cm As •MIIMOIUAS 1)0 INSTITUTO BLTANTAN” são destinadas ã publicação de trabalhos realizados no Inslituto ou com sua con- tribuição. Os trabalhos são mos 3 tergitos, enquanto que nas formas do continente, estas espiculas só se encontram no último tergito. Último tergito sem tubérculos nos dois lados, como acontece com os exemplares do continente. 4 . cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 Jlna. Int. Botaaua. ti-.i-a. Abra m». W. BCOfERL 5 Os dcirais característicos são iguais à espécsc descrita por Broeleirann. Subfamilia scolopocryptopinae Attenis. 1914. Genus Otocryptops Haase, 1887. Olocryplops spinulifcr, sp.nova. Cooipriínento (sem antenas e últimas pernas) : 50 a 60 mm. • Colorido marrom escuro. Placa cefálica com poros esparsos, muito delicados, cobrindo complctamentc o primeiro tergito, de maneira que o sulco transversal deste fica invisivel. Placa cefálica sem sulcos laterais. Antenas com 17 artículos, dos quais os três pri- meiros apresentam menos pêlos que os outros. Coxas forcipulares coin linha transversal. N*a margem anterior se destaca bem a placa dentária, que ajyresenta paramedianos completos, mais profundos atrás, perto da margem posterior. .'Mêm destes 2 sulcos há. nos tergitos. 8 a 21. um curto e leve sulco mediano, na margem posterior. Carenas laterais do 7.® ao 22.* tergito. porem estas carenas em tergito algum atingem completamente a margem posterior, isto ê. nos tergitos anteriores e posteriores elas são mais curtas e nos do meio, elas se estendem mais para trás. No 22.* tergito elas ocupam apenas um teiv» anterior. 23.* tergito liso, sem care- nas, mas, cm lugar destas, duas suturas delicadas, que percorrem toda a zona late- ral, dcnurcando o limite entre o tergito e as coxopleuras. Atrás, cm ambos os lados, há uma pcquaia ponta que termina num pequeno espinho (vide nomen). Estemitos com poros grandes ; sem sulcos nem depressões. Último estemito com fosseta longitudinal, mediana. Campo poroso ("Porcnfeld”) estendendo-se do estemito atê ao tergito (Fig. 4). deixatulo livre apenas un» diminuta área dorsal, posterior. Sem espinho lateral. .Apêndice coxopleural ( Coxoplcuren- fortsatz”) longo, com unu ponta longa; sem espinho lateral. 2 esporões tibiais do 1.* ao 20.* par de pernas; 21.* par com um esporão; os dois últimos pares sem nenhum. 1 esporão tarsal nos j>rimciros 21 pares de penus. Todas as per- nas com 2 garrinhas muito pequenas, na base da garra tarsal. Último prefemur com 1 espinho vcntral grande e um dorsal ntenor. Tipo: macho No. 31 na coleqâo quilopodica do Instituto Rutantan Paratipos: 12 exemplares, sendo 7 fêmeas c 5 machos. Local~lipo: Ilha da Queimada Grande. Paratipns das Ilhas da Queimada Grande c Pequena (da últinu 3 exem- plares). 1 SciELO 5 CHILOPODA DAS ILHAS DA QUEIMADA GRANDE E PEQUENA CONCLUSÃO Nas excursões científicas, organizadas pelo Instituto Butantan, às ilhas da Queimada Grande e Pequena, foram capturados Chilopoda, em número apredável, prindpalmente da subfamilia otostigminae. Aqui são citadas todas as espécies encontradas, adidonando-se novas referên- cias morfológicas. São igualmente descritas uma subespéde no\-a, Otostiginus caudatus insularís, e uma espéde nova, Otocryptops spmtdifer. ABSTRACT A new subspedes, Olostigmus caudatus insularis, and a new spedes, Otocryptops spinulifcr are described from the islands Queimada Grande and Pequena, near the Atlantic coast from Santos, São Paulo, Brazil. ZUSAMMENFASSUNG Auf den beiden kleinen, unbewohnten, mit Steilkuesten versehenen Inseln, Queimada Grande und Pequena, die nahe an der brasilianischen Kueste, swischen Santos und Iguape, liegen, wurdeh, waehrend mehrerer wissenschaftlidier Excur- sionen, die vom Institute Butantan aus geleitet wNirden «•aren, verschiedene Chilopodcn gesammelt. Unlcr dem Material, das zum groessten Teil zur Unterfamilie der Otostigmi- nac gehoert, wurde auch eine neue Unterart, Otostigmus caudatus insularis und eine Art. Otocryptops spinulifcr, aufgefunden und in dieser Arbcit beschrieben. cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 Mem. Iftst. BcUatus, Abrü 2M9. W. BOCHERl. / 1 ^ ims^Uru, raè»p. b. (mIcos ««UriorT* t po trf ioct i do» CfCfrmito*). 2 <— Ot0tti^m4 emmdsiui imnUns, idb^p. au (Ahmo Urpito CMB a^fiM *iÍt«iti{or«K*). 2 ~ Of#rr7p<#p« ffímmkfer, «p. b. (Cbi— C trauí cmb placB* cSrBUi«>. 4 Ol*rr7ft#f# tp. b. («hiaw » c g Bi* B to do Uobco» CBBi caaipo pvrooB c o poBta de evfvBkoo do àhnBO iCTftlo). 1 SciELO Mm. IttsC. Botintan. 31 .-9-54. Abril 1949. W. BCCilERL 9 ESTUDOS SOBRE ESClTIGEROiíORFOS BRASILEIROS (2.* poHica^o) fo« WOLFGAXG BCCHERL {T rabalko do Laboratório dt Zootogio SfédUj do litttitulo Butaniam, S. Pauto, BrasU) INTBODCCÃO , Xo meu primeiro trabalho (1939) assinalei, entre outros caracteres morfoló- gicos. a importância esperífica do “sintelopodito gonopódico” das fémeas dos *sculigcrotHorfos. \'erhoeff (1936) chamou a atenção dos especialistas que. de futuro, não mais se poderiam aceitar descrições de espécies novas, onde fôsse omitida a morfologia destes gonópodes e condenou explidtamcntc as novas espé- cies Thcrcuonema baÜisUs e Thereuanema bellicj Muralewitsch (1907), não só- mente por não constar nada sobre os gonópodos das fêmeas mas tamliém porque as descrições são absolutamente insuficientes também em relação a outros carac- téres espedficos. Voltando, agora, ao mesmo assunto, em face do material de escutiff^romorfos, acumulado na coleção do Instituto Butantan desde I^IO até dezembro de 1947, pretendo, de um lado. contribuir para o lançamento de noi-as bases morfológico- sistemáticas. entrando em detalhes especificos e discutindo seu \'alor na especifi- tasio destes artròfodos; por outro lado quero aproxeitar o presente trabalho e rememorar o histórico da sistematização destes quüópodos, para completar, á mão de material novo, o que o meu primeiro trabalho forçosamente tinha de incom- pleto. pois trata-se de um grupo de anintais venenosos, ua présa com os segundos tarsos, segurando-a entre estes, para desferir, em seguida, a picada mortal com as forcí- pulas, onde se encontra o aparelho inoculador do veneno), prestando atenção, si todos élcs tem o mesmo tamanho; si ocorrem em todos os artículos ou si sua posição é alternada, i.é., si ocorrem sempre nos artículos pares ou injparcs; ver ainda em quantas pernas existem estiletes tarsais, si apenas nas anteriores ou sómente nas do meio do tronco, etc. 4. Antenas (Fig. 4): — Xas antetus dos eseutigeromorfos há a conside- rar o seguinte: a) Logo na base existem 2 articulos largos, em cujo interior se encontra sempre um órgão sensorial. b) 3íais ou menos no primeiro terço observam-se novamente dois articulos maiores, chamados "nodale” e " f^stnodale” c que dividem as antenas cm flagel- lum f>rimuni e flagcllum secundum. Ê de se notar que há antenas, ás veies num só indivíduo, em que na antena de um lado o nodale está ausente c o prtstnoo: Na coleção do Instituto Butantan, No. 11. Fêmea. Paratipos: No. 10, fêmea, d* Ibarra e No. 21, macho, da Capital de São Paulo, Brasil. scutigeridae Subfamilia SCUTIGERINAE BrasUoscutigera Bücherl, 1939. 3a. Espécie: brasiuoscuticera vikiois Bücherl. 1939. diacho, 22 mm de comprimento; fêmea, 22 a 25 mm. Colorido: Corpo amarelo, esverdeado, sendo o s-erde mais acentuado nos tergitos e nas pernas. O resto anurek) pálido. Flagcllum prímum com 114 a • 124 artieulos, todos mais largos que longos, alguns extremamente curtos, apre- sentando apenas 2 fileiras de cerdas. 27 1 SciELO 23 ESTUDOS SOBRE ESCUTIGEROMORFOS BRASILEIROS 1 par de extremidades com 15al7-r37a39 artículos r.os dois tarsos e com 7 cúspides nos artículos medianos do 2- tarso. Cúspides grandes, curvas, alternadas, isto é, saltando sempre um artículo. 2. * par de pernas com 13 a 14 + 35 artículos nos tarsos e com 9 cúspides. 3. * par com 13 + 34 artículos tarsais e 11 cúspides. 4. * par com 11 + 36 artículos e 11 cúspides. 5. * par com 10 + 42 artículos e 13 cúspides. 1. * par de pernas ccm 3 acúleos no preíêmur, 2 a 3 no fêmur, 1 a 2 na tíbia e 0 a 2 no fim do 1.* tarso; 2. * par com 3 no prefêmur, 2 a 3 no fêmur, 2 a 3 na tíbia e 2 no 1.* tarso. 4.* par de pernas com 3 acúleos no prefêmur, 3 no fêmur, 3 na tíbia e 2 no fim do primeiro tarso. As cúspides do 2.* tarso aumentam em número até ao 1.* par de pernas, decrescendo então e desaparecendo completamente no 12.’ par. Os primeirois 5 pares de pernas somente com fileiras longitudinais de cer- das, sem espinhos. Do 6.* ao 14.* par surgem então cs espinhos, sempre muita pequenos e em forma de espiculas nos prefêmures, onde ocupam a área ventro- lateral externa, em volta do acúlco ventral. Nos fêmures são um tanto maicres, chegando a formar filas longitudinais ventrais, laterais e uma dorsal. Nas tíbias formam igualmente filas longitudinais (5 filas), apresentando-se bem colados à quitina e sendo de notar que as fileiras dorsais ião em número de 2, as laterais 1 de cada lado e mais uma ventral. Os 2 a 3 primeiros artículos do primeiro tarso das pernas 8 a 14 apresentam igualmente alguns espinhos apicais ordenados no 1.’ articulo em duas filas longitudinais. Placa cefálica e primeiros 3 a 4 tergitos apenas com poucas cerdas ; 5.’ ac 8 * tergito ccm cerdas e pequenos espinhos que aumentam em número e tamanho nos tergitos posteriores e que existam tanto nas placas dorsais como nas carenas laterais, deixando livre sempre os bordos dos estigmas e os cálices. Nas carenas nunca chegam a formar filas em forma de “dentes de serrote”, pois seu número ê sempre restrito. Todos os espinhos como também os das pernas têm sempre uma cerda do lado. Gonópodos da fêmea (vide Fig. 6) com os lados externos do pro-mes-e metartron piuito divergentes da frente para trás. Lado e.xterno do mesartron bem mais curto que o do proartron ; este mais curto que o metartron (apenas muito pouco). cavidade do mesartron quase duas vezes mais larga do que longa, quase da mesma largura cemo a base do mesartron. Tipo: No. 18, da coleijão do Instituto Butantan, Macho. Local-tipo: São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Paratipo: No. 16 da coleção do Instituto Butantan. Fêmea, da mesma procedência. 28 Meia. Inst. Butaatan, Abril 1M9. \V. BOCIieSL 29 Scuiigera Lamarck. 4a. Esjjécie: scuticera parcespinosa, sp.n. Comprimènto entre 20 a 24 mm. Formas adolescentes com 16 mm. Colorido : Amarelo pálido ccm reflexos para o verde nos tergitos, vcrdc" este facilmente descorável pela conserratjão em álcool. Anicnas com 80 a 97 artículos no f lagellum primum, sendo raros extremos com 46 ou 110 artículos (no- último caso há supressão do nodale, existindo apenos o postnodale). Todos os artículos muito mais largos do que longos, com 2 a 3 filas circulares de cerdas. 2. * par de pernas com 11 a 13 + 30 artículos nos dois tarsos c com 3 acúleos no prefémur, 3 no fêmur, 2 na tíbia e 1 a 2 no fim do 1. tarso. Com 9 cúspides alternadas, grandes e curs^as, nos artículos 7 a 23. 3. ’ par de pernas ccm 12 a 13 28 a 30 atrticulos c 3+3+3+2 acúleos e 9 cúspides nos artículos 8 a 24 no 2. tarso. 4. * 4 par de pernas com 7 a 10 + 25 artículos tarsais e 3+3+3+2 acúleos e com 9 cúspides nos artículos 7 a 23. 5. * par com 8 a 9 + 25 a 30 artículos tarsais e 3+3+3+2 acúleos c com 9 cúspides nos artículos 6 a 21, já menores do que nas pernas anteriores 8.* par de pernas com 7 a 8 (quase sempre 7) + 25 a 30 artículos tarsais c com 3-}-3+3+2 acúleos. Cúspides já ausentes desde o 7.* par. 10.* par com 7 -f- 27 a 30 artículos tarsats. 12.* par com 7 a 9 + 26 a 31 artículos tarsais. l-l.* par com 9 + 29 a 35 artículos tarsais. Acúleos no prefémur, fémur, tibia sempre 3+3+3+2 já desde o 3.* até o 14.* par de i^cnias. Os primeiros trés pares de pernas completamente desprovidas de espícu- las ou espinhos, ntas apenas com cerdas enfileiradas. Xo 4.* par pode já l«w pequenas espículas no lado b-entro-lateral externo do preféntur e no lada %-entral do fémur. 8.* par com espículas numa área ventro-lateral cm filas não muito regulares; filas rt^lares b-entro-latcrâis de espículas no fémur e filas dorso-late- rais de espículas na tibia. Primeiro articulo do 1.’ tar-so geralmentc com 4 a 14 espinhos, em duas filas longitudinais; nos 2 artículos seguintes 1 a 2 espinhos apicais. 12.* par de pernas com 5 a 6 filas longitudinais, ventrais de espinhos, mais uma fila ao redor do acúleo ventral no prefémur. Fémur com 7 fileiras de espinhos; tibia com 4, geralmentc com 5 filas longitudinais de espinhos. Primeiro articulo do 1.* tarso com 2 filas de e.«pinhos, com 6 a 9 espinhos 29 1 SciELO 30 ESTUDOS SOBRE ESCUTIGEROMORFOS BRASILEIROS em cada fila. 2.* artículo com 2 a 3 espinhos; 1 a 2 espinhos apicais nos 2 a 4 artículos seguintes. Très a quatro tergitos anteriores sómente com poucas cerdas, sem espículas; nos tergitos seguintes as espículas surgem, aumentam em número e grandeza, atingindo o máximo no tergito 7, sendo espalhadas tanto na área interna, mesmo nos bordos e ncs cálices dos estigmas, e nas carenas laterais, onde contudo, nunca, são numerosas, nem formam filas. As espículas dos tergitos como os espinhos das pernas sempre têm uma cerda do lado. Gonófodo das fêmeas: (vide Fig. 7) Bordos externos do pro-e mesartron paralelos. Proartron extemamente do mesmo comprimento que o mesartron. Metartron tão longo quanto o pro-e mesartron juntos. Cavidade do mesartron tão longa quanto larga. Bordos internos do metartron lisos. Xa área do pro-e mesatron cerdas, como também na frente do metartron. Scutigera parcesfinosa sp. n. é facilmente .distinguível tanto de Sc. asiacmt- twris Verhoeff e de Sc. mohamedunica Verhoeff pelo sintelopodito gonopódico das fêmeas que, na duas espécies citadas, apresentam os lados externos do pro-e do mesartron fortemente divergentes para trás e o mesartron mais curto que o proartron e o metartron um tanto mais comprido do que o pro-e o mesartron juntos, com cavidade mesartral bem mais larga do que longa (em mohamedcmica 2 vezes mais larga do que longa). Scutigera parcespinosa sp.n. distingue-se ainda de 5"^. colcoptraia Latz. pelos mesmos gonópodos. Em colcoptrata o metartron é bem mais curto do que o pro-e metartron juntos, enquanto que na nova espécie são de comprimento igual. Em colcoptrata a cavidade mesartral é mais longa do que larga, enquanto que na nova espécie apresenta o mesmo comprimento e a mesma largura. Colcoptrata não apresentta nenhum espinho nas carenas do 7.* tergito, enquanto que a nova espécie tem espinhos, ainda que não muito numerosos. Distingue-se ainda de todas as subespécies de colcoptrata (da genuim, natedensis, rubrovittata, graeca) pela fórmula dos espinhos nos prefêmures, fémures e artículos basais do 1.* tarso, como também pelo número de artículos do flagellum primum e pelo colorido (colcoptrata rubrovittata tem 3 faixas dorsais vermelhas muito nitidas; colcoptrata gcntiina, graeca e matalensis apresentam 3 faixas dorsais marrom, escuras ou azuladas, respectivamente, en- quanto que na nova subespécie os targitos se apresentam de côr amarelo es- verdeada ou azulada uniforme, sem faixas). Tipo Fêmea. No. 22 da coleção dos Escutigeromorfos do Instituto Butantan. Local-tipo: Sant’Ana, bairro afastado da Capital de S. Paulo, Brasil. 30 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 Iizst. Bctaatao, SÍ:*-54. Abei] 1»4». W. BCOIF.RL 31 Bíotopo formado por fendas em pedras, onde predominam musgo e borme- liáceas. Paratipos: 6 machos c 4 fémeas, procedentes de bairros da Capital de São Paulo, na nuioría do mesmo bairro de Sant’Ana. Apenas o Xo. 26, fémea, é de Sorocaba. Subfamília: THEREUONEMINAE Thtrcuoquima gen.n. Xuma excursão cientifica, em outubro de 1947, â Ilha da Oueimada Pe- quena, distante de praia de Iguape (Estado de São Paulo, Brasil) perto de 20 quilómetros, ilha esta muito rochosa, dc acesso quase impossível, deshabitada. foram encontrados cm bromdiáceas 9 escntigmmorfos, dos quais 5 machos c 4 fémeas, sendo 8 déles formas adultas c que apresentam tantas particularidades morfológicas, que os aproximam tanto da fauna australiana dos ThcreuonetHinae como, de certo modo, da fauna madagascarense, pora a qual Verhoeff tem pro- posto em 1936 uma subfamília no\-a a Scutiijerinof. Realniente, si s- quizesse tomar a serio a iniciativa dc Vcrhccff, então o material da Ilha da Queimada Pequena também dc\-cria constituir uma subfamília no\-a dos Scntigcridaf, |x)i$. nos 9 exemplares os artículos do flagellum primum são todos muito nuis largos -S4, Abril m». W. BoaiERL 35 c inúteis. Para tanto o trabalho foi realizado senipre comparauS-amcnte, i.c, baseado em séries e não apenas num indi\’iduo. ZUS.\ U MEXFASSC.VC Schon 1939 hatte ich meinen ersten Scutigeridenaufsatz woeffentiicht und <|ann 3 neue brasilianische Spezien beschrieben. Da jedoch jene Verocffcnt- lichung m einer kleinen Zeitschrift gemacht wrden war und diese nur sehr ^enigen zugaenglich ist, so moechte ich hier kurz díe Diagnosen der drci .Arten wiederholen, um so mchr, da in der ersten .Anzeigc sehr vicie Druckfchler TOrliegcn, die die Arbtit sehr beeintraechtigen. 1. Brasilophora margaritata Buecherl, 1939. Diese Art gehoert zu der Unterfamilie Pselliophoridae. Laepge: 36 mm. Flagelium primum mit 56 bis 65 Gliedem, die fast alie viel lacnger ais brcit sind. Es befindct sich kein cinziges Gltíd darunter. das breitcr ais lacnger wacre (Charakteristikum der neuen Gattung), wohl aber einige, die genau so lang wic breit sind. Auch am Flag. secundum sind die meisten Gliedcr lacnger ais breil. Die ersten 4 bis 12 Grundglicdcr des Flag. I besitzcn an der Innenseite. oben am Rande, 1 bis 2 Doemchen. Ausser den Dccmchcn haben alie Gliedcr oben am Rande cinen Kranz lacngerer Borsten. Bis zu 5 Borsienreihen am Flac. I und II. 1 . Beinpaar mit 14 bis 17 + 39 bis 46 Tarsaiglieder und 3 + 2 bis 3 + 2 bis 3 + 2 Stachcln am Praefemur, Femur, Tibia unt Endc dc.-i 1. Tarsus. Beinpaar mit 13 bis 15 + 38 bis 42 + 3 + 3 + 3 + 2; Beinpaar mit 10 bis 12 + 35 bis 38 + 3 + 3 + 3 + 2; Beinpaar mit 11 bi.-t 12 + 37 bis 39 + 3 + 3 + 3 + 2. bis 8. Beinpaar mit 23 bis 21 Tarsalzapfcn, die immer aitcmicrend auftretcn und an den vorderen Bcinpaaren mehr zur Gcliung kommcn. Domen treten bei dieser Art hauptsaechlich am Femur auf. Praefemur des ersten Beinpaares nur mit Borstcnreihcn und an der IniKnseite, ventral, om den ventralcn Stachel herum mit einigen Doemchen. Femur schon mit aw-ei dorsalen Lcangsreihen von kleinen, anlicgenden Domen. Tibia nur mit Borsten. B«npaar am Praefemur und Tibia genau wic das erste; am Femur schon mit drci bis \4er Doracnreihen. Beinpaar am Praefemur schon mit drci bis 4 Reihen von Domen an der Innenseite; Femur schon mit 6 Domreihen; Tibia mit 2 liis 4 Dornreihen cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 36 ESTCDOS SOBRE ESCITIGEROMORFOS BRASILEIROS und die 4 bis S ersten Artikel des ersten Tarsus mit je 1 oder 2 Apical- doernchen. 8 . Beinpaar mit 3 Domreihen am Praefemur, / am Femur und 5 and der Tibia a:nd an allcn Gliedcrn des 1. Tarsus zum mindesten ein Apicaldorn, fast immer zwei und an den ersten 2 bis 3 Anfangsgliedem zwei Domreihen von 4 bis ueber 10 Doraen. 12. Beinpaar mit Bedomung wie das 8 . Alie Domen saemtlicher Beine und auch der Rueckenplatten babem immer eine Borste am Grunde. Die vorderen Rueckenplatten nur mit Borsten; die mittleren schon mit Doemcbcn, wobei man sehr gut den Uebergang der Borsten zu den Doemdien verfolgen kann. Die hinteren Platten zeigen eine sehr reichliche Bedomung, die ungefaehr Laengsrichtung an den Tergiten einninunt und die Stigmenraender frei laesst. An dn Seitenraendern bilden die Domen eine Saege. Alle Domen mit Borsten and der Seite. Gonopodensmtelopodite der Weibchen (Fig. .^) mit den .\ussenseiten des Mes-und Metarthrons gleich lang, waehrend das Proarthron etwas kuerzer ais das Mesarthron ist. Pro-und Mesarthron ein wenig nach hinten enveitert (aber nur sehr wenig). Mesarthralbucht etwas laenger ais breit, mit der groessten Breite hinten. Meíarthren and der Innenseite volisíaendig glatt. Faerbung: Rueckenplatten und Beinj dunkelbraun, mit einer helleren mitt- leren Laengsbinde auf dem Ruecken. .Ms Ergaenzung der obigen Beschreibung siehe Zeichnungen 1-5 und Photo 1. 2. Brasilophora pauOsta Bücherl. 1939. Xur 54 bis 56 Glieder am Flag. I., die ebeníalls laenger ais breit sind, jedoch einige vorkommen die so lang wie breit sind. Mit drei bis 4 Borstenreihen an den Gliedern. Die ersten Grundglieder meistens ohne Randdoemchen. Sel- ten einige Glieder mit 1 oder 2 Doemchen. 1 . Beinpaar mit 18 -f 46 Tarsalgliedern -f3-f3-|-3-f-2 Stacheln am Praefemur. Femur, Tibia und am Ende des 1. Tarsus. 3. Beinpaar mit 12 44 Tarsalgliedern und 3 - 7 - 3 -f- 3 -j- 2 Stacheln am Ende aller Beinglieder. 5. Beinpaar mit 12 -f- 42 Tarsalgliedern und 3 3 -f 3 -f - Stacheln. Tarsalzapfen 24 am 1. Beinpaar. 22 am 2. ; 24 am 3. ; 22 am 4. ; Vom 4. bis. 6 . Beinpaar werden die Tarsalzapfen immer kleiner und verschwinden ganz am 8 (siehe Photo 2). Die Praefemura der ersten 5 Beinpaare nur mit Borsten, ohne Dornen. \'om 6 . Beinpaar an erscheinen die ersten kleinen Doemchen und werden an 36 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 Mctb. Inst. Butmtan, 21:9-54, Abril 1919. W. BCCIIERL 37 den kommcnden Bc:nen imtncr zahlrcichcr und groessír, so dass am 11. B«in> paar schon drei Rcihen (innen, unten) von Dorncn vorlianckn sind. An den Tibicn ist das Gleiche der Fali. An den Femura sind die Domen •vicl zahlreicher und crscheinen schon am 1. Bcinpoar in ciner dorsalcn Lacngsrcihe; am 3. sind schon drei dorsale Reiben vorhanden und am 5. schon 3 dorsale und 2 laterale. Am 7. bis 14. Beinpaar sind 7 Lacngsreihen von Domen, die anliegen, vorhanden. Am 1. Tarsus der vorderen drei Beinpoarc sind keinc Doemcljcn vorhanden. Vom 4.-14. Beinpaar jedoch erscheinen die Docmchen. die immer groesser werden, und an den «rderen Beincn nur in der Zahl 1 bis 2 \-ertreten sind; an den hinteren Beinen jedoch zu mehreren auftreten, hauptsaechlich am ersten Grundglied, wo zwei Reihen \xn Domen \-on je 4 bis 6 vorhanden sind. Jedoch sind Domen nur an den ersten drei Gundgliedem vorhanden. Alie Beindomen haben immer eine Borste an der Seite. Rucckenplatten vome nur mit Borsten, in der Mitte mit Domstacheln und and den hinteren Platten mit richtigen Domen. .«owohl innen auf den Flaechen, jedoch die Sitgmenraender frolassend. ais auch an den Raendem, wo sie eine Tíchtige Saege bilden. Alie Domen mit einer Borste am Grande. Weibliche Conopoden: Aussenseiten der Pro-und Mesarthren nach hinten verengt. Mesarthraler Innenraum fast doppelt so lang wic breit und nur etwas kleiner ais der metarthrale. Aussenscite der Me-sarthren fast doppelt so lang wie die basale Linie (siehe Photo 3). Facrbung: Ruecken mit 2 dunklen Laengsbinden. Femura mit drei gros.sen dunklen Flccken. Br. paulista unterscljeidet sidi von tnargaritata hauptsaechlich durch die Gonopoden der W eibchen ; durch die Tarsalzapíen. die bei pautista schon \-on 7 . Bein ab verschwinden. naehrend sie bei tnargaritata noch ant 11. gut ru sehen sind; durch die verschiedene Bedoraung hauptsaechlich am Praeíemur, die bei paulista erst nach dem dritten Beinparr auftritt. bei tnargarílala jedoch schon vorlíer; durch die Bedorang der Glieder des 1. Tarsus, die bei paulista immer nur an den ersten 3 Grandgliedem auftritt. waehrend sie bei margaritata. zuin Beispiel. am 11. Beinoaar an saemtlichen Glicdcm des 1. Tar.sus vorliandcn i.st. 3. Brasilosaitigcra zvidis Bücherl, 1939. Diese bereitz von mir beschriebene Art gehoert der Familie Scutigcridac. Unterfamilie Scutigcriíiae, an. Flagcllum primum mit 114 bis 124 Gliedero, die alie viel bneiter ais lang sind. Die kuerzesten Glieder weisen nur 2 Borstenreihen auf. die anderen drcL Ohne Doerachen an den Grundgliedem. 37 1 SciELO 38 ESTUDOS SOBRE ESCUTIGEROMORFOS BRASILEIROS 1. Beinpaar mit 15 bis 17 + 37 bis 39 Tarsaigliedern und niit 7 grossen, gekruemniten, altemierenden Tarsalzapfen und mit 3 -)- 2 bis 3 -{- 1 bis 2 + 0 bis 2 Stacheln am Ende des Praefemurs, Femurs, Tibia und 1. Tarsus. 2. Beinpaar mit 13 bis 14 -f 34 Tarsaigliedern und mit 3 4-2-3 + 2-3 + 3- Stacheln und mit 9 Tarsalzapfen. 3. Beinpaar mit 13 + 34 Tarsaigliedern und 11 altemierenden Tarsalzapfen r 4. Beinpaar mit 11 + 36 Tarsaigliedern und 11 Tarsalzapfen. 5. Beinpaar mit 10 + 42 Tarsaigliedern und 13 Tarsalzapfen. Vom 4. bis 14. Beinpaar 3 + 3 + 3 + 2 Stacheln am Praefemur, Femur, Tibia und am Ende des 1. Tarsus. Tarsalzapfen bis zum 10. Beinpaar und" dann nach hinten verschwindend. Die ersten 5 Beinpaare nur Reihen von Borsten, ohne Doernchen. Vom 6. bis 14. Beinpaar erscheinen die Doernchen. Am Praefemur sind sie immer sehr klein und kommem nur auf der ventralen, auesseren Seite, um den Ventralstachel herum, vor. Auf den Femura erscheinen sie in Laengsserien, drei ventrale und zwei dorso-laterale ; auf den Tibien bilden sie ebenfalls Laengsserien, bis zu 5, jedoch umgekehrt, das heisst 2 dorsale Serien, 2 dorso-laterale und 1 ventrale. Die ersten 2 bis 3 Grundglieder des 1. Tarsus der Beine 8 bis 14, besitzen ebenfalls 1 bis 2 Enddoemchcn. Das erste Gruncíglied 4 bis 8 in zwei Laengs- rcihen. Rueckenplatten vome nur mit kleinen Borsten. Vom 5. bis 8. Tergit kleine Borsten und Doemclien, die nach hinten an Groesse und Zahl zunehmen. Sie sind sowohl auf den Innenflaechen der Tergite vorhanden, wo sie nur die Stigmen- raender freilassen. ais auch an den Seitenraendern. Jedoch ist ihre Zahl nie so gross, dass sie eine Zahnsaege bilden wuerden. Alie Doernclien, sowohl der Beine ais auch der Tergite haben immer eine Borste zur Seite. Wcibliche Gouopodensyntelopodilc: (siehe Fig. 6) mit den Aussensciten der Pro-Mes- und Metarthren sehr nach hinten erweitert. Aussenseite der Mes- arthren ctwas kuerzer ais die der Proarthren. Proarthron etwas kuerzer al.s die Metarthren. Mesarthrale Bucht fast zweimal breiter ais lang, fast so breit wic die basale mesarthrale Linie. Facrbung: Gelblich und auf dem Ruecken und Beinen mit einem deutlichen- Stich ins Gruenc. Das Gruen ist nicht Alkoholbestaendig. 4. Seutigera parccsphwsa sp. n. (genus: Scutigera). 20 bis 24 mm Laenge. Einfarbig gelb, mit einem deutlichen Stich ins Gruene auf den Rueckenplatten. Ohne irgendeine Streifung. Flagellum pri- mum mit 80 bis 98 (sehr selten nur mit 46 oder 110-im letzten Falle Unterdrue- 38 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 Mrttt. Ibj<. BuUittui, tl^S4, Abril 1W9. W. BCaiERL 39- kung des Xodale), viel breiteren ais langen Gliedcrn. deren kuerzesten nur 2" Borstenreihcn, und die laengcren drd aufwTÍsen. Ohne Doemchcn an den ba- salen Gliedcrn. Am Flag. sec. die Gliedcr eben falis biel breiter ais lang, mit zwci bis drei Borstenreihcn. 1. Beinpoar mit 11 bis 13 + 30 Tarsalgliedcm und mit 9 altemicrcndcn^ grossen, gckruemmten, Tarsalzapfen auf den GHcdem 7 bis 23. 3. Beinpaar mit 12 bis 13 + 28 bis 30 Tarsalgliedcm nnd mit 9 Zapfen auf den Gliedcrn 8 bis 24. Beinpaar mit 7 bb 10 + 25 Tarsalgliedcm und mit 9 Zapfen auf den- Glicdem 7 bis 23. 5. Beinpaar mit 8 bis 9 + 25 bis 30 Tarsalgliedcm nnd mit 9 Zapfen \-on- 6. bis zum 21. Glicde. 8. Beinpaar mit 7 bis 8 + 25 bis 3 Tarsalgliedcm. Die Tarsalzapfen ver- schwinden schon auf dem 7. Tarsus. 10. Beinpaar mit 7 + 27 bis 30 Tarsalgliedcm. 12. Beinpaar mit 7 bis 9 + 26 bis 31 Tarsalgliedcm. 14. Beinpaar mit 9 + 29 bis 35 Tarsalgliedcm. Stachcln am Praefemur, Femur, Tibia und Ende des 1. Tarsus: — am 1. Beinpaar: 3 + 2 bb 3 + 1 bis 2 + 1 bis 2; am 2. Beinpaar: 3 + 3 + 1 2 + 1 bis 2; V’om 3. bis 14. Beinpaar: 3 + 3 + 3 + 2 Stachcln. Die ersten 3 Beinpaarc ganz ohne Doemchcn, sondem nur mit Borstenreihcn. Vom 4. Beinpaar ab erschcinc die ersten kleinen DoeriKhtn auf der wntralcn- Seite des Femurs. Am. 8. Beinpaar mit drei bis 4 unrcgclmaessigen Dom- reihen an der vcntralen Seite des Praefemurs; mit 4 regcimaessigcn vcntrolate- ralcn Domreihcn am Femur und 3 dorso-lateralcn Reihcn an der Tibia. Erstes Grundglied des 1. Tarsus mit 4 bis 14 Domen, in 2 Ijcngsreiben. An den beiden folgenden Gliedcrn 1 bb 2 Domen. .^m 12. Beinpaar 5-6 \-cnlrale Domreihcn und 1 um den veníralen Stachel herom, aip Praefemur; Femur mit 7 Domreihcn; Tibia mit 4 bb 5; 1. Grundglied des 1. Tarsus mit 2 Lacngsrcihcn von 6 bb 9 Domen ; 2. Glied mit bis 3 Enddoemchcn ; die zwci folgenden Gliedcr mit 1 bis 2 Enddomen. Tergite vome nur mit Borsten, in der Mitte des Koerpers schon mit Sta- chelborstcn und an den hinteren Tergiten mit Domen. die sowohl auf den FTacchen verteilt sind und da nur die Stigmenraender und Kcichc frcilassen, ais auch an den Tergitraendcm, wo sie jcdoch nic eine Sacgczachnung bilden. Alie Domen, sowohl der Tergite ais auch der Bcine mit einer Borste am- Gmnde. 39 1 SciELO -40 ESTUDOS SOBRE ESCUTIGEROMORFOS BRASILEIROS irdblichc Syiitclopodife (siche Fig. 7) : Aussenseiten des Pro-und Mes- arthron "paralell. Proarthron aussen gleich lang \\‘ie Mesarthrcn. Metarthron so lange wie Pro-und Mesarthron zuíammen. Mesarthrakr Innenraum genau so lang wie breit. Innenseiten der Metarthren glatt, ohne Zaehnung. Vicie * Borsten an den Pro-und Mesarthren und auch nc-ch einige kleine am Anfang •der Melarthren. (Unterscliiede der neuen niit den von andcren Auktoren beschriebenen Arten und Unterarten-ro/ro/>/rj/a rubrovittata, graeca, mtalensis, asiacminoris und mohamcdatiica — siehe den Hauptteil dieser Arbeit). Material der neuen Art; 11 Elxemplare, 5 Weibchen und 6 Maennchen. N.B. Da die obigen Zahlen ueber die Bestachelung, die Domen und hauptsaechlich ueber die Zahl und Lage der Tarsalzapfen an Hand von allen Exemplaren ver- gleichend studiert wurde, so sieht nian daraus unbedingt, dass besonders die Zahl ;und Lage der Zapíen ein sehr gutes Merknial fuer Arten ist. Unterfamilie : THEREUOXEMIXAE. Waehrend alie bisher besprochenen Arten folgende Formei fuer die Besta- chelung der Glieder der zweiten Maxilopoden aufweisen: 2 -f 4 -}- 2. mit •einem einfachen Tarsus und am Ende des ersten Tarsus der Laufbeine ebenfalls 2 Stacheln besitzen, hat die im Folgenden zu beschreibende ncue Art, die mir in 9 Exemplaren (5 Maennclien und 4 Weibchen) vorliegt, folgende Maxilopo- •denstachel formei: 1 4- 4 -f 2 mit ebenfalls einfachem Tarsus; jedoch ohne Endstacheln am ersten Tarsus saemtlicher Laufbeine. Aus diesem Gnmde habe •ich ein neues Gcnus-Tlicrcuoquwia, aufgestellt. Wuerde man aber Verhoeffs Einstellung, 1936, ueber die Beurteilung der Arten von Madagaskar und der Auístellung ciner neuen Unterfamilie (Sculigcrínac) befolgen, so muesste die -neue Gattung ebenfalls zu einer neuen Unterfamilie erhcben werden. In diesen Zusammenhang sei noch erwaehnt, dass saemtliche Tiere in den Roehrcn von Bromelien gesammelt wurden, auf einer Insel (Queimada Pequena), •die ungefaehr 25 Kilometer von Iguape und an die 80 Kilometer von Santos (Staat São Paulo, Brasilien) entfernt ist. Die Insel ist vollstaendig unbewohnt. Hat ueberhaupt keinen Schiffsverkehr, da sie nur aus einem Felsblock besteht (ohne Strand) ; zeigt oben eine ueppige Vegetation, mit einem aeusserst íeuchten, warmen Klima. Die uebrige, auf der -gleichen Insel gesammelte Fauna (Scolopendromorphen, Diplopoden, Eidechsen, etc...), hat ein eigenes Gepraege, in dem Formen vorkommen, die der Indo- australischen Region nicht fremd sind. W cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 Mcm. Tiut. Btstuti^n» ■*1*54. AbriJ 194». W. BCatEBL 41 Thereuoquima gen.n. Ma-xilopodcnstachclfonncl: 1 -j- 4 + 2; mit cinfachem Tarsus (Photo II). Alie Laufbcinc ohne Stachtln am Ende des 1. Tarsus. .■Vntenncngliedcr atn Flag. primum und secundum «el breiter (4 bis 8 mal) ais lang. 5. Thcreuoquinia adinirabÜis sp.n. 17 bis 19 mm. Laenge. Drei dunkle Laaigsbinden auf dem Rueckm und groessere, dunkie, Flecke am Femur und Tibia der Laufbcinc (Photo 9). -\ntennen (Photo 4) bis 23 mm lang (5,3 bis 5.4 mm Flag. I.) und mit 63 bis 83, im allgemcincn 65 bis 71, \Ter bis 8 mal breiteren ais langen aiedem, deren kuerzesten nur 2 Borstenrcihcn und dic anderen 3 besitren. 1. Bcinpaar mit 11 bis 12 -f 30 bis 33 Tarsalglicdcm und mit 1 bis 2 Stachein am Praefemur, I bis 2 am Femur und 1 an der Tibia. 3. Beinpaar mit 9 bis 11 -f 28 bis 34 Tarsalgliedeni -f 2 bis 3 1 bis 2 -f 1 Staclteln am Praefemur, Femur und an der Tibia. 5. Bcinpaar mit 6 bis 10 ffast immer 7) -f 29 bis 34 (fast immer 30) Tar- salgliedern -f- 3 + 2 bis 3 -r 1 bis 3 Stachein. 8. Beinpaar mit 6 bis 7 + 26 bis 30 (fast immer 27) Tarsalgliedem und mit 3 -f- 2 bis 3 + 2 Stachein (Photo 5). 10. Bcinpaar mit 6 bis 7 -}* 26 bis 31 (im allgcmeincm 26) Tarsalgliedem und mit 3 -f 3 -f 2 bis 3 Stachein. 