SciELO MEMÓRIAS DO INSTITUTO BUTANTAN 1957 — 1958 TOMO XXVIII Suo Paulo, Brasil Caixa Postal 6õ DISTRIBUÍDA EM 11/5/59 SciELO 0 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 L cm p cm ÍNDICE WOLFCANG BOCHERL — Escorpiões e Escorpionismo no Brasil. VI. Sinonimia de Rothriurus melloleitãoi Prado 1931. da fêmea de Rothriurus signalus Pocock ló93 com Bothriurus bonariensis asper (Pocock) 1893 c de Rothriurus se- tniellrplirus Prado 1931 com Rothriurus b. bonarinesis (Koch) 1812 . 1 WOLFCANG BCCHERL — Escorpiões e Escorpionismo no Brasil. VII. Sinonimia de Rothriurus fragilis M. I.. 1931 e R. zeugma M. I.. 1913 com R. rothai M. I.. 1932. com o nome definitivo de Rothriurus coriareus rochai IMello-Lrilão ) 1932 11 WOLFCANG BCCHERL — Escorpiões r Escorpionismo no Bra*il. \*I11. Revisão das espécies do gênero Rothriurus descritas dc Argentina . II FLAVIO DA FONSECA Note- d'AcaroIogie XI.I. Haemobe/cps Berlese versus Atrichotaelaps Evsing et Isehnolarlaps lonseca: Orni- thonyssus Samlion versus Rdellonyssus Fonseca. *•’ FLAVIO DA FONSECA — AcandogUche Notiicn XI.II. Geruch«organe und Entv*ieklung*ge«cliiclite der l lesostigmala und Sprlueorhsnchi- dae .. 55 FLAVIO DA FONSECA — Nota» de AcarologU XI III. Fauna acarologica dc roedores em Ouro Prêlo . ^ ALPHONSE RICHARD HOGE — Notes *ur la position syslcmalique de Opislhoplus de- gener Peters 1882 et Leimadophis regina macrosoma Amaral 193.3 < Serpente» l . (u VLPHONSE RIC1I \RI) HOCE — Elude sur Aposlolepis roronata (Sauvage 1877 > et fpu- tolepis r/uinquelineata Bouleníer 1896 t Serpente* 1 . VLPHONSE RICHARD HOCE — Elude »ur Vromacerina rirardini (Peracca) I Serpente.» 77 ALPHONSE RICH \RD HOCE — Note sur la position systemalique de Trigonoeephalus < Rothrops) pubescens Cope 1869 . ^ HÉLIO EMERSON BELLLOMINI Hicefalia em Xenodon merremii (Wajler 1821» (De- criação de um Teratõdimal (Serpentes) . HÉLIO EMERSON BELLLOMINI e VLPHONSE RICHARD HOCE Um ca*o de Cõ- pula heteróloga entre Rothrops e Crotalus (Serpentes) . 91 ALPHONSE RICHARD HOCE e HÉLIO EMERSON BELLLOMINI Aberrações rrom.i licas em serpentes brasileiras . SciELO 11 12 13 14 15 16 17 FLAVIO DA FONSECA — Notas de Acarologia XLIV. Inquérito sôbre a Fauna Acarológica de Parasitas no Nordeste do Brasil . 99 HÉLIO EMERSON BELLUOMINI e ALPHONSE RICHARD HOGE — Operação cesa¬ riana realizada em Eunecles murinus ILinnaeus 17581 (Serpentes) . 187 HÉLIO EMERSON BELLUOMINI e ALPHONSE BELLUOMINI — Uma nova espécie de Bothrops do Brasil (Serpentes) .. 195 HÉLIO EMERSON BELLUOMINI e ALPHONSE RICHARD HOGE — Observações sõbre hábitos alimentares de “Sucuris" em cativeiro. Contribuição à biologia de Eunecles murinus ILinnaeus 1758) (Serpentes) . 207 S. SCHE.NRERG — O oxigênio na perfusão cardíaca de sapos brasileiros . 217 P. SOUZA SANTOS, A. VALI.EJO-FREIRE. R. S. FURLANETTO and M. C. ANDRADE - Corrclati- n betwecn the adsorption oí diphtheria toxoid and oí alizarin by aluminum oxi¬ de hydrate gels . 221 G. ROSENFELD, L. NAHAS. S. SCHENBERC AND W. T. BERALDO — Absorption ol fluid by red blood cells and hemolysis in shock by toumiquet . 229 G. ROSENFELD. S. SCHENBERC AND L. NAHAS — Fluid absorption by red blood cells and hemolysis in experimental venous stasis . 237 A. VALLEJO-FREIRE c A. RRUNNER JR. — Eritrocitos na reticulocitose do saturnismo experimental. Estrutura milocondrial . 245 ALPHONSE RICHARD HOGE — Sur la po-ition systematique de Coluber quinquelineatus Raddi 1820 267 A. VALLEJO-FREIRE. A. BRUNNER JR. and W. Beçak — Vaccinia virus multiplication in rabbit-kidnry cell cultures. Aspects of the evolution cycle . 275 cm -SciELO 0 11 12 13 14 15 16 Mem. In«t. ButanUn. 2 $: 1 - 10 . 1957 / 53 . WOLFOAXG BCCHERL i ESCORPIÕES E ESCORPIOXLSMO XO BRASIL VI. SIX0N1MIA DE Bolhriurus melloleitSoi PRADO 1934, DA FÊMEA DE Bothriurus sigatus POCOCK 1893 COM Bothriurus bonariensis asper (POCOCK) 1893 E DE Bolhriurus semitlypticus PRADO 1934 COM Bolhriurus b. bonariensis (KOCH) 1842. WOLFOAXG BÜCHERL (Laboratório de Zoologia iírdica. Instituto Hutantan ) INTRODUÇÃO O gênero Bolhriurus Peters 1861, eom 32 espécies, tôdas neotrópicas, apresenta-se hoje tão difícil, sob o ponto de vista de sua sistemática, que é melhor e mais prático, começar-se tudo de novo. Em 1899 reconheceu e caracterizou Kraepelin (1) apenas 4 espécies de fácil diferenciação morfológica. Em 1911 reviu o mesmo o seu próprio ponto de vista (2). estabelecendo então já 10 espécies. A revalidação de B. bona-' riensis (C. L. Koch) 1842 foi a melhor contribuição dêste trabalho. Menos feliz foi o autor ao revalidar igualmente a B. signatus Pocock 1893 e ao des¬ crever 4 espécies novas. De então para cá fizeram-se mais descrições de novas espécies, em tal profusão e com tanta ausência de critério «pie não é mais possível, hoje em dia, dirimirem-se as dúvidas na caracterização mesmo das espécies mais comuns. O próprio Mello-Leitão. em minuciosa c volumosa obra (3). não mais conseguiu reduzir a "balbúrdia" a termos simples. Pelo contrário, possuído «la tendência em reconhecer como “boas” tôdas as espécies descritas, inclusive as próprias, preferiu abdicar aos critéri s reais e objetivos, deixando os estudiosos de hoje perante uma “montanha" de dificuladdes. Estas somente poderão ser resolvidas, aos poucos, por estudos criteriosos de pequenos grupos, de espécies afins, com elevado número de exemplares, machos e fêmeas e lctes de filhotes de idades diferentes. • Trabalho realizado sob os aupicios do Conselho Nacional de Pesquisa. SciELO 11 12 13 14 o ESCORPIÕES E ESCORPIONISMO NO BRASIL Xeste trabalho são reunidas as espécies, R. mcUoleitãoi, as fêmeas de R signatus Pocock. sob a subespécie: R. bonaricnsis aspcr (Poeock> 1893. R. semiellypticus Prado é reexaminado, confirmando-se sua identidade, de acordo com o ponto de vista de Buekup (7 . com Bolhriurus b. bonarifnsis (Koch). MATERIAL E MÉTODO Os tipos ilas 2 espécies de Prado foram revistos e comparados com várias dezenas de exemplares, procedentes dos mesmos lugares. Finalmente foi feito o confronto entre estes exemplares e numerosos espéeimens de R.signatus Pocock, fêmeas e B.b.axprr com 71. b. bonaricnsis. ( omparam-se o colorido geral, a diversidade de granulação céfalo-torácica, as cristas medianas e laterais inferiores, as cristas superiores e látero-su|ieriores dos segmentos caudais 1 até 4, a face ventral do 5.° segmento caudal, a face dorsal da vesícula, prineipalmentc nos machos e o número da variação de dentes pertineos. HR\ IS AO DOS TIPOS DE R. mctloleitã-.i E R. srmitflypticus PRADO E SUA COMPARAÇAO COM AS FÊMEAS DE R. signatus POCOCK. R. b. asprr (Pocock) E R. b. bonarifnsis (KOCH . 1. R. melloUitão Prado 1934 (4) Ilolotipo- fêmea, colecionada por Sylvio Burian, nos arredores de Corum- bataí. Estado de São Paulo. Coleção esc» rpiônica do Instituto Hutantan sob o X.° 68. no frasco X.° 11. Diz Prado: "Esta espécie é afim de R. signatus, da qual se distingue: a) pelo número de dentes pectíneos; b) pela disposição das granulações ventrais no 5.° segmento caudal; ') por pequenas diversidades no colorido geral. O confronto do exemplar típico com outros da mesma procedência e com exemplares de R. signatus elimina, de uma vez. a.s “pequenas diversidades de colorido". Quem trabalha com escorpiões sabe que. quanto ao colorido, ocorrem em cada espécimen ligeiras variações dos matizes de fundo e das manchinhas nas pernas e nos palpos. A êstes não se deve dar importância, enquanto o colorido geral, as faixas, estrias, etc.... forem idêntic s. Quanto à disposição das granulações ventrais do õ.° segmento caudal não vemos, entre o tipo de Prado e o R. signatus, diferença alguma. A crista ventral mediana, o arco semi-ovalar, as granulações dentro dêste are i e fóra dele. são idênticas em ambas as espécies e diferem bastante dos desenhos. f SciELO 0 11 12 13 14 15 16 1 Mvm. In*t Butantan. 2*: i-io. 1957/58. WOLFttAXfS BrCHKKL 3 apresentados por Prado, à página 148 das Memórias do Instituto Butantan e por C. Mello-Leitão, à página 178 do volume 40 dos Ârqnivos do Museu XacionaL A figura 1 dêste trabalho apresenta a granularão eerta do tipo de Prado, idêntica à de B. signatus, cujo desenho característico é apresentado à página 190 do volume 40 des Arquivos do Museu Nacional. Os dentes peetíneos são apenas 10 no tipo de Prado, enquanto que para as fêmeas de R. signatus contaram-se 12-14 nas fêmeas. •lá Pocock (5) tem constatado que em signatus há variações no número de dentes peetíneos, tanto nos dois sexos como entre exemplares do mesmo sexo. hxa minando-se um número maior de espécies verifica-se que o número de dentes peetíneos nas fêmeas de R. signatus pode subir até 17 e descer até 10, sendo o número de 14-15 a média mais frequente. O exemplar de Corumbataí, descrito por Prado, apresenta realmente 10 dentes pectíne s, a formar justa¬ mente o número mais baixo das fêmeas de B. signatus. A identidade entre as fêmeas de 11. signatus e B. b. asper é convenien¬ temente estabelecida pelo confronto dos seguintes caracteres: a) Colorido ■. Brúneo-fusco. com uma faixa mediana longitudinal amarelo clara no dorso dos tergitos. b .Y li mero dr dentes peetíneos: de 10 a 18, geralmente 14 a 15. c i Face inferior do 5 segmento caudal: com crista em forma de arco semi- elíptico, em geral não completamente fechado no meio; com 1 crista mediana longitudinal, que pode consistir apenas em alguns grânulos ou extender-se até a metade ou um pouco além da metade do segmento. Dentro e fora do arco há granules esparsos, mais ou menos numerosos. d Cristas nos primeiros i segmentos caudais: cristas ventrais medianas e laterais pràticamente ausentes, podendo haver no l.° segmento 4 ligeiras elevações, sem grânulos, na área posterior. No lado dorsal existem 2 cristais medianas e 2 laterais, mas sempre interrompidas no meio e mais nítidas principalmente nas áreas posteriores de cada segmento. 2. B. semicllypticus Prado 1934 (6) Ilolotipo-fêmea, capturado em Curitiba. Paraná e depositado na coleção escorpiônica do Instituto Butantan, sob o N.° 72, no frasco X.° 15. Buckup ( i ) demonstrou, em 1957, que os caracteres morfológicas das fémeas de R. bonaritnsis incluem perfeitamente as de semicllypticus e nós podemos acrescentar que o característico principal, que fêz com que Prado eha- SciELO 11 12 13 14 4 ESCORPIÕES E ESCORPIOXIS1IO XO BRASIL masse à sua espécie (um único exemplar) de B. semiellyplicus e que seria “... o desenho que os grânulos maiores parecem traçar na porção ventral e basilar da vesícula”, só é visível, quando se faz incidir a luz da lâmpada de iluminação do microscópio sob certo ângulo e que a mesma imagem, sob idênticas condições, pode ser reproduzida com escorpiões de B. bonaricnsis. Infelizmente enviou o autor ao senhor Mello-Leitão apenas o desenho e não o próprio exemplar (fig. 1 da página 66 da Revista da Biologia e Hygiene, vol. 5; 1934). Êste desenho fôra executado por um leigo e não corresponde nem à descrição que o autor fornece da espécie. Os desenhos X.°* 2 e 3 dêste trabalho mostram a face ventral do 5 o segmento caudal e da vesícula e um aspecto dorsal dos primeiros 4 segmentos caudais da espécie de Prado e que não se distinguem de B. b. bonaricnsis. Os 17 dentes pectíneos do tipo de Prado podem ocorrer igualmente em fêmeas de B. b. bonaricnsis, com foi demonstrado pelo gráfico 2 do trabalho de Buekup (17). discussão Buekup invalidou simplesmente a espécie B. asper e a pôs em sinonimia com B. bonaricnsis. Embora apresentasse argumentes convincentes no tocante à sinonimia de B. semieUypticUs com B. bonaricnsis, há contudo, 2 fatos no tocante à espécie B. asper, que aconselham prudência. Em primeiro lugar examinamos machas de B. b. asper. que não apresentam exeavação alguma na face superior da vesícula, característica para todos os machos de Bonaricnsis. O segundo caráter, que considero diferencial, consiste na faixa amarela longitudinal, bem nítida, a percorrer, sem interrupção, o cefalotorax e o preabdomen de 6 . asper, ausento totalmente ou pelo menos com esta nitidez em b. bonaricnsis. Ainda dá que pensar a atitude de Poeock, autor de B. asper e profundo conhecedor de B. bonaricnsis, quando diz: “...the 2 inwardly curved obliqúe lines as in B. bonaricnsis”. Comparou, pois, as 2 espécies e nelas achou diferenças. Sabemos hoje, à luz de maior número de exemplares comparáveis, que Poeock não foi feliz com a espécie asper, baseada apenas em um macho jovem de 24 mm de comprimento total. Apesar disto, entretanto, outros autores, como Kraepelin. Mello-Campo, colocando as diferenças morfológicas de asper e de bonaricnsis nas devidos f SciELO 0 11 12 13 14 15 16 1 Mem. In»t. Butantan. 28 : 1 - 10 . 1957 / 58 . WOLFGAXG BCCHERL O termos, chegaram a reccnheeer em aspcr, não uma espécie própria, mas uma sub-espécie cie bonaríensis. Pelas nossas comparações estamos inclinados a abraçar êste ponto de vista. Aliás o “habitat" de B. b. aspcr é o nordeste do Brasil. O tipo é de Iguaraçú, Estado de Pernambuco, enquanto que, segundo Pocock, Kraepelin, Mello-Leitão, nós e Buekup. B. b. bonaríensis é o escorpião mais comum da orla do Atlântico, desde Paraná. Santa Catarina, principalmente porém, Bio Grande do Sul, Uruguai e Argentina (Montevidéu, Buenos Aires e La Plata). Examinamos grande número de B. bonaríensis do Rio Grande do Sul, ao todo 197 exemplares, enviados ao Butantan por Eugênio Wedelstnedt Gruman, procedentes de: Theresópolis, Mun. de Pôrto Alegre — 4 machos; 20 fémeas e 4 filhotes Ipanema . ... 5 ” ; 8 ff ff Porto Alegre . O ” ; g ” ; i ft Três Vendas . O ” ; i " ; i ff Morro da Policia (P. Alegre) . •> ff . j2 ft Vila Conceição (Livramento) . ... 3 ” ; i ff Serraria . 4 ff • Morro das Albertas . 3 »» • Tristeza . . i *» . Belém Velho . M , t Vila Florida . ff m 9 Bagé . 1 tf , Monte Alegre (Mun. Gen. Câmara) . 1 M . Morro do Côco (Mun. Gravata!) . 0 ” ; 4 ” ; i tf Morro do Limoeiro (Gragatai) . .. 1 ff • Lagôa do Lessa . " ; i tf Lngòa Emboaba (Mun. Farroupilha) . .. 3 ff • Guaiba . 1 ff • Itapoã (Mjq. de Viamão) . 1 ff • Ipacaraí (Mun. Dom Pedrito) . •* ; 6 ff • Taboleiro (Lavras do Sul) . i tf Santa Tecla (Bagé) . O M . Morro de Sáo Pedro (P. Alegre) __ .. 1 9 Tainhas-Cambará . 1 ff • 9 Bexiga (Mun. Rio Pardo) . 1 fêmea; 1 filhote; Morro do Sabiá (I*. Alegre) . macho. SciELO 11 12 13 14 6 17 g ESCORPIÕES K ESCORPIOXISMO XO BRASIL Em nehuni vimes a faixa clara, nítida, sem interrupção, no dorso do preabdomen, embora constatássemos ai zonas mais claras, em apreciável per- centagem de animais. Estamos, pois, de acordo com Buckup. de que asper não seja uma espécie própria. Mas continuamos, até obtermos argumentos mais convincente», a considerar a mesma como sub-espécie de B. b. bc/naricnsis. CONCLUSÃO Bothriurus asper Pocock, posto por Buckup em sinonimia com B. bona- ritnsis (Koch). continua como sub-espécie desta última, com o nome de Bothriu¬ rus bonariensis asper (Pocock). A esta sub-espécie são idênticas as espécies: Bothriurus melloleitãoi Prado e a fêmea de Bothriurus signatits Pocock. Xo tocante à identidade de Bothriurus semiellypticus Prado com a fêmea de Bothriurus b. bonariensis (Koch podemos confirmar o ponto de vista do Buckup. São necessárias outras pesquisas sistemáticas, para dirimir plenamente as dúvidas a respeito de B. b. asper, do macho de B. signatus e de tôdas as . utras espécies recentes do gênero Bothriurus. Agradecemos a colaboração da senhora Johanna Brandstãtter, estagiária do Instituto Bntantan. RESUMO Bothriurus melloleitãoi Prado 19-54 e a fêmea de Bothriurus signatu > Pocock 1893 são colocados em sinonimia com Bothriurus bonariensis asper ( Pocock> 1893. A esta última atribui-se apenas valor sub-específieo, demarcado nos machos c nas fêmeas pela faixa amarela, muito nítida e ininterrupta, a percorrer todo o preabdomen, sem manchinhas escuras na zona da faixa e pela ausência, nas machos, da exeavação redonda no lado dorsal da vesícula. Bothriurus semiellypticus Prado 1934 é idèntic > ao Bothriurus bonari* ito.. (Koch) 1842, segundo já tinha constatado Buckup. ZUSAMM ENFASSüNG Bothriurus melloleitãoi Prado 1934 uud das Weibchen v n B. signatus Pocock 1893 werden ais identisch mit B. b. asper i Pocock) 1893 Itcschrieben. Letztere hat hõchstcns den taxonomischen Wert einer Unterart von b. bona- cm -SciELO 0 11 12 13 14 15 16 Mrtn. In*t. Bot»nUn. 2 *: 1 10 . 1957 / 58 . wolpgaxg nrciiKRi. I riensis (Koch), von der sie sich durch nichts ais den gelben Liingsstreifen auf dem Prabdomen und bei den Mannchen auch noch durch das Fehlen der Xapfgrube auf der Oberseite der Blase unterseheidet. B. semiellypticus Prado 1934 ist mit li. b. bonariensk identiseh. BIBLIOGRAFIA 1. Kraepelin, K. — Das Tierreieh-Scorpiones und Pedipalpi-Rerlin, 1899. 2. — — — — Mitt. Mus. Hmburg 28: 59-99, 1911. 3. Mello-Leitão, C. de — Kseorpiões Sul-americanos — Arqu. Mus. Xac. Rio de Janeiro, 40, 1945. 4. Prado, A. — Mcm. Inst. Rjtantan 8: 147-148, 1934. 5. Poeoek, R. — Ann. Mag. Xat. Hist. (6), 12: 97, 1893. 6. Prado, A. — Rev. Biol. Hjg-, São Paulo, 5: 65, 1934. 7. Burkup, E. II. — Ilieringia — Sér. Sient. Mus. Rio-Orandense Ci. Xat-Zool. 7: 133, 1957. SciELO 11 12 13 14 SciELO 0 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 L cm Vlem. In«t. Butantan. 28 : 1 - 10 . 1957 / 50 . Me*n. In*l. Batantan. 2- 111- 1937/-. WOLPGAXG BrCIICRL ii ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO NO BRASIL VII. SIXOXÍMIA DK Bothriurus fragilis M. L. 19:54 e B. zcugma M. L. 1945 COM B. rocha» M. L. 1932, COM O NOME DEFINITIVO DE Bothriurus coriaccus rochai (Mello-Leitüo) 1932*. WOLFGANG BÜCHERL (laboratório âr Zoologia Mrdica, Instituto ISutanlan) INTRODUÇÃO Xo VI. trabalho sôbre ESCORPIÕES E BSCORPIOXISMO XO BRASIL colocamos B. mcllolcitaoi e B. scmiellgpticus na sinonímia de B. signatus Po- cock 1893, apesar de ter esta espécie sido muito mal caracterizada pelo seu autor. Continuando esta revisão das • spécies do gênero Bothriurus Peters 1861, a fim de obter maior clareza nas questões de sistemática e nomenclatura is, reu¬ nimos agora, em base de dados morfológicos e por parentesco geográfico e eco¬ lógico, as espécies descritas do Brasil. São estas Bothriurus fragilis. zatgma e rochai, descritas por C. de Mello* -Leitão da Paraíba, da Bahia e do Ceará respectivamente. Xas mesmas regiõs costumam ocorrer também B. b. asper (Pocock) 1893 e B. coriaccus Pocock 1893. À medida que avançamos no estudo comparado de um número relativa¬ mente elevado das 3 espécies de Mello-Leitâo, começamos a suspeitar de que -eriam na realidade apenas uma. muito próxima de*’/?. coriaccus. A discordância a respeito do local típico de B. zatgma. indicado por Mel¬ lo-Leitâo como sendo Iguaçu, no Estado do Paraná (1), pôde ser desfeita pela revisão do tipo e dos paratipos do Museu Xaeional. onde vimos, ser Rio Gran¬ de no Estado da Bahia a verdadeira procedência, devendo ter ocorrido troca de etiquetas. * Trabalho realizado sob os auspícios cr (que deveria ser chamado melhor de B. bonariensis asper) e B. coriaceus, com 15 a 16 dentes pectíneos para as fêmeas. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 14 ESCORPIÕES e ESCORFIOXISMO xo brasil Xo frasco X.° ll/III da coleção escorpiôuiea do Museu Xaeional do Rio de Janeiro encontramos 2 fêmeas de X.° 41.816, procedentes do Ceará, clas¬ sificadas por Mello-Leitão como B. asper. mas que, na realidade, pertencem a êste grupo, para o qual propomos o nome de Bothriurus coriaccus rochai Mel¬ lo-Leitão 1932. Tem 21 dentes pectíneos e 2 curtas cristas laterais na face ventrai do 5.° segmento caudal, em nada mais se distinguindo das descrições dos machos de rochai, fragilis ou zeugma. Revimos o tipo de B. fragilis (vidro 10/IV; X.° 48.418), depositado no Museu Xaeional e uão constatamos nada que justificasse uma espécie nova. Xo frasco X.° 10/IV, sob o mesmo número e do mesmo local de proce¬ dência, há um segundo macho, com 23 dentes pectíneos, com 2 cristas laterais curtas, formadas apenas de 5 a 7 grânulos enfileirados longitudinalmente, na face ventral do õ.° segmento caudal. Inexplicavelmente Mello-Leitão tinha classificado êste exemplar como B. coriaccus, não como paratipóide de fragilis. Os 4 exemplares de B. zeugma, depositados no frasco 10/IX: 3 machos com 24 e 23;22 e 23;23 e 24 dentes pectíneos de cada lado respectivo c 1 fê¬ mea com 18 c 19 dentes pectíneos, capturados pelo dr. Moojen no Rio Grande, Estado da Bahia (e não Iguaçu, Paraná), apresentam a crista mediana longi¬ tudinal da face ventral do 5.° segmento caudal, formada por uma fileira sim¬ ples de grânulos (e não dupla, como diz Mello-Leitão) ; apenas dentro do arco se duplica de certo modo, esta fileira. Xum outro macho há mesmo uma fileira tripla, mas somente dentro da área do arco. Xada encontramos que justificasse uma espécie nova. Examinamos ainda 8 exemplares de Alagoas, etiquetados com o X.° 27062 (Museu Xaeional), podendo confirmar o diagnóstico de B. bonariensis asper de Mello-Leitão. As fêmeas têm geralmente 17 dentes pectíneos e 1 crista longitudinal mediana na face ventral do 5.° segmento caudal. O exemplar de X.° 58.356, etiquetado com Xordeste 10571, R. Ihering col- legit. é um macho com 19 dentes pectíneos e sem crista longitudinal na face ventral do 5.° segmento caudal. Pertence a B. bonariensis asper. Einalmente encontramos sob os X.°s 41.815 — Ceará — macho — 23 e 24 dentes pectíneos e X.° 41.817 — Xordeste 276 — fêmea — 19 e 19 dentes pectí- neos — dois representantes que não se diferenciam do grupo coriaccus rochai a não ser pela face ventral do 5.° segmento caudal, onde ex ste um arco semi- -elíptico, l crista longitudinal mediana, 2 cristas laterais mais curtas um pouco e mais 2 cristas paramedianas, muito curtas no exemplar do nordeste, mais longas mesmo do que as laterais no exemplar do Ceará. t > pouco material não nos ajuda a um pronunciamento, principalmente porque também no exemplar macho, designado por Mello-Leitão como B. zeug¬ ma. constatamos que o arco da érea posterior do 5.° segmento caudal descreve SciELO 11 12 13 14 15 Mrcn. In*t. ButinUn. -JH: lMâ. 1957/8. WOLFGAXG BCC1IEBI. 15 na zona mediana uma curva para a frente, acompanhando os 2 ramos, com 2 a ■i grânulos, a orientação da crista mediana. Também neste exemplar há, pois. 1 crista mediana, 2 curtas cristas laterais. 1 arco e 2 curtíssimos prolongamen¬ tos do arco, na linha mediana, a formarem um “começo” de 2 cristas parame- dianas. Estas cristas paramedianas seriam flutuantes? DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Tanto a comparação das descrições dos escorpiões do Ceará — B. rochai , de Campina Grande. Bahia — B. fragilis, de Rio Grande. Bahia — B. zeugma, como a revisão dos tipos e paratipóides e demais exemplares das coleções do Museu Nacional e do Instituto Butantan, convencem a qualquer um de que, de fato. as 3 espécies formam o grupo do Bothriurus coriaccus 1'ocock 1893. dis¬ tinguindo-se apenas (e nem isto, quando se consideram as fêmeas) pelo nú¬ mero mais elevado de dentes pectíneos dos machos. A única nota dissonante é que Pocoek fôra muito lacônico ao descrever a coriaccus e o material dêle era muito mal conservado e etiquetado apenas com “Chili” c “Valcheto”. Entretanto, o próprio Mello-Leitão assinala (1) que coriaccus era, ao lado de II. b. asper , frequente no nordeste do Brasil. Justifica-se. pois, plenamente, o estabelecimento de Bothriurus coriaccus rochai Mello-Leitão 1932, como sendo, ao lado de B. b. asper, o Botriurideo mais frequente nas zonas áridas dos Estados do nordeste do Brasil. Sua caracterização morfológica seria a seguinte: “Marmorado de negro ou marron escuro, com faixas mais claras na face inferior da cauda; último tergito geralmente sem esboço de cristas, podendo existir algumas saliências longitudinais; último esternito sem cristas; faee ventral dos primeiros 4 seg¬ mentos caudais sem cristas medianas e laterais; faee superior com 2 cristas medianas, mais nítidas geralmente nos primeiros 3 segmentos; as cristas la¬ terais se notam apenas sob a forma de alguns grânulos, mais numerosos apical do que basalmente; na área distai, entre os grânulos das cristas medianas c laterais pode haver mais alguns grânulos, em fileiras curtas, um tanto atra¬ vessadas e de percurso mais ou menos irregular; faee ventral do f>.° segmento caudal com arco posterior, geralmente não fechado no meio; com 1 erista lon¬ gitudinal mediana curta ou mais longa, até o l.° têrço ou mesmo além, de percurso nem sempre muito regular, podendo haver alguns grânulos também ao lado e, dentro da área do arco, com grânulos em fileira irregular simples, du¬ pla ou mesmo tripla; com 2 cristas laterais, bem curtas ou mais longas, podendo um ramo ser mais extenso do que o outro. Podem encontrar-se espécimes, em cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 16 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL que os 2 ramos, que vêm a formar o arco, não se fecham no meio, mas se abrem, com 2 a 3 grânulos de cada lado, acompanhando a crista mediana. Seria isto um esboço rudimentar de 2 cristas paramediana.s. (Para os exemplares do nor¬ deste. em que há pleno desenvolvimento destas 2 cristas paramedianas, não da¬ mos interpretação, por ora) ; fêmeas com 15 a 21. geralmente 17 a 20 dentes pectíneos; machos com 18 a 24. geralmente 21 a 24 dentes pectíneos; face dor¬ sal da vesícula dos machos plana e com apófise espiniforme na face interna da mão”. Agradecemos à senhora Tatyana von Bezorowsky a colaboração na revisão da Coleção eseorpiônica do Museu Xacional. Ao diretor, José Cândido de Mello Carvalho e ao Chefe da Secção, Dr. José Lacerda de Araújo Feio, do Museu Xacional, os nossos agradecimentos. RESUMO As espécies B. rochai M. L. 1832, B. fragilis M. L. 1934, B. zcugma M. L. 1945 e B. coriaceus Poeock 1893 são revistas tanto à luz da coleção eseorpiônica do Instituto Butantan como da mesma do Museu Xacional do Rio de Janeiro, chegando-se à conclusão de que as três primeiras formam, de fato, um grupo só, muito próximo de B. coriaceus, com o nome de Bothriurus coriaceus rochai Mello-Leitão 1932. Esta subespécie vem. ao lado de B. b. asper, formando o Botriurideo mais frequente nas zonas áridas do Nordeste do Brasil, desde o sul do Maranhão até o Estado da Bahia. ZfSA.M M KXFÀSSÜXG Die Bothriurusorten: rochai M. L. 1932. fragilis M. L. 1934, zcugma M. L. und coriaceus Poeok 1893 wurden kritisch vergleichend nachuntersucht, sowohl an Hand der Skorpionsammlungen des Institutes Butantan wie aueh der Ein- sieht der Typen und Paratypoiden des Museu Xacional in Rio de Janeiro. Xach Vergleich aller ausschlaggebenden Merkmale, kamen wir zu dem Schlusse, dass die drei Arten, Bothriurus rochai M. L. 1932. B. fragilis M. L. 1945 der Art Bothriurus coriaceus Pocock 1893 sehr nabe stehen und deshalb am besten mit dem Xamen Bothriurus coriaceus rochai (Mello-Leitão) 1932 bezeichnet werden. Der eigentliehe, von Pocock beschriebene, />. coriaces stammt aus Chile, ohne náheren Fundort. Xeben B. coriaceus rochai, der den hãufigsten Skorpion des Xordosten Brasiliens. von Maranhão bis Bahia, vertritt. ais typischer Bewohner der wüs- tenartigen Steppen, kommt in diesen Gegenden auch noch Bothriurus bona- riensis asper (Poeock) 1803 vor. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. In*t. Butantan. 28: 11-18. 1957/8. WOI.rGA.VG BCCHERL 17 Klimatologisch handelt es sieh um die trockenste Gegend Brasiliens. In Ceará. Paraíba, Pernambuco und Xorden Bahias kann es. abgesehen vou einem schmalen Streifen der Ozeankiiste entlang, iihrlich iiber 6 Monte nicht regnen, so dass viele Flusslàufe vollstãndig verschwinden. Die Flora ist dureh die, mit Dornen besetzte, “caatinga” gekennzeichnet. Der für den Menschen vollstãndig harmlose B. coriacrus rochai , der die 3 genannten Arten in einer Unterart vereinigt, kann folgender-massen gekenn¬ zeichnet werden: Riicken braunlich, mit gelblichen kleinen, unregelmãssigen Flecken ; auch die Oberseite des Schwanzes und der Beine; Cnterseite der Cauda mit helle- rcn unteren Lãngsstreifen. Letztes Tergit oft mit leistenartigen Erhebungen an Stelle der Lãngskiele; letzter Sternit oline Kiele; 1. bis 4. Sehwanzglied unterseits ohne jeden Kiel, oberseits mit 2 mittleren Lãngskielen. «lie oft nur hinten und vorne «leutlicher sind; die 2 oberen Lateralkiele sind in den ersten dr< i Segmenten «leutlicher und da auch wieder nur meist vorne und vor aliem hinten , an den hinteren Ecken zwischen der Oranulierung der mittleren und seitlichen Kiele noch eine zwei divergierende, unregelmãssige Kõrnchen- reiheu; 5. Caudalsegment unterseits mit bogiger Querleiste, die meist in der Mitte nicht geschlossen ist; ausserdem mit einen mittleren Lãngskiele. der nur em Drittel, die Hãlfte oder sogar über zwei Drittel des Segmentes einnehmen ann und «ler entweder einfach kornig ist «xler irgendwie unrcgelmassig kornig, so dass oft zwei bis drei Komchen nebeneinander liegen ; hinten. innerhalb der gigen Querleiste, sind die Kõrnchen meist doppelreihig ; ausserdem noch 2 Seitenkiele, von denen meist einer langer ais der andere ist und «lie gewohnlich d,e IIa | f, e «les Segmentes kaum iiberschreiten; bei einigen Vertretern sielit mau, \«i« die beiden Zweige «ler nicht geschlossenen bogigen Querleiste. in der -Ltte naeh vorne streben und dann links und reehLs des Mittelkieles die Rudi- mente zweier Xebenkiele bilden. «lie aber nur aus je 2 bis 3 Kõrnchen bestehen uml sehr kurz sind. Miinnchen mit 18 bis 24. meist 21 bis 24, Weibehen mit 1' bis 21, meist 17 bis 20 Kammziihnen; Oberseite der Blase auch bei den Mannchen sehwach eingedrückt, fast ganz flach. ohne Napfgrupe; bei Weib- clien flach; Innenseite der Hãnde bei Mannchen mit Dorn am Grunde der Finger. Fundort-über die Xordoststaaten Brasiliens, von Maranhão bis Ceará Pa¬ raíba, Pernambuco und Bahia und wahrschemlich auch Piauí. Liinge bis 50 mm. BIBLIOGRAFIA 1. Mello-Leitão, C. de — Anju. Mu*. Nacional Bio de Janeiro. 40: 194-196, 1945 . -- Pocoek, R. I. — Ann. M.-ir. N*at Hist. (6) 12: 95, 1893. 3. Mello-Leitão. C. de — Arqn. Mu*. Nacional, Rio de Janeiro. 34: 24-25. 1932. An. Acad. Bra». Sei., Rio de Janeiro, 6: 193, 1934. SciELO 11 12 13 14 6 17 Mrm. In«t. BuOntan. 28 : 19 44 . 1957 / 8 . WOLFGANli IICCIIERL 19 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL VIII. REVISÃO DAS ESPÉCIES DO GÉNERO Bothriurus DESCRITAS DA ARGENTINA*. WOLFGANG BÜCIIERL (Laboratório de Zoologia Mfdica, Instituto llutantau) INTRODUÇÃO Continuando as nossas pesquisas sistemáticas e ecológicas sôbre os escor¬ piões do gênero Bothriurus — provàvelmeute um dos mais difíceis no intuito de rever as espécies até agora descritas e separar as que tem realmente valor sistemático, colocando em sinonímia as que não se podem diferenciar e justi¬ ficar, voltamos as nossas atenções para as espécies de Bothriurus, descritas co¬ mo ocorrentes na Argentina e nas partes do Uruguai e do Chile que confinam com o primeiro país. Para facilitar a supervisão enumeramos as espécies, estudadas neste tra¬ balho, por ordem alfabética, ajuntando o autor, o ano da descrição e o local, de onde provieram os tipos, bem como onde estão guardados tanto quanto nos foi possível averiguar: 1. B. alienicola Mello-Leitão 19.11; La Fcrrera, Prov. de Buenos Aires; 1 fémea — N.° 14.462. Museu Bemardino Rivadavia, Buenos Aires. 2. B. alticola Poeock 1900; Mendoza. Argentina; Museu Britânico; Londres. •3. B. b. asper (Pocock) 1893; Iguaçu, Pernambuco; Museu Britânico, Lon¬ dres. 4. B. b. bonariensis (Koeh); 1842; La Plata, Argentina. •">. B. burmeisteri Kraepelin 1894; Mendoza. 6. B. chilrtisis (Molina) 1783; Chile. Trabalho realizado sob o® aupícios do Conselho Nacional de Pesquisa, apres-ntado j.Tanto X.» reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progre»«o da Ciência, em São Paulo, em julho de 1958. SciELO 11 12 13 14 6 17 20 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL 7. B. coriaceus Pocock 1893; Chile — 4 exemplares no Museu Britânico de Londres, sendo 3 machcs e 1 fêmea, apresentando 2 a etiqueta: “Chili” e os restantes (1 macho e 1 fêmea) — “Coquinho". 8. fí. díspar Mello-Leitão 1931; La Ferrera. Prov. de Buenos Aires; N.° 14.462. no Museu Bernardino Rivadavia, Buenos Aires. 9. B. docllojuradoi Mello-Leitão 1931; San Fernando, Prov. de Buenos Ai¬ res; X.° 24.723, no Museu Bernardino Rivadavia. Buenos Aires. 10. B. dorbignyi (Guérin) 1843; Bolívia. 11. B. elegans Mello-Leitão 1931; La Rioja; X.° 24.667 no Museu Bernardino Rivadavia, Buenos Aires. 12. B. flavidus Kraepelin 1910; Bahia Blanca; Naturhist. Museum, Hamburg. 13. B. keyserlingi Pocock 1893; Chile cu Peru. Um só exemplar sêco e em estado precário de conservação no Museu Britânico, etiquetado “Chili" ou Peru. 14. B. pringUsianus Mello-Leitão 1931; Pringlos, Prov. de Buenos Aires; X.° 26.651 no Museu Bernardino Rivadavia. Buenos Aires. 15. B. prospicuus Mello-Leitão 1934; La Ferrera, Prov. de Buenos Aires; X.° 21.707, no Museu Xacional do Rio de Janeiro (1 macho). 16. B. signatus Pocock 1893; Teresópolis, perto do Rio de Janeiro; Museu Britânico, Londres. 17. B. ypsilon Mello-Leitão 1935; Pampa. Vê-se que da Província de Buenos Aires foram descritas nada menos de 9 a 10 espécies; de La Ferrara 3 espécies, de Mendoza 2. Os autores destas espécies possuíam, na maioria dos casos, apenas um único exemplar, não se dando ao trabalho de refletir sôbre o possível aspecto morfológico do outro sexo, não descrito; não estabeleciam as necessárias comparações com as outras espécies. Propusemo-nos. pois, uma revisão cuidadosa destas 17 espécies. MATERIAL E MÉTODO Comparamos, primeiro, as descrições originais dos autores das espéeies de Bolhnuru» e os desenhos por êles feitos. Em seguida comparamos as redescrições, feitas mais tarde, por outros autores. Xão poucas dissemelhanças, omissões e inovações injustificadas e erros de tradução, etc., foram constatados. De posse das descrições certas iniciamos o trabalho principal da revisão d? todos os escorpiões, desde o Rio Grande do Sul até a Argentina e o Chile e, no tocante a R.b.atpcr desde o nordeste do Brasil. Mezn. In*t. Butantan, 28 : 19 44 . 1957 / 8 . WOLFGANG BCCHERL 21 Várias centenas de exemplares da COLEÇÃO ESCORPIôNICA do Instituto Butantan e da COLEÇÃO PARTICULAR de Eugênio Wedelstaedt Cruman, de Porto Alegre, foram comparadas, um por um, aferindo: o sexo; o colorido geral, predominante, principalmente no tocante à existência ou não de faixas ou estrias; a existência de cristas no último tergito e no último esternito do pre-abdomen e dos pri¬ meiros 4 segmentos caudais; o aspecto morfológico da face ventral do 5.® segmento caudal, no tocante à existência ou não de uma crista semi-elíptica posterior, 1 crista mediana longitudinal, 2 cristas laterais e 2 cristas para-medianas. Xos machos foram comparados ainda: a existência ou não de 1 apófise espiforme na face interna da mão, porto da base dos dedos e a face dorsal da vesícula para verificação de uma excavação ou não. Os meses de trabalho foram recompensados pola constatação de que era possível reu¬ nirem-se as espécies desta grande região em grupos regionais, com o prevalescimento da espécie típica do local. Para obtermos maior certeza ainda, fomos, em começos de 1953, ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro, onde examinamos minuciosamente tôdn a COLEÇÃO ESCORPIONICA, deixada a! por Cândido de Mello-Leitão e que contêm várias dezenas de exemplares, jus¬ tamente daquelas espécies argentinas, descritas por íste autor como novas, além do precioso material de comparação, coletados nos lugares típicos, l>em como os tipos e os (rara-tipos. fcstes estudos vieram a confirmar a necessidade de uma revisão nomenclatura! dos Itotriurídeos do sul e sudoeste da zona ncotrópica, no sentido da abolição de um elevado número de espécies novas. Para não alongar desnecessàriamente o trabalho, omitimos as minúcias descritas de somenos importância, restringindo nos à caracterização essencial de cada espécie. Os inte¬ ressados poderão reler aquelas nas publicações dos respecitvos autores. COMPARAÇAO DAS ESPÉCIES 1- Grupo: li. alienicola — It. flavidus — II. pringitsiaiius: Nome definitivo: Bothriunu flavidut Kraepelin 1910. a» B. olumcola (1) : “Cauda com 3 faixas ventrais longitudinais; último tergito com saliências quase imperceptíveis no lugar das cristas; último es- temito com idênticas saliências na zona das quilhas medianas e 2 elevações ainda menos nítidas no lugar das quilhas laterais: segmentos caudais 1-4 com cristas superiores medianas e laterais pouco nítidas, melhor desenvolvidas em frente e apicalmente; no l.° e 2.° segmento as cristas ventrais medianas e la¬ terais são mais ou menos nítidas, principalmente nas fêmeas, menos nos ma¬ chos ou então, são presentes apenas em ambos os sexos na segunda metade de cada segmento; no 3. e 4.° segmentos não há cristas inferiores medianas; mes- SciELO 11 12 13 14 15 <>2 ESCORPIÕES E ESCORPIONISJIO NO BRASIL mo as inferiores laterais costumam estar ausentes ou existem apenas apical- mente, sem possuírem grânulos. Faee ventral do 5.° segmento caudal bas¬ tante granulosa, principalmente na metade distai, de maneira que o arco semi- -elíptieo não sobressai com tôda a nitidez; sem cristas longitudinais (Fig. 1). l.‘l dentes pectíneos de cada lado”. Mello-Leitão tinha fundamentado esta espécie em uma única fêmea, não correspondendo o desenho N\° 42 em "Escorpiões Sul-americanos” (2) à rea¬ lidade. b) />. flavidus (3) : "Cauda eom 2 faixas ventrais longitudinais escuras, ladeando 1 faixa amarela mediana; último tergito com 4 quilhas na metade posterior; idem o último esternito; segmentos caudais 1 — 4 com 2 quilhas dorsais medianas nítidas, mais perceptíveis apicalmente; as 2 quilhas dorsais laterais também não granuladas em tôda a sua extensão, mas apenas, de vez em (piando, apicalmente; as 2 quilhas ventrais medianas são obsoletas na fê¬ mea, mas ainda perceptíveis nos 4 segmentos; no macho só se apresentara no l.° segmento ou ainda no 2.°; ausentes no 3.° e 4.°; quilhas inferiores laterais obsoletas nos 2 sexos, podendo existir, principalmente nas fêmeas, no l.° e 2.° segmento; ausentes em ambos os sexos no 3.° e 4.° segmentes; face inferior do 5.° segmento caudal com arco semi-elíptico no têrço posterior, geralmente não completamente fechado no meio. abrindo-se os 2 ramos em orientação para a frente; há geralmente um esboço de crista mediana longitudinal, formado por alguns grânulos (vide fig. 2), nem sempre muito apreciável; dentro da área e fora bastante grânulos, como em alicnicoh”. Kraepclin. ao descrever esta espécie, dispôs apenas de 1 macho relativa¬ mente jovem (de 33 mm de comprimento total), de Bahia Blanca e de 1 fê¬ mea, ainda menor e por isto não descrita, de procedência desconhecida. Examinamos 2 exemplares desta espécie, depositados no Museu Nacional do Rio de Janeiro, sob os X.s 21.708 e 11.293, fêmeas, com 13 dentes pectíneos de cada lado e a face ventral do 5.° segmento caudal, conforme a figura 2 (frasco X.° 10/IV, Museu Nacional). A fig. 60 de Mello-Leitão (2) não apre¬ senta a reprodução muito fiel do arco semi-elíptico da face ventral do 5.° seg¬ mento caudal. e) B. pringlesianvs (4): “Face ventral da cauda com as 3 faixas das 2 espécies precedentes; quilhas do último tergito, do último esternito e das fa¬ ces dorsal e ventral dos primeiros 4 segmentos caudais iguais às das 2 espécies anteriores; face ventral do 5.° segmento sem cristas longitudinais; com arco posterior; dentro da área do arco com 8-10 grânulos maiores, entre numerosos menores, que existem também fora do mesmo e com mais um amontoado de grânulos menores na área posterior do arco; quanto ao conjunto todo, igual cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 M#»m. In«t. Hutantan. 28 : 1944 . 1957 / 8 . \VOLPGANT. BrCHERL 23 às espécies precedentes (vide fig. 3). Face dorsal da vesícula do inacho com escavação cordiforme, sem fumo amarelo; face interna da mão do macho com apófise espiniforme; 12-13 dentes peetíneos cm ambos os sexos". Examinamos o paratipo, de X.° 11.291 do Museu Nacional do Kio de Ja¬ neiro (frasco 10/X) e verificamos lã dentes peetíneos em cada lado (e não 12-13) as 2 estrias escuras ladeiam a faixa mediana, longitudinal na face ventral des segmentas caudais, como em Fkividus. alargando-se as duas faixas na borda posterior de cada segmento; a exeavação do dorso da vesícula e a apófise da mão corresponde às descrições de Mello-Leitão. O tipo-fêmea, depositado no Museu Rernardino Rivadavia, em Ruenos Aires também não nes parece ser um exemplar adulto, pois tem apenas 30 mm de comprimento total. Kraepelin tem sido muito lacônico, ao descrever a espécie flavidus, não mencionado a existência da exeavação dorsal na vesícula tio macho. O con¬ fronto, entretanto, das 3 espécies não deixa dúvida de que as mesmas são, de fato, uma só, para a qual deve prevalecer y nome de B. flavidus. I"lteriores estudos dirão se flavidus encontra ou não uma justificação es¬ pecífica. Tudo relaciona a mesma com li. bonarímsis, com a qual apresenta um parentesco, a justificar provavelmente apenas uma raça. 2. Grupo: II. alticola — B. díspar — B. prospicuus: Nome defintivo: Bothriurus alticola Pocoek 1900. a) B. alticola (5): “Face ventral da cauda com 2 faixas longitudinais escuras, que ladeiam uma faixa mediana mais clara. Em exemplares escuros, as 2 faixas são menos nítidas; prevalecendo o cinza ou amarelo no colorido ge¬ ral; a faixa mediana é indistinta. Último tergito apenas com indicação de 4 quilhas posteriores; as 4 cristas do último esternito são mais nítidas; face dor¬ sal dos primeiros 4 segmentos caudais com cristas medianas e laterais com¬ pletas. podendo haver no l.° e às vêzes ainda no 2.° uma crista superior aces¬ sória; face inferior dos mesmos segmentos apenas com quilhas não granuladas, muito leves ou quase imperceptíveis, principalmente nos segmentos 3 e 4. mas também já no 2.°; face ventral do ã.° segmento caudal com 5 cristas longitu¬ dinais, sendo 1 mediana. 2 laterais e 2 paramedianas. mas tôdas elas mais ou menos curtas, podendo consistir apenas de 2 a 3 grânulos; as cristas pararae- dianas são recurvas e vêm a formar, ua área posterior, o arco scmi-elíptico; IMxlem apresentar-se também interrompidas: machos com lã dentes peetíneos. fêmeas com cêrca de 20”. SciELO 11 12 13 14 15 24 ESCORPIÕES E ESCORPIONISMO NO BRASIL A afirmação de Pocoek de que as fêmeas têm número de dentes peetíneos mais elevado do que os machos, mostra elaramente que êle não estava seguro de sua espécie nova. isto é, fêmea e macho, por êle descritos, eram na realidade de 2 espécies diferentes. O maior número de dentes peetíneos em Bothriurus pertence aos machos, como veremos mais tarde. Examinamos 1 fêmea no Museu Nacional do Rio de Janeiro. X.° 58.189 (frasco 10/IV), de Sierra Yentana, Argentina, com 18 dentes peetíneos; as cristas da face ventral do 5.° segmento caudal são curtas: a mediana atingindo mal a metade, as laterais constando apenas de poucos grânulos e as paramedia- nas formando uma espécie de arco semi-elíptieo posterior, bem aberto na frente e ecm os ramos seguindo a orientação da crista mediana (vide fig. 4). b) li. díspar (6): “7 dentes peetíneos apenas, em cada lado; último esternito na fêmea liso, sem quilhas; cristas da face ventral do 5.° segmento caudal muito longas, atingindo quase a base do mesmo”. Todo o resto é igual a alticola. Para esclarecer as divergências examinamos o jtaratipo , uma fêmea, de N.° 21.709 dc Museu Nacional, Rio de Janeiro (frasco 10 VII). Apresenta realmente apenas 7 dentes peetíneos. Um exame mais minucioso demonstra, entretanto, que se trata no caso de uma “reconstituição” de dentes perdidos, ainda não completada até a captura do animal pelo cole¬ cionador. O último esternito também não é lisc. mas apresenta 4 cristas posteriores, curtas, que tinham “escapado” a Mello-Leitão ; as cristas da face ventral do õ.° segmento caudal correspondem à fig. 54 de Mello-Leitão (2), mas são pou¬ co apreciáveis na primeira metade do segmento. Não resta nada, pois, que separasse esta espécie de alticola. e) li. prospicuus (7): “Com cristas acessórias na face dorsal do l.° segmento caudal; quilhas inferiores nos primeiros 4 segmentos caudais quase imperceptíveis; face ventral do 5.° segmento caudal não correspondendo exa¬ tamente à fig. 72 de Mello-Leitão (2), mas à nossa figura 5”. Todo o resto igual à alticola. O tipo-macho (frasco 10/VII) apresenta HJ e 17 dentes peetíneos de cada lado; a face dorsal da vesícula é plana, sem exeavação. No Museu Bernardino Rivadavia. Buenos Aires, há 3 paratipos, o de N.° 14.462 é de La Ferrera; o N.° 13.056 é de Sierras Bajas e o N.° 11.025a de Cuchilloeo — Pampas. É evidente que as 3 espécies vem a formar uma só, para a qual deve pre¬ valecer o nome de Rothriurus alticola Pocoek 1900. cm 2 3 z 5 6 7 11 12 13 14 15 16 17 ^ eB1 - In*t. Bauntan 2 «: 19 * 44 . 1957 / 8 . WOLFOAXO nCCHERI. 25 or outro lado estamos convencidos de «iue esta espécie se aproxima de • urmeisten, que será caracterizada depois. Os tipos de ambas são de Meu- aoza. Restaria esclarecer a flutuação das cristas na face ventral do 5 ° ^ mento caudal. " ° O paratipo de La Ferrera. N ® 14.462 do Museu Bernardino Rivadavia precisaria de uma revisão também, pois suspeitamos - que éle pertença ao nos8 ° 1 "rupo-a/ienico/a, etc., eom o nome de B. flavidus. 3. Orupo: B. b. as per — B. b. bonarienris — /!. b. maculai us — B. sig- natus: * *'ome cienntivo: Boi h ri urus bonariensis (Kocli) 1842. <> -rupo deve ser subdividido em 2 subespécies de bonariensis, a saber: , ' r ' as l, ' n "' as signatus em: Botkriurus bonariensis asper (IV cocki 1893 e B b. bonariensis, B. b. maculai us e cs machos de II. signatus em: aothnurus b. bonariensis (Koeh) 1842. a B. b. aspcr e fémeas de B. signatus (8;11 ) : Xoim* defintivo: liothriurus bonariensis asper (Pocock) 1893. on ,nal V T l0 ° r fuSCOUS wi,h a ÍÍS ani * *°" er s nrfac?s of the tail irregularly variegated caudal ba ' U,S: ,he hst s,ermim wi * h <>ut trace of keeLs; 3 th. nubs üX" m,nU f te ; 8nd C,0S?,y granuI,,r thronghout; a few larger gra- teriorlv 1 - V* snperior and «upero-latoral keels being marked pos- • '• sma11 tubert, les; th? supero-latcral keels absent in the 4 th. segment- °" er .surfaces of these segments without keels; the lower surface of the 5 v,nT "!."^‘ ‘"‘V 0 l bS0let median kee, 5 th,< posterior semi-ovate area not • .1 nrP ,'„ ( lf,,U>< ‘ * ,e 2 l,,wa rde, * v cu rved cblique lines as in B. bonarien- VWÍÍC,e f,a ‘ ab ° Ve * g ™ U ^ atines an „„í o. Pet,e f .°' Cnada C ° m Um únic0 ** xe,u plar, um macho não adulto, com «P nas .4 mm de comprimento. Difere de bonariensis apenas: I. II. III. IV Pela faixa longitudinal clara a ncreorrer o cefalotorax e o preabdomen; leia ausência de quilhas no último esternito; 1’ela ausência d e uma excavaçâo redonda no dorso da vesícula dos ma- ehos, «pie se apresenta simplesmente achatada dorsalmente. Pelo habitat do tipo dc asper, que é o nordeste do Brasil (Pernambuco), enquanto que bonariensis é mais espalhado desde o Rio Grande do Sul ate Rabia Blanca. na Argentina. SciELO 11 12 13 14 6 17 26 escorpiões e escorpionismo no BRASIL Para diferenciar-se uni asper de um bonaricnsis . quando se dispõe apenas de fêmeas, só servem o “habitat” e a presença de uma faixa amarela clara, muito nítida e larga do cefalotorax, ccm colorido geral cinzento: B. b. asptr. Colorido geral escuro, marron até quase preto ou negro brilhante mesmo : “habitat” sul do Brasil até a Argentina: sem faixa amarela contínua —B. b. bonariensis. Quanto aos machos, a distinção das 2 subespécies se terna mais tácil, pois além dos caracteres diferenciais das fêmeas acresce ainda a ausência da exea- vação redonda no lado dorsal da vesícula em B. b. as per, enquanto que o ma¬ cho de B. b. bonariensis é reconhecível à primeira vista por esta exeavação muito nítida e de colorido amarelo ou amarelo-avermelhado. B. b. asper apresenta hoje uma história sistemática bastante variada. Mal nascida” como espécie própria, em 1893, como já temos visto, foi colocada por Kraepelin. em 1899, em simples sinonímia com B. vittatus. Em 1910, entre¬ tanto. o mesmo autor restabeleceu a mesma como subespécie, com o nome de B. bonaricnsis asper, tendo sido seguido, sem comentário, por Mello-Campos, em 1922. Mello-Leitão (2) pensou diferente e revalidou a mesma como espécie, com o nome primitivo de B. asper. Backup (21) foi novamente mais radical, colocando a asper novamente em simples sinonímia com bonariensis. Xás, em um trabalho no prelo (22) restabelecemos a mesma como subes¬ pécie de bonaricnsis. Aliás Mello-Leitão não foi muito cuidadoso com o material por êle estu¬ dado e depositado no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Xo frasco 10, III encontramos 47 exemplares, denominados todos per êle de B. asper. Um exa¬ me minucioso revelou que os 8 exemplares de Alagoas, de X.° 27.062, são real¬ mente B. b. asper, com 17 dentes pectíneos em cada lado nas fêmeas e com a crista mediana da face ventral do 5.° segmento caudal atingindo quase a base do segmento (vide fig. 6). Os 9 exemplares de Jupuruva, entretanto, não são realmente b. asper. Em um outro lote de Alagoas a maioria é B. coriaccus rochai, como temos de¬ monstrado em um outro trabalho no prelo (23). O exemplar de N.° 41.817, Nordeste 276. seria um B. coriaccus, como Mello-Leitão entendeu esta espécie, eontràriamente ao autor da mesma, Pocock, que atribuiu a esta espeeie carac¬ teres bem diferentes. O exemplar de Pôrto Alegre, uma fêmea com 23 dentes pectíneos é, sem dúvida, um B. b. bonariens.s; o exemplar de X.° 41.816 é B. c. rochai; o de X.° 58.3Õ6 é novamente B. b. asper. SciELO 11 12 13 14 15 Mem. In st. Butantan, 28 : 19 - 44 . 1957 / 8 . WOUFOASG BCCHKRL 27 A análise dos exemplares de b. asjxr revelou: 1. que a faixa amarela nos tergitcs é constante; 2. que a crista longitudinal mediana da face ventral do 5.° segmento caudal é muito “flutuante”, podendo ser obsoleta, muito curta, ou até a metade ou mesmo quase até a base do segmento; 3. (pie o número de dentes peetíneos gira nas fémeas em tôrno de 17, como número mais frequente e nos machos em tôrno de 20, com maior frequên¬ cia, indo os variantes extremos desde 13 até 23 dentes peetíneos em cada lado. Fêmeas de II. siynatus: Descrição original de Pocock (11) — “Cclour brunneo-fuscous, with a pale median dorsal band...; the lower surfaces of the trunk pale eoloured;.. the last tergit furnisbed with 4 abbreviated kecls. the supero-and supero-lateral keels of the tail persent on the anterior 3 seg- inents, but smooth on the 2. and 3.; the lower surfaee tf the 1. with 4 smootli keels..; the 2. similarly but less strongly keeled below; the 3. and 4. not keeled below; the lower surfaee of the 5. W1TII a WEEK MEDIAX POSTE- RIORLY GRANULAR KEEL; THE LATERAL OBLIQUELY CURVEI) SERIES OF GRANULES XOT COMPLETELY CIRCUMSCRIBIXG THE NORMAL AREA. WHICH IS GRANULAR IX THE MIDDLE; vesicle smooth and flat above; pectines with 12-14 tceth; 4.» mm total . A simples comparação original dos textos descritivos de R. b. as per e B. isynatus, fêmea, já revela a identidade das 2 espécies de Pocock. A confir¬ mação, na prática, é inconfundível, pois, mesmo no lugar do tipo de siynatus, em Teresópolis, encontram-se sòmente exemplares de II. b. asper. A citação de II. b. asper neste trabalho encontra a sua justificativa no fato de serem encontrados, ainda que com muita raridade, exemplares desta subespécie, tanto no Rio Grande do Sul (21), como em Montevidéu. Xo frasco 10/1V, sob o X.