die voll und ganz mit triangulifer überem* stimmen. Ausserdem wurde mir vom H. Direktor vom Museu Paulista TOn Brõlemanx bearbeitete Kollektion freundlicherweise übcrlassen. und kono*^ 308 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 WoLFGAXG BCxiierl — Os Quilopodos do Brasil 331 dabei feststellcn, dass der Tpus "iheringi” wieder nichts Anderes ist ais eben cine voll erwachsene Art von triangulifcr. Eine Hõckerchenreihe an den Seiten des Endtergites ist nicht vorhanden, wohl aber eine Domreihe, die bei Juvenis- fonnen fehlt; die Kopfnãhte sind sehr schwach, fast unsichtbar, aber durchlau- fend ; am Ende des Femurs, auf der Ventralseite befindet sich cine Art Zahn etc. Dieses wissenschaftliche Missverstãndnis beruht eben darauf, dass man eia cinziges Exemplar ais Typ für eine Art aufstellt, ohne dabei der wciten morpho- logischen Variationsbreite, die gerade bei Arthropoden und Insekten so wci:gc- hend fluktuiert, zu gedenken. Ich betrachte daher triangulifcr und iheringi ais extreme Varianten inncr- halb einer und derselben Art, die ich, der Prioritãt halber, iheringi bencnnen, und im Folgcnden. an Hand der mir zur Verfügung stchcnden Sericn, von Xcuem beschreiben will: Cryptops (Trigonocryptops) iheringi Brõl., 1902. Xeubeschrcibung. 60-92 mm lang. 4-6 mm breit. Juvenisformen von 10-45 mm. Gelb, hcllgclb bis gelbbraun odcr etwas rõtlich. Ganzer Kõrpcr Icicht punk tk-rt. Kopí vo breit wie lang, mit 2 feinen, kauni sichtliarcn aber voHs.ãndigcn. leicht nach vomc disxrgicrcnden I-ãngsfurchen. Kopf den 1. Tergit übcrlagcmd und scitlich in die Qucrfurchc eingeklemmt. Vordcrrand der Kieferfusshüftcn zwcibogig, mit 2 lãnglichen (nicht wirkiichcn) Scheinplãttchcn, mit 6-\-6 Stachein und eitiigen seitlichcn Borstcn auf der vorderen seitlichcn Flãche. In der Mitte vome cine Mcdianfurchc. die etwas über die Mitte rcicht. .Antennen 16-17 glicdrig; die 2 Grundgliedcr ohne Haarc, aber mit starkcn Borstcn; die anderen kurz dicht beliaart und vcrcinzelt b.:borstet, wobei die Borstenzahl in dem Massc abnimmt, wie die Bcljaarung grõsser wird. 1. Tergit mit Qucrfurchc und mcist auch mit 2 Lángsfurchen. Letztcre konncn auch fehlen. 2.-20. Tergit mit Paramedianfurclicn, die nicht immer den Nãhtcn entsprechen. An viekn Excmplaren kann man auch die Prãtcrgitc gui bcobachten. 3.-19. Tergit mit breiten, gebogenen, den Hinterrand nicht crreichendcn Latcralfurclien. .\m 20. Tergit sind diesc Furchen durch zwci seichtt, seitiichc Eindrückc ersetzt. .-Mie Tergitc Icicht gekõmelt. Kõmclung nach hinten zu zunehmend und am stãrksten am 21. Tergit ausgcprãgt. Doch gibt es auch Ticre mit sclnváchercr* Kômclung, was besonders bei juvenisstadien der Fali ist. Endtergit mit brcitcin. flachen Mediancindruck, der entwcdcr bis vome rcicht oder schon eher abbricht. •Vur hier echte Seitenrãnder. -An beiden Seiten dieses Tergits 1 -r 1 oder 2 2 oder 6 -|- 6 Dõmchen in je einer Lãngsreihe ; oder die Dõmchen fehlen ganz. (Dõmchenreihe wahrscheinlich identisch mit “jederseits mit einer Reihe klcincr Hdckerclien’’, -Attems). . 309 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 3Õ2 Memórias do Instituto Butantan Tomo Xm Endrand sehr ^%•eit nach hinten spitzwinklig vorgezogen. Sternite s>ehr grob gekõrnelt (oft fein) ; lãnger ais breit, mit gleichmãssigen Haareii und einer Borstenreihe beidersdts atn Hinterrar.de des Stemits und mit Domspitzen aut dcn leizten 2-3 Stemiten. Letztere fehlcn oft bei Juvenisfomicn. Mit Furchen- kreuz und liintcrem beiderseitigcm Furchendreieck, das Enddostcrmit scliarf be- grenzend. Furchenkreuz ani 19. Stcmit schwach, am 20. íast ganz verschw-unden. 21. Sternit glatt oder mit seichtem Medianeindruck ; die Seitenrãnder mit dcn Coxopleuren vci^rachscn. Diese ohne Fortsãtzse, hinten abgerundet und hier und zwischcn den Poren mit Borsten und Dõmchen bcsetzt. Porcnfeld nicht .an die Tcrgitrãnder heranrcichend. Alie Beine zweitarsig und mit Dorn.spitzen besãht, die dorsale Zonen freilassend und nach hinten immer spãrlicher wcrdend. um am Endbcinpaar, am Prãfemur und Femur wicder in voller Zahl und mchr oder weniger in Lãngsreihen geordnet. auch hier dorsal eine Area freila.-send. aufzutrcttcn. Pr.ãfcinur und Femur mit dorsaler Endfurche, die l>ald kurz iã^ bald die ganze Fíãche der beiden Glieder durchlãuft. An der Tibia, bei manclicn Excmplaren \*ercinzelte (2-3) Dõmchcn vor dem Endrande. Bei einigen Elxcmplarcn ist die Dõmchenanzahl sehr gering. Oben, am Endrande des Fc- murs ein kleines Dõmchen, ebcnso ein kleines Zãhnchen unten, inncr vor dcni Endrande. Tibia ebenfalls mit otler ohne Dõmchen am Endrande oben. Unten eine Zahnreihe von 13-21 Sãgezãhnchen, die dem Ende zu immer grõs"=cr werden. Sic sind nie vcrwachscn, obwohl õfter je 3 eine sich nãher stchende Gruppe bilden, was besonders von dcn 3 grossen Endzãhncn gilt, so dass Icicht das Bild hervorgerufen wird, sie scien versachsen (Schlüssel — Attems). Bei Ju\-enisformen Zahl der Sãgezãhnc 14-16; bei Erwachscncn 18-21. meistens 18. Am 1. Tarsus 5-7 Zãhnc, gross. schmal und leicht gckrümmt. Trigonocryptops iheringi scheint ziemlich liãufig, besonders im südlichcn Brasilicn, vorzukommen. In hiesiger Sammlung befinden sich Tiere aus S. Paulo, Matto Grosso. Minas Geracs, Paraná. Viele wurden in Alto da Serra, also z^vischen 800 n- 900 Meter Hõhe gefangen. Die Tiere von Matto Grosso stammen durclnveg aus trock-cnen Sand- und Steppenzonen. Bei soe inem verschiedenen Habitat und infolgedessen bei so verschiedenen Umweltscinflõsscn kann e.s uns nicht wnindern, wenn die Tiere einer weitgehendcn morphologischen Umwandluníl 'untenvorfen sind. Ganz ãhnliche Verhãltnisse habe icli auch angetroffen bci Scolopendra viridicornis und bei Rhysida brasiliensis, die gleichfalls in verschiedensten Biotopen des brasilianischen Kontinentes vorkommen nnd deren Oiarakterisiemng in den systematischen Schlüsseln eine ãusserst unvoU* kommcne ist, eben wegen der Tatsache, dass man bei so weitverbreiteten Tieren nicht eine oder zwci Formen ais spczifischen Typ beschreiben und aufstelE*'^ kann, .sondeen man muss, um der weiten morphologischen Variationsbreite, l**^' 310 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 WoLFGANG BCcheri. — Os Quilopodos do Brasil 353 esetzt, und tragen ausserdem am Vorderende eine Reihe kurzer, dichter Haarc. Die ílüften des zweiten Maxillcnpaarcs sind volLtãndig verschmolzen, ohne auch nur die geringste Spur einer Primitivfurche erkcnncn zu lasscn. 2. Telopoditglied am oberen inneren Ende mit Stachcl. Endkrallc klein. etwas *bscits von der Putzbürste. aber kleiner ais diese. Ohne Ncbcnkralicn. Mandibeln krãftig. \’or der ãusseren, mãchtigcn Zahnreihc befindet sich •loch eine innere, sch^vãchcre. Borstenreihe mit stark chitinisierten Rippen; zebogen, aber ohne Ver- ^eigungen. Die Paramedianfurchen beginnen meistens schon auf dem 2.-3. Tcrgit. An der Stelle, an «■elcher bei Trigonocryptops Seitcnfurche wrhandcn sind, lícfindct sich hier je eine leichte Lãngsdcpression, die nach hinten zu immer Schwãcher wird. Berandung meist sclton am 4. Tcrgit beginnend. In der Mittel- linic der Tcrgite eine ganz leichte. kaum sichtbare Erhebung, die sich auch noch in der vorderen Hãlfte des Endtergits geltend macht, dann aber in eine kurze, sciçhtc, bis zum Hinterrande reichende Lãngsdcpression übcrgehí. Letztes Stemit mit starker Mcdianfurclie, die die ganze Flãchc durclilãuft. Coxopleurcnfortsãtzse auf die Innenseite verlagert, paralell laufend. ziemlich i^g und spitz. ' ; 311 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 354 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII 1.-18. oder 19. Beinpaar mit 2; 19.-20. mit 1.; 21-23. niít O Tibial- spomen. 1.-22. Beinpaar mit 1 Tarsalspom. Endbeine schr lang und schlank, fast ein Drittel der Kõrperlãnge errcichend, oft bei leicht aufwãrts geschlagenen Hinterende ganz nach oben gebogen. Beson- dcre, auffãlige Behaarung der Endbeine konnte ich nicht festellen. Alie anderefl nicht berücksichtig:en morphologischen Merkinale stimmen mit dcnen von ArTENf» Schlüssel überein. Genus : Otocryptops Haase. Der weitausgcdehnte brasilianische Kontinent beherbergt wohl einigc ^ tretcr dieser Gattung. Sie gehõren aber meistcns der Unterart O. j. fcrruf ticiis an. Da sich im Instituto Butantan cinc zicmlich re.ichc Serie gerade dicí*-’*^ Unterart befindet, war es mir mõglich, «rgleichend morphologische Studicfl- besonders der Kopfgliedmassen, anzustellen, und konnta dabei finden, dass gro»^ Cbereinstimmung zwiscben Otocryptops und Scoíopocryptops die allgemc»*”-’ Regei ist. Besonders der Vordarrand der Kiefertusshüften ist bei bciden gleichfbrmig ausgcbildet. Ini Folgcnden mõchte ich mcine neuen Bcfunde, die sicher zu eincr l)csscreO Diagnostik der Gattung Otocryptops von Xutzen sind, niederkgen. Ich bczieh‘ mich dabei, wic schon gcsagt, auf die Unterart O. /. jcrrugincus, die ohne Z'veib'I in Brasilien am hãufigstcn vorkommt, besonders in den Staaten von São Matto Grosso, Minas Geraes, Goaz, Rio Grande do Sul. Ihrem halb untcrirdi' schcm Aufenthalte entsprechend ist es dem Tiere leicht, die verschiedensten lopen, was Hõhenlagc, Wald-, Stepen- oder Land- und Steinformationen anb-' trifft, zu bewohnen. Dennoch mõchte ich an dieser Stelle hcr\’orheben, wãhrcnd der ausgesprochen trockenen Monate, also von Mai bis Ende Eeptcmbcf' kaum irgendwo Elxemplare dieser Art. wie auch solche der übrigcn ScolopcndrO" morphen, frei angctroffen werden. Sie ziehcn sich tief in die Erde zurück, meist schon vorhandene Bode** õfínungen und Gãngc benutzend, oder auch die Unterseite von Termitenhaute** bewohnend. So konnte ich bei Strassenbauten, bei denen der steinharte, Lehmboden durchschnitten '.vurde. atis Hõhlungen der Seiíenbõschungen, besOf ders an den Endigungen feiner Strãuchenvurzein, verschiedene SkolopendroW®*^ phenarten erreichen. Sie scheinen in diesen Lõchem monatelang r<^los zu licg*^’ und es drãngt sich mir die Üborzeugung inimer melir auf, dass die Tiere Trockenzeit in einer Art Starre oder Halbschlaf verbringen. 312 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 WoLFGAXG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 333 Doch nun zu Otocryptops ferrugineus ferrugineus; Grõsse 54-65 mm. Farbe wie im Schlüssel angegcben. Vor aliem fãllt dic Fleuritcnbildung an den unteren Seitenzonen des Kopfes auf. Wir unterscheiden bzuschnüren. An seiner Innenseite, übcr seincr Mittc beginnend, und von ihm ♦lurch eine etwas breitere, durchsichtigc Naht getrennt, licgt der schmale Innen- Pleurit, der 6-8 mal lãnger ais breit ist. An der Vorderseite endigcn sowohl der loncn- wie der Hauptpleurit auf gle'cher Hõhc, und hier befindet sich wicdcruin ^ne Quernaht, zicmlich breit und durchsichtig. Vor ihr liegt der vordere Pleurit. Er ist an seinem Grunde so breit, wie die bwdcn andercn vome. Dieser vordere Eleurit ist bei keinem Genus so tspisch entwickelt wie hier. Der Mittelzahn des Labrums licgt in ciner Quitinhôhle. Die Hüften des zweitcn Maxillcnpaarcs zeigen auch nicht eine Spur eincr Primitivcn Mittelfurcho. Das vorletzte Telopoditglied besitzt einen krãftigen Sporn an der Innenkante. Das Endglicd ist sehr stark, breit. und stellt ungefãhr lãngHches Viercck dar, desscn vordere Seito etwas gebogen crschcint und ’*’it der kurzen aber dichten Putzbürste versehen ist. Die Endkralle ist klcin, ohnc ^ebenkrallen. Nicht von der Putzbürste überragt. da sie sich in ziemlich weiter Entfcrnung von dieser befindet. Das 1. Maxillenpaar ist dem von Scohpocryptops gleich, besonders auch in 'íer Ausbildung der Inncnanhãnge der Hüften. Antennen 17 gliedrig; 3-6 Grund- ?Hedcr mit starken Borsten besetzt, die andercn Glieder mit langen Goldhaaren. auf Sockeln stehen. Vorderrand der Kieferfusshüften mit kleinen, leicht abgesetzten Zahnplattcn, denc jedoch keine deutlichen Zãhne vorhanden sind. Dahintcr cin Netz von ^nen Querfurchen. Hinter don Plãttchen eine Stachelreihe. Prãfeinuranhang mit ^rundfurchc. Vom 6.-21. Tergit oft schwache Seitenrãnder. Alies Obrige ist gleich mit dem Schlüssel. Die Endbeine der Mãnnchcn mit Haaren. die nach den Tarsen zu lãnger wcrden. Weibchen mit kahlen ^dbeinen. Die Rasse macrodon Krpln. scheint mir nach rneinen Befunden mit der eben ^^hriebenen Unterart vollstãndig identisch zu sein, und deshalb wird sie sich halten lassen kônncn. 313 356 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Otocryptops f. inversus Chamb., 1921. Diese ünterart besitzt eine Kicferfusfformation, die nicht blos mit melanOS- tomus, sondeni auch mit f. fcrrugineus übereinstimmt, wie aus meíner Beschrd* bung her\-orgeht. Ich glaube daher, falis die anderen, vom A. leidey nicht angeg»^' bcncn, Charakteristika mit denen von f. jerrugineus übereinstimmen, dass inversiH ais Rasse von ersterer aufzufassen sei. Genus : Newportia, Obwohl dieses Genus ausschliesslich neutropische Formen aufweist, niusS dennoch festgestellt werden, dass Brasilien. wenigstens bis heute, noch seb^ wenige Vertreter diescr Gattung aufweist. Es mag das einerscits darin lieg^m dass die Tiere, die fast ausschliesslich im Boden oder unter Bãumwurzeln etc Icbcn, nur sehr sclten angetroffen werden. Andererseits sind gerade die gross«# Waldzoncn, in denen sich die Tiere mit grosser Vorliebc aufhalten. noch fast nicht, was die Myriapodenfauna betrifft, ausgewertet. In den Sammlungen des Institutes .“^ind nur cinige Exemplare von lougitarsis und biccgoi vorhanden. 314 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 IX. VOCABULÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS Acron — segmento cefálico embrionário: — placas ccfalicas; Acúleo — uma modificação de pêlo; Adventitia — a camada cxlema da parede cardíaca, constituída de tecido conjuntivo; Anamorfose — o embrião, ao romper o ovo, carece ainda de muitos orgãos e extre- midades. Anel sanguíneo — é formado pelas duas artérias laterais que partem da aorta cefálica e rodeiam o esôfago; Anopleura — peça quhinosa na regrião pleural; Apendice coxopleural — protuberância do ultimo segmento do tronco, situada no lado ventral, pretraída. Apendice prefemural — ponta no lado interno do prefemur das forcipulas; Arco lateral — disposição sinuosa dos vasos sanguíneos cefálicos; Átrio — parte externa do estigma. B Bastão — peça basilar das mandíbulas; Blastema — camada plasmática na periferia do ovo fecundado; Blastodenna — camada de células seriadas, que migram do centro do ovo para a superfície periférica do mesmo; Biometria — medidas geometrico-biologicas do corpo. Cadeia gangUonar — sistema neiroso ventral, dividido em gânglios segmentares, percorrendo todo o corpo; Cálice estigmal — cavidade interna da zona exterior do estigma; Camaca pigmentaria — camada subcutânea, que é a sédc dos corpúsculos pigmentares; Câmara cardíaca — porção segmentar pulsátil do vaso dorsal; Campo poroso — área porosa de ambas as coxopleuras; Cardioblastos — elementos constitutivos dos corpúsculos do fluido sanguíneo; Carina — bordas laterais salientes dos tergitos; Catopleura — peça quitinosa na área dorsal das pleuras; Celoma — formação definitiva de cavidades internas, efetuada durante o ciclo evolutivo; 315 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 358 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Células perícardiaca e exocardiaca — elementos celulares, situados em redor do coraçio: Célula endocardiaca — elementos celulares dentro do vaso sanguíneo; Centrolecital — tipo de ovo sob o ponto de vista da distribuição da gema; Cerda — modificação morfo-fisiologica de pêlo; Chilópodo — Quilópodo: — lacraia, centopeia, escolopendra ; '3 Clipeo — uma peça quitinósa triangular no lado ventral da placa cefalica, situada deante do labro; Colar esofageano — o mesmo que anel sanguíneo esofageanc; Córion — envólucro exterior do ovo fecundado; Corionina — substancia elementar do corion; Coxa — primeiro articulo da pata, formado pela junção de escleritos; Coxocardo — uma peça quitinósa estreita que ser\-e de reforço ás placas basilare» da coxa; Coxopleura — área infero — lateral do ultimo segmento do tronco, oriunda da junçS® da coxa e das pleuras; Coxostemum — a placa ventral, fortemente quitinisada, das forcipulas, oriunda d* junção da coxa e do estemito, ambos modificados profundamente; Cuticula — pele externa quitinósa, formada pela superposição de diversas camadas- D Deuterocerebro — segunda parte da massa cerebroile; (deutocérebro) ; Deutoplasma — gema nutritiva do ovo, preenchendo este quasi tctalmente, e servindo de alimento ao embrião; Diplopodia — dois pares de patas em cada segmento do tronco; Eedise — o processo da renovação de todo o envólucro externo; Endocuticula — camada fina por baixo da exocuticula (camada pigmentaria); Endoesqueletal — estilete quitinoso na região inferior da coxa; Endoestemito — parte posterior da placa quitinósa ventral, ceberta quasi sempre P*** placa subsequente; Epicuticula — lamela externa, finissima, do tegumento cutâneo; Epiderme — (hipoderme) : — camada plasmatica no fundo da cuticula, dando orig«®* a todas as camadas cuticulares; Epifaringe — região esofageana dentro da cavidade bucal; Esclerito — formação quitinósa na região pleural de cada segmento do tronco: Escova — feixes de pelos no articulo terminal do telopodito do segundo maxil»^' Esfincter — estrangulamento muscular nos limites entre o intestino anterior « mesénteron; Espicula — pelo curto, grosso; Espinho — ecrescencia- cuticular, não inervada geralmente; cEspinho do cante» — espinho longo, forte, no lado interno — terminal do prefeO’*’^ do ultimo par de patas; Esqueleto cutâneo — neme conjunto, compreendendo todas as formações quiimo- do tegumento externo; 310 WoLFGANG BCcherl — Os Quilopodos do Brasil 359 £s:emito — pUca ventral, quitinosa, do tronco; Estigma — póros respiratórios, colocados nas pleuras dos sestiKQtos; Exocuticula — (epiderme ou camada pigmentaríal : camada dura, quitinosa, por baixo da epicuticula. Pemur — o quarto articulo das patas; PenotípK) — expressão genetica que significa o conjunto de todos os caracteres morfo- logico-externos, quer hereditários, quer resultantes de alterações do meio — ambiente; Plagellum primum — a primeira parte das antenas dos Escutigerideos; Plagellum secundum — a segunda parte das antenas dos Escutigerideos separada da primeira por um articulo maior, o eNodale». (vide — nodale). Porcipulas — uma formação que, sob o ponto de vista morfologico, constitue o pri- meiro par de patas do tronco; fisiologicamente, porém, soffreu modificação profunda, transformando-se o telopodito locomotorio numa pinça incculadora de veneno; Possa hemicircular — sulco profundo, ccnvexo, que atravessa toda a largura do pri- meiro tergito. Genotipo — o conjunto de todos os caracteres hereditários, quet externos quer internos; Germario — um ajuntamento ou entumecimento dentro dos ovariolos, separado mais ou menos do vitelario; Gnatochilarío — a peça maxilar dos Diplopodos, oriunda da junção de diferentes placas; Gonõpodo — Órgãos genitais externos, cem apendices tipicos, oferecendo otimos indi- cios para a sistemática. H Memolinfa — fluido linfatico-sanguineo; Hipofaringe — dobra muscular dentro da cavidade bucal. Intima — uma camada de origem cuticular, renovada em cada eedise, representando a continuação diréta do tegumento externo e re^'esti^do as traqueias (intima traqueiana = endotraqueia), o tubo digestivo anterior e posterior (intima intestinal), o vaso dorsal (endocardio) etc.... Eabio — peça interna, de quitina frágil, do 1.