M E M O RIA S INSTITUTO BUTAMTAM 1972 VOLUME 36 SECRETARIA DE ESTADO DA SAUDE COOHDÍMDOHU DOS SERVIÇOS KCNICOS ESPECIALIZADOS INSTITUTO BUTANTAN SÃO PAULO — BRASIL SciELO 0 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 Z cm INSTITUTO BUTANTAN SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE Secretario — Dr. Getulio Lima Junior COORDENADORIA DE SERVIÇOS TÉCNICOS ESPECIALIZADOS Coordenador — Prof. Dr. Otto Guilherme Bier INSTITUTO BUTANTAN - DIRETORIA GERAL Diretora — Dra. Jandyra Planet cio Amaral I - DIVISÃO DE MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA Diretor — Dra. Jandyra Planet do Amaral Diretor Substituto — Dr. Bruno Soerensen Cardozo a) Serviço de Bacteriologia — Controle e Técnicas Auxiliares Diretor — Dr. Bruno Soerensen Cardozo b) Serviço de Imunologia Diretor — Dr. Raymundo Rolim Rosa c) Serviço de Virologia Diretor — Dr. René Corrêa II - DIVISÃO DE BIOLOGIA Diretor — Dr. Alphonse Richard Hoge a) Serviço de Animais Peçonhentos Diretor — Dr. Hélio Emerson Belluomini b) Serviço de Genética Diretor — Dr. Willy Beçalc UI - DIVISÃO DE CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS E QUÍMICA Diretor — Dra. Alha Apparecida de Campos Lavras a) Serviço de Bioquímica Diretor — Dra. Fajga Ruchla Mandelbaum b) Serviço de Farmacologia Diretor — Dra. Mina Fichman c) Serviço de Fisiologia Diretor — Dr. Saul Schenberg III cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 d) Serviço de Química Organica Diretor — Dr. Raymond Zelnik IV - DIVISÃO DE PATOLOGIA Diretor — Dr. Jesus Carlos Machado a) Serviço de Fisiopatologia Diretor — Dra. Linda Nahas Serviços Diretamente Ligados à Diretoria Geral a) Serviço de Veterinária Diretor — Dr. Feres Saliba MEMÓRIAS DO INSTITUTO BUTANTAN INSTRUÇÕES AOS AUTORES 1 - FINALIDADE As MEMÓRIAS DO INSTITUTO BUTANTAN são publicadas sob a orientação da Comissão Editorial, sendo que os conceitos emitidos são de inteira responsabilidade dos autores. Tem por finalidade a apresentação de trabalhos originais que contribuam para o progresso nos campos da Biologia e da Medicina, elaborados por especialistas nacionais ou estrangeiros que se enquadrem no REGULAMENTO DOS TRABALHOS. 2 - REGULAMENTO DOS TRABALHOS 2.1 NORMAS GERAIS 2.1.1. Os trabalhos devem ser inéditos e destinar-se exclusivamente à revista “MEMÓRIAS DO INSTITUTO BUTANTAN”. Os artigos serão pu¬ blicados a convite da Comissão Editorial. 2.1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO 2.1.2.1 Elementos preliminares a) cabeçalho — título do trabalho e nome do autor (es); b) filiação científica e enderêço para correspondência. 2.1.2.2 Texto Sempre que possível deve obedecer à forma convencional do artigo científico: a) Introdução — Estabelecer com clareza o objetivo do tra¬ balho, relacíonando-o com outros do mesmo campo o apre¬ sentando de forma sucinta a situação que se encontra o problema investigado. Extensas revisões de literatura de¬ vem ser substituídas por referências aos trabalhos mais re¬ centes, onde tais revisões tenham sido apresentadas. b) Material e métodos — A descrição dos métodos usados deve limitar-se ao suficiente para possibilitar ao leitor a perfeita compreensão e repetição dos métodos; as técnicas já descritas em outros trabalhos devem ser referidas so¬ mente por citação, a menos que tenham sido considera¬ velmente modificadas. c) Residtados — Devem ser apresentados com clareza e, sempre que necessário, acompanhados de tabelas e material ilustrativos adequados. V 2 3 4 5 6 SciELO 0 cm cl) Discussão — Devo restringir-se à apresentação dos dados obtidos e dos resultados alcançados, relacionando-se novas contribuições aos conhecimentos anteriores. Evitar hipó¬ teses ou generalizações não baseadas nos resultados do tra¬ balho. e) Conclusões — devem ser fundamentadas no texto. Dependendo do assunto do artigo, as divisões acima poderão ser modifica¬ das de acordo com o esquema de trabalho, porém, o artigo deve conter obriga¬ toriamente: a) Introdução; b) Desenvolvimento do tema (com as divisões a critério do autor); c) Conclusão. Agradecimentos — devem ser mencionados antes das Referências Biblio¬ gráficas. 2.1.2.3 Material de Referência Todo trabalho deve vir obrigatoriamente acompanhado de: a) RESUMO — um no mesmo idioma do texto, outro em inglês, redigidos pelo(s) próprio(s) autor (s), devem expressar o conteúdo do artigo, salientando os elementos novos e indicando sua importância. O resumo na língua em que está redigido o trabalho deve ser colocado antes do texto; e o em inglês no final. Só excepcionalmente ex¬ cederá a 200 palavras. Os títulos dos trabalhos devem ser traduzidos para o inglês. b) UNITERMOS — Correspondendo a palavras ou expres¬ sões epie identifiquem o conteúdo, devem ser em número necessário para a completa descrição do assunto e assina¬ lados com asteristicos os 3 unitermos principais. Para a escolha dos unitermos usar o vocabulário protótipo do campo especializado. ° c) REFERENCIAS RIBLIOGRÁFICAS - Devem ser in¬ cluídas apenas as referências mencionadas no texto e arran¬ jadas em ordem alfabética do sobrenome do autor, nume¬ radas consecutivamente. Periódico: AMORIM, M. de F., MELLO, R. F. e SALIBA, F. - Envenenamento botrópico e crotálico. Contribuição para o estudo experimental comparado das lesões. Alem. Inst. Butantan, 23:63, 1950-51. Para as ciências cia saúde usar o “Medicai Subject Headings”, com traduçiío em português realizada pelo Grupo de Bibliotecários Biomédicos da A.P.B. vi cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Livros BIER, O. — Bacteriologia e imunologia, 1, 13. ed. São Paulo, Melhoramentos, 1966. As citações no texto devem ser em números índices, correspondendo às respectivas referências bibliográficas. Exemplos: As investigações sobre a fauna flebotomínica no Estado de São Paulo, foram feitas em várias ocasiões '■ 3 > 4 . ... método derivado de simplificação de armadilha de Disney 2 (1968). Referencias Bibliográficas (correspondentes aos números indices) 1. BARRETO, M. P. — Observações sobre a biologia em condições naturais dos flebótomos do Estado de São Paulo (Diptera Psychodidae); São Paulo, 1943. (Tese — Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). 2. DISNEY, R. H. L. — Observations on a zoobosis: leishmaniosis in British Honduras. J. appl. Ecol, 5:19, 1968. 3. FORATT1NI, O. P. — Algumas observações sobre Biologia dos flebótomos (Diptera, Psychodidae) em região da bacia do Rio Paraná (Brasil). Arq. Fac. Hig. S. Paulo, 8:15-136, 1954. 3. FORATT1NI, O. P. — Novas observações sobre Biologia de flebótomos em condições naturais (Diptera, Psychodidae). Arq. Fac. Hig. S. Paulo , 25: 209-15, 1960. .3 - NORMAS PARA APRESENTAÇÃO DOS ORIGINAIS 3.1 — Datilografia — Os originais devem ser datilografados, em 3 (três) vias, com espaço duplo, em uma só face, mantendo as margens laterais com 3 cm aproximadamente. Tòdas as pᬠginas devem ser numeradas consecutivamente, com algaris¬ mos arábicos, no canto superior direito. 3.2 — Tabelas — Devem ser numeradas consecutivamente com al¬ garismos arábicos e encabeçadas pelo seu título. Os dados apresentados em tabela não devem ser, em geral, repetidos no texto. As notas de rodapé das tabelas devem ser restritas ao mínimo possível e referidas por asteriscos. 3.3 — Ilustrações — (fotografias, desenhos, gráficos, etc) — As ilustrações devem ser numeradas consecutivamente com al¬ garismos arábicos e citadas como Figuras. Todas as figuras serão identificadas fora da área de reprodução com: número, nome do autor, título abreviado do trabalho, indicação da página de texto onde deverão constar. As legendas devem ser apresentadas em folhas à parte. As ilustrações devem permitir perfeita reprodução em clichês até a redução mínima de 6,3 cm (largura da coluna do texto). Os desenhos devem ser fei¬ tos em papel vegetal e tinta nanquim preta e as letras com normógrafo, nunca datilogradas. VII cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 A Revista admite clichês (branco e preto) até 6 do texto, para cada traba¬ lho, devendo os demais serem pagos pelo autor. Para clichês coloridos deverá haver prévia combinação entre a Comissão Editorial e o autor. De cada trabalho serão tiradas 100 (cem) separatas, devendo o autor pagar as separatas que excedam a esse número, quando solicitar uma quantidade maior. As separatas em excesso devem ser solicitadas quando o manuscrito fôr encaminhado à Comissão Editorial. Os trabalhos poderão ser redigidos, além da língua portuguesa, em: inglês, francês e espanhol. Outras línguas ficarão a critério da Comissão Editorial. A reprodução total ou parcial dos trabalhos em outros periódicos — com menção obrigatória da fonte — dependerá de autorização prévia da Comissão Editorial. Para fins comerciais, será proibida a tradução e reprodução dos trabalhos publicados pela revista. VIII 2 3 4 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 * MEMÓRIAS DO INSTITUTO BUTANTAN CONTEÚDO P a g- Artigos Originais / Original Articles 1 Estudos sobre a preparação do soro antibotulínico tipo A. 1 Studies on the preparation of Type A Clostridium botulinum antitoxin. Edison Paulo Tavares de OLIVEIRA 2 A Antibioticoterapia no choque transfusional por sangue contaminado. Estudo experimental em camundongo . 41 The Antibiotictherapy in Transfusible Shock by Contamined Blood. Experimental Study in Mice. Bruno SOERENSEN e Gilda Meire ROSENBERG o Determinação da contaminação bacteriana em sangue estocado atra¬ vés da dosagem de glicose com tira reagente . 51 Determination of the bacterial contamination in the stored blood by the dosage of glucose with a reagent strip. Bruno SOERENSEN, Mary Emi YOSHIO e Marilda Casemiro da ROCHA 4 Avaliação histopatológica comparativa da intensidade do fenômeno proliferativo na imunidade celular à tuberculose em cobaios vacinados oralmente e intra-dermicamente pelo BCG . 57 Comparative histopathological evaluation of the intensity of the pro- liferative phenomenon in cellular immunity to tuberculosis in guinea pigs vaccinated orally and intradermally with BCG. Jesus Carlos MACHADO, Bruno SOERENSEN, Jandyra Planet do AMARAL, Evani Aparecida PINTO e Nidia de DONOSO. 5 Ciclo sexual bienal de serpentes Crotalus do Brasil. Comprovação. Reproductive biennial cycle in serpents Crotalus of Brasil Francisco Garcia de LANGLADA 67 6 Contribuição a técnica operatória de serpentes. I. Plemipenicectomia bilateral em serpentes . 73 Contribuition to surgical technique in serpents. I. Bilateral hemipenicectomy in serpents. Francisco Garcia de LANGLADA e Hélio Emerson BELLUOMINI IX ■SciELO 0 11 12 13 14 15 16 cm Contribuição a técnica operatória de serpentes. II. Derivação intestinal, colostomia e cloacorrafia (para obtenção de urina sem contaminação fecal em cloaca de serpentes) . 79 Contribuition to surgical techniques in serpents. it. Intestinal derivation, colostomy and cloacorrapby for obtaining urine without fecal contamination in the cloaca. Francisco Garcia de LANGLADA e Naomi SIIINOIYA Contribuição à técnica operatória de serpentes. III. Ablação de glândulas de veneno em serpentes do gênero Crotalus .. Contribuition to surgical techniques in serpents. III. Surgical removal of venom glands in snakes of the genus Crotalus. Francisco Garcia de LANGLADA e Hélio Emerson BELLUOMINI 89 9 Consequências da ablação cirúrgica da glândula principal de veneno em Crotalus. Comportamento do animal e estudo histopatológico da glândula acessória . 101 Consequence of surgical removal of the main venoums gland in Crotalus: behavior of the animal and histopathological study of the accessory glands. Francisco Garcia de LANGLADA, Hélio Emerson BELLUOMINI e Jesus Carlos MACHADO 10 Sinopse das serpentes peçonhentas do Brasil. (Serpentes Elapidae e Viperidae) . 109 Checklist with keys and a brief review of the classification of snakes. Alphonse Richard HOGE e Sylvia Alma ROMANO 11 Nota sobre Xenoclon e Ophis (Serpentes Colubridae) . 209 Note on Xenoclon and Ophis. Svlvia Alma R. W. De Lemos ROMANO e Alphonse Richard HOGE 12 Liophis mossoroensis nov. sp. do Brasil. (Serpentes Colubridae) ... 215 Liophis mossoroensis nov. sp. from Brazil Alphonse Richard HOGE e José Santiago LIMA-VERDE 13 Serpentes coletadas pelo Projeto Rondon VII em Iauareté, Brasil 221 Snakes collected by the "‘Projeto Rondon” expediction at Iauareté, Brazil. Alphonse Richard PIOGE, Nevvton Pereira SANTOS. Carmen HEITOR, Lídio Anibal LOPES e Irene Menezes de SOUZA. 14 Redescrição de Dnjptopelmid.es STRAND 1907 (ARANAE, THERA- PHOSIDAE, ISCHNOCOLINAE) e descrição de Dn/ptopelmicles rondoni sp. n. 233 Description of Dn/ptopelmicles STRAND 1907 (ARANAE, THERA- PHOSIDAE, ISCHNOCOLINAE) and description of Dryptopehni- cles rondoni sp. n. Sylvia LUCAS e Wolíang BÜCHERL X cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 15 Esporulação no Calex dolosas (L. Arribálzaga 1891) do Hepato- zoon roiilei (Pliisalix e Laveran, 1913) parasita da Bothrops alterna- tas (D. e B., 1854), transfundido com o sangue da Bothrops moojeni Hoge, 1965. 241 Sporulation in Culex dolosas (L. Arribálzaga, 1891), of Hepato- zoon roalei (Phisalix and Laveran, 1913), a parasite of the Bothrops alternatus (D. and B., 1854) transfused with the blood to the Bothrops moojeni Hoge, 1965. Samuel B. PESSOA, Pérsio de BIASI e Dulce M. de SOUSA 16 Novas observações sobre a transmissão congênita de hematozoários de serpentes peçonhentas vivíparas . 245 New observations on congenital transmission of hematozoa from vivi- parous poisonous snakes. Pérsio de BIASI, Samuel B. PESSOA e Hélio Emerson BELLUO- MINI 17 Bionomia de Triatona pseudomaculata Corrêa e Spínola 1964, em laboratório . 251 Bionomy of Triatoma pseudomaculata Corrêa and Spínola, 1964, carried out in laboratoiy Therezinha J. Heitzman-FONTENELLE. 18 Triatoma williami Galvão, Souza e Lima, 1965, capturado em Mato Grosso, BR, novo vector da Moléstia de Chagas . 263 Triatoma williami Galvão, Souza end Lima, 1965, captured in Mato Grosso, Brazil, new vector of Chagas Disease. Lauro P. TRAVASSOS F°. Nota Prévia. 1 Sobre a posição sistemática de Porrima callipoda Melo Leitão, 1924 (ARANAE, LYCOSIDAE) . 267 Wolfgang BÜCHERL e Sylvia LUCAS Rcsamos Bibliográficos / Review Índice de autores do volume 36 . 269 Índice de assuntos do volume 36 . 271 XI cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. Rutantan Stí : 1-40, 1972. ESTUDOS SOBRE A PREPARAÇÃO DO SORO ANTIBOTULlNICO TIPO A * EDISON PAULO TAVARES DE OLIVEIRA Seção de Toxinas e Anatoxinas Instituto Butantan RESUMO — Não tendo sido pro¬ duzido ainda no Brasil, os soros antibotulinicos o autor estudou a possibilidade de obtê-los no Serviço de Imunologia do Instituto Butantan pela hiperimunização de cavalos. Iniciou pelo preparo do Soro antibotulínico tipo A, experimentou vários meios de obtenção da toxina respectiva e obteve toxinas dosando ao redor de 800.000 D. M. M. para o camundongo as quais transformadas em anatoxinas para hiperimunizar equinos com esse mate¬ rial. Verificou que o esquema da hiperi¬ munização é fundamental para a obtenção de bons títulos neutralizantes e obtiveram finalmente plasma hiperi- mune contendo 160 U.A/ml. Esse soro após purificação e concentração apre¬ sentou um título de cerca de 1.400 UA/ml. O Soro purificado e concentrado foi diluido para que contivesse 500 UA/ml. que já se encontra disponível para atender eventuais acidentes humanos. UNITERMOS — Botulismo; envene¬ namento pela ingestão de conservas, contaminadas com toxina Botulínica. INTRODUÇÃO Importância do botulismo. Dentro do quadro nosológico das intoxicações alimentares encontra-se o botulismo. É um envenenamento ocasionado pela ingestão de conservas ali¬ mentícias preparadas sem os devidos cuidados, contaminadas por bactérias anaeróbias pertencentes à espécie Clostridium botulinum , secretora do mais potente tóxico conhecido. Um miligrama de toxina botulínica pura cristalizada contém ao redor de 1 milhão e 200 ml DMM para o cobaio (Van Heymingen, 1950). Das intoxicações alimentares humanas o botulismo é a mais drástica, sendo a mortalidade causada por ele variável entre 30 a 90 por cento nos casos não tratados e de 20 por cento nos casos tratados (Dumas, 1958). O único tratamento curativo do botulismo é a soroterapia específica. O êxito da soroterapia reside sempre na precocidade do tratamento, por se tratar de uma toxina com afinidade principal pelo sistema nervoso após a impreg¬ nação deste, dificilmente regride o desenvolvimento da sintomatologia característica. * Tese apresentada ao Instituto de Ciências Biomédicas, da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Doutor. Kndereço para correspondência: C.P. 05, São Paulo, Brasil. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OLIVEIRA, E. P. T. - Mem, Inst. liutantan, .{<; Estudos sobre : 1-40, 1972. a preparação do soro antibotulínico tipo A. 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 — Obtenção da toxina botulínica tipo A 3.1.1 — Seleção de cepas toxígenas Para a obtenção da toxina botulínica tipo A, o primeiro cuidado foi selecionar cepas que apresentassem maior toxigênese. Existiam dez amostras na germoteca do Instituto Butantan, algumas das quais não eram repicadas desde 1937. Todas foram repicadas para meio de Tarozzi (1907); após incuba¬ ção durante 24 horas a 37 Ü C, foram elas submetidas à bacterioscopia e às provas de pureza, em aerobiose e anaerobiose. Em nenhuma amostra ocorreu, dentro de cinco dias de observação, crescimento em meios aeróbios; somente no meio anaeróbico é que ocorreu crescimento. Em seguida, foram semeadas em placas de Petri em anaerobiose contendo ágar simples glicosado, adicio¬ nado de 5% de sangue de carneiro desfibrinado, afim de observar se os aspectos das colônias eram semelhantes aos descritos para o C. botidinum tipo A. Segundo Zeissler (1930), nesse meio de cultura as colônias podem apresentar- se sob cinco aspectos diferentes; as que observamos mostravam somente um desses aspectos: tinham cor cinzenta brilhante, eram salientes e arredondadas e apresentavam bordos irregulares. Amostras colhidas dessas colônias foram submetidas novamente à bacterioscopia: os germes tinham a forma de bas- tonetes Gram-positivos, com bordos arredondados, isolados ou em pares; observaram-se também, com rara frequência, esporos subterminais, caracterís¬ ticas estas do gênero Clostridium. As cepas por nós experimentadas continham as seguintes indicações no fichário correspondente: n.° 381-1. B. — Recebida do Dr. Toledo Melo. Laboratório de Micro- biologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Indicações: “Clostridium botulinum tipo A, Grupo IX — Amostra 33, recebida da Dra. Hilda Heller em 3.12.31. San Francisco, Califórnia, U.S.A. — amostra 198 do Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Medicina de São Paulo". .3 87-I.fí. — Recebida do Dr. Toledo Melo. Laboratório de Micro- ‘Clostridium Isolado em Amostra IIER 204 do n." biologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Indicações: botulinum tipo A, recebida da Dra. Hilda Heller cm 3.12.31 1931 da cultura de sangue do coração de cobaia Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Medicina de São Paulo — 10.5.37”. n.° 388-1.B. — Recebida do Dr. Toledo Melo. Laboratório Micro¬ biologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Indicações: “Clostridium botulinum tipo A, recebida da Dra. Hilda Heller em 3.12.31. Isolado por I. C. Hall, de um surto em Prince, Colorado, U.S.A., em 1931. Amostra 205 — Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Medicina de São Paulo - 10.5.32”. cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OI 1VEIRA E. P. T. _ Estudos sobre a preparação do soro antibotulínico tipo A. Mem. Inst. Butantun, 36: 1-tU, 1972. n o 38 Q-I , ]}. — Recebida do Dr. Toledo Melo. Laboratório de Microbio- locria da Faculdade de Medicina de São Paulo. Indicações: “Clostridium botu¬ linum tipo A, recebida da Dra. Hilda Heller em 3.12.31. Isolado nesse labo¬ ratório, de uma lata de conserva vinda da Itália em 1929. Amostra 206 — Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Medicina de São Paulo — 10.5.32”. n.c 391-1.B. — Recebida do Dr. Toledo Melo. Laboratório de Micro¬ biologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. — Indicações: “Clostridium botulinum tipo A — Grupo VII, recebida da Dra. Hilda Heller em 3.12.31. Isolado em 1930 do trigo vindo de S. Joaquim Valley, Califórnia, U.S.A. Amostra HAJ 207 do Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Medi¬ cina de São Paulo — 10.5.37 . li." 392-1.B. — Recebida da Dra. Ida A. Bengtson, National Institute of Health, Washington, D.C., U.S.A. Indicações: “ Clostridium botulinum tipo A. Cepa isolada de azeitonas - 9.6.37. Data 27.7.37”. n.° 394-1. B. — Recebida da Dra. Ida A. Bengtson, National Institute of Health, Washington, D.C., U.S.A. Indicaçõeá: “Clostridium botulinum tipo A”. n.° 395-1 .B. — Recebida do Dr. J. B. Gunnison, que a obteve da coleção do Dr. K. F. Meyer. University of Califórnia, San Francisco, U.S.A., 3.8.37. Indicações: Clostridium botulinum tipo A”. n.° 62-1. P. — Recebida do Instituto Pasteur, Paris, enviada pelo Prof. A. R. Prévot em 1962. Indicações; “Clostridium botulinum tipo A”. li." 193-1.P. — Recebida do Instituto Pasteur, Paris, enviada pelo Prof. A. R. Prévot, em 1962. Indicações: “Clostridium botulinum tipo A”. 3.1.2 — Preparo do meio de cultura O poder da toxigênese varia grandemente de uma raça para outra; algumas raças são muito ativas, enquanto outras são quase atóxicas. O meio de cultura desempenha também papel preponderante para a produção de toxina (Gunnison & Meyer, 1929). Para determinar o poder toxigênico de cada cepa, utilizamos um meio de cultura apropriado para produção de toxina proposto por Wadsworth (1947). Foram preparados cinco litros de meio de cultura, segundo a fórmula ori¬ ginal com pequenas alterações ditadas pela nossa experiência em trabalhos dessa natureza. Ficou assim constituído o preparo do meio: Carne de vitela . 5000 g Peptona (Oxóide) . 50 g Cloreto de sódio . 25 g Água . 5000 g Glicose 50%. 200 ml cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OTjIVEIRA, E. P. T. — Estudos sobre a preparação do soro antibotulínico tipo A. Meni. Inst. Butantan, 36: 1—10, 1972. a) A carne deve ser desembaraçada de gorduras e aponevroses e moida a seguir. b) Adicionar um volume de água correspondente ao peso da carne. c) Deixar em maceração uma noite na geladeira, entre 4°C a 6°C. d) Retirar da geladeira, levar ao fogo e ferver por cinco minutos. e) Decantar e filtrar em algodão de vidro; espremer a carne residual em pano, filtrar o suco em algodão de vidro, juntar ao filtrado e reacertar com a mesma água, o volume para 5000 ml. f) Dissolver o sal e a peptona em 500 ml de caldo e adicionar ao volume total do meio; misturar e acertar o pH a 8,4. g) Aquecer em vapor fluente por cinco minutos, deixar esfriar e rea¬ certar o volume. h) Filtrar em papel xarope. i) Acertar o pH de 7, 6 a 7, 8. j) Distribuir em balões de fundo chato de 500 ml, contendo 450 ml de meio e cobrir com uma camada de mais ou menos um centímetro de espes¬ sura de “Vaspar” (vaselina e parafina), com um ponto de fusão ao redor de 30°C. k) Proceder à esterilização fracionada a 100°C, durante meia hora, por tres dias consecutivos. l) Após a última esterilização, retirar os frascos da autoclave e resfriar, bruscamente em água fria até a temperatura de aproximadamente 45°C. 3.1. Preparo do inoculam Prévot & Brygoo (1953) verificaram não haver necessidade de aquecimento prévio do inoculam. Seguindo esta orientação, cada cepa foi semeada em 20 ml de meio Tarozzi; após crescimento de 24 horas e conteúdo dc cada tubo era utilizado como inoculam para cada balão do meio. No momento da semea¬ dura, era também adicionada esterilmente 18 ml da solução de glicose e os balões eram incubados a 37°C, durante um período de dez dias. Retirados da estufa, colhiam-se amostras de cada balão e faziam-se as provas de pureza. 3.1.4 — Titulação da toxina Inicialmente fizemos ensaios preliminares aproximados dos títulos das toxinas botulínicas em DMM cm camundongos, segundo Nigg et alii (1942) para em seguida procedermos, conforme a recomendação da OMS (1963), a precisar os títulos tóxicos pela determinação do LD 50. Para a toxina botu- línica, esta é a menor quantidade de toxina que, quando inoculada intrape- ritonialmente em camundongo de 18 a 20 gramas, causa a morte de cerca de 50% dos animais em 96 horas. As amostras para a titulagem eram colhidas de cada balão separadamente e centrifugadas a 2.000 r.p.m., durante meia hora, em centrífuga refrigerada a 0°C. 4 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OLIVEIRA, E. P. T. — Estudos sobre a preparação do soro antibotulínico tipo A. Mcm. Inst. Butantan, 36: 1-40, 1972. Littauer (1951) conseguiu, com certa precisão, a estabilidade da toxina botulínica tipo A trabalhando à baixa temperatura e empregando, para a sua diluição, uma solução tampão de gelatina fosfatada dipotássica em pH 6,6, conforme preconizado por Stevenson et alii (1947). Supõe-se que a adição da gelatina dá à toxina estabilidade provavelmente similar àquela conferida por uma solução concentrada de proteina hidrolicada aminóide (Sommer & Som- mer, 1928). Em seguida, o decantado era diluído em solução de gelatina fosfatada, fa¬ zendo-se duas diluições para cada amostra: uma de 1:10.000, correspondente ao título de 20.000 DMM/ camundongo; e, outra, de 1:60.000, correspondente ao título de 120.000 DMM/ camundongo. De cada diluição inoculamos, individualmente, 0,5 ml em lotes de 4 ca¬ mundongos, com o peso de 18 a 20 gramas. A observação da morte dos camun¬ dongos era feita e anotada a partir de 24 horas até o máximo de observação, que foi de 96 horas, conforme preconizado por Nigg et alii (1947). Os resultados encontram-se na Tabela I. De cada balão semeado foi feito um repique em Tarozzi e repetimos mais uma vez todo o processo, desde a preparação do inoculum até a titulação. Os resultados desta segunda prova encontram-se na Tabela II. 3.1.5 — Toxinotipia Não há neutralização entre as toxinas de tipo A e as de tipo B, como alguns autores acreditaram existir (Legroux & Jeramec, 1953). Prévot & Bry- goo (1952) demonstraram que essas duas toxinas não apresentavam, na rea¬ lidade, semelhança antigênica, como ocorre com outros tipos de toxinas botu- línicas. Utilizamos o método preconizado pelo Instituto Pasteur, que permite fa¬ zer rapidamente o diagnóstico do tipo (Prévot, 1955). Tomamos as toxinas a determinar o tipo (as oriundas das raças n.°s 388-1.B. e 389-1.B. previamente dosadas) e fizemos uma diluição contendo 10 DMM em 0,2 ml. Essa dose era misturada a 0,2 ml. de soro padrão autobotulinico tipo A, contendo 1/10 U.A. de soro padronizado proveniente do “Serum of the Medicai Research Council, London”. O volume era completado a 0,5 ml, com solução tamponada de gelatina fosfatada. As misturas eram preparadas em quantidade para 5 camundongos e deixadas em contato à temperatura ambiente por uma hora. Em seguida eram inoculados 0,5 ml em cada um de 4 camundongos. Como controle eram utilizados dois camundongos inoculados por via intra- peritonial com 10 DMM contidas em um volume de 0,5 ml. Havendo sobre¬ vivência dos camundongos inoculados com misturas de soro e toxina dos controles, o tipo está determinado, conforme mostra a Tabela III. 3.1.6 — Conservação das cepas As amostras de Clostridium bottdinum tipo A usadas para produção de toxina devem ser conservadas à baixa temperatura e em meios especiais de 2 - MEMÓRIAS cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OLIVEIRA, E. P. T. — Estudos sobre a preparação do soro antibotulínico tipo A. Mem. Jnst. Iintantan, .16: 1-40, 1972. manutenção, pois facilmente perdem seu poder toxigênico (Stevenson et alii, 1947). Após as provas de pureza e toxinotipia, as amostras selecionadas foram transferidas para o meio de manutenção. Utilizamos o meio recomendado por Wadsworth (1947) para esse fim, cuja composição é a seguinte: Infusão de carne concentrada (carne 900 g — água 1000 ml) . 500 g Ágar . 5 g Cloreto de Sódio . 5 g Peptona (Oxoide) . 10 g Água . 500 g Glicose . 10 g/kg Dissolver o ágar na água pela autoclavação, a peptona e o sal na infusão. Misturar. Completar o peso total. Ajustar o pH para 7, 8. Filtrar por aspiração, quando ainda quente, através de algodão de vidro. Pesar o filtrado obtido e adicionar a glicose. Distribuir conforme especificado em tubos de 16 por 133 mm e autoclavar trinta minutos a vapor fluente. Os tubos assim preparados, após resfriados eram colocados na estufa a 37°C. onde permaneciam durante cinco dias, sendo então transferidos para a geladeira e mantidos à temperatura de 4°C a 6°C. Stevenson et alii (1947) loc. cit. observaram que as culturas quando man¬ tidas a 4°C, preservam sua toxigênese e a conservavam durante cerca de tres meses. Findo esse prazo, precisam ser repicadas para manter ativo seu poder toxigênico. As cepas por nós selecionadas e conservadas como acima descrito eram, quando necessário, repicadas para o meio de Tarozzi e, após 24 horas de crescimento, utilizadas como inóculo para os meios de produção de toxina. 3.2 — Determinação do tempo necessário para a toxigênese máxima nas nossas condições de trabalho. Procuramos inicialmente verificar qual era o tempo necessário para se obter a toxigênese máxima para uma das cepas selecionadas (388-1.B.), utili¬ zando sempre o mesmo meio de cultura. Para isso usamos tres balões, contendo 1000 ml de meio de cultura. Usa¬ mos a técnica já descrita na secção 3.1.2 “Obtenção da toxina botulínica tipo A”. Os meios eram semeados usando-se um tubo de inóculo para cada balão. Os balões eram incubados a 37°C. Passamos a colher amostras dos meios a partir do terceiro dia, com inter¬ valos de tres dias, até o vigésimo primeiro dia. Os balões era cuidadosa¬ mente agitados antes da colheita da amostra para homogenizar a distribuição da toxina no meio. Em seguida, de cada um era retirada uma amostra de 10 ml e centrifugada a 4.°C a 2000 r.p.m. durante trinta minutos. No sobre- 6 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OLIVEIRA E. P. T. — Estudos sobre a preparação do soro antibotulínico tipo A. Mem. Inst. Butantan, 36 : 1-40, 1972. nadante era titulada a toxina. Os resultados estão consubstanciados nas Tabelas IV a .X 3.3 — Influencia da variação da concentração dos componentes do meio de cultura na toxigênese Procuramos verificar a influencia que poderia ocorrer na toxigênese mo¬ dificando-se a concentração dos componentes do meio de cultura já descrito na secção 3.1.2. Tentamos uma verificação nesse sentido variando a quantidade dos com¬ ponentes do meio, isto é, carne, peptona e glicose, com exceção do cloreto de sódio, cuja concentração era mantida a mesma. Tomamos tres balões: o nú¬ mero (1), contendo cinqüenta por cento da quantidade dos componentes do meio básico; o número (2), as quantidades normais dos componentes do meio básico e, o número (3), o dobro das quantidades do balão número (2). Empregamos a mesma técnica e os mesmos ingredientes no preparo do meio de cultura para cada balão. Nos balões (1) e (2), o volume do meio era de 2500 ml e, no balão (3), cujos componentes entravam em dobro, o volume foi dividido em duas porções, cada qual com 1250 ml. Cada qual dos balões contendo o meio de cultura foi semeado utilizando-se como inóculo 20 ml de cultura de 24 horas em meio de Tarozzi, com a cepa C. botulinum tipo A n. ü 38S-I.B. e incubado a 37°C durante 6 dias. O balão n.° 3, após a retirada de amostra para titulação, era em seguida adicionado de igual volume também de meio concentrado, totalizando assim um volume de 2500 ml e mantido por mais 6 dias de incubação quando era então retirada nova amostra para titulação. Os balões contendo os meios eram retirados da estufa, colhendo-se em seguida as amostras para as provas de pureza e para titulação da toxina. Cada amostra utilizada para a dosagem era centrifugada e, o sobrenadante, diluído em solução de gelatina fosfatada em alíquotas e titulado em camundongos. Realizamos essa observação com tres partidas de meio de cultura preparadas em ocasiões diversas. Os resultados estão inseridos nas Tabelas de n.°s XI, XII e XIII. Procuramos ainda verificar o resultado quando utilizado o meio de cultura contendo o dobro dos valores dos componentes, sem dividirmos em duas por¬ ções. Observamos os mesmos critérios adotados para as experiências acima. Após doze dias colhemos amostras da série de tres balões. Os resultados estão inseridos na Tabela XIV. 3.4 — Verificação da toxigênese hoiulínica tipo A no meio de Prévot & Bnjgoo Procuramos testar um meio considerado por Prévot & Brygoo (1951) como ótimo para a cultura de clostrídios e, principalmente, para a obtenção de suas toxinas. Este meio é conhecido como meio de V F. cm SciELO L0 11 12 13 14 15 16 OLIVEIRA, E. P. T. — Estudos sobre a preparação do soro antibotulínico tipo A. Mcm, Irist. Butantan, 36': 1-10, 1972. Fórmula e preparo do meio Água destilada. 4000 ml O Carne de vitela . 800 g Fígado de boi . . . 200 g HC1 (p. a.) . 40 ml Pepsina (Oxóide) 1/500 . 2,5 g Glicose . 60 g Misturar a carne e o fígado finamente moidos. Adicionar os dois terços do volume total de água aquecida a 45°C. Dividir o terço restante em duas partes: uma para diluição do HC1 e, outra, para a pepsina, os quais são adi¬ cionados em seguida ao volume total da mistura. Incubar em estufa a 48°C, durante vinte horas, interromper a digestão pelo aquecimento rápido a 60°C por cinco a dez minutos. Deixar esfriar, filtrar através de algodão de vidro e ajustar o pll do filtrado para 7,7 a 7,8 com solução de NaOH a 40%. Submeter o filtrado a vapor fluente por quinze minutos. Retirar da au- toclave, deixar esfriar em meio ambiente e colocar na geladeira durante vinte e quatro horas. Em seguida, filtrar através de papel xarope e reajustar o pH para 7, 6 a 7, 8. Distribuir o filtrado em frascos de Erlenmeyer de 5000 ml, contendo 3000 ml de meio de cultura cada um e cobrir com mais ou menos um cm de altura com “Vaspar”. Auíoclavar a 110°C por trinta minutos. Retirar da autoclave e resfriar rapidamente, mergulhando os balões em tanque de água fria, até cpie o meio fique com a temperatura de aproximada¬ mente 45°C. Foi preparada uma partida para 4 balões. No momento de semear, adicionar 300 ml de solução de glicose a 20% em cada frasco e incubar em estufa a 37°C. Para cada balão contendo 3000 ml de meio de cultura usamos um inóculo de 20 ml de meio de Tarozzi com cultura de 24 horas, da cepa n.° 388-1.B. e incubamos durante nove dias. Em seguida, de cada balão colhia-se uma amos¬ tra, que era centrifugada a 2000 r.p.m., durante trinta minutos. Separado o sobrenadante, era ele diluído em solução de gelatina fosfatada. Os resultados são apresentados na Tabela XV. Preparamos nova partida de meio de cultura, usando as mesmas técnicas, com a mesma cepa. Distribuímos o produto em sete balões, cada um con¬ tendo 3000 ml. Semeamos nas mesmas condições anteriores e observamos o mesmo tempo de incubação. As titulações estão expostas na Tabela XVI. 3.5 — Iafluência do tipo de filtração na perda do título da toxina tipo A Na produção de toxina botulínica em volumes necessários à hiperimu- nização, a cultura após a incubação, era, no início dos nossos trabalhos, fil¬ trado em placas Seitz EKS. Verificamos logo que tal procedimento levava a grandes perdas no título da toxina. Supondo que a placa Seitz adsorvia a toxina passamos a utilizar velas Mandler csterilizantes preconizadas por Nigg et alii (1946) montadas em forma de cachos com 4 velas de 12 cm de com¬ em SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OLIVEIRA, E. P. T. — Estudos sobre a preparação do soro antibotulínico tipo A. Mtm. Inst. Butantcin, 36: 1-40, 1972. primento e 2 cm de diâmetro, para a filtração de 15 litros. Posteriormente, visto a dificuldade de obter velas Mandler passamos a usar velas Berkefeld N, de 20 cm de comprimento e 2,5 cm de diâmetro, conjugadas aos pares, para filtrar também 15 litros. Em todos os casos amostras eram colhidas antes da filtração e centrifugadas a 2000 r.p.m. durante 15 minutos para fins de titulação" afim de comparar os títulos antes e depois da filtração. Os resul¬ tados estão reunidos na Tabela XVII. 3.6 — Preparo cia anatoxina botulínica tipo A Para transformação das toxinas em anatoxinas, escolhemos aquelas que apresentavam títulos razoáveis, isto é, acima de 100.000 DMM/camundongo. A quantidade de formalina usada por outros investigadores no preparo das anatoxinas variava entre 0,3% a 1% (Polson et alii 1946; Hottle et alii, 1947; Prévot et alii , 1953). Procuramos verificar nas nossas condições de trabalho qual a quantidade de formalina suficiente para a destoxificação que preservava melhor antigeni- cidade. Utilizamos quantidades iguais de toxina, às quais foram adicionadas porcentagens variáveis de formol (0,3, 0,4, 0,5, 0,8 e 1%) e incubamos a 37°C por tempo variável e com agitação diária. Para cada partida de anatoxina procedíamos à verificação da destoxifi¬ cação das anatoxinas primeiramente realizados em camundongos de 18 a 20 g de peso. Retirávamos amostras das anatoxinas, após tempos variáveis da ação do formol a 37°C e inoculávamos 1 ml por via intraperitonial, em lotes de cinco animais. Caso os animais não apresentassem sintomas de toxemia botu¬ línica no prazo de dez dias, passávamos à prova subsequente, que era feita em cobaias de 250 a 300 g de pêso, em lotes de cinco animais, inoculados com 5 ml do mesmo material por via subcutânea. A prova prévia feita em camundongos indicava de antemão se havia toxicidade residual ou não. As cobaias eram observadas durante 40 dias, após o que eram sangradas por punção cardíaca. Os soros obtidos de cada lote eram misturados em partes iguais e a mistura titulada em unidades antitóxicas internacionais, conforme descrito na secção 2.4. Os resultados estão expostos na Tabela XVIII. Passamos a utilizar, como rotina, em nosso laboratório para a hiperimu- nização dos equinos, as anatoxinas de bom poder antigênico, isto é, aquelas que determinavam nas cobaias títulos acima de 2,0 U.A. 3.6.1 — Preparo cia anatoxina botulínica tipo A precipitada pelo alúmen Após provas satisfatórias de inocuidade, antigenicidade e esterilidade, as anatoxinas eram adicionadas de uma solução estéril de sulfato de alumínio e potássio a 10% com agitação constante, resultando numa concentração final de 1,25% de alúmen. Após essa adição o pH baixa de 5,5 a 5,8 para 3,8 a 4,0. Para determinar a precipitação ótima era necessário elevar o pH para 5,0, com uma solução de hidróxido de sódio a 40% e deixar sedimentar durante 24 horas. O pricipitado assim obtido contem toda a substância antigênica. Após a sedimentação era desprezado o sobrenadante e o precipitado ressus- cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OLIVEIRA, E. P. T. — Estudos sobre a preparação do soro antibotulínjco tipo A. Mcni. Inst. ButanUin, 36: 1-40, 1072. penso ao nível primitivo com solução salina e agitado; em seguida, deixa-se novamente repousar por vinte e cpiatro horas, quando é novamente retirado por sifonagem o sobrenadante; essa operação é repetida tres a quatro vezes até obter-se um sobrenadante límpido. 