- • '• * * : - t v*S- I . 4* I - - - > ■ .• ‘ ; 4 - >; t- - > : • - ' - v • ■ r< < • *?*;• ■ > - Stz, •* . • ' •' - - . • - _ _ SciELO cm 1 2 3 .0 11 12 13 14 15 16 AS “MEMÓRIAS DO INSTITUTO BUTANTAX ” são destinadas à publicação de trabalhos realizados no Instituto ou com a sua contribuição^ Os trabalhos são dados à publicidade logo após a entrega c reunidos anualmente num volume. Serão fornecidas, a pedido, separatas dos trabalhos publicados nas " Memórias ”, solicitando-se nesse caso o obséquio de enviar outras separatas, em permuta, para a Biblioteca do Instituto. Toda a correspondência editorial deve ser dirigida ao: Redactor das “ Memórias” do INSTITUTO BUTANTAX Caixa Postal 65 S. Paulo, S. P., BRASIL. I PEDE-SE PERMUTA EXCHANGE DES I RED. AVISO Conforme consta do Decreto Mo. 24.401/55, o Governo de São Paulo , levando cm conta a grave situação financeira do Estado, resolveu, por medida de economia, proibir a publicação de revistas e trabalhos por conta da dotação orçamentária de 1955. Por este motivo, não pôde ser impresso, no exercício passado, o presente volume das “Memórias”. ÍNDICE 1. P. SOUZA SANTOS, H. SOUZA SANTOS, G. A. EDWARDS, A. R. HOGE & P. SAWAYA — Uma contribuição ao conhecimento da estrutura ultra-fina e das propriedades químicas de fibrilas do tecido conjuntivo animal 1 A contribution to the knowledge of tlie fine strueture and Chemical properties of animal conncctivc tissuc fibrils . 27 1 WOLFGANG BÜCHERL & NICOLINA PUCCA — Escorpiões e cscor- pionismo no Brasil. III. Titulação, por meio de camundongos, das peço- has de Tilyus coslatus (Karseh), Tilyus Iritillatus Kracpelin, 1898 c fíolhriurus bonariensis (Koch), 1842 . 41 3. JOSÉ M. RUIZ & ERMENGARDA COELHO — Nematóidrs (Oxyuroidea) parasitos de diplópodos da Ilha da Queimada Grande, São Paulo, Brasil 51 4. A. R. HOGE — Uma nova espécie de Micrurus (Serp. Elap.) do Brasil .... 67 5. W. II. A. SCHOTTI.ER — Observações miscelâneas sóbre peçonhas ofidicas c antivenenos . 73 Miscrllancous observations on snakc venoms and antivctiins . 85 6. WOLFGANG BÜCHERL — Escorpiões e escorpionismo no Brasil. IV. Con¬ siderações cm torno de substâncias cscorpionicidas c outras medidas de combate aos escorpiões . 107 7. WOLFGANG BÜCHERL — Escorpiões c escorpionismo no Brasil. V. Obser¬ vações sóbre o aparelho reprodutor masculino c o acasalamento de Tilyus Irhitlalus e Tilyus bohiensis . 121 Errata . 157 SciELO 11 12 13 14 15 SciELO .0 11 12 13 14 15 16 Hem. Inst. Butantan, 27 : 1 - 39 . 1955 / 6 . p. SOUZA SANTOS. H. SOUZA SANTOS. G. A. EDWARDS, A. R. HOGE A P. SAWAYA 1 LMA CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DA ESTRUTURA ULTRA-FINA E DAS PROPRIEDADES QUÍMICAS DE FIBRILAS DO TECIDO CONJUNTIVO ANIMAL. P. SOUZA SANTOS*. H. SOUZA SANTOS**, G. A. EDWARDS***, A. R. HOGE**** & P. SAWAYA***. INTRODUÇÃO Colágeno é o principal constituinte proteico dos tecidos conjuntivos compacto e frouxo. Ocorre seja como uma rêde de fibrilas de aproximadamente um micro de espessura c de vários micra de comprimento, associado com a maioria dos tecidos em toda a série animal, seja como feixes grossos formando tendões (1). É insolúvel em água, em solventes orgânicos e, geralmente, cm soluções diluídas de álcales e áridos a temperaturas normais. A ação prolongada de agua quente transforma o colágeno em gelatina, uma reação química de grande importância, da qual derivou o próprio termo (colágeno significa "gerador de cola"). Outra propriedade característica do colágeno é seu aumento de volume sob a ação de áridos c álcales diluidos (3). A composição em amino-ácidos c mais ou menos igual nos diversos colá- genos de diferentes animais, mas a ixirccntagcm relativa de sua composição varia de animal para animal (4). A maioria dos colágenos mostra um alto teór de glicina, hidroxiprolina e de ácidos aromáticos contendo enxofre (5, 6). Estudos de fibrilas eolágenas por métodos físicos, tais como difração de raios X. com angulo alto e baixo, microscopia eletrónica e microscopia de pola¬ rização, evidenciaram a natureza fibrosa do colágeno e mostraram a existência de um período característico na média de 640 À em colágeno de tóda série ' Secção de Vírus, Instituto Butantan, S. Paulo, Brasil. !!* Sccç5 ° de Micr °scopia Eletrônica, Universidade de S. Paulo, Brasil. Depto. de Fisiologia Geral e Animal, Universidade de S. Paulo, Brasil. Laboratório de Ofiologia, Instituto Butantan. S. Paulo, Brasil. Recebido, para publicação, em 26.1.1955. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 7 UMA CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DA ESTRUTURA “ ULTRA-FINA E DAS PROPRIEDADES QUÍMICAS DE FIBRILAS DO TECIDO CONJUNTIVO ANIMAL animal (7). O periodo de 640 A tem sido observado também em colágeno de animais fósseis, como, por exemplo, na prêsa desmineralizada de um mamute de 15.000 anos (4, 7). Por outro lado, a difração de raios X com ângulo alto, que revela pequenos intersticios na arquitetura molecular, mostra diferen¬ ças nos períodos dos diversos colágenos (8). De todos esses métodos, a mi- croscopia eletrônica fornece uma aproximação especial à estrutura ultrafina das fibrilas e a sua ordem nas células e nos tecidos pela visualização direta. Infeliz- mente, devido ao poder resolvente dos microscópios eletrônicos de apenas 10 A, detalhes de arquitetura das cadeias de polipéptidos dentro das fibrilas ainda não podem ser observados. Presentemente, há três objetivos principais nas pesquisas sôbre fibrilas colágenas: 1) a consideração da sua estrutura ultrafina, partindo do arranjo espacial das cadeias de polipéptidos formando as fibrilas, até a organização destas nas redes dos tecidos e dos tendões. Tais estudos estão sendo feitos intensivamente no momento, achando-se, porém, longe de completação (9, 10). A partir de tais estudos, tentativas sérias foram feitas no sentido de reconstruir modelos das cadeias de polipéptidos nas fibrilas colágenas. Destes os mais prometedores no momento são os modelos de Bear (4), Randall (11), Pauling (12) e Huggins (14), visto que o modelo de Astbury provou não ser satisfatório (13). 2) o estudo das propriedades quimicas das fibrilas colágenas, particular- mente no que diz respeito aos melhoramentos da qualidade de couro (3, 15). O colágeno é importante não só como matéria prima para a fabricação de gela¬ tina e cola, mas de maior importância ainda na fabricação de couro. A pele, ou cório, tem como componente principal (35%) uma rêde de fibrilas colágenas que lhe dá resistência e elasticidade. Afim de manter estas propriedades e para eliminar a desvantagem da putrefação, as fibrilas colágenas são tornadas inso¬ lúveis por reação com taninos e sais de crómio. Estas reações podem ser con¬ troladas por observações no microscópio eletrônico. 3) do ponto de vista biológico, o colágeno é uma proteína estrutural inti¬ mamente associada com a organização de tecidos e órgãos. Portanto, o conhe¬ cimento da estrutura normal das fibrilas colágenas de diversos tecidos e órgãos, sob diferentes condições físico-químicas, é o ponto inicial para a compreensão das alterações que ocorrem em tecidos normais, por exemplo, a histogênese de tecidos conjuntivos e o processo de envelhecimento, bem como de alterações patológicas, tais como as produzidas por colagênase na febre reumática ou na gangrena (16, 26). SciELO Mem. Inst. Batastaa, 27 : 1 - 39 . 1955 / 6 . P. SOUZA SANTOS, H. SOUZA SANTOS. G. A. EDWARDS. A. R. HOGE A P. SAWAYA 3 Xo presente estudo é nosso intento apresentar algumas observações sôbre a microscopia eletrônica de fibrilas colágenas normais de vários tecidos de alguns animais, principalmente de répteis, e demonstrar a ação de certos fatores qui- micos e físicos sôbre a estrutura fibrilar. Pareceu-nos mais conveniente apre¬ sentar os métodos, materiais, resultados e a discussão juntamente em cada secção, do que em capitulos separados. PERÍODO E ESTRUTURA ULTRA-FINA DAS FIBRILAS Estudámos fibrilas colágenas associadas com as miofibrilas dos seguintes músculos: obliquo externo do sapo, Bufo pqraaicmis ; do jacaré, Cayinan lati- roslris; das serpentes, Liophis miliaris e Constrictor constriclor amarali; do pombo e do homem. Da série dos répteis (serpentes, jacaré c lagarto Tupinambis teguixin ) foi usado também colágeno dos seguintes músculos: hioglosso, rabo, lingua, tem¬ poral e coração. Observações foram feitas também cm fibrilas colágenas de veias e do canal deferente das serpentes e do lagarto. Em adição, usámos ten¬ dões das patas dianteiras, do dorso e do rabo do rato albino e o tendão da glândula venenosa de Bothrops altcmala e o seu homólogo na Constrictor cons- irictor amarali. As fibrilas foram preparadas, para microscopia eletrónica, pela técnica prèviamente descrita para a preparação de miofibrilas (35). Obser¬ vações foram feitas em ambos os microscópios, no Siemens 100b e r.o micros¬ cópio eletrónico RCA, EMU. Medidas foram obtidas das micrografias eletró¬ nicas ampliadas, feitas no microscópio eletrónico RCA, sendo os aumentos de¬ terminados dentro de 5 % de érro (17). Em todos os casos, as fibrilas colágenas aparecem como filamentos únicos, às vêzes uma réde ou em feixes, apresentando uma caracteristica estriação transversal, formada pela alternação de bandas escuras c claras denominadas respectivamente bandas A e B por Schmitt (18) e Iwndas D e // por Wolpers (19). As bandas escuras são regiões de alto poder dispersivo eletrônico, o que significa que têm maior densidade ou mais átomos por unidade de volume do que as bandas claras. Xas preparações sombreadas com metal, as bandas são nitidamente visíveis quando a direção do sombreamento é paralela, ou quáse paralela, ao eixo longo da fibrila (íig. 1). Em tais preparações, onde o sombreamento está em ângulos retos ao eixo longo, as bandas não são nitidamente vistas nas fibrilas, mas os contornos da fibrila são visíveis na sombra. Em preparações não sombreadas, as bandas podem ser vistas somente quando as fibrilas estão bem limpas, isto é, quando a camada da substância básica, às vêzes SciELO 11 12 13 14 15 16 4 UMA CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DA ESTRUTURA ULTRA-FINA E DAS PROPRIEDADES QUÍMICAS DE FIBRILAS DO TECIDO CONJUNTIVO ANIMAL grudada às fibrilas, não encobre e obscurece as bandas. Pode ser visto clara- mente, na fig. 1, que a banda A é mais alta do que a B, dando assim à fibrila o aspecto de um fio de pérolas. Não obstante, esta aparência é, na verdade, devido à perda de água da fibrila, sendo que foi demonstTado, por meio de ré¬ plicas de fibrilas colágenas úmidas, que a superfície é uniformemente lisa. Pa¬ rece, portanto, razoável presumir que a banda B possui um teôr mais alto de água do que a banda A (20). Por coloração seletiva como os chamados co¬ rantes eletrônicos, isto é, ácido ósmico, ácido fosfotúngstico ou acetato de ura- nil, uma estrutura mais fina pode ser evidenciada em preparaçõe snão som¬ breadas. Quatro linhas escuras aparecem na banda A (a, b, c, d) e uma única linha na banda B (e). Sob certas condições, as linhas “b” e “e” podem apa¬ recer divididas em duas linhas cada, dando, assim, um total de sete linhas (23). Em fibrilas sombreadas, nem todas as linhas se tornam visíveis. Con¬ tudo, devido ao fato de que as linhas “b” e “c” são de diâmetro largo, as mesmas se tornam proeminentes em fibrilas limpas sombreadas paralelamente ao eixo longo (Figs. 1, 2), dando a aparência de uma estriação transversal extra na banda A, tendo um período de 270 Â, o assim cliamado intra-periodo de preparações sombreadas (27). A soma dos comprimentos das bandas A mais B dá em média 640 A. concordando, assim, com o espaceamento caracte¬ rístico das fibrilas colágenas sêcas, conforme foi revelado por difração de raios X com ângulo baixo (4). Em todas as nossas experiências usamos espe- cimes sombreados com metal; portanto, variações das sub-ltnhas não foram consideradas nêste estudo. Na maior parte do trabalho prévio em microscopia de colágeno usou-se fixação com fortnol, visto que êste não altera a refração dupla intrínseca do colágeno e, por conseguinte, não muda o arranjo das cadeias de polipéptidos nas fibrilas (28). Visto que nossos estudos incluem uma variedade de colá- genos, achamos conveniente determinar a influência de diversos fixadores, antes de iniciar a experiência definitiva. Desta maneira, o período e o diâmetro das fibrilas foram determinados após o uso de formol, de soluções de Zenker e de Bouin. bem como de material não fixado. Os resultados obtidos com o tendão da glândula salivar de Constridor são apresentados na Tabela 1, onde se pode ver que o período é o mesmo nos materiais fixados e nos não fixados, mas que a gama dos diâmetros varia com o fixador. O aspecto das fibrilas, após tal tratamento, é apresentado nas Figuras 1 e 2. À base dêstes resultados, usᬠmos material não fixado, ou fixámos com formol a 5%, nas experiências defi¬ nitivas. SciELO Mm. Injt. ButinUn, P. SOUZA SANTOS, H. SOUZA SANTOS, r 27:1-39. 1955/6. G. A EDWARDS, A. R. HOGE & P. SAYVAYA As observações finais das fibrilas colágenas normais incluiram medições do período e do diâmetro de um número de fibrilas tiradas de regiões diferen¬ tes de vários animais, e estudos sobre a forma da fibrila em geral. Na Tabela 2 são apresentadas medições do comprimento do período e do diâmetro de fibri¬ las de diversos órgãos de vários animais. Pode-se notar que, apesar de que o período varia levemente, entre os órgãos do mesmo animal ou de animal para animal, permanece uniformemente ao redor de 640 A, confirmando a obser¬ vação de Bear obtida por meio de difração com ângulo baixo (8). Os di⬠metros apresentaram maior variabilidade. Nas fibrilas de certos órgãos, por exemplo, da lingua do lagarto, os diâmetros são uniformes. Em outros, porém, como por exemplo do rabo do jacaré (Fig. 3), a gama dos diâmetros pode ser extensiva, nêste caso de 640 a 1400 A. A constância do período, mais a varia¬ ção no diâmetro da fibrila, foi tomada por Bear (4) como base para seu modelo da fibrila colágena, para sustentar a opinião de que a fibrila é composta de unidades, as protofibrilas, cujos diâmetros são muitas vêzes menores do que aquele da fibrila e cuja composição é a de poucas cadeias de péptidos, tudo alinhado de maneira a dar um período constante. Acredita-se que a fibrila colágena c composta de uma série de anéis ôcos (27). e, de fato, micrografias eletrônicas de cortes transversais de tendões (9) tém sido apresentadas mostrando a sua aparência ôca. Estas observações não discordam de nenhum modo das observações feitas com o microscópio de pola¬ rização (28), indicando que as fibrilas colágenas possuem a bi-rcfringência intrínseca e a de forma, visto que as protofibrilas são localizadas somente na periferia. Randall (9) discorda da idéia de uma fibrila óca, alegando que, se isto fósse verdade, a fibrila deveria mostrar menor densidade do que de fato mostra. Como resultado dos presentes estudos, acreditamos que a fibrila é ôca, e entendemos com “ocosidadc” a ausência de proteína ou outro material sólido e a presença de uma fase liquida no interior da fibrila. A fase liquida desaparece durante o processo de secagem na preparação da fibrila para o micros¬ cópio, deixando uma fibrila parcialmente achatada c com aparência de um colar de pérolas. Em cortes ultra-finos, as fibrilas aparecem ôcas devido à preser¬ vação da estrutura tridimensional e à perda de água durante a fixação. A forma geral da fibrila colágena é bem ilustrada numa série de fotografias tiradas do tendão da glândula venenosa posterior de Bothrops (Figs. 5 e 6). O tendão foi deixado em salina fisiológica a 4-6°C durante 6 semanas para maceração; em seguida, lavado e triturado em água destilada, dessecado e sombreado com crômio. Percebe-se que algumas das fibrilas se fendem longitudinalmcnte, mos¬ trando na região da fenda uma série de anéis incompletos (SA, 6A). Em outros, a orientação do corte da fibrila é de maneira que se pode observar a SciELO 11 12 13 14 15 16 17 a uma contribuição ao conhecimento da estrutura ULTRA-FINA E DAS PROPRIEDADES QUÍMICAS DE FIBRILAS DO TECIDO CONJUNTIVO ANIMAL extremidade óca e quebrada (5A). E, ainda em outros, as extremidades das fibrilas são achatadas (5B) ou franjadas (6B), sugerindo que o material interno foi retirado durante o processo de secagem. Se, como acreditamos à base destas preparações, a fibrila tem um interior líquido, ou semi-liquido, os comentários de Randall não são mais válidos. Uma evidência adicional da estrutura anelar da fibrila é a sua extensibilidade. Sob a ação de tensão ao longo da fibrila única (o tendão todo não pode ser muito extendido, pois se quebra facilmente) a fibrila aumenta em comprimento, principalmente por mudança do comprimento da faixa clara, com pouca ou nenhuma alteração na faixa escura. Se a tensão for suficiente, os anéis parecem separar-se, quebrando a fibrila em pequenas unidades comparáveis aos sarcômeros de miofibrilas. Êste processo pode ser observado de melhor maneira cm fibrilas sob a tensão da película de parlódio quando esta última arrebenta dentro do microscópio eletrónico (compare Fig. 4 mostrando fibrilas tendinosas do rabo, não fixadas e sendo deformadas por tensão longitudinal devido à fratura da película), visto que a extensão de uma fibrila única por outros meios é extremamente difícil. Tais observações têm papel importante na visualização da disposição dos amino-ácidos nas cadeias poli- peptídicas, visto que, para o colágeno, o modêlo da cadeia alfa-beta de ceratina não pode ser aplicado (4, 29). AÇAO DA AGUA QUENTE SOBRE AS FIBRILAS É liem conhecido que, sob ação prolongada de água quente, o colágeno se dissolve e se transforma cm gelatina. Para o tendão existe uma temperatura camteristica de encolhimento, que depende do meio e do tratamento prévio do tendão (3). Para o tendão fresco em água, a temperatura é de 60° — 65° C. O tendão fresco, a esta temperatura, primeiramente sofre um encurtamento repentino acompanhado por um aumento no diâmetro e uma diminuição no pe¬ ríodo. Continuando o aquecimento, o tendão é lentamente dissolvido e toma uma estrutura amorfa, conforme foi indicado pela diíração de raios X com ângulo liaixo (3, 4). Extendemos êstes estudos e observámos as alterações em fibrilas únicas por meio do microscópio eletrónico, usando tendão de rabo de rato. As fibrilas únicas, após 2 minutos em água distilada a 00°C, diminuem no comprimento e no período e aumentam no diâmetro, indicando, assim, que as alterações macroscópicas acima mencionadas são o resultado de alterações no nível fibrilar (Fig. 10A). A 40°C, nenhuma alteração na estiutura das fibri¬ las podia ser observada (Fig. 10B). A 60°C, após 2 minutos, as extremidades das fibrilas começam a perder as suas formas. Após uma exposição mais demorada, as estrias começam a desaparecer, demonstrando que a perda do espa- SciELO M«n. Inst. BaUntan. P. SOUZA SANTOS. H. SOUZA SANTOS. 7 27:1-39. 1955/6. C. A. EDWARDS, A. R. HOGE & P. SAWAYA ceamento longitudinal caraterístico (revelado por difração de raios X com ângulo baixo) é acompanhada pela perda do período de 640 A, pondo em evi¬ dência, dessa maneira, que os dois realmente são idênticos. Após exposição adicional, nesta temperatura, as fibrilas se dissolvem completamente. A 100°C, as alterações ocorrem com grande rapidez. Dentro de 2 minutos, as fibrilas são transformadas completamente em gelatina. Xossos resultados obtidos com o tendão do rato concordam com os de Lelli (30) para o derma humana. A ação da água quente pode ser interpretada como segue (4). As proto- íibrilas primeiramente são alteradas do estado ordenado, que nomialmente ocor¬ re na fibrila eolágena intacta, para um estado desordenado. Com a prolongada exposição, a agua quente altera as proto fibrilas colãgenas para moléculas livres de gelatina. AÇAO DA ACIDO ACÉTICO SOBRE O TENDÃO Há anos, Xageotte (31) mostrou que o tendão do rabo de rato jxxlia ser dissolvido cm ácido acético diluído (IO - * molar), produzindo uma solução clara e muito viscosa. Esta observação foi extendida aos colágenos de diversas ori¬ gens animais (compare Bear para referências) (4). O colágeno pode ser re- prccipitado a partir da solução viscosa alterando-se a concentração salina por meios de diálise, ou diluindo-se com tampões adequados de pH definido (32, 34). O colágeno reprccipitado apresenta a mesma estrutura que o original, conforme demonstra a difração de raios X (33), i.e., o espaceamento de 640 A. mas tem uma ordem interna menos regular. A compreensão do mecanismo da reprecipitação do colágeno a partir do estado solúvel, bem como o da rea¬ ção de soluções colágenas com mucoproteinas (34), polisacáridos, glucoprotei- nas e derivados do ácido nuclêico (7), que também produzem precipitados for¬ mados de fibrilas com jxrriodos, é de maior importância para a obtenção de in¬ formações sõbre o mecanismo da íibrogênese em tecidos. Visto que as descrições na literatura das condições exatas para a dissolução e a reprecipitação do colágeno são incompletas (32), repetimos estas experiên¬ cias com diversos tipos dc colágeno de vários animais, variando a temperatura, a molaridade do ácido acético, o pH e a concentração iònica. Determinámos, desta maneira, as condições definidas necessárias para a precipitação de certos colágenos e descobrimos que alguns não se dissolvem, ou então se dissolvem com dificuldade, e que a temperatura desemjienha paj»el importante no processa SciELO 11 12 13 14 15 16 17 p 3 UMA CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DA ESTRUTURA ULTRA-FINA E DAS PROPRIEDADES QUÍMICAS DE FIBRILAS DO TECIDO CONJUNTIVO ANIMAL A. Tendão do rabo de rato. — Quando o tendão do rabo de rato é colo¬ cado, sob condições estéreis, em qualquer volume de ácido acético molar 1CH, em frascos tampados, a 4-5°, ou a 3/°C, somente uma pequena fracção do tendão é dissolvida. Alterações macroscópicas, porém, podem ser observadas, variando conforme a temperatura. Após esforços repetidos, conseguimos obter melhor dissolução do que 95%, congelando, primeiramente, o tendão com gêlo sêco, cortando-o, por meio de um micrótomo, em secções de espessura de 30-40 micra e colocando-o, finalmente, no ácido acético a 37° durante 6 horas, em condições estéreis. A entrada em solução foi favorecida por agitações pe¬ riódicas, com pérolas de vidro. Repetindo o processo sem fazer os cortes, obti- vemos igualmente bons resultados. Desta maneira, o congelamento prévio, de algum modo, permite uma dissolução mais fácil, talvez por ação sôbre a subs¬ tância básica (ground substance) que envolve o colágeno. O tendão congelado não se dissolveu a 4-5°C. As quantidades relativas do tendão e do ácido acético não são criticas. Xas e.xperièncias finais usámos uma proporção de uma parte de tendão úmido a cinco partes de ácido acético a IO- 1 molar, visto que pro¬ porções mais altas produzem soluções demasiadamente viscosas para serem fil¬ tradas no filtro de Seitz. A solução viscosa de colágeno assim produzida foi filtrada num filtro de Seitz, afim de eliminar qualquer material suspenso ou quaisquer fibrilas não dissolvidas e examinado o filtrado no microscópio ele¬ trónico. Xenhuma estrutura fibrilar podia ser encontrada na solução final. O processo de reprecipitação dependeu em grande parte da temperatura. Os melhores precipitados foram produzidos, usando-se uma parte de solução de colágeno para cinco partes de tampão de ácido citrico-citrado de sódio a 0.1 M jior volume, a pH 4,9. A 4-5°C, não se pode observar precipitado na mis¬ tura de tampão c colágeno nem após uma semana. Centrifugação a baixa velo¬ cidade (Servall, aOOO rpm, 2 horas) não separou qualquer precipitado fibrilar observável. Quando, porém, a solução de colágeno c a do tampão, ambos prèviamente colocados à temperatura do ambiente, são misturados e deixados em temperatura do ambiente, uma precipitação completa se forma dentro de duas horas. Êste precipitado branco, gelatinoso, pode ser facilmente separado do liquido sobrenadante por meio de decantação ou por centrifugação. Para o exame no microscópio eletrônico, os sais foram retirados por repetidas lava¬ gens com água destilada c recentrifugação. O precipitado final, suspenso em água distilada, em seguida foi examinado de maneira usual. Achou-se um con¬ teúdo de fibrilas colágenas caraterísticas do mesmo periodo como aquelas nas fibrilas originais. Em geral, as fibrilas reprecipitadas mostraram contornos ní¬ tidos, mas as extremidades apareceram um tanto franjadas. Em várias prepa¬ rações apareceram diversos tipos de fibrilas, variando de fibrilas curtas, não estriadas (Fig. 7A), a fibrilas mais compridas, não estriadas (Fig. 7B), fibrilas SciELO 0 11 12 13 14 15 16 cm Mem. Inst- Butantan. 27:1-39. 195 5/6. P. SOUZA SANTOS. H. SOUZA SANTOS. G. A. EDWARDS. A. R. HOGE & P. SAWAYA 9 mais compridas estriadas (Fig. 8) e, finalmente, fibrilas definitivas (Fig. 9). É uma tentação sugerir que estas representam fases na formação da fibrila colá- gena estriada, i.e., que a estriação transversal ocorre somente depois que a fibrila alcança um certo comprimento e possivelmente uma certa tensão. Tendão da glândula saliivr. — Tentativas para repetir a experiência acima, com o tendão posterior das glândulas labiais da Constrictor constrictor, falharam, quando foram usados tempos de contacto mais prolongados. Esta diferença no comportamento é inexplicável, uma vez que ambos os tendões, o do rabo do rato e o da glândula, são tendões livres de outros tecidos. O tendão da glândula mostrou um certo grau de inchamento após o tratamento de 24 horas com o ácido acético. Fibrilas fixadas em formol a 5%, trituradas em água distilada e examinadas de maneira usual no microscópio eletrónico, mostraram um aumento no periodo de estrias transversais, com diminuição na nitidez dos seus contornos. C. Tendões dc zárias fartes do corpo. — As duas experiências prévias sugeriram fortemente que o poder dissolvente do ácido acético depende do ani¬ mal, da região do corpo de onde o tendão é tirado e do pre-tratamento. Sem congelamento prévio do tendão, a ação do ácido acético parece estar limitada ao inchamento, cujo grau e tipo dejiendcm da temperatura. Para provar esta tese, tendões foram tirados do rabo, do dorso e das patas de ratos albinos. Pedaços de aproximadamente o mesmo tamanho de cada re¬ gião foram colocados, sem congelamento prévio, em ácido acético a IO -4 molar, sch condições estéreis, a 4 o c 37° C, c foram assim mantidos durante 24 horas. -Subseqüentemente foram fixados em formol a 5£>, triturados cm água desti¬ lada e prejiarados para o microscópio eletrónico. Em um grui» óas experiên cias, o ácido acético foi colocado à temperatura desejada antes de adicionar o tendão. Numa segunda série, os tendões foram colocados no ácido acético a temperatura ambiente e cm seguida ajustado às temperaturas desejadas. Os resultados diferiram consideravelmente, como será demonstrado abaixo. Xa temperatura mais baixa (4°C), os tendões incham surpreendentemente e ficam transparentes, tendo a aparência de uma geléia rigida, e os tendões não perdem a sua forma nem após agitação (Fig. 11). A 37°C, de outro lado, o tendão incha menos, fica opaco e perde a sua aparência sedosa. As fibrilas dos tendões levadas gradualmente de 37° a 4 o , apareceram, no microscópio ele¬ trônico, como fibrilas em zig-zag, de periodo curto e irregular (Fig. 12). Êste fenómeno foi visto principalmente nos tendões do rabo e do dorso. Em algumas das fibrilas, cm zig-cag, o periodo foi mantido, cm outras desapareceu. Não foram observadas fibrilas, em cig-zag a 37°C. O significado da formação do tipo zig-zag irregular de fibrila não fica 'sclarecido por éstes estudos. Parece estar relacionado com o efeito da tem- SciELO 11 12 13 14 15 16 17 10 UMA CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DA ESTRUTURA ULTRA-FIXA E DAS PROPRIEDADES QUÍMICAS DE FIBRILAS DO TECIDO CONJUNTIVO ANIMAL pcratura na mesma, uma vez que os tendões colocados diretamente em ácido acético prèviamente resfriado a 4°C, não mostram a formação de cig-zag. Assim, é evidente que é causada pelo decréscimo gradual da temperatura. Xotável era também o fato de que somente à temperatura baixà perderam-se as estrias transversais, enquanto à temperatura mais alta as estrias continuaram observᬠveis, mesmo quando a fibrila aparentemente se estava desintegrando ao longo do eixo longitudinal. De fato, o aspecto das fibrilas após o tratamento com ácido acético a 37°C é semelhante àquele após o tratamento com água a 60°C. AÇAO DE ALCALE DILUÍDO SOBRE O TEXDAO Outrora se acreditava que álcale diluido não ataca o colágeno. Xão obs¬ tante, Gross (16) mostrou que uma solução de hidróxido de sódio a 0,1 X causa uma fragmentação das fibrilas colágenas na direção transversal e, evcn- tualmente, a redução de algumas fibrilas a massa amorfa. Tentativas de repe¬ tir as experiências de Gross, com o tendão das glândulas labiais de C. cons- trictor, não tiveram sucesso. As fibrilas colágenas foram isoladas, como orè- viamente descrito, e suspensas em solução de hidróxido de sódio a 10 4 X. Tes¬ temunhos foram feitos por suspender outros tendões em água destilada. Dei¬ xaram-se ambos a 37°C e a 0°C durante 24 horas e em seguida examinaram-se no microscópio eletrônio. Quanto podia ser determinado pela micrografins, não houve alterações. Estas experiências mostram, pois, que (1) o álcale não tem efeito sõbre o tendão, como prèviamente se acreditava, ou (2) que, como se encontra em outras experiências acima mencionadas, o efeito de um agente sõbre o colágeno depende em grande parte do animal e da região de onde o tendão é tirado. Para o esclarecimento dêste ponto, novos trabalhos experi¬ mentais estão em andamento. RESUMO Fibrilas colágenas de vários órgãos do sapo, de répteis, do jiombo, do rato e do homem, foram estudadas, com auxilio do microscópio eletrónico. Observações foram feitas sõbre a influência de extensão, de fixadores, sais, ácidos, álcales e de temperatura sõbre a estrutura da fibrila. Igualmente, fo¬ ram estudadas as condições necessárias para a dissolução e reprecipitação de colágeno. As fibrilas normais de vários órgãos de diversos animais mostraram um período idêntico, mas variaram consideravelmente nos diâmetros. A variação SciELO Mem. Inst. Batantan, 27:1-39. 