12. Beinpaar mit 6-bisp 7 -j- 27 bis 32 Tarsalgliedem und mit 3 -}- 3 -f 2 bis 3 Stachein (Photos 6, 7, 8). 1 . bis 14. Bcinpaar am zwciten Tarsus mit konstant 18 Tarsalzapfcn. dic nicht altemierend auftrettcn und mehr an den Endglicdem liegen und nach hinten gfbogcn sind. (Dic Konstanz der Zahl ist ein u-ichtiges Merkmal). Alie Bcinpoarcam Praefemur, Femur, Tibia und Grundglicdem de» 1. Tar- sas ohnc Dornen, sondem nur mit kurzcn, konischen Stachein. die in Scrien g«ordnet sind. .Am Praefemur und Femur nur diese Borsten. .\n der .\usien- scite der Tibicn, am Ende, ausserdem mit sehr feinen dichten Haarcn, die eben- falls an den Tarsen auftretten. Tarsen sentral mit groesscrca Soleniiaarcn. \’orderc Tergitc nur mit den kleinen konisclícn Stachelborsten. dic besonders »n den Seitenraendem, hinten, auftretten. .-Xn den mittlcren Tergiten werden diese Borsten immer deutlicher und an den hinteren (Photo 12) bilden sie espi- «mlae. sowohl auf den Inncnflaedien der Tergitc. jcdoch die Stigmenarea frcilas- tend, a!s auch an den Seitenraendem (an den beiden hinteren Seiten). wo sie in den Zahien 8 bis 12 auftretten. SostoW an den Beinen w-c auch an den Ter- 41 1 SciELO 42 ESTUDOS SOBRE ESCUTIGEROMORÇOS BIÍASILEIROS ^iten und den Seiteiiraendem sind ausser den Spiculae keine anderen Borsten oder Haare vorhanden. Syntclopoditc der ^ecibUchai Gonopoden: Aussenseiten der Pro-und Mes- anhren paralell. Proarthron ein wenig leanger ais das Mesarthron. Basale Mesarthrallinie genau so lang wie die Laenge des Innenraumes. Innenrauni fast zweimal laenger ais breit. Metarthron nur wenig kuerzer ais das Pro-und Mesarthron zusammen. Innere Raender der Metarthren ohne jede Borste oder Haar. Pro-und Mesarthren mit Borsten auf den dorsalen und ventralcn Fhechen und mit je 2 Buescheln von 7 bis 8 groesseren Bersten am Innenende, oben und unten, der Mesarthren (Photo 12). .\n Hand der hier niedergelegten Beschreibungen der 5 Arten brasiliaiuscher Scutigeriden, kann man sehliessen, das hier noch viele Ueberaschungen zu erwa- ten sind, zunial da Verhoeff glaubte, annehmen zu koennen, dass es sich bei der brasilianischen Fauna nur um verschleppte Tiere handelte und dass selbst so, hier nur Pselliophorinen und eine hoechst frag^^merdige Art der Scutigera vorkommen wuerden. Im Gegenteil muss festgestellt werden, dass in Brasiiien die beiden Scutigeridenfamilien niit allen Unterfamilien vertretten sind lyid der Verdacht an der Hand liegt, dass es sich bei Thcrcitoquima vielíeicht noch um eine neue Unterfamilie handeln wird. ABSTRACT nrasdoscutigcra nmrgaritata, paulista and Brasilophora z‘:ridís Büclierl are redescribed. Scutigera parcespinosa is described as a ncw sj^ecies. Thcreuo- quitna with Th. adiiiirabilis are described as new genus and new species. New morphologic cliaracters, consisting chiefly of the gonopoda of females and of spinae and spiculae of legs and dorsal plates are pointed out as much specific important as well as the occurrence and the number of the tarsal “Zapfen”. A revision of the Litterature of Scutigcromorpha and the actual State of this Science is also given. BIBLIOGRAFIA 1. Itüchcrl. W. — Fol. Clin. cl BioL. 4;10S-121, 1939. 2. Verhoeff . K. IV. — Z. Anz., 151:1-18, 1936. 3. Muraíe-u-itsch. K. — Z. An-, 31-J40-241, 1907. 4. Verhoeff, K. IV. — Bronn’s Klassen u. Ordn. Ticrr. 63-101. Licf., 1902-25. 42 cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 Iiut. Batantaa, *I:9-S4. Abril 1W9. W. BCCHERL 43 5. Latiel, R. — Die Mjrriapodcn der Oestefrekhisch-iingarijchcn ^foturchic. Tooio I — £>ie Chilopoden, 1880. 6. Haase, E. — Die Indisch-australiíchen Chilopoden — Ber. kgl. :ool. Anithr. 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BCCHERL 47 Fic. 4 mtãrftritM .Wric büal do (U(. priak Fic. c BruHtfktrt trntTfítimt rxiApodof 2 3 4 5 Fic. S r*rid«« ■oodroda* Fie. 7 Snt^rrã ip. n. 47 I 'SciELO Abnl m9. \V. BCCHERL 49 ric. I BrtjiUflurt métfttUtU — «>iU dc m UBBul ÍBIolO rie. 2 Bntüetífr* ftmlüu — vma ix* rrni». Bxlrrmn 49 1 SciELO ESTCDOS SOBRE ESCCTIGEROMORFOS BRASILEIROS Fic. 3 Brasilofhara paulista — gonópodos Fic. 4 Thcrcuoquima admtrabilis, sp. n. — antena Mem. Inst. Butantan, 21:9-S4. Abril 1949. \V. BüCHERL .51 Fic. S Thrrfitoijutma oJmiraHiii, sp. n. — pcrnat 9. 8. / c 5 FiC. 6 Thtreomquima aJmtrabiliSt fp. n. — perna» 12, 11 e 10 51 1 SciELO ESTUDOS SOBRE ESCUTIGEROMORFOS BRASILEIROS FiC. 7 Thtreuo^uima sp. n. — pernas 12 e 11 (outro exemplar) Fic. 8 ThcreMffqkima admiratilís, sp. n. — perna 12 (maior aumento) 1 SciELO Mcm. Inst. Batantan, Abril 1949. W. BÜCHERL Kic. 9 ThrrfiÊiMjuima sifmirabiiú, »p. n. — quinto tcrgito Fic. 10 TArreaoqMíma aJmirúbitis, rp. n. — forcipuU». Mc«. Inst. Batantaii, 21:55-66, Abril 1949. A. R. HOGE 4 A. GARCIA 55 NOTAS ERPETOLÓGICAS I 4. Sôbrc caracteres sexuais secundários nas serpvnics poa A. R. HOGE & A. GARCLA (Do Laboratório de Ofiologia e Zoologia Médica do Instituto Butantan, S. Paulo, Brasil) Como carácter sexual secundário, nos machos de certas espécies de serpentes, das mais diversas regiões, há muito tempo vem sendo observada a presença de escamas modificadas. Todavia, bem pouco se tem publicado, com relação aos ofidios neotrópicos. É nosso objetivo re.atar as nossas recentes observações sóbre êstes. Boettger (1) publicou um artigo, o qual fêz notar o acentuado dimorfismo sexual em serpentes do gênero Hydrophis; H. cyanocir.ctus Daudin, H. lorcalus (Cray). Cita, além de outros caracteres, os seguintes: “Dic stacheligen Pro- tuberanzen der Schuppen der mittleren Vcntralreihen sind, bei welcher Spezies immer sie auch auftreten, ein allgemeiner Giarakter des S i der Seeschlangen; sie nehmen im Alter an Stãrke der Entwicklung zu, und dürften ein wichtiges Plilfsmittel dieser Tiere bei der Fixierung wãhrend der Copula sein. Beim S 5 sind sie niemals auch nur einc Hãlfte so stark entwickelt wie beim i S." Boulenger (2) referindo-se à serpente ncotrópica Chironius carinalus (L.), escreve: "Scales in 12 rows all smooth or thc two middle rows faintly kecled (females) or the two middle rows more or Icss strongly kecled (males)”. Schmidt (3) fala na existência de “supracloacal tubercles” em machos de ^íicrurus mipartitus (D. et B.) e Aíicrurus coralUnus corallinus (Wicd). j Blanchard f4) descreve a presença de um processo córneo, parecido com as carenas normais, nas escamas dorsais da rcjrião supra anal dos machos, de rárias espécies de serpentes, com escamas lisas (anal ridges). Êsse processo foi veri- ficado em espécies de Carphophis, Farancia, Abastar, Liodytes, Leimadophis (flavilatus), Rhadinaca (dccorata e xHltata), Hypscglena, e em pcqccno número de espécies de Micrunts. Observou ainda que em espécies com escamas carinadas, d: pois de certa idade os machos apresentam carenas tuberculadas (knobbcd anal keels), nas Cicamas da região cloacal. Encontrou estas estruturas nas seguintes Recebido para publicação cm 13 de abril de 1948. I XOTAS ERPETOI.OCICAS. 4. 56 espécies: Natrix sipedon, N. sipedon transz'ersa, X. sipedon crythrogaster, N. fasciata confluens, N. fasciata. A*, fasciaia picth-entris, N. ^rahamt, N. rhombifera. A', taxispilota e N. kirtlandii, Tamnophis sirtaJis sirtalis, T. sirtedis parictaUs, T. ordinoides ordtnoidcs, T. ordinoldes elegans, T. sauritus e T. radix buthri. Tropidodotiium e Scmimtrix pyfoea. Um terceiro carácter, observado por Blanchard, foi a presença em machos de Natrix rhombifera, de pequenos tubérculos (chin tubercles), nas placas mentuais e escamas adjacentes. Com relação aos tubérculos mentuais, convém lembrar que, já em 1854, na “Erjíétologie Générale”, Duméril tt Bibron (5) descreveram a espécie Tropido- nolvs pogonias (de tí'j5ü)v: 5 barbudo) baseados na presença desses tubércu- los: “Les cinq plaques sous maxillaires antérieures marquées des points saillants tubcrculcux”. Elntretanto, os próprios autores pressentiram tratar-se de um fenômeno de dimorfismo sexual, quando se exprimiram: “Les analogies entre ce serpent et le Tropidonote à bandes sont si nombreuses que nous le considerons avec une certaine hésitation ccmme le type d’une nouvelle espèce. Peut être nest il qu’unc varieté de sexe ou d age de ce Tropidonote. Cependant en pré- sence de cette similitude remarquable chez trois individus il était indispensable de la signalcr de façon toute particulière”. Mertens (6) observou em duas espécies européias: Natrix tcsselata e N. maura, a presença das carenas tuberculiformes, descritas por Blanchard em espécies do gênero Natrix americanas; além disso descreveu um novo carácter sexual, isto é. a presença de olhos maiores nos machos de Dendrophis pictus. Pope (7) em sua obra sõbre as serpentes da China, elabora um quadro indicando diferentes caracteres sexuais secundários e menciona, entre outros, a existência das escamas cefálicas tuberculadas em Enhydrís chinensis e E. plúmbea. Xoble (8), em nota lida perante a “American Societj' of Zoologists”, apre- sentou as seguintes conclusões: Os tubérculos são fo/mados por órgãos sensoriais dispostos diretamente de- baixo da epiderme, consistindo cada órgão numa cápsula formada por células tácteis e fibras nervosas dispostas irregularmente. Os tubérculos da região mentual e guiar diferem radicalmente daqueles da região anal. por terem uma ou mais extensões através da epiderme até o extrato córneo. Verificou ainda que, nos machos, de rárias espécies desprovidas de qualquer formação tubercular, os órgãos sensitivos são representados por uma porção epi- dcrmal não visível exteriormente. Considerou ainda essas porções epidermais como sendo ontogenèticamente precursoras das formações dermais da região mental. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mcm. Inst. Butantan, 2I:SS-6«, Abril 1949. A. R. IIOCE & A. GARCIA 57 As formações epidermais existem também nas fêmeas, onde provavelmente, só desempenham papel táctil. Tendo coberto com esparadrapo a região mentual de machos Tamnophis, observou que tais machos não manifesta\-am interesse pelas fêmeas, provando assim que os tubérculos mentuais desempenham papel de auto-excitação. Machos, cujas carenas supra anais foram cobertas com esparadrapo, se exci- tam em presença das fêmeas, mas são incapazes, contudo, de tomar posição ade- quada para a cópula. MATERIAL E MÉTODOS Os dados para a presente publicação foram colhidos depois do exame de várias centenas de exemplares de cobras, consers-adas e vivas. Para o exame das escamas foi utilizado um binocular entomológico. A fim de evitar possível con- fusão, devido ao fato de diferentes autores usarem terminologia diversa, pro- pomos a seguinte: Carenas supra anais, quando nos referirmos à presença de carenas nas escamas da região sacral dos machos de espécies com escamas lisas. Corresponde êste têrmo aos “anal ridges” de Blanchard e aos “supracloacal kecis” de Schmidt ; Carenas supra anais lubercuhdas, quando houvçr carenas modificadas nas esca- mas da região anal, em machos de serpentes com escamas carinadas, cor- respondendo, pois, às “knobbed anal kecis” de Blancliard; Tubereulos supra anais, jiara designar um novo carácter sexual secundário, con- sistindo cm tubérculos, cm geral despigmentados, nas escamas laterais con- tíguas à cloaca, não tendo nada em comum com os "supra cloacal tuliercics” de Schmklt, que são sinónimos de earenas supra anais conforme já mos- tramos; Tubérculos mentuais, para os pontos salientes na região guiar, dos machos, de certas serpentes, sendo, portanto, correspondentes aos “chin tuberclcs” de Blanchard, e. finalmente; Escamas cefálicas tuberculadas para designar o caráter já observado por Pope cm espécies asiáticas. RESULTADOS TUBÉRCULOS MENTUAIS Examinamos vários gêneros, procurando a presença de tubérculos mentuais, tilas, além do gênero Hclicops, nenhum outro encontramos que os apresentasse como carácter sexual secundário. Nesse gênero, os tubérculos maiores limitam-se cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 58 NOTAS ERPETOIOGICAS. *. sempre às primeiras infralabiais e mentais, sendo, contudo, visíveis finas granu- lações até as primeiras ventrais. Helicops modesta Günther Desta espécies examinamos 105 exemplares, sendo 70 fêmeas e 35 machos. Os machos, além de 240 mm apresentam, todos, tubérculos mentuais bem visíveis (Gráficol). Os da série de 100 a 220 mm, ao contrário, não têm tubérculos mentuais visíveis, indicando que o aparecimento desse carácter sexual secundário está relacionado, sem dúvida, à maturidade sexual que, pro\-avelmente, aparece nos exemplares entre 220 e 240 mm. Nenhuma das fémeas examinadas apresentam tubérculos mentuais. A presença de tubérculos mentuais em exemplares machos capturados em diferentes épiocas do ano, parece indicar não haver ligação a variações de estação, confirmando as observações de Blancliard nas espécies norte-americanas. HcUcops plcthvnlris "Werner Só conseguimos examinar 10 exemplares desta espécie, entre os quais 4 machos. Como nas outras espécies, todos os machos apresentam tubérculos bem desenvolvidos, porém, limitando-se às mentuais. HcUcops aiigulala (L.) Na série de 40 exemplares de ambos os se.xos examinados, não encontramos nenhum exemplar que apresentasse tubérculos mentuais. HcUcops cari nica uda (Wied) Examinamos uma série de 38 e.xemplares, sendo 30 fêmeas e 8 machos. Nenhuma fêmea apresentava vestigios de tubérculos mentuais (Fig. 1), sendo que os machos os apresentavam bem visíveis. HcUcops gomesi (.Amaral) Esta espiécie, afim de HcUcops anguiata, não oferece vestigios de tubérculos mentuais. HcUcops leopardina (Schlegel) Só conseguimos pequeno número de exemplares desta espécie. Dentre os 21 e.xaminados, os 6 machos apresentavam, todos, tubérculos mentuais, enquanto notamos ausência dos mesmos nas fémeas. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. Butantan, 31:55-66, Abril 1M9. A. R. HOGE & A. GARCIA 59 Também nesta especie, como nas outras, os tubérculos, quando presentes, estendem-se, até às primeiras ventrais. Deixamos de incluir nesta lista as espécies H. hagimnm Roux, H. polylepis Günrher e H. írh‘itlata (Cray), por não existirem machos destas espécies na coleção do Instituto Butantan. É interessante notar que, nos Lygophis amocmts (Jan., 1863) tanto os ma- chcb, como as fêmeas, apresentam tubérculos mentuais bem desenvolvidos, não tendo, pois, valor algum como caráter sexual secundário. ESCAM.\S CEFALIC.\S TUBERCUL.\D.^S Ob^rvamos que, nas espécies H. carinkauda, H. modesta e H. leopardiiia, as placas cefálicas e as dorsais (Fig. III) apresentam pequenos tubérculos. Êstes tubérculos estendem-se até a parte posterior do corpo, sendo, porém, menos visíveis na parte distai. As placas cefálicas tuberculadas foram observadas nas espécies asiáticas Enhydris chinensis c E. plúmbea, como mencionamos anteriormente. Os peque- ■nos tubérculos, por nós observados em espécies de Helicops, presumimos terem a mesma origem dos observados nas placas cefálicas de Enhydris. C.^REN’.\S SUPR.\-.\NAIS Blanchard e Schmidt descreveram, sob a denominação diferente, a presença de escamas modificadas na região sacral, em cobras com escamas lisas. Tendo Schmidt descrito a presença de carenas supra-anais nos machos de Mierurus coralltnus, examinamos cerca de 300 exemplares da raça Mtcrurtis eoral- linus eoraUmus (Wied, 1820 ), não encontrando, contudo, nenhum macho que apresentasse escamas anais modificadas. Ao examinarmos, porém, um exemplar desta cspiécie, oriundo da Colômbia, notamos a presença de carenas supra-anais iortemente desenvolvidas, em grande número de escamas da região sacral; a nosso Ter, não se trata de M. corallinus corallinus, mas sim de .If. coralltnus dumerilii. • TUBÉRCULOS SUPRA-ANAIS Nos 45 exemplares de Tachymcnis brasÜicnsis Gomes, que examinamos, en- contramos 10 machos que apresentavam tubérculos anais bem desenvolvidos e de co’oraç3o mais clara do que as escamas adjacentes (Fig. V). O fato de serem de coloração diferente facilitou muito a obseiração, pois, em certas espécies, em- bora com tubérculos acentuados, toma-se difícil obser\’á-los devido -às escamas tuberculadas serem quase da mesma cõr das adjacentes. Essa dificuldade toma- se ainda maior, quando os exemplares são indivíduos jovens. Nenhunu das fêmeas de Tachymcnis brasiliensis apresentava vestígios de tubérculos supra-anais. • . 5 1 SciELO 60 XOTAS ERPETOLOGICAS. 4. Verificamos a ocorrência de tubérculos supra anais em Lygophis amocnus (Jan), Thamnodynastes strigatus (Cray). Ocorrem, também, porém, com me- nos nitidez, em Oxyrhopits cloclia (Daudin), Rachidclus lyraciJi Boulenger, nas várias espéchs de S pilotes (Wagler), em Ptychophis fltnmdrgatus Gomes, Phi- lodryas arnaldoi (Amaral) e Phtlodryas schottii (Schlegel). CAREXAS DORSAIS OU ESCAMAS DORSAIS CARIXADAS Frequentemente, os machos têm escamas dorsais fortemente carinadas, en- quanto as fêmeas têm apenas fracamente carinadas, ou mesmo lisas. O nítido dimorfismo sexual observado por Boulenger em Chironius carinatus (L.) foi por nós notado cm Chironius fuscus (L.) e em Chsronius sexcariíialus (Wa- gler), emliora menos nítido na ultima espécie. Em Philodryas serra (Schle- g?l). os machos apresentam escamas dorsais fortemente carinadas (Fig. IV), conforme já observou Amaral (9). DISCUSSÃO A existência, em serpentes brasileiras, de tubérculos mentuais, carenas su- pm-anais tuberculadas, etc., vem mostrar que êstes caracteres são muito mais fre- quentes, nos ofidios, do que se pensava. Está fóra de dúvida que tais estruturas desempenham papel preponderante no acto da reprodução, como o prova de um lado a localização de tais estruturas, de outro as experiências de Xoble. Entre a maioria dos ofidios. os machos, antes da cópula, são agitados ix)r movimentos frenéticos, durante os quais deslizam, repetidamente, sôbre as costas da fêmea em direção da calxíça da mesma. É, pois, admissível que, nas espécies providas de tubérculos mentuais, êsse procedimento excite ao máximo as pápilas sensitivas. Alem disso, a extensão de finas granulações até as primeiras ventrais. se não desempenham papel de auto excitação, devem, todavia, facilitar ao macho uma posição adequada para a cópula. Nenhum dos caracteres aqui mencionados está ligado a variações estacionais, como já observara Blanchard entre as serpentes norte-americanas. Na espécie 11. carinicauda, o aparecimento de tubérculos mentuais relaciona-sc com a matu- rhla.Ie sexual (Gráfico I e II). O fato de termos encontrado uma espécie de Lygophis amocnus, na qual ambos os sexos apresentam tubérculos mentuais, vem confirmar a opinião de Noble, isto é, que tais tubérculos são derivados de órgãos sensitivos dispostos debaixo da epiderme e presentes em ambos os sexos. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 ScíELOiIq 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 L cm •62 NOTAS ERPETOLOGICAS. 4. RESUMO 1) Ficou prorada a ocorrência em ofídios brasileiros de certos caracteres sexuais secundários, até agora só obser\'ados em ofídios estrangeiros. 2) A frequência da ocorrênda de tubérculos mentuais foi estudada, porme- norizadamente, em H. modesta. 3) Foi descrito um novo carácter sexual secundário: tubérculos supra-anais. 4) Foi observada a ocorrência de tubérculos mentuais em ambos os sexos uco iiKiiores do que sua distância da ponta do focinho; nasal inteira, mais longa que alta e mais alta anteriormente que posteriormente, cm contacto com a rostral, intemasal, prefrontal, prcocular e 1.* e 2.“ supralabiais ; 1 préocular mais longa que alta, de fonna triangular; 2 post oculares, a superior cerca de duas vezes maior do que a inferior; têm- pora! O -f 1 muito comprida e cm contacto com a 5." e 6.* supralabiais, a 2*. e 3*. entrando na órbita, a 5*. mais larga na parte suix:rior do que na infe- rior, em contacto com a parietal e temporal; 4 infralabiais cm contacto com as mentais anteriores que são nienores do que as posteriores; 4*. c 5*. infra- labiais muito maiores. Colorido: Pardo avermelliado em cima. escamas dorsais orladas de pardo escuro. De cada lado do corpo, luna faixa escura de 4 fileiras de dorsais no corpo, e 2.5 na cauda. Estas faixas laterais são constituídas jxir fileiras de escamas dorsais, com orla jiarda -escura, mais marcada que as demais. As intemasais. prefrontal, frontal, supraoailar, préocular. postocular, parietais, temporais e a parte superior da 5*. e (?■ supralabiais são de côr parda escura; Recebido para publicação em 8 de julho de 1948. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 68 NOTAS ERPETOLOGICAS. 5. rostral clara com u’a mancha escura na parte visível de cima; um colar nucal claro delimitado pela coloração escura da cabeça e uma faixa postnucal escura; escamas ventrais e primeira fileira de dorsais claras, rosadas no vivo e esbran- quiçadas no álcool. Dorsais lisas em 15 filas; ventrais 135; subcaudais 37; anal dupla. Comprimento do corpo 495. (*) Comprimento da cauda 70. Comprimento da cabeça 15,3. Diâmetro do ôlho 1,0. Distância do ôlho à boca 1,6. ” ” ” ” ponta do fccinho 5,1. Parte da rostral visível de cima 2,1 x 4,0. Prefrontal 2,7 x 4,9. Frontal 3,3 x 3,0. Parietais 6,1 x 3,3 e 6,1 x 3,6. Temporal 4,5. REDESCRIÇAO DE ELAPOMORPHUS NA5UTUS GOMES, 1915. Elafomorphus nasulus Gomes — An. Paul. Med. & Cir. 4(6), 121, 1915; tab. 3, Fig. 1 a 3. Elapomorf^hus nasutus Amaral — Mcm. Instituto Butantan 4:47, 107, 224, 1930 e 10:146, 1936. Dentes maxilares 5; focinho proeminente; rostral mais larga que alta; a parte da rostral, visível de cima, maior que sua distância da frontal; ôlho pequeno, diâmetro cerca de 1/6 a 1/5 de sua distância da boca; intemasais mais largas que longas; sutura entre as intemasais cêrea de 1/3 de sua dis- tância da frontal; 1 prefrontal mais larga que longa; frontal um pouco mais longa que larga, igual â sua distância da rostral e menor que as parietais; parietais um pouco maiores que sua distância da ponta do focinho; nasal inteira mais longa que alta e mais alta na parte anterior, em contacto com a rostral. intemasal, preocular e 1*. e 2’. supralabiais ; 1 preocular nuus longa que alta, de forma triangular; 2 postoculares, a superior sempre cerca de duas vezes c meio maior que a inferior; temporal 0 1 muito comprida, em contacto com a 5.* e 6.*, supralabiais. 6 supralabiais (excepcionalmente 7), a 2.* e 3.® en- trando na órbita e a 5*. mais larga na parte superior que na inferior, em contacto com a parietal e temporal; 4 infralabiais cm contacto com as mentais anteriores que são sempre menores que as posteriores; 4*. e 5*. infralabiais muito maiores. Dorsais lisas em 15 filas; ventrais 176 a 190 nos machos e 185 a 210 nas fêmeas; subcaudais 32 a 39 nos maclios e 20 a 30 nas fêmeas; anal dupla. Colorido: cemo o descrito para o alotipo. {•) Todas as medidas são dadas em mm. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mcm. Inst. Butantan» 21:67-76, Abril 1949. A. R. HOCE k A. GAROA 69- DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Além de ser muito rara, a Elapomorphus nasulus tem uma distribuição- geográfica das mais restritas. Foi encontrada sómente no Estado de S. Paulo e no Estado de Minas Gerais, na região denominada “Triângulo 2iIineiro" (mapa I). Não podemos avaliar qual a extensão da área de distribuição no Estado de Minas Gerais, pois o Instituto conta com pequeno número de remetentes nêsse Estado, porém, no Estado de S. Paulo, onde há centenas de remetentes, a distribuição pode ser melhor araliada. A área de distribuição é compreendida entre os rios Grande e Tietê. No norte atravessa o Rio Grande, na região de Igarapa^-a, penetrando no Estado de Minas Gerais, numa profundidade de CO Kms aproximadamente. No sul, ela é encontrada^ até Cabrália, aproximadamente 100 Kms ao sul do Rio Tietê. Na região nordeste do Estado de S. Paulo há poucos^ remetentes, o que não permite conclusões definitiras quanto à distribuição nessa zona, sendo- poiém provável que a Elapomorphus nasutus atinja as margens do Rio Paraná. Os dados negativos, relativos à face sueste da zona de distribuição teem grande valor, pois das regiões limítrofes chegam constantemente grandes quantidades de serpentes. zona onde a Elapomorphus nasutus foi encontrada com maior frequência tem uma altitude de 800 a 1.000 metros. Alguns exemplares foram encon- trados cm zonas de 300 a 500 metros, porém nunca abaixo dos 300 metros. Alimentarão: Esta espécie parece ser cxclusivamente lacertívcra, pois só encontramos restos de lacertilios (Teidac) no estômago dos exemplares autop- siados. RESUMO No presente trabalho fei descrito o alotipo de Elapomorphus nasutus redescrita a epécie e delimitada a zona de distribuição. ABSTR,\CT The allotype of Elapomorphtis nasutus is described, and a new description is given of that species with the aid of a series of these rarc spccimens. The ventral scales vary between 175 and 190 on the males and 185 to 210 on the females; the subcaudal scales range betiveen 32 and 39 on the niales and 20 to 30 on the females. There are five maxillarj- tecth. Not only this species is very rare, but its extensien is limited. Until this úay, it has only lx»n found in the State of S. Paulo and the “Triângulo Mineiro”. Its zone diffusion lies between the Tietê and Rio Grande rivers. 3- 1 SciELO 15 XOTAS ERPETOLOGICAS. 5. In lhe North it ultrapasses the Rio Grande river, near tlie town of lgarapa\-a,. and thcn penetrates about 60 kilometers into the State oí Minas Gerais. In the South, Elapomorphus nasulus may be foand near the town oí Cabralia,. about 100 kilometers South of the Tiete river. As Butantan possesse.s, up to now, only few specimens from the North- west, the zone of diffusion oí this species in that direction cannot be defined with accuracy. It may, however, be assumed that it extends in that direction up to the Paraná river. E. nasutus is mainly found between 25CO and 3000 feet of altitude; a few specimens have been met with between 900 and 1500 feet, but never below that altitude. Alimcntation: E. ):asutus seems to feed exclusively on lizards (Tcidae), as only such animais have been found in the stomachs of this snake. ZUSAM XI EXFASSUXG Der Allotyp von Elapomorphus nasulus wird beschrieben und dieselbe Art wird an Hand von einer Serie von diesen sehr seltenen Exemplaren neu beschrieben. Die Ven variieren zwisch.n 176 und 190 bei den Maennchen und zwischen 185 und 210 bei den Weibchen; die subcaudalen zwischen 32 und 39 bei Maennchen und 20 bis 30 bei den Weibchen. Die Maxillenzehn» sind fitenf. Diese seltene Art hat auch eine sehr geringe Ausbreitung. Bis jetzt wurde sie nur im Staate São Paulo und im “Triângulo Mineiro” angetrofíen. Die Verbreitungszone befindet sich zwischen den Fluessen Titté und RiO' Grande. Im Norden uebtrschreittt sie den Rio Grande-Fiuss, bei der Stadt Igarapava und dringt dann vor bis ungefaehr 60 Kilometer des Staates Minas Gerais. Im Sueden wird Elapomorphus nasutus noch bei der Stadt Cabralia, ungefaehr 100 Kilometer siredlich des Fluss:s Tietê, aufgefunden. Da Butantan bis heute sehr wenig Material aus dem Nordwesten besitzt, kann die Verbreitungszone di;fer Art in dieser Richtung nicht genau demarkiert werden. Es kann jedoch angenommen werden, dass sie in dieser Richtung bis zuni Paraná-Flusse gehm wird. Die llauptfundorte von Elapomorphus nasulus liegen zwischen 800 und ICOO Meter Ilothe; es wurden jeclcch auch einige Exemplare in 300 und 500 Meter Hoehe angetrofíen, aber nicinals darunter. Ernaehrung: Elapomorphus nasutus scheint sich ausschüesslich von Ei- dechsen (Tcidae) zu emathren, da nur solche in den Magen dieser Schlange- aufgefunden wurden. BIBUOGRAFIA 1) Comes, J. F. — An. Paul Med. * Cir., 4(6) :121, 1915. 2) Amaral, A. do — Mcm. Instituto Butantan, 4:47,107,224, 1930 c 10:146, 1936. 6 il«n. Inst. Butantan, *1:67-76, Abril 1949. A. R. HOCE & A. GARCIA ■ 73 LIST.A. DOS EXEMPL.ARES DE ELAPOMORPHUS XASUTUS GOMES X.* Sexo Localidades 10409 9 Apodos — S. Panlo 2172 S Alfredo EHs — S. Paulo . 10084 s Aurora — S. Paulo 6723 9 Baurú > S. Panlo 9361 9 Cabrilia — S. Paulo 5253 9 Cerrado — S. Paulo 9638 Õ Conceição — Rio 7867 9 Erial — Minas 6937 9 Franca — S. paulo 3085 S Glicério — S. Paulo 5747 9 Guaxima Minas 9586 9 Guaxima ~ Minas 9330 A Tearapava — S. Pauli ... 1635 9 Isarapava — S. Pauto . . . 3364 9 Jubahy — Minas 2541 9 Matâo — S. Paulo 9734 9 Matão — S. Paulo 9102 ê MoCuca — S. Paulo 873 9 Paineiras (L*tara, pelo menos, uma parte dessas infecções benignas, já sugerido pela observação clínica e pelos resultados positivos da reação de Weü-Felix, parecia, assim, receber também o apoio de dados epide- miológiccs. Quadros clínicos semelhantes foram obseiA-ados entre auxiliares técnicos do Serviço de controle da Peste Bubônica, em contacto diário com ratos e pulgas. Salles Gomes (10), do Instituto Adolfo Lutz, relatou cm 1941 os resul- tados obtidos pela inoculação do sangue de 3 desses prováveis casos de tifo murino em coliaia. Dois deles foram verificados entre funcionários do serviço acima referido, então localizado no Instituto Butantan. Os sintomas da infec- ção experimental obtida por aquele investigador foram discretos, tendo a perda rápida do virus, nas tentativas de pas.«agem em série, impossibilitado a sua identificação mediante estudo acurado. Aliás, um de nós não havia anteriormentc (1937) sido nuiis feliz ao tentar isolar a riquetsia em cobaias inoculadas com o sangue do primeiro caso veri- ficado entre aqueles mesmos funcionários. Afóra 2 dias de febre após um período de incubação de 9 dias e uma reação escrotal discreta, nada mais poude ser observado, tendo o virus se extinguido^ já nas primeiras passagens de cobaia a cobaia. Passando o Instituto Adolfo Lutz a praticar sistematicamente a reação de Weil-Felix ccm os sóros, provenientes de todo o interior do Fstado, de casos inicialmente suspeitos de febre tifo-paratífica, pcude ser constatada “em vários municípios a existência de indiríduos cujos isôros atingiam títulos altos de aglutinação em face dos vários Protais X, vspecialmente do 0X19 (1/800 até 1/6.400)” (10). Mediante estudo epidemiológico extensivo. Pascale e Cruz (11), Pascale e Prado (12) e Pascale (13) verificaram a positividade do Weil-Felix em pessoas residentes em diversas regiões do Fstado onde não havia até então sido reconhecida a febre maculosa. Ratos e pulgas foram encontrados em abundância nos locais ende provavelmente se haviam contaminado os pacientes. o 'Mcm. Inst. Batantan. 51:77-106. Abril 1949. J. TR.WASSOS; P. M. RODRIGUES A L. NOGUEIRA CARRIJO 79 • A possibilidade da existência do tifo murino não só na Capital como em outras regiões do Estado de S. Paulo recebia, pois, além do apoio de dados clinicos e epidemiológicos, o de resultados experimentais sugestivos mas não conclusivos. Como bem ressaltaram Monteiro e Fonseca (3) e Salles Gomes ^10), faltava identificar a riquetsia pelo seu comportamento experimental, ainda não estudado em detalhe, e “sobretudo por provas de imunidade •cruzada”. Relataremos a seguir o que nos parece ser em S. Paulo o primeiro caso de isolamento da Ríckcitsia mooscri em que foi possivel obter a prova cabal da sua idtntidade. Xo curso de nossas pesquisas isolámos o virus de um caso humano da •doença adquirida em um foco desta Capital, assim como de ratos e pulgas lá capturados. Outras amostras de vinis foram posteriormente por nós isoladas de doentes provenientes tanto da capital como do interior do Estado. Xo presente trabalho, no entanto, trataremos apenas da primeira amostra •de Rickctlsia mooscri por nós isolada de um dos casos humanos ocorridos na Capital. D.\DOS CLfN-ICO-EPIDF.MIOLÓGICOS O paciente, Vollet, funcionário da Secretaria da -•\gricultura de S. Paulo, trabalhava em um laboratório químico para analise de sementes, situado à rua Guaicurús, nesta Capital e anexo a grandes annazens onde é depositada toda sorte de cereais. Ratos em número ele\^ado infestavam o local, apesar de os armazéns serem de ótima construção e terem paredes de tijolos e piso ide •concreto. O inquérito epidemiológico realizado não revelou contacto algum do doente com ixodidas nos 15 dias anteriores ao aparecimento dos primeiros sintomas. Reside ele em casa de apartamentos no centro da cidade de onde se afasto’j, nas duas semanas que precederam o início da doença, apenas para ir diariamente ao local de trabalho e para um passeio ás praias de Santos. A doença evoluiu em duas semanas, iniciando-se com acentuada cefalca que perdurou por vários dias, com calafrios e febre. Xão foi notado exan- tema durante toda a doença e o estado geral do paciente foi sempre muito bom, a despeito de a febre ter por vezes atingido 39,5-40C.. Os exames de laboratório para diagnóstico de febre do grupo entérico e de brucelose foram negativos. A reação de M eil-Felix foi entretanto positiva, tendo alcançado o titulo de 1/20.C00 para o Prolciis X19 cm exame por nós praticado. ISOL.