* maxilar; Labro — peça quitinosa supericr, ligada ao clipeo por meio de uma membrana, um dente interno forte, e duas zonas adjacentes, recurvas; I*amina frontalis — placa quitinosa em frente ao clipeo; com 317 C»d. 32 cm 10 11 12 13 14 15 16 360 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Lamina supraanalis Lamina adanalis Lamina subanalis Lobus opticus Lobus antennalis Lobus frontalis Lobus postcerebralis 3 operculos quitinosos do telson; partes do cerebro, dos quais partem os nervos: — otico»t antenais, frontais e postcerebrais. M Massa ccrebroide — massa cerebral: — cerebro = gânglio nervoso snpraescfagea®®* Matríx — camada celular, correspondente á epiderme subcuticular; Maxilar — peça bucal, oriunda da transformação de patas locomotorias em aparelho* mastigadores. Existem 2 pares de maxilares nos Chilópedos. Constam d* uma peça basilar e de telopoditos; Membrana basilar — membrana finissima, revestindo o lado basilar da epiderme cuticular. Toma-se bem visivel na coloração do método de Mallory; Mesénteron — intestino médio; Metacoxa — peça quitinosa da coxa das patas; Modificação — transformação do fenotipo de um animal, causada pelo meio-ambico*^ como seja o clima (modif.-climatclogica), pela temperatura, pela nutrição et^ Muscularias — camada muscular; Musculos «aliformes> — feixes musculares exocardiacos, com forma de azas, in*** rindo-se no pericárdio de cada camara cardiaca. Mutação — transformação de um ou mais fatores hereditários ou do genotipo intetf®* N Nervus recurrens — o nervo, que parte do cerebro c constitue a cadeia visceral; Neurilema — membrana finissima, muito pouco esclarecida, envolvendo as ?»*■*** centrais do sistema nervoso; Neurefibrila — fibrila nenosa que transmitte as irritações; Neuronio — celula ganglionar uni — , bi — ou multipolar, constituindo a parte cipal do tecido nervoso. NeuropUema — = marco = camada fibrilar = substancia pontuada. O Oocito — o preduto da divisão dos oogonios; Ooplasma — plasma que constitue os ovos. P .Palpo — apendice das peças bucais, — séde dos orgãos; Partenogenese — reprodução unisexual: — uma forma de reprodução anfigcnica, omissão da fecundação. Subdivide-se em: a) Felitoquia: — ovos fecundados dão origem a machos apenas; 318 T WoLFGANG BCxherl . — Os Quilopodos do Brasil 361 b) Anfitoquia: — de ovos não fecundados nascem machos e femeas; c) Anenotoquia: — ovos não fecundados dão machos, fecundados dão femeas. „ SegAindo o numero de i crome somas podemos distinguir: a) Partenogenese diploide ou somatica, quando os individuos parteno- blastas conservam o numero integral des cromosomas; b) Partenogenese haploide ou generativa, quando os individuos parteno* blastas se originam de ovos não fecundados, mas amadurecidos normalmente (cem divisão equitativa e redutiva), de ovos baploides portanto. * Pe!o — formação cuticular; Peritrema — anel quitinoso, rodeando a cratera estigmal; Blaca dentaria — 2 peças com dentes, situadas na zona centrai anterior das forcipulas e separadas delas por uma sutura; Pleurito — área lateral de cada segmento; Postnodale — articulo ligado ao eXodalo, separando o flagel. primum do flagel. sêcun- dum das antenas dos Escutigerideos; I^refemur — articulo anterior ao femur; I*ré-estemito — plaquinha quitinosa anterior ao esternito; Pré-tergito — plaquinha quitinosa anterior ao tergito; Procoxa: — csclerito coxal; Proctodeum — intestino posterior; Protocerebro — parte ántero-supericr do cerebro; Pseudocarina — saliências laterais das margens dos tergitos, causadas não por bordas verdadeiras, porem apenas por elevações das margens; Quilia — estrias longitudinais dos tergitos; Pabdoma — estiletes das células visuais, reunidos num grupo; Pegeneração — reconstituição dc partes lesadas; ^intergito — junção completa de 2 a mais tergitos num unico sómente (Escutigerideos); ^omatopleura — a parede parietal do celoma; Splanchnoplfura — a parede visceral do celoma; Stomodeum — intestino anterior; Stilco episcutal — s. paramediano: — sulco longitudinal atravessando o tergito. “^arso — articulo terminal das patas; ^riopodito — telópodo: — apêndices das peças bucais ou extremidades; 310 cm 10 11 12 13 14 15 16 362 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Tendão — niusculo fino, longo no interior das patas, mserindo-se geraUnente á base do articulo subsequente; Tergito — placa dorsal de cada segmento; Tibla — articulo das extremidades entre femur e tarso; Traqueia — tubo respiratório; Traqueiolo — terminações finissimas das traqueias; Trichobotría — pelos sensoriais de construção especial; Tritocérebro — terceira parte do cerebro; Trochanter — plaquinha quilinosa hemilunar, muito pequena, is vezes quas' invisiveL situada no lado ventral entre a coxa e o prefemur. i V Variação — expressão genetica relativa ao aparecimento reversível de diferenças mor- fclogicas em individuos de uma e mesma especie ou de mesmos pais; esta* diferenças ou caracteres (tamanho maior, colorido diverso, maior ou menor comprimento dos apendices, maior ou menor desenvolvimento muscular etc^) se originam porque cada especie conserva uma certa clargura potencial d* oscilação filogenetico-genotipica». Falamos desta maneira do âmbito ou dz largura de variabilidades. Distinguimos entre «variação individuais e «va- riação geográficas. Vasoblasto — elementos celulares que contribuem na formação dos vasos sanguíneos, etc.-- Vitelarío — vitelio = deutoplasma: — substancia plasmatica que dá origem ao gernie: em oposição ao «ooplasmas que constitue o alimento do germe. 320 I (16.928:614^41 COMPORTAMENTO DO BUGIO ALOUATTA FUSCA Hu.mboldt INOCULADO COM VIRUS AMARILICO ASIBI POR FLAVIO da FONSECA Si existe animal cuja presença cm determinada região florestal seja facil de determinar, este é o “bugio” ou "guariba”, grande macaco centro e sul- americano, negro ou fulvo, que se subtlivide eni varias especies do mesmo genero Alouaita (howler monkey, singe hurleur, Brüllafc). A voz, cava mas portentosa, de intensidade em desproporção com suas dimensões, graças ao apa- relho de rcsonancia de que é dotado, denuncb ao longe sua presença, audivel a mais de quilometro de raio dentro da espessura da mata. A falta de seu ronco é logo percebida pelos moradores das imediações das florestas ou pelos caçadores que frequentam as matas por eles habitadas, das quais muito pouco se afastam, logo retomamlo quando as abandonam por alguns dias. Pois bem, um dos fatos que veem impressionando os especialistas dedi- cados a estudos sobre a febre amarela silvestre diz justamente respeito à fre- quência com que os habitantes das zonas florestais assinalam a coincidência do desaparecimento dos representantes do genero Alouaita com a irrupção da epi- demia amarilica. O encontro de bugios mortos c de suas ossadas e mesmo de animais com aspecto doentio, que chegam a ser facilmente capturados, é referido com surpreendente insistência pelos caçadores e moradores da proximidades das matas. A facilidade, que timbrámos em frizar linhas acima, com que se pode ajuizar com segurança da presença ou ausência de bandos de bugios, cujo ronco é diariamente ouvido, gcralmentc a hora certa, variavel com as estações e talvez com os bandos, torna singularmente verosimil a observação dos que os veem incriminando como precursores da irrupção da epidemia amarilica, Aragão (1) refere que a mortandade entre os bugios precede geralmente de 20 dias o aparecimento do surto epidêmico ntt região. 1 3C4 Memórias do Instituto Butantan Tomo XIII Que os bugios podem ser sensíveis à inoculação experimental do vnrus ama- rflico já ficou demonstrado desde que Davis (2) conseguiu infetar um Alouaita seniculus jovem, proveniente do Amazonas, pela picada de Acdes aegypti infe- tados com virus da amostra S. R. O virus foi reisolado tres dias depois por inoculação em rhesus e por picada de Aedes aegypti novos. O Alouaita mos- trou-se imunizado 17 dias depois, tendo o seu soro protegido um rhesus contra a infecção amarilica. Também Aragão tentou, em 1938 (loc. cit.), infetar dois bugios das especies A. rufus e A. caraya, proveniente de S. Paulo, apenas tendo ficado provado qu: existia virus ativo no sangue do A. caraya no 3.® db após a inoculação, quando o animal morreu. Nenhum dos dois bugios apresentou sintomas tipicos, nem lesões anatomo-pa,tologicas características. O virus utilizado por .-Xragão fõra isolado de caso humano de febre amarela silvestre. Tendo conseguido obter um bugio jovem do esperíe A. fusca Geóffr., 1812 (Fig. 1) tentámos também infetá-lo, utilizando >nrus Asibi. A 5-IV-39 foi praticada a inoculação sub-aitanea de Occ. 5 de sangue de rhesus seco no vacuo segundo a técnica de Sawyer, Lloyd c Kitchcn (3). Como a curva térmica fosse muito irregular nos dias subsequentes, com media de 38®5 pela manhã e forte ascenção do meio dia para a tarde, quando a temperatura atingia quasi sempre mais dc 40®, chegando até 40®7, suspei- támos que houvesse concomitância dc infecção malarica. Feitos esfregaços dc sangue vimos essa previsão confirmada, comprovando intensa infecção por Plas^ tnodium brasUianum Gonder et Berenberg-Gossler, 1909. As indicações que porventura pudesse a temperatura fornecer sobre a marcha da infecção amarilica ficam assim comprometidas, sendo, entretanto, de notar nao ter havido ascenção térmica apreciável pela manhã durante todo o tempo da observação. Sangrando o bugio no 3.® dia após a inoculação, não foi conseguido isola- mento do virus após inoculação de 0cc.03 de sangue no cerebro de cada um dc quatro camondongos suissos, insucesso este que tanto poderá ser atribuível a falta de multiplicação do virus no curto prazo de Ires dias, quanto à insufi- ciência do numero de camondongos utilizados. Repetida a prova no 8.® dia com 6 camondongos, um se apresentou paralí- tico no 13.® dia, tendo sido sacrificado, reisolando-se o virus. cujo comporta- mento foi normal cm mais .sete passagens effetuadas em camondongos. No 14.® dia após a inoculação, foi novamente tentado o reisolamento do rírus por inoculação em cerebro de camondongos, tendo esta prora sido ainda positiva, pois um dos camondongos apresentou paralisia tipica no 15.® dia. cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 F. DA Fonseca — Comporlamenlo do bugio inoculado com virus 365 Tendo o bugio amanhecido morto no 15.® dia após a inoculação, depois dc forte queda de temperatura na vespera, foi tentado, sem resultado, o isolamento * do virus do figado, cerebro, rins e baço. O exame anatomo-patologico do figado apenas revelou degeneração gord^ e raros focos de necrose, sem aspecto tipico, além da presença, de pigmento tnalarico. A morte do bugio é consequenda natural do cativeiro, segundo a obser- vação de outros pesquisadores, nada autorizando a atribui-la quer à infecção amarilica, quer à malaria. Aliás. ta;ito na obsei^^ação de Davis quanto nas dc Aragão e agora na nossa, verifica-se a mesma coinddenda interessante de não terem sido obser- vados sintomas atribuivds à febre amarela, quer em vida, quer após a necropsia. A dreunstanda de não ter sido possivel, em nenhuma das observações até agora registadas, atribuir a morte dos animais ao virus inoculado, deixa ainda sem solução o problema do desaparecimento dos bugios das zonas dc febre amarela silvestre. Digna de nota é a observação referida no presente trabalho sobre a per- manenda do virus Asibi por espaço de 14 dias no organismo do Alouatia sem que fossem observados sintomas dinicos ou anatomo-patologicos, sugerindo a hipótese de poder talvez a especie em questão comportar-se às vezes como depo- sitaria natural do virus. .\Hás, cm tod^ a literatura que compulsámos, não foi encontrada uma só dtação da persistência do virus amarilico drculante no organismo de simios sul-americanos por mais de dnco dias após a inoculação, o que reforça singulamKnte a hipótese acima emitida. Nossa afirmativa não é mais categórica pelo fato da, amostra de virus ama- rilico utilizada nesta experienda contar já mais dc um ano de conservação à temperatura de cerca de — 12°, depois dc seca cm nosso laboratorio pela técnica dc Savvycr, Lloyd e Kitchen, o que talvez já a tivesse atenuado. Nova experienda feita com um Alouatia adulto e com virus mais recente, obtido dirctamente da Fundação Rockefeller por gentileza do dr. Fred Soper, a quem agradecemos a pronta remessa por via acrea, não foi bem sucedida, tendo sido a inoculação peritoneal seguida de infecção secundaria que determinou a morte do animal no 3.® dia. Somos grato ao Dr. F. P. dc Barata Ribeiro, o qual, com notável espirito de cooperação, prontificou-se a fomecer-nos o Alouatta, de propriedade do seu Departamento, utilizado nesta experienda e ao Dr. Paulo Rath dc Souza pela realização da pesquisa anatomo-patologica. Ao Prof. Paulo Sawaya agradecemos a determinação especifica do Alouatia. 3 3CG Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII RESUMO A inoculaqão de vinis Asibi em um bugio, Alouatta jusca Geoffr., 1812, não permitiu observação de sintomas clinicos, embora, tivesse sido possivel o reisolamento do virus no 8.° e no 14.® dias. BIBLIOGRAFIA Aragão H. B. — Observações a respeito de um foco limitado de febre amarela sylvestre no Estado de S. Paulo _ — Brasil-Medico 52(17) :41. 1938. Davis. N. C. — The transmission of yellow fever. — Further experiments with monkey* of the new world — Amer. Joum. Trop. Med. 11(2) :113. 1931. Saxoyer, ff. A.; Uoyd, W. D. & Kilchfn, S. F. — The presenration of yellow fever vinB- Joum. Exper. Med. 50:1.1929. (Trabftlbo da S«ccio ds Paraaitolocia c Protoxoolofú do la** titoto Butantan. Dado i publicidade cm Janeiro, 1940)* 1 6I€.928:614.S4I ON THE BEHAVIOUR OF THE MONKEY ALOUATTA FUSCA Humboldt INOCüLATED WITH ASIBI STRAIN OF YELLOW FEVER vírus BY FLAVIO DA FONSECA The prcscnce of the howler monkcy of Central and South America is casily revealcd in a certain forest region on account of its howl which is a,udible more than a Idlomcter round within the forest. These ^nimals are black or tawny and are subdivided in severa! spccies of the genus Alouatia (bugio, singe hurleur, Brüllaffe). Its voice is hollow, but vtiy strong, not in proportion with its size, denouncing the animal at a great distance. The absence of its roaring is soon noticcd by hunters and inliabitants of the forest vidnity, for the monkeys never Icave their abode for a longe time. The specialists who study the cpidemiolog)- of the junglc yellow fever have their attention called to this very fact of the desappearance of the Alouatta by the time of the outbreaks of yellow fe>-er epidemies. Dead or sick monkc>'s, as WelI as its remains, are being found by hunters and inhabitants of the neigh- hourhoods. The prcsence of these a;iimals is easily perceived because of their noise, which is generally heard daily and at the same hours, aceording to the seasons and probably to the groups. From this observation. thosc who considerer these a^iimals as precursors of the yellow fever epidemies scem to be right. Aragão (1) States that the mortality among howler monkeys generally Precedes 20 days the epidemie outbreak in the region. Since Dads (2) succeeded in infecting a young Alouatta seniculus from Amazonas by the bite of Aedes aegypti infccted with \-irus of the strain S. R., tt has been settled that these monkeys are sensitive to the experimental ino- culation of the yellow fever virus. The virus was reisolated three days later through inoculation in rhesus and by the bite or some new Aedes. The Alouatia b 3G8 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII proved to be immúne after 17 days. its scrum having protected a rhesus against ycllow fever inícction. Aragão also tried, in 1938 {loc. cit.) to infect tvvo howler monkeys of the spccies A. rujus and A. caraya, from S. Paulo, the prescnce of active vírus m the blood of A. caraya having been proved orly 3 days after inoculation, when the animal died. None of the Uvo monkeys presented tj^pical symptoms. nor characteristic anatomo-pathological lesions. The \drus used by Aragão had becn isolated from a case of jungle yellow fever. Having obt^'ned