I I cm 2 3 4 SciELO 10 11 12 13 14 15 cm 10 11 12 13 14 15 MEMÓRIAS DO INSTITUTO BUTANTAN 1952 TOMO XXIV * São Paulo, Brasil Caixa Postal 56 As “MEMÓRIAS DO INSTITUTO BUTAXTAX” são destinadas à publicação de trabalhos realizados no Instituto ou com a sua contribuição. Os trabalhos são dados à publicidade logo após a entrega e reunidos anualmente num volume. Serão fornecidas, a pedido, separatas dos trabalhos publicados nas “ Mcmó'ias”, solicitar.do-se nesse caso o obséquio de enviar outras separatas,, cm permuta, para a Biblioteca do Instituto. Toda a corrcspondccia editorial deve ser dirigida ao: INSTITUTO BUTAXTAX Biblioteca Caixa Postal, 65 S. Paulo, BRASIL. PEDE-SE PERMUTA EXCHANGE DESIRED. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 MEMÓRIAS DO INSTITUTO BUTANTAX I X D I C E TOMO XXIV (Fasc. I) 1 952 6 . NAHAS. L. & ROSENFELD, G. — Regeneração dc hcmacias, hemoglobina c proteinemia cm cavales após sangria. Influencia do ferro e da soja I Hematies, hemoghbine and protrinemia nrgeneration in horses after bleedintj. The iron and soybean influence BERTI, F. A. & ZITI, I.. M. — The preparation oí 2,6-I)in:troanilinc 9 SCHEXBERG, S. — A simple eletric drop rccorder 13 RLTZ. JOSÉ M. — Contribuição ao estudo das formas tarvárias de trematóides brasileiros. 2. Fauna dc Santos, Est. dc S. Paulo 17 Contribution to lhe knotdcdge of Brarilian lanai trematodes. 2. Baúna of Santos. State of São Paulo, fírarit. RLTZ, JOSÉ M. — Sobre um novo Cnathostoma assinalado no Brasil ( AYmj- toda: Cnathostomatidae) 37 About a neto Cnathostoma encountered in Brazd ( Sematoda : Cna- thostomatidae). RUIS. JOSÉ M. — Contribuição ao estudo das formas tarvárias de trematóides brasileiros. 3. Fauna de Belo Horizonte e Jabnticatuhas, Estado dc Minas Gentis 4 - Contribution to lhe kncntledge of Brasilian lanai trematodes. 3. fauna of Belo Horizonte and ) abo tua tuias, Sate of Minas Cerais. RLTZ. JOSÉ M. — índices cercáricos específicos do Schistosoma mansoni veri- ficados cm Xcves c Mariana, Estado dc Minas Gerais ^ Cercarical s peei fie inderes of Schistosoma mansoni ereountered in .Vetes and Mariana. State of Minas Gerais. TOMO XXIV (Fasc. 2) 1952 1. ROSENFELD. G.; RZEPPA, H.: NAHAS. L. & SCHENBERG, S. _ Hcmolysis and blood concentration of sulíones “ in vivo” (jg 2. RIECKMANN, B. — Some symmetric a-ansinoacetyl derivatives of 4.4‘-diami- nodiphcnylsulfonc -- 3. SLOTTA, K. & PRIMOSIGH, J. — A ncw mcthod of quantitative paper chromatograpby 4. RLTZ, JOSÉ M. — Técnica de perfusão para a coleta de Schistosoma mansoni em animais de laboratório jqj A perfusion technique for coltecting Schistosoma mansoni from laboratory animais. 2 3 4 5 6 SciELO cm 10 11 12 13 14 15 6 . 9. 10 . 11 . 14. 15. RU1Z, JOSÉ M. — Schistosomose experimental. 1. Receptividade de Procyon cancrironis à infestação pelo Schistosoma mansoni 111 Experimental Schistosomosis. 1. Recepthnty of Procyon cancrivorus to the infestation by Schistosoma mansoni. RUIZ, JOSÉ M. & COELHO, E. — Schistosomose experimental. 2. Herma- froditismo do Schistosoma mansoni verificado na cobaia 113 Experimental Schistosomosis. 2. Hermaphroditism of Schistosoma man- soni verified in Guinca-pigs. BüCHERL, \V. — Aranhas do Rio Grande do Sul 127 Spiders jrom Rio Grar.de do Sul. HOGE, A. R. — Notas Erpetológicas. Revalidação de Thamnodynastes strigatus (Günther, 1858) 157 Xotes on Herpetology. Rcralidation of Tliamnodynastcs strigatus ( Giin - ther, 1858). HOGE, A. R. — Xotas Erpetológicas. Contribuição ao conhecimento dos Tcs- tudinata do Brasil 173 Xotes on Herpetology. Contribution to the knmlcdge of Testudinata from Brasil. HOGE. A. R. — Xotas Erpetológicas. l. a Contribuição ao conhecimento dos ofídios do Brasil Central 1/9 Notes ou Herpetology. l. a Contribution to the knoiilcdge of the Ophidia of Central Brasil. HOGE, A. R. — Xotas Erpetológicas. 22 Contribuição ao conhecimento dos ofídios do Brasil Central t 215 Xotes on Herpetology, 22 Contribution lo the knowMge of the Ophidia of Central Brasil. HOGE, A. R. — Snakes irom the Uaupés Region 225 HOGE, A. R. — Xotas Erpetológicas. Revalidação de Bothrops lanccolata (Lacépède) 23* Xotes on Herpetology. Reivlidation of Bothrcps lanccolata ( Lacépède). HOGE, A. R. — Xotas Erpetológicas. Anomalia na lepidose e pigmentação das escamas dorsais cm B. jararaca e B. altcniata 237 Xotes on Herpetology. Anomaly on the lepidosis and pigmentation of the dorsal scales in B. jararaca e B. alternata. HOGE, A. R. — Xotas Erpetológicas. Uma nova subespécie de Leimadophis 241 reginae Xotes on Herpetology. A neto subspecics of Leimadophis reginae HOGE, A. R. — Xotes on Lygophis Fitzingcr with revalidation of two subspecies 245 HOGE, A. R- — Herpctologische Xotizen. Farbenaberrationcn bei Brasilianischen Schlangen 269 LEAO, A. T. & COCHRAX, DORIS M. — Revalidation and re-descriptbn of Bufo ocdlatus Günther. 1858 (,-litura: Bufonidae) 271 AMORIM, M. de FREITAS & MELLO. R. FRAXCO de — Xefrose do nefron intermediário no envenenamento crotálico humano. Estudo anatomo- patológico 281 Xephrosis of the intermediate nephron in the human crotalic poisoning. Ar.atomo-pathological study. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Jlon. Ir.st. BuUntan. 24 (1) : 1-S. 195.2. L. XAHAS A G. ROSENFELD 1 REGENERAÇÃO DE HEMÂCIAS, HEMOGLOBINA E PROTEÍNAS EM CAVALOS APÓS SANGRIAS. INFLUÊNCIA DO PERRO E DA SOJA rés L. NAHAS & G. ROSENFELD (Laboratório de Hematologia do Instituto Butantan. S. Paulo, Brasil) Whipple e Robschcit-Robbins (1), c.n cães com anemia correspondente a 50% mantida por sangrias repetidas, demonstraram que o sulfato terroso acelera a produção de hemoglobina, mas que doses acima de um ótimo, que tot de 40 mg diárias por via oral nessas experiências. não provocavam aumento de regeneração. Buecbler e Guggenhcim (2) mostraram que proteínas da soja exercem ação favorável sobre a formação de hemoglobina. Ratos que receberam 9 g de i.i- rinlia de soja por dia. apresentaram uma produção diária de 2% de hemoglobina. A farinha de soja favorece também a rcctqicração da taxa de pro cinas plasmáticas. segundo as experiências de McNaught, Scott. Woods c V.l.ipplc (3) em cães desproteinizados por plasmaferesc. Usando soja cm doses corres- pondentes a 130-170 g de proteínas por semana. 24 horas após a ingestão, consta- taram um aumento de proteínas do plasma mais acentuado para as albuminas, ao contrário do que acontece com a maioria dos cereais que aumentam nitidamente as globulinas. Lcwis e Taylor (4) demonstraram que a soja autoclavada apresentava van- tagens em relação á soja crua. Indivíduos alimentados com essa substância autoclavada apresentavam uma retenção de azoto proteico 20% maior do que aqueles que receberam soja crua. Nosso objetivo foi verificar a influência do ferro c «la farinha de soja, associados ou não, na regeneração das hcmácias. hemoglobina c proteínas plas- mática-, após grandes sangrias, em cavalos utilizados na produção de soro anti- tctánico no Instituto Butantan. MATERIAL E MÉTODOS Quinze cavalos usados rotinciramentc jura a produção de soro antitctánico foram divididos cm 5 lotes de acôrdo com a dieta diária : Entregue para publicação em 27 de novembro de 1951. REGENERAÇÃO D'K HEMACiAS. HEMOGLOBINA E PROTEÍNAS EM CAVALOS APÓS SANGRIAS. INFLUÊNCIA DO FERRO E DA SOJA Lote 1 — regime habitual (alfaia, capim angola, cana e milho à vontade, sal uma vez por semana). Lote 2 — regime habitual + 1 g de sulfato ferroso + 9 g de cloreto de sódio. Lote 3 — regime habitual + 1 g de sulfato ferroso + 100 g de soja + 9 g de cloreto de sódio. Lote 4 — regime habitual + 2 g de sulfato ferroso + 9 g de cloreto de sódio. Lote 5 — regime habitual + 2 g de sulfato ferroso + 300 g de soja -j- 9 g de cloreto de sódio. A dieta suplementar era administrada antes da ração habitual e feito con- trole atim de verificar si os animais ingeriam todas as substâncias. A farinha de soja foi autoclavada durante 1 hora a 120.°. Vinte e quatro horas antes da sangria fazia-se um primeiro exame, outro, 24 horas depois, prosseguindo-se com exames semanais. As determinações fo- ram feitas em sangue venoso oxalatado a 0,2 g %. A hemoglobina foi dosada em electrofotômetro e as proteínas totais, no plasma oxalatado, pelo método de Philips. As sangrias atingiam 5% do peso do animal e eram feitas em dias consecutivos. RESULTADOS A média do aumento diário era determinada da seguinte maneira: para cada elemento, as diferenças entre o valor mínimo e máximo era dividida pelo número de dias que o animal necessitava para atingir o valor máximo. Com esses aumentos diários para cada animal foi determinada a média para cada lote. O tempo de regeneração para cada elemento foi basedo no número de dias decor- ridos desde a sangria até o animal atingir o valor máximo do elemento con- siderado. TABELA 1 Medias dos aumeutos diários afós a l. a sangria (3 cavalos em cada lote) M^dia do aumento diário Lote 1 Regime habitual Lote 2 Ferro 1 g Lote 3 Ferro 1 g-f soja 100 g Lote 4 Ferro 2 g Lote. 5 Ferro 2 g -f soja 300 g Hcraácuis mm'* 73.179 65.950 120.307 66.220 71.065 Hemoglobina R % 0,136 0433 0.210 0416 0453 Proteínas R % 0,075 0.071 04 S2 0,052 0404 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Slea. latt BsUalie, 24 (I) : 1-S, 1952. L. XAHAS Sr G. ROSEXFELD 3 O sulfato ferroso nas doses de 1 ou 2 g diárias não acelerou a regeneração das hemácias, hemoglobina ou proteínas plasmáticas. O sulfato ferroso adicio- nado à farinha de soja autoclavada na dose de 1 g de sulfato ferroso com 100 g de soja (lote 3) mostrou um nitido aumento diário de hemácias, hemo- globina e proteinas plasmáticas. No entanto, esse aumento parece ter sido oca- sional para as hemácias c hemoglobina, pois doses maiores das mesmas substân- cias. isto c 2 g de sulfato ferroso e 300 g de farinha de soja (lote 5) não mostraram nenhum aumento desses elementos. Houve, porem, aumento de pro- dução de proteinas nos lotes 3 c 5 que recclieram farinha de soja (Tabela 1). TABELA 2 Tempo de regenerarão em dias após a 1 .* sangria (3 cavalo» cm cada lede) L"»f 1 Late 1 Lote S Lote 4 Lote 5 Llcmer.to» Hrgimc habitual Ferro c Ferro «o]4 lOQtf Ferro U Fcito -f-ftojaDOOg e *5 e 1 i 2 1 , e *5 8 ã I I .9 y 4 1 y 2 *2 4 4 ? *3 .? 1 J! 7. • y 7. .* y 1 a .« y 7 .« í 7. > c > c c s HtBKlM -1 SI ií-to sê «19 3J tVAJ 49 <-M>3 M llcmoctobvfe» M «9-ro .§ «.« 35 i:«a 49 OM J7 Protrtou 35-77 iê CAI a *AI O * «70 , A tabela 2 mostra a variação individual do tempo de regeneração e a média desses tempos. Pelos valores obtidos, verifica-se que lg de sulfato ferro- so -f- 100g de farinha dc soja (lote 3) proporcionou uma regeneração mais rápida. Entretanto, isso não deve ser devido a essas substâncias, pois doses maiores das mesmas não provocaram diferença cm relação ao controle (lote 1). Comparando os valores antes c depois da l. a sangria, observa-se (tabela 3) que houve uma recuperação completa cm todos os lotes, para todos elementos, tendo mesmo sido atingidos valores superiores aos iniciais. Não demonstraram vantagem aqueles que receberam dieta suplementar, tanto dc ferro como ferro associado àsoja. REGEXERAÇAO DE HEMÂCIAS. HEMOGLOBINA E PROTEÍNAS EM CAVALOS APÓS SANGRIAS. INFLUENCIA DO FERRO E DA SOJA TABELA 3 J r aior"cs anteriores e máximos atingidos depois da l. a sangria Os valores representados são as médias de 3 cavalos cm cada lote O Hé macias x 1.000 mm** Hemoglobina g % Proteínas g '• Anticorpos (••) ü. I. / ml Lote Antes * Depois Antes Depois Antes Depois Antes Depois 1 7.660 8.897 14.5 13.9 9.36 11.54 650 630 2 6.730 3.660 13,0 13.7 9,26 11.54 733 1.017 3 7.540 9. C00 13,5 15.6 S.97 11.09 333 117 4 8.150 7.4S0 13.3 14.0 8.97 9.93 650 630 5 7 230 8.230 13,5 13*1 8,72 9.95 967 630 (•) Lote 1 — Rcjfitre habitual. Lote 2 — Regime habitual -f- lg sulfato ferroso. Lote 3 — Regime habitual + lg sulfato ferroso + 100g soja. Lote 4 — Regime habitual -f- 2g sulfato ferroso. Lote 5 — Rojime habitua] -f 2g sulfato ferroso -f 300g soja. ( ) t . I. (unidades internacionais). A titulagem de anticorpos fo» feita no Laboratório de Imuno» logia pelo dr. Murilo P. Are veda TABELA 4 Elementos Lote 1 3 cavalos Regime habitual Lote 2 3 cavalos Ferro íg Lote 3 1 cavaiho Ferro lg -fr- soja lOQg Variação individual Média Variação individual Média Hemácias 35-70 54 63-77 68 56 Hemoglobina 35-56 44 56-77 66 36 Proteínas 21-63 36 14-42 33 42 Após uma segunda sangria o tempo de regeneração (Tabela 4) foi sensi- velmente o mesmo, que após a primeira (Tabela 3). Porém, o ritmo diário da regeneração das hemácias, hemoglobina e proteínas foi menor (Tabela 5). Nessa fase o ferro associado à farinha de soja (lote 3) provocou um ritmo mais rápido- do que somente o ferro ou o regime habitual. Todavia no que se refere às proteínas plasmáticas os animais não conseguiram refazer-se completamente, pois não foram atingidos os níveis anteriores à sangria (Tabela 6). cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Mux Itvst. BcUstan, L. NAIIAS & G. ROSEXFELD D Nenhuma das dietas mostrou ação favorável sòbre a produção de anticorpos, quer na primeira quer na segunda sangria (T alicia 5). tabela 5 Compara(ão da regeneração após a /.* e 2 .* sangrias Medias dos aumentas diários Lote 1 Rrjtntf lUtoitaal 3 rarAl<>% l.ole 2 Ferro Ij: 3 cavalo* Ulf 3 Kcr»o Ig -f K))a 10CH: 1 raTalo HtmirU» por mro-1 !l MBKTU 75.179 C.930 120 307 :< MBCna 41. MU *.X3 67.300 Hrnwmlobm» * li Mttnâ 0.1* 0.1» Ull í« usini 0.1» 0.1» IWflw R *• !• litsru ojns 0.K7I 0.1Q !« «Mgri* o.o « 0.0» 02)16 . TABELA 6 Médias dos valores anteriores e máximo atingido depois da 2 .* sangria 2. Fauna de Santas, F.stado de S. Paulo Ci llftniea. * 1.00* ram 3 H«na*!otM»a «% Piolttna* K% Uur Ante* tVpoõ* Ante* IVpm* Ante* tlrpoii 1 3 ravatoa > VIM 7.60 uu 114 1116 138 2 3 mtiIm SOM 8 2S) tu 11. ii.m 9.(9 3 1 Cirllo ».3S0 9.060 1M 116 12.00 7.*e (•) Ltrt 1 — Rivm fcabiln»L Late 2 — Rtcisx Eií«taal + 1* wlfito ferro». Late J — Rtxime luMttut + 1* »«lfi«o (crnxo + 100* rojx. DISCUSSÃO Após a primeira sangria, vcriíicou-sc que a suplcmcntação da ração habitual com sulfato ferroso isolado ou associado à soja não melhorou a regeneração f REGENERAÇÃO DE HEMACIAS. HEMOGLOBINA E PROTEÍNAS EM CAVALOS APÓS SANGRIAS. INFLUENCIA DO FERRO E DA SOJA sanguínea. Isso demonstra que a ração dada aos animais controles era suficien- temente rica dos elementos indispensáveis, de nada valendo um excesso de ferro, como já haviam demonstrado Wipple e R. Robbins (1). Essa primeira sangria, embora atingisse 5% do peso corporal não prejudicou aparentemente os animais, pois as hemácias, a hemoglobina e as proteinas plasmáticas atingiram valores su- periores aos verificados antes da sangria. Entretanto, após uma segunda san- gria não houve recuperação completa das hemácias e hemoglobina e somente animais que receberam suplemento de ferro e soja atingiram ou superaram os valores iniciais. Isto significa que apesar da regeneração aparentemente ótima após a primeira sangria, houve diminuição das reservas de ferro e proteínas, evidenciada pela regeneração deficiente após a segunda sangria. A administração de ferro compensou a deficiência da reserva, porém a de proteinas não foi pos- sível compensar com a soja. Além disso, evidenciou-se também uma certa in- capacidade dos órgãos hematopoiéticos, pois a regeneração das hemácias, hemo- globina e proteinas foi menor mesmo nos lotes tratados com dieta suplementar (Tabela 5). Baseados no retorno ao nível anterior das hemácias e hemoglobina, Yaz c Araújo (5) concluiram que o tempo suficiente para a recuperação é de mais ou menos um mês, afirmando por isso, que após esse tempo, pode ser iniciada uma nova imunização sem prejuízo para os órgãos hematopoéticos. Nossos resultados não concordam com esses dados, pois que, não só o tempo necessário {vira a recuperação das hemácias foi maior (médias de 33 a 68 dias) como também o simples retorno a valores de hemácias e hemoglobina iguais ou superiores aos anteriores não significa que o animal esteja cm condições idên- ticas, porque, após uma segunda sangria não houve o mesmo comportamento, tendo sido necessária a suplementação de ferro e proteínas, afim de favorecer até certo ponto, a produção de hemácias e hemoglobina, sem conseguir, entretanto, recuperar as proteinas plasmáticas. RESUMO Em cavalos do serviço de imunização anti-tctânica foi experimentada a influência do sulfato ferroso isolado ou associado à farinha de soja autoclavada, sobre a regeneração das hemácias, hemoglobina e proteínas plasmáticas após sangria. O tempo individual de regeneração foi sensivelmente igual após a l. a e 2. a sangrias, oscilando entre os limites de 21 e 77 dias. A primeira sangria não prejudicou aparentemente os animais, pois as hemácias, hemoglobina e proteínas atingiram niveis mais elevados que as anteriores à sangria, não tendo demonstrado vantagens a administração de ferro nem soja nessa fase. .Depois da segunda sangria a regeneração não foi tão boa tendo reagido mais favoravelmente os cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Mm. Init. Bauoun. L. XAHAS k C. ROSEXFELD 7 U ( 1 ) : 1 -*. 1952 . animais tratados com dieta suplementar. Xo entanto nessa fase houve deficiência da regeneração das proteínas em todos os animais. Os titulos de anticorpos não foram influenciados pelas dietas suplementares. Esses dados demonstram que o tempo de descanso deve ser maior do que indica a simples recuperação dos valores de hemácias c hemoglobina, pois há um esgotamento relativo dos órgãos hcmatopoicticos que só c compensado parcial- mente pela administração de ferro c soja. Agradecemos ao prol. C. H. Libcralli, <|t>e nos íomcccu parte da farinha de soja. SUMMARY Is was investigated thc inílucncc of ferrous sulphate associated or not to soybcan on thc regeneration of thc red blood cclls, hemoglohin and plasma proteins after hlceding of horses utilized in thc production of anti-tetanic se rum. The results show that thc regeneration time is practically thc same after thc first and second hlceding, being bctwcrn tl»e limits of 21-77 days. The first blceding sccms to liavc no efícct on thc animais, as thc red blood cclls, hemoglobin and plasma proteins valuc- are even highcr than Ixrforc, hcnce thc administration of tron or soybcan is of no advantage in this phase. After the second bleeding the regeneration is not as good as after thc first hlceding. but thc animais treated with thc stqiplcmcntary dict react a littlc better. All animais show a deficicnt protein regeneration in this phase. Thc antibody content is not influcnccd by thc supplementary dict. Thcsc results show tliat thc resting time after large blceding must l»c longcr than thc indicated by thc simple rccupcration of blood ccll and hemoglobin values. Therc exists a rclativc exhaustion of thc hematopoictic organs which can bc only partially compensated by thc administration of iron or soybcan. BIBLIOGRAFIA 1. IFhiffie, G. //. * Robtckiü-Robldas, F. S. — Blood regeneration in severe anemia; optimuni iron thcrapy and salt eífect. A mtr. J. Physiol. 92: 326. 1930. 2. Butchlrr, E. & Guggrnkcim, K. — Efícct of quantitative and qualitative protein defi- ciency on blood regeneration: II Hemoglobin. Blood 4: 964, 1949. 3. McSaught. /. B.; Scoll, V . C.; II "oodt. F. U. & IFhiff-lt, G. //. — Blood plasma protein regeneration controlkd by dict; eífccts of plant protein compared with animal proteins; inflnencr by fasting and infeetion, J. F.ifer. Mrd. 63 : 277, 1936. 4. Lrtris, J. //. {fc Taylor, F. H. L. — Compara tive utilization of raw and autoclavcd soy bean protein by the human, Proc. Soe. Erfer. Biol. 6r Mrd. 64 : 85, 1947. 5. !’«, E. & Aroujo, P. — Da Sangria de animais de imtmixação. Hem. Instituto Butantcit 21: 275. 1948. cm Vira. Ir. lí- BntasSaa, 24 (I) : * (**) -12, 1952. F. A- BERTI & L. M. ZITI 9 THE PREPARATION OF 2,6-DI N’ ITROAN I LI N* E By F. A. BERTI & L. M. ZITI (Fron lhe Chemotherafeutic Labor atory; Instituto Butantan, São Paulo. Brasil) During thc coursc of our work (1) wc necded to prepare 2,6-dinitroaniline. According to thc rcaction: NO» NO, N O» “04^ "-O 50 ']"— NO» NO» NO» wc established thc proccdurc here dcscribcd which is esscntially tliat of Ullmann (2), thc final produet licing ohtaincd by Meam distillation. Similar rcactions are reported by Ilollcinan and van Hacítcn (3) and by Wclsh (4). 2,6-Dini- troanilinc can also lie preporcd by hcating 2,6-dinitroiodol>ctucne (5), or 2,6-di- ni t ro- phcny 1 - ( 4-nit robenzyl) -et her (6), or 2.6-dinitro-chlorobctucne (7,8) with conccntrated alcoholic ammonia; by hcating 2,6-dinitroanisol with aqueous animo* nia (9) ; by hcating 2,6-dinitro-chlorobcn2cnc or 2.6-dinit rophcnol with urca (10) ; from 2-nitro-phcnyl-nitraminc and hydrochloric aci \.9o, „ * cen, o( sulfur trioxide) are gradually added through the neh^urirtg this operation the shouM * — - The stirring is contmued and. *hen t e slow i y through the fuming suffuric and »«nc a O ^ ^ ^ during the dropping “ the suiiuric-rtitric misture, the ice-r.a,er bath ts rcaction. - stea m-bath during 5 hours. Alter coohng, removed and the flask is heatea {iltered so i ut ion of 300 g of po- the nitrated cojopound» added slojr ^ fa w , lh „f tassium chlonde m 1°“^ ^ q[ (he temp erat„re mus. he avoided here mtrous vapour . . . ~ - rlinitro- 4 -chlorobcnzcnesulfonüte and. alter cooling. the preeipi.ated potas,,., m U ffltered «th snction and thoroughly washed - h is drW ^ÍTaf^uZw" hours” U is a yelkrwish potvder sfhich tveighs SS g (« i £1 of the theoretiea, amoun, tased o„ the potassmm 4-chlo- 3 ^...^— K—TSt m a 51 «de- . , t *| 1 . fitted with a mechanical stirrer, are plac necked, round-bottomed tlask, fitted "'m a whik stir . 350 ml of conc. aqueous ammonia (specitic gra\i > ' , . s J notassium 3 5 -dinitro- 4 -chlorobenzenesulfonate are added m one nng, 58 g of potassmm J.o «n . e _bath the water being heated portion. The flask is «mmers m a When the water boils, heating = «ngjhree hours. A.ter coohng £ > :;r s & «. 46-50 e (84-92 per cent of the theoretical amount). m 26.mLaOAX.uXB: The crude potassium 3 ^,n,tro+am,nobe.. H L Í4R rr '1 is added to 180-200 ml of 70 per cent sulfunc acid ( zenesulfonate (48 g) it» a(KR , • * • _ threc-necked, ml of concentrated acid diluted with 78 ml of " at *0 con h a Pvrex g iass round-bottomed flask of one hter, heated m “ ^ . len gth, this flask is tube of 20 mm of internai diameter and about 30 cm m lengx . , n( i t i le solution almost completei)- evaporated. of potassium hydroxide m 2a0 m o > . alcohol and air-dricd. The crude The hl, « rol u, ,„e theoretira, — , , material wcighs llO-lla g ( .• .imilarlv to 4 -acetaminobcnzenesulfonyl «■«*— -f* dta* - add. M* MU - chloride (15) from 290 g (1 - crude material is 100- 10a g ■ — - 37-50° . . «a rAAintr 70 ml of fuming sulfuric acid (spedhc “ 70 cif ic gravity 1.5) well cooled in icc-water bath. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Meta. Ir.it BuUctan. « (I) : 9-12. 1952. F. A. BERTI S L. M. ZITt 11 connected to a three-neckcd, round-bottomcd ílask of five liters, surmountcd by two large Allihn-condensers. Tlie crystals oí dinitroaniline, íomicd during thc stcam-distillation, and which could obstruet the connecting tube are casily rcnioved with thc aid of boiling water passing through the opening on top of the tubc (see fig. 1). ar* (••) lonorl «farine thc ditfiIUtx» aici «Vkh wH Krk thc tnhe. When thc temperaturc of thc bath reachcs 175-180^, steani is passed ra- pidlv through thc mixturc. Thc 2.6-dinitroanilinc immediately distills and crys- tallizcs in the rcceiving flask. Whcn 4-5 liters of water are collcctcd all thc produet lias passed. After cooling thc distillatc in thc icc-box, thc cnstals arc filtered by suction and air dricd (•). Thc crudc. dccp ycllow cnstals have a mclting point of 137-139° and wcigh 16-20 g (55-68 per ccnt of thc theorctical ainount bascd on thc potassimn 3,5-dinitro-4-aniinobcnzcncsulfonatc and 40-50 per ccnt bascd on thc potassium 4-chIorobcnzcncsulfonate (*♦). It niay bc (•) Extraction of thc ycllow íiltratc with cther it utclctt. (••) In the meantime a timilar proccdurc ha* appcartd iit Organic Synthcti» (16); howctrcr thc final yicM there rrportcd (30-36%) i> lo» cr than that wc obtaincd in steam-diitillcd produet. SciELO 10 11 12 13 14 15 cm 12 THE PREPARATIOX OF 2, 6-DIXITROAN1LI.VE purified by recrystallization from alcohol (20-22 ml/g) ; after recrystalli- zation the product is obtained as brillian\ deep ycllow crystals melting at 138-139.5.° (*). The recovery of recrystallization is 70-75%. RESUMO São dados detalhes para a preparação de 2,6-dinitroanilina que é obtida através das seguintes fases: 1) Nitração de 4-clorobenzenosulfonato de potássio. 2) Aminação de 4-cloro-3,5-dinitrobenzenosulfonato de potássio. 3) Dessulfonação de 4-amino-3,5-dinitrobenzenosulfonato de potássio. Os rendimentos em 2,6-dinitroanilina, com P. F. 137-139°, oscilam entre 40 e 50% do teorico, na base de 4-clorobenzenosulfonato de potássio. BIBLIOGRAFIA 1. Berti, F. A. & Ziti, L. M., Arch. Pharm., in prcss. 2. Ulhrunn, F., Liebig’s Ann. 366:105, 1909; Chcm. Zcntr. 2: 123, 1909; cír. Mayer, F. & Bansa, A., Bcr. 54 : 22, (annotation), 1921; Chcm. Zcntr. 1: 407, 1921. 3. Hollcman, A. F. & van Haeítcn, F. E., Rcc. Trav. Chim. Pays-Bas 40: 67, 1921; Chcm. Zcntr. 3: 1007. 1921. 4. Welsh, L. H., /. Am. Chcm. Soe. 63 : 3277, 1941. 5. Kocrnei, \V., Gazz. Chim. Ital. 4 : 437, 1874; Jahresbcricht der Chcmic: 345, 1875; Bcr. 8: 1200, 1875; Chcm. Zcntr.: 706, 1875. 6. Kumpf, G., Licb : g’s Ann. 224: 118, 1884; Chcm. Zcntr.: 633, 1884. 7. Borschc, \V. & Rantschew, D., Licbig’s Ann. 379: 162, 1911; Chcm. Zcntr. 1: 1049, 1911. 8. Auwcrs, K. V. & Frcs*, E., Bcr. 59 : 553, 1926. 9. Salkowski, H., Licbig's Ann. 174 : 273, 1874; Chcm. Zcntr.: 805, 1874. 10. Das-Gupta, J. M., /. Indian Chcm. Soe. 10: 111, 1933; Chcm. Zcntr. 2: 1019, 1?33. 11. Hoff, E., Licbigs Ann. 311: 108, 1900; Chcm. Zcntr. 2 : 47, 1900. 12. Desai, R. D., J. Indian Chcm. Soc. 5 : 425, 1928; Chcm. Zcntr. 2 : 2234, 1928. 13. Macciotta, E., Gaze. Chim. Ital. 60 : 408. 1930; Chcm. Zcntr. 2: 1068, 1930. Cfr. Gazz. Chim. Ital. 71: 91, 1941; Chcm. Abstr. 36: 1593, 1942; Ann. Chim. Appl. 29: 81, 1939; Chcm. Abstr. 33 : 8582, 1939. 14. Lindcmann, H. & Wessel. W„ Bcr. 58: 1223, 1925. 15. Smiles, S. & Stewart, J., Organic Synthcsis Vol. 1, pg. 8, John Wiley & Sons, Inc., New York, 1932. 16. Schultz, H. P., Organic Synthcsis Vol. 31, pg. 45, John Wiley & Sons, Inc., New York, 1951. (*) The melting points recorded in the literature are: 137° (3) 137.8° (5); 138° (9); 138° (12); 138° (11); 138° (10) ; 138° (13); 138-139° (7); 138.5-139° (4); 141-142° (6). cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Mra. Init. Batanun. M (1) : IJ-I6. I9h2. S. SCHEXBERG 13 A SIMPLE ELECTRIC DROP RECORDER S. SCHENBF.RG (Department of Phytiopathology. Instituto fíutantan, São Paulo, lirasil) Simple drop recordcrs usualiy ctnploy «he drop wcight for dircct record or the transmission of air pressure likc in thc Marey tairibour or in thc float recordcrs. In some clcctric drop rccordcrs thc drop wcight closcs a circuit (Condon). Thc diííicultics found in actual work of these apparatus are plcntiful and thc tracings are not easily rccordcd. Tive dcvicc described here works by tive drop principie closing thc circnit like in thc Winton drop recordcr (1). It is conncctcd dircctly to thc 110 volt. A. C. nvains and thc circuit is a simple one. Constnictkvn and operation cha- racterist : cs nvakc thts dcvicc much ivK>rc use fui than thc commotv ones used in biologkal laboratories. Workituj principie — Thc circnit presenteei here (fig. 1) is for rccords on snvokcd jvajvcr ttsitvg an clcctromagivctic signal (time nukcr). TRANSFORME* IIOVOlTS INPUT ATO gOVOCTS OUTPUT n* I — BfrtrW árop m orsWr kIwm. A circnit lvaving one oi thc wires conncctcd to two nickcl chromc wires original cs írotn thc nvains. This circuit is nonnally open. Tive falling of a drop betwecn thc nickcl chromc wires doses thc circuit. Hiologvc Solutions Entrcgis- para publicarão cm 23-5-1952. SciELO 10 11 12 13 14 14 A SIMPI.E ELECTRIC DROP RECORDER contain electrolites in amounts sufficient íor the ílow of current through them. The current originating froni circuit closing will pass through a sniall transfomier decreasing its voltage to the levei of conimon recording apparatus. The current used is 110 volt A. C, 50 or 60 cycles and the variation in 1/50 to 1/60 sec. will always be in time with falling drops otherwise the ílow woud be a continuous one. Each falling drop provokes many circuit closings and the pen registers many tracings which are all superposed owing to the sniall kymograph velocity. ConstructioH — The nickel chrome wire used is oí n.° 24 or 21 B & S gauge. They are enclosed in an insulating plate and connected to the sniall binding pOst to which the intermpted wire coming íroni the mains is also connected. The nickel chrome wire is advantageous because of low price and resistance to oxidation. The space between the two wires is easily adjusted to the drop diameter. The transformer is froni the conimon buzzer model with 110 volt input and 4 to 20 volt output. When the electrolite concentration is weak the transformer can be adjusted to a higher voltage or another transfomier with greater output be employed. In tliis Ialxiratory thcre have never lieen the need of using transfonners giving more than 4 to 12 volt output, but when the electromagnetic pen is of the high consuming current type there will l>e the need of a transfomier with a larger capacity. Adaptations — lt is possible to use the circuit before the transfomier to make visible and audible the falling drops using a neon lanip and a buzzer or to adapt a loudspeaker after the transformer which is useful for controlling at distance the variation in frequency and for demonstrations purposes. The current and voltage are sufficient for the buzzer loudspeaker and ionization for the neon lanip. It is always useful to uso ?. time recorder (fig. 2) when the Fig. 2 — Upper tracintr. drop rccord ; lower tracinjc time 6 *«*c. intervala. chief purixise is to register the flow variations. When it is desired to determine the total number of drops in prolonged observations it is possible to connect an electromagnetic counter (2). It is also possible to use an electric buzzer by adapting a pen in the vibrating plate (3) and with this simplification there is no need to use a transfomier o relectromagnetic pen. In this way both the recording and the audible signal are obtained. Nem. loeí. Buucun. U lll : 1J-16. 1952- S. SCHEXBERG 15 RESUMO É descrita uma montagem simples para a contagem elcctrica de gotas, com o emprego de corrente alternada, usando pequeno transformador e pena inscritora clcctro-magnética comum. São descritas igualmente possíveis variantes do mé- todo. para tomar visível ou audível a passagem das gotas. Instala-se j>ara isto, no circuito, uma lâmpada neon, o que facilita a observação e demonst rações ou uma campainha, cigarra ou alto falante, obtendo um sinal sonoro. REFERENTES 1. I Pinto» F. R. — J. Phy»:ol. 87: 20. 1936. 2. Isilf. J. V. P. — Pcrvmal cximiunication. 3. Rocha e Sihv, M. — Per v mal conmiumcation. Mm Inst- BcUotan, 24 ( 1 ) ; 17 - 36 , 1952 . JOS t MANOEL RUIZ 17 CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DAS FORMAS LARYÂRIAS DE TREMATÓIDES BRASILEIROS 2. Fauna de Santos, listado de S. Paulo to» JOSÉ MANOEL RUIZ (Secfão de Parasitoloffia, Instituto Butantcn, São Paulo, fírastl ) O índice cercárieo como íator no estudo epidemiológko da Sehistosomosc ou dc outras trematoidoses c dc importância incontestável. Esse indicc é representado pela percentagem dc infestação natural dos mo- luscos. O sentido dessa pesquiza pode ser orictado de modos diversos conforme ao fim a que se destinem os resultados. Preliminarmente poderiamos distin- guir dois índices diversos: um índice cercárieo especifico c um índice cercárieo global; o primeiro, dando a percentagem dc infestação por uma determinada espécie dc cercaria, e o segundo, o da infestação total por cercarias ou formas lanarias de trematóides, no primeiro hospedeiro intcm>cdiário. Evcntualmcntc poder-se-iam estabelecer outros índices intermediários, como. por exemplo, indicc furco-i crcárico ou dricanocercárico j>ara exprimir a percentagem dc moluscos infestados por cercarias dc cauda bifurcada, etc. Nos estudos epidemiológicos o interesse concentra- v principalmcntc para o indicc ccrrárico especifico. A determinação dc todos os Índices específicos no estudo dc certa região não é trabalho fácil c nem sempre é dc necessidade ime- diata. mas por outro lado. a determinação 2 mm. de diâmetro transversal. Esòiago longo, atingindo a borda anterior do acc- tábulo. Os cécos circundam o acetálmlo e terminam quase na extremidade pos- terior do corpo. O esôfago e os cegos são constituídos por uma única fileira de células embrionárias. A observação do aparelho cxcretor foi apenas parcial ; vcsicula excretora calibrosa e curta, biíurcando-sc muito antes de atingir a zona do acctábulo, etn dois canais coletores primários. Estes, no inicio delgados, se avolumam bruscamente ao nivcl tia zona acctahular c dirigidos para frente formam quatro ondulações características; no nível «la faringe os canais se afilam progressiva e rapidamente c, jwuco antes de atingirem a ventosa oral, se recurvam para trás, voltando por um percurso pararelo ao anterior até quase a extremidade posterior «lo corpo. A porção dilatada c ondula«la dos ramos ascendentes en- cerram granulações de possivel natureza cakárca (solúveis no ácido acético), esféricas, reiringentes. «pie dão á cercaria um aspecto muito bonito; cm número de 35 a 4f. medem os grânulos maiores de 0.008 a 0.012 mm. A cauda apresenta etn sua borda uma série simples de células e o centro é ocupado por um tecido frouxo; a parte basal apresenta um tubo cxcretor me- diano. dilatável, dirigido para trás c bifurcando-se antes de atingir a metade posterior. Esta cercaria c muito móvel e sensível' à luz; executa dois tipos de movi- mentos principais: um de vibração c outro de reptação, em linha réta, á seme- lhança de certas larvas tlc insetos. O primeiro movimento é executado pela cauda e é muito característico; a cauda chicoteia para os lados amplamentc de modo a formar um numero 8 «leitado sob o corpo, que se desloca rápido para trás. O movimento de reptação é executado pelo corpo, entrando em jogo a combinação harmoniosa «las ventosas; a cauda. si presente, permanece imóvel c estirada, o movimento é rápido; cada impulso dura cerca de um segundo. Frequentemente ao reagir contra um meio impniprio a cercaria dobra o corpo para o lado dorsal, expondo o acetabulo numa grande saliência. Esta cercaria apresenta acentuado SciELO 10 11 12 13 14 p 09 a i uz forte (maxima iluminação cio microscopio) a =£*“«=: ss:ri^. =sSS5s:s=.-r=rjrs tracla uma forma encistada nos tecidos com os seguintes caractenst.cs. ' Esférica. com 0,122, ,nm. de diime.ro envolta por uma consistência gelatinosa, ben. delimitada, com „m «n^im^* «8 ™ ; visível na metacercária 20-25 espinhos ao redor da ventosa oral subguais • granulações do aparelho excretor com O.Oaó mm. de diâmetro. ~(oi Observada apenas uma espécie dc echinocercana, e de se supo ser este cisto proveniente da mesma. Este fato v.na, ate certo ponto, Po em dúvida a identidade da presente espécie e a desenta por Lutz, qu Tcisu em formações ovais em firma, e barrigudinhos. Entretanto como f o, encontiado só um exemplar, em molusco infestado possivelmente no gatuno, noderumios atribuir este fato a uma formação acidental; caso contrario o ç • inente "teríamos encontrado grande infestação nos moluscos confinados num pe- queno aquário. Cercaria lutzi Ruiz (figs. 15 — 26) Esta cercaria foi observada desd. Novembro de 1941 .descrita em 1943, quando afirmamos que era "sem dúvida de um Plupiorrlnonfr». provavelmente Irnsb» dc batráquio ou de ave na forma adulta". Eucon.nnno, es ta espece mmn rom frequência, em ambos os lotes de Amlnlortm da odade de ' K„ decorrer dos exames deparamos com ..... exc.plar m testado com es n espécie que apresentava numeroms fonuas de metacercanas de desenvolvimento precoce monlalia que costuma ser observada en. xilidio-cercárias. A morfolog.a das n, «acercarias, especial,,, ente o grande desenvolvimento da em forma de Y. nos deu qtn.se a certera para aftnnar que esta eercar.a e a forma larvária de um Pnr.m.onorrrr, possivelmente Pnr «mm Trav. SciELO 10 11 12 13 14 15 cm Mra. Inrt Bntanti». « ( 1 ) : 17 - 36 . 1 ** 1 . JO St MANOEI. KlIZ 23 et Anigas. 1927, jwrasito frequente das nossas rãs. Sc esta sugestão for con- firmada. nos resta j>ouca ou nenhuma dúvida que esta cercaria ja fora obser- vada por Lutz anteriormente. Em seu traltalho sobre parasitologia vcnczoelana, publicado em 1928. I.utz refere, em termos muito resumidos, o ciclo evolutivo de unn xifidiocercária do Rio de Janeiro que evolui para um adulto do gênero Pncur. onoects. do pulmão dc Leptodactylus oeettatus. espécie que denominou Pmcumotioeces planorbinus. que. a nosso ver. é um estrito sinónimo dc Pncumo- noccct nrhvi Trav. e Artigas, 1927. “Puse cm claro la biologia dc esta esjwcie cuyas partenitas vivem etn varias esjiecies grandes dc Phnorbis. I-os csjx>rocistos son j>e- quenos. redondeados y las cercarias no tienen rnuchos distinctivos, a no ser un gni|K> dc glandulas cefalicas dc cada lado dcl acetábulo (Lutz. 1928 pg. 107). Descrição Corpo succtivcl de grande distensão: cutícula apresentando pequenos espi- nhos dirigidos para trás. etn toda a superfície, sendo mais ralos na metade jmis- terior. Ventosa oral l»em desenvolvida apresentando forte estilete oral ligei- ramente assimétrico. Acetálmlo muito reduzido, ás vezes difícil dc distinguir, situado na região posl -equatorial. Pre faringe longo ; faringe musculosa, imedia- tamente atrás «La qual os cecos se bifurcam: o trajeto total dos ramos cecais não foi observado. Glândulas dc penetração etn numero de 10, sendo cinco cm cada lado da região acetabular. Observam-se dois tipos dc células glan- dulares: um gntjto anterior composto de 4 células c uma célula posterior corável muito mais intensamente pelo vermelho neutro. Em nossa descrição anterior referimos 8 células a{>enas. quatro em ca«la lado. que é alias o que á primeira vista M observa; com o uso da lente dc imersão c oliscrvação mais acurada distinguimos mais tnna célula glándular no gnqw> anterior. O aparelho excretor é íomuulo por unta vcsicula etn íonna dc V. cujos ramos atingem ou ultrapassam o limite superior da zona acctahular. Canais coletores primários inseridos nas extremidades dos ramos. Fórmula do sistema dc células vibráteis «lo ti|x> 2 [ (3 -4-3-í-3l-i- (3—3-3) Os solenócitos se distri- buem igualmentc nas faces vctitral c dorsal, dezoito cm cada face, ou seja nove em cada la«lo «le cada face. (Vide fig. 15). Psporocistos — As cercárias se originam em csporocistos relativamcntc pequenos, muito numerosos, um pouco alongados, de extremidades arredondadas. Contem um número dc cercárias que varia de 1 a 10. mais frequentemente 2 a 4 bem formadas além de algumas células indiferenciadas. Ccrcotia lutsi. como as demais xifidiocercárias «pte temos observado, exe- cuta movimentos característicos : pode deslocar-se j*or reptaçáo como as cchinos- SciELO 10 11 12 13 24 CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DAS FORMAS LARVARIAS DE TREMATÓIDES BRASILEIROS tomocercárias. o que é menos frequente, ou por vibração da cauda e do corpo; este movimento é muito mais lerdo que o das echinostomocercárias e completa- mente diferente; o corpo se curva ventralmente, assumindo uma forma muito larga e achatada e a cáuda chicoteia no sentido do corpo e o deslocamento se dá pela face dorsal da cercaria. Esta cercária apresenta acentuado fototropismo negatho, :mobilizando-se e encolhendo o corpo e a cáuda, pela incidência de luz forte ao microscópio. Xa tabela 3 damos as principais dimensões (em mm) de Cercaria lutei, comparando-as com as que apresentamos em nossa descrição original, em 1943. tabela 3 • Descrição original 1943 Cercarias vivas imobi- lizadas pela ação do vermelho neutro Cercarias mortas pela ação rapida do calor Corpo (comprimento) 0159-0405 0,172-0410 0.185-0416 Corpo (largura) 0.0S6 0,092 0.066- 0.0980,117 Ventosa oral (diâmetro) 0.042.0,047 0,053- 0,034-0,059 Acetabulo (diâmetro) 0,016-0 020 - 0,030- Cauda (comprimento) 0.1484)459 0422-0445 0,154-0416 Estilete oral (comprimento) 0,023 0,031-0.034 0,0280,034 Esporocistos: Comprimento: 0,330 a 0,700 0,253 a 0.450 Largura: 0.110 a 0,115 9,1!2 a 0424 Cercaria saxtense, n. sp. (íigs. 27 — 30) Descrição Corpo alongado com um comprimento médio de 0,216 mm e uma largura média de 0,098. Cutícula apresentando pequenos espinhos dirigidos para trás. Cauda com o comprimento aproximado ao do corpo, delgada e atenuada gradualmcnte para a extremidade. Em certas posições a cáuda é um pouco mais longa que o corpo. Ventosa oral de contorno circular, bem desenvolvida, com um diâmetro próximo a 0,050 mm, e apresentando um estilete forte, media- namente desenvolvido, que mede 0,014 mm de comprimento por 0,005 mm de largura, na região mediana. O estilete é anterior, situado medianamente e se comunicando com uma abertura anterior pequena que nada tem a ver com a abertura oral propriamente, que é ventral. 2 3 4 SciELO cm 10 11 12 13 14 15 Mos. lati Bata «Ar. U (II : ír-Jt,. IK2. ros£ maxdei. Rfiz 25 Acetábulo muito desenvolvido com um diâmetro subigual ao da ventosa oral, ás vezes ligeiramente maior, com 0.0^3 mm. Prefaringe curto, seguido por uma faringe medianamente desenvolvida. Os cecos, não foram observados com muito nitidés porem parece-nos serem curtos, terminando ao nivcl do meio da zona acetabular. Glândulas de ixmctração numerosas, formando um grujx) de 6 ou 8 células ligadas por dois canais á abertura anterior. Essas células são de igual aparência c se confundem com as numerosas células laterais c dorsais que atingem todo o corpo. As células laterais margeiam o corpo desde o nivcl da faringe até proximo da extremidade; contam-sc pelo menos umas lis c as dorsais obliteram toda a face dorsal. Observando-se com mais detalhe a abertura anterior, em certa posição, vém-se nitidamente as terminações de 10 canais glandulares cm tòmo do estilete que situa-se no centro; 4 correspondem às chamadas glândulas de penetração (jicriacctabular) dois cm cada lado c em posição suh ventral c 6 correspondem ajorentemente ás células glandulares laterais; são canais muito mais delgados distrilmidos 3 de cada lado da al>crtura. em posição sub dorsal. .■I farclho excrclor — Não foi ol>scrvado com toode alongar-se muito e atingir um comprimento três vezes maior que o da cauda. A largura é próxima de 0,070 mm. As ventosas são liem desenvolvidas. Ventosa oral subterminal, ventral, de contorno circular, medindo 0,031 a 0.044 mm de diâmetro transverso; na região pré-oral a extremidade do corpo é tipicamente cónica terminando em ponta 'arredondada! Àcetábulo situado um pouco abaixo da região equatoriai, medindo 0.034 a 0,044 mm de diâmetro. Prefaringe ausente. Faringe desen- volvida com cerca de 0,022 mm de diâmetro. O esófago não é muito longo e apresenta uma dilatação basal que lhe dá o aspecto de pirâmide. Cecos longos terminando nas proximidades da extremidade posterior. A vesícula excretora é muito larga na base e rodeada por células glândulares e apresenta conteúdo granuloso e refringente. Da porção anterior da vesícula parte um tronco curto, mediano, que se bifurca, quase imediatamente, em dois canais coletores primários, delgados, que se dirigem para os lados e para a frente como um V ; esses canais atingem a região íaringeana mas não observamos maiores detalhes. O corpo da cercaria é óticamente homogêneo, não se obser- vando células glândulares ou destacáveis à vista, mesmo pela coloração vital. A cauda desta cercaria é complexa. Apresenta uma porção dilatada, glo- bóide (corpo da cauda), vesiculosa e de paredes duplas: uma externa delgada, outra interna, muito espessa e forte; entre as duas existe um espaço óticamente vasio. O interior desta jxirção apresenta um esjiaço vasio rodeado por tecido celular frouxo. O coqxi da cercaria liga-se posteriormente com a parte basal dessa cavidade e a seu lado se insere um longo tulx) que mede ao redor de 0.2.36 a 0.380 mm de comprimento, o chamado “delivery tube” pelos americanos, apêndice caudal de função desconhecida. Esse tubo é passível de grande dis- tensão nos movimentos que executa; como o corpo é passível de se alojar no interior da cavidade ou dela emergir parcial ou totalmente, á vontade. É 2 3 4 SciELO cm 10 11 12 13 14 15 Mtm- I Tí\i- Bcuntja, 24 (I) : ir-i". 1*5-- JOSfc MANOEL RLIZ 27 formado jwr uma íileira simples de cerca de 20 a 22 células quadrangularcs, envoltas por uma membrana comum e apresenta na parte «listai uma porção diferenciada nitidamente, mais rigula c granulosa. A jwnta «lessa jtorçâo apre- senta tuna «lilatação ent cujo interior sc nota um gnqxj «lc células dispostas cm rosácea c dessa dilatação destaca-se uma pequena projeção terminal conico- arredondada. Fazendo sequência ao corpo da cercaria c projetando-se para fóra «la porção glolióide da cauda, existem aintla dois ajientlices caudais: 1 — um bulbo cxcrctor c 2 — um apêndice terminal. O bulbo cxcrctor é uma dilatação que faz saliência arredondada postero-lateralmente c que representa a jwrtc final do ajtarelho excretor, estando em ligação direta com a vesícula excretora, a apresentando, como esta. granulações refringentes. O apêndice terminal, «leno- minaçáo que nos ocorreu no momento, é como cjue uma "cauda «la cauda ; uma continuação «la parede externa «la porção globoide, adelgaçada, um tanto retor- ci«la c terminando etn ponta atenuada. fc envolta |>«>r várias séries «lc células dispostas longitudinalmente e formando uma expansão achataila c um pouco retorcida. Km exemplares mais jovens vém-sc perfeitamente as células «pie for- mam este env«»ltóri«> mas «lq>ois «lesajxirccetn os núcleos c o conteúdo celular, ficamlo apenas expansões hialinas mcrabranáceas. trabcculadas. A cauda mede O.CKl a 0.084 mm de largura máxima e um comprimento total «lc 0.128 a 0.157 mm, incluindo o apêndice terminal que mede cerca «le 0.050 mm. Quando engloba o corpo mole um pouco mais, cerca «le 0,095 mm «le largura externa. A parede interna volve uma arca que mede 0,0 Ui a 0,078 mm «le largura por cerca de 0.100 mm «le comprimento. Rêdias — As cercarias são encontradas no interior «lc rétlias liem gratulcs, amarelo alaranja«las. com a forma «le banana, «le extremidades arredondadas, com a metade anterior um |*nico mais calibrosa. Sã«> perfeitamente visiveis a olho nú. pelo tamanho c jielos movimentos muito ativos: medem até 3 mm. mas a média mais comum é «le 2.30 a 2.65 mm «le comprimento; a largura na metade anterior c «le 0.368 a 0.427 mm e na |«ostcrior 0.263 a 0.342 mm. A txxa é terminal afunilada seguida j>or uma faringe alongada com 0.052 «lc largura c O.OftS a 0.080 mm «lc co m p rim e n to. O cécn c amplo c curto um tanto recurvado em forma «le S. contendo pigmentações escuras abundantes; médc 0.315 a 0,400 mm «le comprimento. Parece existir uma abertura «le parto um pouco altaixo «la z«ma íaringeana. O conteúdo «las redias é abundante jxxlcmlo ser contadas mais de uma centena «lc cercárias desenvolvidas, móveis, com o c«»rpo livre «mi incluso na cauda. As ré«lias provem de csporocistos pequenos alongados, «lc extremidades arrctl«Mtda«las. uma «las quais é mais atenuada; con- tem numerosas células germinativas ; são jxmco móveis. Esta cercária muito provavelmente pertence á especic Halipegus dubius Klein. 1905 (sin. //. sp. I.ühc. 1900 — //. similis Iaitz. 1928), Hemiuridae relativamentc fre«jüentc em tm-sas rãs ( Leptodaelyhis oecUatus). O nome Ccr- SciELO 10 11 12 13 14 28 CONTRIBUIÇÃO ao estudo das formas larvarias de TRE.MATÓIDF.S BRASILEIROS caria hcniiiira evidentemente cairá na sinonimia uma vez confirmada a relação entre a lan a e o adulto. De acordo com as Regras Internacionais de Nomencla- tura Zoológica, preferimos sempre usar nomes latinos ou latinizados para deno- minar as formas descritas o que causa menos confusão. RESUMO 1. O valor do estudo das formas lanarias de trematóides e a determinação dos índices cercáricos nos estudos epidemiológicos, são enaltecidos, distinguindo o trabalho preliminarmente, dois índices diversos: itidicc ccrcárico global (ICG) e indice ccrcárico especifico (ICE). 2. Apresenta um estudo de 5 espécies de cercarias encontradas em Austra- lorbis sp. da cidade de Santos, Estado de São Paulo: 1) Cercária de Schis- tosoma mansoni Sambon, 2) Cercária de Paryphoslomum scgregatuni Dietz, 3) Cercaria lutei Ruiz, 1943, 4) Cercaria santense, n. sp. (xifidiocercária) e 5) Cercaria hemiura, n. sp. (cistocercária). 3. Os índices global e especifico são representados nas talielas I e II. O trabalho é ilustrado com 38 figuras originais. SUMMARY 1. The importance of the studv of lanai Trematodes and of determination of Cercarial Indexes in the epidemiological investigations is shown and two sepa- rate indexes, are secognized i. e., global cercarial index (ICG) and spccific cercarial index (ICE). 2. Five species of cercariae are studied from Australorbis sp., from Santos, State of São Paulo. Brazil: 1) Cercaria of Schistosoma mansoni Sambon, 2) Cercaria of Paryphostomum scgrcgatiiin Dietz. 3) Cercaria Lutei Ruiz, 1943, 4) Cercaria santense. n. sp. (xiphidiocercariae) and 5) Cercaria he- miura, n. sp. (cystophorous cercariae). 3. The global and specific indexes are represented in table I and IT. The paper is ilustrated with 38 original drawings. BIBLIOGRAFIA 1 . Cordcro, E, E.. — La validez de Halipcgus dubius Klein.. An. Acad. Bros. Ciências. 14 (2): 127-135, 1942. 2. Cort, Ií\ 1 1\ — Homologies of the Excretory System of the Forked-Tailed Cercariae, J. Panasit.. 4: 49-57, 1917. 3. Cort, íl'. li', and Nichols , E. B. — A New Cystophorous Cercaria from Califórnia, J. Parasit.. 7 : 8-15. 1920. 4. Coutinho, J. O. — Contribuição para o estudo do Hospedador Intermediário do Schislosoina mansoni em Santos. São Paulo, Per. Clinica de S. Paulo, 25: 31-38, 1949. 2 3 4 SciELO cm 10 11 12 13 14 15 \trrr- lul BdUdUb. M U> : iri*. t*5-\ JOSt MANOEL KfIZ 29 5. Hmmmmfn, A. I'. & Cabtt. R. M. — The life history of LeãthasUr confnsus Odhner (Tiematuda: Hrmiuroidca ). /. Parosit.. 29 : 71-/9, 1943. 6. Krull, II’. //. — Studie» on lhe life history of Haliprgus oecidualis Stafiotd, 1905, Amor. Midi. Xatur.. 16: 129-142, 1935. 7. Lrão de Moura. S. A.. — SchUtoioroose mansoni autóctone cm Santos Rcv. Inst. Adolfho Lul;. 5 : 279-297. 1945. 8. Luehf. M. — Parasitisch Platwucrmer. Trematodes Dic Susswasserfauna Deutsch- lcndc*. Jcna. 17: 1. 217. 1909. 9. Lul;. A. — Introdução ao estudo «la evolução do» Endotrcmalo«k* brasileiros, Mem. Inst. Osualdo Cru;. 14: 95-103. 1922. 10. Lul;, A. — Estudo* sobre a evolução «lo» endotrrmatcxle» brasileiros Parte especial. I. F.ehinostomidae. Mem. Inst. Oturaldo Cm;. 17 : 55-73, 1924. 11. Lul;. A. — Estúdios «k Z««>logia jr Parasitologia Venezoelano». Rio de Janeir«>. 133 PV> 26 esl. 1928. 12. Paira Magalhães. 7... — Es/juistosomiasi* Mansoni. Xovo íóco auuVtonc cm Santos. Rtn. lutl. Adolfko Lul;. 9: 5-17, 1949. 13. Pinto, C. & Almeida. A. /•’. — Schistosomiasis Mansoni no Brasil. Monogr. n.° 5 do Inst. Osualdo Cru;. 1948. 14. Rankin Jr, J. S„ — A rrview of thc Trematode genu* llalipegus Loou, 1899. with an account of lhe life history of II. amhersleusis. n. sp. Tmus. Amor. Mirrou. Sor.. 63: 149-164, 19*4. 