y Crer E o a r Soh ç 5 q 24 1 o vê ” a PRE eiAgra AMBRIDOE MASSy E PEL cr EE 4d re ; > sa PERa CEO o og dc is ND dE ni aa Ko Est ARE E ALR Nego ts | a RR cr eo Ear Mi adhaia sm - ; Aposta si p TREE A a Rindo DR A Ata é it Au E Be é te R o por ca te ES MR] RR EE Rd RO EAR Tady EM der aa) a UE vº 7 Te lia, ice R ) PE 7 PN e al PRO ee ANNÃAES DE SCIENCIAS NATURAES PUBLICADOS POR AUGUSTO NOBRE — VOLUME PRIMEIRO PORTO TYPOGRAPHIA OCCIDENTAL 80 — Rua da Fabrica — &o0 SM A 1894 = a inGEre ss as Annaes de Sclencias Naturass ANNÃES DE SGIENCIAS NATURÃES VOLUME 1 As Sclencias Naturaes Estes Znnues veem a seu tempo. Represen- tam tambem uma homenagem á memoria preclara do grande infante. A obra da moderna civilisação é sobretudo scientfica, e foram as nossas navega. ções e conquistas que rasgaram á sciencia os no- vos horisontes. Mas, se a vista de tantas maravi- lhas e o trato de gentes tão extranhas iniciaram uma era de progresso irresistivel em todos os ra- mos do saber, mais do que quaesquer outras, as sciencias naturaes datam d'então o seu prodigioso desenvolvimento. E que immensa é hoje a sua acção! Não ha dominio do espirito humano em que ellas se não tenham reflectido. Não falando nas industrias, suas filhas legitimas, que são as theorias e escho- las historicas e evolucionistas nas sciencias so- ciaes e o realismo na litteratura e na arte senão manifestações do predominio das ideias natura- 3. bo ANNAÃES DE SCIENCIAS NATURAES listas? Chegou-se a ponto de mais d'um philoso- pho e educador, passando do conhecimento a uma immoderada admiração, endeusar a natureza, como se não fosse ainda mais admiravel o genio perseverante do homem que perscruta e desvenda os seus mysterios. À idolatria da natureza materialisou um tanto a vida moderna, requintando as commodidades e os gosos até ao egoismo ; mas estes excessos fo- ram de sobejo resgatados pela propria dignifica- ção do corpo humano, instrumento precioso do bem, e conjunctamente pela dignificação da mu- lher, que, como meio de reproducção, andava des- presada, da creança, que se descurava tambem como uma cousa physica, dos operarios que, sob a designação de mecanicos, se confundiam com as massas inertes, e de todos os humildes. Tudo quanto estava proximo da natureza, foi envolvido no mesmo amor. O coração seguiu a marcha da intelligencia, que se voltara com desvelo para o estudo das almas simples e das instituições rudimentares, como se as selencias moraes e sociaes quizessem ir ao en- contro das sciencias naturaes para lhes pedir o segredo das suas descobertas. É, de facto, com os bons methodos, com a prática da observação e comparação, transplanta- ram-se d'um para outro campo muitas doutrinas fecundas; e até, como sempre succede no ardor das generalidades, não faltou quem proclamasse uma assimilação absoluta, que a consciencia mo- ral e a nossa dignidade repellem. DR. B. MACHADO: AS SCIÊNCIAS NATURAES 3 O que é verdade, é que se deu á educação a sua base, e que ringuem póde considerar-se 1n- struido sem uma larga preparação naturalista. Os grandes observadores o teem exemplificado com- sIgO. Não prestam as sciencias naturaes só pelo interesse, por assim dizer, material que nos pro- vem de conhecermos o mundo physico, mas ainda pelo valor intrinseco do proprio conhecimento. A noção d'um phenomeno, a lei que o regula, teem, não ha duvida, uma segura importancia obje- ctiva; mais importante comtudo é o criterio pelo qual o espirito humano as descobriu, habilitan- do-se