MEMÓRIAS DO INSTITUTO BUTANTAN 1942 TOMO XVI Ht Sáo Paulo, Brasil Caixa Pottal 65 MEMÓRIAS DO INSTITUTO BUTANTAN 1942 TOMO XVI São Paulo, Brasil Caixa Poital 65 ÍNDICE Xoticiirio VII ALCIDES PRADO — XoUs Ofiológicas. 13. Rcdfscrição dc duas serpentes columbiauas 1 I-t. Comentários aerrea de algumas serpentes opistóglifas, com a descrição de uma nova esp^ie 7 WOLFGANG UCCltERL — Estudo comparado dos órgãos sexuais externos dos (Juiló- podos do Urasil. baseado nus gêneros Scolopendra L., 17Õ8. Otostigmus PORAT, 1876, Rhvsida WOOD. 18C2, Cr.sptopa LKACH, 1813. Srolopu- rryptops XEWPORT, 184-t e Otoeryptops, 1887 13 \VOLKG.\XG HCCHERL — Contribuição ao estudo dos órgãos sexuais externos das espécies do gênero Seoloprndra l.lXXfL mais frequentes no llrasil. Cin novo método murfo-eomparado para a sua sistematização 37 \VOLFG.\XG HCCHERL — Revisão das chaves sistcnráticas dc Chamberlin c .\ttenis sóbre as espécies neotrópicas do géneni Otostigmus 1*011., 1876 (subfam. Otostigminae KRPLX, 1903) 69 \VOLFG.\XG HCCHERL — Descrição de uma noxa suliesjrécies do género Otostigmus POR.VT, subgencro Coxopleurotostigmus HCCHERL 85 J. A. B. FOXSECX & FLAVIO da FOXSECA — Transmissão da malária humana por Anofelinos da série tarslmacalatus 93 FLAVIO da FOXSECA — .Xotas de .\careoIogia. XXXIV. Posição do género Liponissus KOLEXATI em facc das espécies tropi- cais; seu desdobramento em novos géneros (Aeari. Liponissidae) 149 P. dc TOLEDO ARTIGAS; JOSft M. 1U’IZ & ARISTOTERIS T. LEAO — Trematóides de OfMios — Liophistrrma pulmonalis, n. gen., n. sp.; IJopphistreminar, * n. suhfam.; Wrstella suiina, n. gen., n. sp. (Plagiorchiidae) 157 JOSft M. RCIZ & .UUSTOTBRIS T. LEAO — Xotas Hclmintológicas. 1. Três nosas espécies de Opisthogonimos parasitas dc ofidios brasileiros (Trematoda: Piagiorchildae) 171 2. Algumas considerações em tómo do género I.eptoph}'llum COHX. 1903 (Trematoda: Plagiorchiidae) 187 2. Xos'a espécie de Trematóide do género Infidom TR.\V.ASSOS, 1916 (Di- eroeoeliidae) parasita de ofidio brasileiro 203 4* Choiedoeystns vesicalis, n. sp. parasita da sesicula biliar dc Hufo ma- cinns (L.) (Trematoda: Plagiorchiidae) 209 .AX.IXIAS PORTO Jt M.AXOEL FERRAZ Presença de hormônio antidiurético na hipófise de serpentes do género Phllodryas 319 JOSft R. do V.VLLE 4 LIMZ A. R. do VALLE — Substâncias anJrogénicas nas gona- das de serpentes dos géneros Bolhrops e Crotalus 23.5 JOSft R. do VALLE 4 LITZ A. R. do VALLE — Tencur en prolactinc dc riiypoph.vse humaine selun les sixes 231 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Pag. IH.ALF.S M.ARTINS, JOSÉ R. do VALLE i ANANIAS PORTO — Efeitos do trata- mento prolongado de cadelas com o propionato de testosterona 237 J. I. LOBO & LCCIANO DÉCOfRT — .Alguns aspectos da es-oinção de cretinismo e do mongolismo 24.3 J. I. LOBO & LUCI.ANO DÉCOLRT — \oras observações sòbre o diabete insípido 273 J. TRAV.ASSOS & A. V.ALLEJO-FREIRE — Sõro anti-rickettsia na febre macnlosa c.vpo Mrans (D. <1 B) lUfss* l*«*no Voí. XVI — 1942 cm 2 3 4 5 6 7 11 12 13 14 15 16 17 5S8.12 NOTAS OFIOLÓGICAS 14 . Comentários acêrca de algumas serpentes opistóglifas do gênero Ajx)stolepis, com a descrição de uma nova espécie. POR .\LCIDES PR.ADO A espécie que neste trabalho descrevo como no\-a, dentre as serpentes opis* tóglifas do gênero Apostolepis, enquadra-se no grupo II. A. da chave de Bou- lenger, onde também se encontram A. flavolorquala (D. & B.) e A. nigrolincaia (Peters), acrescidas de outras, posteriomiente descritas, tais como: A. pytm Boulenger e A. sanctae-ritae Werxer. Entretanto, essas quatro espécies, na realidade se reduzem a três somente: enquanto as três primeiras me pareceram de indiscutivel valor em sistemática, a última, A. sanctac-ritac , deve caber na sinonimia de A. flavotorquata, a levar-se em conta o exame do tipo, procedido por Amaral, no Museu de \iena. Wemer, comparando sua espécie com A. flavotorquata e A. Pymi, conside- rou-a distinta por possuir a 3.* e 4.“ supralabiais em contacto com o olho, f a 5.“ e 6.“ em contacto com a parietal, ao invés da 2.* e 3.“ e 4.* e 5.“, res- P«oti\-amente ; ainda a existência da separação entre a nasal c a preocular. Amaral verificou que são a 2.* e 3.* e a 4.® e 5.* que tocam, respcctiva- mente. a órbita e a parietal, e que a separação entre a nasal e a preocular é um caráter desprorido de importância especifica. Restam, pois, considerar-se como boas as espécies A. flavotorquata, que foi descrita em 1854, por Duméril & Bibron, dc um exemplar de sexo não especifi- cado, procedente de Goiás, Brasil, e pertencente ã coleção dc Castelnau-Dcville ; A. nigroUncata, divulgada em 1869, por Peters. de sexo e habitat desconhe- cidos; e A. pytni_ dada à publicidade em 1903, por Boulenger, a qual foi descrita de um único exemplar macho, dc procedência não maicionada, do Brasil. 1 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 S Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI Lorenz Müller, mais tarde, deu-a como encontradiça em Benevides, no Pará. Deste Estado o Museu Britânico, segundo Amaral, conserva um espécime pro- veniente de Igapé-Assú. Em suma, coloco A. goiasensis, sp. n., como pró.xima a A. flavotorquaía e A. pymi. em que os caracteres específicos destas são comparáveis com os daquela, sendo que o habitat da primeira é igual ao da segxmda, e diverso da terceira. Todas elas, porém, se afastam do grupo onde se inclue A. coronata (Sau- vage), também existente no Brasil, por não possuírem uma única supralabial em contacto com a parietal. Apostole pis goiasensis, sp. n. T :: é I 9 — Cabeça pequena, não distinta dó pescoço; corpo cilíndrico e alonga- do. Focinho fracamente projetado; olho minúsculo. Rostral quasi tão larga quanto alta, parte risível de cima quasi metade da sua distância da frontal; in- temasais fundidas com as prefrontais; frontal uma vez e dois terços tão longa quanto larga, tão longa quanto sua distância da extremidade do focinho, mais curta do que as parietais, que são duas vêzes tão longas quanto largas; nasal in- teira, separada da preocular, que é única; 1 postocular muito pequena; 5 supra- labiais, 2.® e 3.“ em contacto com o olho, e 4.* e 5.* com a parietal; 4 infrala- biais em contacto com a mental anterior, que é tão longa quanto a posterior, l.° par. na linha mediana, em contacto, por trás da sinfisial. Escamas lisas, sem fossetas apicilares, em 15. Ventrais 237; anal dividida; subcaudais 25/25. .'Vvermelhada em dma, com 3 tênues linhas longitudinais pardo-negras so- bre o dorso, a mediana mais nitida; face superior da cabeça e nuca pardo-negra, com duas entradas laterais claras sôbre esta última; lábios superiores e partes inferiores branco-amarelados ; face superior da extremidade da cauda negra, com a placa terminal branco-amarriada. Comprimento total 408 mm; cauda 30 mm.. Ilolotipo, adulto 9, sob o Xo. 10.260 na coleção do Instituto Butantan, S. Pauio, Brasil. Procedenria: Rio Verde, Estado de Goiás. Brasil. Colecionado por Garbe, e oferecido pela Seção de Parasitologia deste Insti- tuto, em 20-1-942. As espécies A. flavotorquata e A. pymi lhe são afins. A primeira difere da espécie em estudo pelos caracteres específicos seguin- tes: parte visível da rostral, em cima, cêrea de uma vez e dois terços da sua distância da frontal; frontal uma vez e meia tão longa quanto larga; nasal em contacto com a preocular; 6 supralabiais ; 5 infralabiais em contacto com a men- tal anterior; ventrais 250; nenhuma linha longitudinal, listra ou raia sôbre o cm 2 3 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Alcides Pawx) — Notas Ofiológicas. 14. 9 dorso e flancos, que são vermelhos, apenas com a cabeça negra em cima, e um esboço de colar amarelado, ladeado de negro, através da garganta, e lateralmente a nuca; cauda negra em dma, em seu terço posterior. A segunda apresenta os seguintes caraterísticos diferenciais: rostral apenas rísivel de cima; nasal em contacto com a preocular; 6 supralabiais ; ventrais 209; subcaudais 35/35; côr apenas distinguível. RESUMO Neste trabalho, discute-se a posição em sistemática de algumas Apostole pis, Colubrídeas opistóglifas, pertencentes ao grupo II. A. da chave de Boulenger, 1896, entre as quais se acrescenta a descrição de uma nova espécie, Apostolepi^ goiasensis, sp. n., de um exemplar procedente do Estado de Goiás, Brasil, afim de A. flavotorquala (D. & B.) e A. pymi Boulenger, ABSTRACT In this paper the systematic position of some Apostolepis. opisthoglj-ph Colubridae is being discussed. belonging to group II. A, oi Boulenger’s key, 1896, among which a new species Apostolepis goiasensis, n. sp.. is being dcscríbcõ of a specimen provenient from the State of Goiás, Brazil, similar to A. flavo- torquata (D. & B.) and A. pymi Boulenger. BIBLIOGR.\FIA DumtrU, A. & Bibron, G. — Erp. Gcn. 7 : 836.1854. Boydenger, G. A. — CaL Sa Brit Mus. 3 : 233.1896. Boulenger, G. A. — .Ann. & Mag. Nat. Hist. (7)12: 538.1903. Amaral, A. do — Mcm. Inst. Butantan 4 : 50-225.1930. (TrabiH>a d» S«çio de OfiolocU e ZoclocU MMke do Intti- tnto ButantAn. Entrvfue para poblicaçSo tm 25 marco d« 1942 e dado i publkidadr, rm separado, em setembro de 1942). 3 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Alcides Pkado — \otax Ofiolnaicax. li. Mcm. Intt. But^tan VoJ. XVI ~ 1942 çoiétemsis, »p. o. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 591.156:595.62 ESTUDO COMPARADO DOS ÓRGÃOS SEXUAIS EXTERNOS DOS QUILÓPODOS DO BRASIL, BASEADO NOS GÊNEROS SCOLOPENDRA L, 1758, OTOSTIGMUS PORAT, 1876, RHYSIDA WOOD, 1862, CRYPTOPS LEACH, 1815, SCO- LOPOCRYPTOPS NEWPORT, 1844, E OTOCRYPTOPS HAASE, 1887. POR WOLFGANG BCCHERL ' INTRODUÇÃO Xo nosso primeiro trabalho sôbre "Os orgãos sexuais do gênero Scolo- pendra”, a ser publicado conjuntamente com éste, já salientamos a prande ne- cessidade de serem considerados os referidos órpãos como fatores principais da sistemática, como aliás já vem sendo feito nos outros grupos zoológicos. Esta necessidade torna-se imperiosa justamente no gênero Olostigmus, onde, como já referiu Verhoeff num trabalho de 1937. reina ainda grande confusão a respeito da sistemática de grandes grupos, confusão esta que o próprio autor não con- diminuir, como cie mesmo se vê obrigado a confessar. Movido pelo desejo de prestar nossos serviços para o esclarecimento dos f>ontos fracos da sistemática principalmente no gênero Olostigmus, com seus subgêneros, realizamos pesquisas sôbre os órgãos sexuais externos de.ste grupo e de outros, .dos quais a coleção quilopódica do Instituto Butantan possue grande número de exemplares, machos e fêmeas, adolescentes e adultos. O precioso material, em número acima de 100 exemplares, na grande maio- ria obtidos vivos e depois convenientemente preparados para o estudo, diride-se da seguinte maneira: I 1 14 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI Família: SCOLOPENDRWAE Subfamilia: OTOSTIGMINAE Gênero : Otostijínius Porat Espécies: Otostigmus (C.) caralcantii Bücherl, 1939 “ (F.) tibialis Brõl., 1902 ” (.A.) scabrícauda (Humb. 4 Sauss.), 1870 ” {A.) " dnnelloi (Verh.), 1937 ” (A.) rcx Chamb., 1914 (fêmea de scabri- caudá) " (F.) pradoi BCxherl, 1939 " ÍF.) tibialis Brõl., 1902 Gênero : Rhysida WooD Espécie: Rhysida brasiliensis Krplx.. 1903 Família: CRYPTOPIDAE Subfamilia: CRYPTOPINAE Gênero : Cryptops Leach Espécie: Cryptops (Trig.) iheríngi Brõl., 1902 Subfamilia : SCOLOPOCRYPTOPINAE Gênero: Scolopocryptops Newport Espécie: Scolopocryptops niicrsü puruensis Bücherl, 1941 Gênero: Otocryptops Haase Espécie: Otocryptops fcrrugincus fcrrugíncus (L.), 1767. M.-\TERI.AL E MÉTODO Todas as espécies acima enumeradas, foram mandadas vivas para êste Insti- tuto durante os anos de 1939, 1940 e 1941. Após conveniente anestesia foram injetadas por via intraintestinal até os órgãos sexuais externos, retraídos natu- ralmente dentro da cavidade do último segmento do tronco, aparecerem em estado normal. Depois procedemos à classificação, separando os machos das fémeas e fazendo séries de adolescentes e adultos de ambos os sexos. Foram retirados os órgãos sexuais externos de macho e fémea de cada espécie e, depois de deshidra- tados e diafanizados. montados em bálsamo do Canadá. O estudo comparado da morfologia dos órgãos sexuais foi feito com o auxilio da lupa, dentro de 10 a 40 vézes de aumento. Em casos especiais recorremos também ao microscópio. Todo o material que serviu para o presente estudo acha-se devidamente con- servado e fichado na coleção do Instituto Butantan. 2 NVolfcang BCcherl — Estudo comparado dos orgãos sexuais externos dos Quilópodos do Brasil 13 ESTUDO COMPARADO E DISCUSSÃO 1 . Otosiiginus {Coxopleurotostigmus') caivilcantii (Vide Fotos Nos. 1 e 2) MÊDI.\ DAS MEDID.^S D.\ SÉRIE Macho Fêmea Comprimento total 45 — 48 mm 46 — 49 mm Largura do 12.* tergito 3,2 — 3,4 mm 3,5 — 3,6 mm Comprimento do estemito genital 0,8 mm 0.9 mm " ” postgenital . — 0,2 mm órgão copulador 0,7 mm tergito anal 0.9 — I.l mm 0,9 — 1,1 mm Xa fêmea desta espécie (Foto Xo. 1) a primeira membrana intermediária (entre o último sarnento do tronco e a região gênito-anal) é muito curta na zona ventral mediana, de maneira que quasi não c visivel deste lado. Xa região pleural, porém, ela se salienta bem, formando algumas dobras, que se estreitam novamente na r^ião do tergito anal. O estemito genital (Foto Xo. 1), coberto por pêlos muito j>equenos e pouco numerosos, apresenta forma triangular, com bordos laterais cun.'os e bordo poste- rior arredondado. Xa linha ventral mediana ha uma ligeira saliência longitudinal. A abertura genital (a) tem forma semi-lunar, sendo de dimensões bastante avantajadas, mais larga do que longa, de posição transversal, apresentando cm ambos os lados uma pequena apófise interna, de quitina mais espéssa do que as zonas adjacentes. Suas paredes internas são lisas, sem pregas sen.siveis, apre- sentando apenas leve revestimento quitinoso, de maneira a gozar dc grande elas- ticidade. O tergito anal tem bordo posterior redondo e Ixjrdos laterais ligeiramente divergentes, com cantos posteriores arredondados, salicntando-sc uma ligeira ele- vação longitudinal na área mediana, de resto coberta por i)êIos curtos c jx)uco numerosos. O tergito anal apresenta quitina mais espéssa do que o estemito genital (4). As laminae adanales” unem-se atrás, perto da cratera anal, terminando mmia ponta (Foto Xo. 1,5). A "adanalis superior” estal>elece o contacto com o bordo lateral do tergito anal. enquanto que a inferior se limita com o bordo ex- terno posterior da abertura genital. Também as lâminas adanais apresentam pêlos mu'.to pequenos e pouco numerosos. 3 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 16 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XYI . No macho o estemito genital (Foto No. 2.1), o tergito anal (2,4) e as lâ- minas adanais (2,5) apresentam o mesmo aspecto que na fêmea. O estemito postgenital (2,2) é muito pequeno, ficando quasi completamente encoberto pelo estemito gem'tal. O órgão copulador apresenta a forma de cunha (2,3), com a abertura geni- tal estreita e longa, situada no lado ventral. Os lados do órgão copulador são for- mados por duas placas, fracamente quitinizadas, de forma triangular, terminando atrás numa ponta. \'^entralmente formam dois bordos, um externo inteiro e mn interno desfeito em franjas pequenas. Não existem pêlos no órgão copulador. As duas placas laterais são unidas dorsalmente por uma membrana, bastante larga no lado apical e terminando atrás numa ligeira ponta. O macho se distingue facilmente da fêmea pela presença do estemito post- genital e, antes de tudo, pelo órgão copulador, sempre bem visivel em todos os machos. Por outro lado a fêmea pode ser reconhecida como tal pela abertura genital semilunar, de forma muito caraterística. Quanto ao colorido dos escleritos da r^ião gênito-anal ha grande dificuldade de distingui-los das membranas adjacentes, porque todas as zonas, quer se trate de membranas quer de escleritos, apresentam côr de cinza suja. Apenas a pre- sença de pêlos em áreas circunscritas indica os limites exatos dos escleritos (es- temito genital, postgenital, lâminas adanais e tergito anal), o que ê muito im- portante nas zonas onde não ha bordos, como na lâmina adanal inferior. Esta uniformidade no colorido pode ser constatada aliás na região gênito-anal de todos os gêneros da familia Scolopendridae, quer se trate de espécies da sub- família Scolopendrinae ou da subfamília Otostigmime. Ao contrário notamos que os escleritos da familia Cryptopidae com as duas subfamilias Cryptopinae e Scolopocryptopinac apresentam uma cór vermelha ou amarela, enquanto que as membranas são incolores ou ligeiramente cinzentas. Quanto ao segundo gmpo. observa-se em cortes transversais pelas camadas quitinosas dos esclerítos que a epi- e exocutícula consers^am a mesma espessura que nos tcrgitos e estemitos do tronco, enquanto que nas membranas estas duas ca- madas são muito finas. Na família Scolopendridae, porém, já são mais finas do que nos tergitos e estemitos mesmo nos escleritos gênito-anais. .■Mêm dos caracteres sexuais supra enumerados, os machos e fêmeas ce Otos- iigmus cavalcantii podem ser facilmente distinguidos ainda pelos chamados "ca- racteres sexuais secundários”, independentemente da inspeção dos órgãos geni- tais. Êstes caracteres secundários só existem nos machos adultos e adolescentes, nunca nas fêmeas. Consistem num apêndice digitiforme, cilíndrico, que constitue um prolongamento do último tergito do tronco (Foto No. 2.c) e ainda no apêndice coxopleural (Foto No. 2.b). formado por uma apófise quitinizada, com aspecto 4 NVolfg.\xg BCcherl — Elstudo comparado dos orgãos sexuais externos dos Quilópodos do Brasil 17 de espinho grande, curro, que constitue um prolongamento do campo poroso. Am- bos estes caracteres são sempre facilmente \-isíveis em todos os machos, qualquer que tenha sido seu estado de conser\*ação. Xa fêmea faltam totalmente, como se pode ver confrontando os dois Fotos Xos. 1 e 2. O apêndice do tergito é mais longo do que o próprio tergito (tergito: 1,30- 1,50 cm; apêndice: 2-2,20 cm), como já tivemos a oportunidade de referir ao descrever esta espécie nova (Rev. Biol. e H)-g. 10 (1) :54-57.1939). O apêndice é achatado na p>onta terminal, apresentando em cada lado uma ligeira cavidade, coberta por fileiras de jjêlos longos e vermelhos. Êstes vão todos numa só direção dorso-ventral, medindo entre 0,3-0,4 mm de comprimento. Machos e fêmeas desta espécie ainda apresentam a particularidade de terem o prefêmur subdividido por uma fossa drcular, particularidade esta comum com outras espéaes do gênero Olosligmus (Fotos Xos. 1 e 3). 2. Otostigmits {Dactylotergilius) cauáatus MÉDIA DAS MEDIDAS D.A SÉRIE Macho Fêmea Comprimento total 40 — 45 mm 41 — 49 mm Largura do IZ* tergito 3,4 — 3,7 mm 3,5 — 3.8 mm Comprimento do esternito genital 0.6 — 0,8 mm 0.5 — 0,7 mm " " postgenital 0,1 — 0,3 mm ” órgSo copulador 0.5 — 0,8 mm tergito anal 0,7 — 0,9 mm 0,7 — 0,9 mm Os órgãos sexuais dos machos e das fêmeas desta espécie não se distinguem em nada que seja essencial da espécie Olostiginus cavalcantU. Isto vale princi- palmente no tocante aos órgãos sexuais do macho. Apenas o esternito genital da fêmea apresenta uma saliência mediana, longitudinal, muito mais profunda e mats nítida do que a fêmea de caialcantii. Todos os escleritos são revestidos de pêlos pequenos e pouco numerosos. Em Olosligmus caudatus existe igualmciite um caraterístico sc.xual secun- dário que permite distinguir os sexos sem a inspeção dos próprios órgãos sexuais. Consiste num apêndice digitiforme, que forma a continuação direta do último ter- gito (liigésimo primeiro tergito) do tronco do macho. A fêmea carece deste apend.ee. Êle tem a mesma forma que o apêndice em cavalcantU, sendo de notar apenas que é muito mais curto c mais delgado, não atingindo nunca o compri- mento do tergito, enquanto que cm cavalcaniii sempre excede o comprimento deste. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 18 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI Também nesta espéde encontra-se uma subdidsão do prefêmur do último par de patas, subdivisão esta um tanto mais nítida nas fêmeas. Não se trata de uma articulação, mas apenas de um sulco profundo circular que destaca o último quarto do prefêmur. 3. Oíosligmus (Androlostigmus) scabricauda (Vide Foto Ko. 3) MÉDI.\ D.^S MEDID.\S DA SÉRIE Macho Fêmea Comprimento total 63 — 72 mm 64 — 79 mm I-ar(riira do 12.* tergito 5.5 — 5,8 mm 6,5 — 6.8 mm Comprimento do esternito genital 0,5 — 0,7 mm 0,8 — 1.1 mm " - - postgenital .... 0,1 — 0.3 mm órgão copulador 0,5 — 0.7 mm " tergito anal 0,6 — 0,9 mm 0,3 — 1,5 mm Na fêmea (Foto No. 3, à direita) a primeira membrana intenuediárm é muito estreita na parte ventral mediana, alargando-se consideravelmente em ambos os lados, na zona pleural. Na zona dorsal, na região do tergito anal, ela é duas vêzes mais longa do que no lado ventral. apresentando bordo posterior reto. É de grande elasticidade, sem apresentar zonas de quitina mais espêssa. O estemito genital é igualmente muito elástico, sendo contudo constituído j)or uma camada continua de quitina. Na linha mediana não ha depressão sensi- vel. O bordo posterior c ligeiramente saliente. As zonas laterais do esternito confundem-se com as porções pleurais da primeira membrana interme Hária, sendo apenas nitidamente demarcadas no bordo posterior. A abertura genital é semi-circular, mais larga do que longa, com uma apófise interna transversal em aml>os os lados. Seu revestimento interno é como na fê- mea de cazvIcanlH. O tergito anal é um pouco mais largo do que longo, com bordos distinta- mente demarcados; com quitina uniforme, pouco espêssa. porém mais dura do que cm qualquer outro esclerito da região gênito-anal. O Iwrdo anterior é reto e nitidamente separado por um sulco transversal da primeira membrana interme- diária. Os lados são ligeiramente recurvados. O bordo posterior é muito cur- \-ado. principalmente na zona mediana. área mediana do tergito apresenta uma depressão longitudinal nítida, a extinguir-se na frente e atrás, e mais outra de- pressão transversal, fxnico nítida, a cruzar a primeira. 0 WoLixuNG BCcherl — Estudo comparado dos orgãos sexuais externos dos Quilópodos do Brasil 19 No scgnrento anal notam-sc ainda as duas “laminae adanales”, cobertas de poucos pêlos, sendo a inferior melhor desenvolvida do que a superior. A base da primeira é estreita, principiando na zona lateral da abertura genital. Em se- guida descreve uma curv'a em direção à zona ventral mediana, dirigindo-se então em linha reta para trás, onde se une com a parte terminal de uma segunda apó- fise quitinizada, que vem da zona pleural (Foto No. 3,5). lâmina adanal posterior é menor, estabelecendo de um lado contacto com os bordos laterais do tergito anal e do outro com a ponta terminal da primeira lâmina. .•\s partes terminais das duas lâminas são muito engrossadas por membranas espessas que vêm a formar as zonas ventro-lateral e láterodorsal da cratera anal. .■\s membranas que revestem as pontas terminais das quatro lâminas adanais apre- sentam uma incisão ventro-longitudinal profunda e outra, atravessada, menos pro- funda, de maneira que a cratera anal, redonda, é dividida por estas incisões em quatro partes mais ou menos simétricas. O aspecto geral da região gênito-anal do macho (Foto No. 3, à esquerda) é idêntico ao observado na fêmea no tocante à côr, à quitinização e à distribuição dos pêlos curtos, O esternito genital se estende muito para trás, na linha mediana. Os bordos laterais seguem, no começo, em linha reta para trás. depois descrevem uma breve curva, dirigindo-se então para o bordo curvo. Os lados do esternito são muito de- primidos, sendo notável também a e.xisténcia de uma saliênda longitudinal me- diana, que se bifurca na zona jwsterior do esclerito, vindo os dois ramos a terminar nos bordos laterais do mesmo, perto da ponta mediana. Do esternito post-genital observa-se muito pouco devido ao seu tamanho exí- guo. É levemente sulcado na linha mediana, formando suas áreas laterais uma bainha ventro-lateral em que se encontra o órgão copulador. Êste tem a forma de cunha, apresentando a mesma constituição morfológica como o órgão copulador do macho de cai-alcaniii. O segmento anal apresenta-se como na fémea, sendo menores apenas as "la- minae adanales”. Também nesta espécie existem caracteres sexuais secundários, sempre fa- dlmente visíveis, mesmo a olho nú e presentes apenas nos machos, mesmo nos adolescentes, sob a forma de um apêndice longo, preso no lado interno dos dois prefêmures do último par de patas. Os apêndices são mais longos do que os pre- fémures, sendo muito engrossados atrás, onde terminam numa placa circular, li- geiramente côncava, coberta de pêlos longos, ruivos (Foto No. 3,c). cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI *JÜ 4. Otosligmus scabricauda demelloi Os órgãos sexuais desta subespécie em nada diferem dos da espécie. No tocante ao dimorfismo sexual, por Verhoeff considerado grande, abran- gendo novas modalidades morfológicas prindpalmente na fémea, devemos salien- tar que nesta subespécie não existe outro dimorfismo a não ser o mesmo apên- dice interno nos prefêmures dos machos, ausente nas fêmeas. Quanto ao resto não há outros caracteres morfológicos divergentes em ambos os sexos. Aliás Verhoeff em “Ueber einige Chilopoden aus Australien imd Brasilien”, Zool. Jahrb. Syst. 70 (1/2) :1 1-15. 1937, descreve demelloi como espécie muito bem se- parada de scabricauda. As afirmações do autor já foram por nós examinadas à mão de numeroso material, machos e fêmeas, em “Os Quilópodos do Brasil”, Mem. Inst. Butantan 13:261-264.1939, onde fizemos uma redescrição de Otos- tigmus scabricauda (Humb. 4 Sauss.), 1870, chegando então à conclusão de que a espécie de Verhoeff era apenas uma subespéde da primeira. Podemos confirmar novamente esta nossa opinião pelo confronto de machos e fémeas de scabricauda e de scabricauda demelloi (Verh.). Os órgãos sexuais externos de ambas as formas não se distinguem em nada. O dimorfismo se.xual, sôbre o qual Verhoeff fundou sua nova espécie (prin- cipalmente das fêmeas), só se manifesta pela presença de um apêndice no lado interno do pre fémur do último par de patas dos machos. A fémea carece deste apêndice. Isto vale tanto para a scabricauda como para a demelloi. Para a última Verhoeff refere ainda outros caraterísticos sexuais secundá- rios, como sejam: Macho Com depressões profundas em todos os esternitos; Sempre com esporão tarsal ; Últimos tergitos com rugosidades, muitos nódulos, leves quilhas e es- pinhos curtos ; Do 5.® tergito para trás já existem pseudocarenas. Fêmea Sem depressão nos esternitos; 20.“ pata sem esporão tarsal ; Tergitos lisos, sem rugosidades c sem nódulos, nem espinhos; Sem pseudocarenas nos tergitos ; No nosso trabalho, acima dtado, já afirmamos que tudo o que Verhoeff diz a respeito da fêmea não corresponde absolutamente aos resultados das nossas observações. Pelo contrário, ela apresenta sempre, mesmo já como “adolescens”, depressões, esporões tarsais no penúltimo par de patas, 'rugosidades, nódulos, qui- * * ' ' » 8 ^^OLFG.^^•G BCcherl — Esludo comparado dos orgãos sexuais externos dos Quilópodos do Brasil 21 lhas e pseudocarenas como no macho, ap>enas carecendo do apwndice prefemural do último par de patas. Mas de onde tirou Verhoeff suas afirmações? Ouçamos o próprio autor: “Ainda não se realizaram observações suficientes sôbre o dimorfismo dos sexos no gênero Otostiguius, principalmente porque estas observações não estão isentas de grandes dificuldades. O precioso material deve ser tratado com cuidado, sendo que, pela sua conservação em álcool, se acha quasi sempre num estado de tão forte contração que não se pode pensar mais em fazer aparecer a regpão genital. Êste último caso também se verifica com o autor no tocante ao material que serviu para a descrição do dimorfismo sexual da espécie Otostigmus dcmeltoi. Porisso não se pode deixar de declarar que tudo o que acaba de ser estabelecido sôbre o dimorfismo entre macho c fêmea da nova espécie pode apenas ser co)isiderado como proz’ável c não como absolutamente certo.” .\ hesitação do nosso colega Verhoeff e sua curiosa descrição da fêmea da nova espéae nos fez proceder ao exame minucioso do copioso material, deposi- tado na coleção quilopódica do Instituto Butantan. Quanto às espécies scabricauda e dcmclloi chegamos às seguintes conclusões: 1.® É sempre fácil distinguir os machos das fêmeas, mesmo em material por longo tempo conservado em meio alcoólico, independentemente ém e.xiste dimorfismo sexual sob a forma de um apêndice na tibia do último par de patas nos machos, apêndice êste muito menor do que em pradoi, mas sempre l)cm visível, mesmo nos adolescentes. Êste apêndice está ausente nas fêmeas, de maneira que constitue um bom caraterístico para distinguir facil- mente os sexos. 10 WoLFGAKG BCchehl — Esludo comparado dos orgãos sexuais externos dos Quilópodos do Brasil 23 7 . Rhysida brasiliensis MÉDIA DAS MEDIDAS DA SÉRIE lilacho Fêmea Comprimento total 68 — 77 mm 69 — 81 mm Lareura do 12.* tertrito 6,5 — 7 mm 6,5 — 7,1 mm Comprimento do estemito genital 0,4 — 0,7 mm 0,4 — 0,6 mm postgenital 0.2 — 0.3 mm órgão copulador 0,5 — 0,7 mm tergito anal 0,6 — 0,8 mm 0,5 — 0,8 mm Os escleritos da região gênito-anal dos machos e das fémeas desta espécie não se distinguem pelo colorido das membranas. Apresentam. ix)rém. quasi sempre bordos nitidos, de quitina mais espéssa e, além disso, pêlos pequenos, pouco numerosos, presentes também nas “laminae adanales”, e inteiramente ausentes nas zonas das membranas. A primeira membrana intermediária forma um anel completo, estreito na área ventral e dorsal e mais longo nas regiões pleurais. O estemito genital dos machos e das fémeas apresenta bordos laterais ligei- ramente cur\'os e bordo posterior arqueado. No meio do esclerito ha uma leve saliência longitudinal mediana. Os pêlos são mais densos jx:rto do bordo jx)s- terior. O estemito postgenital apresenta saliência longitudinal mais acentuada do que a do estemito genital. O órgão copulador, sem pêlo algum, é de fomia triangular com ligeiro apên- dice saliente na ponta, apresentando uma orla ventral franjada, entre a qual se ve nitidamente a abertura genital masculina. A abertura genital da fémea é semi-lunar, igual cm sua forma como nas es- l>écies do género Olostigmus. As lâminas adanais unem-sc atrás numa ponta comum, sendo que a posterior cstaWece contacto direto com os bordos laterais do tergito anal c a anterior forma a continuação das membranas que marcam o limite externo da abertura genital na fémea, enquanto que no macho servem de esteio jxjstero-lateral ao órgão co- pulador. O tergito anal apresenta igual constituição topográfica cm ambos os sexos, tendo os bordos laterais ligeiramente divergentes e o bordo posterior redondo. NesU espécie não existe nenhum dimorfismo sexual que pennita distinguir os machos das fémeas sem a inpeção dos próprios órgãos sexuais externos, nsta de Attems (Tierreich 54:1-308.1930) já foi referido. Este autor, porém, contúa a ignorar a importância dos estudos comparados dos órgãos sexuais externos mesmo ainda em tempos recentes, apesar das criticas que seu sistema tem sofrido. Verhoeff, em Bronn’s Klassen und Ordnungen 63-101.1902-1925, é o pri- meiro a fazer pelo menos algumas considerações gerais sôbre os órgãos sexuais dos Scolopcndromorpha, considerações estas ainda de ordem puramente morfo- lógica. feitas esporadicamente nas seguintes páginas: 25-27, 75, 87, 105-107 e 523-528. .Atribuo já ao estudo dos órgãos se.xuais sua devida importância, es- crevendo à página 177: “Estudos topográficos e comparados, minuciosos e exa- tos. sôbre os órgãos sexuais externos dos segmentos genitais seriam sumamente desejáveis e constituiriam provavelmente uma ótima base para a caraterização da evolução epimorfa dos Escolopendromorfos”. A e.\igência de Verhoeff em serem considerados na sistemática os órgãos sexuais se tomou ainda mais explicita nestes últimos anos. Vale a pena repro- duzir um curto trecho do seu trabalho “Cber europaeische Crytops- .Arten” (Zool. Jahrb. Syst. 62.1931), porque permite entrever claramente a fraqueza da sistemática quilopódica moderna, feita sem o estudo comparado dos órgãos genitais c.xtemos: •> WoLFa\XG BCcherl — Contrib. ao estudo dos orgãos sexuais externos das espécies de Scolopendra 39 “Foram publicados ultimamente dois trabalhos dos meus colegas Attems (Tieireich 54.1930) e Brõlemann — “Elements d’une Faune des Myriapodes de France, Chilopodes”. Brõlemann estudou as espécies do gênero Cryptops, colhidas na França e na Algéria e Attems reuniu numa chave sistemática todas as espécies do mundo inteiro deste mesmo género. O trabalho de .Attems é, sem dúvida, muito meritório. Demonstra, porém, claramente, quão necessária é uma reforma deste gênero. E’ singular, antes de tudo, que ambos os autores ainda não saibam distin- guir claramente os sexos, o que é pro^ado pelo fato que a subespécie nova de Brõlemann Cryptops savignyi hirlitarsis é simplesmente a fêmea de Cryptops savignyi (“genuinus”), espécie esta descrita apenas segundo um exemplar macho. Já Latzel escreveu em 1880 (Chil. õsterr.-ungar. Monarchie, página 156); ‘E muito difícil distinguir os machos e as fémeas, porque em nenhum dos se- xos existem apêndices genitais. Baseado em estudos comparados dos órgãos genitais internos, considero por enquanto como fémeas aqueles indinduos, cujo tronco é mais largo em frente e que têm maior número de poros pleurais; ma- chos são aqueles que são liastante estreitos na parte anterior do tronco, que têm apenas um número regular de poros pleurais e cujo penúltimo par de jiatas c mais longo e mais grosso do que o anterior.’’ Brõlemann, ao contrário, nada nos revela sõbre os sexos e .Attems e.xplica: .As patas posteriores, principalmente o 20.° par, apresentam muitas vêzes uma aglomeração densa de pêlos (caracteres sexuais masculinos?).’’ Está demonstrado, portanto, que persiste ainda grande incerteza na distin- ção dos sexos. Eu mesmo identifiquei o sexo de uma série de indivíduos pcla autópsia. Pude determinar facilmente os machos pcla presença dos grandes cs- permatóforos. Surpreendi, por outro lado, certos indivíduos (do mesmo gênc- ro) que faziam guarda à sua cria, de maneira que destes suponho serem fêmeas. Os meus estudos me fizeram abraçar parcialmente a opinião dc Attems, porque cheguei à conclusão de que o último par de patas dos machos apresenta dc fato gcralmcnte um número maior de pêlos. No 20.° i»ar dc patas, porém, não há caracteres seguros para distinguir os sexos. Mas também a presença dc um número maior de pêlos no último par não é um caráter absolutamente valido, porque var:a nas espécies e subespécies. LTma diferença sexual, baseada no nu- mero dos poros pleurais. segundo Latzel, não pude confirmar. Êste esboço histórico mostra-nos que cabe a Verhoeff o mérito dc ter cha- mado a atenção dos especialistas sóbre a grande importância dos caracteres se- xuais na descrição de novas espédes e novos gêneros. Mas êste mesmo \'erhoeff procurou os caracteres fóra da esfera dos próprios órgãos genitais 3 40 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI externos e assim chegou forçosamente à conclusão pouco satisfatória de que. para se ter certeza que o indi^duo em estudo é macho ou fêmea, é preciso pro- ceder à autópsia e inspecionar os órgãos genitais internos. Muitos especialistas desistem deste processo, pois o próprio \'erhoeff confessa “que o predoso material precisa ser tratado com cuidado, omitindo-se praticar cortes ou dssuras que des- truam o tioo.” O presente trabalho apresenta um novo caraterístico morfológico seguro para distinguir os machos e as fêmeas de uma e mesma espêde e ainda para estabelecer no^^as espédes. Êste caraterístico é constituido justamente pelos próprios órgãos sexuais externos, como veremos: M.-VTERIAL E MÉTODO O material empregado para o presente estudo dos órgãos sexuais externos consta de exemplares em grande parte vivos. Por ora realizamos apenas pes- quisas comparadas sôbre as espécies e subespécies mais frequentes no Brasil e reunidas no gênero Scolopendra. Porém já temos em preparação um grande número de outros grupos quilopódicos, cujos órgãos sexuais serão estudados em outro trabalho. Esperamos desta maneira poder contribuir eficientemente para o lançamento de uma nora base para a sistemática dos Quilópodos. O material vivo é constituido pelas seguintes espédes e subespédes: Scolopendra zirídicornis Xewport ” ” zdrídicomis Bücherl ” ” nigra BCcherl ” subspinipes Leach ” ” subspinipes Leacu ” morsitans Lixné ” angulata Xewport ” ” angulata, n. subsp. Além do estudo destas espécies e subespédes riras fizemos numerosos ijre- parado.s parciais do aparelho genital, entre lâmina e lamínula. e conservamos ainda, em álcool a 70%, grande número de Escoloj)endras com os órgãos sexuais visíveis. Foram executados igualmente cortes longitudinais e transversais dos segmentos genitais de machos e fêmeas das espécies adma enumeradas. Empregamos no exame do aparelho genital externo o seguinte método: X^arcotizamos os exemplares vivos e injetamos, em seguida, por ria intes- tinal uma solução alcoólica de formol até que os órgãos genitais, naturalmente 4 WOLFOAXG BCcherl - Contrib. ao estudo dos orgàos sexuais externos das espécies de Scolopendra 41 •nvisiyeis e recolhidos no interior do último segmento de patas, se tomassem visiv«s externamente e aptos para um exame topográfico e comparado. Quando este método não era \-iável (como acontece nos individuos que já fo- ram consersados por muitos anos em meio liqiúdo) e mesmo para obter maior certeza nas pesquisas comparadas, abriamos longitudinalmente os últimos tergito e estermto na Imha lateral, com fina tesoura, e separavamos a última porção do intestino postenor e a parte baixa dos órgãos genitais internos dos animais mortos, retirando de uma só vez os segmentos anal, postgeniul e genital, con- juntamente com « formações intermediárias dos “pseudosegmentos”. Proce- e musculatura e das traqueias sob o binocular T , . isloopca (quando se trata\-a de animais ainda não fixados). ^ genitais, submergiamos os preparados em carmim acético (Se- mchon), passando, em seguida, pelo ácido acético e depois pelo creosoto. d»Wdn.u™no, o material, após prévio com.™ ^ 1 • tios feixes musculares e das traquéias, pela série romum de álcoois, permanecendo 3-4 dias em álcool absoluto, renovado T-4 vêzes e clanfica.-amos as peças em xilol-fenicado. a ouiri^^or “ referidas peças foram fixadas em formol, sendo q amolecida pelo diafanol ou pela solução alcoólica de ácido nitrico. ESTUDO TOPOGRÁFICO E COMPAR.ADO genitais e o anal tanto dos machos como das fêmeas dos último **^^Pha estão profundamente recolhidos numa cavidade central do *^™**'^° tle patas, de maneira que nos exemplares vivos quasi nunca que os ' * ' ■rtn este o motivo que induziu certamente .Attems a escrever Outros genitais externos não tém importância alguma na sistemática. . . ‘^racteres sexuais morfológicos, fóra do âmbito da zona genital, que nhuma d^ tlistinguir os machos e as fêmeas, não foram descobertos cm nc- ^^Péeies referidas, exceção feita da Scolopendra inorsilanj, como ve- remos adiante F... , . ■ ^ni regra geral as femeas são um tanto maiores e mais robus- tas do que os machos. vertical niediana posterior, entre as últimas patas, obser\a-se uma fenda formada ^ tergito e a estender-se até ao estemito. Esta fenda é 'ir bordo espesso de uma membrana e contém, cm seu interior, os ** *^tiientos: o genital, o postgenital c o anal. ta fenda é comumente um pouco distendida no meio, de maneira que é possne \er alguns detalhes da zona genital e anal. A membrana que forma a 5 42 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI fenda faz parte de um pseudosegmento, vindo a ser a primeira membrana inter- mediária (Vide Foto 3, Xo. 2) entre o 21.° segmento (último segmento de pa- tas) e o 22.° segmento (segmento genital). Um treino suficientemente longo permite já distinguir os sexos pelos sim- ples detalhes, entrevistos pela fenda aberta. .Ajites, porém, queremos dar uma noqão topográfica geral dos referidos segmentos e aconselhamos, para a bóa compreensão, conferir as 4 primeiras fotografias deste trabalho: A última zona do corpo dos Quilópodos consta dos segmentos genital, post- genital e anal, com formaqâo morfológica incompleta e de interpretação difidl, e ainda de dois pseudosegmentos ou duas membranas intermediárias, sendo a primeira localizada entre o 21.° estemito e o estemito genital e a segunda entre o estemito genital e postgenital (\’^ide Fotos 3 e 4, Xos. 2 e 5). A primeira mem- b.'ana intermediária nos machos é muito longa no lado ventral e ventro-lateral. Estreita-se em seguida e abraça o lado dorso-basal do tergito anal (Foto 4, Xo. 2). A zona ventral mediana desta mesma membrana forma dois bordos longi- tudinais salientes que protegem a zona basal do estemito genital. Nas fêmeas esta membrana intermediária é de igual formação como nos machos, com a di- ferença de ser um p>ouco mais curta na zona ventral mediana (vide Foto 2). O segmento genital consta apenas do estemito genital (Vide Fotos 2, Xo. 1 e Fotos 3 e 4. Xo. 3)t constituido por uma placa fracamente quitinizada. E’ igual em machos e fêmeas tanto na forma como no tamanho. Xos machos apenas é bruscamente dobrada na linha mediana ventral (Vide Foto 4), enquanto que nas fêmeas ê ligeiramente curm (Vide Foto 1). Xa zona l>asal da linha mediana obser\-a-se uma curta fossa profunda (Vide Foto 3, Xo. 3). Os bor- dos posterior c laterais do estemito são cur\os e de quitina mais espessa. Nas fémeas obser^-amos atrás deste estemito a grande abertura genital que dá acesso ao “atrium genitale” bastante volumoso. Até aqui as formações morfoh^cas foram mais ou menos iguais nos ma- chos e fémeas; de agora cm diante, porém, observa-se uma diferença completa. A segunda membrana intermediária só existe nos machos (Vide Foto 4, Xo. 5), envolvendo o segmento postgenital lateral- e dorsalmente e separando-o do segmento anal. Esta membrana é extremamente delicada e flexivel, de maneira que se adapta perfeitamente ao volume do segmento postgenital, cujas partes basais protege contra a pressão excessiva. O segmento postgenital é igualmente presente apenas nos machos. Consta dum estemito e do órgão copulador. O estemito (Vide Fotos 3 e 4, Xo. 6) é formado por duas placas ventro-laterais, quitinosas, unidas no meio apenas por uma dobra delicada e transparente, que cobre um sulco longitudinal profundo. Os bordos destas placas são nitidos e arredondados, sendo sua parte basal pro- tegida, como já dissemos, pela membrana intermediária. O papel do estemito postgenital consiste em dar ao órgão copulador a necessária firmeza. G 43 WoLFGANC BCxhebl — Conlrib. ao estudo dos orgãos sexuais externos das espécies de Scolopendra O órgão copulador ou “penis” consta de duas placas laterais, aproximada- mente triangulares, com face ventral reta e linha dorsal ligeiramente curva (Vide Fotos 3 e 4, Xo. 7). Xo lado ventral ha duas orlas, uma saliente e quitinizada e a outra franjada. Entre a última abre-se a fenda genital masculina (Vide Foto 3) que c estreita e longa, enquanto que a abertura genital da fêmea é, como vimos, larga e redonda. Posteriormente o órgão copulador se estreita. Sua face dorsal é geralmente larga, principalmente atrás e completamente destituida de quitina, de maneira que apresenta máxima elasticidade. O segmento anal é outra vez presente em ambos os sexos, consistindo sem- pre das mesmas p>eqas, a saber; do tergpto ou “lamina dorsalis”, de duas peças laterais pequenas ou “laminae adanales” e de uma peça ventral, mediana, cha- mada “lamina subanalis.’’ Xos machos o segmento anal é muito reduzido, não chegando a corresponder à metade do comprimento dos segmentos genitais, en- quanto que nas fêmeas se dá justamente o contrário, excedendo aqui o segmento anal o genital pelo seu maior desenvolvimento. Esta diferença cm tamanho ê tão pronunciada e tão típica nas espécies neotrópicas do gênero Scolopendra, que bastaria por si só para distinguir seguramente os sexos. O tergito anal é aproximadamente de igual tamanho em ambos os sexos e apresenta quitina espessa. .As lâminas adanais e a subanal, porém, são muito reduzidas nos machos, enquanto que nas fémeas formam peças muito nítidas, unidas entre si por dobras elásticas. •\ "lamina subanalis” forma, por assim dizer, o fêcho ventral do anus e as “laminae adanales”, que ocorrem cm um j>ar de cada lado, são dobras laterais, móveis, unidas de um lado com a lâmina subanal e do outro com a região anal propriamente dita. Esta apresenta forma de cratera, tendo no centro, cm nivcl aprofundado, a abertura anal. parede interna da cratera anal ê formada por uma dobra elás- tica, dividida jjor sulcos, que divergem do centro para a periferia (Vide Fotos 1 e 2, Xos. 2. 3, 4). Êste ligeiro esboço topográfico já é suficiente para mostrar que ha de fato diferenças morfológicas profundas nestes últimos segmentos, diferenças estas que permitem facilmente distinguir os machos das fêmeas. Outros detalhes nes- tes órgãos, típicos para cada espécie, vão ser referidos mais adiante. Os segmentos genitais e o anal dos Quilópodos são extremamente mó\ eis , podem ser protraídos ou retraídos segundo estiverem sujeitos ou não à pressão sanguínea. Quando retraídos mudam completamente de volume, tomando-se 3-4 vêzes menores do que em estado protraído. Cabem assim perfeítamente dentro de uma pequena cavidade do corpo, que se encontra no último segmento do tronco. O mecanismo de retração é semelhante ao do fechamento de um te- lescópio: o órgão copulador entra nas duas placas do estemito postgenital; estas i 44 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVT afa^tam-se um tanto em direto ao anus e entram na cavidade interna do ester- nito genital. Em seguida são retraídas as partes do anus, a saber: as lâminas adanais e a subanal, que se aqjlicam então extemamente ao estemito postgenital. Desta maneira acontece que, em estado ’de retratjão, nada mais é visto dos seg- mentos genitais e anal a não ser algims restos da parte terminal do tergito anal, das lâminas “adanales”, da lâmina “subanalis” e do estemito genital. Nos ma- chos o segmento postgenital desaparece por completo. O estemito genital de um lado e o tergito anal do outro formam, por assim dizer, duas tampas a isolar completamente os órgãos sexuais do mundo exterior. Muitas vezes estas zonas se encontram tão retraídas pwr entre a fenda ver- tical, formada pela primeira membrana intermediária, acima referida, que não se consegue ver cousa alguma dos órgãos genitais externos. Na maioria dos casos, porém, isto não se verifica, de maneira que sempre se vêm o tergito anal, o estemito genital e as lâminas sub- e adanais, pelo menos em seus detalhes posteriores. Êstes mesmos detalhes são suficientes para, com algum treino, distinguir os sexos. Pode-se facilitar um pouco esta tarefa, distendendo com a pinça as zo- nas laterais da fenda. As diferenças entre machos e fêmeas são as seguintes: Nas fêmeas a “lamina subanalis” (falamos sempre apenas das partes pos- teriores, risíveis mesmo em estado de retração), diretamente encostada ao estemito genital, é do mesmo comprimento que êste. Em seguida observam-sc em cada lado duas peças muito menores, sendo principalmente a última bem desenvolrida e maior do que a anterior (são as “laminae adanales”) e, por último, vem o tergito anal. Nos machos, ao contrário, a “lamina subanalis” é muito menos comprida do que o estemito genital e as lâminas adanais não são tão bem risíveis c postas uma atrás da outra como nas fêmeas. .