15. Rolkuhild. M ., — Cercaria simitrini, a sp. a cystophnrmu cercaria froni Pcringia ulvae (Pcnnant. 1777). .Vffif. 7ool.. 14 : 42-57, 1938. 16. Rui;. J. M. — Contribuição a«> estudo das formas lars árias de tremat«'»i«ks brasileiros. ,4*. Paeuld. parm. Odonl. IW. S. Paulo. 3: 105-112. 1943. 17. Thamat. L. J. — Liie ckk of a Eluke. llalipegus aeeenlneus. n. sp. iound in tire Ears of Frogs, J. P aratu . 25: 267-221. 1939. 18. Travassos. L. ts Artigos. P. — Pueumouoeces Ncfruf. n. sp.. lremato«ko do pulmão ab. j>éaes do gênero Gnalhostoma Owen, 1836: G. sfinigerum Owcn. 18»6, G. gracUt (Diesing, 1838), G. turgidum Stossich, 1902 c G. amcricanum Travassos, 1925. G. sfinifjerum tent larga distribuição geográfica que. conforme já afirmara Travassos (1925), não c positivamente aceitável, provindo esta larga distribuição de material mal determinado. Esta espécie foi assin a l a d a no Brasil por Diesing (1839) no estômago de Ftlis concolor c descrita sob o nome de Cheiracanthus robustas. G. gtacilf ( Cheiracanthus gracilc Diesing. 1838) foi originariamente des- crita do intestino de “pirarucu”, .1 rafai ma gigas. G. turgidum foi deficientcmcntc descrita toscada em duas fémeas, mal con- servadas. encontradas em Piddfhis asarac da Argentina. Posteriormente foi identificada c rcdcscrita jtor Travassos (1925), que encontrou dois machos c uma tf nua no estomago «le Piddphis auríta do Brasil. Na mesma ocasião Travassos descreve G. amcricanum do estômago de Fdis ligrina, (tascado num exemplar macho c vários segmentos de fétueas. Em necropsia recente realizaila na Secção de Parasitologia do Instituto Butantan (Necr. N.° 3884. 4 8/1951) foram encontrados, entre outros para- shos, dois exemplares de Gnalhostoma localizados no figado de uma “cuica" Lulreolitta crassiraudata que a principio julgamos idêntica a Gnalhostoma di- ddfhit CTandlcr. 1932. Um exante atento, porem, nos induziu a concluir que a espécie que tinhamos em ntão não poderia ser identificada á de Chandler, em vista de diferente disposição das papilas caudais Item como do tamanho rela- tivo dos espiculos, «las glândulas cervicais em relação ao esôfago c «leste cm relação ao tamanho coqto. As ntedidas absolutas são também «liscordcs, porem, conto poderia tratar-se de variação própria «la espécie, consideramos desprezíveis esses «la«los. Entregar para poMtcação em 1 4 ile abril e de G. turgi- dum i>cla morfologia das escamas cuticulares, |>clo tamanho relativo dos espiculos e pelo número c disposição das japilas caudais. Distingxic-se de G. atntricanum pelos caracteres acima citados c ainda jtcla extensão espinhosa do corpo que é menor em G. brasiliense. A espécie mais próxima jxrla morfologia c j>elo liabi- tat é G. didelphis Chandler. 1932. da qual se distingue pelas relaçõo s : 1 ) espiculos ( 1 :2,3 em G. brasiliense, 1:3,1 enj G. didctphis); 2) Glândulas cervicais c esófago (1:4.2 cm G. brasi- liense 1 :3 em G. didctphis) ; 3 Esófago c corpo (1:5 em G. brasiliense 1 :6 a 1:7 em G. didctphis). Distingue-se ainda, principalmentc, |>clo número c dis- posição das papilas caudais. RESUMO Na presente nota é descrita uma nóva espécie de nematóide Gnathostoma brasiliense, n. sp.. encontrada no figado de uma "cuica" procedente de Sampaio Moreira. Estado de São Paulo. Constitúi a quinta espécie do género referida para o Brasil. Ê próxima de Gnathostoma didctphis Chandler. 1932. da qual se diferencia pelas relações de comprimento entre os espiculos. entre as glândulas cervicais c o esófago e entre este e o comprin>cnto do corpo; difere ainda pelo número e disposição das papilas caudais. SLMMARY A ncw nematode spccics Gnathostoma brasiliense, n. sp. is descril>cd írom thc livcr oí a “cuica", trorr. Sampaio Moreira, Estado de São Paulo. Brasil. It is dose related to Gnathostoma didctphis Chandler. 1932. from which it can bc distinguished by the ratios l>etwceti organs: 1) spicules length (1^.3 in G. brasiliense — 1 J.l in G. didelphis ) ; 2) cervical glands and ocsophagus ( 1 A 2 in G. brasiliense — 1 :3 in G. didelphis), 3) ocsophagus and hody Icnght (1 :5 in G. brasiliense — 1 :6 to 1 :7 in G. didelphis). and also by the different arrangement and nnmlier of caudal papillae. SciELO 10 11 12 13 yitts. Ic*t Bau»ua. 24 U) : 37-44. 1952. JOSÊ MANOEL RCIZ f,j | — CmiWw KmSíhw, b ip Vwía i.«íL cm SOBRE UM NOVO GSATHOSTOMA ASSINALADO NO BRASIL SciELO Figi. 2 ç 3 — O nathostjTTUi brasilicnsc, n. sp. Pormenor da extremidade caudal. 2« (I) : J7-I4. I »52. OSÉ MANOEL RLIZ 4 S SciELO 12 13 44 SOBRE UM NOVO GNATHOSTOUA ASSINALADO XO BRASIL Fig 5 — Gnathoiloma troiiUnue, n. sr. Vário» tipoé de eícanus cuticularw. Mrm. Inrt. Bstuiu. »• (1) : «S^>.\ 195—, JOSÉ MANOEL RU1Z 45 CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DAS FORMAS LARVAR IAS DE TREMATÓIDES BRASILEIROS 3. Fauna de Belo Horizonte c Jabotieatubas, Estado de Minas Gerais ro* JOSê MANOEL RLIZ (Secfão de rarasitolofia, Instituto Butontjn. São Paulo. Brasil) Em começo de janeiro de 1952 tivemos o ensejo de coletar em Minas Gemes planorbidcos infectados por Sehistosoma tnansoni. Em Belo Horizonte os Proís. A. Vianna Martins c Oswino Penna Sobrinho ptucram a nossa disposição as dependências c funcionários da Secção de Parasitologia «Ia Faculdade de Me- dicina. onde pudemos examinar jwrte do material coletado c inocular animais de experiência. Acompanhados do Sr. Antonio Leoncio, funcionário da Faculdade c conhece- dor dos focos planorbidcos, foi-nos facil capturar nutcrial abundante de vários pontos da capital mineira e da vizinha ci seja, no sentido da cauda. , u ,n 'rrím cm rédias alongadas, **»■• ^ zzrsSZ w»°r * tanto recurvadas, que n \ ore scntam pigmentação < processos largura prdsima * * JST-W-W* discreta e encerram 1 limites entre os terç porção ambulatórios situados d “ idade um aspecto lancerdau ^ I» ^ corpo, e dois anteriores, que < a • a mbulatórios, gera n polrior. compreendida . ap arência de ^^Xerca um pouco do eixo do corpo alonga da no sentido long.tiu m. cstrc ; to n0 faringe é musculosa e um ‘ . mm de largura. f un do de 0.342 mm de comprimento P° largo porção distí. inicio, formando una comprimento que nun ^ comprimento amplamente arredondado. . ^pando cerca de contração xiLades da linha equatoml. movimentos de con.rac do corpo. As rédias sio pouco ativas, muito lerdos. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 52 CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DAS FORMAS LARVARIAS DE TREMATÓIDES BRASILEIROS Diagnose diferencial : Lutz (1924, p. 71, est. 5, fig. 4), descreveu e iigu- rou unia cercaria encontrada em Scmisinus spica, á qual não deu nome e que muito se assemelha, no aspecto, a C. macrogranulosa, n. sp. Denominamos aquela espécie Cercaria semisinicola, n. sp., e a diferenciamos de C. macrogranulosa pelos seguintes caracteres: 1 — Tamanho do corpo; 2 — Tamanho relativo das ventosas; 3 — Diferença de hospedeiro; 4 — Presença de espinhos nas rédias de C. semi- sinicola; 5 — Comprimento dos cecos nas rédias, que em C. macrogranulosa não atingem os processos ambulatórios. 3 — Mctacercaria sp (figs. 6-7). Sob este nome nos referimos a uma metacercária de equinostomideo en- contrada, com muita frequência, no lote n.° 11 e, menos frequentemente, no lote n.° 13. Trata-se de uma metacercária tipica, redonda, envolta por membrana lisa e forte; méde cerca de 0,154 mm de diâmetro. Xo interior vê-se facilmente o jovem trematóide encistado, com a ventosa oral medindo cerca de 0,045 mm de diâmetro e o acetábulo 0,070 mm. Os dois canais coletores primários são bem evidentes e repletos de concreções pequenas, redondas e refringentes. Na região correspondente ao colar cefálico contam-se 41 a 45 espinhos bem desenvolvidos, medindo até 0,015 mm de comprimento; o colar de espinhos é interrompido e os espinhos basais, formam um grupo de 4, os demais dispondo-se, alternadamente, em duas fileiras muito próximas, porem distintas. b) PLAGiORCHioiDEA (Dollfus, 1930) Mc Mullen, 1937. 4 — Cercaria minense, n. sp. (figs. 8-13) Xifidiocercária de corpo alongado, extremidade anterior arredondada e a posterior um tanto truncada, medindo 0,185 a 0,215 mm de comprimento por 0,098 a 0.123 mm da largura. Cutícula espinhosa. Cauda delgada e atenuada para a extremidade; quando estirada méde cerca de 0,153 mm mas a tendência da cauda é permanecer um tanto encolhida e se apresentar muito curta em re- lação ao corpo. Ventosa oral bem desenvolvida, de contorno circular, subtermi- nal, com abertura ventral : mede 0,050 a 0.063 mm de diâmetro. Estilete oral medianamente desenvolvido, medindo cerca de 0,022 mm de comprimento; apre- senta a face ventral plana e a dorsal com uma elevação ou lombada na extre- midade anterior, precedendo a ponta que é aguçada; localizado na porção dorsal da ventosa se exterioriza, quando em movimento para a frente, numa abertura circular, pequena e terminal, onde também desembocam os canais das glândulas de penetração. O acetábulo é menos desenvolvido; situa-se na região equatorial Mra. Inst. Batantan, 24 (I) : 45-62, 1952. JOSÉ MANOEL RUJZ 53 da face ventral e mede 0,040 a 0,050 mm de diâmetro. Prefaringe praticamente nulo. Faringe forte, globóide, com cerca de 0,022 mm de diâmetro. Esôfago e cecos pouco distintos. As glândulas de penetração formam dois grupos bem distintos: há duas grandes células mononucleadas nos lados do acetábulo, que se coram mal pelo vermelho neutro e que se comunicam com a abertura anterior da ventosa oral, por meio de canais bem calibrosos. Há outro grupo de pequenas células, anteriores ás primeiras, que se coram intensamente pelo v. n. e que também se comunicam com a abertura anterior por canais mais finos, cujo numero é difícil estabelecer. Característico nesta espécie é a presença de dois sacos formados aparen- temente, por uma dilatação dos canais secretores das glândulas de penet ração, na região da ventosa oral. Os sacos se dirigem para trás terminando cm fundo cego amplo. Se destacam facilmente no exame a fresco apresentando-se como espaços vazios. Vesícula excretora localizada inteiramente atrás do acetábulo. Tem a forma de T ou Y de ramos muito abertos. O tronco impar forma sempre uma dilatação mediana, ás vezes bem alongada jiara os lados. Os ramos pares não atingem a zona acetabular. Os canais coletores primários, C 1 , se inserem nas extremidades dos ramos da vesicula e formam várias circunvoluções, lógo acima, antes de originarem os Ca. 2 e Cp., 2 ao nivel da zona acetabular. Não fo- ram observados maiores detalhes do sistema excretor. Esporocistos: Esta espécie provem de esporocistos bem alongados, medindo 0,422 a 1,690 mm de comprimento. A largura é muito variavel c irregular. Nas porções mais dilatadas chegam a medir 0,280 mm de diâmetro. Encerram um número de cercárias variável ; a maioria apresenta 4 a 5 bem desenvolvidas, além de formações embrionárias em número variável ; num exemplar contamos 18 cercárias. Metacerc&rias: Interessante a tendência, bem acentuada nesta espécie, para o desenvolvimento precoce de formas enristadas ou metacercárias. São cistos esféricos, com um diâmetro de 0.117 a 0.129 mm. mais frequentemente 0,125 mm. Envoltos por uma membrana espessa, lisa, encerram uma forma acaudada que conserva o estilete oral e as glândulas de penetração. Encontramos estas me- tacercárias soltas ou no interior de esporocistos, com muita frequência. Interes- sante que encontramos estas metacercárias. seguramente, em três moluscos do lote n.° 1 1 que não apresentavam fases de desenvolvimento anterior. Aliás entre as xifidiocercárias dos Plagiorchioidca a formação precoce de metacercárias não é um fato de observação muito rara. Parece que há uma tendência, neste grupo, a eliminar o 2.° hospedeiro intermediário, que é um artrópodo. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 54 COXTRIBUIÇAO AO ESTUDO DAS FORMAS LARVARIAS DE TREMATÓIDES BRASILEIROS c) CYCLOCOELioiDEA Henry, 1923 5 — Cercaria acaudata, n. sp. (figs. 14-16). Esta forma de Cercariaeum foi encontrada nos lotes n.° 11 e 14. As formas bem desenvolvidas têm o corpo um tanto piriforme, com a porção posterior mais estreita e a anterior com uma saliência cônica, formada pela projeção da ventosa oral. Mede 0,366 a 0,435 mm de comprimento e 0,185 a 0,246 mm de largura, na metade anterior. A cutícula é revestida por abun- dantes espinhos muito pequenos e dispostos em fileiras transversais, muito mais evidentes e abundantes no terço anterior. As formas bem desenvolvidas não apresentam cáuda mas a extremidade posterior sobressai numa projeção sub- cónica. Os movimentos da cercária são lerdos, de contração e distensão. Quando distendida a parte anterior, a ventosa oral se projeta para a frente e forma uma saliência cônica que apresenta numerosos tubérculos pequenos, aos quais, ao que parece, afluem numerosos canais secretores, longos e delgados, que margeiam os bordos laterais da metade anterior do corpo. Este é repleto de células grandes, alongadas transversalmente, juxtapostas mais compactamente na área central, o que dificulta muito a observação dos pormenores morfológicos. Margeando a área central, outras células de idêntico aspecto, porém menos co- ráveis, formam uma faixa marginal. Nas formas jovens existe uma pequena cáuda, bem distinta, apensa á extremidade posterior como um pequeno brôto. A ventosa oral é terminal, bem desenvolvida, medindo 0,060 a 0,078 mm de diâmetro transversal. Prefaringe ausente. Faringe globóide. Esôfago re- lativamente longo. Céeos simples, longos; atingem o nivel da vesícula excretora, mas não observamos com segurança se terminam em fundo cego ou se fundem. O acetábulo, de contorno circular, situa-se ligeiramente acima da linha equatorial; mede 0,047 a 0,062 mm de diâmetro. Vesícula excretora curta, globóide. Os canais coletores primários convergem na extremidade anterior da vesícula; são calibrosos e formam 5 a 7 sinuosidades delicadas, em seu trajeto para a extremidade anterior, margeando as linhas laterais do corpo; na altura da ventosa oral se recurvam e voltam em trajeto oposto, antes de emitir rami- ficações secundárias. Rédias: Cercaria acaudata forma-se no interior de rédias tipicas, de ta- manho relativàmente gigantesco, pois medem ao redor de meio centímetro de comprimento. Cada molusco alberga uma, raramente duas rédias. Apresen- tam corpo discretamente pigmentado de amarelo-acastanhado, muito amplo em seus 2/3 anteriores, cujo limite posterior apresenta dois grandes processos ambu- latórios. Daí para trás o corpo é mais delgado e termina em fundo de saco arredondado. Faringe globóide. Céco largo de conteúdo castanho-escuro, com um comprimento que apenas atinge o nível do 1/3 posterior, onde termina em * Mcm. Inst. Butanían, M (1) : 45-62, 1952. JOSÉ MANOEL RUIZ 03 fundo cego amplo. A rédia, com os processos ambulatórios estendidos late- ralmente, tem a forma de uma crús, com base larga. Muito móvel e contrátil, a redia encerra grande número de cercárias (60 a mais de 100), em vários estados de desenvolvimento. O conteúdo se desloca livremente no interior, acompa- nhando as contrações da rédia. Os processos ambulatórios são sacei formes e encerram umas 8 cercárias. Metacercária : A cercária não abandona o molusco. Uma vêz fora da redia, tende a encistar-se, ao que parece, sem muita demora. Tivemos ocasião de observar parte do fenómeno ao microscópio. A cercária se imobiliza len- tamente e encolhe o corpo. Assume primeiramente o aspecto de uma tetracótile, e, depois, assume a forma esférica. A membrana inicialmente é delgada, apenas uma película. Xas metacercárias bem formadas, que medem cerca de 0,20 mm de diâmetro, a membrana envolvente é espessa. Encontramos essas formas em vários A ustralorbis não apresentando cer- cárias o que indica uma infestação mais antiga, com o consequente desapareci- mento das formas anteriores. Cercaria acaudata, a julgar pelas fases observadas, é com todas as proba- bilidades, a forma evolutiva de um Cyclocoeliidac. É a primeira cercária desse tipo observada no Brasil. A premência de tempo nos impediu de prosseguir no estudo do ciclo evolutivo desta espécie, aliás fácil de acompanhar. d) hemiuroidea (iDollfus, 1930). eniend., 1927. 6 — Cercaria hemiura Mihi. Encontramos com frequência nos lotes n.° 12 c 13, e mais raramente no lote n.° 11, uma cercária de hemiurideo. Esta cistoccrcária, proveniente de grandes rédias, ja fóra encontrada anteriormente em material que estudamos de Santos, Estado de São Paulo. Descrevemos em detalhe esta espécie na Nota II desta série, que se acha no prelo (Mcm. Inst. Butanían, vol XXIV). Por essa razão nos abstemos de dar aqui maiores detalhes, apenas assinalando a sua presença e justificando o nome com que aparece. e) STRiGEOiDEA Railliet. 1919 7 — Tctracotylc sp. (fig. 17). Em começos de 1942 observamos uma forma de tetracótile que infestava 71 .0% dos 320 A ustralorbis provenientes do Bairro Carandirú, São Paulo. Ca- pital. Xaqueia ocasião fizemos anotações e desenhos, tiramos medidas c foto- grafias, e fizemos experiências de evolução, mal sucedidas. Os dados ficaram meditos. Estudando o presente material de Minas Gerais, encontramos nova- mente a referida forma que identificamos. Todos os detalhes morfológicos e SciELO 10 11 12 13 14 15 16 cm =56 CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DAS FORMAS LARVAR IAS DE TREMATÓIDES BRASILEIROS medidas estão absolutamente acordes com os anteriores, apenas a infestação sendo menos maciça. A descrição, medidas e desenho que apresentamos foram feitos do material de São Paulo. “Corpo piriforme com a extremidade posterior mais delgada, envolvido por uma membrana lisa e espessa; é constituido por grandes células mais ou menos irregulares de citoplasma fortemente pigmentado, dando á metacercária um aspecto opaco, dificultando a observação dos órgãos internos. Comprimento 0,243 a 0,325 mm ; largura máxima variando entre 05206 e 05247 mm. Ventosa oral circular mediana, de situação ventral medindo 0,060 mm de diamêntro. Y entosa ventral circular, na linha mediana e ao nível da região imediatamente acima da equatorial, medindo 0,060 a 0,064 mm de diâmetro ; a distância entre as ventosas varia entre 0,017 e 0,047 mm. Faringe e esôfago ausentes. Cecos longos, alcançando as proximidades da extremidade posterior do corpo. Pseudo-ventosas de forma oval. diametralmente opostas, situadas na zona que separa as ventosas; apresentam as aberturas voltadas para o lado interno; dista uma da outra 0,064 a 0,088 mm, e medem, 0,054 a 0,067 mm de compri- mento por 0,036 de largura. Órgão adesivo imediatamente post-acetabular, muito desenvolvido, atingindo o nivel da bifurcação da vesícula excretora, e la- deado pelos cecos. A parte superior possui uma abertura ventral muito dila- tável ; mede este orgão 0,094 a 0,101 de largura. Póro excretor mediano, sub-tenninal. Vesícula excretora em forma de Y com o ramo ímpar muito curto; os ramos laterais não foram observados. Numerosas concreções escuras e refrin- gentes, são observadas em toda a extensão do corpo, com exceção da área ocupada pelo orgão adesivo, formando uma verdadeira rede. Representam provavelmente as terminações dos canalículos excretores que se ramificam por todo o corpo. Entre a ventosa oral e a ventral, em material corado, é possível distinguir um aglomerado de 4-6 células, possivelmente de natureza glandular. Os parasitos se localizam ao nível dos órgãos sexuais do molusco, em número bastante elevado, e estão contidos numa área vesiculosa de paredes finas e transparentes, permitindo a observação, no molusco dessecado, dos pa- rasitos a olho nú ; estes se apresentam como uma poeira branca. A duração do parasitismo foi observada durante dois meses. Foi tentada a infestação por via oral de dois patos novos (Cairina moschata domestica), e de dois pombos ( Columbia lizna domestica) com resultado negativo ao fim de 15 dias.” RESUMO 1. São estudados 4 lotes de Australorbis glabratus de Minas Gerais. Alem das cercárias de Schistosoma mansoni representadas por alto índice, foram encontradas cinco espécies de cercárias, das quais três são descritas como Mem. Inst. Butanían, M JOSÉ MANOEL RU1Z 57 espécies novas: Cercaria macrogranulosa, n. sp. (equinocercária), Cercaria mi- ne use, n. sp. (xifidiocercária) e Cercaria acaudata, n. sp. (cercariaeum de Cyclocoeliidae). São descritas duas metacercárias : Metaccrcaria sp. (equino- cisto) e Tetracotylc sp. 2. Faz-se a distinção entre índices cercáricos e metacercáricos, estes podendo ser específicos (IME) e globais (IMG). 3. Chama-se a atenção para a necessidade de se proceder ao exame dos moluscos com a máxima brevidade nas determinações dos indices cercáricos afim de não incorrer em erros estatísticos grosseiros, dado o rápido decréscimo de infestação verificado nos moluscos removidos do seu habitat natural. SUMMARY 1. Schistosoma mansoni cercariac have been found to ha ve a high inci- dence in íour samples of Australorbis glabratus examined. Five species of other cercariae are found, which three are described as new species: Cercaria macrogranulosa, n. sp. (echinostoma cercariae), Cercaria minense, n. sp. (Xiphi- diocercariae) and Cercaria acaudata , n. sp. (cercariaeum from Cyclocoeliidae). Two metacercarial stages are also described too: Metaccrcaria sp. and Tctra- cotyle sp. 2. Global (IMG) and specific (IME) metacercarial indexes, distinct from cercarial indexes are established. 3. Attention is called to the importance of rapid molusca examination for detection of cercarial indexes in epidemiological surveys mainly for Schistosoma mansoni, because rapid decrease in infestation observed in specimens removed from its natural breeding place. BIBLIOGRAFIA 1- Coutinho, J. O. — índices de infestação natural dos planorbídcos pelas cercárias do Schistosoma mansoni na cidade do Salvador — Bahia, An. Faculd. Mcd. Uttiv. S. Paulo, 25 : 29-53. 1950. 2. Lute, A. — Estudos sobre a evolução dos endotrematodes brasileiros. Parte especial: 1. Echinostomidoe. J/cm. Inst. Ostvaldo Crus. 17 : 55-73, 1924. 3. Neveu-Lcmaire. i I. — Traité d’HeIminthologie Mcdicalc et Yétérinaire. Yigot Frèrcs, Edit. 1514 pp. Paris. 1936. 4. Ruis, J. M. — Contribuição ao conhecimento das formas larvárias de trematoides bra- sileiros. 2. Fauna de Santos — Est de São Paulo. Mem. Inst. Butantan 24 (1): 17-36. 1952. SciELO 10 11 12 13 Mem. Inst. Butantan, 24 (1) : 45-62, 1952. JOSÉ MANOEL RVJZ Estampa I Figs. 1-5. Cercaria macroç ran ulosa, n. sp. Cercarias e redias. Figs. 6-7. Sf cl acerca ria sp. — Equinocisto e detalhe dos espinhos do colar cefálico. u u- . WóWá 1 » '^ ss 2 cm 60 CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DAS FORMAS LARVAR IAS DE TREMATÓIDES BRASILEIROS Esiampa II C cr cu ria mincnsc, n. sp. rijçs. 8-9. Esporocístos, Fig. 10. cm pormenor. Fig. 12. Cercaria (mesma escala de 8 pormenor do estilete oral. Fig. e 9). Fig. 11. 13. Mctacercária. Cercaria SciELO cm M«a- Inst. Butantan, 24 (D •* 45-62, 1952. JOSÉ MANOEL RUIZ Eitamf si Ui Fig. 14. Cercaria acaudata, n. sp. — Fij. 15. rédu da iwinu. Fi g. 16. metacerciria da n.csma. 17. TciracotyU sf>. C — cccc, Ge — jrranulaçõc* calcareas, Oa — orfão adc»i'o, ’' c — porj cxcrctor, Pv — Psrudorrnt -na. Va — ventosa oral, í'i — mkali crcrdora, í’v — ventosa vrntiaL SciELO ^t«n. Inst. Butantan, M (1) : 63-68, 1952. JOSÉ MANOEI RUI7 63 ÍNDICES CERCARICOS ESPECÍFICOS DO SCHISTOSOMA MANSONI VERIFICADOS EM NEVES E MARIANA, ESTADO DE MINAS GERAIS por JOSE MANOEL RUIZ {Secção de Parasilohgia do Instituto Butantan, S. Paulo, Brastl) Não conhecemos publicação referente ao encontro de planorbidcos natural- mente infestados por formas larvárias de Schistosoma mansoni nas cidades de Neves e Mariana. Da nossa rápida passagem por aquelas cidades, a 9 c 10 de abril de 1952, resultou o achado de focos de planorbidcos infestados cm condi- ções naturais. Dada a natureza diversa de nossa finalidade, não nos dcti\ emos á procura de mais fócos, ou no levantamento epidemiológico, o que seria dc grande interesse local. Capturamos material apenas de um ponto dc cada cidade, conforme pas- samos a expor: Lote n.° 17. Espécie : Australorbis glabratus (Say, 1818) Pilsbrj , 1934. Localidade : A cidade de Neves, Estado de Minas Gerais. Data de captura: 9-4-1952. . ... Local: Rego existente a cena de 50 m„ á frente da Penitenciaria e que passa entre várias residências. . Quantidade: Material abundante. Capturado cerca dc um milheiro. Pesquisa de cercarias: Positiva para furcocercánas pelo exame da água no local (entre 16 e 18 horas). Lote n.° 18. Espécie: Australorbis glabratus (Say, ISIS) Pilsbrj,. 1934. Localidade: Cidade de Mariana, Estado de Minas Gerais. Data dc captura: 10-4-1952 , Local: Fim da Rua SanfAna (fundos da casa do Sr. Torqua o J Lopes Camilo). Rego razo de agua estagnada, coberta dc \c- getação. Entrague para publicação em 9 dc Junho de 1952. SciELO 0 11 12 13 14 15 16 ÍNDICES CERCÂRICOS ESPECÍFICOS DO SCHISTOSOMA MASSOXI VERIFICADOS EM NEVES E MARIAXA. ESTADO DE MIXAS GERAIS Quantidade : Material abundante. Capturadas várias centenas. Pesquisa de cercarias: .Positiva para íurcocercárias pelo exame da água no local (entre 10 e 11 horas). Os moluscos foram transportados em vidros de boca larga, entre camadas de algodão hidrófilo. Dessa forma resistem vários dias de viagem. Chegados a São Paulo, foram colocados em água de rio e alimentados com alface. O exame foi feito por dissecção prévia, n.° 3.° e 4.° dia após a coleta. Nestas condições as taxas de infestação, representadas pelo primeiro exame referido na tabela, dão um índice cercário, apesar de alto, inferior ao que deveria ser constatado no mesmo dia da captura. Conforme verificou Coutinho (1950), e verificamos depois, (1952) o indice cercárico específico do S. mansoni decresce rápidamente nos moluscos removidos do seu habitat natural. A tabela seguinte, demonstra mais uma vez o decréscimo progressivo da infestação verificado em exames praticados em dias consecutivos. Tabela dos resultados dos exames N.° de exemplares Positivos para índice cercárico examinados S. mansoni específico 13-4-52 25 17 68 % Lote N.° 17 14-4-52 25 7 28% 15-4-52 25 9 36% 16-4-52 40 10 25% 17-4-52 35 9 20% 2-5-52 60 6 10% 13-4-52 25 4 16 % 15-4-52 9 1 11.1% Lote N.° 18 16-4-52 15 3 20% 17-4-52 20 2 10% 2-5-52 30 0 0 Vo 17-5-52 12 0 0% Os moluscos foram identificados por comparação, caracteres da concha e exame dos aparelhos genitais. RESUMO São dados os indices cercáricos específicos do Schistosoma mansoni encon- trados em Australorbis glabratus (Say, 1818) Pilsbry, 1934, infestados em con- dições naturais, nas cidades de Neves e Mariana, Estado de Minas Gerais. Mea. Inst, BuUntan. M (1) : 63-68, 1952. JOSÊ MANOEL RUIZ 65- SUMMARY The cercarial specific Índex of S chis toso, na mansoni from Australorbis glabratus (Say, 1818) Pilsbry, 1934, naturally infcctcd in Neves and Manana Iocalities, State of Minas Gerais, is rcportcd. BIBLIOGRAFIA 1. Coutinho, J. O. - Moluscos do gênero AustraloMs Pilsbry. 1934 (Alolusco-Plonorbidoc). Re v. C/m. S. Paulo, 25: 1-6, 1949. 2. d*l,. /. O. - Contribuição para o ç,tu3o *> “7,““'“ Santo*São Paulo. Br, Cl». S. P* » « . . 3. Cou/io/i... /. O. - Wk» *: inícstação naturul 3» SM mm*m na CÍ3.3. 3o Saloalor-nal,» riu. Fao. UM S. /aula. 4. Coutinho . y. O. - identidade entre o Australorbú glabratus (&JT. ™8) Venezuela, c o de Santo». Sáo Paulo. Brastl. .4^. « “ W '"’ 15 • 155-157. 1950. . . . ... {..LUi, ao estudo de sua incidência c 5. Aleira J A — Esquistovxniase mansoni. Suoawio ao esiwi 'ãiatribúição ^rã,*a Z"< tosomosc mansoni (doença de Manson riraja « Saude Publica, 1: 1-146, 1947. 6. Pm, o. 5. 6- Almeida. A. F. - Schistosomiasi mansoni no Brasil. St cm. In„. Oswaldo Crus, Monogr. n.® 5, 287 pp, 1948. 7. **. 7. .1/. - Contribuição » ««*«1— silciro*. 3 _ Fauna 3o Bolo Hooirouto o Jabaualubar. EtL Mu». Ctra». Alem. Inst. Butanlan. 24 (1): 45-62, 19.-2. 8. Yi/ro. /. P. — Estudo clinico da esquis tosomosc mansoni. <"• rn . Publica. Rio, 3: 1-438. 1949. SciELO 10 11 12 13 14 15 cm SciELO ^ 2 3 5 6 11 12 13 14 15 L cm Mera. Tnsí. a*(2):69-76, Julho 1952 G. ROSENFELD, H. RZEPPA. L. NAHAS AND S. SCHENBERG 69 hemolysis and blood concentration of sulfones “IN VIVO" Bv G. ROSEXFELD, H. RZEPPA, L. NAHAS and S. SCHEXBERG ( Loboratory of Heniatology, Instituto Butantan, S. Paulo, Brasil) The anemia induced by diamino-diphcnyl sulfonc (DDS) lias bccn obscr- ved by many authors who have employed this drug chicfly on thc treatment of leprosy. Faget et ai. 1943 (5) observed that “Promin” in daily oral doses of 0.5-1. 0 gm frequently caused toxic reactions and a marked hemolysis tliat compelled to interrupt treatment. Intravenously thc drug was less toxic and could bc used in daily doses from 1 to 5 gm which provoked anemia in 46 Ço of the cases. Femandez et al. (6) in 140 patients treated with “Diazonc”, noted that daily oral doses of over 1 gm caused a drop of the red blood ccll count and hemoglobin in the second week of treatment. Lowe (8) found the same anemia using daily doses larger than 300 mg of DDS, with a blood concentration varymg between 1 to 1.8 mg %. Smith (11) noticed anemia in patients trea- ted by mouth with “Diazone” in daily doses of over 2.4 gm. With DDS the toxic manifestations appeared with daily doses of 300 mg (10). Allday and Barnes (1) found toxic effects using DDS orally in daily doses of 200 mg du- nng 2 to 8 weeks but they did not consider the hypochromic anemia as an Mnportant symptom. In patients treated orally with 0.6 to 0.9 gm of “Diazonc” ** an d 0.2 to 0.4 gm of DDS daily, Souza Lima, Nahas and Rzcppa (9) described an ane mia that appeared whcn the blood concentration of the drug was greater than 0.6 mg %. This concentration was obtained with doses of 04 gm per of DDS and exceptionally with “Diazone” iiv doses of 0.9 gm. Table 1 shows the data from different authors that agree in respect to the ^°sis of DDS which causes anemia and which is greater than 300 mg per day, However these opinions differ about the mechanism of the anemia and at pre- Sent it is not possible to conclude anything about it. Faget (5) does not present data about the probable nature of this anemia, although he refers to a hc- rn °ly sis Wchich may be corrected by the use of antianemies. In refrnctory cases to such therapy the anemia is corrected by the interruption of treatment. This study was supported by the Anastacio Pascho.nl and M. Pedro Franco Funds. Sj-nthetized in Instituto Butantan under the name “ Diarainoxil". Rcceived for publication on July 16 , 1952 . cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 70 HEMOLYSIS -VXD BLOOD COXCEXTRATIOX OK SLXFOXES “IN VIVO* TABLE 1 Relation behceen doses oi sulfonc, blood concentration and anemia (írom litcrature data) Results xcere also calculaled in DDS, in order to faeilitate lhe comfarison Autbor Drug Administration Way Daily dos is gm. DDS mg. Blood concentration of DDS mg. r i Anemia Faget & Col. (5) Promin Jntravenous 1-5 310-1.550 + Faget & Col. (5) Promin Orally 0.5-1.0 155- 310 + Lowe (8) DDS Orally > 0.3 > 300 1.01.8 Allday & Col. (5) DDS Orally 0.’ 200 - - Souza Lima & Col. (9) DDS Orally 0.2 200 < 0.6 + Souza Lima Sc Col. (9) DDS Orally 0.4 400 > 0.8 — Souza Lima & Col. (9) Diazoné Orally 0.6 330 < 0.6 + Souza Lima & Col. (9) Diazontf Orally 0.9 495 < 0 6 + Fernández Sn Col. (9) . . Diazontf Orally > 1.0 555 4- Smith (11) Diazontf Orally >2.4 > 1.320 — + Fcmandez ct al. (6) considcr this anemia oí the hemolytic type due to the following findings: 1) reticulocytosis ; 2) increase of the biliary pigments in urine; 3) increase of bilirubin in blood; 4) slight increase oí the fragility of red blood celis. Smith (2) contradicts these authors because of these fin- dings, which may be found in other types of non-hemolytic anemias, chiefly when they are not very marked. He concludes that the anemia induced by sulphones has a complex mechanism where hemolysis which is detected by the bilirubinemia and sligFit increase of the fecal urobilin is the less important fact. Brownlee (4) using rabbits whose diet contained 4 % of “sulphetrone” concludes that their anemia is produced by three mechanisms: 1) slight but continuous hemolytic anemia marked by the concurrent reticulocytosis ; 2) lack of iron due to competition oí the alimentary iron with sulphetrone resulting a non-absorbable complex; 3) anemia of nutritional origin caused probably by limitation and alteration of the bacterial flora of the gut by sulphetrone. This anemia may be prevented by the simultaneous administration of brewers yeasts. Higgins (7) does not reach clear conclusions about the nature oí the anemia that he observed in guinea pigs treated with 200 mg of “Promin” by mouth. In spite of the resemblance between these blood changes and those of hemolytic anemia, he noticed increase of the fragility of red blood cells and no sphero- cytosis. As the conclusions of the literature are discordant in respect to the mecha- nism of anemia pointed by several authors, our purpose is to veriíy wihether the DDS has an hemolytic action in vivo when large doses of sulphones are injected to dogs. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 p Niern. Insí. Butantan 24* 2) :69-“6, Julho 1952 G. ROSEXFELD. H. RZEPPA. L. NAHAS AND S. SCHEXBEKG GRAPH 1 DDS blood concmiralion in .log* injíCItJ «ith dif ítrtnt nüluncs Fic. I Graphica! rccord of caroticlial presíure in dags injirted with di íírrcnl aulíuoc*. Only thç AMGL ha s a lif-lc transitory hypotcnsiv* actioa. 2 3 SciELO 10 11 12 13 14 15 cm 77 hemôlysis and BLOÔD CÔXCEXTftATtÔX Of SCI. foxes *IX VIVO" MATERIAL AND METHODS In dogs anesthetized with nemlnital (35 mg j>er kg of body weiglit by the intraperitoneal route) liematological examinations and determination of DDS in blood by Brownlee's method (3) as modiíied by Rzeppa (9) were made. The liematological examinations were made in venous heparizized blood (0.1 mg i>er ml of blood). Hemôlysis was estimated by determination of plasma hemoglobin. For that purpose, the supernatant plasma of tbe hematocrit, di- lutcd 1 to 20 (0.25 ml of plasma plus 4.75 ml of saline solution) was used. Tbe hemoglobin concentration of plasma was calculated in relation to the concentration cf total hemoglobin of tbe same sample of blood. The resnlt sbowed tbe percentage of hemôlysis. The determinations of liemo- globin were made in a spectrophctometer. The first determination was done m the anesthetized dog immediatly before the intravenous injection of drug. The following determinations were done at intervals of 30 minutes for 300 mi- nutes after the injection. The drugs employed were: “Diazone” (4.4’ dianiino-diphenyl-sulfone X,X’ bis methylene stilpho- xilate of soclittm) in 40 c /c solution. Synthet ized at the Chemotherapy Section of the Instituto Butantan (2) under the name of "Diaminoxil”. “Promin" (4,4' diamino-diphenlyl-sulíone X,X’ bis glucose sulfonate of sodium ) in 40 % solution. Synthetized at the Chemotherapy IDepartnient of the Instituto Butantan (2) under the name of “Sulfenona". “Promin” (4,4’ dianiino-diphenyl-sulfone X,X’ glycose sulfonate of sodium) in 40 c /c solution prepared by Parke Davis under tbe name of “Pro- manid”. “AMCL” (4.4' dianiino-diphenyl-sulfone' X.X’ bis glycose) in 30' í solu- tion. Synthetized at the Chemotherapy Department of the Instituto Butantan (2). RESULTS Doses five times larger than those used for human therapy have been em- ployed. The use of these larger doses was made with the purjwse disclosing if the drug lias really a direct hemolytic action in vivo. This was clearly de- monstrated as can be seen in Table 2. The hemôlysis was not proportional to tbe concentration of DDS injected and it depends upon the salt employed. Tlius the DDS under the forni of ‘‘Diazone" in concentration of 30 mg/kg induced a hemôlysis comparable to that produced by 130 mg/kg of “AMGL” and 125 mg/kg of “Promin”. The “AMGL" sliowed to be more hemolytic than "Promin” because in doses of 65 mg/ kg it produced a hemôlysis like that provoked by 125 mg/kg oí “Promin”. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Mem. Insí. Butantan 24(2) :69-76, Julbo 1952 G. ROSEXFEI.D H. RZEPPA. I.. SCHENBERG XAHAS AXD S. 73 SciELO 12 13 15 74 HEMOLYSIS AND BLOOD COXCEXTRATIOX OF SULFOXES “IX VIVO” At 150 minutes, in the concentration of 130 mg/kg the “AMGL” provoked a hemolysis greater than the one produced by 125 mg/kg of “Promin”. The “Promin” made in Instituto Butantan, when compared with “Promin” of Parke Davis shows itself to be less hemolytie, which may be interpreted as a greater stability of the salt and consequently smaller release of DDS. From these data it is clear that DDS is directly hemolytie in vivo and that its hemolytie power seems directly proportional to the velocity with which the salt employed can liberate the (DDS as “Diazone” is more easily hidrolyzed than “AMGL” and the latter more than “Promin”. Since up to now there is no method for determining the amount of free DDS in the blood, hemolysis happens to be an acceptable indicator to this con- centration. It can also show tjhe path for researches about the employed salts therapeutic qualities as it seems that the more active the drugs, the more easily they liberate the DDS. The latter can be measurcd by the degree of hemolysis. In graph 1 it can be seen that great amounts of drug only cause transitory rise of the concentration because 4 hours after venous injection the leveis are much lower and resemble those obtained when smaller doses which do not reach such high leveis are injected. Equal doses of DDS result in different maximum leveis according to the salt injected. Thus with “Promin”, a higher concentration than that with “AMGL” is obtained. The hemolysis is not proportional to the acme of the drug concentration because both “Promins” caused less hemolysis than “AMGL” in spite of tran- sitory higher concentration. In the doses employed the drugs did not have action over the of red blood cells count, hematocrit, mean corpuscular volume, sedimentation rate und leu- cocytes count. “Diazone”, “Promanid” and “Sulíenona” when injected intravenously did not produce any change of carotidial pressure in the dog. "AMGL” induced a very slight transitonal fali of pressure, 1 minute after being injected (íig. 1). In order to verify if “Promin” injections in large amounts did produce thrombosis, volumes of 8 to 16 ml, containing 3.2 to 6.4 gm, were injected in femoral vein of dogs. After injected they were totally Ueeded and autopsiated. No thrombosis was found in the vessels neither in the heart. SUMMARY Several authors who have employed diamino-diphenyl-sulfone (DDS) observed that the use of this drug led to the development of anemia. Opinions differ as to the mechanism of anemia, some suggesting that it is hemolytie because of the increase of reticulocytes, increase and elimination of bilirubin. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Mem. Inst, Butantan J< (-) :69-76, Julho 1952 G. ROSEXFELD H. RZEPPA. L. NAHAS AND S. SCHEXBERG 75 Others are against this belief on account of the irregularity oi such findings. In order to verify whether such sulfones are directly hemolytic this drug has been injected in dogs intravenously in doses 5 times larger than those thc- rapeutically applied so as to have a better way to judge its eventual hemolytic action. Hemolysis was observed in all animais, the intensity varying in accordance with the dnig employed. The hemolysis incrcased until the 4th hour, without diminution after this period. “Diazone” \vas observed to be more hemolytic than the “AMGL”, and the latter more than the “Promin”. On the othcr hand, it seems that the hemolysis is directly proportional to the conccntration of the drug, giving for this an evaluation oí DDS free in the blood for what does not cxist yet any method of assay. The drugs utilized in the observed periods oí time had no influcnce on the number and mean corpuscular volume of the rcd blood cclls or on the Icucocy- tcs. Tliey also did not provoke alteration on the carotidial pressurc with ex- ception of the AMGL which had a little and transitorial dqiressivc action. Xo thrombosis was found when large amounts of “Promin” were in- jected in the femural vein of dogs. RESUMO A anemia provocada pela diamino difenil sulfona (DDS) tem sido assi- nalada por vários autores que usaram êsse medicamento principalmente na lepra. Quanto ao mecanismo dessa anemia há opiniões discordantes, sugerindo alguns Que é hemolitica devido ao aumento de reticulocitos, aumento da eliminação de bilirrubina, no que são contestados por outros pela irregularidade desses achados. Com o fim de verificar si essas sulfonas são diretamente hemoliticas inje- tou-se em cães por via venosa várias sulfonas em doses 5 vezes maiores do que as terapêuticas afim de evidenciar melhor a eventual ação hemolitica. Observou-se em todos os animais uma hemólise que variou de intensidade com a droga e que já se iniciara 30 minutos após a injeção, aumentando até a 4.* hora sem regredir no fim desse lapso de tempo. A “Diazona” mostrou-se mais hemolitica do que o "AMGL” e esta mais do que "Promin”. Por outro lado, parece que a hemólise é diretamente pro- porcional á concentração de DDS livre no sangue e não á concentração total droga, dando com isso uma avaliação de DDS livre no sangue, para o que ainda não existe método de dosagem. A injeção de grandes doses (125 mg por kilo) resultou em grande concentração momentânea da droga no sangue no fim de 30 minutos. Depois de 4 horas havia pràticamente a mesma concentração sanguínea mesmo com cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 76 HEMOLYSIS AXD BLOOD COXCEXTRATIOX OF SULFOXES "IX VIVO" doses diferentes: 20 mg/k de “Diazona”, 130 ou 65 mg/k de AMGL e 125 mg/k de “Protnin”. Nenhuma das drogas nas doses utilizadas e dentro dos tempos observados, teve qualquer ação sôbre o número e volume das hemacias, nem sôbre os leu- cócitos. Não produziram também alteração sôbre a pressão carotidiana, com exceção do AMGL que teve muito leve ação depressora transitória. Grandes doses de “Promin” injetadas na veia femural de cães não provo- caram tromboses. BIBLIOGRAPHY 1. Allday E. J. & Barnes, J. — Toxic eííects oi diamino-diphenyl-sulphone by mouth, Lancct, 1:145, 1950. 2. Bcrti, F. A.; Pcrego, C.; Rieekmann, B. & Rscppa. II. — Pcrsonnal comunication. 3. Brou-ntee, G.; Grccn, A. F. & Woodbine, M. — Sulphctronc: chemotherapeutic agent for tuberculosis ; pharmacology and chcmotherapy, Brilish J. Pharmaeol., 3:15, 1948. 4. Brtmmlee, G. — Sulphetronc: Thcrapeutic and Toxicology, Lancei, 2:131, 1948. 5. Fagct, G ■ II. el al — The promin treatment of leprosy. A progress report, Pub. Health rep., 58:1729, 1943. 6. Fernandes, J. M. M.; Carboni, E. A.; Tomasino, P. & Gimenez, M. M. — Hematolo- gtc studies of leprosy pacicnts treated with diazone, Internai. J. Lefrosy, 16:319, 1 • 7. Higgins, J. M. — Tcocic cífects of promin on erithrocytes of guinea pigs, Am cr. J. iled. Sei, 205:834, 1943. 8. Lowe, J. — Treatment of leprosy with diamino diphenyl sulphone by mouth, Lancct, 1:145, 1950. 9. Sousa Lima, L.; Kahas, L. & Rscppa, H. — Hcmatologic picture in sulphone treat- ment of leprosy; Rclation with thc doses and blood concentration otf the drugs, to be published. 10. Smith, M. — Pharmacological study of three sulphoncs; I Absorption, distribution and excretion, Leprosy Rev., 20:78, 1949. 11. Smith, M. — Pharmacological studies of three sulphones, II The specific toxic pheno- mena, Leprosy Rev., 21 :17, 1950. 12. Smith, M. — The anemia of sulphone treatment, Internai. J. Leprosy, 17 :559, 1949. SciELO cm 2 3 5 10 11 12 13 14 15 Mrtn. Ins‘. Batantan 24(2) :77 -W, Aítsto 1952 B RIF.CKMAXN 77 SOME SYMMETRIC a-AMIXOACETYL DERIYATIVES OF 4,4’-DI AM I NODI PHEN YLSULFONE. by B. RIECKMANN (From the Laboratory of Chcmotherapy of lhe Instituto fíutantan, São Paulo, Brasil.) At present 4,4’-diaminodiphenylsulfone and some of its hydrosolublc mono- and bi-substituted derivatives arc used to a large extent in the treatment of leprosy'. Whereas the lepromatous and tuberculoid fornis react tnorc or lcss satisfactorily when submitted to treatment by thcsc dmgs, therc remains onc form, which, complicated by neurologic symptoms, gencrally does not rcspond to this therapy. Although the intermediary metabolism of 4.4’-diaminodiphcnyIsul- fone is not yet completely investigated, a certain specific organotropism may be assumed as the reason wherefore this substance fails to penetratc the pcri- neural tissue. Eventually this may be the cause of the negativc rcsults obscrvcd when this form is submitted to sulfone therapy. This paper deals with the preparation of some N-substituted derivatives of 4,4 '-diaminodiphenylsul fone made by introduction of some radicais, the prcsence of which is responsihle for characteristic physiological activitics of othcr substan- ces. By this way the hypothetic organotropism, mentioned abovc, may be modified. Six new compounds were obtained by symmetric substitution of the alkyl-chlorine atoms of 4,4’-(bis-a-chloracetylamino-)diphcnylsulfonc by four secondary and two tertiary amines. Similar mono-substituted compounds havc been prepared by Knüsli (1), who used them as intermediates for the synthcsis of amino-alkvl derivatives of 4,4’-diaminodiphenyIsulíone and which posscss a cardiotonic activity. 4,4’-(bis- a -chloracetylamino-)diphenylsulfone was prepared by direct con- densation of 4,4’-diaminodiphenylsulfone \yith monochloracetic acid. using phos- phorus oxychloride as a dehydrating agent. The procedure was similar to that which has been developed in this Laboratory by Berti and Ziti (2). lhe rcsulting oompound was condensed with diethylamine, di-n-butylamine, morpholinc and piperidine, yielding respectively : Received for publication on August 28, 1952. 1, | SciELO 7S SOME SYMMETRIC AM IXOACETYL DERIV ATIVES OF 4,4*-DIAMINODIPHEXYLSULFOXE Cc 2 h s ) 2 -n-ch 2 -co-nh /" SOr \ // NH-CO-CHj-N-CCjH^ 4,4’-(bis-a-diethylaminoacetylamino-)diphenylsulfone (I) NH-CO-CHfN-(C 4 H,) 2 4,4’-(bis-a-di-n-butylaniinoacetylamino-)diphenylsulíone (II) \ /CH 2 -CH^‘ >NH-CO-CHjN .0 / ' v ch 2 — ch/ 4,4’- ( bis-a-X -niorpholineacetylamino-) diphenylsul f one (III) .CH-CH, / — \ / ~\ /CH— CH 2n C V t »r ! ' W H /** 4, 4’- (bis-a-X'-piperidineacetylamino-) diphenylsul fone (IV) These substances, obtained in good yields, are Hposoluble. Similar derivati- ves of aniline and substituted anilines, which possess an antipyretic or local-anes- thetic activity, have bcen described by Majert (3), Gaind and Vohra (4), Lofgren and Lindqvist (5) and Büchi, Lauener, Ragaz, Boniger and Lie- berherr (6). The compounds of the second type resulted from the same symmetrical substitution of the alkyl-chlorine atoms of 4,4’-(bis-«-chloracetylamino-)diphe- nylsulfone by trimethylamine and pyridine respectively. By this way derivatives of 4,4’-diaminodiphenylsttlfone, which are quartemary salts of ammonium, were obtained. They are: |(CH J )i-VCHjCO-NH ^ NH-CO-CHiM-(CH^ 3 jci 2 ‘or (CIO^í 4,4’-diaminodiphenylsulfone-X,N’-bis-(carboxymethylene-trimethylammonium chloride or perchlorate) (V) { >«c™< y (co.)« 4,4’-diaminodiphenylsulfone-N,N’-bis-(carboxymethylene-pyridinium perchlorate) (VI) The chloride of the first substance is hygroscopic and its aqueous solution after some days reveals the odor of trimethylamine. Although it could be- Mem. Insí. Butantan 2 *(2):77-8J, Agosto 1952 B. KIECKMANN 79 used for pharmacological tests, difficulties in purification, manipulation and melting-point determination suggested the isolation of the base as its perchlorate, accordmg to Hofmann (7), Strack and Hentsch (8). This salt has no pronoun- ce d hygroscopicity, is slightly soluble in water and could be purified without decomposition. The pyridinium salt could only be obtained as its perchlorate, because the chloride is so hygroscopic that it could not be isolated. EXPERIMENTAL J,-f’-(bis-a-chloraccty lamino-) diphenylsulfonc *).- In a porcelain dish 24.8 g ot " d, 4 -diaminodiphenylsul fone (0.1 M) were mixcd with 30 g. of niono- chloracetic acid (0.31 M) and warmed on the water-bath to 80°, until the sul fone dissolved completely in the excess of acid. Aftcr cooling, 16 g. of phosphorus oxychloride (0.1 M) were slowly addcd under constant manual stirring, which was continued until a scniisolid mass was fomicd. This was warmed on the water-bath until the evolution of hydrogcn chloride ccased. In order to dissolve the metaphosphoric acid formed and to remove the excess of monochloracetic acid, the product was ground in a mortar in presence of cold water, filtered and thoroughly washed. The crude, white substancc was dried and yielded 31 g. (77%). It is insoluble in water, etlianol and ethcr, hcing slightly soluble in acetic acid and aqueous acetone. After six recrystalliza- tions from aqueous acetone, the white, prismatic crystals had a constant melting point of 200.7 — 200.8 o .**) axal. Calculated for C,« H 14 0 4 X 2 Cl 3 S : N, 6.99%. Found N, 7.17%. — 4,4’-(bis-a-diethylaminoacclylamino-)diphcnylsuIfotic. — A mixturc of 9 g. °f 4,4’-(bis-H of lhe hjdrolyjalc = 1.6. S.yaratc-I by a mixture of bir anol + acclic acid. Runnins-time 144 heurs. Colorcd with níokydrin. 1 = t yxtinr. 2 lydnc. 2 — hUtb.inc. 4 = arginioc. 5 = aí|«rtic acid -r glycinc + «-rin?. 6 = glutatnic acid + thmminc, 7 - ala- r.iic + prolinc. 1, | SciELO 15 ss A N K\v ilÉTltob ÜF QIÁAXTITATIVE PAPER CHROMATOGRARIlV In these artificial mixtures cystine was not present; the pH of the solution was 6,0. At this pH the separation of arginine from aspartic acid is imperfect the one of alanine from proline perfect. Later experimenta with acid aminó acul mixtures and protein hydrolysates of a pH = 1-2 showed that the pH of the appl.ed solution has an influence on the separation. A low pH results m an excellent separation of arginine from aspartic acid; on the o.her hand tlie alanine proline separation is then imperfect. Subsequently we always used weakly acid hydrolysates and cqnsider this procedure adequate, as the tliree , s «m be detennined very accurately in this manner. One may desist from the proline deter, nination as this can be separated from alanine by other solvents (tor example butanol-water). As may be seen in table I tire standard error is under dt 5 r / ( with the cxception of arginine. The incomplete separation of arginine when using neu- tral Solutions caused difficulties in the localization and cutting out of the arginine haml. The slightcst error in cutting resulted in arginine errors up to V/, owmg tò the neigblxiring aspartic acid’s relatively high concentration. But as may be seen in figure 1 this source of error could be avoided by using weaklv acid hydrolysates, thereby enlarging the free intermediary zone. lahles II and III show the results achieved hy the ahove described method ot separating and measuring the hydrolysates of two purified and crystallized protems: crystallized p-lactoglobuliu and crystallized lysozvme. The vahies f«, r tyFosine, valine + mcthionine, phenylalanine and leucine + isoleucine given in Imes 8-1 should l>e considered as preliminary. They were obtained by a 48 hour chromatography of the hydrolysates with the butanol-acetic acid mixture- timler these conditions the said amino acids did not migrate from the pape/ mtthe separation ,s not perfect and síreaks of artefacts make localization dif- . n !' S IS wh >' " e consi(ler ‘he values as less accurate than those of the ainino ac, as and anuno acid groups in the Iines 1-7. A perfect separation of the anuno acids, dnppmg off under our standard conditions, will onlv be possihle hy using other solvem mixtures (benzylalcohol, butanol-water). Although the analysis of P-lactoglobulin is incomplete, a short discussion of ’ , ‘ rCS,lItS seenis advisab,e - The cystine values were 20-25% lower than those o itained hy Brand (26) under adequate conditions of hydrolysis. The cvstine al '°, shoWed ,ar « er o-ciUations among themselves (see hsozvme ) ; parti- cularh prolonged heatmg of the paper led to larger losses in the case of cvstine. e have not yet mvestigated whether cystine may l.e quantitatively detennined by this method under adequate conditions of hydrolysis. *’ Ur Iysine vaIue is a IitlIe h '£ her than that of Brand (26) and of Lewis f .