1955/6. I*. SOUZA SANTOS. H. SOUZA SANTOS. G. A. EDWARDS, A- R. HOGE & P. SAWAYA 11 era mais acentuada em certos animais e órgãos do que em outros; por exemplo, as fibrilas da língua do lagarto eram extremamente uniformes, enquanto aquelas do rabo do jacaré variavam muito. As fibrilas foram observadas em estado fresco ou fixadas em formol, ou nos liquidos de Bouin e de Zenker. Em todos os casos, o período permaneceu uniforme, mas o diâmetro das fibrilas pareceu variar com o fixador. A maior uniformidade foi obtida com formol a 5%. Quando sujeita a tensão, a fibrila aumenta no comprimento, principal¬ mente na faixa clara. Com tensão contínua, a fibrila parte-se em unidades individuais com comprimento de apenas duas faixas. Tendões expostos a salina fisiológica por longos períodos de tempo, fendem- se facilmente em direção longitudinal, durante a trituração, c mostram um achatamento considerável quando secados nas grades. Em muitas fibrilas assim tratadas podem ser vistos anéis incompletos na periferia da fibrila, ou um inte¬ rior ôco nas extremidades. Acreditamos, porisso, que a fibrila, normalmente, possui um interior liquido, ou semi-liquido. A 40°C, as fibrilas não mostram alterações cm água. Dentro de 2 minutos de exposição à água a 60°C, as fibrilas começam a perder a sua forma. Con¬ tinuando a exposição, as fibrilas ficam mais curtas, aumentam no diâmetro, com encurtamento consequente do periodo, dissolvem-se lentamentc e se trans¬ formam, finalmcnte, em massa gelatinosa, amorfa. A 100°C, estas altera¬ ções ocorrem dentro de 2 minutos. A água quente parece alterar as proto- íibrilas coiágenas a moléculas livres de gelatina, passando a fases nas quais as protofibrilas são alteradas do estado ordenado a um estado desordenado. A temperatura desempenha papel importante na dissolução e na rcpreci- pitação das fibrilas. Um congelamento prévio dos tendões era necessário pari causar sua dissolução no ácido acético. A 4-5°, a dissolução é cxtrcmamcntc lenta; a 37°C, bem rápida. A 4-5°, a reprccipitação não ocorre dentro de uma semana, enquanto a 37°C é completa dentro de 2 horas. Fibrilas dissolvidas em ácido acético e reprccipitadas cm tampão de citrato mostraram diversas fases de reformação. Acredita-se que a sequência é (1) fibrilas curtas, não estriadas, (2) fibrilas compridas, não estriadas, (3) fibrilas compridos, estriadas. Desta maneira, parece que um certo comprimento da fibrila e uma certa tensão são necessários para a formação das estrias nas fibrilas reprecipitadas. Tendões do rabo, do dorso e das patas do rato branco mostraram diferentes respostas ao mesmo tratamento. Tentativas de dissolver e reprecipitar o tendão posterior das glândulas labiais de Constrictor constrictor, não foram bem suce¬ didas. Desta maneira, achamos que as condições necessárias para a dissolução SciELO 11 12 13 14 15 16 17 ,9 IMA CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DA ESTRLTLRA 1- ULTRA-FINA E DAS PROPRIEDADES QUÍMICAS DE FIBRILAS DO TECIDO CONJUNTIVO ANIMAL e a reprecipitação de fibrilas colágenas variam com o animal e o órgão de origem. Tendões não prèviamente congelados, quando adicionados a ácido acético prèvi amente resfriado a 4°C, incham e ficam transparentes, mas permanecem lineares em forma. Aqueles colocados em árido acético a 37°C e em seguida resfriados a 4°C, mostram uma forma de zig-zag. A 37°C, não são formados zig-sags. Alcale diluido pareceu não ter efeito sôbre o tendão de Constrictor cons- trictor, nem a 4 o nem a 37°C. AGRADECIMENTOS Agradecemos o auxílio técnico de Sr. Adolpho Brunner, Jr. e Srta. Cecilia Doneux. O trabalho foi favorecido, em parte, por subsídios da Fundação de Rockefeller e do Conselho Nacional de Pesquisas. Tabela I INFLUÊNCIA DE VÁRIOS FIXADORES SOBRE O TENDÃO DA GLANDULA DE VENENO DA SERPENTE. Fixador . Não-fixa do Formol 5% Bouin Zenker Período (Â) .... 660 660 660 660 Comprimento (A) 1000-1600 1400-2000 830-2600 1100-1300 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 Mera. Inst. B-jUr.Un, 27:1-39. 1953/6. P. SOUZA SANTOS. H. SOUZA SANTOS. G. A. EDWARDS, A. R. HOGE A P. SAWAYA 13 Tabela II PERÍODOS E DIÂMETROS DE FIBRILAS COLÁGENAS DE VÁRIOS ANIMAIS (cm À) Órgão animal Serpente Lagarto Jacaré Sapo Pombo Ser Humano Obliquo externo d=798 p=630 d=798 p=600 d=793 >=570 Coração d=1100 p=600 Tempo ralis d=630 p=590 Hioglosso d=600 p=600 d=640-900 p=640 Tendão da glân¬ dula de ve¬ neno d = 1400-2000 p=660 Veia d=800 p=630 Vas dtfcrcns d=630 p=600 Rctrator do hemipenis d=900 p=600 Cauda d=640-1400 p=640 Lingua d=600 p=S90 cm 2 3 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 _ Ifm». Imt. Bntantan. V. SOUZA SANTOS. H. SOUZA SANTOS. 27:1-39. 195S/6. G. A. EDWARDS. A. R. HOGE & P. SAWAVA Fic. 1 A, R. Fibrilas colápcnas normais do rctrator do bcniipcnis de Construtor constnctor amarúli. Fixadas cm íormol. Fic. 1 A, B. — Xormal collagcn fibrils from rctractor of licniipcnis of Constriclor constrirtor amarali. Formalin íbccd. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 ***** iUiiüj».* L t.kU‘ AU • ** \i > . .> ' *" ' >*±Hn ía xLUk.l , ^> 111 “^ UMA CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DA ESTRUTURA ULTRA-FINA E DAS PROPRIEDADES QUÍMICAS DE FIBRILAS DO TECIDO CONJUNTIVO ANIMAL Fig. 2. — A. Fibrilas colágenas normais de retractor do hemipenis de Constrictor, fixadas no líquido de Zenker. — B. Fibrilas colágenas normais do retractor do hemipenis de Constrictor, fixadas no líquido de Bouin. Fig. 2 — A. Xormal collagen fibrils from Constrictor hemipenis retractor, fixed in Zenker’s fluid. — B. Xormal collagen fibrils from Constrictor hemipenis retractor, fixed in Bouin’s fluid. cm SciELO M«n. In«. Butanun. P. SOUZA SANTOS. H. SOUZA SANTOS. 27:1-39. 1955/6. G. A. EDWARDS. A. K. HOT.E A P. SAWAVA Fro. 3 — Fibrilas colácenas do rabo de jacaré, mostrando variação no diimetro. : lS - •* — Fibrilas colãgcnas do tendão dorsal do rato. Xão lixadas. FlC. j. — Collagen fibrils from tail of caiman, -C. 4. — Collagen fibrils írom dorsal tendon of Unfixcd. mostrando a influência dc extensão. showing variation in dianKter. rat, shawing inílucncc of stretcll. cm 2 3 4 5 6 7 11 12 13 14 15 16 17 ,_ p F ' C 5 A »■ - FWbtJ, 'Zr*' * **»* *m«. -****«. cm SciELO SciELO 11 12 13 14 15 16 17 18 20 UMA CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DA ESTRUTURA ULTRA-FINA E DAS PROPRIEDADES QUÍMICAS DE FIBRILAS DO TECIDO CONJUNTIVO ANIMAL Fic. 7. — A. Fase inicial na formação de fibrilas repreci pitadas ; na maioria fibrilas curtas, não estriadas. — B. Fase mais adiantada, mostrando fibrilas mais compridas, não estriadas. Fic. 7 — A. Early stage in formation oi reprecipitated fibrils ; mostly short, non-striated fibrils. — B. Later stage showing longer, non-striated fibrils. SciELO 11 12 13 14 Mrm. In*t. Batantan, 27 : 1 - 39 . 1955 6 . I*. SOrZA SANTOS. H. SOfZA SANTOS. G. A. EDWARDS, A. R. HOGE \ P. SAWAYA 21 VíCv; V W í V. f? « %i > \ "ÍjL'^ iT s 'PI ****** • >Af/ - V ' • • . '■ .1 .» 8 A 8 B Fic. 8 A e B. — Fases intermediárias da formação de fibrilas reprccipitadas. mostrando algumas fibrilas compridas, estriadas. Fic. 8 — A and B. — Intermcdiatc stages of formation of reprecipitatcd fibrils, showing sevcral, long, striatcd fibrils. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 ->■> CM A CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DA ESTRUTURA CI.TKAFINA E DAS PROPRIEDADES QCIMICAS DE FIBRILAS DO TECIDO CONJUNTIVO ANIMAL Fig. 9 A e li. — Fases finais na formação de fibrilas reprecipitadas; essencialn-.cntc fibrilas todas compridas, estriadas, possuindo período igual àquele das íibrilas originais antes do tratamento. Fig. 9 — A and B — Final stages in formation oí reprecipitated tibrils; cssentially all long, striated íibrils, liaving period equal to that of the original fibrils beíore treatment. cm SciELO ín5t - -'-' 1 - 59 . 1955 / 6 . * U ihx!e '1\, |B||| 23 10 A 'Vyi .* .'-«i mjmm 'mu m mrtl F,r 10 , V F '^ rÍ ' a fI ° '■' n,Üo do ra <° «■vpo.ia a ftí) "C I ' B- Fibrila do twdâo do ra.o cx,*„ u a -W-C .TT J n " nU, ° S - Fir JO __ Fihril , ' C ri,c - «ninuio-i. n p., . . f ' m ra * ,rrnf l«n cxp< ,sct| to 60 ° C f nP 7 B. Fib„! .ron, rat tcodon cxpo*d ,o 40 » C Z 2 L *°r 2 minutes. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 24 UMA CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DA ESTRUTURA ULTRA-FINA E DAS PROPRIEDADES QUÍMICAS DE FU!RH.AS DO TECIDO CONJUNTIVO ANIMAL - KWi "2 jF r i E 'Cf [ \ifJi II A vY • VSK ,• 1 >■* y. ' • ' 7/ -tSVJ Fig. 11 A e B. — Fibrilas do tendão posterior da glândula labial de Conslrictor após exposição do ácido acético a 10-4 M prèviamcnte resfriado a 4-5°C durante 24 horas. Fig. 11 — A and B. — Fibrils from posterior tendon oi labial gland oí Conslrictor aíter exposure to precoolcd 10-4 molar acetic acid at 4-5.° C for 24 hours. cm 2 3 4 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 SciELO ' 0 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 L cm Mem. Injt. Batantan. 27 : 1 - 39 . 1955 6 . P. SOUZA SANTOS. H. SOUZA SANTOS. G. -V EDWARDS. A. R. HOGE & P. SAWAYA A CONTRIBUTION TO THE KNOWLEDGE OF THE FINE STRUCTURE AND CHEMICAL PROPERTIES OF ANIMAL CONNECTIVE TISSUE FIBRILS. P. SOUZA SANTOS*; H. SOUZA SANTOS**; G. A. EDWARDS***- A. R. HOGE**** AND P. SAWAYA***. INTRODUCTION. Collagen is the principal protcin constituent of tlie loose and compact con- nective tissues. It occurs either as a network of fibrils of approximately one nncron thickness and of many microns Icngth associated witli almost all tissues in the whcle animal series; or as thick hundles forming tlie tcndons (1). Col¬ lagen is a fibrous protein, according to the classification of Asthury (2). It is insoluble in \vater, organic solvents, and dilute Solutions of alkalies and acids at ordinary temperatures. Tlie prolonged action of hot water changes collagen into gelatin, a Chemical reaction of great importance and from which is derived the tcrm itself (collagen means “glue former”). Anothcr cha- racteristic property of collagen is its swclling by action of dilute acids and alkalies (3). The amino acid composition is roughly the same in the various collagens from different animais, but the rclative percentage composition changes írom animal to animal (4). The majority of the collagens show a higli content «>i ghcine. hydroxyproline, and of aromatic and sulfur containing acids (5, ó) Studies of collagen fibrils by physical methods, such as high and low anglc X-ra> scattering, electron microscopy, and polarization microscopy have put in evidcnce the fibrous nature of collagen and have shown the existence of a characteristic period, averaging 640 A in collagen from the entire animal series (~i. Fhc 640 A period has lieen obscrved also in collagen from fóssil animais, ,nst ance in the demineralized tusk of a 15,000 year old mammoth (4.7). On Secção de Vinis, Instituto Butantan, S. Paulo, Brasil. Secção de Microscopia Eletrónica, Universidade de S. Paulo, Brasil. Dcpto. de Fisiologia Geral e Animal, Universidade de S. Paulo, Brasil. *** Laboratório de Ofiologia. Instituto Butantan, São Paulo, Brasil. Received, for puhlication. on 26.1.1955. SciELO 3 28 A COVTRIBUTION TO THE KXOWLEDGE OF THE FIXE STRUCTURE AND CHEMICAL PROPERTIES OF ANIMAL CONNECTIVE TISSUE FIBRILS the other hand, high angle X-ray scattering, which reveals small spacings in the molecular architecture, shows differences in the spacings of the various collagens (8). Of all these methods, electron microscopy provides a speciai approach to the fine structure of the fibrils and to their arrangement in the cells and tissues by direct visualization. Unfortunately, due to only 10 A resolving power of electron microscopes, details of the architecture of the polv- peptide chains within the fibrils cannot yet be observed. At present there are three major trends of research on collagen fibrils. The first is the consideration of its fine structure, starting from the spatial arrangement of the polypeptide chains forming the fibrils to the organization of the fibrils into the networks of the tissues and tendons. Such studies are being carried out intensively at the moment, but are far from completion (9,10). From such studies serious attempts ha ve been made to reconstruct models of the polypcptide chains in the collagen fibrils. Of these the most promising at the moment are the models of Bear (4), Randall (11), Pauling (12) and Huggins (14), inasmuch as the model of Astbury has been proven unsatis- factory (13). The second trend is the study of the Chemical properties of collagen fibrils, particularly with a view to improving the quality of leather (3, 15). Not only is collagen important as the raw material for the manu¬ facture of gelatin and glue, but is extremely important in the manufacture of leather. The hide, or corium, has as its main component (35%) a network of collagen fibrils which give it strength and elasticity. To maintain these properties and to eliminate the disadvantage of putrescence, the collagen fi¬ brils are rendered insoluble by rcaction with tannins and chromium salts. These reactions can bc controlled by observation with the electron microscope. In the third place, from the biological point of view, collagen is a structural protein intimately associatcd with the organization of tissues and organs. Thereforc knowlcdge of the normal structure of the collagen fibrils from various tissues and organs, under differing physico-chcmical conditions, is the starting point for the understanding of the changes which occur in normal tissues, e.g. histo- genesis of the conncctive tissues and ageing process, as well as pathological changes such as those produced by collagenase in rheumatic fever or gangrene (16, 26). In the present study we aim to present some electron microscope obser- vations of normal collagen fibrils from various tissues of several animais, prin- cipally rcptiles; and to show the action of certain Chemical and physical factors upon the fibril structure. It has seemed more suitable to preser.t the methods, materiais, results and discussion together under each section, rather than as separate chapters. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 p üem. Imt. Butanun, 37:1-39. 1955/6. P. SOUZA SANTOS. H. SOUZA SANTOS O. A. EDWARDS, A. R. HOOE & p. SAWAYA 29 PERIOD AND FINE STRUCTURE OF FIBRILS We have studied collagen fibrils assodated with the myofibrils of the followmg skeletal rnuscles: externai obliqúe of the toad, Bufo paracnemis, of the caiman. Caiman latirostris (Daudin. 1802), of the snakes Constrictor constrtctor amarali Stull, 1932 and Liophis mUiaris mcrrcmi (Wied, 1821), oi the pigeon and the human. From the reptilian series (caiman. snakes and the lizard. Tupinambis teguixin (L„ 1758) ) were used also collagens from the following rnuscles: hyoglossus, temporalis, retractor caudae, tip of tongue and heart. Obsen-ations were also made on collagen fibrils from veins and the eierent canal of the lizard and snakes. In addition we used tedons from the front feet, dorsuir. and tail of the albino rat. and tendon from the posterior poison gland of Bothrops altemata D.II. et D., 1854 and its homologue in ouslricto). The fibrils were prepared for clectron microscopy by the tcchni- que previously described for preparation of myofibrils (35). Obsen-ations were ma.Ie , n both the Siemens, 1001), and the RCA, EMU, electron microscopes. * easurements were obtamed from enlarged electron micrographs taken in the '' A. electron nncroscope whose magnification was dctermincd within 5% error (17). In all cases the collagen fibrils appear as single filaments, at times in a netuor or m bundles, presenting a characteristic cross striation formed by ie alternai,on of dark and light lands, which have lieen called respectivelv W and B bands by Schmitt (18) and D and H bands by Wolpers (19). The ark bands are regions of high electron scattering power, meaning that thcy ia\c a greater density or more atoms |>er unit volume than lia\-e the light tonds In the metal shadowed preparations the bands are clearlv evident when he direction of shadowing is parallel or nearly parallel to the Iong axis of n ( '!>nre 1). In those preparations where the shadowing is at right ang es to the long axis the lrands are not clearly seen in the fibrils but the íibril contour i> \isible in the shadow. In unsliadowed preparations the bands can . SCCn ° nly when thc fibri,s are q«'tc clean. i.e. when the ground substance tóver. somet.mes attached to the fibrils. does not cover and obscure the band« It may 1« seen clearly in Figure 1 that the A band is higher than the B, thus pung to the f,br,1 the aspect of a string of In-ads. However. this appearance ' * S ln reaI,tv due to the ,oss of "ater from the fibril, since it has been show.i v means of replicas of wet collagen fibrils that the surfacc is uniformly smooth thus seems reasonable to assume that band B has a higher water contem inn band A (20). By selective staining with the so-called electron stains, t e. osnuc acul. phosphotugstic acid or uranyl acetate, a finer stnicturc can SciELO .0 11 12 13 14 15 16 cm 30 A COXTRI BUTION TO THE KXOWLEDGE OF THE FIXE STRLCTLRE AXD CHEMICAL PROPERTIES OF ANIMAL COXXECTIVE TISSUE FIBRILS be evidenced in nonshadowed preparations. Four dark lines appear in the A band (a, b, c, d,) and a single line in the B band (e). Under certain condi- tions the “b” and “e” lines may appear to be split into two lines each, thus giving a total of seven lines (23). In shadowed fibrils not all the lines become visible. However, due to the fact that the “b” and “c” lines are of large diameter, they become prominent in clean fibrils that are shadowed parallel to their long axis (Figure 1,2), giving the appearance of an extra cross striation in the A band, liaving a period of 270 Á, the so-called intraperiod of shadowed preparations (27). The sum of the lengths of the A plus B bands adds up to an average of 640 A, which agrees thus with the characteristic spacing of the dry collagen fibrils as revealed by small angle X-ray scattering (4). In all of our cxperiments we used metal shadowed specimens, hence variations of the sub-lines were not considered in this study. Most of the previous work in the electron microscopy of collagen has in- volved formalin fixation since formalin does not change the intrinsic double refraction of collagen, hence does not change the arrangement of the polypep- tide chains in the fibrils (28). Inasmuch as our studies include a variety of collagens it was deemed advisable to determine the influence of several fixa- tives before entering the definitive experiment. Thus the period and diameter of fibrils was determined after the use of formalin, Zenkers and Bouin’s Solu¬ tions, as well as unfixed material. The results obtained with the tendon frotn the salivary gland of Conslríclor are presented in Table 1, where it will be seen that the average period is the same in the unfixed and the íixed materiais, but that the range of diameters varies with the fixative. The aspects of the fibrils after such treatment is shown in Figures 1 and 2. On the basis of these results we used either unfixed material, or fixation with 5% formalin in the definitive cxperiments. The final observations on the normal collagen fibrils included measuremenls of the period and diameter of a number of fibrils taken from diíferent regions of various animais, and studies on the form of the fibril in general. In Table 2 are presented measurements of the length of period and diameter of fibrils from various organs and animais. It can be seen that although the period varies slightly, both from organs of the same animal or from animal to animal, it remains uniformly around 640 A, confirming Bear‘s observations with low angle scattering (8). The diameters presented greater variability. In the fi¬ brils from certain organs, e.g. tongue of the lizard, the diameters are uniform. In others, however, as for example from the tail of the caiman, Figure 3, the range of diameters may be extensive, in this case from 640 to 1400 A. The constancy of period plus the variation in diameter of the fibril has been taken cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. Inst. ButinUn, 27 : 1-39 1955 / 6 . P. SOUZA SANTOS. H. SOUZA SANTOS. G. A. EDWARDS. A. R. HOGE & P. SAWAYA 31 by Bear (4) as the basis of his model of the collagen fibril to support the view that the fibril is composed of units, the protofibrils, whose diameter is manv times smaller than that of the fibril and whose composition is that of few poly- peptide chains, the whole aligned in such manner as to give constant period It is believed that the collagen fibril is composed of a series of holloiv rir.gs (27) and indeed electron micrographs of cross sections of tendons (9) have been presented showing the hollow appearance. These obscrvations in no way disagree with the obscrvations made with tlx: polarizing microscope (28) indicating that collagen fibrils have both form and intrinsic birefringence, inasmuch as the protofibrils are Iocated only in the periphery. Randall (9) disagrees with the idea of the hollowness of the fibril, claiming that if true the fibril should show less density tlian in fact is the case. As a result of the present studies we believe that the fibril is hollow, and understand as “hol lowness” the absence of protein or other solid material and the presence of a liquid phase in the core of the fibril. The liquid phase disappears during the drying proccss in the preparation of the fibril for the microscope, leaving a partially collapsed fibril of beaded appearance. In ultrathin sections the fihrils appear hollow due to the preservation of the tridimensional structurc and the loss of water during fixation. The general form of the collagen fibril is well ilustrated in a series of photographs of the tendons of th; posterior poison gland of Bothrops (Figures 5 and 6). The tendon was leit in physiological salinc at 4-5 degrees C for 6 wecks for maceration, tlicn washed and blended in distilled water, dried and shadowcd with chromium. It will bc scen that some of the fibrils split lengthwise showing in the region of the split a series of incomplete rings(5A, 6A). In others the orientation of the section of the fibril is such that onc can observe a hollow, broken end (5A). And in still others the extremities of the fibrils are flattencd out (5B) or fraycd (6B), suggesting that the inner material lias been drawn off during the drying proccss. If, as we believe on the basis of these preparations, the fibril has a liquid, or semi- liquid core, then Randall s comments are no longcr valid. Further evidcnce of the ring strueture of the fibril is the extensibility. Under the action of tension along the length of the single fibril (the whole tendon eannot l>e greatly extended as it breaks too easily) the fibril increases in length, principally by change of length of the light and with Iittle or no change in the dark band. If the tension is sufficient the rings appear to separate, breaking the fibril into units compa- rablc to the sarcomeres of myofibrils. This proccss can bc best observed in fibrils under tension causcd by breakagc of the supporting grid film in the electron microscope (as in Figure 4 showing fibrils of unfixed tail tendon being deformed by longitudinal tension due to film breakage), inasmuch as stretch of the single fibril by other means is exceedingly difficult. Such obscrvations SciELO 32 A COXTRUtCTIOX TO THE KXOWLEDGE OF THE FIXE STRUCTCRE AXD CHEMICAL. PROPERTIES OF AXIMAL COXXECTIVE TISSUE FIBRILS play an important role in the visualization of the disposition of tlie amino acids in the polypeptide chains inasmuch as in collagen the alpha-beta keratin chain model cannot be applied (4, 29). ACTIOX OF HOT WATER OX FIBRILS It is well known that. iinder the prolonged action ot hot water, collagen dissolves and turns into gelatin. For tendon therc is a characteristic shrinkage temperature which depends npon the médium and the previous treatment of the tendon (3). For fresh tendon in water this temperature is from 60 — 65 degrees C. Fresh tendon. at this temperature, íirst suffers a sudden shortening accompanicd by increase in diameter and decrease in period. Upon further heating the tendon is dissolved slowly and is changed into an amorphous structure, as indicated by low anglc X-ray scattering (3, 4). \Ye have carried these obser¬ vai ions further by noting the changes in single fibrils by means of the electron microscope, using rat tail tendon. The single fibrils after two minutes in dis- tilled water at 60 degrees C shorten in Iength, decrease in period and increase in diameter. thus indicating that the macroscopical changes mentioned above are the result of changes at the fibrillar levei (Figure 10A). At 40 degrees C no change in the structure of the fibrils could l>e observed (Figure 10B). At 60 degrees C after two minutes the extremities of the fibrils begin to lose their shape. After a longer exposure the striations begin to disappear, showing that the Ioss of the characteristic long spacing (revealed by low angle X-ray scattering) is accompanied by the loss of the 640 A period, thus indicating that the two are actually the same. After further exposure at this temperature the fibrils dissolve completely. At 100°C the changes occur with great rapidity. Within two minutes the fibrils are changed completely into gelatin. Our results with the rat tendon thus agree with those of Lelli (30) for human dermis. The action of the hot water can be interpreted as íollows (4). The pro- tofibrils are first changed from the orderly State, normally occuring in the intact collagen fibril, into a disordered State. With continued exposure the hot water changes the collagen protofibrils into íree gelatin molecules. ACTIOX OF DILUTE ACETIC ACID OX TEXDOX Years ago Xageotte (31) showed that rat tail tendon could be dissolved in dilute acetic acid (IO -4 molar) producing a clear and verv viscous solution. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mrm. In«l- Butantan, 27 : 1 - 39 . 1955 / 6 . I*. SOUZA SANTOS. H. SOUZA SANTOS. G. A. EDWARDS, A. R. HOGE A P. SAWAYA 33 This observation has been extended to collagens of different animal origins (cf. Bear for reíerences (4) ). Tlie collagen can be reprecipitated from the viscous solution by changing the salt concentration by dialysis, or by diluting with suitable buffers of definite pH (32, 34). The reprecipitated collagen presents the same structure as the original, as shown by X-ray diffraction (33), i. e. the MO A spacing, but a less orderly internai arrangeinent. The under- standing of the reprecipitation of collagen from solution, as well as the reaction of collagen Solutions with mucoproteins (34), polysacliarides, glucoproteins and nucleic acid derivatives (7), which also produce precipitates íormed of banded fibrils, is of the utmost importance for obtaining informático on the meclianism of íibrogenesis in tissues. In view of the fact that descriptions in the literature of the exact condi- tions for dissolution and reprecipitation of collagen are incomplete (32) we have repeated these experiments with several types of collagen from several animais, varying the temperature, molarity of acetic acid. pH, and ionic con¬ centration. We have thus determined the definite conditions ncccssary for predpitation of certain collagens, and have discovered that certain othcrs enter only with difíiculty, or not at all. into solution, and that temperaturc plays an important part in the process. A. — Rat Tail Tendon — If rat tendon is placed, under stcrile conditions, in any volume of 10~* molar acetic in stoppcred flasks at 4-5°, or at 37°C, only a very small íraction of the tendon is dissolved. Macroscopical changes, however, can l>e observed; the changes differing with the temperature. Aftcr repeated efforts we succeeded in obtaining bettcr than 95% dissolution by freezing the tendon first with dry ice, cutting with a microtomc into scctions 30-40 microns thick, then placing the acetic acid at 37° for 6 liours under stcrile conditions. The entrance into solution was aided by jK-riodical shaking with glass bcads. Repeating the process without the aitting also proved successful. Thus the prefreezing in some way permits easier dissolution, perhaps by acting upon the ground substance that surrounds the collagen. Frozen tendon did not dissolve at 4-5° C. The relativc amounts of tendon and acetic acid are not criticai. In the final experiments we used a ratio of one part moist tendon to five parts of 1CH molar acetic acid by weight, inasmuch as higher ratios produce Solutions too viscous to be filtered through the Seitz filters. The viscous solution of collagen thus produced was filtered through a Seitz filter to eliminate any suspended matter or any undissolved fibrils, and the filtrate examined in the electron microscope. Xo fibrillar structures could be found in the final solution. The reprecipitation process dependcd greatly upon the temperature. The l>est predpitates were produced using one part of collagen SciELO 34 A COXTRIBUTIOX TO THE KNOWLEDGE OF THE FIXE STRCCTURE AXD CHEMICAL. PROPERTIES OF ANIMAL COXXECTIVE TISSUE FIBRILS solution to five parts of 0.1 molar citric acid-sodium citrate buffer by volume at pH 4.9. At 4-5° C no visible precipitate in the collagen-buffer mixture can be observed even after one week. Low speed centriíugation (Servall, 5000 rpm, 2 hours) did not separate out any observable fibrillar precipitate. If, however, the collagen solution and the buffer, both previously brought to room temperature, are mixed and let stand at room temperature, a complete preci- pitation is obtained within two hours. Tliis white, gelatinous precipitate can be easily separated from the supematant liquid by decantation or by centrifu- gation. For examination in the electron microscope the salts were washed out by repeated washings with distilled water and recentrifugation. The final precipitate, suspended in distilled water, was then examined in the usual way and found to contain characteristic collagen fibrils of the same period as those in the original fibrils. In general the reprecipitated fibrils showed sharp con- tours, although the extremities appeared somewhat frayed. In various prepa- rations there appeared several types of fibrils, varying from short, non-striated (Figure 9A), to longer, non-striated (Figure 7B), longer striated (Figure 8) and finally deíinitive fibrils (Figure 9). It is tempting to suggest that these represent stages in the formation of the cross striated collagen fibril, i.e. that the cross striation occurs after the fibril reaches a certain length and probably a certain tension. B — Salwary Gland Tendon — Attempts to repeat the experiment above with the posterior tendon of the labial glands of Constrictor failed, even when longer contact times were used. This difference in behaviour is puzzling inas- much as both the rat tail, and the gland tendon are pure tendons without other tissue involved. Tlie gland tendon showed a certain degree of swelling after 24 hours in the acctic acid. Fibrils fixed in 5% formalin, blended in distilled water and examined in the usual way in the electron microscope, showed an increase in period of cross striation with decrease in sharpness of outline of striations. C — Tendons From Various Parts of Body — The two previous expe- riments strongly suggest that the dissolving power of the acetic acid depends up>on the animal, upon the region of the body from which the tendon is taken, and upon the preteatment. Without previously freezing the tendon the action of acetic acid appears to be limited to swelling, the amount and typc of which depends upon the temperature. To test this thesis, tendons were taken from the tail, dorsum and paws of albino rats. Pieces of approximately the same size from each region were placed, without prefreezing, in 1CH molar acetic acid under sterile conditions at 4 o and 37°C and thus maintained for 24 hours. Subsequently they were cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 * Mm. In«t. BnUctín, 27:1-39. 