MEMÓRIAS DO INSTITUTO BUTANTAN 1953 Vol. 25 cm 11 12 13 14 15 16 17 MEMÓRIAS DO - INSTITUTO BUTANTAN 1953 Vol. N.” 25 I São Paulo, Brasil Caixa Postal 65 As “MEMÓRIAS DO INSTITUTO BUTANTAN” são dcsünadas à publicação de trabalhos realizados no Instituto ou com a sua contribuição. Os trabalhos são dados à publicidade logo após a entrega e reunidos anualmente num volume. Serão fornecidas, a pedido, separatas dos trabalhos publicados nas “ Memórias”, solicitando-se nesse caso o obséquio de enviar outras separatas, em permuta, pira a Biblioteca do Instituto. Toda a correspondência editorial deve ser dirigida ao : INSTITUTO BUTANTAN Biblioteca Caixa Postal, 65 S. Paulo, BR.^VSIL. PEDE-SE PERMUT/X EXCH.ANGE DESIRED. SciELO índice PAc. 1. JAKZSKY, B. & HELLE, J. — Decrcased clotting time of rabbit blood tndiKcd by ;nake venom injection. j 2. RUIZ, José M. — Preparo do antigeno para intradermo-rração na esqui»- toromose 5 3. HOGE. A. R. — A new Bothrof‘s from Brasil. Bothrofs brasili, sp. nov. IS 4. RUIZ, José M. — Esquistosomose experimental. 3. Cuniculus fiacca pacca e Grison furax, novos animais receptivcis à infestação pelo Schistosoma manjoni 23 5. IIOGE. A. R. — A new genus and species of Boinae from Braaíl. Xfnoboa cropcnii, gen. nov., sp. nov 27 6. K.MSER, E. — The enz)matic activity of spider venom. On the influence of sulfonated polysaccharídes on the proteol)-!» and h}-aIuronic acid splitting activity of spider venom. 35 7. ROSENFELD, G. & HOEHNE, LAELI.\. — Stodies cn comparative hetrji- tology. 1. Hematologic data of Myrmccofhaga I. tridactybi L., 1758 (Tamanduá-bandeira) and of Tamandua t. tetradn Coatfc^tion timrr (mAn ;n mrnutes) Standard deriation 30 — 37.2 5.2 s 1 37.2 6.1 10 4 35.6 2.8 15 15 24. S 2.7 10 (>0 20.1 2.8 5 240 18.0 2.6 To see how long the decreased clotting times could be obsened rabbits were injected, then periodically bled. \Ye found that 5 minutes after the injection of 60 pg a significant decrease in clotting time could be obscrced and that after 5 hours the clotting time retumed to normal as showm in Table II. Rabbits injected with an effective dose showed always normal clot- ting times after 24 hours. Table II Inflnen.e of time oti increascd coagulability of rabbil blood. Dose injected, 60 ng/tg. X.* of rabbits Time alter iujectiock nanates Cjafftslatioo time (mean in minutes) Standard deriation 7 5 20.4 3.7 10 15 20.1 2.8 5 30 21.4 2.6 5 60 22.2 2.J 7 120 22.1 2.8 4 300 39.5 3.5 1 I Mem. In5t. Batantan 2S(lJ;l-4, 1953 B. JAXZSKY 6- J. HELLE 3 We also injected rabbits with saline containing the sanie quantity o£ phe- nol as the venom solution, to sce whether a siniple injection i.e. the trauma could, by itselt, cause a decreased clotting time. The mean clotting time taken from 12 animais treated in this way, was 39.6 minutes, showing that these injections had no action whatsoever. The significantly shorter clotting times obser\'ed in more than 250 deter- minations of 130 rabbits aíter the injections o£ the heated and precipitated snake venom solution prove the in£luence o£ these venoms on the coagulability o£ rabbit blood. The positive phase lasted £or at least 2 hours. A£ter 5 and a£ter 2 t hours the clotting times were normal again. The mechanism by which snake venoms decreased the clotting time of the blood o£ rabbits is not clear yet. The power o£ these venoms to acti\-ate prothrombin, or their thrombinomimetic action in vitro, cannot bc the expla- nation, as injections o£ dilute thrombin or thromlioplastin Solutions did not result in the shortening o£ the normal blood clotting time. On the contrary, they resulted, confimiing Houssay’s findings (7) with snake venom, in the slow prccipitation o£ fibrin and the decreased or complete incoagulability o£ the blood: Jürgens and Studer (8), Gerendás and Csapó (9). Some other meclianism must therefore be involved, perhaps as suj^ested by Mauro (10) and Brcda, Bemardi, and Sala (11), the thromboplastic content is increased by the action o£ snake venoms. Nevertheless the mechanism o£ action o£ snake venoms on blood clotting still remains a matter o£ investigation. SU.MM.\RY Snake venom (Bothrops airox) injected intravcnousiy in rabbit in dosis betwecn 12 and 240 pgA' produced a shortening o£ the clotting time mcasurcd in siliconizcd tubes. The mechanism o£ such action remains a matter o£ inves- tigation. RESUMO Veneno botrópico (Bothrops airox) injetado na veia de coelhos cm doses de 12 a 240 ug/k, produzem um nitido encurtamento do tempo de coagulação, determinado em tubos siliconizados. O mecanismo de ação desse fenômeno continua sendo um tema de investigação. BIBLIOGR.APHY 1. Sfieklon, M, E. Si Frantli/i. G. C. II. — .-\ntivcnin therapeutie in purpura, J. Amer. Mrd. Assn. 96 : 677, 1931. 2. Pfik, S. M. & Sobotka, H. H. — Produetion of a refractory State as conccmc the Shwartzman phcnonienon by the injections of venom of the moccasin snake (Aacistrodon fiserfoms), /. Expfr. Mrd. 54 : 407, 1931. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 A DECREASED CLOTTIXG TIME OF RABBIT BLOOD IXDCCED BY ^ SXAKE VEXOM IXJECTIOX 3. C. J. — Recherches préliminaires sur Teniploi des Solutions dilués de venin de Bolhrofs atrox comme hémostatiques, Compi. Rcni. Soc. Biol^ 123: 1232, 1936. 4. Kinbusitsky, D, & Kõnig, P. — Biochemische Studies nber die Gifte der Schlangen- gattung Bolhrops; die Wirkung der gerinnugsfordemden Substanz in vivo, Arch. Exper. Path. u. Phormakol. 172 : 577, 1936. 5. Kaucr, G. L.; Bird. R. ^í. & Re:ntikoff, P. — The clotting action of fer-de-Iance venom, Amer, J. Med. Sc. 205 : 16, 1936l 6. Qitick, .4. J. — The Physiology and Pathology of Hemostasis, Philadelphia, Lea & Feabiger, 1951, pp. 104. 7. Houssay, B. A. & SordclU, A. — Estúdios sobre los venenos de serpientes. .V. In- fluencia de los venenos de serpientes sobre Ia coagulacion de Ia sangre, Rcv. Inst. Bact. Malbran 1 : 4&5, 1918. 8. Jurgens, R. & Sluder, A. — Zur Wirvung des Thrombins, Helvet. Physiol. et Phar- macol. Ada 6: 130, 1948. 9. G^rrndds, ií. & Csapó, A. — Intravenose Thrombinwirkung, Arch. Biol. Hung. 18: 181, 194a 10. Miiiro, C. — Sulla azione emocoagulante dei %'eleno dei Bothrops jararaca (contri- buto sperimentale c clinico). Gior. Ital. Chir. 5 : 488, 1949. 11. Brcda, R.; Bemardi, R. & Sala, F. — Richerche clinico-sperimcntale sulPazione coa- gulante dei veleno di Bothrops jararaca, Gior. CIm. Med. 32; 1, 1951. SciELO Mcm. Inst. BatAoun ZSiI):5-14. 19SJ JOSt M. RUIZ PREPARO DO AXTIGEXO PARA IXTRADERMO-REAÇAO XA ESQUISTOSSOMOSE JOSÉ M. RUIZ (Sfcíõo de Parasitologia, Inslilulo Rutantan, Sõo Paulo, Brasil) Xo estudo do problema tão atual da esquistossomose há muitos aspectos a abordar. Xenhum deles foi ate a presente data resolvido plena e satisfato- riamente. Sem dúvida dos mais importantes é o que se refere ao diagnóstico. Podemos afirmar que na esquistossomose, método algum de diagnóstico permite uma segurança de 100^, não por culpa do método cm si, mas por fatores outros independentes do próprio método diagnóstico. A intradermo-reação constitui atualmente o método biológico mais seguro e prático para o diagnóstico de esquistossomose. Como tôdas as reações bioló- gicas está sugeita, é claro, à variação da sensibilidade individual o que lhe diminui em parte o valor. Mesmo assim, dentro das reações cutâneas é uma das mais sensiveis e especificas. O preparo de bons antigenos para essa pro\-a será sem dúvida o pri- meiro passo do qual dependerão os resultados. As discordâncias observadas entre diversos autores na interpretação das reações intradérmicas, devem ser antes atribuidas à diversidade das condições de trabalho e do antigeno empregado do que â e.xceléncia do método. Trés tipos de antigenos foram empregados em tais provas: de hepatopân- creas de moluscos infestados, cercárias de Schistosoma e Schistosoina adultos. Xão nos referimos aqui aos antigenos heterólogos que não conscgtiiranT se in- troduzir na prática. O antigeno preparado a partir de hepatopâncreas de moluscos infestados com cercárias de Schistosoma, foi introduzido por Fairley e Willians (•!), pri- meiros autores a praticar a intradermo-reação no diagnóstico da esquistossomose. A partir de então, numerosos pesquisadores tém publicado trabalhos \'aliosos Rcrebido para publicação etn .Abril de 1953. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 f. PREPARO DO AXTtGEXO PARA IXTRADERSIO REAÇAO XA ESQUISTOSSOMOSE sôbre o asunto, tendo sido estudados isolada ou comparadamente antigenos de vennes adultos e de cercárias. Desde logo se verificou que o antigeno de hepatopâncreas não se mostra tão eficaz quanto os demais. O antigeno de vennes adultos é o mais usado. Com resultados práticos comparáveis ao de cercárias, é de obtenção mais fácil e mais segura, embora dependa da inoculação prévia de animais de laboratório. Esse trabalho entre- tanto é compensado pela segurança da identificação especifica, pelo maior rendimento e pela pureza do antigeno obtido. A técnica mais generalizada para a obtenção do antigeno é, em linhas gerais, a seguinte: Obter vermes adultos de animais infestados há cerca de dois meses. Co- letar os vermes em solução fisiológica, lavá-los diversas vêzes com novas por- ções dessa .solução e por fim com água distilada. Esgotar a água e colocar o material no refrigerador. Dessecar o material no vácuo, em presença de ácido sulfúrico ou carbonato de cálcio. Pulverizar os vermes secos. Subme- ter o pó a uma extração aquosa, usando como liquido extrator uma solução de Coca mertiolatada a 1 :5.(XX) ou 1 : 10.000 ou fenolada a 0,4^. A extração é feita no refrigerador, durante 2 ou 3 dias ou mais, agitando-se o líquido diariamente. Após centrifugação e filtração obtem-se uma solução estoque que será diluida convenientemente para uso. Há três pontos essenciais na consecução do antigeno, que ainda não estão períeitainente padronizados: 1) obtenção de um antigeno purificado: 2) con- dições da extração relativas ao tempo e à temperatura e 3) proporção de liquido a empregar para a extração total. Foge à finalidade da presente nota a discussão desses vários pontos em seus pormenores. A proporção de liquido usado na extração é um ponto que diverge com os autores. Oliver Gonzalez e Pratt (7), Coutinho (2) e outros fazem a f.xtração na proporção de 1,0 g de pó para 100 ml de liquido. Meyer e Pi- fano (.‘i.ó), Vianna Martins (9) fazem uma e.xtração arbitrária, isto é, na proporção de mais ou menos 100 vermes, de ambos os sexos, por ml de liquido. Seria de desejar a padronização dêsse detalhe técnico para a\’aliar com- parativamente o valor dos antigenos. A pesagem de grande número de ver- mes não oferece a menor dificuldade. Pequenas anwstras de pó constituem sem dúvida um problema, pois nem sempre os lalwratórios de parasitologia são aparelhados com balanças de alta precisão. Pensamos resolver esse obs- táculo, detenninando o peso médio de um Schistosotna e estabelecendo uma fórmula que indique a quantidade de liquido a ser usada. Obter-se-á assim um antigeno estoque sempre na mesma proporção. É evidente que existirá uma Mem. In**. Butaxitan JOSfe M. RUIZ 7 2S(1):5-I4, 1953 • causa de êiro inversaniente proporcional ao núinero de vemies. Esse êrro entretanto é desprezível e talvez menor que o das pesagens isoladas. Parece existir ligeira \-aria<;ão de tallie nos Schistosoma inansomí de acor- do com o animal utilizado na experimentação. Esse pormenor está sendo es- tudado atualmente em nosso laboratório, t O animal que melhor se presta |)ara a finalidade cm apreço é, a nosso ver, a cobaia. Os Schtstosoma de desenvolvimento normal obtidos nesse ani- mal têm, depois de perfeitamente secos, o seguinte pêso médio : machos 0,000082 g ou 82 mcg., fêmeas 0,000023 g ou 23 mcg. Para obter uma sol. estoque a 1% poder-se-á aplicar a seguinte fónnuh: 82 M -f- 23 F = X 10,000 sendo iV a quantidade de líquido cm ml a utilizar, 82 e 23 os pesos médios cm mcg des exemplares adultos machos M, e fémeas P, respectivamente. Em nos- sa rotina achamos mais interessante fazer a extração a 1 :200. Xeste caso divide-se o denominador da fónnula por dois. Nova lécnica para a obtenção do antigeno. Baseados nos princípios : 1 ) que a substância responsável pelas reações atópicas está contida na fração |X)lissacaride ; 2) que o álcool absoluto e o éter suifúrioo não dissolvem e não alteram a referida substância c que 3) extraem ou eliminam as frações lipóide e protéica nas condições expostas a seguir, idealizamos uma nova técnica para a obtcnçSo do antigeno i»ara Intradcrmo-reação na esquistossomose que apresentasse um alto grau de pureza sendo ao mesmo tempo de fácil consecução. Como os resultados fossem bons ]K).ssamos a divulgá-la. A 20 de janeiro do presente ano foi apresentada e discutida na reunião mensal da Sociedade de Biologia de São Paulo. Os antigenos para intrademio-reação como são preparados atualmente cons- tituem um extrato aquoso total com certa quantidade de proteínas e de lipóides, ou um complexo lipóide de constituição coloidal. Tratando prèviamente o ma- terial a ser extraído pelo álcool absoluto e éter sulfúrico, proteínas e lipóides são eliminados de maneira mais ou menos conipleta. Obtem-se assim um anti- geno grandemente purificado. A seguinte técnica nos fonieceu ótimos resultados: 1 — Recolher os vermes adultos obtidos por infestação experimental de cor baias, por meio de perfusão do figado e mesentério. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 8 PREPARO DO AXTIGEXO PARA IXTRADERMO-REAÇAO XA ESQUISTOSSOMOSE 2 — Coletar os vermes em solução fisiológica numa pequena placa de Petri. 3 — Passar os vermes para um Becker de 20 a 30 ml de capacidade, con- tendo 15 a 20 ml de uma mistura de álcool absoluto e éter sulfúrico em partes iguais. Contar ao mesmo tempo o número de vermes de ambos os sexos. Usar álcool e éter de bõa qualidade. Deixar o material cober- to à temperatura ambiente. 4 — Após 4 a 24 horas, esgotar o álcool-éter, emborcando cuidadosamente o frasco que deve permanecer, cérca de um minuto, invertido sôbre um papel de filtro (Esse liquido evaporado deixa um pequeno residuo que dá forte reação pelo ácido ósmico manifestada por um enegrecimento acentuado). 5 — Dessecar os vermes no vácuo durante meia hora. Os vermes ficam sol- tos, muito alvos e a secagem é muito rápida. 6 — Transferir os vermes para um tubo de centrifugação estéril e triturar com um fino bastão de vidro, reduzindo-os a pó liem fino. Xesta ope- ração é preciso cautela porque os vermes ressecados se projetam à lon- ga distância sob a pressão do bastão. 7 — Juntar ao pó 10 a 15 ml de álcool-éter, agitar bem e deixar em con- tacto uma ou duas horas. 8 — Esgotar o álcool-éter e dessecar o pó novamente no vácuo, durante 10 a 15 minutos (O residuo deLxado pela evaporação desta nova porção de álcool-éter dá ainda reação positi\'a para lipóides). 9 — Juntar ao pó a quantidade de liquido extrator indicado pela fórmula: 82 M -{- 23 F = X 5.000 Usar como liquido e.xtrator solução de Coca mertiolatada a 1 :5.000 ou 1 : 10.000. Deixar em contacto dois ou três dias à temperatura am- biente ou oito dias no refrigerador. 10 — Centrifugar em alta rotação durante 20 minutos. O liquido sobrena- dante, limpido e incolor, constitui a solução estoque que dese ser ampo- lada ou guardada em flaconétes estéreis. Êste extrato mostra-se estéril, não revela traços de proteinas (pelo ácido fosfo-molibdico, ácido fosfo- túngstico ou pela reação do biureto, nem de lipóides, pelo ácido ósmico, sendo a reação de Molish nitidamente positiva). Xão e.vperimentamos a extração rápida a quente (5CPC) preconizada por Meyer e Pifano (6) e Coutinho (3). cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mrm. Inst. BatanUb »(I):5-14. 195J JOSÉ II. RUIZ 9 Inicialmente preparanx» o antigeno por técnica semelhante à de Meycr ^ Pjl^no (5) e Coutinho (1). A titulação foi feita, segundo as indicações de \'ianna Martins (9), em individuos, eliminando ovos de S.tttansoni. Obti- vemos um titulo, com muita margem de segurança, de 1 :S.OOO. Aliás, esse titulo é um número arbitrário porque consideramos a solução estoque como sendo a 1% e pelo processo usado os vermes não são pesados mas contados indistiplamentc e a extração é feita na proporção de 100 vennes para cada ml de liquido extrator. Demos a esse antigeno o prefixo Pl, para nosso controle. Fizemos um lote de antigeno pela técnica que acaliamos de descrever, uti- lizando porém um número de vermes correspondente ao utilizado em Pl. Esse antigeno foi designado P5 e usado na mesma diluição de 1 :8.000. Pl foi testado inicialmente em 19 casos (tabela I). Pl e P5 foram testados comparativamente cm 89 casos (taliela II). P5 foi testado isoladamente em 44 casos (tabela III). Todas as provas foram controladas, usando-se como testemunha o liquido de Coca mertiolatado. leitura das reações obedeceu ao seguinte critério: Reação negatiN^a ( — ). Pápula igual ou ligeiramente maior que a formada pelo liquido testemunha, ou pápula inicial. Reação duvidosa (:!:). Pápula com menos do dóbro da do testcmunlia, de bor- dos lisos ou regulares. Pápula maior de bordos inde- cisos. Reação positiva fraca (-f-). Pápula com o dóbro da do testemunha, um tan- to irregular ou um pouco maior, de bordos lisos. Reação positira média (4 — f-)- Pápula com cerca de 3 vezes o diâmetro da do testemunha de bordos um tanto irregulares ou o dóbro da do testemunha c pseudópodos nítidos. Reação p)ositi\'a forte (-] — 1 — |-). Pápula com mais dc 3 vêzes o diâmetro da do testemunha ou um pouco menor porém com pseudó- podos muito longos. Tabela I Casos testados com antigeno PL Com prot ad anirnlc penitÍTO* Sttfpdto* de sanas endémicas Nâo suspeitos Ex. feses nej. Núoirro dc cajoi .... 5 7 pQ«ÍtÍTC« 5 Ne«atÍTo» . . 0 5 6 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mexs. Inst. Btztaoun M. ni*!í^ 11 25(1):M4. !953 X'Jm dos casos não suspeitos da Tabela I cuja reação era positiva (-j — [-) foi feita nova reação, cêrca de dois meses depois, com antigeno obtido pelo processe exposto (antigeno P8-15) ; o resultado foi negativo. Em conclusão verifica-se que o antigeno preparado pela técnica proposta não é inferior ao obtido pelo processo dé Meyer e Pifano (5), tendo mesmo uma ligeira superioridade devido talvez à maior pureza do extrato. Recentemente Coutinho (3), em trabalho que nos chegou às mãos depois de elaborado o nosso, apresentou luna nova técnica de preparo do antigeno de vermes adultos. Consta, sumàriamente, em tratar os vennes por repetidas por- ções de acetona, secagem no ambiente de laboratório ou na estufa a 37°C e extração aquosa cm geladeira ou em banho-maria a 5õ°C, conforme técnica de Meyer e Pifano (6). O autor ressalta a maior sensibilidade das reações com esse novo antigeno. RESUMO É apresentada uma no\'a técnica ao preparo do antigeno para intradermo- reação na esquistossomose. Consiste em tratar os vermes adultos, obtidos de cobaias, por uma mistura, em partes iguais, de álcool absoluto e éter sulfú- rico p. a., dessecamento no vácuo, trituração dos vermes secos e lavagem do pó com outra porção de álcool-éter; nora secagem no vácuo e extração pelo liquido de Coca mertiolatado. A extração é feita na proporção de 1 :200. A quantidade de liquido extrator a ser usada cm cada amostra de pó é dada pela fórmula : 82 M -+- 23 V = X 5.000 donde S2 e 23 representam os pesos médios, cm tncg dos exemplares adultos macho« e fêmeas, CM) e (F), respcctiramentc. O antigeno foi testado comparativamente com outro preparado, segundo a técnica de Meyer e Pifano (5), em 89 casos (11 comprovadamente positivos, 67 de individuos de zonas suspeitas e 11 sabidamente negativos). Os resul- tados concordam em, práticamente, 100^ dos casos, porém o novo antigeno se mostrou ligeiiamente mais sensivel e específico. O método proposto é de mais fácil consecução, sendo o antigeno obtido em grande gráu de pureza, sem traços de proteínas e lipóides e com reação de Molisch (polisacárides) positira. O resíduo obtido pela eraporação dos líquidos de laragem (álcool-éter), reage fortemente com o ácido ósmico, reve- lando sna natureza lipoidica. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 12 PREPARO DO AXTIGEXO PARA IXTRADERMO REACAO XA ESQUISTOSSOMOSE SLMMARY A new technique for antigen preparation to schistosomiasis íntradermal diagno5Ís is presented. It consists in: I) — Treat the adult wonns (olitaíned frçm guinea-pigs) with a mixture of alcohol and ether in equal amounts, before dissecating in vaaium. II) — Triture the dried worms and wash the power w-ith another amount of alcohol-ether. III) — Vacuiun again and extract \nth the Coca merthiolated liquid. The extraction is made in the proportion of 1:200. The quantity of extractor liquid to be used, with each amount of power, is given by the formula: . 82 M 4- 23 F = X 5.000 iV is 'he quantity (ml) of e.xtractor liquid to be used. S2 and 23 are the médium weight (mcg) of the adult worms, males (.M) and females (F) res- pectivcly. The antigen was tested comparatively with another one prepared accor- dmg to the Meyer and Pifanos method (5) in 89 cases (11 surely positives, 67 fro.m suspected zones individuais and 11 surely negatives). The results* agree m 100% the cases but the new antigen has shown to be slightly more scnsible and specific. The antigen by the propKDsed method is more easely prepiared being obtain- ed in a high degree of purity without traces of proteins and lipoids and presenting Molisch reaction (polysaccharides) positive. The residual obtained by the e\-aporation of the alcool-ether mixture reacts strongly with the osmic acid showing its lipoidic nature. BIBLIOGR.\PHY 1. Couitnho. J. O. — Xota sôbre a intradermo-reação no diagnóstico da esquistossomose de Manson. Rev. Paul. Mcd., 33: 15-20, 2. Coulmho, J. O. — Contribuição ao estudo da esquistossomose mansônica no Estado da Bahia, Brasil. Arq. Hig. Saude Publica, 16: 1-42, 1951. 3. Coutinho, J. O. — Xos-a técnica de preparo de antígeno d- vermes adultos para a intradermo-reação na esquistossomose. Folia Clin. Biol. 18: 121-124, 1952. 4. Fairley, .\ . H. & lí illiant, F. E. — .A preliminaiy report oo an Íntradermal reac- tion in Schistosomiasis. Med. J. Australia, 14 : 811-818, 1927. 5. Meyer, M. Sí Pifano, F. El diagnostico de la Schistosomiasis por la Intrader- morreacción con un antigeno preparado de vermes adultos de S. mansoni. Rev. Sauid. Assisi. Social. 10: 3-44, 1945. SciELO 11 12 13 14 15 16 Mrm. Inst. Butantan K(1):S-I4. 195J jose M. RCIZ 13 6. Mfvfr, M. & Pifano. F. — Experiências de oci» anos en la elaboracion y aplicacion de um antigeno de vermes adultos de SchUlosoma nmiisoni para la intradcnno- reacdon diagnostica de la Bilharziasis. .-frcA. í'enfc. Paiol. Tro>> Paras Mtd., 1: 1-33, 1949. /. OFver~ Gon:xtles, J. & Pratt, C. K, — Skin and precipitin reaction to antigens from cercariae and adult of Schislosotfia mansoni. Puerto Rico J. Publ. Health Trop. .\fed.. 2: 242-248, 1945. Taliaferro, lf\ H. & Taliaferro, L. G. — Skin reaction in pcrsons infccted with Schistosoma mansoni. Puerto Rieo J. Publ. Health Trop. Med., 7 : 23-35, 1931. rianna Martins, ,4. — Diagnóstico de I-aboratório de Esquistossomose Mansoni. Tese de concurso para Prof. Catedrático. Faculd. .Med. Cnh. Minas Gerais. Imprensa Oficial, 265 pp. 1949. 8 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mnn. Iiut. BnUntu ÍS(l):15-22, 1953 A. R. HOGE 15 A NEW BOTHROPS FROM BRAZIL.’ BOTHROPS BRAZILI. SP. XOV. R. HOGE {Departanunt oj Ophiology, Iiuliluto Butanlan, S. Paulo, Brasil) Among the small collection oi snakes received from the Cooperatira Agrí- cola "Tomé -Assú”, a ncw species had becn discovercd which is desirablc to dcscribc and name at prescnt time. Bothrops bracili, sp. nov. (*) Holotype — X.® 14.721 in the Butantan Institute, a 9 from Tomé Assii, .Acará Mirim River, State of Para, Brazil. AUotype — X.® 14.715 in the Butantan Institute collection, a $ from the same locality as holotjpe. Diagnosis — \ Bothrops without nasal porc; subcaudals in two rows; 2nd uppcr labial forming the anterior bordcr oi loreal pit; a vcry cnlarged canthal. This spcaes is allied to Bothrops jararacussu (Lacerda) but easily distingiiished from it by the different shapc oi skull, pattcm aml colour. Al first glance B. brasili is vciy simiUir in pattcm to B. neglccta .Amaral and B. pirajai .Amaral but easily distingui.shcd by the absencc of nasal jxirc in B. bra'ili. Dcscriplion of holotypc — Intemasals small, ii> contact Ixrhind the rostral which is dceper than broad; 2nd canthal very large, a littlc Icngcr than broid, scparated from its fellow by three keeled scales (in front only two; supra- oculars large, longer than broad, separatcd by 8 keeled scales; top of head and neck covered with small keeled scales; 8-9 upçicr labiais. 2nd forming the anterior border of loreal pit; first upi)er labia! as deep as long. all other labiais, except the last, deeper than long; 11-10 lower labiais, two ante- nors in contact behind the sj-mphysial; nasal divided without pore, separated from the 2nd upper labial by a series nf three diminute scales; dorsal scales (•) Dcdicatcd to Dr. Viul Brazil, foundrr of tht Instituto Butantan. Reccived for publication on July, 1933. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 16 A XEW BOTHROPS FROM BRA2IL. BOTHROPS BRAZILI SP. XOV. strongly keeled in 28 on the neck, 26 at midbody and 20 series at anus. The keels of scales are verj- similar to those of Lachcsis iiiuta (L.) \^entrals 179; caudais 54/54 ; anal single. Ground colour pale brown, nearlv white when “stra- tum comeum” is lacking) ; 14 blotches (for shape see Fig. 4) on the body and 14 on the tail (Fig. 7) ; belly white, powdered with brown on the sides (Fig. 5). Head of the ground colour \rithout markings, chin white; lower parts of tail white gradually powdered \rith brown posteriorly (Fig. 5). Length of body (head inclusive) 1.003 mm.; tail 155 mm. AUotypc N.° 14./ 15, á. Dorsais 25; ventrals 175; anal single; caudaLs 59/59-}-5 ; 8 upper labiais, the second fomiing anterior border of the loreal pit. bul at the left side the second upper labial is semi-divided ; 12-11 lower labiais; length of body -f- head 672 mm.; tail 120 mm.; head 35 mm. Colour and patterrs nearly the same as holot>-pe but dorsal markines a little smaller down- wards. Other difference in caudais and ventrals are doubtless se.xual di- morphism. RESUMO De.scrii,ão de uma nova espécie de Bothrops, B. bracili, procedente de Tomé Assú, Estado do Par.á, Brasil. no\a espécie é próxima a B. joraracussu (Lacerda) porém diferente pelo formato do crâneo, desenho, colorido e tipo de carenas. Acktiou-ledgcmenlí — \Ve are indcbted to Mr. Francisco .Mves Soares, Director of the “Colonia EsUdiial Tomé and ^fr. Hiraga Renkichi, Presídent of the “Cooperativa de Tomé .Assú” for tlie gift of a small collection of snakes. BIBLIOGR.APHY Airiara!, A. do — Xew Gcnera and Species of Snakes Club 8: 100, 1923. — Proc. Xciv England ZooL cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Fiy. I — rbotocraplix BrlJkrrfj tr«íí*í, Utcral of Bcad (Ho(o< 7 V^^, í'*'* 2 — rbo'o^a()faj Boikrvfi hr^ziii, vrtitrcl t.cw of bead (Holot/pe)* ^^‘2 — Pbc«civrapfa 7 Batkrpfs hraxUi, do^ul vicw of hcad (Uolotrpc). cm SciELO Mrai. Itut. Hutantan UOGE 15-22 1955 Fig. ^ — Photographjr Bothrçft bratili, dorial view and dctail of Uil (Holotrpe}. SciELO 11 12 13 14 15 16 lOcm 1 0 cm Mem. Inst. BotanUn S(í):tS-22. i95J A. R. HOGE Fi*. S — pboíocrapby Belkrcfl bruui, rtnlr»! ritir (Rolotm). cm 2 3 4 5 6 7SCÍELO ;l1 12 13 14 15 16 17 20 A NEW BOTHROPS FROXI BRAZIL. BOTHROPS BRAZIU, SP. NOV. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 I 2 Cm ' — Camrr» Itidda dratroinf oí; A — Bfftkrofs donal riew oí ® Bctkr^t krêsiJt, dorul vicw oC tktdl. Mrax. last. Bntaatan »(l):2J-26, 1953 JOSt 51. RfIZ 23 ESQUISTOSSOMOSE EXPERIMENTAL 3. Cutriculus pacca pacca e Grison furax, novos animais receptíveis a infes- tação pelo Schislosoma tnansoni. JOSÉ M. RUIZ (Secfão de Parasilologia, Instituto Butantan, São Paulo, Brasil) Prosseguindo na serie de experimentações que encetamos no sentido de ampliar o conhecimento sobre os animais silvestres passivds de infestação pelo Schislosoma tnansoni, na presente nota damos noticia de dois representantes comuns da nossa fáuna receptíveis à infestação experimental: a “paca”, conhe- cidissimo roedor da familia Cofiidac e o “furão”, carnívoro representante da família Muslelidae. MATERIAL E MÉTODO Animais recebidos pelo Instituto, no estado de adultos: um exemplar de paca do sexo feminino, procedente de localidade não especificada do Estado de São Paulo e três exemplares de furões, dois dos quais procedentes de Feira de SanPAna, Bahia e um de Avarc, Estado de São Paulo. Os três exem- plares (2 fêmeas e 1 macho) da mesma e^iêcie, Grison furax Tliomas, 1907, scg. \ ieira, foram colocados na mesma gaiola. Exames de fezes repetidos para a pesquisa de ovos de 6". tnansoni, usando- se o processo de sedimentação, resultaram negati\x)s durante o período de in- cubação da infestação experimental. Infestação por via transcutânea, região abdominal, raspando-se prê\'iamente os pêlos e humedecendo a região com água morna. A paca foi infestada com cêrea de 600 cercárias de S. tnansoni, obtidas pela dissecação de 4 moluscos procedentes de Dom Carati, Minas Gerais. A a\'aliação numérica das cercárias foi baseada na média da contagem das mes- mas em cada gota de liquido, utilizando para a infestação um número deter- minado de gotas. A infestação foi feita no ambiente de laboratório, aque- Recebido para publicação cm Abril dc 1953. f 'SciELO 0 11 12 13 14 15 16 1 24 ESQVISTOSOMOSE EXPERIMEXTAL.3. CUSICVLUS PACCA PACCA E GRISO.V cendo e iluminando a região ventral do animal com uma lâmpada comum. Exposição à infestação durante cerca de 50 minutos, tempo suficiente para a evaporação do liquido. Os furões foram infestados de maneira semelhante mas foi necessário anestesiá-los pelo éter, dada a agressiridade de que são dotados êstes animais. Foram utilizados quatro moluscos do mesmo lote de Dom Cavati, porém o número de cercárias não foi determinado. Os fragmentos de moluscos foram distribuídos equitativamente, sobre o ventre dos 3 animais. A coleta de vermes no sistema porta foi feita por processo manual. Evi- tamos o método de per fusão para não provocar possíveis alterações nos órgãos destinados a futuros estudos anátonxvpatológicos. O número de vermes coletados, portanto, fica aquém do realmente exis- tente na infestação. RESULT.ADOS “Paca", Cunicu/iis pacca pacca. Data da infestação: 3 de dezembro de 1952. Eliminação de ovos: 29 de janeiro de 1953. Tempo decorrido entre a infestação e a eliminação de ovos: 57 dias. Data da necropsia: 12 de março de 1953. Vermes coletados: 24 machos e 10 fêmeas. De 29/1/53 a 12/3/53 foram feitos 16 exames de fezes dos quais 13 positivos para ovos de S. viansons. “Furões”, Grison furax. Data da infestação: 4 de dezembro de 1952. Eliminação de ovos: 29 de janeiro de 1953. Tempo decorrido entre a infestação e a eliminação de ovos: 56 dias. i.** necropsia'. Um exemplar fémea: 30 de janeiro de 1953. Vermes coletados: 137 machos e 12 fémeas. O casal restante permaneceu na mesma gaiola de 30 de janeiro a 26 de fevereiro de 1953. Xesse período foram pra- ticados 7 e.xames de fezes dos quais 6 foram positivos para ovos de 5". tnansoni. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. In5t. Butantan JOSÉ M. RUIZ 2S(l):2J-26. 1953 2“ neirópsta: Um exemplar macho: 26 de fe\ereiro de 1953. Vermes coletados: 182 machos e 4 fêmeas. A fêmea restante permaneceu em cativeiro, continuando a eliminação de ovos regularmente. De 28 de fevereiro _a 16 de março de 1953 foram efetuados 5 exames de fezes todos positivos para ovos de 5". iiiansoni. 3° necropsia: Último exemplar fêmea: 17 de março de 1953. Vermes coletados: 310 machos e 16 fêmeas. COMEXT.\RIOS Comparado com o que se verifica nos hospedeiros melhor adaptados à infestação pelo 5". ntansoni, considerando o tempo de inculnção e a regulari- dade de eliminação de ovos, êstes animais mostraram-se muito propícios à infestação que apresenta um curso normal. A eliminação de ovos viáveis foi verificada com grande regularidade, apesar da pequena proporção de fêmeas encontradas cm todos os animais. Este fato evidencia a importância dêstes animais como prováveis disseminado- res da parasitose no caso de se verificar a infestação em condições naturais, fato perfeitamente admissível. Os animais não deram mostra da infestação, ao contrário adquiriram me- lhor aspecto e engordaram no período de cativeiro. As lesões macroscópicas observadas no figado se apresentam como ixm- tuações esbranquiçadas, esparsas e relativamentc raras, apesar do grande número de vermes machos não acasalados e bem desenvolvidos que pennaneciam na veia porta e suas grandes ramificações intra-hepáticas e mesentêricas. Os vermes coletados, tanto da paca como dos furões, apresentam gcral- mente o aspecto normal; todas as fêmeas acasaladas e bem desenvolvidas; machos robustos cm geral, apenas alguns e.xemplares com desenvolvimento anormal (formas pequenas). O estudo morfológico dos vennes será feito em separado. RESUMO Foram infestados no laboratório, com cercárias de Schistosoma ntansoni, por via transcutânea, uma paca, CMNiVM/H.r paeca pacea c 3 furões, Grison furax. A paca foi infestada com cêrea de 600 cercárias e eliminou óvos viáveis a partir do 57° dia da infestação. Na necrópsia, feita aos 118 dias de infes- tação, foram coletados, por processo manual, 24 exemplares machos e 10 exem- plares fêmeas de N. tnansoni, adultos e perfeitamente desenvolvidos. ,SciEL0 ) 11 12 13 14 15 16 i 26 ESQCISTOSOMOSE EXPERIMEXTAL.J. CUSICULUS PACCA PACCA E CRISOX Oá furões foram infestados por um número desconhecido de cercárias. O exame de fezes coletivo revelou a presença de ovos viáveis de S. imnsoni no 56° dia da infestação. A eliminação de ovos nestes animais mostrou-se muito r^ular. As necrópsias foram feitas no 57°, 74° e 103° dias da infestação tendo sido coletados os seguintes vermes adultos, respectivamente: 137 machos e 13 fémeas, 182 machos e 4 fêmeas e 310 machos e 16 fêmeas. SUM.M.\RY One specimen of Cuniculus pacca pacca, paca and three specimens of Grison furax, furão were experimental infected by Schistosoma mansoni. Cuniculus pacca pacca was infected with approximately 600 cercariae cutaneously. Viable eggs were found in stools 57 days after exposure to infection and were evacuated regularly during the obsen-ation time. The ne- cropsy made 118 days after infection revealed 24 males and 10 females of adult tnansoni. Grison furax were infected with unknown number of cercariae. Collective stc»ls exammation reveals í". tnansoni eggs at the 56th day of infection. Elimination of \nable eggs A%-as obser\-ed to be very regular in those animais. Xecropsy of Grison furax specimens were made 57, 74 and 103 days after infection and the following adult wonns were recovered: 137 males and 13 females, 182 males and 4 females and 310 males and 16 females res- pectively. BIBLIOGR.AFI.A Ruis. J. .lA _ Shistosomose experimentai. 1 — Receptividade de Procyon cancrivorus à infesUção pelo Schistosoma mansoni, .Mem. Inst. Butantan. 24 (2): 1II-113, 1952. SciELO 11 12 13 14 15 16 Mcm. lut. BatanUn »a):27-J4, 19SJ .V. R. HOGE 27 A XEW QEXUS AXD SPECIES OF BOIXAE FROM BRAZIL. XENOBOA CROPAXII, GEX. XOV., SP. XOV. R. HOGE (Def^rtment of Ofhiology, Instituto Butantan, S. Paulo, Brasil) X c n o bo a, gcn. nov. Gcnotj^pe: Xcnoboa cropanii, sp. nov. This new gcnus is characterized by having thc anterior tecth strongly en- larged; labiais and rostral with deep pits; tail short, prehensil; dorsal scales vciy large and smooth; hemipenis wth papillous ape.x. Xcnoboa is related to Boa L. and Epicrales Wagler but differs from Epicrales by the tj-pe of dentition and the deep pits, and íroin Boa by the ver^' large scales and shorter tail. Xcnoboa cropanii, gen. nov., sp. nov. (•) Ilolotype — Ai n.° 15.200 in the Butantan Institutc collection. TyPe locality — Miracatu, State of São Paulo, Brazil. Collectcd by Mr. José Santos. Body stout, a little conipressed laterally, tail short prehensil ; head distinct from ncck, covered with shields; rostral with a pit on each side; supraoculars a little enlarged; supralabials 14-13 with deep pits; a large preocular, eye burrounded by 9 scales; ventrals 179; dorsais in 30 series at midbody; anal single; caudais l+3/3-f48; body+head 1113 mm.; tail 167 mm.; head 54 mm.. Body olive-grecn with rhomboidal dorsal blotches (Fig. 4) and a series of irregular spots on the sides (Fig. 4). (•) Dedicated to the Iate Ottorino de Fiori, Baron de Crojiani. director of the Instituto ^*uIcanológ:co at Catania. Re.xived for publication on .\pril J7. 1953. 1 ,SciELO ) 11 12 13 14 15 16 i 28 A NEW GENfS AXD SPECIES OF BOISAE FROM BRAZIU XESOBOA CROPASH. GEX. XOV.. SP. XOV. Belly yellow, anterior part \rith small black edges on each ventral. The black edges increasing in size tailwards (Fig. 5). Hemipenis with plicae, papilous at the apex, “sulcus spermaticus” forked. Sknll — nasais thrice as long as broad; prefrontal broader than long; postfrontal not in contact with frontal, which is broader than long; mandibular with 15 teeth, anterior strongly enlargcd; palatine without processus and wnth 5 teeth; pterigoid with 5 teeth. The skull is much shorter and broader than in Boa or Epicrates. RESUMO E>e.scrição de um gênero novo e espécie nova, Xenoboa cropanii. O novo gênero Xenoboa ê caracterizado por ter os dentes anteriores muito aumentados; labiais e rostral com fossetas profundas, cauda curta e preensil ; escamas dorsais lisas e grandes; hemipenis com plicas e apex com papilas. Xenoboa é próxima de Boa L. e Epicrates Wagler porém se distingue de Epicrates pelo tipo de dentição, e fossetas labiais; e de Boa pelas escamas muito aumentadas, e cauda mais curta. Xenoboa cropanii tem cabeça distinta do pescoço; 14-13 supralabiais ; olho ciramdado por 9 escamas; 179 ventrais; dorsais em 30 séries no meio do corpo; anal simples; caudais l-|-3/3-f-48; corpo mais caljeça 1113 mm.: cau- da 167 mm.; cal)eça 54 mm. Coloração verde oliva com manchas romboidais nas costas; ventre anu- relo e as placas ventrais orladas de preto, sendo que a orla preta aumenta gradualmente em largura na direção da cauda. BIBLIOGR.\PHY Linnafus, C. — Systema naiurae, 10 ed. 1 : 214, 1758. Holmiae. Wagler. J. G. — Salürlichts System der Aml>hibien, München: 167, 1830. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Fit 2 DoruI TÍcw o( tlK bcad Xcxahcc acfQ»ii, ip. nor. I — ■ 5Cm. Fi*. 3 Vctrtral rictr of li»c hcad cí Xench^ crpfú^ii, tp. noT. 2 3 4 5 6 7 - 1—1 11 12 13 14 15 16 ! SciELOio 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 L cm r;». 5 Xenoitt çrzíimi, ip. s;-.. Tts! cm ^Icm. Tnst. Batactan ISiI):27-J4, 1953 A. R- HOGE Mcin. Inst. BatAntan I95J E. KAISER 35 THE EXZYMATIC ACTIVITY OF SPIDER \ E.\OM 0,1 thr influcncc of sulfonatcd polysaccharides on the proteolylic and h-jaluro- nic add splilling aclhnly of spidcr tvnoni E. K.\ISER (Dcparlmenl of Biochemutry, Vnnrrsily of rimna. Áustria) In a prcvíons communícation \ve discussed the protcoI>tic activity ot the venom cf Lycosa raptaria and Ctcnus nigriventer. When cascin is ráiplovcd ^ substrate the pH optinia of the proteoUtic enzj-nie are pH 7.5 and pH 8.0 or t c \enoni of Lycosa raptaria and Ctcnus nigrh-cntcr respcctivelv. Cal- culation of the proteolytic aaivity in resiiect to crjstailine topsin (.Ánnour) pves an amount of 3 — 4 crjstailine trj-psin for one niilligraimn of the venom t aiser. 13, 14). The negative results of other authors which were not ahle to dctect proteolytic cnzymes in spider venom (\ cllard. 21. 22) may l>e caused bv •nr method employed whosc accuracy is not enough to dctect mínimal amounú of protcolysis. Different authors have investigated the inhibiting aciion of hcparin, a ncga- uely charged nacromolecule. on trjptic protcolysis. Glazko and Fcrguson ( ) ^d Hor>vitt (10, 11, 12) showcd tliat trjiwins activity is inhibitcd by ej>ann employing casein as substratc. Concentrations Ixrtwccn 500 and 600 U. hepann are stili active. Uter Rocha c Silva and Andrade (19) and Wells « al. (23) demonstratearin and t t commercial tn-psin prqxirations were not influcnccd. Wc have takcn up t IS question again in this lalwratorj- and dcmoiistratcd that hqarin (liquemin R«he. heparin Vitrum) in concentrations from 62.5 — 1200? were without any influencc on tryptic protcolysis. The employed crjstailine trj-psin and commer- cia trypsin preparations. Cascin, fibrinogen, fibrin and gclatine sencd as substr.n!es (14). In this communication we will-discuss the influcncc of hcparin and sulfo- natcd pcptic acid on the protcoljtic activity of spider venoms. Casein was em- ploycd as substrate. Reccived for publicatton, on May 12. I95J. * 36 THE EXZYMATIC ACTIVITY OF SPIDER VEXOX METHODS mear co^elatjon between extinction and enzj-me concentratíon which makes ií ^oce^" concentratíon and the inhíbition of the enzj-matic The Yenoms of Lycosa raptoria and Cte^ius nigrivcnter were tested As inlnbitoo- substances heparin (liquemin Roche, heparin Vitrum) and díf{er«,t preparat.ons of sulfonated peptic acid were ínYesdgated. aTera^flTe - wTnor VÍf 20.000 - 90.000. Heparin (62.5 200) nor sulfonated peptic acid (100 — 2000) showed any inhibitoi^' beb^e”" The proteinase of spWer venonr beha%es in this respect hke crjstalline trypsin from beef pancreas. RESULTS Resides the de^ribed proteolytic enzyme in spider Yenom, we were able to e cct a considerable amount of an enzj-me splitting hyaluronic acid (arachno- mucinase). The occurrence of this hyaluronic acid splitting enzjme (InSu- ronidase) in ammal organs and different bacterial strains is well S,o«-n Meyer w 1 ^ Tabanni — Castellani (20), Eichbaum (5) Zeller UV (*)' (6). de Marco (2.). etc.), were able to show m this laboratory that stronglv negative charced Chain molecules (sulphuric esters of polysaccharides) are potent inhibit^ of >-aluronidase in relatively sniall concentrations. Xegatirelv charged spheric ntoleailes are without any effect. PositiVely charged macromolecul^d^Ír protamine peptone) are activators of the bneakdown of hj-aluronic acid bv h)-aluronidase ( Pantlischko, Kaiser) (17). ^ the actÍYiIl“'oV"'^T^''‘"'^ negatively charged cliain molecules on methiS r determined according to the meth^ described in th^ laborator>- (17). Heparin and sulfonated h>-aluro- nic acid were investigated. Table 1 shows the results with heparin. Heparin ac ivc up to a concentratíon of 5'0-^ .A concentratíon of^o .4 ^ complete inhibition of arachnomunicinase. Between concentrations of Âs cirno l'near correlation beUeen the inhibition of ara- chnomucinases activity and the concentratíon of heparin. The same results SciELO 0 11 12 13 14 15 16 cm 37 M™ Inrt. Baunun E. KAISER I95J TABLE I Inhibiiicti of aracboocBOciiuac by dtifrrmi cvocrnlratiocu of bcparín (Mnbod: t*aDiIÍtKlik(\ Raitcr, ]95l)> could be found with sulfonated hj-aluronic acid. Tcsticular hj-aluronidasc is inhibited by similar concenfrations. Basic substanccs like histone, protamine and pqitone are acti\'ators of thc arachnomucinasc. It scems that at least in this respect thcre exists no diffcrence between testicular lu-aluronidase and arachnomucinasc. SL•.M^Í.^RY Thcre is no influence of sulfonated polysaccharides (heparin, sulfonated pectic acid) on the proteoMic activity of spider venom. The enz)-me from spider venom splitting h)-a]uronic acid (arachnomucinase) is inhibited by hepa- nn and sulfonated hyaluronic add up to very small concentrations. Thcre seems to cxist, at least in this respcct, no diffcrence between thc protcolj-tic enz)-me of spider venom and ciystalline trypsin on the one hand 1 ,SciELO ) 11 12 13 14 15 16 I 38 THE EXZT'MATIC ACTIVITY OF SPIDER VEXOX and between testicular hj-alunonidase and the arachnomucinase detected in spi der venom. ZUSAMMEXFASSUXG Sdfurierte Polysacchande (Heparin, sulfurierte Pektinsãuse) üben kei- nen Eifluss auf das proteolj-tísche Femient der Spinnengifte aus. Das Hj-a- luronsãure spaltende Femient der Spinnengifte (Arachnomucinase) wird durch Heparin und sulfurierte Hj-aluronsãure noch in sehs kleinen Konzentrationem gehemmt. Es ^heint, zumindest in dieser Hinsicht, kein Unterschied zwischen dem proteoljtischen Ferment des Spinnengiftes und kristallisiertem Try-psin einer- seits und der Arachnomucinase und Hodenhj-aluronidase andererseits zu bestehen. RESUMO _ Os polisacárides sulfonados (heparina, ácido peptico sulfonado) não têm açao sobre o efeito proteolitico do veneno de aranha. O enzima do veneno de aranha que cinde o ácido hialurônico (aracnomudnase), é inibido por pe- quenas quantidades de hepirina e ácido hialurônico sulfonado. Sdb êsse as- pecto, parece nao existir diferença, de um lado entre o enzima proteolitico de veneno de aranha e a tripsina cristalina, e por outro lado, entre a hialuronidase testicular e a aracnomudnase encontrada no veneno de aranha. Acknou-ledgment — Our thanks are due to Prof, Dorival da Fonseca Ribeiro (Butantan Institute, São Paulo) for the necessarj- amounts of spider venom and to Mr. Winkler (Turon A. G., Frankfurt/.Main, Deuts- chland) for the different preparations of sulfonatcer, J. .4. Sc Morris, !I. C. — Proc. Soc. Exfer, Biol. a. Med. 53 : 57. 1945. 24. IVerle, E.; Turtur, F. Sc Bauereis, R. — Biochem. Zeil. 319 : 337, 1940. ZcUer, E. .4. — Adzvnces on Ensymology 8 : 4*(9. 1948. Men. Ittjt. Batantan »(U:41S2. 195J C. ROSENFELD * LAEI.tA HOEHNE 41 STUDIES OX CO-MPARrVTIVE HEMATOLOGY — I. HE.MATOLOGIC data OF MYRMECOPHAGA T. TRIDACTYLA L.. 1758 (TAMAXDUA- BAXDEIRA) AXD TAMANDUA T. TETRADACTYLA L., 1758 (TAMAXDUA-MIRIM) (*) G. ROSEXFELD & LAELIA HOEUXE (♦•) (Laboratory of Htmaiology, ítuliluUf Butantan, S. Paulo, Brasil) Ey the study ot some endemics, hunun epídemics and epizooties, wc arc frequcntiy stroken by the scarcety ot hematologic data, that would pcrmit the ínterpretation of blood modifications in wild animais, either in those inocula- ted in laboratory or in those find in their natural conditions. On the othcr hand the knowledge of hematologic data of animais from the \'arious points of the zoological scalc, will probably facilitate or pemiit investigations alx)ut the phjsiolc^' and physiopatholog)* of many inechanisms like that of coagulation. phagoc>tosis, c>togcnesis etc. that are till now obscures. Tliese mechanisms will bc perhaps more easily clcarcd when studied in some animais that for some pcculiarity, dcmonstrate ncvr facts or facilitate some expericnccs. As an tocample, the fact obser>ed by Svihia and col. (9-10) in the squirrel and the hamster; when these animais hibemate, there is an c.xtraordinaiy prolongation of the blood clotting time. This fact would pcrmit the study of the mcclu- nism of the thrombosis and endogenous anticoagulants, of great importance for the human physiolog>' and physiopatholog>-. With the deal to report the hematologic data of sc^•eraI animais it was done a study of the blood of ant- eaters occasionally sent to the Instituto Butantan. 6 specimens of Myrmccophaga tridactyla tridactyla L., 1758 (Tamanduá- Bandeira) Corning, 5 from the State of Mato Grosso and 1 from the State This study was supported bj- the Conselho Xacional de Pesquisas, í**) Contracted with funds of the Conselho Xacional de Pesquisas. Rrcthiáo tara t^blicação em 5 dt junho de 1953. Recerved for tublíeation on July 5, 1953. 42 STCDIES 0.\ COMPARATIVE HEMATOLOGY. 1 . MATERIAL AND METHODS of S Paulo were examined. It .vas also examined 1 Tamandua tctradactyla lelradactyla L., 17o8 (T. Mirim) coming from the State of Mato Grosso. TI,e blood for dosings and hematimetric determinations was taken from the cubital vem and heparinized with 1 mg/ml of blood. The specifíc counts of leucoc>tes. mean erjthorocytic diameter and morphologic aspect were mea- sured in venous blood smears. _ ít «-as consWered the average of 2 counts of erjthrocjtes done in 1/0 mm-, the dosing of hemoglobin was done in electrophotometer with green ilter (52oh), the corpuscular volume was determined in Wintrobes hema- tocnt centntuged at 4.000 rpm during 20 minutes. Er>-throc>tes sedimenta- tion raie was determined in \\introbe’s tube with heparinized blood and the readmg was done after 60 minutes. All these determinations were done in duplicate. The reticulocj-tes were counted in smears by the brilliant cresil blue method, 1.000 er>-throc)tes were counted for cach animal. The mean diameter was measured in 200 er> throc>tes, for each animal. The differen- tial count was done in 100 cells in smears stained by Rosenfeld’s method (8). The mean values^were determined. beeing s the standard error of indi- vidual values aml j ^ the standard deviation of the mean. Here are also included the \-ariation coefficients C and C 7 respectivellv from the individual \-alues and from the mean. RESULTS Erylhrocytes — The mean number of emhrocvtes was of 3150 000 per mnP. Individual variations were small. The hemoglobin average was 13.-8 gr % and varied mostiy only in one animal (6227) that was infested with .Nematodes in the stomach and Acantocephala in the intestine. Conse- qucntly the mean corpuscular concentration of hemoglobin in that animal ^^as -3,6 yy. while m the others varied from 41.0 to 55.5 yy. That animal therefore presentcd a h.pocromia but had no microcj-tosis. consideripg the volume or the mean diameter. Other numeric data about the er>-throcj-tes can be obset^ed in tablc 1. The erjthrocjtes were circular and biconcave.s presenting no poli- chronusy, anisocjiosis or jxiiquilocjiosis. Lcucocytcs — The mean number of leucoc)-tes was 4.980 per mm^ being owcr only in one animal (6245) that was suckling a young (6245.\). With excefrtion or nr. 6265, all presented a great number of'stabform neutrophiles. in spite of presenting no appearent infection. The number of eosinophils was SciELO Mrau Inft. Bntanun 2S(I);41-52. 19SJ & ROSENFELD â- LAELIA HOEIINE 43 high in some animais, both in the infected by intestinal parasites as in thosc where the parasites were not found (Table 2). The morphologic aspcct of the Icucocj-tes presented some special characte- ristics. The neutrophile granulations were verj- íinc and scarcely visibles (fig. 1. 2, 3, 4) and these from the eosinophiles (fig. 5) were not as well indivi- dualized as thej- are in other mammals because the>- exist in a great mimljer and become superposed. In the smashed cells (fig. 13) they are evident. Lymphocytes, monocytcs and blood platclets — The l>Tnphoc\-tes and mo- nocj-tes presentwl sometimes azurophile granulations. The platelets had h\-a- lomere and chromomere well visible but the last was verj- thin (fig. 12). In a general A\-ay the morphologic aspect was not veiy different from the most part of the other mammals, calling attention, at first sight, the larger diameter of the erj-throcj-tes, the almost absence of granulations in the nue- trophiles and the small evidence of granulations in eosinophiles. DISCUSSIOX Tliere are scarce and isolated data about blood elentents of the Myrmc- copha{;.dae, but it was impossible to find a general hematologic picturc. Gul- liver (2) in an extense table of mean eiythroc>tic diameters from vertebrates, indicates for Myrmecophcga jubata {M.t. Iridactyla) the value of 1/2769 inch (9.173ji). He does not refer how many animais were u.sed or the number of ceIU measured. However he informs that he measured a large numlxrr of erjthrocjtes in diy and thin smears. Peters (7) measuring 100 erjthrocy- tes in a not specified numlier of animais found a mean diameter of 9.3p with a standard de\’iation of 0.67. Our data agree with those of these authors as we found a mean diameter of 9.398}» wnth a standard error of 0.322 (Table 1 and graphs I, 2. and 3). In respect to the mean corpuscular volume Knoll (4) found 133-135}»^ but has inferred the volume from the eiythrocjtic shape, considering the ccll as a cjdinder and using as elements only tlie diameter and the height. .‘\s the cell has not that geometric form we understand tliat his measures are verj- diffe- rent from our findings, that were 160.7p^. This \'alue we found in 5 animais with mcthods utilised actually in hematologic routine, that is, considering the globular volume, hematocrit and the numlicr of erjthrocytes that ocaipy that volume. This method avoids errors introduced with individiul measures of few elements. Knoll refers in another work (3) that he found in Myrmccophagus Irídac- lylus and in Tatnandua jubata 4-8^ of normoblasts in smears of tl»e circula- ting blood. These resuits disagree with our findings. In 6 specimens of 3/. tridactyJa Iridactyla we found no normoblast in the smears of the j)eripheral 2 3 4 5 6 7 - 1—1 11 12 13 14 15 16 I 44 STCDIES 0.\ COMPARATIVE HEMATOLOGY. 1. blood except rare ones in nr. 6227 and only 37 per mni^ in a specimen of T. tetradactyla that was in very bad conditions of health and died some hours after tbe blood was taken. We attribute that finding of Knoll to the possi- bility that he worked with animais that were not in good conditions and pro- bably had anemia. The ontogenic inductions done by the author about the great number of normoblasts found in the animal circulation are therefore injustifiable. It is also possible that he confounded the small IvTnphocytes wth erjthroblasts, because these cells some times resemble er>-throblasts (fig. 9, 10) although the difference does not present great difficulty (fig. 11). Knoll (3) refers that he studied one specimen of Mynnecophagíis iridactyltis and two Tatnandua jubata, however, these two denominations are probably rpferent to a single species for Tamandua jubata, is probably Mynnecophaga jubata L., 1766, that is in the synonymy of Mynnecophaga tridactyla tridactxla L.. 1758 (1-11). About the perccntages of leucocjtes and their morphology Knoll (3) refers resuits found in 1 specimen of M. tridactyla and 2 of Taittandua jubata. Oria (5-6) presents resuits from 2 spedmens of T. tetradactyla. There is no reference to tlie global count of leucoc>ies and differential count of neu- trophiles. There is no divergence between these data and those found by us, because in so fc^v animais it naturally occurs %-ariations of the tj-pes of leucocytes and in respect to the morpholog\- we only accentuate that the neutrophilcs present verj- fine and littie \-isible granulations and the eosi- nophiles have granulations not so indi\ndualized as in the man. SLMM.ARY Hematiinetric data of 6 specimens of Mynnecophaga tridactyla tridactyla L.. 1758 (Tamanduá bandeira) and 1 specimen of Tamandua tetradactyla tetradactyla L., 1758 (Tamanduá mirim) were studied. The mean \'alues found were: 3.150.000 erj-throc}-tes, per mm’, with a concentration of 43,12yy of hemoglobin, a mean corpuscular volume of 160.6p’ and a diameter of 9.398p. The er}ihroc)'tes are discoidal and biconcaves and their dimensions are great when compared with these from other mammals. The number of rcticuloc)'tes was 0.747 Çfc and that of leucoc)'tes 4.980 per mm’. Differential counts of leucoej-tes were done. The neutrophiles present ed verj- thin gra- nulations, and these of the eosinophiles were not very evident, because they exist in a great number and become superposed. RESUMO Foram estudados dados hematimétricos de 6 exemplares de .Mynnecopha- ga tridactyla tridactyla L., 1758 Tamanduá bandeira) e 1 do Tamandua tetra- Hem. Inst. Batantan S(l):41-52. 19SJ G. ROSENFELD & L.