“ bUt . i n ° t as h, S h as Stcin and UooTe's (27). In spite of the low concentra- tion histidtne could be determined exactly. The arginine value was app. 6 % too low. ' Mem. Insí, Botantan 24(2) :8S-100, Out.* 1952 K. SLOTTA AXD J. PRIMOSICH TABLE II 89 Atnino acid composition of $-lactoglobulin. Rcsults in gm. of a-amino mtrogrn per 100 gm. of protcin. Paper chrcrm. Brand et al. (26) Stein & Moore (27) Lewi» et al. (28) i 2 Cystine 0,306 0.309 0.396 Lysine * 1,111 1,146 1.093 1,205 1,074 Ilistidinc 0.149 0.153 0,143 0.147 0.150 Arjjinine 0,221 02219 0,232 0,234 0.232 Aspartic acid || + Gljrcine // + Se- rine •• 3.061 3.053 3,236 3.130 3.067 dutamic acid + Thrconine M * ... 22242 2,249 2.544 2.366 2.363 Alanine -f- Proline { 1.711 1.741 1,479 1.746 1,526 Tyrosinir 0.339 — 0,292 0.281 0,299 Valinc + Mcthioninc 0.98* — 1.000 0,974 1,034 Phenylalanine 0.288 — 0.300 0.321 0,303 Lcucinc Isolcucinc 2,301 — 2.563 2,281 2,403 * The cxpcrimmfally obtained lysine value» wcre divided b jr 1,10. || The double value oi aspartic acid-X wa» used in calculating the group-nitrogen of thc rcfervnc* protein. ff 90 % of thc glycine-X value wcre txscd in calculating groujvX of thc rcícrciKc protcin» ** Unoorrectcd scrinc valises wcre used in thc calculation of thc group-X of thc referene* protcin. **' Uncorrected threoninc value» wcre used in thc calculation of thc gnoup-N of thc refermen protcin. 9 301 % of the proJine value were tned in the cakulation of the *nwp-N of the teferme* protcin. The value for the group aspartic acid -f- glycine -j- serine is nearly iden- tical with the one of Lewis and in good accordance with Stein and Moorc’s. The diíference between our values and those of Brand is causcd by his obviously too high serine value. The value for glutamic acid + threoninc coincides within 5% with the one of Stein and Moore as well as with Lewis’. The far higher value of Brand can be explained by his high value for threoninc. Alanine and proline are amino acids which formerly could not be accurately determined by microbiological methods. The proline value of Brand, obtaincd by microbiological methods, could not be confirmed by Lewis who also applied microbiological determinations. It is really higher, and although the alanine values of both authors are fairly equal, Lewis considers his alanine value as uncertain, presumably 10-20 % too low. Our value for alanine + proline con- firms the supposition that both values of Brand are too low and that thc alanine value of Lewis is also too low. Our values agreed well with the one of Stein and Moore, but we found a much higher value than Brand and a higher one than Lewis. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 90 A NEW METIIOD OF QCANTITATIVE PAPER CHROMATOGRAPHY We consider the tyrosine value as uncertain, as it was impossible to localize tyrosine beyond doubt and cut it out neatly. The valine + methionine group was in good agreement with the three comparative values and phenylalanine is in accordance within 5 % with Brand’s value. The value for the leucine -f- isoleucine group corresponds very closely to the one found by Stein and Moore. The higher value of Brand et al. is caused by the high isoleucine value obtained by microbiological methods; it has since been corrected (29) and now corres- ponds, more or less, to the one found by Stein and Moore through partition chromatography on a starch column. TABLE III. A mino acid composilion of lysooymc. Rcsults in gm. a-amino nitrogen per 100 gm. of protein. Paper chromat. Fromagcot ct Lewis et al. 1 * aL (30) (28) Cystine 0,775 0,668 0,933 _ Lysine * 0,524 0,555 0.578 *) 0,546 Jiistidine 0,166 0,091 0,105 *) 0,094 Arginine 0,999 1,087 1.054 *) 1,022 Aspartic acid + Glycinc / / -f- Serinr *• 5.714 5,761 5,298 5.594 Glutamic acid + Threoni- ne •** 0.980 ' 1.022 0,913 1,058 Alanine 4* Proline S 1,391 1,437 1,119 1,084 Tyrosine 0,402 — 0.286 0.277 Valine 4* Methionine 0.756 — 0,778 0.768 Phenylalanine 0.283 — 0,195 0.265 Leucine + Isoleucine .... 1,307 — 1,463 1,292 •) Values from a recently puhlished paprr werc used here (31). • The experimentally found lysine values werc divided by 1,10. ]| The douhlc value of aspartic acid-X was used in the calculation of the group-nitrogen of the leference protein. // 90 % of tbe glycine-X value were used in calculating the group-X of the reierence protein. ** Uncorrected serine values werc used in the calculation of tbe group-X of the reference protein. # ** Uncorrected threoninc values were used in calculatitjg tbe group-X of the reference protein. § 101 % of the proline value was used in the calculation of the group* X of the reference protein. Lysozyme is a protein with an uncommonly high trvptophane content and gives strongly colored hydrolysates. The analysis was made difficult by streaks of artefacts which appeared in the neighbourhood of arginine, proline and tyro- sine. A very narrow band was once observed between aspartic and glutamic acid. What has been said in the discussion of the lactoglobulin value goes for cystine too. The oscillation of the lysine values is larger than usual; the mean Mítn. Inst. Batantan 24(2):85-100, Out.» 1952 K. SLOTTA ASD J. PRIMOSICH 91 value corresponds to the one of Lewis. Lysozyme contai ns histidinc in a very low concentration and gave an absurd value for this constituent in experiment no. 1. On account of a streak of artefact the localization of histidine proved very difficult and apparently part of the arginine was found with the histidine. In experiment no. 2 the value coincides within 5 % with the one found by Lewis, but this must be considered as rather a chance happening, as at this low concentration the limit of this methods accuracy has been reached. Argi- nine was fouixl somewhat higher in experiment no. 2, but coincides within 5 % with the value found by Fromageot. The group aspartic acid + glycine -f- se- rine presented much higher values than those found by Fromageot and they w«*re also about 3 % above those of Lewis. Probably the low values of Fromageot were caused by his too low aspartic acid value. Our avcragc value of glutamic acid -f- serine is midway betwccn tive values of Fromageot and Lewis. Lewis finds a value of 4,32 % for glutamic acid and calculates 4,36 residues per molecule therefrom. Fromageot calculates a value of 3,3 rcsidues per molecule from a concentration of 3,3 %. Most probably our value of 4 re- sidues per molecule is right. It is as yet not quite ccrtain wliat causcd our rcla- tively high value for the alanine -f- proline group. 1 he avcragc value from the two experiments is 26 % higher than Fromageot’s and 30 % higher than Lewis . Although Lewis refers to his alanine value obtaincd by microbiological methods as probably 10-20% too low, this does not explain the increase of 30% in our value. Probably the reason for this increase is a doublc one : 1 ) an actually higher alanine value and 2) a slight increase of the value found on account of the artefact directly adjacent to proline. The value for tyrosine cannot be used in the case of lysozyme bccause cut- ting out was rendered most difficult by incomplete separation, even more than with P-Iactoglobulin. The group valine -f- methioninc coincides with both com- parative values within 5 %. Our values for phcnylalaninc and the leucinc-iso- leuleucine group confirm those of Lewis; the phenylalanine value of F romageot is definitely too low. The increase of the group value leucine -f- isoleucinc of Fromageot is caused by his higher value for isoleucinc. From this detailed discussion of the results it may be scen how much re- nvains to be done till this metliod can be transformed into one for a reliablc and complete analysis of protein hydrolysates. From the groups aspartic acid -f- glycine -f- serine and glutamic acid + threonine the two dicarboxylic acids may be separated without difficult) by nieans of an anion exchanger and then determincd as individual amino acids. Preliminary experiments in this direction gave good results. Another possibility arises from the use of different solvent mixtures (22), resp. of buffered solvent mixtures (32). As every amino acid can be obtamed separately in the onedimensional chromatograms, the chief problem nowadays cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 92 A NEW METHOD OF QUANTIT ATIVE PAPER CHROMATOGRAPHV consists ia applying the most rational solvent mixture. It should separate the largest number of amino acids in a precise and easily reproductible way. Experi- ments in this direction have been carried out. We think it is too early to compare the exactitude of this method with other ones of longer standing and experience. On the one hand, this method will allow only the determination of a few individual amino acids, while on the other the small paper blank could not yet been eliminated and artefacts are pre- sent which render the cutting out difficult. From our experiments with arti- ficial amino acid mixtures, which can be separated without overlapping, we may deduce that an exactitude of ± 2 % can easily be achieved in those cases where a good separation and a sufíiciently high concentration 0,3-0, 5 mg. of XHs-N) make an accurate determination possible. The still existing small paper blank could probably be completely eliminated by the very efficient purifying proce- dure described by Hanes et al. (33). EXPERIMENTAL PART 1 . Rcagcnts nscd. With the exception of isoleucine from the Nutritional Biochemicals Corp., Cleveland, Ohio, all the amino acids used were products of the H. M. Chemical Co., Los Angeles, Califórnia. All the amino acids were C. P. and when dried gave theoretical Kjeldahl values within rt 0,5 %, with the exception of L-arginine which contained sodium chloride. In spite of the satisfactory value of total nitrogen L-proline contained oxyproline which appeared in the paper chroma- togram. Oxyproline could be determined semiquantitatively and amounted to ahout 2 % of the sample. Crystallized {5-lactoglobulin and crystallized lysozyme were products of the Armour Laboratories, Chicago, 111. They were used without further crystalli- zation. We calculated on the basis of a total nitrogen value of 15,6% (26, 27) for lactoglobulin, resp. 18,6% (30) for lysozyme. The mixture used for separation consisted of butanol -f- glacial acetic acid 4- water in the proportion of 4:1 :5 (v/v). All solvents were p. a. preparations. 2. Hydrolysis. Each time 400 mg. of air dried protein were hydrolysed for 18 hours with 50 ml. of 6 N hydrochloric acid in an electrically heated glycerol bath under reflux. The temperature of the bath was adjusted to 125.° C. The hydro- lysate of lactoglobulin had a light yellow color and that of lysozyme a very dark brown. The principal amount of hydrochloric acid was distilled in the usual manner in the vacuum; the syruplike residue was dissolved in water and frozen K. SI.OTTA AND J- PRIMOSICH Mrm. In» . Bstantan 24(2 ) :85*100, Out.' I9s2 FlCrnES 2 an.1 J Applyinü *" h I,ÍPC,,C cm SciELO 94 A NEW METHOD OF QCANTITATI VE PAPER CIIRCMATOGRAPHY in a frcczing mixture. Tlie hydrolysate was leíf in high vacuum witli dry sili- cagcl and soda lime for the absorption of the hydrochloric acid and was com- pletely dry after app. 60 hours. The residue was dissolved in warm water, transferred quantitatively into a 25 ml. volnmetric flask and completed with water. Samples of 1 ml. each of the hydrolysate dilnted in this rnanner, con- taining 10-15 mg. of protein, were used to determine the total nitrogen and also for the paper chromatogram. The pH of this solntion was 1.4- 1.6. At this pll the separatkm of the hases is períect, and care nnist he taken tliat the pH of the applied solntion is 1-2. 3. Applying the sample. All qnantitative eq>eriments were carried ont with nntreated Whatman no. 3 paper (46x57 cm.). In the first experiment the sample was applied 10 cm. from the upper rim of the paper with a micro-hurctte in 24 portions of 0,025 ml. each. The total volume amounted therefore to 0,6 ml. The streak had a length of app. 38 cm. and contained 6-9 mg. of dissolved substance. Ií the application is done evenly, relatively undistorted stripes may he ohtained after the separation. But it is preferahle to use an apparatus which makes very regular application possible and has the further advantage of distributing up to 1 ml. of hydrolysate evenly, while at the same time keeping the length of the streak unaltered. Following a suggestion of Yanovsky et ai. (34) we used at first a modiíied kymograph on which we clamj>ed the paper sheet. As difficulties arose con- cerning the exact dosage of the sample to he applied we chose another procedure : the solntion is applied to the stationary pa]>er with a pipette which is drawn over the sheet at an even speed. Figure 2 is a photograph of the apparatus and pipette at the beginning of the run. The movement of a motor is transmitted to an endless screw, which moves a carriage with the pipette. The paper is stret- ched over a board and hold at the desired position by means of two steel bars wrappcd in filter paper. Between these rails there is a groove in the board. 5 cm. wide and 0.5 cm. deep: this prevents the humid paper from coming into contact with the wooden board. A measuring pipette (Kimble Exax) of 1 ml., graduated in 0,01 ml., was used. Its tip end was bent at a right angle and the suction end provided with a stopcock. The tip was first closed and drawn out a little on a blast bunier and than opened again by careíul grinding so that the size of the opening was adequate to apply a volume of 1 ml. as a streak 38-39 cm. long at pipette speed of 0,45 cm./ sec. On account of the fine opening of the pqrette it was necessary to nse a vacuum putnp to fill it. Then the stopcock was closed and the pipette hooked into the vertically movable metal support of the carriage. The tip was placed on a piece of filter paper (starting paper) which was protected under- SciELO Mra. Insí. Batintan 24(2):85-100, Oat.* 1952 K. SLOTTA AND J. FR1MOSICH 95 neath by impermeable paper. The carriage was put into motion, the stopcock opened and the liquid began to flow out onto the starting paper. As soon as the zero point of the pipette was reached, the starting paper was pulled away with a quick movement and then the pipette slid on the paper sheet. As soon as the desired volume had been applied, the pipette was liíted and the stopcock closed. The pipette should not start applying less than 3 cm. from the lateral rim of the paper, because in the course of the 6 days of chromatography the streaks grow longer and they should never be allowed to extend to the rim of the paper. 4. Chromatography. The loaded paper is Ieft to dry for 15 minutes at room temperaturc and then completely dried at 60-70.° C, prcfcrably by means of a hair dryer. It is advisable to stipulatc the running time by the amount of solvent used for the separation. As a rulc we introduced two paper shccts in the trough as des- cribed by Consden et al. (1), and fillcd it with 250 ml. of the butanol-acctic acid mixture. Aíter two days it was possiblc to add the remaining 1G0 ml. We took the papers out of the chamber after all the liquid (410 ml. for two sheets) in the Container had been used up. This Iasted 6-7 days. 200 ml. butanol-acc- tic acid mixture for two sheets of paper wcre used for the prcliminary separation, which helps to determine the amino acids normally passing into the cxtract. This procedure of separation was finished in app. 60 hours. 5. Markiug and cluting. Thereafter the sheets and the trough are removed from the chamber and dried first in a cold stream of air, then for 20 minutes at 90-95. C to makc the stripes visible under u. v. AVhen using acid hydrolysates (pH 1-- ) we could observe stripes of artefacts originating from the hydrolysatc (tryptophanc decomposition products, particulariy markcd in lysozyme hydrolysates) as well as others originating from the paper. It is therefore indispensable to run a sc- cond sheet in each experiment which is afterwards colored with ninhjdrin. This serves to ascertain the localization in the u. v. of the amino acids on the other sheet. The places marked with pencil are cut out resulting in 7 paper stripes of different width, which are eluted in an elution chamber of adequate size bj means of 0, 1 N hydrochloric acid following the mcthod describcd by Dcnt (35), whereby the amino acids in the stripe of filtcr paper, clamped betwcen two slides, are eluted quantitativcly by the acid. The bottom end of the paper stri]>e 'vas cut to a point, so as to guarantee better dripping off. The first elution experiments were carried out with water. Although we succeeded in eluting the neutral amino acids quantitativcly, arginine was only eluted up to 80 %, lysine up to S5 % and the dicarboxylic acids up to 90 % cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 96 A NEW METHOD OF QUANTIT ATIVE PAPER CHROMATOGRAPHV The use of 0,1 X hydrochloric acid has two advantages: 1) complete elution of all the amino acids and 2) reduction of the paper blank to a lbw and cons- tant levei by decomposition of the carbonates eluted from the paper. \Ve pro- ceded with the elution in a manner to wash out all the paper stripes for 16 hours, independent of their width. The extract of the narrow stripes amounted to app. 5 ml. and that of the widest (glutamic acid -j- threonine) to app. 25 ml. The glass tubes used to receive the extract and for the following freeze drying were of 2,7 cm. diameter, 11,5 cm. height and having a constriction 4 cm. under the rim. This prevents the escape of the ice-plug, in case small quantities of li- quid start boiling on the bottom of the tube under high vacuum, thereby expel- ling the ice-plug. The capacity up to the constriction was about 35 ml. The frozen samples were brought into exsiccators lialf filled with dry sili- cagel and a small beaker of soda lime. A vacuum, better than 1 mm., was pro- duced by means of a small oil pump. In 24-48 hours the samples were dry as dust and were left in the exsiccator up to the time of re-dissolution. Leaving them outside the exEiccator resulted in absorption of humidity from the air and li- quefaction of the samples; whereby the volume of the residue is increased, vhich has o be avoided, because when dissolving the sample in 4,4 resp. 2,4 ml. the volume of the dry residue is insigniíicant and need not be taken into con- sidcration. 6. Detcrmimtion. We used the Yan Slyke-Neill portable manometric gas analysís apparatus furnished by A. H. Thomas Co., Philadelphia. The all glass reaction vessels (36) were convenient and absolutely air tight when greasing the stopcocks with a mixture of 5 parts petrolatum and 1 part of crude rubber (37). "With the exception of the two-way stopcock of the extraction chamber, which was grea- scd with Silicone high vacuum grease, all the other stopcocks were treated with petrolatum crude rubber mixtures. \Ye used 0,5 X sodium hydroxide saturated with sodium chloride and 2 N lactic acid. The hydiazine sulfate (25) was dis- solved in the 2 X lactic acid (38). The calculation íactors for the COOH-N were taken from Mac Fadyen’s publication (39). The routine procedure for the detennination was the following: — The sample, contained in the all glass reaction vessel in a volume of 2 ml., was left with 100 mg. solid ninhydrin and 100 mg. solid citrate buffer of a pH = 2,5 in a boiling waterbath for 8 minutes. Several blank tests with the same amount of ninhydrin and citrate buffer in 2 ml. ran parallel and gave 6-7 mm. mer- cury measured at the 2,0 ml. mark and 25-30 mm. mercury measured at the 0,5 ml. mark (24). Mem. Inií. Butantan 24(2) :85-100, Out.» 1952 K. SLOTTA AND J. PRIMOSICH 97 The abnormally reacting amino acids gave the values shown in table I\ r ; therefore the experimentally found value for lysine was divided by 1,10, the one for proline by 1,01 and the one for glycine by 0,90. TABLE IV Carbon dioxide dcvclofment of some abnormally reacting amino acids. Volume — 2 ml., fJI — 2J>. Boilcd with ninhydrin for S minutes. Our values % COOH-N Vãs Slyke et al. (24) r, COOH-N Scbott et il. (25) % COOH-N Lysine 110 105 109 Proline 10t 100 102 Glycine 89.S 95 91-92 Cystine could be determined best at pH = 1 (0,1 X hydrochloric acid wi- thout addition of buffer) and after boiling it with ninhydrin for 5 minutes, gave theoretical values. As a rule we dissolved the dry clution residue in 4,4 ml. of water in the lyophilizing tubes without taking its volume into consideration. This dilution was preferred for the stripes which were expected to have a highcr amino acid concentration, because it made two recordings for cach samplc possible. But the histidine, tyrosine and phenylalanine residues were dissolved in only 2,4 ml., as the expected concentration was very low and the procedure did not allow a control detennination. Cystine was dissolved in 0,1 X hydrochloric acid and determined without adding any buffer. In spite of the high specificity of the manometric ninhydrin carbon dioxide method we did not succeed in the total elimination of the jxiper blank. It seems to be brought about by a substance with the qualities of a highcr peptid (33, 40). Possibly it can be removed by an adequate preliminary treatment of tlie paper (40), which we have not yet tried; therefore it was necessary to do a separate determination of the small blank value of the paper. For this purpose it is best to run a sheet of paper parallel under identical conditions, then ait it up in stripes of the same width as those containing the different amino acids and finally elute them with 0,1 X hydrochloric acid. The blank values are very small and constant and do not amount to more than 1 mm. mercury for wide paper stri- pes and 0.2 mm. for narrow ones, determined at the 2 ml. mark., resp. 3-5 mm. mercury for wide stripes and 2-3 mm. for narrow stripes, measured at the 0,5ml. mark. If the paper blank is not taken into consideration. plus errors up to a % may occur. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 9S A NEW METHOD OF QUANTITATIVE PAPER CHROMATOGRAPHV RESUMO Um método de determinação quantitativa dos amino ácidos em hidrolisados- protéicos por meio de cromatografia de partição foi descrito. 10-15 mg de um hidrolisado proteico são aplicados em forma de banda sôbre papel Whatman n.° 3 e, após a separação, cada constituinte foi determinado pelo- método manométrico de Van Slyke-Neill (ninhidrina-anidrido carbônico). Desta maneira a lisina, a histidina, a arginina, a tirosina e a fenilalanina são determiná- veis como amino ácidos individuais, enquanto que o ácido aspartico -f- glicina + serina, o ácido glutâmico -f- treonina, a alanina + prolina, a valina -i- metionina e a leucina -(- isoleucina são determináveis como grupos. O método foi aplicado para a determinação dos amino ácidos numa mis- tura modelo, e o erro da determinação era inferior a dt 5 °[o. Uma análise de duas proteinas cristalisadas, a saber, a {í-lactoglobulina e a lisozim3, deu valores em perfeito acordo com aqueles descritos na literatura. RESUMÉ Une méthode de détermination quantitativo des acides aminés dans des hydrolysats protéiques à 1’aide de chromatographie de partition a été décrite. 10-15 mg d’un hydrolysat protéique ont été appliqué sous forme de bande sur papier Whatman No. 3 et après la séparation, chaque constituant a été déter- miné par la méthode manométrique ninhydrine-anhydride carbonique de Van Slyke-Neill. De cette manière, la lysine, la histidine, 1'arginine, la tyrosine et la phenylalanine sont déterminables comme des acides aminés individuels, tandis que 1’acidc aspartique + glycine — serine, 1’acide glutamique -f thréonine, 1’alanine -f- proline, la valine -f- méthionine et la leucine -f- isoleucine, comme groupes. La méthode a été appliquée pour déterminer les acides aminés dans un mé- lange modèle, et 1’erreur de détermination füt inférieure à ± 5^o. Une analyse de deux protéines cristallisées, à savoir, la P-lactoglobuline et le lysozyme, a donné des valeurs en parfait accord avec celles décrites dans la littérature. ZUSAMMENFASSUNG Es wird eine Methode zur quantitativen Bestimmung von Aminosãuren in Ehveisshydrolysaten mittels Verteilungschromatographie beschrieben. Bei Ver- wendung von Whatman No. 3 Papier werden 10-15 mg Proteinhydrolysat strei- fenfõrmig aufgetragen und nach der Trennung die einzelnen Komponenten mít. Menu Inst. Bntantan M(2):85-100, Out-« 1952 K. SLOTTA AND J. PRUIOSICU 9 * der manometrischen Xinhydrin-Kohlendioxyd-Methode von Yan Slyke-Xeill bes- timmt. Auf diese Weise sind Lysin, Histidin, Arginin, Tyrosin und Phenylalanin ■ ais individuelle Aminosãuren, und Asparaginsãurc -f- Glycin -f- Serin, Gluta- niinsãure + Threonin, Alanin -f Prolin, Valin -f Mcthionin und Lcuzin -f- Isoleuzin ais Gruppen bestimmbar. Die Methode wurde zur Bestimmung von Aminosãuren in Modellgemischen • verwendet und der Fehler der Bestimmung lag unter ± 5 ?c. Die Analyse zweier krystallisierter Proteine, des (i-Laktoglobulins und des Lysosyms ergab Werte, die mit den in der Literatur beschriebenen übcrein- stimmten. BIBLIOGRAPHY 1. Consden, R., Gordon, A. H. and Martin, A. J. P. — Biochtm. J. 38: 224, 1944. 2. Polson, A., Moslcy, V. M. and Myckoff, R. W. G. Science 105: 603, 1947. 3. Polson, A. — Biochim. Biofhys. Acla 2 : 575, 1948. 4. Fisher, R. B., Parsons, D. S., and Morrison, G. A. Sature 161 : 764, 1948. 5. Berry, H. K. and Cain, T. — Arch. Biochem. 24: 179, 1949. 6 Fromageot, C. and Privat dc Garilhe, M. — Biochim. Biofhys. Acta 4: 509, 1949. 7. Vianna, R. C and Diniz, C. R. — Ciência t Cultura 3: 38, 1951. 8. Woiwod, A. J. — Sature 161: 169, 1948. 9. Naftalin, L. — Sature 161 : 763, 1948. 10. Awapara, J. — J. Biol. Chcm. 178: 113, 1949. 11. Landua, A. J. and Awapara, J. — Science 109: 385, 1949. 12. Martin, A. J. P. and Mittelmann, R. — Biochem. J. 43 : 353, 1948. 13. Boissonas, R. A. — Helv. Chim. Acta 33: 1975, 1950. 14. Fowden, L. — Biochem. J. 48: 327, 1951. 15. Fowden, L. — Biochem. J. 50: 355, 1952. 16. Rockland, L. B. and Dunn, M. S. — 7. Am. Chem. Soe. 71: 4121, 1949. 17. Block, R. J. — Science 168 : 608, 1948. 18. Block, R. J. — Anal. Chem. 22: 1327, 1951. 19. Buli, H. B., Hahn, J. W. and Baptist, V. H. — /■ Am. Chem. Soc. 71: 551, 1949. 20. Fcsdick, L. S. and Blackwell, R. Q- — Science 109: 314, 1949. 71. McFarren, E. F. and Mills, J. A. — Anal. Chem. 24 : 650, 1952. 22. Redfield, R. and Barron, E. S. G. — Arch. Biochem. Biofhys. 35: 443, 1952. 23. Slotta, K. and Primosigh, J. — Mem. Inst. Butantan 23 : 51, 1931. 24. Van Slyke, D. D.. Dillon, R. J-, Mac Fadycn, D. A. and Hamilton, P. B. — J. Biol. Chem. 141: 627. 1941. 25. Schott, H. F., Rockland, L. B. and Dunn, M. S. — J. Biol. Chem. 154 : 397, 1944. 26. Brand, E, Saidel, L. J., Goldwater, W. H., Kasscl, B. and Ryan, F. J. — J- dm. Chem. Soc. 67 : 1524, 1945. 27. Stcin, W. H. and Moore, S. — /• Biol. Chem. 178: 79, 1949. 28. Lewis, J. C, Snell, N. S, Hirschman, D. J. and Fraenkcl-Conrat, H. — J. BwL Chem. 186: 23, 1950. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 100 A NEW METHOD OF QUANTITATIVE PAPER CHROMATOGRAPHY 29. Smitli, E. L. and Grecne, R. D. — J. Biol. Chem. 172: 111, 1948. 30. Acher, R., Jutisz, M. and Fromageot, C. — Biochim. Biofhys. Acta 5: 493, 1950. 31. Monier, R., Gendron, Y., Jutisz, M. and Fromageot, C Biochim. Biophys. Acta 8: 588, 1952. 32. McFarren, E. F. — Anal. Chem. 23: 168, 1931. 33. Hanes, C. S., Hird, F. J. R. and Isherwood, F. A. Biochcm. J. 51 : 25, 1952. 34. Yanofsky, Ch., Wasserman, E and Bonner, D. M. Science, 111: 61, 1950. 35. Dent, C. E., Stepka, W. and Stewart, F. C. — N ature 160 : 682, 1947. 36. Hamilton, P. B. and Van Slyke, D. D. — J. Biol. Chem. 150 : 231, 1943. 37. Peters, J. P. and Van Slyke, D. D. — Quantitative Clinicai Chemistry, Vol. II. Baltimore 1932. 38. Hamilton, P. B. and Van Slyke, D. D. — /. Biol. Chem. 164 : 249, 1946. 39. Mac Fadyen, D. A. — J. Biol. Chem. 145: 387, 1942. 40. Wynn, V. — X ature 164 : 445, 1949. Mm. Inaí. Butantan 24(2) : 1 0 1-1 1 0, Out.» 1952 JOSÉ M. RUIZ 101 TÉCNICA DE PERFUSÃO PARA A COLETA DE SCHISTOSOMA MANSONI EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO por JOSÉ M. RUIZ (Secção de Parasitologia, Instituto Butantan, S. Paulo, Brasil.) A coleta de helmintos assume aspectos técnicos variáveis de acordo com a localização dos parasitas no hospedeiro. Para os Schistosomídcos cm geral as técnicas correntes utilizadas nas necropsias rotineiras não dão bons resultados. A localização dos delicados vermes no interior dos finos vasos sanguíneos cons- titui um obstáculo ao encontro e retirada dos mesmos. Nos estudos de Schistosomose experimental a coleta total dos vermes é de primacial importância, principalmente para a avaliação da ação terapêutica das drogas. Para a produção de antisenos é igualmente importante a obtenção do tnaior número possível de vermes. Já está fora de época o processo de remoção individual dos Schistosoma, do fígado ou dos pulmões, dilacerando e esmiuçando os órgãos, ou dos plexos niesentéricos por idêntico processo, rasgando a estilete os finos vasos. Semelhante processo, além de moroso e cansativo, dificultado ainda pela coagulação do sangue, não permite a remoção total dos vermes, além de fragmen- tar grande número deles. Não serve portanto como método de controles terapêu- ticos, de estudo das formas em evolução ou em trânsito, ou em fase de crescimento, nem mesmo se adapta á coleta em massa de adultos para a produção de antige- nos específicos. 0 método de perfusão é o único que pode permitir a retirada total dos vermes sem que estes se fragmentam ou se alterem. O princípio do método consiste em : 1 — Isolar os órgãos ou regiões a serem examinados, mediante ligaduras cm determinados pontos do sistema circulatório. 2 — Perfundir os vasos nos quais se encontram os vermes, provocando uma corrente líquida desde os capilares até os troncos venosos maiores. A padronização de um processo com esta finalidade virá facilitar grande- niente a marcha dos estudos experimentais. Grande número de schistosomídeos permanece ainda desconhecido, na forma ndulta ou num dos sexos, o que não aconteceria talvez se nas necropsias rotineiras cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 ÍAO TÉCNICA DE PERFUSAO PARA A COLETA DE SCHISTOSOMA UANSONI EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO fossem perfundidas as veias do sistema porta. Talvez com esse procedimento- fossem evidenciados novos hospedeiros definitivos dos Schistosoma humanos, disseminadores eventuais da parasitose. Seria, por exemplo, muito oportuno- um exame pormenorizado nesse sentido, principalmente dos roedores capturados em zonas de schistosomose endêmica. Processos de perfusão: — Yolles e col. (1947) publicaram uma técnica modificando o antigo método preconizado por Faust e Meleney (1924). Outra técnica foi publicada anteriormente por Brandt e Finch (1946) a qual nos parece pouco prática. Mais recentememe Pan e Hunter (1951) deram á publicidade nova técnica de perfusão que, como a de Yolles e col. é accessive! e prática. Quando tivemos conhecimento do trabalho destes últimos autores es- távamos utilizando um processo semelhante n’aleuns aspectos. Quando á aparelhagem e ás soluções usadas, introduzimos certas inovações que oferecem várias vantagens. Yolles e col. utilizam para a perfusão salina citratada ( 0,75 % citrato de sodio e 0,85% cloreto de sodio), para impedir a coagulação do sangue. Pan e Hunter usam uma simples solução fisiológica a 0,85%. A operação nos processos citados é continua, isto é, consiste num jato continuo das soluções. Em nossa rotina temos usado uma solução citratada mais fraca para impedir no máximo alterações dos vermes (Citrato de sodio 0,35% — Cloreto- de sodio 0,75% em agua distilada). Além disso, nosso aparelho permite uma alternância de líquidos, de modo que depois de uma primeira fase de injeção do liquido citratado, continua-se a perfusão com solução fisiológica comum, a 0,85 ou 0,90%, fechando uma torneira e abrindo outra, sem tocar no órgão- em exame. Outra inovação que nos parece realmente prática consiste em utilizar, como força propulsora do líquido, o seu próprio peso, colocando em altura adequada, o recipiente que o contem. O aparelho de Yolles e col. requer um motor propulsor de ar e o de Pan. e Hunter uma seringa de 100cc — num conjunto semelhante ao usado para transfusões sanguíneas. Aparelho: — As fotografias, 1 — 3, dispensam uma descrição detalhada. Dois boiões de 5 litros contêm respectivamente solução citrada e solução fisio- lógica comum e são colocados a uma altura de 1,20 m (nessa altura a corrente de líquido conduzida, através de uma cânula de 0,75 mm de abertura, é igual a mais ou menos 30 a 40ml por minuto). Na parte inferior do boião está adaptado um tubo em L (ou torneira) ao qual se liga um tubo de borracha que conduz o liquido ao aparelho. Cada cânula de perfusão se comunica com duas torneiras por meio de um tubo de vidro em T. Cada torneira recebe o» Mcm. Tnst. Butantan JOSÉ M. RCIZ 24(2):101-110, Out.» 1952 FIG. 1 Conjunta da apaxclhasetn pura períusão com altcnuncia de liquido. cm TÉCNICA DE PERFUSAO PARA A COLETA DE SCHISTOSOMA MAS SOS I EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO 104 FIGS. 2-3 Detalhes do aparelho de perfusüo, mostrando o sistema de distribuição dos liquidos SciELO Alguns detalhes teenicos FIGS. 4 9 fuUO sobre o isolamento do sistema porta, para r* r liem. Insf. Butantan JOSÉ M. RL IZ 105 24(2) .101-110, Out.® 1952 cm 106 TÉCNICA DE RERFfSAO PARA A COLETA DE SCHISTOSOMA MAS SOS l EM ANIMAIS DE LAItOKATúRIO líquido de um dos boiões. O conjunto de cânulas pode variar de acordo com as necessidades. Quatro nos parece um número suficiente para trabalhar con- tinuamente. Xo conjunto se adaptam, ao tubo central distribuidor de cada boião, as torneiras respectivas por meio de tubos em T. As torneiras de um boião devem ser dispostas sempre no mesmo lado (direito ou esquerdo) para haver homogeneidade no trabalho. Será interessante marcar as torneiras do mesmo liquido com uma cruz ou usando tubos de borracha de outra côr nas articulações. É óbvio que ao usar um dos líquidos a torneira oposta deverá permanecer fechada. Com essa disposição pode-se perfundir à vontade com um ou outro liquido a qualquer momento. Esse conjunto se apoia numa plataforma de 75cm de comprimento por 20cm de largura na qual podem ser feitos encaixes para a adaptação dos tubos, que são fixados por meio de prendedores metálicos ou de arame. A plataforma deve ficar a uma altura de 25 a 30 cms da base. Sob a plataforma será útil adaptar duas lâmpadas elétricas para iluminação durante o trabalho. As cânulas devem ser adaptadas em tubos de borracha delgados e muito flexíveis. Xão adiamos inte- ressante o uso de agulhas de injeção para este fim; as cânulas de vidro são amarradas com mais firmeza, podem ter uma curvatura adequada e as pontas arredondadas evitam a perfuração dos vasos. 0 diâmetro das cânulas varia com o tipo de órgão a perfundir ou com o animal utilizado c para a cobaia devem ter um diâmetro externo de lmm a l,5mm. T ccnica : 1 — Sacrificar o animal com eter. 2 — Expôr os órsãos toráxicos e abdominais mediante incisão ampla pelos lados do ventre e do torax. 3 — Isolar o figado e região do mesentério por meio de ligaduras, como segue : Figado : a) ligadura dupla da veia cava acima do diafrágma. b) ligadura dupla da veia cava inferior entre o figado e o rim direito çmuita cautela) (Fig. 5). c) ligadura dupla da veia porta o mais próximo possível do figado (Figs. 4-6). d) ligadura simples do esôfago próximo ao estômago. f) retirar o figado, cortando os ligamentos, canal colédoco e o diafragma; este deve ser cortado rente das paredes do corpo. e) cortar as veias entre as ligaduras a, b e c e acima de d (Fig. 7). g) colocar o figado numa placa de Petri grande (15cm); introduzir a cânula no sinus hcpáticus e amarrar fortemente (Fig. 8). Mem. Insf. Bntantan 2*(2):101-110, Out.» 1952 JOSÊ jj. RUIZ 107 h) retirar a ligadura da veia porta, puxando o tio longo que ficou e abrir •a torneira da sol. citratada. t) quando o figado esbranquiçar (1 ou 2 minutos), fechar a torneira c abrir a outra continuando a perfundir até encher 3 placas de Pctri. Os vermes são separados por decantação. Mesenlério : a) ligadura simples da aorta uns 2 cm acima do diafragma, cortando acima da mesma e destacando-a da coluna vertebral cerca de 1 cm. b) cortar a coluna vertebral a cerca de 1 cm. acima do diafragma. c) ligar o reto cortado atrás, destacando-o até a altura da base das ilíacas, sem cortar as ramificações venosas. d) ligar a aorta abdominal em conjunto com cava inferior na altura da base das iliacas (Fig. 9). e) cortar a coluna vertebral um pouco abaixo da ligadura d. f) retirar o conjunto compreendido entre os dois cortes da coluna vertebral, destacando previamente a pele. g) colocar o conjunto numa placa de Petri ou cristalizador razo. Intro- duzir a cânula na aorta, previamente incisada e ligar firme. h) abrir a torneira da sol. citratada c retirar a ligadura da veia porta. i) encher a l. a placa c trocar de liquido, perfundindo um total de 4 placas. í necessário auxiliar a perfusão distendendo e mudando a posição das dobras mesentéricas e dos vários órgãos. Após a perfusão o conjunto é lavado cm agua de torneira num frasco de capacidade de 500 ou 1000 ml. Tomar especial atenção na pesquisa dos vermes que podem ficar retidos entre as pregas e dobras dos plexos desde o estômago até a extremidade do grosso intestino. Exame complementar: Depois da perfusão, se a coleta dos helmintos fôr necessariamente rigorosa, é preciso um exame complementar, tanto do figado como do mesentério. O figado é dilacerado ao longo das veias maiores, numa placa de Pctri, sobre fundo preto, com o auxílio de 2 estiletes, depois é esmiuçado em solução fisio- lógica, recolhendo-se os vermes remanecentcs (raros ou ausentes). O mesentério deve ser observado minuciosamente do duodeno ao reto, exa- minando todas as ramificações sistematicamente, sobre fundo metade branco metade preto e sob luz forte. Uma lupa é suficiente para tal exame, aliás feito seni dificuldades a olho nú. Os machos se destacam no fundo preto ao passo que fêmeas se evidenciam no fundo branco, aparecendo como finos riscos escuros, devido ao conteúdo intestinal e aos vitelinos. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 108 TÉCNICA DE PERFUSAO PARA A COLETA DE SCHISTOSOMA M ASSO SI EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO Tabela dando o número de S. mansoni coletados por perfusão e pelo exame complementar, para avaliação da eficiência do método. Exame *.• Cobaia n.° Pcrf. FÍGADO Campi. Eficiência da pcrf. % Pcrf. MESESTÉRIO Campi. Eficiência da pcrf. % 81 1 30 2 93.7 39 0 100,0 82 2 ( 49 ) ? — 59 0 100,0 83 3 20 4 80,0 16 1 94.1 94 4 57 3 95,0 94 5 94,9 95 5 15 0 100,0 62 5 92,5 99 6 139 18 87,9 268 52 83,7 107 7 66 0 100,0 176 11 94,1 103 8 21 3 87,5 43 8 84,3 ín 9 4 0 100,0 24 s 82,8 113 10 84 0 100,0 15 8 65.2 114 11 28 0 100,0 44 1 97,7 118 12 6 0 100,0 2 4 33,3 120 13 37 1 97,3 53 4 92.9 123 14 ( 29 ) 7 — 35 3 92,1 132 . 15 ( 181 ) f — 32 0 100,0 134 16 15 0 100.0 21 0 100.0 136 17 5 0 100,0 6 0 100,0 137 18 4 0 100,0 15 0 100,0 138 19 — — — 104 2 98,1 140 20 3 0 100,0 22 2 90,1 145 21 17 4 80,9 55 2 96,5 147 22 7 0 100,0 26 1 96,2 156 23 12 3 75 % 91 2 97,8 161 24 14 0 100,0 55 0 100,0 167 25 0 0 — 5 0 100,0 172 26 32 0 100,0 76 20 79.1 176 27 39 5 100.0 23 0 100,0 178 28 11 0 100,0 21 4 81.0 179 29 5 0 100.0 62 13 80,1 180 30 5 0 100.0 11 0 100.0 181 31 15 0 100.0 33 4 87,9 182 32 2 0 100,0 51 2 96,0 183 33 4 0 100.0 28 2 92,9 184 34 9 0 100,0 66 0 100,0 185 35 26 0 100,0 — — — Total .... 732 43 94,84 1.733 161 91 . 05 % Tempo necessário : O trabalho pode ser feito por uma só pessoa. Desde a abertura do animal até a separação dos helmintos e respectiva con- tagem, gasta-se cêrca de uma hora. Os exames complementares do figado e mesentério exigem cêrca de 30' minutos. Eficiência do nictodo: Importante é saber-se da eficiência do método sob dados concretos. Os autores citados que trabalharam no assunto não forne- ceram tais informes. Mem. InsC. Butantan 24(2) :101-1 10, Oat * 1952 JOSÉ M. RUIZ 109 Consideramos eficiência do inctodo a percentagem de vermes coletados pela perfusão sem exame complementar; pode ser considerado de eficiência pratica- mente absoluta nas mãos de técnico suficientemente apto. Os dados que apresentamos representam a nossa primeira manipulação no- assunto, sujeitos portanto a melhoria á medida que a técnica se aprimoriza. As perfusões assinaladas na tabela, nem todas foram executadas com pleno êxito r tendo havido algumas pequenas falhas de técnica. A tabela não se refere a perfusões feitas em condições técnicas 100%. Sempre que a eficiência se mostrou abaixjo de 90% houve falhas no decurso das- manipulações. RESUMO 1 — É descrita uma técnica de perfusão para a coleta de .S( Instosoma mansoni em cobaias experimentalmente infestadas. 2 — É utilizado novo aparelho para perfusão com alternância de liquidos. 3 — Recomenda-se a prática da perfusão nas necropsias rotineiras de ani- mais, para a verificação de infestações por schistosomidcos cm geral. Tal procedimento poderá redundar no encontro de possíveis portadores e disseminadores das schistosomoses humanas. SUMMARY 1 _ A períusion technique for collecting Schistosoma mansoni from expe- rimental infected Guinea-pigs is described. 2 — A new apparatus with alternative perfusion liquids is used for tlus purpose. 3 — Perfusion is recommended in routine necropsias of animais for verifying general infestations of Schistosomatids. Possibly this new proccdure will help to discover probable hosts from human Sclnstosoma species. bibliografia 1. Brandi, J. L. & Finch, E. P. - Method for removal of adult S. mansoni from rabbits, Proc. Soc. Exper. Biol. and Med.. 61: 22-23, 1916. 2. Pan, C. & Hunlcr III, G. W. - A modified perfusion technique for the recoserj schistosomps, /. Lab. Clin. Med., 37: 815-816, 1951. 3- Yolles, T. K., Moore, D. V-, De Giusti, D. L., Ripsom, C. A. & Meleney, II. technique for the perfusion of animais for the recovery of schistoso mes, /- Parasito!., 33 : 419-426, 1947. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mcm. Ins . Batantan 24(2) :] 11-114, Oat.* 1952 JOSÉ M. RLIZ 111 SCHISTOSOMOSE EXPERIMENTAL 1. Receptividade de Procyon cancrivorus à infestação pelo Schistosoma mansoni por JOSÉ M. RUIZ (Secfão de Parasilologia do Instituto Butantan, São Paulo, Brasil) Interessante é saber até que ponto os animais domésticos c selvagens possam ter importância na epidemiologia da schistosomose, como possíveis reservatórios e disseminadores da parasitose. Embora as infestações naturais e artificiais não sejam coincidentes, a deter- minação da sucetibilidade dos animais é importante sob vários aspéctos. A infestação pelo Schistosoma mansoni, cm condições naturais, foi segura- mente verificada por Camcron (1928), em Ccrcopithccus sabocus. macaco afri- cano introduzido nas Antilhas, onde é endémica a schistosomose mansoni. Re- centemente Kuntz (1952) assinalou a infestação natural de um pequeno roedor do Egipto, Gcrbillus p. pyramidum Geoffrey, nas proximidades do Cairo. A infestação constava de 3 fêmeas jovens, “ identificadas à espécie ò. mansoni , encontradas nos vasos do sistema porta. Ao contrário, numerosos animais de laboratório, domésticos c selvagens têm-se mostrado receptíveis, em gráos variáveis, á infestação experimental. Entre os animais domésticos e selvagens, desde que se verifique a infestação, que os vermes se desenvolvam plenamente e haja eliminação de ovos viáveis, tais animais potencialmente podem ser considerados reservatórios da parasitose, mor- mente se se tratar de animais de hábitos aquáticos, o que poderá favorecer a possível infestação natural. Este ponto de vista vem de encontro ao que na prática se tem verificado, mas devemos ter em conta que tal pesquisa não tem sido feita devidamente. Xas necropsias rotineiras de animais, raramente serão encontrados schistosomideos sem que se adote o processo de períusão do sistema porta. A pesquisa orientada no sentido de descobrir novos animais receptíveis dc\e fazer parte de um programa de estudos sobre schistosomose, quer examinando animais capturados em zonas endêmicas, quer procurando infestar no laboratorio -animais de grupos zoológicos próximos ou Ionginquos. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 112 SCHISTOSOMOSE EXPERIMENTAL.!. -ir* rj- INFESTAÇÃO DO MÃO PELADA PROCYON CAXCRIVORUS PELO SCHÍST OSOMA MAXSOXI. Material c método: Animais recebidos já adultos e mantidos em cativeiro mais de um ano antes da inoculação. Lote constituído por dois exemplares, um macho e uma fêmea, da mesma procedência, que não pôde ser precisada, pela perda do protocolo do recebimento, mas que seguramente são do Estado de São Paulo. Inoculação por via cutânea, região abdominal. Exposição durante 50 mi- nutos. Suspensão de cercarias procedentes de dois moluscos e obtidas por dissecção dos mesmos. Moluscos infestados procedentes de Minas Gerais. Os animais foram, a seguir, colocados na mesma jáula, onde permaneceram até a nata do exame, e receberam alimentação variada. Os animais foram sacrificados pelo clorofórmio e os vermes coletados por processo manual. Exames de fezes feitos periodicamente sem regularidade. Resultado : Data de inoculação: 19-4-1952. Os animais mostraram-se tristes do 2.° ao 6.° dia da inoculação com inape- tência c muita sêde. A temperatura não foi tomada. O primeiro exame de fezes positivo para ovos de S. mansoni foi no 55.° dia da inoculação; tratava-se de fezes da véspera ou ante-véspera. A eliminação- de ovos deu-se pois entre 52-54 dias. O exemplar macho foi sacrificado em 1-7-52, no 73.° dia da inoculação. Apresentava-se pouco infestado e sem lesões macroscópicas nos vários órgãos. Foram coletados 2 casais adultos de S. mansoni, um nas veias do fígado- c outro nas do mesentério. O exemplar fêmea foi sacrificado em 12-11-52, com 6 mezes e 23 dias de infestação . Este exemplar eliminou ovos viáveis com certa regularidade durante o tempo de observação. Xo período entre 2-7-52 e 13-10-52 foram feitos 29 exames de fezes dos quais 10 foram positivos para ovos. O número de ovos encontrados nos casos positivos variou de 1 a 7 por lâmina (lamínula 18 x 18 mm). Ovos na maioria com miracidio vivo e períeitamente normais. Foram coletados os seguintes vermes adultos: 25 machos e 6 fêmeas no fígado; 150 machos e 110 fêmeas nas vêias do mesentério. Vérmes acasalados e de aspecto perfeitamente normal. RESUMO Foram submetidos á infestação pelo Schistosoma mansoni, dois exemplares- adultos de Procyon eancrivonis Wied. Mem. Insí. Butantan 24(2):111-114, Out.» 1952 JOSÉ M. RUIZ 113 A eliminação de ovos viáveis verificou-se entre o 52.° e 54.° dia da infestação, mantendo certa regularidade durante todo o tempo de observação. Um dos exemplares (macho) foi sacrificado com 73 dias de infestação. Foram coletados dois casais de S. mansoni adultos. O outro (fêmea) apresentou forte infestação, tendo sido recolhido um total de 175 machos e 116 fêmeas de 5". mansoni, todos adultos e de aspecto normal. SUMMARY Two adults oi Procyon cancrivorus Wied were experimental!)’ infected by Schistosoma mansoni. Viable eggs found in stools 52 to 54 days after exposure to infcction and are evacuated regularly during the observation time. One exemplar was sacrified and examined 73 days after infcction and only 2 couples of adult worms were recovered. Another exjemplar was examined 6 months and 23 days after infcction. 175 males and 116 females of adult S. mansoni were recovered. BIBLIOGRAFIA 1. Camcroit, T. W. W. — A new dcíinitive host for Schistosoma mansoni. J. Helminthol, 6(4) :219-222. 1928. 2. Kunts, R. E. — Natural Infcction of an Egyptian Gcrbil with Schistosoma mansoni. Proc. Hclm. Soc. Washington, 19(2) : 123-124. 1952. 3. Vieira, C. — Carnívoros do Estado dc São Paulo. Arq. Zool. do Est. S. Paulo, 5(art. 3):135-176. 1946. ], | SciELO '•'•n Ins*. Butaman 24(2):115-126, Xot.« 1952. JOSÉ Xí. RUIZ & ERX!E>GARDA COELHO 11 = SCHISTOSOMOSE EXPERIMENTAL 1. Herma íroditismo do Schistosoma manso ui verificado na cobaia. JOSÉ M. RUIZ & ERMEXGARDA COELHO (Secção de Parasitologia, Instituto Butantan, S. Paulo, fírasil) Dissecando cobaias infestadas com cercarias de Schistosoma mansoni Vogei, na África (1931), encontrou vários exemplares machos apresentando massas mal definidas de células atrás dos testículos, numa situação ocupada normalmcnte por tecido parenquimatoso. A interpretação de tais formações foi feita posteriormente por Vogei que retomou o assunto durante os anos de 1939-1940, publicando em 1941 c 1947 interessantes estudos sobre o hermaíroditismo, representado pela amostra afri- cana dc Schistosoma mansoni. Short (1948), trabalhando em Puerto Rico, observou as mesmas anomalias em exemplares machos, examinando preparados já corados de procedência in- determinada. Lagrange (1948), estudando a Schistosomose experimental na cobaia c tendo usado a mesma amostra de Vogei, constatou também o hermafroditismo cm 80% dos machos obtidos. Finalmente, Alice Buttner (1950) publicou suas pesquisas sobre o assunto, tendo constatado na cobaia o hermafroditismo em 100% dos exemplares machos. Xo decorrer das pesquisas sobre schistosomose experimental feitas no Instituto Butantan, trabalhamos com grande número de cobáias infestadas em diferentes épocas, com cercárias de Schistosoma mansoni, obtidas de Auslralorbis glahratus naturalmente infestados, provenientes de Santos (Est. de S. Paulo) c dc várias cidades do Estado de Minas Gerais. Foi verificado em grande número de exemplares machos a presença dc lobulos ovarianos de tamanho, número e disposição variáveis, em tudo absoluta- mente semelhantes aos descritos por Vogei (1947). Num lote de 11 machos provenientes de infestação monosexuada (intes- tação por um único molusco de Santos), não constatamos nenhurtia anomalia. Entregue para fbl.cação em 24-XI-52 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 116 SCHISTOSOMOSE EXPERIMENTAL.’