° 11.288 do Museu Xacional do Rio de .Janeiro,, encontra-se um exemplar de Montevidéu, ccm 20 e 21 dentes peetíneos e a faixa amarela nos tergitos. É fêmea. b) B. b. bonariensis, B. b. maculaius e machos de II. .siynatus: Some defini ivo: Bothriurus b. bonariensis (Koebi 1842. Mello-Leitão (2) não foi feliz ao traduzir o texto original de Koch (9), pelo que julgamos oportuno em tentar mais uma vez a tradução das partes mais importantes da descrição original de Koch: cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 2S ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL “Brothcas bonariensis. .; niarron escuro, com cauda grossa, brilliaiite e com uma exeavação na face dorsal da vesícula, forrada por uma membrana com aspecto de feltro; mão com dedes grossos e curtos. Klug — Coleções Reais em Berlim...; último tergito. na parte posterior, com 4 depressões delicadas a formar 4 cantos salientes (seriam as 4 quilhas dorsais, obsoletas) ; cauda muito brilhante; face superior dos segmentos caudais com pequenas saliências ms 4 cantos, estas saliências desiguais (são os rudimentos das quilhas dorsais medianas e laterais) ; face inferior sem quilhas, lisa, com 2 pontuações para¬ lelas em cada segmento; face ventral do 5.° segmento caudal com crista semi- -eliptica, fechada, delimitando uma área posterior bastante deprimida e COM TMA CRISTA LONGITUDINAL MEDIANA, QUE PERCORRE QUASE TODO O COMPRIMENTO DO SEGMENTO; face superior do 5.° segmento com uma depressão lisa na segunda metade; vesícula achatada na face supe¬ rior, tomada por uma exeavação grande, que deixa apenas pequenas bordas e cujo fundo é revestido por uma membrana de aspecto de feltro;., tíbia e mão dos palpos sem quilhas denteadas; mão mais brilhante que a tíbia, com poros bastante numerosos na face oposta, dispostos sem ordem; tôda a face ventral do escorpião muito brilhante, com 2 depressões em cada esternito e com cs poros colocados aos pares em cada segmento, mais ou menos como na face in¬ ferior dos segmentes caudais; estigmas curtos, alongados; 16 dentes peetíneos em cada lado ; cefalotorax. pré e postabdomen. palpos e pernas marron escuros, quase pretos, cefalotorax e palpos ainda mais escuros que as outras partes; es¬ tas mais com tonalidades avermelhadas; a membrana da exeavação vesicular amarela ou cinzenta ; cs esternitos oliváceo-amarelados com orla posterior mar¬ ron ; pentes marrons com lamelas amarelas.... O outro sexo apresenta uma cauda mais espessa; quanto ao resto corres¬ ponde à presente descrição. 1’atria — América do Sul — La Plata”. A esta descrição minuciosa só resta ajuntar que o colorido pode estar su¬ jeito a grandes variações, desde o negro brilhante até ao vermelho ou cinza escuro e que a crista mediana longitudinal da face ventral do õ.° segmento caudal é bastante “flutuante”, desde obsoleta até a cobrir quase todo o com¬ primento do segmento. O número de dentes peetíneos varia igualmente, como foi demonstrado por Buckup (21). Nas fêmeas podem existir de 12 até 21 dentes peetíneos, geralmente entre 14 a 17; nos machos a média parece ser mais elevada (como se verifica em tôdas as espécies de Botriurideos), de lí) a 21, com variações de 17 a 24. Estes valores se referem a cêrca de 230 exemplares, examinados por nós, um por um e procedentes todos de diversas localidades do Rio Grande do Sul. Cêrca de 190 espécimes são da Coleção de Eugênio Wedelstaedt Grumann, já mencionada por nós em outro trabalho (22). cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mí-m. Jn*l. Butantan, 2 *: 19 - 44 . 1957 / 4 . WOI.FGAXG BTCHERI. 20 Examinamos igualmente cêrca de 70 exemplares do Museu Nacional do Kio de Janeiro, procedente da Argentina, do Uruguai e dos Estados sulinos do Brasil, depositados no frasco 10/L No de N.° 11.204. fêmea, com 21 dentes pectfneos, não existe crista longitudinal mediana na face ventral do 5.° seg¬ mento caudal; no macho, de N.° 41.801. de Maldonado, da Argentina, com 24 dentes pectíneos, também não há crista; o macho de N.° 41.624, ccm 21 dentes pectíneos, de Malabrigo, Prov. de Santa Fé, a crista mediana percorre pràti- eamente o segmento todo. Aliás êste exemplar foi etiquetado por Mello-Leitão, como fí. flavielus n. sp„ provàvelmente justamente per causa desta crista (pois Mello-Leitão acreditava que bonariensis não apresentava esta quilha). Ao que nos consta não foi publicada esta espécie, que é — um fí. b. bona- riemis. Em 2 outras fêmeas, de N.° 42.503, com 18 dentes pectíneos e de N° 36-826, com 19 e 20 dentes pectíneos, a primeira de Santa Fé, a segunda de Malabrigo novamente, a crista ventral mediana é novamente obsoleta. li. bonariensis maculai us Kracpelin 1910 (10), pelos caracteres que êste autor lhe atribuiu e que consistem simplesmente em mauehinhas amarelas ou cinzentas no tronco e nas extremidades, é II. b. bonariensis. <» macho, descrito por Pocock. como fí. signatus (11) é de fato idên¬ tico com fí. b. bonariensis. Não apresenta a faixa amarela nos tergitos (como a femea, sinonimizada por nós com fí. b. asper) e no resto é completamente igual ao macho de b. bonariensis, como se pode depreender da descrição ori¬ ginal de Pocock: Male distingued by very marked sexual characters;. . the upper suface of ,h<> vesicle is «'arked by an oval deprtsstd yelloic spot. The lower surface of ,he la - st «Mominal stemite and of the 1. and 2. segmento of the tail is not keeled. Pectines with 13-16”. ( olorido, último tergito e esternito, primeiros 4 segmentos caudais e face ventral do 5.° segmento caudal exatamente como em fí. b. bonariensis. 1 < cot k (8) fez com que Kracpelin (3) revalidasse a espécie fí. bonariensis, colocada em sinonímia com fí. vittaius (15). Ao mesmo tempo êste autor r \alidou fí. signatus, que também tinha colocado em sinonímia com vittaius e introduziu a sua variedade. 6. maculatus. Sobre signalus ele diz. que pertence ao grupo de bonariensis e que o Mu- s>u '. keyserlingi (16): “Último esternito. l.° segmento caudal e face ventral do 5.° segmento caudal como IS. chiUnsis; as 2 cristas posteriores oblí¬ quas formam uma área posterior fechada, com grânulos, dentro e fera da mes¬ ma (vide fig. 0) correspondendo, portanto, exatamente à variação já apontada por Kraepelin. Pocoek colocou esta espécie entre bonariensis e coriaceus. Kraepelin (15) considerou a mesma apenas como variedade de bonariensis (vittatus), com 13 dentes pectíneos nas fêmeas e 14-15 nos machos; sem cris¬ tas inferiores nos segmentos caudais 2 a 4; com quilhas supero-medianas lisas (sem grânulos) e supero-laterais apicais apenas no 3.° c 4.° segmentos caudais; a mão do macho apresenta uma pequena apófise romba e a face dorsal da vesícula uma exeavação arredondada. Encontramos na Coleção Escorpiônica do Museu Nacional o exemplar de X.° 42.350 (frasco 10 XVI >, um macho, com 10 dentes pectíneos, procedente da Argentina, «pie apresenta exatamente cs caracteres, mencionados por Kra- pclin (15) e cuja face ventral do 5.° segmento caudal se apresenta igual à de IS. chilensis (vide fig. 9); a face dorsal da vesícula tem uma exeavação cordi¬ forme e na base do dedo móvel existe uma apófise romba. Xão pode persistir dúvida de (pie keyserlingi é. na realidade idêntica a chilensis. Ambas as espécies foram originàriamente descritas com bastante lacunas, mesmo no tocante aos caracteres essenciais. Pocock por exemplo, não soube dizer nem o sexo do tipo de keyserlingi. Tudo indica que a procedência do tipo (“Chili” ou "Peru” segundo Po¬ cock) seja realmente Chile e provavelmente os arredores de Santiago. Coin¬ cidem, pois. além dos caracteres morfológicos, também o habitat das 2 es¬ pécies. Realmente Kraepelin não menciona mais. em 1899, Peru para keyser¬ lingi, mas sim Chile e Brasil (Rio Grande). 6. Grupo: IS. coriaceus — IS. ypsilon: Some definitivo: Bothriurus coriaceus Pocock 1893. a) IS. coriaceus (17): Preferimos traduzir a descrição original de Po¬ cock que poderá ser comparada pelo estudioso com a reedscrição da espécie, fornecida por Mello-Leitão. às páginas 159-161 (2): “Macho ; carapaça escura, com manchas ferruginosas; cauda ferruginosa. SciELO 11 12 13 14 15 M«n. In»t. BnUntin, 28: 19-44. 1957/8. WOLFCASO BPCHE8I, 33 na face ventral com estrias longitudinais escuras. Parente de bonariensis. l.° segmento caudal com cristas inferiores obsoletas, apenas apicais; cristas superiores medianas e laterais presentes; as supero-laterais obsoletas no 3.° segmento, sendo presente apenas sob a forma de 1 ou 2 grânulos anteriores e posteriores; face ventral do 5.° segmento caudal COM CRISTAS LATERAIS, TAO COMPRIDAS GERALMENTE QUANTO A CRISTA MEDIANA; NO TÊRÇO POSTERIOR 1 CRISTA EM ARCO e dentro da área desta alguns grânulos; vesícula com face dorsal plana (sem exeavação) ; mão como em bo¬ nariensis, com uma pequena exeavação e dentro dela uma apófise espini- forme na base do dedo móvel; 15-18 dentes peetíneos; 48 mm comprimento”. Diferença de bonariensis: “Pelas 2 cristas laterais na face inferior do 5.° segmento caudal”. O exemplar de Casablanca. Chile, à mão do qual Mello-Leitão tinha feito a redescrição desta espécie e que diverge profundamente da mesma (compare a nossa fig. 10 com a fig. 51 de Mello-Leitão (2), foi na realidade um B. chi- lensis. As 2 fêmeas de N.° 24.572, no fraseo N.° 10/IV do Museu Nacional, pro¬ cedentes de Jujuy, Argentina, com 18 e 19 dentes peetíneos, com uma faixa amarela, ladeada por 3 faixas longitudinais na face ventral dos segmentos caudais, conferem exatamente com a descrição original de Pocock. Sua face ventral do 5.° segmento caudal é representada pela fig. 10. b) B. ypsilon (18): O único exemplar até hoje descrito, o macho-tipo, tinha apenas 35 mm de comprimento. “Pardo denegrido; cauda com 3 faixas ventrais escuras; 7.° tergito com 4 cristas, as médias só posteriores; último esternito com 2 cristas posteriores; l.° segmento caudal com 2 cristas medianas ventrais, ausentes do 2.° ao 4.° segmento; segmentos 1-3 com 2 cristas laterais inferiores, ausentes no 4.°; segmentos 1-4 com 2 quilhas medianas superiores e laterais superiores, sem grânulos nos primeiros 2 segmentos, com grânulos basais e apicais somente nos segmentos 3 e 4; face ventral do 5.° segmento igual â nossa fig. 10, que vem a corresponder, aliás, à fig. 76 deMello-Leitão (2); mão com apófise es- piniforme; face dorsal da vesícula sem exeavação; 19 dentes peetíneos”. Nada, absolutamente, separa esta espécie de B. coriaccus. 7. Grupo: B. dorbignyi — B. clegans: A 'orne defintivo: Bothriurus dorbignyi (Guérin) 1943. a) B. dorbignyi (19): “Cauda sem faixas na face inferior; 7.° tergito com 4 cristas posteriores; último esternito sem cristas; segmentos caudais 1-4 cm ■SciELO 0 11 12 13 14 15 16 34 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL com 4 cristas superiores medianas e 2 laterais, podendo existir, além disto, nos segmentos 1-3, mais 2 cristas acessórias completas ou apenas apicais; cris¬ tas ventrais laterais obsoletas no l.°, apenas apicais no 2.° e 3.° e totalmente ausentes no 4.° segmento (como em burmeisteri ) (segundo Kraepelin, 1899, não existiriam quilhas na face ventral dos segmentos caudais 1-4) ; face ven- tral do 5.° segmento caudal com uma área distai, delimitado por 2 quilhas não granuladas e com tal percurso que esta área se apresenta quase quadrada. Além desta linha quebrada há, nos machos, 1 leve quilha longitudinal me¬ diana (menos nítida mas presente também nas fêmeas), que pode estender-se até o primeiro têrço basal; vesícula no macho sem exeavação dorsal; mão do macho com um poro circular profundo, mas sem apófise; entre os dedos sem lobo; dentes pectíneos de 23 a 27 nos machos, 18 a 22 nas fêmeas”. Trata-se de uma espécie muito comum na Argentina, desde Buenos Ai¬ res. até Cordova, Jujuy. Salta. Mendoza, La Rioja e Chaco. Examinamos 4 exemplares no Museu Nacional; frasco 10/11. O macho de N.° 27.096. de Salta, apresenta 28 dentes pectíneos, cristas caudais infe¬ riores em V nos segmentos 1-3; na face ventral do 5.° segmento há, além da área quase quadrada e da delicada quilha mediana longitudinal, quase com¬ pleta. mais 2 quilhas delicadas, longitudinais laterais que se estendem até o têrço basal (vide fig. 11). Os mesmos caracteres, embora ainda mais delicados, encontramos na fê¬ mea, de N.° 24.671, com 23 dentes pectíneos, da Catamarca e no macho X.° 23.905, com 26 dentes pectíneos, de Jujuy e ainda no macho, sem número, com 19 dentes pectíneos, de Mendoza. b) fí. elegam (2): “Colorido geral como dorbignyi; último tergito e esternito como dorbignyi; cristas inferiores e superiores nos primeiros 4 seg¬ mentos caudais como dorbignyi (as laterais inferiores formam uma mistura entre dorbigny e burmeisteri) ; face ventral do 5.° segmento exatamente como dorbignyi (vide fig. 12); Mello-Leitão assinala, em sua fig. 59 (2) as 2 cristas laterais, por nós vistas nos exemplares do Museu Nacional; 26 dentes pectí¬ neos; mão do macho com exeavação, sem apófise; face dorsal da vesícula plana”. lt. elegam em nada difere de II. dorbignyi. O exemplar de N*.° 41.635, do frasco 10/XIY do Museu Xacicnal. uma fêmea, apresenta 15 a 16 dentes pectíne°s. A fêmea X.° 41.637. de Jujuy, é igual. Classificadas por Mello-Leitão, com elegans, em nada diferem de dor- bignyi. A crista longitudinal mediana do 5.° segmento caudal vai da borda anterior à posterior e as 2 laterais até o l.° quinto basal; a linha transversal, que delimita a área posterior quadrada, corre paralela à borda posterior. cm 2 3 z 5 6 7 11 12 13 14 15 16 17 M«n. In*t. Butantan. 28 : 1944 . 1957 / 8 . WOI.FGAXG BCCIIKRL 35 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS As 16 espécies e 2 subespécies de Botriurídeos. que foram descritas como ocorrendo na Argentina e países que com ela confinam, foram reunidas em apenas as seguintes espécies válidas: 1 Alienicola e pringlesianus -' Disjxir e prospicuus •3' Asper e a fêmea de signatu 4 Bonaricnsis maculaius 5) O macho de signatus 6) Doellojuradoi 7) Keyserlingi 8) Ypsilon 9) Elcgans sob B. flavidus Krplin. 1!)10; — sob B. alticola Pocock 1900; sob B. b. asper (Pocock 1893; — sob B. b. bonaricnsis (Koch) 1842; sob B. I». bonaricnsis (Koch) 1842; sob B. burmcisteri Krpln. 1894; sob B. chilensis (Molina) 1783; sob B. coriaceus P. ck 1893; sob B. dnrbiguyi (Guérin) 1S43. Deixam de existir, portanto, 7 espécies de Mello-Leitão ; 1 subespécie de Kraepelin, 2 espécies de Pocok. Asper é confirmado na posição de subespécie. As espécies e subespécies extintas de maneira alguma podem ser justifi¬ cadas, à luz do material por nós examinado. Espécies realmente boas de Botriurídeos existem, portanto, em muito menor número do que se pretendia fazer crer. Mesmo uma tu outra de entre estas apresenta nítido e marcado parentesco, tanto pelo habitat como pela morfologia, principalmente a da face ventral do 5.° segmento caudal, do último tergito e esternito e dos primeires 4 segmentos caudais. Parece-nos mesmo que, fazendo-se ulteriores estudos, virão restringir-se ainda mais as espécies acima enumeradas, cujo parentesco já temos indicado em cada caso. O aspecto da face ventral do 5.° segmento caudal constitui o ma:s im¬ portante fator específico: a) Existem espécies munidas apenas de arco semi-elípticc, completamente fechado ou um tanto aberto no meio; sem quilha longitudinal mediana ou com quilha leve e curta ou de mediano comprimento ou bem formada a percorrer mais da metade do segmento — 11. flavidus e H. bonaricnsis (vide figs. 1, 2 e 6). b) Além do arco e da crista mediana, presente ou não, há mais 2 cristas la¬ terais, mais ou menos longas — lí. chilensis e II. coriaceus (vide figs. 8, 9 e 10). c) O arco se apresenta aberto no meio, com os 2 ramos dirigidos para a fren¬ te, de maneira que surgem mais 2 cristas para-medianas, além da me¬ diana e das 2 laterais — li. alticola (vide figs. 4 e 5). SciELO 36 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL <11 O arco deixou de existir como tal, dando lucrar a 2 cristas para-medianas fortes, ainda que conservassem uma certa curvatura neste lccal, de ma¬ neira que se vêem 5 cristais longitudinais quase completas — fí. burmeis- teri (vide fig. 7). e) Em lugar da figura do arco há apenas 2 linhas transversais cortadas de tal maneira que surge uma figura quase quadrada (sem dentículos), com uma crista longitudinal também sem grânulos e um esboço de 2 cristas divergentes, não dentieuladas — B. dorbignyi (vide figs. 11 e 12). Xo tocante ao número de dentes pectíneos observa-se novamente uma certa regra : a) O número medio, mais freqüente, portanto, de dentes pectíneos dos ma¬ chos é sempre mais elevado, excedendo o número médio dos das fêmeas da mesma espécie em 1 ou 2 ou mesmo 3. b) Conseqüentemente, o número mínimo de dentes também nos parece mais elevado nos machos da mesma espécie, como também o número máximo. Para não incorrermos em mal entendido frisamos que, num caso concreto o estudioso pode perfeitamente deparar com um casal da mesma espécie, em que a fêmea apresenta justamente o contrário, isto é, mais dentes pectíneos do que o macho. É que a fêmea pode apresentar o valor máximo de dentes pectíneos e o macho um valor perto do mínimo. É necessário, pois, dispor-se de grande número de exemplares, para se poder formar um juízo a respeito da variação específica do número de dentes pectíneos. Pelo nosso material chegamos às seguintes conclusões quando aos valores mínimos, médios e máximos de dentes pectíneos: a) flavidus — fêmeas — 10-13-14; machos 11-15-17 b) alticola tt — 14-16-18; tt 15-17-20 c) b. bonariensis tt — 14-17-21; tt 13-21-24 d) b. asper tt — 12-15-18; tt 14-16-21 e) burmeisteri tt — 12-19-22; tt 19-22-25 f) chilensis tt — 10-12-14; tt 11-14-17 ?) coriaccus — ” — 13-15-19; tt 14-18-21 10 dorbignyi tt — 15-19-22; tt 19-23-27. Xa medida que aumentar o número de exemplares examinados haverá al¬ teração nestes números. Mas o fato de possuírem os machos número maior de dentes pectíneos do que as fêmeas da mesma espécie nos parece estatistica¬ mente significativo. M«n. Irj't. ISutintsn. 29: 19 14. 1957/9. WOUFGAXG BCCHEBI. 37 Quanto ao colorido prevalece uma certa monotonia. As faixas longitudi¬ nais ventrais da cauda são comuns a mais de uma espécie. A faixa amarela, dorsal, do cefalotorax e pré-abdomen. parece ser privativo da subespécie — IS. b. aspcr. embora Buckup tenha contestado isto. CO.VCL.rSAO O estudo sistemático des escorpiões do gênero Bothriurus, realizado à luz de um elevado número de exemplares, pertencentes a 1 ti espécies e 2 subespé¬ cies. dscritas como ocorrentes na Argentina e países que eom ela confinam, re¬ vela que tôda a descrição de espécie nova, baseada apenas em um único exem¬ plar, está fadada a malogro e vem trazer confusão indesejável. A sistemática das espécies deste gênero deve ser executada à luz do con¬ junto dos seguintes caracteres, que damos na ordem de sua importância: a) Face ventral do 5.° segmento caudal; b) Presença ou ausência de cristas ou quilhas nos últimos tergito e esternito; et Presença ou ausência total ou parcia’ de cristas ventrais e dorsais, me¬ dianas. laterais e acessórias nos primeiros 4 segmentos caudais; d) Colorido, isto é, aquelas faixas ou estrias “que dão na vista” e chamem atenção (não as nuances minúsculas de colorido, desfeito em manchinhas claras ou escuras, que costumam divergir mesmo em cada exemplar da mesma espécie); <“) O numero de dentes peetíneos, relacionado com o sexo; f) Xos machos, o aspecto da face dorsal da vesícula e a presença ou ausên¬ cia de uma ajiófi.so espiniforme na face interna da mão e se esta apófise se encontra dentro de uma depressão ou não. Pelo confronto cuidadoso destes caracteres foi possível reduzirem-se as 16 espécies, que foram objeto deste trabalho, a apenas 7 realmente mais sólidas. fi necessário, entretanto, que se continuem os estudos sistemáticos dêste genero. Possivelmente haverá maiores reduções ainda. Agradecemos ao Diretor do Mtiseu Nacional, Dr. José Cândido de Mello Carvalho e ao Dr. José Lacerda de Araújo Feio o aeseso à Coleção Kscorpiõnica. Os nossos melhores agradecimentos à senhora Tatyana de Berorowsky pela colaboração abnegada, prestada no estado comparativo dos escorpiões do Butantan e do Museu Nacional, no ano de 1953. Ao Dr. Wolígang Engelhardt agradecemos a descrição original de B. bnita- nensit, eopiado da publicação de Koch. -SciELO 38 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISMO XO BRASIL RESUMO As 16 espécies e 2 subespécies de escorpiões do género Bothriurus, des¬ critas até agora como ocorrendo na Argentina e países que com ela confinam, foram à luz do material do Instituto Butantan e depois do exame dos tipos, paratipos e demais exemplares da Coleção Escorpiônica do Museu Nacional do Rio de Janeiro e após comparação das descrições e dos desenhos originais dis autores reduzidas às seguintes espécies: alicnicola e pringletianus para B. flavidus Kraepelin 1910; dispar e prospicuus para B. alticota Pocock 1900; b. asper c as fêmeas de signatus para B. b. asptr (Pocock) 1893; b. mandaius e os machos de signatus para B. b. bonariensis (Koch 1842; doellojuradoi para B. burmeisteri Kraepelin 1S94; keyserlingi para B. chUensis (Molina) 1783; ypsilon para B. coriaceus Pocock 1893; degans para B. dorbignyi (Guérin) 1843. É demonstrado que existe a probabilidade de que mesmo estas espécies, consideradas por ora como defintivas, possam vir a sofrer ulterior redução. ZUSAMMEX FA SSU XC, In dieser Arbeit untersuchten wir die 16 Arten und 2 Unterarten von Skorpionen der Gattung Bothriurus, die bisher aus Argentinien. Uruguai. ein*‘s Teiles von Chile und aus Rio Grande do Sul, Krasilien. beschrieben worden waren. Bekanntlich war ja bisher die Zahl der Arten so gross, die Beschreibungcn so unvollstãndig und verwirrend, dass es iiberhaupt nicht mehr moglich war, e nen Skorpion dieser Gattung mit einiger Sicherheit in seine Art einzuordnen. In einem Arbeitsgange von nahezu 3 Jahrcn verglichen wir rand 700 Bothriurusvertreter aus der Skorpionsammlung des Institutes Butantan, da- von allein aus dem Staate Rio Grande do Sul etwa 350. In Januar 1953 gab uns der Direktor des Museu Nacional in Rio de Janeiro Gelegenheit. auch die dortige zahlreiche Skorpionsammlung, die zuvor sclion von Mello-Leitão bearbeitet und bestimmt worden war und deshalb zahlreiches rypen-und Paratypenmaterial enthãlt, vergleichend durchzusehen. Schlirsslich standen uns nocli etwa 170 Exemplare derselben Gattung, die Ilerr Eugênio \\ edelstaedt Grumann uns zur Bestimmung übersandt hatte, zur Verfügung. SciELO 11 12 13 14 17 Meo. Inst. BntanUn, 28: 19-44. 1957/8. WOLFGAXG BCCHERL 39 Folgende Merkmale wurden bei jedem Tier genau eingesehen und zwecks einer Artenstatistik aufgsehrieben 1. Die Uuterseite des 5. Caudais gmentes; Das Yorhandensein oder nieht Vorhandensein von 2 oder 4 vollstândigen oder vorne abgekürzten Kielen auf der letzten Rüeken-und letzten Baueh- platte des PrSabdomens; 3. Das Vorhandensein oder nieht von vollstiindigen oder abgekürzten oder nur basalen und apikalen dorsalen und ventralen Mittel-und Lateral* kielen und Xebenkielen auf den ersten 4 Caudalseginenten ; 4. Farbunterschiede: Da bekanntlich bei jeden Exemplar kleine Farbnuan- cen-und Sehattierungen und Sprenkelungen abweiehen, nahmen wir da- bei nur auf die grossen. gleieli “in die Augen fallenden” farblicben Unter- sehiede-wie helle gelbe Langsstreifen auf dem Cephalothorax und Prii- abdomen; dunkle Liingsbinden auf der Uuterseite der Cauda. u. s. w., RQeksicht. 5. Die Zahl der Kammziibne in Bezug auf das Gesehlecht des Tieres. 6. Bei den Miinnehen wurde noch eingesehen;: a ) Oh auf der Oberseite der Blase eine ninde Verticfung vcrhanden ist oder nieht. b ) Ob am Grunde der Finger «ler Innenseito der Iland eine Grube und ein Dorn vorhanden sind oder nieht. Die angeführte Literatur wurde im Originaltext eingesehen und die Zeich- uungen der Àutoren vergliehen. Die statistischen taxonomisehen Resultatc ermachtigen uns. die am An- fang dieser Arbeit mit den Autorennamen. dem Beschreibungsjnhre, dem hundplatz und dem Aufbewahrungsort der Tyi>en. versehenen 16 Arten der Gattung Bothriurus auf nur 7 Arten und eine Unterart zu reduzieren und mit diesen ais synonym zu erkennen : 1- li. alimicola und pringltsianus mit li. flavidus Kraepelin 1910; 2. ti. díspar und prospieuus mit B. alticnla Poeoek 1900; •1- B. aspcr und die Weibehen von ti. signaiu.t mit ti. bonariensis a.tp r (Po- eock) 1893; 3a. B. bonariensis maculaius (Kraepelin) 1910 und die Miinnehen ven B. signatus mit li. bonariensis bonariensis (Koeh) 1842; 4. li. docllojuradoi mit B. bunndstcri Kraepelin 1894; SciELO 40 ESCORPIÕES E ESCORPIOXISilO NO BRASIL 5. B. ktyserlingi niit B. chüensis (Molina) 1783); G. B. ypsilon niit B. coriaccus Poeoek 1893; 7. B. elegans niit B. dorbignyi (Guérin) 1843. Selbst unter diesen 7 definitiven Arten konnten wir Verwandtschaftsver- hãltnisse aufdecken, die eine weitere Durchsicht dieser, an Hand von reich- haltigem Material, angebracht erseheinen lassen und wahrseheinlieh eine noeh ausgiebigere. Reduzierung ergeben werden. Es existieren also viel weniger Bothriurusarten in Südamerika ais die ar- tenfreudigen Spezialisten glauben maehen wollten. Es i.st auch keineswegs angangig, niit etwa nur 1 Exemplar, eine neue Art aufstellen zu wollen, wie es meistens mit den Xeubeschreibungen der Arten gemacht worden war, oft dazu noeh mit eineni iuvenis. Die Unterseite des 5. Caudalsegmentes ist für die Systematik der Both- riunisarten aussehlaggebend. a) Es gibt Arten niit nur einem halbkreisfürmigen Kõmchenkiel der in der Mitte etwas offen sein kann. Der Liingskiel unterliegt einer grossen Va- riation, von rudimentar bis “obsolet” bis relativ gut ausgebildet und das Segment in der Hiilfte oder darãber dtircUaufend (siehe Zeiehnungen 1 ;2 ;3 und 6) ( B. flavidus und bonariensis) ; b) Ausser dem halbkreisfürmigen Kiel und dem mehr oder weniger dentlichen Liingskiele in der Mitte. sind 2 mehr oder weniger lange Seitenkiele vor- lianden (vergl. Fig. 4 und 5); (B. chüensis u. caria cens ) ; c) Der halbkreisfürmige Kiel ist vorne in der Mitte nicht mehr geschlossem; vielmehr bilden die beiden Seitenzweige, die dem mittlerem Liingskiele paralell verlaufen, den Anfang von 2 Paramediankielen (Fig. 4 u. 5); (B. alticola); d) Der kalbkeisfõrmige Kiel ist praktisch versehwunden und die 2 l*ara- mediankiele sind voll entwiekelt, cbwohl liinteu noeh etwas bogenformig. Es sind also 5, fast vollstiindige, Liingskiele vorhanden ( Fig. 7) — (B. burmeisleri ); e) Statt eines halbkreisfürmigen Kornchenkieles wird durch eine sehr stumpf- winklige, fein krenelierte, mit dem Hinterrande fast paralell verlaufende Querleiste eine fast quadratiseh Endarea abgegrenzt ; dazu noeh ein sehwa- eher Mediankiel und 2 vordere seitliebe Kiele (Fig. 11 u. 12) — (B. dor¬ bignyi). Ein zweites interessantes Merkmal, das bisber von den Autoren griissten- teils unbeachtet geblieben war, wird dureh die variierend Kammzahnzahl in cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mwn. In«t. BoUnUn, 28 : 19 - 44 . 1957 / 8 . WOI.FGAXG BrCIIEKL 41 Bezujr auf das Gesehlecht des Skorpions gebildet. Unser bisheriges Yerglei- chsinaterial bereehtigt uns zu der Annahme, dass die Mannchen immer eine grüssere Zahnzahl der Karame aufweisen ais die Weibchen derselben Art. Lei- der variiert aber die.se Zahl derart, oft tiber 5 bei gleichem Gesehlecht und gleicher Art, so da--» dieses Merkmal nur an Iland von viel Material ausgetestet werden kann. wobei raan dann aber doeh für Mannchen und Weibchen Min- dest-Mittel-und Ilõchstwerte, wic folgt, feststellen kann: a) flavidus b) alticola c) bonariensis d) b. asprr e) burmeisteri f) chilensis K) coriaceus h) dorbignyi — Weibchen — 10-13-14; ” — 14-1G-18; ” — 14-17-21; — 12-15-18; ” — 12-19-22; ” — 12-12-14; ” — 13-15-19 — 15-19-22; Mannchen — 11-15-17 ” — 15-17-20 - 14-21-24 14-16-21 ” — 19-22-25 — 11-14-17 ” — 14-18-21 •* _ 19-23-27. Audi diese Zahlen werden innerhalb dieser Regei siclier noch kleine Ande- rungen erfahren, wenn noch tnehr Vergleichsmaterial vorhanden sein wird. An Farbuntersehieden ist uns eigentlich nur die gelbe breite Langsbinde auf dem 1’rãabdoiuen von li. b. apser und die dunkleren Langsstreifen auf der Caudaunterseite. die mehreren Arten zukonimt, aufgefallen. BIBLIOGRAFIA 1- Mello-Leitão, C. de — Arq. Mu». Xae., Rio de Janeiro 33 : 84, 1931. “• — — ibidem 40 , 194 .',. 3. Kraepelin, K. — Mitt. Mus. Hamburg 28: 92, 1910. 4. Mello-Leitão, C. de — Arq. Mu». Xac., Rio de Janeiro 33 : 85, 1931. 1‘oeoek, R. — Fitzgerald — The highest Andes, 1900. 6 Mello-Lei tio, C. de — Arq. Mus. Xac., Rio vouloir effacer serait aussi erroné que les multiplier déraisonnablement. II n’y a d’ailleurs pas de procédure plus normale en taxnnomie que celle de proposer la division de tout embranchement dont les éléments peuvent être separes en autant de groupes qu’il y a de caracteres communs, sans même exiger pour cette distinction un raisonnement phylogénétique, pourvu que ces attributs morphologiques aient une importance correspondante au rang taxo- nomique qu’ils sont appelés à caractériser. Rien n’empèche donc, le cfls échéant, d’établir une classification même artificielle s’il y a avantage pour le travail du systématiste. C’est sa tãche de maintenir 1’équilibre juste et de ne permettre d "exagération ni dans un sens ni dans 1’autre. LVxposé ci- dessous donnera I'exemple de deux cas de dédoublement de genres qu'on tãche maintenant d’abandonner sans examiner des faits nouveaux <|ui à mnn avis justifient leur conservation. cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 4G XOTES D ACAROLOGIE I — II t 1 Depuis une dizaine d'années je me suis imposé un silence complet sur le sujet qui va être expcsé, bien que je seis directement implique dans ee problème comine unique auteur vivant d’un des genres qui sont 1’objet de eette diseussion. L "unique raison de cette abstention était que les arguments dent je pouvais me servir, bien que suffisauts a mon a\is, ne seraient súrement pas valables pour d’autres qui s’etaient déjà manifestés dans un seus opposé. II s’agit de la question de la synonymie des genres Hacmolaclaps Berlese, 1910, Atricholaclaps Ewing, 1929 et Ischnolaelaps Fcnseea, 1936. Hacmolatlaps fut crée par Berlese pour l’espèee Hacmolaclaps marsu- pialis Berlese, 1910, capturée sur un didelphidé d'Australie appartenaut à la famille Paramelidae. La description du genre se basait principalement sur 1’existence d’un pilus denlilis flagéliforme trés fin et long. Dans sa discription orgiinale Berlese considérait Hacmolaclaps un sous- genre de Laclaps Koeli. une opinion qu’il a modifié e aprés 1916, le plaçant comine sous-genre d’HypvaspÍ 3 Canestrini, 1885, donc un genre avec une seule paire de poils dans la plaque génitoventrale. A partir de eette époque ,| a décrit dans ee sous-genre plnsieurs espèces. tant libres que parasites, lesquelles, à mon avis, ne se rapprochent point de l’espèee type. Atricholaclaps Ewing, 1929 a eté décrit par son auteur eomme genre parasite dont les espèces présenteraient moins de quatre paires de poils dans la plaque génitoventrale et dont la mandibule naurait pas de pulvillum à la base du digitas mobilis. ee dernier étant un caractere qu’on a, quelques années après, demontré être inaeeptable pour les iMclaptidac. Comme génotrpe Ewing a proposé 1’espèce Laclaps rcithrodontis Ewing. 1925, qu il avait décrit quelques années auparavant sans figure et sans faire allusion au pilus denlilis ni aux poils de la plaque génitoventrale, dont le nombre restait inconnu. Ischnolaelaps Fonseca, 1936 fut érigé pour le génotypc Ischnolaelaps rcticulatus Fonseca. 1936 et deux autres espèces semblables. Comme ces espèces ne possedaient pas de poil filiforme dans la mandibule, mais un poil. au contraire, extraordinairement dilaté, ce qui à mon avis sembla.t indiquer Foccurance d’un groupement différent, je me suis refusé à les placer parmis les Hacmolaclaps. Comme. dautre part, elles n’avaient qu’une seule paire de poils dans la génitoventrale et que la diagnose d Atricholaclaps n eu precisait pas le nombre, ce qui m'a paru se prêter à des futures confusions, puisque Hirst avait déjà décrit un genre avec trois paires de poils dans cette plaque, j’ai voulu restreindre la diagnose et j'ai créé Ischnolaelaps pour les espèces avec une seule paire de poils dans la génitoventrale, tout en ignorant le SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. Inst. BaUnUn, 78: 45-54. 1957/8. FLAVIO DA FONSECA 47 nombre de poiLs dans i espèee type d’ Atricholaclaps qui était insufisamment déerite. r Strandtmann, dans sa description originale d' Atricholaclaps sigmondi \ n aecepta pas eette restrietíon et considera tout eourt Ischnolaclaps mi synonyme d' Atricholaclaps. Phis tard (1949), dans son exeellente étude sur les soi-disants Hacmolaelaps de 1’Amérique du Nortl, i! examina et dessina 1 espeee type d 'Atricholaclaps, .4. reiihrodontis (Ewing), ayant eu la eourtoisie de me deniander au préalabre ee que je pensais de ee petit problème et m’en- 'oyant Je déssin de reithrodontis. A eette époque je m’étais déjá aperçu e. Lopportunité arriva plus tÔt que je ne le songeais avec la publication «1 un três utile travail de Womersley (1955). qui est parvenu à presenter un exceUent dessin du matériel type de 1’espèce de Berlese eonservée à Florence et à donner une description de la femelle et du mãle. encore inconnu, captures daas le nid d’un ciseau d’Australie. SciELO 48 NOTES DACAROLOGIE Cette importante eontribution dn scientiste australien, loin de me faire capituler, m’a encore plus affermi dans la conviction que le genre Haemo- laelaps doit être séparé des deux autres. L’aspect earaetéristique du pilus dcniilis, qui est flagéliforme. beaueoup plus fin et plus long que eelui d'Atricho- laclaps et, surtout, qui se recontre aussi dans le mâle; la gaine hyaline qui recouvre le digitus fixus; 1’existenee d 'une seule dent dans le digitus nwbilis. le digitus fixus semblant inerme; la pilosité existente à la base du tritosterne et, ce qui est important, le porte-spermatophore três court du mâle, lequel, au eontraire de ce qu’on connait dans les deux autres genres, est du même type que eelui d 'Ilypoaspis Canestrini, (conf. Vitzthum, H„ Milben ais Pesttrãger T, in Zool. Jahrb. Syst.. Ükol. und Geogr. der Tiere 60 (3-4) :422, 1930), tout eela semble plutôt séparer que rapprocher Hatmolaxlaps des deux autres genres. Sans que je prétende pour celà être le maitre de la vérité, en jugant même qu’il est impossible en ce moment de dire le dernier mot la-dessus, je serais plutôt d’avis (pi'IIfmolaclaps est le plus primitif des trois genres, puisqu’il semble se rapprocher le plus des Hypoaspis libres. Si les deux autres se sont origines de lui ou s’ils ont eu une origine independante. voilá ce que je ne crois píis pour le moment susceptible d'une opiniou plus ou moina ferme, toute hypothèse la-dessus semblant prematurée. Si le genre Hacmolaelaps est ici considere différenee des deux autres. il est évident qu Wtricholadaps, avec sept ans de priorité sur Ischnolaclaps, doit être revalide. La question se pose maintenant de savoir si ce dernier genre doit ou non être conservê. Que les deux sont plus raprochés entre eux qu’ils ne le sont d’Haeniolaclaps, cela va sans dire. II n’y a pour le moment que Ia forme du pilus dcntilis qui puisse servir comme élément distinctif entre eux. J’admets même qu’il existe des fonnes ou l'on assiste à la transition, ce qui rend parfois plus difficile l’interpretation. Au point de vue purement taxo- nomique de la systematique il semble cependant qu’il y a plus d’avantage à conserver Ischncladaps qu’à le faire disparaitre, puisque le nombre d 'espèces de ce groupement raontre une grande tendance à augmenter. S’il est dejà difficile d’organiser une clef des 50 espêces du genre Latlaps oü l’on pent d’ailleurs avoir recours à un beaueoup plus grand nombre de caracteres morphologiques, que va donc arriver à ce groupement d’une si étonnante monotonie si on le mantient dans un seule genre? Le nombre aetuel d'espèces s'approehe dejà de la quarantaine sans compter celles que je dois décrire prochainement. Je crois donc qu'au non de la plus grande clarté, qui permettra d’éli- miner un grand nombre d 'espèces à la seule enonciation d’un autre groupement et aussi par la raison d 'une plus rapide determination des espèces, il y a cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 lf«n. Inst. ButanUn, 28: 45-54. 1957/S. FLAVIO DA FONSECA 49 plus (Tavantages dans la conservation d’Ischnolaclaps que dans son élimina- tion. Je me laisse toutefois faeilment convaincre que les deux ne méritent point le même rang nomenclaturel et que la distinction des espèces peut être également obtenue par la division eu sous-genres. Cette division était même dejà ébauehé dans la clef proposée par Strandtmann pour les soi-disants Ilacmdaelaps nord-amerieains, oii la forme du pilus, est le premier caractere dichotomique utilisé, donc une reconnaissanee tacite sinon de son importance comme caractere distintif d’un genre, au moins de 1’avantage de la division. Allred (1958) est du même avis, voilà qu’il affirme: “Because of its variability, it appeare that the pilus dentilis should be used primarily to separate the species into major groups rather than to separate two distinct species”. La question se complique quelque peu en conséquence de la magnifique étude comparative de glasgowi que Strandtmann est parvenu à réaliser, la- quelle m'a laissé convaincu que mes trois espèces decrites comme des Ischno- laelaps doivent être considerées identiques à glasgowi: I. rcticulatus, I. coclo- genys et I. sciureus. La conséquence en est glasgoici devient le sous-génotype d'Ischnolaelaps avec la synonymie suivante: Laelaps glasgowi Ewing, 1925, Atricholaclaps glasgowi (Ewing, 1925), Hacmolaclaps glasgowi (Ewing, 1925), Isiclaps cali- fornicus, Ewing, 1925, Laelaps virginianus Ewing, 1925, Hypoaspis criceto- philus Vitzthum, 1930, Laelaps stegcmani Hefley, 1935, Ischnolaelaps rcti¬ culatus Fonseca, 1936, Ischnolaelaps sciurcus, Fonseca, 1936, Ischnolaelaps coelogenys Fonseca, 1936, Ilaemolaelaps scalopi Iveegnn. 1946, Atricholaclaps sigmondi Strandtmann, 1946 et Atricholaclaps strandtmanni Fox. 1947. Q» ’on se rapelle d’ailleun» ici que dans sa descri ption originelle d 'Uy- poaspis cricctophilus, que Strandtmann croit être un probable synonyme de glasgoici mais que Pabsence de référence à la dilatation du pilus dentilis raproche encore plus d'un Atricholaclaps, Vitzthum s'était dejà refusé à le plaeer par mis les Ilacnu.laclaps. Jusqu’à ce qu’on puLsse présenter des arguments plus convainquants j’adopterai donc le procedé suivant: a) De mantenir Hacmolaclaps Berlese, 1910 comme genre jusqu'a présent monotypique. b) De proposer la revalidation d Atricholaclaps Ewing, 1929 dans la caté- gorie de genre. c) De considérer Ischnolaelaps Fonseca, 1936 un sous-genre d 'Atricholaclaps. 50 XOTES D'ACAROLOGIE I’our le inoment je proposerai pour ces groupements les diagnoses suivantes: A) Genre Haemolaelaps Berlese, 1910 - Laelaptidae à idiosome non sous- circulaire, a plaque sternale plus large que longue et plaque anale non prolongee; a pattes non calcarées; plaque genitoventrale peu dilatée, non prolonguée aux cotés et non efilée portant une seule paire de poils; euisses et idiosome sans épines; pilus dentais long et trés fin, flagéliforme présent aussi dans le niâle; porte-sperniatophore à peu prés de la taille des doigts de la mandibule. Génotype: Haemolaelaps marsupial is Berlese 1910 (%. 1 ). Fm. 1 — Mnndibules des tnâlos. A = Atricholaelaps Ischno- ]arlapx glasgoui (Enring, 1£25, d’aprj Straid- tiuann, 1Ü4!); B = HypoaspU aculeifcr (Canes- trini, 1S83), d’après Bregetova, 1956; C = Ilac- molaelapt marsupialú Berlese, 1910, d' après Womertl?y, 1955. B) Genre Atricholaelaps Ewing, 1929 - Laelaptidae de moins d’uu niili- metre, a pattes non calcarées; genito-ventrale non prolongee aux cotés et non cfdée, portant une seule paire de poils; plaque sternale plus large que longue et plaque anale non prolongée; sans epines aux euisses et a I 'idiosome; pilus dentilis non flagéliforme et non dilaté, simple poil eourt progressivement aminci absent dans le mâle; porte-spermatophore plus long que les doigts de la mandibule. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. Inst. Hutmtan. 28: 45-54. 1957/8. FLAVIO DA FONSECA 51 1) — S ns-genre Atr'cholaelaps Ewing, 1920. Avec le- caractères du genre; pilus dentilis plus large au point exact de sou émergence. Sous-geno- type; Laelaps nithrodontis Ewing. 1925. 2) — Sous-genre Ischnolaelaps Fonseea. 1936 — Avec les caractères du genre; pilus chili!is plus large à un point situe aprè son émergenc?. Sous- genotype: Laelaps cjlascjcnri Ewing. 1925. Les espèces insuffisamment decrites dont on ne peut reconnaitre la forme du pilus denlilis seront considerées conservées, provisoirement comine appar- tenant au genre Atricholaelaps. II — Omithonyssus Sambou 1928 et Bdellvnyssus Fonseca 1941. II n'y a guère de genre plus discute parini les Macronyssidae (Liponyssi- dae) «pie Leiognathus Canestrini. 1855, crigé pour 1’espèce Dermanyssus sylviarum Canestrini et Fanzago, 1877 et ntilisé pour y placer toute une série d'espèces dont la majorité fut d'ailleurs transferée aux genres Liponyssus ivolenati, 1858 etBdellonyssus Fonseca, 1941, y ccmprise Fespèce type de Leiognathus. Dans son magnifi(pie travail sur le rôle des acariens dana la transmission de maladies à Fhommc, publié en 1928. Sambon, sapercevant «pie Leiognathus Canestrini. 1885 était un genre préoccupé, proposa le nouveau nom Orni- thonyssus pour le Leiognathus sylviarum (Canestrini et Fanzago, 1877), en y plaçant anssi le Leiognathus bursa Berlese, 1888. I/excellente publication de Sambon, cacliant sons un titre plutõt de pathologie une importante contri- bution à la s- r stematique. est passée inaperçue jusq’à présent à tous les acaro- logistes que se sont occupés de ce groupement. C 'est le mérite de Clark et Junker d'avoir em 1956 attiré 1’attention sur le nom prop sé par Sambon pour substitner Leiognathus. Ewing. en 1947. à fait la “redecouverte” de la synonymie de Leiognathus Canestrini, 1885 avec Leiognathus Lacepède, 1802. dejà employé pour un genre de poissons. en plaçant sylviarum à côté des Lyponyssus. Fonseca, en 1948, dans sa Monographie sur les Macronyssidae du monde, preposa la eonservation de Leiognathus Canestrini. 1885 comine genre mono- typique parce que le génotype sylviarum presente seulement deux paires de poiLs dans le plaque sternale et les plaques ventrales du inâle sont fusionées. une combinaison de caractères (pie n’est recontrée dans aucun autre genre. Furman. en 1848, dans une note ou il place le Liponyssus pacifieus Ewing, 1922 dans la synonymie de Liponyssus sylviarum, fait la remarque de la différence de la mcrphologie du digitus mobilis ehez 1'espèee de Canestrini et Fanzago oü il est biparti et admet que dans quelques cas la plaque sternale narait présenter la troisième paire de poils. SciELO 11 12 13 14 15 16 0- NOTES D ACAROLOGIE N"étant pas d’accord avec Ia situation de sylviarum parrais les Lipo- nyssus, Radford dans son Catologue des aeariens parasites des vertebrés publié en 1950, ignorant lui aussi le nom créé par Sambon pour substifuer Leiogna- thus, propose FonsecaOnyssus pour 1’espèce sylviarum, donc un synonyme iVOrnithonyssus Sambon. Strandtmann et Hunt en 1951, observant que 1’implantation de la troi- sième paire de poils dans Ia plaque sternale était observée plus fréquemment que l’on ne le supposait, placent Leiognathus Canestrini et Fonsecaonyssus Radford dans la synonymie de Bdeüonyssus, tout en oubliant Tobeervation de Furmaii sur la mandibule de sylviarum. Clark et Yunker ont tout récemment plaeé Bdeüonyssus Fonseca, 1941. dont le génotype est le B. bacoli (Hirst, 1913), un genre proposé pour subs¬ tituer partielement Liponyssus Kolenati, 1858, dans la synonymie d’Orm- thony.isus Sambon, 1928, qui a comme genotype 1 'Ornithonyssus sylviarum. Xous n’aurions rien à objecter à propos de cette dernière synonymie, bien quelle soit trés antipathique au point de vue étymologique, ne fussent les caracteres morphologiques distinctifs des deux génotypes, sylviarum et bacoti. Si 1’espèce de Canestrini montre une tendance indiscutable à ne présenter que deux paires de poils dans la plaque sternale oú la troisième pairo est une exception, tout au contraire des espèces placées dans le genre Bdeüonyssus, et si la femelle a une structure mandibulaire diverse, il y aura donc lieu de choisir entre deux décisions: celle d’amplier le “coneept” du genre Ornitho¬ nyssus, pour y englober aussi les espèces avec un doigt simple et trois paires de poils à la plaque sternale ou bien celle de mesurer Ornithonyssus et Bdeüonyssus par Fétalon des génotypes respectifs comme des genres distinets. Dans le travail cité ci-dessus Sambon est d’avis que Lyponyssus bacoti (Hirst. 1913), donc le génotype même de Bdeüonyssus Fonseca, “belongs neitbeir to CanestrinFs genusLeiognathus nor to Kolenati’s genus Liponyssus, but, as pointed out by Hirst, resembles most a lizard mite, Leiognathus saurarum Oudemans, for which latter I am proposing the new genus Sau- ronyssus”. Furman a aussi ressenti le besoin de distinguer sylviarum des espèces jusqu ’iei connues, en disant: “It is posible that the cheliceral structure of Liponyssus sylviarum warrants its removal from the genus LyponVssus. My observations have not reveled a similar raorphology in other species of the genus. Pending more extensive investigation. however, it is best to retain the species in its present status.” De 1’exposé dérivent donc les nonclusions suivantes: cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. Inst. Butant-an. 2S: 45-54. 1957/8. PLAYIO DA FONSECA 53 a) Dans 1’état actuel de nos connaissances, sylviarum peut être conserve dans un genre indépendant, Ornithonyssus Sambon 1928, dont il est le génotype. b) Pour le moment il n’y a d’autre espèee qui puisse être placée dans le genre Ornithonyssus, pas même Bdcll-onyssus bursa Berlese 1888 comme 1’admet Sambon, que la considérait une simple varieté de sylviarum. c Le genre Bdetlonyssus Fonseca peut être conserve avec sa valeur origi- nelle, c’est à dire, reserve aux espèces dont la plaque sternale, au contraire de sylviarum, possède toujours trois paires de poils. d) Le genre Xeoliponyssus Ewing, 1929 avec Liponyssus gordoncnsis Hirst 1923 comme génotype, est probablement un synonyme de Sauronyssus Sambon 1928, dont le génotype est le Liponyssus saurarum Oudemans, 1901. Oudtmansiella Fonseca 1948 avec le même genotype, L. saurarum, devient synonyme absolu de Sauronyssus, comme l’a dejà remarqué Bre- getova em 1956. Pour le genre Ornithonyssus Sambon, 1928 je< propose la diagnose suivante, que est une modification de celle presentee dans ma Monographie de 1948 pour le genre Leiognaihus: “ Macronyssidae. Éeusson dorsal non divise; cuisse sans épines; femelle avec une plaque sternale présentant presque toujours seulement deux paires de poils. plaque génitale non écailleuse, de pointe amincie, ne portant que les poils génitaux et doigt mobile de la mandibule bifide; toutes les plaques ventrales du mâle fusionées. Génotype: Dcrmanyssus sylviarum Canestrini et Fanzago 1877”. La diagnose de Bdcllonyssus restera inalterée. En adoptant le critérium dualiste, d’ailleurs parfaitmente défendablc et justifié, on ne sera pas contraint d’employer un nom de genre indiquant parasitisme d’oiseaux pour des acariens en general parasites de mammifères, un proeedé pour lequel on ressent toujours une certaine repugnance, bien qu’il soit absolument d’accord avec les Règles Intemationales de Nomen- elature, ni de substituer le nom du genre le plus connu par un autre lequel, bien que plus ancien, resta longtemps caché dans un travail três intéressant mais dont le titre n’appella point Fattention des systematistes. Bien que je ne me fasse point 1’illusion de pouvoir échaper à la critique d’avoir développé un long raisonnement dans le seul but de défendre une paternité nomenclaturelle, je courre de bon gré ce risque tout en admettant dans le cas de ces genres que la coexistence pacifique est d’autant plus justifiée que nous sommes tout au commencement d'un grand travail ta- xonomique. Pour moi ce sera toujours un motif de soulagement de sentir la main et la pensée libres pour decrire des espèces en les plaçant oü je crois être correcte 2 3 4 5 6 7 11 12 13 14 15 16 54 XOTES DACAROLOCIE leur situation syuteinatique, sans être oblgé de faire desobeir la pluni • au cer- veau pour suivre une pensée dirigée, même par des savants d’indiseutible com- pétence. Si nous ne sonuuís pas d'aeeord pour le moment cela prouve que le problème des poils eu aearologie n’est point une question de lana caprina, mais plutôt de lana acarina , ee qui est à mon avis bien différent. BIBLIOGRAPHIE Allred, D. M. — Mites found on mice of the genus Peromyscus in l"tnh. IV. Families Laelaptidae and Phytoseiidne. The Pan-Pacifie Entomologist XXXIV (1): 17, 1958. Berlesse, A. — Acari naovi. Redia 6: 261, 1910. Bregetova, X. — Gamasowyie klechi. Moscou: 159, 1956. Clark, G. M. and Ynker, C. E. — A new genas and species of Dermanytsuiar (Acarina: Mffostitjmala ) frora the english sparrow, with observation on its life cycle — Proc. of the Helminthological Soe. Was. 23 (2): 93, 1956. Ewing, II. E. — A Manual of Externai Parasites, London: 136, 1929. Ewing, II. E. — Xotes on some parasitic mites of the soprfamily J‘arasitoi6. 1957/8. 