\ELIA IIOEUNE 45 dactyla letradaclyla L., 1758 (Tamanduá mirim). A média de hemádas foi de 3.150.000 por mm^ com uma concentração de 43,12yy de hemoglobina, vo- lume médk) de 160,6ji* e diâmetro médio de 9,398}i. As hemádas que são discóides e bicôncavas apresentam portanto dimensões grandes para mami feros. O número de reticulodtos era de 0.747% e o de leucócitos 4.980 por mm*. Foram feitas contagens diferenciais dos leucodtos, os neutrofilos apresentavam granulações muito finas e as dos eosinoíilos não eram muito eridcntcs por ficarem empilhadas derido ao seu elevado número. We are indebt to Prof. Flavio da Fonseca who made arailable the animais, and for the results of para- sitologk examinations done at the nccroscopy. BIBL10GR.\PHY I. Brehms, A. — Brchms Ticricben. Die Sângetiere. 1 Band: 527, 1912. Biblio- Krapiii5chc5 Institut Ldpzig und Wien, 1 Band, pp. 527, 1912. 2. Cullifer, C. — On the red corpiucles of the blocd of verlcbrata. and on the zoolo- Rtcal import of the nucleus, wth plans of their stnicture fonn and aize (on a uniform scale) tn many of the different orders, Proc. Zool. Soe. of London- 91. 1862. 3. KnoU, IP. — Das morphologisdie Blutbild der Sãugetiere. I. Allgetneine «nd spe- zielle Uorphologie der Kemhaltigcn Blutzcllen der Sãugetiere, Jahrb. Morfih. «. Uikrotk. Anat. Ahl. II. ZriUckr. .MUrotk. Anol. Forsek. 30: 116, 1932. ■4. KnoU, IP. — Untcrsuchtmgen über die Uorphologie det Sãugetierbiutes, Folia Hat- malol. 47 : 201. 1932. 5. Otia, J. — Sobre os monocitos do sangue drculante nos Xenarthra, Rtv. Med. S. Paulo. 13: 19. 1928. 6. Ona, 1. — Sobre os elementos figurados no sangue circulante na preguiça, no tatú e no tamanduá. Tese inaugural. Faculdade de Medicina da Uniwrsidade de S. Paulo, Brasü, 1928. 7. Peters, X. — Das morphologische Blutbild der Sãugetiere. II. Cber die Grõssen- verhãltnisse der Eothrocyten der Sãugetiere, in Jahrb. f. Morfk. u. Mikrosk, Anal. Abt. II. Zeilíckr. Mikrosk. Anat. Forsek. 30: 151, 1932. 8. Rjsenfeld, C. — Corante pancrõmico para hematologia e dtologia d!m*cx Nova combinação dos componentes do ãfay-Grünwald e do Giemsa num só corante de emprego rái^, .Mem. Inst. Butantan. 20 : 329, 1947. 9. Stikla, A.; Boteman, H. & Pearson, R. — Prolongatkm oi blood clotting time in the dormant hamster, Scienee, 115: 272, 1952. 10. St-ikla, A.; Boteman, H. & Rilenour, R. — Prolongation of dotting time in dormant estivating mammals, Seienee, 114 : 298, 1951. II. Trouessart, E. L. — Catalogus MammaJium tam rirentium quam fossilium, R.Frie- dlãnder & Sohn, Beitdini, SuppI. pp. 803, 1898-1905. ^SciELO Tahi.k 1 Myniu-toChiií/ti Irithiclyla triiUictyln I,.. 1758 46 STUDIES OX COMPARATIVE HEMATOLOGY. 1. cm 'SciELO 0 11 12 13 14 15 16 Mrm. Imt. BoUntan C. ROSEXFELD & LAELIA ItOEHXE »(1):4I-52. 195J 47 Mm. Itut. Rntaman 2S(I):SMJ. 195J \VOLFt:.\.\G Bl‘CliF.RI. 53 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRrVSIL l. Manutenção dos escorpiões cm xfiveiros e extração do veneno WOLHiAXG BCCHERL (Laboratório de Animais Peçonhentos, Instituto Butantan, S. Paulo, Brasil) INTRODUÇÃO Há mais de trinta anos fabrica o Instituto Butantan um “sôro anti-escor- piõnico", obtido nos primeiros anos apenas com a peçonha de Tilyus l>ahiensis e, mais tarde, pela mistura, em partes aproxinudamente iguais, dos venenos de Tityus bahlensis e T. serrulatus. Entre todos os escorpiões do Brasil são estas duas espécies as mais peço- nhentas. Existem dados documentados que atestam a enérgica ação da peçonha de T. bahiensis e T. serrulatus, havendo mesmo casos de morte humana, não somente de crianças mas também de pessoas adultas, determinada peb picada de uma das duas espécies. Nestas circunstâncias veio o fabriw do antidoto especifico pelo Instituto Butantan preencher uma necessidade clinica. Para a obtenção da jicçonha escorpiõnica sq>ara-se do escorpião vivo ou recem-nx>rto o telson ou último articulo caudal. Um lote déstes articulos é triturado em gral de vidro para rcílução a um macerado, o mais miúdo possivel .Ajunta-sc, então, salina na proporção de 1 cm* para cada 10 artiailos. Agita-se a mistura com bastão de vidro, para extração do principio tóxico e passa-sc, cm seguida, à centri- fugação. O liquido sobrenadante. fortemeiitc opalesccnfc. contém a pcçonlia escorpiõnica. Adiciona-se glicerina neutra em proporções tais que o liquido venenifero perfaça dois terços e a glicerina um terço. Inailxi-se a 37” C, pelo menos durante 15 dias, "para esterilização da mistura e concentração do anti- geno — ”, como disse Vital Brazil Mem. Inst. Butantan 1: 48, 1918. Para aferição do indice tóxico toma-se a relação do número de glândulas contidas em cada cm* desta solução glicero-aquosa. A titulação é feita por injeções subcutâneas em cobaios de 400 gramas. Com a mesma solução imunizam-sc ca\'alos, tendo \'ital Brazil principiado com injeções subcutâneas de 0,6 glândulas de T. bahiensis {loc. cit.). Num Recebido para publicação em 5 de junho de 19Si cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 54 KSCORPIÔES E ESCORPIOX1S.MO XO BRASIL. I. período de 2 mêses e 4 dias, praticando-se uma injeção em média cada 4.° dia e subindo-se cada vez com a dose, chegando-se a inocular num cavalo nada menos de 1.512,8 glândulas. O sóro obtido após sangria do cavalo era titulado em tubos de ensaio 1 cm^ de sóro em cada tubo, mais uma quantidade variável de peçonha escor- piònica, com incubação dos tubos em estufa a 37«C, durante 1 liora e posterior inoculação do conteúdo de cada tubo, por via subcutânea, em cobaios de 400 gramas. Xesta titulaçao o róro obtido revelava-se fraco, neutralizando apenas 4 glandulas por cm*. Após concentração do mesmo, obtinha-se um poder neutra- lizante de 10 glândulas escorpiônicas por cm*, o que foi julgado satisfatório por V ital Brazil, principalmente após recomendação de que, em caso de acidente humano, se injetassem por via subcutânea ou intramuscular 5 a 20 cm* deste sóro. Eni anos posteriores passou o Instituto Butantan a fabricar o sòro anti-es- corptônico polivalenfc, capaz de neutralizar a peçonha das duas espécies, T. ba- hietisis e T. sernilalus. Este sóro é apresentado em ampolas de 5 cm* capazes de neutralizarem 5 D. 1. m. da mistura glicero-aquosa dos venenos das respecti\-as espécies. Ja \ ital Brazil e depois seus sucessores que fabricavam este sóro, estavam cônscios das inconveniências déste método. Sahiam eles perfeitamente que: a) a relação do número de glândulas em detenninado volume de liquido gheero-aquoso, podia não corresponder â realidade pela ocorrência de glândulas sem peçonha; b) a trituração em gral de vidro do telson inteiro e extração com salina f^ia entrar em solução substâncias hidro-solúveis estranhas (dos elementos qui- tinosos das coberturas do telson, dos feixes musculares, dos epitélios glandula- res, etc.), que, sendo de natureza protéica, faziam também o papel de verdadeiros anfigenos na imunização dos cavalos, a encobrir imunològicamente a verdadeira imunização com a peçonha. Logicamente os anticorpos do cavalo constavam também, em grande parte, de anticorpos estranhos, etc..; c) o processo de os fornecedores enviarem as glândulas escorpiônicas já dentro da glicerina deu. muitas vezes, origem a remessas de glândulas em adian- tado estado de deterioração, com mau cheiro, etc., com alteração da atividade da peçonha; d) nenhuma titulagem, tanto da solução venenifera, como do sóro obtido, p^ia. a rigor, .ser reproduzida experimentalmente, porque a unidade-cobaio tinha que ser titulada, em cada partida, com antigeno cada vez diferente. Destes conhecimentos nasceu a tendência, ensaiada em quase todos os centros de pesquisa que se dedicam â soroterapia anti-escorpiõnica. de man- terem-se os escorpiões idvos e de extrair-se deles a peçonha cm estado mais ou Wew. liHt. Botant^n »-*’. 195 J WOLrCAXG BIXHERI. 55 menos puro a permitir dosagens mais rigorosas, tanto na titulagem da peçonha, como aa imunização de caa-alos e redosagem dos sõros obtidos. Entre nós cabe ao dr. Heitor Haurano o mérito de ter sido o primeiro a obter veneno puro de Ttlyus baliiensis, colhido dirctamente do ferrão com pi- I)eta capilar e st^rado scíire um \ndro de rdógio, séco em seguida na estufa. Vital Brazil, em 1918, embora reconhecendo ser este método muito tra- balhoso, achou, contudo, que o mesmo deverá ser aplicado nas exiicricncias de precisão e que se deveria tentar, pelo menos, obter veneno puro para a titulagem dos soros. H.\BIT.AT O Tityus scrrulatus (fote^rafia X.® 1) poara elas (pelas Estradas de Ferro, pelas encomendas, por entrada de rodagem, com madeiras, tijolos, pedras, areias, etc.), ou ainda porque a cidade veio até ele, isto é, as moradias humanas foram construidas em zonas onde era campo antes. O Instituto Butantan tem recebido Tityus bahicnsis das seguintes cidades: Guaratinguetá, Aparecida, Roseira, Pindamonhangaba, Taubaté, Caçapava, Mo- gi da Cruzes, Santo Angelo, todas localidades seividas pela Central do Brasil. Foi enviado igualmente da ilha de São Sebastião e de Santos. Xa Capital de São Paulo é este escorpião bastante frequente nas encostas entre Perdizes e Pacaembú, como também entre o Sumaré e o Pacaembuzinho de um lado e Sumaré e Vila Madalena do outro. Foi encontrado igualmente em quase todas as ruas paralelas à avenida Paulista, do lado oeste, como Alameda Lorena, Tietê, etc. Existe também nos seguintes bairros: Luz, Casa \'erde, Sant’Ana, Penha, Jardim Paulista, Pi- nheiros, Lapa e \^ila Pompeia. Inspeções destes locais revelavam sempre a existência ou de terrenos bal- dios, com acumulação de detritos, pedras, tijolos, madeiras, etc., ou de muros não rebocados, cheios de fendas profundas entre os tijolos ou de cercas impro- visadas com mourões esburacados ou ainda, como acontece no Pacaembú, altos muros de apoio, feitos de pedras naturais, cujas juntas não foram fechadas. Prédios velhos .cheios de rachas e defeitos, com porões esburacados, são igual- mente um esconderijo ideal para êste escorpião. Para se ter uma ideia do vasto habitat desta espécie no Estado de São Paulo, citamos mais algumas cidades, das quais o Instituto Butantan já tem recebido o Tityus bahiensis: Ribeirão Pires, Santo André, São Bernardo, na Estrada de Ferro Santos-São Paulo; Caieiras, Jundiai, Campinas, Rio Claro, Graúna, Vise. do Rio Qaro, São Carlos, Dobrada, Monte Alto, \’iradouro. Pontal, Ribeirão Preto, São Simão, Luiz Antonio, Mocóca, Itobi, Araras, Mogi Mirim, Itapira, Socorro, Ampiaro, Pedreira, Atibaia e Guarulhos todas cidades localizadas à direita de uma linha reta, traçada entre Santos e Rio Preto. À esquerda desta linha, na zona servida pela Sorocabana temos as seguin- tes localidades: Barueri, Sorocaba, Itú, Salto, Tietê, Piracicaba e João Alfredo, São Pedro, Boíucatú, Rubião Jr., Avaré, Itapév'a, Nogueira, Cafelândia, Rancha- ria, Capirari, Rib. dos índios e Presidente Epitácio. MAXUTEXÇAO de escorpiões em VIVEIROS: As duas espécies de escorpiões, Tityus serrulatus e Tityus bahiensis, podem ser mantidas em viveiros com relatira facilidade. Mrm. Ii»t. Batantan »ccto macroscófdco do veneno : Tanto o veneno de Tityus scrrula- tus como o de r. baJiicnsis tem o mesmo aspecto. A primeira gôta é geralmente transparente, límpida, semelhante à uma gotiaila de oi^-alho. As gôtas seguintes sao mais tunas, espessas. As últimas gotículas são leitosas, consistentes. -m geral, tendo em vista uma grande quantidade de escorpiões das duas especies, deve-se concluir que o T. scrrulatus tem menos veneno "hialino", transparrate, a^recendo já as primeiras gotkulas um tanto tunas, enquanto que cm T. bahtensts pode-se retirar quase sempre uma gota “hialina”, seguida por outras, cada vez mais leitesas e espessas. 1 SciELO M«m. Ittst. Batanun 1953 6. Solubilidade do t-cneno: O veneno hialino de ambas as espécies se dissolve muito facilmente em água destilada ou salina. Quanto mais leitoso fôr o aspecto do veneno, menos ele se dissolve em água ou salina, tendo as soluções aspecto opalescente, com grumos è flocos indissolúveis. 7. Aspecto microscópico do veneno: O veneno “hialino” de ambas as espécies, quando seco sôbre uma lámina ou quando cm esf regaço, apresenta uma configuração que lembra muito a cristais (compare as fotografias). .V natu- reza destas configurações “cristaloides” (?) não está ainda elucidada. O veneno “leitoso” ao contrário apresenta aspecto amorfo, não se podendo encontrar diferenças microscópicas entre o das duas esp)ccies. 8. Quantidade de tvneno liquido e sêco: Terminada a extração dos lotes de escorpiões, é no\-amcnte pesado o \ndro de relógio, para determinação do veneno liquido. WOLFGAXG BCCIIERI. 63 2 . Tityuj sfrrulatHS l>5 0.0114 2.1 27.1 0.016 7/1/52 »s 0.012* 2J 25.0 0.027 22;f/52 120 0.0242 5.* 24.0 0.04t 9/V57 lU 0,0171 SJ 22.2 044* 24/9/52 120 0.0212 6.7 21.6 0.059 9/10/52 159 0.0412 10.2 25.0 a0064 22/10/52 144 02122* ta 244 0.057 6/11/52 164 0.0474 10.1 224 0,061 >0/11/52 177 a0241 6.5 27.0 0,025 10/12/52 155 02)260 9J0 25.0 0,059 26/12/52 121 o.om 7.7 25.9 0.062 2.716 0.5*t9 1454 Mfdiu:— 1 0.20mt 25 . 25. 7% 0.052 -ScíELOIq 12 13 64 ESCORPIÕES E ESCüRPIüXISilO NO BRASIL. I. Em seguida seca-se a peçonha na mesma placa, em vácuo, sôbre cloreto de cálcio. O veneno sêco é novamente pesado dentro do vidro de relógio. Reti- ra-se, então, o veneno sêco e faz-se uma terceira pesagem do mesmo (para controle da e.xatidão da segunda) e depois guarda-se a peçonha sêca sobre cloreto de cálcio, no dessecador, envolto em papel escuro. 3. Tityus scrrulatus (extração manual) Data N.O r>«:orpl2o mg. veorno liquido mg. veneno séco % veneno sòeo veneno liquido mg. veneno 1 séco por 1 escorptio 13/1/53 173 0,0410 12,0 29.2 0.069 30/1/53 165 0.0322 8.3 25,0 0,005 12,2/53 Ml 0.0160 4.0 25,0 0.029 13 3/53 121 0.0240 6.0 25.0 0.050 27/3/53 129 0.0256 6.4 25,0 0.050 11/4/53 195 0,0470 12,0 25,5 0,060 2/5/53 155 0,0350 9,0 25,7 0.058 ToUis 1.078 0.2208 57.7 Médias 0,20 , 0,090 0,053 4. Tityus scrrulatus (Extração por choque elétrico) Uata j N.O fscorpiio mg veneno ! liquido 1 mg. veneno s^o % veneno séco veneno liquido mg. veneno séco por escorpiio 2/5/53 155 0,135 54.0 40.0 0,349 16/5/53 0.114 51,6 45.0 0,320 Totais 3 12 0.249 105.6 Médias i 1.0 0,8 42.4 0.338 Por percussão elétrica pode obter-se uma quantidade de veneno espesso, de aspecto leitoso, bem maior do que por simples extração "manual”. percussão elétrica parece esgotar realmente as duas glândulas venenife- ras. O veneno é viscoso, muito menos liquido do que na extração manual. Do processo manual podemos afirmar que é relativamente inofensivo ao escorpião. Não se esgotam as glândulas veneni feras. Na maioria dos indivíduos, se extrai apenas o veneno “hialino” ou um tanto tuiAo, sem chegar às últimas reseiA'as. A percussão elétrica, com 6 Volt, ao contrário, expele todo o veneno e certamente tanfbém algumas configurações celulares. Parece-nos que tamliém êste método é bastante inofen.sivo. Pelo menos não verificamos aumento da SciELO 10 11 12 13 14 15 16 cm Mnn. Iiut. Bntaxitan ZSa):5J-U. 19S3 WOLFGAXG BCCHERL 65 quota de mortalidade entre os escorpiões. Si o período de 15 dias entre as extrações é sufidente par&.que haja no^^amente a mesma quantidade de veneno, não pudemos ainda averiguar sufidentemente. ELm 2 extrações, pelo menos, há muito pouca diferença entre o peso do veneno sêco por escorpião. 5. Tilyus bahinuis (Extração manual durante o ano de 1952) UjU N.o ororpilo mX' veaenm Uqoiòo •4ro *• TrneAo veoetio llqui4o mff. vencoo por r^corpüo 7/1 lOJ 0.05t5 9.S 16.7 0.0)t Í3/7 0,0140 24 20.0 olojs 2A/S 54 0.02t7 4.1 14.} o.oto t/4 142 02>t90 154 174 0.110 74/4 IM 0.0750 15.0 20.0 0,079 J/5 146 0.0796 19.9 24.0 0.150 25/5 1«2 0.0600 ■ 5.0 25.0 0.100 4.’£ 15t 0A505 10,0 194 0.070 20/6 15S r.0450 t.6 20.0 0.062 7/7 141 0,0604 9.9 16.7 0.070 2J/7 156 0.0620 12.4 20.0 0.090 7/-» 151 *0.0500 94 19.6 0.070 22/t tl7 255 4.9 194 0.041 ».9 122 0.050t 7.7 25.0 02X2 24/9 122 02)572 7.5 24.6 0.061 9/10 104 0.0275 5.5 20.0 0.050 25/10 107 0.0455 9.1 20.0 04t5 6/11 9t 0.0420 04 19.9 0,0t5 20/11 t4 0j0J2O 6.0 lt4 0.071 10/12 70 0.0505 5.9 19.5 0.0t4 26/12 4t Ol00«5 1.5 17.6 0.051 Toaât: 2.5t4 0.950 ns 0,4 1«94 m« 19.9 0.075 6. Tityut 1'aJiicHsit (Extração mamai durante o I.® trimeitre dc 1953) Dau X.* rwor- fnf. YfttCAO mc ^tofnp *tco 56 TCDnw .«» • raMao iMjaide Pm Tcncoo jií ! piio tsi 21 04101 tj l».o 0.0T9 21 0.01 0 24 IM 0.104 122 21 •4121 24 IM 6.109 13.1 16 14 23.0 0.090 273 Zja o.t:m 21.0 204 0.090 m 1 K» 614 19.1 Q.'«9 ii/« 179 0.0160 114 20.0 t|.nr.:i » 1 1012 **;aoo 19M 20.0 aim 24VJ 1.0‘«« 213.1 M*-«] <*.l 19,9 -ScíELOIq 12 13 66 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL. 1. O fato do rendimento do veneno sêco por escorpião ser um pouco maior neste trimestre, em comparação com o do 1952, se explica pela remessa de 1.000 escorpiões, mais ou menos, em Março e que foram extraídos pela primeira vez. 7. Tityus bahicnsit (Extração por choque elétrico) Data .V. 1 escorpião' isr Tcceno liquido tnc Tenrtu> séco TCQcao se- co e veneno liquido veneno sê- co p/escor- pião 2/5/53 256 0,129 58.9 45,3 1 0,23 1 r/5/53 L026 0.S121 235,6 46.0 j 0J3 Totais: 1.282 0.641 ml 294.5 i^T Médias 0.5 47.2 0.23 IXTERPRETAÇÃO : 1. manutenção de escorpiões vivos para fins de estudos científicos (biologia, costumes, etc..), para experiências de precisão sôbre a atividade do veneno (titulação da peçonha, eletroforese, estudo químico, etc.) e jxira melho- rar o método da obtenção do sôro anti-escorpiônico, tem indubitalvelmente gran- des vantagens. Os aspecto cientifico, por si só, já justificaria a criação em viveiros. Quanto à obtenção da peçonha por extração, repetida cada 15 ou 20 dias, impõe-se a vantagem de se ter os escorpiões em laboratório, não dependendo mais da remessa de glândulas em glicerina. \ ejanios os dados estatísticos : Xo ano de 1952 vieram ao Butantan apenas 505 Tityus scrrulatus. Tomando-se em conta a quota de mortalidade devido ao trajecto desde o local de captura até a chegada no Instituto e que soma a (a mortalidade é alta nos primeiros dias de chegada), sobram destes 505 escor- piões apenas 315. Si se praticasse o método antigo, ter-se-ia, portanto, apenas esta quantidade de ferrões para serem cortados e triturados. Pelo método de criação, entretanto, repentindo-se a e.xtração cada 2 ou 3 semanas, conseguimos extrair a peçonha de 2.716, escorpiões no ano de 1952, ob'endo 145, 8 mg de veneno séco em váaio e guardado sôbre cloreto de cálcio, em dessecador escuro. Em 1953 vieram apenas (até ^laio) 77 T. serrulatus, mas foram extraídos 1.078, dando 57,7 mg de veneno séco e os mesmos foram ainda submetidos à extração elétrica em número de 312, dando mais 105,6 mg de \-eneno séco. i SciELO lleiB. Iiut. Botantan I»5J WOLFGAXC BfCHEKL 67 Assim, 380 escorpiões, em 31 extrações desde Janeiro de 1952 ate Maio dc 1953, forneceram 309 mg de veneno seco. O trabalho c certamente trabalhoso, pois para a obtenção desta quantidade minima foram extraidos nada menos de 4.174 escorpiões. Com Tityus bahiensis verifica-se o mesmo. Vieram durante o ano de 1952 e até Maio de 1953, 1.786 escorpiões, com 674 mortos durante o trajeto e na 1.* semana de «veiro. Entretanto, cons^uimos extrair, neste periodo de tempo, o veneno de 6.148 aracnideos. dando 697 mg de veneno seco. Alem destas indiscutíveis \-antagcns (veneno seco, mais ou menes puro, susceptíveis â pesagens rigorosas e soluções estandartizadas cm mg de veneno seco) acresce, neste processo, ainda outra: a de se jxxler aproveitar igualmcnte todas as glândulas dos animais que morrem. Dàriamcnte revisam-sc os vivei- ros. Os escorpiões mortos são retirados, aproveiundo-se as glândulas, guardadas como sempre em glicerina, para aproveitamento na imunização de cavalos. 2. Da interpretação dos protocolos de extração aparecem os seguintes fatos curiosos: \a extração tnunual o veneno sêco por escorpião da espécie T. serrulalus está em tómo de 0.052 mg (valor médio) e de T. bahiensis cm tómo de 0,07 — 0,08 mg. Este veneno é, quando liquido, transparente, “hia- lino” e quando seco, apresenta o qtuidro de “cristaloides". Digno de nota é o fato, de veneno de T. bahiensis ser bem mais “hialino" c conter quase que somente configurações “cristalóides”, enquanto que o veneno de T. serrulalus, mesmo já nas primeiras goticulas, contem muitas vézes já a substância opales- cente, um tanto leitosa. O quadro microscópico revela neste caso configurações cnstalóides” ao lado de uma .substância amorfa. Xa extração por eletro-choque, fornece um T. serrulalus 0,33 mg e um T. bahiensis apenas 0,23 mg. O microscópico dos dois venenos é igual uma substância amorfa. Também o aspecto macroscópico não difere em nada. É uma substância espessa, leitosa. Quanto ao veneno liquido, fornece o T. serrulalus, em média. 0,2 mg e o T. bahiensis 0,4 mg, portanto, o dòbro do primeiro. O veneno séco de T. ser- rulalus é de 25-26% do liquido e de T. bahiensis de 19,9% apenas, na extração manual. Isto significa que o veneno de 7*. bahiensis é mais diluído que o de T. serrulalus ou que contém mais das configurações, que chamamos de "aspecto cristalóide". Pelo método de eletro-choque jâ não hâ quase diferença entre a percentagetn de veneno sêco e liquido nas duas espécies (42,5% T. serrulalus e 45% T. bahiensis), como também não hâ diferença no aspecto microscópico déste veneno "amorfo” das duas espécies. A comparação do rendimento na quantidade do veneno seco na extração manual e elétrica dâ os segtiintes dados médios por indivíduo: T. serrulalus — manual — 0,052 mg; — elétrica — 0.33 mg; T. bahiensis — manual — 0,07 mg; — elétrica — 023 mg. -ScíELOIq 12 13 cs ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL. I. Isto significa que a extração por processo de choque elétrico rende 6 vêzes mais veneno sêco no T. serrulatus e 3,3 vêzes mais no T. bahiensis do que a extração manual. Somando-se, entretanto, as quantidades de veneno sêco, obtidas nos dois processoso manual e o elétrico — pois, na realidade foram sempre aplicados os dois na mesma ocasião, então temos os seguintes dados completos do veneno sêco por escorpião: T. serrulatus — 0,38 mg por indinduo; — quantidade média; T. bahiensis — 0,30 mg p>or indivíduo — quantidade média. O conteúdo das duas bolsas veneniferas nas duas espécies é, portanto, aproximadamente igual, o que corresponde também às dimensões e à robustez destes dois escorpiões, que são pràticamente iguais. 3. Quanto ao comportamento das duas espécies em viveiros obser^^amos que o T. serrulatus é bem mais fácil de ser mantido em condições de laboratório. Ele se adapta bem nos viveiros, consoante talvez seus hábitos “domiciliares”, enquanto que o T. bahiensis é mais irrequieto, procurando escapar, espalhando-se pelas paredes e pelo fòrro. Temos mesmo a impressão, baseados em nossas obsei^^ações, de que o T. serrulatus é mais resistente em \-iveiro do que o T. bahiensis. Nos trabalhos da extração da peçonha é ig;ualmente mais fácil operar-se com o T. serrulatus, pois a serrilha, presente no dorso do ante-penúltimo articulo cau- dal facilita muito a apreensão deste escorpião com a pinça, enquanto que a cauda do T. bahiensis é bem mais escorregadia. 4. Os valores mínimo e máximo de veneno por escorpião das duas espé- cies, embora sejam quantidades tão ínfimas que não possam ser medidas facil- mente, não podem ser estabelecidos em base estatística. Entretanto, como já temos retirado o veneno de pierto de 9.000 escorpiões e como temos sempre constatado que um certo número dêles não dá veneno algum, nem pelo proces.so manual, nem pelo elétrico, outro número fornece 2-3 gotículas ou mesmo mais c. finalmente, um certo lote, está tão carregado de veneno que este jorra em fino jato, estabelecemos a relação do minimo e máximo como sendo de 1 : 10. Isto corresponderia, na realidade, ao fato de que existem escorpiões sem veneno algum (acidentes humanos de consequências nulas), ou relativamente com pouco veneno (0,2-0,3 mg), acarretando, em caso de picada numa pessoa, dôr intensa, mas passageira, com maior ou menor intoxicação geral, ou ainda com dose máxima de peçonha (2-3,5 mg), a prejudicar sêriamente uma pessoa. Cremos mesmo que os casos humanos fatais, devidos à picadas escorpiônicas, quç ocorrem anualmente entre nós, principalmente em crianças, são de\-idos à escorpiões com doses elevadas de veneno. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Um. Xmc. Botantan S:SJ-U. I»Si WOLFGANG BCCHERL 69 ZUSAMMEXFASSUXG Künstliche Skorpiongiitcntnahmc. In Brasilicn gibt es zwet Skorpjonartcn, deren Stich dem Menschcn gefãhrlkrh werdcn kann und durrh die schon mchrcre Todesfãlle vorgckommen sind und jãhrlidi \-orkommen. Es handclt sich dabei um die beiden Skorpionc Tityus serrulatus und Tityus bahiensis. Ersterer ist ein tjpischer Hausskorpion. Er macht sich die menschlichen Wohnungen zur eigenen Behausung; dringt da in alie Kãume ein; verstcckt sich in Schrãnken, Kleidungen, Beschuhur^, unter Brennholz, Ziegeln, aufgcrissenen Mauem, etc.. T. serrulatus kommt hauptsãchiich in Belo Horizonte und nãchster Umgebung vor, dann in Ribeirão Preto und in fast allen Stãdten des Staates São Paulo, die der Grenze vom Staate Minas Gerais entlang liegen, inkiusive die Stãdte am Fussc des Mantiqueiragebirges. Tityus bahiensis dagegeti ist ein ausgesprochener Feldskorjúon. Er haust «neistens in Termitenbauten, in Erdrissen und Lõchem. Da er in fast allen Gegenden des Staates São Paulo anzutrefíen ist, einschliesslich der Hauptstadt von São P^ulo. ist es nicht zu vermeidcn, dass auch er skh in den Stãdten und menschlichen Wohnungen hãuslich niedergelass en hat, entweder wcil er durch Eisenbahngüter (Holz, Ziegel, etc..) dahin versehleppt w-urde oder wcil ncue Stãdte und ncue Stadtteile da entstanden sind, wo írühcr l^nd war und wo er immer schon gduust hat. Es ist dem Verfasser gelungen, diesc beiden Skorpionarten an die Labora- toriumsbedingungen zu gcwòhncn. In Holzhãstcn von 60 zu 60 cm Lãn- ge und Breite und 20 cm Hòhc kõnnem ohne Wciteres an die 100 Skorpione untergcbracht werden. Ais Untcrschlüpfc «rwcndct man am bfstcn schwarzen steiíen Karton, dessen Rãnder man nach unten biegt (20:20:3 cm Lãnge, Breite und Hòhe). Die Skorpionc haltcn sich darunter \-or4vicgcnd auf und vcrlassen diese Versteckc nur wenn es dunkcl wird. Der bekanntlich unter den Skorpioncn hcrrschendc Kannilalismus wird am besten durch reichlichc Xahrungszufuhr bekãmpft. Die Xahrung bcstcht am besten aus klcinen Spinnen, die mit Vorliebe verspeist werden. Grõsserc Spinnen kann man zerkleinem, damit alie Skorpione ctwas crhalten. Zerriebe- nes Fleisch wird auch angenommcn, wenn auch mit weniger Xeigung ais Spin- nen. Ais vortcilhaftcr Xahrungsplatz crweist sich natúrlich der Unterschlupf, w-eil sich ja da die Skorpione aufhalten. Am besten legt man die Xahrung auf klcinerc Kartons und schicbt diese unter die Untcrschlüpfc. So kann man auch schr bequem jeden Tag die Sãuberung ausfúhren. Der kann&alistische Tricb wird nur wach, wenn die Wcibchcn ihre oft über 20, lebcndiggeborcnen, jungen auf dem Rücken tragen. Ohne Gegcnwchr -ScíELOIq ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL. 1. frisst clann ein Skorpion die Jungen der anderen Mutter auf. Oft, wie nach ^’ereinbarung, stellen sich drei mit Jungen beladene Weibchen gegenüber und fassen abwechselnd mit den Hãnden auf den Rücken der Partnerin. Das geht stundeiUang, bis kein Jungtier niehr vorhanden ist. Will inan also Skorpione hochzüchten, so ist es unbedingt nõtig, die mit jungen beladenen Weibchen aus den Kãsten herauszunehmen und in Einzelbe- hãlter zu bringen. Alie zwei \\'ochen mússen die Skorpione entíemt und die Kãsten mit viel Wasser und Seife gut gereinigt werden. Auf diese Weise ist es uns gelungen, hunderte von Skorpionen der beiden Arteu monatelang am Leben zu erhalten und ihnen alie 2 bis 3 Wochen das Gift abzunehmen. Skorpiongift in trockener und mõglichst reiner Form zu gerxvinnen, um damit Pferde zu' immunisieren zu einem gut dosierbaren Anti-Skorpion Serum, war immer das Ziel aller Institute, die gegen die giftigen Skorpione Sera herstellen. Aber bisher arbeiten wohl alie, indem sie frischen, eben getõteten Skorpionen das letzte Schwanzglied mit den beiden Giftdrüsen idischneiden. Dieses dann im Mõrser zerreiben und auf je 10 Glieder 1 cm* physiologische Kochsalzlõsung dazugeben. Xach Mazerierung wird abzentrifugiert und der überstehenden Flüssigkeit reines Glyzerin im \'erhàltnis von 2:1 dazugegeben. Diese Lõsung wird dann an Meerschweinchen oder Mãusen titriert, wobei die •Menge der Drüsen pro cm* ais Ausgangspunkt gilt. Mit dieser Lõsung werden auch die Pferde, in immer steigenden Dosen, innerlialb von Wochen, immunisiert. Es war allen klar, dass diese Methode, sowohl der Titrierung wie auch der Immunisation, keine genaue sein konnte. Man konnte nie feststellen, ob die Drüsen nun auch wirklich Gift enthielten und wieviel. Die Pferde wurden nicht bloss mit Skorpiongift immunisiert, sondem auch mit Muskel, — Drü- sen — , und Epithelzellen und anderen eiweisslialtigen und wasserlòslichen Chitinstoffen, die durch das Mazerat des totalen Schwanzendgliedes in Lõsung übergegangen waren. Dem verschiedenartigem Antigen zofolge mussten auch verschiedene Anti- kõrper im Pferde gebildet und ins Semm übergenommen werden. Es fehlt nicht an Forschem. die aus diesem Gmnde den Skorpionseren aus aller Welt eine nur sehr geringe, und ausserdem praktisch unkontrolliertiarc Wirkung, zuschreiben. Es war uns daher sehr daran gelegen, die Mõglichkeit der Reingiftgewinnung praktisch zu erproben. Wir wenden dabei zwei Methoden an, die der manuellen und der elektrischen Giftgewnnnung. Bei beiden Methoden wird ein Skorpion nach dem andereu mit- cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mvm. last. Botisun S(I):5J-«2. I»5J WOLFGAXG BCCHERL 71 çincr gcbogenen. mil klcinm Zãhnchen ausgestattctm Pinzrtte am vorletztcn Schwanzglicd angcfasst und niit der rcchten Hand hochgenomnicn. Daunicn und Zeigefingcr der linken Hand greifen dicht an das letztc Schwanzglied. der Daumen ober-und der Zeigefingcr unterseits. Für den Zeigefinger iKstcht kcine Stichgefahr, weil der Schwanz nicht nach imtcn gebogen werden kann. Um aber den blitzschncllen Stõssen des Stachels nach obcn zu entkommcn, schützt der undurchdringlichc Daumennagel. der natürlich mil seinem Endc dem Skor- pionglicd eng aufliegen muss, damit kein Stich unter den Xagcl crfolgen. kann. Hat man nun den Skorpion in dieser Stellung. lãsst man dic Pinzette los. Da das Tier .