. fato que vem de encontro á ideia de Vogei, quanto á influência da ausência de fêmeas no desencadeamento dos fenómenos de hermafroditismo. Aliás Buttner já havia demonstrado a inexistência dessa influência. Os lóbulos ovarianos aparecem ao nível da linha mediana do corpo, princi- palmente na área compreendida entre os testículos e a bifurcação dos cecos, isto é, no terço anterior do corpo. O tamanho dos lóbulos varia muito, óra apare- cendo isolados, ora formando um pequeno grupo. Os pequenos têm a forma esferóide, semelhante á dos testículos. Os grandes variam muito quanto á forma, sendo freqüentemente alongados e tortuosos, com o mesmo aspecto que se apre- senta o ovário das fêmeas. Os óvulos são facilmente distinguíveis o que não deixa dúvidas quanto á natureza ovariana dos mesmos. Dificilmente se distingue o oviduto que pode entretanto ser evidenciado em alguns exemplares. Origina-se na porção posterior do ovário, contorna-o e dirige-se para a frente, ao longo da linha mediana do corpo. Não acompanhamos o seu trajeto em toda a sua exten- são, mas ao que parece termina em fundo cego, formando uma dilatação, imedia- tamente atrás dos testículos, conforme já foi verificado pelos outros autores. A presença de íolículos vitelínicos, ao longo do ramo cecal impar, foi verificada igualmente em grande número de exemplares machos. A presença de vitelinos independe da presença de lóbulos ovarianos e vice-versa. Muitos machos de aspecto normal apresentam vitelinos desenvolvidos ao passo que outros com um ou vários lóbulos ovarianos podem não os apresentar. O hermafroditismo secundário observado nos machos parece não interferir no fenômeno da fecundação normal. O acasalamento é verificado constantemente e as fêmeas se mostram perfeitamente normais, contendo no útero um ovo de aspecto também normal. Nas infestações com predominância de fêmeas temos verificado que as aca- saladas são bem desenvolvidas com todos os órgãos genitais plenamente desen- volvidos ao passo que as não acasaladas permanecem no fígado, não se desen- volvem sexualmente e são muito pequenas. Esta verificação ja fora feita por Vogei (1941). Pode-se concluir daí que os machos feminizados parecem fun- cionar como os machos normais, sob o ponto de vista da fertilização. Diz Vogei (1947, p. 273) “que na cobaia e no coelho a produção de ovos de S. memsom é limitada ; muitos ovos degeneram nos tecidos antes de se originar o miracídio e nenhum é evacuado pelas fezes”. Nossas observações sobre cobaias permitem-nos discordar um pouco da afirmativa tão categórica de Vogei. A produção de ovos nesse animal é, a nosso ver, grande, o que facilmente pode ser verificado pelo exame da mucosa intes- tinal, em qualquer porção do intestino e principalmente no ceco. A maioria dos ovos se apresenta com aspecto de jovens mas grande parte apresenta o miracídio bem formado e vivo. Os ovos não ficam retidos na mucosa e nem produzem Mem- Insi. Butantan 24(2):115-126, Xov.» 1952. JOSÉ M. Rt'IZ & ER.MEXGARDA COELHO 117 lesões acentuadas nessa porção, sendo eliminados com certa brevidade. O exame de fezes, porem, raramente revela a presença de ovos. As razões desse fato não •estão esclarecidas ainda. O hermafroditismo secundário do 5. mansoni ocorre em diversos animais de laboratório. Parece tratar-se de um fenômeno resultante da má adaptação sobre determinados hospedeiros experimentais. A interpretação do fenômeno tem sido discutida por Vogei e Buttner. O primeiro autor trabalhou com hamster. Crie chis cricctus, coelhos c cobaias, em todos observando a mesma ocorrência. O autor acha que o hermafroditismo e favorecido por certos hospedeiros e ocorre mais frequentemente na ausência dc femeas. Assim, cobaias e hamsters, infestados somente por machos, apresenta- vam alta percentagem de hermafroditas, dêz vezes mais no caso da cobaia c vinte vezes mais no dos hamsters do que quando infestados em proporções normais de fémeas e machos. Hlogeneticamente o hermafroditismo secundário nos Schistosoma pode ser considerado como um fenómeno de atavismo, segundo o citado autor. Tais anomalias parecem ser peculiares ao S. mansoni porque, em condições similares, não foram constatadas nas espécies S. japonicum c S. hacmatobium. Buttner trabalhou com camundongos, vários ratos silvestres, hamster dou- rado, Cricctus auratus, e cobaias, infestados com cercárias provenientes dc Australorbis glabratus infestados com amostras africanas de S. mansoni. \ erificou a ausência de formas hermafroditas nos camundongos c ratos silvestres em infestações mixtas. Em Cricctus auratus apezar da ausência de fêmeas, também não se verificou o hermafroditismo. Na cobaia, a feminização se verificou em lOO^c dos casos, tanto em infes- tações múltiplas como mosexuadas por vermes machos. Demonstrou assim: l.° que há uma influência fisiológica do hospedeiro e 2.° que a ausência das femeas não exerce influência sõbre o desencadeamento do hermafroditismo. Buttner aventou a ideia da possível influência da raça geográfica das cobaias bem como de possíveis raças de S. mansoni. A pagina 302 diz textualmente: toutes les recherches expcrimcntales, entre- pnses jusqu’a se jour pour retrouver de semblables anomalies cliez d autre espece °u souches de Schistosomes (S. hacmatobium, S. japonicum, souche brésiliene de V. mansoni ) n’ont donné que des resultats négatifs, se que semblerait prouver or infestado e*l imero e localiraçio do» lóbulo» ovariano» », contendo no eanal gineeóíoro uma fc no útero- Ov — ovário; T — teíticulo». ***■*■ Insí. Butantan 24(2) : 127-1 56, Nov.» 1952 WOLFANG BGCHERL 127 ARANHAS DO RIO GRANDE DO SUL por WOLFGANG BÜCHERL ( Laboratório de Zoologia Medica do Instituto Butantan, São Paulo, Brasil .) INTRODUÇÃO A fauna aracnológica do Rio Grande do Sul é hoje uma das melhor conhe- cidas do Brasil. Contribuiu para isto uma pleiade de viajantes estrangeiros que, no século passado, percorreram aquele Estado, dedicando-se a capturas intensivas e remetendo o material coletado aos célebres museus de ciências naturais da Europa. Nos logares de destino o material era classificado por aracnologistas de renome, como C. L. Koch, Walkenaer, Perty, Taczanowsky, Simon, Keyserling, Holmberg e mais recentemente Cambridge, Blackwall, Bcrtkau, etc.. Nos últimos 30 anos apareceram igualmente trabalhos nacionais, sobresaindo os de Cândido Mello- Leitão. Este último publicou, em 1943, um “Catálogo das aranhas do Rio Grande do Sul’’, onde compilou não somente toda a literatura aracnológica, referida mi- nuciosamente por Petnmkewitch, em 1911, no catálogo sobre as aranhas do niundo inteiro, mas enriqueceu ainda o número de espécies que, segundo Pc- trunkevitch, era de 219 para o Estado do Rio Grande do Sul por outras 212. Desta maneira elevou-se o número total de espécies, colhidas no Rio Grande do Sul, a nada menos de 431. Uma bôa parte destas é cosmopolita, outra tro- pical cosmopolita, um grande número destas aranhas ocorre desde o Sul dos Estados Unidos da America do Norte até a Patagônia ou até Buenos Aires; nni outro grupo é sulamericano, desde as Antilhas, as Guianas até a Argentina; 11111 número enorme foi encontrado desde o Rio de Janeiro até o Uruguai e um tr>enor nos Estados sulinos, S. Paulo até Uruguai e Paraguai. Finalmente, existem nn, itas espécies privativas do Rio Grande do Sul. Este trabalho não tem por finalidade rejietir a enumeração especifica de todas as espécies, nem tão pouco trazer as referencias bibliográficas com os sinônimos. Para uma orientação segura neste sentido aconselhamos ao interessado ins- pecionar as seguintes obras: Trabalho apresentado à IV Reunião Anual do SBPC., cm Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, em 3-8 de Novembro de 1952. Entregue para publicação em novembro de 1952. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 128 ARANHAS DO RIO GRANDE DO SUL A. Petrunkevitch Idcm C. Fr. Ronver C. Mcllo-Leitão — “A synonymic index-catalongue of spiders...” Bul. Mus. Xat. Hist. 29, 1911; — “Catalcgue of American Spiders”, Trans. Connect. Ac. Sei. 33, 133-338, 1939; — “ Katalog der Araneae (de 1758 até 1949) — tomo I-até ARGYOPI FORM IA — Bremen, 1942; — “ Catalogo das Aranhas do Rio Grande do Sul” — Arquiv. Mus. Nacional, 7, 149-248, 194. O último trabalho não é acurado nas citações dos nomes dos autores das -espécies, acontecendo o mesmo quanto às citações dos sinônimos e das datas, de maneira que não dispensa a consulta dos outros catálogos para a verificação •certa das datas e dos nomes específicos. DIVISÃO DO TRABALHO O presente trabalho está dividido em tres partes: A l. a versa em tomo de questões de sistemática de alguns grupos de aranhas do Rio Grande do Sul; a 2. a procura trazer algumas noções biológicas (habitat, procriação) dos grupos mais importantes e típicos para aquele Estado ; .a 3 a tenta fornecer alguns dados experimentais sôbre a ação dos venenos de determinados grupos de aranhas daquela região, tanto em relação ao organismo humano como dos animais de laboratório. MATERIAL Entre os milhares de fornecedores de animais venenosos (serpentes, aranhas, escorpiões, lacraias, etc..), que colaboram ativamente com o Instituto Butantan segundo o sistema de “trocas de animais venenosos pelos sôros”, estes fabricados neste Instituto, existe justamente um grande número de fazendeiros e sitiantes e estabelecimentos comerciais (serrarias, olarias, etc..) do Rio Grande do Sul. Enviam eles regularmente remessas de aranhas das seguintes localidades: Pe- dreira, Cachoeira do Sul, Bento Gonçalves, Alegrete, Santa Cruz do Sul, Porto Alegre, Monte Xegro, Santa Lucia, Ijuí, Carumbé e Cruz Alta. Com menor regularidade recebemos ainda aracnídeos de: Uruguaiana, Rio Grande, Livramento, Santa Maria, Santa Rosa, Pelotas, Santo Angelo, Palmeiras, São Leopoldo e Caxias. Em tempos passados enviava o Instituto Butantan este material ao grande .aracnólogo brasileiro, C. Mello-Leitão, que pôde proceder a numerosas publicações sobre o assunto, sob o ponto de vista da sistemática, enquanto que o próprio Vital Brazil e J. Yellard se dedicaram, durante anos, ao estudo experimental de 130 ARANHAS DO RIO GRANDE DO SUL vias de injeção eram geralmente a venosa, a subcutânea e a intramuscular. No- caso dos camundongos procedia-se muitas vezes à necropsia e retirada do cérebro,, pulmão, figado, rim, intestino e outros orgãos, íazendo-se preparados corados pela Hematoxilina-Eosina, segundo os métodos de van Gieson e Mallory, com subsequente exame hi st o-patológico. Os últimos trabalhos ainda estão em anda- mento, contando com a colaboração de outras secções do Instituto Butantan. Quanto à sorotcrapia valemo-nos dos dados fornecidos pelo Hospital do- Instituto, onde costumam ser atendidos os picados por Phoneutría e Lycosa, sobre o Loxocclismo e Latrodectismo informamo-nos em referências clínicas de autores argentinos chilenos principalmente. PARTE SISTEMÁTICA Ordo ARAXEAE; subordo ORT H OGXAT HA (aranhas caranguejeiras): Existem no Rio Grande do Sul representantes da íam. CTENIZIDAE Thorell, 1887, subfam. Ctcnicinac (4 espécies) ; subfam. Actinopodinac (2 es- pécies). Rocwer, cm 1942, sinonimizou a Actinopus hitcipcs com A. crassipes, ambas de Keyserling, 1891. Mello-Leitão, em 1943, pôs estas duas novamente em sino- nimia com Actinopus tarsalis Perty, 1833, deixando valer como espécie bôa a A. ccciliac Mello Leitão, 1931. Como são reconhecidas ainda duas outras espé- cies do mesmo gênero — a A. liodon (Ausserer), 1875 e A. longipaipis C. L. Koch, 1848, ambas mal caracterizadas sob os pontos de vista modernos da siste- mática, cremos prematura de um lado a abolição pura e simples de A. crassipes e do outro julgamos necessária uma revisão do gênero Actinopus, referente às espécies ccciliac, liodon e longipaipis. O material do Instituto Butantan ainda não é suficiente, principalmente no tocante a machos, para se proceder a esta revisão. Da familia DIPLURIDAE Pocock, 1897 tem o Instituto Butantan recebido- aranhas de diversas localidades do Rio Grande do Sul, todas elas de uma só espécie, provavelmente ParatJialcrothelc inaculatmn (Mello Leitão), 1937. A rigor muitos dêstes exemplares poderiam ser enquadrados em qualquer um dos gêneros Achctopus (Argentina), Euharmonicon, Hannonicon (Brasil), Taunayclla (Sul do Brasil), como ao gênero Thalcrothclc. Estas incertezas sistemáticas moveram Mello Leitão a colocar, em 1947, seu gênero Proshannonicon em sinonímia com Parathalcrothclc Canais, 1931. O caracter genérico separatório reside principalmente no aparelho “estridu- lante”, formado pelos pêlos seriados, curtos, grossos. Conforme seu número e aspecto criaram-se novos gêneros. M cm. Ins*. 2«(2):12M56, Butantan Xov.» 19S2 WOLFANG BCCIIERL 131 Acontece que, em aranhas jovens, mantidas vivas no Instituto Butantan, pude- mos verificar que o número das ccrdas Uri formes varia muito, aumentando em geral com as sucessivas ecdises, mas podendo ser diverso num e mesmo indivíduo (num lado 6 cerdas, no outro 11 cerdas). De resto, o número de espinhos nas pernas, as escópulas, as nuanccs de colorido, não oferecem indício sistemático aproveitável. Biologicamente todas apresentam' os mesmos hábitos, o mesmo jeito de agressividade. Camundongos picados em local prèviamente depilado morriam com os mesmos sintomas de paralisia respiratória c emissão de urina no momento da morte. As aranhas destes gêneros necessitam de revisão comparativa, sendo de es- perar que virão muitas sinonímias, a simplificar sua sistematização. Xa família THERAPHOSIDAE Thorell, 1869, subfamilia GRAMMOS- TOLIXAE, conservamos o nome de Eurypclma para a espécie borcllii de Simon, 1897, suprimindo os dois nomes genéricos Plcsiopclma c Ptcrínopclma de Pocock, 1901. Os próprios Petnmkevitch e Rocver já nos antecederam nesta iniciativa, enquanto que C. Mcllo-Leitão, ainda em 1947, insistira na supressão de Eu- rypclma. Xo gênero Grammostola foram assinaladas para Rio Grande do Sul 15 espé- cies diferentes, reduzidas em um trabalho nosso para apenas 4 espécies. As espécies válidas e suas respectivas sinonímias são: 1. Grammostola mollicoma (Ausserer), 1875 Sinon. — Gr. longimana Mello Leitão; Gr. roqiicttci Mello Leitão; Gr. familiaris Bertkau. 2a) Grammostola pulchripcs pulchripes (Simon), 1S91 Sinon. — Gr. grandicola Strand; Gr. ferruginca Mello Leitão; Gr. fasciata Mello Leitão. 2b) Grammostola pulchripcs pulclwa (Mello Leitão), 1923. 3. Grammostola actacon (Pocock), 1903 Sinon. — Gr. brevimetatarsis Strand. 4. Grammostola iherinai (Keyserling), 1891 Sinon. — Gr. alticcps (Pocock); Gr. chalcothrix Chamberlin; Gr. gigantea Mello Leitão. A parte morfológica-comparada já foi documentada em nosso trabalho de ^51 (Monografias do Inst. Butantan, N.° 1). Quanto à documentação biológica cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 132 ARANHAS DO RIO GRANDE DO SCL há naquele trabalho também muitas considerações como também no tocante aos tipos de venenos destas Gramostolcas. Os machos da antiga espécie Gr. longi- i nana se acasalam perfeitamente com as fêmeas de mollicoma (e antigas roquct- tci e familiaris). O mesmo pudemos verificar nos últimos dois anos com Gr. pulchripcs e fcrruginca, com Gr. actaeon e brevimetatarsis, com Gr. iheringi e giganlca. Juntando-se, ao contrário, uma fêmea de uma destas 4 espécies com um macho de outra espécie do mesmo gênero, verifica-se invariavelmente, pelo menos nas fêmeas adultas, que estas travam luta de morte contra o outro indivíduo. Quanto à ação dos venenos destas 4 espécies, injetado em camundongos, não pudemos encontrar diferenças específicas, como — aliás, era de se supôr, mas sempre a mesma ação que, pelo comportamento dos animais injetados e a ma- neira de morrerem, quando se injetavam doses letais, faz supor um mecanismo de ação sõbre o sistema nervoso. Da subfamilia Ischnocolinae recebemos exemplares de Cyrtopholis mcridio- nalis (Keyserling), 1891; Homoeomma villosum (Keyserling), 1891; Crypsidro- mus auronitevs e pantherina (Keyserling), 1891. O gênero Crypsidromus é de Ausserer, 1897 e o gênero Mctriopclina de 3ecker. 1S78. Cambridge e Pocock (1S97 e 1903) tentaram substituir o nome Crxpsidromus pelo de Mctriopclma. Simon, em 1904, revalidou a Crypsidromus, opinião seguida por muitos autores até os dias de hoje, inclusive Roewer, 1942. C. Mello- Leitão, em 1923, passou a abolir a Crypsidronnis e a reestabelecer a Me- triopclma, achando que a espécie tipica do gênero, Cr. isabellinus, na realidade fora apenas um exemplar jovem de Pamphobetcus. Mello-Leitão não teve à mão o exemplar tipo, mas tem encontrado nas montanhas do Rio de Janeiro jovens de Pamphobetcus, julgando-se, por esta razão, apto a proferir esta sua opinião, colocando a Cr. isabellinus em sinonímia com Pamphobetcus isabellinus. Com esta tentativa nada se resolveu na prática, ainda mais porque logica- mente tinha que cair o nome Pamphobetcus, dando logar a Crypsidromus, bem anterior. Em 1923 o mesmo Mello-Leitão, além das espécies auronitens e pantherina, incorpora também sob Mctriopclma a espécie meridionalis, de Keyserling. Entretanto, em 1943, passou novamente meridionalis ao gênero Cyrtopholis. Julgamos mais lógico continuar o nome de Crypsidromus como fizeram Simon, Roewer e outros. Subordo LABIDO GXA T HA (Aranhas verdadeiras) Recebemos de diversos pontos do Estado do Rio Grande do Sul a espécie domiciliar, comum em toda a América, Filistata hibcrmlis Hentz, 1842, perten- cente à íam. FILISTATIDAE Ausserer, 1867. Importantes são as espécies encontradas naquele Estado, localizadas na familia SCYTODIDAE Biackwall, 1852. Xa subfamilia LOXOSCELIS AE estão as 3 espécies, Loxoscelis hirsuta Mello-Leitão ; Loxoscelis lacta (Nicolet), 1849 c Loxoscelis rufipes (Lucas), 1834. A última é encontrada praticam ente por todo o continente americano, en- quanto que lacta é apenas sulamericana, sendo bastante frequente em certas re- giões do Giile, da Argentina, enquanto que no Brasil nunca assume o caracter de “muito numerosa”, ainda que exista desde o Estado de Paraiba até ao Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Loxoscelis lacta foi recebida principalmente dos arredores de Santo Angelo, Rio Grande do Sul. (N.° 630 da colecção do Inst. Butantan). Na subfamilia SCYTODINAE devem ser colocadas três outras espécies, sul-americanas, também encontradas no Rio Grande do Sul : Scytodcs fusca Walkenacr, 1837-cosmo-tropical ; Scytodcs lincatipcs (Taczanowski), 1874-sul-amcricana c Scytodcs macula ta Holmberg, 1876 — Brasil até o grau 40 L. S. Familia LYCOSIDAE Sundcvall, 1833 Foram enviadas durante os últimos 12 anos nada menos de 12 espécies di- ferentes de aranhas do gênero Lycosa, sendo representantes tipicas da fauna aracnológica sul-riograndense as espécies: Lycosa chclisfasciata Mello-Leitão, 1943 (não vista por nós) ; Lycosa inoriiata Biackwall, 1862; Lycosa minuscula Mello-Leitão, 1932; Lycosa ncn‘osa Keyserling, 1891 ; Lycosa thorclli Keyserling, 1876; Lycosa vcnefica Keyserling, 1891 ; Lycosa imlpina C. Kocli, 1848. Todas estas são de porte médio até pequeno; não ocorrem e-' quantidades. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 134 ARANHAS DO RIO GRANDE DO SUL As espécies restantes são comuns em quase todas as regiões do Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina, indo algumas até o Chile. São elas: Lycosa auricoma (Keyserling), 1891 — Desde o Rio de Janeiro ao Sul; Lycosa auroguttata (Keyserling), 1891 — De S. Paulo ao Sul; Lycosa humieola (Bertkau), 1880 — espécie muito mal caracterizada; Lycosa crytlirognatlia Lucas, 1836. É um dos Licosoídeos mais robustos e também mais comuns em todo o Sul do Brasil, a começar do Rio de Janeiro. Costuma habitar mesmo de preferência nos jardins preparados pelo homem, onde se instala comodamente nos gramados, nos pequenos arbustos de enfeites, particularmente nos pinheirinhos, geralmente en- costados e mmuros com reboco áspero. C. Mello-Leitão, em 1947 (Arqu. Mus. Paranaense, Curitiba, 6,263) faz uma simples observação, colo- cando a L. raptoria em sinonímia com esta espécie. Recebe o Instituto Butantan anualmente milhares de exemplares desta espé- cie, de maneira que nos foi possível proceder a estudos comparativos c estabele- cer que indubitavelmente C. Mello-Leitão teve razão com sua iniciativa. L. raptoria é sinônima de L. crytlirognatlia, descrita com antecedência de 1 ano. Lycosa pardalina (Bertkau, 1880) — Do Rio de Janeiro ao Sul; Lycosa pictipcs (Keyserling, 1891) — Sta. Catarina ao Sul; Lycosa pintoi Mello-Leitão, 1932 — Sta Catarina ao Sul. Mello-Leitão (Arqu. Mus. Paranaense, 6, 254-267, 1947) fez uma esfor- çada tentativa, conseguindo estabelecer uma chave sistemática dos 21 gêneros americanos de LYCOSIDAE, bem como chaves específicas para as cem espécies sulamericanas. O próprio autor chamou este esforço de “simples ensaio", ape- lando para que “futuros pesquisadores a completem e corrijam”. Acha que a maior dificuldade reside num estudo morfológico comparado dos palpos do machos. Certos de que o apêlo abnegado do grande aracnologista brasileiro calhou bem justamente neste grupo importante de aranhas, nos propuzemos 2 trabalhos — um, de biologia com criação de lotes de aranhas vivas, onde já conseguimos completar os ciclos de 2 gerações — o outro sobre a morfologia dos palpos dos machos. No tocante ao segundo, parece-nos, infelizmente, que não se poderão afastar as dificuldades sistemáticas, pois observa-se claramente, pelo menos nas MYGALOMORPHAE (ORTHOGXATHA), que os palpos dos machos não oferecem caracteres específicos, mas apenas genéricos e muitas vezes, nem isto. Também não é viável valer-se da ação dos venenos de diferentes espécies de Licosoídeos como carater sistemático, pois temos constatado que os venenos, pelo menos de L. crytlirognatlia, auricoma, auroguttata e pardalina apresentam o mesmo efeito local, necrosante na orelha de coelho, quando injetado sob forma concentrada, sem efeito geral algum, quando injetado na veia, etc. Man. Insí. Butantan ^4(25:127-156, Kor.» 1952 WOLFANG BCCHERL 135 Estamos com a impresso cie que é necessário ajuntar-se pacientemente um grande número de exemplares, machos e fêmeas, do maior número possível de ■espécies e regiões do Brasil, procedendo-se depois a novos estudos comparativos, «pie farão certamente uma grande redução no número das espécies. Familia THERIDIIDAE Sundevall, 1833 As espécies Latrodcclus gcomctricus C. Koch, 1841 e Latrodcclus tmclans Fabricius, 1775 foram igualmente citadas por C. Mcllo-Lcitão como existentes no Rio Grande do Sul. O Instituto Butantan, nos últimos anos, tem recebido •exemplares dos fornecedores daquele Estado. Latrodcclus tnactans foi, entre- tanto recebida de Mato Grosso, perto de Campo Grande (Agachi). L. gcomctricus pela Universidade de Porto Alegre (X.° 521 — I. Butantan). A família EPEIRIDAE Sundevall, 1833 está representada no Rio Grande •do Sul com muitas dezenas de espécies, das quais sobresaem : Actinosonui pcntacanthum (Walkenaer, 1837) ; Argiopc argentata Fabricius, 1775 — espécie americana: Gastcracantra cancriformis (L. 1767) — espécie americana; Ncoscona náutico (L. Koch, 1830) — tropical cosmopolita; Ncphila clavipcs L. 1758 — espécie americana; Ncphila cruentata Fabricius, 1775 — espécie americana; Parawixia audax (Blackwall, 1863) — espécie americana; Parcnvixia minas (Kcyserling, 1892) — espécie brasileira. Família CTENIDAE Keyscrling, 1876 Astenoctcnus boreli Simon, 1897 — Argentina até Rio Grande do Sul ; Ctenus brcznpcs Keyscrling, 1891 — Rio de Janeiro até Rio Grande do Sul; Ctcnus foliifcrus Bertkau, 1843 — Rio de Janeiro até Rio Grande do Sul; Ctenus griscus Keyserling, 1891 — Rio Grande do Sul (Taquara) ; Ctcnus lagcsicola Strand, 1910 — Paraná até ao Rio Grande do Sul ; Ctenus longipcs Keyserling, 1891 — Pernambuco até Rio Grande do Sul; Ctcnus medius Keyserling, 1891 — Rio de Janeiro até Rio Grande do Sul; Ctcnus tacniatus Keyserling, 1891 — Rio Grande do Sul. Phoncutria fera Perty, 1833 — Todo o Brasil, desde Amazonas até Uru- guai, Paraguai e Argentina. A título de “Nota prévia” de um trabalho sobre Phoncutria que estamos fi- malizando, queremos presumir aqui que a espécie Phoncutria nigriventer (Kcy- cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 136 ARANHAS DO RIO GRANDE DO SUL serling, 1891), é indubitavelmente sinónima com Ph. fera. O próprio Keyseriing; (Sp. Am.-Bras. Sp. pag. 145) diz: “Da Cl. nigrivenler eine ganz ebenso ge- staltete Epigyne besitzt, áhnlich gefãrbt, nur dünner behaart ist und sich eigen- tlich nur durch das schwarze Feld am Bauche auszeichnet, ist er vielleicht nur eine Yarietàt von Ct. fcrits. Die Stellung der Augen sowie die Lwangenver- háltnisse der Beine sind bei beiden Arten auch dieselben.” (O autor por si mesmo julga que as duas espécies sejam uma só ou que Cl. nigrivenler seja apenas uma variadade de Cl. ferus, por não se distinguir desta em nada além do campo preto no abdômen). Quanto a este campo preto foi-nos possivel constatar à mão de numeroso material, machos, fémeas e filhotes em diferentes idades: 1 . Os machos apresentam quase sempre um campo vermelho vivo, princi- palmente na fase sexual ativa, enquanto que, com o correr da idade, o vermelho cede a uma cór que vai do alaranjado ao marrom. Estes machos, segundo o critério sistemático, pertenceriam a Ph. fera. 2. Os filhotes, de ambos os sexos, teem igualmente sempre um ventre vermelho. 3 O colorido do ventre das fêmeas muda, durante o crescimento destas, segundo o seguinte esquema: filhotes recemnascidos — ventre vermelho; filhotes depois de 2 ou 3 ecdises — ventre vermelho ou alaranjado ; aranhas na idade de procriação — marrom mais claro ou escuro (po- dendo existir indivíduos ainda com ventre mais alaranjado) ; fêmeas com evolução completa e na idade adulta (com diversas ovipo- sições) — ventre marrom escuro até negro, justificando o nome “m- griventer” . Como indício biológico da sinonímia de Ph. nigrivenler com Ph. fera deve ser aduzido o fato de que acasalamos repetidas vezes ma- chos de ventre vermelho (Ph. fera) com fêmeas de ventre preto (Ph. nigrivenler), verificando-se cópula fecundante com oviposições e nasci- mento de filhotes férteis. Prosseguindo no estudo da evolução destes filhotes, verificamos que, ao fim do segundo ano, as fêmeas apresen- tavam o ventre sempre mais escuro em cada eedise, até que, aos poucos, vinha surgindo o ventre negro. Enofloctenus cyclothorax (Bertkau, 1880) — Desde o Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul O Enoploctenídeo, encontrado nos Estados do Sul, Santa Catarina e Ric* Grande do Sul, fora sempre classificado como sendo Enofloctenus scofulifcr Strand, 1908, até que, em 1950, nos vimos forçado a colocar esta última espécie Mem. Inst. Butantan M(2):I27-156, Nov.» 1952 WOLFAXG ECCHERL 137 em sinonímia com E. cyclothorax, pelas razões expostas naquela ocasião (Mem. Inst. Butantan, 23:1-44). Família HETEROPODWAE Thorell, 1876 Recebemos de diversas localidades do Rio Grande do Sul a espécie cosmopo- lita: — Hctcropoda venatoria (L. 1767). O gênero Olios está representado naquele Estado pelas espécies : — O. fas- ciatus ( Keyserling) , 1880; O. fuscovariatus MeUo-Ldtão, 1943; O. gracilipcs < T aczanowski ) , 1872; O. maculatus (Blackwall, 1862); O. rapidus (Keyserling,. 1880) e O. sylvaticus (Blackwall, 1862). Existem igualmente três espécies relativamente frequentes do gênero Poly- betes : Polybctes germaini Simon, 1896; Polybetcs pithagoricus (Holmberg, 1875) e Polybetes rubrosignalus Mello Leitão, 1943. A última espécie nos parece mais uma variedade de Polybetcs germaini otr mesmo obnuptus Simon, 1896. Polybctes maculatus Simon. 1897 é sinónimo com Polybetcs pithagoricus. Da familia THOMIS1DAE Sundevall, 1833, recebemos diversas espécies dos- gêneros Clcocncmis, Epicadus, Misumenops, Tmarus. Vectius niger Simon, 1880, parece ser lastante frequente no Rio Grande do Sul. Este representante da familia PLATORIDAE ocorre desde o Aniazo nas até a Republica Argentina. Da família SELENOP1DAE foram enviadas as seguintes duas especies: Selcnops cochclcti Simon, 1880 e Selenops spixii Perty, 1834, capturadas já em quase todos os Estados brasileiros. CLUBIOXIDAE Wagner, 1888 está representada por numerosas espécies dos gêneros Castancira, Corinna, Cytha, Trachclas e Syrisca. As espécies Lyssomancs, num total de 6, referidas por Mello-Leitão como tendo representantes no Rio Grande do Sul e pertencendo á familia LYSSO- MANIDAE Banks, 1892, foram descritas respectivamente por Peckham, em 1888 (4 espécies: L. austerus, bitacniatus, miniaeeus e tristis), por Taczanowski, 1871 (L. unicolor ) e Mello-Leitão, 1917 {L. quadripunctatus). Todas estas espécies podem ser consideradas sulamericanas, mas não nos parece que se justi- ficarão todas estas espécies. Na Familia SALTICIDAE Blackwall, 1841. existem muitas espécies cosmo- politas, tropical-cosmopolitas e sul-riograndenses, descritas por Simon, Peckham,. 1, | SciELO 13S ARANHAS DO RIO GRANDE DO SfL •C. Koch, Audonin, 'Dufour, Walkenaer, Keyserling e outros, ajuntando C. Mello- Lcitão, em 1943, nada menos de 14 espécies novas. Da Família SEGESTRIIDAE Petrunkevitch, 1933 existem no Rio Grande do Sul representantes de Segcstria ruficeps Guerin, 1823 (sinon. S. pérfida Hom- •berg, 1876) e Ariadna mollis (Holmberg, 1876), e Ariadna obscura (Blackwall, 1858). Dysdcra magna Keyserling, 1877, foi-nos igualmente enviada de localidades sul-riograndenses diferentes, bem como representantes de alguns gêneros da ía- milia AN YPHA ENÍDAE. Finalizando a parte sistemática, citamos o grande aracnologista nacional, ■C. Mello-Leitão, que tão grandes esforços dedicou ao estudo da fauna sul-riogran- dcnse e que cita, no fim de seu trabalho, de 1943, 31 famílias com 108 gêneros •e 432 espécies de aranhas para aquele Estado, devendo das últimas ser descon- tadas as que nós apontamos como sinônimas. PARTE BIOLÓGICA Os aracnídeos das diversas famílias muito diferem cm seus “hábitos de vida’’. Aqui podemos apresentar sómente alguns grupos e apenas sob um ou outro aspecto, mesmo porque não nos foi possivel observar todos os representantes “in vivo”. As aranlias caranguejeiras da familia CTENIZIDAE (tanto as que perten- cem à subfam. CTENIZINAE como às da subfam. ACT1NOPODINAE) são quase que exclusivamente de vida sedentária, subterrânea, com especialização ar- quitetônica na construção de suas casas, que apresentam forma de tubo, provido extemamente de tampa movediça. Devido a esta particularidade de vida a natureza dotou o corpo destas aranhas com certos detalhes úteis e privou-as de supérfluos, de maneira que mor- fologicamente estas aranhas podem ser facilmente reconhecidas. Xào apresentam mais os densos tufos subungueais de pêlos de sustentação, tão típicos das ara- nlias que fazem longas caminhadas, apresentado, em troca, nas faces superiores das queliceras, formações de denticulos robustos e seriados, formando como que um “rasteio”, que as habilita a exeavarem o solo. Conseguimos observar espécies do gênero Actinopus. Estendem um lençol tini nado o "“habitat” dentro do solo, é dedicado cuidado especial à construção da borda externa. Esta é bem adaptada às particularidades do terreno. Num lado apre- senta uma leve depressão e no outro uma elevação. Na zona mais elevada é então construída a tampa, com uma camada externa, circular espessa, impermeável c uma interna, macia e sedosa, de meio e 1 mm de espessura e feita “sob medida” a fechar hermeticamente a borda circular da casa. A tampa é presa com fios sedosos à parte mais elevada da borda e quando solta ela recai, jielo próprio peso, sobre a abertura. Por esta construção engenhosa a inquilina só tem o tra- balho de abrir a porta, pois o fechamento c automático. A face externa desta tampa é ainda revestida de grãos de areia, musgo, etc., garantindo uma perfeita camuflagem. Normalmente a aranha está recolhida no fundo óq sua habitação. Mas também é encontrada repousando na face interior da tampa, repuxando esta com seu peso. Quando está com fome, entreabre ligciramcntc a tampa justamfpte o suficiente para deixar passar pela fenda as garras das pernas anteriores. Por dentro ela adopta posição de bote. Passando, então, |)or perto, um inseto ou •outra aranha, menor, abre-se repentinamente a arapuca. As pernas anteriores agarram a presa, os dentes veneniferos são encravados na vitima, que morre rapidamente pela ação da peçonha c a mesma é incontinenti arrastada para dentro da casa c dev orada. As fezes são sempre depositadas longe da casa, permanecendo esta limpa. Nem uma nem outra despresa a habitação alheia. Basta retirar-lhe o funil c dar-lhe oportunidade para entrar numa casa desocupada de outra que ela se instala, fazendo apenas poucas modificações. Um buraco feito no solo com um pau também é aceito. Elas então acomodam-no conforme seu gosto, alar- gando-o ou exeavando-o ainda mais fundo para depois procederem à construção do ninho interno. As nossas observações foram feitas cm caixas com paredes de vidro, de oianeira que em anotações diárias pudemos colher estes poucos dados, cx- t^isivos às espécies A. crassipcs, luteipes e tarsalis. Quando a habitação se torna pequena demais pelo crescimento da aranha ou sua prenhês, ela procede ao alargamento da mesma, carreando para fóra «ovas bolotas de terra. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 140 ARANHAS DO RIO GRANDE DO SUL As espécies da faniilia DIPLURIDAE (Pa athalerotliele maculatum) ca- vam igualmente o solo, fazendo um buraco vertical. Em geral, no fundo este buraco é bifurcado e na borda superior não há tampa, sendo a entrada camuflada sob folhas, etc. Sobre os representantes sul-riograndenses da família T HERA PH OSIDAE r subiam. GRAA1MOSTOLIXAE conseguimos reunir, durante anos de observa- ção, uma multiplicidade de dados biológicos, já registrados na Monografia N'.° 1 do Instituto Butantan. As centenas de filhotes nasdom geralmente pelo fim do verão e começa do outono (Fevereiro até Abril). Xascidos ajuntam-se sobre o corpo materno, onde permanecem entre 2-3 semanas até a 2. a ecdise. Depois cvpaíham-se, prin- cipiando vida independente. Nos primeiros mêses de vida sua alimentação prefe- rencial são os próprios companheiros, surpreendidos geralmcnte no estado de imo- bilidade eedisária. Xeste primeiro ano de vida há geralmente entre 5-7 eedises, coincidindo o crescimento com estas, de maneira que este. se processa aos saltos,, com intervalos de estagnação. Xo 2.° ano de vida verificam-se entre 3-5 mudas e no 3.° de 2-3, sendo a última, que coincide quase que exatamente com a data do nascimento, a ecdise “sexual , isto é, somente agora se desenvolvem externa- mente no corpo os órgãos sexuais e somente agora é possivel distinguir-se à primeira vista os machos das fêmeas. Quanto aos machos verificam-se geralmente dois casos: — quando pela muda “sexual" os órgãos copuladorcs terminaram realmente sua formação, com cymbium, cálice, bulbo e êmbolo, dotados de função perfeita para a cópula, êstes, dai por diante não mais trocam de pele. mas já na primavera do mesmo ano te- cem uma teia horizontal, sóbre a qual depositam o liquido espcrmático, que é logo em seguida recolhido por sucção pelos bulbos e, logo depois, ao encontra- rem uma fêmea, procedem ao acasalamento. O segundo caso verificado consiste numa muda sexual incompleta. O bulbo copulador não está perfeito, mas ainda rudimentar. Xeste caso os machos rea- lizam mais uma muda de pele, gcralmente apenas no caso seguinte. Mesmo nestas condições, quando encontram uma fêmea, procuram realizar o acasala- mento, verificando-se então as chamadas “cópulas frustras”, isto é, não fecun- dantes. Com a cópula termina geralmenle a vida dos machos, pois, realizada, são eles, via de regra, mortos e devorados pelas fêmeas. A prenhês destas dura um pouco mais de 3 mêses. A fabricação da octeca e a oviposição coincidem com o fim da primavera e começo de verão. Todo o ano, no tempo que coincide com a data do nascimento c mais tarde com o espalhamento dos filhotes, as aranhas fêmeas adultas, realizam a ecdise e na primavera seguinte, após novo acasalamento, produzem nova leva de fi- lhotes, e assim por diante, por diversos anos, podendo atingir fàcilmente 10 a li- Mm. In»*. Butantan 24(2):127-I56, Nov.* 1952 WOLFAXG BCCHERL 141 anos de vida, caso esta não seja abreviada víolentamente, o que nos parece — aliás — ser a regra. Neste grupo de aranhas deve a cópula fecundante preceder sempre a ovipo- zição. Mesmo depois da fecundação há somente uma única ovipozição, o tjiie separa estas caranguejeiras nitidamente de muitas aranhas verdadeiras, onde a fêmea, após uma única cópula -procede a 3-5-7 ovipozições seguidas. As Gramostóleas não constroem ninhos cxcavados, mas apro\ citam como moradia buracos naturais, sob raizes de árvores ou arbustos ou fendas iciistcn- tes no solo. Forram estes buracos com esteira de teia densa c a: costumam perma- necer durante os mêscs de inverno. Os filhotes particularmcntc vivem quase que sempre nestes buracos. Os adultos costumam sair dos mesmos à noitinha ou na época do cio ou ainda após as chuvas quentes do verão, quando são encontrados pelo homem ao atravessarem os caminhos, atalhos ou as estradas. Em cativeiro estas aranhas vivem perfeitamente bem. Conservamos exem- plares já há 8 anos, sendo alimentados com outras aranhas, pequenos c grandes camundongos, carne fresca de vaca, etc. -As aranhas ficam tão mansas que. ao manejá-las, podem ser tomadas perfeitamente na mão, sfcm que elas façam qual- quer tentativa de ataque ou defesa. Nem mesmo recorrem ao expedientv' de des- prender os pêlos urticantcs do dorso do alnlomen — o que consideramos o sinal evkXtite mais importante da “domesticação de uma aranha caranguejeira. A duração de vida das Gramostóleas é assaz longa. Temos visto já que o tempo desde o nascimento até a formação dos caracteres sexuais esternos é <.c 3-4 anos. Pois bem, tentos recebido do Rio Grande do Sul machos d*ta idade, os quais estão vivendo no Instituto Butantan já 6 anos e poucos meses o que significa a idade atual de 9-10 anos. Fêmeas temos já há 8 anos em viveiros, chegadas ao Butantan já com 3-4 anos — o que somaria um total de 11-12 anos th’ idade. A alimentação consiste sempre em animais, preferivelmente vivos, caçados ativamente e subjugados pelo poder do veneno. As próprias companheiras (ca- nibalismo), aranhas de outras espécies, inclusive as do gênero Phoneutria, os Licosidcos, etc., são devoradas por estas caranguejeiras, tomando-se por isso muito úteis ao homem, pois as representantes dos dois últimos gêneros são ext.c- mamente venenosas. Quanto à realização das eedises, às restituições de membros perdidos, à frequência da alimentação, nada temos a adicionar ao que já foi publicado na Monografia N.° 1 do Instituto Butantan. Nas aranhas da família LYCOSIDAE temos nos dedicado particularmcntc ao estudo da evolução e dos costumes de Lyeosa crytlirognatha, sendo os dados niais importantes, cm regra geral, os seguintes: 1, | SciELO 142 ARANHAS DO RIO GRANDE DO SUL a) Duração total da vida : machos — entre 250 e 560 dias ; fêmeas — entre 480 e 740 dias. b) Tempo entre o nascimento e o acasalamento: fêmeas — 267-380 dias. machos — 180-230 dias; c) Tempo de vida entre o acasalamento até a morte: machos — 70-330 dias ; fêmeas — 113-360 dias. A época do acasalamento costuma cair nos mêses de primavera-verão-outono, principalmente no verão e fim de outono (até Maio). Freqüentemente a cópula é repetida, com um intervalo de 2 dias até 3 semanas, sendo raro, entretanto, que seja executada com o mesmo macho. Nestas aranhas não existe o “uxori- cidio”, isto é, a fêmea não mata o macho após o acasalamento. Pelo contrário, ela permanece como que inerte e passiva durante o ato, realizado com iniciativa exclusiva do macho que, depois, se retira indene. A mesma fêmea realiza gcralmente de 2 a 4 oviposições após a cópula, nos seguintes intervalos : 1. a oviposição entre 60 a 80 dias após a cópula; 2. a oviposição entre 50 a 55 dias depois da l.*j 3. a oviposição entre 40 a 55 dias depois da 2 a ; 4. a oviposição entre 28 a 50 dias depois da 3. a oviposição. A ooteca apresenta forma redonda, com ligeiro colorido verde-azulado ou verde cinza por fóra. É afixado às fiandeiras e mantido sempre, dia e noite, longe do solo, em suspensão. Onde a aranha vai, carrega consigo o casulo. Os filhotes, ao romperem as paredes da ooteca, se reunem sobre o corpo materno, cobrindo-o inteiramente, inclusive os olhos. Após a 2. a muda eles se espalham, procedendo, então, a mãe à construção da segunda ooteca e assim por diante, até a 4 a (raras vezes a 5 a ooteca), sem que tenha havido nova cópula com macho. Os filhotes de todas estas posturas nascem normais e fecundos. Conseguimos observar o cruzamento entre descendentes da 2 a geração, que, por seu turno, geram filhotes fecundos. Numa única cópula recebem as fêmeas milhares de espermatozóides guar- dados em espermatecas dentro dos receptáculos seminais durante meses. Quando nas oviposições periódicas, os óvulos deslizam pela parte inferior do oviduto, entram eles em contato com o espermatozóide fecundante, que provém do canal dos receptáculos. >!wn. InV. Bntantin 24t 2) :!27-l 56, Nov.* 1952 WOLFAXG BCCHERL. 14J O acasalamento não é, portanto, uma “cópula” propriamente dita isto e, não é fecundante. Significa apenas a transmissão dos espermatozóides. A fecun- dação dos óvulos fica a cargo da própria fémea, no momento das oviposiçocs. Às vezes, apenas uns 15 dias após o acasalamento, a fémea procede a cons- trução da ooteca com oviposição. Em seguida ela mesma devora tanto uns como- a outra, não deixando vestígio. Em* as fcmeas costuma haver roubo de oofeeas. Frcqucn.emente se vc uma fémea apoderar-se da ooteea de outra e devorar a mesma, sem que a rott- bada ofereça muita resistência. A primeira oviposição é geralmente a mais nume"«. ^ J^Te mais de 1.000 ovos; a segunda já é menor com uns W» a °'° s ' ' a quarta contém em geral apenas algumas centenas d. ovos, semk .os * , ua« muitas rifres imperfeitos, de maneira que nascem apenas mui o po ^ Ouanto à tLcttlt . (Sc são os Licosoideos animais de raptna Sur pmendem sua presa, qne consiste principalmente em insetos (gafanhotos. .MHW» vespas. outras aranhas, etc.) e matam por picada e moculnçao no eneno. Em seguida sugam as partes moles, deittando como resto as potqoes qutttnoms. A vide das espécies do género Plwe cnrrttt, família ÇTeXID AEi v^- cialtnentc igual á dos l.icosoideos. Ainda mais que -mas »« “ nhas solitárias, de rapina e de na.urera feror. Do, atlas dc gra nde porte 3 ™ de corpo até 14 cm d. uma ponta de perna ate a outra). ™ 1» ^ venenifetras e um. peçonha muito ativa, aliado a grande agthdade de m -.mentos, tornam-se as Phoneutrias as aranhas mais perigosas que tentos no Após o acasalamento, em que cabe também ao macho a ™ S '" as fémeas, decorridos uns 40 dias proceder à 1.* ovtpostç^ 2MS *as depom nasceu, os filhotes que permanecem dentro ,1a ootcca e a, tne n» taemm. 14 ecdisc. Alimen, ant-se da própria exuvia. bem como de t óvulo» ®f™ dados, devorando igualmente o corton dos otos. os quais s. abando* após a oviposição on urja 20 » 25 dias depois do nasetmen o 0. nam a Jeca. rennindo-so sobre o corpo n, atento durante uns WS dtas. F. rem. entáo. a 24 ccdise e principiam rida independente. Nos prt meiros tempos reina entre eles o sistema do canibalismo. Comem quase que tmntcrrup an n,,^. - forem uma nova ccdise. O numero dc mudas com excepçao da semana cm que fazen a última de pele durante o l.° ano de vida e de 3-1U e no segunuu muda a que precede a madurem sexual, em qne se dtferenctan. os dots sexos, apresentando os machos os bulbos copuladores nos tarsos dos palpos. Na primavera do 34 ano (com 2 anos completos d. idade e alfptns meses) verifica-se o acasalamento e alguns meses (gcralmente . e meto) epo ■ j postura de ovos. Trés meses e meio depois segue-se a segunda pos.um te « meses depois a terceira, podendo-se seguir, em casos raros, uma qnarta postu .- cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 144 ARANHAS DO RIO GRANDE DO SUL Quando, após a construção da ooteca e a oviposição, a fêmea verifica que .algo está anormal (óvulos não fecundos, ameaça de extermínio da ooteca; fome extrema, etc.), ela não hesita em devorar a própria ooteca juntamente com •os ovos. A ooteca é de còr branca; apresenta forma de dois pratos fundos sobre- postos. É afixada em geral alguns centimetros acima do solo, ficando a mãe conti- nuamente bem perto e sobraçando a mesma com as pernas anteriores. Aban- dono total da ooteca pela mãe importa em perecimento dos filhotes. Realizada a terceira ou quarta postura fica o organismo materno, em geral, tão estenuado que a aranha raras vezes consegue ainda trocar de pele. Morre em geral dentro deste ano. A vida média de Phoneutria é, portanto, de 3-4 anos, raras vezes atingindo os 5. A maior parte desta vida é transcorrida como filhote e adolescente. A vida adulta significa para as mães dedicar-se exclusivamente à numerosa e repetida prole. O acasalamento é também um só, resguardando as fêmeas os espermato- zóides cm espermatecas próprias e fecundando elas mesmas os óvulos nos diversos periodos de postura. A sobrevivência dos espermatozóides nas espermatecas femininas é assaz longa, podendo estender-se além de 1 ano e meio. Conservamos exemplares de I honcutria fera durante um ano e 3 meses em viveiros. Sem acasalamento durante todo este tempo, houve nova oviposição cm Agosto com nascimento de filhotes em fins de Novembro, portanto pelo menos 15 mêses após o acasalamento. A fecundidade das fémeas de Latrodcctus mactans c igualmente muito gran- de, condicionada também apenas a um único acasalamento. Uma fêmea adulta tinha rcalisado o acasalamento em 2-7-52. Nos dias seguidos ela mostrava-se •extremamente voraz, sugando todo dia diversos insetos. Em 15-7-52 fez a primeira ooteca; em 21-7-52 a segunda ; em 24-7-52 a terceira; em 28-7-52 a quarta; em 4-8-52 a quinta; em 14-8-52 a sexta e em 21-8-52 a sétima e última ooteca. As ootecas são brancas, redondas, com 1 cm mais ou menos de diâmetro, presas em suspenso aos fios da teia irregularmente trançada, ficando a mãe sempre por perto. As bolas de ovos são suspensas umas bem perto das outras, em grupo contendo cada uma em média 100 ovos. Os filhotes, depois de romperem o conon] devoram o mesmo. A l. a eedise é igualmente realizada dentro da ooteca e a Mnn. In*. Bolantan 24(2):1ZM56, Nov.» 1952 W0LFAXG BCCHEKL 145 ■exúvia é comida. Ao irromperem pela ooteca ajuntam-se os filhotes sobre os fios -de seda da teia e não sobre a mãe. Esta última morre em geral logo depois, em completo esgotamento físico. ACÇAO DOS VENENOS As aranhas caranguejeiras da íamilia CT ENIZIDAE, partieulannente as •do gênero Actinopus, apresentam veneno assaz ativo, tanto sobre animais de sangue frio (insetos, outras aranhas, sapos) como de sangue quente (camun- dongos e ratos). Uma única picada direta com inoculação dc veneno é suficiente para matar sapos adultos e camundongos, dentro de alguns minutos. Os sintomas de intoxicação são principalmentc nervosos (paresias, descon- troles, rolamento para o lado, paralisia das pernas c repouso sobre o corpo, ano- malias lespiratórias e morte por sufocação). Não há noticia sobre a ação do mesmo veneno no organismo humano ou mesmo com animais domésticos. Estas aranhas vivem debaixo da terra ; teem na- tureza essencialmcnte sedentária. Assim não haverá facilmente ocasião, para que um homem fosse acidentado ou sofresse intoxicação. Completamente sem fundamento teme o povo as grandes aranlias carangue- jeiras do gênero Grominostola, íamilia THERAPHOSIDAE. Aliás a imensa maioria das grandes caranguejeiras do Rio Grande do Sul pertence a éste gênero. Sem exagero podem se qualificar estas como complctamcntc inofensivas ao Romem. Nem na própria natureza costumam atacar, mas preferem sempre fugir. Mesmo quando aprendidas com a mão, mal esboçam uma defesa, além do des- prendimento dos pêlos urticantes do dorso do abdômen. Em cativeiro ficam mansas dentro de algumas semanas, podendo então ser tomadas na mão, sem pe- rigo algum. Seu veneno foi dosado em animais de laboratório, como camundongos, «tos, coelhos e pombos. Sua intensidade é tão fraca que se pode presumir com grande segurança que, num caso de picada, uma pessoa mesmo uma criança, tiada sofreria de grave. Nem mesmo a própria picada é dolorosa. Picados aci- dentalmente durante os 8 anos que trabalhamos com aranhas, no indicador da mão direita, houve apenas um ligeiro ardor local c passageiro. Mais tarde o dedo inchou um pouco, estendendo-se a inchação ao dorso da mão. 8 horas depois •esta inchação já tinha sumido, sentindo-sc no dia seguinte apenas um leve re- puxo ao dobrar as falanges do mesmo dedo. Não liou ve afetação ganglionar nem ■outro sinal geral qualquer. ], | SciELO 146 ARANHAS DO RIO GRANDE DO SUL Quanto à ação dos venenos das aranlias verdadeiras (subordem: LABl* DOGNATHA ) estanios acostumados a prejulgar que somente têm importância sob o ponto de vista toxicológico as aranhas das íamilias LYCOSIDAE, parti- cularmente Lycosa erythrognatha, c CTENIDAE (as espécies do gênero Pho- ticulria, particularmentc Phoncutria fera). Este ponto de vista, si bem que nascido de considerações de natureza clinica, apoiadas depois por trabalhos experimentais, executados em grande parte no Instituto Butantan por V. Brazil e J. Vellard, necessita, a nosso ver, ser ampliado, pois existem no Rio Grande do Sul, como também cm Santa Catarina, no Paraná, no Estado de São Paulo, muitas outras aranhas, às vezes de proporções exíguas, cuja picadura é de tal natureza que exige cuidados clínicos. Obedecendo a nossa ordem sistemática, passamos em revista algumas repre- sentantes da subordem das aranhas verdadeiras: Conseguimos ensaiar experimentalmente os venenos das duas espécies Loxos- cclis rufipes c L. lacta, familia SCYTODIDAE. As glândulas foram colhidas de animais vivos, depositadas em glicerina com pH quase neutro, na proporção de 20 glândulas para 2 cc de glicerina. Após trituração das glândulas foi feito um extrato com agua destilada, mais cloreto de sódio a 8 por mil, no volume total de 8 cc de salina, de maneira que nos extratos tanto de uma como de outra espécie havia cada vês 20 glândulas em 10 cc de liquido aquoso-glicerinado. Protocolo I Loxoscelis rufipes Inacnlum Local ia inftçio Animal Peio Resultada 0,5 ml. veia candal 5 camund. 21 g. nada 0,8 ml. veia caudal 5 camund. 21 g. nada 1.0 ml. veia caudal 5 caxmxn j. 21 g. morreram 1.0 ml. intramuscular na perna 5 camund. 21 B. 2 morreram 0,8 ml. intramuscular na perna 5 camund. 21 g. nada 1,0 ml. intradérmico na orelha 5 camund. 21 g. perfuração total 0.8 ml. intradérmico na orelha 5 camund. 21 S- perfuração total 0,5 ml. intradérmico na orelha 5 camund. 21 g- perfuração total Como se trata de uma aranha pequena, entre lem a 1,5 cm de comprimento, com pinças inoculadoras curtas, nunca se verificará "in anima nobili" uma ino- culação venosa de veneno e nunca a quantidade do veneno será superior a lml déste inoculum. Desta maneira já é licito deduzir que o veneno de nenhuma destas espécies jámais será mortal para indivíduos humanos. Man, Ir.-*. Butantan 24(2): 127-156, N'ov.« 1952 WOLFAXG BfCHKRI. 147 Protocolo II Loxotcclis bela Jnconlum Local Jj ín/rfij Amimai Peta RetnltoJo 0,8 ml. 1.0 ml. 2.0 ml. 2.0 ml. 2.0 ml. 1.0 mL 0,5 ml. veta caodal veia candal veia caoda! músculo da pe na intradérmieo na orelha intradérmico na orelha iotradcrmico na orelha 5 camand. 