3.6.2 — Prova cie antigenicidacle da anatoxina precipitada pelo alúmen Baseamo-nos na observação de Rice et alii (1947) que consiste na ino¬ culação de 1 ml de anatoxina precipitada pelo alúmen a um lote de cinco cobaias de 250 a 300 g, por via subcutânea. Após quarenta dias, os animais são sangrados per punção cardíaca em 5 a 10 ml; os plasmas são misturados em partes iguais e a mistura dosada em camundongos de 18 a 20 g, em número de quatro para cada título (1 U.A., 2 U.A., 4 U.A., 8 U.A., 16 U.A.). Os títulos encontrados variaram entre 1 U.A. a 16 U.A. Considerávamos como boa a resposta antigênica quando encontrávamos títulos acima de duas unidades. Após quarenta e oito horas, as cobaias sangradas eram inoculadas com 100.000 DMM de toxina botulínica tipo A com o intuito de ratificar o resultado da prova anterior. Selecionadas as anatoxinas precipitadas pelo alúmen, isto é, aquelas que apresentavam maior antigenicidade, passamos a utilizá-las na hiperimunização de equinos para obtenção de antitoxina botulínica. 3.7 — Hiperimunização de cavalos para obtenção da antitoxina botulínica tipo A Iniciamos com um esquema de hiperimunização preconizado por Wein- berg & Goy (1925), empregando anatoxina de antigenicidade comprovada. Começamos aplicando em 4 cavalos uma dose vacinante de 10 ml. Após 15 dias pusemos cm prática o esquema de hiperimunização, com inoculações subcutâneas, principiando com a dose de 30 ml para cada animal. De 15 em 15 dias continuamos aplicando as seguintes doses individuais: 60 ml, 110 ml, 200 ml, 300 ml e 500 ml. Sete dias após a última inoculação, fizemos a sangria exploradora na veia jugular, para aferição do grau de resposta. A titulação do plasma de cada cavalo foi feita separadamente pelo teste de neutralização, cuja técnica, está descrita no “Boletim de L’Organization Mondiale de la Santé (1963)”. Visto que esse esquema de hiperimunização não proporcionou resulta¬ dos satisfatórios — os plasmas dosaram entre 10-40 U.A., outros esquemas foram tentados. Dentre os esquemas de hiperimunização por nós ensaiados o que me¬ lhores resultados nos proporcionou foi aquele decalcado de nossa experiencia no Instituto Butantan, para a hiperimunização em difteria com algumas mo¬ dificações que não compete discutir aqui. Nesse sistema as inoculações de antígeno eram administradas em peque¬ nas quantidades diariamente durante as tres primeiras semanas; na quarta semana as inoculações eram administradas em dias alternados e, na quinta e 10 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 SciELCVo 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 Z cm OLIVEIRA, E. P. T. — Estudos sobre a preparação do soro antibotulínico tipo A. Mem. Inst. Butantan, 36 : 1-40, 1972. Sete dias após a última dose de antígeno era feita a sangria exploradora; se apresentassem título suficiente de anticorpos os animais eram sangrados (5% do seu pêso) tres vezes, com intervalo de dois dias entre cada sangria. Em seguida os animais entravam em período de repouso por um espaço de trinta dias. Findo esse tempo eram submetidos à reimunização durante um período de quatro semanas, obedecendo ao seguinte esquema: 1 /' semana 6.° dia 2. " semana 3. ° dia . 6.° dia . 100 ml 3. a semana 3. ° dia . 6.° dia . 150 ml 4. a semana 3.° dia . 6.° dia . 200 ml 50 ml Anatoxina PP- 50 ml 100 ml Anatoxina PP- 100 ml « 150 ml Anatoxina PP- 150 ml » 200 ml Anatoxina PP- 200 ml ” Cada animal recebia um total de 1.000 ml de antígeno. Repetia-se a imunização após cada período de sangria e repouso. Todos os cavalos eram sangrados em 5% do seu peso. O sangue era re¬ cebido sobre uma solução de 17% de citrato de sódio, na proporção de 10% dessa solução, em relação ao volume de sangue a ser colhido. Em seguida, era conservado na geladeira até que houvesse separação do plasma. O plasma sobrenadante era então decantado, fenolado a 0,4% e, em se¬ guida, colocado e conservado em geladeira, aguardando maiores volumes para serem ajuntados antes da purificação e concentração. 3.8 — Determinação da potência da antitoxina botulínica tipo A Soro padrão Para titulação de nossas antitoxinas utilizamos um soro padrão enviado pela “W.H.O.” — “International Laboratory for Biological Standards by Statens Serum Instituto”, de Copenhage, acondicionado em ampolas sob a forma de pó seco (liofilizado) contendo 68,0 mg, equivalente a 500 U.A. Dissolvendo-se o contendo da ampola em 10 ml, constituídos por uma parte de solução salina isotônica esteril misturada com duas partes de glicerol neutro e estéril, cada mililitro desse soluto contém 50 unidades internacionais de soro padrão antibotulínico tipo A. 12 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OLIVEIRA, E. P. T. — Estudos sobre a preparação ,do soro antibotulínlco tipo A. Mem. Insí. Butantan, 36: 1-40, 1972. Toxina (Determinação da DL50) Tomamos 150 ml de uma toxina botulínica tipo A por nós preparada e misturamos a igual quantidade de glicerol neutro, estéril. A mistura era mantida em geladeira a 4°C. O resultado da determinação do título tóxico em DL50 para camundongos encontra-se na Tabela XIX, mostrando conter cerca de 87.900 DL50 por ml. A toxina foi, em seguida, diluída a 1:8, de modo a conter aproximadamente 1.000 DMM em 0,1 ml afim de determinar o seu limite-morte ou teste-dose. Determinação cio limite-morte Da mistura da toxina e soro padrão, foram preparadas nove alíquotas. Tomamos quantidades fixas de soro padrão, isto é, 0,5 U.A., e o misturamos com quantidades variadas da toxina utilizada como padrão e diluída a 1:8. O volume final era completado para 2,5 ml com solução de gelatina fosfatada e 0,5 ml de cada mistura inoculada por via intraperitonial em cada um de quatro camundongos de 18 a 20 g de peso. Os resultados estão expostos na Tabela XX. Doseamento das misturas de plasma e do soro final Os plasmas obtidos pela hiperimunização de equinos eram dosados em U.A., segundo o método da OMS, e reunidos em volume suficiente para as operações de purificação e concentração. Um protocolo exemplificativo encontra-se na Tabela XXL O plasma foi diluído 1:1S0 c desta diluição tomamos volumes corres¬ pondentes aos títulos propostos: 0,64 ml, 0,56 ml, 0,50, ml e 0,45 ml. Cada um desses volumes foi misturado com 5 doses testes da toxina contida em 0,7 ml e o volume completado para 2,5 ml com solução de gelatina fosfatada. As soluções assim obtidas foram incubadas à temperatura ambiente por uma hora. Em seguida era inoculado, por via intraperitonial, 0,5 ml de cada mistura em camundongos pesando de 18 a 20 g. Para cada título proposto, eram inoculados quatro animais, havendo sempre 0,5 ml de excedente. Os animais permaneciam em observação por 96 horas. Todas as misturas de plasmas foram concentradas e purificadas segundo o método de Pope, adaptado e modificado por Furlanetto & Santos (1961). O doseamento do plasma exemplificado na Tabela XXI após a purificação e concentração descrita, encontra-se na Tabela XXII. De acordo com os requisitos mínimos da Organização Mundial de Saúde, o soro antibotulínico tipo A por nós preparado foi diluído para conter 500 U.A./ml. O protocolo final da titulação desse sojo após a conveniente di¬ luição, encontra-se na Tabela XXIII. 13 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OLJVEIUA, E. P. T. — Estudos sobre a preparação do soro antibotulínico tipo A. Mem. Inst. líutantnn, S6: 1-40, 1072. RESULTADOS Neste capítulo estão insertas as tabelas referentes aos resultados obtidos em nossas experimentações, comentadas a seguir. Limitamo-nos, pois, à apresentação das tabelas com explicações sucintas das mesmas. TABELA I Resultados das titulações de C. botulinum tipo A. da toxina obtida das Pruneira passagem em diversas amostras meio de cultura. Tempo de observação em horas Títulos testados 24 48 72 96 20.000 0/4 0/4 0/4 1/4 381-1.B. 120.000 0/4 0/4 0/4 0/4 20.000 0/4 0/4 0/4 0/4 387-1. B. 120.000 0/4 0/4 0/4 0/4 20.000 2/4 2/4 3/4 4/4 388-1. B. 120.000 0/4 0/4 1/4 2/4 20.000 0/4 0/4 2/4 3/4 389-1. B. 120.000 0/4 0/4 0/4 0/4 20.000 0/4 0/4 0/4 0/4 391-1. B. 120.000 0/4 0/4 0/4 0/4 20.000 0/4 0/4 0/4 0/4 392-1. B. 120.000 0/4 0/4 0/4 0/4 20.000 0/4 0/4 0/4 0/4 394-1. B. 120.000 0/4 0/4 0/4 0/4 20.000 0/4 0/4 0/4 0/4 395-1. B. 120.000 0/4 0/4 0/4 0/4 20.000 0/4 2/4 3/4 4/4 62-1. P. 120.000 0/4 0/4 0/4 0/4 20.000 0/4 0/4 2/4 3/4 193-1. P. 120.000 0/4 0/4 0/4 0/4 Procedência: Instituto Butantan Instituto Pasteur 14 cm 2 3 SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Determinação do período de tipo A. (Cepa n° 388-1.B., TABELA IV toxigênese máxima para a produção de toxina botulínica amostras dos balões 1, 2 e 3, retiradas após 3 dias de semeadura) * Tempo de observação em horas Balão Diluição da * Título n 9 Toxina 1: DMM 24 48 72 96 100.000 200.000 4/4 150.000 300.000 2/4 3/4 4/4 i 200.000 400.000 0/4 1/4 3/4 4/4 250.000 500.000 0/4 1/4 1/4 1/4 300.000 600.000 0/4 0/4 0/4 0/4 100.000 200.000 3/4 4/4 150.000 300.000 3/4 4/4 2 200.000 400.000 0/4 2/4 3/4 3/4 250.000 500.000 0/4 0/4 1/4 1/4 300.000 600.000 0/4 0/4 0/4 1/4 100.000 200.000 4/4 150.000 300.000 3/4 4/4 3 200.000 400.000 2/4 2/4 3/4 4/4 250.000 500.000 0/4 0/4 1/4 1/4 300.000 600.000 0/4 0/4 0/4 0/4 * Inoculação de 0,5 ml por yia intraperitonial em camundongos TABELA \T Determinação do período de toxigênese máxima para a produção de toxina botulínica tipo A. (Cepa n ç 388-1.B., amostras dos balões 1, 2 e 3 retiradas após seis dias da semeadura) * Balão Diluição da Título Tempo de observação om horas n* Toxina 1: DMM 24 48 72 96 300.000 600.000 3/4 4/4 350.000 700.000 2/4 3/4 4/4 i 400.000 800.000 0/4 0/4 2/4 3/4 450.000 900.000 0/4 0/4 1/4 1/4 500.000 1.000.000 0/4 0/4 0/4 0/4 300.000 600.000 0/4 3/4 4/4 350.000 700.000 0/4 2/4 4/4 2 400.000 800.000 0/4 0/4 3/4 4/4 450.000 900.000 0/4 0/4 1/4 1/4 500.000 1.000.000 0/4 0/4 0/4 0/4 300.000 600.000 1/4 4/4 350.000 700.000 0/4 3/4 4/4 3 400.000 800.000 0/4 2/4 2/4 2/4 450.000 900.000 0/4 0/4 0/4 0/4 500.000 1.000.000 0/4 0/4 0/4 0/4 * Inoculação de 0,5 ml por via intraperitonial em camundongos n OLIVEIRA, E. P. T. — Estudos sobre a preparação do soro Mem. Inst. Butantan, .Ui: 1-40, 1072. antibotulínico tipo A. TABELA VIII Determinação do período de toxigénese máxima para a produção de toxina botulínica | tipo A. (Cepa n° 388-1. B., amostras dos balões lj t e 3 retiradas após quinze dias de semeadura) * Tempo de observação Balão Diluição da Titulo em horas n v Toxina 1: DMM 24 48 72 96 200.000 400.000 4/4 300.000 600.000 2/4 4/4 400.000 800.000 1/4 2/4 2/4 3/4 500.000 1.000.000 0/4 0/4 0/4 0/4 200.000 400.000 3/4 4/4 2 300.000 600.000 3/4 4/4 400.000 800.000 2/4 3/4 3/4 3/4 500.000 1 . 000.000 1/4 1/4 1/4 1/4 200.000 400.000 1/4 4/4 3 300.000 600.000 3/4 4/4 400.000 800.000 0/4 0/4 2/4 2/4 500.000 1 . 000.000 0/4 0/4 1/4 1/4 * Inoculação de 0,5 ml por via intraperitonial em camundongos TABELA IX Determinação do período de toxigénese máxima para a produção de toxina botulínica tipo A. (Cepa W 388-1. B., amostras dos balões 1. 2 e 3 retiradas após dezoito dias de semeaduraj * Tempo de observação Balão Diluição da Título em horas n* Toxina 1: DMM 24 48 72 96 100.000 200.000 2/4 4/4 200.000 400.000 1/4 3/4 4/4 1 300.000 600.000 0/4 2/4 2/4 3/4 400.000 800.000 0/4 0/4 0/4 1/4 100.000 200.000 4/4 200.000 400.000 2/4 4/4 2 300.000 600.000 0/4 3/4 3/4 3/4 400.000 800.000 0/4 1/4 1/4 1/4 100.000 200.000 3/4 4/4 200.000 400.000 1/4 3/4 3/4 3/4 ! 3 300.000 600.000 0/4 0/4 2/4 2/4 400.000 800.000 0/4 0/4 0/4 0/4 * Inoculação de 0,5 ml por via intraperitonial em camundongos 19 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Determinação do período de tipo A. (Cepa n ç 388-1. B., TABELA X toxigênese máxima para a produção de toxina botulínica amostras dos balões 1, 2 e 3 retiradas após Pinte e uni dias de semeadura) * Tempo de observação em horas Balão Diluição da Titulo n? Toxina 1: DMM 24 48 72 96 100.000 200.000 2/4 4/4 200.000 400.000 0/4 1/4 4/4 300.000 600.000 0/4 0/4 2/4 2/4 400.000 800.000 0/4 0/4 0/4 0/4 100.000 200.000 3/4 4/4 200.000 400.000 1/4 1/4 3/4 3/4 300.000 600.000 0/4 0/4 1/4 1/4 400.000 800.000 0/4 0/4 0/4 0/4 100.000 200.000 2/4 4/4 200.000 400.000 0/4 2/4 2/4 3/4 300.000 600.000 0/4 0/4 0/4 0/4 400.000 800.000 0/4 0/4 0/4 0/4 * Inoculação de 0,5 ml por via intraperitonial em camundongos TABELA XI Dosagem da toxina botulínica tipo A. do primeiro ensaio onde houve variação da concentração dos componentes do meio de cultura após seis dias de incubação. (Cepa M" 388-1 B.) * Tempo de observação em horas Balão Diluição da Título n 9 Toxina 1: DMM 24 48 72 96 100.000 200.000 0/4 0/4 0/4 0/4 200.000 400.000 0/4 0/4 0/4 0/4 400.000 800.000 0/4 0/4 0/4 ' 0/4 800.000 1.600.000 0/4 0/4 0/4 0/4 100.000 200.000 0/4 1/4 2/4 4/4 200.000 400.000 0/4 0/4 1/4 2/4 400.000 800.000 0/4 0/4 0/4 0/4 800.000 1.600.000 0/4 0/4 0/4 0/4 100.000 200.000 1/4 3/4 4/4 200.000 400.000 0/4 0/4 2/4 3/4 400.000 800.000 0/4 0/4 1/4 1/4 800.000 1.600.000 0/4 0/4 0/4 0/4 100.000 200.000 2/4 4/4 3A 200.000 400.000 2/4 2/4 3/4 4/4 400.000 800.000 0/4 1/4 1/4 3/4 800.000 } 1.600.000 0/4 0/4 0/4 1/4 * Inoculação de 0,5 ml por via intraperitonial em camundongos Balao 1 — Volume 2.500 ml. Meio de cultura isotonizado mas com 50% dos valores de seus componentes. Dosada após 6 dias de incubação. l Balão n 9 2 — Volume 2.500 ml. Meio de cultura conforme a fórmula original. Dosada após 6 dias de incubação. Balãb n ,J 3 — Volume original 1.250 ml. Meio de cultura isotonizado mas com 200% dos valores de seus componentes. Dosada após 6 dias de incubação. | Balão n" 3 A - O mesmo que o balão n v 3, acrescentado, 6 dias após, da quantidade restante do mesmo meio, titulado após outros 6 dias de incubação. 1 20 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OLIVEIRA, E. P. T. — Estudos sobre a preparação do soro antibotulínico tipo A. Mem. Inst. Butantan, 36: 1-40, 1972. TABELA XII Dosagem da toxina botulinica tipo . 1 , do segundo ensaio onde houve variação da concentração dos componentes do meio de cultura após seis dias de incubação. (Cepa n'> 388-1 • B.)* Balão Diluição da Título Tempo de observação em horas n 9 Toxina 1: DMM 24 48 72 96 100.000 200.000 0/4 0/4 0/4 0/4 1 200.000 400.000 0/4 0/4 0/4 0/4 400.000 800.000 0/4 0/4 0/4 0/4 800.000 1.600.000 0/4 0/4 0/4 0/4 100.000 200.000 0/4 0/4 2/4 4/4 2 200.000 400.000 0/4 0/4 1/4 2/4 400.000 800.000 0/4 0/4 0/4 0/4 800.000 1.600.000 0/4 0/4 0/4 0/4 100.000 200.000 0/4 2/4 4/4 3 200.000 400.000 0/4 0/4 3/4 4/4 400.000 800.000 0/4 0/4 0/4 0/4 800.000 1.600.000 0/4 0/4 0/4 0/4 100.000 200.000 2/4 3/4 4/4 3A 200.000 400.000 0/4 1/4 2/4 4/4 400.000 800.000 1/4 2/4 2/4 4/4 800.000 1.600.000 0/4 0/4 0/4 1/4 * Inoculação de 0,5 ml por via intraperitonial em camundongos Balão n 9 1 — Volume 2500 ml. Meio de cultura isotonizado mas com 50% dos valores de seus componentes. Balão n 9 2 — Volume 2.500 ml. Meio de cultura conforme a fórmula original. Balão n'-‘ 3 — Volume original 1.250 ml. Meio de cultura isotonizado mas com 200% dos valores de seus componentes. Balão n 9 3A — O mesmo que o balão n 9 3, acrescentado, 6 dias após, da quantidade restante do mesmo meio e titulado após outros 6 dias de incubação. 21 MEMÓRIAS cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OLIVEIRA, E. P. T. — Estudos- sobre a preparação do soro antibotulínico tipo A. Mem. Inst. Butantan, 3 3, acrescentando, 6 dias após, da quantidade restante do mesmo meio e titulado após outros 6 dias de titulação. 22 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OLIVEIRA, E. P. T. — Estudos sobre a preparação do soro Mem. Inst . Butantan, 36: 1-40, 1972. antibotulínico tipo A. | TABELA XIV J Dosagem da toxina botulínica tipo A, preparada no meio de Wadsworth com o dôbro 1 dos componentes do meio de cultura após doze dias de incubação. (Cepa n" 388-1 .B J* 1 Tempo de observação em horas ! Balão Diluição da Titulo n 9 Toxina 1: DMM 24 48 72 96 150.000 300.000 ’ 1/4 2/4 4/4 200.000 400.000 0/4 1/4 2/4 4/4 250.000 500.000 0/4 1/4 2/4 3/4 300.000 600.000 0/4 0/4 0/4 1/4 150.000 300.000 0/4 0/4 1/4 3/4 1 200.000 400.000 0/4 0/4 1/4 2/4 250.000 500.000 1/4 1/4 2/4 2/4 300.000 600.000 0/4 0/4 0/4 0/4 150.000 300.000 0/4 3/4 3/4 4/4 200.000 400.000 0/4 0/4 2/4 3/4 250.000 500.000 0/4 1/4 1/4 2/4 300.000 600.000 0/4 0/4 0/4 0/4 * Inoculação de 0,5 ml por via intraperitonial em camundongos ** Cada balão contendo o volume de 2.500 ml de meio TABELA XV Dosagem da toxina botulínica tipo A, preparada no meio de Prévot & Brygoo. Volume 3000 ml em cada balão. Incubação de nove dias a 37°C. (Cepa n 5 388-1. B.) * Tempo de observação em horas Balão Diluição da Título n v Toxina 1: DMM 24 48 72 96 100.000 200.000 3/4 4/4 200.000 400.000 0/4 0/4 1/4 2/4 1 400.000 800.000 0/4 0/4 0/4 0/4 800.000 1.600.000 0/4 0/4 0/4 0/4 100.000 200.000 0/4 4/4 200.000 400.000 0/4 2/4 2/4 2/4 2 400.000 800.000 0/4 0/4 0/4 0/4 800.000 1.600.000 0/4 0/4 0/4 0/4 100.000 200.000 2/4 4/4 200.000 400.000 0/4 1/4 1/4 1/4 400.000 800.000 0/4 1/4 2/4 2/4 800.000 1.600.000 0/4 0/4 0/4 0/4 100.000 200.000 0/4 3/4 4/4 200.000 400.000 0/4 0/4 1/4 2/4 400.000 800.000 0/4 0/4 0/4 0/4 800.000 1.600.000 0/4 0/4 0/4 0/4 1 * Inoculação de 0,5 ml por via intraperitonial em camundongos 23 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OLIVEIRA, E. P. T. — Estudos sobre a preparaçfto do soro antlbotultnico tipo A. Mcm. Inst. Hutantan, SIS: 1-40, 1972. TABELA XVIII Determinação da porcentagem, de formoi necessária para a destoxificação em função do tempo de incubação e titulo antigênico após a inoculação de 5 ml em cobaias para cada % de formoi Número da Título da Porcentagem Tempo para Título da partida de Toxina em de formoi* destoxificação antitoxina Toxina DMM em dias em U. A. ** 0,3 30 0,5 0,4 30 0,5 17 120.000 0,5 25 1,0 0,8 15 0,5 1,0 15 0,2 0,3 35 3 0,4 30 3 23 100.000 0,5 25 5 0,8 20 1 1,0 15 1 0,3 35 1 0,4 35 1 26 200.000 0,5 30 2 0,8 20 0,1 1,0 20 0,1 0,3 30 5 0,4 30 5 31 100.000 0,5 20 10 0,8 15 2 1,0 15 2 0,3 30 0,4 30 1 35 180.000 0,5 25 5 0,8 15 0,5 1,0 15 0,5 • comercial B. Herzog ** Título da mistura do sôro de 5 cobaias imunizadas com toxóide obtido com porcentagens diferentes de formoi. 26 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OLIVEIRA, E. P. T. —- Estudos sobre a preparação do soro antibotulfnico tipo A. J [em. Inst. Jlutantan, 36 : 1-40, 1972. TABELA XIX Determinação da DLõO da toxina botulínica tipo A utilizada como padrão* Título correspondente Diluição da Toxina 1: Tempo de observação em horas 24 48 72 96 60.000 30.000 3/10 6/10 9/10 10/10 72.000 36.000 5/10 6/10 9/10 9/10 86.400 43.200 2/10 6/10 8/10 8/10 103.680 51.840 1/10 3/10 3/10 5/10 124.416 62.208 0/10 2/10 2/10 2/10 149.299 74.649 0/10 0/10 0/10 0/10 Inoculação de 0,5 ml por via intraperitonial em camundongos Resultado. DL50 calculada polo método de Reed & Muench (1938) = 87.958/ml TABELA XX Deteirminação do Limite-morte (L-(-) ou- teste dose da toxina botulínica tipo A utilizada como padrão* Toxina diluída a 1:8 * * Soro padrão diluído a 1:50 (0,1 ml = 0,1 U.A.) Solução de gelatina fosfatada Tempo de observação em horas 24 48 72 96 0,10 ml 0,5 ml 1,9 ml 0/4 0/4 0/4 ' 0/4 0,20 ml 0,5 ml 1,8 ml 0/4 0/4 0/4 0/4 .' 0,30 ml 0,5 ml 1.7 ml 0/4 0/4 0/4 0/4 0,40 ml 0,5 ml 1,6 ml 0/4 0/4 0/4 0/4 0,50 ml 0,5 ml 1,5 ml 0/4 0/4 0/4 0/4 0,60 ml 0,5 ml 1,4 ml 0/4 0/4 1/4 1/4 0,70 ml 0,5 ml 1,3 ml 0/4 1/4 2/4 3/4 0,80 ml 0,5 ml 1,2 ml 1/4 2/4 4/4 0,90 ml 0,5 ml 1,1 ml 3/4 4/4 * Inoculação de 0,5 ml da mistura por via intraperitonial em camundongos ** Volumes para 5 camundongos Observações: A quantidade de toxina que pràticamente determinou cerca de 50% de morte em 96 horas foi a de 0,14 ml. Tomamos, pois, esse valor como teste dose de nossa toxina. 27 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 COMENTÁRIOS E DISCUSSÃO A ocorrência do surto de botulismo na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul (1958) veio mostrar a necessidade de se produzir no Brasil os soros antibotulínicos contra os tipos de intoxicação humana mais frequentes, os tipos A e B, até então importados de países estrangeiros. Neste trabalho, pioneiro no país, nos preocupamos inicialmente com o preparo do soro contra o tipo A, visto o acidente acima descrito ter sido produzido por esse tipo. Muito embora não se tenham ainda descrito intoxicações no Brasil causadas pelo Clostri- dium botulinum tipo B, sendo esta intoxicação frequente em outros países, resolvemos também preparar este último soro a fim de estarmos melhor equi¬ pados contra eventuais acidentes. No entanto, neste trabalho somente cles- crevemos o preparo do primeiro soro, isto é, o anti tipo A, visto que o preparo do segundo soro constituiria uma repetição da metodologia empregada. Os acidentes botulínicos revestem-se geralmente de aspecto grave e o êxito da terapêutica sorológica (ainda a única medicação indicada) está na aplicação precoce do soro. No processo de obtenção do soro antibotulínico em escala industrial rea¬ lizamos numerosos ensaios para atingirmos o nosso objetivo, pois não havia técnica pré-determinada que nos pudesse servir de orientação. Preliminarmente procuramos selecionar as cepas mais toxigênicas das existentes na germoteca do Instituto Butantan como podemos observar nas Tabelas I e II. Através dos títulos das toxinas obtidas na segunda passagem, houve in¬ cremento da toxigênese em algumas amostras. Tivemos, portanto, de optar, um tanto arbitrariamente, por uma ou duas cepas mais toxigênicas. Assim sendo, na primeira passagem (Tabela 1), para a raça n.° 388-1.B., a toxina apresentou um título de 29.000 DMM/camundongo já em 24 horas. Situação quase igual notou-se com as raças n.°s 389-1.B., 62-Í.P. e 193-1.P. Optamos, pois, trabalhar inicialmente com a primeira daquelas raças e caso fosse ne¬ cessário, mais tarde, poderíamos utilizar as demais citadas. Em seguida, passamos à confirmação do tipo, submetendo duas raças à prova de toxinotipia, através da qual certificamo-nos de que as referidas raças pertencem de fato ao tipo A (Seção 3.1.5). Quanto ao tempo necessário para a obtenção da toxigênese máxima na primeira titulação, que foi realizada em amostra colhida após tres dias de semeadura, a toxina apresentou o título de 400.000 DMM/camundongo; colhida, porém, após seis dias, o título apresentado foi de 800.000 DMM/ca¬ mundongo (Tabelas IV e V). Verificamos, em seguida, que o título se man¬ tinha estável do sexto ao décimo quinto dia, quando a cultura era mantida a 37°C; após este período, ocorria um decréscimo do título tóxico, conforme demonstram as Tabelas V a X. 30 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OLIVEIRA, E. P. T. — Estudos sobre n. preparação do soro antibotullnico tipo A Mem. Inst. Butantan, 36: 1-40, 1972. Essas observações foram repetidas por tres vezes com os mesmos re¬ sultados em experiências posteriores, cpie deixamos de apresentar acpii, a fim de evitar repetições desnecessárias. Nossos resultados estão de acordo com as observações de Stevenson et alii (1947), isto é, de que o aumento do título da toxina é gradativo nos seis primeiros dias, havendo, em seguida, estabilização, para depois ocorrer um decréscimo lento de seu título. Prévot et Brygoo (1953) consideram a autólise como uma das causas da liberação de toxina. A lise espontânea das bactérias aumentaria a quan¬ tidade de toxina livre numa proporção logarítmica, segundo Stevenson et alii (1947). Com esse objetivo, os referidos autores preconizavam a destruição dos corpos bacterianos, através de congelamento e descongelamento. Supon¬ do-se que a autólise bacteriana fosse a responsável pela toxigênese não nos parece muito razoável que o título da toxina não aumentasse além do sexto dia de incubação, quando deve haver provavelmente uma autólise maior. Propusemo-nos, em seguida, a verificar os títulos das toxinas quando obtidas em meio de cultura para o qual variamos a concentração dos com¬ ponentes do mesmo. Partindo do meio básico, alteramos a concentração de seus componentes, para mais ou para menos, sempre mantendo o mesmo volume. Com esse pro¬ cedimento, obtivemos os resultados expostos nas Tabelas XI, XII e XIII. Por aí, pode-se verificar que, com o meio contendo a metade dos componentes (Balão n.° 1) do meio básico, a toxina não chegou a dosar 200.000 DMM/ca- mundongo, ao passo que, com o meio básico normal (Balão n.° 2), o título pode seguramente ser estimado em 400.000 DMM/camundongo; por outro lado, no meio de cultura contendo o dobro ds componentes do meio básico (Balão n.° 3), a toxina obtida no sexto dia dosou também 400.000 DMM/ca¬ mundongo. No entanto, quando se adiciona sobre o balão n.° 3 o restante do meio de cultura (Balão n.° 3A). a toxina, titulada após outros 6 dias de incubação, chegou seguramente a dosar 800.000 DMM/camundongo. Tal ex¬ perimentação parece indicar que a toxigênese máxima obtida no sexto dia não deve ocorrer por esgotamento dos componentes do meio, pois o Balão n.° 3, contendo o dobro dos ingredientes, não ultrapassou o título obtido com o Balão n.° 2. Talvez o acúmulo de metabólitos iniba o crescimento e conse¬ quentemente cause diminuição da toxigênese, essa sugestão decorre dos re¬ sultados obtidos com o Balão n.° 3A, onde foi adicionada, após 6 dias de cres¬ cimento, na porção do mesmo meio, tendo ocorrido, como consequência, nítido aumento da quantidade de toxina, chegando a obter-se 800.000 DMM/ca¬ mundongo. Tais resultados parecem ainda contradizer o fato de que a lise bacteriana seja a única responsável pela toxigênese. No nosso caso, parece lícito raciocinar-se que a adição de novo meio de cultura torna a promover novo crescimento além de diluir excessiva concentracão de metabólitos impedientes do crescimento. Nessas condições, parece que é durante a nova fase de mul¬ tiplicação bacteriana que surge nova toxigênese. Supõe-se que os resultados obtidos na Tabela XIV, relativos n 3 balões que continham o dobro dos ingre¬ dientes, confirmam nosso nonto de vista, nois, aí, os títulos praticamente não ultrapassaram 500.000 DMM/camundongo. Procuramos também comparar os títulos das toxinas obtidas com o meio de cultura de Wadsworth e o meio de Prévot & Brvgoo, parecendo não haver 31 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OLIVEIRA, E. I’. T. — Estudos sobre a preparação do soro antibotulínico tipo A. Mem. Inst. liutantan, 86: 1-40, 1972. diferença relevante entre os títulos das toxinas obtidas, conforme podemos comprovar pela comparação entre as Tabelas V e XV. Ficou em seguida demonstrado que o processo de filtração da toxina acarreta grande perda de toxicidade. Quando se usam filtros Seitz, com placas esterilizantes (EKS), essa perda é de cerca de 70 a 80%; quando se usam velas esterilizantes Mandler, a perda de toxicidade é da ordem de 43,3%; quando se usam velas Berkefeld N, essa perda reduz-se a cerca de 33% (Tabela XVII). Pela ação do formol as toxinas sofrem processo de destoxificação; se¬ gundo Henrique & Sorensen (1909), isso ocorre em conseqüencia de um blo¬ queio, por ação do formol, dos radicais amínicos responsáveis pela toxicidade. A quantidade de formol a ser empregada, de acordo com vários pesqui¬ sadores, varia dentro de um certo limite. Levando em consideração esses fatos, determinamos a quantidade de formol necessária para completa destoxifica¬ ção, sem prejuízo do poder antigênico. Esse valor, encontrado por nós para a toxina botulínica tipo A, obtida nos meios já citados, foi de 0,5%; nesse caso destoxificação ocorre ao redor de vinte e cinco dias em estufa 37°C (Tabela XVIII). O emprego de bons adjuvantes nas vacinas para se obter um alto poder imunizante constitui uma das preocupações primordiais dos pesquisadores. Dentre os adjuvantes usados, o alúmen tem sido o mais empregado para a precipitação da fração antigênica das anatoxinas. Nigg ct alii (1947) estu¬ daram comparativamente varias amostras de anatoxinas botulínicas tipo A, precipitadas por concentrações diferentes de alúmen em função da resposta antigênica obtida em cobaias. Apesar de terem verificado que os melhores resultados foram obtidos com 2% de alúmen, empregaram-no a 1%, justificando que, para a imunização humana, apresenta a vantagem de ser menos irritante, observação essa con¬ firmada por Reames et alii (1947). Welikanow (1931) já havia observado, em cobaias, o alto grau de pro¬ teção conferido pela anatoxina contra altas doses de toxina homóloga. Rice et alii (1947) obtiveram melhores resultados com cobaias empre¬ gando anatoxinas precipitadas pelo alúmen a 1,25%. Verificaram, ainda, que as cobaias que apresentavam em seu soro títulos antitóxicos acima de 0,01 U.A./ml sobreviviam a uma dose de toxinas entre 160.000 a 480.000 DMM. Os resultados obtidos por nós, também em cobaias, empregando anato¬ xinas botulínicas tipo A, precipitadas pelo alúmen a 1,25%, equiparam-se aos dos autores acima citados. Tivemos a oportunidade de confirmar também que as cobaias que apresentavam títulos acima de 2 U.A. eram capazes de resistir à inoculação de 100.000 DMM/cobaia. O primeiro soro antibotulínico foi conseguido por Van Ermengen (loc. cit.) imunizando cavalos mediante inoculações periódicas de quantidades in¬ finitesimais de toxina botulínica. A imunização com toxina botulínica apresenta alguns inconvenientes, ci¬ tados por Prévot (1955): “pode provocar reações tóxicas graves nos animais, durante a hiperimunização, determinando um atraso no esquema imunitário, bem como é demorada a indução da formação de anticorpos”. Por motivo optamos pela anatoxina, a qual pode ser manipulada sem maiores precauções. 32 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OLIVEIRA, E. P. T. — Estudos sobre a preparação do soro antibotulínico tipo A. Mem. Inst . Butantan, 36 : 1-40, 1972. As amostras de anatoxinas precipitadas pelo alúmen que se mostraram mais antigênicas foram utilizadas para a hiperimunização de equinos. Para a obtenção de uma antitoxina botulínica tipo A, com títulos razoáveis, foi necessário testar vários esquemas de hiperimunização, dentre eles o pro- conizado por Weinberg & Goy (1925). Nesse esquema os títulos encontrados giravam ao redor de 10 a 40 U.A. Como os resultados obtidos não eram satisfatórios, não determinamos a sangria definitiva. Tivemos melhor êxito com a elaboração de um esquema de hiperimuni¬ zação idealizado por nós e apresentado na Secção 3.7. Com esse esquema, obtivemos títulos ao redor de 160 U.A./ml (Tabela XXI) Esse soro, após a purificação e concentração, apresentou um título de cerca de 1.400 U.A./ml (Tabela XXII). O soro purificado e concentrado foi diluído para que contivesse 500 U.A./ml, de acordo com o que foi estabelecido na XV Seção do “Expert Committee on Biological Standardization”, em dezembro de 1962. CONCLUSÕES 6.1 — Das dez amostras de Clostridium botulinum tipo A, existentes na germoteca do Instituto Butantan, quatro cepas mostraram-se mais toxígenas nos meios de cultura por nós utilizados. 6.2 — 0 período de toxigênese máxima para uma das cepas por nós trabalhadas (Cepa n.° 38S-I.B.) ocorre ao redor do 6.° dia de cultivo em meio apropriado e o título decresce após o 15.° dia, quando a cultura é man¬ tida a 37°C. 6.3 — Variando-se a concentração dos componentes do meio de cultura, há também variações na toxigênese, do que se depreende que a produção de exotoxina está, até certo ponto, diretamente ligada à concentração dos componentes do meio de cultura. 6.4 — Parece que é durante a fase de multiplicação bacteriana que se dá a toxigênese. 6.5 — As toxinas obtidas em ambos os meios de cultura utilizados, Wads- wortli e Prévot & Brygoo, não apresentaram diferença relevante, no que diz respeito a títulos tóxicos. 6.6 — A quantidade de formol necessária à destoxificação das toxinas botulínicas tipo A por nós obtidas foi de 0,5%, ocorrendo a transformação em anatoxina ao redor de vinte e cinco dias a 37°C. Nessas condições é melhor preservada a antigenicidade. 6.7 — 0 esquema de hiperimunização para equinos, preconizado neste trabalho, fornece a resposta rápida e com razoáveis títulos de anticorpos. 6.8 — A mistura de plasma das diversas hiperimunizações reunidas per¬ mite obter-se um soro purificado com alto título de anticorpos. 33 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OLIVEIRA, E. P. T. — Estudos sobre a preparação do soro antibotulínico tipo A. Mcm. Inst. Butantan, 36 : 1-40, 1972. 6.9 — É certamente a primeira vez que se prepara no Brasil o soro anti¬ botulínico tipo A para fins terapêuticos, o que coloca nosso país entre os cinco países do mundo a produzir o referido sôro em escala industrial. SUMMARY — Since no antitoxins for Clostridium botulinum have been so far produced in Brazil, the author decided to study tho possibility to obtain these preparations at the Department of Immunology in the Instituto Butantan. Various means of toxin obtention for C.b. type A have been assayed, resul- ting in toxins at a mouse test ievel of about 800,000 MLD, which, convertcd into antoxins, were used in the hyper- immunization of horses. The author found out that the scheme of hyperimmunization is fundamental to obtain good noutralizing titers, and finally achieved a hyperimmune plasma containing 160 antitoxin units/ml. After purification and concentration this se- rum had a titer of about 1,400 antitoxin units/ml. Diluted to contain 500 antito¬ xin units/ml, it is now available for eventual human accidents. UNITERMS — Botulism; Intoxieation by the ingestion of conta- minated preserved food. AGRADECIMENTOS Para a realização do presente trabalho foram vários os amigos e colegas cpie contribuiram de um modo ou de outro, direta ou indiretamente. A todos, os meus profundos agradecimentos. A alguns nomes de colegas e amigos que¬ remos fazer especial referência. Ao Professor Doutor REYNALDO SCHWINDT FURLANETTO, Pro¬ fessor Titular do Departamento de Microbiologia e Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas, a quem devo minha iniciação científica e ainda a sugestão do presente trabalho, orientação e crítica do original, a minha eterna gratidão. Igualmente e especialmente, ficamos gratos ao Professor Livre-Docente, Dr. ANDREJUS KOROLKOVAS, da Disciplina de Química Farmacêutica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, pela orientação em redigir e dispor a matéria da presente tese e correção do vernáculo em várias fases da redação. Ê justo ainda destacar nosso reconhecimento ao Dr. RAYMUNDO RO- LIM ROSA, Diretor da Divisão de Microbiologia e Imunologia do Instituto Butantan, pelo auxílio na fase de redação deste trabalho. À Dra. JANDYRA PLANET DO AMARAL, Diretora do Instituto Bu¬ tantan, pelo irrestrito apoio. Aos Drs. HISAKO GONDO HIGASHI e MEDARDO SILES VILLAR- ROEL, pela inestimável colaboração na parte técnica. à Da. FERNANDA I. PIOCHI, Bibliotecária-chefe do Conjunto das Quí¬ micas e à sua colaboradora, Da. OLGA MENDONÇA FRANÇA CARVALHO, pelo indispensável auxílio prestado na narte referente à bibliografia. Ao Prof. Dr. OMAR JAQUES MARZAGÃO BARBUTO, Diretor do Ins¬ tituto do Zootécnica e Indústrias Pecuárias “Fernando Costa”, de Pirassununga, pela colaboração na impressão deste trabalho. Dedicatória Aos meus pais, pela orientação e educação. À minha esposa e filhos, pelo estímulo. 34 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 OLIVEIRA, E. P. T. — Estudos sobre a preparação do soro antibotulínico tipo A. Mem. Insl. Butantan, 36: 1-40, 1972. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALEXANDER, M. — Therapie des botulismus. Deut. Med. Wschr., Leipzig, 45: 2177, 1968. 2. BENGSTON, J. A. — Preliminary note on a toxin-producing anaerobe iso- lated from the larva.e of Lucilia coesar. Publ. Hlth. Rep., Washington, 37: 164-771, 1922. 3. BENGTSON, I.A. — Standardization of botulism antitoxins. Amer. J. Publ. Hlth.. 