•\ulwãrtsl)cwcgiingen macht und cbbei Gift enllcert wird, kann man ohne Weiteres diese Gifttrõpfchen in einem kleinen. sorgfãltig reinem und zuTOr genau al)gcwogenen Uhrglasschãlchcn aufnehmen. Dann vcrsucht man cs noch eimal. Kcmmt kein Trõpfchcn mehr zum \'orschcin, dreht man den Skorpion vorsichtig zur Seite. immcr zwischen den lieiden Fingem der linken Hand und presst leicht gegen die Giftdrüsenwãndc. Oft kommt dann noch cin weiteres Trõpíchen. das wiederam im Scliãlchen aufgenommen wird. Zum Schiuss íasst man den Skorpion wieder mit der Pinzette und bringt ihn in den Kasten zurück. Nach einiger Cbung ist es mõgiich an die Inmdcrt Skorpione in 1 Stunde zu entgiíten. Um .'Xnfãnger mit dieser nicht ungefãhrlichen .-Xrbeit vertraut zu machen, onpfiehlt cs sich. etwa 10 Skorpionen den Stachel ctwas vor der Mitte abzuschneiden. so dass der restliclic Teil kcine Spitze mehr hat, also auch nicht mehr dic menschliche Haut durchlxihren kann. Da sich so ein Skorpion in .Miem genau wie cin unversciirtcr lienimmt. kann nutn auf diese X\’eise den Prozess gut erlemen. Die Giftabnahme auf etcktrischem Wege ist ãhnlich. Mit 4 Taschcnlam-' penbattericn kan man sich leicht cin Instrument zurcchtlauen mit jiositivcm und negativem Pol-der eine mir 1 mm mm anderen cntfcmt- mit cincr ungcfãhren Stãrke von 5-6 \'oIt. Man nimmt dann den Skoqiion wie bei der manuellen Methodc und kommt mit der Unterseite seines Schwanzgliedes mit dea beiden Polen in Verbindung. .Msbatd entstcht eine Kontraktion mit rasclier Aufwãrtsliovegung und am Endc des Stachels kommen die Gifttrõpfchen zum Vorschcin, die im Uhrglãschen gesammelt werden. Nach Becndigung der Giftabnahme wird das Schãlchcn al»ge\\ogcn. um die .Mcnge des flüssigen Giftes zu bestimnien. Dann kommt das Schãlchcn in einen E.xsikatcr mit Vakuum. um das Gift zu trocknen. Nach dem Trockncn *ird wieder abgewogen, um das Trockengifi zu liestimmen. -ScíELOIq 12 13 72 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL. 1. Die gesammelten Trockengiftmengen kõnnen ohne Weiteres im Exsikator, unter \’akuuni, über Kalziumchlorit monatclang aufgehoben werden. Dass skh die, wenn auch etwas mühselige und gefãhrliche, Methode wirklich rentiert, mag aus folgenden Ziffem hen-orgehen: Im Jahre 1952 erhielt das Institut Butantan von der Art Tityus serrulalus nur 505. Davon starben untenvegs und in der ersten Woche wegen Entkrãfti- gung an die 38^. Von den restlichen 315 konnten im seiben Jahre 2.716 Giftabnahmen mit 145,8 mg Trockengift gemacht werden. 1953 (bis Mai) kamen von auswãrts nur 77 Skorpione. Da die vom vorigen Jahre noch grõsstenteils am Leben waren, konnten in dieser Zeit wiederum 1.078 .Abnahmen mit 57,7 mg Trockengiít gc\vonnen werden. Ausserdem wurde zur seiben Zeit noch 312 Skorpionen das Gifí auf elektrischen Wege abgenommen (nach der manuellen Extraktion) und nochmals 105,6 mg Trockengift erreicht. 380 Tityus serrulatus ergaben also in 16 Monaten 4.106 Giftabnahmen (alle 2-3 Wochen) mit insgesammt 309 mg Trockengift. Von der anderen Art, Tityus bahicnsis, erhielt Butantan 1952 und bis Mai 1953 an die 1.786, mit 674 Toten darunter. Dennoch konnten ^râhrend derselben Zeitspanne 6.148 Giftabnahmen (manuell und elektrisch) gemacht und 697 mg Trockengift ge^vonnen werden. Unter anderen interessanten Tatsachen wurden folgende Zahlen festgelegt; 1. Die Durchschnittstrockengiftmenge pro Individum bei der manuellen Extraktion liegt bei. T. serrulatus bei 0,052 mg; bei T. bahiensis bei 0,07 mg; bei elcktrischer Extraktion bei T. serrulatus bei 0,33 mg und bei T. bahiensis 0.23 mg. Addiert man die Ergebnisse beider Extraktionen, wie es der Wirklichkeit entspricht ,da ja dieselben immer geich hintereimander von seiben Individuum gemacht wurden) so erhalt man ais Gesammtergebnis : T. serrula- tus 0,38 mg Trockengift und T. bahiensis 0,30 mg pro Einheit. Die elektrische Methode erzielt bei serrulatus 6 mal und bei bahiensis 3 mal die Giftmenge der manuellen Abnahme. 2. Was das flüsige Gift anbetrifft gibt 1 serrulatus nutnuell 0,0002 ml, ein bahiensis aber 0,0004. Elektrisch erhãlt man von 1 serrulatus 0,0008 ml und von einem bahiensis 0,0005 ml. Bei serrulatus ist also das manuell gewonnene Trockengift 25-26^ und bei bahiensis 19,9 % des flüssigen Giftes. Bei der elektrischen Methode dagegen liegen die Prozehnte des Trocken- giftes zum flüssigen Gifte bei beiden Arten ungefãhr auf gleicher Hõhe — 42,5% bei serrulatus und 45% bei bahiensis. 3. Interessant ist weiter die Tatsache ,dass die ersten Giftrõpfchen bei der manuellen .Abnahme klar und durchsichtig sind, wãkend die weiteren Trõpf- chen immer trüber, milchiger aussehen, besonders bei der elektrischen Abnahme. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mm. In». Batuuo 1953 WOLFCANC BCCtfERL 7S. Das klarc Gift ist besonders bd bahiensis gut zu sdien. Im mikrosko- pischcn Bilde schcint dieses Klargift “kr>’stalloider” Xatur zu scin, wãhrend das dicke. milchige “Sekundãrgift” anioqihcr Xatur ist. 4. Es muss ausserdem erwãhnt wcrdcn, dass die gcnanntcn Mittelwcrte, obwohl sie an grossen Zahicn crrcchnct wurden, dcnnoch der Wirklichkdt nicht entsprechen. Wir habcn bei den tausenden von Giftabnahmen feste- stellen kõnnen, das unter den Skorpionen beider .-Xrten mandie überhaupt kein Gift besitzen (weder manuell noch elektrisch) ; andere haben 1-3 Trõpf- chen; wieder andere etwas mehr. Schliesslich ist dn gcwisser Prozehntsatz darunter, dessen Gift bei der elektrischen .Abnahme mit einem richtigen dün- nen S:rahl ausspritzt. Wir sehen uns daher zu der Schiussíolgerung veran- lasst, die minimalen und maxinialen Giftniengen pro Skorpion lãgen ungcfãhr we 1 : 10. Xach den obcn crrechneten totalen Mittelwerten wãrcn aiso die- Minima bd beiden Arten bei Xull und die Maxima bei scmilatus um 3,8 mg bd bahiensis um 3 mg herum. Dass Dieses den Tatsachcn zu entsprecben scheint, gcht aus den men- schlichen UnfãUen hervor. Es gÍDt Skorpionstiche. M'obci das Opfcr kaum etwas mehr ais einen kleinen Schmerz verspührt. Andere Fãlle zeigen, ausser ra- sendem Schmerz, der stundenlang anhalten kann, auch S)Tnptome einer -Mlge- mdnvergiftung und schliesslich ist dn gcwisser Prozehntsatz auzuführen, haupt- sãchlkh bd kleinen Kindem, der unter allgcmeinen, sehr schwercn ner\-õscn Symptomen, zum Tode durch Erstickung führt. SUMARIO ■ Após alguns anos de experiência são publicados os dados referentes â manuteni;ão dos escorpiões Tilytts serrulatus e T. bahiensis em condições de laboratório e os processos de extração periódica de sua peçonha. Quanto ao “habitat” natural é assinalado o hábito "domidliar” para o T serrulatus (Ribeirão Preto, Belo Horizonte c ddades frontdriças com a Estado de Minas Gerais) e o hábito "campestre” para o T. bahiensis, que ocupa ddades quase que só acidentalmente, embora seja encontrado atual- mente em inúmeras ddades do Elstado de São Paulo, Minas, Rio de Janeiro, Espirito Santo e Bahia. Obsersxju-se que na criação e manutenção cm viveiros, o T. serrulatus i. mais resistente e se sente mais acomodado do que o T. bahiensis. Xo tocante á obtenção da peçonha das duas espécies c demonstrado que êste método, apesar de ser operoso c não isento de perigo, fornece rcalmcnte veneno séco em quantidades apredáveis o que justifica plenamente os cui- dados diários, pois tal quantidade nunca seria atingida com os escorpiões que o Instituto Butantan recebe anualmcntc pelos fornecedores. -ScíELOIq 74 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL. 1. 380 T. scrrulatiis. vindos de fóra. deram 4.106 extrações em 16 meses com 309 mg de veneno sêco e 1.100 T. baJiicnsis deram 6.148 c.xtrações com 697 mg de veneno sêco. Em 7 protocolos estatísticos são calculadas as quantidades de veneno sêco, de veneno líquido e da percentagem do veneno sêco em relação ao líquido nas duas espécies, tanto no processo, chamado “manual” de extração, como no processo de extração por choque elétrico. Para fins de experiências cientificas procurou-se separar o veneno em dois tipos o “hialino” e o “leitoso”, demonstrando-se ser o primeiro muito higros- cópico, bem mais que o segundo e ter o primeiro aspecto microscópico de configurações chamadas “cristalóides” (sem pretender que sejam realmente cristais) e o segundo aspecto amorfo, uniforme. Somando-se os venenos secos das duas extrações — a manual e a elétrica — e comparando-se os resultados nas duas espécies, chega-se à conclusão de que o T. scrrulatus fornece em média 0,38 mg por indivíduo e o T. bahlensis 0,30 mg. Insiste-se, entretanto, que êstes valores médios, calculados sõbre grande número de escorpiões, nem sempre condizem com a realidade, pois foi de- monstrado que há um bom número de indivíduos que não fornecem veneno algtmi, quer na extração manual, quer na elétrica, enquanto que outros tem 2-3 gotas ou mais e outros ainda apresentam verdadeiros jatos veneniferos. Os valores mínimo e máximo, si bem que não mensuráveis, por estarem na ordem entre 0 e 0.3 mg até talvez 3 mg (respectivamente valor mínimo, médio e má.ximo), existem realmente e explicam — a nosso ver — os casos humanos fatais, ocorridos principalmente em Ribeirão Preto e Belo Horizonte. SUMM.\RY The author presents experimental results of several years of observation on the keeping of Tityus scrrulatus and Tityus bahlensis scorpions under la- boratory conditions with periodic extraction of their venom. Ke describes the domiciliarj- habits of the T. scrrulatus which lives pre- ferably iii population centers (Ribeirão Preto. Belo Horizonte, and towms on the border of the State of Minas Gerais), ^^4^ereas the T. bahlensis of more campestral liabits, is only occasionally found in towns, even if its presence has lately been reported in various localities of the States of São Paulo, Minas. Rio de Janeiro, Espirito Santo, and Bahia. For breeding and keeping purposes, the T. scrrulatus was obser\'ed to lie more resistant and better suited than the T. bahlensis. The extraction of the venom from these 2 species is a laborious process which is not void of danger, but the appreciable quantities of dry venom cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mm. Intt. Butantan 1»5J WOLFCAXG BCCIIERL 75 obtainablc, justiíity the extra daily carc, as thc same total yield per annum could ncver have becn obtained by thc usual process of extraction from the killcd animais which thc Institute receives from its suppliers. During 16 months, thc author succccdcd ín collccting 309 mg of dry vcnom frcm 4.106 extractions of 380 T. scmilalus and 697 mg from 6.148 cxtractions of 1.112 7*. bahicnsis. * The amounts of dry and of liquid vcnom, as wcll as the pcrcentage of dr>- vcnom in rclation to thc liquid in both spccies, which wcre obtained cither by thc so-called “manual” extraction method or by means of an clcc- tric shock, are calculated in 7 statistical tablcs. For seientifie purposes thc vcnom was sc])aratcd into 2 t\Txrs, “hj-ali- nc” and “milky”, the first of vvliich was shown to consist of microscopic so-callcd “ciystalloid” configurations (wdthout inferring the)- are rcally ctys- talline) and to be much more hygroscopic tlian thc milky t)-pc which pre- sented a uniform amorphous aspect. In order to compare the rcsults of vcnom extraction by both thc ntanual and thc clectric method for the r«o spedes. thc amounts of dry vcnom wcre added up. gi\-ing a ntcan )-ield of 0,38 mg jicr individual T. serrulatus and 0,30 mg j)cr T. bahicnsis. Thc average valucs, howcver, which wcre calculated from quite a large number of scorpions, have a rathcr limited meaning, as many animais yield no vcnom at all by cither extraction method whereas othcrs give 2 to 3 drops and some may even squirt out considerablc quantities of vcnom. The extensive range, from 0,0 ntg for thc minimum, through 0,3 mg for thc tncan^ up to, possibly, 3,0 mg for thc maximum yield of vcnom from a single scerpion may, aceording to the author, explain thc occurrcncc of fatal human cases, principally in Kiljcirâo Preto and Belo Horizonte. -ScíELOIq 12 13 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 r<4o 2 — Titxmt Mob. In«. Bniimaa WOLFGAXG BfCHERL 77 ». l);5í-82, 195J Foo I Itifwt frrtm tíwt cm 78 ESCORPIÕES E ESCORPIONISMO NO BRASIL. 1. Foto 3 — Moradia «n Belo Horizonte, cora anscncia de rebòco na» parede» externa». Foram retirados 8 T. scrrulatns das parede». Fotop-afado pc’o A.) Ves:. Icft. Bcusua 195 J WOLFG.VXC BfCHERL 79 F(4a 4 ~ PerSr^t tutorai*, «no ajsiitaaKtrto p^r «2. I95J WOLFGAXG BfCHERL 81 Foio S — At dut fLviut iadima raan tt Jr»» ap»T»kr o ctcon»'4o ob» a pioç». foto 9 — Al du* *màct* do (•corrito, itndotc aur: ot *dcdoo* pcrjota:* dcBtt*. -SciELO' 0 11 12 13 14 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL. 1 . r.. 1. _ A»,* ^ »” “» * cm Mea. lul. Bntutan S(I|:U-IM. I9]J WOLFGANG BCOiERL 83 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BR.XSIL f 2. Athidade das peçonhas de Titjnis scrrulatus e T. Iiahiensis sôhre camundontjos WOLFGAXG BCCHF.RI- (Laboralàrio de Animais Peçonhenlos, Instituto Bntantan. S. Panio. Brasil) IXTRODCÇAO Muitos pesquisadores tcni procurado averiguar a a^âo da pe(;onha dos dois es-»rpiões sul-aniericanos, Tityus serrulalus (do Brasil) c T. baiiiensis (. Argentina, Paraguai e principalmentc Brasil). Entre outros de\-cni ser nicn- cionad-^s II. Maurano (1) que estabeleceu a dose minima inortal do veneno *êco. obtido |wr choque elétrico do T. bahiensis. conio sendo de 1.5 ing para o cobaio, eni injeção subcutânea. V. Brasil (2), ao relatar suas experiências cont a fabricação do pri- meiro .sõro anti-escorpiónkõ. inonovalente, (xmtra o T. bahiensis, titulou este sóro eni cobaios. O. Magalhães (3) fez diversos ensaios de dosagem das peçonhas tanto de bahiensis como de serrulalus. Longe de querer desmerecer estes pesquisadores e pioneiros, vemos, con- tudo. a necessidade de proceder a no\‘as dosagens, possivelmente mais rigorosas e repreduziveis. estalielecendo não mais as doses mortais minimas, mas a LD50, tanto |>or via venosa como sulicutânea das peçonhas das duas espécies. Era de interesse também, não dosar síwnente o veneno em bruto, mas iwssivelmente sefiarar as diversas colheitas, isto é, o veneno correspondente às goticulas limpidas. hialinas, o das gotas opalescentes e o das últimas gotas. leitoso, espesso, para estal>elecer qual das frações era mais atira. OBTENÇÃO DA PEÇONHA O.' escorpiões das duas espécies estão sendo mantidos vixw no lalK>ra> tório de Animais Peçonhentos. Duas a três vezes por semana recebem ali. mento que consiste principalmente em araidias. Entregue para pablicaçâo em JO de Junho de (953. 84 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL. 1. Cada 15 a 20 dias, em média, é retirada dêles a peçonha, empregando-se nisto dois processos: o da simples extração manual e o do choque elétrico. O T. bahieusis costiuna fornecer nas primeiras 2 goticulas um veneno liquide, transparente, hialino, que pasaremos a chamar de “fração hialina”. Na medida que seca ostenta movimentos brownianos. Em estado sêco apa- recem figuras com aspecto de cristais, com agulhas muitas vezes ramificadas (Fotos 1 e 2). As goticulas seguintes são opalescentes, aqui chamadas de “Fração opa- lescente” e as últimas gôtas, finalmente, têm aspecto leitoso. Secam estas sem moviiiicnto browniano perceptivel. Em estado sêco apresentam um aspecto uniforme, granular, com raras formações “cristaloides". Esta peçonha cha- manos ed “fração leitosa” (fotos 3 e 4). No Tityus scrrulatus existem igualmente estas 3 frações, ainda que, na maioria dos individuos, já o primeiro veneno se apresente opalescente, portanto com as frações leitosas e hialina misturadas. Também nesta espécie a microfotografia mostra o asj)ecto “cristalóide” da fração hialina e o amorfo, de grânulos, na fração leitosa (Fotos 5 e 6). Não é assunto déste trabalho analisar as frações ou a verdadeira natureza principalmente do veneno leitoso e do hialino, de maneira que a expressão “cris- talóide” deve significar aqui apenas um termo que permita distinguir facilmente de que fração de ix^;onha se trata. D.iS duas espécies escorpiônicas foram isoladas as três frações e depo- sitadas. sqiaradamente, em pequenos vidros de relógio, e.xatamente tarados. Os venenos foram secos à temperatura ambiente, em vácuo. .•\pós secagem pesava- se rigorosamente a placa, para verificação da quantidade de veneno sêco. Este era guardado sêco, em vácuo, sóbre cloreto de cálcio, em ambiente escuro Cada 15 ou 20 dias repetia-se o processo de extração, juntando-se as dife- rentes frações, c.ada uma por si, para resguardo em vácuo, sóbre clorêto de cálcio. PREP.\R.\ÇAO DAS SOLUÇOES DA PEÇONHA Cada fração dos três venenos das duas espécies era rigorosamente pesada em balança ultra-sensivcl. Preparava-se, em seguida, uma solução em água destilada mais cloreto de sódio a 8,5 por mil. Com esta solução faziam-se as diluições, também com água fisiológica, empregando-se em todo o processo de diluicjão o máximo rigor (uso de pipetas calibradas; tubinhos de dosagem bem limpos e rigorosamente secos; ausência de bolhas de ar, etc.). Empregamos interpelações entre 0,001 mg e 0,01 ou entre 0,01 mg e 0,1 mg de veneno sêco, estabelecendo em cada escala de dosagem 7 termos, com cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mw. Ibu. Botaolu I95J WOLFG.\.\C BCaiEKI. 85 o fator dc dilui^o 1,468. As solu^s de pc4;ontia erani diluídas coiii salina de maneira que o total do inoculuni correspondia a 0,5 cm*, quando injetado na veia e a 0,3 cm^, quando injetado subcutâneamente. A inje<;ão venosa era feita na veia caudal dos camundongos e a subcutânea sobre o músculo da perna. Xo último caso não se tinha garantia absoluta de a inje<;ão não ter penetrado ocasionalmente 'dentro do músculo, mas via de regra podia eia ser considerada como subcutânea. Como animal de ensaio empregamos comundongos dos biotcríos do Insti- tuto. Foram pesados imediatamente antes dos ensaios, admitindo-se apenas desvios de 2 gramas sobre o pêso standard de 20 gramas por animal. Xão ligamo» importância ao se.xo, empregando indiretamente machos e fêmeas. Terminada a dosagem foram os camundongos observados durante o tem- po de intoxicação e ntais ainda durante as seguintes 24 horas. De uma certa quantidade deles, principalmente dos que foram injetados subeutânea- niente, fizeiam*se necropsias para descobrimento dc possíveis lesões, determi- nadas j)ela ])cçonha. Xo prqiaro das soluções dc veneno tanos constatado í|ue a fração do veneno seco que corresptmdia ao veneno hialino c muito higroscópica, ilissol- vendo-se fâcilmente na salina c fornecendo uma solução límpida, principal- mente no T. Miifnsii. As frações de peçonhas corre>]»ndentes ao veneno opalesccntc forneciam nas duas esjwcies soluções levemente ojalescentcs, com uma quantidade mínima de sultstância que não se dissolvia. As frações da ])eçonha sêca provenientes «los venenos leitosos di.ssolviam- se com alguma dificuldade na proporção dc 1 mg. mais ou menos, para 8 cm* de água fisiológica. A solução apresentava aspecto opalesccntc, havendo mes- mo pc«]uenos grunK>s e flocos indissolúveis no pemtcio. Conto em ikíssos cn.saios tivéssemos tralnlhado sempre aixmas na ordem de 1 a 4 ntg de veneno sêco, não tínhamos â mão meios dc pesar rigorosa- mente este resíduo insolúvel. A igualação do pH da solução ao do veneno natural taml>ém não favorecia a solução. Pcn.santos que estes resíduos «le- vem set restos de células glandulares do aparelho venenifero do escorpião. Xas «l«>sagcns empregamos seringas rigorosatnente calibrafLus. praticando- a injeção Icntamcnte principalnxmtc «juando dada na veia. DETERMINAÇÃO DA I.Dj, EM CAMUNDONGOS Xa titulação da «losc 50^ letal pura camun«longos. por via venosa e sub- ottânea, «las peçonhas secas, rigorosamente pesadas e dissolvidas cm .salina, cm- preganios o métcxlo de Reed Mucnch (4), entrando no resultado o cálculo das mortalidades acumuladas e siKessivas dc todos os grupos de animais ensaiados. 36 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL. I. ! . Titulação da LDj 0 do z’cncno “hialino, cristalóide" Tilyus siTrulatus (via venosa) Do«c m^. Camundongo total 1 vivoa s mortos Acomolaçio dos resultados % de mortalidade riros monos total 0.01 5 •> 0 14 ' ■ 0 14 0 O.Olõ 5 5 0 9 0 9 0 0.031 5 3 2 4 2 6 33 % 0.1132 5 1 4 1 6 7 0.146 5 0 5 0 11 11 100 0.06S 5 0 5 0 16 16 100 0.1 5 0 5 0 21 21 100 Fator dc diluiçSo 1.4&S 35 14 21 ^ zs ri6 (4 LD^ = = 0,024 LI)^ por grama de camutkJongo = 0,012 mg Rtj)etiii-se a mesma dosagem com uma jiartida de veneno sêco, proveniente do veneno liquido hialino de Tityus serrulatus, já com 8 meses de laJjoratório e submetido a 14 extrações. A toxicidade variou muito pouco, sendo a LD.,o r= 0,0016 mg por grama de camundongo. Tityus bahiensis (via venosa) r)o*r mg. Camundongo s acumulaçio resultados d 05 *• 2 3 2 4 6 66,6 0.40 5 0 5 0 9 9 100 0.63 5 0 5 0 11 14 lOO 1.00 5 0 5 0 19 19 100 Fator de diluíc2o 12>S3 30 " 19 19 47 66 EU., = 0.2^ CPao p •r grama de camundongo — 0^11 mg. Xesta partida de veneno tomou-se o cuidado de aproveitar apienas a pri- meira goticula do hialino, limpido e muito transparente. Repetimos a mesma dosagem, também com veneno liquido hialino, mas apenas da segunda e terceira gotiaila. Nesta segunda titulação a dose’ 50% 1 SciELO Inst. Butaotan 2S(l):ÍJ-t0a, 195a WOLFGAXG BfCHERL 87 letal para camundongos, por \'ia venosa, era de 0,002 mg por grama de ca- mundongo. Verifica-se, portanto, uma variação bastante acentuada entre a primeira goticula e as goticulas seguintes, tòdas elas de aspecto hialino, transparente. Tityus srrrulatus (via subcutânea) titulação da dose 50% letal para camundoi^os, {wr via subcutânea, feita com o mesmo fator de diluição como na via venosa (1,468) e com a mesma partida de peçonha, deu em 35 camundongos num ensaio 0,002 mili- gramas por grama de animal, e num segundo ensaio 0,0018 mg por gr. de camundonge. A dose 50% letal por via sulxrutânea é, portanto, apenas 1 e meia vêzes mais elevada do que a venosa. Ttlyus bahicHsis (via subcutânea) A mesma peçonha, empregada na titulação por via venosa, com o mesmo fator de diluição (1,585) deu como dose 50% letal ix)r grama de camundongo 0,025 mg, quando se aproveitava apenas a primeira gota de veneno; nas duas gotas seguintes a dose 50% letal era de 0,004 mg por grama de camundongo. Entre as doses subcutânea e intravenosa da fração hialina de T. baJticnsis hâ, poitanto, o dobro. ' 2. Tilulação da LDtê do veneno sêco, proveniente da peçonha opalcscente Tityus scrrulatus (via venosa) Tomando-se novamente 1,468 como fator de diluição da jjeçonha c prati- cando-se as injeções na veia em 7 séries de camundongos do mesmo pêso (5 animais em cada série), verificou-se em 35 camundongos que a dose 50% mortal era numa amostra de veneno 0,0009 miligramas por grama de animal e de uma outra amostra 0,0011 mg por grama. Houve, portanto, muito pouca diferença entre as duas titulações. O veneno sêco proveniente da fração liquida opalescente é, portanto, um pouco mais ativo do que o “hialino”, ainda que talvez não significativamente. Tityus bahiensis (via venosa) Fator de diluição das soluções de veneno ojialescente : 1,468. 7 séries de experiências com 5 camundongos cada série. 88 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISJIO XO BRASIL. I. 0.0009 miligramas numa expe- nencia e 0,002 miligramas numa s^unda titulagem. Vetificam-se aqui dois fatos: a) O veneno opalescente já é mais uniforme em sua açao sobre camundongos do que foi o veneno “hialino", que mostrara diferenças nas duas titulações que variavam entre 2 e 11 gamas; b) o vene- no leitoso e sigmticativamente mais ativo do que o “hialino”. Tityus serrulatiís (via subcutânea) iguauTm opalescente, 7 séries de dosagens com 5 camundongos cada. e 0(»u“’‘^T ' “ ^ miligramas numa titulação e 0,0014 miligramas numa outra. ’ A inoculaqão parenteral do veneno de T. serrulatus, nesta fiação de pe- çonha, e, portanto, praticamente igual à injeção intravenosa. Tityus bahiensis (via subcutânea) Fator de diluição da peçonha seca, proveniente da fração opalescente: 1 468 / ienes de dosagens com 5 camundongos cada. irm ~I ".iHsramas „u„w. ti, uh- gem c a 0,004 miligramas numa outra por grama de animal. -Vesta espécie a dose subcutânea, si bem que não seja igual à intra- venosa (como acontece na peçonha opalescente de T. serrulatus), aprcxiina- !.e. con.udo, bem de perto da mesma, sendo 2 vezes mais elevada 3. Titulação da LD» do veneno seco, proveniente da peçonha leitosa. Tityus serrulatus (via venosa) Camundongos AcumulaçSo dos i>o*c irg. — ■ resuludos Sisos í mortos 1 •* Ur mortalidatde 0,0046 0.068 0.01 o.oi: o.:i C,0J2 10 10 5 5 S 5 7 e» 0 0 0 0 S £» 8 “ S 0 5 0 6 0 ô 0 3 11 16 31 36 31 13 13 16 31 36 31 3á 85 1000 1000 lOOO 1000 Fator i!il. I.4CS r. ó 11 108 11» LD** . o.eor/) mg. 1 SciELO ^ícm. In»t. Btilantan 2S(I):8Í-10€, 1953 WOLFCAXG BUCHERL 89 Dose 50/C mortal por grama de camundongo ~ 0,0003 mg. Xuma segunda titulagem do mesnx) veneno leitoso, pelo mesmo processo, chegamos à dose 50^ mortal por grama de camundongo = 0,0005 mg. Tilxus ba/iiensis (via venosa) Fator de diluiqão da peçonha sêca, proveniente de veneno leitoso = 1,468. ó .séries de 10 camundongos cada. Resultado : — LDm por grama de camundongo = 0,0005 miligramas «mma titulagem e 0,00065 miligramas numa segunda. A peçonha sêca, obtida do veneno liquido, de aspecto leitoso e (juc corres- ponde às últimas goticulas da extração manual ou elétrica, constitui em T. scr- rulatus e T. bahicnsis o tipo de peqonha sem dúvida mais ativo e mais uni- forme em sua ação. A não existência de uma diferença significativa entre as titulações repe- tidas caracterizam a uniformidade em cada amostra. Interessante é igualmente o fato de que êstes venenos têm quase o mesmo grau de atividade nas duas espécies escorpiónicas, ainda que a i)eçonha de T. scrrulatus pareça um pouco mais ativa. Tttyus sfrruhius (via subcutânea) A mesma amostra de veneno, que forneceu uma LDjo intravenosa igual a 0,(X)03 mg, deu, nas mesmas condições de trabalho e com o mesnx) número de animais, uma dose 50 ^ mortal, por via subcutânea igual a 0,0003 mg. A segunda amostra, com LDjo venosa = 0,(XX)5 mg deu titulagem, por via subcutânea = 0,00062 mg. Verifica-se, portanto, que em T. scrrulatus, no veneno leitoso, as LDjo são as mesmas, tanto na veia como por via subcutânea. Tityus bahtensis (via subcutânea) Fator de diluição da peçonha “leitosa” = 1,468. 