1955/4. P. SOUZA SANTOS, H. SOUZA SANTOS. G. -V EDWARDS, A. R. HOGE 4 P. SAWAYA 35 fixed in 5% íormalin, blended in distilled water and prepared for electron microscopy. In one set of experiments the acetic acid was brought to the de- sired temperature before adding the tendon. In a second series the tendons were placed in the acetic acid at room temperature and then brought to the desired temperatures. The results differed considerably, as will be shown below. At the lower temperature (4°C) the tendons swell amazingly and become transparent; having the appearance of a rigid jelly and the tendons do not lose their shape even after shaking (Figure 11). At 37°C, on the other hand, the tendon swells less, becomes opaque and loses its silken appearance. The fibrils írom the tendons brought gradually from 37° to 4°C appeared in the electron microscope as zig-zag fibrils of short and irregular period (Figure 12). Tliis phenomenon principally was seen in the tendons from the tail and dorsum. In some of the zig-zag fibrils the period was maintained, in others it disappeared. Xo zig-zag fibrils were observed at 37°C. The meaning of the formation of the irregular, zig-zag type of fibril is not clear from these studies. It secms to be related to the cífect of tempe¬ rature inthat when the tendons are placed directly in acetic acid previously cooled to 4°C no zig-zag formation occurs. Tlius it is evident tliat it is caused by the gradual lowering of the temperature. Noticeable also was the íact that only at the low temperature was the cross striation lost, while at the highcr temperature the striations continucd observable even when the fibril was ap- parently disintegrating along the long axis. In fact, the aspcct of the fibrils after being treatcd with acetic acid at 37°C is similair to that after treatment with water at 60°C. ACTIOX OF DILUTE ALKALI ON TENDON It lias been held previously that dilute alkali does not attack collagen. However, Gross (16), has shown that 0.1 normal sodiurn hydroxide causes fragmentation of the collagen fibrils in the transverse direction and eventually causes the reduction of some fibrils to an amorphous mass. Attempts to repeat the experiments of Gross with tendon from the labial glands of Conslriclor were unsuccessful. The collagen fibrils were isolatcd as describcd previously and suspended in 10“* normal sodiurn hydroxide. Controls were made by sus- pending tendons in distilled water. Both were then left for 24 hours at 37°C and at 0°C and subscquently examined in the electron microscope. As far as could be determined from the micrographs no clianges occurred. Thus these experiments show that either (1) dilute alkali does not have an effect upon SciELO .0 11 12 13 14 15 16 cm 36 A COXTRIBUnON TO THE KXOWLEDCE OF THE FINE STRUCTURE AND CHEMICAL. PROPERTIES OF ANIMAL CONNECTIVE TISSUE FIBRILS tendon, as previously believed, but that a stronger concentration could have or (2) that, as found in other experiments mentioned above, the efíect of an agent upon eollagen will depend greatly upon the animal and region from which the tendon is taken. Further experimentation is undenvay to clarify this point. SUMMARY Collagen fibrils from various organs of toad, reptiles, pigeon, rat and human have been studied by means of the electron microscope. Observations have been made upon the influence of stretch, fixatives, salts, acids, alkalis and tem- perature upon the stmcture of the fibril. Also studied were the conditions necessary for dissolution and reprecipitation of collagen. The normal fibrils from various organs of different animais showed an identical period, but varied considerably in diameters. The variation was more marked in certain animais and organs than in others, e.g. fibrils from lizard tongue were extremely uniform, whereas those from the tail of the caiman varied considerably. Fibrils were observed fresh, and fixed in formalin, Bouin’s fluid and Zenker’s fluid. In all cases the period remained uniform, but the diameter of the fibrils appeared to vary with the íixative. Greatest uniformity was obtained with 5% formalin. When subjected to tension the fibril increases in length, principally in the light band. With continued tension the fibril breaks into individual units of the length of the two bands only. Tendons left in physiological saline for long periods of time easily split longitudinally during blending and show considerable flattening when dried on the grids. In many fibrils thus treated may be seen incomplete rings in the periphery of the fibril. or a hollow core at the extremities. We thus believe the fibril to normally have a liquid, or semiliquid, core. At 40°C the fibrils show no change in water. Within two minutes of exposure to water at 60°C the fibrils begin to lose their shape. On continued exposure the fibrils shorten, increase in diameter with conseqent shortening of period, slowly dissolve and íinally become an amorphous gelationous mass. At ÍOC^C these changes occur within 2 minutes. The hot water appears to change the collagen protofibrils into free gelatin molecules, by stages in which the protofibrils are changed from the normal orderly to a disorderly State. Temperature was found to play an important role in dissolution and repre¬ cipitation of the fibrils. Prefreezing the tendons was necessary to cause their cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mra. Insf. BoUntao, P. SOUZA SANTOS, lí. SOUZA SANTOS. 17 27:1-39. 1955/6. G. A. EDWARDS. A. R. HOGE 4 P. SAWAYA dissolution in the acetic acid. At 4-5° dissolution is extrcmely slow; at 37°C quite rapid. Repredpitation at 4-5° does not occur within one week, whereas it is complete within 2 hours at 37°C. Fibrils dissolved in acetic add and repredpitated in citrate buffer showed several stages of reformation. It is believed that the sequence is: (1) short, non striated fibrils, (2) long, non-striated fibrils, (3) long, striated fibrils. Thus it appears that a certain length of fibrils and certain tension is necessary for the formation of the striation in the repredpitated fibrils. Tendons from the tail, dorsum and paw of the white rat showed different responses to the same treatment. Attempts to dissolve and repredpitate the posterior tendon of the labial glands of Constrictor were unsuccessful. Thus it was found that the conditions necessary for dissolution and repredpitation of collagen fibrils varies with the animal and organ of origin. Xon-prefrozen tendons added to acetic acid precoolcd to 4°C swcll and become transparent but remain linear in form. Those put in acetic acid at 37°C and then lowered do 4°C show a zig-zag form. No zig-zags are fonned at 37°C. Dilute alkali appearcd to have no eífect upon Constrictor tendon at eithcr 4 o or 37°C. ACKNOWLEDGEMENTS We would like to express our thauks do Mr. Adolpho Brunner, Jr., and to Miss Cedlia Doncux for thcir technical assistancc. The work was aided in part by grants from the Rockefellcr Foundation and the Conselho Nacional de Pesquisas. BIBLIOGRAPHY 1. Maximov, A. A. and Bloom, W. — Tcxibook of Histology, Saundcrs Pub. Co., Phila- dclphia, 1943. 2. Astbury, W. T. — Adv. in Enzymology, 3:63, 1943. 3. Kanagy, J. R. — National Bureau of Standards, Circular C 458, 194/. 4. Bear, R. S. — Adv. Protcin Chemistry, 7:69, 1953. 5. Newmann, R. E. — Arch. Biochctn., 24:289, 1949. 6. Trislam, G. R. — Adv. Protcin. Chcniistry, 5: 84, 1994. 7. Randall, J. T., Fraser, R. D. B.. Jackson, S-, Martin, A. V. W. and North, A. C T. Nature, 169: 1029, 1952. 8. Marks, M. H., Bear, R. S. and Blakc, C. 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Inst. Batir.Un, 27 : 41 - 50 . 1955 / 6 . WOLFGAXG BCCHERL & NICOLINA PUCCA 41 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL III. Titulação, por meio de camundongos, das peçonhas de Tityus costatus (Karsch), Tityus trivittatus Kraepelin, 1898 e Bothriurus bonaricnsis (Koch), 1842.’ WOLFGAXG BÜCHERL & NICOLINA PUCCA (Laboratório de Zoologia Médica, Instituto Butantan) INTRODUÇÃO Os representantes de Tityus costatus e T. trivittatus possuem aproximada¬ mente as mesmas dimensões das duas espécies perigosas ao homem, Tityus scrrulatus c T. bahiensis. Sua peçonha sêca é igualmcnte quase tão abundante quanto a das últimas. Em se tratando, pois, de representantes de um e mesmo gênero, pareceu-nos interessante investigar a intensidade de ação da peçonha tias duas primeiras espécies e compará-la com a de T. bahiensis c scrrulatus. O interesse na elucidação da ação da peçonha de Bothriurus bonariensis não é menor, pois êste escorpião é muito frequente pelo Brasil afóra, princi- palmente nos Estados sulinos e na Argentina, no Uruguai e Paraguai. MORFOLOGIA EXTERNA E HABITAT O Tityus costatus atinge 75 mm. O colorido do cefalotóracc é castanho escuro, com "marmorações” mais claras e bordas denegridas. Cauda amarela, escurecendo para trás; segmento V quase negro; vesícula amarela; estemitos e pernas amarelados, mancliados de escuro. Mão mancliada nas fêmeas, estreita c sem lobo’; amarela nos machos, larga e com ‘‘lobo" basilar entre os dedos. Pentes com 16 dentes nas fêmeas e 17 nos machos. Habitat: — Serra dos Órgãos e ilha de São Sebastião. Recebido, para publicação, em 8. III. 1955. SciELO 42 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL, III O Tifyus trivittatus, escorpião com 55 a 70 mm de comprimento, apresenta um cefalotórace amarelado com três faixas longitudinais negras; cauda amarela, escurecendo para trás; pernas amarelas; pentes com 20 a 22 dentes. Habitat: — Uruguai, Paraguai, Argentina — Tityus trivittatus confluens (Borelli, 1899), Brasil-Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás — Tityus trivitta¬ tus charreyroni (Vellard, 1932), Minas Gerais e Rio de Janeiro — Tityus trivittatus dorsoniaculatus (Lutz & Mello, 1922). O Bothriurus bonaricnsis (Koch), 1842 atinge entre 50 e 55 mm de com¬ primento. É um escorpião preto, brilhante, com fosseta sub-redonda na área dorsal da vesicula caudal, preta nas fêmeas, amarela ou alaranjada nos machos. Pentes com 21 a 24 dentes. Habitat: Uruguai, Paraguai, Bolívia, Argentina, Brasil do Sul e Central — Bothriurus bonaricnsis araguayac (Vellard, 1934). É o escorpião mais encon- tradiço no Rio Grande do Sul. Representantes desta espécie foram recebidos da zona noroeste do Estado de São Paulo e do outro lado da fronteira com Minas Gerais. O escorpião preto destas últimas regiões foi descrito como Bothriurus niagalhactisi Mello-Leitão, 1937. Um confronto, porém, de séries não deixa dúvida de que deve ser incorporado na espécie de B. bonaricnsis. MÉTODO A peçonha dos referidos escorpiões era retirada por choque elétrico, sêca e guardada em vácuo, ao abrigo da luz, à temperatura comum de laboratório. Um T. trivittatus fornecia, em média, 0,25 mg; um T. costatus, 0,20 mg; e um Bothriurus bonaricnsis apenas 0,10 mg de peçonha séca. Nas re-extrações, repe¬ tidas de mês em mês, as quantidades diminuiram ainda mais. No dia da titulação pesavam-se as peçonhas e dissolviam-se três vêzes, por centrifugação c redissolução do resíduo, em volume determinado de salina com 0,85% de cloreto de sódio. Para a titulação das glândulas cortavam-se os “telsa” dos respectivos escor¬ piões e armazenavam-se em glicerina neutra, a 3.°C. Os “telsa”, retirados da glicerina, eram triturados, adicionando-se volume conhecido de salina. Pra¬ ticavam-se, após maceração a frio, 3 centrifugações e redissoluções do resíduo, sempre em volume certo dc salina. As soluções-mãis, límpidas com as peçonhas puras, um tanto opalescentes e turvas com as glândulas totais, como as respectivas diluições, eram rigorosamente estandartizadas, aquelas em relação ao pêso das peçonhas sécas em determinado volume de diluição, estas em relação ao número ou fracção de glândula venenífera por volume certo de veículo. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. tn.it Bníintan, 27:4I-50. 1935/6. WOLFGAXG BCCHERL & MCOLINA PUCCA 43 Empregavam-se camundongos do mesmo sexo e com pèso de 20 g cada, com dois gramas de tolerância, oriundos dos biotérios do Butantan, isto é, criados da mesma estirpe e sob o mesmo ambiente e idêntica alimentação. As pipetagens e dosagens se executavam com instrumentos rigorosamente calibrados. O “inoculam” era sempre de 0,5 ml. por animal. As injeções se daram devagar em uma das veias caudais ou sob a pele da barriga. O estabelecimento da dose 50letal era executado pelo método de Reed e Muench, entrando no resultado o cálculo das mortalidades acumuladas e suces¬ sivas de todos os lotes de animais ensaiados. RESULTADOS I. Bothriurus bonaricnsis a) LD 50 da peçonha sêca, por via intravenosa: Lote Peçonha < mR Camundongos Acumulação d. rrsult. % de mortalidade total VIVO» mortos tiro» mortos total & o/m 5 5 0 25 0 25 0 2 0,050 5 5 0 20 0 20 0 3 0.1 s 5 0 15 0 15 0 Q* 5 5 G 10 0 10 0 5 0.1 5 4 1 5 1 6 16,6 6 OJ S 1 4 1 s 6 83,2 7 1.6 s 0 5 0 10 10 100 Fator de diluiçSo: 2 35 25 10 j 76 16 92 LO 50 = 0,6 mR ± b) LD 50 da peçonha sêca, por via subcutânea: Lote Peçonha mg Camundongos AcumulaçSo d. rtsolt. % de mortalidade total vivos mortos vivo» morto* total i 0i 5 5 0 18 0 18 0 2 0.4 5 5 0 13 0 13 0 3 Ofi 5 5 0 s 0 6 0 4 1.6 5 3 2 3 2 5 40 5 V 5 0 5 0 7 7 100 Fator de diluiçlo: 2 25 11 7 42 9 51 I.D 50 = 2 tr.R ± SciELO cm 44 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO NO BRASIL, IU c) LD 50 das glândulas totais, por via intravenosa: Lote Grándula Camundongos Acumulação d. result. % de mortalidade veneaiiera total vivos mortos vivos morto? total i 1,60 5 5 0 12 0 12 0 * 1,40 5 4 1 7 1 8 12£ 3 1,90 5 2 3 3 4 7 57,0 4 2,70 5 1 4 1 8 9 89,0 5 3,70 5 0 5 0 1 13 100 Fator de diluição: 1,39 25 12 13 23 26 49 LD 50 = 1,8 gl ± d) LD 50 das glândulas totais, por via subcut ânea: i Lote Grándula Camundongos Acumulação d. result. % de mortalidade v-nenífera < total VÍVO* mortos vivos mortos total i 2.7 5 5 0 i 14 0 14 0 2 3.7 5 S 0 9 0 9 0 3 W 5 3 2 4 2 6 33 4 7.2 5 1 4 ' 6 7 86 Fator de diluição : 1,39 20 14 6 28 8 36 LD 50 = 5,85 gl. i II. Tilyiis coslatus a) LD 50 da peçonha seca, por via intravenosa: Lote Peçonha - Camundongos Acumulação d. result. %de mortalidada mg total vivos mortos viros mortos total i 0,1 5 5 0 16 0 16 0 2 0,13 5 5 0 11 0 ii 0 3 0,17 5 4 1 . 6 1 ê 14J 4 0,21 6 3 2 4 6 66 5 0,28 5 0 5 0 9 9 100 fator de diluição: 1.292 25 16 9 35 14 (9 LD 50 = 0.20 mg ± SciELO 11 12 13 14 15 16 17 WOLFGAKG BCCHERL i NI COLINA PÜCCA 45 Mcn. Inst. Butantan, 27:41-50. 1955/6. b) LD 50 da peçonha sêca, por via subcutânea: Lote Peçonha mg Camundongos Acumulação d. resuh. •’# de mortalidad * total Tiro* mortos vivos mortos total i 0,178 5 5 0 12 0 12 0 2 1.000 5 4 1 7 1 S 115 3 1,120 5 2 3 3 4 7 57,1 4 1.260 5 i 4 1 8 9 90,0 5 1,410 5 0 5 0 13 13 100,0 Fator de dllnlcIo:J,12 ! 25 12 13 23 26 49 LD 50= 1, 1 0 m ± c) LD 50 das glândulas veneniferas, por via intravenosa: Lote GUndula veneniíera Camundongos Acumulação d. resnlt. % de mortalidade total vivos mortos; vivos mortos total 1 1,00 5 5 0 21 0 21 0 2 1.12 5 5 0 16 0 16 0 3 116 5 4 1 11 1 1 12 81 4 1.41 5 3 2 7 3 10 30,0 5 1.59 5 2 3 4 6 1 10 60,0 6 1,78 5 1 4 2 10 12 63.1 7 2.00 5 1 4 1 14 15 93,0 Fator de diluição: 1,12 35 21 14 62 34 96 LD30= 112 gl. ±| d) LD 50 das glândulas veneniferas, por via subcutânea: Lote Glândula veneniíera Camundongos Acumulação d. rcsult. % de mortalidade total vivos mortos vivos mortos total i 1.00 5 5 0 ii 0 11 0 2 2.00 5 4 1 6 1 7 14 3 4,00 5 2 3 2 4 6 66.6 4 8.00 5 0 5 0 9 9 100,0 Fator de diluição: 2 20 11 9 19 14 33 LD50 = 3,4gl.± SciELO 46 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL. III III. Tityus trivittatus a) LR 50 da peçonha sêca, por via intravenosa: Lote Peçonha Camundongos Acumulação dos results. rag total vivos mortos vivos mortos total i 0.0016 5 5 0 16 0 16 0 2 0,0032 5 5 0 a 0 11 0 3 0.0064 5 4 1 6 1 7 i4a 4 0,012 5 2 3 2 4 6 66.6 5 0,025 5 0 5 0 9 9 100 6 0.050 5 0 5 0 14 14 100 Fator dc diluição: 2 30 16 14 35 28 63 1 LI) 50 = 0X14 mg ± b) LD 50 da peçonha sêca, por via subcutânea: Lote Peçonha mg Camundongos Acumulação dos results. % da mortalidade total tívos mortos vivos mortos total 1 0.0064 5 5 0 18 0 IS 0 2 0,0128 5 5 0 13 0 13 0 3 0.025 5 4 1 8 1 9 10 4 0.050 5 3 2 4 3 7 42.8 5 .0,10 5 1 4 i 7 8 87,5 6 0.20 5 0 5 0 12 12 100 7 0,40 5 0 5 0 17 17 100 Fator de diluiçlo: 2 35 18 17 44 40 84 LD 50 = 0,059 mg ± COMPORTAMENTO DOS CAMUNDONGOS A peçonha de Bothriurus bonaricnsis, quer proveniente de extratos glan¬ dulares, quer sob forma pura, parece não ser muito dolorosa. Sua ação sôbre a sudorese, as glândulas lacrimais e salivares é mínima. A marcha da into¬ xicação é lenta, generalizada, patenteando-se principalmente por aceleração do ritmo cardiaco, respiração curta, ofegante, intermitente. A morte sobrevém por asfixia. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Man. Inst. Bnunun, WOLFGAXG BCCHERL 4 NI CO UNA PUCCA 4~ 27:41-50. 1955/6. A eliminação da peçonha parece estar completa depois de 24 horas. A ação da peçonha de Tilyus coslalus é semelhante à de T. bahiettsis, ainda que menos intensiva e menos dolorosa. A sudorese, entretanto, é menos acen¬ tuada. O progresso da intoxicação pode ser observado pelo ritmo respiratório que de normal passa a acelerado, ofegante e intermitente, determinando, nos casos graves, morte pior asfixia. O restabelecimento dos sobreviventes é completo entre 16 e 24 horas. Bem mais enérgica é a ação da peçonha pura de Tityus trizit tatus, igualan¬ do-se à de T. scrrulatus e T. bahiensis. Quando injetada na veia na quantidade de 0,0008 mg por camundongo, já são nitidos os sintomas de intoxicação, tra¬ duzidos por respiração irregular ou intermitente, com acessos de dispneia, suor profuso na cabeça toda (menos na nuca, como acontece com as peçonhas de T. scrrulatus e T. bahiensis), grande excitação e irritabilidade. Os animais, assentados sôbre as pernas posteriores, com a cabeça muito erguida, esfregam continuamente, com as pernas anteriores, a região buco-nasal, emitindo gritos de dõr e reagindo a qualquer distúrbio externo com manifestações exageradas de pulos e correrias. Com 0,006 mg êstes sintomas são ainda mais pronunciados; com 0,012 mg já se verificam mortes por asfixia entre 15 e 48 minutos; cm doses correspon¬ dentes a 0,025 mg os sintomas são ainda mais dramáticos. Primeiro os animais esfregam desesperadamente o focinho; transpiram no lado inferior do pescoço c a respiração c ofegante, rápida, irregular, interrompida por ataques dispneicos. Acessos de furor impelem-nos a correrias e pulos desordenados, seguidos de prostração. O descontrole nervoso generaliza-se já dentro de 3 minutos. Dai por diante os animais já não se mantêm sôbre as pernas. Arrastam-se c rolam do lado, morrendo por asfixia em tômo de 7 minutos após a injeção. A progessão da intoxicação é um pouco mais lenta, quando a peçonha for injetada por via subcutânea, embora não difira desta mesma. Concomitantemente à dõr local parece haver um efeito cxcitatório do sistema nervoso (central c vegetativo), traduzido por suores, pulos, correrias, respiração acelerada. Depois sobrevém a fase depressiva (prostração geral, ataques de dispnéia, cegueira), seguida pela morte por asfixia. Parece-nos impossível distinguir êstes sintomas dos provocados pela peço¬ nha de T. scrrulatus e T. bahiensis, não somente quanto á intensidade com » também quanto à progressão. SciELO 48 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL. III COMPARAÇÃO EXTRE A TOXICIDADE DAS PEÇOXHAS ESCORPIOXICAS DO BRASIL LD 50 em mg de peçonha sêca por grama de camundongo Escorpião intravenosa subcutàne- Tityus serrulatus . 0,0003-0,0007 0,0003-0,0012 Tityus bahicnsis . 0,0004-0,004 0,0007-0,009 Tityus trivit tatus . 0,0005 0,0029 Tityus costatus . 0,01 0,05 Bothriurus bonariensis . 0,03 0,1 MÉDIAS, EM MG, DE PEÇOXHAS PURAS, COLHIDAS POR CHOQUE ELÉTRICO Escorpião l.*-3. a extração 6.M5.* extração Tityus serrulatus . 0,20-0,33 0,055-0,08 Tityus bahicnsis . 0,20-0.23 0,03 -0,098 Tityus trivit tatus . 0,11-0,18 0,07 -0,1 Tityus costatus . 0,08-0,12 0,03 -0,06 Bothriurus bonariensis . 0,02-0,05 0,006-0,01 COXCLUSAO O escorpião Bothriurus bonariensis não deve ser temido. Sua aguilhoada nunca será fatal ao homem, nem mesmo poderá determinar intoxicação grave ou de média gravidade. Ainda que, em picadas repetidas, se esvasiasse o con¬ teúdo total das duas glândulas veneníferas, jamais poderiam resultar acidentes graves. Xão há, portanto, necessidade de recorrer-se a qualquer tipo de sôro anti-escorpiônico. Anti-álgicos e sedativos constituem as medicações aconselhᬠveis, ao lado do esclarecimento de tratar-se de um escorpião dos mais inofensivos. O Bothriurus tnagalhaensi é por nós considerado como sinônimo de B. bo- nariensis. SciELO 11 12 13 14 15 Mffm. Inst. Butantan, 27:41*50. 1955/6. WOLFGAXG BCCHERL & XICOL1XA PCCCA 49 O Tilyus coslatus, ao par da raridade, também não é portador de uma peçonha tão ativa, que sua aguilhoada devesse inspirar cuidados especiais, além de medicações anti-álgicas. O Tityus trivittatus, entretanto, parece-nos dotado de uma peçonha de ação tão enérgica como a de Tilyus bahicnsis e mesmo de T. scrrulalus. Afigura-se- nos, pois, perfeitamente possível que se verifiquem no homem, especialmente em crianças de pouco pêso, acidentes tão graves que, por falta de sôro especifico, clamem pela administração precoce (entre 15 a 30 minutos após o acidente) do sôro anti-escorpiõnico do Instituto Butantan, feito contra as peçonlias de T. scr- mlatus e T. bahicnsis. Por pertencerem os representantes das três espécies ao mesmo género Tilyus é de supôr-se que o mencionado sôro diminua sensivelmente a gravidade da intoxicação quando administrado para fins curativos. Felizmente é o T. trhittatus um escorpião raro, ocorrendo apenas em zonas bem limitadas, geralmente montanhosas, havendo, portanto, bem poucas possi¬ bilidades de um contato direto com o homem. SUMARIO As peçonhas sêcas, obtidas por excitação elétrica, e os extratos glandulares dos escorpiões brasileiros, Bothriurus bonaríensis (B. viagalhacnsi parece-nos sinônimo dêste), Tityus coslatus c T. trivittatus, foram tituladas cm camundon¬ gos, estabelecendo as quantidades médias mortais (I.D 50^0), tanto por via intra¬ venosa como subcutânea. Apenas a peçonha de T. Irivillalus tem-se revelado quase tão ativa quanto as de T. scrrulalus e T. bahicnsis; poderá mesmo ofe¬ recer um certo perigo ao homem, diminuído felizmente pela raridade deste aracnídeo, perigo éste a ser combatido, cm casos graves, além de medicações anti-álgicas e sedativas, pelo sôro anti-escorpiònico do Instituto Butantan. Em tabelas comparativas foram fornecidas as médias cm mg de peçonha sêca, obtida por clioque elétrico bem como as DL 50 para camundongos. Des- creveu-se também a sintomatologia da intoxicação dos camundongos. SUMMARY The dried venoms, obtained from the three Brazilian scorpion spccies, Bothriurus bonaríensis (B. viagalhacnsi seems to be synonymic), Tityus coslatus and T. trivittatus, by the "electric shock method”, were tested on mice. The LD 50^ó is established and the results are compared with the T. scrrulalus and T. bahicnsis venoms. SciELO 50 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL. III Only the venom of the rarer species, Tityus triz-it tatus, seems to be as- active as the serrulatus or bahiensis venoms, so as to call, in severe cases, for serum therapy with the anti-scorpionic serum from Butantan. The amounts of dry venoms from these Brazilian scorpions are given and the symptomatology of the intoxication of mice is also described. ZUSAMMENFASSUNG Die durch elektrische Reizung periodisch erhaltenen und im Vakuum ge- trockneten Reingifte der drei brasilianischen Skorpionarten, BotJiriurus botta- riensis (mit dem wir die Art B. magalhaensi ais synonym ansehen), Tityus costatus und Tityus trivittatis wurden weissen Mãusen intravenõs und subcutan eingespritzt und die ieweiligen 50— igen tõdlichen Dosen gewichtlich festgelegt. Die Ergebnisse wurden mit den von uns schon ermittelten mittleren tõdlichen Dosen der Reingifte von Tityus serrulatus und T, bahiensis verglichen und festgestellt, dass eigentlich nur der, zum Glücke, sehr seltene T. trivittatus ein hochwirksames Gift cnthült. Schwere. durch diese Art, hervorgerufene \*cr- giftungsfãlle müssen, besoncers bei Kleinkindern, ausser der Behandlung mit Analgetika und Sedativa, mit dem Anti-Skorpionserum des Institutes Butantan recht frühzeitig (innerhalb 15-30 Minuten spãtestens) behandelt werden. Die Mittelwert der Trockengiftmengen pro Extraktion wurden ver- gleichend dargestelit. wie auch die Wirkungsweise der verschiedenen Gifte auf die weissen Máuse. BIBLIOGRAFIA BücherI, W. — Mem. Inst. Butantan, S. Paulo, 25(1): 53-82; 1953 e 83-108; 1953 Bücherl, W. — Arzneimittel-Forschung, 2 : 68-72; 1955. SciELO 11 12 13 14 6 17 "Mrm. Inst. Baurtan, •27:51*66. 1955/6. JOSÉ M. RUIZ 4 ERMEXGARDA COELHO 51 NEMATOIDES ( Oxyuroidea ) PARASITOS DE DIPLÓPODOS DA ILHA DA QUEIMADA GRANDE, SAO PAULO, BRASIL JOSÉ M. RUIZ & ERMEXGARDA COELHO (Secção dc Parasitologia, Instituto Butantan) Os nematóides referidos na presente nota provêm de Neptvnobolus hogci Schubart, 1949, por nós identificados. Cerca de 40 exemplares de diplópodos foram examinados, lógo após seu recebimento, sendo constante a infestação por três espécies de nematóides, con¬ forme passamos a descrever. O material diplopodológico foi capturado pelo Sr. Alphonse R. Hoge 54 0491 04& 0,087 0.Ò51 0.0S7 X 0.056 aosi ao» 0.084 X 0.053 0,087 0,0^3 0,084 & 0.067 0,053 0.084 X 0,056 aos? 0.Ó56 0457 X 0,053 0467 0.Í53 aosi Sb aosi 0.050 *' , ° l exemplares examinado* imediatamente apôs a morte pelo formól — acético a vagin^ foi medida só na extensa 3 de soa parte muscular. SciELO 54 XEMATÓIDES IOXYUROIDSA > PARASITOS DE DIPLÓPODOS DA ILHA DA QUEIMADA GRANDE, SAO PAULO, BRASIL Thelastoma bulhõesi dollfusi var. n. DESCRIÇÃO Fêmeas — Corpo cilíndrico, atenuado em ambas as extremidades. Cauda longa, extremamente afilada. Cutícula estriada transversalmente. Bôca com 3 lábios ligeiramente salientes. Vestíbulo curto. Esôfago relativamente longo, com cêrca de um terço do comprimento do corpo (sem a cauda) ; consta de um corpus subcilíndrico, longo, regular, um istmo curto perfeitamente separado do corpus, porém em continuação com o bulbo esofagiano, de modo a dar a êste um aspecto piriforme no conjunto e um bulbo esofagiano. amplo, com uma cavidade larga contendo o orgão mastigador, ., procedente de Sta. Adélia, Est. de São Paulo, Brasil. As descrições, medidas e figuras de Magalhães e Chitwood estão de acordo, com pequenas variações compatíveis com a mesma espécie. As dimensões e figuras apresentadas por Dollfus, ao contrário, não con- Mcm. Inst. Bntanun, JOSÉ M. RUIZ & ERMENGARDA COELHO ;; .27:51*66. 