61 espécie de ácaro. Ladaps manguinhosi Fonseca 1936, até hoje referida apenas de Mato Grosso, foi encontrado três vezes sôbre o rato branco e Ladaps paulis- lanensis Fonseca 1936 foi achado nina só vez. Encontro digno de nota embora representado por um linieo exemplar fêmea, foi o do Ilirstionyssus butantanensis (Fonseca 1932), originalmente descrito no gênero JchoronyssuÈ. Esta espécie apenas havia sido até agora vista uma vez. parasitando Mus musculus albinus no biotério do Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Medicina de São Paulo, em 1930. Seu achado sôbre o rato branco parece indicar certa especializarão do parasitismo a animais de uso em laboratório, embora tais ratos se encontrem em Ouro Prêto em estado,selvagem. Gigan- toladaps butantanensis (Fonseca 1936) foi encontrado uma vez, tal como Eubmchyladaps rotundus Fonseca 1936. Passados em revista os ácaros encontrados em liattus norvegicus albinus, vejamos que outros achados ,digncs de atenção foram assinalados. hodes amarali Fonseca 1937 foi encontrado em fase infal em liattus rattus alexandrinas e em Oryzomys mattogrossae, apresentando as ninfas os mesmos característicos que as fêmeas, não sendo pràticamente visível o espinho interno da eoxa II, o qual mesmo no adulto é p uco nítido. O encontro dêste Ixodida é agora assinalado pela primeira vez, após a descrição original, também representada por material de Minas Gerais. A in¬ festação era discreta apenas tendo sido encontrado um exemplar em cada h spedeiro, nao deixando de ser interessante ver a espécie em parasitismo sôbre Murideo cosmopolita, o que parece demonstrar ser espécie eurixena nesta fase do seu ciclo. Mysoladaps microspinosus Fonseca 1936, descrito parasitando um “rato do taquaral em Butantan, São Paulo, nunca mais fôra encontrad . sendo agora possível registrar a sua ocorrência parasitando cinco dos oito exemplares de Oryzomys mattogrossae capturados na Fazenda Caieira, a quatro quilômetros da cidade de Ouro Prêto. Também desta vez não forma vistos exemplares machos, continuando a existência dêste sexo a ser uma incógnita nos repre¬ sentantes dêste gênero de I.aelaptidae parasitas de Cricetideos. Laelaps echidninus I5erle.se 1888 foi encontrado sôbre quatro diferentes ratos silvestres, o qu • é raro. Tal parasitismo foi constatado em Akodon arviculmdes cursor, em Oryzomys matogroesae, Oxymycterus roberti e Eu- ryzygomatomys spinosus. A eoparalaeUrps bispinosus (Fonseca 1936), até agora apenas visto sôbre ( a cia aperea aperea, foi encontrado duas vêzes neste hospedeiro e também, ines¬ peradamente, sôbre os ratos Akodon arviculoides cursor e Xcctomys sguamipes aguai icas, uma vez em cada. SciELO 11 12 13 14 15 16 62 XOTAS DE ACAROLOGIA Outra verificação de interesse é a do encontro do “micuim” Schoengastia (Trombewingia ) bakeri Fonseca 1955, até hoje apenas capturado uma vez na Serra da Cantareira. São Paulo, sôbre o esquilo Sciurus (Gucrtinguetus) ingrami ingrami. A ocorrência dessa curiosa espécie, de cerdas dorsais fo¬ lheadas. parasitando Xectcinys squamipes aquaticus e Akodon arviculoides cursor nos arredores da cidade de Ouro Preto demonstra sua larga distribuição geográfica e capacidade de infestar outros vertebrados além do hospedeiro tipo. Eubrachylaclaps rotundas Fonseca 1936, originalmente descrito de pequeno rato silvestre de espécie não determinada, encontrado cm Butantan, São Paulo, já assinalado por Furman na República do Perú, parasitando Akodon mollis orophilus, é outra espécie que ccorre em Ouro Preto. O gênero Eubrachy¬ laclaps Ewing 1929, descrito para incluir o genótipo Eubrachylaclaps hollisteri (Ewing 1925), apenas continha esta espécie quando descrevemos o E. rotundus. sendo agora conhecidas no total oito espécies, muito bem estudadas por Furman em 1955. E. rotundus foi capturado em Ouro Prêto sôbre os seguintes hospe¬ deiros: Ilattus norvegicus albinus, 1 vez; Akodon arviculoidcs cursor, 7 vêzes em 19 exemplares examinados; Xcctomys squamipes aquaticus, 3 vêzes em 11 exemplares examinados: òryzomys subflavus, 1 vez em 3 exemplares. Laclaps manguinhosi Fonseca 1936 é outra espécie que ocorre em Ouro Prêto. Até agora apenas foi assinalado o lote tipo, proveniente de Pôrto Joffre. à margem do Rio São Lourenço, Mato Grosso, onde foi capturado parasitando o rato Holochilus vulpinus Brants. Os exemplares de Ouro Prêto diferem um pouco dos três cotipos devido ao espinho distai mais forte da coxa I, podendo a espécie ser reconhecida, entre outros caracteres, pela eerda postern r das maxilicoxas, que, ao contrário do habitual neste gênero, é curtíssima. Além da adaptação ao rato branco atraz assinalada, foi ainda, esta espécie vista uma vez em Oxymycterus roberti entre quatro ratos examinados e em Xcctomys squamipes aquaticus, no qual foi encontrado em 8 dos 12 exemplares desta grande ratazana, roedor caracterizado pela índole mansa, o que é raro em ratos silvestres. Laclaps paulistanensis Fonseca 1936, descrito originalmente de rato sil vestre capturado em Butantan. São Paulo, hospedeiro tipo que agora podemos adiantar ter sido identificado posteriormente como Òryzomys eliurus Wagner, foi também encontrado em Ouro Prêto parasitando dois exemplares de Ory- zomys mattogrossae entre doze examinados e Akodon arviculoidcs cursor. também uma vez, em 19 examinados. As espécies do sub-gênero Ischnolaelaps Fonseca não foram identificadas, aguardando a revisão geral, sem a qual a diagnose seria imprecisa. Gigantolaclaps butantanensis (Fonseca 1936). cujo hospedeiro tipo é o Òryzomys eliurus Wagner. < riginalmente descrito de Butantan, São Paulo, e cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mmb In st. BuUnUn. FI.AVIO DA FONSECA K GERARDO TRINDADE *«: 59-66. 1957/8. 63 já assinalado no Estado de Goiás, foi outra espécie identificada, capturada duas vezes sôbre Oryzomys mattogrossae e uma vez sôbre Raitus norveyicus albinus, tratando-se em ambos os casos de exemplares fêmeas. Sôbre um dos exemplares de Oryzomys parasitado per fêmea e sôbre um outro rato da mesma espécie, foram encontrados exemplares machos pertencentes à mesma espécie. Aproveitamos a oportunidade para corrigir o êrro cometido na Monografia de 1939 sôbre o gênero Giganiolatlaps Fonseca, na qual as figuras 26 e 27 repre¬ sentam machos que de todo não pertencem à espécie Gigantolaelaps butan- tanensis, estando, aliás, em flagrante desacordo com a descrição do alótipo tia lâmina 1002. A espécie a que pertence o macho representado nas figuras cita- das é peculiar à fauna do nordeste do Brasil. Laelaps lateventralis Fonseca 1936. LISTA DE HOSPEDEIROS E RESPECTIVOS AC AROS l. Oryzomys TnattOfjTOsMic — fiiçontoloftúps òwlfliiffliuwii (toiisocfl 1936) O »» tt — Iiodr* amtirali Fonseca 1937 ninfa (3602) 3. n »l — ilysolarlaps microspinnsu * Fonseca 1936 (3603) 4. tt tt — Giganiolatlaps (3604 ) Lartaps jHiulislanr nsis Fonseca 1930 (3605), Mysolalelaps miernspinosns (3606) G. ff tt — Giganiolatlaps bulantanennis (3607), Mysolaclap* microspinosns (3608), l.arlaps pamlManrUnit (3609) 7. tf tt — Mynolatlaps microspinosu* (3610) <í. « tt — Giganiolatlaps butantanensis (3611) Mgsolatlaps tnirrospinotn* (3612) so. tt tt — l.arlaps rcbiilHinus Borlese 1888 (3691) 01. tt tt — Gigantolaelaps bulanlanrnsis (3795) 9 a 15. Uattu* norergirn» alia nus — l.arlaps eckidninus (3613 a 3619) i7. ff tt M _ tt tt (3620) 19. tt tt tt _ tt tt (3621) 21 a .'2. tt tt ff __ ” ” (3028 n 3631) 24 A 27. tt tt tt _ »» tt (3704) 90. tf tt ff _ (3704) 10, 15. tt ” tt _ 17 a 20. tt tt ” — Sr tor tires nutris Mcgnin 1880 (3712, 37 13, 3714 c • (3625), 19 tt tt ” — iMtlaps mangninhosi Fonseca 1936 (3622), fídeUongssns monlriroi Fonseca 1941 (3623), Eubrachylatlaps rotnndns Fonseca 1936 (3624) 53. tt tt ” — Ilirsliongssus biitanlanensis Fonseca (1932) 53. tt tt ” — II trst ionttssns bn tan la nr nsis (Fonseca 1932) (3659) 82. tt tt ” — Gigantolaelaps bulanlant nsis (3692) Ildrllongssus num le iroi (3710) leo. tt tt ” — I.arlaps manguinhosi (37093 Ihlrllon t/ssns monttirni (3710) (i4 NOTAS DE ACAROLOGIA 103. Ballus norcegicus albinus — BdeUonyssus monleiroi ninfa (3711, 30. lia II um rattus alexandrinus — Ixodes amarali, ninfa (3032 ) 32. Orycomys subflarus — BdeUonyssus monleiroi (3633), Ixchnolaelapx sp. (3634 1. Ixodes amarali, larva (3633), 3». »» 1» — Ischnolaelaps sp. (3641) 11 »* — Ischnolaelaps sp. (3671). Eubrachylaelapx rolundus (3672) A L odon arriculoides cursor — Eubrachylaelaps rolundus (363> Itichnolaelaps xp. (303' . BdeUonyssus monleiroi (3639), Schõngaslia ( Trombewingia ) baberi Fonseca (3040) 4 2. 11 99 ” — Eubrachylaelaps rolundus (3043), Laelaps paulistanensis (3640) 3 lí. 11 99 ” — Ischnolaelaps sp. (3037), Eubrachylaelaps rolundus (363») r>r>. 91 91 ” — Eubrachylaelaps rolundus (3662) 37. 11 11 ” — Eubrachylaelaps rolundus (3666) Ischnolaelaps sp. (.3667), 3S 11 11 ” — Eubrachylaelaps rolundus (300',, Ischnolaelalps sp. (36093). Xeoparalaelaps bispinosus (Fonseca) (19.30) OS. 11 91 ” — Xeoparalaeelaps bispinosus (3677). BdeUonyssus monleiroi (367») To. 11 11 ” — Ischnolaelaps sp. (36»1) 7 ti. 11 91 ” — Xeoparalaelaps bispinosus (30'0), BdeUonyssus monleiroi (30 '7) N3. 11 11 ” — Ischnolaelaps sp. (3694i 84. 11 91 ” — Laelaps echidninus (370', 98. 99 11 ” — Ischnolaelaps sp. (3093, Ischnolaelaps sp. (3634, 43. Xcctomys squamipes aqualicus — Laelaps manguinhosi (3694), Schõngaslia (Trombewingia ) 31. Xcctomys squamipes equaticus — baberi (3636), Ischnolaelaps sp. f 34. 91 91 ” — Laelaps manguinhosi (3600) BdeUonyssus monleiroi (3661 ) Laelaps manguinhosi (3663 ) 30. 11 11 ” — BdeUonyssus monleiroi ninfas Eubrachylaelaps rolundus (3663 , S3. 11 11 ” — Laelaps manguinhosi (3696). Eubrachylaelaps rolundus (3699 ) Ischnolaelaps sp. (3097 , , sO. 11 11 ” — Laelaps manguinhosi (.3642 ) 40. Oxymyelerus robrrli — Laelaps manguinhosi (3642) FLAVIO DA FONSECA E GERARDO TRINDADE 65 Mem. Ib 4. Butsntan. 28: 59-66. 1957/8. 41. 88 . 89. 44. 78. <55. 69. 73. 74. ’’ — Isehnolarlaps sp. Bdellonyssus monleiroi ” — Bdellonyssus montriroi ninfa ” — Bdellonyssus monleiroi ” ’’ — Laelaps echidninus Eury;yyomatomys spinosus — Bdellonyssus montriroi Ischnolaelaps sp. ” — Laelaps echidninu» Caria aperra aperra — Xroparalaelaps bispinosus ” — Xroparalaelaps bispinosus Bdellonyssus monleiroi ” — Bdellonyssus monleiroi Xroparalaelaps bispinosus Eubrachylarlaps rolundus ” — Xeoparalarlaps bispinosus BdeUonyssus mon Iriroi (3643) (3644) (3688) (2700) (3702) (3647) (3648) (3689) (3675) (3679), (3680) (3682), (4682) (3683) (3684), (3685) Os números colocados entre parênteses correspondem aos preparados inclui* d s na coleção acarológiea de um dos autores. Os números que os precedem correspondem aos lotes capturados por (5. Trindade. Fica consignado especial agradecimento ao Dr. João Moojcn pelo grande c importante trabalho de identificação dos hospedeiros. 8UMMARY A list of parasitic Acari collected from wild rodents at Ouro Preto, State Minas Gerais. Brazil, is presonted. Hirstionyssus butantahensis (Fonseca) originally described from a colony < f white mice in São Paulo, Brazil. and seven other specie.s are recorded from free living white rats. Xeoparalarlaps bispinosus (Fonseca) a parasite of ('avia aprrra, was found ou rats. Schoen- gastia (Trombewingia) bakcri Fonseca as far encountered only Sul, ••st à mon avis uii synonyme «le Opisthoplus degener Peters 1882 Mon ami Vau- 2 3 4 5 6 7 11 12 13 14 15 16 68 NOTES SIR LA POSlTIOX SYSTEM ATIQCE DE OPISTHOPLUS OEGENEK PETERS 1**2 ET LEIMADOPHIS REGINA MACROSOMA AMARAL 1935 (SERPENTES) zolini à qui j'ai communiqué mes observations. est entièrement d’aecord avee nion point de vue et m’a prié de bien vouloir faire la reetification. L’étude de la dentition et de l’éeaillure de Opisthoplus degener et Apro- tcrodon dementei ne m’a montré aucune différence. En effet. la dentition et format du nmxilaire (Fig. 1,2) les gastrostéges (140-142 chez dementei, 9, et 137 ehez degener â ) le nonibre d’écailles dorsales en 17 series avee fossettes apieillaires ainsi que la eoloration coincident parfaitement et autorisent de con- siderer les exemplaires conime appartenant à Ia même espéce soit Opisthoplus degener Peters 1882. Eu ee qui eoneenie les éeailles dorsales il faut remarquer le suivant: Pe- ters cite 15-16 dorsales tandis que Vanzolini cite 17-15-14. L’étude des types m’a montré qu’en realité réeaillure est de 17-15-14. si bien que vers la fin du tiers antérieur on peut parfois trouver 16 comine ehez le type de degener. Quand aux fossettes apieillaires. ce earactére n’est pas três fixe et parfois difficil (Fobserver. Chez quelques exemplaires de Opisthoplus degener ainsi (pie sur le type de degener j’ai observe la présence de quelques fossettes dans la régions nuchale. Opisthoplus 1882 Opisthoplus Peters — Sitzb. Akad. WLss. Berlin, 52:1.148 1047 Aproterodon Vanzolini — Pap. Av. Dep. Zool.. 8(14) :181 Genotype: — Opisthoplus degener Peters l.c. :1.149 Opisthoplus degener Peters 1882 Opisthoplus degener Peters — Sitzb. Akad. Wiss. Berlin. 52:1.149 1806 Tomodon dorsatus, Boulenger (partim ) — Cat Sn. Brit. Mus., 3:120 1947 Aproterodon dementei Vanzolini — Pap. Av. Dep. Zool.. 8i 14).183 Temi typira: désigne iei — Et t Rio Grande do Sul, BrésiL Distrilmiion: — eonnu des I ealités de Quinta, Carazinho et des environs de Porto Alegre, Etat de Rio Grande do Sul, Brésil. Aux exeellentes descriptions de Peters (1882) et Vanzolini (1047) il suffit d’ajouter que les dorsales sont en 17-15-14 series, avee fossettes apieillaires, que les gastrostéges varient entre 134 et 147 et les urostèges entre 42 et 62. Quand à la musculature de la tête, j’ai examiné uniquement la position du temporal et constate qu’il Oeeupe la même position que ehez Tomodon dor¬ satus. Toutefois ehez 1’uuique exemplaire que jai estudié à ee point de vue, le faisceau anormal signalé par Anthony (3:237 -f- Fig.), si bien que présent, ne passe pas au dessns de la glande vénimeuse et s'insere direetment sur le mandibulaire. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mwn. In*t. ButanUn, ALPHOXSE RICII.\RI> IIOGE gf| 28: 67-72. 1957/8. 2 — Lcimadophis rcgina macrosonia a été déerite par Amaral (1) a partir de cpiatre individus. originaires de Canna Brava, Etat de Goiás, Brésil. Postérieurement j’ai déerit 1'espèee Lcimadophis rcgina maculicauda basé sur 56 individus originaires des Etats de Paraná et Silo Paulo. Mon aini Van- zolini a attiré mon attention sur la pcssible identité de Lcimadophis rcgina maculicauda Hoge 1952 et Lcimadophis rcgina macrosoma Amaral 1935. Je suis parfaitement d’aeeord avec 1’observation de Vanzolini d’autant plus que le nom proposé par Amaral m’avait échappé (publié comine note dans le texte ou 1’espèce est cité comine Lcimadophis rcgina. D’autant plus qu’il ne s’agit pas d’une description fcrmelle dVspèce nouvelle puisque Amaral propose sons la forme de “Xota ... parece justificar o reconhecimento de uma raça local a ser denominada de Lcimadophis rcginac macrosoma subsp. nov.” et comine le démontre le fait qu’il na pas cité Lcimadophis rcgina macrosoma dans la “Lista Remissiva dos Ofídios do Brasil" publiée íin an aprés et plus elairementc eneore le fait qu’une autre race Epicrates ccnchrh polylcpis proposé par Amaral (1 i :236 dans la méme publication elle ausi nVst pas citée dans la “Lista Re¬ missiva dos Ofídios do Brasil" et formellement décrite par Amaral (2) comine subps. nov. plusieures annés plus tard. Si bien que Amaral n’avait tias rintention de décrire une race nouvelle et par eonsequent n’a pas suivi les reeomendations de la Comissiou de Régles de Nomenclatura (“II n’a pas indique un type, pas de gravure, ou photographie etc...”) je considere comme déerit Lcimadophis rcgina macrosoma Amaral 1935 pour les raison suivantes: Amaral (1) :230 a donné une diagnose et a proposé, si bien qu’avec une cer- taine reserve le nom de Lcimadophis rcginac macrosoma subsp. nov.. II est vrai qn’il n’a pas indiqué un type, mais ee point nest pas bien chair dans les règles. en effet. 1’article 25,3 dit qu’il est indispensable d’indiquer un type qnand il sagit d‘un genre nouveau. ce «pii equivaut à dire que 1’exigenee ne se refere pas a Tespece ou sous-espèce. Mais d'autre part la ctmission re¬ comende 1’indieation d’un type. pour 1'espèce ou race, sans ou blier 1’opinion de Riehter (8): 140 ... Donc a mon avis Lcimadophis rcgina maculicauda Hoge 1952 doit passer à la synonimie de Lcimadophis rcgina macrosoma Ama¬ ral 1935 et la date de publication de Epicrates ccnchria polylcpis Amaral est 1935 et non pas 1954 contrairement a ropinion de Amaral qui déerit formelle¬ ment l’espèce en 1954 passant sous silence sa propre indication antérieure. Je tiens à reraereier le Conselho \acional E OPISTHOPLUs DEGENER PETERS 1882 ET LEIMADOPIILS REGINA MACROSOMA AMARAL 1935 (SERPENTES) resumí: Aprotcrodon dementei Vanzclini 1947 d’origine ‘ Rio Grande do Sul" ne se distingue en rien de Opisthoplus degener Peters 18S2. d'origine inconnue et doit donc entrer dans la synonymie de Opisthoplus degener Peters 18s2. Leimadophis regina maeulicauda Hoge 1952 doit passez dans la synonymie de Leimadophis reginac macrosoma Amaral 1935. La date de la publication de K'picrates conchria polylepis Amaral est 1935 et non pas 1954, comme 1’avait indique Amaral. RESUMO Aproterodon dementei Vanzolini 1947, Terra typica — Estado do Rio Grande do Sul é indistinguível de Opisthoplus degener Peters 1882, de proce¬ dência deconheeida, e deve portanto passar para a sinonimía de Opisthoplus degener cuja terra typica é designada aqui como — Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Leimadophis regina maeulicauda Hoge 1952 deve passar para a sinonimía de Leimadophis reginac macrosoma Amaral 1935. A data da publicação de Epicratcs conchria polylepis Amaral è 1935 e não 1954 como havia indicado, Amaral. BIBLIOGRAPHIE 1. Amaral. A. «lo — Collecta Herpetologiea no Centro «lo Brasil, item. In.it. Butantan, IX: 236, 1935. 2. Amaral, A. do — Contribuição ao conhecimento dos ofidios neutropicos: 37 — Su- bsespecies de Kpicrates eenehiria (L. 1758) , Mcm. Instituto Butantan 26: 227-217. — S. Paulo, 1954. 3. Anthouy, J. — Ebaucho de dispositif compresseur de la glande venimeuse chez un serpent opisthoglyfc de PAmeriquc du Sud, Tomodon dorsatut I). B. et D. Bulletin du ituseum, 2.* série, t. XXV, n.° 3, Paris, 272: 1953. 4. Boulcngcr, G. A. — Catalogue uf the Snakes in thc Eritish Museum, 3: 120, I.ondon. 1896. 5. Dumeril, A. M. C., Bibron, G. et Dumeril, A. — Erpetologie General»'* ou histoire naturelle complétc de» Keptiles, 7 : (2) Paris, 1S54. 6. Hoge, A. R. — Xotas erpetológicas. Uma nora Subspécie de Leimadophis rtginar, item. Inst. Butantan, 24 (2): 241-244, 1954. 7. Peters, W. — Über Opisthoplus degener, cine neuc Gattug und Art der Schlangen mit ganz cigenthiilichcr Bezahnung. Sit~. Ber. Alad. J Tiss. Berlin, 52: 1145-1150, -f- Fig. 1882. S. Richter, R. — Einführung in die Zoologisch Xomenklatur durch Erliiuteruiig «ler Internationalen Regeln, zweite, umgaerbeitete Aufkage mit der “Offiziellen Liste zoologischer Gattungs-X.nmen" Frankfurt a/Main, 1948. 9. Vanzolini, P. E. — Sôlire um novo gênero e espécie de Colubrídeo Opistóglifo Papeis Avulsos do Ui parlamento du coté droit) Boulenger cite: — “five lower labiais in eontaet with the ehin — shields wbich are equal in size toutefois chez le type, du cotê gauclie, seulement 4 sont eu eontaet avec les mentonières. Quand à la coloration elle a été três bien dé- erite par Sauvage (4):110 et le dessin publié par Bocourt dans 1’Atlas qui aeompagne le travail de Dumeril. B< eourt et Mocquard (3) represente três. fidèlement le type. SciELO 11 12 13 14 15 16 74 fcTUDK SÜK APOSTOLEPIS COKUXATA «SADTAUK l<77) KT APOSTOLE PIS QUINQUELINEATA BOULEXUKR H9r. Apostolepis coronata Sauvage 1S77 Uu individu s/n., 9, capture à TeresópolLs, Brézil. par Sawa.va en 1936. Rostrale plus large que haute, avec une tâehe brune au milieu; pré-frontaU un peu plus longue que large; du cotê externe des pré-fron tales on note un sig- nal de fusion incomplète, qui correspond probablenipnt au point de suture entre la pré-frontale et 1’internasale qui sont, en général, complèteiuent son- dées dans le genre Apostolepis Parietales pias longues que larges; nasale en contact avec la pré-oculaire; 1 pré-oculaire, 2 post-oculaires ; 6 supéro-labia- les (2* et 3*), la 5* supero-labiale droite en contact avec la parietale, celle du cotê gaúche séparée de la parietale par une petite écaille; 5 sous-labiales en contact avec les sous-maudibulaires, lõ dorsales; 201 g&stotéges (Sawaya cite 109); 31/31 urostèges (Sawaya cite 6S); anale divisée; coloration du do>: brun-jaunatre assez clair avec 3 stries soinbres que se prolongent jusq’au bout de Ia queue; la coloration et dessin de la tête est identique à celle observée chez le type (Fig. 1); ventre blanc. Longueur totale 293 mm; queue 27 mm; tête 10,2 mm. Ajnstitlcpis quinquelineata Boulenger 1S90 Cette espòce décrite par Boulenger en 1890 (2) :23õ d’après un individu de Demerara a été placé par Amaral en 1929 (l):õO dans la synonymie de Apostolepis coronata (Sauvage 1877). Or Fétude de 1’exemplaire type de coronata m’a démontré clairement qu’il s’agit d'espéces bien différentes. Chez .1. coronata les préffrontales et les 2/3 de la frontale sont entièrement de couleur brim foncé tandis que chez quinquelineata elles sont jaunes (Fig. 1 et 2). Chez .1. coronatus le.s parietales sont entièrement jaune clair ainsi que la 4". 5* et partielement la 3* et 6' su¬ pero-labiale (Fig. 1 et lai, chez quinquelineata toutes ees plaques ainsi que la rêglon postérieure à la frcntale sont d’un brim presque noir (Fig. 2) .1. ipiin- quclineata a 5 stries brunes sur le dos au lieu de 3 chez coronata. Les parie¬ tales de quinquelineata sont plus longues que leur distance du museau au con- traire de ce qui s’observe chez coronata (Fig. 1 et 2a) et sont plus de 2 foi> plus longues que la frontale chez quinquelineata tandis que chez coronata elles sont seulement 1/3 plus grandes (Fig. 1 et 2a). Le noiubre de gastrostèges parait lui aussi ètre significatif puisque les exemplaires de coronata que j 'ai vus varient de 199 à 201 et que le type de quinquelineata , un i, en a 213. alors que généralement les ê ont moins de gastrostèges. Quand au nombr de supero-labiales en contact avec la parietale, si bien ipie je suis d'aeeord avec domes, et Amaral, quaiul à la variation possible, j’ai tout «le même Fim cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. In*t. Butantan, 28: 73-76. 1957/8. ALPHOXSE RiriIARD JIOGE t O r e, ainsi que Mr. J. Guibé, directeur du Laboratoire de Poissons et Reptiles du Mtiseum National d 'Histoire Naturelle de Paris, et Mr. lo Prof. Paulo Satrara qui a mis a ma disposition 1'exemplaire de A. coronata en question. RESPMÊ Deseription d’un individu de Apostole pi .< coronata t. Batanlan. 28: 77-82. 1957/8. ALPHONSK RICHAHB HOOF. 77 ALPHONSE RICHAIU) HO«E (laboratório ih Ofiologia, Instituto fíutantan, São 1’aiJa, llrasil) Los deseriptions do Vromacerina ricardinii Peraeca 1897. Leptopliis fla- geUum Andcrson 1901 ot Leptophis veriebralis Werner 1907. non I). B. et D. 1854) se ressemblent tellement qu’il m’a paru nócossaire de faire une étude coinparative de ees ospèces. En dehors des grandes sérios d’individiis de Leptophis ahaelulla sulisp. j’ai examine Io type do Leptophis flagelhun Andorssou 1901, une 9. déposé au X. R. de Stockolm sous Io u.° 1981 ot 16 indivdus de Vromacerina ricar¬ dinii (Peraeca ) déposés dans los collections de rinstitut Butantan. Ma- lhoureusement jo n’ai pas exaniiné le type de veriebralis l<> 1929 Uronutcerina ricardinii. Amaral — Mem. Inst. Butantan. 4:1'' Type: — Uromaccrina ricardinii Peracca “Terra typica:** — São Paulo, Brésil. Distribution géographiquc: — Etats de Rio de Janeiro, São Paulo et Pa- Paraná, Brésil. Aux deseriptions de Peracca (1897) et Andersson (1901) il suffit dajou- ter «pie: les gastrostèges varient de 142 a 149 chez les 9 9 et de 141 a 145 cm JSciELO. 11 12 13 14 15 16 80 ETÜDE SLR UROMÀCERIXA RICARDISII (PERACCA) (SERPENTES) chez ô 6 ; les urostèges de 140 a 160 9 9 et 145 a 180 & è . I>a frenale qui est généralement iinique est parfois devisée (Fig. 1 et 2) et ehez un individu elle est entiére d’un cotê et dcuble de 1’autre. Le variation du noiubre d’urostè ges est enorme, 145 à 180 ce qui n’est pas du à présenee de queues mutilées. ear même des exeniplaires avec (pieue entière donnent parfois un nombre bas d 'urostèges. Fio. 1 — Vromarerina rieardinii (Peraeca): vue laterale de la tête du X.° 3.266 I. B. (dessinl. IC-. Fio. 2 — Uromactrimt iicnnlinii (Peraeca): vue laterale de la tête du X.° 7.367 I. B. (dessin). RESCMÊ Leptophis flagcllum Andersson 1001 et Leptophis vertebralin Werner 1007 (non D. B. et I). 1854) doivent passer à la synonymie de Uromactrina ricar- dinii (Peraeca 1807). cm 2 3 z 5 6 11 12 13 14 15 16 Meni. Inst. Batantan. 28: 77-82. 1957/8. ALPHOXSE RICHARD HOGE "1 RE8UMO Lcptophis flagellum Andersson 1901 e Lcptophis vertebralis Warner 1907 (non D. B. et D. 1854) devem passar para a sinonímia de Uromacerina ricar- dinii (Peraeca 1897). Je tiens à remercier le “Conselho X acionai de Pesquisas" du Brésil, qui a financie mon voyage d’études en Europe, ainsi que Mr. Hialmnr Remlahl chef du Laboratoire d Tlerpetologie du Xaturhistoriska Riks Mus;um de Stockolm ainsi que, son Assistent Mr. le I)r. Cif Bergstrüm, qui m’ont respectivement, mis le Lítbora- toire a ma disposition, et fourni des photographies de types linnéens. BIBLIOGRAPHIE 1. Anderson, I.. O. — Some new spcies of snakes from Cameroun and South America, belonging to the Collections of the Royal Mascam in Stockhlom Bih. K. Secnska Ve-Akad. /landi, 27 (4): [1-26 + 2pL|, 1901. 2. Amaral, A. de — Kstudos sõbre ophidios neutrópicos XVII — Valor systematico de várias formas de ophidios neotrópicos, Mem. /*<(. Ilutantan, 4: 1-6S, 1929. 3. Duméril, A. M. C., liibron, (5. et Duméril, A. — Erpetologie Générale ou histoire . naturelle complete des Reptiles, 7 (2): 1-780. Paris. 1854. 4. Oliver, J. A. — The rclationships and zoogeographr of the gentis Thalcrophis Olivcr Buli. Am. M ms. Xat. 11 UI., 92 (4): 157-280 + Fig., — New York. 1948. 5. Peracca, M. G. — Intorno ad una nuova specie di ophidio di S. Paulo (IJrasile). BoU. Mus. Zool Ant. Comp. Unir. Torino, 12 (282: j 1-2 + Fig. 6. \\-erner, F. — Cl>er note oder scltene Reptilien des Xaturhistorischen Museum in Hamburg I Schlangen Mill. Xat. llist. Mus. llamburg, 26: 205-347, 1909. 7. vyerner, F. — Xetie oder wenig bekannte Schlangen aus dem Wiener naturhistoricher’ Staatsmuseum S. B. A kad. IViss. IVirn, 134 (2): 45-66, 1925. JSciELO 15 16 Mcm. Inst. Butantan, 28: 83 84. 1D57/8. ALPHOXSK RICHARD HOGE 83 XOTE SER LA POSITIOX SYSTEMATIQUE DE T rigonocephahts ( Bothrops ) pubescens Cope 1869. ALPHOXSK RICHAlíD HOGE (Laboratório dé Ophiologic de 1’Inslitul Itulnnlan — São Ptndo. líraxil Les descreptions originelles tlt» Trige/nocephalus ( Bohtrops ) pubescens Cope 1869 et Bothrops neuwiedii riograndensis Amaral 1923 se ressemblent tellement qu’il n’y pas de doute possible (piand à leur identité, (1'autant plus que les types respeetifs sout de 1’Etat de Rio Grande do Sul. Rrésil. Bothrops neuwiedii riograndensis a été décrit par Amaral (1). basé sur 33 exemplaires dont il n 'indique tou tefois pas, sauf pour le type n.° 1.476 de la Colletion du Departament du Z- ologie, ni les numeros ni les museums ou il sonto déposés. La distribution geografique donnée par Amaral est Ia suivante Ragé, Boqueirão, Caçapava. Canguassú, Itaquy (terra typiea), Maria Gomes. l'ru- guayana, et ontres localitées du Centre-Sud de 1’Btat de Rio Grande do Sid. Rrésil. Tngonoccphatus (Bothrops) pubescens a été déerit par Cope (3) basé sur un unique exemplaire rapporté du Rio Grande do Sul par 1’expedition Thayer. II est trange que Amaral dans ses descrepitions de sous-espèees passe sans silence les espèces anterieurement déerites et consideréees par Roulenger (2) : 542. comine synouymes de Bothrops neuwiedii Wagler 1824. Eu ce qui eoneerne Trigonocepkalus ( Bothrops ) pubescens Cope il faut noter fpie Cope 3) :157 le eonsidérait comme une espèce proche de Bothops neuwiedii u It is nearest the Bothrops neuwiedii Spix”. II suffit d'ailleurs de confronter les deseriptions originelles pour voir 1 'identité absolue des deux cspèces. .Te donne ci-dessous les citations textuelles de Amaral et Cope. "terra lypica" Rio Grande do Sul Itaquy Rio Grande do Sul IKÍ 170-18» colora tion I "hrown" "chocolate" couleur et df»in de* tache» j "hlackieh hrown” ; "pale edjred and alteminc" 'hlackudi hrown" ** Iqcht-edjred oppoeite or alternatc" couleur et poeition des taches inter¬ media* res round pole edeed brovn *po?*" “arriei of dark. liitht-edjted *|«otV couleur du rentre "belly cloaely hrown epotted" "pale hro«ui«h hei.esth more or rrcularly apotted with dark hrown*' JSciELO Cl XOTE SI R LA POSITION STEMATIQVE I>E TRIGOXOCZPHALVS ( BOTHROPS) PUBESCEXS COPE 1S69 Quando au taches sur la tête elles sont au nombre de cinq dans les deux espèees déerites respectivement par Ccpe et Amaral. Cope cite: — “brown band from the eye to angle of mouth. pale edged below; a similar band across head in front of superciliaris two divergent brown spots bebind tbe same plates, and two divergent brown bads bebind these all yellow edged’ ? . Amaral ci¬ te “bead witb one ronuded dark-brown light edged spot ou the snout an two pairs of elongated spots or baiuLs of the same color, one on the frontal and anotber on the occipital and nuchal regions". D nc Bohtrops neuwiedii rio- grandcnsis Amaral 1925 est un synonyme du Trigonocephalus ( fíothrops) pubcscens Cope 1869 soit d’accord avec la nomenclature actuelle, fíothrops neuuriedii pubcscens (Cope 1869). RESUMÊ fíothrops neuwiedii riograndensis Amaral 1925 est un syncnyme de fíothrops ncuicicdii pubcscens (Cope 1869. = [Trigonocephalus ( fíothrops ) pubcscens Cope 1869]. RESUMO fíothrops neuwiedii riograndensis Amaral 1925 é um sinônimo de fíothrops neuwiedii pubcscens (Cope 1869) [Trigonocephalus ( fíoihrops) pubcscens Cope 1869]. BIBL10GRAPH1E 1. Amaral, A. do — Brazilian subs]>ecies of Bothrop* neuwiedii Wagler, 1824. Contrib. Harvard Inst. Trop. liiol. Stcd., 2 : 56-64 Map. XIII Pr. XIV, XV. 2. Boulenger, G. A. — Catalope of the Snaíes in the fíritish Museum, 3: 1-727, 25 pr., 1869 3. Copo, E. D. — Seventh contribuition to the Herpetology of Tropical America. Proc. Phil. Soe., II: 147-169, 1869. 4. Wngler, J. — (in Sptx) — Serpent jm Brasiliensium sj>ecies novae ou Histoire Xaturell- des espèees nouvelles de Serpens, recueillies et observées pendant le voyage dans 1’interieur du Erésil dans les années 1817, 1818, 1819 e 1820, : 1-75 + pl. Monachii, 1824. SciELO Mem. In»t. Batantan. 28: 85-90. 1957/8. HÉLIO EMERSON* BELLUOMINI 8:1 IíICEFALIA EM Xenodon mcrremii (Wagler 1824) (SERPENTES) (DESCRIÇÃO DE UM TERAMÓDIO DERÓDIMO) HÉLIO EMERSON BELLUOMINI ( Laboratório de Ofiolor/ia, Instituto Itutantan, São Pavio, Brasil) INTRODUÇÃO As figuras de teratologia em serpentes, foram observadas raríssimas vêzes no Instituto Butantan. O presente trabalho desereve o sexto caso de bicefalía assinalado em quase 700.000 serpentes que deram entrada na Instituição em pouco mais de meio século de atividades científicas. Os cas s anteriores, foram apresentadcs por Amaral (1) descrevendo três teratódimos em serpentes peço¬ nhentas e por I rado ! 2 i dando ciência de dois teratodimos em serpentes não peçonhentas. O assinalamento dêste caso, de acordo com os dados expostos, é da ordem de aproximadamente 1/1()().(!(H). número êsse (pie ilustra a raridade do achado. Xo Instituto Pinheiros de São Paulo. Pereira (3-4) asinalou dois casos de teratódimos em serpentes peçonhentas. Xo Departamento de Zoologia de São I aul , \ anzolini (5), asinalou um caso de deródimo em cascavel. O autor faz o seguinte comentário: — O interêsse «pie desperta o encontro de monstruo¬ sidade duplas faz com que seja razoavelmente grande a bibliografia (epie remonta a Aristóteles), sobre monstros duplos ofídicos. Sendo no entanto de caráter inteiramente fortuito êsses achados, independente em geral, de qualquer pesquisa orientada, e feitos por especialistas de formação e preocupação diver¬ sas. essa bibliografia apresenta-se extremamente heterogênea, de difícil locali¬ zação e acesso". O autor apresenta extensa bibliografia, as classificações existentes e apresenta sugestões sõbre a matéria. Recentemente (6) Lema, do Museu Rio Grandense de Ciências Xaturais, assinalou novo caso de teratódimo em serpente. Cunningham (7) em obra extensa e profunda sóbre as bifurcações axiais das serpentes, ordenou os tipos descritos, apresentados excelente bibliografia. Posteriormente Xaka- niura (8) preconizou chave para classificação dos tipos de duplicidade achados nos Répteis, com divisões separadas para as serpentes, lagartos e tartarugas. Para as serpentes em particular a chave é a seguinte: | JSciELO. 11 12 13 14 15 16 I 86 BICEFAMA KM XEXODON MKRREMII < WAGLER 1-24) (SERPENTES) Snales:- I. Ttratopatju» : — Complete bnt conjoint twins with tbe axial skeletons fu«ed partia lly. 1. Craniopagus: Fusion by cranium 2. Ceplialoderopagiis: Fusion by cranium and cervical vertebrae 3. Anakatamesodidymus: Separated at the anterior and posterior ends and also in the middle of the trunk. II. Teratodymus: An individual with a part of body donblcd Duplicitas anterior: Axial skeleton bifurcated anteriorly 1. Rhinodymus: Double nosed 2. Opodymns: Cranium bifurcated, racstly three eyed 3. Dcrodymus: Vertebral column bifurcated in the cervical region, doubleheaded. A chave de Xakamura é a mais aceita idtimamente. Material: — O presente caso se refere a uma serpente bicéfala, extrema- mente jovem, Xcnodon merremii (Wagler 1824 . serpente não peçonhenta, vulgarmente conhecida pelo nome de “boi peva" procedehde de Caxias, Estado do liio Grande do Sul, e remetida pelo Dr. Obertal Barreto Povoa. O exem¬ plar está bem estragado, devido ao traumatismo a que fei submetido, quando apanhado, o que ocasionou na região dorsal, logo abaixo da fusão das duas colunas vertebrais, destruição de quase 2 cm de pele, de trecho correspondente da coluna vertebral, rompimento de tecidos e placas vntrais. A fixação insu¬ ficiente da peça e a maceração não permitiram o exame dos diversos órgãos. Descrição: — Exemplar muito jovem de Xcnodon nwrrcinü, macho, n.° 17009 da Coleção do Instituto Butantan. apresentando duas cabeças ( Fig. 1) ligadas a um pescoço duplo, fundido superior e lateralmente logo após a articulação quadrado-mandibular (Fig. 2); inferiermente, os primeiros escudos ventrais do pescoço duplo (Fig. 3) fundidos um a um e comuns a ambos, comprimem e superpõem as regiões guiares internas junto à das infra-labiais (Fig. 4). Os restantes apresentam-se normalmente. Há muita semelhança entre as duas cabeças, quase iguais em suas medidas, lepiose e desenho. Êste apresenta uma epquena variação na região temporo-parietal. A radiografia (Fig. 5), (pouco nítida devido ao estado da peça) revela dos crânios distintos, com as respectivas ossaturas completas e separadas. Logo após os crânios, duas colunas vertebrais, sob um mesmo, corpo, se fusionam a altura da 7. a e 8 a vér¬ tebras. apresentando-se a coluna da esquerda em concordância com o eixo lon¬ gitudinal do corpo. A seguir verifica-se a falha já citada de um pedaço da coluna, para depois o restante se revelar normal. Xa mesma radiografia à esquerda do exemplar bicéfalo há um Xcnodon morremü normal, que foi usado para têrmo de comparação. SciELO Mm. Inst. Butantan, 28: 245 2G6. 1957/-'". HÉLIO EMERSON REI.LVOMINI ^7 Fio. 1 — Xrruxlon mtrremii bicéfalo — Vista gorai FlG. 3 — Xr norlon mrrremii bicéfalo — 1 ista vcntral das duas cabeças Fio. 2 — X< noilon mrrremii — Vista dor¬ sal das duas calxsja Fig. 4 — Xrtodom mrrremii bicéfalo — Vista vcntral JSciELO Mem. Inst. Batantan. 28: 85 90. 1957/8. II £ LIO EMERSON BELLCOMIXI 89 Lcpidost — Dorsais 19 — Ventrais 133 — Anal dividida — Subcaudais 40/40. Cabeça direita: — Supra-labiais 7 7 Infra-labiais 9/9 Cabeça esquerda : — Supra-labiais 7 7 Infra-labiais 9/9 Medidas: — Comprimento da cabeça direita 14,Omni Comprimento da cabeça esquerda 13,8mm CONCLUSÃO De acordo com a clasifieação de Xakamura, o exemplar bieéfalo de Xt na¬ dou merremii (Wagler 1824) descrito, é teratódimo deródimo, pois tendo e< rpo único, apresenta duplicação de parte do seu esqueleto axial, anteriormente. com duas colunas vertebrais na região correspondente às vértebras cervicais e duas ««•aturas craneanas completas e perfeitamente distintas. Aproveitamos a oportunidade para apresentar os nossos agradecimentos aos Srs. Drs. Prof. Honorato Paustino de Oliveira Junior; Dr. Jair Duarte Rodrigues e ao técnico Olindo Ceccon, do Departamento de Radiologia da Faculdade do Medicina Veterinária pelas inúmeras chapas tiradas. Ao Dr. Paulo Emylio Vnn- zolini, do Departamento de Zoologia da Secretaria da Agricultura, por intermédio do Dr. I.indolpho Guimarães, pelo valioso empréstimo do tralialho de Xakamura. citado neste trabalho. Ao Sr. Tauíic X. Aftimus da Secção de Fotografia do Instituto Rutantan c ao Dr. A. R. Hoge, da Secção de Ofiologia do Instituto Butantan, pelas sugestões feitas durante a elaboração deste trabalho. ABSTRACT Tliis paper deals with a description cf derodymous snake, Xcnodon iner- rttnii (Wagler 1824) BIBLIOGRAFIA 1. Amaral A. do — Bicefalia em ofidios. Kr r. Mus. Paulista, 15: 93-101, 1927. -. Prado, A. — Ofidios bicefalos — Ann. Paul. Med. Cir. 51: 393-396, 19-16. •3- Pereira, A. A. — Um caso de Bothrops jararacussu bicefalo. Ann Inst. Pinheiros (S. Paulo), 7 (13): 1, 1944. 4. Pereira, A A. — Outro caso de bicefalia em serpentes. -lita. Inst. rinheiros (S. Paulo), 13 ( 26): 1-4, 1950. 5. Vanzolini, P. E. — Xotas sôbre um deróditno de Crotalus durissus terrificus (Laur.) Pap. Avulsos âo Departamento de Zoologia , 8 (24): 273-283, 1947 São Paulo, Brasil. 6. Lema, T. de — Bicefalia em serpentes. Iheringia, 5: 1-8, 1956. Pòrto Alegre. R. do Sul — Brasil. < . Cunningham, B. — Axial bifurcation in serpents. Duke University Press, 1937 : 117, USA. s . Xakamura, K. — Studies on some doubte monsters of snake and tortoises, Mem. Coll. Sei. Kyoto Univ. B., 14: 171-181, 1938. JSciELO 15 16 SciEL0 3 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 z cm r.M CASO DK CÓPCLA HETERÓLOCA ENTRE IIOTHROPS E CROTALCS (SEROENTES) 02 I’ rata-se da cópula de macho de Bothrops jararaca (Wied), eom fêmea de Crotalus tiurissus tcrrificus (Laur.) serpentes peçonhentas, denominadas vul- {íarmente respeetivamente de jararaca e cascavel. Ambas as espécies, têm ecologia regularmente determinada: “a cascavel”, serpente muito conhecida, é encontrada no país, geralmente nas regiões altas e seeas tipos campos e cerrados. Alimenta-se preferencialmente de roedores, vi¬ vendo entocada em cupins e buracos de roedores. A “jararaca”, serpente pe¬ çonhenta das mais comuns por ser muito encontrada no centro e sul do país, vive em locais úmidos, sendo porém simpática com a cascavel em alguns lo- cais. Xos dias de sol quente não é raro observar-se jararacas galgando ar¬ bustos ou pequenas arvores, aninhando-se para gozar os raias solares. Ali¬ menta-se também de roedores. Cascavel e jararaca, apresentam pupila vertical, sendo por isso enquadra¬ das nas chamadas serpentes de vida noturna, mas não há impedimento de se alimentarem durante o dia, de acordo com as observações de laboratório. ü acasalamento dessas espécies no Estado de São Paulo, ocorre geralmente nos primeiros dias quentes do segundo semestre. ( hama a atenção, o fato das cópulas heterólogas verificadas, ocorrerem fora da época. Xo presente caso, a cópula também se iniciou pela madrugada, continuan¬ do pela manhã. O tato foi assinalado pelo serpentarista Jairo Mendes de Souza. Duas horas após, morreu a cascavel fêmea, mas mesmo assim a ja¬ raraca macho continuou o ato que se prolongou por uma hora mais. sendo nesse instante a jararaca sacrificada a fim de servir de peça para Museu, razão pela qual não foi realizada necropsia. É interessante observar .pie nos três casos constatados, os machos perten¬ ciam ao gênero Bothrops, as fêmeas ao gênero Crotalus e estavam mortas ou morreram durante a cópula. Xo primeiro caso, embora classificado como de neerofilia deve-se notar que não foi observado o início da cópula, não estando excluída a possibilidade da fêmea ter morrido durante o ato, conforme nossas observações que corroboram a de Sehottler. O Instituto Butantan, desde sua fundação até a presente data, já recebeu perto de 1 00.000 serpentes e dêsse modo podemos assinalar êsse fenómeno de cópula heteróloga. provavelmente na ordem de 1/200.000, pois é poueo pro- vá\el que outras cópulas heterólogas que tenham ocorrido, escapassem à obser¬ vação des serpentaristas. SciELO Mem. In*t. Itut.nntan. 28: 91-94. 1957/8. HÉLIO KMKRSOX BKLLUOMIM ALPHOXSE RICUARD HOÍÍL 93 ABSTRACT The present paper. deaLs with tlie description of a heterologiis copulation between a male of Bothrops jararaca (Wied) and a female of Crotalus durissus tcrrificus (Lanr.). BIBLIOGRAFIA 1. Amaral, A. do — Contribuição a Biologia dos Ophidios do Brasil. IV. Sóbre um caso de necrophilia hcterúloga na jararaca ( Bothrop.s jararaca). Mem. Inst. Ilut., 7: 93-84 Fig. 3, 1932. 8.P. Brasil. 2. Mertons, R. — Líber Reptilienbastarde. Sencl-enbeniiana, 31 (3/4): 127-144. 1950 Frankfurt a/Main. Alemanha. 3. Schõttler, W. H. A. — Cópula ztrischen Bothrop» und Crotalus. Dtsch. Aquar. Tcrr. Zeitschr., 3, S.14, 195o. cm JSciELO 3 11 12 13 14 15 16 Fase» da cópula heteróloga eutre macho de Bothropa jararaca (Wied) e fêmea de Crotalus du- riraua terrificua (Laur.). UM CASO DE CÓPULA HETERÓLOGA ENTRE EOTHROPS E CROTALCS (SERGEXTES) 1 3 — FIGS. cm Me». In*t. Butantan, 2 *: 95 - 98 . 1957 / 8 . ALPHOXSK KK IIARI» HOGK K HÉLIO EMERSON BELLUOMIXI 95 ABERRAÇÕES CROMÁTICAS EM SERPENTES BRASILEIRAS ALPHOXSE BICHARD HOGE e HÉLIO EMERSON BELLUOMINT (Secção de Ofiologia, Instituto liutantan. São Paulo , Brasil) Aberrações cromáticas em serpentes brasileiras, embora pouco frequentes tem sido assinaladas sob diferentes modalidades por diversos autores. Ama¬ ral (1, 2, 3, 4. 5 e 6) verificou casos de albinismo, xantismo e eritrismo em vᬠrias espécies; Prado e Paes de Barros (7) verificaram casos de albinismo em cascavéis, Cratalus tcrrificus (Laur.) ; Sehreiber (8) analisou o problema do polimorfismo do desenho e da pigmentação em boipevas Xenodon merrcmii (Wagler). Iloge (9, 10) verificou anomalias na lepidose e pigmentação em escamas dorsais de liuthrops descrevendo um easo de xantismo em Bothrops cvliara (Gomes 1913) e dois easos de albinismo em cascavéis. Neste trabalho, descrevemos três easos de aberrações cromáticas, sendo dois sôbre a ausência de pigmento prêto em coral verdadeira. Micrurus corallinits (Wied 1820) e outro de xantismo em salamanta, Epicratcs ccnchria crassus (Cope 1862). Micrurus corallinus (Wied 1824) Exemplares procedente de Perus, Estado de São Paulo e remetidos pelo Sr. Vicente Lago, apresentam ausência completa de pigmento prêto e corpo translúcido sendo porém os anéis vermelhos bem coloridos. Exemplar n.° 16.721 — 9 — jovem; dorsais 15; ventrais 213; anal divi¬ dida; subcaudals 27/27; supra-labiais 7/7; comprimento da cabeça 9.1 mm; comprimento do corpo 201 mm; comprimento da cauda 22 mm. No corpo observam-se 20 anéis de eôr vermelho vivo, orlados de branco, sendo o 6.° e 7.°, 11.° e 12.°, 17.° e 18.° fundidos do lado esquerdo até a metade da região ven- tral. Na cauda há 4 anéis totalmente brancos, o último apenas evidenciado, enquanto o 2.° e 3.° são vermelhos e orlados de branco. Quanto aos anéis que nos exemplares normais se apresentam de eôr prêta, no caso presente são de | JSciELO. 11 12 13 14 15 16 I 96 ABERRAÇÕES CROMÁTICAS EM SERPENTES BRASILEIRAS eôr rósea bem clara, dando-se o mesmo eom a mancha cefálica. O ôlho é aver¬ melhado e a língua rósea. Exemplar n.° 16.732 — ô — jovem; dorsais 15; ventrais 201; anal di¬ vidida; subcaudais 45/45; supra-labiais 7 7; comprimento da cabeça 10 mm; comprimento do corpo 270 mm ; comprimento da cauda 39 mm. O exemplar apresenta no corpo 17 anéis de côr vermelha viva. sendo o 2.° e 3.° fundidos do lado esquerdo até a região ventral; o 4.° está fundido ao 5.° pelo lado es¬ querdo e êste ao 6.° pelo lado direito. Xa cauda observam-se 7 anéis da lar¬ gura de duas escamas sendo o l.° e 7.° de um branco desbotado e os restantes de côr vermelha orlada de branco. Os ané s que nos exemplares normais se apresentam de côr prêta, no presente caso são de côr rósea clara ao passo que a cabeça é de côr arroxeada. Os olhos são vermelhos e a língua é rósea. Epicrates cenchria crassas (Cope 1862) Exemplar n.° 16.720, recebido em 26/2/1954, procedente de São Jcsé do Rio Pardo, Estado de São Paulo e remetido pelo Sr. Gumercindo Carvalho. Trata-se de exemplar apresentando xantismo nítido. A côr de fundo é uni¬ formemente amarela esbranquiçada, sendo a parte dorsal ligeiramente mais escura. Percebe-se o esboço dos ocelos que em vez d • apresentarem o colorido característico marrou eom orlas brancas, se apresentam coloridos de amarelo ligeiramente mais escuro que a côr de fundo e marginados de branco. As man¬ chas laterais ao invés da côr comum escura, são ao contrário, brancas, desta- •ando-se sôbre a eôr de fundo amarelada. A cabeça é amarelada ccm uma es¬ tria central branca, da largura de uma escama, começando na altura dos olhos c estendendo-se até a altura da junção do supratemporal com o crânio. Há < st ria lateral branca da largura de uma escama, começando na altura da an- te-penúltima supra-labial e dirigindo-se obliquamente para trás até a articula¬ ção quadrato mandibular. O ôlho é de côr havana clara e a língua avermelhada. O exemplar ainda está vivo, tendo se adaptado às condições existentes em nos¬ sos viveiros, onde é alimentado regularmente com camondongos e ratos, não tendo perdido sua agressividade característica. RESUMO Referc-se o trabalho presente ao registro de três casos de aberrações cro¬ máticas em serpenhs brasileiras. São descritos dois casi s de ausência completa de pigmentação prêto em coral verdadeira, Micritrus corallinas (Wied 1820) e um caso de xantismo em salamanta, Epicrates cenchria crassas (Cope 1862). cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. Rutantan, 28 : 95 - 98 . 1957 / 8 . alphonse richard hoge e HfcLIO EMERSON BELLUOMINI 97 ABSTRACET Chromatic aberraticns in tliree snakes of Brazil are reeordetl. Two cases of lack of blaek pi<çment in the coral snake, Micrurus corallinus (Wied 1820) and one of xanthisni in a “rainbow-boa", Epicrates ccnchria crassus (Co¬ pe 1862). BIBLIOGRAFIA 1. Amaral, A. do — Albinismo cm cobra coral. Rev. Mus. Paulista, lã: 1-9, 2 tabls., 1927. 2. Amaral, A. do — Da ocorrência dc albinismo em cascavel, Crotalus trrrifirus (Lanr.) Rev. Mus. Paulista, 15: 53-57, 4 figs., 1927. 3. Amaral, A. do — Albinismo em “dorme dorme”, Sibynomorphus turgiilus. Rev. Mus. Paulista, 15: 59-62, 2 figs., 1927. 4. Amaral, A. do — Xota sôbre o ebromatismo de ophidios. I. Primeiro caso d" erythrigmo em serpentes, observado no Brasil. Mem. Inst. fíutantan. 7: 75-79, 1 prancha 20 figs., 1932. •». Amaral, A. do — Xota sôbre ebromatismo de ophidios. II. Casos de variações de colorido de certas serpentes. Mrm. Inst. fíutantan, 1: 81-87, 1932. 6. Amaral, A. do — Um caso de xnntismo e um novo albinismo observados no Brasil. Mrm. Inst. fíutantan, 8: 151-153, 1933/1934. 7. Prado, A. c Paes de Barros F. — Duas cascavéis albinas do Brasil. Mrm. Inst. fíu¬ tantan, 14 : 31-33, 1940. 8. Schreibcr, G. — Análise do polimorfismo da “Boipeva” (.V rnoilon mrrremii Wagler Oph. Col.) — Re r. Uni r. Minas Grrais, :26-46, 7 figs., maio de 1950. 9. Hoge, A. R. — Anomalias na Lepidose e Pigmentação das escamas dorsais em fí. Jararaca e fí. altrrnata., Mrm. Inst. fíutantan, 24: 237-240, 1952. 10. Hoge, A. R. — Herpctologische notizen — Farmcnaberrationen liei brasilianischen Scblangen. Mrm. Inst. fíutantan, 24 (2): 269-270, 1952. JSciELO Vem. In*t. BnUnUc. FLAVIO DA FONSECA ()f) 28 : 99 - 186 . 1957 / 8 . ' ' ' XOTAS DE ACAROLOGIA XLIV. INQUÉRITO SOBRE A FAUNA ACAROLÓGICA DE PARASITAS NO NORDESTE DO BRASIL FLAVIO DA FONSECA (Instituto Butaitan) figS. 1 — 54 ÍNDICE Introdução . 103 Comentário geral sôbre n coleta . 101 Ácaros veetores potenciais da peste . 103 Estudo sistemático . 10' Ixodidet . 107 Argasidae . 107 OmifáorforOs . 107 ürnithodoros lalaje Guárin-Ménírille. 107 Ixodidae . 107 Ixodes . 108 Ixodes amarali Fonseca . 103 Ixodes loricatus Xeumann, fig. 1 . 110 Amblyomma . 111 Ambtyomma parvum Aragão . 111 Hemaphysalis . 111 Ilemaphysalis leporispalustris Pakard . 111 Mesosligmata . 111 Macronyssidae . 112 Bdellonyssus Fonseca . 112 Bdellonyssus bursa (Berlese) . 112 BdeUonyssus lutxi (Fonseca) . 112 Lepronyssoides pereirai (Fonseca) . 113 Laelaptidae . . 114 Androlaelaps foxi sp. n., figs. 52. 53 c 54 . 180 JSciELO 15 16 100 XOTAS DE ACAROLOGIA Atricholaclaps Ewing . 169 Atricholaclaps (Atricholaclaps) tri7im25 ) , originalmente descrito n gênero Laclaps, encontrado sôbre Gaita spixii spixii e Gaita fla- videns. Este parasita especializado em cavídeos já havia sido por nós identi¬ ficado em duas oportunidades, provindo, respectivamente, da Bahia e do Ma¬ ranhão, seudo talvez a sua falta no presente material atribuível ao pequeno número de representantes da família Caviidae examinados. Outra falha sentida é a do Dtrmangssus brasilitnsis Fonseca 1936, so¬ mente assinalado no trabalho original, do Estado «lo Ceará, em Crato, onde cm 2 3 z 5 6 11 12 13 14 15 16 102 XOTAS DE ACAHOLOGIA foi encontrado sôbre o rato Holochüus seiureus, aliás roedor representado por 38 exemplares identificados durante o presente inquérito. O material de Ixodides é pobre em número de espécies, o que é relativa¬ mente compensado pela freqüência do encontro de formas jovens de Ornitho- doros talaje Guérin-Ménévile. É mérito da presente coleta ficar conhecido o hospedeiro do adulto de Ixodes amarili Fonseca 1936, originalmente descrito como parasita de rates silvestres, o que talvez provenha de confusão feita pelo eapturador do material tipo, pois entre as numerosas capturas agora realizadas, só uma vez foram vistos adultos sôbre rato, roedor entretanto freqüentemente parasitado por ninfas, sendo a fêmea encontrada só em um pequeno didelfídeo, o qual, por sua vez, só excepeionalmente é parasitado pelas formas jovens. A esmagadora maioria das espécies encontradas pertence à sub-ordem Mrsostigmata, apenas sendo representadas duas famílias, Macronyssidae e Lae- laptidae. Da primeira poucas foram as espécies achadas, tôdas já conhecidas, pre¬ dominando de modo absoluto o genótipo e espécie única de Lepronyssoides Fonseca 1941. L. pcrcirai (Fonseca 1936). Cremos poder asseverar sem receio de erro ser a fauna de Ácaros de roedores do Brasil meridional muito mais rica em espécies dessa família do que a nordestina. Foi entre os Laclaptidae que se manifestou o maior desenvolvimento da fauna local, tendo sido encontrados representantes de sete gêneros, incluindo 23 espécies desta família, das quais nove novas e outras ermuns à região meridional do Brasil, ocorrendo mesmo uma delas na Argentina, de onde foi originalmente descrita. Só de modo inteiramente excepcional foram encontra¬ das as duas espécies cosmop litas do gênero Laelaps , L. echidninus e L. nu- taUi. Algumas das espécies diagnosticadas parecem peculiares à fauna nor¬ destina, onde às vêzes se mostram com extraordinária constância. Em alguns casos foi possível concluir pela preferência ou pela incompa- tibidade de certos Ácaros para determinados hospedeir s, sendo também re¬ conhecível que determinados roedores podem servir ao parasitismo de grande número de espécies, bem como ficou clara a possibilidade de associação de duas espécies. O roedor encontrado parasitado por maior número de espécies foi o Oryzomys subflavus, no qual apenas não foram vistas algumas das espécies mais raras, tendo sido observada sua infestação com vinte e quatro difrentes espécies de ácaros, dos quais dezenove Lflaptidcos. Cercomys cunieuUtris incr- mis com treze espécies, sendo onze Laclaptidae, e Oryz .enys eliunis com de¬ zesseis, das quais treze da família citada, foram os outros roedores parasitados por maior número de espécies de ácaros, convindo assinalar que do marsupial Aíonodclphys domestica foram obtidas 16 espécies, ao que não devem ser ex- SciELO Mem. In«t. Batsntan, 28 : 99 186 . 1957 / 8 . FLAVIO DA FOXSECA 103 tranhos os hábitos de predador, para o qual passam provavelmente os parasitas de suas presas, pois desses ácaros dez eram Laelaplidae habitualmente para- sitos de roedores. Em relação à fauna acarológiea dos Didelfídeos, a tabela II é bastante elucidativa, mostrando que além dos Ixodidas não foram encontradas outras espécies peculiares a êsses Marsupiais devendo a presença de outros ácaros neles encontrados ser interpretadas como mera contaminação desses onivoros por suas presas, roedores ou pássaros. Chama a atençã o fato de não figurar na lista o Xeoichoronyssus tctrnecki Fonseca, espécie encontrada sôbre Didel- phys do Brasil meridional e mesmo dos Estados Unidos da América do Xorte. EVENTUAL PAPEL DE ACAROS COMO VECTORES POTENCIAIS OU VICARIANTES DA PESTE Quem quer venha a ter oportunidade de confrontar a frequência do eeto- parasitismo por insetos de um lado e pela única ordem de aracnídeos, Acari, de outro, ficará, quem sabe, surpreendido ao verificar a extraordinária fre¬ quência de Acarianos, talvez sòmente igualada pela de Mallophaga. fi isto pelo menos, à exceção de poucos grupament s, o (pie se observa em relação à fauna neotrópica, na qual talvez sejam mais freqüentes vertebrados terrestres infestados com ácaros do que os livres desse parasitismo. Xão escapa a essa regra a ordem das Roedores, na qual. culmina a frequência de Ácaros entre «s murídeos e ericetídeos. São êsses. justamente, grupos de hospedeiros de grande importneia em zoologia médica pela possibilidade de albergarem microorganismos patogênicos para o homem, o «pie confere aos seus ect parasitas, principalmente às espécies hematofagas. a qualidade de vectores potenciais das parasitoses causadas por tais agentes infectuosos. Entre as infecções pelas quais os roedores são em parte responsabilizados — riquetsioses, berrelioses. leptospiriloses, tripannsomiases. salmoneloses. pas- teureloses — têm as últimas grande importância por incluírem a tuia remia e uma das mais temidas, mais disseminadas e mortíferas doenças endemo-epi- dêmieas. a peste bubônica. Zachvatkin eita em 1948, no seu importante tra¬ balho sobre os Laclaps e sua importância epidemiológica, vários resultados obtidos por pesquisadores da F.R.S.S., como Hatenever e Marcinkovsky, Ma- rienkovskiy e Sinai. Djanpoladova e outros, tendentes a demonstrar que a Paslcurclla tuia reme não só pode conservar sua vitalidade em Laclaps cchidni- nus e L. pachypus por 10 dias entre 18 e 28° ou 18 dias entre 6 e 10°. como também foi isolada de espécies de Laclaps capturadas em roedores silvestres. Também no Hirstionyssus isabellinus (Oudemans 1913) capturado sôbre ca- | JSciELO. 