•\lém disso a posterior é menor do que a anterior. Como já assinalamos, é necessário um certo treino para saber distinguir por esta maneira os sexos, mas uma vez obtido êste treino, a distinção ê segura, pelo menos no gênero Scolopcndra. Há ainda um fator que facilita grandemente a distinção. E’ que na maioria das espécies masculinas deste gênero existem nos bordos laterais do estemito genital apêndices uniarticulados, os chamados “styli genitales” e êstes são igualmente visíveis, estando localizados por cima das “lami- nae sub- e adanales”. Os órgãos sexuais do grupo: S. viridicornts Newp. Estudamos neste grupo a espécie viridicornis e as duas subespécies viridi- cornis e viridicornis nigra, sendo de notar que em nenhuma das duas espécies encontramos diferenças morfológicas nos órgãos sexuais externos, tanto nos machos como nas fêmeas, que permitissem uma distinção nitida das subespécies. SciELO 0 11 12 13 14 8 WoLFavNc BCciierl — Contrib. ao estudo dos orgâos sexuais externos das espécies de Scolopendra -15 Para o estudo comparado dos órgãos sexuais das fêmeas da espécie S. z-iri- dicomis Xewp. servnram-nos treze exemplares vivos e muitos outros, conservados em álcool. A região genital e anal destas fêmeas apresenta, quando completa- mente estendida, maior comprimento do que o 21° estemito. A região anal é. como já assinalamos, bem desenvolvida e estende-se por trás do segmento genital (\'idc Foto 2). O último segmento do tronco ou 21° segmento já foi descrito por outros au- tores e por nós num outro trabalho, de maneira que nos consideramos dispensados de repetir aqui mais uma vez a descrição. Queríamos mencionar apenas que éste segmento, além do seu papel na defesa do animal, executada com as patas robus- tas e muito armadas, tem também grar.de importância na procriação, princqxilmen- te as partes co.xopleurais. .As coxopleuras executam um movimento de fóra j)ara dentro e exercem desta maneira uma pressão externa sõbre a cavidade que contem os órgãos genitais, determinando a protração dos últimos. As apófises (apêndices coxopleurais) podem formar uma pinça que contribue, juntamente com as últimas patas, para segurar os machos no ato da cópula. Quanto às glândulas coxopleurais pudemos verificar repetidas vêzes cm animais vivos que a zona anterior do campo poroso está destituida quasi de fun- ção, enquanto que esta é muito ativa mais atrás, onde c eliminado um excreto esbranquiçado. -A primeira membrana intermediária das fêmeas de S. Hrídicomis está em contacto imediato com o estemito e o tergito do 21* segmento do tronco. No es- tado normal, portanto, quando os órgãos genitais se encontram recolhidos no inte- rior do tronco, esta membrana forma, como já dissemos, uma figura oval a incluir o aparelho gênito-anal, deixando aparecer o último apenas através de uma fenda central, estreita, que corre do tergito cm direção ao estemito. Esta membrana c desfeita cm dobras muito elásticas. Quando, pela prcs«âo sanguínea, os órgãos sexuais são protraídos, ela acompanha a protração c então rodeia num drculo todo o aparelho genital (\’idc Foto 2). No lado ventral c dorsal a membrana ê mais curta» enquanto que tias zonas laterais ela se toma mais longa, formando duas curvas que encobrem extemamente as partes liasais do estemito genital, das lâminas adanais e do tergito anal. O segmento genital das fêmeas consta apenas de um estemito dividido no meio por uma ligeira fossa longitudinal c circundado nos lados por dobras. O estemito é fracamente quitinizado e não apresenta apêndice nenhum, como aliás acontece em toara trás. O segmento anal é pequeno, apresentando um tergito pouco desenvolvido. As lâminas subanal e adanais são quasi rudimentares. Os órgãos sexuais externos das fémeas distinguem-se dos dos machos pelo maior desenvolvimento do estemito genital, f)ela ausência dos ap>éndices ge- nitais, do segmento postgenital e p>elo maior desenvolvimento do segmento anal. O tergito anal e a “lâmina subanalis” atingem seu pleno desenvolvimento. O segmento anal é muito mais longo do que o genital. A abertura genital apre- senta forma semilunar. Scolopendra angulata. n. subsp. (3 machos e 6 fémeas) In felizmente obtivemos apenas duas fêmeas \ivas desta sube.^pécic, enquan- to que as outras fémeas e todos os machos desta subespécie e também da espécie X. angulata Xewp. vieram em nossas mãos ap>enas após longa conservação cm meio liquido. Os órgãos sexuais externos encontram-se. portanto, retraídos e extremamente rígidos e quebradiços, de maneira que não nos foi possível pre- pará-los convenientemente. Quanto aos órgãos sexuais externos das fóneas da subespécie, observamos inteira concordância com os das fémeas de tdridicornis. sendo apenas as medidas um tanto diversas. MEDID.^S DOS ÓRGÃOS SEXUAIS DAS ESPÉCIES XEOTRÔPICAS: Comprimento S. viridicontis (macho) S. subspinifes (macho) S. morsilans (macho) S. OHffH/ata angulata (fêmea) Total do animal . . . 118-168mm 94-139mm 67-98mm 115-139mm Total do» sejçm. genitais .. 6,5-7mm 33-1 mm 3.5mm 6,5mm 1-* »egm. intermediário .. 1,5 mm 0.5 mm 03mm 1 mm Estemito genital . . 2,5 mm 2 mm 13mm 2 mm •Apêndice genital ... 0.1 mm . 1 mm — Estemito postgenital 1 mm 03 mm 03mm — órgão copulador . . 2 mm 13 mm l.lmm 15 52 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI DISCUSSÃO O estudo comparado dos órgãos sexuais dos Scolopendromorpha e parti- cularmente do gênero Scolopendra está ainda no inicio. Apesar disso, porém, já existe uma grande divergência nos têrmos técnicos, surgida entre os autores _a respeito das diferentes zonas dos segmentos sexuais externos e do segmento anal. Achamos, portanto, oportuno reunir numa nomenclatura simples e univer- sal o que até agora encontramos na literatura sóbre o assunto. Desta maneira evitam-se futuras confusões que costumam dificultar muito o avanço das pes- quisas. Até ao ano de 1910 mais ou menos, predominava a opinião de que a zona genital consistia apenas de um único segmento. Assim Verhoeff, em Bronn’s Klassen u. Ordn., página 25, divide os últimos segmentos dos Scolopendromor- pha nos segmentos pregenital, genital e anal. O segmento “pregenital” deste autor não é mais do que o último sarnento do tronco com as últimas patas. Deixamos de lado propositalmente o nome que Verhoeff deu a êste segmento para não causar uma. confusão inútil. O segmento “genital” abrange toda a zona genital, omitindo o citado autor qualquer descrição tojxjgráfica. Igualmente deficiente é sua descrição do seg- mento “anal”. Diz que o tamanho deste segmento sempre é muito menor do que o do segmento genital. Isto não é exato, pjelo menos no tocante às fêmeas das esj)écies neotrópicas do gênero Scolopendra, nas quais, como já vimos, o maior tamanho do segmento anal. constitue justamente um caraterístico do sexo, permitindo distinguir facilmente os machos das fêmeas. Continua o citado autor, dizendo que o segmento anal apresenta forma triangular, derído ao fato de ser formado por 3 piartes: “uma placa dorsal, mais ou menos nitida e duas placas anais”. Nas espécies p>or nós estudadas nunca observamos a forma triangular. Pelo contrário, vimos como a cratera anal forma sempre um circulo, cujos contômos externos são acompanhados p>elas placas dorsal, ventral e laterais. Querer, pxjr- tanto, atribuir a forma triangular à existência das placas quitinizadas, é inexato. A “placa dorsal” de Verhoeff nós chamamos de tergito anal, piorque apre- senta a forma de um verdadeiro tergito, com quitina mais ou menos esp)ê.ssa e ainda pxjrque achamos que esta denominação está mais conforme com os tergitos do tronco. As “placas anais” de Verhoeff nós chamamos de “laminae adanales” ou lâ- minas adanais, porque êste nome já indica sua px)s:ção lateral. O próprio Ver- hoeff. aliás, mais tarde já usara esta denominação. Neste conjunto o autor omitiu a presença também da “lâmina subanalis”. 16 WoLFGANG BCcheri, — Conlrib. ao estudo dos orgãos sexuais externos das espécies de Scolopendra 53 1 » O primeiro que demonstrou que a zona genital dos Scolopcndromorpha con- sistia em dois sarnentos foi Hej*mons. Êste autor é, porém, muito confuso na descrição topográfica destes segmentos. Chama, p. ex., de “órgão copula- dor” (Kopulationsorgan) todo o conjunto dos segmentos genital, postgenital e da segunda membrana intermediária dos machos de Scolopendra. O órgão co- pulador propriamente dito ele apelida de “apêndice copulador” (Kopulationsan- hang). .-Mcm disso fala numa “lâmina accessória” ou “stemitum accessorium”, localizada atrás da nossa segunda membrana intermediária. Esta lâmina acces- sória não é mais do que o estemito postgenital. O citado autor continua dizendo que em todos os machos do gênero Scolo- pendra se encontram nos bordos do estemito genital “extremidades rudimentares”, maiores ou menores, uniarticuladas, chamadas “styli genitales”. Xós preferi- mos o nome de “apêndices genitais”, porque a denominação “styli genitales” dá lugar a confusões destes apêndices com os dos insetos. .-Mêm disso constatamos pelo exame comparado das espécies neotrópicas que êstes apêndices não existem cm todas as espécies do gênero Scolopendra, contrariamente, portanto, ao que Hej-mons afirmou. Afim de esclarecermos a nomenclatura das diferentes peças que constituem os segmentos genital, postgenital e anal apresentamos o seguinte quadro: Xornendatura definitiva: Xornendatura antiga: Seçmento das últimas patas do tronco Segm. pregcnital (Verhoeff) ; Primu^ra rmmbrana intermediária Segm. pregeniul (Heymons, .\ttem$) ; Segmenio genital Styli genitales (Hcymoos); Apêndices genitais . . . Estiletes geniuis (Verhoeff): Segnnda membrana intermediária Pele dilaudora (He>mons) ; Segm. genital (Heymons, Attems) ; Segmento Postgenital ... “ Stemitum accessorium " ou lâmina accessória ou “stcmac" (Hc>-mons) ; órgão copulador . . . .\pèndicc copulador (Hej-moos); Segmento anal Telson (Verhoeff. .■Xttems) : anal ou **letmtna su^oanalis'* “Lamina supraanalis" (Verhoeff); lâmina supraanal Laminat adanales** ou làminaj adanais Idem (Verhoeff) ; Lamina snbanalij^* ou lâmina lubanal Idem (V'erhoeff). \ crhoeff, que considcra\'a antigamente toda a zona genital e postgenital como um só segmento, corrigiu seu ponto de %-ista segundo os estudos de Hey- mons no gênero Scolopendra. Em Bronns: Klassen u. Ordnungcn, à página ■87. Verhoeff afirma que nas fémeas adultas de Scolopendra obscr%-a-sc na linha * 54 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI mediana longitudinal um sulco nítido do estemito genital, ausente nos machos. Nós, porém, constatamos que éste sulco está presente igualmente em todos os indivíduos masculinos deste gênero (Vide Foto 5, No. 3). Como segundo tx>nto de discussão apresentamos a formação embrionária c definitiva do segmemo anal e postgenital e sua explicação em sentido filoge- nético. Verhoeff, fazendo a descrição comparada dos estados larvários dos Qui- lópodos (Bronn’s Klassen u. Ordn.) diz que “os tergitos do segmento genital e postgenital estão fundidos numa só placa”. Para esta afirmação êle se baseia nos estudos de Heymons, realizados em embriões de Scolopendra cingulata Latz. Em indivíduos adultos do mesmo gênero nós nunca obser\’amos lun ter- gito comum aos dois segmentos. Si, portanto, as pesquisas de HejTnons, feitos apenas em S. cingulata, corresponderem à verdade, então somos de opinião que êste tergito comum já deve desaparecer nas primeiras fases lar^árias em favor de um maior desenvolvimento da segunda membrana intermediária e da “lamina subanalis”. Interessante é, porém, o fato que Hej-mons não se refere mais a êste tergito e não explica a sua redução ou transformação. Figura 2 da pran- cha XI em Bronn’s apresenta a zona gênito-anal da fase postembrionária do macho de N. cingulata, porém sem o tergito comum. Nos Litobiomorfos, aliás, êste tergito comum permanece também nos indivíduos adultos. nossa opinião de que no género Scolopendra êste tergito comum é trans- formado durante a evolução na segunda membrana e na lâmina subanal ó corro- borada pelo fato de que estas últimas são extremamente pequenas^nas primeiras fases embrionárias, enquamo que nos indivíduos adolescentes e mais ainda nos adultos apresentam um tamanho bastante grande. Quanto à evolução do telson, Verhoeff (Bronn’s. página 527-528) fala "numa grande redução da zona toda” nos Scolopendromorpha em oposição aos Lithobiotnorpha. Segundo o A. esta redução deve ser explicada em sentido filo- genético e confirmaria “a natureza secundária da zona genital” dos Escolopen- dromorfos. Segundo a nossa opinião, Verhoeff julgou um tanto arbitrariamente e isso em dois sentidos. Primeiro êle opina que o “telson” dos Escolopendromorfos tenha passado por uma continua redução durante a evolução embrionária e post- embrionária. Nos indivíduos adultos e mesmo adolescentes das espécies neo- trópicas do género Scolopendra não se pode, a nosso ver, absolutamente falar de uma redução do telson. Pelo contrário, estamos inclinado a pensar que justa- mente o segmento anal ficou gradativamente maior e melhor dcsenvol\*ido à custa do segmento postgenital, principalmcnte nas fémeas em que o comprimento do segmento arai excede o dos segmentos genital e postgenital juntos. .-Mém disso 18 WoLFc.\xc BCcherl — Conlrib. ao estudo dos orgãos sexuais externos das espécies de Scolopendra 55 o segmento anal tanto nos machos como nas fêmeas apresenta tantas placas como o tclson dos Litobiomoríos, sendo principalmente o tergito anal e a lâmina subanal muito bem desenvolvidos. Xos machos o segmento anal é menor do que nas fémeas, mas apresenta igualmente todas as placas. Não vemos, portanto, o mo- tivo que tenha forçado Verhoeff a considerar o telson dos Scolopcndromorpha um sarnento reduzido, pelo menos não no gênero Scolopendra. Quanto aos ou- tros gêneros desta subordem ainda não existe nenhum estudo topográfico c ainda menos um estudo comparado sóbre a evolução do segmento anal. Em s^undo lugar a redução do telson seria o motivo da "natureza evolu- tiva secundária da zona genital”. Concordamos plenamente com a natureza se- cundária na evolução dos sarnentos genital e p)ostgenital no género Scolopendra. Nas fêmeas prinapalmente observamos a ausência completa do estemito post- genital e dos apêndices do estemito genital. Nos machos existe igualmente uma redução evolutis^a nestes segmentos. No estemito genital de S. tnorst/ans vemos apêndices genitais bastante longos ainda, mas sempre apenas uniarticulados, en- quanto que nos Anamorpha éstes apêndices são articulados nos dois sexos. Em S. iubspinipes éstes apêndices formam apenas ainda dois botões quasi microscó- picos e em ziridicornts estão inteiramente ausentes. Nos Escolop>endrideos machos não existe igualmente um penis no sentido morfo-comparado, presente em muitos Litobiideos. Além disso, tanto nos ma- chos como nas fêmeas de Scolopendra desapareceram os dois tergitos dos seg- mentos genital e postgenital, presente nos Anamorpha sob a forma de um sin- tergito. Apesar de tudo isso, porém, não vemos porque a “redução” do tclson sc>a responsável pela transformação secundária destes segmentos. Pelo contrário, somos de opinião que os dois segmentos se reduzem na mesma projxjrção em que o tclson se desenvolve. Esta nossa afimução c compro\-ada pela evolução «mbrionária e postembrionária dos segmentos genital, postgenital c anal nas fêmeas de Scolopendra. Pois, s(^ndo as pesquisas de Ilcj-mons, existe no esta- o . 1.0 — 4 .* — 5.0 — 21 58 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI 6° — ' Não existem outros caraterísticos morfológicos externos que permi- tissem distinguir os machos das fêmeas, com exceção de S". morsitans fiado dorsal das últimas patas). 7.® — Mesmo quando os órgãos sexuais se encontram retraídos no interior da cavidade do 21° segmento do tronco podem ser distinguidos os machos das fêmeas pelas partes dos órgãos que estão à vista, sendo necessário, porém, um certo treino. 8° — Nas três espécies mais frequentes no Brasil, os órgãos se.xuais dos machos permitem estabelecer uma chave sistemática muito simples: a) Estemito genital dos machos sem apêndice lateral: S. znridi- cornis ; b) Estemito genital dos machos com um apêndice quasi micros- cópico : S. subspinipes ; c) Estemito genital dos machos com um apêndice longo em cada lado, facilmente rísível, fracamente páloso, atingindo ou exce- dendo seu comprimento o do próprio estemito: S. morsitans. BIBLIOGRAFIA Atiems — Das Tierreich. Scolopendromorpha. 1930. Brõlemann, H. — Myriapodcs du Muséc de São Paulo — Rev. Mus. Paulista 5:33-44.1902 et 6:63-71.1904. Chamberlin, R. — Buli. Mus. Harvard 58:151-195.1914. Heymons, R. — Entwicklungsgeschichte der Skolopender — Bibl. zool. 1901. Krãpelín, K. — Revision der SceJopendriden — Mitt. Xaturh. Mus. Hamburg 20.1903. Latzel, R. — Die Myriapodcn der Osterreichisch-Ungarischen Monarchie 1,2. Viena. 1880. Verhocff, K. IV. — Zur vergleichenden Morphologie der Ojpulationsorgane und Genital- anhãnge der Tracheaten — Zool. Anz. 687:60-77.1902. — Ubcr die Endseginente des Kõrpers der Chilopoden — Xov. .■\cta. Halle, LXXXI, 5:259-297.1903. — über die Entwickelungsstufen der Lithobiiden und Beitrag zur Kenntnis der Chilopoden — Zool. Jahrb. Suppl. VIII :195-298. 1905. — Chilopoda in Bronn’s Klassen un Brasil Mrm. lost. Butantan Vol. XVI — 194 . •= s '/SCÍELO3 ;l1 12 13 14 15 16 cm 1 7SCÍELO3 12 13 14 15 16 ^^OLFa\^•r■ BCcherl — Contribuição ao estudo dos órí/ãos sexuais externos das espécies do gênero Scolopcndra Linné mais frequentes no Brasil Mcm. Inst. Butantan Vol. XVI — 1942 Foto 5 Scoícfrmdrs macho, apresentando a tona cr- nttal rt«la pelo la4o vmtral. I. 21.* ertemiio; 2. primeira toetnbrana intennetjtiria: i. e»temito fenital; 4. apétwlice »e* nital; h. estemito f-vrtfmilal; 7. ôfitâo cspuU«Jor. * B cm 2 3 4 5 6 'ySeiELO^ ;l1 12 13 14 15 16 WfiLKGANG BCcherl — Contribuiçãu ao estudo dos úrijtios vr-, i..i, Buu>un sexuais externos das espécies do gênero Scoloponilra ^ ^ ^ I.iNNÉ mais frequentes no Hrasil '*'• ~ Fic. 1 Sc€4<>rr»Jta ntsciuifrs nhttmtrtt I.tACW. oucIkx I. 21.* rMrtn.lu; 2. rambraaa InttrnKdtiria; 3 íttrrniio fmiiJ; 4. ap«n- J»cc do c^trmito rrnilal; 5. *cgonda inlciuw Jjiria; 6. rrttrmio poticmiul; ?. õr»ic eopoUdor; 1. rr*iio »n»J. 2Í> SCÍELO3 i'2 13 15 16 WoLFa\Xü BCcherl — Contribuição ao estudo dos órgãos sexuais externos das espécies do género Scolopcndra I-iNNÉ mais frequentes no Brasil Mcin. In»t, Butantan Voí. XVI — 1943 Fic. .» I.ixxt, nucbo c fcmr*. Amlw»» .»* ivrms* *c dt*tin- nrm facilsoRilc jiri» (crma^ mor(olá(KX do» (.rcíctnor. írmur r nt"» **í'**x* no nucKo apmmioni bordo* latrrai* matlo *olifOtr*. 1“»nlo s» n» fíriJO» é«lc» borrk* »io qu»*i ior»i*ict>«'. «prT*niUndo-»r o» artknloo írrrdondodo* dor*»lB»«il*- 31 * B cm 2 3 4 5 6 'ySciELO^ ;l1 12 13 14 15 16 593.^2 REVISÃO DAS CHAVES SISTEMÁTICAS DE CHAMBERLIN E ATTEMS SÔBRE AS ESPÉCIES NEOTRÓPICAS DO GÊNERO OTOSTIGMUS POR., 1876 (Subfam. Otosligminae Krpin., 1903) POR WOLFGAXG BÜCHERL R. Chamberlin foi o primeiro a tentar reunir as espécies brasileiras do gênero OtosUgmus numa chave sistemática. Apesar desta tarefa fácil, pois a chave abrangia apenas 9 espécies, das quais 5 éle descrevia então como novas, o autor não conseguiu uma diferenciação morfológica segura entre as poucas espécies, de maneira que sua chave pouco valor tem hoje para a sistemática. Demrns não fez distinção entre os suligéneros Otostigmus e Parotosligmus stigma PococK, 1895), referindo todas as espécies brasileiras como per- encentes simplesmente ao género Otostigmus. crito **^**^*^ também não se preocupou com os sexos dos indivíduos por ele des- fistiM 'spccies e não se deu conta absolutamente do chanudo "Jimor- . . . entre machos e fémeas, tão frequente justamente nas espécies neo- tropicas deste género. cjyy de tudo isso, os caracteres morfológicos, sôbre os quais repousa sua basais j**^*”^**^’ *^®mo sejam : ausência de pêlos num certo número de artículos . . * antenas , presença ou ausência de um sulco mediano no último estemito ; . . presença de um espinho tarsal no 20.° par de patas ; isolamento ou junçao s dentes laterais com os centrais na placa dentária do coxosternum for- ®rido igual ou diverso do segmento cefálico c dos segmentos do tronco; cpiscutais nos tergitos, etc..., são variáveis demais para poderem ser to- ma s como base, sendo que, de fato. no máximo, lhes cabe um valor sistemático secundário. O citado autor certamente teve apenas poucos exemplares ou um só (como con essa ao descrever as seguintes espédes novas : O. rrx. O. casus, O. suitus, O. 1 70 Memórias do Instituto Butantan — Tomo X^^ iidius e O amazonae, espécies noras estas das quais o autor desconhece o sexo), de maneira que seus caracteres morfológicos foram descritos num sentido muita limitado, isto é, válidos apenas em relação a um exemplar. T; vemos a oportunidade de examinar séries de indivíduos, machos e fêmeas, das espécies de Chamberlin, chegando à conclusão de que quasi nenhum daqueles caracteres morfológicos é aproveitável para determinar com segurança uma es- péae, principalmente quando se trata de indivíduos fémeas. De fato, O. rex, espéde nora esta, da qual o próprio autor diz “que é dificil- mente distinguível da fémea de scabrieaudus” , foi por nós reconhecida como a própria fêmea da aludida espécie. O. suitus foi descrito insufidentemente, de maneira que será praticamente impossível reencontrá-lo no futuro. O mesmo se dá também com O. casus. Em 1930. Attems elaborou uma chave sistemática completa sóbre o gênero Otosligmus, chave esta que abrange 2 novos subgêneros. 70 espécies (5 subdivi- didas em 11 subespécies), 2 rariedades e 2 espédes incertas. O autor distingue os dois subgêneros, Otosligmus e Parolostigmus, da se- guinte maneira: Prefêmur das últimas patas com espinhos. Coxopleuras terminando sempre numa ponta prorida de espinhos — subg. Otostigmus. Prefêmur das últimas patas sem espinhos ; no macho às vezes com um apêndice perto da ponta da base. Coxopleuras sem ponta ou com ponta pouco saliente; geralmente sem espinhos — subg. Parolostigmus. Esta divisão, apesar de ter sido feita com copioso material à mão, é imprecisa, porquanto existem Parotostigmíneos, cujas coxopleuras terminam numa ponta longa, mais comprida mesmo do que na maioria das espécies do subgênero Otos- tigmus (vide O. cavalcaniii) e ainda, porque existem espédes de Parotostigmíneos que apresentam espinhos na zona terminal das coxopleuras do último segmento do tronco. Além disso, a caraterização do subgênero Parolostigmus pelos apêndices nos prefêmures do último par de patas tem o inconveniente de se referir apenas aos machos de muito poucas espédes, sendo que a imensa maioria dos machos das outras espédes do mesmo subgênero carecem desta apófise. Neste conjunto ca- be-nos assinalar que o autor omitiu a dtação do apêndice no último tergito e da apófise na tibia do último par de patas, também verificados em machos de algu- 9 WoLFCANG BCcuebl — Revisão das chaves sistemáticas de Chamberlin e Attems yj mas espécies do dito subgcnero e aos qtiais, no mínimo, cabe o mesmo valor siste- mático que aos apêndices dos prefêmures do último par de patas. Aliás, existem muitas espédes do subgênero Paroíosttgtnus. cujos machos não se distinguem absolutamente das fêmeas, (carecem de qualquer apófise ou apêndice no último segmento do tronco), de maneira que julgamos pouco eficiente o sistema de Attems, caraterizando o subgênero pela simples presenqa de apên- dices em algtins machos de algumas espécies. Vejamos alguns detalhes da chave sistemática de Attems sobre o subgênero Parotostigmus: “Xo. 52 (página 136, op. dt.) — 4 artículos basais das antenas sem pêlos. Elstemitos com sulcos longitudinais completos — 0. (P.) limbatus". Quanto a esta caraterizaqão deve ser dito que o número de artículos basais de.spiwidos de pêlos só em muito poucos indivíduos ê de 4, na maioria é de 2)4 — 3 e raras vêzes de 3Jeça e primeiro sarnento marrom; os outros tergitos verdes ou azuis, escuros- 5 Geralmente os dois primeiros pares de patas com 2 esporões tarsais ; cabeça e tergitos do mesmo colorido verde marrom ou azul arroxeado - 6 Carenas laterais e quilha mediana desde o 5.® tergito; duas quilhas laterais desde o 7.® tergito; estemitos sem sulcos, mas com 3-f3 depressões nos bordos anterior e posterior ; machos com apêndice prefemural frágil e curto - 0. (A.) pococki (Guiana brasileira) 5 ' Carenas laterais somente no 21.® tergito; quilhas já desde o 5.® ou 6.® ter- gito; estemitos com 2 sulcos longitudinais anteriores, encurtados c, desde o 5.° ou 6.®, com 3-f-3 depressões; machos sem apêndice prefemural no úl- timo par de patas - 1 0. (A.) casus (Mato Grosso) 1 10 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 "'oLFCAXG BCchehl — Revisão das chaves sistemáticas de Charaberlin e Attems 79 Cabet;a e tergitos verde marrom; tarsos das patas amarelos ou verdes; es- temitos com grande depressão mediana, posterior, na qual se encontram 3 cavidades nítidas ao longo do bordo posterior, existindo ainda 3 cavidades . leves no bordo anterior; apêndice prefemural do último par de patas dos machos um pouco mais curto do que o prefêmur ou tão longo quanto êste - 6 O. (A.) scabricauda (São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso) Cabeça e tergitos azul-roxo; patas côr de rosa; cavidades nos estemitos ainda mais acentuados do que em scabricauda; apêndice prefemural dos machos geralmente um pouco mais longo do que o prefêmur - O. (A.) scabricauda detuelloi (habitat idêntico ao da espécie) Como se vê. deixamos de lado, todos os caraterísticos, sôbre os quais Cham- berlin e Attems basearam sua classificação, e que foram reconhecidos como ya~ riáveis. São êstes principolmente : a presença ou ausência de 1 esporão tarsal no 20.® par de patas ; o número dos artículos antenais e dos basais, desproridos de pêlos; o número e a posição dos dentes fordpulares; a presença ou ausência de uma fossa ou elevação nos últimos tergito e estemito. Colocamos neste subgênero as espécies: longipcs, sulcaius e incrmis, apesar de seus machos carecerem de um apêndice no prefêmur do último par de patas, porque rimos que o caraterístico genérico (a rugosidade das zonas laterais dos últimos tergitos, as quilhas, as fileiras de tubérculos finamente espiculados e as caridades nos estemitos) rale muito mais. O mesmo se verifica a respeito de O. (A.) casus. Aliás, o próprio \'erhoeff classifica O. Itbialis entre as espécies do subgênero Parotostigmus, cujos machos, segundo êle, carecem de qualquer apêndice no úl- timo segmento, apesar dos machos da aludida espécie apresentarem apêndices ti- biais bem acentuados no último par de patas. O. gocldii e c/ori/íT, cujos machos possuem o citado apêndice e que foram situados por Verhoeff no subgênero Androtostigmus, serão classificados agora en- tre as espécies do subgênero Parolostigmus, porque não apresentam em absoluto a nigosidade geral (quilhas, tubérculos) dos tergitos, nem depressões ou cavidades hos estemitos. 11 80 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI Subgen. Parotosligmus (chave das espécies) 20-21 artículos antenais ; estemitos sempre sem sulcos e sem cavidades - 2 1 17-18 artículos antenais (raras vêzes 19) ; estemitos com 2 sulcos longi- ttKÜnais nítidos, encurtados (anteriores ou posteriores) ou inteiros; com 1-4 cavidades, apenas em krctcü, dolosus e muticus sem cavidades - 5 2 21 artículos antenais; patas 1-17 com 2 esporões tarsais; apêndice coxo- pleural temiinando em duas pontas - 0. (P.)bürgcri (Colômbia) 20 artículos antenais; somente o 1.® ou os primeiros 3-4 pares de patas com 2 esporões tarsais; partes posteriores das coxopleuras redondas, sem . pontas - 3 3 Só o 1° par de patas com 2 esporões tarsais; desde o 2.® ou 4.® tergito pseudocarenas laterais; machos com 1 pequeno apêndice prefemural no úl- timo par de patas - 0. (P.) goeldii (Pará, Venezuela) Os primeiros 3-4 pares de patas com 2 esporões tarsais ; sem pseudocarenas ; apenas o 21.® tergito com carenas laterais- 4 •t l.®-4.® par de patas com 2 esporões tarsais; cabeça e 1.® tergito vermelhos; os outros tergitos verde escuro; estemitos com leves sulcos irregulares ao longo dos bordos anterior e posterior; machos com apêndice prefemural pelo menos tão longo quanto o prefêmur- 0. (P.) clavijcr (Guiana inglêsa) l.®-3.® par de patas com 2 esporões tarsais; todo o tronco, inclusive a ca- beça, marrom; parte posterior da placa cefálica com 2 sulcos curtos; ma- chos com apêndice prefemural cilíndrico, que atinge no máximo dois terços do comprimento do prefêmur- 0. (P .) brunmus (Guiana inglêsa) 5 12 Estemitos com 2 sulcos longitudinais inteiros (do bordo anterior ao poste- rior ou quasi ao posterior) - 6 Estemitos com 2 sulcos longitudinais curtos, indo do bordo anterior até ao primeiro quarto da placa ou, no máximo, até a primeira metade - 7 'VoLFGAXG Bücicerl — Revisão das chaves sistemáticas de Chamberlin e Attems 81 Esternitos 1-19 com 2 sulcos longitudinais que vão do bordo anterior ao posterior: na área central duas cavidades; somente o 21.® tergito com ca- renas laterais; o 1.® par de patas com 1 ou 2 esporões tarsais; 2.® (3.®) ao 20.® sem esporão tarsal algiun ou em alguns tarsos um muito pequeno - ^ O. (P.) Ihnbatus (S. Paulo, Argentina, Paraguai) b Esternitos 10-19 com 2 sulcos longitudinais que vão do bordo anterior até ao terço posterior; sem cavidades; carenas laterais desde o 9.® ou 14.® ter- gito; os primeiros 5-6 pares de patas com 2 esporões tarsais, os seguintes com 1 esporão facilmente visivel- , O. (P.) iMM/iciw (Peru) Esternitos sem cavidades- 8 7 Esternitos pelo menos com 1, geralmente com 2 e, às vezes, com 4 cavi- dades - 9 5-}-5 dentes forcipuWes; sulcos episcutais desde o 6.® ou 8.® tergito; l.®-16.® par de patas com 2 esporões tarsais - O. (P.) kretsü (S. Paulo, Minas, Mato Grosso) 8 4 . |.4 dentes forcipulares ; 2.®-4.® tergito com sulcos episcutais anteriores, do 5. ®-20.® sulcos inteiros; 1.® e 2.® par de patas com 1-2 esporões tarsais; 3.®- 19.® ou 20.® com 1 esporão tarsal - O. (P.) dolosus (Paraguai) Esternitos com 2 cavidades oblongas na área central, entre os sulcos; pelo menos os primeiros 6 pares de patas com 2 esporões tarsais - 10 Esternitos com 1 ou 4 cavidades (no último caso 2 centrais e 2 laterais) ; somente os primeiros 3 pares de patas ou menos com 2 esporões tar- sais - • 10 l.®-6.® par de patas com 2 esporões tarsais; 4-5 últimos tergitos com pseu- docarenas, 21.® tergito com carenas laterais; as 2 cavidades já existem desde o 3.® ou 4.® estemito - O. (P.) omaronuc (Amazonas, Perú) l.®-18.® par de patas com 2 esporões tarsais; sem pseudocarenas ; 21.® ter- gito com carenas laterais ; 2 cavidades só nos últimos 4-5 esternitos - O. (P.) tidius (Amazonas) 13 82 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI 11 Sulcos longitudinais atii^indo quasi a metade de cada estemito; apenas com uma cavidade redonda entre os sulcos - 12 Sulcos longitudinais muito curtos, existentes apenas nos bordos anteriores dos estemitos ; duas cavidades na área mediana e mais duas laterais na área posterior; apenas o 1.® par de patas com 2 esporões tarsais; machos com apêndice agudo no lado interno da tibia do último par de patas - O. (P.) iibialis (S. Paulo, Paraná, Amazonas) A cavidade entre os sulcos fica na segunda metade de cada estemito, tor- nando-se gradati\'amente menor nos últimos estemitos ; os primeiros 3 pares de patas com 2 esporões tarsais ; pseudocarenas laterais já desde o 3.” ou 4.® tergito : machos com apêndice agudo no lado interno da tíbia do último par de patas ^ ^ pradoi (S. Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul) A cavidade entre os sulcos fica no centro de cada estemito, sendo ní- tida também nos últimos ; apenas os primeiros 2 pares de patas com 2 es- porões tarsais; pseudocarenas laterais somente desde o 7.® ou 8.® tergito; machos iguais às fêmeas, sem apêndice tibial - O. (P.) longistigma (S. Paulo, Paraná) Reunimos neste subgênero todas as espécies neotrópicas, cujos tergitos se apresentam lisos e brilhantes, portanto, sem mgas, sem quilhas fortes e sem tubérculos espiculados. Vieram a cair neste subgênero 3 espécies, cujos machos estão providos de apêndices no lado interno dos prefêmures do último par de patas (gocldii, claznfcr e hrunneus) e mais 2 espécies, aliás sempre consideradas como pertencentes ao subgênero Parotostigmus, cujos machos têm um apêndice tibial no último par de patas (Hbialis e pradoi). Para goeldii, claznfcr, bruuncus e bürgcri o número total de artículos ante- nais constitue um bom caraterístico especifico, fazendo jus, ao mesmo tempo, à sua distribuição geográfica. Outros bons caraterísticos deste subgênero foram encontrados nos 2 esporões tarsais (como se pode depreender da tabela sistemática), no comprimento dos sulcos dos estemitos, na ausência ou presença de depressões e carídades nos mes- mos estemitos e ainda nos sulcos episcutais. O numero dos dentes forcipulares, aproveitado por Attems para todas as espécies deste subgênero, foi útil apenas para as espécies kretaii e dolosus. 14 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 * ^OLFGAXG BCcherl — Revisão das chaves sistemáticas de Charaberlin e Attems 83 As pseudocarenas dos tergitos são valiosas apenas como caraterístico de '•aior secundário, e isto somente nas espécies goeldii, aitiasonae, pradoi e lon~ Qiitigma. As carenas laterais dos tergitos formam um caraterístico estritamente espe- cifico de muticíis. Subgen. Coxopleurotostigmus Espécie única: O. (C.) cavalcantü, com os caraterísticos do gênero. Tipos c paratipos e mais 39 exemplares, machos e fêmeas, na coleção quilopódica do Instituto Butantan. I Subgen. Daclyloiergitius Espécie única: O. (D.) caudatus, com os caraterísticos do gênero, sendo de notar, entretanto, que o número de artículos antenais varia de 15-19, sendo a mé- ^•a 18, e ainda que já desde o 2.® ou 3.® tergito se notam cm muitos casos sulcos cpiscutais curtos, anteriores, ou posteriores ou então anteriores c posteriores no •ncsmo tergito, sendo os sulcos completos desde o 7.® ou 9.®. BIBLIOGRAFIA dtUtnt, G. — Scolopcndromorpha, Tierreich 54.1930. ^''õletnann, H. — Os Miriápodos do Brasil — Catálogos da Fauna Brasileira — Rcv Ihius. Paulista 1909. ^icherl, ir. — Os Quilópodos do Brasil — Mctn. Inst. Butantan 13:255-275.1939. — Catálogo dos Quilópodos da zona ncotrópica — ibidfm 15:305-315.1941. Cftainberlin, R. — The Stanford Expedition to Brazil 1911: The Chilopoda of Brazil — Buli. Mus. Harv. 58:170-180.1914. ^trhofff, C. — Cbcr einige Chilopodcn aus Anstralicn und Brasilien 70 (1/2). 1937. Zool. Jahrb. Syst. (Tratollia 'idadcs e depressões ; com 2 sulcos anteriores, muito curtos, nos estemitos 2 ou 4 até ao 19.® ou 20.°, sendo de notar que, geralmente, são muito leves ou quasi imperceptíveis nos estemitos 2-5 e 18-19 ou 20. Xos estemitos 7-18 ou 9-20 existem, além disto, ainda 2 sul- cos no bordo posterior de cada esclerito, ainda mais curtos do que os ante- riores, ligeiramente convergentes de trás para diante. (Em caivlcaiitii éstes sulcos ventrais não existem geralmente ou então são muito superficiais e curtos). 21.° estemito com bordos laterais ligeiramenie convergentes c com bordo posterior cortado cm linha reta. Na linha mediana acentua-se geralmente uma ligeira fossa longitudinal, aliás nem sempre muito nitida. Coxo pleuras', com carnjx) poroso nomial. Parle distai protraída, nos machos, num apêndice longo, curvo (como nos machos de caz'alcantii') , sendo nomial nas fémeas (como também nas fémeas da citada espécie)-. Esporões nas paias: No primeiro tarso das 7-9 patas anteriores 2 esporões tarsais (em cavalcantii ha 2 esporões nos primeiros 14-16 pares de patas) nos machos e nas fémeas ; nas patas 10-19 um esporão tarsal só ; no 20.® par geralmente 1 ou nenhum; 21.® nenhum esporão. Esporão tibial so-' mente no primeiro par de patas ou, no máximo, ainda no segundo (em' cavalcantii nos primeiros 3-4 pares). I^morjismo sc.rual: machos com segmento postgenital nitido, tão longo quasi quanto o próprio segmento genital ; com órgão copulador nitido, triangular e abertura genital em forma de fenda longa, estreita; fémeas sciii s^nicnto postgenital. com aliertura genital grande, semi-circular. situada no próprio segmento genital. Caracteres sexuais secundários: machos com apcndice cilíndrico, digiti forme no último tergito e com apêndice longo, curvo, na parte distai das coxo- pleuras ; fémeas sem éstes dois apêndices ; no bordo posterior do último ter- gito apenas com uma protração tnangular. 3 88 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI DIAGNOSE DIFERENCIAL DAS ESPÉCIES PRÓXIMAS (Vide desenhos) 0. cazvlcantií f^rdicensis O. catalcantii 0. caudatus Mesmo colorido verde de oliva ou verde cinza da placa cefálica, primeiro tergito e todos os outros tergitos. Tergitos verdes; placa cefálica e 1.* tergito vermelhos ou marrom- Antenas e patas como em cavalcaniii. Antenas roxas com pêlos louros; patas de um azul claro, principalmente as tibias e os tarsos. Antenas e patas amarelo-esverdeadas. Sulcos episcutais mais acentuados nos bordos anterior e posterior. Sem de- pressão longitudinal no meio dos sulcos. Sulcos não espccialmente acentuados nos bordos anterior e posterior. Com depressão no mek>. Sem depressão entre os sulcos. Machos •. com apêndice cilíndrico no último tergito, mais longo do que o próprio tergito e com apêndice coxopleural, longo e curvo. .Apêndice cilíndrico um pouco mais ‘curto do que o último tergito. Sem apêndice coxopleural. Fimeas: Sem apêndices no último tergito e na parte distai das coxopleuras. Bordo posterior do último tergito fortemente protraído em forma de triângulo reto ou agudo. Bordo posterior nor- mal ou apenas pouco protraído. Bordo posterior sempre mais protraído do que em cavaJcanlii, mas menos do que na subsp. nova. Coxostemum forcipular sem sulco mediano. Cjjm sulco mediano, curto. Sem sulco mediano. Estemitos com raras pontuações muito leves (vide Fig.). Pontuação rara. mas pro- funda. Sulcos curtos anteriores e posteriores nos estemitos (Fig. 1 :2 e 3). Sem sulcos ou apenas anteriores, muito leves e muito curtos (Fig. 1). Ültimo estemito com bordo posterior reto e com fossa longitudinal leve (Fig. 1:3). Bordo arqueado, sem fossa, com de- pressão triangular vFig. 1:4). Bordo reentrante, forman- do duas saliências angulo- sas nos lados (Fig. 1:5). Os 2 últimos pares de patas excedem no dobro o comprimento das patas anteriores. .Apenas um pouco mais longas do que as anteriores. 2 esporões tarsais nos primeiros 7-9 pares de patas. 1.* e 2.« par com 1 esporão tibial. 2 esporões em 14-16 patas. 3-4 pares de patas com 1 esporão tibial. 2 esporões em 5-7 pares de patas. Só o 1.® par com 1 esporão tibial. 4 "'OLFGANG BCcherl — Dcscriçâo de uma nova subespécie do gênero Otostigmus Porat 89 fiolotipo (macho) e alotipo (fêmea) na coleto quilopódica do Instituto Bu- tantan, No. 303. Local. -tipo: Perdizes (vide nomen). Santa Catarina, Brasil. Paratipos (adultos): 17 machos e 19 fêmeas; (adolescent.) : 2 machos e 4 fêmeas, na mesma coleção, sendo coleta- dos em parte na local.-tipo e em parte perto de Mogi das Cruzes, Estado de São Paulo. (Trab&IlM> d» S«^io de Zoologia Mêdka do Instituto Bnuntan. Ectrefue para pt^icação ein 15 de junho de 1942 e dado i publicidade eiu fererctro de 1943). '^OLFGAXG BCCIIEHL — Descrição de uma nova subespécie Mem, ln»t. nolantan . Xol I : *ulo ^ fx?»lcrk»rr% Noi 2 : »Qko% anteriores No. Si fuA«a longitudinal No. 4: drprr**âo triangular No. 5: canl(« latcraU do tordo pc*tcri«r Fic, 7. O. (C.t rurWi*. fc. (côrea de 200 TÓm autn.). 591.69:61ã.»6$l transmissão da mauria humana por anofelinos DA SÉRIE TARSIMACULATUS J. A. B. DA FONSECA & FL.WIO da FONSECA A verificação da sensibilidade de anofelinas às diversas espécies de plas- ’’'ódeos do homem, embora constituindo um dos mais importantes e dos mais atraentes capítulos da epidemiologia e da parasitologia da plasmodeose, com ime- •^•ata e produti\-a aplicação à profilaxia, é problema só raras vêzes abordado Wos especializados. A razão de ser da desproporção observada entre a grande ***iportãncia das pesquisas sobre éste asstmto e o seu pequeno número repousa duvida no fato de encobrir a aparente simplicidade da sua realização dificul- técnicas não raro intransponíveis, entre as quais avultam a da manutenção ^ anofelinas em cativeiro cm bòas condições de ritalidade, por um prazo su- fidente e em número elevado, a da existência simultânea de bons gametóforos *^yrante todo o tempo que durar a experimentação e a da possibilidade da pronta terminação sistemática de todos os espécimes infetados. A bibliografia com contribuição positira c original sobre pesquisas dessa ®*tureza realizadas no Brasil inclue cerca de 54 verificações positi\’as, das luais 41 feitas por brasileiros. O número de espécies de anofelinas em que, no ^*^sil. foi obtida prora de sensibilidade a plasmódeos do homem elcva-se a 12, ^bendo para todas a propriedade da observação a autores nacionais, excetuados os ^*sos de A. (Nyss.) oswaldoi e A. (Kcrtessíj) anoplus. (Vejam-se Quadres I ' II). Embora as 54 verificações até hoje realizadas no Brasil forneçam uma série ^nsiderável de informações, as quais, somadas aos dados obtidos pela epidemio- constituem já um precioso acervo de conhecimentos sobre o papel repre- ***itado por várias das espécies estudadas na transmissão da nwlária. a inspeção *1^9 quadros em anexo demonstra que perduram ainda muitas lacunas cujo pre- ^^himento seria altamente desejável. Verifica-se, por exemplo, que nas proras Infeção experimental só talvez em cinco espécies foi possível obter o delo com- Plcto de plasmódeo de espéde conhedda, até infeção de glândulas salirares, em *^nfelina sôbre cuja espécie não pairam dúvidas de sistemática: A. (V.) oswaldoi i SciELO 94 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI com Pl. faldparum (9) ; A. (.V.) albilarsis com Pl. zivax (3, 4 e 5) ; A. f.Y.) strodei com Pl. vivax (13 e 5) ; A. (K.) cruxi com Pl. riiux (15) e A. eiseni com Pl. falâparum (17). Outra talha acentuada é a que diz respeito às veri- ficações com Pl. malariac, de que a literatura apenas consigna as duas experiên- cias de Godoy e Pinto (2) em Campos, Estado do Rio, com albilarsis e com triannulatus, não havendo outras experiências p>ositivas com anofelinas da faima brasileira. Xota-se que com Pl. jalciparum só foram até hoje obtidas duas vêzes infeções experimentais, de anofelinas que ocorram no Brasil, que chegassem à fase final de esporozoito. Reconhecendo desde cedo a importância do significado dêste problema para o Brasil, a escola de Manguinhos, representada por Xeira, Chagas, Gomes de Faria e Ruy Ladislao. em trabalho de pioneiros, realizado no Xerem (Estado do Rio), comunicava já em 1909 (1) os primeiros resultados de infeções e.xpe- rimentais, tendo assinalado a sensibilidade de Cellia argyrotarsis (albilarsis?), Ccllia albitnana (larsimantlatus. cvansi, Iriannulalus:), Cyclolepleron iniermedius [AnophcUs (Arribalxagaia) iniermedius] e Arribalxagaia pseudo-tnaculipes (.4. (Arrib.) tnaculipes]. Após longos anos de intervalo, em 1922, seguiram-se ve- rificações da mesma escola, representada agora por Godoj- e Pinto (2) obser- vando em Campos, Estado do Rio, a infeção experimental de Celia brasiliensis [A. (N.) albilarsis] pelo Pl. falcipantm, bem como a infeção natural da mesma espécie por um plasmódeo indeterminado, e a infeção experimental de Cellia albi- mana [A. (N.) Iriannulalus] pelo Pl. malariae. Dessa data em diante (Quadros I e II) os trabalhos realizados no Brasil j>or Boyd (1923), Davis (1925), Gomes de Faria (1926), Lobo (1930), Godoy, Lobo e Cruz Filho (1930), Shannon (1931), Kumm (1932), Davis e Kumm (1932), Galvão e Lane (1937/38), R. Corrêa (1939/40), Corrêa e Ramos (1941), Lucena (1941), Coutinho (1942), Fonseca e Corrêa (1941), Fonseca e Unti (1941) Galvão e Grieco (1941), Fonseca. Covelli e Zwinger (1941), J. A. B. Fonseca (1942) e Freitas (1S>42), conseguiram ele^^ar a cerca de doze o número de espécies de anofelinas brasileiras em que os plasmódeos são passi- veis de evolução pelo menos até a fase de oocisto. montando a cêrea de seis o número de espécies em que a infeção até a fase final de esporozoito foi observada. Tais investigações que conseguiram demonstrar em parte o papel represen- tado na transmissão da plasmodcose por mais de um terço das espécies assinala- das no Brasil foram, infelizmente, prejudicadas no decurso de evolução dos conhecimentos sóbre a sistemática das anofelinas, a qual veiu demonstrar que 4 algumas das espécies estudadas eram confundidas com outras. E' o que se ve- ll ri fica, por exemplo, entre o antigo argyrilarsis e albilarsis, entre albilarsis e | darlingi, entre albimana de um lado e strodei c triannulatus de outrO. Si en> i cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 (jUADSO I INFEÇÕES experimentais OBTIDAS COM ESPÉCIES DE ANOFEUNAS REPRESENTADAS NA FAUNA BRASILEIRA ESPÉCIE A'#, ér rrem^térts trfrriimrm- Etfécie dr POSITIVOS Data da ftrimentaçio I.OCAI.in.\DE AUTOR DeuomtMcde cn^mél CarreMf^mdènciã «Ihb/ Tctêl OacxJ- tas sâitiíf Cellia argyrotarsis A. (X.) albitarsis P. i-nax + Xerem, Estado do Rio Ladislao, R. (1) Cellia argyrotarsis A. (X.) albitarsis P. falciparum + Xerem, Estado do Rio Gomes dc Faria e I.adis- lao, R. (1) Ceilia brcsüiensis (•) A. (X.) albitarsis P. falciparum , 1922 Godov, .\. c Pinto, C. (2) CfUia brasilictuii (•) A. albitarsis P, matarias 19^2 Godoy, A. c Pinto, C. (2) Cellia bratilieiuis A. fX.) albitarsis P. fttttX 1922 Campes, Estado do Rio Godoy, .-\. e Pin^^ C. (2) Anopheles (K.) albitarsis .... A. iX.) albitarsis 8 P. tilKlX 4 4 1 1937 S.ÍO Paulo, Est. dc São Paulo Galvão, /\. L. A. c Lane, J. (d) Anophetes albitarsis A. (X.) albitarsis 5 P. rirojr 1 4- + 1941 São Paulo, Est. dc São Paulo Grieco, S. J, Í4) Anopheles (S.) albitarsis .... A. (X.) albitarsis 253 P. ii:vx 28 35 12 1941 Guarujã c Guaratinguct.