1955/6. • cordam plenamente em certos pontos, como por exemplo, o comprimento do esôfago e a posição do poro escretor. Segundo este autor o poro excretor está situado a 0,415mm da extremidade anterior, ao passo que Magalhães e Chitwood dão esta distância como 0,45 e 0,43mm respectivamente. A diferença absoluta dessas dimensões não é grande, mas quando comparadas com o compri¬ mento do corpus esoíagiano ou o comprimento total do esófago, vamos ter o poro excretor numa situação relativa mais alta, o que aliás aparece na figura do autor. Quanto ao comprimento total do esôfago, Dollíus cometeu um erro expresso em sua tabela de medidas, onde assinala 0,535mm. Somando-se os comprimentos do corpus (0,505), do istmo (0,030) e do bullx) (0,110) teremos 0,645mm, o que aliás corresponde ao desenho comparado com a respectiva escala. Esse comprimento não pode corresponder à espécie de Magalhães. Há outras diferenças, como pôr exemplo, o menor tamanho dos ovos, que permite considerar o especimen de Dollíus como uma espécie próxima ou no mínimo uma variedade de T. bulhõesi. Tivemos em mãos abudante material de T. bulhões'; de baratas de São Paulo (Capital) e a nossa observação corresponde exatamente à descrição apre¬ sentada por Magalhães. Ao mesmo tempo trabalhamos com o material de diplópodos da Ilha da Queimada Grande, objeto do presente trabalho. Tivemos pois a oportunidade de compará-los em igualdade de condições c verificámos que são fornias distintas embora muito próximas. Nossos exemplares procedentes de diplópodos diferem dos de baratas pelos seguintes caracteres: 1 — média do comprimento do esôfago (0,520 e 0.447mm respectivamente) ; 2 — situação do poro excretor que aparece sempre acima do istmo eso- fagiano nos primeiros ao passo que, nos outros aparece invariavelmente ao nivel do bulbo esofagiano, como o representou Magalhães, embora na figura de Chitwood apareça numa posição intermediária; 3 — número de anéis cuticulares. Magalhães descreve pormenorizadamente este característico, não mencionado pelos demais, e que está perfeitamente de acórdo com as nossas observações no material de Periplaneta amnicana. Assim foram encontrados da extremidade anterior até o poro excretor: 41 a 45 (48 a 52 seg. Magalhães); até a vulva: 142 a 153 (120 seg. Magalhães); e até o ânus: 189 a 201 (ISO a 190 seg. Magalhães). Xo material de diplópodo o número de anéis é sensivelmente menor: 42 a 47, 93 a 112 e 117 a 136 respectivamente. Em vista de tais diferenças acrescidas ainda da diversidade de hospedeiro julgamos acertado considerar as formas encontradas em A cptunobolus hogei Schubart, como uma variedade de T. bulhõesi á qual denominamos Thclastcuia bulhõesi dolifusi var n. e que deve corresponder à forma examinada por Dollíus de Gymnostrcptus sp. de Sta. Adélia, Estado de São Paulo. SciELO ■'5 Mera. Inst. BnUiUa, 27:51-66. 1955/6. JOSÉ M. RUIZ & ERMENGARDA COELHO 57 TABELA COMPARATIVA DAS DIMENSÕES DE THELASTOMA BULHOESI DADA PELOS DIVERSOS AUTORES Dimensões em mm (fêmeas) T. Bulhõesi Majralhles 1900 T. bulhõesi Chitwood 1933 T. bulhõesi Dollfas 1962 T. bulhòtsi P. americana de S. Paulo T. bulhõesi dollfusi *ar. n. Comprimento toUl 2.71 (l\KW9) 2,28-264 2.78 231-2,63 134-3,15 Largura 0.30 (0,23 038) 0JSS-O373 0-253 0,197-0381 0,154-0.267 Número de aneis outi- culares (total) ISO * 190 __ — 1S9 a 201 117 a 136 Esôfago — comprimen¬ to total _ 0.463-0,594 0,645 0,413-0,475 0.413-0,709 Corpus 0,36-0,40 0.3294)380 0505 0302-0357 0396-0,586 Bulbo — 0.08041.095 0,110 0,092-0,117 O.OSO-0,104 Distância do poro ex- cretor k extr. ant. 0,43 0.430 0,415 0,431 0,481 0308-0,542 Cauda (ânus â extremi¬ dade posteriori 0.7S-0.81 0,720-0320 0320 0344 0,965 0,605-0,971 Ovos | 0.080-0,085 X 0.060-0,067 0.070-0,080 X 0,050-0,072 0.066-0 069 X 0,052-0,055 0,085-0,097 X 0,060-0,075 0.0694)390 0,05^0,066 Dudckcnia instdaris sp. n. DESCRIÇÃO Corpo cilíndrico, alongado; extremidade anterior larga e arredondada, extre¬ midade posterior atenuada, terminando em pronta aguda. Cutícula lisa, exceto ao nível da região esofagiana, onde se apresenta finamente espinhosa ou pilosa. Lábios ligeiramente salientes. Vcstibulo ru¬ dimentar. Esôfago relativamente curto, diferenciado em duas porções : uma anterior larga com uma ligeira chanfradura no primeiro terço e outra posterior ou bulbo, mais dilatada que a região anterior, contendo um aparelho mastigador. Intestino largo, retilíneo, com a porção terminal diferenciada num reto sub-piriforme, terminando num anus ventral. Cauda muito curta e afilada em ambos os sexos. Aparelho genital feminino tipicamente anfidelfo. Ovijetor a princípio diri¬ gido para a frente e a seguir recurvando-se para trás. Vagina diferenciada, musculosa. Poro genital, ventral, situado mais ou menos na região equatorial. Útero contendo número relativamente grande de ovos, sem larva diferenciada. Ovos elipsóides, de casca transparente e delgada. Aparelho genital masculino, simples, constando de um testículo, recurvado cm N, situado na metade posterior do corpo, seguido de uma constrição mus- cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 -- 0 XEMATÓIDES '( OXYUROIDEA ) PARASITOS DE DIPLÓPODOS DA ILHA DA QUEIMADA GRANDE. SAO PAULO. BRASIL ciliosa e de uma porção dilatada repleta de espermatozóides (vesícula seminal?), à qual segue-se o canal deferente, não tendo sido observada diferenciação num dueto ajaculador. Espiados sub-iguais, relativamente curtos, de extremidades arredondadas, ligeiramente recurvados. A extremidade posterior do macho apre¬ senta asas caudais pouco desenvolvidas. Papilas caudais em número de 9 pares, sendo 4 pares preanais, 1 par adanal e 4 pares postanais. As papilas preanais são ben desenvolvidas, estando o 3.° e 4.° pares situados liem à frente do nível da base dos espículos. O l.° e 2.° pares situam-se ao nivel da zona espicular. As papilas postananis se dispõem em fileiras convergentes, dando ao conjunto c aspecto de um V quando vistas de face (Fig. 11 e 12). Dudckalia insiilaris sp. n. MEDIDAS TOMADAS DE EXEMPLARES CONSERVADOS E EXAMINADOS ENTRE LAMINA E LAMlNULA Dimensões em mm (macho) i 2 3 4 5 6 7 8 9 10 mfdias Comprimento total media 2.81 3.89 2.94 3.47 3.02 .3,34 4.20 3.42 2.49 3.28 329 Largura na regiSo media 0,168 0,225 0.154 0.154 0.154 0,197 0225 0.211 0.183 0,197 0.1S7 Corpu* comprimento 0.172 0,123 0.135 0.172 0.172 0.154 0.160 0.160 0.123 0.172 0.154 Corpus largura 0.0S6 0,092 0,080 0,092 0.104 0,092 0,092 0,098 0.092 0298 0.092 Dnlbo comprimento 0.11 0.0S6 0,086 0.11 0.104 0,092 0.092 0,098 0.086 0.104 0,096 Bulbo largura 0.123 0.129 0.117 0,129 0,123 0,129 0,135 0,129 0.117 0.135 0J27 Fsõfago comprimento total 0.2S3 0,209 0.202 0.2S3 0.277 0246 0252 0.259 0,213 0277 0250 Cauda tánus à extr. poste noi) 0,113 0.141 0.125 0,141 0.109 0.109 0.131 0.128 0.119 0.109 0.122 Fspiculos comprimento 0.191 0,229 0,191 0,226 0,213 0248 0.226 0213 0244 0.194 0217 Distância do anel ner¬ voso ã jxtr. anterior 0.053 0.065 0,043 0.056 0.053 0,065 0.072 0.062 0.056 0.065 0,069 SciELO) ^ 12 13 15 16 Mem. Inst. Butantan, 27:51-66. 1955/6. JOSÉ II. RUIZ & ERMEXGARDA COELHO 59 Dudckcnia iiisularis sp. n. MEDIDAS TOMADAS DE EXEMPLARES CONSERVADOS E EXAMINADOS ENTRE LAMINA E LAMINULA Dimensões em mm (fêmeas) i 2 3 4 5 6 4 8 9 10 medias Comprimento total 3,70 4,16 4,18 440 546 3.73 4.10 4-60 441 3.15 4,19 Largura na região tia vulva 0.197 0,239 0.197 0453 0495 0,168 0411 0,168 0,197 0411 0412 Corpus comprimento 0,141 0.14S 0,154 0.178 0.191 0.154 0.154 0.135 0.165 0.172 0,161 Corpus largura 0,117 0.111 0.129 0,148 0,135 0.148 0.141 0,129 0.116 0,104 0.127 Bulbo comprimento 0,099 0.111 0.086 0,086 0.111 0.074 0,080 0.104 0,092 0,104 0092 Bulbo largura 0.135 0,160 0,123 0.141 0,141 0,117 0.135 0,154 0,104 0,135 0.134 Esôfago comprimento total 0,240 0.259 0.240 0465 0402 0428 0434 0.240 0477 0427 0461 Vagina 0,675 02.20 0.675 0480 0,774 0444 0.633 0,704 0,732 0.492 0.643 Distância entre anus vulva c 1.63 1.67 144 243 2.46 1.60 1.97 2,05 241 1,60 1.94 Cauda (Anus a extr. posterior) 0,163 0.197 0411 0,197 0,163 0.197 0.166 0,168 0425 0.117 : 0.192 Distância do anel ner» voso ã extr. anterior - 0.062 0.069 0,009 0,075 0,062 0,062 0.047 0,075 0,062 0.065 0,094 X 0,065 0,097 X 0,072 — 0.061 X 0.065 0.097 X 0/175 0.094 0,069 0.C97 X 0,075 - 1 0.103 o,oVs 0.067 X 0.072 Ovos 0.097 X 0,069 0.094 X 0,069 _ 0.067 X o.on 0.067 X o,un 0,100 1 .1 0.094 X 0.078 "x" 0.067 X 0,072 0,078 X 0,075 0.094 X 0,069 0.103 X o/n — 0/164 X 0.065 0,067 X 0/í69 0.091 X 0.069 0.100 X 0.07*4 — 0.094 X 0.078 0.094 X o.on -SciELO Mem. Inst. Buliníir, J7:5:-€6. 1955/6. JOSÉ M. RUIZ & ERMXXGARDA COELHO 61 RESUMO São descritas Aorurus agilis iiisularis var. n., Thclastoma bulhõcsi dollfusi A-ar. n. e Dttdekenia insularis sp. n., parasitas intestinais de Xcptunobolus hogei Schubart ( Diplopoda ) da Ilha da Queimada Grande, São Paulo, Brasil. SUMMARY Aorurus agilis insularis var. n., Thclastoma bulhõcsi dollfusi var. n. and Dudckcnia insularis sp. n., intestinal parasites of Xcptunobolus hogei Schubart (Diplopoda ), from Ilha da Queimada Grande. São Paulo, Brasil, are described in this paper. BIBLIOGRAFIA Artigas, P. T. — 1926 — Nematoides de invertebrados. Boi. Biológico 26: 97-110. Artigas, P. T. — 1929 — Systematica dos nematoideos dos arthropodes — Tese de doutoramento — 113 pp. S. Paulo. Artigas, P. T. — 1930 — Xcmatoides dos gêneros Rhigoncma Cobb 1898 e Dudckcnia, n. g. (Xematoda Rhigonemidae n. n.). Mem. Inst. O Cru: 24 (1) 19-30. Chhwood, B. 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Ibérica dc Paras. 7(2): 279-332. Shubart, O. — 1948 — Os Diplopoda de algumas ilhas do litoral Paulista. Me n. Inst. Butantan. 21: 203-254. Shwcnck, J. — 1926 — Fauna parasitologica dos blattidcos do Brasil. Scienia Médico. 9 : 491-504. Travassos, L. — 1929 — Contribuição preliminar à systematica dos nematodeos dos arthropodos. Mem. Inst. O. Crus Supl. pag. 18-25. Walton, A. C. — 1927 — A Revision of the Xcmatodes of the Leidy Collections. The Acad. Xat. Sei. Philadelphic. 79 : 49-161. cm ■SciELO 0 11 12 13 14 15 16 Man. Inst. Batnntan, 27:51^6. 1V55/6. JOSÉ M. RUIZ A ERMENGARDA COELHO Prancha, 1 Figs. 1, 4, 6, — Thclastoma bulhõtsi var. düllfusi (fêmea) 1, pormenor da região anterior — 4, pormenor da região vulvar — 6, região posterior. Figs. 2, 3, 5 — Aoriirus atjilis var. insularis (fcmea) 2, região posterior — 3. total — 5. região anterior. Desenhos em câmara clara. cm *'A XEMATÓIDES ( OXYUROWSA ) PARASITOS DE DIPLÓPODOS DA ILHA DA QUEIMADA GRANDE, SAO PAULO, BRASIL Prancha, 2 Figs. 7 a 9. — Dudckcnia insularis sp. n. (fêmea). 7 — total (2 partes) — 8 pormenor da região anterior — 9, pormenor da região vulvar. Desenhos em câmara clara. SciELO, ^ 15 16 .Man. I&st. BoUz.tan, 1955/6. JOSÉ M. RUIZ & ER.MEXGARDA COELHO Prancha, 3 Figs. 10 a 13, — Dndekcnia insularis sp. n. (macho). 10 — total — 11, pormenor da região caudal, vista lateral. — 12, pormenor da região caudal, susta ventral, não repiesentado o último par de pápilas. — 13, pormenor da região anterior. Desenhos em câmara dara. cm XEMATÓIDES (i OXYUROWEA ) PARASITO? DE DIPLÓPODOS D\ ILHA DA QUEIMADA GRAXDE, SAO PAULO. BRASIL Prancha, 4 Fig. 14, — T. bulhõesi var. insutaris, vista total de fêmea desenvolvida. Fig. 15, — A. ogilis var. insutaris, visita total da fêmea. Fig. 16, — T. bulhõesi var. insutaris, vista total da fêmea pouco desenvolvida. Desenhos em câmara clara cm Mtrn. Inst. Batantan, 37:67-72. 1955/6. A. R. IIOGE 67 UMA XO VA ESPÉCIE DE MICRURUS (SERP. ELAP.) DO BRASIL A. R. HOGE (laboratório de OfioloRia. Instituto Butantan) Recebemos em diferentes épocas, exemplares de Alicntrus que nos cha¬ maram a atenção pelo seu colorido e desenho diferentes. Depois de examinarmos os exemplares registrados na coleção do Instituto Butantan como froiilalis. encontramos no meio déstes, dois especimens com as mesmas características (Xo. 4802 e 6124). O número de exemplares que dispomos é de nove (9), nú¬ mero êste que achamos suficiente para elaborar uma diagnose. Micrurus tricolor nov. sp. Material: Tipo X.° 16290, & procedente de Garandaznl*, remetido por Odilon Lemos Alves, em 25/2/1955. Paratipos: X.° 14297, 9, e X.° 14298 4, procedentes de Guia I-ojxts*, remetidos por João Pedro da Silva, em 25/9/1952. X.° 14299, 9 . procedentes de Taunay*, remetido jielo Departamento Flo¬ resta!, em 25/9/1952. X.° 14223, 9, e 14253, & , procedentes de Taunay*, remetidos respectiva¬ mente em 27/7/1952 e 12/9/1952. X.° 14567, 6, procedente de Taunay*, remetido por Otávio Quirino, em 5/11/1952. N\° 4802, 9, procedente de Barranco Branco, remetido por Álvaro Garcia, •em 20/7/1927. X.° 6124, 9, procedente de Taunay*, remetido por Cândido Pires em 17/7/1931. Diagnose: uma espécie de Micrurus com aneis pretos dispostos em triadas (8 a 10) no corpo e 1 + 1/3 na cauda; o primeiro anel da l. a triada é separado das parietais por 7 a 9 escamas vertebrais; o anel mediano das triadas é separado dos laterais por aneis brancos; 7 infralabiais. o primeiro par em contacto por detrás da sinfisial; 7 (3 e 4) supralabiais; ôlho pequeno, cêrca de 1 ,7 menor * Localidades situadas no Estado de Mato Grosso, Brasil. Recebido, para publicação, em 4.IV.1955. f ■SciELO 0 11 12 13 14 15 16 68 UMA NOVA ESPÉCIE DE ÜICRCRVS (SERP. ELAP.i DO BRASIL do que a sua distância até a boca; a cabeça preta até as parietais inclusive;, ventrais 218 a 231, sendo 224 a 229 nos í> 22+229, 9 9 218-231;; anal divided; subcaudals divided (21-30), S ò 25-30, 9 9 21-29. The new species is nearest to Micrurus frontalis frontalis (D. B. et D. 1854) but different from this onc and other subspecies of frontalis by the posi- tion of the first triad (separated from the parietais by 7-9 vertebral scales instead of 1-3 in frontalis subspecies, by the white ring instead of white, yel- lowish powdered with dark: Furthermore the first ring of the first triad is. constantly narrower in frontalis subspecies. Micrurus tricolor has 7 palatine- and 4 pterigoid teeth instead of 10 and 3 respectively in Micrurus frontalis. Variations : see table I where triadas = triads; ventrais = ventrals; sub- caudais = subcaudals and n.° de vertebrais até o primeiro anel = nurnber of ver¬ tebral scales between the parietais and first ring. BIBLIOGRAFIA Duméril, Bibron et Duméril — Erpetologie Généralc 7: 1223, 1854. Em breve publicaremos uma nota preliminar sobre as corais. cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 1 cm 2 — Micrunu tricolor (vista lateral). 3 — Micrvrus 'ricolor (vista dorsal). SciELO Man. Inst. Batantan, A. R. HOGE 27:67-72. 1955/6. Micrunu tricolor, tipo (vista dorsal). I 3 5 6 7 SciELO ) 11 12 13 14 15 16 17 M rm. Inst. Bataman, 27:*J-105. 1955/6. W. H. A. SCHOTTLER 73 OBSERVAÇÕES MISCELÂNEAS SÔBRE PEÇONHAS OFÍDICAS E ANTI VENENOS W. H. A. SCHÜTTLER (laboratório dr Farmocologia. Instituto Bulantan) No decorrer de extensa investigação sobre as propriedades inninológicas das principais peçonhas botrópicas do Brasil e dos antivenenos a elas correspon¬ dentes, cujos resultados foram publicados em outra revista (30), fizeram-se numerosas observações e algumas pesquisas complementares, que não deviam ser incorporadas áquêle artigo por não se enquadrarem bem no tema aí debatido. Estes achados e a sua significação são apresentados aqui, não só jielo possível interesse para outros pesquisadores dêste campo, mas também porque se rela¬ cionam, em parte, com outras investigações sobre venenos atualmente em anda¬ mento neste Instituto. Para os pormenores completos dos dados experimentais, confronte-se a publicação (30) acima mencionada. REAÇAO DE CAMUNDONGOS À INOCULAÇÃO PARKNTERAL 1)0 VENENO Imediatamente após a injeção endovenosa de altas doses de veneno, os ani¬ mais apresentam sinais de grande excitação, saltam e têm convulsões violentas, durante as quais certo número sucumbe em poucos minutos. Hemoptise abun¬ dante é bastante comum em tais casos. Outros animais entram em estado de coma profundo, no qual morrem no espaço de alguns minutos até algumas horas. Ainda outros camundongos se restabelecem do coma e, depois de passarem horas em aparente bem-estar, morrem mais tarde, ou sobrevivem definitivamente. Em animais que receberam a peçonha por via subcutânea geralmente não se observam sintomas imediatos da intoxicação, afora certa inquietação. Então, conforme a severidade do envenenamento, torna-se manifesto colapso progressivo, do qual os animais raramente recuperam. Ao mesmo tempo começam a aparecer Recebido, para publicação, cm 25.V.1955. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 74 OBSERVAÇÕES MISCELÂNEAS SOBRE PEÇONHAS OriDICAS E AXTI VENENOS hemorragias subcutâneas, com gangrena e necrose subseqüentes no local da in¬ jeção. Êste sintoma só, quando não acompanhado de colapso geral, não cons¬ titui medida pela qual se deduza o prognóstico, pois camundongos com lesões locais muito extensas sobrevivem com bastante freqüência. O comportamento e os sintomas observados nos animais eram iguais em seguida à inoculação de ambos os tipos de peçonha, excetuado somente o veneno de jararacussti L-7 por via subcutânea. Neste caso, cêrca de 10dos animais que haviam recebido esta peçonha só ou combinada ao sôro antipeçonhento, e que tinham sobrevivido um dia no mínimo, desenvolveram exoítalmia unilateral, que atingiu enormes proporções. Em geral esta lesão se tornou perceptível 24 horas após a injeção do veneno e alcançou o máximo no segundo dia. Uns dias depois, o globo ocular afetado entrava em necrose (Fig. 1). A dissecção revelou, nos casos mais avançados, necrose caseosa do globo ocular e dos tecidos anexos. O exame histológico de um caso severo mostrou uma zona hemorrágica sob o epitélio da conjuntiva palpebral; um foco hemorrágico extenso na câmara anterior, seb a cómea e contornando o cristalino, e forte hiperemia do nervo óptico. Num outro caso havia hemorragia em todas as câmaras, anterior e posterior, e nos tecidos orbitários peri-oculares, invadindo os tecidos gorduroso e muscular estriado da órbita; intenso grau de vaso-dilatação em pré-estaser inicio de leucodiapedese cm alguns vasos. Em casos de menor gravidade foram encontradas somente congestão e hemorragias peri-capilares. Este fenómeno, não ligado à morte cu sobrevivência e atualmente sem explicação razoável, não foi observado quando se empregaram duas outras amostras da mesma peçonha. A intensidade das reações locais determinadas pela injeção subcutânea dos. venenos puros ou das misturas peçonha-antiveneno é representada na Tabela I- Deve ficar entendido que a divisão da escala continua da lesão local em cinco graus arbitrários c liaseada apenas nas impressões pessoais do autor. Uma vez que os graus intermediários tinham de ser avaliados para menos ou para mais, para serem enquadrados neste esquema, somente devem ser consideradas signi¬ ficativas diferenças de 4—|- ou maiores. A inspeção desta tabela revela que o grau da lesão local provocada pelas sete amostras de peçonha experimentadas não depende da toxicidade de um veneno, mas sim da quantidade absoluta de toxina inoculada. Assim, a LD 50 do veneno o l ter nata (15.80 mg/kg) está situada na zona de reações leves até médias .enquanto que a da peçonha dc atro .r (80.99 mg/kg) se acha bem dentro da zona de destruição local mais severa de tecido. O fator hemorrágico dos venenos é neutralizado até certo grau por antivenenos tanto homólogos quanto heterólogos (dentro de um mesmo gênero). Não há, porém, congruência entre a neutralização das atividades locais destas peçonhas e a da sua toxicidade total, como é demonstrado pelo caso do veneno cotiara e seu anti-sôro especifico. cm 7 SCÍEL0) 2.1 12 13 14 15 16 itero. Inst. Butantan, 27:73-105. 1955 6. \V. H. A. SCHÕTTLER 75 DISCUSSÃO A semelhança entre o quadro clinico do envenenamento ofidico e os sintomas que acompanham várias formas de choque já foi comentada por Essex & Markowitz (5), Moon (16) e outros, e é confirmada pelos achados de Witham et al. (37). Moon & Kennedy (17) mostraram que tecido muscular triturado e introduzido na cavidade peritoneal em dose de menos de 0.5 Çó de pêso do corpo é suficiente para produzir choque fatal em cães. Estas e outras observações semelhantes de outros pesquisadores sugeriam o estabelecimento de uma ligação causal entre o extenso dano local provocado por numerosas peçonhas ofidicas (23-27) e o aparecimento de um colapso da circulação sanguina parecido com choque. Deste modo, Schaumann (22) distinguiu dois princípios tóxicos em venenos de ação local, inoculados por via subcutânea, sendo um o fator tóxico propriamente dito. devido ao qual os animais morrem em 24 horas ou menos, e o outro o componente hemorrágico, que provoca ‘‘morte tardia”, i. e., depois de mais de 24 horas, pela lesão severa dos tecidos no lugar da injeção ou, em outras palavras, por choque traumático. Tal distinção entre os dois mecanismos é, evidentemente, bastante arbitrária, pois é fato bem sabido que a morte por trauma local, tal como contusão muscular, queimaduras etc., tanto pode ocorrer dentro de poucas horas como levar até alguns dias depois da lesão, sendo igual o prazo de sobrevivência na morte j>elo envenenamento por peçonhas ofidicas isentas de atividades locais, quer em animais de laboratório (24, 27) quer no homem (1). As observações desconcertantes de Schõttler (24), observando que animais com trauma local aparentemente severo frequentemente não pareciam muito afetados, puseram em dúvida a importância do dano provocado pela peço¬ nha no lugar da injeção. É bem possível que seja superestimada, pelo obser¬ vador, a importância da destruição local de tecido e do edema sanguíneo, que raramente ultrapassa um terço da superfície do corpo em animais de pequeno porte. Por outro lado tem sido descrito oom frequência choque fatal resultante de lesões rclativamente pequenas, o que também evidenciam as pesquisas de Moon & Kennedy (17). O mecanismo do choque em geral ainda é assunto muito controvertido, e o do choque produzido pela inoculação subcutânea de venenos dotados de ação local, aliás a via mais comum de introdução da peçonha em casos de ofidismo, é ainda mais complicado pelos efeitos indiretos que a toxina pode provocar por essas mesmas reações locais. São, portanto, os seguintes os fatores que podem ser distinguidos no trauma local provocado por tais peçonhas: a. Produção dc edema hemorrágico local, resultando num decréscimo de liquido no sistema circulatório. Schwiegk & Schõttler (32) demostraram que o extravasamento de plasma para os tecidos, causado por trauma local, pode SciELO 11 12 13 14 15 16 17 76 OBSERVAÇÕES MISCELÂNEAS SOBRE PEÇONHAS OFÍDICAS E ANTI VENENOS ser suficientemente abundante para constituir por si mesmo a causa mortis. Todavia não é forçoso admitir a ocorrência de edemas tão grandes no caso de empeçonhamento, pois perdas muito menores de plasma são capazes de iniciar o círculo vicioso — Moon (16) e Schwiegk (31) — de colapso secundário induzido pelo decréscimo do volume de plasma ou sangue no sistema circulatório. Por outro lado, a intensidade de um trauma local não obriga a um grau correspon¬ dente de reação sistémica. É possível que a ação destrutiva do veneno sôbre o tecido endotelial seja tão forte que, após um aumento inicial da permeabilidade capilar e perda consequente de liquido sanguineo, a circulação seja completamente interrompida na área atingida devido à necrose dos vasos sanguíneos. Esta hi¬ pótese forneceria explicação aceitável à divergência entre a severidade aparente de reações locais e a mortalidade correspondente. Xão obstante nada ser . conhecido sôbre o mecanismo da ação local de peçonhas, exceto talvez que está provavelmente associada à atividade proteolitica, a evidência experimental, espe¬ cialmente a neutralização do fator hemorrágico por antiveneno sem alteração significativa da dose letal, parece indicar que o trauma local per sc não contribui muito para a morte por envenamento ofidico, salvo quando o peritônio for per¬ furado e os intestinos ficarem expostos (24). b. Libertação de substâncias farmacodinâmicamente ativas, normalmente celulares, c formação de produtos tóxicos consequente à desintegração de material inofensivo por várias ações ensimicas de venenos {.38). Feldberg & Kellaway (6, 7), Rocha e Silva et al. (21), Werle et al. (36) e demais pesquisadores têm demonstrado a libertação, ou formação, de histamina e outras substâncias depres¬ soras por peçonhas. Xada, porém, parece ser conhecido sôbre as proporções nas quais estas substâncias aparecem e em que quantidades podem lesar o organismo. Xa presente investigação em camundongos, a possivel influência de histamina devia ser minima, pois, segundo Dekanski (3), a injeção endovenosa de doses de histamina dez vezes maiores do que a existente no camundongo inteiro é tolerada quase sem sintomas por esta espécie animal notadamente resis¬ tente á histamina. O papel insignificante da histamina no oíidismo também pode ser deduzido da ineficácia terapêutica da medicação antihistaminica em tais experiências (29). A produção de hemorragia local não está necessária- mente ligada ao mecanismo que provoca a liliertação, ou formação, de composto- tóxicos, como fica evidenciado pelo fato de que o mesmo também acontece com venenos que não causam sintomas macroscopicamente perceptíveis no lugar da inoculação. Outrossim, tal atividade não fica necessariamente limitada às ime¬ diações do local da injeção do veneno, podendo fazer-se sentir por todo o organismo, o que acontece, entretanto, com intensidade decrescente de reação. Ainda não foi verificado se, e até que grau. o princípio fisiológico tratado neste parágrafo ixxle ser neutralizado por soros antipeçonhentos. cm 7 SCÍELO) 1X 12 13 14 15 16 ilrtn. T n«t. Bstantan, -!7:73-105. 1955/',. W. H. A. SCHOTTLER 77 É quase certo que as ações locais combinadas de venenos são devidas aos seus énzimos proteoüticos. Seria por isso interessante investigar a capacidade proteolítica de doses letais das peçonhas aqui estudadas. In felizmente tais dados somente existem para o veneno de B. jararaca. Martirani & Azevedo (15) verificaram que esta peçonha digere gelatina na proporção de 1:83 até 1:1122 em 60 minutos e pH 8.0. O efeito letal da mesma espécie de veneno, relati¬ vamente a material sólido e admitindo que tres quartos do corpo do camundongo são constituídos por água, tem lugar na proporção de 1:29500 a 1:581400. Caso a digestibilidade das proteínas corporais fosse igual à da gelatina, isso significaria que uma dose letal da peçonha devia ser capaz de desintegrar 0.01 até 3.8% da substância do corpo. Lembrado que a destruição de menos de 0.5% pode ser suficiente para provocar a morte, é evidente que não pode ser contestada a importância da ação proteolítica de peçonhas em certo número de casos. A hipótese da existência de um fator comum no mecanismo do choque no envenenamento ofídico de um lado e, de outro lado, em numerosas formas de trauma mais ou menos localizado, é ainda mais reforçada pela semelhança dos achados histo-patológicos em ambos os casos. A possibilidade de que alte¬ rações tão disseminadas possam ser devidas ao efeito direto de doses letais tão insignificantes como as de peçonhas, parece muito remota, não obstante o veneno pode agir sóbre órgãos de alta susceptibilidade como. jx>r exemplo, o sistema nervoso. TEMPO DE SOBREVIDA A IXJEÇÀO DE DOSES LETAIS DE PEÇONHA O quadro do tempo de sobrevida após envenenamento fatal é apresentado na Tabela II. em cuja compilação não foram incluídas mortalidades por doses superiores às certamente letais. Nenhuma diferença estatisticamente significa¬ tiva entre as duas vias da aplicação de veneno pode ser deduzida destes números, obtidos pelo registro da mortalidade em intervalos de 24 horas. Talvez, um exame mais detalhado do tempo da morte dentro do primeiro período de 24 horas depois da inoculação da peçonha, impraticável por motivos técnicos, ti¬ vesse revelado que a morte tem lugar mais rapidamente após a injeção endo¬ venosa. Os prazos de morte dos animais nas experiências com soros antipeçonhentos acham-se registrados na Tabela III. A comparação destes algarismos com os obtidos com veneno só (Tabela II) mostra que não há diferença nas provas endovenosas e que a diferença das médias nas provas subcutâneas, embora não significativa, tende a indicar que o antiveneno retarda a morte em casos fatais. Dispostas as observações segundo os vários tipos de soros (Tabela IV), é inte¬ ressante notar que os periodos de sobrevida se tornam mais regulares nas experiências subcutâneas, como evidencia o desvio padrão (o) consideravelmente SciELO 11 12 13 14 15 16 17 ro OBSERVAÇÕES MISCELÂNEAS SOBRE PEÇONHAS OFIDICAS E ° ANTI VENENOS menor. Além disso, segundo esta disposição o mostra, a morte ocorre sem dúvida mais ràpidamente por injeção endovenosa do que pela subcutânea de mis¬ turas letais de veneno e antiveneno, como fica patente pelos algarismos corres¬ pondentes aos primeiros dois intervalos de 24 horas de registro. TITULAÇAO DE ANTI VENENOS MEDIANTE FLOCULAÇAO E ENSAIO IN VIVO Após incubação de misturas veneno-antiveneno durante uma hora a 37°C, a floculação se manifestava somente com o sôro antibotrópico B-114 digerido pela pepsina, enquanto que os outros antivenenos examinados neste trabalho e subme¬ tidos a outros métodos de purificação, ou talvez não purificados, não provocam o mínimo traço de turvação. Talvez o tempo de incubação fosse demasiado curto para a formação de um precipitado entre as peçonhas e estes últimos soros, uma vez que Hansen (10, 11) e Petermann & Pappenheimer (18) observaram que a digestão péptica diminúi muito o tempo de floculação de anti-toxinas, o que explicaria a floculação do sôro B-114. Em nenhuma das pesquisas aqui mencionadas a neutralização das pro¬ priedades tóxicas das peçonhas coincidiu com a floculação máxima (Tabela V), o que confirma verificações anteriores sôbre êste assunto (28). Tais achados não são surpreendentes, pois, à luz das pesquisas de Pope ct al. (19, 20) sôbre toxina e antitoxina diftéricas purificadas, nem mesmo teoricamente deve ser esperada relação direta entre ensaios in vivo e in vitro de antígenos tão comple¬ xos como os venenos oíidicos e os anticorpos correspondentes. De fato, Chris- tensen (2) até observou que precipitados obtidos com proporções ótimas de veneno-antiveneno em certos casos não continham toxina alguma. Uma expli¬ cação plausível dêste fenómeno seria fornecida pelos toxoides de venenos de Githens & Butz (8) ou pelo grupo II do "Giftdrüsensekret” de Schõttler (24). ORDEM DE TOXICIDADE E ÍNDICE SUBCUTANEO-ENDOS ENOSO A ordem de toxicidade dentro de uma série de venenos é obtida pelo cálculo da razão entre a dose mortal média de cada peçonha e da amostra mais ativa do grupo. Os resultados para os venenos usados nesta investigação encontram-se na Tabela VI. Da análise desta tabela parece deduzir-se que um veneno menos tóxico quando introduzido por via subcutânea se comporta como mais ativo quando a via empregada é a endovenosa, exceto o de ncwviedii L-10, que é fraco em ambos os casos. Esta influência da via de inoculação na inversão da ordem da toxicidade não ficou todavia estabelecida fora de qualquer dúvida, pois as zonas dos índices se sobrepõem em quase cada caso. Comparadas, porém, dire- 2 3 4 5 6 7 ^ J—l -1—1 11 12 13 14 15 16 I M -tn. Inst. Batantan, -27:73-105. 