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A ANTIBIOTICOTERAPIA NO CHOQUE TRANSFUSIONAL POR SANGUE CONTAMINADO - ESTUDO EXPERIMENTAL EM CAMUNDONGO BRUNO SOERENSEN (*) GILDA MEIRE ROSENBERG (**) (Laboratório Clínico-Veterinário da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu) RESUMO ' — Estuda-se a sensibilida¬ de a antibióticos de 24 cepas isoladas de sangue estocado, sendo 12 do gênero Pseudomonas; 8 do gênero Enterobacter e 4 do gênero Bacillus. Os antibióticos para os quais os mi¬ crorganismos revelaram maior sensibi¬ lidade foram a Gabromicina, Kanami- cina, Estreptomicina e Neomicina. Os 3 primeiros antibióticos foram adminis¬ trados em dose terapêutica em camun¬ dongos após 30 minutos de transcorrida a inoculação de sangue contaminado, verificando-se uma diminuição da leta- lidade, de preferência nas primeiras 8 horas de observação. Diante dos resultados concluem pela possibilidade de êxito da antibioticotera- pia no choque transfusional por sangue contaminado, destacando-se especial¬ mente a Estreptomicina, seguida pela Gabromicina e a Kanamicina. UNITERMOS — Antibioticoterapia. — Choque transfusinal por sangue conta¬ minado. — Contaminação bacteriana. Numerosos são os acidentes, geralmente fatais, registrados em todo mundo em decorrência da transfusão de sangue e plasma contaminados (1-5-6-7-8-9- -11-12-13-15-18-25-26-27-29-31). As manifestações clínicas observadas são: tremores, febre (geralmente dentro de uma hora após o início da transfusão), náuseas e uma rápida queda da pressão sanguínea, com colapso vascular perisférico (7), podendo se verificar a morte num período de aproximadamente 30 horas (29). Com referência ao tratamento, os choques endotoxêmicos atualmente são tratados com heparina (16) ou associada a antibióticos com resultados em geral muito bons (17). Efetivamente foi demonstrada (19-20-21) a impor¬ tância da coagulação intravascular disseminada no choque endotoxêmico asse¬ melhando-o plenamente à reação generalizada de Shwartzman-Sanarelli, es¬ tudada por diversos autores no que diz respeito aos fenômenos da coagula¬ ção (22-23-24-28). Outros autores recomendam o uso da noradrelina em infusão-venosa (8-26), podendo ser associada a corticoesteroides (26). O uso de antibióticos afim de combater o agente bacteriano é indicado por diversos autores * Diretor Substituto cia Divisão cie Microbiologia e Imunologia cio Instituto Butantan e Professor das Disciplinas de Laboratório Clínico Veterinário e de Higiene Veterinária e Saúde Pública da Faculdade cie Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu ** Aluna do 4.° ano da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da U.S.P. Lmlereço para correspondência: ^■P. 65, São Paulo, Brasil. 41 1, | SciELO SOERENSEN, B. e ROSENBERC, G. M. — A antibioticoterapia no choque transfusional por sangue contaminado — estudo experimental em camundongo. Mem. Inst. Butantan, 86: 41-49, 1972. (6-8-13-26), porém, sendo a toxina produzida pela bactéria, o elemento res¬ ponsável pelo síndrome, os antibióticos desempenhariam papel secundário (3). Efetivamente ,as bactérias que interessam a Banco de Sangue são de maneira geral saprofitas e foi demonstrado em trabalho experimental que o fator responsável pelas reações agudas e pelas mortes é a endotoxina bac- teriana (14). As opiniões referentes ao uso de antibióticos, portanto, são contraditó¬ rias; sendo assim, nos pareceu de importância a verificação da escolha dos mesmos através de antibiogramas realizados com cepas isoladas de sangue contaminado e ainda o seu efeito protetor em comundongos inoculados com estes sangues, uma vez que a urgência no tratamento não possibilita a reali¬ zação de antibiograma. MATERIAL E MÉTODOS Utilizamos 24 cepas bacterianas que isolamos de sangue estocado, sendo 12 do gênero Pseudoinonas, 8 do gênero Enterobacter e 4 do gênero Bacillus. Estas bactérias foram identificadas pelos Drs. Margaret Pittman e Charles R. Manclark, do National Institutes of Health, Bethesda, Maryland, U.S.A. As cepas correspondentes aos números 1919 e 3192 foram identificadas por nós. I — ANTIBIOGRAMA: Para cada cepa foi determinada a sensibilidade a antibióticos e sulfamidas em placas com agar sangue (10), utilizando dis¬ cos de papel, “Polidiscos Vítor Lorian”. Diante dos resultados, (Tabelas I e II) escolhemos os 3 primeiros anti¬ bióticos, que apresentaram melhores resultados: Estreptomicina, Kanamicina e Gabromicina, a fim de inocularmos em camundongos; a Neomicina não foi escolhida devido a sua toxidez (2). II - ANTIBIOTICOTERAPIA: Com a finalidade de testar a atividade dos antibióticos, procedemos inicialmente a colheita asséptica de sangue de cão em solução A.C.D., distribuindo em 25 frascos dc 40 ml. e após realizar bacte- rioscopia em lâmina corada pelo azul de metileno (30), constatando a ausência de bactérias, foi procedida a contaminação proposital com 1 ml. de cultura de 24 horas em caldo simples, para cada cepa. Um frasco não foi contami¬ nado a fim de permanecer como controle. Os frascos foram mantidos em geladeira (4-6.°C) por 10 dias. Após esse período repetimos a bacterioscopia constatando o desenvolvimento bacteriano, foi incluído ainda o método de Gram para relacionar as características morfo¬ lógicas e tintoriais com as cepas contaminantes correspondente a cada frasco de sangue. Inoculamos 0,5 ml. de sangue contaminado com cada cepa por via intra- peritoneal em 4 grupos de 16 camundongos Svviss machos de 12-18 g. (14). Transcorrido 30 minutos (tempo correspondente aproximadamente ao início da sintomatologia após iniciada a transfusão de sangue contaminado) foram inoculados os animais dos grupos correspondentes a cada cepa bacteriana com uma dose terapêutica de Estreptomicina (14mg/kg de peso); Kanamicina (7mg/kg de peso); Gabromicina (lOmg/kg de peso) no volume de 0,5 ml. 42 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 SGERENSEN, B. e ROSENBERG, G. M. — A antibioticoterapia no choque transfusional por sangue contaminado — estudo experimental em camundongo, Mern. Jnst. Butantan, SC: dI-49, 1972. por via intraperitoneal. Um grupo de 16 camundongos para cada cepa recebeu apenas a inoculação de sangue contaminado (controle de toxidez de cada cepa usada) e ainda um grupo de 16 animais recebeu apenas sangue mantido em idênticas condições mas sem ter sido contaminado (controle do sangue). Os animais foram observados após 8, 24 e 48 horas de transcorrida a inoculação do sangue, sendo registrados os animais mortos nos diferentes períodos. RESULTADOS 1. Pela observação das Tabelas I e II verificamos que os melhores antibióticos foram a Gabromicina, Kanamicina, Estreptomicina e a Neomicina. 2. No referente a capacidade de proteção exercida pelos antibióticos diante da inoculação de sangue contaminado (Tabela III), pode-se observai que a Estreptomicina mostrou-se eficaz diminuindo a letalidade dos animais, especialmente nas primeiras 8 horas (23 mortes em 384 animais), quando comparado com o grupo de animais controle, que recebeu apenas sangue contaminado (180 mortes em 384 animais); quanto a Gabromicina e a Ka¬ namicina, mostraram-se também uteis, mas de maneira geral, em grau menor. DISCUSSÃO Os nossos resultados são comparáveis aos obtidos por outros autores (14), verificando-se êxito com a antibioticoterapia; os mesmos autores interpretam esta diminuição da letalidade pelo retardamento da multiplicação bacteriana. É possível ainda que o mecanismo seja diferente, pois existe a possibilidade da neutralização da endotoxina bacteriana por antibiótico, como foi obser¬ vado experimenlalmente com a endotoxina meningocócica diante da Pe¬ nicilina (4). Pode-se observar, diante dos resultados, que existe indicação especial da Estreptomicina, Gabromicina e Kanamicina no choque transfusional por sangue contaminado, destacando-se dos 3 antibióticos a Estreptomicina. CONCLUSÃO Após análise de nossos resultados, concluímos pela possibilidade de êxito da antibioticoterapia no choque transfusional por sangue contaminado, des¬ tacando-se especialmente a Estreptomicina, seguida da Gabromicina e da Kanamicina. SUMMARY — The authors studied the sensibility to antibiotics of 24 bac- terial strains isolated from stored blood, 12 of which belong to the genus Pseu- domonas , 8 to Enterobacter and 4 to Bacillus. 43 Gabromycin, Kanamycin, Streptomy- cin and Neomycin were the drugs to which these microorganisms were most sensitive. A therapeutic dosis of each of the first three antibiotics, givcn to mice 30 minutes after inoculation of 1, | SciELO SOERENSEN, B. e ROSENBE'RG, G. M. — A antlbioticoterapia no choque transfusional por sangue contaminado — estudo experimental em camundongo. Mem. Inst. Iiutantan, 3li: 41-49, 1972. contamincd blood, caused a decrease of lethality, specially within the first 8 hours. In view of the obtained rcsults the authors consider the possibility of a successful treatment by antibiotics of shock after transfusion of contaminated blood. The best results were obtained with Streptomycin followed by Gabro- mycin and Kanamycin. UNITERMS — Antibiotic therapy. — Shock by the transfusion of contamina¬ ted blood. Bacterial contamination. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem pela identificação das cepas à Dra. Margaret Pitt- man, Chief, Laboratory of Bacterial Products. Division of Biologies Standards e ao Dr. Charles R. Manclark, também do National Institutes of Health, Bethesda, Maryland (U. S. A.). 44 cm '10 11 12 13 14 15 16 cm SOERENSEN, B. o P.OSENBERG, G. M.— A antibioticoterapia no choque transfusional por sangue contaminado — estudo experimental em camundongo. Mem. Inst. Butantan, 36: 41-49, 1972. 6. 7. 9. 10 . 33. 14. 15. BIBLIOGRAFIA ANDRÉ, E.; GERMAIN, A. et POLACCO, E. — A propos d’un accident trans¬ fusional dü à la contamination baetérienne du sang conservé par un bacille Gram-négatif. Considérations cliniques physio-pathologiques et therapeutiqucs — Buli. Soc. Me d. Hop. Paris, 75: 811-817, 1959. 2 . BARBER, M. and GARROD, L. P. — Antibiotic and chemotherapy — E. S. 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Med. 39: 1228-1239, 1953. Recebido p>ara publicação em maio/72 Aceito para publicação em 9 de novembro de 1972 46 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. Butantan 36 : 51-56, 1972. DETERMINAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO BACTERIANA EM SANGUE ESTOCADO ATRAVÉS DA DOSAGEM DE GLICOSE COM TIRA REAGENTE. BRUNO SOERENSEN *, MARY EMI YOSHIO** E MARILDA CASEMIRO DA ROCHA** (Laboratório Clínico-Veterinário da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu). RESUMO — Os autores estudam a aplicabilidade de novo método para a determinação da contaminação bactc- riana de sangue estocado colhido com solução A.C.D. e preservado a 4-6 9 O método consiste na dosagem de glicose com tira reagente, tomando como base que elevada porcentagem das bactérias que interessam a Banco de Sangue des¬ dobram a glicose. A glicólise observada foi a seguinte: 250 mg% de glicose no dia da colheita e 130 mg% após 20 dias de estocagem. Quanto às amostras de sangue conta¬ minados propositalmente com 24 cepas isoladas de sangue estocado, após 15 a 20 dias de observação revelaram 83% dos sangues quantidade inferior a 130 mg% de glicose, portanto diante dos re¬ sultados, os valores inferiores a 130 mg% indicariam a possibilidade de con¬ taminação e os valores compreendidos entre 130 e 250 mg% seriam devido a glicólise, independente de qualquer con¬ taminação bacteriana. Finalmente concluem que o método apresenta a vantagem de ser rápido e cômodo, mas deverá ser aplicado ape¬ nas quando as condições não permitam o auxílio do microscópio, portando, o consideram nos seus resultados como sendo inferior aos métodos de bacte- rioscopia pré-transfusonal. UNITERMOS ■—- Contaminação bac¬ teriana em banco de sangue; Determi¬ nação da contaminação bacteriana em sangue estocado. Desdobramento de glicose por bactérias contaminantes de sangue estocado. A frequência dos acidentes transfusionais fatais por sangue contaminado justifica o controle bacteriológico sistemático. Brande (1), examinando 1967 frascos encontrou 2,21% contaminados; entre nós, Russi (10) em 3.000 frascos de plasma examinados pela bacterioscopia pré-transfusional encontrou 3,3% de frascos suspeitos e Soerensen (11), pela bacterioscopia em lâmina corada pelo azul de metileno encontrou, em 2194 frascos examinados, 23 contami¬ nados (1,0%). Diversos métodos foram recomendados para a realização da bacterioscopia pré-transfusional. Assim a microscopia por contraste de fase foi indicada * Diretor Substituto da Divisáo de Microbiologia e Imunologia do Instituto Butantan e Professor das Disciplinas de Daboratório Clínico Veterinário e Higiene Veterinária o Saúde Pública da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu. ** Alunas do 5.° ano do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu. Endereço para correspondência: C.P. G5, Sfio Paulo, Brasil. 51 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 SOERENSEN, JS. t YOSHIO, M. E. e ROCHA, M. C. — Determinação da contaminação bacteriana em sangue estocado através da dosagem de glicose com tira reagente. Mem. Inst. Butantcin, 36 : 51-56, 1972. por Faria (4-5), Discombe e Meyer (3), a bacterioscopia em lâmina corada pelo azul de metileno e pelo método de Gram por Petzelt (8), sendo preco¬ nizada ainda por Soerensen (11) uma técnica para a execução da bacte¬ rioscopia pré-transfusional, conseguindo-se assèpticamente, do frasco, uma amostra de sangue, a feitura de esfregaço em lâmina com a própria agulha de punção e a coloração pelo azul de metileno. Indubitavelmente, os métodos de bacterioscopia pré-transfusional quando executados por profissional capaz, são plenamente satisfatórios, porém existem condições que impedem que o sangue seja selecionado adequadamente para a transfusão, nos referimos especialmente aos casos em que não se dispõe de auxílio do microscópio. Ainda os métodos culturais foram recomendados para controle de este¬ rilidade de sangue e plasma (2-7-12), mas o consideramos pouco práticos e antieconômicos. Grande número de bactérias que contaminam sangue estocado desdo¬ bram a glicose sendo este o fato que nos levou à realização do presente trabalho. MATERIAL E MÉTODOS Inicialmente afim de estudar a glicólise foram colhidos em separado amos¬ tras de sangue procedentes de 3 doadores (frascos A.C.D. Baxter com 3,30 g de glicose), sendo mantidos a 4-6.°C durante 20 dias. A glicólise foi avaliada com tira reagente “Dextrostix”, logo após a co¬ lheita e aos 20 dias de conservação, período este correspondente ao tempo mᬠximo de estocagem recomendado para o uso de sangue integral. A técnica obe¬ decida foi a seguinte: 1) Agitar o frasco com cuidado e retirar assepticamente uma pequena amostra de sangue. 2) Depositar o sangue sobre a tira de ma¬ neira a cobrir totalmente a área reagente. 3) Aguardar exatamente 60 segundos utilizando o ponteiro de segundos de um cronometro. 4) Lavar rapidamente o sangue da tira com um jato fino de água, usando um frasco de lavagem, to¬ mando cuidado de evitar uma lavagem incompleta ou ainda a insistência em demasia na lavagem. 5) Ler o resultado imediatamente após a lavagem, com¬ parando a área de prova com a tabela de cores. Quando a reação na tira corres¬ ponder exatamente a um dos blocos coloridos em referências, ler o valor dire¬ tamente ou se a cor obtida na tira for intermediária entre duas cores, inter¬ polar o resultado ou indicar o valor como sendo dentro dos valores designados pelas duas cores. Após a determinação da glicólise, procedemos a colheita de 500 ml. de san¬ gue em solução A.C.D. e a seguir foi distribuído em 24 tubos esterilizados, 10 ml por tubo e contaminado propositadamente cada tubo com cepas bacte- rianas psicrófilas isoladas de sangue estocado, ficando um tubo como controle. Os tubos foram conservados em geladeira (4-6°C) pelo período de 20 dias. Após 15 dias de conservação procedemos a dosagem de glicose com tira 52 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 SOERENSEIsi , B., YOSHIO, M. E. e ROCHA, M. C. — Determinação da contaminaçao bacteriana em sangue estocado através da dosagem de glicose com tira reagente. Mem. Inat. BuUmlcin, 36 : 51-56, 1972. reagente, sendo repetida após 20 dias. Nas duas oportunidades procedemos a bacterioscopia em lâminas coradas pelo azul de metileno e pelo método de Gram a fim de certificarmos do desenvolvimento bacteriano. Determinamos o grau de toxidez dos sangues depois de ter transcorrido 20 dias de conservação, com a finalidade de relacionar com os resultados da dosagem de glicose. Para esta prova foi seguida a técnica empregada por Geller e Jawetz (6), inoculando 0,5 ml de sangue correspondente a cada cepa contaminante por via intraperitoneal em 10 camundongos Swiss machos pesando 12 a 18 g. RESULTADOS 1) A determinação da glicólise das 3 amostras de sangue levaram aos seguintes resultados: logo após a colheita: 250 mg % e após 20 dias de estoea- gem foram encontrados valores compreendidos entre 130 e 150 mg%, inde¬ pendente de qualquer contaminação bacteriana. 2) Todos os sangues contaminados mostraram-se positivos pela bacterios¬ copia, coincidindo as características morfológicas e tintoriais com as das cepas contaminantes. 3) A determinação da glicose através da tira reagente e o grau de toxidez das amostras de sangue contaminados, assim como do sangue controle não contaminado podem ser avaliados pela observação da Tabela I. DISCUSSÃO A glicólise de sangue citratado conservado a 4°C, conforme Rivera (9) pode ser observada no período compreendido entre o décimo e trigésimo dias podendo ser notada diferenças apreciáveis entre as amostras de sangue. O mesmo autor referindo-se a sangue estocado em soluções estabilizadoras contendo glicose afirma que a glicólise é intensificada. Os nossos resultados mostram que a glicólise que se processa, avaliada pela tira reagente é a partir de 250 mg% no dia da colheita do sangue, até 180 a /150 mg% após /20 dias de estocagem a 4-6°C. Quanto à dosagem de glicose em sangue contaminados, verificamos que 20 sangues apresentaram taxas de glicose inferiores a 130 mg%, coincidindo com a capacidade de desdobramento da glicose pela cepa contaminante cor¬ respondente ao sangue. A prova de toxidez das diferentes amostras de sangue contaminado, rea¬ lizada em camundongo, demonstrou ainda que a maioria das cepas são toxí- genas, coincidindo de certa maneira com a capacidade de desdobramento da dicose. 53 memórias cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 SOEJRKNSEN, R., YOSHIO, Aí. I*'. e ROCHA, Al. C. — Determinação da contaminação bacteriana. em sangue estocado através da dosagem de glicose com tira reagente. Mem. Inat. JJutan-tan, 36: 51-56, 1072. CONCLUSÃO 1) O sangue conservado a 4-6° C colhido em solução A. C. D. sofre uma glicólise que avaliada através de tira reagente se encontra compreendida entre 250 mg % no dia da colheita do sangue e 130 a 150 mg% após 20 dias de estocagem. 2) Aproximadamente 83% (20 amostras) dos sangues contaminados re¬ velou quantidade inferior a 130 mg% de glicose, podendo ser detectado atra¬ vés da dosagem de glicose com tira reagente. Os valores compreendidos entre 130 e 250 mg% seriam devido a glicólise independente de qualquer contami¬ nação bacteriana, portanto quando a quantidade de glicose for inferior a 130 mg%, poderá indicar uma contaminação bacteriana. 3) Finalmente, o método apresenta a vantagem de ser rápido e cômodo, mas deverá ser aplicado apenas quando as condições não permitiam o auxí¬ lio de microscópio, portanto o consideramos nos seus resultados como sendo inferior aos métodos de bacterioscopia pré-transfusional. SUMMARY — The authors study the applicability of a new method for the deterrnination of bacterial contamina- tion of a stored blood, harvested with an A.C.D. solution, and preserved at The method consists of the dosage of glucose by the aid of a reagent strip (band), based on the fact that the high percentage of bactéria, which is of interest to the Blood Bank, unfolds glu¬ cose. The observed glycolysis is the fol- lowíng: 250 mg% of glucose at the day of harvesting, and 130 to 150 mg% after 20 days of storage. As to the blood sam- ples, deliberately contaminated with 24 strains isolated from stored blood, after 15 to 20 days of observation, 83% of the samples revealed less than 130 mg% of glucose. In view of thesc results, there- fore, the values lower than 130 mg% indicate a possibility of contamination, while the values between 130 and 250 mg% would be due to glycolysis, inde- pendent of any bacterial contamination. The authors conclude that this me¬ thod presents the advantage of being rapid and easy, that it should, however, be applied only when the conditions do not permit the use of a microseope. Judged by the results it is, therefore, considerod inferior to the pretransfusio- nal bacterioscopy methods. UNITERMS — Bacterial contamina¬ tion in a blood bank. Deterrnination of the bacterial contamination in stored blood. Breaking of glucose by bactéria contaminants of stored blood. 54 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 SOKRKXSKN, B., YOSIITO, M. !■' . e ROCHA, 1I- C. — Determinação da contaminação bacteriana em sangue estocado através da dosagem de glicose com tira reagente. Mem. Inst. Butantan, 30: 51 - 56 , 1072 . TABELA I Determinação da glicose através da tira reagente e do grau de toxidez das amostras de sangue contaminados. Identificação Dosagem de Inoculação Experimental da cepa glicose com do sangue em grupos contaminante tira reagente de 10 camundongos do sangue 1919 < 40 mg% Mortos em 8 horas 3192 < 40 mg% Mortos em 8 horas co 0010 (1) = 40 mg% Mortos em 8 horas e 4436 (1) ± 90 mg% Mortos em 8 horas o 6504 (1) < 40 mg% Mortos em 8 horas o 6679 (2) < 40 mg% Mortos em 8 horas 6785 (2) < 40 mg% Mortos em 8 horas «0 7076 (2) < 40 mg% Mortos em 8 horas 7583 (2) < 40 mg% Mortos em 8 horas 33960 (2) < 40 mg% Mortos em 8 horas 1910 (3) < 40 mg% Mortos em 8 horas 3863 (4) + 170 mg% Mortos em 8 horas 1323 (5) < 40 mg% Mortos em 8 horas 1530 (5) < 40 mg% Mortos em 8 horas O 1533 (5) < 40 mg% Mortos em 8 horas r€> 6892 (5) < 40 mg% Mortos em 8 horas 7860 (5) < 40 mg% Mortos em 8 horas •4-. £ 4011 (6) < 40 mg% Mortos em 8 horas lü 4979 (6) < 40 mg% Mortos em 8 horas 7582 (6) < 40 mg% Mortos em 1 hora CO 1044 >250 mg% Vivos após 48 horas 9223 >250 mg% Vivos após 48 horas e 9437 +100 mg% Mortos em 8 horas cq 33992 >250 mg% Vivos após 48 horas Sangue não contamina- >250 mg% Vivos após 48 horas do (Controle) (1) Pseudomonas Sp não correspondendo as características de P. aeruginosa; P. fluorescens; P. putida; P. stutzeri; P. multivorans; P. maltophilia; P. pseudomallei. (2) Pseudomonas Sp. similar, mas, não idêntica à P. stutzeri. (3) Pseudomonas multi¬ vorans (4) Pseudomonas fluorescens. (5) Enterobacter Uquefaciens. (6) Enterobacter aerogenes. 55 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 SOERENSEN, B., YOSHIO, M. iv o ROCHA, M. C. — Detenninaqiio da contaminação bacteriana em sangue estocado atravfs da dosagem de glicose com tira reagente. Mcm. Inst. Butantan, 36: 51-50, 1972. BIBLIOGRAFIA 1. BRAUDE, A. I.; SANFORD, J. P.; BARTLETT, J. E. and MALLERY. O. T. Effects and clinicai significance of bacterial contaminants in transfused blood. — J. Lab. Clin. Meã., 39: 902-916, 1952. 2. CUBONI, E. — Controllo delia sterilità dei tubi per transfusione. — Boll. Ist. Sieroter. Milan, 41: 340-353, 1962. 3. DISCOMBE, G.; MEYER, H. — Zur frage der bakteriologischen Kontrol von blutkonserven -— Deuts. Meã. Wschr. 79: 891-892, 1954. Rev. Clin de São Paulo, 4. FARIA, R. — Aspectos microbiológicos na hemoterapia 33: 6-20,1957. 5. 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Após a infecção expe¬ rimental por via oral destes grupos e mais um controle, os autores estudaram os seguintes órgãos: pulmão, gânglios linfáticos do mediastino, baço e fígado. A avaliação da intensidade da reação imunológica celular foi feita levando-se em conta as áreas que apresentavam esse tipo de reação, dentro da área total do corte histológico, procedondo-se a elaboração de um gráfico com men- suração planimétrica. Os autores verificaram que dos órgãos estudados, as reações imunológicas foram mais intensas no pulmão dos 3 grupos e foi sempre observado maior área de reação imunológica celular nos órgãos dos animais previamente vacina¬ dos por via intradérmica. Isto sugere ser a via intradérmica de vacinação a mais eficiente no sentido de provocar maior intensidade de reação imunológica celular à tuberculose. UNITERMOS — Imunopatologia da tuberculose. Vacinação pelo BCG INTRODUÇÃO Se não existem dúvidas no que diz respeito à eficácia da vacinação oral pelo BCG, conforme atesta recente avaliação de GERNEZ-RIEUX, GERVOIS e NISTRI (2) ao estudarem a incidência comparativa do dois grupos humanos da cidade de Roubaix (França) — cuja vacinação tinha sido feita por Calmette — onde encontraram 50% menos de casos de tuberculoses ativa nos vacinados do que nos não vacinados, a mesma certeza não subsiste quando desejamos avaliar a proteção ministrada pela vacinação oral em comparação com a intra¬ dérmica. Seria extremamente interessante se pudéssemos avaliar experimentalmente de algum modo, a intensidade da reação provocada pela vacina protetora — BCG no caso — quando administrada por duas vias diferentes, ou seja a intradérmica e a oral. E isso teria significado utilíssimo porque o Brasil é dos poucos países que fazem a prevenção da tuberculose humana pela vacinação Trabalho realizado com o auxílio do F.E.D.I.B. Endereço para correspondência: C.P. 65, São Paulo, Brasil. 57 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 MACHADO, J. C., SOEKENSEN, B., AM AH AU J. P., PINTO. K\ A. e DQNOSO, N. — Avaliação histopatológica comparativa cia intensidade do fenômeno proliferativo na imunidade celular à tuberculose em cobaios vacinados oralmente e intradermicamente pelo BCG. Mem. lnat. Butantan, .>(>: 57-66, 1972. oral pelo BCG. Quando sabemos das extremas dificuldades que existem para critérios seguros da avaliação estatística dessa proteção em grupos humanos selecionados em nosso país, podemos bem compreender da extrema utilidade de tal trabalho experimental. Em continuação a estudos desenvolvidos nesse sentido por dois autores (B. Soerensen e J. P. Amaral (6) ) do presente trabalho, procurou-se neste ana¬ lisar histologicamente a intensidade das reações proliferativas, ocorridas na imunidade celular contra a tuberculose experimental em cobaios previamente vacinados pelo BCG por via oral e intradérmiea. Estudos quantitativos das reações imunológicas celulares ao bacilo de Koch já foram realizados tanto macro como microscopicamente. Assim, Lorian e Zanon em 1964 (5) para estudar comparativamente as lesões pulmonares na tuberculose experimental, estabeleceram como critério tres graus de compro¬ metimento a saber: 1 — Poucos tubérculos (menos de 10, independente da localização), 2 — Muitos tubérculos (mais de 10, até tubérculos confluentes); 3 — caseificação (pelo menos uma parte caseificada, com volume de uma esfera de 5 mm). lonesco e Eskenay, 1970 (3) utilizaram para estudo comparativo das lesões tuberculosas o método planimétrico que consistia na projeção sobre papel milimetrado de cortes histológicos onde se pode calcular a superfície total do órgão e as áreas comprometidas fazendo um levantamento porcentual da superfície comprometida. No nosso trabalho achamos conveniente elabo¬ rar uma avaliação microscópica da área com os fenômenos imunológicos pre¬ sentes em relação com o normal, seguida de gráfico com avaliação planimé- trica do mesmo. Analisamos comparativamente os tres grupos estudados ou seja um grupo previamente vacinado por via oral, outro por via intradérmiea e finalmente um controle. MATERIAL E MÉTODOS Os animais escolhidos para a experimentação foram cobaias, as quais como é sabido, independentes do sexo. apresentam grande susceptibilidade ao bacilo da tuberculose. Foram utilizados 132 animais com aproximadamente 1 ano de idade, ino¬ culados com 2 mg de bacilos virulentos da tuberculose da linhagem H37Rv. A inoculação foi feita por via traqueal por ser a via normal de contágio. Desta amostra, 51 animais foram vacinados com 100 mg de BCG por via oral, outros 53 animais foram vacinados com 0,1 mg de BGG por via intradérmiea, sendo que em todos os lotes a inoculação dos bacilos virulentos foi feita 45 dias após a vacinação. As 28 cobaias restantes foram utilizadas como grupo controle. Dos animais cpie morreram e dos sacrificados foram retirados os órgãos: pulmão, coração, baço, fígado, rim, supra-rcnal e os gânglios linfáticos do me- diastino, O material foi fixado em formol a 10% e posteriormente foram feitos cortes histológicos sendo usado como rotina a coloração pela hematoxilina e eosina (H. E.). 58 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 MACHADO, J. C., SOERENSEN, B., AMARAL, J. P., PINTO, E'. A. e DONOSO, N. — Avaliação histopatolôgica comparativa da intensidade do fenômeno proliferativo na imunidade celular à tuberculose em cobaios vacinados oralmente e intradermicamente pelo BCG. Mem. Inst. BuUintan, Jtí: 57-GG, 1972. Nos cortes histológicos, em número aproximado de 1.800 foram analisadas a presença e intensidade da reação imunológica celular no conjunto e isola¬ damente (infiltrado de células epitelióides e linfocitárias; tubérculos completos e incompletos, necrose de caseificação, calcificação e fibrose). A avaliação da intensidade foi feita pelo levantamento da área alterada em relação com a área normal. A intensidade de reação imunológica celular foi classificar com sinais positivos (-[-) que variavam de um (-)-) a quatro (-j—|—|—j-). O sinal um (4-) foto 1 correspondia a uma reação imunológica celular que ocupava 25% ou menos da área total do corte histológico; o sinal dois (-j—|-) foto 2 corres¬ pondia a uma variação de 26% a 50%; sinal 3 (-)—b - ! - ) foto 3 correspondia de 51% a 75% e o sinal quatro (-f--j—(—b) foto 4 correspondia a 76% ou mais da área. Com os resultados desta classificação foram elaboradas tabelas e gráficos levando-se em conta a área reacional. Baseado no fato de serem os órgãos; pulmão, gânglios linfáticos do me- diastino, baço e fígado mais habitualmente comprometidos pelo bacilo da tu¬ berculose, foi a ele dedicada maior atenção neste trabalho. Nos gráficos, por meio de planímetro, foram medidas as áreas de reação imunológica celular relacionadas com os 2 tipos de vacinação e controle, nos 4 órgãos acima referidos, e os valores dessas áreas estão expressos em um gráfico de barras. RESULTADOS Os gráficos elaborados apresentam comparativaménte os valores das áreas com a reação imunológica celular presente, relacionando os animais vacinados por via oral, via intradérmica e controle. Verificamos uma área de reação sem¬ pre maior para os animais vacinados por via intradérmica, sendo que esta diferença varia segundo o órgão considerado. Na fig. 1 onde são apresentadas as curvas referentes as áreas de reação imunológica celular no baço para os tres grupos de animais, verificamos que a curva correspondente ao grupo de animais vacinados por via intradérmica é aproximadamente 115% (2,15 vezes) maior que para os vacinados por via oral (fig. 5). Entre os do grupo controle e os vacinados por via oral não foi verificada diferença significativa (fig. 5). Em relação ao pulmão, analizando os dados da fig. 2, observamos também uma maior área de reação imunológica celular para os animais vacinados por via intradérmica, sendo esta área cerca de 27% (1,27 vezes) maior que a verificada para o grupo da via oral. A área relativa ao grupo da via oral é 20% (1,2 vezes) maior que a do grupo controle (fig. 5). O mediastino (fig. 3) apresentou resultados semelhantes, sendo que a área da reação imunológica celular dos vacinados intradermicamente é 13% (1,13 59 SciELO 10 11 12 13 14 15 16 cm MACHADO, J. C., SOERENSEN, B., AMARAL, J. P., PINTO, E\ A. e DONOSO, N. — Avaliação hi.stopatológica comparativa da intensidade do fenômeno proliferativo na imunidade celular à, tuberculose em cobaios vacinados oralmente e intradermicamente pelo BCG. Mem. Inst. Butantan, 36: 57-66, 1972. vezes) maior que para os vacinados oralmente, e este último tem área 45% (1,45 vezes) maior que a dos animais do grupo controle (fig. 5). No fígado (fig. 4), onde a intensidade da reação imunológica celular se apresentou diminuída, em relação aos três órgãos já mencionados, novamente foi observada ser a área de resposta referente aos animais vacinados por via intradérmica maior, cerca de 12% (1,12 vezes), que a apresentada pelos vacinados por via oral. O grupo dos animais vacinados oralmente apresentou uma área de resposta 33% (1,33 vezes) maior que a do grupo controle (fig. 5). Observando-se os valores das áreas de reação imunológica celular, nos tres grupos de animais, concomitantemente apresentados para os 4 órgãos na fig. 5. podemos verificar que sempre ocorreu uma maior área dessa reação imuno¬ lógica celular para os animais vacinados por via intradérmica em relação aos vacinados oralmente e o grupo controle. Fig. 1. Avaliação planimétriea (la intensidade da reação imunológica celular no baço. 60 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 MACHADO, J. C., SOERENSEN, B., AMARAL, .T. P., PINTO, K. A. e DONOSO, N. — Avaliação histopatológica comparativa da intensidade do fenômeno proliferativo na imunidade celular â tuberculose em cobaios vacinados oralmente e intradermicamente pelo BCG. Mem. Inst. Butantan, 36: 57-66, 1972. PULMÃO Fig. 2. Avaliação planimétrica da intensidade da reação imunológica celular no pulmão. Fig. 3. Avaliação planimétrica da intensidade da reação imunológica celular nos gânglios linfáticos do mediastino. 61 cm 2 3 SciELO 10 11 12 13 14 15 16 I MACHADO, J. C., SOERENSEN, B., AMARAL, J. P., PINTO, E’. A. e DONOSO, N — Avaliação histopatológica comparativa tia intensidade do fenômeno proliferativo na imunidade celular à tuberculose em cobaios vacinados oralmente e intradermicamente pelo BCG. Mem. Inst. Butantan, 36: 57-66, 1972. FÍGADO % Ot CASOS VIA ORAL COHflAx Fig. 4. Avaliação planimétrica da intensidade da reação imunológica celular no fígado. arfas nf Rr imo» ioi. im( CELULAR (Cm') VA rRRADtRMiCA im □ » GANGL. UNfAtiT.OS FÍüAOO DO LSL Fig. 5. Gráfico comparativo das áreas da resposta imunológica celular. G2 cm 2 3 4 5 6 SciELO 10 11 12 13 14 15 16 MACHADO, J. C., SOERENSEN, B., AMARAL, J. P., TINTO, E. A. e DONOSO, N. — Avaliação histopatolôgica comparativa cia intensidade do fenômeno proliferativo na imunidade celular ã tuberculose em cobaios vacinados oralmente e intradermicamente pelo BCG. Mem. Inst. Butantan, S6: 57-66, 1972. Foto 1 : Pulmão — corte histológico — 1 HE. t A reação imunológica celular ocupa menos ciue 25% da área parenquimatosa Foto 9.: Pulmão — Corte histológico — H.E. if A reação imunológica celular ocupa entre 26 a 50% da área parenquimatosa. cm SciELO MACHADO, J. C., SOERENBEN, B., AMARAL, J. P., PINTO, E'. A. e DONOSO, N. — Avaliação histopatológica comparativa da intensidade do fenômeno proliferativo na imunidade celular ã tuberculose em cobaios vacinados oralmente e intradermicamente pelo BCG. 31 em. Inst. Butantan, 36: 57-G6, 1972. Foto 3: Pulmão — Corte histológico — H.E. •Jff A reação imunológica celular ocupa entre 51 a 75% da área parenquimatosa. : Pulmão — Corte histológico — H.E. A reação imunológica celular ocupa mais de 7G% da área parenquimatosa Foto tttt SciELO cm MACHADO, J. C.. SOERENSEN, B., AMARAL, J. r. f PINTO, K A. e D0NOSO, N. — Avaliação histopatológica comparativa da intensidade do fenômeno proliferativo na imunidade celular* à tuberculose em cobaios vacinados oralmente e intradermicamente pelo BCG. Mem. Inst. Iiutantan, 8 (>: 57-GG, 1972. DISCUSSÃO As vacinações por via oral de BCG em grupos humanos protegem signi¬ ficativamente as populações vacinadas, conforme relatam os trabalhos de GERNEZ-RIEUX, GERVOIS e NISTRI (2). Experimentalmente, pelos tra¬ balhos de IZUMI e COSTELLO (4) em camundongos suiços albinos, obser- vou-se que diferentes vias de administração (intraperitoneal, intravenosa e aerosol) de BCG também tem ação protetora. No entanto, a intensidade dessa proteção varia segundo Costello e Izumi (1). Assim da mesma forma admitimos que as reações imunológicas celulares possam ser diferentes em intensidade segundo a via de administração do BCG seja oral ou intradérmica, mantidas constantes as demais variáveis, como sejam a quantidade de bacilos do BCG e os bacilos virulentos posteriormente introduzidos nos animais de experimen¬ tação. No presente trabalho notamos que dos órgãos estudados pela ordem, o pulmão, gânglios linfáticos do mediastino, baço e fígado foram os que apre¬ sentaram reações imunológicas celulares mais intensas. Como a reação imuno- lógica celular depende da presença de bacilos, a sua maior intensidade, decorre da maior presença numérica dos mesmos nesses órgãos, conforme assinalam Izumi e Costello. Nos nossos casos como vemos pela figura (5), realmente as reações imunológicas foram mais intensas no pulmão, como seria de esperar, nos três grupos estudados. Dentre eles a maior intensidade foi no grupo va¬ cinado intra-dermicamente. Da mesma forma a reação imunológica celular foi mais intensa no grupo dos vacinados intra-dermicamente nos gânglios lin¬ fáticos do mediastino, baço e fígado. CONCLUSÃO Pelos nossos resultados, cremos poder afirmar que a reação imunológica celular protetora contra o Bacilo da Tuberculose avaliado histologicamente é mais intensa, nas cobaias, (piando a vacinação pelo BCG é realizada pela via intra-dérmica. SUMMARY — The authors study the intensity of the ccllular immunological reaction to tuberculosis in two groups of guinea pigs, one group having been vaccinated with BCG intradcrmally, the other orally. After the experimental in- fection by the oral route, and in the control group, the authors studied the following organs: lungs, mediastinal lymph nodes, spleen and liver. The evaluation of the intensity of the cellular immunological reaction was accomplished taking into consideration the arcas that exhibit this type of reac¬ tion with the total area of the histolo- gical section and proceeding to plot this graphically. The authors verified that, in the or¬ gans studied, the immunological reac- tions were more intense in the lungs of the three groups and it was always ob- served that the greatest area of cellular immunological reaction occurred in the organs of those animais previously vac¬ cinated intradermally. This suggests the intradermal route of vaccination is the more efficient in the sense of provoking the more intense cellular immunological reaction to tuberculosis. UNITERMS — Immunopathology of tuberculosis. BCG vacination. 