MEMÓRIAS DO INSTITUTO BUTANTAN I » 1943 TÒMO XVII * , à ; - V Sáo' Paulo, Brasil Caixa Postal 65 ÍNDICE Pa*. Noticiirío II ARTHÜR NErVA III ALCIDES PRADO — NoUs Ofiolóficas. 15. Serpentes do *enero Drrophrlaz, com a descricio de nma nora especie 1 18. Um novo caso de bicefalia em serpente • 7 17. A posição do *enero Rhadinaea em sistemática, com a descrição de nma no\-a espdcie • 11 WOLFGANG BCCHERI Qnilópodos do Perú 19 JOSÊ M. RUIZ — Catadiaciia freitaalenti, sp. n. (Treraatoda: ParamphUtomoidca), parasito de ofideo neotropico; observação sobre a presença de dois canais eferentes no genero Catadiscu COHN, 1904 29 JOSÊ M. RUIZ — Neoctancinm trarassoii, gen. n, sp. n. (Trematoda: Paramphlsto* moldea), parasito de qneionio marinho. Chave dos generos da famiiia Microacaphidiidae TRAVASSOS. 1922 35 P. de TOLEDO ARTIGAS; JOSÉ M. RUIZ 4 ARISTOTERIS T. LEAO — Algumas notas sobre o genero Opisthoconimoí LCHE, 1900. Descrição de Opis- thogonimiu serpentU, sp. n, Trematolde de ofideo 47 JOSÉ R. do VALLE 4 LUIZ A. R. do VALLE — Sobstancias estrogenicas nos ovirios das Crolalideas 61 JOSÉ R. do VALLE 4 ANANIAS PORTO — Teor em acetUcoiina da genitalia de ratos em diferentes condicòes hormonais • 65 ANANIAS PORTO — Farmacologia comparada do canal deferente do coelho normal e castrado 75 ANANIAS PORTO — Sobre a passagem de snbslancbs androgenicas nas parabioses de ratos castrados com ratos normais ■ 83 LUCIANO DÊCOURT 4 J. I. LOBO — Efeito da progesterona nas amenorreias 99 A. MARCONDES SILVA — Contribuição ao estudo de cxoftalmo 105 J. S. de MACEDO LEME 4 L. NOGUEIRA CARRIJO — Vacinação T. A. B. 1, Formação de aglntininas no homem resultante do emprego de vacina formolada ■ 111 2. Vacina formolada pela via intradermica 117 J. S. de MACEDO LE3IE 4 L. NOGUEIRA CARRIJO — Nirel medio de aglntininas tificas em São Paulo. Contribuição para o seu conhecimento........ 121 LUOtS de ASSUifPÇXO 4 JOSÊ CARLOS RIBAS — Incidências de bacterUs do genero Salraonclla em ratos da Cidade de S. Paulo 127 B. MARIO MOURAO — O papel do eitreptococo no penfigo foliaceo (fogo selvagem) Estudo clinico-bacteriologico 141 NOTICIÁRIO Ao ser impresso o presente número das “Memórias”, é a seguinte a re- lação do pe&soal técnico superior das várias seções do Instituto Butantan; Diretor: Fla\to Ouveira Ribeido da Fonseca, Dipl. Mcd. (D. M.), Prof. Parasit. Esc. Paul. Med. Assistentes-chefes: •\u:iDEs Prado, B. Cienc. & L.; Dipl. Med. CtcEHo DE Moura Neiva, B. Cien. & L.; Dipl. Mcd. Veter. J0.AQUIM Travassos da Ros.a, B. Cienc. á. L-; Dipl. Med. José Bernardino .Arantes, Dipl. Farm.; Dipl. Mcil. (D. M.) Moacyr de F'reitas -\morim, Dipl. Mcd. (D.M.); Livre docente .Anat. Patol. Fac. Med. S. Paulo; prof. catedrático Anat. Patol. Esc. Paul. Meil. P.AULo Monteiro de Barros Marrey, Dipl. Me-ulgada por autorizados periódicos científicos, não cabe no espaço destas linhas, cuja finalidade é apenas recordar as estreitas ligações entretidas por Nciva com esta instituição. De fato, foi cm Butantan que Nciva, em 1917, levou a cabo, cm colaborarão com o saudoso cientista desta Casa, Florcncio Gomes, um dos seus mais apre- ciados trabalhos de entomologia: o estudo experimental completo do caprichoso ciclo evolutivo do Muscideo causador da miiasc de maior importância pratica na região Neotropica, a Dermntobia homints Linneo Jr., a mo«ca do “herne”. Observando meliculosamentc c acompanhando no laboratorio, pela primeira vez. cada uma das fases da c%'olução deste inseto, foi possivcl estabelecer com firmeza a veracidade dc observações esparsa», desfazendo as controvérsias rei- nantes. em trabalho hoje clássico, publicado no vol. II da Colctanea de Tra- balhos do Instituto Butantan. Iniciativa de relcvancia foi a da criação do Horto Ostvaldo Cruz, dcslinaclo a incentivar o estudo c cultivo dc plantas medicinais brasileiras, incorporado ao Instituto Butantan a 20 de fevereiro ilc 1918. tcnilo como responsável nessa ocasião o conhecido botânico F. C. Ilõehne c como finalidade primordial o estudo da* condições e dado i poblicidade em dezembro de 1943). cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 Mcm. Ifut. Butantan Alcides Pa\DO — Sotas Ofiológicas. íl J^hú4inat9 hcni. «p. n. (face dcml). Rkãiinãf bfmi. *p. n. (face Tenlral). Vd. XVII — 1943 cm 2 3 4 5 6 7 11 12 13 14 15 16 17 595.627 QUILÓPODOS DO PERÚ POR WOLFGANG BÜCHERL Em julho do ano passado recebemos, por imermedio de J. Sucoup, uma pe- quena coleqão de Chilopoda, constituída de 43 exemplares, distribuídos para seis- gêneros, coleção esta que, por pequena que seja, é, contudo, uma valiosa contri- buição para a elucidação da distribuição geográfica, neotrópica, destes artrópodos, duplamentc %-aliosa ainda pelo fato de ser a primeira vez que se capturam tantos Quilópodos no Perú, até agora quasi inexplorado neste sentido. Agradecendo ao- ilustre colega, J. Sucoup, pela captura e remessa do citado material, passamos a descrevê-lo : 1. Cenus: Scolopendra L., 1758 Scolopendra morsiians L., 1758 — 1 fêmea adulta, com 20 artículos antenais,. colorido uniformemente escuro, com 5-j-5 dentes no coxostemum forcipular, com sulcos epistemais muito leves e abreviados nos estemitos posteriores, sem esporão tarsal no 20.° par de patas, com apêndice coxopleural terminando em 5 pontas e com espinhos no prefemur do último par de patas distribuídos não em tres se- ries longitudinais, mas com bastante irregularidade. Scolopendra viridicomis viridicomis Newp., 1844 (non Bücherl) — 2 exemplares, machos, sendo um adulto e o outro jovem. Procedenda: La Merced, 700 m adma do nivel do mar. Scolopendra viridicomis nir/ra BücnERL, 1939 — 1 fêmea adulta. Quando- em 1939, 40 e 41 estudavamos os exemplares de S. viridicomis da coleção do Ins- tituto Butantan, pxnsámos que os caracteres morfológicos justificavam que fosse considerada como uma nova subesp)ede. Em 1941, pxjrcm, tendo recebido- mais material, descrevemos niffra ap>enas como varictas. Agora, finalmente, vendo que as duas formas ocorrem também nitidamente distintas no Perú, cre- 1 -20 Memórias do Instituto Butantan — Tomo X\1I mos firmemente que se deve tratar de duas subespedes : 5". viridicomis viridicornts Newp. e S. viridicomis nigra BCxherl (vide Mem. Inst. Butantan 15:282- 283.1941). Scolopendra arihrorhabdoides Rib., 1914 — 1 exemplar adulto. Scolopendra atyna/a amancalis subsp. nov. Ojmprimento da cabe^ até ao último tcTRÍto: 38mm; Comprímento das antenas: 12mm; Gxnprímento das últimas patas: 13mm; (pref. 37; fem. 37: tib. 27 ; 1.® tarso: 27 - 2.* tarso: .... Imm; Comprimento da placa cefálica: 3,-tmm; Largura da placa cefálica: 3,-tmm; Média da largura dos tergitos: 3-37mm Dorso liso, sem brilho; amarelo uniforme, um tanto sujo; placa cefálica e ■último tergito amarelo vermelhos; estemitos amarelo claro; patas amarelo doi- rado. Placa cefálica lisa, com pontuações muito esparsas (Vide Fig. 1), quasi imperceptíveis; com 2 sulcos longitudinais muito leves, divergentes, apagados atrás, perto da borda posterior, estendendo-se apenas até a metade da placa 'ada, seguindo-se uma depressão central perto da borda posterior, protraída. Estemitos com dois sulcos longitudinais muito mais nítidos do que os dos tergitos; completos já desde o segtmdo estemito e indo até ao vigésimo; mais profundos na frente de cada placa. Vigésimo primeiro ,estemito estreito, cora bordas laterais ligeiramente reentrantes e borda posterior reta (Vide Fig. 3) ; sem sulco ou depressão mediana. Primeiro par de patas com um esporão no femur, um na tíbia, dois no pri- meiro tarso; segundo ao vigésimo par de patas com um esporão no primeiro tarso; primeiro ao vigésimo primeiro inclusive com dois esporões na base da garra terminal, sendo de notar que no último par o esporão ventral é muito curto, enquanto que o lateral apresenta o seu pleno desenvolvimento. Prefemur do segtmdo ao décimo nono par de patas com 3 espinhos muito pe- quenos no lado dorso-terminal, invariáveis em número e tamanho. Prefemur do vigésimo par de patas com ligeira ponta dorso-terminal, armada de quatro espi- nhos maiores e nuus um na zona dorso-mediana; femur sem espinho algum, também não no lado ventral (numa pata observam-se duas manchinhas que po- deriam ser confundidas com pequenos espinhos, mas que, em preparados montados cm bálsamo, aparecem como simples manchas). Coxopleuras com px>ros profundos (Fig. 3), rclativaniente numerosos. Ap>én- dice coxopleural longo, cilíndrico, com seis -f- sete espinhos distribuídos em volta da ponta. Um pequeno espinho ainda, dc cada lado, um pouco distante da p>onta. Perto da ca rena do tergito, na p>onta, existe também um piequeno espinho. , Prefemur do vigésimo primeiro par de piatas sem espinhos nos lados dorsal e externo; nos lados ventral e interno existem 17 -|- 19 espinhos de diferentes ta- manhos. Espinho do canto” prefcmural com seis -f- seis pontas; femur sem espinho algum. Tipo. Uma fémea adulta na coleção quilopiódica do Instituto Butantan. Local-tipo — Amancais {vide nomen), arredores de Lima, Perú. Altitude 300 metros aproximadamente. Encontrada sob piedras, em terreno francamente arenoso. Colecionador: — J. Sucoup. 3 22 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Confronto entre S. armata armata K«pln. e armata amancalis subsp. nov. Comprixaento até 100 mm 3S mm apenas Sqjkos loDgitod. dx pia* ca ccfilica IcTCSp mas inteiroa, desde a borda aa* teríor até a posterior IcTÍssimos, existentes apenas na área posterior, sem atingir a borda poste- rior Artictilot basais das aa* tenas 5 sem pelos desde o 3.* já pelos laterais Coxosternum íordpa* lar com 1 sulco boriaoatal curto e 2 sul* coa laterais, formaudo os 3 cm per* feito triasfulo com suko horiroDtal lonfo, ix>do de um tdopodito ao outro; sem sulcos laterais Terfitos 1.* sem sulcoa loafitudinats , carexuj laterais s6 oo 21.* ou nos 3 últimos com 2 ral. Iob,. conTcr^cnte*. aue- TUi latciú príDCipüuuJo ji dnde o 5.* 21.* estemito com borda posterior arqueada com borda posterior reta EspinlKa nat paus 1 espinbo minúsculo sú na borda óor* sal posterior do 19.* par de patas, 1*2 no 20.* par e mais 2 no lado rentral 21.* preíemur com <4*12 esp. **esp«nbo do canto” rrralmente simples fêmur com 1*3 espinhos 3 espinhos em todas as patas desde o 2-**I9.*; 20.* par com ponta ar* mada de 4 espinhos e mais 1 na área mediana; irentralmente sem espinho, com 174*19 espinhos com 64*á pontas espinhosas sem espinho a'rum Habitat Venexuela Perú, Lima, Amancais Scolopendra armata antiata Kbpln., 1903 — 1 adulto. Scolopendra angulata angulata Newp., 1844 {non Bücherl) — 1 fémea adulta, Elste exemplar diferencia-se de Scolopendra angulata moójeni Büchejil, 1914 (non angulata B., Mem. Inst. Butantan 15:119-123 et 294.1941) e de Sco- lopendra angulata explorans (Camb., 1914), de maneira que forma um grupo- geográfico nítido, subdisndido cm tres subespecies (conf. Mem. Inst. Butantan 15:121-122 et 284-285.1941). 2. Gcnus: Cormocephalus Newp., 1844 Cormocephalus (C.) bonaerius Att., 1928 — 1 adulto; colorido amarelo pálido; comprimento 26 mm apenas; sulcos longitudinais da placa cefálica quasi invisíveis (segundo Attcms bem visíveis, mas abreviados atrás, perto do bordo cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 WoLFGANC BCcherl — Quilópodos do Perú 23 posterior) ; placas basais muito pequenas (bastante desenvolvidas segundo At- tems) ; 6 artículos basais das antenas desprovidos de pelos (segundo Attems 7-8) ; quanto ao resto não há diferenças morfológicas acentuadas com a especie •de Attems. Seriam necessários mais exemplares para uma comparação mais segura, sendo, contudo, a primeira vez que esta especie é encontrada no Perú. Cormocéphalus (C.) impressus- impressus Por., 1876 — 2 exemplares, tam- bém assinalados pela primeira vez no Perú. Cormocéphalus (C.) andinus (Krpln., 1903) — 1 exemplar adulto. Local de captura: Amancais, arredores de Lima. Esta especie já foi encontrada em Perú, no local, denominado Santa Ana, sendo frequente na Boli%*ia, na região vulcânica de Sorrate. 3. Genus: Rhoda Mein., 1886 Rhoda calcarata calcarala (Poc., 1891) {non Bücherl, 1941) — 2 exem- plares, sendo um jovem. Os dois exemplares distinguem-se perfeitamente de Rhoda calcarala canxjlhoi Bücherl (nomen nozmm, em substituição a calca- rala, n. subsp., Mem. Inst. Butantan 15:136-128 et 304.1941) pelos dois sulcos medianos da placa cefálica (muito mais longos e nítidos cm calcarala carvalho!) ; pelo número de artículos antenais e pela forma caraterística das coxopleuras. E’ a primeira vez que se assinala uma especie do gênero Rhoda no Perú. Habitat: Amancais, arredores de Lima. 4. Genus •. Otostigmus Por., 1876 Olosligmus bürgeri Att., 1903 — 1 macho adulto. Habitat: Amancais, arredores de Lima. .•\té agora apenas assinalado como oriundo de Villavincencio, na Colombia. •A presente especie aproxima-se morfologicamente a Olosligmus (R.) íim- balus diminutus Bücherl, 1939 («on limbalus B., Mem. Inst. Butantan 13:271 et 15:312.1941). Olosligmus (P.) limbalus limbalus Mein., 1886, é muito fre- quente na .Argentina e no Paraguai e limbalus diminutus no Brasil, Estado de São Paulo, Alto da Serra. Olosligmus amazonae Cbamb., 1914 — 18 exemplares, sendo quatro jovens. Habitat: Amancais. arredores de Lima. Esta especie é muito frequente nos arredores de Manaos, Estado do Ama- zonas, Brasil, tendo sido encontrada até agora apenas uma única vez no Perú, na localidade de Paias Ma>-o. 5 24 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII 5. Genus: Rhysida Wood, 1862 Rhysxda celeris (Humb. & Sauss., 1870) — 1 exemplar adulto, pela pri- meira vez encontrado no Perú. 6. Genus: Otocryptops Haase, 1887 Olocryptops ferrugineus sucoupi, subsp. n. — Comprimento total (sem an- tenas e últimas patas) 52-61 mm. Tergitos amarelo-marrom; último tergito e placa cefálica vermelho tijolo; patas amarelas; estemitos e antenas amarelos (cm ferrugineus ferrugineus (L.) antenas vermelhas; em ferrugineus ferru- gineus, var. paresspinosus Krpln. antenas amarelas e pelos ferruginosos), como também os pelos das antenas. Placa cefálica e tergitos lisos, brilhantes; pontuação da placa cefálica abun- dante e nítida, como também a dos tergitos anteriores, decrescendo, porém, em número e tamanho nos tergitos já sem pontuação alguma (em ferrugineus fer- rugineus a pontuação é, s^[undo Attems, mais acentuada justamente nos últi- mos tergitos). Antenas muito mais longas do que em ferrugineus ferrugineus e em ferru- gineus ferrugineus \zt. parcespinosus, ultrapassando o quinto tergito; com 17 artículos, munidos de numerosos pelos curtos, igiiais em comprimento nos últi- mos 12-13 artículos. Além destes pelos cerdas longas, mais raras, entretanto, nos 4-5 artículos basais, cerdas estas muito pouco numerosas na area dorsal dos primeiros dois artículos, de maneira que estes se apresentam lisos, brilhantes, quasi desprovidos de cerdas (em O. ferrugineus ferrugineus var. parcespinosus os artículos basais se apresentam cobertos de cerdas densas, vermelhas). Bordo anterior do coxostemum forcipular arqueado, com um dente lateral bem desenvolvido (vide Fig. 1), obstuso na ponta (não agudo como em parces- pinosus c em /. riveli) e mais um bloco dental mediano, quasi fundido no meio das placas dentarias, tres vezes mais largo do que longo (em parcespinosus ape- nas um pouco mais largo do que longo). Dente forcipular interno do prefemur menos do que os dentes laterais do coxostemum (em O. ferrugineus ferrugi- neus um tanto maior). Areas imediatas, em volta ao dente prefemural e aos dentes coxostemais cobertas por poucas cerdas longas. Coxostemum com uma rede, muito leve, de sulcos horizontais (ausentes em ferrugineus ferrugineus e em ferrugineus ferrugineus var. parcespinosus). Placa cefálica um pouco mais larga do que longa, encobrindo totalmente a fossa subanular do primeiro tergito (em ferrugineus ferrugineus a fossa sub- amilar é ainda visivel) ; sem sulcos longitudinais e sem carenas laterais. cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 WoLfGANC BCcheul — Quilópodos do Peru 25- Sulcos episcutais presentes desde o quarto ou quinto até o 21.® tergito, nos primeiros dois geralmente apenas posteriores, do sétimo para trás completos. Do 5.® ou 6.® até o 22.® tergito além disso um curto sulco mediano (ausente em ferrujineus ferrugineus e em ferrugineus ferrugineus var. parcespinosus) no* bordo posterior. Carenas laterais desde o oitavo até o 22.® tergito, isto é, do- 8.® ao 12.® apenas anteriores e curtas, nos tergitos seguintes sempre mais lon- gas, atingindo o bordo posterior das placas nos tergitos 17-19 e sendo encurta- das no\'amcnte nos tei^tos 20 e 22. Último tergito sem carenas laterais, em* seu lugar uma linha reta. Estemitos com pontuação fraca; sem fossa ou sulcos. Último estemito (vide Fig. 2) com bordo posterior levemente bilobado (simplesmente arqueado* em ferrugineus ferrugineus var. parcespinosus) ; muito mais largo do que longo, estendendo-se lateralmente até quasi os bordos do tergito e encobrindo total- mente o campo poroso das coxopleuras (esta conformação morfológica do úl- timo estemito é completamente nova em todas as espedes, subespecies e varie- dades do género Otocryptops Haase). Primeiro ao décimo nono par de patas geralmente com dois esporões tibiais, 20. ® par com um esporão; 21.® e 22.® geralmente sem esporão tibial (em ferru- gineus ferrugineus rar. parcespinosus o 21.® par com um esporão tibial) ; 1.® ao* 21. ® par de patas com um esporão tarsal. Todas as patas com dois esporões menores na base da garra terminal. Lado dorsal das coxopleuras, perto da ponta- terminal, sem espinho. Apêndice coxopleural (Fig. 2) muito curto, terminando num espinho que- não sobressai quasi da area circunvizinha (em ferrugineus ferrugineus var. fer- rugineus a ponta é mais longa). Poros do campo poroso invisiveis por estarem- inteiramente encobertos pelo último estemito (tomam-se dsiveis através do es- temito quando se umedece o animal em meio liquido) (vide Fig. 2). Campo- poroso não atinge o tergum. Prefemur das últimas patas (vide Fig. 3) com um espinho dorsal maior e um ventral muito pequeno. iDimorfismo sexual secundário: Fêmeas com muitos pelos longos e densos na tibia e no tarso (vide Fig. 3), poucos pelos curtos no prefemur do último par de patas; machos com poucos pelos e curtos cm todos os artículos destas- mesmas patas. Tipo: 1 fémea adulta na coleção quilopódica do Instituto Butantan. Paratip>os: 2 machos adultos e 1 fêmea adulta na mesma coleção. Local-tipo: Amancais, nos arredores de Lima, Perú. Coletor: J. Sucoup, ao qual dedicamos esta subespccie. 7 .- 26 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVTI Os exemplares da presente lista, cujo habitat não foi indicado, são oriundos de Amancais, arredores de Lima, Perú. Colecionador: J. Sucoup. Data de captura: junho e julho de 1942. ABSTRACT The present paper deals wth the descriptíon o£ Chilopoda from Peru, Aman- cais, in the neighbourhood of Lima, and caught by J. Sucoup. The material counted with the following genera: Scohpcndra — 3 spedes and 5 subspedes (1 new subspecies). ConnocepluUtts — 2 species and 1 subspecies. Rhoda — 1 subspedes. Otostigtnus — 2 spedes. Rhysida — 1 spedes. Otocryptops — 1 new sttbspedes. (Tratolbo da S«cçÍo de Zoolofia Médica do Institoto Butan> tan. Entrcgv« para pt^icaçio tm IJ de jolbo de 1943 e dado i publicidade cm dezembro de 1943). cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 WoLFGANG BCcherl — QuUópodos do Peni Mem. loft. Butanua Fic. 1: Pt»CA ccfiltea e aotenat Olocryptof^s f^rrugineus Fic. 1: Coao«tcrtiom forcipular 2 3 4 5 6 Vol. XVII — 1943 S. armata amancaHj, $ubsp. nov. Coxo9ternuai forcipular CUimo estcmito c apcndice» CQXoplrurai* sucouf*i, subsp. nov. Fio. 3: última pata (na fémea com cerdat longa» na tíbia e no tar»o) a SciELO 11 12 13 14 15 5*5. 121 CATADISCUS FREITASLENTI, SP. N. (TREMATODA: PA- RAMPHISTOMOIDEA), PARASITO DE OFIDEO NEOTRÓ- PICO; OBSERVAÇÃO SÔBRE A PRESENÇA DE DOIS CA- NAIS EFERENTES NO GÊNERO CATADISCUS COHN, 1904. POR JOSÉ M. RUIZ A primeira e única referência de um tremaioidc do género Cútadiscus para- sitando oíideoá dcvemo-Ia a Cohn; em 1903 descreveu, do intestino de Chironius fuscus (L). sob o nome de Amphistomum dolichocotylc, a espécie que no ano seguinte passou a constituir o tipo do gênero sob a denominaijão de Coladtscus dolichocotylc (CoiiN, 1903) Cohn, 1904. Todas as demais espécies incluidas neste gênero são oriundas de latráquios (C. cohni Trav., 1926, C. pygmacus (Lutz, 1928), C. inarinholutsi Freitas & Lent, 1938, C. iirut/uaicnsis Freitas & Lent, 1938 c C. inopinalus Freitas, 1941. No decorrer de algumas necropsias que vimos realizando na Secqâo de Para- sitologia do Instituto Butantan obtivemos, do intestino delgado de Liophis wí- liaris, dois exemplares da espécie (jue passamos a descrever sob o nome de Caladiscus frcitaslcnti. sp. n. Diagnose especifica. Diplodiscinac. Caladiscus. Corpo sub-pi ri forme, alongado, com extremi- dade posterior mais larga, medindo 3, 11 a 3,15 mm de comprimento por 0,96 a 1,06 mm de largura, ao nivel da região equatorial. Cutkula inenuc cm toda a c.xtensão do corpo. Ventosa oral terminal, provida de dois divcrticulos posteriores desenvolvidos com um comprimento menor que o do pre- faringe; mede a ventosa oral sem os divcniculos 0,205 a 0.217 mm de comprimento por 0.282 a 0.294 mm de largura; 1 3 1,0 mm Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Fio. 1 Clméiiinj jttilultnli, ip. n. Exraplir tipo. ViMa lotai. José M. Riiz — Caladiscus freUaslenii, sp. n. (Trematoda\ Paramphisto- moidea), parasito de ofideo neotrópico. 31 os diverticulos medem 0,205 de comprimento por 0,305 a 0,311 mm de largura. Pre-faringe delgado com 0,364 a 0,411 mm de comprimento total, medindo desde a base da ventosa oral, sem os diverticulos. Faringe musculoso, elipsóide. com 0,205 mm de comprimento por 0,147 mm de largura. Esófago quasi nulo. Cecos relativamcnte desenvolridos atingindo a região equatorial do corpo, iguais ou de- siguais; na espécie tipo são iguais e medem 0749 mm de comprimento e 0,169 mm Fio. 2 frriiêgJfmti, n. Kxrtnplar tipo. M »cro(o(ocrafU »©♦• Iraoóo a roe*itana do empos A« flrxas indkaa o« raruiii eír« rtntcs. de largura maxima, ntedida na |>or<;âu liasal ; no paratipo um mede 0,636 mm c o outro 0,791 mm. .Acetábulo muito desenvolvido, subterminal, medindo 0,791 a 0,876 mm de comprimento por 0,777 a 0,791 mm de largura; um pequeno estran- gulamento mediano, transversal, foi observado nos exemplares examinados vivos, sendo que no material fi.xado é pouco distinto. Testículo único, pequeno, situado na região mediana do corpo e na zona cecal, medindo cerca de 0,115 mm de diame- 3 32 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII tro. Do testículo partem dois canais eíerentes, um de cada lado, dirigem-se para a frente e, pouco antes de atingirem a altura da bifurcação cecal, se unem num canal deferente cujo trajeto foi acompanhado apenas em parte. A bolsa do drro não foi bem obser\-ada. devido à intensa formação glandular na região esofagiana. Orário arredondado, sub-mediano, situado lógo abaixo da linha equatorial, com um diâmetro que varia entre 0,169 e 0,199 mm. Glândula de Mehlis para ovariana, arredondada. Receptáculo seminal imediatamente atrás do ovário, da mesma or- dem de tamanho que êste orgão. Utero extendendo-se desde a região bifurcai até a r^ão acetabular, ocupando quasi toda a área do corpo. Vitelinos consti- tuídos por foliculos relativamente volumosos e pouco numerosos, situados na re- gião equatorial e distribuídos em dois grupos distintos e intracecais; o diâmetro dos foliculos \-aria de 0,064 a 0,117 mm. Ovos de casca muito delgada, opcrcula- dos, medindo 0.070 a 0,084 mm de comprimento jx>r 0,033 a 0,053 mm de largura. Do aparelho excretor foram obser\*ados apenas os dois canais coletores principais que, partindo do nivel da zona acetabular, dirigem-se para a frente margeando as linhas do corpo, com um trajeto mais ou menos sinuoso, atingindo a altura da ventosa oral ; estes ramos são facilmente visíveis j»r serem calibrosos e cheios de pigmentação esajra. O sistema linfático não foi obseirado devidamente. Habitat: Intestino delgado de Liophis tniliarís (L.) Procedcncia: Pederneiras — Estado de S. Paulo — Brasil. Tipo e paratipo: Xo. 5.572. Xa coleção helmintológica do Instituto Butantan sob o A dc.scrição e medidas se referem a dois exemplares comprimidos e monta- dos. O nome especifico é dedicado aos drs. J. F. T. Freitas e Herman Lcnt do Instituto Oswaldo Cruz. Diagnose diferencial : — Catadiscus frcitaslenti, sp. n. distingue-se de todas as espécies conhecidas atualmente no gênero pelo tanuinho da ventosa oral ; outros caracteres a diferenciam ainda das referidas espécies: C. dolichocotyle apresenta todas as dimensões menores e um único canal deferente. C. cohni apresenta a ventosa oral muito menor (jue os diverticulos sendo es- tes quasi do comprimento do pré- faringe, o que não .se observa em C. freitasUnti, sp. n. : além disso ts cecos são mais curtos e as dimensões, de um modo geral, menores com exceção dos ovos; canal deferente único. C. pygtnaeus diferenda-se em todas as dimensões. C. marinholutsi e C. vene^ntelcnsis diferent inicialmente pelo maior tanunho dos ovos. A espécie mais cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 José M. Ruiz — Caladiscus freilaslenli, sp. n. {Trematoda: Paramphisto- moidea), parasito de ofideo neotrópico. 33 próxima é C. inopinatus. todavia é possivcl distingui-Ia pelos seguintes caracteres: menor tamanho da ventosa oral e dos diverticulos ; faringe menos volumoso; ace- tábulo relati\’amente menor; ovos maiores. OBSERV.\ÇAO SOBRE DUPLICID.ADE DOS CANAIS EFERENTES A constatação de dois canais eferentes numa espécie do gênero Catadiscus c muito digna de uma observação ; com efeito, éste carater não foi ainda assina- lado neste género, sendo peculiar ao gênero Diplodiscus Dies., no qual as espécies adultas apresentam os dois testículos fundidos numa única formação glandular. Xa descrição de C. doliclwcotyle é referido um único canal deferente. Xa espécie de Trasassos o fato se repete (Trasassos, pg. 279, Fig. 1 ; Freitas e Lent, pg. 307, Fig. 3). Em nenhunui das outras espécies foi referido este detalhe. A intro- dução da presente espécie entre os Diplodiscus não é possivel, hoje, nos moldes de sua definição; foge, por outro lado, pelo carater supra mencionado, da diag- nose do gênero Caladiscus, constituindo como que uma espccic dc transição entre os dois gêneros. ABSTRACT In this paper a new trematode species is descrilwl. bclonging to the genus Catadiscus ConN, 1904, found in the small intestine of a Brazilian snakc. Ca- tadiscus frcitaslcnti, n. sp.. and C. inopinatus Freitas, 1941, are very alike, ho- wever, the>- can l)c separated by the size oi the oral sucker, pharj-nx, acetabulum, and the size of the eggs. C. frcitaslcnti, n. sp.. presents two vasa effercntia, a common character of the genus Diplodiscus Diesing, 1836; this character is not observerl in other species of the genus. BIBLIOGRAFIA Coíin. L. — Zur Kcnmni» ciniger Tronatoden — Centralbl. f. Bakt. I Abt, Orig., 34(1): 35-42. Figs. 1-4.1903. Bravo, II. M. — Revision de lo» generos Diplodiscus Diesixc. 1836 y Megotodiscus Ch.\n- BCO, 1923 {Trematoda-. Paramphisiomoidta) — .\nales In»t. Biol. (México) 12(1-2): 128-146 cl 643-661. 17 Fig». 1941 Freitas, J. F. T. & Leni, //. — RerisSo do gênero Caladiscus Cohx, 1904 {Trematoda: Porampkistomoidea') — Anexo n. 4 ao Relatorio de Excursão Cientifica do inj- titirto Orwado Cnu. rcaizada na zona da E.F.N.O.B.. em outubro de 1938 í" Boletim Biologico (N. S.) 4(2) :30S-31S. Fig». 1-20.1939. 5 34 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Freitas, J. F. T. — Novo trcmatodeo Paranfistomideo parasito de rã “Catadiscus inopinatus", n.sp. — Rev. Brasfl. de Biol. 1(2) : 121-123. Figs. 1-2.1941. Hughes, R. C.; Higginbtham, J. IV. & Ctary, J. W. — The trematodes o£ Reptiles, part 11, Host Catalogue — Proc.of the Oklahotna Acad.Sc. 21:35-43.1SW1. Travassos, L. — Catadiscus cochm, n.sp., novo trematodeo de batraquio — Sciencia Medica 4(6) :2/8-279.Fig. 1.1926. Travassos, L. — S 3 rnopse dos Paramphistooioidea — Mem. Inst. Oswaldo Cruz 29(1): 19-178. Fig. 1-86. 1934. (Trabalho de colaboraçio doo Laboratoríos de Paruitolocio da Institoto Batantan e da Faculdade de Farmácia c Odootolofia da UnÍTCnidade de SIo Paulo. £ntrc(ne para publicapSo etn !-• de ío-ího de 1943 e dado á pu- blicidade em dezembro de 1943). 2 3 4 5 6 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 NEOCTANGIUM TRAVASSOS/, GEN. N., SP. N. (TREMA- TODA: PARAMPHISTOMOIDEA) , PARASITO DE QUELÔ- NIO MARINHO. CHAVE DOS GÊNEROS DA FAMÍLIA MICROSCAPHIDIIDAE TRAVASSOS, 1922. POR JOSÉ M. RUIZ Da nccrí^sia No. 2.127 efetuada na Sc<;ão de Parasitologia do Instituto Bu- tantan em 4/12/1939, sobre uma tartaruga marinha proveniente de Santos (^Praia Grande), resultou o encontro de numerosos trematóides localizados no intestino, dentre os quais o Paranfistomideo de que nos ocuparemos na presente nota; a sua inclusão num dos gêneros da familia Microscaphidiido4 Trav., 1922 na qual deverá ser enquadrado, não foi possivcl dados os caracteres muito particulares que apresenta; julgamos conveniente a erc<;ão de um nos-o gênero para a nova es- I>écic. cuja diagnose daremos a seguir. N eoctangium travassosi, gen, n. sp. n. Diagnose especifica: Mtcroscaphidüdoe. Trentatóide de tamanho médio: corpo alongado e relatis-antente espesso; extremidade anterior delgada; cutícula inerme em toda a superfície; extremidade posterior arredondada e apresentando uma projeção dorsal mais ou menos proeminente cm cuja extremidade existe de cada lado, um espessamento muscular que termina cm uma papila (papilas dorso- caudais) ; apresenta mais, a referida projeção dorsal, em sua parte média e in- ferior uma formação musculosa terminando cm duas papilas juxtapostas (papilas caudais medianas) ; nota-se ainda na porção vcntral da extremidade posterior, cm posição quasi lateral, uma formação musculosa com duas papilas terminais, em cada lado do corpo, simétricas (papilas laterais). As expansões cuticulares que acabamos de referir se acham representadas esquematicamente na fig. No. 5. Esse conjunto sem dúvida serve à fixação do helminto no substrato sólido sendo uma modificação provável do orgão acetabular. .-\ ventosa oral é pequena, si- 1 Memórias do Instituto Butantan — Turno XVII Fio. 1 \t 0 Ctamçinm trttX'^sosi, gm. n.. tp. n. Kxrmplar tipéssa. elipsóides. opercula- dos e numerosos. \’itelinos repartidos em tres grupos perfeitamente distintos dc foliculos volunwsos: dois ocupando a região cxtracecal. lu ntetade posterior do corpo c um intracecal entre a zona o\ariana e o limite cecal. Sistema cxcrctor não obser\-ado. Sistema linfático apresenundo quatro jares dc troncos longitu- dinais. Parasito do intestino de quelònio marinho. Esp. tipo: Xeoclangium traiMSSosi sp. n. DISCUSS.\0 O género que apresentamos se assemelha cm certos aspectos com os gêneros Múroscaphidium Looss, 1900, Polyangium Looss, 1902. Octangium Looss, 1902. Octangioides Price, 1937 c Hcxangitrnna Price, 1937. O género Microscaphidium difere pelos caractéres seguintes: diverticulos orais longos; esôfago provido de espinhos; tipo diverso dc útero; sistema linfático com trés pares de troncos longitudinais; ausência de projeções terminais. O género Polyangium se distancia pelo tipo dc vitelinos c das circunvoluções uterinas, pelo sistema linfático, constituido por apenas dois pares dc troncos lon- gitudinais c pela ausência dc projeções na extremidade jx)sterior do corpo. Octangium é o género mais próximo diferindo no entanto pelo tipo da pro- jeção terminal e por não apresentar formações papilosas na extremidade poste- rior do corpo, caráter que afasta igualmente os gêneros Octangioides e Ilexangi- trema de Xeoctangium gen. n. I 42 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XMI Na chave seguinte damos os caracteres principais que diferenciam os vários gêneros incluidos na familia Microscaphidiidac Tkavassos, 1922: 1 — Extremidade posterior do corpo apresentando uma saliência bicõnica ou escasações terminais 2 Extremidade posterior do corpo lisa e arredoodaxia 6 2 — Ventosa para-genital (ventosa genital?) presente... Denticauda Fükui, 1929 n. comb. Ventosa para-genital ausente 3 3 — Presença de 4 pares de papilas na região caudal Neoclangium n. g. Ausenda de papilas na região caudal 4 4 — Vltelinos dispostos em três campos distintos: dois extracecais e um intracecal; parasito de quelôlinos Oclangium Looss, 1902. Vitelinos dispostos em dois campos distintos, extracecais; parasito de peixes Hexangitrema PaiCE, 1937. Vitelinos em forma de U ou de V S 5 — Grcxmvoluções uterinas disseminadas na região intra-, post- c extracecal; vitelinos em forma de U; parasito de peixes... Paraboris Trav.\s«os, 1922. Gmmvoluções uterinas intracecais; vitelinos em forma de I'; parasitos de queló- nk>s 0:langioides Pkice, 1937. 6 — Superficie ventral do corpo apresentando fileiras longitudinais de formações glandulares. Deuterobaris Looss, 1900. .Superfície ventral do corpo não apresentando fileiras longitudinais de formações glan- dulares 7 7 — Gonadas post-cecais no terço posterior do corpo. . . Hexangium Goro & Ozaki, 1929. Gonadas intracecais no terço medio do corpo 8 8 — Diverticulos orais longos; esófago provido de formações espinhosas na metade anterior. Microseaphidium Looss, 1900. Diverticulos orais nidimeratres ; esôfago inerme 9 9 — Corpo apresentando duas fileiras de formações vesiculosas nas margens Angiodielyum Looss. 1902. Corpo sem formações vesiculosas marginais Polyangium Looss, 190l2 (=Sfphrobius Pociir. 1925?) presente chave é uina modificação da apresentada por Pricc (1937) à qual acrescentamos Xcoctancfium gen. n. e Denticauda Fuküi, 1929 n. comb. COMENT.\RIO A nosso ver a espécie Distomum quadrangulaium descrita por Daday cm 1907, não cabe no gênero Paraharis, onde foi incluida por TrazHissos (1922) ; sem dúvida deverá enquadrar-se num gênero muito próximo, entretanto, a presença de uma ventosa para-genital (ventosa genital?), a ausência de um bulbo esofa- giano, o tipo de circunvoluções uterinas, a disseminação dos vitelinos em dois gnt- cm 'LO 11 12 13 14 15 16 José M. Huiz — \eoctangium Iravatsosi, gen. n., sp. n. {Trtmatoda: Parxunphistomoidea), parasito de quelònio marinho 43 pos paralelos e distintos e o tipo da formação caudal, são caracteres que permi- tem distinguir a espécie de Daday da de Tras^assos (^Parabaris parabaris) não só especifica mas genericamente. A denominação dada por Fukui, Denticauda, poderá ser mantida desde que toma- 18:14.1926. Poche. F. — Das System der Platodaría — Arch. f. Nat. AbL 91:1-458.1925. Price, E. ir. — The Trematode Parasites of Maríne Mammals. — Proc. U. S. Nat. Mus. 81:1^.1932. 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Na época em que foi elaborada a referida publicação, não tivemos oportunidade de consultar um trabalho de West, publicado cm 1896 no Journal of the Linnean Society c as conclusões a que cht^mos foram orientadas sobretudo pelos dados coligidos em publicações dc C. Pereira (1929) e de Lühc (1900). Agora, graças à gentileza do prof. Lauro Travassos, nos foi proporcionado o ensejo dc ler o trabalho dc West e, como resultado dessa leitura, saem estas notas, cuja finalidade c deixar bem estabelecida a situação sistemática das espécies dc trematoides incluidas no género Opisthogonimus Lühe, 1900. Em 4896, West publica um trabalho em que descreve Disiomum philodrya- dum. A descrição oferecida por West é deficiente sob vários aspetos e, sobre- tudo. por não fazer referência aos \’itelinos; nesse trabalho se encontra uma fi- gura do trematoide descrito, cujo exame permite notar á primeira vista, a situa- ção cecal c cxtra-cecal das massas vitelinicas. particularidade que não é obser\-ada nos trematoides atualmente incluidos no género Opislhogonimus. Todavia a exis- tência de figuras de cortes secionais permitiu aos pesquisadores posteriores uma orientação nrorfologica segura para a situação do trematoide mal descrito e mal representado no desenho esquemático. Em 1900. LChe, sem ter conhecimento da publicação dc West, descreve Opis- thogonimus lecithonotus, parasito também de Philodryas schollii (1.* nota) : logo a seguir (1900), o mesmo láihe. sendo informado da existência do trabalho de 1 48 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII West, identifica a espécie Opisthogonimus lecithonotus a Distomum philodrya- dutn (2* nota). Em nenhum dos dois trabalhos de Lühe se encontram figuras. Em presença destes fatos nada ha pois de extraordinário que todos os auto- res, até a presente data, orientassem as suas pesquisas pelo ponto de vista de Lühe, reconhecendo como idênticas as espécies Opisthogommus lecithonotus e Distomum philodryadum. Esta situação foi aceita por Pratt (1902), Nicoll (1914), Pereira (1928, 1929), notando-se que, em 1914, Nicoll, quando descreve Opisthogenes interrogcUivus foi levado a crear um novo gênero talvez pela obser- vação da figura mal feita da publicação de West, reproduzida com os defeitos por Pratt (1902), cujo trabalho foi uma das fontes de consulta de Nicoll, o que aliás já salientou Travassos (1924). Quando descrevemos IVestella sulina, o nosso ponto de vista foi sobretudo orientado pelo trabalho de Pereira (1929), que fez a revisão do gênero Opisthogonimus, apresentando ótimas figuras, e que tinha consultado o trabalho básico de West. Aparentemente, estavamos pois em muito bom alicerce quando erigimos o novo gênero IVestella; penitenciamo-nos da nossa falha e tratamos de pôr nos devidos termos uma situação que certamente está errada e que passamos a discutir. A nosso vêr, não é possivel continuar considerando sinônimas as espécies Opisthogonimus lecithonotus e Distomum philodryadum, pois que os dados das publicações de West e de Lühe são imperfeitos para tal julgamento. Todavia. Pereira, ao fazer a revisão do gênero Opisthogonimus, em 1929, publica uma bem feita figura e redescreve a especie Opisthogonimus philodryadum (West, 1896), aceitando o gênero de Lühe e a espécie de West. É fóra de discussão, porém, que a figura de Pereira e também a sua descrição não se adatam às figuras e des- crição de West. Como já dissemos, os cortes secionais publicados no trabalho dêste autor permitem reconhecer a sua espécie como um Opisthogonimus, mas a figura da situação do poro genital e da bolsa do cirro é totalmente diversa da de Opisthogonimus philodryadum representada por Pereira. Pereira, ao fazer a re- visão do gênero Opisthogonimus encontrou uma situação confusa e prtxnirou so- lucionar o caso descrevendo a espécie por êle encontrada em Philodryas schottii e outros hospedeiros como sendo a de West, sem levar cm conta determinadas ca- racterísticas morfológicas bem representadas por West e que não podem deixar de ser consideradas. De outro lado, Lühe em 1900, ao identificar a sua espécie Opisthogonimus lecithonotus a Distomum philodryadum a isso foi levado pela origem do seu ma- terial e a do material de West, isto é, a mesma espécie de serpente sul-americana e pela semelhança morfológica dos trematoides. Nessa época era razoavel a su- posição de identidade do material, pois que somente mais tarde é que se veiu a saber que numa mesma espécie de ofídio podem ser encontradas espécies diferen- cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 P. DE T. Abtigas; José M. Rviz & A. T. I,e.\o — Algumas notas sôbrc- o gênero Opislhogonimus LCiie. 1900. 49 tes de Opisthogonimus c que estas parasitam indiferentemente s-arias espécies de serpentes. Fi«. 1 (ir.) ttTfrmiij, tp, Vi»u 3 50 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII A situação criada pela maneira de agir de Lühe não teria outras consequên- cias si Pereira não tivesse feito a redescrição de Opisthogonimus pbilodryadum e publicado uma figura, aliás muito bem feita, mas que não se adata às figuras do trabalho de West. como já foi dito. Quem obsen-ar as figuras do trabalho de \N'est. po£ T. Artigas; José M. Ruiz A A. T. Ijúo — Algumas notas sôbre o gênero Opislhogonimus LCiie, 1900. 51 ta por Pereira. No material que tivemos em mâo e que se acha depositado na coleqão helmintologica do Instituto Butantan encontramos lotes de exemplares riAl) tiio«trarM}« a «v»oro prenital e a sua lo- calização alta, na zona o\ariana. A situação lateral e alta do pwro genital foi p>or nós considerada como ele- mento imp>ortante de diferenciação, p»is cm todos os lotes de Opisthogonimus exa- minados (O. megabothrium, O. interrogativus, etc.) a situação do p>oro genital foi sempre no campx) acetabular c na zona testicular. Em todos os exemplares de Westella sulina o poro genital fica fóra da linha mediana e na zona o\*ariana ; o valor deste px>rmenor anatômico viemos a ter depwis de encontrar a nora espécie «Icscnta neste trabalho com o nome de Opisthogonimus serpenlis, que apresenta o px)ro genital nitidamente pnra-mediano em 100% dos exemplares e.xaminados c de situação alta, longe do testiculo anterior. A colocação de espjécies e gêneros novos obedece, sem dúvida, a um conceito geral que é. cm tése, bem interpretado por todos os sistematistas, qual seja o das características morfológicas, além de características biológicas. Todavia, o ponto de vista individual é sempre rariavel e não ha uma medida exata para se definir com p>erfeição os limites de esp>écies e de gêneros. A nosso rar, êste característico da situação para-mediana e alta do poro genital ê um elemento que justifica plc- namente a distinção de todas as espécies de Opisthogonimus em dois tipos morfo- lógicos, com o valor de gênero ou de sub-gênero. Até que outras cspócics venham a ser descritas, será mais oportuno considerar 05 dois tipos como sub-gêneros e. neste caso, o gênero Westella, por nós criado passará a ser considerado com o valor de subgênero. De acôrdo com o que foi 54 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII referido o gênero Opisthogonimus Lühe, será constituido por dois subgêneros, Opisthogonimus e Westella e conterá, até a presente data, as seguintes espécies: a) Subgênero Opisthogonimus: O. (O.) lecithonotus Lühe, 1900 — espécie tipo. O. (0.) megabothrium Pereira, 1928 O. (O.) interrogativus (Xicoll. 1914) O. (O.) pereirai Ruiz & LeJvo, 1942 O. (0.) artigasi Ruiz & Le.\o, 1942 O. (O.) fonSi'cai Ruiz &• Le.\o. 1942 b) Subgênero Westella: O. (W.) philodryadum West, 1896 0. (W.) sulina, ,\rtigaí Ruiz & Le.^o, 1942 O. (W.) serpentis, n. sp. A espécie Opisthogonimus (O.) afranioi ê o elemento intermediário entre os dois subgêneros, por ter o poro genital relativamente alto, porém tendendo tran- camente para as espécies do subgênero Opisthogonimus. Opisthogonimus (Westella) serpentis, sp. n. Diagnose especifica: Westella — Corpo alongado e com extremidades arredondadas, sendo « posterior mais afilada, medindo 4.6 a 6,7 mm de comprimento por uma largura máxima que varia entre 0,93 e 1.20 mm ao nivel do acetábulo. Cuticula re vestida por pequenos espinhos dirigidos no sentido ántero-posterior. diminuindo de intensidade na metade posterior do corpo. Ventosa oral subterminal, vol- tada para a face vcntral, circular, com um diâmetro transversal compreendido entre 0,494 a 0,636 mm. Ventosa ventral pre-equatorial. circular, menor do que a ventosa oral, medindo 0,395 a 0,452 mm de diâmetro transversal. A dis- tância entre as ventosas é de 1,060 a 2,262 mm. Pre-faringe quasi nulo. Fa- ringe musculoso, de forma arredondada, com o diâmetro transversal maior do que o longitudinal, mede cerca de 0,130 por 0,225 mm. Esôfago praticamente inexistente. Cecos se estendendo até pouco alem da zona testicular. Testicj- los arredondados ou elipsóides, raras vezes muito ligeiramente chanfrados, post- -equatoriais, com campos e zonas muito proximos ou mesmo parcialmente coin- cidentes. intra-cecais e cecais. Testiculo anterior com campo coincidindo com o poro genital e medindo 0,339 a 0,494 mm no sentido do comprimento por 0,296 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 P. DE T. Árticas; José M. Ruz Jc A. T. I.eão — Algumas notas sâbre o gênero Opislhogonimus I.Ciie. 1900. a 0.295 nun no sentido da largura. Testículo posterior com campo coincidente com o do OA-ário; c ligeiramente maior do que o anterior e mede 0,367 a 0,537 mm no sentido do comprimento por 0,353 a 0,438 mm no sentido da largura. Vasos eferentes unindo-se na base da bolsa do drro. Esta c um orgão tubular cuja metade basal se apresenta globosa e a distai menos calibrosa. dirigida no sentido dorso- ventral, contem a bolsa do cirro uma vesícula seminal tubular gran- demente enovelada que ocupa toda a porção dilatada da base; segue-lhe um curto duto ejaculador, que termina -num cirro também tubular c inerme; mede cerca de 0,540 mm de comprimento por 0,113 de largura. O poro genital tem uma localização ventral. ao lado da linha mediana, post-acetabular, e ao nivel da zona ovariana. Ovário arredondado, imediatamente atrás da ventosa c des- locado ligciramente para o lado; tem um diâmetro tran.sversal s-ariando entre 0.212 e 0,395 mm. Receptáculo seminal geralmente muito desenvolrido. com frequência elipsoide. às vezes mais alongado, post-ovariano ; .seu comprimento é sempre maior do que o diâmetro, mede 0.339 a 0.452 mm de comprimento por 0,115 a 0.268 mm de largura. Glândula de Mehlis para-ovariana. Canal de Laurer presente. Útero constituído por numerosas dramvoluções que se estendem da zona os-ariana até a extremidade posterior do corpo, ocupando a sua parte ventral; ramos ascedente e descendente sub-iguai.s e se disseminando nas areas intra-cecal. cccal e extra-cecal. .