a young monkey of the species A. jusca Geoffr., (Fig. 1)» we also tried to infect it with Asibi virus. Tliis \s*a,5 made, on 5-IV-39, by subcutaneous inoculation of 0.5 c.c. of blood of rhesus, dried in the ^-acuum according to the technique of Sa^^7i:^■• Lloyd and Kitchcn (3). A concomitant malaric infection was suspected, as the themiic curve very irregular in the subsequent days, averaging 38°5 C. in the moming, and rising from midday to the aftemoon, when the temperature reached almost alwa)"* more than 40®, and evcn 40®7. Examination of blood smcars pcrmittcd to confirm this prc\-ision, for they showed a heavy infection by Plasmodii»* hrosilianutn Gonder et Rf.renberg-Gossler, 1909. The indications which the temperature could have fumished conceming t*'® course of the ycllow fever infection, are of little -value, no thermic rise havir.gt however, becn noticed, in the moming, during the wholc expcriment. Tiie monkey was bled 3 days after lhe inoculation, and no isolation of virus was obtained by intracerebral inoculation in four Swiss mice, each anintt* rrcciving a dosis of 0,03 c.c. of blood; this fact may be attribuled cither to lack of multiplication of the vims in the scanty period of threc days. or to the small number of mice used. The test was repeated on the 8th day with 6 mice; one of them presenteJ paralysis on the 13th day, when it «"as sacrificed, the viras being reisolatcd* The behaviour of this virus ^^■as normal in seven passages in mice. Rcisolation of the virus by intracerebral inoculation of mice was tried 1^ days after the inoculation, this test proving to be once more positive, as one mouse presented typical paralysis on the 15th day. The monkey died on the 15th day after the inoculation, having presented a great fali in the temperature on the 14th. An isolation of the virus liver, brain, kidney and spleen was tried without result. The anatomo-pathological examination of the liver showed only fatty deg^ neration ond few necrotic focuses, with no typical aspect. besides the presence of malarial pigment. cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 F. DA Fonseca — On the behaviour oí the monkey inoculated 369 The death of the howler monkeys, according to the observa,tion of others authors, is a natural consequence of captivity, there being no proof of their death by yellow fever or malaria. The same interesting fact that no symptoms of yellow fever could be observ- ed during life or after nccropsy, verified by Davis and by Aragão, wa^, there- íore. noticed in this experiment. The fact that the inoculation of the virus was not followed by death in the various experiments, still leaves the problem of the disappearance of the monke^-s in the jungle yellow fever regions without solution. Remarkable is the obscrvation on the pemianence of the virus Asibi during 14 days in the organism of the Alouatta, without being obscrved any clinicai symptom or anatomo-pathologicaj lesion. That suggests then the possibility of the species being sometimcs a, carricr of the virus in the nature. Therefore, going through all the literature conceming yellow fever, we could not find any refcrence to the fact that the virus inoculated in the organism of South American monkeys circulates for more tlian five days. This confirms vcry specially the above nientioned h)TX}tlicsis. We c^not makc a more cathegoric statement, as the strain of yellow fever virus used in this experimcnt had been maintained fo over a ycar, at — 12° C. in our laboratory, after being dried bj* the techniquc of Sawyer, Lloyd and Kitchen, which has pcrhaps weakened it. Another expcriment was made with an adult Alouatta and with a more rccent virus, dircctly reccived from the Rockefellcr Foundation, by the kindness of Dr. Fred Sopcr, whom we thank for the air niail sending. We did not succccd in this tcst, the peritoneal inoculation being followed by a secondarj* infcction. which causcd the death of the animal after three days. We are very obliged to Dr. F. P. de Barata Ribeiro, who kindly offered the Alouatta from his Department. We also thank Dr. Paulo Rath de Souza for the help in making the anatomo-pathological examinations, and Dr. Paulo Sa,waya for the specific determinations of the Alouatta. ABSTRACT The inoculation of the virus Asibi into a howler monkey, Alouatta fusca Geoffr., 1912, did not allow the observation of any clinicai symptoms, though it had been possible to reisolate the virus on the 8th and 14th day. cm iSciELO D 11 12 13 14 15 16 370 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII BIBLIOGRAPHY Aragão, H. B. — Observações a respeito de um foco limitado de febre amarella sylvestre no Estado de S. Paulo. Brasil-iíedico 52(17) :41. 1938. Dai-is, N. C. — The transmission of yellow fever. — Further experiments with monkcy» of the new world. The Amer. Jour. Trop. Med. 11(2) :113. 1931. Sauytr, IV. A.; Lloyd, IV. D. a. Kitchcn, S. F. — The preservation of yellow fever virus. Jour. Exp. Med. 50(1) :1. 1929. (Trâbatbo da SeccSo dc Parasitotoeia e Prototoolopa do tituto Botantan. Dado í poblicidade exn Janeiro de 1940)' 8 I'. ü.\ Fonseca — Coniportamentu do bugio AlouuU.i fusca Humbou)t inoculado com virus amarilico Asibi. Mcir. Inst. Butantaz> Vol. XIII — 1939 i Ki*. I fmsca Hvmvolot 9 S»9^2:6I4j41 INQUÉRITO SOBRE A SENSIBILIDADE DE CEBUS CIRRIFER AO vírus AMARILICO POR FLAVIO da FONSECA & PAULO ARTIGAS A verificação da sensibilidade do rftesus ao virus amarilico constituiu uni grande passo da,do a favor do estudo experimental do tifo icteroide, permitindo que o conhecimento desta infecção progredisse enormemente em curto prazo. Tais resultados logo determinaram a pesquisa da sensibilidade de outros pri- matas, quer visando melhor conhecimento do comportamento do virus amarilico, quer a obtenção de nuys um auxiliar da experimentação, igualmente precioso ou de mais facil aquisição. Elstudos modernos sobre a ocorrência de epidemias de febre amarela silves- tre vieram dar a tais pesquisas significação ainda maior, por não ser impossivel que especies deste grupo representem j^lgum papel na conservação do virus ama- rilico em condições naturais. A este respeito não têm faltado estudos em relação à fauna ncotropica, mui- tas sendo as espedes de macacos sulamericanos que já tiveram a sensibilidade pesquisada, principalmcnte devido a trabalhos de Dads. Davis e Shannon (1) verificaram a sensibilidade do Cebus macrocephalus ao vírus Asibi, quer por inoculação, quer por picada de Aedes acgypti infetados ; Davis (2) verifica a positividade da infecção de Cebus froulalus (nom. vulg. “prego”) com sangue de rhesus por via peritoneal c por picada dc A. acgypti, demonstrando que Cebus f/ai-us do Amazonas é menos sensivel do que o “pre- go”; Lloyd e Penna (3) obtêm infecção dc Cebus frontalis com vdrus neurotro- pico inoculado por via cerebral. Cebus variegatus também c sensivel ao vinis Asibi transmitido por picada de Aedes aegyfdi, segundo Davis (7). Pseudocebus aearae deu resultados duvidosos a .■Xragão (4), inoculado com virus de doente da epidemia do Rio de Janeiro, em 1928. Saimiri- sciureus, inoculado por Davis (5) com virus Asibi de rhesus e dc Aedes aegypti e por Lloyd e Penna (3) com virus ncurotropico por via cerebral, revelou-se sensivel em todos os casos. Callithrix albicolis experimentado por Davis (6) mostrou-se infectavel pela picada dc Aedes aegypti com virus Asibi, tendo sido também positiva a expe- I 374 Memórias do Instituto Butantan Tomo XIII renda de Lloyd e Penna (3), que inocularam virus neurotropico por (via cere- bral em Callithrix albicolis e Callithrix sp. Atelcus alcr teve a sensibilidade ao virus Asibi compro\'ada por Davis (5 c 7), por inoculação e por picada de Aedes acgypti. Atelcus paniscus e Atelcus variegatus se mostraram sensiveis ao ser inoculatlos por via cerebral com virus neurotropico por Lloyd e Penna (3). Lcontocebus ursulus foi infetado, por picada de Aedes aegypti, com virus Asibi, por Davis (6) e com virus neurotropico introduzido por via cerebral por Lloyd e Penna (3). Lagothrix lagotricha também foi experimentado com resultados positi%’OS por Davis (5), embora se tenha mostrado menos sensivel do que Saimiri sciureus. Callicebus moloch deu resultados ’um tanto duvidosos nas mãos de Davis (7), que utilizou virus Asibi, mostrando-se, entretanto, imunizado, o mesmo se >*crificando quanto a Aotus trivirgatus. Pithecia monacha c outra espccie que se revelou sensivel ao virus Asibi in- troduzido por picada de Aedes aegypti, segundo Davis (7). Alouaita seniculus teve o virus reisolado tres dias depois de picado por des aegypti infetados com a amostra S. R., segundo Davis (7), no mesmo prazo tendo sido reisolado, por Aragão (8), virus silvestre de origem brasileira ino- culado cm Alouatta caraya. Cacajao rubicundus, entretanto, não se mostrou infctavel a Davis (7), queí picado por Aedes infet^tdos com Asibi, quer inoculado com amostra S. R. Tendo ocorrido no ano 1936 no Munidpio de Botucatú, Estado de S. Paulo, vários casos de febre amarela silvestre, resolvemos aproveitar as facilidades 1 :20 de virus Asibi por via subcutânea. A temperatura oscilou entre 39°-! ® 39°5 até o 3.° dia, atingindo ACP no 4.® dia quando foi sangrado para rdsola* cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 F. DA Fonseca & P. Árticas — Sobre a sensibilidade de Cebus cirrifer 375 mento do virus. A curva térmica se manteve nos arredores de 39°5 até o 9.” dia. subindo no\’^mente a 40° no 18.° e 19.° dias. Dos seis caniondongos ino- culados com o sangue do 4.° dia um morreu 9 dias e o outro 16 dias após a ino- culação, tendo sido feita,s mais quatro passagens em camondongos com o \nrus reisolado. Cebus 1654, 9 adulta e 1656, ainda jovem. — Inoculados a 17-11-38, res- pectivamente, com 4 ccs. e 1 cc. de virus /Vsibi diluido a 1 :20, por via peritoneal. Sangrias praticada 3 a 21-11 e a 4-III, seguidas de inoculação de 0,03 ccs. de sangtie por vb cerebral em camondongos, não demonstraram existência de \nrus circulante. Entretanto, a temperatura do 1654 subiu a 40° no 5.° db, 40°3 no 6.° dia, 40°5 no 7.°, 40°4 no 8.° e 40°2 no 9.°, voltando a 39"7 (media nonnal neste .mimai) daí cm diante. O Cebus 1656 apresentou a-scenção térmica na mesma ocasião, tendo sido êsse também o unico sintoma. Cebus 1657, 9 adulta ainda, jovem — Inocubda a 17-11-38 com 1 cc. da diluição a 1 :20 de virus Asibi por vb intracardbca. Somente nos tres primeiros dias apresentou temperatura abaixo de 40°; ro 4.° db a temperatura foi de 40°, subindo a 40°5 no 5.° di^ mantcndo-sc entre 39°9 c 41° até o 20.° db. A ino- culação do sangue colhido no 4.° dia conferiu paralisb a todos os camondongos, tendo sido o virus assim reisolado, passando mais quatro vezes cm camondongos. Kova tentativa de reisola,mento do virus no 9.® dia não foi mais coroada de exito. Cebus 1651, S aduho velho — Inoculado a 17-11-38, por \-ia intracardbca, com 1 cc. da diluição a 1 :20 de virus Asibi. A temperatura deste animal se man- teve quasi sempre acima de 4(P, mesmo antes da inoculação, notando-se, porém, certa elevação do 5.® ao 8.® dia, período em que por duas vezes atingiu 41®. Do sangue colhido no 4.® db foi rcisobdo virus em camondongos inoculados por via cerebral, varias passagens tendo sido praticadas com este material. NoN^a ten- tativa de reisobmento feita no 9.® dia ficou incompleta por terem morrido aci- dentalmcnte todos os camondongos. Cebus 1647, S adulto — Inoculado com 2,5 ccs. de virus Asibi diluido a 1 :10, por via intravenosa, a 31-1-38. Tentati^•as de reisolamento do virus feitas no 7.® e no 14.® dias resultaram infrutíferas, apesar da ligeira ascenção térmica obseirada do 7.® ao 9.® dia, quando a temperatura atingiu 40°3. Cebus 1648, 9 adulta ainda jovem — Inoculada a 11-11-38 com 0,5 cc. de virus neurotropico por vb cerebral. Xo dia 16 já se apresentara doente, com perda de atividade, manifestando-se a paralisia a 19-II (Fig. 1). A temperatura habitual de 39°5, observada nos primeiros dias, elevou-se a 40® no 4.® e a 41®1 no 6.® dia, baixamlo a 38®8 no 8.® para subir a 39°5 no 10.® dia. Do cerebro e do figado deste animal, sacrifica,do a 21-11, não foi possível rcisolar o virus. também não tendo sido conseguido reisolamento do rírus circulante, tentado nos 3.® e 10.® dias. 3 376 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Somos gratos ao Prof. Paulo Sawaya, da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade de S. Paulo, pela determinação dos símios utilizados neste trabalho. CONCLUSÕES Cebus cirrifer é sensivel à inoculação do virus Asibi introduzido quer pela via subcutânea, quer pela intracardiaca, não parecendo a idade do animal influir sobre a sua sensibilidade. A infecção provocada não determinou a morte de animal algum dos experimentados, tendo sido reisolado o virus até o 4.® dia. A inoculação de dois Cebus por via intraperitoneal e de um por via intra- venosa com virus Asibi seguiu-se elevação térmica, não tendo sido, porém, con- seguido reisolamento do virus. A inoculação intracercbral de virus ncurotropico deu logar à paralisia tipica, não tendo sido possivel reisolar o virus. BIBLIOGRAFIA Davis, N. & Shannon R. C. — The Joum. Exp. Med. 50(1) :81. 1929. Dazis, .V. — The Amcr. Joum. Hyg. 11(2) :321. 1930. I.loyd. IF. & Penna, H. A. — Amer. Joum. Trop. Med. 12(3) -.243.1933. Aragão, H. B. — Supl. Memórias Injt. Oswaldo Cruz 2:23.1928. Davis, .V. — The Joum. E.xp. Med. 51(5) :703. 1930. Davis, ;V. — The Joum. Exp. Med. 52(3) :40S.1930. Davis, iV. — .Amcr. Joum. Trop. Med. 11(2) :113. 1931. .4ragão, H. D. — Brasil-Medko 52(17) ;41.1938. (Tnbalbo lU Sccfio de Paruitoloeia e Prois have previously Ixren made, specially by Davis. Davis and Shannon (1) testified the sensibility of the Cebus macrocephalus to Asibi virus, both by inoculation and by the bite of .-ledes aegypti; Davis (2) succeedeeing, how- ever, the only symptom perccived. Cebus 1657. 9 adult. but young. Inoculated on Fcbruaiy 2. 1938 with 1 c.c. of .Asibi virus at 1 :20 intracardially. The tcmperature ^\•as l)clow C. only during the first three davs; on the 4th dav the tcmperature was at 40°, rising to 40°5 on the 5th day. staying Ijctwcen 39°9 and 41° until the 20th day. The inoculation of blood takcn on tire 4th day inducetl a t>i>ical paralysis to all of the mice; the virus thus reisolated liad four more jMissagcs through mice. Xo results was obtaineil when the reisolation of the virus was again attempterl on the 9th day. Cebus 1651 i . agee of no result, in spite of a slight tcmjKrature rise on the 7th to the 9th day, when the remperaturc attained 40°3 C.. Cebus 1648 9 adult, still young. Inoculated intracerebrally, on February 11. 1938, with 0.5 c.c. of neurotropic virus. It was already ill on Februarj’ 16. showing a loss of activity. paralysis oceurring on Fcbruaiy 19 (Fig. 1). The normal tcmperature of 39°5 C., noticed on the first three days, rcached 40° on #" - 380 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII the 4tli, and 41°1 on the 6th day, falling to 38°8 on the 8th, and rising again to 39“5 on tile lOth day. The reisolation of the virus could not be obtained froni the ccrebrum and from the liver of this animal, sacrificed on Februarj’ 21,1938. Tlie circulating virus also could not be reisolated on the 3rd and lOth day. Our best thanks to Prof. Paulo Sawaya, from the “Faculdade de Sciencias e Lettras da Un>versida,de de S. Paulo” for the classification of the monkeys used in these experiments. CONXLU.SIONS Cebus cirrifer proved to l)e sensitive to the .-\sibi virus inoailated both sul>- cutaneously and intracardiaíly : the age of the animal does not scem to ha%'C influence on its sensibility. Titis infection did not cause the death of any of the tested animais, the vinis having bccn reisolated until the 4th day. Two Asibi virus intraperitoneal inoculations and one intravenous were foi- lowed by themiic rise in specimens of Cebus cirrifer, but no reisolation of the virus was obtained. BIBLIOGRAPHY 1. Dai-is, N. & Shannon. R. C. — The Journ. Exp. Med. 50(1) :81 . 1929. 2. Dat-ií, .V. - The Amcr. Jour. Hyg. 11(2) :321. 1930. 3. Lloyd. IV. Sr Penna, lí. ,-l. — Amcr. Jour. Trop. Med. 12(3) :243. 1933. 4. Aragão, H. li. — Suppl. Memórias Inst. Oswaldo Cruz 2:23.1928. 5. Dat-is, N. — The Jour. Exp. .Med. 51(5) :703. 1930. 6. Davis, al|Kis do á de cõr amarela predominante A. (Sh.) limai, sp.n. Articulos estreitos dos paljxis do á d; cõr negra predominante .4. (Sh.) bonnei, sp. n. Em proximo traltalho apresentaremos a descrição completa dos adultos, bem como os tlesenhos e microfotografias das azas, patas e de certos detalli.s da terminalia. O nome sul^enerico é dado cm homenagem ao grande estudioso das ano- felinas neotrojticas R. C. Shannon. sendo formada a nova combinação ix>r estarem ocupadas outras, como Shannonia, Shannoniopsis c Shannonoinyia. ..As cspec’c^ são dedicadas, respectivamente, a Costa Lima, a quem tivemos ocasião de con- sultar sobre a oportunidade da creação do novo sub-gcncro e a .\rthur Costa Filho. Diretor do Serviço de Profilaxia da Malaria do Estado de S. Paulo, grande animador de trabalhos de pesquisa malariologica, sob cuja orientação foi organizada a coleção na qual se encontravam duas das no\-as especies descritas. ABSTRACT .\ ncw sul^enus, Shannoniclla, sultg. n., with Anophelcs (Shannoiiiella) limai, sp.n., as tj-pc species is proposeel including also .-/. (Shannoniclla) co.rai, sp.n., and A. (Shannoniclla) mcdiopunclalus (Lltz xri Thcolrald. 1903) [sin.: Cycloleptcron mcdiopunctatus Lutz in Theobald, 1903 ; Anophcles medio- punctat»^ (Tiieob.) : Anophcles rockcfcllcri Peryassú, 1923. etc.]