\MEXTO D.\ RIQUETSI.-V Vimos o paciente cm seu último dia de febre, sendo por essa ocasiao •colhidos 20cc. de seu sangue para exames de laboratório. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 80 TIFO MURIXO EM SAO PAULO O coágulo, obtido após permanência do sangue em temperatura ambiente pelo espaço de duas horas, foi deslocado das paredes do vasilhame por meio- de alça de platina e, a seguir, centrifugado a 2.500 rotações por minuto durante 1/2 hora. Depois de separado o sôro por meio de pipeta estéril, foi o coágulo- transvasado para um frasco contendo pérolas de vidro e submetido a forte agi- tação, após o que foram acrescentados ao mesmo lOcc. de salina. O material foi então passado em gaze estéril, obtendo-se assim cerca de- 12cc. de suspensão de hematias. O volume total foi injetado em partes iguais em duas cobaias (animais N*. 1 e 2) e em dois ratos brancos (animais N*. 3- e 4), por via peritoneal. Os ratós não reagiram febrilmente até o 19° dia após a inoculação.do san- gue ; foram então sangrados no coração, para que se pudesse proceder a reações sorológicas, e, em seguida, sacrificados. Retirados os seus cérebros, foram os mesmos triturados conjuntamente e emulsionados em 20cc. de salina. A. emulsão foi inoculada no peritônio de duas cobaias (N*. 5 e 6), no volume de 3cc. para cada animal. A reação de fixação do complemento, realizada com o sôro de um daqueles ratos, foi positiva ao titulo de 1/64 em presença de um antígeno preparado no “National Institute of Health”, de Washington, com a amostra Wilmington de Rickettsia mooseri. Com o sôro do outro rato a reação foi negativa em uma diluição de 1/12; não foi possivel praticá-la a titulo inferior, dada a pequena quantidade de sôro obtida. Esse resultado positivo indicava que pelo menos um dos animais havia sido- infectado. Havia, pois, no sangue do paciente, mesmo no último dia de febre, riquetsias circulantes. Aliás, o fato não é de estranhar por isso que Findlay,. ainda recentemente (1941), afirmou que, por técnica similar á que usamos, é possivel isolar o virus durante todo o período febril e até na convalescença (14). As duas cobaias (N*. 1 e 2), injetadas com o sangue do paciente, apre- sentaram no 4.* e 5.* dia após a inoculação ligeira ekvação febril que se repetiu- 13 dias mais tarde. A reação de fixação do complemento, praticada em pre- sença do antígeno murino, foi, no entanto, negativa com as amostras de sangue colhidas de ambos os animais 25 dias após a inoculação. As cobaias foram, em seguida, submetidas a uma prora de imunidade. Injetadas com a riquetsia da febre maculosa, uma delas reagiu tipicamente e a outra. e'hibora não tivesse tido febre, apresentou esplenomegalia acentuada á autópsia praticada 8 dias após a reinoculação. Não se verificou, assim, nesses dois animais, imunidade alguma á febre maculosa. /*. passagem — As cobaias 5 e 6, inoculadas com emulsão dos cérebros dos ratos 3 e 4. apresentaram simultaneamente ligeira e fugaz elevação de temperatura no 13*. dia e, novamente, no 18*. dia. Com o sôro de ambas as- 4 Mem. Inst. Butantan. Il;/7-106. Abril 1949. J. TRAVASSOS: P. M. RODRIGUES 4 L. NOGUEIRA CARRIJO 81 cobaias, sangradas no 20*. e, novanientc, no 25’’. dia, foi praticada a reação de fixação do conipieniento em presença do antigeno niurino. O resultado foi positivo aos titulos de 1/160 a 1/640, respecth-amente, com a primeira e se- gunda amostra do sôro da cobaia 5. A fi.xação foi parcial a 1/40 com a primeira e total a 1/160 com a segunda amostra de sóro da cobaia 6. Esses resultados da reação de fixação do complemento mostravam mais uma vez que os animais por nós inoculados vinham sofrendo de uma infecção benigna que não se exterioriza\'a senão por insignificantes e pouco estáveis elevações de temperatura. As cobaias de primeira passagem nada revelaram de anormal á necropsia praticada no 25*. dia após a inoculação. Foi retirado e emulsionado o cérebro de cada uma delas, sendo cada emulsão inoculada intraperitonealmente em 2 cobaias e 2 ratos. 2*. passagem — Xos animais de segunda passagem, a infecção ainda não se revelou com sinais caracteristicos. O elemento mais importante, indicador de uma riquetsiose do grupo “typhus”, continuou a ser a presença, em altos titulos, de anticorpos fixadores do complemento no sôro das cobaias c dos ratos inoculados. Xa maioria dos animais foi constatada reação febril, cm geral mais persistente que nos animais de primeira passagem; as diferentes cuiA-as térmi- cas obtidas não apresentavam, porém, peculiaridade alguma que pemutisse en- quadrá-las num tipo determinado, idêntico ou semelhante ao observado com frequência nas infecções com certas raças de Rickcitsia mooscrí. Em duas cobaias a autópsia revelou ligeiro aumento do baço. Para passagem do virus, utilizou-se, como anteriormente, cérebro de cobaia. Cada cérebro, depois de emulsionado, foi inoculado intraperitonealmente em 4 cobaias e 2 ratos. J.” passagem — A presença do virus murino exteriorizou-sc de maneira nítida na terceira passagem. Todas as 4 cobaias de um dos grupos de animais inoculados apresentaram marcada reação escrotal. O aumento do volume da bolsa escrotal foi observado pela primeira vez 8 ou 9 dias após a inoculação. Xos 2 ou 3 dias subsequentes surgiu o rubor e acentuou-se o edema da pele. A resistência constatada durante as tentativas feitas para forçar o trânsito dos testículos pelo canal vaginal completava o sinal descrito por X’cil (15) no de- curso de suas investigações sobre o tifo endêmico do México. Em esfregaços preparados com material da vaginal de duas cobaias que apresentaram reação escrotal e corados pelo método de Macchiavelo, observá- nios numerosas “células de Mooser”, repletas de riquetsias que foram encon- tradas também extracelularmente em abundância. A curva térmica nessas co- baias apresentou a particularidade de observação usual nas infecções com a cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 82 TIFO MURIXO EM SAO PAULO Rickettsia mooscri: a temperatura elevou-se no mesmo dia do aparecimento da reação escrctal, caindo ao normal no dia seguinte para tornar a subir 24 horas •após. Enr nenhum dos outros 3 grupos de animais de terceira passagem, no en- tanto, foram observados sinais aparentes característicos da infecção murina. A reação de fixação do complemento, contudo, foi positiva em alguns animais dc 2 desses 3 grupos. Ela foi negativa em todos os animais do grupo inoculado ■com material da cobaia 8 de segunda passagem, cujo sôro, no entanto, havia fixado o complemento em presença do antígeno murino. \'ê-se, assim, que na terceira passagem, conquanto se tivesse observado em um grupo de cobaias o sinal de Xeil-Mooser, sabidamente de alto valor para a identificação do virus, a infecção dei.xava ainda de se manifestar na maioria dos animais com sinais típicos. A positividade da reação de fixação do com- plemento foi ainda nessa jxissagem o sinal de infecção mais frequentemente observado. O baixo teor de virus no material inoculado ou a sua insuficiente -adaptação á cobaia e ao rato não permitia ainda obter resultados consistentes. De duas cobaias que apresentaram reação escrotal, foi retirado material para passagem. Foi feita uma suspensão com as vaginais e o baço de cada itma delas, sendo cada suspensão inoculada intraperitonealmente em 4 cobaias e 2 ratos. .Essa prática foi seguida regularmente nas passagens subsequentes, emj)rcgando-sc para isso material de 2 ou mais cobaias. 4.“ passagem — Todas as 8 cobaias pertencentes a 2 des 3 grupos de ani- mais de quarta passagem reagiram tipicamente á inoculação, com elevação térmica e inflamação escrotal acentuada. Duas cobaias de cada um desses gru- pos foram sacrificadas no segundo dia de febre, notando-sc. á necropsia, esple- nomcgalia com exsudação peri-espltnica, cengestão das supra-renais e vaginalite -exsudativa. Esf regaços feitos com vaginais dessas duas cobaias mostraram grande quantidade de riquetsias c cé ulas de Mooser. Uma terceira cobaia do mesmo grupo foi sacrificada no 8.* dia após a inoculação quando apresentava ainda marcada reação escrotal. O número de riquetsias vistas no esf regaço feito com vaginal desse animal foi. no entanto, bem menor que no caso das suas companheiras de grupo sacrificadas mais precocemente. Esse fato levou-nos a realizar as passagens de preferência no primeiro ou segundo dia após o aparecimento da reação escrotal. A observa- ção ulterior veio confirmar ser esse o período de escolha para se obter suspen- são de vaginal rica em riquetsias. Xas cobaias do último grupo de animais de q-jarta jiassagem os sinais de infecção foram bem menos nítidos. Uma delas teve uma reação febril fugaz e a cutra m.ante ve-se apirética durante 21 dias de cbservação. •6 Mem. Tiut. Batantan, 21:77-106, Ahril 1949. l. TRAVASSOS: P. M. RODRIGUES & L. NOGUEIRA OVRRIJO 83 O sôro obtido pôster iormente desta últinu cobaia não fixou o complemento em presença do antígeno murino. Os animais desse grupo haviam sido inocula- dos com suspensão de baço e vaginal, na qual a pesquisa de riquetsias fora negativa. 5.® passagem — Todos os animais (12 cobaias e 6 ratos) apresentaram febre e reação escrotal tíiMca, tendo sido encontradas abundantes riquetsias e células de ilooser cm esfregaço de vaginal das cobaias sacrificadas. A reação de fixação do complemento foi positira em todos os casos cm que foi praticada. (5.® passagem — Xa sexta passagem a infecção passou a ter um período de incubação mais curto, iniciando-se a reação febril já a partir do terceiro ou quarto dia. Tanto esse como os outros sinais da infecção,' observados já de maneira nítida e consistente cm todos os animais da passagem anterior, mantiveram-se com regularidade nas pjssagens ulteriores. Tendo assim mostrado como. por passagens sucessivas de coliaia a cobaia. Conseguimos estabilizar (ver quadro X.* 1) as características da infecção expe- rimental provocada pelo virus cm estudo, passaremos nas linhas seguintes a analisar as liases jxira a sua identificação. IDEXTIFIC.-VÇAO Xo decurso de nossas investigações estudámos comparativamente o com- portamento experimental da amestra de riquetsia a identificar c que denomina- mos “Vollet”, com o da amostra Wilmington de Rickettsia viooseri e com o de várias amostras de Dermacentroxcnus rickettsi, isoladas em São Paulo. Tal estudo, aliado ao da morfologia c distribuição característica da riquetsia nas células endoteliais da vaginal da cobaia, e os resultados das provas soroló- gicas e de imunidade errzada nos permitiram chegar á identificação especifica do virus isolado por nós.. 1. Comportamento experimental, — Para efeito de identificação, restrin- gimos a nossa análise aos animais das passagens posteriores á quinta, por isso que, como vimos, o comportamento da riquetsia não se mostrou uniforme nos primeiros animais inoculados. a) Xa cobaia — Foram feitas ao todo 17 passagens de cobaia a cobaia, para as quais utilizámos suspensão de baço c vaginal de animal sacrificado geralmcnte no segundo dia de reação escrotal. Xo gráfico X.* 1 damos as curvas de frequência dos períodos de inculiação verificados cm 86 cobaias inoculadas com a amostra \ ollet, 69 cobaias infec- tadas com a amostra Wilmington e 67 cobaias injetadas com a amostra Favorita cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 84 TIFO MURIXO EM SAO PAULO de Dcrinaccntroxcnus rickcttsi. A cuna correspondente a esta última mostrou- aliás, um paralelismo quase perfeito ás levantadas com os dados relativos a 3 outras amostras da riquetsia da febre maculosa. Pode ver-se que, tanto no caso da amostra Vollet como no da Wilmington, a infecção teve na maioria (63,8 e 65,2% respectivamente) das cobaias um período de incubação que variou entre 3 e 5 dias, enquanto que no caso da amostra Favorita os limites dessa variação, em 71,1% das cobaias utilizadas, foram 2 a 4 dias. Os dados referentes á duração do periodo febril, a qual variou entre 2 e 6 dias para a maioria das cobaias inoculadas com a amostra Vollet, não nos forneceram elementos para a identificação específica, visto que variações aná- logas Tòram observadas em grande número de animais injetados com as demais amostras estudadas. Em geral a reação térmica é, no entanto, mais elevada nos animais inoculados cem as diferentes amostras de Dcrmaccntroxenus rickcttsi do que nos animais infectados com as amostras Vollet e Wilmington Em boa parte das cobaias injetadas com a amostra Vollet observámos a oscilação da curva térmica assinalada por Zinsser (16) e já descrita linhas acima: a temperatura, após a elevação do primeiro dia, volta bruscamente ao normal no dia imediato, para subir novamente nas 24 horas seguintes. Não tem sido observada variação semelhante nas curvas térmicas das cobaias infec- tadas com amostras de Deniiacentroxaius rickcttsi. A reação escrotal da cobaia, assinalada primeiro por Neil (15), descrita em seguida mais pormenorizadamente por Mooser (17). é hoje considerada como elemento de valor para a identificação do tifo murino. Os detalhes da reação por nós observada são os considerados típicos da vaginalite provocada pela Rickettsia mooscri, jamais acompanliada das grandes hemorragias c da necrose da pele do saco escrotal verificadas com grande fre- quência em cobaias inoculadas com a Dcrmaccntroxenus rickcttsi. Grande difi- culdade era experimentada ao se tentar forçar o trânsito dos testículos pelo canal vaginal inflamado. .■\ intensidade da reação variou muito de animal para animal da 3.*, 4.* e 5.* passagem. A partir da 6.® passagem, porém, reações acentuadas foram ragularmente obtidas, com considerável aumento de volume da bolsa escrotal, tornando-sc improfícuas as tentativas de mobilização dos testículos. Intensifi- cando-se ainda mais a reação, notavam-se por vezes algumas petéquias na pele da bolsa escrotal. .\s fotos Nos. 1 a 4 mostram reações típicas de cobaias inoculadas com a Dcrmaccntroxenus rickcttsi c com as amostras Vollet e Wilmington. A frequência do sinal de Neil na cobaia fomeceu-nos outro elemento de valor para a identificação do virus em estudo. .\ reação escrotal foi observada, de um lado, na grande maioria das cobaias inoculadas, a piartir da 5.^ passagem 8 PERCENTAGENS DE ANIMAIS INOCULADOS Mera. Inst. Butantan, 21:77-106, Abril 1949. J. TRAVASSOS: P. M. RODRIGUES 4 L. NOGUEIRA CARRIJO 85 DIAS LEGENDA OCRMACENTROXENU6 HICRETTSI (auO&TRa FAVORiTa^ RICKETTSIA MOOSERI (amOSTRA WILMINGTOn) ■ AU05TRA VOLLET GiArico ■.* I DISTRIBUIÇÃO DOS PERÍODOS DE IXCUBAÇAO NA COBAIA cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 S6 TIFO MURIXO EM SAO PAULO do virus, quer ccm a amostra Vollet quer com a Wilmington (91,0% e 88,2%, respectivamente), e de outro lado, segundo verificaqões por nós realizadas e que confirmam as anteriormente citadas por Lemos Monteiro (18), em apenas 20 a 25% dos animais inoculados com diversas amostras de Dcruiaccntroxetius rickcitsi (gráfico X*. 2). Essas mesmas características, acima descritas, da reação escrotal por nós observada nos animais inoculados com as amostras Vollet e Wilmington servem para a diferenciar da que por vezes é verificada nas cobaias inoculadas com a Rickcttsia prcnvazcki. Xeste último caso, com efeito, a reação é em geral fugaz, de pouca intensidade e não é observada nos animais das subsequentes passagens do virus. Tanto no caso da amostra Vollet como no da Wilmington, o tempo decor- rido entre a inoculação infectante e o aparecimento da reação escrotal variou, na maioria das cobaias (69,1 e 64% respectivamente), entre 4 e 6 dias. Xo que diz respeito á persistência da reação escrotal, observámos nas cobaias inoculadas ccm ambas as amostras, a Vollet e a Wilmington, que a vaginalite se prolongava geralmente por quase todo o período febril, mostran- do-se o saco escrotal ainda endurecido mesmo após a queda da temperatura. regressão total fazia-se em geral vários dias após o término do periodo febril. .\ autópsia das cobaias inoculadas quer ccm a amostra Vollet quer com a Wilmington revelou em geral, além da vaginalite típica acima referida, um aumento discreto do volume do baço que nunca atingiu as dimensões observadas nos aninuiis infectados ccm a Dcrmacentroxcnus rickcitsi. A mortalidade das cobaias infectadas com qualquer das duas amostras, Vollet c Wilmington, foi quase nula, fato que ser\e para as diferenciar marca- damente das amostras de Dcnnaccntroxcuus rickcitsi, que provocam em geral a m>ite de 70% das cobaias inoculadas. As riquetsias encontradas em grande abundância nos esfregaços feitos com material de raspagem das vaginais inflamadas apresentaram morfologia seme- lhante nos animais inoculados tanto com a amostra Wilmington como com a Vollet. Em ambos os casos, a disposição das riquetsias nas células endoteliais era idêntica á descrita por Mooser no curso das suas investigações sobre o tifo murino. Observámos com certa frequência células repletas de riquetsias. Nas fotos X'os. 5 e 6 e na prancha anexa veem-se aspectos típicos por nós encon- trados os quais facilitam a identificação da riquetsia em estudo, diferenciando-a não só da Dcrmacentroxcnus rickcitsi cemo de outras riquetsias possivelmente existentes mas ainda não reconhecidas em nosso meio. b) A'o rato branco — O rato mostrou-se mais sensível á infecção com a amostra Vollet do que a cobaia. Xão fora termos inoculado o sangue do pa- 10 M«n. Inst. BuUnUn, J. TRAVASSOS; P. M. RODRIGUES *1:7M06, Abril 1949. & L. NOGUEIRA CARRIJO 87 R. MOOSERI (WILMINGTONJ VOLLET DERMACENTROXENUS RICKETTSI CtÁtito ».* 2 FREQUÊNCIA DA REAÇAO ESCROTAL NA COBAI.V It ScíELOiIq 11 cm SANGUE DO DOENTE 88 TIFO MURIXO EM SAO PAULO O I- < oc UI < < 9 a + <3 e 1 *1 u c ra n » i a II rJ p; □ Ií^'+i m K e ” + o O LU J > 1— < > z 5 < < < Ü Ü) i/> io co LU z £ O o. E 0> o ü o X ü s •< o- 0£ •< u- X < UI < UJ >< X O X o LL O •< < CO 3 u. O K < (/> o s r? o- O O o i lO ■11 to o. oc a. ^ E ü! 0 !±] [U (i- 1 .? Mcm. Iiut. BuUntao. *1:77-106, Abril 1949. J. TRAVASSOS: P. M. RODRIGUES A L. NOGUEIRA CARRIJO 89 ciente Volleí em ratos brancos, provavelmente não teríamos podido isolar o vinis responsável pela infecção. Como vimos anteriormente, conseguimos exaltar a virulência da nquctsia V^ollet por passagens sucessivas de cobaia a cobaia. Com emulsão de ^•aginal e baço de cobaias de cada passagem eram inoculados ratos e novas cobaias. A infecção nos ratos injetados com material das primeiras passagens revelou-se apenas por ligeira reação febril que surgia em geral 13 a 19 dias após a ino- culação. O período de incubação tomou-se, no entanto, mais curto á medida que se exaltava a virulência da riquetsia. Além da febre, não foram notados sintomas aparentes nos ratos em conse- quência da infecção. Em alguns deles, porém, sacrificados oportuna- mente, encontrámos riquetsias nas células endoteliais do peritônio e da vaginal. A mortalidade entre os ratos inoculados foi insignificante. Transmitimos também a infecção de rato a rato, tendo sido possível con- servar a riquetsia através de 32 passagens sucessivas, embora com a perda de grande parte de sua virulência inicial para a cobaia. No decorrer dessas pas- sagens, obser\’ámos com certa frequência riquetsias nas células endoteliais do peritônio de rato. A reação de fixação do complemento foi, no entanto, a prova que mais comumente empregámos para constatar a infecção do rato. O fato da sobrevivência da riquetsia através das passagens sucessivas de rato a rato aproxima a amostra Vollet da Wilmington; com esta última conse- guimos até hoje realizar 34 transmissões análogas. Por outro lado, o mesmo fato afasta a amostra Vollet da Rickettsia prozcaceki que não se mantem por niais de 12-13 passagens de rato a rato (19) e da Denmccntroxcnus rickettsi que se extingue já após a terceira passagem (20). c) No coelho — Com suspensão de vaginal e baço de cobaias que apre- sentavam, ao serem sacrificadas, reação escrotal consequente á infecção com o '■irus Vollet, foram inoculados 6 coelhos, 4 dos quais reagiram febrilmente no 5.* - 6.* dia; a temperatura ultrapassou 40*C., não tendo, no entanto, persistido Por mais de 48 horas. Em 5 desses coelhos observou-se reação escrotal com rubor, edema e au- ^nto de volume dos testículos, a qual, porém, não perdurou em animal algum por mais de 2 dias. A reação Weil-Felix e a de fixação do complemento com antigeno murino ^oram positivas com os sôros posteriormente obtidos de todos esses 6 coelhos. É digna de nota a reação escrotal que determinou a amostra Vollet, sabido ^onio é que a Rickettsia tnooseri provoca usualmente no coelho apenas uma 'ufecção inaparente. A reação por nós observada não atingiu em coelho algum, ^0 entanto, a intensidade da obtida no mesmo animal por Monteiro pela ino- 13 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 90 TIFO MURIXO EM SAO PAULO culação de amost,ras de Dcrmaccntroxcnus rickcttsi isoladas em S. Paulo e ca- racterizada por hemorragias e necrose da pele do escrotum (21). d) Xo embrião dc galinha — Foram inoculados embriões de galinha (de oito dias) pelo método de Cox com suspensão de vaginal de cobaias infectadas com o virus Voliet e sacrificadas durante o período de reação escrotal. Os em- briões morreram a intervalos diversos a partir do sétimo dia após a inoculação ; em esfregaços da vitelina de vários deles foi constatada a presença de riquetsias. Foi feita a passagem do virus para novos embriões de galinha e para co- baias e ratos, tendo sido obser\'adas riquetsias na vitelina, na vaginal e no pe- ritônio, respectivamente, de vários desses animais; células de Mooser foram- constatadas na vaginal de uma das coliaias sacrificadas em pleno período febril. A leação de fixação do complemento praticada em presença do antigeno murino foi positi\-a com o sôro de diversos ratos e cobaias. Xovas inoculações foram feitas, tendo sido o virus mantido através de uma série de 12 passagens de embrião a embrião, o qual sucumbia á infecção* em geral entre o quarto e o sétimo dia. Riquetsias foram constatadas com frequência na vitelina dos embriões infectados. Cobaias e ratos reagiram tipicamente á inoculação com emulsão de vitelina. de embrião de 10.* passagem, tendo sido observadas riquetsias em esfregaços de vaginais dos animais sacrificados. Com vitelinas dc embriões de 11.* passagem foi preparado um antigeno que fixou o complemento tm presença de sôro conhecidos de tifo murino. RE.\ÇOES SOROLÔGIC.AS a) Sôro do doente — Foram colhidas 4 amostras do sangue do paciente Vollet: a primeira em pleno período febril, a segunda no dia anterior á volta da temperatura ao normal e as restantes cerca de 70 e 125 dias, respectivamente, mais tarde. < j .A. reação de Weil-Felix praticada no Insthuto Adolfo Lutz com a primeira amostra de sôro atingiu o titulo de 1/12.800 para o Proteus X19; esta bactéria foi aglutinada pela segunda amostra até a diluição de 1/20.000 em reação por nós praticada. Com o sôro da segunda sangria levámos a efeito também a reação de fi.xação do complemento em presença de antigenos preparados no “National Institute of Health” quer com a amostra Wilmington de Rickettsia mooscri quer com uma das amostras, Madrid e Breinl, de Rickettsia prowazcki, assim como em face de um antigeno preparado em nosso laboratório com a amostra Favorita de Dcrmaccntroxcnus rickcttsi, isolada «m S. Paulo. O resultado foi parcialmente positivo a 1/10 com o antigeno de febre maculosa e com o murino* 14 Mcm. Inst. Butantan. *1:77-106, Abril 19-t9. I. TRAVASSOS: P. M. RODRIGUES & L. XOCUEIRA CXRRIJO 91 e poMtivo a 1/320 e 1/160 com os antigenos epidêmicos, amoitras Breinl e Madrid, respectivamente. Em reações com a terceira amostra de s<')ro foram obtidos os resultados seguintes: negativo com o antigeno de febre maculosa, positivo a 1/J60 com o antigeno murino e positivo a 1/-10 com o antigeno epidêmico Breinl. Procuraremos nas linhas seguintes dar a explicação do desacordo entre os resultados das reações de fixação do complemento praticadas com as amostras de sôro colhidas com cerca de 70 dias de intervalo. Como proiTiram, entre outros, os trabalhos de Topping (22) e Plotz, \\ ert- mann e Bennett (23), o antigeno murino e o epidêmico possuem 2 componen- tes, ambos ativos na reação de fixação do complemento: um, específico, pró- prio a cada uma das riquetsias (Kickcttsia vtooscri e RickcUsia f>rcni'accki) e o outro comum a ambas. Igualmente, nos sôros-imunes de tifo murino e tifo epidêmico tem sido comprovada a existência de 2 anticorpos correspondentes aos dois componentes em que íc dissociam os antigenos. um, especifico, que reagiria apenas com o antigeno especifico homólogo e o outro, comum a am- bos os sôros, que reagiria com o componente antigênico comum a ambas as riquetsias. Compreende-se, pois, que a reação pudesse ter sido positiva cem a amostra de antigeno epidêmico por nós utilizada, ainda mesmo que o sôro fosse, como ficou a seguir comproiTido, de um caso de tifo murino. De aparecimento mais precoce que o anticorpo especifico, o anticorpo co- mum estaria já presente na segunda amestra de sangue (colhida no último dia de febre) e teria reagido com o componente comum existente em quantidade apre- ciável na amostra de antigeno epidêmico por nós utilizada. De outro lado, a menor riqueza em componente comum da amostra particular de antigeno mu- rino com que trabalhamos pode facilmente explicar porque esse antigeno não reagiu apreciavelmente com essa mesma segunda amostra de sôro. Em trabalho recente sebre o empirêgo dos antigenos solúveis no diagnóstico das riquetsioses do grupo “typhus” pela reação de fixação do complemento, Berge (24) assinala que “os (antigenos) preparados com as amostras epidê- micas mostraram um maior grao de reatividade cruzada do que o antigeno murino”. E’ sabido, além disso, que a atividade do componente comum pode variar muito em diferentes partidas de antigeno. quer epidêmico, quer murino. Tem stdo mesmo constatado que essa atividade toma-se tanto nwis inten.a quanto mais longo é o tempo decorrido desde o preparo da partida de antigeno. O Componente inespscífico, sendo facilmente solúvel, difunde-se com o tempo mais e mais no meio liquido em que estão suspensas as riquetsias. E’ essa difusão no meio que torna possivel as reações cruzadas de fixação do complemento cn- 15 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 92 TIFO MURIXO EM SAO PAULO tre o tifo epidêmico e o muríno, visto que o componente inespecífico só se tor- na ativo quando em solução. Pode comprovar-se facilmente esse fato pelos resultados das reações de fixação do complemento realizadas com amostras de antígeno murino e epidê- mico purificadas por centrifugação. Pela resuspensão das riquetsias centrifu- gadas e lat^adas é possivel obter antígenos isentos, em maior ou menor grao, de componente comum ativo. Plotz conseguiu por essa técnica tomar mais es- pecíficos os seus antígenos, eliminando boa parte das reações cruzadas observa- das entre o tifo epidêmico e o murino. O mesmo autor salientou que amostras de antígeno purificadas por cen- trifugação podem tornar-se com o tempo novamente ricas em componente ati- vo inespecífico visto que a difusão da fração antigênica comum a ambas ri- quetsias, epidêmica e murina, no meio liquido em que elas estão suspensas, se faz de maneira ininterrupta. Tomou-se assim clara, graças principalmente aos trabalhos ultimamente pu- blicados por Plotz (23 e 25), a %'antagem da utilização de antígenos purificados por centrifugação recente para o diagnóstico diferencial entre o tifo epidêmico e o murino. A falta de purificação das amostras de antígeno por nós utiliza- das para a reação com o sóro Vollet dificultou-nos inicialmente o diagnóstico especifico da riquetsiose cm causa, o qual poude no entanto ser feito ulterior- mente com precisão pelo isolamento e pela identificação da Rickeitsia mooseri. Já os resultados das reações com a terceira amostra de sóro foram sufi- cientes para nos sugerir a possibilidade da explicação que vimos expondo. Essa hipótese converteu-se, em seguida, em certeza pelo melhor conhecimento por nós adquirido de importante literatura sobre o assunto que tinha sido até então mantida sob segredo de guerra pelo Govêmo dos Estados Unidos. Avendano (26) obtinha aliás em Santiago, do Chile, na ocasião em que trabalfiaramos, resultados similares aos por nós encontrados não só com o sóro Vollet como com os de vários outros casos a serem publicados mais tarde. O investigador chileno teve a gentileza de nos enviar um apanhado dos seus tra- balhos a respeito, no qual ele dá explicação cabal para as reações cruzadas obser- radas entre o tifo murino e o epidêmico com os antígenos de Bengtson e que podem levar o pesquisador, na falta de uma crítica apurada dos resultados, a um falso diagnóstico diferencial entre as duas riquetsioses do chamado grupo “t)-phus”. A noção de que cs antígenos murino e epidêmico e os anticorpos correspon- dentes se decompõem em fração específica e fração comum, aliada ao conheci- mento de que: 1.*) a fração comum ativa pode estar natural ou artificialmente muito reduzida numa determinada partida de antígeno e 2.*) o anticorpo comum é de aparecimento mais preccce no sóro que o anticorpo especifico, permite pois 16 Mcm. Inst. Bntaotan, í 1:77-106. Abril 1949. J. TRAVASSOS: P. M. RODRIGUES & L. NOGUEIRA CARRIJO 93 dar a verdadeira interpretação dos resultados semelhantes aos por nós obtidos com a segunda amostra de sóro Vollet. A baixa do título da fixação em presença do antígeno epidêmico Breinl (2.* amostra: 1/320 ; 3.* amostra: 1/40) é facilmente explicável por uma re- dução, que teria ocorrido no intervalo entre as duas sangrias, do teor de anti- corpo comum no sóro. Xo mesmo período teria havido uma variação em sentido inverso do teor de anticorpo especifico no sóro, o que explicaria a diferença observada nos tí- tulos das reações praticadas em presença do antígeno muríno (2.* amostra : l/fO; 3.^ amostra: 1/160). Foi assinalado realmente por Avendano (26) que o an- ticorpo comum tende a desaparecer do sóro mais rapidamente que o específico. certeza do diagnóstico de tifo murino para o caso Vollet, dada pelo iso- lamento e pela identificação da Rickettsia mooserí, permitiu-nos interpretar cor- retamente os resultados das reações de fixação do complemento que praticámos Com o seu sóro. Teria sido realmente muito dificil, senão impossível, chegar no caso Vollet, pela reação de fLxação do complemento, a um diagnóstico dife- rendal seguramente comprovado entre o tifo epidêmico e o murino, por não dispormos então de antígenos purificados. Foi, no entanto, o resultado das reações de fi.xação do complemento reali- zadas já com a segunda amostra de sóro que nos forneceu o diagnóstico .seguro de riquetsiose do grupo “typhus” (compreendidas nessa designação o tifo epi- dêmico e o murino). Realmente os antígenos de Bengtson com os quais tra- balhámos são bastante específicos no que se refere á distinção entre a febre maculosa, de um lado, e o grupo “typhus” do outro. Ainda mais, foram os resultados das reações de fi.\ação do complemento que nos levaram, desde o início das nossas investigações, a pesquisar de prefe- rência o tifo murino, dada a e.\istência já então reconhecida de reações cruza- das entre as doenças do grupo “typhus” e visto falarem os dados cpidemioló- gicos contra a hipótese de tifo epidêmico não só para o caso Vollet como para vários outros similares ocorridos em S. Paulo. .A. reação de fLxação do complemento, praticada com a amostra de sóro colhida do paciente Vollet cerca de 4 meses após a cura da infecção, foi ainda positiva em face do antígeno muríno e do epidêmico Breinl, aos títulos de 1/40 e 1/10, respectiramente. Xo quadro X.* 2 estão reproduzidos os resultados das várias reações pra- ticadas com o sóro do doente. b) Sóro de ratos expcrimentaJmcntc infectados — Foi a reação de fixa- ção do comjJemento que nos deu em primenro lugar a certeza de que havia- nios conseguido transmitir experimentalmente ao rato a infecção em estudo. 17 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 94 TIFO MURIXO EM SAO PAüLO Vimos anteriorniente, com efeito, que o sôro de um dos ratos inoculados com o sangue do paciente fixou o complemento em presença do antígeno murino. Xo correr das passagens sucessivas quer, inicialmente, de cobaia a rato, quer, posteriormente, de rato a rato, realizámos grande número de reações de fixação do complemento com sôro deste último animal, utilizando para isso o antígeno epidêmico e o murino. Os resultados foram em sua maioria positivos, sendo os títulos em geral mais altos com o antigeno murino do que com o epi- dêmico. A interpretação da reação tomou-se assim mais facil que no caso do soío de segunda sangria do doente \'ollct. .