11 12 13 14 15 16 I 104 XOTAS DE ACAROLOGIA mundongos silvestres foi demonstrada por Francis e Lake desde 1922 (in Bre- getova, 1956) a presença de P. tularense. Veiculada por pulicídeos e de mecanismo de transmissão bem conhecido, tem a peste bubônica, entretanto, ainda as suas incógnitas, principalmente na chamada forma silvestre, na qual, não sendo cs murídeos urbanos cosmopolitas os depositários incrimináveis, outros serão também certamente os transmissores que entretêm a epizootia, já que as espécies ectoparasitas dos murídeos urbanos só excepcionalmente são encontradas sôbre ratos silvestres. A demonstração da possibilidade de participarem ou não os Acari da trans¬ missão de Pasteurella pestis, embora abordada mais! de uma vez. tem esbarrado em obstáculos que impediram a perfeita elucidação do problema. Para esse fracasso não serão estranhas, certamente, por um lado as dificuldades técnicas inherentes à experimentação com a peste bubônica, tais como a obtenção de amostra de bactéria boa produtora de septicemia em ratos e a identificação segura dos germens porventura isolados de Ácaros. Por outro lado, o desco¬ nhecimento da sistemática, da etologia e da restante biologia dos acarianos bem como o decréscimo da importância da pasteurelose, graças aos progressos da profilaxia, que já quase conseguiu acua-la em seus últimos e primitivos redutos, tornaram muito rara a experimentação. Stanley Hirst, do Museu Britânico, o maior desbravador da fauna de ácaros parasitos, dos quais descreveu cêrca de 92 espécies, em sua maioria africanas, impressionado certamente pela frequência com que o Laelaps eehidninus é encontrado sôbre a grande disseminadora da peste, a ratazana fíaltus norvegicus norvegicus (Berkenhout 1769), realizou, em 1914. de par¬ ceria com A. Bacot, do Instituto Lister de Medicina Preventiva, uma série de tentativas de infecção do L. eehidninus com a Pasteurella pestis, referidas por L. F. Ilirst, de Ceilão. Infelizmente não conseguiram septicemia nos ratos em que é possível o parasitismo pelo Lelaptídeo, obtendo-a em camundongos, os quais, todavia, o Laelaps eehidninus se recusa parasitar. O presente autor também fracassou em tentativa feita em 1933, na qual não foi possível obter amostra de Pasteurella pestis capaz de determinar septicemia em Rattus nor¬ vegicus norvegicus e em ratos brancos. Continua-se, portanto, até hoje a ignorar si o Laelaps eehidninus é ou não capaz de infectar-se com o bacilo da peste e, portanto, de transmiti-la entre os roedores, uma vez que recusa a picar o homem, embora tenha já sido criado em laboratório por Orven, alimentado com sangue humano. O conde Hermann Vitzthum, o grande sistematista dos Acari e prova¬ velmente o último especialista que poude abranger tôda a vasta soma de conhe¬ cimentos da Acarologia, versou o assunto em 1930 em seu trabalho interro¬ gativo — Milbcn ais Pesttrãgerf — sem contribuir para elueida-lo. É bem cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 Mem. In$t. Butantan, 28: 99 186. 1957/8. FLAYIO DA FONSECA 105 verdade que nesse trabalho o pesquisador germânico eonelui que. entre as espécies da Mandchuria que estudava, si alguma tinha probabilidade de repre¬ sentar algum papel na transmissão da peste, esta seria o Laclaps jcttmari, que acabava de descobrir. Embora tal hipótese não tivesse podido ser até hoje confirmada, a previsão de \ itzthum sôbre a periculosidade potencial dessa espécie foi Últimamente reforçada em relação ao virus da Febre Hemorrágica Epidêmica, como a chamam os japoneses ou Xefroso-nefrite Endêmica He¬ morrágica, como a denominam os russos, entidade mórbida observada na Mandchuria, na Coréa e na Sibéria. Entre os Acari parasitas de vertebrados, os que exercem o hematofagismo de modo mais constante e intenso, chegando a ficar deformados pela enorme quantidade de sangue ingerido, são representados pelos Ixididae, Argasidac Dcrmonyssidae, Macronyssidae e Trombiculidae. Ora, dessas cinco famílias quatro apresentam espécies comprovada e sabidamente infectáveis por mi¬ croorganismos, que nelas proliferam e que são pelas mesmas transmitidas, com exclusividade, a animais e ao homem. Apenas quanto aos Macronyssidae, os antigos Liponissídeos, restam certas dúvidas, embora seja conhecido o papel representado pelo Hirstionyssus arcuatus (Kocli 1839) na transmissão do Hepatozoon criccti, parasita do hamster Crieetus criccti e pelo Sauronyssus sauraruni (Oudemans 1901) no ciclo evolutivo Karyolyssus laccrtannn (Danilewsky), protozoário parasita de Lacerla muralis e seus congêneres. Um outro gênero de Macronyssidae existe, RdcUonyssus Fonseca 1941, (sin.: Liponyssus Kolenati 1858) cujas espécies são com freqüêneia encontradas enormemente engorgitadas por sangue, duas delas tendo já sido acusadas da transmissão de agentes patogênicos para o homem. Uma é o R. bacoti (Hirst 1913), incriminado da transmissão da Rickettsia mooscrí Monteiro 1931 (sin. Rickettsia muricola Monteiro et Fonseca 1932) agente do tifo endêmico, habi¬ tualmente transmitido por pulicídeos, c também, experimentalmente, de Ri¬ ckettsia akari Hübner, Jellison et Pomeranz 1946, agente da “rickettsial pox” humana. A outra, provavelmente mero sinônimo da primeira, é a sua corres¬ pondente oriental, o B. nayayoi (Yamada 1930), infectável experimental¬ mente pela Rickettsia mooscri, segundo Kodana e Kono, pela Rorrclia duttoni Xov.v et Knapp 1906, segundo Ohmori e Morishita e pela Pasteurdla pestis (Kitasato et Yersin 1894), segundo Yamada. que assegura ter obtido trans¬ missão da peste por ingestão, por picada e por inoculação do triturado dos ácaros infectados experimentalmente. Quem conhece a tremenda capacidade da ingestão de sangue per parte das ninfas e principalmente das fêmeas de certos representantes do gênero Rdcllo- nyssus e de alguns outros da mesma família, éòmente ultrapassada pela dos Irodidae , apenas se admira de não ter ainda sido comprovada a transmissão de infecções por tais espécies. JSciELO 106 XOTAS DE ACAROLOGIA Xo Brasil, além dos já bem conhecid s Ixodides e dos mal conhecidos Trcmbiculidae, exercem intenso hematofagismo em roedores, no sul o Bdello- nyssus brasiliensis (Fonseca 1939), encontrado sempre engorgitado sôbre os Preás ( Cavia apcrca), podendo parasitar muitos outros roedores e já obser¬ vado sôbre o homem, e no nordeste o Lepronyssoides pcreirai (Fonseca 1935), espécie muito freqüente sôbre roedores. Si os ácaros devessem ser suspeitados de possíveis transmissores de Pas¬ teurella nas regiões de peste silvestre do nordeste brasileiro, abriria a lista das espécies incrimináveis o Gigantolaelaps vitzthumi Fonseca 1939, um dos maiores ácaros parasitas não Ixodóideos, encontrado em parasitismo no nordeste bra¬ sileiro em mais de 40 r < dos roedores que apresentam ácaros, tendo sido obser¬ vado em 18 das 20 espécies de roedores silvestres da região cuja diagnose científica foi possível obter e que apresentavam acarofauna, estando presente até sôbre rato cosmopolita, o fíattus alexandrinus. Seguir-se-ia o Laelaps late- ventralis Fonseca 1936, freqüente em 24.0% dos roedores parasitados e visto em 8 diferentes roedores cientificamente determinadcs, sendo certo que, como o Gigantolaelaps citado, também parasita outros roedores cuja identificação científica não foi possível obter. Ao contrário dos Macronyssidae, é muito pouco intenso o hematofagismo dos Laelaptidac, grupamento de encontro ainda mais freqüente entre s roedo¬ res. nenhuma espécie de Laelaptidae ingerindo quantidades de sangue compa¬ ráveis às dos representantes dos outros grupamentos citados. Que suguem, pelo menos intermitentemente, pequena quantidade de sangue, entretanto, parece certo, mesmo porque a espécie Laelaps echidninus Berlese. 1888 é o rec nheeido hospedeiro intermediário do hematozoário das ratazanas, o Hrpatozoon muris Balfour, o que somente se poderá compreender admitindo que ingira sangue contaminado. Que a hipótese de eventual encontro de Lelaptideo infectado com Pasteurella pestis não deve ser desprezada e nem mesmo poderia ser conside¬ rada inesperada ou de causar maior admiração, demonstra-o o fato e ser o Laelaps muris Ljungh 1779 considerado transportador de bactéria patogênica do mesmo gênero, também iufectante de roedores e do homem, a Pasteurella tularense, agente da “tularemia’’. O Acaro parasita dos roedores mais freqüente no nordeste depois dêsses dois é o Macronissídeo, Lepronyssoides pereirai (Fonseca 1936) que, no inqué¬ rito agora realizado, contribuiu com freqüência de 12.6% e foi visto em 8 dos 18 diferentes ratos identificados. Sendo esta uma espécie por excelência hematófaga, resulta ser também entre os transmissores poteneiais, a mais suspeita de infecção eom germes de que os ratos seus hospedeiros eventualmente sejam depositários. SciELO Mem. Inst. Butantan, 23: 99 136. 1957/8. FLAYIO DA FONSECA 107 As restantes 27 espécies de ácaros identificados do nordeste sôbre pequenos mamíferos o foram com freqüêneia muito menor, abaixo de 10'í dos animais infestados. É evidente que um eventual papel representado por tais ácaros no entre¬ tenimento de uma endemia pestosa, quer entre os roedores, quer destes ao homem, apenas poderá ser esclarecido por verificações experimentais, de pre¬ ferência feitas no campo, por um laboratório volante, onde os Ácaros possam ser capturados, identificados e logo a seguir triturados e o produto inoculado e semeado, remetidas as culturas e animais inoculados a um laboratório base para is lamento e identificação das bactérias suspeitas, podendo também ser reme¬ tidos os próprios Ácaros congelados para inoculação no laboratório. Com o desbravamento da aearofauna local, poderá eventualmente o pre¬ sente inquérito contribuir para a comprovação futura da ocorrência no nor¬ deste brasileiro de um bioceno ainda hipotético, em que o germen da peste circule indefinidamente e independentemente do homem e da pulga, confir¬ mada também aqui a doutrina da “Epidemiologia Panorâmica”, recentemente erigida pelo eminente parasitologia o acadêmico Paviosvsky e estudada com tamanho entusiasmo por seus eontinuadores, na Rússia, e, entre outros, pelo notável acarologista e ecologista Audy, na Malásia. LXODIDES Si foi abundante a coleta em relação ao número de lotes conseguido, fci, entretanto, parca relativamente ao número de espécies, cinco apenas. Ocorreu parasitlsmo por Ixodides em 7.7 r r de 1500 lotes de roedcres parasitados por Ácaros, predominando de modo absoluto fases jovens, que em alguns casos não puderam ser identificadas devido a deficiência do estudo das espécies neotrópieas, das quais em geral não foi ainda feita a descrição das formas imaturas. ARGASIDAE Ornithodoros talaje Guérin-Ménéville 1849 4.0^; dos hospedeiros parasitados por Ácaros apresentavam ninfas ou mais raramente larvas de um Argasidac do gênero Ornithodoros que julgamos ser o O. talaje Guérin-Ménéville 1849, já assinalado no nordeste por Aragão, em 1936. A espécie foi a princípio identificada eom eerta reserva porque em diagnose baseada na descrição apresentada por Cooley e Kohls para a larva notou-se divergência em relação ao número de fileiras de dentes do hipostomio, cuja fórmula é 3/3 e não 2/2 como é referido por êsses pesquisadores. Uma ninfa dissecada permitiu, entretanto, o exame de um adulto de morfologia concorde com a de O. talaje . chamando a atenção o tamanho das bochechas, que ocultam 0 gnatossoma, caracter apresentado como típico dQ P ISciELO 3 11 12 13 14 15 16 1 108 XOTAS DE ACABOLOGIA O. talaje. O exame das ninfas maiores revelou a existência de duas fases nin- fais octopodes, pois dissecando a exuvia ninfal foi encontrado outro revesti¬ mento mais fino também de ninfa. Os roedores encontrados mais freqüentemente infestados foram os do gêne- ro Proechimys como se verifica na tabela geral adeante apresentada. A literatura refere a ocorrência do O. talaje desde a América do Xorte até a Argentina. Do Brasil são referidos como hospedeiros, por Aragão e Carvalho, o Mocó ( Kcrodon rupesiris), a Paca ( Cuniculus paca), o Queixada (Tayassu pecari) e o Morcego Ilistiotus velatus. Cooley e Kohls citam-no sôbre ratos, macacos e até sôbre uma serpente e Iragory e Ortis no ninho do pássaro Phacelefdomus rufifrons inornatus, na Venezuela. IXOPIDAE Ixodes ama rali Fonseca 1936 Dentre os membros da família Ixodidae, uma das espécies encontradas com maior freqüência foi o Ixodes amarali Fonseca 1936, descrito de fêmea capturada por Blaser sôbre “rato” e depois disto não mais assinalado. Julgo agora, graças à experiência adquirida, que Blaser, eur peu pouco familiarizado com a fauna neotrópiea, tenha confundido com um rato silvestre o marsupial Monadtlphys domestica (—Paramys domestica), pois de fato a espécie é parasita na fase adulta quase exclusivamente desse pequeno marsupial sôbre o qual foi encontrado na pn porção de 50'í do total de 49 exemplares examinados, sempre nos municípios de Princesa Izabel, no Estado da Paraíba, e nos de Triunfo e Pesqueira, no Estado de Pernambuco. Só uma vez foi vista uma fêmea sôbre roedor, o Oryzomys subflavus. Ao contrário disso as formas jovens foram encontradas quase só sôbre ratos; Oryzomys subflavus, Oryzomys eliurus, Akodon arvieuloides, Ilalochilus sciurcus, Rhipidomys macuUpcs, vygodon- tamys pixuna e “Rato cachorro” foram as espécies encontradas infestadas, tendo o material sido obtido de Anadia e Palmeira dos índios em Alagoas, de Viçosa e S. Benedito no Ceará e de Bom Conselho e Garanhuns em Pernambuco, havendo também material de Guaraeiaba, Minas Gerais. Xem uma só vez foi encontrado macho desta espécie, sexo êste que continua desconhecido, tendo, talvez passado despercebido aos eapturadores devido às dimensões possivelmente exiguas, como as de outros machos de Ixodes. Sôbre um exemplar de Monodelphys domestica proveniente de Triunfo, Estado de Pernambuco, foram encontradas duas fêmeas, três ninfas e uma larva de Ixodes amarali, tôdas em início de repleção e com o hipostomio dani¬ ficado, tendo sido aproveitadas para comparação. A principal diferença entre ninfas e fêmeas, além das dimensões, reside na forma do escudo dorsal, que, embora alongado, não se prolonga muito além cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 Ácai Androlaelaps jox\ ... Atrickolaelaps tejlmanni Atrieholaetapt guimarat »«'. EubraeSylaelaps rotundu» Giffanlolatlipt buimanen »*.. Giçantolaelaps eanestrinii. Gipaniolatlaps çúmo-ei CigantolaAaps oudrmanri Giganiolaelaps sirandlmann- . Gigan!olaria ps xitxhumi . I xhnolatiaps *p.. . . I schnolarinps ptargawi. . I stknolaelaps kteçani . Latlaps castrai . Latlaps tckidrxinus Latia ps latntntralis. Latia ps manffuinhon . IsCtiaps nutalli . I ai ela ps paul istairn n» . . Latlaps thorí . Uymlatlaps ktitranytkus M y solaria ft pnrxispinosus Sc A isolatlaps marcai . Tur turki . BdAlonysxu* *p. Bdtllonytsus burst . Bddlonytsus lutei . Ltpronytsaidts pereira • Hrmapkysclis Itporispalustris Ixodts amaral \ . Ixodes loricatus Ixadida* »p. Omitkodoros talaje . Total para cada e*pfd : TABE LA I Análise do parasitismo em 1500 exemplares de roedores eom Acari Roedores •N § 1 | r o 2 . T o f 90 18 16 6 187 w to cs tO 1 iJ to w c* •4 o c* I i u 00 p ao 8 •“1 — 8 33 »• 33 >* 33 >• •5’ 1 3 s 1 2 3 £ 33 ê 33 a y ? O H O O 3 f * a 3 [ a | S* 2 =. c 3 | 2; | s 9 «e m V 8 2 ? 3 5- f H o E •» *8 ■c o 3 «s 1 a o 2 1 o 3 «s I Í a ç a Q £ Í § C a e a | È e. § 1 2. a | i' a & 3 3* 2. B. 3 | 1 «; o 6 a f. 2 £ 3 £ a 3 a O 3 «S 1 5' 5 3 «: § 5* 1 o 3 *: st n | 5- 3* O 4 a *. ! o 3 «s Z S 3 a i * 3 «c a c a 1 s. s s i O í £ » r í | 3 1 a 1 3 a f * 3 Q s- a 3 0.20 1 2 0.13 1 1 •* 0.13 1 3 19 147 0.3 1 1 1 17 71 3 124 8.23 19 ' 1 3 1 25 12 0.80 a 9 1 i 7 0.40 O 1 1 0 06 1 6 0.40 1 2 1 4 4 1 1 5 2 3 507 , 43 o “ 1 28 6 10 1 647 43.1 _ 4 6 1 2 45 3.00 i 0.06 i i 0.06 1 2 5 37 2.46 1 1 1 10 10 6 0.40 1 1 1 1 •» , 333 360 24.0 1 1 1 13 2 0.13 1 0.00 1 50 5 1 3 146 0.73 22 6 20 1 3 28 3 0.33 4 1 84 5.00 36 6 18 1 0 11 4 200 13.3 3 2 60 13 80 I 112 7.4B 3 3 > 7 4 0 2) » > 1 i 0.13 •> 1 1 0.06 1 4 0.20 1 2 2 1 2 170 I8U 12.0 o 1 1 4 3 0.20 1 30 200 2 I 20 t 0.13 8 1 3 12 1 20 1.33 1 2 1 2 3 3 BI 4.00 72 13 54 6 5 10 30 11 32 8 .2 735 ' 9 320 a '' 47 136 10 556 24 2267 10 11 12 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 1 C o. fai J1N ro att Ca (T rat Ph con i-ar age con Mo na ene nos Pes roet ene- Aki tom ten> Viç hav des< dim Esti larv fica na 1 SciELO Mem. Inst. Butantan. 28: 99-186. 1957/8. FLAVIO DA FONSECA 109 das cristas laterais, parecendo proporeionalmente mais curto do que o das fêmeas. Além disso os sulcos cervicais são mais pronunciados do que nas fêmeas e as pontuações são raras, esparsas e superficiais. A larva, ao contrário, tem escudo muito curto e largo, como o de Ambly- omma jovens, não apresentando mais do que um esboço de cristas; os sulcos cervicais, entretanto, são nítidos e as pontuações pràtieamente inexistentes, apenas tendo sido vistas algumas próximas do 1» rdo posterior e uma profunda no meio do escudo. Talvez devido à falta de pontuações, o reticulado do escudo é mais aparente nas larvas e ninfas. O gnatossoma tanto das ninfas quanto o das larvas apresenta a earena dorsal nítida e cs prolongamentos auriculares largos, ambos mais atenuados nas larvas. A superfície descoberta do idiossoma é pilosa nas ninfas, tal como nas fêmeas, e nas larvas apresenta só raros pelos esparsos. Os palpos das ninfas são iguais aos das fêmeas; os das larvas têm o 3 o artículo largo no ápice e o 4 o artículo saliente na região subapieal do bordo ventral. Os espinhos das coxas das ninfas representam uma redução dos exis¬ tentes nas fêmeas. Já a larva apenas apresenta espinhos muito reduzidos na coxa 1 e vestígios insignificantes nas coxas II e III. Tabela II Espécies capturadas súbre Didelíideos Parasita Hospedeiro 29 r>úi*1 r>*y» tnrn/ui vmn# 49 Sfonoddttkyt dome^cn Bdfílon yt.ru» burmj .. , . BdtUcnyiu* /u/ri. 2 L+pronyt*ovifa perrimi .. .. »> Atricholaelap» »p. . 1 Eubrncb, ylatldj b rotundu» . . 2 Giipintolaeiaps 6u'aa'anmrii. 2 Gxoanioladapa rüzthumi ... < 8 IaehncJarlapa sp... 2 Latlap* caMroi. .. ' . Larlap* laietmtmUa . .. 6 Lndapa pauliatanmnt .. 2 My$olaerlapt kfteronychua ... 2 MytAatiapa parrÍMpino$\ts .. .. 3 Ornükodoroí talaje . 1 3 Amblyomma sp. (ninfa). 1 Ixodta amnrali . ... 24 IiodtM loriatfVM . 21 1, | SciELO 110 XOTAS DE ACAROLOGIA Da tabela acima se deduz que bem Didelphys parayuayensis apenas é susceptível do parasitismo de raros Ácaros, ao inverso de Monodelphys domes¬ tica, ou que os exemplares de Gambás foram submetidos a exame muito menos cuidadoso e detido do que o das Cuícas. A favor da última hipótese fala a circunstyncia de nem uma vez ter sido encontrado o Macronyssidae da espécie NeoUponyssus wemecki Fonseca, descrito do sul do Brasil mas já observado até nos “opossuns” norte-americanos. Por outro lado a espécie de Monodelphys talvez seja carnívora mais inveterada do que os Didelphys, estes últimos além disso com temperatura do corpo muito baixa e odor particularmente ativo qualidades estas talvez repelentes para acarianos. Ressalta muito claro o xenotrnpismo dos dois Ixodes, nenhum dos «piais parasita o hospedeiro do outro na fase de adulto. Ixodes loricatus Xeumann 1899. Fio. 1 — Ixodes loiicatus Xeumann 1899. Espécie comum dos Didelphys do Brasil meridional, foi também encon¬ trada com regularidade no nordeste, em 21 dos 29 hospedeiros, parasitando Didelphys paraguayensis, na fase adulta. Só por duas vezes foram vistos cm Mem. Inst. liuUnUn. 28: 99 186. 1957/8. FLAVIO DA FOXSECA 111 adultos parasitando ratos, pertencentes às espécies Oryzcmys subflavus e Zygodontomys pixvna. Amblyomma parvum Aragão 1908 O gênero predominante no Brasil, Amblyomma, raramente é encontrado sõbre ratos e marsupiais, razão pela qual só de modo excepcional figura no presente levantamento. Em fase adulta só duas vêzes foi encontrado num total de 2635 exames, assim mesmo uma vez em carnívoro, fírison vittatus brasiliensis, o Furão, e outra em Kerodon mpestris, o Mocó, um cavídeo. Tratava-se em ambos cs casos de Amblyomma parvum Aragão 1908, pequena espécie despro¬ vida de ornamentarão, já assinalada sõbre Cavalo, Cão, Veado ( Mazama sp.), Capivara e Mocó, tendo sid por mim encontrada, cm outras oportunidades, sõbre ratos silvestres, em Goiás, e em Mato Grosso sõbre Tapirus Icrrcstris ferres tris, Myrmecophaga fridactyla, Panthera ( Jaguarius ) ouca ou Felis (Puma) ce.ncolor, Felis ( Lynchailus ) pajeros pajeros e Ilotno. Em 20 dos 1500 roedores foram encontradas formas imaturas de .-tin- blyomma sp. Hemaphysalis leporispalustris (1’akard 1869). O carrapato dos coelhos silvestres foi por várias vêzes encontrado sõbre o Sylvilagus brasiliensis brasiliensis e sõbre mamífero não identificado, mas segund todas as probabilidades da mesma espécie, pois só muito raramente tem sido encontrado sõbre outros hospedeiros, citando Aragão a possibilidade de se fixar sõbre o coelho doméstico quando este é alimentado com capim vindo de I cal freqdentado pelos coelhos silvestres. Xos Estados Unidos da América do Xorte esta espécie contribue para entreter entre cs Sylvilagus a infecção pelo agente da Febre das Montanhas Rochosas, aRickettsia ricketlsi. Entre nós êsse papel não poude sor comprovado em pesquisas inéditas realizadas em 1933 por Lemos Monteiro e pelo presente autor, que dêle tentaram isolar o mesmo microrganismo em S. Paulo, não havendo todavia razão para crer que no Brasil seja diverso o seu comportamento em relação à Febre Maeulosa, causada também aqui pela mesma espécie de Rickettsia. MKSOSTIGMATA O fato de apenas duas famílias da sub-ordem estarem representadas em inquérito tão vasto é em parte justificável, desde que se atente para os gru¬ pamentos a que pertencem os hospedeiros examinados, em sua quase totalidade 1, | SciELO 112 XOTAS DE ACAROLOGIA roedores e didelfídeos, e para o fato de não terem as coletas sido feitas por auxiliares especializados. O pequeno número de famílias é compensado pelo número elevado de espécies que puderem ser estudadas, muitas das quais representam aquisições novas para a Acarologia sistemática, permitindo, em alguns casos, deduzir conhecimentos etológicos de cert interesse, graças ao elevado número de vêzes em que poude o seu encontro ser cotejado com a diagnose dos hospedeiros. MACROXYSSIDAE Três f ram as espécies dessa família representadas no material, pertencen¬ tes a dois gêneros. Bdellonyssus bursa (Berlese 1888) Sin.: Leiognathus bursa Berlese 1888 Liponyssus bursa (Berlese 1888) Liponissus bursa (Berlese 1888) Ornithonyssus bursa (Berlese 1888) Liponissus ihcringi Fonseca 1935 Bdellonyssus ihcringi (Fonseca 1935) Espécie caracterLsticamente parasita de .1 ves, principalmente de (lallus domeslicus , é às vêzes encontrada em parasitismo extraviado sôbre mamíferos, nem mesmo o h mem escapando à sua perseguição. Foi visto uma vez sôbre um Ilespcromys sp. de localidade ignorada do nordeste, três vêzes sôbre “Quicas”, Monodclphys domestica, provavelmente contaminadas ao se banque¬ tearem com pintos de algum galinheiro infestado, e uma vez sôbre um roedor conhecido pelo nome de “Rato calunga”, cuja diagnose científica não foi possível obter. Comparações com o material de Bdellonyssus ihcringi Fonseca, recebido de ave do nordeste brasileiro e de Cubatão, S. Paulo, onde fora assinalado sôbre Bradypus tridactylus, leva-me a propor a sinonímia desta minha espécie ecm o Bdellonyssus bursa. Bdellonyssus lutzi (Fonseca 1941). Sin. : Liponissus lutzi Fonseca 1941. Esta espécie foi originalmente descrita de rato silvestre não identificado capturado em Butantan. Município de São Paulo, somente sendo conhecido o SciELO Mera. Inst. Batantan, 28: 99-186. 1957/8. FLAVIO DA POXSECA 113 holótipo fêmea, caracterizado por dimensão grande, eerdas do escudo dorsal tôdas longas, exceto as verticais anteriores, placa anal alongada e palpos cem espinho no primeiro artículo. Encontramo-la no nordeste apenas poucas vezes, parasitando Ilesperomys sp. e Proechimys iheringi denigratus, ambos de localidade ignorada, e outras, duas vêzes o Oryzomys eliurus de Garanhuns, Pernambuco. Lepronyssoides pcrcirai (Fonseca 1935). Sin.: Liponissus pcrcirai Fonseca 1935 Este curioso Macronissídeo, caracterizado pela existência de um par de órgãos infundibuliformes na placa estornai da fêmea, semelhantes aos encon¬ trados em Hirstesia sternalis (Ilirst 1921) da Turquia, foi o primeiro Ácaro de rato silvestre descrito do nordeste, onde foi encontrado em Joazeiro, Paraíba, sõbre I unare , nome pelo qual são conhecidas subspécies de Ccrcomys cuni- cularius, bem como em Currais Novos, Rio Grande do Norte, sôbre " Kcrodon spixi”, sic, portanto fíalca spixii. Sua presença nos Estados da Bahia e do Ceará já fora registrada na Monografia des Mucronissídect> que publieamos em 1948 nos Procedi ings da Zoological Society, de Londres, sempre sôbre ratos sihestres, no último Estado em “Punare branco”. Alagoas e Pernambuco são outres Estados em que a mesma espécie é frequente. Ao sul da Bahia, todavia, não temos conhecimento de que ocorra este Ácaro, entretanto extremamente frequente no nordeste, como se verifica na tabela geral aqui apresentada, tendo sido encontrado em dez espécies de roedores. No seu parasitismo impressionam a freqiiência com que é encontrado sôbre um dos “Punarés", o Ccrcomys cunicularius inermis, bem como a regularidade com que se acha associado ao Laelaps lateventralis, a ponto de construir aspecto faunístico característico da região. Por outro lado é notável a sua raridade sôbre Hesperomys sp., Holochilus sdurcus, Oryzomys subflavus, Rhipidomys masfacalis e Zyçjodontomys piiuna e a sua ccmpleta ausência de Oryzomys eliurus, Proechimys albispinus, Proechimys iheringi denigratus e Rhipidomys ceara nus. Sua presença sobre o Mocó, Kcrodon rupestris, poude ser confir¬ mada num único encontro. Exerce intenso hematofagismo em tôdas as fases do ciclo em que foi captu¬ rado, o que o torna muito distendido, dificultando a montagem. Continuando desconhecido o macho, tal como em Hirstesia sternalis, não se sabe si o curioso órgão sensorial da placa esternal, de fisiologia ignorada, é ou não existente no sexo oposto. Machos, si existem, devem ser raríssimos, pois o número de exem¬ plares examinados alcançou algumas centenas. 1, | SciELO 114 XOTAS DE ACAROLOGIA A grande disseminação, o ecletismo em relação aos hospedeiros e o intenso hematofagismo tornam-no comparável, sob esses aspectos, ao Bdellonyssus bra- sdiensis Fonseca 1939, do Brasil meridional. É, como êste, vector potencial de infecçãe on infestação de algum dos seus numerosos hospedeiros e, quiçá, destes ao homem, sôbre o qual não foi, aliás, ainda assinalada a espécie nordestina. Além dos registros do presente inquérito, foi a espécie identificada em Barra do Corda e Aldeia do Ponto, Maranhão, de onde recebem s material capturado pelo Dr. E. P. Vanzolini, do Departamento de Zoologia do Estado de Sã Paulo, e de Crato, Ceará. LA ELA PT IDA E A fauna parasitária mundial desta família é constituída por cêrca de 200 espécies distribuídas em aproximadamente 40 gêneros. A verificação da ocor¬ rência de oito gêneros e vinte e cinco espécies no nordeste brasileiro, das quais só uma espécie não encontrada no presente inquérito, demcnstra a importância da sua representação naquela região. As diferenças observadas entre a fauna nordestina e a sulina do Brasil não são tamanhas quanto o faria supor a situação geográfica e a diversidade das condições mesológicas. F ram, entretanto, encontradas*espécies autóctones que não atingem a região meridional, bem como fica evidenciada a existência de espécies, em número igual ou maior, comuns às duas regiões. Cêrca de cinco espécies são earaeteristieamente nordestinas. Cavilaclops brazilicnsis, Laelaps lateventralis, Cr igantolaelaps vitzthumi e Gigantolaelaps canestrinii, atingindo no máximo, segundo os dados atualmente disponíveis, a fronteira de Minas Gerais com a Bahia, como sucede a Cl. vitzthumi. Ao contrário, cêrca de onze espécies frequentes no sul foram assinaladas na região em estudo, chegando uma espécie da Argentina, o Schizolaelaps mazzai, aos Estados da Bahia e do Ceará, atingindo outra da Bolívia. Mysolaelaps hcteronychus , o Estado do Ceará. Por outro lado há espécies tão freqüentes no sul quanto no nordeste; é o que sucede a Mysolaelaps fxirvispinosus, Eubrachylaclaps rotundus e Lae- taps paulistancnsis. Curiosa é a ocorrência de uma espécie de Androlaelaps, gênero ainda não assinalado na região neotrópica. a qual chega a sugerir im¬ portação recente tal a sua raridade, como se ainda não tivesse havido tempo para adaptar-se aos ecosistemas ( apud Tansley, 1939) locais. As espécies autóctones não faltam características morf lógicas que as distanciem tanto das suas congêneres que chegam a fazer suspeitar a existência de grupamentos a parte, somente Gigantolaelaps vitzthumi. Laelaps castroi e Cavilaclaps brazilicnsis se adaptando perfeitamente aos respectiv s gêneros. O apêndice das mandíbulas de Laelaps lateventralis e de Tur turki e a cm 2 3 Z 5 6 11 12 13 14 15 16 Mpto. Inst. Butantan, 28: 99 186. 1957/8. FLAVIO DA FONSECA 115 dissimetria das garras de Mysolaclaps heteronychus concedem à fauna local uma fisoincmia própria. Xenotropismo extremamente acentuado foi observado em algumas das espé¬ cies estudadas. Schizolaelaps mazzai, por exemplo, predominou em II espero- mys sp., tendo sido encontrado em 73 dos 99 exemplares que figuram na relação de capturas. Eubrachylaelaps ro! undus é. no nordeste, caracteristciamente um parasita de Zygodontomys pixuna e de Akodon arviculoides, sendo muito mais raro sobre outros rates. Laelaps latevenfrali t é encontrado com impressionante freqüência sôbre o Cercamys cunicularis inermis ; Mysolaclaps heteronychus é tipicamente um parasita de três ratos dendricolas do gênero Rhipidomys que existem na região. Entre 547 Oryzomys subflants identificados e que apre¬ sentaram parasitismo por Ácaros, o Gigantolaelaps vdzthumi estava presente nu 30 1 , sendo muito mais raro sôbre o Oryzomys cliuriis , em que não atin¬ giu 25%. Laelaps pauhstanensis, embora presente sôbre grande número de roedores, mostrou-se parasita mais constante dos do gênero Rhipidomys. Ao contrário disso o próprio Gigantolaelaps vitzthumi apenas não foi encontrado sôbre as raras espécies de rcedores das quais somente poucas exem¬ plares chegaram a exame, figurando entre os seus hospedeiros dois marsupiais e até o porco doméstico. I or outro lado o comuníssimo Laelaps latevcntralis, tão frequente e tão P uco exigente em relação aos seus hospedeiros, foi visto uma só vez sôbre os numerosos exemplares examinados de Rhipidomys spp. e nenhuma sôbre Ory- zomyt eliurus, Hesperomys sp. e Proechytmjs spp., embora ocorrendo nas mesmas localidades; isso apesar de Oryzomys eliurus ser particularmente pre- disposto ao parasitismo por Lelaptideas, dos quais forneceu treze diferentes espécies. Sòmente uma incompatibilidade ecológica, etológiea ou fisiológica pode explicar tal ausência. A maior parte das espécies pertence aos gêneros Laelaps Koch 1836 e (> igantolaelaps I* onseca 1939, dos quais o primeiro tem nove e o segundo oito representantes na fauna do nordeste. Segue-se o gênero Atricholaelaps Ewing 1929, com quatro espécies, duas no subgênero tipo e duas no subgênero Ischno- laelaps Fonseca 1936. Por último os gêneros Eubrachylaelops Ewing 1929 e Androlaelaps Berlese 1903 cada qual com uma espécie. Laelaps Koch 1836. Sete espécies dêste gênero foram obtidas no presente inquérito, das quais duas são novas, apenas cinco outras espécies do Brasil não tendo sido ai encontradas. I, | SciELO 116 XOTAS DE ACAROLOGIA Abre a lista uma cias novas espécies, até agora somente conhecida dessa região, a qual temos satisfação em dedicar a um dos maiores responsáveis pelo inquérito sôbre roedores do nordeste, Dr. Alrnir de Castro, graças ao qual ficará a fauna de Laelapliilac do nordeste send • uma das mais bem conhecidas. É de interesse referir quanto à quetotaxia do escudo dorsal das espécies de Laclaps que ocorrem no Brasil, incluídas as duas cosmopolitas. L. echid- ninus e L. nutaJli, que somente os Laclaps mazzai e navasi se afastam do padrão estabelecido por Zachvatkin na sua monografia de Laelaps da U.R.S.S., razão pela qual resolvemos destacar deste gênero o primeiro deles, fazendo-o cons¬ tituir o genótipo de Schizolaelaps gen. n. Quanto ao L. navasi , embora aí não deva permanecer, é, provisoriamente, conservado no gênero original até que seja conhecido o macho, poLs do aspecto da placa ventral dêste se poderá concluir pela inclusão da espécie em Schizalaclaps gen. n. ou pela necessidade de ereção de um outro gênero. Laclaps castroi sp. n. Entre os Laclaps. sensu strictu, conhecidos esta é uma das menores espécies. É de morfologia próxima da de Laclaps paulistancnsis Fonseca 1936, mas se deixa caracterizar eom relativa facilidade não só pelo tamanho bem me¬ nor, mas também pela forma do espinho posterior da coxa I. De Laclaps man¬ em SciELO Fio. 2 — Laelaps castroi sp. n. 9 Cótipo Fio. 3 — Laelaps castroi sp. n. 9 Cótipo Mem. In‘t. ButanUn, 28 : 99 186 . 1957 / 8 . FI.AVIO DA FONSECA 117 ijuinhosi Fonseca 1936. que tem dimensões iguais, difere pelo espinho posterior da coxa I pouco maior, pela cerda posterior curta da maxilicoxa e pela cerda espiniforme curta na c xa I de manguinhosi. Xo nordeste do Brasil é espécie relativamente rara, mas que pode ser encontrada sóbre muitas espécies de ratos. Dela foram capturados 37 lotes, de poucos exemplares cada um, entre 1500 roedores parasitados per Acari nessa região. Xão foram vistos machos ou for¬ mas jovens. DESCRIÇÃO DA FÊMEA Bem quitinisada, com cerdas não muito rígidas, de patas I e 11 alargadas, com morfologia típiea de Laelaps. Idiossoma Ovoide alongado, com 670 micra de comprimento por 462 micra de maior largura, sem hombros. com polo anterior um pouco mais afilado, mas não pro¬ jetado para frente. Face ventral. — Placa esternal mais larga do que longa, com 108 micra de comprimento na linha média por 136 micra de menor largura entre as cerdas anteriores e as médias. O bordo anterior da placa é um tanto saliente entre as cerdas anteriores e o bordo posterior é ligeiramente coneavo. As cerdas são longas; as anteriores medem 80 micra e ficam separadas por intervalo de 56 micra. As cerdas médias têm 90 micra e as posteriores 95 micra. A placa preesternal é apenas esboçada e as metaesternais são nítidas e parecem passar sob a esternal sem cem ela estarem fundidas. Placa genital curta e bem expan¬ dida, medindo 144 micra desde a inserção da cerda genital até o meio do bordo posterior e 155 micra de maior largura ao nível do par de cerdas imediato ao genital. Cerda genital com 90 micra e cerda posterior com 80 micra, atingindo o rebordo da anal. Placa anal de bordo anterior abaulado, tão longo quanto largo, com 90 x 90 micra, cerdas pares robustas, com 50 micra e cerda impar com 76 micra. Plaquetas inguinais elítieas. nítidas. Na zona desco¬ berta há cinco ou seis cerdas longas e finas. Peritrema atingindo o bordo anterior da coxa II, com peritrematália prolongando-se mais para frente. Face dorsal. — Escudo com 630 micra de comprimento por 385 micra de maior largura, somente deixando estreita faixa descoberta. Cerdas verticais posteriores bem mais longas do que as médias e as anteriores e pouco mais curtas do que as submedianas anteriores. As submedianas são 9 pares, excluido o marginal posterior. As do par anterior são as mais longas e têm 76 micra; as posteriores são as mais curtas e mais fiuas medindo 43 micra.' O par mar- cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 11S NOTAS DK ACAROLOGIA ginal posterior mede 90 micra, sendo as restantes marginais progressivamente mais curtas. O escudo apresenta zonas areolares na frente e mareas circulares a traz, vend -se vários poros em forma de fenda e circulares. A quetotaxia obedece pois ao esquema típico para o gênero Latia ps. PATAS Robustas, porém sem alargamento exagerado. Coxa da pata I eom forte espinho posterior curto, largo e pontnd , aparentando ter uma porção estreitada ou colo, a qual, examinada com forte aumento se verifica ser a implantação já interna do espinho, medindo 22 micra de comprimento p r 11 micra de maior largura; a cerda distai da coxa é piliforme, isto é, fina e longa, me¬ dindo 25 micra. Basifemur e telofemur I cada qual com uma cerda mais longa dorsal e tarso I de 80 micra de comprimento (tars e pretarso), com área pilosa distai. Coxa 11 eom cerda alongada, forte, posterior e cerda mais fina e mais curta anterior. Coxa III eom cerda espiniforme posterior de 23 micra por 4.8 micra de maior largura e cerda rígida anterior. Coxa IV com uma única cerda fina e tarso IV eom 140 micra (tarso e pretarso). Todos os tars s terminados em duas garras e pulvillum. ONATOSSOMA Normal para o gênero, com as cerdas médias internas das maxilicoxas longas, com 68 micra, ultrapassando a base das posteriores, que medem só 22 micra. Pilus dentilis não dilatado na base. normal portanto, eom cerca de 12 micra. Labrum conspiein. com pelos curtos. Descrição feita de oito cótipos fêmeas, montados em lâminas com N.° 2265, capturados a 5.1.1953 em Torres, Caruaru, Estado de Pernambuco, sôbre o hospedeiro tipo, o rato Oryzomys eliurus. Macho desconhecido. Além do hospedeiro tipo, a espécie foi vista em 9 outn.s ratos silvestres com determinação científica, provenientes dos Estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Ceará, s quais estão citados na tabela geral apresentada. A mesma espécie foi por mim determinada em dois lotes remetidos pelo Dr. J. M. de Ia Barrera. de Buen Retiro, Bolívia, capturados sôbre Graomys yrisr .flavHs e Dasyprocta rarugnta, sendo esta a primeira observação fóra dos seus habituais hospedeiros, os ratos. O nome específico é dado em homenagem ao Dr. Almir de Castro, ex-Dire- tor do Serviço Nacional da Peste, um dos planejadores do notável trabalho representado pelo inquérito epidemiológico, do qual a presente nota constitue um dos resultados. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. Inst. Batintsn, FLAVTO DA FOXSECA íin 28 : 99 - 186 . 1957 / 8 . O pequeno grupa representado de um lado pelo L. paulistanensis e o L. hirsli e de outro por L. manguinhosi, L. diffcrens (figs. 4. 5 e 6) e L. casfroi sp. n„ apresenta incontestavelmente grande afinidade. A comparação do material tipo com o abundante materail do nordeste leva-me a separar essas KlO. 4 — Laelaps di ff crens Fonseca 1936, de rato não identificado da localidade tipo. espécies em dois subgrupos: a) espécies com a cerda anterior da ccxa I pili- fcrme e longa, incluindo L. paulistanensis . L. hirsli e L. caslroi, sp. n.. das quais considero L. hirsti sinonímia de L. paulistanensis; b) espécies com a cerda anterior da coxa I espiniforme e curta, representada pelo L. manguinhosi e Fig. 6 — Latlapa diffcrens Fonseca 1936. Face dorsal do mesmo exemplar da fig. 4. Fig. 5 — Laclaps diffcrens Fon¬ seca 1936. Gnatossoma da 9 . Mesmo lote que o Laclaps da fig 4. cm 120 XOTAS DE ACAROLOGIA L. differens. O estudo de L. paulistanensis, possível "raças a > elevado número de lotes agora recebidos do nordeste, permitiu-nos chegar à conclusão de que os caracteres diferenciais com a espécie L. hirsli Fonseca 1939 não apresentam a importância que a princípio lhes foi por mim atribuída, devendo esta espécie passar à sincnímia de L. paulistanensis. Laelaps castroi sp. n., embora afim de L. jMiulistancnsis, é considerada boa espécie. Laelaps cchidninus Berlese 1887 e Laelaps nutalli Hirst 1915. f > N -K' & V V' Fio. 7 — Laelaps nutalli Hirst 1915. Do Battus alcxandrinus de Pesqueira. Pernambuco. As duas espécies cosmopolitas serão tratadas em comum, já que diferem por essa particulauliade das restantes. São encontradas onde quer ocorra o Rattus norvegicus , existindo em nossa coleção muitcs lotes das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belém, no Pará. A primeira só raramente tem sido notificada de ratos silvestres, parecendo apesar disso mais adaptável do que a segunda, já tendo sido por nós vista, em outras oportunidades, sôbre ratos não domésticos. Conhecemos referência de encontro de L. echidninus, fora des seus hospedeiros normais, em Rattus culmorum e Perameles gunni (marsupial), na Australia; em Mus musculus brevirotris na Sicília e em A podem us speciosus no Japão. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. Inst. Butantan, 28 : 99 186 . 1957 / 8 . FLAVIO DA FONSECA 121 Xo presente inquérito foi o Laclaps eehidninus visto seis vezes, sempre no Estado de Pernambuco; sôbre o Ratlus raltus frugivorus, em Pacas, Bom Conselho, sôbre Ratlus rattus alexandrinus em Santa Rita; uma terceira vez sôbre o Zygodontomys pixuna nesta última localidade e em número elevado pois foram capturados 20 exemplares; numa quarta vez sôbre a mesma espécie de rato em Serra das Antas; uma sôbre o Rhipidomys mastaealis em Serra dos Cavalos, Caruarú, e uma sôbre o Oryzcmys subflavus de Garanhuns. ê i / 7 17 \l 3/ r.i i {/ /( }v \i Fio. 8 — Laelaps nutalli Hirst 1915. Dorso do exem¬ plar da fig. 7. Quanto ao Laclaps nutalli Hirst 1915 (siu.: L. ( Hacmolaclaps ) nutalli Hirst 1915; Laclaps hawaiensis Ewing 1924) foi encontrado só uma vez, sôbre um entre dois exemplares do rato cosmopolita Rattus rattus alexandrinus, em Pesqueira, no Estado de Pernambuco. Refências ao encontro de L. nutalli fóra des seus habituais hospedeiros, fazem menção dos seguintes animais: Mastomys coucha e Arvicanthis dorsalis na África; Rattus culmorum e Para- meles nasuta (marsupial) na Austrália; Mus musculus molossinus no Japão; Raltus norvegicus caraco, segundo o cita Lange. cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 12-2 NOTAS DE ACAROLOGIA Laelpas latcvenlralis Fonseca 1936 Foi esta a primeira espécie do gênero assinalada no nordeste brasileiro, quando a descrevemos de um “Punaré”, portanto, provavelmente um Cercomys cunicularius (talvez da snbspécie inermis) capturado em Joazeiro, Paraíba. Brasil. É espécie muito característica, das maiores do gênero, bastante larga, de escudo dorsal com faixas e áreas escuras na região anterior, de placa gênito- ventral dilatada e de bordo posterior pràticamente reto. tendendo para a forma triangular, com cerdas rígidas e longas no idiossoma. A formação membranosa mandibular, muito típica, somente tem paralelo no aspecto idên¬ tico, aliás mais reduzido, encontrado em Tur turki sp n. Foi evidenciado no decurso do presente inquérito ser o Cercomys cunicula¬ rius inermis o hospedeiro preferido pela espécie, pois foi encontrada em 95,4%, Sendo o mesmo rato o hospedeiro preferido do Lepronyssoides percirai torna-se muito frequente a associação dos dois Acares, predominando quase sempre o Laclaps latcvenlralis, sendo este o causador das mais intensas infes¬ tações entre todos os roedores aqui estudados. O número de fêmeas encontrado é sempre muito mais elevado do (pie o de ninfas e o destas maior do (pie o de machos, estes só raramente vistos. A espécie foi também achada sobre Hctochilus sciureus, Oryzomys subfla- vus, Oxymycterus angularis, Rattus rattus alexandrinus, Zygodontomys pixuna e uma só vez entre 36 Rhipid-omys maxtacalis parasitados por Acari. Seu encontro cinco vêzes sôbre Monodclphys domestica não é de admirar por se tratar de carnívoro, sendo mais inesperada a verificação em dois Mocós, Kcrodon rupesfris, entre oito exemplares desse Cavídeo que tinham Ácaros, nele se encontrando em uma das vêzes associado ao Lepronyssoides pereirai. Tal como o Lepronyssoides, Laelaps latcvenlralis estava sistematicamente ausente em Oryzomys cliurus e em Proechymis spp., o que. dada a frequência tanto dos roedores quanto dos Ácaros, revela manifesta incompatibilidade de espécies. Além do lote tipo e dos representados no presente inquérito do Serviço Nacional de Peste, foi a espécie capturada uma vez em Taunay, Mato Grosso, sobre Cercomys cunicularius forsteri , o que vem comprovar ainda uma vez a sua adaptação aos Cercomys, possuindo a n< ssa eoleção lotes de S. Francisco (Bahia) e Russas (Ceará) capturados sôbre “Punaré”, portanto um Cer¬ comys sp., de Barra do Corda (Maranhão) em Cercomys cunicularius e de Barro Alto (Goiás) sôbre rato de espécie desconhecida. Aproveito a oportunidade para apresentar os desenhos dos dois sexos e para descrever o macho, ainda não conhecido. Chamo também a atenção para a particularidade da quetotaxia do escudo dorsal da fêmea cujo par de cerdas cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. Inst. BuUntan. FLAVIO DA FOXSECA 103 28 : 99 186 . 1957 / 8 . Fig. 9 — I.arlap» latrrenlralis Fonseca 1936. Sôl>re Cercomys cunicuta- rius forstrri de Mato Grosso. Fig. 11 Fig. 10 — I.arlaps latev&nt ralis Fonseca 1936. Fêmea do mesmo lote que a da fig. 9. — I.arlaps latrrrnt ralis Fonseca 1936. Gna- tossoma da fêmea do mesmo lote da fig. 9. Fio. 12 — Larlaps latrirnl ralis Fonseca 1936. ^ do mesmo lote de Mato Grosso. cm 224 XOTAS DE ACAROLOGIA que recebe a denominação de D4 na nomenclatura proposta por Zachvatkin, correspondendo ao que o autor chamaria de 5.° par submediano e ao iõ de Hirschmann, tem posição mais externa do que a habitual, apresentando afas¬ tamento da linha média pràtieamenoe igual ao das eerdas D3 (z2), que, de regra, nesta e em famílias próximas, é mais externa do que Dl e D2 (i3 e i4). É, portanto,, a anomalia inversa da observada com o Laelaps pitymydis Lange, no qual as eerdas D7 (14) são muito mais aproximadas do que e normal. DESCRIÇÃO DO MACHO Os machos são muito mais raros do que as fêmeas, apresentando com estas muitas características comuns. IDIOSSOMA O comprimento no alótipo é de 1148 micra e a largura ao nível do 4.° par é de 728 micra, tendo o polo anterior afilado e o posterior alargado. PATAS A placa holoventral é reticulada em tôda a extensão, medindo de compri¬ mento total 800 micra. A sua frente se vê um retículo correspondente a uma presternal de fraca quitinisação. Tritosterno bifurcado desde próximo à base, com ramos pilosos, de pelos curtos. O orifício genital é marginal pouco mais largo do que longo, o par de eerdas esternais anteriores é marginal e mede cm SciELO Fio. 13 — Laelaps late- ventralisFon soca 1936. Gnatossoma do j de Mato Grosso. Fio. 14 — Laelaps laterentralis Fonseca, 1936. Face dorsal do macho da fig. 12 Mem. Inst. Butantan. 23: 99186 . 1957/d. FLAVIO DA FONSECA 125 135 micra; o par mediano tem 154 micra e o posterior está fraturado no alótipo, tornando-se as cerdas mais externas à medida que são posteriores. O par metaesternal tem 168 micra. Além do par genital a zona genito-ventral apre¬ senta mais três pares de cerdas, tanto mais longas quanto mais externas e posteriores. A região genito-ventro-anal tem conformação característica, subtriangular, portanto com bordo externo quase reto, formando ângulos laterais ligeiramente retrógrados. Cerdas pares da anal ao nível do bordo posterior do anus, curtas e robustas com 56 micra e cerdas impar robusta com 112 micra. Restante superfície ventral descoberta com meia dúzia de cerdas longas quase tôdas marginais. Face dorsal. — Escudo dorsal com 990 micra de comprimento por 720 micra de maior largura, apresentando o mesmo desenho escuro, na frente, que a fêmea, apenas mais atenuado, o qual torna a espécie muito típica. A queto- taxia é semelhante à da fêmea, sendo as cerdas mais posteriores um pouco mencres, medindo o par submediano marginal posterior 165 micra. Os dois pares anteriores de verticais são curtos, sendo o segundo par menor do que o anterior, não estando representado no desenho por faltar nesse exemplar. Patas. — São robustas, principalmente as duas anteriores. Das coxas só a coxa III apresenta espinho posterior, havendo nessa situação, na coxa I uma cerda forte e longa e na coxa II uma cerda espiniforme. A cerda da coxa IY é curta e piliforme. As cerdas das patas dos três pares anteriores são muito curtas, espiniformes, havendo alguns espinhos marginais posteriores nos fêmures e genual e duas cerdas longas no telofemur I. Pulvillum e garftis normais em tôdas os tarsos. Gnatossoma. — Cerdas das maxilicoxas curtas e subiguais. Mandíbulas com um portaespermatoforo longo e encurvado, sem dedos diferenciados. Descrição de um alótipo, X.° 3872, capturado sôbre Ccrcomys cunicularis inermis em Caruaru, Pernambuco, ao lado de outros exemplares que receberam o N.° 3313. Desenhos do macho e da fêmea dos exemplares N.° 4836, capturados em Taunay, Mato Grosso, sôbre Cercomys cunicularis forsteri. O macho cujo desenho é apresentado na minha Monografia dos Gigantolae- laps, publicada em 1939, como pertencente à espécie Gigantolaclaps butanta- nensis Fonseca, é na realidade um macho de Laclaps lateventrolis, como se deduz da comparação da descrição e da figura que apresento, o que só agora poude ser corrigido, tratando-se de desenho de material do lote tipo, que era o único existente na época em que foi feita aquela publicação. Aliás a discor¬ dância entre a descrição do macho de Gigantolaclaps butanlancnsis e a figura entãr atribuída a essa espécie, ambos naquela Monografia, são tão completas que a troca de desenhos havida será percebida por quem quer as compare. SciELO 121 XOTAS DE ACAROLOGIA Tur turki sp. n. Já 6e encontrava composto o presente trabalho quando recebemos a pu¬ blicarão de Furman e Tipton colocando no gênero Tur Baker et Wkaston 1952 a espécie Laclaps aragonensis Fonseca 1939, para a qual propuséramos i» litc- ris, o novo nome aragaoi, mais de acordo com as Regras Internacionais de No¬ menclatura Zoológica. Fio. 15 — Tur turki sp. n. Ilolótipo ç . Baseiam-se Furman e Tipton no aviso que lhes havíamos dado de que uma nova espécie que pretendiam descrever, fazendo-a genotipo de um novo gênero, e de s eótipos recebido <> X.° 20 em nossa coleção. A espécie ocorre com freqüência no nordeste, tendo sido capturada nos Estados da Bahia, Pernambuco, Ceará. Rkipidomys ceara nus foi o rato en¬ contrado infestado com maior constância, seguindo-se o Rhipidomys mastacalis, vindo a seguir Oryzomys eliurus, Oryzomys subflavus , Cercotnys cunicularis inermis, Hesperomys sp.. Proechymys albispinus, Rattus rattus frugivorus, Thotnasomys pyrrorhinus e Zygodontomys pixuna. Até Galca spixii e Mono- FlO. 22 — Laelaps paulistanensú Fonseca 1936 ç . Mesmo exemplar da fig. 40 dclphys domestica se mostraram suceptíveis de parasitismo. As últimas espécies de ratos citados, entretanto, tal como Galca e Monodelphys pareciam estar para¬ sitadas casualmente, tão raro foi o encontro de L. paulistanensis nesses animais. Além do material tipo figuravam já em nossa coleção lotes desse Acaro coletados sôbre OUgoryzomys tener e “Rato do Taquaral”, de Butantan, S. Paulo; sôbre rato desconhecido de Tietê, S. Paulo e de Barro Alto, Minas Gerias; sôbre Oryzomys sp. de Juiz de Fóra, Minas Gerais e sôbre Oraomys griscoflavus de Buen Retiro, Bolívia. Machos só raramente são vistos sendo aproveitada a oportunidade para descrever os representantes dêste sexo, ainda desconhecidos. cm 7 SCÍELO) 2.1 12 13 14 15 16 134 XOTAS DE ACAROLOGIA Fig. 23 — Laelaps pa ulistanensi.i Fonseea 1936. g Alótipo. Rato silvestre não iden- fieado de S. Benedito, Ceará. Fig. 24 — Laelaps paulistanensis Fonseca. 