1955/6. \V. H. A. SCHOTTLER 79 tainente as doses letais de espécies diversas de veneno, verifica-se, e. g., que a de atro .r L-ll é superior à de altcniala L-8 por via endovenosa, mas inferior por via subcutânea, havendo, como essa, 32 pares de combinações, não consi¬ deradas, naturalmente, as comparações entre diferentes amostras da mesma es¬ pécie de veneno. Esta comparação direta mostra que, em 9 casos, a relação entre duas peçonhas fica realmente invertida nos dois tipos de ensaio, e que não há um único caso estatisticamente significativo que forneça prova do contrário. A maior parte dos casos restantes, embora sendo estatisticamente duvidosos, depõe a favor da mesma constatação. O mesmo se verifica com referenda ao índice subcutâneo-endovenoso, representado pelo quociente entre as doses letais médias subcutânea e endovenosa de uma peçonha. Xão obstante ■os limites muito amplos déste indice, as diferenças entre venenos por éle caracte¬ rizados são estatisticamente significativas no mínimo em 13 casos entre as 32 possibilidades de comparação. A ordem de grandeza e as diferenças dos índices subcutâneo-endovenosos dos venenos em combinação com sôro an ti peçonhento (Tabela VII) são menores do que os desses venenos sós (Tabela VI). Mesmo que as diferenças entre os índices das misturas veneno-antiveneno não sejam significativas, é interessante notar que as peçonhas com indice subcutâneo-endovenoso mais alto na prova de toxicidade — atro .r L-ll e jararacussu L-7 — têm o indice mais alto também em combinação com sôro, e que, no ensaio endovenoso de anliveneno, é neutra¬ lizado um número considerávelmente maior de doses letais destes dois venenos ■do que dos demais (30). Além disso nota-se que a combinação com o sôro znü-cotiara resultou em indice mais elevado em cinco das amostras de peçonha e num segundo e terceiro lugares uma vez cada. DISCUSSÃO Uma possivel explicação para êstes achados podia ser fornecida pela obser¬ vação mencionada acima, de que, em conseqüência da inoculação endovenosa r conseqüència, se dilúi na direção do nível critico, abaixo do qual não há mais dano local. Desta maneira, o efeito final da hialuronídase do veneno poderá ser exatamente o oposto do que se pensa em geral. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 82 OBSERVAÇÕES MISCELÂNEAS SOBRE PEÇO.VHAS OFiDICAS E ANTIVENENOS Parece iniítil uma discussão destas possibilidades desconcertantes antes de conhecer mais sôbre os fatores essenciais do mecanismo fisiológico letal das peçonhas. Apesar da experimentação aqui relatada ter falhado no objetivo de provar a importância do fator de difusão no evenenamento botrópico, não deixa de ser verdade que uma investigação mais aprofundada do assunto, utili¬ zando também outros tipos de veneno, poderá dar resultados interessantes que venham talvez contribuir para a melhor compreensão destas substâncias. Em benefício da terapêutica do ofidismo, tais pesquisas deviam ser extendidas também às reações entre antiveneno e hialuronídase. Isso não será tarefa fácil, pois, devido à natureza protéica dos soros, a sua influência sôbre a hialuronídase dificilmente pode ser pesquisada turbidimètricamente (33). Por outro lado, a interpretação de ensaios viscosimétricos (9) será dificultada pelas reações si¬ multâneas entre fatores distintos, que influenciam a viscosidade do sistema apurador de maneiras diferentes e independentes: viscosidade do ácido hialu- rónico; viscosidade do sôro antipeçonhento; despolimerização do ácido hialuró- nico pelo veneno; inibição inespecifica (9) e neutralização especifica (4) da hialuronídase da peçonha pelo antiveneno; ação proteolítica, e, por isso, redutora da viscosidade, do veneno sôbre o sôro, e alteração da tensão superficial pela peçonha (35) se o fator responsável por êste fenômeno for diferente dos já mencionados. O autor agradece ao dr. M. de F. Amorim, professor de ana¬ tomia patológica da Escola Paulista de Medicina, pelo diagnóstico dos cortes histológicos, e ao dr. I. Martirani, do Departamento de Saúde e Assistência Social do Estado de São Pado, pela titulação da hialuronídase nos venenos. RESUMO Êste artigo apresenta uma série de observações e pesquisas suplementares, executadas ao mesmo tempo que uma investigação extensa sôbre venenos lx>tró¬ picos e os seus antivenenos, já publicada numa outra revista (30). É descrita uma lesão ocular unilateral em camundongos, causada pela in¬ jeção subcutânea de certa amostra de veneno de Bothrops jararacussu. A severidade das reações locais provocadas pela inoculação subcutânea de peçonhas depende da dose e não da toxicidade geral dos venenos. Elas são neutralizadas até certo grau por antivenenos especificos com referência à espécie e ao gênero de ofídio. A neutralização da atividade local e da toxicidade total ocorre em proporções diferentes. A significação do dano local no ofidismo é amplamente discutida. cm 7 SCÍEL0) 2.1 12 13 14 15 16 M -Tn. Inst. Batmtan. 27:73-105. 1955/6. W. H. A. SCHOTTLER 83 São determinados os tempos de sobrevivência de camundongos após ino¬ culações endovenosas e subcutâneas de doses letais de veneno sem e com adição de soros antipeçonhentos. Não há relação entre a titulação in vivo e por floculação dos antivenenos. A ordem de toxicidade dos venenos estabelecida pela prova endovenosa em geral é inversa da obtida pela inoculação subcutânea, o que resulta em índices subcutâneo-endovenosos diferentes nas várias espécies de peçonhas dentro do mesmo gênero ofidico. Como explicação dêste fenômeno é discutida a pos- sibilidde de um mecanismo duplo na morte causada por peçonhas. Não foi observada influência alguma da hialuronídase sôbre a toxicidade subcutânea dos venenos. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mim. Inst. Kutaiiian, 2~ :7J-105. 195S/6. W. H. A. SCHOTTLER 85 MISCELLAXEOUS OBSERVATIOXS OX SXAKE VEXOMS AXD AXTIVEXINS W. H. A. SCHOTTLER (Department of Pharmacohgy, Instituto Ilutantan) In the course of an extensive study of the immunological properties of the principal Bothrops venoms of Brazil and their corresponding antivcnins, the results of which have been published elsewhere (30), numerous observations and some supplementary experiments were made, which could not l>e iiKorporated in that paper because they do not directly pertain to its subject. These findings and their significance are reported here apart as they may not only l>e of interest to other workers in this field but, partly, also have a 1>earing on fnrther venom research now in progress in this Institute. For full details of the experimental data. on which part of the present study is liased. the reader is referre i a dccrcasc of flttid iit lhe circulatory system. Schwiegk & Schõttler (32) have demonstrated that the loss of plasma into the tissues caused by local trauma may be voluminous enough to constitute by itself the causa mortis. However, it is not necessary to assume such large edemas in the case of venoms, as much smaller losses of plasma are capable of starting the circulus vitiosus (Moon (16) and Schwiegk (31) ) of secondary collapse induced by generalized internai loss of plasma or blood. On the cther hand, the intensity of a local trauma does not warrant a corresponding degree of systemic reaction. It is possible tliat the destruetive action of venom on the endothelial tissues is so strong that, after initial in- crease of capiüary permeability with consequent leakage of blood fluid, the circulation is entirely interrupted in the affected area due to necrosis of the blood vessels. This assumption would supply an acceptable explanation of the incongruity between the apparent severity of local reactions and the respective rates of mortality. Though practically nothing is known alxntt the mechanism of local venom action, except that it is probably associated with the proteolvtic activity, the experimental evidence, cspecially the neutralization of the hemorrhagic factor by antivenin without significant alteration of the lethal dose, tends to indicate that the local trauma per se does not greatly contribute to death by snake poisoning, unless the peritoneum is perforated and the guts are exposed (24). b. Liberation of pharmacodynamically active substanccs, which are normally cell-bound, and formation of toxic split-produets from inoffcnsive material by the various cncymic actions of venoms (38). Feldberg & Kellaway (6, 7), Rocha e Silva et ai (21). Werlc et al. (36) and other workers have shown the release, or formation respectively, of histamine and other depressor substances by ve¬ noms. Nothing, however, seerns to l>c known of the proportions at which these substances appear and in which amounts they might affect the organism. In the present investigation on micc, the possible influence of histamine should be irrelevant Itecause, according to Dekanski (3), the intravenous injection of histamine doses ten times larger than exist in the whole mouse is tolerated by this notably histamine-resistant animal species with scarcely any discomfort. The insignificant ròle of histamine in snake poisoning is also evident from the therapeutic ineffectiveness of antihistamine medication in such experiments (29). The production of local hemorrliagc is not necessarily coupled to the mechanism which brings about the lil>eration, or formation, of toxic compounds, as evident from the fact that the latter also occurs with venoms which do not provoke macroscopically perceptible symptoms at the site of inoculation. Furthennore, such an activity need not l>e limited to the immediate surroundings of the venont deposit but may spread throughout the whole !>ody along with the absorption of the venont, although with decreasing intensity of reaction. If and cm 7 SCÍELO) 1X 12 13 14 15 16 Alan. Inst. BuUntan, 27:75*105. 1955/6. H. A. SCHOTTI.ER 89 ío what degree the physiologic principie treated in this paragraph is neutralized by antivenin lias not yet lieen assayed. It is almost certain that the coinbined local actions of venoins are associated avith their proteohlic enzymes. Therefore it is interesting to investigate the proteolytic capacity of lethal doses of the venonis iinder consideration. Unfor- tunately, pertinent data were only available for the venom of R. jararaca. Here. Martirani «S: Azevedo (15) found that this venom digests gclatin in 60 niimites at pH 8.0 in a proportion of from 1:83 to 1:1,122. The lethal effect of the - san,e species of venom, relative to solid material under the assumption that three fourths of the mouse body are \vater, ocairs at a ratio of from 1:29,500 to 1:581.400. If the digestibility of the body proteins were equal to that of gelatin, this wotild mean that a lethal dose of venom should l>e capable of splitting 0.01 to 3.8% of the body substance. Recalling that the dissolution of Iess than 0 .5 (r may suffice to provoke death, it is evident that the importancc of the proteolytic action of venonis in quite a number of cases cannot bs denied. The supposition of a conimon factor at least for ]>art of the mechanism con- tributmg to shock in snake jioisoning on one side and in numerous fornis of more or less localized trauma on the other is furthcr supported by the similarity ■of the histo-pathologic findings in both conditions. The possibility that sucli avide-spread alterations may lie due to the direct effect of the extremelv minute lethal doses of venom appears rather remote. although the latter niight and probably will directb interfere with selccted organs of higher susceptibility as, for instance, the nervous System. SURVIVAL TIME AFTER INJECTIOX OF LETHAL VENOM DOSES A survey of the survival time after fatal intoxication is given in Table II, m the compilation of which mortalities at dose leveis alxivc the certainly lethal one were not included. No statistically significam difference between the two Toutes of venom application can lie deduced from these figures, which have lieen obtained by recording the mortaüty rate at 24 hour intervals. A more detailed investigation of the times of death within the first 24 hour period after venom inoculation. which was technically impossible, might have revealed that death ensues more rapidly after intravenous injection. The death tinies of the animais in the antivenin assays are recorded in Table III. A comparison of these figures with those obtained with venom alone ( Table II) shows that there is no difference in the intravenous tests and that the difference of the means in the subcutaneous experiments, though not significant. tends to indicate that antivenin retards death in fatal cases. If the ■observations are arranged after the various types of antivenin (Table IV), it 7 SciELO 11 12 13 14 15 16 17 90 MISCELLAXEOUS OBSERVATIOXS OX SXAKE VEXOMS AXD AXTIVEXIXS is interesting to note that the periods oí survival become more regular in the subcutaneous tests as evident from the considerably smaller standard devia- tion (o). Furthermore, after this arrangement death ensues definitely faster on intravenous than on subcutaneous injection of lethal venom-antivenin mixtures, which is obvious from the figures of the first two 24 hour recording intervals. ANTIVENIN TITRATION BY FLOCCULATION AND BIOASSAY After incubation of venom-antivenin mixtures for one hour at 37° C, flocculation occurred only with the pepsin digested antibothropic se rum B-114. whereas the other antivenins, which were investigated in the present study and which had been treated by other puriíicatory procedures or, perhaps, had nct been processed at all, did not show the slightest trace oí turbidity. It is possible that incubation was too short for the formation of a precipitate of the venoms and the latter sera, as Hansen (10, 11) and Petermann & Pappenheimer (18) have observed that peptic digestion greatly decreased the flocculation time oí antitoxin. In none of the experiments here reíerred to, maximum flocculation coincided with the neutralization of the toxic properties of the venoms (Table V), which confirms previous observations on this subject (28). Such findings are not surprising as, in the light of the research on purified diphtheria toxin and antitoxin by Pope et al. (19, 20), congruence between in vivo and in vitro assays of so highly complex antigens as snake venoms and their corresponding antibodies cannot even be expected in theory. As a matter of fact, Christensen (2) even observed that floccules obtained at optimal venom; antivenin ratios contained no toxin at all in certain cases. A plausible explanation of this phe- nomenon would be supplied by the venom toxoids of Githens & Butz (8) or group II of the “Giftdrüsensekret” of Schbttler (24). ORDER OF TOXICtTY AND SUBCUTANEOUS INTRAVENOUS INDEX The order of toxicity within a series of venoms is obtained by calcuhting the ratio between the mean lethal dose of each venom and that of the most active sample in the series. The respective figures for the venoms used in the present investigation ar given in Table VI. The inspection of this table demon- strates that the more active a venom is on intravenous injection the less toxic it seems to be if administered subcutaneously, with the exception of neuwiedii L-10. which is weak in either case. This reversed order of toxicity depending on the route of injection is admittedly not established beyond doubt, as the cm 7 SCÍELO) 2.1 12 13 14 15 16 Mem. Inst. Btltantan, 27:73-105. 1955/6. W. H. A. SCHOTTLER 91 ranges oí the índices overlap in nearly every instance. However, if the mean lethal doses are directly compared, e. g. atrox L-ll is superior to altcrnata L-8 on intravenous and inferior on subcutaneous injection, 32 pairs of combination are possible, leaving out, of course, the comparison between difíerent sainples of the same species of venom. This direct comparison shows that in 9 cases the relation between two venoms is definitely reversed in the two types of assay and that there is not one statistically tenable case to supply evidence of the contrary. The greater part of the remaining cases, though dubious in a statistical sense, is iavorable for the indicated observation. The same is true with regard to the subcutaneous: intravenous index, which is the quotient between the subcutaneous and the intravenous mean lethal doses of a venom. In spite of the very wide ranges of this index, the differences between venoms cliarac- terized by it are statistically significant in at least 13 cases out of the 32 possibilities of comparison. Magnitude and differences of the subcutaneous: intravenous indices of the venoms combined with antivenin (Table VII) are smaller than those of the venoms alone (Table VI). Though the differences between the indices of the venom-antivenin mixtures are not significant, it is interesting that the venoms with the highest subcutaneous: intravenous index in the toxicity test — atrox L-ll and jararaciissu L-7 — have also the highest index in combination with antivenin and that, in the intravenous antivenin assay, considerably more lethal doses are neutralized of these two venoms than of the others (30). It is further noteworthy that the combination with the anti-co/íara serurn resulted in the highest subcutaneous: intravenous index in five of the venom samplcs and in second and third highest once each. DISCUSSION 7 A possible explanation of these findings might be supplied by the aforc- mentioned observation that on intravenous venom inoculation the mice frequent- ly enterd in immediate shock, from which they soon rccovered but, after hours of apparent well-being, died later on. By the complex nature of venoms it would not be unlikely that two toxic principies are involved in intravenous poisoning, one which acts directly on its eífector organs, in immediate contact with which it is brought by the blood stream, and another which either has to leave the circulation in order to encounter its receptors or/and which needs time to liberate, or form, toxic substances within the animal body. On subcuta¬ neous injection, the former factor would be barred from its points of attack by masses of tissue so that its entrance in the circulation is delayed and gradual, thus rendering it relatively harmless. The latter may be concluded from the cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 92 MISCELLANEOUS OBSERVATIONS OX SXAKE VEXOMS AND AXTIVEXIXS experinients of Schaumann (22) and Vellard & Huidobro (34). who observed that the imniediate fali of blood pressure caused by intravenous injection of locally active veiioms is less severe or even absent on replication of the same dose, which indicates a desensitization of the effector orgatis to this fraction of the venom. Hence, a íactor of great importance in intravenous poisoning has less or no faearing on the outcome of subcutaneous venom application, and variations in the qnantitative distribution of this factor in the venoms might well acconnt for the reversed order of toxicity of the venom samples in the two rontes of inoculation. Another explanation was offered by Martirani (14), who suggested that differences in the hyaluronidase activity of the venoms might determine the degree of the latter’s toxicity on subcutaneous injection but might be of negligible influence in intravenous inoculations. The comparison of the amounts of hya¬ luronidase present in lethal doses of the venom samples under investigation. as assayed by the method of Tolksdorf et al. (33) (Table VI), shows considerable variation in the hyaluronidase activity of the venom doses that provoke death on intravenous injection, whereas the quantities of this enzyme contained in the rather diverging subcutaneous lethal doses are remarkably similar. Tlierefore a closer examination of this matter is justified. INFLUENCE OF HYALURONIDASE ACTIVITY OF VENOMS ON THEIR SUBCUTANEOUS TONICITY The possible ròle of hyaluronidase in the subcutaneous intoxication by venoms should become evident if its titer is artificially raised, or if the hyaluro¬ nidase of the venom is used up by its proper substrate prior to the injection of the venom. In these experinients, a commercial brand of bovine testiailar hyaluronidase *, or hyaluronic acid, was added to the venom Solutions, and the mixtures were incubated at 37°C for one hour before subcutaneous injection in female white nice. Control tests with the same venom Solutions plus saline were run at the same time. Results are reported in Table VIII. The hyaluronidase increase in exjieriments Xo. 55, 56, 58 over the Controls Xo. 34 or 35. respectively. was 25, 18 and 72% in the mean lethal doses. The amounts of hyaluronic acid added to the venom Solutions in experinients Xo. 57, 59, 60 were suíficient to absorb 10,720, 580 and 850$r of the hyaluronidase activity of the Controls relative to the LD.-, 0 s. The results of these assays are rather coníusing. Exper- iments Xo. 55, 56, 57 show that the reduction of hyaluronidase activity by large amounts of hyaluronic acid signiíicantly decreases the toxicity of the venom * Supplied under the trade-name “ Hyalozima” by Opoterapica NESPA Ltda.. São Paulo, S. P-, tlirough the courtesey of Dr. I. Martirani. 2 3 4 5 6 7 ^ 1 1 11 12 13 14 15 16 I Mtsn. In*t- Batantan. 27:75-105. 1955/6. W. H. A. SCHOTTI.KK 93 in comparison with that of the Solutions to whieh hyaluronidase had been added. Just the opposite occurred in experiments Xo. 58, 59, 60, where hyaluronic acid enhanced the toxicity relative to the hyaluronidase enriched venom solu- tion, in one case (experirnent Xo. 58/60) even signiíicantly from a statistical viewpoint. However, the extreinely large error of the toxicity estimations in the control tests with venom alone inakes it very proliable that the conflicting results are merely due to cliance. Thus, no evidence of the suggested influence oí the venom hyaluronidase on the subcutaneous toxicity of venom is conceivable from the results of these experiments, which, however, are open to the crit- icism that, according to Haas (9) and Hechter (12), more factors tlian were controlled here are involved in the mechanism of spreading in vivo. Hence, the conclusion that hyaluronidase does definitely not enhance the toxicity of venoms would be premature. DISCUSSIOX In the vast literature on the spreading factor, or factors. of venoms, which is supposed to lie hyaluronidase or a hyaluronidase-like substance, it has generally been accepted bona fide that a mechanism which promotes invasion of an organism is favorable for the action of a toxic or otherwise physiologically important substance. This view holds true for certain conditions such as the observations of Krech (13). who found that. in sulicutaneous experiments, markedly less antitoxin is necessary to neutralize a previously injected dose of diphtheria toxin if hyaluronidase is added to the seruni. In this case, the hyaluronidase will hasten the distribution of the antitoxin throughout the in- íected organism at a rate which without the aid of the cnzyme might only lie attained by higher doses of serurn. The time element, however, is of no importance in snake poisoning undcr natural circumstances, liecause it is entirely irrelevant whether a seqient kills its prey in 5 or in 30 minutes. Moreover, in the case of venoms with pronounced local activity, there is still another aspect of the problem of spreading. namely that of the threshold concentration of venom required to overcome the natural resistance of the tissues to its action. It is obvious that the higher the hyaluronidase content of a given amount of venom, the faster the latter will spread and, thus. become diluted towards the criticai levei, below which no local damage occurs. This way, the final effect of venom hyaluronidase might lie just the opposite of what is generally assumed. A discussion of these disconcerting possibilities is rather useless before much more is known about the essential features oí the physiologic mechanism by which venoms provoke death. In spite of the lack of evidence on the importance of the spreading factor in Bothrops poisoning supplied by the exper- SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Q4 MISCELLAXEOUS OBSERVATIOXS OX SXAKE VEXOMS AXD AXTIVEXIXS iments of this paper, a closer investigation oí this matter also in other types of venom might yield interesting results, which possibly would be of help for a better understanding of these substances. For the benefit of snake bite therapy such research should also be extended to the interactions between antivenin and hyaluronidase. This will not be an easy task because by the proteic nature of sera their influence on hyaluronidase can hardly be determined turbidimetri- cally (33). On the other hand, the interpretation of viscosimetric assays (9) will be complicated by the concomitant reactions between distinct factors, which influence the viscosity of the system in different and independent ways: vis- cosity of hyaluronic acid, viscosity of antivenin, depolymerization of hyaluronic acid by venom, unspecific inhibition (9) and speciíic neutralization (4) of venom hyaluronidase by antivenin, proteolytic and thus viscosity reducing action of venom on senim, alteration of surface tension by venom (35), if the factor responsible for the latter phenomenon is different from the aíore-mentioned ones. ACKNOWLEDGEMENTS The author’s tlianks are due to Dr. M. de F. Amorim, Professor of Patholog- ical Anatomy, Escola Paulista de Medicina, for diagnosis of the histológica! sections, and to Dr. I. Martirani, Public Health Service of the State of São Paulo, who assayed the hyaluronidase of the venom samples. SUMMARY This paper presents a collection of supplementary observations and experi- ments made in connection with an extensive study on Bothrops venoms and their antivenins published elsewhere (30). A unilateral eye Iesion provoked by subcutaneous injection of a certain sample of Bothrops jararacussu venom in mice is described. The severity of the local reactions elicited by subcutaneous venom adminis- tration depends on the dose and not on the general toxicity of a venom. They are neutralized to a certain degree by species- and genus-specific antivenins. Local activity and total toxicity are neutralized at different rates. The signifi- cance of local damage in snake poisoning is amply discussed. Survival times of mice after intravenous and subcutaneous incculations of lethal venom doses with and without addition of antivenin are reported. No congruence between in vivo titration and flocculation of antivenin was observed. The order of toxicity of the venoms established by intravenous assay is generallv reversed in subcutaneous determimations, which results in different 2 3 4 5 6 7 ^ j_i -i—i 11 12 13 14 15 16 I Mt*m. Inst. Butantan. 27 : 73 - 105 . 1955 / 6 . \V. H. A. SCHOTTLER 95 subcutaneous : intravenous índices for the various venom species of the same snake genus. As an explanation of this phenomenon, the possibility of a dual mechanisra of death by venom is discussed. Under the conditions of the experiment, no influence of hyaluronidase on the subcutaneous toxicity of venom was detected. 1 . 3. 4. 5 . <5. 7. 8 . 9. * 0 . 11 . 12 . 13 . 14 . 15. 16. 17 . 18. 19. 20 . REFERENTES A morim, M. de F., & R. 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I Xccrosis of the eyc-ball provokcd by subcutaneus injection of a ccrtain samplc of Bolhrops jararacussu Venom. SciELO 11 12 13 14 15 102 MISCELLAXEOUS OBSERVATIONS OX SXAKE VENOMS AND ANTIVEXINS TabX-E IV PERCENTAGE OF MORTALITY AS A FUNCTION OF SURVIVAL TIME AFTER INJECTION OF LETHAL DOSES OF VENOM-ANTIVENIN MIXTURES Type of antivcnin Days aftcr injcction on which dcath occurrcd Numbcr of obscrvations i 2 3 4 5 6 8 A. intravenous injcction anti-altcrnata . 91 7 2 0 0 0 0 120 anti-atrox . ... 93 5 2 0 0 0 0 85 anti-cotiara . s<; 2 1 1 1 0 0 303 anti-jararaca. 9? 3 0 0 0 0 0 274 anti.jararacuü«*u ..... 90 6 1 1 0 0 1 145 anti-ncuwicdii . 90 0 10 0 0 0 0 78 anti-Bothrops. 92 6 1 1 1 0 0 131 Wcightcd average ± 1.96 a 91±6 4+4 2+6 0+1 o±i o±o 0+0 1136 B. »ubcutaneous injcction anti-altrrnata . 80 14 3 3 0 1 0 147 anlratrox . SI 14 4 1 0 1 0 160 anti-cotiara. IO 17 6 2 0 1 0 162 anti-jararaca.. . SO 15 4 1 0 1 0 139 anti-jararacunsa. 73 18 7 1 0 1 0 325 anti-ncuwirdu. 