á, Est. Fonseca, J, A. B. e Unti, dc S. Paulo O, (5) Anopheles argyritarsis A. (X.) argyritarsitf 27 P. vkax Jujuy, AfRcntina Patterson (6) Anopheles argyritarsis A. (X.) argyritarsis P. faleiparum 6 6 m:irço. 19.32 Grcnada, Índias Ocidcnt.iis Earle, W, C, (7) A. (X.) strodei Cellia albimana A. (X.) triannnlatusl P. faleiparum + Xerem, Estaih) do Rio I^idislao, R. (I) A. (X.) tarsimaeulatns 1 .... A. (X.) strodei Cellia albimcna A. (X.) triannulalusf P. vkvx + .Xerem, Estado do Rio Qiagns, C, c l^idislao. R. .1. ?.V.^ tjrsimaeulalus (1) A. larsimaculatus A. (S’.) tarsimaeulalus .5 P. falAparum J .3 Panamá Darling, S. T, (8) A. tarsimaeulatns A. (X.) tarsimaeulatns P. xivax 1 1930 Estrela, Estado do Rio Ia>bo (1) A. (y.) oswaídoS 67 1 1 1 1941 Guarujã e Guaratinguetá, Est, Fonseca, J. .A. B. c Unti, dc S. Paulo O. (5) A. (X.) rondoni A. (X.) rondoni 1925? Jujuy, Argentina Davis, X. C. (10) Cellia albimana A. (S'.) Iriannulatus (**) P. malariae 4- 1922 CamiM.s, Estado do Rio Godoy, A. e Pinto, C. (2) Anopheles (A.) larsimoeulalns A. (X.) triannulalHS Paramarilm, Guiana Holandc.^a Bttnne c Bonnc Wcpster 1 (11) Anopheles bachmani A. (X.) triannulatus 18 P. rttxjx 6’ -l- + Panamá Rozelroon, L. E, (12) 13 P. faleiparum 2 1935 Panam,i •‘^HcphfUs strodti 3 P» t'hxix r E 1937 São Paulo, Est. de São Paulo J. (3) 19 P. xitvx 4* 4 .3 1941 niiartijá e ( •ii.^ratinpuctá, dc S. P,\ulo O, (5) Cyclolepleron intermedium . . . A. (Arrib.) intermedius P. faleiparum X. Xerem, Estad Godoy, IL, I-obo, A. e Cruz F.". O. 2-W 14 14 S. Salvador, Raia Kunini, H. H. \V. (22) 13 1 1 1940 Harra-Tijuca, Est. do Rio Freitas, G. e Castro, O (9) 150 1 1 1941 Distrito Federal Coutinh.', J. C. (23) 169 1 1 abril — 1926 Lussanvira. Illta Seca, Est. Gomes de Faria (24)* S. Paulo 144 12 11 4 dez. 1930 — jan. 1931 Maracai, Venezuela BenarrtKh, E. I. (25) 240 69 66 16 fev. — 1931 França, Est. d,a Baía Davis. N. C. e Kumm, H. II. \V. (27) 200 44 44 9 abril — 1931 Belém, Pará Davis, N. C. (26) 10 3 3 1931 Itapira, Baía Kumm, H. H. VV. (22) 56 5 I março-junho 1931 Porto Velho, .Aniazonas Sliannon, R. C. (28) 37 3 + jan. — 1940 Porto Feliz, Est. S. Paulo (Torrea, R. R. (29) 118 7 7 2 junho — 1941 Represa Rio Grande, EsL Gaivão, A. L. A. e Grie- S. Paulo CO, S. J. (30) Fonseca, Fl. da. Covelli e Zwingler (31) 33 2 2 1941 Porto Taquarí. Est. S5o Corrêa. R. R. e Ramos, Paulo A. S. (32) 1904 ou 1905 Est. do Rio ou M. Gerais Chaga.s, C. (18) + + 1912 Sta. Lucia, índias Holan- Nicholls, L. (19) desas 143 2 1 1 março-abril 1923 Magc, Est. do Rio Boyd. M. F. (18) 13 1 1 abril — 192fi Magc, Est. do Rio Boyd. .\l. F. (18) 11 5 5 1940 Lontesinha, Pernambuco Lucena. D. T. (33) 91 12 1 1 1941 Itai|>ú, Est. do Rio Freita.s, tl. (9) 24 2 2 1941 Taijuari, Est. de S. Paulo Corrêa, R. R. e Ramos. .At S 1941 Barra da Tijuca, Distr. Freitas, G. c Castro, O. Federal (9) 307 9 9 1 1941 Distrito Federal Coutinlu), J. C. (23) 1 + 1922 Campos. Est. do Rio Geriêndas preliminares para acerto das técnicas de infeção, Conservação dos exemplares infetados, etc., foi dado inicio à experimentação em prindpios de junho de 1940, prolongando-se esta até fevereiro de 1941. SciELO 10 11 12 13 14 15 16 cm 1Ü2 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI I — Experiências com A. (A'.) oPicaldoi guanijaensis e Pl. vivax. (Quadro III). Foram utilizados 14 lotes, num total de 56 anofelinas, das quais 26 se in- fetaram. Dèsse total de 56 mosquitos, 19 foram experimentados no período de ju- nho-outubro e os demais 37 exemplares pertenciam ao período de novembrc- fe- vereiro. No primeiro desses períodos foram obtidas 12 infeções, representando uma porcentagem de 63,1% de mosquitos infetados. No segundo período, 14 dos 37 mosquitos experimentados estavam infetados, dando assim uma porcen- tagem de 37,8% de infeção. O exame do Quadro III demonstra que no lote 34 composto de 8 mosquitos alimentados em gametóforo com 450 gametocitos por mm* ou 4 á á e 16 S 8 por 100 leucócitos houve 4 infetados. O lote 44 constou de dois mosquitos apenas, ambos mortos no 10.® dia da infeção, mas ambos infetados, encontrando-se a explicação desta elevada percen- tagem, muito pro\"avelmente, na circunstância de ser extraordinariamente ele%*ado a número de gametocitos apresentado pelo doente, 3.800 por mm*, sendo igual- mente ótima proporção de 23 3 S e 23 88 por 100 leucodtos. E’ de notar que o doente apresentava infeção mista, mas no dia da alimentação dos mosquitos o número de formas sexuadas de faíciparum era desprezível, não tendo sido en- contradas durante a contagem. Aliás tais altemati\*as de predominância de uma das espécies em detrimento da outra, em infeções mistas estão longe de ser excep- cionais, tendo sido estudadas experímentalmente por Boyd e Kitchen (46). Neste lote o prazo não foi manifestamente suficiente para permitir evolução até a fase infetante. Lote 39, com 8 e.xemplares. Com exceção do exemplar 5, que apenas teve uma refeição infetante e apresentou esporozoitos nas glândulas salis-ares ao ser sacrificado ao cabo de 34 dias, os restantes receberam duas refeições. Os exem- plares 1 e 2 tiveram certamente infeção derída à 1.* refeição, dado o lapso de tempo decorrido entre a 2.* refeição e o encontro de oocistos; o de No. 3, que apresentou infeção das glândulas sali\’ares, também se deve ter infetado na 1.* refeição, pois o inten*alo entre a 2.* e a disseção não foi suficiente para o per- curso do ciclo completo. Somente com os exemplares de No. 6 e 8 pode haver dúrída si a refeição infetante foi a 1.* ou a 2.*, pois só foram sacrificados ao cabo de 29 dias depois da 2.* refeição. E’ de notar que os exemplares Nos. 4 e 7 déste lote não se infetaram apesar das duas refeições, o que sugere a possi- bilidade de maior resistência de algims exemplares. Houve, portanto, neste lote 6 infeções em 8 mosquitos experimentados, apesar do número de gametocitos da 1.* refeição ser de 300 apenas por mm*, com uma relação para 100 leucodtos de 7.8 é á e 25 9 9. to f Quadro III ANOPHELES (SYSS.) OSWALDOI GUARUJAEXSIS INFETADOS COM PL. VIVAX » do lote No. do exem- plar Gametocitos por mm* RELAÇAO DE CAMETO- CITOS PARA 100 LEU- CÓCITOS Data da refeição infetante Data da disseção Incubação cxtrinseca Doente RESULTADO macrofame- tocitof microcame- todtos Oocittos Esporozóitos 34 1 450 16 4 6.6.40 10.6.40 4 J.O. — — M 2 w I* ff 6.6.40 21.6.40 15 ff — — «• 3 n I* ff 6.6.40 21.6.40 15 ff + — m 4 n f* ff 6.6.40 21.6.40 15 ft + — 5 t* f» 6.6.40 21.6.40 15 ff — — M 6 ft ff 6.6.40 25.6.40 19 tf + — H 7 *• 6.6.40 26.6.40 20 ff -f- (esporos.) — f« 8 *• ff 6.6.40 2.7.40 26 ff inutilizada — 39 1 300 25 7.8 8.6.40 22.6.40 14-6 (•) J.O. + — M 2 f* fO tf 8.6.40 28.6.40 20-10 ff + — 1* 3 f* ff •• 8.6.40 4.7.40 26-10 ff — + •t 4 f* ff 8.6.40 12.7.40 34-24 ff — — S t* ** 8.6.40 12.7.40 34 ff — — •t 6 *t ff ff 8.6.40 13.7.40 35-25 ff — + *• 7 •« ff ff 8.6.40 17.7.40 39-29 ff inutilizada — «» 8 t* ff ff 8.6.40 17.7.40 39-29 ff + 44 1 3.800 23 23 17.6.40 10 e.a. + — «• 2 m •• 17.6.40 27.6.40 10 ff + — 49 1 1.250 4 3 18.6.40 27.6.40 8 A.L. — — 104 2 350 10 S 7.11.40 26.6.40 16 W.O. + + •• 3 •• ff *• 7.11.40 23.11.40 5 ff — — 4 w ff ff 7.11.40 22.11.40 15 ff + + . S •• ff ff 7.11.40 22.11.40 15 ff — — 6 «• *• 7.11.40 22.11.40 15 ff — + 7 •* tf 7.11.40 22.11.40 16 ff + + 8 n ff ff 7.11,40 22.11.40 15 ff — + 141 1 — — — 26.11.40 9.11.40 13 CG. — — 2 — — 26.11.40 9.12.40 ff ff — — 177 7 — 7 4.5 17.12.40 21.12.40 4 P. P. — — 9 — ff ff ff 27.12.40 10 ff — — I» 10 — ff •• - 21.12.40 4 ff — — (• 11 — ff ff 26.12.40 9 ff — — • 12 — ff ff 26.12.40 9 ff — — t» 13 — ff - tf 23.12.40 6 ff — — 14 — tf - ff 27.12.40 10 H — — 180 9 — 8.5 3 18.12.40 26.12.40 8 M. M. S. + — 181 2 — 10 5 18.12.40 27.12.40 9 F.N. + + n 3 — ff ff ff 26.12.40 8 ff — — n S — ff ff " 26.12.40 8 ff — — n 6 ff ff 26.12.40 8 n + + 184 4 __ 2 0.5 18.12.40 27.12.40 9 J.C. — — 5 ff ■ ff 26.12.40 8 ff — — 6 __ *• *• ff 27.12.40 9 ff — — 7 ff ff " 27.12.40 9 ff — — 8 ff 26.12.40 8 ff — — 185 6 9 5 19.12.40 26.12.40 7 E. A. — — 7 *• *• tf 24.12.40 5 ff — — 186 3 O.S 0 23.12.40 28.12.40 5 A. O. — — 190 1 — 4 1.5 28.12.40 9.1.41 12 N.C. + + 3 — "* ff ff 2.1.41 5 ff — — 4 — ** ff ff 31.12.40 3 ft + — S — If ff 9» 2.1.41 5 ff + — 6 — ff *• ff 8.1.41 11 ff — — 7 — ff ff ff 2.1.41 5 ff + — 9 ff ff ff 2.1.41 5 ff — — 194 1 133 2.5 1 18.1.41 22.1.41 4 J.A. + — (••. O* exemplares Nos. 39*1, 39-2, 39*3, 39-4, 3SMS, 39-7 e 39-8 foram submetidos a doas refeiçdts infetastes. ' Oociftos rasios. I, SciELO J. A. B. DA Fonseca & Flavio da Fonseca — Transmissão da malária humana por Anofelinos da série tarsimaculatur lOã O lote No. 49, constou apenas de um mosquito, não tendo êste apresentado infeção perceptível à disseção. No lote 104, de 7 mosquitos alimentados em doente portador de um número fclati\’amente baixo de gametocitos, ou sejam. 350 por mm* de sangue, foram encontrados 5 mosquitos infetados, números que indicam uma porcentagem de ^1,4% de infração. Nesses exemplares 104-2, 104-4 (Microfoto 4) 104-7, 104-8 e 104-9 a infeção atingiu a fase final de esporozóitos c os prazos de incubação extrínseca variaram entre 15 e 16 dias. Os exames procedidos nos mosquitos dos lotes Nos. 141 e 177, comportando nm total de 9 mosquitos, resultaram completamente negativos, dando a impressão da má qualidade do gametóforo. No lote 180 o único exemplar experimentado mostrou oocistos em grande número e muito desenvolvidos (Microfotos 5 e 6) depois de um prazo de 8 dias de incubação extrínseca. Resultados também brilhantes foram colhidos com os exemplares do lote 181. Dos 4 exemplares désse lote, 2 mostraram-se infetados, atingindo o para- *>ta a fase final de esporozóito dentro de prazos minimos de 8 e 9 dias de in- chação extrínseca, prazos êsses até então nunca conseguidos por nós. £sses exemplares apresentavam também grande número de oocistos (Microfotos 7 e 8). Nos lotes 184, 185 e 186, num total de 8 mosquitos, apenas o exemplar 1^0. 185-7 apresentara oocistos no estômago (Microfotos 9 e 10). Nos lotes 190 com um total de 7 mosquitos examinados, 4 se mostraram •nfetados e no exemplar 190-4 foi surpreendida, depois de 3 dias de incubação extrínseca, a presença de oocistos no estômago, prazo esse o menor até então Conseguido para esta fase da infeção. No lote 194 cm um exemplar examinado foi o mesmo encontrado parasitado. Verifica-se assim que os lotes experimentados durante os meses de junho- Ctubro, nos quais a temperatura variou entre 25® e 16®, foram infetados numa Proporção de 63,1%, enquanto que aqueles experimentados durante os meses de ’>ovcmbro-fevereiro, nos quais a temperatura máxima e minima atingiram os 1'Oiites extremos de 33® e 20®, respectivamente, a porcentagem geral de infeção ultrapassou a 37,8%. Em contraposição a esses resultados é interessante consignar o seguinte fato : ''^s lotes alimentados em junho-outubro foram encontrados oocistos somente no dia de incubação extrínseca e os esporozóitos foram vistos dep>ois do 25.® dia; nos demais lotes alimentados durante os meses de novembro-fevereiro, jà terceiro dia de incubação extrínseca puderam ser obser\'ados oocistos nas l^ccdcs do estômago e os esporozóitos foram vistos livres nas glândulas saliva- já no oitavo dia de incubação no mosquito. 13 106 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI Como adma ficou exposto a eleração das temperaturas máximas e minima*! dos dois períodos junho-outubro e novembro-fevereiro, trouxe como consequefi*! da uma baixa porcentagem geral de infeção, fato êsse paradoxal, pois era de esperar com a eleração da temperatura ambiente um aumento de vitalidade do*l gametocitos e portanto um maior número de mosquitos infetados. Mas tal di*'| cordãnda de comportamento podería ser explicada também por condições pr®" prías dos portadores de gametocitos utilizados nesses dois períodos. Fato, no entanto, que ficou bastante em relevo foi a grande rapidez co«J*l que se desenvolveu o parasita no mosquito durante os meses em que a tempe***! tura foi mais devada, chegando à fase final de esporozóito no prazo extraortfr*! naríamente breve de 8 dias. II — Experiências com A. (?Í)'sí.) osicaldoi ostcaldoi e Pl. vivax. (Quadro IV). No lote 39.* de um total de três mosquitos, dois apresentaram infeção da* glândulas salivares depois de alimentados em gametóforo com 3(X) gametocito* por mm*. Embora êstes mosquitos tivessem duas alimentações em gametófor em que as condições de experimentação foram as mesmas, revelam a grand^ | concordância da sensibilidade* das duas subespédes. De um total de 11 mosquitos pertencentes ao lote 84a, em três exemplat<*i| foram encontrados oodstos no estômago. Os excmplarey S4a-2 (Microfoto 11) e 84a-4, depois de um período de i***! cubação de 12 e 5 dias, respecti\*amcnte, apresentaram pequenos oodstos c ® exemplar 84a-ll (Microfoto 12) mostrou nitidos oodstos bastante pigmentad®*| mas depois de um dilatado período de incubação de 20 dias. Dos 8 exemplares do lote 87a. apenas o de No. 8a-5 apresentou-se coi* oodstos no estômago, isto no oitavo dia de incubação. No lote 88a foram tíit®* bem observados 2 exemplares infetados, 88a-13 (Microfoto 13) e 88a-20; **® entanto a infeção não atingiu a fase final de èsporozóitos, apesar de o perio<í® de incubação no mosquito ter sido, respectivamente, de 14 e 19 dias para êss<* dois espécimes. Com o lote 93a todos os e.\emplares alcançaram prazos incubação superiores a 19 dias e o gametóforo era sufidentemente rico em g*' metodtos de ambos os sexos : 14 í á e 7 9 9 para 100 leucodtos. 14 cm ■SciELO' 0 11 12 13 14 15 16 A. B. DA Fonseca & Flavk) da Fonseca — Transmissão da malária humana por Anofelinos da série tarsimaculalus 109 Apesar desses fatores favoráveis, dos 5 exemplares experimentados, em um *pcnas, e, depois de 26 dias de infeção, foram encontrados esporozóitos na cavi- geral do mosquito, mostrando-se negativos nas glândulas salirares. Um prolongado período de incubação ocorreu durante o mês de outubro, quando ** oscilações de temperaturas \-ariaram entre os limites de 25" e 19". Com o lote l(Ma, experimentado durante o mês de novembro, quando a tem- ^^tura oscilou entre 29" e 20°, os resultados foram bastante diferentes. Em- ^ o gametóforo que alimentou êsse lote apresentasse menores quantidades de ^****ctocitos. 10 á á e 5 9 9, foram constatados em dois dos quatros exempla- esporozóitos nas glândulas salivares e isto em prazos muito menores. No ^emplar 104a-5 a constatação foi feita com 16 dias de incubação extrínseca e exemplar 104a-12. com 15 dias de incubação foram encontrados oocistos (Mi- ^ofoto 14) e esporozoitos em grande quantidade (Microfoto 15). Acreditamos tal diversidade de comportamento tenha sido motivada pela diferença dc ttm- f*t^uras durante o decurso da obser\’ação dos dois lotes, sendo de se notar que * totalidade dos microgametocitos foi perfeitamente constatada no exame do san- a fresco. Com os lotes ISOa e 181a examinados durante o mês de dezembro e com- P®*Tando um total de oito exemplares em três dêles, foi constatada a presença de ®® lote Koi do ezem* piar Gasietocitos por mst* RELAÇAO DE G.AMETO- CITOS PARA 100 LEU- CÓCITOS Data da refeieSo infetante Data da dissocio Dias de incobaçSo extrínseca Doente RESUL TADO macro^ame* todto microcaxoe* toei to Oocistos Esporozóitos 31 1 1.100 4.6.40 10. 6.40 6 o.s. — tf f» ff ff _ 2 ““ • ff ff ff ff .... 3 — ■ ■ 4 p tf tf ff ff — — • 5 r* __ tf 11. 6.40 7 ff — — * 6 tt tf 12. 6.40 8 ff — — • 7 f* ft 20. 6.40 16 ft — — g ft tf ff ff ff — — 9 t* _ tt tf ff ff + — 32 1 1.666 17.6 15.1 5.6.40 20. 6.40 15 o. s. + — 2 f» N ff ff 21. 6.40 16 ft + — • » 3 f » ff ff ff ff A- — » 4 «• tf tf tf 25. 6.40 20 ff + -j- (cavidade geral) 33 1 50-60 3 2 5.6.40 10. 6.40 5 A. C. — — » 2 f* ff ff ff 21. 6.40 16 tf — — • 3 n tf f* *• ff ff — — 36 1 750 8 7 6.6.40 27. 6 40 21- 9 O. s. — — • 2 " ~ ff tf 28. 6.40 22-10 ff — — * 3 f* » ff ff 30. 6.40 24-12 — • 4 *• tf ff 1. 7.40 25-13 ff — — s w n - ff ff ff — <0 1 4 2 10.6.40 28. 6.40 18 J.v. s. 4- — «• 2 - 3 - - 29. 6.40 19 ff — — 3 _ f* ff ff 2. 7.40 22 + + • 4 ” ff ff 11. 7.40 31 ff -f — 5 ___ " ff ff 16. 7.40 36 — — 51 1 650 9.9 4.2 26.6.40 1. 7.40 5 E. A. — — * 2 « ff *• tf ff — — «• 3 .. ff - - ff - ff — — 1» 4 - - - " 2. 7.40 6 *• — — 5 •• - - ff 11. 7.40 15 ff — «• 6 *» - ff 15. 7.40 19 ff — — » 7 - ff ff 24. 7.40 28 ff — — « g ff n - " — — (f) 9 800 9.52 8.84 1.8.40 22. 8.40 21 E. M. — — 113 7 ■ 26 10 5.11.40 25.11.40 20 O. D. -f — « 10 . n ff ff 18.11.40 13 — — 14 ff ff ff 23.11.40 18 *• -f + 17 . . ff - - 22.11.40 17 ff — — ff •• ff ff ff - - 18 — 19 - •• •• ff 18.11.40 13 ** A- — 21 — n ff 25.11.40 20 ff + SciELO i • 22 Quadro VI ANOPHELES (SYSS.) OSIYALDOI OSWALDOI INFETADOS COM PL- FALCIPARUM cm exemplar 35a-4 foi alimentado duas vezes no mesmo gametóforo. J. A. B. DA Fonseca Jt Flavio da Fonseca — Transmissão da malária humana por Anofelinos da série larsimaculalas llã Dos demais exemplares experimentados apenas no exemplar 70a-4 foi no- tada a presença de oodstos no estômago e isto depois de um prazo de 19 dias de incubação no mosquito. Comparando os resultados dêsse lote 40a com os de seu homólogo 40 (Qwa- dro V), verifica-se que aqui guarujaensis e oswaldoi, em condições absoluta- mente idênticas, mostraram igtial sensibilidade. Êsse resultado contrasta no en- tanto com aquele obtido e retirado do número total de e.xemplares dessas duas '■ariedades experimentadas com Pl. falciparum. Para as variedades guarujaen- ■íií e osuxüdoi foram obtidas as porcentagens de infeção de 28,5% e 3,8%, res- Pectivamente, parecendo ter corrido essa divergência de resultado mais por conta de uma questão dependente da infctuosidade dos gametocitos do que propria- tnente da sensibilidade de cada um dessas rariedades, pois como foi referido linhas acima, essas duas rariedades, quando experimentadas em perfeita igual- dade de condição e de número, apresentaram resultados perfeitamente iguais. INFETUOSIDADE DOS G.AMETOCITOS A capacidade infetante dos gametocitos está subordinada a uma serie de con- dições que na prática não sabemos apreciar devidamente, tomando-se a escolhr. de ttni bom gametóforo problema de difícil avcrigtiação. A densidade de gametocitos por nun* de sangue nem sempre c indicc seguro P*ra a%*aIiação das bôas qualidades do gametóforo. Embora tenham sido mais frequentes as infeções dos mosquitos alimentados ®*n gametóforos com alta densidade de gametocitos, isso não impediu que fossem observadas infeções quando era bastante baixo o número dêsses elementos. As- *im aconteceu com os lotes 40 e 40a, alimentados cm gametoforo com baixa felação de gametocitos e, no entanto, foi constatada uma porcentagem de infeção 60%. Ocorrência interessante foi verificada com o gametóforo E. M. quando nos 'lias 31.7, 1.8, 2.8, 3.8, 5.8 e 5.8 alimentou os lotes 68a, 69a, 70a, 71a, 74a * 75a. Em todos êsses dias o número de gametocitos por mm* de sangue foi elevado, prindpalmente nos dias 3 e 5. Nos dias em que mais clc^’ada foi a ®®ntagem, englobando um total de 23 mosquitos (Lotes 71a, 74a e 75a), nenhum ^es foi encontrado infetado. No enranto o lote /Oa, composto apenas de 3 ^emplares e alimentados em dia no qual a densidade de gametocitos foi mais três vêzes menor do que a dos tres últimos lotes, foi encontrado um desses ^emplares infetado. O Quadro VII mostra melhor êsse contraste a que acaba- de nos referir. 23 IIG Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI Quadro VII Lote Gametóforo Dia da ali- mentaçio Contagem de parasito» por mm.* No. de mes* qnitos disse- cados N<. de mos- I quitos infe- tados 1 68a E.M. 31.7 700 6 0 69a E.M. 1.8 800 .7 0 70a E.M. 00 994 3 1 7Ia E.M. 3.8 3.093 11 0 74a E.M. 5.8 3.350 11 0 75a E.M. 5.8 3.350 1 0 Procedente de S. Vicente obtivemos por criação um lote (Lote 194) col posto de 19 mosquitos da série tarsiuiaculatus, não incluidos nos quadros de feção por não terem sido as subespécies identificadas. Êsse lote foi alimentai em gametóforo. J. A., que no momento de ser sugado apresentava densidade 133 gametocitos de Pl. vk-ax por mm’ de sangue e a relação desses elemcnil para 100 glóbulos brancos era de 2,5 2 2 e 1 S $ . Desses 19 e.\emplares| foram inutilizados no áto da dissecção, ficando o lote reduzido a 15. Dos espécimes, 12, ou sejam 80Çó, foram encontrados fortemente parasitados e puf ram ser obser\-ados oocistos e esporozóitos nos prazos relativamente curtos de a 9 dias, respectivamente. As Micro fotografias 17, 18, 19, 20 e 21 referer.tl aos e.xemplares 194-5, 194-10 e 194-16 nos dão idéia exata da intensidade cl infeções cxasionadas por êsse gametóforo apesar da pequena densidade de gani todtos. Tais fatos estão, em parte, de acordo com as observações de Boyd e Thor (47) sôbre a falta de relação entre a infeção qualitatira e o número de gair tocitos e parecem sugerir a hipótese de que, além da receptividade das anofeiir e do estado de maturação dos gametocitos, ainda outras condições desconhecic são e.xigidas para que se processe a infeção. Pelo obser\-ado nos gametófoil O S. e E. M. verifica-se como oscila de um dia para outro o número gametcxútos. Em algumas das verificações de Boyd, Carr e Rozeboon (48), no Quad| II, só se pcxlerão atribuir os resultados registados à deficnência da técnica contagem, pois chegam a referir, no caso 261,0% de 2 2 e á ?ualmente sensivel. Achado interessante foi por nós assinalado no exemplar 183-4. Êsse mos- quito foi encontrado naturalmente infetado com esporozóitos nas glândulas sa- ^•'■ares. A disseção do estônu^o revelou a presença de corpo arredondado par- cialmente enegrecido (Microfoto 23) e que julgamos ser a ca>*idade deixada na Parede do estômago após o esvasiamento do oocisto e aparentemente in\-adida Por cogumelos. Essa ocorrência parece não ser extremamente rara, pois em exemplar utilizado em provas de infeção experimental, obser\'amos na pa- ccfle do estômago inúmeros corpúsculos negros (Microfoto 24), apresentando *Pro.\imadamente as dimensões de um oocisto. Todas as micro fotografias do presente trabalho foram tiradas com 70 cm altura de fole e ocular Xo. 7, tendo sido usada objetiva 8 para os pequenos Aumentos e objeti^^a 40 para os grandes. CONCLUSÕES 1. As profundas modificações introduzidas ultimamente no conceito da es- ^'e e subespécie das anofelinas do subgênero Nyssorhynchus, cspecialmente ^ séries tarsimaculatus, reduziram p>or tal forma os conhecimentos sôbre a 27 120 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI transmissão da malária humana, que uma rensão à luz dos conhecimentos mo- dernos se toma altamente desejá%'el. 2. No presente trabalho foram infetados Anophcles (Nyssorhynchus) os- waldoi osTLvldoi Galvão ct Lane, 1938, e Anophcles {Nyssorhynchus) os7i'al^ doi guarujacnsis Ramos pro\ãndos da criação de fêmeas grávidas capturadas em Guarujá, Ilha de Sto. Amaro, S. Paulo, de julho de 1940 a fevereiro de 1941. 3. Foi obtida a infeção experimental de A. {Nyssorhynchus) oszíoJdoi guarujacnsis em 46,4% de 56 exemplares e a de {Nyssorhynchus) osTvaldoi osuvidoi em 12% de 115 exemplares alimentados em gametóforos com PL viz'ax. 4. Anophcles (N yssorhynchus) oszvaldoi guarujacnsis e Anophcles (Nys- sorhynchus) oszvaldoi oszvaldoi foram infetados experimentalmente em PL fal- cipantm, tendo a percentagem de infeções sido de 28,5% sôbre 42 exemplares para o primeiro e de 3,8% sôbre 105 exemplares para o segundo. 5. A porcentagem total de infeções obtidas (conclusões 3 e 4) que parece demonstrar sensibilidade menor de A. {N.) osrcaldoi oszcaldoi em relação a A. (jV.) osTcaldoi guarujacnsis, está em desacordo com a obser%’ação de igual sen- sibilidade sempre que as condições da experimentação foram as mesmas para as duas subespécies, isto é, alimentação na mesma data e no mesmo gametóforo. 6. À temperatura de 16 a 28”, nos meses de junho a outubro o delo es- porogônico de Plasmodium znvax levou 25 dias a se completar e o de Plasmo- dium falciparum 22 dias em A. (.V.) oswaldoi guarujacnsis. O aparecimento mais precoce de oodstos deu-se ao cabo de 10 dias com Pl. vivax e de 15 dias com Pl. falciparum. 7. Disseções sistematicamente praticadas em mosquitos com prazo de in- feção cada vez menor permitiram verificar que o ciclo exógeno completo de Plasmodium zri'ax pode ter lugar em A. (-V.) oszvaldoi guarujacnsis, até com oito dias apenas, no mês de dezembro, à temperatura de 23” a 33”C, podendo os oocistos ser vistos a partir do 3.” dia. A mesma subespéde infetada com Pl. falciparum apenas permitiu observar infeção de glândulas salivares 18 dias após a refeição infetante, tendo sido vistos oocistos a partir do 13.® dia, não tendo, entretanto, sido feita pesquisa especialmente destinada a verificar os pra- zos minimos. 8. À temperatura de 16 a 28®, nos meses de jundo a outubro, o ciclo c.xógeno de Pl. vivax levou, no mínimo, 25 dias a se completar e o de Pl. falct' parum, no minimo, 33 dias, em A. (N.) osuztldoi oszvaldoi. O aparecimento mais rápido de oocistos foi surpreendido ao cabo de 5 dias em Pl. vivax e de 19 com Pl. falciparum, não tendo com esta última espécie de plasmódeo havido oportunidade de pesquisar especialmente o prazo minimo da evolução. 28 A. B. DA Fonseca & Flavk) da Fonseca — Transmissão da malária humana por Anofelinos da série (arsimaculatus 121 9. A temperatura de 20-33°, nos meses de novembro a fevereiro, o ciclo exógeno de Pl. vk-ax lei’ou, no mínimo, de 15 dias a se completar em A. (N.) oswaldoi oxwaldoi. O aparecimento mais precoce de oocistos foi de 6 dias em Pl. vwax. 10. Durante os meses de junho a outubro, sempre que um exemplar infe- ro resistia durante lapso de tempo superior a 20 dias (prazo mínimo neces- sário ao aparecimento de esporozóitos durante aquele periodo), o ciclo exógeno se completou, com uma única exce<;ão em 11 casos. 11. Só foram encontrados oocistos até o 26.® dia após a refeição infe- lante, excetuando o caso da conclusão anterior, no qual, apesar de decorridos 3l dias ainda havia oocistos imaturos, o que sugere a hipótese de uma parali- ^ção completa do desenvolvimento do parasito. Em outro caso, em que foi ^sto oocisto com 29 ou 39 dias de infeção, éste se encontrava já vazio. 12. O prazo máximo durante o qual as anofelinas se mostram infetantes foi de 37 dias para A. (-V.) osivaldoi osivaldoi infetado em julho com Pl. fal- ^Parum e de 27 dias para o mesmo infetado no mesmo mês com Pl. vivax. £ni A. (iV.) oswaldoi guarujaensis infetado em junho, o mínimo prazo foi de ^ dias para Pl. znvax e de 22 dias para Pl. falciparum, sendo de crer que, em Oxidições normais, êsses prazos sejam mais dilatados. 13. A capacidade infetante dos gametocitos não parece diretamente pro- Pordonal ao seu número. Resultados obtidos na presente experimentação de- ®>onstraram que o fator qualitativo c mais importante do que o quantitativo. Também a falta de exflagelação pesquisada in ritro não mostrou índice seguro ^ falta de poder infetante do gametóforo. 14. De 167 exemplares capturados cm domidlios cm Guarujá. 165 foram •^entificados a A. (N.) osuxUdoi guarujaensis, I a. A. (N.) oswaldoi oswaldoi * I a Anopheles {Kertessia) cnixi. 15. Dos 165 exemplares de A. (,N.) os^ialdoi guarujaensis, 3 apresenta- oodstos no estômago. 16. Os hábitos domidliares do A. (N.) oswaldoi guarujaensis, aliados à *ha grande receptividade e.xpcrimcntal e ao encontro de exemplares infetados ^ domidlio, lc\-am a responsabilizá-lo como o principal vetor da malária na ^'‘calidade de Guarujá. na Ilha de Sto. .■Xmaro, durante os anos de 1940 e 1941. RESUMO Anopheles (.Nyssorhynchus) oswaldoi os 7 caldoi Galvão & Lane, 1938, * Anopheles (N yssorhynchus) oswaldoi guarujaensis Ramos foram criados em ^Watório, partindo de fémeas selvagens c infetados com Plasmodium vizax c rí ‘^nioduim falciparum. 29 122 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI O primeiro infetou-se com Pl. vizvx na proporção de 12% de 115 exem- plares. Com Pl. falcipannn a proporção da infeção foi de 3.8% 105 exempla- res para osu-aldoi oswaldoi e de 28.5% sôbre 42 exemplares para guarujaensis. A diferença de sensibilidade observada entre oswaldoi osuvildoi e gua- ru jaensis parece ser apenas aparente, pois quando era usado um mesmo doente para infetar ambas as subespécies, os resultados eram concordantes. Com guarujaensis foram observados oocistas de Pl. zdz-a.r após 3 dias e de Pl. falciparum após 13 dias de evolução, no mínimo, le\’ando o ciclo completo um mínimo de 8 dias a se completar com Pl. zrvax e de 18 dias com Pl. falc:pa~ ruiit. Com oszialdoi oszvaldoi o aparecimento mais precoce de oocistos de Pl. z>iz’a.r foi de 5 dias. levando o ciclo completo um minimo de 15 dias a se completar. O prazo máximo durante o qual as anofelinas se mostraram infetantes foi de 37 dias. a partir da data da infeção, para oszvaldoi oszvaldoi infetado com Pl. falciparum, e de 27 dias para o mesmo infetado com Pl. vízkjx. Com guarujaensis êsses prazos foram de 34 dias para Pl. zdzvx e de 22 dias para Pl. falciparum. De 165 exemplares de guarujaensis capturados em domicílios em Guarujá, Santos, três apresentasam oocistos no estômago. Como esta espécie predomi- na de modo absoluto nos domícilios, deve ela ser responsabilizada pelos surtos de malária ocorridos entre os anos de 1940 e 1941. ABSTRACT Anophclcs {Nyssorhynchus) oszvaldoi oszvaldoi Galvão & Lane. 193& and Anopheles (Nyssorhynchus) oszvaldoi guarujaensis Ramos were bred in the laboratorj' from wild female spedmens and infected with Plasmodium zizaX and Plastnodium falciparum. The former was infected with Pl. z-iza.r in the rate of 12% out of ll5 spedmens and the latter in the proportion of 46.4% out of 56 specimens. With Pl. falciparum the rate of infection was of 3.8% out of 105 spedmens of oszvaldoi oszialdoi and of 28,5% out of 42 spedmens of guarujaensis. The difference of sensibility obser\*ed between oszvaldoi oszvaldoi and gui” rujaensis only seems to be an apparent one, since the results were in aceof* dance when both subspedes were submitted to experiments under same coO- ditions. With guarujaensis oocysts of Pl. zivax were observed after 3 days and of Pl. falciparum after 13 days of evolution, at least, the whole cycle taking Icast 8 days from completion with Pl. zdzv.r and 18 days with Pl. falciparu»*- 30 J- A. B. i>A Fonseca & Flauto da Fonseca — Transmissão da malária humana por Anofelinos da série tarsimaculatus 123 With oswaldoi oswaldoi the most precodous appearence of Pl. vivax ooc),'sts ■was stated on the fifth day, the complete cycle taking at least 15 days ^or completion. The maximum space of time during wich the anophelines proved iníectant "as of 37 days the date of infection for oswaldoi oswaldoi infected wth Pl. ftdciparum, and of 27 days v.hen infected wth Pl. vtzxix. With guantjacn- •tfj these spaces of time were of 34 days for Pl. zivax and of 22 days for Pl. falciparum. From the 165 specimens of guarujaensis captured in houses in Guarujá, Santos, three presented ooc)’sts in the stomach. As this spedes predominates ^solutely in the indoors, it must be considered responsible for the malaria epi- dcmics recorded betvveen 1940 and 1941. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1| 12 13 U 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 BIBLIOGRAFIA — In -VrftTO, A. — Mem. do Inst. Oswaldo Cniz 1(0:69.1909. 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(Trabalho de colaboraçio da Se^lo de Pirasttolcina do tato Batjmtan e da Sefão de Eatomolocia do Serrk^ de Profilaxia da Maliria. Eatre^e para publicação ^ 12*10<42 e dado 4 publicidade em ferereiro de 194J)« 32 Mcm. In»t. Butantan Koxsec\, J. a. B. da & Fonseca, Fu da — Transmissão da malária humana por anofelinos da série tarsi- voi. XVI — maculatas. MICROFOTO 1 OiT» d* •d. ísmlJoi MICROFOTO 2 Ovoí dr A. (X.) onnUtn (scftindo Ramos) 33 Mcm. In»t. Htrianian Hoxseca, J. a. B. da Jt Foxseca. Fi„ da — Transmissãu da malária humana por anofeliiios da série tarsi- maculatus. Vul. XVI — 1942 MICROKOTl» } aii-TO df lanra dr A. (X.) iWttWdoí çntr,jum4Ú isrfundo Karno») MÍCROFOTO 4 Kxrmilar 4 do lolc 104. K«poro«ôitos rm a «In^ar dc .4. (.\.> rirro/dbi çmãriÊj^rnttt SciELO cm 10 11 12 13 14 15 Foxsec.\, J. a. B. da Si Fonseca, Fi_ da — Transmissão da Mcm. in»t. Bu-.apuii malária hamana por anofelinos da série tarsi- v'ol. XVI — 19-12 maculatus. MICROFOTO S Exemplar 9 do lo«e 180. Exlôiiuso dc A. (.V.) ortro/doi MICROFOTO 6 Exemplar 9 do lUe 180. Fjt6ma*o de A. (.V.) onrtUvi çmtrMjtfnjU com oocitlf» * fl- **»«■. Fonseca, J. a. B. da & Fonseca, Fl. da — Transmissão da Mcm. in»t. Bmanun mataria humana por anofelinos da série tarsi- voi. xvi _ 1942 maculatus. MICROKOTO 7 Exrmplar 6 do loic 1*1. Ooci»tot cora * di»». MtCROFOTO » E.T*mfifar 6. lo«c ISl. « c ^"0 8 di*«. E*porc*óita« \ÍMvri« tM> inttrtnr de infe^io retardada. Oocirto* com 14 diaa. MICROFOTO 14 Exemplar 12. 104 a. Oocirto Ualtante enluido. 45 MICROFOTO 15 F-xnnplar 12. Io«e 104». E>|iurtxõil 09 «n ílindul» vilirar dc .4. <.V.) onrtldoi rmUot. com 15 dia* d« ctoIuçÍo. MICROFOTO 16 Exrmplar 6 lote 180». Oociac» «Twntxr drpci. dc 8 di». d* incuboçio. Í7 0N'Sec.\. J. B. DA & Fok.seca. Fi_ Da — Transmissão da Mcm. inst. Bpt»m»n malária humana por anofelinos da série tarsi- voL xvi — i»42 maculatus. toNSECA, J. A. B. DA 4 Fonseca, Fl. da — Transmissão da Mot. iiut. Butaniu malária humana por anofelinos da série tarsi- voí. XVI — 1942 macnlatus. MICROFOTO 1? Kxcmplar S, l<4c 194. Evtòraasn allanjetUe raraaita4o. MICROFOTO 11 Exemplar 5. Io(c 194. 40 cm Foxsec\, J. a. B. da 4 Fonseca, Fi_ da — Transmissão da Mcm. lt»i. Buuman malária humana por anofelinos da série tarsi- voJ. XVt — 194 » raaculatus. MICROFOTO 19 Exrraplar 10. lote 194. Oocisto» dc uma recama attngiodo diferentes dimensões. MICROFOTO .'0 Exemplar 16, lotr 194. Estômago centendo grande número dc oocistos. 51 ^OXSECA, J. A. B. DA & FoNSEC\, F1_ Da Transmissão da Mnn- Insl. Bmaman malária humana por anofelinos da série tarsi- Vol. XVI — 1942 maculatns. MICROFOTO 21 Kxrniplar 16. loCe 194. MICROFOTO 22 £«tòmai?o d« (*V«) crx^d^ çm^njacmsu cocootrado naturMmmte iaíctado. 53 In*t. Butantan Fonseca, J. A. B. da i Fonseca, Fu da — Transmissão da malária humana por anofelinos da série tarsi- Voi. xvi — iw2 marulatus. MICROFOTO 23 Exemplar 4, Io«e 183. Estômago dc anofdino ciKonlrado naturalmcolc infetado; eaxidade deixada pelo exTasiamento de oocixtox, xendo poxxiTelmente inradida por eogumelox. MICROFOTO 24 Corpmcnlof negroa em exlomxgo de mmiaito infetado experímentalmentc. representando provável mento oecistox invadidos por elementos de contamínagão. 5'i 2 3 4 5 6 SciELO 10 11 12 13 14 15 395.42:616.963.3 NOTAS DE ACAREOLOGIA ^OC.XI\’. Posição do gênero Liiwnissus Kolen.\ti em face das espécies tropicais; seu desdobramento em novos gêneros (Acari, Liponissiclae) * POR FL.WIO DA FOXSECA Quando cm 1935 descrevi cinco noras espécies incluidas no gênero Lipo- Kolenati (1) salientei a necessidade de uma revisão deste gênero, pois '^írias espécies, entre as quais uma que então descrevia, só forçadamente nele se 'ieixavam enquadrar. Embora seja realmente de lamentar e provoque de regra protestos menos fundamentados, que espécies de grande importância médica ou conómica cujos *’®uies são já familiares aos não especializados, como os de Ltponissus bursa e ^^Ponissus bacoti, de\*am mudar de gênero, este argumento não pode preralccer, ^stituindo obstáculo à evolução da sistemática. -Aliás, também Oudemans (2) o levou em consideração ao incluir implicitamente, em 1936, no seu monu- '•'^ntal traljalho de crítica e história da -Acareologia, todas as espécies de Lipo- ^isus, com e.\ceção única da espécie tipo, setosus, no gênero Macronvssus que ^•'lâo reralidou. Xa verdade o conceito original de Liponissus Kolenati é uma incógnita, contrárío do que sucede a outros genotipos de Kolenati, dos quais ainda hoje ^^stam tipos nos museus europeus, é desconheddo o paradeiro dos de Dcnm- setosus Kolenati, espécie de tipo do gênero Lipotiisstis, cuja descrição * deficiente demais para que se possam reconhecer os caracteres genéricos. Por um consenso unânime dos espeaalistas, impossibilitados de reconhecer caracteres dos gêneros de Kolenati (Macronyssus, Lcpronyssus, Liponissus, í*) Trabalho reproduzido do toI. í( 6-7) de “ Cieociz" (M£z>oo) pr>r dIo ter *ído '^otzda a dizfnose dot géneros em liogua de Congresso, coao fora pedido i Redaçlo. 1 150 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI Ichoronyssus, Pivulonyssus e Steatonyssus) , devido à insuficiência das des ções originais, foram êles durante muitos anos considerados sem outra sinónimos de Liponissus e como tal tratados por Stanley Hirst em 1921 (I O valioso trabalho de Hirst, redescrevendo vários cotipos de espécies de Koler existentes no Museu Britânico, teve o mérito de chamar a atenção dos es| cialistas para as diferenças entre Liponissus tomado na acepção moderna e rios dos gêneros de Kolenati, determinando que Ewing, em 1923 (4) revalida| o gênero Ichoronyssus Kolexati [non Hirst, 1915 (5)], dando-lhe como notipo Ichoronyssus scutatus (Kolenati). No mesmo ano criam Ewing o gênero Ceratonyssus Ewing, que Vitzthum, era 1931 (6), demonstrou sinónimo de Steaionyssus Kolenati, tendo como tipo Sleatonyssus periblepl rus Kolenati [sin. : Dcnnanyssus nmsculi Koch, Ceratonyssus «iwíd (Koch) Ewing]. Vitzthum, em 1931, {loc. cit.) reconheceu que o gênj Pimelonyssus Kolenati foi erigido baseado na descrição de protoninfas, vendo, portanto, desaparecer. Na opinião externada por Oudemans em lí (2) é êste último o único dos gêneros de Liponissidae criados por Kolenati não pode ser mantido. A seguirmos a opinião de Oudemans devemos, aceitar como também válido o gênero Lepronyssus Kolenati, com as esf Lcpronyssus Icprosus Kolenati (sp. tipo), Lepronyssus flavus (Kceena"! [sin.: Liponyssus lobalus Olt>em. (= Dennanissus lobatus Kolenati?), Hirst, 1921], cuja caraterística mais acentuada seria a do aspecto escamoso | placa genital. -Abstraído êste caráter e talvez o do aspecto idêntico do esc dorsal (êste não referido por St. Hirst ao redcscrever material tipo de Kd nati), ha praticamente coincidência com o gênero Ichoronyssus Kolenati. coI aliás já deixou entrever Vitzthum (loc. cit.) e como se depreende também divisão do escudo holoventral do ê de Lepronyssus flainis. Restaria, pois, cidir a validade dos gêneros Macronyssus Kolenati e Liponissus Kolen/ sobre os quais o último a opinar foi Oudemans, em 1936, no seu Kritish torisch Overzicht der Acarologie(2), no qual diz o seguinte: “Macronyssus wordt door Kolenati in zijn Synopsis prodrol der ... Carida (in: Wien. ent. Mntschr., V.2 fa. 1 p. 5; I. If vóór Liponissus genoemd, heeft dus de prioriteit. Macronyssus 2 soorten: longitnanus en lepidopeltis, beide later, m.i. ten onred] Liponyssus genoemd. Het is nog zeer de \Taag, of Liponyssus ais sjTioniem von Macronyssus mag aangezien worden; want Li\ nyssus sctosus (monot>-pe!) is een totaai afwijkende soort. Ik ervan overtuigd, dat, met uhzondering van Pimelonyssus (rug ii| parten verdeeld: nymphae!) alie genera van Kolenati goede gcn| zijn." cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Flavio da Fonseca — Xofas de Acaroologia. XXXIV 151 Conclue-se da opinião de Oudemans que reconhece em Liponissus e Ma~ ^onyssus dois gêneros distintos, julgando, entretanto, que as espécies descritas ^®mo Liponissus pelos autores modernos corresjxmdem antes a ilacronyssus, pois é neste gênero que as inclue em sua obra, considerando Liponissus sctosus (Kol.) espécie totalmente diferente. Que outras espécies corresponderiam ao verdadeiro Liponissus, de que Liponissus sclosus (Kolexati) é o tipo, não diz. Ora, Hirst, em 1921 (3), descreveu o macho do genotipo Macronyssus ^gimanus (Kolenati), proveniente de material tipo de Kolenati, déle apre- sentando uma ótima figura da face ventral. Pdo exame dêste documento ve- *«ico que a placa holoventral do 3 (Fig- 1) entre o 4.® par de patas e a sua Porção anal, difere completamente da placa holoventral das espécies a que hoje autores chamam Liponissus, tais como L. bacoti (Hirst), L. acthiopicus Hirst, L. bursa Berlese, L. nagayoi Y.amada, L. brasiliensis Fonseca (Fig. ^). para citar só aquelas cujos 3 3 são conhecidos. De fato, a placa holoven- Fic. I Placa holoTCntra] do alotipo de iíacTomyism lonçímanus (K» LZXATt), •**. Hirst. Fic. 2 Placa boloTcntral do ^ de BitU^nystut bmilitntit (Foxixea). do alotipo 3 de Macronyssus longiinanus alarga-se consideravelmente logo trás do 4.® par de patas, não apresentando a constrição observada no li- com a porção anal, tal como as espécies tropicais acabadas de citar, sendo, disso, a anal limitada da zona ventral por uma linha ine.xistcnte nas es- referidas. 3 152 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI A conclusão a tirar é, pois, a meu vêr, a de que Ma^ronyssus corresponde a espécies distintas daquelas espécies modernas, cujos S S são conhecidos. Afi- gura-se-me mais provável qii^e as fêmeas de Macronyssus apresentem o aspecto obser\-ado na placa genital de L. ellipticus (Kolenati), segundo a figura de Hirst à p. 795 (3), i.é, tenham genital larga na extremidade posterior, caráter que levou êste autor (loc. cif.) a julgar provável a sinonimia de L. ellipticus com L. longimanus. Não acompanharei, portanto, Oudemans na inclusão no gênero MacrouyssuS de todas as espécies hoje denominadas Liponissus: reservarei Macronyssus Ko- LEXATi para as espécies cujas fêmeas tenham genital não afilada, com uni só par de cerdas, de superficie lisa, não escamosa (^Lepronyssus!), tibias dos 1.® e 2.® pares de patas longas, sem outro espinho nas coxas além do dorsal da coxa II e cujos machos apresentem a zona do holoventral situada entre as co- xas IV e anal. dilatada e sem estrangulamento. Além de Macronyssus longi~ tnanus (Kolenati) e de ^facronyssus ellipticus (Kolenati) não conheço outia espécie que reuna estas caraterísticas. Si Macronyssus, sensu Kolenati, difere de Liponissus Kolenati, como me parece provável, restaria agora decidir si Liponissus, sensu Kolenati, cor- responde à concepção moderna deste gênero, isto é, si a espécie tipo Liponissus setosus (Kolenati) representa um Liponissidae, cujas fêmeas tenham placa genital afilada, com um só par de cerdas, estemal com três pares de cerdas, sem grande alongamento da extremidade posterior da anal (ManitherionyssuS ViTZTHUM'/), tal como as espécies bursa, bacoti, acthiopicus, venezolanus, «o- gayoi, enulitus, iheringi, hirsti, haenuitofagus, brasiliensis, lutei, oudemansi « monteiroi. Sendo impossível decidir esta questão com o aiLxilio das descrições de Kolenati, as quais, como é natural, são deficientes, e sendo desconhecido o paradeiro do material tipo de Liponyssus setosus (Kolenati), pareceria que a solução do problema deveria ficar protelada até a descoberta dos tipos dêste autor ou até que o conhecimento perfeito da fauna do hospedeiro tipo capturado na localidade tipo, na Servia, viesse a demonstrar a existência de uma espéde que justificasse o nome especifico setosus {dichtborstige Fledcrmauszecke, como a chama Kolenati). Sucede, entretanto, que das espécies européias até hoj* descritas no gênero Liponissus nem uma só apresenta caractéres das espéde* tropicais acima enumeradas (as espédes norte-americanas são ainda insufidente- mente descritas). Seria grande coincidênda que justamente Liponyssus setosuí viesse a fazer exceção, apresentando caractéres coinddentes com os das espéde* tropicais. Si os Liponissus (sensu lato) tropicais constituem um grupo naturalmente distinto das espédes européias até hoje induidas neste gênero; si os caractere* de Liponissus, sensu Kolenati, são desconhecidos; si Liponissus setosus, es' cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Flavio da Fonseca — Notas de Acareologia. XXXIV 153 PÍcie tipo do gênero Liponissus Kolenati, é esjwcie européia, sendo, portanto, P<íuco provável que possa ser grupada junto às espécies tropicais; si a concepção genérica dos Liponissidac de Kolenati era de ereção de gêneros restritos e si concepção tende modemaniente a ser restabelecida pelo reconhecimento dos gêneros de Kolenati e pela aceitação de outros gêneros, tal como Leiognathus Canestrini, baseados em caracteres também restritos; parece que se impõe a ^eção de um gênero que inclua as espécies tropicais acima enumeradas e que naturalmente se diferenciam das restantes, inclusive por caracteres zoogeo- gráficos. Proponho para êste grupo de Liponissidac, devido ao intenso hematofagis- exercido pelos seus membros, o nome de Bdellonyssus, gen. n. Diagnose. Liponissidac; estemal com 3 pares de cerdas e 2 pares de po- *'05; genital de extremidade posterior afilada, de superfície não escamosa e com ***n só par de cerdas ; escudo dorsal da 5 indiviso ; coxas sem espinhos ventrais ; hbia I maior do que Ij/i vêzes a sua maior largura; idiosoma sem constrição *otre o podosoma e o histerosoma; 1.