\ \agina e um orgão dificil de obscr- Aar devido ao grande numero de ovos ai localizados. A sua obser\-ação em ma- terial rivo não oferece, porem, dificuldades c se apresenta com imia jarede muito musculosa e forma recurvada para dentro, situa-se jara o lado externo da bolsa do drro; mede cerca de 0.225 mm de comprimento jxir una largura proxina de 0.098 mm. .As aberturas feminina e nasculina são contíguas. Ovos numerosos, as- sivd de grandes dilatações. A bifurcação tem logar imediatamente acinu do nivel testicular. Ramos pares muito grossos c dilatáA-ds. atingindo, em certos movimentos, a região faringeana. Os canais coletores secundários anteriores, situados um em cada margem lateral do corpo, na rizinhaiva da linha que di- 9 •)6 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII vide os terços medio e anterior, emitem uma ramificação terciária do lado ex- terno que se dirige para baixo quasi alcançando o limite superior da zona aceta- bular; nesse ponto partem três pequenos tubos capilares que se dirigem para a linha mediana, terminando em células \'ibráteis. A segunda ramificação terciá- ria dá-se ao nivel da bifurcação cecal; formam-se dois ramos terciários: um externo e outro interno; o externo dirige-se para cima e a curta distância se tri- furca; seus três capilares dirigem-se igualmente para a linha mediana e condu- zem às células ribráteis; o ramo interno é mais longo e atinge o nivel inferior da zona da ventosa oral onde se originam tres capilares terminando ena células vibráteis que circundam a ventosa oral. O trajeto dos troncos coletores secun- dários posteriores é mais diiidl de observar em seus pormenores devido à enonne massa de ovos que mascaram a região post-acetabular. A primeira ramificação- terciária dá-se no limite superior da zona testicular; o fino tronco que dai se origina é curto e externo e dirige-se para baixo; de sua extremidade partem tres capilares que se voltam para a linha mediana; apenas em dois déles foram obser\adas as terminações e consequente localização das células vibráteis. Ao nivel do meio da zona testicular o ramo secundário subdivide-se em dois ramos terciários longos, paralelos, que se continuam para baixo ; o externo é mais curto e se trifurca logo após a zona testicular; os tres capilares restantes dirigem-se para a linha mediana; o interno segue o percurso até quasi a extremidade pos- terior do corpo; a sua subdivisão não foi obser\-ada. Xa Fig. 4 damos um es- quema do aparelho c.xcretor, no qual são representadas por linhas pontilhadas as trajetórias não observadas. Do que acabamos de expór conclue-se que a fórmula representativa do sistema celular vibratil do ajiarelho excreíor do Opis- Ihogonimus {IVcstclla) serpentis, n. sp., é do tipo 2 (3-j-3-j-3)-f-(.3-F3-|-3). Hospedeiro tipo: Tomodon dorsatus DM & BIBR. — Xomes vulgares: “Corre campo”, “Boipemi”. Lxxralidade tipo: Araucaria — Paraná — Brasil. Localização: Caridade bucal e esófago. A descrição e medidas apresentadas para a presente espécie foram basea- das em dez exemplares comprimidos e montados, pertencentes à coleção da Sec- ção de Parasitologia do Instituto Butantan, onde se acham arqui\'ado«^ sob o Xo. 3.681. Xo mesmo hoipedador foi retirado um exemplar de Opislhogonimus (O.) criigasi Ruiz & Leão, 1942, fichado sob o No. 5.551. A presente espécie nova tem sido encontrada com relativa frequência em diversas espécies de cobras oriundas dos Estados de São Paulo e Paraná, não 10 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 P. DE T. Artigas; José M. Ruiz & A. T. Leão — Algiinias notas sôbre o gênero Opislhogoninms LChe. 190Q. õ7 sendo, porém, o parasitismo muito intenso. O quadro seguinte dá indicaqões dos diversos lotes que tivemos oportunidade de eiKontrar. QUADRO 1 Lote Hospciletro LocAUiaçS* Frocedéacia * S Dau Localidade Estado sacr Licfhit wtÜiArxi (L.) Rio Grasde Slo Paalo 12 2/12;i2 liUA Li^ku miliãris (L.) Boca e e«t(axo Arapoii|;as Paraná 2 27/11/42 Li 0 fhii mUiatris (I*) Boca e esôlajco ScrpcQtano de ButaAtao ( 1 ) í 12 18/11/42 36(^1 Tompdcn D. ft B. Boca e esôtaco Araocana Paraná 10 17/ 7/40 3690 Ttmodtm d^stiu D. k B. Ltòtaito Poeta Crosta Paraná 1 30/ 9/40 •I&I6 difrsãtiu D. k B. Boca c ct^faco Araocaria Paraná S 17/ 7/40 SlfC (L.) .. Boca Araocana Paraná 4 23/ 9/40 S199 Dry»fiyU* (L.) .. Boca Araucaria Paraná 1 23/ 9/40 SjüO Drj9fkyt€r tallidus (L.) .. Boca ScrpcBUrio dc m^rrtmii (WA« Butantao ( 1 ) ? 6 13/ 9/42 -1 CLER) Boca Serpentano de 5qo7 .VroWoo m^rrrrmti (WA- üofaatae ( 1 ) T 1 26/ 8/41 GLER) Serpeatario dc Xenad 0 n mrrrrmti (WA* Itutaetaa ( 1 ) 9 1 25/10/42 CLER) Boca c ea^Ugo Scrpeeiario de Butaetan < 1 ) ? 5 18/ 9/42 Litfkit milUrit (L.) Boca Dourado Slo Paulo 2 25/11/40 sm S»rei:»nrms ro de IMI). 1.1 S»l IS;S12.492 SUBSTANCIAS ESTROGÊNICAS NOS OVÁRIOS DAS CROTAUDEAS POB JOSÉ R. VALLE & LUIZ A. R. VALLE A descoberta e a ulterior aplicação da pro%-a de Allen e Doisy penuitinuu ■verificar a ampla distribuição das substâncias estrogénicas na natureza, tanto no reino animal, como nos reinos vegetal e mineral. Xos trabalhos, entre outros •de Martins (1), Doisy (2), Deuloíeu (3) e Zondek (4), vem referidos os da- dos mais importantes da literatura. Os estrógenos existem nos vertebrados e nos invertebrados, nos vegetais e ate nos bitumes, mas os ovários são a sua fonte natural, quando se considera aquelas substâncias como as responsáveis pelo apa- recimento e pela manutenção dos caracteres sexuais secundários femininos. G>mer (5) estudou o local de formação no organismo das substâncias estro- gêmeas; nas fêmeas não prenhes elas seriam elaboradas provavelmente pelas •céhilas da teca interna dos foliculos de qualquer tamanho. Fiaenkel e Martins (6) foram os primeiros a verificar a atividade estro- gênica do liquido folicular dos ovários de serpentes ovoriviparas, concluindo pela presença de 2 mil unidades camondongas por litro de material. Traballiamos também com as-arios de Crotalideas (7) e encontramos, em experiências preli- minares. 2900 unidades estrona por kg de foliculos e óvulos de diferentes di- mensões e preriamente desembaraçados dos demais tecidos. Neste trabalho procuramos determinar a concentração de substâncias estro- gênicas no ovário total de cascaws e jararacas depois da separação, segundo a técnica de Gallagher et a!. (8), das substâncias androgênicas acaso presentes. a) Material Foram autopsiadas 245 cascavéis e jararacas (^Crotalus terrificus terrifieus ■e Bothrops, sp.), fêmeas, mortas no serpentário deste Instituto e os orarios. de- pois de triturados, colocados em álcool a S)6%. Este total compreende 129 cas- < iveis. com peso corporal médio de 446 g. e 116 jararacas, com peso corporal médio de 279 gramas. O peso total dos ovários coletados foi de 331.3 g, donde o valor médio de 1.3 g por serpente. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 62 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII b) Extração Retirados os os-arios, independentemente do desenvolvimento ovular, eles- íoram pesados, triturados e deixados à temperatura do laboratorio em 4 vezes o seu peso de álcool a 96^o. Após a coleta glandular o álcool foi filtrado e o- resíduo reextraido em aparelho de refluxo com alccol quente durante 4 horas. O bagaço, pesando 34 g, foi desprezado e as porções alcoólicas, de cor amarelo- .‘■íverdeada e de cheiro caraterístico, foram reunidas, filtradas novamente e eva- T.«radas. O residuo xaropeso obtido foi tratado, em funil de separação, com 4 X 50 cm^ de eter isento de peróxidos e a fração insolu%'el desprezada. A so- lução etérea evaporada forneceu 10 cm* de óleo vermelho carregado, redissol- vidos em 70 cm^ de eter e lavados com solução saturada de bicarbonato de sodio. Separada a fração etérea límpida e avermelhada, ela foi tratada com 5 x40 cm* de NaOH a 10%. A porção eterea foi depois acidificada com ácido sulfúrico a 10%, lavada com agua distilada e evaporada. Obteve-se, assim cerca de 1 cm* dc residuo oleoso. A porção alcalina separada foi por sua vez também acidi- ficada e extraída com eter e este evaporado para a obtenção das substâncias estrogênicas, agora separadas dos andrógenos acaso existentes no extrato. c) Ensaio biológico O residuo da fração alcali-insohivel, devendo conter os andrógenos, foi di- luído em óleo de amendoim até 3.3 cm* e ensaiado num galo capão e em ratos castrados injetados com colchidna, conforme a técnica descrita quando estudá- mos as substâncias androgênicas nas gõnadas das Crotalideas (9). Os resul- tados foram negativos na dose total de 1 cm*, correspondente a 100 g de ovários frescos. Para verificação do teor estrogénico na fração alcali-soluvel seguimos a técnica de Bülbring e Bum (10) de pesada dos cornos uterinos de ratas castra- das infantis. Empregamos 20 ratas de um mês de idade, castradas e divididas em 5 lotes dc 4 animais. O tratamento foi iniciado 48 horas depois da castração, uma in- jeção diária subcutânea de 0.25 cm* durante 4 dias, no total de 1 cm* da so- lução oleosa a ensaiar. Dois lotes scr\-iram de testemunhas, um não tratado e outro injetado com óleo puro; outro lote foi injetado com solução conhecida de cslrona cristalizada. Nos lotes tratados com o extrato a ensaiar as soluções cor- respondiam a 5 e 10 gramas de ovários frescos por cm*. Os resultadcs vêm sumariados no Quadro I. Si referirmos o peso uterino médio seco por 100 g de peso corporal, teremos 12.9 e 12.2 mg respectivamente para os lotes testemunhas sem tratamento c Injetado com óleo puro; 15.1 e 22.5 mg para os lotes tratados com o extratn tníaiado contendo rcspectivamcnte 5 e 10 g de glândulas frescas por cm* e. cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 Jnsá n. Vaixe & Lviz A. R. Vaixc — Substâncias estrogênicas nns ovários lias rrotaliilras. r>3 finalmentc, 16.0 mg para o lote que recebeu 1 y de estrona cristalizada. Estes últimos valores permitem calcular a presença de substâncias estrogcnicas nos ovários das Crotalideas na concentração equivalente j>elo meno» a 160 y de es- trona |)or kg de material. Qr.AMK) I N.« de PeM> c«>r- pof*l dw em K TraUaieato Peso uteríoo médio em mx [rcKO teco frr»co •/. A 4 42.5 Nihil 19. S 5.5 12.9 H .4 47.2 4x0.25 cm-5 ifc óleo puro 28.8 5.8 12.2 C 4 45.0 4x0.25 cmJ dc Ext. = 5 g 25.8 0.8 I5.I D 4 43.5 4x0.25 cniJ dc Ext. = 10 g 30.5 9.8 22.5 4 55.0 4x0.25 cm* ite Ext. = 1 y 28.0 8.8 10.0 d) Discussão São os seguintes os dados sobre a concentração de substâncias estrogcnicas nos ovários das Crotalideas: 2 mil unidades camondongas por litro de liquido íoUcular, segundo Fraenkel e Martins (6), 2900 unidades estrona jwr kg de toliculos c óvulos previamente dissecados, coníonne as nossas experiências pre- limitiarrs (7) c 1600 unidades estrona por kg de ov’ario total de acordo com «»s dado» que acaliamos de retotar. Si coni)xirarmo6 estes valores com a concen- tração rclativamente luixa de estrógenos nos ovários dos mamiferos, vhuos que os ovários de ofidios constituem uma fonte aprcciavel daquelas substância.s. A concentração referida foi inferior â encontrada, por exaniJô, no liquido folicular bumano ou na urina de mulher grávida, mas suiierior â extraida jxjr Marlovv c Kichert (II) dos ovários dos galináceos. Quanto â presença tained from an alcoliolic c.xtract of the ovarics of 245 ovoviviparous snakes belonging to the genera Crofalus and Bothrops: one was assayed in castrate fcmale rats for the estrogenic potency according to the Bülbring and Bum’s method, and the other was injected on capon and castrate rats for androgenic response. Only the estrtçenic effcct was observetl averagin» 160 Y of estrone per kg of freesh material. This amount of estrogens in the female gonads of snakes in higher tlun the knowTi values for the mammalian and avian ovaries. BIBLIOGRAFIA 1. Martins. 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Foi obtido então o material para preparo de 116 extratos: 57 de genitália, isto é, canais deferentes, vesículas seminais e próstatas, e 59 testemunhas assim discriminados: 17 de intestino delgado, 13 de baço, 10 de cremasteres, 4 de pele escrotal e 15 de bexiga, próstata ventral e penis. O método s^uido foi o de Chang e Gaddum (6) e usado por um de nós ao estudar a sensibilidade da Diplobdella brasiliensis (Pinto, 1920) á acetilcolina e aos extratos de tecidos (7). A genitália acessória de cada grupo de rato e os orgãos controles eram pesados, picados num gral em ácido tricloracético a 10% na proporção de 2 cm* por g de tecido. A papa per- manecia á temperatura do Laboratório durante 2 horas, agitada neste inter\’alo \-arias vezes. Filtrava-se e reextraia-se o l>agaço com solução de ácido triclora- cético a 7%. O filtrado era lavado com éter em funil de separação tantas vezes quantas necessárias para remoção do ácido. Os extratos etéreos eram desprezados e o liquido obtido e^-aporado cm banho-maria á temperatura inferior a 40®. O vo- lume final era acertado com agua distilada de forma a 1 cm* corresponder a 1 g de tecido, depois neutralizado e, finalmente, ensaiado. Na maioria dos casos porém, depois da evaporação o material ficava na geladeira, congelado, para di- luição e ensaio no dia seguinte. A neutralização do extrato era sempre feita no momento do ensaio. A prova biológica com os extratos foi realizada empregando-se o músculo dorsal eserinado da sanguesuga Diplobdella brasiliensis, mergulhado em 30 cm* de Ringer e nas demais condições minuciosamente descritas em trabalho anterior (7) . E.xaminamos alguns extratos usando o método da pressão arterial do gato e o do coração isolado da rã, Leptodaclylus ocellatus. Em todos os casos a sensi- bilidade do lest era comprovada pelo emprego de uma solução recente de cloridra- to de acetilcolina “Roche” contendo 1 y ot: 0.1 y por cm*. A dose de cada ex- trato para o músculo dorsal de sanguesuga foi habitualmente de 0.5 cm*, isto é, 0.5 g de tecido ; quando era menor a sensibilidade da preparação, usavamos 1 cm* do extrato. Em algumas experiencias a resposta obtida foi controlada quer pela alcalini- zação, quer pela calcinação do extrato, afastando-se assim a possibilidade da rea- ção depender de outras substancias diferentes da acetilcolina, principalmente o potássio. No Quadro I vém os dados relativos a alguns dos grupos experimen- tais. Nos grupos 47 a 50 os ratos receberam alem do oleo de sésamo puro ou dos hormonios nele dissolridos, uma injeção subcutânea de 0.5 cm* de sulfato de eseri- rina a 1 para 10 mil. Isto foi feito com o fito de se impedir a destruição da ace- tilcolina por>’entura liberada como consequência do tratamento hormonal. cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 DADOS RKI.ATIVOS A 30 DOS lOS KXTRATOS ENSAIADOS José R. Vaix£ &. A. Porto — Teor em aretileolina da genitalia de ralos em diferentes condições hormonais 67 9 « + 4- + + + + 1 li >- >- >- >- s s K -• — r« — a “ O d d o . d O e • s + + + ++ + -r+ + + ++++ + + +0+0+0 +0++++ ++ + 0 +0 + 0+0 ++++ ++++ ll V lA «et «A «A «^ «A «A «A M o o e o «es «es «es «es «es «A «es «et «es «es «es 1 - O -• d O e d d d d a e O a e ---- a O a d aeea ecoe li SS^igSS iiiiii li llii iiii iiii üll .... .... « 0 rs ííaüI ® I ® I U i-3 1 t • ; : • te . ;w . .V • w V 0 s u O “ ^5 : - : ^ 3 •2 o S » - 0 •tç •?! ^ V ^ « «A 5 s -5 5 * ilIlM C &• w C -> .2 -2 IJ 2 • u a *«; s •2 1.2 I caua ■|I=M iJiJ JS-JI Pll mujntf ^ » 1 ^ »« e« 1 «e t to t «A S n 1 tSJII * •! t •! . . s ^ 1 ? * 1 ^ 11 1 1 1 •3 ! í: it 8 c $ S 3 t "S T 3 1 1 c 1 « í 5 t Ji‘ ' i t 7 J í •• le t i í 8 é i £ «o m H «• w w 6E 6 «es o «es S 1 «es « ^ y ej ? ; o ws 1 i í ^ ws «es 1 í d— d d e*«% ws d d d d d «es d ± fl • • • m lí 3 1 .3 rí â • gt *0 • et ‘“5 t « 5 rr t Íi 1 J . s ‘•ê ■ S j fr r* <0 PT f» e* (•leaM Ü3 'ò a s g g 8 s g 1 mu •» ii «0*9 M0 Wí S tví II •o t w» t«a t ^ r«A « «a i«o t ^ ««a 1 mau «f T« firRf.SR õS33âS ss GKtztí R25S? S92S asss odniQ strado» 4* bentoato dr _ n 0 3 4 «» r 13 e»tradiol + i I 0 0 0 - 13 -I ^ 2 1 0 0 0 n fi Castrados -f estilbocs^ -- 0 0 1 1 Irol 0 1 0 1 + 4- 2 0 n n TOTAL 17 13 III 4 7 ia‘i Em suma. o tratamento com testoterona, estradiol ou estill>ocstrol. nas con- diqões exjx;rimentais descritas, até 10 horas depois da injeção não parece modi- ficar o teor em acetilcolina da genitália masculina de ratos adultos castrados. É pouco provável portanto, que no rato a acetilcolina, ou outra substancia deste tipo, esteja em jogo nos fenômenos mais precoces que se processam na intimi- dade da fibra lisa genital masculina e que depei.diam dos hormonios gonadais. RESUMO Procurando analisar as alterações funcionais da musculatura genital mas- culina, descritas em trabalhos anteriores, foram ensaiados 116 extratos de genitá- lia, intestino delgado e baço de 295 ratos normais, castrados e injetados com subs- cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 José R. Valle Jt A. Porto — Teor Aoacpcia de eootra^fto apdt 0.5 cn* = 0 5 c de citrato dc baor conseguinte, que taj rato a acctil- colina, ou outra substancia próxima, esteja em jogo nos fenómenos nuis preco- ces que ocorrem na intimidade da fibra lisa da genitália acessória masculina c qu^ são dependentes das condições homtonais. 7 SciELO 11 12 13 15 16 72 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVH (â«lo , «T l>i«V«CUp R &tl. c«r. jibo »-m Mg j Fic. 4 Prc9»io arterial carotidiaaa de gato anestesiado com Diai e eter. Extrato 111 — Genitilia de ratos tratados com oleo puro Extrato 113 Geoitilia de ratos tratados com Testosterona Extrato 115 Geoitilia de ratos tratados com Estradiol As fífxas assinalam a injeção na femcral de 1 cm* do extrato diloido ao décimo. Nctar que o efeito bipotensor foi da mesma intensidade nos trcs casos. ABSTRACT Previous \wrk» on hormonal control of the contractility and pharmacologi- cal rcactisnty "in vitro” of male genital organs had suggested an assay ot the acetylcholine content of sasa deferentia, seminal vesicles and coagulating glands of normal, spayed, and testosterone, estradiol or stilboestrol treated rats. 116 extracts from genitais, small intestine, spleen, cremaster and scrotal skin were prepared according to the method of Oiang and Gaddum and tested on dorsal mus- cle of eserinized leech Diplobdella brasilicnsis. In some instances blood pressure of cats and isolated heart of frogs were also employed. Within 10 hours after the hormonal dosis subcutaneously injected, extracts of genitais and intestine cxhi- bitcd quite the same actisdty whereas those of spleen and scrotal skin were nega- tive. It was concluded that in rats the acetylcholine content of genital organs is not increased by andrt^ens or estrogens. It is hardly possible, therefore, that in this species. under the action of gonadal hormones, acetylcholine or acetykholine-likc substances may have an important rôle in the initial processes ocurring at the genital male musculature. 8 José R. Valle Jt A. Potrro — Teor eni acctilcolina da genitalia de ratos em diferentes condições hormonais 73 BIBLIOGRAFIA 1 . 3. 4. 5. 6 . Marlitu, Th. êr Valle. J. R. — Endocrinc eootrol of thc male accessory genital organs — Endocrinology 25:80-90.1939. Martins, Th.; Valle, J. R. & Porto, .4. — Xcuere Ergcbnisse über die Pharmakologic von Samcnleiter, Samenblase und Próstata " in vitro " von normalen, kastrierten und mit SexMlhormooen bchandelter Ratten — Ztschr. f. d. ges. exp. Medizin 105:512-521.1939. .Martins, Th.; Valle. J. R. & Porto, .4. — Sobre a duração do tratamento necessário para que os hormonios sexuais influam sobre a contratilidade “ in vitro " dos canais deferentes e vesículas seminais de ratos castrados — Mcm. Inst. 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Notar o tooaa ao aormal « o tmao-rhaM ao caMiado. cm 2 3 4 5 6 7 SciELO ;l1 12 13 14 15 16 17 Axaxias Porto — Farmacologia comparada do canal defe- rente do coelho normal e castrado. Mrm. Tnst. Batantan Vol. XVll — 1943 . Píliwirp; wf I il WX>00 D«f. Coclhcí 1 16 nonii»!. A »«a indica a adicio dc cloridralo dc adicnalina a 1:2.400.000. X«ar 0 OC o normal fiAiA reacia. Fto. 6 o» momo* otíio. da fif. anterior. A 1.* Kta ind»ca a idkio dc doridtalo dc cocaina a 1:60.000 c a 2.» a joncio d* docidrato dc adrenalina a 1^2.400.000. Otwcrear. com- parando-»* com a fif- 5. a Kn»ib»liaaclo do normal k adrenalina. 7 SciELO 11 12 13 14 591.1»:C12.4»3 SOBRE A PASSAGEM DE SUBSTANCIAS ANDROGÊNICAS NAS PARABIOSES DE RATOS CASTRADOS COM RATOS NORMAIS POR ANANIAS PORTO INTRODUÇÃO Uma das técnicas mais correntes em endocnnologia e qiie tem servido para o esclarecimento de inúmeros problemas é a de parabiose. Termo criado por Sauerbruch e Heyde, em 1908, embora a técnica já fosse utilizada em 1862 por Paul Bert, parabiose é, segundo a definição de Thales Martins (1) "a união cirúrgica de dois ou mais animais, suturados um ao outro, de modo que após a cicatrização viram em comum, ccm trocas humorais mutuas, atravez de uma comunhão da rede capilar limitrofe, ou mesmo de \*asos visivcis a olho nú”. A parabiose pode ser feita apenas pela pele ou então pela chamada celioanastomose, que é a técnica de Sauerbruch e Heyde. Consiste esta em uma incisão longi- tudinal da pele lateral, do quadril ao omoplata, abertura da parede muscular da casndade abdominal e sutura dos lábios da ferida em dois planos. Com esta técnica as casddades abdominais ficam cm comunicação e não são raras as ade- rências intestinais entre os parabiontes. Comprecndc-sc facilmente que por esta técnica as trocas são bem intensas, dada a grande superfície de união. TRABALHOS ANTERIORES Matsu>-anta (2) em 1921 na parabiose de um rato ncrmal com um castrado, sem importar o sexo deste, notara, no normal, alterações interessantes para o lado da genitalia. Si femea os ovários cresciam, tomando-se dsticos ou lutei- nizados, o utero se hipertrofiara, com aumento das secreções, e, si macho, au- mento do testiculo e das glândulas acessórias. No companheiro castrado nada cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 84 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII obsers-ara, alem da involução natural, como nos castrados isolados. O A. ape- nas ccnstatou o fato, sem procurar explica-lo. No ano seguinte, Goto (3) con- firma esses trabalhos e admite a existência, no castrado, de uma substancia — o Kastrhormon — como responsável por estas alterações. Martins (4), Kallas (5) e Fels (6), independentemente uns dos outros, retomaram a questão e a esclareceram, utilizando os dados sobre a fisiolcgia da hipófise, já então conhecidos. Admitem todos, sem discordância, que a cas- tração produz uma hipertrofia da hipófise e que o hormonio gcnadoestimulante circulando em excesso passa para o parabionte normal, determinando os efeitos conhecidos. A prova crunal do problema, porem, foi dado por Martins e Mello (7) que uniram um rato normal com um castrado hipofisoprivo. Nestes casos o normal não apresenta\’a a hipertrofia da gonada, por falta naturalmente do hor- monio gonadoestimulante, do parceiro castrado. Deste medo o fato admitido é que o hormonio gonadoestimulante (H. G. E.) de natureza proteica, circulando em e.xcesso num parabionte castrado, passa atravez da r»*de capilar de união, ao cempanheiro normal. Com os hormonios sexuais já não se dá o mesmo. Na união de duas femeas, sendo uma castrada, nesta verificou Martins (8) o aparecimento de períodos es- trais prolongados, indicando a passagem dos estre-genos. Há autores que dis- cordam. como Fels (9), Moeller-Chrístensen (10), Kallas (11), ao passo que outros o confirmam, como Hill (12) etc., ficando hoje assente que as substan- cias estrogcnicas, neste tipo de expericncia passam, si se utiliza como prora o aparecimento de estro na castrada. Os resultados negativos podem ser explica- dos pela deficiência na rede capilar de união. O método sempre seguido por Martins foi o de celioanastomose. Para a progesterona, há os trabalhos de Hill, em ratas (13) e González Colla- zo (14). Castra\-a, o primeiro deles, uma das ratas e fazia com que se tor- nasse prenhe a parceira. Deste modo, na castrada, desaparecia o estro, só reapa- recendo após o parto. Isto indicava que a progesterona dos corpos amarelos gravídicos agindo na castrada, produzia aquela mucificação \’aginal tipica da ação deste hormonio. Quanto aos androgenos o caso muda completamente de figura : mesmo usando a celioanastomose, ou ainda o artificio da redução dos receptores do normal, coma fez Martins (15) não se conseguiu demonstrar essa passagem. Fels (16) usando ratos, fez a parabiose de dois animais castrados. Num deles injetava testosterona, procurando os resultados na genitalia do outro. Para obter estímulo às genitálias deste último era necessária a dose diaria de 5 mg no parceiro quando ambos eram femeas, dizendo o autor que tal quantidade, um rato normal nunca elaboraria em condições fisiológicas. Portanto para haver a passagem seria preciso aumentar a produção do normal. 2 Ananias Porto — Sôbre a passagem de substâncias androgênicas nas parabioses de ratos castrados com ratos normais 85 Há um fato interessante na verificação da passagem das substancias estro- genicas: os diversos A. A. tomam sempre como test, o aparecimento do estro na parabionte castrada. O que nenhum autor mostre u foi o crescimento dos cornos uterinos. Todos são unanimes em apresentar um utero atrofico, de cas- tração. Em outras pala\Tas: não existisse a reação \aginal, cuja docilidade é de todos conhecida, ainda talvez, estivessemes para os estrogenos. como estamos lara os androgenos, isto é, na dúrida si eles passam ou não. Portanto, quando Fels diz ser preciso para haver passagem um aumento na produção do hormonio pelo normal, adiamos que tal aumento não é necessário e sim um abaixamento do limiar de reação do test utilizado. Em outras pala- vras: passagem há nas condições fisiológicas da piarabiose, a questão é um test bastante sensivel piara demonstrá-la. Baseados nesta hipótese retemamos a questão, utilizando um test muito sen- sível. o da colchicina. MATERIAL E TÉCNICA A técnica de piarabiose pior nós utilizada foi a celioanastomosc de Saucr- bruch e Hej’de. Os ratos eram albinos, da linhagem B A W (descendentes de Wistar originais e Wistar impiortados de Buenos Aires) de nosso Laboratorio. Utilizamos inidalmente a parabiose simples de dois ratos num toUl de 34 piares e depiois a união de três animais — piarabiose tríplice — em que fizemos 30 expicriencias (*). Neste caso o castrado sempre colocado no meio, receberia uma quantidade dupla de sangue e piortanto de hormonio, daquWes cm piarabioses de dois. Os tests para androgenos, quando se utiliza a genitalia acessória de pe- quenos roedores, piodem ser de dois tipios, cemo propioz Martins (17): o pro- filático e o regenerativo. No primeiro caso o tratamento começa no mesmo dia da castração, impe- dindo assim a atrofia da genitalia acesse ria. No segundo tipo o tratamento só é iniciado alguns dias apiós a retirada dos testículos, isto é. apiós tem pio suficiente piara obter a atrofia piost-operatoria. Neste 2.® tip» a' quantidade de hormonio necessaria deverá ser maior que no primeiro, p»is se trata não do impiedimento da atrofia, mas sim de corrigir uma atrofia já instalada. dose não será, pior- tanto, de manutenção e sim de cresamento. Outro test piara androgenos, mas ainda utilizando a genitalia acessória dos roedores é o da colchicina. (*) Pars mdbor fixar ot aaiauia atüua»<>« nota casta Sc araac d* aco No. 2S tdealUaSa per onao anxiliar tícsieo Fraoeúco Ribeiro Gtmr*. 3 86 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Dustin (18) mostrou que o alcaloide de Colchicum autumnalc L. tem a pro- priedade de fazer parar numa de suas fases, em geral metafase, as células em reprodução. Martins (19) utilizando esta propriedade propoz o test da colchi- dna para os androgenos. Consiste o métcdo em injetar-se a substancia a ser testada em ratos castrados, que 14 horas depois recebem colchicina, sendo os animais sacrificados 10 horas após esta ou 24 horas a contar da injeção da subs- tanda desconhedda. Corta-se a vesicula cu próstata e procuram-se as células em mitose. Com esta técnica pode-se “fotografar as células em reprodução, num determinado tempo”. Loew e Voss (20) haviam proposto como test as células em mitose da geni- tália acessória, pcrem, como poucas eram as células surpreendidas cm reprodu- ção, foi o mesmo abandonado, até o advento da colchidna. O trabalho de Martins foi logo confirmado e aplicado a outros hormonios, como prolatina por Leblond e Allen (21) ; tireotropico, Bastemil e Zylberszac (22) ; Allen, Smith e Gardner (23), para os estrogenos, etc. Test bastante sensivel, pois segundo Burkhart (24) revela quantidades iguais a 0,013 mg de propionato de testosterona, foi por nós tambcni utilizado. Ainda mais, com o intuito de forçar a passagem, utilizamos um artificio de técnica, já nsado por Martins: (17) a retirada tão ampla, quanto possivel, dos genitais acessórios do normal, isto é, vesicula seminal, próstata, canais deferen- tes e epididimos. Com isto esperavamos que, por falta de consumidores, so- brasse mais androgenos, para circulando em maior teor no normal, passar para o castrado. Xeste ainda retiravamos a maior parte da genitália acessória, dei- xando somente a próstata e uma vesicula, ou um só lobo prostatico. Assim todo o hormonio disponiwl pelo castrado iria agir em pequeno território, tomando mais nitidos seus efeitos. Com a redução dos receptores no rato normal, em que só conservavamos os dois tcsticulos na bolsa, a regra era a degeneração da seminal, porem sabemos que os caractéres sexuais secundários neste caso são conservados sem alteração. No entanto como para retirar uma vesicula no castrado éramos obrigados a ligar na base, poderia, por falta de irrigação, a outra deixar de reagir. Fizemos al- gumas indagações preliminares para ehicidar esta questão, .\ssim em normais retiravamos uma vesicula, pesáramos e completáramos a redução, consen-ando os tcsticulos na bolsa. Tempos após reabriamos o rato, retiravamos a vesicula restante e a pesavamos, fazendo assim o controle da ligadura. Um exemplo é o rato número 3 do par 17. A vesicula esquerda no dia da redução pesou 24 mg e 30 dias depois a direita pesou 80 mg. Apesar da redução dos receptores do normal (*), ser a mais cuidadosa possivel ficava sempre ou quasi sempre, restos de (*) Sempre otÜixannoe a dcstfna^io "rato normal” comprrctMÍe-«« que tio normais qnanto á proilac&o de sobstancisf capozes d^ manter a cmitalta aceasoria em seus caractéres normais. i Ananl^s Porto — Sôbre a passagem de substftncias androgènicas nas parabioses de ratos castrados com ratos normais 87 próstata. Utilizavamos estes restos como controle do funcionamento dos tes- tículos, pois resta sempre a possibilidade de nesta operação previa, prejudicar-se a irrigação testicular. Em alguns animais, inicialmente, tentamos a hepatectomia parcial, ainda com o mesmo espirito: eliminar o mais possivel os destruidores do hormonio, pois o figado tem essa propriedade. Porem como a porção restante do figado rapidamente se regenera, como verificou Jáuregui Guillermo ( 25 ) e dado serem nossas experiencias de longa duração, ao fim de certo tempo nossa operação se tomas*a inútil, motivo porque abandonamos tal pratica. Dada a s-ariação de técnica utilizada nas 38 parabioses observadas ate o fim, das 64 feitas, vamos analisar as mesmas por grupos, tomando assim mais fadl a exposição. 1) Parabioses de dois animais. a) Test regenerativo. Utilizamos 15 pares, num dos quais — o número 20 — só as próstatas fo- ram conservadas para o test da cokhicina, não sendo, portanto, pesadas. No quadro abaixo temos os pesos dos animais nos dias da parabiose e autopsia; dias de duração de castração e dias de sobrevida cm parabiose. Nos casos cm que empregamos a colchiona o foi na dose de 2-3 mg por kg num volume \-aria\*cl de 0.2 a 0.4 cm* e a leitura era feita 7 horas após. Os orgãos fixados em Bouin. corte de 5 micra c coloração pela H. E.. cm alguns casos, hematoxilina ferrica. b) Test profilático. Neste grupo fizemos duas «riantes: na primeira os animais eram unidos sem previa redução de receptores e. só após cicatrização, castravamos um e retirava- mos a genitalia acessória do outro. A segunda s-ariante foi a de fazermos a redu- ção dos receptores do normal e a criptorquidia no futuro castrado. Com a crip- torquidia obtem-se a degeneração da seminal, hipenrofia da hipófise, como no castrado (inclusive o aparecimento de células de castração) mas manutenção dos caractéres sexuais secundários normais da genitalia acessória. Obtinhamos assim um estimulo prévio ao testkulo do normal, sem a degeneração post-castração. Só após a cicatrização da parabiose, cm media de 7 dias, faziamos a castração do criptorquidico e reduziamos-lhc os receptores. Neste grupo empregamos 8 pares cujos detalhes se encontram no quadro abaixo: cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 88 \(i‘niórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Quadro I PARABIOSES DE 2 RATOS Test Regenerativo Par Xo. Rato Xo. e condições S W O 0 ^ *:í V ® «w S c» 2 í: u Dias de Para- biosc Peso dc 1 Vcsicula cm mg Peso do Rato em g Dia Dia Castraçio .\utopsia CastraçSo .Autopsia 3 1 castrado 22 17 85 29 115 KM 6 normal 22 82 — 106 104 4 8 castrado 31 25 49 26 117 112 4 normal 31 86 53 125 112 5 9 castrado 23 21 67 26 125 120 1 normal 23 95 — 133 120 6 7 castrado 18 14 43 35 120 132 ‘ 12 normal 18 104 93 162 132 7 4 castrado 27 21 74 32 166 150 5 normal 27 84 39 165 150 8 8 castrado 28 22 ISO 53 166 140 3 normal 28 175 — 179 140 10 2 castrado 84 23 20 16 114 181 11 normal 41 65 46 172 181 11 6 castrado 42 21 87 25 137 142 12 normal 42 46 — 140 142 12 3 castrado 70 25 12 43 110 ISO 2 normal 54 94 — 147 150 13 4 castrado 76 42 160 5 163 195 6 normal 76 196 .^5 143 195 14 9 castrado 4ó 19 57 23 125 177‘ 1 normal 46 54 — 140 177 15 7 castrado 46 18 97 32 151 175 3 normal 46 73 626 155 175 ■ 16 3 castrado 63 29 163 126 160 210 6 normal 63 131 575 182 210 17 2 castrado 63 21 23 12 130 152 9 normal 63 24 205 132 152 20 1 castrado 40 16 - _ 114 112 3 normal 40 — 556 114 112 Xo por 20 (i •« conjCTTOu a prootata para coichicina. Na colona dc pc»o> da> micolaa no dia da aotopaia o« pcaoo anotadoa M refcmn, not animai» nonna’i, a rnto» dc prottatas encontrado*. 6 90 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Quadbo III PAR.\BIOSES DE 3 AMIMAIS Test Profilático Tríplice Na Rato No. e cofidições 5 « tí ^ o Kt C «.«•cr* ^ ^ zc ^ ti U Dias de Para- biose Peso de 1 Vesícula cm mg Peso do Rato em g Dia Dia Castraçãol .Autopsia Castração| .Autopsia 9 1 normal 6 14 55 130 123 3 castrado 6 M 53 130 123 2 normal 6 47 — 130 123 10 1 normal 22 31 83 — 123 136 3 castrado 22 60 36 123 136 2 normal 22 53 — 123 136 15 1 normal 10 22 133 76 210 181 3 castrado 10 73 39 210 181 2 normal 10 140 210 181 Na colona de pesos das Tcsicolas no dia da aotopsia os pesos assinalados para os ratos normais se referem a restos de próstatas encontrados. b) Test rf^enerativo. Este grupo foi subdividido em dois : no primeiro a redução dos receptores do castrado era feita em animais já adultos, precedendo de poucos dias a parabiose e no 2.® era feita em animais infantis de 40 dias (a dos normais em adultos). A imião era feita 40 dias após a redução dos receptores do castrado, portanto ratos de 80 dias de idade. Usamos 12 tríplices. Os detalhes estão no quadro IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO Pela analise dos quadros I, II, III e IV, vemos que em quasi todos os casos houve uma diferença, para mencs, no peso das vesículas entre o dia da redução dos receptores e o da autopsia. As exceções foram o para 12 e os tríplices 13, 18 e 19. A diferença notada entre estes últimos não é significativa, pois alem de ser muito pequena, os \-alores absohitcs são muito baixos, no limiar do crescimento somático, independente portanto da ação do hormonio. Alem disso o aspecto macro e microscopico é o de uma vesícula completamente atrofiada, de castração antiga. cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 Ql'ai«o IV PARABIOSES DE 3 ANIMAIS Tcst Rcgrnerativo Tríplice Na Rato No. e coodiçõei 5 M c Sf •c c ir ■s 2T £ C ■s a: «. S s: u Duraçio da Para- biose Peso dc Vesícula cm mp Peso do Rato em c Dia Dia Castra çio .\ntopsia Castracio .\utopsia I 1 normal 38 38 — 395 124 110 2 castrado 38 — — 120 110 3 normal 38 — 626 128 110 2 4 normal 36 10 — 100 142 6 castrado 36 — — 100 142 5 normal 36 — — 105 142 3 4 normal 31 11 — 315 120 111 6 castrado 31 — — 118 111 5 normal 31 — 317 124 111 4 1 normal 31 10 — 80 128 100 3 castrado 31 — 40 124 100 2 normal 31 — 176 125 100 6 3 normal 30 14 43 205 119 123 4 castrado 30 33 15 121 123 9 normal 29 15 624 121 123 7 5 normal 32 13 11 230 123 117 8 castrado 32 39 19 122 117 7 normal 32 30 117 122 117 13 5 normal 40 15 106 - - 145 133 4 castrado 70 3 8 50 133 6 normal 57 a 127 — 145 133 17 4 normal 40 20 141 363 106 143 2 castrado 100 3 3 55 143 I normal 57 113 — 155 143 18 5 normal 38 16 117 126 155 123 1 castrado 89 3 4 45 123 6 normal -38 139 162 160 123 19 3 normal 25 17 186 __ 224 145 2 castrado 89 3 5 44 145 4 normal 25 120 195 205 145 20 I normal 28 18 96 204 190 143 3 castrado 92 4 4 51 143 2 normal 28 126 630 189 143 21 5 normal 27 14 164 — 193 155 I castrado 84 7 5 60 155 6 normal 27 109 — 189 155 Nos trifiiw* 1-2-J * nsãralat. Ks cdsss de ■OTmais refma-M s res iriylke 4. 4 od u praNstss lo sslotsis. os resot oss ■ oãcstrica psn ilsdoo psri os roto csMrsdo cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 92 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII A única exceção real que ocorreu foi a do par 12. O exame histologico da peça, no entanto, revela um epitelio atrofico de castração, com ausência de mitoses, embora o animal fosse tratado com colchidna. Dada a uniformidade dos resul- tados negativos, e o aspecto histologico da vesicula, encaramos esse achado com as devidas reservas. Pelo test da colchidna os resultados também não foram significativos. En- quanto que nos castrados adultos uma ou outra mitose foi encontrada, quer nos isolados, quer nos parabiosados com normais, naqueles que foram castrados in- fantis o encontro de uma mitose era raro, não havendo em ambos os casos uma diferença significatira. Podemos então conduir, que, com a técnica e os tests por nós utilizados, não pudemos comprovar a passagem das substancias androgenicas, quando se para- biosam ratos normais e castrados. Para explicar o resultado negativo duas hipóteses ocorrem : a primeira é que realmente não passam, seja por não atingirem no normal limiar sufidente para isso, em virtude da destruição pelo figado, por exemplo, seja por serem destrui- le, may oceur bríngmg an insuffident levei for the reaction in lhe castrate but we must ernsider also the sensitrvity of the test cmployed. As far as the vaginal smear for estrogens is concemed, perhaps another more sensitive test for androgens could reveal the little amount indoubtly drculating in the castrate. BIBUOGRAFIA 1. ifarttns, Tholtí — Glândula» texuai» e hipótisc anterior. Cia. Editora XaciooaL i>g. 296.1935. 2. ifaiítiyamd, R. — Experiroentelle Unter»odmng mit Ranenparabiose. Frankí *. í. ■ • Path. 25:97.1921. 3. Goto. 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Entregue para pnblicacio em 3 de t«tembro de 1943 ^ dado i publtcidade em dcaembro de 1943). cm 'LO 11 12 13 14 15 16 Axanias Porto — Sôbm a passagem de substâncias andro- Mm. In»t. Bntantan genicas nas parabioses de ralos castrados Vd. XVII — IMJ com ratos normais. Kic. 1 Canfu txtnixacUA na començio doa ratoa exo parabioac <}e ts e trea antmait. Ftc, 2 1 'arabloae truada. Ctrro hipopUsico. Caractéres sexuais secundários normais. 1 1 . 0 . 2 . 22 3 MSIS f 50 me ptofOW- 1 roca (2 dias) Nefatiro Obna. Ctcro hipopláaico. S LH. 29 Mbisu r 50 me proeatf- 1 roo» (3 dias) Menstruada 48 horas após Obesa. Hipertricose. Ctero hipoplisica S 1. L 41 1 IM f 6 me estrooa 1 40 me proctate- 1 roca (4 dias) KeeatÍTo Esfregaqo prcvto: ausesseia de células comei ficadas. Operada há 5 anos no útero (?) e desde entáo só era mens* truada cada 6 meses, quantidade muito escassa. Menopausa (?) I J.Lf. 31 9 BIStS r 6 me estrona 1 40 me proeeste- ^ roca (4 dias) Menstruada 96 horas após Esfregaqo prerio; raras cdalas cor» nei ficadas. 1 H.O.C. 39 4 BIStS r 50 me proccste- 1 roca (2 dias) Keeattro 9 M 9 BIStS f 50 me pn>««tc- 1 roo» (2 dias) Menstruada 24 horas após Fex mais 2 vexes o mesmo tratamento sendo menstruada 36 e 48 horas após s última iajeçáo. H L H. 29 3 BISIS J 50 me profostr- 1 rooa (2 dias) Menstruada 48 horas após As jnenitruaçóes posteriores vieram normais durante 4 meses que é o tem* po de obsenraçáo. 1t H. l. 39 9 BIStS r 50 me proentr- [ rona (2 dias) Menstruada 41 horas após Sem o traumento não é menstruada. Fex por mais 3 vexes identko tralai- mento sendo sempre menstruada. 12 2 . 0 . 19 4 BISU f 50 me s>roe<»tr- 1 rooa (2 dias) Menstruada 21 horas após Kio aparecem novos fluxos a n&o sex com 0 tratamento, ao qual le submeteu por mais 2 vexes com resultados posi- tivos. U F. L 21 S BISIS r 50 me proesstr- \ rooa (2 dias) Menstruada 72 horas após 14 L 1 . II 3 BUIS I 50 me proemte- \ rona (2 dias) Menstruada 41 horas depois Fex 2 vexes mais o mesmo tratamento tendo menstruada 48 e 54 horas após s nitima fnjecáo. L. Décourt •& J. I. Lobo — Efeito da Progesterona nas araenorréias 101 feito exame ginecológico, sendo que os dados assim obtidos também figuram no Quadro I. Do exame deste constata-se que, de 14 paücrtes, apenas 3 não rea- giram ao tratamento. Releva ainda acentuar que uma (A. K., caso 6) se aclia- va, quasi com certeza, em menopausa, como se pode deduzir das obser\’ações sobre esse caso. Afastando pois, essa paciente do cômputo geral temos 11 resultados positivos e apenas 2 negativos o que nos dá a dfra de 84,6% de sucessos. O fluxo menstrual sobreveio de 24 a 96 horas após a ultima injeqão. Nas amenorréias primarias a administração apenas da progesterona não dá resultado ; é necessária a adição de estrógenos. Zondek usa 2 mg de benzoato de estradiol, seguidos dos 50 mg de progesterona. Conseguiu, desse modo, deter- minar em alguns casos o aparecimento do fluxo menstrual. Nossa experiência se baseia somente em 3 casos de amenorréia primaria. As idades das pacientes eram 17, 19 e 21 anos. Em 2 delas foi feito exame ginecológico, acusa.tdo este hipoplasia uterina, embora nessas pacientes os caracteres se.xuais secundários se apresentassem normais (seios bem desenvolvidos, pêlos axilares e pubianes abun- dantes, etc.). Usámos do benzoato de estradiol, doses maiores — 5 ao envez de 2 mg — do que as preconizadas por Zondek. A progesterona foi empregada na dose de 50mg. Obtivemos, como se vê no Qitadro II. 1 resultado positivo e 2 falhas. Quad«o II Nome Idade Tratamento Resultado Obscr rações M. A. F. 17 5 mg B. estradiol 50 mg Progesterona Nfenstruada 72 horas após a úl- tima injeção. Caractéres sexruis secundários bem desenvolvidos. Útero hipo- plásico (toque retal). Dosagem de estrógenos na urina; 12,2 y %. Acompanhada durante 1 ano sem mais menstnur. S. P. 21 5 mg B. estradiol 50 mg Progesterona ““ Ctcro hipoptãsico. Dosagem de estrógenos na urina: < que 10 Y %. M. G. 19 5 mg B. estradiol 50 mg Progesterona — Seios poucos desenvolvidos. Pe- tos presentes nas axilas e pubis. COMENTÁRIOS O exato mecanismo da hemorragia menstrual ainda não foi estabelecido. Sabe-se, com certeza, que a menstruação pode sobrevir após a privação de qual- quer dos hormonios sexuais — estrógenos, progesteronas e andrógenos. Inte- ressa-nos no momento, apenas o papel desempehado pelo hormoio do corpo luteo. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 102 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Segundo Schrõder (2) a menstruação resultaria da ausência da ação da pro- gesterona, em virtude da regressão do corpo luteo. Inúmeras verificações corro- boram seu ponto de \-ista : a) Pequenas doses de progesterona inibem a menstruação em macacas e re- tardam ou impedem a menstruação que se segue à “estrin deprivation”. b) Quando se administram, a macacas castradas, estrógenos e progestero- na. a descontinuidade de apenas esta última é seguida de menstimação . c) A ablação do corpo luteo é seguida de hemorragia menstrual. d) A excreção do pregnandiol (produto de eliminação da progestterona) cessa pouco antes do aparecimento da menstruação. Essa hipótese não deixa, contudo, de apresentar suas falhas, não explicando, jx)r exemplo, a chamada menstruação não ovulatória que é mais ou menos fre- quente em mulheres regularmente menstruadas. Zcndek procurou verificar os efeitos resultantes da administração de proges- terona, em ocasiões nas quais a mucosa uterina se achas’a incomj^etamente, ou mesmo não desenvolvida, por ação do hormonio estrogcnico. Empregava a pro- gesterona na dose de 10 mg durante 5 dias, no periodo postmenstrual, em mulhe- res perfeitamente normais. .Após um intervalo de 2 a 3 dias ocorria uma hemorra- gia menstrual, durando de 2 a 6 dias. O inicio das injeções era no 7.®, 8.® ou 9.