65 SciELO 10 11 12 13 14 15 16 cm MACHADO, J. C., SOBRENSEN, B., AMA11AL, J. P„ PINTO, E. A. e DONOSO, N. — Avaliação histopatolôgica comparativa da intensidade do fenômeno proliferatlvo na imunidade celular il tuberculose em cobaios vacinados oralmente e intradermlcamente pelo BCG. Mem. Inat. Butuntan, Jli: 57-Gü, 1972. BIBLIOGRAFIA 1. COSTELLO, R. and IZUMI, T. - M'easurement of resistance to experimental tuberculosis in albino ntice. J. Exp. Med. 133 (2): 362 — 375, 1971. 2. GERNEZ-RIEUX, CH., M. GERVOIS ET R. NISTRI — Résultats éloignés des promières vaccinations anti-tuberculeuses (BCG) d’Albert Calmette effectuées a Roubaix, de 1925 a 1934. Ann. de 1’Inst. Pasteur de Lite: 10: 89196, 1958/59. 3. IONESCO, J. et ESKENASY, A.; Influence des voies d’administration du vaccin BCG sur la dynamique de 1'inflammation tuberculeuses expérimentale. Rev. d’Immun. 34: (1-2) 1-10 1970. 4. IZUMI, T. and R. COSTELLO: Temporal development of resistance to pulmonary tuberculosis in Swiss albino mice. J. Exp. Med. 133 (2): 376-388 (1971). 5. LORIAN, V. and U. ZANON — Pulmonary tuberculosis in Guines Pigs by trans- tracheal inoculation. Acta tuberculoses et Pneumologica Scandinavioa 44: 76-82, 1964. O 6. SOERENSEN, B., e PLANET DO AMARAL, J. — Estudo comparativo de necrop¬ sias em cobaios tuberculosos e cobaios tuberculosos previamente vacinados com B.C.G. por via oral. “O Hospital”, 65 (2) 287-292 (1964). Recebido para publicação em : 15/10/72 Aceito para publicação em: 23/10/72 66 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. Butantan >i6 : 67-72, 1972. CICLO SEXUAL BIENAL DO BRASIL - DE SERPENTES CROTALUS COMPROVAÇÃO 0 FRANCISCO GARCIA DE LANGLADA Laboratorio dc Anatomia Patológica — Instituto Butantan RESUMO — Atendendo às indicações dc trabalhos anteriores que pareciam mostrar que o ciclo reprodutivo das “cascavéis” brasileiras deveria ser bie¬ nal, o autor observa serpentes fêmeas do gênero Crotalus em ambiente de liber¬ dade controlada, pelo espaço de quatro anos. Durante esse período de tempo veri¬ ficou-se 100% de prenhez e partos, em anos alternados. Estas observações, mais os resultados de seus trabalhos anteriores, permitem afirmar que o ciclo da serpente Crotalus do Brasil, é bienal. UNITERMOS — Ciclo sexual bienal de serpentes Crotalus. INTRODUÇÃO Interessados que estamos a longo tempo no fenômeno reprodutivo das serpentes venenosas brasileiras, como fato de extrema importância nos nossos estudos sobre inseminação artificial de serpentes, que vimos estudando e, não encontrando dados concretos na literatura consultada que permitisse saber ao certo o espaço entre os ciclos sexuais, reunimos uma série de observações, fruto de nossa pesquisa, que nos permite ter uma opinião própria, a respeito do ciclo das “cascavéis” brasileiras. Vainio (1931) relatou um ciclo bienal em V. berus da Finlândia. Klauber (1936) estudando C. viriclis numa altitude de 4800 pés em Plat- teville, Colorado, concluiu que as serpentes reproduziam-se anualmente porque quase todas as grandes fêmeas continham folículos com vitelo. Rahn (1942) estudou 64 fêmeas de Crotalus viridis coletadas em Wyo- ming no inverno. Na amostra existiam duas classes: aquelas com pequenos folículos e aquelas com grandes folículos de vitelo. Espermatozóides foram en¬ contrados no útero das serpentes do último grupo mas eram ausentes nas fêmeas com pequenos folículos e obviamente nas jovens. Rahn concluiu que a casca¬ vel da pradaria, naquela altitude (5600 pés), tinha um ciclo reprodutivo bienal Entretanto, Klauber (1956) diz: “Infelizmente, quando eu examinei a série de Platteville de cascavel de pradaria do Colorado, os achados de Rahn Com auxílio cio F.E.D.I.B. Assistente cia Seção de Anatomia Patológica cio Inst. Butantan. Endereço para correspondência: C.P. 65, São Paulo, Brasil. 67 SciELO 10 11 12 13 14 15 16 cm LANGLADA, F. G. de — Ciclo sexual bienal de serpentes Orotalus do Brasil —• comprovação. Mcm. Inst. Butantan, 36: G7-72, 1072. não tinham sido anunciados e por essa razão eu não diferenciei os ovos em duas categarias”. Entretanto, é possível que tanto ciclos anuais como bienais ocorram em ligeiras diferenças de altitude. Se ocorrerem, há uma indicação que as serpentes são capazes de se reproduzir anualmente se as condições são favoráveis ou bianualmente, se não o são. Klauber (1956) refere que pouco era conhecido sobre ciclos reprodutivos em cascavéis, embora tenha sido assumido que espécies sulinas reproduziam-se anualmente. Volse, 1944, na Dinamarca, relata para V. berus um ciclo anual, o mesmo fazendo Smith em 1951, na Inglaterra. Outros relatos indicam que ciclos reprodutivos bienais podem ser fre¬ quentes em serpentes. Fich (1949) concluiu que C. virídis oreganus tinha um ciclo bienal, na Califórnia. Em 1960 ele sugeriu que a espécie Agkistrodon contortrix exibia um ciclo bienal no norte de Kansas. Glissmeyer (1951) relatou que a cascavel C. viridis lutosus tinha um ciclo bienal em Tooele County, Utah, onde uma média de 49% de fêmeas maduras coletadas num longo período, estavam prenhes. O quadro, na amostra variou de 12,5 a 66,7% em diferentes anos. St. Girons (1957) encontrou que um ciclo bienal, e possivelmente qua¬ drienal, ocorria em V. aspis, sua duração sendo determinada primariamente pela temperatura com um ciclo anual no sul da França e um mais longo nas zonas de baixas isotermas. Ele concluiu que em climas mais frios um maior período era requerido para desenvolver suficientes reservas de gordura. Naulleau, G. (9170) trabalhando com V. aspis encontra às vezes, 2 ciclos anuais. Gibbons, J. W., 1972 — trabalhando com — Crotalus hórridas atricaudatus do Sul da Carolina encontra ciclos bienais e até possivelmente trienais. Durante a elaboração de nosso trabalho “Época de fecundação da serpente CROTALUS do Brasil” (Langlada e Gonçalves, 1971) comprovamos que den¬ tre 1.200 fêmeas capturadas na natureza num período de 3 anos consecutivos, durante o período correspondente à gestação do gênero, 39% apresentavam-se prenhes. No decorrer dos nosso trabalhos sobre estímulos hormonais do ciclo re¬ produtivo da serpente “cascavel” do Brasil vimos que, hormônios em doses iguais, proporcionais ao peso corporal do animal, com idênticos intervalos de administração, injetados pela mesma via e na mesma época do ano, não forne¬ ciam as mesmas respostas. Quarenta e tres por cento das fêmeas de “cascavéF’ induzidas artificialmente ao cio, por administração de hormônios, apresentavam macroscopicamente, hiperemia do ovário, enquanto que as demais não sofriam alterações. Condições climáticas, as mais variadas, por nós provocadas artificialmente no “habitat” das serpentes, não conseguiam induzir ao ponto desejado do ciclo ovariano: a ovulação (momento do cio), nem mesmo quando associadas a 68 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 IjANGLADA, F. G. de — Ciclo sexual bienal de serpentes Crotalus do Brasil — comprovaQ&o. Mern. Inst. Butantan, 86: 67-72, 1972. hormonoterapia específica. Todas estas considerações nos levaram a pensar ser bienal o ciclo ovariano dessas serpentes. Como é impraticável a retirada periódica de material ovariano de uma mesma serpente, durante dois anos consecutivos, para estudos histológicos e como as dosagens hormonais que poderiam elucidar o ciclo astral são prati¬ camente irrealizáveis, dado o desconhecimento do mecanismo endócrino da reprodução das serpentes, resolvemos estudar o seu comportamento repro¬ dutivo, apenas por observação direta do animal. Em observações anteriores, verificamos que o regime de cativeiro é alta¬ mente nocivo à reprodução de cascavéis e que, quando somamos a este cati¬ veiro manuseios frequentes como retirada do animal da caixa, para a limpeza, troca de alimentação, pesagem, medição e essencialmente extração de vene¬ no, a sobrevida média não excedia a 70 dias. Estas observações são confirmadas por trabalhos de Belluomini c col. (1966). Mesmo neste espaço de tempo, há uma sensível perda da agressividade, não há locomoção e é frequente o vômito, após a alimentação. Sabíamos de experiências anteriores que a “falsa liberdade” por nos idea¬ lizada fornecia condições de vida capazes de permitir nosso estudo. MATERIAL E MÉTODOS Essa “falsa liberdade” consiste em espaço a céu aberto, cercado por pa¬ redes suficientes para dar proteção e segurança devidas, com chão de terra, no qual cresce a vegetação normal da região. Artificialmente, fazemos sobre a terra um córrego de profundidade não superior a 4 cms., que atravessa toda a área e termina num pequeno lago de aproximadamente 6 m 2 , através do qual a água é drenada para o exterior. Sobre os cantos vivos, parede-chão, colocamos tábuas de madeira de ± 2 m. de comprimento por 30 cms. de largura, que servem para dar proteção, em seu vão, às serpentes. Algumas telhas, espalhadas pela área, servem tam¬ bém como outros pontos de abrigo dos animais. O espaço vital, por nós estabelecido, é de no máximo 4 serpentes por m 2 . Na “falsa liberdade” a alimentação é constante, isto é, procuramos manter, dia e noite, pequeno número de roedores vivos e soltos, à disposição das ser¬ pentes. Nenhum manuseio desses animais é feito e nessa área, somente estreitos caminhos de passagem são abertos. Nessas condições, os animais sobrevivem bem, alimentam-se, não vomitam, evacuam, mudam de pele, demarcam seu território, locomovem-se ficam agres¬ sivos (o que, a nosso ver, é uma prova de adaptação ao meio). Estabelecemos para este estudo que seria necessário começar nossas ob¬ servações, partindo de serpentes prenhes, já que não tínhamos outro ponto do ciclo sexual, mais fácil de se perceber. Assim observamos durante quatro 69 6 - MJíMÓRIAS cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 LANGL/ADA, F. G. de — Ciclo sexual bienal de serpentes Crotalus do Brasil — comprovação. Mem. Inst. Butdntan, 36: G7-72, 1972. anos, 32 fêmeas provenientes dos arredores de S. Paulo, todas elas prenhes, após uma prévia aclimatação. Junto a essas 32 fêmeas, colocamos 10 machos adultos da mesma espécie e os deixamos em sossego completo. RESULTADOS Após um período de 4 meses, começaram os partos. Entre o 4.° e 6.° mês de observação, as 32 fêmeas tinham parido normalmente. É curioso assi¬ nalar que não tivemos um só caso de presença de ôvo atrésico e não houve nenhuma morte das fêmeas mães, pós-parto. Separamos as ninhadas e continuamos a observação. O número total de filhotes retirados foi de 312 vivos e 32 mortos. No transcurso do l.° ano, morreram 2 fêmeas. Transcorrido um ano após os partos, não tínhamos observado cio, prenhe¬ zes ou partos de nenhum dos exemplares estudados. Decidimos, assim, pror¬ rogar, por mais um ano, nossas observações. No decorrer do 2.° ano, entre os meses de maio a setembro, houve aca¬ salamentos espontâneos. A partir do mes de novembro do 3.° ano de observação, iniciaram-se os partos, que vieram a terminar em 14 de março (30. a fêmea). A sobrevida, tanto de machos como de fêmeas, tinha sido total. Durante toda a experiência machos e fêmeas tiveram mudas de pele perfeitas, as fêmeas 2 vezes por ano (maio-julho e novembro-dezembro) e os machos apenas uma (setembro-dezembro). Todas as trocas foram completas, saido a “camisa” in¬ teira. As ninhadas deste 2.° grupo de partos das mesmas serpentes montavam a 412 exemplares vivos e 16 mortos. Durante o transcorrer do quarto ano não se observavam cios, prenhezes ou partos. Datas precisas de partos, evolução do peso corporal, comprimento e outros dados individuais que, sem dúvida alguma, viriam melhor completar estas observações, foram prejudicados pela necessidade de se manter as condições de “falsa liberdade” já citadas o pela impossibilidade, até o momento, de conseguirmos técnica adequada para a identificação individual. DISCUSSÃO Das nossas observações podemos afirmar que o regime de “falsa liberdade” deu plena aclimatação às serpentes nele mantidas. Tendo iniciado nossos trabalhos, partindo de serpentes prenhes, pudemos comprovar, que após os partos das mesmas, seguia-se um período de descan- 70 ], | SciELO LiANGLADA, F. G. de — Ciclo sexual bienal de serpentes Crotalus do Brasil Mem. Inst. Butantan, 36: G7-72, 1972. comprovação. so sexual de dois anos, ao cabo dos quais as fêmeas tornavam a entrar em cio, ter cópulas e prenhezes normais, e com partos nas épocas adequadas, após os quais novo período bienal de repouso se dava. Como quer que tanto os cios, como as prenhezes e partos se davam no mesmo ritmo, na totalidade dos exemplares observados e por espaço de 4 anos, concluímos afirmando ser bienal o ciclo sexual das serpentes do gênero Cro- talus do Brasil. SUMMARY — Prcvious works have indicated that the reproductive cycle of the Brazilian rattlcsnake might be biennial. To vcrify this, the author observcd females of lhe gcnus Crotalus in a controlled environment during a period of four years. During this period it was verified that 100% of the pregnancies and deli- veries occurred in alternate years. These observations, with the results of previous works, cited in the text, permit affirmation that the reproduc¬ tive cycle of the Crotalus snake of Brazil is biennial. UNITRRMS — Reproductive biennial cycle in serpents Crotalus. 71 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 LANGLADA, F. G. cie — Ciclo sexual bienal de serpentes Crotalua do Brasil — comprovação. Mem. Inst. Butantan, 3(1: 67-72, 1972. BIBLIOGRAFIA 1. BELLUOMINI, H. E.; FRANCO DE MELLO, R.; PENHA, A. M. e SCHREIBER, G.; Estudo citoiógico e ponderai do testículo de Crotalus durissus terrificus durante o ciclo reprodutivo anual. Mem. Inst. Butantan , Simp. Intern. 33 (3) 761-766, 1966. 2. FICH, H. S. — Study of snake populations in central Califórnia. Amer. Midi. Nat. 41 (3): 513-579, 1949. 3. GIBBONS, J. W. — Rerproduction, Growth and sexual Dimorphism in the Cane- brake Kattlesnake (.Crotalus horridus atricaudatus). Copeia, 2, 222-226, 1972. 4. GLISSMEYER, H. R. — Egg production in the great basin rattlesnakc. Herpeto- logica 7 (1) [24-25], 1951. 5. KLAUBER, L. M. — A statistical study of the rattlesnakes. III. Birth rate. Occ. Papers San Diego Soc. Nat. Hist., 1, 14-24, 1936. 6. KLAUBER, L. 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Butantan 36: 73-78, 1972. CONTRIBUIÇÃO A TÉCNICA OPERATÓRIA DE SERPENTES I * HEMIPENICECTOMIA BILATERAL EM SERPENTES FRANCISCO GARCIA DE LANGLADA** HÉLIO E. BELLUOMINI*** Seção de Anatomia Patológica e Seção de Venenos Instituto Butantan RESUMO — Ante a necessidade de se determinar o momento no qual as ser¬ pentes fêmeas do gênero Crotalus esta¬ riam aptas a serem fecundadas artifi¬ cialmente, os autores idealizaram téc¬ nica cirúrgica que visa converter em “rufiões” os machos do mesmo gênero. Os autores escolheram a ablação ci¬ rúrgica dos hemipenis, em vez da cas¬ tração, por não causar inibição da libi¬ do, ser de mais fácil realização e ofe¬ recer menores riscos cirúrgicos para o animal. A técnica foi realizada em dez ma¬ chos e os mesmos foram observados por espaço de um ano. Os resultados objetivados tanto na técnica cirúrgica como na sua inocui¬ dade além de transformações dos ma¬ chos em “alertadores” foram plenamente conseguidos. UNITERMOS —■ Hemipenicectomia bilateral em serpentes. INTRODUÇÃO No decorrer dos trabalhos de inseminação artificial de serpentes do gênero Crotalus, cpie vem sendo realizado atualmente na Seção de Anatomia Patológica do Instituto Butantan, idealizamos a presente técnica operatória que tem por finalidade praticar a hemipenicectomia bilateral em machos do gênero “Crotalus” com o fito de serem utilizados no reconhecimento do mo¬ mento adequado de fecundação de fêmeas do mesmo gênero, visto não exis¬ tir até o presente, método outro, capaz de, sem sacrifício da serpente, poder detectar a fase ovulatória da mesma. MATERIAL E MÉTODO Para a realização da técnica cirúrgica preconizada procedemos da se¬ guinte forma: Trabalho realizado com auxílio do F.E.D.I.B. Assistente da Seção de Anat. Patológica do Instituto Butantan. Diretor do Serviço de Animais Peçonhçntos do Inst. Butantan. Endereço para correspondência: C.P. G5, São Paulo, Brasil. 73 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 JjANGLADA, F. G. e BELL.UOMINI, H. E. — Contribulgâo a tícnica operatória serpentes I — hemlpenicectomla bilateral em serpentes. Mem. Inst. Butantam, .16: 73-78, 1972. a) Contenção do animal: Firma-se a cabeça da serpente ao nível da borda posterior das primeiras vértebras cervicais entre os dedos polegar e indicador enquanto que os outros dedos da mesma mão fazem contenção do pescoço contra a palma; a outra mão do auxiliar abarca o corpo na altura dos rins. O animal assim contido é colo¬ cado sobre uma mesa em decúbito dorsal e por medida de precaução imo¬ biliza-se o maxilar inferior, fixando-o ao superior com uma tira de esparadra¬ po ou de material adesivo. b) Assepsia: É feita rigorosamente com Mertiolate desde 10 cms. acima do orifício cloacal até o guizo inclusive, em toda circunferência do corpo. c) Exteriorização do hemipenis: Procede-se a uma pressão suave, moderada e deslizante, no sentido caudo- eranial, na face ventral da cauda do lado que se deseja exteriorizar o hemi¬ penis, aparecendo este por desinvaginização. Pinçam-se ambas as extremidades do hemipenis com pinças de Kelly para mantê-las exteriorizadas ,proceden¬ do-se a assepsia do hemipenis com Mertiolate. d) Técnica propriamente dita: Faz-se com o bisturi uma incisão circular, ao nível da raiz do hemipenis, que parte da borda lateral interna da mesma, seccionando-se apenas a camada externa. Com tesoura de ponta romba procuramos o feixe vascular situado atrás da canaleta seminal, individualizamos os vasos, ligamos em separado a artéria e as duas veias que o compõem. Em posição diametralmente oposta encon¬ tramos outro feixe vascular constituído também de uma artéria e duas veias, porém todos de menor calibre que o anterior; Figura n.° 1 e n.° 2. Fazemos a ligadura deste feixe também em separado. A seguir secciona-se com bisturi o tecido celular subcutâneo até atingir a cavidade onde se esconde o hemi¬ penis quando retraído, expondo-se assim o músculo retrator do hemipenis. Tracionam-se as pinças que contém as duas extremidades do hemipenis per¬ mitindo visualizar e fixar a inserção caudal do músculo retrator, seccionando-se esta inserção o mais distalmente possivel,, deixando o coto sem ligaduras ou outros cuidados especiais. Afrontamos o tecido celular subcutâneo e sutu¬ ramos com pontos simples c separados usando categute 0000, montado em agu¬ lha atraumática. Na pele é feita sutura contínua com categute 000. O método é repetido para o outro hemipenis. Após a cirurgia passa-se novamente Mer- tiolato em toda ferida operatória. Não imobilizamos, não enfaixamos e não fizemos curativo nenhum. Não fizemos medicação pré ou pós operatória de qualquer natureza. A serpente retorna imediatamente ao seu “habitat” ante¬ rior. Não drenamos as feridas operatórias nem a cloaca, limitamo-nos a deixar 74 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 LANGLADA, F. G. e BELLUOMINI, H. E. — Contribuição a técnica operatória de serpentes I — hemipenicectomia bilateral em serpentes. Mem, Inst. Butantan, 36 : 73-78, 1972. o animal em jejum 10 dias antes c 10 dias após a intervenção, permitindo ape¬ nas a ingestão de água. Realizamos esta técnica em dez machos de “Crotcilns” que foram obser¬ vados durante um ano. RESULTADOS E DISCUSSÃO No pós operatório imediato não há alteração nenhuma na conduta habi¬ tual. Locomovem-se bem. Alimentam-se após os dias de jejum. Não houve dificuldade de evacuação em nenhum caso. Não tivemos hemorragia, deis¬ cência de sutura ou infecções. A revisão cirúrgica efetuada após 30 dias em três dos machos operados mostrou cicatrização perfeita do coto da inserção muscular e dos diferentes planos de sutura, sem obliteração da luz dos canais receptores dos hemipenis e sem a presença de hematomas. Após seis meses de cirurgia cada macho foi colocado em compartimento onde havia seis fêmeas. No momento oportuno acusaram a presença de fêmeas aptas a serem fecundadas provando assim que a hemipenicectomia não inibe a libido. SUMMARY •— In order to determino in female rattlesnakos the exact period of sexual receptivity for artificial inse- mination, the authors removed surgi- cally both hemipenes of males of the same species, so that copulation but not fertilization coul bc effectuated. The authors have chosen surgical rcmoval of both hemipenes instead of castration because it does not cause any inhibition of the sexual impulse, is easier to perform, and is less risky to the animal. Ten males treated this way werc observed for a period of onc year. Both objectives were achievcd: the technical aspect was successful, and the male’s transformation proved to be adequate to indicate female oestrus. UNITERMS — Bilateral hemipenicec- tomy in serpents. Recebido para publicação: 30/6/72 Aceito para publicação: 15/9/72 75 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 LANGLADA, F. G. e BEL.LUOMINI, H. E. — Contribuição a técnica operatória de serpentes I — hemipenicectomia bilateral em serpentes. Mem. Inst. Butantan, 36: 73-78, 19 72. Figura n.° 1 Figura n.° 2 Nomenclatura comum às figuras números 1 e 2 : 1 — Sulco ou canaleta espermática. 2 — Corpo cios hemipenis. 3 — Ramos dos hemipenis. 4 — Músculo retrator individual de cada ramo do hemipenis. 5 — Músculo retrator maior dos hemipenis. G — Inserção caudal do mesmo músculo. 7 — Feixe vascular anterior no hemipenis. 8 — Feixe vascular posterior do hemipenis. 9 — Músculo subcutâneo do hemipenis. 10 — Pele do hemipenis. 11 — Antro da cloaca exposto por pinçamento e afastamento da escama cloacal. 12 — Vértebras do segmento caudal. 13 — Feixe vasculo-nervoso da cauda. A — Pinçamento dos ramos do hemipenis para tração. B — Incisão circular da raiz do hemipenis. C — Sutura após a ablação do hemipenis. FIGURA N.° 1 : Esquema da anatomia dos hemipenis e porção caudal da serpente Crotalus mostrando o hemipenis direito em sua posição normal ou de repouso e o esquerdo desinvaginado ou em posição ativa. FIGURA N.° 2 : Síntese da técnica da hemipenicectomia. A — Pinçamento dos extremos craniais dos dois segmentos do hemipenis. B — Seção circular de pele e camada muscular do subcutâneo, com feixes vasculares expostos. C — Sutura final após a retirada do hemipenis. J, l SciELO 76 LiANGLADA, F. G. o BELLUOMINI, H. E. — Contribuição a tócnica operatória cie serpentes I — hemipenicectomia bilateral em serpentes. Mem. Inst. Butantan, 30: 73-78, 1972. HEMIPENICECTOMIA BILATERAL EM SERPENTES DO GítNERO CROTALUS i ;ym> Fig. 3: Fotografia do hemipenis direito desinvaginado, vendo-se: 1. Ramos do hemipenis; A. Base do hemipenis. uaJÉ M ■■ "is. 1: Fotografia mostrando: l — Ramos do hemipenis direito; 2 — Ramos do mil seu lo retrator do hemipenis; 3 — Mós cu lo retrator do hemipenis; A — Base do hemipenis; B — Porçá-o da base do hemipenis — secção da pele. 77 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 LANGBADA, F. G. e BERLUOMINI, lí. K. — Contribuição a técnica operatória Ho serpentes I — hemipenieectomia bilateral em serpentes. Mem. Inst. Butantan , 36: 73-78. 1072. Fig. 5: Fotografia mostrando a tração do músculo retrator do hemipenis. 1 —• Ramos do hemipenis; 2 — Ramos do músculo retrator do hemipenis; 2 — Músculo retrator do hemipenis; A — Base do hemipenis; B — Pelo seccionada. Fotografia «pie moslra o aspecto necroscópico das cavidades dos her ós 30 dias, mostrando a inexistência de aderências ou hematomas. após SciELO cm Mem. Inst. Butantan 36: 79-88, 1972. contribuição a técnica operatória de serpentes ii 0 DERIVAÇÃO INTESTINAL, COLOSTOMIA E CLOACORRAFIA (PARA OBTENÇÃO DE URINA SEM CONTAMINAÇÃO FECAL EM CLOACA DE SERPENTES). \ FRANCISCO GARCIA DE LANGLADA* ** NAOMI SHINOIYA*** Seção de Anatomia Patológica Instituto Butantan RESUMO —• Para obtenção de urina de serpentes sem contaminação fecal destinada a dosagens hormonais da mesma idealizaram os autores técnica própria para estes animais, com a qual transformam a cloaca em depósito de urina após desviar o intestino para o exterior por meio de uma derivação ci¬ rúrgica. Analisam a técnica apresentando obtenção de urina. Estes estudos foram realizados em 12 serpentes do gênero Crotalus e em 12 do gênero Bothrops. Os resultados foram considerados satisfatórios tanto no que diz respeito à técnica cirúrgica preconi¬ zada quanto ao material obtido. UNITERMOS - — Derivação intestinal, colostomia e cloacorrafia em serpentes. INTRODUÇÃO No andamento dos nossos trabalhos sobre reprodução de serpentes em ca¬ tiveiro tivemos necessidades de estudar o seu ciclo hormonal. Para isso tinha- mos duas possibilidades. Uma através pesquisa e dosagens dos hormônios dire¬ tamente do soro sanguíneo, trabalho que estamos realizando em colaboração com o Professor Ladowsky, de Curitiba, e que implica no sacrifício do animal para a obtenção de volume suficiente de sôro. Outra possibilidade seria a de realizar dosagens hormoniais na urina. Isto nos permitiria estudar um mesmo animal durante muito mais tempo já que não implica em seu sacrifício. Em serpentes, a obtenção de urina isolada, sem contaminação de outros elementos, oferece dificuldade técnica pois o cateterismo dos ureteres é im¬ praticável devido à luz reduzida dos mesmos. A fim de resolver essa dificuldade e não tendo achado na literatura so¬ lução adequada, idealizamos a seguinte técnica operatória baseada em adap¬ tações e modificações de técnicas humanas já existentes. * Trabalho realizado com auxilio do F.E.D.I.B. ** Assistente da Seção de Anatomia Patológica do Inst. Butantan. *** Estagiária voluntária do Laboratório de Fisiopatologia do Inst. Butantan. Endereço para correspondência: C.P. 65, São Paulo, Brasil. 79 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 LANGLADA, F. G. e SHINOIYA, N. — Contribuição a técnica operatória de serpentes TT. Mem. Inst. Butantan, 36: 79-88, 1972. MATERIAL E MÉTODO Estudamos doze serpentes do gênero Crotálus e doze do gênero Bothrops , acompanhando a evolução cirúrgica durante 20 dias, já que nos pareceu, pas¬ sando este prazo, fora de cogitação cirúrgica qualquer problema que por ven¬ tura aparecesse. Escolhemos sempre serpentes adultas, com mais de 500 grs. para maior facilidade de manipulação. Trabalhamos com material cirúrgico esteril, e usamos suturas de “categute” cromado números 000 e 0000 com agulha atraumâtica e fio de algodão, médio, para a pele. Assepsia circular de todo o terço inferior da serpente com Mertiolate. Fizemos as colheitas de urina após a cirurgia por cateterismo da cloaca através do esfinter anal, com tubo de polietileno P-90, previamente esteril. TÉCNICA Por incisão mediana que abrange da 140 a 160 escamas ventrais aborda¬ mos a cavidade ventral. Encontramos o mesentério que afastamos para o lado esquerdo, indo cair, desta forma sobre a prega peritoneal que envolve o intes¬ tino ao nível da sua junção com a cloaca. Fizemos sobre a prega, incisão lon¬ gitudinal para abordar melhor a rede vascular do meso, dividindo-a em duas a fim de poder localizar o nível da seção do intestino de tal modo que não venham a ficar sem irrigação, tanto o intestino, como a cloaca. Procura¬ mos ao máximo não diminuir esta irrigação que anatomicamente já é precᬠria na serpente. Pinçamos o intestino, cerca de 2 cms. acima da sua união com a cloaca, conforme permita sua irrigação sanguínea usando duas pinças de Kelly retas e curtas. Praticamos a seção do intestino entre as pinças, com bisturi previa¬ mente molhado em tintura de iodo. Assim isolado o intestino da cloaca, procedemos inicialmente ao fecha¬ mento da cloaca pela mesma técnica de ligadura e sutura circular com sepulta- mento utilizadas no coto das apendicectomias humanas. Depois de fechado o coto, para evitar tanto o prolapso como o colapso, fixamos este com um ponto de “categute” à face interna da parede ventral, previamente avivada por fric¬ ção com gaze montada em clampe. A seguir, praticamos incisão da parede ventral no lado direito entre duas costelas, mais ou menos a três centímetros acima do vértice cranial da incisão mediana, com abertura suficiente, para caber a porção intestinal que havíamos separado da cloaca. Por ela transpassamos o intestino com a ajuda de pinça. Fixamos a borda cruenta do intestino à parede costal com pontos separados de “categute” unindo a muscular do intestino ao músculo intercostal seccionado e a pele. Evitamos assim tanto a penetração de elementos estranhos como a reintrodução espontânea do coto na cavidade ventral. 80 1, | SciELO IjANGLADA, F. G. e SHINOIVA, N. Mem. Xnst, Butantan , 86: 71)-88, 11)72. — Contribuição a técnica operatória de serpentes H. Suturamos a ferida ventral com poutos separados, utilizando fio de algo¬ dão n.° 24. Após nova assepsia das bordas da fistula, e suas proximidades com Merticlate, praticamos curativo-receptáculo das fezes. Este curativo é reali¬ zado da seguinte maneira: recobrimos a fístula com gaze esteril, sobre a qual colocamos chumaço de algodão hidrófilo, (também esteril). Para fixar o conjunto introduzimos a serpente com o curativo através do tubo de um dreno de Penrose, do qual previamente retiramos a gaze: o dreno de Penrose deverá ter um diâmetro igual ou pouco menor que o diâmetro da serpente, na área a ser enfaixada. Uma vez instalado o curativo fizemos a lavagem interna, da cloaca, via anal, com solução fisiológica, usando seringa e tubo de polietileno de di⬠metro adequado. A finalidade desta lavagem é eliminar todos os resíduos fecais da cloaca já que, a partir deste momento, ela passará a receber apenas urina pura certamente sem contaminação fecal, pois a evacuação ficou derivada para o exterior através da fístula, intestinal, implantada na parede costal. Como a cirurgia intestinal provoca desidratação grave nas serpentes é aconselhável que se introduza no estômago da serpente, por via oral, com auxílio de seringa e sonda, logo a seguir do ato cirúrgico, 25 ml de água, repetindo-se esta operação seis horas após. Além da hidratação nos permitirá tal manobra retirar por cateterismo da cloaca, agora bexiga urinária artificial, a urina que aparece anós 24 horas. RESULTADOS Pelo método anteriormente descrito, após 24 horas da cirurgia, nos per¬ mitiu retirar por cateterismo da bexiga artificial, quantidades de urina sem contaminação fecal que oscilava entre 4 ml e 10 ml para o gênero Crotahis e entre 1 ml e 3 ml para o gênero Bothrops. Nos cateterismos posteriormente realizados com intervalos de 5 dias obti¬ vemos as quantidades de urina não contaminada com fezes que estão descritos nas tabelas 1 para o gênero Crotahis e II para o gênero Bothrops. A sobrevida cirúrgica, é em média de 40 dias para ambos os gêneros. SUMMARY — The authors developed a technique, specific for snakes, in order to obtain urine for hormonal analy- sis without fecal contamination. This technique involves transformation of lhe cloaca into a depository for urine aíter turning the intestine to the exte¬ rior by means of a surgical colostomy. Technique and results are analysed. These studies were accomplished using 12 snakes of the genus Crotalus and 12 of the genus Bothrops. The results were considercd satisfactory from the point of view of surgical technique as wcll as material collected. UNITERMS — Intestinal derivation, colostomy and cloacorraphy in serpents Recebido para publicação: 30/6/72 Aceito para publicação: 15/9/72 81 SciELO 10 11 12 13 14 15 16 cm L ANGLADA, F. G. e SHINOIYA, N. — Contribuição a técnica operatória de serpentes II. Mem. Inst Butantnn, 36: 79-88, 1972. DERIVAÇÃO INTESTINAL, COLOSTOMIA E CLOACORRAFIA (PARA OBTENÇÃO DE URINA SEM CONTAMINAÇÃO FECAL EM CLOACA DE SERPENTES). ESQUEMA DE NOSSA TÉCNICA. / \ i Figura n.° 1 : Anatomia normal. Figura n.° 2 : Mutação anatômica após a execução cie nossa técnica. A. Intestino grosso; B. Ponto de fixação do intestino grosso a pele (Colostomia) ; C. Cloaca normal; Cl. Cloaca convertida em bexiga urinária; D. Rim esquerdo ; E. Rim direito; F. Pele; G. Ureter esquerdo; H. Ureter direito; K. Esfinter anal. 84 SciELO 10 11 12 13 14 15 16 cm I-iANGLADA, F. G. e SHINOIYA, N. — Contribuição a técnica operatória de serpentes IX. Mcrn. Insf Butantan, 36: 70-88, 1972. DERIVAÇÃO INTESTINAL — COLOSTOMIA E CLOACORRAFIA PARA OBTENÇÃO DE URINA SEM CONTAMINAÇÃO FECAL EM SERPENTES. Fig. 1: Fotografia mostrando a incisão da parede ventral, adiposidade (1) e vasos mesentéricos (2). Fig. 2: Fotografia mostrando a abertura do mesentério (fí) e pinçaniento do intestino grosso (4A) para sua separação, por corte da cloaca (4). 7 - memórias cm 2 3 4 5 6 SCÍELO 10 2.1 12 13 14 15 16 LANCjLADÀ, F. <1. e SI 11X01 VA, X Mein. Imt. liutantan, 36: 7D-S8, 11)72. Fis Fotografia mostrando a ligadura err» massa do côto da cloaca (1), ;á separado do intestino grosso (4A). mm Fig. I : Fotografia mostrando a invaginaçao com auxílio de pinça, do coto da cloaca (I) e sutura ern forni.:i de ‘•iJolsa de tabaco”, para sepultamento do mesmo. 2 3 4 5 6 SCÍELO 10 13 _ 12 i3 14 15 16 cm la.-VNGIjAl>A. F. G. o SHINOIVA, X. Gontrllmlgfto a tOenlea operatória de serpente» IT Mcm. hiffi. liutantan. Ui: 7!»-X8, 1!>72. Fotografia mostrando a fixação com pontos, do coto da cloaca (4) ã musculatura da parede costal (7). 6: Fotografia mostrando a exteriorização, com. auxílio de pinça do intestino grosso ( 1 A;, através da parede costal (9). do coto Fie, SciELO cm LANGLADA, F. G. e SHINOIYA, N. — Contribuição a técnica operatória de serpentes II. Mem. Inst. Butantan, 36: 79-88, 1972. Fig. Fotografia mostrando musculatura da parede a colostomia, depois de fixada, por sutura, costal (9). (Clichê fotográfico retocado). 88 í, | SciELO Meni. I7ist. Butantan 36: 89-100, 1972. CONTRIBUIÇÃO A TÉCNICA OPERATÓRIA DE SERPENTES III 0 ABLAÇÃO DE GLÂNDULAS DE VENENO EM SERPENTES DO GÊNERO CROTALUS FRANCISCO GARCIA DE LANGLADA** HÉLIO E. BELLUOMINI*** Seção de Anatomia Patológica e Seção de Venenos. Instituto Butantan RESUMO — Os autores descrevem uma técnica operatória cuja finalidade é a retirada cirúrgica das glândulas principais veneníferas das serpentes. Esta técnica é realizada em serpentes do gênero Crotalus destinadas a repro¬ dução e estudos de patologia e que por¬ tanto devem ser manuseadas freqüente- temente eliminando-se todo e qualquer risco de acidentes. Os animais após a retirada da glân¬ dula fdram observados pelo espaço do seis meses, mostrando durante todo o tempo comportamento normal. UNITERMOS — Ablação cirúrgica de glândulas principais de veneno em ser¬ pentes do gênero Crotalus. INTRODUÇÃO No decorrer dos estudos que se realizam em nosso laboratório sobre a reprodução de serpentes por inseminação artificial, nos pareceu conveniente procurar métodos para evitar a possibilidade de acidente com os manipula¬ dores de animais. Para tanto pensamos na ablação das glândulas de veneno das serpentes. Encontramos na literatura: o trabalho de Jarros, 1940 (1) que tenta ex¬ tirpar as glândulas veneníferas por coagulação. Phisalix e Bertrand, 1894 (3) realizando estudos hematológicos diferenciais “extraem” glândulas de serpente. Kelawai C. H., 1938 (2) em estudos de toxicidade do plasma refere que “extirpa” glândulas de veneno em Tiger Snake (Notechis sculatus) e Tai J. 1938 (4) refere trabalho que retira a glândula de veneno através da “bochecha” da serpente. Notamos nesses trabalhos a falta de dados técnicos elucidativos dos métodos de retirada das glândulas, bem como casuística e conseqüência das ablações além de serem realizadas em outros gêneros de serpentes. Isto nos levou realizar a presente técnica operatória que estuda e compara duas * Com auxílio do F.E.D.I.B. * * Assistente da Seção de Anatomia Patológica do Inst. Butantan. *** Chefe do Serviço de Animais Peçonhentos do Inst. Butantan. Endereço para correspondência: C.P. G5, São Paulo, Brasil. 