® articulo dos palpos com espinho ou sem Escudo holoventral do 3 indiviso e não dilatado na zona gênito-ventral. Sinónimor: Liponissus Kolenati, pro parte; Macronyssus Kolenati, fro parte. Genotipo’ Bdcllonyssus bacoti (Hirst, 1913). Escolhemos esta espccie ^oino genotipo não só por estarem os seus tipos convenientemente prescrA-ados **o Museu Britânico, como também por ser ela uma das melhor conhecidas e mais importantes, pois é parasita também da espécie humana, o que, aliás, *^bém é o caso para as espécies nagayoi, brastiicnsis e bursa. Caberão neste gênero as seguintes espécies: 1. Bdcllonyssus bursa (Bekixse, 1888) 2. Bdcllonyssus bacoti (Hibst, 1913) 3. Bdcllonyssus aclhiopicus (Hi*st, 1921) 4. Bdcllonyssus nagayoi (Yamada, 1930) 5. Bdcllonyssus vcncsolanus (VrrzTnCM, 1931) 6. Bdcllonyssus cruditus (Fonseca, 1935) 7. Bdcllonyssus iheríngi (Fonseca, 1935) 8. Bdcllonyssus hirsii (Fonseca, 1935) 9. Bdcllonyssus hacmatophagus, (Fonseca, 1936) 10. Bdcllonyssus brasiliensts (Fonseca, 1939) 11. Bdcllonyssus lutsi (Fonseca, 1941) 12. Bdcllonyssus moniciroi (Fonseca, 1941) 13. Bdcllonyssus oudetnansi (Fonseca, 1941) a 154 Memórias do Instituto Butantan Tomo XVI E’ possível que algumas das espécies norte-americanas de Banks e de Ewing possam ainda rir a ser incluídas neste gênero, não permitindo por ora as snas descriqões, por muito sucintas, determiná-lo com precisão. Não são incluidas no novo gênero Bdellonyssus as esp»écies brasileiras pe- reirai e wemecki, originalmente descritas no gênero Liponissus, pelos motivos que passo a expor. Liponissus wernecki Foxseca, 1935, encontrada sôbre Didelphys aurita, Didelphys paraguayensis e Mannosa sp., especializada, portanto, no parasitisnio de Didelfideos, o que já constitue fato singiilar entre os Liponissidae, apresenta notável encurtamento da tibia II e arqueamento pronunciado dos ombros, tal como os representantes do gênero Ichoronyssus Kolexati, do qual difere pof não ser encurtada a tíbia I pela falta de divisão no escudo holoventral dos ma- chos e pela existência, em todas as fases do ciclo evolutivo, exceto na larva, de um espinho ventral na coxa I com um pêlo implantado, caráter que a distingue do gênero N eoliponyssus Hirst. Para esta espécie erijo o seguinte gênero: Ncoichoronyssus, gen. n. Diagnose: Liponissidae; estemal com dois pares de cerdas; coxa I cotii espinho; tíbia II com comprimento menor do que vêzes a sua largura; om- bros pronunciados. Escudo holoventral do á e escudo dorsal do á e da 5 indivisos. Genotipo: Liponissus wntecki Foxseca, 1935. Liponissus pcreirai Foxseca, 1935, espécie aberrante, parasita de ratos f de Kerodon spixi do Nordeste brasileiro, apresenta de caraterístico a existência de um órgão infundibuliforme na placa esternal e lembra, pelo aspecto escamoso da genital, o gênero Lepronyssus Kolexati, razão pela qual proponho para ela o novo gênero Lcpronyssoidcs, gen. n. Diagnose. Liponissidae; estemal com 3 pares de cerdas e um órgão simé- trico infundibuliforme; placa genital de superfície escamosa e com um único par de cerdas. Genotipo: Liponissus pereirai Foxseca, 1935. Êste gênero se distingue de Liponysclla Hirst, gênero monotípico, porqu^ em Liponysclla stertuilis (Hirst) ha três pares de cerdas na placa genital, * qual, aliás, não é afilada como em Lcpronyssoidcs pereirai (Foxseca). cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Flavio da Fonseca — Notas de Acareologia. XXXIV 155 ABSTR-ACT The genus Liponissus Kolenati has Liponissus setosus (Kolenati) as Bcnotj-pe, which according to Oudemans is totally different from the species usuallj’ placed in the genus Liponissus. These species ought, in the opinion of Oudemans, to be transferred to the genus Macronyssus Kolenati, the genotype uí which is Macronysstts longimanus (Kolenati). In the genus Macronyssus, however, the genital plate of the femalc and dte holoventral of the male are different from the same plates in the tropical species (Figs. 1 and 2), as can be seen from the drawnngs of Hirst (1921), ^ho worked with Kolenati’s H. tj-pe material. Thus the tropical species of Li- Ponissus, bursa, bacoti, aethiopicus, nagayoi, vcnczolanus, cruditus, ihcringi, ^irsti, haewaíoplujgus, brasilicnsis, lut:d, inontciroi and oudemansi form a ^mogeneous group, distinct from the genera of Kolenati, for which the new Kenus Bdcllonyssus is proposed, on account of the intense haematophagism of ‘*s species. Diagnosis of Bdcllonyssus, n. gen.: Liponissidac; stemal plate with 3 pairs setae and 2 pairs of pores; genital plate with pointed posterior cnd and *wscaled surface, with only one pair of setae; dorsal shield of the male and feniale undivided; coxae without ventral spines; tibia 1 larger than V /2 times breadth ; idiosoma without constriction between the podosoma and the •íysterosoma ; first joint of the palps with or without spine; holoventral shield the male undivided and not widened on the genito-\ entrai zone. Genot}'pe; ^*Ponissus bacoti (Hirst, 1913). For Liponissus icemccki Fonseca, 1935, parasite of the neotropic marsu- P^lia, a new genus, Ncoichoronyssus, is proposed. Diagnosis of Ncoichoronyssus, n. gen. Liponissidac; stemal plate witli ^o pairs of setae; coxa I bearing ventral spine; tibia 11 shorter in length than times its width; pronounced shoulders; holowntral shield of the male and •Cursai shield of the male and female undivided. Genotype: Liponissus wcrnccki ^on-seca, 1935. For Liponissus percirai Fonseca, 1935, the new genus Lcpronyssoidcs ’s Proposed. Diagnosis of Lcpronyssoidcs, n. gen. — Liponissidac; stemal plate with ptairs of setae and one sjTrunetrical, infundibuliform organ ; genital plate '*lh scaled surface and bearing one single pair of setae. Genotype: Liponissus f'^cirai Fonseca, 1935. 7 156 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI BIBLIOGRAFIA Fonseca, F. da — Mem. Inst. Butantan 9 : 43.1935. Oudemans, A. C. — Kritisch Historisch Overãcht der Acarologie III A : 275.1936 Hirst, S. — Proc, Zool. Soc. London : 769.1921 Euing, H. E. — Proc U. S. Nat. Mus. 62(13) : 1.1923. Hirst, S. — Proc. Zool. Soc. London : 383.1915. Vitsthum, H. Graf — Ztschr. f. Parasitenk. usw. 4(1) :1. 1931. (Trabalho da Scçâo de Parasitologia do InÀt*tuto Butanta*' I Entregtae para publicação em 12*1(M2 e dado â pobticida^J era ferereiro de 1943). cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 S9S.123 TREMATÓIDES DE OFÍDIOS Liophistrema pulmonalis, n. g., n. sp. Liophistreminae, n. subfam. ff estella sulina, n. g., n. sp. ( PI agi orch i idae) POR ^AULO de T. ARTIGAS; JOSÉ M. RUIZ & ARISTOTERIS T. LEAO Estudando o material helmintológico da coleção do laboratório de Parasi- 'olofjia do Instituto Butantan, encontramos os trematóides que ser\'em de assunto o presente trabalho. O material proveniente da necropsia No. 680 (Lâminas No. 2.444), reali- em 4/4/935, era constituido por numerosos trematóides do pulmão de Lio- miliarís (L.). Esta cobra fora retirada do cobril do Instituto, razão por permanece desconhecida a origem geográfica do material parasitológico. To- no correr deste ano, tivemos ocasião de encontrar, de novo, o mesmo para- eni mais necrópsias do mesmo ofídio, Liophis miliaris (L.), todos espécimes ^ebidos dos Estados do Rio Grande do Sul e Paraná. No decorrer destas úl- *’*^s necrópsias. foi então possível observar em vida o parasito e apreciar com *''*'dez a bolsa do cirro e a vesícula excretora. Verificamos, desde logo, que o trematóide em observação se enquadrava na '"^plexa familia Plagiorchiidae Lühe, 1901. Os carateristicos morfológicos do ^fasito, porém, não se ajustavam aos numerosos gêneros dessa extensa família, I^Wtudo pela posição do poro genital. Por esta razão, pareceu-nos acertado es- '*^^ecei um novo gênero para esta nova espéde de trematóide, para a qual propo- respectivamente as denominações: Liophistrema, n. g., e Liophistrema pul~ ^*^iis, n. sp.. Os mesmos motivos supra referidos determinaram igualmente i^oposta de uma nova subfamilia, com o nome de Liophistreminae, n. subfam.. O material da necrópsia No. 3.192, feita em 7/5/941, correspondendo a exemplar de Philodryas schottii (Schlegel), proveniente de Tuparaí, Rio 1 158 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI Grande do Sul, constituído por numerosos exemplares de trematóides encontrai dos na ca\'idade bucal e esôfago, também foi considerado como formando uní nova espécie para a qual foi necessário estabelecer um novo género. A forma e disposição da bolsa do cirro e a situação do poro genital, entr outras particularidades morfológicas, foram os elementos essenciais para a ereçâ<| do género Ifestclla, denominação esta dada em honra a West. Liophistrema, n. g. Diagnose genérica: Plagiorchiidae : Corpo clavi forme com maior largura na metade anteriod Cutícula espinhosa. Ventosa oral maior que o acetábulo, que é pre-equatoriaI| Esôfago curto. Cecos alcançando o terço posterior do corpo. Testículos arre dondados. lisos, com campos e zonas muito próximos, situados no terço médi'| do corpo. Bolsa do cirro medianamente desenvolvida, contendo vesícula semir mais ou menos enovelada e cirro tubular inerme. Poro genital post-acetabula^l próximo deste órgão e ao lado da linha mediana do corpo. Ovário arredondai liso, pre-testicular. Glândula de Mehlis e receptáculo seminal presentes. Üte desenvolvido, com numerosas alças irregulares atingindo a e.xtremidade jwsteriti do corpo. Vagina tubular, delgada, ^’itelinos dorsais, intra-cecais e cecais. fof| mados por numerosos cachos de ácinos volumosos, se estendendo desde a regiá pre-o\-ariana e post-acetabular até pouco além da zona testicular. \'esícula c-’‘l cretora em forma de Y com o ramo impar muito curto. Parasito do pulmão or 0,345 a 0,399mm no sentido da largura. Esôfago curto, atingindo o **táximo de 0,452mm de comprimento. Cecos simples, de comprimento desigual, '^nninando a 1,729 a 3,325mm da extremidade posterior do corpo. Testículos **"tedondados ou ligeiramente piri formes, lisos, equatoriais, com os campos e ^nas muito próximos, sub-iguais e com um diâmetro que varia entre 0.345 a 0.585mm. Vasos eferentes unindo-se ao nivel da base da bolsa do cirro. Esta é Um órgão tubular de mediano desenvolvimento, situado obliquamente entre o *cetábulo e o ovário; mede 0.665 a 1.197mm de comprimento, tendo uma lar- Sura pró.xima de 0.160mm; contem vesícula seminal tubular, sinuo.sa. às vêzes **>ovelada, seguida de longo ductus e cirro tubular e ineniie. Poro genital lateral * post-acetabular. Abertiiras masculina e feminina contíguas. Ovário arrerlon- *^do, liso, para-mediano, pre-testicular, medindo de 0,425 a 0,585mm de diâ- u>ctro. Receptáculo seminal geralmente alongado, imediatamente abaixo do ová- com dimensões variáveis, medindo de 0,345 a 0.532mm de comprimento por ^•159 a 0,266mm de largura. Glândula de Mehlis para-o\-ariana. Útero extre- •Uamente sinuoso e desenvolvido, ocupando toda a metade posterior do corpo; o ascendente é bem dilatado antes de se diferenciar em vagina. Esta é um tubular, delgado, medindo de 0.532 a 0,931 mm de comprimento. Ovos Utinierosos, de casca delgada, operculados, medindo 0.025 a 0.030mm de compri- ***cnto por 0.014 a 0.019mm de largura. Vitelinos dor.sais, intra-cecais, fonna- por ácinos volumosos reunidos em cachos, estendendo-se da região pre-ova- *^ana à regiáo post-testicular. ocupando todo o terço médio do corpo cm extensão, ^^cula excretora em fonna de V com o ramo ímpar muito curto. Hospedeiro tipo: Liophis miliaris (L). Xome vulgar: “Cobra dágua”. Habitat; Pulmão A descrição e medidas de Liophistretna pultnonalis, n. sp., foram baseadas ^ dez exemplares cotipos fichados sob o Xo. 2.444 na coleção da Seção de Pa- ^itologia do Instituto Butantan. Mais seis lotes, oriundos de outras tantas nc- ''■ópsias serviram para comparação e se acham depositados na mesma coleção *''!> os Xos. 5.530. 5.527. 5.523. 5.533. 5.525 c 2.443. Êste último pertence ao **’fsmo lote que os cotipos. Todas as medidas se referem a espécimes compri- e montados. Esta espécie foi por nós encontrada exclusiramente em j^Phis miliaris, parece-nos haver neste caso uma estreita especificidade parasi- o quadro seguinte dá conhecimento da origem das \-árias serpentes pa- *^itadas c fornece os diferentes pormenores relativos ao material estudado: 3 160 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI Lote Xo. Hospedeiro Localização Procedência Data Cidade Estado 2.443 Liophis miltaris (L.) Pulmão p p 4/4/935 2.444 Liophis miliaris (L.) Pulmão ? p 4/4/935 ■■ 5.530 Liophis miiiaris (L.) Pulmão Jacarezinho Paraná 16/1/942 5.527 Liophis miiiaris (L.) Pulmão Curitiba Paraná 19/1/942 5.525 Liophis miiiaris (L.) Pulmão Restinga Séca Rio G. do Sul 23/1/942 5.523 Liophis miiiaris (L.) Pulmão Restinga Sêca Rio G. do Sul 23/1/942 5.533 Liophis miiiaris (L.) Pulmão Restinga Sêca Rio G. do Sul 23/1/942 (1) Pertencera a uma só necropsia. Westella, n. g. Diagnose genérica: Plaffiorchiidae : Corpo espatulado, com maior largura na metade posteri^^ do corpo. Cutícula revestida de espinhos. Ventosas quasi iguais; acetábulo pr*" equatorial. Esôfago curto. Cecos atingindo o terço posterior do corpo. Te* tículos lisos ou sub-lobados, post-equatoriais, com campos afastados e zonas pa^ cialmente coincidentes. Bolsa do drro muito desenvolvida, recurvada para lais» com uma parte basal muito dilatada; contem vesícula seminal enovelada, long® ductus e um cirro tubular e inerme. Poro genital post-acetabular, pre-equatoriall lateral à linha mediana do corpo. Ovário liso, menor do que os testículos, equ*' torial e oposto ao poro genital. Vagina tubular, musculosa, recurvada extern»' mente sôbre o ramo descendente da bolsa do cirro. Útero composto por um ratn® descendente fino e sinuoso que atinge a extremidade jxjsterior do corpo, e ^ outro ascendente, muito calibroso, que passa entre os testículos, forma vári»* curvas e atinge a região acetabular. \'itclinos na maioria intra-cecais e disposto^ em dois campos, mais ou menos distintos, que se estendem da zona o\-ariana * post-testicular ; são formados por cachos de ácinos volumosos. Receptáculo ^ minai e glândula de Mehlis presentes. Parasito do esôfago e cavidade bucal ^ ofídios. Espéde tipo: Westella sulina, n. sp. Êste gênero é próximo de O pisthogonimus Lühe, 1900, dele se distinguiu^ principalmente, pela forma do corpo e pela posição do poro genital. cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 Paulo de T. Artigas; J. M. Ruiz Jfc A. T. Leão — Tremalóides de Ofidios 161- Westella sulina, n. sp. (Figs. 4 e 5) Diagnose específica: ^Vestella: Corpo de tamanho médio, espatulado, com o terço anterior mais '^cígado; comprimento de 6,93 a 7,53mm. Largura ao nivel do acetabulo ^•a- *^^do entre 1,33 e l,91mm. Cutícula revestida de espinhos dispostos em filas transversais, mais ou menos densos no terço anterior do corpo e faltando nas ®^remidades. Ventosa oral sub-terminal, voltada para a face ventral, circular, ®'edindo 0,424 a 0,692mm de diâmetro. Acetábulo circular, imediatamente su- P^or à linha divisória dos terços médio e superior, medindo 0,537 a 0,636mm diâmetro. Distância entre as ventosas rariando de 1,908 a 2,403nun. Dis- tada da bifurcação cecal ao acetábulo de 1,272 a l,626mm. Pre-faringe com '^ca de 0,150mm. Faringe musculoso, trapezóide, medindo 0,141 a 0,183mm comprimento por 0,183 a 0,240mm de largura. Esôfago curto com 0,169 a ®"2&2mm de comprimento. Cecos sub-iguais, distando de 0,848 a l,484mm da ^^remidade posterior do corpo. Testículos sub-iguais, arredondados ou ligeira- **’®’te lobados, imediatamente post-equatoriais, intra-cecais e cecais, com campos “•tiito afastados e zonas parcialmente coinddentes, medindo 0,449 a 0,820mm de '^primento por 0,353 a 0,452mm de largura ; testículo anterior com campo coin- ^'fentc com o poro genital ; testículo posterior com campo coincidente com o ovâ- Vasos eferentes unindo-se na base da bolsa do cirro. Esta é um órgão desenvohndo, apresenta uma parte basal dilatada, situando-se do lado ova- *^ 0 , da qual se origina um ramo mais delgado que se dirige para o lado oposto, ^^ndo em seu percurso uma cui^^a em forma de U voltado para baixo e tcr- '*'**iando próximo â linha cecal. onde se situa o poro genital ; contem uma vesícula **”’>nal tubular e mais ou menos enovelada, que ocupa cêrca de um quarto do '^'''primento total da bolsa, segue-lhe um longo ductus que se continua por ^ cirro medianamente calibroso e inerme. Mede a bolsa do cirro 1.696 a ‘■^^Imm de comprimento por uma largura máxima de 0,166 a 0.339mm. Ová- ^ ^'•alado, liso, post-acctabular, pre-tcsticular, medindo cérca de 0,353mm de '^^Primento por 0,254mm de largura. O útero é extremamente caraterístico; 'I^resenta um ramo fino que, descendo por um dos lados, forma numerosas circun- ^luçôes na parte posterior do corpo, ascendendo pelo lado oposto; a uma certa '^^'Jra o ramo ascendente avoluma-se bruscamente e, formando três ou quatro cur- insinua-se entre os testículos, atinge a zona acetabular e dirige-se para o lado *^inando ao nivel da vagina. Este órgão é tubular, muito volumoso e rodeado ^ células glandulares, recur\ado sôbre o ramo descendente da bolsa do cirro; cérca de 0,777mm de comprimento por cerca de 0,197mm de largura. Re- *^|^lo seminal o\’alado, para-orariano, medindo 0,183 a 0,452mm de compri- por 0,141 a 0,31 Imm de largura. Glândula de Mehlis entre o receptáculo 5 162 Memórias do Instituto Butantan Tomo XVI seminal e o ovário, ^'itelinos dorsais, intra-cecais e cecais. divididos em dois campos mais ou menos distintos, formados por numerosos cachos de ácinos vo- lumosos que se estendem desde a zona ovariana até a região post-testicular, pouc® além da linha que divide os terços médio e posterior. Ovos numerosos, ovai»> de casca delgada, operculados. medindo 0.018 a 0.028mm de comprimento por 0,011 a 0,017mm de largura. Hospedeiro tipo: Philodryas sclioltii (Schlegel). Xome \-ulgar: *‘Pare- lheira”. Localização: Cavidade bucal e esôfago. Localidade tipo: Tuparai — Rio Grande do Sul — Brasil. A descrição e medidas apresentadas para a presente espécie foram baseadas em seis espécimes comprimidos e montados, fichados sob o Xo. 5.316 e deposi- tados na coleção de Parasitologia do Instituto Butantan. DISCUSSÃO ■ a) Posição sistemática do gênero Westclla: Pelas caraterísticas morfológicas, o novo gênero Westclla deve ser incor- porado à subfamilia Opisthogoniminae Travassos, 1928, de acordo com os têr- mos da definição diagnóstica estabelecida por Mehra (1931). Desta forma. ^ referida subfamilia passaria a ficar integrada pelos gêneros O pisthogoniia*^ Lühe, 1900, e Westclla, n. g.. b) Posição sistemática do gênero IJophistrema: Nas diferentes subfamilias dos Plagiorchüdae não é possível eiujuadrar êst* novo gênero de trematóides. A caraterística essencial do gênero Liophistremo r a localização post-acetabular do poro genital. Esta larticularidade é comparti' lhada pelos gêneros Opisthogonitmis Lühe, 1900. c Lissorchis Magath, 1918- O gênero Opisthogonimus. tipo da subfamilia Opisthogoniminae tem, toda* via, particularidades morfológicas que o afastam de modo decisivo de Liophif' trefna : ao passo que naquele gênero o poro genital é post-o\-ariano e. em ger»*- de situação testicular, no gênero Liophistrema o poro genital é pre-orariano ^ pouco distante do acetábulo. De outro lado, a fonna. disposição, situação ‘ tamanho da bolsa do cirro são outros caracteres que devem ser levados ei» consideração. O gênero Lissorchis, criado por Magath (1918) e que serve de tipo à í*' milia Lissorchiidae Poche, 1926, embora participe da particularidade de ter poro genital post-acetabular, apresenta \-árias caraterísticas que o distanciam co*’" ''ideravclmente de Liophistrema; são entre outros: a posição nitidamente latef** G Paulo de T. Artigas; J. M. Ruiz Jt A. T. Leão — Tremalóides de Ofídios 163 poro genital, a forma fortemente lobada do ovário, a disposição dos vitelinos. ^ disposição e situação dos testículos no terço posterior do corpo. Assim sendo, embora sem procurar elementos de ordem evolutiva, como o conhecimento das formas larvárias e a anatomia perfeita do aparelho excretor. P®rece-nos razoável propor o estabelecimento, dentro da família PlagiorchUdac, subfamilia Liophistreminac, n. subfam., com os s^[uintes caracteres: Liophistreminae, n. subfam. Plaffiorchiidac: Poro genital de situação post-acetabular e pre-orariana. focalizado ligeiramente para fora da linha mediana na espécie tipo do gênero tipo. f^olsa do cirro pequena, pre-ovariana. dirigindo-se do lado do ovário jara o - 10 : 368.1918. A iro//, — On threc new trematodes from reptiles — Proc. Zooi. Soe. London :683.1911. Aifotí, IF. — Trematodes from animais d>^ng in the Zoological Sodety’s Garden during 1911-1912 — Proc. Zool. Soc. 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(Trabalho colaboração doa Laboraiónoa de ParatiteJocia do Instituto Butaotan e da Faculdade de Farmácia e Odontolofia da Unirtraidade de Slo Paulo. Entrrj^ue para publicaçáo em e dado á publicidade cm íe* vereiro de 1943). 9 Fic. 3 Licf^kistrrm^ n. u., t *P- — Pormenor da bo*»a do cirra Desenho feito in snro ^ Fic. 1 ^imcnmUs, n. g., n. »p. — TÍfta total cm SciELO Pauu) de T. Artigas; Jcsê M. Huiz & Ahistotehis T. Le.\o — Trematúides de Ofidios. Mcni in esôfago de dois hospedeiros da mesma localidade (Lâminas Nos. 3.708 e 3.709)- 2 José M. Ruiz & Aristoterjs T. Leão — Notas Helminlológicas. 1 173 os quais foram comparados com 21 exemplares paratipos capturados na cavidade l>ucal e no esôfago das seguintes espécies de cobras: Dryophylax palltdus (L.), proveniente de Marechal Mallet, Paraná (Lâminas Nos. 5.129 e 5.130); ^f^yophylax pallidus (L.), da mesma proveniência (Lâmina No. 5.181); To- "todon dorsafus Duméril & Bibron, proveniente de .Araucária, Paraná (Lâmina Xo. 3.695). As lâminas acima referidas acham-se depositadas ra coleção de parasitolc^ia tio Instituto Butantan. •As medidas foram tomadas em material comprimido e montado. .A presente espécie se distingue de todas as outras principalmente: a) Pela morfologia da bolsa do cirro, a qual apresenta a parte basal muito •lilatada e com espessura pelo menos duas vêzes maior que a dos ramos trans- verso e descendente; êste caráter não existe em nenhum outro Opisthogonimus. b) Pela disseminação dos vitelinos que atingem francamente a região ace- **bular e que não ultrapassam de muito a zona post-testicular. Opisthogonimus fonsccai, n. sp. Diagnose específica: Opisthogonimus. Trematóide de tamanho médio, de ***usculatura bem desenvolvida, de forma ovalar, extremidades arredondadas, sen- a posterior ligeiramente mais afilada. Comprimento \'ariando entre 3,312 e ■'•l40mm. Maior largura na região acetabular, \*ariando de 1,527 a l,656ram. \'entosa oral subterminal, voltada para a face Nxntral. circular, com 0.474 * 0,552mm no sentido longitudinal por 0,460 a 0,552mm no sentido transversal, ^r^e-faringe quasi nulo. Faringe musculoso, trapezóide, rodeado de células de ^v^tureza glandular e medindo de 0,182 a 0.205mm no sentido do comprimento P^r 0.243 a 0.258mm no sentido da largura. Esôfago rudimentar ou ausente. ^*cos simples, muito largos e formando numerosas dobras cm todo o seu per- '*>fso, terminando muito próximo da extremidade posterior do corpo. Testículos ^•sos ou ligeiramente lobados. arredondados, situados na metade posterior do cor- cecais e intra-cecais, com campos bem afastados e zonas jMrcial- ou totalmente ®^nadentes; medem de 0,312 a 0,456mm no sentido do coinprimento por 0,386 ' 0.515mm no sentido da largura. Bolsa do arro longa, recur\’ada, indo da acetabular até próximo do limite superior da zona testicular, medindo cerca 1.380 a l,748mm de comprimento; contem vesicula seminal tubular e recur- ^da sôbre si mesma e longo cirro tubular, inerme c protractil. Poro genital ^tral. submediano. próximo do limite superior da zona testicular. Ovário ar- redondado ou ovalar, às vezes, levemente lobado, com zona coincidente parcial- ^ totalmente com o acetábulo, medindo de 0,220 a 0.312mm no sentido do cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 174 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI comprimento por 0^20 a 0,294mni no sentido da largura. Receptáculo seminal alongalo, post-ovariano, lateral ou para-mediano medindo 0,152 a 0,228mm cc comprimento por 0,091 a 0,167 mm de largura. Glândula de Mehlis para-ort- riana pouco distinta. Útero muito desenvolvido, consistindo de lun grosso ramo mediano, recurvado à maneira de um ptonto de interrogação, indo da zona ace- tabular até a extremidade posterior do corpo, e de algumas alças post-testiculares. Vagina relativamente curta e grossa, frequentemente ondulada, acompanhando extemamente o ramo descendente da bolsa do cirro em sua porção mais distai, mede de 0.452 a 0,760mm de comprimento. Ovos muito numerosos, acasta- nhados, de membrana fina e com pequeno opérculo, medindo cêrea de 0,030mni de comprimento por 0,01 5mm de largura. Vitelinos dorsais, principalmente intra-cecais, com campos indistintos, formados por ácinos dispostos mais ou me- nos irregularmente em pequenos cachos, indo da zona post-os^ariana até pouco além da zona post-testicular. Poro excretor mediano e sub-terminal. Hospedeiro tipo: Xenodon merremii (Wacler) — Nome vulgar: Boipéva. Habitat : Cavidade bucal e esôfago. Localidade tipo: Suzano — São Paulo — Brasil. As medidas foram tomadas em material comprimido e montado. A descrição desta espécie foi Itaseada em cinco cotipos, provenientes de u^ único lote. ficliado sob o No. 5.325 na coleção de parasitologia do Instituto Bn- tantan. Esta espécie se distingue das demais existentes no género pelos seguintes caracteres principais: a) Forma e tamanho do corpo. b) Posição, tamanho c forma dos testículos. c) Conformação e comprimento dos cecos. d) Posição do poro genital. Ofnsthorjonimus percirai, n. sp. Diagnose especifica: Opisthogonimus. Trematóide grande, de forma aloO' gada e de extremidades arredondadas: extremidade posterior mais atenuad*- Cuticula densamente revestida de espinhos, com exceção das extremidades. ^ corpo é guarnecido por uma musculatura bem desenvolvida. Mede de 9,50 * 12.0mm de comprimento por 225 a 2.75mm de largura na região acetabult^- Ventosas circulares: ventosa oral subterminal. voltada para a face ventral, n»«* dindo l,104mm no sentido longitudinal por 1,1CM a l,196mm no sentido tran*" ^•ersal ; ventosa ventral situada na metade anterior do corpo, medindo de 0,920 * l,012mm de diâmetro. A distância entre as ventosas \-aria de 1,527 a 2,944m0’' cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 José M. Ruiz & Ahistotkris T. Leão — Notas Helminlolõgicas. 1 175 Pre-faringc nulo ou rudimentar. Faringe musculoso, trapezóide, medindo de 0.137 a 0.324mm no sentido do comprimento por 0,152 a 0,418mm no sentido largura. Esôfago pequeno, com cerca de 0.200mm de comprimento. Cecos íimples. terminando a cerca de 1,258 a 2,484mm da extremidade posterior do ^po. Bifurcação cecal distando mais ou menos 1,049 a 2,024mm do bordo *nterior da ventosa ventral. Testiculos lisos, arredondados, sul>-iguais, situados **0 terço médio do corpo, intra-cecais e cecais, com campos pouco afastados e *®nas coincidin.io pardalmente, medindo de 0,920 a l,012mm de comprimento 0,582 a 0,828mm de largura. Canais eferentes calibrosos, com a parte ^sal formando um pedúnculo avolumado na superficie dos testiculos. Bolsa do **tTo tubular, longa e recurvada, com a extremidatle basal afilada, medindo de ~.(i68 a 3,220mm de comprimento por 0,184 a 0,312inm de largura na região vesicula seminal ; contem vesícula seminal longa e tubular, enovelada, longo '^nal ejaculador e cirro tubular e inerme. Poro genital próximo da linha media- do corpo, no limite superior da zona do testículo posterior, distando de 1,288 ^ 1.656mm do bordo posterior da ventosa ventral. Ovário liso. arreclondado. •ateral ou submediano, inferior e próximo da ventosa ventral. medindo de 0.460 * 0.88mm no sentido longitudinal por 0.423 a 0.533mm no sentido transversal. ^*permateca o\*alada, logo aliaixo do orário, medindo de 0,114 a 0.320mm no '^tido do comprimento por mais ou menos 0.212mm no sentido da largttra. Glân- dula de Mehlis situada entre o ovário e o receptáculo seminal. Útero formando ^>■138 circunvoluções post-testiculares. inclinarias c no sentido longitudinal do ocupando toda a porção posterior, mascarando, cm parte, as terminações '''^is c ascendendo, em um ramo volumoso c rccur\-ado. ate a \-agina. Vagina lubular, muito calihrosa, pouco distinta, recurvada. ]nralcla c externa ao ramo "d^endente da bolsa do cino: mede mais ou menos de 0,376 a l,104mm de com- ru^itnento. Ovos numerosos, castanho-claros, de casca delgada, operculados, me- 'd'ndo de 0.026 a 0.034mm de comprimento por 0,01 5mm de largura. \'itclinos 'dorsais intra-cecais. formados jxir ácinos arredondados c volumosos que se agru- pa em cachos compactos, á maneira dos cachos de u\’as. indo da zona ovariana pouco alem da zona testicular. Poro cxcrctor mediano c terminal. Hospedeiro tipo: Chiromus carínaíus (L.) — Xome vulgar: Cobra cipó. Habitat : Esôfago. Localidade tipo: Suzano — São Paulo — Brasil. As medidas foram tomadas em material comprimido e montado. Baseia-se a descrição desta espécie cm 4 exemplares depositados na coleção parasitologia do Instituto Butantan, sob No. 5.151. OHsthogonitmis pcrcirai, n. sp.. sc aproxima Instante de Opisthogommm ^^'^odryadum (West, 1896). diferindo, no entanto, prindpalmentc pelo tamanho Corpo c pela forma e disposição dos ritelinos : éstes se dispõem cm cachos com- em SciELO 10 11 12 13 14 15 16 176 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI pactos, formados por grande número de ácinos volumosos e arredondados, que estendem em dois campos geralmente bem distintos. ABSTR,-\CT Three new Trematoda spedes are described, belonging to the genus Opistho- ffonitnus and parasiting Brazilian snakes. 1 — Opisthogonimus artigasi, n. sp. — The present species is recognized by the following characteristics: the cirrus pouch has the basal portion ver?' widely inflated and nvice or more as broad as the transversal and descending branches. "rbis aspect is not seen in any other species of the genus. The sntellaria acini are seen írom the acetabular zone up to the testiculat ^cgion; they scarcely reach the post-testicular region. 2 — Opislhogonimus fonsccai, n. sp. — It is distinguished by : The shape and size of the body; the situation. size and morphology of tK testis; the morphologj’ and length of the ceca, and the situation of the geni»* porus. 3 — Opisthogommus pereira!, n. sp. — This species and O. philodryadu** are vety alike, however O. pcreirai can be distinguished by the size of the bodf and the situation and morphologj- of the vitellaria which are formed by many com- part. large and somewhat spherical adni, disposed in two quite inJependent ficlds- BIBLIOGRAFÍ.\ 1 — Lüke, M. — Ccntr. f. Bakt. Parasit. Infekt. 28 : 555.1900. 2 — XUolt, If 'iJliam — Proc. Zool. Soc. London 1:142.1914. 3 — ■ Cordero, H. 6r Vogelsang, //, G. — Cuarta Rnmton de Ia Soc. Argentina de Patologi* Regional dei Norte : 636.1928. 4 — Pereira. Clemente — Boletim Biológico 12:50.1928. 5 — Pereira. Clemente — Revista do Museu Paulista 16.1929. (Tralnibo ix cnliloneâo do« Laboralirios d< da Factddade de Farmácia e Odootoloeia da dade de Sáo Paulo c do lostitoto Batantan. FntrrS^ para poblicacáo em 27 de março de 1942 e dado á 9** blicidade em ferereiro de 1943). I i 6 SciELOi'o 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 L cm SciELOi'o 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 L cm José Ruiz & Aristoteris T. Leão - - Sotas Ilelmintológicas. 1 Mcin. In»<, Butantan VoL XVI — 1942 Fic. S ffrriri'. n. ip. I SciELO 595.122 NOTAS HELMINTOLÓGICAS Alvfumas considerações em tômo do gênero Leptopkyllum CoHN, 1902 (Trematoda: Plagiorchüdae ) FOR JOSÉ M. RUIZ & ARISTOTERIS T. LEAO Em 1902, Cohn, examinando a porção terminal do intestino de Chirottius f“Jcus (L.) (= Herpetodryas fuscus), cobra proveniente da América do Sul, **'controu numerosos trematóides que descreveu sob o nome de Leptophyllum ^^*nocotyle, estabelecendo assim um novo gênero. Em 1929, Pereira, estudando os trematóides das serpentes brasileiras, ^''^ntrou um c.xemplar dc Plagiorchüdae^ no intestino de Xenodon merremü ^''agi,er), proveniente do Instituto Butantan, descrevendo-o sob o nome de ^'n-trema travircma, n. g., n. sp.. Êste mesmo autor considerou o gênero Trav- próximo de Enodiotrnna Looss, dando a seguinte diagnose genérica: "Plagiorchüdae: Corpo pouco alongado, com maior diâmetro na altura da '®’ião dos dois terços anteriores com o terço posterior; acetábulo prc-equatorial : ^0 genital lateral, pre-acetabular ; bolsa do cirro globosa e muito muscular, pre- *^abular, contendo vesícula seminal bem desenvohdda e parte pro«tática alon- cirro imperceptível: vagina piri forme c grande, apresentando uma luz no- '^'^elmente franjada; útero pouco espesso, descrevendo numerosas alças no terço ^'[^sierior do corpo ; orârio kteral, atingindo o limite posterior da zona acctabular ; ^'linos dispostos em dois grupos laterais, constituidos cada um por cérca de dezena de áddos volumosos, cecais, intra- e extracecais, pouco excedendo os '*^‘tes da zona tcsticular; cecos apenas atingindo o terço posterior do corpo”. ^ O desenho que acompanha a descrição mostra, em seu pormenor da bolsa rirro, uma vesícula seminal bem desenvoldda, uma parte prostática delgada c órgão tubular, calibroso, guarnecido de espinhos fortes, que representa a por- terminal da bolsa. Contrariando a afirmação do autor, não vemos neste cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 188 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI órgão mais que um forte e bem desenvohndo cirro guarnecido de esndente arnU' dura espinhosa. Por outro lado, cremos que Pereira não tivesse tomado conhecimento do tra- balho de Cohn que criava o gênero Leptophyllum, cuja descrição coincide em grande (xirte com a do gênero Travtrcma^ que julgamos não dera prevaleccf- Para a nova espécie de Pereira, e de acôrdo com as Regras Internacionais de Nomenclatura Zoológica, seria cabível, uma vez diferenciada especificamentc, * denominação Leptophyllum travtrema (Pereir.\, 1929). Mcintosh, em 1939, encontrou no reto e cloaca da cobra Agkistrodon pisc^~ vorus, nos Estados Unidos, exemplares de trematóides que descreveu sob o non>c de Leptophyllum tamiamiensís. Êste autor fazendo considerações cm torno do gênero o aproxima também (como já o havia feito Cohn) do gênero EnodtO' treitui: “On account of the heavily armed cirrus (presence of spines not men* tioned by Cohn but from h;s figure they appear to have been present) there appear to bc little doubt that the genus should be assigned to the Enodiotrcnuiilntt* Baer. 1924”. No mesmo ano, Byrd c Roudabush descreveram a espécie Leptophyll»*^ ovalis do intestino delgado da cobra Xatrix taxispilota (Holbrook), proveniente de Flórida (Est. Unidos), como sendo a terceira espéde de Leptophyllum des- • crita até então. ( Tanto Mcintosh como Byrd e Roudabush desconheciam o trabalho de reira, cuja espécie coincide em todos os detalhes com as espécies dos referido* autores. Mas por outro lado Byrd e Roudabush afirmam: “The present spccie* rescmbles very closely the two species assigne taria integrado pelas espédes: L. stenocotyle Coiix. 1902, L. tamiamíerts» McIntosii, 1939, L. otvlls Byrd c RouDABrsn, 1939, e L. travtrema (F®* REIRA, 1929). Tivemos ocasião de fazer obsei^-ações pessoais trabalhando com oito lot** de Leptophyllum de várias procedências. Dos inúmeros exemplares examinado' não nos foi possível diferenciar mais de uma espécie, por não haver um carátf*^ de natureza constante que o permitisse, considerando unicamente os detalb^ anatômicos. Esta espécie poderá ser descrita nos seguinte.s têrmos: TrciP*' tóide de pequeno talhe. Corpo de aspecto foliáceo com extremidades arredo**' dadas; e.xtremidade posterior mais larga. Cutícula inerme. Comprimento '■*' riando de 0.975 a 3.220mm. Largura máxima ao nivel da zona testicul*^ rariando de 0.644 a 1 .564mm : medidas tomadas em exemplares comprimido*’ Ventosa oral subterminal. voltada para a face ventral. medindo de O.lS’^ * , 0.4(Mmm no sentido longitudinal por 0,102 a 0,423mm no sentido transvef**^ •) Josá M. Rfiz & Akistotehis T. Leão — Notas Helraintológicas. 2 189 Ventosa ventral muito desenvolvida, situada geralmente na metade anterior do corpo, às vêzes atingindo a região equatorial, medindo de 03)2 a 0,47Smm no *cntido longitudinal por 0,347 a 0,699mm no sentido transversal. A distância '^ttrc as ventosas varia de 03)2 a 0.717mm. Pre- faringe nulo. Faringe mus- goso, arredondado, medindo 0,060 a 0,083mm no sentido longitudinal por 0,129 * 0.167mm no sentido transversal. Esôfago geralmente pequeno, às vêzes nulo. Ungindo o comprimento máximo de 0,076mm. Cecos simples, delgados, esten- ')cndo-se até a zona testicular ou ultrapassando-a de leve; a distância da e.xtre- '*tidade do corpo aos cecos \-aria entre 0.129 e 1.288mm. Tcsticulos de forma e *^tnanho muito variáveis, sempre irregulares no contòrno; situam-se na metade posterior do corpo, intra-cecais, com campos afastados e zonas coincidentes, em- muitas vêzes o sejam em parte. O testiculo direito c sempre menor, me- •lindo de 0,184 a 0,553mm no sentido longitudinal por 0.129 a 0,405mm no *ada. o anterior sendo geralmente arredondado c mais volumoso: encerra grande ^wtncro de espermatozóides que lhe dão um aspecto enovelado, quando exami- "^da com forte aumento: a seguir \-amos encontrar uma parte prostática tubular, ^jo comprimento ê variável; finalmente um drro muito desenvolvido constitue * part»* terminal: êste ê giamecido de forte armadura espinhosa: os espinhos ^^tcsentam uma |«rte basal globosa c se dispõe em fileiras longitudinais, não '^'lito regulares: a porção l>asal do cirro c mais calibrosa e nessa altura inten- ''^'cam-sc as projeções espinhosas. No interior «la bolsa do cirro notamos inú- cêlulas que envolvem as partes descritas, parecendo de natureza glandular. ^ poro genital situa-se latcralmcnte ao nivcl da linha cecal c na zona comprccn- «mtre a ventosa ventral e a bifurcação intestinal. Ovário liso. arredon- cu ovalado, com o sentido de maior diâmetro geralmente inclinado; situa- latcralmcnte na porção compreendida entre o quadrante inferior da ventosa '*tUral c o testiculo esquerdo: mc«lc de 0.092 a 0.276mm Td, Parker & Rcilter, bem como por nós mesmos. Quanto à validade e posição sistemática deste gênero, portanto, parece não haver mais motivo de dúvidas. Byrd, Parker ít Reiber fizeram recentemente um acurado estudo sôbre o aparelho excretor de L. tamiamiensis, sendo por êlc* colocado entre os Plagiorchiidae, como já o havia feito Baer em 1924. Mas au passo que Baer, apoiado por Mcintosh (1939), o incluia na subfamilia Enodio" trematinae B.ser. 1924, êstes autores o colocam em uma nova subfamilia. Lepti'*’‘ nim of the former. The specific \-alidity of Percira’s species being proved, it should be call*^ Leptophyllum trazirenm. constituting the second species of the genus. The cies L. tamiamicnsis McIntosh. 1939, and L. ozvlis Byrd and RomABfS** 1939, would be the third and fourth species respectively of the mentioned gei»>^ 8 José M. Ruiz & Aristoteris T. Leão — Notas Helmintológicas. 2 195 Working on cight lots of LeptophyUutn oí the cx)llection of the Instituto ^utantan. and provenient from the States of São Paulo, Paraná and Rio Gran- •le do Sul, found in the large intestine of 5 different spedes of snakes, the au- ^rs were not able to discover more than one spedes, the length of which ^ed from 0,975 to 3,220mm. Thus the very unccrtain value of the hosts *pcdfidty was eddendated as well as the difficult separation of more than one *Pedes wlthin the somewhat b:oad limits. By the comparison of the drawnngs of Cohn, Pereira, Mcintosh, Byrd and ^^dabush with the spedmens examined, it is stated that they were morpholo- Pcally identical, with small variations that always oceur in the same spedes *^cr\-ed under different conditions and by different authors. In view of these obser^^ations it will be difficult to distinguish the species travtrcma, L. tamiamitnsis and L. ovalis from the t)’pc spedes L. stcnocotyle, ^lizing the conditions under which Cohn worked. As to the \'alidity of the genus Leptophyllum. it seems that no doubts are its systematic position being in the family Plagiochüdae. 1 BIBLIOGRAFIA Cohn, Ludxcig — Centr. Balct. I. Abt. Orig. 32:877.1902. ' Baer, J. G. — Parasitology 16.1924. '■ Travassos, L. — Scienda Medica 2(11) : 618.1924. ^ "■ Travassos, L. — Mem. Inst. Osw. Cruz 21(2) : 309.1928. ^ Pereira, C. — Boletim Biológico 16:92.1929. ^ ifclntosh, AUen — Proc. Helminth. Soe. Wash. 6:92.1939. ' Byrd, E. E. & Roudabush, R. L. — Jour. 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Faringe pequeno, cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 2U4 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI medin io 0.084 a 0,113mm no sentido do comprimento por 0.098 a 0.155mm de | largura. Em continuação existe um esôfago bem desenvolvido, cuja porção basaJ é mais dilatada; mede 0.311 a 0,480mm de comprimento e sua largura é próxiffl» I da do faringe. Cecos simples, praticamente iguais, estendendo-se até bem próxim® | da extremidade posterior do corpo, como em I. infidum, distando desta O,565nuo em média. A porção terminal é bem mais dilatada. Testículos lobados mais oU menos intensamente, de situação imediatamente superior à linha equatorial, bof' dos parcialmcnte coincidentes com a margem do acetábulo. intra-cecais, com caiu* pos afastados e zonas coincidentes: o testículo do lado orariano tende a ser mais volumoso: medem 0.226 a 0.296mm no sentido do comprimento por 0,123 3 0.264mm de largura. Vasos eferentes unindose ao nivel da base da bolsa tio cirro. Esta é um órgão tubular com a base mais dilatada; inicia-se próximo 'lo bordo suijerior do acetábulo, na linha mediana do corpo e dirige-se no scntitl*^ súpero-latcral : mede 0,367 a 0,494mm de comprimento e cérca de O.llSmm d- largura máxima; contem uma vesícula seminal ovalada com cérca de 0,185mm tle comprimento e 0,098mm de largura ; seguem-lhe uma curta parte prostática e uin cirro tubulares. Poro genital ligeiramente lateral, ao nivel da bifurcação e iin** diatamente para fóra do ramo cecal. Ovário arredondado ou alongado, inclinado- post-acetabular. sul>-mediano, com zona parcialmcnte coincidente com os testículo^ e não raro cont o acetábulo: mede 0.240 a 0,296mm no sentido do comprimeníO por 0,183 a 0.240mm no sentido tia largura. Glândula de Mehlis para-o\-arian»- Receptáculo seminal e canal de Laurer não foram observados. Útero constituitlo por numerosas dobras irregulares que se estendem desde o nivel da linha equato* rial até muito próximo da extremidade posterior do corpo, ocupando toda a áre» intra-cccal e cobrindo grande parte dos cecos, os quais ultrafassa lateral- e jx)stf' riormente. O ramo ascendente margeia a linha mediana do corpo, afila-sc e mina numa vagina delgada e longa paralela e externa à bolsa do cirro. As altc^' turas masculina e feminina são contíguas. Ovos muito numerosos, medindo 0.0->' a 0,025mm de comprimento por 0,011 a 0,014mm de largura. Vitelinos le foni>* dendritica, laterais, no terço medio do corpo, estendendo-se desor Choledocyslus cucharis, n. g., n. sp., {Trcnuitodai Plagiorchiidae) ■^fch. Inst. 3iol. S. Paulo 12:311.1941), criando o gênero Choledocyslus, *’'uito próxinx) de Glypthclmins Stafford, 1905, diferenciando-se deste principal- •^mtc pela ausência de receptáculo seminal, julgamos acertado colocar no refe- ndo gênero a espêae que, por nos parecer nora, passamos a descrever sob o titjmc de : Choledocyslus vesicalis, n. sp. Diagnose especifica: Plagiorchiidae de pequenas dimensões, o\*alado ou ligeiramente pirifomie. ®>«dindo 1,597 a 1,71 Imm de comprimento por 0,881 a l,067mm de largura má- *inia, ao nivel equatoríal. Cutícula revestida de pequenos espinhos delgados, •lirigidos no sentido ãntero-posterior do corpo c estendendo-se por toda a su- P^fície do mesmo, sendo menos numerosos na extremidade posterior. Apre- *^tam a mesma dimensão em todo o comprimento do corpo. Vetitosa oral cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 210 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI drcular, sub-terminaJ. voltada para a face ventral, com um diâmetro \-ariando entre 0.205 e 0.213mni. Pre-faringe praticamente nulo. seguido de um fa- ringe musculoso que mede 0.106 a 0,114mm de comprimento px>r 0,137 a 0,177mm de largura. Esôfago curto, com cérca de 0,038 a 0,053 de comprimento. Nu- merosas células de natureza glandular envolvem a região esofagiana. Cecos longos, sub-iguais, atingindo a distânda de 0,092 a 0.221 mm da extremidade ixjsterior do corpo. Ventosa ventral mediana, situada imediatamente adma da linha equatorial, drcular, com um diâmetro de 0.198 a 0.281 mm. Testículos o\-alados. situados imediatamente abaixo da linha equatorial, intra-cecais e cc- cais, com campos afastados e zonas quasi coinddentes. Testículo direito coni campo em coincidência com o ovário, medindo 0.198 a 0,266mm de comprimento por 0,152 a 0.228mm de largura. Testículo esquerdo geralmcntc num nivd mais superior, medindo 0.228 a 0.266mm de comprimento por 0,186 a 0.228mni de largura. Bolsa do cirro muito desenvolvida, arqueada em C. com a concad- dade voltada para a esquerda; inicia-se em altura s-ariável ã direita da vcnto-a ventral e dirige-se para a região súpero-lateral esquerda do mesmo órgão, ao nivel do ceco. onde se situa o átrio genital. Mede a lx)lsa do cirro 0,380 a 0.456mm de comprimento por 0,099 a 0,129 de largura máxima lu porção l) 3 sal- O seu conteúdo não foi bem obsecrado; impediu-o o grande número de glândulas prostáticas ai existentes, entretanto, é evidente uma vesícula seminal globosa. na {Kirte basal, seguida por uma dilatação menor da qual .se origina o duto eja- culador. cuja trajetória não nos foi dado obserrar. CHário sub-esfcrico ou li- geiramente pi ri forme, ao lado direito da ventosa ventral, com zona coincidindo ou não com êste órgão; menor que os testículos. me.st-te.sticular. que não foi obsertada, como não o foram em toerior e a segunda do ramo inferior; estas .se dividem em dois c^os. ntas c possível que a divisão seja em três ramos, um dos quais não foi •observado. E as.sim seria 2 ((3 -j- 3 + 3) + ri- ^ -f ^)1 «"s fómiula do s'stema excretor. Mas pelo que nos foi dado verificar. rc|)etimos. a terceira ra- '•tificação não existe. Desse modo o aparelho e.xcretor seria idêntico ao dos Di- Cfocoelideos. ou seja subordinado à fórmula 2 [2 2 2) -r (2 2 -j-2)]. ^ aspecto do conjunto ê. aliás, idêntico ao por nós obscr\ado em Mesococlium ^^icrocoeliidac). Como não tivemos, entretanto, oix>rtunidade de observar ^*ídos posteriores que venham dar mais esclarecimentos a esta contribui- ndo. Entretanto, desde já podemos afirmar que a mesma ê sem dúvida do tipo + X -t- x) -f (x -f X -f- x)]. Hospedeiro: Bufo marínus (L.). I-ocalidade tipo; Butantan — Capital — São Paulo. Localização; Vesiaila biliar. Diagnose diferencial: Choledoeystus vcsicalis. n. sp., se diferencia de C. cucliaris, espécie tipo do ?cnero. pelos caracteres seguintes próprios à nova espécie: 1) Menor tamanho do corpo. 2) Situação da ventosa ventral. 3) Situação post-equatorial dos testículos. 4) Extensão dos vitelinos. .n ) Hospedeiro. cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 212 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI A descrição de Choledocystus vesicalis, n. sp., foi baseada em quatro exem- plares cotipos, comprimidos e montados, um dos quais fragmentado, fichados sob o No. 3.6&4^ na coleção da Seção de Parasitologia do Instituto Butantan. RESUMO 1 . No presente trabalho é descrita uma nova espécie de trematóide, CholedO' cystus vesicalis. n. sp., parasita das vias biliares do sapo. Bufo marinus (L.) e que constitue a segxmda espécie do gênero Choledocystus Pereira & CuoooLo, 1941, gênero êste muito próximo de Glyfthelmins Stafford, 1905. 2. A presente espécie se diferencia de C. eucharis Pereira & CuocoLO, 1941» pelos seguintes caracteres: situação da ventosa ventral; situação post-eqn*' torial dos testículos; extensão dos vitelinos e hospedeiro. 3. É feita uma descrição parcial do aparelho excretor, cujos detalhes não ÍO" ram observados, mas chega-se à conclusão que a fórmula representativa é do tipo 2 [(x 4- ^ -p 3c) -p (x + x -j- x)]. ABSTRACT 1 . In the present paper a new trematode species, Choledocystus vesicalis, n- sp., parasite of the biliary ducts of the toad. Bufo inarinus (L.), is dcs- cribed, bcing the second species of the genus Choledocystus Pereir.\ & CuoooijO, 1941, this one ver>* similar to Glyfthelmins St.\fford, 1905. 