76 17 5 i 0 1 0 150 Wcigh*cd avcrage ± l-96 ff 77 i 6 5+3 i±i 0±0 1+0 0+0 1083 SciELO 11 12 13 14 104 MtSCELLAXEOt-S OBSERVATIOXS ON SXAKE VEXOMS AXD AXTIVEXIXS Table VI VARIOUS ÍNDICES OF BOTHROPS VENOM ACTIVITIES Venom sample Ordcr of toxicity (range) Subcutanenus intravenous Index (range) rog of venom containing one unit of hyalo- Order of hyaluronidase actiTily in one LD50 (range) intravenous subentaneous ronidase acti- vity intravenous subcutaneous alternata L-8.. 5.3 (1.1-20.5) 1.4 *0.7-2.6) 8.1 (3.1-26.2) 0.073 26.8 (11.5-42.2) 2.1 (1.52.9) atrox L-ll .... 1.0 (0.4-1.6) 7.0 (2.3-13.3) 221.4 (84.0-755.2) 0.3S0 1.0 (9.4-1.5) 2.1 (1.3-2.9) cotiara L*6.... 5.7 (1.9-20.3) 2.1 (0.9-4.0) 11.5 (4.5-30.6) 0.05S 35.9 (19.1-52.4) 4.0 (2.3-5 7) jararaca L-5... 4.5 (1.5-15.9) 1.0 (0.7-1.3) 7.1 (3.5-16.8* 0.030 54.3 (29.0-79.7) 3.8 (2.8-4.8) « L-14.. 3.3 (0.4-14.4) 1.4 (0.8-2.4) 13.4 (5.5-83.9* 0.030 24.0 4.843.2) 3.1 (2.53.9) jararacussu L-7 1.1 (0.3-4. 1) 6.0 *2.7-11.6) 171.4 65.2-493. Sj 0.390 1.0 '0. 5-1.6) 1.7 (1.0-2.5) . ui 1.3 (0.2-5.5) 3.0 (1.1-6.3) 74.S (1S.S-596.9) 0.105 4.0 (0.9-7.9) 3.2 (1.5-5.0) • IV 1.2 (0.2-6.2) 3.4 (1.2-7.2) 76.3 (19.0-609.9) 0.150 3.5 (0.7-6.2) 2.6 (1.2-4.0) neuwicdii L*10 6.3 (1.1-26.5) 5.7 (2.7-10.8) Ofl O (9.9-141.2) 0.640 3.6 (1.0-6.2) 1.0 (0.6-1.4) TABLE VII ME AN SUBCÜTANEOUS :INTRAVENOUS ÍNDICES OF THE LD^s OF VENOM-ANTIVENIN MIXTURES Antivenins Venom samplrs alternata L-8 atrox L-ll cotiara L-6 jararaca L-5 jararaca L-14 jararacus- $u L-7 neuwirdii L-10 anti-alternata. 2.99 11.54 2.43 3.29 3.48 46.38 5.S6 anti-atrox. 3.46 7.26 2.70 2.64 2.31 10.36 5.05 3.58 19.34 5.72 5.49 2.77 18.83 13.72 anti-jararaca.. 2.87 9.92 3.63 3.12 3.28 17.05 10.27 anti-jarara< ussu. 3.00 8.14 4.74 1.(2 2.» 6.28 9.89 anti-neuwiedii. 2.81 8.30 2.90 2.39 3.19 10.51 3.28 Average (1.96 a) 3 12 (0.57) 10.75 8.00 3.67*2.31) 3.09*2.35* 2.93 0.82) 18.33*26.44* 8.34 (.6.87) SciELO 14 p p 'SciELO 0 11 12 13 14 15 16 cm M.to. Inst. Buuntan, 27 : 107 - 120 . 1955 / 6 . WOLFGANG BCCHERL 107 ESCORPIÕES E ESCORPIONISMO NO BRASIL IV. Considerações em tonio de substâncias escorpionicidas e outras medidas de combate aos escorpiões. WOLFGANG BÜCHERL (Laboratório de Zoologia Médica, Instituto Butantan ) INTRODUÇÃO Desde 1949 temos realizado experiências para verificar até que ponto se poderiam empregar substâncias insccticidas e outras medidas quaisquer no combate às duas espécies de escorpiões mais comuns e perigosas, em nosso meio, para o homem, o Tityus scrrulatus e o T. bahiensis. De 1949 para cá foram feitos ensaios isolados. Octavio de Magalhães (1) experimentou o D. D. T. Etiénne Sergent (2) demonstrou as qualidades escorpicionicidas da mesma substância em realção a alguns escorpiões africanos. Lordello (3) usou o Rhodiatox e o B. H. C. Lopes da Silva (4) obteve resultados promissores no tocante ao D. D. T. e principalmente o B. H. C, quando da campanha anti-cscorpiônica de Ribeirão Preto. O Serviço de Profilaxia da Malaria veio confirmar estes resultados na recente luta profilática de Belo Horizonte. Não era interessante, evidentemente, repetir simplesmente o que já tinha sido feito. Uma análise acurada, porém, dos resultados globais, obtidos com êstes insecticidas na luta contra os escorpiões, deixava entrever certas falhas, a exigir maior número de experiências, em ambiente de trabalho mais favorável, com testes de critica mais precisos e, antes de tudo, com maior número de escorpiões por experiência, fazendo-se acompanhar a cada ensaio com o mesmo número de testemunhas, mantidos, o mais possível, nas mesmas condições de ambiente. No cômputo do cálculo final dos sucumbidos pela substância escor- pionicida, podem, então, ser deduzidos os de morte natural. Recebido, para publicação, em 23.1.1956. cm ISciELO 0 11 12 13 14 15 16 10S ESCORPIÕES E ESCORPIOXTSMO XO BRASIL. IV Em quase nenhum dos ensaios, exetuado até certo ponto o de Sergent (2), considerou-se a natureza do escorpião. As duas espécies brasileiras, acima cita¬ das, têm algo de sombrio e misterioso em seus hábitos de vida. Podem ficar imobilizadas períeitamente semanas a fio, dia e noite, invisíveis e inexistentes para o homem e podem também, como que a um comando secreto, abandonar em massa seus esconderijos, invadindo em célere marcha noturna as habitações humanas. Aprendemos, em nossa já longa lida com escorpiões vivos, que uma ausência não pode ser interpretada com inexistência déstes aracnídeos. Contudo, é hoje ponto pacifico que, em ensaios “i'w zntro " ou em caixas fechadas, onde não era possível fugir-se, sucumbem pràcticamente todos os escorpiões, quer se aplique o D. D. T. ou Gammexane ou ainda o Rhodiatox, seja após mistura do princípio ativo a um pó inerte ou per pincelagem ou pulvenização do insecticida pelos recipientes. O tempo de sobrevivência depende apenas das concentrações empregadas. Xestas condições, o xilol, o clorofórmio, a naftalina, a gasolina vaporizada têm-se revelado excelentes escorpionicidas, embora quase ineficazes já em reci¬ pientes arejados e de ação pràcticamente nula em condições naturais (5 ). Experiências em laboratório, mas adaptadas às condições do habitat natural dêstes aracnídeos, conduzidas com o D. D. T„ e Gammexane e o Rhodiatox. nem sempre foram de molde a garantir um êxito 100/f • Yeri ficámos isto em ensaios próprios, oriundos de suspeitas, quando acompanhamos de perto a desinfecção de Ribeirão Preto e de Belo Horizonte. Os triunfos cantados em face das várias centenas e mesmo milhares de aracnídeos mortos ou capturados e trazidos aos “quarteis-generais" da campanha pela população prestimosa e desafogada, pare¬ ciam -nos algo prematuros, embora a mortalidade escorpiônica tivesse sido real¬ mente impressionante, tendo decaido igualmente a cifra dos acidentados. Mesmo então não nos parecia o “escorpionismo um problema resolvido”. Realmente, receberam as nossas suspeitas confirmação alguns anos depois de Ribeirão Preto, onde o Pronto Socorro Municipal, sob a eficiente direção do I)r. Chiarello, teve o desprazer de registrar os seguintes algarismos de acidentes humanos por T. scrrulatus: Em 1945 . 48 acidentes, em 1946 . 65 acidentes. em 1947 . 83 acidentes, em 194S . 196 acidentes, em 1949 . 330 acidentes, em 1950 (l.° semestre) _ 263 acidentes. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Menn- Inst. Butantan, 27:107-120. 1955/6. WOLFGAXG BÜCHERL 109 Em 14 de Junho até fins de Julho de 1950 verificou-se a campanha inten¬ siva, escorpionicida, desinfectando-se 798.590m 2 de muros, cercas, prédios, ruas, quintais, galerias pluviais, etc. e gastando-se 2.129 Kg de B. H. C. a 10% e 200Kg. de D. D. T. a 30% (4). Entretanto, apesar de tudo isto, mantinham-se os acidentes humanos, socorridos pelo Pronto Socorro, em 1951 e 1952 em tomo de 200. Lm facto paralelo parece verificar-se em Belo Horizonte, onde apesar das campanhas escorpionicidas e apesar da diminuição dos acidentes humanos, foram coletados e en\iados ao Instituto Butantan, durante o ano de 1955, nada menos do que 40.000 “telsa” de T. serrulatus. MATERIAL E MÉTODO Em cada ensaio vimos empregando S Tityus serrulatus e 8 Tityus bahiensis adultos, acompanhdos do mesmo número de testemunhas para a verificação da mortalidade natural. Os testemunhas foram mantidos em condições de ambiente iguais aos escorpiões sob ensaio, exeto o contacto com a substância a ser ensaiada. Como “escorpionicidas” empregámos o Dicloro-difenil-tricloro-etano ou D. D. T„ o tiofosfato de dietil paranitrofenila ou Rhodiatox e o hexacloreto de benzeno ou B. H. C. (Gammexane), em suspensões aquosas ou em pó, pesando-sc, antes de cada ensaio, tanto a substância activa como o veículo, ou medindo-se o ' olunie ce água de suspensão. Julgamos esta precaução de grande importância. De um lado, porque outros nem sempre se tinham dado conta da quantidade de insecticida realmente empregada, ainda que tivessem declarado a porcentagem das suspensões ou dos pós. Por outro lado, poderiam surgir normas sôbre as diluições eficientes dos insecticidas, evitando gastos inúteis com concentrações maiores. A ordem dos ensaios foi estabelecida da seguinte maneira: A. Por contacto direto do insecticida com o escorpião: a) contacto permanente: Xo chão do recipiente era espalhado determinado volume de sub¬ stancia a ensaiar, permanecendo os escorpiões no mesmo recipiente, enquanto viviam ou até que tornassem a alimentar-se, não mais se ressentindo da toxicidade. Temos omitido propositadamente a pincelagem do material sôbre o corpo do escorpião ou a submersão do aracnídeo na suspensão, por ser já garantido o contacto direto 3 5 6 0 11 12 13 14 15 16 1 8 110 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL. IV (com as pernas e o ventre) e ainda porque julgamos êstes dois processos artificiais em demasia. b) contacto temporário : Os escorpiões permaneciam no recinto, cujo chão estava impregna¬ do com o insecticida apenas durante 10 minutos, 30 minutos, 1 hora e 5 horas: Removia-se depois qualquer vestígio da substância tóxica por lavagem e submersões dos escorpiões em água. Os lotes de testemunhas também eram submetidos aos banhos em água. c) contacto tardio: Sem nova edição de insecticida eram as caixas expostas ao sol, à chuva e aos ventos, permanecendo, em média 8 a 15 dias ao relento. Depois colocaram-se nelas os 16 escorpiões com permanência du¬ rante 24 horas, sendo em seguida removidos para ambiente normal. Afigurava-se-nos que, se por ventura ainda fosse verificada qual¬ quer “acção residual’*, deveriam os escorpiões ressentir-se dela já dentro de 24 horas, procurando, então, a salvação na fuga. B. Em ambiente, o mais possível, natural: Com alguns tijolos, cacos de telha, pedaços de reboco endurecido, algumas cascas de árvore, um pouco de terra arenosa, um tufo de grama fazia-se um “esconderijo” natural de 40 cm de diâmetro, mais ou menos, dentro de uma caixa de 2 metros de comprimento por 90 cm de largura e 30 cm de altura, com paredes de vidro e tampas superiores de telas de arejamento. A certa distância eram instalados mais dois outros esconderijos semelhantes. Bi: Pulverização (pela superfície externa, frestas e fendas de um dos escon¬ derijos, sob o qual tínhamos alojado os escorpiões momentos antes) de um volume medido de insecticida. Permitia-se aos escorpiões, acossados, que abandonassem a zona perigosa, instalando-se sob os outros “montículos”, livres de tóxicos. B 2 : Com um regador espalhava-se abundante água sóbre o esconderijo enve¬ nenado, a imitar, p. ex., uma pequena área de horta, tratada com insecticida, mas submetida a chuvas. 8 dias depois colocavam-se os 16 escorpiões, que também neste ensaio podiam refugiar-se sob os outros 2 esconderijos na¬ turais, caso se sentissem intoxicados no primeiro. 2 3 4 5 6 7 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. Butantan, 27 : 107 - 120 . 1955 / 6 . WOLFGAXG BCCHERL 111 Tanto os animais “sub experientia” como os testemunhas ti nham sempre água potável à disposição. Terminada uma experiência com uma substância ou uma diluição, lavavam-se os viveiros com abundante água, em operações repetidas. Depois colocavam-se alguns escorpiões neles com alimento e água, etc., para se ter a certeza da inocuidade dos recipientes. Somente em seguida empregavam-se os mesmos para nova experiência. As manipulações das substâncias tóxicas faziam-se longe do recinto das experimentações, para evitar que possíveis emanações viessem a alterar os resultados. O tempo de observação dos “candidatos” extendia-se até a morte ou até que os sobreviventes encetassem novamente vida normal, com aceitação de alimento, etc.. RESULTADOS I. Com o Rhodiatox: — (em suspensão aquosa) Tempo de contacto Gramas de subs¬ tância por 'm* Animais de experiência Testemunhas intoxicados mortos mortos permanente . 0.13 5 b. e 3 s. 4 b. e 2 s. 3 b. e 1 s. (123 10 minutos . 0.25 2 b. e 3 .. 1 b. i >. 30 minutos . 0.25 3 b. e 2 >. 2 b. e 1 s. 2 b. 1 hora . 0,26 5 b. e 4 s. 5 b. s 4 s. 2 b. e t *. 5 horas . 0,25 7 b. e 6 s. 6 b. e 5 s. _ _ cont. tardio . 0,13 2 b. e 2 i. 1 b. e 1 s. 2 b. e 1 t. B 1 . 0,25 4 b. e 3 >. 4 b. e 3 i. 1 b. B 2 . 0.25 2 b. e 2 i. 2 b. e 2 i. 2 b. e 1 «. b. = Tityus bahiensis. s = Tityus serrulatus O contacto direto de 10 minutos, o contacto tardio e o ensaio 132 revelam a pouca possibilidade do Rhodiatox, fora de casa. P 'SciELO 0 11 12 13 14 15 16 1 112 ESCORPIÕES E ESCORPIONISMO XO BRASIL, IV II. Com o D. D. T. em suspensão aquosa: Gramas de subs- Animais de experiência Testemunhas Tempo de contacto • 9 táncia por m* intoxicados mortos mortos permanente. 0,5 4 b. e 5 s. 3 b. e 3 s. — - permanente. 1,0 5 b. e 4 s. 5 b. e 3 s. 2 b. e 1 s. permanente. 2,0 8b. e 8 s. 8 h. e 7 s. — 10 minutos. 2,0 0 b. e 2 s* 0 b. e 0 s. 1 b. 30 minutos. 2,0 6 b. e 5 s. 3 b. e 2 s. — — 2.0 7 b. e 6 s. 5 b. e 5 s. 1 b. 5 horas . . 2,0 8 b. e 8 s. 7 b. c 6 s. 1 b. e 1 s. cont. tardio. 2,0 2 b. e 1 o. 1 b. e 1 s. 2 b. r 2 *. B 1 . 2.0 . e 4 s. 5 b. e 4 s. 1 b. e 1 s. b 2 .;. 24) 1 b. e 2 s. 2 b. e 2 s. 1 b. e 2 s. O D. D. T. é superior ao Rhodiatox, quando em concentração perto de 2 g de substância ativa por metro quadrado. Precisa, entretanto, estar em contacto direto pelo menos por 30 minutos com o corpo do escorpião. Pelo sol e as chuvas seu poder escorpionicida se extingue rapidamente. III. Com o D. D. T. em pó, com 5% do princípio ativo: Em nossa lida com os escorpiões temos verificado que êles costumam ajuntar-se invariavelmente sob qualquer esconderijo, que os abrigue da luz. A fotofobia é mesmo tão pronunciada que êles se escondem sob cartões quadrados, de bordos dobrados para baixo, apesar de estar presente sob êstes esconderijos uma substância tóxica. Apenas 10 gramas do pó de D. D. T. com 5fc de substância ativa foram espalhados sob 2 cartões (5 gramas sob cada um). Xão sentem os escorpiões nenhuma repulsa ao insecticida, chegando a refugiar-se da luz sob os cartões e a deitar-se directamente sôbre o tóxico, resultando disto um contacto directo permanente, de maneira que pudemos dispensar ensaios do contacto temporário. Resultados: — Dentro de 3 dias sucumbiram todos os 16 escorpiões. Os sinais de intoxicação (tremores das pernas e da cauda, movimento convulsivo das pernas, dos pentes, abaixamento total da cauda, dedos das mãos abertos, marcha titubeante, com a cauda extendida e quedas por desequilíbrio, finalmente extensão completa sôbre o dorso ou o ventre) se estabeleciam após mais ou menos 3 horas de contacto. A agonia era longa, perdurando até dois dias. Sem renovar o insecticida sob os cartões repetia-se a experiência, após 2 semanas e 1 mês, sucumbindo novamente todos os 16 escorpiões. Após a expo- 2 3 4 5 6 7 11 12 13 14 15 16 Mesn. Inst. Butantan, 27 : 107 - 120 . 1955 / 6 . WOLFGAXG BÜCHERL 113 sição do viveiro ao sol e à chuva e renovação dos cartões, não se via mais vestígio do pó e dos 16 escorpiões sucumbiram apenas 3 b. e 2 s., dentro de 8 a 27 dias, morrendo neste tempo 3 b. e 2 s. dos testemunhas. IV. Com o B. H. C. em pó, com 1% de isõmero gamma: As condições das experiências foram idênticas às do D. D. T. em pó; os resultados davam sempre, durante 2 mêses (4 ensaios), uma mortalidade de 100/í). Após meia hora os escorpiões abandonavam, já intoxicados, os escon¬ derijos, mas tornavam a voltar a êles. Morriam de costas, com abdômen flácido e as pernas em flexão. Todos tinham insecticida aderido ao ventre. O sol e a chuva neutralizavam também os efeitos dêste insecticida. V. Com o B. C. H., em suspensão aquosa de 0,1 g, 0,5 g e 1,0 g de isomêro gamma por metro de superfície: Gramas de subs¬ tância por m~ Animais de experiência Testemunhas Tempo de contado intoxicados mortos mortos permanente.. 0,1 6 b. c 6 s. 5 b. s 4 s. 2 b. c 2 *. permanente . 05 8 b. e 8 s. 8 b. e 8 s. — — permanente . 1.0 8 b. e 8 s. 8 b. e 8 ». - — 10 minutos . 0.50 8 b. e 8 *. 6 b. e 5 s. 1 b. — 30 minutos . 050 8 b. c 8 s. 7 b. e 7 s. — — 1 hora. 0.50 Sb.cSi. 8 b. e 8 ». — — cont. tardio. 0,50 4 b. e 2 ». 4 b. c 2 *. 2 b. e 2 *. B 1 . o/a Sb.rHi. 7 b. e 5 s. 1 b. e 2 ». B 2 . 050 4 b. e 3 s. 5 b. e 4 s. 2 b. c 1 s. Também o B. H. C, sem dúvida o cscorpionicida mais enérgico entre os ensaiados, tanto em pó como em suspensão aquosa, não mata 100/í> quando em ambiente natural. Também êle é enfraquecido e mesmo neutralizado sob a ação das chuvas. Intoxica, entretanto, muito mais rapidamente do que o D. D. T.; o fato, entretanto, de agir também como repelente, pois faz que os escorpiões empreendam a fuga, parece—nos uma desvantagem. DEDUÇÕES DOS RESULTADOS As experiências demonstram daramente: a) que deve haver contacto direto entre o insecticida e o corpo do escorpião; b) que êste contacto deve ser pelo menos de 1 hora com B. H. C., de mais de 5 horas com o D. D. T. e o Rhodiatox; P 'SciELO 0 11 12 13 14 15 16 1 114 ESCORPIÕES E ESCORPIOX1SMO XO BRASIL, IV c) que nas suspensões aquosas se obtém resultado bom somente com meio grama de B. H. C., com 2 gramas de D. D. T. e com mais de meio grama de Rhodiatox por metro quadrado? d) que os três insecticidas perdem ràpidamcntc sua atividade, quando espalha¬ dos em áreas, sujeitas a chuvas, ventos e sol; e) que, sob a forma de pó, o D. D. T. com 0,25 g. de dicloro-diíenil-tricloro- etano em cada 5 g. de pó inerte e o B. H. C. com 0,05 g. de isômero gannna por 5 g. de pó inerte constituem os escorpionicidas por excelência, com uma ação residual suficiente por várias semanas, quando ao abrigo das chuvas e da luz. As campanhas realizadas em Ribeirão Preto e em Belo Horizonte não puderam acabar com os escorpiões, porque uma grande percentagem destes aracnídeos não foi atingida diretamente e ainda porque a ação dos insecticidas fora neutralizada em breve tempo pela ação das chuvas, do sol e dos ventos. Xestas circunstâncias não seria lógico pensar-se em dar combate aos escor¬ piões no próprio campo. Após cada queda de chuva deveria repassar-se o insecticida. Há a considerar ainda que o escorpião, principalmente o T. ba- hiensis, costuma viver até 2 metros dentro da terra, sob cupins, em buracos profundos, cavados por outros animais, em fendas e rachaduras do solo, onde jamais é atingido diretamente por nenhum destes insecticidas. O mesmo ocorre naturalmente nos quintais, nas hortas e nos jardins das habitações humanas. Dai êles são transportados pelo homem para junto de sua habitação ou diretamente para dentro dela com a lenha, os tijolos, as madeiras, as forra¬ gens, etc.. Muitas vêzes éles chegam à habitação humana, porque o próprio homem constroi sua casa diretamente por cima do "habitat” escorpiônico, como verificamos repetidas vêzes no Pacaembú, Pacaembíizinho, nas encostas do Sumaré, Jardim Paulista e Cidade Jardim, todos bairros da Capital de S. Paulo. Da necessidade do contacto direto do tóxico e de sua neutralização pelas chuvas, dos hábitos de vida deste aracnideo omnipresente e ausente ao mesmo tempo, deduz-se que o combate eficiente ao escorpionismo é complexo. O escorpião é muito ardiloso. Pode esperar escondido dias, semanas e meses; ]>ode simular uma perfeita ausência, principalmente no inverno e nos mêses precedentes e seguintes ao inverno. De repente, no verão, ele aparece den¬ tro dos globos de lúz, pendentes do tecto, no banheiro, completamente azulejado e ladrilhado, em torno do tanque e do W.C. do quintal. A nossa luta contra ele deve ser também ardilosa e paciente, prolongada por mêses e anos. Deve ser feita dentro da casa e nos quintais em lugares abrigados da chuva. Mtm. I nst. Butar.tan, 27 : 107 - 120 . 1955 / 6 . WOLFGAXG BCCHERL 115 A melhor maneira, adaptada às tendências do escorpião e de resultados realmente seguros, tanto em residências ricas como em habitações modestas, consiste em adquirir um meio kilo de D. D. T. ou Gammexane em pó. Adqui¬ rem-se ainda algumas íollias de papelão preto, do qual se cortam quadrados de 10 x 15 cm. de lado. Dobram-se então três bordos para baixo, na largura de 1 cm. apenas, deixando-se um lado aberto como “entrada”. Ao longo da parede interna da casa, directamente encostado nela, colocam-se um ou dois dêstes “esconderijos”, espalhando-se por baixo dêle, directamente no chão, o pó insecti- cida, em camada muito fina. Após limpeza geral, renova-se a camada de pó, fazendo-se o mesmo em cada 2.° mês. Basta uma das armadilhas em cada cômodo, no banheiro, no porão, alpendre, etc.; e após dias, semanas ou mêses, veremos aparecer escor¬ piões mortos ou agonizantes. Os ensaios com o pó do D. D. T. e do B. H. C. não deixam dúvida a respeito. Como não liá luz direta nem chuva, os insecticidas conservam sua ação durante semanas. O escorpião, por seu turno, tem tanta atração pelo escuro em suas marchas ao longo das paredes, que se refugia imediata e irresistivelmente nestes esconderijos. Tendo apenas 1 cm. de altura, obrigam-no a deitar-se, de maneira que seu ventre e a própria cauda entram em contacto imediato com a substância tóxica. Nos citados bairros da Capital de São Paulo houve franco entusiasmo por êste método barato, pouco trabalhoso e sumamente eficiente. OUTROS MF.IOS DE COMBATE AOS ESCORPIÕES Há uma infinidade de recursos e de métodos que podem convergir no combate aos escorpiões. Entre os animais ocasionalmente escorpionivoros sobressaem a galinha do¬ méstica e o sapo (Bufo marimts marimts e B. vi. paracnemis). A galinha, embora durma quando o escorpião é activo, costuma nas hortas e nos quintais da população suburbana devorar um considerável número de escor¬ piões, escondidos de dia sob folhas, cascas e pequenos pedaços de detrito. O sapo enfrenta o escorpião, persegue-o mesmo de noite e o devora sem maiores dificuldades. Temos observado repetidas vêzes que o sapo, antes de dar o golpe certeiro, examina o escorpião como que a verificar o melhor “jeito” para engulir o aracnídeo. Uma das melhores possibilidades de combater os escorpiões reside, a nosso ver, na construção das casas pouco propícias a êste. Julgamos êste ponto de grande importância. Acreditamos mesmo ser necessário, em zonas onde há êste problema, que nas escolas de engenharia se administrem algumas instruções aos ■engenheirandos, para que construam casas somente com muros lisos e comple- P 'SciELO 0 11 12 13 14 15 16 1 116 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL, IV tamente rebocados; não permitam adornos de madeira, muros lisos de simples tijolos, sem reboco, revestimentos com granito, sem enchimento seguro dos vãos com argamassa de cal, areia e cimento. A instrução do povo e das crianças escolares sôbre o modo de proceder em face do escorpionismo é sumamente importante. Se nos quintais das mora¬ dias da população menos favorecida de Belo Horizonte, de Ouro Preto, Mariana, Aparecida etc., não houvesse o mais variado depósito de “cacarecos” velhos (alguns tijolos empilhados, táboas sobrepostas, chapas de folhas empilhadas em porões abertos, canteiros delimitados por fileiras de pedras ou tijolos soltos, etc.), fácil seria mantê-los limpos e menos numerosos seriam os esconderijos natu¬ rais dos escorpiões. A captura dos escorpiões merece lugar de destaque entre as medidas pro¬ filáticas mais eficientes. Relatam E. Dias e colaboradores (5) que o Instituto Oswaldo Cruz de Belo Horizonte tem adquirido, em 6 anos, nada menos de 107.533 escorpiões vivos ou mortos somente da cidade de Belo Horizonte. O Instituto Butantan, no período de 1950 a 1955, recebeu por compra directa ou permuta contra sôros 107.542 escorpiões ou sejam 63.218 “telsa” de Tityus scrralatus, 30.727 “telsa” de T. bahiensis e 3.902 T. serrulatus e 9.695 T. baltien- sis vivos. Pela captura de uma fémea adulta pode evitar-se a existência de mais 15 ou 25 filhotes no ano seguinte. CONCLUSÃO Nas regiões brasileiras, onde existe o problema do escorpionismo, pode ser controlado e reduzido a proporções toleráveis, não tanto por campanhas espo¬ rádicas de exterminação, mas principalmenle pela ação persistente e ininterrupta, de cada habitante e do povo em geral. De acordo com os hábitos dos escorpiões de refugiar-se da luz diurna sob qualquer lugar baixo que garanta escuridão, constitui medida econômica e fácil espalhar-se 1 g. de D. D. T. ou Gammexane em pó diretamente no chão, ao longo das paredes internas, numa área de 10 a 15 cm. quadrados colocando-se por cima pequenos papelões quadrados, com lcm. de altura apenas, para que os escorpiões se possam refugiar sob os mesmos, chegando em contacto direto com o insecticida. Recursos outros, como a captura direta, a construção da moradias humanas pouco habitáveis para os escorpiões, com uma faixa solidamente cimentada em torno, com muros, paredes e forros sem fendas ou rachaduras, meticulosamente rebocados e alisados, sem obras de arte de madeira, sem plantas rasteiras ou trepadeiras pelos muros, a proteção do sapo e da galinha (quando outras circunstâncias concorram para que êstes dois animais possam ser tolerados ao Mem. Inst. Butantan, 27:107-120. 19S5/6. WOLFGANG BCCHERL 117 redor do homem), constituem outros tantos fatores a ajudar o homem na luta contra os escorpiões. RESUMO Estudos experimentais sôbre o Rhodiatox, o D. D. T. e o Gammexane são apresentados para verificação de seu poder escorpionicida sôbre as duas espécies brasileiras, o Tityus scrrulatus e o T. bahictisis. O Rhodiatox em suspensão aquosa, na concentração de 0,25 g. por metro 2 de superfície não chega a matar mais do que 70% dos escorpiões, mesmo quando em contacto direto de pelo menos 5 horas. O D. D. T. em suspensão aquosa, com 2 g. de substância atira por metro quadrado, mata entre 90 a 95%, quando em contacto direto de pelo menos 5 horas. O Gammexane, em suspensão aquosa, na concentração de 0,5 g. por metro 2 de superfície, mata pràticamente 100% dos escorpiões, quando em contacto di¬ reto de pelo menos 1 hora. Não se verificando, entretanto, contacto direto, nenhum dos 3 insccticidas, nas concentrações referidas, pode ser considerado satisfatório. A mesma defi¬ ciência ocorre quando êstas substâncias sofrem os efeitos da chuva, do sol e de outras condições atmosféricas, inclusive a secagem dentro das casas, parecendo- nos que as suspensões aquosas além de serem de custo elevado, quando espalhadas a esmo e por áreas extensas, não venham a constituir método ideal para combater êstes aracnídeos. O D. D. T. cm pó, entretanto, com 5% de principio ativo, ou o B. H. C. cm pó, com apenas 1% de isòmero gama por metro quadrado, espalhados um ou outro no chão, sob pequenos cartões, na quantidade de 1 g. apenas para cada cartão, colocados ao longo das paredes internas ou externamente ao abrigo das chuvas, devem ser considerados escorpionicidas com lOOJo de atividade. Também aqui o escorpião deve chegar em contacto direto com a substância tóxica. A permanência destes esconderijos nos cômodos nas habitações hu¬ manas durante mêses e talvez anos c a renovação do insccticida cada segundo mês, garante, quase com certeza, que algum dia o escorpião, em suas peregri¬ nações noturnas pela casa, se refugie da luz matinal sob um dos cartões, esta¬ belecendo o contacto mortifero. Esta maneira, de agir constitui um método prático e pouco trabalhoso; implica diminutos gastos e reduz, com o tempo, ao mínimo o problema do escor- pionismo. SUMMARY Experimental studies on the effect of insecticides on the 2 most common scorpions, in S. Brazil, Tityus scrrulatus and T. bahiensis, are presented in this cm 'SciELO 0 11 12 13 14 15 16 11S ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL, IV paper. The íollowing insecticides were investigated : Diethyl-paranitrophenyl- thiophosphate (Rhodiatox), dichlorodiphenyl-trichloroethane (D. D. T.) and benzene hexachloride (Gammexane). Rhodiatox, suspended in water and sprayed in a concentration of 0,25 g per square meter, kills about 70% of scorpions, after direct contact for more than 5 hours. D. D. T., suspended in water and aprayed in a concentration of 2 g. of active substance per square meter, kills about 90 — 95% of scorpions, after direct contact of 5 hours. Gammexane, suspended in water, in a concentration of 0,5 g. per square meter, kills practically all scorpions, after a direct contact for 1 hour. If no direct contact exists between the Chemical and the arthropod or ií the three insecticides are exposed to rain, wind, sun or other climatic conditions, these concentrations are no more efíective. D. D. T. powder with 5% of the active principie, and gammexane with 1% of the gaiiima isomer for square meter seem to be the best substances for killing nearly all scorpions. The following technique for using the insecticides has been found very effective in our experiments: Little lwxes (10 to 15 cm. on each side and 1 cm high, one face open) are constructed with black paper and placed arround the internai walls of each room of the house. The insecticide is sprayed on the ground, one gram under each box, and renewed every 4 months. The scorpions, walking from room to room during night, always use the boxes to protect themselves from the daylight and thus carne into direct contact with the insecticides spray. Our experiments show that 100% of these are killed in this simple and practical way. Under these conditions it is advisable that. in such localities aíflicted hy scorpionism as Belo Horizonte, Ouro Preto, Mariana and Passagem, all in the State of Minas Gerais, Ribeirão Preto, Pontal and Aparecida do Norte in the State of S. Paulo, the problem can be greatly reduced if those boxes are permanently placed in all houses, rooms and gardens and protected from direct rain and daylight. ZUSAMMEXFASSUNG In dieser Arbeit werden Yersuche mit einigen der modemen Schàdlingsbekãm- pfungsmittel gegen die beiden giítigsten brasilianische Skorpione, den Tityus sernilatus und den T. balticnsis, dargelegt. Das Diaethyl-Paranitrophaenyl-Thiophosphat oder Rhodiatox, das Dichlor- Dipliaenyl-Trichloraethan oder D. D. T. und das Benzen-Haxachlorid oder Gammexan wurden versucht. Mero- Inst- Bataiitan, 27 : 107 - 120 - 1955 , 6 . WOLFGAXG BCCHERL 119 Das in Wasser emulsionierte Rhodiatox, tõtet, bei einer Konzentration von 0,25 g. pro Quadratmeter, nur bis 70% de Skorpione, wenn es mindestens 5 Stunden lang in direktem Kontakt mit diesen gelangt ist. Das in Wasser aufgelõste D. D. T. und mit einer Konzentration von 2 g. des wirksamen Prinzipes pro Quadratmeter, kann schon 90 bis 95% der Skorpione tõten, wenn es eben falis wenigstens 5 Stunden lang in direktem Kontakt mit diesen gekommen ist. Das in Wassr suspendierte Gammexan tõtet schon in einer Konzentration vom 0,5 g. des Gamma Isomers pro Quadratmeter an die 100% aller Skorpione, wenn es wenigstens 1 Stunde lang in direktem Kontakt mit diesen war. Kommt es jedoch zu keinem direktem Kontakt oder trocknen diese drei in \\ asser emulsionierten Substanzen aus oder werden durch Regen, Sonne, W ind und andere klimatische \'erhâltnisse beeinílusst, kann keine der Dreien mehr ais bcfricdigend angesehen werden. An Hand der Tatsache, dass diesse Bekàmpfungsmittel direkt mit dem Kórper der Skorpione in Berührung kommen müssen und dass sie andererseits, liauptsãchlich durch Regen und Sonne baldigst unschãdlich gemacht werden, liat. Verfasser geine Methode ausgearbeitet, die diesen beiden Postulaten weitest gerecht wird und die, wie experimentell durch Versuchsreihen gezeigt werden konnte, auch tatsáchlich die Skorpionplage auf ein zulãssiges Minimus herabdrü- cken kann. Aus schwarzem Pappkarton werden 10 bis 15 cm. lange und breite Vierccke herausgeschnitten. An drei Seiten wird 1 cm breiter Rand nach unten gebogen, wãhrend die vierte Seite offcn gelassen wird. Man streut dann etwa ein Gramn D. D. T., mit 5% der aktiven Substanz oder 1 Gramm Gammexan mit 1% Gamma Isomer, in Pulvcrfonn direkt aui den Boden, und zwar den inneren Hauswãnden cntlang und setzt iiber dieses Pulver die angeíertigten \ r erstecke. In sehr verseuchten stãdtischen Bezirken, wie in Belo Horizonte, Ouro Preto, Mariana, Passagem, etc., iin Staate von Minas Gerais oder in Ribeirão Preto, Pontal. Aparecida do Norte, etc., im Staate von São Paulo, empfiehlt cs sich, mõglichst viele solcher Unterschliipfe in jedem Raume des Inneren der Wohnliãuser und auch im Garten (geschützt vor Regen und Sonne) aiuubringen. Alie zwei Monate ist die wirksame Substanz zu erneuern und die Verstecke sollen monate oder jahrelang aufgestellt werden. Es ist eine allen Fachleuten bekannte Tatsache, dass die Skorpione nur des Xachts die Hauser und Gãarten durchstreifen, sei es auf der Suche nach Bcute oder, um einen anderen, mehr zusagenden Wohnsitz zu finden. Vom Tageslicht überrascht, suchen sir sich immer ein dunkles Versteck. Dabei laufen sie regelmãassig den Wãnden entlang. Da aufgestellte Unterschlüpfe werden auch sofort benützt und der Skorpion pflegt selbst dann darin zu bleiben, wenn auch P 'SciELO 0 11 12 13 14 15 16 I 120 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL. IV D. D. T. order Gammexan in Pulveríorm darin ausgestreut wurd. Durch die geringe Hõhe der Kartons, pflegen sich die Tiere' hinzulegen und kommen so mit diesen Substanzen in unmittelbaren Kontakt nnd werden auch tatsãchlicli 100%-ig getõtet. Die ãusserst einiache Methode kann von jedermann ausgeführt werden und dürfte die billigste und wirksamste Form darstellen, um der Skorpionplage in den genannten Stãdten allmãhlich Herr zu werden. BIBLIOGRAFIA 1. Magalhães, O. de — Combate ao escorpionismo. Mem. Inst. O. Cruz +1(3) : 425-439, 1946. 