6 séries de 10 camundongos cada. Resultado: — Dose 50^ mortal = 0.(X)07 ntiligramas numa titulagem e 0, 0009 miligramas numa segunda. A mesma amostra de veneno que deu uma LD;» venosa = 0,0005 mili- gramas forneceu 0,0007 miligramas como média mortal sulxaitânea ; a de 0,00065 miligramas venosas deu 0,0(X)9 miligramas por via subcutânea. 90 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO IIRASIU >. Há, novamente, portanto, iirna grande concordância na atividade da pe- çoodia de T. baJiiensis de um lado nas duas vias de inoculação e do outro com a peçonha de T. semdatus, apenas um pouco mais ativa mas que mal chega, a nosso ver, a ser significa\’a. COMPORTAMENTO DOS CAMUNDONGOS Nas 24 titulagens para verificação de LD 50 temos sempre anotado tam- bém o tempo de morte ou o tempo das crises de intoxicação, ou quando se começ;'vam a verificar as melhoras e a recuperação completa. Nos duas espécies de escorpiões estes tempos ofereciam um perfeito para- lelismo no seguinte sentido: "Quando as doses eram acima das mortais, tanto na veia como subaitã- neamente, e na medida que eram mais concentradas, os animais morriam já dentro de 1-2 minutos nas doses venosas altas, dentro de meia hora a duas horas e meia (quando logo acima de 50% mortal na z’eia) e dentro de 3 horas a 4 horas, quando em tomo da 50% mortal venosa. Passado êste tempo, isto é, depois de 3 ou 4 horas, jã se iniciava a fase de recuperação, o que demonstra que, por via venosa, ambas as peçonhas cscorpiônicas .s6o de eliminafão rapidíssima. Por via subcutânea repetia-se o mesmo: morte jã dentro de 15 a 30 mi- nutos com doses bem concentradas, acima das letais 50%, dentro de 1 a 3 horas nas doses pouco acima das letais e dentro de 3 a 5 horas nas letais 50%, com o inicio de recuperação após 6 horas, com nonnalização completa jã dentro de 8-10 horas. Isto constitui nova prora da rãpida eliminação das jx:çonhas’’. Pelo comixirtamento dos camundongos confirma-se um fato já sabido: o da ação da peçonha de T. semdatus e T. bahiensis sóbre o sistema ner\’oso central, principalmente. Xo principio da intoxicação hã uma fase excitatória, aliada ã dòr. Os camundongos se tomam irasciveis, mordem-se, brigam, dão pulos para o alto com gritos agudos, isto principalmente nas injeções sub- cutâneas. Como primeiro sinal sobrevêm então o eriçamento dos pêlos na nuca c lacrimejam ento. Depois vem a fase da depressão cerebral, cada vez mais generalizada e progressiva. O animal fica quieto; suores abundantes na nuca são constantes; perturliações visuais até cegueira total são a regra; os suores progridem ràpi- damente e se estendem pelo corpo inteiro. O pulso se acelera; tremores gerais sobrevêm ; paresias, primeiro das pernas posteriores e depois generalizadas ; ataques de dispnéia e a posição de cabeça para bai.xo são a regra. A dispnéia cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. Butantan 2Sri):83-I08. 1953 WOLFGAXG BCCHERL 91 e os suores aumentam. Os animais parecem sufocar. Antes de sobrevir a morte, os suores são tão profusos que o animal parece ter sido emergido da água. Finalmente é esrasiada invariavelmente a be.\iga e a morte se verifica por sufocação, instalando-se logo a rigidez tetânica. .•V profusão dos suores é muito acentuada justam’ente com amostras de peçonha provenientes do veneno liquido límpido, ao f»asso que é menor com o veneno leitoso, ainda que o suor sempre e.xista na intoxicação escorpiônica. Também a dôr parece ser menor com o veneno leitoso. Como, por outro lado, tivéssemos constatado que é justamente a peçonha leitosa a mais ativa, impõe-se a suspeita de que haja no veneno dos dois escorpiões uma substância estranha, mais frequente na fração chamada lim- pida. Esta substância parece incrementar a sudorese e aumentar a dôr, em- bora fosse menos tóxica do que a do veneno amorfo, granular. De fato, o aspecto microscópico de uma goticula de veneno hialino, apre- senta quadros completamente diferentes do veneno granular, amorfo (Foto- grafias). É claro que, na prática, tanto na extração artificial da {>eçonha como i>or ocasião de uma picada, sempre se misturam as frações do veneno hialino, opa- lescente e leitoso, de maneira que a sintomatologia deve ser encarada como sendo consequência do conjunto. Foram feitas necropsias de diversos camundongos após a morte, retirando-se não somente partes do pulmão, do figado, do intestino, da vcsiaila c do mús- culo, mas inspecionando-se ao mesmo tempo a zona da inje<^ sul)cutânea. Não foi verificado nada de anormal, confinnando-se a ação primordial da i)e- çonha dos dois escorpiões sôbre o cérebro, como já foi descrito por muitos pesquisadores. Eliminação rápida, ação pràticamente igual tanto jxir via intra-venosa como subcutânea, sudorese muito acentuada — são os característicos principais do envenenamento escorpiônico. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Quanto â obtenção dos venenos secos, de péso constante, conservados cm dessecador escuro, em vácuo, sobre cloreto de cálcio, quer pelo método da extração manual ou por excitação elétrica, cremos que tenhamos chegado a um resultado positivo. Positivo no sentido da quantidade e da qualidade e bõa conservação. Quantitativamente falando é possivel armazenar durante meses algumas centenas de miligramas de T. serrulatus e T. bahietisis. Secando-se estes ve- nenos em vácuo e conservando-se os mesmos em esairo, no vácuo, sôbre cio- 92 ESCDRPIrtES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL, 2 r-to de cálcio, consen-am se» aspe«o de pó branco bem como tódas as propriedades toxicas. É. pois, possivel estocar-se as peçonlias. juntando a quantidade extraída cada quinzena ou cada 20 dias ao estoque. Nisto não é necessário separarem- as chamadas trações hialinas, opalcscentes e leitosas, mas pode estocar-se perfenamente o veneno “in toto”. No momento do uso para qualquer expe- ncncia ou imunização, basta dosar-se préviamente a LD^o em camundongos A estocagem do veneno seco representa sem dúvida uma grande vantagem ví 1 n T rí ' Í escorpiônicos em solado. Vital Brazil (2) e H. .Maurano (1) têm aconselhado soluções aquo-gliceri- nadas; \ lanna Martins (5) empregava soluções fisiológicas com toluol e mais tarde com formol. Todos éles partiam sempre de triturados de glândulas inteiras, acentuando tanto Maurano (1) como \'ianna (5) que a contaminação por prmes aerobios e anaerobios e a consequente putrefação das soluções constituíam um dos maiores empecilhos de qualquer trabalho mais e.xato róbre as ]ieçcnlias escorpiônicas. Vital Brazil (2) exige mesmo o preparo de veneno seco para qualquer cxperiencia mais acurada. ^ ^ Já Belleine (1874), depois C. Phisalix e de \ arigny (6), Calmette (1896) e entre nos H. Maurano (1) tem submetido os escorpiões à excitação elé- trica e obtinham veneno. Entretanto, as quantidades de todos éles eram muito pequenas para qualquer estudo comparado em grandes séries de animais de exjicricncia. _0 estalx-Iecimento exato da aíh-idade da peçonha escorpiônica pela açao LD„ em animais de laboratório não está isento de dificuldades. Tendo- se um grande estoque de veneno séco, pode determinar-se facilmente a dose oO o mortal j^ra detenninado grupo de animais (aconselhamos os camundongos pelo fxmco peso e pelas reações precisas), repetindo-se cada vez esta titulação quando se assume um veneno diferente. ' A questão, entretanto, muda de figura, quando se pretendem titular peque- nas amostras de veneno, colhidas dos escorpiões para este fim. Neste caso o veneno seco “total”, isto é, o obtido de tôdas as gotas, hialinas, opales- centes e leitosas, tera atividade diferente por exemplo do veneno hialino ou do leitoso como se deduz pelas nossas determinações das doses 50% mortais com os diferentes tipos de peçonha. Estas ditereiiqas serão ainda mais acentuadas por via subcutânea do que na \eia e variarão grandemente segundo a espécie. Temos constatado que em T. scrrulatus e em T. bahiensis as peçonhas secas provenientes das gotas leitosas, que apareciam. na ponta do ferrão por ultimo lus extrações, eram justamente as vujis ativas. Viu-se igualmente que just^iente estas frações eram as mais constantes em sua atividade, mesmo ^ ^ SciELO Mem. Inst. Butanun 25(U:8JK8, 195i WOLFGAXG BCCHERL 93 qiiando eram de amostras e extrações diferentes. O mesmo não se dá com as frações hialinas, isto é, com o veneno seco das gotas transparentes, qne apa- recem em primeiro lugar na extração. É um veneno que varia bastante em sua atividade, principalmcnte no T. bahiensis, podendo ser numa amostra de 5-6 vezes inais ativa do que mmia outra ou terceira. Este fato está em contradição com o que foi constatado por Phisalix e de \'arigny (6) que exitrairam por excitação elétrica as j)eçonhas de Prio- 'lunis australis, separando em recipientes especiais as goticulas hialinas, as opalescentes e as últimas, leitosas e constataram que justameníe as pri- meiras. hialinas, eram as mais ativas, com uma dose minima letal subaitánea para cobaio, de 0,1 mg, enquanto que eram precisos 0,15 mg, para matar com o veneno leitoso. Ou, empregaram poucos animais, e não chegaram a conclusões pre- cisas pela minima mortal, ou existem realmente diferenças biológicas no escorpião africano que o distingam das duas espécies do Brasil. Em todo caso, acharam os dois pesquisadores, em vista de seus resultados, que o último veneno do escorpião, o leitoso, era uma peçonha ainda não amadurecida; que ela tinha que estar em contato com o liquido dos canais eferentes das bolsas de veneno e amadurecer ai, dando então veneno limpido, maduro, ativo. Em nossas experiências nas extrações rq)etidas já durante anos, chegamos à conclusão de que a fração que temos diamado de “opalescente” é realmente apenas intermediária entre o hialino e o leitoso, contendo elementos de ambos. Entretanto, estas duas extremas, devem conter, ao que nos parece, substâncias iguais umas e diferentes outras. X'is fotomicrografias (veja no fim do trabalho) do veneno hialino vêm-.se configurações na peçonha seca que lembram a figuras cristaloides, enquanto que o veneno leitoso apresenta asjjecto granular, homogéneo. Quando ao pH diferem muito pouco estes dois venenos, enquanto que a fração hialina é muito mais higroscópica do que a leito.sa e .se dissolve facil — e completamente na água fisiológica — o que não acontece com a última. A suspensão aquosa desta apresenta-se fortemente opalescente quando cm pro- porção de 1 mg de veneno seco para 8 cm^ de água fisiológica. Submetendo- se a solução à centrifuigação, torna-se mais limpida, aparecendo um depósito relat ivamente volumoso. Es'e depósito, após centrifugação demorada, perfaz, mais ou menos, a metade do pêso do veneno seco leitoso e parece constar de elementos epite- liais e celulares, insolúveis em água e inativos. Tomando-se em conta êste fato, então ressalta que o veneno escorpiônico, partiailannente a fração derirada da leitosa, é ainda duas vezes mais ativa na dose 50^ó letal para camundongos, do que a referida por nós. pois não 94 ESCORlMt^ES E ESCORIMÜXISMO XO BRASII_ 2. toraanios eiii consideração o pêso déste depósito, porque trabalhamos sempre, nas titulações, com 1 a duas miligramas. Assim as LDjo das frações leitosas poderiam ser calculadas para T. scrrulatus como sendo de 0,15 gamas a 0,3 gamas na veia e por ^^a subcutânea e cm T. bahiensis de 0,25 a 0,32 na veia e 0,35 a 0,45 gamas subcutâneamente por grama de camundongo. Xum acidente real por picada de escorpião, entretanto, é sempre arro- jada em primeiro logar a fração hialina da peçonha. Quase sempre o arac- nídeo lenta diversos golpes com seu dardo, de maneira que são injetadas taml)ém as frações opalescentes e, finalmente, as leitosas. Quanto maior fôr, portanto, o número de picadas, mais intenso será o envenenamento do aciden- tado, não somente em virtude da maior quantidade de peçonha arrojada mas também em razão dos diversos componentes ativos da peçonha total. Stm querer divagar pelo terreno especulativo em casos de acidentes huma- nos por envenenamento escorpiônico, cremos poder afirmar que é quase sem- pre inoculada a peçonha total nos acidentes graves e de média gravidade. Das titulações das frações hialinas e leitosas em camundongos ressalta também o seguinte; — Em T. bahiensis a DLm por via subcutânea é o dobro da |>or via endovenosa e em T. scrrulatus também quase o dôbro, no veneno hialino, ao passo que no leitoso as mesmas quantidades de peçonha são, aproximadamente, de potência igual por via venosa e por via sulxaitánea. Quanto à sintomatologia do envenamento parece-nos que ambas as frações sejam igualmente atuantes sõbre o sistema nervoso central, sôbre o bulbo, com destruição butbar e das funções vegetativas dos neurônios bulbares, como já foi tlemonstrado por diversos pesquisadores, como O. Magalhães (3). A incrivcl rapides dc ação bulhar, que jâ se verifica em camundongos dentro de alguns minutos, mesmo ixjr via subcutânea, e no homem também dentro de 15 a 30 minutos (O. Magalhães), é comum às frações hialinas e leitosas, l)em conx) a eliminação rápida pelo organismo e o restaljelecimento â normalidade já dentro de algumas horas, quando as doses de peçonha forem subletais. Obser\-amos igualmente que os sintomas dôr e a sudorese dos camundongos eram os mesmos nas duas frações. Na sintomatologia humana elas já foram descritas minuciosamente por O. Magalhães, insistindo êste autor, em 1935, que existe no bulho cerebral um centro de secreção sudorípara, na região do 4.° ventrículo bulbar e que êste é prejudicado em suas funções normais. Não, sem razão, poder-se-ia, portanto, deduzir que provàvelmente existem as mesmas substâncias tóxicas nas frações hialinas e leitosas ou elementos diver- sos, mas com ação idêntica sobre o bulbo cerebral e com a mesma rapidez de ataque e eliminação. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. In«t. Butantan 2S(l):|tJ.10S. 1953 WOLFCAXC BLXHERÍ. 95 Cremos também que existam as mesmas substâncias venenosas em ambas as frações ,mas estamos inclinados, além disso ,a suspeitar da presença de ele- mentos diferentes, de igual ação cerebral (aspecto fotomicrográfico diferente das duas frações e do gráu de toxicidade diferente, principalmente na via subcutânea da fração hialina). Para a\-aliar devidamente esta nossa. opinião deve-se ter em mente que as titulações sempre foram feitas com veneno séco, de péso constante. Xo caso da fração hialina, portanto, correspondia o veneno séco principalniente âs configurações cristaloides da fotomicrografia. enquanto que o veneno séco leitoso tem aspecto granular. Este ponto precisa ainda de melhor estudo, também pelo lado quiinico e fisiológico. Não queriamos abandonar éste capitulo sem estabelecer um quadro de toxi- cidade comparada entre os dois escorpiões do Brasil e outros representantes perigosos em outros continentes e paises, conto Ccntruroides gracilis, tio.ríus, suffusus e limpidus do México e Buthus occilanus, B. quinquestriatus, Prionurus ausiralis e amoreuxi do Norte da África e Palestina. De todas estas espécies, inclusive as nossas duas, constam docunientadamente casos humanos fatais pelo envenenamento. Infelizmente não possuimos dados sobre DL so em camundongos ou outros animais de lal)oratório, feitos com veneno séco, de péso constante. Apenas Tetsch, e Wolff, (7) titularam exatamente a peçonha de um escorpião da Siria, sem dizerem a espécie, com uma DLoo ^ por grama de camundongo em tomo de 0,9 gamas. E. Sergent, estabeleceu em, 1935, as doses minimas mortais para camun- dongos, via subcutânea ,como sendo de 1 glândula em Buthus oceitanus, 0,30 glândula em Buthus arenicola e 0.05 glândula em Príonurus australis. Já ante- riomiente houve dosagens da minima letal. Segundo Calmette 0,5 mg de um escorpião africano mata um coltaio; segundo Kubota 0,015 mg de um escorpião me.\icano mata um camundongo. Phisalix e de \'arigny dão 0,1 até 0,2 mg de Buthus australis como suficientes para matar cotiaio; enquanto que C. Phisalix consegue matar cobaios com doses que \-ariavam entre 0,14 a 0,5 mg, estal>ele- cendo como minima letal 0.1 mg. Em Buthus quinquestriatus foi igualmente estabelecida a dose minima letal por kg de cobaio como sendo 0,1 mg. Infelizmente, ou não foi identificada a espécie, ou não se dosava a mortal 50%, ou ainda não se empregava veneno seco, de maneira que os dados acima não justificam em absoluto a afirmação de H. Maurano, de que a toxicidade de T. bahiensis (éle não conhecia ainda o T. serrulatus como espécie própria, embora tenha trabalhado com ela, misturando os dois venenos, provàvelmente), era fraca em comparação com a de B. oceitanus e B. quinquestriatus. 96 ESCÜRPIOES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL. ». CONCLUSÕES A peçonha de T. scrrulalus e T. bahicnsis pode ser retirada inanualniente ou por excitação elétrica cada 15 ou 20 dias, de escorpiões mantidos em viveiros. £sta peçonha pode ser sêca facilmente em vácuo e guardada em estado de ixi branco em vácuo, no escuro, sobre cloreto de cálcio, sem perda de atividade. Com o ^eneno seco podem-se titular as DL 50 %, mas é mister repetir-se sempre a titulação toda vez que se assume novo veneno, porque cada estoque, niesiiK) da ntesma espécie, jwde ter atividade um tanto diferente. Para dosagens rigorosas e determinações e.xatas da atividade das jieçonhas escorpiônicas recomenda-se colher em separado as goticulas limpidas e as últimas leitosas; secá-las à parte e titulá-las sep)aradamente. .•\s DLjo % de T. scrrulatus e T. bahiensis tém-se mostrado diferentes no veneno hialino e no veneno leitoso, menores no último e mais uniformes, maiores e mais discordantes no primeiro. O Tityus scrrulatus é, mais ou menos, duas vezes mais venenoso do que o T. bahiensis — fato êste que se deve principalmente à particularidade bioló- gica de, em geral, o T. scrrulatus ter muito menos veneno hialino do que o r. bahiensis e de inooilar já na primeira aguilhoada veneno chamado opalescente (granular). A inoculação de simples veneno limpido, hialino, como pode acontecer fà- cilmente com T. bahiensis (com DL 30 subcutânea para camundongos entre 4 a 25 gamas por grama) determina no liomem, em geral, apenas dôr ligeira, mas não intoxicação grave. .As peçonhas de T. scrrulatus e T. bahiensis são de rápida eliminaçFio, de- vendo verificar-se as melhoras no homem já depois de 6 a 8 horas, via de regra, «juando forem apenas arrojadas doses sub-letais. Casos de morte de pessoa adulta por picada de T. scrrulatus e ainda mais por T. bahiensis constituem raras exceções entre o número de acidentados, mas podem acontecer. Para individuos de ponco péso (crianças até 10 ou 15 kg) podem os acidentes e.scorijiónicos revestir-se de gravidade e terminar mesmo com a morte. Dada a rapidez da ação da peçonha, deve-se instalar a soroterapia já dentro de meia a 1 hora, o mais tardar, nos casos graves, dada a irreversibilidade das lesões bulhares nas doses letais. RESUMO Demonstra-se que, quando se e.xíraem as peçonhas do Tityus scrrulatus e do T. bahiensis. o aspecto das primeiras goticulas de veneno é de uma substânda transf>arcntc, hialina, principalmente em T. bahiensis. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mcm. ln«t. Batanlan 2S. I):ÍJ10S. 1953 WOLFGANG BCCHERI. 97 As gotículas seguintes tém aspecto niais turvo, opalcsccntc e as últimas gòtas apresentam aspecto leitoso e são de consistência espessa. Estas frações do veneno liquido podem ser separadas melhor na simples extração, feita á mão; na extração pelo choque elétrico elas se misturam, sendo o primeiro jorro, mais limpido, seguido por veneno leitoso. No T. serrulatus muitas vezes já as primeiras gôtas têm aspecto opales- cente. Na secagem do veneno liquido em vácuo, sobre cloreto de cálcio, obtêm-se dos 3 tipos de veneno um pó amorfo, esbraiKiuiçado, com leve tonalidade para o amarelo. O pó proveniente do veneno hialino é muito higroscópico e dissolve-se facilmente em salina, enquanto que o proveniente do leitoso, espêsso, é bem menos solúvel em salina, sobrando mesmo uma bóa quantidade de substâncias não solúveis. A ação dos dois venenos sobre o camundongo ê rapidissima. Quando inje- tados na veia, em quantidades acima de LDjo, sucumbem os animais já dentro de segundos, minutos ou nas primeiras 2 horas, confomie as diversas concen- trações do veneno. Os sintomas são pre|K»nderantemcnte nervosos, cerebrais, com pronunciada hipcrsecreção das glândulas salivares, aumento da diurese, dispnéia e paresias. A sudorese, que principia’ na nuca, ê invariàvelmcnte tão alta que os camundongos, ao morrerem, estão tão molhados que ixirecem ter saido de um banho geral. O tetanismo post mortem é imediato. Os animais, com quantidades de jieçonha abaixo da LDm, têm sudorese menor ou mesmo só ciramscrita à região da nuca e melhoram após 2 horas, normalizando-se completamente dentro de 4-5 horas. Xas injeções subcutâneas repetem-se os mesmos .sintomas de intoxi- cação como na veia. Como elemento novo acresce a sintomatologia da dôr, traduzida nos camundongos por irritabilidade, agressão mútua, pulos de.sorde- nados e gritos agudos, até que sobrevenha a prostração e sudorese, com dispnéia e paralisia progressiva. A morte é novamente muito rápida, ocorrendo dentro de 4 horas no máximo. Depois deste tempo os animais restabelecem-se .aos fK)ucos, estando normais depois de 7-8 horas. E demonstrado ainda que, pelo menos nas frações que, por comodidade de expressão chamamos de leitosas, espessas, a LD30 venosa não difere quase da LDjo subcutânea, o que não soe acontecer com outros venenos animais, por exemplo, venenos de Crotalus terrificus ou das serpentes botrópicas. U autor empregou na detenninação de LDjo o método descrito por Reed e Muench (4). De cada veneno séco das duas espécies foram feitas desde 1951 âté ^laio de 1953 nada menos de 24 dosagens, 12 intravenosas e 12 subcutâneas. Os camundongos eram dos biotérios do Instituto e pesavam 20 gramas cada um. 9S ESCCRPIOES E ESCORPIÜXISMO XO BRASIL. 2 . Scni querer discutir a natureza do veneno sêco, foi êste separado em 3 porções, o proveniente das goticulas hialinas, transparentes, o proveniente de gotas opalescentes e o das gotas leitosas, brancas, espessas. Cada uma desta 3 partidas foi injetada na veia e subcutâneamente, forne- cendo as seguintes LDjo por grama de camundongo: T. nerrulatus veia i>ut>cut. 1,2-1, 6 gamas 0,9-1, 1 0.29-0.SS l,g-2,2 gamas 0.9-l,4 0.3-0.62 veneno limpido " opalescente leitoso T. bahimsis 2.0* 11,0 gramas 0.9-2.0 0.5-0.fi5 4.0- 2», 0 gamas 2.0- 4.0 O.T- 0,0 veneno limpido ” opalesoente * leitoso Destes protocolos jxkIc inferir-se: l.° que o veneno “leitoso" c o mais ativo nas duas espécies, não diferindo quase a dose venosa da subaitânea; 2.° que o veneno do T. serridatus e, em linlia geral, duas vezes mais ativo do que o do r. bahiensis; 3.® que na peçonha, proveniente da fração de aspecto límpido, transparente (mais comum em T. bahiensis) a LD;» subaitânea é ge- ralmente o ilôbro da LD^o venosa e que esta última fração, principalmente em T. bahiensiS, estã sujeita a graduações de intensidade de ação Lem marcadas (4 gamas até 25 gamas sulKutãneas ou 2 gamas e 11 gamas venosas). Demonstra-.se ainda que as diferenças na LD^ são menores em T. serrula- tus do que em T. bahiensis. Xão há diferença quase na chamada fração leitosa nas duas espécies. A diferença de atividade da peçonha escorpiônica, parti- cularmente em T. bahiensis, corre por conta do cliamado veneno límpido, hialino. Tom.ando-se em conta as quantidades mã.ximas, médias e mínimas, que podem ser injetadas numa picada por um destes e.scorpiões e que foram calculadas pelo autor, em outro trabalho, como sendo de 3 mg, 0.3 mg e 0 mg. respecti- vamente. então chega-se à conclusão de que, em vista das LD.-,o. êstes escorpiões poderiam matar até 7 ou 10 kg de camundongo, devendo considerar-se que o organismo humano é ainda mais sensível. ZLSAMMENFASSUXG \immt man den heiden giftigsten Skorpionen Brasiliens, Tilytis serrulatus und T. bahiensis das Gift ab, so erscheinen die ersten Tropfen meistens ais 1 SciELO Mem. Inst, Butantan WOLFCAXC Bt*CHERL QCÍ '2S(1);83-I0«, 1953 klare Flüssigkeit. die nãchsten haben trübes Aiissehen und die letzten sind milchig und zãhflüssig. Wãhrend das bei T. bahiensis fast die Regei ist, kommen bei scrrulatus oft die ersten Tropfen schon trübe heraus. \'on beiden Arten wurden diese drei Giftflüssigkeiten getrennt al)genommen, dann ini \'akuum getrennt getrocknet. Alle drei geben einen weisslichen Staub, der sich im \'akuum. über KaIziunKhIorit sebr lange erhãlt, ohne seine Wirk- sanikeit zu verlieren. Der Staub der klaren Gift flüssigkeit ist sebr hygroskopisdi und lãsst sich sebr leicht vollstãndig in physiologischer Kochsalzlõsung lõsen, wãhrend der des niilchigen Giftes viel weniger lõslich ist und fast die Hãlfte seines Gewichtes ais unlõslicher Rückstand abzentrifugiert werden kann. Beide Trockengifte zeigen eine ãusserst schnelle \\'irkung auf die Mãuse. Bei intravenõser Verabreichung sterl)en die Tiere schon in Sekunden, Minuten oder innerhalb zwei Stunden. já nachdeni die Giftinengen ül>er der Dosis laethalis media (LD 50 %) liegen. Die A'ergiftungserschcinungen liegen ausgesprochen im Gehirn (Xervengifte), mit zunehmender Steigerung der Speicheldrüsen und Schweissdrüsentãtigkeit (deren regulierende Zentren im Gebime liegen). Blindheit, Trãnenfluss, Xackenlãhmung, Di.spnõc und Atmungslãhmung trcten dann auf, bis der Erstickungstod die nun ganz von Srfiweiss gebadeten Tiere erlüst. Xach dem Tode tritt eine vollkommenc leta- nische Rigiditãt ein. Erhaltcn die Tiere kleinere, unter der 50 prozehntigen tõdlidicn Menge liegende Dosen, bleibt der Schweissfluss meist nur auf die Xackenregion beschrãnkt. mit mehr oder mindcrer \'ergiftungshetciligung auf ner\'r)ser Basis und die Tiere erholen sich schon innerhalb von 2 Stunden und sind nach 4-5 Stunden wietler nonnal. Bei sulxutanen Injektionen wiederholen sich die gleichen SjTuptomc, auch zeitlich. mit Todeseintritt innerhalb von Minuten bis spãtestens 4 Stunden oder Erholung und \-ollstãndige Genesung nach 4 Stunden respektive 7-8 Stunden. Bei den Skorpiongiften der beiden Arten konnten wir feststellen, dass die subkutane \'erabrcichung mengenmãssig und zeitlich hinter der venõscn Einver- leibung kaum zurückbleibt, was ais Xeuheit unter den tierischen Giften zu bezeichnen ist, da doch bei den meisten Schlangengiften, zum Beispiel, die subkutanen Dosen oft das 4-6 faclie der intravenõsen sein müssen, um die gleichen Vergiftungserscheinungen heiAorzurufen. Zur exakten Bestimmung der mittleren tõdlichen Dosis (DLjo) wandten wir weisse Mãuse an. Alle von 20 Gramm Ge\vicht. Die Lõsungen wurden intravenõs und subeutan gespritzt, intravenõs mit je einem halben Kubikzenti- -meter und subeutan mit drei zehntel. -ScíELOIq 12 13 100 ESCORPIOES E ESCORPIONISMO NO BRASIL 2. Sowohl bei T. serrulatus ais auch bei T. bahUnsis ^\'urden die transparenten,. die trüben und die milchigen Gifte getrennt im Vakuum getrocknet und von jeder so gewonnenen Giftart je drei Lõsungen hergestellt (mit physiologischer Kochsalslòsung) . Seit 1951 bis Mai 1953 wurdcn so von jeder Giftart je 12 Dosierungen vorgenommen, intravenõs und subcutan, zusammen 24 Dosierungen. Jede Dcsierung basierte auf 7 Verdünnungen der Stammlõsung und bei jeder Verdünnung wurden 5-10 gleichschwere Mãuse benutzt, aiso 35 bis 70 Mãuse pro Versuch. Die Ergebnisse der Titulierung der LDjo^ sind pro Gramm Maus : r. 9crrulatu9 intravenõs subcutan Giftart 0,0012-0,0016 ms 0,0009-0,0011 ms 0,0003-0,0005 ms 0,0019-0,0022 ms 0,0009-0,0014 ms 0,0003-0,0006 ms Uiu-ea Flüssiskeit trübe ” milchise * r* 0,0020-0,0111 ms 0,0009-0,0020 ms 0,0006-0,0006 ms 0,0040-0,0250 ms 0,0020-0,0040 ms 0,0007-0,0009 ms kUre Flussickdt trObe ” mUdiise ■ Aus der Tabelle kann man ersehen: — 1®. Dass das Trockengift von der milchigen Fraktion, die ais letzte bei der Giftentnalune erscheint, die wirksamste- ist, wobei die venõsen Mengen von den subcutanen kaum verschieden sind; 2®. Dass das Gift von T. serrulatus ini allgemeinen 2 mal wirksamer ais das von T. bahiensis ist ; 3®. Dass das aus der klaren Flüssigkeit gewonnene Gift, besonders bei T. bahiensis, weit weniger einheitlich ist und dass subcutan ein doppelte Mengc der intravenõsen nõtig ist zum glekhen \krgiftunigseffekt ; 4®. Je milchiger das Gift, um so einheitlicher und stãrker, je klarer, um so- schwücher. Da vir in einer anderen Arbeit dai^elegt haben, dass die ma^cimalen, mittleren und minimalen Trockengiftmengen, die bei einem Stich eingespritzt werden kõnnen, um 3 mg, 0,3 mg und 0 mg liegen kõnnen, ist leicht zu ersehen, dass 7-10 kg Maus eventuell von einem Skorpion getõtet werden kõnnen, dass also menschliche Todesfàlle, besonders von Kindem von 10 bis 20 kg Gewicht, vorkommen kõnnen und audi tatsãchlich sich ereignen. Todcsfãlle Erwachsener kommen vor, sind aber selten. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mrm. Insí. Butantan ZS(I):8M0e, 1953 WOLFGANG BUCHERL 101 SUMMARY It is sho-ftn that on extracting the venoms of Tityus serrulatus and T. bahtensis the first drops form a substance of transparent, hyalinc aspect, principally in the case of T. bahtensis. The subsequent dnops have a more turbid, opalescent appearance and the last drops of venom are tnilky and viscous. These fractions of the liquid venom maj- best be separated by simple "manual” extraction; during the extraction by the “electric shock method” they get mixed generally, the first issue being clearer, followed by opalescent and milky venom. With the T. serrulatus quite frequervtly even the first drops have an opalescent appearace. By drjing the liquid venom under vacuum, ovcr calcium chloride, the 3 types of venom yield an amorphous whitish powder with a slight yellow tinge. The dry residue of the hyaline venom is very hygroscopic and dissolves easily in saline solution, whereas that from the milky, viscous venom is less soluble and leaves a considerable quantity of insoluble material. The action of these two venoms on mice is extremely rapid. Wlien quan- tities above the LDjo are injected intravenously, the animais die within scconds, minutes or the first two hours, according to the various conceiitrations of the venom. The s\Tnptoms are ner\-ous, cerebral, with pronounced hj-persecretion of the salivarj- and lacrimaly glands, increased diuresis, dyspnoia and parcsy. Sweating which begins at the neck becames unvariably so intense that the dying mice are so drenched as if they had just come out of a liath. Post mortem tetanism sets in immediately. The animais with venom doses below the LD.vj showed a limited degree of sweating in the neck region only and recovered aftcr two hours, with complete nomialization within 4 to 5 hours. On subcutaneous injections the symptoms of intoxication are the same as when the venom is administered intravenously. There enters, howewer, the sjTnptomatolog)- of pain as a new element which becomes evident by the irritability of the mice, their mutual aggressivity, disorderly leaps and shrieks, until they are overcome by prostration and sudoresis, dyspneia and progressive paralysis. Death follows rapidly within 4 hours at the utmost. Any sur\-ivors after this time recover gradually and become normal already after 7 to 8 hours. It is further shown that, at least with the so-callcd milky, viscous venom fractions, there is hardly any difference between the intravenous and 102 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL. 2. subcutaneous LD50. contrarj- to what is obseixed with other animal poisons, as for example with venoms from Crotalus terrificus or the bothropic snakes. For determining the LD^o the author used method described by Reed and Muench. Everx- batch of venom from the two species was submitted to not less than 24 evaluations, 12 by the intra%-enous and 12 by the subcutaneous route, betwecn 1951 and May of 1953. The mice carne from the animal rooms of the Instituto Butantan and had a weight of 20 g. Without entering into a discussion about its nature, the dried venom was separated into 3 portions, one from the hyaline droplets, another from the opalcscent drops and the third from the milky, viscous venom. Each of these 3 lots was injected intravenously and subcutaneously, giving the following LD30 per gramme mouse: T. êcrrulatuã infra rmoM venonv type 1,2-1, 6 Rammaa 0,9-1, 1 04-0.58 1. 8-2,2 RHmnut.1 0.9-1, 4 0,2-0.62 clear venom opalescent venom milky Venom T. bnAfriwIs 2.0*1 1,0 gammas ■1,0*23,0 gnmmas clear venom 0.9-2'.0 2.0- 4.0 opale*c«nt venom 0.5-0.65 0.7- 0,9 milkf venom From these resuits it may be concludcd that: 1-the milky venom is tlic more active in Ixith species, and its intravenous dose hardly differs from the subcutaneous one; 2- the venom of T. scrrulalus is, on the whole, twice as active as that of T. bahicnsls; 3- the sulxnitaneous LD» of the venom from the clear, hyaline fraction (which is niore common in T. bahtcnsis) is usually twice as large as the intravenous LD50, this venom fraction, cspecially in the T. bahtcnsis, being subject marked \-ariations of intensivity (4 to 25 gammas subcutaneously or 2 to 11 gammas intravenously). It is further shown that the difference in the LD50 is smaller in T. scrrulatus than in T. bahiensis. There is hardly any difference in the so-callcd milky fractions of the two species. The different activity of scorpion venom, particularly in T. bahiensis, may be attributed to the so-called hyaline doar fraction. Considering the maximum, mean and minimum amounts ndiich could be injected by the generally repeated stings of one of these scorpions and which had been calculated by the author, in another publication, as 3 mg. 0,3 mg and cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mcm. Inst. Batantan 2S(1):8J-108, 1953 WOLFGAXG BCCHERL 103 0 mg respectively, the conclusion may be draw-n that in view of the LDjo these scorpions are able to kill 7 or 10 kg of mouse, keeping in mind that the human organism is even more sensitive. Agradecimentos'. Agradecemos aos, auxiliares do Laboratório de Animais Peçonhentos do Instituto Butantan a valiosa cola- boração. O sr. José Xavas, as srtas, Laurinda Pueei e Luzia Seabra ajudaram na alimentação e na retirada das pcçonlias dos escorpiões; a srta. Xicolina Pucca prestou eficiente colaboração nas pesagens e nas titulações das peçonhas e o sr. Francisco Rocha Xobre colaborou nas necrópsias e nos cortes histológicos dos animais mortos pelo veneno escorpiónico. .\o sr. Seixas, fotó- grafo do Instituto, os nossos agradecimentos pelas fotomicrografias. BIBLIOGRAFIA 1 . .Meurano, lí. — Do Escorpionismo, Tese Fac Med. Rio de Janeiro, 1915. 2. Brasil, r. — .Wein. apres. ao VI." Congr. Brasileiro .Med. e Cír., S. Paulo, 1907 ; Rev. Med. de S. Paulo 10 : 385-390, 1907; Mem. Inst. Butantan 1; 47-52, 1918. 3. .Magalhães, O. de — O Hospital 21: 709-723, 942; .Mem. Inst. Osivaldo Crus 21: 5-155, 1928; Anais Fac. .Med. Belo Horizonte 4: 1-52, 1935; ibidem 1: 69-111, 1929. Magalhães, O. de & Tupinambá, A. — O Hospital 17 : 77-95, 1940. Magalhães, O. de & Cuimarães, E. — .Mem. Inst. Esequiel Dias, Belo Horisonie, 3-4: 139-194, 1939-40. 4. Recd, L. J. & .Muench, //. — Amer. J. Hyg. 27 : 493-497, 1938. 5. Martins, A. Pianna — Brasil-Medico 57 : 248-251, 1943. 6. Phisalix, M. & De Varigny — Buli. Mus. Hist. Xat. 2 : 67, 1866. 7. Tetsch, Chr. & Woljf, K. — Biochem, Zeitschr. 290 : 394-397, 1937. -ScíELOIq 12 13 M«n. Intt. Butantan WOLFCAXG BCCHERL 2SC1):8M08, 1953 F-^toroiCTOgrafia. 1 ; — T. bchimtis — \'mrno bialinc- í3'>:í vezr») F<>t''TrítrrgTafia, 2: - T. VcnctK- biaKno, nfrcv^ço — (300 vr*^) * 106 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO NO BRASIL. 2. FotomicroRTifia 3: — T. takinjij — Vrarno Icitov> (300 vciei) Fo»oraicroerafia 4: — Veneno leitooo (900 rezes) SciELO 10 11 12 13 14 15 16 cm Mcm. Inst. Butantan 2$(.I):83I08. 1953 WOLFGAXG BfCHERL 107 Fo*rTnicTTirrafÍ£ 6; T. scrrtilatns Vnv' leitruo (90''> mc-: Mem. In^t. Butantaa *2S(1):109-151. J9S3 VVOLFGANG BCCHERL 109 QUILÓPODOS, ARANHAS E ESCORPIÕES ' ENVIADOS AO INSTITUTO BUTANTAN PARA DETERMINAÇÃO WOLFGANG BCCHERL (Laboratór:c de 2U>:4Q(Ía Médica, Instituto Butantan). Nos últimos anos foi recebido pelo Instituto Butantan copioso material, conservado em mek) alcoólico, para ser detenninado, devolvendo-se as dupli- catas (conforme a praxe) e retendo-se iwra as colecções do Instituto as restantes. Antes de enumerarmos estas preciosas remessas, queremos consignar nossos agradecimentos aos seguintes remetentes: Professor Dr. irolfançi IVcyraucli, de Lima, Perú, que nos tem distinguido com rej)etidas remessas de Quilópodos e de escorpiões, de maneira que nos pudemos capacitar a julgar com maior acerto sobre a natureza da fauna quiloiJÓdica e escorpiõnica do Perú, particularmente dos Andes j^ruanos. Dr. Hchmit Sick, da Fundação Brasil Central, pelas remessas de material do Alto Xingú, particularmente de Chavantina, do Brasil Central. Professores Paul Ledoux e Harald Sioli, do Instituto Agronômico do Norte, em Belém do Pará, pelos envios quase que contínuos de aranhas, escor- piões, quilópodos e escutigeromorfos. Aos colegas Alphonsc R. Hoge e José Manuel Ruh que, em duas excur- sões cientificas, promovidas pelo Instituto Butantan e chefiadas jwr eles ou pelo Sr. A. Hoge, tém enriquecido as colecções do Butantan com abundante material aracnológico. incluindo quilópodos, escorpiões, aranhas, miriápodos, opiliões, etc.., provindo da região amazônica, desde a fóz do rio até a Co- lômbia, e das Guianas Francesas. Professor Dr. Otto Schubart pelo abundante material, recolhido nos arre- dores de Pirassununga, Estado de São Paulo. Familia Urban, da Capital de São Paulo, que, com incansável esfôrço, tem trazido pessoalmente ao Instituto quilópodos, aranhas, escorpiões, colhidos tanto em Perdizes, Capital de São Paulo, conto em Carapicuiba, dos arre- •dores de São Paulo, de Cocaia e da Ilha de São Sebastião. Entregue para publicação, 27. VIII. 53. 110 QCILÔPODOS, ARAXHAS E ESCORPIÕES ENVIADOS AO INSTITUTO BUTANTAX PARA DETERMINAÇÃO Revnio. Padre Daniel, do Colégio San José, de Medellin, Colombia. Professor Dr. Max Biraben, de Buenos Aires, Argentina, pela remessa de volumoso material quilopódico. Prof. Dr. Xaz-ier Kietto, México, pelo envio de numeroso material escor- piônico. Professor Dr. Mas Vachon, do Museu de História Xatural de Paris, que tem enviado escorpiões da Argélia e de Marrocos. Dr. A. Rodrigues Gomes, pelo envio de escorpiões da Colômbia. Professores Drs. José Lacerda de Araújo Feio e José C. M. Carvalho que não «òmente puseram a nossa disposição o material do Museu Nacional, mas tàmbem nos possibilitaram o seu estudo no referido Museu. Dr. Avelino Barrio, do Instituto Malbran, Buenos Aires, Argentina, pela remessa de aranhas e quilópodos. Professores Luis M. Carbonell e G. MarcuxA, de Caracas, \’enezuela pela valiosa remessa de material quilopódico, escorpiônico e aracnológico da \'^e- nezuela, a ser estudado à parte. LISTA DO MATERIAL n COLEÇÃO EKVIADA PELO PROF. WOLFGAXG WEYRAUCH, DE LIMA,. PERC, EM 20 DE MARÇO DE 1951: N.° 12.009: — Olocryptops ferrugineus soucupi BücherI, 1943. Procedência: — Tanr.a, Perú. \V. Weyrauch leg. em 1-12-42, nas encostas dos Andes, a 3.000 m de altura. 3 machos e 2 fêmeas (3 exemplares devolvidos). N.° 12.016; — Otocryptops ferrugineus soucupi BücherI 1, 1943 2 exemplares (devolvidos) Brasilophora trimannorata BücherI, 1950 2 exemplares (devolvidos) GEOPHILOMORPHA 2 exemplares (não determinados) Otosligmus amaconac Chamberlin, 1914 1 exemplar (devolvido) Procedência : — Margens do rio Chusgon, afluente ocidental do Ma- ranon ; nos arredores de Huamachuco, a 2AOO m de altura. W. Weyrauch legit cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mrm. Inst. BuUntan 2S<1):109-I5I, 1953 WOLFGAXG BCCHERL 111 X.° 12.010: — Cormocephalus iinpressus glabrus Bücherl 1, 1950 4 exemplares (devolvidos) Olosliginus bürgcri Attems, 1903 Procedência: — Andahuaylas, Perú. • * W. Weyrauch legit eni 13-12-40, a 3.100 m de altura. X.° 12.009: — Otocryptops ferrugincus soucupi Bücherl 1, 1943 8 exemplares (Col. Inst. Butantan) Cormocephalus impressus glabrus Bücherl, 1950 1 exemplar (devolvido) Otostigmus bürgcri Attems, 1903 1 exemplar (devolvido) Procedência: — Tarma, Perú. W. Weyrauch legit a 3J00 m de altura. Sem X.°: — BrasUophora trímarmorala Bücherl, 1950 1 exemplar (devolvido) Procedência : — Oxapampa, Perú. W. Weyrauch legit cm 1941, a 1.800 m de altura. X.” 12.020: — Otostigmus pococki Kraepelin, 1903 1 exemplar (devolvido). Procedência: — Huacspistana, ao longo do rio Giar.o. W. Weyrauch legit em Junho de 1942, a 1.800 m de altura. Comentário: — A borda posterior das coxopleuras é redonda, sem o apcndictr obtuso, descrito por Kraepelin, em 1903. N.° 12.027: — Cormoccpluslus impressus glabrus Bücherl, 1950 5 exemplares (1 devolvido e 4 na col. do Inst. Butantan, X. ° 653) Procedência: — Cajamarca, Perú. W. Weyrauch legit a 2.800 m de altura. Comentário: — Os exemplares se apresentam inteiramente verdes, inclusive antenas e pernas. Os 4 dentes das placas do co.xostemum íorcipular são pequeníssimos e unidos na base, salientando-se apenas as pontas. Quanto- aos outros caracteres morfológicos, há completa concordância com Corm. impr. glabrus, descrito em 1950 e procedente da Cordilleira Azul, Perú. Os valores mesurais dos artículos da última perna são as seguintes: — Prefêmur igual à tibia ou ao último tergitoT fêmur mais longo que o pre- fêmur e fêmur com e-xcavação dorsal em forma de fossa. cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 112 QUILÔPODOS. ARANHAS E ESCORPIOES ENVIADOS AO INSTITUTO BUTANTAN PARA DETERMINAÇÃO 12.018: — Otocryptops ferruglneus soucupi Bücherl, 1943 2 exemplares (1 devolvido). Procedência: — Oxapampa, Pcrú. W« Weyrauth legit em 20-9-1918, a 1.600, de altura. N.° 12.030: — Nnvportia monticola Pocock, 1890 2 exemplares (1 devolvido) Procedência : — Hacienda Chaquil. perto de Cajamarca, Perú. \V. \Vc>-rauch legit em Março de 1942, a 3.150 m de altura. N.° 12.005 — Otocryptops ferrugtneus soucupi Bücherl, 1943 3 exemplares (na coleção do Inst. Butantan, n.° 656) Procedência: — Oxapampa, Perú. W. Weyrauch legit, em 1-4-41. N.° 12.008: — Rhysida celeris andina, subespecie nova Procedência: — Vale de Chandemayo, Perú. \\’. Weyrauch legit em 1. de .-Xbril de 1942, a 200 m de altura. Exemplar-tipo: — Colecção do Inst. Butantan, n.° 657. • Diagnóstico : — Comprimento total até 65 cm. Cabeça, tronco e pernas ama- relos; tergitos lisos, brilliantes. Placa cefálica, sem sulcos, com a base coberta pelo l.° tergito. Antenas com 20 articulos, sendo os primeiros 2 basais complctamente desprovidos de pêlos e o 3.® provido de pêlos apenas no terço distai. Placas dentárias (Fig. 1) de estrutura morfológica irregular (parece tra- tar-se de anomalia). À esquerda, com 5 dentes, sendo o 5.® — o interno — bipartido na ponta, de maneira que seriam 6 dentes. A placa direita é menor que a esquerda e não apresenta dentes. Ambas desprovidas dos sulcos basais, mas dotadas de uma corda, que nasce dentro de um póro. Coxostemum liso, sem sulco mediano. Tergitos com dois sulcos paramedianos completos desde o 6.®. A partir do 3.®, já com dois curtos sulcos posteriores. Somente o 21.® tergito com ■ carenas laterais nitidamente formadas; 20.® sem carenas; do 16.® ao 19.® com fracas carenas laterais anteriores. Os tergitos precedentes sem carenas. Todos os estemitos com 2 curtos sulcos paramedianos anteriores, atingin- ■ do apenas um quarto do comprimento da respectiva placa; 21® estemito liso, -sem suko. Com 2 esporões tarsais nas pernas 1 a 19; apenas 1 esporão no 20.® par. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 * Mcm. Inrt. Butantar »i l):109-151, 195Í WOLFGAJÍG BCCHERI. 113 21° segmento do tronco com apófise coxopleural bem curta, de ponta cônica, com apenas 1 espinho pequeno na mesma; sem espinhos laterais. Preíêmur do último par de pernas sem espinhos. Última perna tão longa quanto os 5 últimos segmentos do tronco juntos. apresentando as seguin- tes medidas: prefêmur-5, Smm; fêmur-5, 5mm; tibia-4, 9 mm; tarso l°-4, 4mm; tarso 2°-l,3 mm; garra terminal-0, 8 mm. Diagnóstico diferencial entre Rhysida celeris celeris (Hum. & Sauss.). 1870 e Rh. nuda (Newport), 1845: A presente sub-espécie é amarela, enquanto que as outras duas apre- sentam duas còres, a salier — o tronco em tonalidades azuis ou verde-olivá- ceas e pernas verde amareladas. A morfologia das placas dentárias não poderá ser considerada i)elas razões acima expostas. Em Rhysida n. nuda existem carenas laterais somente no 21° tergito e cm Rh. celeris celeris elas já começam a existir geralmente desde o 5.° ao 10° tergito. Apófise coxopleural do Itimo segmento com 2 espinhos em ambas as subespécies, com 1 só em Rh. c. andina. 19.° jar de pernas com 2 esporões tarsais na nova sub-espécie; com 1 só nas 2 outras. Cltimo par de pernas muito longas na subespécie nova, bem mais curtas nas duas já conhecidas. N.° 12.006: — Otocryptcps ferrugineus soucupi BücherI, 1943 2 e.xcmplares (devolvidos) Procedência ; — Canta, Perú. W. Weyrauch Icgit cm ió dc Janeiro de 1939, a 3.100 m dc altura. N.° 12.007: — Otoryptops ferrugineus soucupi BücherI, 1943 5 e.xcmplares adultos e 1 filhote (devolvidos). Procedência: — Rccuay. perto dc Huaraf. Weyrauch Icgit cm Maio de 1941, a 3.400 m de altura. N.° 12.015: Cormocephalus iinpressus glabrus BücherI, 1950 6 e.xcmplares (3 devolvidos). Huamachuco, ao longo do rio Chusgon, afluente de Procedência : Maranon. Otostigims scabricauda (Humb. & Sauss.), 1870. 2 e.xemplares da mesma procedência (na coleção do Inst. Butantan). SciELO 0 11 12 13 14 15 16 cm 114 QÜILÔPODOS, ARAXHAS E ESCORPIÕES ENVIADOS AO INSTITUTO BUTANTAN PARA DETERMINAÇÃO Diagnóstico : — Os estemitos apresentam 6 escavações redondas, pequenas, 3 anteriores e 3 posteriores — o que viria aproximar ou mesmo identificar estes exemplares com a espécie O. rcx, Chamberlin, 1914. Entretanto, O. rcx, passa, como já afirmara C. \'erhoeff, a constituir apenas a fêmea de Otostigmus scabricauda. (Ver — “Quilópodos da Venezuela” — Mem. Inst. Butantan, 22-193, 1950). Sem X.°: — Xncportia paraensis Chamberlin, 1914? 1 exemplar (Colecçâo do Inst. Butantan). Procedência : — Contumaza, Perú. W. Weyrauch legit a 2.300 m de altura. Diagnóstico: — Xa face ventral do prefêmur, do último par de pernas, existem 4 espinhos obtusos, robustos, sendo o basal o maior ; no fêmur há 2 espinhos. O 2° tarso consta ajienas de 2 articulos, não havendo garra terminal. Xa placa cefálica há 2 curtos sulcos posteriores. O 1° tergito apre- senta um sulco em fonna de “W”, que não progride além da fossa semi- circular. Os jKiucos articulos do último segundo tarso aproximam êste e.xemplar da esiiécie X. paraensis. Entretanto, êste diagnóstico não é seguro, devendo csjierar-se maior número de exemplares para elucidar bem a espécie. X.° — 10.062: — Otohryptops ferrugincus sourupi Bücherl, 1943. 4 eexmplares (2 devolvidos) Procedência; — Huaraz, no vale de Santa. W. Weyrauch legit cm Fevereiro de 1942, a 2J800 m de altura. Diagnóstico: — Coxostemum forcipular com 2 dentes laterais pontudos (como em parcespinosus ou em riveti) e no meio um maciço dentário agudo tam- bém, mas muito menor do que em soucupi. Último esternito bem mais longo do que largo, enquanto que em soucupi esta placa é mais larga que longa. .Apófise tias coxopleuras longa, e.xcedendo muito o nivel pleural-o que dis- tingue êstes exemplares nitidamente de soucupi. A identificação definitiva fica condicionada ao recebimento de um maior número de exemplares. Sem X.° (com rótulo impresso) : — Rhysida celeris celcris (Humb. & Sauss.), 1870? 2 exemplares, filhotes, bastante danificados. Procedência; Vale Qianchantayo, Perú. W. Weyrauch legit, em Maio de 1940, a 3.000 m de altura. O diagnóstico não foi possivel ser feito com segurança por causa da má conservação dêste lote. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 * Mrm. Inst. ButaoUn 2S(I):109-XS1, 1953 WOLFCANG BCCHERL 115 12.013: — Otostigrnus amacomc Chamberlin, 1914. 3 exemplares (2 devolvidos). W. Wcyniach legit em 1939, num ninho da Aha scxdcns. Procedência: — Matucana, ao longo do rio Rimac. t Diagnóstico : — Apenas os dois primeiros pares de pernas com 2 esporões tar- sais, enquanto que em O. amazonac há 2 esporões nos 5 primeiros pares de pernas. Quanto ao resto, completa concordância com esta espécie. X.° 12.029: — Otosligumus scabricauda (Humb. & Sauss), 1870. 1 exemplar (Colecçâo do Instituto Butantan X.° 663). Procedência: — Entre Cajamarca c Celcndim, «õbre a cordilheira. W. Weyrauch legit a 2.300 m de altura. N.° 12.028: — Otocrypiops fcrruginens soucupi Hücherl, 1943. 6 exemplares (2 devolvidos, 4 na Col. do Inst. Butantan, X." 664). Procedência: — Entre Cajamarca e Celendim, Pcrú. W. \N’e>-rauch legit em Marco de 1942, a 3.600 m de altura. 2) COLECÇAO EXVI.\D.\ PELO PROFESSOR M.\X V.ACHOX, DO MUSEU DE H1STÔRI.\ NATUR.\L DE P.\RIS, COMPREENDENDO ESCORPIÕES D.-\ .VFRIC.-V (enviada ao Instituto Rutantan em Fevereiro de 1951): Colecção cscorpiônica do Instituto fíiitantan X.” 612-613: — Androctonus australis (L.), 1758 3 exemplares .Mgeria Meridional Edmornl Sergent, Instituto Pasteur da .-Mgeria, 16-11-50. X.® 615-617: — Androctonus ainorcuxi (Sav.), 1827 3 exemplares El Galea. Algeria Edmond Sergent, 16-11-50. X.° 618: — Androctonus hoggarensis (Pallary), 1929 1 exemplar Air-.-\frica Oriental Francesa, 16-11-50. X.° 619: — Androctonus inauretanicus (Charnot et Faure, Pal- larj ), 1925 1 exemplar Marrocos Central < Edmond Sergent. 16-11-50. SciELO 0 11 12 13 14 15 16 cm 11/^ ■ QUILÓPODOS. ARANHAS E ESCORPIÕES ENVIADOS AO INSTITUTO BUTANTAN PARA DETERMINAÇÃO N.° 620: — Adroclonus aeneas aeneas C. L. Koch, 1839 Bon Sdada, Algería E^mond Sergent, 16-11-50. 1 exemplar 1 N.® 621-623: — Buthus atlantis atlantis Pocock, 1889 3 exemplares 1 Magador-Marrocos, 16-11-50. N.® 624: — Buthus inaroccanus Biruta, 1903 Rabat, Marrocos Edmond Sergent, 16-11-50. 1 exemplar 1 N.® 625-629: — Buthus occitanus (Anioreux), 1789 Da região do Grande .\tlas, Marrocos — 16-11-50. 5 exemplares 1 N.® 630: — Orthochirus íhhcsí Simon, 1910 Ouargla, .Mgeria Edmond Sergent, 16-11-50. 1 exemplar 1 N.® 631 : — Compsobuthus 'icerncri (Birull), 1908 Niafunkc, África Oriental francesa, 16-11-50. N.® 632-633: — Lciurus quinquestriatus (Henipr. & Ehrenb.), 1 exemplar 1829 Egito superior, 16-11-50. 2 exemplares 1 N.® 634: — Buthacus arenicola (Simon), 1885 1 Sul de Tunisia, 16-11-50. 1 exemplar 1 N.® 635: — Euscorpius flaz-icaudís (de Geer), 1778 1 Ilha de Corsica, 16-11-50. 1 exemplar 1 N.® 636-637 : — Scorpio inaurus L. 1758 1 Xorte da Timisia e Marrocos, 16-11-50. 2 e.xemplares 1 3) NOVA COLECÇAO, ENVIADA PELO PROFESSOR WOLFANG WEYRAUCH. 1 LIM.A, PERÜ, em 1. de Outubro de 1951 : 1 ESCORPIÕES 1 N.® 10.067: — Tityus bolivianus ecuadorensis (Kraepelin), 1895. 1 6 exemplares (1 devolvido) 1 Procedência : — Lima, Perú, a 2.000 m de altura cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. Bataatan 2S(1):109-1S1. 1953 WOLFGANG BCCHERL 117 N.° 10.269: — Bothriurus coriaccus PcKOck, 1893 (1 exemplar devolvido).. N.° 10.066: — Tityus bolh-ianus ccuadorcnsis Krpln., 1895 (devolvido). N.° 10.245: — Hadruroides lunatus (L. Koch), 1867. 32 exemplares (2 devolvidos). Procedência: — Toda a região andina de Perú. N.° F. C. 835: — Tityus paraguayensis Kraepelin, 1895. 2 e.xemplares (1 devolvido) Procedência: — Chamchago, Perú. N.® F. C. 825 : — Tityus bolhianus ecuadorensis Krpln., 1895. 1 exemplar (de\-olvido). N.° 824: — Tityus trivit tatus dorso macula tus (Lutz & Mello), 1922. 1 exemplar (devolvido). N.® 828: — Bothriurus paesslcri Kraepelin, (1910). 1 e.xemplar (devolvido). N.® 725 : — Brachistosternus hoUnbcrgi Carbonell, 1923. 4 exemplares macho e 4 fêmeas. Procedência: — São Lourenço, Perú. W. Wej-rauch legit QUILÓPODOS Olocryptops ferrugineus soucupi BGcherl, 1943. 1 exemplar (Col. Inst. Butantan N.® 676). Procedência: — Tarmatambo, Perú. Otocryptops ferrugineus soucupi Bücherl, 1943. 1 exemplar (devolvido). Procedência: Paccha, ao longo do rio Manta, perlo de Oroj-a, Perú-. W. Weyrauch legit, em 15 de Agosto de 1951, a 3.800 m de altura. N.® 10.246: — Otostigmus amasonae Chamb., 1914. 5 exemplares (2 devolvidos, 3 na colecção quilopódica do^ Butantan) Procedência: — Quebrada Verde, perto de Lima, Perú. W. Wej-rauch legit em Agosto de 1949. Diagnóstico (Conf. N.® 12.013) : — 2 esporões tarsais nos primeiros 5 pares de pernas. Estemitos com 2 sulcos anteriores que atingem a metade de cacüi cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 118 QUILÓPODOS. ARAXHAS E ESCORPIÕES ENVIADOS AO INSTITUTO BUTANTAX PAIUV DETERMINAÇÃO placa (como em amaconae), mas no meio destes uma depressão raza maior e mais 3 depressões muito leves ao longo da borda posterior de cada ester- nifo (fig. 2) — o que não se verifica em O. avtacome. Todo o resto, en- tretanto, igual à O. amaconac. Sem X.®: — Cormoccphalus impressus pcruanus subsç. Tipo: — Coleção quilopódica do Instituto Butantan, X.° 683. Procedência: — Cerro de Pasco, perlo de São Rafael, Perú. \V. Wcyrauch legit em Outubro de IWó, a 3.800 de altura. Diagnóstico : — Comprimento ao redor de 50 mm. Todo o tronco, inclusive as pernas verde oliva. Antenas ccm pelinhos amarelo-doirados. Últimas pernas com os articulos sempre menores de frente para tras. Apenas as garras terminais quase das dimensões dos 2 tarsos juntos. Placa cefálica com dois sulcos posteriores, divergentes, que mal atin- gem a metade posterior (fig. 3). Antenas num lado com 17 e no outro com 16 artículos, sendo os pri- meiros 5 basais largos e lisos, esverdeados. O 5® já apresenta' pelinhos doirados na parte distai da face ventral ; o 6® e o 7° também já têm pelinhos esparsos no lado dorsal. Coxas forcipularcs (fig. 4) com 2 sulcos, unidos na frente quase em ãngtdo agudo e que atingem mal a metade da placa; divergentes atras e atravessados horizontalmente por leves estrias sulcais, interrompidas em seu percurso. Placas dentárias com um bloco interno de 3 dentes soldados e mais um dente menor, externo, isolado. 1® ao 20® tergito com 2 sulcos paramedianos completos, mas .«cm quilha no permeio. 21® tergito com sulco mediano nitido. Somente êste com- carenas laterais nitidas. Desde o 14® ao 20® existem carenas laterais nitidas, mas estas não atingem nunca a margem posterior dar placas. Esteniitos 2-20 com 2 sulcos paramedianos e no meio uma leve exea- vação, melhor visivel nas placas anteriores. 21® estemito (fig. 5) com borda posterior em curva e com depressão central muito leve. Coxopleuras do último segmento (fig. 5) com borda posterior apenas levemente pro- traída em cuiA-a, apresentando apenas um espinho muito pequeno perto da ponta. Sem espinhos laterais. A área dos poros não alcança nem a mar- gem superior, nem a posterior. Prefêmur das últimas pernas com O a 2 espinhos muito pequenos no local do “espinho do canto” (Eckdom). Sem espinhos nos lados ventral e interno. Tergitos apenas com poros, mas não granulados; lisos. Garra terminal do último par de pernas bem mais longa do que o 2® tarso. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. ButanUq 2S(I):I09-I51, 1953 WOLFGAXG BCCHERL 119 Sua face yentral afinada eni lâmina cortante. , Prefêmur, fêmur e tibia destas pernas com esca\-ação dorsal, completa e profunda no fêmur, bastante rasa na tibia. Diagnóstico diferencial: — Connoccpliaíus itnpressus impressas Por. 1876: Com 2 sulcos na placa cefálica que atingem quase a margem anterior; 6-7 artículos basais das antenas sem pêlos; Co.xostemum forcipular com 2 sulcos divergentes atras, mas completos, atravessando toda a placa; um só sulco horizontal no mesmo local, tamliêm completo, indo de margem a mar- gem; coui leve quilha mediana no meio dos 2 sulcos paramedianos dos ter- gitos ; carenas laterais dos tergitos desde o 9° ; com 2 espinhos na ponta das coxopleuras; prefêmur das últimas pernas com 2-6 espinhos ventrais e 2 no hdo interno. C. i. i. z-ar. neglcctiis (Chamb.), 1914: já o 3° e 4° artículos basais das antenas apresentam alguns pêlos; todo o resto igual à inipressus iinprcssus. Connoecphalus impressas glabra Bücherl, 1950: — Prefêmur e fêmur das últimas pernas do mesmo comprimento; 2® tarso mais curto que o 1°; coxostemum forcipular .sem sulcos longitudinais ou transversais; com quilha leve no permeio aos 2 sulcos paramedianos dos tergitos; sem depre.s- são mediana, anterior, entre os 2 sulcos dos estemitos; com espinhos peque- nos na ponta das coxopleuras; com 6 espinhos ventrais em 3 filas no prefêmur 21°, na face ventral e mais 1 na interna. Sem N.°: — Otocrypiops fcrrugincas soucapi Bücherl, 1943. 1 exemplar (Col. Butantan X.° 684). LITHOBIOMORPH.\ 3 exemplares (Col. Butantan). Cormoccphalas impressas glahras Bücherl, 19iK). 3 exemplares (2 devolvidos). Procedência: — Canta, ao longo do rio Chilon, Perú. \V. Weyrauch Icgit. Sem X.°; — Kczoportia monticola Pocock, 1890. 1 exemplar (Col. Butantan X.° 687). Procedência: — Canta, Perú, W. Weyrauch legit, a 2.800 m de altura. •-.V, É a primeira vez que se assinala a presença desta espécie no Perú, sendo conhecida até agora apenas da Colombia, do Ecuador e da Costa Rica. * cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 120 QUILÔPODOS. ARANHAS E ESCORPIÕES ENVIADOS AO INSTITUTO BUTANTAN PARA DETERMINAÇ,\0 Diagnóstico: — Coincide eni tudo com monticola, com exep<;ão do seguinte z O 29 tarso das pernas ambulatórias não é bem distinguivel do 1®;. principalmente nas pernas anteriores; atras se toma mais nitida a sepa- rarão. Tarso 2 do último par de pernas constando de 7 articulos distintos, sendo o 1° e o último do mesmo comprimento e o 3® e 4® mais curtos.. 1° e 2® tarso destas pernas da mesma espessura. Campo poroso com poros grandes, nitidos, bem separados, não alcançando dorsalmente o tergito, mas no lado ventral cobertos pelo estemito. Apêndice coxopheural longo, pon- tudo, com robusto espinho terminal. Prefêmur das últimas pernas com 4 espinhos enfileirados no lado ventral, sendo os basais os mais robustos. Sem outros espinhos. Fêmur com 2-3 espinhos na face interna. N.®: — 837 — F. C. — Otostigmus muticus Karsch, 1884. 20 exemplares (14 Butantan N.® 689 ; 6 devolvidos). Procedência : — Quebrada Verde, nos arredores de Lima, Perú. P. Aguilar legit, em Maio de 1950. Diagnóstico: — Coincide com O. muticus, com excepção do seguinte: — Tergitos posteriores não completamente lisos; ao longo das margens la- terais “enrugados”, com leve quilha mediana; carenas laterais já desde o- 6° tergito. Os sulcos dos esternitos atingem tres quartos das placas e já estão presentes mesnx) nos esternitos anteriores. Na área mediana uma * depressão leve; com 2 esporões tarsais nos primeiros 4 a 6 pares de pernas (Cabe aqui retificar um senão da chave sistemática de Attems) (Das Tier- rcich 54. Lief.) 2. SCOLOPENDJiOMORPHA. Wien, 1930), á pagina 137, N.® 68, e que está em discordância com o que escreve o mesmo autor à pagina 163,. onde descreve a O. muticus. Sob o referido X.® 68 lê-se: — “Somente o 1® e 2® par de pernas com 2 esporões tarsais. Somente o 21® tergito com carenas laterais. Sul- cos dos esternitos atingindo dois terços das placas — O. muticus (Perú).” Na página 163. é descrita minuciosamente esta espécie, como segue: — "Os primeiros 5-6 pares de pernas com 2 esporões tarsais. Carenas laterais dos tergitos já desde o SJ® ou o 14® tergitos.” Cabeça vermelho-marrom, destacando-se êste colorido do tronco ama- relado. Scolopendra armata amancalis Bücherl, 1943. 1 exemplar (Butantan N.® 690. Procedência: — Quebrada Verde, perto de Lima, Perú. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 * Mcm. Inst. BuUntan S(l);109-151, 1951 WOLFGAXG BUCHERL 121 N.® 10.085: — Brasilophora trimannorata Bücherl, 1950. 2 exemplares, machos (1 devolvido). Procedência : — Santa Rosa, ao longo do rio Chinchipc, Perú. W. Weyrauch legit, a 1.600 m de altura, em Julho de 1947 Diagnóstico: — Os dois exemplares vieram em condições de conservação um tanto precárias, de maneira que sua determinação não está de todo segura, ainda que não reste dúvida pertencerem ao gênero Brasilophora. Os primeiros 9 articulos do flagcllum primum das antenas mais longos do que largos. Dai em diante são tão longos quanto largos e a seguir mais largos do que longos, havendo, entretanto, um ou outro articulo no permeio mais longo que largo. Xodale e postnodale presentes. Acúleos dos maxilares: — 2+4+2. Os 2 tarsos das pernas estão separados por 2 acúleos. I.® par de pernas com 20 “estiletes tarsais’’ (Tarsalzapfen), não alternados, isto é, ocupando em fileira dupla, o lado ventral dos articulos tarsais a começar do 10® basal até ao 30® distai, restando apenas 6 articulos apicais sem éstes estiletes. Olosligmus vtuticus Karsch, 1884. 2 e.xemplares (devolvidos). Priccdência: — Oxapampa, Perú. W. Weyrauch legit, a 1.700 m ele altura Olocryptops ferrugineus soucupi Bücherl, 1943. 1 exemplar (devolvido). Procedência: — Oxapampa, Perú. W. Weyrauch legit. Olocryptops ferrugineus soucupi Bücherl, 1943. 1 exemplar (Coleção quilopódica do Butantan X® 691). Procedência: — Tingo Maria, Perú. W. Weyrauch legit Olosligmus mulicus Karsch, 1884. 13 exemplares (3 devolvidos e 10 filhotes na coleção do Butantan). Procedência: — Quebrada Verde, perto de Lima, Perú. Pedro .^guilar legit cm Junho de 1950. F. C. 839: — Olosligmus sp. 1 exemplar (colecção do Inst. Butantan, X° 693). Procedência: — Tingo Maria, às margens do rio Huallaga, Perú. Ortiz de la Puente legit, como membro da Expedição da UNESCO ao Huallaga, a 670 m de altura, em 18 de Julho de 1948. SciELO 0 11 12 13 14 15 16 cm 122 QUILÓPODOS. -ARANHAS E ESCORPIÕES ENVIADOS INSTITCTO BVTANTAN PARA DETERMINAÇÃO Diagnóstico: — Todo o exemplar amarelo oliváceo. Comprimento até 97 min. (sem antenas e últimas pernas). Antenas com 17 artículos, dos quais os primeiros 2 sem pêlos e o 3° pilosò já nos dois terços distais. Antenas longas ' alcançando a margem posterior do 3° segmento do tronco. 21° estemito com depressão longitudinal mediana, completa e com margem posterior bilobada. ' A começar do 5° tergito existem 2 sulcos paramedianos completos, muito leves, mais nítidos na frente que atras. Em alguns tergitos êstes sulcos estão interron.pidos no meio. A partir da segunda metade do tronco, liá nos tergitos quilhas seriadas longitudinais, cobertas de espinhos também seriados. As quilhas são leves e pouco salientes; entretanto, nos últimos 4 tergitos, vêm-se nitidamente 3 quilhas entre as dobras longitudinais. Somente o 21° tergito com carenas verdadeiras; a partir do 4° tergito pseudocarenas, isto é, as margens laterais apresentam bordos salientes a simular carenas. Os primeiros 4-6 pares de per- nas com 2 esporões tarsais; do 7° ao 20° apenas 1 ;21° sem nenhum. Estemitos com 2 sulcos muito curtos na margem anterior. Xa segunda metade de cada placa há uma leve depressão, muito grande e dentro desta 3 exeavações pequenas, ovi formas, perto da margem posterior. Medidas das últimas jiernas: prefemur 6,3 mm; fêmur 7,5 mm; tibii 6,5 mm ; tarso 1-6, 2 mm ; tarso 2-3,0 mm. 4) M.\TERI.\L EN'VI.-\DO AO IKSTITUTO BUTAXTAX PELO DR. HELMUT SICK, DA FUXDAÇAO BRASIL CEXTRAL, em 8 de Maio de 1931 : Acanthoscurria geniculata (C. Koch), 1842. 7 machos, 2 fêmeas, adultos e 2 filhotes (na Coleção aracnológica do Insti- tituto Butantan .° 2603-2.612). Procedência : — Jacaré, no .Mio Xingú, Mato Grosso, ao oeste da Serra do Roncador. , Remetente: — Dr. Heimut Sick, da Fundação Brasil Central. Acanthoscurria geniculata (C. Koch), 1842. 1 macho (Butantan X.° 2.609). Procedência: — Chavantina, às margens do Rio das Mortes, M. Gr. Dr. Heimut Sick legit em Julho de 1950. Eupalacstrus tennuitarsus Bücherl, 1947. 1 exemplar (N° 2.613 da coleção do Butantan). Procedência : Teles Pires, no Alto Tapajós, ao noroeste da Serra da Chapada, Mato Grosso. Dr. Heimut Sick legit, em Agosto de 1950. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 * Mera. Inst. BuUntan 2S(1):109-13I. 195J WOLFGANG BCCHERL 123 Brasilophora trimarmorala Bücherl, 1950. 1 exemplar. Procedência: — Oia\‘antina. H. Sick leglt em Outubro de 1946. - ^ Rhoda calcarata carvalho Bücherl, 1941. 1 exemplar (X® 651 da colecção quilopódica do Butantan). Procedência: — Qiavantina. Heimut Sicv legit, em Dezembro de 1946. 5) M.\TERI.\L DO INSTITUTO .\GRONOMICO DO NORTE, BELE.M, P.\R.\: a) Remessa de 4 de Maio de 1951 : Scolopcndra zdridicornis viridicornis Xewp., 1844 — 1 exemplar; % Brasilophora trimarmorala Bücherl, 1950 — 1 exemplar; Plexippus paykulli (Audouin), 1827 — 4 exemplares. Prof Paul Ledou.x legit cm Março de 1951, ao redor do I. .\. N., Belém do Pará. b) Remessa de 3 de Agosto de 1951: Tityus paraguayensis Kraepelin, 1895 2 exemplares Isomelrus maculatus (De Geer), 1778 1 exemplar Tityus discrepans (Karsch), 1879 2 exemplares Tityus amazonicus Giltay, 1928 1 exemplar Avie tilaria avie tilaria zvriegata F. Gimbrdige, 1896 2 exemplares. Todo o material foi conservado nas colecções do Instituto Butantan. Procedência: — I..-\.N., Briêm, Pará, Brasil Professor aul Ledoux legit em Março de 1951. Phoncutria reidyi (Cambridge) 1897 1 c.xemplar L\cosa sericea E. Simon, 1898 1 exemplar üysdera bicolor Taczanowski, 1873 1 e.xemplar Iletcropoda vciiatoria (L.) 2 e.xuvias Menemertis biziltaltis (Dufour), 1831 6 exemplares Plexippus paykulli (Audouin), 1827 4 e.xemplares Material conservado nas Colecçôes do Instituto Butantan. Prof. Paul Ledoux legit em 1951, nos arredores de Belém, Pará. SciELO 0 11 12 13 14 15 16 cm ■ QUIUJPODOS. araxhas e escorpiões enviados ao INSTITUTO BUTANTAN PARA DETERMINAÇÃO c) Remessa de 25 de Setembro de 1951 : Tityus cambridgei Pocock, 1897 1 exemplar vivo. Capturado por P. Ledoux, nos arredores de Belém, Pará. d) Remessa de 25 de Outubro de 1951: Tityus cambridgei Pocock, 1897 1 e.xemplar; Ctcmis grisciis Keyserling, 1891 2 machos Hasarius adamsoni (.-^udoiiin), 1827 1 exemplar Ai'icularia aincularia L., 1758 1 exemplar Brasilophora trimarmoraia Bücherl, 1950 1 exemplar Material conservado nas colecções do Instituto Butantan. Prof. Paul Ledoux legit, nos arredores de Belém, do Pará. e) Remessa de 15 de Xovembro de 1951: Tityus cambridgei Pocock. 1897 5 exemplares Tityus paraguaycusis Rrpln. 1895 2 exemplares isometrus maculatus (De Geer), 17/8 1 exemplar Tityus amaconicus Giltay, 1828 1 exemplar e 2 filhotes. Scolopocryptops miersii puruensis Bücherl, ISMl . . 1 exemplar Ai-icularia a. azicularia L. 1758 3 exemplares Ischnocolis sp 1 exemplar Micrathcna schrcibersii (Pertty), 1833 1 e.xemplar Do lote faziam parte mais 25 aranhas verdadeiras, pequenissimas, de gêne- ros diferentes, não determináveis com segurança. Procedência : — .Arredores de Belém, do Pará, Brasil. Prof. Paul Ledoux legit. f) Remessa de 21 de Junho de 1952: Tityus cambridgei Pocock. 1897 1 adulto e 18 filhotes Lasiodora sp 1 e.xemplar Az-icularia a. azúcularia L., 1758 2 exemplares Heteropoda venatoría L., 1758 1 e.xemplar Procedência: — Belém do Pará. Brasil. Prof. Paul Ledou legit. no I..\.N. Mater.al trazido ao Butantan pelo prof. Moreira. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mcxn. Inst. Butantan :2S(1):]09-15]. 1953 WOLFGANG BCCHERL 125 g) Remessa de 12 de Janeiro de 1953: Remetente — Dr. Harald Sioli, Instituto Agronômico do Xorte, Belém do Pará, Brasil. Selcnops spixii (Perty), 1830 I exemplar; maclio. Colhido por H. Sioli, em 1952, nos terenos do I.W, Belém, Pará. FectílU nigcr (Simon), 1880 1 exemplar. Colhido em Maio de 1951, por H. Sioli, em Belém. ■Otostigmus aviazonac (OTOSTIMGIXAE), Cchamberlin, 1914, 2 exemplares. fcolhidos por H. Sioli nos terrenos do I.-\X, Belém. Pará. Pscudidiops sp. E.xemplar apanhado por H. Sioli, cm Março de 1952. nos terrenos do l.AN, Belém do Pará. Caracterização: — “Tarsos desprovidos de tufos subungueais de itclos de sus- tentação. Tarsos com 3 unhas ; as 2 maiores apenas com i dente, mas tão grande (pianto a 3.“ unha. Lábio móvel, sc|)arado do esterno por sutura nitida; fiandeiras curtas í queliceras com rasteio.” Esta caracterização coloca a presente caranguejeira claramcnte na familia CTEXIZIÜ.\E, formada de espécies tcrricolas. “8 clhos, fonnando 2 grupos distintos e distantes. 2 colocados na horda anterior da fronte e 6 dispostos em 2 filas num cômoro.” Esta separação em 2 grupos oculares identifica o exemitlar conx) ijertenccnte à suhfamilia IDIOPIX.-\E. '‘Os 2 olhos laterais, anteriores se acham colocados igualmente sôbre um tubérculo bem elevado, bilcbado em frente, com franca fwsição anterior dos mesmos.” O cômoro ocular anterior, bilohado e elevado, é característico do gênero Pscudidiops, Simon, 1889. Refere C. Ôlello-Leitão, em 1923, que desconhece éste gênero em natureza, fornecendo, em seguida, apenas a tradução da espécie Pscudidiops rostraius (Cambridge), 1889, aliás mal delineada pelo autor e tida até 1923 como a única espécie brasileira do gênero. Cremos, portanto, ser útil, fornecer do e.xemplar de Belém uma caracteri- zação morfológica mais detalhada: “Lábio apenas com 10 cúspides marginais anteriores e mais 9 na parte entrai, distai (fig. 6). Lábio nitidamente mais largo que longo, com a frente redonda. As cúspides centrais maiores. 126 tV.'bÍ-x'Ív4- ^ escorpiões enviados ao I.NSTITITO BLTANTAX PAR,\ DETTERMIXAÇAO Ancas dos palpos inteiraniente cobertas por numerosas cúspides (fig. 6) «ndo maiores as anteriores, bem mais avantajadas ainda do que as maiores dó labio. Esterno piloso, com as margens laterais enegreddas. tão longo quanto largo- e com _ pares de sigilas sul>-marginais, correspondentes ao l.° e 2° par de pernas e equidistantes da margem (fig. 6). i ‘ Rasteio das queliceras Irastante proeminente, terminando em 5 pontas, for- madas por grupos de espinhos robustos. Ollios laterais anteriores um pouco maiores que os médios anteriores si- tuados num cômoro próprio, tão elevada quanto o dos outros 6 olhos e biíido, assentando-se cada olho numa saliência própria (fig. 7). Olhos laterais poste- riores e medios anteriores aproximadamente com as mesmas dimensões; os mé- dios redondos e os laterais ovais. .Médios posteriores quase 3 vézes menores que os laterais posteriores, contiguos a éstes (separados menos de 1 diâmetro) Uma linha imaginária, reta. tangente à borda anterior dos médios posterioreó passaria no meio dos laterais posteriores. Segundo cômoro ocular mais largo que longo (fig. 7). Cefalotorax côr de chocolate, glabro, com muito poucos pêlos. Fóvea to- racica em fonna de fenda. Queliceras e pernas en col. em XI-48: Felipe Sola, Prov. de Buenos .Aires: Martinez col. em XII, 1951; I.ago Meliquina, Gob. de Xeuquén; Biraben col. em 11-48; Palmar, Santa Barbara, Jujuy; Biral)en col. em V-47; .Alj» Corral, Cordola; Biraben col. em 18-VI-50. 140 QflLôPtlDOS. ARAXHAS E ESCORPIÕES ENVIADOS AO IXSTITCTO BUTAXTAX PARA DETERMINAÇÃO 2. LITHOBlOMOKPH. l : a) Lithobius gen. : — {platensis sp.?) Alta Gracia, Prov. de Cordoba; Biraben col. em VII-1951 ; Bajo Grande, Prov. de Cordoba; Biraben col. em XI-1W9; Alpa Corral, Prov. de Cordoba; Biraben col. em 18-VI-1950; Palmar, Santa Barbara, Juju; Biraben col. em V-1947. b) Atiopsius gen.: — A. productusf Las Plumas, Chubut; Biraben col. em XI. 1948; Cabo Buen Tiempo, Gallegos, Gob. de Santa Cruz; Biraben col. em III-48; üran, Prov. de Salta; Biraben col. em 8-XII-51 ; San Pedro, Prov. de Salta; Biraben col. em 29-XI-51. c) Calanopsius gen.: — C. chilensisf \’alle dei Aysen, Chile; Biraben col. em XI.48; Lago Huechulauíquén, Gob. de Neuquén; Biraben col. cm 11-49; Mina Aguilar, Tres Cruces, Jujuy; Biraben col. em IV-W7; Peralcs, Prov. de Jujuy; Biraben col. em 13-XII-50; \'alle Grande, Jujuy; Biraben col. em 3-XII-1950; Lago Fontana, Prov. do Chubut; Biraben col. em 22-11-1948; Thea, Prov. de Cordoba; Biraben col. em XI-1950. Comentário: — Xão procedemos à determinaqão genérica siquer dos Geofilo- inorfos, porque os poucos exemplares eram procedentes de regiões diversas c, eram, em sua maioria, filhotes, impossibilitando-nos uma determinação segura. À determinação especifica dos Litobiomorfos segue um ponto de inter- rogação, o que quer dizer que não estamos absolutamente seguros da clas- sificação especifica. Verhoeff, em suas últimas publicações, tem invali- dado diversos gêneros sul-americanos de Broelemann e pôsto em sinonimia espécies de Sivestri, reclamando por uma nova redistribuição de grande número de gêneros e espécies sul-americanos. Os poucos exemplares da coleção do Instituto Butantan não nos capacitam a empreender esta revisão. 3 . SCUTIGEROMOKPHA : Brasiloscutigera viridis : Sierra Guanaco, Prov. de Chubut; Biraben col. cm XI-1948. Seutigera parcespinosa : Valcheta. Rio Negro, Argentina; Biraben col. em XI-1948. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. BuCaaUn S(l):109-151, 1953 4. SCOLOPEXDROMORPHA: WOLFGAXG BCaiERL 141 a) Scolopendra : Scolopendra viridicornis viridicomis: Rio Hondo, Santiago dcl Estero; Biraben col.’em XI. 1950 Palmar, Santa Barbara, Jujuy; Biraben col. em V.1947; La \’ina, Prov. de Catamarca; Biraben col. em 9-III-1950; Pocitos, Prov. de Salta; Biraben col. em 21-10-1951; El Cadillal, Prov. de Tucuman; Frosen col. em X-1947; Fraile Pintado, Jujuy; Biraben col. em lO-XII-50; Embarcación, Prov. de Salta; Biraben col. em V-1947; Hickman, Prov. de Salta; S. Pierotti col. em XI-1951; Laguna Yenu; Gob. de Formosa; Biraben col. cm V-1947. b) Cormocephaluss Cormocephalus (C) impressus birabeni subsp. n. Colorido oliváceo, uniforme cm todo o tronco ; estemitos e |)cmas amarelos ; 53 mm de comprimento; placa cefálica mais longa que larga; com 2 sulcos longitudinais divergentes e que percorrem toda a placa; antenas com 17 arti- cules, dos quais os 8 basais sem pelos (fig. 15); primeiro c segundo articules mais largos ara os dois subgeneros Connocephalus e Hcmisco- lopcndra da seguinte maneira: 1.“ tergito sassariam, jiclo menos na frente, esta reentrância, mas atrás deixariam livre uma área triangular (michaelscni). O ajiêndice coxoplcural teria apenas 3-4 e.spinhos na {xnita {muhaelseni) ou mesmo 5 a 7 {laeidgatus e chilensis). Êste modo de cxiwsição (não deixa é de ser) muito impreciso. Mesmo, arsim, jXKleria aprovitar-sc a chave, estal)elccida j)or .Xttems, si os referidos ca- r-ncteres fossem realmente invariáveis. Mas c justamente isto «jue não se ve- rifica. O professor Hiral)en tem nos enviado lotes de líemiscolopendra correspon- dentes às es|)êcies — H. chilensis; H. lacidgalus; H. plalci c H. niichaclseui. .•\l)ós confronto morfológico chegámos á conclusão -:.A.Pro»cn«..cmXII-1948; Salta (cidade); Biraben col. em IV-lv»'. ?“xa,ú,. Gob. do Missiono,: Las CapiUa». Jujuy; Biraben coL em 16-M 1950. d) Rhysida: Rhysida nuda tiuda: Manantiales, Corriente»; Biraben col. em Xll-1949. e) Cryptops: Cryptops {Trigonocryptops) ihtnnfi: U, Capilla». Jujuy; Biraben col. em 16-PI-19S0. Cryptops (Cr.) galatheae: Cabana. Prov. de Cordoba; Biraben col. em 1949-50. 146 ^ escorpiões EXVIADOS AO I.NSTITITO BITANTA.V PARA DETERilIXAÇAO Cryptol's arffcniinus sp. n. (Figs. 19-20). Manantiales, Corriem?s: Biraben col. cm XII-1ÇM9; Pucrto Constanza, Entre Rios; Biraben coll. em XM948. Plata^'^'° ^ Paratipos: - Coleção do Inst. Butantan e do Prof. Biral^ii. La Caracicruaçao — Todo o corpo amarelado; comprimento 32 mm; placa cefálica com sulcos longitudinais completos, divergentes; P ,ergito sobrepassando a borda ,x)sterior da placa cefálica; Co.xostemum fordpular com 2 placas dentarias arqueadas, muito estreitas e mal destacadas; P .ergito com fossa arqueada, honzontal e com 2 sulcos longitudinais completos, isto é atra- ^cssam a fossa e continuam em frente até a borda anterior; tergitos 3-20 com _ sulcos longitudinais; 4-18 ain.b com 2 sulcos laterais, arqueados anteriores; carenas laterais somente no 21° t ergito ; antenas com 17 articubs- os primeiros 4 com cerdas mais longas; estemitos 2-19 com sulco mediano’ Iwgitudmal e 1 transversal; entrecortando-se os dois e formando uma cruz; - e _1 esternito lisos, sem sulco; Ixirda posterior do último estemito truncada; area jiorosa das pleuras do último segmento não atingindo a niargeni do tergito; 1» e 2^ tarsos das pernas indistintos; prefênuL das liemas com orlas de cerdas em toda a volta, no lado ventral maiores e seria- dos longitudmalniente; feniures, principalniente das pernas 19 e 20 com 7-8 cerdas mais longas, seriadas na face ventral; prefémur e fémur do último liar de iiem^ com cerdas enfileiradas ventralmente ; fémur com 1 espinho subapical ; tibia com 6-7 espinhos seriados que começam no fim do primeiro terço; 1 tarso com 3 espinhos seriados; 2° tarso sem espinho algum- garra recurva, com lamina em foniia de gume; poros grandes; 2 espinhos na margem jiosterior (fig. 21). Diagnóstico diferencial: - Com, «ração com C. triserratus (Chile), fatagonicus, crassifcs e galathcac (.Argentina) : C. triserratus: - Placa cefálica sem sulcos longitudinais; l® tergito sem fossa nem sulcos; coxopleuras sem espinhos; último feniur com 3. tibia com P-16 I tarso com 3-5 dentiailos seriados. C. ,886, _ sulcos lalciuis dos tercilos coniecani já no 2« telsito; tonlu posterior do ultimo estemito muito protraida. C. crassipes ^Ivestri 1895; - placa cefálica sem sulcos longitudinais; fossa ciradar do 1 tergito curvada para tras na linha mediai«; os dois sulcos longitudinais nao continuados em frente à fossa; una quilia mediana entre os sulcos dos tergitos; estemitos com sulco transversal leve; coxopleuras cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. tn»t. Batantan 2Sa):I09-I5I. 19SJ WOLFGAXG BCCHERL 147 se mespinhos atras; 1® tarso das últimas j)emas com 2, tíbia com 6. fêmur sem espinhos seriados. C. galathcac Meinert 1886: — Placa cefálica muitas vezes sem sulcos longi- tudinais; quando presentes, são muito leves; 1° tcrgito sempre scin sulcos longitudinais; a fossa arqueada muito leve, quando presente; muitas vezes ausente; co.xopleuras sem espinhos; tibia do último j)ar de pernas, além dos denticulos seriados em número de 7-8, ainda 2 espinhos robustos na área apical. RESU.MO No presente trabalho se o material dos .\R.\NEOMORI’HA, MVG.-\LO- MORPU.A, SCORPIONES, SCUTIGEROMORPHA, e SCOLOPENDRO- MORPH.\. enviado ao Instituto Hutantan, à Secção de Anitnais Feneiiosos, dos seguintes jaises e |)elos seguintes senhores: 1. Perú; professor Walfang Wcyrauch; 2. Algeria e Marrocos; I)r. Ma.\ Xaclion, Museu de Historia Natural. Paris; 3. Fundação Brasil Central; I)r. Hclmut Sick, Rio de Janeiro; 4. Pará e .Amazonas (Brasil); l)rs. professores Paul Letloiix e Harald Sioli. do Instituto .Agronômico do Norte. Belcnt; 5. Rio Grande do Sul (Brasil): Univcrsitlade de Porto .Alegre; 6. Guiana Francesa: Dr. .A. Hoge c professor J. M. Ruiz. do Instituto Butantan : 7. Interior do Estado de São Paulo: Dr. Ottí» Schul»art. Estação de Caça e Pesca; Pirassununga ; 8. Mc.xico (\'era Cruz) : Dr. .Xavier Nictto, Centro de Mygiene c Estación de .Adiestramento en Enfenuidades Tropicales; 9. Colômbia; prof. Hemiano Daniel; 10. Chile: prof. Max Biral)en: 11. .Argentina: professor Max Biralíen. Foram descritas as seguintes nuvid.*ides sistemáticas: 1. Rhysida ccleris andina (Perú); 2. Cornwcephalus iinprcssus pcruantis (Perú); 3. Pseudidiops siolii (Pará, Brasil); 4. Cryptops schubarti (São Paulo, Brasil); 5. Connocephalus impressus hirabeni (Salta. .Argentina); 6. Cryptops argentinus (Corrientes, .Argentina). .As espécies do sul>gcnero Ucniiscolopcndra, gênero Connocephalus. são rea- grupadas em novas chaves, pondo-se em sinonimia C. plalei e C. michaelseni com C. lacfigalus. SciELO QUILOPODOS. ARANHAS E ESCORPIÕES ENVIADOS AO INSTITUTO BUTANTAN PARA DETERMINAÇÃO SUMMARY SCTeral collections of ARANEOMORPHA, MYGALOilORPHA, SCUTIGEROMORPHA. SCORPIONES and SCOLOPENDROMORPHA, are classified, which were received by the Instituto Butantan from Peru (prof. W. Weyrauch), Algeria and Marocco (Dr. Max Vachon, Paris), from Central Bmzil (Dr. Helxnut Sick), Pará and Amazonas (Dr. Paul Ledoux and Harald Sioli), from Rkj Grande do Sul (üniversity of Porto Alegre), from Guj-ana (Drs. -A. Hoge e J. Rui), México (Dr. Xavier Nietto), Columbia (Prof. Hemiano Daniel), Chile (Prof. Max Biraben), Argentine (prof. Max Biraben) and from different localities of the State São Paulo (dr. Otto Schubart). The follovs-ing species and sub-species are described as new: 1. Rhysída celeris andina; 2. Cormocephalus impressus peruanus; 3. Pseudidiops siolii; 4. Cryptops schubarti; 5. Cormocephalus impressus bi- rabcni; 6. Cryptops argcntinus. ZUS.AMMENF.ASSUXG Die Sammlungen von Vogeis pinnen, echten Spinncn, Chilopoden, Spinne- nasscln und Skorpionen, die aus Peru, Kolumbien, Chile, Argentinien, Franzõ- sisch-Gu>-ana, Mexiko, Algerien und Marokko und von verschiedenen Gegenden Nord — , Süd-und Zcntralbrasiliens sowie des Staates von São Paulo an unser Laboratorium im Institute Butantan gesandt wurden, sind bestimmt und folgende Ticre ais neu beschrieben worden: 1. Rhysida celeris andina; 2. Cormocephalus impressus peruanus; 3. Pseudidiops siolii; 4. Cryptops schubarti; 5. Cormocephalus impressus bi~ rabeni; 6. Cryptops argcntinus. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 cm SciELO ) 11 12 13 14 15 16 cm h h ,SciELO ) 11 12 Mcm. Inst. Butantan 2S(I):I5>I74. 19S3 WOLFGAXG BfCHERt. 153 NOVO PROCESSO DE OBTENÇÃO DE VEXENO SÊCO, PURO, DE PHOXEUTRIA XIGRIVENTER (KEYSERLING, 1891) E TITULAÇAO DA LD,. EM CAMUNDONGOS (* *) WOLFGANG BCCHERL Laboratório de ZocJo^ia ^lédka, Inn'ttito llntantan. Sào Paulo, Bra«il). INTRODUÇÃO As aranhas peçonhentas do gênero Phoncutria, faniilia CTENIDAE, cspc- cies Phoncutria nigrn’enter e Ph. fera (-j-) constituem vi\’a preocupação dos médicos sanitaristas. Esta é a razão principal de se ter o próprio fundador do Instituto Butantan, dr. Vital Brazil, a ajuda de J. Vellard, incumbido da produção de um eficiente sôro anikienidico (1). Nos anos de 1925 e 1926, estes dois pesquisadores (2) estudaram os efeitos das picadas diretas, dos extratos glandulares e do veneno puro. obtido por um processo assás engenhoso; e, já no ano de 1926. imuniza\-am canieiros com extratos das glândulas de veneno e com soluções de veneno puro. Desde aquele tempo ate os nossos dias continua o Instituto Butantan a produzir o sôro anti-ctenidico, por imunização de cavalos com o veneno de Phoncutria ttiçritrntcr. O processo de obtenção do antigeno não tem variado essencialmente desde Vital Brazil. São empregados até hoje soluções aquoso- glicerinadas (em tômo de A0% obtidas pela extração das glândulas totais da aranha cloroformizada, maceradas e trituradas com areia esterilizada e tituladas em cobaios. Êste processo tem naturalmente suas imperfeições.