2. The present species is distinguished from C. eucharis Pereira & CuocotO/ 1941, by the following characteristícs: position of the ventral sucker; post- equatorial position of the testis; extension of the vitellaria and host. 3. A partial description is made of the excretor)* system, the details of which could not be e.xamined thoroughly, rcaching. however, the conclusion that the representative formula is of t)*pe 2 [ (x -f- x -f- x) -j- (x x x)]* (TrabaJlM áe col^boraçio átn Laboratório* do Inatitato Butantan e da Faculdade de Fam^ci* * OdoetolofU ado. Limitamos nossa obsers'ação a 3 horas, por se tratar de uma pro\a '^'«Jitatira (Fig 1). cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 220 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI Fic. 1 GaioiM para ccl ta t mrdída de oríoa Fazíamos ao mesmo tempo 4 lotes, dos quais um recebia hipófise e o* outros três cérebro ou tiróide, ambos de Philodryas sp., sóro fisiológico, hip-^**' talamo bovino e ainda pitressina Parke, Davis. Os ratos ficavam em jejum por 18 a 24 horas, inclusive privados de águ* e no momento da experiência recebiam por sonda gástrica 5 cm* de água, lige*' ramente aquecida, para cada 100 gramas de peso corporal. O material a testado era injetado subeutaneamente em volume de 0.2 cm* e nas doses, p»*^ cada animal, de 2 hipófises, 1 tiróide, 4 mg de pó de hipotálamo bovino. 2 * 4 mg de cérebro e 0.004 U de pitressina pwr 100 gramas de p>eso. Realizamos 5 experiências, com um total de 32 ratos, divididos em 8 lot«* de 4 animais. Para maior segurança nos resultados obser\’ados, utilizavamos mesmo lote. em dias diferentes, de tal maneira que o tratado com hipófise ^ primeiro dia na outra experiência tomava sõro fisiológico. Dêste modo, al^ do controle de outros grupos, o próprio lote servia de controle (cross-test). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na apreciação dos resultados mais importantes que o volume total elimina*^ pos 180 minutos ê o tempo de maior aumento, pois é compreensível que qua"**’ mais potente fôr a preparação, mais tardiamente aparece o maior débito urina, num dos intervalos de 15 minutos. cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 Ananias Porto & Manoel Fehr.az — Presença de hormônio anlidiurélico na hipófise de serpentes do gênero Philodryas 221 No Quadro I, que exprime a média aritmética dos volumes encontrados on nossas experiências, podemos notar a grande diferença no total eliminado entre os tratados com hipófise e os controles, durante o tempo de nossa ob- servação. A Fig. 2 dá idéia mais objeti\-a dos resultados encontnidos. Pode-se notar que a tiróide produriu um leve aumento no total eliminado, ^ela curs*a de excreção (Fig. 2) podemos deduzir a grande riqueza do principio ^ hipófise, mormente si considerarmos o total nos 180 minutos. No entanto ^ívem recordar que o material, injetado em suspensão, pode perfeit^ente ser *hsor\’ido mais lentamente, o que interfere não só intensidade como na du- *^ão do efeito. Si analizarmos a curva, verificamos que a ação da hipófise é ***3is prolongada, mas não tão intensa quanto a da pitressina. Com efeito, já *•*^5 primeiros 15 minutos ha presença de urina nos tratados com hipófise, ao Pisso que tal acontece, nos que receberam pitressina, só a partir do 30.® minuto, ■'^inda mais, o maior aumento no lote tratado com hipófise aparecendo aos 45 *”>nutos não significa necessariamente aquela ação diurética assinalada por ^lagnus e Schãfer (9), nem menor riqueza do prindpio, mas pode correr por ^ta da não absorção da substância ati^'a. cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 Ananias Porto i Manoel Feril^z — Presença de bomiõnio anlidiurélico na hipófise de serpentes do gênero Philodryas 223 A escolha do pó de diencéfalo bovino, do qual usamos uma área de um ^timetro de diâmetro na zona hipotalámica de implantação do pediculo hipo- fisário, nas experiências controles, foi baseada no interesse em se examinar êste pó, dadas as relações existentes entre esta parte do sistema nervoso e o aparelho ^cnal, na patologia humana. Nas nossas condições experimentais encontramos *í*na ação inibidora intensa, mas de pequena duração. Das experiências realizadas pode-se concluir pela presença de uma subs- *^cia antidiurêtica na hipófise de serpentes do gênero Philodryas. RESUMO Os autores, usando o método proposto por Bum, estudam a ação antidiu- fética da hipófise total de serpentes oviparas, não venenosas, do gênero Philo- ABSTRACT According to the method of Bum and with the dosis of 2 glands for each subcutaneously injected, it was obtained an antidiuretic action with the hy- Pophysis of oviparous snakes belonging to the genus Philodryas. BIBLIOGRAFIA Dc Lmeader, A. M.; Tarr, Lloyd & Geilmg, E. M. K. — J. Pharm. a. cxp. Thcrap. 51:142.1934. 2- Helltr, H. — J. Physiol. 99 : 246.1941. 2. Boyd, Eldon M. & Diffçuoll, SíaUolm — J. Physiol. 95 : 501 . 1939. Gilnujn. A. & Goodman. L. — J. Physiol. 90: 113.1937. Hare. A'.; HUify, R. C. Sr Hare. R. S. — Am. J. Physiol. 134:240. 1941. Thfobald. G. IP. & tPhilt. .U. — J. 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Morató, Albrieux et Fraenkel (5), emploj*ant la mcthode pro- Posée par Tun de nous, ont dcmontré la préscnce de ITionnone dans ITiypophyse lactants. Chance, Rowlands et Young (6) ont compare la teneur en thyro- irophine. gonadotrophine et prolactine des hj-pophyses humaines, bovines, equi- ''es, porcines et ovines. LTijqxiphyse la plus riche en prolactine est celle du **H)uton, puis celle du boeuf, de ITiomme, du porc et, en demier, celle du dieval. Selon ces auteurs la teneur en prolactine de la poudre du lobe antcrieur des ^ypophyses humaines sechées à lacétone serait de 59 milles unités intematio- ®^les par 100 g ou 0.59 u.i. par mg. Nous avons eu 1’occasion de vérificr ^activitc galactogcnique des hypophyses humaines selon Ic scxc et nous présen- lons ici les rcsultats de nos déterminations. MATÉRIEL ET MÉTHODE Nos essais ont été laits avec le matériel glandulaire obtenu, par deux fois, *^’autopsies humaines. A la premiére, en Mai de 1941, nous avons assembles hj-pophyses de cadavres d’adultes sans regarder le sêxe, et à la seconde, au ^'^nuncncemcnt de ITiiver entre 14 Juin et 24 Juillet, nous avons reuni 36 hy- l*^hyses d’homme de 18 à 85 ans et 23 hypophyses de femmes non lactantes 18 à 95 ans des quelles 10 au dessus de 40 ans. Les hypophyses ainsi que les morceaux de foie pour les expériences de ^tròle ont été mises dans 1’acétone et chaque semaine, on les apportait au cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 232 Memórias do Instituto Butantan — Tomo X\T laboratoire, pour être rcplacées dans une nouvelle quantité dacétone et ensuit^ remisées au refrigerateur jusqu’à son exnploi. Après la trituration du matérid nous avons pu avoir quatre portions: a) poudre de foie humain; b) 5300 fí<í de poudre d’hj-pophyse totale (poids moyen de la glande sèche 79 mg) ; c) mg de poudre du lobe antérieur de ITiypophyse masculine (poids moyen du lo^^ antérieur sec 40 mg) : d) 1072 mg de poudre du lobe antérieur de Thypophyse féminine (poids moyen du lobe antérieur 47 mg). La deu.xième portion extraite avec une solution akoolique alcaline à pH 9 jusqu'à 11, et prédpitée à pH 6, sui\-ant la méthode de Bates et Riddle (7) nous a donné 690 mg d’une préparation que nous appelons extrait initiel. autres portions, extraites au moment de Temp^oi avec une solution aqueuse caline. ont été centrifugées, et Tinsoluble écarté. Nous avons pris toutes nos précautions pour que 1’extraction fut la méme non seulement celle de la jxiudrt des h}qx)physes mais aussi celle de la poudre de foie employée dans nos expé* rienccs de controle. Commc test, nous avons employés un total de 63 pigec«i* adultes des deu.x sèxes, fistulés. injectés subcutanément pcndant 4 jours et au- topsiés 96 heures après la première injection pour la pesée des bourses laterale* du jabot. La valeur quantitative de la réponse a été déduite de la courbe ob- tenue dans notre Laboratoire avec la préparation intcmationale de la prolactine. suisTint la méthode décrite minutieusement dans un tra\-ail antérieur (8). Ltí essais ont été faits en Juin et Aoút de 1941 et répétés en Mai de 1942; pcndafll cet inters*alle les préparations ont été consers’ées à basse température. RÉSULT.ATS ET COMENTAIRES a) Foie humain: Dans une première série nous avons employé total de 20 mg pour chacun des 2 pigeons et le poids moyen des engluvie* fút de 729 mg. Dans un sécond groupe de 4 pigeons, en injectant la mén« dose, Ic poids moyen des englus-ics fút de 831 mg. Ces poids sont les mênK* de la valeur normale des bourses laterales des jabots des pigeons non traitc*- b) Extrait initiel: Dans une première série nous avons employé la do** totale de 20 mg pour chacun des 4 pigeons injeaés. Le poids moyen des cfl' gluvies a été 4907 mg pour 300 g de poids corporel, ce qui réprescnte quanti* tativement dans nos conditions expérimentales. 1’effet de plus de 55 u.i., c'est-ã' dirc. au moins 2.7 u.i. par mg. Un essai fait de nouvcau une semaine api^ mais emplo)’ant la dose totale de 10 mg pour chacun des 4 pigeons injectés, * donné comme poids moyen des bourses laterales du jabot 2718 mg pour 300 í de poids corporel, ce qui répresente un total de 18 u.i. E>ans le troisièmc ess** 2 José R. Valle & Luiz A. R. Vaixe — Teneur en Prolacline de Thypo- physc humaine selon le sèxe 233 10 mg pour chacim des 3 pigeons traités, les englu\-ies ont pesées 3745 mg, ^ qui corresjxjnd á 34 u.i. A cause de la variation des résuluts: 2.7, 1.8 et 3.4 u.i. par mg, et pour plus grand soin dans rinterpretation quantitative des réponses, nous avons ^tés 5 nouveaux groupes de pigeons avec des doses croissantes de 2, 4, 6, 8 10 mg de la méme préparation. On peut voir dans le Tableau I les résultats ®btenus. L’activité moyenne de Vextrait intltel comme dans les cas précédents de 2.6 u.i. par mg. Tabueaü I Groupe Xombre ác pigeons Dose (mg) Poids moyen à Tautop- sie (g) Poids moyen des engluvies (mg/300 g) Poids moyen des engluvies après fi- xation au Bouin (mg/300 g) U.Í. par mg A 3 2 277 1244 991 2.5 B 4 4 298 1970 1445 2.5 C 4 6 292 2300 1933 2.3 D 4 8 290 2954 2634 3.0 E 3 10 285 2988 2571 2.5 c) Hypophyses d'hommes: En deux series de dcterminations, cmplojant ^ dose totale de 20 mg de la poudre du lobe antcrieur pour chacun des 4 pigeons *^s avons obtenu 2326 et 2016 mg pour le poids moyen des bourses lateralcs. valeurs se rapportcnt respectivement à 14 et 12 u.i., moyenne de 0.65 u.i. prolactine par mg. d) Hypophyses de femmes: Les essais ont etc faits au même temps que précédents. Chaque fois nous avons cmployé la méme dose de poudre et méme nombre de pigeons. Le poids des cngluries ont été de 3204 et 3028 ■valeurs qui se rapportcnt à 25 et 24 u.i. de prolactine, la moyenne de 1.2 Ü I •*. par mg. Quoique les résultats décrits soient trés intéressants puisqu'ils aceusent une Wus grande concentration hormonalc chez Thj-pophyses des femmes, nous nous *®*mncs deddés à des nouvelles constatations en cmploj^ant un plus grand nom- de pigeons et en nous astreignant à la méthode statistique quant à 1’analysc résultats obtenus. Dans le Tableau II nous présentons ces résultats. On y *^®marqucra que la moyenne des poids des cngluvics est plus clcvéc dans le grou- ^ de pigeons traités par 1’extrait dTij-pophyses féminines; nonobstant, cette différence est plus basse que ccllc enregistrée dans les essais préliminaires. ^Application de la formule m'-m" / £2 x mise en discussion par cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 234 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI Bum (9), révèle que cette différence peut à peine dépendre de la variatioo individuelle aux réponses à ITiormone. Tabu. AU II Pigeon Xo. Foids à 1'autopsie (g) Préparation Dose (mg) Poids des engluvies (mg/300 g) U. L par mg (•) 1 298 H>T>ophyse 3 20 1791 -> 293 •• - 1093 3 272 •• •• 1781 4 325 *• •* 1306 5 270 •* 1350 6 280 *• *• 1451 7 322 ** •• 1309 0.25 Moycnne 295 ± 13.5 1441 ± 162 1 231 Hypophyse 9 20 1536 “7 314 n 1734 3 295 »* 1688 4 335 n 1478 5 332 •e *• 1889 6 280 «• 1296 7 243 •• «• 1438 S 304 *• 1579 Moyennc 294 21.6 1580 ± 118 0.40 (*) L’actÍTÍtc «t dc txaocoup pio» qoe «l'e <>ai » «lí oblrnut *ox tsuii prí!;iain»ir«*- ^ cause peul «Ire due i une «xtractioa moins ccnplíte ou i la rídtsctioci dc ractirití par le tciupe dc conserc**'^' Les seules données dont nous disposons pour les comparer avec les rcsul* tats décrits antérieurement sont celles de Giance, Rowlands et Young (6). ^ supposant qu’ils aient employé une égalc quantité d’hypophyses masculines feminines, le contenu trouvé de 0.59 u.i. par mg s’cloigne un peu des ^•aleu^* de notre demier essai de 0.25 u.i. par mg pour les djçophyses masculines ^ 0.40 u.i. par mg pour les h>TX>physes féminines. Une comparaison plus e.-pophyscs masculines. Au point de vue statistique, cepen- cette différence ne peut pas étre considerée comme significative. La poudre du lobe anterieur des h>‘pophyses des cadavres humains d’adultcs P®»sédc une activité lactogénique correspondante au moins à 0.32 u.i. par mg. extrait initiel obtenu selon la méthode de Bates ct Riddle a montre racti>*ité rapportant a 2.6 u.i. par mg. Ces données ont naturellement une valeur relative puisque la teneur en ^olactine de 1’hypophyse humaine doit souffrir des %-ariations notamment dans ^ différentes conditions physiologiqucs de la fcmme. Kous remmercions Mr. le Prof. Paulo Tibiriçá, de Ia Faculte de Médecine, le “***ériel humain mis à notre disposition et Mr. le Prof. Walter Leser Tanalyse sta- “*^ue des résultats obtenus. RESUMO Do ensaio comparativo, cm pombos, do teor cm prolactina de hipófises hu- pudemos determinar, nas condições experimentais descritas, que a con- cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 236 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI centração do hormônio na hipófise feminina é maior do que na dipófise mas- culina. Esta diferença, entretanto, analisada estatisticamente, não se mostroti significativa. O pó de lobo anterior de hipófises de cadáveres humanos adultos possue ati\-idade lactogênica correspondente a pelo menos 0.32 u. i. por mg. Um cx~ trato inicial, obtido segundo o método de Bates e Riddle, mostrou atividade equivalente a 2.6 u.i. por mg. Êstes ralores, entretanto, são relativos, pois o teor em prolactina da hipófise humana de\e sofrer variações, principalmente nas diversas condições fisiológicas da mulher. BIBLIOGR.\PHIE 1. Riddle, O. & Bates, R. IV. — The preparation, assay and actions of lactogcnic iw*’" mone — Sex and Int. Sccretions. Baltimore, 1939. 2nd ed. cap. XX:1068. 2. Riddle, O. — Endocrine aspects of the physiology of reproductíon — .Annual Revier of Physiology 3:573.1941 cf. p. S95. 3. Lyoiu, ÍV. R. & Page, E. — Dctection of inamniotropin in thc urine of lactatiní women — Proc. Soc. Exp. Biol. a. Med. 32:1049.1935. 4. Lyons, IV. R. — The hormonal basis for “witche’s milk” — Proc. Soc. Exp. Biara poblicaeia em 12-10.42 e dado i J"**’*’” áttde tm fcTcreiro de 1943). 6 6i:. 019:599. 74442 Efeitos do tratamento prolongado de cadelas COM 0 PROPIONATO DE TESTOSTERONA POK TH,\LES MARTINS; JOSÉ R. VALLE & ANANIAS PORTO Há tempos vínhamos estudando na Se^o de Endocrinologia do Instituto ^utantan o fenômeno da micção em cães, obseivando para isto animais dos dois *^os: inteiros, castrados e tratados com propionato de testosterona. É sabido •lue nos cães há um verdadeiro “dimorfismo” funcional quanto á postura no mo- •ttento da emissão da urina; os machos ao atingirem a puberdade começam a uri- de maneira "sui generis”, le^-antando uma das patas trazeiras. A influen- ^ hormonal não ficou, porém, manifesta: os castrados continua^'am a urinar os normais, e as fêmeas, apesar do tratamento prolongado com a substân- androgcnica, a exibir o mesmo comportamento feminino no ato da micção. ^ experiêndas, em curso, iniciamos o tratamento de animais de idade mais para eliminar a possível precoddade da diferendação. Todaria, o ma- **rial desta série foi aprovdtado para um estudo dos efdtos morfológicos do l^opionato de testosterona nas cadelas, e que aqui vão resumidos. MATERIAL E RESULTADOS Empregamos 5 cadelas: uma controle e quatro tratadas, das quais duas in- '''ras, mãe e filha, e duas castradas. Cadelas No. 1 e No. 2: Nasddas em 10 de junho de 1939, da mesma ni- **^da tipo Fox. A de No. 1 serviu de controle e a de No. 2 foi tratada com ^^•^ionato de testosterona (*), S a 10 mg semanalmente em injeções subeutâ- c intramusculares, durante o período de 16 de agosto de 1939 a 20 de fe- (*) Eraprcgainos o Tesloviron da Casa Schering e agradecemos aqui as amostras gen- cedidas. cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 238 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI vereiro de 1940. Após a segunda injet;ão a s-uh'a da tratada já se apresentava mais volumosa e o clitóris bem maior e mais rubro do que na controle. No fi® do tratamento o orgão tinha o aspecto peniforme da fotografia. Vér na Fig- 1 as fotografias A e B, que, aliás, já foram publicadas, com os nossos resultados, na tése do Dr. Delascio (1). A curva ponderai vem registada no Gráfico anexo fFig. 2). É provável que o hormonio masculino tenha influido no ritmo de crescimento da injetada, questão que já tem sido discutida para outras espédcs, por exemplo o rato (2). Um mês depois de terminado o tratamento houve do e fecundação, e, em maio de 1940, parto normal de 5 filhotes: 3 machos e 2 fêmeas. Cadela Xo. 3 : Filha da anterior No. 2. No período de 27 de setembro de 1940 a 5 de fevereiro de 1941, recebeu 20 injeções num total de 100 mg de propionato de testosterona. O peso corporal aumentou de 4.7 a 8.0 kg no final do tratamento. Em 29 de outubro de 1941, o ditórís já esta^•a bem crescido e a vulra túrgida com secreção abundante. Embora decorridos quasi dois anos de terminado o tratamento, o clitóris ainda se mantem desenvolrído e peni- soide. Em coelhas, no entanto, Hu e Frazier (33) observaram a regressão do orgão uma vez cessadas as injeções. Cadela No. 4 : .Adulta de 7.0 kg, castrada em 9 de setembro de 1942. D* 27 de setembro a 30 de outubro do mesmo ano recebeu 50 mg de propionato de testosterona, repartidos em 8 injeções subcutâneas. Já na segunda injeção a vulva se apresentava edemadada e o ditórís congesto. No dia da castração havia corpos amarelos nos ovários e o endométrio estara em condições progtó* tacionais (Fig. 3). Novo corte do útero no final do tratamento mostrou atro- fia do orgão com reduzido número de glândulas endometriais. Embora se saiba das propriedades progestadonais da testosterona (4), não houve efeito neste caso. O tempo decorrido entre a castração e o inido de tratamento póde ter prejudicado a observação, mas também Hartman (5), cm macacas, não obteve endométrio progestadonal, mesmo depois do emprego de grandes dóses de tes- tosterona. Cadela No. 5: Infantil de 2.6 kg. foi castrada e tratada como a anterior, durante o mesmo período de tempo. Findo o tratamento o ditórís estava p^ nisoide, comparati^•amente mais cresddo do que o da de No. 4. Em resumo, o desenvolvimento penisoide do ditórís de cadelas tratadas co® testosterona se obtem tanto nas fêmeas adultas quanto nas infantis, inteiras oU castradas. Numa cadela inteira o orgão não regrediu mesmo depois de 20 mêstí de terminadas as injeções. Não foram observadas modificações do comportamento feminino no ato da micção e nem consequêndas, num animal inteiro, quanto às funções reproduto* 2 Tuales Martins; José B. Valle & Ananias Porto — Efeitos do trata- mento prolongado de cadelas com o propionato de testosterona 239 ^3- Xiun caso, ainda, o tratamento não manteve as condições progestadonais do endométrio, observadas no dia da castração e nem impediu os fenômenos re- P^essivos do útero. BIBLIOGRAFIA 3. 4 . Delascio, D. — Tratamento da hemorragia uterina disfundonal (forma hiperfuncion.il) pelo propionato de testosterona. 137 pp., -17 figs. Tip. Siqueira, S. Paulo, 1942. Rubiiutein, H. S. 6r Solomon, M. L. — The growth stimulating efíect of smatl doses of testosterooe propionate in the castrate albino rat — Endocrinology 28:229.1941. Hu, C. K. & Fradtr, C. .V. — Masculinization oí adult female rabbit folio wing injection of testosterone propionate — Proc. Soc. Exp. Biol. ík Med. 42:820.1939. Klein, M. 6r Parkes, A. S. — Progesterone-like action of testosterone and certain relatcd compound. — Proc. Royal Soc. Lonòon, S. B. 121:547.1937. Hartman, C. G. — Effect of testosterone on monkey uterus and administration of ste- roidal horroones in form of Deanesly- Parkes pcllets — Endocrinology 26:449.1940. (Trabalho da de Endocríoolofia do loMitato Hutantan Eotre^e para poblicaçSo ea corembro de 1942 e dado i ptdiliesdade ns ferereiro dc 1942). cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 616. 9S7:132. 34322 alguns aspectos da evolução do cretinismo e do MONGOLISMO POR J. I. LOBO & LüCIANO DfiCOURT Entre o cretinismo (hipotiroidismo congênito) e o mongolismo (idiotia ***ongóIica) existem semelhanças que tomam, por vêzes, dificil a diferença entre ^^liíos, sobretudo quando os elementos peculiares a cada uma destas condições justamente os mais apagados dentro do conjunto sintomático. Recentes estudos histopatológicos de casos de mongolismo autopsiados nos fumeiros dias ou meses de vida têm demonstrado (1) alterações da tiróidc. de ^rãter de hiperatindade e de exhaustão da glândula. Porisso, a hipótese dum parentesco entre as duas afeções volta a parecer plausivel e talvez c.vpli- *)ue que determinados sintomas lhes sejam comuns. A evolução, tanto espontânea como subordinada ao tratamento homional (tireoglobulina) revela, porém, diferenças marcadas entre ambas as condições * *sto se toma de particular interêsse para aqueles casos limítrofes, em que um ’®**co ou poucos exames não conseguem, de inicio, dirimir a dú\nda diagnóstica. É nestas circunstâncias que as particularidades da evolução de cada caso e, especial, o tipo de resposta ao tratamento instituído permitem um adequa- esclarecimento. Neste trabalho estudamos a evolução de três casos típicos de cretinismo Í2-C., A.O.P. e L.M.P.. respecth^amente. casos I, II e III) e um quarto que, inicialmente, houve dúsnda si se tratas-a de uma fomia incompleta de ^Potiroidismo infantil ou de uma idiotia mongólica (.\.M.A., caso IV) c o ***udo de cuja evolução nos convenceu pertencer antes a esta última. Êstes quatro casos já foram objeto de publicação por parte de um de nós Í2) em trabalho onde êles figuras-am num conjunto de casos de nanismo da s-ariada etiologia e, apenas como tais, eram estudados. cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 244 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI Dos três casos indiscutíveis de cretinismo, o primeiro, Z. C., era diffli* criança de 5 anos, que nunca recebera tratamento específico e, porisso, apresen- tara o quadro integral do mixedema congênito ; o segundo e o terceiro já ha%Tam sido tratados, embora irregularmente, com tiróide dessecada; o quarto caso taffl- bêm tomara tiróide durante curto tempo. CASO I — Z. C., íem-, 5 a. 3m. Antecedtnies: Kasccu a tênno, tirada a forccps, sendo muito grande. O desenvolvi- mento até os 8 meses de idade processou-se normalmente, conseguindo nesse tenip* e na face anterior do abdômen. Unhas quebradiças. Marmorização da pele. Font»' nela bregmática aberta. Fenda palpebral estreita. Boca entreaberta. Lingua gros»* Hipertrofia amigdaliana. Ausência dos caninos, dos incisivos laterais superiores * dos segundos pre-molares. Tiróide não palpável. Ectasias venosas no torax. qucncia de pulso 90. .Abdômen proeminente. Extremidades frias. Dados comf-Iementares I Qilcsterot no sóro 208 mg 5»; M. B. impraticável. RadiograC^’ a) punho e mão: auseneb de todas as epifises do metacarpo e das falanges. Ausêncí* de todos os ossos do carpo, com e.xccção de um leve esbôço de ossificaçáo do gva» osso. .Ausènc'a da epífise distai do rádio; b) cotovelo: ausência de todas as epitisf*' c) joelho: epifises inferior do fêmur e superior da tibia pouco desenvolvidas; d) nozelo: ausência das epifises distais da tibia e do perôneo. .Astragalo e calcáo*' presentes. Idade óssea: 3 meses, no máximo. Evolução: Com o uso de tiróide Merck, na dóse de 0.025 em dias nados, as melhoras foram espetaculares e rápidas; desinfiltração completa, dança da fisionomia, etc. (Fig. 3). O período de observação estende-se pelo prazo de 1 ano, durante o apesar de doenças intercorrentes, os progressos realizados podem ser esqucif*' tizados da seguinte maneira; 2 I. Lobo & Luciaxo Dêcourt — Alguns aspectos da evolução do cre- tinismo e do raongolismo 24ã Idade cronológica Estatura Ossificofão 5 a. 3 m. 73.6cm. leve esbôço do grande osso. Idade óssea: 3 meses (Fig. 5). 5 a. 6 m. 78 franco desenvolvimento do grande osso; idade óssea: 6 meses (Fig. 6). 6 a. 81 esbóço do unciforme e aparecimento da epífise distai do rádio; idade óssea: 1 ano. 6 a. 3 ni. 81.4 franco desenvolvimento do unciforme e da epifise radial; idade óssea: 1 para 1 } ano (Fig. 7). Os incrementos estaturais em função do tempo (deste como dos casos se- Ktiintes) são bem visualizados através da curra respectiva representada na l*>g. •9, onde também se representa a curva de crescimento minimo normal entre 1 * 10 anos de idade. Quanto à psicomotilidade, os progressos de Z. C. foram: com 1 mês de l^tamento, vivacidade no olhar e nos movimentos espontâneos; após 2 tncses, ^^ttieça a gatinhar ; após 3 méses. já beija a mãe, fala várias palavras e sustem-se pé com ajuda. £m s^uida, sobrevem um período de quasi 3 meses, durante os quais a ^^^^tte se subtraiu á nossa observação, tendo a mãe suspendido a administração tiróide: o mixedema, como era de esperar, rea{)areceu. Reiniciado dq>ois o tratamento, voltaram as melhoras, si l>em que em ritmo j lento. Após cérca de 9 meses, desde o inido do tratamento, Z. C. caminha com **otilio de terceiros. Dos outros sinais, deve-se ainda mendonar o abaixamento do peso c sua **lleríor regularização, o fechamento da fontanela bregmática, o crescimento dos ^líclos (Fig. 4) e, após 1 ano de tratamento, a presença de todos os dentes '^duais. C.ASO II — A. O. P., masc, 6 i anos. Antecedentes-. Nasceu pesando 5 kg; até 5 meses ainda parecia um recém-nascido. Jl^otinuou engordando sempre, era muito mole e a cabeça pendia facilmente para os Aos 2 anos ainda nSo conseguia sentar-se e muito menos andar e falar. NSo ***ndia a cousa alguma. Dos médicos consultados, uns icluvam que o menino era ^nitico, outros que sofria da tiróide. Começou nessa ocasião a tomar tiroidina **'*’ck, 0.02S por dia. em dias alternados. A mãe informa que as melhoras só se *'’*^***ram sensíveis aos 3 i anos. quando principiou a andar e a falar. O crescimento ** l*zia, porém, muito lento e por etapas. Sempre que suspendia a tiróide engordava, . 'l*>e aconteceu várias véacs. A dentição iniciou-se aos 4 anos. Teve algumas doenças ^Wcorrentes mal definidas, inclusive uma que ocasionou internação em hospital c '”**^ntc a qual foi suspensa a medicação pela tiróide. .Atualmente se encontra de 3 I 2^6 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI novo sob a ação do hormônio e, desde então, voltou a emagrecer e a mostrar maior disiK>sicão para brincar. Exame objelrvo: É uma criança de desenvolvimento mental muito retardado, coto fácies apalermado, ainda fala com embaraço. £statura reduzida, ventre proeminente* Mede 89.2 cm de altura; dist. vertex-pubis: 49 cm; púbico-plantar: 40.2 cm; peso- 15.880 kg. Pele seca; cabeça grande; língua idem. Presentes os dentes deciduai*- Tiróide impalpável. Pulso 92 (chorando). Genitália externa muito pouco desenvol- vida: circuncizado. .-Aspecto íisico retratado na Fig. 9. Dados comflemenlares: Qjlestero: no soro: 316mg%. M.B impraticás-el. Radii>- grafia de punho e mão (Fig. 11): ausência de todas as epífises dos meUcarpianos « falanges. No carpo apenas o grande osso, o unciforme, o piramidal e a epífise distai do rádio. Idade óssea: 2è anos. Fotografia anterior, tirada ao lado de sua irmã D- 2 anos mais moça que o paciente, documenta que, pelo menos desde os 3 anos d* idade, êste apresenta realmente uma estatura reduzida (Fig. 8). Evolução: A dose de tiróide foi ajustada para 0,05 por dia, com o que 4 íretiuência do pulso se mantinha em tômo de 90 por minuto e o peso se con- sen-a\-a em proporção com a altura que ia sendo alcançada. Os progressos d* estatura e ossificação foram os seguintes: Idade cronológica Estatura Ossificação 6 } anos 89.2 cm. epífise distai do rádio; grande osso, unciforme * piramidal Idade óssea: 21 anos (Fig. 11). 7 a. 92 71 95 aparecimento do semilunar, das epifises do* metacarpianos II a V, das primeiras falanges 4 dedos II a V, da falange distai do poleí**^’ idade óssea: 3 1 anos. 8 a. 97 epifises das falangetas do 3.* e 4.* dedo; desei*' volvimento progressivo das epifises pre-existent«* Idade óssea: 4 anos (Fig. 12). 81 98 sem modificação importante. O peso oscilou em tômo de 17.3 e 18.5 kg quando a altura atingiu resp*^ tivamente a 95 e 98 cm. Houve três períodos de interrupção da tiróide, cada qual de um mês dc du' ração, e separados um do outro por um interti-alo aproximado de 6 meses. Durante cada um dêles, houve nitido aumento do peso, apatia e sonolê®' cia; tendo um dêsses períodos coincidido com o inverno, o paciente acusou u**’* excepcional hipersensibilidade ao frio. Dentição; Aos 8 anos, erupção do 1.® molar. Psicomotilidade e inteligência: Discretos progressos na fala e na preensão; gestos e olhar tun pouco mais vivos. 4 •í- I. Lobo & Luciano Dêcourt — Alguns aspectos da evolução do cre- tinisrao e do mongolismo 247 CASO III — L. M. P, fem., 81a. AntectíUnles: Desde os 2 meses de idade que a mãe começou a notar o deficiente •lesenvolvimento somático da paciente; com 6m. apresentava peso muito reduzido, pouco *®Perior ao de quando nasceu (4.200 kg mais ou menos), exibia uma fisionomia apar- valhada, com a boca sempre entreaberta, a lingua pendente; inchaço das pálpebras e •lo rosto, palidez, pele seca e áspera. Sofre ainda desde os primeiros meses de vida •1® prisão de ventre habitual, passando em média 8 dias sem es’acuar. Estava sempre choramingando, irritada e não podia dormir. Assim permaneceu até a idade de 1 ano. *Poca em que começou a articular as primeiras palavras (somente “papai” e “mamãe"). l*Assou o segundo ano de vida da mesma maneira. Com 2 anos principiou a dar os Primeiros passos, sendo seu andar pesado, bamboleante, com quedas frequentes. Con- •nltou um médico que fez diagnóstico de mixedema e receitou Elytiran. Tomava 1 com- Primido ao dia durante 30 dias e descansava também 30 dias. Durante 2 1 anos fez Iratamento com Elytiran (6 tubos), tendo melhorado bastante. Tornou-se mais ativa. Cresceu, passou a dormir bem. Mais tarde, a conselho médico tomou um vidro de ^ireoidal, não tendo tão bons resultados como com Elytiran. Quando a paciente h^tnava Elytiran ficava murchinha (sic). Ultimamente tomou Pluriglandular, que fez acentuando-se o inchaço. Apesar dos tratamentos realizados, a criança continua * ipresentar pequeno desenvolvimento, ar aparvalhado, inchaço no rosto, principalmente ***s pálpebras, e prisão de ventre (3 a 4 dias). Há 3 anos encontrava-se cm tratamento com Salvarsan e bismuto (1 série de Salvarsan c 3 cxs. de lodo-bisman). Não toma Elytiran ha 4 anos. Nestes últimos anos tem tomado tónicos, cálcio, banho de luz * o tratamento antiluético já assinalado. Somente depois de 1 ano de idade é que *Pareceram os primeiros dentes. É analfabeta, ainda fala com bastante dificuldaile Examf objetivo: Menina com ar aparvalhado, estatura reduzida, palidez do tegumento, Pele séca e áspera, infiltração mixedematosa difusa não muito acentuada. Pelos nos *h*mbros e no dorso. Altura: 96.3 cm; vertex-pubis : 52.8; púbico-plantar: 43.5. ^**o; 16.940 kg. Boca entreaberta. lingua pendente. Estão presentes ainda todos os ^tes deciduais exceto o inc. inf. lat dir. c os dois 1.® prc-mol. inf. que já cairam. ^s dentes permanentes, já irromperam os primeiros grandes molares. Pescoço grosfo. I^tróide impalpável Pulso: 72. Mãos grandes, largas, dedos curtos e grossos (Fig. 13). Dados complementares: Colestcn.l no sóro: 370mg%. Hb: 72%. Radiografia: punho e mão: todas as epifises dos metacarpianos e falanges estão presentes, bem c^o o grande osso, o unciforme, o piramidal e o semi-lunar. Faltam, para a idade Cfonológica da paciente, o escafóide, o trapézio, o trapezóide e a epífise inferior do cãbito; b) cotovelo: presente o condilo humeral, faltando, nas mesmas condições, a ''heça do rádio. Idade óssea: 4 a 5 anos. Evolução: Uso continuo de tiróide dessecada, na dose media de 0.10 por dia : curtos períodos de interrupção (10 dias) foram intercalados, isto quantltt a i‘*rícnte se toma\’a muito agitada ou o peso tendia a cair em demasia. Crescimento e ossificação foram os seguintes: ^'^e cronológica 8i a. Estatura Ossificação 96.3 cm. Presentes todas as epifises dos metacarpianos e das falanges; grande osso, unciforme. piramidal e semi-lunar; epifise inferior do rádio. Idade óssea: 4 para 5 anos (Fig. 14). cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 248 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI ' cronológica Estatura Ossijicação 9 a. 100 9i a. 102.5 10 a. 106.5 Presença do trapézio, trapezóide, escafóide e ep>' fise inferior do cúbito. Idade óssea: 7 8 anos (Fig. 15). As cifras ponderais correspondentes às estaturas supra mencionadas foranv em média, as seguintes; 16.9 kg; 18 kg e 19.4 kg. Dentição: Durante 1J4 ano de obsersação houve erupção dos seguintes dentes permanentes: os 2 inc. sup. por volta dos 9 anos e os 2 inc. med. inf- por volta dos 9j4 anos; os 4 incisivos desenvolveram-se satisfatoriamente. inteligência e psicomotilidadc : Progressos escassos. paciente ó ex- tremamente irrequieta A fala melhorou, embora pouco; o vocabulário enriqvc- ceti-se. Atende aos outros com mais presteza. Outros sinais: A anemia melhorou com uso de Fe; o colesterol, com o it*' tamento hormonal, baixou a 224 mg %, CASO IV — ,A. M, A., fem., 3 a. Antecedentes: Diz a mãe qtic a criança desde 6 meses de idade não sc desens"oI^ _ satisfatoriamente. Já teve sarampo e coqueluche; dos 6 meses até 2 anos sofreu êl* bronquite. Começou a andar aos 2 è anos. Os primeiros dentes surgiram aos 13 meses* Está começando agora a falar. ,Dis'ersos tratamentos não tis'eram sucesso; someo** um tratamento com tiroidina deu algum resultado. E’ uma criança com ar aparva- lhado, sempre com a boca entreaberta, indiferente ao meio ambiente. Dados objetivos; .Mtura: 84. 5; dist. vertex-pubis : 48; púbico-plantar : 36.5. P«<’- 13.850 kg. Discreto edema das extremidades inf. Fontanelas fechadas. Crãneo lartru- testa alta e larga, bossas frontais algo proeminentes; a face c chata e o nariz em sela- Boca entreaberta, lingua pendente; amigdalas hipertrofiadas e vegetações adenoide*- Dentes de implantação normal, faltando apenas os segundos pre-molares superiore*- Tiróide impalpável. Sopro sistólico rude e intenso sóbre o precórdio. com maior tf* tensidade sóbre o foco da pulmonar, sem propagação para os vasos do pescoÇts Ventre abaulado. Dados complementares: Colesterol ty» sóro: 125mg%. Radiografb: a) punho * mão; ausência de epifises dos metacarpianos e falanges, i.é., leve atraso da ossifica<*^ (cerca de 6 meses). Carpo: epifise distai do rádio, gr. osso, unciforme e piram'd*^ presentes; b) joelho: epifises distai do fêmur e sup. da tibia, presentes; rótula * epifise sup. do perôneo, ausentes (normal para a idade); c) tornozelo: epifises dist*^ da tíbia e perôneo presentes; astragalo, calcáneo, cubóide e terceiro cuneiforme, sentes; ausência das epifises dos metacarpianos (leve atraso, cêrea de 6 mese*h d) coração: grande aumento global da área cardíaca. Ecg: espessamentos em QR-^- que está alargado. Predominância esquerda. 6 I. Lobo Jt Luciaxo Décourt — Alguns aspectos da evolução do cre- tinismo e do mongolismo 249 Evolução: Processou-se do s^uinte modo, de acordo com a natureza e as *tapas do tratamento: A) Aos 3 anos (dados iniciais): • Altura: 84.5 cm. Peso: 13.85 kg. Ossificação: epífise distai do rádio, grande osso, unciforme e pira- midal (Fig. 16). Idade óssea: 21 anos. Tratamento até B): tiróide na dose diária de 0.10 durante um total de 57 dias ^tn intermitências. B) Aos 3 anos e 5 meses: Altura: 85.5 cm. Peso: 14.2 kg. Ossificação: aparecimento da epífise do segundo metacarpiano e dum leve esboço do semi-lunar; crescimento da epífise radial e das diáfises da mão. Idade óssea: 3 anos. Observação: intercurrcncia de gripe e frequentes diarreias com reação febril. Tratamento até C): amigdalectomia e adenoidectomia aos 3 a. 6m.; tiróide na ^*e diária de 0.075 durante um total de 95 dias, com intermitências regulares; ****pensão dêste tratamento nos dois últimos mêses. C) Aos 4 anos: Altura: 90.2 cm. Peso: 15.6 kg. Ossificação: todas as epifises dos metacarpianos e das falanges (exceto da falange proximal do polegar e das falanges I e II do dedo mínimo); franco crescimento do semi-lunar. Idade óssea: de 31 para 4 anos. Dentição: erupção dos dois premolares super. Fala: discreto progresso. Tratamento até D): Uso esporádico de sais de Ca e de vitamina D; abstenção ®®*»pleta de tiróide. D) Aos 4 anos e 5 meses: .■Mtura: 91.4 cm. Peso: 16.6 kg. Ossificação: aparecimento das restantes epifises dos dedos; presença do trapézio; desenvolvimento das epifises preexistentes. Idade óssea: pelo menos 4 i para 5 anos (Fig. 17). Colesterol no sôro: 3I7mg%. Psicomotilidade: apatia, maior sonolência, quedas durante a marcha Outros dados: peiora da prisão de ventre: pele mais sêca; não houve aparecimento de mixedema. Fácies: (ver Fig. 18). cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 250 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI DISCUSSÃO Época de início dos sintomas: Excesso de peso ao nascer foi obserra<í® nos casos I, II e III, que são típicos de cretluismo. Deficiência de crescimento foi notado mais ou menos aos 8, 5, 2 e 6 meses de idade, respectiramente, cm cada caso. Os sinais morfol^cos próprios do mixedema congênito e rtlatí* vos ao aspecto físico (ar aparvalhado, Ixxra entreaberta, lingua pendente, áspera, cabelos escassos e quebradiços, etc., e a própria infiltração mixedemato^ do tegmento) só aparecem em geral alguns meses (de 3 a 6) após o nascimento. Nem sempre se trata duma observação defeituosa por parte dos pais, porquanto a fotografia da paciente Z. C., tirada aos 2 anos de idade, documenta que, cim* quanto o mixedema já seja evidente, faltam ainda vários dos outros sinais r.icn* donados de hipotiroidismo : em especial compare-se o fades nessa idade com ° que apresentava 3 anos mais tarde (Fig 2). As defidêndas da psicomotilidadc. como é óbvio, também vão se fazendo sentir mais tarde e de modo gradativo, pois a criança não executa os movimentos à medida que transcorre o tempo- Como durante as 10 primeiras semanas de vida os movimentos da criança são sobretudo do segmento cefálico (e dos olhos em particular), é raro que sua ausênda fira muito a atenção dos pais. Só nas semanas posteriores, quando também os braços e a porção superior do tronco deixam de executar movime®' tos espontâneos é que se toma clara a situação de defidênda tiroidiana. defidênda do desenvolvimento motor culmina com a incapaddade de falar, tinhar e caminhar. Em todos os casos estudados, ela se apresentou de mantir* nítida e desde as épocas que deviam marcar o inído dos atos normais: assit® foi para os movimentos dos membros, para a marcha e para a fala, todos clc* surgidos com grande atraso. O caso I, que é dum cretinismo não tratado durante 5 anos, apresenta êsse ponto de vista uma particularidade digna de menção, que é o fato de * criança haver conseguido sentar-se com ajuda aos 8 meses, conforme relato n’*' temo. Mesmo pondo-se em dúvida a afirmativa, a fotografia tirada aos 2 de idade mostra que pdo menos a criança se mantem sentada no colo da ifá*- Na realidade trata-se aqui antes da preservação parcial da tonicidade muscul»*^ (menos afetada no hipotiroidismo) do que do próprio desenvolvimento m''tof- De forma alguma cabe a hipótese que o mixedema só se houvesse instalati® mais tarde, i.é., não fosse congênito, pois a isso se opõe a total ausência ossificação post-natal desta paciente. Da anamnese dos casos II e III se infere bem o atraso psico-motor dc.'.s** crianças e a época em que foi notado. O mesmo vale para o caso IV, apes**^ das informações sumárias fornecidas: os casos tipicos de mongolismo são, ^ cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 I. I^BO & Luciano Décourt Alguns aspectos da evolução do cre- tinismo e do mongolismo 251 Etral, reconhecidos logo ao nascer através dos caracteres morfológicos do fades c crâneo. Isto estabelece uma diferença com o hipotiroidismo, mas, na reali- *lade, nem sempre êstes caracteres são bem marcados. O atraso na fala e no •nido dos modmentos é comum a ambas as condições. Para a explicação do fato de, no cretinismo, a criança não se apresentar, logo ao nascer, com o as- Pccto mixedematoso típico e com os expressivos sinais tegumentares da doença, deve-se apelar para a suplèncu do hormônio materno na dda intra-uterini e, fílvez, para a alimentação natural nos primdros mêses após o nasdmento Os íenômenos de insufidência da tiróide não se fazem sentir logo após a supressão do seu hormônio; êste é um fato que se observa ate em adultos sob tratamento com preparados tiroidianos, quando a administração destes é interrompida. Crescimento estatura! : O crescimento estatural destes 4 casos está repre- sentado nas curvas respectivas da Fig. 19, em paraldo com a curva de cresd- •tiento minimo duma criança normal. Da inspeção ddas, várias condusões se firau. Primeiramente, a defidênda de altura dos 3 casos incontestes de creti- •iismo é, a qualquer tempo, muito mais acentuada do que a do caso de mongo- lismo. Em segundo lugar, o progresso de cresdmento de A. M. A. foi bem *ttaior dos 3yí a 4 anos, predsamente num período em que o tratamento p-da liróide foi mais intenso. Sob êste ponto de vista os incrementos estaturais de A. M. A. podem ser assim repartidos em função do tratamento : 1 ) Dos 3 aos 3^ anos, 37 dias de uso do hormônio, cresdmento de 1 un ; 2) Dos 3J4 aos 4 anos, 95 dias de tratamento, cresdmento de 4.7 cm ; 3) Dos 4 aos 4J4 anos, sem tratamento pela tiróide, crescimento de 1.2 cm. Xote-se que o término do tratamento foi sempre de cerca de 2 meses antes 'lo fim do período considerado, de modo a se dar tempo a que os efdtos da me- dicação fossem observados dentro do período em que ministrada. Parece, assim. a tiróide teve um efdto favorável sôbre o crescimento durante o segimdo período, mas não se compreende por que agiu pouco durante o primdro (inter- ''Jrrénda das infeções?). Talvez ainda o progresso estatural observado dos 3)4 aos 4 anos deva ser *®>putado em parte à amigdalectomia e adenoidectomia a que a padento foi *übmetida no inído do semestre considerado. Das 4 curvas exibidas, a mais íngreme em seu conjunto é a de L. M. P. **guindo-se a de Z. C. e. finalmente, as de A.M..A. e A.O.P. que se equivalem : ® grau de inclinação espelha os progressos alcançados. É claro que o mdhor re- •ttltado obtido inidalmente por Z. C. advêm de que êle exprime as primida.-; do ^tamento hormonal, pois esta criança, ao contrário do que ocorria com as ou- nunca tomára preparados de tiróide. Também a melhor resposta de L.M.P. relação a A.O.P. (ambos casos de cretinismo típico já tratados) deve ser cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 tíõ2 Memórias cio Instituto Butantau — Tomo XVI atribuída em parte à melhor condic^o social da paciente, o que lhe garante i:ma alimcmtação melhor e hábitos mais higiênicos. Pode-se prever que nenhuma destas crianqas atingirá uma estatura normal, pois é improvável que os incrementos futuros aumentem a ponto de a cur>'a rcs- pectira atingir a curva normal. Quando o cretinismo é tratado desde os primei- ros meses, duma maneira constante e acertada, a curva de crescimento se man- tem muito próxima da normal: isto não aconteceu em nenhum dos 3 c.isos. Quanto ao caso de mongolismo. sua situação já é bem mais perto da curva nor- mal: sal)e-se. não obstante, que estes enfermos não atingem em regra uma esta- tura inteiramente satisfatória. O tratamento do mixedema congênito pela tiróide impede que o crescir.;cnto estacione, ou melhor, que se processe num ritmo muito lento; mas si êle se inicia quando já ha marcado déficit èstatural, não consegue acelerar o crescimento de modo a normalizar de todo a estatura: daí o quasi paralelismo cias curvas em relação à curva normal. Na verdade, no inicio do tratamento dum nanismo tiroidiano (quando êste inicio é tardio) existe uma aceleração do crescimento, maior do que a corres- pondente à itbde cronohvgica do paciente, e maior mesmo do que a correspon- dente à sua ichde estatural (i.ê., à que têm as crianças normais de sua estatora)- Exemplificando: Z. C. cresceu nos primeiros 6 meses de tratamento cêrea de 7 cm, o que é um incremento muito superior à média duma criança de sua idade (5 anos) durante igual lapso de tempo, e também um pouco maior do quc o incremento relativo a 15 meses, que é (no máximo) a idade estatural «iesta paciente. Esta aceleração mais acentuada ocorre, porém, como dissemos, só no ;u:cio do tratamento ou então quando, como no caso III, o tratamento é reiniciado .".pós um pcriotlo longo de interrupção. Depois, os incrementos diminuem e passam a ser (nas melhores condições) proximamente iguais aos incrementos normais da idade atual. Note-se que, nof' malmente, dos 3 anos em diante até a pre-puberdade. os incrententos anuais da estatura são praticamente iguais entre si, ou melhor, são só levemente decres- centes (observe-se a curra normal), de sorte que não importa muito afinn'ir o crescimento destas crianças com hipotiroidismo ent tratamento se faz conform* o ritmo de sua idade cronológica ou conforme o de sua estatura atual. Finalmente, merece ser mencionado que um mixedema congênito não it*' tado durante 5 anos e 3 meses (caso I) pode crescer cêrea de 23 cm em ah.it^ admitindo-se que esta criança tenha nasddo com 50 cm, como o habitual. altura de 73 cm é, em condições normais, a de uma criança de 15 meses no má- ximo. Através das informações {^atemas se apura que o crescimento de Z. ^ se deteve de todo aos 2 anos: provavelmente, pois, aqueles 23 cm foram coo- 10 •f- I. Lobo & Luciano Décourt — Alguns aspeclos da evolução do cre- tinismo e do raongolismo 253 *eguidos neste lapso de tempo e o foram, pode-se dizer, por óbra da hipófise *óbre as cartilagens dos ossos longos, já que o caso é duna atireose completa; Ou então, à semelhança do que ocorre com os ratos hipofisectomizados aos 21-24 *ltas, o crescimento longitudinal dos ossos se fez nos primeiros meses de vida c de modo autônomo, i é., independente do controle hipofisário (3) e até mesmo do próprio esboço das cartilagens epifisárias existentes (4). Ossificação: O exame periódico da ossificação em casos de mixedema e de mongolismo é o melhor meio de distinguir estas duas afeções e permite apre- ciar, da maneira a mais objetiva, a resposta ao tratamento instituido. O caso I demonstra de modo evidente que. na ausência duma tiróide «un- cionante, não ha aparecimento dc novos núcleos de ossificação. pofs e.sta criança, com 5 anos e 3 meses de idade, tem uma idade óssea igual a zero ou. no máximo, a 3 meses de vida post-natal, si se quer levar em conta o ligeiro eslwço do grande osso do carpo. .