2. Sérgent, E. _ De 1’utilisation du D. D. T. contre les Scorpions. Arch. InsL Pasteur d’Algèrie 26(4): 397-401; 1948. 3. Lordello, L. G. E. — Notícia premilinar sôbre a ação do B. H. C e do Rhodiatox nos escorpiões T. bahicnsis e T. serrulalus. Rev. Agricult. Piracicaba 25(11-12) : 367-380, 1950. 4. Silva Lopes, T. — Escorpionismo em Ribeirão Preto. Arq. Hig. Saúde Pública, S. Paulo, 15:79-90, 1950. 5. Dias, E., Libano, S. e Lisboa, M. — Lucta contra os escorpiões. Mem. Inst. O. Cruz 17:17-44, 1924. 6. 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Surgiram, entretanto, pontos de vista divergentes no tocante aos condutos eíerentes dos testículos. Pawlowsky (1), Wemer (2) e Vachon (3) designaram estas partes com o nome costumeiro de “vasos deferentes”. Piza (4), entretanto, tem constatado que, pelo menos o trecho próximo aos testículos podia exercer função gameto- gênica (7) e que esta atividade só cessaria temporariamente, quando o excesso de produção de espermatozóides obrigaria êste trecho a servir de depósito aos mesmos, funcionando então como “vesícula seminal suplementar” (5; 6). As opiniões foram ainda mais desencontradas no tocante aos dois órgãos genitais, localizados na parte anterior do pre-abdomen, um de cada lado. Dufour (8) e Blanchard (9) designaram os dois orgãos com os nomes de “canais do penis” (furreaux des verges), atribuindo-lhes função precipua no acasalamento. Pawlowsky (1), entretanto, num exaustivo estudo comparativo sôbre o aparelho genital dos machos de Scorpio maurus, Bathus cupcus, Hetcrovictrus cyancus, Isomctrus maculatus, Lychas mucronatus, Tityus cambridgei, Centrurus margaritatus, Uroplcctes triangulifer, Urodacus inanicatus, Calchas Aordmanm, Recebido, para publicação, em 27.III.1956. f ■'SciELO 0 11 12 13 14 15 16 1 122 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL. V Hcmiscorpio lepturus, Opisthacaiitlius clatus, Brotcas granimanus, Vejovis spinigerus, Bolhriurus vittatus e de muitas outras espécies, afirmou positiva¬ mente que os dois orgãos nada tinham que ver com o acasalamento. As “lâmi¬ nas” estreitas, longas e de côr marron, que transparecem através da membrana envolvente e interpretadas por Blanchard e Dufour como orgãos copuladores, quitinizados, serviriam na realidade apenas como “armações” internas, para manter o conjunto de órgãos em sua posição normal. Chamou ao conjunto de “órgãos paraxiais” (Paraxialorgane). Os verdadeiros órgãos copuladores residiriam no fim do conduto ejaculador, por entre os dois opérculos genitais e seriam visíveis, quando êstes forem desta¬ cados. Apresentam-se sob a forma de dois delicados apêndices, não articulados. Êstes mesmos apêndices já tinham sido descritos, aliás, muito antes de Pawlowsky, por Xarayanan (10) numa espécie de Hctcroiiictrus. Pesquizando a região genital externa, descreveu êste autor os “músculos depressores operculi”, de percurso dorso-ventral e que recolocariam os opérculos e os dois apêndices em sua posição normal, ao passo que um outro feixe, o “adductor”, com percurso transversal, manteria fechada a entrada genital, ficando os dois apêndices cober¬ tos pelos opérculos. O prestígio de Pawlowsky foi suficientemente grande, para que sua opinião fosse abraçada, sem maior discussão, tanto por Birula (11) como por Werner (2), que apresentou em sua obra, à página 157, as figuras X. 126 e 127, com os dois apêndices, designados por ele de “Kopulationszangen”. Xão pôde deduzir, entretanto, como poderiam funcionar no acasalamento, já que, macros¬ copicamente. em preparações totais e em cortes, não se podia ver nenhum canal eferente ou outra i>erfuração, a possibilitar uma eventual transmissão do esperma. Xos últimos anos resurgiram opiniões em favor da velha hipótese de Blanchard c Dufour. Vachon (3) interpretou as formações de côr escura, que podem ser vistas nos machos, quando se suspendem os dois opérculos, como sendo as porções apicais, quitinosas, dos órgãos copuladores, que repousam naturalmente em bainhas. Pela ação muscular e pressão sanguinea poderiam as duas “lames peniales” vir a aflorar facilmente pela câmara genital e a cons¬ tituir, após juxtaposiçâo, uma única peça, o pênis. O esperma fluiria por êste orgão óco. Piza, influenciado possivelmente por Werner, não deixou de aludir aos apêndices copuladores externos de Tilyus bahiensis (5), mas insurgiu-se no mesmo trabalho contra a terminologia de Pawlowsky. Os “orgãos paraxiais” são um mero "nomen nudum”. Existe realmente um órgão copulador, que repousa numa membrana e que deve chamar-se de pênis (5). Em um segundo trabalho (6) veio a descobrir que são dois órgãos copu¬ ladores, um de cada lado do pre-abdomen. e que os mesmos poderiam ser extraídos- Mem. Inst. Butaiituk, 27 : 121 - 155 . 1955 / 6 . WOI-FGAXG BCCHER1. 123 com pinça ou por meio de eletro-choque de escorpiões vivos. O órgão que vinha, então, à tona era na realidade constituído pela fusão intima dos dois órgãos internos. A verdadeira terminologia seria, portanto, de “pênis” para o órgão definitivo e de “hemipenes” para os dois órgãos parciais, sediados em suas re c pectivas bainhas. Xo momento da emissão estabelecer-se-ia a fusão dos dois, vindo a constituir um tubo óco, transmissor do esperma. A união seria tão completa que, “não fosse a constatação prévia, jamais se poderia suspeitar de sua duplicidade”. Piza e Yachon, trabalhando um com o Tityus bahiciisis do Brasil e o outro com escorpiões peçonhentos da África do Xórte, vieram, pois, em completa independência um do outro, a reconfirmar a opinião de Blanchard e Dufour contra Pawlowsky, Birula, Werner e outros. Piza (7), entretanto, viu-se em frente a uma nova dificuldade: — Como se daria, após o acasalamento, a separação dêste tubo em suas metades originárias ? Embora tivesse examinado machos, destituídos totalmente de hemipenes e apesar de ter visto que os mesmos “poderiam abandonar êste órgão pelo chão”, insistiu o autor na separação do pênis, após o acasalamento e no recolhimento das duas metades em seus depósitos naturais (7). Xo tocante ao acasalamento houve meras conjeturas de lado a lado, pois ninguém o tinha observado até hoje. Todos que escreveram sóbre o assunto, insinuavam que haveria duas fases: a) a do “prelúdio” nupcial; b) a do acasalamento propriamente dito. O primeiro encontrara a pena magistral do naturalista Fabre (12) que viu o ponto culminante do prelúdio no que ele chamou de “promènade à deux’* de “arbre droit”. A cauda dos dois parceiros se elevaria verticalmente, pas¬ sando o macho a agarrar a companheira com as pinças e passeando o casal em marcha compassada para a frente e para trás. Terminado o prelúdio, refugiar- se-iam os dois num abrigo impenetrável ao olhar humano, vindo a surgir, mêses depois, somente a fêmea, já com numerosos filhotes nas costas. Werner (2) escreveu o seguinte: “Cber die Art und Weise der Kopu- lation ist l>ei der nãchtlichen und verborgenen Lebensweisc dieser Tiere nichts bekannt geworden. Jedenfalls kann sie nur so vor sich gehen, dass sich die beiden Tiere mit der Vcntralflàchc bcriihrcn, vobei das Weibchen vom Mánn- chen mit Hilfe der beiden Kopulationszangen festgehalten vi rd. Ais cigentliche Kopulationsorgane kann man diese nicht bezeichnen, da sie in Ermangelung einer Rinne oder eines Kanals zur Leitung eines flüssigen Spermasekretes nicht geeignet sind. Andererseits wissen vir durch Pawlowsky, dass das Spenna in Forni einer Spcnnatophorc übertragen wird. Es ist mõglich, dass sich die JSciELO 124 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL, V Tiere wãhrend der Paarung aneinander vertikal aufrichten ; ebenso ist es aber auch mõglich, dass sie dabei aufeinander liegen.” Yachon (3) admitiu: “On ne connait que peu de chose sur les moeurs nuptiales des scorpions malgré les observations de nombreux chercheurs et il n’est poiut prouvé que le peu que l’on sache chez Buthus occüanus corresponde à ce qui se passe chez les autres espèees. Toutes recherches dans ce domaine seraient donc les bienvenues. Chez les scorpions, après un prélude, un véri- table accouplement a lieu, à la faveur duquel le mâle introduit directement le sperme à 1’intérieur des voies génitales femelles.” Para Piza (7) seria plausível a seguinte hipótese: “Xo acasalamento deve o pênis penetrar diretamente na câmara genital feminina. A união entre os dois sexos deve ser tão íntima que não possa haver contacto do esperma com o ar. Pois êste contacto, ainda que por um momento só, solidificaria o liquido seminal e faria com que os dois hemipenes ficassem definitivamente fundidos numa só e inseparável peça, a impossibilitar, após a cópula, sua separação e retração para as respectivas bainhas.” Xada de concreto, entretanto, foi observado. Para Vachon “le mystère reste entier.” Fabre (12) vira uma única vêz que o macho ficava por baixo de uma fêmea. Maccary (13) julgara ter visto um macho "cavalgar” uma fêmea. Yachon opinou que o pênis se quebraria total — ou parcialmente, per¬ manecendo um pedaço na vulva. Existe realmente na vulva da maioria das fêmeas fecundadas uma pecinha quitinizada, com a forma de um “Y” invertido, penetrando as hastes pelos dois ovidutos. Esta peça já era conhecida pelos antigos autores e foi designada com o termo de "spcrmatoclcutrum”. Até hoje, entretanto, não pôde ser explicado se o mesmo era de procedência masculina ou formado pelos próprios órgãos genitais da fêmea. Segundo Pawlowsky, a peça serviria de tampão, a impedir o refluxo do esperma. Vachon aventou a hipótese de que, na cópula, o macho transmitiria primeiro o esperma, incluso ou não num espermatóforo, e depois o spermatocleutrum, como fecho da vulva, a tomar impossível mecanicamente novo acasalamento. MATERIAL E MÉTODO O aparelho reprodutor masculino foi estudado comparativamente em 47 Tityus trivittalus e em 228 Tityus bahiensis. Todos estes escorpiões e muitas centenas mais se encontravam ou se encontram ainda hoje vivos nos laboratórios do Instituto Butantan. Iniciando-se a incisão na zona lateral do última placa ventral do pre- abdomen do animal recém-morto e prosseguindo-se o corte pelos lados, ao Hera. Inst. Batantan, 27 : 121 - 155 . 1955 / 6 . WOLFGAXG BCCHERL 125 longo das coxas das pernas, em direcção ao esternito, pode destacar-se facil¬ mente toda a chapa ventral. Para que não haja ruptura dos condutos genitais, na altura dos opérculos, pratica-se ainda uma incisão circular em tôrno destes. Submergindo-se, então, o escorpião em solução de Ringer ou num líquido fixa¬ dor (preferimos o Dubosq-Brasil), podem desprender-se os “lobos hepáticos” envolventes e libertar totalmente o aparelho genital com os órgãos anexos. Os órgãos isolados e fixados foram cuidadosamente seccionados e mon¬ tados, após desidratação, em bálsamo do Canadá ou incluidos em parafina, cor¬ tados ao micrótomo, corados pela hematoxilina-eosina ou ainda segundo os mé¬ todos de Mallory e de van Gieson e montados igualmente em bálsamo do Canadá. Para melhor interpretação preferimos cortar separadamente glândula por glân¬ dula e peça por peça, obtendo desta maneira cortes seriados dos testículos, das bainhas com os hemipenes, de um trecho da glândula cilíndrica, da ampóla do vas deferais, da vesicula seminal e dos dois pares de glândulas, o oval e o anterior, acessório. Também foram feitas preparações totais destes mesmos órgãos, coradas ou não com carmim borácico. Xa mesma orientação de trabalhos foram necropsiados até agora nada menos de 425 exemplares de Tityus scrrulatus, sem que tivéssemos podido encontrar um único macho sequer! Para facilitar a observação do prelúdio nupcial e do acasalmcnto foram improvisados viveiros com fundo de vidro. Com lente de aumento módico po¬ díamos verificar, então, o que realmente se passa nesta fase da vida do escorpião. NOVAS PESQUISAS Os machos das duas espécies são reconhecíveis pelas grandes mãos, ama¬ relas em Tityus trivittatus c pela base dos dedos separados por uma exeavação oval em Tityus bahiensis. Suspendendo-se os dois opérculos genitais (Fig. 1), observam-se na entrada da fenda genital, nas duas espécies, os dois pequenos apêndices cilíndricos, designados por Wemer de “Kopulationszangen”, por Pawlowsky de “orgãos copuladores”, Yachon de “crochet du copulation”. Para evitar maior confusão terminológica, propomos o nome definitivo de "styli gcnitales externi”. São revestidos por uma delicada camada cuticular, pouco quitinizada. Xão são articulados e atingem as dimensões de 1 mm de comprimento por 0,2 mm de espessura. Os músculos "adduetores” c "depressores" dos opérculos coman¬ dam igualmente a ereção ou retração dos styli gcnitales extenii. Além da estrutura costumeira do tegumento escorpiônico não encontrámos nenhum ele- cm ISciELO 0 11 12 13 14 15 16 126 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL, V mento novo nos dois apêndices. A epidermis consiste em uma só camada de células cilíndricas, com os núcleos distribuídos na parte basal. A membrana basal é simples. Há muitas glândulas cutâneas. Devido ao mesmo colorido do ambiente, não se podem distinguir facilmente os dois apêndices. Quando a câmara genital estiver fechada, são invisíveis externamente (Fig. 2; a). Tityus trivittatus: opérculos genitais em posição normal Tityus trhnttatus: Opérculos genitais entreabertos : a) Fenda genital ; b) sty- li gcnitalcs externi (25 x). (25 x). Os testículos de Tityus trivittatus constituem um tubo esbranquiçado em forma de “U”, com um ramo longitudinal mediano e mais três a quatro ramos transversais, anastomosados (Fig. 3;k). Em exemplares jovens existem so¬ mente dois tubos anteriores que, aos poucos, se extendem cada vêz mais para trás, até que estabeleçam a união na área do último segmento preabdominal. No ponto, onde os dois testículos se encontram e se soldam, persiste um septo divisório. O calibre testicular é quase sempre o mesmo. As anastomoses trans¬ versais surgem mais tarde e parecem partir do ramo mediano, seguindo cm direção ao tubo lateral. Primeiro se estabelece a anastomose posterior, depois a segunda, seguida pela terceira, podendo, em exemplares com grande ativi¬ dade gametogênica, vir a formar-se ainda uma quarta anastomose total ou parcial, anterior. A desembocadura desta última dá-se na secção testicular, que corresponde topograficamente aos vasos deferentes. Em Tityus bahiensis temos observado o mesmo. Verifica-se, pois, nas duas espécies estudadas um facto curioso: — Um trecho do vaso deferente se transforma em tubo testicular com atividade gametogênica e anatomicamente igual ao restante testículo. Êste mesmo trecho, entretanto, continua a exercer o papel de vas deferens, pois conduz os espermatozóides à vesicula seminal. Mcm. Inst. Batantan, 27 : 121 - 155 . 1955 / 6 . WOLFGAXG BCCHERL 127 A contextura anatómica dos testículos é muito parecida com a das aranhas caranguejeiras. Há inúmeros folículos, separados uns dos outros por um peri- tôneo”. Em cada foliado ha novamente uma série de repartições, dispostos radialmente em tomo do lumen central. Lm septo conjuntivo separa as repar¬ tições, podendo ver-se, em umas, espermatogônias; em outras, esjiennatócitos de la. ou de 2a. ordem; em outras, espermátidas. Em outras tantas repartições, finalmente, vêem-se espermatozóides imaturos, quase maduros e, por último, os espermatozóides maduros, com longos filamentos caudais e em disposição uni- polar, isto é, com as cabeças dirigidas para a parede distai da repartição e os flagelos em direcção ao lume central. Os dois vasos deferentes (Fig. 3;g) conduzem o produto dos tubos testiai- lares às bolsas seminiíeras. Formam tubos largos nas porções basais. (Segue- se um trecho intermediário com menor calibre). Descrevem, então, uma volta em torno da glândula cilíndrica e das bainhas. Alargam-se novamente e desem¬ bocam nas vesículas seminais por meio de um alargamento, denominado de "ampóla”. Apenas a parte intermediária, mais estreita, não exerce função gametogênica. As porções posterior e anterior e a ampola apresentam a mesma anatomia dos folículos testiculares, com ativa produção de espermatozóides. Em alguns exemplares de Tityus bahiensis temos visto mais outro apêndice ôco, ao lado da ampola e que serve igualmente à armazenagem dos esperma¬ tozóides, merecendo, por isso, a designação de "vesícula seminal acessória” (Fig. 6;m). Pelo estudo comparativo dos vasos deferentes cm diversos exemplares, com idades diferentes ou em estação anual diversa, chega-se à conclusão de que as dimensões, a formação da ampóla ou da vesiaila seminal secundária c ainda a existência de trechos com função gametogênica, variam muito de indivíduo para indivíduo e dependem também do ciclo vital e da época do ano. Ao conjunto dêstes fatores estão condicionados um maior desenvolvimento ou a involução temporária. Em volta da ampóla e da vesícula secundária ha um envólucro, constituído por fibras musailares circulares, mais espessas no local da desembocadura do vas deferens e formando uma espécie de constrictura ou esfíncter. A vesícula seminal (Figs. 3 e 5;e) é de forma oblonga. No meio ha geralmente um estrangulamento. Uma camada de feixes musculares rodeiam-na. O peritôneo é relativamente espesso e as células epiteliais, com os núcleos em posição basal, apresentam-se como cilindros muito estreitos e longos, com o citoplasma finamente fibrilar. O canal eferente é curto e dcscmlxjca na glân- gula cilíndrica. A glândula cilíndrica (Figs. 3 e 5; i Fig. 6) é muito maior do que a vesicula seminal. Constitúi uma formação alongada, sinuosa, adaptada dorsalmente «i cm ISciELO 0 11 12 13 14 15 16 128 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL, V Tilyus Irrvitlatusi Esquema do aparelho genital masculino : a) fenda genital; c) glândulas acessórias anteriores; d) glândula oval; e) vesícula seminal; f) glândula cilíndrica; g) vas deferais; h) bainha do órgão hemipenial; i) parta distai da glândula cilíndrica; j) parte distai do órgão hemipenial; k) testticulos (20 x). SciELO 11 12 13 14 15 16 Mem. Insí. Butantan, 27 : 121 - 155 . 1955 / 6 . WOLFGANG BÜCHERL 129 silhueta da bainha do hemipênis, em cuja reentrância é encaixada e mantida por meio de feixes musculares de ligação. Sua parte posterior é quáse triangular. No meio, à altura da vesícula seminal, é entumecida (Fig. 5;f) e, em frente, é afinada. Na porção triangular vê-se macroscopicamente uma espécie de lumen transparente que contém quase sempre um filamento de colorido quase negro e cuja significação não pudemos averiguar. A ponta distai é unida à zona flagelar da baína do hemipênis por meio de robustos feixes musculares. A glândula cilíndrica tem um longo canal eferente, que conduz, além das elimina¬ ções da própria glândula, o conteúdo da bolsa seminífera ao conduto ejaculador, em que desemboca. Também esta glândula é rodeada por feixes musculares, mais robustos na porção distai e em tomo do canal eferente. Seu epitélio consise tme células cilíndricas com o citoplasma finamente fibrilar e os grandes núcleos em posição basal. Em frente à vesícula seminal, encostada à parte anterior da glândula cilín¬ drica, localiza-se a glândula oval (Figs. 3 e 5; d. Fig. 6;n), cuja forma externa faz jús ao nome. Rodeada por delicados feixes musculares circulares, com o cpitelio cilíndrico disposto radialmente em tomo do lume central, relativamentc Tityus trívittatus: Corte através do conduto ejaculador, com as glândulas anteriores- 1) porção anterior do hemipênis; h) bainha hcmipenial (40 x). volumoso, parece eliminar um produto importante para o prolongamento da vida dos espermatozóides. Seu canal eferente é muito longo e fino e acompanha de perto o percurso do mesmo da glândula cilíndrica, desembocando os dois, um ao lado do outro, na parte inferior, lateral, do conduto ejaculador, exatamente na região da cabeça dos hemipênes. Do lado externo da glândula cilíndrica encontra-se o órgão transmissor do esperma à fêmea, um de cada lado. Dufour, Blanchard, Piza e Vachon desig¬ naram a êstes dois órgãos com os nomes de pênes, órgãos copuladores, hemipênes. f 'SciELO 0 11 12 13 14 15 16 1 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL, V Tityus Irivtltalus : Parle dos órgãos genitais masculinos (40 como na fig. 3). x); (designações das partes rilyiis trii-iltalus: Hemipênis (retirado da bainha) : 1) parte quitinizada; j) flagelo (36 x). i Mem. Inst. Batantan, 27 : 121 - 155 . 1955 / 6 . WOLFGAXG BCCHERL Tityus bahiensis: Trecho da glândula cilín¬ drica : g) ampola do tur defcrcns: m) ve¬ sícula seminal acessória: n) glândula oval (30 x). cm 132 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO NO BRASIL, V Para não criar maior confusão terminológica e por simples conveniência continuamos a denomina-los de hemipenes. Cada um está envolto por uma membrana, denominada de “bainha” (Figs. 4 e 5;h) e que é a simples con¬ tinuação bifurcada do conduto ejaculador. Tanto as duas bainhas como os dois hemipenes chegam a atingir quase 1 cm de comprimento por 0,3 cm de largura. As bainhas estreitam-se abruptamente na parte distai, vindo a. formar uma espécie de tubo enovelado (Fig. 8). No canal interno, com aspecto de meia lua em corte transversal, repousa o hemipênis. Êste apresenta-se como uma metade de tubo. Sua parte anterior é larga e quitinizada (Fig. 7; 1), enquanto que no fim termina num flagelo dedicado e elástico (Fig. 7; j). A “cabeça” apresenta uma camada de quitina muito fina, com um reforço quitinizado na borda externa. A zona intermediᬠria apresenta rebordos laterais ligeiralmente revirados. No terço posterior há noramente um reforço quitinizado, saliente e bifurcado, dirigindo-se um ramo para trás, enquanto que o lateral, sob a forma de um acúleo pontudo o recurvo, chega a perfurar com a ponta a própria bainha. A cauda ou “flagelo” é fino, sem quitina, muito elástico, repousado igualmente dentro da porção mais adelgaçada da bainha (Fig. 8). A própria situação topográfica elucida a origem dos órgãos copuladores. As duas bainhas são o resultado de uma profunda invaginação do tegumento externo. Os hemipenes, como porção interna da formação invaginada, corres¬ pondem em sua estrutura anatómica, quitinizada, exatamente à epi-e exo-cuticula. A membrana, que delimita o lume do conduto ejaculador c de sua continuação, formada justamente pelas duas bainhas, contém os elementos da endo-cutícula. O epitclio destas bainhas vem a corresponder exatamente à epiderme do tegu¬ mento. A delicada membrana externa das bainhas e do conduto ejaculador pode ser identificada como a “membrana basalis”. A estrutura anatômica da parte mais larga dos hemipenes, de facto, revela sua natureza essencialmente cuticular. Toda vez que estas 2 peças são defi¬ nitivamente perdidas no acasalamento, incumbem-se os epitélios das bainhas a segregar substâncias, que vêm a formar novamente estas peças, tal como a epiderme segrega os elementos da nova cutícula em cada éedise. A figura 4 apresenta esquematicamente a fenda genital, com os 2 “styli gcnitalcs externi”, a parte do conduto ejaculador aberta e as porções anteriores das 2 bainhas (h), que formam a continuação direta dêste. Em seu lume aberto vêem-se as porções anteriores dos 2 hemipenes (1). A disposição dêstes é tal, que, ao afluírem ao conduto ejaculador, unem-se, encaixando-se uma metade perfeitamente na outra (Fig. 7), vindo a formar o verdadeiro órgão copulador, o pênis (Figs. 9; 10; 11). Na figura 9 podem observar-se ainda as duas sutu¬ ras dos primitivos hemipenes (9; p), bem como o par de acúleos laterais (q). 2 3 4 5 6 7 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. 27 : 121 - 155 . Batantan, 1955 / 6 . WOLFGANG BCCHERL Tilyus triviltatuj : Flagelo hcmipcnial, parcialmente envolto ainda pela bainha (65 x). Tityus Irivillalus : Órgão copulador, resultante da fusão dos dois hemipenes: o) sutura inferior; p) sutura supe¬ rior; q) acúleos laterais; f) flagelo (36 x). cm 134 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISSIO XO BRASIL, V yj- yjQ’ Tityns trnittatus: Órgão copulador J’ com o flagelo caudal distendido (7 x). Tilyus trivitlatus : Órgão copulador, aspecto superior (36 x). SciELO 11 12 13 14 15 16 M(*m. Inst Butantan, 27 : 121 - 155 . 