\lguns sôros de ratos foram exa- minados tamljem em presença do antigeno de febre maculosa, não liavendo ne- nhum deles fixado o complemento. De qualquer maneira, aliás, a positividade das reações de fixação do com- plemento, quer com o antígeno murino quer com o epidêmico, fomeceu-nos o diagnóstico de riquetsiose do grupo “typhus*’ para a infecção que banamos conseguido transmitir a numerosos ratos. Ainda mais, graças àquelas reações, o virus poude ser acompanhado até a sua 32.® i>assagem de rato a rato. .\ fixação do complemento levava-nos assim indiretamente, cxcluida a hipótese de tifo epidêmico, ao diagnóstico de tifo murino. E' sabido, com efeito, que a Rickettsia prov:azcki tem a sua n- rulência atenuada e. cm seguida, desaparece ao ser transmitida sucessivamente de rato a rato, não sobrevivendo em geral a mais de 10-12 passagens (19). A reação de Weil-Felix foi praticada com grande número de sôros de ratos infectados com o virus em estudo, tendo o resultado sido positivo na maioria das vezes. c) Sôro dc cobaias cxpcrimcnialmentc infectadas — .-Vs reações de fixa- ção do complemento praticadas com sôros de cobaias infectadas com o virus \’'ollct deram resultados mais niticíos do que as realizadas quer com o sôro do paciente quer mesmo com os sôros de ratos. Realmcnte, foram muito raros os sôros de cobaias que. quando experimentados em presença do antígeno mu- rino e do epidêmico, fixaram o complemento a titulo mais alto cm face deste último. .A.vcndano. aliás, observou o mesmo fato em investigações realizadas no Ins- tituto Bacteriológico de Santiago do Chile. d) Sôro dc coelhos cxpcrimentalmcntc infectados — Vimos anteriormente que a reação de fixação do complemento e a de Weil-Felix foram positivas com o sôro de 6 coelhos inoculados com suspensão de vaginal de cobaia infectada. c) Antigeno preparado com a riqnetsia em estudo — Já vimos iguaimen- te que, com vitelinas de embrião de galinhão infectado com a riquetsia \'ollet, foi preparado um antigeno. Praticámos várias reações de fixação do comple- mento, em presença desse antigeno, com vários soros de cobaias e ratos infec- IS 'Mcm. Inst. Butaotan, 2I:77-:06, Abril 1949. J. TRAVASSOS: P. M. RODRIGUES & L. NOGUEIRA CARRIJO 95 tados. A reação foi poiitiva com os anti-sôros Vollet e Wilniington e negativa •com o de febre maculosa das Montanhas Rochosas. Como controles, utilizámos cs antigenos recebidos do “National Institute of Health” e preparados, um com a amostra Wilmington de Rickcttsia viooseri e os outros com as amostras Madrid e Breinl de Rickcitsía prcnco::eki. PROVAS DE IMUNIDADE CRUZADA Foram feitas na cobaia provas de imunidade cruzada com a amostra ^'ol- Jet em estudo e as amostras de riquetsias seguintes; amostra Favorita e Cupe- cê de Dermaccniroxenus rickcllsi, isoladas em S. Paulo de Atnblyonuua cajcn- ncnsc naturalmente infectado; amostra Wilmington de Rickcttsia mooscri, re- cebida do “National Institute of Health” de Washington; amostras de riquetsia isoladas de cérebros de ratos capturados no foco onde o paciente provavelnrenfe adquiriu a infecção, assim como de pulgas parasitas desses mesmos roederes. Uma parte das coliaias foi imunizada mediante uma única inoculação com virus vivo; os animais restantes receberam duas doses imunizantes antes da inoculação de prova. Esta foi feita em ledos os casos pelo menos 20 dias após o fim do último período de febre detenninado jwlas inoculações imunizantes. I — Cobaias inoculadas com a amostra Vollet c rcinoculadas com a riquetsia -da febre maculosa. a) Sangue de cobaia infectada com a riquetsia da febre maculosa das ^lontanhas Rochosas foi inoculado em 9 cobaias que haviam anteriormente so- frido uma isfecção com o virus \cllet. Seis cobaias haviam apresentado reação térmica e escrotal cm consequênda da primeira inoculação; a infecção das tres restantes com a riquetsia \‘ollet ficou comprovada pela positividade da reação 'al Soc. Medicine, 35:157, 1941. 15. AViV, M. H. — Public Health Rep., 32(27) :1105, 1917. 16. Zinsser, H. — Text-book of BacterioIog>-, D. Appleton Century Ca, 8.» edição, pg. 665. 17. Mooser, H. — Arch. f. Schiffs-u. 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The advantages of this method are: 1) simplicity of ins- tallation and equipment, 2) reduced number of intermediate reactions, 3) absínce of by-produets and of isomers, 4) no necessity for importing raw material, 5) high purity of intermediate and final produets, 6) very low pro- duction costs. With our actual equipment we are able to produce monthly 35 kg of 4,4'-diaraino-diphenylsulfone. Although this corresponds only to 50 per cent of the aimed production, it permits the output of about 60 kg of chcmotherapeutically active derivates which are simple condensation pro- duets. Since our production began only in March of this year. after the com- pietirn of our industrial equipment, until the end of 1948 we shall be able cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mern. Tnst. Butantan. 11:111-116, Abril 194». F. A. BERTI; B. RIECKMAXX; C PEREGO & II. \V. RZEPPA 113 to produce sufficient quanlities of the drugs as nceded by tlie Leprosy Do- paríiTKnt of the State of São Paulo. SUMMARY Considíring the encouraging results of the use of sulfone derivatives in the treatment of leprosy, it has been established a inethod of synthesis which allows the production of 4,4'-diamino-diphenylsulfone on a large scale, being possible on the other hand the application of its derirates in all Lepiosaria of the State of São Paulo. After dcscribing the various prooe- dures tried in the laboratorj' and exposiiig their rebitive propírties which failcd in their industrial application, are related the various stcps of that me- thod which provcd to be the best. Thcy consist in a chlorosulfonation, a synthesis of Friedel-Crafts, followed by high pressure ainination. By this procedure an actual nionthly prodiKtion of 35 kg of 4,4'-dianiino-diphenyl- sulfone is possible. .\lthough this quantity corresponds only to 50 per cent of that nccíssary for rhe Leprosaria of tlie State of São Paulo, it allows the production of ibcut 60 kg of clieniotherapeutically active dcrivates. The production star- ted in March of this year and irill reach its niaximuni at the eiid of 1948 after completion of the industrial equipment. The method described has the íollowiiig advantages: 1) Simplicity of inetallation and equipnient. 2) Reduced niimber of intcrmcdiate reactions. 3) Abseiice of by-products and isoniers. 4) Xo necessity of raw material imports. 5) High purity of interniediate and final products. 6) Very low production costs. BIBLIOGRAFIA 1. Faget, G. H.; Pogge, R. C.; Johanscn, F. A.; Dinan, J. F.; Prejtan, B. .U. & Eccles, C- G. — (a) Publ. Hfalth Rfp. 58:1729-1741, 1943; (b) Intcrn. J. Leprosy 11:52-63, 1943; (c) Rev. Bros. Lcprologia 12:133-148, 1944. — Faget, G. H. & Pogge, R. C. — P»bt. Health Rep. 60:1165-1171. 1945. — Fite, G. L. & Gemar, F. — (a) Southern Med. J. 39:277-282, 1946; (b) Inlem. J. Leprosy 15:431-439, 1947. cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 114 THE PRODUCTIOX OF 4,4’-DrAMIXO DIPHEN'YLSUL- FOXE AXD ÜERIVATIVES OX A LARGE SCALE 2. Muir, E. — Intem. 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Ges. 10:444, 1877. 13. Girard, André — Fr. Pat. 844 220; Chem. .4bstr. 34:7543, 1940. — I. G. Farbenind. .4. G.: Brit. Pat. 506 227: Chem. .4bstr. 33:9328. 1939. — Firma B. Fragner: Ger. Pat. 735 415-. Chem. Abstr. 38:2668. 1944. — 1. G. Farbenind. A. G.: Fr. Pat. 829 926: Chem. Abstr. 33:1760, 1939. — Ciocea, B. & Canônica, L. (*) — Chimica c industria 26:7, 1944; Chem. Abstr. 40:3104, 1946. — Cf. also Heymann, H. & Fieser, L. F. — /. Am. Chem. Soc. 67 :1979, 1945. 14. Otio, R. — Ann. Chem. 145:28, 1867. Jahresber. Chem. 634, 1867. — U. S. Pat. 2 000 061. Chem. Abstr. 29:4027. 1935. 15. Fouque, G. & Lacroix, J. — Buli. soc. chim. France (4) 33:183, 1923; Chem. Centr. 1:1121, 1923. — Meyer, H. — Ann. Chem. 433:342, 1923; Chem. Centr. 1:320, 1924. — Cf. also Heymann, H. & Fieser, L. F. — J. Am. Chem. Soc. 67:1980, 1945. (•) Xot CuKCú, B. & Canr.açnola, L. as in Chem. Abstr. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Vrm. Inst. Butantan, 21:111-116, Abril 1949. F. A. BERTI; B. RIECKMAXX; C. PEREGO & H. W. RZEPPA 115 16. 17. 18. Cf. Steinkopi, W. & Buchhcim, K. — Ber. deut. chim. Ges. 54 :2963-2968, 1921 ; Chem. Centr. 1:326, 1922. Cf. Sugasawa, S. & Sakurai, K. — J. Pharm. Soc. Japan 60:22, 1940, Chem. Abstr. 34:3704, 1940. Huismann, J. — Ger. Pat. 701 954; Chem. Abstr. 36:98, 1942. Ullmann, F. & Korselt, J. — Ber. deut. chem. Ges. 40:643, 1907. CÍ.Ctocca, B. Sr Canônica, L. — loco cit \ Mem- Inst. Butantan. ^1:117-136, Abril 1949. W. BUCHERL 117 EM TÔRNO DAS TRÊS ESPÉCIES INSULARES E PRAIANAS DO GÊNERO PAMPUOBETEÜS POCOCK. 1901 (mOALOMORPIIAE) POH \V. BÜCHERL (Do Laboratório de Zoologia Médica do Itistituto Butantan, S. Paulo, Brasil). INTRODUÇÃO Em nosso primeiro trabalho “Estudo comparativo das espécies brasilei- Tas do genero Pomphobctciis Pocock, 1901” trnios deixado abrrta a questão ^bre a validade das seguintes espéciis praianas e insulares: 1 .* Painphobeteus plalyomim Mello Leitão, 1923, dtscrita da Ilha de São Sebastião; 2. * Pamphobetcus iusularis Mello Leitão, 1923, procedente da Ilha Grande ; 3. * Pamphobcleus tnascnlus Piza, 1933, das Ilhas dos Alcatrazes. Temos insistido na suspeita fundada de um parentesco íntimo destas três ■espécies, parentesco este bastado não somente no mesmo habitat (litoral dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, a começar possivelmente na cidade do Eio de Janeiro até Iguape. incluindo o grujx) das ilhas e ilhotas praianas, co- mo Queimada Grande, grupo das Alcatrazes, São Sebastião e Ilha Grande e talvez ainda outra, até agora não visitadas por expedições cientificas), mas principalmente na relação dc medidas quase idênticas entre o comprimentò do cefalotorax, das patelas e tíbias do primeiro e do quarto par de pernas. Os respectivos autores referiram estas medidas da seguinte maneira. Elspécie Se.xo Compr. cefalt. Compr. pat. c Tíbia I Compr. pat. c Tíbia IV P . masculiis .... macho 18 mm 16,5 mm 18 mm P. platyomma .. fêmea 24 mm 21,0 mm 21 mm P • insularis .... rr 25.5 mm 27,0 mm 28 mm Entregue para publicação eni 5 de outubro de 1948. cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 11« EM TORNO DAS TRES ESPÉCIES INSULARES E PRAIANAS DO GÊNERO PAiíPHOBBTEVS POCOCK, 1901 Em remedições, entretanto, dos respectivos tipos, depositados um, no Depar- tamento de Zoologia, em S. Paulo e o outro, na Escola Superior “Luiz de Queiroz’', em Piracicaba, verificamos as seguintes medidas: P. platyoDima = cefalot. — 18,0 mm; pat. e tib. I — 16,8 mm; pat. e tib. IV — 17,4 mm. P. wciscttltis = cefalot. — 25,5 mm; pat. e tib. I — 27 mm; pat. e tib. IV — 28,0 mm. Infelizmente não consegtiimos verificar as medidas de P. itisularis, depo- sitado no Museu Xacional, no Rio de Janeiro, como nos informou o nosso amigo e colega, Prof. C. Mello-Leitão. Referimo-nos ainda ao colorido das três espécies, quase idêntico, a não ser ligeiras miances flutuantes e que foi descrito pelos autores da seguinte ma- neira : “Cefalotorax negro, com um orla de longos pêlos avermelhados” — P. f>latyomma. “Cefalotora.x negro, com uma orla de longos pêlos fulvo-escuros” — P. msularis.. “Cephalothorax pubesc. ntia nigia obtectus. marginibus . . . pilis cine- reis... ornatis” — P. tnascultu. “Esterno pardo-ferrugineo ; ancas das penias pardo acinzentadas” — P. plalyomma. “Esterno e ancas. das pernas cinzentos” — P- insularis. “Sternum nigrum, pilis longis, flavis, praeditum” — P. tnasculus. “.Abdômen castanho negro, com longos pêlos mais claros” — P. pla- tyouniia. “Abdômen castanho negro, com longos pêlos vermelhos” — P. insularis. Piza não descreve a cór do abtlomen, dizendo, entretanto, no tocante à côr dos pêlos: “Densissime flavo-pilosum”. Mas também a espécie de Pi- za tem o alxlomen castanho negro, como nos foi dado ver pessoalmente, por gentileza do nosso amigo e colega, Prof. Piza. “Pernas castanho escuras com longos pêlos vermelhos” — P. plaiyonvna. "Pernas negras, com fai.xas longitudinais. . . vermelhas e com abundantes pêlos longos, eretos, vermelhos” — P. insularis. "Pedes... densissime flavo-pilosi . . . , A-ittis binis castaneis omati” — P. tnasculus. i ■y Mem. Inst. Bntantan, 21:117-136, Abril 1949. \V. BÜCHERL 119 Julgamos necíssário o exame cie maior número de exemplares e deixa- mos de pé, naquele nosso trabalho, a hipótese das três espécies constituirem uma única, devendo para ela prevalecer o nome de P. platyoinma . Conseguindo, agora, material abundante, •encontramo-nos em , condições de confirmar a hipótese, o que contribui para o presente trabalho. MATERIAL Tendo o Instituto Butantan organizado uma excursão cientifica às Ilhas dos Alcatrazes, quase equidistantes de Santos c de São Sebastião, bem mais próximas, entretanto, à Ilha d; São Sebastião (Estado de São Paulo, Bra- sil), excursão esta realizada na segunda quinzena de fevereiro de 1948, sob a direção do nosso prezado colega e amigo, Dr. A. Hoge, assistente do Institu- to Butantan, foi encontrado material bastant* numeroso. Muitas destas ca- ranguejeiras foram mesmo trazidas vivas, juntamente com cxitecas, repletas de ovos. Posteriormente, por gentileza da sra. Urban, conseguimos grandes e.xemplares, em parte vivos, de uma fazenda da Ilha de São Sebastião. Da Ilha da Queimada Grande, local de diversas excursões científicas do corpo técmico do Instituto Butantan, veiu igualmente um e.xcmplar, ainda que mor- fo € em péssimo estado de conservação. Por diferentes fornecedores do Ins- tituto Butantan, finalmente, foram encaminhadas a este Instituto caranguejei- ras da "Praia Grande”, entre Santos e Itanhaem, da própria cidade de Santos e redondezas, como Cubatão e, ainda, das zonas praianas, até os limites com o Estado do Rio de Janeiro. Possui, então, a coleção aracnológica do Instituto Butantan 64 e.xempla- res, assim di\ndidos: 17 fêmeas adultas e conservadas em ukío liquido; 22 machos adultos e conservados em meio liquido; 2 fémeas vivas, mantidas em viveiros; 2 machos vivos, mantidos em vivíiros; 21 filhotes ^^vos. De todo este material provieram: 15 machos e 14 fêmeas das Ilhas dos Alcatrazes; 2 fêmeas da Ilha de São Sebastião; 1 fêmea da Ilha da Queimada Grande ; 7 machos e 2 fêmeas da “ Praia Grande”, de Santos, de Cubatão, Ca- raguatatuba, dos arredores de Ubatuba e de Parati . Apenas a última loca- Hdade pertence ao Estado do Rio de Janeiro. Todas as outras são localida- praianas do Estado de S. Paulo. cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 120 EM TORXC DAS TRES ESPÉCIES INSULARES E PRAIANAS DO GÊNERO PAMPHOBETEUS POCOCK. 1901 DESCRIÇÃO DO HABITAT O clinia, tanto das referidas illias conio o das praias, é tipicamente tro- pical, quente e húmido. Entretanto, as ilhas, principalmente a maior do gru- po dos Alcatrazes, têm o característico de ilhas rochosas, de encostas ingremes. a caírem abruptamente para o mar. Entre as fendas e fumas, formadas pelas rochas, tem-se acumulado uma camada densa de humus, do qual brotam den- sos chapadões de vegetação rasteira e de pequenos arbustos e árvores, cuja folhagem é varrida pelo vento para dentro das fendas. Nestas, naturalmen- te, ttm-se acumulado bastante humidade, retida pela vegetação. Nestes lu- gares foram encontradas, em grande número, as referidas caranguejeiras, ora sob a folhagem, ora em pequenos buracos naturais. Sob a mesma folhagem se acumulam também os diplópodos, em imensas quantidades e os otostigmíneos, que são também frequentes. Em lugares mais quentes e mais sêcos, podiam ser recolhidas numerosas aranlias verdadeiras, do gêjiero Ctcnus. Como as caranguejeiras se alimentam principalmente de aranhas de outros gêneros, como Lycosa, Ctcnus, Phoncutría, de escolopendrídeos e de diplópo- dos, pode-se compreender facilmente, dado o espaço limitado de uma ilha, que elas ai se tornem muito frequentes. Como as referidas ilhas quase não são habitadas, tetm elas poucos inimigos. Interessante é o fato de que em todas as ilhas ocorram apenas poucas espécies dentro de um grupo zoológico. As- sim, dos escolopendrídeos não ocorre ai nenhuma espécie de escolopendra, mas sónKnte algumas de um único gênero só (Otostigmiis). Dos Scutigeromor- pha igualmcnte só existe uma única espécie, como também das aranlias ver- dadeiras. Das aranhas caranguejeiras não se observaram espécies dos gêne- ros Acanthoscurría, Grammostola, iMslodora, mas unicanunte as presentes que pertencem ao gênero Pamphobctcus e a uma só espécie nitidamente definível. Acredita-se, pois, que em tempos remotos, um ou outro «xemplar de caran- guejeira tenha abordado a estas iilias, vindo das praias próximas e, encontran- do no novo habitat um ambiente propicio, tenha-se propagado rapidamente. No caso esp:cial da ilha principal dos Alcatrazes existe a particularidade de te- rem sido encontradas duas espécies distintas do mesmo gênero Pamphobctcus: a P. cesterí e a F. platyoinma, havendo também formas intermediárias, possí- velmnte hibridas (ver o desenho colorido No. 1). MORFOLOGIA a) Relação dc medidas entre os comprimentos do ccfalotorax, das patc- lat c tíbias do primeiro c do quarto par de pernas: cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mcni. Inst. Butantan, 21:117-136, Ahril 1949. W. BUCHERL 121 Entre o lote d? caranguejeiras que constituem o material do presente trabalho, conseguimos identificar perfeitamente as três espécies seguintes: P. phtyomvta, insularís e masculus. A relação de medidas entre o comprimento do cifalotorax e o das patelas e tíbias do primeiro e do quarto par dj pernas, referida por Piza, quando des- creveu como novo o Pamphcbeteus masculus, podia por nós ser confirmada à mão da série de machos. Também se verificou como sendo fiel o colorido, des- crito pelo mesmo autor (verificar o desenho colorido Xo. 1-B e as tabelas Xo. 1. 2 e 3 — P. />la/ 5 'elo simples trançamento, em todos os sentidos, de fios de seda. Ao fim de uma semana, o viveiro, que tem> cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. Butantan. *1:117-136, Abril 1949. \V. BÜCHERL 12 .> inais ou menos 20 por 30 cm, esta\-a compktamente coberto de uma teia irre- ffiilar, perfurada de pequenos buracos, por onde passearam os filhotes. À noite estes se reuniam sempre em grupos. Algumas aranhas, mais atrazadas '.m .seu desenvolvimento, ainda por este tempo se conservaram no dorso da mãe. Em 1. de março os filhotes trocavam a pele piela s^unda vez, durandO" C3t-i fcdise do lote inteiro entre 1 e 3 dias. Daí por diante as aranhas, agora já bem maiores (0,8 cm), começaram uma vida bem mais atira. Sua teia foi aos poucos crescendo pelas paredes do viveiro acima. .Xs aranhas, em carreira rápi.ia, subiam e teciam pelos buracos da mesma. 2 de abril efetuou-se a terceira troca de pele. Fazíamos a alimentação- regular, inicialmente com sôro sêco de cavalo, diluido em água, molhando-se com esta mistura pequenos pedaços de algodão hidrófilo, a’godão este que era chupado avidamente pelas pequenas aranhas. ^lais tarde elas já se precipitavam sobre pequínas moscas que se colocavam no >iveiro. ao mesmo tempo, que também começava a reinar entre elas um ativo canibalismo, de maneira que diariamente o lote decrescia. Durante o período de maio a agosto, devido ao frio, a vida das pequenas aranhas se tornava estacionária, não mais se realizando troca de pele, ate a presente data. Em setembro separamos 21 exemplares dos dois lotes e isolamos araiilia por aranha em pequenos tubos de vidro. Semanalmente alimentamos, assim, todas as aranhas, com pequenos pedaços de carne fresca, que elas chupam avi- damente. Cada dois dias é renorada a água por meio de uma pequena quanti- dade de algodão hidrófilo. Desta maneira as aranhas passam perfeitamente bem. não oferecendo a sua criação maiores dificuldades a não ser cuidado quase diário d» inspeção, para renovação da água e da alimentação. Medem e!as, hoje, em média de 1,2 cm de comprimento de eixo longitudinal e entre 2,8 a 3 cm de extensão das pernas. Quando recem-nascidas apresentavam elas o colorido marrom claro.. -Xtuaimente, entretanto, esta cór está ced.ndo lugar a tonalidades bem mais esairas, sendo de presupor que, de futuro, tias escureçam completam: nte. Al- gumas entretanto são mais claras, de maneira que a variação do colorido, veri- ficado em exemplares adultos, também pode sír observada já nestes filhotes. RESUMO E CONCLUSÕES De posse de 1:111 lote apreciável de aranhas caranguejeiras, do gênero- Pamphobetcus, capturadas nas Ilhas dos Alcatrazes, São Sebastião, Queimada 126 EM TORXO DAS TRES ESPÉCIES INSULARES E PRAIANAS DO GÊNERO PAUPHOBETEUS POCOCK. 1901 Grande e nas praias da ir.esma região, concluimos que as espécies P. plfltyomnta, P. ipsularis e P. masculus constituem uma só espécie, para a qual deve preva- lecer o nome de P. platyomma Mello-Leitão, 1923. ABSTRACT The large collection of bird-spiders {Mygaíotnorphae) of the ganus Pamphobctcus, made in the islands of Alcatrazes, São Sebastião, Queimada Grande and in the coasts of Atlantic ocean of the State São Paulo, is studied and províd that the three species — P. platyomma, P. insularis and P. masculus are really cnly 1 specimen, named P. platyomma Meüo-Leitão, 1923. ZUSAM .M E.NFASSUNG Xachdem in unsertr ersten Arbeit (1) saemmtliche Pamphobeteusartcn, die auf dem brasilianischen Festlaaide vorkommen, durchgearbeitet wurden, imd neue, konstante, ArtuntersclieidungsnKrkmale festglegt «airden, wird nun, auf -Grund derseiben Mtrkmalc naeher auf die drei noch urbrig bleibenden Arten dcsselben Genes naeher eingegangen. Es handelt sich um .Xrten, die von den verschiedenen Auktoren, ais nur von Inseln herstammtnd, beschricben wurd;n. P. platyomma MeÜo-Leitâo, 1923 (2) wurde von der Insel São Sebas- tião, die nordoestlich von Santos, ganz nahe der Paulistaner Kueste, liegt, bescbrieben ; P. iusularis Mello-Leitão, 1923, stammt von der “Ilha Grande”, die ebeiifalls ganz nahe der Kueste liegt und díiu Staate von Rio de Janeiro angehoert; P. masculus Piza, 1939 kommt (3) von der Inselgreppe, die Alca- trazes benaniit wird und die ungefaehr gleich weit entfemt ist sowohl von der Stadt Santos ais von der Insel São Seliastião, wobei sie ungefaehr 40 Kilometer vom Festlande entfernt im Meere liegt. Die beidín ersten neuen Arten waren bisher nur je in einem einzigen Wcilnrhen bekannt und die letztere nur in einem Maennchen. Das ist auch der Grund, warum die Vtrfasser neue Arten aufgestellt hatt:n, ohne zu ahnen, dass es sich bei diesen drei Spezien schliesslich nur um eine einzige Art handelt. An Hand von ueber 60 Exemplaren. die sowohl von den genannten Inseln ais auch von den gegenueberliegendtn Strandzonen, herstammen, werden nun die drei Arten untersucht, wobei wier unser .■\ugenmerk auf die konstanten Artmerkmale richteten. So konnten wir feststellen, dass den drei Arten folgende Mas.se, die artausschlaggebend sind, gemeinsam zukominen : 10 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mcin- Tnst. Batantan. ^1:117-136, Abril 1949. W. BüCHERL 127 1 . Die Patellae und Tibiae des vierten Beinpaares sind imnier laenger ais die des ersten, Beinpaares (Tabellen Xo. 1, 2 und 3). 2. Der Cephalothorax ist bei den Weibchen immer laenger ais die Pa- tellae und Tibiae sowohl des vierten ais auch des ersten Beinpaares und bei den Maennchen immer kuerzer (sekundaerer Geschlechtsun- terschied) (Tabellen Xo. 1, 2 und 3) ; 3. Die Faerbung des Oberkoerpers ist dunkel einfabrig, braunschwarz oder stark dunkelbraun; die Unterseite (Stemum, Hueften der Beine nnd Bauchseite) ebenfalls einfarbig dunkelbraun bis fast schwarz. (Kolorierfe Zeichnungen Xo. 2-Maennchen, und 3-\\'eibchen). Der ganze Koerper, hauptsaechiich jedoch die Beine, besonders die letzteren und das .Abdômen dicht mit langen schuettercn geibroten Haaren besetzt. Maennliches Kopulationsorgan (Tafel 2-a) rot bis rotbraun, mit einer seitlichen Apophyse nahe des Endes. Ausser dieser Grundfarbe wurden auch Exemplare, sowohl Maennchen wie Weibchen, gefangen, dercn Farbe vom Dunkel allmaehlich ins Hellere, Graue (Tafel 1-c), bei anderen Exemplaren ins Helibraune (Tafel 1-a) uebergeht, wobei alie Stufen der Zwischenfarben vorhanden sind. Diese Farbschattierungen mressen wohl regionaer bedingt sein. Sie finden ihre Erklaerung eimal durch den Charakter des Inselklimas, sowie durch die niedere Lage der Insein und des heissen, feuchten Klimas. Tatsaechlich sind schon 4 Tiere, die lebendig von den Insein irtitgebracht ^\■urden und sich nun schon seit 7 Alcnaten in Behaeltem be finden. viel dunkler gewordcn. Da ausserdem auf der Insel dos Alcatrazes auch einige Exemplare von P. cestcri gefangen wurden, so koennte man auch an Hybridismus denken. Es bleibt jedoch kein Zweifel, dass die drei genannten Arten identisch sind. Sie muessen P. platyomma Mello-Leitão heissen, da dieser Xame Proiri- taet vor den beiden anderen Xamen, vor visularis um einige Seiten desselbén Buches, wr masculus um 16 Jahre besitzt. BIBLIOGRAFIA 1. BücherI, lí'. — Memàríis do Iiutiluto Bulanlan, 20:233-282. 1947. 2. Mello-Leilão, C. — Rcv. Muí. Paulista, 13 ;225-242, 1923. ■3. Pha, S. T. — Rev. de Agricultura, Piracicaba, 14:4.6, 1939. 11 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 t ? » » t' ? t ? t «V <í ,/ .í d“ 6 1 J* n 1» ir Tabela No. 1 Pamphobeleus flatyomma ó machos 9 fcmeas Relação das medidas dos comprimentos do ccfalotora.\ e das patclas e tíbias do primeiro par de patas. Relação de comprimentos entre as patelas e tíbias do primeiro e do quarto par de pernas Pamphobeleus platyomma 9 fêmeas Pamphobeleus cesleri Q machos Pamphobeleus plalyomma ê machos Pamphobeleus cesleri ^ fêmeas 13 EM TORXO DAS TRES ESPÉCIES INSULARES E PRAIANAS DO GÊNERO PAMPHOBETEUS POCOCK, 1901 2i . r i ji W. BCCHERL Desenho colorido Xo. II — PaiiiplwbcUus flatyomma, macho, vendo-se em cima o cômoro ocniar com a disposição dos olhos e em hai.xo o bulbo do orgão copulador (a). SciELO Mem. Inst- Butantan. 2I;117-U6, Abril 1949. W. BÜCHERL ]35 Desenho colorido Ao. III — Pamfhohetnis plalyotnma, fêmea, vendo-se o tomoro ocular com a disposição dos olhos. 19 t>J Vi Mem. Inst. BuUnUn. 21:23;-H4, Abril 1949. L. DOURADO 137 CONTRIBUIÇÃO AOS PROCESSOS DE FIXAÇ.ÃO DO COLORIDO* VERMELHO E VERDE DAS SERPENTES BRASILEIRAS POR LAUREANO DOURADO (Da Secção de Zoologia e Museu do Instituto Butantan, São Paulo, Brasil) Ein o laboratório de taxidermia do museu do Instituto Butantan, as serpentes são preparadas para conservação em meio liquido ou em estado seco. ou então são retiradas as p;les e conservadas sêcas. Obedecendo às técnicas já clássicas, nenhuma dificuldade há na consírvação das cores naturais das serjjentes venenosas c não venenosas, cujo colorido é for- made essencialmente de tons pretos, castanhos, cinzas e outras tonalidades entre o marron e o amarelo escuro. Xo tocante às corais, venenosas ou não, cujo colorido é cssencialmente ver- melho. e às cobras verdes, os métodos habituais não satisfazem, pois, nKsmo em ambiente escuro, as cores esmaecem até o desaparecimento. Das muitas tentativas que temos feito para solucionar este problema, chega- mos ao estalielecimento de uma técnica que é o objeto da presente comunicação. MATERIAL E .METODOS .As modificações das técnicas para a perfeita constrvação das cores vermelha e verde, foram empregadas no seguinte material: Micrurus froutalis Mterurus Icinuiscatus 4 Oxyrrhopits trigeminus 3 Erythrolatuprus aesculapii 1 Sitiiopliis rhinostoma 3 Philodryas olfersii 1 Boa canina 1.' lolc: pcks vermelhas conservadas sêcas. 2’ lolc: peles verdes, conservadas sêcas. Recebido para publicação em 25 de outubro de 1948. 1 138 PROCESSOS DE FIXAÇAO DO COLORIDO DAS SERPENTES BRASILEIRAS 2 Elpponwrpbus tricolor 2 Oxyrhopus trigcminus 2 Micrurus corallinus 3 Micrttrus frontalis 1 Erythrolojnpnis acsculapii 3 Philodryas olfcrsii 3 Philodryas acstmis 1 Doa canina 3.’ lote: cobras inteiras, conservadas em meio líquido ou em estado sêco — vermelhas. 4.’ lote: cobras inteiras, verdes, con- servadas em miio líquido ou em es- tado sêco. Este total de 36 sirpentes, verdes e vermelhas, apresenta-se em perfeito estíidi) di conservação das cores naturais, datando alguns exemplares já de 7 anos. a) Modificação do processo de Hochstetter, substituindo a parafina sólida pela parafina liquida, para peças a serem conservadas em meio líquido: O processo clássico de Hochstetter, já modificado por divjrsos autores para sirvir mais de perto esta ou aquela finalidade visada, tem-se revelado tamliém parii nós um método ótimo para a conservação das ccris para peças embalsamadas c censervadas a sêco. Assim, jiara estas peças, adotamos também o mesmo pro- cesso Tínhamos, entretanto, a necessidade ds conservar muitas peças em meio liquido, tanto papa os mostruários do Museu do Butantan como para servirem para futuros estudos. Para estas últimas modificámos o processo de Hochstetter da .seguinte maneira: 7. fixação: Praticam-se várias pequenas incisões na região ventral da cobra, para facilitar a penetração do fixador. Extrai-se a vesícula biliar. Inje- ta-.se formol a 15%, com o cuidado de que ele penetre em todas as partes do corpo. 2. Desidratação: Após a fixação desidrata-se a cobra pela série de alcoolis (a 60%, 75%, 85%, 90%, 96% e 100%), permanecendo cerca de 2 dias cm cada concentração e renovando-se 2 a 3 vezes o álcool absoluto. ' 3. ConserzKição: Conservar a cobra, depois de completamente desidrata- da, em parafina líquida, de boa prccedencia, tendo-se o cuidado de trabalhar com cuidados e assepsia, esterilizando antes, por fervmra, o recipiente em que vai ser conservada a serpente. Fechar este recipiente herméticamente, de maneira a evitar a formação de bolhas e cultura de cogumelos. É este o método, simples e facil, para a perfeita conservação do colorido ■vcne.elho das serpentes. Sómente o correr do tempo nos afirmará se realmente o problema foi solucionado. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. BuUntan. 2I;237-144. Abril 1949. L. DOURADO 139 b) Conscrzvção do colorido verde rm scr(>cutcs: A consenação do colorido vírde de serpentes em peças sêcas ou guardadas •em meio liquido é, antes de mais nada, ema questão de fixação. Experimenta- rnios, sem grandes resultados, quase todos os fixadores comuns, como o formol, o akcol, o ácido acético, etc. O Duboseq-Brasil (ácido pícrico 5g: formol 30Ccc; álcool a 8 O 5 Í» 750cc; ácido acético 75cc), demonstrou possuir propriedades fixadoras do colorido verde basUiUte satisfatórias. Após as necessárias incisões ventrais e a ablação da ve-, sÍCTih biliar, a serpente é colocada neste fi.xador, permanecendo nêle entre 3 a 10 dias, segundo seu tamanho. T’ara o bom êxito desta técnica é importante retirar completamente o ácido qiicrico, o que é conseguido, por banhos sucessivos da peça, por uma solução de 4% de iodo ressublimado, por tempo equivalente ao da fixação. Restaura-se, finalmente, o colorido original, por novos e sucessivos banlios em ama solução aquosa a 2*yc de hipossulfito de sódio cristalizado, durante o •período de 5 horas a 1 ou mais dias. sígundo o volume da serpente. A cpnservação, feita igualmente sob condições assépticas e cm vidro esteri- lizado. poderá ser num dos dois .seguintes líquidos conservadores: 1) Kaiserling (acetato de potássio 200 g; glicerina -100 g; água 2.000cc) ; 2) Schidtz (acetato de sódio 300 g: glicerina GOO g; água l.OOOrc). RESUMO O método de conservação de Hochstetter é modificado c adaptado ao meio liquido para a conservação do colorido vermelho das cobras corais brasileiras. "O Duboseq-Brasil é também introduzido como fixador muito bom para o colo- rido verd: das cobras. abstract The Hochstetter’s preservations-nuthcd is modified to liquid conservations niedium for the conser\-ation of red colour of the Brazilian coral snakes. The Diboseq-Brasil is also introduced as a wery good fixativ colour for the .green colours of the snakes. cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 140 PROCESSOS DE FlXAÇAO DO COLORIDO DAS SERPENTES BRíVSILEIRAS ZÜSAMMENFASSUNG An Hand von grossen Mengen brasilianischer gruenen und roten Schlangen- und nach 5 bis 7 Jahren von Beobachtungen, wird dargelegt, dass es gelunger ist. die Kaiserling’sche Embalsamierungsmethode auch fuer die roten Korallens chlangen anzuwenden und diese in fluessigem Médium mit guter Farbkonser- vierung zu erhalten. * Zu definitivín Erhaltung der gruenen Farbe in ingendeinem fluessigen Kon- servierungsmedium, werden die Schlangen zuvor in Duboscq-Brasil gut fixiert, die Pikrinsaeure mit resublim ertem Jod wierder herausgeholt und die natuer- liche Farbe mit Natrium-Hj-posulfit wierder restauriert. BIBLIOGRAFIA 1. Bücherl, W. — Compêndio de Técnica Microscópica, S. Paulo, 1943. 