89 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 LA NG LA DA, F. G. o BKLLLOMINT, Si. K. — Contribuição serpentes III. Mem. Inst. Butantan, 36: 89-100, 1972. a. técnica operatória do vias de acesso para extração de glândulas de veneno de serpentes. Acompa¬ nhamos os animais operados durante tempo superior ao do pós-operatório, para demonstrar a tolerância à técnica. Realizamos a técnica em 25 exemplares do gênero Crotalus “cascavéis” adultos, machos e fêmeas que foram capturados e operados em diferentes esta¬ ções do ano, entre 1.966 e 1.969. Cada animal foi alojado em caixa individual, nas condições usuais de labo¬ ratório. Diariamente oferecia-se em cada caixa um camundongo para controle de alimentação. Para observar o estado de saúde no pós-operatório baseamo-nos nos se¬ guintes itens: agressividade, movimentação, alimentação, evacuação, alteração do peso corporal, mudas de pele e controle da ferida cirúrgica. TÉCNICA CIRÚRGICA 1) Fixação da serpente: É feita manualmente por um auxiliar que fixa a cabeça pela porção cer¬ vical entre o polegar e o indicador, e com a outra mão sustenta o corpo do animal sobre a mesa. 2) Assepsia: Usa-se água com sabão neutro e a seguir um antisséptico do tipo Mer- tiolate ou Espadol que se passa por toda a cabeça tendo o devido cuidado para não penetrar nas fossetas íoreais, narinas e boca. 3) Vias de acesso: Ensaiamos duas vias de acesso, uma externa cuja incisão é feita entre a primeira e segunda fileira de escamas paralela ao lábio e vai desde a altura da fosseta loreal até o nível da comissura labial; outra, interna, feita exatamente sobre a linha de transição entre a mucosa da boca e as escamas supralabiais com início imediatamente atrás do feixe vascular visível, (pie corre transversal¬ mente e logo posteriormente à presa terminando junto à comissura labial. Afastando as bordas da fenda cirúrgica tanto por uma como por outra via, cairemos diretamente sobre a glândula de veneno (fig. 1) mostrando em sua porção dorsal, um forte músculo “compressor glandulae” que a cavalga, uma faixa nítida, na borda ventral da glândula, um dueto epie se dirige para a presa, e em sua porção distai um ligamento de tecido conjuntivo. Dissecamos a seguir cuidadosamente com tesoura, em movimento de di- vulsão, o músculo “compressor glandulae” exatamente na sua inserção sobre a glândula (fig. 2). Não é comum ocorrer hemorragia, pois a irrigação desse músculo é feita pela outra borda de inserção. A ressecção do “compressor glandulae” deve ser iniciada pela face externa da glândula e depois seguindo pela borda dorsal da mesma, ressecar a inserção 90 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 BANGLADA, R G. o BBL.LUOMINI, 11. K. — Contribuição a técnica operatória üe serpentes lli. .l/em • Inat. Butantan, .Ui: 8Ü-100, 19 72. interna. Não é aconselhável a ressecção por via inferior e posterior em relação a glândula pois corre-se o risco de lesar os ramos do trigêmeo e os grandes vasos da região que correm em contacto direto com a face interna desse múscu¬ lo e a glândula. Caso, ocorra, é suficiente um pinçamento temporário com uma pinça de Kelly para obter uma hemostasia eficiente. Livre a glândula de seu músculo, seccionamos o canal entre duas pinças, e ligamos o coto com categute cromado 0000. Rebatemos a glândula para trás e para cima e então seccionamos com tesoura a ligamento de sua extremidade caudal (fig. 3). Retirada a glândula, fixamos com pontos de categute cromado OGOO mon¬ tado em agulha atraumática, o músculo “compressor glandulae” aos músculos do assoalho palatino, para assim evitar a depressão de pele causada pela retração da musculatura e ausência da glândula (fig. 4). Suturamos a incisão quer da pele (via externa) quer da mucosa (via interna) com pontos separados de categute 0000 cromado, montado em agu¬ lha atraumática. A seguir a sutura e adjacências são desinfectados com um antisséptico. Ambas as incisões não mostram diferenças técnicas ou vantagens clínicas. A externa é de execução mais simples e se pode trabalhar com a boca do animal fechada, mas pode dar alterações no desenho da pele, se a sutura não for minuciosamente feita e a cicatriz não se der por primeira intenção. A interna requer mais habilidade mas parece mais aconselhável do ponto de vista estético, mesmo que ocorram complicações no pós-operatório (hema¬ tomas, micro-infecções da ferida, etc) PÓS-OPERATÓRIO Nos primeiros dois ou tres dias há discreta diminuição da agressividade em alguns exemplares (armam apenas o bote). A seguir a agressividade se nor¬ maliza, passando a terem a conduta normal das serpentes em cativeiro. Ali¬ mentam-se, bebem água e não apresentam problemas mecânicos na movimenta¬ ção das presas. Quando agridem o camundongo, o fazem normalmente. Para se alimentarem agridem como de hábito, os camundongos que lhes foram oferecidos. Todas elas após a mordida, mantém o animal preso com a boca até que este morra. Alguns camundongos que foram mortos por estas serpentes e não inge¬ ridos mostraram à necropsia, hemorragias viscerais graves provocadas por agen¬ tes perfurantcs, nestes casos as presas. As mudas de pele ocorreram normalmente e não houve variação do peso corporal durante o período de observação que na maioria dos casos foi superior a 6 meses. A cicatrização se fez em 15 dias em média. Em nenhum caso houve deiscência de sutura. 'Não foi necessário a retirada dos pontos, dei¬ xamos a ferida cirúrgica exposta ao ambiente sem outros cuidados. 91 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 LANGL/ADA, F. G. e BELLUOMINI, II. E. — Contribuição a técnica operatória de serpentes III. Mevn. Inat. Butantan, 3G: 89-100, 1972. Após o 2.° mês, a cicatriz é uma linha apenas perceptível (na técnica por via interna) e imperceptível quando feita pela técnica de via externa. Acreditamos ter demonstrado a inocuidade da técnica descrita, pois salvo um discreto hematoma unilateral em um dos exemplares operados não tivemos nenhuma outra complicação. SVMMARY — The authors describc a technique for the surgical removal of the principal venom glands of snakes. This technique is used in studies on re- production and pathology, thereby eli- minating any risk when frequently handled. After removal of the glands, the snakes were observed for a period of six months, during which time they all exhibited normal behavior. UNITERMS — Surgical removal of the venom glands in snakes of the genus Crotalus. 92 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 IjAXGIjADA, F. G. e BEL.L.UOMINI, H. E. — Contribuição a técnica operatória de serpentes III. Mem. Inst. Butantan, 36: 89-100, 1972. , 2 11 71 » 8 12 Fig. 1 : Desenho esquemático que mostra a incisão da pele e afastamento das bordas da mesma, mostrando a glândula de veneno, dueto venenífero e a glândula acessória. 93 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 IiANGi/ADA, F. G. e BELLUOMINI, II. E. — Contribuição íi técnica operatória de serpentes III. -liem. h\st. Butantan, 36: 89-100, 1972. das bordas das duas porções do músculo compressor da glândula de veneno, íi face interna da camada muscular profunda do palato, fixando-o dessa maneira. 94 cm 2 3 SciELO 10 11 12 13 14 15 16 Contribuição a técnica operatória de LANGLADA, F. G. e BELLUOMINI, H. E. - serpentes III. Mem. Inat. Butautan, 36: 89-100, 1972. NOMENCLATURA COMUM AS FIGS. N°S. 1, 2, 3 e 4 1. Pele 2. Celular subcutâneo 3. Músculo compressor da glândula de veneno, porção externa 4. Músculo compressor da glândula de veneno, porção interna 5 Glândula de veneno G. Faseia brilhante da borda inferior da glândula 7. Dueto venenífero 7a. Ponto de secção do dueto venenífero 8. Glândula acessória 9. Ligamento posterior da glândula de veneno 9a. Ponto de seção do ligamento posterior da glândula de veneno 9b. Coto do ligamento da glândula de veneno 10. Fecho vasculo-nervoso das estruturas moles da região palatina 11. Fecho vasculo-nervoso ramos faciais que correm posteriores ao músculo compressor da glândula e a face interna da mesma 12. Parede muscular do palato face interna 13. Face interna das estruturas musculares do palato 14 . Plano muscular profundo 15. Borda do músculo compressor da glândula ], | SciELO 95 LANGL/ADA, P. G. e BELLUOMINI, H. E. — Contribuirão a tCcniea operatória de serpentes JII. 31 cm. Inst. Bulantan, -Ui: 83-100, 1372. Fig. 5 : Fotografia mostrando a incisão, via interna. Fig. C: Fotografia mostrando a incisão, via externa. 2 3 4 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 BANO BA PA, F G. c BEBT/UOMINI, H. E. — Contribuição a técnica operatória : 89-100, 1972, Fig. 9: Fotografia mostrando: Ligadura do coto cranial do dueto primário (5): 2. Ramo anterior do músculo "compressor glandulae”. 2*. Ramo posterior do músculo “compressor glandulae”. 3. Glândula principal de veneno; 4. Coto distai do dueto primário. Fig. 10: Fotografia mostrando a fixação das bordas de an:.bas as lâminas muscu¬ lares do “compressor glandulae”, na face interna do palato (0). Ramo anterior do músculo “compressor glandulae” (2). cm SciELO IjANGLADA, F. G. o BELT/UOMIXT, H. E. — Contribuirão a técnica operatória do serpentes III. Mcm. Inst. Dutantan, 30: 89-100, 1972. Fig. 11 : Fotografia do palato mostrando o aspecto da sutura contínua da incisão pela via interna (A). 1' ig sutura da incisão pela via externa (B) A^pect( da SciELO cm 10 11 12 13 14 15 LANGLADA, F. G. e BELLUOMINI, H. K. — Contribuição a técnica operatória de serpentes III. Mcni. Inst. Butantan, 3G : 89-100, 1972. BIBLIOGRAFIA 1. JAROS, D. B.: Coelusion of the venom duct of Crotalülae by electrocoagulation: An Innovation in Operative Tcehnique. Zoologia XXV: 49-51, 1940. 2. KELLAWAY, C. H.: The results of the excision of the venom glands of the Australian Tiger Snake ( Notechis scutatus). Australian Jour. Exper. Biol. Med. 15-16: 121-130, 1937-1938. 3. PHISALIX, C. et BERTRAND, G.: Compt. Rend. Acad. Sei.: 119:919. 1894 4. TAIT, J.: Surgical removal of the poison glands of rattlesnakes. Copeia 10-13, 1938. Recebido para duplicação: 30/6/72 Aceito para publicação: 11/9/72 100 cm 2 3 Z 5 6 11 12 13 14 15 Mem. Inst. Butantan J6: 101-108, 1972. “CONSEQÜÊNCIAS DA ABLAÇÃO CIRÚRGICA DA GLÂNDULA PRINCIPAL DE VENENO EM CROTALUS: COMPORTAMENTO DO ANIMAL E ESTUDO HISTOPATOLÓGICO DA GLÂNDULA ACESSÓRIA”: FRANCISCO G. DE LANGLADA* HÉLIO BELLU OMINI* * JESUS CARLOS MACHADO*** Laboratórios cie Anatomia Patológica e Serviço de Animais Peçonhentos do Instituto Butantan. RESUMO —- Referem os autores o com¬ portamento, durante 14 meses, de 25 serpentes do gênero Crrotalus submeti¬ das a ablação bilateral da glândula prin¬ cipal de veneno, por técnica própria já descrita por dois dos autores (S.B.P.C. XXII Reunião anual 1.969). Assinalam que durante esse tempo o comporta¬ mento das mesmas não foi alterado (agressividade, repouso, alimentação, evacuações, mudança de pele, peso cor¬ poral e prenhez). Estudaram também histologicamente a glândula acessória e o dueto secundário em 6 destes casos. Verificaram que a alteração mais fre¬ quente é a dilatação dos túbulos glandu¬ lares ao lado de moderada hiperplasia. Atribuem a dilatação à impossibilidade da saida do produto elaborado por defi¬ ciências anatômicas decorrentes da ablação. A hiperplasia, acreditam seria de tipo compensadora motivada pela exerese da glândula principal. UNITERMOS — Comportamento de serpentes. Histopatologia das glândulas acessórias de veneno. INTRODUÇÃO Em estudo anterior (3), dois dos autores do presente trabalho, preco¬ nizaram a ablação cirúrgica das glândulas veneníferas principais, em serpentes mantidas em cativeiro, para finalidades de estudo, a fim de evitar-se acidentes no seu manuseio. Em decorrência dessa ablação, surgiram duas questões que mereceram de imediato a atenção. Primeiro, qual seria o comportamento das serpentes assim mutiladas e em segundo lugar quais seriam as alterações pro¬ cessadas nas glândulas acessórias. Estas, por questões anatômicas de pro¬ ximidade (desenho 1), não podem ser retiradas sem graves riscos para as presas do animal. A perda dessas, para as serpentes, seria indesejável, seja * Seção de Anatomia Patológica do Instituto Butantan. Diretor do Serviço de Animais Peçonhentos do Inst. Butantan. *** Diretor da Divisão de Patologia do Instituto Butantan. Com auxílio do F.E.D.I.B. Endereço para correspondência: C.P. 65, São Paulo, Brasil 101 8 — MEMÓRIAS cm 2 3 Z. 5 6 10 11 12 13 14 15 LANOL/ADA, F. G., BEDDUOMINT, IT. e MACHADO, .7. C. — Consequências da ablação cirúrgica da glândula principal do veneno em Crotalus : comportamento do animal e estudo histopatológico da glândula acessória. Man. InH. Butantan. .16: 101-108, 1972. pela dificuldade que teriam em se alimentar, seja pela perda anatômica de peça tão significativa. Desta forma decidimos pesquisar esses aspectos em serpentes submetidas à ablação das glândulas veneníferas principais. MATERIAL E MÉTODO Vinte e cinco serpentes foram previamente submetidas a retirada cirúrgica das glândulas principais de veneno pela técnica de Langlada-Belluomini. Foram observadas em seu “habitat” no laboratório durante um ano, com pesagens mensais para acompanhar seu desenvolvimento, ao lado de controle alimentar por oferecimento de número conhecido de camundongos ingeridos. O aspecto das evacuações, agressividade e mudanças de pele também foram anotados. Após 14 meses foram sacrificados 6 exemplares para se fazer estudo histo- patológico da glândula acessória. RESULTADOS E DISCUSSÃO O estudo do comportamento dos animais comparando-se o grupo ade- nectomizado e outro normal, não mostrou variações significativas. Apesar da ausência do veneno, a alimentação dos animais adenectomizados, não foi pre¬ judicada. As mudanças de pele e mesmo a existência de prenhezes em alguns exemplares (tabela 1) mostraram a perfeita adaptação das serpentes à ci¬ rurgia efetuada. As glândulas acessórias segundo E. Kochva e C. Gans (2) são estrutu¬ ras ovalares cobertas, com pobre tecido conjuntivo e uma fina mas compacta, cápsula de tecido denso, com algumas fibras elásticas detectáveis. São cons¬ tituídas basicamente de duas porções, uma anterior e outra posterior, com diferenças histológicas e histoquímicas nítidas. Os túbulos da parte anterior são rodeados por numerosas células mioepiteliais. Os túbulos possuem um epitélio misto. Centralmente na glândula notamos o dueto primário que se conecta perifericamente com dutos secundários que se encaminham para as presas. Segundo C. Gans e E. Kochva (1), as glândulas acessórias tem sido consideradas ora como um reservatório de veneno, ora como um esfíncter ou válvula para controlar a saída do veneno; ou como fonte de princípios ativos ou como produtor de diluentes para facilitar a saída do veneno da glândula principal pelas presas. Observações de que a glândula acessória é complexa e elabora diferentes tipos de mucopolissaearídeos nas suas várias regiões, que o padrão eletroforético do veneno obtido da glândula principal difere do veneno completo, que há diferenças na digestão pética entre o veneno obtido da glândula principal e daquele obtido no dueto principal da glândula aces¬ sória, e ainda mais que homogenatos de glândula acessória aumentam a to¬ xicidade do homogenato de glândulas principais, sugerem segundo C. Gans e 102 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 LANGLADA, F. G., BELLUOMINI, H. e MACHADO, J. C. — Consecitiências cia ablação cirúrgica da glândula principal do veneno em Crotalus : comportamento do animal e estudo bi.stopatológico da glândula acessória. Mem. Inst. Butantan, 36: 101-108, 1972. E. Kochva (1) que as funções da glândula acessória devam ser estudadas em outras direções. Essas observações de C. Gans e E. Kochva sugerem, senão uma ação in¬ dependente secretora, pelo menos uma produção secretora coadjuvante com¬ plementar da glândula acessória junto a glândula principal. Se há essa cor¬ relação de interdependência poderíamos supor que à retirada da glândula principal sobreviriam fenômenos adaptativos na acessória. A análise histológica de glândulas acessórias em 6 casos de Crotalus onde foram efetuadas abla¬ ções da glândula principal de veneno, nos mostraram inicialmente uma cons¬ tante dilatação tubular de graus variáveis em 5 dos 6 casos conforme po¬ demos verificar pela tabela 2. Por outro lado sinais de hiperplasia do epitélio glandular tubular foram verificados em 3 dos 6 casos. Esta hiperplasia (micro- fotos 1 e 2) verificou-se ser mais acentuada na parte anterior da glândula acessória e menos na posterior. A dilatação tubular pode ser decorrência, a nosso ver, das dificuldades determinantes da cirurgia efetuada, principalmente no que diz respeito a questões ligadas ao mecanismo muscular regional de esvaziamento da glândula. A hiperplasia observada seria indício de possi¬ bilidade compensadora da exerese da glândula principal de veneno. SUMMARY — The authors studied, ration was found to be a dilation of during 14 months, the behavior of 25 snakes of the genus Crotalus submitted to bilateral ablation of the main venom grland by a technique already related by two of the authors (SBPC, XXII Annual Meeting, 1969). It has been noted, that during this time the beha¬ vior (aggressiveness, rest, alimentation. evacuation, shedding, body weight and gestation) was not altered. Histológica! studies on the accessory giand and se- condary duct were also done in six of these cases. The most frequent alte- the giands tubules besides moderate hyperplasia. They attribute this dila¬ tion to the blocking of the duct, hinde- ring the outflow of its product, due to anatomical defficiency induced by the ablation. They belicve the hyperplasia to be of the compensatory type also caused by excision of the main venom gland. VNITERMS : — Behavior of serpents. Histopathology of acessory venoums giands. BIBLIOGRAFIA 1. GANS, C. and E. KOCHVA: The acessory çland in the Venom Apparatus of Viperid Snakes. Toxicon, 3. 61/63, 1965. 2. KOCHVA, E. and C. GANS: Histology and histochemistry of Venoms Giands of some Crotaline Snakes. Copeia. 3, 506/515, 1966. "■ LANGLADA, F. G. e BELLUOMINI, H.: Contribuição a técnica operatória de serpentes. Ablação de glândulas principais de veneno em serpentes. No prelo (Memórias do I. Butantan). Recebido para publicação: 30/6/72 Aceito para publicação: 31/8/72 103 cm 2 3 z 5 6 10 11 12 13 14 15 LAN G LA D A, F. G., BEDLUOMINI, H. e MACHADO, J. C. — Conseqüências da ablação cirúrgica da glândula principal de veneno em Crotalus : comportamento do animal e estudo histopatológico da glândula acessória. Mem. Inst. Butantan, -Ui: 101-108, 1972. Micro fotografia 1. Coloração H.E. 10 X. Glândula acessória de veneno notando-se em 1 a parte anterior, em 2 a posterior e em 2 o duto principal. Os túbulos glandulares mais próximos ao principal mostram, indícios de dila¬ tação e os mais superiores da parte anterior sinais de hiperplasia. Microfotor/rafio 2. Coloração H.E. 100 X. Glândula acessória de veneno mostrando túbulos com sinais de hiperplasia no epitólio cm SciELO Dados individuais da serpente SEGUIMENTO INDIVIDUAL APÔS CIRURGIA rt -v O 5) 3 ictí i- o* < cs 2 *3 -o 333 3 ■’ d ló S H cm Ó H t- CD 21 2 ^ CO ^ * CM sbjp ui a obôbiubuijib Bp CO O P* CO CO CO CO CM CO 00 p* setp uia •BiSjnjto Bp «D CM O rt _ sozaj S r r : . _ - "«0 C sbp opadsB o C £ o : : 5 * c opBj|ixnB I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 M 1 1 | | | | M oauBjuodsa CjOOeOOPOOQOO 1 S Cl f Cl rt CÍ M M 1 SS IS Igcsgsgg^s | opuiiíxne | 1 1 1 1 1 1 1 1 2 60 30 oauB^uodso OaJNMOOMMf ’ 1 Cm£Í 1 2 | ^l'N®pji í W oco S905B3lldlU0D BBjjno | 1 1 1 1 1 1 1 1 1 f | | | | | | | | | I | I I | | .c OB5aajuj | 1 1 1 1 1 1 1 1 1 i i í i i i M li i li i i BjSBjjomaq | 1 1 1 1 I 1 1 1 + 1 t 1 II M 1 1 1 1 M 1 1 Biuapa | 1 1 1 1 1 1 1 1 + 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I 1 BBip ura ob5bzij}boio o ® O M ® "í W c-l H Cl ri H H H 13 23 3 í22SS12í2í212í2l312í22i' 0 ' ,r CO o 2 Ç? ° o o o ,H O O Oi OO »-< rH oo c* co oo oo r- c- 059 096 880 0°0Q000000000OO w CN CO IO CO CM t —1 ÇD 00 t - rvj (—- {'1 no í7i C'a®Nt'C-aoot»®MiMroSS OBàBJadO tjp B}Bp bu sbiubjS ma osad ooi3anaio 0 SS 3 DB ap BtA jOOOOOQOOO ) 2 'i' ® ® H cn o ,10t-0010®100>i0» ggfgggSSgS jOOOQQOOOO jppOOCOCOrlgií .t-t— 00 ® ® ® o ® w )t-l— OOCOCOCOCRt-.C jo°oo»SSS ) I- ® (- to ® O) i- o SSo8ffio88So Sll§lc ss sssggg§ Na^fjt-i-oíooi-^^coioio® |Í|SgSSggggg°Q§ t-OiCOCMt-t— CTICOt— COlOCOCttlOlO OOOOOQOOOO o o o o o l'a®CSt-(Oc)cO[. tfllflt .ooÍ5iS mnn2S28229 00 °oo t-a^NSSmStlSSSooSio SIIIl s l”°s°ssgs IIIIgll gsg Sg§SS '■OOOSOCOt-CIJOlaOt— COCOC-OICOlO .5 .2 .5 .5 .5 .2 £ .5 .E .2 .2 £ •" si ü (1) Cl 41 •" 4) .H 5) )) W QJ 11 <Ú C • « s Q S saiu xSSSSSSSRS ”!P SSSgS”?5SSS N«M«igwNe«®«DW»e>«c ojaiunu Bpuauadxa 0M0»0 0*CHOí0 0*f0«0 00«0*o«oOOtCH*o*OíO»00*OOf HNcon-nwt.coao HNMvm®M»aoHN N -,ií 105 SciELO 14 LANGBADA, F. G., BELLUOMINI, H. e MACHADO, J. C. — Conseqüências da ablação cirúrgica da glândula principal de veneno em Crotalus : comportamento do animal e estudo histopatológico da glândula acessória. Mem. Inst. Butantan, 36 : 101-108, 1972. “ m K O H m D W O A c o tí bí) «J — 5 3 & vx b b Ei O a* o H Q o X w X p §lf W g ■» n ° W y § ^ j p Q <2 O : 109-208, 1972. menta-se cie roedores e aves. Os representantes cio gênero Epicrates são co¬ nhecidos como salamanta (às vezes, no Maranhão e Regiões Amazônicas, como surucucu-de-fogo). Parecem-se às jibóias, porém são mais escuras e tem ocelos ou círculos no dorso. Alimentam-se de roedores e excepcionalmente de pássaros. Existem no Brasil várias espécies do gênero Eunectes. A maior ( Eunectes murinus) é conhecida como sucuri ou sucuriju e atinge mais de 11 metros. Todas as espécies são semi-aquáticas e vivíparas. A sucuri come patos e outras aves aquáticas, roedores, veados, pacas e até pequenos jacarés. A sucuri enrola-se na presa para matá-la, levando-a rapidamente para baixo d’água. Há quatro espécies de Eunectes no Brasil: E. murinus encontrada em parte da Bacia do Paraná e na Bacia Amazônica; E. notaeus, a sucuri- amarela ou lampalágua, do Pantanal do Mato Grosso e Bacia do Paraná; E. dechauenseei e E. barhouri, da Ilha do Marajó. Corallus caninus, ou pe- riquitambóia é arborícola, de cabeça hem distinta do pescoço e pupila vertical; alimenta-se de roedores e pássaros. De cor verde com algumas manchas brancas; é temida nas regiões amazônicas, embora se trate de serpente abso¬ lutamente inofensiva, provavelmente por que sua cor e a cabeça tringular a confunde com uma serpente venenosa, que, embora rara, ocorre nas mesmas regiões, a Bothrops billineatus smaragdinus ou cobra-papagaio. Subfamília Twpidophinae Externamente próxima às fíoinae das quais se distingue por: rim liso, um só pulmão além do traqueal. Esta subfamília apresenta muitos caracteres cpie a aproxima dos Colu- brídeos. Os membros da subfamília dos tropidofíneos são serpentes de pequeno porte, muito raras, conhecidas no Brasil apenas por uma espécie, Tropidophis paucisquamis, da Serra do Mar. Subfamília Enjcinae Similar aos Boinaes: prefrontal confinado à parte lateral do crânio; pre- maxilar bem em frente dos maxilares ao> invés de situada entre os maxilares; vértebras caudais posteriores com epífises neurais divididas e processo acessó- rio lateral; pulmão traqueal ausente. Esta subfamília é representada por formas fossoriais ou habitantes de cupins. Na Ásia e Polinésia. Subfamília Bohjerinae Hipapófises posteriores presentes; maxilar dividido; sem vestígios de cintura pélvica; pulmão traqueal ausente. Os representantes dessa família são formas semi-fossoriai s restritas e Ilha de Madagascar e Mauritius. 113 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 HOGIO A. R. e ROMANO, S. A — Sinopse das serpentes peçonhentas do Brasil. J\ícm. Inst. Jiutantan, 36 : 100-208, 1972. Infraordem Caenojjhidia Coronóide ausente; foramen óptico geralmente entre frontal-parietal e parasfenóide; vértebras com epífises neurais; somente caiotida comum esquer¬ da; o postorbial não alcança nem o maxiliar, nem o ectopterigóide; parietal e frontal não se encontram por baixo do foramen óptico; premaxilar edentado; Não há vestígios de cintura pélvica. Família Coliibridae Esta família contém a maioria dos gêneros de serpentes conhecidas. É, sem duvida, a família mais heterogênea, incluindo inúmeros gêneros. Muitas tentativas foram feitas para subdividi-la, mas, até o momento, salvo para algumas subfamílias, nenhuma das tentativas pode ser considerada como plenamente satisfatória. Subfamília Coluhrinae Colubridae pouco especializados; o supratemporal frouxamente articulado com o crânio. É a subfamília que inclui a maioria de serpentes conhecidas. Seus representantes adaptaram-se aos hábitos mais diversos: aquáticos, arborícolas, terrestres e subterrâneos. São praticamente inofensivas (salvo algu¬ mas opistóglifas) e de porte pequeno ou médio. Não há vestígios de membros posteriores; o pulmão esquerdo desapareceu por completo. Geralmente tem dentes nos maxilares, pterigóides, palatinos e mandíbulas, mas nunca no in- termaxilar. Podem ser áglifas ou opistóglifas. Como é de esperar numa fa¬ mília abrangendo tão elevado número de espécies, também seus hábitos ali¬ mentares variam enormemente, e incluem: vermes, lesmas, artrópodes, roedores e outros mamíferos, aves, peixes, anfíbios c ovos. Algumas são ofiófagas (mussurana, papa-pinto, etc.). São ovovivíparas, ovíparas ou vivíparas. Subfamília Dasijpeltime As hipapófises da região nucal atravessam a parede do esôfago, dentes muito pequenos. Supratemporal e quadrato solidamente unidos; o complexo rostral firmemente associado com o crânio. Esta subfamília contém gêneros que são todos ovífagos. Como as hipa¬ pófises atravessam o esôfago, a casca do ovo é facilmente quebrada por con¬ tração dos músculos. São formas Asiáticas c Africanas. Subfamília ACROCIIORDINAE Postorbital expandido para frente em cima da órbita. Um processo lateral do frontal se expande lateralmente e para baixo formando uma crista orbital anterior; prefrontal muito pequeno; supratemporal e quadrato firmemente unidos. Foramen óptico no parietal; hipapófises presentes em toda extensão do corpo; cauda curta e achatada; músculo levalor anguli oris ausente. Asiáticas, aquáticas. 114 cm 2 3 z 5 6 11 12 13 14 15 IíOGME A. R. e ROMANO, S. A. — Sinopse das serpentes peçonhentas do Brasil. Mem. Jnst. liutantcu36: 109-20S, 1972. Subfamília Xenoclenninae Muito afins dos Acrochordinae, mas, as vértebras geralmente com uma expansão lateral das epífises neurais. Formas orientais aquáticas: duas formas do Novo Mundo. Uma, Xenopholis ocorro no Brasil sendo extremamente rara nas coleções (há dúvida quanto a posição sistemática exata deste gênero). Subfamília Pareinae Supratemporal muito pequeno; quadrato desenvolvido, articulado com ossos óticos; hipapófises posteriores ausentes; maxilar edentado anterionnente (menos do 6 dentes maxilares); ectopterigóide não bifurcado. Dental sem sulco mental; músculo levator anguli oris envolvendo a glândula supralabial; sulco mentual ausente. Formas asiáticas. Alimentam-se de lesmas. Subfamília Dipsaclinae Próxima à Pareinae mas, maxilar com 10 ou mais dentes; ectopterigóide fortemente bifurcado; sulco mentual presente no dental. Músculo levator angu¬ li oris não envolve a glândula supralabial. Formas do Novo Mundo paralelas com as Pareinae do continente asiático. À subfamília dos dipsadíneos pertencem tres gêneros brasileiros de dor¬ mideiras ou jararacas-preguiçosas: Dipsas, Sibi/nomorphus e Sibon. Os representantes desta subfamília alimentam-se de lesmas. Subfamília Calamarinae Fcramen óptico entre frontal e parasfenóide; supratemporal muito redu¬ zido; quadrato articulado com os ossos óticos; hipapófises posteriores ausentes; processo ascendente do septomoxilar alcança as nasais. Formas Asiáticas. Subfamília Sibijnophinae Dental livre; hipapófises posteriores presentes; dentição peculiar com dentes pequenos, fortes e achatados lateralmente. Asiáticas e central Americanas. Subfamília IIomalopsinae Colubrídeos opistóglifos; foramen óptico pequeno; hipapófises posterio¬ res presentes; processo maxilar do palatino ausente; hemipênis dividido; fosse- tas apicais ausentes; tubérculos no crânio e ventre. Formas aquáticas (água doce e estuárias); alimentam-se geralmente de peixes. Restritas à região das índias Orientais. 115 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 HOGE, A. R. e ROMANO, S. A. — Sinopse das serpentes peçonhentas do Brasil. Mem Inst. Butantam, 36: 100-208, 1972. Família Elapidae Aspecto geral de Colubrideo (salvo em certas formas Australianas) mas proteróglifos. Maxilar bastante reduzido; presas fortemente sulcadas ou ca- naliculadas; sulcos espermáticos bifurcados; fossetas apiedares ausentes. Subfamília Elapinae Maxilar curto e sem processo posterior; dental sem presa anterior aumen¬ tada; cauda normal; formas terrestres ou de água doce. A esta subfamília pertencem as Naja, Kraits, Taipan, etc., Nas Américas está representada pelas cobras corais verdadeiras. Ásia, África, Austrália e Américas. Subfamília Dendroaspinae Difere bastante dos Elapinae pela presença de um processo posterior no maxilar; maxilar longo, apesar de ter somente a presa; maxilar bastante móvel. Forma estritamente Africana. São as famigeradas “Mambas”, serpentes ágeis e extremamente agressivas. Família Hydrophidae Proteróglifas; diferem das Elapinae por terem a parte posterior do corpo e a cauda achatadas lateral mente. As vértebras caudais, com os processos neurais e hemais fortemente de¬ senvolvidos. Formas marinhas (às vezes encontradas à grande distância das costas). Regiões tropicais do Oceano Pacífico. Não encontradas até o momento no Oceano Atlântico (salvo o extremo sul da Costa Africana). Subfamília. Elydrophinae Maxilar curto não ultrapassando o palatino. Subfamília Laticaudinae Maxilar projetando-se para frente; além do palatino. Família Viperidae Sclenóglifas; maxilar muito curto, mas alto, verticalmente eréctil com uma única presa (e as de substituição); hipapófises presentes em todo o corpo. Europa, Ásia, índias Ocidentais, África e Américas. 116 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 ÍIOGE, A. n. e ROMANO, S. A. — Sinopse tias serpentes peçonhentas tio Brasil. Mem. Jnst. Butantan, 36: 109-208, 1972. 10 11 12 13 14 15 IIOCrTC, A. Ti. e ROMANO, S. A. — Sinopse cias serpentes peçonhentas do Brasil. Mcm. Inst. Butantan, 36: 100-208, 1072. Subfamília Atractaspiclinae Foramen óptico entre frontal e parietal; maxilar não escavado; palatino com processo coanal e maxilar; musculo levator anguli oris ausente; pulmão traqueal ausente. Outros caracteres, além dos acima mencionados, sugerem que as Atractaspiclinae são talvez mais próximas das Elapidae, do que das Vipericlae. África e Oriente Médio, até Israel. Hábitos subterrâneos. Subfamília Viperinae Maxilar não escavado; foramen óptico formado pelo frontal, parietal e paraesfenóide. Palatino sem processo coanal ou maxilar; músculo levator anguli oris presente; pulmão traqueal presente. A esta subfamília pertencem as víboras. Europa, Asia e África. Subfamília Crotalinae Maxilar escavado para conter a fosseta loreal. Subfamília distribuída na Ásia, Índias Orientais e América, até a Argentina. Há autores que consideram como válidos um maior número de taxa acima de gênero, do que na classificação aqui adotada. CHAVE PARA OS GÊNEROS DE SERPENTES PEÇONHENTAS DO BRASIL I — Fosseta loreal presente — Cobra peçonhenta (fig. 3) 1 Chocalho presente — Crotalus (cascavel) (fig. 6) 2 Chocalho ausente (figs. 4-5) a) ponta da cauda com escamas eriçadas — Lachesis (surucucu) (% 5 ) b) ponta da cauda normal — Bothrops (jararaca) (fig. 4) II — Fosseta loreal ausente (figs. 1-2) 1 Escamas dorsais em 15 fileiras a) sem presas anteriores — Cobra não peçonhenta (fig. 1) b) com presas anteriores — Micrurus (coral verdadeira) (fig. 2) 118 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 IiOGE, A. Ji. e ROMANO, S. A. — Sinopse das serpentes peçonhentas do Brasil. Mem. Jnst. Butantan, 36: Í09-208, 1972. Família Elapidae Somente uma das subfamílias ocorre no Brasil, onde é representada por um único gênero, Micrurus, conhecido popularmente como Cobra Coral Ver¬ dadeira. Subfamília Ehtpinae Gênero Micrurus Das 105 formas conhecidas de Micrurus, 33 ocorrem no Brasil. Contrariamente ao que se pensa, nem todas as corais são serpentes pe¬ quenas. Algumas espécies alcançam mais de um metro. Micrurus spixii chega a l,50m. Alimentam-se em geral de ofídios. Quando molestada a coral enrola a cauda, e, ao mesmo tempo que agita freneticamente a mesma, esconde a cabeça por baixo do corpo, atitude que confunde o observador, que pensa que se trata da cauda. Essa particularidade não é, todavia, exclusiva das corais, mas de muitos outros gêneros, principalmente os de cores vivas, que agem do mesmo modo. Frequentemente este comportamento tem sido considerado como mime¬ tismo, mas é pouco provável que seja mimetismo, principalmente se consi¬ derarmos que não somente as corais verdadeiras como outros gêneros com os mesmos hábitos são geralmente de vida subterrânea ou noturnos. Nem todas as espécies apresentam os anéis vermelhos típicos do gênero. Às vezes o vermelho é obliterado por pigmentação preta, outras espécies não tem anéis vermelhos e outras, ainda, nem anéis apresentam. As cobras corais verdadeiras são encontradas em todo o território bra¬ sileiro. CHAVE PARA AS ESPÉCIES DO GÊNERO MICRURUS A — Anéis pretos não dispostos em tríadas (Pr. 6 fig. 11 e Pr. 7 fig. 17). I — Cabeça preta, incluindo parte ou todas as parietais, sem colar branco transversal passando nas parietais ou imediatamente atrás. (Pr. 1 fig. 1, 3 e 5.) Sinfisial não em contato com as mentais anteriores. (Pr. 4 fig. 1). 1 — Anéis vermelhos muito mais largos do que os pretos (Pr. 1 fig. 3 e 5). a — Anéis vermelhos extremamente largos, o primeiro ocupando mais do que 23 escamas vertebrais; sem anel negro atrás das parietais. (Pr. 1, fig. 3) . averyi b — não como em a. (Pr. 1, fig. 5) . ... corallinus 2 — Anéis vermelhos iguais ou menores do que os pretos; a — Cabeça com algumas manchas claras nas escamas supracefálicas; 32-67 anéis pretos nos machos; 35-79 nas fêmeas (Pr. 4, fig. 1) langsdorfii 119 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 HOGE, A. R. e ROMANO, S. A. — Sinopse cias serpentes peçonhentas do Brasil. Man. Jnst. Butantan, 36: 109-20S, 1972. 1) — Cabeça, geralmente, inteiraménte preta; mais cio que 74 anéis pretos nos machos e mais do cpie 84 nas fêmeas (Pr. 1, fig. 1) . albicinctus II — Cabeça preta, com colar nucal branco transversal na cabeça, ocupando pelo menos parte das parietais ou imediatamente atrás (Pr. 1 fig. 4 e Pr. 4 fig. 4) 1 — Sinfisial largamente cm contato com as mentuais anteriores; anéis ver¬ melhos geralmente ausentes; quando presentes, muito estreitos dorsal¬ mente a — Colar nucal branco atravessa as parietais (Pr. 4, fig. 4) ai — mais do que 230 ventrais . narduccii a» — menos do que 225 ventrais . karlschmidti b — Colar nucal branco situado atrás das parietais (Pr. 1, fig. 4) collaris 2 — Sinfisial separada das mentuais anteriores; anéis presentes, os espaços vermelhos largos, mais do cpte 20 anéis pretos no corpo, orladas de branco (Pr. 1, fig. 2) . annellatus B — Com tríadas de anéis pretos (às vezes fundidas formando grupos de 5 anéis pretos), separados por vermelho no corpo I - Anal inteira . hemprichii II — Anal dividida 1 — Primeira tríada representada por dois anéis (Pr. 5, fig. 1-3 Pr. 2 fig. 1) a — Menos do que 10 tríadas no corpo; primeiras subcaudais inteiras; tem¬ porais 1+1; faixa internasal branca ausente (Pr. 5 fig. 1-3) . spixii 1» — Mais do que 9 tríadas no corpo; primeiras subcaudais divididas; tem¬ poral 0+1; faixa internasal branca presente (Pr. 2 fig. 1) .... decoratus 2 — Primeira tríada completa (Pr. 3 fig. 1 a 5 e Pr. 2 fig. 2e 3; Pr. 4 fig. 2 e 3 e Pr. 5 fig. 4 e 5.) a — Escamas cefálicas todas vermelhas com bordos pretos; frontal muito estreita, mais do que as supraoculares: 6-9 tríadas no corpo surinamensis b — Não como em a, frontal mais larga do que as supraoculares. bj — Mais do que 270 ventrais; 14-20 tríadas no corpo . filifomiis b_» — Menos do que 269 ventrais u Focinho preto, faixa internasal branca, geralmente bem delineada; as pri¬ meiras dorsais vermelhas com ápices pretos, apenas perceptíveis ou ausentes ° Menos do que 28 subcaudais; geralmente menos do que 25; 7-9 tríadas nos machos e 7-10 nas fêmeas . ibiboboca 09 Subcaudais mais do que 27, geralmente mais do que 30 (excepcional¬ mente 8) . lemniscatus 120 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 16 HOGE, A. R. e ROMANO, S. A. Butantan, 30: 109-208, 1972. Sinopse das serpentes peçonhentas do Brasil. Mem. Jn.^t |1 Geralmente, algumas manchas brancas no focinho, faixa internasal branca ausente; se presente, irregular e estreita, manchada de preto e cobrindo parte da prefrontal; todas ou pelo menos a parte posterior das parietais pretas. Primeiras dorsais vermelhas com ápices pretos bem delineados (Pr. 3 fig. 1-4) . frontalis Micrurus albicinctus Amaral Pr. 1 fig. 1 1926 Micrurus albicinctus Amaral, Comm. Linh. Telegr. Mato Grosso, Publ. 84 Annex 5: 26, figs. 7-10 1938 Micrurus waehnerorum Meise, Zool. Anz., 123: 20 1971 Micrurus albicinctus; Hoge et Romano, Ven. An and their Venoms, 2: 213. Localidade tipo: Não mencionada; como o tipo foi coletado durante a instalação telegráfica da linha do Mato Grosso, é provável que o espécime provém das matas Amazônicas, do extremo noroeste do Mato Grosso ou Rondônia. Distribuição: Conhecido somente da localidade tipo e São Paulo de Olivença, Amazonas, Brasil. Micrurus annellatus (Peters) 1871 Elaps annellatus Peters, Monat, Akad. WiSS. Berlin 1871: 402 1929 Micrurus annellatus; Amaral, Mem. Inst. Butantan, 4: 228 Localidade tipo: Pozuzu, Peru Distribuição: Vertentes Amazônicas dos Andes, do Equador até Amazônia, Brasil. Quatro subsp. das quais uma registrada para o Brasil. CHAVE PARA AS SUBSPÊCIES A — Machos com menos do que 41 anéis pretos no corpo; fêmeas com menos do que 49. 1 — Uma postocular; anéis pretos ocupando de 4-5 ventrais . balzani 2 — Duas postoculares: a — faixa branca cobrindo menos do que 50% das parietais; temporais geral¬ mente 1-2; anéis pretos ocupando 2-3 ventrais (Pr. 1 fig. 2) bolivianas b — faixa branca cobrindo mais do que 50% das parietais; temporais geral¬ mente 1-1 . montanus B — Machos com 41-61 anéis pretos no corpo; fêmeas com 49-83. . annellatus Micrurus annellatus bolivianus Roze (Pr. 1 fig. 2). 