. The differences observed betwcctt thc descriptions of Bonne aml Bonne- Wepstcr on one hand, and that of Theobald on the other, result in proposing temporarely the name of Anophcles (Shannoniclla) bonnei, sp.n. for Bonne’s species. Tlie most important character of Shannoniclla, subg. n. is thc prcsencc of tAvo large, hom-like appendages of the 9th stemite (Figs. 1 and 2.h). (Trabalho de colaboracáo do Serviço de Proftlaxia da Ma* taría do Eetado de S. Paulo e da SecçSo de Protiooulo* KÍa e Parasitolofia do Instituto Hutantan, apresentado para publicação em janeiro de 1940 e dado à publicidade em março, de 1940. Lido em »e«*ão realixada pda So* ciedade Braaileira de Entomolofia a 29 de Janeiro de 1940). i r 5 F. D.\ Fonseca & A. da Silva IUmos — .Yoi>o sitbgenero e novas especies de anofelinas neolropicas. Mctn. Inst. Batantan Vol. Xni — 1939 Fiç. 1 {SkúMn^UI!éy Ümei, sp. a. Fonseca & A. da Silva Hamos — .Voi>o subgenero e novas expedes de anofelinas neolropicus. Mcm. InsL Batantan Vol. Xni — 1939 F.r. 2 ImofhtUs (ShammrairiU) ctttíi, tp. n. a ESTUDOS SOBRE A FISIOLOGIA SEXUAL DAS SERPENTES POR LUDWIG FKAEXKEL & THALES MARTINS I . O corpo amarelo. II. A inserção do ovo. III. Presença da estrina nos foliculos ovarianos. I. No decurso de pesquisas sobre a fisiologia da reprodução de algumas serpentes brasileiras, tivemos ocasião de estudar a genitalia de indivíduos per- tencentes às seguintes cspecics: a) Colubridae, oviparas: Xcnodoti merremii Wagler; b) Crotalidoí, ovo-viviparas : Cascavel, Crotalus Icrrijicus (Laur.) ; Ja- raraca, Bothrops jararaca (Wied) e Unjtú, Bolhrops allcriuUa Dm. & Iíibk.. Os osarios das especies examinadas são, conw os dos ofidios em geral, or- gãos saciformes, contendo foliculos de diferentes tamanhos; alem desses ele- mentos, os das ovo-\nviparas apresentam formações especiais, de aspecto cara- cterístico, comparáveis ao corpo amarelo dos mamíferos. Foi esse ponto, aliás, o diretamente visado ao tomarmos as serpentes como animal de pesquisa: ex- tender aos grupos inferiores de vertebrados as verificações concernentes à fisiolo- gia do corpo amarelo. O material mais abundante para as nossas observações e experiencias foi constituído pela Jararaca e pela, Cascavel, não havendo, entre uma e outra, di- ferença apreciável na morfologia do ovário. Sobre as primeiras verificações da presença do corpo amarelo em serpentes já apresentamos nota preliminar à So- ciedade de Biologia de São Paulo (C. R. Soc. Biol. 227:466. 1938.) ^íorfoIogia do corpo attuirelo — .-X Fig. 1 representa os ovários de duas Cascavéis: um proveniente de um exemplar prenhe, e dois de um não prenhe, subentendendo-se como prenhe a serpente portadora, nos ovidutos, de ovos con- I 394 Mrmorias do Instituto Butantan — Tomo XIII tendo embriões. Macroscopicamente já c facil distii^uir entre os foliculos, ovais e transparentes, as formações que designamos de corpo amarelo. Estas são discoidais ou elipticas, aderentes à parede do ovário por uma zona limitada, ficando livre a periferiat; os diâmetros variam de 0.5 a 1 cm.: a consistência é mole. à vezes muito friável; na superfiric ha uma zona central retraída, como uma fovea. Têm cór amarelo-clara, que as distingue dos foliculos translucid«>s, de sorte que ap vivo são muito mais nitiílas as diferenças do que na fotografia. Foliculos c corpora lutea altemam-se em serie. Microscopicamente, a estrutura e muito semelhante à do coq>o amarelo dos mamiferos. Agregados compactos de células de protoplasma granuloso pa- recem, muito provavelmente, originados da camada granulosa do foliculo. Tra- béculas conjuntivas jKirtem da paretlc e penetram no interior do orgão, espe- cialntmte na Jararaca. Uma cavidade central ê frequentemente er^x»ntrada cheia com um material que toma as cores acidas. .\ vascularização do orgão não ocorre na abundancia encontrada no corpo luteo dos mamiferos. no qual pratkanKnte caua célula está cm contacto com un» capilar; no cas«j vertente, o» \ay« sc concentram nas trabcculas conjuntivas acima citadas, de onde se irradia a dis- tribuição dc sangue lara o parenquima (Figs. 3 c 4). Eventualmente j>odem ser eiKontradas formações de aspecto aberrante no tamanho, forma c cór; brancos, pardos, muito escuros. Em certos casos, em- bora nacrosC"i>icamentc normais, ao exame microscopico mostram-se constitui- dos dc tecido o amarelo — Morfologicanrcnte, c quasi impossível deixar de bonwlogar um com o outro: mas a prova decisiva tc.n q« ser a funcional. Ora. a rebção deste orgão com i gestação é patente; êlc c au- sente ou muito rudimentar nas espccics oviparas c nas ovo-viviparas não pre- nhes. Só atinge a pleno desenvedvimento nas ovo-viviparas prenhes, e o seu nu- mero coincide aproximadamente com o dos ovos presentes nos ovidutos. Impunham-se, entretanto, experienebs que demonstrassem o seu papel cn- docrinico; preliminarmente, cabia-nos verificar si a extirpação era seguida de cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 L. Fr.\f.xkel Jt T. Martins — Sobre a fisiologia sexual tias serpentes 395 cxpulíão prematura ou de perturbações graves dos ovos. Apesar de termos pra- ticado mais de 50 ovarietomias em Jararacas e Cascavéis prenhes, não foi dos mais frutiferos o trabalho. Dado que os dois ovários, medindo de 10 a 20 cms. de comprimento por 1 a 1.5 de largura, não ficam simetricamente colocados, mas, cm regra, um mais baixo do que o outro, a incisão abdominal era íorça- damente longa. Com o exercido, fomos gradualmente diminuindo a sua am- plitude a 10 cms. ou menos; mas, mesmo assim, não era possivel evitar, cm muitos casos, a eventração do oviduto, que, embora não perfurado, era em grande parte expelido pela tensão intracadtaria e reintroduzido só à custa de manobras repetidas, com inevitáveis traumatismos dos ovos e “vohulus geni- ta,lis”. Havia ainda a grande mortalidade materna, que não está na dependen- cia de operações ou anestesias severas; pois. mesmo cm casos de pequenas la- parotomias exploradoras, sem nardose. nenhum animal sobredveu mais de 10 dias. De qualquer maneira, não lia como fugir à identificação do orgão ora des- crito ao corpo luteo. De fato. uma formação glandular encontrada no ovário, sem canal cxcretor, com a morfologia do corpo amarelo, desenvolvida cm es- pecies ovo-vie-iparas apenas durante a prenhez, a não ser que se trate de uma glandula nova. só pode ser o proprio corpo amarelo. Sendo assim, sob o (xinto de vista da filogenia endocrinica, o oe^ario das sciqxmtes viviparas c mais adian- tado do que o das a\-es. II. .'I inserção do oro. A muco.sa do útero apresenta regular desenvolvimento das glandulas, em- bora mais discreto do que o encontrado no endometrio dos mamiferos: nos ani- mais prcnlKs, forma papilas e digitações (Figs. 6 c 7). Por seu lado. as mem- branas- fetais apresentam vilosidades, dentiatladas ou dicotomizadas, que insinuam exatamente nos vãos das vilosidades uterinas. E’ o que se poderia chamar de placenta vitelina. formada pelas papilas e vilosidades que proeminam dos cnvoltorlos do ovo. Entre a parte materna e a fetal encontra-se uma se- creção liquida, viscosa e transparente como a clara de ovo e que escorre quando SC incisa a parede do oviduto, sem lesar o ovo. Essa secreção dá reações de mucina e de albumina; fixada e colorida, em cortes histologicos, não parece homogênea; do lado materno, forma uma fita regular, tomando as córes basicas; do lado fetal, tem maior afinidades pelas córes acidas, mas, cm certas zonas, tem um aspecto todo particular. Sobre o fundo basofilo aparecem fios. formando uma trama plexiforme. afim às córes acidas, que dão ao conjunto uma aparência sui generis, por nós nunca vista cm tecidos animais. O epitelio embrionário é formado por uma camada simples ; no sincicio, sob grande aumento, vém-sc corpúsculos refringentes cm 2 a 3 estratos. 3 .ton Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Abaixo do qjitclio distribue-se o tecido conjuntivo da alantoide e, depois, o vitelus (Figs. 8 e 9). Do lado materno, sob o epitelio, encontram-se as papilas ramificadas «f as glanduIas uterinas, cheias de granulações acidofilas. A posição do embrião guarda uniformidade, em relação ao oviduto; êle está sempre voltado para o lado mais vascularizado, que é o "mesometrial” (Fig. 5). Correspondendo à linha de penetração dos s^asos no o\-iduto, encontramos a zona de inserção do ovo. como a descrevemos, a qual fica limitada à parte de uma linha meridiana que passa sobre a zona embrionária. Quando se abre o oviduto, o ovo se descola facilmente, o que mostra ser muito frouxa a aderencia que prende um ao outro. III. Presença de eslrina nos foliculos ovaricos. \’arios problemas hormonais sugerem-se por si mesmos: pesquisa de es- lrina e de progesterona (hormonio luteo) nos foliculos ou nos corpos amarelos: investigação dos efeitos dos hormonios gonado-estimulantes da hipófise sobre o ovário. Estes últimos serão particularmcnte instrutivos para a analise da fonnação c desenvolvimento dos corpos amarelos, que, artiiicialmente provo- cados, poderão ser estudados em todas as suas fases. Para esses trabalhos, acu- mulamos a matéria prima necessária, isto c, hipófises doadas por especies ho- mologas; o mesmo fazemos ern relação ao hormonio luteo, cuja pcijucna con- centração nos mantiferos faz prevèr também um baixo teor nas fontiaçóes cm apreço. Quando tivermos 50 a 100 grs. de corpora lutea, faremos o e.xtrato; o encontro da progesterona trará mais uma pro\-a funcional dos orgãos aqui es- tudados na parte I. Quanto á presença de estrina nos foliculos ovaricos, já temos dados sufi- ciente- para, uma conclusão. A injeção de “liquido folicular’’, obtido pela ex- pressão de foliculos com o o\-ulo, de Jararacas ou Cascavéis, prenhes ou não, em camondongas castradas, provoca o estro tipico, isto c, o test de Allen e Doisy positivo para a estrina, já com doses de 0.4 cc, repartidas em 4 dias. Dosagens quantitatisas poderão ser feitas com extratos purificados, mas esses rcsuItaie Zotten, ungegabelt oder leicht dicho- tomisch verãstelt. fügen sich in cnt?prcchcndc Plikaturen zwischcn den Uteruspa- prossung der Eihüllen in Zottenform. Die Plikaturen zwischcn den Uterusjwt- pillen ein (.Ahb. 8 u. 9). Zwischcn beiden findet sich cin flõssigcs Sekret. Icicht fadcnziehcnd. Ik- 11 und ctwas klcbrig (cnthãlt .\lbumin und Mucin) : l>ci fixier- tem Material bildet diese geronnene Substanz zwischcn den mútterlichcn Papillcn und den tmbryonalcn Zotten cine Art Geflecht- oder Strichmuster, mehr um das cmbryonale wie um «las müttcrlichc Epithcl herum. Ein Bild, wie wir es «ler animalen N*afur noch nicht gesehen hal)cn. Das cmhrv-onale Epithcl ist in einfacher Lage. al>cr ohne Zellgrenzen und im Syncv thium sieht nun l)ei ganz starker \'crgrõsserung ver^chiedene lichthrechcnde Kõrpcrchen in 2-3 facher T^gc. Unter dem embryonalcn Epithel findet sich das .Mlantois — Bindegewel)C und dann der Dotter. Auf der anderen Seite unter dem «nüttcrlichcn Epithcl dic stark verzwcigtcn Papillcn und dic uterinen Drüsen mh acidophilcn Granuh eríüllt. Das Zylindcrtpithel der 01»erflãchc wird oft nicdrig und knibisch. Das müttcrliche Rindcgewcbc ist stark, im Puerperium noch stãrker \-asailarisiert. (Mfnct man cine Kammcr, so quillt Dotter. Frucht und Eihüllen heraus. Die Ixtztcrcn sitzen am festesten an der mesometralen Seite, wcil von hier aus Blut- gefüsse zum Embrj-o wrlaufen. aber auch hier lõsen sich die Eihãute von sclb-t von der Uleruswand ab. Zwischcn den gesunden finden sich überall tote. anior- phe Eicr mit geronnenem Dotter. zum Tcil ohne sichtbaren Embr>-o. der oífcnbar rcsfjrbicrt ist. Wcnn man dic Flüssigkcit. dic in den 0\-arialfoHikeln der beiden crwãhntcn Schlangcnarten. den grariden und nicht graviden, enthaltcn ist, kastrierten Mãu- sen cinspritztc, war es raõglich eine Brunst hervorzunifen, und zwar durch Men- gen von 0.4 ccm. dic in vier aufeinander folgenden Tagcn eingespritzt wurden. Diese cnt.sprcchen ciner Oestrinkonzentration von ungefãhr 2.500 Mãuse-Ein- heiten pro I-itcr des Materials. (Trabttibo da S«ccSo de Fisão^etolocia do InUitolo Batant**i, n*rf>*do «B l»J9. D»do i poMicidade m de JWO). cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 L. Fraenkel a Thales Martins — Estudos sobre a fisio- logia sexual das serpentes. Mcm. Ixui. Butactan VoL XIII — 193& C e *‘1 iSciELO cm Mem. Inst. Hutantan L. Fr.\enkel * Thales Mautixs — Estudos sobre a fisio- logia sexual das serpentes. VoL XIII — 19S9 Kip. S Corpo «mirdo de Ca«carcl. X 10. Fi?. 4 ÍCona central de um corpo amarelo de BcHkrtff-s jarara^ê. Hcmat. cosina. X 250. 1 ) JSciELOj 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 L cm JSciELOj 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 L. cm TIPOS DE C. DIPHTERIAE EM SÃO PAULO Reações culturais, >irulencia, toxigenicidade e suas relações com os casos clinicos POR BRUXO RAXGEL PESTAXA; JAXDYRA PLAXET do AMARAL & LUIZ PEREIRA BARRETTO XETO As caracteristicas bacteriológicas do B. difterico têm sido objeto de inúmeros estudos, desde que se levantou o grave problema da difteria maligna, na qual se ob'crva a ação insuficiente da antitoxina homologa, em contraste chocante com os admiráveis resultados do sôro na terapêutica dos casos comuns de difteria. Dos estudos de Anderson, McLeod e colaboradores (1) que serviram de base jxira numerosas outras observações, se depreende uma classificação bacte- riológica em tii>os de B. difterico. que se relacionaria com a, maior ou menor gravidade dos casos clinicos da moléstia em questão. Estes autores, estudando a relação existente entre a gravidade da moléstia e as carecteristicas morfoló- gicas e propriedades bioquimicas do Ijacilo, estabeleceram tres tipos de C. diphtc- riac, baseados na morfologia da colonia. no aspecto do crescimento an caldo, PO seu pH e na hemolise, em: “gravis”, “mitis” e "intermedius”. Os caracteres diferenciais destes tres tipos seriam os seguintes: Tipo “gravis” Depois de 24 horas de incubação: colonias bem separadas com 2 mms. de diâmetro aproximadamente, de centro um pouco levantado e de borda ligeira- mente irregular. Sua superfície é geralmente rugosa e finamente granulosa. A parte central é de um preto acinzentado com periferia cinzenta clara, e borda complctamente transp»arente. A porção p>eriférica mostra certa tendencia para estrias radiais. Depois de 48 horas de incubação: O diâmetro da, colonia vai aumentando para 3-5 mms., a saliência central toma-se mais escura do que cm 24 horas e a periferia é definitivamente cinzenta. A superfície da colonia, é granulosa em 1 C«d. 24 408 Memórias do Inslitulo B>itantan — Tomo XIII geral com estrias que não são sempre bem definidas. Esta morfologia é nor- malmente descrita como “cabeça de margarida”. Tipo "intermedius" Depois de 24 horas de ituubação: Pequenas colonias chatas, ligeiramente abauladas, com borda irregular, superficie lisa, com 0.5 mms. de diâmetro aproxi- madamente. O centro da colonia é marron escuro, perdendo gradualmente a in- tensidade até ficar clara e transparente na periferia. Depois de 48 horas de incubação: As colonias crescem até 1-5 mms. de dia- metro. A coloração é mab intensa e a parte periférica clara é reduzida de ta- manho. Entretanto, a borda é muitas ii^ezes levemente irregular c aneis concên- tricos ligciramcnte salientes podem ser obscr\-ados na superficie da colonia- Muito raramente a superficie se torna um pouco granulada. Tipo ‘'milis” Depois dc 24 horas de incubação: A colonia tem aproximadamente 1 mm. de diâmetro, sendo baixa e convexa, com borda regular e superficie lisa. A parte central é geralmente um tanto escura e a periferia cinzento pálido. Depois de 48 horas de incubação: O diâmetro é acrescido para 2-3 mms. A colonia torna-se mais escura indo até o preto, superficie brilhante e somente a i>arte periférica continua dc côr cinzenta. As colonias "gravis” são muitas s-ezes dc difidl identificação antes de 43 horas dc crescimento; os caracteres tipicos aparecem depois de 24 para 48 horas dc incubação c no fim deste tempo a tipica “cabeça de margarida,” é que geralmente está presente. A colonia “initis" além de seu aumento em umanho c intensidatle de côr, mostra pequena mudanç;^ depois de 24 horas dc incubação. As colonias do tipo “intermedius” fkam muito pequenas e são facilmente reconhecidas i>cla sua côr clara e ligeira forma abaulada, tanto em 24 como cm 48 horas. .Mém da morfolc^a tipica da colonia, estas trés modalidades de ba- cilo teriam outros caracteres que são assim resumidos pelos autores: Tipo “gravis" — Morfologia do bacilo cm meio de Loeffler: granulações acentuadas; cm outros meios que não o de Loeffler: bacilos curtos usualmente <«em granulações ; pelicula e deposito granular em caldo. Reação em caldo inicial- mente acida, tornando-se alcalina cm 2 dias^ Xão hemolitico. Fermenta inva- riavelmente o amido e o glicogenio. Isolado nos casos graves dc difteria; parali- sias comuns. cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 lí. HaXüel Pestana. J. P. do .