5 camsrod. J pombo» 5 ctiaioi 4 coelho» 4 coelho» 4 Coelho» 22 t. 23 e. 350 f. 340 c. 1.5 kc. 1.5 kc. 1.5 kc. tremores gerai* 4 morreram 2 morreram nada perfuração total perfuração to*al perfuração Interpretação : — Os venenos dc Loxoscelií rufipes e beta parecem exercer a mesma ação sobre animais dc laboratório. Quando injetados os venenos dirctamcnte na corrente sanguínea, não se verificam respostas apreciáveis, sendo mesmo necessárias doses muito grandes (Icc = 2 glândulas, respetivamente 2 cc = 4 glândulas), para o desencadeamento dc intoxicação geral. As injeções intramusculares profundas feitas na [terna eram dolorosas, gritando os cobaios horas a fio. Mas, após o veneno ser transportado pela corrente sanguinca, cessavam todos os sintomas de intoxicação, a não ser quando a dose era tão alta que resultava mortal mesmo por via venosa. A verdadeira ação do veneno pôde ser apreciada nas injeções inlradénuicas (via esta condizente, aliás, com a natural picada por estas aranhas). Xcste caso houve logo depois da injeção tumefaeção da base da orelha, edema, vermelhidão e temperatura. No dia seguinte formação dc escarra, na orelha dc coelho, até 2 cm dc extensão. Horas mais tarde placa esbranquiçada de necrose e formação paulatina de escarra mais extensa, enquanto diminuia o edema. -No decurso de 8 dias deu-se a perfuração total da orelha, tnenos signi- ficantc nos coelhos que recebiam apenas 0,5 cc do inoculum. Os venenos de Loxoscclis lacta c L. rufipes agem seletivamcntc sobre o derma, determinando nccrosc superficial cm animais dc laboratório. As duas aranhas são caseiras, instalando sua teia geralmente nos cantos das paredes. A L. rufipes mostra-se mais corajosa c disposta a picar, enquanto que a lacta é bastante tímida. Mal atingem 1,5 cm de corç». Acidentes hu- manos costumam ocorrer principalmente com a L. rufipis, cuja picada, segundo as descrições de Macchiavello (/.. lacta ) c I. Grasso (/-. rufipes), c acomjxmliada de “uma dór pungente, que se transforma desde logo numa sensação de insupor tavel queimadura’’, não havendo sintomas gerais a não ser esta dór c a consc- qüente insónia. A escara é rugosa, seca, com aspecto apergaminhado, podendo suas dimensões variar desde um ponto penas até 30 cm dc extensão. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 148 ARANHAS DO RIO GRANDE DO SUL Na 2. a e 3. a semana a escarra é indolor e descama, podendo deixar à vista, mas intatos, os músculos. Os acidentes se verificam geralmente nas casas. A. Ibarra Grasso, tendo-se deixado morder repetidas vezes numa zona do lado externo do antebraço esquerdo por uma L. rufipcs, fez as seguintes observações : A picada é quase indolor, percebendo-se apenas leves pontadas dolorosas no local. Alguns minutos depois formam-se vesículas de 0,5 cm de diâmetro nos locais onde penetraram os ferrões, vesículas estas levemente dolorosas e que confluem depois de meia hora, notando-se ligeiro edema em redor. Horas depois as pálpulas se ex tendem mais e tendem a desaparecer, sobrando apenas pequenos edemas duros no locais das picadas, de um a 2 cm de extensão, com ligeira sensação de pontadas em toda a zona. 18 horas depois há um único edema de 7,5 por 4,5 cm, apenas ligeiramente doloroso, estando os locais das picadas roxeados. 48 horas depois nova formação de vesículas, algo dolorosas. 4 dias depois as vesículas são menos dolorosas. 12 dias depois caem as escaras, dei- xando cicatriz circular. O veneno destas duas aranhas apresenta, pois, a mesma ação local, necro- sante, como o dos Licosoídeos. As aranhas responsáveis são de hábitos domés- ticos e ocorrem desde o Paraiba do Norte (lacta) ou desde os Estados Unidos da America do Norte (rufipes). Pelos sintomas clínicos exclusivamente será praticamente impossível distinguir-se entre Loxoscclis c Lycosa, devendo-se in- sistir, pois, em dados biológicos (si a aranha fazia teia, si era muito pequena, escura, sem desenho no corpo, etc..). Temos recebido representantes destas duas espécies de muitos logarcs do Brasil, também da própria Capital de São Paulo, como também do Rio Grande do Sul, mas a nossa impressão é que, além de serem aranhas pequenas e tímidas e que mal podem atingir nas picadas as camadas mais profundas do derma, elas nunca se tomam realmente frequentes entre nós, de maneira que, contrariamente do que acontece por exemplo no Chile, entre nós não se pode falar de um “loxoscelismo", ainda que não se possa negar a verificação de um ou outro caso. A Filistata hibemalis, da familia FILISTATIDAE, uma aranha isualmente doméstica e que constroe suas teias branco-azuladas dentro de casas, foi também referida repetidas vezes, particularmente na literatura argentina sobre aranhas perigosas, como tendo veneno nccrosantc, de ação local, associado a distúrbios mais ou menos intensos do fígado e dos rins (produziria hemoglobinuria, ictericia, hematémesis, etc..). Esta aranha é facilmente reconhecível, pois sendo olhada de cima, vê-se um corpo escuro, rodeado de um colar branco nos trocânteres das pernas. O corpo mede uns 2 cm e as pernas mais tres. Ura. In». Bntanun 24(2) ; 127-1 56, Nor.* 1952 WOLFANG BIXHERL 149 Foi recebida no Instituto Butantan de muitos logares do Brasil, particular- mente de todos os Estados do Sul e de São Paulo, mas nunca houve um só caso concreto, comprovado, de intoxicação. É de índole muito timida e parece nunca atacar, a não ser moscas, mos- quitos, etc.. A Lycosa crythrognatha, familia LYCOSIDAE, apresenta igualmcnte um veneno de ação essencialmente local, necrosante, podendo sua picada ser acom- panhada, em casos mais graves, de temperatura, erupção cscarlatiniformc jkis- sageira, comprometimento ganglionar, dòr que se irradia desde o local da picada pelo membro todo. Dentro de um dia no máximo, desaparecem gcralmcntc estes sintomas, prevalecendo apenas os sintomas no local da picada, onde o aspecto é geralmente o seguinte: edema duro, doloroso; depois eritema com sufusões he- morrágicas; mais tarde vesículas, flictenas cheias de liquido seroso, que rompem depois de 2 dias. Ao fim da 2. a semana escara dura, seca, negra. A cura c lenta, a cicatriz indelével, retrátil c dolorosa. A Lycosa ervlhrognatha é uma aranha de 2 a 2 c meio cm de comprimento de tronco com mais 4 cm de comprimento de pernas. De compleição robusta, sem ser covarde, não costuma, entretanto, atacar, preferindo a fuga. Em certas circunstâncias, entretanto, como quando carrcKando seu casulo ou quando reinam dias de frio, com pouco sol, esta atitude pacifica dá logar a estados irritadiços. Então esta aranha enfrenta mesmo o homem. Apoia-se sôbre as pernas tra- zeiras ; eleva o corpo anterior, os palpos e as pernas anteriores ; dc suas presas entre-abertas jorram gotículas dc veneno c, à maneira das aranhas armadeiras, procede ao célebre ataque, encravando suas presas na pele da vitima. Seu lado inferior é totalmente preto, enquanto que a face superior ostenta um colorido cinza marrom, havendo na linha mediana do cefalotorax uma longa faixa esbranquiçada e na raiz do abdômen uma segunda faixa, do mesmo colorido esbranquiçado, divergente, a abrir-se em direção posterior. Xo meio desta bifurcação há u’a mancha preta, interrompida atrás por manchinhas mais claras, mais ou menos triangulares. As queliceras são ornadas por pêlos avermelhados, particularmente impres- sionantes em tomo dos ferrões, de um colorido negro luzidio. Os I.icosoidcos teem 4 olhos menores na frente, seguidos por 2 maiores c mais distantes no topo da fronte e mais dois posteriores, ainda mais distantes e um tanto menores. São aranhas das mais comuns em nosso meio. Podem infiltrar-se facilmente nas residências humanas, principalmente nas casas rodeadas por jardins, quando as portas não vedam completamente. São trazidas também frequentemente com cachos de bananas, feixes de lenha, etc.. Quando se aparam os gramados dos jardins residenciais, procuram fugir pelos muros geralmente com reboco áspero, o mesmo acontecendo ao se regar o jardim residencial. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 150 ARANHAS DO RÍO GRANDE DO SIT. Para prevenir as lesões necrosantes (o veneno não teein ação geral /'faz o Instituto Butantan, desde 1925, o sôro-onti-licósieo. V. Brazil e J. Vellard do- saram o sòro de tal maneira que l.cm3 tivesse a ação de 250 unidades anti-necro- santes-o que pode ser considerado plenamente satisfatório num caso de acidente humano. Protocolo III l.ycosa crythrognatha rtso do x cn. Animal Peto VU Resultado 1 mg. 5 camud. 22 ff. veia tremores gerais 0,5 mg. 5 camud. 22 I- veia tremores gerais 1.5 mg. 5 camud. 25 ff. veia tremores gerai*, menos intensos 2.0 mg. 5 camud. 22 ff. veia J mortos entre 1*4 horas 1.0 mg. 5 camud. 25 ff. intradérmico dòr local, escara 2,0 mg. 5 camud. 25 ff. intradérmico dòr local, perfuração 2.0 mg. 3 pombos 500 ff. voa tremores 2.0 mg. 2 pombo* 500 ff. veia morreram 2 22) mg. 2 coelhos 1.5 k*. intradénnico perfuração orelha 2.0 mg. 2 coelho» 1.5 kit- intradérmico escara Por repetidas coletas, uma vèz 32 glândulas, a segunda vês 64 e a terceira vês 4S glândulas obtivemos a média de 1,500 até 1,760 mg de pêso de veneno por glândula. Como estas aranhas só podem injetar seu veneno por via intra- dcrmica, não poderá resultar nunca a morte de um mamífero de porte maior, isto é. acima de 5 ks de pêso jiclo menos. O veneno é rapidamente neutralizado c eliminado, quando na corrente sanguínea. Conseguimos recolher c dosar em camundongos os venenos das L. auri- cotna, L. aiuroguttata e L. pardalim. São Licosoideos bem menores do que a erythroffiiatha, de hábitos campestres; muito mais tímidos c menos agressivos do que a última. O veneno seco por glândula fica em torno de 1 mg apenas. Para se conseguir o efeito necrosante e perfurante na orelha, tanto em camun- dongo como em coelho, são necessários 3 mg de veneno seco, não interferindo o peso do animal, isto é, nos lotes de camundongos foi necessária a mesma quantidade de veneno como nos coelhos. A ação geral, quando êstes venenos são injetados na veia dos animais, é igualmente pouco acentuada. Sobre a ação dos venenos de Latrodeclus mactaiis e gcometricus, da familia THERIDIIDAE, não temos nenhuma experiência. Mesmo o numero de exem- plares recebidos de diversas partes do Sul do Brasil não excede a uma dúzia. Vem. In<. Butantan 24(2):127 1S6, Xov.” 195’ WOLFGiXGlBCCUKRI. . 15.1 Quatro (Jelas, 3 da espécie L. inactans e 1 de L. gcomelricus conservamos vivos durante bastante tempo para os estudos do desenvolvimento dos filhotes. Temos, entretanto, recebido algumas notícias, iiarticularmente do Rio Grande do Sul. sobre acidentes por aranhas, descritos de tal maneira que lembra perfeitamente o “latro-dectismo", minuciosamente detalhado por Sampayo. Conseguimos colher 12 mg de veneno seco da espécie . Irgiopc argcnlala, faniilia EPEIRIDAE. É uma aranlia muito vistosa, com abdômen prateado c belos coloridos de contraste verde branco. É frequente nos aredores de São Paulo e em todos os Estados do Sul do Brasil. Reside em teias espirais de 40-60 cm de diâmetro, permanecendo em repouso no centro da mesma, juntando as pernas anteriores dois a dois liem como as posteriores jura trás (dois a dois). Protocclo IV Argiope argcnlala r«rno srco ris dc injeção .-f n. ; ma it Pt»» KttulttJa 1 tnj. Ycia 4 camundrcurt» "" 24 *. nada 1 mg. intraomtcular 4 camtsndcnftM 24 *• dòr (uMirita 1 mg. intradermico 4 amtiodcnfM 24 S. dòr (otuirini Interpretação : — Xas doses acima o veneno se mostra muito fraco quando injetado na veia. não sentindo os animais quase naila c retomando o alimento jã depois de 2 horas. Injctando-sc o veneno no músculo da perna, demonstram dòr local durante 2 horas, com edema no local da injeção, desaparecendo a dòr depois de poucas horas e o edema no dia seguinte. A injeção intradermica revelou também apenas dór local, sem formação de escarra, mas com formação de edema e pãpula no local, desaparecendo a pãpula cm poucas horas c o edema em 24 horas. A Argiope argcnlala não tem veneno apreciavelmente ativo, sendo, aliás, ò~ , ^ Sampayo, R. R. L. — Latrodcctus mactans y Latrodcctismo. Buenos Aires. 194.. Ibarra Grasso, A. — Araiias y arancismo, Buenos Aires, 1946; Büeherl, IV. — Monografia X.° I do Instituto Butantan, 1951; idem — Mem. !»st. Butanlan, 23: 1-44, 1950. I, | SciELO Mera. TnV. Butanun ■24(2) :1 57-172, íer.* 1952 A. R. 1IOGE 157 NOTAS ERPETOLOGICAS Revalidação de Thamnodynastes strigatus (Günthcr, 1858) por A. R. HOGE (Sec(ão de Ofiologia do Instituto Butonton, Soo Paulo, Brasil) . - . C A- A-, mW5n do Instituto Butantan encontramos Durante a revisão dos ofídios da coleção r , e nünther exemplares de Tltamnodynastes que correspondem a Tomodon stngalns Gunther, 1858, especie válida como demonstraremos. Thamnodynastes W aidcr, 1S.K) Dryopkylax Wagler - Vers. Syst. Amph.t 181, 1*30. llmmnodyoosUi Wagler — l c.: 1*2- Dipsas Schlegel (pro parto) - Physion. Scrp- f !“ • Tomado» Günthcr (pro parte) — Cat. Col. Sn.. Meiotcs Jan (pro par,.) - Arch. Zool. Anat. Ftstol. 2.306. 1863. Dentos n, anilares 13-21. separados das g— ^TaT^l mediário, dentes mandfculares subigua • . mioila vertical. <°n» grosso o„ delgado; canda e oihos -- Escamas lisas ou cannadas, tossetas p do com alguns espinho» arredondadas, subcaudais duplas, hemipems na nresentes nos <$ dc na base. Tnbércnlos snpra-anais geralmentc ansentes. presentes. nos T. strigatus. ■• •• Günther. en, 1858, descreve,, a espécie Tomodo » ***«. enja desengao transcrevemos. Tomodon strigatus "Brown: on each side íron, ü,e nos.nl ,o ,he ,ip ot >aU a narrow black stripe; on each side of belly a second one Iron, the ch,n ,o lhe „P oi ,ad. a. Adult. índia. From Mr. Wanvick*s Collection. Entregue para publicação cm 24-11-.— 1SS XOTAS EM*ETOL<5GICAS Description. — Body very stout and thick, with slender neck and ílat belly, rather compressed towards the tail; tail thin, distinct froin body, tapering, mo- deratc. Head conical, high, broad behind, distinct frora neck, with flat brown and rounded pointed muzzle; eye moderate, pupil? Kostral shield small, not tnurch convex, five-sided, rounded above, just reaching the surface oí forhead ; anterior frontais small, rectangular, triangular, pointed in íront ; posterior frontais small, convex, l>ent on the sides; vertical elongate, more than twicè as long as broad, with nearly parallel outer cdge and a right angle behind. Occipitais moderate, hardlv forked l>ehind ; superciliaries elongate, prominent above the eye; anterior ocular just reaching the surface of head, two posterior ones; loreal quadrangular (on one side united with frontal ) ; one large nasal, pierced by the nostril; eight upper labiais, fourth and fifth forming the lower edge of eye; two largcr temporal shields in contact with oculars, some smaller ones l>chind. S cales smooth, in nineteen rows, very imbricate in not very obliqúe rows; those of the back rather short, with rounded tip, those of outer row twice as large as the other ones, cntirely rounded, and much imbricate. Anal biíid. Posterior maxillary tooth ver) - long and deeply channeled ; all the other tetíth equal in length. Above and be- neath brown; beneath paler, with two narrow, lateral ininterrupted black stripes írom the cliin to the tip oí tail, along the middle of belly are two other punctated lines, more os less conspicuous; írom the nostril, through the eye, along the sides of trunk and tail, a narrow black stripe; each labial beliind black-edgcd; and crect dividing the rostral in two equal parts ; on the neck a medial yellowish line conspiaious. Length of clcft of mouth 5/6; brcadth of hinder part of head 7/12; length of tail 4 1/2; total length 23”. Thamnodynastcs strigatus é espécie tão característica que causa admiração o fato de lioulenger tê-la colocado na sinonimia de Thamnodynastcs natlcrcri, de- pois de considerá-la espécie válida, apesar de dispor do tipo de Günther (2). Peracca continuou a usar o nome de strigatus sem fazer menção ao fato de ter sido colocado na sinonimia por Boulenger. Amaral na sua lista remissiva menciona sómente duas raças de Dryophylax: D. pallidus pallidus e D. pallidus strigilis. Rcdescrição de Thamnodynastcs strigatus (Günther, 1858) 1858. Tomodon strigatus Günther — Cat. col. Sn. 52. 1863. Mesotes obtrusus Jan — Arch. Zool. Anat. Fisiol., 2:96 & Icon. Ophid. 18, pl. 6, fig. 1. 1886. Thamnodynastcs strigatus Boulenger — Ann. & Mag. Nat. Hist. (5). 18:437. Mesn. Inai. Batantan 2«<2):IJM72, ícv.- 195’ A. R. nOGE 159 1887. Tachytnenis strigatus Cope — Proc. Am. PhiL Soe.: 24:58. 1896. Thamnodynastcs nattereri Boulenger (/>ro parle) — Cat. Sn. Brit. Mus. 3:116.. * ) 1926. Dryophylax nattereri Amaral — Rcv. Mus. Paul. 14:27. 1948. Thatnnodynastes strigatus Hoge — Mem. Inst. Butantan 21 :59. Cabeça grande; corpo forte e grosso; cauda moderada. Dentes maxilares 14-15; rostral mais larga que alta, visivcl de cima; internasais tão longas ou li- geiramente mais curtas que as préírontais; frontal cerca de 2 vezes a 2,1 vezes mais Icnga que larga, mais longe que a sua distância à ponta do focinho, menor que as parietais; nasal dividida; loreal mais alta que longa; 1 preocular às vezes dividida, atingindo a parte superior da cabeça; 2 postocularcs ; temporais 2+2, a inferior muito maior; 8 supralabiais (exccpcionalmcntc 9); 9-10 inímlabiais, as 4 primeiras em contacto com a mental anterior que é mais curta ou igual á j«s- terior; 135 a 156 ventrais nos c 135 a 154 nas 9 9. O "ovcrlapping" c muito menor ao comparar machos e fêmeas de uma mesma procedência subcaudais 50-67 nos «J S c 47-62 nas 9 9; anal dupla; dorsais cm 19 séries lisas. A ca&eça em relação ao corpo é muito grande. Tubérculos supra- anais presentes nos machos. Coloração marron claro com duas faixas laterais, escuras na 4. a metade da 3 a e 5 a séries dorsais ; dorso com algumas manchas escuras ; às vezes mais duas faixas escuras na metade da l. a , 2. a c 3. a série de dorsais. \ entre claro com estrias longitudinais, sendo as duas intentas pouco nítidas. N’a cauda as duas internas desaparecem gradualmcntc. Xa cabeça uma faixa lateral escura, começando na loreal (às vezes na nasal) atravessando a preocular, a sutura das postocularcs, a temporal, c passando na 7. a c 8.* supralabial ; mancha escura marginando a sutura das supralabiais ; infralabiais como as supralabiais, claras com uma nitida mancha escura nas su- turas (fig. 3 e 10) ; mancha vertical na rostral. Hemipenis não bifurcado c sem espinhos laterais fortes. Distribuição geográfica: Argentina, Paraguay c Brasil, estados de Kio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Minas ( icrais e Rio de Janeiro. Alótipo : Rostral mais larga que alta, visivcl de cima : internasais um jtouco mais largas que longas, mais curtas que as prefrontais; frontal 2 vezes mais longa que larga, maior que a sua distância à ponta do focinho c menor que a> parietais; nasal dividida ; loreal trapezoidal, tão alta quanto longa; 2 prcocularcs; cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 160 NOTAS ERPETOLÓGICAS 2 postoculares ; temporais 2/2; 8 supralabiais ; 9 infralabiais; 145 ventrais; sub- -caudais 62/6 2; anal 1/1 ; 3 tubérculos supra-anais de cada lado da cloaca. Colorido marron claro, com uma faixa lateral escura na l. a , 2. a e 4 a séries -de dorsais; u’a mancha clara no meio das dorsais ocupadas pelas faixas laterais; ventre claro com 4 estrias longitudinais, as externas bem nitidas, as duas internas menos nítidas e confluentes na parte posterior do corpo e na cauda. Cabeça marrom com o desenho do tipo esquematizado na figura 9. Desenho do lado da cabeça do tipo normal (fig. 10). Capturado em Pindamonhangaba, em janeiro de 1918, por Rosalino Mecioni. Günther cita a índia como localidade tipo mas não indica o número de ventrais. Boulenger, cita 133 ventrais e 56 subcaudais. Comparando estes dados podemos sem grande probabilidade de êrro indicar a região do Estado de São Paulo como pátria provável. Para a designação do alótipo, escolhemos um exem- plar procedente de Pindamonhangaba, Estado de São Paulo, Brasil, n. 1482 S na coleção do Instituto Butantan. Dimorfisvio sexual: os machos têm tubérculos supra-anais, o número de ventrais e subcaudais é maior do que nas fêmeas e a diferença de tamanho da cabeça é nula nos jovens e tanto mais pronunciada quanto mais velhos os exem- plares. CONCLUSÕES Thatnnody nastes strigatus Günther difere de T. pallidus pallidus (L.) pelos seguintes caracteres: menor número de subcaudais 50-62 contra 79-90 em pal- lidus; cabeça muito maior; dorsais em 19 séries ao invés de 17; olho rnenoi*. Difere de T. pallidus iiattcreri por ter escamas lisas, corpo mais grosso e olho -menor. Agradecimentos : Agradecemos ao Sr. Parker, do British Museum, as foto- grafias do tipo de Tomodon strigatus c a autorização para publicá-las. RESUMO A espécie strigatus é revalidada e redescrita. ABSTRACT The species strigatus ir revalidated and redescribed. ZUSAMMENFASSUNG Die Art strigatus wird a>s gut befunden und wieder beschrieben. Mero. Ins . Batantau «(2):I57-172, fcr.- 1952 A. R. 1IOGE 161 BIBLIOGRAFIA Amaral, A. do — Rev. Mus. Paulista 14:27, 1926. Boulcngcr, G. A. — Ann. & Mag. XaL Hist (5) 18:437, 1886. Cope, E. D. — Proc. Amer. Phil. Soc. 24:58,1887. ■Cünther, A. — Catalogue of Colubrine Snakcs, 52. 1858. Hoge, A. — Metn. Instituto Butantan 21 :59.1948. -Jan, G. — Arch. Zool. Anat Fis. 2:306, 1863 et Iconograpliie Gcncralc des Ophkliens 18. pl. 6. fig. 1, 1886. * P SciELO 10 11 12 13 14 15 16 cm Fero 1 ..... \ • ]9 Ifr-l'-r0 n« n >1 •*> M-t- 1 "- T '” * .u, » ,-. • mim0 (Brit. Mu». N»"- «ta*. Office! n ««««I*- cm SciELO \. R. IICK.E Man. Tn.«. BuUnun 240:157-172, írv.« 195: 164 NOTAS ERPETOLóGICAS íttt y, , 1 •yrrrrprrrr li 2 • • i • 1 • 3 1 1 . . j . > C£NI.\dklR.fci Foto 3. (Brit. Mus.) tttttttTT t » rri n i i CEntiHetres t» — 1 1 , i rr II. I|m. Foto 4. (Brit. Mus.) Tipo de Tovrwdon striyatvs Mftn. Inst. Butantan A. R. HOOE 2<(2):1S7-I72, fer.» 195’ Foro 5 Picada de D. Ilrijatm ThamnoJynastd itriçaimi i uma espécie muito agresura e a picada Uasunle dolorida. Em certa ocasião. o autor picado por um Jfripofiu no dedo indica- dor, duas horas depois o edema atingiu todo o anlchrago e a articulado. Xa fotografia acima podtsse notar o edema pr.-íu/ido por uma picada de striçatwt na mão direita de um de meu. ausiharm, Sr. J. Caeatb-iro. XOTAS ERPETOLÓGICAS Fic. 6 Foto A Hemipenis de T. strigatvt. 9 B " “ * stripilis. Maxilar de T. slrigaltu. Fio. 8 Fic. 7 Patte e entrai (evjuemãtica) dr T. ttriga-us (Cünther) cm A. K. HOGE Mea. Insí. Butantan M(2):I37-172, fer.» 1952 Fie. 9 Fio. 10 Fio. 11 y-- Dt senho rvioenuúioJo etn T. tln/úliu cm SciELO Mera. Iiwt, Butantan J4(2l :157-172. trv.* 1S52 A- R. HOCE 169 M -í o t Ê K 1, | SciELO A. R. HOGE M«n. In«t. Butanran 2li2| :157»172, fer.« 1952 cm Mctn. In»'. Bntnman 24(2) :17J-178, fr».* 1952 A. R. HOGE 173 XOTAS ERPETOLÓGICAS Contribuição ao conhecimento dos Testudinata do Brasil por A. R. HOGE (Secfão de Ofiologia do Instituto Butanton, S. Pauto, Brasil) Xo decurso de urna expedição organizada no Brasil central com o fim de recolher material para as coleções do Instituto, capturamos alguns exemplarei de Testudinata. Como praticamente não existem informações sólirc os Qu cl ti- ntos dessa região decidimos publicar a lista dos exemplares capturados. Ordem TESTUDINATA Subordem tiiecomiora Família Testudinidae Gênero Tc st udo Linnaeus Testudo dcnticiilata (L. l/Có) 1766 Testudo denticulata Linnaeus — Syst. Xat. 2:3.' 2 1782 Testudo tabulata Walbaum — Chelon. 122. Procedência: Fontoura, ilha do Bananal. Estado de Goiás, Brasil. 1 exemplar típico. Comprimento da carapaça 300 mm, largura 180 mm, altura 14 mm. Alimenta-se de frutas e folhas, assim como de flore» caida» no chão. Em cativeiro aceita bananas, feijão, alface, polenta, batatas, etc. Esta espécie é geralmente conhecida pelo nome de Jabuti, os índios Karajá dão-lhe o nome de Cotubano. Entregue para publicação em 24-II-j2. 1, | SciELO 15 174 NOTAS ERPETO LÓGICAS Familia PELOMEDUSIDAE Gênero P o d o c tic mi s Wagler, 1830 Podocncmis expansa Sdnveigger, 1814 1814 Emys cxpausa Schweiggcr — Prodrome: 30 Vários exemplares dos lagos do Araguaia c Rio das Mortes. Na região do Araguaia, como no resto do Brasil, esta espécie é conhecida como o nome de “Tartaruga’’. Os exemplares velhos (fêmeas) são chamadas de “Viração”; os índios Karajá as chamam de “Cotoni”. Esta espéc.e está em vias de ser extinta no Araguaia onde outrora era abundantíssima. Nos lagos do Rio das Mortes, porém, ela ainda e muito abun- dante, isto devido ao fato de ser proibida a entrada nesse Rio pelo Serviço de Proteção aos índios, muito embora esta proibição esteja longe de ser obedecida estritamente. O fator principal é a colheita de ovos ]>ara extração do óleo além do uso da carne de tartaruga para fins ctdinários. Em certos lugares, não sómente extraem o óleo para fins comestíveis, mas também para fazer sabão. Se o Govérno não tomar medidas enérgicas e fizer re>i>citá-las, dentro de poucos anos a tartaruga estará práticamente extinta. A pesca da tartaruga é feita com anzol sem rcbarl», com isca de palmito de tucum. O anzol não penetra nos tegumentos mas engancha-sc c é mantido por uma tração constante exercida pelo pescador. A postura no Araguaia e afluentes é nos fins de agosto e começos de setembro. Nessa época as tartarugas saem dos lagos e procuram as praias dos rios, onde escolhem um lugar um pouco elevado para cavocar a terra com as patas dianteiras. Nessa cova elas põem os ovos e depois de tê-los recobertos por uma camada de areia de cérca de 30 cm, nivelam o terreno e regressam ao rio sem nunca voltar pelo caminho por onde vieram. No momento da eclosão os filhotes procuram imediatameute o rio, porém, antes de alcançá-lo, grande número é vitimado pelas aves de rapina, raposas, gambás, e indios que os capturam para comê-los, etc. Muitos moradores guardam as tartarugas vivas em viveiros, que são em geral duas cêrcas atravessando um pequeno córrego de pouca profundidade onde o quelônio é facilmente recapturado. Mem. Insí. Batantan 24(2):17J-17Í, íer* 1952 A. R. HOGE 175 Alimentam-se de plantas. Em cativeiro alimentam-se com palmito de tucum, uma espécie de palmeira baixa com enormes espinhos. Podocncmis t x f o n s a No. procedincia C. car. U rar. Observarão 12 Posto Heloísa Torre» Maio Grosso — Hrasil 324 494 Jòvem 5 idem 30.7 474 - 2 49.6 44.0 «• 3 314 49.7 18 4S.7 434 7 49.S 46.6 b 310 19.6 • 13 31. 40.0 M 17 49A 46.6 - 11 .. 31 0 47.8 - 16 ■•03 464 N 15 314 49.7 m 10 49.S 474 M 14 Xfl 48.0 - 9 31,8 494 - 29 Rio da* .Morte* + Mato Gn»*o — Hcaaü 47.0 42.1 *• 41 310.0 ivt.o adulto 40 250.0 183.0 • 23 310.0 243.0 carapaça 21 305.0 236,0 • 23 370.0 263.0 • 26 433.0 323.0 • 27 310.0 3S3.0 44 - 730.0 330.0 Iodo* os ricmpUrn foram capturado, ou aAjuIriAw mlr* 75- 9*1945 0 S-ll-1949. Podocneinis unifilis Troschcl, 1S48 1848. Podocneinis unifilis Troschel — in Schomburgk — Rcisc Ilrit. Guiana, 3:647. Xo. 4 6 19 20 21 22 37 32 33 39 36 34 35 3S 31 30 42 34 procedí oe ia C. car. L.ca r. 1 .1 1 39.6 Ideem R o da- Morte» — Maio <>rosS" H i 43.0 PoMo lleloisa Torre* — Maio Gro»*o H a»,l 40.0 36.7 „ 39.9 33.6 • 39,6 334 » 40.6 36.4 • 163.0 133.0 adulto Maio Verde — MalO Grosso — llrasii 1364 106.6 r 114.0 944 m 133.0 120.0 - ** 130.0 123.0 - 116.7 1004 - 1614 140.0 • 172.0 136.0 • ** 140.0 110.0 • 9 • 74.0 634 • Santa Isabel — Goiás 117.0 121.0 * 126.0 e J lf 107.0 94S. Tcdcs o» exemplares 1, | SciELO 176 XOTAS ERPETOLÓGICAS A postura se dá como na espécie cx pausa, porém, é cerca de um mês mais- cêdo e os ovos são ovais ao invés de redondos como em cxpansa. Género C h cl y s Duméril Chelys fimbriata Schneider, 1783 1783 Tcstudo fimbriata Schneider — Schidkrõte 349 Dois exemplares. Xo. 45. Lagoa de São Felix, Estado de Mato Grosso r Brasil, 10-48. Carapaça 22 2 mm por 174 mm. Xo. 46. Mato Grosso, Brasil. Xuma lagoa sem nome em frente de Santa Isabel. Carapaça 280 mm por 205 mm. Esta espécie é geralmente conhecida por "Matamatá”. Os índios Karajá a conhecem por Wemá. Com a captura destes exemplares a distribuição geográfica da espécie foi aumentada de quase mil km. Temos exemplares procedentes de São Do- mingos, no Rio das Mortes, e um exemplar procedente de uma lagoa nas margens do Rio Vermelho, perto do Aruanã, Estado de Goiás, Brasil, o que ainda vem aumentar de 400 km a área ocupada pela espécie. Estes três exem- plares foram capturados na nossa última expedição e não chegaram ainda a nossas mãos razão pela qual não estão incluidos nesta lista. Esta espécie aceita muito liem, peixes miúdos, quando mantida em cativeiro, Strauch (7) e, posteriormente, Günther (8) chamaram a atenção sôbre as diferenças de tamanho da placa guiar. Günther emite a hipótese de que trata-se talvez de uma diferença especifica ou racial. Segundo este autor Chelys fimbriata seria a forma das Guianas com placa guiar curta, e Chelys matdmata a forma amazônica com guiar estreita. Xos exemplares por nós examinados notamos que mesmo em especimens procedentes da mesma localidade, a variação é enorme encontrando-se formas de guiar intermediárias aos extremos. Este caracter é pois, sem valor espe- cifico ou subespecifico e é devido à mera variação individual. Os índios têm uma técnica interessante para capturar a Matamata. Munidos de uma flexa. êles exploram o fundo das lagoas, e quando sentem a resistência da carapaça na ponta da flexa, mergulham e apanham o quelõnio que não trata de fugir, porém, uma vez preso se agita violentamente projetando tam- bém a cabeça para frente, emitindo um ruido peculiar. Os índios não comem a “Wema”; isto talvez seja devido ao cheiro nauseabundo quo este reptil exala. RESUMO Uma lista dos quelônios capturados na região central do Brasil e alguns dados sóbre a biologia das espécies encontradas são dados neste trabalho. Mem. Ins*. Butantan 24(2) :17S-178, fcr.» 1952 A. R. HOCE 177 ABSTRACT A list of the chelonians securetl by Bntantan expeditkm at Bananal Island is given. BIBLIOGRAFIA Linnacus, C. — Systema natura 12.* edição, 1 :352, 1766. Walbaum, — Chclonogr. 122, 1782. Wagler, J. G. — Sistema amph. 135, 1830. Sckweigger, A. F. — Prodrom. Men. Chclon. 30, 1814. Troschd, /•'. H. — m Schomburgk-Reisc British Guiana, 3:647, 1948. Schncidcr J. G. — Schildkr. 349, 1783. Strauch, A. — Chelonolog. Stud. 172, 1862. Günlhcr, A. — On some rare Rcptiles living in the Socicty s Menagerie. Boulcnger, G. A. — Catalogue of Chelonians Rhyn. Ampliihians and Crocodiles 1889- Siebenrock , C. F. — Synopsis rezenten Schildkrõtcn. . í, | SciELO * * *' ■> In». Bobsun 24(2); 17*214, fcr.- 1952 A. R. HOCE 179 NOTAS ERPETOLÓGICAS l.o Contribuição ao Conhecimento dos Ofídios do Brasxl Central Por A. R. HOGE (Scc ( ão de Ofiohgia do Instituto fíulontan, São Paulo, fírant) Durante o ano de 19-tS, continuando a série de excursões para colheita dem- tcrial de estudo, organizamos uma expedição â região da Ilha do Bananal, divisa do Estado de Goiás com Mato Grosso. A região percomda nunca havia s«l«» anteriormente estudada scí> o ponto de vista erpetológico. A única publicarão cais.cn, o é a dc J. R. Hailcv c A. I- dc Carcalbo (10). descrevendo un» nova espécie dc UftolytUoU. Ufo>ytcrcorrc-se a superfície da agua c localiza-se o jacaré, pelo reflexo da luz nos olhos. Em seguida, aproxima-se lentamente e arpoa-se o sáurio na nuca. Uma vez arpoado precisa-se atordoá-lo com violentos golpes na cabeça, afim de evitar que vire a canoa c agrida os caçadores. As medidas mencionadas foram, salvo indicação cm contrário, feitas no material morto e já fixado e as da cabeça feitas com paquímetro. Relacionamos abaixo diversas espécies de ofídios c a maneira como foram encontrados: ESPÉCIE KÚIOTO Epicrates ccnchria crassus 1205/ Constrictor constrictor amara! i 120al Eunectes murinus 12260 li clico ps leopardina 12013 Ilclicops poíylepis 12011 Hclicops trivittata 12012 Dryadophit bifossatus villclai sp. n. 12059 Pryadophis bifossatus villclai 123-12 Dryadophis bifossatus villclai 12341 Thalcrophis richardi richardi 12021 Xcnodon merremii 12040 Xcnodon merremii 12022 Xcnodon merremii 12053 Xcnodon merremii ’ 120d0 Y cnodon severus 12027 P seudoboa nemeiedii 12043 Dryophylax pallidus slrigilis 12041 Lygophis paucidens, sp. n. 12016 Oxybclis aeneus aeneus 12025 Bothrops atrox atrox 12046 Bolhrops neuuicdii goyasensis 1204/ LVGAR dcsmanchamcnto dc cupim desmancha mento dc cupim na lagoa, dc dia pousado no fundo dc um campo inun- dado debaixo duma pedra submersa junto com a 12011 à pouca distancia dum brejo cm um brejo cm um brejo num piquezeiro des mane ha mento de cupim no campo cm movimento no campo em movimento no campo cm movimento nadando no Rio Araguaia perto do acampamento, dc noite, cm movimento dc dia. num arbusto, à margem dc um brejo no campo em movimento num arbusto, de dia (informação dum fndio) capturado dc dia. no terreiro do S. P. I. num buraco de cupim, tomando sol cm SciEL0 1 182 XOTAS ERPETOLÓGICAS CL REPTILIA Laurentius, 1/68 Ord. squamata Oppd, 1811 Subord. Serpentes L., 1758 Fam. BOIDAE Gray, 1842 Gen. E pie rat es Wagler, 1830 Epierates cenchria crassus Cope, 1862 Epicrates crassus Cope — Proc. Acad. Xat. Sei. Philadelphia : 349, 1862. Terra típica: Cadosa, Paraná River. N.° 12054 9 procedente de Santa Izabel. Capturado cm 18.10.48. Supralabiais 14-14; infralabiais 14-14; dorsais 45; ventrais 233; subcaudais 40; anal 1 ; comprimento total 1110 mm; cauda 110 mm; cabeça 46,9 mm. N.° 12057 $ jovem, procedente de Mato Verde. Capturado em 30.9.49. Supralabiais 12-12; infralabiais 13-13; dorsais 42; ventrais 237; subcaudais 40; anal 1; comprimento total 390 mm; cauda 41 mm; cabeça 19,3 mm. Colo- rido característico em ambos os exemplares. Gen. Euncctes Wagler, 1830 .. • Euncctes murimis (L., 1758) Boa murina Linnaeus — Syst. Xat. ed. 10, 1 : 215, 1758 Terra típica: América. N.° 12260 á (pele), procedente dos arredores de S. Felix. Capturado cm 26.10.48. Dorsais 62; comprimento total 2040 mm (pele mutilada). Gen. Constrictor Laurentius, 1768 Constrictor constrictor amarali Stull, 1932 Constrictor constrictor amarali Stull — Oc. Pap. Boston Soc. Xat. Hist. 8: 27, 1932. Mm . In*. Bntanían U(T>:179-2U. írr- 19 S2 A. R. HOGK 183 Construtor constrictor constrictor Hogc — Meni. Inst. Butantan 20: 1S3, 1947. Constrictor constrictor constrictor Vanzolini — Rcv. Bras. Bíol. 8: 381, 1948. Terra típica: São Paulo, Brasil. N.° 120Í4, 9 jovem, procedente de S. Felix. Capturado em 26.10.48. Supralabiais 21-21; infralabiais 25-25; dorsais 77; ventrais 231; anal 1; subcaudais 48; colorido claro com manchas indistintas no corpo, nitidas na cauda onde tem uma tonalidade marron-avermclhada ; comprimento total 575 mm; eauda 62 mm; cabeça 30,4 mm. N.° 1248 9, procedente de Santa Izabel. Capturado pelo> índios Karajãs nos arredores do Posto de Proteção aos índios, cm 9.48. Supralabiais 21-22; infralabiais 19-20; dorsais 78; ventrais 233; anal 1 : subcaudais 7/7 -f- 35; as manchas dorsais fundidas, formam na parte anterior do corpo uma lista dorsal escura, c no meio são separadas c situadas latcral- mente; na parte posterior do corpo elas estão novamente fundidas, esbo- çando duas listas, uma de cada lado. Colorido c marcas da cauda como no n.° 12044. Comprimento total 1037 mm; cauda 98 mm; cabeça 51,4 mm. N.° 12051 8 c 12052 8, procedentes de Santa Izabel. Capturados |»clos índios em 10.48. N.» Sexo SI II D A V Sc Cab Corp Cauda 12051 8 19-19 22-22 77 I 230 50 62,6 1425 175 12052 8 18-19 24-25 77 1 236 46 59,4 1192 171 Fam. coLUBRtDAE Cope, 1886 Subfam. colubki.vak Co|>c, 1893 Gen. H clico ps Waglcr, 1830 Hclicops angulota (L., 1758) Colubcr angulatus Linnaeus — Syst. Nat. cd. 10, 1: 217, 17 c8. íerra típica : Asia N.° 12014 9, procedente de Araguacema (recebida morta) cm 7.11.48. Temporais 2 3, mesmo as anteriores levemente carinadas ; supralabiais 8-8, a T. a entrando no òlho; dorsais 19; ventrais 120; anal 1 ; subcaudais 80/80; ventre vermelho com manchas mais ou menos fusionadas formando barras transversais; comprimento total 690 mm ; cauda 220 mm ; cabeça 27,3 mm. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 181 XOTAS ERPETOLÓCICAS N.° 12015 <5 procedente de Mato Verde. Capturado em 21.9.48. Temporais l-f-3 (esq.) e 2-f3 (dir) ; dorsais 19; ventrais 119; subcaudais 87/87; anal 1-1 ; supralabiais 8-8; infralabiais 9-10; comprimento total 650 mm; cauda 260 mm (cauda mutilada) ; cabeça 22,3 mm. Hclicops leoparditia (Schlegel, 1837) Hotnalopsis leoparditia Schlegel — Phys. Serp. 2 : 358, 1837. Terra tipica: Desconhecida N.° 12013 9 procedente de S. Felix. Capturado em 18.10.48. Supralabiais 8-8; infralabiais 10-10; ventrais 138; subcaudais 54-54; com- primento total 721 mm; cauda 145 mm; cabeça 30 mm; colorido escuro, manchas dorsais pouco distintas. Hclicops polylepis Günther, 1861 Hclicops polylepis Günther — An. & Mag. Nat. Hist. 3, 7: 426, 1861. Terra tipica: Upper Amazon N.° 12011 <5 procedente de Araguacema. Capturado em 11.48. Temporais 1-3 (esq.) e 1-2 (dir.) ; supralabiais 8-8, a 4. a entrando na órbita; -ventrais 159; subcaudais 54-54 (cauda mutilada); dorsais 23; anal 1-1; com- primento total 883 mm; cauda 310 mm (c. m.) ; cabeça 26 mm. Colorido cara- terístico. Hclicops trhnttata (Gray, 1849) Myron trivit tatus Gray — Cat col. Sn. :70, 1849. Terra tipica: Desconhecida N.° 12012 9 jovem, procedente de Araguacema. Capturado em 11.48. Temporais 1-2; supralabiais 8-8, a 4. a entrando no òlho; infralabiais 12-12; ventrais 119, subcaudais 54/54 (cauda mutilada); anal 1-1; comprimento total 175 mm; cauda 45 mm; colorido caraterístico; na frontal tres manchinhas lineares claras ; as duas estrias laterais começam na região occipital com u'a mancha clara. Gen. Dryadophis Stuart, 1939 Dryadophis bifossatus idllclai, subsp. nov. Terra tipica: Santa Izabel, Ilha do Bananal. Estado de Goiás, Brasil 186 XOTAS ERPETOLÓGICAS Rostral: 9,3 x 6, 7 mm Xasal: 6,4 x 5,5 mm Frontal: 11,8 x 7,2 mm Parietal esquerdo: 13,7 x 8,7 mm Supraocular esquerdo: 11,3 x 5,6 mm Supranasal esquerdo: 5,0 x 4,5 mm Preírontal esquerdo: 7,2 x 6,1 mm Loreal esquerdo: 5,2 x 3,8 mm Yentrais 187; subcaudais 92/92 (cauda mutilada); dorsais 15; anal 1-1. Alotipo: n.° 12342 $ procedente de Mato Verde. Capturado em 25.9.48. Temporais 2-2; supralabiais 8-8; infralabiais 9-8; ventrais 178; subcaudais 42-42 (cauda mutilada); dorsais 15; anal 1-1; comprimento total 1600 mm; cauda 245 mm (cauda mutilada) ; comprimento da cabeça 49 mm. Exemplar melanotieo, desenho dificilmente perceptível, não sendo possível contar as manchas do corpo sem retirar o “stratus corncmii". Paratipo: n.° 12341 $ procedente da Ilha do Bananal (X 1). Capturado cm 1.10.48. Ventrais 184; sulxraudais 35-35 (cauda mutilada); dorsais 15; anal 1-1; supralabiais 8-8; infralabiais 10-10; temporais 2-2 e 2-1. Colorido e desenho como no holotipo. Marcas dorsais 40; comprimento total 1200 mm; cauda 180 mm (cauda mutilada) ; cabeça 47,1 mm. Gen. S p i l o I c s Spilolcs pullatus anomalepis Bocourt, 1888 Spilolcs pullatus var. anomalepis Bocourt — Miss Sc. Mex. & Am. Centr. : 685 (tab. 44, fig. 3-4), 1888. Terra típica: Brésil N.° 12045 9 procedente de Chrysóstomo e trazida morta pelos indios Javaés, em 6.10.48. Supralabiais 7-7, a 5. a Sem contacto com a postocular; infralabiais 8-8; frenal presente do lado esquerdo (diminuta); Tcmp. 1-1; ventrais 233-1/2; subcaudais 111-11; anal 1; dorsais 16, 17 no pescoço; comprimento total 2230 mm; cauda 515 mm; cabeça 46,6 mm. O exemplar em questão é um intergrade entre Spilolcs p. pullatus (L.) e Spilotcs p. anomalepis Bocourt, sendo mais próximo a êste último. Mem. Ias*. Bntantan 14(2); 179*214, frr.' 1952 A. R. HOGE 187 Gen. C h ir o n i u s Fiuinger, 1826 Chironius scxcarinatus (Wagler, 1824) Natrix sexcarínata Wagler — in Spix — Serp. bras. sp. nov. : 35, tab 12, 1824. Terra típica: ad flumcn Amaxonum X.° 12055 S , procedente de Fontoura. Capturado cin 17.10.48. Supralabiais 9-9; iníralabiais 10-11; dorsais 12; ven trais 144; subcaudais 117; anal 1-1 ; comprimento total 965 mm; cauda 320 mm: cabeça 29 mm. N.° 12056 9, procedente dc Santa Izabel. Capturado cm 15.10.48. Yentrais 151; subcaudais 115-115; dorsais 12; comprimento total 1020 mm; cauda 365 mm ; cal>eça 28,3 mm. Gen. T haterophis Oliver, 1947 . Thalcrophis richardi richardi (Bory St. Yincent, 1823) Colubcr richardi Bory St. Yincent — in. Diction class. hist: nat:, .4 : 588, 1823. Terra tipica: Guyanne. X.° 12021 9 procedente de Mato Ycrdc, Estado dc Mato Grosso, Brasil, capturado em 2 7-9-948. Trata-se de exemplar jovem, jxrtcncciido à iorma com faixas, mencio- nado por Oliver. O material disjxmivel não jvermite verificar, como jã o diz Oliver t. Píí- 223) si se trata de uma população isolada dc richardi ou uma outra sulxrspccic. Dorsais 15; supralabiais 8-8; iníralabiais 9-9, este numero sendo bastante baixo, porem dentro dos limites previsíveis; subcaudais 141 141, também ligeiramente inferiores em numero ã variação observada por Oliver, anal 1-1, comprimento 515 mm.; cauda 100 mm. ; cabeça 13,1 mm.; «lentes maxilares -8. Gen. Lcimadophis Fiuinger, 1843 Leimadophis a l nt o d a ( M aglcr. 1 824 ) Natrix almada Wagler — in Spix — Serp. Bras. spp. novae: (Natrix alntadcn- sis na pl. X, fig. 3) 1824. N.° 12028 9 procedente dc S. Felix. Capturado cm 31.10.48. X.° 12030 9 procedente dc Araguaccina. Capturado em 20.11.48. N.° 12042 9 procedente do Tapirapé. Capturado cm 29.9.48. O exemplar jovem n.° 12012 apresenta o desenho tipico, porém pouco dis- cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 188 XOTAS ERPETOLÓGICAS tinto. Nos exemplares mais velhos, o colorido passa a ser marron oliva escuro, sem nenhuma mancha no corpo, nem na cabeça, apenas com uma estria clara longitudinal bem visível na parte posterior do corpo, que se prolonga até a cauda. Esta estria clara ocorre na 5. a série de dorsais. Ventre claro, averme- lhado no vivo, com manchas transversais. Trata-se a nosso ver de especimens pertencentes à espécie identificada como Lcimadophis rcginae, por Dunn (22) e procedentes da Colombia. Acreditamos tratar-se de uma subespécie nova de Lcimadophis almada; preferimos, porém, aguardar mais material antes de passar a descrevê-la. Lcimadophis poecilogyrus intermedius Amaral, 1944 Lcimadophis poecilogyrus intermedius Amaral — Pap. Av. Dep. Zool. 5(10) : 81, 1944. Terra típica: Goiás. N.° 12019 S procedente de M. Verde. Capturado cm 1.10.48. Dorsais 19; ventrais 156 -f- 1/2; anal 1-1, subcaudais 47-47 ; supralabiais 8; comprimento total 448 mm; cauda 75 mm; cabeça 18,6 mm. Dorsais 19; ventrais 152 -(- 1/2; anal 1-1 ; subcaudais 47-47; supralabiais 8; comprimento total 324 mm; cauda 54 mm; cabeça 15,3 mm. N.° 12037 9 procedente da Fazenda do S. P. I. em Santa Izabel. Captu- rado em 17.10.48. Dorsais 19; ventrais 152; anal 1-1; subcaudais 49-49; supralabiais 7-8; comprimento do corpo 548 mm; cauda 100 mm; cabeça 23,7 mm. N.° 12036. Dorsais 19: ventrais 157; anal 1-1; subcaudais 48-48; supralabiais 8; com- primento do corpo 517 mm; cauda 88 mm; cabeça 22,1 mm. N.° 12034 9 procedente Fazenda do S. P. I. em Santa Izabel. Capturado em 17.10.48. Dorsais 19; ventrais 159; anal 1-1; subcaudais 45-45; supralabiais 8; comprimento do corpo 494 mm; cauda 78 mm; cabeça 19,4 mm. N.° 12033 S procedente de Mato Verde. Capturado em 27.9.48. Dorsais 19; ventrais 154; anal 1-1; subcaudais 48-48; supra-labiais 8; comprimento do corpo 519 mm; cauda 90 mm; cabeça 21,3 mm. N.° 12023 9 procedente de Santa Izabel. Capturado 9.10.48. Dorsais 19; ventrais 158; anal 1-1; subcaudais 48-48; supra-labiais 8; comprimento do corpo 553 mm; cauda 95 mm; cabeça 22 mm. N.° 12032 9 procedente de M. Verde. Capturado em 4.10.48. Dorsais 19; ventrais 152; anal 1-1; subcaudais 48-48; supralabiais 8; comprimento do corpo 498 mm; cauda 82 mm; cabeça 20,1 mm. A. R. HOGE 189 Mon. Inst. Batantan 24(2): 17^214, fer.* 1952 N.° 12031 9 procedente de Santa Izabel. Capturado cni 9.10.48. Dorsais 19; ventrais 152; subcaudais 45-45; anal 1-1 ; supralabiais 8; com- primento do corpo 568 mm; cauda 94 mm; cabeça 26,3 mm. N.° 12017 9 procedente de Santa Izabel. Capturado S. 10.48. íDorsais 19; ventrais 154; anal 1-1; subcaudais 47-47 ; supralabiais S; comprimento do corpo 561 mm; cauda 9b mm, cabeça — -b mm. N.° 12035 9 procedente de M. Verde. Capturado cm 3.9.48. Dorsais 19; ventrais 153; anal 1-1; subcaudais 46-16; supralabia.s 8; comprimento do corpo 445 mm ; cauda 76 mm : cal>eça 20,3 mm. N.° 12029 S procedente de Santa Izabel. Capturado cm 6.10.48. Dorsais 19; ventrais 155 + 1/2; anal 1-1; subcaudais 46-46; suprala- biais 8-8; comprimento do corpo 448 mm; cauda 74 mm. calicça 18.4 mm. N.° 12038 9 procedente de M. Verde. Capturado cm 5.10.48. Dorsais 19; ventrais 156; anal 1-1; subcaudais 47-47; supralabiais 8; com- primento do corpo 472 mm ; cauda 79 mm , cabeça 20,3 mm. N.° 12039 S procedente de Santa Izabel. Capturado em 5.10.48. Dorsais 19; ventrais 153; anal 1-1; subcaudais 46-46; supralabiais 8; com- primento do corpo 498 mm; cauda 8b mm; cabeça -1.4 mm. Todos os exemplares embora pertencentes à cspccic tnlermcdms, aparen- tam intergradação com a subespécie subfascuita. Gen. Lygophis Fitzinger, 1843 Lygophis paucidcns, sp. nov. Terra típica: Mato Verde, Estado de Goiás Brasil. Tipo: Inst. Butantan. N.° 12016. Diagnose : - Uma espécie de Lygophis caracterizada por ter somente 10 dentes maxilares. N.o J20I6 9 procedente de M. Verde. Capturado ent 24.9.48. (pr. IV ''Focinho proeminente; rostral mais larga 4» < &* ^ de cinta; inteirais maia longtn do que largas (17*1.4), um S .^“ que as preiromais. qne são ligeinmtent. tnats longas do que I 4, 5x2,4, um pouco mai, longa do que sua d, s, anca do íoenho mm. cuca do qne os parietais; nasal dividida; loreal um pouco tnat, longa do qu aha ^n pré-c dois postocu lares, preocula, atingindo a pane super, or da ; da frontal; temporais 1+2; 8 supralabiais. 4.» e 5* entrando na orb, ta. 10 m , , , . . . cm contacto com a mental anterior, que c tao fralabiais, as quatro pnmeiras cm cuu . 17 i , ventrais 174; anal 1-1; subcaudais 62-6-, dorsais l/. longa quanto a posterior, ventrais i/-», cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 190 NOTAS ERPETOI.ÓGICAS Coloração dc fundo: panlo-bronze, checando, lateralmente, a meio corpo até metade da 4. a fileira das dorsais. Uma estria escura, de 3'/2 escamas de largura na cabeça e 4 no corpo, corre da ponta do focinho até a cauda, mar- ginada por uma linha preta em cada escama da 6. a série de dorsais, de cada lado dessa faixa dorsal uma outra faixa mais clara, com largura de mais ou menos tres escamas, marginada, em cima, pela linha preta que a separa da faixa dorsal, e em baixo por uma linha idêntica correndo na 4 a série dorsal, delimitando a côr de fundo da cór branca da I a , 2 a , 3. a e metade da 4.* série dorsais. As faixas se estendem na cauda, diminuindo gradualmente de largura até ocupar somente uma só escama. A cabeça possui u’a mancha ocupando a me- tade das supranasais, as prefrontais, a frontal, parte da supra-ocular, parte das frontais e estende-se sôbre o corpo, sob a forma de uma faixa longitudinal acima já descrita. Outra faixa parte do focinho, atravessa o olho e continua-se no corpo, contígua a faixa vertebral; infra-labiais brancas; ventre branco; comprimento total 484 mm; cauda 107 mm; cabeça 15,1 mm. Externamente a espécie acima descrita é próxima à L. lineal us (L., 1758), porém, o número muito baixo dos dentes maxilares e o formato diferente do maxilar, nos inclina a considerá-la espécie distinta. Trata-se possivelmente da espécie minervoe descrila por Ltnné e considerada sinónimo de lincatus por Anderson. Xao tendo examinado o tipo lineano, aguardo as observações com respeito ao tipo minervae que o Sr. UIí Bergstrõm, do Xaturhistoiiska Riksmuseum, de Stockholm, se prontificou a enviar-me. Gen. Lio p h i s Wagler, 1830 Liophis gcnitnaculalus Boettgcr, 1885 Liophis gcnimaculata Boettger — Zeitsch. Ges. Naturw. LVIII: 229, 1885. X.° 12024 o procedente de Santa Izabel. Capturado em 24.10.48. Dorsais 17; ventrais 199; subcaudais 66-66; frontal mais larga que as su- praoculares; supralabiais 8; infralabiais 11 ; anal 1-1 ; comprimento total 330 mm; cauda 77 mm; cabeça 9,0 mm. Colorido tipico. Gen. Xcnodon Boie, 1826 Xcnodon merremii (Wagler, 1824) Ophis merremii Wagler — in Spix — Serp. bras. spp, novae: 47, tab. 17, 1824. Terra tipica: “ad urbem Bahiae” 192 XOTAS ERPETOLÓGICAS X.° 12050 ô procedente de M. Verde. Capturado em 9.9.48, por Harald' Schultz. Preocular 1 ; postoculares 5 : 2 esquerdas e 3 à direita ; supralabiais 7-7 ; infralabiais 10-10: 5 pares em contacto com as mentais anteriores; dorsais 19; ventrais 144; subcaudais 42-42, 5 inteiras; comprimento total 635 mm; cada 113 mm; cabeça 27,7 mm; colorido normal; ventre com duas séries de manchas escuras. X.° 12049 9 procedente de Mato Verde. Capturado em 1.10.48. Supralabiais 7-7; infralabiais 10-10; dorsais 19; ventrais 151; subcaudais 42-42 ; anal dupla ; comprimento total 699 mm ; cauda 97 mm ; cabeça 29,5 mm. Colorido uniforme: marron acinzentado, sem marcas no corpo, íracamente vi- síveis na cabeça. X.° 12022 9 jovem procedente de Santa Izabel. Capturado em 9.9.48. Supralabiais 7-7; infralabiais 10-10; dorsais 19; ventrais 157; subcaudais 41- 41 ; anal simples; comprimento total 210 mm; cauda 25 mm; cabeça 15 mm; colorido típico: ventre com uma estria transversal preta em cada escama. X.° 12040 9 jovem, procedente da Ilha do Bananal (XI). Capturado- cm 1 . 10.48. Supralabiais 7-7; infralabiais 10-10; ventrais 140; dorsais 19; subcaudais 49-49; anal dupla; comprimento total 233 mm; cauda 33 mm. cabeça 14,6 mm. Colorido semelhante ao do exemplar n.° 12022. X.° 12053 9 procedente de M. Verde. Capturado em 1.10.48. Supralabiais 7-7; infralabiais 11-11; dorsais 19; ventrais 150; subcaudais 42- 42; anal 1-1; comprimento total 630 mm; cauda 90 mm. Cabeça 30 mm. Colorido normal, manchas pouco distintas. Xcnodon severus (L., 1758) Colubcr severus Linnaeus — Syst. Xat. Ed. 10, 1 : 219, 1758. Terra tipica: in Asia. (in error) X.° 12027 9 jovem, procedente de Aruanã. Capturado em 27.8.48. 1 só postocular à esquerda notando-se porém traços de fusão de 3; 3 postuculares à direita; supralabiais 8-8; infralabiais 12-12; dorsais 21; ventrais 129; subcaudais 39-39; anal dupla; comprimento total 230 mm; cauda 32 mm; cabeça 17,9 mm. Colorido típico. N.° 12026 9 procedente de Araguacema. Capturado em 10.11.48. Postoculares 2; supralabiais 8-8; infralabiais 11-11; ventrais 134; subcau- dais 40-40; anal dupla; comprimento total 370 mm; cauda 50 mm; cabeça- 25,8 mm; Colorido típico. Mím. I ai. Batintan 24(2); 179-214, ícv.* 1952 A. R. HOCE 1 95- Subfam. BOIGIX.AE Gen. Le ptodeira Fitzinger, 1843 Lcptodeira annulata annulata (L., 17 2 S) Coluber annulatus Linnaeus — Syst. Xat. cd 10, 1 : 224, 1758. Terra típica: in .America. N.° 12809 9 procedente de .Aruaná. Capturado cm 14.11.48. Dorsais 21; ventrais 192; anal 1-1; subcaudais 87-S7; supralabiais 8-8 - ; infralabiais 10-10; comprimento da cal>eça 107 mm; comprimento do corpo- 290 mm; cauda 72 mm. Um colar nucal branco. Gen. Pscudoboa Schneider, 1801. Pscudoboa ntutuitdii (D., B. & D., 1854) Scylale neuwiedii Duméril, Bibron et Duméril — Erp. Gen. 7: 1001-1002. 1854. Terra típica: “Cóte Ferme” 12043 : 9 procedente de Sta. Isabel; capturado cm 18-10-48. Supralabiais 9, em lugar de 8 como cm geral se obscna, infralabiais 8-8, dorsais 19; ventrais 211; subcaudais 93; comprimento total 1091 mm; cauda 250 mm; cabeça 26,8 mm. Colorido semelhante ao da terceira variedade men- cionada por Duméril, Bibron et Dumcril. Pscutoboa rhombifero (D., B. & D., 1854) Oxyrhopus rhombifer Duméril, Bibron et Duméril — Erp. Gen. 7: 1018, 1SM. Terra típica: Province de las Corrientes. N.» 12018 S procedente de Santa Izabel. Capturado em 24.10.4S. Supralabiais 8-8; infralabiais 9-9; dorsais 19; ventrais 190; subcaudais 68-68; comprimento total 535 mm; cauda 100 mm; anal simples; cabeça l.