® dia do ciclo. São as seguinets suas pala\Tas: “desde que a mucosa uterina, nes- se período, não mostra ainda secreção (ou somente inicio desse estádio) a he- morragia pode ser considerada como uma pseudo-menstruação. Conclue-se disto que para provocar menstruação por meio da progesterona, a condição requerida não é uma mucosa progestacional, mas uma mucosa parcialmente proliferada”. Ora. até então admitia-.se que a progesterona era capaz de determinar uma liemorragia menstnial somente quando o hormonio estrogênico tivesse agido so- bre a mucosa uterina ocasionando sua proliferação. Os tralxilhos de Zondek mostraiam, entretanto, que é possível provocar menstruação durante o periodo intermcnstrual. fenômeno esse que aparece em uma mucosa incompletamente pro- liferada. O endométrio é muito delgado c contem apenas poucas glândulas do tipo postmenstrual. A presença de um certo grau de produção estrogcnica é, en- tretatilo. uma condição exigida para o aparecimento da hemorragia menstrual. Por esse motivo, nas amenorréias primarias, ou nas secundarias dc longa duração, a administração de apenas a progesterona não surte resultado. Com a progeste- rona censegue-se na maioria das vezes, apenas um fluxo menstrual. Em alguns dos casos de Zondek apareceram hemorragias cíclicas após o tratamento, mas isso não é o comum. De nossas pacientes tivemos 2 amenorréias de 3 meses, que apresentaram ciclos normais sem qualquer tratamento, durante 3 e 4 meses res- pectivamente. De um modo geral, entretanto, os resultados permanentes não são satisfatórios. cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 L. Décockt & J. I. I-OBO — Efeito da Progeslerona nas amenorréias 103 Gmberg (3) publicou, recentemente, um caso de amenorréia, no qual o tra- tamento determinou a cura, tendo sido acompanhado durante 2 anos. RESUMO E CONCLUSÕES Os autores trataram segundo o esquema estabelecido por Zondek, 14 casos de amenorréia secundaria e 3 casos de amenorréia primaria. Na amenorréia secundaria obtiveram um fluxo menstrual em 84,6% dos casos, sobrevindo a mens- truação de 24 a 96 horas após a última injeção. Na amenorréia primaria obtiveram de 3 casos, apenas um resultado positivo. Os resultados permanentes não são satisfatórios, isto é, não foi possivel, se- não em 2 casos, manter a continuidade dos ciclos somente com o tratamento inicial. « .\BSTR.-\CT Fourtecn cases of secondary and three o{ primary amenorrhea were tieated by progesterone or estrone plus progesterone aceording to Zondck’s schedule Menstrual ÍIoa*- H-as induced 24 to 96 hours after the last injection in 11 cases of the first group and in one patient with primarj’ amenorrhea. Permanent re- sults were not relevant: except in two cases a cjxlical bleeding was not rees- tablished. BIBLIOGRAFI.-\ 1 . Zondík, B. — Gini«d and Experimental Investiijation on the genital functions and their hormonal regtilatioa ItMl. 2. SchrodcT, R. — Arch. f. Gynãk. 10:1.1913. .^pud. Mazer & Israel — Diag. and treat. of menst. disorders and ster. 3. Cinberg, B. — The J. of Gin. Endocrinology 3(3) . •167.1943. ro de 1943 e dado á pcdtlicidade eta dexembro de 1913). cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 612.44 CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DO EXOFTALMO POR A. MARCONDES SILVA A presença de exoftalmo em grande número de casos de hiperfunção da glândula tiroide fez com que se pensasse que tal perturbação fosse causada pela tireoglobulina. Todavia, essa hipótese não poude ser comprovada na experimentação animal e era mesmo frequentemente contrariada na especie humana. Assim, em trabalhos feitos por diversos pesquisadores, com o fim de elucidar a fisiologia da glândula tiroide, e que consistiam na administração de grandes doses de tiroide dessecada a animais de laboratorio, não se conseguiu determinar o aparecimento de exoftalmo, embora o animal exibisse um quadro franco de hipertiroidismo. Por outro lado, é frequente encontrar-se casos de franca tireotoxicóse que não apresentam esse sinal, sendo os mesmes calculados em cerca de 30 a 40% do total de casos de bocio exoftálmico (1). O achado de Glej*, em 1910, tomou muito duvidoso que a tireoglobulina fosse a determinante causal do exoftalmo; este autor verificou que a tiroidectomia em coelhos infantis determinava o aparecimento da protusão ocular (2). Em acordo com essa verificação, havia ainda o fato de, na especie humana, em casos de hipertiroidismo, o exoftalmo, às vezes, aparecer pela primeira vez ou então, quando presente, agravar-se, após a tiroidectomia subtotal, mesmo que o meta- bolismo ba.«al fosse baixo (3). A hipófise exerce uma ação estimulante sobre a tiroide (4) e isso fez com que vários pesquisadores procurassem estudar o hipertiroidismo e a atiridade de certos extratos hipofisarios, atravez da ação estimulante que os mesmos deter- minavam na tiroide de um animal que fosse scnsivel a esses extratos. Esses estudos trouxeram alguma luz sobre a causa do exoftalmo. Assim, Schockaert, Cm 1931, estudando os efeitos de injeções de extrato de hipófise anterior em patos infantis, verificou que as mesmas alem de exercerem a ação estimulante *obre a tiroide, produziam também exoftalmo (5). Loeb e Friedmann verifi- caram o mesmo fato na cc>baia (6). cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 106 Memórias do Instituto Butantan Tomo XVII Foi, todavia, Marine e Rosen que tiveram o mérito de demonstrar que o exoftalmo era devido a algum hormonio hipofisario. Esses autores demonstra- ram que as injeções de extrato hipofisario anterior, produziam exoftalmo tanto em cobaias intactas, como nas tiroidectomizadas (7). Desde então passou-se a admitir que a hipófise podia ser responsável pelo aparecimento de exoftalmo na doença de Basedow. Dentre os hormonios hipofisarios, foi possivel demonstrar que é a fração tireotrópica que tem essa ati\ddade. A pesquisa do hormonio tireotrópico é comumente feita no sangue e na urina e muitos são os processos que já se conhecem para determinar a sua pre- sença. Dentre esses processos, o mais comumente empregado é o clássico test de Aron, baseado na reação da tiroide da cobaia. Na Seção de Endocrinologia do Instituto Butantan essa pesquisa tem sido feita na urina, usando-se pintos ncs primeiros dias de vida, como foi proposto por Smelzer (8). presença de hormonio se verifica pela sua ação sobre a tiroide desses animais, que se mos- tra aumentada de volume, com maior peso, e com um quadro tipico de hiper- função: aumento da altura das células de revestimento dos fcHculos, presença * intend to give. BIBLIOGRAFIA 1. Alivisatos, G. P. — Ccntralbl. f. Bakt., etc, I. Originale 95(1) :120.1925. 2. Ftlix. A. — J. Immtmol. 9:115.1924. Pelix, A. — Lancet 1:505.1930. Felix, A. & Olitski, L. — J. Imniunol. 11:31.1926. — J. of Hyg. 28:55.1928/29. 3. Fixa, J. de Toledo — An. Paul. Med. 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NOGUEIRA CARRIJO A via intradermica para a vacinação preventiva contra a febre tifoide é defendida por Tuft (1). Seu uso, si realmente forem melhores as reações iniunogênicas dele decorrente, ainda é acrescido das vantagens econômicas, para a vacinação em massa, provenientes do emprego de doses bem menores do pro- dirto, alem das %’antagens decorrentes de sua maior aceitação, por serem míni- oias as reações gerais ou locais que provocam. Em expericncias destinadas a comprovar as vantagens dessa via, Perry (2) obteve bons títulos “O", tanto por ela como pela subcutânea. Não houve, por- tanto, cm seus resultados, \-antagens quanto ao valor aglutinogênico. Aproveitando a oportunidade em que procuravamos verificar o valor de Qossa vacina formolada, quanto à sua capacidade de provocar a produção de aghitininas “O” e "H” nos indivíduos vacinados, deliberamos experimentá-la, também, pela ^na intradermica. MATERIAL E MÉTODO A vacina empregada nesta experienda provinha da mesma partida que a Msada por via subcutânea, cm trabalho anterior (3), ^•ariando apenas quanto às tan. Eotrefuc para poblicaçlo cm 19 dc de 1943 e dado i ptiblicidade cm dezembro de 1943). 614.511 nível medio de AGLUTININAS TIFICAS em são PAULO Contribuição para o seu conhecimento J. S. de MACEDO LEME & L. NOGUEIRA CARRIJO A classica Reação de Widal, para o diagnóstico das febres tifoide e parati- fóides, incide, tal como é geralmente praticada, em numerosas falhas. Estas de- correm, principalmente, da falta de uma padronização rigorosa das técnicas em- pregadas, dentro do critério da análise qualitativa das aglutininas e do emprego ara qualquer um desses or- ganismos (T. A. B.) constitue um elemento de prora que deve ser considerado em relação com todas as outras provas disponíveis” (3). A verificação por nós realizada está limitada ao B. tifico, por' ser o mais importante do grupo, c, por outro lado, apenas às aglutininas “O” e “H”, por serem as únicas realmente de interesse diagnóstico. cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 S. DE Macedo Leme &. L, Nogueira Carrijo — Nivel medio de glutini- nas tificas em São Paulo 123 - MATERIAL E MÉTODO Xesta pesquisa e em outras da mesma natureza, ora era andamento, temos titilizado como antígeno “H” suspensões formoladas e como antigeno “O” sus- pensões aiccolicas das amostras H 901 e 0 901, respectiramente. Todos os de- dilhes das técnicas empregadas já foram enumerados anteriormente (4). Quanto io material humano, 33 dos soros por nós examinados pertenciam a individuos- tcsidentes em diferentes bairros da capital, dos quais 32 não apresentavam pas- sado tifico ou vadnação recente. Apenas um apresenta\-a historia de centagio c vacinação há apenas um ano. Os 288 soros restantes provinham de psicopa- dis, internados no Hospital do Juqueri, dos quais não se podia obter com rigor,, oenhum dado referente à vacinação ou infeção anteriores ao internamento. RESULTADOS Os resultados encontrados estão resumidos no seguinte quadro: TfrULOS DE AGLUTINIXAS TIFICAS EM INDIVÍDUOS POSSIVELMENTE NORMAIS Kc*u)u<Ío Dnniçio AGLUTININAS *H* AGLUTININAS -O' N& % No. % 1:10 25J ;t.si 195 60,74 Po«ÍtÍTC 1:10 2S 7.71 51 15,88 • 1:20 25 7.78 60 18.69 • 1:40 17 14 4.36 • 1:S0 1 0.54 1 0.34 521 321 Analisando os resultados obtidos verifica-se uma porcentagem quasi nula dle aglutinações positivas a 1 :80, para ambas as aglutininas (^0.34%). Em baixa dldluição ( 1 :20) já a porcentagem de casos positivos foi alta, alcançando \^,W% a aglutinina "O” e 7,78^^ para a “H”. Em diluição intermediaria (1 :40), *dnda que o nivel da positivkkdé fosse i«enor, não passando de 4,36% e 5,29%, d^^pcctivamente, :pora ijRjaeies dois anticérpos. não dei.xa de ser eleA-ado para o de individuos possÍA-clmentc normais. Comparando com os resultados encontrados por outros 'autores, constata-se *lue a jKircentagem px>r nós obtida, para a diluição de 120, está pierfeitamente acordo com a nossa situação de região onde a febre tifóide c «dêmica, por- *luanto como já foi visto, nessas regiões c relativamente alto o número fle <»sos ^itivos para títulos baixos. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 124 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII E' preciso salientar, contudo, que em relação a títulos elevados, iguais ou superiores a 1 :80, os nossos resultados estão em desacordo com os obtidos em outras regiões, de condições epidemiológicas mais ou menos idênticas. A nossa porcentagem foi bem inferior. Contudo, temos de ponderar que a obtivemos em indivíduos internados, em sua totalidade, em um hospital, estando, desse modo, segregados da coletividade local, da qual nem sempre procedem, enquanto os dados conseguidos por outros autores o foram em indivíduos em condições comuns de vida, plenamente integrados no ambiente endêmico. Esperamos conseguir, oportunamente, realizar outras verificações em agru- pamentos diferentes de nossa população, de maneira a poder, de seu conjunto, formar uma idéia mais aproximada dos títulos limites, para o nosso meio, dentro dos quais se possa esperar aglutinação positiva cm indivíduos considerados nor- mais. RESUMO 1. °) Foram pesquisadas as aglutininas somaticas (O) e flagelares (H) para o B. tifico em 321 individuos, sem passado conhecido de vacinação T. A. B. cu de infecção tifica. 2. °) A porcentagem de resultados positivos, para baixas diluições (1:20), foi de 18.7% (60 casos) para a aglutinina “O” e de 7.8% (25 casos) para a “H”. Esse resultado está mais ou menos de acordo com o de outros autores, que trabalharam em regiões onde a febre tifoide também é en- dêmica como entre nós. 3. °) Há divergência, entretanto, quanto a títulos mais altos, iguais ou superio-^ res a 1 :80. Nossa porcentagem, nesses casos, foi muito baixa ( 1 caso ou 3.34% para ambas as aglutininas), talvez por trabalharmos com indivi- duos hospitalizados, segregados, portanto, do ambiente endêmico local. ABSTRACT l.°) Sera from 321 pecple, living in São Paulo (Brazil), having negative his' tories of previous enteric infection or T. A. B. inoculation have bcefl analysed for agglutinins for the H and O antigens of B. typhosus. 2P) Sixty (18.7%) and twcnty five (7.8%) of these sera contained agglu- tinins respectivcly for the O and the H antigen in dilution of 1 :20. These 'V »results are in fairly good agreement with numbers arrived at by other -j./ workers in regions where typhoid fe^’er prevails endemically as it is the case in San Paulo. cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 I. t- J- S. DE Macedo Leme í L. Nogueira Carrijo — Nivel medio de glutini- nas tificas em São Paulo 125 3.°) There is disagreement, however, between cur data and the ones met with in the literature when high titers (1/80 or above) o{ agglutination are considered. Our percentage of positive results, so far as these titers are concemed, was very low (only one case, i. é. 0.34% for both agglutinins), whereas other workers have arrived at much higher percentages. The divergence may possibly be accounted for by the fact that all our patients were hospitalized people, living therefore for a some^vhat long period quite si^egated from the local endemical enviroment. 13IS. BIBLIOGRAFIA 1. FtlU, A. & CvituT. A. D. — BnD. Or». Hy». tf(2) :2JS.19]7. 2. Rodrigiut, P. U. — Rcr. Ah. Paul. 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Julgam que o B. pestis caviac {B. typhimurium — tipo ‘Mutton”), B. cholerae e B. enteritidis são as três \-ariedades mais encontradiças Como agentes etiológicos nas infeções alimentares humanas; Uma epidemia tipica de intoxicação alimentar, provavelmente devida ao “vi- rus de ratos”, foi descrita por Kobb Spaldin Spray (3), atingindo 123 moços es- tudantes que se alimentavam regularmente no salão de jantar da West \'irginia (*) N«t< resomo qtx nUno* fainido da literatura conienraaioa a noturnclatura da« bactriiaa •^rnida peloa antorca. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 128 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII University e mais doze pessoas entre o pessoal da cozinha. O estudo epidemiolo- gico feito revelou que o leite, ou o leite e um creme tinham sido os veículos da infecção. A contaminação foi devida a um virus comercial que tinha sido distri- buído dezesseis dias antes com o fim de exterminar os ratos da cozinha, onde exis- tiam em abundancia. As culturas isoladas dos doentes e do virus distribuído para matar os ratos mostraram-se todas idênticas, aproximando-se mais do B. ente- ritidis. Meyer e Batchelder (4), fazendo estudo bacteriológico, anatômico e patoló- gico de 88 ratos capturados para o controle da peste em Oakland e Alameda, Ca- lifórnia, verificaram a existência entre êles de quatro doenças: septicemia he- morrágica (pasteurela), peste, tifoide dos ratos (por B. enterítidis e B. paraly- phosus B) e pseudo-tuberculose (pelo B. pseudotuberculosis rodentium de Pfeiffer). Meyer e Hatsumura (5) estudaram a inddenda de portadores de salmcne- las nos ratos da cidade de São Francisco (Califo^rJa). Examinaram bacteriolo- gicamente 775 ratos, tendo encontrado 58 infetados: 28 com B. enterítidis e 30 com B. acrtrycke. Em 2% dos roedores infetados as salmonelas foram encontra- das no tubo intestinal. É importante assinalar que, neste caso, os ratos provinham de diversos distritos da cidade, mas onde não havia sido distribuído virus, tra- tando-se, portanto, de infeção natural. A percentagem de ratos p>ortadores de salmonelas foi aproximadamente de 6%. Em Chicago, Elisabeth Verder (6) examinou 100 ratos selvagens de varias partes da cidade, encontrando dez bactérias pertencendo ao grupo parati foide-en- teritidis. Cinco ratos foram encontrados infetados com B. enterítidis nos exames feitos no fígado e baço, sendo isolado uma vez o B. acrtrycke. Entre nós, Amadeu Fialho e Genesio Pacheco (7), aproveitando material de necropsias realizadas em ratos suspeitos de peste, trazidos ao Laboratorio Bacte- riológico do Departamento Nadonal de Saude Pública do Rio de Janeiro, isola- ram bactérias principalmente dos gêneros Salmonella (25%), Pasteurclla, Esche- ríchia e Alcaligenes. Estudando 13 amostras de salmonelas isoladas, verificaram alguma discrepância na fermentação dos açucares, concluindo que — “os elemen- tos fornecidos pela biologia da bactéria permitem identificá-la ao gênero SaJmo~ nella, embora sem possibilidade de especificação. Não foi possível com estes elementos identificar as amostras isoladas com a chave dada, para esse fim, pela Sociedade de Bacteriologistas Americanos”. As pro\as imunológicas feitas pelos autores apenas revelaram que um soro total preparado com 5". enterítis aglutinou poucas amostras ; e provas de saturação simples demonstraram em outras amestras relações de parentesco antigênico com Salmonella suipestifer. No Japão, Sadayoshi Hatta (8) achou que entre as salmonellas mais comu- mente isoladas dos casos de intoxicações alimentares se encontram 5". typhimu- cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 L. DB Assumpção A J. C. Ria\s — Incidência de bactérias do gênero Salmonella em ralos da cidade de São Paulo 129 ríum e Ji'. enteritidis. Examinou 1.075 ratos capturados em diversas partes da cidade de Tokio, pesquisando salmc nelas nos seus orgãos internos, tendo isolado í. enteritidis em quatro. Ainda diz ter encontrado duas ou tres raças não per- tencentes ao grupo D de salmonelas, tendo o estudo minucioso de uma delas re- velado tratar-se de uma variedade de 5*. bareilly. Em Washington, Bartram, Welch e Ostrolenk (9) fizeram experiencias, dando a ratos, per os, cultura em caldo de S. enteritidis, observando rápida e fatal infecção, tendo isolado das fezes o mesmo organismo. Assinalam, também, que alguns ficaram portadores, eliminando intermitentemente o organismo infetante durante o periodo de mais de dois meses da observ’ação feita. Verificaram, ainda, cm ratos com ausência de salmonelas nas fezes e orgãos internos, alto titulo aglu- tinante do sangue, o que cs levou a condenar os métodos que pretendiam apontar como vetores os ratos examinados pelo método sorológico. Zoza}-a e Varela (10) dizem que com frequência se verificam salmonelas na cidade do México. Examinaram 306 ratos brancos, mortos espontaneamente na criação do Instituto de Higiene do México, tendo encontrado 76 com salmonelas : 59 S. typhimurium; 16 S. paratyphi A e uma raça S. choleraesuis. Em pesquisa recentemente feita em ratos de diversas cidades dos Estados Unidos por Welch, Ostrolenk e Bartram (11), a percentagem encontrada com salmonelas foi muito pequena, apenas 1.2%; mas esta pesquisa foi feita apenas cm amostras de fezes de ratos. Apesar de terem encontrado tão baixa percenta- gem de salmonelas, ainda assim terminam a discussão do seu trabalho com as se- guintes palavras: “since some fcw rats or mice may be infected -wilh focd poi- «oning organisms, thcy all must be considered potencially dangerous to the health, and every effort should be made to eliminatc them from establishments wcre human food is prepared or stored”. * Marchiavello (12), fazendo estudos no Nordeste brasileiro assinala a ocor- cencia de três tipos de pseudo-tuberculose murina: a provocada pela P. pseudo- ^uberculosis ; a produzida pelo Corynebactcriutn pseudo-tubcrculosis tnurium (C. fnuríum, C. kutscheri) e ainda uma terceira acidentalmentc ocasionada por S. ty- Phitnurium (Bact. acrtrycke). No trabalho de Marchiavello, na parte referente a salmonelas, não há refe- rencia aos processos de identificação, apenas constando o seguinte: “Bacterioló- gica e sorologicamente os microorganismos em causa foram identificados como •5'- typhivmriutn”. MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO Como no Instituto Butantan o Serviço de diagnóstico da peste continua fa- zendo pesquisa de Pasteurella pestis em ratos capturados em São Paulo, aprovei- ^os esse material para verificar a incidência de salmonelas nesses reedores. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 13Ü Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Foram examinados 950 ratos, na sua quasi totalidade Mus rattu^. Mus nor- vcgktts e Mus alcxandrinus. O material para as pesqusas foi geralmente baqo e fígado, triturados e reu- nidos de 5 a 20 ratos, formando uma partida. Cada partida era semeada em meio de enriquecimento (meio de Kauffmann) e deste, após 2 e 5 dias de estufa, passada para placas com meio proprio ao iso- lamento. De oito partidas foram isoladas bactérias que no estudo das suas proprieda- des bioquímicas puderam ser identificadas ctxno pertencentes ao gênero Sál- monella. Em seguida fizemos a identificação sorológica pelo esquema de Kauffmann- White. ESTUDO DAS BACTÉRIAS ISOLADAS Os caracteres morfológicos, colorabilidade e propriedades bioquímicas das raças isoladas das oito partidas procederam de maneira idêntica. I. Caracteres morfológicos e colorabilidade. Bacilos Gram-negativos c moveis. ' II. Propriedades bioqtUmicas. A) Caracteres culturais. Desenvolvimento abundante nos meios comuns de cultura, crescendo bem nos meios com verde brilhante. B) Ação sobre os hidratos de carbono. Não fermentam lactose, sacarose, adonita e salicina ; fermentam cem produpção de gás glicose, manita, maltose, dul- cita, xilosc, sorbita, inosita e ranínose. C) Reações especiais. Produção de H 3 S — Positiva Produção de indol — Negativa Leite tomassolado — Acidez inicial seguida de al- calinidade Gelatina — Não liquefazem. III. Estudo sorológico. A) Determinação da composição antigênica somática. As oito raças isola- das foram submetidas à aglutinação somática com soros dos grupos A, B, C, D, E e uma mistura de soros de outros grupos menores reunidos, de acordo com o es- quema de Kauffmann-\Vhite aprovado pela Subcomissão das Salmonelas, em 1939. O resultado foi positivo unicamente com a mistura de soros do grupo B- Cotno todas as salmonelas desse grupo contêm o fator somático “IV” e mais al- guns outros, teríamos que determinar com soros para os outros fatores somáti- cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 l- DE Assumpção & J. C. Ribas — Incidenaia de bactérias do gênero Salmonella em ratos da cidade de São Paulo 131 COS do grupo B a existência separadamente desses fatores. Achamos mais fácil submeter as raças em estudo à aglutinação somática com soros somáticos de 5'. pa- ratyphi B, S. typhimiirium, S. budapest e 5". bredney (todas do grupo B), tendo verificado serem todas elas aglutinadas a titulo mais elevado com os dois primei- ros soros. Procuramos, em seguida, verificar si as raças isoladas absorviam os anticor- pos somáticos de um soro S. schottmuelleri. O resultado foi a absorção dêsses fatores, como se pode ver no Quadro 1. Quadro 1 AGLUTINAÇÕES E SATURAÇÕES COM SÕRO “O" DE S’. SCHOTTUUELLERl (F.\TORES SOMÁTICOS) RAÇAS (ANTIGENO “O") R s R 13 R 13 R M R 243 Sem saturar Saturada com R 5 . . . . " " R 12 ... " ” R 13 ... " - R 14 ... - ■ R 315A " ” R 3I7A " " R 318A " R 243 .. Ficamos, assim, com a possibilidade de indicar a existência, nas raças em es- ^* *tdo, de fatores somáticos iguais aos de S. schotlmucllerí, que são também os mes- **K)s de 5". typhimuríum, isto é, (I), IV, (V) (•). Achámos inútil, portanto, * determinação da e.xistencia, separadamente, dos fatores "I", e “V”, que são Wconstantes tanto em S. schollmuellcri como em S". lyphimurium. B) Determinação da composição antigênica ciliar. Em primeiro lugar pro- ^ramos verificar a existência de fatores ciliares não específicos, submetendo to- as raças em estudo à aglutinação com uma mistura de soros ciliares não espe- cíficos 1, 2, 3, 5, 6, 7. As raças R 5, R 12, R 318.-\ e R 243 aglutinaram nitidamente com êsse soro, passo que R 13, R 14, R 315.\ e R 317A, muito pouco. A impressão que ti- ^^os foi que todas elas apresentam antigenos ciliares não espedficos. a) Composição antigênica ciliar específica; (*) Ko de Kaaffauuin-N\litte, de 1939, o> fatores entre parênteses sio incoosiaetes. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 132 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Fizemos um primeiro grupo de aglutinações com soros para os fatores cilia- res específicos b, i, d, r, eh, fg, que apresentam as oito primeiras salmonelas do esquema de Kauffmann-\Vhite (1939), na fase 1. Poderiamos ter excluido o soro “fg”, correspondendo ao antígeno específico de S. derby, que é monofásica e que não apresenta fatores antigênicos não específicos. Quadro 2 AGLUTINAÇÕES COM SOROS “H” FASE 1 (FATORES CILIARES ESPECÍFICOS) Com antigeno " H " de : Soros ciliares F»tor Fator ‘d' Fator Fator *r* Fator "cli* Fator -f*- R soltado Rtsoludo Resultado Resultado Resultado Resultado R. 5 - ++ R. 12 — — ++ — — — R. 13 — ++ — — — R. 14 — — ++ — — — R. 315A — — ++ — — — R. 317.\ — — ++ — — — R. 318A — — ++ — — — R. 243 — — ++ — — — S. schottmtKllerí ++ ■ ^ S. kirkee ++ — — — — — S. gaminara — ++ — — — — O S. aberdeen — — ++ — — — ^ S. typhimurium — — ++ — — — ^ S. vírchow — — — ++ — — U S. heidelberg — — — ++ — — S. reading — — — — ++ — S. derby — — — — ■ — ■ ++ Como se vê no Quadro 2, todas as raças foram aglutinadas unicamente pelo soro correspondente ao antigeno "i". Como nenhuma outra salmonela do grupo B apresenta o fator ciliar “i”» não continuámos a pesquisa de outros fatores específicos. Portanto, presença em todas as raças do fator específico ciliar “i”. Como no esquema de Kauffmann-White (1939) a única salmonela do grupo B que apresenta o antígeno ciliar "i” é 5". typhimurium, só nos faltava determinar nas raças em estudo, a cxistenda, na fase 2, dos fatores não específicos “1, 2”. . para chegarmos à conclusão de se tratar dessa salmonela, o que deverá ser confir- mado com provas de absorção. cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 de Assumpção & J. C. Ribas — Incidência de bactérias do gênero Salmonella em ratos da cidade de São Paulo 133 b) Composição antigênica ciliar não especifica: Apenas procurámos verificar si as raças em estudo apresentavam os fatores antigênicos não específicos “1, 2”... que apresenta S. typhimurium. De fato Iodas as pro^^as feitas nesse sentido revelaram a existência desses fatores antigê- nicos ciliares nas raças isoladas, que se mostraram também capazes de absorver êsses anticorpos. Como pro\*a sorológica final verificamos que todas as raças em estudo absor- veram os anticorpos somáticos e ciliares de um soro typhimurium com anticorpos para os seus antígenos "O” e “H”. Em ccnclusão, sobre as provas sorológicas, as raças em estudo comporta- ram-se de maneira idêntica, apresentando todas elas fatores somáticos iguais aos de 5. typhimurium, e os seguintes ciliares: na fase 1, o fator “i”; na fase 2, os íatores "1, 2”, que também são os fatores ciliares de 5". typhimurium. Ficam, assim, identificados como S. typhimurium, que apresenta a s^fuinte fórmula (I), U’, (V) : i : 1.2... O ESQUEMA DE KAUFFMANN-VVHITE (1939) (•) Tipo Antigeno O Antigeno H Fase 1. Fase 2 GRUPO A 1 S. paratjrphi A (I). II a GRUPO B 2 S. paratyphi B (I), IV, (V) b 1. 2... 3 S. atKHiy I. IV. V b e, n, X 4 S. typhi muríum (I), IV. (V) t 1. 2... 5 S. Stanley IV. V d 1, 2... 6 S. heidelberg IV. V r 1. 2... 7 S. chester IV. (V) e. h c. n, X 8 S. reading IV e. h 1, S... 9 S. derby (I). IV f. g--- — 10 S. essen IV g- m... 11 S. budapest IV g. t... — 12 S. brandenburg IV 1. V e, n 13 S. bispebjerg IV a e, n. X 14 S. abortus equi IV — c, n, X is S. abortus ovis IV c 1, 6... 16 S. abortus boris I. IV, XXVII b c, n, X 17 S. bredeney I. IV. XXVII I. V 1. 7... 18 S. schleissbcim IV. XXVII b. z 12 — (•) Tliird INTERNATIONAL CONGRESS FOR MICROBILOCY, Ncir York, Snrtember 2-9, ' — Repeti of Preceedittgs, cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 19 S. paratyphi C VI. VII (Vi) c 1, 5... 20 S. cholerae suis (c) I, 5... 21 S. typhi suis c I, 5... 22 S. thompson (W) 1. 5... 23 S. virchow r 1, 2... 24 S. oranienburg m, t... 25 S. potsdam 1 ,v e, n 2ó S. bareilly VI, VII y 1. 5... 27 S. mika\\'ashima y e, n 28 S. montevideo g. m, s... 29 S. oslo a c, n, X 30 S. amersfoort d c, n, X 31 S. braendcrup c, h c. n 32 S. ncwport e, h 1, 2... 33 S. kittbus e, h I, 5... 34 S. bovis tnorbificans . . . r 1. 5... 35 S. mucnchen VI. VIII d 1, 2... 36 S. narashino a e. n. X 37 S. glostrup X 10 c, n 38 S. typhi 39 S. cntcritidis 40 S. dublin 41 S. rostock 42 S. moscow 43 S. blegdam 44 S. berta 45 S. eastboume . . . 46 S. sendai 47 S. dar es salaam 48 S. panama 49 S. gallinarum . . . GRUPO D IX. (Vi) d g. m... g. P... IX g. P. u. g. q.-- g. m. q. f. g, t.. e, h (I). IX a I. IX 1, w I. IX 1. V IX 1 , 5 ... I. 5... c, n 1, 5... GRUPO E 50 S. london I. V 1, 6. 51 S. gi\-e 1. T 1. 7. 52 S. anatum e, h 1, 6. 53 S. muenster c, h 1, 5. 54 S. nyborg III, X, XXVI e, h 1, 7. 55 S. amager y 1, 2. 56 S. zanzibar k 1, 5. 57 S. shangani d 1. 5. 58 S. newinhton c, h 1, 6. 59 S. selandia III, XV e, h 1. 7. 60 S. new brunswick 1 V 1 7 61 S. senftenbcrg I. III, XIX h ▼ g rS, t... 62 S. niloese d z6. . • 8 1- de .4ssumpç.\o <3t J. C. Ribas — Incidência de Salmonella em ratos da bactérias do gênero cidade de São Paulo 135 OUTROS GRUPOS M S. aberdeen XI í 1. 2... 64 S. poona XIII, XXII r... 1. 6... 65 S. worthington I, XIII, XXIII I. w z. . . 66 S. wichita I, XUI. XXIII d... 6/ S. carrau VI. XIV. .XXIV y 1. 7... 68 S. onderstepoort . . . . HJ. Ví. XIV, XXV e, h 1. 5... 69 S. hvittingfoss XVI b e, n, X 70 S. gaininara XVI d 1, 7... 71 S. kirkee XVII b 1, 2... 72 S. kcntucky [Vni], XX / 1 z6... /3 S. minnesota XXI, XXVI b c. n, X 74 S. tcl-aviv XXVIII y c, n ^ ^ ~ Estes antígenos podem faltar. Os únicos antígenos H indicados dessa maneira, são os antigenos “c” e “k” cuja ausência resulta nas duas variantes não especifícas mais importantes praticamente, ex. Salmonflla choUrae suií var. kunzerdorf c S. thompson var. berltn. I 1 = Somente parte do antigeno O presente. ... = Fórmulas abreviadas. Como êste esquema foi feito para uso prático da determinação dos tipos sorológicos, sómente antígenos de importância diagnóstica foram incluídos. DISCUSS.-IO A frequênda de infecções por salmonclas vem sendo assinalada em quasi to- as nações, mas só recentemente (.1930) se conseguiu a distinção destas espe- res patogênicas para os homens c animais, graças aos estudos de White logo **guidos dos de Kauffmann. Para se evidenciarem os caracteres fi.xos das di- '^^sas espédes, fizeram êles estudo aprofundado dos múltiplos fatores antigêni- que compõem as salmonelas. De fato, tem havido uma grande confusão durante muito tempo nos estudos ®*perimentais e clinicos sobre salmonelas e salmoneloses, devido ao fato de na quasi totalidade apresentarem as salmonelas caracteres bioquímicos iguais ; no ®>lanto, este tem sido até bem pouco tempo o principal processo de estudo e iden- tificação dessas bactérias. Com os últimos trabalhos de Kauffmann e White (1926-1929) sobre a cons- htuição antigênica das salmonelas e a objetivação desses estudos na apresentação ^ um esquema, as identificações atuais, embora muito complicadas, podem ser *^Sorosamente fdtas. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 136 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII No Uruguai, Hormaeche e seus colaboradores têm publicado grande número de trabalhos assinalando os ratos, a%’es e o gado porcino e bo\nno como focos de infecção permanente por salmonelas. São naturalmente êsses animais que contaminam os alimentos e vão provocar a maior parte das conhecidas infecções alimentares. Edwards e Bruner (13), em trabalho apresentado ao Terceiro Congresso Internacional de Micrcbiologia, reunido em Nova York, em 1939, estudando a ocorrência de salmonelas em diversos animais, verificaram que S. typhimurium é a mais encontrada nos ratos, raposas, cachorros, cavalos, ruminantes e também nas aves (não incluiram estudos sobre S. puUorum e S. galltmrutn) . Embora as salmonelas de origem animal sejam pouco patogênicas p>ara o homem adulto e os animais quasi insensiveis às de origem humana (doutrina de Kiel), os estudos de Hormaeche vêm afirmando que a criança tem uma insensi- bilidade até agora não suspei^da para as salmonelas de origem animal, que nelas produzem infecções graves (doutrina de Montevideo). Como vimos acima, correndo ligeiramente a literatura sobre o assunto, as salmonelas mais encontradas nos ratos têm sido Y. typhimurium e S. enteritidis, que também, nas infecções alimentares, são as mais comumente isoladas dos doentes. Os alimentos como veículos de salmoneloses são de facil estudo, ao passo que a demonstração da sua ccntaminação pelos ratos já é mais dificil, pois, como dizem Mayer e Matsumura {loc. cit.) : “It is therefore not easy, in fact, for obvious reasons impossible to ascertain in any outbreak of food infection if the ccntami- nation carne from rodents”. O alto grau de parasitismo bacteriano dos ratos, principalmente de salmo- nelas e a facilidade de contacto desses roedores com os produtos alimentares c seus utensílios — possibilitam a transmissão dessas bactérias ao homem, provo- cando-lhe infecções alimentares. * « * O processo para a identificação sorológica de salmonelas exige que se taça, como última prova, a de saturação mutua de anticorpos. Teriamos que: a) pre- parar soros com as raças que acabamos de identificar: b) verificar si apresentam anticorpos para todos os fatores antigênicos de S. typhimurium; c) verificar st S. typhimurium absor\’e todos os anticorpos produzidos ; d) constatar a absorção, pelas raças isoladas, dos anticorpos "O” e "H” de um soro S. typhimurium. Julgamos a prova de saturação mutua indispensável para a determinação dc uma espécie nova, como, ainda, para casos especiais de identificação. Em nosso caso, achamos perfeitamente dispensável essa prova completa (que viria trazef muito maior perda de tempo e de dispêndio na aquisição de coelhos), per se tratar • de salmonelas que só foram aglutinadas com soro do grupo B e que apresentam 10 ... I L- db Asscmpção a J. C. Ribas — Incidência de bactérias do gênero Salmonella em ratos da cidade de Sáo Paulo o fator ciliar “i’ 137 Ora, o esquema de Kauffraann-White apenas nos indica como nesse grupo, a 5. typhimurium. As salmonelas Aberdeen e Kentucky, que também apresentam o fator ciliar “i”, são de outros grupos, que apresentam outros fatores somáticos. O item (d) da prova de saturação mutua, isto é, a salmcMiela deve absorver os anticorpos correspondentes aos fatores antigcnicos de uma solmonela homó- loga. julgamos indispensável em qualquer identificação, razão pela qual nós o fi- acmos, confirmando a existência dos fatores antigênicos encontrados. Não demos aqui todcs os detalhes da identificação sorológica, cuja técnica seguida foi discutida por um de nós (.\ssumpção, L.) em trabalho anterior (14) RESUMO Correndo a literatura sobre o assunto vê-se que nestes últimos anos um grande número de infecções alimentares têm sido estudadas, tanto em adultos como em crianças, algumas em formas epidêmicas graves, em que os ratos são incriminados como veículos de salmonelas, sendo estas isoladas dos seus orgãos internos, des Alimentos por eles contaminados e das fezes dos doentes. As salmonelas mais comumente encontradas nesses casos tem sido S. typhi- *>itiríutn e S. cnlcritidis. Existia muita confusão no strabalhos feitos antes dos estudos de Kauffmann c ^Vhite sobre a constituição antigênica das salmonelas, por terem sido elas iden- hficadas prindpalmente pelos seus caracteres bioquímicos. Sabe-se agera, serem •guais os caracteres bioquímicos de quasi todas as salmonelas, que, no entanto, dormam tipos nitidamente diferenciados pelos seus caracteres sorológicos. Entre nós não foram encontrados estudos feitos sobre salmonelas em ratos ctit que a identificação fosse feita pelo esquema de Kauffmann-White. Foram examinados 950 ratos capturados em diversas partes da cidade de São Paulo. O material (baço e fígado), reunido sempre de 5 a 20 ratos formando uma PArtida, era semeado em meio de enriquecimento (meio de Kauffmann) e, após ^ c 5 dias de estufa, passado em placas com meio proprio ao isolamento. De oito partidas foram isoladas bactérias que puderam ser identificadas como •Alrnonelas no estudo das suas propriedades bioquímicas. O estudo sorológico feito de acordo com o esquema de Kauffmann-Whití *'^elou serem todas iguais, apresentando a seguinte composição antigênica so- ***itica e ciliar: Composição antigênica somática. Todas elas deram reações aglutinantes positivas unicamente com os soros somáticos do grupo B e revelaram a presença = . 11 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 138 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII dos fatores somáticos iguais aos de S. schottmuellcri e S. typhimurium, que o es- quema apresenta da seguinte maneira: (I), IV, (V). Foram feitas provas quc demonstraram serem todas as raças em estudo capazes de absorver os anticorpos somáticos de um soro somático de schottmuelleri. Composição antigênica ciliar. Na aglutinação ciliar todas elas deram resul- tados positivos com uma mistura de soros ciliares não específicos, indicando a pre- sença de antigenos na fase não espedfica. Na pesquisa dos fatores ciliares da fase especifica que apresentam as sal- monelas do grupo B, todas foram aglutinadas unicamente com soro para o fator “i”. Na fase não especifica ficou demonstrada a existência dos fatores “1, 2”. Apresentando as raças isoladas fatcres antigénicos somáticos e ciliares iguais aos de 6". typhimurium, (I) IV, : i : 1, 2..., ficam assim identificadas, sendo que, em provas finais, todas elas absorveram completamente as aglutininas so- máticas e ciliares de um soro total í". typhimurium. ABSTRACT In the last few years a great number of studies on thc subject of food in- fections in adults and in children have been published. Some were severe cpi' demics in which rats were incriminated as carriers of salmcnellas, with isolation of these organisms from viscera of thesc rats, from foodstuffs infected by these animais, and from patients’ feces. The organisms most frequently found have been S. typhimurium and S. c»~ tcritidis. There was considerable confusion in the literature before the studies of Kauffmann and White upon the antigenic constitution of the Salmonella group» because these gcrms were identified chiefly by their biochemical properties. Wc know that the great majority of the salmonellas have the same biochemical pro- perties but that different types may be clearly determined by their serokgical characters. The present rcport is thc first of this nature done in Brazil. Nine hundred and fifty rats were captured in various parts of the city of São Paulo and were examined. The spleens and livers, in groups of from o to 20 rats were inoculated in an enriched culture media (Kauffmann) and, aftcf 2 to 5 days of incubation, plated for isolation. From eight such lots there were isolated bactéria identified by their biochemical properties as salmonellas. The serological study, in accordance with the Kauffmann-White schei»®' showed all of them to be alike and they presented the following sematie ao^^ ciliar antigenic strueture. 12 1- DE Assumpção A J. C. Rib.^s — Incidência de bactérias do gênero Salmonella em ratos da cidade de São Paulo 13 » Antigenic somalic composition. AU o{ them gave positive agglutinating rcactions only with somatic sera of group B and sho^^•ed the presence of a so- inatic factor equal to those of S. schottmudlcri and 5". typhimuríum \vhich the scheme illustrates in the following manner: (I), IV, (V). Experiments were niade which shoM-ed that all the types under study were able to absorb the somatic antibodies of a somatic serum of S. schottmuellcri. Ciliar antigenic composition: In the ciliar agglutination all of them gave positive results with a mixture of non-spedfic ciliar sera indicating the presence of antigens in a non-specific phase. In the investigating of dliarj- factores of the specific phase, whidi the sal- nionellas of group B show, aU were agglutinated only with serum for the íactor “i”. In the non-specific phase the existence of factors “1,2” ^^as demonstrated. The isolated t>-pes showed antigenic somatic and ciliary isolated factors equal to typhimurium — (I), IV, (V) : i : 1,2. . . — Tliey were in this way identi- fied, and in final tests completely absorb the somatic and ciliary agglutinins of a S". typhimurium serum. BIBLIOGR.-\FIA 3. 10 . 11 . Sazv(;e, G. li'. & If/tile, P. B. — Rats and salmonella group bacilli — J. fíyg. 21 :25&. 1922-23. Sailhe. 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(Trabalho de colaboração do Instituto de Higiene de SSo Paulo e da Seção de Bacteriologia; Peste e Cocos Graa'negatlros do Instituto Butantan. Entregue psra poblicaçSo em 8 de setembro de 1943 e dado i publící* dade em dexembro de 1943). 14 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 616.911 0 PAPEL DO ESTREPTOCOCO NO PÊNFIGO FOLIACEO (FOGO SELVAGEM) ESTUDO CLINICO-BACTERIOLOGICO POR B. MARIO MOURAO SUMARIO Capitulo i — introdttção. Capítulo II — Revisão bibliográfica de .trabalhos sobre estrepfococos nas dernia- toses filiadas ao grupo do Pênfigo. Capitulo III — Orientação experimentai. Capitulo iv — càsos ciinicos. Capitulo — Epidermoculturas: A ) Casos estudados. B) Condições técnicas. C) ^laterial colhido : 1 . Bolhas. 2. Crostas. 3. Punção em base de bolhas. D) Semeaduras. E) Resultados : a) Epidermoculturas dos casos de Pênfigo Foliaceo; 1. Fase de insasão bolhosa. 2. Formas generalizadas crónicas. 3. Forma frusta. 4. Casos em regressão com seqtxlas da dermatosc. 5. Casos curados, com e sem sequelas da dermatosc b) Epidermoculturas cm 5 casos de Dermatite Herpetiforme de Duhring. c) Epidemwcultura em um caso de Pênfigo -Agudo Febril. 1 cm 2 3 4 5 6 7 SciELO ;l1 12 13 14 15 16 17 10 142 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII CAPITULO VI — Henxxruhuras : A) Casos estudados. B) Colheita de sangue e condições técnicas. C) Semeaduras. D) Resultados. a) Hemoculturas em casos de Pênfigo Foliaceo: 1 . Resultados gerais. ' 2. Resultados, considerando a fase ou forma clínica. 3. Resultados, considerando o inicio da derroatose. 4. Hemoculturas oositisas para estreptococos. Relação en- tre a gravidade dos casos dinkos e o tipo de hemolise e virulência dos estreptococos isolados. 5. Hemoculturas positis-as para estafilococos. Relação dos casos clínicos com a capacidade eritrocitolítica e cromo- genicidade dos estafilococos isolados. 6. Hemoculturas positivas e quadro térmico. b) Hemoculturas em 4 casos de Dermatite Herpetiforme de Duhring. c) Hemocultura em um caso de Pénfigo VegeUnte. d) Hemocultura em um caso de Pénfigo Agrulo Febril. C.\PlTULO VTI — Verificações “ante e post mortem”: -\) Casos esttxlados. B) Colheita de material. C) Material colhido. D) Semeaduras. E) .-\nimais inoculados. F) Resultados. I. Necropsias de casos de Pénfigo Foliaceo: a) Estreptococos. b) Outros germes isolados. 1 . Resultados gerais. 2. Resultados obtidos farticularmente a cada órgão ou ma- terial patológico. 3. .\nimais inoculados. 4. Dados cuja importância releva assinalar. II. Punções cardíacas “post mortem". 1. Resultados gerais. 2. Dados cuja importância releva assinalar. Hl. Hemoculturas “ante mortem”. IV. Casos de controle. 2 B. Mario Moik.ão — O papel tio cslreplococo no Pênfigo Foliaceo 143 t^APITULO VIII — Identificação dos estreptococos. A ) AnxKtras estudadas. B) Caracteres microscópicos. C) Caracteres culturais. D) Caracteres ecológicos. E) Caracteres bioquimicos. F) .Ação patogênica. G ) Classificação sorológica. H > Comentários. . Capitulo IX — Pesquisas sobre as toxinas dos estreptococos hemoliticos isolados de doentes de Pênfigo. •A) Ligeiras considerações. B) .Ação eritrocitolitica. C) .Ação eritematogênica e to.xicidade para pe<|uenos animais; 1. Produção da toxina. 2. Inoculação em animais de laboratório. 3. Resultados. D) .Ação fibrinolitica : 1. Estreptococos e plasmas utilizados. 2. Técnica utilizada. 3. Resultados. capitulo X — Discussão das pesquisas realizadas, rimentais : Outros aspectos clinico-e.\|>e- CAPITULO XI CAPITULO XII — Os estreptococos em Dermatologia. — Os estreptococos do Pênfigo Foliaceo. A toxina eritematogênica. Reação da fibrinólise. — .A estreptococia cutânea no Pênfigo Foliaceo e na Dermatite Herpetiforme de Duhring. — Hemoculturas positivas. — A invasão cadavérica por estreptococos hemoliticos. — Considerações e conclusões. — Resimx). CAPITULO I INTRODUÇÃO Problcnia al{;uni de dennatologia tropical, na atualidade, se nos apresenta *ão interessante quanto o estudo dessa curiosa e grave enfermidade cutânea, que "rassa endeniicamente em extensas áreas do interior do Brasil, denominada Pênfigo Foliaceo, nome científico, ou "Fogo Sehagem”, nome popular. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVH 1 14 Numerosas tem sido as contribuições aparecidas, nestes últimos anos, so- bre esta moléstia penfigosa. algumas dotadas de profunda originalidade e alto espirito investigador que. indiscutivelmente, ergueram um pouco o nebuloso véu que encobria sua obscura étio-patogenia. Entre os trabalhos exi)erimentais mais importantes, ressaltamos o de Lin- denberg (1), que inoculou coelhos e cobaios com sangue de portadores de Pên- fígo e de Dermatite de Duhring, obtendo nos animais inoculados lesões vege- tantes, após um período de incubação \-ariavel; obteve ainda Lindenberg. a re- produção dessas lesões por passagens seriadas e concluiu suas pesquisas, achan- do que o “Fogo Selvagem” é uma moléstia infecciosa, produzida por um virus que circula no sangue e é transmissível a animais de laboratório. A Dermatite de Duhring e o Pénfigo Vulgar teriam a mesma etiologia. Entretanto o trabalho de Lindenberg não foi confirmado jxir outtos pes- quisadores nacionais. Em colaboração com Artigas (2 e 3). no Instituto Bu- tantan, em 1938, em intensivas experiências, rísando a natureza infecciosa a virus, tivemos resul»ados negativos. Em 1939, no Instituto “Conde de Lara”, em trabalho de larceria com Vieira (4), também não cons^uimos provar a etiologia a virus do Pénfigo Fo- liaceo. Recentemente, publicamos um artigo de revisão (5), em que não consegui- mos comprovar a existência de virus no Pénfigo, utilizando como inoculum liquido céfalo-raquidiano e orgãos retirados de necropsias de indivíduos falecidos com a dernutosc. Messe trabalho, contudo, fomos de opinião que não se devem en- cerrar as pesquisas etiológicas neste campo de investigação, como se depreende das nossas conclusões: 1. ® — Xo estado atual dos nossos conhecimentos não se pode afirmar a pos.sibiüdade da natureza infecciosa a virus do Pénfigo Foliaceo. 2. ® — Xão conseguimos em nossas experiências um quadro mórbido que caracterizasse a presença de rirus dermo-, viscero- ou neurotrópico nos animais inoculados com material oriundo de doentes de Pénfigo Foliaceo. 3. ® — Enquanto a eticlogia do Pénfigo Foliaceo não for esclarecida, adia- mos que as pesquisas sôbre isolamento de virus devem ser continuadas, utili- zando-se, entretanto, de condições experimentais originais. Em rista de tais resultados resolvemos retomar a questão e inidamos unia série de pesquisas no setor bacteriológico, visando uma nora pista de estudo. Ficamos realmente surpreendidos, desde o inido das nossas experiências, coni a relativa fadlidade com que s^ consegue isolar estreptococos hemolíticos e viru- 4 B. M\rio Mour-\o — O papel do estreptococo no Pénfigo Foliaceo 145 lentos nos portadores de “Fogo Sel\*agem” e resolvemos, em vista desse fato, estudar metodicamente as bactérias piogênicas no Pénfigo e em outras derma- toses, bolhosas ou não. Pertencendo atualmente a um serviço em que a menor das dificuldades con- siste na obtenção de material patológico para averigiuções laboratoriais, pro- puzemo-nos elucidar, tanto quanto possivel, o papel reservado aos estreptococos no quadro nosogênico do “Fogo Selvagem”. E’ o que pretendemos mostrar neste nosso despretencioso trabalho, fruto de demoradas e pacientes pesquisas clinico-bacteriológicas. CAPITULO II REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DE TRABALHOS SOBRE ESTREPTOCO- COS XAS DERM.\TOSES FILIADAS AO GRUPO DO PÉNFIGO Nas dermatcses pertencentes ao complexo grupo do Pénfigo. entre as quais SC inclue o Pénfigo Foliaceo ou Pénfigo Tropical (*). numerosos trabalhos, em '■árias partes do mundo, têm evidenciado a presença dos estreptococos : ou focali- zando o seu aparecimento com simples achado lacteriológico de importânda se- cundária, ou responsabilizando-o categoricamente como agente produtor da doença. No Brasil, onde os estudos sôbre o Pénfigo Tropical despertaram grande interesse, em vista da frequência com que essa dermatose é observada em certas zegiões do Pais, não fugimos à regra: .-Meixo (6). cm 1917, constatou em material proveniente de bolhas, cocos 's^trepti formes. Vieira (7), em 1937. isolou estreptococos xiridans c henio- •iticos por hemoculturas. .\rtigas & Mourào (2 e 3), cm 1939, assinalaram cm niaterial cutâneo dc Pénfigo a presença de um estreptococo hemolitico. .Aranha tampos (8). em 1942, conseguiu isolar estreptococos em cultura pura da cor- rente sanguínea de doentes de Pénfigo e, num caso, de gânglios enfartados. Em vários países da Europa e nos Estados Unidos as moléstias cutâneas iiliadas ao grupo do Pénfigo são relativamcnte raras. Os pesquisadores lutam (*) A denominação dr Pénfigo Foliãceo é {alba. não corrnpoodrado ao« rãriot qandiof cll- da moléstia. Vidra (26) dasaificoo dormatolcgicamente o stndromo entre néi, no qoal o tipo '•'idee* < a fase da erolocão clinica mais conian nas formas generaliaadas crónicas. A denominação ^ Pénfigo Tropical fos proposta por Paranhos & Pedroso (27), em 1909, depois por \ idra (2S), em ^fZ2. e aprorada ou admitida por Artom (29), Guimarães (JO). Aranha Campe* (S) e ontros esln- do assunto. Para melhor distinguir a rariedade de Pénfigo que existe entre nós, a adoção ^^djca do nome popular Pop* Setvtçem seria cooTcnienle. Durante a noaaa exposição empregaremos ^^diforentemente as trés sirKsilmias. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 146 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII com escassez de casos clínicos e. éste tato. pode ser notado nos trabalhos que st referem ao papel dos estreptococos no Pênfigo. Mesmo assim, não são pou- cas as contribuições interessantes que compulsamos e que podem ser resumidas da seguinte maneira: Eberson (9), em 1925, isolou do sangue total de 7 casos de Pênfigo Vul- gar e. uma única vez. de liquido de bolhas contaminailas, uma bactéria cocóide. Gram positiva, pleomórfica. anaeróbia, a qual denominou de Bacicríum pem- phigi. De todos os casos os germes provaram ser sorologicamente idênticos. Duas das amostras isoladas foram utilizadas para a j)esfiuisa da patogenicidade em animais de laboratório; o germe é avirulento para macacos e virulento para coelhos e cobáios, e neste último animal determina lesões cutâneas. .Xponta a possibilidade de uma substância tóxica, secretada pelo Bacterium peiiiphigi, ser ca|»z de formar bolhas e vesículas. Fez uma grande série de controles, reali- zando hemoculturas com sangue de indivíduos normais e de doentes de outras der- matt ses com resultados sempre negativos. Shalcck (10). em 1925, descreveu um caso de Pênfigo .\gudo Séptico, de evolução rápida, com erupção generalizada, no qual demonstrou a presença do Bactcríum pemphigi. Na discussão do trabalho de Schaleck. Sutton (11) diz acreditar que esta forma de Pênfigo ocorre invariavelmente em açougueiros e veterinários. su]x>ndo que um estreptococo virulento ixxleria ser o agente res- jionsavel. Schamberg (12). ainda cohientando a comunicação de Schaleck. disse (lue teve a oportunidade de fazer pe.squisas bacteriológicas em 12 casos de Pên- figo. .Apenas, cm um único caso, encontrou o "bacilo de Eber.son". De nume- rosos pacientes cultivou estreptococos do sangue, dcjwis da mais rigorosa as- sepsia da pele. .\clia que o Pênfigo é uma doença infecciosa aguda, mas há dúvidas quanto ao agente patogênico. O estreptococo é um germe muito dissc- tninado. encontrado sob as mais diversas condições, .seja como saprófita. ou ein certos casos, acarretando efeitos patogênicos específicos. Em vista dos seus achados acredita que a causa bacteriológica do Pênfigo ainda não foi esclarecida. O pleomorfismo do estreptococo sugere a possibilidade de ser o "l»acilo de Eber- son" um tipo pleomórfico do estreptococo. Mc Even (13), em 1928. relatou um caso de Pênfigo Crónico e relacionovi as manifestações clinicas com as observações bacteriológicas. O trabalho foi orientado, supondo ser a doença devida a uma infecção sanguínea de origem focal dentária. Isolou do seu caso estreptococos hemoliticos por hemocultura e as bolhas mostraram crescimento dos mesmos c estafilococos dourados. Na necrópsia isolou estreptococos hemoliticos de um abcesso do pescoço, do tecido 5 B. Maiíhi — O papel do estrcplococo no Pênfigo Foliaceo 147 ■ bolha estrcptocócica. lóü Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Leonc (25), em 1938, justifica o seu substancioso trabalho, dizendo que entre as diversas teorias da Dermatite Herpeti forme (*) existe uma que atribue ao estreptococo a causa da doença. Os argumentos deriram. em parte, das pes- quisas bacteriológicas e sorológicas e, em parte, da obser\-açâo clinica. Realizou exames bacteriológicos em 12 casos de Dermatite Herpetiforme. com o escopo de estabelecer qual a parte que diz respeito ao estreptococo na etiologia dessa dermatese. Seus resultados principais foram: 1) que a reação Inilhosa obtida com vacina estreptocócica ou com estreptococos vivos não demonstra a impor- tância etiológica dêsse germe, porquanto, idênticas reações foram obtidas com vacina gonocócica e com estafilococos «vos; trata-se. portanto, de uma reação isomorfa, análoga ao sintoma de Kõbner no psoríase. 2) Xem mesmo a pre- sença frequente do estreptococo no liquido de bolha pode ser considerada como uma prova de que tal lactéria possa ser responsabilizada pela gênese da derma- tose. 3) Admite que o estreptococo penetra secundariamente através da cúpula cb bolha: esta dedução foi plenamente confirmada, demonstrando que cúpulas de bolhas espontâneas ou artificialmente provocadas são permeáveis aos estrep- tococos. 4) Concilie .u do PénfÍRo, foram rstodadoa no prrrmtc trabalho, a titn'o dc cootredr, 5 dornt^ atinfridM desM afrcçio holbosa. 10 B. Mario Mourão — O papel cio estreptoeoco no Pênfigo Foliaceo 151 ceclores de muitos fatos até agora obscuros no seu quadro clínico, niotiraram a presente publicação. orientacjão experimental foi assim planejada e executada: 1 ) Prática de epidenncxrulturas ; 2) Prática sistemática de hemcxnilturas ; 3) Verificações bacteriolcjgicas "ante e post mortem”. Isolado qualquer genne. desde que oferecesse interesse, era o mesmo con- servado no lalxiratório para estudos posteriores. Relativamente aos estreptcxrocos hemolíticos, o seguinte critério foi adotado: a) Identificação (morfologia, caracteres ecológicos e culturais, proprieda- des 1iioc{uimicas, classificação sorológica) ; h) Patogcnicidade para animais de laboratório; c) Produção e estudos sóbre as toxinas (ações tóxicas para pequenos animais, eritematógena. eritrocitolítica e fibrinolitica). O estudo das numerosas amostras de estreptococos isolados foi feito com- parativamente com outras do tipo heniolitico c j)atogénicas para o homem, as quais, quasi todas, estão inebidas no grupo sorológico .4 da classificação de l^ncefield (31). Os germes isolados de outras dermatoscs Iwlhosas essenciais, pertencentes ao complexo grupo do Pênfigo, que tivemos oportunidade de observar, a titulo dc comparação, mereceram igual tratamento. Para o controle das pesquisas necróticas. c.xames bacteriológicos, nas mes- nias condições técnicas, foram efetuados em cadáveres cujo óbito fora devido a óutras doenças. O presente tralalho é ainda precursor doutra série dc estudos experimen- tais. muitos dos quais já iniciados por nós. referentes ao aspecto imuno-clínico do Pênfigo Foliaceo. em face dos estreptococos e de suas toxinas di fusíveis. N’ão resta a menor dúvida que. dada a intervenção desse ubiquo grupo de ger- tties na marcha evolutiva tUi demiopatia que constitue o objeto desta dissertação. Uni melhor conhecimento das reações imunitárias provocadas por êles no orga- uisnio dos jienfigosos, com certeza oferecerá margem a numerosas pesquisas que. possivelmente, poderão facilitar o diagnóstico biológico e. talvez, foniecer liascs racionais para a tentativa de uma imunoterapia anti-estreptocódea es- pecifica. ativa ou passiva, ministrada isoladamente ou associada à quimioterapia. nossa tese será exposta por partes, de acórdo com as diferentes fases do 'rabalho realizado, procurando-se seguir uma sequência previamente estabele- ^da. de modo a concatenar da melhor maneira os diversos temas a serem trata- 11 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 152 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII dos, bem como tomar menos fastidiosa a leitura de assuntos quasi que exclusi- vamente técnicos. E’ nossa intenção, e para isso faremos o pxjssivel, procurar relacionar, à luz de fatos objetivos, os casos clinicos com os achados bacteriológicos. As seguintes abreznaturas se verão nos quadros demonstrativos, gráficos e diagramas do nosso trabalho: a =: ano ac = ligeira acidiíicacão .\c = acidifica ção ,\CP = acidificação e coagulação pardal ACT = acidificacão c coagulação total Am. — indivíduo de raca amarela B = estado geral bom Br. branco B. K. Badlos de Koch B. subt. = BaciUus subtilis CP = Coagulação parcial CR' = coagulação total e redução comp!eta cr Coagulação parcial e redução incompleta CT coagulação total DCG = dermatose crônica generalizada Der. peric. derrame pcricárdico Der. perit. = derrame peritotical Diplococos diidococos Gram positivos não identificados D. pn. =r Diflococcus fHfumoniae DR = dermatose em regressão FD forma distrófka K. fr. forma frusta F. G. =: dermatose do tipo foliáceo generalizado H. dermatose do tipo hiperpigmentado I. b. = dermatose na fase de invasão boihosa. intr. = via intra-dérmica hem. hemolítico ou hemólise L = liquefação •M estado geral mau X = normal, fora de obsersacio P estado geral precário Pd = pardo per. = via peritoneal Pr. preto Pr. anier. = Proteus americanus Pr. vuIr. = Proleus vulgaris Ps. aer. = Pseudomonas aeruginosa R = estado geral regular S sobreviveu Staph. = Siaphylosoccus 12 B. Mario Movr.ko — O papel do estreplococo no Pênfigo Foliaceo 153 btr. ind. — estrcptococo indiferente Str. hem. zz estreptococo hemolhico sübc. = via sub-cutinea tbc zz tuberculose pulmonar ti. = via transocular V — via venosa X = cstreptococos não classificados nos grupos sorológkus .■\. B e C. + + -1- zz numerosas colônias ou abundante crescimento bacteriano. + + = frequentes colônias ou regular crescimento bacteriano. + — raras colônias ou escasso crescimento bacteriano “ + = bemol ise total — hemôlise franca 2 + =z hemólise fraca 1 + = início de hemólise (traços) t zz morte. Além dessas, omras abreviaturas se encontrarão no decorrer da nossa ex- posição, facilmente compreensíveis. Nos doentes de Pênfigo Tropical geralmente se observa um estado sub- ■fcbril vesperal, geralmente não ultrapassando de 38° (febre de supuração). Porisso o negrito, nos gráficos térmicos, indica temperaturas superiores a 37°5. C.^PITULO IV CASOS CLÍNICOS O presente estudo é o resultado de veri f icaç<3es bacteriológicas praticadas 160 doentes de “Fogo Selvagem”. O material patológico constou de sangue, crostas e liquido de bollias. pro- venientes de doentes em vários estádios clínicos e de sangue colhido por punção ^fdiaca, fragmentos de órgãos e liquidos orgânicos anormais conseguidos em ^'ecrópsias. .\ distribuição dos doentes, conforme classificação clinica, foi a v^Kuinte : Fase dc invasão bolhosa inicial .Vi Formas generalizadas crónicas 87 Forma distrófica (dermatose generalizada) 15 Forma frusta (dermatose localizada) 12 Forma de regressão 8 Caso curado, sem sequelas da dermatose 1 Caso curado, com sequelas da dermatose 1 Incluimos como formas generalizadas crônicas, para maior facilidade de ^^posição. os seguintes tipos clínicos da classificação de \ ieira: a) forma gran- 13 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 1Õ4 Memórias do Inslituto Butantan — Tomo XVII demente bolhosa; b) intensamente foliacea: c) pústulo-lx)lhosa ; d) hiper- piginentada; e) eritrodérmíca ; f) herpeti forme; e g) papilomatosa ou ver- rucosa. Ainda tivemos a ojwrtunidade de estudar outras dermatoses I>oIhosas pri- mitivas. a titulo comparativo, como já referimos, sendo 5 casos de Dermatite Herpetifonne de Duhring, 1 caso de Pênfigo Vegetante (Moléstia de Xeu- mann) e 1 caso de Pênfigo .-\gudo Febril, realizando-se exames bacteriológicos de sangue, crostas e liquido de bolhas. Em regra, os doentes foram trabalhados logo em seguida ao seu interna- mento hospitalar ou na sua primeira consulta no nosso ambulatório, antes de ser iniciado qualquer tratamento. E’ oportuno referir que não nos foi dado obser- var doentes de Pênfigo Ftliaceo com menos de 1 mês de doença. Geralmente os individuos acometidos de Pênfigo são oriundos das zonas rurais do Estado, gente de laixo nivel de instrução e de hábitos higiênicos rudimentares, que so- mente prcKuram assistência médica quando seus padecimentrs se agravam, de modo a causar apreensão ou temor. Sem|)re. no momento da colheita ile material, avaliava-se. ajjós informação médica e exame clinico efetuado no dia, o estado geral dos doentes e tomava-se a temperatura axilar. Êste estado foi classificado, obedecendo à .seguinte dis- tinção : a) Precário: Doente impossibilitado de qualquer movimentação: estado de nutrição i)éssimo: extrema caque.\ia; mucosas descoradas: membros su])crio- res e inferiores em flexão |>emianentc sôbre o corpo; fácies de grande sofri- mento ; asjxxrto senil ; dqjressão da atividade psiquica : dennatose generalizada- b) Mau: Doente ao qual ê possivel sentar-se no leito e caminhar apoiado cm outra pes.soa. embora com grande dificuldade: estado de nutrição mau: ca- quexia adeantada: nmeosas descoradas; flexão dos membros superiores e infe- riores sôbre o corpo, mas sendo possivel a extensão dos mesmos; fácies dc grande sofrimento: aspecto senil; nitidês da inteligência: dennatose generalizada. c) Regular: E’ o estado geral que a maioria dos penfigosos apresenta: caminham com dificuldade mas sem qualquer apoio, apresentando a marcha tipica anti-álgica; preferem manter os membros superiores e inferiores em flexão so* bre o corpo; estado de nutrição deficitário: fádes angustioso; aspecto senil; in- teligência integra; dennatose generalizada. jKxlcndo haver pequenas zonas de epidermização. d) fíom: Estado dc nutrição l)om; o doente caminha normalmente; d^' cúbito indiferente: inteligência normal; dennatose com tendência à regressão ou apenas localizada. 14 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 B. Mario Movhão — O papel tio estrcptococo no Pênfigo Foliaceo 155 CAPITULO V KIM DERMOCÜLTÜRAS A) CASOS ESTUDADOS Realizamos exames bacteriológicos de eflorescências cutâneas em 55 casos com formas iniciais, crônicas e de regressão. Examinamos também dois casos curados: um há nuis de dois anos, sem sequelas da dermatose, constando o ma- terial colhido de pele normal, retirada por escarificação, e outro, curado há mais de cinco anos, com sequelas da dermatose, tendo sido colhido material de lesões ]>a]>ilomatosas. .Ainda tivemos oportunidade de retirar material patológico em 5 casos de Dermatite Herpeti forme de Duhring e em um ca.so de Pênfigo Agtido Febril. De acórdo com a classificação 'clinica, os doentes de Pênfigo estudados, fo- t^m distribuidos do seguinte modo: Fase inicial de invasão Ixilhosa 16 Formas generalizadas crónicas 21 Forma frusta (dermatose localizada) 8 Forma de regressão 8 Caso curado, sem sequelas da dermatose 1 Caso curado, com sequelas da dermatose 1 Incluimos os casos de forma distrófica estudados entre as generalizadas crô- tiicas. jxir náü liaver grandes diferenças entre a flora cutânea dclafi, segundo nossas verificações. Xos casos aqui mencionados fizemos, em geral, mais de uina epidermocul- tura e sempre tivemos o cuidado de colher material de mais de um elemento t^ntâneo. Assim, exemplificando, de um caso crônico com a dermatose genera- lizada. em recrudescência bolhosa, que apresentava bolhas limpidas e várias puru- ientas. colhemos .separadamente material de várias bolhas limpidas e de várias pu- rulentas. como também de crostas em diferentes zonas. B) CONDIÇÕES TÉCNICAS Xos exames lacteriológicos dc lesões tegumentares, levamos em consideia- <;ão certos cuidados que reputamos indispensáveis para 'a unifonnização técnica c para afastar, quanto possivel, causas de erro decorrentes da própria naaureza 'io e.xame. Êsses preceitos sáo, em linhas gerais, os seguintes: 1 ) — Os cuidados dc assepsia não devem ser desprezados, tendo-se o maior zelo na obtenção do material, de modo a evitar contaminações adventícias. 15 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 156 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII 2 — Os utensílios e instrumental de exame devem estar esterilizados e as mãos do operador devem ser desinfetadas. 3 — Os doentes não devem ter feito qualquer tratamento externo. Caso contrário, o exame só deve ser realizado depois de 48 horas, proibindo-se qualquer aplicação medicamentosa e evitando-se, até mesmo, o banho de imersão em água comum, neste período. 4 — O material deve ser colhido em lesões de recente formação. 5 — As semeaduras nos meios de isolamento devem ser efetuadas dentro do menor espaço de tempo após a colheita. 6 — O material deve ser colhido em sala fechada, ao abrigo de correntes de ar, com a presença apenas do operador e auxiliar. C) MATERI.\L COLHIDO 1 ) — Bolhas. Somente se colhe material de bolhas intactas, não dilaceradas e de recente formação. Interessa-nos, no presente trabalhe, tanto as bolhas de lí- quido límpido e citrino, quanto ás de liquido turvo e purulento, A colheita é teiia separadamente. A técnica de extração do líquido flictemar consiste na sua aspiração com seringa ou com pipeta de Pasteur. Sendo a quantidade obtida pequena, deve-se efetuar imediatamente a diluição do material em caldo glicosado para as respectisas semeaduras. A agulha de punção não deve ser de calibre muito reduzido, porque, si se trata de liquido purulento, há a possibilidade de sua reten- ção na luz da agulha. A desinfecção é praticada com tintura de iodo, retirando-se o excesso com álcool absoluto e esperando-se a esaporação dêste, a-fim-de evitar que possa ter alguma ação sóbre a vitalidade dos germes. 2) Crostas. As crostas, escamas e retalhos epidérmicos são colhidos em locais de recente rutura de bolhas ou em zonas de bollias flácidas de invasão ex- cêntrica. Não existindo bolhas macroscópicas, colhe-se o material que reveste le- sões exsudativas. Habitualmente não praticamos a desinfeção local. A desin- feção é relativa e pode ser feita com salina fisiológica esteril, por pensos demora- dos ou lavagens com gaze esteril. O material sólido, chegado ao laboratório, é desintegrado cm gral esteril por trituração, dissolrido em caldo-glicosado e emul- sionado por meio de pip>eta de Pasteur, depois do que são realizadas as semeadu- ras nos meios indicados. 3) Punção cni base de bolhas. Após a desinfeção cuidadosa da bolha es- colhida e do tecido circundante, introduz-se na sua base uma agulha hipodérmica montada em seringa de tuberculina, contendo 0,1 a 0.3 de caldo-glicosado. A introdução da agulha deve ser feita lentamente e a transfixação da pele da ma- neira mais superficial. O caldo-glicosado é injetado \agarosamente, movimen- l(i cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 B. Mario Mour.\o — O papel do estreptococo no Pênfigo Foliacco 157 Undo-se a seringa em várias direções, de modo a espalhá-lo uniformemente. As- pira-se a seringa várias vezes, procurando-se \-ariar a direção da agulha. O lí- quido obtido (serosidade -f- caldo) geralmente é quasi nulo, permanecendo muita vez na luz da agulha. Lava-se a seringa várias vezes com caldo-glicosado, no próprio tubo que servirá para as semeaduras iniciais. Procura-se, dêste modo. aproveitar todo material. Todos êsses movimentos são feitos de modo a não se romper á Ixilha. Xa forma frusta, sem bolhas, transfixamos a pele sã no limite s de 5 doentes, para maior facilidade de exposição. 1. Fase de invasão bolhosa. Quadro I s.. Nome No. Obs. « Cor -5 5 .2 ^ Z c £ £ w b d* •• Bolhai liquido limpido Bolha» liquido turvo (purulento) Pur.çSo em ba»c de l>olha CROSTAS 409 p.un. 543 .34 a. Pr. 1 m. Hrp. Au^. rre»c. bactéria no Strept, ktmei. St»pk. úurfus Aus. cre»c. bacierisno - 426 547 !5 a. Ur. 1 m. Hom Auft. erei^. bacteriano Strfft. krm&L Stapk. oibnt Au», cresc. bacteriano - ta :, L L. 575 36 a. Pd. 1 m. Rc(5. Au», crew. bacleriaBo Strept. Armo/. Stêpk. anreuj Au», cresc. bacteriano Streft. krmoL Sitfit. aarnu BaciUtu tp. 492 J. .M. 560 19 a. Br. 4 m. Bom Stéfk. 9Mte*s Stffpt. krmcf, Stépk. m»renj Au». cre»c. bacteriano StTfpt. krmoi. Stmpk. anrmi 3S7 1. J. 539 38 a. Br. 6 m. Rr*. .Aus. crcsc. bacteriano Strept. ktmei, Stépk. anrnu Aua. cre»c. bacteriano - Constitue um grupo de doentes que apresenta resultados uniformes. No Quadro I apresentamos 3 doentes em que a dermatose começara um més antes e 2 que ainda estavam na fase de invasão, quatro e seis meses depois do ini- cio da doença. Êsses dois últimos casos servem para demonstrar que, mesmo com um periodo prolongado de invasão bolhosa, não há modificações muito evi- dentes da flcra bacteriana. Os liquidos de bolhas limpidas são geralmente amicrobianos. Apenas uina vez. em 12 casos, foram isolados Slaf'hyIococcus aiireus. Nunca conseguimos iso- lar estreptococos. No liquido de tx)lhas purulentas os estreptococos do grupo hemolitico estão sempre presentes, associados a estafilicocos acromogênicos e cromogénicos. A ausência de outros germes piogênicos demonstraram sempre a primazia dos es- treptococos e estafilococos na infecção dos elementos bolhosos. Nos exames de crostas, colhidas em lesões exsudativas (geralmente bolhas flácidas dilaceradas), sempre foi possivel isolar estreptococos do grupo beta (he- moliticos), como também outras bactérias, cuja frequência obedece, respectiva- mente, esta disposição: Staphylococcus- albus, Staphylococcus aureus, Bacilus sp- Coryncbacterium sp. e uma única vez Escherichia colt. Todos os estreptococos 18 I B. JUrio Mourão — O papel do eslrcptococo no Pênfigo Foliacco 159 isolados pertenciam ao griijxj hemolitico com excepção de um único caso em que i=olamos Strcptococcus do grupo gavta (indiferentes). Em todos os casos em que foram insulados estreptococos hemolíticos a dermatose se generalizou. íío doente em que obtivemos estreptococos inertes houve uma repressão rápida da dermatose. Vamo.s resumir a sua observação clinica: I J. T. V.. observação 436. 25 anos, branco (Figs. 1 e 2). Ex^mc cínico c catado geral Exame li«.;te- riHôgico de CTíístas Ilrmccultoras c bemograsna l-IC 40 .\ iroIrMU trve iricip há 8 iséM', Isolados 5“feef- HcmucuUura negativa. na TCfi&o antrrior do pc^coco. cm coo- fecocev/ iodife* Hemograma: neutrofilia com desvio tn* »ct(ucncia üc ferimento (sic). Apó» 5 rentes e Sfs* tenso para a esquerda. Eosinopenia meses, a dermatose alastroose pelo phyíacotnu «/• (0.5%). («infopenia (9%). Granula- torax anterior e posterior, abdocDen. membros sap. e tnf.. Re£ere*se a sor- to» febris, dores moscciares e setis£- Câo de fria Nkkolskx positiTo. Fase de inrasio bolkota (bolhas flácidas di- laceradas e crostas melicdricas). Esta- do geral reguar. Fácies á* sofrímen* lo (Kig. I). tms. ç6es tóxicas nos neutrófilos. Encon- tradas 2 células ã: irritacio de Tflrk. I*laquetose. 91-41 Alta com regresCo (Fig. 2). O trata- mento consistiu em injrçdrs tnlraveno- sas de breroeto de estrôncio c qatotnc. por via oral, nos J primeiros meses de internamento, enquanto acusou febre vesperal ligeira (nunca acima de 37,9*). Dep('is náo tere mais febre e comeqou a apresentar sen«iveis toelboras. Hemograma: Ltucóciios. 135.000. He- mátias. 4.500.000. Hemoglobina, 97%. Neutrofüia com desvio para a esquer- da. Eostnófilos em nàmero normal Í3.4%>. T.infopenia (9%). Ausência de elementos anormais nas séries bran- ca • vennetlu.. Plaquetos.*. .A punção em base de bolhas, nos casos cm que a fizemos, deu resultado ne- l?ativo. Em conjunto, a presença de estreptococos. na fase de invasão bolhosa. foi : Pre>ença de estreptococos em liquido de bolhas limpidas = 0%. Presença de estreptococos em liquido de bolhas purulentas e em crostas = 1007c. 2. Formas generalizadas crônicas (Quadros II, III e IV). Os estreptococos do grujx) bela, nos doentes com dermatose generali- ^da. estão sempre presentes no liquido de bolhas purulentas e nas crostas. No ^í^aterial purulento colhido em 10 casos, os estreptococos hemoliticos foram iso- ^dos em cultura pura ou associados a estafilococos brancos c dourados, não se 19 160 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII isolando outras bactérias. Xos exames de crostas de 21 casos, os estreptococos hemoliticos estiveram sempre presentes, acompanhados de outros germes, os quais se destacam, na s^inte ordem de frequência: Staphylococcus albus, Staphylo- coccus aureus, Bacillus sp.. Corynebacterium sp. (difteróides) e de um caso de Diplococcus pneumoniae. Nos 6 casos em que existiam bolhas de liquido citrino e de recente formação, duas vezes obtivemos estreptococos hemoliticos em cultura pura. Não isolamos estafilococos. í . ! r-€T '. ■ i f Fic. 1 J. T» V.» 46J, na data de »ru interna- mento. Caso •inicial de ineasio bothoaa. Fic. 2 /• T. V., ol». 463. Regressão das lesões neas depois de 6 meses. Com tais resultados, êsse grupo de doentes, numa análise panorâmica, apa- renta possuir uma flora bacteriana uniforme, parecendo não haver possibilidade em se retirar quaisquer dados que possam ser relacionados com o quadro clinico. Entretanto, numa análise mais profunda, conjugando os resultados dos exames bacteriológicos das lesões cutâneas com os das hemoculturas e de outros exames, particularmente dos casos em que foram isolados estreptococos cm cultura pura de liquido de bolhas, é possivel entrever dados que se coadunam perfeitamente com a gravidade dos casos clínicos. 20 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 B. Mario Movrão — O papel do eslreptococo no Pênfigo Foliacco 161 Quadro II DERMATOSE GENERALIZADA Exame tocleriológico de bolhas purulentas, com crescimento de Stre/>i. hettiol. em cultura pura No. Nome No. Obv Idade Còr Inicio (la mol(*^lia S — m w * Sc liolbas liquido limpido Bolhas liquido turvo (purulento) 153 18 «. Br. 2 m. .M.u «2 Strftt. 496 23 a. Pr. 8 m. .Mau 506 Stre^. krmoi Strtft. íumei. 330 A. \. 27 a. IJr. 9 m. Mau 463 — Slrrft. htmol. 18 6 a. Br. la. Re(t. — Strfft. hrmet. 276 30 a. Pr. 8 a. Reg. — Arma/. Prucjrenios interpretar os casos reunidos no Quadro II, fazendo um re- sumo de suas observações clinicas e dos exames subsidiários que nos interessam : M. L. A., observação 462, 18 anos, branca (Gráfico 1) Data Exame ciroico Exame l>acteriológico do líquido de bolhas Hemocultura U-I-41 Doente há S meses, início por lesões bolboMs na face anterior do tórax. Ao fim de 1 mês a dermatose se generalizou. Apres nta atualmente dermatose geocrali. zaoa do tipo amplamente bolhoao. Estado geral i^eeâ* rio. Queixa-se de cefalêia e mialgias intensas. Inape- tência absoluta Caso gravíssimo, de miu prognóstico. Is(4ados estreptococos berooliticof em cultu- ra pura de bolhas límpidas e purulentas. Negativa. 2S-1-41 Faleceu às 17,50 bs. A temperatura na última semanr antes da morte atingiu a 40* (Grifíco) I). 21 16? Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII A. D., observação 308. preta, solteira, 23 anos. (Figs. 3 e 4, Gráfico 2). Data Exame clinico Exame bact. do liq. de bolhas Hemoculturas Outros exames 1-10-41 Doente há 7 tnc»es; inicio por bo- lhas prurífinosas no tórax. Aprcaen* U atualmente leaóea croetoaas circuns- critas nas regiões malares; numerosas bolhas de liquido límpido, isoladas, com tendência i coofluexscia e le- sões crostosas, com aspecto de arqni* pélago cartográfico, nos tóraxes an- terior e posterior e membros supe- riores. Da cintura para baixo a pele está isenta de lesões. Afebril. Nkkolskx positivo. Sulfanilamida por via oral deu bom resultado. Dias.; Forma frusta (Fig. 3). Auséneta de cres- cimento bacter*a- no era material ctJhido ue bolha liropida de forma- ção recente. Xâo p.ssu*a bolhaS de iWinida purulento. Negativa. 1-12-41 Repmtinamente, a dermatose assu- miu um aspecto grare. Recrudes- cência bolbosa intensa após aplicado de sóro antÍ-escarIatlnko (6 ampólat de 20 cm*). Removida imediata- mente para o Hospital do Isolamento de Campinas, em vista do agrava- mento do estado grral. 22 B. M.\iuo Mocr-ío — O papel do estreptococo no Pènfigo Foliaceo ICd Data Exíac clinico Exame bact. do liq. de bolhas Hemocul taras Outros exames 11-2-42 Internada no Scrriço do Pèoíigo. Tipo foliáceo generalixado. Estado geral máu. Temperatura 3S* (tarde). (Fig. 4 e Crifico 2 — Temperatura da hora da coUieita de material assi- nalada com seta). Ausência de cres- cimento bactéria- no em bolhas lím- pidas. Em bolhas de líquido turvo crescimento de Streft. kact. do liq. de bolhas Hemoculturas Outros exames 9-2-43 Estado gera] precária Extrema ca- quexia. Quimismo sanguíneo: Goro plaamático ^ 393 mg % ; d oro glo- bular = 244 mg % : índice clorêmico — 0,57. Reserra alcalin* = 50,7 vol. %. Soro- albumina = 4,7 g % » soro-globulina 3.0 g % ; proteinas totais = 7.7 f%: índice proteico = 1.5. 6-3-43 Em franca fase prc-agònica. Tem- peratura a 37* na colheita do san- gue. Coibidos 500 cm* de derrame pleural por puncáa Hemocultura positira para estrcptocecos bemoiiticos. 11-3-43 Faleceu ás ]0bs25. A bipertermia prc^mortal chegou a 40*2. N«o pu- demos fazer os controles bacterioló' gkos post-mortais. 24 D.« obft. 508» qoando de 1>* cootoltaL Caso diagnosticado como fôrma fnssta. Fic. 4 O zn 9ino ca»o Ua Fif* •)» <)oatro m'9C% cora a dcrroatosc ^mcralixada do tipo íoliicco. 166 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII A. L. V., observa<;ão 463, 27 anos, branca. (Figs. 5 e 6) Dzti Exame clínico Exame itacteriológico de liquido de bolhas Outros exames 13-1-41 A dermatose começou bá 3 loicses com lesões critematosas generaluadas c muito febre. Há 1 mè$ surgiram lesões bolbosas no tórax ante* rior que se alastraram para o tórax po*t., ca* beça, membros sup. c inf.. Atualmente lesões tolhoaas circunscritas ao tórax anterícr, cabeça e rosto. Febre, diariamente, acima de 38*. Do- res reusculariS generaliaadas. Hemucultnra negativa. 25-5-41 Apresentou regressJk» quasi total das lesões. Alta hospitalar (Fig. 5). Hetmxultura positiva para Strr^o«4bosas. £st. geral regular. Ainda apresenta «intomas de omturhacões mentai«. Xuroerosas colônias de estreptccocü* hemo* Uticos e raras de ts- tafüococos ã^hms. das bolhas purulentas. Hemocullttra negativa. 2-2-41 Estado geral miu. Recnadescênc*! biJhosa vio- lenta. Edema generalis^do. Numerosas colônia* de estreptíjcocos he- moliticos em cultura pura de bolha puru- lenta, de recente for- mação. Não tinha bo- lhas de liquido lím- pido. Nâo foi possível co* lher o sangue para hemocultora. 22-1-42 Faleceu as 14.40 bs.. Nio foi feita necróp* sia. 26 168 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII P. S.. observação 519, branco, 6 anos. Data Exame clinico Exame bacteriológico de liquido de bolbas Outros exames 2-10-40 Há njats ou menos ura ano cocne^ou a Ocrmatose Presença de estrepto Hemocultura nefatira- por lesóes no conro cabclodo, com (eneraltzação cocos hemoliticos em rápida em 10 dias. Fcrma distrófica. cocn dcr- matose seneraltaada, do tipo fdiiceo. Apresen* toQ desde o mido da molcttia parada do cresd- raento. Atraxo menta] e psíquico. Maírcaa hipofisária. Nanosômico e mícrofcoitosôrnico. Infantiltsma cultura pura. 3-4-42 Faleceu ás 10,45 hs.. Nâo foi feita a necropsia. A. P. S., observação 271. preta, 30 anos (Fig. 2). DaU Exame clinico Exame bacteticlógico de líquido de bolhas Outros exames lJ-,1-40 Doença há S anos. cemecando por bolhas na re- giáo anterior do tórax, generaltsindo-se em pou- cos meses. Atualmente condicÓes gerais boas, com bom estado de nutrição. Surtes bdhosos frequentes e geseraluados. Hiperpigmentada. Seios desenrolridm. Amenorréta desde o início da doença. Hemocultura nega**^ lS-5-41 Surto bolhoso riolento. Entretanto, o estado Somente existem bo> Hemoc^ama: Ligtif* gera] da doente continua bom, lerando vida lhas purulentas. Is Quadbo III DERMATOSE GENERALIZADA Casos com hemocultura negativa. Ex. bacteriológico de crostas No. Nome No. Obs. Idade C'»r n ^ ^ é — ^ 'ã È K«lado Geral ReaulUdo Ob^erraçÔc» .VM A. N. 362 34 a Br. •Vd. RtR. Strtf^t. hrmoi. Sta(‘k. élhns C^ryneb^erimm sp. Faleceu 443 V.C. 549 31 a. Pr. 5 m. Keg. S$reft, tuwwi. Sto^K úlbus 407 M.C.P. 542 52 a. Br. 6 m. Ur*. Strept. lumúl. Stapk. úlbMs 320 F..VP. 497 36 a. Pd. 7 m. Rrx. Strrpt, íumôi. St^pk, albns Dipl, pnr^imcnia^ Falreeu 336 P.RL. 473 35 a. Br. 10 m. Rf(ç. Strept. krm^. StapK mibtts S9^k, avrraj Faleceu 29 170 Memórias do Instituto butantan — Tomo XVII Fir^ 9 Dttalhc lie Ie<õ«> penfifous do tipo foliiceo (eritroderniia e em uma mulher doente hi dotf anoa. Ob»rrvar atrofia mamirt.i. L)o tipo foliaceo generalizado e do tipo distrótico-foliaceo, ccni heinoculturas positivas para Strcptococcus do grupo beta, são os doentes apresentados no Qua- dro IV'. Xota-se que a maioria já morreu e que a dermatose se iniciara há muitos anos. Observa-se também que a flora cutânea se compunha de estreptococos he- moliticos e de estatilococos brancos e dourados, sem haver associação com outras bactérias piógenas. Êste grupo de doentes será alvo de comentários especiais uo capitulo dedicado às hemoculturas. Qua»«o IV DER.M.ATOSE GEXER.\LIZAD.\ Casos com hemocultura positiva para Streft. hemol. Exame bacteriológico crostas No. N". Oh-*. Idadi* Cnr ç ? J i i £ y u Rr-nttado Kl K. \\ :ü4 22 a Pit 4 m. Prcc..- rio Strrpi. hrmcl. Stãfh. MmrruM Falecfu .■»7 C.F.L. 193 30 a. Pd. 2 a. Mau Street. krituJ. SUfh. üJhms Fal««a 4^3 a T. t7S 1.3 a. Pd. 7 a. Rrtc. Streft. krmei. oJtui 17 N. 1». õh It a. Br. 7 a. M.u Strrf-t. hrmoi. Sta^k. cibut Falecrti 41 n. s. .*»! .16 a. Bf. 7 a. Mau Strtff’ hrmoi. SUfk. omretij FaJecru 30 B. Mario Movrão — 0 papel ilo cstrcptococo no Penfigo Foliaceo 171 Todos êsses fatos demonstram, nitidamente, que nas fonnas generalizadas crónicas — inclusive as do tipo íoliáceo — há predominância de estreptococos na infecção cutânea, tanto nos casos em que a dermatose era de generalização re- cente. quanto nos de evolução mais longa. A percentagem da incidência de estreptococos hemoHticos, foi a seguinte : Presença de estreptococos em bolhas purulentas e em crostas: 100%. Presença de estreptococos pura cm l>olhas de liquido citrino: 33,33%. 3. Forma frusta (Quadro V). Xa forma frusta não hâ uma infecção estreptocócica cutânea intensa, como tias três formas clinicas já estudadas. A cstreptococodermia existe na minoria de doentes. Das 8 casos examinados, apenas dois mostraram a presença dc estrepto- cocos: uma das amostras isoladas pertencia ao grupo (jama (inerte) e a outra 30 grupo beta (hemolitico). Dos casos restantes, foram isolados estafilicocos ■tlhus ou atireus; ausência de outros gennes. Quad«o V FORMAS FRUSTAS Exame bacteriológico de crostas No. Nomr No. Oh%, ld«dr C.V jt ,2 c C J Ê •3 « 5 t m .« iJm Cro«4tas Puoçio haae jO E. .M. 426 21a. Br. 5 m. Bom Sféfíi. a/bmi — 4.% J. R. 524 23 a. Br. 10 m. Bom a\u»cncia CTT*cim«ito bacterianu V)8 J. M. 577 19 a. Br. 1 a. Bom Slrrf^. indtfc renlç Stã^A. a/buj .\u.«encta crvtciro^to bactrnano 535 J. G. 576 21 a. Br. 4 «. Bom Sté^k. 0wreuj •\a»mcta crescimento bacteríano 46K F.. S. 460 25 a. Br. 7 a. Bom — Vejamos a observação do doente em que foi possivel o isolamento de estreptt»^ ^ocos do grupo gama : 3t cm ISciELO D 11 12 13 14 15 16 172 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII J. M-, observação 577, branco, 19 anos, russo (Figs. 9 e 10). Oau Obsenração clinica e estado gera! Ex. bact. de crostas Outros exames 12-5-42 Começou bâ 1 ano com manchas eritematosas no Presença de estrepto- Hemocultura negativa. rosto e tórax ao mesmo tempo. Nunca teve cocos indiferentes e Hemograma: ligeiro bolhas. A CTolaçâo foi lenta. No rosto a dis* de estafilococos bran* desvio para a esquer* posiçio das lesões é atípica: não assumiu o aspecto em vespertUío na região malar, sendo as lesões situadas, prixtctpalmente na fronte (Ftg. 9). No tórax (face anterior e posterior) o aspecto morfológico é também anormal: g dermatose não abrange a parte médk>>torixica (Fig. 10) (*). Estado geral bom. Sensações subjetiras exter- nas mínimas. Nkki^skjr negativo. cm. da. Eosinofüia intex»* sa (18%). Exame de fezes: presença de ovos de AVesior. Fic. 9 J. M.. ob». 577 — Forma fnista. Dispo siçâo atípica daa les^s do reata (*) O Pènfigo Tropical atinge babitoalmentc no inicio ai regiões de predilcçio da dermatite sebot* rêíca e do lapos eritematoao; na face (qnasi sempre cm rcspeCíUo), nas regiões pre*esternal e iotef* fscaptilar. Na forma fmsta esta dispesicio dermatológka também é regra. 3 ? B. M.UUO Movrão — O papel do estrepiococo no Pènligo Foliacco 173 Fic. 10 J. y., ob*. 577 — Aspecto asônulo de lesões de forma frusta, nio te cocfluíodo para a parte médio-torizka. A evolução da dermatose no doente em que conseguimos cstreptococos hemo- liticos foi bastante interessante. Tratando-se de um caso de ambulatório, não tivemos oportunidade de examinar as crostas, quando em sua primeira consulta. Os dados dinicos e achados de laboratório, referentes a êsse doente, podem ser assim sintetizados; P. E.. obsers-ação 501, 48 anos, branco, brasileiro (Figs. 11 e 12); Dau Exsme dioico Exame bactenológico de tiqnido de bolhas Outros exames 24-5-41 Doente bi 8 mêses. A dermatose começou no abdômen por bolhas prurífínosas e manchas aver* Nio tem bolhas. Hemocultura negatÍTa. Heatograma: Leucócí- melhadas. Depois profredio para o tórax ante* rior e posterior. Notam-se lesÕes eritemato- •exsudatiras isoladas, cota tendcocia á cooflaèn- cia, no tórax anterior e posterior e algumas esparsas, nos braccs« Lesio eritéraato-escaroosa cm respertUio no rosto. Nickolskjr positiro (Fig. n). tos 5.900. Hemitias 4.6ÓO.OOO. Hemoglo- bina 85%. Ligeiro desrio para a esquer» da. EosinofUia per* centual e cm numeros absolutos por mm* (10% c 590 mm*). Exame parasitológico de fexes: Presença de ovos de ATrrofor. i3 33 174 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Data Exame clinico de liquido d? bolhas Exame bacteriológico Outros exames r3-2~»2 Voltou i consulta tendo peorado o estado cutâneo. O rosto está qcasi todo inradido. A dermatose alastrou-se por quasi todo o tórax Ausência de cresci- mento bacteriano das bolhas de liquido lím- anterior e posterior. As nádegas, membros su* pericres e inferiores foram atingidas. Lesões eritcmato-rxsndatÍTas. Bolhas lenticularrs com IÍ* quido citrino e purulento. As lesões são doloro- sas. 0 Que nâo acontecia anteriormente (Ftg. 12). pida Numerosos es- treptococos bemol ití- cos e raros estafilo- cocos brancos nas bolhas purulentas. 7-^-42 A dermatose continuou a progredir, terdo peo- rado o seu estado cutâneo e geral. Generalt* saçáo das lesões c emagrecimento acentuado. Queixa-se de febre, insônia e cansaco. Hemocultura negatira. Hemograma: Leucóci* tos S.lOO. Hemátias 5.100.000. Hcmoglo* bina 90%. Ligeiro desvio para a esquer- da. Eosinófilos em nu- mero normal (4.5% ^ 564 mm*). Plaqueto- se. Exame parasitoló* gko de fezes: nega* tiro. Fic. II P. E., ob«. 501 — Lesões eri- têroato-exsudatÍTas c erítèmato- crostosas nio confluentes. Fic. 12 O mesmo doente da Fic* 1 1 Pre^ressão das lesões do pênfigo. A doente A. D. (observação 508, quadro II e figs. 5 e 6). que incluímos i" estudamos entre as formas crônicas generalizadas, foi fichada como caso frusto r 34 B. JL^bio Mourão — O papel do cstrcptococo no Pênfigo Foliacco 175 nessa ocasião, apresentava somente bolhas de liquido citrino, que repetidos exa- mes bacteriológicos mostraram ser amicrobianas. Isolamos, dois meses depois, em surto bolhoso riolento, estreptococos do grapo hemolitico. A generalização da dermatose foi rápida, tendo a doente falecido após 1 5 meses. Seria possivel acreditar que nesses dois últimos doentes foi a presença do estreptococo hemolitico a responsável pela generalização rápida da dermatose, como também, da transformação do quadro clinico de A. D. : de caso benigno lo- calizado a caso do tipo foliáceo generalizado de mau prognóstico? A punção dos bordos das lesões frustas, para e.xame bacteriológico, foi de resultado negativo, mostrando que as bactérias atingiam apenas as camadas su- perficiais da epiderme. A presença de estreptococos, na forma frusta, expressa em algarismos foi- Presença de estreptococos em lesões cutâneas: 25%. a) Estreptococos hetnoliticos 12,5% b) Estreptococos inertes 12,5% 4. Casos em regressão, com sequelas da dermatose (Quadro \’I): Neste grupo de doentes os resultados continuam interessantes, mostrando a importância dos estreptococos na evolução do Pênfigo Tropical, mesmo na fase de regressão. Quadro VI DERMATOSE EM REGRESSÃO Exame bacteriológico de crostas No. Nom« No- Ob». IJadr C*r O 5 § 4 .5 .2 t 1 I m o ■= 5 •S í w = ? ~ w ã 1 s z Resultado Obsr nr ações S99 A.M.S 443 IS >. Br. íiom JUQ. 1940 1942 Jun. 1942 í/rrff. kemoi, mlbuj bsciiltu ttikiHú Lesões crottosas es* parsas. De rex era quando surto bolhoso p^* intensidade. 423 LC.I.I. 372 12 a. Br. Bom Nor. ISS7 Nor, 1941 J«n. 1942 Stffft. kfmoí. Stmfk. sp. Lesões crostosas es- parsas. Recentemente peque- no surto bolhoso. 422 R. S. 247 23 a. Br. Bvm Sot 1929 A br. 1941 Jan. 1942 Streft. kem^. St^Pk. ãmrruj Lesões couro cabelu- do. Recent. surto bolhoso meml)ros inferiores. 482 O- -S. 28 36 >. Br. Bom 1923 1938 Fcr. 1942 Stmpk. «ifru Lesões crostosas membros inferiores. 