\o cabo de 1 ano de tratamento pela tiróide. a idade óssea passa a ser de pouco mais de 1 ano, i.é., seu avanço foi igual ou pouco Superior ao da idade cronológica : o tratamento portanto reiniciou a ossificação uias ainda não a acelerou, pelo menos de modo notável. O caso III foi o que melhores resultados apre.sentou : a idade óssea progre- diu de cerca de 3 anos durante 1 Yi ano de tratamento. O atraso inicial da ossi- íicação neste ca.so se deve a que a criança ficára anterionnente 4 anos sem tra- tamento honnonal; reiniciado êste, a ossificação se acelerou dc modo quasi com- pensador. Deve-se recordar que também foi este caso o que exibiu maior in- cremento na altura, ambas as cousas devendo ser atribuiilas à regularidade do tratamento e a melhores condições dc nutrição tia jiaciente. Os casos II c IV têm a mesma idade óssea inicial, a saber, anos. mas 'una grande diferença na idade cronológica: e 3 anos, respectivanicnte. Caso II, após \Yí ano de tratamento regular pela tiróide. realiza progressos equivalentes a um pouco menos de 2 anos dc ossificação: ajiarecimcnto das epi- ftses dos metacarpianos. das falanges e dc algumas faiangetas. bem como do nú- eJeo do semi-lunar. Caso IV, durante o mesmo tempo, apresenta epifises em Uuiior número de dedos e. além do semi-lunar. aparecimento do trapézio; wr- tanto, maior progresso que o caso II. .Além disso, a idade óssea do ca.so IV *c igualou inteiramente à sua idade cronológica (4}ó anos) e isto a despeito de. último semestre da evolução (durante o qual prosseguiram os progressos .tia ®^sificação) haver cessado o uso tia tiróide: èste fato c (jue fala utais a favor diagnóstico de mongolismo. Um confronto entre a ossificação c o crescimento esbarra com certas difi- ^Idades, quais sejam, o fato dc. já cm condições normais, o crescimento esta- *Ural ser um fenômeno continuo que obedece a um ritmo mais regular, ao passo 11 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 2Õ4 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI que a ossificação (pelo menos as-aliada através do aparecimento dos respectivos núcleos) é fenômeno descontínuo, cujos surtos apresentam entre si intervalos diferentes de tempo. A consequência disto é que o aparecimento de um ou dois pontos de ossificação pode determinar lun acréscimo grande e abrupto na idade óssea do paciente. Além disso, o tempo normal de aparecimento de alguns pon- tos de ossificação é sujeito a uma ampla margem de variação, maior às vézcs que a correspondente às osdlaçõcs estaturais. Um terceiro elemento que difi- culta a comparação projetada é a inversão que se nota no hipotiroidismo, e tal- vez no mongolismo, da ordem normal de aparecimento de alguns núcleos de ossificação. Por exemplo. A.O.P. e A.M.A. já apresentavam, de início, o osso piramidal, quando ainda não tinham nenhuma epífise dos metacarpianos e das falanges, ao contrário do que se obseo-a comumente. Êste fenômeno já foi assi- nalado por Vianna Giuria (5) no hipotiroidismo, tratado ou não, e em algumas outras condições. Todos êstes fatos dificultam, portanto, uma comparação exata entre os progressos da idade óssea e os do crescimento estaturai, obrigando-nos ^ um confronto aproximado. Xão obstante, si se quizer ter uma idéia objetira a êste respeito, será pre- ciso traduzir em lermos cronológicos os dados relativos ao progresso em altura, que são expressos em unidades lineares. Com isto se introduz a noção de idade estatural, que é a idade duma enança normal que tivesse a altura do paciente considerado. Através do gráfico da Fig. 19 pode-se deduzir a idade estatural de cada caso apresentado, confrontando as cur\-as respectic^as com a curva de crescimento mínimo normal. Assim, por exemplo, A.O.P. tem, no início da obserc-ação, ^ altura duma criança de 2 anos e 10 meses e, ao cabo de 2 anos de observaçã'v 3 altura duma criança de 4 anos e 3 meses, i.é, houve, durante êsse lapso de tempo» ganho de 1 ano e 5 meses na idade estatural. Em conformidade com o e.xposto, foi organizada a Tabela I. Tabela I CASO esfatnnü Ganbo toCal Tnnpo de obscrraçSo Gaabo médio em 12 meaet inteia] final Z. C. la. 3 m. 2 a. 9 m. 9 m. 12 tn. A. O. P. 2 a. 10 m. 4 a. 3 m. la. Sm. 2 a. 8im. L. M. P. 3 a. 10 m. 5 a. 7 m. 1 a. 9 m. la. 6 m. 14 m. A. M. ,\. 2 a. 3 m. 3 a. 3 m. 1 a. la. 6 m. 8 m. Por processo equivalente se aprecia o progresso da idade óssea e, unica- mente para que os resultados sejam comparáveis, reduz-se, aqui também, a uto 12 J. I. Lobo & Luciano Décocrt — Alguns aspectos da evolução do cre- tinismo e do mongolismo 255 mesmo período de tempo (1 ano) o avanço conseguido, embora se saiba que tanto os progressos da altura, como os da ossificação, não se fazem uniforme- mente. A Tabela II regista os dados relativos à idade óssea: Tabeia II CASO Idade ósed Ganho total Tempo de obsenra^o Ganho médio em 12 me»es Iniôal Fizul Z. C. 3 m. 1 a. 6 rn. 1 a. 3 RI. 1 a. 15 m. A. o. P. 2 a. 6 m. 4 a. 1 a. 6m. la. 6 m. 12 m. L. M. P. 4 a. 6m. 7 a. 6 m. 3 a. la. 6 m. 24 m. A M. A. 2 a. 6 m. 4 a. 9 m. 2 a. 3 ni. 1 a. 5 m. 19 m. Do e.xame de cada uma das tabelas e do seu confronto, várias conclusões ‘^csultam : a) O ganho médio em altura foi superior ao normal (i.é. maior do que 12 meses) no caso III, em que a terapêutica foi reiniciada após 4 anos de intenup- *»ão; igual ao normal no caso I, em que o tratamento hormonal se instituia pela primeira vez; e inferior ao normal nos outros dois, sendo um pouco mais pre- judicado no caso IV, que é o de mongolismo. Objetiva-se aqui, numericamente, reparos já feitos a propósito da aceleração do crescimento estatural. b) O progresso na idade óssea foi acelerado nos casos I, III e IV e rea- lizado em lapso nonnal de tempo no caso II. Também aqui a aceleração notada ®os casos I e III se deve, respecti\amente. ao inicio c ao reinicio (após longa Pausa) da terapêutica; a aceleração do caso IV, mesmo com uma terapêutica mtencionalmente interrompida, demonstra que êste caso deve ser de natureza 'iiversa dos demais e é um argumento a favor do diagnóstico do mongolismo. c) Em todos os casos os progressos da ossificação foram maiores do que os 'io crescimento; mas onde esta divergência é mais acentuada é no caso de n*on- Solismo. Acresce (o que é importante) que nos casos de mixedema, apesar dos ganhos alcançados, a idade óssea ainda ficou por baixo da idade aluai dos pa- 'joites, ao passo que no caso de mongolismo, ambas se igualaram. Dentição: A condição inicial e os progressos realizados em cada caso. no ^uc concerne à dentição, podem ser assim sumariados; Caso I com 5 anos e 3 meses tem os 4 inc. cent., os 2 inc. lat. inf. e os 4 pre-mol.. o que equivale a mais ou menos 12 a 15 meses de "idade dentária"; *Pós 1 ano de tratamento, todos os restantes dentes dedduais. 13 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 25C Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI j Caso II, com 634 anos, tem todos os dentes deciduais e ainda nenhum manente; aos 8 anos irrompe o primeiro grande molar que, normalmente, rcrnpc aos 6. Caso III, com 834 anos. tem ou teve todos os deciduais e mais os primeiros grandes molares. Aos 10 anos tem os 4 inc. med. dos permanentes, que eur- gem, em casos normais, aos 7 anos. Caso I\', com 3 anos de idade, tem todos os deciduais, exceto os dois ptf' molares sup.. que irrompem aos 4 anos. Portanto, o maior atraso inicial, como era de esperar, ocorreu no caso I- Nos casos II e III sabe-se. através da anamnese, que a dentição se iniciou tani' bém tarde, após 4 e 1 anos de idade, respecti\'amente. Por ocasião da matrieul* no sersnço, ainda ha\na atraso de alguns anos, sendo êste mais acentuado tio caso II. O tratamento melhorou bastante, mas não chegou ainda a normalizar completamente a dentição destes pacientes. Por fim, o caso IV é o que nv.nor atraso inicial apresenta e progrediu de modo satisfatório. Vê-se, pois, que existe uma certa concordância com o que se passa coni a ossificação esquelética, não só no que toca aos atrasos iniciais e aos progre.éut'<^ substitutiva: é o que exemplifica a paciente do caso I que, aos 5 anos de idade somente consegue manter-se sentada. Nos casos II e III, também, o sentar-se. o 'uster-se de pé, e sobretudo o caminhar e o falar, só começam depois dos 3 anos de idade, época do inicio do tratamento. No caso I\' os primeiros passos foram dados aos 234 anos e as primeira* palavras pronunciadas aos 3 anos. É precisamente no terreno da psico-motilf dade e da inteligência que o mongolismo apresenta maior cópia de sintoma* comuns ao hipotiroidismo. a gravidade dêles dependendo do grau de deficiência mental. A análise de tais sintomas não oferece, pois. muita margem para dis' tinção entre ambas as afeções, inas a resposta ao tratamento pode, contudo, ajudar no diagnóstico diferendal. No que toca ao desenvolvimento motor, cm especial, a ação favorável do tratamento pela tiróide em casos de mixedema c \Tsivel. Assim foi no caso I que, tendo, de inicio, apenas alguns movimento* desordenados dos membros, póde começar a gatinhar e a caminhar com ajiKÍ* respectiramente aos 2 e aos 9 meses de tratamento. Os casos II e III já se apresentaram, por ocasião da matrícula, com desenvolvimento motor mais ou menos nonnalizado e isto por obra do trata- mento. anterior. Os progressos obscr\-ados nestes casos foram, pois. só referd’' tes à fala e êles foram, aliás, discretos, conquanto inegáveis. 14 í J* I. Lobo & Luciano Dêcourt — Alguns aspectos da evolução do cre- tinismo c do luongolismo O tratamento anterior pela tiróide no caso I\" parece ter dado resultados parciais, segundo as informações colhidas. Xa evolução ulterior, a influência *ôbre a fala foi pequena: mas também nos casos de hipotiroidismo, a melhoria da íala juntamente com a do nivel mental é o que mais dificilmente se con.segue, de sorte que, neste particular, a evolução dos casos não nos auxilia muito a dis- hnguir o mongolismo do hipotiroidismo. É irrecusável que a administração de tiróide no UKMigolismo tem uiu efeito ^>cncfico sóbre a zniMcidade psiquica e motora, corrigindo a sonolência e a apa- lia; isto pôde ser observado por ocasião da supressão do hormônio no caso IV ; uma ação pronunciada e direta sôbre o desenvolvimento motor propiia- •Qente dito parece que sô se observa nos genuinos casos de hipotiroidismo, como 3 primeiros. O baixo nivel intelectual nas duas condições é o fenômeno mais resistente *0 tratamento; todavia, no mongolismo êle o é ainda mais do que no hipoti- *'oidismo. Mixedenuj, alterações tegumentares e outros sinats: Com a supressão da **!^pêutica hormonal, êstes sinais reaparem, em casos de hipotiroidismo, den- de 1, 2 ou. no máximo, 3 meses. A supressão de tiróide durante 8 meses **0 caso I\’ determinou certo grau de secura da pele. peiora da prisão de ventre, não determinou aparecimento de mixedema. Por outro lado deve-se notar que o fácies não se alterou, mesmo durante o Pcrioio desenvolrimento psicomotor c como, por outro lado, casos ha de mr.^-go- *^mo e de hipotiroidismo em que aqueles sintomas distintivos se acham atenua- para só sobressaírem os que são comuns a um e a outro, compreende-se difidl se toma a diferendação entre ambos. 15 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 258 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI G)m efeito, de forma algtima é essencial para a identificação da idiotia mongólica, a obliqtndade dos olhos e o epicanthus (7). Os caracteres morfoló- gicos do crâneo (testa alta, bossas frontais salientes, caridade orbitaria pequena distância inter-orbitária menor que o normal, face chata, etc.) são dados de maior importância, mas sua apreciação pode às vêzes difidl, e é a idiotia, coffl sua repercussão sobre o fisico e o psíquico, que domina então o quadro sinto- mático. No caso IV observado, os elementos que, de inído, fala^^am a favor do mongolismo eram o fades e a conformação craneana (não, porém, dum modo persuasivo), a presença duma cardiopatia congênita (bastante frequente nesW afeção), a pouca resistênda às infeções e o nivel de colesterol sanguíneo dentro de limites normais. Por outro lado havia, ainda inidalmente, um atráso, em- bora leve, na ossificação e no cresdmento (o qual está também, de regra, algo re- tardado no mongolismo) e a dedaração materna de que um tratamento anterior com tiroidina dera “algum resultado”. Êstes dados faziam pensar em hipoó* roidismo frusto. A evolução demonstrou, porém, que a ossificação se normalizou dentro de pouco mais de 1 ano, que a administração de preparados tiroidianos não chegoo a modificar substancialmente o aspecto da paciente, em particular o seu fácies, bem como não melhorou, de modo claro, a fala e a compreensão e, sobretudo, que a supressão posterior do hormônio durante 8 meses não retardou o pro- gresso na ossificação (*). Êstes fatos, si confrontados com o que se passo» nos outros casos observados (sobretudo o caso I), mostram que o retardo d* psicomotilidade e, principalmente, a deficiência mental da pequena paciente náo podem ser atribuidos a um hipotiroidismo, pelo menos de modo e.xclusivo, e le* vam porisso, junto com os dados preliminares já apontados, ao diagnóstico de mongolismo. Entretanto, é inegável que a administração de tiróide teve um efeito fs^o* rável: a) sôbre o crescimento estatural; b) sobre o temperamento e a condu»t que se tomaram mais vivazes; c) sôbre a atonia intestinal, pois as três cousa* melhoraram durante o período de tratamento, para peiorarem durante o da s»' pressão do mesmo. Isto nos leva a crer que, ou neste caso havia, concomita»* temente, uma deficiência leve da tiróide, que só por aqueles três sintomas ** denunda%*a, ou então que. também no mongolismo (como acontece em algt»** (•) A propõrito do critério a adotar^e na aprcciacio da influência do tratamento adbre a cafio, nda noa atemoa la aegnintea regraa: ai a oaaifkacio catl muito atrasada (3 anoa ou maia) * * com o tratamento recebe novo impulso* nÍo temos dÔTula cm reccmbeccr uma rdaçio ác causa a ainda qtxando o tempo gasto nesse avanço seja ifua] ao dom caso normal. St» porém» o atraso íòr leve. a melhoria da idade óssea só poderi ser imputada ao tratamento, si ela tc operar aceUf»^ mente, L í.» si. ao fim do período considerado, ela se bouver igualado de todo i idade croodóffica tanto, si o lapso de tempo dispendido fôr menor do que o dum caso normal) oo» melhor ainda. ** * processo observado se detiver novamente com a interrupçio do tratamento. 16 I. I^BO & Luciaxo Décovrt — Alguns aspectos da evolução do cre- tinismo e do mongolismo 259 estados fora do hipotíroidismo) um suprimento extra de tireoglobulina pode corrigir (farmacologicamente?) algumas de suas manifestações. 2) Patogenia do mongolismo-. Para esclarecimento da patogenia e etio- logia do mongolismo, diversas teorias têm sido levantadas, quasi todas baseadas nos resultados da pesquisa anátomo-patológica. Esta se endereçou, a principio, para o exame do encéfalo, que mostrou as mais variadas alterações: circunvo- iuções pouco nítidas, estrutura do tipo embrionário, menor desenvolvimento das fibras tangenciais, nódulos de substância cinzenta no cerebelo, etc. (8). Ulti- niamente, Benda tem realizado estudos sistematizados sõbre o assunto, focali- zando, de preferência, as alterações encontradas na glândula tiróide (1), na hi- Pófise (9) e no crâneo (10). Em resumo, os achados principais foram os se- guintes: tiróide não aumentada de volume, mas com sinais histológicos de hi- Peratiridade em alguns pontos e de involução em outros, ambas as cousas de- '^do ter ocorrido antes do nascimento, pois a maior parte dos casos autopsia- rmos era de crianças de alguns dias ou meses de vida, o que parece dar razão a Clark (11), que considerava o mongolismo “um hipertiroidismo fetal que cessa *>o nascimento”. Na hipófise foi observado um aumento no número das cê- fulas eosinófilas e uma deficiência no das basófilas e cromófobas; como esta glândula não está aumentada e como não existem no mongolismo sinais de m*iperfunção das eosinófilas, a deficiência das duas outras espécies celulares Parece ser a alteração principal, o que condiciona um “tipo particular de distúr- pituitário”. Finalmente, as desordens observadas no crâneo foram: pro- ffferação deficiente e ossificação defeituosa dos ossos da base (ctmóidc, esfonóide ^ escama do occipital) que são ossos cartilaginosos; porlsso a base não se des- envolve e, como os ossos membranosos (temporal, parietal) não são acometidos Pelo mesmo retardamento, o comprimento do crâneo permanece menor do que habitual, o que determina a braquicefalia dos mongolóides. Estas alterações, ^stas nas sincondroses esfeno-etmoidal e esfeno-occipital, também são obser- ^veis, em grau variável, nas articulações dos membros, o que é causa dum cresci- •nento retardado e realizado por etapas. A diferença com a condrodisf^asia reside *ni que, nesta, a cartilagem ê preinaturamente absorvida e substituída por tecido '^seo; no hipotíroidismo. os centros de ossificação não comparecem e, porisso, espaços cartilaginosos permanecem muito abertos. No mongolismo não ha uma cousa nem outra: as cartilagens se conservam, mas proliferam lenta- '•'«nte; os núcleos de ossificação aparecem, mas crescem detagar e de modo *rregular. Alem disso, notam-se diferenças histol^icas quanto à estrutura ^Plfisária. entre o cretinismo e o mongolismo. Si estas alterações da osteogenese (sobretudo craneana) são porém a '^sequência duma mutação no plasma germinal, como pensam uns, ou si são 17 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 260 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI desndas a desordens endócrinas do organismo materno, como opinam outros, é questão até hoje não resolvida ’ , < Depois de ponderar os fatos observados, muitos dos quais parecem entre s* contraditórios, Benda limita-se a uma conclusão de ordem geral, a saber, qo^ “a deficiência mongoloide parece ser dependente da ausência ou da deficiência congênita daqueles agentes que, duma fonte hipofisária ou extra-hipofisária, estimulam a diferenciação e o crescimento”. RESUMO Estuda-se a evolução de 3 casos tipicos de cretinismo e de um quart.") óe mongolismo, o qual se prestava à confusão com o quadro dum hipotiroidismo parcial. .A análise retrospectira dos casos e a obser\-ação do decurso posterior dos mesmos, revelam alguns pontos interessantes; a exteriorização plena do niix®* dema congênito só se dá alguns ou vários meses após nascimento, o que e atribuível ao efeito residual (acumulativo) do hormônio materno durante 3 gestação. Instalado o quadro integral do hipotiroidismo congénito, o doente po ossificação e a dentição; corrige completamente o mixedema; normaliza o dese*** volvimento motor, e tem ação menos favorável sôbre a inteligência. Um confronto entre ossificação e crescimento demonstra que aquela ê niuit® mais dócil ao tratamento do que éste. Esta divergência parece maior no -i^on* golismo, embora, em \alores absulutos, tanto uma como o outro estejam, nest* afeção, muito menos comprometidos do que no hipotiroidismo. Propõem-se um critério objetivo para comparar os progressos da ossificaÇ*® com os do crescimento e bem assim as regras para apreciar a influência tratamento sôbre aquela. O estudo da evolução do cretinismo e do mongolismo mostra diferenç** entre ambos, sobretudo qmnto aos efeitos do tratamento pela tiróide, que decisivos no primeiro e apenas parciais no segundo. Uma súmula dos atuais conhecimentos potogenêticos no mongolismo sugc*^ que esta afeção seja ocasionada por uma deficienda pre-natal daqueles fatore*» endôerinos ou extra-endôerinos, que estimulam o desenvolvimento ósseo, afetan<^^ de modo especial as sincondroses da base do crâneo. 18 J- I. Lobo Sí Lkciano Décourt — .Alguns aspectos da evolução do tinismo e do mongolismo cre- 261 ABSTRACT Three typical cases of cretinism and one of mongolian idiocj' with a folIo\v-up from one to two years are reported. One of the h>-poth>TOÍd cases was a prl, five years old, that never had l)een treated. exhibiting therefore a full Picture of congenital msTcedema. The other two cases had previously received ^3rroid therapy. The mongolian case appeared, at just sight, to be a mild case h>-pothyroidism ; but the'lack of effective response to the hormonal treatment **>nvinced us that we were dealing wth the condition known as mongolism. On ^thdrawal of thjToid tablets it was indecd obsers’ed an aggravation of the •ntestinal stasis and a moderate decrease in gro^sth rate, hut ossification proceeded ^ formerly. This is a way to distinguish the t\^o conditions in borderline cases. The study of the past story and the e.xamination of previous photographs these children led us to some interesting conclusions; the fui! picture of *^genital myxedema does not appear at birth but only after several months *^d sometimes only one year later. The fact may be e.xplaincd by a residual effcct the maternal hormone supplicd to the fetus during pregnancj’ or perhaps ^rough the mother’s milk in the post -natal life. Cretins may survive several years without treatment, but with an increasing *8Rra\-ation of mjTcedema. impairment of motility and mental deficiency. Untreated '^scs e.xhibit some growth in length in the first two years of life: this is to be **cribed to the anterior pituitary or to growth promoting substances present ^thin the body cclls. Neither however is able to promote the appearence of new ^ification centers. Undcr thjToid therapy the condition is completely changed: myxedema '^ppears. growth receives a new impulse, ossification is resumed, motility ** placed undcr control and mental levei improves although at a much lesser ^tent than the other sj-mptoms. A precedure is proposed to make a suitablc comparison betwcen the ossifi- '^lion and growth rates. Some rulcs are also established in order to appre- '^te the real influence of treatment on the ossification process. Such a pro- cure shows that undcr hormonal treatment, ossification is much more improved statural growth. This difference is still more pronounced in mongolism in hypothyroidism, although in the former both ossification and growth far less affected than in the latter. Our present knowledgc of the etiologj’ and pathogenesis of mongolian idiocy confined to the recognition that this affcction is caused hy a prc-natal defi- of those factors, endocrine or non-endocrine in nature. u’hich stimulate dcvehpment, affecting in epeaa! manner the sj-nchondrosis of the base the skull. 19 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 262 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI BIBLIOGRAFIA 1. Benda, C. E. — Arch. Xeurot. e Psychiat. 41:243.1939. 2. Lobo, J. 1. — Arq. Cir. Qin. Exper. 6:1142.1942. 3. Collip. }. B.; Selye. H. & Thomson, D. L. — Nature 131:56.1933. 4. Selye. H. — J. -\nat. 68(3) :289. 1934. 5. Giuria, C. A. Vianna — .Arch. Qin. e InsL Endocrinologia (Montevideo) 1(0- 111.1937-40. 6. Means, J. H. — The thyroid and its diseases. Philadelphia, J. B. Lippincot Company 1937- 7. Benda, C. E. — Arch. Xetirol. e Psychiat. 41:83.1939. 8. IVeigandt, IF. — Der jugendlichc Schwachsinn. Stuttgart, Ferdinand Enke Verlag. 1936- 9. Benda, C. E. — .Arch. Xetirol. e Psychiat. 42:1.1939. 10. Benda, C. E. — Amer. J. Pathology 16:71.1940. 11. Clark, B. M. — dtado em (10). (Trabalho da S«eão de Eodocrinolocia do Liftituto Botast*** Eatrtcoe para pnblicaçío em novembro de 1942 e dad» i poblicidade em fevereiro de 1943). 20 I. Lobo &. L. Décoirt — Alguns aspectos da evolução do cretinismo e do mongolismo. Mrra. In»t. Butanton Vol. XVI — 1942 Fio. 1 Z. C. tot 2 ano» do lOadc. Fic. 2 Z. C ao* S ano» c S inncs, por ocatiio da matricula no icnri^ 21 Mrm. Inst. Butantan I. Lobo A L. Decoiiít — .Wguiix uspeclox da evo/iição do cretinismo c do ntongolixmo. Vol. XVI — 1942 Fic. S r mão dc Z. C. aof* 5 ano» r J mrtc* dc corTc»p»>Ttlcnt- m> mixireo a J mc*<* U tdaíjc. Punho r mJlo dc Z. C. dcpoi» de 3 me»r% oe tra> lamento: franca rridênciacfto do Fic. 7 e mão de Z. C. ao» 6 anoa e 3 me^^» Idade 6»«^a: I para ano. Fic. 8 A etqucrda. A.O.P. ao« 3 ano» de idade, ao lado «te sua írmà. normal, com 1 ano. Notar a diferença no *4bar. na expre»»io fi«ionómtca e oa orientaçAo fia cah;ça. A« altnra» qua^í »e equivalem. ■í- I. Lobo 4 L. Decourt — Alguns aspectos da evolução do Mcm. Intt. Buunun crelinismo e do mongolismo. VoL xvi — 1942 FIO. 9 com ano«. ao 9€t matriculado ao já tob influência dum Iratamcoto ^tctior. A genitália c puuco dcscnvolirida. I .BI.-— e.rl> >.J Fic. 10 A. 0.1*., com 81^ anoa. ao lado da meanu imxi mala moca com que foi folo(ra(ado aoa d anoa. FIC. 11 c mão de A.O.P. aoa 6Ü anoa. Idade óaaea: 2H anoa. Fic. 12 Puobo e mão de .\.O.P. aoa 8 aaoa. Aparece- ram quaai lodaa aa eplfiaca meiacarpianaa e di«i- laia e maia o iemi4unar. Idade óaaea: 4 anoa. SciELO cm Mcm. In»l. Butantan I- Lobo & L. DÊcoriiT — Alguns aspectos da evolução do crelinismo e do mongoUsmo. Vol. XVI 1942 FiC. IJ da paciítitr I.,M.|’., cara'rii*(ica« dc hipn4ircHdi«nM>. 27 J- I. Lobo & L. Dêcourt — Alguns aspectos da evolm'ão do cretinismo e do mongolismo. Mrm. Inst. But^ntan VoL XVI — 1942 V Ftc. 16 ^•olio e mão do A.M.A. ao» J ano» de idade. atruo da oauficacio (cerca de 6 meses) '***>»do peli ausência das epífises metacarpianas e difitaif. Fic. 17 Punbo e mio de A.M.A. aos 4 anos e S meses. Fresen^a das epífises metacaipianas e digitais, do semilunar e do trapéaiow Desenvolvimento dos núcleos preexistentes. Idade óssea: entre 4yí e 5 anos. Fic. 18 A.M.A. aos 4H anos de idade, após I ano da amigda- lectomia e adeooídrctcioia. e 8 meses de suspensão do uso de preparados tiroidianos. Observe-se o fácies; não ha, porém, mixedema. 29 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 616.63 NOVAS OBSERVAÇÕES SÔBRE O DIABETE INSÍPIDO POR J. I. LOBO & LUCIAXO DÉCOURT Em trabalho anterior (1) fizemos alguns comentários acerca do tratamento ^0 diabete insipido. No presente trabalho vimos trazer o resultado de no\"as obser- vações relativas àquela entidade mórbida. Desde então até hoje apresentaram-se nosso serviço três novos casos, todos éles de diabete insipido idiopático, per- ^*2endo, pois, com os dois anteriores, o total de 5 casos em tratamento. Preli- '**'narmente vejamos, em resumo, as observações dos três novos casos acima d- **dos. CASO I — J. Dt fem., 19 a, branca. brasiU s^_ doença teve inicio repentino, não sabendo a que atribui-la. A diurese era, inicialmente, maK’*’ 10 a 12 litros — , diminuindo depois de modo a ser, no momento, mais ou menos 8 litt®** II. sexual: menarca há pouco mais de 1 ano e posteriormente menstruada apenas 2 vér<* sendo a última precisamente há 1 ano. Corrimento branco. Desenvolvimento somático e psiquico: normais. Antecedentes mórbidos pessoais: Parotidite epidêmica há 1 ano. Sofreu amigdalecto»"^ Entre os parentes não existem casos semelhantes, sendo a mãe portadora de um bócio sinip!**' .\petite consers-ado. .Alimentação variada. Peso: 42.900. Alt.: 145.7. Tegumento cutâneo: quente e úmida Pêlos pubianos presentes com dcsenvoirini«f**^ lelatiso á idade. Pêlos axilares incipientes. Paniculo adiposo regularmente desenvolsi'^'^ distribuido. 2 J- I. Lobo & Lucia.no Décourt — Novas observações sôbre o diabete insípido 277 Boca: Dentes mal cooservados. Mamas: Desenvolvimento de acordo com a idade; desde os 12 anos. jip. circulatório: nada de particular. Pulso 78. T. art.: 120 X Beação de IK.: negatis-a. Urina: vol. nas 24 horas: 8-9 litros. Densidade: 1004. Essas observações não requerem maiores comentários, a não ser na parte feferente aos distúrbios menstruais. É interessante assinalarmos que os três Osos de diabete insipido em mulheres revelam perturbações menstruais. No Qso C. C-, referido em trabalho anterior, existiam períodos de amenorréia cm que essas perturbações menstruais sejam extraordinariamente frequentes, procurámos apenas salientar o fato da sua existência em todos os trés casos úe diabete insipido em mulheres, deixando para o futuro a sua explicação; tra- tar-se-ia de simples coincidência ou até que ponto o distúrbio diabético poderia •nfluir sôbre o ciclo menstrml? Em vista dos magníficos resultados obtidos, nos dois casos do trabalho an- terior, com o emprégo do p>ó de hipófise posterior bovina, em inalações, essa *ubstância foi imediatamente empregada nos trés presentes casos. Confirmando » já conhecida efidéneia dessa terapêutica houve, desde o inído, acentuada re- tlução da poliúria e de outros sintomas, como se pode verificar pelo esquema abaixo : Antn do tratannito Em tralamcnlo Diamc Densidade Diarree Densidade ^450 I .... 8 litros nas 24 horas 1005 2 papeis ao dia. de pó lobo post. de hypófises bovinas (20 nig rada) 1.5 litros nas 24 horas 1021 C»So II ... 15 litros nas 24 horas 1005 r* 4.5 litros nas 24 horas 1009 III .. 9 litros nas 24 horac 1004 •• 1.5 litros nas 24 horas 1018 A normalização da diurese foi acompanhada de sensação de bem estar e ^ desaparecimento da polidipsia, como era de se esperar, pois, esta é secun- cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 278 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI dáría, sendo a poliúria o fenômeno primário. Os pacientes que, em geral, não conseguiam dormir a noite toda, forçados a acordarem para urinar e ingerir água, passavam a não urinar siquer uma vez durante a noite, o que muito coo- tribuia para a euforia apresentada durante o tratamento. Na observação desses pacientes (os 3 presentes e os 2 anterior) tivenW* ocasião de observar alguns itens de particular importância e que veremos 2 seguir : 1. Resistência ao tratamento — No caso 2 (C. C.) do trabalho anterior, o uso de 3 papeis diários, de 16 mg cada, de hipófise posterior bovina, mantinha a excreção urinária, durante as 24 horas, mais ou menos entre 2 a 3 litros e a paciente livre de sintomas desagradáveis. Com o uso continuado dessa medi- cação notou-se, após algims meses, que a diurese começa\'a a elevar-se, como pode ser verificado no esquema anexo: Tratamento DaUs Dinrrse nas 24 b. 3 papeis dc pó de hipófise diários . . 16.6.941 16.9.941 24.2.942 2 a 3 litros 5 a 6 6 4 papeis 21.9.942 5.5 litros Constata-se, assim, que no período de 8 meses a diurese aumentou de 2 * 3 litros para 6 litros, com o emprego de um mesmo número de papeis dc P® de lobo posterior, Se bem que em certas ocasiões a paciente se apresentasse resfriada, podendo, portanto, o aumento da diurese, nessas condições, correr por conta de uma dÜ'" culdade na absorção do pó pela mucosa nasal, em outras êsse fator não poud* ser invocado. Rutherford e Gríffith (2) verificaram a existência, no sôro de um pacicnt* com diabete insipido, de uma substância que inibia a ação antidiurética dos tratos de lobo posterior de hipófise. Trata>a-se de um caso de diabete insip*d® transitório, sendo que em 2 casos de diabete insipido crônico essa substãnc»* não foi encontrada no sôro dos pacientes. No caso presente pudemos verifi^ uma resistência ao tratamento, aparecendo após algum tempo (10 meses), * que não foi ainda convenientemente explicada, estando, todavia, sendo fc>‘®* estudos experimentais com o sôro dessa paciente em comparação com sôro indiríduos normais, cujos resultados serão publicados mais tarde. 4 J. l. I^BO & LfcuNO Décolrt — Novas observações sobre o diabete insípido 279 Procurando ainda verificar se essa resistência não estaria ligada a um dis- túrbio da absorção nasal, fizemos injeções de Pitressin Parke Davis (duas ao dia), que, apesar de serem seguidas de reações desagradáveis, não determinaram redução na quantidade de urina eliminada nas 24 horas. 2. Tanato de pitressina — Os efeitos desagradáveis das injeções de Pi- tressin para tratamento do diabete insipido são vários e bem conhecidos. Assim, as reações locais, as cefaléias, cólicas intestinais, palidez, etc., ao lado de seu efeito fugaz, durando apenas poucas horas e exigindo o emprego de várias (3 a 4) injeções diárias para controle dos sintomas, tomam o tratamento difícil de ser mantido. Greene e Januarj* (3) procuraram afastar a maioria desses in- convenientes com o emprego do tanato de pitressina, em óleo, que, s^undo aque- íts autores, não apresentaria as desvantagens do Pitressin e teria ação prolon- gada, perdurando seus efeitos pelo espaço de 30 a 82 horas. As observações de Greene e Januarj- foram, posteriormente, corroboradas por Stephens (4) que, com uma única injeção désse preparado, obteve efeito antidiurético pelo espaço de 24 a 96 horas, e por Thom e Stein (5) que, em três pacientes, com uma só injeção, controlaram a poHúria e polidipsia, por um período de 24 a 48 horas. Êsises autores observaram ainda que a administração continuada de quantidades excessivas de tanato de pitressina em óleo provocav-a o aparecimento de sinais de intoxicação aquosa. Êste último fato também foi verificado por Blotner (6), 'lue constatou ser a injeção diária seguida de efeito antidiurético acumulativo, diminuindo o volume urinário abaixo da média normal. Observou, ainda, cm *eus sete casos, a duração do efeito antidiurético, que variou de 48 a 60 horas; botou, também, aumento na salivação e melhora do apetite e da digestão. Não ^ouve reações secundárias desagradáveis, tais como irritação local, palidez e có- licas intestinais. Em nosso trabalho anterior já tínhamos pensado em empregar 'ssa substância, mas, dadas as dificuldades da obtenção do tanato de pitressina briginal de Parke Davis, foi o mesmo preparado na Seção de Endocrínologia Instituto Butantan, a partir do "Pitressin” por predpitação com ácido tâ- bico. O precipitado séco em acetona era susjjenso em óleo de sésamo. Nessas '^dições, como então assinalámos, por partir-se de pequena quantidade, não ^ possível obter-se uma suspensão ativa e os resultados foram insatisfatórios. Posteriormente, conseguimos obter algumas empolas do tanato de Pitressin Parke Davis. Dado o pequeno número de empolas disponível só foi possível emprégo, por pouco tempo, em apenas 2 casos (J. D. e C. C.). Os resulta- '^•>5 podem ser apreciados no esquema abaixo: cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 280 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI Caso I — J. D. Terapfotica Diurese nos 24 bs. Densidade Observação Sem tratamento 8-9 litros 1005 — 24 a 25 = 1 litro passa bem Injeção de 1 emp. 25 a 26 = 1 litro 1022 ft •• de tanato de Pi- 26 a 27 = 2 litros *» f« tressina em 24-8-42 27a28= S.S " 1007 polidipsia noturna. boca sêca Injeção de 1 emp. 28 a 29 = 1 litro 1026 passa bem de t. P. P. D. em 29 a 30 = 2 litros — n rt 28-8-42 30 a 31 = 9 ” 1003 mal estar Paciente C. C. (Caso II do trabalho anterior) Terapêutica Diurese nas 24 ba. Densidade Sem tratamento á: 17 litros 1001 3-9-942 3 a 4 = 3 litros 1020 1 injeção de tatano 4 a 5 = 5 " — de Pitres. Parfce 5 a 6 = 13 " 1005 Davis 6 a 7 = 16 ” 1002 Tivemos, assim, a oportunidade de, proravelmente, pela primeira vêz, cO' tre nós, observar os resultados do tratamento do diabete insipido com o tanat® de Pitressina. Os resultados obtidos concordam, in totum, com os obser%‘ado* pelos autores já citados. Não houve, a não ser uma única vez, reação local * os outros inconvenientes (palidez, cólicas intestinais, etc.) do Pitressin foram períeitamente afastados com o emprêgo do tanato. Entretanto, a maior «nta- gem dêste tratamento reside no fato de se poder controlar todos os sintomas «i® diabete insipido com injeções feitas a longos intervalos. A duração do efeito antidiurético de uma única injeção \'ariou em nosso* casos de 48 a 72 horas. Em relação â densidade urinária, sua ação é notável* em um dos casos (C. C.) a densidade, que era antes do tratamento 1001, subm nara 1020. Com o tanato de Pitressina cons^ue-se, pois, manter normais * diurese e ingestão de água, em pacientes com diabete insipido, de modo tão sa' 6 J. I. Lobo & Llxiano Décourt — Novas obsenxções sobre o diabete insípido 281 tisfatório e simples como talvez não se obtenha com nenhum outro processo terapêutico. 3. Hipófises humanas — Tendo sido sempre por nós empregado o pó íeito a partir de hipófises bovinas, tentámos comparar o efeito antidiurético de outras hipófises com o das adma citadas. Experimentalmente, Ananias Por- to (7) já constatou o notável efeito antidiurético de hipófises humanas. Está claro que tivemos intúito puramente especulativo, pois, essas hipófises nunca poderiam constituir fonte fádl e abundante para preparo do pó. O efeito anti- diurético foi ligdramente inferior ao da hipófise bodna; no paciente W. N. — Caso I do nosso trabalho anterior — em que foi empregado, na dose de 3 papeis diários, a diurese, nas 24 horas, foi de 1 litro. Idêntico resultado obti- uha-se, nesse padente, com o emprégo diário de 2 ou mesmo 1J4 papeis de pó de hipófise bodnas. Com o uso de apenas 2 papeis de pó de hipófises humanas o padente sentia muita séde e não havia perfeito controle da sua diurese. 4. Vias de introdução — O uso intranasal do pó de hipófise posterior, cin nossa experiência, mostrou constituir um processo bastante satisfatório, por- quanto evita o emprégo de injeqõcs e pode ser facilmente repetido várias vêzes ^ dia. Os efdtos são, entretanto, de pequena dura<;ão e às TCzes o paciente torna-se sensivel ao pó assim inalado, apresentando fenômenos de irritação na- ^1, espirros e aumento da secreção mucosa, que tomam a absorção, por essa via, difidl, irregular e diminuta. Diante dêsse fato procurámos verificar se outras das de absorção pode- riam ser utilizadas. Primeiramente fizemos uma suspensão do pó em álcool e Cítperimentámos a absorção pela mucosa gengival na paciente J. D. (Caso I). A diurese, fóra de qualquer tratamento, era, nesse caso. de 8 litros e a densidade 1005. Durante o período cm que a paciente fez uso dessa suspensão alcoólica, * diurese foi de 7.5 litros e a densidade 1001. Não houve, pois, qualquer me- lhora apreciável de modo a autorizar o emprégo rotineiro dessa via; pelo con- trário, quasi não houve \-aríaçâo consistente entre os periodos com e sem tra- tamento. No caso II (C. C.) do trabalho anterior também experimentámos da quasi *ó no trato gastro- cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 282 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI intestinal, administrou-se quantidade 3 vezes maior do que que a usada por nasal. Xos dois casos (J. T. e \V. X.)em que foi utilizada essa \-ia, os resul- tados foram nulos. 5. Outras fontes de preparo do pó — Em virtude da íntima conexão íu®' cional entre o lobo posterior da hipófise e o hipotálamo, tentou-se também co- nhecer a atividade antidiurética de pós fabricados a partir do hipotálamo. Xa Seqão de Endocrinologia do Instituto Butantan foram preparados, então, dois tipos de pós de hipotálamo; um fabricado a custa da porqão hipotalámica jus- taposta à haste hipofisária e outro a partir de porções hipotalámicas situadas mais afastadas da hipófise. Com qiuilquer um desses pós, por inalação, não se obteve efeito antidiurético. RESUMO Os autores apresentam o resultado de novas observações acerca do diabete insipido, realizadas em 5 pacientes, que podem ser assim sintetizadas: 1. ®) O pó de hipófise posterior bovina, em inhalações, mostrou-se ativo nos 5 casos. 2. ®) Em um caso, após 10 meses de tratamento, houve diminuição do efeito antidiurético que parece correr por conta de uma resistência ao tratamenta estando sendo feitos estudos experimentais para elucidação do caso. 3. ®) O tanato de pitressina, usado em 2 casos, revelou ser ótimo agente terapêutico no tratamento do diabete insípido, perdurando seu efeito antidiurc* tico pelo espaço de 48 a 72 horas. 4. ®) Pós obtidos a partir de hipófises humanas revelaram apreciável efc>* to antidiurético, si bem que inferior ao verificado com o uso do pó de hip®" fise bovina. 5. ®) A tentati\'a feita para aproveitamento de outras vias de absorção (g^* gi\-al, lingual e oral) que não a mucosa nasal não foi coroada de êxito. 6. ®) Pós obtidos a partir do hipotálamo (zonas próximas e afastada* da hipófise) também não revelaram efeito antidiurético. ABSTRACT Xew observations were made on 5 cases of Diabetes insipidus which ca® be summarized as follows: 1. Inhalations of powdered bovine posterior hipophysis proved active i® all the patients. cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 ■I- I. Lobo & Luclkno Découkt Novas observações sõbre o diabete insípido 283 2. In one case, after a 10 months treatnient, a decrease of the anti-diure- tic effect was stated which seems to be due to a resistence against the treatment, cxperiments being carried on to elucidate this problem. 3. Pitressin tannate in oil, employed in two cases, proved an optimum ^erapeutic agent, its anti-diuretic effect lasting from 48 to 72 hours. 4. The powders from human hypophysis showed a considerable anti-diu- fetic effect, in spite of being inferior to that obtained snth the use of powder of líovine hypophysis. 5. Any attempt of using other routes of absorption (gingival, lingual and Oral), excepting the nasal mucosa, was insuccessful. 6. Powders prepared from the bovine hj-pothalamus (regions proximate *nd distant from the hs^pophysis) also did not present any anti-diuretic effect. BIBLIOGR.AlFIA 1. Lobo, J. I. & Dicourt, Lucíoho — Mem. Inst. Butantan 15 : 37.1941. 2. Ruihtrford, R. B. & Criffith, Jr., J. Q. — J. Oin. Endoc. 1:916.1941. 2. Creene, A. 1. Jamujry, L. E. — J. .Amer. Med. Assn. 115: 1183.1940. Stfphens, D. /. — J. Oin. Invcst. 20 : 463.1941 apuá. J. Amer. Mcr. Assn. 119:995.1942. 5. Thom, G. \V. <5- Stcin, K. E. — J. Qin. Endoc. 1:680.1941. 6. B/otnfr, H. — J. Amcr. Med. Assn. 119 : 995.1942. '• Porto, A. — Comunicação pessoal. • (Trabalho a Scçio de Endccrino*ocia do Jrttitoto Bctantao. Entrccoc para pubitcaçlo em tiorembro de 1942 e dado 4 publicidade em fereretro de 1942). cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 SÔRO ANTI-RICKETTSIA NA FEBRE MACULOSA EXPERIMENTAL POR J. TRAVASSOS & A. VALLEJO-FREIRE As pesquisas preliminares de Nicolle e Conscil (1), confirmando exj>eri- nientalmente a já então presumida aqão prevcntira dos sôros de convalescentes de tifo exantemático, deram margem a ser julgado possivel o preparo de sôros Hiperimunes capazes de prevenir ou mesmo curar a infeqão no homem. Não foi no entretanto possivel obter sôros eficientes, em animais de grande porte. Todas as tentativas feitas nesse sentido por Nicolle e colaboradores (2), usando como antigenos vinis-tecido morto ou vivo (sangue ou órgão de animais de iaboratório infetados), não deram resultado satisfatório. Ante êsse insucesso, chegou-se a acreditar que as propriedades protetoras só se desenvolveriam no sôro de animais sensiveis ao virus. nos quais a infeção lífica é do tipo febril (homem, macaco, cobaia), não se as evidenciando nos sôros de animais insensiveis e nem mesmo naqueles que sofrem uma infeção do tipo inaparente (rato, coelho) (3). Duas condições seriam, assim, indispensáveis para o preparo dos sôros hi- I^rimunes: a) animal sensivel ao virus e que apresente uma infeção do tipo febril e b ) virus-tecido ^^vo. O asno, talvez .seria o animal de grande porte, de escolha para o preparo de anti-sóro, pois. confonne demonstraram Nicolle e Conscil (4). êle apresen- taria uma infeção do tipo febril. Embora as pesquisas iniciais de Rocha Lima (5) stibre a possibilidade de imunizarem animais contra o tifo experimental, usando-se como \-acinas cmul- *ôes ricas em rickettsias mortas (fcnoladas) oriundas de piolhos infetados, ti- '‘csscm sido desde logo confirmadas por Weigl (6) c Weil e Breinl (7) c in- firmadas por Doerr e Schnabel (8), alguns autores preferiram antes emprestar Propriedades especiais ao que chamaram “rirus-piolho” (poder antigênico quan- do morto, aglutinação pelo sôro de convalescentes, produção de aglutininas P^ra o Proteus X19). do que aceitar definitivamente a Rickettsia Proivaccki ^Omo agente etiológico do tifo exantcntático europeu. O problema ficou cm *'í'penso mesmo depois da aplicação das vacinas de Weigl (9) e de Si>encer- cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 286 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI Parker (10) ao homem, \-acinas estas preparadas com triturados fenolados de piolhos ou de carrapatos infetados; modificou-se no entretanto definitivamente e tomou a orientação inicial de Rocha Lima, quando se obtiveram culturas de rickettsias em tecido pelos métodos desenvolvidos principalmente por Oara Xigg e I^ndsteiner (11), que tomaram possivel mantê-las ininterruptas durante tres a quatro anos sem perda de virulência e antigenicidade. Zinsser e colaboradores (12) lograram prorar a possibilidade de se vacinar animais, usando como antigenos grandes quantidades de rickettsias mortas, obti- das não nos artrópodos transmissores, mas em raginais de cobaias infetadas. Tatos irradiados com raios X ou em culturas de tecidos. Foi igualmente po»' sivel preparar sôros hiperimunes com ricktettsias formoladas. Procurou-se desde logo obter grandes quantidades de rickettsias que ser- viriam como antigenos não só para obtenção de \-acinas, como para imunização de animais, afim de se prepararem sôros hiperimunes. As culturas em tecidos nas mãos de Zinsser e seus colaboradores (13) deram resultados promissores; de Co.x (14) na vitelina de embriões de galinha são. no momento, o meio mais prático de obtenção de rickettsias em larga escala. O grande número de rickett- sias obtido por meio de pneumonias e.xperimentais. método sugerido por Castanc- da (15) e experimentado por Durand e Sparrow (16) serviram não só para ésses autores, como para Durand e Balozet (17) estudarem o preparo de uma cina e de sôros hiperimunes. Relati\amente ao preparo de sôros hiperimunes contra a febre maculosa, ss tentatiras preliminares de Ricketts e Heincmann e as de Heincmann e Moore (iS) não foram promissoras, dado que usaram como antigenos sangue de cobaias m* fetadas. Iremos Monteiro, em 1931 (19), relata as suas primeiras tentatiras para ° preparo de sôro hiperimune em carneiro inoculado com raspados de vaginais o** lavadura peritoneal de cobaias infetadas, nos quais se encontravam rickettsias regular número. Verificou Lemos Monteiro que êsse sôro possuia algum podef protetor pela neutralização que exercia sõbre o virus tn vitro. Igualmente cons- tatou que em sôro de um carneiro inoculado com emulsões de cérebro de cobai* infetada ésse poder era nulo. Xesse trabalho. Lemos Monteiro se propunha. ^ maneira de Zinsser, usar novos métodos de enriquecimento de rickettsias ín e empregar, também, como antigenos, triturados de carrapatos infetados, méto- dos pelos quais é possível obterem-se rickettsias em grandes quantidades. Em 1940, Topping (20) consegpiiu obter sôros hiperimunes de coelhos io' oculados com triturados de carrapatos infetados, nos quais evidenciou propne* dades curati^-as satisfatórias. Tendo o nosso laboratório conseguido a criação, em larga escala. ^ Amblyomma cajennense infetados e que se destinam ao preparo da \-acina contf* o J. In-WASsos Si A. Vallejo-Fkkire — Sôro anti-rickettsia na febre raacu- losa experimental 287 a febre maculosa em S. Paulo, foi possível agora prosseguir as experiências ini- ciadas no Instituto Butantan por Lemos Monteiroí usando-se como antígenos tri- turados de carrapatos infetados, muito ricos em rickettsias, para o preparo de sõros hiperimunes. Xeste trabalhe descreveremos as nossas obserraqões preliminares .sôbre n preparo em coelhos de um sôro contra a febre maculosa e estudaremos seus efeitos preventivo e curativo. Em futura publicação, trataremos da possibilidade de obter êsses soros eni carneiros, cabras e ca\-alos, bem como de certas questões relativas ao seu mecanismo de ação propriamente dito. ^ TÉCNICA Utilizamos coelhos primeiramente inoculados com virus-sanguc de cobaia e que, além de servirem para a alimentação de Amblyomma cajcnncnsc adul- fos infetados que se destinam ao preparo da \acina contra a febre maculosa, foram, posterionnente, por \árias vêzes, picados e inoculados com emulsão de intestino de novos I.xodidas, também infetados. Assim, em coelhos previa- niente inoculados com virus-sangue de cobaia, colocavamos, por meio tle dis- positivo especial, duzentos carrapatos adultos infetados previamente nas fases eriência eram mantidos, cada um, em compartimento isolado <1^ nosso biotêrio, alimentados do mesmo modo e suas temperaturas tomadas mesma ocasião. O nuterial infetante utilizado nestas investigações era constituído de san- gue citratado de cobaias infetadas, colhido por punção cardíaca no segundo ou terceiro dia da reação térmica. Em quasi todas as experiências, a quan- tidade de sangue a se utilizar era superior a que se pwleria obter de um único animal. Previsto o tipo de experiência e a quantidade de virus-sangue ne- cessária, inoculáramos previamente várias cobaias com virus de passagem <1^ um mesmo animal, sendo estas posteriormente sangradas no dia e.xato c ^ mistura de seus sangues usada para inocular as cobaias de prora. Provas esterilidade do sangue afastaram a possibilidade de contaminações eventuais. As nossas experiências podem ser assim resumidas; A) Xcutralhação "in vitro”. 