2. Daükes, S. H. — The Medicai Museum, London, 1900. 3. Hochsleller, F. — Die Utnschau, 31:650-652, 1927. 4. Koiserling, C. — Bcrliner Klinische IFochenschrift, 33:775, 1896. 5. Kaiserling, C. — Verhandiungen der Deutschen Pathologischen Geselischaft, 2:203-217, 6. Meyer, 1. R. — Preparação c montagem de peças anátomo-patológicas. Arquivos do- Instituto Biológico, 6:257, 1935. (Trabalho af-rescnfado pcla Secção de Zoologia- e Museu do Instituto Butontan, sob a direção do dr.. IVolfgang Bücherl). cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mein. Inst. BuUotan, :i;2J7-144, Abril 1949. L. DOURADO 141 Fic. 1 Pele de PkiloJryaj olfersii fixada com Dubo«cq-BrasiI. apresentando-se com sua côr natural. Flü. 2 Pele de Pkiloãryat olftrtii não fixada, apresentando-se aaulada. 5 Mcm. Inst. Butantan, 21:145-152. Abril 1949. L. L. VELI-IXI 145 O USO DA PENICILINA NA PURIFICAÇÃO DA LINFA VACINICA POR L. L. VELLIXI (Do Laboratório Vacinico do Instituto Butantan, São Paulo, Brasil) INTKODUÇAO Os pesquisadores interessados no preparo da linfa vacínica de origem animal, têm empregado vários métodos físicos, químicos e biológicos para isen- tá-la da flora secundária. O emprêjo da penicilina, nos vários setores da bacteriologia, trouxe as primeiras investigações de purificação da linfa vacínica, embora o meio glice- riiiado pudesse ser possível entrave á sua ação. Todos os autores estão concordes que a penicilina não ataca o vúrus vaci- nico em nenhuma de suas propriedades biológicas. Cassio Miranda (1), usando penicilina na purificação da polpa, chegou á conclusão de que a penicilina mais glicerina pode se tornar um método corrente de purificação da vacina anti-variólica. J. B. Rirarola (2), com o mesmo in- tuito, empregou caldo de cultura de Pcnicilium notatum, diminuindo para 80 o número d; germes por cm* em 15 dias de frigo, e, continuando seus estudos com A. Canese (3), concluiu que a penicilina possui evidente ação seletiva e permanente sobre a flora de contaminação da linfa vacínica especialmente sôbre a flora de contaminação Gram Positiva e esporulados soprofitos, diminuindo outiossim os processos anormais observados frequentemente com o uso de linfas dep-.iiadas por outros métodos quimicos. Morin e Turiotte (4), colaborando nesse mesmo sentido concluem que as polpas com estafilococos hemoliticos e bacit rias anaeróbias, que, por isso seriam descartadas, podem ser usadas, após trata.Tiento com a penicilina, estando em poiKos dias isenta dos principais micró- bios, com exceção dos bacilos Gram Negativos. R. Fasquelle (5), citado por P. Nelis, resumiu seus trabalhos dizendo: sem efeito sobre o virus, a penici- lina adicionada á vacina á razão de 1.000 U. O. por cm*, permite obter rapida- mente uma csleriliMçõo aparente da mistura. Se a polpa penicilada fór conser- vada cm geladeira durante 15 ou 30 dias tudo se passa como se fôra destruído Recebido para publicação em 7 dc dezembro de 15M8. cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 146 o uso DA PENICILINA NA PURIFICAÇÃO DA LINFA VACiXICA O estafilococo. P. Xelis (6) iniciou suas pesquisas usando como téste de expe- rimentação a penicilinase. Seus expsrimíntos. feitos sob vários aspectos, per- mitiram a que concluisse: 40.000 U. O. de penicilina são insuficientes por cm* para esterilizar a polpa com Staphylococcus aurcus. Resolvemos verificar, no Laboratorio Vacínico do Instituto Butantan. a pos- sibilidade de isentar a polpa vacinica de sua flora secundária por meio da peni- cilina, sem prejuizo do podrr imunogênico do virus. MATERIAL E MÉTODOS 1 — Polpa Os nossos ensaios com penicilina foram iniciados, com ua polpa \-acínica do estoque, que, respondendo aos testes de laboratório como patogênica a co- baios, fôra impugnada. Sua flora aerobia. contada por várias vezts e em várias dib.ições em placa de agar simples, mostrou uma variação entre 400.000 e 600.000 colônias por cm*, explicável pela impossibilidade de se obter uma trituração e ta- mização que garantam a perfeita homogeneidade de amostra. A cultura anaeró- bia desta polpa é exuberante já nas primeiras 24 horas, e, com 10 dias de estufa a 37*C. mata cobaio com 1 cm* das diluições 1 :10 e 1 :100, em 24-72 horas. Sub- metida á ebulição durante 5 minutos e resemeada em Tarozzi, com 10 dias de estufa a 37”C. mata cobaios com 1 cm* das diluições 1 ;10 e 1.100, em 24 horas. 2 — Penicilina Usamos em nossas experimentações. Penicilina sódica de procedência ame- ricana. Em frascos escuros, distribuimos : polpa -j- penicilina -f- agua distilada (em quantidades crescentes) homt^enizando pelo liquefator. Frigo a — 10*C. A dose inicial de penicilina é de 500 U. O. por an*. Após 5 dias de frigo mais 500. e, após 10 dias 1.000 U. O. por cm*. Após um periodo de 30 dias, distribuição em capilares e em frascos menores — 20 cm*- para controle em meio ambiente, visando confrontar os resultados das contagens. PROTOCOLO XOl. I Frasco I Polpa glicerinada 100,0 cm* 50.000 U. O. 50.000 U. O. 100.000 U. O. Penicilina cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mcn. Inst. Butantan. 21:145-152, Abril 1949. L. L. VELI.IXI 147 As contagfns eni placa iniciaram-se após 5 dias da ultima adiqão, estando portanto com um total de 2.000 U. O. por cm^. Tempo de eonlaclo em frigo a — lO^C .VuMicro de colônias em phea opôs: 24 horas 1/f horas 72 hores 5 dias 15.130 X X 9 dias 60 10.405 15.312 11 dias 11.750 14.700 15.750 16 dias 105 10.550 145.850 23 dias 17.805 115.116 253.260 32 dias 1.000 1.000 1.000 Semeadura de 1 an^ de diversas diluições, em placas de agar simples e mantidas em estufa a 37 C. O numero de colônias é representado pela média das diversas contagens nas diver.sas diluições.' PSOTOCOLO Xa II Frasco II Polpa g.icerinada Penicilina Agua distilada 100.0 cm» 50.000 U. O. 50.000 U. O. 100.000 U. O. 10,0 cm» Nas mesmas circunstancias que o protocolo I Tempo de eonlaclo em frigo a — lO^C Kumero di. eoiânias cm placa após: 24 horas 4S horas 72 hores 5 dias 735 X X 9 dias 45.050 54.Õ47 58.931 11 dias 2.650 5.250 5.250 16 dias — 2.000 240.000 23 dias 12.130 238.509 2.t8.635 32 dias — — 6.000 3 Mem. Inst. Butastan, ■21:145-152, Abril 1949. L. I.. VELLIXI 149 Da linfa vacínica, distribuída em capilares e cm meio ambiente, fizemos •conlagens obtendo os seguintes resultados: Tempo em ambiente Frasco I Frasco 11 Frasco III Frasco IV 24 horas 216.000 152.000 147.000 17.000 48 horas 255.000 267.000 152.000 151.000 72 horas 267.000 291.000 263.000 157.000 As contagens foram feitas nas mesmas circunstancias indicadas no pro- tocolo I. Da linfa vacínica distribuída em frascos com 20,0 cm* e mantida em tem- ;píratura ambiente obtivemos os seguintes resultados: Tempo em ambiente Frasco I Frasco II Frasco III Frasco IV 24 horas 37.000 55.000 63.000 17.000 48 horas 66.000 121.000 107.000 151.000 72 horas 400.000 155.000 160.000 157.000 As contagens foram feitas nas mesmas circunstancias indicadas no pro- -tocolo I. Afim de sabermos da atividade do virus vacínico, confrontamos a polpa penicilada e mantida em geladeira com uma po^pa não penicilada do nosso esto- que € sabidamente ativa por testes anteriores, obtendo: Polpa tratada pela penicilina Polpa não tratada pela penicilina Coelho No. 85 XXXX .... Coelho No. 108 XXX Coelho No. 53 XXX Coelho Na 1615 XXX Coelho No. 2316 XXXX Coelho Na 1119 XXX Usamos as diluições usuais do nosso laboratório, 1 :1000 e 1 : 10.000, obtendo ■confluência na reação em ambos os lotes. A revacinação como teste de próva, foi negativa para ambos os lotes, pro- 'vando dest’arte a imunidade dos coelhos. 5 150 o uso DA PENICILINA NA PlRIFIC.\ÇAO DA LINFA VACINICA RESULTADOS \ Analisando os resultados das contagens dos frascos mantidos no frigo a- — 10”C, verificamos uma grande discordância e uma variabilidade de contagem a contagem, o que vem demonstrar que, embora a penicilina presente, a dificuldade de ação mesmo bacteriostatica se faz sentir, quer pe'a glicerina, qu:r p:los frag- mentos de epitélio que passam pelo tamiz. As contagens feitas com a linfa vacinica distribuida em capilares, da fórma a f[ue são usualmente utilizados, demonstraram uma pequena queda no numira de colônias, que. no entanto, não pode ser atribuida á penicilina, pois contagens feitas com capilares distribuidos com vacina não penicilada também demonstram variaqões bem acentuadas. A linfa \‘acinica distribuida em pequenos frascos, contendo 20,0 cm3, de- moi strou a mesma variabilidade que nos dtmais ensaios, dando no entanto para o Fiasco I uma contagem tão grande quanto a polpa natural não tratada. .V atividade do virus vacínico, comprovada em coelhos, nos deu resultados nitidos, pois que. revacinados, responderam negativamente em confronto com o do téste, mantido e vacinado nas mesmas circunstancias. COMENT.\RIOS .•\ possibilidade de melhor homogenização, e, portanto, mais direta ação da penicilina, que pensavamos obter, adicionando agua distilada, não foi fator que merecesse maiores atenções. Os trabalhos que até certo ponto seguiam um ritmo afirmativo, tiveram em Fasquelle e Xellis afirmativa que corroboramos para os germrs aerobios, visto como as nossas semeaduras em Tarozzi tornaram-se estereis após GO dias da ação da penicilina em frigo a — 10'C. o que vém em parte confirmar os tra- balhos de Morin e Rivarola. 0 poder piogênico de certas espccies de estafilococos presentes na linfa vacinica, se manteve ativo para coelhos, respondendo sempre que inoculados pela via subcutânea á formação de abcessos, dando mostras de que sobre certas raças de estafilococos a penicilina exerce in zntro ação diminuta oa nula nas circunstancias . jararaca 0,032 B alternata 0.070 B. airox 0,080 B. jararacKSsu 0,050 B. ncitiíicdii 0,035 B. cotiara 0,070 2 Mcm. Inít. BuUntan. 21:153-178. Abril 1949. J. B. ARANTES i C. H. BRAXD.AO 155 Üs animais examinados sofreram variado número de imunizações, deta- Ihando-se, no quadro I. as relações existentes entre essas imunizações e as duas verificações procedidas. QUADRO No. I Primeira verificação Segunda terificação Imuniscção anterior ao exame Animais Xo. Imutticação anterior ao exame Animais Xo. Nenhuma 260-J08- 318-319- 320-343- 350-367- Nenhuma 319-338- 341-350- 367- Uma 338-341- 289- Uma 6-9-24-27- 36-260-289- 320- Duas 9- Duas 18- Trêj 6- — — Quatro 31- — — Cinco 29- — — Dez 24-27-36- — — Treze 18- — — RESCLT^VDOS .•\naIisando-sc, pelos gráficos Xo. 1 a 19, os resultados da primeira verifi- cação vê-se que o titulo dt antiventno-jararaca nunca correspondí exatamente aos (los outros anticorpos produzidos simultaneamente, no decorrer da imuni- zação. sendo o animal de Xo. 18 exceção única- Alem disso, nos dezenove animais, em regra, encontramos sempre um outro antiveneno com título, se não mais elevado, pelo menos igual ao padrão; então no primeiro caso onze animais, > 156 ANTIGEXOS E ANTICORPOS BOTRÔPICOS. I) 6-27-29-31-36-320-338-341-343-350-367, e no segundo um, 289; sómente em 6 animais, 9-24-260-308-319, é que se encontram maiores titulos para o antiveneno jamrra, e, assim mesmo, por pequena diferença. Os titulos considerados médios, de 1,1 a 2,0 mg, abrangem a maior parte dos resultados alcançados (Quadro II-A), excetuando-se os correspondentes ás Bothrops neiezciedii e cotiara. A fraca antigenicidade do primeiro desses dois venenos é patente: apenas um único animal. Xo, 29, apresentou dosagem superior á média: 2,1 mg. Quan- to ars resultados obtidos com o segundo, já não poderemos dizer o mesmo, pois parecem obedecer á norma geral de imunologia, que estabelece relação quantita- tiva entre o antigeno injetado e anticorpo produzido. Comparando-se as dosa- gens dos dois anticorpos, notam-se índices maiores para o antiveneno-cotiara em 12 (animais Nos. 9-24-36-260-308-318-319-320-332-341-343-350), igual em um (animal No. 18) e inferiores em seis (animais Nos. 6-27-29-31-289-867), ou seja, 63,15%, 5,26% e 31,57%, respectivamente, e a existência constante de titulos sempre superiores a 0,5 mgr, o que não acontece com o antiveneno-neu- wiedii. Na segunda verificação, observa-se, inicialmente, que houve melhora evi- dente na resposta imunitária, traduzida pela obtenção, em percentagem maior, de titulos mais elevados; apezar de diminuir o número de animais encontram-se índices maiores para as dosagens superiores ás médias (Quadro II-B). A se- guir, nota-se que os valores de antiveneno- jararaca são inferiores aos de outros antWcnenos na quase totalidade dos casos; é suplantado pelo antiveneno-atrox em dez (animais Nos. 6-9-18-27-36-260-289-319-341-350), pelo antiveneno- jararacussu em dois (animais Nos. 338-367), pelo antiveneno-alternata em um (animal No. 320) ; sómente no animal No. 24 é que encontramos igualdade entre o antiveneno padrão e um dos outros valores an ti peçonhentos. Relativamente á semelhança existente entre as curvas que nos gráficos re- presntam os resultados das duas verificações, deduz-se, pelo confronto das mes- mas, que apenas em quatro casos essa semelhança ocorreu — animais: Nos. 9- 24-338-341, sendo flagrante a desigualdade apresentada pelo animal No. 18- A fraca antigenicidade do veneno de B. ncinacdii parece confirmada, sendo, como foi, o único a produzir titulo inferior a 0,5 mg (Quadro II-B) ; por outro lado, a provável melhor capacidade antigenica da B. cotiara em relação a c^se veneno manifestou-se outra vez, registando-se titulos superiores cm sete casos, (animais Nos. 9-24-36-320-338-341-350), dois idênticos (animais Nos. 27-260) e cinco inferiores (animais Nos. 6-18-289-319-367), ou seja, 50%, 14,28% e 35,71%, respectivamente. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. Butantan, Í1:1S3-178. AbrU 1949. J. B. AKANTES & C. H. BRANDAO 157' Por sua vez os vermes da B. jararacussu e da B. aJtcrnala aparecem-nos como antigenos comparáveis ao da B. jararaca, sendo que o da primeira dessas duas especies revelou-se antigenicamente superior ao segundo. De fato, na primeira verificação encontramos \-aIores superiores para o antiveneno- jararacus- su, comparativamente ao antiveneno-altemata. Na segunda verificação, essa superioridade confirmou-se, pois registamos apenas um caso com dosagem com- preendida entre 0,5 e 1,0 mg (animal No. 289) enquanto que houve quatro animais nos quais o antiveneno-altemata ficou entre esses limites; além disso, em dois casos, o antiveneno-jararacussu atingiu titulos que não puderam ser alcançados pielo antiveneno-altemata (Quadro II-B) . O animal No. 341 (Gráfico No. 16) apresenta-se como caso único, no dec( rrer desta experiência. Confirmando, inicialmente, a suposição de que não é possivel representar, exatamente, pelo antiveneno-jararaca o titulo dos outros anticorpos específicos; em seguida pelo fato singular de nele se manterem quase no mesmo nivel, os titulos de todos os anticorpos, tanto num como noutro exame; finalmente, sugerindo pela pemianencia de um só anticorpo especifico prals-amente no mesmo teor, que os resultados da imunização anti-botrópica polivalente parecem depender de factores estritamente indiriduais. Talvez esteja aliada a esses factores a antigenicidade melhor do veneno da B. alrox; nos dezenove animais e.xaminados, especialmente na stgunda verifi- cação, temos a impressão de que essa superioridade, de fato, existe, como de- monstra 0 estudo comparativo das partes A e B do Quadro^ II. Esse mesmo quadro indica também que a rc-imunização melhora, de modo geral, a produção dos anticorpos; essa melhoria é evidenciada pelo confronto do quadro No. 4 onde se reproduzem os resultados das duas verificações feitas em três animais, adrede escolhidos, pois elas são coincidentes com a primeira imunização e primeira re-imunização, respectivamente. Nota-se que, nesses exames, os antivenenos-atrox e jararacussu revelam, mais acentuadamente do que o antiveneno-jararaca, os bons resultados da segunda imunização. comentArios Dos resultados de nossas pesquisas, deduz-se que a aferição dos soros anti- botrópicos p)olivalentes exige, para ser precisa, a titulagem de cada um dos anti- corpos esp)ecificos neles contidos, pois, normalmente, os titulos dos seis anti- corpos são diferentes, altemando-se os seus valores com as imunizações sucessi- vas Apezar das dificuldades que essa modificação traria jara o método de dos.^amento em vigor, tornando obrigatória a avaliação de-psr-si dos anti-corpos especificos existentes nos soros de cada animal imunizado, evitar-se-ia o apareci- mento das diferenças que surgem forçosamtnte no produto final, representado. Sempre, pela mistura de vários soros contendo valores antipeçonlientos os mais cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 158 AXTICEXOS E ANTICORPOS BOTRôPICOS. 1; diversos. O gráfico No. 20, representativo da aferição de um soro pronto para uso terapêutico, eridencía essa falha, pois, na sua dosagem, só se levou em consideração o teor de antiveneno-jararaca, como de regra, aliás. Ultrapassando, de muito, os inconvenientes assinalados, surgem, em primeiro lugar as vantagens de tornar-se o tratamento dos addentes ofidicos mais seguro, livre dos riscos de ocasionar neutralização insuficiente dos venenos inoculados por certas Bothrops, o que oceoreria, por exemplo, se com o^sor-), cuja dosa- gem figura no gráfico Xo. 20, pretendessemos tratar envenenamento produzido por B. nctncicdii ou D. coliara (*). Com efeito, devemos considerar que em- bora a preponderância da H. jararaca, no gênero Bothrops, seja fato inconteste em quase todo território brasileiro, não ocorre o mesmo, sempre, em alguns pon*cs do pais. como em Mato Grosso, no Rio Grande do Sul, no Paraná e em Santa Catarina onde as espicies mais frequentes são, respectivamente, B. ncit- nvicdii, B. cotiara c B. altermta (4-5) tomando, pois, indispen.savel a real efi- cácia polivalente dos soros anti-botrópicos. Além disso, há a considerar o lado econômico, dado que, levando-se em conta apenas o antiveneno-jararaca, des- prezam-se titulos especificos muito elevados, como aconteceu no caso dos ani- mais Nos. 320-341-367, (gráficos Nos. 14-16-19) cujos soros, adicionamos a outros, iguahnente ricos nos restantes antivenenos, produziriam, mais rendosa- mente. mistura polivalente de alto teor. Quanto á possibilidade de se prepararem soros mono\-alentes especificos objct’vando-se remover os incovenientes acima mencionados, e facilitando, con- sequentemente, a preparação dos soros polivalentes (suprindo-se as deficiên- cias das misturas polivalentes pela adição de quantidades adequadas de an- ticorpo monovalente) jrarece-nos questão ainda a resolver jrois, em trabalhos que serão dados á publicidade, verificamos ter-nos sido impossivel obter so- ros nwnovalentes não só estritamente especificos, como tamliém possuidores de titulos altos, embora tivéssemos usado os mesmos antigenos que vieram a servir para a preparação da mistura irolivalente utilizada na imunizlação dos dezenove animais da presente investigação. Ju'gamos. pois. até ser o problema perfeitanKiite elucidado, que a produção dis antivenenos betrópi- cos, em equideos, é problema mais comple.xo do que aparenta á primeira vista, não nos pennitindo, no momento, afirmar qual sejam os fatorrs decisivos do estabelecimento e da manutenção da imunidade anti-botrópica. Não obstante termo-nos utilizado de vmenos padrões de valores desiguais, no que se refere ás suas doses minimas mortais para o poinlio, os titulos encon- trados nos soros dos animais examinados significam diferenças existintes de fato. Isto porque, se convertéssemos o valor dos soros, que é expresso em miligramas de venenos neutralizados, no número de d.m.m. que são contidas (*) Atendemio às extetncias da Fannacopéia Brasileira (6) esse soro contem 40% de excesso de anti-veneno, para lhe prolongar o praxo de validade até J anos. DeduU la essa margem de seguranc^t notais com maior clareza, a insulciéncta dos antivenenos outros que não o correspondente à Jararaca. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 cm 160 AXTIGEXOS E .OTTICORPOS BOTRÓPICOS. I) nesses venenos, reduziriamos essas diferenças a um nivel tal, que leriamos a impressão de não existirem as desigualdades encontradas. Aliás, foi esse crité- rio, o de julgar da atividade de um soro poli^'alente segundo sua capacidade neu- tralizante de determinado número de doses letais, que levou Vital Brazil a es- Iher o veneno da B. jararaca como indicador dessa atividade. Sordelti e Pace.la (7), e Lucas de Assumpção (8), pro\-aram que não existe relação entre a to- xidade de venenos de B. altcrnata e B- jararaca e o seu poder de neutraliza- ção pelos soros anti-peçonhentos respectivamente especificos. Xo decorrer des- tas experiencias tivemos ocasião de ver confirmados os trabalhos desses auto- res ao titularmos os soros dos animais Xos. 341 e 367 com venenos de ati- vidade letal muito diversa. Assim, com o soro do primeiro disses animais, re- imumzado parcialmente com veneno de B. alrox, após a segunda verificação (recebeu sómente 225 mg ds veneno), observamos que com veneno-padrão- ativo (d.m.m. = 0,020 mg), seu titulo neutralizante era igual a 1,8 mg., en- quanto que, utilizando-se outro veneno, muito menos ativo, (d.m.m. = 0,083 mg) o valor do soro passava a ser, apenas, 2,3 mg e não 7.65 mg, como^ poderia parecer; portanto, embora a relação existente entre os venenos seja de 1 :4,25 os titulos dos soros permanecem entre si como 1 :1,27. Com o soro do animal No. 367, então, observamos fato paradoxal já descrito por Lucas de Assumpção (9). neutralização menor, 2,5 mgr, cem veneno de jararaca menos ativo (d.m.m. = 0,090 mg), do que com outro veneno (d.m.m. — 0,032 mg) quando o valor antipeçonhento elevava-se a 2,6 mg. Cabe-nos agora analisar os resultados obtidos por R. Kraus na sua tentativa de elucidar a interessante questão que vimos debatendo. Esse pesquizador titulou- os diversos antivenenos de cinco soros anti-botrópicos polivalentes, concentrados, (na preparação dos quais não figura o veneno da B. cofiara), servindo-se do mé- todo de doseamento denominado “imediato” (10), do qual, juntamente com Rocha Botelho é o introdutor; os venenos padrões empregados eram todos de valer toxico diverso dos que Vital Brazil lançara mão nos seus trabalhos. De inicio, deve-se notar que, além dos soros estudados serem em número reduzido, o método é diferente do original, dificultando extraordinariamente a compara- ção dos resultados. Apezar disso, esses resultados estão em oposição ao firmada por Lucas de Assumpção quando este diz que as diferenças encontradas na titu- lação dos soros com venenos de toxicidadi desigual desaparecem no caso dos soros concentrados, resultantes sempre da nústura do plasma de vários animais (11). Depois, os titulos apresentados por Kraus não exprimem realmente os va- lores neutralizantes existentes, sendo apenas aproximativos, segundo êle próprio esclarece:” Como não se trata de conhecer bem exatamente o valor curativo (porque não tratou de soros para serem aplicados na prática) titulamos de 5 a 10 d.m.” — (sic). A seguir, observamos que as diferenças assinaladas são sempre calculadas segundo o número de doses mortais neutralizadas. Ora, já salientamos que, segundo os trabalhos de Sordelli e Pacella, Lucas de Assump- 8 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. ButanUn. 11:153-178. Abril 1949. J. B. ARAXTES & C. II. BRAXDAO 161 ção, e as nossas próprias investigações, deve-se titular o valor dos soros pelo número de miligramas de veneno que êle é capaz de neutralizar, abstração feita da toxicidade dos venenos (dentro dos limites apresentados, é claro) sem o que não é possível fazermos comparações verdadeiramente significativas. ÍFinal- niente, julgamos muito simplista o plano imaginado por Kraus, para corrigir diferenças encontradas na imunização dos equinos, feitas com antigeno poliva- lente, o qual consistiria na inoculação, separadamente, de cada veneno. Além de não ser possível atinar com as vantagens que decorreriam dessa modifica- ção, devemos salientar que antigenicidade das misturas polivalentes parece ser evidentemente melhor do que a de cada veneno isolado, pois, como dissemos linhas atrás, a nossa experiencia mostrou o quanto é dificil conseguir soros mo- novalentes de altos títulos, apezar de serem as quantidades de venenos especí- ficos injetadas em cada animal, seis vezes mais elevadas, como é obvio. Basta dizer que nenhum dos soros que preparamos atingiu o limite de 1,5 mg, o que é facílimo conseguir-se quando a mistura polivalente c empregada (vide Qiia- dro Xo. III). Xão obstante os resultados colhidos em nossas pesquisas, deve-se admitir que o método de Vital Brazil corresponde,^ ainda hoje, ás necessidades praticas da preparação dos soros anti-lx)trópicòs, e da titulação dos mesmos. Compro- va-íC isso pelo exame do Quadro Xo. III, onde se expressam, em números globais, os resultados das nossas dosagens, agrupadas segundo os diferentes limites atingidos. A preponderância dos valores médios, de 1,1 a 2,0 mg é evidente, pois representam 42,98^0 da primeira verificação e 48,80^ na segun- da, o que é bem expressivo. Acresce notar que o método de dosagem, adotado pela legislação brasileira a respeito, que exige tenham os soros capacidade de neutralizar 1,5 mg de veneno B. jararaca por centímetro cúbico (12), consa- grando, pois, não só a escolha desses limites médios como a do veneno da B. jararaca como padrão, atende, ao mesmo tempo, ás necessidades de prepa- ração dos soros e, embora fortuitamente, ás exigências da terapêutica dos enve- nenamentos produzidos pelas Bothrops. Com efeito, não obstante a prepon- derância de B. jararaca não se verificar sempre em todas as regiões do país, como se sabe, é forçoso reconhecer que as únicas estatísticas seguras de que dispomos sobre os envenenamentos ocasionados jielas serpentes do gênero Bothrops acusam nitidamente o maior vulto dos provocados pela B. jararaca'. 62.67%, segundo os dados coligidos por Afranio do Amaral (13). única res- trição a fazer no momento, á parte o que já foi dito sobre a titulação dos soros, seria relativa á obtenção dos antivenenos tictrzdcdii e coliara, constantemente encontrados com titulos baixos. Acreditamos que a correção dessa deficiência (que não nos parece deva ser imputada ao método), requer inicialmente, para o primeiro deles, investigações cuidadosas acerca da provável deficiência antige- cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 0 10 Mem. Inst. Butantan, 21:153-1-8, AVril 1M9. J. B. AltiVXTES i C. H. BRAXDAO 163 niva do veneno; quanto ao segundo, como já acentuamos, parece que se se elevsse a proporção do veneno de Cotiara, na mistura poliralente, á dos outros cinco componentes, corrigir-se-ia a falha. COXCLU.SÕES I — A titulação dos soros anti-botrópicos polivalentes, pelo veneno B. jararaca, não expressa exatamente o valor dos outros componentes antipeço- nhentos existentes nesses soros. II — Para que a uniformidade e consequente eficácia terapêutica, dos soros anti-botrópioos ftoli\-akntes seja real; seria necessaírio que se dosasse cada um dos anti venenos específicos nêles contidos. Hl — O teor de antivenenos contidos nos soros anti-botrópicos é variável no decorrer de imunizações sucessivas, só conservando a mesma cuna excep- donalmente. IV — Os venenos das B. atrox, B. jararaca, B. jararacussu e B. altenuxta são, em ordem decrescente os que produzem, com maior facilidade titulos mais altos, sendo o da B. neuwiedii o mais fracamente antigenico; o da B. cotiara parece ser tão antigenico quanto os quatro primeiros. V — Os titulos médios, neutralizando de 1,1 a 2,0 mgr por centimetro cúbico, conseguem-se com grande facilidade na imunização polivalente, para a maioria dos antigenos. VI — re-imunização melhora, comumente, os titulos antipeçonhentos. VII — As dosagens dos soros anti-botrópicos devem ser feitos pelo cal- culo ponderai e não pela neutralização do to.xicidade dos venenos empregados. SCM.\RIO Os autores analisaram o método de preparação dos soros anti-botrópicos polivalentes preconizado por Vital Brazil, dosando o teor de antivenenos dos soros de vários cavalos imunizados com venenos das seis espécies de Boüirops maii frequentes no Brasil: B. jararaca, B. atrox, B. altcrnata, B. jararacussu, B. neuzinedii e B. cotiara. A inoculação desses venenos, misturados em partes iguais, com excepção do de B. cotiara que figura em proporção 50% menor, produz antivenenos espe- cíficos de valor variável, em cada imunização e também no decorrer de imuniza- ções sucessivas. Os mais antigenicos são os quatro primeiros citados, parecendo ser o melhor o de B. atrox, enquanto o penúltimo é de fraco poder antigenico.; com referencia ao veneno de B. cotiara é necessário ter em mente a proporção em que ele entra na mistura. Os titulos de antiveneno-jararaca não indicam. 11 164 AXTfGEXOS E ANTICORPOS BOTRÓPICOS. I) de maneira segura, o valor dos restantes anticorpos espícificos existentes nos soros, muito embora o método de dosagem em vigor e adotado pela legislação brasileira determine o valor terapêutico dos soros sómente por esse veneno. Convem, pcis, que os soros polivalentes sejam aferidos pelos diferentes au- tigepos que Ir.es dão nascimento, para maior segurança e eficácia da tera- peut ca de envenenamentos produzidos por certas Bothrops, como os que são c-casxmados pela B. /icinciedii, por exemplo. Os titulos dos soros devem sempre referir-se a miligramas de venenos neu- tralizados, e não á neutralização do poder toxico dos venenos empregados como padrões. ABSTRACT The authors studied tlie method oi preparation of poh-A-alent anti-bothropic sera, deiiásed by \’ital Brazil, determining the amount of anti-venom in the sera of several hores immunized against the venoms of the six most frequent species of Brazil: B, allcniata, B. atrox, B. jararaca, B. jaracacussu, B. nctncicdii, B. cofiara. These venoms which were mixed in in equal parts — with the excep- tion of the B. cofiara venom which ^ras used in smaller proportion (50 less) — produce, on injection, specific anti-venoms of variable \-alue, during each immunization and also in subsequents immunizations. The most antigenic are th~four first-u.tnrinnned, the besí one being the B. afrox venom, whilst the la.-^t but ene has only weak antigenic power; as to the B. cofiara venom one must bear in mind tlie proportion in which it enters into the niLxture. The titers of jararaca anti-venom do note indicate, with reliability, the value of the remaining specific antibodies existing in the sera, although the actual method of dosage aceording íc> the llrazilian legislation determines the therapeutic value of the sera by this venom cxclusively. They rccommi.pc to standardize the pol3valent sera by the different antigens that were used for their production to greater safety and efficacj’ of the therapeuties of poisonings produced by ctrtain Bothrops such as those caused by B. ncincicdii, for instance. The titers of the srra should always be expressed in milligrams of venom that is neutralized, and not by the neutralization of the to.xic power of the venems used as standards. 12 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 M«n, Inst. Butantan. 