420 E. F. 235 22 a. Br. Bom Doi, 1932 1937 Jan. 1942 Sl*pk, ãli-uj Lesões escamosas furaxes no tronca 35 176 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Os £ casos que examinamos de dermatóse em regressão tiveram Pênfigo ge- neralizado. A percentagem da positividade de estreptococos foi de 62,5^. Os estreptococos hemoliticos continuavam a ser hóspedes da epiderme em cinco casos que ainda apresentavam surtos bolhosos de pequena intensidade e limitados a res- tritas áreas do tegumento externo. Em todos os convalescentes com estreptococos hemoliticos, a regressão se iniciou há menos de um ano, excetuando-se a doente X. P. O. (observação 192), que desde fins de 1939 apresentava acentuadas me- lhoras. No Quadro VI escolhemos três casos positivos e dois negativos para estrep- tococos. Dos negativos — O. S. (obs. 28) e E. F. (obs. 235) — isolamos esta- filococos albus, sendo os mais antigos dos estudados. O terceiro negativo, dêste grupo de 8 doentes e que não figura no Quadro VI é muito interessante e reser- \-amô-lo para uma descrição mais pormenorizada e a sua observação pode ser resumida da seguinte forma: M. L., obseiA-ação 583, 33 anos, branca. DaU Exame cHoico Exame bacteriolófico de crostas Outros exames 6-6-42 A dermatóse cotoecoa bi 5 meses por lesSes Isolados estafilococos Htfflocultora nefatira. boIboMS no tórax anterior. Ao fia de um mes boure (meraliiaçio das lesões, sendo obrigada a ffuardar o leito por estar impossibilitada de qualquer morimentação. H& 45 dias a derma> tose entrou em rerressia Lesões rritèmato» escamosas no rosto, ao nivet das refiões mala* res. Estado feral bom. do tipo Hemoframa: contagens globais e dosagem de bemoglobina normais. Linfocitose percentual (39%). Vê-se, pois, que se trata de um caso de evolução rápida: generalização cni um mês e regressão ao fim de meses. Não encontramos estreptococos nas crostas. Duas são as hipóteses a formular: 1.® — Não existiram estreptococos nas lesões durante todo o tempo da doença, como sucede na maioria dos casos de forma frusta ; 2.® — Os estreptococos desapareceram da pele desde que a demia- tose entrou em regressão. De qualquer maneira, parece-nos estar ligada à au- sência do estreptococo hemclitico nas lesões atuais, a involução rápida e a be- nignidade do Pênfigo neste caso. 5. Casos curados, com e sem sequelas da dermatóse (Figs. 13 e 14). Seguindo o mesmo método de trabalho, colhemos material de dois indivíduos considerados dinicamente curados. Dos dois casos não isolamos estreptococos, tendo sido isolados estafilococos brancos e bacilos Gram positivos banais. 3G B. M.UÍIO Mourão — O papel do estreplococo no Pênfigo Foliaceo 177 Registamos alguns dados relativos a êsses casos e o resultado das epider- mcculturas : A. A. branco, 24 anos, brasileiro, técnico de laboratório Data Histórico da doença Exame bacteriológico de tequda de lesões Outros exames 25-7-42 A doença iniciou-se em Ferereíro de 1930 por lesões eritematcxxsadatiras do rosto e face an- terior do tórax. Depois de urulen’as. é um caso interessante e ao mesmo tempo é muito elucidativo, no que se refere à evolução e localização da dermatose. Eis a sua observação: Fic. IS C.. CZ90 típico de Densutitc dc Dubrtns. S. G. P.. branco, 54 anos, português (Figs. 16, 17 e 18). Data Exame cUoico Líquido dc bolhas Outros exam;s 24-2-42 A dermatose começou com bolhas na« axilas há um mêv Em sefuida apareceram novos eiemeotos bolhosos no tórax anterior e face io* tema de ambas as coxas. Passou um desinfe* tante forte nas pernas, o qoe fez surfir as lesócs com a intensidade que boje apresenta. Atualmente notam-se numerosas bdbas de vários tamanh<>s. algumas tem vultuosas, na» axilas (Fif. 17) e face interna das coxas (Fif. 16) pernas, abdômen, reftáo fflútea e tórax anterior e posterior. Prescrição medicamentoaa; repouso absoluto e redime alimentar bipotóxico e htpo- clorrtado; banhos diários; esvasiamento das bo- lhas, seguido de pulverização coro talco. Xotar o fácies df sofrimento (Fig. 16). Elxame bacteriológico: Bolhas límpidas: re- sultado negativo. Bolhas purulentas: Crescimento de esta- filococos dourados. Exame citdógico de bolhas límpidas; Eosi- nofilta (27%). Hemogram.’!: Conta- gens globais: Hemá- tias 5.200.000 mm*. Leucócitos 8.700 mm*. Hemoglobtoa 96% e 15,4 g. Valor glo- bular 0.9, Contagens específicas: Neutrofi- lia (77%), eosinope- nía (1%). Itnfopcnia (11%). Ligeiro des- vio para a esquerda. Alguns ncutrófilos com granulações tóxi- cas. Heroocultura ne- gativa. Nos locais onde existiram bolhas ficaram man- chas de cor avermelhada. Observam-se apenas algumas bolhas na face interna da coxa. Notar a diferença de postura e o fácies da Fig. 18. 39 180 Memórias do Instituto Bulnntan — Tomo XVII antrriof- cujocfí*-- 40 B. >Luuo Mourão — O papel do estrcptococo no Pênfigo Foliaceo 181’ Fic. II S. G. I nês dcpots MS K7 >« H9 90 91 92 93 94 95 9t 97 98 99 100 101 102 103 l»4 105 106 107 108 109 110 111 112 113 111 115 T 116 117 IIH 119 I 120 121 122 1 » 124 125 126 127 128 „ 129 N 130 131 132 n 133 134 l.YV 1.36 1.37 ISl I» . 140 y à 142 R lO F 144 O 145 c 146 t 147 X 14H o 149 c »» X laicúii c No. Obsorracâo M. C J. - S. D. M. M. - I. L. J. G. - D. F. - F. A. P. - M.L.A. - R- B. - J.M. - A.M.S. - M.A.S. - P.UR. - A. M. - H. P.L. - E. P. - M. P. - M. B. - .M. A. - aR-J. - M. C - J.E.C - M.CR. - R. E. L. E - D.M.T. - A. G. — A. G. - A. S. - M. T. — R. P. - M. O. - L. A. - A. N. - J.E. - A.G. — G. G.A. - il.J.F. - EM. - A. B. - P. R. I M. E - C. C. -- J. T. V. - A. R. J. - R. O. - .M .CP. - V. C - A. A. - O. CT. - CE - A. A. S. * A. E V. - - T. O. - P. M.S. - A. S. - .VJ.S. - M. B - P. E - D R. - If: ~ J. ES. - M F.B. - R. S. - C C. E P. C.M.M.— J V.S. - R. M.J. - F. F. - P. S. - F. S. F_ A. S. M.R.O. - J.M. - A.M C - E P. — M. B. - S. G. M.Q.S. - A. A.M. - C. E - E R. L V B. - J W. P. - F, M .K. - VMS. — J R. - S. S. - I. F - CF. E - A. F. — T. M — J P.C - F- C. F. .. R. J. E C B. N R. S. A. F. F. P. O. J. N. A.S. E A. F_ F P. 0 I.. T . n p. CT. , S I R. D [. A.F. P S. M. * 6 $ 540 547 575 576 476 497 462 551 560 584 587 54J 4’5 256 264 428 456 442 474 452 500 526 548 457 449 508 477 489 496 499 218 522 562 582 592 450 492 426 405 472 582 420 426 509 511 542 549 556 578 589 588 462 448 229 429 .'48 447 429 96 501 502 524 529 454 528 517 557 455 422 401 512 480 419 550 259 557 577 .511 440 482 479 155 281 524 221 152 277 211 442 26 424 444 292 212 186 392 291 165 242 272 408 498 229 129 67 85 125 179 23* 150 s c z \v. E G. D. F. S V M R. R - M. - 9 _ F C. - V. R. - S 1. - . s. 9 M P.O. - S — R. F. - P. -- 12 478 495 9 460 94 '86 451 271 270 252 XO ;88 .40 .08 5X 54 235 •01 ■94 i5.» 195 5 67 44 10 217 206 401 75 217 168 505 248 II 5 92 28 .'2 23 C6r Temperatura c — " • laicto da .MolesUa Tarlc (Vcípcra) Uaaki (Calbttlê) m •“ 29 a. Br. 37J 374 R. 1 mé« 14 a. Be. 39.2 364 R. 1 més 15 a. Br. — H. 1 més 38 a. Pd. 37.0 374 H. 1 mê« 21 a. Br. 36.9 364 B. 1 14 a. Br. 37.2 364 R. 33 a. Pr. 363 364 R. 2 meaes 18 a. Br. 373 574 P. 55 a. Br. 373 374 M. 2 meses IS a. Br. 37,4 364 B. 2 meaes 61 a. Br. — — B. 2 meses 13 a. Br. R. 2 meses 84 a. Pr. 38.7 384 R. 2 meses 24 a. Pr. 37.7 364 R. S meses 27 a. Br. 37,5 36,8 K. S meses 22 a. Pr. 394 394 St S meses 13 a. Br. 374 364 R. S meses 20 a. Pd. 374 364 R. 3 meses 19 a. Br. 37J0 37.6 .M. 3 meses 2S a. Br. 374 364 R. 3 meses 19 a. Br. 374 37.0 R. 3 meses 19 a. Pr. 574 36.7 R. 3 meses 29 a. Br. 384 374 .M. 3 meses 28 a. Br. 374 374 R. 3 meses 33 a. Pd. 394 374 R. 4 meses 28 a. Br. 37,7 37.1 R. 4 meses 23 a. Pr. — B. 4 meses 9 a. Br. S*v5 37.4 R. 4 meses 11 a. Br. 3E5 37.5 R. 4 ffle>es 23 a. Br. S7«ü 354 P. 4 metes 24 a. Pd. — 37.4 R. 4 meses 38 a. Am. 374 364 B. 4 meses 22 a. Pr. 374 364 R. 4 meses 38 a. Br. 384 374 R. 4 meses 29 a. Br. 364 B. 4 meses 27 a. Br. — R. 4 meses 30 a. Pr. 374 .374 R. 5 meses 43 a. Br. 374 B. 5 meses 21 a. Br. — — H. 5 meses 11 a. Pd. 364 364 B. 5 meses 33 a. Br. 364 364 R 5 mete» 33 a. Br. B. 5 meses 10 a. Pr. 37,6 36,9 U. 6 meses 23 a. Br. 374 B. 6 metes 35 a. Pd. 374 364 R. 6 meses 27 a. Br. 3S,0 SM .M. 6 meses 52 a. Br. 37.1 R. 6 meses 31 a. Pr. — R. 6 meses 70 a. Br. 374 364 P. 6 meses 11 m Ue. 374 374 R. b meses 26 a. Br. 374 37.0 K. 6 meses 13 a. Pd. 874 37.0 R. 6 meses 27 a. Br. U. 7 meses 19 a. Br. 394 .37.1 R. 7 meses 22 a. Br. 374 374 R. 7 meses 55 ã. Pr. 364 36.1 NL 7 meses 14 a. Pr. 37.2 36,8 B. % meses 24 a. Pd. 37.4 37.1 M S meses IH a. Pr. 384 374 P. S meses 13 a. Br. 374 384 .M. S meses 43 a. Br. — U. 8 meses 24 a. Br. 374 36.9 K. S meses 23 a. Br. — B. 8 meses JE Ur. K. 8 meses 36 a. Pr. 38,0 36.8 B. 9 meses 44 «. Br. 37«5 36.6 .M. 9 meses 26 a. Pd. 374 36.0 R. 9 meses 26 a. Br. 374 364 NL 1 aoo 26 a. Br. 364 364 R. 1 aao 22 a. Pr. 3M 364 P. 1 aoo 60 a. Ik. — B. 1 ano 13 a. Br. VS 368 R. 1 aoo 19 a. Br. »x4 366 P. 1 ano 6 *. Br. _ B. 1 ano 70 a. Br. 364 334 P. 1 ano 10 a. tv. S7.I 374 R. 1 aoo 8 a. Br. 374 366 H. 1 aoo 19 a. Hr. — B. 1 aoo 23 a. Br. SM 374 P. 14 meses 38 a. Ur. S74 366 M. 16 meses 13 a. Br. S74 364 U. |7 roeses 12 a. Br. — R 17 meses 28 a. Br. 40 3*4 M. 31 a. •Br. 38.0 rj R. 16 meses 18 a. Br. 36.4 3K.4 R. IH me^t 2H a. Pd. 384 369 K. 20 meses 18 a. Br 374 369 R. 20 meses 12 a. Ur. 374 368 .M. 20 »e* I* a. Br. 384 37.1 H. 20 meses 17 a. Br. K. 2 anos 18 a. IV. 36,8 368 M. 2 aooa 30 a. Ur. 37.1 a6.A B. 2 anos 11 a. Br. 384 365 M. 2 aoos 30 a. Pd. >4 368 M. 2 anos 18 a. Br. 3\4 374 B. 2 anos 18 a. Am. 364 360 M. 30 meses SO a. Br. 30.1 368 B. 30 m«‘ses 23 a. Br. 384 369 M. 31 meses 14 a. ttr. 374 *.8 H. 3 aoos 35 a. Br. 36,8 368 R. 3 anos 12 a. Br. 374 374 R. 3 anos 23 a. Pd. M. 3 aoos 20 a Mr. 368 It. 3 aoos 10 a. Br. 1 374 M 3 aoos |7 a. Ur. 37.6 366 u 4 aoos 2^ a. Br. 37.8 360 R. 4 aoos í> a. ISr. 37.6 M. 1 aoos 22 a. IV. 404 394 R. 1 anos 16 a. ttr. U. 1 anos 30 a. Br. r4 364 V. 4 aoos |H a. Pr. 37A »4 B. 4 ano* 25 «. Pr. 368 M. 4 a. 1/2 23 a. IV. Sà 360 H. 5 aoos 13 a. Pd. .37.6 366 K. 5 aoos » a. Itr. 368 M 5 anof 17 a. IV. »h2 »^9 K. 8» aoos 21 a. IV. _ _ It. 5 ao<»s 12 a. IV. 37.8 S7.0 K. .> éinos 24 a. IV 37.8 374 R u anos » a. IV. 36.1 >x4 II. 6 aoos 30 a. Pr. S74 366 H. 6 anos 34 a. Br. 36.1 »;> K. b anos 43 a. IV. 574 368 B. 6 anos 23 a. IV. 374 364 .81 * anos 15 a. Br. 37.6 362 R 6 aoos 10 a. IV. 36.6 S.l 1*. 7 ano* 42 â IV. 37.6 363 M. 7 aoos IH a. Br. 374 37.1 K. 7 aoo» 14 a. Br. 37.4 374 .81. 9 OBOS 19 a. Ur. 36.8 36» B. s anos Hr. 37.1 Xv9 M. h anos Pr. 37.1 368 K. ^ ano* 17 a. IV. 374 368 R. s amss SU a. Ur. 37.2 asuS U. 9 an*.s 30 a. IV. 384 57.8 B. 9 anos Hr. 374 11. 9 aao* Br. 362 3M u. 9 aops IV. 368 H. 19 aoo* IS a. Br. 364 363 p. 10 aons 40 a. Pd 361 II. I» 27 a. IV. S7A 374 .M 11 aoo* 30 a. Br _ — u 11 aeos 33 a. IV. r4 366 u. II aoos 3» a. Br. 384 37.1 K. 11 >■<>• 34 a. Pr. 374 364 M. 11 aa4*s 44 a. Pr. 37.1 36* H. 11 aoos 36 a. IV. 3M 36» M. 13 aaoa 30 a. Br. 364 35x7 B. 17 MM 49 a. IV. 374 361 R. 22 g. 12 «3 a. IV. 369 H. 33 anoa Forma clinica I. b. I. b. I. b. I. b. F. ír. I. b. I. b. 1. b. I. b. L b. I. b. I. b. I. b. D. C G. I. b. D. CG. I. b. I. b. D. C G. I. b. L b. I. b. I. b. D. CG. tl. C. G. D. C. G. F. fr. I. b. I. b. D. CG. D. CG. I. b. D. C. G. D. CG. I. b. L b. F. Ir. 1. b. F. fr. F. Ir. I. E U. K. U.CG. I. b. I. E 0. C G. 1). C G. 1. h. I. b. I. b. II. C G. I. E D. R. I). C G. I. b. I). C G. I. b. U.CG. U. C G. l). C G. F. Ir. L b. F. fr. I. b. D. c D. C. G. I. b. D. C G. I). C. G. D. C G. U.CG. D. CG. D. CG. F. D. n. C. G. F. D. F. I>. 5'. Ir. I). C G. I). C G. F. I». G. I). C G. U. C G. D. C G. I). C. G. 1>. C. C. II. C G. F. I) II. C G. F. D. U. C G. I). C G. F. D. U.CG. I). C G. D. C G. n. C r.. D. CG. I). C G. U. C. G. F. D. D. C. G. n. C C. D. C. G. F. U. I). C. G. O. C G. I>. C G. F. Ir. U.CG. u. r. G U.CG. ü. C. G. U. C. G. u. r. G. F. U. F. Ir. F. U. 11 4'. G. F. Ir U. r. G. u. r. G. U 8 G. U f. G. F. D. U. C G. U .r. G F. U. r. n. U K. u. r. G. U. C G. F. U. U. C G. ü. c. U.CG. U. C. G. F. I). U. C G. F. Ir. U. C. G. U K. Ü. C G. U CG. U. C 4i. U. C. G. 1). G. O. R. D. C G. 0. K. Rcfullado x-i vi. Negativo Necativo X reativo Negativo Ncgat'.-o Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo N.*aativo Negativo Negativo Negativo Slrrft. Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Nlreff. Negativo Negativo Negativo Negativo Neganvo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo .•íegatívo Negativo Negativo Negativo Negalixo Negativo Negativo Sirfft. k^m. Negatix-o Negativo Negativo Negatixo .Negativo Streft. fcgiw. Nraf*. tlhms Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Sirtfl. htm. vi. Negativo Sirfft. 6ein xi. Negativo Negativo Negativo Negativo Negativix Negativo Ntgativo .Neg.ativo Negativa Negativo Sireft. krm. vt. Negativo Negativo Neaativo .'•egalivo Nitalivo StaoE albut Slrrft. krm. vi. Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Slrrft. kfm. vi. Negativo Negativo Negativo Streft. krm. Negatixo Sltfk m!h*t Negativo Negativo Negatix-o Negativo Negativo Negativo Negativo SUfk a»>e»4.vi. Nejativo Sirrfl krm. vi Neeativ» Sitfk *S5^t Negatixo Slrrft 8/01 VI Nevi*'VO Slrrft vi eglfxo ■eealiro e*i».vo Ví >I'X- Veaitve* Vtf 1*1- NV rft hem. ■rfi kem Slr^ bm vi. Strr|<. Wm. Netalirj Nec*tiro Set*Xiro Nefativo Nrf mtiH m. vv Nrfaltro Ncotiro Stre^r vt NcvAtiro Nreatiro Nwtiro * SciELO P 10 11 12 13 14 15 cm B. Mario Moirão — O papel do cslreplococo no Pênfigo Foliacco 185 Fase inicial da invasão bolhosa 36 Formas generalizadas crônicas 82 Forma distrófica (dermatose generalizada) 15 Forma frusta (dermatose localizada) 12 Dermatose em aparente regressão clinica S Entre as formas generalizadas crónicas incluinios, como já o fizemos para as •epidermoculturas, todos os tipos clinicos crônicos da classificação de Vieira com exceção, aqui, da forma distrófica, que apresenta interesse em ser estudada se- paradamente. Devemos prevenir, mais uma vez, que os resultados que iremos expor, pren- dem-se cxclusi\amente às hemcxrulturas de doentes no dia de .sua primeira con- sulta no ambulatório ou na data de seu internamento hospitalar. B) COLHÊITA DE S.ANXUE E CONDIÇÕES TÉCNICAS Dada a intensa proliferação bacteriana existente na epiderme dos indivíduos atacados de "Fogo Selvagem” nas formas generalizadas crônicas, e constituindo esse grupo de doentes a maioria, a técnica da colheita de sangue é ponto capital para a realização da hemocultura cm perfeitas condições. E’ facil araliar as inúmeras dificuldades cpic se encontram na colheita do sangue por punção venosa. Mesmo na fase inicial de invasão bolhosa, os impe- cilhos já se fazem sentir, principalmente quando as bolhas atingem os membros Superiores. Cem a invasão total do tegumento externo e o estabelecimento do tipo foliacco generalizado, que é o mais comum dos estádios clinicos crónicos da der- ntatose, as dificuldades avultam. Do lado cutâneo e articular é licito lembrar ^ extensas esfoliações lamelares nas quais, por baixo das escamas úmidas, a epi- derme se apresenta congesta e muito scnsivcl, mesmo ao tato; a presença de es- pessas formações crostosas, intensamente contaminadas, quasi sempre vertendo Pús; os amplos deslocamentos epidérmicos, bastante frequentes nas pregas arti- Qtbres; a flexão forçada do antebraço sobre o braço, posição de defesa contra ^ dor; a imobilidade no leito, consequência das múltiplas artropatia.s. .\lém do **tais, os penfigosos apresentam uma sensibilidade exagerada, própria do conti- *'uo sofrimento a que estão submetidos. Tudo isso são obstáculos a serem ven- ^dos na colheita de sangue, pondo á prova a paciência e a habilidade do técnico. A desinfecção do braço do doente deve ser feita cuidadosamente. O sangue ^ Sempre colhido em sala fechada com a presença apenas do operador e do auxi- liar. Por diversas vezes, entretanto, fomos obrigados a colher material na en- fermaria. em doentes cujo estado geral era precário ou naqueles impossibilitados da menor movimentação. Em tais casos, as portas c janelas da enfermaria de- 45 186 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII vem ser fechadas e proibida, enquanto se pratica a colheita, a movimentação de pessoas no recinto. A introdução da agulha é feita de preferência em zonas de pele sã. Colheita de 20 ou mais cm* de sangue que é em seguida desfibrinado. C) SEMEADURAS O sangue chegado ao laboratório é imediatamente semeado em caldo-sôro c em caldo-glicosado (distribuidos em balões com 100 a 150 cm* de meio) e meio Tarozzi (anaeróbio, tubo contendo 5 a 10 cm* de meio). Incubação em estufa a 37° durante 8 dias no mínimo. Verificações macroscópicas diárias; microscó- picas quando necessário; obrigatoriamente essas verificações são feitas ao fim de 48 horas, 4 e 8 dias. Verificada a existência de qualquer crescimento bacteriano, o germe deve ser reisolado nos meios de identificação, de acordo com os seus ca- racteres primários (morfologia, coloração, crescimento nos meios habituais de la- boratório). Sendo isolados estreptococos, já no segundo repique verifica-se a produção de hemólise e sua patogeniddade para animais de laboratório. Todos os germes isolados, mesmo aqueles que se julga inidalmente como de contamina- ção, são conservados para verificações posteriores e controle do exame bacterio- lógico. Os estreptococos do grupo hemolítico mereceram de nossa parte maior aten- ção, sendo a sua capaddade toxígena e as provas de imunidade estudadas desde 0 seu isolamento. Da maioria dos doentes conservamos amostras de soro para estudos de imunologia. Sempre que houve qualquer dúvida no resultado obtido ou contaminação dos meios de cultura, a hemocultura foi repetida, uma ou mais vezes, para seu perfdto controle. ü) RESULTADOS a) Hemoculturas de casos do Pênfigo Foliaceo 1. Resultados gerais: Doentes com hemoculturas positiras para estreptococos: 19 ou 12,6% (Qua- dro IX) ; Doentes com hemoculturas positi\*as para estafilococos: 5 ou 3,3^0 (Qu 3' dro X) ; Doentes com hemoculturas negativas: 126 ou 46 Quaoko IX HEMOCULTURAS POSITIVAS PARA ESTREPTOCOCO& 57 p z O ^ B • t •5 ■ "C ^ ■5 *c V « u < 0 Ttsf*- rctsra S C, m Inicio tia molcBlin Forma clinica Resultado m c 0 «1 w C Tw4t 142 E. P. 204 23 Pr. 39J5 39.3 p. 3 m. F. G. Strcftccoccus gr. henolítico, Tinxlenta. t 2S2 R. F. 499 24 Pd. 37,4 R. 4 m. F. G. Strt^cc 0 ccui gr. bemoUtico, TÍmlenta t 2M 463 27 Br. — B. 7 m. D. R. Strrft^ãCfMs gr. hcmolitico» yirulcnto- t 30 A.J5. 439 IS Pr. 38.5 37J» P. 8w m. F. G. Strtff^ocrnj do grupo indi- ferente. t 131 C. C 357 .16 Br. 37.2 36,6 •M 1 *. a r F. Strrftóccermt gr. bemclitico» TÍrulento. t 71 OtM. 422 22 Pr. 38.1 36A P. 1 «. H. e F. Strrft^^ccms gr. *ieiiioUtico, virulento. t 298 M. a 482 13 Br. 37.0 36.2 R. 17 m. F. D. Sirrft 0 c 0 ccui gr, bemoUtico» virulenta s 207 J.W.P. 277 12 Br. 37.9 36.9 3L 20 m. F D. Strrftpr^rnu gr. nessolttico, virulenta t 305 C.F.I. 293 30 Pd. 38.2 36,9 .M. 2 L a c F. Sfrt^ 0 C 0 tcmj gr. bcmolUica virulenta t 162 E. G. 291 23 Br. S^JI .M. 31 m. F. G. Strrfi^accMS gr. bemol Uka t 58 K. F. 238 30 Br. 37J 36.3 .\L 4 a. H. e F. Strrftacpceur gr. bemolUico» virulenta s 141 B. T. 479 13 Pd. 37.6 36.6 R. S. a. F.G. e F.D. Sire^ficcccwé gr. bemolitica virulenta t 297 V.CT. 9 17 Br. 3\2 363 R. 5 a. F.G. e F.D. Strftt^ 0 ccut gr. hemolUicoí virulenta s 209 M. S 208 42 Br. 37,6 37.1 M. 7 a. F. U. Strrffpccccut gr, bemolítico» virulenta t 14 X. D. 58 14 Br. 37,4 37.2 M. S a. F. D. Stre^t^ 0 cnu gr. bemolUico» virulenta t 22 G. S. 301 56 Br. 37.1 36,8 M. 8 a. F. G. Sirrft^pccui gr. bemolitko^ virulenta t 486 A. NL 153 17 Br. 37.6 383 R. 8 a. F. D. Strèpt 0 coecns gt. bemolítico, virulenta t 90 E. V. 403 40 Pd. 36.1 a 10 a. F. tr. StTfftocccent gr. indiferente, nio virulenta s 205 J. M. 11 44 Pr. 37.1 383 R. 11 a. F. G. Stref1óe«ctnj gr. bemolltko, virulenta s 47 188 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Alguns dos doentes com hemocultura positiva para estreptococos tiveram êsse resultado confirmado em nova hemocultura de controle. Em numerosos doentes, todavia, dada a impossibilidade de realizar segunda sangria ou por terem falecido, não nos foi possivel efetuar dupla verificação. Quadro X HEMOCULTURAS POSITIVAS PARA ESTAFILOCOCOS Temperatura Kstado gtral Inicio da moléstia No. da obacnraçlo Idadf Còr Tarde (Vtssers) M ralixada Sía/Ày/0C^?ccuJ, tipo a/ÒMj 132 L. v. a tass) 1$ anos Braoca 37,S 36.9 ftcfolar 30 mes^s Foltacea fene- ral’xada Stafky/ccacctu, tipo a/hfj 42 R. n. j. (242) 38 anos Branca 36,8 36.8 Regular 3 anos Poliacca gene* ralixada tipo a/òuj 228 o. I.. (335) 22 anos Branco 40,2 39,2 Mia 4 ann^k Foliacea gene* ralixada StúpJkyUcocenj, tipo aurfuj 10 D.Q. (225) 25 anos Prelo 3\5 363 Precário 4 «n. 1 2 Foltacca gene» ralixada StafAj/ocoenu, tipo Para estafilococos só consideramos as hemoculturas como positivas depois de confirmadas por novo exame. Xos casos que apresentamos, a pesquisa foi feita no mínimo tres vezes, havendo sempre crescimento dos germes em todas as re- petições. 2 Rcsftitados considerando a fase ou forma clinica: Os resultados reimidos no Quadro XI correspondem a uma estatística geral da fase ou forma clinica dos doentes de Pénfigo Tropical que foram submetidos à hemocultura. Durante o periedo de invasão bolhosa. sem comprometimento total do tegu- mento c.xtemo, não tivemos nenhuma hemocultura positiva, apesar dò número elevado de doentes obser\ados (36 casos). Os doentes com a dermatose generalizada constituem a maioria, sendo for- necedores de 12 amostras de estreptococos e de todos os estafilococos isolados por hemoculturas. A forma distrófica, proporcionalmente, foi a que mais forneceu hemocultu- ras positivas para estreptococos (5 positivas em 15 doentes). Os casos distró- ficos e.xibiam, entretanto, a dermatose generalizada. Os 12 casos que foram estudados da chamada forma frusta do Pênfigo, ape- nas em um tivemos resultado positivo para estreptococos do grupo ffama (inertes) 48 B. M.uiio Moub.\o — O papel do estrcptococo no Pênfigo Foliaceo 189 e destituídos de virulência para animais de laboratório. Sobre êsse caso faremos logo a seguir algims comentários (E. V., obs. 403, Strcp. 90). Executamos, na demiatose em regressão clínica, hemoculturas em dois casos. Xum deles cons^uiu-se isolar estreptococos do grupo hemolitico e avirulentos para animais de laboratório. Sôbre êsse caso, já expusemos a observação clínica resumida no capítulo dedicado as epidemicculturas (A. L. obs. 463, Strep. 288, Figs. 5 e 6). Não deixa de ser interessante a coincidência de ter-se isolado estreptococos avirulentos somente nos dois casos de dennatose não generalizada. Qcaoro XI RESULTADOS CONSIDERANDO A FASE OU FORMA CLINICA Fa«e oa forma cUoica Na de doentes Hemscnltnrat positira» para Strt^ocpceuj lleroocultoras positivas para Invasio bolboaa 36 — — Forma fvtKralüada crooica 92 12 ou S.00% S ou 3J3% Forma <Üttr6fica IS S ou 3.33% — Fonu fnuU 12 1 ou 0,66% — Re«r«a*io cibika aparmte S 1 oa 0.66% — 3) Resultados considerando o inicio da dennatose: Os achados considerados no Quadro XII servem para elucidar o tempo em que o “Fogo SeKagem” liavia se instalado nos doentes que forneceram material para êste estudo. E' bastante elucidativo tal quadro, evidenciando que quasi 2/3 do total dos doentes estão registados nos dois primeiros anos de doença. A me- dida que os anos de doença se vão passando, o número de penfigosos se vai tor- nando mais raro, provavelmente devido á perda de resistência que o indivíduo apresenta com a e\‘olução da doença. E’ notável a resistência de duas doentes: nma sofrendo da dermatosc há 22 anos (S. R. F., obs. 32) c outra há 33 anos (A. F., obs. 23). Nos seis primeiros meses tivemos duas hemoculturas positi^as para estrepto- cocos (E. P., Strep. 142 e R. P., obs. 449. Strcp. 282). Unu hcmocultura foi positiva para estreptococos cm um doente que se mantinha na fase fohacea ge- neralizada há 11 anos (J. M., obs. 11. Strep. 205). Os estafilicocos fizeram o seu aparecimento depois dos seis meses do inicio do Pênfigo (M. B., obs. 390. Staph. 64). 49 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 190 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Quaoko XII RESULTADOS CONSIDERANDO O INICIO DA DERMATOSE Início da doença No. d« doentíf Hcmocolturaa poaitÍTas StrtptOCOCCMJ Hcmocti! eiras peattiras Stafkylococcn* 1 a 6 KfKS SI 6 m. a 1 ano 30 4 1 1 a 2 anos 16 4 1 \ anot 9 — 1 4 anos 8 1 2 5 anoa 5 — 6 anoa 4 — — 7 anot 5 1 — 9 anoa 5 3 — 9 anoa 4 — — 10 anoa 3 1 — 11 anca 6 1 — 13 anoa 1 — — 17 anoa 1 — — 22 anoa 1 — — 33 anoa 1 — — 4) Hctnoculluras positivas para eslrcptococos. Relação entre a gravidade ■dos casos clínicos c o tipo de hemólise c virulência dos eslrcptococos isolados: Como SC depreende dos resultados expostos no Quadro IX a maioria dos doentes com hemocultura positiva para cstreptococos apresentava um estado geral sofrível, vindo embora a falecer. A percentagem de letalidade nesses doentes foi de 7i,7^o, o que demonstra a gravidade do caso clinico, quando se obtem es- trcptococos em culturas do sangue. Já com os estafilococos a percentagem de Ic* talidade foi bem mais reduzida: 20% (1 caso fatal em 5). Pareceu-nos interessante pesquisar, desde o início dos nossos trabalhos, a re- lação dos casos clínicos com o tipo de hemólise e virulência dos estreptococos in- sulados, procurando relacionar tais achados bacteriológicos com a gravidade da doença na ocasião do exame. Eslrcptococos do grupo gama isolados: Foram isoladas duas amostras per- tencentes ao grupo anhemolitico. Uma delas (Strept. 90), foi isolada de um caso de forma frusta (E. V., obs- 403), já citado, portador da dermatose há 10 anos, sem temperatura sub-febrU 50 ScíELOl'o 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 L. cm 192 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XYII em aparente regressão clínica, após 7 meses de doença (Fig. 5). Quando da alta. hospitalar, sendo procedidos os exames necessários, os hemogramas mostraram a existência de quadro de infecção evolutiva. Praticada a hemocultura, houve crescimento, nos vários meios de cultura, de estreptococos hemolíticos. No fim de uma semana a paciente apresentou novo surto bolhoso violento (Fig 6), com agra\-ação do estado geral, tendo dado resultado negativo duas hemoculturas pra- ticadas posteriormente. Convem assinalar o fato de ser êste um dos únicos ca- sos em que foram isolados estreptococos hemolíticos não virulentos para animais de laboratório. Esta doente não consta do Quadro IX, visto a 1.* hemocultura ser de resultado negativo. Todos os casos em que foram isolados estreptococos hemolíticos virulentos apresentavam um estado geral via de r^ra raáu (Quadro IX). Os dois doentes com estado geral precário faleceram: E. P. (obs. 2C4, Strept. 142) e C. M. M. (obs. 422 e Strept. 71), e estavam em hipertermia elevada quando da colheita do sangue. O caso E. P. é particularmente interessante : tratava-se de um doente cm que a dermatose se instalara recentemente, generalizando-se a todo o tegumento- externo em menos de 30 dias. Teve duas hemoculturas positivas para estrepto- cocos hemolíticos, no espaço de dois meses. A hipertermia em “steelpchase”r própria dos estados septicêmicos, se manteve elevada durante toda a evolução da moléstia, até o desenlace (Gráfico 3). Na necrópsia foram reisolados os mes- E. P., ob«. 264. Corra têmica pre-ac6o»ca em *tteep)dus«*. mos estreptococos hemolíticos em cultura pura do sangue do coração, baço, fí- gado e cm derrame pericárdico; havia também a concomitância de tuberculose pulmonar. A hemocultura de C. M. M. foi positiva 13 dias antes da morte e na necrópsia encontrou-se tuberculose cascosa em gânglio linfático do hilo pulmonar^ 52 B. JLuuo Mourão — O papel do estreptococo no Pénfigo Foliaceo 193 Elxcetuando-se a doente R. E. (obs. 238, Slrept. 58), todos os doentes que apresenta\’am estado geral catalogado como mau, vieram a falecer. Em \ários dêles pudemos proceder verificações bacteriológicas na necropsia ou punção car- diaca logo após o óbito. No próximo capitulo, dedicado às investigações “post mortem”, trataremos désse aspecto. 5) Hemoculturas positivas para estafilococos. Relação dos casos clinicos com a capacidade eritrocitolitica e cromogenicidade dos estafilococos isolados: Dos estafilococos isolados quatro pertencem à variedade albus; desses, apenas u’a amostra possuia uma exotoxina eritrocitolitica, obtida do doente D. Q. (obs. 225, Staph. 10), cujo estado geral era precário e que faleceu pouco tempo depois da última hemocultura positi>a, sendo também o único caso fatal desse grupo de doentes. Em um caso somente foram isolados estafilococos cromogênicos, da \-ariedade aurcus, sendo a hemocultura feita em plena exacerbação tcnnica (O. L., obs. 335, Staph. 228). Posteriormente, nesse doente, a hemocultura foi repetida, com resultado nativo. 6) Hemoculturas positivas c quadro térmico: Prendeu nossa atenção o quadro térmico apresentado pelos doentes, o que por si só justificaria plenantente a prática sistemática de hemoculturas. Na .maioria dos penfigosos se observa um estado sub- febril vesperal, geralmente não ultrapassando de 38®; em alguns, durante determinados períodos, a temperatura sobe de 38°,5 a 4(P,5 às veies com carater permanente, do tipo septicêmico. Os gráficos que apresentamos são muito demonstrativos. O negrito acentua hiper- termias superiores a 37®,5 e as setas indicam o dia cm que a hemocultura foi efetuada. Para visualizar a nossa exposição selecionamos os termogramas mais típicos em pequenos grupos de doentes. Hemoculturas positivas para estreptococos. Os doentes aqui referidos fo- ram casos fatais. Os diagramas do Gráfico 4 tomam patente a possibilidade das hemocultu- ras para estreptococos durante a febre elevada, que pode atingir até 40®5. O diagrama superior pertence ao doente E. P. (obsei^-ação 264, Strept. 142), so- bre o qual já tecemos considerações e cuja hemocultura foi positiva em pleno surto febril. O diagrama intermediário é da doente A. J. F. S. (obs. 439, Strept. 30), já referida por nós, sendo interessante porque a hemocultura foi positiva no inído do período ascencional da curva témiica. O diagrama inferior é do doente J. W. P. (obs. 277, Strept. 207) e indica a possibilidade de se isolar estreptococos, mesmo no período de osdlações descendentes do fastigium. Este doente faleceu 5 meses após a hemocultura, em estado de extrema caquexia (Figs. 20 e 21). .53 I SciELO C.P. 0 * 1 . 1 :m.‘,Uí.uMUÍ1 ir< jt 0*4 m CbAfico 4 Fic. 20 J. W. P., 0Ò4. 277 — Ca4)ucxia tenaifuK 54 Fio. 21 O mcMDo domtc da fotografia anterior risto por cima. B. Mario Mourão — O papel do eslrcplococo no Pênfigo Foliaceo 195 O Gráfico 5 reproduz as variações térmicas da doente E. G. (obs. 291, Strept. 162) cuja temperatura nunca ascendeu além de 37°5. Em uma ocasião que mostrara febre pouco elerada (38°0 a 38°2), foram isolados estreptococos bemol hicos do sangue. Várias hemoculturas foram positivas para estreptococos sem que os doen- tes estivessem em surto febril intenso. E' o que representa o Gráfico 6 com ( GtArico 6 OS diagramas de três casos fatais, em que a temperatura não passara de 38" na ocasião da colheita de material. De um modo geral, a maioria dos doentes com hemoculturas negativas apresentara quadros térmicos semelhantes. cm 2 3 SciELO LO 11 12 13 14 15 16 196 Memórias do Instituto Butantan — Tomo X^^l Hcmoculturas positivas para estafilococos. No único caso em que foram isolados estafilococos da rariedade aureas (O. L., obs. 335, Staph. 335), o do- ente apresentara 40° de temperatura no momento da colheita, sendo frequente- mente acometido por surtos febris periódicos (Gráfico 7). GmXrico 7 Os outros doentes, nas várias ocasiões em que fizemos a hemocultura, não apresentavam temperatura acima de 38°5, como demonstra o Gráfico 8: . Om » , oa. 0*1 ns HA 0»$ m OUr^O . 4 CC 0*â.JS7 » GiZrico 8 b) Hemoculturas em 4 casos de Dermatite Herpetiforme de Duhring. Em três casos de Dermatite de Duhring as hemoculturas foram negativas, trafando-se de casos relativamente benignos, com manutenção do estado geral em bôas condições. 56 B. M.UUO MocnÃo — O papel do eslreptococo no Pcnfigo Foliaceo 197 Quaoio Xlll HEMOCULTURAS EM CASOS DE PÊNFIGO AGUDO FEBRIL, PÊKFIGO VEGETANTE E DERMATITE HERPETIFORME DE DUHRIXG Ko. > |t O Idade CAt Temperatora a a SC 5 ^ .5 3 t S B Fonna clinica Resultado i £ 3 í ManhA (celhriU) ist W. P. 464 16 «. Br. - 40Í Prec. 5 dia» Pènfigo acudo Febril Nrzaüro 217 S. .M. 490 36 a. Br. - 40,2 Prre. 1 ano Péofico Tefrtante NefatÍTO 475 S.G.P. 53 a. Br. - - .Mau 1 m^s Dcmatite de Dobring Negativo 27 J. A. 404 45 a. Br. 37.2 36,9 Bom 2 Dermatite de Dobrinf StrtptpcocoÊS gr. vifidúmt 270 P..M.A. 527 36 a. Br. - - Bom Sano» Dermatite de Dobrinf Negativo 353 A. J. 523 32 a. Br. - 36.5 Bom Sano» Dermatite de Dobrinf Negativo O caso positivo para Streptococcus do grupo alfa (z^iridans) era recente, ■com a dermatosc generalizada por todo o corpo, respeitando somente os mem- bros inferiores (Figs. 22 e 23). A doença apareceu seguida de ccfalagia e fe- bre, variável de 38“ a .39°5, durante muitos dias. Trata\-a-sc de um caso grave de moléstia de Duhring. com repercussão para os orgãos internos, principal- mente para o lado renal. Depois da medicação sulfanilamidica as hemoculturas deram resultado negativo. .\tra%’cssa atualmente uma fase silenciosa da afecção, com desaparecimento total das lesões externas c manutenção de bom estado geral. A observação clinica dessa doente, na ocasião do exame, registava os se- guintes dados: J. 47 anos, branca, brasileira, viuva. Observação feita em 18-10-1940. Antrcedenles herfditirios: Sem importância. AnUcedtntet familiarrs'. Teve 7 filhos: 2 faleceram com a idade de 4 anos: um de meningite e outro de dermatosc bolhosa generali/ada com grandes descolamentos epidérmicos. Entre os vivos, os homens são fortes e as mulheres doentias: a filha mais velha teve mal de Pott há 6 anos; outra, possue uma afeccão crônica das unhas e das mãos (eczema, sic); a última, quando pequena, foi muito atacada de ulcerações e, fato inte- ressante, somente no lado esquerdo do rosto e braco esquerdo; o O. E. foi atingido. 57 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 1!)8 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Antecedentes fessoais: Sarampo, catapora e coqueluche na primeira in- fância. Gripe pandémica, em 1918, de forma muito violenta, em plena gestação. Xo mais, foi sempre forte e de aspecto robusto. História da doenfa atual: Começou há 3 meses com pequenas manchas numulares, de mais ou menos um centímetro de diâmetro, indolores e não pruriginosas, ao nivel da 7.* vértebra cervicaL Estas manchas se dispn- zeram, logo em seguida, em forma de colar ao redor do pescoço. Dias depois, encimando estas lesões, surgiram pequenas vesículas, de liquido citrino e transparente, em forma de “bouquet”. As lesões com éste aspecto, rapidamente se alastraram, tendo as manchas tomado mais vulto e enci- madas não só por vesículas, como também, por bolhas de vários tamanhos. As bolhas, do tamanho de uma azeitona, possuíam líquido citrino ou puru- lento, ou, ainda, de liquido citrino que logo se tomava purulento. Rom- pidas, em geral espontaneamente, surgiam lesões crostosas e mais tarde cicatrizes hiperpigmentadas e planas. A dermatose se disseminou para as axilas, face anterior e posterior do tórax, abdômen, membros supe- riores e rosto. O couro cabeludo foi atingido com maior intensidade. Os membros inferiores foram respeitados. A doença apareceu seguida de cefalalgia e febre, durante muitos dias, entre 38* e 39*5. Sentiu grande sensação de ardência ao nivel de todas as lesões, principalmente no rosto. Diz que, com a vinda do cataménio, estas sensações subjetivas melho- raram. Urinava pouco, sendo a urina de coloração muito escura. Teve prisão de ventre acentuada, tendo de recorrer a laxantes. Ficou com a pele muito escura da cintura para cima, a ponto das pessoas de sua inti- midade estranharem éste fato. Interrogatório sôbre diferentes afarelhos: Intcmamente de nada se queixa. Dorme maL Apetite conservado. A prisão de ventre melhorou muito. Urina normalmente. Menarca aos 12 anos. Casamento aos 19 anos. Xão teve abortos. Partos sempre a termo. Os cataménios sempre foram irregulares, quanto ao termo e quantidade; falharam por dois méses, depois do aparecimento da dermatose. Ha um més veio profusamente, com coá- gulos e precedido de corrimento amarelado, abundante e fétido. Depois a dermatose tem melhorado, principalmente no que se refere â sensação de queimadura. Ficou incomodada esta semana, durante 4 dias, normal em quantidade e sem cólicas. Insfecão geral: Apesa.* da dermatose atingir os membros superiores está possibilitada de efetuar todos os movimentos. Estado de nutrição bom- Temperamento calmo, submisso e cordato. Pouca instrução. Paniculo adiposo muito desenvolvida Obesidade do tipo hipófiso-genital. Esque- leto de conformação normal. Pele úmida e infiltrada no rosto. Extre- midades quentes. Tibialgia intensa e ligeira externalgia. Dimensões: Pe.so: 72 K; altura, 1,48 cm; 1/2 envergadura: 76,3 cm; medida pubo- -cervical, 77 cm; medida pubo-plantar; 72 cm; perímetro craneano: 56 cm; perímetro torácico: 107 cm; perímetro abdominal: 115 cm: relação punho-pubiana: normaL Temperatura: 36*9, puso, 110; cxcursóe» respiratórias: 30. 58 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 B. Mario Mourão — O papel do cslrcplococo no Pênfigo Foliacco 199" Exame dermatológico. Detcrifão e localisafão das lesões: 1) Cabeça: a. Couro cabeludo: pe- quenas lesões crostosas, punctifomies, raras e esparsas, b. Rosto: Toda a pele está infiltrada e com coloração arroxeada; cicatrizes de vários tamanhos e numerosas sequelas de lesões vesiculo-crostosas; à palpação percebem-sc vários nódulos consistentes e do tamanho de grãos de chum- bo; conjuntivite bilateral, mais acentuada no O. £.: perda de cilios; foto- fobia. c. Pescoço: Pele lisa e hipercromia difusa e irregular. 2) Tronco: a. Face anterior do tórax: Ao nivel do ângulo de Louis grande mancha eritematosa, de bordos pigmentados (coloração pardacenta); em todo o tórax, espalhadas e de tamanho e conformação irregulares, manchas hiper- crómicas, principalmente nas regiões supra- e infra-escapular e parte su- perior dos seios; veem-se ainda lesões crostosas, pouco numerosas e esparsas, sequelas de bolhas; nas axibs manchas extensas, com o mesmo- aspecto das já descritas; seio esquerdo maior que o direito; mastite cística em ambos; mamilos hiperpigmentados e desenvolvidos; intertrigo na prega dos dois seios. b. Abdômen: Diminutas cicatrizes planas não pigmen- tadas e pequenas lesões crostosas, reliquat de vesículas; pelos raros no pubis; adiposidade pubiana desenvolvida; adiposidade da parede abdominal muito desenvolvida, formando grande prega e pendular de perfil, c. Face posterior do tórax: manchas muito extensas ou de vários tamanhos e conformação, possuindo caracteres idênticos das do tórax anterior; lesões crostosas com o mesmo aspecto, d. Regiões sacro-iliaca c glútea: Cica- trizes numerosas, numulares e pigmentadas; raras bolhas de liquido puru- lento; frequentes lesões crostosas. 3) Membros superiores: O braço, antebraço, punho e face dorsal das mãos, apresentam lesões idênticas: cicatrizes planas, circulares, não pigmentadas, numerosas; cicatrizes de conformação e tamanhos diversos, pigmentadas, também numerosas; lesões crostosas, sequelas de bolhas; s-esiculas numerosas, sobretudo, na face ex- tema de ambos os braços; raras bolhas com líquido puralento e algumas já rompidas em toda a extensão dos membros. 4) Membros inferiores: Não foram atingidos. Ressaltam a pele que realmente é mais clara que o- resto do corpo e a adiposidade das coxas muito desenvolvida. 5) Mucosas: Não atingidas, a não ser a conjuntiva. 6) Gânglios: Sub-occipitais e inguino-crarais palpáveis, indolores e pouco aumentados. Devido à extensa camada gordurosa não conseguimos palpar outros. Provas cutóneas. 1) Sinal de Nickolsk>*: Negativo. 2) Sinal de Bettmann: Negativo. Ao exame clínico nada de importante Exame dos orgãos e afartlhos: para merecer registo especial Exames de laboratório. 1) Exames de sangue. Hemocultura: Positiva para estreptococos do grupo alfa (Sfrepl. viridans), virulentos para camondongos. por via peritoneal e ai-irulentos para coelhos, cobáios e ratos. 59 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 -ulIV' 200 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Fic. 22 J. A., ob«. 404 Cuo de Dermatite. Herpcfi forme de Dahrinf. •60 Fic. 23 O mesmo caso da fotofrafu anterior. Lesões resicnloaas da face externa do braço direito. í B. Mario Mol’r.\o — O papel do estreptococo no Pênfigo Foliaceo 201 Elxame hematológico: Contagem de leucócitos = 11.200 por mm^. Contagem de hemátias = 4.200.000 por mm^. Dosagem de hemoglobina = 87% (100% = 16 g). Valor globular = 1,0. Hemograma de Schlling: % Em No. ahs. por inni* Mielócitos neutrófilos 0 0 Neutrófilos com núcleo jovem 0,5 56 " " ’ bastonado 16,5 1.848 ” » » segmentado 50,0 5.600 Eosinófilos 5,0 560 Basófilos 0,5 56 Linfócitos 23,5 2.632 Monócitos 4,0 448 Hemograma de Ameth: Neutrófilos nSo segmentados 23,6 com 2 segms. nucleares 47,9 " " 3 " " 21,7 ” "4 - - 5,5 " " 5 " - 1,3 Observações relativas ao exame: Hemitias normocrómicas e normo- citicas. Granulações tóxicas nos neutrófilos. Plaquetas em número apa- rentemente normal. Quimismo: Dosagem da glicose = 50 mg por 100 cm* ” colesterina = 152 mg por 100 cm* do cloro plasmitico: Cloro = 385 mg por 100 cm* Cloretos = 640 mg por 100 cm*. 2) Exame bacteriológico de liquido de bolhas: Crescimento de Sireptoeoccus do grupo béta (hemoliticos) e de Staf>hylo- coceus da variedade albui. 3) Exame citológico de liquido de bolhas: Neutrófilos 93,5% Eosinófilos 2.0% Basófilos 0.0% Linfócitos 3.5% Monócitos 1.0% Cl cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 202 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII 4) Elxame de urina (qualitativo e quantitativo, urina de 24 horas): Volume 1.100 cm* Reação ácida Dencidade 1008 Albumina contem (+++) . • Açúcar não contem Acetona não contem Pigmentso biliares não contem Ácidos biliares não contem Dosagem de cloretos 6,32 g por */•• ” ” ureia 5,11 g por */» ” ” fosfatos 0,90 g por 7» Exame microscópico do sedimento: Numerosos glóbulos de pús; fre- quentes cilindros hialinos e granulosos; raras hemátias; abundante dcsca- mação de células epiteliais das vias inferiores; filamentos de muco. c) Hcmocultura em um caso de Pênfigo Vegetante (Quadro XIII) No caso que tivemos para estudo (S. M., obs. 490), a dermatose se iniciara há um ano por lesões bolhosas da cavidade bucal e faringe. Após 4 meses apa- receram lesões por bolhas e crostas no couro cabeludo, com queda total dos ca- belos, prurido intenso, ardor e calor; temperatura elevada. Um mês depois da in\asão do couro cabeludo, as lesões se generalizaram. Na ocasião em que pra- ticamos a hcmocultura, apresentava lesões vegetantes nas axilas, quadrante infe- rior do abdômen, prega inguinal e face interna das coxas. O estado geral era precário e a temperatura estava a 4(P,2. A hcmocultura deu resultado negativo, tendo a doente falecido uma semana depois da colheita do sangue. O c.xamc hematológico, efetuado na mesma ocasião, revelou o seguinte: Anemia hipo- cròmica (3.0(50.000 hemátias por mm* e 63Çó de hemoglobina). Leucopenia (3.500 leucócitos por mm* ). Neutrocitose tóxica com desvio intenso d^enc- rativo para a esquerda. Ausência total de eosinófilos c basófilos. Linfopenja acentuada. Monocitopenia. d) Hcmocultura em um caso de Pênfigo Agudo Febril (Quadro XIII) .A hemocultura foi de resultado negativo, tendo sido praticada 3 horas an- tes da morte. A temperatura axilar no momento do colheita do sangue era de 40°5. As principais informações clinicas sóbre êste caso já foram referidas quan- do tratamos das epidermoculturas (W. P., obs. 464). (•>2 B. Mario Mour.\o — O papel do estreptococo no Pênfigo Foliaceo 203 CAPITULO VII VERIFICAÇÕES BACTERIOLÓGICAS “ANTE” E “POST MORTEM" Enquanto estudá%-anios a infecção cutânea e prat^cá^'amos hemoculturas em doentes de Pênfigo Foliaceo, sem seleção de casos clinicos, acreditávamos ser de imenso interesse, dentro daquele mesmo critério experimental, levar a cabo uma série de verificações bacteriológicas "post mortem". Naquela ocasião já havíamos verificado a frequência dos estreptococos hemoliticos nas eflorescên- cias cutâneas de várias formas clinicas de Pênfigo, e também já havíamos iso- lado estes germes do sangue, em casos cuja marcha evoluti\-a tornara patente a existênda de uma verdadeira septicemia. Nossa atenção voltou-se ainda para a fenomenologia clínica “ante mortem” dos penfigosos que, além dos fenômenos toxi-infeedosos típicos, apresentaram um quadro térmico muito peculiar, com intensa febre, na maioria dos casos, nos dias que precediam á morte. Estas circunstâncias fortaleceram o nosso ânimo em prosseguir os estudos ■da bacteriologia do “Fogo Selragem” sob êste aspecto e envidamos o máximo de esforços neste sentido. A) CASOS ESTUDADOS Colhemos material de 32 doentes falecidos com dermatose generalizada. Os cadáveres pertendam- a indivíduos adultos do sexo masculino (12 casos) e do sexo feminino (16 casos); de crianças tivemos 4 casos. Em 24 cadáveres o material foi colhido durante a necrópsia e em 12 casos por simples punção car- díaca. Dos casos puncionados, em 4 foi possível o exame bacteriológico. O fito das, punções cardíacas foi afastar as causas de êrro decorrentes da demora das necrópsias. Deddo a dificuldades independentes de nossa vontade, foi sem- pre difidl efetuar a necrópsia no mesmo dia do óbito. Praticamos hemoculturas de doentes em agonia, a-fim-de verificar se a in- vasão dos germes se processava “ante mortem”. Dos 11 casos em que conse- guimos colher sangue, em quatro não foi possível realizar o exame bacteriológico “post mortem”. O número de doentes em que pudemos fazer esta espécie de exame foi relati\’amente pequeno, o que é absolutamente justificável, dadas a.