1955 / 6 . WOLFGAXG BCCHERL 135 O corpo do pênis vem a formar um tubo ôco, aberto na face dorsal anterior. Quanto ao resto está o pênis completamente fechado. As duas bainhas estão rodeadas por feixes musculares circulares. Êstes músculos formam camadas ainda mais espessas na área do conduto ejaculador, onde, além disso, há um poderoso músculo, de percurso vertical, que recobre o fundo do conduto ejaculador. A contração dêste feixe repercute vivamente no próprio conduto ejaculador que expulsa violentamente o seu conteúdo. Xa porção anterior do “ductus ejaculatorius” desembocam os dois canais das duas glândulas acessórias anteriores (Figs. 3 e 4;c), de colorido amarelado. Seu epitélio é de natureza glandular e o produto, eliminado por êste epitélio. é depositado justamente na parte anterior dos dois hemipenes, no momento de sua emissão e serve de “cola”, para determinar a firme adesão das duas metades e ainda para fixar o pênis projetado sõbre o solo. A julgar pela localização topográfica do conjunto de canais, que desem¬ bocam no conduto ejaculador, devem afluir a esta câmara as seguintes excreções: a) um liquido gomoso, que se solidifica em contato com o ar e que promove a fusão dos 2 hemipenes e a fixação do pênis sõbre o solo. É elimi¬ nado pelas 2 glândulas anteriores. b) um líquido (que serve para manter vivos os espermatozóides) das glândulas ovais. c) o próprio liquido seminal com os espermatozóides, das vesiculas se¬ minais. d) uma excreção, provinda das glândulas cilíndricas. O conteúdo de todos estas glândulas é esvaziado concomitantemente, veri¬ ficando-se logo em seguida a penetração dos 2 hemipenes na mesma zona. No momento da juxtaposição das 2 lâminas, enche-se seu espaço interno com os produtos glandulares, de maneira que o órgão copulador definitivo, ao ser pro¬ jetado para fóra da fenda genital, já se acha “carregado” com os líquidos seminais. b) Acasalamento: A iniciativa no acasalamento nas duas espécies estudadas aqui cabe ao macho, geralmente mais robusto do que a fêmea. Verificamos que o processo pode ser resumido em três fases: a) a da escolha da companheira; b) a do prelúdio nupcial; c) a do acasalamento propriamente dito. cm iSciELO 0 11 12 13 14 15 16 136 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL, V Na escolha da companheira devem influir “certos fatores de cio”, pois o macho passa muitas vêzes rente a uma fêmea, sem importar-se com a mesma, ao passo que, chegando perto de uma outra, manifesta incontinente interesse sexual. O “cio" está ligado, entre outros momentos, ao fator “tempo”, res¬ trito nas duas espécies aos meses da primavera e começo de verão (outubro a dezembro). Fóra deste tempo convivem os machos com as fêmeas, sem mani¬ festação sexual alguma. Mas mesmo na época do cio há fêmeas, geralmente em começo de prenhez, que não são absolutamente importunadas. Às vezes um, dois ou mesmo três machos escolhem a mesma fêmea. O primeiro a chegar apodera-se das mãos da parceira e coloca-se em posição normal de acasalamento. Os outros agarram qualquer parte proeminente da mesma, uma das pernas ou a cauda. Iniciando-se, então, a “promènade à deux”, neste caso “à quatre”, toma o macho da posição normal a iniciativa, seguindo o restante da tribu mais ou menos de arrastão. A fêmea não ensaia resistência alguma, sendo puxada para a frente ou empurrada para trás. O macho “dianteiro” está empenhado em fazer desistir os companheiros, e toda a vez, que se lhe oferece ocasião, desfere vigorosos golpes contra os mesmos, empregando o ferrão. Consegue finalmente seu intento e os outros desistem, cabendo a fêmea exclusivamente a êle, como trofeu de seu vigor. A luta pela fêmea não constitui, entretanto, a regra, pois o número destas parece exceder, nas duas espécies, o dos machos. Mas mesmo assim nunca temos observado que as fêmeas tomassem a iniciativa ou brigassem por causa de um macho. O aparente desequilíbrio entre os dois sexos tem sua razão de ser. A fêmea, uma vez fecundada, pode guardar em seus receptáculos seminais os espermatozóides por mais de um ano ou, provavelmente, por mais tempo ainda, de maneira que, sem novo acasalamento, pode parir filhotes durante um, dois ou mais anos. Em várias dezenas de necropsias de fêmeas das 2 espécies temos constatado nos ovários embriões quase que completamcnte desenvolvidos e pres¬ tes de virem a nascer, enquanto que em outros trechos ovarianos havia fases embrionárias ainda em começo ou apenas ovos nas primeiras divisões celulares. Não poucas vezes viam-se apenas um ou dois embriões grandes e todo o resto dos ovários era tomado por ovos recém-fecundados. Esta fecundação é feita pela própria fêmea, ao que parece e não haverá mais novo acasalamento, enquanto durar o estoque dos espermatozóides, armazenados provavelmente nas porções anteriores dos ovidutos. O macho, entretanto, entra em cio anualmente, podendo, portanto, acasalar- se cada ano com outra fêmea. Portanto, mesmo um número três vêzes menor de machos, como parece ser, mais ou menos, em Tityus bahicnsis e T. trivit- tatus, garante o equilíbrio entre os sexos e a supervivência da espécie. Mctn. Inst. Rutantan. 27 : 121 - 155 . 1955 / 6 . Situações anómalas, que um macho agarre outro macho menor e inicie com éle a permabulação, também foram vistas, mas em pouco tempo é descoberto o engano e os dois se largam. Escolhida a companheira inicia-se o prelúdio nupcial. Macho e fêmea estão colocados frente a frente, testa contra testa (Foto 1), segurando o macho com os dedos as mãos da eleita. Pode ser que no primeiro golpe da escolha seja apreendida a cauda ou uma perna. Então, o macho passa para a frente, segu- WOLFGAXG BÜCHERL 137 Foto 1 — Tityus bahiensis: Pausa, durante a " romènadv à deux" (o macho dando alimento à fcniea). rando successivamente com as mãos ora uma perna ora outra, até que fique em posição dianteira. A fêmea não ensaia nenhum gesto de resistência. O prelúdio nupcial é um passeio a dois, em marchas longas, para a frente e para trás ou para os lados, ora aos empurrões, ora puxando a companheira que se deixa dirigir, presa pelas mãos entre os dedos do macho. Colocando-se pequenos obstáculos no caminho dos dois. por exemplo, pedrinhas ou um pouco d'agua (êles não gostam de entrar diretamente na agua), verifica-se que a fêmea, mesmo em marcha a ré. está atenta ao caminho, apalpando o mesmo com as pernas ou desviando-se hYbilmente da i>oça dagua ou da pedrinha. Embora passiva, está, contudo, alerta e acompanha o passeio forçado, enpregando as próprias pernas na locomoção. A marcha ora é mais rápida, com pausas brus¬ cas intercaladas, ora é lenta e comedida. Nos intervalos o macho procura | ISciELO 0 11 12 13 14 15 16 1 138 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL, V agradar á fêmea, dando-lhe uma papa alimentícia, regurgitada pelo esófago. De vêz em quando dá umas “cabeçadas” contra a fronte da fêmea. Xesta fase formam os dois uma figura bastante simétrica, com as mãos quáse paralelas ao eixo do coqx), os fêmures horizontais, as pernas de um formando a figura de espelho do companheiro, as caudas parcialmente enroladas ou ligeiramente elevadas ou ainda deitadas ao lado (Foto 2). Foto 2 — Tityus bahiensis: “ Promèmde à deux”. O corpo do macho é periodicamente sacudido por violentos tremores; seus pentes se encontram em contínuos movimentos giratórios; suas pernas anteriores, quáse não empregadas na locomoção, executam movimentos vibratórios sob os opérculos genitais da fêmea, provocando nela, aos poucos, um excitamento. Colocados os dois sobre uma placa de vidro, a dificultar a sua marcha, mantêm a fêmea as pernas imóveis, deixando-se empurrar ou arrastar pelo companheiro. Por esta caminhada “a dois” procura o macho encontrar um local propício ao acasalamento. Contràriamente do que faziam supor as publicações a res¬ peito, não se refugiam os dois num esconderijo, impenetrável ao olho humano. Xenhuma vez houve acasalamento sob os esconderijos, que se encontram em profusão nos viveiros dos escorpiões; pelo contrário, os que repousavam ai, vinham para fóra. em procura de uma companheira, acasalando-se a descoberto. SciELO 11 12 13 14 15 16 Man. Inst. Bmantan. 27 : 121 - 155 . 1955 / 6 . WOLFGAXG BCCHERL 139 As caminhadas podem perdurar até uns 10 ou 15 minutos e o casal dá a volta diversas vezes a um viveiro de 4-6 metros de circunferência, interca¬ lando frequentes pausas, em que o excitamento do macho se toma cada vez mais vivo e mais rápidos ficam os movimentos vibráteis de sens pentes e pernas anteriores. Com o progresso do excitamento dos dois, entumece a região dos opérculos genitais, chegando mesmo a aparecer a fenda genital, avidamente fri- cionada pelas pernas do macho. Enquanto se escolheu um local apropriado e a vulva da fêmea está disten¬ dida e apta a receber o liquido fecundante, chega o excitamento do macho ao auge. Os movimentos vibratórios já se estendem também ao 2.° par de pernas; a cauda é periodicamente sacudida convulsivamente. O passeio consiste agora apenas em uns 10 passos para a frente e os mesmos para trás, de maneira que, nos intervalos, repousam os dois no logar escolhido para o acasalmento. Nesta fase eleva-se a cauda do macho verticalmente (Foto 3). Os últimos segmentos do pre-abdomen acompanham os movimento convulsivos. A cauda da fêmea, entretanto, não acompanha esta elevação. Em meio de um grande Ferro 3 — Tilyus bahiensis: Fase do “arbre droit”, cm <|tie o macho projeta o órgão copulador. esforço, com a cauda na posição de "arhre droit” (segundo Fabre), verificam- se no macho veementes ondas convulsivas, a percorrer a cauda desde o ferrão e descendo gradativamente por todos os artículos em posição vertical. | ISciELO 0 11 12 13 14 15 16 1 140 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISXIO XO BRASIL, V É justamente êste o momento do descarregamento simultâneo, sob a in¬ fluência da pressão aumentada nos órgãos, de todas as glândulas sexuais e dos próprios hemipenes. Êstes se unem, ao passarem pelo conduto ejaculador, no órgão copulador definitivo, que conduz em seu canal, como já foi dito, o líquido seminifero. Pelo concurso do sistema muscular que recobre as bainhas, o conduto ejacular e a região dos opérculos genitais, com a ajuda ainda da pressão sanguínea aumentada ao máximo, é o pênis arrojado para íóra da fenda genital do macho; descreve uma trajetória de 4-6 cm de extensão e atinge finalmente o solo diretamente sob a vulva da fêmea. Por meio da “cola”, provinda das glândulas anteriores, fixa-se definitivamente no solo. Seu flagelo caudal, entre¬ tanto. continua mesmo agora, ainda a manter contacto com as bainhas de ori¬ gem. Êste flagelo é muito elástico, podendo ser esticado até 40 vezes seu com¬ primento natural, sem romper-se. (Fig. 10). Após a emissão do órgão copulador verifica-se uma pausa, em que a cauda do macho volta â posição normal. Em seguida é reiniciado o “pasesio a dois”, esta vez com passos comedidos e certos, sempre por cima do órgão copulador e de tal maneira que, em cada passagem, a massa dos espermatozóides chegue em contacto direto com a vulva da fêmea. A “promènade” abrange apenas uns 4 cm para a frente e para trás. Em cada retrocesso do macho é esticado o flagelo (pois o pênis está preso ao solo )e a fêmea chega em contacto com o esperma com sua vulva entreaberta : avançando o macho, volta o flagelo a condição nor¬ mal. penetrando o pênis parcialmente pela fenda genital masculina, até onde o permitam os dois acúleos on freios laterais, que se engancham nos slyli genitales cxtemi. Sob pressão muscular apertam os slyli a parte basal do órgão copulador, à maneira de uma bomba de pressão, jorrando, então, um novo jacto de líquido fecundante para a parte anterior do pênis. O sentido pois, do vai-vem rítmico é o de “bombear" o liquido seminifero para a parte anterior do pênis (no avanço do macho) e o de fazer com que êste liquido penetre pela vulva da fêmea (no recuo do macho). Que êste passeio a dois esteja absolutamente ritmado e como que com os avanços e recuos calculados exatamente, depende dos limites de elasticidade do flagelo caudal do pênis. O passeio sòbre o órgão copulador dura. mais ou menos, 1 minuto apenas, com 5 a 10 contactos da fêmea com o mesmo. Em seguida parece esta desper¬ tar de sua letargia e tornar-se repentinamente ativa. Com repuxos vigorosos li¬ berta as suas mãos do amplexo masculino e com os dedos passa a desferir alguns golpes enérgicos no companheiro, como a demonstrar-lhe que não mais está interessada na continuação do passeio. Mm. Inst. BuUntan, WOLFGAXG BÜCHERL 141 27 : 121 - 155 . 1955 / 6 . Êste desiste prontamente e, no ato de virar-se, para seguir seu caminho, estica o flagelo caudal do pênis, preso sõbre o solo, até ao máximo, provocando minalmente sua ruptura. Centenas destes órgãos copuladores foram vistos e examinados por nós e dezenas de vezes pudemos presenciar o acasalmento do Tityus trhnttatus e T. bahicnsis. Necropsias realizadas nos machos logo depois da cópula, revelaram que as bainhas estava vazias, sem os hemipenes. Entretanto, já depois de 6 a 8 semanas, são formados de novo pelo epitélio das bainhas. APRECIAÇAO DOS RESULTADOS Não admira que até agora ninguém tivesse podido observar o acasalamento erfollikeIn ein- gebettet. Allmãhlich wachsen sie weiter nach hinten und vereinigen sich schliesslich and der hintersten Grenze des Prae-Abdomens zu einem einzigen, gleichmássigen, weisslichen Hodenschlauche. Xahe der Verinigungsstelle wãchst, mit zunehmender Geschlechtsreife, ein mittlerer Hodenschlauch nach vome und entsendet jeweils nach links und rechts eine Seitenanastomose, die die ãusseren Rohre erreichen. Die vollstándig entwickelten Hoden beider Skospione bilden schliesslich eine Hufeisenfigur, die nach vome offen ist, mit einem mittleren Lãngsstrang und drei vier Queranastomosen. In den Hodenfollikeln befinden sich. fãcherartig um ein Zentrallumen an- geordnet, die Follikelfãcher. In jedem Fach kann man eine liestimmte Menge vou Keimzellen in einer bestimmten Entwicklungsphase sehen, angefangen von den Urspermatogonienden Spermatogonien. den Spermatocyten 1. und 2. Ord- nung, den Prae-Spermiden bis zu den unreifen, íast reifen und vollstándig Metn. Inst. Butantan, 27:121-1SS. 1955/6. WOLFGAXG BCCHERI. 149 ausgebildeten Spermatozoen. Letztere sind unipolar angeordnet, verlieren aber diese Anordnung, wenn sie in die Samenblasen befõrdert werden. 2. Die Vasa deferentia sind im hinteren Abschnitt von den Hodenschlãu- chen nicht zu unterscheiden. Weiter nach worne werden sie allniãhlich dünner; wenden sich nach aussen, winden sich dorsal um die Kopulationsorgane und die Anhangsdrüsen herum; richten sich wieder nach innen, wobei sie wieder an Dicke zunehmen und münden schliesslich, vermittels einer “Ampulle” in die Samenblasen. Bei Tityus bahicnsis kommt neben der Ampulle nicht selten noch weiterer Blindsack vor, eine Art von “vesícula seminalis accessoria” (Fig. 6; m). Die Vasa deferentia haben funktionell zwei Aufgaben: die der Samenleitung und, im Vorderteil und der Ampullenregion, die der Samenbereitung. In diesen beiden Abschnitten sind sie anatomisch kaum von den eigentlichen Hodeníol- likeln zu unterscheiden. Selbst der mittlere, schmãlere, Teil hat Urspermato- gonienzellen und kann jederzeit, je nach Bedarf, zo Hoden umgewandelt werden. Diese Bauart der Ausführwege der eigentlichen Hoden scheint uns sehr aufschlussreich sowohl in onto-wie auch in phyllogenetischer Hinscht und diirfte wohl ein Ausdruck der relativen Primitivitãt der recenten Skorpione darstellen. 3. Die beiden Samenblasen (Fig. 3 und 5;e) sind stets vorhanden und hilden ein lãngliches, ovales Sãckchen, oft mit einer leichten, mittleren Einschnü- rung und einem etwas spitz zulaufenden Hinterende. Der relativ kurze Aus- führkanal mündet in den Vorderteil der zylidrischen Drüse. 4. Die Zylidrische Drüse ist langgestreckt und gewunden (Fig. 3 und 5;f und i). Sie ist mit dem Riicken in eine rinnenfõrmige Lãngsfalte der Kopulationsorganscheiden eingekerbt und wird durch verschiedene Muskelbãnder in dieser Lage gelialten. Der Hinterabschnitt der Drüse ist fast dreieckig und gewunden. Man kann sie von den Kopulationsorganscheiden sehr leicht lõsen. Ihr langer Ausführgang mündet in den duetus ejaculatorius ein. 5. Die “envie Drüse'' (Fig. 6;d) liegt etwas vor der Ampulle des vas deferens (Fig. 5;g und gl) und ihr langer, dünner Ausführgang führt parallel nebem dem der zylindrischen Drüse in den duetus ejaculatorius. 6. Vorne, links und rechts vom duetus ejaculatorius, liegt je eine “vordere Anhangsdrüsc (Fig. 3 und 4;c), durch ihre gelbliche Fãrbung sehr leicht aus der Umgebung zu erkennen. Ihr Inhalt wird in den Vorderteil des duetus ejaculatorius geleitet. Die Samenblase, der Endteil der vasa deferentia und die drei Paare von Anhangsdrüsen sind aussen mit einer zirkulãr verlaufenden Muskelschicht ausgestattet. Ihre Kontraktion gestattet eine ruckartige Entleerung ihres Inhaltes. ff 'SciELO 0 11 12 13 14 15 16 1 150 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL, V 7. Der ductus ejaculatorius bildet einen relativ weiten Genitalraum, in dem die Ausführgànge aller Drüsen zusammenlaufen. Mãchtige Lángs-und Quermuskeln ermõglichen eine Dehnung oder Raumverschiebung. Besonders an seiner Hinterseite verlàuft ein starker vertikaler Druckmuskel, dessen Zusam- menziehung eine Auspresswirkung in Richtung der Genitalõffnung bewirkt. Der ductus ejaculatorius geht nach aussen in die unpaare Genitalõffnung über, die im Ruhezustande von den Genitalklappen verdeckt wird. An den Hinterseiten dieser Õffnung liegen die beiden "Kopulationszangen” (Fig. 2;b), von denen Pawlowsky und nach diesem Birula, Werner und andere behauptet hatten, sie wãren die eigentlichen Kopulationsorgane, also für die Spermaüber- tragung vom Mãnnchen zimi Weibchen verantwortlich (Mit Recht hegte Werner den Y erdacht, dass sie zu eigentlichen Kopulationsorganen nicht braunchbar wãren). Lm für immer eine irreführende Bezeichnung zu beseitigen, haben wir m dieser Arbeit die Bezeichnung “Styli gcnitales externi” vorgeschlagen. Es handelt sich um zwei winzige, unartikulierte Stiftchen, die, selbst bei geõffne- ten Genitalklappen, nur sehr schwer zu unterscheiden sind und deren Bedeutung spãter dargelegt werden soll. Der ductus ejaculatorius teilt sich hinten in zwei Seitenãste (Fig. 4;h), deren schematischer Verlauf durch die Figur 5 (h und j) etwas klarer wird. Diese Seitenãste enthalten die eigentlichen Kopulationsorgane, deren Anfangs- teile in Figur 4 (1) gekennzeichnet sind. Wir mõchten diese, im Querschnitt halbmondfõrmigen, Organe ais "Kopu- lationsorganscheiden" bezeichen und das darinliegende, eben falis halbmondfõr- mige, aus Chitin bestehende Organ, ais Kopulationsorgan oder "Hemipcnis Pawlowskys Bezeichnung dieser Bestandteilc ais “Paraxialorgane”, der auch Werner beigepflichtet hat, besteht zu Unrecht. Die alte Meinung von Dufour und Blanchard. und neuerdings von Piza und Vachon ist die richtige. Hier handelt es sich unzweifelhaft um die richtigen Kopulationsorgane. Diese Organe, je eines in einer Scheide, also zwei im Ganzen, haben die Po™ die in Figur 7 wiedergegeben ist. Ein breiter, stark chitinisierter Vor- derkõrper mit einem scharfen Seitenzacken (Fig. 9; q) setzt sich hinten in eine diinne Schwanzgeissel fort (Fig. 7; j), die ebenfalls von der Membrana umfasst wird (Fig. 8). Durch Muskel-und erhõhtem Turgordruck werden auf dem Hõhepunkte der Kopulation sowohl die beiden Samenblasen wie auch alie Anhangsdrüsen ruck- artig in den ductus ejaculatorius entleert. Hierauf, ebenfalls durch Druckwir- kung der Muskeln und des Blutes. rücken die beiden "hemipenialcn Stiicke”. von jeder Seite her eines, ebenfalls in den Geschlechskammerraum und fassen in ihren Hohlrãumen die Geschlechtsdrüsenflüssigkeiten auf. Da sich nun die beiden Stiicke. bei weiterem Vorrücken. vorne berühren (vergleiche Figur 4;I) SciELO 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. Butantan, 27 : 121 - 155 . 1955 / 6 . WOLFGANG BCCHERL 151 und, bei ihrem Durchgang durch die relativ enge Geschlechtsõffnung, ganz innig aneinandergepresst werden, vereinigen sie sich zum definituven Kopulationsorgane, dem Penis. Um diese Vereinigung zu bewerkstelligen, sind die Seitenrãnder der Hemi- penes falzig umgeschlagen, so dass die eine Hãlfte genau in den Falz der anderen hineinpasst. Bei der Passage durch die Geschlechtsõffnung, werden die Falze durch den Drüsenkitt der vorderen Anhangsdrüsen befeuchtet. Diese Substanz erhãrtet, bei Luftzutritt. Beim Vergleichen der Figuren 7 (ein Hemipenis), 9 und 11 (vollstãndiges Kopulationsorgan ) , kann man die definitiva Verwachsung der bpeiden Hálften verfolgen. Figur 9 (o ; p) zeigt noch die verbundenen Falzrãnder der ursprim- glichen Hálften. Das definitive Kopulationsorgan bildet ein geschlossenes Rohr, in dessem Innerem sich die augeschiedenen Geschlechtsprodukte befinden. Das Rohr is nur vorne, an der kopfartigen Enveiterung, offen. (Figur 9). 8. Die Kopulation von Tityus triznttatus und T. bahiensis konnte oftmals beobachtet werden und spielt sich folgendermassen ab: a) Auszuahl der Parlncrin : Zur Brunstzeit, also im brasilianischen Spãtfrühling (Monate Oktober bis Dezemberanfang), pflegen die Skorpione ihrc Verstecke zu verlassen. Die grõsseren und krãftiger gebauten Mãnnchen suchen ihre Partnerinnen aus. An manchen gehen sie achtlos vorbei, wâhrend sich oft gleich zwei bis drei auf dasselbe \\ f eibchen stürzen, bis dann schliesslich das gewandterc Mãnnchen die Nebenhuhler durch kràftige Hiebe vertreiben kann. Bei der Partincrinwahl müssen gewisse “Brunststoffc” eine ausschlaggebende Rolle spielen und diese Stoffe müssen durch die weibliche Geschlechtsõffnung ausgeschieden werden; denn wir konnten immer beobachten, dass die Weibchen, deren Vulva durch den Spcrmatoclcutrumpfropf verschlossen war, niemals von den Mãnnchen aus- gewãhlt wurden. Mãnnchen und Weibchen stellen sich Kopf gegen Kopf, das Mãnnchen etwas hõher und umfasst mit den Fingem der krãftigen Hãnde, von aussen her, die Hãnde der Partncrin. b) Das Vorspiel und der Skorpiontanz: Kaum liegen die Hãnde des Weibchens fest zwischen denen des Mãnnchens, setzt auch schon der õfters beschriebene Skorpiontanz ein. Dieser besteht darin, dass das Mãnnchen anfangs die Partnerin einfach mit sich sehleppt, bald im Vorwãrts-bald im Rückwãrtsschritt, wobei an die 10 bis 20 Meter zurückgelegt werden kõnnen, um einen ftir die Kopulation geeigneten Platz ausfindig zu f 'SciELO 0 11 12 13 14 15 16 1 152 ESCORPIÕES E ESCORPIONISMO XO BRASIL, V machen. Dieser liegt nicht etwa tief in der Erde, in einem für das menschliche Auge verborgenen Verstecke, wie so oft vermutet wurde, sondem besteht einfach aus einem Stück glatten Bodens, irgendwo im Schatten. Niemals haben die Hunderte von Skorpionen von beiden Arten, die wir lebendig halten, zur Ko- pulation ihre Verstecke benutzt, obwohl sie, zu normalen Zeiten, regelmãssig darunter hausen. Zur Brunstzeit verlassen sie gerade die Verstecke, kommen ans Tageslicht und vollziehen da die Begattung, um spãter wieder in ihre Verstecke zuriickzukehren. Ist der zweckmãssige Platz erkoren, beginnt das “ Liebcsspicl”, das in einem mehr geregeltem Hin-und Herschreiten besteht, immer über der augsgewãhlten Stelle. Man mõchte annehmen, dass damit ein Glatten und Austreten des Bodens erreicht werden soll. Am Ende angelangt, wird eine kurze Pause eingelegt. Das Mãnnchen stõsst mit der Stime gegen die des Weibchens. Seine Mandibeln werden stãndig vor und riickwãrts bewegt und zwischen ihnen erscheint ein weisslicher Spcisebrei, der der Partnerin zwischen die Mandibeln und auf die Stirnrãnder gelegt wird. Das Weibchen verhàlt sich sonst passiv; begleitet wohl alie Schritte des Mãnnchens aktiv; ergreift aber von sich aus niemals die Initiative. Bringt man beide Tiere auf eine Glasscheibe, so lãsst sicli das Weibchen einfach vom Partner hin-und herschieben, ohne die Beine zu erheben. Die “Promènade à deux” kann einige Minuten bis zu einer halben Stunde andauern; wird oft durch Ruhepausen unterbrochen und dient hauptsãchlich dazu, die sexualle Errtgung beider allmáhlich auf einen Gipfelpunkt zu treiben. Anfangs benutzte das Mãnnchen noch die 4 Beinpaare zum Vor-und Rück- schreiten ; nun werden nur mehr die drei hinteren Paare dazu eingesetzt, wahrend das vorderste Paar heroben ist, dem Weichen unter das Prae-Abdomen greift und heítig seine Genitaloperkeln betrommelt. Dabei spielen die Kãmme beider durch krãftiges Ein-und Auswãrtsschwenken, durch Auf-und Xiederbewegungen eine wichtige Rolle. Der mãnnliche Kõrper wird wellenartig erschüttert. Mit zunehmender Erregung klappen allmáhlich lieider Genitaloperkeln auf und die Geschlechtsòffnungen werden sichtbar. Photo 1 zeigt eine Ruhepause beider Tiere und Photo 2 eine Phase des ntãnnlichen Rückwártsschreiten. c) Samenübcrtragung und Skorpiontanz : Ist die Erregung beider, besonders des immer aktiven Mãnnchens, auf den Hõhepunkte angelangt, hãlt dieses plótzlich im Schreiten inne; erhebt das Post- Abdomen (Cauda) lotrecht (Photo 3), wàhrend das Weichen nur die drei letzten Scbwanzglieder etwas hochstellt. Es entsteht so die von Fabre besch- riebene Figur des “arbre droit”. In dieser Stellung sammelt sich sowohl das Mem. Inst. BuUntan, 27 : 121 - 155 . 1955 / 6 . WOLFGANG BÜCHERL 153 Blut wie auch der Darminlialt im Prae- Abdômen, was eine bedeutende Druck- erhõhung zur Folge haben muss und unter diesem aufs Hõchste gespanntem Drucke werden ruckartig die Geschlechtsdrüsen entleert und die beiden hemi- penialen Stücke nach aussen gepresst, wo, wie schon envãhnt, erstmalig ihre vorderen Teile zum Kopulationsorgane verschmelzen. Durch einen letzten Druck der starken Muskelbündel an der Hinterseite des ductus ejaculatorius, wird dann der, beim Herausgleiten verschmelzende, Penis ausgeschleudert. Der Penis dringt nicht in die weibliche Vulva ein, sondem gleitet auf den Boden und klebt da mit seiner verderen Unterseite fest (durch den anliaftenden Stoff, der von den vorderen Anhangsdrüsen geliefert wurde) (Fig. 11). Die Schwanz- geissel des Kopulationsorganes bleibt jedoch auch jetzt noch mit den mãnnlichen Geschlechtsorganen in Verbindung. Sie ist selir dehnbar und kann, ohne zu reissen, um das 10 bis 30-fache ihrer natürlichen Lãnge, gedehnt werden. Sofort nach dem Ausschleudem des Kopulationsorganes beginnt von neuem das Hin-und Herschreiten; nun jedoch sehr achtsam und regelmássig, so dass der Beobachter den Eindruck bekomnit, es ltandle sich um einen Tanz. Beim Rückschreiten des Mãnnchens kommt die Vulva des Weibchens genau iiber den offenen, vorderen Teil des auf dem Boden festhaftendem Kopulationsorganes, und kann die Spennamasse in sich aufnehmen; beim Vorwãrtsschreiten des Mãnnchens dringt das Hinterende dieses Gliedes naturgemãss wieder in seine Geschlechtsõfínung ein (da sich ja die elastischc Schwanzgeissel wieder zusam- menzieht) (Figur 9;r). Dabei hacken sich die beiden Seitendomen (Fig. 9 ; q) an den “Styli gcnitales” (Fig. 2;b) fest. Durch Zug der Geissel und Druck der schon von Xarayanan beschriebencn Gcnitaldeckelmuskeln auf den Hinterteil des Kopulationsgliedes wird so ein wciterer Schub von Samenflüssigkeit an die vordere. offene Stelle gepumpt, um wieder, beim Rückwãrtsschreiten. in die weibliche Vulva eingefõhrt zu werden. Diese Pump-und Einführprozedur wird an die 10 bis 15 mal wiederholt, bis schliesslich das Weibchen aus seiner Apathic erwacht; sich mit krãftigem Rucke aus den mãnnlichen Fingem befreit und diesem einige energische “Püf- íe” versetzt. Damit ist die Samenübertragung abgeschlossen. Friedlich sucht jedes Tier seinen Weg. Das Mãnnchen wcndet sich ab, wobei nun der bis ans Ausserste gespannte Geisselfaden zerreisst. Das Kopulationsglied bleibt unbeachtet an der Stelle kleben. Schon nach 5 his 8 Wochen hilden die mãimlichen Hemipenisscheiden netie Organe aus, die aber erst wieder l>ei der nãchsten Bmnstzeit lienützt werden. Dass diese Beschreibung die erste Beobachtung der Paamng unter den Skorpionen überhaupt darstellt, ist nicht zu verwundem. Obwohl schon manche den Hochzeitstanz beschrieben hatten und auch schon photographieren konnten, hat doch niemand das kleine, brãunliche, unter den Partnern liegende Organ cm 'SciELO 0 11 12 13 14 15 16 154 ESCORPIÕES E ESCORPIOXÍSMO XO BRASIL. V aufgefunden, weil es sich farblich mit der Umgebung vermischt. Ausserdem mag es wohl bisher noch keinem Forscher gelungen sein, über ein so zahlreiches, lebendes, Skorpionmaterial zu verfügen, wie es uns gegõnnt ist. 9. Wir hegen keinen Zweifel, dass das an Tityus trizit tatus und T. bahicnsis erstmalig beobachtete Gebaren bein der Begattung auch all den von Pawlowsky beschriebenen Skorpionarten, die ein sogenanntes “Paraxialorgan” besitzen, zukommt. 10. Die Ausführungen Wemers, Birulas und anderer, die grõsstenteils auf den Behauptungen Pawlowskys beruhen, müssen also wieder, im Sinne Blanchards, gedeutet werden. 11. Wenn wir die Ausdrücke “Hemipenis” und “Penis” für die halben und für das definitive Kopulationsorgan benutzten, so taten wir das um der Klarheit willen und um die Terminologie nicht noch mehr zu verwirren. Wir sind uns klar, dass ein Organ, das zur Samenübertragung auf das andere Ge- schlecht benutzt wird, aber dabei definitiv verloren geht und durch ein neues ersetzt wird, nicht ohne Weiteres ais “Penis” bezeichnet werden sollte. Ande- rerseith handelt es sich aber auch um keine Gebilde, die man sonst ais “Sper- matophoren” benennt. 12. Aus den Ausführungen dieser Arbeit wird auch die Tatsache ersicht- lich, dass, obwohl bei den meisten Skorpionarten das Verhãaltnis der Mãnnchen zu den Weibchen wie 1:3 oder 1:5 liegt, dennoch das biologische Gleichgewicht mit der Garantie des Überlebens der Art besteht. Bei vielen Arten mag eine einzige Samenübertragung für das ganze Leben des Weibchens ausreichen, da diese die Spermatozoen in ihrem Kõrper jahrelang lebendig erhalten kõnnen und alljãhrlich 15 bis 20 Junge zur Welt bringen kõnnen. AGRADECIMENTOS Agradecemos aos técnicos, auxiliares e serventes do Laboratório de Zoologia Médica, cuja dedicação e espírito de colaboração nos possibilitou êste trabalho. BIBLIOGRAFIA 1. Pawlowsky, E. N. — On the morphology on the male genital apparatus in scorpions. Trans. Soc. Nat. Lcningrad 53: 18-86, 1924. 2. Wemer, F. — Scorpiones, Pedipalpi. Bronn’s Klassen und Ordn. d. Tierreiches 5. IV (8): 155-165, 1935. 3. Vachon, M. — Études sur les scorpions. InsL Pasteur d’A!gérie, Algcr, 1952. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. Inst. Butantan, 27:121-155. 1955/6. WOLFGA.VG BCCHERL 155 4. Piza, Jr. de Toledo, S. — Observações sobre o aparelho reprodutor e a reprodução de T. bahiensis. Jorn. de Agronomia, Piracicaba, Brasil, 2 (1) : 49-59, 1939. 5. — Sobre os orgãos copuladores dos escorpiões. Ibidem 2 (4) : 285-291, 1939. 6. — Estudos antomicos em escorpiões brasileiros. 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Inst. Butantan 26: 7-73; 1954), devem ser desde logo rectificados aqueles que tornam difícil, ou mesmo impossível, o encontro da literatura citada, a saber: pag. 15. lin. 34: II 17, II 25: ff 18, f» 14: M 22, ff 8: ff 18: 99 20: ff 38: ff 36: ff 39: pag. 25. ff 6: ff 28 ff 1 II 31. lin. 8: ff 32, ff 13: II 34. ff 10: ff 11: pag. 35, ff 3: ff 44, 99 16: ff 48, ff 6: ff 49, ff 27: ff 50, ff 12: ff 51. ff 12: ff 53, ff 35: ff 54, ff 34: ff 61, ff 22: ff 66, ff 4: ff 69, ff 16: ff 20: Pag. 71, ff 22: ff 73, ff 26: Bdyth = Blyth 193 = 1903 inserir "5:” entre “Cirurg.” e “297” 628 = 683 1927 = 1937 644 = 646 Coohdgc = Coolidge 122 = 1922 Cand. = Cana d. Ccntralol. = Centralbl. substituir lin. 30 c 31 por “ Fcldhauscn, M. — übcr dic Einwirkung des Daboiagiítes auf die Nieren. (The-’’ 1863 = 1893 Gleny = Glcnny 2 = ? 1864 = 1867 a na cm ia = haemorrhage 38 = 365 Zoll. = Zool. 128 = 28 inserir 27; 1907).” depois “nat” 1925 = 1935 194 = 1924 Rept. = Dept. inserir “ (Boll. mens. Accad. Gioenia Sei. nat Catania?: 2; 1891).” depois “ L.” 9 = ? 9 = ? inserir “Xac.” entre “Esc.” e “ Cienc.” 1045 = 1405 Adelaire = Adelaide cm 'SciELO 0 11 12 13 14 15 16 * Impresso na * E Jí PKS8A GRAFICA DA "REVISTA DO$ TRIBVXAIS " * São Paulo ie SciELO