1936. <5 alótipo. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. Inst. Butantan, 28: 99 186. 1957/8. FI.AVIO DA FOKSECA 135 DESCRIÇÃO DO MACHO Nada apresenta o macho que o caracterize como pertencente indiscutivel¬ mente à espécie paulislanemis, à qual é filiado por diferir dos machos de espécies da região em (pie este sexo é conhecido e por ter sido encontrado entre fêmeas de paulistanensis. Elítieo. medindo 658 micra de comprimento por 448 micra de maior largura, com pilosidade média. Face ventral. — Placa holoventral integra, com 518 micra de compri¬ mento, com preesternal nítida. Tritoesterno pouco piloso, dividido a alguma distância da base. Cerdas esternais de comprimento crescente medindo as ante¬ riores 7o, as medias 86 e as posteriores 93 micra. As cerdas anais pares ficam ao nível do polo posterior do anus e têm 43 micra, medindo a posterior o dobro. A superfície ventral da placa, que é muito expandida, apresenta mais seis cerdas cujo comprimento oscila entre 75 e 90 micra, além do par genital. Face dorsal. — O escudo di rsal mede cêrca de 630 micra e tem pilosidade média, apresentando as cerdas verticais anteriores um pouco maiores do que as médias. O par marginal posterior parece estar quebrado no alótipo, medindo o pequeno par submediano posterior 43 micra. Patas. — Robustas, principalmente as do segundo par, sem espinhos nas coxas, medindo a eerda posterior da coxa I 50 micra, sendo a cerda posterior da eoxa III a mais curta. Garras normais. Gnatossoma. — Das cerdas das maxilieoxas as médias internas são as mais longas, nada havendo na morfologia que chame a atenção apresentando-se o dedo longo escavado, com 84 micra e o dedo curto reduzido. Descrição feita de um alótipo macho X.° 2306, capturado sobre rato sil¬ vestre não determinado, em S. Benedito, Ceará. Laclaps thori Fonseca 1939. Este Laclaps, originalmente descrito de exemplar sem indicação de hospe¬ deiro ou de proveniência, foi encontrado em duas espécies de ratos do nordeste, nos quais foi visto apenas cinco vêzes. A falta de espinhes nas eoxas e o número normal de cerdas do escudo dorsal, as quais não ocorrem em densidade elevada como nas espécies mazzai e iiacasi, distinguem esta entre os Lac¬ laps do Brasil. Pequenas diferenças de dimensões da placa esternal não justificam a criação da entra espécie. L. thori foi visto quatro vêzes sôbre 1 ,SciEL0 ) 11 12 13 14 15 16 I XOTAS DE ACA KOLOGIA 136 llhipidinnys cearaniis, no Município de São Benedito, Estado do Ceará e uma vez sôbre Zygodontomys pixitna ua mesma localidade. O macho continua desconhecido. Schizolaelaps gen. n. Já em 1939 referimos, em trabalho em «pie eram descritas seis n vas espé- cies do gênero Laelaps Kocb. 1836. tôdas neotrópieas, as sucessivas restrições que foi sofrendo a acepção dêste gênero, que, sem embargo disso, conta ainda hoje com mais de meia centena de espécies. Entre os trabalhos posteri res àquele e que ainda mais limitaram a diagnose dos Laelaps figura uma interessante monografia dos Laelaps da Rússia, na qual. além da descrição de novas espécies, são também descritos dois novos subgênercs, hoje elevados à categoria genérica, Oryctolaelaps e Hyperlaelaps. Zachvatkin. seu autor, não se limitou ao trabalho descritivo dessas entidades sistemáticas, dando ênfase à importância de certas espécies de Laelaps na propagação da Tularemia entre roedores silvestres e na conservação de focos (srnsn Pavlonrslcy) da Pastcu relia tularense. Outro aspecto abordado pelo autor eslavo foi o da quetotaxia dos Laelaps, propondo nomenclatura para as eerdas do idiossoma e chamando a atenção para a constância do padrão exibido pelo escudo dorsal, no qual encontrara sempre o número fixo de 39 pares de eerdas. dispostas em séries longitudinais com número certo de elementos. Não teve o trabalho de Zachvatkin. limitado à fauna «la 1'. R. S. K.. escrito em russo e em caracteres cirílicos, sem resumo em outra língua, a repercussão que merecia o texto a não ser em sua própria pátria, não se generalizando o emprego da m menelatura quetotaxica, aliás extensiva aos restantes Laelaptidae e a várias famílias de Mesostigmata. Não somente Zachvatkin propôs nomenclatura para as eerdas do idiossoma. Mais rccentcnieute Ilirschmann (19.>7) adota outro tipo de notação para eerdas de Mesasligmala, o qual. si apresenta a vantagem de localizar melhor o fânero, permitindo até conhecer a situação em que fica implantado, si direita ou esquerda, anterior ou posterior, parece por outro latlo menos suceptível «le generalizaçã por não corresponderem os símbolos alfabéticos a nomes tão compreensíveis quanto os adotados por Zachvatkin. por serem estes latinos e aquêles germânico-, O gênero Laelaps Kocli. 1836 parecia, pois. ter já adquirido uma certa «'stabilidade quando Zachvatkin. ao descrever «luas novas espécies da 1'. R. S. S.. uma «las quais idêntica ao Laelaps kochi Oudemans. 1936. êste um novo nome para um velho Laelaps , o L. pachypas Koeh, 1839, as coloca no novo subgênero Hyperlaelaps. SciELO 11 12 13 14 16 Mrm. In!>t. BntanUn. 2K: 89186. 1957/8. FI.AVIO DA FONSECA 137 O pesquisador russo, que fizera minucioso estudo das poueas espécies então conhecidas da fauna da F.R.S.S., foi levado a criar a nova entidade siste¬ mática não só porque os machos daquelas espécies apresentam a particularidade de ter a placa anal separada da genito-ventral, como também porque a que- totaxia do escudo dorsal diferia da dos Laelaps restantes que estudara. Ao passo que em Laelaps há ortotriquia no escudo dorsal, isto é, as cerdas se distribuem segundo um determinado esquema, em Hyperlaelaps Zaehvatkin. 1948, a distribuição das cerdas no escudo dorsal difere, apresentando menor número de elementos em uma das séries — internueliales (I) — segundo a nomenclatura proposta pelo autor eslavo. Seria uma incoerência aceitar para certas espécies as conclusões de Zaehvatkin sem aplica-las. quando fosse o caso, a outras que também vêm sendo mantidas no gênero Laelaps. É o que sucede ao Laelaps mazzai Fonseca 1939, espécie neotrópica em que, como em Hyperlaelaps, a placa anal é desta¬ cada da esterm-genito-ventral, nos machos, e na qual a qnetotaxia do escudo dorsal difere do padrão atribuído por Zaehvatkin para os Laelaps. Si a independência da placa anal aproxima L. mazzai dos representantes do gênero Hyperlaelaps, a quetotaxia do escudo dorsal desta espécie, ao con¬ trário, impede sua inclusão neste gênero. I)e fato, ao passo que nos Hyperlar- laps tais cerdas são espiniformes e muito curtas, excetuadas as da série M de Zaehvatkin ou R de Hirschmann (Randreihe). isto é, as marginais do escudo, e que há falta de elementos na série I (intermeeliales de Zaehvatkin) ou zZ (Zwischenreihe de Hirschmann), em /.. mazzai , ao contrário, as cerdas não são encurtadas e o seu número excede de muito o de Laelaps, principalmente no macho, em que as cerdas se contam não por dezenas como nesse gênero, mas por centenas. Admitido como fixo o esquema quctotaxico do escudo dorsal cm Laelaps, a espécie mazzai escapará completamente a tal padrão. Não é possível, portanto, a (piem aceita o gênero Hyperlaelaps. querer conservar L. mazzai no gênero em que foi descrito ou incluí-lo em Hyper¬ laelaps, não restando outra alternativa além da de criar para a espécie uma nova entidade sistemática, desmembrando assim mais uma vez o gênero Laelaps. Para Schizolaclaps gen. n.. propomos a seguinte diagnose. — Laclaptidae: fêmea com genito-ventral de dilatação média, provida dc quatro pares dc cerdas, independente da anal e escudo dorsal com neotriquia; macho com placa anal separada da esterno-genito-ventral e com notável hipertricose no escudo dorsal. Genotipo: Laelaps mazzai Fonseca 1939. Em L. mazzai em vez dos 39 pares de cerdas do escudo dorsal que caracte¬ rizam o gênero Laelaps 5cgundo Zaehvatkin. há cêrca de 64 pares na fêmea e quatro vêzes êsse número no macho, ocorrendo a neotriquia da fêmea não só cm 7 SCÍELO) 2.1 12 13 14 15 16 ];}g NOTAS DE ACAROLOGIA em séries já existentes, eomo as dorsales (as mais internas) e as intermediales (a terceira série a contar da mais externa no nível em que fica a placa c.sternal), como também aparecendo, entre estas últimas as primeiras citadas, séries longitudinais que não são encontradas em Latlaps ou em Ihjperlaelaps. Xão há no momento outra espécie que pcssa, com segurança, ser incluída no novo gênero. A que dêle mais se aproxima é o L. na vas i Fonseca. 1939, cujo escudo dorsal da fêmea tem cêrca de 85 pares de cerdas de aspecto seme¬ lhante ao das de L. mazzai. Do L. navasi, entretanto, não se conhece o macho cujo comportamento em relação às placas ventrais será conclusivo para decisão da posição genérica da espécie. O trabalho de Zachvatkin apenas fazendo menção a algumas das espécies que ocorrem na U. R. S. S. e pond de lado a restante fauna mundial, deixava ainda em suspenso a decisão do que do fato deve ser interpretado como ortotriquia em representantes do gênero Latlaps, isto é, si o número de 39 pares de cerdas no escudo d rsal é realmente fixo. Em espécies da mesma fauna representadas graficamente no livro de Bregetova só a da sua fig 205, pifymidis Lange, apresenta apenas 38 pares faltando na figura uma das Submarr/inahs, o que talvez não passe de engano do desenhista ou de defeito tipográfico, pois a competente autora russa inclue aquêle número de cerdas na diagnose genérica que propõe. Em espécies da fauna neotrópica, bem como em L. nulalli e em L. echidni- tiiis, foi agora possível ao autor confirmar o padrão quetotático do escudo dorsal atribuído aos Laclaps pelo pesquisador eslavo, excetuados as Latlaps mazzai e navasi, sendo esta uma das razões que o levam a erigir um novo gênero para a primeira destas espécies, não procedendo do mesmo modo em relação à segunda por ser desconhecido o macho de navasi. A propósito do genótipo de Schizolaclaps muzzai (Fonseca 1939), vem a pelo recordar o que refere Hirschmanu no seu recentíssimo trabalho “Gangssystematyk der Mesostigmata”, publicado em fins de 1957. Partindo de um minucioso estudo comparado da quetotaxia, propõe o autor germânico estabelecer relações de diagna«e específica entre os sexos como entre as várias fases de desenvolvimento com base no estudo da pilosidade. Xo caso vertente do Laclaps mazzai não parece que a quetotaxia resolva tal problema. O macho que atribuimi s em 1939 a esta espécie e que ainda hoje continuamos a acreditar pertencer a ela. tem quetotaxia do eseudo dorsal muito diversa da exibida pela fêmea, aproximando-se mesmo bem mais da apresentada pela fêmea de L. navasi Fonseca, «pie, entretanto, não foi até agora encontrada na área geográfica de distribuição do L. mazzai, não podendo por isso haver confusão entre as duas espécies. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. Inst. Butantan. 28: 99-186. 1957/8. FI.AVIO DA FONSECA 189 Schizolaelaps mazzai (Fonseca 1939). I I Espécie ile dimensões relativamente reduzidas, originalmente descrita no gênero Laclaps da Província de Salta, República Argentina, de onde nos foi remetida, após captura sôbre rato silvestre não identifiead . pelo notável patologista argentino Prof. Salvador Mazza. Para surpreza nossa esta espécie se mostrou com relativa freqüência no nordeste brasileiro, apesar de sua ausência em S. Paulo, de onde não possuímos material, sem embargo de termos coletado Ácaros parasitas neste Estado durante vinte e cinco anos. Foi sobretudo no parasitismo de Hesperomys sp. que esta pequena espécie sc especializou no Brasil, tendo sido encontrado em 80 dos 99 Hesperomys achados com Ácaros ou sejam 78.7'í. Além desse hospedeiro também foi visto sôbre Cercamys cunicularis incrmis, Oryzotnys eliurus. Oryzomys subflavus, Proechimys ihcringi denigratus , Thomasomys pkrrorhynws e Zygodontomys pixii na, sempre, porém em percentagem baixa, parecendo se tratar de hospe¬ deiros inadequados. Foi sobretudo nos Hesperomys do Município de Conquista, Estado da Bahia, onde esse roedor parece ser frequente, que o Schizolaelaps mazzai predominou, sendo muitas vezes ene n trado com exclusividade. cm 7 SciEL0) l:L 12 13 14 15 16 Fio. 25 — Schiz — Srhisolaelai>3 marrai Fonseca 1939. Mesmo exemplar <|uo na fig. 23. terno-genito-ventral, tal como em lli/pcrlaclaps kochi (Koch 1839) (sin. Laclaps kochi Koch 1839) e em Laclaps pachypus Koch 1839. A espécie foi por nós também identificada de Buen Ketiro, Bolívia, sobre Oecomys mamorae e Graomys griseoflavus capturados pelo Dr. J. M. de la Barrera. Aproveitamos a oportunidade para apresentar uma redescrição do macho, dele dando também novo desenho. REDESCRIÇÃO DO MACHO Um pouco menor do que a fêmea e de opistossoma estreitado, portanto de conformação ovoide, e muito piloso. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Hem. In-t. Hutantan. 28 : 99 - 186 . 1957 / 8 . FI.AVIO I»A yONSKCA 141 IDIOSSOMA Mede 630 rniera de comprimento e 435 micra de maior largura. Face ventral. — Placas divididas em esterno-genit«>-ventral e anal. Placa esterno-genito-ventral com 325 micra «le comprimento, com menor largura na zona esternal de 140 micra e maior largura na zona ventral de 162 micra. As cerdas estornais medem, respeetivamente, de diante para traz. 76. 110 e 112 micra. O par genital mede 06 micra. Há hipertrichose da placa que se inicia atrás das cerdas metaesternais. determinando a existência de 26 cerdas suple¬ mentares além das metaesternais e genitais, com distribuição ora simétrica, ora irregular. A superfície «la placa é tôila reticulada, o que lhe confere aspecto escamoso. () b rdo posterior dessa placa é muito pouco marcado, distando 35 micra, na linha mediana, do bordo anterior «la anal. espaço em «pie existe um par de cerdas relativamente longa-, A placa anal, isolada, mede 80 micra de comprimento por 90 micra de maior largura, apresenta superfície reticulada e anus a 15 micra «lo bordo anteri r. As cerdas pares medem 40 micra e são robusti s. não ultrapassando <> eribrum. sendo a ímpar ainda maior e mais forte, estando fraturada no alótipo, único macho disponíwl. A placa inguinal é pequena e alongada. A área descoberta «la face ventral tem cêrca de 25 cerdas de tamanh > pr< gressivamente crescente para traz. Tritoesterno com ramos pouco pilosos. não havendo dentículos visíveis na rima hypopharingis. Face dorsal. — Escudo «l rsal deixando estreita faixa lateral descoberta, de quitinisação fraea; é densamente recoberto por cêrca de 500 cerdas curtas «• rígidas, em geral com 33 a 62 micra, das quais se diferenciam dois pares longos: o «las verticais posteriores, que são flexíveis e medem cêrca de 90 micra e o par submedinuo marginal posterior que nu*«le 115 micra. Em lugar das duas cerdas menorrs. existem, logo à frente «leste, três cerdas de cêrca «le 40 micra, situadas para dentro das duas manchas circulares frequentemente observada em Ladaptulac. «iNA TOSSO MA As cerdas posteriores e as médias internas «las maxilieexas são as mais longas. Troeanter dos palpos com tuberosidade interna com eertla espiniforme, Os rorniculi são pouco quitinisado-. As mandíbulas apresentam dedo único alargado, encnrvailo e eaniliculad . com cêrca «le 80 micra. O labro parece apresentar em toda sua extensão uma goteira mais larga «lo que na fêmea. SciELO, ^ 15 16 14:2 XOTAS DK ACAROLOGIA PATAS A pata II é a mais alargada e a pata IV a mais alongada. Apenas a eerda posterior da coxa III é espinifonue, sendo tôdas as outras pilifcrmes. O tarso IV termina também em garras, ao contrário da fêmea. Red escrivão de um exemplar macho montado na lâmina X.° 2230, ao lado do liolótipo de Tur turky sp. n., capturado sôbre o rato Proechimis iheringi dcnigratus do nordeste brasileiro. Mysolaclaps Fonseca 1036. O gênero Mysolaclaps foi por mim criado para dois Laclaptidac encontra¬ dos sôbre ratos silvestres de espécie na ocasião ainda não determinada, no Brasil meridional. Pareceram-me distinguir-se suficientemente dos restantes membros da família para constituírem gêner autônomo, embora, tal como os Lado ps, apresentassem quatro pares de cerdas na placa gênito-ventral. Agora que mais espécies vêm somar-se a M. microspinosus Fonseca 1936 e a .1/. parvispinosus Fonseca 1936, pode-se reconhecer que de fato havia razão para erigir a nova unidade sistemática. O gênero Mysolaclaps, embora com fisionomia própria e de reconhecimento fácil devido ao seu hábilus, não é de definição cômoda, pois a simples cir¬ cunstância de ter sempre a gênito-ventral muito dilatada não é suficiente para distingui-lo de Laelaps, confusão esta tanto mais fácil quanto há também, mais frcqüentemente, quatro pares de cerdas gênitc-ventrais. Caracterizam-no a coloração carregada das áreas quitinizadas, escudo dorsal, placas esternal e genito- ventral e patas, que nos exemplares conservados em álcool têm côr de chocolate tendendo para avermelhado e contrastando com o tegumento descoberto que às vêzes é de um branco quase puro; o contorno perfeitamente regular do escudo dorsal; a ausência de espinhos nas coxas; as cerdas mais flexíveis do que em Laelaps; a ausência de quaisquer cerdas longas para dentro das margens do escudo dorsal; certa tendência para apre¬ sentar cerdas curtas nas placas ventrais e no escudo dorsal; in. 30 — ifyxoltuUijia hetrronychua sp. n. Mesmo exem¬ plar da fig. 46. Fio. 31 — Mytolaelapt hrteronychy» s p. n. Mesmo lote tpie nas figs. 46 e 47. 14S SOTAS DE ACAKOLOGIA DESCRIÇÃO DA FÊMEA Grandes e bem quitinisadas, de colorido castanho avermelhado e de con¬ torno elítieo, não havendo cutro espinho além do dorsal anterior da coxa II. < > colorido carregado impede o exame por transparência da face oposta à obser¬ vada, nos preparados já clareados. IDIOSSOMA Comprimento do idiossoina 1540 a 1720 micra e maior largura, atraz da coxa IV. de 1130 micra, um pouco mais estreito à frente, onde < polo anterior é levemente proeminente. Face ventral. — Tritoesterno piloso desde a bifurcação. Placa esternal mais larga do que longa, com 266 micra de comprimento, na linha média, por 336 micra de menor largura, ao nível do segundo par de cerdas e 504 micra de menor largura nos prolongamentos entre as coxas II e III; a super¬ fície é de coloraçãi intensa, exceto nas margens. Bordo anterior quase reto, não tccando a base do tritosterno; bordo posterior levemente concavo; bordos laterais fcrtemente eoncavos nos dois terços anteriores. Cerdas da placa de dimensões minúsculas, tal como em Mysolaelapes mieroxpinosus Fonseca 11)36. medindo as anteriores 21), as médias 40 e as posteriores 50 micra : as anteriores ficam implantadas quase na margem, à frente dos poros, separadas por inter¬ valo de 180 micra. Os poros são ligeiramente oblíquos para fóra e para traz. Xão se vê vestígio de preesternal e as metaesternais são de quitinisação fraca e têm cerda também minúscula. A placa gênito-ventral tem a conformação habitual no gênero, isto é, de grande expansão e margem posterior pràticamente reta, bem separada da placa anal. As cerdas genitais ficam implantadas bem para dentro dos bordos e são, como as restantes cerdas ventrais dessa placa, do mesmo tipo minúsculo que as esternais e metaesternais. medindo cêrca de 22 micra. Xisto também difere a espécie do M. micropinosus cujas cerdas posteriores da gcnito-ventral são maiores do que as anteriores. Muito convexa des lados a placa é de bordo posterior quase reto. O comprimento da gênito- ventral. desde a implantação da cerda genital até o meio do bordo posterior é de 420 micra e a sua maior largura é de 670 micra. O intervalo entre as cerdas do par posterior é de 300 micra. Curiosamente, as cerdas do par posterior ficam implantadas já fora da superfície da placa, emb ra a uma distância mínima desta. A placa anal. ao contrário das restantes placas ventrais. é muito fracamente quitinizada, pouco corada e de contornos difíceis de perceber e apresenta cerdas de comprimento normal. A forma da placa é também sni yencrix, exageradamente expandida lateralmente e encurtada cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. Inst. Butantan, 28 : 99 - 186 . 1957 / 8 . FI.AVIO DA FONSECA 140 a frente, de modo que o debrum anal quase toca a margem auterior da placa. A placa é muito mais larga do que longa, medindo 150 micra de comprimento por 250 micra de largura. As cerdas pares, com 110 micra, ficam implantadas a pequena distância do rebordo anal e pouco para frente do polo posterior do anus. A cerda impar é mais longa tendo 170 micra e um pouco mais forte do que as pares. Placas inguinais quase circulares, nítidas, mas sem a colora¬ ção intensa da genito-ventral. A base de tôdas as cerdas das placas vem ter um canal (?) visível por transparência, mais longo quando correspondente às cerdas genitais. O peritrema é ventral em tôda extensão e atinge a coxa II. prolongando-se à frente as perilremalalia. Face dorsal. — O escudo dorsal, com cêrca de 810 micra, é fortemente corado, de aparência lisa quando examinado à lupa entomológica, antes do clareamento, cobrindo quase todo o idiossoma, apenas deixando descoberta estreita faixa, de bordos muito regulares a partir da coxa II para traz, apre¬ sentando-se ligeiramente acuminado e com vestígios de hombros na região do propodoss ma. A quetotaxia do escudo é característica, mantendo a tendência de hipotrofia capilar habitual nas representas desse gênero. Pràtieaniente só têm comprimento normal as cerdas verticais anteriores, com 85 micra, e as submedianas marginais posteriores com 154 micra, essa* mesmas ainda assim pequenas para as dimensões da espécie; até as cerdas verticais posteriores são curtas, ao contrário do observado nas restantes espécies do gênero. As cerdas marginais do escude são um pouco maiores, orçando por volta de 60 micra, mas as cerdas internas são realmente minúsculas, às vêzes só pereepítí- veis com aumentos fortes do microscópio composto, tendo o par submediano posterior cêrca de 18 micra. O escudo apresenta uma série de poros, ora de fermar circular, com pertuito nem sempre central, ora em forma de fenda; na base das cerdas não tem as formações com aspecto de canal observadas nas placas ventrais. PATAS São robustas sem alargamento exagerado. As cerdas das coxas são pili- formes, de tamanho médio, a posterior da coxa II mais longa e a da coxa IV minúscula. O reb rdo anterior e posterior das coxas é denticulado e a coxa II apresenta forte espinho dorsal e anterior. A característica principal das patas consiste no comportamento das garras, totalmente ausentes no tarso I. que entretanto continua a sustentar um pulvillum, o qual, como nos restantes tarsos, nà é expandido. Os tarsos II a IV apresentam, ao lado de uma garra dorsal de tamanho normal e curvatura regular, uma garra ventral grandemente hipertrofiada e dobrada em ângulo reto, constituindo o melhor caráter distin- cm 7 SCÍEL0) 2.1 12 13 14 15 16 150 XOTAS DE ACAKOI.OGIA tivo da espécie, por êle logo reconhecível entre quaisquer outros Laclaptidac. Xesses tars s os pulvilli são também mais desenvolvidos e formam uma espécie de capa que protege a base da garra até a curvatura, havendo ainda prolon¬ gamento ou empódio de ápice franjado que atinge a região distai da garra. Ao passo que os tarsos de II a IV apresentam poucos pelos, o tarso I. ao contrário apresenta área distai dorsal com mais de 20 pelos de vários tipos, demonstrando a transformação d órgão ambulatório em órgão de sensibilidade. GXATOSSOMA fc relativamente curto. As maxilicoxas têm as cerdas habituais, sendo as posteriores as mais curtas e as médias internas as mais longas. A rima hypo- phagyngis tem uma fileira de 10 dentículos. dos quais só os mais auteriores são duplos, ('orniculi bem desenv lvidos mas não muito quitinisados. Mandí¬ bulas fortes, com pulvillum na base. cada um dos digili com dois dentes, sem contar a ponta e o digitus fisus com pilas dentilis curto e de ponta fina. Hipostômio com prolongamenti s membranosos com pelos curtos. Labrum muito conspícuo c com pelos curtos. Palpos com cerdas progressivamente mais fracas para os artículos distais e a carda bífida característica dos Laelaps. Descrição de cinco cótipos fêmeas em três lâminas, X.° 2569, capturado sôbre o rato Rhipidomys maslaca'is, em Quandus. Município de Caruarii, Estado de Pernambuco, a 6. II. 1953. Uma larva, dissecada de fêmea pertencente a outro lote, apresentava onze pares de cerdas dorsais longas, tanto mais longas quanto mais externas e pos- . terinres, especialmente a M 11 de Zachvatkin. Xunea foram capturados machos ou formas jovens sôbre os hospedeiros ou seus ninhos. Além do hospedeiro tipo, sôbre o qual se encontra com regularidade, a espécie foi ainda capturada sôbre Rhipidomys maculipes, Rhipidomys cearanus, Crrcomys cuui- r a lar is inermis, Ilolochilus sciureus, Oryzomys r!i urus, O. subflavus e Oxy- niicterus angularia, entre os roedores, c Monodrlphys domestica entre os mar¬ supiais. o que atribuímos a parasitismo acidental dêste predador. Rato xuau e Rato fidalgo foram outros roedores ainda não identificados sôbre os quais foi vista a espécie. Apesar das numerosas capturas realizadas na Bahia, onde é freqüente o M ysolaclnps parvispinosus, não obtivemos material de Mysolaelaps heterony- chus desse Estado, provindo todos os 1 tes de Pernambuco e Ceará, o que provavelmente estará relacionado com a distribuição geográfica dos Rhipi¬ domys. Desta nova espécie recebemos alguns lotes da Bolívia, remetidos pelo Dr. .1. M. de la Barrera, encontrados parasitando Graomys griseoflavus e Orymygctcrus doris de Água Hedionda e Graomys griseoflavus de Novillos e de Flori pondio. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Meni. In«t. BuUntan. 28 : 99 - 186 . 1957 / 8 . FLAVIO DA FONSECA i.')i Os desenhos foram obtidos do material t pótipo X.° 2252 de Osymictnus aiigularis de Caruarú. O Mysolaclaps microspinosus Fonseca. 1936 não foi encontrado no nordeste brasileiro. Desta espécie, além da referência original em rato, aliás conhecido vulgarmente pelo nome de “Rato do taquaral”, temos lote encontrado sobre Oryzomys eliurus, sem indicação da localidade e cinco outros capturados sôbre Oryzomys mattogrossae em Ouro Prêt . Minas Clorais, estes objeto dc refe¬ rência em trabalho publicado neste volume em colaboração com o Prof. Ge- rardo Trindade. Mysolaclaps parvispinosus Fonseca 1936 Xo trabalho original de 1936 pr< puzemos esta espécie para genótipo de Mysolaclaps Fonseca 1936. Muito representativa do pequeno grupamento das três espécies brasileiras, é também a menos anômala, pois não apresenta a Fio. 32 — Mysolaclaps parrispinosus Fonseca 1936. Cétipo ç . considerável redução de tamanho de cerdas esternais de M. microspinosus, nem a anomalia das garras de .1/. hetcronychus sp. n. Deve esta ser a espécie mais disseminada do gênero, tendo sido encontrada no nordeste com grande freqüência e sôbre número elevado de hospedeiros. cm 7 SCÍELO) 2.1 12 13 14 15 16 152 XOTAS DE ACAROLOGIA O hospedeiro tipo, o rato X.° 266 capturado em Butantan, S. Paulo, bem como os topótipos de N.°* 269 e 270, foram, posteriormente à publicação da descrição, identificados ao Oryzomys eliurus Wagner, tendo a lâmina com dois cótipos tomado o N.° 13 em nossa coleção de Ãearos. É interessante frisar que no nordeste foi o mesmo Oryzomys eliurus o rato mais freqüentemente encontrado parasitado por esta espécie, pois de 168 exemplares identificados que apresentavam parasitismo por Acari foi o My so¬ lada ps parvispinosus colhido em 92, dando percentagem de 54.8%, ao passo Fio. 33 — llyssoalelaps parrinosus Fonseca 1936. Cótipo 9 que o hospedeiro seguinte mais freqüentemente parasitado, 0 Hcsperomys sp., deu proporção de 16.3% em 98 ratos, não levadas em consideração, evidente¬ mente as espécies de roedores das quais o número examinado não era significa¬ tivo. O mesmo Oryzomys eliurus figura em nessa coleção como hospedeiro em Terezopolis, Rio de Janeiro, havendo referência também a Oryzomys sp. de Juiz de Fora, Minas Gerais. Oecomys mamorac foi encontrado parasitado em Bueu Retiro, Bolívia, de onde recebemos material para identificar colhido pelo Dr. J. M. de la Barrera. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. In*t. Butantan, 28 : 99 - 186 . 1957 / 6 . FLAYIO PA FONSECA 153 Xesta espécie chama a atenção o comprimento relativamente grande da plaea esternal. que mede 294 micra de comprimento por 266 micra de menor largura num dos cótipos. ao passo que em Mysolaelaps microspinosus Fonseca 1936 estas medidas no holótipo são repectivamente de 252 micra e 266 micra e cm Mysclaclapcs hcteronychus sp. n., são de 266 micra e 336 micra num dos cótipos. Gigantolaelaps Fonseca 1939 Inclue este gênero as maiores espécies de Ácaros parasitos não Ixodidcs caracterizando-o, além das dimensões maiores, a genital quase sem dilatação posterior e, conseqüentemente, com um único par de cerdas, e a longa cerda pcsterior da coxa II, quase sempre de comprimento exagerado. Até 1936 eram conhecidas apenas quatro espécies deses gigantescos Laclaptidae, em sua maioria ainda mantida^ no gênero Laelaps: Laclaps irolffsohni Oudemans 1910, Laclaps maximus Berlese 1903, Laclaps verstecgi Oudemans 1904 e Macrolaclaps peruvianus Ewing 1933. Xaqueia data descrevi no gênero Macrolaclaps Ewing. 1929. as espécies Macrolaclaps bulantanensis, Macrolaclaps mattogrosscnsis e Macrolaclaps brachypinosus, todas de S. Paulo »• Mat Grosso. Logo a seguir, tendo encontrado mais quatro novas espécies com as mesmas características gerais, reconheci tratar-se de um grupo natural, predominantemente neotrópico, e erigi o gênero Gigantolaelaps Fonseca 1939, nêle incluindo a espécie L. versteegi, mencionando L. xcolffsohni como outra provável participante do gênero. Em 1949 Morlan refere o encontro freqüente de um Gigantolaelaps em ratos do Texas e da Geórgia, tendo descrito em 1951 o G. cricctidannn Morlan 1951, o primeiro e até agera único representante neartico do grupo. Xo presente estudo de Ácaros de pequenos mamíferos do nordeste brasi¬ leiro foram encontradas mais duas espécies novas, o que eleva a quatorze o número de espécies conhecidas, tôdas do continente americano. A predominância de uma das espécies na fauna do nordeste foi extraordi¬ nária, sendo enorme o número de animais parasitados por Gigantolaelaps vitz- thumi, só ou associado. A disseminação desta espécie foi tal que mesmo ani¬ mais que não seria de esperar fossem susceptíveis de um tal parasitlsmo foram encontrados infestados, como Sus scrofa e I)>dclphys paraguaycnsis, chegando a sugerir engano de rotulagem. cm 7 SCÍELO) 2.1 12 13 14 15 16 154 XOTAS DE ACAROLOGIA Além de Gigantolaclaps vitzthumi (figs. 34 e 35, alótipo S .foi também encontrado o G. butantancnsis, descrito originalmente de S. Paulo, sendo, entre¬ tanto essa verificação feita em número muito menor de hospedeiros, tal como aconteceu às espécies Gigantolaclaps gilnwrei, Gigantolaclaps goyancnsis e Gigantolaclaps oudcmansi, somente observados em poucos casos, e às novas espécies Gigantolaclaps cancstrinii. vista doze vezes, c Gigantolaclaps strandt- manni encontrada seis vêzes. Fio. 34 — Gigantolaclaps vitzthumi Fonseca 1939. Alótipo £ . Foi impressionante o número de lotes de espécies deste gênero obtidos. Em 1500 roedores parasitados e identificados, com um total de 2661 lotes de -lcflri nada menos de 797 vêzes pertenciam estes ao gênero Gigantolaelaps, predominando esmagadoramente a espécie tipo. G. vitzthumi Fonseca, encon¬ trada em 647 entre 1500 roedores. Certos gêneros de ratos entretanto, parecem não oferecer condições próprias ao parasitismo dos Gigantolaclaps. K o que se verifica em Akodon, Ccrcotmjs, Proechymys, Hattus e Rhipidomys. cm SciELO Man. Inst. Butintan. 28 : 99 186 . 1957 / 8 . FLAVIO DA FOXSKCA 155 Fio. 35 — Giganlolaelap* ritrthumi Fonseca 1939. Alótipo £ . Giyantolaelaps butantanensis (Fouseea 1936). Esta espécie, originalmente publicada como Macrolaclaps butantanensis Fonseca 1936, foi redescrita em 1939, ocasião em que ficou conhecido o macho, do qual, por imperdoável descuido, foi apresentada figura que de todo a êle não pertence e que está em flagrante discordância com a descrição, tratando-se de macho de Laclaps latevcntralis Fonseca 1936, só agora descrito no presente trabalho. Xo inquérito atual foi a espécie vista sôbre dez ratos de espécies diversas, mostrando marcada predileção pelo hospedeiro tipo, o Oryzomys cliurus, sôbre o qual foi vista 71 vêzes em 168 ratos desta espécie parasitados por Ácaros, ao passo que no hospedeiro congenérieo Oryzomys subflavus , muito mais abundante, representado por 574 espécimes parasitados, apenas 25 vêzes foi capturado o G. butantanensis. Chama a atenção o fato de não ter a espécie sido encontrada em um só dos 349 Cercomys cunicularis inennis portadores de acarianos e só raramente aparecer nos representantes do gênero Rhipidomys. cm 7 SciELO) l:L 12 13 14 15 16 156 XOTAS DE ACAROLOGIA A reintrância angulosa da extremidade posterior do escudo dorsal da- fêmeas é ainda o caráter distintivo que mais chama a atenção ao ser feita a diagnose. Além do hospedeiro tipo, no qual foi também encontrado em Terezopolis, Rio de Janeiro, e dos mencionados em nossa Tabela I há referência à espécie sôbre Zygodontomys lasiurus de Butantan, São Paulo, figurando em nossa coleção lotes de Barra do Rio São Domingos, Goiás, e do Distrito Federal, sôbre ratos desconhecidos. Gigantolaelaps strandtmanni sp. n. Entre os Gigantolaelaps mais representativos do gêner figura esta espécie, do grupo das que têm espinhos posteriores nas coxas I e III, de coxa I com 2 espinhos, de escudo dorsal de extremidade levemente côncava, cerdas dorsais do telofemur I longas e cerda anal impar pouco mais longa do que as pares, fi próxima de Gigantolaelaps goyanensis, da qual a distinguem o escudo dorsal de extremidade arredondada e o telofemur com cerdas dorsais curtas na espécie de Goiás, sendo também apresentada com o Gigantolaelaps mattogrossensis, cuja cerda impar da placa anal, entretanto, é muito mais longa do que as pares, tendo quase o dobro do comprimento destas, o que não sucede à nova espécie. De morfologia mais coincidente parece ser a única espécie neoartica, o Gigantolaelaps crícetidarum Morlan, cujo idiessoma, porém, mede apenas 1600 micra, em contraste com os 1900 micra da nova espécie, parecendo que nesta a projeção anterior da placa esternal é mais pronunciada e que a cerda posterior da coxac II é mais longa, pois mede 420 micra ao passo que em cricctidarum- oscila entre 278 e 340 micra. Originalmente obtida do norte, Estado do Pará, foi agora encontrada no nordeste, sendo aproveitada a oprtunidade para descrever a espécie. FÊMEA Espécie de quitinisação forte e tamanho médio para o gênero, com um comprimento de 2035 micra até o ápice dos palpes. IDIOSSOMA Idiossoma com eêrea de 1870 micra por 1330 micra de maior lagura, muito afilado na frente. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Metn. Butantan. 28 : 99 186 . 1957 / 8 . FLAVTO DA FONSECA 157 Face ventral. — Placa esterual de quitinisação forte, ainda mais acentuada nos bordos laterais, com prcjeção curta na altura do intervalo das coxas I e II e ângulo arredondado no ponto de encontro dos bordos laterais e posterior, medindo 364 micra de comprimento na linha média, dos quais 100 micra correspondem à projeção anterior, e com largura mínima de 360 micra e máxima de 392 micra. As cerdas esternais anteriores, muito longas, com 335 micra, ultrapassam ligeiramente o bordo posterior da placa e estão implantadas junto n bordo, ao nível da parte média da projeção da placa. Cerdas médias com 350 micra, situadas para dentro do bordo e cerdas posteriores com 365 micra, junto do ângulo arredondado postero-interno. Poros horizontais, no limite entre a placa e a sua projeção anterior, no prolongamento de uma linha que parte das cerdas anteriores. Tritoesterno com a base inteiramente encoberta pela projeção da placa, dividido desde próximo â base, com hastes pilosas cujo ápice atinge o nível do par de cerdas médias das maxilicoxas. Placas metaesternais pouco diferenciadas atingindo a esterual, com cerdas de 336 micra. Placa genital um tanto expandida, com largura de 224 micra ao nível do par de cerdas e largura máxima de 280 micra, com um par de cerdas que medem 266 micra e não atingem o bordo posterior da placa, mais fracas e menores do que as esternais e as metaesternais. Placa anal triangular de ângulos anteriores arredondados, com cêrea de 210 micra de comprimento por 210 micra de maior largura, com cerdas pares da anal com cêrea de 168 micra e impar de 224 micra.diferença, portanto, muito menor do que é habitual no gênero Gigantolaclapx. As cerdas pares estão implantadas cm nível um pouco posterior ao meio do anus e equidistantes deste e dos bordos. Placas meta- podais irregulares e relativamente largas. Superfície descoberta ventral pilosa, com cerdas rígidas, a maior das quais, posterior, mede 322 micra. Estigmas ao nível do bordo p sterior da coxa III, sem prolongamento posterior das peritremalalia. Face dorsal. — Escudo dorsal oval estreitado, fortemente quitinisado, principalmente na região do rebordo, sem zonas areoladas, não recobrindo tôda a largura e não atingindo a extremidade posterior do opistossoma, de bordos regulares, com hombros pouco pronunciados, de extremidade anterior muito afilada e escura e com polo posterior ligeiramente concavo entre as cerdas posteriores, as quais medem 210 micra. O escudo mede 1680 micra de com¬ primento por 1050 de maior largura. O par de cerdas vertical anterior tem cêrea de 140 micra e as do terceiro par 2S0 micra, não sendo possível medir as do segundo par devido à posição erecta, tendo o primeiro par submediano 238 micra e o pequeno par posterior 84 micra, sendo de 140 micra o tamanho da mencr cerda do escudo depois desta. 2 3 4 5 6 7 ^ j_i j—i w . 11 12 13 14 15 16 158 XOTAS I>K acarolooia PATAS Muito robustas, principalmente as dos dois pares anteriores. Coxa I com dois espinhos, o posterior com 84 micra e o anterior com 70 micra; coxa II com espinho anterior de 84 micra e longa cerda flexível posterior com 448 micra; coxa III com espinhos anterior e posterior subiguais, com 75 micra; coxa IV com cerda espiniforme de 78 micra. Pata I com eerdas longas no fernur, medindo a maior do basifemur 518 micra, tendo o tarso I só pelos finos. Pata II alargada, com alguns espinhos forte* no tarso, o mais robusto, subapieal externo, com 72 micra por 18 micra de maior largura. GXAT0S80MA Maxilieoxas com as eerdas habituais que medem: as posteriores 75 micra, sendo as mais robustas; as médias internas 144 micra e as externas 75 micra; anteriores com 97 micra. Rima hypopharyngis com 11 séries, geralmente com 2 e raramente com 3 dentícnlos cada uma. Mandíbulas com o aspecto habitual do gênero. Descrição de 2 cótipos X.° 3037, capturados pelo Dr. II. Laemmert sôbre um "Rato dYigua". talvez Xectomys squamipes amazônicas . na Fazenda São Francisco, Município de Vigia. Estado do Pará. material êsse doado ao autor pelo saudoso Prof. Henrique Aragão. Esta espécie foi capturada seis vêzes no nordeste, duas sôbre Holochilus sciureus de Caruaru e uma sôbre Oryzomys eliurus de Garanhuns, ambos Municípios do Estado de Pernambuco; das outras três capturas não há indicação do hospedeiro, provindo as três dc viçosa, Ceará. Gigantolaclaps canestrinii sp. n. Espécie de tamanho pequeno para o gênero, medindo 1870 micra de com¬ primento total até o ápice dos palpes e lembrando de perto pelos seus caracteres quetotaxicos o Gigantolaclaps butantanensis (Fonseca 1936), o Gigantolaclaps gil morei Fonseca 1939 e o Gigantolaclaps wolffsohni Oudemans 1910. É de quitinisação média, apresentando eerdas de desenvolvimento normal para o gênero. Das coxas apenas as do terceiro par apresentam espinho posterior, assim mesmo de desenvolvimento médio. As patas II, III, IV apresentam a partir do genual eerdas espiniformes fortíssimas ou mesmo verdadeiros espi- nhrs, com robustez máxima no tarso da pata TI. Idiossoma com 1400 e 1650 micra de comprimento por 1150 micra de maior largura ao nível do 4.° par de coxas. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Metn. In*t. Butantan. 28 : 99 186 . 1957 / 8 . KLAVIO I»A KONSKCA 159 Face ventraL — Placa esternal com projeção mediana que não atinge a base do tristostemo e mais quitinizada nos bordos. Cerdas anteriores implan¬ tadas ao nível dos limites laterais da projeção mediana e um pouco afastada do seu bordo anterior, com 265 micra. Cerdas medianas com 300 micra, mais ou menos equidistantes das anteri res e das posteriores, afastadas do bordo externo e cerdas posteriores com 310 micra, próximas dos ângulos posteriores Fio. 30 — Gigantolarlap* ramr*trinii sp. n. Cótipo ç . e afastadas dos bordos. A placa esternal mede 295 micra de comprimento na linha mediana, incluindo a projeção anterior, e 320 micra de largura ao nível do par de cerdas mediano, onde é mais estreita. O ponto de implanta¬ ção das cerdas apresenta elevação tubercnlar, não sendo a superfície da placa cm 7 SCÍEL0) 2.1 12 13 14 15 16 17 160 XOTAS DE ACAROLOGIA esculpida. Placas metaesternais alongadas, fundidas na frente com a esternal e com cerdas de 249 micra. Placa genital levemente expandida, com cerdas genitais que ultrapassam sua extremidade posterior e medem 235 micra. Placa anal fracamente quitinizada, de ângulos esculpidos e eribrum nítido, com anus grande e cerdas pares flexíveis, de 115 micra, implantadas para traz do nível do meio do orifício anal; cerda impar mais robusta, flexível, com 250 micra. Kio. 37 — Giffaulolnrlnpx canmlrin ii s[>. n. C6tipo Ç Placas inguinais eliticas. Superfície ventral descoberta com cerca de 100 cerdas de comprimento médio e ligeiramente flexíveis, medindo 130 e 162 micra. Patas. — Coxa I com duas cerdas, a proximal mais forte e pouco mais longa, com 112 micra, e meni s flexível do que a distai. Coxa II com cerda anterior curta, rígida e pouco encurvada e cerda posterior do tipo longo e flexível com mais de ISO micra. Coxa 111 com cerda espiniforme anterior, mais SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Vem. Inst. Butantan. 28 : 99 186 . 1957 / 8 . FLAVIO DA FONSECA 1G1 forte do que a da eoxa II e espinho posterior mais curto do que a eerda pre- citada e não muito robusto. Coxa IV com eerda espiniforme robusta e relati- vamente curta. Basifemur I com duas eerdas mais fortes, das quais uma muito longa e flexível, cem cêrca de 300 micra e telofemur da mesma pata com várias eerdas fortes e uma também longa e flexível, com cêrca de 280 micra. Tarso 1 com pelos finos. Tarso II com os mais robustos espinhes encontrados na fêmea, principalmente um subapieal, mas não os mais longos, (pie são as dos tarsos III e IV. (pie podem atingir até 140 micra. U gnatossoma é destituído de particularidades que earacterisem a espécie, sendo longas as eerdas das maxilieoxas, das quais as médias internas, com cêrca de 126 micra, são as maiores e as médias externas, de 64 micra, as menores. A espécie pode ser distinguida de G. wolffsohni pela base do tritoesterno descoberta e pela falta de alargamento tio femur I. devend . entretanto, ser muito próxima da espécie de Oudemans. De G. butantanensis diferencia-se pela forma da extremidade posterior tio escudo dorsal tpie em (!. cancstrinii não tem o entalhe típico do G. butantanensis. De G. gilmorei Fonseca e G. vers- tccgi Oudemans 1004 distingue-se pela eerda posterii r da eoxa II. que nestas duas espécies, por ser bem mais curta, constitue exceção no gênero Gigantolac- laps. Do um modo geral se distingue tias congêneres por não ser espinhosa e por ser entre as que apenas apresentam espinho na eoxa III. a única com as dimensões apontadas e de eerda posterior da coxa II longa, cujo escudo dorsal não tem entalhe posterior, nem espinhos fortes nos tarsos. Quatro eótipos fêmeas X.° 4601, capturados sôbre “Rato de Arvore” em localidade não especificada do Brasil, a 30.1.1944, provavelmente pelo Dr. II. Laemmert que os entregou ao Prof. Henrique Aragão, o qual fêz doação do material ao autor em 1950. O lote traz o número original M - 17.174. A espécie foi encontrada no nordeste parasitando Oryinmys eliurus, Oryzomys svbflaws e Proechimys albispinus, sendo mais freqiiente no primeiro, em Garanhuns e Caruaru, Pernambuco, tendo sido também vista em “Rato de Gravata” em Jequié, Bahia. Gigantularlaps gilmorei Fonseca 1939. Também esta espécie se achava representada, tendo sido obtidos sete lotes. É a maior do gênero, e o maior Ácaro parasita não Ixódida. caracterizando-a a ausência de eerdas muito longas no femnr da pata I. o não alargamento das patas I e TI, a projeção anterior menos desenvolvida da esternal e a eerda posterior da coxa II relativamente eurta e p ueo flexível, este último caracter dimensional apenas compartilhado pelas espécies G. ondemansi e G. versteegi 1G2 NOTAS I>E ACAKOLOGIA Além da referência original sôbre rato desconhecido e sôbre Echimys sp. de Anápolis, Goiás, constam da nossa coleção um lote capturado sôbre Oryzo¬ mys sp. de localidade ignorada e outro de "rato do inato” de Brusque, Santa Catarina. Brasil. Os hospedeiros do nordeste são referidos no quadro geral. f 1 iyantolaelaps goyaiiensis Fonseca 1939. Esta espécie foi capturada uma vez sôbre hospedeiro não identificado de Viçosa, Ceará e outra vez de Caruaru, Pernambuco. Em nosso fichário está assinalada a presença na coleção de material da Bolívia, onde foi capturado por J. M. de la Barrera em Buen Retiro, sôbre Graomys griseoflavus. Dos lotes restantes consta referência no trabalho original. Giyantolatlaps oudemansi Fonseca 1939. Embora perfeitamente reconhecível como pertencente ao gêner . é esta a espécie mais aberrante, devido à hipertricose da esternal, ao escudo dorsal estreitado, à eerda relativamente curta no bordo posterior da coxa II e ao número baixo das fileiras horizontais de dentículos na rima hypopharyngis, que são apenas 6, com 2 a 4 elementos, quando em cinco outras espécies exa¬ minadas são 10 a 12 fileiras, fazendo exceção o G. gilmorei. que apenas tem sete. G. oudemansi é espécie rara no nordeste do Brasil, só tendo sido vista em hospedeiro identificado uma vez. em um Oryzomys sub flavas de localidade ignorada, e em hospedeiro não identificado quatro vêzes, em S. Benedito, no Ceará e em Quebrangulo, Alagoas. Além das referências encontradas na descrição original, figuram ainda em nassa coleção lotes capturados sôbre Oryzomys Icucogaster de Juquiá. São Paulo. Oryzomys sp. de Vigia e de Belém. Estado do Pará e sôbre Ilcspe- romys muriculus de Buen Retiro, Bolívia. Morlan (1951) refere o encontro de Giganlolaclaps oudemansi sôbre Oryzomys ralticeps em Genipapo, Anápolis. Goiás, onde os exemplares apresentam quatro cerdas suplementares esternais, em vez de duas ou três como é referido na descrição original. Eubrachylaelaps Ewing 1929. Erigido para a espécie Laclaps hollisteri Ewing 1925. da Califórnia, este gênero continuou monotipico até que foi descrita a espécie E. rotundas Fon¬ seca 193(> e só recentemente, em 1947. 1950 e 1951. graças às pesquisas de dantesou. mostn u como é dilatada a sua distribuição geográfica, que da Amé¬ rica do Xorte alcança o Brasil. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 t Ki. ■>S — kubrarhylatlaim rotvwhix Foi 8eoa 1936. Topótipo ç n.® 3õ parasita de ZygotUmtomua Ui- Fia. 39 r. ubrachylatlnpa rotunilu* Fon¬ seca 1936. Tópotipo ç n.° 3.3, parasita d«* Z;/ r ilontoiin/s la- *11 TI'*. xi uru. i 7 SciELO) l:L 12 13 14 15 16 17 Mtm. In T. Butontan. F LA VIO DA FOX SECA iro 2*: 9K ACAROLOCIA 166 Pic. 42 — Eubracliyladap.x rotundu* Fonseca 1936. Parasita de rato não identificado de Bert ioga, Santos. Fio. 43 — Eubnicbyladap .< rotundu.i Fonseca 1936. Parasita «le rato nao identificado de Beriioga, Santos. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mrm. In*t. Butantan. 2 *: 99 186 . 1957 / 8 . FLAYIO I>A FONSECA 167 par ile eerdas posteriores, sendo o bordo reto entre essas duas. Os limites do escudo são um tanto indistintos na frente. As eerdas verticais têm o aspecto apresentado na figura, sendo o par médio mais curto e ereeto e o posterior mais longo, com cêrca de 42 micra, e dirigido para traz. O primeiro par submediano, com cêrca de 11 micra, é ainda mais curto do que as restantes eerdas da superfície interna do escudo, as quais medem no máximo 15 micra. Somente as eerdas marginais são mais longas, medindo as do par mais posterior cêrca de 90 micra e as do par seguinte cêrca de 29 micra, não alcançando mais de 23 micra as do 3.° par. Sôbre os hombros, portanto na altura da coxa I, liá duas eerdas aproximadas, das quais a mais externa e anterior é curta e a outra é relativamente longa. O material tipo difere do agora descrito por apresentar o material original as eerdas do primeiro par submediano, as duas eerdas d( s hombros e as marginais posteriores tôdas mais longas do que o que agora descrevemos, sendo tal diferença principalmente sensível em relação às oito eerdas marginais do escudo dorsal que se seguem ao par posterior. Patas. — Tôdas entroncadas, somente os artículos finais da pata IV sendo um tanto mais finos; a própria pata I é robusta como as outras. Não há verdadeiros espinhos nas coxas e sim eerdas rígidas, finas e longas sendo a posterior da coxa III a mais robusta e a única cerda da coxa IV a menor, chegando a ser dificilmente perceptível. Da cerda anterior da coxa II não se chega a perceber a implantação, tão superposta lhe fica a coxa I. Tôdas as cerda e pelos das patas são rígidos, tendo o ba-ifemur I uma cerda mais longa dorsal. O tarso I é encurtado e exibe um grupa de pelos dorsais, subterminais dos quais um sempre muito encurvado. As garras dos tarsos são ineonspíeuas. principalmente as do tarso I. Gnatossoma. — O exame in situ é difícil, não tendo sido tentada a disecação. A extremidade proximal da base é c berta pelo bordo da placa esternal. As eerdas posteriores das maxilicoxas são de tamanho diminuto, sendo as média- internas as maiores. As mandíbulas são de í.aclaptiilac e o pilus dentilis é de ponta afilada e não dilatado. DESCKIÇAO DO MACHO O macho desta espécie, muito raro. ainda não havia sido descrito, o que agora fazemos, aproveitando material topótipo. O macho é robusto mas de quitinisação fraca e mede 490 micra de com¬ primento por 422 micra de maior largura ao nível do 3.° par de patas. Face ventral. — Embora a placa holoventral seja íntegra, há diferença de aspecto da placa anal, cujo retículo é diferente. Das eerdas esternais a anteriore- são um pouco menores, ficando implantadas no bordo da placa, dos cm 7 SCÍELO) 2.1 12 13 14 15 16 16S XOTAS DE ACAROLOGIA laclcs do órgão masculino, que é largo e faz saliência na margem anterior. Parece haver uma pre-esternal menos quitinizada. A região genito-ventral é bem alargada, atingindo o nível do bordo externo das coxas, estreitando-se em seguida para alcançar a largura da anal. tendo oito pares de cerdas iguais. A cerda impar da anal é pouco maior do que as pares, estas implantadas quase ao nível do meio do anus. A região ventral descoberta tem poucas cerdas, sendo maior o par mais posterior. O tritoesterno não foi visto com nitidez. Estigmas ao nível do intervalo das coxas III e IV; peritremas curtos apenas atingindo a coxa II e peritrematalia longa, atingindo o bordo anterior da coxa I. Face dorsal : — Escudo dorsal elítico, cobrindo todo o idiossoma, de mar¬ gens indistintas paralelas no centro. O par de cerdas mais longo é o mar- largura, de margens paralelas no centro. O parde cerdas mais longo é o mar¬ ginal posterior, vindo em seguida o vertical posterior, atrás do qual ha oito pares de cerdas submedianas. PATAS Sem espinhos nas coxas, sendo a cerda posterior da coxa III, a mais robusta, espiniforme e curta. As patas são rcbustas, principalmente a pata II. só no femur I sendo notadas cerdas dorsais um pouco menores. Tôdas as patas com pulvilli e garras. G.VATOSSOMA A rima hypopharinyis tem cêrca de cinco séries de dois dentículos. Das cerdas das maxilicoxas as médias internas são as maiores. Labro lcngo, lan- ceolado, de bordos pilosos. Mandíbulas com um só dedo canaliculado. A descrição e o desenho de um macho, alótipo, N.