« inúmeras dificuldades em se extrair o sangue nesse período. O exame necrótico, em sua maioria, foi procedido nas primeiras 24 horas após o desenlace: em um caso fizemô-lo depois de 5 horas; noutro, dentro de 12 horas; em 10, após 24 horas. Entretanto, por motivos alheios á nossa von- tade êle foi procedido, algumas vezes, depois de 36 horas (6 casos), de 48 ho- ras (2 casos), de 72 horas (2 casos), de 3 dias (2 casos), de 4 dias (1 caso) cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 204 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII e de 5 dias (1 caso). Os cadáveres, remoridos no mesmo dia do óbito para o Departamento de Anatomia Patológica, eram conservados em geladeira. As punções cardiacas foram feitas nas primeiras horas depois do êxito letal. Foi possivel realizá-las nos primeiros trinta minutos, em 4 cadáveres; até djas horas, em 1 caso; até três horas, em 2 casos; até 4 horas, em 1 caso; até 12 horas, em 3 casos; e até dezesseis horas, em 1 caso. Com exceção das necrópsias de Nos. 293, 352, 363 e 400, em todos cs ca- sos necropsiados, colhemos em \-ida sangue para hemocultura. Os casos de contróle foram escolhidos. Estudamos bacteriologicamente 12 cadáveres, sendo indivíduos adultos do sexo masculino ^6 casos), do sexo fe- minino (4 casos) e prematuros (2 casos). As necrópsias foram efetuadas: após duas horas do óbito (1 caso), 24 horas (5 casos), 48 horas (1 caso), 3 dias (2 casos), 4 dias (1 caso), 5 dias (1 caso) e 7 dias (1 caso). Os corpos, antes da necrópsia, permaneciam guardados em geladeira. O diagnóstico ana- tómico principal foi: Tuberculose Pulmonar (5 casos). Prematuridade (2 ca- sos), Carcinoma Brónquico (1 caso). Aneurisma da Aorta Abdominal (1 caso), Miocardite Crônica (1 caso), Endocardite Verrucosa da Válvula Mitral (1 caso) e Sarcoma do Braço com Metástases Generalizadas (1 caso). B) COLHEITA DE iL\TERIAL Dentro das possibilidades oferecidas, procurou-se colher o material necró- tico, consoante aos rigorosos preceitos da técnica bacteriológica e sempre em idênticas condições, tanto dos casos de Pénfigo quanto nos de controle. A colheita de sangue de coração sempre foi efetuada em primeiro lugar. Depois de libertado o plastrão estemo-costal e fendido o pericárdio, para \-erifi* cação do seu conteúdo, o coração era cuidadosamente exposto e o sangue re- tirado por punção das aurículas, aspirando-se com seringa esteril. A esteriliza- ção local era praticada com espátula metálica aquecida ao rubro, cauterizando-se pelo menos duas vezes uma pequena superfície do órgão por onde se introduzia a agulha. Conseguindo-se quantidades superiores a 5 cm*, o sangue era desfi* brinado; quantidades inferiores a êsse volume eram imediatamente semeadas em caldo-glicosado e posteriormente praticadas no laboratório as diversas sementei- ras. A mesma orientação técnica foi seguida para a colheita de outros líquidos orgânicos ou de fluidos cavitários anormais. Para os teddos consistentes — material sólido — a maneira de proceder fo* esta: exposto o órgão, i»i loco, aderia-se durante algum tempo, no mínimo duas vezes consecutivamente, em determinada superfície, uma espátula incandescente; em seguida, com instrumentos cirúrgicos esterilizados, retirara-se um pequeno fragmento do órgão, colocando-o em recipiente esteril e fechado. Êsse frag* G4 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 B. ^Luuo Mocrão — O papel do estrcptococo no Pcnfigo Foliaceo 205. mento era transportado para o laboratório a-fim-de ser submetido às respectivas proras bacteriológicas. Várias vezes, no entanto, a colheita de material foi pra- ticada depois de retirado o órgão da cavidade visceral, sendo a conduta técnica a mesma e trabalhando-se, nessas emergências, o mais rapidamente possivel, sem perda de tempo. Para a colheita de fragmento de cérebro, a dura-mater, após o desprendimento da calota craniana, era conservada, sendo fendida depois de cauterizada. A colheita de tecido dos rins e das suprarrenais foi feita ulterior- mente à liberação da cápsula renal. Como ponto de reparo para as punções cardíacas utilizamos sempre o 4.® espaço intercostal. A desinfecção local era feita rigorosamente com tintura de iodo, retirando-se o excesso com álcool. O sangue era aspirado com seringa de 20 cm’ com trocater. C) MATERIAL COLHIDO Das 24 necrópsias de doentes de Pênfigo, o seguinte material foi extraidot Sangue de coração 23 vezes Baço 24 - Fígado 24 Cérebro 14 " Rim 11 “ Derrame do pericárdio ' 5 Medula óssea 3 Derrame peritoneal 1 vez Bile vesicular 1 Pulmão • 1 " Medula espinhal 1 ” Abcesso pélvico 1 " Dos 12 casos que fizemos punção cardíaca, em alguns foi possivel a sua colheita mais de uma vez, em diferentes horas; em 4 casos retiramos também derrame do pericárdio. Dos 12 casos de controle o material necrótico consistiu cm: Sangue do coração 12 vezes Fígado 12 ” Baço 11 Rim 6 Cérebro 6 " Derrame peritoneal 1 vez Suprarrenal 1 " Í9 65 20C Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII i D) SEMEADURAS Os meios de cultura utilizados foram os seguintes: 1) Agar-simples em placa e inclinado; 2) Agar-sangue em placas; 3) Meio Teague em placas; 4) Caldo-glicosado (em tubos com 5 a 10 cm* de meio ou em balões contendo 100 a 150 cm* de meio, dependendo do volume do material a ser semeado) ; meio de Tarozzi (anaeróbio, tubos contendo de 5 a 10 cm^ de meio). O sangue e o liquido patológicos, diluidos ou não em caldo-glicosado, eram diretamente semeados.* O material sólido era reduzido a pequenos fragmentos, triturado asseticamente em gral de porcelana, suspenso em salina fisiológica ou < 2 ddo-glicosado e, em seguida, semeado. As leituras eram feitas 24, 48 e 72 horas, após incubação em estufa a 37®. Logo que se percebia algum crescimento bacteriano, praticava-se o isolamento de todos os germes, a-fim-de proceder à sua identificação. Não havendo ger- minação bacteriana, esperava-se no minimo 8 dias para negativar qualquer re- sultado. Não foram usados meios eletivos para bactérias ácido-resistentes. Toda- via, nos casos de Pênfigo, suspeitos ou com lesões macroscópicas de tul)crculose, faziam-sc esfregaçõcs dos diversos órgãos, para a pesquisa bacterioscópica dos bacilos de Koch. E) .ANIMAIS INOCULADOS órgãos ou líquidos orgânicos de alguns casos de Pênfigo que não demons- traram nenhum crescimento bacteriano, após 48 horas de conser\*ação em baixa temperatura, foram inoculados em coelhos, cobaios, ratos e camondongos, para a pesquisa de virus. De outro grupo de doentes o material patológico — sus- pensão de órgãos triturados ou fliiidos de origem endógena — era filtrado e inoculado no mesmo dia em animais de laboratório. Na necrópsia 290 (E. F., obs. 480) observou-se um derrame purulento da cavidade peritoncal, que foi diretamente inoculado em ratos e camondongos. De outra doente (neocrópsia 368, A. Y. F., obs. 477), com pneumonia lt>- bar intcrcorrente, procurou-se isolar Dipíococcus pneumoniae inoculando-se sus- pensão do pulmão em ratos e camondongos. F) RESULTADOS 1) Necropsias de casos de Pênfigo Foliaceo (Qtudro XIV) 1 . Resultados gerais. Os resultados obtidos, cm relação a todas as necrópsias. globalmente, f®* ram as seguintes: €6 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 I I I \ ! ( I i Quadro XIV NECRÔPSIAS DE CASOS DE PEXFIGO FOLIACEO No. Necropsia 310 400 550 295 196 516 368 291 247 269 290 599 292 491 552 565 229 205 555 578 587 Iniciais e Na J. E. C. (500) J- P. (541) A. N. (562) A. T. P. (504) E. P. (264) M. T. (496) -K. Y. F. (477) D. M. T. (449) A. il. (425) T. O. (429) E. F. (480) L. E. (457) .A M. a (551 M. J. F. (492) R. O. R. P. (414) A. F. (229) N. R. S. (408) C. A. S. (574) C. P. L. (295) ' J. B. F. ( Côr Preta Branca Brauca Branca Prrta Branca Branca Branca Preta Prtla Branca * Branca Branca Branca BratKa Branca Branca Parda Prrt» Parda Parda Idadr 18 anos 11 anos 24 anos 28 «>os 22 anoa 27 anos 9 UIO* 26 anoa 25 anos 55 anoa 19 anot 32 anoa 26 anos 43 anos 27 ai.c« 17 anos 41 anos 25 aiios 9 anos 30 anos 25 ano Inicio molést. 5 meses 6 meses 6 mtK* 7 meses « 7 meses 7 meses 10 meses 10 meses 11 mtses 1 ano 1 a. e 5 meses 1 a. e 6 meses 2 atKia 2 ano* 2 anoa e 8 metes 2 anos ç 10 meses 3 anos 3 anos 3 anos 3 anoa e 5 meses , 3 anos e 5 1 óbito 4 7-41 (10 h.) 19-12-41 (8 b.) 11-4-42 (8,40) 1-6-41 (21.50) 12-5-41 (8,10) 27 7-41 (17 b.) 18 10-41 (5 b.) 25 5-41 (10b.i 4 5-41 (22 b.) 9-S-tl (11b.) 20-5-41 (10b. 50) 18-12-41 (15 b.) 25-5-41 (lb.50) 25-2-42 (8b.50) 8-9-42 (20 b.) 710-41 (16 b.) 7-4 41 (10 h.) 51-5-41 { 7h.) 18-4-42 ( 8b.50) 25-11-41 (14 h.) 9-6-42 (9 Necrópsia 5 7-41 ( 9h.) 20-12-41 (9 b-) 15-4-42 (10b-) 6-6-41 (9 b-) 15-5-41 (9 b.) 51-7-41 ( 9 b.) 20-10-41 (9 b.) 24-5-41 (9 b.) 5-5-41 (9h.50) 10-5-41 ( 9 b.) 22-5-41 (19 b.) 20-12-41 (10 b.) 26^5-41 (10 b.) 26-2-42 (9b.50) 10 9-41 (10 b.) 10-10-41 (10 b.) 8-4-41 ( 9h.) 1-4-41 (11 b.) 18-4-42 (14b.50) 27-11-41 ( 9h.) 10-6-42 (11 SanKue Uo coração Staph. ^ olbus ^ Bsch. coli Aus. cresc. bact. Pr. amrr. ^ -| — B. rtp. + + Strrpt. krm. Strrpt. krm. . 4 - . 4 - . 4 . Strrpt. krm. 4 . 4- 4- Esrk. ra/l ^ ^ . 4 . SUpk. aíbmt . 4 . Pr. art. . 4 . Aus. cresc. bnct. Strrpt. krm. 4 . 4 . 4 - Bsrk, ra/i 4 — (- 4 " Strrpt. krm. 4 . 4 . 4 . Strrpt. krm. 4 . 4 . 4 . Strrpt. krm. 4 . Strepc. s. ímI. Pr. tWp. -f-f-f Strrpt. krm. 4 - 4 - Euk. re/i 4 * *+■ Strrpt. krm. 4 - B. s^ (esp.) 4 - 4 . — Strrpt. krm. . 4 . Erck. ecli -f -f- -4- B. ap. (rtp.) - 4 . + + Strrpt. krm. 4 . 4 . 4 . Strrpt. krm. -)-4--4- Aus. cresc. bact. Esck. coli 4 - 4 . 4 . Strept. krm. -f**!* Aus. cresc. Baço Esch. coii ^ + Stre^f- N. isclaJ^ (hetnolítieo) + 4 * Aui. cresc. bact. Strrpt. krm. 4*4“ B. »p. (op.) -f-f-f B. «p- (c»p.) Strrpt. krm. . 4 . . 4 - . 4 . Strrpt. krm. 4 . - 4 - Bsck. ro/t 4 . .f. Stspk. a/^vl 4 . B. «p. + Pr. ãrr. Strrpi. im4. 4 * B. sp. 4 . Esrk. eeJi 4 * 4~ Strrpt. krm. 4 . 4 . 4 . Esck. rali 4 . 4 — Strrpt. krm. 4 . 4 . 4 . Strrpt. krm. 4 . 4 . 4 . Strrpt. krm. 4 . Aus. cresc. bact. Strrpt. krm. 4* + Esck. coli 4 - 4 - Strrpt. krm. B. ap. -f-f-f Strpk. êJtru - 1 - Aus. cresc. bact. Strrpt, krm. +*l* Esck, coli 4 .-I. 4 . B. sp. (esp.) 4 - 4 . 4 .* Strrpt. kcm. 4 . Strrpt. krm. 4 - Strept. n. irol. 4 * B. sp. (esp.) 4-4-4* Esck. coli -I- 4 . 4 . Stapk. albus 4 * £jrh. coli Fi^do Bjch. coH -f. Baciíltis sp. (esporulados) Slapk. alh-is ^ Pr. amrr. B. etp. 4-4- Strept. krm. - 4 . . 4 . . 4 . B. «p. (r«p.) Strrpt. krm. 4 . . 4 . . 4 . B. $p. (r»p.) Atts. cresc. bacL Strrpt. krm. 4 . 4 . 4 - Esch. ra/l 4 - 4 . 4 . Slrtfl. krm. -f-f-f Strrft. krm. 4. 4. Esck. ra/i 4 . 4 > B.iM. + + + Stapk. albns 4 . Aus. cresc. bact. Aus. cresc. bact. Strrpt. krm. 4 . B. sp. (e^p.) 4 - 4 - Esck. re/i 4 . 4 . 4 . StMpk. albus 4 . 4 . 4 . B. »p, (f»p.) Strrpt. krm. + Erck. e»K -4- -4- -f B. ip. («p.) +- 4 - - 4 . Strrpt. krm. 4 . Aus. cresc. bact. Aus. cresc. bact. Au«. erne. bMt. Esck. coh Derrame pcrjcirdío Buk, eoU ^ .j- + Ps. atr. B. + + + Strept. H. ttol. 4-4- — — — ãeHS. . 4 . 4- ^ — - — — — - — — — — — StrrPt. krm, 4 . 4 . Stapk. o/bMx 4 . — Aus. cresc. bact. Esck. coii *(* + Strrpt. krm. -f. 4 . 4 - — Céreliro BüciUus sp. (esporulados) Strepi. kfm. -J- ^ — Aus. creK. bact. - Strrpi, hem. 4 . Esck. ra/i 4 . 5«apã. élbms 4 - B. fp. (Mp.) -f-f Strrpt. imd. 4“ 4" Stapk. êlbas 4*4* Esrk. ra/i 4*4* Aos. cresc. bact. - — — Aus. cresc. bact. Aot. crac. bict. Sirttt. I>rm. -J- B. ip. (cap.) -f-f St»pk. tlkmi -4- Aus. cresc. bact. Strrpt. krm. 4 . EscK coli 4 - 4 - 4 . B. tp. (»»p.) 4 . 4 -f — — Aus. cresc. bact. Aus. cresc. bact. — Rim — Btek. re/l ^. 4 .^. — Strrpi. krm. ^ 4 . 4 . B. sp. (es^) •f4-4- — Strrpt. krm. 4 - 4 . Esck, ra/i 4~ 4* Diplococos 4*4* Esrk. ra/i 4 - 4 - — - — — Strept. 0 . tsol. 4* Pr. tmlp. + + + - — Strrpt. krm. 4 . B. s^ (esp.) 4 - 4 . Erck. coli -4- + + B. tp. (rap.) + + + — — Aus. cresc. bact. Au<- crcK. 1 Kt. Aus. cresc. Medula úftiica — - /V. úm rebro e der. pericãr- dico. Não fei hemocullura. Ilrm. neg. feita 20 dias antes. Fet pun- ção cardíaca 3 horas após a morte. Não fea hemocultura. Htm. <2) posit. para Strrpt. krm. sendo a última feita 2 meses antes. Pesq. B. K. nef. no material tra- balhada Hem. nef. «endo a última feita 3 mese* ante«. Hemocultura negativa feita 6 me^s jntes. Hemocultura negativa feita 4 me«es antes. Pesq. de virtas em material de céreèra Hemocultura negativa feita 5 meses ante«. Hemocultura negativa frita 11 dias anCe«. Hemocultura negativa 1 mês antes. Inoc. do der. perit. eixi c^ baios e ratoa. Hemocultura negativa ( 2 ) a última sendo feita 6 meses antes. Hesnocultura (2) oe< gativas tendo a últi- ma feita 7 meses an- tes- Pesq. de virus em mat. de cérebro e fígado. Fex punção cardíaca 4 horas após a mor- te. Hemocultura neg. feita 7 raese* antes. Nân fex hemocultura. Nio fex hemocultura. Material de medula utUisado para a prsq. de virus. Hemocultura negativa feita 5 meses antes. Hrmoculturas (3) ne gativas sendo a úUima feita 20 dias antes. Fez punção cardíaca 2 horai após a raorte. Não fex hemocultura. Hctnoculturas (2) t*^|> sit para Strrpt krm. Sendo a última feiu 4 meses ante<. Hemocultura m ta ha 1 ano. Fi ç 6 es cardíacas 3 e 4 horas i morte. OfeSUVAÇÃo — Forma clinica cm 2 3 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 SciELO 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 59 60 61 62 Quadro XIV .NECROPSIAS DE CASOS DE PEXFIGO FOLIACEO 196 316 368 291 247 269 290 399 292 491 352 363 229 203 553 378 587 379 469 248 E. P. (264) M. T. (496) A. Y. F. (477) D. M. T. (449) A. M. (425) T. O. (429) E. F. (480) L. E. (457) .V M. a (331 M. J. F. (492) R. O. R. P. (414) A. F. (229) X. R. S. (408) C A. S. (374) C P. L. (293) ‘ J. B. F. (339) I. D. P. (495) C. C. (357) A. \V. (2M) Preta Branca Branca Branca Preta PreU Branca * Branca Branca Branca Branca Branca Branca Parda Preta Parda Parda Branca Branca Branca 22 anos 27 atvos 9 anos 26 anos 25 anos 55 anos 19 anos 32 anos 26 anos 43 anos 27 ai.es 17 anos 41 anos 25 au» 9 anos 30 anos 23 anos 26 anot 26 anos 40 anos 7 meses 7 meses 10 meses 10 meses 11 mtses 1 ano 1 a. e 5 meses 1 a. e 6 meses 2 anos 2 anos 2 anos e 8 meses 2 anos e 10 meses 3 anos 3 anos 3 anos 3 azKM e 5 meses 3 anos e 5 meses 6 anos 7 anot 7 anos c 5 meses 12-3-41 (8.10) 27-7-41 (17 h.) 18-10 41 (3h.) 23 S-41 (10 h.) 4 5 41 (22 b.) 9-5-41 (11b.) 20-5-41 (10b. 30) 18-12-41 (15 b.) 23-5-41 (lb.30) 25-2-42 (8b.30) 8 9-42 (20 b.) 7-10-41 (16 b.) 7-l-tl (10 b.) 31-3-41 (7 b.) 18442 ( 8b. 50) 25-1141 (14 b.) 9-642 (9b. 10) 25-1141 (16b.30) 18-242 (19b.30) 5-541 (2211.30) 13-3-41 (9 b.) 31-7-41 ( 9h.) 20-10-41 (9h.) 24 5-41 ( 9 b.) 5-5-41 (9b.30) 10-5 41 ( 9 b.) 22-5-41 (19 b.) 20-12-41 (10 b.) 26^5-41 IlOb.) 26-2-42 (9b.30) 10-9-41 (10 b.) 10-10-41 (10 b.) 8-4-41 ( 9 b.) 1-4-41 (11 b.) 18-442 (14b.30) 27-1141 ( 9 b.) 10-642 (10 b.) 27-1141 (lOh.) 20-242 (9 h.) 7-541 (10 b.) rrpt. hrm. -f Strept. hem. Eich. coH ^ ^ St«ph, aJbtu ^ Pr. arr. Au*, cresc. XmX. Strept. hem. Esch. coli _^^4~ Strept. hem. ^ ^ 4 . Strept. krm. 4 . 4 - 4 . Strept. hem. 4 - Strept. n. U«l. Pr. rmjf. Strept. hem. 4 - 4 - Esck. coH 4~ + StrePt. hem. 4 - B. s^ (esp.) 4 - 4 - — Strept. hem. 4 . Esch. coli + + + B. Êp. (ctp.) -f-f-f Strept. krm. -E-E-E Strept. hews. 4 . 4 .. 1 . Aos. cresc. bact. Esch. coU 4 . 4 . 4 . Strept. hem. +4- Aos. cresc. bact. Esch. coli 4 . 4 - 4 . Strept. hem. 4 . B. sp. (esp.) 4 - 4 - Strept. hrm. + B. tp (ctp) -E + t Stoph. olbus 4 . Sirrpt. hrm. -E-E + rrpt. hrm. -j_ Strept. hrm. + + Esch. coli ^ Staph, aJb'*s ^ B. ap. + Pr. arr. Strrpt. ímJ. .f. 11 . ap. + Btch. coli .j. 4 - Strept. hrm. Esch. ecH 4* 4* 4- Strept. hem. 4 . 4 . 4 - Strept. hem. 4 . 4 . Strept. hem. 4 . .\oí. crrjc. bact. hem. 4 ~ Eick. co/i -í- 4 - Strept. hem. 4 - B. «p. -f-f-E Siofk. olb-As Aos. cresc bact Strept. hem. Esch. coH 4 . 4 . 4 . B. tp. (eip ) -f-E-f-. Strept. hem. 4 - Strept. hem. 4 - 4 - SlrrpC D. itol. -E B. tp (ctp) -E-E + Etck. coU -E -E 4* Stoph. olbus 4 * Esch. coli 4 - Esch. coli 4 _ 4 . 4 . Strept. hem. 4 - 4 . B. sp. (f*p.) 4 . B. subt. + + Staph. olbus 4 > Strept. hem. 4 * hrm. ^ B. ap. (eap.) Au*. cre*c. lact Strept. hem. 4 . Esch. coH ^ ^ 4* Strept. hem. 4 . 4 . 4 . Strrtt, krm. 4 . 4 - Esck. coli 4 --(- B. cM. -f -f + Staph. mJbmt 4 - Aus. errse. bact. Aus. cresc. bact Strept. hem. 4 . B. *p. (e*p.) 4 - 4 - Etch. coli 4 . 4 . 4 . Stoph. olhuj 4 . 4 . 4 . B. tp. («p.) +-f-f Strept. hem. 4 . Esch. coH 4 . 4 . 4 . B. #p. (esp.) 4 . 4 . 4 - Strept. hem. 4 . Aus. cresc. bact Aus. cresc. bact. Aus. cresc. tact Esch. coli 4~ Etck. coli -E + + Strept. krm. .E *E B. ip (cap.) +-E Strept. hem. 4 . B. sp. (esp.) + + + Stoph. olbus 4 . Esch. coli + + Strept. hem. ’ept. hem. ^ ^ — - — — — - — — — — — Strrft. hem. 4 - 4 . Stoph. oSbns 4 . — Aot. cmc. bact. Esch. coli 4 - 4 - Strept. hem. 4 . 4 . 4 . — — — — - Strept. hrm. ^ Euh. coH Staph. üJhHã ^ B. sp. (esp.) -f-f Strept. imd. + + Staph. albus 4"l~ Esrk. roti -f. a|. Au*. cre*c. bact. — — — Aus. cresc. bacL Aus. cresc. bact Strept. hem. 4 - B. fp. (esp.) 4 . 4 - Slmph. oíhmt 4 - 4 - Aus. cresc bact Strrfl. krm. Etck. coli + + + B. tp. (ctp.) +-f-Í- — — Aum. cfctc. bact. Aai. ctctc. bact. — Etck. coli -E + -4* Strept. kim. 4 . B. ap (ctp.) -E-E — — — Strept. hrm. -J. Etrh. coli ^ Diplocuco* 4 * 4 * Eseh. coli 4- 4- — - — — Strept n. boi. 4 * Pr. vmJ^. + + + - — Strept. hem. 4 . B. tp. («p.) ^--f Etck. coH -E -4- -4- B. tp. (c»p.) -e-E-E — — Aus. cresc. tiact Aiu. crctc. 1 act. Aut. cresc. bact Esch. coli 4 * + Strept. hem. 4 . 4 - B. sp. (esp.) 4 - 4 - — — - — — — — Strept. hem. ^ 4 . 4 - — — — — - — - — - Aut. ercac. bact. — ~ — — — — — — — — Strept. hem. 4 . 4 . 4 . B. >p. (e»p.) 4-4-.f — — — — - — — — -- — — — — — — — — — — — — - — — — — — — — — — — - — — — — — — — — — — — Strept. hem. 4 . Esch. coli -|- + + B. tp. («p.) -E-E-E — — — — — — — — — — D. pn. 4-4-4- Stapk. úlhus ^ B. ap. + Esck. coli .f — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — - — Street krm. Etck. coli B. tp. (rtp.) — — — — — — — — — TI. (3) posit. para rpt. hrm. temlo a ma feita 2 meses M. Pesq. B. K. . no matéria) tra* Hem. neg. sendo a última feita 3 meses ante*. Ilemoctillura negativa feila 6 me*e« ante*. Hemr6), cs estafilococos estavam associados, respectivamente, a Escheri- c/tia coli e a estreptococos hemoHticos e Ijacilo piociãnico. As duas amostras de estafilococos pertenciam à variedade albus. 10. Os casos — E. P.. necrópsia 196, obs. 264; C. F. L.. necrópsia 378, obs. 293; e, C. C., necrópsia 469, obs. 357 — tiveram hemoculturas positivas em vida para estreptococos hemoHticos; nas necrópsias ésses germes foram nova- mente isolados. As hemoculturas tinham sido feitas há mais de 2 meses. Os diagnósticos anatômicos désses casos registavam: E. P. — tuberculose pulmo- cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 B. M.uuo Mourão — O papel do eslreptococo no Pènfigo Foliaceo 213 nar; C. F. L. — tuberculose do pericárdio; e, C. C. — insuficiência do mio- cárdio. 11. Acrescente-se ao 3 casos de tuberculose já referidos, o de R. O. (ne- cropsia 352, obs. 511), com o diagnóstico anatômico de tuberculose caseosa de grandes nódulos em ambos os pulmões. Nos quatro casos, dos 24 aqui estu- dados, em que se comprovou a existência de tuberculose, os exames bacterios- cópicos para bacilos ácido-resistentes foram negativos em esfregaços de cérebro, fígado, baço, rim e derrame do pericárdio. 12. A maioria dos doentes de Pênfigo que necropsiamos (24 casos) fale- ceram nos dois primeiros anos da doença. II) Punções cardíacas “post mortem” (Quadro XV) 1) — Resultados gerais. Estreptococos hemolUicos : 1. Estreptococos hemolíticos isolados em cultura pura: 25,0^ (cm 3 pun- ções). 2. Estreptococos hemolíticos associados a outros germes: 41,6^ (cm 5 punções). Presença de estreptococos hemolíticos (total): 66.6^ (cm 8 punções). Outros gertncs isolados. 1. Presença de Racillus sp. (esporulados) : 25,0^ (cm 3 punções). 2. Presença de Staphylococcus albus: 16,6^ (cm 2 punções. 3. Presença de Streptococcus do grupo gama (inerte) : S.3% (em 1 pun- ção). 4. Presença de Staphylococcus aureus: 8,3% (em 1 punção). 5. Presença de Escherichia coli: 8.3% (em 1 punção). 2) — Dados cuja importância releva assinalar. 1 . Os estreptococos hemolíticos foram os germes predominantes. 2. A percentagem global de estreptococos conseguida nas punções car- díacas é menor do que a encontrada nas necrópsias; toda\Ta, em compensação, há maior possibilidade do isolamento de estreptococos em cultura pura. 3. Em uma punção, feita 15 minutos depois do óbito (M. O., punção 619, obs. 288), isolamos estafilococos em cultura pura. 4. No caso J. B. (P. 588. obs. 339), fizemos 3 punções de resultados ne- gativos: a primeira, 30 minutos depois da morte; a segunda, 3 horas e a terceira ao fim de 4 horas. O cadaver foi submetido à nccrópsia, 25 horas depois do óbito (necrópsia 587), tendo havido escasso crescimento de Esch. coli, com au- sência de estreptococos. 73 (Quadbo XV) O 2 . i ‘.5 • tj ^ ■5 o 48 ha ■c U Inicio üa moléstia i.2 ,a .g PUSÇÕES No. Dia e 1 Hora 1 Resultado OBSERl AÇÕF4 566 G.S. 301 58 Br. De*. 1932 13.10 254-12 la. 13 20 254-12 Ausência crescimento bacteriano Hemocultura nefatira horas antes. Tem hemocultura positiva estreptococos datando de um ano. 2a. 11.00 26-5.12 BãcOJus sp.. Staph. 9»reus c Sirept. krm. 3a. - — 619 .M.O. 288 12 Am. Jul. 1»M 16..X) 8-7-912 la. 16,15 8-7-912 Stapk. ãlbns Hemocultura positiva, feita 11 meses antes, para estreptococos hc- moltticos. 2a. - - 3a. — - 653 P.R.L. 173 • 36 Br. Oot 1910 1740 1-9-913 la. 1310 1-9912 Strept. k^m. Hemocultura negativa 24 horas antes. 2a. 1940 1-9912 Strift. hem. 3-a - - 588 J.B.F. 339 23 Pd. Fer. 1939 9.10 96-12 la. 1U.10 96-12 Atxsêocia crescimento bacteriano Fex necrópsia 24 bo> ras depois do dtrito. 2a. 1310 96-12 Ausência crescimento bacteriano 3a. 13-10 96-12 Ausência crescimento bacteriano 628 A.M& 5U4 61 Pd. Fer. 1912 8jn 11-7-12 la. 1040 11-7-12 Strept. krm. Henoeultura negativa 24 horas antes. 2a. 3a. - - - — 551 O-VS. 371 9 Pr. .\Ur. 1910 840 18-4-12 la. 2a. 11.10 18-4-42 Ausência crescimento bacteriano Fez necrópsia 5 ho* ras e 40 minutos de* depois do óbito. - 3a. - 519 A. N. 562 21 Br. OaL 1911 8.10 11-4-12 la. 1140 11-1-12 Strrpf. krm. Strrpt. ind. Fez necrópsia 24 ho* ras depois õo óbito. 2a. - 3a. - — 190 M.J.F. 192 13 Br. Sor. 1910 840 25-2-12 la. 1140 25-2-42 SireP*. krm. Bécilíui tp. (esporulados) Fez necrópsia 2S ho* ras depois do óbito. 2a. - — 3. — 613 N. D. 58 19 Br. 1933 240 3-7-42 la. 10.00 3-7-WJ Ausência crescimento crescimento Tem bemocultura posi* tiva para estreptococos bemoitticos 1 ano antes. 2a. - — 3a. - — 557 R. B. 551 58 Br. Fer. 1912 040 104-42 la. 1300 104-42 Etrk. eoH. StãPk. slkns e Strrpt. krm. Hemocultura negativa feita um ano antes. 2a. - — 3a. - — 563 I. F. 411 12 Br. Fer. 1938 2040 7-3-12 la. 840 84-912 Strrpt. krm. Hemocultura negativa feita 3 meses antes. 2a. - — 3a. - — 497 A. A. 556 70 Br. Oot. 1011 18.00 7-3-12 la. 1300 84412 Strrpt. krm. sp. (esporulados) Hemocultura negativa 12 dias antes. 2a. - — - — Observação: Fornia clinica dos casos necropsiados. Dermatosc crônica generalizada. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 B. Mario Mouilío — O papel do estrcplococo no Pênfigo Foliaceo 215 5. Do caso O. A. S. (punção 551, obs. 374), cujo resultado da punção foi negativo, realizamos a necropsia 5)4 horas depois (Necropsia 553). As semeaduras, de sangue de coração, de derrame do pericárdio, tecido hepático, renal e cérebro, não mostraram crescimento bacteriano; somente no baço veri- ficou-se a presença de estreptococos, que não foram isolados. 6. A. X. (punção 549, obs. 562) teve hemocultura negativa 19 dias antes do óbito. .4 punção cardiaca feita 2,40 horas depois da morte, mostrou cresci- mento de estreptc cocos do grupo bela e do grupo gama. A necropsia (n.° 550), feita no dia seguinte, não mostrou a prkesença de estreptococos no sangue de cora- ção, havendo crescimento nas semeaduras de Proteus- americanus e bacilos esporu- lados; os estreptococos hemoliticos foram isolados em cultura pura do baço. 7. M. J. F. (punção 490, obs. 492) foi outro caso em que foi possivel efetuar a necropsia no dia seguinte ao óbito. A punção cardiaca feita 3 horas depois da morte teve como resultado o crescimento de estreptococos hemoliticos e de bacilos esporulados; na necrópsia (n.® 491), as semeaduras do sangue de co- ração praticadas 22 horas depois da punção cardiaca, deram igual resultado. 8. N. D. (punção 613, obs. 58), foi um doente de forma distrófica, com hemocultura positira para estreptococos hemoliticos, 1 ano antes da morte. A punção cardiaca procedida 8 horas depois do óbito, foi negativa. III) Hemoculturas “ante mortem” (Quadro XVI) O fito destas pesquisas foi verificar se havia invasão de germes da corrente sanguinea nos dias que precedem à morte ou durante a agonia. De uma doente (M. C. R., hemoailtura 407, obs. 536), foi possivel colher sangue 3 horas antes do falecimento ; nos casos restantes, que reunimos no Quadro XVI, a hemocultura foi precedida em tempos variáveis e consideramos como periodo “ante mortem’' até o máximo de 17 dias, quando o prognóstico quoad znlam era mau. com o estado geral precário, estando os doentes em franca fase pré-agônica. Como se verifica no Quadro XVI, nas 11 hemoculturas praticadas, somente em dois casos isolamos estreptococos do grupo hemolitico. A média de positi- vidade, portanto, se aproxima numericamente das hemoculturas positi\-as para estreptococos em todas as fases clinicas da moléstia, isto é, dando uma percen- tagem de Os achados mais importantes, relativos aos casos nos quais conseguimos proceder a cultura do sangue no periodo pré-mortal, e que merecem ser levados em consideração, são os seguintes: 1 . A. D. (ex. 720, obs. 508) foi um caso muito bem estudado no capitulo das epidermoculturas (Quadro II, pág. 36) e por nós acompanhado durante toda 75 216 Meraórías do Instituto Butantan — Tomo XVII a evolução da doença, do qual se isolou estreptococos hemoliticos 5 dias antes do falecimento. Adiante, na discussão final do trabalho, teceremos no\-as con- siderações a seu respeito. 2. C. M. M. (ex. 71 obs. 422) teve hemocultura positiva 13 dias antes do óbito, estando em plena fase pré-agônica. Sôbre esta doente prestamos al- guns esclarecimentos no capítulo referente às hemoculturas (Quadros VIII e IX, pags. 183, 187). 3. Xo caso P. R. L. (ex. 650, obs. 473), com hemocultura negativa 30 horas antes do óbito, fez-se duas punções cardiacas, ambas com resultado po- sitivo para estreptococos hemoliticos, sendo a 1.^ \nnte minutos depois da morte (ex. 653, Quadro XV). Qüadso XVI HEMOCULTURAS “ ANTE-MORTEM " d SS > :I-Í ‘c o' ^ c O C6r *5 ^ .S ^ *Õ c E Temperatura Dia c Hora Resultado Oberrr ações o ? *2 íf fi «r « 3 ■- z w « JS '■I 6 2 S 3 s: 3 •** o O i 4£7 .M.CK. 536 29 Br. OuL 41 38,9 3U 930 18.2-C 1230 18-M2 ScjcaÜYo HniXkCaltura oegativa fes* ta 12 dias antes. 650 P.K.L. 473 36 Br. Oul. 40 36^S 36,0 10,00 31.6-42 1730 l-»942 Nrgaliro Mcmoct^turas negativas feitas mA ano ante. 470 F. S. 550 70 Br. Deftcoobc- 36J) S5.0 10,00 202-42 5.40 22-2-42 Segatiro — 564 G. S. 301 5S Br. Drt. 32 37,4 57,7 1130 23-5-42 13.10 25-5.42 Negativo Hemocultura positiva Strr^^gcpcau feita ura ano antes. 625 A..M.S. SM 61 Pd. Fct. 42 3S.0 37,1 9,00 ll-7-4> 1030 14-7-42 Negativo Hcmocultui \ negativa fei* ta um ano antes. 303 J.F„C. 500 is Pr. Fe». 41 37,5 36,6 10.00 1-7-41 1030 4-7-941 Negativo Hemocultura negativa fd* ta 2 meses antes. 726 .\. D. 50S 24 Pr. 5Ur. 41 37J 37,0 1730 63-13 10.£i 113-«3 Strrft. Armo/. — 4S7 A. A. 556 70 Pr. Out 41 S7Í 38,6 1030 25-2-12 18,00 73-942 Negativo Hemocultura positiva fei* ta um ano antes. 245 T. O. 420 S3 Pr. OuL 40 36,1 363 930 2S-4-11 11.00 9-5-941 Negativo Fea necropsia (Nol 269) 24 horas depois da morte. 71 C..M.M. 422 21 Pr. Set. 39 38,1 363 9.00 8-10-11 930 21-10-11 Strrft. krmoi. — 143 •M.L.A. 462 19 Br. ,No». 40 37,8 373 1030 11-1-41 1730 28.1-41 Negativo — Forma cHoka dos casos: Dcrm^t^t crònif gtntrmiisadã. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 B. Mabio Mouhão — O papel do estreptococo no Pêníigo Foliaceo 217" 4. G. S. (ex. S6-4, obs. 301, Quadro XV), teve hemocultura positiva para estreptococos henioliticos, 1 ano antes. A hemocultura praticada 48 horas antes do falecimento foi negatira. A l.“ punção, feita 10 minutos após a morte, não mostrou crescimento bacteriano. No dia seguinte pundonamos o coração, tendo sido isolados estreptococos hemolíticos, estafilococos dourados e bacilos esporu- lados. 5. A. M. S. (ex. 625, obs. 584, Quadro XV), foi um caso grave e de de- senlace rápido. Teve duas hemoculturas negativas: a l.“ um mês antes da morte e a 2.® em plena fase agônica. A punção cardíaca, realizada 2)4 horas depois do óbito, foi positira para estreptococos hemolíticos. 6. A. A. (ex. 487, obs. 556, Quadro XV), foi um caso mau com bolhas sanguinolentas e lesões atingindo a cavidade bucal; lesões das mucosas no Pên- figo Tropical são raras e sempre indicam extrema gravidade. A hemocultura foi negativa 10 dias antes da morte. Na punção cardíaca, isolou-se estreptococos hemolíticos e bacilos esporulados. 7. Os outros casos aqui mencionados não merecem um registo especial, alguns, entretanto, já foram estudados nos capitulos anteriores. IV) Casos de controle (Qtadro XVII) Neste estudo comparativo tivemos em mira exclusivamente o controle das necrópsias do Pênfigo Foliaceo; para tanto, efetuamos pesquisas nccróticas em- idênticas condições técnicas, em cadáveres cujo óbito foi moli\'ado por outras doenças. Os resultados obtidos podem ser resumidos da seguinte maneira: 1) Germfs isolados: BaciUus sp. (esporulados) Escktrichia coli Streftocoecus beta (bemolylieus) Staphylococos albus Proteus ittlgarií Proteus americanus Salmonella schotimülleri 2) Ausência dc crescintento bacteriano: De 2 necrópsias, numa percentagem de ló.O^í, não se obteve crescimento bacteriano nos meios semeados. Um dos casos — Y. G., No. 357, diz respeito a uma necrópsia feita 2 horas depois do óbito; outro caso — M. R., No. 383 a verificação cadavérica foi procedida 9 horas após a morte. Esses dois casos mostram que a técnica por nós utilizada foi razoavel. 50,0% (cin 6 necrópsias) 50.0% "6 " ) 16 . 6 % "2 " ) 16 . 6 % "2 " ) 8,3% (em 1 necrópsia) 8J% - 1 " ) 8J% - 1 " ) 7T 218 Memórias do Instituto Butantan — Tomo X\TI y 3) Casos em que foram isolados estreptococos hemolUicos: i. S. L., preto, 44 anos, casado, brasileiro, necropsia No. 4ÍM, realizada 28,10 horas após o óbito. Diagnóstico clinico: Sarcoma do braço com metástases ganglionares e es- plénica. Observações clinicas principais: Há 4 anoi tumor no braço direito. Há 3 meses o tumor começou a crescer muito c notou também aumento do abdô- men, prindpalmente do hipocôndrio esquerdo. Emagreceu muito. Ao exame físico, além do tumor no braço direito, havia um pequeno tumor na região mamária esquerda e o baço muito aumentado. Anemia hipocrômica, com 2.900.000 de hemátias por mm* e 75fc de Hb.. O doente entrou em colapso, ficando sem pulso e sem pressão arterial, vindo assim a falecer. Diagnóstico anatômico: Sarcoma infiltrativo da parte mole do braço direito principalmente da região do bkeps, com infiltração difusa do músculo. Flebectasias de todas as veias do braço direito e do ombro D. Infiltração tu- moral do plexo branquial D. Metástases tumorais do externo. Grandes metástases tumorais do fígado. Metástases nos gânglios linfáticos profundos do pescoço e do hik> dos pulmões. Pequenas metástases pleurais. Peritonite sarcomatosa difusa com aderências. Metástases múltiplas no diafragma. In- filtração tumoral difusa de todo o baço, com grandes infartos anémicos. Me- tástases nos gânglios linfáticos axilares. .Atrofia fosca do coração. .Atrofia gelatinosa do tecido gorduroso epicardico. Ligeira esclerose e ateromatose da aorta descendente. Forte hiperemia e edema de ambos os pulmões com focos de broneopneumoma confluentes nos lobos inferiores. Inchação tursn do fígado. .Amplas aderências pleurais. Pleurite fibrinosa. Papiloma mixomatoso da corda vocal D. Estruma coloide difuso. Exostoses múltiplas da vértebra. Anemia geral. , Exame microscópico: Tumor altaroente diferenciado que apresenta acen- tuado polimorfismo celular: céludas pequenas e grandes, redondas e polimorfas, em parte fusiformes com atipia nuclear de mais alto grau e número grande de mitoses. Diagnóstico : Sarcoma polimorfo-celular. ii J. F. L-, branco, brasileiro, solteiro, necrópsia No. 357, realizada 7 dias -depois do óbito. Diagnóstico anatómico: Tísica pulmonar bilateral: broncopneumonia cas- cosa rapidamente progressiva com grandes cavernas nos lc4>os superiores de ambos os pulmões. Obliteração de ambas as cavidades pleurais. Tuberculose ulcerosa intestinal, principalmente da reg^o ileocecal. Pequenas úlceras tuber- culosas no laringe. Fígado tuberculoso gordurosa Dilatação de todo o cora- çãa Hiperplasia cinzenta do baço. .Anemia e emagrecimento geral. Todas as necropsias foran cxecntadas no Departamento de ADatoniia*PatoÍófica da Escola PauH^ de Medkina. Aproreitamos o ensejo para apresentar os nossos afradecimeotos ao Prof. Walter Bünc^let qoe CacTitoa a nossa tarefa, colocando à nossa dtsposicio o matéria] de qne necessitamos. As necrópstas dos casos de Pénfigo FoHáceo foram praticadas cm soa maioria pelo Dr. Fernando Lecberen Alajraa c algumas peto Dr. Panio Rath de Soiua. ambos competentes anátomo-patolofistas do Instituto de LeprO' logia "Conde de Lara* c que demonstraram o maior interesse pelo presente trabalha Os casos de - controle foram necropsiados pe'o digno colega, Dr. Deqio Fleury da Silreira. Sonos muitissimo gratos a todos êsses distinu^s amigos pelo auxilio eficiente que nos prestaram. .78 Quaoku XVII NECRÓPSIA DOS CASOS DE CONTROLE N.» Nome Proce- dência Cor Made Oiairnivtico cUníco príocipal Diacnóstico anatómico principal DIA K nODA Sangue de cnraçio Baco Fígado Rim Céreliro Suprarenal Derrame pe- riConeal óbito Necróptia 315 A.5LA H. S. I*. B. 2 m. Ta*kô«e pnr di%pep*U dt nrigtm altmerv tar. Prematura pneumonia he- morrágica. 21/7/41 22 h. 24/7/41 n h. .\uftência de creteimento hacteriano. F.seh. coli ++ Ausência de creteimento bacteriano. — — — — 317 J.F.U V. M. a 27. M. Tl<. polmorar. CoQuexu. Ti^a ptttmr** nar Ú-Uteral. 24/7/41 17 h. H/7M1 9 h. Strrf, Arma- tyficns PúcUtmM (etpo- ruladua Protrus m/pa* -f-f Au»êtKÍa d« creteimento iKicteríano. Eseh. celi + + + Antcncia de creteimento bacteriano. — Sittpi, ktmd. Bacm%a tp. 4-4- 322 J.c V. M. B. 7» M. Tlf. pulmonar. TÍMC.t carcr- noaa. 11/8/41 17 h. I3/S/41 9 h. BacUlns tp. 4- St9ph. aibat -♦■+ Ausência de creteimento bacteriana Esck. c 0 ti 4*4- BacUtns tp. (enpnrnladot) 4- Prattna ru/* ixtffii -f 4- Baàilnr tp. 4-4- — — 341 J. a V. M. a. 33 M. Tbc. pulmonar. Carc i n oro a bronquico. IZ/ÍÍ41 18 '8/41 10 b. BêctliiÊi »p. (cporulado.) + PãciUuê tp. 4-b F.tck. coii -4--f Supk. úlhtíê 4-4- — BocUíttt tp. (ettturuladot) 4- — — 342 M. A. II. S. P. a 20 d. Di^lrofia. Pre- maturidade. cooítê- nita. Prematuridade. 20/8/41 12.J0 b. 25/8/41 9 b. Pacillts tp. (etporulado*) -4- BacUitu tp. (etporuladoe) + Etch. eoli ++ AutéoeU de creteimento bacteriana — — — — 344 j. a H. S. P. Pd. 36 a. a\f»etirÍMBa da aorta abdomi- nal. Grande aneu- risma da aor- U abdominal. 28 '8/41 6.30 h. 29/S/41 10 h. .\u%ência df creteimento bactertano. Autêrtcia de eretcimcnio bacteriano. Ausência de creteimento b.iCteriana Esck. fo/i -f*-4 — Back. co/i 4. — 357 Y.G. II. S. P. a 41 a. Ilemia r»tran- irulada. cardite crônica. Hipertrofia de tndo o cora- çáOi Miceardi- te cTÓn. ór- gão* de e*taae. 17/9/41 8 h. IÍ/9'41 10 b. 6\utèrscU dc creteimento baclcriano. Aotóocia de creteimento bacteriano. .Vutência de crescimento bacteriana -- .\utência dc creteimento bacteriano. — — 360 A.J.O V. M. Pr. 21 a. Tbc. pulmonar. Ti.ica pulmo- nar bi4atrtal. 4 10/41 2 b. 7/10/41 10 b. Autcncia dc creteimento bacteriano. Autáncia dc creteimento bacteriaoa Bsck, ccli -f--f Satm, sckci* mu//#ri -f-4- Esck, (ifU -4-4 — — — 349 D.G5. V. M. B. 61 a. Inffufkiêncta cardbca. Kndocardite rerrocoa da ralrula mitral. 16/10/41 88 b. 20/10/41 10 b. Pratr^s €m<> rvaam ^ ProtnLt amf* ricamui -f— |- Stapk. oJhus -4- Búcütut tp. 4-*- Ausência óe creteimento bacteriana — — — — 376 B. S. V. .M. B. 18 a. Tbc. pulmonar. Titica galo- pante. 18/11/41 4 b. 20/11/41 10 b. Autóocia de cretctmenlo bacteriano. Autêncta de crescimento bacteriana Ausência de creteimento bacteriana Ettk. epti -4-4- Ausência de ereteimento bacteriano. — — 3« M. R. H. S. P. Pr. 62 a. Tumor malif* DO do eatoma- t9 e met. pe- nt. e iaterti* naift. Tuberculoae pulmonar bi- lateral. 5/12/41 1 b. 6/12/41 10 b. AutéocU de creteimento bacteriano. Autcncia de creteimento bacteriana Ausência dc creteimento bacteriano. - Ausência dc crescimento lueteriana — — 404 S. L. H. S. P. Pr. 44 a. Sarcoma do braço com met. gane* e coplè- niooa. Sarcoma do braço coa me- tattasea gene- ral uadaa. 2J/I2/41 5.50 b. 24/12/41 10 b. Ettrept he- molitico e Ba- eiJinj tp, (m- por alado). — RstrepC. hemo* litica Ettrcpl. hemo- Ittío» e Bm- cillws tp. (et- jiomiado) Estrrpl. betno- litico. — — * B. Mario Mourão — O papel do estreptococo no Pênfigo Foliaceo 221 CAPITULO VIII IDENTIFICAÇÃO DOS ESTREPTOCOCOS A) AMOSTRAS ESTUDADAS Procedemos um estudo minudoso de 54 amostras de estreptococos. Des- sas, 50 foram isoladas por nós, sendo que 42 eram provenientes de casos de Fogo Selvagem. A procedênda dos estreptococos é a seguinte: 1. 42 atnostras isoladas de Pênfigo Foliaceo: a) De hemoculturas : 16 hemoliticas e 1 inerte; b) De crostas: 7 hemoliticas e 1 inerte; c) De liquido de bolhas: 6 hemoliticas; d) De necrópsias: 10 hemoliticas e 1 inerte. 2. 3 atnosiras isoladas de Dermatite Hcrpctiforme de Duhring: a) De hemocultura: 1 viridescente ; b) De líquido de bolhas: 2 hemoliticas. 3. 2 amos4ras hetnolilicas isoladas dos controles das verificações bacteriológicas "post mortem": a) 1 isolada de caso de tuberculose pulmonar; b) 1 conseguida em caso de sarcoma do braço com metástases ge- neralizadas. 4. 3 amostras hemoliticas isoladas de dermatoses que não têm a sua étio-patoge- nia relacionada com os estreptococos: a) 1 originária de portador de úlcera da perna por traumatismo; b) 1 isolada de caso de eritrodermia arsenical generalizada com in- fecção cutânea secundária; c) proveniente de liquen plano eczematizado e impetiginado. 5. Para controle e comparação ainda estudamos quatro amostras de estrepto-, cocos cuja origem é a seguinte: a) Streptococcus pyogenes (Dochez N. Y. 5), isolado de escarlatina; b) ” ” isolado de febre puerperal; c) ” ” ” ” ” erisipela; d) ” ” ” ’’ ” reumatismo. Os caracteres microscópicos e culturais, em seguida enumerados, se refe- rem exclusi>’amente às amostras de estreptococos isoladas de doentes de Pen- figo Foliaceo. 81 SciELO 10 11 12 13 14 15 cm 222 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XMI B) CAR.ACTERES MICROSCÓPICOS Estreptococos esféricos ou ovóides, reunidos em longas cadeias depois de isolados; mais raramente dispostos aos pares ou em cadeias de poucos elementos bacterianos. Gram positivos. Bastante pleomórficos, principalmente nas sub-culturas, podendo assumir um aspecto cocobacilar ou difteróide, ou então as cadeias de estreptococos podem conter, intercaladamente, formas anômalas ou degeneradas. A forma estável, entretanto, depois do isolamento e sempre obtida após passagem em animais, é a estreptocócica de longas cadeias. Nas amostras extremamente virulentas, de recente isolamento, pode-se ob- sei^-ar, às vezes, mesmo sem utilizar processos especiais de coloração, a pre- sença de uma nitida cápsula. Imóveis e não esporulados. C) CARACTERES CULTURAIS 1. Agar-simples iiwíinado: Não se observa crescimento na superfície sólida do meio, havendo, contudo, crescimento na água de condensação existente no fundo do tubo, o que se pode verificar pela presença de um depósito branco. 2. Agar-sangue em placas; Quando o estreptococo é de recente isola- mento as colônias são punctiformes, brilhantes, lisas, de cor acinzentada, apre- sentando ou não a orla de hemólise. Quando conservados "in vitro", após su- cessivos repiques, as colônias em agar-sangue perdem o seu brilho característico, tomando-se ligeiramente esbranquiçadas. Nas amostras beta a zona hemoHtica c rigorosamente definida não se vendo, ao microscópio, eritrócitos intactos. 3. Agar-sangue em tubos: Nas amostras hemolticas, após 48 horas, a parte superíor do tubo fica completamente descorada, tomando uma coloração pardacenta. Êsse descoramento vai progredindo aos poucos até atingir todo o meio. 4. Agar-soro-biliado a 5%: Ausência de crescimento. 5. Agar-sangue-biliado a 5% : Ausênda de crescimento. 6. Agua de peptona: Cresdmento moderado, sob a fomia de depósito no fundo, sem desenvolrímento de turvação e pelicula. 7. Caldo-simples (com ágvta de carne concentrada) : Crescimento abun- dante sem pelicula e turvação, sob a forma de depósito branco no fundo do tubo. Com a agitação observam-se três tipos de depósitos: a) pulverulento: depósito fino, como que tamisado, turvando imediatamente o tubo após agitação. b) grumoso: depósito branco, de difidl desagregação, desfazendo-se em grumos densos e compactos, turvando o meio só depois de forte agitação, 82 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 B. Mabio Mour.\o — O papel do estreptococo no Pèníigo Foliaceo 223 c) núveo: depmsito branco que, sob agitação, se desagrega com o aspecto de nuvens brancas, espiraladas, pouco consistentes, turvando o meio mais rapidamente que o depósito h. 8. Caldo-glicosado e caldo-soro; Crescimento mais abundante que em cal- óo-simples, porém com o ntesmo aspecto. Algumas amostras, mesmo depois do isolamento, têm a capacidade de turN^ar o meio. 9. Meio semi-sólido (Ligniéres) : Nas primeiras 24 horas de incubação em estufa a 37” obser\-am-se colônias esbranquiçadas seguindo o curso da alça de platina. Depois de 48 horas de crescimento, cm estufa ou de mais dias na temperatura ambiente, há a formação de flóculos isolados ou de nuvens esbran- quiçadas em toda a superfície do meio; o aspecto flocular c mais comum depois dos germes repicados várias vezes. Não é raro, também, obseror-se um aspecto arborescente. quando a semeadura é praticada por picada. 10. Leite tomasolado: Crescimento e redução do tcmasol variveis: b) a) Coagulação perfeita e redução completa do tomasol, apresentando nitida separação do sôro e do coágulo, passando o meio de azul para branco-roseo. b) Coagu'ação mencr e redução completa do tornasoi : o meio fica semi- sólido, assumindo uma coloração branco-rósea. c) .Ausência de coagulação c presença de redução do tomasol : o meio con- tinua complctamcnte liquido, porém há redução do tomasol. 1 1 . Leite com azul de metileno a 0.2% : Crescimento e redução do azul de metileno \ariávcis: a) Coagulação e redução completas. b) Coagulação nula e redução completa do azul de metileno. c) Crescimento do estreptococo sem alteração aparente do meio. 12. Gelatina-sóro cm picada: Crescimento filifomie. escasso. Não li- quefaz. D) C.-VR.ACTERES ECOLÓGICOS (Quadro XVIII) 1. Relação com a temperatura: a) Temperatura ótima; 37°. b) Temperatura máxima: Não resistem a 60° durante 30 minutos. c) Crescimento cm temperatura de 45° durante 48 horas: Não houve crescimento. d) Temperatura minima: Não crescem a ICy*. 2. Necessidade de oxigénios: .Anaeróbios facultativos. Crescem melhor cm •aerobiose. í'3 224 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII 3. Cresciinenlo cm meio líquido hipertôttico, contendo cloreto de sódio: Ausência de crescimento. 4. Crescimento em meio liquido com pH a 9,6, durante 48 horas em es- tufa a 37°: Ausênda de crescimento. E) CARACTERES BIOQUÍMICOS (Quadro XVIII) 1. Bile-solubilidade: Insolúveis em bile de boi. 2. Hidrólise do hipurato de sódio: Xão hidrolisam o hipurato de sódio. Apenas um estreptococo de controle (amostra 69B), isolado de úlcera de pen’a, deu reação positiva. 3. Produção de amónia: Produzem amónia de peptona. A amostra viri- dans identificada (estrept 27), deu resultado positivo, após alguns minutos (rea- ção tardia). 4. Produção de indol: Xegatira. 5. Reação da catalase: Xegati\"a. 6. Proz’a da redutase: Xegativa. 7. Redução dos nitritos a nitratos: Xão reduzem. 8. Ação sôbre o leite tornasolado : A maioria das amostras isoladas de Pên- íigo coagulam o leite e reduzem o tomasol ; outras coagulam parcialmente o leite, reduzindo compictamente o tomasol ; algumas só reduzem o tomasol ou são indi- ferentes sôbre o meio. Os estrcptococos de controle tiveram o mesmo com- portamento. 9. Ação sôbre o leite com asul de tnetileno : A maioria das amostras pro- cedentes de portadores de Pênfigo não alteraram o meio; algumas coagularam e reduziram o azul de metileno, com maior ou menor intensidade; outras só redu- ziram o azul de metileno. O mesmo comportamento foi verificado nos estrepto- cocos de controle. 10. Ação sôbre os hidratos de carbono : Meio de cultura : caldo concentrado de carne livre de assucar, com pH a 8,0. Indicador: Vermelho de fenol a 0,045í>. a) Ação sôbre os monosacarideos : 1. Dextrose: Addificação. 2. Levulose: Addificação. 3. Galactose : Addificação. 4. Manose: Addificação. 5. Arabinose : Sem ação. 6. Xilose: Sem ação. 4 5 6 7 11 12 13 14 15 16 84 B. Mario Mourão — O pape] do estreptococo no Pènfigo Foliaceo 225^ b) Ação sôbre os disacarideos : 7. Sacarose: Acidificação. 8. Maltose: Acidificação. 9. Lactose: Acidificação. Três amostras procedentes de Pênfigo foram sem ação (estrepts. 