21:133-178. Abril 1949. J. B. ARíVXTES 4 C. H. BRAXDAO 165 ZUSAM M EN FASSU NG D:e, seinerzíit von Vita! Brazil, erdachte Herstellungsmethode der polyva- Icnten, anti-bothrcpischen Sera wurde von den Verfassem eingehend untersucht an Hand des Gegen Gift Gehaltes der Seren, die von Tieren stammten, die mit den Giftcn der folgenden sechs haeufigsten brasilianischen Bothrops-Giftschlangen immunisiert wurden: Boíhrops jararaca, B. atrox, B. altcmata, B. jaraciissu, B. nctncicddi und B. cotiara. Dies; Giíte, obwohl sie alie in genau gleichen Mengen den zu immunisieren- d«n Tieren eingespritzt wurden, mit Ausnahme erculosc, Recife, Nov. 1 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 180 DA COXSERVAÇAO DA ATIVIDADE DA TUBERCULIXA DILI.TDA EM LIQUIDO DE GOTTSCHALL & BUXXEY PARTE EXPERIMENTAL Foram praticadas reações de Mantoux em 928 pessoas. Estas provas foram feitas indistintamente em homens e mulheres e em qualquer idade, aproveitando assim o servnço de rotina do ambulatório do Dispensário Clemente Ferreira. Trabalhamos com duas populações distintas, uma para tuberculinas fabrica- das em caldo glicerinado, e outras para tuberculinas em caldo Dorset, com o interesse de verificar se o caldo de cultura poderb ter influência sobre os resul- tados finais. A tuberculina Dorset nos foi gentilmente cedida por Adindo de Assis, em outubro de 1947, e a glicerinada foi preparada no Instituto Butantan, partida 24-25. naquela mesma data. A partida 24-25 fabricada pelo Instituto Butantan, foi comparada ao padrão Internacional e a Arlindo -‘\ssis à primeira. As dosagens foram feitas em doentes pela técnica standard. \'eri ficou-se que a partida 24-25 sempre produ- ziu reações com 5 mm para menos que a Internacional e que tuberculina Dorset comportou-se também com menor atividade que a 24-25, como se pode notar no quadro abaixo : Doente Diluição Leitura •/<¥ horas But. 24-25 Dorset .K 1/1000 5 mm 2 mm B — — C ** 20 18 D n 10 5 E 12 5 F 2 O Para cada uma das populações o critério das provas foi o mesmo a saber; as diluições das tuberculinas foram sempre feitas em liquido de Gottschall e Bunney, quer para a diluição recente, quer para a antiga. O diluente foi sempre preparado no momento de ser utilizado. As diluições antigas foram sempre guariladas na geladeira a 5'C em vidro neutro. Todo o trabalho foi feito com assepsia e controle cuidadoso das seringas e agulhas. As reações praticadas com tuberculina diluída recentemente (dia da prova) foram comparadas com as diluídas em tempos variáveis por injeção intra- dérn-.ica de 0,1 cm^ da diluição desejada, na face anterior do antebraço, havendo entre as duas inoculações uma distância de mais ou menos 6 cm. As leituras for; ;m feitas em 48 horas. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 M«n. Ilut. ButanUr.. 21:179-1*6, Abril 1949. J. P. DO AMARAL & R. BRANDI ISl Foram obsen^adas comparativamente as diluições conservadas durante tem- pos variáveis, a saber; 15, 45, 60, 75. 100 dias e 7 mêses; como controle das provas em um lote de pessoas, foram feitas injeções com a mesma tulierculina diluida recentemente nos dois pontos citados acima. Os lotes não foram unifor- mes quanto ao número, pois as possibilidades de um ambulatório são variáveis dia a dia como é conhecido de todos; julgamos porém que êste ponto em nada interfere na ideia geral do assunto. As leituras foram sempre realizadas jicla mesma pessoa para obedecerem a um mesmo critério. A tabela e o gráfico anexos condensam os resultados encontrados. Pela observação dos mesmos notam-se resultados tão variáveis que parecem não ter uma sequência lógica, tanto para a tulierculina glicerinada, como para a Dorset. Xota-se de inicio uma queda da porcentagem dos positivos para a tubercu- lina diluida há tempos; ilògicamente a curva às vezes ascendente continua irre- gular durante todo o tempo estudado. A curva do inicio lembraria muito simplesmente uma perda da atividade, para a tuberculina diluida já com 30 dias; para a segunda fase porém, devemos falar de falsas reações, produzidas talvez jiela desnaturação da tulierculina di- luida. Assim é que pela análise de cada caso estudado, verificamos qu? as reações inespecificas, i.sto é, mais intensas para a tuberculina diluida há mais tempo, já começam a aparecer em diluição de 45 dias na qual em 77 casos estudados se encontra uma maior em 5 mm de diâmetro. Para 60 dias, em luzerculina preparada em caldo glicerinado, em 89 rea- ções, tivemos duas com diferença de 7 mm para mais na diluição antiga, e em caldo Dorset. em 84 casos uma com 6 mm. As comparações das diluições recentes e de 100 dias apresentam resultados bem interessantes, pois em 103 observações com tuberculina fabricada em caldo glicerinado, 5 reações se mostram negativas para a diluição recente, e com 15, 5, 8, 10, e 10 mm para 100, dias, ainda em 14 outros casos as reações recentes foram menos intensas, podendo-se pois falar de 19 falsas reações. Esta mesma compa- ração, feita para a tuberculina fabricada em caldo Dorset, em 41 pessoas mostrou os seguintes resultados: em um caso, reação negativa para diluição recente e cont 5 mm para 100 dias; em 12 outras reações a diluição recente apresentou-se menor que a antiga, tendo-se então 13 falsas reações. Para diluições de 7 mêses em 40 reações estudadas para tuberculina em caldo glicerinado, tivemos duas tm que a diluição antiga mostra reação maior e para a tuberculina cm caldo Dorset em 41 tests, o mesmo resultado jxira 5 casos. Se compararmos êstes resultados com os referidos pila mesma tuberculina injetada em dois pontos do antebraço, cujas reações são pràticamente iguais nos 3 DA CONSERVAÇÃO DA ATIVIDADE DA TUBERCULINA DILUÍDA EM LIQUIDO DE GOTTSCHALL & BUNXEY 'RQaÇCfGS á . 1 ubercLiUna. f^CCuUdiclo# compa.na.tiuod lub««*eultna.* rcc4nt'idro e de calomelano é ajustado antes de cada determinação com o seguinte tampão de fosfatos: Solução .\= 9,078 g por litro de fosfato mono-potássico KHjPO^ Solução B= 9,465 g por litro de fosfato di-sódico XajHPOí Misturando partes iguais destas soluções — que podem ser conservadas sepa- radamente na geladeira durante vários meses obtem-se um pH de 6,80 que serve de ponto de referência para o pontenciómetro. 6) Determinação da concentração de fenol: RE.\TIVOS: a) Solução decinormal de bromo: Dissolver exatamente 2.7837 g de bromato de potássio KBrO* c 10 g de bro- meto de potássio KBr em água distilada e completar o volume para 1000 ml. b) Solução decinormal de tiosulfato de sódio. c) Solução de ácido tricloracético a 20%. d) Solução de iodeto de potássio a 10%. e) Acido clorídrico concentrado. f) Solução dc amido. 8 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mm. In5t. BaUaUn. 21:187-202. AbrU 1919. G. HOXTER k D. DECOCSSAU 195 TÉCNICA: Diluir exaiamente 2,00 ml de sõro a dosar com uns 20 ml de água distilada, juntar 5 ml de ácido tricloracético a 20%, fen-er e filtrar. La\-ar o filtro com mais 5 ml de ácido tricloracético, reunindo laragem c filtrando num frasco de 250 ml com rolha de esmeril. Juntar exatamente 10,00 ml da solução de bromo e 10 ml de ácido clorídrico. Dei.\ar num lugar escuro durante 30 minutos, juntar depois 15 ml da solução de iodeto de potássio e titular contra a solução de tiosulfato de sódio, usando o indicador de amido. CALCULO : Fenol em g por litro = (10 — N) x O^S Tiosulfato de sódio gasto = N ml 7) Determinação da concentração de cloretos: Misturar exatamente 5,00 ml do sóro a dosar com álcool a 90* G.L. até completar o volume de 50 ml num balão volumétrico. Centrifugar a mistura durante 2 minutos. Tirar 10 ml do sobrenadante límpido, juntar algumas gotas da solução de cromato de potássio a 5% e titular contra a solução decinormal de nitrato de prata. Nitrato de prata gasto = N ml Qoreto de sódio em g por litro = N x 5,85 8) Pesquisa de sulfatos e de metais pesados: Precipitando as proteínas com ácido tricloracético, como na determinação do fenol, obtem-se um filtrado que serve para pesquisa direta de sulfatos pelo cloreto de bário e de me- tais pesados pelo sulfureto de sódio. 9) Doseamento do asoto: Determina-se o azoto total no Micro-Kjeldahl em 0,1 ml de sóro, juntando 1 g de oxalato neutro de potássio c 2,5 ml de ácido sulfúrico concentrado para transformar o azoto cm sulfato de amó- nio. A distilação é feita com adição de 15 ml de solução de hidróxido de sódio a 40%, recebendo o distilado em 20 ml de uma solução de ácido bó- rico a 2% que contém algumas gotas do indicador de s-ermelho metila. O borato de amónio formado é titulado contra ácido sulfúrico centinormal. Para determinar o azoto não-proteko, precipitam-se as proteinas com ácido tricloracctico. dosando o azoto no filtrado pelo Micro-Kjeldahl. .'\ diferença entre azoto total e azoto não-proteico dá o azoto proteico que, multiplicado pelo fator 6.25 indica o teor proteico do sóro. Estabelecemos os seguintes limites para os caracteres físico-químicos dos nossos soros: (Valor máximo) cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 196 CONCENTRAÇÃO, PURIFICAÇÃO E CONTROLE FISICO-OLTIIICO DOS SOROS ANTITÔXICOS E ANTIPEÇONHENTOS Densidade a 20* 1,045 \’iscosidade dnemática a 20* 4 centistokes pH a 20* (mínimo 7,0) 7,8 Fenol (mínimo 3g/l) 5 g por litro Coreto de sódio (mínimo 7,5 g/l) 9,5g ” ” Sulfatos 0,2% Metais pesados 0,001% Proteína 15% Azoto não-proteico 0,3% DISCUSSÃO Os processos de purificação baseiam-se nos seguintes fatos: 1) O anticorpo é uma proteína no%-a que se forma no plasma no decur- so da imunização. É estável e conserva suas propriedades terapêuticas mesmo quando separado de outras proteínas plasmáticas. 2) As frações proteicas do plasma são corpos distintos, cada um com sua composição química, com seu ponto iso-elétrico, com sua solubilidade, e outras propriedades físico-químicas bem definidas. 3) Os anticorpos dos plasmas 'equinos (anti-diftcricos, tetânicos, histoliti- cos, oedematiens, perfringens, vibrião-septicos, botrópicos, crotálicos, elapídicos, escorpiônicos, licósicos, e ctcnico), encontram-se na fração que precipita em con- junto com a Y c uma grande parte da p — globulina acima de uma concen- tração de 150 g por litro de sulfato de amónio. 4) Pelas precipitações com sulfato de amónio consegue-se isolar o anti- corpo, contaminado pelas frações adjacentes de P c y — globulina, mas relati- sumente puro, sem modificar as suas propriedades físico-químicas e biológicas 5) Pela ação controlada de pepsina pode-se desdobrar a molécula do anti- corpo, em duas frações diferentes, a maior das quais retêm toda a atiridade terapêutica e c mais termo-estável que a menor. O processo de Pope que se baseia nestes fatos, modifica completamente a molécula do anticorpo, reduzindo-lhe o tamanho e o pêso molecular pela meta- de. A fração ativa tem mais valências secundárias que a outra fração. Em virtude disso ela retém quase 90% dos carbohidratos da molécula original, tor- nando-a mais estável e mais resistente contra a ação litica da pepsina e a desna- turante do calor. De especial interesse são as observações de Glenny e Llewel- lyn-Jones (6) que verificaram que a molécula do anticorpo modificado pelo processo de Pope é absorvida com maior rapidez e eliminada mais lentamente que o anticorpo integral. A diminuição do pêso e do tamanho molecular faci* 10 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Iiut. BatanUn, 11:1*7.202, Abril 1949. C. HO.XTER & D. DECOUSSAU 197 lita a absorção e a passagem do anticorpo pelos \-asos, pois a sua contribuição à viscosidade do sangue é menor. A menor velocidade de eliminação, entretan- to. não tem explicação simples; proràvelmente há um aumento das \-alências se- cimdárias da molécula modificada que desu maneira se liga com maior fôrça aos tecidos ou a outras substâncias do sangue que dificultam a eliminação. Ou- tra vantagem terapêutica do anticorpo modificado é a eliminação parcial da es- pecificidade do animal produtor dos anticorpos. Quando separado das outras frações proteicas pelo sulfato de amónio, o anticorpo ainda conserva todas as características das proteínas do cavalo e pode provocar reações em pessoas sen- síveis a estas proteínas. O tratamento pelo processo de Pope provoca uma mo- dificação da molécula, destruindo quase totalmente as características da espécie equina. Temos assim quatro grandes vantagens do anticorpo modificado sõbrc o anticorpo comum; a) Absorção mais rápida; b) Eliminação mais lenta; , c) Menor incidência de sintomas de doença de sòro; d) Possibilidade de administrar em volume menor de sóro, maior quanti- dade de anticorpo, pois a diminuição do pêso molecular (na difteria: de .... 184.000 para 98.000) e o consequente enriquecimento cm unidades por grama tíe proteína permitem atingir uma dosagem mais elevada. O tratamento pela pepsina, também, diminui a assimetria da molécula do anticorpo; na difteria, a relação entre o eixo maior e o menor, que, no anticorpo não modificado é de 7,0 passa a ser de 3,3. Isto significa sensível diminuição da viscosidade das soluções antitóxicas, facilitando a administração e a absorção. Fizemos a ob- servação que o anticorpo anidro, obtido por liofilização da solução aquosa con- gelada, dissolve-se na água quase sem discontinuidade de fase entre o solvente, a solução saturada e o sólido. .•\s vantagens apontadas compensam perfeitamente as perdas relativamente elevadas que os anticorpos «ofrem. quando tratados pelo processo Pope: jus- tifica-se plenamente essa perda, pois os resultados qualiutivos da purificação, mais importantes que o rendimento quantitativo, cabem no plano cstabc‘ccido pelo Instituto Butantan que se bate principalmente pela qualidade do produto. Xão poupamos esforços para reduzir as perdas c conseguimos verificar que o processo de Pope rende pouco, quando aplicado a plasmas de cavalos recern- -imunizados, melhorando consideravelmente no decurso da imunização. Esta observação encontra apoio nos seguintes fatos: Na imunização há inicialmente um aumento da y — globulina, com formação de um anticorpo muito ávido mas de pequena estabilidade. Depois de um certo tempo de imunização, e na reimunização. forma-se um novo anticorpo que pelas características está mais próximo da P — globulina, apresentando, porém, pêso molecular mais c’evado. Este último anticorpo (às vezes também chamado "fração T’’) é mais estável, 11 1 SciELO IQS COSCEXTRACAO. PfRIFICAÇAO E CONTROLE FISICO-QCIMICO DOS SOROS AXTITóXICOS E AXTIPEÇOXHEXTOS entretanto nienos resistente á ação da pepsina e porisso pode ser desdobrado com maior facilidade para fornecer o anticorpo modificado. Plasma de animal não-imunisado albumina a-g!obulina ^-globulina Plasma de animal recém-imunisado albumina a-globulina (i-globulina Plasma de animal imunisado albumina a-globulina P-globulina Plasma de animal hiper-imunizado albumina a-globulina P -j- anticorpo Y-globulina anticorpo -f- y anticorpo y-glob. y-globulina A pepsina desdobra estas frações na ordem indicada, da esquerda para a direita, começando pela albumina e terminando com a y-globulina que é mais resistente. A cisão da molécula do anticorpo pelo processo de Pope produz um novo anticorpo que pelas características electroforcticas aproxima-se mais da y-giobulina e adquire maior resistência contra a ação da pepsina. (Isso ex- plica talvez a eliminação mais lenta quando injetada em outro animai, quand-a pensamos no papel das enzimas proteolitkas do organismo que tem de destruir a molécula proteica para que ela seja eliminada pelos rins). Também outros autores (7) verificaram que o primeiro passo na digestão é o desaparecimen- to da albumina e a substituição da fração “T” por uma nora componente y. Continuando a digestão, a nora y permanece inalterada, mas as outras frações electroforétkas desaparecem. RESULTADOS Xa tabela que segue reunimos os resultados obtidos no serviço de concen- tração e purificação de soros durante os primeiros 10 meses do ano de 1948. Indicamos a espécie de plasma, o volume total de plasnu de cada espécie que foi concentrado, o volume total de sôro de cada espécie obtida, a média das dosagens, em unidades por grama de proteina para os soros antitóxicos, e em miligramas de veneno neutralizado por grama de proteina para os soros anti- peçonhentos. Incluímos também os índices médios de purificação que são a relação entre a dosagem por grama de proteína antes e depois da purificação, e uma indicação aproximada do rendimento médio. 12 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Iiut. Butantao, ?l:U7-202, Abril 1949. G. HOXTER 4 D. DECOUSSAU 199 Efpêcie I Proc. II Ptasraa III Sõio IV Oosaffem V 1. p. VI Rendimento VII Diftêrico Pope 2.750.000 217.500 60.000 5,2 45 Tetâmeo Pope J4.S00 45.850 58.000 4.5 52 HUtoIitico Pope 600.000 2.200 55.000 6,0 48 Oedematiens Pope 100.000 8.200 11.000 4.9 41 Pcrfrinfcns Pope 200.000 14.400 6.900 5.2 24 Víbriio Pope 100.000 6.000 lO.OO.’) 4.0 50 Botrópico Pope 450.000 55.100 40 5,0 21 Botrôpico 2>uAm 400.000 59.900 50 1.8 51 Altcnuta SuAm 9,000 1.900 27 1.1 24 Atrox SuAin 24.000 2.600 12 2,5 29 Cotiara SoAra 11.000 2.150 25 1.5 25 lasularit SuAm 7.200 1.050 45 5.8 90 Jararaca SuAra 8.500 1.200 16 1.7 51 JararactKú SuAtn 10.100 1.800 9 1.4 52 LacbcMs tn SuAm 1.500 soo 18 1.5 50 Crotilico Pope 600.000 40.200 4U 8.0 57 Crocilico SuAm 200.000 42.400 18 2,4 57 Eacorptômco SoAra 59.200 7.650 57 1.8 20 Cténico SuAra 27.000 5.200 40 1.6 25 Iricdsico SuAm 59.000 4.750 400 1.4 24 I = Espécie do sõro II = Processo osado para a purificação: ^I°íf*^*'** ouAm — Sulfato de amonio III = V'olunie total de plasma em ml IV = Volume total de sòro obtido em ml V = Dosagem em unidade por grama de proteina para os 6 primeiros em mg de veneno neutralizado para os 11 seguintes em doses mínimas mortais para escorp. e cténico em doses mínimas necrosantes para licósico VI = índice de purificação VII = Rendimento procentual CONCLUSÕES 1) O processo de Pope pode ser usado para a purificação de plasmas equi- nos, antitóxicos e antipeçonhentos em geral, com reais vantagens. 2) Os p'asmas de cavalos recém-imunizados dão um rendimento menor que os de cavalos hiper-imunizados. • • » 3) As vantagens do processo de Pope sobre os processos clássicos de sul- fato de amónio são manifestas pebs propriedades terapêuticas e físico-químicas do anticorpo modificado, que ê de tamanho menor e quase totalmente despeci- f içado. 13 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 200 CONCENTRAÇÃO. PtTRIFICAÇAO E CONTROLE FtSICO-QUlMICO DOS SOROS ANTITÔXICOS E ANTIPEÇONHENTOS 4) Um período de estabilização, antes da expedição e saída do sôro, o es- tabelecimento de limites certeiros para as propriedades biológicas e físico-quími- cas e um rigoroso controle final garantem a estabilidade e eficiência do sôro. RESUMO Os autores estudam a concentração e purificação dos soros terapêuticos, a partir do sangue de cavalos imunizados. Êles mostram as \-antagens do processo de proteólise segundo Pope sôbre o processo clássio> de sulfato de amónio, dando detalhes da técnica usada no Instituto Butantan. Êles apontam, a necessidade de um contrôle rigoroso e indicam métodos físicos e químicos que foram ai^icados para êste fim. ABSTR.\CT 1) The Pope process may used for the purification of antitoxic and anti- venomous horse plasma in general, wth real adrantages. 2) The plasma of freshly immunized horscs yields less than that from hj-per-immunized animais. 3) The advantages of the Pope process over the classical amnionium sul- fate process are evident from the therapeutic and physical-chemical properties of the modified antibody which has a smaller size and lowcr molecular weigbí and is nearlj' completely despeciated. 4) .\ períod of stabilization, beforc the sending out of the serum, the determination of fixcd limits for the biologic and physical-chemical properties and a stríct final control guarantee the stability and efficiencj* of the serum. RÉSUMÉ Les auteurs décrívent leurs études sur la concentration et purification des sérums thérapeutiques, procédant du sang de che%’aux immunisés. Ils démontrent les arantages du procès de protéolyse selon Pope sur le pro- cès dassic de sulfate d’ammonium, et donnent les détails de la technique em- ployéc dans Tlnstitut Butantan. IIs affirment la nécessité d’un contrôle rigoreux et indiquent les méihodes physiques et chimiques dont ils se sont servies pour ce fin. 14 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Men. last. Botantan, 21:187-202. Abril 1949. G. HOXTER 4 D. DECOUSSAÜ 201 BIBLIOGRAFIA 1. Gay, Frederick P. — Agentes of disease and host resislance, Springíield, Charles C. Thomas, 1935, p. 1513. 2. Ratner, Brct — Allergy, .Anaphylaxis and Immunotherapy, Baltimore, Williams & Willãns. 1943, p. 67. 3. Pope, C. G. — Bril. J. Exp. Palh., 19:245, 1938. 4. Harms, A. J. — Biochem. J., 42:390, 1948. 5. Ifadstcorih. Augujlus B. — Standard methods of the division of laboratories and research of the New York State department of health, 3rd. ed., . Baltimore. Williams & Wilkins, 1947, p. 6. Glenny, A. T. êr Uewellyn-Joneí, \í. — J. Bacl., 47:405. 1938, 7. Van der Scheer, IPyckoff & Clarke — /. linmun., 41:349, 1941. l.= 1 SciELO Mem. Inst. Butantao. íl:20J-2$<, Abril 1949. OTTO SCHCBART 203 OS DIPLOPODA DE ALGUMAS ILHAS DO LITORAL PAULISTA (Rfsullados das fxpedifões rfalbadas fflo Instituto Butantan sob a chefia do dr. A. Hoge em 1947-I94S) K» OTTO SCHUB.^RT (Da Estação Experimental de Biologia e Piscicultura ca D, C. P. em Pirassununga) CONTEÚDO A. Introdução. B. Parte Sistemáti.a. I. Ilha da Queimada Pequena 1. Rhinocricus insula ris, sp. n. 2. Cladostreptus ubostianus Brõlonsroí 3. Pseudonannolene monVíitio, sp. n. II. Ilha da Queimada Grande 1. Leptodesmus paulislut Brõlcmann Keptunobolus, gcn. n. 2. Septunobotus hogei. sp. n. 3. Cladostreptus sebastienu: Brõlcmann 4. Pseudonannolene maritima. sp. n. 5. Pseudonannolene tricolor Brõlemann III. Ilha dos .Meatrazes: Ilha Grande 1. Leptodesmus paulistus Brõlctrann 2. Pseudoeurydesmus aleotrrzensis Schubari 3. Rhinocricus, sp. 4. Cladostreptus thalattophilus. sp. n. 5. Pseudonannolene maritima, sp. n. 6. Pseudonannolene tricolor Brõlemarai 1 /. Ilha dos .'\lcatrazes. Ilha do Farol 1. Pseudonannolene halophila. sp. n. Recebido para publicarão em 22 cV dezembro de 19411. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mctn. Inst. Botuitan. 3I;2t»-254. Abrí) 1949. OTTO SCHCBART 205 A. INTRODUÇÃO Em 1947 c no começo de 1948 realizou o Instituto Butantan, sob a chefia do dr. A. Hoge, Chefe da Secção de Zoologia do citado Instituto, um total de 3 expedições nas ilhas do litoral paulista. Foram visitadas a Ilha da Queimada Grande (14. IV — 22. IV. 1947) a Ilha da Queimada Pequena (30. IX. 1947) e 4 ilhas do pequeno arquipélago que forma os Alcatrazes: a Ilha Grande (16.11.1^), a liha do Farol (19.11.1948), a Ilha da Sapata (22.11.1948) e a Ilha do Paredão (24.11.1948). Nestas viagens que visaram principalmente a fauna herpetológica e os de- mais animais venenosos foi, entre outras, dedicada especial atenção aos Myria- poda. O sr. Emílio Dente, do Departamento de Zoologia da Secretaria da Agricultura, foi um dos colecionadores mais zelosos, sem menosprezar aqui o auxílio dos outros membros das expedições. Foram reunidos um total de 9 espécies c 900 exemplares, quantidade bem ipande, o que permitiu um estudo intensivo do material, estudo que foi, porem, de certo modo prejudicado pelo estado pouco favorável de sua conseivação. Já em abril de 1920 cientistas do Instituto Butantan visitaram pela primei- ra ^-cz a Ilha da Queimada Grande. Em novembro de 1920 e, depois, em ou- tubro de 1922, estiveram Hermann Lueden*'aldt e José Pinto da Fonseca, am- bos do Museu Paulista, nos Alcatrazes, colecionando sòmentc na F.ha Grande. Existindo algum material, aproveitamos sua inclusão neste trabalho. Baseado no mesmo material publicamos, cm 1945, uma espécie nova (Pscudocurydcstntis al- catrazensis) dos Alcatrazes. E’ um grato dever manifestar meus agradecimentos ao dr. W. Bücherl por ter possibilitado o estudo do atual material c ao dr. Lindolpho Guimarães pela facilidade de incluir o material anteriormente reunido e, em parte, ainda não estudado. A fauna das ilhas sempre atraiu a atenção dos zoólogos e biologistas. Se- jam as ilhas isoladas na vastidão do oceano, sejam as ilhas nas imediações dos continentes, sejam restos de antigos continentes com sua fauna relicta, sejam ilhas \-ulcánicas que surgem sob a observação da ciência como o Krakatau, se- jam ilhas formadas pela areia e as dunas na plataforma continental do Mare Norte, sempre oferecem inúmeros e interessantes problemas para o cientista. Nas ilhas recentes se processa sob nossos olhos a po^•oação de uma terra vir- gem, se manifestam os fatores que influem neste processo; ao contrário, nas cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 206 os DIPLOPODA DE ALGUMAS ILHAS DO LITORAL PAULISTA antigas ilhas que muitas vêzes representam só os picos de altas montanhas de- saparecidas sob as ondas do mar, existem os restos de uma fatma isolada e peculiar . A restrição do ambiente, a eliminação de muitos biotopos, a peculiaridade das condições e a seleção de espédes criam finalmcnte uma fauna e flora toda especial . Sob o ponto de rista msTÍapodológico relacionamos os belos estudos sobre as ilhas do Mar Báltico de Lohmander, sobre Xos^a Caledónia d; Cari e Ri- baut, sobre Mauritius de Verhoeff, sobre Madagascar de Saussure e Zehntner e sobre o Arquipélago Malayo de Pocock e Attems. Conhecemos únicamente sobre as ilhas brasileiras um trabalho sobre os J/y riapoda de Fernando Xoronha e da autoria de R. I. Pocock, alem das escassas informações dadas por Luederwaldt nos seus relatórios sobre a fauna das ilhas paulistas. B. P.\RTE SYSTEMATIC.\ I. ILHA DA QUEIMADA PEQUENA. A parte Sul de Santos possúe poucas ilhas, entre estas as Ilhas da Quei- mada. a Queimada Pequena que dista 21 km de Itanhaem, e a Queimada Gran- de 35,5 km distante do mesmo ponto. Não encontrei dados mais detalhados; também a “Exploração do Littoral. 2.* secção. Cidade de Santos a fron- teira do Estado do Paraná” publicada em 1920 se refere muito sumáriamente a estas ilhas. Incluimos aí as indicações ecol^cas sóbre estas ilhas dadas por Bücherl no seu estudo sóbre os Chilopoda das Queimadas. “Trata-se de duas ilhas pequenas, tendo a Queimada Pequena talvez me- nos de 1 quilómetro quadrado de superfície e a Queimada Grande talvez o do- bro da primeira (A. Hoge, em 1947, fala em 1 1/2 km* de supcrficie) ; com- pletamente rochosas, sem praia e sem zona praiana, de acesso muito difícil, viá- vel só mesmo quando as condições da maré estiverem favoráveis. Entretanto há. nas encostas íngremes das rochas uma densa camada de humus, do quai brotou uma mata de altura medíocre, entremeiada de capinzais.” “Embora a situação topt^ráfica e as dimensões exíguas das referidas ilhas não permitissem a formação de fontes de água, tém elas, contudo, um clima muito húmido e quente. Esta característica veiu favorecer nas duas ilhas o desenvolvimento de uma fauna artropódica muito intensa, senão especifica, pelo menos numéricamente.” cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. Batantu, 21:301-254. AbrU 1949. OTTO SCHUBART 207 Família Rhinocricidae. 1 . Rhinocricus insularís, sp. n. Medidas. 85 mm 80 mm 80 mm 80 mm 75 mm 70 mm 60 mm 60 mm 55 mm 50 mm 8.1 mm 49(- 7.3 mm 53 (- 7.8 mm 52(- 7J mm 51 (- 7.9 mm 48(- 7.1 mm 49(- 6.9 mm 53(- 6,8 mm 50(- 6.4 mm 48(- 6.2 mm 51 (- sgm. 9 90 mm 8,9 mm 50(-l) sgm. sgm. 9 87 mm 8.0 mm 53(-l) sgm. sgm. 9 85 mm 8,4 mm 50(-l) sgm. sgm. 9 85 mm 8.0 mm 54(-l) sgn>. sgm. 9 80 mm 7.5 mm 52(-l) sgm. sgm. 9 75 mm 7,7 mm 52(-l) sgm. sgm. 9 70 mm 7.6 mm 53(-l) sgm. sgm. 9 65 nun 6.8 mpi 53(-l) sgm. sgm. 9 65 mm 7.0 mm 50(-l) sgm. ■sgm. 9 60 mm 6.4 mm 49(-l) sgm. Medidas extremas: \ vn/' a 68 (-1) segm. 12/ pares de pernas , 9 9 66 (-2) até 70 (-1) segm., 123 — 133 pares de pernas A resdescrição se baseia no único exemplar S . Côr castanha. A cabeça mostra uma faixa escura entre os ocelos; cHpeo e labro avermelhados, a margem do último escura, quase preta. Collum larga- mente marginado de uma faixa acinzentada; o centro malhado de claro. Os prozonitos no dorso escuros, sendo malhados seus flancos. Xa parte anterior do corpo a coloração é mais intensa. Telson pardacento, a parte dorsal do segmento pre-anal e a margem das válvulas avermelhadas. Cabeça: Occiput além da sutura marginal com uma segunda, paralela a marginal, porém abreviada; a!ém disso, com algumas impressões curtas e com chagrin e finas estrias longitudinais. Sulco no vértice fino, curto. Clipeo liso, com cerdas supralabiais. Faces do S largas, pouco rugosas, seu ângulo poste- rior arredondado, sua margem lateral grossa, lisa. pouco encurvada. Ocelos na seguinte ordem: 4,5,5,5,1, no total 20. Antenas 0,40; 0,65; 0,58; 0,57; 0,48; 0,59; 0,11 mm; no total 3,38 mm. Collum nos lados largo, truiKado, com 1 sulco oblíquo curvo quase paralelo á margem e com 1 outro sulco interrompido perto da margem. Prozonitos e metazonitos com um chagrin muito fino, quase liso com alguns riscos. As prozonas estreitas, só com 4 estrias finas transversais, as mesozonas lisas. Metazonitos com estrias no lado ventral, ficando as mesmas sempre bem 10 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. BaunUn. 21:30J-2S4, Abnl 1949. OTTO SCHUBAKT 213 afastadas dos poros. Estas estrias são nos primeiros segmentos mais fortes, quase formando sulcos. A sutura lisa, na altura do poro antero-curvada. Os poros comeqam no 6.° segmento, sendo o l.° afastado cerca de 1/5 do compri- mento do metazonito, se distanciando sempre mais da sutura nos seguintes até 1/3 do comprimento. As medidas relativas no 20.* segmento: prozona: mesozona: metazonito = 20 : 40 : 40. Telson pontilhado: Segmento pre-anal sem processo, no dorso antes da parte distai com leve incisão. Margem das válvulas pouco elevada. Estemitos com chagrin fino, e com riscos transversais. Pernas do ê : Coxosternum do 1.* par nos lados pouco convexo, na parte distai reto, com 3 — 4 cerdas nos lados. Prefêmur quase triangular com algu- mas séries irregulares de cerdas curtas. O lobo prefemural largo, metade da largura do prefêmur, de forma quadrada, irregular. Lado interno dos primeiros pares de pernas com cerdas fortes, já no 8.* par somente cerdas fortes na parte distai dos árticulos. Sem palmilhas tibbis e postfemorais. Gonopódios: Coxa alta, não muito larga. Telocoxito reto, na parte distai prolongado num curto processo aculei forme. Paragonocelo curvado para dentro, sua margem interna antes da parte distai com um nítido degrau ; esta parte distai arredondada, densamente coberta de cerdas pequenas. O telopodito livre atrás da curvatura com longo e fino processo basal, sua ponta fina recurvada. Abaixo da base deste processo se dilata o telopodito; além disso se encontra ai um pequeno lobo triangular. Na parte distai termina enrolado o telopodito numa fina ponta. Um jovem S com 64 (-4) segmentos possui ainda seu 1.* par de pernas do tipo feminino, sem as modificações encontradas no á . Os gonopódios são ainda muito primitivos, nada mostrando das diferenciações. Observa-se um par de folhas compridas relativamente estreitas, que apresentam os gonopódios anteriores em estado de atrofia, faltando os mesmos aos adultos por completo. Atrás destes existe um outro par de folhas grandes, largas, que se dividem na parte distai numa parte posterior lisa e numa parte anterior, coberta com algumas cerdas curtas, provavelmente o futuro paragonocelo. Procedência : Ilha da Queimada Pequena. Estado de São Paulo, Brasil — 1 ô , 4 jov. í á , 10 9 2,5 jov. 9 9 — 30-IX-1947 — col. Expedição A. Hoge. Justificação: Um estudo cuidadoso convenceu-nos de que se trata da espécie descrita por Brõlemann c proveniente de Cubatão, São Sebastião, e da Ilha de São Sebastião Brõlemann dá medidas só para 2 exemplares: ô 62 mm 4,0 mm 70 (-2) sgm. (Ilha de São Sebastião) 9 56 mm 3,3 mm 69 (-2) sgm. (São Sebastião) 11 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 214 os DIPLOPODA DE ALCCMAS ILHAS DO LITORAL PAULISTA Suas figuras dos gonopódios (Figs. 210 e 211) são bem semelhantes às minhas. Não se pode negar que Brõlemann sempre estilizou o aspecto dos gonopódios nestes desenhos, também relatix^amente pequenos. Material da es- pécie de lugares no continente resolverá a questão. Sem duvida é interessante que os exemplares dos Alcatrazes pertencem a uma espécie diferente, apezar da maior vizinhança com a Ilha de São Sebastião do que com as Queimadas. Família Pscudonannolenidae. 3. Pscudonannolcnc uiarithiia, sp. n. Medidas: S 80 mm 4,0 mm 78 (-1) sgm. 9 70 mm 6 70 mm 4,0 mm 74 (-2) sgm. 9 70 mm 9 80 mm 4^ mm 81 (-1) sgm. 9 65 mm 9 80 mm 4,8 mm 75 (-2) sgm. 9 65 mm 9 80 mm 4,6 mm 77 (-1) sgm. 9 65 mm 9 80 mm 4,4 mm 76 (-1) sgm. 9 60 mm 9 75 mm 4.6 mm 75 (-1) sgm. 9 60 mm 9 75 mm 4,4 mm 73 (-2) sgm. jov. á 50 mm 3,3 mm 69 (-2) sgm. jov. 9 55 mm jov. ê 50 mm 3,3 mm 67 (-4) sgm. jov. 9 45 mm jov. S 40 mm 2,9 mm 67 (-3) sgm. jov. S 33 mm 2,4 mm 62 (-5) sgm. 4,3 mm 72 (-2) sgm. 4,0 mm 70 (-2) sgm. 4.0 mm 70 (-2) sgm. 3,9 mm 71 (-2) sgm. 3,9 mm 70 (-2) sgm. 3,8 mm 71 (-2) sgm. 4.1 mm 71 (-2) sgm. 3,6 mm 70 (-3) sgnu 3,0 mm 64 (-4) sgm. Medidas e.