\S mm. Colorido típico, salvo nas tres primeiras faixas transversais que são, pnncipal- mente a 2. a e 3. a , muito mais largas do que as seguintes. 1, | SciELO 194 XOTAS ERPETOLÓGICAS Gen. T h a m n o d y n a s t c s Wagler, 1830 Thamnodynastes pallidus striyilis (Thunberg, 1787) (*) Colubcr striyilis Thunberg — Mus. Acad. Upsala 1: 22, 1787. Terra típica:? X.° 12041 9, procedente de Santa Izabel. Capturado em 10.10.48. Yentrais 163; subcaudais 73-73; anal dupla; dorsais 19; supralabiais 8-8; infralabiais 9-9; comprimento total 357 mm; cauda 94 mm; cabeça 12,9 mm. Gen. Oxybclis Wagler, 1830 Oxybclis aeneus aeneus (Wagler, 1824) (**) Dryinus aeneus Wagler — in Spix — Serp. Bras. spp. novae 12, tab 3, 1824. Terra típica: “Flurnen Solimõens, prope liga” N.° 12025 9 procedente de Santa Izabel. Capturado cm 20.10.48. Supralabiais 9-10; infralabiais 9-9; dorsais lisas cm 17; ventrais 186; sub- caudais 144-144; anal dupla; comprimento total 1175mm; cauda 440 mm; cabeça 29,6 mm. Colorido típico. Gen. Apostolepis Cope, 1861 Apostolcpis assimilis (Reinhardt, 1861) Elapomorphus assimilis Reinhardt — Vid. Meddel. Naturh. for Kjõb 235, tab. IV: 1 _ s (1860) 1861. Terra típica: N.° 12324 9 procedente de Santa Izabel. Capturado cm 24.10.48. Supralabiais 6-6; infralabiais 8-8; ventrais 244: dorsais 15; subcaudais 25-25; comprimento total 636 mm; cauda 46 mm.; cabeça 15,1 mm; Colorido (*) Estando a fazer urna revisão do gênero e não tendo ainda prontas as conclusões, deixo de dar uma descrição detalhada, uma vez que o “ status " deste exemplar seja talvez modificado. (**) O nome aeneus tem precedência sõbre acuminatus Wied, conforme L. Mueller demonstrou in Abhand. Senck. Xaturf. Gesel. 14 : 298, 1925. * Mcm. Ini*. üatanUn 24 ( 2 ); 179 214. Íít.* 1952 A. R. HOGE 195 típico. A relação do òlho à distancia da boca não concorda com as indicações de Boulengcr (Cat. Sn. Brit. Mus.) i*>r ser muito menor, porém, a meu ver êste caracter não é especifico. Fam. ELAPIDAE Boie. 1827 Subfam. elahxae Gen. Mi cr urus Waglcr, 1824 Micrurus Icmniscalus ibiboboca (Mcrrcm, 1820) Ela ps ibiboboca Mcrrcm — Vers. ein. Syst. der Arnph. : 142, 1820. Terra típica: Brasília. N.° 12058 9 jovem procedente de Fontoura. Capturado cm 18.10.48. Supralabiais 7-7; infralabiais 7-7; anal dupla; dorsais 15; ventrats 2 52; subcaudais 36-36; 14 tríadas no corpo c 2 na cauda; comprimento total 286 min; cauda 22 mm; cabeça 99 mm. Ua mancha negra na região ocipital. Colo- rido típico. Fain. CROTALIDAE Subiam, lacoesinae Gen. Bothrops Waglcr Bothrops atrox atrox (L., 1758) Colubcr atrox Linnaeus — Syst. Xat. ed 10, 1: 222. 17aS. Terra típica: in Asia. N.° 12046 9 procedente de Santa IxabeL Capturado cm 6.10.48. Supralabiais 7-7; infralabiais 10-10; ventrais 203; subcaudais 62-62; anal simples; comprimento total 547 mm; cauda 91 mm: cabeça 28,6 mm. Colondo típico. Bothrops neuuicdii goyasensis Amaral. 192a Bothrops neutvicdii goyasensis Amaral Contrib. Han. Trop. Biol. & 2: 58, tab. 14, 3,' 15, 1925. Terra tipica: Ipameri, Estado de Goiás, Brasil. N.° 12047 9 procedente de Santa Izabcl. Capturado cm 1.10.48. SciELO 10 11 12 13 14 15 16 cm 196 NOTAS ERPETOLóUiCAS Supralabiais 8-8; iníralabiais 9-9; dorsais 23; ventrais 172; subcaudais 44-44; anal dupla; comprimento total 747 mm; cauda 98 mm; cabeça 29,2 mm; continha 6 embriões. O exemplar não é típico e oferece várias diferenças. A meu ver o grupo neurtviedii necessita de uma revisão baseada sôbre um maior número de exemplares, afim de estabelecer-se claramente os limites de dispersão, da qual resultará sem dúvida a criação de novas subespécies e elevação à cate- goria de espécie, de outras. Subfam. crotalinae Gen. Crotalus Linnaeus, 1758 Crotalus tcrrificus tcrrificus (Laurentius, 1768) Caudisotia terrífica Laurentius — Syn. Rept. : 93, 1768. Terra típica: “in America infra gradum elev. 45.” N.° 12846 S procedente de Mato Verde. Capturado em 1948. Dorsais 30; ventrais 175; anal 1; subcaudais 28; supralabiais 14-15; in- fralabiais 17-17; comprimento da cabeça 53,1 mm; comprimento do corpo 1150 mm; cauda 132 mm. Exemplar tipico, da variedade collilincatus indicada por Amaral (7-a). XOTAS ECOLÓGICAS O material estudado nesse trabalho provém duma região dos campos (tro- pical savanah climate, zona Aw de Kõppen), com uma variação anual oscilando entre 21,1 e 21,6 graus: variação anual menor que a diária (Haunvitz e Austin). A precipitação anual varia entre 916 a 932 mm. A altitude varia de 120 até 220 metros, existindo, em alguns lugares, morros isolados de pequena elevação. A fauna observada confirma a característica da biocinése dos campos, rica em espécies, porém, pobre em exemplares (Hesse). Damos em seguida um quadro comparativo sôbre a alimentação dos ofídios, registrados por Amaral (6), Vanzolini (51) e por nós observada. (Tab. I) Examinando a Tab. 2 notamos nas formas do cerrado uma predominância das formas noturnas e subterrâneas sôbre as diurnas, fato indubitavelmente li- gado às condições peculiares dos campos que se caracteriza por uma forte irra- diação solar dum lado, e de outro, por não oferecer proteção adequada. Outro fato dcsfavorábel à vida diurna nos campos e cerrados é a visibilidade aos inimigos, principalmente as aves, entre as quais convém mencionar particular- mente a ema, a siriema e algumas espécies de gaviões, todos éles em abundância na região. Mtro. Ids!. BoUctan 24(2); 179 214, íer.» 1952 A. R. HOGE 197 Nas formas lacustres e palustres temos uma predominância nítida das for- mas diurnas, fato que se explica facilmente, uma vez que por seu modo de 'ida, não são expostos diretamente à irradiação solar, nem e>t.io sujeuos a serem vitimados pelas aves. Os maiores inimigos das formas lacustres são o jacaré c as aves grandes, •como o jaburu, tendo aquele, porém menos oportunidade devido a sua atividade ser quase exclusivamente noturna. RESUMO E CONCLUSÕES Foi estudado material ofiológico recolhido pela Expedição Cientifica Hti- tantan à Ilha do Bananal, em 1948. 1 — Foram registradas 27 espécies de serpentes, nenhuma das quais ante- riormente assinaladas para essa região. EIeva-sc pois a o numero total dc •ofídios conhecidos para essa região. 2 _ Foi corrigida a identificação errada dc Constnctor construtor amarah feita por A. Hogc e P. E. Vanzolini. 3 - A distribuição geográfica dc Hclicofs polylcpis c //. trivitlota foi amphada. 4 — Foram descritas duas fôrmas novas dc colubrincos, Dryadoplns btfos- satus villelai c Lygophis paucidcns. 5 — Foram feitas algumas observações sobre a alimentação c atividade dos ofídios. SUMMARY AND CONCLUSIONS In the present paper is studied a coliection of snakcs made by thc “Butan- tan Expedition at Bananal Island, 1946 . 1 — 27 species of snakes are registered, no onc of this vvas rccordcd before from this region ; 2 - correction of the misidentification of Constnctor construtor amoral « made respectivelv by A. R. Hoge and P. E. ^ anzolini. 3 - the geographic distribution of H clico ps polylcpis and H clico ps trh-it- tata is greately ampliedí . 4 - description of tvvo new Colubrínac, Dryadophis bifossatus xillcl* ■and Lygophis paucidcns; 5 — Notes on feedings habits and activity of snakes; 1, | SciELO 19S NOTAS ERPETOLóGICAS O S 'g •§ ■= c ‘ 5 .? 5 3 8 3 ; 'tí ^ 2 •/: - - ^ 8 J „ g\ S Ü -S, U g S 1 g .2 B O M > •« t _- o t. rt ® 2 ’C = rt > O * .§ | •8 s •§ •3 5 * /) 'f3 M S O o ü — _ v u V £ v» C .5 j3 y 5 O ff i-s a S s .3 .2 í: j* -3 C# & cm ELO 14 Mcm. Inü. Butanían 24(2);179-214. icv. m 1952 A. R. HOCE 199 Tabela II ATIVIDADE 1. Fornias do Cerrado e Campo DIURNAS SOTURNAS Terrestres ('■ida do chão) Arborícolas Subterrâneas Leimadophis almado Leimadophis poecilogyrus intermedius Lygophis poucidens I.iophis genimaculatus S pilotes pullatus anomaUpis Chironius sexearinatus Thalerophis ríehordi richardi I Oxybelis aeneus aeneus Apostole pis assimilis Micnirus lemniscalus ibiboboca Constrietor eonstríetor amaroli Epicrstus cenchría crassus l.eptodeirj annulala annulala Fsendobcu i neutríedii fíothrops atrox otrox 1’seudol't m rhombifer fíothrops ueutríedii goiaxensis Crotalus terríficas terríficas Pryophilax pallidus strígilis 2. Fornias Lacustres DIURNAS NOTURNAS Helicops angulata Helicops leopardina Helicops polylepis Helicops trivittata liuneetes m urinas 3. Formas Palustres Vida diunia Dryodophis bifossatus villetai Xenodon mcrrentii A 'enodoa sererus cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 200 XOTAS ERPETOLÓGICAS AGRADECIMENTOS Aproveitamos a oportunidade para agradecer à F. A. B. (Força Aérea Brasileira) que nos abasteceu em S. Felix; ao Exmo. Snr. Governador Jeronimo Coimbra Coelho, pela genti- lèsa com que nos recebeu e pelo fornecimento da gazolina; ao Snr. Donatino da Cruz, Diretor do Serviço de Proteção aos índios (S. P. I.) cuja interferência nos proporcionou a colabo- ração eficiente do Posto de Santa Izabel; ao Snr. Alberko Soares chefe do Posto de Santa Izabel e Sua Exma. Esposa, pela sua amável hospitalidade; ao Snr. Lúcio da Luz; aos componentes da Expedição, meus sinceros agradecimentos pela eficiente colabo- ração prestada; ao Sr. J. Tilarico, fotógrafo do Instituto, meus agradecimentos pelas fotografias. LOCALIZAÇAO DOS PONTOS DE CAPTURA DO MATERIAL araguacema — Estado de Goiás. Antiga Santa Maria do Araguaia. Altitude 120 ms. Latitude Sul 9 graus. Longitude W de Greenwich 49.°49’30’ aruanã — Estado de Goiás. Antiga Leopoldina. Margem direita do Rio Araguaia, na confluência com o Rio Vermelho. -CHRisósTOMO — Ilha do Bananal. Estado de Goiás. Margem direita do Rio Araguaia, aproximadamente latidudc Sul 11.°. fontoüra — Ilha do Bananal. Estado de Goiás. Aproximadamente 30 km ao norte de Santa Izabel. Goiânia — Nova capital do Estado de Goiás. .lagôa dos cavalos — Ilha do Bananal. Estado de Goiás. Situada em frente a Mato Verde, a uns 15 kms. mato verde — Estado de Mato Grosso. Fazenda localizada à margem esquerda do Rio Araguaia, a 60 kms ao norte de Santa Izabel. santa izabel — Ilha do Bananal. Estado de Goiás. Situada a 5 léguas abaixo do Rio das Mortes. são felix — Estado de Mato Grosso. Pequena localidade à margem esquerda do Rio Araguaia, a 4,5 léguas abaixo da boca do Rio das Mortes. BIBLIOGRAFIA Amoral, A. do — 1944. Notas sóbre a Ofiologia Ncotrópica e Brasílica. III. Sóbre a Aplicação do Nome Genérico Trimcrcsurus, em vez de Dothrops, a Serpentes Ncotrópicas. Papeis Avulsos do Departamento de Zoologia 5(3); 12-18. - Amaral , A. do — 1944. Notas sóbre a Ofiologia Neotrópica e Brasilica. V. Formas de Boincos de Recente Registro. Papeis Avulsos do Departamento de Zoologia 5(6): 41-48. Mrm. Inst. Butantan 24(2):ir^2M, fcv.* 1952 A. R. HOCE 301 Amaral, A. do — 1921. Contribuição à Biologia dos Ofídios Brasileiros (Habitat. hábitos c alimentação). I. 4 Nota Previa. Boletim da Sociedade de Medicina e Cirurgia de S. Paulo 4(7) : 159. Amaral, A. do — 1925. A General Consideration of Snakcs Poisoning and Observa- tions on Neotropical Pit-Vipers. Contribution from the 1 lanará Institule for Tropical Biology and M edecine 2. Cambridgc. Amaral, A. do — 1925. Ophidios de Matto Grosso (Contribuição II para o Conhe- cimento dos Ophidios do Brasil). Comissão de Linhas Telegráficas e Estratégicas de Matto Grosso. Publicação n.» 84, anexo 5, História Natural. Zoologia. S. Paulo. Amaral, A. do — 1933. Mecanismo c Gênero de Alimentação das Serpentes «lo Brasil. Boletim Biologico. S. Paulo. N. S. 1 : 2-4. Amaral, A. do — 1937. Contribuição ao Conhecimento dos Ofklios do Brasil. \ III. Lista Remissiva dos Ofídios do Brasil. Mem. Inst. Butantan, 10 : 87-162. 2. » ed. S. Paulo. Amaral, A. do — 1938. Sinopse dos crotalidus do Brasil. Mem. Inst. Butantan 11: 221. Amaral, A. do — 1944. Notas sobre a Ofiologia Neotrópica c Brasílica. N. Dis- tribuição Geográfica c Racial do Leímadophis foecilogyrus (Wied). Papets Avulsos do Departamento de Zoologia, 5(10): 75-82. Amaral, A. do — 1927. Rev. Mus. Paulista 15:89-91. Bailey, J. & Carvalho, A. L. - 1946. A New Leptotyphlops from Matto Grosso. with notes on Leptotyphlops tenella Klauber. Boletim do Museu A 'acionai Zoolo- gia (52). Bocourt, M. — 1888. Rccherchcs zoologtques pour servir á lliistoirc de Ia faune dc PAmcriquc Centralc et du Mexkjue. Mission Scicntiíkjuc au Mcxiquc et dans PAmeriquc Centralc. Publices sous la directíon de MM. H. Milnc bdwards. 3. * partic. ler. scction. llmc. livraison. Boettger. O. — 1885. Liste von Rcptilicn und Batrachicn aus Paraguay. Zeilsehnft Gesellsehaft Xatur. 58. Boulenger, G. A. — 1893-1896. Catalogue of the Snaks in the Britislt Museum (Natural History). 1; 1893. 2; 1894 e 3; 1896. Bory S.° Vicent. — Dictionnairc classiquc d'histoirc naturclle. 4:588. Paris. Castelnau, F. de — 1851. Expedition «lans la partic centralc dc PAmeriquc du Sud, de Rio dc Janeiro a Lima, et dc Lima au Pari. -Histoirc du Voyage" 5. Cope, E. D. — 1862. Catalogues of the Reptiles oblaincd during the Explorations of the Paraná. Paraguay. Vcrmcjo and Uraguay Rivers, by Cap. Thos. J. Page, U. S. N.; and of thosc procured by Licut. N. Michler. U. S. Top. Eng, Commandcr of the Expedition conducting the Survey of tlic Atrato Rivcr. Proceedings of the Academy of Katural Sciences of Ph,ladelfh,a. 186- (1863). Dumcril, A. M. C.. Bibron, G. & Duméril. A. - 1854. Erpêtologic gênêrale ou Histoire Naturelie complête des Reptiles. Lib. Ene? clopêdiquc dc Roret. Paris. Dunn, E. R. — 1944. A Rcvision of the Colombian Snakcs of tlie Genera LeimaJofhis. Lygophis, Liophis, Rhadinaea and Plioeereus, with a Note on Colombian Como- phames, Caldasia. 2(10) : 479-495. Fitsinger, L. /. — 1843. Systcma Rcptilium. Vindobonae. 1, | SciELO 202 NOTAS ERPETOLÓGICAS Cray, J. E. — 1842. The Zoological M iscei Iany. London. Cray, /. E. — 1849. Catalogue of colubrine Snakes. Guichenot, A. in Castelnau, F. de — 185S. Animaux Xouvcaux ou Rares recueillis pendant 1’Expedition dans les parties centrales de l’Amcrique du Sud. Reptilcs. P. Bertrand. Paris. Günther, A. C. L. G. — 1861. On thc Ophidian Genus Ilelicops. Anuais and Magazine of Xatural History 7; ser 3. Hourvrits, B. Aanstúu, J. — 1944. “ Climatology”. McGraw Book Co. Inc., New York-London. Hessc, R. — 1924. Tiergcographic au£ oekologischcr Grundlage. Berlin. Hogt, A. R. — 1947. Dimorfismo sexual cm Boidcos. Mem. Inst. Butanlan 20: 181-188. S. Paulo. Hogc, A. R. — 1952. Contribuição ao conhecimento dos Testudinala do Brasil — Mem. Inst. Butanlan. Kõffen, IV. — 1936. Das Gcographische System der Klimatc. Vcrlag. Gcbr. Bomtraegcr. Berlin. Lacefede, B. de la Vitle de — 1804. Annal du Musée 4; 209. Laurenlius. J. X. — 1768. Spccimcn Mcdicum, cxhibcns Synopsin Reptilium emenda- tam cum Experimcntis Circa Ycncna et Autidota Reptilium Austriacorum. Joan. Thom. Nob. de Trattnern. Yiennae. Linnaeus, C. — 1758. Systema Xaturac per Regna Tria Xaturae Sccundum Cluasscs, Ordinca, Gencra, Spccics, cum Charactcribus, Differcntiis, Synonymis, Locis. 1; editio Decima, Reformata. Holmiac. Lõnnberg, E. — 1896. Linncan Typc-Specimcns of Birds, Reptiles, Batrachians and Fishes in the Zoological Muscum of the R. University in Upsala. Bihang Till K. Svenska l et. — Akad. Handlingar 22; (4) n.° 1. Kungl. Boktryckcriet. P. A. Norstcdt & Sõner — Stockholm. Maerz, A. e Rea Paul, M. — 1930. A Dictionary of Color. 1.» edição. McGraw- Hill Book Co. New York. Maslin, T. P. — 1942. Evidcnce for the Separation of the Grotalid Gencra Tri- meresurus, in Co feia. (1) : 18. M errem, B. — 1820. Versuch cincs Systems der Amphibicn (Tcntamen Systema ties Amphibiorum) . Marbor. Mueller, L. — 1925. Amphibien und Rcptilien der Ausbcute Proí. Bresslau’s in Brasilicn 1913-14. Ergcbmssc eincr zoologischcn Forschung sreise in Brasilien 1913-14 von Prof. Dr. E. Bresslau. Abhandlungcn herausgegeben von der Senckenbergischen Naturforschenden Gesellschaft 14. Frankfurt A. M. Oliter. J. A. — 1947. Co feia (64). Oltver, J. A. — 1948. The relationships and Zoogeography of the Genus Tha lerophis Oliver. Bulletin of the Ameríean M use um of Xatural History. 92: (4). Mrm. Insí. ButanUn S. HOGE 24(2) ;179-2I4, ítv.» 1952 Oppel, St. — 1811. Die Ordnungcn, Familien uml Gattungcn der Rcptdi-.ii al» Prodrom eincr Xaturgescliichte dcrsclbcn 4. Münchcn, 4, 1S11. Pearce, A. S. — 1939. Animal Ecology. McGraw-HilL New York. Rcinhardt, — 1860 (1). Hcrpetologiskc Meddddser. Fidenskobelige Meddelelser fra den Saturhistoriske. Ferening; Kibenhavn El \ I, Gg. 1-2. Schncidcr, J. G. — 1801. Historiae Amrhibiorum naturalhs ct htcrarica lasckrulus Sccundus contincns... Jena. Stuart, L. C. — 1939. A New Xamc for thc Gcnus Eudryat Fiuingcr. Cofeia 1: 53. Sluart, L. C. - 1941. Studies of Neotropical Cohbrmat. VII. A Roision of thc G-nus Dryadophis Stuart. 1939. MiseeUaneous fwHu at.ons. Museum of Zoology. Unhersity of Michigan, (49) Ann Arbor. SchUgel, //. — 1837. Essai sur la Physionomic des Serpens 1 c 2 (Atlas). U Hayc — J. Kips et W. P. van Stockum. Slull, O. G. — 1932. Five New Subspeeies of thc Family Boidae. Oeeasiomtl Paper s Boston Soeiety of Saturai History 8. Thumberg. - 1787. Catálogo Impresso «lo “Dooatio Jonac Alstrwncr nec no«t Caroli a Linnc". Mus. Aca«L Upsala I. Vamolini, />. £. — 1948. Notas sóbre os Ofídios e I-agartos «la Caclwcira dc l nus. no Município dc Pirassununga, Estado S. Paula Revista Bros, le,ra de Btologu, 8(3): 377-400. S. Paulo. I Vagler, Ja» - m Spix - 1824 . Serpentnm BnnUeniani «£«*• von* ou Ha- ,„ ire Naltirtlle dc «C *> lc voyagc dans lnitéricur du Brésil «lans les annees 1817, 1818, 1819 c Ib20. Monachii. 1824. J. - Natürlichc Sy.to» dc A»**» ; -* >- niiBchcnd.r CI..,i(ka.ion *, Sã^bc - V«rf- t» chenden Zoologic. München, Stuttgart t-nd Tubmgen. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mctn. Insí. Butantan 24(2); 1*9-214, fcv.* 1952 A. R. HOGE 205 PRANCHA 1 (Foto) •"*** mtuJ. U.ml I, I SciELO XOTAS ERPETOLóGICAS 206 PRAXCHA 2 (Foio) prj$defkii bifeuztut viiltffi (holotipo) PRANCHA J (Foto) Dnwlff*is bifotsafs r ttlriai (Holrtil*) M«a. InK. Batantm :«(2):1/9214, fev.» 1952 A. R. HOGE cm 208 XOTAS E5PETOT.ÔCTCAS n -£ tf U -á * cm 1 I I i * 1 2 3 SciELO 10 11 12 13 14 15 Mm. TnV. Botantan 24(2) : 179 214, fev.* 1952 A. R- HOGE PRANCHA 4 (Foto) Ljçofkis /SMCÚ/íiu <>'(*') 210 XOTAS ERPETOLóGICAS PRANCHA 5 (Foto) Lyçopkis paucidcns (tipo) HEAD: ventral, lateral and dorsal view cm Mrm. Inst *<2>: 179-214 Batantan fcr.» 1952 A. K. HOCE Fó to I J targrm Js * F• ■»- / z’)’ » r ■ Ç»**7 :4 Foto IV Campos aa marcai «querda do Arajuaj-a 2 3 4 6 SciELO 10 11 12 13 14 15 cm SciELO cm Mm. In«*. Batintnn A. R» HO* *E 213 24 ( 2 ): 379 214, fcr.* 1952 FoC j V Emmcctes mirim ms. Feto VI Emmrctn mmrtmms cm Jlem. Inst. Batantan ~2*Í2) ;179-2I«, írr.» 1952 A. R. ilOGE 215 NOTAS ERPETOLÓGI CAS 2. a Contribuição ao conhecimento dos ofídios do Brasil Central FOR A. R. HOGE (Da Secção dc Ofiologia do Instituto Butontan, S. Paulo, Brasil). Recebemos para determinação um pequeno lote dc scqxmtes colecionado pelo Dr. Helmut Sick, zoólogo da Fundação Urasil Central c depositadas nas ^coleções do Museu Nacional do Rio. Quase todos os exemplares são procedentes dc Chavantina, no Rio «las Mortes, Estado de Mato Grosso, Brasil. Chavantina está localizada cm plena zona dc campos c cerrados. A fauna -oíídica é a mesma encontrada na região da Ilha do Bananal e do Ron- cador. Convém notar a ocorrência de Dryadophis boddacrti boddacrti (Sentzcn, 1796) e Hclicofs polylepis Günther, 1861, o que amplia muito a zona de distribuição conhecida destas espécies. A maioria dos exemplares consiste em peles c cabeças, o que não permite •uma medição util. Gen. H e I i c o p s Wagler, 1830 Helicops polylepis Günther, 1861 diclicops polylepis Günther — Ann. Mag. Nat. Hist. 7 (13): 426, 1861. Exemplar n.° 64 ? capturada em Chavantina, em 20.11.46. Dorsais 23, fortemente carinadas; escamas da nuca fortemente carinadas; ventrais 129; anal 1/1 ; subcaudais 80/80; supralabiais 8, a 4. a entrando no ólho; mfralabiais 12, as cinco primeiras cm contacto com a mental anterior que c maior; cabeça 13,0 mm; comprimento do corpo 702 mm; cauda 252 mm; rostral em contacto com a intemasal; 1 preocular e 2 postoculares ; temporais lado direito 3 + 4; temporais lado esquerdo 2 4-3. Colorido marron oliva com 5 séries de manchas indistintas no corpo, as externas fundidas com a cor preta das ven- trais. Ventre oreto com duas séries de manchas brancas. Entregue para publicação cm 18-11-51. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 216 XOTAS ERPETOLóGICAS Gen. Dryadoph is Stuart, 1939 Dryadophis boddacrti boddaerti (Sentzen, 1796) Colubcr boddacrli Sentzen — Meyers Zool. Arch. 2: 59, 1796. (Pele) exemplar n.° 7 <5 capturado em Chavantina, em 1.10.46. A cabeça deste exemplar está cortada. Dorsais 17; ventrais 184; anal?; subcaudais 16 (cauda mutilada); supra- labiais 9-10, claras, levemente manchadas de cinzento, a 6. a mais alta; 1 pre e 2 postoculares ; iníralabiais 10-10, 1.® par em contacto por trás da sinfisial, 5 pares em contacto com as mentais anteriores que são cerca de metade mais curtas do que as posteriores ; temporais 2 -f 2 do lado direito, o superior dividido ; oliva com uma estria lateral na 4. a e metade da 5. a séries de dorsais, desapare- cendo na cauda. Ventrais claras; a cor do fundo do dorso ocupa cerca de 1/3 de cada lado das ventrais. A cabeça é de cor uniforme em cima; as supra- labiais, iníralabiais, guiares e ventrais maculadas de cinzento. Gen. Chironius Fitzinger, 182ó Chironius cariitalus (L., 1758) Colubcr carinalus Linnaeus — Syst. Nat. ed. 10, 1 : 2 23, 1758. (Pele e cabeça ) exemplar n.° 3, 9, capturada em Chavantina, em 30.11.46. Dorsais 12; 2 vertebrais levcmente carinadas; ventrais 160; anal?; subcau- dais 99-99; supralabiais 9; iníralabiais 10, cabeça 25,0 mm; comprimento do corpo 750 mm; cauda 441 mm. Colorido marron claro, passando gradualmente ao negro na nuca; uma faixa vertebral amarelo claro, bem distinta na nuca c parte anterior, desaparecendo gradualmente em direção à cauda. O exemplar corresponde a H. flavolincatus Boettger (Zeit: í. ges. Naturw. 58 : 234, 1885). (Pele e cabeça) exemplar n.° 95 9 capturada em Chavantina, em 12.1.47. labiais 9-10; iníralabiais 10/10; cabeça 22,6 mm; comprimento do corpo 590 mm; cauda 398 mm. Colorido igual ao n.° 3. Gen. L c i m a d o p h i s Fitzinger, 1843 l-cimadophis almada (Wagler 1824) Lcimadophis almada Wagler — in Spix — Serp. Brasil, sp. novae, 1824. Exemplar n.° 106 9 capturada em Chavantina, em 14.2.47. SciELO Mrm. In*:. Botanun 24(2): 179-214, fev.* 1952 A. R. HOGE 217 Dorsais 19; ventrais 158; anal 1-1 ; subcaudais 68-08; supralabiais 8-S; infralabiais 10-10; cabeça 17,6 mm; comprimento do corpo 410 mm; cauda 120 mm. Colorido (em álcool, faltando o stratus córneo) azulado cinza, uni- forme, com uma estria clara nitida na 5. a série dorsal de cada lado. \ entre maculado de preto. O exemplar contém seis ovos. Exemplar n.° 80 & capturado em Chavantma, em 9.2.46. Dorsais 19; ventrais 180; anal 1-1; subcaudais 77-77; supralabiais 8-8; infralabiais 10-10; cabeça 13,1 mm; comprimento do coqxi 360 mm; cauda 72 mm. Exemplar jovem, da mesma cor que o precedente, com as estrias laterais quase indistintas na parte anterior do corpo, onde se distinguem ainda algumas manchinhas pretas correspondendo ao desenho primitivo. \ entre avermelhado com manchas transversais pretas. Leimadophis regime (I.., 1758) Colubcr regime Linmeus — Syst. Xat. cd. 10, 1: 219, 1758. Exemplar n.° 78 9 capturada cm Chavantina, cm 5.12.46. Dorsais 17; ventrais 146; anal 1-1; subcaudais 83-83; supralabiais 8-8; infralabiais 10-10; cabeça 17,6 mm; comprimento do coqx» 375 mm; cauda 158 mm. A especie regime poderá ser dividida em duas raças conforme mostrarei cm trabalho futuro. Gcn. Lio ph is Wagler, 1830 Liophis genomeulatus Boettgcr, 1885 Liophis gcnintaculata Boettgcr — Zeitsch. Ges. Xaturw .58 . 229, 1885. Exemplar n.° 67 9 (exemplar jovem), capturada cm Chavantina, em 22.11.46. Dorsais 17; ventrais 192; subcaudais 48-48; supralabiais 8-8; infralabiais 8-8 ;anal 1-1: cabeça 11,6 mm; comprimento do corpo 111 mm; cauda 24 mm. Gen. -V enod on Boie, 1826 Xenodon ttierretnii (Wagler, 1824) Ophis merremii Wagler — in Spix — Serp. Brasil, sp. novae: 47, tab. 17, 1824. Exemplar n.° 12 9 (pele), capturada cm Chavantina. em 10.10.46. I I SciELO 218 XOTAS ERPETOLÓGICAS Dorsais 19; ventrais 157; anal 1; subcaudais 37-37; supralabiais 7; infra- labiais 11-10; cabeça 52,8 mm; comprimento do corpo 837 mm (mais ou menos); cauda 130 mm. Coloração uniforme cinzenta marron; as manchas transversais não são mais visíveis, porém, esticando a pele lateralmente apare- cem pequenas manchas brancas na parte externa de algumas escamas (mancha aguti de Schreiber). Estas manchas esboçam o limite das faixas transversais primitivas. Cabeça uniforme; labiais superiores manchadas de branco; infra- labiais brancas com algumas manchas com suturas pretas; 5 iníralabiais em con- tacto com a mental anterior que é muito mais larga do que a posterior. Exemplar n.° 70 <3 (pele), capturado em Chavantina, em 30.11.46. Dorsais 21; ventrais 145; anal 1; subcaudais 48-48; supralabiais 7-7; in- fralabiais 11-10; cabeça 28,6 mm; comprimento do corpo 540 mm; cauda 120 mm. Exemplar n.° 81 <3 (pele), capturado em Chavantina, em 12.12.4 6. Dorsais 19-21; ventrais 153; anal 1; subcaudais 48-48; supralabiais 8-8; infralabiais 10-10; cabeça?; comprimento do corpo 336 mm; cauda 72 mm. Exemplar n.° 120 2 capturada em Chavantina, em 18.2.47. Dorsais 19; ventrais 145; anal 1; subcaudais 48-48, supralabiais 7-7; infralabiais 8-10; cabeça 29,6 mm; comprimento do corpo 504 mm; cauda 98 mm. Os exemplares dessa procedência oferecem uma variação interessante: alguns exemplares tem 21 séries de dorsais ao invez de 19, que é o número típico da espécie. Examinámos todos os exemplares de Xcnodon merremii do Instituto Butantan e não encontrámos nem um exemplar com 21 séries de dorsais. É digno de nota que o número de 21 séries de dorsais em Xcnodon merremii somente é encontrado em exemplares procedentes do Rio das Mortes, e além disso, todos os exemplares teem anal inteira, o que raramente se obser- va em Xcnodon merremii. Trata-se a meu ver de características peculiares a uma população, não tendo porém valor subespecifico, a menos que futuramente se encontrasse uma área onde os exemplares se apresentassem com dorsais em 21 séries e anal inteira. Neste caso, dever-se-ia considerar os exemplares do Rio das Mortes como per- tencentes à zona de intergradação. Xcnodon severus (L., 1758) Colnbcr severus Linnaeus — Syst. Nat. 1 : 219, 1758. Exemplar n.° 35 <3 capturado em Chavantina, em 3.11.46. Dorsais 21; ventrais 136; anal 1-1; subcaudais 38-38; supralabiais 8; infralabiais 11; 1 pre- e 2 postoculares ; cabeça 21,7 mm; comprimento do corpo 250 mm; cauda 42 mm. Mera. Insf. Butactan 24 ( 2 ) :215-224, fnr* 1952 A. R. HOGE 219 Exemplar n.° 39 S capturado em Chavantina, em 19.10.46. Dorsais 21; ventrais 135; anal 1-1; subcaudais 37-37; supralabiais 8; infralabiais 11; cabeça 32,9 mm; comprimento do corpo 390 mm; cauda 60 mm. Exemplar n.° 97 S capturado cm Chavantina, cm 21.1.4/. dorsais 21; ventrais 115; anal 1/1; subcaudais 40/40; supralabiais 8; infralabiais 10; ca- beça 17,6 mm; compr. corpo 220 mm ±í cauda 35 mm. Colorido típico nos tres exemplares. Exemplar n.° 66 S (pele) capturado em Chavantina, em 2(>-ll-46. Dorsais 21; ventrais 129; anal 1-1; subcaudais 42-42; supralabiais 9-9; infralabiais 11-11; cabeça 57,2 mm; comprimento do corpo 103) mm; cauda 180 mm. Este último exemplar é um espécimen velho c oferece um colorido bastante diferente do que se observa nos exemplares jovens. O \cmrc c c. , " oferecendo nenhuma faixa preta tranversal. Quanto ao colorido o orso é marron escuro, com as manchas difusas. Essa diferença entre o colondo do exemplar jovem e o velho, já havia sido observada por Gomes. Gcn. Iman Iodes Dumcril, 1853 Iiiiantodes eenchoo (L-, 1/58) Colubcr cenchoa Linnacus — Syst. Nat. cd. 10, 1: 226, 1/58. Exemplar n.° 98 <5 capturado cm Chavantina, em 21.2.4/. Dorsais 17, vertebral muito aumentada; ventrais 259 ; anal 1-1; subcaudais 159; supralabiais 8, a 4.* e 5. a entrando no olho; infralabiais . -rca ma alta do que longa; 1 pre- e 2 postoailares ; cabeça 19,1 mm; comprimento do corpo 745 mm; cauda 335 mm. Gen. P seu dobo a Schneider, 1801 Pscudoboo rhombifero (D., B. ct D., 1854) Oxyrhcpus ,h,mbif t r Duméril, Bibron et Duméril - Erp. Gcn. 7: 1018. 1854. Exemplar n.° 96 S capturado em Chavantina, cm .'0.1.4. Dorsais 19; ventrais ISO; anal 1; subcaudais 77-77; suptalabims 8; mbra- labiais 10; cabeç, 17,5 nuu; comprimento do corpo 405 "™; cauda Colorido típico; 21 íatxas transversais no corpo e 15 na cama, . apresentam com pontos pretos. SciELO 10 11 12 13 14 15 16 cm 220 XOTAS ERPETOLÓC.ICAS Exemplar n.° 84 9 capturada em Chavantina. em 19.2.46. Dorsais 19; ventrais 177; anal 1; subcaudais 64-64; supralabiais 8, a 4. a e 5. a entrando no òlho; infralabiais 10,5 a cm contacto com as mentais anteriores; cabeça 17,8 mm; comprimento do corpo 500 mm; cauda 115 mm; 18 faixas transversais no dorso; escamas com ponta preta; cauda 10 faixas; ventre imaculado. Pscudolwa guerini ( D., 13. et D., 1854) Rlmiosoiiius guerini Duméril, Bibron et Duméril — Erp. Gén. 7: 991, tab. 72. 1854. Exemplar n.° 89 <5 (pele e cabeça), capturado em Chavantina. em 26. 12.47. Dorsais 19; dentes maxilares 132; ventrais 193; anal 1; subcaudais 74-74; supralabiais 8, a 4 a e 5. a entrando no òlho; infralabiais 9, 4 pares em contacto com as mentais anteriores que são um pouco maiores que as posteriores; cabeça 21,4 mm; comprimento do corj>c 380 mm (mais ou menos); cauda 179 mm; 1 pre e - postoculares : prefrontais entrando na órbita; loreal um pouco mais longa do que alta; temporais 2 + 3. Coloração quase preta no dorso, mais clara nos flancos; ventre claro. Gen. P hil o d r y a s Wagler. 1 830 Philodryas nattereri Steindachner, 1870 Phúodryas nallcreri Steindachner — S’B. Akad. Wiss. Wien 62 : 345, tab. 7, 1-3, 1870. Exemplar n.° 14 A (exemplar jovem), capturado em Chavantina, em 11.11.46. Dorsais 21: ventrais 203: anal 1: sultcaudais 170-170;' supralabiais 8; in- fralabiais 11 ; cal>eça 13.9 mm; comprimento do corj>o 280 mm; cauda 110 mm. Colorido: dorso marrou acinzentado, um jxhico mais claro «los lados; labiais su)>eriorcs brancas, orladas de preto embaixo; uma faixa escura lateral, na nasai através do olho. estreitando-se na nuca e indo desaparecer gradualmente na altura da 25 a a 27 a escama ventral. Cantus rostralis marcado por uma linha branca até a nuca; infralabiais escuras com algumas manchas brancas; esta coloração vái até a 25* ventral «>nde desaparece por completo. Um ponto preto em cada ventral (no contacto da ventral com a I a dorsal), formando uma estria de cada lado das ventrais; a estria vái desaparecendo até a parte posterior. Exemplar n.° 103 A capturado em Chavantina. cm 22.1.47. Mem. In«. BotanUn A- R * HOGE 2d(2):215-224. frr.» 1952 Dorsais 21; ven trais 144; anal 1; subcaudais 121-121: supralabiais S, a 4. a e 5.® entrando no ôlho; infralabiais 12; cabeça 15,3 mm; comprimento do corpo 280 mm; cauda 110 mm. Colorido idêntico ao exemplar n.° 14. Phüodryas olfcrsü (Lichtenstein, 1823) Colubcr olfcrsii Lichtenstein — Yerz. Doubl.; 104, 1823. Exemplar 44 ta crpeto ( í, lco - abstract A description of the Snakes collected by Dr. Helmuth Sick. írom the “Fundação Brasil Central ', in the near of the Rio das Mortes. State of Matto Grosso, Brazil, is given. Up to date there are only a few papers dcahng with the Herpetology of this Country. ZUSAMMENFASSUXG Eine Beschretbung der von Dr. Helmut Sick von die “Fundação Brasil Central”, in der Nahe von Rio das Mortes. Staat Matto Grosso. HraMl.cn, gesammelten Schlangen ist wiedergegehn, Dic Gegcnd i?t is lcu c auf Herpetologie noch schr wcnig durchgcarbcitct " or cn - BIBLIOGRAFIA Amaral, A. da — 1937. Contriboi(5o ,o Conh«niKiif’ ^ Sj-nops, *, OoUlita. da B«»l. > lamina, da II. Amara,. A. da - ,«4. Xo», £« . "U-» a Aplicação do Nome Gcncnco T • 7 fífí \an\& 5* f3) 12-18. Neotrópicas. Pa t ris Avulsos do Drpsrtammto dr Zoologia 5. (3). Baird ct Girard - 1853. Catalogue of North American Rcpt.lc». Porttgrr, — 1853. Zritschr. /. grs. Kahtne. 58. n . Baia, F. - 1826. &™»1 *-»<• ”■ ^ °' 4 " d “'' C.„. Fragua H - 4— « *— »_«. T- S ,«3. P,«l,o™ * U 4. *<**. O**» 3»- mairrr d, FAradimo dr. Sane »• ínmxtoè' eimhak ao Dumrril, A. St. C., Bibron, G. rt Dumml. A. Histoire Xahirelle complete des Reptilcs 7: Katurlichcn Fitdugrr L. I - 1826. N«* uüd etnem VerreichnUsc F. »*— «—•. - ■— Wien. Fitdngrr, L. I. — 1843. Systema Reptilium. Vindobonae ^ GSnihtr, A. C. L. G. - 1861. On the Ophidian Genu, Ilrhn t ■ Stagadnr of Saturai History 7 : ser 3. SciELO 10 11 12 13 14 15 16 cm 224 XOTAS ERPETOLÔGICAS Hoge, A. K. — 1952. Contribuição ao Conhecimento dos Ofídios do Brasil- Central. Memórias do Instituto Butantan. Lacépède, B. de Ia I'. de — 1804. Annal du Musée 4:299. Laurentius, J. X. — 1768. Specimen Mcdicum, exhibens Synopsn Reptilium emen- da tam cum Expcrimentis Circa Venena et Antidota Reptilium Austriacorum. Joan. Thom. Xob. de Trattnem, Viennac. Linnaeus. C. — 1758. Systema Xaturae per Regna Tria etc. editio decima 1: reformata, Ordines, Gcnera, Species, cum Characteribus, Dif ferentiis, Synonymis, Locis, editio Holmiae. Moleolm S. — 1942. Co peia : 256. Maslin, T. /’. — 1942. Evidencc for the Separa tion of the Crotalid Gcnera Trime- resurus and Bothrops, with a Key to the Oenus Trimeresurus. Co peia (1) 18. Reinhardt, — 1860-1861. Hcrpetologiske Mcddelelscr. Videnskabeligc Meddelclser fra den Naturhistoriske, Forcning: Kj (tab. 4, fig. 1-5). Schneider, J. G. — 1801. Historiac Amphibiorum Xaturallis et Literariac Fasciculus Secundus continens... Jena. Seul sen. — 17%. Meyeris /.ool. Arch. 2: Steindaehner. — 1870. S B. .Ikad. 11'ien 62:345. tab. 7, 1-3. Stuart, /.. C. — 1939. A Xcw Xame for Hudryas Fitzinger preoccupied by Endryas Boisduval. Copeia : 55. Stuart. /.. C". — 1941. Studie- of Xeotropical Colubriuee. VII. A Rcvision oí the Genus Prycdophis Stuart. Miscellaneous 1’ublicotions Museum of Zoology, Um- versity of Michigan, n.° 49, Ann Arbor. Wagler, Jau — in Spix — 1824. Serpentuum Brasilicnsium specics novac ou Histoirc Xaturelle des spcces nouvellcs des serpens. recueillies et observees pendant lc voyagc dans 1'intericur du Brésil dans les annéc' 1817, 1818, 1819 et 1820. Monachii. IVagler, J. G. — 1830. Xatúrliches System der Amphibien (Systema Amphibiorum), mit vorangehcmler Classification der Sãugethiere und Võgel. Ein Bcitrag zur vcrgleichcnden Zoologic. München, Stuttgart und Tübingen. lÍMTj. In**. Butaman 24(2) :225-230. fev.» 195Í A. R. IIOCE 225 SN A K ES FROM THE U AU PÉS KEGIOK bv A. R. HOGE ( Department of Ophioloffy, Hutanlan Instituis. S. 1‘oulo-Hrasil) The following notes are based on a few s|>ceimctis collcctcd by Dr. Iv. Biocca, in thc Uatipés — Tiquiè region, State of Amazonas, Brazil. Drytnarchon corais corais (Boie, 1827) Coluber corais Boie — Isis: 537, 1827 Tvpe Locality : America A single specimen (skin) collcctcd at thc Uquié river. Dorsais 17; \en- trals 222; anal?; caudais?; upper labiais 8-8. 4th and 5th entering thc cye. The color is dark — brown anteriorly, ycllowish postcriorly; bellj jellowish- white; total lcngth ( tail inj.) 2360 mm.. Tltalcrophis richarJi nigromarginatus (Günther, 1866) Ahactulla iiit/roinanjinata Günther — Ann. & Mag. Xat. Hist., 18 (3) . -* s . lSlrfi. Typc locality : Upjier Amazon. A single specimen a <5 ; intemasals a littlc shorter than pracírontals ; frontal 1,5 longcr as deep, as long as thc parietais; lorcal absent; pracírontals in contact with the 2nd, 3rd and 4th upperlabiak; upper labiais 9. whit.sh, cdged with black posteriorly; nasais elongated. divided: ventrals 165 . caudais 162-162: scales in 15 rows, thc vertebral row smooth; thc Ist j»ara vertebral row faintly keeled at midbodv; the colour is dark c.xccpt in thc anterior part of belly. Green in life (inf. Dr. Biocca). Receivrfl for publication on Fctmnry 2 - 4. IW. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 226 SNAKES FROM THE UAUPÉS REGIO.V Xenodon severus (L., 1758) Colubcr severus Linnaeus — Syst. Nat. ed. 10, 1 : 219, 1758. Type locality: Asia (in error) A single specimen (skin) ; I’am rather reluctant to identify this specimen as severus — and since I have only a single skin, I have to wait for more specimens before classifying it as a new species. Rostral twice as large as deep; intemasals as long as broad; frontal as broad as long, shorter than its distance from the rostral; loreal deeper than long; l prae-and 2 postoculars; 8 upperlabials, 4th and 5th entering the eye; 6 lower labiais in contact with the anterior chin sbields which are a little longer than the posterior; ventrals 45; scales in 21 rows. The crossbands are very indis- tinct and belly yellowish white. I never saw a similar pattem in severus from others localities. Length of body 1320 mm., tail (inj.) 60 mm.. Dugandia bicincta (Hermann, 1804) Coluber bicinctus Hermann — Obs. Zool.: 276, 1804. Type locality? A single specimen (skin) ; upper labiais 8, anterior chin-shields a little shorter than the posterior; frontal as broad as long; internasals much shorter than praefrontals; ventrals 180; caudais 40 -f- n ; scales in 19 series. Length of body 1500 mm.; tail 70 mm. (inj.). Bothrops hyoprora Amaral, 1935 Bothrops hyoprora Amaral — Mem. Inst. Butantan 9: 222, 1935. Type locality: La Pedrera, Colombia. A single $ specimen, collected in the region betwecn Tiquiè and Uaupés rivers. This specimen which is the first collected in Brazil was described in Boi. Mus. E. Goeldi 10 (22) : 329, 1948 by A. R. Hoge. ABSTRACT An annoted list of a few specimens of snakes collected between the Tiquiè and Uaupés rivers, Amazonas, Brazil, is given. The following species are re- Mm. I n V . Butantan 2t(2):225-230, fev.* 1952 A. R. HOGE 227 corded : Drymarchon corais corais (Boie. 1S27), Thalcrofhis richardii nigro- marginatus (Günther, 1866), Xcr.odon severus (L., 1758), Dugandia bictncla (Hermann, 1804) and Bothrops hyoprora Amaral, 1935, which is the íirst spe- cimen collected in Brazil. BIBLIOGRAFIA Gunther, A. — Ann. & Mag. Nat. Hist. 18, (3) :28, 1866. Hermann — Obs. Zool. :276, 1804 (m Boulenger L c). Linnaeus, G. — Systcma Naturac ed. 10, 1:219, l/;8. Amaral, A. do — Mcm. Instituto Butantan 9: 222, 19-'-'’. Boie — Isis: 537, 1827 (w Boulengcr Cat. Sn. Brit. Mus. 2:31, 1S94 í, | SciELO 15 M em. Inst. BsUnlan 2«(2):2JI.2J6, fer.* 1952 A. R. HOCE 231 NOTAS ERPETOLÓGIGAS Revalidação dc Bothrops lanceolata ( I-aci /■< di » Po» A. R. HOGE {Secção de Ofiotogia. IhsIíIuIo fíntanton. São l'aulo. Ilrotil) Em 1789 Lacépèdc descreveu Colubcr lanceolalus, bascando-sc cm dois exemplares com 228 c 225 ventrais, 61 c 59 subcaudais. respectivamcnte. pro- cedentes de Martinique. Lacépéde dá como distribuição geográfica a ilha de Martinique e possivelmente Cayennc ou Guadeloupe. lou M r no se catálogo considera Cophias jararaca Wied - como sinónimo dc lanceolalus. Barbour demonstra que a “Fer dc Lance” é restrita a ilha dc Martinique. Gomes parece ceptico quanto à identificação da Jararaca 001,1 a “| >CCK ccolalus : " a jararaca que. ao menos provisoriamente, continuo a identificar como lanceolalus". Amaral (5) identifica a “Jararaca” Lachcsis jararaca (Wied) como cs|*c.e distinta dc lanceolalus. Mais tarde Amaral (6) coloca lanceolalus na sinonimia dc alrox. Referindo-se à espécie lanceolalus de Ucépcdc ele escreve ' this s|*c.c> is very poorly figured by Lacépcde's publication. it is a stnct «jmonym of «hc Linnéan alrox." , , . Vellard publica um desenho de hemipenis dc lanceolalus da . lanimca c demonstra que é diferente do de alrox. Comem, porem, no ar que confrontou os exemplares do centro do Brasil, os quais, como mostrarei cm pu- blicação futura, não são alrox típicos. Tive ocasião de comparar a figura de Vellard com hemipenis de exemplares típicos de alrox, procedentes da Guyana Francesa e constate, que o hemipenis destes exemplares não se afasta do tipo dc alrox figurado por \ cllard. Desde a publicação de -Amaral sobre a sinonimia de lanceotatus «m > todos os autores têm seguido Amaral, passando a especic tipo de Bothrops alrox. Trata-se, porem, de duas espécies distmetas como demonstraremos: Entregue para publicação cm 24-11-52. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 232 XOTAS ERPETOLÓGICAS Heinipcnis : fusiforme e com espinhos fortes e recurvados em lanccolatus. (Fig. 1 — apud Vellard) Em forma de dedal em atrox (Fig. 2) Carcnas: Longas e baixas em lanccolatus e altas e curtas em atrcx. Colorido: Amarelado em lanccolatus e acinzentado a cinza avermelhado em atrox. V entrais: O número de ventrais deixa de ter muita importância uma vez que os caracteres hemipenianos por si sós já são suficientes para separar as duas espécies. Xo atrox temos 193 a 220 e em lanccolatus 217 a 240. • O ligeiro “overlapping” não é significativo e provavelmente não haveria nem “overlapping” si se considerasse o factor sexo, comparando sómente exemplares de sexo igual. Também convem notar que os exemplares de atrox com número de ventrais elevado são do México e pertencem à subspe- specie asper de Garman. Dcrsais: 23 a 29 em atrox e 31-33 em lanccolatus. Distribuição geográfica: B. lanccolata sómente conhecida da Ilha da Martinica. RESUMO Bothrops lanccolata (Lacép.) é distinta de B. atrox (L.) e se distingue desta última pelos caracteres hemipenianos, a forma das carenas, o número de •dorsais e de ventrais. Bothrops lanccolata é especie distinta, porem próxima de Bothrops jararaca. ABSTRACT Bothrops lanccolata (Lacép.) can be easily distinguished from Bothrops * atrox (L.) by the hemipenian characters, the shape of the keels and the higher number of dorsal and ventral scales. Bothrops lanccolata is distinct from Bothrops jararaca, but closely related to it. BIBLIOGRAFIA 'Amaral, A. — Anexos Metn. Inst. Butantan. Sec. Ofiologia 1. (I): 37, 38, 1921. Amaral, A. — Contrib. Harv. Inst. Trop. Biol. Meti. 2:24, 1925. Borbour, T. — Mem. Cotnp. Zool. 44. 2 :343, 1914. Boulcngcr, G. A. — Catalogue of the Snakes in the British Museum 3:535, 1896. Gomes. F. — Mem. Inst. Butantan 1 (1). 76, 1918. Laccptde, B. — Histoire naturelle des serpents 2:90, 121 pl. 5 fig. 1 1789. .Vellard, J. — Boi. Inst. Vital Brasil (6) :1 a 19, 1928. Alem. In*J. Batantan 2<(2):’JI-2Jo, íct.' 1952 a. r. imx:e 233 Fm. I Hcmtj>cnis de Bclkrcfi Um.ev.aU i.1f J VtllJid.) Fie. II íFrfo) Hemipeni» de Batkraft alnu í, | SciELO SciELO XOTAS ER PETO LÓGICAS Fic. IV (Foto) Bothrofj lanccolata (Vista ventral) cm 10 11 12 13 14 15 cm Fig. V (Foto) Cabeça de Bothrofs lanttolata O ista IaUraJ, dorsal c viatral) NOTAS KRPETOLÓGICAS 10 11 12 13 14 15 Mm. Inst. Botantac 24(2) :237-240, wit.* l v : - A. R- HOGF. 237 NOTAS erpetolôgicas .Ancnalia no Upiiose c /.■pntm/t.fõo i" «como» *"»* rm B ' í 1 ””” * B. altemata roR A. R. HOGE (Scccão dc Ojiologia do Instituto Bnlonton. São Paulo. Brosü) Durante a manipulação do material oriotógico da coleção do Imtimto Bulantan tiremos nossa atenção chamada para «m 'cemplar de B.,«rumr« (Wied ,1824), que apresentava um aspecto particular. cri i. " mente, essa anomalia, em outros exemplares. julgamos otd relatar o tato. Bothrofs jararaca (Wied, 1824) N o 4414 9 procedente dc Pilar. Estado de São Paulo. Brasil. Capturado em 26-6-1929. ... .... \ 'entrais »»; anal 1; subcaudais 50-50; dorsais 2/; intrala bai. 1-lli supra labiais 9-8; comprimento do corpo 100.1 mm; cauda 126 mm (cauda Iada) ; cabeça 44,3 mm. As escamas dorsais, principalmente no meio do corpo, apresentam ' » arredondada e não lanceolada. como nos exemplares típicos. . ca ' -. observada comumente, pois, não alcança a ponta da c.-camn. ^ " ' mais larga. As nntreas tipicas são obliteradas por manchas 1^ “ ”"°™ localiradas na ponta de cada dorsal. O conjunto dessas anomalta, dao-llte um aspecto inteinunente diverso do normal. N.° 3767 9 sem procedência. . Dorsais 25; veotrais 189; anal I ; subcandais 55-55 icupralabianfr^mta; labiais 11-11 ; comprimento da cabeça 52.5 mm; comprimento do corpo 650 . comprimento do corpo 630 mm: cauda 70 mm (c. m.). Mesmas observações que as observadas no exemplar n" 4414, notando, apenas que a carena em algumas de suas escamas, atinge a |k . .. N.o 6068 4 procedente de Santa Rita do Extrema. Minas Gera». Bra .1, Capturado em 13-2-31. Entregue para publicação cni 18-X-51- cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 238 XOTAS EKPETOLôGICAS Dorsais 25; ventrais 192; anal 1; subcaudais 62-62; supralabiais 8-8; infra- labiais 10-11; comprimento cia cabeça 37,3 mm; coq>o 725 mm; cauda 105 mm (c. m.). Neste exemplar, a forma arredondada das escamas é menos acentuada cjue nos precedentes. Também a mancha na ponta da escama é menor. Dessa ma- neira as marcas típicas da espécie são mais pronunciadas que nos exemplares acima. Bothrops alternata (Duméril. Hibron et Duméril, 1854) X.° 7673 9 procedente de Cosmópolis, Estado de São Paulo, Rrasií. Capturado de 12-9-1932. Dorsais 30; ventrais 162; anal 1; subcaudais ?; supralabiais 8-9; infra- labiais 12-12; comprimento da cabeça 33.5 mm; corpo 645 mm; cauda 10 mm (c. m.). Mesmas anomalias que as observadas no exemplar X.° 4414. RESUMO Foi observada a ocorrência duma anomalia no formato e pigmentação das escamas dorsais, cm duas esjiécics diferentes. É interessante notar que a forma arredondada das escamas e a mancha escura na ponta das mesmas parecem rclacionar-sc. Sabemos que a pigmentação cutânea é determinada po rgcns que. sofrendo influências de gens modificadores, são responsáveis pela intensificação ou diminuição dessa pigmentação. Sabemos pelos traüialhos de Amaral e de Schreilier que as pigmentações mclamcas se manifestam tardiamente nas espécies de Bothrops. Poderia, portanto, no caso aqui discutido, tratar-se de um melanismo “secundário”, porém, e pouco provável, uma vez que a pigmentação vai de par com uma forma peculiar das escamas dorsais. Forma essa que indubitàvelmente não jxxle estar sujeita a variações numa fase posterior à da queratinização, que se opera na fase embrionária. I arece-nos, pois, tratar-se duma anomalia primária da pigmentação. ZUS A M M EX FASSUXG In zwei verschiedenen Spezies wurden Anomalien in Forni und Pigmenta- tion der Rõckenschuppen beobachtet. Es ist interessam festzustellen, dass die rundliche Forni und der dunkle Fleck am Ende der Schuppen in Beziehung stehen. Es ist bekannt, dass die Hautpigmentation durch Gene bestimmt wird. welche durch den Einfluss von Yerãnderungsgenen für die Yerstarkung oder Yermindenmg dieser Pigmentation verantwortlich sind . Mcm. In*!. Butantan W2) OS7-2W, „it.- 1952 A. K. HOCE 239 Aus den Arbeíten AmaraTs uiitl Schreilier s ist bekannt. das' sich dic melanischen íãrbungeii verspãtet bei der Sjtczics von holhrofs ausw irkcn. Es konnte sich also in dem hier lteschridtencn bali um sckundãrcn .Melamsmus handeln, was alier wenig wahrsclieinlich ist, da dic Fàrbung parallcl zur bcson* dem Fonn der Küchkenschupi>en geht. Diesc borm kann ohnc Zwciícl kcincn V erãndenmgen nach der Qucratinisationsphasc, wclchc sich im embnonãrcn Stadium abspielt, unterliegen. Aus diesem (jrund scheint es sich um ciuc primãre Auomalic der I igmcnta- tion zu handeln. BIBLIOGRAFIA Amaral, A. — On tlic Variation oí dorsal markinRs in Bolhroft jararaca ( \\ icd. 1^-4). Contrib. from lhe HanvrJ Inslitute for Tro ficai Biotogy & i M. 2: 44-46. 1925. Amaral, A. — On thc Variation of dorsal markinits in thrce braxilian pitviper». IbaUm: 32-55, 1925. „ Amaral, A. — Estudos sõbrc oiidios ncotrópico». XXXI. Sòbrc a cspccic Bothroft alt, -manta D. & R. 154 — (i CrotaMar ). VariaçOe*. Redocricão. Mcm. Inst. Butantan 8: 161-182. 1933-34. Schrcibcr, C. — O problema do polimorfismo do I>c*.-nho c «la Picocntação rm A modo* merremii (Wagler) (Trabalho aprcscntasterior c na cauda. A scrii de dorsais formando a faixa vertebral tem as escamas margeadas (na jurte antero pleural), jx,r uma manchinha amarela cór de céra prindpabnnitc visível • nas duas series externas. Ventrais cinza claro na jurte anterior, aproximadamente ate a 50. a ventral, da I a júra triu passa gradualmente ao amarelo ara (Wax Y Pl. 11, 14 ) coloração que se jtrolottga ate a ponta cia cauda. Uma mancha preta lateral cm cada ventral, alternando geralmente com a da ventral anterior, porem às vezes tem duas manchas fusionadas numa só ventral. Cauda amarela em luixo fortemente saljiicada de cinzento escuro. Observações — A Leimadophis reginae niaeulieanda jurece atingir maior comprimento do que a L. reginae. Ela c encontrada nos estados dc I aranã e São Paulo. Encontramos restos de rãs ( Lepiodactylus sp.) em alguns exemplares. Ela prefere os lugares úmidos ,em distintas. RKStMO E’ descrita a subespécie nova Uimadophis reginae maeMsauda. A sulces- jiecie nova distingue-se dc /.. reginae reginae jxt ter cauda iu.u> r. . u xau maculadas, ausência de manchas laterais na jurte anterior do corpo e colondo mais claro. ABSTRACT Descrlption of a new subspedes LemadafUis reginae maeulieanda. The new subspedes differs from Leimadofhis reginae reginae (!-•) V a h-nger caudais largely spotted with dark. the lateral markings of the anterior jurt o body fails completely a lichtercolour, and a stouter body. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 2-44 XOTAS ERPETOLÓGICAS ZUSAMMEXFASSUXG Beschreibung einer neufln Unterart Leimadophis reginae maculicauda D.e nueue Unterart unterscheidet sich von L. reginae reginae durch folgende- Merkniale ; Lãnger Schwanz, reichliche grauschwarze Tüpfelung der Schwanz unterseite, fehlen der seitlichen Zeichnnungen am Forderrumpf, und eine leichter Farbung. BIBLIOGRAFIA Maerss, A. & Paul M. R. — Dictionary oi Color. 