° 37 da nossa c leção, pertencente ao lote tipo, de rato não identificado de Butantan, São Paulo. Redescrição baseada em fêmea de um lote de dez exemplares montados em laminas com o X.° 4846. coletados sôbre um pequeno rato silvestre não identi¬ ficado, X.° 6061 do registro de hospedeiros da Seção de Parasitologia do Ins¬ tituto Butantan, capturado a 9.VI. 1955 no Sítio São Lourenço, Praia de Itaguaré, Bertioga, litoral de São Paulo. Em 1500 pequenos roedores parasitados por Ácaros no nordeste do Brasil esta espécie foi encontrada 141 vêzes. Akodon arviculoides, Ccrcomys cunicula- ris incrmis, Oryzomys clirius, Oryzomys subflavus, Zyyodontomys pis una foram os roedores encontrados infestados com maior frequência, tendo a espécie sido cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. Ir.»t. Balantan. 28 : 99 - 186 . 1957 / 8 . FLAVIO I*A FO.VSECA 1G9 capturada, eicepcionalmente, uma vez em cada um, sôbre Uesptromys sp., IIolo- chilus sciureus, Oxymycterus angular is, Ilaltus ratlus frugivorus, Rhipidomys ceara nus e também sôbr? o didelffídeo Monodelphgs domestica, no qual os hᬠbitos de carnívoro explicam a razão pela qual é frequente o encontro de espécies parasitas de roedores, fato que observamos com sete espécies de Lac¬ ta pt ida e entre 11 espécies de Ácaros diferentes (pie c parasitavam. Foi impressionante a preferência de Eubrachylaclaps rotundus pelos ratos Zygodontomys pixxina, sôbre o qual foi capturado em 96 entre 140 exempla¬ res identificados dêste roedor que se achavam parasitadcs por Ácaros e Akodon arviculoides sôbre o qual foi encontrado 19 vezes em 20 exemplares identificados e com parasitismo por Ácaros. Pela redescrição da espécie percebe-se que é grande a variação das me¬ didas nos exemplares, oscilação esta ainda mais acentuada em relação ao com¬ primento das cerdas, o que fica bem demonstrado nos dois desenhos que apresentamos da fêmea. Comparando séries foi possível verificar que entre os exemplares de cerdas mais longas, principalmente do escudo dorsal, e os de cerdas curtas há tôda sorte de transições, o qne pode conduzir a engano de identificação, sugerindo tratar-se de espécie nova quando na realidade não pas¬ sam tais diferenças de variações intra-específicas. Tais variações morfológicas foram já assinalados por Furman (1955) e por Allred (1957) na espécie norte-americana Eubrachylaclaps circularis (Ewing 1933). Esta é atualmente a única espécie do gênero a assinalar no Brasil. Ori¬ ginalmente descrita de rato silvestre indeterminado, foi obtida de Zygodonto- mys lasiurus e de Rattus norvcgicus, também da localidade tipo. que é Butan- tan, São Paulo, havendo registro do seu encontro em Barra do Rio Sã Do¬ mingos e Anápolis, Goiás e Barro Alto, Minas Gerais. Últimamente identificᬠmo-la sôbre Akodon mollis de Xovillos, Bolívia, onde foi capturada pelo Dr. .1. M. de la Barrera. Atricholaelaps Ewing 1929. Os Laclaptidae dêste grupo, cujo pitus dentilis, tal como os Hacmolaelaps Berlese 1910, tem aspécto típico, isto é, consta da um pêlo não dilatado, não tinham ainda sido vistos no Brasil, onde são muito mais raros do que os de pilus dentilis dilatado na base, êstes por mim incluídos em Ischnolaelaps. As divergências observadas na interpretação de Ilacmolaclaps, Atricholaelaps e Ischnolaelaps, levaram-me a fazer uma revisão crítica dêsses grupamentos, concluindo pela manutenção do primeido como gênero monotípico e do segundo desdobrado em dois subgêneros. Atricholaelaps e Ischnolaelaps tendo-a publi¬ cado neste volume. cm 7 SCÍELO) 2.1 12 13 14 15 16 170 XOTAS DE ACAROLOG1A Atricholaelaps ' Atricholaelaps) willmanni sp. n. 0 Difere cia espéeie seguinte por apresentar os pêlos d escudo dorsal longos e por ter as cordas pares da anal também longas, quasi do comprimento da impar. DESCRIÇÃO DA FÊMEA Idiossoma com 870 micra por 630 miera de maior largura, oA'oide, mais afilado à frente; gnatossoma estreito e alongado; cerdas longas e não muito rígidas. Face ventral. — Placa esternal com 135 micra de comprimento na linha média, por 170 miera de menor largura, com limites anterior e posterior muito pouco nítidos no holótipo, onde o bordo anterior parece prolongar-se em preesternal que atinge a base do tritoesterno, sendo o bordo posterior fortemente concavo na região central. Pori repugnatari anteriores atrás e para dentro da implantação das eerdas anteriores, inclinados para fora e para trás, ficando os posteriores, cpie têm inclinação idêntica, porém mais acentuada, equidistantes das cerdas médias e posteriores. Cerdas anteriores com 80 mi¬ cra separadas por intervalo de 94 micra ; médias e posteriores com 12G micra. Tritoesterno piloso. Gênito-ventral de bordoR indistintos, pouco dilatada, me¬ dindo 222 micra da base da implantação do par de cerdas genital ao meio do bordo pcsterior, com eêrca de 110 micra de maior largura. Placa anal com eêrca de 117 x 170 micra, com anus a 30 micra do bordo anterior. Cerdas pares pouco atrás do nível do polo posterior do ânus. medindo 105 miera. um pouco mais finas do que a impar que tem 112 miera. Superfície ventral descoberta com eêrca de 12 eerdas de cada lad . das quais três flanqueando a placa, sendo as marginais muito longas, até de 160 miera. Face dorsal. — Escudo dorsal recobrindo quasi todo o idiossoma, de qui- tinisação fraca, mais afilado a frente. Com exceção das eerdas verticais mé¬ dias e anteriores, tôdas as restantes cerdas do escudo são muito longas, até mesmo as do par sub-mediano posterior, que apenas são mais finas. Cerdas verticais anteriores com 70 miera, médias com 60 micra e posteriores com 180 micra. O par sub-mediano marginal posterior, que é de regra constituído pelas mais longas cerdas do escudo, foge aqui a esta regra, medindo 169 miera, ao passo que há cerdas do escudo até com 180 miera e o próprio par sub-mediano posterior atinge 126 micra. PATAS Finas, sem espinhos, com eerdas finas e rígidas. Tarso I com 210 miera e tarso IV com 224 miera. incluindo o pretarso. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 cm Mem. Inst. Butantan, 2 $ : 99 - 186 . 1957 / 8 . FI.AVIO DA FONSKCA Fio. 44 — Atricholntlaps ( Atrieholaehrp *) tcillmanni sp. n. Holótipo ç. Fio. 45 — Atriekolaelap* ( Atrieholaelap *) trillmanni sp. n. Holótipo $. 17-2 NOTAS DE ACAROLOGIA GXA TOS SOMA Estreito e alongado. Das cerclas das maxilicoxas só as médias externas sã cortas. Medem as posteriores 58 micra, as médias internas 86 micra, as externas 26 micra e as anteriores 65 micra. Corniculi finos e longos. Man¬ díbulas alongadas e pilus dentüis fino, porém não progressivamente afilado parecendo o afilamento um tanto brusco na base, com 21 micra. Descrição do b lótipo fêmea X.° 2410. capturado sôbre o rato Zygodonto- mi/s pixuna em Triunfo, Estado de Pernambuco, em Maio de 1952. Da mesma espécie foram capturados exemplares X.° 2199 e 2202 sôbre Monodelphys dcmeslica e X.° 2205 sôbre Heliurus sp.. todos da lccalidade tipo. e o X.° 2545, uma ninfa provavelmente da mesma espécie, sôbre Oryzomys subflavut de lo¬ calidade igncrada do nordeste. O encontro sôbre o marsupial carnívoro Monodelphys domestica provavelmente decorre dos seus hábitos de predador. A espécie é dedicada a C. L. A. Willmann, de Breinen. Atricholaelaps ( Atricholaeps ) yuimaraesi sp. n. Esta espécie se distingue da precedente principalmente pe!a situação e pelo tamanho das cerdas pares da placa anal, que aqui ficam implantadas quasi ao nível do meio do anus e são mais curtas, diferenciando-se de Atricholaealps kecgani sp. n., também pelas cerdas mais curtas do escudo dorsal na espécie abaixo descrita. DESCRIÇÃO DA FÊMEA Idiossoma ovoide, com 858 micra por 665 micra de maior largura, sem hombros; gnatossoma mais largo do que na espécie precedente. Face ventral. — Placa esternal com superfície reticulada. Pori repugna- tori anteriores de direção transversal, sem inclinação, e posteriores fortemente inclinados para trás e para fora. Bordes anterior e posterior nítidos, ambos côncavos. Comprimento na linha média 130 micra e maior largura adiante das cerdas médias 155 micra. Cerdas posteriores eom 83 micra; cerdas médias com 98 micra e cerdas posteriores com 104 micra. Placa gênito-ventral com 78 mi¬ cra da base da cerda genital ao meio do berdo posterior, com cerda genital de 130 micra. Placa anal com eêrea de 130 x 135 micra e com cerdas pares impan- tadas quasi ao nível do meio do anus, medindo 62 micra; cerda impar com 124 micra. Ha três cerdas flanqueando a placa gênito-ventral, de cada lado e mais eêrea de 7 cerdas na restante superfície ventral. de cada lado. as posteriores maiores cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. In«t. Batsntan. 28: 99-186. 1957/8. FLAYIO DA FONSECA 17:3 Fig. 46 — Atricholaelap * ( Atricholaelap » ) guimaraesi sp. n. 5 Fig. 47 — Atricholaelap» ( Alricholarlaps ) guimaraesi sp. a. ç. cm 174 NOTAS l>K ACAROLOU IA Face dorsal. — O escudo dorsal recobre pràticamente todo o idiussoma; sendo de fraca quitinização e não tem limites muito nítidos. Cerdas verticais relativamente longas bem como as anteriores e as marginais do esoud . As cerdas submedianas são relativamente curtas, medindo a posterior 78 micra. As marginais posteriores não puderam ser medidas, estando ambas fraturadas no holótipo, tendo todavia mais de 130 micra. As verticais anteriores têm cerca de 73 micra, as médias cêrca de 73 micra e as posteriores cêrca de 120 micra. As maiores cerdas do esudo medem 130 micra e as menores cêrca de Ii8 micra, ao passo que na espécie precedente as menores têm 130 micra. PATAS A pata II é relativamente larga, como também é um tanto alargado o fêmur I. Não há verdadeiros espinhos, quer nas coxas, quer nos restantes artículos, sendo as cerdas rígidas e em geral largas. Tarso mais pretarso 1 com 234 micra e IV com 286 micra. Descrição de um exemplar holótipo fêmea, aliás o único encontrado. X.° 2209, capturado sôbre um rato, Hesperomys sp., de localidade ignorada do nordeste do Brasil. O nome específico é dado em homenagem a Lindolpho Guimarães, do Departamento de Zoologia da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, abalisada autoridade em Insetos ectoparasitas, ao qual o autor deve a entrega para estudo do precioso material colhido pelo Serviço Nacional de Peste. Atricholaelaps ( Ischnolaelaps ) kcegani sp. n. Idiossoma elítico, pouco afilado à frente, às vêzes com esboço de hombros com 840 micra por 510 micra uo cótipo maior e 730 micra por 504 micra no menor. Face ventral. — Placa estenial medindo 490 micra de comprimento por 574 micra de menor largura, com bordo anterior qnasi reto. bem distanciado da base do tritoesterno, e bordo posterior pouco nítido, ligeiramente eôneav . Cerdas fortes e longas, as anteriores implantadas no bordo, separadas por intervalo de 72 micra, com 75 micra de comprimento; cerdas médias com 90 micra e posteriores com 97 micra. Cerdas da metaesternal menores, com 65 micra apenas. Gênito-ventral relativamente curta, com 130 micra da bas.> da cerda genital ao meio do bordo posterior e 130 micra de largura, terminando muito distante da anal. Cerdas genitais muito longas, qnasi atingindo o bor- d posterior da placa, com 125 micra. Entre a gênito-ventral e a anal, devido ao encurtamento da gênito-ventral, há dois pares de cerdas. Placa com 145 cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 175 íSrWwS: m 1 7/1.- F, - AVI ° nv FON ' SE( -' Fio. 4S — Atricholatlap» (Iachunhirla/ut) krrgani sp. Cótipo ç . Fio. 49 — Atricholaelap* (Ixchuolaelapt) keepani sp. u. Cótipo ç 1 .SciELO ) 11 12 13 14 15 16 I 176 XOTAS DE ACAROLOG1A micra ile comprimento e 126 micra e maior largura, com cerdas pares fortes, de 83 micra, implantadas pouco à frente do nível do polo posteru r do anus, tendo a impar 90 micra. Além dos três pares de cerdas que flanqueiam a gênito-ventral, há na superfície descoberta, mais quatro pares de cerdas, for¬ tes, longas e de ponta afilada, afastadas dos bordos. A placa inguinal não f i vista, devendo, si existe, ser muito fracamente quitinisada. Face dorsal. — O escudo dorsal cobre inteiramente o idiossoma. medindo no exemplar menor, cêrea de 730 micra. Suas cerdas são todas longas, com exceção apenas das duas verticais mais anteriores; todas são de ponta extre¬ mamente afilada ; a maioria tem aspecto rígido, havendo algumas sinuosas, O par de cerdas vertical posterior mede 108 micra e o par sub-mediano ante¬ rior tem 128 micra. O par sub-mediano posterior mede S0 micra e o subme- diano marginal posterior 134 micra. A maior cerda do escudo tem 145 micra e a menor, que é a vertical anterior, 40 micra. Há duas marcas brilhantes, circulares, próximas das margens laterais do opist ssoma. PATAS A pata II é um pouco mais robusta. As cerdas posteriores das coxas I e II são robustas, longas e de pontas muito afiladas e a da coxa III é espiniforme, curta. Os femures e genual não têm cerdas dorsais longas. Tarso e prctarso I com 130 micra e IV com 195 micra. OXATOSSO.MA Cerdas medias internas das maxilicoxas mais longas. Pilus dentilis dila¬ tado na base e de ápice curvo e fino. Descrição de três cótipos fêmeas capturados sôbre Orgzomgs subflavus de localidade ignorada do nordeste brasileiro, montados em lâmina X.° 2533. .. Atrieholaclaps (hchnolaelaps) glasgowi (Ewing 1925) Ao contrário da precedente, esta é espécie muito quitinisada e de pilosi¬ dade de comprimento médio; sendo também maior e mais larga. Apesar das dimensões totais maiores, a espécie pouco diverge dos limites de variação apresentados por Strandtmann para o Laclaps glasgowi Ewing 1925, por êle incluído no gênero Hmnoclaclaps e por mim considerado subgenótipo de hchnolaelaps. Tendo adotado o critério de não dar valor específico, nos dois subgêneros de Alricholarlaps, a pequenas variações dimensionais, considero a presente espécie idêntica a Atrieholaclaps (hchn olaria ps) glasgowi (Ewing 1925). SciELO 11 12 13 14 15 16 17 cm Mem. In?t. ButanUn. 28: 99 186. 1957/8. FI.AVIO PA FONSECA 17T Atncholarlap» ( I*ehnnla'laps) gliugori (Earing l£»2õ)) ç t IG. oil Atrieholaelapt ( Iwhnolaclapt) glmgoxri (Enring 1£»25) ç 178 XOTAS DK ACAROLOGIA DESCRIÇÃO DA FÊMEA Idiossoma largo, quasi elítieo, apenas ligeiramente afilado na frente, me¬ dindo 980 miera de comprimento por 725 micra de maior largura. Face ventral. — Placa esternal com retículo de malhas largas, pouco apa¬ rente devido à forte quitinisação. É provável que haja uma preesternal que se continue insensivelmente com o bordo anterior. A placa mede 144 micra de comprimento na linha média por 170 micra de menor largura à frente da- cerdas médias. Cerdas anteriores com 72 micra, médias com 97 micra e pos¬ teriores com 101 micra. O bordo posterior da placa apresenta área côncava mediana. As placas metaesternais avançam por baixo dos ângulos da ester- nal c apresentam um poro em frente da coxa III. tendo cerdas metasternais curtas, com 61 micra, muito externas, numa insinuação entre as coxas III e IV. Gênito-ventral nítida, percorrida p r três linhas transversais e outra- anteriores oblíquas, com bordos laterais paralelos, pouco dilatada, com cerdas genitais de 90 micra, ainda ao nível do bordo da coxa IV. Dista 8-3 micra da placa anal e mede 240 micra da implantação das cerdas genitais ao meie do bordo posterior. Placa anal com 162 micra de e mprimento por 173 micra de maior largura, com forma de coração estilisado e de bordo anterior depri¬ mido, com anus separado do bordo anterior por distância maior do que •> seu comprimento, com cerdas pares de 75 micra, implantadas ao nível do meio •lo anus e cerda impar com 125 micra. Ilá sete pares de cerdas na superfície ventral descoberta, des quais dois flanquando a placa gênito-ventral, as mais próximas do bordo maiores. A pla¬ queta inguinal é bem nítida, havendo para dentro e para frente desta um i plaqueta menor. Face dorsal. — Escudo dorsal deixando apenas estreita faixa descoberta, medindo 910 por 690 micra, com pequenas aureolas anteri res. A- cerdas mar¬ ginais e as anteriores são de comprimento médio e as internas são curtas. As verticais posteriores são maiores do que as do primeiro par submediano, que medem cêrca de 50 micra. As do par de submedianas p steriores. muito finas, medem 40 micra e não ultrapassam o bordo do escudo. As cerdas submedianas marginais posteriores são as maiores, com 135 micra, sendo tam¬ bém longo e robusto o par marginal à frente, que tem 122 micra, decrescem! bruscamente o tamanho das cerdas marginais do 3.° par. a contar de trás. inclusive. PATAS As patas são robustas, as do segundo par um pouco alongadas. Não há verdadeiros espinhos e sim cerdas rígidas. Tarso I com 168 micra e tarso IV com 266 micra. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mrm. In«t. Butantan. 2* 99 1*6. 1957/ê. FLAVIO I>A FOXSKCA 170 GXATOSSOMA Cerdas médias internas das maxilieoxas mais longas. Labruin nítido, estria¬ do no sentido longitudinal. Corniculi robustos. Pilus dentilis muito dilatado na base. Descrição de três exemplares fêmeas, X.° 2172, capturadas por técnie s do Serviço Nacional de Peste a 9/1 1953, sôbre Oxymyctcrus angularis, em Yarzea do Ingá. Garanhuns, Estado de Pernambuco. Androlaelaps Berlese 1903. * A espécie de que vamos tratar é o primeiro representante do gêner encon¬ trado na América do Sul, pertencendo tais ectoparasitas caracteristieamente à Região Etiópica, de cnde vem sendo bem estudados por Zumpt e à Região Xeoártiea, de onde foram descritos por Eads e Hightower, havendo ainda uma espécie de Porto Rico, descrita em 1946 por Fox, o A. setosus. Do Brasil só agora, depois de examinados vários milhares de roedores, aparaceu uma espé¬ cie. devendo o gênero ser mal representado também na restante América do Sul. A presente difere das restantes espécies americanas e etiópicas e das de Berlese com as quais foi possível compará-la, bem ccmo da espécie de Bre- getova. A espécie brasileira difere de A. gradiculatus pela forma dos espinhos da pata II, principalmente o do genual e o do tibia; de A. levieulus pela for¬ ma desses espinhos, pela forma da placa esternal e tamanho dos pêlos da anal ; de .4. impensus pelo pequeno alargamento da pata II nesta espécie e pela forma dos espinhos da mesma pata. O gênero Androlaelaps Berlese 1903 havia sido desdobrado por Zumpt c Till (1953), sendo criado, para as espécies que apenas apresentam um par de cerdas na plaea gênito-ventral, o gênero Turkiella Zumpt et Till 1953, que englobaria as espécies etiópicas e americanas e, de um modo geral, as ectopa¬ rasitas, ficando Androlaelaps reservado às espécies de vida livre, cuja placa gênito-ventral apresenta, com A. hermaphrodita Berlese 1903, quatro pares de cerdas. Keegan. entretanto, refere, em 1956. que a espécie de Berlese ape¬ nas apresenta o par genital de cerdas, do que resulta não haver razgo para manter o gênero de Zumpt e Till. 2 3 4 5 6 7 ^ w -1- J—I -1—1 11 12 13 14 15 16 I ISO XOTAS DE ACAROLOGIA Androlaelaps foxi sp. n. DESCRIÇÃO DA FÊMEA Idiossonia elítieo pouco mais afilado à frente, sem hombros, de quitiniza- ção fraca, medindo 7.30 micra de comprimento p r 530 micra de maior lar- pura atrás do 4.° par de patas. Face ventral. — Placa esternal mais larga do que a longa, medindo 87 micra de comprimento na linha média por 120 de menor largura logo à frente do par médio de cerdas. A superfície da placa é reticulada e o bordo p s- terior nitidamente côncavo, sendo o anterior apenas levemente côncavo. As cerdas anteriores sa mais curtas, medindo 40 micra e separadas por inter¬ vala de 65 micra : as cerdas médias e posteriores são subiguais. medindo 58 micra. Os pori rcpugiialori anteriores ficam logo atrás das cerdas anteriores e os posteriores são equidistantes das cerdas médias e das posteriores. A ester¬ nal segue-se uma pre-esternal que atinge a base do tritoesterno, o qual apre¬ senta pilosidade curta desde a sua bifurcação. As placas metaesternais alcançam os ângulo; e têm corda mais fraca e mais •‘urta do que as posteriores da esternal. Placa gênito-ventral longa, impes- SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. In«t. Butantan. 2*: 99 lé>6. 1957/$. FLAVIO DA FONSECA 1S1 sível de medir no holótipo, onde está encoberta pelas patas encurvadas, medindo 310 micra da base da cerda genital ao bordo posterior da placa num outro exemplar, no qual fica separada do bordo anterior da anal por intervalo Fhj. 53 — Aitdrolarlap» foxi sp. n. de 12 micra. A gênito-ventral é pouco expandida atrás, de quitinização fraea e tem largura máxima de 155 micra nesse exemplar, onde o par de eerdas genital mede 46 micra. Acha-se a placa flanqueada por três eerdas de cada Fio. 54 — Aixlrotadaps foxi sp. n. Pata II «lo holótipo ç . 1 ,SciEL0 ) 11 12 13 14 15 16 I 182 NOTAS I>E ACAKOLOG1A lado, havendo uma marea ua altura da eerda genital que não se pode decidir si corresponde a outra cerda fraturada ou não. Placa anal tão larga quanto lon¬ ga. com 100 micra, de quitinisação fraca, com anus a 30 micra do bordo ante¬ rior. As cerdas pares são mais kngas do que a impar, o que é frequente neste gênero, medindo as pares 50 micra e a impar 32. A res/ante superfície descoberta veutral apresenta cêrca de três cerdas de cada lado além das que ladeiam a placa gênito-ventral. Face dorsal. — Escudo dorsal muito pouco quitinisado e de limtes indis¬ tintos, com pilosidade curta e esparsa. O par de cerdas submediano poste¬ rior marginal (M 11 de Zaehvatkin ou z 5 de Hirschmann) é mais longo, com 7ti micra, seguindo-se o par submediano posterior, respectivamente S 8 ou I 5 daqueles pesquisadores e depois o par vertical posterior, que pela anotação de Zaehvatkin é o F3. As cerdas verticais anteriores são fortes, medindo mais ou menos micra e o par médio é situado muito para fora do anterior. Das restantes cerdas as marginais do escudo as marginais (M ou R) são as maiores, sendo as internas curtas e muito finas. PATAS Como é característico no gênero, a pata I é alargada c as restantes re¬ lativamente finas. Não há espinhos nas coxas, cujas cerdas são finas, sendo a posterior da coxa III menor do que a anterior e a posterior da eoxa II de inserção muito distai, já próxima do bordo. O espinho do fêmur é enorme e de ponta romba, emergindo de uma saliência do bordo ventral. medindo vi o espinho, sem o tubérculo onde está implantado, 38 x 15 micra. O espinho do genual, também rombo, é menor, tem 20 micra c está implantado em saliên¬ cia menor. O espinho tibial tem base muito larga, de cujo ângulo anterior parte uma ponta de ápice muito agudo. Xao há cerdas longas no bordo dor¬ sal do fêmur. Xos artículos do 2.° par há algumas cerdas mais fortes. GXATOSSOMA Das cerdas das maxilicoxas as menores são as médias externas e as maio¬ res as internas, que medem 72 micra, sendo as anteriores quasi do tamanho destas, portanto muito longas. Os corniculi são muito afilados e longo*. O labm tem pêlos curtos e é lanceolado. O digitus fixus tem pilus denlilts curto e fino. Descrição do holótipo fêmea X.° 2412, capturado sôbre o rato Zygodonto- mi/s pixuna em Comorango. Pesqueira. Estado de Pernambuco, a 26.8.1952. Outro exemplar, também uma fêmea, paratipo, X.° 2192. capturado vibre hos- SciELO 11 12 13 14 15 16 17 M rm. In *t. Hutântan, 2 -*: 99 1 * 6 . 1957 /*. FI.AVIO DA FONSECA 283 pedeiro da mesma espécie, em localidade não assinalada da mesma região nor¬ deste do Brasil. A espécie é dedicada a Irving Fox. de Porto Hieo, o pri¬ meiro a apresentar contribuição ao estudo do gênero na Região Neotrópiea. SUMARY A large survey on ectoparasites of many thousands little mammals, mainly rodents, by the National Plague Service is in eourse in the northeast Brazil. Results of the Identification of the aearo-fauna from 1549 elassified hosts, from a series cf 2635 mammaLs, is presented in Tables I and 11. A total of 2313 lots was obtained from ideutified hosts, belonging to four families: Argasidae, Ixodidiac, Macronyssidac and Lealaptidac. Nine new and twenty two older species were found in this survey, their distribution through twenty three hosts being shown in two tables. The local fauna of parasitic -lcari and the ahsence of Trombiculidae. Sarcoplidac, davilaelaps brazilunsis (Ewing) and Dennanyssus brasilicnsis Fonseca are commented. Literature on the transmission of Plague by Acari is reviewed. The liost of the adult female of Izodcs amarali Fonseca. 1936 was diseovered to he the marsupial Monodclphys domestica, ticks being found in 25 out of 4!) animais, males rema- ining unknown. For Laclaps mazzai Fonseca. 1939 the new genus Schizi.lar- laps is proposed, witli following diagnosis: Laelaptidac ; female with a l.ar- laps like genito-ventral plate and many suplementary setae in the dorsal shield; male with separated sterno-genito-ventral and anal plates and dorsal shield densely besct with setae. Genotype: Laelaps mazzai Fonseca 1939. The number of the setae in the dorsal shield i.« the mnin distinguishing character from Hypcrlaclaps Zaehvatkin 1948. The first Androlaelaps species from South America. Androlaelaps foxi sp. n., is described from Zygoehmtomys pixuna of Comorango, Pesqueira, Pernambuco and from the same host of an unknown locality cf northeastern Brazil. Stemal plate 87 by 12 micra; tritm- ternum setous from the bifurcation. Genito-ventral plate abont 155 micra wide, with 46 micra long genital setae. Anal plate as long as wide, with 100 micra, the paired setae longer. The two posterior pairs of suhmedian setae of the dorsal shield are the longest. Only leg I is enlargcd; spines of this leg as show in fig. 54. Atricholaclaps (A/r.) guiynaracsi sp. n. from lles- romys sp. of northeast Brazil was seen once; idiosoma 858 by 665 micra; sternal plate 130 by 155 micra. Anal plate 130 by 135 micra, with paired setae almcst at the levei of the middle of the anus and half as long as the unpaired one. Dorsal shield with eomparatively short submedian setae. Air t- cholaelaps (-i/r.) willynanni .-p. n„ type host Zigodonlomys pixuna from Triun- 2 3 4 5 6 7 ^ w -1- J— I -1—1 w i 11 12 13 14 15 16 I 184 XOTAS DE ACABOLOGIA fo, Pernambuco, was also captured on Oryzomys subflavus, Hdiurus sp. and Mo- nodelphys domestica; it differs from. A. guimaraesi b.v the longer dorsal and paired anal setae. Atricholaelaps ( Ischnolaelaps ) keegani sp. n., from Ory¬ zomys subflavus of northeast Brazil, has an 840 micra long idiesoma; sternal plate 490 by 574 micra; metaesternal setae shortest than the smaller ones of the sternal plate; genito-ventral plate small, only 130 micra long from the basis of the genital setae to the middle of the posterior border, by 130 micra wide, with 125 micra long genital setae; anal plate 145 micra longe by 126 micra wide paired setae with 83 and unpaired one with 90 micra; pilus dentilis inflated basaly as in all spécies of this subgenus. Oigantolaelaps strandtmanni, sp. n„ with Xectemys squamipes amazônicas from \ igia. Pará, as typc host, has been captured on Holochilus sciureus from Ca¬ ruaru, Oryzomys eliurus from Garanhuns, both in Pernambuco and on unknown host from \ içosa, Ceará; it belongs to the group with two spin s on coxa I and a posterior spiue on coxa II and III; it differs frem G. goyanensis Fonseca by a somewhat concave posterior margin of the dorsal shield; from (i. mattogrossensis it is distinguished by a much smaller unpaired anal reta; from G. cricetidarum Morlan it differs by its longer size, by a longer size, by a longer posterior seta on coxa II and by the more prononneed ante¬ rior projetion of the sternal plate. Oigantolaelaps canestrinii sp. n., is described from four female cotypes captured on “Tree rat” frem unknown region of Brazil; in the northeast it has been obtained from Oryzomys subfla¬ vus, Oryzomys eliurus and Proechimys albispinus at Qaranhuns and Caruaru, Pernambuco, as also from “Gravatá rat” at Juquié, Bahia. This species has a total lenght to the apex of the palpi of 1870 micra; frem the coxae only that of the third pair of legs has true spines; tarsus II with very strong spines. Laelaps castroi, sp. n., has an idiosoma of 670 micra and closely npproaches /,. paulistanensis Fonseca, L. manguinhosi Fonseca. /.. differens Fonseca and L. exceptionalis Fonseca. L. castroi differs from the first of these species by the smaller size and wider, shorter, pointed proximal spine of coxa I; from manguinhosi it differs by the very short posterior gnathosomatal setae ( n this species; from differens it is distinguished by the very short and strong. only 18 micra long anterior vertical setae; from exceptionalis it is easely distinguished by the subequal anal setae in this species. As typc material they were selected eight females captured on Oryzomys eliurus at Torres. Caruaru, Pernambuco. The sarne species was seen in nine other identified rats from Bahia. Pernambuco, Alagoas and Ceará and on Graomys griseofla- vus and Dasyprocta variegata from Buen Retiro. Bolívia, the last one a quite unexpeeted host for a true Laelaps. The male remains unknow. Tur turki sp. n.. is described from tbe female holoty obtained from a Proe¬ chimys iheringi denigratus of undetermined region of northeast Brazil. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 PI.AVIO r>A FONSECA 185 Mm. ln«t. Butanün. 2ri: 99-186. 1957/8. Idiosoma 714 micra long; sternal plate 165 micra long with an arched pos¬ terior border. Genito-ventral plate long and wide with a shallow posterior border to aeomracdate the anterior border of the anal plate, as in the echidni- nus group. A membranous expansion is seen between the finger of the mandibles much in the same way as in L. lateventralis Fonseca. Mysolaclaps hctcronychus, sp. n., Ls prevalent on rats of the genus Rhipidomys, type material being from Rhipidomys mastacalis from Quandú, Caruaru, Pernam¬ buco; other hosts from Brazil as in Tables I and II. The species was also obtained from Graomys griseoflavus and Oxymicierus dons from Agua He¬ dionda and from Graomys griseoflavus from Floripondio and Xovillos in Bolivia. lt is the largest species cf this genus, with a 1500-1700 micra long idiosoma. the most striking characters being the unequal claws on tarsus II to IV as shown in the fig 31; only three pairs of setae are implanted direztl.v on the genito-ventral plate; as in other species of this genus males were not found. Following diagnosis is proposed fer the genus Mysolaclaps honseea 1936: Laelaptidae; large, more than 1200 micra long species; all chitimsed arcas of a deep colour; dorsal shield very regular in outline, only the marginal and the vertical setae being long; coxa devoided rf true «pines; setae of the idio¬ soma frequentlv short and if long they are flexible; genitoventral plate very long and very wide, with four or three pairs of setae; peritrem don t exeed coxa II; anal plate weaek. wider than long. the anus at a shorter distanc* from the anterior border than its lenght; only females are found on wild rats. Genotype: Mysolaclaps parvispitu.sus Fonseca 1936. Drawings of older species published without figures are presented. Preference or avoidance of some hosts are elearly deduced from the data obtained from 1549 redents and marsupiais as shown in tables I and II. BIBLIOGRAFIA Aragão, H. B. R. — Ixodidas brasileiros c dc alguns paixes limitrophcs. Mem. Inst. Oswaldo Crtix 31: 759. 1936. Bregetova, X. — Oamatorrie kleahtachi. Edil. Akad. S<-i. V.R.S.S. Moseov, 1956. Carvalho, J. C. M. — Xote on assoeiation of the tick Ornilhixlnros talaje (Guérin-Méneville), with bat infestation in human dwelling* in Braiil. The Journ. of Barasit. JS (2): 163. 1942. Fonseca, F. da — Xotas de Acarologia XIII. Xovas csjhVícs sul americanas de parasitas do gênero LiponUsus KoUnati 1858 (Acarina, Lipo*i**úl«r). — Mem. Inst. Butantan IX: 43. 1935. Fonseca, F. da — Xotas de Acarologia XVIII. Xovos gêneros e espécies de acari.no» parasitas de ratos ( Jcari. Larlaptidac). Mem. Inst. Butantan X: 1T. 1935-1936. Furman. S. P. and Tipton, V. J. - Tar ««.«•-tat-s (Turk) 1946 (Acarina :Imelaptidae) from neotropical rodents. The Journ. of Parasit. 44 (5): 541, 19o8. Hirschmann, W. — Oangsvstematik der Parasitifonm*s. Teil 1. Fürth Par, 1948. cm 7 SCÍEL0) 2.1 12 13 14 15 16 186 XOTAS DE ACAROLOGIA Hirst, h. F. — Researrhes ou the parasitology of Plague. Part. I. Ceylon Jl. Sei Colombo, Section I>.. 1 (4) : 155, 1926. Hirst, S. — Preliminary list of the acari oecurring in the brown rat (Miu norrtgicv*) in Great Britain, with the description of a new species (Haemogamanus oudemanti). Buli. Entom. Research V: 19, 1914. Jameson, E. \V. — A new mite, Eubrachylaelap* crotcei, from the Grasshopper Mouse, OM.vrhom.ws leucogaster arcticept (Rhoads). The Journ. of Parasit. 33 (5): 391, 1947. Jameson, E. W. — EubrachyUtelaps martini, a new mito (Acarina: Laelaptidae) from the Volcano Mouse (J/ammaJúi: Cricetidae). The Jorun. of Parasit. 37 (6): 556, 1951. Keegan, H. — Ectoparasitic Laelaptid and Dennanyssid Mites of Egypt, Kenya and the Sudan, primarily based on Xamru 3 eolleetions, 1948 1935. The Jorun. of the Egyptian Public. Health Assoe. XXXI (6): 199, 1956. Kodama, M. and Kono, M. — Studies on experimental transmission of Tinis of “eruptive fiver” and “Typhus” br scveral bloodsucking insects. Arch. Exp. Med. 10: 99, 1933. Morlan, II. B. and Strandtmann, R. W. — The occurence of neotropical mites in the Fnited States. The Journ. of Parasit. 35 (2) : 1949. Morlan, H. B. — Xotes on the genus Gigantolaelaps and description of a new s]H‘cies, Gigantolaelaps cricetidanim ( Acarina . iMrlaptidae). The Jouni, of Parasit. 37 (3): 273, 1951. Mnrishita, K. — Transmission experimenta on Relapsing Fever with tropical mite, Lipongssut sp. — Jap. Jonrn. Exp. Med. 16: 551, 1938. Ohmori, X. — Studies on the tropical rat mite, etc. Zool. Mag. Tokyo 48: 627, 1936. Orven, B. L. — Life history of the spiny rat mite under artificial conditions. Journ. Econ. Entom. 49 (5) : 702, 1956. Reichenow, E. — Karyotytsu* lactrtar, ein wirtwechselndes Coccidium der Eidechs' Laccrta muralis und der Milbe Liponyssu.* saurarum. Arb. Gesudh. Amt., BerL, 45: 317, 1913. Vitzthum, H. — Milbcn ais Pesttrãgerí — Zoolog. Jahrb., Abt. f. Syst. Okol. und Georgr. der Tiere 60 (3/4) : 381, 1930. Womersley, II. — Studies in AustTalian Acarina Laelaptidae. I. X‘ew records and speeies of Latlaps and allied genera. Parasitology, 29: 530, 1937. Knmada, S. — Observation on a house-infecting mite (Lionyuut nagayoi sp. n.) which attacks hnman beings, rats and other domestic mammals, with brief notes of experiments regarding the possibility of plague transmission b.v means of this mite. Trans. Sth. Congr. Far Eastern Assoe. Trop. Med. 2: 358, 1930. Zachvatkin, A. A. — Sistematika roda Laelaps, etc. Parasitol. Sb. Zool. Inst. Akad. Xa. SSSR. 10: 50, 1948. Zumpt, F. and Till, W. — The genera Turíirlla nov (= Androlaelaps Auct.) ITatmolatlapx in the Ethiopian region, with keys and descriptions of three new species (Acarina: Laelaptidae). Anais do Inst. Med. Trop. X (2): 217, 1935. SciELO 11 12 13 14 15 Mrm. In-t. But»nt*n, 2«: 167194. 1957/8. HÉLIO E. BELI.rOMIXI «• AUMIOSSK R. HOOK 187 OPERAÇÃO CESARIANA REALIZADA EM EunccUs murinus (Linnaeus 1758) (SERPENTES) HÉLIO EMERSON BELLUOMIXI e ALPnONSE RICHARD HOGE (Laboratório de Ofiologia do Instituto Butantan, São Paulo, Brasil) INTRODUÇÃO O gênero Eunectes enquadra as maiores serpentes brasileiras, vulgar¬ mente conhecidas como “sucuris’', “sucurijús”, “boiunas”, etc..., dependen¬ do principalmente da região onde são encontradas. Essas serpentes são ovo ví paras e pouco se sabe sôbre sua biologia. Ama¬ ral (1), Fonseca (2) e von Ihering (3) fazem referência a alguns aspectos biológicos, mas de modo geral a bibliografia c escassa. Sabemos que o período de prenhez desses répteis é de aproximadamente G meses. MATERIAL Em novembro de 1957, foi capturado em Soure, Ilha do Marajó, um exemplar de “sucuri”, com aproximadamente 5 metros. Oferecido ao Bu- tautan, foi transportado para São Paulo, em avião da F.A.B. O exemplar deu entrada no Butantan nos primeiros dias de janeiro de 1958, quando veri¬ ficamos tratar-se de um exemplar de Eutucies murinus (L. 1758). fêmea, (Fot. 1 e 2), com 5.20 metros de comprimento, o qual chamou a atenção por apresentar na região abdominal, em seus dois terços posteriores, dilatação bem conformada, dando a impressão de animal prenhe (Fot. 3). Colocado na piscina do Butantan, especialmente adaptada para conter grandes ser¬ pentes, permanecia longas horas, absolutamente quieto, inteiramente submerso ou apenas com o focinho fora d'água. Persistindo o volume abdominal, che¬ gamos a conclusão de que realmente o exemplar estava em estado de prenhez e partindo da suposição de que a cópula tivera se realizado em fins de ou¬ tubro ou começo de novembro, ficou estabelecido de acordo com conhecimentos existentes que a ninhada deveria nascer entre fins de abril e a primeira quin¬ zena de maio. A partir dos últimos dias de abril, a observação do exemplar 2 3 4 5 6 7 ^ _1_ J—I J_l 11 12 13 14 15 16 I 1SS OPERAÇÃO CESARIANA REALIZADA EM ECXECTES MERINOS (LIN.VATfS 175S) (SERPENTES) se tornou mais intensa. Durante êsse longo período a serpente não se ali¬ mentou apesar das tentativas feitas eom coelhos domésticos. Devido a falta de aquecimento da água da piscina, e a temperatura ter eaido muito na ocasião, chegamos a conclusão que diticilmente haveria uma parição. Xa manhã de lí) de maio, foi encontrado um filhote recém-nascido no ie- cmto da piscina. Observamos a serpente até às 10 horas, quando resolvemcs injetar “pituitrina na tentativa de que funcionasse também em serpentes. Dessa maneira foi injetado por via subcutânea, uma ampola de pituitrina Park Davis" de 0.5 ml representando 5 unidades internacionais; às 10.40 horas uma segunda e às 11,40 horas uma terceira injeção do mesmo produto. Às 14 horas, como a serpente não apresentasse nenhuma reação, resolvemos in¬ tervir, tentando uma operação cesariana no sentido de salvar o maior número de filhotes possível. A laparotomia em serpentes ovovíparas, já foi realizada por diversos au¬ tores. a maioria interessada em estudes da fisiologia sexual das serpentes, efeitos da ovarioctomia, hipofisectomia, administração de hormônios e verifi¬ cação dos efeitos sôbre a gestação das serpentes ovovíparas; a determinação de hormônios em serpentes também despertou o interésse dos pesquisadores. Podemos citar diversos autores, Fraenckel e Martins (4 e 5), Fraenckel. Mar¬ tins e Mello (G e 7), Clausse (8), etc. .. De modo geral, o interesse era voltado mais para as serpentes do gênero < rataius e Bothropt. Claussen (8) estudou o efeito da ovarioctomia. hipofi¬ sectomia, a administração-de progesterona e extrato pituitário na prenhez de algumas serpentes do gênero Xatríz e Thamnophis Fraenckel e Martins (4 e of. apresentaram dados preliminares acerca da biologia sexual de duas ser¬ pentes ovovíparas. a “cascavel” Crotalus duritsus terrífica L. 1758 e a “Ja¬ raraca" Bothropt jararaca (Wied 1820) assinalando a presença de corpo ama¬ relo nos ovários das duas espécies, quando prenhas, alternando com os fo- lículos. Descreveu a inserção do ôvo, como formação comparável ao tipo de placenta vitelina e a presença entre as partes maternas e fetais de uma se¬ creção viscosa dando as reações de albumina e mue na. Especificaram «pie a placenta só se eneontra\a do lado “mesometrial do útero, correspondendo à uma linha no ponto de entrada dos vasos maternos para onde os embriões es¬ tão, quase sempre voltados. Esses dados, somados às nossas experiências de necropsias e os trabalhos anatômicos sôbre as serpentes de modo geral feitos por Cope (!• > e outros r>> sumidos em Bronn (10) permitiram um conhecimento regular da região que pretendíamos abrir. Xa elaboração dèste trabalho consultando também Ma¬ te ra (11). SciELO 11 12 13 14 15 16 17 M«n. In't. BuUntin. HÉLIO E. I1ELLVOMINI r ALPHOXSE R. HOGE Jgg 28: 187-194. 1957/8. MÉTODO Retirada a serpente do recinto da piscina, injetamos inieialmente Fla- xedil “Rhodia" 3 ml, solução acpiosa a 2 ' < às 14.25 horas; às 14.50 horas a serpente, já com a musculatura bem relaxada, foi contida por 5 homens, posta com a região ventral voltada para cima e contida de modo a deixar o campo operatório o menos móvel possível. Medindo a serpente 5,20 metros, inje¬ tamos a metro e meio acima da cloaca, no correspondente a linha média e num comprimento de aproximadamente 30 cm. 25 ml de Sinalgan n.° 5 "Moura Brazil”. Exatamente às 15 horas, iniciamos a operação, fazendo uma incisão de 30 cm aproximadamente na região descrita, rebatendo a pele, pinçando e su¬ turando todos os vasos. A seguir, num segundo plano, nova incisão foi feita, separando a forte camada de músculos oblíquos. Rebatidos êsses músculos, tí¬ nhamos à nossa frente o peritônio. Após a incisão do mesmo, surgiu parte dos ovidutos, transparentes, repletos de filhotes, que se achavam dispostos um a um. em fila e separados entre si. Expondo os ovidutos e amarrando os vasos colaterais dessa região procedemos a abertura. Havia inúmeros filhotes; cs ovidutos se prolongavam em direção eranial e caudal além do corte, quase 80 cm. Foi necessária a introdução do braço até a articulação, escapulo hu- tneral, a fim de proceder a retirada des filhotes. Verificamos que a maioria^ dos filhotes estava morta, há alguns dias. pois apresentava aflorando a super¬ fície da pele, infiltração biliar. A ninhada era composta de 82 filhotes, dos quais, 44 machos (30 mortos o 5 vivos { 53.65'. > c 38 fémeas (35 mortas e 3 vivas = 46,34'. ). Tivemcs a oportunidade de constatar a presença de duns_j fêmeas gêmeas. Após a retirada dos filhotes as suturas foram feitas de acordo com cs planos descritos, sendo usada de preferência a sutura cm U. As 17 horas ter¬ minada a operação, foram injetadas 2 ampolas de Prostigmine “Roehe” e 2 ampolas de Cardiazol “Knoll”. A serpente permanecia pràticamente imóvel. Foi colccada em tanque com pequena quantidade de água morna. Xo dia seguinte às 8 horas, deslocava-se perfeitamente aparentando estar resistindo bem à intervenção. Entretanto às 10 horas morreu repentinamente. Qtyfnto aos 8 filhotes sobreviventes, 3 morreram. Os cutros 5 (3 ma- ^ chos e / fémeas) (Fot. 4), estão passando bem e alimentando-se atualmente com camondongos. Vivem todo o tempo mergulhados n’água. Xesta data 19 de julho, estão exatamente com 2 meses de vida. Nasceram com um comprimento médio de 70 cm. e 200 grs. de peso. 2 3 4 5 6 7 ^ ^ -L- J—I J_l w i 11 12 13 14 15 16 190 OPERAÇÃO CESARIANA REALIZADA EM ElXEITEs MURIXCS i T.INNAEfS 17:.') .SERPENTES. DISCUSSÃO A operação cesariana foi realizada como último recurso na tentativa de salvar uma ninhada de Eunectes murinus L. 175»). De acordo com nossa hipótese inicial sôbre a possível época da cópula, o êrro quanto a data foi mínimo. A escolha do local e o tipo de incisão, foi baseada nos conhecimentos da disposição dos órgãos internos das serpentes. O cálculo foi preciso nesse ponto, pois além do corte cs ovidutos, caudal e cranialmente, se prolongavam 80 cm além da incisão, de modo a permitir e obrigar a introdução do braço até a articulação escapulo-humeral no sentido de retirar os filhotes. Apesar da pouca experiência no assunto, acreditamos que em serpentes de grande porte, não haja possibilidade de outro tipo de incisão além da me¬ diana. devido a disposição longitudinal e comprimento das partes em questão. Anteriormente, a incisão mediana, foi por nós praticada, com a finali¬ dade de reduzir prolapso do reto em Python reticulatus (Schneid). A ser¬ pente viveu quase um ano depois da operação sem apresentar outras ami¬ mai ias. ' RESUMO fiste trabalho assinala a primeira operação cesariana realizada no Insti¬ tuto Butantan em Eunectes murinus (L. 1758). após a expulsão de filhote mor¬ to e ultrapassando o prazo de 6 meses, tempo necessário a gestação de Boíde»*s. Foram retirados 82 filhotes, dos quais 8 vivos e ©s restantes mortos com infil¬ tração biliar aflorando à superfície da pele. Dos filhotes 44 (53,66%) eram machos e 38 (46,31%) eram fêmeas. A laparotomia foi feita por incisão me¬ diana de 30 cm de comprimento, em três planos: pele, músculos oblíquos do ab¬ dômen, peritônio e oviduto. Foi utilizada de preferência a sutura em U. A serpente morreu 15 horas após a interveução. RÊSUMÊ Description de la premierc opération cesariénne faite à FInstitut Bu¬ tantan sur un exemplaire de Eunectes murinus (L. 1758). I/opération nyant commencé trop tard seulement 8 sur 82 étaient vivants. Actuelement deux mois aprés Foperation 5 jeunes sont vivants et se nourissent normalement. AGRADECIMENTOS :* Agradecemos o auxílio prestado durante a in¬ tervenção e posteriormente com o manuseio dos filhotes ao Prof. Afonso Celso Maranhão Nina, estagiário c aluno da Secção de Ofiologia. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 * Mero. In«t. HutanUn. 25 : 157 - 194 . 1957 / 5 . HÉLIO E. BKLI.rOMINl e ALPHOXSE K. HOGE 101 BIBLIOGRAFIA 1. Amaral. A do — Contribuição a biologia do» Ophidios brasileiros (reprodução i Nota Prévie — Col. do* Trabalho* do ln*titnto Butantan, 2: 185-137, 1913-1924. 2. Fonseea. F. da — Animai* Peçonhentos, 1949. 3. Ibering. R. von — Dionário dos Animai* do Brasil. 1940. 4. Fraenckel. L.. Martins. T. — Sur les corps jaune des serpents vivipares, C. K. Soe. BioL, 127: 466, 1938. 5. Fraenckel, U Martins, T., Mello, R. F. — Observaciones sobre el embarazo de las serpientes viviparas, - 1 rch . Soe. BM. Montirideo, 10: 1, 1940. 0. Fraenckel. L., Martins, T. — Eatudos sôbre a fisiologia sexual das serpentes. Mea. In*t. fíutantaii, 13: 393, 1939. 7. Fraenckel, L., Martins. T.. e Mello. R. F. — Studics on the pregnaner oí viriparous snakes, Fadoeriao/o;;y, 27 (5): >*3, 1940. 8. Claussen, H. J. — Studies on the eífect of ovariotomy and hTpoph.netomy on gestatio in snakes, Bndoerimology, 279 ( 4): 700, 1940. 9. Coik*. E. D. — Tlie crocodilinns. lizards, and snakes of Xorth America Report of the F. S. National M use um, under the direetion of the Smithsonian Institution, June, 1S98. Broun, H. G. — Schlangen und Eutwicklungsgeschichte der ReptilienKlausvn nnd Ordnungen des Thicr-Eoiches, 3 1 Band III Abteilung III. l s 90. 11. Matera, E. A. — Contribuição para a Cirurgia alalominal do cão. Teseapresentada para o concurso de Patologia e Clinica» Cirúrgica» e Obstrética da F.M .V. da U.S.P. de S. Paulo, 1943. p 2 3 4 5 6 SCÍELO 10 2.1 12 13 14 15 16 cm 192 OPERAÇÃO CESARIANA REALIZADA EM KÜNECTES MCRINIS (LINNAECS 175f*> (SERPENTES) FoTOCRAriA n.° 1 — Detalhe g. 4 n. (.896), desenho da parte superior da cabeça interrompido, pare¬ cido com o que se observa em Bothrops cotiara, (Pig. 3, n.° 7.896), sutura das infra-labiais com mancha sub-triangular (Pig. 4, n.° 7.896), três grandes manchas pretas na região guiar (Fig. 5, n.° 7.896), manchas laterais do corpo muito parecidas com as que se observam em Bothrops altirnatus ( Fig li colorido geral cinzento escuro, quase prêto; face ventral do hemipenis'apre¬ sentando na região basal pequenos espinhos, semelhante ao de Bothrops alter- natas; palatino parecido como de Bothrops altematus bem diferente do apre¬ sentado por Bothrops cotiara (Figs. 8 , 9 e 10). Afinidades: — Bothrops fonsecai é próxima de Bothrops altematus D., B. et I). c Bothrops cotiara (Gomes). Distingue-se de Bothrops cotiara pela forma do palatino, pelos espinhos basais da face ventral do hemipenis, pela forma das manchas laterais, pela forma do desenho da cabeça, pela soma total < as placas ventrais e caudais, pelo colorido muito escuro, pelas manchas da região guiar e por ter as ventrais anteriores pretas ao invés de claras. Dis¬ tingue-se de Bothrops altematus pelo desenho da cabeça e pela coloração da região ventral. Nao podemos resolver pilo momento se se trata de uma subes- pecie de altematus por não termos visto integrados. Por outro lado Bothrops fonsecai parece ser alopátrica em relação a Bothrops altematus. 1 (inações: — Machos: Placas ventrais: 165 a 173; sub-caudais: 51 a 56. Fêmeas: Placas ventrais: 165 a 179; sub-caudais: 39 a 49 . Descrição do tipo: - 7.896 I. B., á, procedente de Santo Antonio de Capivarv, Estado do Rio de Janeiro; rostral mais alta do que larga, intema- sais e cantais com o rebordo levantado; cantais separadas por seis séries de pe¬ quenas escamas fortemente earinadas; supra-oculares longas e estreitas, sepa¬ radas por dez séries de escamas cefálicas earinadas; oito supra-labiais. a 2 a não entrando na formação da fosseta loreal e a 4 a muito mais longa; supra- -labiais separadas da órbita por três séries de escamas; nove infra-labiais; tres mfra-labiais em contacto com a mentual; l.° par cm contacto por trás da* siufisal ; ventrais: 170 + 2 1/2; anal simples; sub-caudais: 57/57; compri¬ mento da cabeça: 33,8 mm; comprimento do corpo: 715 mm; comprimento da SciELO 11 12 13 14 15 16 17 liem. InO. Bntinun. ALPHOXSE R. IlOGE r HÉLIO E. BELLLOMIXI 107 28 : 195 - 206 . 1957 / 8 . cauda : 123 nmi. Colorido de fundo, de côr cinza claro com 19 manchas pretas de cada lado do corpo, oposta* ou alternadas (Fig. 1); as manchas são seme¬ lhantes às que se observam em Bothrops alternatus ; sete manchas indistintas na cauda. Xa região vertebral os espaços entre as manchas pretas são ocupa¬ dos por manchas de forma de losango de côr cinzenta escura e separadas das manchas pretas por um rebordo claro da largura de uma escama. Face ven- tral com algumas manchas cinza-claro na parte externa das ventrais e nas para-ventrais; sendo mais numerosas as manchas claras no terço anterior, de¬ crescendo gradualmente em número para trás (Fig. 2). Colorido da cabeça: — superiormente uma mancha lembrando à (pie se observa em Bothrops cotiara (Gomes), porém, ligada ao meio (vide Fig. 3 n.° 7896). Lateralmente, uma faixa escura post-ocular. muito parecida com à que se observa em Bothrops alternatus D. B. et I)., (vide Fig. 4 n.° 7896). Supra-labiais brancas com uma mancha que ocupa a segunda parte da pri¬ meira e terceira ; outra mancha na sutura da 3. a com a 4. a . e s* estendendo ver¬ ticalmente até a órbita; os bordos superiores da 5. a , 6. a e 8. a , ocupados pela faixa post-ocular (vide Fig. 4 n.° 7896); infra-labiais pretas com uma mancha semi-lnnar branca na eomisura da bôea (vide Fig. 4 n.° 7896), na face in¬ ferior da cabeça duas faixas pretas de forma peculiar (vide Fig. 5 n.