\maiial A L. P. Baríuctto Neto — T. C . tlipli . -109 Tipo "mitis" — Morfologia: bacilos longos, com grânulos bem marcados. Tursação uniforme em caldo. Reação acida em caldo, persistindo geralmente 4 ou 5 dias. Hemolitico. Xão fermenta o amido. Encontrado nos casos leves de di fteria ; paralisias raras. Tipo "intennedius" — Crescimento granular em caldo. Não fermenta o amido. Xão hemolitico. Estes autores ainda estudando a virulência das cultu- ras relatam que a forma "gravis” raramente fallia cm virulência em contraste com a “mitis” que é mais frequentemente avirulenta. Julgamos de interesse estudar algumas das características das culturas de B. difterico, fornecidas pelo Hospital “Emilio Ribas” cm S. Paulo, em relação aos casos clinicos, estudo que ainda não fora realizado entre nós. Xosso trabalho, de acordo com as possibilidades de cáda um, foi feito em três partes distintas: a classificação das culturas cm tipo de colonia, as provas de hemolise e fermentação de amido, realizadas por Bruno Rangel Pestana no Instituto Bactcriologico ; as provas de toxigenicidade e virulência por Jandyra Planct do Amaral, no Instituto Butantan c as observações clinicas por Luiz Pe- reira Barretto Xeto, medico interno do Hospital “Emilio Ribas” em S. Paulo. Xossas obser\açõcs colcgidas ficam reproduzidas no presente trabalho. Tipo de colonia A diferenciação dcrccntagem minima de 5.4; sendo que 7.5^ se mostram attpicos. Devemos oteervar ainda que esta percentagem se reproduz na mesma sequencia nos doen- tes e nos portadores de germes. \'erificamos ainda que o numero de “grasns” c maior nos portadores ni.l^) do que nos doentes (3.8%). O tipo “mitis” também é maior ainda nos portadores (22.6%) do que nos doentes (13.9%). O contrario c observado cm ISciELO D 11 12 13 14 15 16 410 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII QUADRO 1 Tipo de colonia em relação a doentes e portadores TIPO 1 1 DOENTES PORTADORES ' Total N.“ 1 1 N.“ , '! 1 1 ; 1 S-,. 10 3.8 i 8 1 11.1 18 5.4 36 13.9 1 16 22.6 ! 52 15.8 Intermedius 191 74.0 i 60.5 i 234 71.1 21 8.1 1 4 1 5.6 j 1 25 7.5 1 258 I i ' - 1 ! para o lipo “inlermcdius”, no qual a percentagem para os doentes (74.0^) é maior do que nos portadores (60.5%); o mesmo acontece nos doemes e portadores (5.6*/o) dos tipos atipicos. Amostras “gra\-is” cm maior percentagem foram encontradas por Anderson e seus colaboradores (1). Os estudos realizados cm Berlin por Christison (2>. deduzem uma percentagem de 66.3% nas formas do tipo "gra\-is”, seguindo-se o tipo “mitis” com 13.67o c o “intermedius” com 12.6%. .-\inda Gundcl e Licbetrutli (3), põem em evidencia o tipo “gravis” como o mais frequente nas epidemias na Alemanha. Xas estatisticas de Qauberg (4), também em Bcrün, o ti|x> “gravis” aparece com 77.9% o "intermedius” com 12.3% c o “mitis ’ com .S.2%, Frobischer (5) cm 273 raças estudadas em Baltimorc, encontra somente 4 que apresentam caracteres do tipo “gravis”: 100 os do tipo “mitis e as rc.slantcs as caraclcristicas dos dois grupos. Deduz dai a fraca morb;- lidadc diftcrica constatada note It^ar. Os estudos de Cárter (6) com raça.s isoladas em GKsgow, concluem que o tipo “gravis” é pouco frequente na Escócia, mas que o tipo "intermedius” com 65.1% dos casos, seria o responsável pelas formas clinicas graves, sendo que os restantes erapi "mitis” e estas^am em relação com os casos ligeiros. Preuss (7), verificando a frequência dos tt- pos cm Düsseldorf, encontrou o tipo "gravis” cm 23.1%; o “mitis” e “inter- medius” constituindo, respectivamente, 35.6% c 36J%. Ainda em estudos sobre os portadores, encontra, que 55% destes exibem o tipo “mitis”. Xossas estatisticas mostram uma percentagem bem mais alta para o tipo “intennedius”. Poderiamos concluir que a pequena frequência do tipo “gravis seria um dos fatores da fraca morbilidade entre nós; si examinarmos, porém, a proporção dos tipos nos portadores, veremos que a percentagem de amostras do cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 n. Rangel Pestana, J. P. do Amaral & L. P. Barretto Neto — T. C. diph . 411 tipo “gravis” é maior para os portadores ( 11 . 1 %) do que para os doentes (3.8%) e cairiamos em contradição. Nossos dados estão em desacordo com a. maioria das estatisticas no que se refere aos portadores. Fermentação do amido Wright e Ranckin ( 8 ), Mcnton (9) e Menton e outros (10), tiveram di- ficuldade em chssificar amostras do B. difterico pelo critério adotado nos tra- balhos de .Anderson e colaboradores: foi então sugerido (Mentor, Oiristisn ( 11 ) ) que a, fermentação do amido seria o fator mais importante na diferen- ciação dos referidos tipos. Gorrieri (12) é de opinião também que a ação de desagregação deste hidrato de carl»ono deveria ser tomada como um dos caracte- res fundamentais para 14 diferenciaçã,o do tipo "gravis”. Em seus estudos com 56 amostras “gravis” poude selcdonar 54 raças que decompõem o amido. Técnica: Para verificação do poder fermentativo do amido usamos o meio dc Hiss modificado por Mcl-eod, adicionando-se o amido solúvel na proporção de 1 %. Nossas obsen-açõer. estão sintetizadas no Quadro N.° 2. Concluimos que 57.1% das aniostras “gravis” fennentam o amido c 42.8 não. sendo que a QUADRO X.* 2 Relação entre tipo de colonia e fermentação do amido TIPO Culturas , ffrmeutam 0 amido 1 não fsrmcnlam 0 Amido UstüíLis N.’ % 1 .V.' % Gravis *14 8 57.1 6 42.8 Mitis 31 1 3.2 30 96.7 Intennedius • 136 1 0.7 135 99.2 Atipico 15 — 15 100 Total 196 10 5.1 186 94.8 percentagem para o tipo “mitis” que é de 3.2% e para “intemiedius” de 0.7%. Depreende-se, portanto, que a fermentação do amido não deverá ser tomada como fator essencial, mas de grande probabilidt^de, na diferenciação dos tipos. A não fermentação do amido pelas raças do tipo “gravis” já foi observada por Wright e Rankin ( 8 ) e outros autores. h 412 Mcrr.oriu& cio Instituto Bulantan Tunio Xllí Poder hemolitico O poder hemolitico entra, segundo o critério de Anderson e colaboradores (1) como um dos fatores diferenciais dos tipos “gravis”, "mitis” e “inter- medius”. Técnica: A técnica usada foi a de Hammerschmid. aconselhada por Schiíí e Werber (13) com pequena mcxlificação. A’5 ccs. de cultura de 48 horas, e:n caldo comum, junta-se 0.5 cc. de suspensão de globulos las-ados a 5% (humano ou de coelho). Le\-a-se à estufa durante 2 horas, tira-se e dei.xa-se ficar uma noite na geladeira, fazendo-se então a leitura. Pela verificacjão do quadro X.® 3, podemos concluir que as amostras do t:po “gravis" não hcniolizam as hematias humanas ou de coelho. As amostras “inter- mcd'us” são desprowlas de poara as hematias humanas. O conceito de Anderson deverá ser apoiado no que diz respeito, p-artanto. às fonnas "gravis”. de\-cndo-se fazer ressalva j>ara as do tipo “mitis” e "ioter- nKdius” que não funcionam uniformemente no 1 0.7 4 1 2.9 40 29.4 53 39.2 38 I 27.9 Atipico 15 - 1 1 6.6 1 26.6 8 53.3 2 j 25.6 Total 1 1 191 1 ! 2 ( 1 1.0 1 I 8 1 4.1 lJ 60 31.4 72 37.6 i 49 25.6 ' 1 As percentagens ivira o tipo “gravis” infclizmcntc estão um tanto prejudi- cadas j)clo pequeno numero destas amostras em nosso meio. Dcpreende-sc, Jio- rem, com certas ressalvas luturalntcntc, é que si o tipo “gravis” aparece em unu» percentagem maior para a^ amostras fortemente tHrulentas, paradoxalmcnte tam- isem está cm percentagem mais elevada para as ta(;as avirulentas. O tipo “intennedius". sendo o que se mostra em menor percentagem para as raças avindentas. evidencia tamlxrm percentagem média jrara as reações mode- radas e i.iaior jiara as fortes reações. .As amostras "mitis” c as atipicas. forne- ceram percentagens intcrmedbrias para as raças avirulentas. amostras “mi- tis" se apresentam numa jrercentagem de 38.755» para as reações muito acentuadas. Xossos dados diferem dos de Anderson (1), Zinnemann. K. e Zinnemann. 1. (1 1). quando afirmam que o tipo “gravis” raramente faliia cm virulência, enqiui*;to que o “mitis" é frequentemente o mais avirulento. Xosso Quadro prova ju *a- mente o contrario. Xossos dados concordam com os de Perr)- e colaborad.o- res (15) e com Rosa (16), quando mostram u’a maior percentagem para as raças do tipo “gravis" em reações muito fortes, seguindo-sc as do tipo “mitis” e o "intermerlius” sucessi\-amcntc. De interesse é a pequena percentagem de raças avirulentas; E’ maior, porém, do que as dos autores citados acima, que se limita a 3.3%. cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 B. Hangel Pestana, J. P. do Amar.\l & L. P. Barretto Neto — T. C. diph. 415 Puaemos também averiguar a relação entre a \-irulencia das amostras dos doentes e portadores de bacilos. Foram estudadas, neste sentido. 150 amo:*- tras de doentes e 63 de portadores, cujos resultados aparecem no Quadro 5. QUADRO N'.» 5 Virulência em relação a doentes e portadores Ra(os 1 Racas ! 1 Cuituras duvidosas j avirulentas | Raças vtnuíntas PROVEXIE.V- 1 testadas 1 CIA • 1 I R. m. forte R. forte 1 R. moderada .V.“ % .V.® % • .V.» 1 i % IA'.* .V.» 9*0 Doentes ISO 2 1.3 7 í 1 1 4.6; 1 49 : i i ' 32.6 58 1 38.6 34 22.6 Portadores 63 - _ 4 6.3 ] i 1 17 1 1 26.9 24 1 38.0 18 28.5 Total .3 1 U 0.9 11 5.1 ; i 1 66 I 30.9 ! 82 1 38.4 52 24.4 Concluiremos que a percentagem paxa as raças avirulentas é um pouco mais alta para os portadores do que para os doentes, c ao contrario para as reações fortes e muito fortes, sendo mais alta ainda para as reações moderadas. Si Item qnc em pequena escala, dum modo geral, as amostras provenientes de portadores de gennes apresentam virulência decrescida para a cobaia. Toxigenicidade A amostra Park 8 scrA-iu sempre de testemunlia ãs proATis de toxigenicidade. Sendo u’a amostra de poder toxigenico conhecido, funcionou como padrão dos fatores não inherentes à amostra, que grande importância exercem na pro dução da toxina do B. th I^ffler. .A amostra Park 8 produz nas condições usuais uma toxina media de D. M. L. 1/1.000. As culturas em verificação foram adaptadas ao caldo (caldo peptona 3%) por algumas passagens e então tran.splantadas para um Ixalão de Fembach, no qual permaneceram na estufa a 33-35® durante 8 dias; foram então i>assadas cni 9 416 Memórias do Instituto Butantan Tomo XIII papel de filtro e filtradas em vela Berkfeld, sendo a D. M. L. verificada em cobaias de mais ou menos 250 gramas. As relações entre produção de toxina e o tipo da colonia foram detenni- nadas em 191 amostras, sendo 9 do tipo “gra\-is”, 31 do tipo “mitis”, 136 do tipo "intcrmedius” e 15 atipicas. Xossas observações estão sintetizadas no Quadro N.° 6. QLADRO X.» 6 ReUçio entre tipo de colonia e toxigenicidade TIPO 'Cu/luras lifstadas Más produto- jSo/mris proda-\ ras de toxina j toras de toxina j 1 Bõas produto- toras de toxina , Ótimas produ- toras de toxina .V." » ! .V.* 1 ' % .V.» 1 % : .V." % Gravis 9 ' 5 55.5 1 3 1 33.3 1 I II. 1 Mitis 31 5 16.1 yy 70.9 i y 4 y liuemK(l!u.s . 1 1 136 41 30.1 80 58.8 13 9.5 2 1.4 Atípico 15 t 9 60.0 5 33.3 ' 6.6 — Tüta' *191 1 60 1 1 31.4 i 110 57.. 8.8 I 4 — 1 2.0 1 1 Para facilitar nossas observações, dividimos as amostras em 4 grupos: Más produtoras — toxina de D. M. L. menor do que 1/100 Sofriveis '■ — toxina de D. M. L. maior do que 1/100 e menor do que 1/500. Bõas ” — toxina de D. M. L. maior do que 1/500 e menor do que 1/1 .000. Ótimas ” — toxina de D. M. L. igual a 1/1.000 (P. S). Analizando o Quadro N.® 6 veremos que das 4 amostras produtoras de otima toxina pertencem duas ao tipo "mitis” e duas ao "intermedius”. Xum padrão de toxina bôa, temos as melhores percentagens para o tipo "gravis” c “intermedius”, estando em segundo plano as do tipo "mitis” e as atipicas. Nossas observações estão em desacôrdo com Mair (17), quando acentiia qnc praticamente todas as amostras não to.xigenas pertencem ao tipo “mitis”, pois em nosso quadro as raças desse tipo se apresentam em menor percentagem para u’a má D. M. L. c cm maior para toxinas ótimas. Contrariamente ao que se podería supôr, as amostras do tipo “grarís” se apresentam com 55.5% de más produtoras de toxina. 10 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 B. Rangel Pestana, J. P. do Amaral & L. P. Barretto Xeto — C. diph. 417 Cooper e outros (18) sublinham a contradição entre a gravidade clinica das infecções devidas ao tipo “gra\*is” e a fraca produção de toxina in vüro para certas amostras de “gravis”.. Estabelecemos por outro lado a relação entre a produção de toxina para doentes e portadores de germes. Foram verificadas 63 amostras de portadores e 150 de doentes. O Quadro N.° 7 comporta «s resultados alcançados. QUADRO N.® 7 Toxigenicidade em relação a doentes e portadores 1 I PROVE- \Culturtu XIENXIA \testoíUu\ Más produto- ras dt toxina 1 jSo/ritvtí produ- 1 toras de toxina ■ Bòas produto- toras de toxina Ótimas produ- 1 todas de toxina | . 1 1 •V.® 1 1 ! 1 A'.® 1 % 1 A.® % ! AT.* % Doentes 150 1 42 1 28.0 i 1 91 60.6 14 9.3 3 2.0 Portadores . 63 35.0 i 55.5 4 • 6.3 1 l.S ToUl.... .3 i 65 1 T T 30.5 1 j 58.6 18 8.4 4 1 1.8 i 1 Pela leitura deste Quadro nos é thdo averiguar que a relação entre os 4 tipos de amostras produtoras de toxina é mais ou menos correspondente nos doentes t nos portadores de germes. A percentagCTu maior está tanto de um lado como de outro para as toxinas de D. M. L. sofrivel ; em segundo plano aparece o grupo das más produtoras e em 3.® c 4.® sucessivamente, as amostras de D. M. L. bôa e ótima. Não nos parece, portanto, haver qualquer relação entre prtxlução de toxina e o carater cpidemiologico do germe. Pela verificação da D. M. L. das toxinas produzidas por 9 amostras forne- cidas de casos de difteria maligna, nossas observações terão ainda outro ponto de apoio, pois verificamos que num total de 9 amostras, 8 produziram toxina sofrivel e uma toxina má. Deduzimos ainda não haver relação alguma entre o poder toxigenico in tntro e a patogenicidade da amostra para o organismo vivo. Si relacionarmos por outro lado o poder de \nrulencia para a cobaia com a produção de toxina in r/fro, teremos os resultados constantes do Quadro N.® 8. 11 B. Rangei. Pestana, J. P. do Amar.vl & L. P. B-uiretto Neto — T. S. diph. 419 Pela leitura deste vemos que as amostras muito toxicas, tanto de doentes como de portadores, estão em relação com a virulência mais acentuada. Na mesma ordem de ideias, 33 raças não \-irulentas estão enquadradas nas más produtoras de toxina em maior percentagem e nas sofrivelmente toxicas em menor percentagem. Portanto, uma relação entre toxigenicidade e virulência parece poder ser estabelecida no sentido de todas as amostras muito toxicas serem virulentas. No Quadro N.® 9 estão enquadrados os resultados das relações entre viru- lência e poder hemolitico. Tanto para as hematias humanas como para as de coelho, não ha relação algu- ma entre estas duas reações. Pelo quadro N.° 10 se evidencia por outro lado que a toxidez da amostra não depende de sua proprieda,de hemolitica, pois os dois fatores não se rela- cionam de forma alguma. A comparação da fermentação do amido em relação à virulência e toxige- nicidade constam dos Quadros Ns. 11 e 12. QU.ADRO N.® 11 Relação entre fermentação do amido e virulência Culturas testadas Raças duvidosas — 1 Raças aznrulcntas Raças virulentas R. m. forte 1 ' R. forit R. moderada -V.® % 1 N.® .V.® % .V.® % AT.® % Fermentam 0 amido Não fermen- 9 - - i 2 \ 22.2 2 22.2 5 55. S — — tam 0 amido 195 Ll 1.5 " 3.S 58 29.7 74 37.9 53 27.0 13 I I Relação entre toxigenicidade e poder hemolitico cm iSciELO D 11 12 13 14 15 16 422 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII QUADRO X.» 12 Relação entre {ermentação do amido e tozigenicidade 1 — Produtoras Produtoras de ! Produtoras ' Produtoras de Culturas testadas de mã toxina toxina sofrível de toxina bõa 1 toxina ótima 1 % X.» €t, /ercenlag{in de reação muito forte e menor numero de aviriilentas (3,5%). Podemos considerá-las melhor produtoras de toxina, pois apesar dc estarem em menor percentagem para as amostras dc D. M. L. otima, aparecem com maior percentagem nas bôas produtoras dc toxina e nas sofriveis em detrimeuto das más produtoras cujo numero é bem menor. Relações clinicas Da relação dos característicos bacterioIogicos das amostras causadoras dc difteria com a maior ou menor gravidade da moléstia, ha uma serie grande dc es- tatísticas que deixa o assunto cm interrogação. Do trabalho inicial de .Anderson e colaboradores (1), lançando as bases desta relação, até o presente momento, duas fações distintas aparecem: a que apoia e confirma a teoria dc .Anderson e a que não consegue evidenciar relação alguma entre as formas bacteriológicas do B. difterico e a gravidade da moléstia. Apoiando c confiniiando a tese temos os trabalhos de Lecte, Masou, McLcod e Morrison (19), que constataram a predominância do tipo “gravis” nos casos 16 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 B. Rangel Pestana, J. P. do Amaral & L. P. Bahretto Xeto — T. C. diph . 