1930. — Dunn E. R. — A revision of the . S lOT,b ' an snakcs of the «mera Leimadophis, Lygophis, Liophis, Rhadinae r and / lioccrcus, with a note on Colombian Coniophancs. SciELO Mrm. Inst. Batantan 24(2) 245-26», ícv > 195’ A. R. HOGE 245 NOTES OX LYGOPHIS FITZIXGER Rnalidation of Kc o subsfecies bv A. R- HOGE ( Ofhioloijical Section of Butantan hutitulc, São Paulo, Brasil) INTRODUCTION A revision of thc genus Lygophis Fiuingcr tnust await thc accumulation of greater number of specimcns than arc now available in lhe collcctions "í Butantan Institute and others. In the course of the revision of thc Lygophis in thc Butantan collcctions hco fonns have come to our attention. Sincc Amaral s rcvicw on thc sti>jcct, thesc forais have bccn considercd lineatus synonyms. In this |w]>cr, on thc basis of observation of a greater number of specimcns. we revalidate and redes- cribe those forais. HISTORICAL While the lOth edition (1758) of Linnacuss Systenia Naturac (33) is lhe oldest valid refcrence, the consultation of oldcr Linnaeus j»apcr mkIi a . lus. Ad. Frid. (32), etc., bccomes indispensable on account of t!»e mcomplctcncss of his discriptions. . . In all Linnaeus descriptions of Coluber lineatus and C nunenae , he g.ve no details, but we can consider the species C. mine™ synonyn. of C. lineatus. as will lie apparent from thc data and literaturc presented in t t> |upcr. Daubenton 1784 (13) also mentions Coluber lineatus (I did not rcad this paper, but I follow the authors). Gmelin 1788 (21) repeats Linnaeus descriptions. but while omittmg thc species minervae, he describes another one. the Coluber atralus. Howcver, Boulenger (9) showcd that C. atralus is a pro parte lineatus. Lacépède 1799 (28) refercd to C. lineatus and C. minervae and gave a brief description of thesc species. In the newest editions of Lacépède. works this descriptions remains un-niodiíicd and agrees with lineatus Receivcd foi publication on Frbruary 24, 19;2. I, | SciELO 246 XOTES OX LYGOPHIS FITZIXCER I -íitreillc 1802 (30) cites lhe species liiicalus iinder the naine of La Raieé (not seen). I had no possibilite of Consulting the works of Shaw 180 2 (40 1 and Daudin 1804 (14). In this connection, I foi lo w the authors and consider their lineal us identical with lineal us L. Fitzinger 1826 (19) cites briefly the species Colnber lineal us L. and C. tninervac L. and considers their habitat as unknown. This is in contradiction wnh Lmnaeus’ statement of Asia and Indiis respectivdy. Ctivier 1829 (12) places the species C. atralus and C. Icrlineatus, Lacépède m the synonymy of linealus. It should l»e noted however, that is a pro parle atralus and not a strict synonym of linealus. M errem 1820 (35) puts the sjiecies linealus and inincrvac in the gentis Natrir while considering C. atralus synonym of jaculatus. Schlegel 1837 ( 42) gives a full description of speámens received from Surinain. He correctly ascribes theni to the species linealus L. and includes this species in the gentis Herpelodryas. But in his pajier he also mentions other specimens which he assumes to have come from Brazil and calls "zvricté de clnnat this can l»e lietter seen from the quotation given bellow; "Lc Brcsil produit une jolic varicté de dimat de cet Iirpetodrxas, qui notts a été addressé des musces de Vienne et de Berlin sons les noms de Colnber channssoni et moniliger. Les individus sont en tout analogties a ceux dtt . urinam excepté qu’ils ont trois raies nioins distinctes. interrompues et compo- sées dun grand nombre de taches, partiatliérement sur les Ixtrds des raies ce qui en augmente le nonfl.re du double. Us écailles sont souvent bordées de noir.” However, lack of Information concerntng the exact habitai of the Iattes specimens makes it impossible to identify them safely to any specimens or subspe- cies posteriorly descnbed. Probably they belonged to the sjiecies later descrílied by Schenkel as variety tncridionalis. Fitzinger 1943 (20) created the gentis Lygophis indicating Herpetodrxas linealus Schlegel as genotype of the new gentis. This could lead us to consider Lygophis linealus Fitzinger as pro parts lineatis. and tncridionalis. Yet his indi- cat.on of Schlegel as the author of the species might well be a slip very frequent in his epoch. It is probably more convenient. thereíore. to consider Schlegel's Herpelodryas linealus Fitzinger as identical to Colnber linealus Linnaeus. Duméril 1853 (15) created the gentis Dronticus in which he included the st>e- cies linealus citing also Schlegel and not Linnaeus as the author of the species. Dumeril. Bibron Duméril 1854 (16) presented a redescription of Dronticus linealus m which they mix true. northem. linealus with spedmens coming rom Santa Cruz (probably Paraguay). But Boulenger showed alreadv SciELO 10 11 12 13 14 15 cm Mcm. Tn«. Butantan 24(’l ’45-2..S. fcv.” 1952 A. K. IIOCE 247 that the Santa Cruz iot bdongs to Uophis genimaculats. (>11 page < 0 / «*t volume 7 oí " Erpetologie Génerale". Duméril et al. (16) mcntion also lhe so called varie! é de clima! , previously descrilicd bjr Schlegd. Me should thc- refore consider Dromieus lineais D., B. et D. a* a compound of Lygophu lineais (L.), Lytjophis lineais var. meridionalis (Scbenkd) and l.wplns ecic> that Boulengcr latcr proved to he Uophis parvifrons. Coj>e, 1862 (10) descri bes the two new species flavif renais and dilcpts. He also inentions the sjiecics lineatus. but in that rc>j»ect 1 "dl sh<>\\ pajicr that his lineais sperimens belong to thc var. meridional, s Schcnkcl. Keinhardt and Lõthe inentions. Guianas. Brazil, Guaiaquil and México as range of Lvgophis lineatus. Their speciniens wcre probably a coni|>ouml oi Lygophis lineatus (L.). from Guianas and Brazil. and Lygophs ddcp.s iro». Guaiaquil. Thesc from México should belong to another genns. probol.lv Conophis. — * Jan. 1867 ( 25) produce a figore corcctly Hknl.íied as hneains (1. i- MÕIler, 1878 (36) idenlilies as «ronrirn* t» Suriname and Mcxican speciniens. Akhongh he was corrcc. lo lhe Snrinamesc. he «as »n»S as ,o thc Mcxican specimo» which shnnld heha» ■" lhe s, tec.cs Ca-aflu, lineatus. Boulenger, 1894 (9) puts dilepis in the synonyn.y of lineais. Peracca, 1895 ( 38) makcs an excellent rcdescrip.ion oí thc He also mentions Aporophis lineais, but according to lu> <>''» should var. meridionalis descrilied later h\ Schenke . . ... . Itoutenger, 1896 (9, reconsidera his opininn o( 18W and accep.s agan, as valid species. , . . . Boeder, 1898 (7) ci.es the s,tecies /tas/rm.(.« and hneatn, and nKhnng in the lattcr. spedmOS CS»*» * .. ilerp 1899 hrieiely tnention» .1- «■«* ditefi, and fUnnfrena,.,. Anderssonn, 1900 (5) in his revision oi ünnaean retlesenhe^ W oí lineatus and slH.tvs ,ha. CoMer nri.moe ,s a amorno, oi i.uea, ... Schenke!. .900 (42) descrito Afareis lineatus var. -nrrid., Lindholm, 1902 (31) klen.ities correc.lv spechncns o( l.neatus. Gomes, 1918 (22). identiíies corrcc.lv lineatus 1.. MõUer. 1928 (37) descrito lhe ol d**« 1, I SciELO 248 NOTES ON LYGOPHIS FITZIXGER lineatus lativittatus should be included therefore in the synonymy of Lygophis dilcpis Cope. Amaral, 1929 (2) considers as synonyms the species Lygophis lineatus (L.), Aporophis lineatus var. meridionalis, A. lineatus lativittatus and Lygophis dilepis. The specimens which were classified by Amaral, 1934 (3) as lineatus belong probably to the species dilcpis which is revalidated in this paper. Hoge (24) describes a new species, L. paucidens. The bibliografhical analysis and the comparative of the Lygophis material of the Butantan Institute lead us to the conclusion of the validity of six forms occuring in Brazil. These can be divided into two grotips. The first possessing scales in 17 rows includes the species Lygophis flavifrenatus Cope, Lygophis amoenus Jan and Lygophis paucidens Hoge. The second group possesses scales in 19 rows and includes Lygophis lineatus (Z..), Lygophis dilepis Cope and Lygophis lineatus meridionales (Schenkel). The species of the first group are well characterized and do not need íurther discussion. As regards the second group the following comments are needed. Cope based his Lygophis dilcpis on the presence of 2 preoculares, shorter tail, broader lateral bands, while his lineatus (which this paper wil prouve to be meridionalis) has 1 proecular, longcr tail and narrower lateral bands. However if we compare topotypes of our collection of Lygophis dilcpis with the type specimen of Lygophis lineatus and with specimens of typical lineatus írom Frendi Guiana (Brazilian border Iine), we can see that the only difterence between the two species is the presence of larger, not constricted at the neck, lateral bands in Lygophis dilcpis. Cope‘s observation of a shorter tail in the dilepis as comparcd to the lineatus species is probably due to the fact that his confounded the species meridionalis and lineatus. And his reinark of two preoculars in dilcpis could be due to an anomaly. It should also be noted that the Crossing of the lateral band could simulate a division of the preocular. The variety meridionalis must be considered as a valid silbspecies. This is indicated by the presence of discontinued lateral band ; ventrals with black lateral spots ; first, second, third and fourth paraventrals with black edges ; longer tail ; and a fewer number of teeth. This paper shows therefore that dilepis Cope and meridionalis Schenkel are valid forms. AU these forms are easely distinguished on the characters givin in the follo- wing synopsis. M rn:_ Inst. BntanUn 24 ( 2 ) :245-26S, fcv.» 1952 A. R- HOCE 249 SYXOPSIS OF THE BRAZtUAS SPECIES I — Scales in 19 series. A. Three distinct dark streaks. not intcr- rupted on the neck; the lth, 2lh, 3th and 4th series of dorsal scales white or nearly white: 1 — lateral strcak > 1 scale wide on the body (much larger on the hcad) (pl- I fjg lincalus lincalus 2 — lateral strcak 3 or inorc scales wide (pl. I, íig- 2) Uneotus ditepis B. Three indistinct dark bands, inter- rupted on the neck ; lateral scales hca- vely dotted with hlack: ventrals with a lateral serie of hlack spots (pl. I, lincalus ineridionalis f'g- 3) II — Scales in 17 series. A. Max. tecth more than 10 1 — Ventrals 157-178: pattem and colour near meridio- nalis (pl. I. íig- 5) 2 _ Ventrals 137-143; uni- fomi dark with a serie of whitish spots on the 3th or 4th series of scales (pl. I. fig- 4 ) B. Max. teeth 10: pattem ncarthcsc of dilepis flaxifrcnatus ainoenus f-aucidens Genus Lygophis Fitzingcr, 1824 Lvgofhis lincalus Hncatus (1-. 17.'8» 1758 Colubcr lincalus Linnaeus — Syst. Xat. < 10) /:221 1758 Colubcr minervae Linnaeus — 1. c. 22 / l I SciELO 15 250 NOTES OX LYGOPHIS FITZIXGER 1766 Colubcr lineal us Linnaeus — Syst. Xat. ( 1 ] j 7:382 1766 Colubcr niincnvc Linnaeus — 1. c. 388 1784 Colubcr lineatus Daubenton — Quadr. Ovip. Serpens: 668 1788 Colubcr alratus Gmelin — Syst. Xat. ( 13) :1 103 (pro parte) 1788 Colubcr lineatus Gmelin — 1. c. 1104 1789 Colubcr lineatus (La Rayée) Lacéjiède — Hist. Xat. Serp. 2:215 1789 Colubcr iaculus Lacépède — 1. c. 23 (pro parte) 1802 Colubcr jaculatrix Latreille — Rept. 4:173 1802 Colubcr lineatus Shaw — Gen. zool. 3:529 1802 Colubcr jaculatrix Shaw — 1. c. 3:536 1803 Colubcr lineatus Daudin — Hist. Xat. Rq»t. 7:25 (pro parte) 1803 Colubcr jaculatrix iDaudin — 1. c. 53 1803 Colubcr alratus Daudin — 1. c. 86 (pro parte?) 1820 Colubcr ( natrix ) lineatus Merreni — Yers. Syst. Amph. 112 1826 Colubcr lineatus Fitzingcr — X. Cias. Rept 58 1826 Colubcr niincnvc Fitzinger — 1. c. 57 1826 Colubcr terlineatus Lacépède — Oeuvres du Conte de Lacétíède 4 • 106 e 304 1826 Colubcr niincnvc Lacépède — 1. c. 96 1826 Colubcr jaculus Lacépède — 1. c. 108 e 371 1832 Colubcr lineatus Lacépède — Oeuvres du Conte de Lacépède 4 : (2) 154 1832 Colubcr lineatus Lacépède — Serpens 3: (1) 318 1832 Colubcr ( natrix ) niincnvc Lacépède — 1. c. 144 4: (2) 1832 Colubcr jaculatrix Lacéj>ède — 1. c. 238 1837 Hcrpctrodryas lineatus Schlegel — Phys. Serp. 2:191 e 7:153 (pro jurte) 18a3 Dronticus lineatus Duméril — Prodr. Class. Ophid. 1854 Dromicus lineatus Duméril. Bibron et Duméril — Erp. Gén. 7:655 (pro parte) 1858 Dromicus lineatus Günther — Cat. 134 (pro parte) 1863 Lygophis lineatus Reinhardt et Lütke — Bidrag til. Vestind. Xat. Foren \ idensk. mcddel. 10 ( pro parte) 1882 Dromicus lineatus Fischer — Arch. f. Xat. 285. 1885 Aporophis lineatus Cope — Proc. Ac. Philadelphia 76 1867 Dromicus lineatus Cope — Proc. Ac. Philadelphia 76 1867 Dromicus lineatus Jan — Icon. Gén. Ophid. 24, pi. 6. fig. 1 1894 Aporophis lineatus Boulenger — Cat. Sn. Brit. Mus. 2:158 (pro parte) 1899 Aporophis lineatus Anderson — Bih. till. K. Sv. Yet. Akad. Handlin- 26: (4) 1930 Lygophis lineatus Amaral — Metn. Inst. Butantan 7:169 (pro parte) 1936 Lygophis lineatus Amaral — Mem. Inst. Butantan 10: 112. Typc locality — Asia (in errore ) SciELO Mm. In«‘. Butantan 202 j I45-I6Í. fev.* 1952 A. R. IIOGE 251 Range : Guianas aiul adjaccnt territory, Brazil — Antapa territory, Aniazon and Pará States Xante: Jararaca listada, Brazil; Red-striped Snake. English Body slender ; rostral as broad or broader tha» deej»; visible from al-«vc; ínternasals shorter than praefrontals wohich are as long'as broad ; frontal narrow, narrowlv separeted from the pracocular : supraoculars longer than lus distancc t rom the end of the snout, as long or a Iittlc shorter than the parietais. wohich are tw.ee as long as broad: nasal divided, in contact with the 1 th. and -th. up|>crlabial» , loreal as deep or a little deqxr tlian long. in contact with 2th. and 3th. up|*r!a- bials; 1 praeocular reaching the ttpper suriacc of the head; eyc moderate: |*>s- toculars 2; temporais 1+2. lth. in contact with the 2 postoculars Mb. anw. A dark lateral line (Iess one scale wi.Ie on the body) extends ín«i the loreal and j«ss through the eyc (where he is broader) tothe end of the ta.!, (pi. II. 1862 1863 1885 1894 1894 1895 1896 1899 1928 1929 1934 1936 1944 Lygophis lineal ti s dilepis Cojic. 1862 .ygophis dilepis Cope - Proc. Ac. Xat. Sc. Philadelphia 81 348 .ygophis lincatus Reinhardt et Lütke - Nat. Foren. \ tdenslc pro arte ygophis dilepis Co]>c — In. Anter. Philos. Soc. _2:I9I \porophis lincatus Boulenger — Ann. & Mas- Nat - Hl * ‘ 0 * . porophis lincatus Boulenger - Cat. Sn. Bri. Mus. 2:158 (pro I»rtc) porophis dilepis Peracca - Boll. Mus. Zool. Ana, . Tor.no 10 (195) tl 5 porophis dilepis Boulenger - Cat. Sn. Brit. Mus. porophis dilepis Berg - An. Mus. Xac Buenos A,res2:I8 porophis lincatus latrrittatus Müllcr Zoo\. An/. ' ‘y* ygophis lincatus An, arai - Mc,n. Inst. Butantan 4 : 20 19 ygophis lincatus Amaral - Mrra. Inst. Butantan *:186 ygophis lincatus Amaral - Mem. Inst. Butantan 10: (pro ,«ric) ygophis lincatus Dunn — Caldas ia _ . ( 10) 48 1 ypc locallitv — Paraguay ange : From Rio Grande do Norte, Brazil throughout Mato Grosso and Paraguav to Nortcr Argentina 1, | SciELO 25 * NOTES OS LYGOPHIS FITZIXGER Name: Jararaca listada, Brazil. Body slender ; rostral broader than deep; just visiblc from above; intema- sals as broad as long; frontal nearly twice as long as broad, longer than his distance from the end of snout, as long or a Iittle longer than the parietais; nasal divided: loreal as long as deep; 1 proeocular, visible from above; postoculars 2, supenor deeper than inferior; temporais 1-2; upper tt>ials 8; lower labiais 0 (exceptionaly 9 or 8) ; scales in 19 rows; ventrals 169-178 ( and. visible only on the posterior half of the third (or 2th, or 2th and 3th) lateral row of scales with two lateral witish spots (Boulcngcr gives “with a round white sjx>t in thc middle") ; a narrow dark streak on each sitie of the hcad. passing through (or below) the eye; upper labiais witish. sometimes mottled with grey. \ entrais white with a round black dot on each side ( 6 ) or largcly mottlcd with hlack ( 9 ). Both males and females have chin tubercles. Hic males have supracloacal íubercles. Ventrals 139-144 ( $ ) ; 143-151 ( 9 ) : caudais 72-93. Lygophis paucidcns Hoge. 1952 See original description pg. In the original description there was some doubt on thc possiblc synonymy with C. mincrvac L., but I have examined the photographs and receivcil ol»er- •vation on the type specimen. So I now ant able to assign C. minenve to the synonymy of C. lincatus L. : Lygophis paucidcns is a distinct spccics. 1, | SciELO List of L) gopliis i)i Iiutantan Collcclion 254 XOTES OX LYGOPHIS FITZIXGER Mcm, I n st. Buupt^n 24U):-’45 ícV 195. A. K. IIOUE 255 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Lygophis f lainf renal us Cope (Locality : State Paraná) Mrm. Inít. Bamba S4(2):245-26í. fer.» 1952 a. r Hcx;r. 257 T. mm Ui tu ü K £ Pi ^ C C c ac H. mm N . ^ t ^ N . "1 N . w ia m* V » rC c * c o J ot/ot 01/01 ot/ot 01/6 Ot/ot 01/01 ot/ot 01/6 6/6 01/01 01/01 1 ^ ^ V V V V V "S. N V V ü N.V Kr>t^K«r< ^C«-*a*C*C>£C*©Ç c •« c d NhNhhNhhhhi» O * i. u o*oooo*ooo*ooo* V 2 ^ n c C •« *r 7 m m ©^•óooé©^^^^ O A fi A *" N M N X *3 J : s ' J ; : : £ ; s : : 2 ■} 5 “ * g *S«síí s ;ss jj u x. < - — u u c 'À x r> ^ m «ft - 1, | SciELO Lygophis lincalus lincalus 'Frendi Guyana) 258 XOTES OX LYGOPHIS FITZIXOER * i ^ 3Ç ^ »-> T «O « 1 O — in C C K w n N ~ 6 "• £ O N g » •f ~ U ~ •J o c V V V C Ov 3 9! X X N. N. V 00 06 00 O >« m C N N «1 ■>* WT >C N n < + + + í' C c Q ? í ? O M V V] «O— «o V H c N - - «n w in i> i". — C' O *3 ' M >»>»>» 1 1 I ir. ir. ir. « n « wi »o Wt íx h. »' cm 2 3 4 5 6 SciELO 10 2.1 12 13 14 15 Mcm. M<2): Inst. BuTanUn 245-26*, frv.* 1952 A- R HOC.E lygophis lineal us ntcridionalis (Schcnkcl) XOTES OX LYGOPHIS FITZJXGER SciELO 15 262 NOTES ON LYGOPMS FITZIXGER ACKXOWLEDGMEXTS I ain indebted to Dr. I lf Bergstrõin for notes on. and photographs of the type specinien of C. lineatus L. and C. minervae L. preserved in the Xaturisto- riska Riksmuseum in Stockholm. to Messrs. J. Cavalheiro and F. Cavalheiro for scale counts, and to Mr. Seixas for photographs. SUMMARY A hrief discussion on f Brazilian Lygophis fonns is presented. Following forins are arísed froni the synonytny of lineatus: L. lineatus d Hep is Cope and L. lineatus meridionalis Schenkel. Only subspeciíic rank was assigned to this fonns. RESUMO Corta discussão das formas brasileiras de Lygophis. Foram revalidadas as seguintes formas: lineatus L., d He pis Cope e meridionalis Schenkel. A todas foi conferido valor subspecifico. BIBLIOGRAPHY 1. Amara! . A. do — 1920. Estudos sóbre ophklios Xcotrópicos. XVII. Valor Siste- mático dc Varias Formas dc Ophidios Xcotrópicos. Memórias do Instituto fíutantan 4: 1. 2. Amaral. A. do — 1929 ( 301. Contribuição ao Conhecimento dos Ophidios do Brasil. IV. I.ista Remissiva dos Ophidios do Brasil. Memórias do Instituto fíutantan 4: 69. 3. Amaral. A\ do — 1933 (34). Coleta Herpet- lógica no Xordcstc do Brasil. Memórias do Instituto fíutantan 8: 183. 4. Amaral. A. do — Contribuição ao Conhecimento dos Ofídios do Brasil. VIII. Lista Remissiva dos Oíidios do Rrasil. Memórias do Instituto fíutantan, 2.* ed. 10: 87. 5. Andersson. /.. G. — 1900. Catalogue of Linncan Typc-spccimens of Linnaeus's Reptil Ia in the Royal Muscurn in Stockholm. Bihang till K. Svenska Vet. — Akad Handl.. XXVI, afd. 4. n.° 1. pp. 1-29. 6. fíertj — 1899. An. Mus. Xae. fíuenos Aires 2: 18. /. fíoettger , O. — 1898. Katalog der Rcptllien-Sammulung in Muscurn der Scnckcrnhcr- gische Xaturiorschendcn Gescllschaít in Frankfurt am Main 2: 1. 8. fíoulenger, G. A. — 1894. List of Reptiles and Batrachians coll. bjr Dr. J. Bohls ncar Assuncion. Paraguay. Anu. & May. Xat. Hist. (6) 13: 342. 9. fíoulenyer, G. A. — 1893-1896. Catalogue of the Snakcs in the British Museum. 1 c 3: 10. Cope, h. I). — 1892. Synopsis of the Specics of Iloleosus and Amriva with Diagnoses of ncw West índia and South American ColuUridae. Proe. Ac. f’hiladelphia. 60. 11. Cope , /:. It. 188a. Proc. Aead. Philadelphia 76: 191 (in Boulengcr (9) Mem. Inst. Batantan 24<’>:’45-*.S. íev." 195.’ A. R. HOGE 263 12. Cuvier, G. — 1829. Le Rcgnc anima!... 1. 13. Daubenton, L. J. M. — 1784. Dictionairc crpétologique de la grande cncyclopcei C. terríficas terrificus (Laurentius) beschrieben. RESUMO Um caso de Xantismo cm B. cotiara (Gomes) e dois de albinismo em C. terrificus terrificus (Laurentius) são descritos. BIBLIOGRAFIA Gomes, F. — Ann. Paulistas Med. e Cir., 1(3): 65, 1913. JLaurtntiuS, J. X. — Specimcn Mcdicum exhibens Synopsin Reptilium emendatam cum experimentis Circa \"encna ct andideta reptilium austracorum. \'icnnae — Editor Joan. Thom. 1768. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Mm. In*?. Batantan 24(2) :271'280, rfcx.* 1952. ARISTOTF.R1S T. I.EAO 4 DORIS Jl. COCHRAN 271 RE V ALI DAT ION AND RE-DESCRIPTION OF BUFO OCFLLATUS GÜXTHER, 1858 (ANURA: BUFOS IDAE) bv ARISTOTERIS T. LEAO & DORIS M. COCHRAN ( ) (DcfartM of Meditai Zoology - Intitulo ButmOa». S. Poulo. Braàl) In 1858 Günther dcscribed Bufo occllatus l*sed «n a single specunm and wrote *■ Bra 7 .il" as geographical distrilmtion. The descripoon «-as as .ollows. “Crown rather flat, with two bony ridges beginning íroni thc snout, much divergem posteriorly. cach bifid Wiind: snout rather jKiinted, protruding. Paratoids indistinct. no. swollen : «vmpanum verv distinct, much higher than broad. Above covered with numerou ncarlv equal warts, beneath granulated. Toes half-webed; tarsus with two tubercles, without cutaneous íold. Hack brown. w„h . nar- row vertebral line separating four or five pa.rs of black ye lowcrlg^l spots; sides punctated with yellow; belly punctated w, th black. a. Adult. Brazil. From M. Pamidaki s collection . Fr„m Janttaria. State »( Minas Orai,, we received in IM5. Wd speci- mens of a Bufo strinkingly similar to lhat deserihed hy Guntlmr Diiring a trip to lhe trone of Itananal islan.I, m th. Aragna.a mer (State of Goiás-Mato Grosso), IW the sênior atlhor cmfct f °' , interesting Bufo and observed its hahilat. One of tltese l ufo »a, sent to r H W. Parker, herpetologis. of the British .Mnsettm, whose oompartson »as the fcllowing: . . , •■I fi„d that the two are very similar tndeetl They "e approm- mately the satne sire and almost the only ntorphotogwal ■>>««»“ that í cnn notice is that in the type the cratnal ndges Itetter developetl and posses, an.ter edgcs. The «bor pMte"t o the two is cssentially similar. Detadetl eompa.,»,, ,s dt.Itcnl. be- cause the type has Ireen evisceram! and also damaged by anis... One of the speeimen from janttaria ln.,1 already nndergone contparison by one oí us (D. M. C.) with thc following result: Rcceived for publication in Decembcr 30, 1°53. (*) United State National Muwuni — U. S. A. I I SciELO 272 REVAUDATION AND RE-DESCRIPTIOX OK BUFO OCELLATUS GUNTHER, 1858 (ANURA: PUFOSIDAE) "I íotind D. occllalus worthy o£ full speciíic rank, and not to be conftised with any other Brazilian species”. Bcing sure of the non-cospecificity between Bufo occllahis and Bufo t\~ phonius, based on the comparison of Parker and Cochran on one hand, and on the material at our disposal on the other, we avail ourselves of the oportunity to revalidate the name and redescribe the Bufo above mentioned. Drscription: Based chiefly on an adult 9 (with eggs) U. S. N. M. 131333 (fomierly Inst. Butantan 397) from Januaria, Minas Gerais. Tongtie elliptical, very elongated, about 1/3 of mouth opening, entire and free for its posterior half; snout short, its sides forming a right angle and its tip somewhat tnincated when viewed from alwve, bluntly rounded in profile, the upper jaw extending well beyond the lower; nostrils nearly at tip of snout, just below canthus, the opening supero-lateral, separated from each other by an interval equal to half to their distance from eye. Canthus rostralis marked by a rather weak arc-shaped ridge joining a somewhat heavier supraocular crest thickening on its inner posterior border into a short parietal crest, and continuing ontward and posteriorly to fonn a short distinct postorbital crest; preocular crest generally not evident, though the spccimcns Inst. Butantan 1.677 and 1.678 show this character fairly well; interocular space flat, below Ievcl of ridges ; parotoids variable, rounded or elongated, possessing orange-vellow poison, when elongated its distai end tapors, or they may be piri forni; they are smaller, equal or somewhat larger than cyelid and extending only to levei of shoulders; eye modcrate, projecting beyond snout; interorbital diamctcr about twice the width of upper eyelid, three times the interval between nostrils. Tympanum generally well evident in outlinc, but in some specimens this cha- racter is not so distinct (Inst. Butantan 1.67] and 1.674), higher than broad, as high as the diameter of the eye and close to it. Fingers free, with lateral ridges distally, lst and 2nd fingers subequal and shortet than 4th ; a large palmar tuberde and a small one beside it at base o] lst finger; subarticular iubercles of fingers quite prominent, some double and some single; toes webbed at the base, with a lateral series of minute tubercles, 3rd and 5th subequal, reaching to base of penultimate phalanx of 4th; a small oval inner and a round outer metatarsal tubercle; no tarsal ridge; subarticular tubercles of toes small, all single. Body stoutness, in postaxillary region nearly twice the greatest width of head (in female distended with eggs) ; when hind leg is adpressed, heel fails to reach axilla, and tip of 4th toe barely reaches end of snout ; when limb are laid along the sides, knee and elbow are separated by an interval equal to length of til ia , when hind legs are bent at right angles to body, heels are widely sepa- rated. Body completely covered witli small tubercles, slightly larger along dor- solate.nl line and slightly larger along the dorsolatcral line and around anus, smaller on sides and lower surface of legs. No obvious scapular ridges ; no tibial SciELO 10 11 12 13 Mm. Insi. Batantan tH2):27l ’80. L> 25 O p2 D éb , H b to ° 2 1/5 X b b o lo « u üi f- c u t/5 _ X H O t/5 2 X £ Oí 5 £ b ae C b ^ H r- S ® « « O. — n o « r: r- tf *- tf e 2 2 « « fl m 5 •* = " 2 QO *F SZ »tf d tf* « C tó O C5 3 »F C Lí « N N '4 2 2 - H " rí rí tf eT d « pí ia* 5 o* — cs tf o pi o X s 3 oc o Pi r- Pt '422* 2 *J f* fí o tf" N q X 55 x r. cí «r o. tf. -f o' Fl» 6 W5 P» 3. S N .í -» s tf_ - T « PI ^5 X « PÍ «F "F* Cl cc ®. a q c «f ci r» <í o tf x ií q C tf* 5 Z « ?i í; r * •! « ?í tf — tf* C5 Cl LÍ 1 °. ®. °. q í*. ®_ o tf. — tf o « N n r - 3-25;"^ — =■• = ® oo cí rí V ~F 5J 30 N O O W3 O 3C O e à5 «r X X *F N » O oo ■*• » os tf cí »íí r: rí tf . ~T mm ~ mm ~ ?| M M d n cí d I e . q **; q q r« q c« o t*. « — n W »í •» — * tf* - fí o tf* "• q s q tn n ci -F =. 5 — XO £ q * f» O N í O i5 *3 53 it ® 2 q n id w rf m rí o* s tf -r ri io -r cí M 3 q «** p* x o s tf. ri ci r* ri í/ 2 2 Z 2 ZÍ ^ ®“ =>* tf r r» rf rf « V » -T 5Í 1.071 tf_ x tf tf rp n t- o -5* r— x ? 2 g £' H 3 2 N ’ “ 2 -- n n n 05 íí PI lí FT FF Lí tf" o O. IO 75 tf X. N o. O 90 tf lí !? 5 2* í* i3 cí o rí rí o* tf‘ 5 “i n tf 93 Cl O ” T ° 2* rs tf W M« Ift w 'F * »>- Cl X O 2 2 2 2 2 *• i| ZÍ - - N. » e» 05 x rí cí V M SC N «O Lí cí g - q q q OI tf tf_ r- t- tf p» tf X tf Pt tf p» si -F fr — tf — ‘ e ; X cí cí *f‘ 1 4 s o tf q q q q q q q « ?« * « 5 Z í2 « « " *2 pi o tf q q n o; cs rí ri ** o. *. ia tf — 5 C_ tf Lí Lí Lí 1- tf — tf C Lí P» Lí f Lí L-» ? 2 J5 S 2* " 3 M cí tf tf. «c cí rí -p FJÍ tf" I q. q o tf_ c p. o -F x pí - x L-*t tf tf c í pí c — tf tf* cí d LÍ tf* 1 § 3 . 5 ^ ®. N . o ® ** cí x t P* tf Lí O PI Pj ~ ~ ~ pi — ■ zz Üt o * * * * * • • u . » c • S. . 5 ■ ■•••. t í , 3 • - mm “ ‘ mm • Si m m 1 3 • • * • " . c s • • . * . D . • • C* • • ■ •-■=• | ° • "5 g • • • • ’ ^ 9 * * “ * h® *■ * •-.w a ** • qj . if c u * * • * * 5 2 c • • c t ~ í * ♦ • • • tf y. • _ ci . z, u .tf w * ~ - ítJp í- * • • * •■_“*•-■=£. S .= 8 ^ ^ • Cm > ^ ; = • —'550 * *r ^ ^ '5 Cl . c 5 u * a. 8 V • 5 w . to t >. , ' » .« s S • . 6 í P S s Si | 2 ã — = • £=.’ c o - — r-5 í » J E — c -Z- -S " S 3 • í =3 £ •- £ £ £ ° X .* ^ .e ti •“ £V t 1 ? 3 ? 1 ? | J 8 S p s- J “£==• i i f £ S M. 1 1 1 i f - 1 í § = Õ •= 5 _ JT - *- JZ - 5 ; | ã t - 3 • c • *S v g s £ C “ C u “ ^ * J c u*3 i. £ Èa.2 u 2 - t á-j ã 3 2 18 ~ ^ O mi 5 S n j a < SciELO 14 15 Mem. In»'. Butantan 24(2) :271 2S0, do.» 1952. AR1STOTERIS T. LEAO 4 DORIS M. COCHRAN 275 b) c) I.i.-t of specimens: a) British iluseum: An adult (stuffed skin), Brazil, type of Bujo occl- latus Günther, from M. Parzudakis collcction. United States National Museum: 121334 (Inst. Butanlan 397), from Rio Pandeiro, Januaria, Minas Gerais. Instituto Butanlan: Mato Verde, Mato Grosso: 1.677 lor ,he U. S. X. M.), 1.678 (body, stemum and skull), 1.6/9, 1-680, I.6K1. 1.682, 1.683, 1.6S4, 1.685, 1.686 and 2.59S. Mato \ crde, Isbnd of Bananal. Goiás: 1.670 and 1.671 (skin and skeleton). Santa labei. Island of Bananal. Goiás: 1.672. 1.673 (sent for thc U. S. N. M.). 1.674, 1.675, 1.676 (sent for the British Museum) and 1.936. Aruanã, Goiás: 2.599. Rio Pandeiro, Januaria, Minas Gerais: 398. Dimcnsions (of the specimen U. S. X. M. 131333): head and body, 59mm; head lenght, 16mm; dian-.eter of eye, 7mni: width of head, 20mm; fciur, tibia, 19mm; hind leg. 63mm ; íore Icg, 31miu. SUMMARY In this paper the AA revalidate the nanic and rcdcscril* Bufo oecllatus Günther, 1858. up to now under the synonymy of Bufo typhomus lufonnat.on is given on thc habitat of these interestmg Bufo bascd on the observations of ahout 20 specimens ohtained in the Irland of Bananal regmn. on ^th «d« of the Araguaia river. border of thc States of Mato Grosso and Gotas, Bnu.l. SUMARIO Neste traltalho os AA revalidam o nome o »«/• Günlhfr, 1858. até agota considerado sinonimo de «n/o /.sr _ , alguns dados sobre o habi.al destes inlerersantes í.n/o. taaeauo, na s.-cr .(. de cerca do 20 exemplares obtidos na região da Ilha do llanatral. de and», o, lados do rio Araguaia, fronteira dos estado, de Mato Grosso e Gotas. Urasd. bibliography {«,. MM. - Catalogue of the batrachi. salientia » eollectko of «• ■>■** Museum. Loti ion, 1S5s, PS- 61. 1, | SciELO 15 Mera. In*í. Butanlan 24(2>:’71 280, dra.» 195.’. ARISTOTERIS T. LEAO 4 DORIS M. COCHRAX 277 FJf. i — Bmfa «eelMwi Cònlfcef. 1 95® Donobtrral »ie» j.-j g _> p m ft xflUlal tljnthcT. 1*58 panai view cm J7< REVALIDA fíD RE-DESCRIPTIOX OF BUFO OCELLATUS «UNTIIER. 1858 IAMKA: BUFOMIHE) i Cry i F 3 . 4 — Rafo vtfllahu Günlhcr, 1858 Frofil vicw » o v rr> Fi;. 3 < t cl/utms Cúnthcr, 185$ Yen trai view cm 280 REVAL1DATIOX AND CfXTIlER. REDESCRIPTIOX 1S5S (AXURA: OF BUFO OCF.LL.ITU V BUFOSinAE ) Fig. 6 — Bufo occllatnt Günthtr. lg:.\ rhnusrapfijr r f a prwnrol tprcimra alho anterior (I c 2). poucas são as publi- cações sobre a anatomia j«atológica dos envenenamentos oíidicos, que como se sabe, produzem distúrbios bastante diferentes segundo a qualidade do veneno. Prinopalmcnte os venenos da cascavel ( Crotalus I. tcrrificus) c o da jararaca ( Botliipps jararaca), produzem, o primeiro, lesão cutânea quase imperceptível e morte por graves distúrbios renais, e o segundo, extensa necrose com edema c hemorragias da pele e lesões dos músculos subjacentes, com hemorragias vis- cerais múltiplas. Além disso, as raras publicações feitas ate hoje referem-se ainda assim, somente a casos de morte por envenenamento botrópico, como os de Rates (1925-27), sobre 2 casos de autópsia humanos, o de Mallorv (1926), sobre 1 caso, Rotter (1937). sobre 3 casos humanos. Entre nós, os trai «alhos de Mac- Clure (1935) e de Pena de Azevedo e Teixeira (1938). são também aml«os con- cerneii'es ao envenenamento por Pothrops. MacClurc descreve em seu caso único (Z>. jararacussu) uma glomcrulo-nefritc aguda difusa e Azevedo c Teixeira, ne- crose simétrica do córtex renal com uremia ( B . jararaca). Quanto ao envenenamento crotálico. os vários trai «alhos publicados até hoje, só dizem respeito ao envenenamento experimental, como os de Mitchell (1860), Mitchcll e Reichert (1886), Pearce (1909), Taubc c Essex (1937), Fidler, Glasgjw, Carmichacl (1940), tralialhos esses já relatados por extenso em nossa publicação anterior citada (M. F. Amorim. R. F. Mello c F. Salil«a), sobre -o estudo experimental comparativo da.» lesões produzidas pelo envenenamento botrópico e crotálico. Tendo ocasião de estudar ultimamente as lesões de tres casos de autópsia cm indivíduos picados por cascavel ( Crotalus I. tcrrificus), adiamos por isso importante relatar o resultado destas observações, dado o interesse qiM conhecimento apresenta na patologia. Além disso, sendo as lesões por nós en- contradas no rim. como veremos adiante, absolutamente idênticas às do chamado “Crush syndrome", ou “nefrose de soterramento” (“ Vcrschúttungsnephrosc' ), ], | SciELO OQ-) XEFROSE DO XEFROX INTERMEDIÁRIO NO ENVENENAMENTO CROTALICO HUMANO e, ultimaniente, mais conhecidas pela designação de “nefrose do neíron inferior’ avulta o interesse dessas observações, com a demonstração de mais um fator etiológico capaz assim de produzir as lesões já, em parte, bem conhecidas dessa sindrome. Por outro lado, procuraremos discutir esse conceito, sobretudo no que concerne à nomenclatura mais precisa a ser adotada para a referida sindrome. Algumas destas considerações e achados foram em parte objeto de uma comunicação resumida feita em conjunto com os dados clínicos, em colaboração com B. L. Wajchenberg e J. Sesso (3). Xo presente trabalho, damos, agora, o resultado completo do estudo anátomo-patológico que procedemos nesses casos, bem como de sua interpretação e das questões correlatas de patologia. Quanto ao estudo clinico desses casos e outros, bem como do envenenamento crotálico no homem, será objecto de uma publicação especial por B. L. Wajchenberg. J. Sesso e outros, segundo comunicação pessoal. RESUMO DAS OBSERVAÇÕES Caso I — O primeiro caso refere-se a: P. J. da C., de 58 anos de idade, branco, masculino, brasileiro, casado, lenhador, residente no bairro de Bom Sucesso (Cayeiras). No dia 11 de Marco de 1952, às 16 horas quando trabalhas-a no mato, foi picado por uma serpente, no pé esquerdo; 1 hora após sentiu perturbações visuais, sendo-lhe aplicadas então 3 ampolas de soro anti-crotálico. A noite já urinava pouco e cór de sangue. No dia seguinte, 12, foram aplicadas mais 2 ampolas c no dia 13 mais 3, pois o doente não havia apresentado melhoras. No dia 14 às 18 horas apresentou-se no ambulatório do Insti- tuto Butantan. Pelo exame da serpente, enviada posteriormente ao Instituto, trata-se de um caso de envenenamento por C rolai ns I. lemficus. Estado geral : prostado, fácies abatido, temperatura 36,9, pulso 110, pressão arterial: 130-80. Nenhuma alteração se notava na perna esquerda. No dia 15 a temperatura era de 36,1, pulso 120, pressão sobe a 130-90. Recebeu injecções de sóro anti-crotálico por via subcutânea (160 ml com capacidade de neutralizar 118 mg de veneno). Durante todo o tempo da hospitalização no Instituto Butanta não urinou nenhuma vez, não tendo por isso nenhum exame de urina. O paciente foi removido para o Hospital S. Paulo da Escola Paulista de Medicina, onde foi submetido ao rim artificial. Os exames de sangue, segundo comunicação pessoal do Dr. G. Rosenfcld, revelavam aumento de volume das hemácias como sinal precursor de hemólise (*). Falecimento cm 16 de Março de 1952, às 20 horas. Retiramos do laudo tia necroscopia (n.° 24/52), executada no Departamento de Anato- mia Patológica da Escola Paulista de Medicina (Scrv.ço do Prof. M. de Freitas Amorim), no dia 17 de Março de 1952 às 9 horas (necroscopista Dr. R. A. Aún), os dados principais, seguintes : Causa Mortis: Coláps . periférico. Moléstia Principal : Envenenamento Ofídico e Pneumonia Lohar. Diagnósticos Anatômicos : Edema cerebral, suíusões hemorrágicas das leptomeninges, mais acentuada nos lobos temporal e parietal direito, hemorragias intensas nos polos posteriores dos hemisférios cerebelares, principalmcnte à esquerda, polos íron- (*) C. Rosenfcld — Comunicação pessoal, trabalho cm curso de publicação. SciELO 10 11 12 13 Mem. Inst. Buuman M. DE FREITAS AMORIM 4 R. FRANCO DE MELLO 283 24(2):281-316, fcr.« 1952 tais dos ventrículos laterais com conteúdo hemorrágica Dilatação discreta do ventrículo esquerdo, dilatação da aurícula esquerda, hipertrofia do ventrículo direito, acentuada dila- tação da aurícula direita, atrofia fosca do miocãrdio, cicatrizes calosas múltiplas do mio- cardio, esclcrose das artérias coronárias, pneumonia lobar infcncc esquerda na fase de hepatização vermellia, antracose c cnfizema pulmonar, pcrihcpatite, congestão c csleatosc do figado, congestão passiva crônica do haço, inchação turva dos rtns, pericardite hemorrá- gica, incisões cirúrgicas recentes no ante-braço esquerdo, cicatriz antiga na arcada fcmural direita. Do Relalorio Macroscópico extraímos os seguintes dados que mais interessam no caso: C crebro : Edcmadado. Pequenas sufusões hemorrágicas nas leptomeningcs. mais acen- tuadas nos lobos temporal e parietal direita Hemorragias extensas nos polos posteriores dos hemisférios cerebclares, princ.pa lmente à esquerda. Conteúdo hemorrágico nos polos frontais dos ventrículos laterais. Rins : (foto 1) Aumentados de volume, cápsula facilmente destacável, superfície lisa. Superfícies externa c de corte, de coloração róseo-palida, opaca, de aspecto semelhante A carne cozida. Consistência firme. Bexiga: Distendida, contendo ISOcc de urina de cõr avermelhada. Hipercroia e cctasia dos vasos da mucosa. Femurcis : Ausénria dc t rombos nas veias íemurais. RELATÓRIO HISTOPATOLÓGICO (InsL Butantan, n.° 3H Serie B) Rim : Vários fccos hemorrágicos difusos no tecido gorduroso do hilo renal. Intensa hiperemia dos capilares, vários mostrando figuras dc conglutinação das hcmácias. por estase. .... 1 1) Córtex: Em vários trechos, nota-se intensa hiperemia com vaso-dilataçáo máxima dos pré-capilares. Apresentam a luz cheia dc critrocitos, prrm com os limites muito bem conservados, sem figuras de conglutinação das hcmácias. Não há, portanto, estase pmprta- mente dita, mas somente estagnação do sangue, segundo o conceito de Ricckcr. Quase todos os capilares da zona cortical mostrara esse estado dc intensa hiperemia, inclusive nos glomérulos renais. Chama a atenção no córtex, a existência cm vários trechos em que o* tubu os sao dilatados e têm o lume cheio por células descamadas e granulocitos noutro h los (fig. ■»). Em alguns destes, a parede é mal delimita.la, com nitida proliferação histioeitana cm tomo e marcante infiltração intersticial por granulocitos neutró/ilos. Tais áreas inflamatórias corticais tém uma distribuição em focos, do mesmo m «lo aliás como as lesões degenerativas e a distribuição dos cilindros hialinos numeroso» no» cortes (figs. 2, 3, 4). Por vezes, nota-se, com fraco aumento, cm tais focos, na parte cen- tral, uma ou mais secções do túbulo contendo cilindro hialino eosinofilo. e. em tom«. vários cortes dc túbulos dilatados, contendo material róseo, granuloso ou fragmentado, dc mistura com células descarnadas e granulocitos neutro filos. a) Glomérulos: Alças insufladas sendo algumas vazias e outras cheias de hcmacia», predominando ora uma ora outra dessas imagens. Não se vêm ncutroíilo». nem aumento dos núcleos. Cápsula muito fina com simples descamação das cálulas endoteliais. O espaço capsular é cheio por uma substância finamente corada cm róseo, granulosa ou rcticul, Arteriolas aferentes glomcrularcs nada mostram dc particular a não ser. por vezes, ligeira dilatação ], | SciELO 284 NEFROSE DO XEFRON INTERMEDIÁRIO XO ENVENENAMENTO CROTALICO HUMANO b) Túbulos: Túbulos contcmaaos de l.° ordem, mostram intensa incitação turva com abundante conteúdo grãnulo-albuminoso na luz. Cutícula em escova conservada na maioria das células; em algumas esta não é observada. Em certos túbulos, nota-se uma ou outra célula cm mitose, «tentando numerosos cromosomas dispostos irregularmente no plano equatorial das células, alguns com forma arredondada e outros alongado. Formam por vezes uma placa equatorial assimétrica, com vários cromoscmas aberrantes situados para fora do fuso acromático. Em uma célula, o aspecto é de mitose atípica (microfoto 5). Partes ascendentes da alça de Henlc e túbulos contornados de 2.° ordem: — Mostram-se com frequência, bastante dilatados, com as células achatadas e o lume cheio por deposições (fig. 7). Estas são ora pequenas c granulosas, ora de aspecto hialino e contornadas por células descamadas, dç mistura com granulocitos neutrófilos. Outros túbulos de 2.° ordem mostram as células tumcíeitas, o citoplasma rico cm granulações eosinófilas hialinas. Várias células desaparecidas, outras apresentam núcleo plcnótico. As lesões tèm uma distribuição em fócos. Próximo dos glomérulos, tais túbulos apresentam frequentemente o máximo de dilatação tendo o lume cheio principalmente por células descamadas e granulocitos ncutró- filos, como si íòra uma lesão catarro-descamativa. Mais distantes dos glomérulos, éles apresentam por vézcs somente massas de uma substância bialinizada, fortemente eosinóíila, no lume. 2) Zona intermediária: Já com forte aumento, as partes ascendentes das alças de Henlc chamam a atenção por apresentarem a luz cheia pelos cilindros de material hialino, fortemente corado pela eosina. Os cilindros formam óra, um bloco homogéneo, óra são formados pelo amontoamento de numerosos fragmentos de estrutura homogénea. As células dos túbulos são nitidamente cúbicas ou fortemente achatadas cm outros trechos. Em certos pontos estão descarnadas ou ausentes. Os núcleos apresentam pienóse, cariolise, etc.. Nas partes da zona intermediária mais próximas da zona medular não se observam sinão cilindros, sem fenomenos inflamatórios intersticiais. A medida, porém que nos aproximamos do córtex (fig. 9) notamos que muitos túbulos contêm neutrofilos no interior e o conectivo intersticial apresenta intensa infiltração inflamatória, principalmente por granulocitos neutrófilos, com forte edéma e dissociação. Xéstcs trechos, nota-se ao mesmo tempo intensa dcscamaç'o das células cpiteliais cm vários túbulos, mesmo cm alguns onde não se vem cilindros ou material hialino no interior. Vários pontos mostram também ferte proliferação bistiocitária no estroma (figs. 12 c 14), de par com infiltração por linfocitos c algumas plasmacélulas. Em suma, na zona intermediária, o processo inflamatório é bastante intenso, tanto pela grande migração de neutrófilos dentro dos tubulos (íigs.9, 18 e 19), como pelas reações inflamatórias com edêma, granulocitos neutrófilos e proliferação histiocitária, no tecido intersticial. 3) Zona Medular: Esta apresenta um aspecto característico, dada a existência no interior de muitos túbul )s coletores de Belini (figs. 20, 21 e 22), (porém não em tedos), ora de cilindros hialinos, ora de cilindros de estrutura granulosa, ou, por vezes, contendo células descamadas e granulocitos ncutrófiks no interior. O tecido intersticial cm tomo e entre os túbulos, apresenta-se, porém, absolutamente limpo, isto é, sem fenómenos inflamató- rios (figs. 20 e 22). Tal aspecto contrasta de modo imponente com as reações inflamatórias intensas que descrevemos acima, na zona intermediária, e, cm focos, no córtex. Alguns túbulos de Belini, apresentam as células epiteliais simplesmente descarnadas, porém sem nenhum vestigio de cilindros em seu interior fig. 20). Pelo método da reação á Benzidina de Eepehne, os cilindros contidos nos túbulos, tanto na zena medular como intermediária e mesmo alguns no córtex, apresentam coloração marron escura, isto é. positiva para a hemoglobina (Microfcto 13). SciELO 10 11 12 13 Meou In*. Batmtin 24 ( 2 ) :28I-316. Irr.* 1*5- M . OE FREITAS AilORlVI * R- FRAKCO DE -EU* 285 1W ' # 1952 . , uu ausÉnc * de inflamação « zona medular Em r.-zumo: Desejamos cortf5 . nitrando ^ « tipico, olmdro, a uai se apresenta coroo uc liroí» ^ U(lo> contrastando com esse tact . de hemoglobina no interior dos distribuição cn. foco, no cortex ^m^to — -szzz .:ss£-* a,ím *- wtwot f Nos deroais órgãos, observamos. ^ ny)4tra: Zonas dc atclcctasia ao ! _ PulmSo: Examinado em 8 reg. moderada- Forte h.pcrrnua. Em lado d- outras com eníizema v.caruntc. - úmulam estase cm hialwti açãa 5£- «S - «nas Outras zor^ — « p^âMC, Kdcnia »-»» **»**« r* tr s: * As células dc Kuptcr sa ps pfcado roalanco. 4 — * '«» citoplasma. com hemorragias cm ‘Z^enso griu dc hiperemia f individuahzaçao do, sjn r^g ^ tle ecluU. ««ofiU. » _ ^ sff.ffff «Sr— *■ „„„dn «.fcnbdn. 10 - T«~* ; “ “ Sad» * hUlhtad» « •*»• ^ wto .-a*'. >*«— • "**“* ™ C, R O, «.«.!-*» »»• u ^ „ Perus. 1954 às 8 horas, quawlo tralal »a , rar :da &o No dia 8 de Fevere.ro * ^ , k um a cascavel. morta W<< ^ <||mi . ÜTiT STis -i-nL-fffcW-S-— ítuff --—£rrJ:“rr ■ - ^ Nada digno d, noU no. _ *, J. W» B - ' J ° perda da visão, tonturas. Tempera i,J0. Te ccagulação: 5 minutos. Tempo dc J ^ Butantan. as M * J Logo após as primeiras «^iS ^P-r pressão caia no l.° dia (™““ Urina a pouco, urina cor ’ muiiiiw nUTl f niais. teve queda palpcbral c me °r esta do geral 'alava me k» . Km 24 horas, a subir a 130/90. Dia 10. meUm ou do «•£ e ^ r- *, dU ,1 eufórico, porem >P r - c f “'^"“coloração vinhosa. Pressão subiu ^ ^ urinou somente 290 cm 3 , un Hosp iul das Clinicas pelo esta d,. itc d, fcwrdro W g tl ,,g„„ , „ «O- às 9,30 hs. do dia ^ jempre hemogloblnuru intensa. • Os exames de urina rc normaL havia anemia. Número de hemacia SciELO 10 11 12 13 14 15 16 cm 2S6 NEFROSE DO NEFRON INTERMEDIÁRIO NO ENVENENAMENTO CROTALICO HUMANO A autópsia foi feita no Laboratório de Verificação de Óbitos do Hospital de Clinicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paula, pelo Dr. José Lopes de Faria. O exame histopatológico relatado a seguir foi feito por nós no Instituto Butantan. RELATORIO HISTOPATOLÓGICO (Inst. Butantan, 4.° 338, serie B). Rim: S r a sona medular nota-se forte hipcrcmia e dilatação dos vasos, mas com as hemácias bem conservadas (fig. 8). Contrastando com essas imagens, vêm-sc outras, aparentando pseudo-trombos hialinos, formados por amontoados de granulações vermelhas, conglutinadas ou hialinizadas, pór(m situadas no interior de túbulos renais. Estes são constituidos principalmente por tubos coletores de Bclini e possivelmente partes ascendentes da alça de Henle. Na sono eortical nota-se a maioria dos túbulos ccntomados, contendo um material finamente granuloso, ou reticulado, de albumina coagulada. Xas alças de Henle, tractos inter- calares c tubos coletores, vcm-sc cilindros de granulações conglutinadas (figs. 10 c 11). Muitos glomérulos estão fortemente hiperêmicos, notando-se bastante albumina coagulada na cavidade da cápsula de Bowman. Xão há hemácias c nem hemorragias nos glomcrulos. As alças capilares são dilatadas, sendo muitas vazias e abertas, outras contêm hemácias (fig. 6). Os túbulos contornados de 1.* ordem, mostram tipica inchação turva, sem degeneração grânulo-hialina (fig. 11). Os túbulos contornados de 2.» ordem que contem cilindros hia- linos ou granulosos, fertemente corados pela cosina, apresentam a parede desfeita em vários trechos com aspecto nccrótico ou necrobiótico. Os núcleos das células desses tubulos mostram hipercromatose c pienose, muitos desaparecem. O citoplasma apresenta-se ora vacuolizado claro, ora finamente granuloso, ora contendo granulações ou massa irregulares, fortemente coradas pela eosina, ue se continuam com as massas coaguladas uc enchem a luz do túbulo. Xos perparados corados pelo método de Masson, as células destes túbulos toma muma coloração roxa, enquanto que os cilindros e as granulações se coram cm vermelho vivo. Em vários túbulos, vcm-sc as granulações vermelhas volumosas no cito- plasma das próprias células, demonstrando tratar-se de degeneração grânulo-hialina das células, a qual é responsável pela formação de ciiindros. Xão há íenomenos inflamatórios uasc enchendo a cápsula, porém sem aumento evidente do número de núcleos. Xos cortes por congelação e corados pelo Sudan III, não há nenhum indício de esteatose degenerativa nem nos glomérulos nem no estroma. Sómente raros glomérulos apresentam-se tumefeitos, nem da zona medular e nem da zona eortical. Os cilindros dos túbulos mostram-se for- temente tefringentes, com extrutura granulosa, ou em massas compactas e hialinas, forte- mente coradas pela hematoxilina. Pelo método de Weigert para a fibrina, os cilindros se coram cm azul, mostrando porém uma extrutura granulosa. Pulmão: Forte hiperemia e edéma em várias regiões, distribuídas em focos, entre outras, com cnfizèma vicariante, li- geiramente anêmicas. Coração: Infiltração inflamatória por granulocitos neutrófilos no tecido gorduroso pericárdico sem deposição fibrinosa. Miocárdio: nada de particular. Baço : Intensa hiperemia, principalmente dos cordões de Billroth. Seios venosos vazios e dilatados. Foliculos linfáticos: nada de particular. Fígado: Discreta hiperemia do figado. Necrose c esteatose ccntro-lobular. Xas células degeneradas notam-se pequenas inclusões eosinófilas no interior de um vacuolo claro. Caso III: J. M. A., 12 anos, branco, brasileiro, procedente do Colégio Adventista, Santo Amaro, picado por C. t. terrificus, às 13,30hs. do dia 15/10/1952. Fci apresentado ao cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Mcm. Inst. Bntaiitaa 24(2) :2 15-224, fcr.» 1952 M. DE FREITAS AMORIM & R- FRANCO DE MELLO 2S7 ambulatório do Butantan às 19,00hs do dia 15/10/52. onde recebeu soro is 21.00!u. Foi removido ao Hospital das Clínicas onde faleceu em 22/10/52, as • * . T '?. , , , , snrrto cr anu omatoso. Alguns desses nodulo» histiocitanos sao desse modo, por vezes, um aspecto K ,JIIUIUU . , , . . Muito* isolados e muito pequenos. lembrando pelas suas dimensões. nódu^ de AK^Í. X uno, tubos coletores parecem estar também intensamen.e lesados nestes ^ mostrando, de mistura com os cilindros, células descamadas c numerosos núcleos cm P«~ Outros trecho# mostram edéma intersticial e apenas discreta infiltração mflamator •difusa por liníocitos e alguns granulocitos eosinófilos e raras plasmacelubs. I I SciELO 2SS NEFROSE DO NEFRON INTERMEDIÁRIO NO ENVENENAMENTO CROTALICO HUMANO Zôna medular: Em plena zôna medular vètn-se muitos tubos coletores, na maioria- com a parede bem conservada e ostentando cilindros no lume. Nenhuma reação inflamatória intersticial. De tal modo, a zôna medular e papilar têm sempre o aspecto de “ limpas”, sob- êsse ponto de vista em relação à zôna limitante, onde as lesões degenerativas e inflamatórias- são evidentemente mais intensas. Cortes em congelação corados pelo Sudan III, não mostram nenhum indício de degene- ração gordurosa ou lipoídica, uer no córtex, uer na zôna meudular. Nos preparados pelo Masson-Malory, muitos cilindros tomam uma côr vermelha viva,, outros rósea, e outros, ainda, uma côr carmim escuro. As artérias e arteriolas nada mostram de particular. Pelo Yan-Gicson, alguns cilindros tomam uma coloração amarelo dourada e outros alaranjada clara. Conclusão: Isquemia do córtex. Forte inchação turva dos túbulos contornados de 1.* c de 2.* ordem. Forte hipe remia da zóna limitante, com hemorragias intersticiais; numerosos cilindros e túbulos em nccrobiose. Reação inflamatória de caratcr histiocitário, granulcma- toso, sub agudo, em fócos, entre os túbulos, na zôna limitante. Zóna medular contendo apenas numerosos cilindros de hemoglobina nos túbulos coletores, de regra sem lesão das células parietais. Trata-se de uma neírose predominante da zóna intermediária ou limitante do rim com reação hipcrémico-inflamatória secundária cm fócos de aspecto granulomatoso. DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES GERAIS Em resumo, nos 3 casos por nós observados, trata-se, como vimos, de indi- víduos que, após a picada por serpente da espécie Crotalus t. tcrrificus apre- sentaram uma sindrome caracterizada soí ve tudo por uma anúria grave c progres- siva, urina sanguinolenta com coloração vinhosa, hemoglobinúria, com ]>ertur- hações visuais e outros fenómenos neurológicos, dando-se o êxito letal em poucos dias (3 e 8). Na autópsia, as lesões principais se observavam quase exclusiva- mente nos rins, sendo caracterizadas por lesões degenerativas graves, necrobió- ticas, predominando na parte ascendente da alça de Henle e túbulos contornados de 2. a ordem, portanto, no segmento chamado “segmento intermediário” de- Schwtigger-Seidel. Neste encontramos, desde a degeneração grânulo-hialina das células, com pienóse, cariolise, etc., degeneração vacuolar, esteatose e desa- parecimento de muitas células (fig. 7). Na luz dos túbulos, notam-se cilindros de estrutura hialina, formados ora j>or massa única, (fig. 8), ora por fragmentos irregulares ou globosos, de coloração pardacenta ou marron, parda-avermelhada ou suja nos cortes corados pela hematoxilina-eosina, os quais davam tipicamente a reação da benzidina pelo método de Lepehne, (fig. 13), demonstrando a sua natureza hemoglobínica. Na zona medular, os tubos coletores apresentam as células ilesas, porém no seu interior, ostentam, em grande número, os típicos cilindros hialinos de hemoglobina, principalmente, em nosso primeiro e terceiro casos, acompanhando- cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Mem. Inst. ButanUn M. DE FREITAS AMORIM à R. FRANCO DE JIFJ.I.O 24 ( 2 ) :215-224. frv* 1952 as leites degenerativas ou parenquimatosas mais graves, notava-sc uma forte reação inflamatória do tecido intersticial, com edema c migração dc granulocitos neutrófilos, linfocitos e plasma-celulas, e, cm certos treclios, marcante reação histioc. : ‘ária ( f igs. 12 e 14). Muitos cilindros eram então invadidos, também por gramdccitos neutrófilos (figs. 18 c 19). Tais lesões inflamatórias, rcacionais- ou secundárias à destruição necrobiótica do epitelio, aoompanhavam na sua in- tensidade as próprias lesões degenerativas c portanto eram mais notáveis n<> córtex renal e na zona limitante do rim em torno das jwrtes ascendentes das alças e tubos contornados de segunda ordem. onc!c jx>r >ua vez a> looes dege- nerativas eram mais graves. Na zona mer nós se sobrejx>em exactamcntc às conhecidas na literatura, desde às descrições feitas na Alemanha j*»r Minami. Hackiadt, Bredaucr (1917-23) sob a designação dc "Verschüttung^-XcphrQSc” ("Nefrose dc Soterramento”), c mais tarde, somente dc l^JJ em diante. 