1967 Micrurus annellatus bolivianus Roze, Amer. Mus. Novitates, 2287:7, fig. 2 1969 Micrurus annellatus bolivianus; Hoge et Romano, Ciência e Cultura 21, (2): 454 121 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 IIOGE, A. R. e ROMANO, S. A. — Sinopse fins serpentes peçonhentas do Brasil. Man. Jnst. Eutantam, SC: 109-208, 1972. Localidade tipo: Rio Charobambo, 50 km ao nordeste de Zudanez, Chu- quisaca, Bolívia. Distribuição: Bolívia ocidental e Amazonas, Brasil. Micrurus averyi Schmidt (Pr. 1 fig. 3). 1939 Micrurus averyi Schmidt, Zool. Ser. Field. Mus. Nat. Hist, 24; 6: 45, fig. 5 Localidade tipo: Cabeceiras do Itabu, Distrito de Couratyne, Guyana, 2.000 pés alt. (Perto da fronteira do Brasil). Distribuição: Conhecida da localidade tipo e região de Manaus, Amazonas Brasil. Micrurus collaris (Schlegel) Pr. 1 fig. 4 1837 Elaps collaris Schlegel, Essai Physion. Serpens, 2s 448 1854 Elaps gastroclclus Duméril, Bibron et Duméril Erp. Gén., 7: 1212 1937 Leptomicrurus collaris; Schmidt, Zcol. Ser Field Mus. Nat. Hist., 20: 261 1972 Micrurus collaris; Romano, Mem. Inst. Butantan, 35: 112. 1971 (dist. Mar. 1972) Localidade tipo: Designada como as Guianas, (Hoge et Romano 1966) Distribuição: Sudeste da Venezuela, as Guianas e Estado do Pará, Brasil Micrurus coralhnus (Merrem) Pr. 1 fig. 5 1820 Elaps corallinus Merrem, Tent. Syst. Amph.: 144 1820 Coluber corallinus Raddi, Mem. Soc. Italiana Sei. Modena, 18: 336 1925 Micrurus corallinus; Amaral, Proc. U. S. Nat. Mus., 67; 24:20 1967 Micrurus corallinus; Roze, Amer. Mus. Novit., 2287: 13 (atribui a auto¬ ria da espécie a Merrem ao invés de Wied) Localidade tipo: Rio de Janeiro, Cabo Frio, Brasil. Distribuição: Argentina (Missiones); Uruguai; Brasil. Desde o sul da Região Amazônica no Brasil até Uruguai e Nordeste de Missiones na Argentina. (A ocorrência no Uruguai necessita de confirmação). Micrurus decoratus (Jan) Pr. 2 fig. 1 1855 Elaps decoratus Jan, Rev. Mag. Zool., 10 (2): 525, pr. B. 1921 Elaps fischeri Amaral, Anéxo Mem. Inst. Butantan, 1 (1): 59; (pr. 2, fig. 1-5). 1922 Elaps ezequieli Lutz et Mello, Inst. Oswaldo Cruz, 15: 235,pr. 31 1926 Micrurus decoratus; Amaral, Rev. Mus. Paulista, 14: 32 Localidade tipo: México (in error). Restrita “hoc loco” como: Serra da Bocaina, São Paulo, Brasil. Distribuição: Brasil, Estado do Rio de Janeiro até Santa Catarina. Um único exemplar do “Rio Grande do Sul” sem maiores dados. 122 í, | SciELO JTOGE, A. R. e ROMANO, S. A. — Sinopse das serpentes peçonhentas do Brasil. Mem. Jnat. Butantan, 86 : 109-208, 1972. Micrurus filiformis (Günther) 1859 Elaps filiformis Günther, Proc. Zool. London, 1859: 86, pr. 18, fig. b 1925 Micrurus filiformis; Amaral, Proc. U. S. Nat. Mus., 67 (24): 19 Localidade tipo: Pará, Brasil. Distribuição: Região Amazônica, extremo sul da Colômbia e norte do Perú. Duas subsp., ambas registradas para o Brasil. CHAVE PARA AS SUBSPÉCIES A — Duas postoculares; ventrais 274-279 nos machos . subtilis B — Geralmente uma postocular; ventrais 283-309 nos machos .. filiformis Micrurus filiformis filiformis Giinter (Pr. 2 fig. 2). 1967 Micrurus filiformis filiformis; Roze. Amer. Mus. Novit, 2287:22 Distribuição: Região Amazônica, Brasil, sul da Colômbia até norte do Peru. Micrurus filiformis subtilis Roze (Pr. 2 fig. 3). 1967 Micrurus filiformis subtilis Roze, Amer. Mus. Novit., 2287: 22, fig. 8 Localidade tipo: Caruru, Rio Vaupés, fronteira Brasil-Colômbia. Distribuição: Colômbia, Províncias de Vaupés e Amazonas; Brasil, Uau- pés, Amazonas. Micrurus frontalis (Duméril, Bibron ct Duméril). 1854 Elaps frontalis Duméril, Bibron et Duméril, Erp. Gén., 7 (2): 1223 1925 Micrurus frontalis; Amaral, Proc. U. S. Nat. Mus., 67 (24): 19 Localidade tipo: Corrientes e Missiones, Argentina. Distribuição: América do Sul, a leste dos Andes entre os P. 10° e 35° S Cinco subspécies: das quais, quatro registradas para o Brasil. CHAVE PARA AS SUBSPÉCIES A — Menos de nove tríadas, a primeira separada das parietais por, pelo menos, 7 escamas vertebrais vermelhas; o anel mediano muito mais largo do que os externos . pyrrhocryptus B — Mais do que nove tríadas, a primeira separada das parietais por menos do que 7 escamas vertebrais vermelhas 1 — Subcaudais 16-18 nas fêmeas, ventrais 223-242 nos machos; internasais e prefrontais claras . brasiliensis 2 — Subcaudais mais do que 18 nas fêmeas; geralmente, menos do que 223 ventrais nos machos; internasais e prefrontais escuras 123 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 IIOGE, A. R. e ROMANO, S. A. Butantan. 36 : 109-208, 1972. Sinopse das serpentes peçonhentas do Brasil. Mcm. Inst■ a — 192-216 ventrais nos machos; parte anterior cias parietais com uma man¬ cha clara irregular; cabeça escura por baixo . altirostris b — Geralmente mais cio que 215 ventrais nos machos; parietais inteira¬ mente pretas ou com faixa branca transversal estreita; cabeça com so¬ mente algumas manchas pretas por baixo b 1 — Ventrais 215-222 nas fêmeas, anel preto mediano muito mais largo do que os externos; cabeça com faixa transversal branca estreita . mesopotamicus s b 2 — Ventrais 222-242 nas fêmeas; anel preto mediano igual ou apenas ligei¬ ramente maior do que os externos; cabeça inteiramente ou quase intei¬ ramente preta . frontalis Micrurus frontalis frontalis (Duméril, Bibron et Duméril) Pr. 3 fiv«, Si» PR. 30 Bothrops jararacus&u SciELO cm 10 11 12 13 14 15 HOCxE, A. R. e ROMANO, S. A. — Sinopse das serpentes peçonhentas do Brasil. Mem. Inst Butantan, 36: 109-208, 1972. 181 13 -- MEMÓRIAS 2 3 4 5 6 SClELO o 2.1 12 13 14 15 16 PR. 32 Jiuthrops leucurus A' '" J - y < cm 10 11 12 13 14 15 PR. 33 Buthrojjs rnoojeni SciELO pr. 34 Fig. 1-3 — Bothrops moojeni 184 cm rn. 36 Bothropa neutoiedi diporus SciELO PR. 39 Bothrops neuwiedi panloensis 189 .. m ■» HOGrE, A. R. e ROMANO, S. A. — Sinopse das serpentes peçonhentas do Brasil. Mem. Jnst. Butantan, 36: 109-208, 1972. PR. 40 Fig. l-o — Bothrops neuwiedi iKiuloensis 190 2 3 4 5 6 SCÍELO 10 2.1 12 13 14 15 16 Itm í * ■ ■% j ** i WS?.. mi*£ pn. 13 Eothrons plrajaí 193 cm i SciELO PR. 44 Bothropa pradoi 10 11 12 13 14 15 16 cm l PR. IS Crotulus ICrotuIus] durissus coUiUneatus 19 $ SciELO HOGE, A. R. e ROMANO, S. A. — Sinopse cias serpentes peçonhentas cio Brasil, item. Jnst. JSutantan, 36 : 109-20S, 1972. PR. 49 Fig. 1-3 — Crolalus [ Crotalits] iluríssus collilineatus 199 SciELO SciELCo 2 3 5 6 11 12 13 14 15 16 L cm HOGE, A. R. e ROMANO, S. A. — Sinopse das serpentes peçonhentas do Brasil. Mem. Jnst. Butantan, 36 : 109-208, 1972. PR. 53 Fig\ i -3 — Çrotalus [Crotalus] durissus terrificus 203 SciELO SciELO cm 1 206 PR. 5G Lachesis viu ta noctívaga HOGiE, A. II. e ROMANO, S. A. — Sinopse das serpentes peçonhentas do Brasil. Mem. Jnst . Butcintaiij 36 : 109-208, 1972. PR. 57 2 3 4 5 6 SClELO o 2.1 12 13 14 15 16 p Mem. Inst. Butantan 36: 209-214, 1972. NOTA SOBRE XENODON E OPHIS SERPENTES COLUBRIDAE S. ALMA R. W„ DE L. ROMANO* e A. R. HOGE* (Secção de Herpetologia, Instituto Butantan) RESUMO — Xenodon merremii Wa- gler é considerado gênero distinto de rophis nom. nov pro Ophis Wagler 1824 pré-ocupado por Ophis Turton 1807. UNITERMOS ■— Waglerophis nom nov. pro Ophif Wagler. Diagnose de Xenodon e Waglerophis. Durante a revisão de Xenodon, a espécie merremii demonstrou-se tão diferente das demais espécies que deve constituir gênero à parte. MATERIAL: de cada uma das seguintes espécies, Xenodon neuwiedii, Xe¬ nodon severus, Xenodon merremii, Xenodon guentheri e Xenodon colubrinus foram examinados 10 crânios, 4 hemipênis ,além de terem sido dissecadas várias cabeças para o estudo da musculatura. De Xenodon suspectus e Xenodon bertholdi foi examinada apenas a dentição. Xenodon merremii (Wagler) 1824, foi descrito originalmente no gê¬ nero Ophis passando finalmente para o gênero Xenodon. Além de Ophis cons¬ tam na sinonimia de Xenodon os gêneros Acanthophallus Cope 1893, espécie tipo Xenodon colubrinus Günther e Procteria Werner 1924, espécie tipo Proc- teria viridis, Eiselt deu um nom. nov. Xenodom werneri para Procteria viridis Werner pré-ocupado por Xenodon viridis Duméril, Bibron e Duméril 1854. Nenhum destes gêneros é utilizável para a espécie merremii por serem sinônimos de Xenodon Boie 1926 cuja espécie tipo é Coluber severus Linnaeus. As peculiaridades do aparelho de mordedura de Xenodon merremii chama- rnaram repetidamente a atenção de: Boulenger, E. G. 1915; Haas, G., 1931; Anthony, J. 1955 e Anthony & Serra 1951. É curioso notar que todos esses dados se referem a espécie merremii e não houve comparação com as outras espécies do gênero. Em virtude de Ophis Wagler 1824 estar pré-ocupado por Ophis Turton 1807, torna-se indispensável um nom. nov. pro Ophis Wagler 1824. Waglerophis nom. nov. Espécie tipo: Ophis merremii Wagler 1824 Diagnose: Colubridae, opistomegadonte com maxilar verticalmente erétil (fig. 6); maxilar curto provido de 6-7 -4- 1 dente com o processo palatino quase Trabalho auxiliado pelo C.X.Pq e National Llbrary of Medicine. 209 SciELO 0 11 12 13 14 15 16 cm ItOMANO, S. A. R. W. e HOGE, A. R. — Nota sobro Xenodon e Ophis. Serpentes colubridae. Mem. Inat. Butantcin, . 36: 209-214, 1972. em contato com a base da presa posterior (Pr. I fig. 8); parietal mais longo do que largo (Pr. I fig. 7); com a parte de tendão do cérvico mandibular não prolongado até à articulação quadrato-mandibular (Pr. 2 fig. 2); hemipênis fortemente bifurcado ecm disco apical e sulco espermático dividido (Pr. 3 fig. 5). Difere do gênero Xenodon pelo formato e função do cérvico-maxilar (Pr. 2, fig. 2); pelo menor número de dentes maxilares 6-7 ao invés de 10-16 (figs. 3 e 8) e pelo formato do ectopterigóide (figs. 2, 5, 7 e 10). Em Waglerophis o cérvico-mandibular que tem origem comum com o cérvico-maxilar, desce para baixo e para frente dividindo-se em dois corpos: 1 — Cérvico maxilar (Pr. 2, fig. 2). O cérvico-maxilar é muito mais desen¬ volvido do que o cérvico-mandibular com o qual tem origem comum, dirige-se para frente passando acima do quadrato recobrindo grande parte do digástrico (Pr. 2, fig. 2). Na altura do digástrico e temporal posterior as suas fibras con¬ vergem formando o tendão que vai se inserir na parte posterior do maxilar atrás da articulação maxilo-ectopterigóide. Na altura da formação do tendão o cérvico-maxilar é cruzado por um pequeno feixe muscular originado nas apo- neveóses do digástrico e temporal posterior, e se insere na pele. A separação entre o cérvico-maxilar e o cérvico-mandibular já é com¬ pleta à altura onde ambos cruzam o cérvico-esquamosal (cérvico-supra-tem- poral). 2 — Cérvico-mandibular dirige-se lateralmente e se insere diretamente na parte superior da extremidade dista] da mandíbula (Pr. 2, fig. 2). Em Xenodon, o cérvico-maxilar se separa do cérvico-mandibular depois de cruzar o cérvico-esquamosal. As suas fibras ao invés de se dirigirem franca¬ mente para frente, o fazem lateralmente indo inserir-se no ligamento que vai do maxilar até à articulação quadrato-mandibular (Pr. 2 fig. 1). Dos Xenodontinac a musculatura de Lystrophis (Pr. 3, fig. 3) é a que mais se aproxima do observado em Xenodon (Pr. 2, fig. 1) e será discutido em detalhe noutra nota. ABSTRACT — Xenodon merremii (Wagler) is considered as belonging to a distinct genus, XVaglerophis nom. nov pro Ophis Wagler 1824 preocupicd by Ophis Turton 1807. UNITERMS — Waglerophis nom. nov. pro Ophis Wagler. Xenodon, Wagle¬ rophis diagnosis. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Bolsa do Conselho Nacional de Pesquisas e ao Na¬ tional Library of Medicine Grant LM 00418-01. Ao Sr. João D. Cavalheiro, os desenhos. 210 cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 ROMANO, S. A. R. W. e HOGE), A. R. — Nota sobre Xenoáon e Ophis. Serpentes colubridae. Mem. Inst. Butantan, S(i: 209-214, 1972. BIBLIOGRAFIA ANTHONY, J. — Essai sur 1’evolution anatomique de l’appareil venimeux des ophidiens. Ann. de Sc. Nat. Zool.j 11 serie: 1-53, 1955. ANTHONY, J. e Serra, R. — Sobre uma particularidade do aparelho mordedor numa serpente aglipha da América Tropical, Xenodon merremii An. Fac. de Farm. e ANTHONY, J. e Serra, R. — Anatomie de 1’appareil de Ia morsure chez Xenodon Odont. USP, VII, 1948-49 ANTONY, J. e Serra, R. — Anatomie de 1’appareil do la morsure chez Xenodon mer¬ remii B„ serpent aglyphe de 1’Amerique Tropicale, Arquivos do Museu Nacional t vol. XLII: 21-48, 15 est., 1951 BOULENGER, E. G. — On a colubrid snake (Xenodon) with a vertically movable maxillary bone. Proc. of the Zool. Society of London, 1915 83-85 EISELT, J. — • Zur Kenntnis der colubriden Schlangengattungen Procteria und Xenodon, Ann. Naturhist. Mus. T Vien, 68: 279-282, 1963 HAAS, G. — Über die Morphologie der Kifermuskulatur und die Schádelmechanik einiger Schlangen. Zool. Jahrb. Anat. Jena, 45: 333, 1931 Recebido para publicação em 30/6/72 Aceito para publicação em outubro/72 211 SciELO ROMANO, S. A. R. \V. e HOGE, A. R. — Nota sobro Xenodon e Ophis. Serpentes colubridae. Mem. Inst. Butantan, 36: 209-214, 1972. J.D.Cav«aLH*t>o Fig. 1 — Xenodon scverus Fig. 6 — Xenodon merremii 1 — preocular 1 — preocular 2 — maxilar 2 — maxilar 3 — ectopterigóide 3 — ectopterigóide Fig. 2 — Xenodon scverus Fig. 7 — Xenodon merremii Fig. 3 — Xenodon scverus maxilar Fig. 8 — Xenodon merremii maxilar Fig. 4 — Xenodon scverus palatino Fig. 9 — Xenodon merremii palatino Fig. 5 — Xenodon severus ectopterigóide Fig. 10 — Xenodon merremii ectopterig/jide 212 cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 ROMANO, S. A. II. \V. e HOGE, A. U. — Nota sobre Xenodo» e Ophis. Serpentes colubrklae Meni. hixl. Butantan, ,ifi : 2ltí»-214, 1!>72. r 2 S O 'O VL> k o — 0) O > o m 213 IO - MEMÓRIAS SciELO ROMANO, S. A. R. \V. e HOGE, A. R. — Nota sobro Xenodon e Ophis. Serpentes colubridae. Mem. Inst. Butantan, 36: 209-214, 1972. Fig-. 3 — Lysfrophís dorWgnyi Fig. 4 — Hemipênis de Xenodon severus Fig. 5 — Hemipênis de Waglerophis merremii Mem. Inst. Butantan 36 : 215-220, 1972. LIOPH1S MOSSOROENSIS nov. sp. do BRASIL [SERPENTES: COLUBRIDAE] ALPHONSE RICHARD HOGE JOSÉ SANTIAGO LIMA-VERDE* (Seção de Herpetologia, Instituto Butantan) RESUMO —- Descrição de Liophis mossoroensis afim de Liophis purpurans. UNITERMOS — Liophis mossoroensis sp. n. afim de Liophis purpurans. Ao estudarmos o material herpetológico procedente dos Estados do Ceará e Rio Grande do Norte (Brasil), despertou-nos a atenção algumas seqientes per¬ tencentes ao gênero Liophis Wagler, 1830, ainda não descritas. Liophis mossoroensis sp. nov. Descrição do holátipo : IBH n.° 32.078, macho; procedente de Mossoró, RN; rostral mais larga do que alta, visível de cima e em contato com as internasais, nasais anteriores e primeira supralabial; é ligeiramente mais ele¬ vada do que as internasais; as nasais anteriores e as supralabiais apresentam o bordo superior preto e cor amarela em toda sua extensão; sua forma é seme¬ lhante a uma ferradura; nasais: a anterior com o bordo posterior côncavo e o anterior convexo, contorno quadrangular, cor amarela com os bordos supe¬ rior e posterior escuros; a posterior tem forma grosseiramente retangular, de cor preta, com bordo antero-superior côncavo; internasais: grandes, de cor preta, com bordo latero-externo pontiagudo comunicando-se com a narina; prefrontais: duas vezes mais longas do que as internasais, pretas nos bordos e amareladas no centro; loreal, de forma quadrática, cor amarela e bordo in¬ ferior escuro; uma preocular, em forma de clava, amarela escura com bordos antero-superior e superior pontiagudos; supraocular, mais longa do que larga; postcculares: a superior é preta com mancha amarela-escura na parte anterior, a postocular inferior apresenta forma retangular, de cor amarela-escura com bordo posterior pontiagudo; frontal: tão longa quanto sua distância à extre¬ midade do focinho, bordo anterior retilíneo e ponteagudo, bordos laterais retos ,o bordo posterior é pontiagudo cm a extremidade entre as duas parietais; parietais, menores do que a distâncias até a ponta do focinho; sinfisial: de cor amarela e com forma de triângulo equilátero; mentuais anteriores de forma retangular e pontiagudas nos bordos internos posteriores e de cor amarela; Escola Superior de Agricultura de Mossorô — Mossoró — Rio Grande do Norte -—- Brasil. Trabalho elaborado durante o estrtgio na Seção de Herpetologia, por ocasião do preparo da tese de doutoramento na Fisiologia USP. 215 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 HOGE, A. R. e LIMA-VERDE, J. S. — Liophis mossoroensis nov. sp. do Brasil. (Serpentes colubridae). Mem. Inst. Butantan, 36: 215-220, 1972. as posteriores de formas paralelogrâmicas com o bordo interno formando a base menor; supralabiais: em número de 8, a 4. a e a 5. a entrando na órbita; infralabiais, 10/10; dorsais 17/17/15; ventrais: 159; anal dividida: subcau- dais 47/47; coloração, o dorso é preto com manchas amarelas na cabeça; as l. a e 2. a fileiras de escamas dorsais são amarelas e a 3 a fileira das mesmas, apresenta manchas amarelas no centro; a superfície ventral do corpo é amarela com algumas linhas escuras nos bordos; comprimentos: da cabeça 21,3 mm; corpo 486,0 mm; cauda 99,0 mm. AFINIDADES Liophis mossoroensis é afim de Liophis purpurans do cpial se distingue pelo desenho da cabeça (fig. 1), subcaudais 49/51 nas fêmeas e 45/49 nos machos, ao invés de 57 a 62 e 53 a 61 em purpurans (graf. I). ABSTRACT — Description of the new UNITERMS ■— Liophis mossoroensis sp. species Liophis mossoroensis closely n. closely allied to Liophis purpurans. allied to Liophis purpurans. SciELO 217 HOGE, A. R. e LIMA-VERDE, J. S. — Liophis mossoroensis nov. sp. do Brasil. (Serpentes colubridae). Mem. Inst. Butantan, 36: 215-220, 1972. BIBLIOGRAFIA COPE, E. D. — An Examination of the Rcptilia and Batrachia obtained by the Orton Expedition to Equador and the Upper Amazon, with notes on other Species. Proc. Acad. Nat. Sei. Philadelphia, 20, 96-140, 1868. REUSS, A. — Zoologische Miscellanien Reptilia, Ophidier Senck. Mus•, 1: 129-162, tafel VIII fig 1 a und b, 1834 BOULENGER, G. A. — Catalogue of the Snakes in the British Museum (Natural History). Volume II. Longmans & Co., B. Quaritch, Dulau & Co. Kegan Paul & Co., XI -f 382, 25 figs., XX pis., London.: 127-143, 1894 218 cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 SciELO .0 11 12 13 14 15 16 Mem. Ir.st. Butantan 36: 221-232, 1972. SERPENTES COLETADAS PELO PROJETO RONDON VII EM IAUARETÊ, BRASIL ALPHONSE RICHARD HOGE, NEWTON PEREIRA SANTOS, CARMEN HEITOR, LÍDIO ANÍBAL LOPES E IRENE MENEZES DE SOUZA. (Seção de Herpetologia, Instituto Butantan) RESUMO —• Foram identificados os espécimes coletados na região de Iaua- reté, entre os quais se destacam tres espécies novas para o território brasi¬ leiro: Chironius holochlorus (Cope), Micrurus filiformis subtilis Roze, Mi- crurus spixii obscurus (Jan). Oxyrhopus occipitaiis (Wagler) foi revalidada. UNITERMOS — Serpentes coletadas em Iauareté-Amazonas, Brasil. Identificação das espécies. Durante o mes de Janeiro de 1971, a equipe do PR VII coletou várias es¬ pécies de serpentes, entre as quais se destacam tres que são novas para o território brasileiro. O material é proveniente da região de Iauareté, Município de Uaupés. Localidade situada na Amazônia Ocidental, região do Alto Rio Negro. Apre¬ senta clima equatorial úmido, temperatura média de 24.°C com mínimas e máximas anuais de 19° C e 30° C. Com uma média de 2.500 mm de precipi¬ tação anual. A vegetação é a característica deste clima, exuberante com gran¬ de variedade de espécies: a características floresta de terra firme do Alto Ama¬ zonas. Ãs margens do Rio Uaupés, na região de Iauareté, encontram-se matas secundárias. Atractus torquatus (Duméril, Bibron et Duméril) 1854 Rabdosoma torquatum Duméril, Bibron et Duméril, Erp. Gén., 7: 101 1862 R. [abdosoma] varium Jan, Arch. Zool. Anat. Fis., 2: 18 1894 Atractus torquatus; Boulenger, Cat. Sn. Brit. Mus., 2: 309. Localidade tipo: Santa Cruz de La Sierra, Dept 0 de Santa Cruz, Bolívia. Material: Um exemplar; fêmea; procedente de Iauareté, AM, Brasil. IBH n.° 31999 — jan/fev/71 — Dorsais 17/17/17; ventrais 156, anal 1; subcaudais 35/35; supralabiais 8/8; infralabiais 8/8; comprimentos: da cabeça lOmm; do corpo 260mm; cauda 35mm. Colorido do corpo característico da espécie. 221 SciELO 0 11 12 13 14 15 16 cm HCGE, A. R., SANTOS, N. P., HEITOR, C. f LOPES, L. A. e SOUZA, I. M. — Serpentes coletadas pelo Projeto Rondon VII, em Iauaretô, Brasil. Mevu Inst. Butantan, 36 : 221-232, 1972. Chironius fuscus (Linnaeus) 1758 Coluher fuscus Linnaeus, Syst. Nat. Ed. 10. a : 222. 1930 Chironius fuscus; Amaral, Mem. Inst. Butantan, (1929) 4: 161. Localidade tipo: ÁSIA (in error). Material: Um exemplar, fêmea, procedente da região entre Santa Maria e Maloca Macu, AM, Brasil. IBH n.° 31987 — jan/fev/71 — Dorsais 12/10/10; ventrais 143, anal 1; subcaudais 136/136; supralabiais 9/9; infralabiais 11/10; comprimentos: da cabeça 13,9mm; do corpo 245mm; cauda 145mm. Dorso verde-cinza co;n faixas oblíquas claras anguladas de preto. Cabeça escura. Ventre mais claro; supralabiais brancas. Todas as escamas dorsais lisas. Chironius. holochlorus (Cope) 1876 Herpetodnjas holochlorus Cope, Jour. Acad. Nat. Sei. Philadelpbia, 1875: 178' 1969 Chironius holochlorus; Donoso-Barros, Boi. Soc. Biol. Concepcion 41; 190. Localidade tipo: Bio Maranón, Peru. Material: 2 exemplares, procedentes de Iauaraté, AM, Brasil. IBH n.° 31963 — Jan/fev./71 — fêmea. Dorsais 12/10/10, todas lisas; ven¬ trais 159; anal 1; subcaudais 116/116; supralabiais 9/9; infralabiais 11/10; comprimentos: da cabeça 23,4mm do corpo 465mm, cauda 225mm. IBH n.° 31964 — jan/fev/71 — macho. Dorsais 12/10/8, sem fossetas api¬ cais; ventrais 152; anal 1; subcaudais 111/111; suprala¬ biais 9/9; infralabiais 10/10 comprimentos: da ca¬ beça 19,7mm; do corpo 355mm; cauda 165mm. Colorido uniformemente verde. Esta espécie revalidada por Donoso-Barros é mencionada pela primeira vez no território brasileiro; distingue-se facilmente de Chironius fuscus, pelo colorido uniforme. Erythrolamprus aescuJapii subsp. IBIIn. 0 31985 — Jan/fev/71 — macho, procedente de Javareté, Colômbia. Rostral mais larga que alta, visível de cima; intemasais mais curtas que as prefrontais; frontal aproximadamente uma e meia vez mais alta que larga, mais longa que sua distância da ponta do focinho, mais curta que as parietais; 222 cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 HOGE, A. R., SANTOS, N. P., HEITOR, C., LOPES, L. A. e SOUZA, I. M. — Serpentes coletadas pelo Projeto Rondon VII, em Iauareté, Brasil. Mem. Inst. Butantan, 36 : 221-232, 1972. loreal tão larga quanto alta; 1 preocular, não em contato com a frontal; 2 postoculares, sendo a inferior em contato com a 4 a e 5. a supralabiais; tem¬ porais 1 —2; 7-7 supralabiais (3. a e 4. a em contato com o olho); 9-9 infra- labiais, sendo as 4 primeiras em contato com as mentuais anteriores, que são ligeiramente mais longas que as posteriores. Dorsais 15/15/15. Ventrais 187. Anal 1/1. Subcaudais 37/37. Comprimento dos anéis pretos (escamas dor¬ sais), faixa branca que os separa e os espaços vermelhos, no meio do corpo: 2 — 2/á — 2!á — 12/2 — 2 — 2/2 — 2. Quinze anéis no corpo e 4 na cauda; es¬ camas orladas de preto; uma faixa preta na cabeça, passando através dos olhos; na região nucal 2 a a 4 a fileiras de escamas dorsais orládas de preto, delimitando uma mancha nucal imprecisa. Comprimentos: da cabeça 18,8mm; do corpo 590mm; cauda 80mm. 1BH n.° 31968 — jan/fev/71, macho, procedente de Iauareté, AM, Brasil. Dorsais 15/15/15; ventrais 182; anal 1/1; subcaudais 41/41; supralabiais 7/7; infralabiais 9/9; comprimentos: da cabeça 9,0mm; do corpo 573mm; cauda 85mm. Helicops hagmanni Roux 1910 Helicops hagmanni Roux, Zool. Anz., 36: 439. Localidade tipo: Santarém, AM, Brasil. Material: Um exemplar, macho, procedente de Iauareté, AM, Brasil. IBH n.° 31967 — Jan/fev./71 — Dorsais 23/23/19; ventrais 123; anal 1/1; subcaudais 57/57; supralabiais 8/8; infralabiais 10/11; comprimentos: da cabeça 14,6mm; do corpo 245mm; cauda 86mm. O exemplar mostra duas fileiras de manchas escuras no ventre; interco- nectadas com manchas brancas, estendendo-se até a 4 a fileira dorsal. Dorso escuro com 2 fileiras de manchas negras (as manchas ocupam 4 escamas). Dorsais carenadas. Cabeça na mesma cor do dorso. O exemplar mostra colorido bastante mais vivo, do que os outros exem¬ plares por nós examinados, mas tratando-se de um juvenil, devemos aguardar mais material na região para poder avaliar uma possível variação no colo¬ rido. Hydrodynastes bicinctus bicinctus (Hermann) 1804 Coluber bicinctus Hermann, Observaciones Zoologicae: 276. 1958 Hydrodynastes bicinctus; Iloge, Pap. Avul. Dept.° Zool. São Paulo, 13: 222. 1966 Hydrodynastes bicinctus bicinctus; Hoge, Ciência e Cultura, São Paulo, 18: 1431 Localidade tipo: não indicada. Material: 14 exemplares. 223 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 HOGE A. R, SANTOS, N. P„ HEITOR, C„ LOPES, L. A e SOUZA I M coletadas pelo Projeto Ronflon VII, cm Iauareté Brasil ' “ Serpentes ___ el< ■ Hras11 - - Ul Inat. Butantan, 221-232,1972. M H « H ai ti o 224 m O H 2 H g tó Ps § o o c S s s 5 c S £ tt> CM CO IO O Oi C C S S Oi 00 o o e G C S S S c »o IO IO IO s s tí a C S c s S s s s s s S c S S 13 fcj ^ ^ ® t N O t' (D 05 22 91 91 ° 5 " 05 od os oi" oo oo \ \ oo oo h22222 00 ° OOOrlOHOr^ rH 0000 o 00 io 000 oo 00 00 00 00 00 00 00 oo 00 00 05 00 00 t- t> oo t> N \ \ \ \ \ ^ ® N IO 00 N CO 00 N 00 |> r> M Ol M Oi 00 ^ t» (O t- (O ® N ÍhÍ2 WIOIOIOIOIOWIOIO 2 2 05 Oi Oi Oi Oi Oi Oi Oi Oi \ ^ r 1 r* r* r* r« .h ih h th Oi Oi Oi O Oi rH Oi rH Oi 7-1 1-1 CMCNCMrHCM rHCM CMrH 'o o* «fooiotíootíofioi ot £ £ Sgtissjísgp g í> 0 ) o> 4h Ch >>>>>>> 0) a) MWWCqwcqcqw “ “ “ ~ J ' i g á cSj Si ‘ü; ‘oj «o o> o> cd cd 3 3 d W c < d « BB IÍ B çn t> ft, Oi Oi iH co co OMMICOCOO^hH CM OOOOOOOOOOOIOSOIO Oi SSSSS 01 ®®® o Wg HíBílíni! w SS SSSSSSSSS S s s CM 0° oo oo oo ft < cd 3 J S j »o IO rH tH \ \ Oi Oi rH tH \ S O Oi CM rH > > fl 3 cd cd tó tó w w <1 < ui < tó « w w m rO 3 cd 'O a cd SciELO .0 11 12 13 14 15 16 cm HOGE, A. II., SANTOS, N. P., HEITOR, C., LOPES, L. A. e SOUZA, I. M. — Serpentes coletadas pelo Projeto Rondon VII, em lauareté, Brasil. Mem. Inst. Butantan, 36 : 221-232, 1972, Leptodeira annulata annulata (Linnaeus) 1758 Coluber annulatus Linnaeus, Sys, Nat., Ed. 10. a : 224. 1929 Leptodeira annulata annulata; Amaral, Mem. Inst. Butantan, 4: 78. 1958 Leptodeira annulata annulata; Duellman; Buli. Amer. Mus. Nat. Hist., 114:51 Localidade tipo: Bacia Amazônica, restrita por Duellman, Buli. Amer. Mus. Nat. Hist., 114, 1958, para: baixo Rio Amazonas, Pará, Brasil. Material: 4 exemplares. Leptophis ahaetulla copei Oliver 1942 Leptophis ahaettdla copei Oliver, Occ. Pap. Mus. Zool. Univ. Midi., 462 : 7. 1948 Thalerophis richardi copei Oliver, Buli. Amer. Mus. Nat. Hist., 92: 230. 1958 Leptophis ahaetulla copei Oliver, Inst. Comm. Zool. Nomen., Op. 524 : 270. Localidade tipo: Salto do Iluá, Brasil. Material: Um exemplar, macho, procedente de lauareté. AM, Brasil. IBH n.° 32010 — jan/fev/71 — Dorsais 15/15/11; ventrais 166, anal 1/1; subcaudais 174/174; supralabiais 9/9; infralabiais 11/11; Comprimentos: da cabeça 20,lmm; do corpo 647mm; cauda 442mm. Dorso azulado com tom mais escuro da 4. a à 9. a fileira, cobrindo a cabeça, ventrais no mesmo tom que a l. a e 2. a fileiras dorsais. Dorsais carenadas. Hemipênis alcançando a 6. a subcaudal; espinhos basais presentes. 0 séries de espinhos à altura da 3. a subcaudal, que decrescem em tamanho para trás; cálices na porção distai. Olho de diâmetro igual à sua distância entre o seu bordo anterior e a narina; uma preocular não em con¬ tato com a frontal; loreal ausente; 2 postoculares, sendo a inferior muito menor do que a superior; supralabiais (5. a e 6. a ); temporais 1 -)- 2; parietal não em contato com postocular inferior; escamas carenadas de 6. a até a 10. a fileira dorsal; nenhuma escama carenada à altura do ânus; postocular inferior inteiramente ocupada por uma faixa que termina na última supralabial; na parte anterior à órbita, a faixa é apenas esboçada na parte superior da l. a até a 4. a supralabial (não há faixa vertebral clara). Os caracteres cromáticos e hemipenianos do exemplar são os de copei, porém, o número de ventrais, 166, é inferior ao mencionado para a espécie e entra na variação conhecida para ortoni (152-158), média 161,54. Quanto ao número de subcaudais é ligeiramente inferior ao número conhecido para copei, porém, superior à variação conhecida para ortoni (144-151), média de subcaudais para copei 16S nos machos; variação (176-179). 226 cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 HOGE, A. R., SANTOS, N. P„ HEITOR, C., LOPES, L. A. e SOUZA, I. M. — Serpentes coletadas pelo Projeto Rondon VII, em Iauareté, Brasil. Mem. Inst. Biítantan, 86 : 221-232, 1972. Oxybelis fulgidus (Daudin) 1803 Coluber fulgidus Daudin, Hist. Nat. Rept., 6: 352, pr. 80 1853 O. [xybelis] fulgidus — Duméril, Mém. Acad. Sei. Paris, 23: 487. Localidade tipo: Perto de Port-au-Prince, Santo Domingo (provavelmente errado). Localidade tipo sugerida: Surinam, Guiana Holandesa (Schmidt, 1941). Localidade tipo restrita: Chichen-Itzá, Yucatán, México Material: 2 exemplares. Um exemplar; IBH n.° 32009 — jan/fev/71, fêmea; procedente de Iaua- reté, AM, Brasil. Dorsais 20/17/13; ven- trais 214; anal 1/1; subcaudais 150/150 (cm); supralabiais 10/10; infralabiais 11/11; comprimentos: da cabeça 46,8mm; do corpo 1285mm; cauda 602 (cm). Colorido do corpo uniformemente verde, ventre mais claro, com duas estrias laterais brancas. Um exemplar IBH n.° 31979 - jan/fev/71, macho; procedente de Santa Maria, AM, Brasil. Dorsais 17/17/13; ventrais 207; anal 1/1; subcaudais .... 160/160; supralabiais 10/10; infralabiais 10/10; comprimentos; da cabeça 19,8mm; do corpo 335; cauda 162mm. Colorido igual ao IBH n.° 32009. Oxyrhopus petola digitalis (Reuss) 1834 Coluber digitalis Reuss, Mitglad. Senckenb Naturforscb. Ges., 1:148, pr. 9, fig. 1. 1970 Oxyrhopus petola digitalis; Bailey in Peters & Orejas Miranda, Bul. U.S.N. Mus. 297, Washington: 233. Localidade tipo: Ilhéus, Brasil. Material: Um exemplar macho; procedente de Iauareté, AM, Brasil. IBH n.° 31969 — jan/fev/71; Dorsais 21/19/17; ventrais 208; anal 1; subcaudais 118/118; supralabiais 8/8; infralabiais 10/10; comprimentos; da cabeça 15,8mm; do corpo 439mm; cauda 153mm. Oxyrhopus occipitalis (Wagler) 1824 Natrix occipitalis Wagler, in Spix., Sp. Nov. Serp. Bras.: 21, pr. 6, fig. 2. Bailey in Peters et Orejas Miranda: 232, considera labialis como sinôni¬ mo de formosus, admitindo no entanto, que este agrupamento é um com- SciELO 227 HOGE, A. Ii., SANTOS, X. IV, IlEITOli, C. f LOPES, L. A. e SOUZA, I. M. — Serpentes coletadas pelo Projeto Kondon VII, em Iauareté, Brasil. Meni. Inst. liutantan, : 221-232,197? plexo de formas e que é necessário mais material para se chegar a uma con¬ clusão mais certa. A observação de Bailey, que os exemplares da Bacia Ama¬ zônica e Colômbia perdem as faixas pretas quando adultos, é procedente, todavia, nenhum dos exemplares da região amazônica por nós examinados, apresenta esboço de faixas transversais, nem os jovens, apresentando sempre o aspecto do focinho claro [não a cabeça inteira como formosus, seguido por uma região escura, alcançando a região nucal. Revalidamos aqui Oxyrhopus occipitalis (Wagler)]. Oxyrhopus occipitalis Wagler, distingue-se de Oxyrhopus formosas Wied por ter o corpo uniformemente avermelhado; as escamas com as pontas es¬ curas com tendência a formar uma orla preta; cabeça e nuca escura; ponta do focinho clara aproximadamente até a altura da frontal. Material: Dois exemplares, fêmeas, procedentes de Iauareté, AM, Brasil. IBR n.° 31989 - jan/fev/71 - Dorsais 19/19/17; ventrais 197; anal 1; subcaudais 72/72; supralabiais 8/8; infralabiais 9/9; comprimentos: da cabeça 24,9mm; do corpo 810mm; cauda 186mm. IBII n.° 31989 — jan/fev/71 — Dorsais 19/19/17: ventrais 197; anal 1; Subcaudais 75/75; supralabiais 8/8; infralabiais 10/9; comprimentos: da cabeça 20mm; do corpo 647mm; cauda 154mm. Oxyrhopus trigeminus (Duméril, Bibron and Duméril) grupo melanogenys 1854 Oxyrhopus trigeminus Duméril, Bibron and Duméril, Erp Gén., 7:1013 1913 Oxyrhopus trigeminus; Thompson, Proc. Acad. Nat. Sei. Phila., 79. Localidade tipo: Bahia c Rio de Janeiro, Brasil; restrita para Distrito Federal, atualmente Estado da Guanabara, por Vanzolini, Rev. Brasil. Biol. 8: 382, restrição rejeitada por Bailey (por razões a serem publicadas, pos¬ teriormente). Material: Um exemplar fêmea, procedente de Iauareté, AM, Brasil. IBII n.° 31970 — jan/fev/71 — Dorsais 21/19/17; ventrais 203; anal sim¬ ples; subcaudais 83/83; supralabiais 8/8; infralabiais 10/10; comprimentos: da cabeça 13mm; do corpo 367mm; cauda 96mm. O exemplar difere bastante dos exemplares do resto do Brasil. A espécie necessita de revisão pois há várias subspécies; aguardamos a revisão de Bailey. Pseudoboa coronata Schneider 1801 Pseudoboa coronata Schneider, Hist. Amphib., 2: 886. Localidade tipo: América. 228 cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 HO GE, A. R., SANTOS, N. P., HEITOR, C., LOPES, L. A. e SOUZA, I. M. — Serp entes coletadas paio Projeto Rondon VII, em Iauareté, Brasil. Mem. Inst. Butantan, 36 : 221-232,1972. Material: Dois exemplares procedentes de Iauareté, AM, Brasil. IBH n.° 31981 — jan/fev./71; macho; dorsais 17/17/17; ventrais 199; anal 1; subcaudais 85; supraláabiais 7/7; infralabiais 8/8 comprimentos; da cabeça 22,7mm; do corpo 730mm; cauda 234mm. IBH n.° 31993 — jan/fev/71; fêmea; dorsais 17/17/17; ventrais 195; anal 1; subcaudais 83 (cm); supralabiais 7/7; infrala¬ biais 8/8; comprimentos: da cabeça 25,5mm; do corpo 770mm; cauda 253mm (cm). Colorido do corpo dos exemplares: dorso salmão com faixa longitudinal preta, que se inicia na nuca e vai da 4. a fileira até a 15. a , tornando-se menos larga à medida que se aproxima da cauda. Cabeça com a parte anterior do focinho escura até a frontal. Ventre imaculado. Spilotes pullatus pullatus (Linnaeus) 1758 Coluber pullatus Linnaeus, Syst. Nat., Ed. 10. a :225. 1830 Spilotes pullat. [t/s]; Wagler, Nat. Syst. Amph.: 179. 1929 Spilotes pullatus pullatus; Amaral, Mem. Inst. Butantan, 4: 277, fig. 1. 1962 Spilotes pullatus pullatus Hoge e A.C.M. Nina, Mem. Inst. Bu¬ tantan, 30: 77. Localidade tipo: ASIA (in error). Material: Um exemplar fêmea, procedente de Iauareté, AM, Brasil. IBII n.° 31965 — jan/fev/71; dorsais 14/16/11; ventrais 231; anal 1; sub caudais 109/109; supralabiais 6/6; infralabiais 8/8; com¬ primentos: da cabeça 20,9mm; do corpo 440mm; cauda 128mm. O exemplar, mostra dorso preto, com faixas amarelas dirigidas obliqua¬ mente para a frente do corpo, em direção ao ventre, formando anéis largos posteriormente, até o fim da cauda. Ventre amarelado, com manchas trans¬ versais negras. Cabeça amarela com manchas negras. Xencdon severus (Linnaeus) 1758 Coluber severus Linnaeus, Syst. Nat., Ed. 10 a : 219. 1826 X. [enodon] severus; Fitzinger, Neue Classification der Reptillien: 57. Localidade tipo: “ÁSIA”, restrito à América do Sul (Günther, 1863:353). Material: 5 exemplares procedentes de Iauareté, AM, Brasil. Ventre amarelado. Dorso acinzentado escuro com a maioria das esca¬ mas orladas de preto e grandes manchas escuras através do corpo, mais acentuadas na região próxima a cabeça; cabeça acinzentada. 229 16 - MEMÓRIAS cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 HOGE, A. R., SANTOS, N. P., HEITOR, C., Lopes, L. A. e SOUZA, I. M. — Serpentes coletadas pelo Projeto Rondon VII, em Iauareté, Brasil. Mem. Inst. Butantan, 36 : 221-232, 1972. Bothrops atrox (Linnaeus) 1758 Coluber atrox Linnaeus, Sys. Nat., Ed. 10. a : 222. 1966 Bothrops atrox; Hoge. Mem. Inst. Butantan, 32:113; pr. V; figs. 1, la, e lb. Localidade tipo: ÁSIA (in error,) corrigido e restrito [Hoge, 1966 (1965)], para Surinam. Material: 4 exemplares. Bothrops brazili Hoge 1653 Bothrops brazili Hoge, Mem. Inst. Butantan, 25: 15, figs. 1-6 e 7b. Localidade tipo: Tomé Assú, Bio Acará-Mirim, Estado do Pará, Brasil. Material: Um exemplar, fêmea, procedente de Javareté, Colômbia. IBH n.° 31972 — jan/fev/71; dorsais 28/25/19; ventrais 157 (+1); anal 1; subcaudais 43/43; supralabiais 8/8; infralabiais 12/11; comprimentos: da cabeça 41,6mm; do corpo 660mm; cauda S4mm. Colorido e desenho do exemplar de cor de fundo castanho-acinzentado; manchas laterais trapezoidais, escuras marginadas lateralmente de marrom escuro, algumas confluentes com as do lado oposto; ventre branco com man¬ chas arredondadas escuras, na parte lateral das ventrais e para ventrais. Faixa postocular ausente. Micrurus filiformis subtilis Reze 1967 Micrurus filiformis subtilis Roze, Amer. Mus. Novitates, 2287: 22, fig. 8. Localidade tipo: Caruru, Bio Uaupés, fronteira Brasil-Colòmbia. Material: Um exemplar, macho, procedente de Iauareté, AM., Brasil. IBH n.° 32005 — Jan/fev/71; dorsais 15/15/15, ventrais 271; anal 1/1; subcaudais 35/35; supralabiais 7/7; infralabiais 7/7; comprimentos: da cabeça lO.lmm; do corpo 502mm; cauda 3Smm; tríadas no corpo: 16; na cauda 12/3. O exemplar apresenta focinho preto, uma faixa branca cobrindo as pre- frontais e estendendo-se da 2 a até parte da 4 a e 5 a supralabiais; uma faixa preta cobrindo a frontal, parte anterior das parietais e a temporal anterior alongando-se até a 4. a e 5. a supralabiais. Parte anterior da cabeça vermelha, ocupando 21/2 escamas da fileira dorsal. 16 tríadas no corpo e 1 2/3 na cauda; a tríada preta central mostra-se mais larga que as externas. O comprimento da tríada no meio do corpo e da vermelha adjacente é 3 - 1— 4 — 1 — 3 — 6 1/2. As bandas vermelhas têm os ápices angulados de preto. Trata-se do primeiro exemplar coletado em território brasileiro. Micruruf. spixii obscurus (Jan) 1872 Elaps corallinus var. obscura Jan, in Jan and Sordelli, Icon. Gén. Ophid. Livr. 41: pr. 6, fig. 3. 