° 7896). Distribuição geográfica: — Até o momento Bothrops fomccai foi encon¬ trada em Santo Antonio do Capivary, Estado do Rio de Janeiro; Campas do Jordão, Bananal, Areias e Pindamonhangaba. Estado de São Paulo; Itajubá. Itanhandú e Passa Quatro. Estado de Minas Gerais. Derivação do nome: — Denominamos esta espécie, em homenagem ao Prof. Dr. Flavio da Fonseca, Chefe do Laboratório de Parasitologia do Insti¬ tuto Butantan e Professor Catedrático da Escola Paulista de Medicina. RESUMO Descrição de uma nova espécie de Bothrops, Bothrops fonsecai caracteri¬ zada pelos dados acima citados na diagnose. ABSTRACT Dcscription of a new Bothrops species. Bothrops fonsecai, with the second upper labial not formig the anterior border of the loreal pit, lower parta black. a post-ocular stricke as in Bothrops alternatus, I). B. et D. Pattern of the eephalic region like that of Bothrops cotiara (Gomes), but interrupted. Lower labiais black with a semi-lunar white spot on the upper border. The general pattern is very similar to Bothrops alternatus ; pnlatiue and hemipenis of the same sbape of thos? of Bothrops alternatus. ], | SciELO 1Í>S fMA NOVA ESPÉCIE DE BOTHROPS DO BRASIL (SERPENTES! BIBLIOGRAFIA I. Gomes, F. J. — Uma nova cobra venenosa do Brasil — Laeketu cofiara, nova -limes Paulistas dc Medicina c Cirurgia. 1 (3): 65-67, Pr. S. 1913. - * Buméril, A. M. C., Bibron, G. et Daméril, A. — Erpetolopie générale oa Xaturelle complète des Reptiles, 7 (2): 1512, 1S54. SciELO 13 espéeie. Histoire 15 16 Mem. In«*t. Butantan. 28 : 195 206 . 1957 / 8 . ALPHOX.SE K. HOGE e HÉLIO E. BKLLUOMIXI 199 Fig. 1 — Bothrop .« fonxcai tipo (visto dorsal). cm Fio. 2 — Tiothrnps foHsrcai tij>o (vista vcntral) SciELO 200 IMA NO\A ESPÉCIE I>E liOTHROPS DO BRASIL (SERPENTES) Mem. In*t. BuUntan, 2S: 195206. 1957/8. ALPHONSE R. IKKiE r HÉLIO E. BELLUOMINI l'ic. 3 - llolhrops cofiara tipo (X.° 452) vi„a mperior da ral^a. RolMropt foutrem t.po (X- 7896) vi,ta -uj- rior da cahLa. cm 2 3 4 5 6 SClELO 10 2.1 12 13 14 15 Mem. In*t. Butantan. 28: 207-216. 1957/8: H£LIO K. BELLUOMIXI r ALPHONSE H. HOGE 207 CONTRIBUIÇÃO À BIOLOGIA DE Eunectes muriniis (Linnaeus 1758) (SERPENTES) OBSERVAÇÕES SOBRE HÁBITOS ALIMENTARES DE “SUCURIS’ EM CATIVEIRO HÉLIO EMERSON BELLUOMIXI e ALPHONSE RICHARD HOGE (Laboratório de Ofiologia do Instituto Ilutantan, São Paulo, Brasil) INTRODUÇÃO Raras vezes tivemos a oportunidade de receber serpentes de porte avan¬ tajado, principalmente do gênero Eunectes, as famosas “sucuris”, “sucurijús", “boiunas” etc... nomes vulgares dados à êsses ofídios tão lendários e discuti¬ dos que, vivem por quase todo o Brasil, habituando rios e lagoas. Dotadas de extraordinária fôrça muscular e de extrema agilidade (piando n’água, matam suas vítimas por constrieção, constituindo sério perigo para os animais de pe¬ queno e médio porte, assim como para o próprio homem. O maior exemplar de Eunectes visto no Brasil, foi assinalado em carta dirigida ao Instituto Butantan pelo grande sertanista Mar. Cândido da Silva Rondon, cujos dizeres se encontram transcritos em livro de Fonseca (1). O exemplar tinha aproximadamente 12 metros de comprimento. Exemplares outros, no máximo com 6,20 metros raramente deram entrada no Butantan. 0 tamanho dos poucos exemplares que aparecem quando não são ainda pe¬ quenos. varia de 4 a 5 metros de comprimento e. (piando bem nutridos, em bom estado de saúde, o pêso varia de 80 a 100 quilos. Locomovem-se lenta-[ mente em terra, depreendendo-se dêsse fato o hábito de viverem em rios e l lagoas grande parte do tempo, imersas ou apenas com o focinho fora d agua. O estudo das serpentes, de modo geral, em seu “habitat”, é difícil, de¬ pendendo de acasos fortuitos. Em se tratando de “sucuris”, a água dificulta ainda mais as observações, pois facilita a fuga e a dissimulação, verdadeira camuflagem. A pele dessas serpentes é de coloração olivávea, com manchas arredondadas negras, impossibilitando prticamente a localização do ofídio mergulhado. É difícil e complexo realizar trabalhos dêsse gênero. cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 20S COSTRIBCIÇAO -V BIOLOGIA DE ECNECTES MCRIXC8 (LIXXAEUS 173-' (SERPENTES) A bibliografia é escassa e poucos pesquisadores tiveram a oportunidade de fazer observações nesse sentido. Amaral (2) em trabalho de contribuição à biologia dos ofídios brasileiros, assinala inicialmente: — “Essa escassez de observações de ordem biológica, parece-me esteja ligada a várias fatores, entr? os quais talvez se possa assinalar o perigo a que com freqüência estão sujeitos aqueles que se dedicam a êsse afanoso, mas de certo modo interessante gênero de estudo. Em seguida cumpre registrar, primeiro o fato de que quase sem¬ pre o encontro de serpentes em seu próprio “habitat” e em suas atitudes tí¬ picas estar ligado a circunstâncias inteiramente ocasionais; e, depois o in¬ sucesso que em via de regra resulta de excursões por ventura empreendidas com o fim especial de realizar observações dessa natureza”. O mesmo autor, sob o ponto de vista ecológico, coloca Euiuctes murinus entre as serpentes aquáticas ou mais propriamente, anfíbias, porque passam parte do tempo em terra. Devido a conformação da pupila, que é vertical, são tidas as “sucuris” como serpentes de vida noturna, embora possam ser encontradas em atividade durante o dia. fato esse citado por Amaral e em seu trabalho e observado por Iloge em suas viagens pelo interior do Brasil. Amaral, enquadra-as em seu esquema de gênero de alimentação, em es¬ pécies rodentívoras, que se alimentam em geral de ratos, preás, mocós e ou¬ tros roedores, o que não corresponde às nossas observações. Von Ihering (3) apresenta dades interessantes: — “alimentam-s? preferencialmente de peixes, aves aquáticas, e grandes mamíferos que frequentam as águas onde ela própria passa a maior parte da vida; capivaras, antas bem como veados e outros ani¬ mais que surpreende nos bebedouros. Vive só nas matas que margeiam os grandes rios; não existe no litoral paulista, mas do interior dsête Estado ela se estende para o Norte até o Orenoco”. Afirma que, em geral, em relação ao ser humano, ela não ataca senão crianças, mas cita fatos verídicos de caçadores que atacados por “sucuris", foram salvos pelos companheiros. De acordo com êste autor, o maior animal que segundo observações bem documentadas, foi encontrado na na barriga de uma “sucuri", era uma suçuapara, cervo do ta¬ manho de Uma novilha como documentou o Gen. Couto Magalhães. Cita, ainda, trechos das famosas “Cartas” do Padre Anchieta, fazendo referências às “sucuriubas”. Hoge, teve a oportunidade de encontrar “sucuri" recém- -eapturada, regorgitando ave aquática e outra apresentando em seu estômago um Caiman crocodilus crocodilos (Linnaeus). Constatamos em necropsia de Euncctcs murinus, realizada no Butantan, a presença de restos de um Cervídio (cascas ossos pequenos) no conteúdo intestinal da mesma. Outra necropsia revelou a presença de um ferrão de arraia, atravessando a parede estomacal da serpente (Fot. 1). No Jardim Zoológico de Roma, Mangili (4) conseguiu * M#-ni. 1 11*1. Hutantan, 2- 2.C-21B. 1957/8. HÉLIO K. BKLLIOMIM . ALPHONSK R. HOGE 209 alimentar entre outras cobras, uma "sucuri’* de 2,50 metrcs, com hidrolizado de carne. K tradição dizer-se que êsses avantajados ofídios que matam por cons- tricção apanham suas vítimas apenas fora d'água ou junto a ela, devido a ne- cessidade de um ponto de apoio para o bote e posteriores laçadas para a cons- tricção. bicando a beira dos curs< - de águas calmas ou lagoas, dispõem-se so¬ bre paus c galhos baixos para se projetarem sôbre a vítima. Essas afirmações vem sendo repetidas há muito tempo, reafirmando sempre a impossibilidade désses ofídios apanharem suas vítimas n agua. Nossa intenção, nesta parte «lo trabalho é demonstrar «pie. também apanham suas vítimas dentro d’água abocanhando e enlaçando-as com extrema facilidade e rapidez, levando-as para debaixo d agua, onde são mortas e eiigulidas. Podemos dizer que talvez o meio aquático seja o ambiente de predileção onde essas serpentes se alimentam. MATERIAL \«>ssas observações fazem referências a serpentes do gênero Euncdes em cativeiro na pequena piscina do Butautaii «pie tem 13.30 metros de compri¬ mento por 5,90 metros «le largura: a parte funda apresenta 2,15 metros de altura «• a rasa 1.28 metros. 1'rna loca pequena em forma «le túnel com 3 aberturas foi construída com pedras rústicas na parte funda e uma toca. na parte rasa. A quantidade «le água é controlada para chegar ao limite su¬ perior «lo plano inclinado, que une ambas as partes, permitindo assim a pos- sihilidade «lêss«*s répteis se aquecerem ao sol. em ambiente sêco, expostos dire-- tamente ou protegidos pela toca. A parte superior da piscina foi coberta de t-la. . duas portas tipo alçapão permitem o acesso ao interior. A água é mantida a altura «le 1,80 metrts «• trocada quinzenalmente, quando as ope- raçô»** «le limpeza se processam, a fim «le «pie haja sempre condições higiênicas próprias e transparência necessária para as observações. Neste ambiente (on- «le falta apenas o aquecimento «la aguai, adaptado para hospedar as grandes serpentes aquáticas, nas épocas quentes do ano. são mantidas serpentes de di- versos portes, variando o comprimento d« 3 a 5 metros, vivendo ccnjunta- mente com pequenos jacarés e cágado-. As ••sucuris" «pie temos observado podem passar até 1 hora sob a su- perticie «1 água em condições normais, ou então ficam quase imersas, dei¬ xando fora d agua apenas a ponta do focinho. I ma sucuri E iinccles mi urimts. macho, depois «le alguns meses sem se alimentar, parecia entretanto adaptada à piscina, devido aos passeios pela agua. A época era boa. pois a temperatura andava perto de 30 graus. Lan¬ çamos certa tarde à água, um coelho adulto, bem nutrido a fim de desper- SciELO 0 11 12 13 14 15 16 cm 210 CONTRIBUIÇÃO A BIOLOGIA DE EUXECTES MURINUS (LfXXAEUS 1758) (SERPENTES) tarnios o interesse cio réptil. Para nossa surpresa, o mesmo que estava em re¬ pouso no fundo da piscina, saindo de sua imobilidade, nadou velozmente em di¬ reção do animal, abocanhando-o e enlaçando-o. Simultaneamente, levando-o pa¬ ra o fundo dágua, permaneceu mantendo a constrieção até a imobilidade com¬ pleta do coelho. Depois de 15 minutos vagarosamente abriu a bôca que ainda abocanhava o coelho e sem desfazer a laçada, como se fosse ura sistema de rôsca sem fim. mudou e manteve-a com o têrço posterior do corpo. Após isso, quase 25 minutos da mordida inicial, mantendo sempre a vítima solidamente segura, veiu à superfície apenas com a ponta do focinho, respirou, observou o ambiente, mergulhou novamente, e após várias tentativas, abocanhou o coelho pela cabeça (hábito geral das serpentes no ato de engulir as vítimas) e engu- liu-o em poucos minutos. Posteriormente êste exemplar de “sucuri” que me¬ dia 5,20 metros, repetiu o feito, durante um dia bastante quente e ensolarado. Atualmente, temos cinco filhotes vivos de Eunectes murinus (Fot. 2) sal¬ vos por operação cesariana, descrita em outro trabalho, qu? estão se alimen¬ tando com eamondongos de modo idêntico ao observado. Êstes são atirados ou postos em pedras que ficam junto ao pequeno tanque com água mantida em temperatura tépida por meio de aquecedores. As pequenas vítimas são levadas para baixo d ’água. que tem 10 cm a 12 cm de altura, mortas por constrieção e engolidas. Xa segunda parte deste trabalho referimos a um exemplar de Eunectes murinus de aproximadamente de 3 metros, que mantido também na piscina do Instituto Butantan engoliu um cágado, fato êste inédito ao que se nos pa- eere (não presenciamos infelizmente o acontecimento mas constatamos e de¬ monstramos o fato posteriormente). Devido à dilatação provocada pelo corpo do quelonio no abdômen da serpente e também à espessura e consistência da carapaça, chegamos a recear pela vida da serpente. Horas após. no mesmo dia, a serpente alimentou-se novamente, ingerindo um coelho doméstico. Conseguimos radiografar a serpente no dia seguinte e as chapas (Fot. 3 e 4) revelam com tôda a nitidez, os corpos do coelho e do quelonio, êste já com a carapaça em fase de desagregação devido a ação dos sucos gástricos das serpentes, que normalmente digerem quase que totalmente as vítimas, com ex¬ ceção das partes queratinizadas. A “sucuri" continuou passando perfeita¬ mente bem. CONCLUSÕES Demonstramos neste trabalho que as serpentes Eunectes murinus (Lin- naeus 1758) podem i>egar suas vítimas dentro d agua, matar e engoli-las sob a água. Êste fato serve de aviso para os caçadores e pescadores mais afoitos «pie se aventuram sozinhos sem outros cuidados, por lagoas e rios. Filhotes re- cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mrm. In-t. Butantan. IIÊI.IO K. BELI.COJÍIXI r AI.PHOX8E R. HOGE Oll 28: 207-216. 1957/8. “ cém-naseidos de Eunectes murínus obtido por operação cesariana, descritos em outro trabalho, também se alimentam da mesma forma, demonstrando, por¬ tanto, que é hábito da espécie. Os filhotes até o presente momento adapta¬ ram-se perfeitamente bem e alimentam-se regularmente eada 15 dias com ca- mondongos criados no Biotério do Instituto Butantan. Assinalamos também o fato inédito de um exemplar de Eunectes murínus ter se alimentado com um quelonio e posteriormente, no mesmo dia. com um coelho doméstico. AORADECIMEXTOS : — Apresentamos nossos agradecimentos aos Srs. I)rs. H. F. Oliveira Jr., J. I). Rodrigues e ao Técnico O. ( Vccon. todos do Departamento de Baio X, da Faculdade de Medicina Veterinária de São Paulo, pelas radiografias apresentadas neste trabalho. RESUMO Este trabalho demonstra que serpentes do gênero Eunectes murinus (Lin- naens 1758) podem abocanhar suas vítimas dentro dVigua. matar e enguli-las submersas. Filhotes recém-nascidos de Eunectes murínus. salvo por operação cesariana, descrita em outro trabalho, também se alimentam da mesma forma. Assinalamos o fato inédito de um exemplar de Eunectes murínus ter se ali¬ mentado de um exemplar adulto de Pseudemys dorbiejnii Duméril. Bibron 1835, cágado e posteriormente com um coelho. RÊ8U.MÊ On demonstre que de> ophidiens du genre Eunectes murínus peuvent mordre et deglutir leur proie nu fond de 1'eau. II en est de même i»our les jeunes. sauvés par opération cesariénne. Fne autre observa tion est celle d’un Eunectes murínus qui a englouti sucessivemeiit une tortue. Pseudemys dorbignii (D. B. et D. 1833), et un lapin domestique. BIBLIOGRAFIA 1. Fonseca, F. da — Animais Peçonhentos, 1949. 2. Amaral, A. d» do — Contribuirão à biologia do« ophidios brasileiros. Habitat, hábi¬ tos e alimentação. 1.® nota prévia. Coletânea ito Instituto Jintantem, 2: 177-181, 1918-1924. 3. Mangili, G. — Rierherche dietologirhe su serpent in envitá nel giordino di Koma. ZOO Ano // 2 Giugno 19ÕU, Bologna, Italia. 4. Ihoring, R. — von — Dicionário do* animais do Brasil, 1940. SciELC/o ^ 14 CONTRIBUIÇÃO À BIOLOGIA DE EÜXECTES MURIfíUS (LINNAEC8 1738) (SERPENTES) Fotografia N.° 1 — Fotografia mostrando ferrão de Arraia atravessando a parole estomacal de Eunrclm muriim.' (L. 1T5S). cm SciELO Mem. In-t. Bitintan, 28; 207-216. 1057 B. HkLIO k. bellcomixi » alphoxsk ü. iukíe VoroGtxnx x.® 2 — Fotografia do» filhoto* do EamrcUt ««rímu (I.. 17 .-. 8 ) , ; ,i Vf >» , H .r operação cesariana. cm 214 CONTRIBUIÇÃO v BIOLOGIA DE ECNECTEs MURINUS (LINNAECS 1733) (SERPENTES. SciELO 11 12 13 14 nornlo digerido* pela nerpente. Mem. In»t. Batantan. 28: 217-220. 1957/8. S. SCHEXBERG 2V, O OXIGÊNIO NA PER FUSÃO CARDÍACA DE SAPOS BRASILEIROS S. SCHEXBERG (Laboratório de Fisiologia, Instituto Butantan, São Faulo, Brasil) Dada a escassez de rãs em São Paulo (Capital), freqüentemente somos obrigados a empregar o sapo (llufa marinus e II. paracnemis) como substituto na experimentação biológica. A perfusão do coração de sapos apresenta certas dificuldades (piando comparada a mesma perfusão em rãs. Xos primeiros, é comum a parada do coração e irregularidades do ritmo e amplitudes, princi¬ palmente quando esta preparação é observada por longo tempo. O emprego da adrenalina, veneno de sapo e também de ácidos gordurosos, recursos habi¬ tualmente recomendados para afastar êstes inconvenientes, não são satisfatórios em muitos easos, mòrmente (piando a preparação tem de ser usada para en¬ saios quantitativos ou mesmo qualitativos, onde a ação farmacológica destas substâncias mascara o “test”. Em trabalho que realizamos em nosso laboratório deparamos com os em¬ pecilhos acima descritos, o que nos levou a tentar a oxigenação dos liquides de perfusão com o fim de obter condições constantes de funcionamento car¬ díaco. A oxigenação é obtida borbulhando-se oxigênio diretamente no líquido (Ringer de batráquio) da cânula de Straub. com auxílio de um capilar de vi¬ dro. podendo-se usar a montagem anteriormente descrita (1). Empregamos Je preferência corações de fêmeas de porte médio, por apresentarem maior re¬ gularidade na contração cardíaca. Os corações perfundidos das espécies de sapos experimentados são sensí¬ veis às variações de oxigênio. Como pode ser observado na fig. 1, (piando o oxigênio deixa de ser borbulhado por poucos minutos, diminuem as amplitudes de contração cardíaca, parando os batimentos ao fim de um pequeno intervalo. Contudo, se reiniciamos a oxigenação do coração que parou por deficiência de oxigênio (fig. 1), em poucos minutos volta a bater e normaliza sua atividade. A oxigenação permitiu, de fato, melhorar as condições de funcionamento do coração perfundido tornando-se constantes os batimentos por períodos longos, proporcionando assim, êste tratamento, a utilização do coração perfundido de sapo para ensaios farmacológicos sem maiores dificuldades; isto é evidenciado cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 218 O OXIGÊNIO NA PERFISÃO • ARDIACA DE SAPOS BRASILEIRO- pelo traçado apresentado na fig. 2. obtido no curso de ensaios repetidos de ATP, feitos com a finalidade de acompanhar a destruição dessa substância por veneno ofídieo. É singular o fato do coração perfundido de sapo necessitar de oxigênio para sua atividade, não sucedendo o mesmo com nossas rãs. apesar de serem ambos animais homeotemios e pertencerem a gêneros próximos. Xão foi mo¬ tivo de investigação determinar o mecanismo intrínseco da oxigenação em co¬ rações perfundidos de sapas e. assim sendo, não é possível afirmar se o oxigê¬ nio, nestas preparações, interfere com o metabolismo cardíaco ou se exerce mera ação de presença. RESUMO O oxigênio borbulhado diretamente no liquido da cânula de Straub. cm perfusões cardíacas de sapos < Rufo nturiiuis e R. para ene mis), permite obter contrações com constância de ritmo e amplitudes, em preparações observadas por longos períodos, tornando possível o emprego do coração perfundido dêss- s animais em ensaios farmacológicos. ABSTRACT Babbling of oxygen directly into the perfusions Solutions of Straubs cannula, in isolated liearts of toad> 1 Rufo marinus and R. paracnemisj. per- mits to obtain contractions which are con-tant in rhytbm and amplitudes in preparations observed for long periods. enabling so the use of thesc toad’s perfused hearts in pbarmacological tests. BIBl.ICXíRAPIA 1. Sfhenberg S, — Acta. Physiol. Latinoamer. 6 : 137-14(5, 1936. SciELO 11 12 13 14 15 Metn- In*t. ButsiiUn. 28: 217-220. 1957/8. S. SCHEXBERG 2 lí* F*o. 1 — Perfusão de coração de sapo. As setas indicam o ponto onde o bor- bulhamento de oxigênio foi inter¬ rompido ou reiniciado. O coração permaneceu 8 minutos sem oxige¬ nação e restal>eleceu-se rápida- mente com o reinicio da oxige¬ nação. Fio 2 — Coração de «a]K> em perfusão longa. Tempo total de perfusão — 62 minutos. O traçado é uma determinação do tempo de inatiração do ATP por venenos cro- tálicos. C = Y ‘Ir ATP, dos? empregada como controle. Os números, na part? superior, indicam o tempo de incubação do ATP com veneno. Os números inferiores identificam a amostra de veneno cuja determinação está s-ndo feita. A seta indica o ensaio onde o veaeno completou a inativação do ATP. 1, | SciELO Mem. InJt. BotanUn, p. SOUZA SANTOS, A. VALLEJO FREIRE. R. S. 28: 221 223. 1957/8. FCRLANETTO, AND M. C. ANDRADE 221 CORRELATIOX BETWEEN THE ADSORPTION OF DIPHTHERIA TOXOH) AND OF ALIZARIN BY ALUMINUM OXIDE HYDRATE GELS * P. SOUZA SANTOS,** A. VALLEJO-FREIRE, R. S. PURLANETTO, AND M. C. ANDRADE (Laboratório de Virus e Virusterapia, Instituto Butantan, São Paulo, Brasil) The adsorption of diphtheria toxoid is used to estiraate the adsorptive power of Schmidt’s alumimim hydroxide gel (1) for the preparation of foot- -and-mouth disease vaccine (2). Tliis inethod is open to criticLsm, beeause it is known that anions sueh as phosphate, borate. carbonate and citrate ean inbibit the adsorption of diphtheria toxoid on aluminum hydroxide gel and the toxoid used for the measurement of the adsorptive power is usually dissolved in phos¬ phate buffer (2, 3, 4, 5). Adsorption of Congo Red lias also been suggested for the same pur])ose (6), but its use lias been criticized beeause it is not directly eorrelated to the adsorption of foot-and-niouth disease virus (5). This report deseribes the results of experiments showing that the amount of diphtheria toxoid adsorbed by aluniinuni oxide hydrate gels of different crystalline structures in presenee of chloride ion and in absenee of phosphate ion ean be eorrelated to the amount of alizarin adsorbed by the same gels. MATERIALS AND METHODS Toxoid. — Prepared aeeording to the methods of the New York State De¬ partment of Health (7), the toxoid was precipitated at pll 3.2 and dissolved in the miniroum amount of either M/15 phosphate or glycine-potassium ace- tate buffer of pll 7.2 (7a), and used without separation of the iron porphyrin. The titer of the toxoid was determined by the preeipitation inethod of Ra- mon (8) and expressed in number of Lf units per me of solution. (•) This work was supported br a grant from the Conselho Xaeional de Pesquisas, Rio de Janeiro, Brasil. (**) Present address: Instituto de Pesquisas Tecnológicas, São Paulo, Brasil. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 ‘MO CORRELATIOX BETWEEN THE ADSORPTION OF DIPHTHERIA TOXOID AND OF AEIZARI.V BY ALCMINCM OXIDE HYDRATE GELS Aluminum oxide hydrate gels. — The preparation of the aluminum oxide hydrate gels used in this study was deseribed in previous papers (9). All freis were freed from soluble salts by dialysis in eellophane bags afrainst dis- tilled water for 2 days. The aluminum content of the gels was determined by the 8-hydroxyquinoleine method (10) and expressed as A1 2 0j, in view of the different water content cf the gels. The gels used in the present study were the following: I) pure Bayerite gel. from amalgamated aluminum. cons- tituted by Bayerite somatoids (9); II) Willstaetter’s C-gamma gel, eonstitu- ted by Bayerite somatoids and Gibbsite hexagonal prisms and platelets (9) ; III) Willstaetter*s “new b" gel, from aluminum ehloride and ammonium hy- droxide, constituted by Bayerite somatoids and Gibbsite hexagonal prisms and platelets; IV) aged Gibbsite gel, from aluminum ehloride and ammonium hy- droxide, constituted by hexagonal prisms and platelets; V) Boehmite gel, from amalgamated aluminum, constituted by spherieal particles and irregular pla- tes (9); VI) Schmidfs gel, constituted by Boehmite fibrils (9, 11 i ; VII amorphous aluminum hydroxide gel, constituted by spherieal particles (9); the amorphous aluminum hydroxide was preeipitated inside the toxoid solu- tion, previously alkalinized by ammonium hydroxide, by adding aluminum ehloride of adequate concentration to adjust the pll to 7.2 and to produce the desired amount of Al(OH)*. Before the adsorption of toxoid the pH of the gels was between 6.5 and 7.0. The particle size, shape and structure of these gels were determined by eleetron microseopy and by X-ray or electron diffraction, as deseribed in previous papers (9). In this paper, these gels will be referred to under the general denomination of aluminum hydroxide gels. Adsorption of toxoid. — Diphtheria toxoid solution (400 Lf/ml) was diluted with cither M/15 phosphate buffer or 0.85% sodium ehloride solution in order to obtain inereasing coneentrations of toxoid. 1 ml of the gel, eon- taining 20 mg of A1 2 0 3 , was added to 19 ml of eaeh of these Solutions plaeed in centrifuge tubes, and the mixture thoroughly homogenized by agitation. The tubes were left at room temperature for 24 hours and the precipitate was separated by centrifugation. The toxoid titer was determined in aliquots of the solution before and after adsorption; the amount of toxoid adsorbed was ealeulated by difference and eheeked by titration cf an eluate of the precipi¬ tate obtained with sodium citrate solution. The pH of the toxoid Solutions was measured before and after adsorption; it was, in general, between 6.8 and 7.2. Adsorption of alizarin. — The method for measuring the adsorption of alizaiin was a modification of the method used by Weiser to follow the decrease of surfaee area with aging of aluminum hydroxide gel obtained from hydro- cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 M«n In»t Batinun P. SOCZA SANTOS. A. VALLEJO FREIRE. R. S. 28 221 228 1957/8 PÜRLAXETTO. AND M. C. ANDRADE 223 lvsis o£ amalgamated aluminum (12). The modification was made in order to follow a similar teehnifjue to that used for the adsorption of toxoid. A standard M 200 soluticn of sodium alizarinate was prepared by dissolving pu- rified Merck ’s alizarin in normal sodium hydroxide and diluting witli distilled water to obtain different concentrations of alizarinate; 1 ml of the gel was added to !> ml of these Solutions, the mixture homogenized and centrifuged after one hour. The alizarin content of the supernatant fluid was determined bv colcrimetrv and the amount acLsorbed caleulated by differenee. RESULTS AND DI 8 CÜSSION Rfsults of the adsorption and the elution of toxoid adsorbed on Boehmite gel are listed in Table 1. These data refer to toxoid dissolved in glyeine-po- tassium acetate buffer and diluted witli sodium chloride solution. TABLE I Alnrptiw of <3.>htheris toxoi I by B>e'.mite rp! total amo int of tinSer of i.f’.< a'!- • - mbcr f IX* n in- numberoí IX* cl :t- ibc N.° toxoi 1 in 20 ml >r >e 1 Ly 20 ni t of AVi 'sorbel in 20 ml 7 1 from the ailsor- bate i 100 100 -0- 100 2 160 160 -0- 120 3 240 rio -0- 180 -1 580 220 360 200 5 7:o roo 500 210 6 tioo 200 900 200 7 1600 200 1400 200 8 2200 200 2000 200 These data sliow that the adsorption of toxoid in sodium chloride solu¬ tion follows roughly a Langtnuir or Freundlich isotherm, in the satne way as obsened by McLaren in the adsorption of proteins and enzymes on Kaoli- nite (13). The departure from a Langmuir isotherm is obsened in lower concentrations of toxoid. where no Lf units are found in the supernatant. This fact eould be interpreted as a ehemisorption of the toxoid on the Boeh¬ mite gel by means of a proeess of ion exchange witli the hydroxyl ions on the surface of the Boehmite particles and/or primary valence binding to the aluminum ions on the surface of the Boehmite particles, similarly to what happens in the adsorption of proteins on Kaolinite (13). However, it eould also be a physical adsorption of the toxoid on the Boehmite particles if the cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 224 CORRELATIOX BETWEEX THE ADSORPTION' OF DIPHTHERIA TOXOID AND OF ALIZARIX BY ALVMIXLM OXIDE HYDRATE GELS uumber of Lf’s left in the supernatant is smaller than the experimental error of the precipitatíon method of Ramon (8). ThLs type of isotherm was foimd for all gels, with the exception of Bayerite and Willstaetter’s C-gamma gels, which adsorbed only a very small amount of toxoid (4). Tlie maximmn adsorption of toxoid is 13 Lf/mg A1 2 0 3 for Boehmite. For higher concentrations of toxoid, the amount of adsorption decreases and re- mains eonstant at 10 Lf/mg A1 2 0 3 . This constant value for the adsorption of toxoid for increasing equilibrium concentrations of toxoids agrees with the hypothesis of an ion exchange mechanism for the adsorption of toxoid, but the oeeurrence of the maximnm of adsorption eannot be explained only by this mechanism. A complete inhibition of adsorption of toxoid was observed in gels of greater particle size in presence of phosphate ion; on gels of smaller particle size, the adsorption of toxoid in presence of phosphate is smaller as compared with the amount of adsorption in presence of sodium chloride. A significant inerease in adsorption of toxoid could be observed, if part of the M/15 phos¬ phate buffer used for dilution was substituted by sodium chloride solution. The values of the amount of adsorption of toxoid on Boehmite gel are higher in presence of sodium chloride than in presence of phosphate ion. These dif- ferences ean neither be due to the pH (13), nor to the iouic strength of the solution. since after adsorption the pll’s were always between 6.8 and 7.2. and there were not found any significant diffcrcnces in adsorption if XaCT Solutions of higher concentration were used as diluents (4). Table II lists the average size of the particles of the seven aluminum oxide hydrate gels. measured by electron microscopy (9); these values are measured in the directions of maximum elongation of the particles, with the exception of Schmidt’s gel, in which case the diameter of fibrils is given instead of their length, which is variable (1). The amounts of toxoid adsorbed by the seven aluminum oxide hydrate gels are listed in Table II; the uumbers refer to the constant and the maximum values of adsorption of toxoid in presence of chloride and phosphate ions. The amount of adsorption of alizarin or of alizarinate ion on aluminum hydroxide follows a chemisorption isotherm (12); the constant maximum va¬ lue of adsorption correspouding to the saturation of all aluminum ions on the surfaee of the particles (14) is listed in Table II, in milliequivalents of aliza¬ rin per mg of A1 2 0 3 . cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 * Mem. In«t. Bntinun, P. SOCZA SANTOS. A. VALLEJO FREIRE. R. S. 28: 221 228. 1957/8. FURLAXETTO. AND M. C. ANDRADE 99 . 20 TABLE II Amount of adsorption of diphtheria toxoid and alizarin by aluminum oxide hydrate gels al iminum hydroxide gel average partí¬ eis siz? in mil- limicrons number of Lfs ai sor’.»e I per mg A1 sOj inore sence of 0.85% XaCl sobition number of Lfs adsorbed per m; A1 ;°i in pre-enceofM 15 phosphate buffer number of rnilli- equivalents of alizarin adsorl - ed |>er mg AljCj Btyerite (I) . . 2.200 P.95 -0- 2.03 X 10-* C-gamms II). 1.400 0.75 -0- 0..SS X 10 s New b (III 450 3 -O- 2.20 X 10- J Gibbsite (IV). 126 7 1 5 2.33 X 10‘ s Boehmite (V ). 75 10-13 1.5 4.04 X 10- 5 Schmidt's(fibril<) (VI) Amorphous AlfOH'j 30 (diameter) 40-15 -0- 4.S0 X 10- J CFII). 00 503-SOO 20 44.25 X I0 S The data listed in the third and fourtli coluinn show that phosphate ion inhibits the adsorption of toxoid. probably by blocking the sites of hydroxyl exchange of the aluminum hydroxide gel. Cole and Jackson (15) found that phosphate ion is adsorbed irreversibly on Gibbsite with formation of dihydroxy aluminum dibydrogen phosphate — A1(0H) 2 H 2 P0 4 (variscite); the forma- tion of that aluminum phosphate liappens the same way in which phosphate is fixed in soils. If we assume that the adsorption of toxoid occurs by exchange with hydroxyl ions and binding to the aluminum of the colloidal particle through the carboxyl groups of the protein. the effeet of phosphate ion is lo- gically explained by the formation of variscite on the surface of the particles, thus blocking the adsorption sites, since only one of the OH-groups of the alu¬ minum oxide hydrates is free on the surface (16). It is also remarkable that the adsorptive power of amorphous Al(OII) 3 is greater in comparison with Schmidfs gels. even in presence of phosphate, which can be explained in basis of the higher surface area of this hydroxide. This explanation may also be applied to the results of Holt (17) who obtained adsorption of 22 to 45 Lf\s per milligram of aluminum phosphate gel. beeause the high value for the sur¬ face area of this gel may overcome the inhibiting effeet of the phosphate ion (*). From the above findings it is evident that the use of the amount of adsorp¬ tion of toxoid as a measure of the adsorptive power may give unreliable results if phosphate ion is preseut, which thus eonfirms the critieism made by Pyl on this method (5). If the adsorption of toxoid is made in absence of phos¬ phate ion and presenee of monovalent anions snch as chloride or aeetate, the (•) Measurements show an average partido siic oí 33 milliniicrons in precipitated alnminum phosphate. SciELO 0 11 12 13 14 15 16 cm >2fi CORRE LATI ON BETWEEN THE ADSORPTION OF DIPHTHERIA TOXOID AND OF ALIZARIN BY ALCMINUM OXIDE HYDRATE GELS aniount of toxoid adsorbed is invtrsely related to the partiele size of the alu- minum hydroxide gel and therefore constitutes a reliable estiniate of its sur- faee area. The saturation aniount of adsorption of toxoid and of alizarin (eolumns 3 and 5) decreases proportionally to the average partiele size (column 1) of the seven almninum hydroxide gels. as it eould be expeeted from the depen- dence of surfaei area on partiele size. The amonnt of adsorption of alizarin. which Ls also an estiniate of the nuniber of free -OH ion per Al ion on the sur- faee of the particles (14), follows the saine pattern as toxoid does in absenee of phosphate ion in the médium. Figure 1 shows in a log.-log. scale the eorrelation existing between the adsorptive power of the seven gels for alizarin measured by the eonstant or saturation values listed in Table II and for to¬ xoid in presence of 0.85XaCl solution. The adsorption of aliazarin ean thus be used in plac> of Ccngo Red to estiniate the adsorption of foot- -and-niouth d is. ‘a.se virus on aluminum hydroxide gels. with the advantage that the mechanism of adsorption of alizarin is better known (14). Moreover, the results indicate that the crystalline strueture and or the partiele size or surface area of the aluminum hydroxide gels have influence < n the adsorptive power for diphtheria toxoid; gels constituted by Bayerite and Gibbsite are less adsorptive, tliose constituted by Boehmite intermediate, and the amorphous aluminum hydroxide gel is the most adsorptive one. However, the differences may be due to differences in surface area ratlier than to different crystalline strueture of the gels. SfMMAKY Adsorption of dphtheria toxoid in presence of phosphate ion may give erroneous results as estimates of the adsorptive power or surface area of alu- niinuin oxide hydrate gels of different partiele sizes and struetures due to the inhibiting action of the phosphate. If the adsorption is made in presence of chloride ion and in absenee of phosphate, it gives relable estimates of the sur¬ face area and these values are in direct eorrelation to the adsorptive power of the same gels for alizarin. The use of adsorption of alizarin in plaee of Congo Red is suggested for evaluation of the adsorptiv<' power of aluminum oxide hydrate gels for preparation of foot-and-mouth disease vaccine. RESfMO A adsorção de toxóide diftérico em presença de ion fosfato fornece resul¬ tados errôneos na avaliação do poder adsortivo de hidróxidos de alumínio constituidos de partículas de diferente dimensão e estrutura, devido à ação ini- cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mtm. Id \ Butantsn. p. SOCZA SANTOS. V. VALLEJOFREIKK. R. S. 227 28: 221 228. 1957/8. FUHLAXETTO. AND M. C. ANDRADE biclora do fosfato. Fazendo-se a adsorção em presença de ion cloreto e na au- sèuc a de fosfato, obtém-se resultados seguros na avaliação da área de super¬ fície, e êstes valores estão quantitativamente relacionados com o poder adsor- tivo dos mesmos «réis para alizarina. É sugerido o uso da adsorção de alizarina em lugar do Vermelho de Congo para a avaliação do poder adsortivo de géis de hidróxido de alumínio destinados ao preparo de vacina contra aftosa. REFERENCES 1 ) Sehmidt, S. — Z. Immunit., 98; 392 (1938). 2) Sehmidt, S. & Fogedby, R. — F.ull. Off. Int. Epizoot., 31; 65 (1949). 3) Sehmidt, H. — Grundlagen der s|>ezifischen Therapie, pg. 462, Ilruno Sclultz \ erlag, Berlin, 1940; Moohshruger, G. A. — Sehweixer Areh. Tierh., 90; 1 (1948). 4 ) Souza Santos, P., Vallejo-Freire, A. Furlanetto, R. S. & Andrade, M. C. — unpuldished studies. 5) Pyl, G. — Areh. Exp. Veterinaerined., 7; 9 (1953). 6 ) Waldmann, O., Pyl, G., Hobohom, K. O. i Mõhlmann. II. — Buli. Off. Int. Epizoot., S0; 19 (1942). 7) Wadsworth, A. B. — Standard Methods of the Division of Laboratories and Res-ar.-h of the New York State Department of Health. The Williams and Wilkins Company, Baltimore, 1947. 8 ) Ramon, G. — Compt. Rend. Soe. Biol., 90; 661 (1922). 9 ) a — Souza Santos, P., Vallejo-Freire, A. & Souza Santos, II. L. — Kolloid-Z., 133; 101 (1953); b — Watson, J. II. L., Parsons, J.. Vallejo-Freire, A. & Souza Santos, P. — Kolloid-Z., 140; 102 (1955); c — Souza Santos, P. & Souza Santos, H. L. — Naturwiss-, 44; 113 ( 195 1 ) ; ,1 — Watson, J. H. L., Parsons, J., Vallejo-Freire, A. & Souza Santos, P. — Kolloid-Z., 154; 4 (1957); e — Souza Santos, P., Watson, J. II. L-, Parsons, J. & Vallejo-Freire, A. — Studies on Sehmidt ’s Aluminum Hydroxidc Gel — Experientia (in i>ress). 10 ) Kolthoíf, I. M. — Textbook of Quantitative Inorganic Analysis, pg. 638, The Mac Millan Co., New York, 1947. 11) Souza Santos, P. — Unpublished studies. 12) a — Weiser, H. B. — J. Phys. Chem., 33; 1713 (1929); b — Weiser, H. B. — Alexander’s Colloid Chemistry, 4; 507 (1932); c — Parks, L. R. J. Phys. Colloid Chem., 35; 488 (1931). 13) McLaren, A. D. — J. Phys. Chem., 5S; 129 (1954). 14) a — Wedekind, E. & Rheinboldt, H. — Ber., 53; 1013 (1919); b — Rheinboldt, H. & Wedekind, E. — Kolloidchem., Beiheft, 17; 15 (1923); c — Feigl, F. — Chemistry of Specific, Seleetive and Sensitivo Reaetions, — pg. 537, Academie Press, 1953. 15) Cole, C. V. 4. Jackson, M. L. — Soil Sei. Soe. Amer. Proe., 15; 84 (1950). 16) Russell, A. S. — Alumina Properties — Tech. Paper n.° 10, ALCOA, 1956. 17) Holt, L. B. — Developments in Diphtheria Prophylaxis, pg. 64, Wm. Heinemann Medicai Books, London, 1950. SciELO 0 11 12 13 14 228 CORRELATION BETVVEEX THE ADSORPTIOX OF DIPHTHERIA TOXOID AND OF ALIZARIN BT ALDMI.VCM OXIDE HYDRATE GELS NUMSC* 0» AOSOB «cs Pt* MC cr *10 IX P«£MNCt Or SCOuu cxoaot Fioure 1 — Corrclation between the number of units of toxoid and tnilliequivalents of alizarin adsorbed per miligram of aluininum Iivdroxide gels of different particle sizes and crystalline structures: the Roman numbers refer to the aluminum hydroxide gels listed in table II. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. Inst. Butantan, 28: 229-238. 1957/8. ROSEXFEI.D. L. NAHAS. S. SOIIENBERO AXD W. T. BERALD0** 229 ABSOR PTION OF FLUID BY RED BLOOD CELLS AND HEMOLYSIS IN SHOCK INDÜCED BY TOURNIQUET* G. ROSEXFELD, L. NAHAS, S. SCHEXBERG AND W. T. BERALDO** (Laboratory of Hematology, Instituto Ilutantan, São Paulo, Iirasil) Coonse et al (1) observed hemolysis in dogs submitted to traumatic shoek but he failed to observe it in those dogs submitted to bemorrliagic shoek. Ro- senfeld (2) observed that shoek indueed by histamine, trypsin, peptone, bra- dykinin and bothropic venom provoked in dogs an inerease in mean corpus¬ cular volume accompanied by an inerease of the fragility of erythroc. v tes and hemolysis. These red blood cell alterations were not due to the substanccs in- jected because, with exeeption of botliropic venom. none of them modified the red blood cells “in vitro”, even in concentrations higher tlian those injected. Rosenfeld concluded that the liquid absorption by the erythroeytes with the consequent alteration were not due to the substanccs injected but to the shoek conditions indueed b? them. By this mechanism the red blood cells are res- ponsible for the disappearanee of a great part of the plasmatic liquid loss pe- culiar to shoek. According to these facts, shoek indueed by other means would also pro- voke these red blood cells alterations. In the present paper the modifieations that occur in sliock indueed by tourniquet are studied. MATERIAL AXD METHODS To dogs anesthetized with Nembutal by intraperitoneal route (35 mg per kg of body weight), a wire torniquet was fastened tight on a hind leg and man- tained for six hours or more. The first blood sample was colleeted from the femoral vein of the other hind leg while under anesthesia, before the tourniquet fitting, iramediatl? be- fore torniquet removal. and 5, 15, 30 and 60 minutes thereafter. 5 ml of blood, with 0.1 mg of heparin per ml were colleeted at each time. • This study was supported br the Anastacio Paschoal and M. Pedro Fellowship, and by the Conselho Xacional de Pesquisas. Part. of this paper has been presented at the TV International Congress of the International Society of Hematology, 1952. **From the Department of Phisiology, Faculty of Medicine, U.S.P.. cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 230 ABSORPTIOV OF FLCID BY RED BLOOD CELLS AND HEMOLYSIS IX SHOCK IXDUCED BY TOCRXIQCET* For erythrocyte counting the blood sample was first shaken mechanically for 2 minutes by means of the shaker usuall. v employed for Kalm reaction and then diluted. In order to obtain better results, the pipette containing the sample and diluting fluid was shaken mechanically for 1 minute by meams of a standard shaker. All cells present in an area of 0.2 mm- of the hematimeter were counted. For hematoerit determinations, the blood samples were centrifuged in a Wintrobe tube, for 15 minutes at 4.000 rotations per minute. Hemolysis was qualitativel? estimated in the supernatant plasma of the hematoerit. In one case the absolute hemoglobin quantity was determined in a spectrophotometer. Other hematologic data were studied and will be pu- blished,elsewhere. Blood pressure from the carotid artery was reeorded by the usual method. RESULTS Data from seven dogs are presented in Table 1. With exception of 1 R all showed hemoconeentration. In dog IR which showed hemodilution, the tourniquet was maintained for 18 hours, while in the others it was maintained for 6 hours. All but one dog showed hematoerit increase in a proportion larger tlian the increase of red blood cells thus indicating a mean corpuscular volume in¬ crease. IIemol. r sis occurred in 6 dogs. In all cases it appeared only after tour¬ niquet removal and remained till the end of the experiment. Free plasma he¬ moglobin of dog 2-52 Cg reached 0,528 g/100 ml, amounting to 2,9% of total hemoglobin. Graph 1, prepared with the mean values presented in table 1. indicates that hemoconenetration appeared after tourniquet fitting and that the hema- 100 8o K»*oval n»«;«» RBC X 10* Ht % MCV ii* RBC x io* ui % MCV V* Hemo- 1 y*i» RBC x io* m % MCV Ilcino lyaia 2C 5 bcure KiHed 5.7 ** 7S.3 ° 6 5 ! «0.3 73.3 0 0 1 48 78.7 0 6.1 48.5 80 + 6.0 49.5 82.3 + 6.0 31 85 + 3 C 5 hou*s Killcd 6.1 41 0 7.1 54.2 76 0 7.3 54 74 0 6.4 54 84-3 0 6.7 55-3 82.5 + 6.0 34.4 82.4 + I C 6 boury Kiilrd 5.8 41.6 71-3 0 6.6 MA 82 0 7.3 54.4 00.1 0 6.9 50.2 72.7 + + C.7 32 77.6 ++ 6.5 18.1 74.1 ++ 4 C t.40 Houm Killrti 4.S 36 75 C 5.4 45 83 0 í C 49.1» 83.1 +++ 30 83 +++ 6.3 50.5 80 ++++ 6-3 50 79.2 ++++ J.1S4 0.312 0-304 0.526 2-32-C* 6 hour* K.lt-d 1 6.6 « 3 74 6 0 7.5 j 56.0 74.8 0 1 01.4 70.3 + + 8.3 61.7 71.7 + + + 8.6 03.2 72.5 +++ 8.1 3 2 78 ++++ 5 C 5 hour» Killcd 1.8 40.4 91 0 3.6 «2.6 76 + 5.4 14.5 82 + + 4.9 10 82 + + 5.0 40 80 +++ • >i 41.0 81 + +■+ 1 H 13 houn Di"*l 6.8 48.5 71.5 — 6.0 | 47 77-3 I 6.0 40 6-3 47.5 75.5 6.0 46.5 < t AVKRAGEá 1 3.90 1.1.3 6.35 4V.I 77A 6.76 51.1 76.2 6.4.3 50.7 78.1* 6.51 5. 79.6 6.40 30.8 79.6 * cm 10 11 12 S iEL 17 2 Mwn. In«t. BntanUn, 28: 229 236. 1957/8. U. ROSEXFEI.D, L. XAHAS. S. SCHEXBERG AND W. T. BERALDO’* 231 tocrit increase was greater than that of the erythrocyte countings, tlius sho- wing an increase in the mean corpuscular volume. io ■SS591II KlO. 1 Arterial blood pressure reeording of dog 4 C, exposed to tourniquet for 4.4 hoars. 10 PERCENTUAL VAiuES Tourniquet Application 120 J Tourniquet Remova/ RED BLOOD CEULS 15 30 60 MINUTES ■ HEMATOCRIl Graph 1 — Perccnt rbangeg of red lilood eell count and hematoerit of dogg cxposed to tourniquet. The graph was prepared br averaging the results inrluded in tabb 1. In all cases the blocd pressure fell soon after removal of the tourniquet, but remained normal while the latter was on. This can be seen from figures 1 and 2; it must be mentioned that the former is a record of blood pressure of dog 4 C, whieh was exposed to tourniquet for 4.4 hours, while the latter be- longs to dog 1 R, exposed to tourniquet for 13 hours. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 ooo ABSORPTIOX OF FT.UID BY RED BLOOD CELLS AXD HEMOLYSIS “ 0 ~ IX SHOCK IXDCCED BY TOCRXIQLET* DISCCSSIOX Tourniquet fitting is sufficient to produee hemoconeentration and mean corpuscular volume increase even before a fali in the blood pressure as it ean be seen from th? Fig 1 and 2 and table 1. On removing the tourniquet, a fali in the blood pressure was noted and 5 minutes thereafter the deseribed inodi- fications were found to be more intenses, the corpuscular volume increased and hemolysis appeared. The alterations remained during the next 60 minutes, period of time in which observations where done. It would seem tbat the tour¬ niquet induces hematologieal alterations peculiar to shock probably due to blood stasis in the neighborhood of the place where the tourniquet was fitted. As reported in tliis paper hemoconeentration appeared even w.th the tour¬ niquet on, a phenomenon which eannot be explained b. v elimination of the cir- culaticn through the leg to which the tourniquet was fitted, since during this experimental period, it swelled, increased markedly in volume, and acquired a hemorrhagic aspect. This indicates that the swollen region was drawing blood from the general circulation; therefore the venous circulation was probably interrupted wliile the arterial flow was not totally blocked. Besides. at this stage the was already a tremi towards an increase of the mean corpuscular vo¬ lume which showed that more marked alterations took place. Hemol. v sis ap¬ peared on toruniquet removal, when pressure fali and hematologieal modifiea- tions become more intense. Hemolysis could also be due to hemoglobin libe- ration by the red blood cells demaged in the region near to the tourniquet. Our attention was called to the fact that hemodilution oecurred specially in dog 1 R, which had been submitted to tourniquet for a longer time than the other dogs. According to Moon (4), hemodilution would be eharaeteristic of primary shock, wliile hemoconeentration would be proper of secondarJ shock, when endothelial damages appear and cause alterations in the liquid cquili- brium, but what was observed does not agree with this concept. In dog 1 R, which presented hemodilution, secondary shock should actually have oecurred because it was submitted to tourniquet during a period of time three times lon¬ ger than others and it was the only dog that dietl spontaneousl. v . Besides, the noticeable increase of the mean corpuscular volume showed that an alteration of red blood cell permeability had oecurred, probably by the same mechanism that affects the endothelium of the blood vessels. These results showed that in shock induced by tourniquet there is an in¬ crease in red blood cell volume by fluid absorption and consequent hemolysis. These alterations occur even before the arterial pressure falis, and are pro¬ bably due to stasis or maeeration of the tissues adjaeent to the place where the tourniquet was placed. * M00 '6c 220 UiNUTtS DOG 32-52-CO 30 45 15 150 MINUTES DOG 27-52-C -OnTROw OnLY VEIN ExPOSuRE DOG 26-52-Cl CLAMPING McSENTERC VtlN AÔOOMlNAL VISCERAL HANOUNG Ptrtff va CONTROL WlTMOUT ANESTmESK, OR OPERATlON © n M.0 ftcOOO C1LLS |jeratura ambiente. Os filmes, contendo os glóbulos hemolisndos, foram transferidos para grades metálicas c submetidos ao processo de sombreamento metálico, com Pd. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 248 ERITROC1TOS NA RKTHTLOCITOSE DO SVTURMSMO EXPERIMENTAL HcmóUse em suspensão. — Imediatamente após a sangria., 1 ml de sangue foi adicionado a 20-30 ml de água destilada e, cinco minutos após, adicionados 2 ml de ácido ósmico a líc. Após cinco minutos, os glóbulos eram centrifugados a 500 r.p.m., para a remoção da hemoglobina, e lavados com água destilada, até que um sobrenadante incolor fôsse obtido. Gôtas da suspensão de estromas lavados eram depositadas sôbre grades metálicas coliertas com um filme de colódio e, após a remoção da água com material absorvente e secagem, os estromas eram metalizados com cromo ou paládio. As preparações foram examinadas num microscópio eletrónico Siemens tipo til 100b, a 60 Kv, fotografadas em aumento originais de 7200 x e 15000 x e ampliadas fotográfica mente. RESULTADOS Esfregaços do sangue de cobaia intoxicadas pelo chumbo, hemolisados após fixação por meio de secagem parcial, apresentam reticulocitos contendo grânulos e filamentos de diâmetros em tôrno de 7õ() m/x (Fig. 1 a). Raramente, encontram-se reticulocitos contendo grânulos e filamentos de diâmetro nor¬ mal, assim considerados os de reticuloeitose provocada por sangrias múltiplas. A estrutura dos reticulocitos é mais facilmente evidenciada do (pie a dr.s hemáeias jovens em casos de anemia provocada por sangrias múltiplas (7). apresentando-se, as membranas e trabéculas mitocondriais. com linhas melhor definidas e contrastadas. O diâmetro médio das mitocôndrias nos cortes ul- trafinos atinge a 4G0 mp (mínimo: 180 m/x; máximo: 830 ra/x) (Fig. 2a). Ra¬ ramente, as mitocôndrias se apresentam com a microestrutura característica preservada. As alterações mais freqüentes são: mitocôndrias com volume sem¬ pre aumentado, delimitadas por uma membrana externa contínua e uma in¬ terna da qual se originam as lamelas duplas ou cristac mitochondriales (13) e mitocôndrias de volume aumentado ou não, desprovidas da membrana ex¬ terna limitante. Nas mitocôndrias de maior diâmetro, a membrana externa, contínua, se encontra acentuadamente distendida, mantendo somente em alguns trechos a relação espacial normal com fragmentos do que se convencionou chamar mem¬ brana interna. Estas mitocôndrias alteradas apresentam uma matriz menos densa aos eleetrous do que o citoplasma e. na grande maioria, apresentam, no interior, lamelas duplas fragmentadas em maior ou menor grau (Fig. 2a). Alguns reticulocitos apresentam somente mitocôndrias sem qualquer ves¬ tígio da membrana limitante externa, e em outros, esta membrana está par¬ cialmente destruída ou sofrendo desintegração progressiva (Fig. 3). Nestes easos, as lamelas duplas podem ainda apresentar a mien estrutura caraeterív cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mero. In*t. Batantan. 28 : 245 266 . 1957 / 8 . VALLEJO FRKIRK e A BBl'NN*ER JR. 249 tiea. notando-se elaramente a sua continuidade cora a membrana interna. As lamelas intramitoeondriais são constituídas por uma estrutura contínua de¬ rivada da membrana interna que teria sofrido invaginações mais ou menos periódicas. As mitocôndrias de forma alongada ou filamentosa podem apre¬ sentar lamelas duplas que atravessam de um lado para outro tôda a largura do organelo, ligando a membrana interna de um lado com o outro, separando a estrutura interna da mitoeôndria em vários setores, contendo lamelas, em número variado, que não atingem o lado oposto. A membrana externa, con¬ tínua, manteria unidos êstes vários setores, envolvendo-os completamente. O espaço interlamelar, nas mitocôndrias desprovidas da membrana externa, está diretamente aberto para o citoplasma e a distância entre as membranas cons¬ tituintes das lamelas varia de 8 a 19 m/x, correspondendo aproximadamente, ao que se verifica nas mitocôndrias de retieuloeitos de cobaias com anemia por sangria. Algumas secções de mitocôndrias, principalmente as de menores dimensões e de forma esférica ou ovóide, permitem constatar (pie as crutae mitochondria- Irs podem, às vêzes, ser constituídas de tubos, à semelhança de dedos de luva, apresentando, nos cortes perpendiculares, secções circulares. Observam-se res¬ tos mitocondriais constituídos de fragmentos de lamelas duplas, envoltas por uma linha descontínua e mal definida, ou situados no interior de uma região apenas ligeiramente mais densa aos electrons do que o citoplasma (Fig. .