20 anos após, bem estudada nos jxiises dc lingua inglesa, I»>r Hywatcrs e I.iblc. Lticke e outros, sob a designação dc “Cmsh-Syndromc , l>em «mijo por Ham- burger na França e etc.. Dada a importância fundamental do conhecimento desses tralxilbos para a boa compreensão do assunto, passamos adiante a uma analise detalhada das questões mais importantes contidas nos mesmos, imprescindõei' jura a imrr- pretação de nossos achados, bem como do conceito de nefrose e da nomemlatura mais apropriada a ser atribuída a essas lesões. ♦ * * Scigo Minami (1923), dc Tokio, trabalhando no lalwratório do Proí. Pick em Berlim, publicou os seus achados sobre o rim em 3 casos do material dc guerra colecionado pelo Proí. Pick dc típica nefrose após soterramento (“Xe- phrsíse nach Verschüttung”). Xo mesmo material. A. Lewins. outro discípulo do Instituto de Pick, havia estudado as necroses musculares, em sua dissertação inaugural. Segundo Minami, Herxheimer, Dietrich, Grãff c outros já haviam descrito bem as inflamações renais agudas, puras, observadas durante a guerra. Quanto às alterações, puramente parenquimatosas, predominantemente tubulares do run. I, | SciELO -XXI XEFROSE DO XEFRON INTERMEDIÁRIO XO ENVENENAMENTO CROTALICO HUMANO haviam sido também estudadas por Hackradt, em sua tese inaugural, de Mu- nich, 1917, e por Groll, no tratado de Schjeming (1921) sobre a experiência médica na guerra mundial em 1921. Quanto às necroses musculares, observadas nos casos de soterramento, primeiro por L. Frankenthal, depois por Borst e Pick (e comunicados por Hackradt e Lewin), foram consideradas como características ou tipicas, espe- cíficas para soterramentos por Frankenthal. Elas se produzem sem lesão de- monstrável da parede vascular e sem formação de trombos, sob a forma de ex- tensos focos, na musculatura das extremidades, principalmente nas inferiores. "Wieting relaciona-as menos com a estase linfática e sanguínea de que com uma degeneração parenquimatosa dos elementos musculares. Groll considera-as uma espécie de embebição ácida osmótica ou coloido-quimica em consequência de um acúmulo de produtos do metabolismo. Outro grande grupo de autores (Dietrich, Bors, Schmincke, Wieting, Pick, Groll, Bredauer, Küttner), aceitam a concepção original de Frankenthal que considera a músculo-necrose como is- quêmica. A isquemia seria devida à uma compressão direta do território ou do vaso principal, ou seria de natureza zvsomotora (Borst). Para Pick poderia ser “indireta”, secundária à uma lesão dos nervos vasculares. Groll salienta a significação das perturbações vasomotoras como a expressão de um determinado estado dc choque. Por isso. Bredauer fala nesses casos de infartos anêmicos do rim, baço e fí- gado, produzidos do mesmo modo como a anemia da pele ou das vísceras, também encontradas, por desvio da distribuição do sangue. Não seriam devidas às lesões vasculares ou trombos, porém a espasmos vasculares de condição trau- mática, no sentido de Borst caracterizou as nefroses agudas por êle encon- tradas após soterramento, como vasomotoras. Hackradt distinguiu também, nitidamente, entre as nefrites de guerra, propriamente ditas, representadas pro glomerulonefrites agudas hemorrágicas com todos os sinais característicos da in- flamação, da nefrose vasotnolora aguda mortal, condicionada pelo soterramento “Verschüttungs-nephrose”. Nas suas figuras, Minami reproduz tipicos cilindros da zona medular, bem como ? infiltração dos mesmos por células redondas pequenas. Os cilindros são mais ou menos pardacentos, pigmentosos, e não raros nas alças de Henle, mais raros nos túbulos contornados (pg. 257). São irregulares, dando uma reação pardo-escura nos cortes pelo método dc Lcpcnnc a bencidina. Nos 3 •casos, a reação do ferro foi negativa, bem como a reação ao Sudan. Diz que nos stus casos, os achados no rim se superpõem aos de Bredauer. Trata-se de indivíduos sadios que vêm a falecer do 4.° ao 7.° dia após o esmagamento < Vcr>chüttung). Macroscopicamente, os rins apresentam-se aumentados de volume, flácidos, •cápsula facilmente destacável, superfície lisa. Superfície de corte: córtex largo. SciELO 10 11 12 13 Mcm. Inst. ButanUn 24(2):281-31í, fer.» 1952 H. DE FREITAS AMORIM 4 R- FRASCO DE MELLO 291 amarelado-róseo, tumefeito, turvo, desenho apagado, medular contrastando for- t emente pela sua côr azulada escura, róseo ou mesmo violácea. Microscopicamente: glomérulos não aumentados de volume, e, o que e importantíssimo, “tanto nos glomérulos, como nos mais finos «sos sanguíneos renais, encontra, em nenhum dos 5 casos, um desvio do conteúdo sanguíneo habitual” (pg. 259). A cavidade da cápsula de Bowann contem deposições, finamente granulosas. Em contraste com estes achados, os canal.culos unnanos e principalmente os “Tubulicontorti”, apresentam quase sempre notáveis altera- ções, cem a imagem conhecida da degeneração parenquimatosa aguda, ou netrosc aguda, e os característicos cilindros de pigmento, pardacentos sujos ou cinzento pardacento, principalmente nos tubos coletores, nas rad.açoes medulares. Dao sempre reação de benzidina pelo método de Lepehne. sendo negnuvasao . u.bn e à reação do ferro, e positivas à coloração pelo sulfato de “NUblau c vermelho neutro, bem como à coloração de Smith-Dictrich. Por êste comportamento morfológico c microqu.m.co. Minam. «"‘erpreUo pigmente dos cilindros, como coos.ih.ido por mha.hcomslot.ma. cora. hooh cm Bredauer. Scsondo Minnmi. existe. pois nesses casos, uma nefo ose . coosboud, com ii.fartos dc mcta-hcmoglobina, mais ou orenos m.cos.voc A ausenma d ““ substância nos glomírolos c na cavidade capsular sem ...sportamer c«. rolacor, ao local c teoria .la eliminação da hemoglobina. Cmrl.no. a olea deWhrM senlido, segundo o qual entrariam em consideração, somente o cp. buli-contorti" de 1.» ordem e o da alça de Henle. M«~o chmrameme. ^ racteres da urina indicam a existência dc uma meta- emog g 0 hemoglobinúria. Cita dc passagem, entretanto, que em - caso . • . CO-hemoglohina no sangue do cadaver, perhda pelo ro ■ ' , tiva. Discute a ação do frio sobre a produção de uma heumglohn ejnmto globir.úria a qual (oi produrida experimenlalmen.c oo coelho (G,cse outro.) por congelamento e sua possibilidade nos soterrados. Minami considera ta„,bém. coo. Bredauer. a inlluénca de pro .luto. ldx .co. do metabolismo, oriundos da extensa destruição e a «O'"'- , . j triadou a qual produziria a destruição de glóbulos venoelhos e a fonnaçao d. destruição aguda de substância muscular prde coodicmnar uma h< moglobinemia e ^ retirado da patologia animal. Na f •». m .,i • acnm . . ‘ ., rT1 narexvsmalis mvogloliinaemica equi , a qual c acom conhecida por m)Os.t,s ^ ^ ^ degenemivas de vátios grupos panhaoa de paralisia cn.ra . ^ Kjtt (191 i). agiriam, como que j* eu, 1» hemoglobinenua, porem da ehminaçao ae suo.uu I, | SciELO 292 NEFROSE DO NEFRON INTERMEDIÁRIO NO ENVENENAMENTO CROTAL1CO HUMANO Conforme as novas investigações de H. Günther (1921), tratar-se-ia de tnio- globtra, aparentada, quimicamente com a hemoglobina, portanto de uma mioglo- binemin e mioglobinúria. Meyer-Betz (1911) descreveu também em um jovem de 13 anos, uma afecção idêntica à dos equinos, com hemoglobinúria paroxística “per-acuta” e graves paralisias musculares. Portanto, nêsses casos, tratava-se de cilindros de mioglobina no rim, embora Minami chame a atenção (pag. 263) que tal deter- minação deveria ser feita, mais precisamente, por pesquisas exatas quimicas e espetroscópicas. Minami lembra também o papel tóxico possível das massas proteicas em destruição, das quais a mais estudada e capaz de produzir um choque mortal seria a histamina. Bredauer concebe a nefrose, como desencadeada por um mecanismo vaso- motor no sentido de Borst. Minami, porém, considera que como nos seus casos, bem como nos 2 de Bredauer, não há nenhuma base para admitir um desvio da circulação renal, que a mesma noxe autotóxica poderia condicionar, tanto a lesão parenquimatosa do rim, como a meta-hemoglobinemia e a meta-hemoglobinúria. A destruição de glóbulos vermelhos e a nefrose seriam pois sinais coordenados da auto- intoxicação. O seu mecanismo é, portanto, diferente do da “nefrose aguda mortal vaso- motora” após esmagamento, dos casos de Hackradt. Nestes, o rim mostrava muitas pequenas hemorragias na supcrficie e os duetos coletores apresentavam 0 lume. não raramente, cheio de verdadeiros cilindros hemáticos. Nos vasos aferentes e capilares glomerulares havia massas homogêneas, como expressão da êxtase, portanto para esta forma da nefrose aguda, podia-se admitir uma génese traumática-vasomotora, no sentido de Borst. Nos casos observados por Minami, ao contrário, tratar-se-ia de uma forma traumático-tóxica de lesão aguda do pa- rênquim arenal. Para tornar mais claro esse pensamento, poderiamos concluir portanto que, 1 — Forma traumática-vasomotora de Borst e Hackradt : 2 — Forma traumático- segundo a concepção de Minami, haveria 2 formas de nefrose pro soterramento r tóxica de Pick-Minami. Bywaters e Dible (1942), reuniram em seu trabalho 22 casos, 10 dos quais haviam sido já relatados por vários autores. Em alguns destes, como referenv só tiveram accesso a blocos ou a cortes em parafina já corados. Em todos a urina aparecia escura ou vermelha, acida, contendo albumina e dando a reação positiva da benzidina. Ao exame espectroscópico encontravam-se as faixas características de absorção da miohemoglobina. O sedimento demons- trava cilindros e raros eritrocitos. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Mem. In»'. Batantm 24(2 1 :281-316. ftv.- 1952 M. DE FREITAS AMORIM A R FRANCO DE UEU.O 293 Na cura, o paciente podia parecer bem, excepto pequena mchaçao no n.ent Na cu™, * sobrevinha oligúria ou anuna. aumento bro comprimido. M-» c «*** n o sangue. Morte no fim da pn- de concentração da u , 1 Bsts AA . encontram também a mcsnu meira semana, ou cura apos d - • origens, Microsco, ficam enU síndrome «n casos de muscUr de^on^ a, ia- encontram completa necrose cm peq Hcn , e c Q «*gundo túbulo gindo mais severamente *£™**™™' do cilindro no tecido intersticial co,n contornado; ruptura do tulue t niais adian tadas nota-se fibrosc. Tentro dos t^los. t or leitos ser ascética e não há pielite; soem dois casos ela se extern, atingindo o segundo túbulo contornado. colcto res, vendo-se em muitos. Os cilindros sao mau, típicos ulojOS ou homogéneos. Não dão cm cortes transversais das pai ilas - - j Rimington mostrou o a rcac» dc Pds. A rca Ç ac. '^Vridi,,. c «ca.c - «spcctro da ,»r,dma.l.ca.«r..i...*ctico 1 „ ci li„dr„, rcrtcccn dutor. Portanto as substancias I - nwstrou «^er mio-hemoglobina, ao grupo haem dc pigmentos c con a a jiigment is miohemoglobine or onc of it> tcn . descrita já durante 5— « r ,cí t zzzrsx** s*. ’ a primeira grande guena n ■ • -^do na literatura inglesa ou Kayscr, quando nada havia ainda m<1o K americana. . . : bi para Bywaters c Dible Quanto á patogenese do qxvsAro rc . ■ . q , nccAnico dos túbulo*. á uma hemólise mtra-vascular e nao a um . ikc rvienso sobre o assunto, refere também Lucke, (1946), em um trabalh ° ” . ' cm um a grande variedade de que lesões idênticas sao sempre cm isquan as musculares não condições como: traumatismo* >o „ incompatível, inalação, nulá- traumáticas, queimaduras, tran * 1 . eclampsia e lesões utero-placentares. * r Fal ^ ,n,m - -c— oc po, cenos npcuc vc alcalose, mtoxicaçao pela - ,« n creatite aguda, choque por vánas C*U- getais e químicos, anemia hemo it t • ■ 1 os m dc um mesmo sas. Todas estas condiçoes tui > . , - renais O predomínio tipo padrão definido de alterações funcionais e lesões rena... 1 (•) prifad» r°» o6á - 1, | SciELO 294 NEFROSE DO NEFRON INTERMEDIÁRIO NO ENVENENAMENTO CROTALICO HUMANO de cilindros de heme”, as lesões de natureza primariamente degenerativa, le- varam ao uso do termo “nefrose hemoglobinúríca” para caracterizá-las. Porém considerando que “the location of the lesions is so characteristic and unique that the termo “lower nephron nephrosis” seems more descriptive and has been adopted”. Suas investigações são baseadas em 538 casos fatais do Instituto de Pato- logia do Exercito, durante a última guerra (Army Institute of Patholojrv) Washington. J Os tubulos coletores se apresentam raramente lesados em grau significativo, mas seus lumes podem ser obstruídos com cilindros de “heme”. O estroma, como descreve Lucke, no texto e demonstra em suas microfotograíias, é edema- toso e exibe uma reação inflamatória em fócos, em torno da desintegração tubular. Xo inicio, as células participantes são predominantemente liníocitos e histiocitos; granulocitos são usualmente raros e células gigantes, ocasionais Ulteriormente, aparecem fibroblastos e cicatrizes. “Quando os túbulos se tor- nam necróticos eles se podem romper dentro de uma veia, induzindo fenómenos e trombose. Os trombos usualmente são parietais, raramente oclusivos. Glin- ros de heme compostos, são usualmente mais conspícuos nos túbulos coletores do que no nefron inferior, mau grado as alterações degenerativas raramente atingirem os túbulos coletores e a maioria destes aparecer normal. Quanto à patogenese dos distúrbios, Lucke consigna que, quando a destruição de células vermelhas é grande, como em uma hemólise intra-vascular extensa, nem toda a hemoglobina liberada pode prontamente ser metabolizada em pigmentos biliares e grande parte dela passa através dos filtros glomerulares por um mecanismo ainda discutido. A permeabilidade glomerular é alterada ou aumentada pelo mecanismo seguinte: quando a concentração de hemoglobina no plasma excede certo nivel, ela exerce uma ação vaso-constrictora específica, transitória, sobre as arteriolas renais (Mason e Mann). Surge, experimental mente, uma albuminúria transitória por aumento da permeabilidade dos capilares glomerulares, o que induziria também uma hemoglobinuria, nos caros em que a hemoglobina é injetada intravenosamente, mesmo em experiências humanas. ais alterações da permeabilidade do capilar seriam devidas á falta de oxigênio subseqüente a vaso-constricção arteriolar. É geralmente aceito que os poros das membranas são menores do que o diâmetro da molécula de soro-albumina, cujo peso molecular é aproximadamente, / 0,000, c a qual normalmente não passa através do glomérulo. A molécula de hemoglobina tem aproximadamente o mesmo peso, sendo possivel que uma pequena proporção, talvez 3% (Lucke) dos poros capilares seja suficientemente grande para permitir a penetração da hemoglobina, ou que a hemoglobina possa se dissociar em moléculas de menores dimensões que possam então passar através da maioria dos poros dos capilares normais, e, principalmente, que a permeabi- SciELO 10 11 12 13 14 Mna. Inst. Butanun 24(2j :2$1-316, f*Y* 1952 M. DE FREITAS AMORIM A R- FRANCO DE MELLO 295' lidade glomerular seja aumentada, e, portanto, todos os poros sejam alargados (Yuile, Bott e Richards )(dt. por Lucke). Uma porção relativamente pequena de hemoglobina é rcabsolvida pelas células do segmento proximal, por um processo semelluntc ao da tagocitosc (Yuile). Segundo Bywaters e Stead a injeção intravenosa da mio-hemoglobina leva a insuficiência renal com retenção de pigmento, quando a acidez da urina alcança níveis de pH 4,5 a 6,1. A hipótese de que a acidez da urma e de primeira importância na génese da desintegração renal levou ao uso terapêutico, da alcalinização nos casos de tráuma muscular severo, ou de hcmohsc intra- venosa, embora outros autores pensem de modo contrario. Quanto á idéa de que a isquémia renal, c consequentemente a anoxia. c de importância fundamental na patogenese destes distúrbios, Lucke relembra aqui o famoso ditado de Haldane: “Anoxia not only stops the mach.ncry but wrecks the machine”. Assim todo o agente que diminui a circulação san- guínea nos capilares glomerulares c peri-tubularcs, reduzindo a pressão nestes capilares, leva a uma diminuição da filtração c do suprimento essencial de oxigênio. Concluindo (pag. 394) Lucke. resume as lesões cspecincas que ocorreu no rim como esscncialmcntc c selectivamentc restritas aos segmentos inferiores, do nefron, sendo caracterizadas por “degeneração focal, ou netrose. presença de cilindros de “heme”, reações inflamatórias secundárias no estroma circutija- cente e trombose das veias de paredes finas. Quanto á patogénese relembra, em suas conclusões, que provavelmente vários fatores estejam combinados, entre os quais: produtos de degradaçao da mioglobina e hemoglobina, produtos da destruição de tecidos, alteraçao Iimco- quimica do sangue e dos fluidos do corpo, choque e distúrbios do atluxo san- guíneo renal resultando em isquémia do rim c anuria. * * • Entre nós Pizarro (1950). cm longo trabalho, passa em revista as varias condições mórbidas capazes de desencadear a sindrome, rcsumin o-as cin - condições principais, entre as quais porém não menciona o emenenament ti Em seu trabalho, estuda principalmente a incidência dessa sindrome em casos obstétricos, bem como a respectivo mecanismo patogenético. CONCEITO DE XEFROSE Hamburger (1950), cm suas obsennções, salienta o lato ,1c que as alte- rações tubulares maciças se ajuntam, muitas seres, focos < e nccro reação do tecido intersticial cora Infiltrados Unfoplasnraatam». lesões infla, tu- tórias peHvasculares, além de um certo grau de probíençao fibtolasttras e tromboses intra-vasculares. Porisso. ‘n rcr.no -e/rorc nde detv rrr «Wo d„ 1, | SciELO 296 NEFROSE DO NEFRON INTERMEDIÁRIO XO EXVEXEX AMEXTO CROTAL1CO HUMANO Hamburger. "porquanto leva a uma confusão triste com a sindrome nefrótica e outras nefropatias (como a nefrose lipoidica) e porque a reação intersticial acima demonstra que o processo c inflamatório tanto como degenerativo, merecendo o nome de nefrite”. Hamburger afirma ainda : “As lesões tubulares se extendem a todo o comprimento do tubo, afetando tanto o tubo proximal quanto a alça de Henle e o tubo distai. Por esta razão, parece-nos inexato uti- lizar o termo " loivcr neph-on nephrozis” proposto por Luckc cm 1946 e que parece ser rapidamente generalizado nos países de língua inglesa. A expressão tubulo-ncfntc que opõem esta classe mórbida às nefropatias glomerulares é certamente preferida,” conclui Hambt rger. Hible (11), salienta igualmente serem as lesões extensas à todo o nefron e não somente á parte distai. Alias, e sabido como o próprio conceito de nefrose tem sido discutido, sobretudo nos últimos tempos. Mesmo entre nós, já Lemos Torres e Lemos Torres, em 1940, acentuavam •como tal conceito muitas vezes se pode apresentar precário, dadas não somente as diferentes interpretações a lhe serem atribuídas (Fahr, Randerath), como também os desacordos anatomo-clinicos çue os dois autores não raro encontraram em seus propnos casos. Salientam as dúvidas existentes no conceito de nefrose, acentuando que "as entidades nosográficas são noções abstratas resultantes dé uma generalização esquemática por mera necessidade de classificação”. Porisso, os Lemos Torres já, nessa data. lançam a interrogação, si devemos “recusar á Jiefrose como uma entidade clinica autónoma”. Relembram a opinião de Ran- erat i segundo o qual nas nefroses não haveria uma degeneração primária do u o, mas sim que as modificações morfológicas destes, dada a unidade do nefron. sao causadas ]x>r uma perturbação funcional do glomeruio. com ou sem lesões demonstráveis histologicamente. Dai a definição de nefrose de Randerath. que constituiria “ primeiramente uma modificação da permeabilidade do capilar g omerular a qual pode ou não se acompanhar de lesões da parede capilar e secundariamente, provocar modificações morfológicas do epitélio dos túbulos e dos glomerulos ’. Fahr se opõe a esta concepção insistindo em sua divisão das nefroses em glomérulo-nef roses e túbulo-nefroses. do mesmo modo com , olhard, o qual admite como causa da nefrose a ação direta do tóxico, em geral de origem microbiana, sobre o parenquima renal. Assim. Lemos Torres e Lemos Torres como que antevendo as discusões que ainda devenam sobrevir sobre a pureza desse conceito, terminam afirmando, a gmza de conclusão “que o capitulo das nefroses não é ainda um terreno pacifico pois a discussão sobre esse assunto não se pode considerar como encerrada . Contudo, para justificar a conservação desse conceito, ponderam, ao terminar: “mas o espirito estudioso tem necessidade de uma unidade nas Jioçoes que ele adquiriu, embora seja esta unidade uma hipótese” SciELO 10 11 12 13 14 Jfrai. Inst. But-mUn 24<2):281-31í, f «.♦ !?52 M. DE FREITAS AMORIM 4 R. FRANCO DE UELI.O 297 Volhard, como é sabido, admite casos dc nefrose com predomínio de um componente neíritico, revelado por leve hipertensão c hematúria c sem lesões histológicas do glomérulo e já afirmava que não se pode muitas \ezes distinguir histologicamente a nefrose da glomeruloncfritc lc\e com predominância ncíró- tica, pois, entre ambas existe uma transição insensível. Conhecido é também o conceito dc Bell e Dunn que vão mais l"ngc, \cndo apenas diferenças de intensidade ou quantitativas dos sintomas nas duas entidade com transições insensíveis, e considerando, porisso, a neíro.-e como uma variedade especial de ne frite simples. Pouco mais tarde, cm 1942, o conceito dc nefrose sofreu grande revisão por parte do grupo de clínicos c anátomo-jiatolcgntas do Loniion-H>>spit.d . Assim Ellis (1942), em um dos trabalhos cm que resume as observações |*cssoai> de cerca de 20 anos, c de 10 anos cm colaboração com os Ilrs. II. Evans e l . Wilson, referentes a um material dc 000 casos estudados clinicamentc c 3"0 com autópsias e estudo histológico sobre a chamada moléstia de Bnghst, afirma. “I do not think Ihal this conccption of nephrosis as a separate fniity is jtulified ’. “Em nossa experiencia, diz ele, si o paciente com a as-nu ilum.id.i ncphfOSÍS não morre nos estágios precoces ou não sara, ele se toma jx»tcri<>rmcntc m«h - • tínguivel de um paciente com a nefrite do tijx> 2 . Além di>-<>, >i examina rim» casos dc falecidos nos estágios precoces, liá uma graduação no qu.n.ro hi»t*>lo„icu da assim chamada nepUrosis para a nefrite tipo 2. No mais das veres, vários casos tidos clinicamente como ncíroscs mostram as alterações histologkns «la nefrite tipo 2, enquanto, ao contrário, alguns jwcicntes que nós r«?cnhcccm<>s clinicamente como nefrite tipo 2, durante a vida, revelam na autopsia o quadro histológico de nefrose". “Na minha opinião, afirma Ellis , a diferenciação essencial não se acha «mtre nefrose c nefrite, mas entre a nefrite t ijso 1 i a tipo 2 ; se a separação é feita neste ponto ,os casos da chamada nefrose caem naturalmente em seu lugar com outros exemplares a nomenclatura de Policard, o que ele chama de “segmento intermediário” corresponde aos segmentos D, E, F, de Peter, caracterizando-se por um epitélio a bastonetes basais, sem cutícula e sem limites intercelulares nítidos. Este segmento a bastonetes sem cutícula estriada (segmento III) compreende o ramo ascendente da alça de Henle e o segmento intermediário. Segundo Hovelacque e Turchini, 1938 (pgs. 209-11), “o segundo segmento contornado, longo de 6 milímetros” é chamado por “peça ou segmento inter- mediário de Schweigger Seidel (1865), segmento intersticial, segmento inter- calar, segmento distai ( tubulus contortus II, pars convoluta II) do tubo urinário”. Os autores usam, porém, em todo o texto, mau grado essa grande sinonimia, a designação de segmento intermediário. E concluem ainda que “a divisão clássica de Schweiggerseidel permanece contudo como “Ia plus generalement adoptée”. Celestino da Costa (1944) tomo 2, l. a parte, 2. a edição, pg. 214, diz: “esta segunda porção cortical, alargada, do ramo ascendente da ansa, recebe os nomes de, peça intermediária de Sdnveigger-Scidel, segmento distai do tubo urinífero. ou tubo contornado II. (*) (*) grifado por nós. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Mero. Ins». BuUnUn 24(2):281-J16, fev.* 1952 M. DE FREITAS AMORIM S R. FRASCO DE MF.UjO 299 Confirmando o conceito de H. Braus (1924), Celestino da Costa acres- centa que o “conjunto de segmentos aqui descritos representa a pane do tubo urinífero relacionada com a formação da urina; é este conjuntt o “neírònio". Realmente, como se sabe. segundo H. BlSUS (1924 ), os primeiros segmentos do tubo urinífero ou rephron constituem a parte secretora do rim; o último, a parte excretora. No trabalho de Lucke, nota-se como esse autor adota o termo de ncíron rior, no seu esquema, sem entretanto, mencionar essa numerosa sinonímia encontrada na literatura jiara as diversas |>artt> do tuins urinífero. Assim sendo, baseados já nessa própria multiplicidade de nomenclatura que atribui ao mesmo segmento, ora a designação de "segmento distai «u micrior . ora a mais freqiientemente adotada de “segmento intermediário (Hovelacque e Turchini), <1- evidente que na patoiogia renal, tanto se poderia designar os quadros cm que predominam lesões do segmento intermediário, como nctrosc do nclmn inferior, ou como nefrose do nctron intermediário. Tudo dijK.ide apenas termos que o A. usasse habitualmente para designar, na histologia normal, a parte correspondente do túbulo: si o termo usado fosse segmento dist.d ou ícrior", então seria preferida a designação de nefrose do ncíron inferior, fez Lucke. Si, porém, se prefere, c é o que nos parece mais justo, a designação de “segmento intermediário” para a designação dessa parte do tubulo renal, então dever-se-á adotar, para designar a smdrome respectiva, o termo "nefrose do nefron intermediário”, que propomos, assim neste trakalho. Este modo de encarar teria tamliém talvez a vantagem de deixar reservado um nome, para quando pretendéssemos 1 «atirar os quadros renais em qui a lesões predominantes se localizassem realmente na zona medular ou nos tu «os coletores, que afinal, convenhamos, constituem no potilo 'ie '* ,a e. tritame da patologia, os verdadeiros segmentos distais ou inferiores d" tu.m > Não do “nefrônio” certamente, pois este i>or definição, ou p«>r convenção ado- tada até agora, se convencionou chamar somente a jsaru secretora «o tu renal. Mas o túbulo propriamente se continua até os coletores, na papila rena Ora, acontece que os exemplos de tais lesões predominantes na /< na medula do rim, não são raras. De um lado estão aquelas produzidas pea a n,a 11 no rim, de outro aquelas produzidas na zona medular por condiçoes ct.olog.cas as mais variadas, principalmente em certas intoxicações experimentais relembra- das ainda recentemente por White. Mori e Chavez (joum of Nat Cancw Inst 1952), como intoxicação peto vinvlan.in (I.evaditis tc.rnhvdropunolma , Kehn>,. bromthylaminobromidrato (Oka), em ratos pela exclusão de gorduras na dieta (Burr e Burr, Borland c Jackson), etc. Seria, então, o caso de se perguntar: mm estas, verdadeirament. formas mais legitimas de nefroses do ncíron inferior.' I I SciELO 15 •JAA NEFROSE DO NEFRON INTERMEDIÁRIO NO ENVENENAMENTO CROTALICO HUMANO Ora, é evidente, que a aclopção de uma tal classificação nesse setor das mo- léstias renais, implica em um alargamento ou revisão do conceito do nefron. Tentamo-la aqui, não baseados puramente na histofisiologia e embriologia do rim, mas nas necessidades da patologia, e encarando a questão, não do ponto de vista estritamente funcional que permitiu a subdivisão clássica do tubo urinário em duas partes, a saber, nefron (parte secretora) e tubo coletor (parte exclusiva- mente excretora), mas empregando a expressão nefron somo sininimo de tubo urinifero em toda a sua extensão, em todos os seus segmentos, bem entendido, daqueles que integram a totalidade do parenquina renal e somente esta. As considerações acima são feitas não no simples desejo de crear novos nomes, por ventura complicando nomenclaturas simples já existentes, o que absolutamente não é o caso para o rim, como vimos, mas de ventilar efetiva- mente o assunto oferecendo ao delate novos pontos de vista que possivelmente podem se tornar úteis na classificação e conceituaçãc das moléstias renais. RESUMO O problema das lesões produzidas pelo veneno crotálico no homem foi pouco estudado até agora. Em vista do seu grande interesse para a patologia, os autores relatam o estudo anátomo-patológico minucioso dos achados feitos em 3 casos humanos de envenenamento por cascavel. O primeiro caso foi autopsiado no Departamento de Anatomia Patológica da Escola Paulista de Me- dicina, possuindo a descrição completa dos achados em todos os órgãos, tanto macro — como microscópica. Os 2 outros foram autopsiados no Serviço de Ve- rificações de Óbitos do Hospital das Clinicas, tendo sido enviados gentilmente fragmentos dos órgãos principais ao Instituto Butantan, onde foi feito o presente estudo histopatológico. As lesões encontradas consistiram, principalmentc, em fenomenos degene- rativos e necrotizantes, sobretudo, na parte ascendente da alça de Hcnle e se- gundo túbulo contornado, com presença de cilindros no interior, os quais deram a reação positiva da hemoglobina pelo método da benzidina de Lepenne. Os ci- lindros são numerosos também na zona medular, no interior dos tubos coletores de Belini. Porém, na zona intermediária do rim e no córtex, em torno dos tú- bulos mais degenerados, nota-se em dois casos, reação inflamatória e intersticial Por granulocitos neutrófilos, com edêma e, por vezes, marcante hiperplasia em focos de células histiocitárias. Na zona medular, pelo contrário, os AA. acen- tuam o facto de que os tubos de Belini contém somente cilindros, não apresen- tando fenómenos degenerativos ou necróticos, e, consequentemente, nenhuma reação inflamatória em torno. Os autores salientam esse fato que dá à zona me- c.ular a impressão de limpa ’, em contraste com as zonas intermediária e cortical do parenquima, cuja imagem se toma menos nítida por causa da presença de lesões inflamatórias rcacionais. Mem. Inst. Butantan 24 ( 2 ) :231 316, fcv* 1952 M. DE FREITAS A MORIM & R. FRANCO DE MEI.LO 301 Quanto à sua interpretação, tais lesões se superpõem exatamente aquelas já conhecidas desde os primeiros trabalhos de Hackradt Mmami. sob a designa- ção de Xefrose por soterramento (“Verschuttungs-Nephr«e ), depois por Bvwaters e Dible sob a designação de "Crush-Syndrome e postenormente de - critas como “nefrose do neíron distai" (Lucke) cm um numero mmto grand de outras condições mórbidas e tóxicas (Lucke. Hamburgcr. etc .) Es t as sa o caracterizadas, de regra, por uma mio-hemoglobinúna ou simples hcmogbbu u- ria, ou por uma anemia hemolitica, como nos envenenamentos, mtoxu xemia gravidica. malária pelo PI. fa!cipar»,n, tnmsfusao de sangue ncoinpamH sulfonaniidas e etc. Tais lesões não tinham sido desentas. entretanto a, e agora em casos dc intoxicação ofidica. Trata-se portanto, de una nova condição a lógica que os autores acrescentam pela primeira vez. na literatura, no r« < múltiplas condições mórbidas já citadas pelos autoro acima. e. entre J. J. Pizarro, na podução da nefrose hemoglobinúrica. Quanto a nomenclatura ao contrário de Lucke que designou tal qtiadro por nvn-c do netron um m. (“lower nephron nephrosis”). os autores discutem as bases dessa ^'nencla . relembrando a confusão na sinonimia usada ainda atualmente por diversos au- tores em relação aos diferentes segmentos do nefron Considerando que as r - tes mais atingidas nessas lesões são justamente aquelas designadas dos autores como o "segmento intermediário- do netron desde \ c « Seidel, e ainda o fato de ser a localização principal das Ic-cs mais jntensa.. não na zona medular, mas. realmentc na zona linutaiite e córtex renaK, prefc; rem dar a esse quadro a denominação de “Xefrose do Nefron Intermediário ou "Xefrose Xecrotizante do Xcfron Intermediário - Sugerem a de se reservar na Patologia renal, a designação _dc "net roses da pa«tc < • • do túbulo urinário para os quadros cm que as lc.-ões ( egcncratiia tes são realmente predominantes na zona medular do nm, como c o a as lesões renais produzidas pela gota úrica e por vánas ou t ms condiçoes morb - das citadas ainda recentemente no trabalho de White. . ori. e ia\cz mente, quanto às lesões inflamatórias ou nefriticas encontradas no pnm caso, assinaladas também por Hamburgcr e desde Mmarnt e ILnaters n I prio "Crush-Syndromc”, concordam que as mesmas sao secundanas as lesões principais, degenerativas ou nefróticas, dessas sindrotnes. SUMMARY T„e probletn o t the M. tcc, studied .o any J the a „a,nmo.pa.holopc,l stody ot 3 pathology, the authors describe m deta. fhe ^ t casc wa * performed human cases of rattlesnake poisomng. • - , ~ i c Medicina i„ tbe Department o( Pathologieal Anato,,, y of the Lteda Paul, 5U de MH, n a and permitted a complete de.erip.ion of the f,nd,n S s m every orpn. bo.lt I, | SciELO 302 NEFROSE DO XEFROX INTERMEDIÁRIO XO EXVEXEKíiMENTO CROTALICO HUMANO cro — and microscopically. The two other cases were submitted to autopsy in the Hospital das Clinicas, and sections of the principal organs were sent to the Instituto Butantan for this histopathological study. The lesions found consisted chiefly of degenerative and necrotic pheno- mena. especially on the ascending part of the Henle loop and the second con- voluted tubule, with cylinders present inside which gave a positive hemoglobin reaction by Lepehne’s benzidine test. The cylinders were also nunierous in the niedullar zone, inside the Bellini collecting tubes. In two of the cases, there was in the intennediate zone of the kidney and the córtex, around the more de- generated tubules, an inflammatory and intcrstitial neutrophilic granulocyte reaction, with edema and some marked focal hyperplasia of histioc>tic cells. In the niedullar zone, however, the Bellini tubes contained only cylinders. wi- thout any sign of degenerative or necrotic phenomena and, consequently. absence of any inflammatory reaction in that region. The authors stress this fact which gives to the niedullar zone the imprcssion of a “clearing”, in con- trast to the intennediate and cortical zones of the parenchyma wich presents a less neat pattem on account of the presence of rcactionary inflammatory lesions. As to tlieir interpretation, such lesions may be superposed exactly to those first described by Hackradt, Minami, under the denomination of burial ne- phrosis (“ Verschüítungs-Xephrose”), by Bywaters and Dible as Crush-Syn- drome and later as Xephrosis of the distai nephron (Lucke) in a very large number of other morbid and toxic conditions. These are characterized, in ge- neral, by myohemoglobinuria or simple hemoglobinuria or by hemolytic anemia, such as are found in poisonings. intoxications, toxemias of pregnancy. inalaria by PI. falciparum, transfusion of incompatiblc blood, sulfas, etc. However, lesions of this type have not hitherto bcen described in cases of ophidic intoxication. The authors are thereforc dealing for the first time with a new etiologic condi- tion which they contribute to the literature of the multiple morbid conditions by the above-mentioned authors and, amongst Brazilian publications, by J. J. Pizarro, for the production of hemoglobinuric nephrosis. Contrary to laicke s designation of lowcr nephron nephrosis, the authors discuss the basis of this nomenclaturc, recalling the confusioa in the synonymy which is still being used by several authors with rcspect to the different segments of the nephron. Considering that the parts most affected by these lesions are just those which have been ternied the intennediate segments of the nephron since Schweigger- Seidel, and that the more intense lesions are principallv localized, not in the niedullar zone, but rcally in the limiting zone and the renal córtex, the authors prefer for this type of pattern the denomination "Intermediate Xephron Xe- phrosis” or “Xecrotizing Intermediate Xephron Xephrosis”. They suggest the necessity of reserving, in renal pathology, the term “nephrosis of the distai or lower part” of the urinay tubule for those cases where degenerative and ne- cm SciELO 10 11 12 13 14 15 Mero. Inst. Butantan 24(2) :281-316, frv* 1952 M. DE FREITAS AMORIXI S K. FRAXCO DE MELLO 303 crotic lesions are reallv predominating in the medullar zonc of the k.dney, such as the renal lesions produced by uric gout and ntany othcr ntorb.d cond.t.ons which have recently been described by White, Mori and Chave*. Fmal.y the authors agree that the inflammatory or nephntic les.ons tound m ther f.rst case. which had also been described by Hamburger and smee Minam, and By- waters in the proper Crush-Syndrome, are secondary to the pnncpal degenera- tive or nephrotic lesions of thesc syndromes. ZÜSAMMEKFASSUNG Die durch Crotalus tcrrificus - Toxin bdm Mcnschcn hcrvorgcruícnen pathologischen Verãnderungen sind bisher wcnig untcrsucht worden Im Hinblick darauf, dass dieses Problcm von grossem Interesse fur d.c atholc g ist. berichten Verff. über ihr eingehendes Studium der patho^sch-anatom.s- chen Be funde an 3 Fãllen von Klapperschlangenvergiítun bem M«ischen. E>ncr dieser Fãlle kam in der patbologisch-anatomischen Abtclung der Escola la lista de Medicina in São Paulo zur Sektion. wclche auch un Bcs.tz der vo ls- tãndigen Beschrcibung aller ntakro _ und mikrokop.schcn Organbc funde s . Die Sektion der anderen beiden Fãlle fand ini Le.chenscltat.haus der tn.xers,- tátsklinikcn von São Paulo statt. das dem Instituto Butantan. wo d.e h.e - dergegebenen histopathologischcn L ntersuchungcn urcigctu. dlichcnveise Teile der hauptsãchlichen Organc ül>erlies>. Die angetroííenen Verãnderungen beslehen im wesenlbchen ... I*g™' ra ' lion und Xekrose vor aliem a... aufsleignden Sehenkel der I ele.el.en Scdeden „„d a., den Tubuli eonlorti zwei.er Ordnung umer An.Tsenhe.1 ™n ^ .nden, im Lumen. die n.it der Benzidinprobe nacl. Lepelme posn.ve 1 a,.»gl..l»..reak. liou ergaben. Zahlreiche Zylinder ianden siri, anel, .... Mark.ed. und I »ar «n Inuern der Ilellinisrhen Sammelrührehen. In de, Cbergnug.zone der X.e e und i„ der Rinde .vurden indessen in rwei der Fãlle u„, d,e a,„ „,e,s. CT degener « Tubuli herum i,uers.i.ielle EnUündnngsproresse nu. nemrqdnlen Gran„l ory1en . ÍJdem und tnanchmal dcu.lichcr Hyperplas.e h.stiozytarer '■ In, Gegensa.z dam betonen Vertí., dass die Samm.lrnl.rrbm des M arta nnr Zvlinder enll.iel.en, aber keiuerlei Degenerations - nder Sekrçseersehe munga „„d demzufolge auch keine EnlanndongHealmon® der Umgebmjg Die Verfí. beL diesen Cmsland Sen Bezüglicl, ihrer ■ In.erpm,a.mn .sei Mil Ji mit denen decken, d.e se.t den er s ten ArDc.ten \ Verschütlungsnephrose bekaun, sind, dann von _ By.-a.ers und D ‘^*V C ™ Syndrom" und "pã.er bei einer grossen Anza.,1 .veuerer Kmnkbe, »-n^ xíkations fãlle (Lucke. Hamburger U. S. W.) ais Nepbrose de. d.slalen Ne- 1, | SciELO 704 NEFROSE DO NEFRON INTERMEDIÁRIO NO ENVENENAMENTO CROTALICO HUMANO phrons (Lucke) beschrieben wurden. Sie sind im allgemeinen durch eine Myohãmoglobinurie oder einfache Hãmoglobinurie charakterisiert, oder auch durch eine hãmolytisehe Anãmie wie bei Vergiítungen, Schwangerschaítsto- unvertrãglicheni Blut, Sulfonamide u. s. w. Derartige Befunde sind jedoch xãmie, durch Plasmodium falciparum verursachter Malaria, Transfusion von bisher noch nicht in Fállen von Schlangenbissvergiftung beschrieben worden. Es handelt sich demnach neben den vielfãltigen, bereits von den oben enváhnten Autoren und in Brasilien von J. J. Pizarro angeführtcn Ursachen für das Zus- tandekonimen der Xephrosis haemoglobinurica hier um einen weiteren und erst- malig von den Verff. in die Literatur erhobenen ãtiologischen Faktor. Was die im Gegensatz zu Lucke stehende Nomenklatur anbelangt, der den hier beschrie- benen Symptomenkomplex ais Xephrose des unteren Xephrons bezeichnet, so diskutieren Verff. die Grundlagen dieser Benennung, wobei sie an die Kon- fusion bei der heutzutage noch von verschiedenen Autoren für die einzelnen Abschnitte des Xephrons angewcndeten Synonymie erinnern. Unter Berücksi- chtigung, dass die am ineinten von diesen Befunden betroffenen Teile gerade die von der Mehrsahl der Autoren seit' Schwcigger-Seidel ais Zwischenstücke des Xephrons bezeichnet en sind, und ferner, dass sich der Sitz der ausgeprãgtesten Lãsionen nicht im Mark sondem in Wirklichkeit hauptsãlich in der Grenzschicht und in der Xierenrinde befindet, mõchten die Verff. für das ervvãhnte Bild der Bczeichnung “Zwischenstüchsnephrose” oder “Xekrotisierende Zwischenstü- cksnephrose” den Vorzug geben. Es wird die Xotwendigkeit hingewiesen, in der Xierenpathologie den Ausdruck “Distale Xephrose” der Hamkanãlchen auf die Fãlle zu beschrãnken, in denen Dcgeneration und Xekrose tatsãchlich im Xierenmark vorwiegt, wie es bei dcnjenigen Xierenschãdigungen der Fali ist, die durch Arthritis urica und verschieden andere, erst kürzlich in der Arbeit von Whitc, Mori und Chavez aufgeführte Ursachen ausgelõst werden. Was schliesslich die im arsten Fali beobachteten entziindlichen und nephritischen Prozesse anbetrifft, auf die auch von Hamburger und Minami und Bywaters beim eigentlich “Crush-Syndrom” hingewiesen wird, so sind Verff. ebeníalls der Meinung, dass sie gegenüber den hauptsãchlichen, degenerativen oder ne- phritischen Schãden nur Sekundãrerscheinungen sind. Agradecimentos — Agradecemos: Ao dr. João Scsso, clinico do Instituto Butantan, pela gentileza de nos fornecer os resumos dos dados clinicos, aqui relatados, dos casos 1 e 2 e 3. Ao dr. Evandro Pimenta de Campos, da Faculdade de Medicina de São Paulo, a quem devemos a gentileza da remessa do material fixado c dados gerais da autopsia do caso 3. Ao dr. José Lopes de Faria pela remessa de fragmentos de vários órgãos do caso 2. Ao dr. A. Rotondi pelos exames de urina do caso II. SciELO 10 11 12 13 Mrxn. Inst. Butantan 24(2) :281-316, fev.« 1952 M. DE FREITAS AMORIM & R. FRANCO DE MELLO 305 BIBLIOGRAFIA A morim, M. de F.. Mello R. F. e Saliba F. — Evenciumento Botropico e Crotalico — Contribuição para o estudo experimental da* lesões. — Memórias do Instituto Butantan. 23: 63-108, 1951. A morim, M. de F., Melo R. F. e Saliba — Sur la Formaticn de Thrombc* Hyalin* dars Ics Capilaires Pulmonaires dans rEmpoisounemcnt Experimental para !e Venin Bothropique. International Congrcss of Clinicai Pathology. Meeting of 20.7,1951. London. A morim. M. de F.. Mello R. F. Aun, R. A. ICajchenberg e Sesso J. Xcírose do Xcíron Intermediário no Envenenamento Crotalico Humano. Sociedade de Biologia de S. Paulo. Sessão de 24.6.52. A pita — (Veneno crotalico). Zentralblatt f. Allg. Pathologie u. Anal. 57 : 273-277, 1933. 13. Rorst, M. — Lehrbuch der Kricgschirurgie von Borchard und Schmicden 1917 und Volkmanns Sammlung Kiln. \'ortrãgc Xr. 735, 1917. Bolt, P. A., e Richards A. -V. — Passagc of Protein mollccules through glomerular membranes. J. Biol. Chcm. 141: 291-310, 1941. (Cit. por Luckc). Bredauer — Pathologisches Bcfundc bei Versclmttugen im Kriege. Inaug. Di**. München. 1920. Byaoters, F. G. L. c Dible. J. II. — Renal lesion in traumatic anuria. Journal Palh. and. Bact. 54:111-120. 1942. Celestino da Costa, A. — Tratado Elementar de Histologia e Anatomia Microscópica. 2 : 214, 1949. 2.° edição. Lisboa. Corcoran, A. C. e Page. I. II. - Crush Syndrome: Post-lraumatic anuria. J. A. M. A. - 134 : 436-441. 1947. Dible, S. H. - Pathology, 3.» ed.. I-ondres. J. R. A. Chürchill. 195a DoUandc- M. J. L. — Consideracione* sobre un caso mortal de ofidismo en S. Juan. Novena Reunion de la Soc. Argentina de Patologia Regional ( Mendnctta) out. 1935. VoL II, pg. 666. (Só parte clinica) (Referente a BolkrOiS, I.a.hcsu neirwidi). Fu is 1. IV. M. — Xatural History of Bngbfs Disease clinicai. hislhologKal and experimental observations. Lancct: 34 : 72, 1942. Fonseca, F. da - Animai, Peçonhentos - L Butantan. 1949. S. Paulo. Frõhner - Lehrbuch der Pathologie un Therapie der Haustiere. Stutgart. Bd. I. 353 1904. Cit. por Minami). H. - IV den ■<"* /• ^ 230 : 1921. , ... . Croll — Dircktc Kriegserkrankungcn durch grossere pl>y^«h wu ungen. In Schjernings Handbuch der ãrt. Erfahrungen .m NNeltknege. Bd. III. 19.1. Hackradt — Über akutc tõdliche vasomotorischc Xephrosc nach \ erschuttung. naug. Diss. München. 1917. Hamburger, J. — Acquisitions recentes sur les ncphntes aigues toxHiue, en es . cjuisi tions mcdicales recentes. Editions mólicalcs. 19a0. I-Utnan SciELO 10 11 12 13 14 15 16 cm 306 XEFROSE DO XEFRON INTERMEDIÁRIO XO EXVEXEXAMEXTO CROTALICO HUMANO 20. Hamburgcr, J. — Acquisitions recentes sur les maladies du rcin. (In les acquisitions medicales recentes, 1948. l.° v. pg- j 04, Paris. Edit. Med. Flama. ion). 21. Hovelacquc, A., ei Turehini J. Anatomic et Histologie de 1 Appareil urinairc et de 1'appareil genital del’homme. 1938. pg. 209-211. 22. Kilt — Pathologische Anatomic der Haustiere. Bd. II, S. 423: 1911. 23. Lemos Torres, A. e Lemos Torres U. — Sobre o conceito de Xe í rose. Archkos de Biologia. 24 : 229, 1940. 24. Luckc, B. — Lower Xephron Xephrosis (The renal lesions of the Crush syndrome of Bums, transfusion and other conditions afíect the lower segments of the nephron). Mil. Surgeon 99 : 371-396, 1946. 25. Magalhães. O. — Hemiplegias organicas provocadas pelos venenos ofdico c cs- corpionico. — Re v. Med Cirurg. Brasil. 43: 113-118, 193;. 26. Mason, J. B„ and Mann. F. C. — Eífcct of Hemoglobin on Volume of Kidncy Am. ]. Physiol. 98: 181-185, 1931 (Cit. Luckc). 27. Meyer-Bets, — Zur vcrglcichcndcn Pathologic der paroxysmalcm Hâmoglobinurie. Münch. med. Wochenschr. (32). 1911. 28. Meyer-Bets, — über Hâmoglobinurie beim Menschcn und Pícrde. Ces. f. Morfhol. ' u. Physiol. m Münehen. Sits. 7-11-1911; Münch. Med. Woehenehr. (14). 1911. 29. Meyer-Bels, — Beobachtungen an cinem eigcnartigcn mit Muskellâhmungcn verbundenen Fali von Hâmoglobinurie. Dtsch. Arch. /. Klin. Med. 101. H. L- ü. 2. 30. Minami. S. — Cber Xiercnvcrândcrungcn nach Verschüttung. Arch. Palh. Anal. 245: 247-267, 1917. 31. Moore, R. A. — Tcxtbook of Pathology, Sawnders Co. Philadelphia, 1944. 32. Piek, L. — Zur pathologischcn Anatctnie der \'erschüttungen. Arzt. Sachvcrstãndi- gen — Zeitun. Xr. 2, 1920. 33. Poirrier et Charfy, A. — Traité d'Anatomie Humainc. T. v. pg. 83-85, 1925. 34. Pdicard. — Précis d’Histologic physiologiquc. 5.» edição G. Doin, Pans. 35. Sodeman, IP. A. — Fisic patologia Clinica. Mecanismo de la Producion de los Sin- tomas. Ed. Hosp. Intcramericanas. México. 1952. 36. Triiela, 1., Daniel. P. M. FrankUn K. L. e Priehard M. M. L. — Studies of the Renal Circulation. 1.» vol. pg. 187. Oxford. 1947. Blackwcll Scicntific Publ. Edit. 37. Van Slyke, D. D. — The Effects of Schock on the Kidney. Asm. In tem. Mrdieinc. 28: 701-722, 1948. 38. IPhite. and Mori-Chaves. P. — Acute Xccrotizing Renal Papillitis Expericmentally produced in Rats fed with Mono-X-methyl-anilina. Journ. of lhe Nal. Câncer Inst. 12 : 777, 1952. 39. Wilson, C. and Byron F. B. — Renal Changes in Malignant H>-pcrtcns : on Experi- mental Evidence. The Lancei. 1 : 139, 1939. SciELO 10 11 12 13 30S NEFROSE DO NEFRON INTERMEDIÁRIO NO ENVENENAMENTO CROTAI.ICO HUMANO T • * ~ _« • • •• | 3 • - '7* ^ v-: ' V/F U; rTi V • <• >;^v : ;r^ ■ • ’■ f.- 5 gnc ‘TiVÍT*’*' ."' y >v '?>/ i ,\% -> .■:•> £ ; , *y lk ** ~"V '•, - V ,««/* V ». •*»: •..tJ»v ** ‘ \r .*» % -ws. ; * .-. • .•• li • » ,, »• |T 7Y I '■• . s * * c. ; 1 1 . *• • « *» \ i»*iv ' r:^ •* \ ’ jji ví..* * 'iil" -■>'*• .i - Ví*» «- v.«„ • < V 5s *v? W <• »iv -n .v > r*. • v j*.r ' .•r • «• « V v ft v \v \ ,v ã2\>7f]£n y. J ‘VV . VjY i • *, ** Sí , C''** , «Tv*r < * i* ■ SciELO Mon. Inst Bnuntan Z«(2) -281 316, fev* 1’52 VSCO DE MEU- O :• R FREITAS AVlORÍ M DE cm 310 NEFROSE DO NEFRON INTERMEDIÁRIO VO ENVENENAMENTO CROTALICO HUMANO Mcn. Inst. Butantan M DE FREITAS AMORIM A R. FRANCO DE MELLO 311 24ÍJ):2*I-316, {cr. 9 1952 J * * . * ? « , *V> * * « 4! . W • V. A o 'Jr r , « % 3fc \ ü •> * 15 € V «fc *>6 * ♦ k%* ®í^ O ó , ci r Ío # ^OÍfc. % « **?' V O .-,'5 |V, 4 s « c ,,-is ■ "-Vfa 0 ÇJ>^ M- r* _ 1 ■ ff * Jtf *2» & (0 V * . & - 'V-í € ' e- Sv* ^ ^ -y.' „ *- •*f *- ~ .. • •■•Ük*'" Q íZ ,* *\ r. s * 5V> 'V - * -vv» s * r«' , -m V. '- 5 j 'r- *Aâà. , ■ . „• m ft\ ■■ -jr o 8 * tr cc -Pv*. - w v ®o & * , J ■ ® •• O TO r> c -v: "V • ■» 14 \ «. * 1, | SciELO 314 NEFROSE DO NEFRO^RMjnURjO^O envenenamento ãLca l. Inst. ButsnUn 24I2):2S1-516. fiv* 1952 M. DE FREITAS AMOR III -V R. FRANCO DE MELLO 315 LEGENDA DAS GRAVURAS r,c. 1 _ Fotografia tracroicopiea. mmtiando a .urcrfirie dr corlr do nm. m aovo primeiro ca». XoiMe, na:e ca» a ctlaeaçio rriatiramente «.cura do corte*. (P. J. C. «crie B. 254. Autopna do Depart. dr .Viat. Paa»'»gira da Eaetda PaulaMa de 3icdkina). Fic. 2 — Corte* renal, v «ta de conjunto, coa fraco aumento. Glemrruto. normai». Vario, cilindro» de côr mcura na foto. etn par e. do. MVmrnto. intemscdiari Hipmtmua da ca p. lure* Color. H. E. rio. 5 — Cone*. Ghroerulo. imiuemiado^ Vario, corte, de IuJm e«>torno.Io, de .» mdrm e parte. OAcendentc* dc alça*, otcntando cilindros. Ca*o I. Cuor. II. h. ric. ric. 4 — Corte*. Vario, cilindra de bemvloíiina. Km cima e em b»i*o. »nda infiltrado inflamatória principal mente por granulocito. ndutrofiloo. tanto dentro corno fora de ttdniU.. fato I. Color. II. E. 5 - Cone* renal meando.* de um lado «dono». haura de mito»-, aparenVmrntr rJpiça em uma celu'a epitdial — (De tabulo contornado de I • ordem!). I>a «atro lado ctUndro de hemocMa na em «egmento intermediário. Ca»> 1 . Coor. II. E. 6 — Tmho do coete* mmtrando glcroerulo. brtn co«*rvadoo tom Wmae-a. em varia. nka". Precipitaçõe. de albumina na capwla e no. tubolo. cmstoenado» de !• ordem. Viria citindn • de hemoglobina wmente em tobulo. contornado, de ordem. Cobr. II. t_ 7 _ vè-Mf com forte aumento pelo mrt. dc Malloey.Maimm. nm grande cilindro mn rabelo conde- nado dc 2 .* ordem, p«-rerhrodo-«r vacnol.xa. alterada ou de»rgamea«to rm .. I nriK. M. Aaotia) binocular, obj. 40, ce. 7, Color. II. E. A um. ÍÓO *. (Dc. poc Lool» M. A»*.»,. 316 XEFROSE OO NHFRO^ERMEO.AR^NO ENVENEKAHKNTO no . 15 — Córtex. Aspecto» ^diferentes dc ciKndros dc *— * >— “ Cend ' nt " * alças dc Hwlc. i 6 _ Córtex id. Notam-se os Tdo^^Xne» 0 ^.» hemoglobina granulosos e compactos, em partes retas do tubo un da alça de Henle). rI , 17 _ Zòna limitafite, limite com. a aona medula, Numeros» cilindros principalnfcn.e em tul~ coltfiorcs. Color. M assoo. - - • „ a a niMínlar \lguns cilindros ao lado de gtanulocitos neutrof.los rto. 18 — Zôna limitante, proximo oa meoular. Alguns que invadiram o lume do tubulo. m 1, _ Zona limitante do cortex renal. Vario, tubulos dilatad» -cm o lume cbeio P~ mUndro. de mistura com células descamadas e granulootos neutrof.los. „c 20 21 e 22 — Zôna medular mostrando vários aspectos dos cilindro, em tubo, coletores. Tecido rtc. 20, 21 .^.; r i jt . cial UTre de reação inflamatória. na UM. * •— W— * “• “*— «* “ Caso II, Color. H. E. ~ » - SSu'“* s* cm 2 3 4 5 6 SClELO 10 X1 12 13 14 15