423 de difteria maligna; as mesmas ideias aparecem nas publicações de Christison (2), Qauberg (4), Schiff e Weber (13), Robinson e Marsliall (20), Cooper, Hap- pold e McLeod (18). Preuner (21) num resumo de \-arios autores assevera que existe uma certa relação entre o tipo do bacilo e a gravidade clinica da moléstia. O outro grupo de estudiosos que está em desacordo com a tese em questão não é menos significativo: nele aparecem Cárter (6), que depois de catalogar 1.614 raças de C. diphteriae isoladas cm Glasgow, conclue que o tipo “gravis” é pouco frequente na Escócia, mas que o “intermedius” mais comumente encon- trado (65%) é o causador das formas clinicas graves, sendo o tipo “mitis" o responsável pelo aparecimento da difteria benigna. Wright, Oiristison, Rankin, Pearson e Cuthberg (22), Perrj’, Willey e Petran (15) tambem não encontraram relação nitida entre a forma clinica e o tipo do bacilo. Murray (23), julgando o tipo “intermedius” mais benigno do que o “miíis”, pensa que a forma "gravis” não está ligada aos casos clinicos graves. Hilgers e Thunes (25), com ideias completamcnte opostas à tese, asseveram a relação do tipo “gratvis” com os casos benignos de difteria. Rosa (16), estudando 86 raças de C. diphteriae, conclue que é o tipo "inter- medius” é mais frequente nos casos de difteria grave. Numa duplicidade de ideias, julgámos de a^gum proveito as conclusões próprias que poderiamos obter, si relacionássemos as modalidades clinicas aos caracteristicos bacteriológicos das raças de C. diphteriae isoladas de doentes do Hospital “Emilio Ribas” em S. Paulo. Para melhor compreensão e mais facilidade nas conclusões, dividimos 03 casos observados em cinco categorias, atendendo tanto quanto jxissivel numa classificação clinica como esta, ao critério da modalidade da doença c ao da sua maior ou menor gravidade. Assim, esquematicamente, os grupos se rejiartiram em: casos mortais, malignos, graves, médios c benignos. Por malignos entendemos os casos cuja gravidade se anunciou precocemen- te, exteriorizada pelo aspecto inrasivo das placas diftericas, acompanhadas de pronunciado infartamento dos gânglios linfáticos submaxilares e do pescoço, com maior ou menor edema periganglionar, que faz desaparecer completamcnte a individualidade do nodulo linfático. Sobrepondo-se a estas duas condições, ca- racterizaram a malignidade dos casos, com frequência e graduação variaveis, as condições precarias do aparelho cardio-vascular (miocardite, colapso periférico), paralisias precoces, hemorragias naso-faringeanas de maior ou menor intensi- dade, a fetidéz do hálito, a adinamia, o delirio, a palidez de cêra, os \'omitos, a inapetenda absoluta, a prisão de ventre, a dôr e muitas vezes a impossibilidade da deglutição. Esses doentes de difteria maligna receberam, já se ve, doses maiores de antitoxina difterica e, tambem, o valioso concurso terapêutico do sôro anti-gan- 17 Od. 25 cm iSciELO D 11 12 13 14 15 16 424 Memórias do Instituto Butantan Tomo XIII grcnoso, que vem servindo para salrar maior numero dos que, atacados dessa forma gra%’issima, tem sido tratados no Hospital de Isolamento. O sôro anti- toxina escarlatinica foi aplicado á maioria dos diftericos desta categoria. No grupo dos casos graves estão compreendidos os que tinham a vida amea- çada não pela forma clinica maligna, mas sim porque os sintomas e os sinais eram de gravidade por falta de tratamento bem conduzido ou por soroterapia feita tardiamente, ou por uma invasão do laringe ou da traquea pelas falsas membranas, trazendo o quadro crupal e a asfixia. Apresentaram nitidamente os caracteres clinicos da doença e permitiam a firmeza do diagnostico, mesmo sem a prora de laboratorio. Aos doentes deste grupo foram naturalmente ail- ministradas doses de antitoxina difterica que oscilaram entre 30.000 e 50.000 unidaeles, uma parte das quais (4.000 a 10.000 u.) feita endovenosamente cm muitos casos. A traqueotomia se impoz algumas vezes como meio de saUnçao na situação de sufocação iminente. Entre os casos médios contapi-sc aqueles que foram acudidos mais ou me- nos precocemente, com uma placa tipica sobre uma ou sobre as duas amidalas, não muito extensa, sem ou com discreta tumefação ganglionar e com bom estado geral Para estes doentes ba^staram as dóses de 25 a 35.000 u. antitoxicas. Denominaram-sc de benignos, finalmente, aqueles casos em que as lesões eram minimas, simples pontos sobre as amidalas, sobre o faringe, apenas em inicio, ou constituidos por casos de rinite difterica sem grasndade aparente. Alguns destes casos não eram bem característicos só pelo ponto de %'ista clinico c necessitaram de concurso do lalxiratorío para sua confirmação. Foram trata- dos com dóses menores de antitoxina, que oscilaram entre 20 e 30.000 u. Pata este grujK) nunca foi necessário uso da sna endovenosa. Nossas obsersações estão condensadas no Quadro N.® 13, no qual se eviden- cia a relação entre os tipos de colonia do C. diphtcriae isolado e a forma clinica da moléstia. QUADRO N.* 13 Relação entre as formas clinicas de difteria e os tipos de colonia do C. dipbteriae Strxlalidade clinica |ci»//Mroj Gratri Milis Intermcdlus A ti fico testadas — ,v.*! % % Casos mortais 23 1 « 5 21.0 14 60.8 3 13.0 Casos malignos 37 1 2.7 12 32.4 19 51.3 S 13.5 Casos benignos 21 — — 3 14.2 18 85.2 Casos médios 28 1 3.5 4 14.2 22 78.5 1 3.5 Casos gra«s 25 — — 1 4.0 23 92.0 1 4.0 Total 134 3 2.2 1 25 18.6 96 1 71.6 10 7.5 18 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 B. Rangel Pestana, J. P. do Amaral & L. P. Barretto Xeto — T. C. diph. 42õ A tese de Anderson mais uma vez não é confirmada, pois o tipo "interme- dius” aparece em porcentagem bastante elevada nos casos de difteria maligna em detrimento do tipo “gras-is”, que se mostra na pequena porcentagem de 37 • Nos outros ca,sos de difteria a percentagem do tipo “intermedius” aparece ainda em primeiro plano, quer nos casos graves (857), quer nos benignos (92,0). Por outro lado, sabemos que a percentagem do tipo “gra,vis” para os por- tadores é maior do que para os doentes. Raciocinando com os dados que acabamos de relatar, não podemos deixar de concluir que o tipo de colonia tem relações ainda, imprecisas com a maior ou menor malignidade da moléstia. Relacionada por outro lado a modalidade clinica da difteria com a s-iru- lencia do C. diphtcriae, temos os resulta,dos constantes do Quadro N.° 14. QÜADRO X'.o 14 Relação entre a virulência do C. difhuriac e a modalidade clinica da difteria Modalidade cfmica Culturas testadas Keação forte Reação mutto forte Reação moderada .V.» .V.® .V.o % Casus mortais i 4 5 Casos malignos 37 10 27.0 17 45.9 10 27.0 Casos graves 1 7 33.3 10 47.6 4 19.0 Casos medios 3» 17 54.8 7 22.5 7 22.5 Casos benignos 25 ! ; 7 28.0 24.0 12 48.0 Total 129 45 34.8 46 35.6 38 29.4 E' interessante notar que nos casos malignos, o tipo “niitis” é que aparece com maior percentagem (32,4), vindo depois os casos mortais (21,0), os graves e médios (147) e os benignos (4,0). Notamos que as amostras muito fortemente virulentas ajtarecem em maior percentagem para os casos malignos e para os graves. Por outro lado, maior numero de reações moderadas está em relação a)m os casos benignos. Si nos reportarmos ao Quadro N.® 5, cm que a virulência apartee decres- cida para os portadores de germes e ao Quadro N.° 14, em que as amostras muito fortemente virulentas foram mais frequentes nos casos malignos e gra- ves, temos um indicio em favor da conclusão de que a virulência do C. diplilc- riac parece estar em relação com a maior ou menor gravidade da difteria. 19 iSciELO D 11 12 13 14 15 16 p I 426 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII RESUMO E CONCLUSÕES Foram estudados os tipos de colonia, a fermentação do amido, o poder hemolitico, a \nnilencia e a toxigenicidade de amostras de C. diphtcriae, obtidas de doentes do Hospital “Emilio Ribas” em S. Paulo e de portadores de germes. Ainda foram obsei^-adas as relações entre estes caracteres e a modalidade cli- nica da difteria. 1. a) Em 329 amostras de doentes de difteria e de portadores, se eviden- ciaram os tipos clássicos de Anderson, em maior percentagem para as raças do tipo “intermedius”, seguindo-se as do tipo “mitis” e as atipicas: o tipo "gravis” aparece em percentagem minima. b) A mesma sequência se observou separadamente em amostras isoladas de doentes c de portadores, sendo que nestes o numero de raças “gravis” foi proporcionalmente maior do que o de atipicas. c) Os tipos “gravis” e “mitis” aparecem em maior percentagem nos por- tadores de germes do que no total dos doentes, o contrario sendo obser- vado para o tipo “intermedius” e para o atípico. d) O tipo “mitis” mostrou-se cm maior percentagem nos casos malujnos (na terça parte dos 37 casos considerados), decrescendo essa relação pro- gressivamente em face da gravidade menor dos casos, até chegar á cifra de 4.0% para os benignos. e) Em progressão inversa apresentou-se o tipo "intermedius”, que apa- rece na quasi totalidade dos casos benignos (92% ) c dai decresce á medida que a gravidade da moléstia aumenta, até chegar a cifra menor destas percentagens para os malignos (51,3%). 2. A fermentação do amido poderá ser considerada, como fator de grande probabilidade para diferenciação do tipo “gra\-is” de C. diphteriac. pois aparece cm percentagem muito mais alta para este tipo ; não deverá, porém, .ser interpretada como de carater especifico, pois 42.8% das amostras do tipo “gravis” não fermentam este hidrato de carbono. 3. As amostras do tipo “gravis” apresentam-se. por outro lado. l>cm defi- nidas no fenomeno da hemolisc: nenhuma delas hemolisa as hematias hu- manas e de coelho; o conceito de Andcr.--on. portanto, fica confirmado no que se refere ao tipo “gravis”; divergimos de sua opinião a respeito de tipo “mitis”, que para nós se apresentou como não hemolitico nalgumas amostras (22,5% para hematias de coellio e 29,0% para hematias hu- manas). 4. a) De 191 amostras testadas para a prova de virulciKÍa depreende-se que o tipo “gravis” é o que se apresenta em maior percentagem para as 20 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 B. Rangel Pestana, J. P. do Amaral & L. P. B.arretto Xeto — T. C. diph. 427 reaqões muito fortes; por outro lado, tanibem a maior percentagem de raqas a^nrulentas está induida neste tipo. b) Das raças testadas, 4,1 foram avirulentas c duvidosas. c) Na prova de drukncias, a reação forte foi a que se revdou em per- centagem mais alta (37,6%), vindo em seguida as de reação muito forte (31,4%) e, finalmente, as de reação moderada (25,6%). 5. a) Pesquisando a produção de toxina em 191 amostras foram encontra- das 4 raças ótimas produtoras de toxina, que se padronizam com o P. 8, classicamente conhecido. Temos ainda 17 amostras produzindo toxinas bòas e as restantes com fatores toxicos de pouco interesse. b) O tipo “mitis” assinalou a percentagem mais alta para as toxinas óti- mas; o tipo “intermedius” tambem apresentou amostras neste padrão, mas em percentagem inferior. c) No tipo “gravis” é que aparecem percentagem maiores para toxinas de D. M. L. entre 1/500 e 1/1.000. Numa vista de conjunto, podemos concluir que o tipo “mitis” é o mais toxigenico, pois aprcscnta-sc com maior percentagem para as toxinas ótimas c menor para as toxinas más. d) Não lia diferença do poder toxigeno entre amostras provenientes de doentes e de portadores de germes. 6. Parece haner uma relação entre virulência c toxigcnicidade, pois pudemos estabelecer que as amostras muito toxicas, são tambem as mais virulentas para a cobaia. Na mesma ordem de ideias, as raças avirulentas ião a.s que estão em maior percentagem para, as más produtoras de toxina. 7. Não se evidencia relação alguma entre virulência e o poder hemolitico para hematias humanas e de coelho. 8. Não se consegue estabelecer uma relação entre a fermentação do amido e a virulência da amostra para a cobaia. 9. a) Não se confirmaram as conclusões de Anderson e seus colaborado- res no que diz respeito á relação entre a maior gravidade da doença, e o tipo da colonia "gravis”. b) O tipo “mitis” apontado por esses autores como o mais frequente nos casos leves, mostrou-sc em nossas observações em maior percentagem nos casos malignos c nos de maior gravidade da difteria. 10. Ha indicios de uma relação positiva entre o carater da, virulência do germe e a modalidade clinica da doença. Bruno Rangel Pestana agradece a colaboração tfcnica de D* .liaria Flora Quirino Ferreira e do sr. Etiore Rugau 21 428 Memurias do Insliliilo Butantan — Tomo XHl ABSTRACT This paper deals wth the typ€s of colony, amide fermenta,tion, hcmolitic power, \nrulence and toxigcnicity of the strains of C. diphtcriae, obtained from diseased of the “Hospital de Isolamento de S. Paulo” and from carriers of germs. Furthemiorc, the rclation between these characters and the clinic form of the diphtheria has bcen obscr\ed. 1. o) 258 saniples of diseased of diphtheria and 71 of carriers have shown the classic t>Tx:s of Anderson ; the strains of the type “intermed:us” present- ed the highest rate. being, followcd by strains of the type “mitis” and the atypical oncs; type “gravis” showed a vera- small rate. b) Tlie same sequcncc has bcen obsera-ed separately in strains which have been isolated from diseased and carriers, the numbem of races “gravis among the carriers being proportionally larger than that of the at)-p>cal oncs. c) The types “gravis” and “mitis” are much more frequent among the carriers of genns than among the diseased. the contrarj* being observe-l for the t\-pe “intermedius” a;id for tlie atj-p*cal one. ã) Tlie t>T)e “mitis” showed a higher raje in the maliffnanl cases (m tlie third part of tlxí 37 ca.scs mentioned), this rclation dccreasing pro- gressivcly duc to the lowcr gravity of the cases, till reaching d.OÇc for benignant oncs. c) On the contrarj’, the t>-pe “intermedius”, which appears in alniost all benignant cases (92%), dccreascs aceording to the higher gravity of the discasc till it reajches tlie smallest number of these rates for the malignant cases (51.3%). 2. The amide fermentation may bc considered as a factor of great probabihty for the differentiation of the type “gravis” of C. diphtcriae, for it appears much more frc-pc; it must, howevcr. not be considered as spedfic, for 42.8% of the strains of the type “gravis” do not forment this carbohydrate. 3. The strains of the t>'pe “gravis” bchave, on the other hand, very definitcly in wliat concerns the hemolysis phenomenon; none of them hemolyses the red corpuscles of nun and of the rabbit; .■\nderson’s concept concerning the type “grains is thus confirmed; in regard to the type “mitis” our opinion differs from his, for this type has presented itself as nonhemoljdic in some strains (22.5% for the hematies of the rabbit and 29.0% for the hematies of man). 4. a) 191 strains submitted to the test of virulence showed that it is the t>'po “gravis” that presents the highest rate for the very strong reactions; on 22 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 B. Rangel Pestana, J. P. do Amaral & L. P. Barretto Xeto — T. C. Diph. 429 the other liand, this t>-pe also presents the highest rate for the a\*irulent races. b) Ot the tested races 4.1% 'vere avinilent and 1% uncertain. c) In the test of virulences the strong reaction was tlie one tliat present- ed the highest rate (37.6%), being followed by those of verj- strong reaction (31.4%) and, finally, of those. of moderate reaction (25.6%). 5. a) E.xaminating the production of toxin of 191 strains, four were tound excellent toxin producers. which can be standardcd with the wellknown P. 8. Else, we have 17 strains which render good toxin, the rest of the strains being factors of little interest. b) The t)-pe “mitis” presented the higltest rates for the best toxins; the type “intermedius” has also shown strains of this standard, howcvcr in a lower rate. c) In t)-pe “gravis” appear higher rates for toxins with D. M. L. bctween 1/500 and 1/1.000. Taking in a general view. w* can conclude that the 1 ) 7)0 ''mitis” is the most toxigenic one, for it proents a higher rate for the c.xcellent toxins and a lowcr one for the l»d toxins. (i) There is no difference of the toxigenic powcr among strains from discaso- toxic strains are also the most virulent ones for the guinea-pig, and elsc. that the avinilent races show the highest rate for the bad producers of toxin. 7. There is no cvidence for a relation bctween virulence and hemohiic power for the red corpuscles of man and of the rabbit. 8. A relation betwecn the starch fermentation* and the virulence of the strain for the guinea pig could not be established. 9. a) Tlie conclusions of Anderson and his colaborators, conceming the relation bcUvccn the higher gra\nty of the disease and the colony type “gravas” have not been confirmed. b) The type "mitis” stressed by these authors as the most frequent one in benignant cases l)as shown itself in our experiments in higher rate in the malignant cases and in those of higher gravity of diphtheria. 10. There are evidences of a positive relation between the character of the virulence of the gemi and the clinic form of the disease. 23 . 430 >[cmorias do Instituto Butantan — Tomo Xllt BIBLIOGR*\FIA I. AndcrsoH, J. S.; Hapfold, F. C.; ilcLeod. J. IF. & Thomson, J. ül — Joum. Paih. a. Bact. 34(5) :667. 1931. 2. ChristisoH, il. H. — Ccntralblatt £. Bakt. I. 133:59. 1934. 3. Gundtl, M. & Liebetruth — Ztschr. í. Hyg. 117:66. 1935. 4. Clauberg C. — Múch. mcd. \Vo5chr. 82: . 1935. 5. 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Considerar, porem, sangue de ca\alo conto um sangue de coagulabilidade fixa, liastando - logico -f- 2,5cc. de sangue oxalatado a 0,21%. 2 Armando Taborda — Coniribuição ao esludo ouso, jejum c alimentação dos animais fornecedores de sangue e que devem ser fixados e mantidos. Anticoagulanies — Sem falarmos de hirudina, heparina e outros mais mo- dernos anticoagulantes, os mais usuais são: oxalato de sodio, citrato de sodio, íluoreto de sodio c sulfato de sodio. Em geral, não ha uniformidade no emprego desses anti-coagulantes usando-se para fins analc^os uns e outros, segundo a preferencia dos experimentadorvs. E’ logico q»je tais resultados não sejam com- paráveis e é o que nos mostra o Quadro III, em que focalizimos a ação de vários anticoagulantes sobre o sangue dum mesmo animal. QUADRO III .\nticoaRulantcs ConccntraçSo no sangne Cc. veneno padrão Cqtnas Gamas p/l U. C ( 3 ) Sulfato sodio 1/4 sat. 0.06 1,8 Y 0.6 Y Oxalato sodic 0.21 fc 0,12 3.6 " 1.2 " Citrato sodio 1 ^ 0,14 4,2 " 1.4 ” Fluoreto sodio 0.3 fc 0.47 14,1 " 4.7 " Ha, porém, nessa questão de anticoagulantes, um outro ponto importante quando quizermos ter resultados compataveis. Queremos nos referir à concen- tração dos anticoagulantes, fato este não poucas vezes olvidado. Para fixarmos idéa \-ejamos o Quadro IV e o Grafico I que nos dão as variações de coagula- bilidade dum mesmo sangue, adicionado de concentrações crescentes de oxalato de sodio. 4 Armando Tabokda — Contribuição ao estudo da coagulação do sangue 435 QUADRO rV" Cone. oxal. sangne Cc. veneno padrão Gamas totais Gamas p/l U. C 0,10 % 0,15 cc. 4,5 Y 1.5 Y 0,14 ” 0,17 ” 5,1 ” 1.7 " 0,18 " 0,18 ” 5,4 ” 1.8 " 022 ” 0,19 ” 5.7 " 1,9 ” 026 ” 020 " 6,0 " 2.0 " 0,30 " 020 ” 6,0 ” 2.0 ’ Des\’io minimo = 5,71% " máximo = 28,57% ” medio = 17,14% GRAFICO 1 _l I I I I I O oo C4 'O o ^ ^ w OÇ 0« K} O O O* O cr o' cone. Yo de oxal.no sangue Os dados acima dizem bem das variações que se observam com um mesmo anticoagulante pela simples variação das concentrações dentro de um limite pequeno — 0,1 — 0,3% de oxalato de sodio. 