231 SciELO IIOGE, A. n. f SANTOS, N. P., HEITOR, C., LOPES, L. A. e SOUZA, I. M. — Serpentes coletadas pelo Projeto Rondon VII, em Iauareté, .Brasil. Mem. Inst. Butantan, 36 : 221-232, 1972. 1943 Mierurus spixii obscura; Schmidt and Walker; Zocl. Ser. Field. Mus. Nat. Hist, 24: 294. 1933 Mierurus spixii óbscurus; Schmidt, Fieldiana Zool., 34:175. Localidade tipo: Lima, corrigida (Schmidt et Walker 1943), para Peru Oriental e posteriormente designada (Schmidt l.c.) para Icpiitos. Material: Um exemplar, fêmea; procedente de Dom Bosco, AM, Brasil. IBII n.° 32004 — jan/fev/71; dorsais 15/15/15; ventrais 207; anal 1/1; subcaudais 3/3; 7, 9/9; supralabiais 7/7; infralabiais 7/7; comprimentos; da cabeça 25,8mm; do corpo 905mm; cauda 50mm. O exemplar mostra colorido vermelho na cabeça, onde as placas são angu¬ ladas e manchadas de preto. Primeiras escamas dorsais laterais amarelas. 16 anéis pretos sempre mais estreitos que os interespaços, que se sucedem ama¬ relos e vermelhos; primeiro anel preto com uma prolongação angular chegando à nuca. As faixas vermelhas e amarelas anguladas de preto. Trata-se do primeiro espécime coletado no Brasil. Mierurus surinamensis naítereri Schmidt 1952 Mierurus surinamensis naítereri Schmidt, Fieldiana, Zool., 34: 27. 1962 Mierurus surinamensis nattereri; Hoge et Lancini, Publ. Ocas. Mus. Ciên. Nat. (Zool.). Caracas, Venezuela, 1: 12. Localidade tipo: Guaramoco e San Fernando, Venezuela, corrigida por Hoge et Lancini (l.c.), para, entre: Guaramaco e San Fernando de Atabapo, Venezuela. Material: Um exemplar, macho; procedente de Dom Bosco, AM, Brasil. IBH n.° 32006 — jan/fev/71; dorsais 15/15/15; ventrais ISO; anal 1/1; subcaudais 39/39; supralabiais 7/7; infralabiais 7/7; comprimentos: da cabeça 10,4mm; do corpo 2l5mm; cauda 27mm. Exemplar com a cabeça vermelha, escamas escassamente marginadas de preto. 6 2/3, tríadas no corpo e 1 1/3 na cauda. Anel preto central da tíada maior epie os anéis externos. O comprimento da tríada no meio do corpo e interespaço adjacente vermelho é 3 1/2 — 11/2 — 71/2 — 11/2 — 7 1/2. abstract — Spccimcns colected at Iauareté are identified. Twenty species are recorded from wich three, Chironius holochlorus (Cope), Mierurus filiformis subtilis Roze, and Mierurus spixii obs- curus (Jan), are new for Brazil. Oxyrhpns occipitalis (Wagler) is reva- lided. UNITERMS —- Snakes colected at Iauareté, Amazonas, Brazil. Identification of species. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao Projeto Rondon pelas facilidades oferecidas. Recebido para publicação em 30/6/72 Aceito para publicação cm outubro/72 232 ' cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 >Iem. Inst. Butantan 36: 233-241, 1972. REDESCRIÇÃO DE Dryptopelmides STRAND 1907 ( ARANAE, ORTHOG- NATHA, THERAPHOSÍDAE, ISCHNGCOLINAE ) E DESCRIÇÃO DE Dryptopelmides rondoni sp. n. SYLVIA LUCAS (♦) e WOLFGANG BÜCHERL (* **) (Secção de Artrcpodos Peçonhentos, Instituto Butantan) RESUMO —• Strand em 1907 descre¬ veu Dryptopelmides e D. ludwigi, g. n., sp. n.. Não pôde dar uma descrição de¬ talhada, pois o único exemplar, uma fêmea, estava em mau estado de con¬ servação. Também não considerou o aspecto dos receptáculos seminais. Dispondo de um macho e de uma fêmea de Iauaretê, Amazonas, perten¬ centes a esse gênero, damos uma des¬ crição mais completa do mesmo e esta¬ belecemos uma espécie nova, Dryptopel¬ mides rondoni, que se distingue de ludwigi pelo colorido, pela dentição das quelíceras, pelo comprimento dos artí¬ culos das fiandeiras superiores e péla espinulação das pernas. UNITERMOS —• Redeserição de Dryptopelmides: D. rondoni —; Sistemᬠtica. INTRODUÇÃO Strand em 1907 descreveu Dryptopelmides ludwigi g. n., sp. n., baseado numa fêmea de Puerto Cabelo, Venezuela. O mau estado de conservação do exemplar, com lábio e coxas I parcialmente danificados, não lhe permitiu dar uma diagnose detalhada do gênero e o autor também não mencionou os re¬ ceptáculos seminais, caracter de tão grande valor na sistemática. Recebemos um macho e uma fêmea da localidade de Iauaretê, Amazonas, Brasil, que nos permitiram fazer uma redeserição do gênero Dryptopelmides, com desenhos do bulbo copulador e da apófise tibial do macho e dos recep¬ táculos seminais da fêmea, além da observação de outros caracteres importantes. Estabelecemos a espécie nova Dryptopelmides rondoni nome dado em homenagem à IX Operação Rondou. • ■ REDESCRIÇÃO DO GÊNERO Ãrea ocular paralela; cômoro ocular baixo, principalniente na fêmea; face externa do trocanter dos palpos com pelos curtos, plumosos e algumas cerdas; coxa I, acima da sutura, com pelos longos, deitados, dirigidos para a frente e * Chefo da Secção de Artrópodos Peçonhentos, Instituto Butantan. ** Bolsista do CONSELHO NACIONAL DE PESQUISAS, Rio de Janeiro. Endereço para correspondência: C.P. 05, São Paulo, Brasil 233 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 LUCAS, S. e BÜCHERL, W. — Redescriçlío de Vryptopelmides STRAND 1907 (ARANATC, ORTIIOCNATHA, TEIERAPHOSIDAE, 1SCHNOCOL1NAE) e descrição de Dryptopehnides rondoni sp. n.. Mem. Inst. Butantan, ,f6: 233-240, 1972. com algumas cerdas rígidas; abaixo da sutura quase glabra e com algumas setas curtas e rígidas; escópulas tarsais divididas: no macho, na perna I a divisão é pouco nítida, já na fêmea é mais visível; todos metatarsos com escópula dividida; lábio e ancas com numerosas cúspides; tíbia I do macho com apófise dupla, desigual, flexionandc-se o metatarso do lado externo da apófise ventral; bulbo com êmbolo longo, fino, quase reto; receptáculos seminais da fêmea com aspecto de dois tubos com pequena ramificação lateral. Êste gênero difere, segundo Strand, de Stichoplaslus Simon, 1889 porque os olhos medianos anteriores são menores do que os laterais anteriores; as escópulas tarsais das pernas posteriores não são divididas por uma linha es¬ treita de cerdas, mas esta ocupa um terço da largura do segmento e de suas escópulas laterais no ápice; a fóvea torácica é recurva. Difere de Chaetopclma Ausserer, 1871 porque o cefalotórax é pouco elevado, a fila de olhos ante¬ riores é procurva; os olhos médios posteriores são nitidamente menores do que os anteriores; os metatarsos possuem mais de um espinho basal. Difere de Dryptopehna Simon, 1889 porque o cômoro ocular é baixo; os metatarsos posteriores são escopulados apicalmente e os anteriores possuem escópulas até a base. Dnjptopelmides rondoni n. sp. Holótipo macho e parátipo fêmea, frasco N.° 4090 da coleção de ORTHO- NATHA da Secção de Artrópodos Peçonhentos do Instituto Butantan. Procedência: Iauaretê, Amazonas, Brasil. Gol. A. R. Hoge, F. Saliba, N. P. Santos, Janeiro 1971. Medidas: Comprimento total: 30,0mm Comprimento do celalotórax 14,mm Largura do cefalotórax: ll,0mm Comprimento do lábio: l,lmm Largura do lábio l,0mm Comprimento do esterno: 4,5mm Largura do esterno 4,3mm Comprimento do abdómen ll,0mm Fiandeiras superiores: artículo basal l,6mm; médio l,4mm e apical l,9mm Cômoro ocular: comprimento l,5mm e largura 2,lmm Bulbo: comprimento l,2mm; largura na região mediana l,lmm Comprimento das pernas: fêmur patela tíbia metatarso tarso Total I 12,5 6,0 11,0 9,0 5,8 44,3 II 10,0 5,5 9,0 10,0 5,5 40,0 III 9,0 4,5 8,0 12,5 5,5 39,0 IV 13,0 5,0 11,5 17,5 7,5 54,5 234 cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 LUCAS, S. e BÜCHERL, W. — Redescrição cie Dryptopehniáes STRAND 1907 (ARANAL*, ORTHOGNATHA, THERAPHOSIDAE, ISCHNOCOLINAE) e descrição de Dryptopelmides rondoni sp. n.. Mem. Inst. Butantan, 36: 233-240, 1972. Quetotaxia: Fêmures: I e II com 3 a 4 clorso lat. ant.; III e IV com 7 a 11. Patelas: I e II sem espinhos; 111 e IV com 1 lat. ant. Tíbias: I com 2 ven- trais apicais, 2 álat. ant. e 2 a 3 dorso lat. post.; III e IV com cerca de 12. Metatarsos: I e II com 1 sub apical ventral e 3 ventrais lat. ant.; III e IV com cerca de 18 distribuídos irregularmente. Cefalotórax, quelíceras e pernas com pelos cor de ferrugem, curtos e alguns mais longos e mais claros. Dorso do abdómen com abundantes pelos longos, avermelhados. Fóvea torácica curta, levemente recurva. Cômoro ocular baixo. Olhos em duas filas paralelas, a anterior procurva ,isto é, uma reta tangente à borda anterior dos MA corta os LA no têrço anterior. MA redondos, pouco menores que os LA, que são ovais. Separados entre si menos de um raio e ainda menos dos LA. MP os menores de formato ligeiramente triangular, quase contíguos aos LP e estes também muito próximos dos LA. Lábio e ancas dos palpos com numerosas cúspides, pequenas. Siglas posteriores ovais e se¬ paradas da margem um diâmetro transversal. Sulco ungueal com 14 a 15 dentes, os distais maiores e junto aos proximais uma porção de dentículos. Face externa do trocanter dos palpos com pelos plumosos, abundantes, deitados, dirigidos para a frente e algumas cerdas negras. Abaixo da sutura a área é quase gla- bra, apresentando apenas algumas setas curtas e rígidas. Tarsos com duas garras pectinadas em série única, com 6 a 7 pequenos dentes, decrescentes do ápice à base. Tufos subungueais presentes e escópulas tarsais divididas. Na perna I a divisão é pouco nítida, sem cerdas, na perna II já é mais nítida, havendo uma estreita linha divisória de cerdas que se abre sob forma de um pequeno losango sob os tufos. Nas pernas III e IV a divisão é formada por uma faixa de cerdas que vai alargando em direção ao ápice onde ocupa um têrço da largura do segmento. Todos metatarsos são esco- puladcs. Em I e II as escópulas atingem quase a base do segmento e apre¬ sentam linha divisória de cerdas, em III atingem um terço e em IV um quinto apical. O bulbo copulador apresenta forma de pera com êmbolo longo, fino e quase reto. Tibia I com duas apófises situadas na face ventral anterior. O ramo mais ventral é o maior e apresenta, dorsalmente, um espinho forte; o ramo menor também apresenta um espinho lateral que acompanha a curvatura da apófise. Esta espécie distingue-se de D. luãwigi Strand 1907, pelo colorido, pelas sigilas, pela espinulação, pela relação de comprimento entre os tres artículos das fiandeiras superiores e pela dentição das quelíceras. Fêmea: Medidas: Comprimento total: 34,0mm Comprimento do cefalotorax: 14,0mm Largura do cefalotorax: ll,0mm Comprimento do lábio: 2,4mm Comprimento do esterno 4,8mm Comprimento do abdómen: 14,5mm Fiandeiras superiores: artículo basal: l,8mm; médio; l,4mm e apical: 2,3mm 235 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 LUCAS, S. e BÜCHERL, W. — Redescrição de Dryptopelmides STRAND 1907 (ARANAT7. ORTUOGNATHA, THERAPHOSIDAE, ISCHNOCOLINAE) e descrição de Dryptopelmides rondoni sp. n.. Mem. Inst. Butantan, 36: 233-240, 1972. Cômoro ocular: comprimento l,6mm largura: 2,2mm Receptáculos seminais: 0,7mm Comprimento das pernas: fêmur patela tíbia metatarso tarso total I 11,2 6,3 8,7 7,5 5,5 39,2 II 10,0 5,5 7,5 7,5 5,3 35,8 III 9,0 4,5 7,0 9,0 5,0 34,5 IV 12,5 5,0 11,0 14,0 6,0 48,5 Difere do macho pelo colorido do dorso do abdómen que apresenta pelos escuros, curtos e entremeados por longos de cor amarelada. O cômoro ocular é muito baixo, quase não se destacando do cefalotórax. A linha de olhos anteriores é mais procurva, sendo que uma reta tangente à borda anterior dos MA corta os LA no meio. A divisão das escópulas na perna I já apresenta eerdas e é mais nítida do que no macho. O metatarso III possue escópula na metade apical e o metatarso IV no quarto apical. O tarso do palpo também apresenta uma escópula dividida por linha de eerdas. Os receptáculos seminais tem a forma de dois pequenos tubos curvos, apresentando cada um, uma pequena ramificação lateral. DISCUSSÃO A existência de espécies sul-americanas pertencentes ao gênero Chaeto- pelma Ausserer, 1871, foi posta em dúvida por Simon apesar de ter sido descrita C. longipes L. Koelr in Ausserer, 1875, baseado num macho de Puerto Ca- bello, Venezuela. Simon em sua viagem por aquele país não reencontrou esta espécie e em 1903 tirou o gênero da América, sem estabelecer porém, um lugar para longipes. Comparando-se as descrições de C. longipes e D. ludwigi verificam-se grandes semelhanças, coincidindo ainda o local de captura. A principal dife¬ rença, segundo as duas descrições, sumárias, reside na divisão das escópulas, nas pernas anteriores. Realmente este caracter apresenta-se de diferente ma¬ neira em macho e fêmea, como pudemos verificar nos exemplares de Iauaretê. Portanto, cremos que D. ludwigi Strand, 1907 é sinônimo de C. longipes L. Koch in Ausserer 1875, devendo prevalecer o nome Dryptopelmides lon- gipes. SUMMARY — Strand in 1907 could only describe incompletcly his genus Druptopelmides, for the type specimen, a female, vvas very damaged. Also he did not mention the aspect of the spor- mathacae. Based on a male and a female from Iauarete, Amazonas, Brazil, we redes- cribe this genus and establish a new species Dryptopelmides rondoni which differs from D. ludwigi by the colour, the dentition of the chelicera, the lenght of the segments of the upper spinnerets and the spine formulae. UNITERMS —• Redescription of Dryp¬ topelmides — D. rondoni — Sistematic 236 cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 LUCAS, S. e BÜCHERL, W. — Redescrição de Dryptopelmides STRAND 1907 (ARANA7I7, ORTHOGNATHA, THERAPHOSIDAE, ISCHNOCOLINAE) e descrição de Dryptopelmides rondoni sp. n.. Mem. Inst. Butantan, 36: 233-240, 1972. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao Dr. M. Grasshoff do Forschungsinstitut Senckenberg, Frankfurt o envio de biografia, bem como à Sra. Delma V. Travassos pela confecção dos desenhos. Relação cias figuras: 1. Bulbo copulador do macho 2. Bulbo copulador do macho 3. Apófises tibiais do macho 4. Receptáculos seminais da fêmea BIBLIOGRAFIA AUSSERER, A. —. Beitrãge zur Kenntniss der Arachniden Familie der Territelariae Thorell (Mygalidae Autor). Verh. zool. bot. Ges. Wien, 21: 190, 1871. AUSSERER, A. — Zweiter Beitrag zur Kenntniss der Arachniden Familie der Terri¬ telariae Thorell (Mygalidae Autor). Verh . zool. bot. Ges. Wien, 25: 136-137, 174- -175, Pr. VI, Figs. 20, 21, 1875. SIMON, E. — Histoire Naturelle des Araignées, Tome 1, Fascicule 1, Paris, 1892: 138-140. SIMON, E. — Histoire Naturelle des Araignées, Tome 2, Fascicule 4, Paris, 1903: 921, 930. STRAND, E. — Aviculariidae und Atypidae des kgl. Naturalienkabinetts in Stuttgart. Jahresh. Verh. Naturk. Wiirt., 63: 18-21, 1907. Recebido para publicação em 30 de junho de 1972 Aceito para publicação em 4 de set. de 1972 237 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 IAJCAS, S. e BÜCHERB, W. — Redescrição de Dryptopehnitles STRAND 1907 (ARANAE*, ORTHOGNATHA, THERAPI IOSIDAE, ISCHNOCOLINAE) e descrição de Dryptopelmiies roncloni sp. n.. Mem. I?ist. Butantan, 36 : 233-240, 1972. LUCAS, S. e BÜCHERD, W. — Redescrição de Dryptopelmides STRAND 1907 (ARANAK ORTHOGNATHA, THERAPHOSIDAE, ISCHNOCOLINAE) e descrição de Dryptopelmides rondoni sp. n.. Mem. Inst. Butantan, 36: 233-240, 1972. 1 mm Fig. 4 — Receptáculos seminais da fêmea. 239 cm 2 3 4 5 6 SClELO o 2.1 12 13 14 15 16 Mem. Inst. Butantan 30: 241-245, 1972. ESPORULACÃO NO CULEX DOLOSUS (L. ARR1BÁLZAGA, 1891), DO HEPATOZOON ROULEl (PHISALIX & LAVERAN, 1913), PARASITA DA BOTHROPS ALTERNATUS (D. & B., 1854), TRANSFUNDIDO COM O SANGUE NA BOTHROPS MOOJENI HOGE, 1965. ° SAMUEL B. PESSOA, PÉRSIO DE BIASI** e DULCE M. DE SOUZA*** (Laboratório da Seção de Venenos, do Instituto Butantan e Seção de Vírus Transmi¬ tidos por Artrópodos, do Instituto Adolfo Lutz) RESUMO — Como os AA. não con¬ seguissem fazer os mosquitos que dis¬ punham ( Culex fatigans, C. dolosus e Aedes fluviatilis), picar a Bothrops al- ternatus — “urutu” parasitada pelo Hepatozoon roulei, fizeram uma trans¬ fusão de sangue desta espécie para filho¬ tes de Bothrops moojeni, nos quais os parasitas ficam circulando por muitos dias. Os mosquitos picaram bem os dois filhotes de B. moojeni e no organismo deles se desenvolveram os cistos do H. roulei, parasita da B. alternatus. Comen¬ tam os AA. a praticabilidade deste mé¬ todo para o melhor conhecimento da evolução de hematozoários de outras espécies e mesmo de outros gêneros, que parasitam os animais de sangue frio. UNITERMOS : Esporulação do He¬ patozoon roulei; * Esporulação de he- moparasita do Bothrops alternatus; * transfusão de sangue com hepatozoon; Esporulação no Culex dolosus. INTRODUÇÃO Para experiencias sobre transmissão das espécies do gênero Hepatozoon, parasitas de serpentes terrestres, temos empregado mosquitos criados em la¬ boratório, graças à gentileza do Dr. Oscar Souza Lopes, Chefe da Seção de Vírus Transmitidos por Atrópodos, do Instituto Adolfo Lutz. Nessa Seção são criadas duas espécies de Culex: o C. fatigans e o C. dolosus, e uma espécie do gênero Aedes: o A. fluviatilis. Temos utilizado em nossos trabalhos, principalmente, mosquitos das duas espécies de Ciáex. Em geral, eles picam facilmente as serpentes terrestres, re¬ cusando-se a picar as serpentes aquáticas. Em relação às terrestres, parecem sugar melhor certas espécies do que outras. Assim, por exemplo, as arborícolas do gênero Corallus são mais facilmente picadas do que as terrestres propria¬ mente ditas, como a Bothrops moojeni — “caiçaca” e a Bothrops jararaca — “jara¬ raca”. Destes mosquitos, poucos foram os exemplares que em nossos ensaios picaram a “cascavel”: Crotalus durissus terríficas e C. d. collilineatus e re¬ cusaram-se sempre a picar a Bothrops alternatus — “urutu”. Nas várias tenta¬ tivas feitas por nós, com as duas espécies de Culex citadas anteriormente e com o A. fluviatilis, todos os mosquitos morreram sem se engurgitar, na gaiola em que foram colocados juntos com a “urutu”. * Com auxílio cio Fundo de Pesquisas do Instituto Butantan. Do Instituto Butantan. *** Do Instituto Adolfo Lutz. Kndereço para correspondência: C.P. G5, São Paulo, Brasil 241 SciELO 0 11 12 13 14 15 16 cm PESSOA, S. B., DE BÍASI, P. e SOUSA, D. M. — Esporulaçfio do Culex dolosns (L. Arri- bálzaga, 1891) do Hepatozoon roulei (Fhisalix & Laveran, 1913) parasita da Bothrops alternatus (D. & B., 1854) transfundido com o asngne na Bothrops moojeni Iloge, 19G5. Mem. Inst. Butantan, 36: 241-244, 1972. Para conseguirmos em mosquitos a evolução do H. roulei, parasita da “urutu” (fig. 1), usamos do seguinte artifício: fizemos uma transfusão do sangue de uma “urutu” parasitada por aquela espécie de hepatozoon, em duas “caiçacas” recém-nascidas que se mostraram negativas aos exames de sangue. Como foi por nós verificado e que será relatado em outro trabalho, estes esporozoários circulam durante alguns dias ,aparentemente sem se alterarem, no sangue da cobra receptora, dentro dos eritrócitos da cobra doadora, fato este observado por Phisalix h Como os mosquitos Culex das duas espécies com que trabalhamos picam facilmente a B. moojeni — “caiçaca”, consegui¬ mos desta forma a esporogonia do II. roulei no C. dolosus. MATERIAL E MÉTODOS A serpente doadora foi uma fí. alteratus — “urutu”, recebeu o nosso número de registro H-131, e estava fortemente infectada pelo II. roulei. Usamos como receptoras duas cobrinhas da espécie B. moojeni “caiçaca”, que se mostraram negativas a repetidos exames de sangue, sendo registradas em nossa série F-10S e F-110. Cerca de 1,5 cc. de sangue da cobra doadora (sangue com II. roulei ) foi diluído em 2,5 cc. de solução isotônica de citrato de sódio e injetados 2 cc. em cada uma das cobrinhas, às 16 horas de 10/02/72. Após meia hora, exa¬ minamos uma gota de sangue destas receptoras e constatamos a existência de numerosos eritrócitos parasitados no sangue periférico de ambas as cobrinhas (fig. 2). Foram elas às 18 horas introduzidas em uma gaiola contendo cerca de trinta C. dolosus, fêmeas. Aí permaneceram até o dia seguinte, quando verificamos que os mosquitos tinham sugado as cobrinhas. Foram cias re¬ tiradas da gaiola e os mosquitos permaneceram em temperatura entre 25° a 29° C, sendo dissecados no 8.°, 11.° e 14.° dias após haverem picado as co¬ brinhas, para pesquisa das formas evolutivas do hepatozoon. RESULTADOS OBTIDOS Os mosquitos dissecados oito dias após a picada revelaram a existência de cistos jovens do H. roulei (fig. 3), na cavidade geral ao redor do estômago do C. dolosus. Onze e quatorze dias após a picada, já se encontravam cistos maduros, isto é, com esporozoitas no interior dos esporocistos (fig. 4). Os cistos (fig. 5) apresentavam-se com os mesmos caracteres daqueles encontra¬ dos em outras espécies de serpentes, cujos ciclos esporogônicos foram por nós anteriormente realizados (3,4,5). COMENTÁRIOS Pensamos que a experiência que acabamos de relatar tem interesse não somente sob o ponto de vista parasitológico, como na biologia geral. Realmente, 242 cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 PESSOA, S. B., DE BÍASÍ, P. e SOUSA, D M. — Esporulaçâo do Culex dolosas (L. Arri- bâlzaga, 1891) do Hepatozoon roulei (Phisalix & Laveran, 1913) parasita da Bothrops alternatus (D. & B., 1854) transfundido com o asngue na Bothrops moojeni Hoge, 1965. Mem. Inst. Butantan, 36: 241-244, 1972. tínhamos dificuldades em realizar o ciclo evolutivo do H. roulei , parasita da B. alternatus — “urutu”, no C. clolosus e C. fatigans, pois estes mosquitos sc recusavam a picar aquela serpente. Porém, picam eles com certa facilidade o B. moojeni daí a idéia de transfundir o sangue daquela espécie para esta, possibilitando a transferência dos parasitas. Os mosquitos ao picarem as ser¬ pentes receptoras, infectaram-se e assim pudemos conhecer as formas sexuadaj do H. roulei, da B. alternatus. Este processo porém, só pode ser empregado no caso do hepatozoon, pois outros hemoparasitas de serpentes, quando trans¬ fundidos com o sangue, são destruídos rapidamente, como se dá com os tripa- nosomas. Quanto aos plasmódios, se se tratar de receptor da mesma espécie ou de espécie afim, pode haver transmissão do parasita e nunca a sua trans¬ ferencia, como no caso do hepatozoon. Sob o ponto de vista geral, podemos levantar a hipótese de este processo ser utilizado para o melhor conhecimento da evolução de hematozoários de outros gêneros. SUMMARY — In their experiments, lhe authors did not achieve any biting by the mosquitoes ( Culex fatigans, C. clolosus anel Aedes fluviatilis), available at their laboratory, of the snake Both- iops alternatus —• “urutu”, infected by Hepatozoon roulei. Therefore, they transfused blood from the infected spc- cies (B. alternatus) into two young B. moojeni. This species is well bitten, and the parasite (ff. roulei) consequently developed cysts in the organisms of the mosquitoes. In the present paper \ve suggest the practicability of this method for better knowledge of the evolution of other spe¬ cies and genera of hemoparasites from cold-blooded vertebrates. VNITERMS — Sporulation of Hepa¬ tozoon roulei; * Hcmoparasite sporula¬ tion of the Bothrops alternatus; * Transfusion of blood containing hepa¬ tozoon; Sporulation in Culex clolosus; BIBLIOGRAFIA -t- BHISALIX, Mme. Essai d infection sur la Vipére asper et les couleuvres Tro - pidonotus avec Haemogregarina roulei. C. R. Soc. Biol. pp. 110-111, 1913. 2. PHISALIX, Mme. LAVERAN, A. — Sur une Hémogrégarine nouvelle de Lachesis alternatus. Buli. Soc. Path. exot. G: 330 — 333, 1913. ü- PESSÔA, S. B-, SACCHETA, L. e CAVALHEIRO, J. —■ Xotas sôbre hemogre- garinas de serpentes brasileiras. X — Hemogregarinas da Hyclroclynastes gigas (Duméril et Bribon) e sua evolução. Rev. lat-amer. Microbiologia 12- 197-200 1970. 4. PESSÔA, S. B., CAVALHEIRO, J. e SOUSA, D. M. — Notas sôbre hemogregarinas de serpentes brasileiras. XIII Evolução esporogônica da hemogregarina da Thamnodynastes strigatus (Colubridae). Arq. Inst. Biológico 37 (3)27: 213 — 217, 1970. 5. PESSÔA, S. B„ BELLUOMINI, H. E., BIASI, P. e SOUZA, D. M. Notas sôbre Hemogregarinas de serpentes brasileiras. XIV — Esporogonia da Haemogrega¬ rina da Bothrops moojeni Hoge, 1965, no Culex (Culex) dolosus tL. Arribálzaga), 1891. Arq. Inst. Biol., S. Paulo 3.8 (4): 253-258, 1971. Recebido para publicação em 30 de junho de 1972 Aceito para publicação em 16 de outubro de 1972 243 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 Sangue de Ti. Memalus, parasitado por II. ro-ulei que foi transfundido na n mooimt (aumonto 2.0U0 Sangue de li. moojeni, depois de transfundido com. o sangue de li. alternaius Aolar que os rritrdcltos parasitados são de II. riUcrnatim (aumento 1 700 x)' Cistos Jovens de II. roulei na cavidade geral do C. dolotua au redor do seu estômago (objetiva sêca, aumento 200 x). Ksporocisto eom esporozolta de II. roulci na cavidade geral do C. dolosus que picou o 7>. moojeni (contraste de fase, aumento 1.700 x). Iclem (contraste ile fase, aumento 2 .O 00 x). 244 cm SciELO Mem. Inst. Butantan 86: 245-249, 1972. NOVAS OBSERVAÇÕES SÔBRE TRANSMISSÃO CONGÊNITA DE HEMATOZOÁRIOS DE SERPENTES PEÇONHENTAS VIVÍPARASA FERSIO DE BIASI**, SAMUEL B. PESSOA e HÉLIO E. BELLUOMINI* (Laboratórios da Seção de Venenos do Instituto Butantan) RESUMO — Os autores relatam novas observações sobre serpentes peçonhen¬ tas vivíparas, prenhes, com os seguintes hematozoários: hepatozoon, tripanosoma e plasmódio. Elaboram a hipótese de que os gametóeitos dos hepatozoons, recém formados ou jovens, produzidos na serpente materna, levados pela cor¬ rente sanguínea à circulação uterina, indo ter à circulação dos embriões, onde atravessam as membranas embrionárias, por mecanismo ainda não elucidado pe¬ netram nos seus eritrócitos, mas, como os autores verificaram, somente ocorre nos últimos estágios da prenhez (estᬠgios 30 a 37 da escala de Zehr). Não encontraram nos casos observados a transmissão congênita do tripanosoma e nem do plasmódio. UNITERMOS — Transmissão congê¬ nita de hematozoários; transmissão congênita em serpentes; hepatozoon, tripanosoma e plasmódio. INTRODUÇÃO Em nota anterior (1971), os autores (De Biasi e cols. 1 ), mostraram que a transmissão congênita de hemogregarinas do gênero Hepatozoon, parasita de serpentes peçonhentas vivíparas, verifica-se regularmente e quanto mais forte o parasitismo materno, maior será o número de filhotes que nascem parasitados e mais numerosos os parasitas no sangue destes filhotes. Nesta nota, trazemos novas observações sobre a transmissão congênita de hepatozoons e a ausência desta transmissão no que se refere aos tripano- somas e plasmódio, naquelas serpentes. MATERIAL E MÉTODOS As serpentes prenhes que chegaram ao Laboratório da Seção de Ve¬ nenos, do Instituto Butantan, foram examinadas para a determinação do pa¬ rasitismo sanguíneo e aquelas que se encontravam positivas para hemopara- sitas eram separadas em caixas à prova de insetos e outros artrópodos, para estudo de suas crias. * Com auxílio do Fundo de Pesquisas do Instituto Butantan. ** Do Instituto Butantan. Endereço para correspondência: C.P. G5, São Paulo, Brasil 17 — MEMÓRIAS 245 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 DE B1ASI, P., PESSOA, S. B. e BELLUOMINI, H. E. — Novas observações sobre trans¬ missão congênita de hematozoários de serpentes vivíparas. Mem. Jnst. Butantan, 36: 245-240, 1072. Os exames de sangue foram feitos não só a fresco, entre lâmina e lamí- nula, como também por esfregaços fixados pelo metanol e corados pela Giemsa. Nascidos os filhotes, foram eles examinados pelos mesmos processos, logo após o nascimento ou no máximo dois dias depois. A anotação do parasitismo foi feita da seguinte forma: consideramos infecções leves, quando os esfregaços de sangue das serpentes apresentavam no mínimo um parasita para cada dois ou tres campos. Em geral, dispensamos as serpentes positivas com menor número de parasitas, apesar de termos, ini¬ cialmente feito algumas observações em casos de parasitismo muito fraco. Infecção média, quando encontramos de um a tres parasitas por campo e acima desta frequência, a infecção foi considerada forte. Nos casos em que autopsiamos fêmeas prenhes, porém não a termo, a idade provável dos embriões foi referida de acordo com a escala de Zehr (4). RESULTADOS OBTIDOS Examinamos até agora sessenta serpentes peçonhentas prenhes, vivíparas, pertencentes às seguintes espécies dos gêneros Bothrops e Crotalus: B. moojeni Hoge, 1965; B. neuwiedi Wagler, 1824; B. cotiara (Gomes, 1913); B. jararaca (Wied, 1824); C. clurissus tcrrificus (Laurenti, 1768) e C. d. collilineatus Amaral, 1926, obtendo-se os seguintes resultados, que incluem alguns exem¬ plares já relatados na nota anterior (1), os quais assinalamos por um aste¬ risco. Da C. d. tcrrificus e C. d. collilineatus examinamos 43 serpentes prenhes, encontrando: dezesseis positivas só para hepatozoon, uma positiva para he- patozoon e tripanosoma, quatro positivas só para tripanosoma. Destas, ano¬ tamos as seguintes, de acordo com nossa numeração: G-6, com forte infecção para hepatozoon, pariu sete filhotes positivos para hepatozoon; G-7®, com fraca infecção para hepatozoon, pariu sete filhotes, sendo só um para hepatozoon; G-l()°, com infecção média para hepatozoon, pariu sete filhotes positivos para hepatozoon; G-13°, positiva para tripanosoma, pariu oito filhotes, todos negativos; (3) G-14, com infecção fraca para hepatozoon, pariu dois filhotes, sendo um positivo e um negativo para hepatozoon; G-48, positiva para tripanosoma e com infecção média para hepatozoon, pariu nove filhotes, todos positivos para hepatozoon e negativos para tripanosoma; Quatro fêmeas, cuja prenhez não estava a termo e que foram por nós autopsiadas, os embriões examinados mostraram os seguintes resultados: G-35, com infecção média para hepatozoon, quatro embriões examinados (estágio 20 da escala Zehr), todos negativos; 246 cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 DE BIASI, P., PESSOA, S. B. e BELLUOMINI, H. E. — Novas observações sobre trans¬ missão congênita de hematozoários de serpentes vivfparas. Mem. Inst. Butantan, S6: 245-249, 1972. G-41, com infecção média para hepatozoon, quatro embriões examinados (estágio 30 da escala Zehr), todos negativos; G-42, com infecção média para hepatozoon, cinco embriões examinados (es¬ tágio 26 da escala Zehr), todos negativos; G-44, positiva para tripanosoma, seis embriões examinados (estágio 30 da escala Zehr), todos negativos. Da B. moojeni, examinamos cinco serpentes prenhes, encontramos uma positiva para hepatozoon e outra para hepatozoon e plasmódio, ao mesmo tempo. Damos as seguintes anotações; G-3°, com infecção forte para hepatozoon, pariu sete filhotes, todos posi¬ tivos para hepatozoon; G-ll”, com infecção média tanto para hepatozoon como para plasmódio, pariu dez filhotes, dos quais só pudemos examinar sete, todos positivos para hepatozoon e negativos para plasmódio. Da B. neuwieãi examinamos seis serpentes prenhes, sendo encontradas duas positivas para hepatozoon; G-17, com infecção média para hepatozoon, pariu dez filhotes, todos positivos para hepatozoon; G-58, com infecção média para hepatozoon, prenhez não a termo, autopsiada poucos dias antes de parir, os onze embriões (estágio 37 de escala Zehr) mostraram-se todos fortemente positivos para hepatozoon. Finalmente, foram examinadas tres B. cotiara e tres B. jararaca, prenhes, mas negativas para hematozoários. Sublinhamos as observações das serpentes G-13 e G-14, ambas “cascavel”, parasitadas pelo tripanosoma, cujas crias foram negativas, bem como a “cas- cavél” G-48, com tripanosoma e hepatozoon, cuja cria só apresentou o hepato¬ zoon; a “caiçaca” G-ll, parasitada pelo hepatozoon e plasmódio, que pariu filhotes somente parasitados pelo hepatozoon. COMENTÁRIOS Como sabemos, são independentes, nas serpentes vivíparas, as circulações materna e fetal; assim, os hematozoários não podem passar diretamente do sangue materno para o fetal. Para explicar o encontro de hepatozoon no san¬ gue das crias recém-nascidas, poderiamos admitir a hipótese das erosões sobre os capilares uterinos das serpentes permitirem esta transmissão, porém, tal hipótese está hoje abandonada (Hcffman, 1970) (2). Após examinarmos esfregaços das membranas embrionárias (fig. 1) em casos de serpentes infectadas pelo hepatozoon, nos quais estes parasitas se 247 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 DE BIASI, P., PESSOA, S. B. e BEELUOMINI, H. E. — Novas observações sobre trans¬ missão congênita de hematozoârios de serpentes vivíparas. Mem. Inst. Butantan, 86 * 245-249, 1972. mostravam fora dos eritrócitos, verificamos a existência de gametócitos que nos pareceram ainda jovens, isto é, recém-formados. Parece-nos pois, que os cistos esquizogônicos que se formam em vários orgãos internos das serpentes, além de produzir os esquizontes, produzem também os gametócitos tal como se dá na esquizogonia do plasmódio da malária. Estes gametócitos, assim formados, que invadem os eritrócitos da serpente materna, por mecanismo ainda não elucidado, também são levados pela corrente sanguínea à circulação uterina e aí atravessam as membranas embrionárias, penetram nos eritrócitos dos embriões (figs. 2, 3, 4), igualmente por mecanismo desconhecido, mas que, como foi por nós verificado, somente ocorre nos estágios finais da pre¬ nhez (entre os estágios 30 e 37 da escala de Zehr). No caso da infecção pelos tripanosomas, organismos que são cerca de tres vezes maiores que o hepatozoon e apresentam movimento rotatório (tipo “rotatorium”), parece não terem possibilidades de atravessar as membranas embrionárias. Em relação ao plasmódio, nossas observações são poucas, mas verificamos que tanto os seus gametócitos como os merozoítas, talvez por sua fragilidade não penetram como os hepatozoon. De qualquer forma, não constatamos em nossas poucas observações haver malária congênita nas serpentes vivíparas. SVMMARY — The authors relate additional observations on pregnant venomous viviparous snakes, carrying the following hemoparasites: hepato¬ zoon, trypanosoma and plasmodium, They sustain the hypothesis that the newly formed young gametocytes, pro- duced in the maternal snake, and car- ried by the blood circulation to the ute- rine circulation, and by passing through the embryonic membrane, enter the fetal circulation where, by a mechanism not yet clear, they invade the fetal ery- throuytes. This oceurs, however, only at the last stages of pregnancy (stages 30 — 37, Zehr’s scale) as verified by the authors. No congenital transmission of neithcr trypanosoma nor plasmodium has been found in the observed cases of parasi- tism. UNITERMS — Congenital transmis¬ sion of hematozoa; Congenital transmis¬ sion in snakes; Hepatozoon, trypanoso¬ ma and plasmodium. BIBLIOGRAFIA 1. DE BIASI, P„ PESSÔA, S. B. e BELLUOMINI, H. E. — Nota sôbre transmissão congênita de Hemogregarinas em duas espécies de serpentes peçonhentas viví¬ paras. Atas da Soc. Biologia, R. de Janeiro, 15 (1): 27,28; figs. 1 e 2, 1971. 2. HOFFMAN, L. H. — Placentation in the Garter Snake, Thamnophis sirtalis. J. Morphology, 131 (1): 57-88; 5 pi., 18 figs-, 1970. 3. PESSÔA, S. B. e DE BIASI, P. Trypanosoma cascavelli sp. n. parasita da cascavel: Crotalus durissus terrificus (Laurenti). Atas da Soc. Biologia , R. de Janeiro, 15 (2): 67-70, figs. 1-4, 1972. 4. ZEHR, D. R. • — Stages in the Normal Devolopment of Common Garter Snake, Thamnophis sirtalis sirtalis. Copeia 1962 (2): 322-329, figs. 1-4, 1 tab., 1962. Recebido para publicação em 30/6/72 Aceito para publicação em 16/10/72 248 SciELO .0 11 12 13 14 15 16 cm ■illlii ■NÉ M: ,iív« I ^gí^g. u-; ■• * ••■•. ‘v • .<;'/( \ÍVvS:; . r-í^-ítf •:.• ;C-.v*í. •SÍ» •gSiSS 11 f \ r &s r ;j#r' v tf , S»s ..v/ ^ ffl &-1X- U \ ..••*?.• ■» :■;-• .■’•■•-'*•■• 1 1 — Esfregaço cie membrana eorialnn tolde, mostrando a presença de gametôcltos livres do hepatozoon (coloração Glemsa; imersão, 1.200 x). . 2 — Membrana eorialantolde distendida e corada pelo Giemsa, mostmrdo dois gamo- tõcitos do hepatozoon livres, aderidos à parede de um capilar sanguíneo (imersão, 3 — Membrana corlalantoide distendida e corada pelo Gietnsa, mostrando Kametôcitos do hepatozoon intra-eritroclticos, circulando nos capilares sanguíneos (Imersão, 1.000 x). „ . . 4 — Desenho esquemático da micro fotografia anterior. 