\trcmas: c S 55 - 80 mm de compr., 3,4 — 9 9 60 - 80 mm de compr., 3,8 — á ô 74 (-2) até 78 (-1) sgm., 137 9 9 70 (-2) até 81 (-1) sgm.. 131 4,0 mm de larg. 4,8 mm de larg. 147 pares de pernas 155 pares de pernas Castanho pardacento, sendo os metazonitos mais escuros. A cabeça, o collum e os segmentos em seguida castanhos. O telson castanho pardacento claro. Antenas castanhas com pigmento escuro. Pernas castanho-claras. As 9 9 em geral castanhas, possuindo na altura do poro, às vezes, u’a mancha escura. Ca- beça, antenas, collum, telson e pernas mais claras. Cabeça: Occiput com forte chagrin longitudinalmente estriado. O sulco do vértice fraco. Cabeça lisa. Faces ovais compridas, rugosas, no á com saliência nítida na margem posterior. Os ocelos escuros, de colocação um pouco irregular, na seguinte ordem: 9,10,87.5, (3), no total 42 no í de 78 (-1) -segmentos; 9,9,8,6,5 no total 37 numa 9 de 76 (-1) segmentos e 8.7,7, 5,4 no total 31 numa outra 9 de 72 (-2) segmentos. Antena do tyPus: 0,38; 0,70; 1,00; 0,75; 0,62; 0,10 mm, no total 4,25 mm. 12 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Ucm. Inst. Batantao. Sl:203-2$4. Abril 1»49. OTTO SCHfBART 215 Collum com finas estrias longitudinais, irregubrmente distribuidas ; nos lados arredondados com 6-7 sulcos. Prozonitos lisos, as prozonas com 5 — 6 finas estrias transversais. Os metazonitos um pouco maior do diâmetro também com finas estrias e riscos irregulares. Nos flancos com 9 — 10 estrias fortes longitudinais, atingindo no 5.* segmento o poro, depois sempre mais distanciadas do poro. A sutura entre as estrias e a altura do poro com impressões o^-ais, que diminuem em tamanho ao lado dorsal e se extinguem na altura do poro. Estas impressões possuem a forma de pequenas virgulas. Poros começam no 5.* segmento, o primeiro na sutura, os seguintes já afastados, ficando depois 2/5 do comprimento do meta- zonito distante da sutura. Telson: Segmento pre-anal na parte disto-dorsal com nítida impressão. Válvulas lisas. Escama com estrias longitudinais. Estemitos lisos, com fino chagrin. Pernas do á : O 1.® par com coxas largas, cobertas de cerdas grandes, colocadas em series curvas. Sua largura máxima é um pouco maior que seu comprimento. Sua nwrgem lateral é fracamente encurvada. Prefêmur peque- no, seu lobo basal coberto de cerdas fortes. Os demais pares sem peculiaridades. Penis oral, largo, curto, os dois lobos distais com 4 séries ^ acúleos, aproxi- madamente 12 em cada lado. Gonopódios: Co.xa grande, comprida, sua largura máxima cabe 1 vezes no seu comprimento. Sua margem interna perto da base com um lobo semilunar ; a margem externa na parte basal oral, na parte distai encurvada. Telopodito largo, curto, na margem distai com cerdas grandes, além disso com 3 cerdas •colocadas numa série obiíqua com algumas cerdas na parte externa. O compri- mento cabe 4 vezes no da co.xa. O solenomerito bem mais comprido que o telopodito, sca parte distai atinge as pontas das cerdas. A parte escamosa se estreita e termina num lobo arredondado, a folha hialina comprida, falei forme, Tccur\’ada para o lado interno. Pernas da 9 sem peculiaridades. Como typus foi escolhido o á de 80 mm. 4,0 mm 78 (-1) sgm. Para- typiis 2 i é, 13 S 9. Procedência: Ilha da Queimada Pequena. Estado de São Paulo, Brasil — 3 á á , 4 jov. á á , 13 9 9 , 2 jov. 9 9 — 30-IX-1947 — col. Expedição .-V. Hoge. Justificação: A espécie não concorda com nenhuma das até agora conhe- cidas. O nome foi dado por causa da sua ocorrência nas ilhas oceânicas. Sôbre um jovem á — Examinamos um exemplar macho de 62 (-5) seg- mentos, que mostrava os seus gonopódios expelidos. OI.* par de pernas mostra ainda um aspecto feminino, faltando a forma característica do i , ímicamente nas coxas duas áreas de cerdas e nos prefêmures também uma área. Os gono- pódios já mostram o aspecto tipico do gênero com todos os seus detallies, mas 13 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 216 os DIPUOPODA DE ALCCMAS ILHAS DO LITOR.\L PAULISTA t diferem em todas as proporções, largura e comprimento da coxa, no comprimento- do telopodito, etc.; tudo é diferente, só o lobo hialino do solenomerito já mostra. n forma definitiva. Possuindo este e.Nemplar já gonopódios relativamente bem desenvolvidos, parece que se apresenta nesta família um desenvolvimento lento dos gonopódios, semelhante ao do conhecido nas famílias dos Colobognatha. II. ILHA DA QUEIMADA GRANDE. Sòbre o aspecto desta ilha foram dadas algumas informações no começo do- capitulo I. Família Lepiodcsmidac. 1. Lcpiodcsmus paulistus Brõlemann, 1902 Procedência: Ilha de Queimada Grande, Estado de São Pau’o, Brasil. — 49 á á 4 jov. á á , 44 9 9,3 jov. 99 — 14 IV — 22-IV-1947 — coL Expedição A. Hoge, principalmente E. Dente. Daremos primeiro algumas medidas deste material. Medidas : s 55 mm 8.1 mm 9 50 mm 8,1 mm s 52 mm 7,5 mm 9 48 mm 8,5 mm é 45 mm 7.2 mm 9 47 mm 7.7 mm s 43 mm 6.2 mm 9 45 mm 7.6 mm s 42 mm 6.1 mm 9 45 mm 7.5 mm s 40 mm 6.9 mm 9 44 mm 7.3 mm s 40 mm 6.5 mm 9 40 mm 67 mm s 39 mm 6.7 mm 9 38 mm 77 mm s 35 mm 6.5 mm 9 34 mm 6.4 mm ê 33 mm 6.3 mm 9 32 mm 67 mm As suas medidas extremas são as seguintes: ê ê 33 — 55 mm 6,0 — 8,1 mm 9 9 33 — 50 mm 6,2 — S,5 mm Examinamos e medimos tuna parte do material. Foram encontrados- exemplares de 30 mm : 1 S 3 9 9 , de 40 mm : 18 í á 13 9 9 c de 50 mm : 1 $ 4 9 9. Nesta população foram encontrados exempiares bem pequenos juntamente com indivíduos grandes de mais de 50 mm. mas não se manifesta qualquer 14 Ucm. Inst. ButanUn. Sl:203-254. AbrU 1949. OTTO SCHUBART 217 preponderância de exemplares pequenos ou grandes, sendo a maioria em ambos os sexos do grupo de 40 mm. Encontram-se exemplares quase pretos ou melhor de um marron enegreddo, em tôdas as nuances até um rosado ou castanho rosado claro. Algtms esbran- quiçados ainda moles, passaram, sem dúvida, há pouco tempo na mudança da cara- paça e não conseguiram a sua coloração definitira. Juntamos nossas observ-a- ções num pequeno quadro comparativo: Tah. V. Distribuição da coloracão nos exemplares do Líptodfsnms paulistus provenientes da Ilha da Queimada Grande. Côr marron enegrecido marron marron avermelhado rosado esbran- quiçado total Tabela de Seguy No. 41 c sr No. 103 No. 123 No. 14S e 161 No. 205 ê 21 14 8 2 4 49 9 26 8 8 1 1 44 total 47 22 16 3 5 93 A metade pertence aos exemplares escuros, predominando as fêmeas. In- felizment- não possuímos series tão grandes tiesta espécie de outras localidades, mas tivemos a oportunidade de registrar no continente e.xcmplares bem escuros em número relativammte muito menor. Os exemplares jovens, todos com 19 segmentos, tem as seguintes medidas: jov. s 30 mm 5,1 jov. 3 30 mm 4,9 jov. á 28 mm 5,0 jov. í 28 mm 4,2 mm JOV. mm jov. mm jov. mm 9 31 mm 5,0 mm 9 30 mm 4,9 mm 9 25 mm 4,7 mm Foram comparados os gonopódios de vários e.xemplares coiu os de outras localidades do Estado de São Paulo, mostrando plena concordância entre as po pulações continentais e ás da Queimada. Familia Pachybolidae A espéae em questão pertence certamente a um gênero novo que se enquadra perto de Cairibolus. Este gênero, descrito por Giamberlin, possui processos 15 1 SciELO 218 os DIPLOPODA DE ALGUMAS ILHAS DO LITORAL PAULISTA grandes no 5.* par de pernas e aparentemente gonopódios bem diferentes. O conceito até das familias não está ainda muito bem esclarecido, em parte uma consequência das muitas descrições absomtamente deficientes e. e de outra parte, por causa dos caracteres difíceis. Keptunobolus, gen. n. Com 2 4" 2 cerdas supralabiais. Prozonitos nos flancos com estrias oblíquas, metazonitos bo lado ventral com estrias longitudinais. Sutura nítida só nos flancos. Poros começam no 6.* segmento, situados antes da sutura. Pernas sem peculiaridades. Gonopódios anteriores: Estemito largo triangular, coxito e telopodito bem mais compridos. Gonopódios posteriores ligados no meio, com uma vesícula. Os telepoditos simples, compridos, na parte distai com pequeno lobo triangular interno. Gcnotypus-, hogei, sp. n. Procedência: Ilha da Queimada Grande, Estado de São Paulo, Brasil. 2. Xepliinoboliis hogei, sp. u. llcdidas : s 80 mm 6,9 mm 49 (-1) sgm. s 77 mm 6,2 mm 47 (-1) sgm. £ 75 mm 6,2 mm 49 (-1) sgm. ê 70 mm 6.2 mm 49 (-1) sgm. 6 70 mm 6.2 mm 47 (-1) sgm. ê 66 mm 6.2 mm 48 (-1) sgm. £ 65 mm 5.8 mm 49 (-1) sgm. £ 65 mm 5.6 mm 46 (-1) sgm. £ Oi mm 5,5 mm 48 (-1) sgm. £ 58 mm 5.5 mm 47 (-1) sgm. jnv. jov. 85 mm 8.2 mm 49 (-1) sgm. 85 mm 7.3 mm 48 (-1) sgm. 80 mm 7.8 mm 49 (-1) sgm. 77 mm 7.4 mm 49 (-1) sgm. 75 mm 7.5 mm 46 (-1) sgm. 75 mm 7,0 mm 48 (-1) sgm. 72 mm 7,0 mm 48 (-1) sgm. 70 mm 6.3 mm 49 (-1) sgm. 65 mm 6,5 mm 49 (-1) sgm. 60 mm 6,3 mm 48 (-1) sgm. 45 mm 6.3 mm 47 (-1) sgm. 42 mm 5,3 mm 49 (-1) sgm. ^fedidas extremas: ê é 58 — 80 mm 5,4 — 6,9 mm 9 9 60 — 85 mm 6,1 — 8,2 mm á <5 46 (-1) até 49 (-1) sgm., 83 — 89 pares de pernas 9 9 45 (-1) até 49 (-1) sgm.. 83 — 91 pares de pernas Preto brilliaiite, parte distai do clípeo, labro. gnatoquilário e antenas e pernas vermelho alaranjadas até escarlate alaranjado, somente o artículo basal das ante- nas pardacento. \’áh'ulas anais também com tonalidades pardas. Cabeça: Occiput com elevação marginal. Vértice com sulco longitudinal, finamente reticulado. I.abro com impressão mediana e 2 -j- 2 cerdas suprala- biais. Faces do á ovais, marginadas, na parte dorsal com algumas impressões •e estrias curvas. Ocelos diminuindo em tamanho para o lado interno, colocados Mcm. Inst. Bntantan. *I:20J-2S4. Abril 1949. OTTO SCHUBART 219 na seguinte ordem: 9,8,Sy,6,5.5,3^. no total 53. Antenas curtas, colocadas na posição repousante núma impressão da parte lateral da cabeça : os artículos distais com cerdas. Collum nos lados estreitado, os ângulos arredondados ; com sulco marginal que começa na altura dos ocelos e termina na margem distai. Prozonitos : Prozona com chagrin fino, denso, provocando um aspecto fosco. , Mesozona nos flancos com muitas estrias, obliquas no lado ventral, ficando quase horizontais para cima, as últimas cur\-as; nos primeiros segmentos elas atingem a altura do poro, depois afastando-se sucessivamente e limitadas somente ao lado ventral. Acima do poro com finas impressões semilunares. Sutura nos flancos nitida, depois indicada só por uma impressão suave. Metazonitos no diâmetro um jxjuco maior que os prozonitos, lisos, brilhantes; as estrias dos prozonitos dobram e continuam em estrias horizontais, só nos primeiros segmen- tos atingindo os poros, depois limitadas ao lado ventral. Como sempre ficam as estrias menos fortes na parte posterior do corpo. Poros começam no 6.* segmento, situados na frente metros e com largura media de 500 para 600 metros. Deste corpo principal que tem a altitude maxima de 266 metros, sahe para o lado Norte uma península da largura media de 200 metros e do comprimento de 600 metros, formando, jun- tamente com a ponta Leste da ilha, uma pequena bahia, o Sacco do Funil. A Sudoeste ha imi ilhote, separado da ilha por um canal de 400 metros de largu- ra, e no meio deste canal fica uma lage grande que o divide em dois estreitos. No lado de fóra quasi unido ao ilhote, fica um grupo de pequenas lages, deno- minado Lage Preta.” "A Noroeste, na distancia de 2.800 metros encontra-se o Paredão, uma ilhasinha com um diâmetro de 200 metros e uma altitude de quasi 50 metros; e entre esta e Alcatrazes, na distancia de 700 metros do porto dos Pharoleiros, está situado um ilhote onde se acha collocado um pharolete.” "Cerca de 3 kilometros a nordeste da ponta de Alcatrazes encontra-se mais um ilhote, ou lage abaulada, ilha da Sapata, que na Carta Maritima tem 20 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Buunun. ÍI;20J-254. Abril 1949. OTTO SCHIBART 223- a denominação de East Island. Existem também varias pequenas lages, uma ao Sul e outra a Sudoeste da Sapata, uma ao Sul do Paredão e outra a No- roeste ambús, de matas arbustis-as, de sapé, de Pteridium aquilUtum, de palmeiras, de lichens e Tiltandsia, de Cephaloccrcus com begônias e bromeliáceas. Do ponto de vista cco’ógico é lamcntavel que não fos- sem cuidadosamente separadas as colheitas por biotopos, conseguindo desta ma- neira certamente muitas formas menores e minúsailas das famílias Polyxcuidae, Vaniíocffcnitdac, Stylodesmidae, etc. Luederwaldt & Fonseca escreveram no capítulo dedicado aos Arlhropoda (p. 479) : "Rica presa forneceu um tronco morto de Fourcroya; Térmitas, dez ba- 21 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 224 os DIPUOPODA DE ALGUMAS ILHAS DO LITORAL PALT-ISTA ratas, unia espécie de Camponotus, 1 belo Julideo (*), 6 scolopendrideos, 3 ara- nhas, 2 conchas e uina lagartixa com 4 ovos.” “Entre as raizes das bromeliáceas \-ivem blattideos, mjTiapodos, muitas ara- nhas, 3 espécies de tenebrionideos, formigas... etc.” E, na p. 483, referindo- se especialmente aos Miriápodos. “Myriapodos eram frequentes quanto ao número de individuos, ao passo que de espécies só colhemos 5. Mencionemos um Julideo 1), de mais de 10 -cm de comprimento. Uma espécie de Polydesmia, (n. 160) quando adulto de mais de 4 cm de comprimento e de um pardo avermelhado 2), quando novo sgm. 9 65 mm 3,7 mm 62(-2) sgm. ? mm 3,0 mm p sgm. 9 50 mm 3.4 mm 60(-2) sgm. 35 mm 2.3 mm 59(-4) ^m. jov. 9 30 mm 2,1 mm 57(-4) sgm. Além deste material foram eiKontrados 15 9 9 ; destas foi aproveitado uni- camente o diâmetro. Estas medidas estão reunidas numa tabela comparativa. Preto com tonalidade de marron. Cabeça com clipeo marron; as antenas marron-acinzentadas, sua parte distai avermelhada. Válvulas marron - escuras, principalmcnte sua mai^em. Escama marron. As pernas castanho amareladas. Cabeça: Occiput com chagrin grosso e alguns riscos longitudinais. O vér- tice com fino sulco, limitado na altura dos ocelos por uma estria transversal. Vértice e clípeo lisos. Faces rugosas, nos S S mais acentuadas. Ocelos bem nitidos, na seguinte ordem: 6,8,8,7,5,4, no total 38 no lypus. Antena com as s^uintes medidas: 0,30; 0,70; 0,80; 0,63; 0,60; 0,62; 0,10 mm; no total 3,75 mm. CoUum no lado com 7-8 sulcos, sendo os 2 primeiros curtos e além disso alguns outros irregularmente intercalados. Prozonitos: Prozona com chagrin, nos flancos com 8-10 finas estrias trans- ?“rsais. Mesozona com finas e.strias longitudinais, irregularmente distribuídas. A sutura simples. Metazonitos, pouco rugosos, nos flancos com 15-18 estrias longitudinais, sendo as dos primeiros segmentos muito bem desenvolvidas, for- mando sulcos, que ficam pouco abaixo do poro. O primeiro poro pouco afas- tado da sutura, colocado-se rapidamente mais para trás, até cerca da metade do comprimento do metazonito. Atrás do poro nota-se um sulco longitudinal re- lativamente fundo, que atinge quase o bordo posterior. Telson: Segmento pre-anal com sulcos longitudinais que na margem distai dobram para baixo. \'álvulas com impressões irregulares, rugosas; com nitida impressão submarginal e com fina crista marginal. Escama larga. Estemitos com chagrin grosso e cerca de 7-8 estrias transversais fundas. Pernas do á : O coxostemum do 1.® par não tão densamente coberto de cerdas. O coxosternum do 2.* par dilatando-se suaveniente. O penis com uma fila de 3-6 cerdas na margem distai. Gonopódios: Coxa grande, bem comprida, sua largura máxima cabe 2 ve- zes no seu comprimento. :\ porte distai basal formando um ângulo ponteagu- 32 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Metn. InsC BaUntu. 11:203-254, Abril 1949- OTTO SCHUBAKT 235 do. A margem interna com pequeno lobo, a margem externa angulada, sua par- te basal menos oblíqua que a distai. Telopodito coni forme, suas margens dis- tais com cerdas grandes. O seu comprimento cabe quase 5 vêzes no da coxa. O solenomerito bem mais comprido que o telopodito, sua parte distai sobres- saindo as pontas das cerdas. A parte escamosa larga, sua margem distai oblí- qua, terminando numa fôlha triangular. A fôlha hialina não diminuindo de largura, pouco angulada e truncada. Pernas da 9 sem peculiaridades. Como typus foi escolhido um S com 3,0 mm de diâmetro. Procedência — Ilha dos Alcatrazes: Ilha do Farol, Estado de São Paulo,, Brasil. — 4 á á, 1 jov. á, 19 9 9, 1 jov. 9 — 19.11.1948 — col. Expedi- ção A. Iloge. Justificação: A espécie não poude ser identificada com qualquer das até hoje descritas, tendo sido considerada como nova. Seu nome foi dado pelo mo- tivo da sua ocorrência nas ilhotas que formam os .Meatrazes . V. iLUA DOS alcatrazes; ilha da sapata Família Pscudonannolcnidae. 1 . Pscudomnnolene halophila, sp. n. Procedência — Ilha dos Alcatrazes: I!ha da Sapata, Estado de São Paulo, Brasil. — 12 áá,28 9 9 — 22.11.1948 — col. Expedição A. Hoge. Só uma parte do material permitiu seu aprowitamento total. As suas me- didas: 65 mm 3,5 mm 64(-2) sgm. 65 mm 3,4 mm 65(-2) sgm. 60 mm 3,5 mm 64(-2) sgm. 60 mm 3,5 mm 62 (-2) sgm. 50 mm 3,3 mm 61 (-2) sgm. 45 mm 2,8 mm 60(-3) sgm. 45 mm 2,8 mm 60(-3) sgm. 40 mm 2.6 mm 60(-4) sgm. 70 nun 65 mm 65 mm 60 mm 58 mm 55 mm 55 mm 50 mm 50 mm 50 mm 4,J mm 4.0 mm 3,6 mm 3,6 mm 3.4 mm 3.5 mm 3,4 nun 3,2 mm 3.1 mm 3,0 nun 62(-2) 63(-2) 61 (-2) 65 (-2) 59(-2) 62(-2) 59(-2) 60(-3) 60(-2) 60(-3) Os gonopódios concordam perfeitamente com os dos exemplares da Ilha do Farol. Num exemplar é de*62(-2) segmentos obscr\amos um único par de penias no ante-penúltimo segmento. O conteúdo intestinal é composto de detrito muito fino. Em 5 exempla- res examinados encontramos Ncmaloda. 33 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 236 os DIPLOPODA DE ALGUMAS ILHAS DO LITORAL PAIXISTA VI. ILHA DOS alcatrazes: ilha de PAREDAO Família PseudonannoJenidae. 1 . Pseudonannolcne ludophUa, sp. n. Procedência — Ilha dos Alcatrazes : Ilha de Paredão, Estado de São Paulo, Brasil. — 20 éá,51 99,2 jov. 9 9 — 24.11.1948 — col. Expedição A. Hoge. O material se encontrava em melhor estado e permitiu sua contagem qiase completa . Medidas : á 50 mm 2,8 mm 64(-3) sgm. S 50 mm 2,6 mm 64 (-2) sgm. S 45 mm 2,6 mm 63 (-2) sgm. é 45 mm 2,6 mm 60(-3) sgm. S 45 mm 2,6 mm 60(-2) sgm. S 40 mm 2,4 mm 60(-3) sgm. i 40 mm 2,4 mnl 59 (-2) sgm. i 38 mm 2,4 mm 59(-3) sgm. S 35 mm 2,3 mm 59(-3) sgm. i 32 mm 2.2 mm 58(-3) sgm. Queicmos ainda chamar a atenção num á do o ante-penúltimo segmento nenhum par de pernas, porém um par de poros. Este material em conjunto com o das outras ilhas permite um pequeno es- tudo sôbre a variação desta espécie. Sòbre a variação da Pseudonannolcne halophila. É muito interessante notar que esta espécie mostra nítidas diferenças de tamanho nas três ilhas. Para obter um número maior de exemplares examinamos primeiro o diâme- tro de todos os exemplares e obtivemos o seguinte resultado; 55 mm 3,4 mm 63(-2) sgm. 55 mm 3,2 mm 63(-2) sgm. 50 mm 3,4 mm 64(-3) sgm. 50 mm 3,1 mm 62(-2) sgm. 50 mm 2,9 mm 62(-2) sgm. 48 mm 3,0 mm 62(-2) sgm. 45 mm 3,0 mm 61 (-2) sgm. 40 mm 2,8 mm 60(-3) sgm. 38 mm 2,6 mm 60(-3) sgm. 35 mm 2,5 mm 61 (-3) sgm. 40 mm 2,6 mm 59(-4) sgm. 27 mm 1.9 mm 54(-5) sgm. de 64(-3) segmentos. possui n- 34 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Meus. Inst. Bntantan. 31;20J-254. Abril 1949. OTTO SCHUBART 237 Tab. XI. A variação do diâmetro nos exemplares de Ps. halof^hila de proveniência de 3 ilhas diferentes dos Alcatrazes. Os exemplares das Ilhas do Farol e da Sapata concordam bem em ambos os sexos; a sua media é bem semelhante; no ê 3,2, respetivamente, 3,3 mm e na ç 3.7. resjictivamente, 3.3 mm. Mas os da Ilha dc Paredão se apresen- tam em ambos os sexos bem menores, a sua média é de 2,4 para os á á c de 2,9 para as 9 9 . O comprimento dos exemplares está em certa correlação com a largura c mostra por isso condições semehantes. Nas ilhas do Farol e da Sapata foi encontrado um número relativamente grande de c.xemplarcs acima de 55 mm, ao contrário dos da Ilha de Paredão, onde sòmcnte 2 á á atingem 50 mm e 3 9 9 55 — 5S mm. 35 1 SciELO 238 os DIPLOPODA DE ALGUMAS ELHAS DO LITORAL PAULISTA A posição singular dos exemplares da Ilha de Paredão se revela igualmente no número dos segmentos e no número dos segmentos apodos. Antes de mais nada reunimos as nossas contagens a respeito numa outra tabela, considerando- se que uma parte dos exemplares não foi possivel ser incluida. Tab. XII. A variação do número dos segmentos e dos segmentos apodos nos exemplares Ps. halophila, provenientes de 3 diferentes ilhas dos .\Icatrazcs. Apezar do tamanho bem menor dos exemplares da Ilha do Paredão existe no número dos segmentos uma diferença bem diminuta. Prevalecem exempla- res com um número maior de segmentos apodos. O número de pares de jier- nas, calculado neste material deu o seguinte resultado: 36 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. Butantan, 21:203-254, Abril 1949. OTTO SCHUBAKT 239 Tab. XIII. A %-ariação do número de pares de pernas nos exemplares de Ps. halophila^ provenientes de 3 ilhas diferentes dos Alcatrazes. No número dos sarnentos e no dos pares de pernas existem nas popula- ções das 3 ilhas diferenças pouco pronunciadas, bem ao contrário do seu tama- nho, seja no comprimento, seja no diâmetro. O carater específico não foi ain- da mudado pelas condições das ilhas, mas a população da ilha de Paredão já não atinge as dimensões encontradas nas outras ilhas. Talvez sejam as con- dições ecológicas menos favoráveis que provoquem um crescimento quase ra- quítico, que com o tempo também poderia diminuir o número médio dos seg- mentos e consequentemente o dos pares de pernas e, finalmente, resultar numa nova raça. \ai. CHAVE AXALf-nCA DAS ESPÉCIES DE DIPLOPODA DAS ILHAS PAULISTAS. Foram incluídas as espécies até hoje registradas nas Ilhas, sendo por isso- esta chave aproveitável somente para determinada região. Aproveitamos carac- teres fáceis para facilitar o uso desta tabela. 1(4) Espécies com 20 segmentos. Cabeça sem ocelos. O corpo com care- nas laterais. Poros só em determinados segmentos. No á são os gonopódios, o primeiro par de pernas do 7.* segmento, não escondi- dos no corpo. Prolerospermophora (Família Lcptodcsmidae) 37 - cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 240 os DÍPLOPODA DE ALGUMAS ILHAS DO LITORAL PAULISTA 2(3) Espécie côr de rosa até marron enegrecido, sendo as carenas laterais amareladas até amarelas. 30-55 mm de comprimento. Lcptodesmus paulistus 3(2) Espécie castanho amarelada até esbranquiçada; as carenas da mesma côr. 27-36 mm de comprimento. Pscudocurydesmus alcatrazensis 4(1) Espécies com muito mais do que 20 segmentos, em geral entre 45-75 segmentos, seu número \-ariável. Cabeça com ocelos. O corpo redon- do no corte transversal. Poros começam no 5.* ou 6.* segmento e faltam só nos segmentos apodos. Xo ô são os gonopódios, os 2 pa- res de pernas do 7.* si^mento, escondidos no corpo. Opisthospennophora 5(14) Poros começam no 6.° segmento. •6(11) Colliim nos lados arredondado. Espécies grossas, os adultos com 5,4 até 8,9 mm de diâmetro. .7(10) Prozonas no dorso com 1 par de scobinas. Segmento pre-anal pro’on- gado num processo pre-anal. ~ Família Rhinocricidae 8(9) Espécie preta olivácea, antenas e pernas pretas. 5 110 mm 8,1 mm 72(-l) sgm. Rhinocricus sp. 9(8) Espécie parda enegrecida, listrada de amarelo (metazonitos) . Ante- nas e pernas amarelas, á 9 50-90 mm, 6,2-8,9 mm, 47 (-1) até 54(-l) sgm. Rhinocricus insularis 10(7) Prozonas no dorso sem scobinas. Telson sem processo pre-anal. Es- pécie grande e grossa. Preta brilhante, parte distai do clípeo, labro, antenas e pernas vermelhas, á 9 58 — 85 mm, 5,4 — 8.2 mm, 45 (-1) até 49(-l) sgm. Neptunobolus hogrí 11(6) Collum nos lados truncado, com sulcos longitudinais. Telson sem pro- cesso pre-anal. Os adultos menos grossos, de 3.3- 5,6 mm de diâmetro. 12(13) Cor castanha. Sutura na altura do poro não interrompida, á 9 35 -75 mm, 2,8- 4,6 mm, 67(-l) até 77(-l) sgm. Cladosirepius scbaslianus 13(12) Côr castanha clara, com manchas escuras na altura dos poros. Sutura na altura do poro nitidamente interrompida. 5 9 43-65 mm, 3,5- 5,6 mm, 64(-2) até 71 (-1) sgm. Cladostrcptus thalatlophilus 38 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mcm. laft. Batmtan. Jl:20J-254. Abril IW9. OTTO SCHUBART 241 14(5) Poros começam no 5.* segmento. Espécies estreitas, compridas. Col- lum r.os lados arredondado, com 5-8 sulcos longitudinais. Família Pscudomnnolcitidae Corpo em forma de um rosário, sendo o diâmetro dos metazonitos maior que o dos prozonitos. Preto azulado, metazonitos na parte distai do dorso com uma faixa vermelha, os flancos às vêzes até esbranquiçados. Pscttdotiannolenc tricolor Corpo não em forma de um rosário. Sem vermelho e o preto é sem tonalidade de azul. VáK-ulas anais lisas. Castanho ou preto pardacento, a cabeça e os pri- meiros 2 segmentos sempre mais claros até amarelados, ê 9 50-80 mm, 3,2 -5,1 mm, 66(-4) até 81 (-1) sgm. Pseudonannolcnc viarilivta Castanho pardacento, cabeça e collum mais claros. Exemplares da Ilha da Queimada Pequena Preto pardacento, calieça e segmentos amarelado claro. Exemplares da Ilha da Queimada Grande e dos Alcatrazes \ alvulas anais com impressão submarginal e com crista marginal. Pre- to, com tonalidade de marron. ê 9 32-70 mm, 2,2 - 4,3 mm, 58 (-4) até 65 (-1) sgm. Pseudonannolcnc halophila C. .\NOT.\ÇOES ECOLÔGIC.XS Conhecemos até hoje 10 espécies diferentes como habitantes destas ilhas, onde elas são encontradas em touceiras de gramas, paus podres, troncos mortos de Fourcroya, e também entre as raizes de bromeliáceas. sob as folhas sécas e debai.xo da terra em lugares bem sombreados e húmidos. Xão foram feitas colheitas que permitam qualquer comparação no sentido quantitativo, sejam co- letas de certo tempo por e.xemplo de 30 minutos o que dá uma ótima ideia da população existente, ou coletas abrangendo uma certa superfície por exemplo 1 m®. De’ conformidade com os dados fornecidos pelos colecionadores, podem- se obter lialdes cheios de diplópodos. Dos Neptunobolus hogei foi registrado que num m- vi%’iam até 100 exemplares, o que dá uma idéia da sua abundân- cia. O grande número, em várias espécies, reunido em pouco tempo, e certa- mente não com a atenção voltada a este grupo, é a melhor prova da sua incal- culável abundância. Poucas espécies, ntas estas em grande abundância. Este fato é verificado • por um conjunto de circunstâncias favoráveis, entre as quais mencionamos uma constante e relativa alta humidade, trazida com os ventos saturados vindos do • mar, lugares próprios, uma falta completa ou quase completa de inimigos maio- 39 15(16) 16^15) 17(20) 18(19) 19(18) 20(17) ^ ^ SciELO 242 os DtPLOPODA DE ALGUMAS ILHAS DO LITORAL PAULISTA res como pequenos mamíferos, aves e batráquios e talvez uma certa falta de- concorrentes nos biotopos povoados pelos diplópodos. Xos dados fornecidos consta que o Kcptunobolus vive em quantidade nas arvores e nos arbustos, enrolando-se nos galhos e nas fólhas e caminhando na casca da vegetação arbórea. Como todos os diplópxidos, com ligeiras excep- ções, são muito exigentes e sensíveis á humidade, morrendo facilmente com os raios solares e uma diminuição da humidade do ar, pro\-a esta abundância em lugares expostos ao vento, etc. a sua saturação com água, possibilitando aos Diplopoda suas migrações e seus passeios até diurnos. Um desenvolvimento numericamente fóra de comum é mais conhecido nas colónias das aves marinhas nidificando também nestas ilhas e, em geral, em ambientes isolados geográfica, topográfica ou quimicamente como, por exem- plo, nas grutas, nas águas salobras do interior, etc. Estudos cuidadosos nos biotopos esclareceriam quais os fatores responsáveis I>ara este notável desenvolvimento. D. F.\U.\ISTIC.\ D.\S ILH.AS P.^ULIST.\S Incluímos numa tabela tódas as 10 espécies divididas em 6 gêneros e 5 famílias até hoje registradas nas ilhas. Tab. XIV. distribuição dos Dlplofida nas Illas Paulistas. Espécie Queimada P G c r q a u n c d n c a Alcatrazes G F S P r a a a a r p r n o a c d 1 t d e a â o Conhecido do Litoral Paulista o gênero a cspccic Lcflodcsmus faulislus — 4- + 4- 4- Pseudocurydcsmtu alcalrj^nsis ^ 4- RhiHocricus insularis + — — — _ 4- Rhiiiocricus sp. — — 4- — — — -L Xe/>tunoboIus hogei — + ~ ^ ^ Cladostreftus sfbatlianus + 4- — . 4- 4- Cladostrt-flus thalattophilus — , — 4- — _ _ 4- PsfudoHannolCHe niarilima 4- 4- + _ _ _ 4- Pscudonannoh-m tricolor J- + — — — 4- + Pseudonannolcnc halofhila -4-4-4- Total 3 5 6 111 5 3 40 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mrm. Inst. BaUntan. ÍI:2t)3-2S4, Abril 1949. OTTO SCHCBART 243 Xo máximo foram encontradas 6 espécies, numa só ilha, nas pequenas ilho- tas porém 1 só. 3 das espécies já são conhecidas do litoral e não é impossivel que seu nú- mero aumente ainda mais. São os seguintes; Leptodesmus pauUstus é uma espécie largamente distribuida no litoral, co- nhecida desde Itanliaém até Santos e Guaratuba. Xo interior do Estado se encontram seus pontos mais ocidentais perto de Brotas e em Monte Alegre. Cladostreptus sebastianus foi descrito por Brõlemann baseado em material proveniente da Ilha de São Sebastião (Vila Bela). Certamente vive também no próprio litoral. Pscudommwlene tricolcr Brõlemann vive não somente na zona do litoral como também em grande extensão do Estado de São Paulo, como por exemplo na r^ião de Pirassununga e Piracicaba, e baseado também em antigas classi- ficações cm outros Estados. Xeste grupo talvez pos>a ser incluido Rhinocrícus sp. dos .Meatrazes, es- pécie enorme, que com grande certeza se encontra também nas matas da Ser- ra do Mar. Tres destas espécies são habitantes dos dois grupos de ilhas; das Queinu- das e dos .-Meatrazes; Leptodesmus paiilisliis. Pseudcmnnolenc Irieolor e Pseu- donanuotene marítima . Cinco espécies ocorrem em outras formas no continente. .-V única csjié- cie não conhecida nem no género nem na família é o Xeptiinobolus hogei. X'o Brasil existem somente poucos representantes da Superfamília Trigo- itiulidcae. Xum tralxilho recente (1947) reunimos todos os dados disponíveis c mostramos que tòdas elas são estranhas á fauna brasileira, importadas de ou- tros continentes. São as seguintes; Família Trigoniulidae: Trigomulus lumbrí- einus (Gerstaecker, 1873), Spirostrophus tiaresi (Pocock, 1893) e Família Pa- ehyboUdac: Epitrigoniulus enienlatits Brõlemann. Existe na Ilha de Fernando Xoronlia unu cspecie. o Spirobolus noronhen- sis Pocock, 1890, representante da família Spirobolidac, igualmente família es- tranha ao Brasil. Duas espécies “sj-nanthropas” da mesma são; SccheUobolus dictyoiiotus (Latzel, 1895) e Paras pirobolus pauUstus Brõlemann. 1902. supondo que a últi- ma tem ^-alidez. Sôbre o Spirobolus da Illia Fernando Xoronha não podemos julgar. Desta maneira achamos difícil uma solução definitiva; os conlKcimentos atuais indicam uma importação do Xeptunobolus hogei de outras plagas, mas só a descoberta do gênero ou melhor da espécie na sua pátria resolveria a questão. 41 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 2-14 os DIPLOPODA DE ALGUMAS ILHAS DO LITORAL PAULISTA M RESUMO Xas diversas expedições realizadas pelo Instituto Butantan, sob a chefia do dr. A. Hoge, para a exploração da fauna, principalmente de animais vene- nosos, que vi%’e nas ilhas situadas na costa do Estado de São Paulo, picos de antigas serras desaparecidas no Oceano, um grande número de Diplopoda foi colecionado. Dividem-se em 9 espécies diferentes. Incluindo material anterior- mente colecionado, conhecemos até agora 10 espécies nas ilhas, cuja distribui- ção é indicada na tabela XIV. Xo máximo 6 espécies foram encontradas numa única ilha. Algumas das espécies são noras, Rhinocriais insularis, Cladostrcptus lhalattophiliis, Pseudoiiaiiiiolcnc tiiaritiwa e Ps. Italophila. Elas possuem espé- cies próximas no continente. Somente N eptunobolus Itogrí é uma espécie estranha à faima brasileira; como centro da família PachyboUdac pode-se indicar a .-Xsia Oriental, a índia, etc. A rariação das espécies é ventilada. É de grande interesse a rariação de Ps. utarittina que vive nas duas ilhas das Queimadas e numa dos Alcatrazes, hfos gonopódios não foram encontradas diferenças suficientes nas popu’ações das três ilhas; pode-se salientar unicamente um solenomerito relatiramentc es- treito para os exemplares dos Alcatrazes, mas existe uma nitida diferença na coloração. Os exemplares da Queimada Pequena são castanho pardacentos com a cabeça, collum e os segmentos anteriores de cor castanha. Os exemplares da Queimada Grande e dos Alcatrazes são preto pardacentos com a cabeça. collum c os primeiros segmentos amarelo-claros ou castanho-amarelados muito claro. Também a sutura dos exemplares da Queimada Pequena é de forma- ção diferente. Uma outra espécie do mesmo gênero. Ps. Italophila, que vive nas três ilho- tas dos Alcatrazes, não possui diferença no número de segmentos e nos gono- pódios nas três populações; porém, no tamanho representado pelo diâmetro cm ambos os sexos (Taliela XI) os exemplares da Ilha do Paredão são bem inte- riores. Possivelmente as condições ecológicas são menos favoráveis e provo- cam um crescimento menor sem por enquanto influir no número de segmentos. São feitas anotações sóbre o conteúdo inte.stinal, os ectojarasitas (Acarí- na) e os endoparasitas (Xcmatoda) . Também foram feitas diversas notas sobre as condições ecológicas das ilhas, possibilitando um desenvolvimento quantitativo muito grande. .A alta humidade do ar, a camada grossa de detrito no solo, a ausência de muitos inimigos na- turais e talvez concurrentes na alimentação favorecem um desenvolvimento do.' Diplopoda. Chaves analíticas facilitam a classificação das espécies encontradas nas ilhas. 