5 436 >[cniorias do Inslitulo Biitantan — Tomo XIII Em trabalhos posterioree, voltaremos a tratar da questão das concentrações de outros anti-coagulantes, inclusive hirudina e heparina que pelos seus elevados preços resolvemos preparar (preparação a cargo da Assistente-auxiliar Laura CoiiKtte Taborda). Influencia da temperatura — Vários autores têm abordado esta questão, mas, como at» nossas observações discordaram do que dizem Slotta & ais. (2) pag. 141 “O plasma (aliás o sangue) foi conservado em temperatura ambiente durante 1 hora, após a colheita; esta mostrou-se a maneira pratica de obtenção de tem- pos constantes de coagulação” — dirigimos nossas investigações também para este campo. Esta constância de tempos de coagulação os citados autores verificavam por meio de uma solução de veneno (solução padrão) feita diariamente. Pude- ram constatar que havia diferenças entre a coagulabilidade no verão e no inverno, passando 1 U. C. de 0.6 y no verão para 1.8 y e até mesmo 2,4 y no inverno. Tendo cm vista a nossa finalidade no presente estudo, que era a maior uni* fonnidade possivcl no poder coagulante da “HEMOROTHR.-\SE”, não pode- riamos deixar de lado estas variações que contrariariam os nossos objetivos. Si a opinião de Slotta & ais. fosse verdadeira, as variações de temperatura deveriam influenciar fisiologicantente os animais e a coagulabilidade do sangue seria dependente da temperatura cm que estivessem. Fizemos instalar um termômetro de maxima c minima nas baias dos ani- mais c registamos diariam.nte às 9 horas c às 16 horas as temperaturas observadas ; QU.\DRO V N.» do cavalo D>l.i Manh2 — 9 bv Tarde — 16 xs. («>v/lcc.) CC ven. pd- Gamas tolaÍ4 04ma« p/U.C. Min. Mjx. .Mrd. Mm. .Mas. .Med. F. 47 n 8/38 I2oC 180 C 15oC 22-So 2SoC 22.750C 0.05 ao t 1.0 t « 74 1 . 16 . 17 • 16.5 23oC 23 . 23oC 0.06 " 3s6 • 1.2 . « 2ã / • /• 15 . 17 « 16o C 23 . 23 . 23 . —— m K / . . 11 . — — 23 . —— ao6 36 . \2 ■ « 17 . 15 . 17 . 16 . 23 . 23.5 23J5 . 0,f« 3.6 . 12 . « « • 14 . 19 . 16,5 23 > 23oC 23oC . — - • 29/./. 1.5 . 25 . 20oC 15 . 23 < 19 • ao5 3.0 . 1.0 • C 904 18 . 19 . 1S.5 16 . 22 . 19 < ao 7 4.2 . 1.4 • •U . . !B « 18 . 18«C 22 . 23 . 22_8oC 0.07 4J . 1.4 • 1 « /• 18 . 18 . IH « 22 . 23 . 22.5 . — — 2/*^ 18 . 19 . 1H.5 21 . 22 . 21.5 . ao6 3.6 . 12 . • 3 / « * 15 . IS • 16.5 20.5 21 . 2n.75oC .... — — 4/. 15 . 16 . 15.5 1*U)C 18.5 18J.8 . - - .... • .'l / . . 10 . 10 . :> 10.25 13 . 1.3oC ISoC 0.07 42 . 1.4 . 6/. .. 11 « lloC lloC 17.5 18 . 17.75oC 0.07 *2 * 1.4 . « 7 19. 5 20 < 19.73 20oC 21 . 20>C — — h • « • 20«C 20 . avK' 19 . 20 . 19,8 . . - — « <1 ; • • 19 , 5 20 • 19.75 19 . 20 . 19J . aos iS • ifi • « 10 / . IS . 5 19 . 1S.73 19 . 19 . 19oC ao7 4J . 1.4 « « 19/. . 21 , 5 21 • 21.5 25 . 25 . 23 « o; 06 3.6 . i2 • « 21 / . . to. 5 20oC 19,75 24 . 24.5 24.250C 0.07 4.2 . 1.4 • « 23/« • 20o (■ 20, 6 20,23 20 . 20oC 20oC ao4 2,4 . 03 . Xota : Dcixanios clc traniicrcvcr as observações feitas num tempo mais longo por expri- mirem idênticos resultados. 0 Armando Taborda — Contribuição ao estudo da coagulação do sangue -137 Os rCi-Tiltados do Quadro mostram-nos daramente não hawr correlação nenhuma entre as variações de temperatura do ambiente em que está o animal e a coagulabilidade do sangue. Já baldamos obsersado, por varias vezes, existir uma \'ariação na coagula- bilidade do sangue entre a manhã e a tarde, mas. isto poderia ocorrer pelas transformações do proprio sangue tais como envelhecimento, glicolise, perda de gaz carbonico, o.xidação, etc.. Ao fazermos, porém, a revisão dos dados do quadro precedente, e, diante dos resultados negativos constatados, um dos nossos auxiliares de laboratorio, sr. Durval Borges de Oliveira, lembrou-se de verificar as variações da tempe- ratura ambiente do laboratorio e a sua possivel relação com as variações de coagulabilidade do sangue. Essa observação feita a 16/9/938 deu: 10 horas da manhã = temp. 16°C — 0,09 cc. — 5,4 \ 13,30 ” da tarde = " 17®C — 0.07 cc. — 4,2 x A primeira idéa que tivemos foi, pois, de colocar o sangtie num termostato a 37°C que é a temperatura aproximada do animal, e que nos deu: Temp. ambiente 17°C — 0,07 cc. — 4,20 v — 1,4 /U. C. ” termostato 37°C — 0,18 cc. (*) — 1.08 y — 0.35 /U. C. (•) Diluição 10 vezes maior qu< a empregada para a temperatura ambiente. Havia entretanto necessidade de investigar dois fatores; 1. ®^ Si o sangue permanecendo em frasco aberto por \-arias horas (8 hs.) não perderia algo da sua coagulabilidade; 2. °) Si a temperatura de 37®C não influiria sobre o P. C. do veneno em- pregado numa diluição mais forte (6 y /I cc. ao invés de 60 y /I cc. como de ordinário). Para verificarmos a 1.* suposição, dividinws uma porção de sangue dum mesmo animal e fizemos a seguinte prova: Sangue E 47. 8 hs. temp. ambiente (20®C) — 0, 07 cc. — 4,2 ” ” ” ” ” ” termostato (37®C) — 0,07 cc. (*) — 4.2 (*) Experiência de coagulação executada a 2(7*0 Repetimos p>or varias vezes esta prova e sempre achamos resultados iguais ou pequenissimas variações entre as duas porções de sangue. No que se refere à suptosição 2.*, a influencia da temperatura sobre a perda de coagulabilidade do veneno em maior diluição fica patenteada como se segue: Coagulabilidade no termostato a 37°C Veneno padrão recem-diluido 6y /Icc. (manhã) — 0,16cc. — 0,96 y — 0,32y/U.C. ” ” c/varias horas 6y /Icc. (tarde) — 0,20cc. — 1,20 y — 0,40y/U.C. 0 que nos dá um erro aproximado de 23% entre as duas unidades coagulantes. 7 438 Memórias do Instituto Butantan Tomo XIII Para melhor fazermos idea da influencia da temperatura na coagulabilidade do sangue vejamos o Quadro VI e o Grafico II. QU.ADRO VI Temperatura Cc. veneno padrão (*) Gamas totais (**) Gamas p/u. c 20“C 0,19 cc. 5.7 Y 1,9 Y 22®C 0,19 ” 5.7 ” 1.9 ” 24“C t o 4,8 " 1.6 " 26°C 0.12 " 3.6 " 1.2 ” 28®C 0,11 " 3,3 " 1.1 " 30“C 0,C« " 2.7 - 0,9 " 32°C 0,09 ” 2.4 ” t 00 o 34<’C 0.07 ” 2.1 ” 0,7 ^ J7°C 0.05 " 1.5 ^ 0.5 ” (•) Solução de veneno padrão contendo 30y/l cc. (**) Quantidade de veneno para produzir a coagulação de 2.5 cc de sangue + 0,5 de soro fisiologico. GRAFICO II Devemos chamar aqui a atenção para um fato interessante. No estudo da influencia da temperatura ambiente sobre a coagulabilidade do sangue, consta- tamos algo de anormal quanto aos valores para uma dada temperatura ambiente (18,5®C). Investigando a razão de ser deste fato, verificamos que, embora o cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 Armando Taborda — Contribuição ao estudo da coagulação do sangue 139 sangue já estivesse em repouso por 2 horas neesa temperatura ambiente de 18,5°C, ainda se mantinha a 21,5°C. Discordamos p)OÍs de Slotta & ais. (2) ao dizerem ser suficiente “1 hora à temperatura ambiente para se obterem resultados constantes na coagulação”. Assim, além das pro\'as de coagulação serem feitas em termostato a 20^C, o sangue ai p>ermanece sendo utilizado somente quando atinge a mesma tem- peratura do termostato (20®C). Padronização — Slotta & ais. ( 1 ) já haviam verificado a necessidade de ex- perimentar as variações diarias de coagulabilidade do sangue de cavalo com uma solução de veneno feita com uma determinada porção reservada só para isso. Separada uma porção de veneno do “stock” geral do Instituto, determinaram por secagem em alto tacuo, o seu teor de humidade, e. levando cm consideração os 10^ de agua encontrados, faziam soluções tais que contivessem 60 y p/lcc.. Estas soluções eram então diluidas si necessário, acertando-se o volume em fra- ção de centimetro cubico (até 0,5 cc. no máximo) que coagulava 2.5 cc. de san- gue oxalatado de cavalo em 10 minutos. Como já dissemos de inicio, adotamos as técnicas de coagulação e padroni- zação de Slotta & ais. (1) por efeito de continuidade na fabricação do produto “HEMOBOTHRASE”, mas, não liaviamos estudado ainda todos os detalhes des- sas técnicas. Começamos, porém, a observar que os padrões se mostravam ora excessiva- mente fortes ora fracos. Uma vez fixados então todos os fatores capazes de in- fluir na coagulação do sangue pelos venenos de cobra, restata-nos verificar as causas de variação do poder coagulante da fração reservada à padronização. Essa fração provinha do “stock” geral do Instituto, composto da mistura dos venenos de milhares de cobras c dessecados cm ocasiões diferentes. Seria de prevér dada a falta de homogeneidade, diferenças no poder coagulante do \-cne- no. Resolvemos elucidar esse ponto fazendo a comparação entre varias sokições do veneno do “stock” velho, contendo o mesmo numero de ganus por centime- tro cubico c outras soluções feitas com veneno de jararaca dessecado em alto vacuo e de extração recente. O Quadro VII mostra-nos os resultados: QUADRO VII .So. «lo, padrCes Cc. dos Ycnenos Gamas lotait Gamas P/U. C. P 12 0,17 cc. 10,2 Y 3,4 Y P 13 0,33 " 19,8 ” 6.6 " P 14 0,13 ” 7,8 " 2,6 " P 15 0,43 ” 5,16 ” 1,72 " P 16 0,43 " 5,16 ” 1,72 - P 17 0.41 ” 4,92 " 1,64 " Xota: P 12, 13 e 14 venenos do “stock" velho solução a 60v/lcc. P 12, 15 e 17 venenos seco alto vacuo solução a 12y/1cc. C>d. Z( 9 440 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Vemos que os venenos antigos nos fornecem soluções, divergindo conside- ravelmente, emquanto os recentemente dessecados em alto vacuo, nos dão um erro que não cliega a 5%. Passamos a adotar o veneno dessecado em alto vacuo e também a investigar si haveria ou não necessidade do preparo diário de nos-ae soluções. Investiga- mos ainda a questão da estabilidade das soluções padrões conservadas na gela- deira à temperatura de 4°C e em diferentes diluições. Constatamos que a diluição mais estável para o veneno de jararaca recente e secado em alto vacuo é de SO-^/ lcc. com um prazo utii de 10 dias, como ve- mos nos Quadros VIII, a, b, e c. Em b e c registamos o comportamento dos padrões de veneno de jararaca de extração recente e dessecado em alto vacuo e respectivamente nas concentrações de 30y/lcc. e 12y/lcc.. Devemos chamar a atenção de que em b, rediluimos no dia ]7/l/39 a solução “stock” (a 600v/lcc.) pois a iniciai (de 13/1/39) já havia perdido grande parte do seu poder coagu- lante, devddo ao fato já bem conhecido dos venenos se alterarem tanto mais de- pressa quanto mais diluidas cs suas soluções. QU.ADRO VIII d (•) P J2 P 13 P 14 Oatai Cc. do Gamas Gamas Cc. / u. c. ▼eneno totais [>/ u. c ii/i/as 0.1/0 lOJ Xi 0330 193 6.6 0.130 73 23 0.170 10.2 3.4 0400 243 \0 73 0J43 07 2.9 0.16S 93 3J 0380 204 0130 73 2.6 \irr >8/7 •• 0.170 lOJ .\4 0300 243 8.0 0.130 00 3.0 0.170 102 3.4 0,400 24.0 8.0 0160 9.6 33 l»/7 ” 0.170 10.2 3.4 — . — — »/7” 13/ 7 " ai60 9.6 3,2 0(00 24.0 8.0 0120 73 2.4 0.160 9.6 33 OlOO oo 2.0 b (••) P 1.'. P 16 P 17 Cc. do Gamas Gamas Cc. do Gamas Gamas Cc. do Gamas Garoas veneno tolai» f.C veneno totais pu.a veneno totais p. U.C. 17 V38 0163 4A'. 1.IS 0165 435 135 0160 440 1.60 |S -/*• 0.170 5.10 230 0170 álO 1.70 0165 435 l/iO 19“ •• 0.165 4.93 1.63 0170 0.10 1.70 0165 435 1.63 237' Q.160 4.S0 1.60 0.130 430 130 0.150 430 1.50 24 'V - 0.160 4.S0 130 0150 430 130 0150 430 130 207- 0.160 4,*41 1.60 0470 x\o UO 0160 4M) 1.60 10 Armando Taborda — ' Contribuição ao estudo da coagulação do sangue 441 c (**•) P t.s p 16 P 17 Datas Cc. do Gamas Gamas Ce. do Gamas Gamai Cc* do Gamas Gamas Teneno totais p i;. c. TCnCDO lotais p/L'i C. veneno totais p-u. c 13,1^ 0,430 ã.lS 1,72 0.430 5.16 1.72 5410 4Ai 1,64 ts,-/ • 0.420 5.04 1,68 0,420 5.04 1.68 0,390 4.68 1,16 17,'/ • 0.420 5J14 1,18 0.420 504 1,58 0.400 4,80 1.60 IS,'- • R420 .•UM 1.68 0,420 504 1,68 5400 4JO l/U 19 *; • 0,430 5,16 1.72 a430 5J6 1,82 0,410 4.92 W 24.*/ * 0,370 4.44 1.4S 0,380 4,56 1,52 5300 4,12 1,56 (•) Solução de veneno velho do “stock” a 60y/1cc. {**) Solução de veneno recente seco em alto s-acuo a 30 y/1cc. (•*•) Solução de veneno recente seco cm alto racuo a 12 y/1cc. A aparente irregularidade que se observa em todos os quadros, entre os valores dos padrões nos dias 19 a 24 retomando os \’alores a 26, c devida à mu- dança da coagulabilidade do sangue (aumento) após 1 ou 2 dias de descanso do animal (sem sangria), fato verificável também na do dia 13 para 16, reto- mando no dia 17 o seu valor primitivo. Elm 5 6 9 10 12 13 14 13 16 17 20 21 27 30 3 11 22 P 4 s/g. cc. 0,08 0,07 509 508 0,08 506 0,05 04» 509 0,08 0,04 510 045 554 553 Sa o a e — P 4 c,'g. cc. 0/» 0,06 0U6 0.06 OS» 0,04 0.04 OflO 04» 0,(B 0414 503 511 513 0.14 516 0,32 Xotas: a) Solução padrão P 4-60y/1cc. sem glicerina s/g e com glicerina c/g. b) \'alores médios de coagulabilidade do sangue com este P 4: do dia S ao dia 10/ 9/38 — com sangue C 904 = 0.08 CC. do dia 12 ao dia 21/ 9/38 — com sangue E 47 = 0,06 cc. do dia 27 ao dia 30/ 9./3S — com sangue C 904 = 0,12 cc. do dia 3 ao dia 22/10/38 — com sangue E 47 = 0,10 cc. 11 442 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII Embora não tenhamos constatado qualquer efeito da glicerina sobre a coa- gulação do sangue, achamos, que, o venmo gliccrinado, ape?ar da sua maior du- rabilidade, apresenta inconvenientes, não só ru medida de \-olumes, devido ã viscosidade da glicerina, como ainda por sua possivel ação sobre os venenos. Aliás, um fato curioso demonstra que ha qualquer ação. Quando se diluem duas soluções igualmcnte antigas com e sem glicerina, embora as atividades ini- ciais sejam idênticas, procede-se rapidissima perda do poder coagulante da di- luição com o veneno gliccrinado em relação à outra sem glicerina. Dependendo da concentração, ha, por vezes, até aumento do poder coagulante da solução sem glicerina. CONCLUSÕES O emprego da coagulação do sangue quer como método de padronização de produtos, quer como estudo sistemático, necessita de condições rigorosamen- te predeterminadas tais como: 1. escolha de ca\-alos com sangues d; coagulabilidades aproximadas para serem reservados como padrões. Estes animais devem fornecer o sangue ne- cessário por 15 a 30 dias em quantidade media de 100 cc. diários, entrando cm descanso por igual prazo. As sangrias devem ser feitas à mesma hora. com o animal prc.so na báia e nas mesntas condições alimentares (em jejum ou com alimentos prefixados c constantes) ; 2. fixação da concentração adequada do anti-coagulante ; 3. fixação da temperatura de 20°C para a realização das provas de coa- gulação, ficando o sangue, adicionado do anti-coagulante, no termostato a esta temperatura ; 4. verificação diaria da coagulabilidade do sangue por uma solução de ve- neno padrão (veneno recente de.ssecado em alto s-acuo) para que se obtenham os seus verdadeiros valores; 5. realização das prosas de coagulação sobre 2,5 cc. de sangue o.xalatsdo, adicionando soluções de veneno, num volume máximo de 0.5 cc. e em concen- trações tais que provoquem o aparecimento do coagulo, exatamente em 10 mi- nutos ; 6. A U. C. (unidade coagulante) será. então, a terça parte do valor obtido (como em 5), ou seja: — A quantidade de veneno, expressa em gamas, capaz de coagular exata- mente em 10 minutos c na temperatura de 20°C, 1 cc. de mistura de 2,5 cc. de sangue oxalatado de cavalo, numa determinada concentração, mais 0,5 cc. de sô- ro fisiologico, considerando-se o sangue coagulado ao primeiro aparecimento do coagulo. 12 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 Armando Taborda — Contribuição ao estudo da coagulação do sangue 443 Assim, não podemos aceitar "sangue oxalatado de cavalo” (citação 1), mes- mo quando "provenientes de ca\-alos sadios” (citação 2) como meio de padro- nização de veneno, sem que sejam prefixados todos os fatores capazes de influen- ciar a coagulação, pois, do contrario, os resultados, só eA'entualmente, são com- paráveis. Eis a razão de termos feito varias modificações na bula do produto hemostatico "HEMOBOTHR^\SE” (antigo "HEMOCOAGüL.ASE”), no que se refere à parte de padronização. Conseguimos, deste modo, uma rigorosa uniformidade nos poderes coagu- lantes das partidas do produto, podendo ainda afirmar que, dentro dos prazos es- tipulados para a sua conservação no frigo ou à temperatura ambiente, qualquer divergência obser\-ada em provas feitas com sangue de outros animais e em en- tras condições, não significa inatividade do produto. Sobre esta questão de durabilidade, e outras mais, trataremos em outra pu- blicação. RESU.MO Estudamos para fins de controle e pesquisa, os fatores que influenciam a coa- gulação do sangue de cavalo pelos venenos de cobra (Bothrof>s) como se segue: a) rariação do tempo de coagulação de anintal para animal, com uma quan- tidade fixa de veneno (veneno padrão), em comparação com uma quantidade variavel de veneno num tempo fixo; b) influencia da concentração dum mesmo anticoagulante c de \"arios anti- coagulantes ; c) influencia da temperatura em que se processa a experiência c a nulidade de ação das mudanças climatéricas sobre o animal. Necessidade do trabalho cm temperatura constante (20°C) e inconvenientes das temperaturas elevadas pela sua ação desnaturadora sobre o principio coagulante ; d) necessidade do emprego de um veneno padrão (veneno recente desseca- do em alto vacuo), capaz de dar soluções estáveis e de valores reproduzíveis. Baseados nos nossos estudos fixamos a unidade coagulante (U. C.) como: — a quantidade de veneno expressa em gamas, capaz de coagular exatamen- te em 10 minutos e na temperatura de 20°C, 1 cc. de uma mistura de 2.5 cc. de sangue oxalatado de cavalo, numa determinada concentração, mais 0.5 cc. de so- ro fisiologico, considerando o sangue coagulado ao primeiro aparecimento de coagulo. ZUSAMMEXFASSUNG Es w-urden die beeinflussenden Faktorcn der Koagulation des Pferdeblutes durch Schlangengifte {Bothrops) zwccks Kontrolle und Forsehung wis folgt untersucht : 13 cm iSciELO D 11 12 13 14 15 16 444 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII a) Variation der Koagulations-Zeit von Tier zu Tier. mit gkicher Gitt- menge (Gift-Xormalc), im Vergleich zu \-erschicdenen Giftmengen bei konstan- ter Koagulations-Zeit. b) Einfluss der Konzentration dersclben und verschiedener anti-koagulie- rend wirkender Substanzeu. c) Einfluss der Teniperatur aut den V'ersuch und Xullitãt irgendeiner Be- einflussung des Tieres durch klimatische Verãndcrungen. Die Arbeit inuss un- bedingt bei konstanter Teniperatur (2CPC) ausgcfübrt werden, da hohere Teni- peraturcn eine denaturierende Wirkung auf das Koagulations-Prinzip haben. d) Notivendigkeit der Verwendung einer Gift-Xoniiale (fri.sches Gift im HoclTvakuum getrocknet), die im Stande ist licstãndige I-õsungen und reprodu- zierbare Wcrte zu liefcm. Auf Grund unserer Arlieiten, haben wir die Koagulations-Einbcit (KoE) festgclcgt ais: die Giftmenge, in gamma. die in gcnau 10 Minuten bei 20^C. 1 can eincs Gemischcs von 2,5 ccni Oxalat-Pferdeblut (bestimmter Oxalat Konzen- tration) und 0.5 ccm physiologischer Kochsalz-I.