240 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 Mem. Inst. Butantan 36: 251-262, 1972. BIONOMIA de Triatoma pseuãomaculata CORRÊA E SPINOLA, 1964, EM LABORATÓRIO THEREZINHA J. HEITZMANN-FONTENELLE Seção de Parasitologia. Instituto Butantan. RESUMO — Triatoma pseudoma- culata Corrêa e Spinola, 1964-espécie de ampla distribuição nas regiões centro e nordeste do Brasil e na qual já se cons¬ tatou a infecção por tripanossomos do tipo cruzi — é estudada desde a eclosão até adulto, anotando-se em cada estádio, dados de interesse bionomico como ecdises, tempo de duração dos estádios ninfais e adulto, intervalos entre as refeições e mortalidade. Dos Triatomi- neos brasileiros de biologia já estudada, este foi o que apresentou maior tempo de duração do seu ciclo evolutivo. UNITERMOS ■— Triatoma pseuãoma¬ culata Corrêa e Spinola, 1964: ciclo evo¬ lutivo em laboratório: regime alimentar. INTRODUÇÃO Das espécies brasileiras de Triatomineos tem-se esparsos dados biológicos. Dias (1955) apresenta dados sobre o tempo de evolução de algumas espécies. Lent e Jurberg (1968) já nos dão o ciclo mais detalhado de Panstrongylus geniculatus (Latreille, 1811) e Juarez (1970) os de Triatoma arihurneivai Lent e Martins, 1940. Sendo Triatoma pseuãomaculata Corrêa e Spinola, 1964 de ampla dis¬ tribuição no Brasil (Piaui, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Goiás, Distrito Federal, Bahia e Minas Gerais) e sendo já constatada a sua infecção por Tnjpanosoma cruzi em várias localidades (Corrêa, 1968) nos propuzemos a um estudo detalhado de sua evolução em laboratório. MATERIAL E MÉTODOS Tendo recebido de Recife, PE, vários exemplares vivos desta espécie de Triatomineo, iniciamos sua criação na Seção de Parasitologia do Instituto Butantan. Decorrido algum tempo, isolamos ovos de femeas deste lote e acom¬ panhamos o desenvolvimento de cada exemplar eclodido, anotando-se os dados de interesse. Seguindo os métodos utilizados na criação de Mantodeos (Travassos Filho o Heitzmann, 1960), os ovos foram colocados em um frasco e a medida que as ninfas iam eclodindo, eram isoladas em frascos numerados, de pequeno Endereço para correspondência: C.P. 65, São Paulo, Brasil 251 SciELO FONTE NELLíE', T. J. H. — Bionomia de Triatoma pseudomaculata CORRÊA e SPINOEA, 1964, em laboratório. Mern. Jnst. Butantan, 36: 251-262, 1972. diâmetro, juntamente com um pedaço de papel sanfonado para servir de su¬ porte para inseto. Esses frascos, fechados com rolha de cortiça ou tampo de algodão, eram conservados em lugar sem muita luz direta e à temperatura ambiente. Depois de alguns dias de vida, as ninfas eram diariamente postas para sugar (sangue humano, colocando-as na parte interna do nosso antebraço) e eram anotadas as datas das que se alimentavam. Quando as ninfas atingiram maior tamanho, passamos a alimentá-las em intervalos mais espassados e com sangue de coelho, colocando-as para sugar na parte interna das orelhas. Foi tentada a alimentação em pombo, mas o seu controle era bastante difícil por¬ que o inseto, as vezes, afastando-se da região preparada, tentava se ocultar entre as penas. Também tentamos a alimentação em camundongos recem- nascidos, mas os resultados não foram satisfatórios, provavelmente porque a temperatura corporal dos camundongos nesta fase, seja relativamente baixa. Esporadicamente era dado água, aspergindo-a nas paredes do frasco. Somente ao atingirem o 5.° estádio ninfal, é que as ninfas foram trans¬ feridas para pequenos borreis, colocando-se dentro, também, um pedaço de papel sanfonado e tampando-os com gase, presa por elástico. CICLO EVOLUTIVO Iniciamos a criação isolada, com 45 exemplares, eclodidos entre 7 de janeiro e 2 de fevereiro de 1970; esse material, incorporado à Coleção Pa- rasitologica do Instituto Butantan, recebeu a numeração de 901 a 945. ESTÁDIO I O primeiro estádio ninfal ocorreu de janeiro a março, sendo que, em 7 exemplares, se estendeu até abril. Teve uma duração de 35 a 103 dias (ta¬ bela I), oscilando a média entre 52 a 62 dias (15 exemplares). Apesar de ser dada, diariamente, a oportunidade de se alimentarem, as ninfas só iniciaram a faze-lo depois do 9.° dia de vida (ex. n.° 901) (tabela II) e o jejum pos-natal mais longo foi de 26 dias (ex. n.° 918). A maioria fez a sua primeira refeição em prazo que oscilou entre 15 a 20 dias (18 exem¬ plares). O tempo da refeição sanguínea, nesta fase, variou de 15 a 20 minutos. Durante este estádio, as ninfas sugaram de 3 a 4 vezes (a maioria); 6 ninfas sugaram só duas vezes e 2 ninfas sugaram cinco vezes. O jejum pré- ecdise não é notado, como acontece com os mantodeos, sendo que o número de dias entre as refeições é, por vezes, maior que o número de dias entre a última refeição e a ecdise. O intervalo entre as refeições foi de até 42 dias (ex. n.° 911, entre a 3. a e 4. a refeição, enquanto levou 23 dias no jejum pré- ecdisé). ü maior jejum pré-ecdise foi de 24 dias (ex. n.° 925). (Tabela II). Durante este estádio ocorreram 15 mortes, sendo que tivemos uma grande mortalidade nos 8 primeiros dias de vida (11 exemplares). Os 4 casos res¬ tantes ocorreram antes da primeira refeição, com 10, 11, 12, e 14 dias de vida. 252 cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 FONTENELLE', T. J. H. — Bionomia de Triatoma pseudomaculata CORRÊA e SPINOLA, 1 964, em laboratório. Mevi. Inst. Butantan, it6: 251-262, 1972. ESTÁDIO II O segundo estádio ninfal que ocorreu, principalmente, entre março e maio, levou de 34 a 222 dias (tabela I), sendo que na maioria dos exemplares, durou menos de 60 dias (19 exemplares). Apenas 4 ninfas passaram o se¬ gundo estádio com mais de 100 dias: os exemplares n.°s 929, 942, 911 e 925 com 171, 175, 184 e 222 dias respectivamente, atravessando o inverno e indo, nesta fase de desenvolvimento, até setembro, outubro e novembro. Durante este estádio as ninfas se alimentaram entre duas (3 ninfas) até oito vezes (2 ninfas); a maioria se alimentou tres vezes (13 ninfas). O maior intervalo entre as refeições foi de 69 dias (ex. n.° 911 entre a 4. a e 5. a refeição). O maior período de jejum préecdise foi de 162 dias (ex. n.° 925). Ocorreram duas mortes durante esta fase: uma apenas com 18 dias neste estádio e após 2 refeições; a outra com 41 dias de duração no estádio II e após 4 refeições, ambas ocorreram no mesmo dia e 5 dias após a última refeição. ESTÁDIO III O 3.° estádio ninfal que ocorreu principalmente entre maio e novembro, durou de 50 a 241 dias (tabela I). Chamamos a atenção para um aumento bastante grande na duração deste estádio (a maioria das ninfas levou mais de 100 dias), em virtude das temperaturas frias de maio até novembro ocorridas no ano de 1970, e uma prova disto, foram as ninfas n.°s 911, 925, 929 e 942 que tiveram o segundo estádio ninfal longo nesse mesmo período do ano, tiveram o estádio III curto, com respectivamente 50, 64, 94, e 114 dias. Apenas 5 exemplares levaram menos de 100 dias neste estádio e foram, além dos já citados n.°s 911, 925 e 929, o de n.° 905 que levou 63 dias (abril-junho) e o de n.° 919 com 81 dias (maio-julho). Quanto à alimentação, a maioria se alimentou de 3 a 4 vezes (15 exem¬ plares); as 11 ninfas restantes se alimentaram de 2 a 6 vezes. O intervalo entre as refeições ficou mais espassado, embora as ninfas fossem postas para sugar regularmente, em intervalo de poucos dias. Esse período chegou a ser de 147 dias (ex. n.° 930, entre a 2. a e 3, a refeição). O ex. n.° 925 que já havia feito, no estádio II, um jejum pré-eedise de 162 dias, só se alimentou 5 dias após a eedise II, ficando assim, 167 dias sem se alimentar. O maior pe¬ ríodo de jejum pré-eedise foi de 152 dias (ex. n.° 901) (tabela II). Neste estádio ocorreram duas mortes, ambas após o 4.° repasto das ví¬ timas (após 117 (ex. n.° 926) e 140 dias (ex. n.° 902) da eedise II). Esta última ninfa citada se alimentou bem 13 dias após a eedise e, depois disso, se alimentou por mais 3 vezes, mas sugando muito pouco em todas elas. ESTÁDIO IV No quarto estádio ninfal, que ocorreu, principalmente, entre novembro (1970) a janeiro (1971), sua duração variou de 34 a 218 dias: a maioria (17 ninfas) teve um 4.° estádio ninfal com menos de 100 dias em virtude dele ter ocorrido em meses de temperaturas elevadas (tabela I). 253 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 FONTENELLE', T. J. H. — Bionomia de Triatoma pseudomciculata CORRÊA e SPINOEA, 1964, em laboratório. Mein. Inst. Butantan, 36: 251-2G2, 1972. Quanto ao número cie refeições (tabela II) 7 ninfas se alimentaram por duas vezes (sendo que 2 delas morreram 24 e 38 dias após a última refeição); 13 se alimentaram por tres vezes (sendo que 4 delas morreram 11, 11, 21 e 30 dias após a última refeição); 3 ninfas se alimentaram por quatro vezes; 2 ninfas se alimentaram por cinco vezes e apenas uma ninfa se alimentou poi¬ seis vezes (ex. n.° 919, com um estádio que durou 145 dias). O maior inter¬ valo entre as refeições foi de 135 dias (ex. n.° 905, entre a 2. a e 3. a refeição). Como os jejuns pré-eedises do estádio anterior foram mais longos e as ninfas iniciaram a se alimentar mais tarde nesta nova fase, há jejuns entre os dois estádios de 156 (ex. n.° 932), 163 (exs. n.°s 901 e 917) e 170 dias (ex. n.° 914). Esta ninfa (n.° 914) ficou 109 dias sem se alimentar depois da eedise. Neste estádio ocorreram 6 mortes: quatro em janeiro (exs. 918, 923, 927 e 930, com 61, 45, 56 e 61 dias de duração deste estádio); uma em fevereiro (ex. n.° 940, com 73 dias de duração neste estádio) e outra em julho (ex. n.° 920, com 192 dias no estádio IV, alimentando-se normalmente por tres vezes. ESTÁDIO V Nesta fase de desenvolvimento, em virtude das mortes ocorridas nos di¬ versos estádios, as nossas observações passam a ser relativas a 20 ninfas. Essas 20 ninfas entraram no 5.° estádio ninfal de dezembro (exs. n.°s 919 e 928) até abril do ano seguinte (1971) (exs. n.°s 925 e 942), sendo que a maioria, entre janeiro c fevereiro (15 ninfas). O tempo de duração deste es¬ tádio foi de 33 (ex. n.° 914) a 324 dias (ex. n.° 919) (tabela I); sendo que a maioria (14 ninfas) com menos de 100 dias. O número de refeições variou de uma (ex. n.° 928, com um estádio de 44 dias) até seis vezes (exs. n.°s 911, 919 e 924, com estádios de 299, 324 e 297 dias). O maior intervalo entre as refeições foi de 135 dias (ex. n.° 911, entre a 5. a e 6. ;l refeição), passando de junho a outubro sem se alimentar. O jejum pré-eedise mais extenso foi de 11 dias (ex. n.° 929) (tabela II). Apesar de ser um estádio onde 6 exemplares tiveram mais de 200 dias de duração, não ocorreu nenhuma morte. ESTÁDIO VI O exemplar n.° 914 teve um 5.° estádio ninfal curto com 33 dias e após a eedise V, ainda permaneceu como ninfa. Este 6.° estádio ninfal durou 274 dias (7 de fevereiro a 8 de novembro de 1971), alimentando-se normalmente por 3 vezes, quando passou a adulto femea. VIDA ADULTA Obtivemos na fase adulta 14 femeas e 6 machos. O tempo de duração da vida adulta variou de 60 a 374 dias. Como, quan¬ do encerramos essa primeira etapa das observações, em março de 1972, ainda SciELO FONTENEULE?, T. J. H. — Bionomia de Triatoma vseudomaculala CORRÊA e SPIXOL.A 1964, em laboratório. Mevi. Inst. Butantan . 36: 251-262, 1972. tínhamos 4 adultos vivos ( ! ) esse número de dias poderá ser maior, em vista do exemplar n.° 913 que já se encontra nesta fase desde abril de 1971. Apenas 4 casos de vida adulta com menos de 100 dias (exs. n.°s 914, 924, 925 e 942 com respectivamente 65, 98, 85 e 60 dias). Devemos assinalar que os exemplares n.°s 914 e 925 sofreram acidentes na última ecdise, ficando de¬ feituosos. Aparentemente, eles apresentavam as asas não completamente dis¬ tendidas, mas o ex. n.° 914 não quis se alimentar nesta fase. O exemplar n.° 925 que também apresentava falta das pernas anterior e mediana do lado esquerdo, desde o 2.° estádio ninfal, alimentou-se por 4 vezes. Ambos eram femeas e conservadas virgens, conseguiram por alguns ovos. Quanto a alimentação, os adultos o fazem em menor quantidade, nunca sendo observada uma completa replecção como nas ninfas. A duração da refeição é bastante demorada: eles sugam em vários pontos e a qualquer mo¬ vimento do coelho, retraem o rostro, não mais se alimentando. O número de refeições nesta fase foi de zero (ex. n.° 914) a 12 (ex. n.° 934), número esse que será maior pelo fato de 4 exemplares ainda estarem vivos. O maior intervalo entre as refeições foi de 92 dias (ex. n.° 931, entre 2 a refeição), (tabela II). a l. ; Foram tentados alguns acasalamentos (macho n.° 911 com a femea n.° 934; macho n.° 929 com a femea n.° 931; macho n.° 929 com a femea n.° 913), mas não foram observadas cópulas. Essas fêmeas, bem como as fêmeas vir¬ gens, fizeram posturas de poucos ovos, os quais, alguns dias após, se apre¬ sentavam murchos. DISCUSSÃO Examinaremos, agora, a tabela I onde estão indicados: as durações, em dias, de cada estádio ninfal, a duração total da fase ninfal e o periodo anual correspondente ao intervalo entre eclosão e fase adulta ou eclosão e morte, a duração total da fase adulta e o periodo anual correspondente, e, finalmente, a duração total, em dias, desde a eclosão até a morte dos 20 adultos obtidos. O exemplar n.° 934 teve o periodo ninfal mais curto, com 375 dias, o que corresponde a um pouco mais da metade do periodo ninfal mais longo que foi o do exemplar n.° 911, com 678 dias. Este exemplar teve o l.° (ja¬ neiro-abril), o 2.° (abril-outubro) e o 5.° (janeiro-novembro) estádios ninfais bastante longos e, embora tenha tido o 3.° (outubro-dezembro) e o 4.° (de¬ zembro-janeiro) estádios entre os mais curtos ,isso não influiu para diminuir o período total de evolução. Ele também suportou maiores jejuns entre as refeições no l.° (42 dias), 2.° (69 dias) e 3.° (135 dias) estádios. O exemplar n.° 934, teve os estádios ninfais com duração média, salvo o último (janeiro-fevereiro) que foi um dos mais curtos. Notamos ainda, epie 13 exemplares levaram de 375 a 492 dias, com última ecdise nos meses de fevereiro (3 exemplares), março (3 exemplares), abril (6 exemplares e julho (1 exemplar) de 1971. Os sete exemplares restantes ti¬ veram 663 a 678 dias, com a última ecdise em novembro de 1971. (1) O ex. n.° 919 morreu em G-XI-72, com vida de adulto de 366 dias e vida total de 1.024 dias. A maior vida adulta foi a do ex. n.° 913 com 457 dias, com vida total de 907 dias —- Dados obtidos após entrega do original. 255 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 FONTENELLE, T. J. H. — Btonomia de Triatoma pseudomaculata CORRÊA e SPINOLA, 1964, em laboratório. Mem. Inst. Butantan, ■16: 251-262, 1972. Não foi notada nenhuma diferença no desenvolvimento entre os sexos: os 6 machos levaram ’de 378 a 678 dias e as 14 femeas de 375 a 665 dias para o completo desenvolvimento. A duração da vida total, desde a eclosão do ovo até a morte variou de 491 dias (ex. n. 928) a 763 dias (ex. n.° 924), mas os exemplares n.°s 911, 913, 919 e 929 que ainda não haviam completado seus ciclos de vida quando encerramos as observações, já liavam ultrapassado esse número de diasÇ). Na tabela II estão representados o número de refeições em cada estádio e na fase adulta. O número total de refeições na fase ninfal variou de 13 (exs. n.°s 917 e 928) a 23 (exs. n.°s 936 e 942), mas a maioria fez, em média, 17 a 19 refeições (12 ninfas). O número de refeições não está relacionado com a duração dos estádios ninfais; assim, examinando tres exemplares (n.°s 919, 929 e 942) todos com 658 dias de duração da fase ninfal, vemos que o número de repastos foi de 21, 19 e 23 respectivamente: agora examinando os exemplares n.° 936 (com 441 dias de vida ninfal) e n.° 917' (com 442 dias) vemos que enquanto o primeiro fez 23 refeições, o último só fez 13, por outro lado, os exemplares n.°s 936 e 942, ambos com 23 refeições tiveram 441 e 658 dias para o completo desenvolvimento. O número de refeições durante a vida total variou de 15 (ex. n.° 928, que teve a menor duração de vida) a 32 (ex. n.° 936). Os exemplares n.°s 934 e 936 tiveram a mesma duração de vida (749 dias) e quase o mesmo número de repastos: 31 e 32, mas o exemplar n.° 936 apresentou desde a eclosão, um comportamento diferente do das demais ninfas que quando iniciavam a sugar, ficavam imóveis e só paravam a alimentação depois de saciadas ou quando molestadas; este exemplar sempre foi irriquieto, picando o doador várias vezes e raramente ficando replecto, o que talvez, tenha concorrido para o aumento de repastos da fase ninfal (23 vezes). Alem disso, as seis primeiras refeições dessa ninfa foram com sangue humano e, então, pudemos constatar que as suas picadas eram dolorosas, enquanto que as das outras ninfas eram indolores. CONCLUSÕES O tempo de evolução desta espécie de Triatoma, em condições ambien¬ tais (temperatura média de 19 a 23.°), oscila entre 1 ano a 1 ano e 10 meses. A duração de vida total, nas mesmas condições ambientais, é de aproxima¬ damente 2 anos. ( 1 ) Quanto ao número de refeições, a média em cada estádio ninfal foi de 3. Também notamos que uma lauta refeição não é seguida de jejum mais pro¬ longado, havendo casos em que depois de 2 dias de uma completa replecção, a ninfa tornava a se alimentar. A duração do repasto pouco oscilou com o desenvolvimento das ninfas: foi entre 15 (quando a ninfa alcançava um vaso sanguíneo) a 30 minutos. (1) De 2 anos, 9 meses e 24 dias para o ex. n.° 913, dado completado após entrega do original. 256 cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 FONTENELDE', T. J. H. — Bionomia de Triatoma pseiulomaculata CORRÊA e SPINOLA, 1964, em laboratório. Mem. Inst. fíutantan, 36: 251-262, 1972. Os adultos demoraram mais tempo, visto que eram inquietos, sugando em várias áreas e, também, por raramente ficaram replectos. É notável a resistência oferecida por este inseto a jejnns prolongados, principalmente, no período entre ecdises, chegando a passar aproximadamen¬ te, 7 meses (202 dias — ex. n.° 914) sem se alimentar. Os triatomineos observados só defecam sobre o doador quando comple¬ tamente replectos. Ao se alimentar, T. pseudomaculata, ao contrario de Rhod- nius prolixas (Stál), prefere uma posição vertical afim de penetrar sua probós- cide perpendicular à superfície cutanea, assim, para defecar, ele gira seu corpo de, 80°, depondo suas fezes quase sobre a ferida da picada, o que aumenta a possibilidade de contágio, se ele estiver infectado por T. cruzi SUMMARY — Triatoma pseudoma- culata Corrêa & Spinola, 1964, a species of ample distribution in Central and North east Brazil, where its infection with trypanosomes of cruzi type has been reported, is here studied from its eclosion to its adult stage, with notes on each stage, and data of bionomic interest, such as ecdysis, duration of stages, nymphae and adults, interval between feeding, mortality, etc. Of the Brazilian triatomids of known biology, this is the species with a larger cmration of its developmental cycle. UNITERMS — Triatoma pseudoma¬ culata Corrêa & Spinola, 1964: life cycle studies in laboratory: feeding data. AGRADECIMENTOS Queremos deixar aqui nossos agradecimentos ao Dr. James Dobbin Jr. do Departamento de Endemias Rurais - Instituto Aggeu Magalhães, Recife, PE, pelo oferecimento do material vivo já identificado e ao Dr. Lauro P. Tra¬ vassos Filho do Instituto Butantan pelas inúmeras sugestões. 257 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 FONTENELLE', T. J. H. — Bionomia de Triatoma pseudomaculata CORRÊA e SPINOLA, 1964, em laboratório. Mem. Jnst. Butantan, 36: 251-2G2, 1972. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. CORRÊA, R. R. — Informe sobre a doença de Chagas no Brasil e em especial no Estado de São Paulo. Rev. Brasil, de Malariologia e Doenças Tropicais 20 (1-2): 39-42, 1968. 2. DIAS, E. — Notas sôbre o tempo de evolução de algumas espécies de Triatomineos em laboratório. Rev. Bras. Biol. 15 (2): 157 — 158, 1955. 3. JUAREZ. 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N» N° de dias para cada estádio ninfal dias de vida dias de vida dias cl vidal I II III IV V VI ninfal Periodo anual adulta Periodo anual total 1 901 52 39 236 55 90 472 7- I -1970 237 24- IV-1971 709 I 24-IV-1971 17-XII-1971 902 58 68 140 — - - 8- I -1970 1- X-1970 903 35 81 192 79 78 465 9- I -1970 288 19- IV-1971 753 1 19-IV-1971 1- 11-1972 904 53 41 — — - - 9- I -1970 18-IV-1970 905 43 39 63 218 41 404 9- I -1970 149 17- 11-1971 553 17- 11-1971 16-VII-1971 906 8 — — — - - 9- I -1970 17- I -1970 907 8 — — — - - 9- I -1970 17- I -1970 908 8 — — — - - 9- I -1970 17- I -1970 909 10 — — — - - 10- I -1970 20- I -1970 910 80 18 — — - - 10- I -1970 18 -IV-1970 911 103 184 50 42 299 678 10- I -1970 19- XI-1971 19- XI-1971 912 11 — — , - - - 10- I -1970 21- I -1970 913 53 40 241 34 82 450 13- I -1970 8- IV-1971 cm SciELO 0 11 12 13 14 15 16 TABELA 1 DURAÇÃO (EM DIAS) DA EVOLUÇÃO DE T. PSEUDOMACULATA CORRÊA E SPINOLA, 1964 N» de N 9 de N 9 de EX. ninfal N'- 1 N'-’ de dias para cada estádio vida vida vida i II ui IV V VI ninfal Periodo anual adulta Periodo anual total 901 52 39 236 55 90 472 7- I -1970 237 24- IV-1971 709 24-IV-1971 17-XII-1971 902 58 68 140 — — — 8- I -1970 1- X-1970 903 35 81 192 79 78 465 9- I -1970 288 19- IV-1971 753 19-IV-1971 1- 11-1972 904 53 41 — — — — 9- 1 -1970 18-IV-1970 905 43 39 63 218 41 404 9- I -1970 149 17- 11-1971 553 17- 11-1971 16-VII-1971 906 8 — — — — — 9- I -1970 17- I -1970 907 8 — — — — — 9- I -1970 17- I -1970 908 8 — — — — — 9- I -1970 17- I -1970 909 10 — *- — — — 10- I -1970 20- I -1970 910 80 18 — — — — 10- I -1970 18 -IV-1970 911 103 184 50 42 299 678 10- I -1970 19- XI-1971 19- XI-1971 912 11 — — — — — 10- I -1970 21- I -1970 913 53 40 241 34 82 450 13- I -1970 8- IV-1971 8- IV-1971 914 49 45 100 162 33 274 663 14- I -1970 65 8- XI-1971 728 8-XI-1971 12- I -1972 915 52 40 191 87 52 422 14- I -1970 182 12-III -1971 604 12-III-1971 10- IX -1971 916 2 — — — — — 15- I -1970 17- I -1970 917 62 54 187 69 70 442 17- I -1970 269 4- IV -1971 711 4- IV-1971 29-XII-1971 918 76 50 186 61 — — 17- I -1970 24- I -1971 919 74 34 81 145 324 658 17- I -1970 366 6- XI -1971 1.024 6- XI-1971 6- XI -1972 920 58 48 205 192 — — 20- I -1970 7- VI-1971 921 45 35 213 68 72 433 24- I -1970 161 2- IV -1971 594 2- IV-1971 10- IX-1971 922 14 — — — — — 24- I -1970 7- 11-1970 923 64 53 201 45 26- I -1970 24- I -1971 924 62 60 180 66 297 665 28- I -1970 98 24- XI -1971 763 24- XI-1971 1- III -1972 925 75 222 Ô4 79 209 649 28- I -1970 85 8- XI -1971 734 8- XI-1971 1- 11-1972 926 55 73 117 — — — 29- I -1970 1- X-1970 927 61 34 206 56 29- I -1970 26- I -1971 928 62 55 159 58 44 378 29- I -1970 113 11- 11-1971 491 11- 11-1971 4- VI-1971 929 63 171 94 67 263 658 29- I -1970 18-XI-1971 18- XI-1971 930 46 49 203 61 “ 30- I -1970 24- I -1971 931 49 46 180 65 70 410 30- I -1970 322 16- III-1971 732 1S-III-1971 1- 11-1972 932 55 44 195 57 56 407 30- T -1970 130 13- III-1971 537 933 13-III-1971 21-VII-1971 4 — — — — v — 31- I -1970 4- 11-1970 934 52 38 190 59 36 375 31- I -1970 374 10- 11-1971 749 935 10- 11-1971 19- 11-1972 6 — — — — — 31- I -1970 6- 11-1970 936 48 50 202 80 61 441 31- I -1970 308 17- IV-1971 749 937 17-IV-1971 19- 11-1972 5 — — — — — 31- I -1970 938 5- II-1970 54 61 213 71 93 492 31- I -1970 117 7- VI-1971 609 939 7- VI-1971 2- X-1971 5 1- 11-1970 6- 11-1970 940 52 6 61 190 73 — “ 1- H-1970 12- 11-1971 941 “ 1- 11-1970 7- 11-1970 942 67 175 114 73 229 658 1- .11-1970 60 20- XI-1971 718 943 20-XI-1971 19- I -1972 5 2- 11-1970 7- 11-1970 944 12 — — — — 2- 11-1970 14- 11-1970 945 2 2- 11-1970 4- 11-1970 Sexo 9 9 9 á 9 9 á 9 ê S 9 9 ê S 9 9 9 9 9 9 SciELO TABELA II INTERVALOS (EM DIAS) ENTRE AS REFEIÇÕES DE T. PSEUDOMACULATA Ex. N' 1 901 902 903 904 905 910 911 913 914 915 917 918 919 920 921 923 924 925 926 927 928 929 930 931 932 934 936 938 940 942 Estádio 9 12 11 12 19 18 16 13 12 15 18 26 25 17 17 24 16 16 15 22 21 15 20 19 25 20 16 18 17 18 I 12 8 6 1 6 7 2 21 17 14 27 18 33 11 8 25 19 14 18 24 25 17 8 9 14 11 9 9 14 13 14 14 2 5 26 20 5 15 4 13 4 12 21 4 4 14 4 6 G 9 5 10 12 5 5 5 6 15 14 42 2 4 4 6 3 11 7 4 12 12 10 20 18 15 23 19 15 23 17 17 12 15 20 ii 11 24 22 11 12 13 8 15 10 12 ii 17 9 20 Estádio 4 4 5 8 5 8 21 5 5 3 5 10 7 5 6 8 13 10 19 8 7 11 3 5 13 1 4 13 14 7 II 5 5 12 5 7 5 13 4 11 6 14 10 5 9 1 5 10 11 10 5 5 10 5 14 5 5 1 5 5 7 10 3 9 9 6 9 4 5 4 5 10 11 3 21 11 10 11 10 34 19 5 1 14 10 10 11 1 14 19 5 7 5 5 5 13 9 2 5 23 5 19 4 69 19 16 7 G 10 9 8 49 5 7 11 19 10 30 20 21 22 12 65 22 24 22 30 30 12 23 1 19 26 162 33 21 33 51 22 22 26 18 16 33 32 62 Estádio 5 13 9 12 20 7 5 7 14 13 9 30 9 13 13 5 6 10 10 57 9 9 18 13 5 10 11 46 III 10 35 13 10 3 21 11 11 9 7 13 28 21 7 19 13 19 29 7 10 13 13 35 6 13 7 7 31 11 50 85 11 10 13 10 32 26 19 9 12 29 19 112 4 30 19 49 147 65 16 9 19 19 12 10 15 10 9 13 38 12 38 31 135 23 20 30 26 7 112 72 8 13 57 38 38 38 82 50 91 40 35 100 62 40 152 85 20 17 34 61 65 138 97 50 99 23 27 36 19 36 93 27 34 93 142 79 37 65 41 17 Estádio 11 7 9 4 4 109 20 25 16 6 14 26 6 33 18 13 15 5 15 12 14 13 12 14 8 20 IV 18 46 19 19 11 13 47 25 6 35 84 7 14 21 15 19 4 16 19 7 5 19 4 5 4 32 7 15 135 8 15 7 73 14 14 17 14 29 16 19 4 4 3 6 31 28 6 40 3 12 23 23 13 22 19 11 27 19 11 19 20 19 31 21 12 29 25 17 27 18 23 27 23 21 Estádio 18 33 12 18 6 14 3 18 12 21 11 20 10 11 3 6 3 18 5 28 V 32 10 3 15 42 3 19 15 10 29 15 36 4 11 19 12 10 13 36 17 10 17 49 17 52 49 3 14 48 23 66 63 88 19 26 4 62 52 74 16 34 135 32 59 40 35 26 29 24 16 30 20 103 22 58 101 34 111 18 31 21 33 35 79 Estádio VI Adulto 23 28 16 46 39 12 43 13 45 50 9 22 34 8 11 23 30 53 13 22 22 19 43 22 76 70 14 74 40 35 19 29 92 76 19 74 19 86 48 76 6 48 52 38 32 22 33 32 14 78 49 38 15 38 44 49 7 15 38 78 5 18 44 67 5 15 34 32 27 9 5 9 43 42 38 2 18 16 2 34 14 25 19 14 33 19 32 29 19 9 29 33 22 2 15 7 14 32 30 27 28 5 38 5 65 42 26 38 21 42 11 8 12 42 24 72 11 12 43 46 30 64 30 28 cm 10 11 12 13 SciELO 17 lí 19 20 21 22 23 24 25 26 27 29 Mem. Inst. Butantan 36: 263-2ÜG, 1972. TRIATOMA WILLIAMI GALVÃO, SOUZA & LIMA, 1965, CAPTURADO EM MATO GROSSO, RR, NOVO VECTOR DA MOLÉSTIA DE CHAGAS LAURO P. TRAVASSOS FILHO Seção de Parasitologia, Instituto Butantan. RESUMO — Um exemplar $ de Tria - toma williami Galvão e Cols., 1965, foi capturado em Xavantina, MT, amplian¬ do a distribuição geográfica da espécie, até então restrita ã localidade-tipo (Piranhas, GO). O espécime era portador de formas infectantcs de tripanosoma tipo cruzi. sendo assim mais um vector da Moléstia de Chagas no Estado de Mato Grosso. UNITERMOS - Trialoma williami Gal¬ vão e Cols., 1965: Hemiptera, Reduviidae, Triatominae. Primeira observação no Estado de Mato Grosso, BR. Exemplar infectado com Trypanosoma tipo cruzi. MATERIAL EXAMINADO Da Coleção Entomo-Parasitologica do I. Butantan: 1 ê, n. 869, Xavantina, MT, IX-1969, L. G. M. Rosenfeld col. ôc of. 1 ê, n. 870, Piranhas, GO, Parátipo, A.A B. Galvão of. Da Coleção Dr. Arclhbaldo B. Galvão: Triatoma williami: 3 ô, Parátipos $ Alótipo, 1 ninfa, Piranhas, GO. Triatoma deanei: ô Holótipo, 1 ninfa, Piranhas, GO. DISCUSSÃO Galvão, Souza & Lima, 1965, (2) descreverem Triatona williami baseados em 12 machos e 4 femeas, exemplares que faziam parte de um lote de 18 “barbeiros” adultos e 2 ninfas, capturados na “casa n.° 2” da Fazenda Antonio Bueno Faria, no município de Piranhas, Estado de Goiás, exemplares que não apresentaram coproparasitismo. Dois outros exemplares desse lote inicial, um casal, foram descritos como Triatoma deanei também por Galvão, Souza & Lima, 1967 (3). Galvão & Fuentes, 1971 (4) descreveram aquelas duas ninfas do lote capturado na “casa n.° 2”, como sendo uma de T. williami e outra de T. deanei. Corrêa, 1968 (1), publicou a lista dos triatomíneos brasileiros, assina¬ lando T. williami ainda entre os não registrados como vectores da Moléstia de Chagas. C.P. G5, São Paulo, Brasil Endereço para correspondência: 2C3 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 TRAVASSOS F.°, L. P. — Triatoma Williami G AL VÃO, SOUZA e LIMA, 1965, capturado em Mato Grosso, BR., novo vector da Moléstia de Chagas. Mem. Inst. Butantan , 36: 263-266, 1972. Em setembro de 1969, o Dr. Luiz Gastão Mange Rosenfeld capturou num alojamento coletivo da localidade de Xavantina, Estado de Mato Grosso, um “barbeiro” de aspecto diverso do habitual nos triatomíneos mais frequentes; o exemplar vivo toi entregue ao Dr. Gastão Rosenfeld, o qual constatou ser o mesmo portador de foimas infectantes de Trijpanosoma (S.) criizi. Enviado o inseto a Seção de Parasitologia do Instituto Butantan e não sendo possivel uma identificação imediata, fomos ao Instituto üswaldo Cruz, Rio de Janeiro, onde o Dr. H. Lent, comparando com exemplares de Tria¬ toma wílliami e T. deanei, ambas de Gaivao & Gols., 1965 e I9tí7, respecti- mente, concluiu tratar-se de 1 è da primeira espécie. Mais tarde recebemos do Dr. Arquibaldo B. Galvão um exemplar macho da série paratípica; comparando com esse paratipo verificamos também que o exemplar de Xavantina é realmente um macho de Triatoma wílliami Galvão & Cols., 1965, o qual foi tombado oa Coleção Entomo-Parasitologica do Insti¬ tuto Butantan com o n.° 869, recebendo o parátipo ofertado o N.° 870. Face ao encontro de “barbeiro” raro, mas de hábito evidentemente do¬ miciliar, pois tanto o lote que permitiu a descrição da espécie -como o de Xavantina, foram encontrados em residências, este último portador de formas infectantes de tripanosoma tipo cruzi, enviamos a Xavantina o Snr. Mario Nogueira, então técnico da Parasitologia e também excelente colecionador de campo, na esperança de obter mais exemplares; a passagem por essa loia- lidade de turma de desinsetisadores, dias antes da chega do Snr. Nogueira, prejudicou a observação, tendo sido encontrada uma única ninfa, em pro¬ vável estádio IV, e que morreu poucos dias depois, com sinais de intoxicação. Comparada com ninfas de T. williami e de T. deanei, gentilmente cedidas pelo Dr. A. B. Galvão, verificamos não se tratar de ninfa de nenhuma dessas espécies, e sim de triatomíneo de menor porte. Aproveitando o bom estado do exemplar de Mato Grosso, foi feito o desenho colorido que apresentamos, para possibilitar o pronto reconhecimento dessa espécie que, por se apresentar com o conexivo praticamente sem man¬ chas, difere da grande maioria dos demais triatomíneos; face ao seu colorido preto e pardo-amarelo, bastante discreto, o T. williami pode ser confundido com hemípteros fitofagos ou reduvíneos predadores .escapando às coletas de “barbeiros” feitas por pessoal técnico não especializado. Ao assinalarmos a presença na localidade de Xavantina, Estado de Mato Grosso, do curioso e raro Triatoma williami Galvão & Cols., 1965, destaca¬ mos o fato de ser espécie provavelmente transmissora do Trtjpasonoma (S.) cruzi uma vez que, sendo de hábitos domiciliares, já foi constatado ser porta¬ dora de formas infectantes do agente da Moléstia de Chagas. ABSTRACT — A male specimen of Triatoma williami Galvão & Cols., 1965, up to know only known from its typc- locality in the State of Goiás, was cap- tured in Xavantina, State of Mato Gros¬ so, extending thus it geographical dis- tribution. As the specimen was found to carry the infectant forms of Trypa- nosoma type cruzi it should.be included in the list of vectors of Chagas disease. UNITERMS — Triatoma williami Galvão & Cols., 1965 — Hemiptera, Re- duviidae, Triatominae; first observations in the State of Mato Grosso, BR. Infec- ted by Trypanosoma type cruzi is a new vector of Chagas disease. 2G4 cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 TRAVASSOS F.°, L. P. — Triatoma Williami GALVÃO, SOUZA e LIMA, 1965, capturado em Mato Grosso, BR., novo vector da Moléstia de Chagas. Mem. Inst. Butantan, HG: 263-266, 1972. AGRADECIMENTOS Aos Drs. Luiz Gastão Mange Rosenfeld e Gastão Rosenfeld pelo envio do exemplar para a Coleção Entomo-Parasitologica do Instituto Butantan e pelas valiosas informações pessoais; ao Dr. H. Lent, do Instituto Oswaldo Cruz, pela identificação do exemplar; ao Dr. Archibaldo Bello Galvão pela doação de um exemplar parátipo e empréstimos de outros exemplares de T. williami e T. deanei e respectivas ninfas, possibilitando perfeita compara¬ ção com o exemplar de Xavantina. Agradecimentos especiais a Sra. Juventina dos Santos, Desenhista-Chefe do Instituto Biológico de S. Paulo, pelo per¬ feito desenho colorido que ilustra o trabalho. As comparações de exemplares e a biometria foram feitas com apare¬ lhagem ótica adquirida com auxílio do Conselho Nacional de Pesquisas, ao qual renovamos os agradecimentos. BIBLIOGRAFIA 1. CORRÊA, R. R. — Informe sôbre a doença de Chagas no Brasil e em especial no Estado de São Paulo. Rev. Brasil. Malar. D. Tropicais, R. Janeiro, 20 (1-2): 39-82, fgs., 1968. 2. GALVÃO, A. B„ SOUZA, A. H. da SILVA E & LIMA, R. R. DE — Triatoma williami n. sp. (Hemiptera, Triatominae). Rev. Brasil. Malar. D. Tropicais, R. Janeiro, 17 (4): 363-6, fgs., 1965. 3. GALVÃO, A. B., SOUZA, A. H. DA SILVA E & LIMA, R. R. DE — Espécies de Triatominae ocorrentes em Goiás e descrição de uma nova espécie. Rev. Brasil. Malar. D. Tropicais, R. Janeiro, 19 (3): 397-412, fgs., 1967. 4. GALVÃO, A. B. & FUENTES, F. B. — Descrição de ninfas de Triatoma williami (B. Galvão & Cols., 1965) e T. deanei (B. Galvão & Cols., 1967). Rev. Goiana Med., Goiania, 17: 141-5, fgs., 1971. Recebido para publicação em Agosto/72 Aceito para publicação em dezembro/72 2G5 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 TRAVASSOS F.°, T j. I*. — Triatoma Willicnni GAL/VÃO, SOUZA e L.IMA, 19G5, capturado em Mato Grosso, BR., novo vector da Moléstia de Chagas, .liem. Ijist. Butantan, .36: 2G3-2G6, 1972. Triatoma toilliami Galvão, Souza & lama 19G5 X.° 8G9 da Coleção Entomo-Parasitológica do Instituto Butantan. 2 3 4 5 cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 WWÇ Mem. Inst. Butantan 36: 267- , 1972. Nota prévia SOBRE A POSIÇÃO SISTEMÁTICA DE PORRIMA CALLIPODA MELLO LEITÃO, 1934 (Aranae; Lycosidae) WOLFGANG BÜCHERL* e SYLVIA LUCAS** (Seção de Artrópodos Peçonhentos, Instituto Butantan) R — Revisando o holótipo de Porrima callipoda Mello Leitão, 1934 (LY- COSIDAE), uma fêmea jovem de Ribeirão Claro, Mato Grosso, depositado sob o número 1002 (antigo 5) da coleção aracnológica do Instituto Butantan, concluímos que, pelo colorido, pela quetotaxia, pelas dimensões do cefalotórax e dos artículos das pernas, pela extensão das escópulas tarsais e pelo aspecto do epígino, pertence ao gênero Tetragonophthalma Karsch, 1878 (PISAU- RIDAE). A morfologia de Porrima callipoda demonstra que está próxima de T. obscura Keyserling, 1891 e T. freiburgensis (Keyserling), 1871, as quais o próprio Keyserling julgava serem idênticas entre si. BIBLIOGRAFIA 1. MELLO LEITÃO, C. F. — Tres aranhas novas nas coleções do Instituto Butantan. Mem. Inst. Butantan , 8: 405-407, 1934. 2. KEYSERLING, E. — Die Spinnen Amerikas. Brasilianische Spinnen. 3 NüJrnberg, Bauer und Raspe, 1891, Pr. I, Fig. 192. 3. KEYSERLING, E. — Übcr amerikanische Spinnenarten der Unterordnung Ci- tigradac. Verh. zool. bot. Ges. Wien, 26: 671-673, 1877. 267 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 ÍNDICE DE AUTORES BIASI, p., PESSOA, S. B. e SOUZA, D. M. BÜCHERL, W. e LUCAS, S. (nota previa) FONTENELLE, T. J. H. HOGE, A. R. e LIMA-VERDE, J. S. HOGE, A. R. e ROMANO, S.A. HOGE, A. R., SANTOS, N. P„ HEITOR, C., LOPES, L. A. e SOUZA. I. M. langlada, f. g. LANGLADA, F. G. e BELLUOMINI, H. E. LANGLADA, F. G. e BELLUOMINI, H. E. LANGLADA, F. G„ BELLUOMINI, H. E. e MACHADO, J. C. LANGLADA, F. G. e SHINOIYA, N. LUCAS, S. e BÜCHERL, W. MACHADO, J. C„ SOERENSEN, B„ AMARAL, J. P., PINTO, E. A. e DONOSO, N. OLIVEIRA, E. P. T. PESSOA, S. B., BIASI, P. e SOUZA, D. M. ROMANO, S. A. R. W. L. e HOGE, A. R. SOERENSEN, B., YOSHIO, M. E. e ROCHA, M. C. SOERENSEN, B. e ROSENBERG, G. M. TRAVASSOS F 1 ', L. P. 36: 245-249 36: 267 36: 251-262 36: 215-220 36: 109-208 36: 221-232 36: 67- 72 36: 73- 78 36: 89-100 36: 101-108 36: 79-88 36: 233-240 36: 57- 66 36: 1- 40 36: 241-244 36: 209-214 36: 41- 49 36: 51- 56 36: 263-266 IS 269 cm SciELO 10 11 12 13 14 15 ÍNDICE DE ASSUNTOS Ablação cirúrgica glândulas principais de veneno em serpentes do gênero Crotalus... 36: 89-100 Aranhas caranguejeiras redescrições de gênero nova espécie 36: 233-210 Antibioticoterapia Choque transfusional por sangue contaminado 36: 41- 49 Antibioticoterapia Contaminação bacteriana 36: 51- 56 Bctulismo envenenamento pela ingestão de conservas 36: 1- 40 Botulismo preparação do soro antibotulínico tipo A 36: 1- 40 Contaminação bacteriana em banco de sangue 36: 51- 56 contaminação bacteriana determinação — em sangue estocado 36: 51- 56 contaminantes sangue estocado 36: 51- 56 contaminação bacteriana antibioticoterapia 36: 41- 49 choque transfusional por sangue estocado 36: 41- 49 ciclo sexual bienal Serpentes Crotalus 36: 67- 72 cclostomia e cloacorrafia em serpentes 36: 79- 88 Crotalus ablação cirúrgica de glândulas principais de veneno 36: 89-100 Crotalus ciclo sexual bienal 36: 67- 72 Crotalus comportamento de serpentes 36: 101-108 Crotalus histopatologia das glândulas acessórias de veneno 36: 101-108 271 SciELO Crotalinae, Bothrops. Crotalus e Lachesis Serpentes peçonhentas do Brasil cicio evolutivo em laboratório Triatoma pseudomaculata Corrêa e Spinola, 1964. Desdobramento de glicose por bactérias Determinação da contaminação bacteriana sangue estocado Derivação intestinal Serpentes Diagnose Xenodon e Waglerophis Envenenamento pela ingestão de conservas soro antibotulínico tipo A Esporulação Culex dolosus Esporulação Hepatozoon roulei Esporulação hemoparasita de Bothrops alternatus Hemipenicectomia bilateral serpentes Histopatologia das glândulas acessórias de veneno Crotalus hematozoários hepatozoon, tripanosoma, e plasmódio Hepatozoon roulei esporulação transfusão de sangue com hepatozoon hemoparasita de Bothrops alternatus esporulação Imunopatologia Tuberculose Identificação de espécies de serpentes Iauareté, Amazonas, Brasil IÀophis mossoroensis Liophis purpurans Nova espécie Aranhas caranguejeiras Redescrição de gênero Aranhas carangueijeiras Serpentes peçonhentas do Brasil Elapidae; Elapinae, Micrurus sp, Viperidae Crotalinae, Bothrops, Crotalus e Lachesis Serpentes coletadas em Iauareté, AM, Brasil Identificação das espécies 36: 109-208 36: 251-262 36: 51- 56 36: 51- 56 36: 79- 88 36: 241-244 36: 241-244 36: 57- 66 36: 221-232 36: 215-220 36: 233-240 36: 233-240 36: 109-208 36: 109-208 36: 221-232 272 cm SciELO .0 11 12 13 14 15 16 Transfusão de sangue hepatozoon Transmissão congênita serpentes transmissão congênita hematozoários Triatoma pseudomaculata Corrêa e Spinola 1964 ciclo evolutivo em laboratório Triatoma rvilliami Galvão e cols., 1965 Hemiptera, Reáuviidae, Triatominae Triatoma williami Galvão e cols., 1965. primeira observação no Estado de Mato Grosso exemplar infectado com Tripanosoma tipo cruzi Vacinação pelo BCG Imunopatologia da tuberculoso Waglerophis nom. nov. Ophis Wagler SciELO 36: 241-244 36: 245-249 36: 245-249 36: 251-262 36: 263-266 36: 263-266 36: 57- 66 36: 209-214 273 13 14 cm SciELO 10 11 12 13 14 15