288, 305 e 333). Nos controles, o estreptococo 4ÍM (isolado de sarcoma do braço) não acidificou a lactose. 10. Trealose: Acidificação. 11. Melibiose: Sem ação. c) Ação sôbre os trisacarideos: 12. Rafinose: Sem ação. O estreptococo 90, do grupo cdfa, acidificou êsse hidrato de carbono. Os estreptococos 27 (viridescente) e 200 (hcmolitico), ambos procedentes de casos de Dermatite de Duhring, também acidificaram a rafinose. d) Ação sôbre os polisacarideos: 13. Dextrina: Acidificação. 14. Inulina : Sem ação. 15. Amido: Acidificação. e) Ação sôbre os alcoes: 16. Eritrita: Sem ação. 17. Manita: Sem ação. A amostra 677, isolada de um caso de liquen plano eczematizado e liqueni ficado, produziu fermentação desse açúcar. 18. Glicerina: Acidificação facultativa. 19. Sorbita: Sem ação. O estreptococo 69B, isolado de úlcera de perna promoveu a formação de ácido. 20. Dulcita: Sem ação. 21. Adonita: Sem ação. 22. Ramnose: Sem ação. mentação. O estreptococo de controle (69B) produziu fer- f) Ação sôbre os glicôsides: 23. Salidna: Acidificação. 24. Amigdalina: Sem ação. Os estreptococos piogcnicos do reumatismo e erisipela produziram acidificação. 25. Inosita : Sem ação. 26. Esculina: Addificação facultativa. 11. Ação sôbre os protideos: 1. Nutrose: Sem ação. 2. Glidna: Sem ação. 8S cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 ■226 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII F) AÇAO PATOGÊNICA (Quadro XVIII) 1. Método de estudo: Ao lado dos caracteres culturais, ecológicos e bioquimicos dos estreptococos -estudamos a ação patogênica. Os germes logo depois do seu isolamento eram inoculados em animais de laboratório, utilizando-se culturas jovens de 18 a 24 horas. Só consideramos amostra zdrulenta ou seja um resultado positivo, quando o estreptococo era recuperado em necrópsia. Para isso morto qualquer animal, rea- lizáramos imediatamente a necrópsia. dentro dos preceitos da técnica bacterioló- gica. As semeaduras eram feitas de sangue do coração em placas de agar-sangue. caldo-glicosado ou caldo-sôro e meio anaeróbio (caldo Tarozzi). Dos animais que apresentavam maior interesse praticávamos também culturas de material de baço e figado ou de abcessos e derrames cavitários, quando existentes. Os animais eram vistoriados diariamente e os que sobreviviam eram suspen- sos depois de um período de 60 a 90 dias de observação. Para a pesquisa e exaltação da virulência inoculamos, até o presente momento, cerca de 484 animais, assim distribuidos: I — 77 coelhos. II — 87 cobáios. III — 180 ratos albinos. IV — 140 camondongos albinos. 2. Vias de introdução e quantidades inoculadas: Depois de uma série de experiências preliminares, escolhemos a via perito- •neal como padrão. As quantidades inoculadas foram as seguintes: para coelhos 5 cm* " cobáios 2.5 cm* ” ratos 2 cm* " camondongos 1 cm* Foram feitos controles, inoculando-se meio de cultura esteril para se verifi- car que as doses adotadas eram inócuas. Injetamos sempre mais de um rato ou camondongo para cada amostra. Outras vias de inoculação foram utilizadas, como a dérmka (por escarifica- ção), subcutânea, nervosa (cistemal e transocular), pulmonar etc.. Procurou-se ainda provocar infecções crônicas experimentais com várics artifidos técnicos, observando-se as alterações patológicas internas e cutâneas. Todavia, essas pes- quisas não serão tratadas no presente trabalho. Os dados aqui referidos se rcla- donam exclusiramente aos resultados obtidos pelo uso da via peritoneal. 86 1 B. Mario Moub.ío — O papel do eslreptococo no Pènfigo Foliaceo 227 3. Resultados: a) Percentagem de virulência dos estreptococos isolados de Pènfigo: Em coelhos 26 , 1 % ” cobáios 35 , 7 % ” ratos 69 , 0 % camondongos 90,4^ b) Virulência dos estreptococos de controle: Com exce<;ão do estrept. 317 (isolado em necropsia de caso de tuberculose ^ntlmonar), as outras amostras mostraram-se virulentas para animais de labora- tório, sobretudo para camondongos, tendo, portanto, o mesmo comportamento crm. crônica gm. p — — + — — — ACT cr aXc *Xc .Xc ^Xc — aXc Ac -Xc Ac — — .\c — Ac — — — — Ac — — aXc — — — t t 248 Xecrdpsia Derm. crônica gen. P ; — .Xc .Xc Ac Ac — — Ac Ac Ac Ac — — Ac — Ac — -- ac — — — — Ac — — Ac — — — t t A 269 Derm. crônica gm. P r .Xc .Vc aXe Ac — — Ac Ac aXc Ac — — Ac — Ac — — uu. .Xc — — .Xc — + — + t 290 Necrópsia Derm. crónica gm. — — + — — — ACT — aXc .Xc aXc Ac — — aXc Ac aXe ^Xc — — Ac — * Ac Ac — — Ac — —o .Xc — — — t t A 291 Derm. crônica gm. P r Ac .Xc aXe Ac — — aXe Ac Ac Ac — — Ac — Ac ac — Ac — — Ac — — — t t A 292 Derm. crônica gen. P r aXe aXc Ac Ac — — aXc Ac Ac Ac — — -Ac — aXc Ac — — ““ Ac — — ac — t t t + A 293 Necrópsia Derm. crônica gm. — — + — — — ACP _ aXe aXe Ac Ac — — Ac Ac aXc Ac — — Ac — Ac — — ““ Ac — — — t t t A 316 I>erm. crônica gen. P — Ac aXC aXe Ac — — aVe aXC Ac Ac — t t .X 352 Necrópsia Derm. crônica gm. — + — — — ACT CR Ac aXe Ac Ac — — Ac Ac Ac Ac — — Ac — Ac — — ac — ^ •• Ac — — ac — — t t t A 46 Inruio bolhou Y “ — — Ac Ac Ac .\c .\c Ac aXe Ac — — Ac — Ac — — ac — — Ac — ~ — — t — t A 90 Forma frusta Y — aXc Ac Ac Ac — aXc Ac Ac Ac — Ac Ac — •\c — — — Ac — — ac — — — — — A 368 Necrópsia Dctib. crinica ftn. Y — + — — Ac Ae Ae Ac Ae Ac Ac Ac — — Ac — Ac — — Ac u. — t t t A 27 Sangue Derm. Duhriog Q — CR aXe Ac Ac Ac — — Ac .\c Ac Ac — • Ac Ac — aXc — u— u»a « UM — — t X 45 Bolha Derm. Duhring p — + — — Ac aXe Ac Ac — Ac Ac Ac Ac — — Ac — Ac — — ““ — — Ac — — t t ,A 200 Bolha Dono. Dohring p CR aXe aXe ara o preparo de anti-sôro grupo-específico-. Para a prqaração de imuno-sóros do grupo .\. tanto faz u.sar antigenos obtidos de culturas mortas pelo fomiol (percentagem do formol = 0.2%), como culturas aquecidas a 56° durante 1 hora. Para a preparação de soros cspecificos para todos os outros gru{)Os. as culturas mortas pelo fonnol rcs]x>ndem melhor. Os coelhos rcceliem na 1.* semana, durante 5 dias seguidos. 1 cm* de cul- tura total, por via intravenosa. Descanso dc uma semana. Xa 3.* semana do- brar a quantidade (2 cm*), injetando-a durante o mesmo número de dias. Xovo repouso de uma semana. Xa 5.* semana as doses são aumentadas para 4 cm*, que tamliém .são injetadas diariamente durante 5 dias. .\o fim de uma semana fazer sangria de pro\-a. colhendo sangue da veb marginal da orellia. Sc o titulo precipitante for satisfatório jiuncionar o coração do coelho, com seringa seca ou lavada em salina fisiológica, jara evitar-se o menor traço dc hemólise. colhendo-se 20 ou mais an* de sangue. Separar imediatamente o s<‘)ro por centrifugação, em condições as.^epticas. .\mpolar e conservar em geladeira. Se a imunização jirccisar ser continuada deve-se aunK-ntar as doses, injetan- do-as, porém, cm volume reduzido. Para isso centrifugar as culturas c susjiendcr 0 sedimento obtido em caldo ou salina, num volume dc 1 a 2 cm*. Os animais podem sofrer nosa imunização depois dc 2 ou mais meses c res- pondem satisfatóriamente a uma única serie dc injeções. Xão há necessidade de ultrapassar a dose de 4 cm* ou de inoctilar microorganismos vivos. Tomar pre- cauções jiara evitar choque anafilático, injetando, antes do inido de outra imuni- zação. j)«juena quantidade da cultura por via pcritoneal ou subcutânea. Os coelhos adultos, pesando mais dc 2 quilos, são mais resistentes. Imuni- zar sempre mais de um animal. Os nossos sóros grupo-especificos foram previamente comparados com sôros para os grujxis .A. B. c C »la classificação Lanceficld. do “Ledcrle Laboratories Inc.”, de Xew York (X. Y.). EE. UU.. (•) (*) Parle toros foram fomcctckA peio Dr. F. W. Ekhhaum. atstftmte l. f>yopcnes 52B e 55B fermentaram a manita e a amigdalina. Toplej- & Wilson (56) assinalam que os estrcptococos do grupo A raramente fermentam a manita; sobre a addificação da amigdalina não encontra- mos referência. O cstreptococo oZ/u-hemolítico 27 não fermentou a salicina. fermentou a ra- finose c produziu a amónia de peptona; o seu extrato não sofreu precipitaqão em face dos sôres A, B e C. Entretanto, o Strei>t. 45, 6f/a-hemoliric», isolado da mesma doente (J. A., obs. 404. diag. : Dermatite Herpetiforme de Duhring), no líquido de bolhas, foi incluido no grupo A. O estrept. hemolitico 677, não foi classificado sorológicamente. apesar do seu comportamento ecológico e bioquímico ser idêntico ao Streptococcus pyogenes. O estrcpt. 69B. óc/a-hemolitico, hidrolizou o hipurato de sódio, fermentou a manita. rafinose, sorbita e ramnose e não foi incluido nos grupos sorológicos A. B e C. C.\PITULO IX PESQUISAS SOBRE .-^S TOXINAS DOS ESTREPTOCOCOS HEMO- lÍtICOS isolados’ de DOENTES DE PÊNFIGO FOLI.^CEO A) LIGEIRAS CONSIDERAÇÕES Sabe-se que o Streptococcus pyogenes produz as st^intes toxinas, enzimas ou substâncias "agressivas": 1.0 — A hnnolistna, hemotoxina cstreptocócica ou estreptolisina (Blutgift), que tem a propriedade de lisar os glóbulos vermelhos “i« vitro"; acredita-se que também possa causar a anemia secundária obserrada nas infeo;ões estrepto- cócicas agudas ou crónicas. Todd (34) demonstrou que os estrcptococos hemo- líticos do grupo .A produzem duas variedades sorológicas de estreptolisina: a estreptolisina O, assim chamada devido a sua sensibilidade ao oxigênio, c a es- treptolisina S, aija denominação indica a sua solubilidade no sóro. A estreptoli- siiw O ê antigênica porem a estreptolisina S não ê aparentemente aníçênica. quando scinrada do corpo lucilar. .As duas estreptolisinas são neutralizadas pelos seus respectivos anticorpos: a anti-estreptolisina Oca anti-estreptolisina S. Quando os animais são inoculados com culturas s-i\-as de estrcptococos hemolí- 04 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 B. Mario MourAo — O papel do eslrcptococo no Pênfigo Foliaceo 235 ticos do grupo. A, há produção de anticorpos para as duas \Tiriedades de estreptolisinas. 29 — A toxina critematogcnica ou eritrogênica (Hautgift ou Kulangifl), responsável pelo eritema observado na escarlatina, erisipela e em outras infecções produzidas pelos estreptococos hemoliticos. E’ também chamada de toxim de Dick (35), por ter êsse autor primeiramente observado que, na escarlatina, tal toxina, em injeção intra-dérmica, produz uma área eritematosa local, verificável somente nos indivíduos suscetíveis, não imunizados (reação de Diek). A toxina eritematogénica não é peculiar aos estreptococos da escarlatina, podendo ser iso- lada de outros estreptococos hemoliticos (erisipela, febre puerperal, etc.). A reação cutânea pode ser observada em animais de laboratório, mas não com a sensibilidade e intensidade apresentada pelos individuos humanos. Diferencia-se da hemotoxina por ser relativamente termo-resistente e dotada de grande esta- bilidade. 3. ® — A leucocidina que possue uina ação destrutira sôbre os granulócitos. Póde ser doseada pelo método bioscófdco (redução do azul de metileno). Pro- vavelmente relacionada a esta substância é a toxina organo-necrosante (Or- gangift). 4. ® — A fibrinolisina que é uma enzima descrita, em 1933. por Tillet & Gar- ner (36) e que tem a capacidade de dissolver a fibrina hununa. \ fibrinolisina é secretada com constância pelos estreptococos hemoliticos do grupo A de Lan- cefield. A fibrinólise, segundo Tillet & Gamer, é uma reação específica, por meio da qual se podem diferenciar os estreptococos patogênicos dos saprófitas. 5. ® — Uma substância que aumenta a permeabilidade cutânea — o “s^rea- ding factor” de Duran— Reynalds (37). 6. ® — A leucotaxina de Menkin (38), que c capaz de lesar os capilares san- guíneos, aumentando a penneabilidade e produzindo edema e trombos linfáticos de fibrina: provavelmente esta substância está relacionada ao fator de difusão de Duran-Re>-nalds. Segundo Bier (39) as relações entre êsses vários efeitos não estão ainda completamente esclarecidas. O nosso estudo se restringe, por enquanto, á pesquisa da heinólise, da to- xina eritematogénica e da fibrinolisina, que são, entre as substâncias secretadas pelos estreptococos õc/a-hemoliticos, as mais facilmente demonstráveis. Ainda inoculamos uma grande série de animais de laboratório, pelas mais diversas vias. a-fim-de verificar a toxicidade de filtrados das culturas de estrep- tococos hemoliticos, contendo a toxina eritematogénica. 95 I SciELO 236 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII B) AÇAO ERITROCITOLITICA No capítulo anterior estudamos e verificamos a produto de hemólise em 39 estreptococos isolados do sangue, de eílorescêndas epidérmicas e de necropsias de casos de Penfigo Tropical. Descrevemos que a produção de hemolisina pro- duziu uma área de clareamento do sangue em tomo das colônias, não se vendo, pelo exame microscópico, glóbulos vermelhos intactos. Utilizamos para essas pes- quisas agar-simples adicionado de 5% de sangue desfibrinado de coelho ou de carneiro. Por ser difícil obtermos rotineiramente sangue desfibrinado de cavalõ normal, não seguimos as recomendações de Brown (40), que aconselha, para a ve- rificação da atiridade hemolitica dos estreptococos, trabalhar sempre com sangue daquele animal. Todavia, realizamos numerosos contreJes. usando comparativa- mente sangue de ca\-alo, e nunca tivemos qualquer discrepância nos nossos re- sultados. Cemparação da hemólise produsida em agar-sangue emplacado com a obtida em meio liquido. Técnica: Adicionar a 0.5 çm* de cultura de 18 horas de estreptococos (em caldo de carne concentrado ou caldo-glicosado) , 0,5 cm» de hemátias laradas de carneiro. Incubar em banho-maria a 37®. Leituras após 1, e 2 horas. No dia anterior, as mesmas amostras devem ser semeadas em placas de agar- sanguc. Qua»«o XIX VERIFIC.\ÇAO DE HEMÓLISE EM MEIO LIQUIDO Xo. do estrepf. Leitura após yi hora Leitura após 1 hora Leitura após 1 K h. Leitura após 2 horas 14 1 + 3-t- 4 + 4 -i- 16 2 + 2 + 2 + 2-f 17 1 + 3 + 4 + 4 -f 22 4 + 4 + 4 + 4 -f 45 1 + 2-f- 3-t- 4 -f 58 4 + 4 -f 4 -f 4 -f 90 — 1 + 2-1. 2 4. 71 — 1 + 3-t- 4-f 142 — — 3-t- 4 -f 153 — 2 + 2 -t- 2-t Eslrpt- — Estrept. t f (27) Test. salina — — - Test. caWo — — — — ’ I b í V ,à 96 ihrt! B. Mario Mour.ío — O papel do cstreptococo no Pènfigo Foliaceo 23? Qcamo XX VF.RIFICAÇAO DE HEMÓLISE EM PLACAS DE AGAR-SAXGUE N.® do estrept. 24 hrs. em temperatu- ra ambiente Incubação a 37° durante 24 hrs. Prolonga- mento da observação a 5°, duran- te 24 hrs. 14 4 + 4 -r 4 + 16 — 4 -r 4-r 17 4 -f 4 + 4 -f 22 4 -!- 4 -f 4 -r 45 4 + 4 -f 4 4 -i- 4 + 4 -r 90 — — — 71 4 -f 4 4 -}- 142 4 -r 4 -f 4 -f- 153 — 4 + 4 -t- Ejtrcpt. — — — inerte Estrept — viridans viridans viridans (27) Parecc-nos que o método da placa é superior à pesquisa da hemólise em meio- liquido. Os cstreptococos 16 e 153, fortemente hemolíticos em agar-sangue empla- cado, produziram fraca hemólise em meio liquido. O estreptococo 27, do grupo alfa, foi indiferente em caldo. A amostra 90, anhcmolitica em placas de agar-sangue, produziu ligeira he- mólise em meio liquidô. Entretanto, o prolongamento da observação das placas em geladeira, como também verificações posteriores, confirmaram o mesmo re- sultado. Por esses fatos classificamos o estreptococo SK) como pertencente ao grupo gama. A verificação da hemólise é pesquisa delicada e influenciável por vários fa- tores, devendo ser feita com o máximo cuidado técnico. A perda da capacidade hemolitica em nossa ojiinião, é sempre paralela à perda da virulência. As amos- tras conserv’adas cm coleção, com repiques contínuos, sem passagem em animais, tendem a tomar-se indiferentes cm agar-sangue e avirulentas. 97 238 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII C) AÇAO ERITEMATOGÊNICA E TOXICIDADE PARA PEQUENOS ANIMAIS 1. Produção da toxina a) Meio de eulliira utilizado (33) : Carne de vitelo 423 g Peptona-proteose “Difeo” 20 g Cloreto de sódio 5 g Agua 1000 cm* Glicose P. A 0.02% Ajustar o pH para 8.2. Autoclavar a 120° durante 20 minuto». Refazer o volume inicial. Ajustar o pH para 8.0. Filtrar em papel N.° 40. Distribuir e esterilizar a 110° durante 20 minutos. Adicionar, no momento de usar, a so- lução esteril de glicose, na proporção acima referida. b) Preparo da toxina: Semear amo.stras selecionadas de estreptococos hemoliticos, de recente iso- lamento ou com virulência exaltada, no meio de cultura em apreço. Inculiar em estufa a 37® durante 7 dias. Filtrar em papel de filtro e em seguida em vela Berkefeld \‘. Colocar o filtrado obtido em geladeira a 5.° em vidros neutros e escuros, durante dois meses, sob a canuda de toluol. para a estabilização da toxina. Ao fim dêsse prazo proceder no\-a filtração em vela Berkefeld N. re- tirando-se antes o toluol. Fenicar a 0.5%. Colher as.septicamente pequena quantidade da toxina, para sua padronização e verificação de sua esterilidade. c Padronização da toxina (41 ) : A toxina obtida com o estreptococo da escarlatina (amostra Dochez N. Y. 5, geralmente usada para a reação intra-dérmica de Dick). é assim padronizada: Injeta-se 0.1 cm* da toxina em várias diluições (1 ilO.OOO. 1 :7.500, 1 :5.000, etc.), por via intra-dérmica. cm individuos sensiveis, avaliando-se o seu titulo em unidades cutâneas (skin test dose). presença de área eritematosa. 20 a 24 heras após a injeção, indica reação positiva. Os necessários controles devem ser feitos na mesma ocasião, injetando-se, em regra, idênticas diluições do meio de cultura isento de germes. d) Padronização de to.rinas obtidas de estrcptoeoeos hemolitieos isolados de doentes de Pênfigo Tropical: Para as nossas pesquisas iniciais, aqui referidas, utilizamos filtrados recen- tes, não fenicados, de estreptococos hemoliticos e virulentos, do grupo A de Lan- sefield. isolados de hemoculturas. 98 B. M.\rio Mourão — O papel do eslrcplocuco no Pênfigo Foliaceo 239 Eni dois filtrados (estrepts. 58 e 71), fizenios a padronização por via in- tradérmica num grupo de 5 pessoas normais. Somente num único individuo tivemos reação fortemente positiva (eritema de mais de 40 mm de diâmetro), na diluição de 1 :5.000 ; esse individuo é também sensivel à toxina escarlatinica, tendo reagido com filtrado da amostra Dochez X. Y. 5, na diluição de 1 :2.000. Infere-se, pois, que a toxina dos estreptococos 58 e 71 contem 50.000 S.T.D. ix>r cm*. A toxina do estreptococo 142, hemolitico, virulento, do grupo A de I-ancefield e também isolado de hemocultura, não foi padronizada em indivíduos humanos. 2. Inoculação em animais de laboratorio (Quadro XXI) .-\s prí vas de inoculação foram realizadas com toxinas eritematogênicas dos estreptococos 58, 71 e 142. Esses gennes sofreram, previamente, exaltação de sua virulência, matando camondongos cm 24 horas, com septicemia fulminante, na diluição de 10^, por via pcritoneal. Utilizamos 183 animais, assim distribuídos: a) 21 coelhos brancos ou de j)clagcm clara, pesando entre 1.200 a 1.800 g, inoculados pelas seguintes vias: intradcnnica 5, sulKutânea 5, venosa 4, perito- neal 3 e transocular 4; b) 19 cobáios, brancos ou malhados. {>csando entre 250 a 2(X) g, inocula- dos pelas seguintes vias: intradcrmica 3, subcutânea 8, pcritoneal 5 e trans- ocular 3 ; c) 41 ralos albinos, j)esando de 120 a 150 g. inoculados pelas seguintes vias: intradérmica 8, subaitânea 6, pcritoneal P, venosa 11, cerebral 4 e trans- ocular 5: d) 102 camondongos albinos, pesando de 15 a 18 g, inoculados pelas se- guintes vias: intradcrmica 9, subcutânea 21, pcritoneal 36, venosa 18 e cere- bral 18. O i)criodo minimo de observação dos animais foi de 30 dias. As quantidades inoculadas, as várias diluições injetadas por via intradcr- mica e demais ocorrências constam no Quadro XXI. Os coelhos e cobáios inoculados pelas vias intradénnica e subcutânea fo- ram. antes da inoculação, depilados com pasta de sulfureto de bário. As inje- ções só foram praticadas depois de verificada a ausência de qualquer irritação da pele. 3. Resultados a) X'a prova de padronização das toxinas demonstramos que os estrepto- cocos hemolíticos do Pênfigo Foliaceo, á semelhança dos outros estreptococos 99 240 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII hemoliticos do grupo A de Lanceficld, produzem uma toxina eritematogênica, verifificada em indivíduo humano sensível. A inoculação de filtrado de estrq>- tococos, na diluição de 1 :5.000, provocou 24 horas depois, uma reação positiva. A área eritcmatosa se manteve durante vários dias, desaparecendo sem deixar qualquer vestígio; a regressão se iniciou ao fim de 72 horas. b) Coelhos: As to.xinas 58 e 71, provocaram a formação de eritema, quando inoculadas por via intradémiica ; as reações \-ariaram de acordo com a sensibilidade de cada animal. Um coelho reagiu com a diluição de 1 :50 da toxina 71. A toxina 142, no único coelho inoculado pela vna intradérmica (N.® 515), foi inócua. Pela via subcutânea as toxinas 58 e 71 deram reações fortemente positivas, que se caracterizaram por intenso edema e eritema; em um coelho (N.® 547), houve formação de escara depois de 72 horas; em outros dois (N.® 574 e 569, Fig. 25), observou-se derrame sanguíneo local, 24 horas depois da inoculação que regrediu espontaneamente após alguns dias, sem deixar o menor sinal. Fic. 2S D^mme »nK4iinco cm cocOio inocti]a<5o pc^a r*a Pelas rias venosa e transocular as toxinas não pro%-ocãram qualquer reação geral; dois coelhos (X.® 501 e 532) faleceram devido a infecções intercurrentes. Pela ria peritoneal podemos considerar as to.xinas como destituídas de ação tóxica, visto que o único coelho da série que veio a falecer (JiP 533), não apre- sentava alterações anátomo-patológicas evidentes. c) Cobáios: As toxinas injetadas pela ria intradérmica deram reação negativa. 100 Qcasio XXI ANIMAIS INOCULADOS COM TOXINA DE ESTREPTOCOCOS IS‘- h R.:5I L.ADO obsf.rv.ações E OCORRE-VCI.VS c .Vf^ Htê 7;r^ * ( a u »ntr. ' T* -*i.. -u — -f- ; fTir^íc ire* rr:ietr.ito«A S ‘ rrrivm T • • í:c% enifwitTi Al. ' - rr4;l: ’ o’ !r r^a;!' íjcaI r.7í >tr. 71 * ' VIIXU r , . ; , -V"' ■ ' fií* '73 f -. . — — : "'h -Ti e ■* ; --4 d? t=r<:-a t-fr^r í*4c ' r 1, 'i A : - ;i 7 - 'M - . !r rcAçij ; : ' . 2c r< ,í 1 C- ‘ -.7: ■■■r '2 ** ' . u { *3ií >1- : ’ 112 M Kc.*.;.*-' t. - : ‘ ' ■ .4 ^ dr Aj- ■ . r-i;'. 'xí: l. .^-.TSC A *'«tI c . -4; St' *1 ? . . . : ^ - i C r>7< Str. 71 - K" , ■ ■ - • p£. .In- . V - ■! S. Cc-t :t '• - ; ; ; . • . . -- >ofcrí\Í'i ---.i -. . P.> derrame ir^uí: 0 local. S. Cocção V.4 -tr. i 2-,rrvivea C.--- • -ir. 71 -- T ; Coccidioae .-tr. 71 \ - , '•• ■ • Str. :i: ■-■ - - ■ ■> ... .... •* itrt; -r-at. . !mtc -, 1 - : 2t -r. -■ V :■ ... 'Ic; Pp^--;r-.Anu Coe^Àc Coc.z^ ... • s : 1 LV - - *> ; ' : . ■ rt N^n. . Cot.;o j . 4 . . ta .. :* Iocl' N . .... ;; 2 .s r- ... ' .- .' N . C- ' 2 ' . • . . T . N Co' ■ : 2 ' Coí- J . úc rc ; • '* : ■ Cc'— . - 2 -: .\ - " • - N ■ 7 Cc’ - ... ■- ^ ■ . - ; ■ . 'T*'- -- ' ' rv:\ í * -. 2 •’ ■*> ' m V - . C ’ . .. . ■ ' í:r..v£.. 1 -T 2 ' ÍA ’ . N 'T.; Pt ^ T. % -I r ’ . N-r. ri N ■' . r ' y ... 1 ‘ f • * T. : • - C'i ■„M ;•• • • Cc' -:i \ • . Cola n 721 : 1 1 2 . .. , :í CoM^o 'tki ^tr. 71 2 - N •- C^l - Mr -S 2 ." ('.,y.y . •-’! ' • . V. ",J '» d. Ratna‘ 2 ' MI <•: 71 ■ • : ^ ' ,.ii ' Cl! N'-— i' R-.-i:' \M V- ■M \ -• ' • 1 , i ’’ ’ ‘<■ 4 ’ NtctiI R líT"' 2 '■ 1 A-.. • r i ;• r..si . ■ .' N -r- R*‘ '•‘2 •2" " 1 .\■.^ - .. rr-;'. '.-C T T? ^ !=• ' p 1 ■"f •• •-r-irr-nt^ R.t- : 7: • 1.'' A' « ' * !• t- ;• ’ • < j N R..^ 2 'éài !.'• A-...-: i ■ r N •: .' R..^ : Trf. < • » * 4 . . . 1 •' A r '■a^i ■> Ixal N *•- > O.t-wT 71 1 71 1 7] 4 :•'• ■ «... ’ :.u -‘T- “ ;•■ • ■ • , .s .■ R*t^ »4*» -.1 1 ■■ \ • ■ >4 > 5S :•'( X R.t-' • .7 1 ■> ... t < ■* M . • 142 1. - V • R. - ^ '■T"* ' • ' u: 2." \ -r >• R«*^ ■' < • 0 ; 1 ; r- R*»-» • >tr 7 ; \ ■ Rw , ’ - 1 •< 1 i H.' , ’ - . - ■ R.. • .' R • ' * 1 ' ' 112 R*-t* ~ 1*2 R «t • 2 ; , í K : .r-.i' Ri- . : F • ' * : C«« -■r " 1 ' i • • '» ■ - C«« I-- ' • ; 4 j ■ V . . ■ , • Ctm ;• 7 1 ■ 1 ■ V ... ‘ : '■ ‘ 1 r TT K -■ .N Um I*. ^ ■ t : 1 2 1 ■ C«« I*. '■ ' ' 71 ll Um . .I'i ' • ' “1 1. ' ,N Um 1 >11 d ■ <1 *, \ - -- C» < I*. »11 V-. ’< X ; Cm 1>, TT* ' 1 4 2 • h/, \ -- Cm |>. TT. '-T ;«'■ ri*. 1." N '• Cm t !'> ** s :: \ *•27 142 f/) \ . Cm >k> V "4 St 71 i r \ rrr. . Cm I 7 4 S-- M ‘Uü O.ic X :r.. Cm f R; .72 4 V. 1 *2 N r-... u n - : a 1." .V-, . 1 '.r r ^ í; . ' . B. Mario Mourão — O papel do estreptococo no Pènfigo Foliaceo 243 Pela via subcutânea as toxinas 58 e 142 provocaram a formação do edema « eritema; num cobaio (X.® 555), que teve reação fortemente positiva, houve a formação de escara 72 horas depois. Um cobaio inoculado pela via peritoneal apresentou peritonite na necropsia; dois outros animais, inoculados pela mesma %na e com a mesma toxina, com- portaram-se normalmente durante todo o período de observação. Xada observamos com a inoculação das toxinas pela vúa transocular. d) Ratos e camondongos: Os murídeos foram insensíveis às inoculações das toxinas, não apresentando s u — m n M r» u — M O «Cm sl-: c=c >c -c ft = > ÍS í ~ Pv C £ e , ilt *“ Um • W K W SC c . r ? -u u w S 5 I 3 i 1 ~£i. il Mi Observações 58 lirtnocnltur» CP CP L L L L CT Patofênico para ani* mais de laboratório. 71 Hemocultura CP L L L L L CT Idem 131 Hrmocultura L L L L L L CT Idem 142 Hctnocuhura CP L L L L L CT Idem 330 HrmocuItuTa CT CT CT L L L CT Idem 133 Liq. Lclhat CP CP L L L L CT Idem 276 I.iq. bolhat ....... CT CT h L I. L CT Idem 320 Crostas L L L L L L CT Idem 332 Llq. bolhas L L L L L L CT Idem 217 Necropsia L CT L L L L CT Idem 24S Necropsia l. L L L L L CT Idem 291 Necropsia cr CP CP CP L L CT Idem 292 Nrcrôpsia CP CP L L L L CT Idem 293 Necròpsia CP L L L L L CT Idem 317 Necropsia L L L L L L CT Idem 288 Heiaoctütura CT CT CT CP CP CP CT Nio patocenico para animais de laborai. 200 Llq. bolhas Dermatite Duhrinc . CP CP L - L L (T PatOfênico para ani* mais de laboratório. 27 Hemocultora Dermatite Dahrtaa . CT CT CT - CT CP CT ó^lrrpf. rirvJsRi 404 Necrópsta Sarcesaa do braco . . CT CT CT - CT CP CT Patocenico para asi* mais de laboratório. Pus ÜIctra da perna . . . CT CT CT CT CT CT CT 441 Sirtpt. fãrcmlií ... CT CT CT CT CT CT CT ■r B. Maiuo Mouiúo — O papel ilo cstreptococo no Pênfigo Foliaceo 245 c) Solução de cloreto de cálcio a 0.25 Çl». d) Misturar: Sobrenadante da cultura 0,S cm® Plasma oxalatado 0,2 cm® Salina fisiológica 0.8 cm* Solução de cloreto de cálcio a 0,25íc 0.25% e) Incubar em banho-maria a 37®. Leituras após 1, 3 e 24 horas. 3. Resultados São altamente interessantes os resultados da reação de fibrinólise no plasma de penfigosos, em comparação com o plasma normal. Como se verifica no Quadro XXII, usamos em nossas exi>criências 15 cs- treptococos hemoliticos e virulentos isolados de Pênfigo Foliaceo. Estabele- cendo percentagens, levando em consideração somente essas amostras patogêni- cas, teremos os seguintes resultados: lova%2o bolhoM Uermalof^ iceacra* tiiAda Ca«o hcniicno Forma Iruata: DcnziatoM em reirre«»lo rUftroa normal Coâi^Uçio . • • M*. «.s». iwr; 0*. U*.i Li<)ae!»{io . . . xu*.. 8S.7S S3L4», IWf 100% A interpretação imunológica dêsses achados será discutida por nós nuis adiante, mas os seguintes fatos devem ser imediatamente realçados: I — os estreptococos òc/o-hemoliticos \nrulcntos, isolados de material pa- tológico de Pênfigo Tropical, são fibrinoliticos ; II — a maior percentagem de coagulação foi no doente em que a dermatose SC estabelecera rccentcmcnte : III — no portador- de dermatose crónica generalizada o impedimento da fibrinólise foi inferior ao caso de invasão bolhosa. ainda que bem elevada; IV — no caso benigno (cm recrudescência bolhosa) e na forma frusta aqui estudados, a percentagem de coagulação sofreu uma queda, com tendência a apro- ximar-se do plasma normal: V — a fibrinólise no plasma do caso com dermatósc em regressão, em vias de cuM clinica, não foi inibida, sendo o resultado idêntico ao plasma normal. O cstreptococo 288, avirulcnto para animais de la^ratório, não digeriu a fibrina humana, confirmando o conceito de Tillet & Gamer (36), que conside- ram a reação da fibrinólise como diferenciadora dos estreptococos jatogénicos dos não patogênicos. 105 I SciELO 246 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Entretanto, o estreptococo 4ÍM, classificado scrologicamente no grupo A. é patogênico para ratos e camondongos e não realizou a fibrinólise em plasma hu- mano, mostrando que o carater diferencial estabelecido por Tillet & Gamer não é absoluto. A amostra 200, hemoHtica, altamente patogênica para animais de laborató- rio e scrologicamente pertencente ao grupo A de Lancefield. não liquefez os plas- mas de penfigosos em ins-asão bolhosa e com a dermatose generalizada; liquefez os plasmas dos casos benigno e com a dermatose em regressão, como também o plasma normal. Êsse estreptococo foi isolado de liquido de bolhas de um me- nino afetado com Dermatite Herpetiforme de Duhring (fig. 15). O estreptococo 27, do grupo alfa, isolado de hemocultura de doente de Dermatite de Duhring (Fig. 22), não é fibrinolitico, apesar de ser patogênico para camondongos. Os dois outros estreptccocos de controle (69B, isolado de úlcera da perna ■e o 46B, enterococo), não realizaram a fibrinólise nos diversos plasmas estudados. CAPITULO X DISCUSSÃO DAS PESQUISAS REALIZ.ADAS. OUTROS ASPECTOS CLINTCO-EXPERIMEXTAIS RELACIONADOS COM O PROBLEMA. OS ESTREPTOCOCOS EM DERM.JtTOLOGIA Em 1883, dois anos depois da descoberta do estreptococo por Pasteur, •ChambcrIain & Roux, foi isolado em cultura pura por Fehleisen o agente etio- lógico da erisipela, sendo esta a primeira estreptodermia descrita. Sabouraud (42), no inicio deste século, demonstrou pela primeira vez o papel dos estreptococos nas dermatoses vulgares e descreveu uma serie de mo- léstias nas quais essas bactérias eram responsabilizadas como agentes microbia- nos. Por estreptodermias, naquela ocasião, foram classificadas as seguintes der- matoses; impetigo vulgar, ectima, elefantíase nostra, intertrigo ordinário, impe- tigo sêco da face e as afecções dai por diante chamadas como estreptodemiites crônicas. Tal opinião foi baseada na presença do estreptococo cm eflorescêndas cutâneas c confirmada por uma série de obser\-ações clinicas. A escola francesa, posteriormente, ampliou as obser\‘ações de Sabouraud c admitiu que o estrep- tococo se desenvolve na pele com extraordinária frequência, podendo determi- nar uma multiplicidade de tipos mórbidos cutâneos. Segundo Gougerot (43) « Milian (44), as seguintes dermatoses podem ser classificadas com estrepcococ- I SciELO 106 B. Muiio Mocr-ío — O papel do estreptococo no Pênfigo Foliaceo 247 a proteção das vestes, são as regiões mais ricas em germes, sobretudo de estreptococos hemoliticos; no periodo de con\'alescença, em que há tendência ao de-saparecimento dos estreptococos, êles c.xcepcionalmente são encontrados no tegumento externo. Como se vê, a concepção atual ê de que os estreptococos hemoliticos rara- mente liabitam a epiderme normal. Alêm do mais, o revestimento cutâneo- -mucoso constitue a primeira linha de defesa que se opõe inespeci ficamente à penetração dos micróbios e parece possuir um complexo mecanismo de auto- -dcsinfecçâo, que c responsável pelo rápido desenvolvimento dos germes vivos côbre êle. As experiêndas de Colebrook (59) a êste respdto são muito interes- santes: êste autor verificou que quando se depõem estreptococos hanoliticos so- bre a epiderme, dentro de poucos minutos diminue o seu número: 30.(XX).000 de estreptococos que seguiram à deposição nos 3 minutos iniciais, há uma reduçáo na primeira hora para 1.722.000 e ao fim de 2 horas para 7.000. Idênticas ob- servações foram efetuadas com o Proteus tmlgaris. pneumobadlo de Friedlãn- der e colibacilo. Amold & colaboradores (82) verificaram, em numerosas expe- riências, que culturas vivas de Eschcrichía coli, Ebcrtella typhosa e Salmonella en- tfridilis não são recuperadas depois de 10 minutos de contacto com a pele da face palmar da mão. Com o Staphylococcus aurcus, nessa série de experiêndas, houve uma redução inicial de 82^0 em 10 minutos, porém o germe ê ainda iso- lado depois de muitas horas, o que explica a frequênda dos estafilococos no re- vestimento cutâneo e principalmente nas fendas epidérmicas. 112 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 B. >Luiio MocnÃo — O papel do cslrcptococo no Pènfigo Foliaceo 253 OS ESTREPTOCOCOS DO PÊNFIGO FOLIACEO. A TOXINA ERITEM.\TOGÊNICA. REAÇAO DA FIBRINÓLISE Os estreptococos hemolíticos do Pênfigo Tropical foram identificados ao Strcptococcus pyogcnes ROSEXBACH, espécie tipo do gênero Streplococctis. Da espcde Strept. pyogcnes fazem parte as amostras hemoliticas pertencen- tes ao grupo sorológico A, isoladas em infecgões humanas de vários tipos, produ- zindo ocasionalmente infecções em animais e raramente encontradas no leite. Bier (39) observa que todo estreptccoco hemolitico. quer seja isolado do pús de um abcesso, de uma angina lacunar ou de uma angina escarlatinosa, de- verá ser rotulado como Strcptococcus pyogcnes, pois não existem caracteres mor- fológicos, bioquimicos ou sorológicos suficientes para diferenciar o estreptococo Luuo Movrão — O papel do cstreplococo no Pênfigo Foliaceo 2õ5- Em nossas experiências os coelhos reagiram por ria intradérmica (até a diluição de 1/50) e por ria sub-cutànea, obser\’ando-se ainda derrames sanguí- neos e formação de escara no ponto de inoculação. Nos cobáios obtivemos formação de edema c eritema por inoculação sub- -cutânea. Por outras rias, a toxina eritematogênica foi sem ação nesses dois animais. Ratos e camondnngos foram insensiveis às inoculações praticadas por di- versas vias. Demonstramos também que a toxina poude provocar, em alta diluição, uma reação eritematosa em pessoa sensivel. Em 25 doentes de “Fogo Selvagem”, com várias formas clinicas da molés- tia, experimentamos as toxinas 58 e 71 (ambas dosando 50.000 S.T.D.) e filtra- dos de outros estreptococos hemoHticos provenientes de penfigosos. Nesse grupo não havia nenhum doente com a forma frusta. As inoculações foram feitas até a diluição de 1 :1.000 por via intradérmica. Não observamos qualquer sintoma anormal, cutâneo ou geral. A hipótese mais plausivel da falta de reação é supor-se que a existência de antitoxinas circulantes neutralizaram a toxina. Sabe-se, além do mais, que a anti-eritema-toxina neutraliza especificamente a toxina eritematogêiuca "irt vivo" e "in vilro”. De qualquer maneira, os nossos achados parecem estabelecer os seguintes fatos: 1. ® — Os estreptococos originários do Pênfigo Tropical secretam uma to- xina eritematogênica. 2. ® — Diluições dessa toxina injetada em penfigosos não provocaram eri- tema local, pressupondo a existência de uma antitoxina neutralizante na circula- ção. 3. ® — Como um estreptococo hemolitico do grupo A é isolado com faci- lidade das lesões cutâneas de Pênfigo Foliáceo e pode passar para a corrente sanguínea ou acarretar outras complicações, sugerimos que seria útil tentar: a) Demonstrar a toxina eritematogênica e sua antitoxina no organismo dos penfigosos. b) Realizar pro^•as intra-dérmicas, nos moldes da reação de Dick, nas zonas focos e particularmente nas pessoas que vivem em contacto com os portadores de Pênfigo, visto a existência de aparen- tes "epidemias familiares”; os indivíduos sensíveis seriam imuniza- dos com a própria toxina, graduada cm unidades cutâneas ( S.T.D. ). c) Transformar a toxina eritematogênica em toxóide e tentar uma imunização ati\’a dos doentes. Poderá ser assodada ou não a IIS cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 256 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII \-acinas mortas por aquecimento mitigado, feitas com culturas jo- vens de germes de recente isolamento ou virulentos, segundo a téc- nica recomendada per Loe^venthal (64). d) Tentar uma imunização passiva nos doentes de Pênfigo, usando um soro misto e homólogo, anti-tóxico e anti-bacteriano. Se- ria também interessante pro\-ar a administração simultânea de soro e sulfanilamidas. O soro anti-estrcptocócico deve possuir em alto grau opsoninas tipo-cspeci- ficas para germes virulentos. Segundo Platon, Ehvan & Hoyt (56) o anti-soro ideal para o tratamento de infecções de estreptococos do grupo A, tanto na es- carlatina quanto em outras entidades clinicas, deve possuir: 1. ® — abundância de anticorpos grupo-específicos e tipo-espe- cificos ; 2. ® — riqueza em anticorpos de todos os produtos secretados pelos estrcptoccos (toxinas solúveis, substâncias agressi- vas, enzimas) ; 3. ® — homologia. EHzem os citados autores que a neutralização da toxina eritematogênica, produzida em quantidades variáveis por qualquer dos 30 tipos hemoliticos da classificação de Gríffith, é muito desejável. Entretanto, outros produtos tóxi- cos dos estreptococos, tais como a leucocidina, a estreptelisina, a fibrinolisina, os ■"spreading and in\-asivc factors”, não tém recebido consideração adequada dos sorologistas. Os soros antitóxicos cstreptocócicos tém a propriedade de neutra- lizar a toxina critrogénica, mas carecem de qualquer propriedade anti-bacteríana e anti-in\'asi%’a. A aplicação de soros heterólogos de ca\'alo causam reações que podem predispor a uma in\'asão bacteriana riolenta. A capacidade de digerir a fibrina humana "tn vttro” é um carater pr6prio da maioria dos estreptococos hemoliticos, particularmente dos pertencentes ao grupo A. Todas as amostras hemoliticas e virulentas procedentes de material co- lhido em penfigosos produziram a liquefação do plasma humano normal. Porém, em presença de plasma de doentes de Pénfigo Foliáceo, nem todas tiveram tal comportamento: na fase de in\'asão bolhosa e nos casos de dermatose crónica ge- neralizada a inibição da fibrinólise foi em maior percentagem (60^ e 46,6%, respectivamente) ; no caso benigno a percentagem de impedimento foi de 13,3% e na forma frusta de 6,6% ; no plasma do doente em vias de cura a inibição foi nula, sendo a reação idêntica â do plasma normal. 116 B. Mario Mour-ío — O papel do eslreptococo no Pcníiíjo Foliacco 257 Êsses fatos fazem acreditar na existência, no plasma dos portadores do ■“Fogo Seh^agem”, desde os primórdios da moléstia, da anli-fibrtnolisina, anri- corpo cuja presença já foi verificada em outras infecções produzidas pelos es- írcptococos hemoliticos. como a escarlatina, erisipela, angina lacunar aguda, etc- Como não se conhece cxatamentc o papel da fibrinolisina na patogenia das infecções por estreptococos hemoliticos, é lógico que também se desconheça a função da anti-fibrinolisina. Sabe-se, todaria, que a fibrinólise é inibida pela adição de anti-soro estreptocócico. Não padece da menor dúvida que tais achados demonstram que no Pénfigo Tropical existem anticorpos estreptocódcos na corrente sanguinea. e a presença da anti-fibrinolisina, num caso inicial, constitue precioso argumento em favor da nossa hipótese, adiante defendida, de haver uma toxemia precoce nessa der* matose. Em outra parte déste capitulo discutiremos as diferenças bacteriológicas existentes entre as formas clinicas generalizadas e a forma frusta, benigna e localizada. Acreditamos que a presença quasi nula da anti-fibrinolisina na for- ma frusta possa ser outro carater adicional para o descrime. A nossa apreciação sòbre a fibrinolisina e a anti-fibrinolisina ainda deve ser encarada com a necessária resei^^a. Elstudamos aqui a prova fibrinólise em re- lação aos estreptococos. Em outro trabalho pretendemos estudá-la mais inten- samente, utilizando, porém, grande número de plasmas de penfigosos. A ESTREPTOCOCCIA CUT.\.NEA NO PÊNFIGO FOLIACEO E NA DERM.VTITE HERPETIFORME DE DUHRING Das pesquisas retro-referidas ficou cabalmentc demonstrada a existência no Pénfigo Foliáceo, desde os primórdios da doença, de uma extensa c intensa in- fecção estreptocócica cutânea. Parece que a infecção é epidérmica, pro%-avcl- mente não atingindo o derma e o hipoderma. A presença de estreptococos durante a fase de in\-asão bolhosa, nos elemen- tos crostosos ou no liquido de bolhas purulentas, foi de 100%. Não se pode, todavia, afirmar que a sua presença esteja ligada diretamente à formação da bo- :lta — que c a lesão patognomónica do Pénfigo — visto que todos os exames bacte- riológicos de bolhas recentes e contendo liquido citrino foram negativos para es- treptococos. Na fase aguda, dos 16 casos que e.xaminamos, com exceção de um único, todos os estreptococos isolados pertenciam ao grupo óefo-hemolitico. Nesse caso de exceção, do qual isolamos estreptococos inertes, o Pénfigo foi de grande bc- m‘gnidade, regredindo rapidamente. Nos outros doentes a dermatose evoluiu classicamente, afetando mais tarde todo o tegumento cutâneo, com tendénci.i à cronicidade. 117 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 258 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Nas formas generalizadas crônicas o estreptococo hemolitico constitue o ele- mento bacteriano predominante nas lesões externas. A sua presença é de 33,33% no liquido de bolhas recentes e limpidas e de 100% nas bolhas purulentas e lesões crostosas. A presença de estreptococos hemoliticos, em cultura pura no líquida de bolhas límpidas ou purulentas, parece demonstrar, segundo nossas obscr\ações, ser grave o caso clinico, com tendência do estreptococo passar à corrente sanguí- nea. Do Quadro II, com exceção apenas de dois, todos os doentes apresentados faleceram; em dois casos, entre os 5 relatados, a hemocultura foi positiva para estreptococos do grupo bela. Possivelmente, os resultados mais interessantes no estudo da infecção cutâ- nea. foram os que conseguimos na chamada forma frusta, cujo aspecto clínico- morfológico se aproxima do síndromo de Senear & Uscher, segundo Vieira (65), Rabcllo Junior (66) e Artom (29). Na flora bacteriana das lesões tegumen- tares residiria uma das diferenças essenciais entre a forma frusta e as outras ou tipos clinicos do “Fogo Sch-agem”, que nem mesmo a histologia conseguiu dife- renciar. A maioria dos casos por nós examinados, não mostrou a presença de estreptococos hemoliticos. A presença dêsses germes significaria a possibilidade de um pênfigo frusto, localizado e benigno, se transformar rapidamente cm pên- figo generalizado e grave, sob o influxo de uma causa que no momento nos c ainda despercebida, possivelmente uma diminuição da resistência geral, com queda das defesas imunitárias cutâneas e humorais. Nada pudemos deduzir, após mi- nuciosa anamnese e exame clinico cuidadoso dos doentes nos quais observamos êstes fatos. Resulta, pois, que todos os casos frustos devem ser sistematica- mente submetidos a exames bacteriológicos das lesões cutâneas, a-fim-de defen- der 0 doente de uma possivel generalização da dermatose, submetendo-se a aii- dados higieno-dietctico-medicamcntosos, de modo a conservar sempre o esudo geral e as defesas imunitárias antibacterianas em boas condições. A ausência de estreptococos hemoliticos nas formas frustas, parece-nos um dos caracteres mais importantes, tanto para o descrime com as outras formas clinicas do Pênfigo Foliaceo, quanto para o prognóstico da evedução de um determinado caso clinico. .‘\creditamos ser de toda oportunidade referir os achados de Aragão (67, 68 c 69J relati\-amentc ao carater diferencial entre o alastrim ou varíola mansa e a varíola, através da flora bacteriana secundária e.xistente nas pústulas. Se- gundo Aragão um dos feitios mais caracteristicos do alastrim é a ausência da fe- bre secundária, que julga ser devido que as pústulas nesta moléstia não são in- vadidas senão muito raramente pelos estreptococos, ao contrário da varíola em que essas bactérias podem ser consideradas como micróbios satélites. No alas- trim as pústulas são gcralmente infectadas pelos estafilococos albus c aureus. A raridade dos estreptococos no pús das pústulas do alastrim se explica, talvez, pela benignidade das lesões e pelo não enfraquecimento das defesas do organismo. Ao 118 •• cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 B. Mario Mouhão — O papel do eslreptococo no Pênfigo Foliaceo 259 contrário disso, na \-ariola, as lesões mais profundas e outras condições ainda pouco conhecidas, estabelecem um meio muito favoravel para o seu desenvolvi- mento. Daí o fato dos estreptococos serem considerados germes simbióticos na varíola, os quais mais tarde, graças à sua enorme proliferação e rirulência ad- quiridas, se tomam responsáveis por uma série de acidentes secundários, inva- dindo o resto do organismo, gerando septicemias etc.. A diferenciação estabele- cida por j\ragão entre o alastrim e a varíola, muito se aproxima do descrime bac- teriológico, que aqui analisamos, entre a forma fmsta do Pênfigo Tropical, be-, nigna e localizada, geralmcnte sem febre e acidentes secundários e as formas ge- neralizadas agudas ou crônicas, onde a febre de supuração e as complicações de- vidas aos estreptococos constituem regra, com predominância nitida da infecção cstreptococócica na fisionomia clinica cutânea e geral. Com o sindromo de Senear & Uscher, pelo que pudemos verificar, não houve ainda a preocupação de distingui-lo das outras formas clinicas do Pênfigo por simples exames bacteriológicos das c florescências epidérmicas. A única refe- rência que encontramos sóbre o diagnóstico diferencial do sindromo de Senear & Uschcr, por processo bacteriológico de laboratório, foi num comentário de Welsch (22) que, examinando dois sôros de doentes atingidos por essa moda- lidade de Pênfigo, pelo método da motilidade cataforêtica dos estreptococos, ob- teve resultados negativos com antigeno de Pênfigo e fortemente positivos com o de estreptococos isolados de casos de lupus eritematoso. Xos casos de regressão e curas observadas no Pênfigo Tropical, a impressão que se pode tirar das cpidermoculturas é bastante intvvessante. As involuções clí- nicas parecem estar ligadas â presença ou ausência dos estreptococos hemoliticos. Os seguintes achados reforçam esta opinião: 1 ) Nos dois únicos casos considerados clinicamente curados que examina- mos não conseguimos isolar estreptococos hemoliticos. 