‘D, que seriam resíduos das membranas mitocondriais em fase de decomposição. Frequentemente, aparecem nos cortes, retieuloeitos apresentando formações morfologicamente semelhantes ao retículo endoplasmático. Em uma das secções foi observado que a membrana do estroma do retieulocito se continuava com o interior da célula através do que supomos tratar-se do retículo endoplasmático; há, portanto, a possibilidade da existência, pelo menos temporária, de comu¬ nicação entre o meio externo e o sistema de canalíctilos intraretieulocitários. Grânulos densos aos electrons são encontrados em eritroblastos, reticuloci- tos e eritrocitos adultos, no sangue circulante: a) agrupados no interior de mitocôndrias. já desintegradas; b) agrupados e envolvidos por uma membrana dupla; c) agrupadas, aparentemente sem membrana limitante, iniciando a dispersão; d) dispersos no citoplasma. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 200 KRtTBOCITOS XA RETICULOCITOSE DO SATCRNISMO EXPERIMENTAL DISCUSSÃO O reduzido campo de observação do microscópio eletrônico torna difícil localizar retieuloeitos do sangue normal, onde se encontram em número extre¬ mamente reduzido, principalmente nos cortes. Esta dificuldade pode ser su¬ perada provoeando-se uma retieuloeitose por sangria, como foi feito em tra¬ balhos anteriores (6). Foi passível dêste modo obter sangue de eobaias com retieuloeitose da ordem de 10%, sem que localizássemos eritroblastos. Além da presença ou ausência de mitoeôndrias, a diferenciação entre hemácias adul¬ tas e retieuloeitos pede ser feita, facilmente, pela maior densidade que apresentam as primeiras, devido à menor concentração da hemoglobina nos retieuloeitos. Na intoxicação aguda pelo chumbo, a presença de eritroeitos nueleados ou eritroblastos pode levar à obtenção de preparações nas quais as secções não atingem o núcleo, e. a interpretar como retieuloeitos cs eritroblastos. o que é possível, levando-se em consideração as dificuldades ainda existentes para se obter regularmente cortes seriados. Ainda neste caso, o eritroblasto apresenta menor densidade do que os retieuloeitos, mas em grau que não per¬ mite a fácil distinção entre êstes e os eritroblastos. Considerando-se que o nú¬ cleo nos eritroblastos se localiza aproximadamente no centro da célula, desde que se consiga algumas secções seguidas, torna-se fácil surpreendê-lo. No exa¬ me das secções, foram tomadas precauções para escolher cortes de retieuloei¬ tos que permitissem afastar a possibilidade de serem confundidos com eritro¬ blastos, selecionando aquelas células que apresentavam cortes em série. Um dos métodos de preparo do glóbulo vermelho para estudo ao microscó¬ pio eletrônico é o da retirada da hemoglobina, a fim de que os electnms pos¬ sam passar através do estroma, mostrando, no caso particular do reticulocito, elementos estruturais como a chamada “substantia granulo-filamentosa”. Esta estrutura se apresentará sob a forma de pequenos discos, mais ou menos in¬ dividualizadas, se a hemólise se processar em suspensão, em água destilada ou solução salina de baixa concentração. Quando a hemólise é feita após tuna se¬ cagem parcial dos glóbulos, os retieuloeitos se apresentam com a estrutura fi¬ lamentosa, relativamente preservada, devido à secagem prévia que “fixa" aquela estrutura, mas não é suficiente para fixar a hemoglobina que é retirada num meio salino hipotônico. DêstPs filamentos cu bastonetes originam-se os pequenos discos por efeito da hipotonia do meio. «piando a hemólise se processa em suspensão, sem secagem prévia (6). No saturnismo, o diâmetro médio des grânulos e filamentos de retieuloeitos hemolisados em esfregaço é de cêrca de três vêzes o dos grânulos e filamentos de retieuloeitos na anemia por sangrias sucessivas. A mesma relação foi ob¬ servada quanto ao diâmetro médio das mitoeôndrias identificadas nos cortes nltrafinos (7). Esta observação constitui prova complementar à hipótese cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mera. Tn«t. ButanUn. A. VAI.LEJO FREIRE e A. BRLNNER JR. 251 2 *. 245 266 . 1957 /*. formulada em trabalhos anteriores, nos quais se pretendeu identificar, morfo¬ logicamente, a chamada “substantia granulo-filamentosa" às mitocôndrias (5, 7). Xo que diz respeito às reticuloeitoses provocadas por sangrias múltiplas ou por intoxicação aguda pelo chumbo, acreditamos ter evidenciado a estrutura mitocondrial da chamada ‘'substantia granulo-filamentosa". Devemos, no en¬ tanto, tendo em vista as observações feitas neste trabalho, considerar que é pro¬ vável que, em condições normais, as reticulocitos possam ser identificados no sangue sem a presença de estruturas definidas, mas apenas de material cons¬ tituinte destas estruturas e dispersos nos eritrocitos no curto espaço de tempo que resta para a sua transformação em glóbulo vermelho adulto. Em outras palavras, seriam falsos reticulocitos que poderiam explicar as observações de alguns autores mostrando correlação quantitativa entre corantes vitais e subs¬ tância grânulo-filamentosa intrahemática. Numa reticuloeitose verdadeira, como a que se obtém por simples anemia provocada por sangrias sucessivas, grande quantidade de eritrocitos que perderam o núcleo entram na circulação contendo maior ou menor número de mitocôndrias nos vários estádios de in- volução. Esta fase deve iniciar-se logo que o núcleo deixa de estar presente, ou mesmo momentos antes, quando o bioquimismo intracelular foi suficiente¬ mente alterado para justificar as alterações verificadas no eritroblasto, que le¬ vam à perda do núcleo e à progressiva desintegração da estrutura mitocon¬ drial que se verificaria inicialmente pela perda da membrana externa c lise dos elementos intramitocondriais. A ausência da membrana limitante externa nas mitocôndrias de alguns reticulocitos, nos quais todos os demais elementos e.stão preservados, acompanhados de sucessivas modificações indicativas de um progressivo processo de reabsorção das mitocôndrias ou de suas partes, nos leva a considerar possa ser êste o mecanismo normal de evolução do reticulocito para a hemácia adulta, isto é. hemácias sem mitocôndrias e retículo endoplas- mático, ou seja, sem “substantia granulo-filamentosa”. Ê difícil distinguir, uos limites dêste trabalho, o que ocorreria por conta dêste fenômeno, daquilo que poderia ser devido ao saturnismo. Esta discriminação seria viável, não fossem as conhecidas dificuldades de melhor observação de detalhes estrutu¬ rais em reticulocitos de animais normais ou com anemia por sangria. O aspecto das mitocôndrias (Fig. 3), desprovidas da membrana externa, nas quais se observa nitidamente a continuidade das lamelas duplas com a membrana limitante interna, corrobora a interpretação dada por Paladc (13) e não apoia o esquema inicialmente apresentado por Sjüstrand (15), referente à organização estrutural das mitocôndrias, segundo o qual as membranas constituintes das lamelas não se continuam com a membrana limitante interna, isto é, haveria estruturalmente uma independência entre os dois componentes 1, | SciELO j-y. ERITROISTOS N.V RETICVI.OCITOSK DO SATURNISMO EXPERIMENTAL mitocondriais. Todavia, é preciso considerar a possibilidade da existência de diferentes particularidades estruturais em mitocôndrias de células de tipos di¬ versos. O melhor contraste observado nas estruturas das mitocôndrias dos reticulo- citcs no saturnismo. quando examinados no microscópio eletrônico, poderia ser atribuído ao aumento de volume sofrido por aqueles organelos, porém o mesmo se verifica com as mitocôndrias que não sofreram aumento aparente. O chum¬ bo, presente no plasma, contribuiria para a preservação das estruturas “in vivo” ou penetraria nas hemácias durante o processo de fixação, juntamente com o tampão e o ácido ósmico, localizando-se de preferência nas membranas, contribuindo para aumentar o contraste e atuando como um corante adicional ao ácido ósmico. Aub. Fairhall, Minnt e Reznikoff (1) mos¬ traram que o chumbo, combinando-se provavelmente com fosfatos do plasma, posteriormente se precipita sôbre a membrana: dos glóbulos vermelhos, alte¬ rando suas propriedades, ou. poderia ainda, penetrar na célula e reagir sôbre constituintes outros, excluída a hemoglobina. Cabe ainda considerar a possi¬ bilidade de o chumbo, penetrando nos reticuloeitos, "fixar" seus constituintes vitais como as mitocôndrias. impedindo o processo de evolução normal da cé¬ lula à hemácia adulta. Neste caso, a população de reticuloeitos circulantes se¬ ria constituída de reticuloeitos fixados ou estabilizados em várias de suas fa¬ ses de evolução para o glóbulo vermelho adulto, e de elementos jovens con¬ tinuamente lançados na circulação e que sofreriam a mesma ação do material tóxico circulante no plasma. O aumento de volume das mitocôndrias de reticuloeitos e as alterações mi- eroestruturais observadas no saturnismo (Fig. 2 o) são muito semelhantes ao que observamos nos reticuloeitos de casos de anemia por sangrias múltiplas submetidos à ação de um meio hipotônico, “in vitro” (Fig. 6). Ilemácias normais colocadas num meio isotônico contendo cloreto de chumbo sofrem um aumento de volume e, após um certo tempo, o seu pêso específico passa a ser significativamente maior (1). Devido à falta de mais completos dados experimentais sôbre as alterações que se processam no sangue de animais intoxicados pelo chumbo, não é possí¬ vel interpretar seguramente o mecanismo que leva ao aumento de volume so¬ frido pelas mitocôndrias. Suspeitando-se. porém, que o aumento de volume possa ser consequência de alterações osmóticas ocorridas durante a intoxicação, Foram feitas preparações de reticuloeitos de cobaias com anemia por sangrias sucessivas, fixadas nas várias fases dn processo osmótico, 5. 10, 20 e 40 se¬ gundos após a adição dos glóbulos à água destilada, para comparação. Em todas estas preparações foram observada» hemácias nas várias fases de he- mólise. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 A. YALLEJO-FREIRE e A. BRtNNKK JR. M**m. In*l. ButanUn, 2**: 245*266. 1957 s. •2õ3 Xa mitoeôndria <> 'ATIRXISMO EXPERIMENTAI. Os grânulos densos aos eleetrons, (|iie localizamos geralmente agrupados em normoblastos. reticuloeitos e hemáeias maturas, se assemelham aos deseri- tos por Iloffman, Hillier, Wolman e Parpart (10) em estróinas de eritroeitos normais e anormais, listes autores, entretanto, não conseguiram localizá-los em casos de intoxicação pelo chumbo. As observações feitas a êste respeito no decorrer deste trabalho, quanto aos grânulos encontrados em normoblastos, reticuloeitos e eritroeitos, confirmam os trabalhos de Bessis e Breton-Gorius (3, 4 i sobre o saturnismo experimental em rato. principalmente em células da medula. Segundo êstes autores, aqueles grãos seriam de ferritina. RESUMO Eritroeitos de cobaias intoxicadas pelo acetato de chumbo foram exami¬ nados no microscópio eletrônico, especialmente a ultraestrutura das mitocôu- drias dos reticuloeitos. Foi confirmada a identidade tia chamada ‘'substantia granulo-filamentosa" com as mitoeôndrias. Xo saturnismo experimental, cons- tatou-se aumento de volume ou tumefação das mitoeôndrias «pie atinge em mé¬ dia 3 vêzes o que se observa em reticuloeitos de anemia por sangrias sucessivas. Alterações de tipo semelhante foram obtidas submetendo a variações osmóticas reticuloeitos de sangue de cobaias com reticulocitose conseguida por meio de sangrias sucessivas. Em alguns reticuloeitos foi possível surpreender a pro¬ gressiva desintegração da estrutura mitocondrial a partir da perda da mem¬ brana externa seguida de sucessiva dissolução dos demais elementos consti¬ tuintes da mitoeôndria, aspectos êstes que foram considerados como represen¬ tando o mecanismo natural de desintegração das mitoeôndrias nos eritroeitos, desde a fase de eritroblasto até a de hemácia adulta. SUMMARY Erythrocytes of guinea pigs with satnrnism induced by lead acetate were examined in the electron microscope, with special reference to the ultrastrnc- ture of mitochondria of retienloeytes. The identity of the so-called “substan¬ tia granulo-filamentosa” with mitochondria was confirmed. The increase of volume or tumefaction of mitochondria was found to be on an average 3 times greater tlian the one observed in retienloeytes from bleeding anemia. Similar changes were obtained by means of osmotie variations “in vitro” in retienlo¬ eytes from guinea pigs with reticuloeytosis provoked by suecessive bleeding'. In some retienloeytes the Progressive disintegration of the mitochondrial strnc- ture could be observed beginning from the loss of the externai membraue fol- lowed by suecessive dissolution of the other constituting elements of the mi¬ em SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mem. In*t. Butantan, 2-: 245-266. 1957/;?. A. VALLEJO FREIRE ♦* A. BRUXXEK JR. >nn toehondria; these aspeets are heltl to represeut the natural meclianism of the (lisiiitegration of mitochoiulria in erythroeytes. from the stajre of the erythro- bla>t to the ailult ral cell. BIBLIOGRAFIA 10 . 11 . 12 . 13. 14. 15 16. Aul>, J. C., Fairhall. I_ T.. Minot, A. S. .V Reznikoff, P. — Lead poisoning, Mt (Urine, 4: 1-250. 1925. Bessis, M. — Traité de Cytologie Sanguine. Edit. par Mas-on et Cie., ]>. 21'. 1954. Bessis, M. & Breton-Gorius. J. — Êtude au microscope flectronique dos gramilat ions ferrngineuses des érythrocytes nnnnuux et pathologiques, /.Vr. H>'nial., 12: 43-63, 1957 . Bessis, M. A. Breton-Gorius. J. — Aeeumulation de granules ferrugineux datis Ies mitoeliomlries des érythroblastes, C. V. Anui. Sr., 244: 2S46-2'47, 1957. Braunsteiner, II., Fellinger, K. A- Pnkescb, F. — 01>er die Struktur der Retikulozyten, Arla haemat., 16: 322-328, 195«5. Brunner, A. Jr. A. Vallejo-Freire, A. — Electron íuicroscopic oLservations on granules and filaments (reticulosomes) of retieulocytes, Ripti. C t II Re*., 10: 55-62, 1956. Brunner, A. Jr.. Vallejo-Freire, A. A Souza Santos, P. — Electron micrnscopy of tliin scctions of retieulocytes, Experírnlitl, 12: 255, 1956. Ihistin, P. Jr. — Riliotiucleie acid and the vital staining of rytoplasmie vacuoles in animal cells, Sywpotia Sor. Expll. Iliol., 1: 114-126, 1947. Friedlander, M., Moore. I). H. \- Koprmvski, H. — Studies with tlie eleetron microscope of virus-host relationships in Ehrlieli ascites tumor cells. II — The locnlizntion and possible developnient of Anopheles A virus within the endoplasmic reticulnm of the hnst cell. J. Expll. 1102: 317-378. 1955. Hofíman, J. F., Hillier. J., Woltnnu, I. J. A Parpart, A. K. — New high density partieles in eertain normal and ahnomial erythroeytes, J. C< II. Co ni/>. Phyxiol., 17: 245-252, 1956. Kosenow, W. — Cl>or den Stnikturwandel der hasophilen Suhstanz junger Erythrozyten im Fluoreszenzmikroskop, Arla Ilaeni., 7: 360-368, 1952. Patade, G. E. — A study of fixation for eleetron microseopy, ./. Exptl. J Ved., 95: 285-297, 1952. Falade, G. E. — The fine strueture of mitoehandrin. An eleetron microscope study, J. IlUlorhrm. Cytorlu m., 1: 188-211, 1953. Palade, G. E. — Studies on the endoplasmic retieuluni. II. Siinple dispositions in cells in situ. J. Biophys. Biorhem. < ptot., 1: 567-582, 1955. Sjõstraud, F. S. — The nltrastrncture of mitochondria. Srutp. VlIIth Congr. Cell Biol., Leiden, 1954. International Union nf Biologieal Sciences. Series B, nr. 21, Noordhoff Ltd., pp. 16 - 30 , 1955. Vallejo-Freire, A. — A simple techuique for repeated collectiou of blood «amples from gninea-pigs, Srirner, 114: 524-525, 1951. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 256 ERITROCITOs NA RETICCLOCITOSE DO s ATI'RN Is MO EXPERIMENTAL Fios. 1 Reticulocitos hemolisados após secagem parcial, em solução salina (0,8%) for- molada (2.5%). Corados 5 minutos com ácido fosfotúngstieo 1% (pH 4.0). í.stu técnica evita a desintegração das íuitocõndrias. a) Saturnismo. Filamentos (m) com diâmetros de cêrca de 750 mu e retículo endo- plasmático (re). I>) Anemia por sangria. Filamentos (m) com diâmetros de cêrca de 230 mu. Fius. 1 Keticulocvtes hcmolyscd after partíal drving, in saline (0.8%) with formalin (2.5%); stained 5 minutes in 1% pliospbotungstic acid solution (pH 4 . 0 ). Tliis tcclinique avoitls disintegratioii of the iiiitoctiondria. a) Saturnism. Filaments (m) of about 750 m„ in diameter. and endoplasmic re- ticulum (re). 1») Illeeding anemia. Filaments (m) with diameters near 230 m u . Figs. 2 — Cortes de reticulocitos fixados imediatamente ajais a colheita, em ácido ósmieo 1% em tampão veronal-acetnto, pH 7,2, isotônico, durante 1 hora. a) Saturnismo. Mitocôndrias com diâmetros ao redor de 800 mp. delimitadas pelas membranas interna e externa (md = membrana dupla). A seta (1) indica uma lamela parcialmente destruída. A maioria das lamelas está desintegrada, po¬ dendo ver-se ainda na periferia resíduos de “cristae mitochondriales". I> ) Anemia j>or sangria. Corte de mitocôndrias em várias direções (uh, nu) e in¬ clusive transversalmente (m»). Mitocôndrias com grande número de lamelas dujilas preservadas. Os maiores diâmetros são de aproximadamente 17o mp. Xos reticulocitos de anemia j>or sangria a observação das mitocôndrias é mais difícil do que nos de casos de saturnismo, onde o contraste das estruturas é maior. Figs. 2 — Seetions of reticulocytes fixed after bleeding. irith 1% osmium tetroxide in iwtonic acetate-veronal bnffer (pH 7.2 1 . a) Saturnism. Mitochondria of about 80'* nu, in diameter. Internai and externai membranes (md). Arrow (1) points to a partially destroyed lamella. Most la- mellae are disintegrated ; traces of “cristae mitochondriales” can Ik- seen at the jieriphery. b) Bleeding anemia. Mitochondria cut is varions planes (m,, m„). one l>eing trans- verse (m,). Preserved lamellae are visible. The largest diameters corresjmnd to the range of 170 mp. Due to the jwor contrasts. these mitochondria are more diffieult to be observed tliau those of saturnism. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 25 S ERITROOITOS NA RETICCLOCITOSE DO SATURNIsMO EXPERIMENTAL lio. 3 — Saturiiisino. Corto do rotioulooito. Mitocôndria* (mi e ui j ) -em membrana ex- torna. Lamelas ou trabéculas mitocondriais constituídas de simples invaginações da membrana interna que se abrem diretamente para o citoplasma. Da mitocôn- dria nu restam algumas lamelas duplas. A mitocôndria nu contém também la¬ melas duplas, envoltas por tuna região ligeiramente mais densa aos electrons. È possível que êstos aspectos correspondam às fases de reabsorção das mitocôn¬ drias durante o processo de maturação do reticuloeito. Mitocôndria nu com trabéculas cortadas transversalmente. 1 10 . 3 — Saturnism. Scction of rctieulocyte. Mitochondria (nu and ms) without externai membrane. The mitoeliondrial lamellae consist of simple invaginations of the internai membrane which are directly opened towards the cytoplasm. Of mito- chondrion nu remain some double lamellae. Mitocbondrion nu contains double lamellae which are surrounded by a slightly more electron dense zone. These aspects possibly corresi>ond to reabsorption stages of mitochondria during the maturation proeess of the reticulocyte. Mitochondria m. with tubular trabe- culae cut in a transversal plane. SciELO 14 Mem. In-t. RuUnUn 2S: 245 266. 1957/6. A. VALLEJO FREIRE e A. BRCXXER JR. 259 260 ERITROCITOS XA RETICILOCITOSE IH> SATIRXISMO EXPERIMENTAI Kios. 4 e õ Saturnismo. Mitocôndrias (,, de volume aumentado, menos densas aos eleetrons que o citoplasma, contendo algumas lamelas duplas não disten¬ didas. No bordo de uma das mitocôndrias pode se notar uma zona mais densa aos eleetrons, provavelmente lamelas duplas desintegradas. As mi- toeondrias m,, de densidade aproximadamente igual à do citoplasma, apre¬ sentam lamelas duplas mais ou menos regularmente dispostas. .Vestas ele- tromierografias, coexistem dois asjiectos das mitocôndrias que foram in- terpretados da seguinte maneira: as mitocôndrias m, sofreram forte aumento de volume devido à existência da membrana externa durante o processo; as m,, que estariam em fase mais avançada de involução, não sofreram aumento considerável de volume, possivelmente, porque não pos- suiam a membrana externa. Fios. 4 and õ - Saturnism. Mitochondria (m.) of increased volumes and less electron ' ensit.v tlian the crtoplasm, containing some double lamellae which are not distended. At the Imrder of one of tlie mitochondria there can 1* noticed a more electron denso zone, probablv disintegrated lamellae. . Iitochondria m,, which have approximately the same electron density as the crtoplasm, show regularlr disposed double lamellae. The two eoexisting mltochondrial aspects of these electron micrographs were intcrpreted as follows: the volumes of mitochondria m, were remarkal.lv increased due to the existence of the externai membranes; mitochondria “-• which presumablr are in a more advanced invobition stage, did not suffer any noticeable tncrease in volume possibly brcause they brd no externai membranes. SciELO 13 15 16 2(i2 KRITKOI 'ITOS NA KETICCLOOITOSE DO S ATVRNIsMO EXPERIMENTAL Fuj. (5 — Anemia por sangria. Corte de retienloeito. fixado 10 segundos após o iníeio do processo de hemólise em água destilada. Observa-se uma mitocôndria, provavel¬ mente filamentosa, num estágio de alteração consequente a modificações osnióti- cas violentas, com diâmetros aumentados e estrangulamentos mais ou menos pe¬ riódicos. As lamelas (1) se apresentam rompidas ou desintegradas. Ao longo do limite do organelo distendido observam-se ainda resíduos das membranas du¬ plas interna e externa (md). O aspecto das mitoeôndrins, de reticuloeitos de casos de saturnismo (fig. 2a), é semelhante ao desta mitocôndria . Estroma (e) mais denso aos electrons. Fio. 6 — Bleeding anemia. Section of retienlocyto fixed 1" seeonds after Leginning liemolysis in distilled «ater. A mitocliondrion. probably filamentous, appears in a modified stage provoked by violent osmotic clianges; it presents increased diameters and periódica! strangulations. Lamellae (1) are disrupted or desinte- grated. Along the border of tlie distended organelle there are still tra es of the internai and externai membranes (md). In saturnism (fig. 2a), mitochondria present similar aspects. The reticulocyte is Iimited by a more electron dense band corresponding to tlie stroma (e). ^ IG - • Anemia por sangria. Eetieulocito hemolisado em suspensão cm água destilada. Xo interior do estroma observam-se formas circulares (m) às vezes não comple¬ tamente individualizadas, correspondendo às mitocõndrias primitivamente filamen¬ tosas. ^ ,G - ' Bleeding anemia. Reticulocyte hemolysed in suspension in distilled water. Inside the stroma nppenr round elements (m), sometimes not perfeetly individua- lized, whicli correspond to primitively filamentous mitochondria. d Kl. S Anemia por sangria, t orte de retienloeito preparado em idênticas condições ao da fig. li. As lamelas duplas (1) foram surpreendidas distanciadas da membrana externa (me), no centro da mitocôndria alterada durante a hemólise parcial. A seta (e) aponta o estroma rompido na altura da mitocôndria, possivelmente, du¬ rante as manipulações para a inclusão. Fio. S — Bleeding anemia. Thin s etion of reticulocyte prepared nnder identical oadition.-. as that of fig. (5. The double lamellae (1) «ere deteeted in the center of the mito- chondrion. having been separated from the externai membranc (me) during par- tial liemolysis. Arrow (e) points to the stroma disrupted at the levei of the mitocliondrion, possibly during handling for inclusion. Fio. 1» — Anemia por sangria. Corte de retienloeito fixado com formol em salina hipo- tônica e corado pelo acido fosfotúngstico. As mitocõndrias K COLUBER QÜIXQDEUKEATTS RADDI lí2<> de Sehlegel, d’autre par Sehlegel (7) :133 cite 180 + 35: peut être que eette citation se refere au cotype du Museum de Paris «pii a en effet 180 gastrostè¬ ges, mais encore ici il y a une différenee entre le nombre d 'urostèges. Quand au n.° 3.673, 9, au Museum National d’Histoire Naturelle de Pa¬ ris, rapporté du Brésil par A. St. Hilaire, il a : 15 dorsales; 180 gastrostèges; 27/27 + 1 urostèges; anale double; tête 20 mm; corps -f tête 665 mm; queue 75 mm; rostrale un peu plus large que haute, partie vlsible d’en haut environ égale à la longueur des internasales; interuasales 1 3 moins longues que les pré-frontales; frontale 6x4 mm; distanee de la frontale à la pointe du museau environ 6 mm; parietale 10 x 4,5 mm (celle du coté gauehe 4 mm); 1 pré et 2 postoculaires, temporales 1 + 1; 6 labiales supérieures (2* et V); 1’oeil est plus petit que sa distanee de la comissure des lêvres; 7 labiales inférieures (4 en contact avec la sous-mandibulaire antérieure): la sous-mandibulaire anté- rieure est plus lougue que la postérieure; entre les sous-mandibulaire^ posté- rieures et les premières gastrostèges il y a quatre écailles. La coloration du fond est d’uns brun-jaune elair. Une bande d'un brun- -foneé sur la série vertébrale et en partie sur les paravertébrales ; une bande latérale moins nette sur Ia 4 série dorsale, et partie des écailles adjacents. Ces bandes qui ont la même position sur les types de Leyde correspondent donc aux trois bandes montionnés par Sehlegel (7) :133, et (8) :46. Toutefois, une autre bande latérale, si bien que peu distinte se voit sur la 6' dorsale (et adjacentes) (Fig. 1). La bande vertébrale disparait sur la queue à la hauteur de la 5* urostège (Fig. 1), tandis que la bande externe continue jusquau bont de la queue (Fig. 1). La couleur de ventre est d’un blanc immaculé sans aucun tâche, au contraire de ce que j’ai observé sur un des cotypes du Museum de Leyde comme je Uai cité ci-dessus. La tête est plus sombre et nuagée de elair et sombre; un collier jaunâtre de la largueur d’une écaille dorside (Fig. 1). Les écailles dorsales, sauf les paraventrales, sont finement tachetées de brun. Une tache blanchãtre sur les 3', 4% 5' et 6* labiales supérieures. Les labiales inférieures avec une tache sombre (Fig. 2). Les sous-mandibulaires et quelques gulaires avec un petit point noirâtre (Fig. 2). DISCUSSIOX: — Coluber quinquelineatus Raddi 1820 et Calamaria blu- m ii Schclegcl 1837 on en comrnun les caractéres suivants (le travail de Schle- gel étant bien connu je me limite a citer Raddi entre”) a — Le nombre de gastrostèges: 184-191 chez le type de Coluber quinquelinea- tus et 180-185 chez les cotypes de Calamaria blumii. b — anale double. c — dorsales en 15 series lises. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 * Mera. In**t. líutantan, -S: 267 274. 1957/8. d — urcstèges doubles. ALPHOXSE RiriIAR» HOGE 269 e — la tête aplatie, emousée est peu distinete du eou “tutto il corpo, noa ecce- tuata la coda, e depresso como la testa, la quale é altretanta larga quanto il eollo (6) :339. f — le nombre de bandes longitudinales qui sont au nombre de cinq : En effet, Raddi dans sa diagnose (6) :339 et description: 340 cite cinq ban¬ des longitudinales. 11 est vrai que Schlegel (8) : 46 en cite seulement 3 mais, comme je 1 'ai explique, entre la bande vertébrale e externe, soit plus éxactamente sur la 6* rangée de dorsales on note, chez les cotypes une bande à peine perceptible mais uniforme (Fig. 1). Les bandes sur la 4' dorsales sont parfois à peine perceptibles mais bien souvent aussi nettes que les autres et on peut trouver toutes les graduations possible (Fig. 3, 4 et 5). On peut donc definir le nombres des bandes dorsales soit comme 3 [comme Schlegel l’a fait (8):46], soit comme ciuq [comme Dumeril, Bibron et Dumeril (3) :84 ainsi que Raddi (6) :339 et Boulenger (1) :240]. g — La eouleur de fond. h — les taches sur les labiales inférieures “le squamme che circundano il labbro inferiore hanno nel tnezzo una macchia nerastre quasi quadra...” (6) :339 (comparez avec le cotype de Calamaria blumii (Fig. 2). i — les points noirs sur la région gulaire (6) “... e a hanno parimente nel centro un punto nerastro alcune delle piccolc scaglie situatc sotto la gola cd il collo” (comparez avec la fig 2). j — le collier jaunatre (6) “... ed il collo; quest’ ultimo e altraversato da una stretta faseia biancastra, che atraverse la sua parte superiore”. (com¬ parez avec la fig 1). En ce qui concerne les points noirâtres, sur les cotés des gastrostèges, mentionnés par Raddi (6) :339 “Subtus albidus, serie punctorum subnigrorum in utroque latere scutorum”, je ne les ai pas observé, (sauf chez un des cotypes. 9 ), sur les cotypes de C. blumii mais comme j ai pu le eonstatèr sur la grande série d’individus conserves à Flnstitut Butantan, ces points sont, abcents, à i»iene marquées ou bien marquês selou les individus et sans que ce fait soit liê au sexe ou à la distribution géographique. La fig. (5) represente un individu ou on observe quelques points sur les plaques du ventre. D’ailleurs Boulenger (1) :240 á dejá signalé la présence ou absence des points en question. Donc Calantaria blumii Schlegel 1S37 est un synonyme de Colubcr quiii- quelincatus Raddi 1820 soit d'aecord avec la nomenclature actuelle Ela- pomorphus quinquclineatus (Raddi 1820). SciELO .0 11 12 13 14 15 16 cm 270 StIR LA POSITIOX SYSTEM AT1QITE DE COLCBER QCIXQCELIXEATTS RADDI 1820 Elapomorphus gcnotypc: — Elapomorphus blumii (Schlegel 1937) = Elapomorphus quinquclineatus Raddi 1820. Elapomorphus quinquclineatus (Raddi) 1820 Colubcr 5 — lineatus Raddi — Terra typica: — environs de Rio de -Ja¬ neiro, Brésil Mem. Soc. Uai. Modena. 18:339. 1826 Duberria quinquelineata, Fitzinger — Seue class. Rept. :Õ6. 1837 Calamaria Blumii Schlegel — Terra typica: Etat de São Paulo, Brésil Phys. Serp. 1 :133 et 2:45. 1943 Elapomorphus Hlumii. Wiegnann in Fitzinger Syst. Rept.: (1):25. 1853 Elapomorphus Hlumii, Duméril — Mem. Aead. Sei., 23 : 93. 1854 Elapoomrphus Hlumii, Duméril. Bibron et Duméril, Erp. Génér.. 7(2) :841. 1858 Elapocephalus taeniatus Giintlier — Cat. Col. Snakes: 276. 1896 Elapomorphus blumii, Boulenger Cal. Snk. Ilrits. Mus.. 3 239. Typc: — Elapomorphus quinquclineatus (Raddi 1820) Terra typica: — Environs de Rio de Janeiro, Brésil. BÊSUM£ Elapomorphus blumii (Schlegel 1837) , st un synonyme de Elapomorphus quinquclineatus ( Raddi 182*) i|ui en consequence devient le genotvpc de Ela¬ pomorphus. KESfMO Elapomorphus blumii (Schlegel. 1837 deve passar para a sinonímia de Elapomorphus quinquclineatus (Raddi 1820) que é consequentemente, o geno- tvpo de Elapomorphus. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Meni. Inst. Butantan. 28: 267 274. 1957/8. ALPHOXSE RICHAKD HOGB 271 BIBLIOGRAPHIE 1. Boulenger, G. A. Catalogue of the Snakes in the British Museum (Natural Hiatory) 3: 1-727 -f- pL 1896, London. Dtunéril, M. Podrome de la classification des ophidiens. J/em. Acad. Sei., 23- 11-1-10I -I- pl. ParLs, 1853. 3. Duniéril, A. M., Bibron, G. et Duméril, A. — Erpétologie générale ou bistoire naturello complète des reptiles, 7 (2): 781-1536, Paris, 1854. 4. litringer, L. I. Neue Classification der Reptüien nacli ihren natürlichen Ver- wandtschafts-tafel und einem vcrxeichnisse der Reptilien sammlung des K. K. Zoologischen Museum’s ui Wien, 1826. (’“ nth er, A. — Catologue of the Colubrinc snakes in the British Museum, 1-, London 1858. 6. Raddi, G. — Di alcune specic nuove di Rcttili e pianto brasiliane. J/em. d. Soe. Italiana dele Sc. res. in J lodena, 18 (2 Mcm. di fisica) 313-349 -f pl. (Reptiles- 333-342) 1820. 7. Sehlcgel, H. — Essai sur la physionomie des Serpens, 1 (Partie générale): 1-251. 8. Schlegel, H. — Idem 2 (Partie descreptive) : 1-606, La Hnye 1837. 9. Wiegmann, in Fitiinger — Systema Reptilium (1): 1-106, Vindobonae, 1843. KESIERCIEMKXTS: — Jc tiens à rcmercicr m. les Drs. Guibé directeur du Laboratoire de Reptiles et Poissons du Museum National d’IIistoirc Naturelle de Paris et M. le Dr. Brongersma directeur du Dcpartament de Reptiles au “Ryksmuseum van Natuurlyke Hystoria” à Leyde qui ont mis leurs laboratoires à ma disposition, ainsi que "CONSE¬ LHO NACIONAL DE PESQUIZAS DO BRASIL”, qui a financié mon voyage en Europe. SciELO 274 SUR LA POSITIOX SYSTEM ATI QUE DE COLCBER QCIXQCELIKEATUS RADDI 1S20 Fio. 3 Fio. 4 Fm. 5 Elapomorphu .< quinquelinealux (Raddi), avec trois bándes dorsales ” , nvee eiq bandes dorsales ” , intermediare entre fif X et 2. SciELO 11 12 13 14 15 16 17 M,-in. In$t. Butantsn, 28 : 275 284 . 1957/58. A VALLEJO FREIKK. A. BRCXXER Jlv. AND \V. UEÇAK '.IO YACCIXIA VIRUS MULTIPLICATIOX IX RABBIT-KIDXEY CELL UULTURES* ASPECTS OF THE EVOLUTION CYCLE A. VALLEJO-FREIRE, A. BRUNNER JR. AND W. BEÇAK (laboratório 1<1 rnbbits (7) were cultured in Hanks ’ or Enrlc ’s bnlanced salt solution witb ÍOÇ, e alf serum, 5% lactnlbumin hydrolysate and antibiotics. Media were changed after 72 hour«. Wtien eonfluence of the eeUs wns obtained, usually within 5 to 7 dars, the same nutrient medinm «as used with onlr 29r ealf serum. Inoeulum. The initial inoculation for tissie rulture was obtainesl from cowjkix vinis used in routine vaecine prodnction, maintnined br passage» through ealves, with occasionnl transfers in rabbit skin. \ aceinia infected bovine dermal pulp was homogenized, dilnted 1 :5 with phosphate Imffered saline containing antibiotics, and centrifnged at 500 r.p.m. for 30 minutes. 0.1 ml of supernatant fluid showing postular eonfluence when scarified in rabbit skin at the dilution of 1:100 was inoculated in 16 x 16 tissue culture tubes or the corresponding amount in larger flasks. Aftcrwards, 2 ml of nutrient médium were added. One hundred and eight passage» of the vaccinia virus were made using slwny- cell* obtained directly from rabbit kidney. Material of each passage was tested in rnbbits and same of it ais. in chicken embryo >-ho- riollnntoic membrane». Electron microscopic Controls of purified virus suspensions of tissue culture from tubes showing total eytopnthogenie effert were perfonned with material of different passage leveis; virus of the 5-ith passage was also tested in scarified ealf skin. The results obtained in tliese and the cross immunization tesís in rabbit» and in tissue culturys demonstrate tlnt the infective and vaccinogenic properties of the virus apparentlv remained unchanged. Undiluted suspensions of virus from the 43rd tissue culture passage caused characte- risticat cutaneous reactions when scarified in humnn skin. The eytopnthogenie effect on the culture» is clearly visibl • before 24 hours elapse l; lysis is usunlly complete after 4s hours. Hacteriologicnl Controls were performed as a rou- line in nll passage». SciELO 11 12 13 14 15 Mem. Inst BuUnUn. *_>*: 275 2«4. 1957/5S. V.U.L.KJO KKK1RK. A. BRfXXER JK. AND \V. BEÇAK Electron microscopy. Micrographs i Ilustra te raeciuia infeeted rabbit-kidney cells 24 hours after inoculation with vinis of the 23rd passage in these artifirially ciltured cells, when crtopathogenic effect was already evidcnt in some cells or groups of cells. The fluid médium was discarded and the cultures vcrsenized (0.02*; are d.-teeted Lsolated or in groups in the rest of the cytoplasm. Cells with these charaeteristics are less frequently observed. These inclnsion bodies are composed of an agglonieration of sub-units 0.45 n wide and 0.5 to O.tí p long. which w* shall call “matrix", and which present poorly defined contours. Spherical or elliptical corpuscular particles are s en to originate froin the wliole surface of all the matrices (fig. 2). AU stages, from a small jirotuberance to the individualized corpuscular particle measuring in average 250 nip, may be detected on the surface of the matrices or already free between them. The spaee between the matrices lias the same electron density and general strueture as the cytoplasm outside of the inclusion. In some inelusious, the matrices are regularly disposed and the spaces measuring 370 to 770 mp permit the corpuscular bodies to be isolated. free in the inter-matrix spaces. Corpuscular bodies, which will be referred to as “pro-viruses". apparently originate from matrices like sprouts or salien- cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 278 VACC1XIA VIRIS MVLTIPLICATIOX IX RABBITKIDSEY CELL CULTURE8 ces of a “morula”. These sprouts present a s >rt of membrane onlj' in the part protrudiug from the matrix towards the eytoplasm or to the spaces betwren the matrices. Apparently, there is no discontinuity between the inner material of th» matrix and that of the sprouts. Isolated pro-viruses show circular or slightly elliptical shape, measuring 210-240 m n x 280-320 m/i, with a membrane that appears donhle in some micrographs. A more electron dense, apparently homogeneous material is seen inside of those partieles. Some seetions show eccentric, dense bodies averaging 80 m/i, separated from the inside pro-virus material by a halo of tmieh less electron density. A more accurate examination of matrix and pro-virus seetions showed that they are not eomposed of simple granular or structureless material, but that at least some of these elements eontain variable amounts of parallel, continuous lines or circular eontonrs like those of vesicles (figs. 3 and 4). The diameters of the circular forms are approximately the same as the distanee between the parallel lines (10 to 15 m/t), wliieh suggests that the same strueture was cut in per- (íendieular or longitudinal planes. B) Most frequently. the infected cells show variable amounts of indivi- dualized corpuscles of the above described pro-virus type irregularly distri- buted in the eytoplasm; often they are grouped in larger nnmbers in some region of the eytoplasm, however. without being concentrated in a well delimit- ed arca. In some cells, hundreds of these partieles may be counted in a single seetiou. All steps of the evolution process may be followed from the inclu- sion body to the moment when only pro-virus partieles are contained in the eytoplasm. Isolated or small groups of matrices permit better analysis of the progressive formation of pro-virus. The increase in number of these eorpuseles corresponds to the progressive decrease, disintegration or consump- tion of the matrix. At the same time. the spreading of the pro-viruses in the eytoplasm is evidenced. In a further step, no more matrix or similar strueture is seen. and the free pro-virus partieles appear embedded in a granular material whieh is more electron dense tlian the normal eytoplasm (figs. 5 and 6). When virns formation oeeurs in the vieinity of the Golgi apparatus. apparently a regular distanee is maintained between its eharacteristieal struetures and the zone of virns partiele formation and evolution. In figure 6, this fact is observed witli partieles in the pro-virus phase B. Sometimes newly formed pro-virus partieles show a yet incomplete mem¬ brane or a membrane whieh is better defined on one side of the partiele than on the other. Finally, all pro-viruses are distributed at random, individuali- zed, show a complete membrane diffieult to be distinguished whether double or cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 Mt»m. In«t. Butantan. 2*: 275 284. 1957 58. A VALLLJO FREIRE. A. BRUXNER Jh. AND W. BEÇAK 27!l single, and contain the inner eccentric, cliaracteristieal dark mass; in the eytoplasm, no more regions are found where the spaces between the pro-viruses are filled with a dense, granular material. C) In this study it has not been possible to follow all steps between the pro-virus phase and the appearauce of a defined inner morphology of the viros partiele preceding or eonstitnting the inature viros. Before the liberation of the vinis or the disintegration of the cell, vinis particles fill almost all the eytoplasm in some sections (Fig. 7). Frequently, sections containing large number <>t this \inis partiele type do not show the dark inner bodies. I*re- dominantly thev tend to an elliptical sliape, whieh does not seem to be an ar- tifact due to pressure of the knife during sectioning, sinee they are irregularly orientated. Xevertheless, it is possible that this sliape is partly influenced by tensions during the fixation and polymerization proeess, to whieh the virai particles in this phase inay be more susceptible. In most sections, the inner strueture appears dumb-bell shaped, the two enlarged extremities being orien¬ tated along the large axis of the ollipsis. Some cells pivsent exclusively this vinis phase without the presence of particles of the pro-virus type; few other particles are identieal to those deseribed in B, liaving the eccentric bocly and no defined strueture. In some sections, near the cell membrane there may also be observed particles tending to be spherical, identieally to those deseribed in D. D) Matnre or free, extracellular virases (fig. 8) tend to bc spherical in sliape and most frequently have dimensions near :{00 m,i. Xo intact cells were lonnd in whieh only spherical fornis are eontained in all the eytoplasm, but oceasionally spherical. like inature particles are found in the neighbourhood of the host cell membrane. It was not possible to observe the extrnsion of a vinis through the cell membrane. AVhen large amounts of matnre viroses were found in the field, they were loeated iu the intercellular spaee, in the vieinity or in fragments of already destroyed eells. Typieal mature vir uses may be found in the periphery of the eells deseribed in A, B or C. in 24 hours cnltures, whieh seem to originate from W. BKÇAK 281 inent of the matriees or reorganization of new virus particles in the inclusion body. Sections of les-s compact inclusions or isolatetl matrices show too frequently the presence of mitochondria usually having the same dimensions as virus particles. Larger mitoclioudria are seen to be in a process of disorganization, still showing the typieal trabeculae. Sometimes, matrices already giving origin to sprouts show traces of trabeculae. After the pro-virus formation. an almost complete disappearance of preserved mitochondria is observed in the place of virus formation, whilst in other areas of the cytoplasm large amounts of mi- tochondria are found irregularly distributed, or in arcas where pro-viruses and viruses are encountered in large numbers. From these observations it is not possible, at the present stage of the work, to draw secure conclusions regarding this relation, however, two possibi- lities may be considered. First, that mitochondria partieipate directly in th constitution of the inclusions, not only contributing with their enzymatic systems to the formation of the new pro-viruses, but also by constituting ma¬ terial of their struetures which would be disintegratcd and the disintegration Products usetl in the virai morphogenesis. The other possibility would be that pro-viruses and the matrix have struetures similar to that of mitochondria, and that the true mitochondria would influenee the virai morphogenesis from dis¬ ta nt, not being necessarily present at the inclusion or the place of development tf new virus particles. The granular material seen in the area of newly forined pro-viruses is ve- ry similar to that found in the place where groups of mitochondria are disinte- grated and their inner material liberated in the cytoplasm. This material -seems to be consumed between phases B and C, or somehow dispersed in the cytoplasm. We believe this material to take part in the evolution process. because it is always present in phase B (pro-virus) and always disappears when phase C is predominant. This paper deals specially with the aspects of intraeellular virus deve¬ lopment, only mentioning the eventual relation between mitochondria and this process. It is not possible, nor do we wish to make any reference here to the modifications of the endoplasmic reticulum and the nucleus, which might, as already described by others. take part in the evolution process of the virus m the eell. 8UMMABT In epitheliai rabbit kidney cells cultured “in vitro" various phases of the vsccinia virus evolution cycle wcre detected and described, partieularly tbose observed from the formation of the inclusion botlies to the appearance cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 282 VACCIXIA VIRUS MULTIPLICATIOX IX HAIII1IT KIDNKY CEI.I. CULTCRE8 and liberatiou of mature elementary bodies. The inclusions may be eomposed of one or more sub-uuits or matriees, on the surfaee of which parti ele forma- tion takes place by a proeess of “sprouting”, whieh in the initial pbase confers the matriees the shape of a morula. Three main stages can be differentiated during the Progressive modifieation of tbese particles until the stage of ma- turity. Indieations were observed that mitochondria may participate in the formation cf the inclusion matrix or even in the formation of the elementary bodies. Studies viewing a better knowledge of the formation of the inclusions and of the structural trausformations that oceur during the passage from one phase to another in the evolution of the elementary body are being carried out in tliis laboratory. SUMARIO Vírus vaeínico foi adaptado ao crescimento de células epiteliais de rim de coelho artificialmente cultivadas em meio de Hanks ou Earle, contendo sôro bovino, hidrolisado de laetalbumina e antibióticos. Cento e oito passagens ini¬ ciadas com amostra bovina utilizada para vacinação humana foram feitas inin¬ terruptamente em células epiteliais de rim de coelho cultivadas “in vitro Vestas células foi possível acompanhar, ao microscópio eletrônico, grande par¬ te do ciclo evolutivo deste vírus no citoplasma, principalmente após a formação das inclusões e até a liberação de partículas de corpúsculos elementares ma¬ turos. As inclusões, em geral situadas na região próxima ao núcleo, são consti¬ tuídas de uma ou mais subunidades ou matrizes, na superfície das quais se originam as partículas que vão sendo progressivamente liberadas no citoplas¬ ma. Vesta fase, as matrizes adquirem o aspecto de uma mórula, devido ao fato de que as partículas vão se formando por um processo semelhante ao de uma brotulação. Terminada esta fase. a matriz desintegra-se ou é consumida. Vo interior das partículas recém-formadas inicia-se uma série de transforma¬ ções, que se evidenciam por significativas alterações morfológicas que antece¬ dem o pleno amadurecimento dos corpúsculos elementares. Esquematicamente, três fases principais podem ser diferenciadas no transcorrer destas transfor¬ mações evolutivas. Tanto as matrizes quanto as partículas individualizadas recentemente formadas, apresentam, por vêzes, estrutura interna difícil de se diferenciar daquelas das mitocôndrias. Outros fatos analisados parecem tam¬ bém indicar a provável participação destes organelos, quer na formação das inclusões, quer na formação dos corpúsculos elementares na sua primeira fase evolutiva. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 SciELO^ 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 L cm *284 VACriNIA VIRO» lirLTIPI.ICATIOX IN RABB1T K1I>XKY CKLL. CULTURES Fig. 1 — Section of a vaccinia infected cell containing a large cytoplasmie inclusion cora- posed of numerous sub-units (su) and also of some already individualized par- tícles. In this phase, matrices or individualized virus particles are scen only in the inclusion area or in its vicinity. Between tlie centrally disposcd cell ana the cell at the riglit side of the micrograph, some mature virus particles (mv) are seen. X " nucleus; li = lipids; er — endoplasmic reticulum; mi = mito- chondriou. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 286 VACCI.VIA VÍRUS MULTIPLICATIOX IX RABBIT-KIDXKY CKLI, CULTORES F ‘S- ° — Enlargement of tlic iiiclusion depieted in fig. 1. Each sub-unit (su) is compos- ed of a matrix (m) giving origin to new viros particles at its periphery. Xcw spherical particles are apparentlr fornied likc sprouts from the central matrix. Generalh, double lines and vesicles (dl*v) are seen inside the matriecs, tlic sprouts or the newly formed particles. 3 — Cytoplasmic region of granular material (g) containing particles with double lines and vesicles (dl-v) inside and an almost complete linriting membrane. Tliese structures resemble tl.at of mitoehondria (mi). In arcas of granular material where nonc of the completelr individualized particles appear, elements (dl) are found which resemble more distinctly mitoehondria, although they are not well defined because of being associated witli the granular material of the crtoplasm. The aspects presented in this micrograph are licld to l>e the final stage of acti- vity of one or two matrices giving origin at the same time to pro-virus particles and the surrounding granular material, li = lipids. SciELO 13 15 16 288 VACCIXIA VIRUS MULTIPUCATIOX IX RABBITKIDXEY CELL CULTURES Kig. 4 — Çytoplasm with granular, dectron densc material (g) eontaining more or lesa individaalized partidos, some of whieli present a dense, eccentrically disposcd body. In mi appears an agglomeration of mitochondria, near to wliich are vacuoles (v) limited by double membranes, whidi remind mature virus partides rarely observed in tlie çytoplasm. mr = mature virus partides, outside and inside tlie çytoplasm. SciELO 11 12 13 14 15 200 VACCISIA VIRUS MCLTIPMCATIOX IX RABHIT-KIDXEY CELL CULTURES Fig. — (Vil containing muneroiis pro-virus particlcs, phase B, in the cvtoplasm. The majority of the pro-virus particlcs is already indiridualized and located in a more granular zonc (g). Many mature vinis particlcs (my) are adhcrcnt to the eell membrane. X = niicleus; mi = mitochondrion; li = lipids; cr = endo- plasmie reticulum. SciELO 11 12 13 14 15 292 VACCIXIA VÍRUS MULTIPI.IUATIOX IN' RAIHtlT-KIDXKV < KLI. CGLTURES Mg. (i — Section of i'|>itlielinl reiI fixed ã liours after infeotioii, coiitainiiig vírus partidos surroundcd by a granular zono (g). The a iva of oleinentary body formation and ovohition is apparontly maintnined at a oonataut distanro from tlie location of tho constitutiiig domeuts of tlie líolgi apparatus (O), mi = niitodioiidrion; cr = cndoplnsnitr rctiridum ; li = lipids. cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 SciELO^ 2 3 5 6 7 12 13 14 15 16 17 18 L cm 204 VACC1NIA VIRUS MULTIPLICATION' IX RABBITKIDXEY CELI. CDLTÜRES ’ — (VII with vinis partidos oecupying tho cytoplasm to a large extent. Tlie vírus partioles, which are in a more advanced stage of developmeiit than tliosc of th.* preceding figures, present va ria Me internai struotures, howerer, generaly are ohnracterized by the dumb-bell sliape. Tlieir elliptical seetions do not scem to Ik* due to pressure of the knife during sectioning, becatise there are partioles orieiitated in different diri-etions along the larger uxis. No clectron dense, gra¬ nular material is seen in tliis phnse; the cytoplasm surrounding the partidea pre- sents a similar aapect to areas without partioles. X = nucleus; mi = mitoehon- drion ; li = lipids. B cm SciELO 11 12 13 14 15 16 17 VACCIMA VIRU8 MILTIPLICATIOX IX RABBITKIDXEY (EI.L CULTORES 236 Sevtioii of eells in different leveis sliowing large iiuiuIht of inatiire vinis par* licles (mv) cloee to the e.vtoplasmic menibranes. Tlie mecha íiism of vinis cii- tering the ertoplnsm «as not yet deteeted, however, particles similar to tlic exter¬ nai o nos were already olaerved insi.le the eell in the ]>eriplterieal cytoplasm. X = iinelciis. SciELO 13 15 16 SciELO^ 2 3 5 6 7 12 13 14 15 16 17 18 L cm VACC1XIA VIRI S MELTIPEICATIOX IX RABBIT-KIDXEY CELI. CCLTCRE8 :500 >,R ‘ " — Schematic reprcsentation of prcdominant morphological aspects of sections of vnccinin v,riIS