- Células glandulares, tecido glandular epitelial, feixes musculares, etc. se juntam à peçonha, são tri- turados e parcialmente dissolvidos na solução. Embora provavelmente não di- minuisse a atividade do veneno, devem constituir antigenos estranhos. Os anti- corpos logicamente devem resultar não somente da parte da peçonha propria- mente dita, mas também destas proteinas estranhas. Entregue para publicação, 1S.X.S3. (•) Phoncutria nigritYHter c Ph. fero são jusUmente as espécies designadas por V. Brazil e J. Vellard coroo Clenus niçrhentcr e Clenus frrus. espéde Phoncutria HÍgrhermifir supenisão e contrõle diários' foram constnudas gawlas cm serie, sempre 20 numa fileira, sobrepondo-se as f.Icras a mane.ra de degraus de escada ,le 5. Assim. 100 gaiolas ocupam a,)enas uma area de 0.60 por 2 metros, encontrando a aranha espaço sufici^tc para seus af.azeres diários. Cada g.aiolinha é individual, não se podendo colocar 2 inquilinas numa só sob pena de luta de morte. Em cada redpiente há um vidro fronteiriço (,«ra o controle), er^.xado em sarrafos de maneira de moI74. 19SJ \VOLFG.\NG BfCIlERL 155 Seu colorido geral é pardo-cinza, com uma fileira longitudinal de manchas triangulares, enfileiradas, mais claras, das quais podem irradiar outras manchas, do mesmo colorido, no abdome. Em tõmo das queliceras há longos pêlos ver- melhos. O ventre é preto nas fêmeas (P/i. nigriuentcr) adultas, vermelho nos machos adultos e vermelho em ambos os sexos, antes de atingirem a maturidade sexual. O comportamento desta aranha em cativeiro é idêntico ao que ela adota na própria natureza, isto ê, irascível e agressivo, não recuando perante um perigo, mas colocando-se cm posição eriódicas de jieçonha durante 2-3 anos. cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 156 Mesmo no laboratório elas são muito prolificas, construindo suas ootecas (às \ezes 2 ou 3 em seguida), das quais eclodem centenas de filhotes. As fémeas são mais agressi^-as do que os machos e também mais robustas. Encontram-se atualmente cérca de duzentos exemplares de Phoneutria ni- grnenter em cativeiro, ao lado de várias centenas de filhotes, alguns já com 1 aiio de idade, outros com 8 meses, outros com 4 semanas e outros recém- nascidos. .Mem da produção de veneno séco, puro, oferecem elas interessante campo para pesquisas biológicas das mais variadas. Obtenção de veneno puro, sêco: A obtenção de veneno puro constituira um ideal almejado pelo próprio Vital Brazil. Sempre se esbarrava na tremenda agressividade e incrível velocidade desta aranha, aliadas à temivel e perigosa atividade da peçonha. Nunca nin- guém conseguira obter veneno séco, puro em quantidades ponderáveis. Vital Brazil e J. \ ellard imunizaram já em 1936 os primeiros carneiros com veneno puro, utilizando-se do seguinte processo na sua obtenção: Matavam as aranhas com clorofórmio; extraiam as glândulas veneniferas; lavavam estas ràpidamente em água distilada; secavam sobre papel de filtro e colocavam na estufa para secagem completa. Quando bem sécas, eram pesadas. Dqxns embebiam novainente em soluto fisiológico. Suspendiam, então, uma por uma e com um bastonete se espremia' levemente seu conteúdo, que era dissolvido em soluto fisiológico. As glândulas vazias eram novamente colo- cadas na estufa após secagem, submetidas a nova pesada. A diferença de piso entre as duas pesadas fomeda a quantidade de veneno puro, em solução no soluto fisiológico. Os pesquisadores operavam com um volume certo de soluto fisiológico. Podiam, pois, calcubr em mg o veneno, contido em determinado volume de soluto, embora nunca tivessem trabalhando de fato com veneno puro, séco. É preciso acrescentar que a expressão glàndular de Phoneutria nigriventer e espéaes afins, com bastão de vidro, importa no esmagamento da estrutura celar destas glândulas mcrócrinas. devendo passar para os e.xtratos muitos elementos celulares c glândulares. Que isto se tenha dado realmente com Vital Brazil e J. Vellard revela também o teor elevado de veneno puro, existente nas glândulas e indicado pela diferença das duas pesadas. A aranha, por éles chamada de Ctenus ferus, conteria nada menos de 2,16 mg. de veneno puro por glândula ou seja 4,32 mg por aranha; a Ctenus nigriventer, isto é, a Phoneutria nigriventer de hoje, revelou possuir 1,25 mg. ou sejam 2,50 mg, por aranha. Mcm. Inst. BatAnun 2S r. j j ^ todas, desligava-se ;rpr e complela d„ .abo de borracto com doia drios ‘«“l b«rr^ra^:„t“aaTr„(Í - pipe^ e a féfo, e pSae catarenTe oTd^ « "d Guarda se o - P^Çonha, eni vidro exatamente tarado. neno sêco. ’ se juntar nova quantidade de ve- Protocolo da obtenção de veneno puro, sêco: Data da extração de aranhas! ’en. séco em mp 1 Ven. sêco p' aranha Total de veneno sêco em mg 11,7 mg 1 1.45 mg 11,7 mg ■1.2 0.50 ' 15.9 6.3 1 0.35 22.2 11.1 1 0,15 33.3 <.4 i 0.08 40.7 7,8 1 0.08 48.5 3.9 0,035 52.4 0,9 j 0.18 5.3,3 1.3 1 0.065 54.6 10,6 0.095 65.2 14,7 1.84 79.9 11-6-53 16-6-53 18-6-53 25-8-53 29-8-53 10-9-:;3 21- 9-53 22- 9-53 23- 9-53 28-9-53 28-9-53 ^ ‘“m H extrações, num período de 3 meses e poucos dias a\ midta total de veneno sêco por aranha está em tôrao de 0438 mir • , e, de uma aranha submetida a 10 extrações em im d- cada 10.0 dia. extrações em 100 d, as ou seja a uma extração .\ quantidade mínima colhida no lote (n\ rte nnt de 1,84 mg. '"S- e a quantidade máxima Nas reextrações sucessivas, com intervalo He in d' decrcKc „ veneno qnanti.atúvunente por aranha. abro,n.:;2r„tzz dT;Tl"pam ^ Mnn. Inst. ButaniM 2S(1):I5J-I74, I95J WOLFG.\NG BCCHERL 159 \-ação é ainda curto demais (apenas 100 dias) e o número de extrações pouco elevado (apenas 11), devendo-se levar em conta ainda, que coincidia justamente com o inverno, com dias particulannente frios: até poucos graus centigrados acima de O. As aranhas não se alimentavam; permaneciam recolhidas num canto; não se mostravam muito dispostas a picar, etc.. Entretanto, mesmo assim parece elucidativo comparar os índices tniniiiios, médios e máxitnos das “Primo-extrações" e das “Re-extrações" jkiís i)ermitem, de alguma maneira, concluir sobre os possíveis valores da peçonha de uma Phoncutria nigrivcnter na natureza e de cjuanto esta poderia inocular em picadas no inverno: Primo - extrações : - (V’eneno sêco, puro, em miligramas, por individuo) mimmo 0.18 médio 1,16 Re - extrações : - 0.035 0.17 maximo 1.84 0.50 Estes dados rcfcrcm-sc exclusivamcntc ao veneno seco, obtido jwr picada em tubo de borracha, isto c, ao veneno que a aranha larga voluntariamente numa única picada. Não se exclúi, portanto, que a mesma aranlia possua ainda dentro de suas glândulas outro tanto de veneno quanto o ejetado. Xos dois lotes de 8 aranhas de 1 1/6 e de 28/9 «pie forneceram rcsjxíctiva- mente 1,45 e 1.84 mg por individuo, observámos mesmo que apenas a metade fornecera uma dose grande, enquanto as outras quase nada deram de visível. Isto vem confirmar que, na picada, a aranha não larga todo o veneno, c que o valor máximo, dado como 1,84 mg por individuo, pode ser duplicado em alguns espécimes grandes. Estamos convictos mesmo de que se encontram na natureza exemplares adultos de Phoneutría nigrivcnter, que poderão injetar, em picadas repetidas, perto de 4 mg. de veneno seco, embora isto constitua caso esporádico. \'ital Brazil e Jean \'ellard colheram {)elo processo da expressão das glân- dulas com bastonete de vidro a respeitável cpiantidade de 4,32 mg. por Phoneu- tria nigrrvcnter. Podemos, nêste conjunto, acrescentar que um sôro anii-ctcnidico, reabnente eficiente contra as representantes do género Phoncutria, deveria neutralizar pelo menos 4 a 5 mg. de veneno sêco. cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 160 XOVO PROCESSO DE OBTENÇÃO DE VENENO Sf.CO. PLRO. DE PHONELTRIA NICRIVFNTER (KEYSERLING. 1891) E TITCL-XCAO da LD^ EJi CAMUNDONGOS Titularão da LD 50 do vcnow puro, sêco, de Phoneutna nigrii enter Preparativos: Xo estabelecimento da dose 50% letal do veneno puro, sêco, de Phoneutria nigriventer, seguimos o método descrito por Reed e Muench (3). Usamos camundongos de 20 g. de pieso, com tolerância, no máximo de 2 gramas. As soluções de veneno foram injetadas tanto na veia caudal (via endovenosa) como sob a pele da barriga (via subcutânea). O “inoculum” sempre era na quantidade de 0,5 cm^ por dose e por animal. As diversas diluições do veneno foram feitas em soluto fisiológico com pH em tomo de 6,5. Tabela I (veneno sêco, extraído alguns dias antes da titula(ão) — 1II6153 via subcutânea: Dose mg Camundongos .Acumulação dos result. % de mortalidade Lote total vivos 1 mortos vivos mortos total I 0.0068 0,01 5 5 0 11 0 11 0 11 5 3 1 2 6 2 8 25 III 0,015 5 2 ! 3 3 5 8 62,5 IV ao2i 5 1 4 1 9 10 90 \- 0.032 5 0 5 0 14 14 lOÜ VI 0,046 5 0 5 0 19 19 100 VII 0,068 5 ® , 5 0 24 24 100 Fator de diluição 1,468 35 11 24 21 73 94 LD 50=0.0135 mg LD 50 por grama de camundongo, via subcutânea = 0,00067 mg d: Numa segunda titulação, feita em 21/9/53, com veneno puro, sêco, estocado em dessecador, em vácuo, sobre cloreto de cáldo, durante 3 meses, obtivemos o seguinte resultado, na repetição das mesmas diluições da tabela I : LD 50 por gratm de camundongo, via subcutânea = 0,0007 mg. ± Estas duas titulações, realizadas com intervalo de 3 meses, com o mesmo veneno sêco, guardado, mas em diluições feitas â parte, revelam que é perfeita- mente possivd guardar o veneno sêco e que éste não perde sua atividade num periodo de 3 meses. M«n. Intt. ButanUn 2S(1):15M74. 19S3 \VOLFG.\XG BCCHERL 161 Tabei~\ II (Veneno seco, extraído 4 dias antes da titulação) — 1Í/6/53 — via cndot-enosa Lote Dose mg Camundongos .Acumiilacáo dos resiilt. % de mortalidade total vivos mortos vivos mortos toul í 0.001 5 5 0 27 0 27 0 II 0.0015 5 5 0 22 0 22 0 III 0.0021 5 5 0 17 0 17 0 IV 0,0031 5 5 0 12 0 12 P V 0.0046 5 4 1 7 1 8 12,5 VI 0.006S 5 3 2 3 3 6 50 VII 0.01 5 0 5 0 8 8 100 Fator de 1,468 35 27 S 88 11 ICO LD 50=0.0068 diluiçio mc LD 50, endovenosa, por grama de camundongo = 0,00034 mg ± Eni 21/9/53 foi rq^ctida esta experiência, enipregando-se veneno puro. seco, do mesmo estoque que o de 15/6. Conseguimos reproduzir e.xatamente os resultados da tabela II, com uma dose de 50% letal por via venosa e por grama de camundongo = 0,0003 mg. á: Em 13/10/53 repetimos a titula(;ão da LD 50 em camundongos com veneno puro, seco, retirado apenas 1 dia antes de aranhas viras. Queríamos obter maior certeza sôbre a constância de ação do veneno seco, quer recente, quer estocado por meses. Nesta experiência foi o veneno dissolrído em uma solução aquosa de cloreto de sódio a 8,5 o/oo com PH em tômo de 8.5. Vital Brazil e Jean Vellard já tinham assinalado que, segundo suas experiêndas, era o veneno melhor dissol- vido e mais ati\-o, quando em água de cal, isto é, quando em pH bastante alcalino, do que quando dissolvido em pH neutro ou levemente ácido. Chegaram êstes pesquisadores a distinguir entre peçonhas áddas e alcalinas, ambas pro- venientes da mesma aranha, concluindo que os venenos alcalinos eram bem mais ativos do que os áddos. Em nossas recentes experiências com veneno puro, sêco, dissolvido em sol. de Na Q a 0,85% com pH de 8,5, tratámos de reajustar o pH, após solução da peçonha, para 6,5, afim de que pudéssemos injetar as soluções também na veia dos camundongos. Tanto esta solução como as de 15/6/53 e de * 162 '-Pin^ fator de diluição e com 7 diluições diferentes, com o emprégo' dT iwra cada uma das diluições, nenhuma margem deixa para dúvida d . Ac^sca ainda ,„a-c«as IZ 'co:" ^ ;rra,í,:r,'tL°“ ~ Taml)ém ficou elucidado que a peçonki seca, depois de ser txrsada e.xata mente, se d.s.^lve perfeita e completamente em soluto fisiológico com PH neutro levemente acido ou bem alcalino. ’ •A variação do pH não interfere na solubilidade Importante ó «air ♦ , <,t.e a ^çonha seja dissolvida em um volume bastante glTnde I proporção mais ou menos de 6 cnP por miligrama de veneno ain.,; 5o'í o P-:°»Ha ,„a „.a.a 6 aa^Jro * “"'l™. aliamanla concorda nos dentro da lO^tdnZ'* S"™»'!»" Ü aeiitro de 10 minutos a meia liora; com doses mais ou menos 7sarando-se às i>eçonhas nuis ati%-as de Crotalus tcrrificus terrificus e de Naja. Em face desta afimiativa, perfeitamente comprovada, c naturalmcnte de sumo interésse estalwlecer-se QUAXTO \'ENEN'0 PODE TER ÜM EXEM- PLAR .ADULTO deste temivel aracnideo. O nosso processo de extração |x)r meio de picada cm tubo de borracha, não nos tem fornecido, ate agora, uma resposta satisfatória. De 8 aranhas conseguimos 1,^ mg como média individual. Quatro delas forneceram muito ]x)uco, não visível a ôlho nú, de maneira que estamos inclinados a admitir a possibilidade de que esta colheita de fato representava apenas o veneno de 5 aranhas, o que daria 3,5 mg. de peçonha séca por indivíduo. Deve-se ter em mente que esta quantidade de veneno representa apenas o ejetado numa única picada, em tubo de borraclia. Xão se pode concluir que a aranha tivesse realnientc esgotado sua reserA-a venenifera. Realmcnte, 3 dias após a colheita, as mesmas aranhas já deram noA^a quan- tidade de peçonha. \’ital Brazil e Jean \'cllard, cm suas ])es(|uisas com veneno puro, estabeleceram 4.32 mg de veneno séco por aranha. Xa medicina humana reA’estem-se dados de grande importância. A quan- tidade de 3,5 mg de veneno, obtida em picada voluntária num tubo de Iwrracha, poderia eliminar 500 camundongos de 20 gramas cada, quando atingidos na A’cia e 250 quando picados sob i)ele e ainda sobrariam reseiAas mortíferas à aranha. cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 irj NOVO PROCESSO DE OBTENÇÃO DE VENENO SÊCO. PURO. DE PHONEUTRIA NIGRIVENTER (KEYSERLING. 1891) E TITULAÇAO DA LD„ EM CAMUNDONGOS Seria o homem mais sensível ao veneno de Phoneutria nigriventer do que o camundongo? O fato de ter havido casos de morte humana por picada desta aranha parece justificar a pergunta. Permanecendo, entretanto, adstritos aos fatos e admitindo-se uma sensibili- dade igual a esta peçonha entre o homem e camundongo, chegar-se-ia à conclusão de que nos acidentes humanos, determinados por Ph. nigriventer, seria o perigo tanto maior quanto menos pêso tiver a vitima. As crianças, até 3 anos de idade, quase sempre deveriam receber o sôro anti-ctenidico. Os adultos poderiam ser dispensados da sôroterapia, quando não se mani- festasse sintomas gerais (além da dôr quase sempre presente), como >-ariação do pulso, dificuldades respiratórias, perturbações da visão, etc.. Xão nos sentimos competentes a dizer do valor de uma soroterapia tardia, mas parece-nos, de conformidade com o que observámos quanto ao tempo de morte dos camundongos, que a injeção do sôro anti-ctenidico horas após o aci- dente não mais teria valor e poderia ser dispensada. Em casos graves, deveria o sôro ser injetado, o mais tardar, dentro de 4-5 lioras após o acidente ou bem mais cedo ainda. CONCLUSÃO A aranha Phoneutria nigrivente da familia CTENIDAE, é realmente peri- gosa ao homem, principalmente às crianças nos primeiros anos de vida. Pode-se com relativa facilidade manter esta aranha em condições de cati- veiro no laboratório e extrair-lhe periòdicamente a peçonha. Esta conser\a-se muito bem, em estado séco, em vácuo, sõbre cloreto de cálcio, cm ambiente escuro e à temperatura ambiente, sem perder sua atividade. O método de manutenção destas aranhas em laboratório e a estocagem de veneno puro, séco, além de possibilitar trabalhos experimentais de exatidão, permitiria tamliém a produção de sôros anti-ctenidicos de melhor qualidade e rigorosamente tituláveis e poria a fonte produtora de sôro a salvo da penúria em matéria prima. SUMARIO Descreve-se a possibilidade de manter-se as aranhas da espécie Phoneutria nigrh-enter cm recipientes de laboratório. Com um simples "aparelho de extração” é possível obter-se periòdicamente o veneno puro, sem que sejam prejudicadas as aranhas. Mrm. Inst. BuUntan ZSil):151-I74. 1953 WOLFGANG BCCHERL 165 Quando sêca, apresenta-se a peçonha como um pó esbranquiçado, com tona- lidade para cinza; de muito pouco pêso, fofo e higroscópico. Esta peçonha pode ser estocada à temperatura ambiente, em dessecador a vácuo, sobre cloreto de cálcio, ao abrigo da luz, sem que perca sua atividade após 3 ou 4 meses. Seguindo a técnica de Reed e iluench, foram realizadas 6 titulações em camundongos, da quantidade 50% letal, 3 por via venosa e 3 por via subcutânea com amostras de peçonha sêca, recente, estocada há pouco, e guardado há mais de 3 meses. A absoluta concordânda das 3 e.xperiências constitui a garantia da apro- veitabilidade do processo de obtenção e estocagem da peçonha. As doses 50% letais giram, por via venosa, em tômo de 0,00034 mg por grama de camundongo e, por via subcutânea, em tômo de 0,0007 mg. por grama. Foi estabeleddo que uma aranha pode ter como máximo 3,5 mg de peçonha, quantidade suficiente para matar 250 camundongos de 200 gramas, em picada direta, de maneira que se justifica a conclusão de que, em addentcs humanos, poderiam verificar-se casos de morte aos primeiros anos de vida. Os adultos não parecem correr perigo de vida, embora também possam verificar-se casos graves, manifestados clinicamente por mriaçâo do pulso, arritmias, alterações do ritmo respiratório e perturbações visuais, casos êstes que exigem a soroterapia. -‘\ injeção do sôro deverá ser feita tão cedo quanto o possivel, mas parece carecer de valor ncutralizante quando decorridas já 24 horas desde o acidente. A srta. Kicolina Pucca e ao sr. José S'avas os nossos agra- decimentos pelos trabalhos valiosos e pela colaboração dedicada, tanto na manutenção, extração, como na titulação da peçonha. SUMMARY Specimens of the poisonous spider Phoncutria nigríventer, which are found along the coast of southem Brazil and around São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais and Rio Grande do Sul, etc., have been kept alive at the Laboratory. A simple “apparatus” is described for extracting their venom every 1 or 2 weeks. The dried venom is of white color, verj* hygroscopic and may be stored perfectly in a vacuum exsiccator, over calcium-chioride, at room temperature and in the dark, without apparent change of activity, even after 3 or 4 months. Aceording to the technic described by REED e MUENCH, 6 experiments were undertaken to establish the LD» in w-hite micc, 3 experiments wth intra- * 166 PCRo. u. DA I-D. EM CAMTFdí;:í^(ir'> venous and 3 with suixnataneons injections not only «ith recentlv dried vcnoni but al>,o with venoni of more than 1 to 3 nionths storage. The results were in gocd agreement. demonstrating that the niethods of obtaining the pure venoni and oi storing it are satisfacton-, The LD^. i.er gran, incuse is 0.00034 .nilligrani intravenonslv and 00007 me subcntaneonsly. ' ° PhoncHtría uigrivcnter may Imve 3,5 mg of venom in both glands. This ipiantity is suflicient to kili 250 mice of 20 gram weight The conclusion is justified that accidents in hnnun beings, under 3 years of age. are qu.te ser.ous, and specific serum should de given as soon as possible. In adnits the accidents are commonly not so dangerous, but general spnptoms of mtoxication-like disturlances of cardiac function. respiratorv dif- ficulties. hhndness. etc. — ahvays call for injection of specific serum. ' Serum-therapy must lie installetl as soon as possible within the first 12 hours after the accident. ZLS.A M .M E.\ F.ASSUXG Die giftigste Spinne Hrasiliens. Phoneulría nigrivcnter (die nach unserem Dafurha ten m.t Phoncutria fera identisch ist), die úberall im Staate São Paulo R.O de Janeiro Santa Catarina und Rio Grande do Sul und an der südlichen rasihamschen .Atlantikkuste vorkommt und von da. liauptsãchiich mit der Bana- nenverseh. fung. auch nach anderen Undem gelangt (wie Uruguay. Argenti- nicn. ja seibst m die Hafenstãdte Deutschiands), wird nun im Institute Butantas gebàltai" Mcthode. in kleinen Kãfigen leliendig Auf ganz engem Raume Iiefinden sich in Butantan, in den I.aboratorien des \ erfassers ulier 200 erw-achsene E.xemplare und mehrere Hundert Jungtiere f nl f çrstmalig gehmgen. diessen ãusserst aggressiven Spinnen fortlaufend das Gift ahzunehmen; alie Woche oder jede 2. Woche. I u'.*"*^* Es zeigt eine weissiich-graue Fãrbung. ist schr hygroskopisch und bildet einen lockeren, sehr leichten Staub. ^ lyi^isch gewonnene Trockengift kan sehr gut im Vakuuni. über Kalziumchiorid. bei Zimmertemi>eratur und Eichtabgeschiossenheit monotelang aufbew-ahrt werden. ohne irgendwie an .Aktivitãt einzubüssen. Xach der von Reed und Muench lieschriebcnen Methode «nirden mit dem Trockengifte 6 Bestimmungen der 50% — igen tíkilichen Dosis an 20 Gramm schweren Mausen vorgenommen — 3 intravenõs und 3 dtirch subkiitane Eins- pntzung. Eme Bestimniung «nirde mit frischen. ebcn gewonnenem Trocken- ^fte. die zweite mit eineiii schon ãlteren und die dritte mit einem an die 100 Tage alten Trockengifte vorgenommen. SciELO .0 11 12 13 14 15 16 cm Mcm. lou. Butantan WOLFGANG Bt*CHERI- 167 1953 Die absolute Konkordanz der Rcsultate aller Dosierungen kann ais volle Garantie angesehen werden, dass die beschriebene Methode der Giftgewinnung wie auch die Aufbewahrung des Trockengiftes ais gut zu bezeichnen sind. Da die drei \'ersuche imnier niit ih physiologischer Kochsalzlõsung gelõsteni Gifte geinacht w-urden, aber jedesnial bei einem anderen p H \\ ert (um 5-um 6, 7 und um 8,5 herum). konnte auch klar gelegt werden. das kleine pH Schwan- kungen die Lõslichkeit nicht beeintrãchtigen. Die Hauptsache ist, dass immer eine genügend grosse Lõsungsmenge vorhanden ist, ungefãhr 6 cm^ auf 1 Milligramm Trockengift. 0,00034 Milligramm ist die 50% ige tõdliche Dosis pro Gramm Maus, bei intravenõser und 0,0007 mg die bei subkutaner Injektion. Würde man das auf crwachsene Mãuse umrechnen, so konnte eine eitizige Phoneutría nigrrventcr durch ihre Bisse nicht weniger ais 250 Stück Mãuse, mit je 20 Gramm Gewicht, tõten. In die Ader gctroffen, würden sogar 500 Mãuse sterben. Diese Tatsache muss aucli in der menschlichen Medizin gewertet werden, zumal da Unfãlle mit dieser Spinne in gewissen Gcgcnden Brasiliens, besonders um São Paulo herum. gar nicht selten sind. Ohne von einer viel grõsseren Scnsibilitãt des menschlichen Kõrpers gegen dieses Gift sprcchen zu wollen, ergibt sich aus den Dosierungen an den Mãusen, dass besonders Kinder in den ersten 3 Lel)ensjahren durch den Biss einer dieser Spinnen lebensgefãhrlich verletzt werden kãnnt en und dass es dabei unbedingt nõtig ist, so schncll ais mõglich. das von Butantan hcrgestellte “sôro anli-ctcnídico" zu verabreichen. Bei erwachsencn Menschen tritt die Todesgefahr viel mehr in den Hinter- grund, kann al)er keinesfalU ais ein Ding der Unmõglichkeit bczeichnet werden. Auch bei Erwachscnen erscheint es uns notwendig, jedesmal dann das spezifische Serum zu spritzen, wenn der Patient Pulsaltcrationen, Herzrj-thmusvcrãndcrun- gen und Blindhcitsanzeichen aufweist. 24 Stunden nach dera Bisse lohnt es sich kaum mehr, Serum zu verwenden, • da das Gift entweder schon an den Xer\enzellcn fixiert ist und durch das Serum nicht mehr ncutralisiert werden kann oder weil schon die natürlichc Ausscheidung ' des abgebauten Giftes vor sich geht. BIBLIOGRAFIA 1. Brasil, I*. e Vellard, J. — Contribuição ao estudo do veneno das aranhas — Metn. Inst. Butantan, II (fase. único); 1925. 2. Brasil, V. t Vellard, J. — Contribuição ao estudo do veneno das aranhas, 2.* memória — Mem. Inst Butantan, III — 243-301 ; 1926. 3. Rttd e Mucneh — .\m. J. Hyg. 27, 493; 1938. WOI.Fr.ANC BCCHERL Mcm. In«t. Bntantan 2S(1):I5?-17-*, J953 SciELO yoto 1 — ItutaU^Ao r®fa » manu*cn<4o de Í*honrMtt{ú nigrívrttter cm lalwalório. >[ro. Inst. BaUntan 2S(1):15J-174, 1953 WOLFGAXG BCCHERL 171 Folo 3 — PiMmntIrim mçrirrnlfr (Vi*«a vcnUal (um. lut.) * 172 OBTEXÇAO DE VEXEXO SECO, PURO. DE IHOXEUTRIA XIGRIVEXTER (KEYSERLIXG. 1891) E TITITIACAO DA U)„ EM CAMCXDOXGOS Foto 4 — -Dí»po4.tiTo" P«ra «e nçio periódica da peçonha. 2 3 4 5 6 SCÍELO_o 11 12 13 14 15 16 cm Hem. Inst. Btztaxrtan 2 $( 1 ): 15 > 174 . 1953 WOLFGANG BüCHERL 6 — Outra pò*c de deposição da icçonha por perfuração do tubo de borracha. Foto 7 — r.posl^io da pt^ciiU idlrc um vidro dc rtlijio- cm 174 Foto 8 — o tubo ,Io borracba tfticado ptrarite «eoporar IÕ.U a ptvMha dtpoMUda on Interior. y Fu*> 9 — Afpcco tia pcçcnia scca dc Phomft.ia aiVrirriCrr. Ucm. Inst. Botaotan 2S(1):17S-176 19SJ JOSÉ M. RÜIZ & JOSÉ M. A. CARVAUIO 175 AUSTRALORBIS IMMUNIS (LUTZ, 1918) HOSPEDEIRO INTERME- DIÁRIO DE SCHISTOSOMA MANSONI NA CIDADE DE SANTOS, ESTADO DE SAO PAULO JOSÉ M. RLTZ & JOSÉ M. A. CARVALHO íSeeção de Partuilologia, Instituto Butantan, S. Paulo, Brasil) Lutz deu a esta espécie o nome de Planorbis confusus em sua publica- ção original. Em 1928, substitui a denominação especifica confusus, preo- cupada, pela de immunis. Essa denominação derira da convicção do autor de que essa espéde não se presta á evolução do S. mansoni. Em 1938 Vianna Martins, baseado no estudo do aparelho genital e da concha de e.\emplares de Belo Horizonte, identificou esta espécie ao Australorbis glabratus, tendo ainda verificado que se apresentav^a altamente infestada (25%), na Vila Afonso Pena. Em numerosos lotes de planorbideos de diversos pontos de Belo Horizonte, inclusive da Vila .Afônso Pena, capturados pessoalmente ou recebidos de nosso capturador naquela Capital, nunca encontramos a espécie Australorbis tnimunis mas exclusivamente Australorbis glabratus. Nossa identificação se baseia na morfologia da concha, do sistema genital completo e na morfologia do sis- tema renal. Estudando os planorbideos de Santos, Estado de São Paulo, temos captu- rado material abundante de diversos pontos da referida cidade, cm jxirticular dos bairros de Saboó, Jal)aquára, Rio da .-Xvó, dos canais n.® 5 e n.® 6. Em todos esses locais encontramos planorbideos infestados por formas larvárias de Schisíosoma tnansoni. Coutinho (W9, 1950), identificou em Santos o Australorbis glabratus, baseado cm estudo conchológico e de parte do aparelho genital, apresentando bõas figuras. Assinalou ainda Australorbis sp. da qual deu figuras da concha. Bcquaert e Lucena (1950), põem em dúvida a existência em Santos de representantes do gênero Australorbis, mas Coutinho volta ao assunto em de- fesa de seu ponto de vista anterior c aparentemente demonstra a identidade entre o vetor da esquistossomose de Santos, de Caracas, Venezuela, Belo Ho- rizonte, Bahia e Pernambuco, isto é, o Australorbis glabratus. Entregue para publicação em 28 de Outubro de 195J. 176 AUSTRALORBÍS liIMUXtS (LCTZ. 1918) HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO DE SCHISTOSOMA MAXSOXI NA CID.\PE DE SANTOS. Estudamos o material de Santos conchológica e anatõmicamente pondo em eridência os pormenores do aparelho digestivo, sistema genital e sistema renal. V'eri ficámos que ocorrem duas espécies do gênero Australorbis. A mais abun- dante e que frequentemente constitui a única representante dos lotes, foi identificada a Australorbis imtnunis (Lutz, 1918). Esta espécie é precisamente a que apresenta infestação pelo Schistosoma tnansoni. A segunda espécie, menos freqüente, corresponde ao Planorbis nigricans SpLx, segundo Lutz, ou Australorbis bahiensis Dunker, segundo Baker, 1945. Esta espécie é aliás muito abundante em São Paulo, Capital, onde não foi en- contrada infestada. A concha desta espécie se distingue facilmente da primeira pela maior altura das espiras, pela umbilicação pronunciada da face direita, que naquela é plana como em A. glabratus oliiMceus, e pela face esquerda fortemente angulosa, ao contrário da primeira que apresenta ângulos arredondados e pró- ximos da sutura conforme a descreveu e figurou Lutz. Pela concha não é facil distinguir. A. nnitiunis de A. glabratus olivaccus, embora os maiores exemplares raramente atinjam um diâmetro de 25 mm. Também não se consegue a separação pelo exame e.xclusivo da genitália que é muito próxima á de A. glabratus. Pela morfologia do rim a distinção é nitida e fácil. A. glabratus ou a sua variedade olhaccus apresentam uma crista renal muito nitida, que não existe, nem vestigialmente, em A. iumunis. Pormenores anatómicos serão dados em publicação futura. (