2) Dos 8 conralescentes examinados, cm 5 dos quais isolamos estreptoco- cos hemoliticos, ainda possuiam reliquats do Pênfigo c dc quando cm vez apre- scnta\’am surtos bolhosos de pequena intensidade, limitados a pequenas áreas do tegumento externo; não se pode garantir nestes casos que sc trate de uma re- gressão definitiva da dermatose. Temos o exemplo de uma doente (A. L. V., obs 463, Figs. 5 e 6, analisada nas formas generalizadas crônicas), que tivera uma regressão temporária das lesões cutâneas. 3) No caso cuja regressão se deu mais rapidamente, não foram obtidos estreptococos hemoliticos das lesões regressiras da face (M. L., obs. 583, ana- lisada nos casos em r^essão). 4) Em um caso de regressão cujo estudo fizemos na fase de invasão bo- Ihosa (J. T. V., obs. 436, Figs. 1 e 2), isolamos estreptococos do grupo inerte; 119 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 260 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII a involução rápida dêsse caso poderia ser atribuida à ausência de estreptococos hcmoliticos. Sem dú\’ida. a elerada percentagem de estreptococos hemoHticos, presentes nas lesões tegumentares dos penfigosos, desde os primeiros meses de moléstia, faz pensar que se trate de uma raça especial desses micro-organismos, com epi- dennotropismo natural ou adquirido. Darier (70), estribado na sua reconhe- cida capacidade de observação, admitiu que o terreno individual representaria relevante papel na evolução das piocóccias externas. .Acreditou mesmo que a exaltação por passagens sucessivas, talvez pudesse explicar as auto-inoculações, a contagiosidade. a persistência de algumas lesões epidérmicas e a constante pu- lulação microbiana no foco patológico inicial. A escarlatina ê hoje encarada e aceita pela maioria dos autores como uma infecção devida a um estreptococo hemolítico do grupo A. e as proras para tal concepção consistiram numa série de obscr\-ações feitas no próprio homem, ao lado de uma série de provas imunológicas. Desde de 1921 (Kolmer & Tuft), que se reconhece que os estreptococos possuem uma relação etiológica com a doença, principalmente porque as complicações secundárias, como adenite cervi- cal, abcessos pcritonsilarcs, otites médias, sinusites supurativas e artrites, foram provadas ser de origem estreptocócica. Não tencionamos nem temos elementos para atribuir ao estreptococo a res- ponsabilidade etiológica do Pênfigo Foliácco. Todavia, durante todo o decorrer da nossa exposição, demonstramos amplamente a importância dessa bactéria na evolução da moléstia, provocando acidentes e complicações, às vezes fatais para os doentes. Do lado cutâneo, as complicações secundárias deridas a ela são bas- tante comuns, como erisipelas, linfangites, enfartamentos ganglionares, abcessos, etc.. As Figs. 26. 27 e 28 são bastante elucidativas a tal respeito. A Fig. 28 é de um aspecto frequente nos doentes de "Fogo Selragem", sinmlando uma pseudo- tinha amiantácea de Alibert. doença do couro cabeludo que é tida pela escola francesa como de origem estreptocócica. Segundo Simonds, Taylor & Amoff (71). os estreptococos hemcliticos são menos frequentes nos paises tropicais, fato que consideram de importância para explicar a ausência ou raridade de algumas doenças nes.sas zonas. A incidência de reações negati\-as pelo teste de Dick nos paises tropicais é mais alta onde a es- carlatina é relati%’amente rara. Os autores acima citados estão de certo modo com a razão. Não resta a menor dúvida que em nosso Pais doenças produzidas por estreptococos. como a escarlatina e o reumatismo estreptocócico, são de in- cidência mencr que nos paises de clima frio e temperado. Mas, como explicar a prc%aléncia dos estreptococos hcmoliticos no quadro nosológico do Pênfigo Tropical? 120 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 B. Mario Mour.\o — O papel do eslreplococo no Pênfigo Foliaceo 261 RelatÍN-amentc ao diagnóstico diferencial do Pcnfigo Foliáceo com a Derma- tite de Duhring, Artigas & Mourão exararam a sua opinião em trabalho publi- cado em 1939 (73), dizendo naquela ocasião que somente a evolução clínica o posteriori, aliada à prora terapêutica com determinados medicamentos, que dão resultados na doença de Duhring e permanecem sem ação no “Fogo Sel\’agem”, como é o caso do arsênico, permitiria fazer a diferenciação entre essas dermato- ses. Pouco progresso fizemos até a presente data e quasi nada podemos adicio- nar ao pomo de vista daqueles autores. Pelo exame bacteriológico das lesões cutâneas a presença de estreptococos hemolíticos no Pênfigo Foliáceo é dé 805^. Dos 5 casos de Dermatite de Duh- ring que examinamos, em dois isolamos estreptococos &r/a-hemoliticos do liquido de bolhas. Parece que a gravidade da dermatose pode estar relacionada com a flora microbiana externa, .■\ssim é que. no caso de S. G. P. (Figs. 16, 17, 18), Ftc. 26 Hipertrofia da orr*ha de unta molbcr com Pênfifo. dortite há 11 anos. Sahourad Í72), rm 19J7, derido n ê«le atpccto clinico, exprraaoa a te* fumtc optttiáo a mpeito da ctiolofia do Penfifo Tropical: *Jc croit a loa ort^inc panuitaire et rdephantiatift dra «eíllea me ferait chcrcher da c6té da •treptocoqoe*. cuja evolução foi rápida e benigna, não isolamos estreptococos, sendo isolados Staph. aurcus do liquido de bolhas purulentas. Com bastante detalhe estudamos um caso grave de Dermatite de 'Duhring (J. A., Figs. 22, 23) hoje clinicamente . 121 I SciELO 1262 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII Fic. 27 ElefantUse e papScmatccas na perna eaqtieróa d« oxca mtxlber com Pènfigo, doente bi 7 anoa. ■curado. Nesses casos isolamos estreptococos oI/o-hemoHticos do sangue e es- treptococos fcr/a-hemolíticos de lesões bolhosas. De outro caso do qual isolamos Wi Fic. 2 $ Carapaça croatoaa, aapccto noito íre> «lucnte, simulando tinba p*rod<^aiDÍan- ticea de Alibert, tta doente de Pénfiçv Folíaceo* na faie de tnTaaio bolboia» sofrendo da moléatsa bi 4 méaea. •estreptococos hemoliticos no liquido de bolhas limpidas e purulentas (M. C., Fig. 15), na ocasião do exame apresentava um estado geral bom e não nos foi possivel acompanhar a evolu<;ão clinica da dermatose. Do ponto de vista dermatológico é licito acrescentar outro sinal básico piara a pierfeita diagnose do Pênfigo Tropical com a Moléstia de Duhring: no "Fogo 122 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 B. Mario Moub.\o — O papel do estrcptococo no Pênfigo Foliaceo 2G3 SeU-agem" há predileção no inicio da dermatose para a parte médio-torácica (regiões para-estemal e inter-escapular) e para a face (região malar, em forma de vespertilio), tanto nas formas bolhosas como nas frustas. Nos casos de Der- matite Herpetiforme tal não se dá, não tendo a localização inicial predileção para qualquer região. Chamamos, particularmcnte, a atenção para as fotografias do doente S. G. P. (Figs. 16, 17, 18), cuja evolução e localização da dermatose, vêm de encontro ao nosso modo de pensar. Os conceitos aqui emitidos sobre a Dermatite Herpetiforme de Duhring ainda devem ser encarados com certa rcser\-a, visto que o número de doentes que tivemos em nosso serviço é minimo para estudos de tal natureza, dada a raridade íla afecção em nosso Pais. HEMOCüLTUR.\S POSlTIV.\S As hemoculturas praticadas sistematicamente nos doentes de Pênfigo, na data de sua matrícula no Ser\ãço do Pênfigo Foliáceo ou entrada no hospital (Instituto “Adhemar de Barros”), revelou-nos que em 12,5% elas foram positi- ras para estreptccocos, e em 3,3% para estafilococos. A letalidade foi alta para as primeiras (737%) e baixa para as últimas (20%). Os estreptococos hemoliticos aliam as suas atividades de bactérias tipica- mente hemoliticas com aquelas de germes de grande capacidade de invasão, sendo por isso muito frequentes nos processos septicêmicos. As amostras altamente virulentas são as de invasores mais rápidos c vigorosos de tecidos, não só atuando por progressão como também por intoxicação focal e geral, A toxina critemato- gênica do estrcptococo difere das outras exotoxinas pela sua resistência ao calcr, especificidade ao homem e dependência de sua ação por uma prévia sensibiliza- ção individual. Está perfeitamente demonstrado que a toxina escarlatinica existe desde os primeiros dias de doença na urina e no sangue, sendo rapidamente neu- tralizada pela injeção de antitoxina. Dada a extrema frequência dos estreptococos hemoliticos nas cflorescên- cias cutâneas dos penfigosos, desde o períndo inicial da moléstia, ê justo que uma dúvida possa surgir; no Pênfigo Tropical e.xiste uma septicemia ou uma bac- tieriemia? Como muito bem acentua Coutinho (74), não liá um sindromo caracteris- tico das septicemias, por isso que elas estão ligadas a uma etiologia múltipla, mas, embora possam ser profundamente diversas as manifestações locais ou \iscerais, há uma fenomenologia única nas manifestações gerais; qualquer que seja o germe responsável, os sintomas das septicemias oferecem no seu conjunto, salvo um ou outro detalhe, um certo grau de uniformidade, variando apenas quanto à intensidade, conforme o germe e sua virulência e ao poder defensivo dos tecidos.. Entre os sintomas mais importante está a febre, que também pode \'a- 123 17 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 26-4 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII riar sob os mais diferentes tipos, não tendo nenhum aspecto peculiar. A febre,, progressivamente elerada. é variável, polimorfa ou mais ou menos irregular ou continua, sub-continua, remitente ou intermitente; em casos de septicemia de marcha sub-aguda pode haver hipotermia p>or falência das defesas orgânicas. Exatamente o que nos chamou a atenção e nos levou a praticar sistematica- mente hemoculturas. foi o quadro térmico apresentado por muitos dos penfigo- sos durante a evolução da moléstia: em determinados períodos, sem causa apa- rentemente explicável, há uma eleração térmica proteiforme, dos mais variados- tipos, de duração efémera ou. em menor proporção, de carater permanente, sendo éstes os casos de desfecho rápido: o acme pode atingir até 40°5. Os gráficos 3. 3, 4. 5, 6, 7 c 8 são muito elucidativos. Acreditamos mesmo, e pretendemos voltar a éste assunto em próximo trabalho, que a percentagem de hemoculturas positi^as seria muito maior se fpssem praticadas nos períodos térmicos ascencio- nais, em qualquer dos tipos clínicos generalizados. Os doentes de Pénfigo que faleceram com hemoculturas positi\as para estreptococos, como se vé no Quadro IX, e que na ocasião do exame tiveram stu estado geral classificado como ntau ou precário, apresentasam um quadro clínico de profunda toxi-infecção, entremeado de fases enganadoras de acalmia. O exame hcmocitológico cenfirmou tal suposição, sendo encontradas as seguintes alterações: 1) anemia intensa do tipo hipocrômico; 2) leucócitos nos limites nor- mais c frequentemente leucopenia; 3) neutrocitose com desvio degenerativo para a esquerda, com presença de granulações tóxicas de Xacgeli-Gloor e vacuoliza- ções no citoplasma e alterações degeneratiras nucleares; 4) nos casos mais graves os eosinófilos eram ausentes ou l)cm diminuidos; 5) linfopenia e. em menor nú- mero de casos, linfocitose. Possivelmente, em quasi todos os doentes désse grupo, houve uma septicemia do tipo sub-agudo, pois que, cm numerosos, pude- mos fazer a verificação de controle, tendo as hemoculturas confirmado a exis- tência. de uma estrcptocemia. Indiscutivelmente nas septicemias qualquer que seja a sua origem, a hemocultura é o meio decisivo para o diagnóstico, quando confirmada. , Os únicos casos com estado geral tmu ou precário c hemoculturas positi\-as para estreptococos que sobreviveram, foram os doentes: R. E. (obs. 238, cstrep_ 58) e M. (obs. 153. estrep. 486). Entretanto, em ambos a esxjlução clinica foi de uma verdadeira septicemia. Provavelmente tiveram bacteriemia: 1) G. S. (obs. 301, estrept. 22) que, 1 ano depois da hemocultura positis'a e 48 horas antes da morte, foi submetida à nova cultura do sangue com resultado negativo; no dia seguinte do óbito efetuou-se uma punção cardiaca e as semea- duras revelaram o crescimento de estreptococos hcmoliticos. estafilococos dou- rados e bacilos esporulados (Quadros IX, XV e XVI). I SciELO 124 B. JLuuo Mourão — O papel do estreptococo no Pcnfigo Foliaceo 265 2) X. D. (pbs. 492, esircpt. 14), doente de forma distrótica, teve hemocul- tura positira para estreptococos ; um ano depois faleceu e a punção cardíaca pra- ticada 8 hrs. após a morte, deu resultado negativo (Quadros IX eXV). Dos doentes que sobre\nveram, cujo quadro de temperatura, aliada ao exame clinico e evolução posterior da moléstia nos autoriza a dizer que tiveram simples bacteriemia são os seguintes; M. B. (obs. 482, estrept. 298), V. C. T. (obs. 9, estrept. 297) e J. M. (obs. 11 e estrept. 205). Relativ-amente ao caso de forma fruma (E. V., obs. 403, estrept. inerte 90), não acompanhamos a sua evolução clínico-bacteriológica e de\*ido a éste fato abstemo-nos de dar opinião. .\ inexistência de hemoculturas positiras durante a fase de invasão bolhosa e a ob.serração de que mais de 2/3 dos drentes que estudamos serem acometidos de Pênfigo há 2 anos ou menos, permitem-nos fazer algumas suposições do maior interesse : 1) Enquanto houver zonas estensas de pele sã os estreptococos c c.stafilo- cocos não passam para a corrente sanguínea. 2) Durante a fase de invasão liolhosa, que pode durar de 1 a 9 meses, a resistência individual dos doentes é ainda um grande fator contra a invasão san- guínea dos piococos. 3) I-ogo depois da generalização da dermatose, sendo o organismo do in- divíduo atacado de Pcnfigo Foliáceo, prirado parcial ou totalmcnte das funções de um dos mais importantes orgãos de proteção e excreção, como é o envólucro cutâneo, há uma queda da resistência, possibilitando não só a invasão dos pio- cocos, gerando bacteriemias ou septicembs, como a absorção de toxinas. 4) Talvez o motivo prindpal da maioria dos doentes de Pênfigo não sobre- viverem, depois de dois anos de moléstia, seja exatamente condicionado pela jm- posição 3. E’ notória a profunda transformação porque passam os doentes quando a dermatose se generaliza: imediatamente se estabelece uma impressionante queda do estado de nutrição; na maior parte dos casos há a impossibilidade da movi- mentação, não podendo os doentes caminharem; as lesões cutâneas na transição da fase critêmato-bolhosa-e.xsudativa para a fase eritrodêrmica-esfolbtixxi são in- tensamente dolorosas, incómodas e purulentas: hâ exaltação da dermalgia; sobre- veem as alopécias, as quedas das unhas e dos dentes, os edemas das extremidades, as disfunções das glândulas endocrínicas e toda a gama de complicações secundá- rias. Êsse é o período de maior sofrimento dos penfigosos. 5) Acreditamos que a toxemia deva ser precoce, desde os primeiros me.«e* de doença e desde que existam nas cflorescências cutâneas piococos toxigenos. Mas. estabelecida a invasão da dermatose a toda a epiderme, ê possível que daí por diante se estabeleça uma toxemia permanente e a sua intensidade sendo pro- 125 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 266 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII porcional ao teor antitoxico do organismo; essa intoxicação tanto pode ser cau- sada pelos estreptococos hemolíticos como pelos estafilococos toxígenos. Como em algumas estreptococcias se tem demonstrado a presença precoce da toxina es- treptocócica, é justo que também se formule esta hipótese no Pênfigo Tropi- cal, em que as zonas atingidas pela dermatose são muito mais extensas em com- paração, por exemplo, com a angina escarlatinica. Aschcar (75), estudando a imunidade anti-estafilocócica, analiscu o titulo antitóxico de 5 casos de Pênfigo Foliáceo, encontrando uma média de 6,45 U. A., portanto, notavelmente elevada. Em individuos normais a média maior alcançou o titulo de 1,88 U. A., num grupo de pessoas cuja idade rariava de 11 a 17 anos. 6) Parece estar em jogo uma ou mais causas tóxicas, atuando sôbre as glândulas endocrínicas nos casos de Pênfigo. As toxinas secretadas pelos germes patogênicos existentes no tegumento externo pedem estar entre esses fatores causas. E’ possivel que a toxemia, hipótese ainda passivel da maior reserva, concorra para as disfunções e atrofias das glândulas de secreção interna, observadas posteriormente à eclosão do "Fogo Selvagem”. Guimarães & Mourão (76), em estudos clinicos-cxperimentais, encontraram num grupo de 37 doentes um único indiriduo normospémico, portador de forma frusta, com a der- matose localizada no tórax anterior e posterior; nos outros casos, em que a der- matose era generalizada os doentes eram impotentes, oligospérmicos cu azoospér- micos. Com o desaparecimento ou regressão das lesões cutâneas há um retomo da função sc.xual c da espermogênese. O caso curado que aqui estudamos ÍA. A., pâg. 175) teve o exame de espemia normal. Ainda no trahalho de Gui- marães & Mourão, as fotografias dos casos com regressão e cura clinica mos- tram-nos a volta dos caracteres sexuais secundários, a-pesar-de um certo grau de hipogonadismo. Nas mulheres fatos dessa ordem são mais evidentes e dois déles merecem ser mendonados: Guimarães (77), em 60 doentes de Pênfigo, encontrou fluxo mestrual normal cm apenas uma doente; cm todas as outras en- controu hipomenorréia ou ausênda de fluxo mestrual e em 4 casos menopausa ; a atrofia mamária foi observada em 81 % das pacientes. Possuimos na nossa ra- suistica observações de casos que depois de curados clinicamente tiveram gestação normal e conseguiram amamentar os seus filhos. Mourão & Guimarães (78), em outro trabalho, entre os caracteres diagnósticos do Pênfigo Foliáceo infantil, citaram êstes: a) quando um individuo ê atingido de Pênfigo antes da puberdade, há sempre retardo do crescimento e na maioria das vezes uma parada, devido a uma disfunção da hipófise anterior (formas distróficas) ; b) o Pênfigo na infância ê acompanhado de hipopituitarismo e hipogo- nadismo. 126 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 B. Mario Mourão — O papel do cstrcplococo no Pênfigo Foliaceo 267 Se há cura clínica do Pênfigo antes da puberdade, pode haver nomaliza- ção das funções da hipófise anterior, desenvolvendo-se o indiriduo normalmente, como temos observado mais de uma vez. O caso curado clinicamente que já ci- tamos (A. A., pág. 175) c um exemplo. 7) Confirmando a su(>osi(ão 6, da existcnda de uma ou mais causas tó- xicas secundárias nos casos crónicos, .-Mayon (78), em relatório preliminar, ainda inédito, diz textualniente : "O que mais nos impressionou no exame macroscó- pico dos órgãos internos dos cadáveres de Pênfigo, na sua forma clinica, foi sem dúvida, o acentuado grau de atrofia que apresentam. .\ par da atrofia muscular generalizada, da escassez de paniculo adiposo, das alterações articulares, já no- tadas clinicamente, nos doentes de Pênfigo, cuja moléstia data de muito tempo, pudemos observar constantemente acentuada atrofia do miocárdio, suprarrenal, tireóide, orgãos genitais do homem e da mulher. O quadro anatômico em geral é o da microsplanquiúria, sendo a nosso ver a atrofia orgânica de natureza pro- vavelmente secundária, uma vez que não a pudemos observar num caso, cm que as primeiras manifestações do "Fogo Selvagem” eram de achado relativamentc recente”. 8) Proravelmente, alem da toxemia, pode-se suspeitar como causa tóxica concomitante, a presença de uma safretnia, por absorção de produtos de decom- posição epidérmica e produzida pelas bactérias da infecção c.\terna. Aventamos aqui a suposição de poder ser atribuída a essas duas causas, entre outras, a tem- peratura iub-febril vesperal que se observa nos doentes de Pci/íigo, desde a fase inicial, e que perdura durante toda a evolução da moléstia. No “Fc^o Selvagem”, alem dos estreptococos produzirem septicemia c bac- teriemia. mostramos a possibilidade délcs condicionarem um estado contínuo de toxemia, conjuntamente com os estafilicocos. Os achados anátomo-patológicos revelaram em numerosos casos, a existência de processos inflamatórios (sepsis crônica), como: hiperplasia e tumefaeção das células reticulares do fígado (cé- lulas de Kupfer) ; tumefação do baço e correspondente hiperplasia da polpa ver- melha; hiperemia e atividade hematopoiética intensa da medula óssea. Êstes achados anatomo-patológicos podem ser atribuidos tanto a infecção cutânea, to- xemia e septicemia, quanto às infecções intercorrentes, entre as quais a bronco- pneumonia e a tuberculose pulmonar. Compulsando os relatórios anátomo-patológicos, não nos foi possivel encon- trar os processos que caracterizam as piemias (lesões metastáticas, focos de nc- Consignamos aqui os mais sinceros agradecimentos ao nosso distinto colega Dr. Fernando L. Alayon por facilitar a nossa tarefa colocando ao inteiro dispor toda a sua documentação e observações ainda inéditas. Devemos frizar que .\Iayon nos esclareceu que as suas opiniões aquí exaradas constituem uma impressão não definitiva, pois que julga por enquanto insuficiente o número de necropsias que realizou de casos de Pênfigo Foliaceo. Alguns dos seus resultados já foram dados à publicidade (65). 127 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 268 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII crose). Cominho (74), no capítulo das septicemias do seu bem documentado li- vro, professa que, às vezes, a septicemia, só por si, sem determinar metátases viscerais, processos inflamatórios ou supurativos, conduz à morte por ação tó- xica. E’ a septicemia pura. E’ o caso das septicemias agudas por estreptococos snrulentos. Outras septicemias podem produzir, em vez de processos supurati- vos. simples fenômenos inflamatórios nas sdsccras: são as septicemias com pro- cessos inflamatórios não supurados. Muito interessante é a relação que existe entre hemoculturas positivas para estreptococos e a tuberculose no Pênfigo. Em 29 necrópsias de casos de Pênfigo, Alayon encontrou 7 com lesões de tuberculose ou seja uma percen- tagem de 24,1%. Nos 7 casos atingidos de tuberculose foram feitas hemocultura em vida. Em 4 doentes a hemocultura foi positiva para estreptococos e apresen- tavam um quadro clinico típico dos processos sipticcmicos : os doentes C. M. M. (obs. 422, estrept. 71) e A. J. F. S. (obs. 439, estrept. 30) de evolução agudas; e E. P. (obs. 264, estrept 142) e C. F. L. (obs. 293, estrept. 305 do tipo sub- agudo). A tuberculose é alimentada por consideráveis fatores que se conjugam para propiciá-la. Nas formas exsudativas de tuberculose não se pode dizer anatomica- mente se o processo tuberculoso se instalou rcccntemente ou foi reativado por causas intercorrentes com diminuição da resistência. Êste conceito se aplica pcr- feitamente nos casos de Pênfigo.: teria a tuberculose se instalado antes ou de- pois da moléstia pcnfigosa? A septicemia estreptocócica seria uma causa de di- minuição da resistência para o ataque do bacilo de Koch ou então a tuberailose fez com que os estreptococos ganhassem a corrente sanguínea? A INVASAO CADAVÉRICA POR ESTREPTOCOCOS HEMOLITICOS ■Dos trabalhos por nós citados sôbre a presença de estreptococos em casos de Pênfigo. apenas dois .A.-A. fizeram referência sôbre o seu isolamento cm ne- crópsias Mc Even (13), na necrópsia de um caso de Pênfigo Cronico. isolou es- treptocccos hemoliticos de pús de abcesso do pescoço, no baço e do liquido céfalo- raquidiano, associados a bacilos Gram positivos c a estafilococos dourados ; os estreptococos possuiam os mesmos caracteres bioquímicos daqueles isolados do liquido de bolhas e por hemocultura: Grace (21), num caso de Pênfigo Vulgar e noutro de Pênfigo Vegetante, isolou em ambos, por punção cardíaca, estrepto- cocos hemoliticos. Nos exames bacteriológicos que praticamos em material necrótico. prove- nientes de 24 casos de Pênfigo Tropical, tivemos a ele\'ada percentagem de 95,7% de estreptococos hemoliticos. As necrópsias. cm sua maioria, foram pra- ticadas 24 horas ou mais depois do óbito c a essa demora poder-se-ia atribuir a elevada percentagem de posithddades (Quadro XIV). Procuramos sanar essa I SciELO 128 B. Mario Mourão — O papel do estrcplococo no Penfigo Foliaceo 2G9 causa de erro, praticando punções cardiacas logo após a morte dos doentes. A , "hora da colheita do material foi propositalmente ^ariada, a-fim-de poder acom- panhar com mais minúcia o tempo da in\'asão bacteriana. As punções cardiacas “post mortem” tiveram uma positividade de 66,6% (Quadro XV). Duas punções cardiacas feitas, respectivamente, 10 e 15 minu- tos depois do óbito (G. S-, punção 566, obs. 301 e M. O., punção 619, obs. 288), foram negati\as para estrcptococos. Entretanto, uma punção cardíaca praticada 20 minutos após a morte, nu doente que 34 horas antes teve hemocultura negativa, foi positi\a para estrcptococos (P. R. L., punção 653, hemocultura 650, obs. 473). Noutro caso a necropsia foi efetuada 5 horas depois do óbito revelando a presença de estrcptococos no material proveniente de baço; a punção cardíaca foi feita nesse mesmo cadaver duas horas e 10 minutos depois do falecimento foi negatisa (O. A. S., necropsia 553, punção 551, obs. 374). Efetuamos também hemoculturas “ante mortem” que demonstraram não se processar a invasão bacteriana no período pré-agônico, revelando os exames pra- ticados nessas condições mais ou menos a percentagem de positividade das hemo- culturas feitas nos doentes em diversas fases clinicas da dermatose (Qua- dro XVI). Parece-nos, em vista de tais resultados, que se pode pensar numa invasão bacteriana que se processaria ou na fase prc-agônica, nos últimos momentos que antecederam a morte, ou, então, nas primeiras horas depois da morte. Para aqueles que se interessarem por detalhes, nos "dados cuja importância releva assinalar”, nos capítulos referentes às verificações nccróticas, punções cardia- cas “post mortem” e hemoculturas "ante mortem". historiamos os principais fa- tos. donde tiramos êsses resultados. Para controle dessas verificações cadavéricas realizamos exames bacterioló- gicos em material necróticò de casos cujo óbito foi motivado por outras molés- tias, sendo todo o trabalho procedido nas mesmas condições técnicas (Quadro X\1I). Somente cm dois casos, com a percentagem de 16.6%, isolamos estrep- tococos hemolíticos, sendo que um deles era de tuberculose pulmomr hi-latcral e o outro de sarcotna do braço com mclástascs generalizadas, dos quais transcre- vemos na íntegra os relatórios anátomo-patológicos que nos foram enviados. Com êsses controlc.<: ficou nitidamente demonstrado que é possível isolar estrep- tococos hemolíticos do grujx> A após a morte, cm moléstias nas quais êsses germes não podem ser re.sponsabilizados como os agentes ctiológicos. jKdcndo, pois, a sua presença ser interpretada como uma invasão bacteriana, originãría de um foco pré-existente. No j)eríodo final do Penfigo Fcliáceo a pre.sença de estrcptococos no sangue guarda a mesma porcentagem da verificada em períodos bem anteriores à morte. Sendo, pois, esu percentagem rclativamentc pequena, não se pode atribuir a uma septicemia ou bacteriemia estrcptocócica a sintomatologia clínica pré-mortal na 129 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 * 270 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII maioria dos casos. Acreditamos, entretanto, que a toxemia, derida às toxinas solúveis dos piococos, concorra para o agravamento dêste profundo estado de in- toxicação, sendo, possivelmente, um dos principais elementos em jogo. Dos relatórios anátomo-patológices das necropsias de Pênfigo verifica-se a frequência dos processos inflamatórios localizados no aparelho respiratório. As- sim, em 29 necrópsias, pudemos fazer a seguinte estatística: Bronquites e bronquiolites purulentas com focos de broncopneumonia 11 casos ou 37,9^ Tuberculose pulmonar 7 " ” 24,1^ Pneumonia lobar 2 " ” 6,8Çó Xecrose quasi total do parenquima pulmonar cora pleurite soro-fibrínosa 1 " 3,4^ Soma dos casos 21 ” ” 72,2% Portanto, não se levando em consideração os casos de tuberculose pulmonar, vê-se que 50,8% dos cadaveres apresentavam processos inflamatórios bronco- pulmomres. Chama-nos a atenção, particularmente, a disparidade entre o número de casos de bronco-pneumonia em cemparação com os de pneumonia lobar. A bacteriologia das bronco-pneumonias secundárias difere muito das pneu- monias lobares primárias. Os estreptococos hemoliticos que desempenham um papel secundário pneumonias lobares primárias, nas quais o pneumococo c o agente predominante senão o etiológico, frequentemente produzem bronco-pneu- monias secundárias, desencadeando um tipo fatal de infecção. Evddentemente que o pneumococo, o bacilo de Pfeiffer e os estafilococos não devem ser despre- zados, cabendo tomá-los em valimento como germes infectantes secundários. Os achados de Dwinell (80), que estudou a flora pulmonar de 69 casos de pneumonias gripais secundárias, mostram a predominância dos estreptococos he- moliticos : Estreptococos hemoliticos Pneiunococos (todos os tipos) Estreptococos não hemoliticos Estafilococos Hemofhilus influtnsM Na pneumonia lobar humana é considerado como agente etiológico o pneu- mococo, ainda que outras bactérias possam ser cultivadas em casos de verdadeira pneumonia lobar. Cedi, Baldwin & Larsen (80) fizeram estudos bacteriológicos em 2.(XX) casos de pneumonia lobar, encontrando as seguintes bactérias : Pneumococo (todos os tipos) 1913 casos ou 95,65% 41 casos OU 59.4% 8 ^ 11,6% 17 " ** 24,6% 13 " 18.9% 34 " 49,3% Estreptococos hemoliticos Pneumobacilo de Friedlãnder .... Estafilococos da variedade aurtus Hemophilus influensae 76 8 2 1 3,80% 0,40% 0 , 10 % 0,05% 130 SciELO LO 11 12 13 14 15 16 cm B. Mario Mourão — O papel do estnrptococo no Pcnfigo Foliaceo 271 Não fizemos pesquisas bacteriológicas da flora pulmonar cadavérica, para verificar o papel desempenhado pelos estreptococos hemoliticos, o que, entretanto, faz parte de nossas futuras cogitações. Podemos adiantar, baseados em nossa ex- periência pessoal, que se isola de casos de Pênfigo, com relativa facilidade, es- treptococos hemoliticos da naso-faringe. Em necropsia de um caso (A. Y. F., obs. 477, nec. 368), com pneumonia lobar, com hepatização do lobo inferior do pulmão direito e do lobo superior do pulmão esquerdo, isolamos Diplococcus pnetitnoniae, Staphylococcus albus, Bacilius sp. e Escherichia coli. Os pneumo- cocos erairi dotados de alta virulência para murideos. Possivelmente, entre outras causas, pode-se atribuir a hipertermia pré-mor- tal dos penfigosos aos processos inflamatórios broncopulmonares. Nos casos de tuberculose pulmonar, em que foi tomada a temperatura até o desenlace, havia elevação térmica, seguindo o tipo febril obscr\*ado na maioria dos casos. Da série de pesquisas bacteriológicas necróticas realizadas por nós, eviden- cia-se pois, mais uma vez, a grande imponância que desempenham os estreptoco- cos hemoliticos na patogenia do Pênfigo Foliaceo, dada a sua grande frequência e a sua absoluta predominância em todas as culturas bacterianas de material co- lhido nas necrópsias e por punções cardiacas post-mortem. Provavelmente, o ponto de partida para a invasão cadavérica é a epiderme, inválida nos doentes de Pênfigo, onde os cstrqnococos hcmoliticcs existem cm elevada percentagem. Sabe-se, além do mais, que a barreira cutânea perde sua capacidade de auto-desinfecção 15 minutos após a morte, segundo as experiên- cias de Arnold & colaboradores (82). Corrobora para essa suposição o fato da maioria das hcmoculturas praticadas no periodo pré-agónico serem negativas. Constituem exceção a esta rqjra, com toda a probabilidade, os casos cm que as hcmoculturas em série foram positivas para estreptococos hemoliticos, apresentando os doentes um quadro de verdadeira septicemia, mesmo no periodo pré-agónico, sendo tais bactérias recuperadas de di- versos órgãos nas necrópsias. CAPITULO XI CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES Cabe-nos agora, â luz das pesquisas efetuadas, definir a posição dos estrep- tococos na etiologia do Pênfigo Foliaceo. Não possuimos elementos para afirmar que os estreptococos possam ser a causa primária do “Fogo Selvagem”. Os argumentos que podem infirmar a sua origem cstrcptocócica, a nosso ver e baseados no presente trabalho, são os abaixo enumerados : l.° — O estreptococo é um germe encontrado frequentemente cm processos supurativos. 131 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 H12 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII 2° — No líquido de bolhas límpidas (lesão patognomônica) , de recente formação e não rompidas, de casos iniciais, não foram isolados estreptococos ; •ao contrário, nas crostas e bolhas purulentas desses casos, sempre se isolaram ■tais microorganismos. 3. ° — Em outras dermatoses, bolhosas ou não, foram encontrados nas le- sões epidérmicas estreptococos hemoliticos e \drulentos, sendo duas amostras grupadas no grupo A. 4. ® — Em cadáveres cujo óbito fora devido a doenças não estreptocódcas, também foi verificada a invasão de estreptococos hemoliticos do grupo A nos «rgãos internos. 5. ° — A atividade fibronolitica de um estreptococo, do tipo beta, do grupo A, isolado de um caso de Dermatite de Duhring, foi inibida por plasmas de pen- figosos nas fases inicial e crônica da dermatose. À presença dos estreptococos hemoliticos nas lesões de Pénfigo Foliaceo, -poder-se-ia aplicar a interpretação dada por Aragão (67, 68, 69) para as bacté- rias de supuração na varíola, que considerou os estreptococos como germes sim- bióticos que podem gerar septicemias e outros acidentes secundários, devidos à sua capacidade invasora e enfraquedmento do organismo do doente. Coimcil- man (82) estabeleceu que todo doente que morre de rariola, morre de infecção estreptocódea. A escarlatina é uma infecção causada prímariamente por um estreptococo hemolitico. Em temo da sua etiologia houve uma grande controvérsia, tendo sido mais de uma vez afirmado que o seu verdadeiro agente causador era um virus filtravel, representando o estreptococo apenas o papel de germe de asso- ciação ou de infecção secundária. Com a inoculação do estreptococo hemolitico não se consegue a reprodução da moléstia em animais de laboratório; o tipo da infecção c.xperímental varia com a via de introdução do material e com a viru- lência da amostra inoculada. Para provar, entretanto, a origem estreptocócica da escarlatina, existe uma série de provas imuno-bacteríológicas, entre as quais se destacam: presença constante de estreptococo hemolitico na angina, sendo o responsável pela difusão da toxina no organismo; reprodução do eritema por meio da toxina estreptocócica {reação de Dick) somente nos indivíduos sensíveis à escarlatina; pro\'as de aglutinação com o estrcptoccco pelo soro do doente ou de convalescente da doença; neutralização da to.xina eritematogênica pela anti- toxina correspondente {albo-reação dc SchuUa & Charlton) ; poder curativo do soro anti-estreptocócico. Desde que haja um foco )r ratos (69ÇÍ)) e camondongos (90,4%). Produzem uma toxina eritcmatogênica. Digerem a fibrina humana. ' VIII — Conclusões: 1. ® — A toxi-infecção estreptocódca desempenha importante papel do Pên- figo Foliaceo. 2. ® — Um estreptococo hemolitico do grupo A. toxígeno e fibrinolitico, par- ticularmente virulento para camondongos, com os caracteres biológicos do Strep- tococcus pyogenes, foi isolado com constância das lesões cutâneas e, em menor percentagem, da corrente sanguinea. 3. ® — O mesmo germe foi isolado de órgãos de necropsias e de punções cardiacas efetuadas em seguida â morte, parecendo, entretanto, haver uma disse- minação estreptocódca post-mortem, processando-se ogo nas primeiras horas após o óbito. 4. ® — Foi demonstrada a presença de uma anti-fibrinolisina no plasma dos penfigosos. 5. ® — Os estreptococos hemoliticos acarretam evidentes alterações na fisio- nomia clinica cutânea e geral, podendo trazer complicações fatais para os doentes. 6. ® — A graridade da infecção cutânea e as suas repercussões no organismo estão diretamente ligadas â presença e virulênda dos estreptococos hemoliticos. 7. ® — Os liquidos de bolhas limpidas, na fase inidal da moléstia, são ge- ralmente amicrobianos ; todavia, sempre se isolaram estreptococos nas crostas e liquidos de bolhas purulentas nesse periodo clinico. 8. ® — Durante o periodo de invasão bolhosa, seu comprometimento total do tegumento externo, os piccocos não ganham a corrente circulatória. 9. ® — Xas formas dinicas generalizadas há predominânda dos estreptoco- cos hemoliticos na infecção cutânea, tanto nos casos em que a dermatose era de generalização recente quanto nos de longa evolução. 137 I SciELO 278 Memórias do Instituto Butantan — Tomo XVII 10. ° — Mesmo nos doentes com a dermatose em r^ressão os resultados t t>'pe Fresence oi strcptococci in externai lesions = 25%. a) Hcmrlytic strcptococci = 12,5%. b) Indifferent strcptococci = 12,5%. 4 ) Rcgrcssive types The positive perccntagc was of 62.5%. 5) Cases clinically cured Xc strcptococci werc foiind. III. H nnotullures wcre niade in 150 patients, during the various clinicai stage.s of the diseasc. without sclcction of cases classified as folou*s: Early stage of bollous invasion 36 Chronic gcneratized typei Distrophic typc 15 Frust typc 12 Dermatoositive hcniocultures for strcptococci = 19 of 12 . 6 %. C)nly two sant]>les pcrtaincd t.a the alpha (indifferent) gfonp. licing the rentaining of the beta (hemolytic) group. • 2) Patients with {«sitive hcntixniltures for .'taphylococci = 5 or 3.3%. Only one saniplc was classified in the aurcus species: all ihe rest werc albits. 3) The Icthality of patients with positive hcmocultures for strep- tococei was of 73.7%, and the Icthality of ones with positive hemoailtures for staphylococci was nnich more reduced: 20% (One out of five cases was fatal). I\'. Bactcriologtcal prcmortal and postmortem exawinattans. a) Necropsies: — The necropsie.s wcre carried out. chiefly, in the first 24 hotirs after death. Material from the heart, spleen. liver, brain, kidncy. bleeding front the j>cricardium. marrow bone, peri- toneal bleeding, vesicular bile, !ung and pclvic abscess, was gathercd from the 24 necropsies cffectuatcd. The strcptococci werc isolatcd in a perccntagc of 95,7%, being of purc culture in 4 necropsies 139 18 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 •280 Memórias do Institnto Butantan Tomo XVII (16,6%). and associaícd wi:h other gemis in 19 necrcçsies {79,1 fr). Almosr all sainples pertained to the beta-hemoljtic group. b) Cardiac puiicturcs: — The cardiac punctures were carried out in 12 corpses, during the íirst hotirs after death, in order to avoid lhe causes of errors by ccnsequence oi the delay of necropsies. These were the results: 1) Presence oí streptococei (total) : 66,6% (in 8 punctures) ; 2) Hemolytic streptococei isolated in pure culture: 25.0%. 3) Hemolytic streptococei associated with other germs: 41.6%. c) Prcmortal bctnocuUtircsi — The aim ot these researches was to verify if there was in\-asitn ot baaeria in the blood stream on the days preceding death or during agony. The blood gathering varied between 3 hours and 17 days lieíore death; the patients were in a frank preagonic period. Only 2 out of 11 hemocultures gave a po- sitive result for hetnoiytic streptococei (jiercentage of 18.1%). V. Olher dennatoses. — Other essential bullous «emiatoses pertaining to the Pemphigus group were studied, being 5 out of the studied cases of Duhrings disease (Dcrinatitis Herpetiforniis). 1 of Pemphigus Vege- tans (Xeumann’s disease). and 1 of Febrile Pemphigus (Pemphigus .■\cutus). \T. Control of nccropsics. — In order to control the necropsies of the cases of Pemphigus Foliaceous, some necrotic researches were made by the same technical etnditions. in twelve coipses whose death was caused by other diseases. There was growth of group hemolytic streptococei in the seeding material of 2 cut of the necropsies. VII. Rccoijnition of the streptococei. — 42 samples i.solated from Pemphi- gus were studied ; 39 out of them were hemolytic. The recogmtion wa* also carricd out in hemolytic streptococei from cases of Duhring‘s disease (Dermatites Herpetifermis), impetiginous lichen planus, arsenical ery- throdermia with secundary infection, ulcer of the Icg caused by trau- matism, tubcrculosis of the lungs. and sarcoma of the ann with general- ized metastases; the streptococd from the two lattcr cases were isolated from necrotic material. .As control. the bioserological classification was nude in 4 samples of Streptococcus pyogenes {scarlatinae (Dochez. \. Y. 5), puerperal fever, er>'sipelas and reumatism). The primordial characters of the hemolytic streptococei of Pemphi- gus Foliaceous and of the Streptococcus pyogenes are the same: 140 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 B Mario Movr.%o — O papel do estroptococo no Pênfigo Foliaceo 281 Produce beta heniolysis. Penain to thc serolojnc greup A oi LancetieWs classification. No growth at ICP or 45® in a médium oi NaG at 6,5%. in a médium oi pH at 9.6 and in bilious blood agar. Tnsoluble in bile. No hydrolysis of sodium hippurate. .Ammonia is produced from peptonc. .•\cid from dextrose, levulose, galactose. mannose, saccharose, maltose, lactose, trchalrse. dc-xtrin, amido, salicin. No acid from arabinose. xylose, melibiese. raffinose. inulin. ery- thriol. mannitol, sorbitol. dulcitol. adonitol. ramnose. am\'gdaline, inositol. nutrose, glydne. Facultative acid from glycerine and esculin. By peritoneal route. pathogenic for rabbits (26.1%). guinea-pigs (35.7%). rats (69%) and mice (90.4%). .•\n erj-thrt^enic toxin is prodiKcd. Dissolve human fibrin. VIII. Conchuions. 1. ® The streptccoccic toxinfection has a great role in the Pemphigus Foliaceous. 2. ® .\ toxigenk and fibronogenie hemolytic strepíococcus ot group A. partiatlarly virulent for mice. presenting the biological characters ot the Strcptococcus pyotjcncs, was ccnstantly isolatcd from the skin lesions; thc jiercentagc from the blood stream was lowcr. 3. ® The same geriu was isolatcd from thc organs of necropsies and from the cardiac punctures made just after death; it seemed. howc- ver, that a postmortem streptococcic dissemination took place just after thc first hours of death. 4. ® The prcseiKC of an antifibrínolysin in thc plasma of patients of Pemphigus was demonstrated. 5. ® Thc hemolytic streptococei cause obdous changes in thc cutanecus and general clinicai aspects. and may arise fatal complications in the patients. 6. ® The seriousness of the cutaneous infection and its repercussions in the body are dircctly connected to the prcsence and drulence of the hemol>tic streptococei. 7. ® The liquid of clear vesicles, in thc early stage cf lhe di.scase are gcnerally amicrobic: ncvcrthclcss. streptococei wcre always isolatcd from the crusts and liquids purulent vesicles, in this clinicai stage. 141 282 Memórias do Instituto Butantan — Tomo WH 8. ® Duhrini; the period t f bullous inrasion, without a total involvement of the externai tegument. the piococci do not attack the blood strcam. 9. ® In the cutâneos infection of the generalized clinicai types the hemo- Irtic streptoc«Kci are not only predominant in the cases ot demiato- sis recently genaralized. but also in those of long evolution. 10.® Even in the patients with a retrograde dermatosis, the results con- tinue to show the importance of the strq>tococci in the total invo- lution of lhe teguinentar lesions. -11.® In the lienign and localized frust tyi)c thcrc is no intense ej^dcmiic strcptococcic infecticn as in other clinicai types: in cases wth he- niohdic streptococci in the efflore.sccnces, the dermatosis spreads all over the Ixxly. 12.® It .seems to l>e out of question tliat the streptocixxic infection may have its origin from the outer integument. and that only after the generalization cf the dermatosis thj epidermic protection is yieldcd; and it is only in this clinicai -stage that the blood slream is exposed to the attack of streptococci and staphylococci ; the latter in a lower rate. Therefore. the organic déficit of the {latients prescnting ge- neralized clinicai tjqxrs: l)csides l>eing totally or parcially deprived of the imp-n, H. — .\im. Derm. Syph. 8:201.1027. Salassa, ,\í. R. — Giom. Batt. Imm. (Torine) 24:349.1940 Hare, Pauli. Corburn — i» Mfrchant, /. A. — V'eterinary BacterkJogy. The lowa State College Press (lowa). 1940. Griffth, F. — Joum. Hyg. (Cambridge) 34:542.1934. Tcdd. E. ÍP. — Joum. Hyg. (Cambridge) 39:1.1939. Shfrman, M. — Bact. Rev. 1:1-97.1937. Goy. F. P. tt ol — Agcnts of Disease and Host Resistence. Baillière. Tindall & Cox, London. 1935. Planton, E. & DtítiH. P. F. €r Hoyl, R. E. — Joum. Amer. Med. .Assn. 116:11.1941 Bordft. J. — Trailé de ITmmunité dans les maladies infecticuses. 3Iasson. Paris, 1939. Toplty. IP. ir. C. & iyiU41. 144 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 B. Mario Moi;r.\o — O papel do estreptococo no PênfÍRo Foliaceo 285 76. GuiiHarãfs, J. R. A. & Mourão. B. lí. — Brasil Médico 56:125.1942. 77. Guimjrãfs. J. R. A. — .\rq. Gr. 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