1 . Mistura de sôro e virus e inoculação após 30 minutos de contacto, pc*"' manecendo a mistura durante êsse tempo à temperatura ambiente. 2. Mistura de sôro e rirus e inoculação após 30 minutos de contacto, pc*"' manecendo a mistura durante êsse tempo à temperatura de 37° C 3. Mistura de sôro e virus e inoculação após permanência no frigo uma noite. •t J. Tbwassos & A. Vau-ejo-Freire — Sôro anti-rickettsia na febre niacu- losa experimental 289 B) Neutralização "in vivo". 1. Mistura de sôro e virus e inoculação imediata em cobaias. 2. \'irus por via peritoneal e sôro por \-ia subcutânea. 3. \'irus por \-ia subcutânea e sôro por \-ia peritoneal. C) Ação preventiva. 1. Cobaias inoculadas com o sôro são infetadas em diferentes períodos com o virus. D) Ação preventiva no período de incubação. 1 . Cobaias infetadas recebem o sôro em diferentes dias antes da rea- ção térmica. E) Ação curativa. 1. Coliaias infetadas recebem o sôro uma ou mais vezes cm diferentes dias da reação térmica. RESULTADOS A) Neutralização “in vitro’ Xuma exei>eriência preliminar procuramos avaliar a capacidade de neutra- lização do virus pelo nosso sôro. Assim, quantidades v^ariáveis do sôro foram *nisturadas a 0.5 ml de um virus-sangue de cobaia, titulado no mesmo momen- lo. Êsse virus demonstrou segura atividade até na diluição de 1 para 100, po- dcndo-sc, por ésse modo, presumir que naquela dose de 0.5 ml usado na exj)e- ríência, tinhamos no minimo 50 doses infetantes. Os resultados obtidos de- •iirmstraram que o nosso sôro era capaz de proteger 50^0 tias colaias de prova, ^ dose de 0.1 ml. Essa experiência serviu-nos para orientar as doses de sôro ® serem usadas nas experiências ulteriores. 1 . Mistura de sôro e virus e inoculação após 30 minutos de contacto à temperatura ambiente. Quatro cobaias foram inoculadas, duas por via subcutãneii e duas por via peritoneal, com 1 ml da mistura em partes iguais de sôro anti-rickettsia e virus- sangue obtido de coliaia infetada e em plena reação febril. A mi.stura. antes ser inoculada, permaneceu por ^ minutos à temperatura ambiente. Duas ®utras cobaias testemunhas foram inoculadas na mesma ocasião com 1 ml cb cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 290 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI - mistura em partes igimis de sôro de coelho normal e virus-sangue, nas mesnus condi qões. O Gráfico No. 1 mostra os resultados obtidos, observando-se completa pro- teqão das cobaias inoculadas com a mistura sôro anti-rickettsia-virus. As tes- temunhas reagem febrilmente, mas sobrevivem. Oráftco Nq. 1 .•\s cobaias de prova mostraram-se imunes quando posteriormente inocub' das com virus seguramente ativo, como evidenciam os gráficos das testcniU' nhas do virus usado na reinoculação. 2. Mistura de sôro-iirus c inoculação após 30 minutos de contacto à peratura de 37° C. Duas cobaias foram inoculadas com 1 ml da mistura sôro anti-rickettsia-vit'*^ nas condkjões acima e. duas outras, testemunhas, foram inoculadas com a mistuf* sôro nonnal-virus, tm idênticas condições. G ■J. Travassos & A. Vallejo-Freire — Sõro anti-rickellsia na febre macu- losa experimental 291 No mesmo Gráfico No. 1 as cobaias que receberam o sôro anti-rickettsia se tnostram perfeitamente protegidas, enquanto que uma das testemunhas apresenta tea<;ão fraca e sobre\-ida. Ambas cobaias de prora foram posteriormente reino- Cüladas, mostrando-se perfeitamente imunes ao virus de passagem. 3. -Mistura de sôro e znrus e inoculação após permanência no frigo por uma noite. Quatro cobaias foram inoculadas com mistura sôro anti-rickettsia-virus que permaneceu na geladeira a 2.® C. durante 15 horas. O Gráfico No. 1 mostra a completa prote«;ão das cobaias que receberam o sôro anti-rickettsia e, quando posteriormente reinoculadas com o virus de passagem, uma imunidade satisfa- tória. As testemunhas apresentaram, também, infeções ligeiras e sobreviveram. As experiencias do Gráfico No. 1 ficaram aparentemente inconclurivas. O '^rus usado nas misturas que permaneceram quer por 30 minutos na tempera- tóra ambiente, quer por uma noite na geladeira, aparentemente não estavam em Condições satisfatórias de virulência, pois as testemunhas que receberam a mis- *ura sôro normal-virus, não reagiram convenientemente. Entretanto, o fato das cobaias de prova mostrarem uma sólida imunidade *pós a reinoculação de virus de alta virulência, o que contrasta com o que se observa em geral na prática, chamou a nossa atenção. Como não tivéssemos frito testemunhas do virus-sangue utilizado, sem mistura in vitro com o sôro de Coelho normal, precisavamos inicialmcnte saber si, na realidade, haviamos tra- l*tlhado com virus pouco ativo ou si o sôro normal, naquelas condições das •bisturas, era capaz de por si só atenuar a virulência do virus. Procuramos '^cri ficar, então, si o mesmo fato se repetiria cm nova experiência, tanto mais tóteressante quanto se observa no Gráfico No. 3 que as cobaias testemunhas — ■boculadas com sôro normal-virus imediatamente após a mistura — não mos- haram um comportamento semelhante. No Gráfico No. 2 vêm-se os resultados da repetição dessas experiências que risaram esclarecer essas dúvidas. Assim, as duas cobaias testemunhas, 15.488 ' 15.489, inoculadas somente com o virus, uma por via subcutânea c outra Por via peritoneal, mostraram infeção tipica. Duas outras cobaias que testemunharam a ação das temperaturas a 37° C. Por meia hora e 2.° C por 15 horas (cobaias 15.490 e 15.491) mostraram tam- f*rin infeção e incubação tipica, excluindo dêsse modo uma possível ação des- temperaturas sobre o virus em experiência. Ao contrário, as cobaias tes- tóniunhas da mistura sôro normal-virus e permanência a 37° C por 30 minu- tós ou permanência a 2° C por 15 horas, confirmaram o fenómeno observado na ^periência anterior, isto é, uma certa ação do sôro normal de coelho sôbre o '^rus-sangue de cobaia infetada, quando mantidas as misturas em contacto du- cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 ■292 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI rante algum tempo, antes da inoculação nos animais de prova. As testemu- nhas da mistura sôro normal-\-irus imediatamente inoculadas — Gráfico Xo. 3 — e, também, as testemunhas Xos. 15.484 e 15.487, nas quais o soro normal to* injetado por via diferente da do virus — Gráfico Xo. 2 — , mas na mesm» ocasião, dizem-nos que esta ação de neutralização parcial do sôro normal sobre 'AÇÃO PROTETORA DO 5ÕRO ANTI-RICKETTSIA JÒOO A»n-PtCK£TTllA ZÒOO HOPnAl • • 1 .. un 1 11 " _ lUKQi. í. i i i I 11^ ií ' ■■ “ TT f- n ♦ ♦ ít rj wn riwttj • - c ... ■ »* t •1» n ««Mi « • Jf I ne Gr&fico No. 2 V ■o virus não se manifesta in tiVo, evidenciando-se, porém, somente, após pré''*'^ ia]-virus, com permanência mais ou menos prolongada tn zitro. Em trabalho ulterior descreveremos experiências atualmente em andamento eram ® mistura sòro anti-rickettsia-virus não reagiram febrilmente e. posterionnente, ricketlsia na febre macu- losa experimental 295 O Gráfico Xo. 4, onde estão e.xpostos os resultados, mostra que somente a partir de 11 dias após a inoculação do sôro é que as cobaias começam a rea- gir francamente ao ^^rus, mostrando-se desprotegidas. Pelo comportamento das testemunhas, cuja maioria apresentou uma infeção típica com morte, po- de -se deduzir, desde logo que, realmente, o sôro anti-rickettsia apresenta um nitido poder preventivo. Uma nova experiência semelhante a esta foi realizada com sôro do lote sendo que as testemunhas desta experiência foram previamente inoculadas sôro normal de coelho, afim de ser afastada uma possível causa de erro, que não tinha sido realizado nas testemunhas da experiência anterior. Assim, 22 colaias foram divididas em dois lotes, as cobaias de um déles receberam 2 ml de sôro anti-rickettsia e as do segundo lote (testemunhas) focam injetadas com 2 ml de sôro normal. Essas cobaias receberam posteriormente virus-sangue no 5.®, 6.°, 7 °, 8.°. 10.®, 11.®, e 12.® dia, após a inoculação dos sôros. O Gráfico Xo. 5 revela, em primeiro lugar, a nenhuma influência protetora do sôro normal de coelho sôbre o desenvolvimento da infeção maculosa. Ao Contrário, as cobaias que foram presnamente tratadas com o sôro anti-rickettsia, •bostram segura proteção nos primeiros dias, essa proteção tomando-se irre- Cráf»co Na S 11 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 296 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI guiar a partir do 7.° dia, apresentando as cobaias ou infeção nitida, como no caso da cobaia 11.611, ou proteção parcial com alongamento no periodo de íD' cubação, como nas cobaias 11.613 e 11.615. Essas experiências preliminares permitem, desde logo, obseraar um nitido poder preventivo do sôro anti-rickettsia. É claro que elas não podem precisat o limite de proteção passi\*a do sôro. pois, de um lado, a aarulcncia ^ariável dos virus inoculados nos diferentes dias não permite uma uniformidade experime**" tal e. de outro lado, a pequena quantidade de sôro de que dispúnhamos não pcf' mitiu inocular maior número de cobaias ou usar maiores doses de sôros, dc modo tal que, para um mesmo dia e com um mesmo virus, grupos de pelo menoS 10 cobaias de prova e outras tantas testemunhas, permitissem uma melhor apre* ciação dos resultados. .■Vté que ponto, depois de uma inoculação de virus, o sôro anti-rickettsia ptO" tege contra a infeção, o item seguinte procura esclarecer. D) Ação preventiva no período de incubação. 1 . Cobaias infetadas recebem o sôro em diferentes dias. antes da rra(^^ térmica. Xo item B já se pode considerar estudada a primeira parte desta experiéí>* cia. isto é. cobaias infetadas pelo \nrus recebem na mesma ocasião sôro anti* rickettsia por via diferente. Procedemos a novas experiêndas. alongando o e*' paço de tempo entre a inoculação preliminar do virus e a injeção do sôro. Xuma primdra experiênda, 1 ml de sôro anti-rickettsia do lote A foi jetado em quatro cobaias por via peritoneal, 2 e 3 dias após a inoculação do '■’* rus por via subcutânea. Quatro cobaias testemunhas foram tratacbs nas nic*' mas condições com sôro normal. O Gráfico Xo. 6 mostra que. enquanto essas testemunhas revelaram uio* infeção tipica. morrendo três delas de febre maculosa. somente uma das quatrO cobaias de prora, a que recebeu o sôro protetor no 3.° dia. apresentou rcaçá<> térmica, sobrevivendo à infeção. X'una segunda experiência, sete cobaias inoculadas previamente com vim-' sangue por via subcutânea receberam após 1 a 7 dias da inoculação do vim^' 2 ml de sôro anti-rickettsia do lote B por via peritoneal. Três cobaias testenm* nhas. também inoculadas com drus-sangue por da subcutânea, receberam 2 f”* de sôro normal no 2.®, 5.® e 7.® dia após a inoculação do drus. Das três cobaias testemunhas, duas mostraram uma reação térmica longada. mas sobreviveram à infeção, enquanto que a terceira teve uma ção mortal, mostrando à necropsia lesões tipicas. 12 J. Travassos & A. Vallejo-Freire Sôro anti-rickettsia na febre tnacu- losa experimental 297 Xo Gráfico Xo. 7 vcm-sc os resultados. Das cobaias de pro%a as quatro primeiras inoculadas com o sôro anti-ri- ^ttsia do l.° ao 4.® dia, mostraram-se protegidas. .As cobaias inoculadas no 6.® e 7.® dia sofreram una infe<;ão comparável à das testemunhas. Os resultados destas pesquisas mostram-nos, de modo mais ou menos ní- a proteção que ainda pode exercer o sôro quando inoculado no período de '•'cubação e tanto mais eficaz quanto nais precoce fôr a sua aplicação. Èlas são *^^forçadas pelos resultados de una outra experiência feita no limite desse pe- hodo, isto é, no 4.® dia ap>ôs a inoculação do vírus, dia em que já a primeira '^'^ifestação térmica da infeção pode ser observada em grande número de ani- 13 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 298 Memórias do Instituto Butantan Tomo XVI Grifico Nd. 7 mais. Essa experiência, que é descrita com minúcia no item seguinte e cujo* resultados estão expostos no Gráfico No. 9, mostra, de modo nitido, a te<;ão eficiente do sòro anti-rickettsia ainda quando inoculado tardiamente ^ período de incubaqão ou mesmo quando a primeira manifestação térmica da *0' feção é observada. Êsses resultados, parece-nos, não deixam lugar a dú-vidas sobre o \aIor profilático do sôro. 14 J. TavvASsos 4 A. Vallejo-Freire — Sôro anti-rickettsia na febre tnacu- losa experimental E) Ação curativa. 299 1. Cobaias infetadas recebem o sôro uma ou mais vcces em diferentes dias da reação térmica. Numa pesquisa preliminar tomou-se em consideração, para início das ex- periências sôbrc o poder curativo do sôro, o fato de, nas infeções e.xperimen- íaii das cobaias, a reação térmica se evidenciar, em geral, a partir do 3° ou 4.® dia da inoculação infetante. Tratando-se de vinis mantido em laboratório por passagens sucessiras em cobaias e de alta virulência, o período de incubação raramente se prolonga além do 6.° dia. Assim, lerando em consideração êsse fato, uma primeira experiência foi realizada com doze cobaias infetadas, por via subcutânea, com 0.5 ml de virus-sangue. Essas cobaias foram dindidas em hus decorreram do emprêgo de antigenos ina* dequados. Assim, aos nítidos efeitos protetores dos sôros de convalescentes oU de animais sensíveis experimentalmente infetados, quando sangrados dentro da» duas primeiras semanas após a queda de temperatura, contrapunham-se os resul- tados praticamente negativos obtidos com sôros de animais de maior porte (car- neiro. cavalo) repetidamente inoculados com sangue ou triturados de órgãos de cobaias infetadas, isto é. com virus-tecido vivo ou morto. Mesmo naqueles ani- mais que reagem febrilmente ao virus, quando repetidamente \acinados cooi emulsões de órgãos ou sangue, destruída a vitalidade do rirus pelo calor ou processo químico, não se conseguiu imunizá-los contra ulterior inoculação do virus. Êsses fatos fizeram, então presumir que somente os aninuis verdado* mente infetados, com hipertermia, eram capazes de gerar anticorpos protetores- Excluia-se, assim desde logo. para o preparo de sôros hiperiniunes. a possibih- dade de usar-se como antigenos virus-tecido morto e, também, o emprêgo de animal que não reagisse febrilmente à inoculação infetante. Nesse particular, Nicolle seledonou o asno como animal de grande porte para essa ordem de tra- balhos, uma vez que êle reagia febrilmente às inoculações do rirus. Confirmados que foram os trabalhos iniciais de Rocha Lima sôbre a possi' bilidade de se \*acinarem animais contra o lyphus experimental, usando-se coiu® >acinas emulsões ricas em rickettsias, mesmo mortas (fenoladas), tal como 20 J. Travassos Jt A. Valxejo-Freire — Sôro anti-rickettsia na febre macu- losa experimental 305 cou perfeitamente demonstrado pelos estudos em tômo das vacinas de Weigl e Spencer-Parker, as pesquisas ulteriores orientaram-se nesse sentido. Zinsser e sua escola trataram desde logo de obter grandes quantidades de rickettsias a se- rem usadas como antígenos, e o emprego de diferentes meios técnicos veio de- monstrar que não só no artrópodo vetor é possivel consegui-las. Nos próprios animais de laboratório, ou em culturas-tecido, conseguem-se hoje emulsões muito ricas em rickettsias, que podem ser utilizadas como antígenos, não só para o preparo de \-acinas, como para o de sôros hiperimunes. Nas tentativas já feitas nesse sentido têm-se usado ora o coelho, ora o ca- valo, como animais capazes de se hiperimunizarem e fornecerem sóros com apreciáveis propriedades protetoras. O emprego dêsse último animal, que res- ponde apreciavelmente às inoculações do antigeno-rickettsia, exclue. também, a suposição de que só naqueles animais que apresentam uma infeção típica, com desenvolvimento febril, pudessem ser encontrados os anticorpos protetores em teor apreciável. No momento, estamos imunizando cavalos por inoculações re- petidas de antigeno-rickettsia e já jxxlemos afirmar, pelas provas preliminares que temos realizado, que esses animais respondem ao antigeno com um desen- volvimento apreciável de anticorpos protetores. Em trabalho a ser publicado a seguir, mostraremos essa possibilidade, bem como as proNas que usamos para a\aliação do teor de anticorpos. Neste trabalho expusemos as nossas pesquisas preliminares sõbrc a possi- bilidade de se preparar sôros hiperimunes cm coelhos. Hoje, esses animais já são empregados rotineiramente nos laboratórios que se dedicam ao fabrico do sôro anti-pneumocócico, não sendo assim, portanto, um animal a desprezar pelo seu pequeno porte, uma vez que êle se revele de valia na produção de sôros hiperi- niunes eficazes. Nas e.xperiéncias. expostas neste trabalho, obtivemos resultados animadores eom o emprego do sôro preparado em coelhos, já como elemento preventivo da •doença, quando aplicado nos primeiros dias que decorrem da inoculação infe- 'ante, já como elemento profilático, para evitar por certo tempo uma provável e ulterior infeção. Neste último caso, as atuais pesquisas fazem presumir que essa prevenção, por meio do sôro, se realiza por cérca de uma semana, tempo, sem dúvida, já suficiente para que se possa recorrer a uma imunização ati\'a pela vacina, sempre mais eficaz. As nossas experiências sóbre o poder curativo, tais como as de Topping, *ambém foram animadoras, sobretudo aquelas em que o sôro foi inoculado nos ptimeiros dias da reação febril. Enfim, essas experiências animam-nos a prosseguir nessa ordem de pes- quisas. 21 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 306 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI CONXLUSÕES Um sôro anti-rickettsia, preparado em coelhos, mostrou evidente poder neutralizante sõbre o \’irus da febre maculosa, tanto tn vilro como tii rrro. Também puderam ser demonstrados efeitos preventivo e curativo sõbre a infe- ção experimental da cobaia. ABSTR.AlCT The experiences performed in 1931 by Lemos Monteiro, at the Instituto Butantan, in regard to the obtention of h}-perimmune anti-Rickettsia sera active against the “São Paulo t>-phus” (Spotted fever in São Paulo) were continued by the authors, who were able to prepare a serum in rabbits of evident preven- tive and curative properties, such, as that recently obtained by Topping, in the United States. The technic employed is described in detail. Rabbits infected with virus- blood and used for the feeding of Amblyomma cajennense spedmens destinatcd for the preparation of the vaccine, were employed for the obtention of the se- rum after a two months rest. After being submitted to repeated bites and inoculated with triturations of ne^v lots of infected adult Ixodidac, they were bled several times. The tests were made in experimentally infected guinea pigs- The serum thus obtained showed: 1) Xeutralizing power on the rirus’ action, both in vilro and in vivo; 2) effectiveness in immunizing passively íor about a week; 3) effectiveness in preventing the infection when inoculated during the incubation period ; 4) curative action when inoctilated in the first days of the thermic reaction, evidenciated, mainly, the lessened intensity of the organic lesions and distinct fali of mortality. BIBLIOGRAFIA 1. NicoUc, C. & Conscil. E. — C. R. Acad. Sc 151:596.1910. 2. XUolle, C. cl al. — Buli. Acad. Med. 75:95.1916; .Ann. Inst. 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BIOCCA Uma corrente elétrica contínua, passando entre eletrodos de prata imersos água. provoca uma dissociação iônica desse metal. A quantidade de prata * previamente catadinizada, por cêrea de 1 hora. Após 60 minutos de contac**^' inocula\'amos os animais de pro\’a, que morreram em tempo certo, a partir 2 D.M.L., tal como os testemunhas inoculados com as diluições corresponde*'" tes das toxinas feitas em água não catadinizada. Não foram feitas experiências com maior ternpo de contacto, não se dendo saber, assim, si uma ação mais prolongada da prata teria modificado o* resultados. o J. TawAssos i E. Biocc-a — Ação da praia eletrolisada sobre certas toxinas, venenos, etc... 311 Fenenos — Nas pro^^as feitas com venenos de Jararaca e Cascavel, usan- do-se técnica semelhante, a desintoxicação não se operou a partir de 2 D.M.L.. ^»as doses de e 1 D.M.L. algims pombos sobreviveram. \’ê-se, por essas experiêndas, que tanto as toxinas como os venenos mostra- ^^-se resistentes ao tratamento pela prata ionizada, sendo mínima, talvez, a *Çâo desintoxicante. Protosoários — Os protozoários, pelo menos aqueles por nós obseni'ados (tripanosomas, leishmanias em culturas, ciliados e flagelados das águas), são ^uasi que imediatamente inativados. Aqui devemos fazer notar que, dada a grande sensibilidade dos tripanosomas e leishmanias às soluções não isotôni- ^s, excluimos essa causa de erro, tomando isotônica a água previamente cata- ^inizada, pela adição da quantidade requerida de sal. Os controles mostraram *)ue essa adição de sal à água previamente catadinizada não diminuia de modo ®itido e rápido a sua ação bacteridda. Nestas condições, a ação da prata sôbre protozoários fazia-se notar já em poucos minutos, tomando-os imóveis. Rickettsias — Para as nossas provas da ação da prata sôbre Rickettsias, 'isamos emulsões de lavaduras e raspagens peritoneais e vaginais de cobaias in- jetadas pelo vims da febre maculosa. .As emulsões, passadas cm gaze, mistu- tsvam-se em partes iguais à ágtia já catadinizada ; ficavam cm contacto por 30 hiinutos e então eram inoculadas em cobaias. Os animais reagiram tipicamente, *tH>strando-se as Rickettsias, assim, aparentemente resistentes ao método cle- 't^ícatadinico. Firus fiUráveis — Nestas nossas primeiras experiências com vims filtrá- lançamos mão de uma linfa vacinica, recentemente colhida de vitelo vaci- ’'*do. Escolhemos a linfa nessas condições, não somente para verificar a resis- *cicia que ofereceria o virus vacínico, como, também, pelo fato de, na linfa, drus estar associado a numerosas bactérias, o que serviria facilmente de con- *fôle da atividade da água. Meio grama de polpa vacinica, recentemente raspada de vitelo vacinado, emulsionado em 4.5 ml de água tratada. Outro meio grama, misturado com * biesma quantidade de água não tratada, serviu para os controles. Após 1 hora "j* contacto à temperatura ambiente e as emulsões passadas em gaze, foram fei- controles bacteriológico e de atividade do vims. Êstes mesmos controles fo- repetidos depois de períodos de 1, 2 e 3 meses, durante os quais as emul- *^s permaneceram na geladeira a 0®C. As provas de vitalidade do váms foram feitas por escarificação da. pele de ^^hos; os controles bacteriológicos foram executados, semeando uma alça do '^terial cm tubos de agar simples. No quadro abaixo podem-se ver os re- *'*jtados : cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 312 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI Tempo de ação da prata L^i «N 1 « \ V.VCIXTCA sôbre 1 hora 30 dias a 0”C 60 dias a 0®C 90 dias a 0“C yirus, atividade para o coelho -f-f-h ... — TRATAD.\ fíacterias, aeróbias _ cultiváveis e m agar !'irus, atividade p:ra o coelho ++-H -f-r-r +++ -I-++ XAO TR.ATAUA Hactfrias, ajróbi.t', cultiváveis e m +++ -!-++ -|-t-+ agar Já 1 hora depois da mistura da linfa com a água contendo ions de prat*-. eletrolisada, os controles em agar mostraram-se negativos. Ao contrário. controles da mistura da linfa com água não tratada, uma cultura espessa dcsen* volveu-se na superfície do agar. formada pela confluência de numerosas colO" nias de bactérias diversas. Pelos resultados que a tabela revela, vê-se que a ação da prata eletrolisa‘^ sôbre o virus varínico foi relatiramente muito fraca, pois, mesmo após 2 meses f %’irus ainda se mantinha rivo. Com o tempo, também a sua atiridade foi desa* parecendo, o que indica uma ação da prata sôbre o virus, mas em proporçó^ enormemente inferiores do que sôbre as bactérias. Esta resistência que o virus \-acínico oferece aos ions de prata pemiitc-ní*® purificá-lo com relatira facilidade. Conhecem-se as dificuldades, atê hoje ticamente ainda não superadas, com que se luta nos laboratórios espedaliz^*^^ para a purificação rápida da linfa vacinica. principalmente em certas ocasió^ de emergência, como no caso de grandes epidemias, em que se é obrigado a 1^” çar mão até de polpa recém-colhida. Neste particular, muitos métodos sido projx)stos com êsse objetivo, inclusive o de Lemos Monteiro — laseado ^ filtração do virus — até agora adotado neste Instituto. Si outros virus oferecerem a mesma resistência à ação da prata elotrolisaíl*’ o método eletrocatadínico tomaria grande importância em virulogia e viria ^ solver um dos problemas que apresenta, por vêzes, grandes dificuldades ted» 4 •í. Travassos & E. Bioccv Ação dá prata eletrolisada sôbre certas toxinas, venenos, etc... .tl3 cas a transpor, isto é, purificar e quiçá isolar facilmente um virus em material contaminado por bactérias aeróbias. Bacteriófagos — Já o casal Wollman tinha observado que, sob a ação oli- godinâmica da prata, os bacteriófagos mostram-se muito mais resistentes do que as bactérias correspondentes. Provas que realizamos com bacteriófagos de diferentes liactérias intestinais, tiiluidos em ágtia prériamente catadinizada, revelaram, confirmando os tral)a- ilios já começados por P. Biocca, terem êles uma resistência notavelmente su- perior aos germes correspondentes. Nestas nossas e.xperiências, mesmo após contacto de 3 dias com a água catadinizada. os bacteriófagos se mostraram itivos. RESUMO • Nesta nota prévia mostram-se os resultados de experiências iniciais da sção da prata clotrolizada sóbre certas toxinas, venenos, protozoários, rickett- *>as, virus filtráveis, e bacteriófagos. .Afim de eritar uma concomitante ação 'le cataforese, adotou-se o método de eletro-catadinizar préviamente a água an- les de misturá-la com o material em estudo. Dada a grande sensibilidade dos 'ripanosomas e leishmanias às soluções não isotónicas. foi excluida essa causa erro, tomando isotónica a água previamente catadinizada. pela adição da lüantidade requerida de sal. Nestas condições, a ação da prata sôbre os pro- tozoários, fazia-sc notar já cm poucos minutos, tomando-os imóveis. -As toxinas diftérica e tetânica e os venenos de Bothrops jararaca e de ^''otalus tcrrificus tcrrificus, mostraram notável resistência à ação da prata ^ctrolisada. Uma análoga resistêncb revelaram as rickettsias da febre ma- viosa, o virus \acinico c bacteriófagos de bactérias intestinais. O rirus va- t^ico, 2 meses após o tratamento, ainda esta\-a ativo para o coelho. .Aprovei- tando esta resistência e dada a potentissima ação bactericida da prata eletroli- propõe-se empregar o método eletrocatadinico para purificação da linfa tônica e, quiçá, de outros virus, desde que êles também se mostrem resistentes ^ ação da prata eletrolisada. ABSTR.ACT In this prerious paper the rcsults of initial e.xperiences conceming the ^'on of the electrolyzed silver on certain toxins, venoms. protozoa, rickettsiac, ^^terable vimses and bacteriophages are reported. In order to avoid a conco- '*’'ttant cataphoretic action, the water was acti\ated with clectro-katadme l)cforc cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 -114 Memórias tio Instituto Butantan — Tomo XVI mixing it with the material under study. Owng to the high sensibility of the tr)'panosomes and leishmania against the non-isotonic solution, this cause o* error was excluded by making the previously activated water isotonic by addition of the required amount of salt. Under these circumstances, the actioo of the silver on the studied protozoa was noticeable within a few minutes, by their immobilization. The diphtheric and tetanic toxins, as well as the venoms of Bothrops jo^' raca and Crolalus tcrrificus terrificus showed remarkable resistance against the action of the electrolyzed silver. A similar resistance was noticed with the spottcd fever rickettsiae, the s-accine virus and bacteriophages of intestinal bactena- The \-accine virus proved still active for the rabbit 2 months after the treatmef*- In view of this resistance and the most powerful bactericide action, the authofS suggest the employement of this method for the purification of the ^•acclne lymph and, perhaps, of other viruses, in case they prove resistant to the actioo of the electrolyzed silver. BIBLIOGRAFIA Krause — cit. Alfssandrínt, A. êr Lahmnca, G. — .\nn. Ig. 49:201.1939. Rainsford, S. G. — J. Hyg. 37:539.1937. Labranca, G. — .\nn. Ig. 49 : 357.1939. ^hssandríni, A. & Labranca, G. — .Ann. Ig. 49 ; 201 . 1939. yaoi, //. 6- .Vakahara, ÍV. — Jap. J. Exp. Med. 12:131.1934. JVollman. E. & H'olíinan, Mme E. — C. R. Soc. Biol. 108:111.1931. Montnro, J. Lemos — Arch. Hyg. 4(1) -.67.1930. lEntrciru* parr. poblica^âo José C\rlos Ribas — Caraterízação sorológica dos meningococos 321 oomo também das aglutininas específicas, o que nos levou a dispensar o em- prego desta última técnica, que neste grupo de germes poderia mesmo levar a grandes confusões, segundo já o fez vêr Fildes (13). IDENTIFICAÇ.^0 Com sòros assim controlados, realizamos provas sorológicas para classifi- cação de uma primeira série de 27 meningococos todos isolados de liquido céfalo-raquidiano de doentes, cujos números figuram na relação abaixo, in- ternados no Hospital Emilio Ribas, do Estado de São Paulo, durante o ano de 1939. Tipo I Tipo II Tipo III Tipo IV 199 207 201 194 225 82 290 947 548 87 652 1002 142 685 181 301 186 306 676 686 763 816 922 940 164 191 296 8 (29.6%) 13 (48%) 4 (14.8%) 2 (7 Foram, portanto, classificados no grupo I (tipos I e III) : 12 amostras de meningococos (44.4%). Qassificados no grupo II (tipos II c IV) : 15 amostras de meningococos (55.5%). Com os mesmos sòros aglutinantes verificamos uma segunda série de 33 tiieningococos, todos isolados do liquido céfalo-raquidiano de doentes internados *10 Hospital Emilio Ribas durante os anos de 1940, 1941 e 1942. •Apresentamos um protocolo bastante minucioso das aglutinações realizadas, Onde se poderão apreciar detalhadamente diversos aspectos: amostras mais e *Oenos aglutináveis, predominância de certos aglutinógeno® e ausência de outros. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 322 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI PROTOCOLOS títulos Antt-sôros IMO 1/80 1/160 1/320 1/640 Test Tipo» Doente I 3 3 3 2 0 0 No. 131 II 4 4 4 4 4 II 7-6-40 III 3 1 0 0 0 IV 1 0 0 0 0 Doente I 4 3 3 0 0 0 No. 154 II 4 4 4 4 4 II 24-6-40 III 1 0 0 0 0 IV 2 0 0 0 0 Doente í 4 4 3 3 0 0 No. 216 II 4 2 0 0 0 7-8-40 III 4 3 2 2 0 IV 4 4 4 4 4 IV Doente I 4 4 4 3 0 0 II No. 276 II 4 4 4 4 4 11-9-40 III 1 0 0 0 0 IV 4 4 3 2 0 Doente I 4 4 4 3 2 0 1 No. 332 II 4 4 • 1 1 0 26-10-40 III 2 1 1 0 0 IV 2 2 1 0 0 Doente I 4 3 1 1 0 0 No. 335 II 4 4 4 2 1 29-10-40 III 2 0 0 0 0 IV 4 4 4 4 4 IV Doente I 4 3 3 2 0 0 II No. 200 II 4 4 4 4 4 28-12-40 III 1 0 0 0 0 IV 1 0 0 0 0 Doente I 4 4 4 0 0 0 II No. 156 II 4 4 4 4 4 15-3-41 III 0 0 0 0 0 IV 4 3 0 0 0 Doente I 4 4 4 2 0 0 II No. 222 II 4 4 4 4 3 27-6-41 III 2 2 0 0 0 IV 4 4 2 2 . 0 8 324 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI TÍTULOS Anti-firos 1/40 1/80 1/160 1/320 1/640 T«t Tip« Doente I 4 4 1 1 0 >,’o. 395 II 4 3 1 0 0 «-10-41 III 4 4 4 4 4 III IV 4 4 0 0 0 Doente I 4 4 4 0 0 0 >:o. 437 II 4 4 4 4 0 10-9-41 III 4 4 4 4 4 III IV 4 4 4 4 0 Doente I 4 0 0 0 0 0 No. 403 II 4 4 4 0 0 18-10-41 III 4 4 4 4 4 III IV 4 0 0 0 0 Doente I 4 4 4 4 2 0 I Ruth II 4 4 4 4 0 10-1-42 III 4 I 0 0 0 IV 3 1 0 0 0 Doente I 1 1 0 0 0 0 Antonieta II 1 0 0 0 0 13-1-42 III 4 4 4 0 0 III IV 4 0 0 0 0 Doente I 4 4 4 4 0 0 No. 11 II 4 4 4 4 4 II 13-1-42 III 0 0 0 0 0 IV 4 4 4 0 0 Doente I 2 0 0 0 0 0 No. 73 II 4 4 4 4 4 II 11-2-42 III 0 0 0 0 0 IV 4 2 0 0 0 Doente I 4 0 0 0 0 0 00 II 4 4 0 0 0 0 23-2-42 III 4 0 0 0 0 II IV 1 0 0 0 0 Doente I 2 I 0 0 0 0 No. 86 II 2 0 0 0 0 24-2-42 III 4 4 4 4 0 IV 4 4 4 4 4 iv Doente I 2 2 2 0 0 0 No. 112 II 2 2 2 2 0 (II 29-4-42 III 4 4 4 4 4 IV 4 4 4 4 0 •10 1 José Carix)s Ribas — - Caralerização sorológica dos meningococos 325 1 TITULO s Anti-sóros 1/40 1/SO 1/160 1/120 1/640 Tat Tipo* 1 Uoente I 0 0 0 0 0 0 130 II 4 2 1 0 0 28-5-42 III 4 4 4 4 4 III IV 4 4 0 0 0 1 Dotnte I 4 1 0 0 0 0 ^’o. 132 II 4 4 4 4 1 II 2-6-42 III 4 1 0 0 0 IV 4 1 0 0 0 1 I^nte I 4 0 0 0 0 0 ^'o. 811 II 4 4 4 4 4 II III 4 4 0 0 0 II 4 4 4 0 0 1 t^oente I 4 4 4 4 3 0 I ^'o. 227 II 4 4 4 4 0 III 4 3 2 1 1 IV . 4 0 0 0 0 RESUMO Tipo I Tipo 11 Tipo III Tipo IV 332 131 396 216 304 154 395 335 316 276 437 317 370 200 .\ntonieta 420 403 156 112 86 Ruth 222 130 227 49 309 822 330 11 73 85 132 ’ 811 • 7 (24. 2%) 15(45.4%) 6(18%) 5(15%) 1 Foram, portanto, classificadas no grupo I (tipos I e III) : 13 amostras de meningococo (39.3^). 1 Qassificadas no grupo II (tipos II e IV): 20 amostras de meningococo (60.6%). 11 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 326 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI Como demonstram os protocolos, desde o inicio de nossas verificações — de meados de 1939 até esta data — encontramos sempre uma predominância df meningococos pertencentes ao grupo II, isto é, aos tipos II e IV'. As conhecidas diferenças imunológicas do grupo II, principalmente de%'id3® à sua pobreza antigênica, nos levaram sempre a preparar no Instituto Butantan um sôro anti-meningocócico terapêutico polivalente, usando correntemente conK> antigeno amostras recentemente isoladas desse grupo, nas devidas proporções- Ainda em 1940. Cohen (7) faz um interessante estudo de 35 amostras do grupo II. procurando resolver o problema da produção do sôro terapêutico de maior atividade e de poder mais elevado para amostrar dêste grupo, e^den- ciando tipos imunológicos nitidamente distintos. A necessidade de serem utilizadas, como antigeno, amostras locais, recciO' isoladas é aconselhada por Belfanti (27) desde 1917. Cantacuzêne (28), em 1931 e 1933, e Xicolau (29), em 1936, redram ® assunto e não só confirmaram aquela necessidade, como aconselharam ainda * renovação perpétua das amostras empregadas no preparo do sôro terapêutico- Tõten e Kortmann (17), por sua vez, verificaram que os meningococos dem as suas propriedades antigênicas iniciais pelo envelhecimento nos meios õc cultura. CONCLUSÕES 1 . Trabalhando com 60 amostras de meningococos isolados de liquido céfalo* raquidiano e identificadas por provas bioquímicas, foram encontrados, por pro'"* de aglutinação levada a efeito em banho-maria a 37®C por duas horas, os guintes tipos: tipo I: 15 amostras (25%); tipo II: 39 amostras (63Çi) III: 10 amostras (16.69c); tipo IV: 7 amostras (11.6%). 2. Como consequência dessa verificação são utilizadas, como antigeno. ó** imunizações para preparo do sôro polivalente terapêutico, emulsões de mcning*^ cocos \-ivos e recentemente isolados, em que predominam as amostras do tipo e dos restantes tipos nas proporções em que são encontradas. CONCLUSIONS 1 . Working with 60 strains of meningococei isolated from the cephaí®* rachidian liquid and identified by biochemical tests, the following tipes found by agglutination test cared on in waterbath at 37®C. during 2 houf*' t)-pe I: 15 strains (25%); type II: 38 strains (63%); tj-pe III: 10 stra^** (16.6%); type IV: 7 strains (11.6%). 12 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 José Carjx)S Ribas — Caralerização sorológica dos meningococos 327 2. Consequently to this statement, in the immunizations for the prepara- tion of the poI>-valent therapeutic serum, emulsions oí living and recently isolated *eningococd in vvhich the strains of type II predominate and of other t}’i>es the proportions in vvhich thej- are found, are employed as antigen. BIBLIOGRAFIA 1. Andretces, F. 1F. — A consideration of rccent serological work on the meningococciis — Lancet 193 : 847.1917. 2. Arkwright, J. A. — Grouping of the strains of meningococcus isolated during the epidemic of cerebrospinal meningitis in 1915 — Brit. Med. JI. 2 : 885.1915. 3. Assis. A. — Da classificação de meningococos — .\rqus. Inst. Vital Brazil 2(1) :41. 1934. 4. Assis, A.; Mendes, D. &• Moura, .V. — Para a casuística das mcningococias entre nós — meningite meningocódea do tipo C — Ciência Médica 5(8) : 433.1937. 5. .dssunfõo, L. — Tipos de meningococos e o problema da soroterapia anti-nKningocó- cica entre nós — Colet. Trab. Inst. Butantan 2:365, 381.1918-34. 5. 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Entregue para cação rm setembro de 194J e dado ã publicidade em f** vereiro de 194J). 14 614.542:616.246 TIPOS DE BACILO DE KOCH NA TUBERCULOSE PULMONAR HUMANA (*) POR PLIXIO MARTINS RODRIGUES Desde a célebre declaração de Koch, por ocasião do Congresso Britânico de T^uberculose, reunido em Londres, em 1901, pela qual afirma\a o grande expe- rimentador ser a raça bovina do bacilo da tuberculose destituida de poder pa- togênico para o homem, esforçaram-se os pesquisadores nas diversas partes do •nundo, dada a enorme importância prática da controvérsia imediatamente su.sd- tida a respeito, para determinar o tipo do germe nas mais variadas formas da mfeção humana. Ainda em 1908. era um dos principais argumentos de Koch, em apoio da opinião, o fato de que, até então, não havia sido comprovada de modo cabal * responsabilidade etiológica da raça borina, cm caso algum da mais importante 'ias formas de tuberculose humana, a tísica pulmonar. As pesquisas de A. A. Griffith, membro da “Ro>-al Commission” nomeada pilo governo inglês para esclarecer o assunto, vieram tirar ao argumento de Koch seu carater absoluto, conseguindo aquele experimentador, dentre 29 caso de t*ibcrculose pulmonar, isolar repetidas vezes de dois pacientes a raça bovina, '‘áo sendo encontrada a raça humana. Em breves anos, graças principalmente às pesquisas levadas a efeito na In- ^terra e Escócia, ficada demonstrado, de maneira dcfiniti^•a, que a raça bovina bacilo de Koch tinha uma parte scnsivcl de responsabilidade na etiologia de 'luasi todas as formas de tuberculose humana. Mas ainda em 1922, isto é "treze anos depois que os primeiros casos inglê- tinham sido descobertos”, somente "quatro casos de tuberculose pulmonar *^ribuiveis a bacilos de tipo bovino tinham sido relatados, na Grã-Bretanha, e Poucos casos duvidosos de infeção mista com bacilos de tipo humano e bovino. Continente” (1). l*) Acnidfceinc* â SnL Minnic P- o saxllio prrtíado duruite a cxccuçi® da parte técnica trabalho. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 330 Memórias ilo Instituto Butantan — Tomo XVI Já. em 1930 (2), porém, tinha sido comprovada, na Escócia, a presença da raça bo\nna de bacilo em treze doentes de tuberculose pulmonar, ao passo que na mesma épKxa, no mundo inteiro, com exceção da Grã-Bretanha, já 926 casos da mesma enfermidade tinham sido investigados quanto à sua etiologia, e, somente em tres, foram encontrados bacilos de raça bovina, sendo que dois déles eram de infeção mista com a raça humana (3). Dez anos mais tarde, os resultados das pesquisas inglèsas já eram sufi- cientes para dar uma ideia aproximada da incidência, na Escócia, do tipo bo- vino de bacilos no escarro de doentes de tuberculose pulmonar: 6%, em 515 casos de Griffith, e 5%, em 11/0 casos de Munro (1), relativos todos ao centro e sul e 9,1%, om 34z casos fie Griffith e Smith (4), relativos ao nordeste da- quele pais. Beattie e Nicewongen (5), como resumo da leitura de aproximadamente cem trabalhos da literatura especializada, publicaram algarismos relativos à fre- quência do bacilo bovino no escarro, em várias partes do mundo. Para a Es- cócia, os dados encontrados, nos quais devem estar naturalmente incluidos os acima citados, foram: 5% entre 1934 casos examinados. Para a Inglaterra, que, com a Escócia, constitue a região do mundo onde mais tem sido estuda- da a questão da tuberculose humana de origem bo\nna, a incidência achada foi de 2% entre 2.630 raças isoladas. Resultado interessante dessa revisão de literatura é a constatação de fre- quência, na Dinamarca, mais elevada ainda que na Escócia: 6,1% entre 1975 raças examinadas. Porcentagem mais elevada que esta. só conhecemos. a citada por B. Lange (3): 11,2%, mas relativa a número (89) bem menor de casos examinados em cidade holandesa (?), isso si desprezarmos outros dados, men- cionados ainda por êste último autor, por serem escassos demais (8 raças das quais 2 bovinas). Quanto à Alemanha, a frequência encontrada pelos autores americanos na revisão de literatura citada foi 3,4%, relati\-a ao total de 561 amos- tras identificadas, enquanto Lange (3) calcula ser de 1% a incidência provz- vel nesse pais. Nos Estados Unidos, na Irlanda e na França não foi encontra- da, entre centenas de casos examinados, nenhuma raça bovina, igualmente ausen- te no material e.xaminado no Canadá, na Austrália e cm Trindade, em dezenas de casos. Dos pesquisadores nacionais, só Rosemberg (16), ao que sabemos, refere ter isolado de escarro o bacilo de tipo bovino. Foi examinado material vário (e.scar- ro, liquido de lavagem gástrica, etc.) proveniente de 58 tuberculosos. Em tres casos de tuberculose pulmonar foi isolado do escarro o bacilo bovino. O autor do trabalho não especifica, porém, em quantos dos 58 casos foi o escarro o material e.\aminado. Sendo o conhecimento da incidência do tipo bovino de bacilo na tísica pul- monar humana de interesse para a solução do problema da tuberculose, sob múl- cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 Plínio Martins Rodrigues — Tipos de bacilo de Koch na tuberculose pulmonar bumana 331 tiplos aspectos, profilático, epidemiológico, econômico, etc., iniciámos ha dois anos pesquisa a respeito, em nosso meio. Publicamos agora os primeiros resulta- dos dêsse trabalho. MATERIAL E MÉTODO Foram realizadas culturas com escarro de 132 doentes de tuberculose pulmo- nar, todos adultos em tratamento no Hospital S. Luiz de Gonzaga, de Jaçanã, S. Paulo (*). A pesquisa bacterioscópica prévia revelou em todos a presença de bacilos alcool-áddo-resistentes. O meio de cultura empregado foi o de Petragnani com verde malaquita (6). Para cada caso, durante todo o decorrer da pesquisa, foram utilizados, para a cultura inicial, tres tubos de Petragnani com e tres sem glicerina; além desses meios, foram empregados no início do trabalho, para o isolamento, meios de Dorset e Lubenau, a seguir abandonados para a ailtura ini- cial devido à elevada porcentagem de contaminação, apesar do tratamento prévio do escarro. Para êste tratamento foi empregada a técnica simplificada de Grif- fith (1) ; junção ao escarro de volume igual de uma solução de KOH a 4^, sendo a mistura, a seguir, bem agitada e colocada em estufa a 37° por hs. Xo fim dêsse tempo, eram semeadas com pipeta uma ou duas pequenas gotas da mistura bem fluidificada e não neutralizada. Uma vez observados o crescimento eugõnico das culturas e a ação favo- rável exercida sôbre o mesmo pela glicerina, eram elas repicadas a partir sempre de meios sem glicerina e, às vezes, também de meios glicerinados, para novos tubos de Petragnani com e sem glicerina e para batata glicerinada, além de, ocasionalmente, para meio de Bordet-Gengou, Lõwenstein, caldo glicerinado, Sau- ton, etc. . O diagnóstico das raças humanas eugônicas foi feito sempre facilmente por processo cultural, tendo sido apenas necessário repetir repiques ocasional- mente negativos para dissipar toda e qualquer dúvida. Com as amostras que se comportaram de modo disgônico quanto ao aspecto geral do seu crescimento, foram realizadas sub-culturas com a técnica habitual e com técnica apropriada à obtenção de colônias isoladas (7) e foram injeta- dos coelhos nas doses de 10 mgs, subcutancamente. e, na veia, 0,01 mg e, ocasionalmente, 0,1 e mesmo 1 mg. Inoculámos numerosas cobaias, diretamente com escarro, subeutaneamente. após tratamento com XaOH e neutralização subsequente com H*SO^, assim como com culturas, para verificação não só da rirulência da raça como de suas carate- rísticas culturais, após passagem em animal. (*) Deixamos aqoi consignados os nossos agradecimentos ao prof. Moacjrr de Freitas Amorfm» cliefe do laboratorio Hospttal S. Ltiia de Gonzaga, pelas iacf idades que aí nos foram ccocedidas. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 332 Memórias do Instituto Butantan Tomo XVI — RESULTADOS — De cada um dos 132 doentes cujo escarro foi semeado, foi obtida cultura de bacilo de Koch. Em vinte casos, foi o germe isolado mais de uma vez de material do mesmo paciente, tendo sido o diagnóstico de tipo confirmado em todas as repetições. As raças correspondentes a 126 desses doentes pertenciam ao tipo humano eugônico. Xão foi encontrada nenhuma raça bovina. As amostras obtidas dos seis pacientes restantes eram do bacilo humano disgônico, tendo sido, em tres desses casos, obtida cultura em dois exames sucessivos, em dois outros em tres ocasiões diversas e no restante em quatro. Em um desses casos, o inters^alo máximo com que foram examinadas duas amostras sucessivas de escarro chegou a ano e meio; nos outros, foi, respectira- mente de 9j4. 3j4. 2. 2 meses e, finalmente, apenas alguns dias. A persistên- cia dos caracteres culturais do bacilo humano disgônico, após períodos vários de desenvolvimento dêste “ih riro" — verificada assim, em vários casos, em exa- me de diversas amostras de material proveniente de um mesmo paciente — jiarece encontrar confirmação no fato do parentesco de pai a filho de dois dos pacientes incluidos no grupo desses seis casos, pois é provável pelo inquérito realizado que um deles, o pai. tenha sido a fonte de contaminação do outro. Em regra, o crescimento, em Petragnani glicerínado. das amostras pertencen- tes a êsses seis casos, foi sempre muito mais abundante do que no mesmo meio sem glicerina, chegando a formar, em sub-cultura. ou mesmo em cultura inicial, camada tres ou quatro vezes mais espessa no primeiro do que no se- gundo. N'o entanto, esse crescimento, em cultura inicial, não adquiriu nunca, em seu conjunto, o aspecto rugoso. nem a exuberância do da raça eugônica tipicá (Foto 1). e, mesmo em sub-cultura, diferenciara-se êle nitidamente, de regra, do de uma cultura eugônica (Foto 2) ; quando formando camada uniforme (Foto 3. lado esquerdo), era. por vezes, quasi indistinguível do da raça bovina em sub- cultura em Petragnani. quanto ao seu aspecto liso e uniforme, sendo, no en- tanto. mais abundante do que o desta. A hipótese de se tratar de raças bovinas para as quais não se verifica o ])oder inibidor (8), característico da glicerina sôbre o crescimento, pôde, contudo, ser afastada, já pelo estudo cultural, vindo as inoculações em animais confirmar o íliagnóstico de raças humanas disgónicas. De fato, quando observadas isoladamente, em culturas iniciais ou em sub- culturas obtidas com técnica apropriada, as colômas p>ertencentes a essas raças disgónicas apresentavam, em sua grande maioria, asp>ectc bem distinto do das coló- nias tipicas de bacilo bovino, abobadadas e de superfície perfeitamente lisa e espe- lhada. Desde algumas colónias, perfeitamente iguais as da raça humana eugô- I SciELO 4 Plixio ^L\RTIxs Rodrigues Tipos de bacilo de Koch na tuberculose pulmonar humana 333 nica típica, bem rugosas e bem crescidas, obserrava-se transição gradual para outras — as mais numerosas — mais disgônicas e menos rugosas (Foto 4), até se obter, em raros casos (Fotos 5 e 11), colônias de aspecto bem semelhante ao das de tipo bosnno. Se obseiradas separadamente e a olho nú, tais colônias po- deriam talvez ser consideradas como pertencentes a êste tipo mas, estudadas em conjunto com as restantes, via-se muitas vezes de maneira nitida que elas não representavam senão um grau avançado na transição “rugoso-liso”, sendo sempre possível, com uma lupa, perceber não ser a sua superfície tão homogênea como a das pertencentes à raça bovina. A maioria era constituída, assim, quer de colônias pequenas, (Foto 3, à di- reita), medindo, quando em pleno desenvolvimento. 0,1 a 0,5 mm de diâmetro, arredondadas ou de contorno irregular, ligeiramente elev'adas sôbre o meio, de aspecto pouco rugoso, quer de colônias de diâmetro total bem maior mas igual- mente pouco elevadas: apenas, sobresaindo, um “núcleo” central, e, em tomo. constituindo a maior parte da colônia, fina película que. ora se destaca ainda do meio (Foto 6), ora neste se perde gradualmente, dêle afinal se distinguindo, a olho nú. graças apenas ao corante (verde malaquita). Quando muito numero- sas. tais colônias fonnaram pela fusão das respectivas películas marginais, cama- da contínua onde era ainda possivel distinguir saliências correspondentes aos "núcleos” das colônias isoladas. Essa variedade de aspecto das colónias poude ser melhor obser\-ada cm culturas escolhidas, obtidas, de preferência, por meio de repique, apôs diluição em série, de suspensão de cultura em camada ou de colônias isoladas. Foram assim selecionadas verdadeiras escalas de transição de colônia rugosa para lisa (Fotos 8 e 9). Outras vezes, só com auxílio de uma lupa (aumento x5. xlO) era possivel percelier gradação na rugosidade das colônias entre os dois extremos (Fotos 10 e 11). Nos inúmeros repiques praticados com essas raças disgônicas em Petragnani glicerinado, a jartir de meios quer com. quer sem glicerina, na naioria das vezes o crescimento obtido foi cm camada em geral espessa, algumas vezes per- feitamente lisa, outras vezes menos homogênea, mostrando ainda, na superfície, mesmo após incubação prolongada, irregularidades e saliências, resíduos das colônias inidalmente isoladas. Em alguns dos seis casos, as diferentes amostras obtidas de cada paciente, mostravam, em cultura inicial, ora exclusi\-amente poucas colônias isoladas bem rugosas. ora numerosas colônias que se apresentavam, quando observadas a olho nú. a maioria, com aspecto disgônico. e, uma ou outra, com aspecto eugônico. de diâmetro até cinco, seis vezes maior do que o das disgônicas, todas elas. quando examinadas com lupa. revelando-se como graus diversos de transição de cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 334 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI colônia disgônica pequena, mas pouco rugosa, para colônia eugônica, grande, bem rugosa. Só uma vez obtivemos crescimento em batata glicerinada, em repique de meio sem glicerina, de amostra ainda não cultirada em meio glicerinado, corres- pondente a um desses seis casos; apenas uma colônia na superficie da batata e véu pouco extenso mas espesso sobre o caldo. As culturas obtidas, a partir dessa batata, apresentaram-se abundantes, rugosas, indistinguiveis das do tipo humano eugônico. Para cada uma das raças disgônicas, a prora de cultura em liatata foi repetida numerosas vezes, dada a sua importância (9) para a diferenciação dos tipos. Mesmo após hábito prolongado em meio glicerinado, o repique em batata foi, de regra, negativo, com as amostras correspondentes a tres dos seis casos estudados: apenas uma vez, para cada um desses tres casos, entre as inúme- ras tentati^'as feitas, conseguimos obter cultura em batata: num déles, crescimen- to augõnico, após ano e meio de passagem em Petragnani glicerinado e, nos dois outros, crescimento disgônico, após duas passagens. Com amostra correspondente a outro dos seis pacientes acima, conseguimos cm latata por semeadura da cultura inicial em Petragnani glicerinado, cresci- mento eugônico, mantido a seguir com o mesmo aspecto em repiques em série, quer em batata, quer em Petragnani; com outra amostra pertencente ao mes- mo caso, obtivemos crescimento disgônico em batata, transplante igualmentc de cultura inicial em Petragnani glicerinado. No entanto, a repetição, em e.scala maior, da pro\-a. com várias culturas inidais em Petragnani glicerinado, cor- respondentes ao mesmo caso. deu sempre resultado nativo. As culturas inidais em Petragnani glicerinado, obtidas em duas ocasiões diversas de material pertencente ao quinto padente. repicadas para vários tubos de batata, deram origem a cresdmento disgônico: duas ou tres colônias, que, transplantadas, forneceram culturas de aspecto eugônico mantido a seguir em sub-culturas em série. Finalmente, com amostra jjertencente ao último caso, obtivemos em Bor- det-Gengou glicerinado, a partir de cultura inicial em Petragnani com glicerina, cresdmento liso em camada espessa que, semeado em Petragnari e batata, forneceu cresdmento rugoso eugônico tipico, mantido igualmente em sub-cul- tura. Com outra amostra pertencente a êste último caso, observámos, em meio de Lowenstein com glicerina, — repique de cultura inicial, em camada esj>essa mas lisa em Petragnani glicerinado — transformação, após incubação prolonga- da. do aspecto do crescimento. Durante tres meses, cultura disgônica, forman- do camada sôbre a qual sobresaiam ligdramente algumas pequenas colônias, às vezes simples pontos, desenvolveu-se repentinamente em cultura de aspecto eugô- nico, com numerosas colônias acentuadamente rugosas que sobresaiam nit?da- cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 Plixio Martixs Rodrigues — Tipos de bacilo de Koch na tuberculose pulmonar humana 335 mente sôbre o nivel do meio de cultura, enfim em cultura de tipo humano eugônico. A ciJtura em Lõwenstein, quando ainda apresentando aspecto disgônico, foi inoculada em cobaia; readquirida desta, a raça mostrou ainda, em Petragna- ni com glicerina, crescimento disgônico (Foto 7) mas perfeitamente diferen- ciavel, de uma cultura do tipo bovino. Em resumo, já pelas pro\’as culturais — aspecto geral do crescimento, influência da glicerina e, principalmente, pro^-a em batata glicerinada e estu- do detalhado de colônias que se apresenta\'am isoladamente ou eram assim obtidas mediante técnica apropriada — foi possivel, para as raças classifica- das como disgônicas humanas, fazer o diagnóstico diferencial com o tipo bo- rino. Do tipo humano eugônico, puderam as raças em estudo ser distinguidas, graças à ausênda de crescimento, em geral (sw uma vez crescimento eugô- nico), em batata, quando ainda não habituadas à glicerina e pelo dcsenvolri- mento, quando considerado em conjunto, muito mais disgônico e menos rugo- so em Petragnani glicerinado que o das raças humanas eugônicas. Até o momento não conseguimos obter com essas raças dissodação, em cultura pura, em colônias rugosas e lisas; prosseguimos atualmente estudo a respeito que pretendemos, para o futuro, detalhar juntamente com o resulta- do de experiéndas em animais, sôbre a virulénda das culturas de aspecto vário, obtidas a partir das raças inicialmente classificadas como humanas dis- gônicas. A respdto das inoculações já feitas, relataremos apenas o que interessa di- reíamente ao diagnóstico diferendal entre raça humana e bovina. Foram inoculados ao todo 38 coelhos, sendo 26 na veia e 12 sub-cutanca- mente. Dos primeiros, 16 receberam 0,01 mg, dois 0,1 e oito 1 mg de baci- los; dos últimos, dnco receberam 10 mg, tres foram injetados com o cre.sd- mento total de cultura — de 24 dias em dois casos e de tres meses no ter- ceiro — e quatro com escarro tratado pela NaOH e neutralizado pelo H~SO^. O exame bacterioscópico prério revelou a presença de bacilos alcool-ácido re- sistentes no escarro nos quatro casos. A autópsia foi geralmente realizada aos tres meses após a inoculação, sen- do uma pequena maioria sacrificada com dois, quatro ou dnco meses. Apenas alguns dos coelhos que receberam um mg de badlos isolados de dois dos seis casos em estudo, apresentaram lesões generalizadas de tuberculose. Outros coelhos inoculados com igual dose de raças pertencentes a êsses mes- mos dois casos, ou aos restantes, apresentaram apenas alguns tuberculosos isola- dos nos pulmões. Todos os coelhos inoculados na veia com as doses menores ou nada apresentavam à autópsia ou apenas lesões isoladas e não caseifica- das. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 336 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI Os coelhos inoculados sub-cutaneamente, à exceção de dois que revelaram à autopsia lesões orgânicas pouco extensas, quer nada apresentavam quer ape- nas abcesso local no ponto de inoculação, na maioria das vezes já íibrosadr. ou contendo apenas pequena quantidade de pús espesso, cremoso, no qual o exa- me bacterioscópico revelas^a raros bacilos ou, mesmo apenas restos de substân- cia alcool-ácido-resistente. Todas as raças inoculadas mostraram-se virulentas para a cobaia. COMENTÁRIO C>5 nossos resultados veem aumentar o número de investigações qae, em vários paises do mundo, têm constatado a ausência do bacilo bovino em escarro de doentes de tuberculose pulmonar, em número variavel de casos. Como vimos, na primeira parte dêste trabalho, em tres dêles (Estados Uni- dos. Irlanda e França) a pesquisa do bacilo bovino já atingiu um número ra- zoável de casos. .\liás no primeiro, a possibilidade de infeção humana pelo bacilo de origem bovina é hoje minima, graças aos resultados extraordinários obtidos na luta contra a tuberculose do gado. No que diz respeito ao nosso pais, é preciso que se multipliquem as investigações, para que se px)ssa concluir, de resultado análago a odêste tra- balho, nâo exercer o bacilo bovino grande papiel entre nós na etiologia da tu- berculose pulmonar. É sabido, pielo exemplo da Escócia e Inglaterra, como pxxJc variar, em regiões vizinhas, a incidência da tuberculose pulmonar de ori- gem bovina, segundo os hábitos peculiares às respectivas pxjpulações. Em S. Paulo. A Melo e N. Mastrofrancisco (10) encontraram, entre cem amostras de leite cru entregue ao consumo da px)pulação da capital do Esta- do. trinta contaminadas p>elo bacilo de Koch vivo. Tal achado, aliado à consta- tação do alto Índice (40%) de sensibilidade â tuberculina que. segundo êstes técnicos, apresenta o gado leiteiro dos estábulos situados no municipio de S. Paulo, dava já uma idéia do pjerigo de contaminação do homem entre nós pelo germe de origem bovina. A investigação de Rangel Pestana (11) vem provar que tal infeção realmente se verifica: entre 121 raças de Mycobaclc- ríum tubcrculosis isoladas de amostras de liquido cefalo-raquidiano, exairuna- das no Instituto Bacteriológico de S. Paulo, hoje Instituto .Adolfo Lutz, foram encontradas 16 (13,2%) pjertencentes ao tip» bovino. Sabe-se, no entanto, que a parcela de respxjnsabilidade do bacilo bovino como fator etiológico da tuberculose humana é muito menor na tisica pulmonar que nas formas extra-pulmonares da infeção. De qualquer forma, seria de todo injustificável pretender abolir entre nós a prática da pasteurização do leite. Talvez sejam os Estados Unidos o único « I SciELO Plínio Martins Rodrigues — Tipos de bacilo de Koch na tuberculose pulmonar humana 337 país do mundo em condições de, com perfeita segurança, poder no momento tomar tal medida, pois só lá foi, por enquanto, a tuberculose bovina pratica- mente extinta. Como auxilio ao esclarecimento do problema da piasteurização, ainda re- centemente debatido entre nós, traduzimos aqui as palavras de Bruno Lange (3), com as quais o eminente diretor do Instituto Roberto Koch, de Berlim, conclue os seus comentários, referentes à questão da importância etiológica do bacilo bosnno na patologia humana: “Ao esclarecer o povo sobre os perigos de uma infeção com o bacilo da tuberculose bo\nna e a sua prevenção, deve ser combatido o preconceito largamente disseminado segundo o qual o leite pasteurizado ou rapidamente fer- z-ido é prejudicial ao lactente. Já ha muito, numerosos lactentes são criados, nas grandes cidades alemãs assim como no estrangeiro, apenas com leite pasteu- rizado sem que, tenham sido obsenvdas perturbações de saude ligadas a tal procedimento. A perda de vitamina C que, segundo Bessau, é capaz de pre- judicar a vitalidade da criança e principalmente elevar a sua predisposição à infeção, pode ser perfeitamente compensada, fomecendo-se-lhe outros alimen- tos ricos em vitamina”. Quanto às raças humanas disgônicas, a frequência cm nossos casos (4,5%) não difere muito da citada por Griffith (8) : “aproximadamente 3% do número total de raças do tipo humano”. Devido à sua semelhança com as raças hu- manas eugônicas, no que diz respeito à virulência e a alguns caracteres cultu- rais. e à sua frequência baixa quando comparada com a destas, foram as raças humanas disgônicas consideradas piela “Rojai Comission” como \arian- tes das primeiras. Mas mais tarde. Griffith (12), entre 50 raças de bacilo de Koch isoladas na Nigéria, encontrou nada menos que 28 pertencentes ao grujx) disgônico hu- mano. o que indica jxxler diferir, nas diversas partes do mundo, o conceito do que seja raça tijx> e raça variante, desde que se tome a frequência relativa como critério determinante. Tais raças provenientes da Nigéria apresentam, pela descrição feita (13), maior semelhança com as jior nós isoladas, que as estudadas pela “Rojai Com- mission”, pxsis são as primeiras “disgônicas em todos os meios” enquanto que as últimas “em meios com soro ou ovo crescem como bacilos eugônicos huma- nos” e não se assemelham a raça bovinas em “nada exceto em crescer com dificuldade em agar, batata e caldo glicerinado” (14). Aliás entre as diversas raças disgônicas por nós isoladas foi piossivel esta- belecer diferença quanto ao vigor do crescimento. Assim, parece que, como queria Eastwood (15), entre as raças bovinas disgônicas e as humanas eugôni- cas todas as formas de transição são encontradas. Tal escala de transição parece 9 I SciELO 338 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI existir não apenas quanto ao ^^go^ do crescimento tomado no seu conjunto mas também quando se consideram as colônias isoladamente. Com efeito, de um lado, as raças disgônicas por nós isoladas mostraram nas primeiras sub-culturas e, algumas vezes, em cultura inicial, mistura, em di- versas proporções, de colônias as mais diversas quanto ao seu aspecto mais ou menos rugoso ; de outro lado, as raças bo\nnas e' humanas típicas apresentam nas primeiras culturas, aquelas, colônias perfeitamente lisas e disgônicas e, estas, colônias bem rugosas e eugônicas, formas essas sempre presentes em cultura em enorme predominância ou exclusividade (pois parece não haver na litera- tura referência a achado de colônia lisa e disgônica em meio a uma cultura eugô- nica humana). Tais raças disgônicas, consideradas habitualmente atípicas e recentemente achadas, como vimos, em alta porcentagem (56%) entre amostras da Nigéria, despertam agora novo interesse após a observação de Griffith (12) relativa à sua mais alta frequência na tuberculose pulmonar humana, nos distritos rurais de certa região da Escócia, que em outras partes da Grã-Bretanha, de maneira análoga ao que se passa com a raça bovina. A possibilidade que elas desem- penhem papel a parte na epidemiologia da tuberculose humana merece ser in- vestigada. Os casos por nós estudados, em número por demais reduzido, não proporcionaram, a respeito dessa questão, nenhum dado utilizável. RESUMO 1. ° — Foi determinado o tipo de culturas de bacilo de Koch isoladas, em alguns casos repetidamente, de 132 doentes de tuberculose pulmonar em tra- tamento no Hospital S. Luiz de Gonzaga, Jaçanã, S. Paulo. 2. ® Não foi encontrada nenhuma raça bovma. 3. ° — As raças isoladas repetidamente de 6 pacientes foram classifica- das como humanas disgônicas. 4. ® — As raças isoladas dos doentes restantes (126) pertenciam ao tipo humano eugônico. 5. ® — Foram descritos os caracteres gerais das raças humanas disgônicas isoladas, tendo sido dada especial atenção ao estudo morfológico de colônias iso- ladas. 10 I SciELO TYPES OF TUBERCLE BACILLI ISOLATED FROM SPUTUM BY PLÍNIO MARTINS RODRIGUES In the Brazilian medicai literature there is as far as we know only one paper wherein referente is made to the isolation of the bovine type of tubercle bacilius from the sputum of patients suffering from pulmonary tuberculosis. Roseni- berg (16) referred therein having isolated bovine bacilli from sputum of three such patients but no mention is made of the total number of cases for which the same material was examined. The results for tj^jing tubercle bacilius strains isolated from 132 patients suffering from pulmonary tuberculosis are reported in this paper. AH of them were grown-up people under treatment.in “Hospital S. Luiz de Gonzaga”, Ja- çanã, S. Paulo. MATERIAL AND METHOD Three tubes of malachit-green Petragnani (6) médium containing glyce- rin and three others free from it were used throughout the work for the pri- mar)' culture. Dorset and Lubenau media were also made use of when the first samples of sputum were examincd, but were later given up bccause of ex- tensive contamination in spite of previous treatment of the sputum with 4% KOH according to Griffith’s simplified technique (1) employed by us in every case. Subcultures were made for every strain from Petragnani ^%•ith glycerin and sometimes additionally from Petragnani without glycerin to both kinds of media and now and then also to Bordet-Gengou» Loewenstein, Sauton, glycerin boil- lon, etc. The human eugonic strains have always been easily typed on cultural grounds only. Occasionally negative subculturings were repeated and so every doubt was set aside. 11 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 340 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI All strains that grew dysgonically were submitted to subculturing carried out as usual and with a spedal technique (7) for gro\ving separated colonies. Everyone of them was inoculated into rabbits on the dose of 10 mg subcuta- neously and 0.01 and occasionally 0.1 and even 1 mg intravenously. Guinea-pigs were inoculated subcutaneously with sputum not only after being treated first wth NaOH and then neutralized with H 2 SO 4 , but also \\-ith cultures’in order to ascertain the virulence of the strain and the constancy of its characteristics after animal passage. RESÜLTS A culture \\as obtained from the sputum of every patient. In twenty of the 132 cases a tubercle bacillus strain was isolated more than once from the same person, and the result of typing was always the same for every repeti- tion. Alcohol-acid-fast bacilli were found on smears of all samples of sputum submitted to culturing. The strains from 126 of these patients were classified as human eugonic; no bovine strain was met with. Strains obtained repeatedly from everyone of the six remaining people belongcd to the human dysgonic type; a primary cul- ture was obtained twice from three of them, thrice from two others and four times from the last. The longest internai between two e.xaminations of sputum from the same person was a year and a half for one of these six cases, and 9>^. 3yí, 2, 2 months and some days for the remainder. Two of these six patients were father and son. This fact seems to con- firm the observation once more made in the cases herein reported conceming the type stability of the tubercle bacilli as dctermined on different occasions when growing in the animal or human body. Indeed it seems probable through the inquiry made that the father was the source of contamination for the son. Both cases have shown a favourable clinicai course. The amount of growth of human dysgonic strains on glycerin Petragnani médium was as a rule much greater than on the same médium without gly- cerin. When a layer was formed it was on secondaty' or even on primarj’ cul- ture three or four times as thick on the former kind of médium as on the latter. The growth of such strains was on primar)' cultures however never so lu- xurious as is usual with typical human eugonic bacilli (Photo 1 ). Even on subcultures it was as a rule easy to distinguish between both types of growth (Photo 2). The layer sometimes formed by the dysgonic strains (Photo, 3 to 12 1'UNio Martins Rodrigues — Types of tubercle bacilli isolated from spulura 341 the left) ^^•as verj' similar to the one presented usually by secondarj- cultures of bo\*ine bacilli on Petragnani as far as the evenness of the growth is concer- ned but 'was much thicker. The study of the cultural characteristics was already suffident to discard for such dysgonic strains the possible altemative diagnosis of bovine strains which are not inhibited in their gro\v-th by glycerin (8). In fact, the colonies appea- ring separately on primary cultures or so obtained on subcultures by means of a special technique were in great majority quite different from the perfectly smooth, shining, dome-shaped ones, typical of bodne strains. All transitional grades were observed in the same strain or in different strains obtained from the same patient: at one end some colonies identical to thcse belonging to the tN-pical human eugonic strains, ver>' rough and well de- veloped, in the míddle in greater number, dysgonic and less rough ones (Photo 4), at the other end smooth bovine-like form of colony, rarely met with (Photo 5). If single colonies of the latter form were obser\-ed by the naked eye. they would perhaps be typed as bovine ones. But when they were considered together with all the others in the same tube, one could easily perceive that they were buí almost an extreme step in the graduation “smooth-rough”. It was always possible to see with the aid of a hand-lens that their surface was not so even as that of the tj*pical bovine colonies. The majority of the colonies belonged then to either of the followãng tj-pes. Some were cirailar or irregularly outlined, flat, small colonies with diameters ranging from -0.1 to 0.5 mm (Photo 3. to the right). Others had a much greater diametcr and presented a central, someAvhat raised zone, a “nucleus” and a marginal one, flat, much larger than the first, now veil-like merging it- self gradually into the médium, now still quite distinct from this (Photo 6). It was sometimes possible to observe gradual transition from the colonies of the latter description to typical rough colonies as the.margin gre\v smaller and smaller and the “nucleus” raised higher and higher. On the other hand when a great numher of such colonies had a small “nucleus” and wide borders, these could run together so as to form a conti- nuous layer whereon one could still see raised points which indicated the central areas of the previous single colonies. This variety of colony-forms could be better observed on selected subcultu- res obtained by inoculating dilutions of suspensions prepared with layers of growth or with single colonies. It has thus been possible to select true scales from smooth to rough colonies (Photos 8 and 9). On other occasions only with a hand-lens (magnific. x5, xlO) it was pos- sible to perceive a graduation in the roughness of the colonies between the two extremes (Photos 10 and 11). 13 I SciELO 342 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI The growth displayed by these dysgonic strains on glycerin Petragnani in a great number of transplantations from media either -with or without glycerin was commonly a layer that was seldom perfectly smooth, appeared generally not so even and presented still on its surface the remnants of the previona single colonies, even after prolonged incubation. Some primary cultures iso- lated from the six patients referred to above showed exdusively a fe\v isolated rough colonies, whereas another or other primary cultures from the same person displayed numerous colonies of which the great majority were dysgonic. but a few looked eugonic and were five, six times as great. Here again it was possible to perceive a gradual transition from small, slightly rough dysgonic co- lonies to large rough eugonic ones. Only once a strain typed as dj'sgonic human and not yet accustomed to glycerin, grew on glycerin potato, giving one colony on the surface of the po- tato and a thick but small veil on the bouillon. Rough, luxuriously gro%ving cultures quite undistinguishable from those of the human eugonic tj-pe were obtained by transplanting from the glycerin-potato-tube. This growth-test on glycerin potato was repeated very often due to its im- portance (9) for t\-pe determination. Xo growth appeared as a rule for the strains isolated from three of the six patients already referred to, even after prolonged training on glycerin media. Only once for each of these three strains, the transplantation gave a growth after being rep>eated a great many times: for one of them eugonic growth after a year and a half subculturing on glycerin Petragnani and, for the two others, eugonic growth after two transplantations. By subculturing from glycerin Petragnani a strain isolated from another of the six cases herein studied, an etigonic growih was obtained on glycerin potato and then maintained with the same appearance through a series of transplantations. either on potato or on Petragnani. Another strain from the same patient grew likewise dysgonically on glycerin potato on being trans- planted from a primar)* culture on glycerin Petragnani. The repetition of the test by employing several primar)* ailtures on glycerin Petragnani from the same cases was however al\\*ays negative. dysgonic growth appeared on several glycerin potato tubes sown with ma- terial from glycerin Petragnani primai*)* cultures isolated on two different occa- sions from the fifth case. There developed only tw*o or three colonies that on being transplanted gave eugonic growth carried with the same aspect through a series of subcultures. .•\ strain isolated on glycerin Petragnani from the last case was transplan- ted to glycerin Bordet-Gengou and gre^v here into a smooth, thick layer, that on being subcultured to glycerin potato and Petragnani, gave a typical rough eugonic growth maintained then through a senes of transplantations. 14 I SciELO Plínio Martins Rodrigues — Types of tubercle baciili isolated frorn sputum 343 Another strain isolated on glycerin Petragnani gre\v into a thick but smooth layer and was then transplanted to glycerin Loewenstein. Here it had during three months a dysgonic appearance, forming a layer above which some sniall colonies rose that were sometimes mere points and it then changed its tj-pe of grow-th. It developed itself suddenly into a luxuriously growing culture, dis- playing numerous verj’ rough colonies which rose high above the levei of the médium, that is to say into an eugonic human type of culture. The Loewenstein culture was inoculated into a guinea-pig when it still grew dysgonically ; it A\-as later recovered and went on growing dysgonically on glycerin Petragnani (Photo 7), but in such a way as to be possible to distin- guish betAveen it and a bovine culture. The results of the animal-inoculation tests with the dysgonic strains con- firmed the tj^ping based on the study of the cultural characteristics. Twcnty-six rabbits were inoculated intravenously and twelve intracutaneously. From the former si.xteen were injected with 0.01 mg, two with 0,1 and eight with 1 mg of liacilli : from the latter five received 10 mg, three were inoculated with the entire gro-wth of a culture, tAventy-four days old in two cases and three months in the third, and four with sputum previously treatcd first with XaOH and then neutralized with HjSOi. Alcohol-acid fast baciili were found on slide prepara- tions in all these four spedmens of sputum. Autopsy was generally carried out three months after the inoculation; a small number of animais were Idlled after two. four or five months. Generalized tuberculous lesions were found only in some of the rabbits in- oculated wth 1 mg of baciili isolated from two of the six cases under study. Other rabbits which were injected with strains isolated either from the same two cases or from the remainder, and in the same dose, had only isolated tubercles in the lungs. All the animais that were inoculated intravenously with the snuller doses had at autopsy either nothing or only isolated and non-caseating lesions. The rabbits which were injected subcutaneously had at autopsy either no- thing or only a localized abcess at the point of inoculation, already healed through fibrosis or then containing some thick creamy pus that on slide preparations showed only rare stabs or even only remnants of an alcohol-acid material. COMMENT This paper adds to the number of those which have reported the absence of bovine strains amongst tubercle bacillus cultures isolated from patients suf- fering from pulmonary phthisis. As far as the human dysgonic strains are concemed the frequcncy in the cases herein reported does not differ very much from that quoted by Griffith 15 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 344 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI (8) : "about 3 per cent of the total strains of human type”. But later on Griffith (12) found no less than 28 human dysgonic strains among a group of 50 isolated in Xigeria. These findings indicate that the concept of t>-pical and at\-pical strains when based only on their relative frequencj- may s^ary in different countries. Such Nigerian strains are according to description (13) much more like those studied by us than those detailed by the “Ro>-al Commission” appointed in England to inquire into the relations of human and animal tuherculosis. Whe- reas the latter “resemble bosdne strains in nothing except in growing wdth dif- ficulty on glycerin-agar, potato and broth” and “on serum and egg media they grow like eugonic human bacilli” (14) the former were dysgonic on all media. Besides it was possihle to distinguish between the different dysgonic strains isolated by us as far as the s-igor of their growth is concemed. Thus it ap- pears as Eastwood maintained (15) that all transitional forms are found bet- ween the bovine dysgonic and the human eugonic strains. Such scale seems to exist not only when one considers the growth as a whole but also when iso- lated colonies are obser\-ed. In fact, on the one hand the dysgonic strains herein described displayed on the first transplantations and sometimes on the initial culture the most dif- ferent colonies as far as the vigor of their growth and their more or less rough appearance are concemed. On the other hand the tjqiical bovine and human strains present on the first cultures, the former perfectly smooth and dysgonic and the latter markedly rough and eugonic colonies. all forms that prevail in each case in a striking u-ay or exist alone (for it seems that no reference is found in the literature regarding any smooth and dysgonic colony in the midst of a human eugonic culture). The dysgonic human type that recently as we saw was isolated in a high percentage (56^) in Nigéria gained a ne^v interest through Giffith’s renwrk that it is more frequently found in cases of pulmonary tuherculosis in the rural districts of a certain region in Scotland tlian in other parts of Great Britain in a similar way to what is observed with the borine t>'pe. Whether or not these dysgonic strains have a peculiar rôle in the epi- demiolog}' of tuherculosis is a feature that deserves further inquiry. The number of the cases we have studied is as yet far too small to allow of any serviceable obserration conceming this question. SUMM.-\RY 1. The type of tubercle bacillus isolated. in some cases repeatedly. from 132 patients suffering from pulmonary tuherculosis under treatment in the “Hospital S. Luiz Gonzaga”, São Paulo, was detemiined. 16 Pi.iNio ^L\RTI^•s Rodrigues — Types of tubercle bacilli isolaled írom sputum 345 2. Xo bovine strain was found. 3. The strains isolated repeatedly írom 6 patients were classified as humaií dysgonic. .4. The strains isolated from the remaining patients (126) were typed as human eugonic. 5. The general characteristics of the isolated human dysgonic strains have been described, and special attention %ras dedicated to the morpholcçical study of isolated colonies. BIBLIOGRAFIA REFERENXES 1. Griilith, A. S. — Jour. Hyg. (Camb.) 40:365.1940. 2. Griffith, A. S. — A System of Bacleriology (Londres) 5:193.1930. 3. I.ange, B. — Dtsch. med. Wschr. 63 : 1306.1937. 4. Grilfith, A. S. & Smith, J. — Lancet 1:739.1938. 5. Beattie, M. & Xicnvonger, R. — Am. Rcv. Tubcrc. 45 : 586.1942. 6. Calmcltf, A. — L’infection bacillaire et Ia tuberculose. 3.* edição. Paris. 1928:53- 7. Moeller, J. F. — .Acta tubere. Scandinav. Suplem. 11.1939. 8. Grifftlh, A. S. — \ System of Bacteriology (Londres) 5:164.1930. 9. Griffiih, A. X. — Ibid. 5:290.1930. 10. Mello, A. & Mastrofrancisco, X. — Rev. Indust. Anim. 1(4) : 25.1933. 11. 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Em cima: crescimento eugónico e rugoso da raça 71 inicialmente classificada como disgônica bomana. ^ A esqu^da: raça F bomana disgônica com nomerosas colônias, fundidas em camad.i lisa, na maior parte do meio. A direUa: mesma raça mostrando colônias isoladas. — Raça humana disgônica F. Mistura de colônias disgônicas e de colônias eugônicas e rugosas. — Raça humana disgônica 157. Mistura de colônias eugônicas e disgônicas; no canto inferior esquerdo e no centro colônias semelhantes is do tipo boriíso. — Repiques duma mesma cultura humana disgônica (raça F). À ãireüa: semeadura com suspensão düuida de colônias em soro fisiológico, vendou colônias isoladas com * 000100 ** central e película marginal. A esqnrrda: semeadura com alça “carregada", rendo-s; crescimento em camada. — Raça 71 classificada inicialmente como humana disgônica. Culturas prorenientrs dum mesmo crescimento em meio de Loewenstcin. À esquerda: cultura descendente de repique obtido do crescimento em Loewenstein quando este ainda apresentava aspecto disgôoíco. Crescimento disgônico pontilhado de nu- merosas colônias, confluidas em algumas partes do meia À dirrt/u: cultura isolada de cobaia inoculada coen o crescimento em Loewerstein apòf sua transformação em cultura eugòníca. Crescimento eugónico e rugosa Fotos 8 x 9 — Raças 157 e 71 humanas disgônicas. Transição “liso-rugoso "de colônia a colônia duma mesma cultura. Foto? 10 i 11 — Raças 57 e 157 humanas disgônicas. Transição de colônia lisa para rugosa. Explanations of thc photograptis ■ Primary cullurt, o( the mne »ft oo glyctrin Petiapiani. To thé Itft: buman eugoote strain. To tkt rigkt: fauman dysgooic strain C, showing a laycr of growth. • Btíow: human drsgonic strains 157, C snd 157. Above: eugonic and rough growth of the strain 71 at fírst classified as human drsgonic. To ike lefí: human d^sgonic strain F showing numeroos colooies that ran togetaer in the greatest part of the médium. To tko rigkí: the same strain showing isdated coloniea. Photo 1 Photo 2 Photo 3 18 SciELO 0 11 12 13 14 15 16 cm PiiNio Martins Rodrigues — Types of tubercle bacillí isolated from sputum 347 Photo 4 — Hom^ stnra F. Mixtare of dji^cníc cdooies and of rasonic a^d roufli on^ Photo 5 — Humaa drstonic »traia 157. Mixtare of cagonic and drsffonic co'ooies. On lower left comer and io the middle fome colooies re$emb*inf thoae of the borine type. Photo 6 — Transplanta of the same hoznan dT>ffOQÍc cnltnre (straio F). 7*0 tht rigkti seedios carríed oat with a dOuted tospession of colontes tn saline; ene sees ifdated colooies with centra] "nocletis* and marfinal irtil. To tkt left: seeding carríed oot with a loofrfo! of bacüli; one sees a larer of ^r^th. Photo 7 — Strain 71» at first classified as hmnan dnconic. Both cnltores came from the same growth oo Loewenstein medíttm. To the lefii transplant from a coltare that came from the Lo*wenstcin cuUare when this grew stilt d/sconicallf. Djscooic rrowth dotted with nnmerous colonies that ran together in some parts of the médium. To the righti culture recorered from a fuinea-pig that was inoculat^d with the Loewenstein growth after this had changed ifito an eugonic ctilture. Eugonic and roagh growth. Pkotos S A.XD 9 — Homan d/sgonic strains 157 and 71. ^Smooth-rough* transitíon from co*oaj to colonj of the same caltnre. * Fhotos 10 AHD 11 •>- Human d^sgonic strains 57 and 157. Transition from smooth to roagh coloof. 19 cm 10 11 12 13 14 15 16 Plínio Martins Rodrigues — Tipos de bacilo de Koch na Mcm. in»t. Butantan tuberculose pulmonar humana. vj. xvi 1942 Foto I Foto 2 Foto 4 Foto 5 cm SciELO SciELOi'o 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 L cm Plínio Mabtins Rodrigces — Tipos de bacilo de Koch na tuberculose pulmonar humana. Foro 8 Foto 9 Mcm. Tnst. Butantan Vol. XVI — 1942 cm 5S1.634 CONTRIBUIÇÃO À MATÉRIA MÉDICA VEGETAL DO BRASIL 8. Complemento ao estudo farmacognóstico e terapêutico das várias espécies do gênero Jacaranda {Bipioniaceae) POR FERNANDO PAES de BARROS I Entre as famílias botânicas mais ricas em espécies medicinais está, incon- testavelmente, a das Bignoniaceae, na qual assume preponderância, pelo número e pelas múltiplas propriedades terapêuticas dos vegetais que nele se grupam, o gênero Jacaranda, cujo estudo foi iniciado pelo incansável pesquisador que era Theodoro Peckolt e continuado pelo seu neto, Waldcmar Peckolt, no Instituto Butantan. O conhecimento empírico das virtudes curati\'as das jacarandas vem de era remota. Na América do Sul, e principalmente no Brasil, os colonizadores eu- ropeus vieram encontrá-lo já di\’ulgado entre as nações indígenas, mas foi muito mais tarde, em 1866 , que êsse conhecimento se difundiu, cientificamente, pelos trabalhos do velho Peckolt, que foi quem iniciou no Brasil as análises quimicas las plantas tidas como de utilidade médica. Tão ricas de propriedades medicinais são as plantas que se classificam no gênero Jacaranda, que julgamos dever prosseguir no seu estudo, do ponto de rista terapêutico. O presente marca o início desse tentamem e tem como ob- jetivo uma homenagem mais a Waldemar Peckolt. Conhecendo, demonstrado pelo seu avô, o grande valor das jacarandas, êste nosso antecessor e organizador da Seçao de Botânica Médica do Instituto Bu- tantan, p>assou a se dedicar ao estudo das mesmas, e, especialmente, à espécie por êle tida como sendo a Jacaranda decurrens Cham., porém, guiou as suas experiências para um lado ainda não explorado anteriormente, o das proprieda- I SciELO 1 358 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVI des parasiticidas da planta. Prosseguindo com êste objetivo, W. Peckolt o atin- giu plenamente, colhendo os resultados positivos que publicou nas “Memórias do Instituto Butantan” com o Dr. Alcides Prado, do ser\'iço de parasitologia, que se encarregou da parte referente a essa especialidade com toda a profi- ciência. Entretanto, um engano, que de forma alguma poderá desmerecer o trabalho daquele cientista, foi por ele cometido, trazendo isso alguma confusão, por ser um equívoco de ordem sistemática, que precisa ser reparado. Embora continuem desaparecidos os cadernos de notas deixados pelo sau- doso pesquisador, por rários dados por nós encontrados, ao tomarmos conta da sua Seção, podemos dizer que a espécie que serviu para os estudos e experiências de W. Peckolt, nos seus trabalhos químicos e farmacêuticos, de que resultou a descoberta de um novo tratamento, seguro, fácil e econômico, das amibioses e de muitas outras protozooses intestinais, não foi a Jacoranda decurrens Cuam., conforme êle julgou, mas sim a Jacaranda caroba (Vell.) P. DC. A simples observação das figuras esclarece a questão. E' em homenagem à memória e ao saber daquele nosso ilustrado colega que fazemos esta correção, necessária para completar o seu valioso trabalho. Nin- guém, por um simples equivoco na classificação de um vegetal, cousa bastante comum, mesmo entre os que se dedicam somente à botânica, poderá por em dúvida a capacidade cientifica de um pesquisador, cuja ati\ndade se repartia entre a quí- mica, a farmacologia e a clinica médica. Waldemar Peckolt era tudo isso e, por essa razão, a humanidade muito lhe deve; basta, si mais não houvesse feito, esta sua descoberta que tem restituído a saúde a centenas de doentes condenados a tratamentos penosos e grandemente dispendiosos. Foi um dos últimos trabalhos que realizou, quando o seu orga- nismo, já depauperado, lutava contra o mal que, não muito longe, iria por termo a sua atividade terrena. E’ taml)cm ainda em homenagem àquele \’aloroso colega que aproveitamos a ojjortunidade de entrarmos na sua tão apreciada seara para fazer a retificação de um lapso verificado na publicação do mesmo trabalho de Peckolt, que escapou à revisão, do qual, temos quasi certeza, não cabe culpa ao autor. Na sua publicação — VI. Esludo pharnhicognostico e therapcutico da Ja- caranda decurrens Cham. (Bignoniaccae) MEMÓRIAS DO ISSTITUTO BU- TANTAN, tomo IX, 1935, à página 307, primeira linha — está escrito: “A carobina é uma glicosida, que não nos foi possível obter crj^stallizada, sinão amorpha.” Mais abaixo, na mesma página, encontra-se o seguinte: “Filtra-se e e\-a- pora-se o resíduo até crystalisar, em temperatura que não exceda a mais de 80° C. Separam-se os cr>-staes do liquido...”. 2 Pernaxdo Paes de Badros — Contribuição à matéria médica vegetal do Brasil. 8 359 Indubitavelmente, o autor, pela sua integridade moral e cientifica, seria incaptaz de escrever êste período e os que se lhe seguem, depois daquela afir- mativa; “não nos foi possível obter crystallizada, stnão amorpha.” Waldemar Peckolt teria escrito, nos seus originais: “Filtra-se e evapo- ra-se o residuo até precipitar, etc.”. E, depois, abai.xo: "O liquido separado do precipitado da primeira precipitação não dará mais carabina amorpha e for- ma, etc.”. Como dissemos, não nos move outro intuito que o de render mais uma ho- menagem a Waldemar Peckolt, ao corrigirmos êstes senões, que desfiguram o seu trabalho, escoimando-o, assim, de pontos de apoio para qualquer juizo menos justo quanto à competência indiscutivel do seu autor. Assim deve ser encarado êste gesto, que nos parece ser um dever de cole- guismo e lealdade e um preito de admiração. \ microfotografia que ilustra o presente, do servnço especializado do Ins- tituto Butantan, foi e.xecutada com preparado confecionado pelo Dr. Domingos Yêred, a quem esteve entregue o serviço histológico da Seção, atê os primeiros mêses do ano passado. RESUMO Com o presente, procura-se retificar dous enganos verificados nas partes botânica e farmacoquimica do trabalho: VI — Estudo phannacognostico c thc- rapeutico da jacaranda decurrens Cham. (Bignoniaceae), publicado nas ME- MÓRIAS DO INSTITUTO BUTANTAN, tomo IX, 1935, página 299, por Waldemar Peckolt e Alcides Prado. (Trabalho da Srçio dc Botânica Medica do Inrtituto Butan. lan. Entrrcne para publicacâo cm 28*5-942 c dado â pub'icidad« cm (ermiro dc 1945). cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Feiin'ando Paes de Bahhos — Contribuição à matéria mé- dica vegetal do Brasil. 8 . ^fcm. Inst. Butaoton Vd. XVI 1942 Fic. 1 JacaranJa decurrtns (\V. PECKOLT) Kio 2 decnrrens (\V. PECKOLT) Fic. 3 Jacãrumd* dfcurrenj (MARTIUS) JiACúrúmda C4rp6€ (Foto dc um prrrarado cocootrado ca SccSo). cm SciELO Fernando Paes de Babros — Cuntribuiçõo á matéria mé- dica vegetal do Brasil. 8. Mem. In«t. ButantAn Vd. XVI 194’ Fic. 5 iétaramJa JfCtirrems Corte (MARTIUS) Fic. 6 C''Tie do pecido «YF.Rf.Di cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 cm 1 SciELO 0 11 12 13 14 15 16 Iml*rfS9c na £, C. •*Rcii*ta dos Tribmnmj** Lida. Sãa Faulo