íisung zum Koagulieren bringt; das Blut wird ais koagulicrt ausgcwcrtet b.im ErscheinKn des ersten Koagulums. ABSTRACT The infkicncing factors of horse blood coogulation by snake vcnonis (Bo- throps) have bccn studied, with control and investigation scope. as follows: a) variability of dotting-timc froni horse to horse, Mith a constant vcnom amount (standard venom) compared i\-ith changing aniounts of venom in a pre- fixed clotting time; b) concentration influcncc of a sanie or differcnt anticoogulants ; c) temperature influence on thc test and non-influence of time changes on the animal. Constant temperature testing neccssity (20®C.) and inconvcniences of bigh tcmperatures,* excrcising a denaturating action on the coagulating prin- cipie ; d) necessity of the use of a standard venom (fresh venom high vacuum dricd). wbich is able to fumish stable Solutions and reportable data. According to our experiences. the coagulant unity (U. C.) has bccn fixed as: thc amount of venom required, in gammas, to clot in exacíly 10 minutes at 20°C, 1 cc of a mixture of 2.5 cc oxalated horse-blood (determined oxalate con- centration) and 0.5 cc of physiological brine solution, considering the blood coa- gulatcd at the first clot appearence. 14 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 AnsrAN'i>o Taborda — Contribuição ao estudo da coagulação do sangue 445 BIBLIOGRAFIA 1. Klobusitsky, D. fon & Kõnig, P. — Metn. Inst. Butantan 11:149.1937. 2. Slotta, K. H. & úls. — Mem. Inst. Butantan 11:133.1937. 3. Ferranti, F. — Boll. Istituto Sierot. Milanese 17:646.1938. 4. Calmette, A. — “Les venins”. 1907. — Queremos agradecer aqui a todos os nossos auriliars de laboralorio e muito espe- cialmente ao sr. Durval Borges de Olivetra pela pericia e honestidade com que executou as provas de coagulação. (Trabalho da SccçSo de Firico-Qatmica Kxperimental do Ina- tituto Butantan, apresentado em afiosto de 1939 e dado i publicidade em Janeiro de 1940). lã ELECTRODIO DE VIDRO Generalidades — Teoria — Tipos — ApKcações POR ARMANDO TABORDA Introdução Coni o crescente desenvolvimento das aplicações do que Sõrensen chamou pH, isto é, o expoente dos ions hidrogênio, quer em Química Pura, Inorgânica ou Organica, quer principalmcnte na Bioquímica, etc., os seus métodos de deter- minação vêm sendo dia a dia ampliados e aplicados a cada caso particular. Ora, mesmo em Quimica Pura já se havia constatado a inaplicabilidade dos proccs.«os usuais electrometricos ou colorimctricos, como cm presença de certos agentes oxidantes ou redutores, etc.. Em Quimica Biologica, muito especialmente nas soluções albuminosas, no sarigue em presença de oxihemoglobina, etc., os métodos colorimetricos e poten- dometricos correntes são ineficazes. Ehí o uso de electrodios de antimonio, oxigênio, quinhidrona, tungsténio, electrodios de peroxidos, etc.. Todos estes, si apresentam algumas vantagens, apresentam ainda maiores- impecilbos no uso que o de hidrogênio, como veremos no decorrer desta cxpo.sição. Eis porque cada vez majs se difunde o electrodio, cuja historia vamoj resumir. Historico A idea do electrodio de vidro é bem remota, embora sò ultimamente venha merecendo a atenção geral dos pesquisadores nos campos ilimitados da Ciência. Foi HeJmholtz (1), o grande medico e sobretudo fisico e matemático do mais a,lto >-alor, que, em 1881, escrevendo sobre o moderno desenvolvimento da concepção de Faraday a respeito da eletricidade, quem primeiro ideou o electro- 1 448 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII «lio de bulbo ou bola. como o fizeram mais tarde Cremer-1906 (2), Haber c Klemensiewicz-1909 (3). Estes autores, baseados na idéa expendida por Nernst (4), com respeito à diferença de potendal que deve existir na zona dc contacto entre cristais mistos e suas respectivas soluções saturadas, conduiiaun que igual fenomeno, isto é, um potencial — deve existir na zona de contacto do vidro com a agua. Michaelis (5) mostrou a analogia entre estes fatos e o que se passa numa celula de prata (membrana e solução de nitrato de prata). Posteriormente Freundlich & Rona (6) também confirmaram a suposição de Haber e Klemensiewicz. enquanto Hughes (7 e 8) e von Steiger (9) am- pliaram os detalhes do manuseio, comparando simultaneamente os potenciais dos electrodios de \ddro com os de hidrogênio nas mesmas soluções. Horo- Híz (10), entretanto, pôs em duvida tal fenomeno, dizendo que o electrodio de vidro se comporta como electrodio misto, dependendo o seu potencial, não só da concentração de ions hidrogênio, mas ainda dos outros ions que o vidro contém (Na. K. Zn, B, etc.). Daí o estudo dos problemas do vidro adequado à cons- trução de electrodios, quanto à composição, resistência eletrica. etc., feito por Horovitz (10), Schiller (11), Horovitz, Horn, Zimmermann & Schneider (12), Horovitz & Zimmermann (13). Kerridge (14 e 15), aplicando o electrodio dc \'idro aos meios biologicos experimentou o >idro “Durosil” e o quartzo fundido com maus resultados, con- firmando as obseivações de Horovitz, quanto aos vidros que se comporta\*am como electrodios mistos — sotencial de adsorção ou dnetico, de Horodtz, Schiller & LenRj el (19) ; 3) do potencial de membrana ou de difusão, de Cremer, Michaeiis. -Quittner (20). Umas teorias dizem que o vidro contem ou atráe a agua e os ions hidrogê- nio (protons), enquanto outras afirmam que só o ion hidrogênio é atraído ou ainda o ion sodio. Acresce, porém, que idênticos fa,tos se obsersam na zona de contacto da agua com o quartzo, parafina, benzeno, etc., etc.. O desenvolvimento das diferentes teorias, subordina-se à concep<;ão de Nernst ( 1889) sobre o potencial entre um metal e a solução de um sal do mesmo ion. dependendo o equilibrio da tensão de dissolução do metal e a pressão osmo- tica do ion metálico em sentido contrario. Estas forças em equilibrio se compensam e a camada de ions metálicos po- sitivos atraídos pela carga negativa do metal conserva-se em frente deste, for- mando o que se chamou — dupla camada eletrica. Aliás, esta denominação é de Quincke (21 ) — 1861 e que Helmholtz — 1879 — 1882 (22), desenvolveu quantitativanKntc. Z^T( S 0^ F«. 1 Termodinamicamente a formula de Xcmst exprimindo estas duas forças qtre se opõem — tensão de dissolução P (constante para cada metal) versus 3 I 450 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII D’'essão osmotica p (isto é, concentração ionica, da solução) e o potencial E do clectrodio, é; RT P E = log e nF p Se tivermos dois electrodios do mesmo metal. Zn, p. ex., ligados entre si e mergulhados em soluções de concentrações Ci e C2 diferentes, o metal na solu- ção menos concentrada emitirá ions e se carregará de uma carga negativa mais forte, estabelecendo-se uma diferença de potencial entre os dois electrodios. Então esta diferença é função das concentrações de ions Zn, e a formula de Nenist passa a ser: RT C, E = log e nF C- Teoria de Háber Si. em vez de soluções de concentrações diferentes de ions Zn, tivermos concentrações diferentes de ions H, e, entre as duas soluções, uma fina membra- na de vidro, ha uma diferença de potencial em proporção à concentração de ions H, isto é: RT (H), E = log e nF (H)a O aparelho experimental de Haber, constava de um bulbo de paredes finas, soprado num tubo de vidro, contendo KCl e ligado a um electrometro E. por um fio de platina. O bulbo é mrrgnlhado na solução .x a dosar, que está em conexão com um electrodio de calomelano, e este. com o outro bome do electrometro. I SciELO Armando Taborda — Eleclrodio do vidro 431 Variando a concentração de ions H em x, Haber obteve uma variação lic-rar de potencial. Explicou este fenomeno dizendo que o vidro continha agua de embebição e que os ions H eram comuns às duas fases liquidas (internas e externa) e a fase vidro, e que nesta, era de concentração constante e independente do meio circundante. Modernamente Macinnes & Belcher provaram a correlação da agua com 0 electrodio, pela secagem a 50°C, no vacuo, sobre P* Os, passando a resistência dum electrodio de vidro, de 32 megohms para 40.000, sob corrente continua. Haber & Klemensiewicz fizeram exaustivas e corrétas medidas, c, sugerin- do que tais fenomenos serviriam para dosagens de neutralização, lançaram as bases d:i moderna titulação potendometrica. Como Haber (24) não utilizou o seu electrodio cm mdo alcalino, não poude ver que a sua teoria falhava desde que o pH passasse de 9. Hughes adotou a teoria de Haber dizendo que a concentração de ions hidro- gênio permanece constante por ser o vidro uma solução "buffer” de acido süi- dcc em silicato de sodio e que em pH 9 a ação "buffer” do vidro é destruída por ser a constante de dissociação do primeiro hidrogênio do addo silideo HjSi (V — 1 X 10 — Desaparecendo a ação “buffer” (segunda constante do addo silideo 1 X 10-‘*) as variações de potcndal não correspondem sómente às concentra- ções Ht e H 2 das soluções, mas também as do vidro. Alem disto o acrcsdmo de pH, pela ação das diferentes bases — NaOH. KOH, LiOH. Ba (OH) 2 . adma de pH 9, não é registado uniformemente, 0 mesmo acontecendo com so- lução 3/5 M. de Ac. Na, etc.. Fenomenos idênticos, porem, em sentido contra- rio se dão em meio acido segundo as observações de Maclnnes e Belcher (23) como nos mostrarão as figuras 6 e 7 mais adiante. Gross & Halpem introduzem nova modificação para explicar as variações em meio alcalino, supondo que a agua se difundia no vidro e que o vidro se dis- solvia na agua. estabelecendo-se um equilíbrio. Com a adição de um clectrolito, este entraria em jogo, romperia o equilí- brio e c potencial seria alterado para esta nova concentração até que se estabele- ce-se no^’a distribuição de ions. Falham estas teorias de fases em contacto, pois, é pouco provável que n’uma rapida titulação eJectrometrica, como é a feita com electrodio de vidro, liaja possi- bilidade de ser atingido tal equilíbrio. Teoria de Horovitz e outros Horovitz foi quem primeiro lançou a teoria da adsorção ionica na superfície do vidro e a troca de ions com a solução em contacto. 5 452 Memórias do Instituto Butantan Tomo XIII Em meio acido o vidro adsor\’e ions H e funciona como electrodio de vidro. Em soliK;ão neutra ou basica, adsorverá outros ions — Xa, Li, K, etc., funcio- nando como electrodio misto. Hughes, Gross & Halpern (18) baseados nos trabalhos de Freundlich & Rona, mostraram que a adsorção ionica na superfície do electrodio de vidro (determinada pelo poteqcial electrocinetico) , não tem relação com o potencial termodinâmico do electrodio de ^ndro. Posteriormente, Horovitz (25), Horovitz & Lark (26), corrigiram as suas hipóteses anteriores dizendo que, por adsorçâo, quizeram dizer "troca de ions" e que também é preciso ser levada em conta a mobilidade ionica. Schiller e modemamente Lengyel (loc. cit.) aceitaram a teoria de adsorçâo de Horovitz, considerando Leng)-cl (que trabalha com membranas de quartza em vez de vidro) essas membranas como condensadores cujos potenciais podem ser medidos. Dole (27), porém, mostrou que considerável corrente direta pode atravessar a membrana de vidro, sem mudança no seu potencial, falhando pois a teoria de condensador, O grande mérito dos traballios de Horovitz, Schiller & Leng\’el, etc. adveio de terem prorado que membranas de quartzo, parafina, etc., funcionam como electrodios de H e sofrem um desvio inteiramente analogo ao do electrodio de vidro cm soluções alcalinas. Teoria de Cremer e outros Foi Cremer — 1906 (28), quem primeiro teve a idéa de imitar uma mem- brana fisiológica por meio 0, PbO, B 2 O 3 ZnO, etc., etc., para só citarmos os principais. Fisicamente, considera-se o \ddro como uma solução solida, ou melhor, um liquido em estado de super-fusão. Os bem conhecidos fenomenos de deformação das lentes dos telescópios com o tempo e o de cristalização ou desvitrificação, produzindo porcelana, a chamada porcelana de Reaumur, tão usada em termômetros, confirmam a idéia de solução solida. Seguindo principalnKnte os trabalhos de Hughes que mostrou serem os vidros mais fusiveis, os melhores para electrodio, Maclnnes & Dole 1929 c 1930, partindo de substancias quimicamente puras, fizeram uma serie de vidros com propriedades t^ariaveis. Os componentes — areia seca, carbonato de cálcio ou magnésio, de sodio ou jxjtassio, ou ainda de litio, misturados em diversas proporções, cuidadosa- mente moidos, foram fundidos em pequenas porções, num forno eletrico, e aí mantidos por uma hora a 1200-1400°C para refinar a massa eliminando as bollias. Esfriado em temperatura inferior ao rubro, o vidro ainda quente é frag- mentado em contacto com agua fria. Pequenos pedacinhos deste ridro, cerca de 5 mg., dão um bulbo, na ponta de outro vidro, de paredes de 0,001 mm., com visiveis cores de interferencia. O quadro anexo, transcrito de Maclnnes & Dole, mostra-nos o estudo dos vidros por eles sintetizados feitos sobre electrodios de membranas, sobre tres pontos principais: (Quadro II). a) o potencial existente no diafragma; b) resistenda do electrodio; c) prova da aplicabilidade do electrodio para determinar o pH. Vamos agora resumir o estudo destes tres pontos: 10 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 Armando Tabobda — Electrodio do vidro 457 a) potencial no diafragma — potencial asinietrico ou correção do zero, é determinada comparando a diferença de potencial enlre um electrodio de vidro e outro de prata e cloreto de prata, na mesma solução X/10 HCI. Todo o vidro de potencial assimétrico elev-ado, não serve, pois varia grandemente: b) a resistência eletrica do vidro, quando é grande, prejudica a Kensibi- lidade e obriga a cuidados especiais como, “screening” e isolamento. E’ determanada pelo método de “capacidade do electrometro", carregando-se 0 electrometro com uma pequena voltagem, compensando-o por um potcncio- metro, e, depois, com uma dada voltagem, intercalar o diafragma de vidro, obser- vando o desvio produzido: c) utilidade como electrodio de hidrogênio rcversivel é determinada pela f. e. m. quando mergulhado numa solução “buffer” de pH 8 e ligado a uma célula de calomelano e cloreto de potássio saturado, e depois em X/10 XaOH pH 12.75. Só serve o vidro que não se desvia do valor teorico no primeiro caso, mas todos variam em contacto com a solução alcalina de XaOH. Obsen’amos no Quadro II, anexo, o seguinte: os vidros chamados duros (pouco fusiveis e resistentes), Pyrex, Jena — 1, 2, 3 — têm elevado potencial, grande resistência e erro inicial em XaOH X/10 que se dera rapidamente. O vidro — 4 — comercial, mole, dá uma queda brusca de potencial de membrana. A resistência menor já facilita as medidas, >mbora se eleve com o tempo. O erro em .solução XaOH X/10 cresce, ijorcm. menos que nos anteriores. Os vidros moles — 5 e 6 — ccmpor:am-se de maneira mais adtquada e foram preparados no laboratorio. O vidro — 5 — de idêntica composição aos de Elder & Wright & Hughes, têm propriedades intermediarias entre o vidro mole comercial 4 e o 6, de com- posição correspondente ao eutrctico dado por Morey, na sua "International Cri- ticai Tables” para o diagrama triangular de fusibilidade do sistema CaO — SÍO 2 — Na::0. Numerosas experiencias mostraram ser este o mais adequado à construção de electrodios, por ser quasi zero o seu potencial na membrana, resistenda baixa e o mais fraco erro observado na solução alcalina. Os vidros de 7 a 11, foram feitos variando-se em pequenas proporções, os componentes de 6, porém, ou tinham mais resistenda, ou menor durabilidade ao ataque pelos alcalis. Deve-se notar que o vidro proprio para electrodios ê bem mole, de solubi- lidade apredavel, capaz de introduzir erros em soluções sem regulador ou “buffer”. O vidro 6 dá 7 X 10-'® equivalente ao s:u alcali por 24 horas e por mm*, daí Macinnes & Dole aconselharem somente o seu uso nas membranas, e para suporte, outras qualidades de vidro. 11 cm iSciELO D 11 12 13 14 15 16 458 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XIII O vidro — 12 — , como se vê, é o mesmo que o — ó — , substituindo-se todo o NaoO por LioO, pois deveria dar um vidro mais compacto por ser o volume atomico do litio muito menor que o do sodio. O vidro resultante de baixo ponto de fusão, cristaliza rapidamente, devendo ser esfriado bruscamente e logo soprado a bulbo delgado, cuja membrana se aju^^ta ao tubo suporte aquecido à temperatura mais baixa para evitar a fusão da mesma. De baixa resistência e assimetria, dá entretanto, com pH 8, resul- tados certos num * tituto Bntantan. Pnbticado «a J* Coofr. Sul-Azner. Química, R. de Jan.* e S. Paulo, 8 a IS de julho de 1937, Vol. II, pa^. $16 e apresentado como palestra no Instituto Botantan em Norembro, 1936). 23- SciELO 0 11 12 13 14