42 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. BnUntan. 11:303-254, .\bril 1M9. OTTO SCHUBART 245 ZUSAMMEXFASSUXG Auf mehrereri vom Institut Butantan unter Führung von Dr. A. Hoge zui Erforschung der Gifttier-Fauna untcmomnienen Expeditionen nach dcn der Küste des Staates São Paulo vorgelagerten Inseln, die alie Gipfel abgcsunkcner Bergketten darstellcn, >\-urde eine grosse Anzahl von Diplopoden gesamnielt. Diese verteilen sich auf 9 verscliiedcne Arten. Im Verein niit einigem früher zusamniengetragenem Materiale kcnnen wir bis jetzt 10 verschiedene Arten von den Inseln. deren Verteilung aus der Tabelle XI\' zu ersehen ist. Bis 6 ver- schietlene .Arten sind auf einer einzigen Insel festgestellt . Einige Arten sind neu wie Khinocricus insularis, Cladostrcptus thalattophilus, Pseudomnnolcuc ma- riiitna und Ps. halophila, leben aber in verwandten Arten auf dem Kontinent; nur KeptunoboUis hogci ist ein Fremdling der brasilianischen Fauna ; der Schwer- punkt der Familie ist in Asien, Indien etc. zu suchcn. Die .Arten sind hinsichtlich ihrer A’ariation besprochen,. Besonders inte- ressant ist die Variation von Ps. jnarilima, die auf dcn beiden Queimada und einer der .Alcatrazes-Inse!n lebt. In den Gonopoden konnten keinc brauchbare und durchgehende Unterschiede in den Populationen der 3 Inseln festgestellt werden, es sei denn, dass die Stücke von den Alcatrazes ein relativ schmales Solaenomerit besitzen. Aber in der Fãrbung besteht ein durchgrei fender Un- terschied. Die Stücke von der Queimada Pequena sind braungrau mit braunem Kopf , Collum und vordersten Segmenten . Die Stücke von der Queimada Gran- de und den Alcatrazes dunkelgraubraun, fast schwarz, mit hellgclbem oder hell gc.bbraunem Kopf, Collum und vordersten Segmenten. .Auch die Naht der Stücke ven der Queimada Pequena ist verschieden ausgeprãgt. Eine andere .Art der gleichen Gattung, Ps. halophila, die auf 3 kleinercn Eilanden der Alcatrazes lebt, unterscheidet sich weder in der Zahl der Segnientc noch in den Gonopoden, aber in der Grõsse, dargestellt durch den Durchmesser in beiden Geschlechtem (Tabelle XI), zeigen sich die Stücke von der Insel Pa- redão bedeutend unterlegen. Vielleicht sind die õkologischcn Bedingungen die- scr Insel weniger günstig und be^^irken ein geringeres Wachstum, ohne jcdoch vorlãufig die Segment-zahl zu beeinflussen. Es sind Angaben über den Dann-Inhalt, die Ectoparasiten (Acarina) und die Entoparasiten {Xentaloda) gemacht. Ul)er die õkologischcn Bedingungen der Inseln. die eine Masscn-Entwicklung der Arten ermõglichcn, sind verschiedene Angaben gcmacht. Die hohe Luft- íeuchtigkeit, der Humusgchalt der Bodens. das Fehlen vielcr natürlicher Fcinde und vielleicht von Xahrungskonkurrcnten wirkcn im glciclten Sinne begünstigcnd auf die Entwicklung der Diplopoden ein. Analytische Bestimmungsschlüssel erleitchtern die Klassifikation der auf den Inseln gcfundenen .Arten. 43 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 246 os DIPLOPODA DE ALGUMAS ILHAS DO LITORAL PALXISTA F. BIBLIOGRAFIA 1. Comissão Geografica e Geoiogica do Estado de São Paulo. E.xploração do LitoraL I.* Secção. Cidade de Santos á fronteira do Estado do Rio de Janeiro — Tipo- grafia Brasil de Rothschild & Co., S. Paulo, 21 pp., pis., 5 m^ias, 1915. 2. Brôlemann, íí. 11'. — Myriapodes du Musée de São Paulo — Rev. Museu Paulista, 5:35-237, pis. 1-10, 271 figs., 1902. 3. Brôlemann, íí. Jl'. — Catalogos da Fauna Brazileira, editados pelo ^^useu Paulista, V’ol. II, Os Myriapodos do Brazil, 94 pp., 1909. 4. Luederwa/dl, Hermann — Resultados de uma excursão scientifica á Ilha de São Setuis- tião no littoral do Estado de São Paulo e em 1925 — Rec. Museu Paulista, 16:1-79, 1013-1019, 2 pis. 1929. 5. Luederuvldl, ííermann & Fonseca, José Pinto da — .\ Ilha dos Alcatrazes Rev. Museu Paulista, 13:441-512. 1923. 6. Sehubart, Otio — Dipiópodos de Monte Alegre (Municipio de .Amparo, Est. de São Paulo) — Papeis Asnilsos Dep. de Zoologia de S. Paulo, 6(23) :283-320, la figs., 1945. 7. Sehubart, Otto — O elemento “ $>-nanthropo ” c estrangeiro entre os Diflofoda do Brasil — Arthropoda, l(l):23-40. 1947. 44 0,1 mm 1 — Rhim 0 Cricus injtlarú — Pcriui áo 4.*, 6.*, #.• e S-* par dc pernas do Fij. 2 — Rkimocrwus insmlcrij — Gonopôdios interiorrs do fTfa/. Oral. Fi|í. 3 — • Rkínocrinu injniahj — L’m Kmwpodio posterior do ty^»s. Oral. F-C- 4 — • Kkimocriínj iNrit/«nf — Parle distai do grmoi/KÜo posterior de um ^ 5 “* Rkinacriems imtulcris — . Paite distai do gonoped o posterior de um outro Vista lateral interna. eom 51 ( — 1) *gm. ^ com 51 ( — 1) sgm cm vSciELO) ; l 1 12 13 14 15 Metn. Inst. ButanUn. 21:203-254, AbHI 1949. OTTO SCHUBART 249 F»f. C ^ Rhtm^crwmt imjmUrts — A» última* prma» de irnia ç com 49 ( — I) ««m., m^ramlo o último par pooco desemolrido. FvCa 7 ^ CUJcríreftat sebatiamns ~ Parte ta*a) do K* par de perna» dc uta ^ lum 68 (~1) sgm. da Ilha da Queirstada Pequena. Oral. Fí8. 8 “• Claáastrcftms sch^ttiamas — Gonopódioa de um ^ com 68 ( — I) ** 1 * 1 . da Ilha da Queimada Pequena. Oral. Fig. 9 — CUdastftpiat uba^tUmmt — Tek^iodito livre «le «m ^ com 71 (— J) »gm. da Ilha da Queimada Gi ande. Oral. 47 cm Fií. 10 — Fie. II — Fi*. 13 — Fie. 13 — Fie. H — 48 Ctsdffsirrf^tns srhasticKUS — Ba»? do 1.* í*ar de penu» de um jorctn ^ com 64 ( — 4) ic«>* da Ilha da Queimada Pc«)uena. Orei. CíttJcsfrr^tus sfhasiianns K»hoi um Udo já c tirodo. OraL Fif. 20 — Sfptmno^lufhQffri — GonopMios dc ura X ^ — O *fni. sgm. Aoorfti. Cooopódio posterior do tyfns com 48 ( — 1) s(ni. Parte distai do mesmo fooopodio posterior, mais aumentada. Fij. 21 — SfptümcMus koçrí Fíí. 22 AVpia»«>^/«s áopo OS DIPLOPODA DE AI.GUMAS ILHAS DO LITORAL PAULISTA SciELO cm ) 11 12 13 14 15 16 17 Mcm. Inst. Butanun, í 1:203-254, Abril 1949. OTTO SCHUBART 0.5 mm Fií- 23 — CiadostTfftus — Parte dUtal de uma antena do ty^x com 64 ( — I) da Ilha Grande doe Alcatraxee. Fií. 24 — • Clmioxirtfinx tkmlAtt^hilmx — Parte bata] do I.* par de perna» de um da Ilha Grande doe Alcatrazee. Oral. Fij. 25 — • Cléiostrrfins th^l^tiofhilmx — Gooopódio direito (a) e iioUdof o telopodito lirre (b) e uma parte do telocoxtto (c) do tyf%x com 64 ( — 1) acm. da Ilha Grande do» Alcatraret. OraL cm SciELO 0,5 mm FÍ 4 ^. 26 ^ Psfud^naHn^Ifnc maríftmj — > Parte distai do gonopOdio de xxm cTctopUr dos Akatraiet. AboraL- Fig. Psfud^nanncUmt kat^kila — O 2.* par de perna» çom o peni» de um ^ da Ilha do Pa- redão. Oral. Fip. 28 — /'iradonaaao/fae kãlofkila — Peni» de um ^ da Ilha da Sapata. Oral. Fig. 29 — Pscuáon^nnoltnc kaíofkita — Cooopodío direito de um ^ da Ilha do Farol. Oral. Fig. 30 — PstudoncnnoltHC kãlofkUa — Telson de um exemplar da Ilha da Sapata. Ventral. * Mcm. liut. Butaotan. *1:255-260, Abril 1W9. J. B. ARAXTES & C. H. BRANDAO 255 AXTIGEXOS E AXTICORPOS BOTRÓPICOS II) Contribuição ao estudo da produção de soros antxbotrópieos monovakntcs (Xota prci-ia) roB J. B. ARAXTES & C. HABERBECK BRANDAO (Do Instituto Butantan. São Pauto, Bresil) Ein trabalho anterior ( 1 ) ao coincntar os resultados da produção, cni equi- deos, de soros antibotrópicos polivalentes, assinalamos que, nonnalmcnte, os títulos anti-peçonlientos obtidos e correspondentes aos seis antigenos injetados não guardavam entre si nenhuma relação. Com efeito, em cavalos que receberam o mesmo volume de antigeno, o título mais alto era, ora o anti-jararaca, ora o anti-atrox, etc. Alem disso, um mesmo animal, após nova «crie de inoculações de antigeno. os titulos neutralizantes variavam de maneira diferente. Frequen- temente, por exentplo, o titulo mais alto encontrado depois de uma imunização era o ant:-jararaca ; no entanto, nova serie de injeções de antigeno poderiam fazer com que o titulo de qualquer outra das varias frações anti-iieçonhentas viesse a superar esse titulo. Os inconvenientes resultados dessa variabilidade são atinentes não só ao aspc«o cientifico do problema, como tamliém ao lado prático. Com efeito, é uso corrente na titulagem dos soros antibotrópicos polivalentes utilizar-se como antigeno apenas o veneno de B. jararaea. É claro assim que poderiam ser entregues ao consumo soros incapazes de neutralizarem, por cen- tímetro cúbico, 1,5 mg de veneno B. atrox ou de qualquer outro dos antigenos empregados no preparo do sóro polivalente, com exeção do veneno de jararaca. A deficiência desses anticorpos, nos soros em causa, pode, pois explicar certas falhas observadas na prática da terajiêutica dos envenenamentos causados por algunias serpentes do veneno Bothrops. Por outro lado, partidas haverá que possam ser liberadas com titulos e.xcessivamente altos, o que redundaria, secunda- riainente, em rlesperdicio . Uma das soluções razoáveis para o problema seria a preparação de soros mcnovalentes, porquanto se fosse possível alcançar assim titulos altos para todos os anti-venenos, a adição de quatidades apropriadas desses anti-venenos supri- riam as deficiências das misturas polivalentes. Recebido para publicação etn 26 de janeiro de 1W9. -SciELO 0 11 12 13 14 15 16 cm 256 AXTIGEXOS E ANTICORPOS BOTRÔPICOS. II) Os resultados de nossas primeiras experiências, orientadas, pois, nesse sen- tido, são relatados na presente nota. MATERIAL E MÉTODOS Servimo-nos de equinos que nunca tinham sido empregados em qualquer esjiécie de imunização, pesquisando-se cuidadosamente a existênda de antivene- nos naturais antes de serem inoculados. Os antigenos específicos utilizados foram os mesmos que serviram para a preparação dos antigenos polivalentes emprega- dos nas nossas pesquisas já citadas, bem como foram idênticos, processo de imunização, colheita dos soros, titulagem dos anticorpos, etc., etc. RESULTADOS E COMEXT.\RIOS \'erifica-se, em primeiro lugar que a imunização não produziu títulos altos, pois nenhum dos anticorpos obtidos atingiu a dóse de 1,5 ings, considerada como média (gráficos 1 e 2). A seguir, vemos que a resposta imunitária não corres- ponde estritamente ao esperado, pois o sõro emas, em filas duplas e triplas nas pernas seguintes; olhos médios poste- riores menores que os médios anteriores; metatarsos anteriores um nada mais curtos do que os tarsos (Magulla) . Mcm. Inst. Batintan, •31:261-274, Abril 1947. W. BCCHERL 263 3. REDESCRIÇAO DAS ESPÉCIES Simon forneceu uma descrição muito deficiente, de maneira que damos uma Tedescrição da espécie dêle, em confronto com a espécie de Keyserling: iíagnUi} obesa Simon MaguUa Janeira (Keyserling) Cefalotorax, pernas e ventre fusco; abdômen negro veludoso. Cefalotorax 8 por 7,1 mm. Pat. e tíbia I — 7,8 mm. Pat. e tibia I\' — 8,0 mm. Xibias do 3.® par de pernas com 3 espinhos, do 4.* par com 6 espi- nhos. Último artículo dos palpos com 2 a 3 espinhos ventro-apicais c 1 me- diano ventral. Metatarsos do 1.* par com 1 espinho vcntro-apical ; do 2.* par com 2-3 ventro apicais c 1 mediano; do 3.* par com 9 espinhos ao todo e do 4.* par com 18 espinhos ao todo. 'Metatarso I um pouco mais curto do que o tarso. Habitai: — Terezópolis, Estado do Rio de Janeiro. Encontram-se na coleção aracnológica do Instituto Butantan. Exempla- res procedentes de Botucatú e Al- tinópolis. Estado de São Paulo. Toda a aranha côr de café. Cefalotorax 8,9 por 7,3 mm. Patela e tibia I — 7,4 mm. Patela e tibia IV — 7,4 mm. Tibias do 3.® e 4.* par de pernas ape- nas com 1 a 2 espinhos. Último artiailo dos palpos sem e*spi- nhos. Metartaso 1 com 1 espinho; 2 com 2 espinhos c das pernas 3 e 4 com numerosos espinhos. Metatarso I um pouco mais longo do que o tarso. Habitat: — Serra Vermelha (Rio de Janeiro) . A nova redescrição não mais se baseia sôbre os olhos e o cômoro ocular. Não insiste igualmcnte nas medidas do abdômen e na largura do cefalotora.x, pois estes caracteres são absolutamente inseguros, jxir variarem grandemente de indivíduo em indivíduo ou por estarem sujeitos a alterações de dimensões j>ela conservação em álcool. Em substituição foram postos caracteres constantes, como o colorido e a relação de medidas entre os comprimentos do cefalotorax e das patelas e tíbias do primeiro e do quarto par de pernas e ainda as medidas de comprimento do tarso e do metatarso do primeiro par. A' mão destes da- dos obsen-am-se imediatamente as diferenças especificas das duas espécies, se 3 264 ESTUDOS SOBRE O GÊXERO ilACULLA SIMOX, 1892 bem que a última palavra ainda não poderá ser dita enquanto não se encon- trarem machos das referidas espécies. Entretanto, como já tivemos oportuni- dade de constatar, também as medidas dos machos hão de acompanhar perfeita- mente às das fêmeas no tocante aos comprimentos das patelas e tíbias das per- nas e ao colorido geral do corpo. 4. DESCRIÇÃO DE MAGULLA SYMilETRICA, sp. n. (Ver as Figs. 1 e 2 e as duas pranchas coloridas) Colorido: Cefalotorax, queliceras, pernas vermelho marrom; abdômen cinza escuro com «'a mancha negra de pêlos veludosos no meio da face dorsal, man- cha esta a cobrir a terça parte da face dorsal. Cefalotorax coberto de pêlos cinzentos, longos, alinhados na fronte. Pernas com pêlos longos cinzentos, qua- se brancos, ausentes nas coxas e com pêlos curtos, pretos (a imitar espículas) e ainda com pelinhos cinzentos muito curtos e densos, ausentes na face dorsal das coxas e dos trocanteres. Fêmures, patelas c tíbias das 4 pernas e dos palpos com duas estrias dorsais, longitudianis, quase paralelas, com exceção das patelas do 3.* e 4.* par de pernas, em que são curvas, confluindo no ápice do segmento. Dorso do abdômen igualmente com longos pêlos, um tanto esparsos, cinzentos e por baixo destes com pêlos veludosos, densos, curtos, marrom escuros e com pubescência preta na mancha. Os três segmentos das fiandeiras posteriores cobertos por pêlos cinzentos. Esterno, lábio, queliceras e pernas (no lado ventral) do mesmo colorido que o lado dorsal e com os mesmos três tipos de pêlos. No esterno, no lábio e nas ancas das pernas faltam os pêlos longos, sendo os pelinhos escuros mais robustos, a representar verdadeiras espículas enfileiradas nas face interna e basal das coxas e na margem do esterno (vide Fig. 2). Fímbria dos palpos. da margem anterior dos lábios e das queliceras com uma franja de longos pêlos verme'ho amarelados (Fig. 2). Ventre e fiandeiras cinzentos, com pêlos longos cinzentos, pelinhos mais curtos, escuros e pubescência fulvo cinzenta. Na área mediana anterior, entre as traqueias anteriores, feixes de pêlos escuros, longos. Escápulas: Na linha mediana ventral as escópulas são divididas por cerdas. Já nos tarsos dos palpos (Fig. 1 — No. 1) há uma füa de cerdas longitudinais; no primeiro par de pernas estas cerdas já são mais pronunciadas (Fig. 1 — No. 2) ; no segundo par já existem 2 filas de cerdas divisórias (Fig. 1 — No. 3) ; no terceiro par existem 3 fileiras paralelas de cerdas (Fig. 1 — No. 4) e no quarto par as cerdas cobrem quase toda a largura ventral. Nos metatarsos as escópulas são indivisas. Ocupam no penúltimo segmento dos palpos quase três quartos da área ventral, no metatarso I mais da metade apical, no metatarso II menos da metade apical, no metatarso III apenas um terço apical e no metatarso IV sómente um quarto apical (Fig. 1). 4 Mcm. Tnst. Bntantan, Jl:261-2?4, Abril 1947. \V. BCCHERL 265 Espinhos: Palpos maxilares com 0 ou 1 ou 2 tspinhos ventro-apicais no penúltimo sarnento; 1.' par de pernas com 1, raras vêzes com 2 espinhos ventro- apicais no metatarso; 2.* par de pernas com 1 a 2 espinhos ventro-apicais e 1 ventral mediano; 3.* par de pernas com 3 a 4 espinhos ventro-apicais e 6 a 7 espinhos esparsos; 4. par de pernas, no metatarso, com 2 a 3 esjMnhos ventro- apicais e 7 a 8 espinhos esparsos (sendo os 2 dorsais muito longos). As tíbias dos 2 primeiros jxires de pernas sem espinho; as do 3.* par com 3 a 6 espinhos ao todo e as do 4.* par também apenas com 3 a 6 ao todo (vide Fig. 1). Queliecras: Relativamente pequenas, subverticais. Sulco ungueal (Fig. 2) com 10 a 11 dentículos em fila longitudinal e 4 a 8 dentículos diminutissimos e irregulares, contiguos aos 3 dentículos enfileirados, basais. Quando existem 11 dentes, o undécimo é sempre muito pequeno. Cúspulas: Das ancas, dos palpos e do lábio (vide Fig. 2) numerosas, pe- quenas, ocupando no lábio o terço anterior e nas ancas dos palpos uma pequena área anterior, basal. Estcmo: Anguloso, correspondendo cada ângulo à porção basal posterior das coxas; bem simétrico, de maneira que uma linha imaginária, longitudinal dividiria o esterno em duas placas bem simétricas (dai o nome cientifico desta espécie). Medidas : Comprimento total — 26 mm. ; Ccfalotora.x — 9,3 por 7,5 mm. ; abdômen — 12 por 8 mm.; pernas — 24;21,8:20;26,4 mm.; patela e tíbia I — 8,4 mm.; patela e tibia IV — 8,0 mm.; esterno — 4 por 4 mm.; lábio — 1,4 mm. de largura por 1,2 mm. de comprimento; metatarsos — 1-3 mm.; 11-2,8 mm.; 111-2,7 mm.; IV-3,3 mm. Olhos c cômoro ocular: Cômoro ocular ora um nada mais largo que longo, ora bem mais largo do que longo. Olhos laterais anteriores e posteriores ora iguais, ora os posteriores menores que os anteriores ; sempre alongados. Médios anteriores redondos, ora do mesmo tamanho como os laterais anteriores, ora um pouco menores, ora um nada naiores ; olhos médios posteriores ora quase redon- dos, ora bem angulosos atrás ; ora qiase do tananho dos laterais posteriores, ora nem a metade destes. Distâncias interocularcs variando de meio diâmetro a um quarto diâmetro. Tipo: Fêmea adulta. Paratipos: 4 fêmeas adultas. Local-tipo: Ilha de São Sebastião. Helga Urban encontrou estas aranhas caranguejeiras sob a folhagem húmida da referida ilha: um exemplar em 5 de novembro de 1948 e as outras 4 fémeas, juntamente com uma ninhada de filhotes em 11 de janeiro de 1949. .\ ela os nossos sinceros agradecimentos. cm SciELO LO 11 12 13 14 15 16 266 ESTUDOS SÔBRE O GÊNERO ilACULLA SIMON, :89J DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE AS TRÊS ESPÉCIES j) Pelo colorido : 1 . Toda a aranlia côr de café — ilangulla janeira (Keyserling) ; 2. Cefalotorax, pernas, esterno fuscos; face dorsal do abdómen n^ro •veludoso — Magulla obsea Simon; 3. Cefalotorax, quelíceras, pernas vermelho amarelado; abdómen cinza, com u’a mancha negra na face dorsal — Magulla symmctrica, sp. n. b) Pela relação de medidas: — (das fêmeas) (Ver Fig 3) 1. Cefalotorax mais longo do que a patela e tibia I ou IV. Estas do mes- mo comprimento — M . janeira. 2. Cefalotorax mais longo do que a patela e tíbia I e do mesmo compri- mento do que a patela e tibia I\'; patela e tíbia IV mais longa do que a patela e tíbia I — M. obesa. 3. Cefalotorax mais longo do que a patela e tibia I ou IV; ^tela e tíbia I mais longa do que a patela e tibia IV — M. synnnetrica, sp.n. 5. CONCLUSÃO Xo presente trabalho faz-se uma redescrição nova do gênero brasileiro Magulla, sendo esta redescrição baseada em caracteres novos, constantes, cm oposição à caracterização de Simon, onde se insiste demais em medidas variáveis, insuficientes por tanto para esta caracterização genérica. As duas espécies antigas, M. obesa e M. janeira são igualmente redescritas -e confrontadas uma com a outra. Finalmente é descrita como espécie nova a Magulla syinmelrica, da Ilha de São Sebastião, fazendo-se um diagnóstico diferencial e.xato entre esta e as duas espécies antigas. ABSTRACT A new redescription of the Brazilian genus Magulla Simon (Thcraphosidae, Ischnocolinae) is given, who differs from the description by Simon. The t\vo species, M. obesa and M. janeira are also redescribed with news and constant characters, as the comparative length of ceplialothorax, patellae and tibbe of the first and fourth pair of leges. Magulla synunelrica, from Ilha de São Sebastião, São Paulo, Brazil, is described as a new species and the differential diagnosis is pointed out between the new species and the two old species. ■6 Mem. Inst. Batantan. 11:261-274, Abril 1947. W. BCCHERL 267 ZCSAMMEJÍFASSUNG Simons Beschreibung der Gattung Magitlla {Thcraphosidac, Ischnocoliuae) wird ais unzulaengjch und auf falscher Basis beruhend, dargestellt, indem bewnesen wird, dass die gewrischen Mermale, auf denen Simon sine Gattungs- besdireibung fussen liess-wie die Groesse, Lage und Distanz der Augen; die Masse des Abdomens, etc. ais zu variierend und inkonstant gelten. Es wird deshalb die Gattung Magulla neu beschrieben auf Grund von konstanten Merkmalen. Auch die beiden Arten — M. obesa Simon und M. janeira (Keyserling) werden neu beschrieben; scliliesslich wird M. symmctrica von der Ilha de São Sebastião, São Paulo, Brasil, ais neue Art aufgestellt und vergieichend mit den bei den andercn Arten beschrieben. Die Drci Arten unterscheiden sich folgender Massen: — 1 . Durch die Faerbund : a) Die ‘ganze Spinne kaffeebraun — . janeira; b) Cephalothorax, Beine, Stcnium roetlich braun ; Abdômen dorsal sammet- schwarz — *.!/. obesa; c) Ccphalothora.\', Stemum, Beine rotgelblich ; Abdômen dorsal dunkelgrau, mit einem klcinen, rutiden, schwarzen Flcck — M. sytnmetrica. 2. Durch die vergleichcnden Masse des Cephalothoraxes und der Patcllen und Tibien der ersten und vierten Bein paare: — (Fig. 3) a) Cephaloth, laenger ais die Patellen und Tibien I und IV ; Patellen und libien I und IV* gleich lang — ^[. janeira; b) Cephaloth. laenger ais die Patellen und Tibien I aber gleich lang wie die Patellen und Tibien I\'; diese laenger ais die crsteren — 3/. obesa; c) Cephaloth. loenger ais die Patellen und Tibien I und IV ; jedoch Patcllen und Tibien I laenger al= IV — M. sytnmetriea, sp.n. A Dona Teresa Sarli os nossos agraJecimenlos Pelas pranehas coloridas. 7 SciELO 15 Mem. Tnst. Butantan, S1:J6 I-íT 4. Abril 1947. W. BCCHERL 269 Fic. I XtaçMtU tymtmrtri^, «p. n. 1 . palpo maxilar. 2. I.» perna. 3. 2.* 4 . 3 .* 5. <• • Fic. 2 3fãçnllú fymmrirús, tp. a. Face Teatral, 9 SciELO 10 11 12 13 270 ESTUDOS SOBRE O GÊNERO ilAGVLLA SIMON, 1892 rrTT- ^ - ■■ . ] Tn.ja-neiTa. 1 1 1 1 â . 1 « 5 6 7 g S 'iO-mffx. Segenda: D cefalotorax paíela e Mia I pdUla e Fio. 3 Qu^ro demonstrativo das relações diferenciais das medidas do cefalotorax» da patela e tibia do primeiro e do quarto par de pernas nas tres espécies de iía^nZfa. 10 SciELO 0 11 12 13 15 SciELO^ 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 L cm Mfm. Iml. Botanlan. 21;261-274, Abríl 1947 W. BCCHEEL cU cm Mcm. Inst. Buuntan, *1:275-298, Abril 1949. EDUARDO VAZ & PAULO ARAÚJO 275 DA SANGRIA DE ANIMAIS DE IMUNIZAÇÃO POR EDU.^RDO VAZ & PAUI.O ARAÚJO (Da Secção de Veterinária do Instituto Bulantan, São Paulo, Brasil) No serviço de imunização de grandes animais, em especial o cavalo, parar obtenção de soros profiláticos e terapêuticos, a questão da sangria é das mais importantes . No decurso da imunização, o animal é sangrado periodicamente na jugu- lar, em alguns centímetros cúbicos, nas sangrias chamadas exploradoras, para doseamento do \-alor do sôro, e determinação do momento propício para a sangria grande, de litros. Tanto uma como outra são praticadas, de regra, 1 semana após uma das injeções imunizantes. O volume a extrair-se 5-aria com o pêso do animal, oscilando entre 4-12 litros, por sessão. Pode ser repetida 1-2 vêzes com intervalo de uma semana, injetando-se após cada .“^ngria, uma dose de antigénio. Em seguida o ani- mal entra em fase de recuperação, de descanso, até que seja julgado cm condi- ções de receber nova série de injeções imunizantes. Assim lhe decorre a exis- tência, até que morra ou seja sacrificado por dessangria. Ao invés de sangrias semanais, pode sangrar-se em 2-3 dias seguidos, toman- do-se para referencia do volume a extrair-se, 5% do seu pêso. Um animal de pe- queno porte. 300 quilos, por exemplo, pode perfeitamente ser sangrado em uma tarde em 6 litros, na manhã s^uinte 5 litros, e à tarde do mesmo dia em 4 litros, ou, então, 3 dias seguidos. Essas espoliações sucessivas determinam queda do volume globular, que- da do número de eritrócitos, queda da hemoglobina. Procuramos pelo estudo do quadro sanguíneo, julgar das condições de saú- de do cavalo, no decurso da imunização e no período subsequente à sangria, com informações sóbre a restauração. O presente trabalho desenvolve ainda o assunto da dessangria. Recebido para publicação em 30 de Janeiro de 1949. cm ISciELO D 11 12 13 14 15 16 276 DA SAAGRIA DE ANIMAIS DE IMUNIZAÇÃO DADOS HEM.\TOLÕGICOS, NA SANGRIA E REST.AURAÇAO Efeito da sangria sôbre o número de eritrócitos e a taxa de hemoglobina Caso No. 1 Erilrócitos Hemoglobina por ml g! 100 ml de sangue Antes da sangria 6 500 000 16,0 24 h após sangria de 18 litros (em 3 sessões) 5000000 13,0 Queda máxima (4 dias após sangria) 4 650000 10,0 Caso No. 2 Antes da sangria 5 000 000 12,0 24 h após sangria de 18 litros (em 3 sessões) 3 000 000 9,6 Queda máxima (24 h após sangria) 3 000000 9.6 Caso No. 3 Antes da sangria 7200 000 19,0 24 h após sangria de 18 litros (em 3 sessões) . 5 000 000 12,0 Queda má.xima (24 h após sangria) 5000 000 12,0 Estes, são 3 protocolos de centenas do nosso arquivo. A repetição das provas hematol<%icas no período de recuperação após sangria, nos ensina que esta se faz em cêrea de um mês, momento em que se pede reiniciar a imunização sem prejuízo para as atividades hematopoiéticas. Quadro i TAXAS DE HEMOGLOBINA E VOLUME GLOBULAR Animais aV.O de Hemoglobina (gllOO ml de sangue) Volume globular % casos Media arit. Flutuação Média arit. Flutuação Cas-alos normais (antes da imunização) . . . . 118 15,0 9,0-19,9 37.1 24,5-51,0 Antes da l.’* sangria (após 1.* imunização) 69' 13.4 8,1-18,2 33,4 20,7-433 Antes da 2.* imunização (após l.“ descanso) 60 13,5 9,7-184 33,8 22,8-42,4 Antes da 2.* sangria (após 2.* imunização) 46 14,4 10,0-194 35.9 26,3-484 Antes da 3.* imunização (após 2.* descanso) 17 13.4 9,0-17,4 34.1 24,8-48,8 Antes da 3.* sangria (após 3.* imunização) 13 14.4 lU-18,7 36,1 27.9-45,5 Antes da 4.» imunização (após 3.* descanso) 5 13,8 12,0-16,6 36,1 31.041,0 SciELO 0 11 12 13 2 HCmOCLOBINA Ot SANiUC ) Mcm. Init. ButanUn, 21:275-298, Abril 1949. EDUARDO VAZ & PAULO ARAÚJO 277 Como se vê no Quadro I e nos Gráficos 1 e 2 (Fig. 1) a primeira imuni- zação determina queda das taxas de hemoglobina e volume globular, queda re- presentada por 1,6 g de hemoglobina por 100 ml de sangue e 3,7 Çí de volume globular, em média. GRAFICO 1 GRÁFICO 2 A •CAVALOS MO«WAlS ^AMTtS OA tMUMlZAÇÂo) A-B 6 ANTIS OA f» SA»#CMlA (Áeos IA imunização) B -C C ■ ANTIS OA z* M/MiZAÇÃO (a^ÕS •* OCSCanSo) 0 1 u D • AMTIS OA z» SANCniA (a^ÓS 2* imunização) 0-c C • ANTIS OA iMUNiZAçZo ^aaôs z* dsscanso) £ -F F • ANTtS OA s» SANCAIA ^A»OS )* IMVNIZAÇÃo) F -C C_ ANTtS OA A* IMUNIZAÇÃO ^APOS MSCANSO) MAtOOO M 4S*itO OiAf »(«*boo oc > 0 — oiA» ^caiboo 01 Jo «o ataiOOO 01 >0 ■ ■ ■ oui> aiaooo Ot M- to OiAft acaiboo 01 >o ■■ 0»*> Fi^ 1 — Cráficoo das médias de hemoflobtna (l) e volume flobutar (2), com flutuações máximas e mínimas de cavalos de imunização. Considerando essa queda ocorrente em cavalos de imunização, tomamos como referência para o retomo à normalidade, os dados obtidos após a pri- meira imunização. Verificamos as seguintes frequências: 3 278 DA SANGRIA DE ANIMAIS DE IMUXIZAÇAO a) Cavtilos ncnitais (antes da imtwisacão) — JIS casos: Hemoglobina — 103 casos entre 12,1 — 17,0 g/100 ml de sangne 87,2^i Volume globular — 105 ” ” 30,1 — 45% 88,9% b) Antes da 1.“ sangria (após J.“ imunisacão) — 69 casos: Hemoglobina — 60 casos entre 10,1 — 17,0 g/100 ml de sangue 86,9% Volume globular — 58 ” ” 25,1 — 40,0% 84,0% e) Antes da 2“ imunisa(ão (após 12 descanso) — 60 casos: Hemoglobina — 50 casos íntre 11,1 — 17,0 g/100 ml de sangue 83,3% Volume globular — 44 ” ” 30,1 — 40,0% 73,3%^ d) Antes da 22 sangria (após 22 intunisaçoã) — 46 casos: Hemoglobina — 36 casos entre 12.1 — 17,0 g/100 ml de sangue 78,2% ^'ol•Jme globular — 34 ” ” 30,1 — 40,0% 73,9% e) Antes da 32 imnnisaçâo (após 22 descanso) — J~ ca^os: Hemoglobina — 12 casos entre 11.1 — 15.0 g/100 ml de sangue 70,5% \'oltnne globular — 12 “ ” 25,1 — 35% 70,5% f) Antes da i.* sangria (após 32 imunisafão) 13 casos: Hemoglobina — 11 casos entre 11,1 — 16,0 g/100 ml de sangue 84,6% Volume globular — 11 “ ” 25,1 — 35,0% 84,6% g) Antes da 42 imunisafão (apôs 32 descanso) — 5 casos: Hemoglobina — 2 casos entre 13,1 — 14,0 g/100 ml de sangue 40,0%^ Volume globular — 2 ” ” 35,1 — 40,0% 40,0% De acôrdo com os dados acima, podemos verificar ciue, com o descanso de um mês após sangria, o carealo está nozamenlc apto a receber injeções imuni- cantes, para futuramcnlc, outra vec, ser sangrado. Xas sangrias com anticoagulante, podem ser aproveitados os elementos, figurados, ressuspensos em solução fisiológica, e injetados na jugular do mes- mo animal, 8-12 horas após cada sangria parcial. Poderá ser útil essa prática, no entanto, os dados hematológicos compa- rativos com e sem reinjeção de glóbulos não refletem diferença. Abaixo,, protocolos de 2 dos nossos cavalos, e que são concordes com os de outros ca- valos experimentados. CASO X.* 1 Restauração, com rnnjeção de glóbulos Antes da sangria 24 h após sangria de 20 litros (em 3 sessões) . . . 34 dias após sangria Restauração, sem rrínjeção de glóbulos -Antes da sangria 5 000 000 14,4 24 h após sangria de 20 litros (em 4 sessões) 5 500 000 9,0 31 dias após sangria 6000000 11,2 Entrócitos por tnl 9500 000 5500 000 8 500 000 Hemoglobina g/100 ml de sangut- 13,8 9,8 14,0 4 Mem. Inst. Batantan, 21:275-298, Abril 1949. EDU.\RDO VAZ & P.\ULO ARAÚJO 279 G\SO X.* 2 Restaurafão, com rcinjeção de glóbulos Antes *129 e«A> f C^ Ailtt» DA <*IWWNI2AÇÂ0 («909 f* OtXAMSO) 1B-»C ^ 9t9>000 M M ^ OtA» i O^ AWTj» DA 2* >AMCaiA (a 90S Z^twUMiZA^Âo) ÍC‘D^ 9t9iboO 99 20 *90 Oia> rO A»Tt> OA i^iMwwZAÇÂO (*90S 2*0UCA»(>O) lo-t ^ 91000 9« 20 ^ OiAl 9a 2* 2AM«aiA (*902 29 »Mt.;tiiZAÇAO) IC-P^ 9t9ÍOOO Dl 20 -*90 0OOCOinw^ ■ o •-•C> r- O — — eo O *1* .2 w X ac ao oc oc oc .íi o rt c c S = .h.ü ç.*j: c. o. & ‘O w t» Q w n r« j íi,s|||J|| •O •« I 2 E *5 «'S'® >>C>>H>CC> »fOtoxve^^i'ciN.c *C '*‘1 -r ^ ro o (Tv — c f- o r* (j ^ 3 » X 5 .° 2 O .ir lif 3 .w c 'O o íí 15 3 *7: j2 ' ig 3 C. o C» ■3 3 O g V dos 118 ca>-alos ofereceram li- mites similares aos de Coffin, 30,1 a 4550. Devemos notar que no decurso de uma sangria de litros, o volume globular vai diminuindo nas diversas amostras tiradas. Assim se explica que o rendimento final de plasma atinja e, I>or vezes, ultrapasse 70%, cor- respondendo pois a um volume globular de menos de 30%. De acõrdo com Dukes (4) o volume de sangue circulante no cavalo, é de 97% de seu pêso. Ora, nos nossos resultados verifica-se que o san- .■gue obtido na dessangria comum ê de 6,3% e na dessangna com solução 19 29 + DA SANGRIA DE ANIMAIS DE IMUNIZAÇÃO fisiológica é de 10,07%. Este último dado parece paradoxal, porém deve- se considerar que antes da dessangria, o animal é sangrado prèviamente,. por via venosa, em 6, 12 ou 14 litros, de acordo com o seu estado geral e porte. No caso do animal ser sangrado prèviamente em 12 ou 14 litros, esta sangria é feita em duas fases, uma na tarde da véspera e outra na ma- nhã do dia do sacrificio. Este é efetuado aproximadamente 6 horas após- a última sangria. Computamos o sangue obtido nestas sangrias prévias ao sangue obtido na dessangria, para facilidade de registro. Uma vez que estas sangrias prévias foram feitas tanto nas dessangrias comuns como naquelas com so- lução fisiológica, não vimos inconveniente em considerarmos o volume total como sendo da dessangria. Ainda em relação à técnica da dessangria com solução fisiológica, veri- ficamos que o resultado se torna melhor em se iniciando a perfusão de sa- lina, somente após o fornecimento de 6 litros de sangue. Para se avaliar as vantagens da dessangria com perfusão de solução- fisiológica, devem-se confrontar os seguintes dados (Quadro IV) : QUADRO IV Dessangria sem sol, fisiológica Dessangria com sol. fisiológica Diferença Sangue 63.0 ml/kg 100,7 ml/kg -f 37,7 ml/kg Plasma 4r.2 ml/kg 70,0 ml,/kg -{- 28,8 ml/kg Rendimento