desde logo a emprehender mais altos des- cobrimentos. Eis o que é preciso que o naturalis- mo não esqueça, sob pena de não preencher a sua funcção educativa. Lisboa, 214 de Janeiro de 1894, BernARDINO MACHADO. Enio À A Ho ja no : Neri a vel pi die mn vê E if a ah A il nn Ri NA á ARIR TIE Sh pra E f N ti n Fo ERRA ap NE To oa FRA E E Pr ua j dra be dE ese o Nie ds E P na unid a “ral LN dino PER 1! A E A 5º om Aa) RP RPA do butim pe h ETR E Ea e e Ea Bars Ny Kunze ne M Lda 1d qtgit Ei ] SA o RR rogo DA RR ii RR 7 dE rdias E Ra RR tee eng + ANN efa oi y EA AR na CP a é Niro via Rh nv AR + 1 RM nisApP tro bunda o a . Ro | E PRA TORCE NUA NU E A; ur EaiA p TALCO - (AA E 0 PR ria Aiii espe É UU O E goto ol EN RE Sobre ij aa po PT air = o q E A ed dia alo oa que be uteg! plo DE Ed ia dt 4 Te by! Mo pó tido RR A ad, EO o RE an + le vb ja Ed ii ia apto ay ana A j NL re by A pa. Ta a = e rio , ' “a +00 fly tea aid ot ebogom ar edi Rs E o st AM 11.43 Ni À o á y ps! o e RO va a ); q 1 e Rar | - E E, 1 = no | É " Eua A A RA Vs gia. Ri a o á nim a e gi omite poltési aipo gi o, a RD a By q Rr RE Fa findo ri BR. és idos UP É DD e, np OS | ' aa fi “4 o o y. Ee ed RC a “us o Pt s” a ME RT 7 na y Wo! a DRE Pap + nb Rs AMA, AU a “a pera ua Ra iai Esboço dum Calendario da Flora dos arredores do Porto POR EDWIN J. JOHNSTON Durante alguns annos era meu costume, quando vol- tava de qualquer excursão ou exploração nos arredores do Porto, tomar uma nota das plantas mais notaveis que encontrava em flôr, com o fim de saber, no anno seguin- te, em que mez devia procurar exemplares completos. O resumo d'estas notas vê-se no calendario que segue. Cum- pre-me, porém, antes de o principiar, fazer algumas ob- servações. O mez refere-se, em goral, ao primsiro em que a planta foi encontrada em flôr, mas, como se vê do proprio calendario, ha plantas que continuam em flôr dous ou tres mezes, ou mesmo durante a estação. Em geral, não se deve contar com a flôr antes do mez indi- cado, embora haja às vezes exemplares com flóres avul- sas. Demais, a época de florescencia está naturalmente sujeita a variações, conforms o tempo fôr bom ou chu- voso, frio ou de calor excepcional. O habita! refere-se aos lugares em que a planta foi effectivamente encontrada em flôr, mas não se segue necessariamente que os apontamentos tomados nas res- Ann. de Sc. Nat., v. I., Jan. 1894 6 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES pectivas occasiões digam respeito a todas as localidades mencionadas, porque em muitos casos isto não me era possivel. Além d'isso, creio que uma tal tarefa seria des- necessaria, e mesmo superfiua, porque estou convencido, por uma serie de observações feitas seguidamente, duran- te mais de dez annos, que, quando uma planta está em flôr, em duas ou tres localidades d'estes arredores, está quasi sempre tambem em flór nas restantes: por outras palavras, a florescencia da maior parte das plantas de qualquer especie é simultanea dentro d'esta area de dis- tribuição. Finalmente, haverá talvez muitas lacunas neste ca- lendario, que não passa d'um simples esboço, pois que, não tendo idéas de publicação quando tomei para uso proprio as notas que serviram de base para a construcção do mesmo, limitei-me ás flóres agrestes e ás plantas mais curiosas ou notaveis, deixando de parte muitas das mais vulgares e menos interessantes: é porisso mais um ca- lendario de flôres agrestes para o amador da Natureza, do que para o botanico propriamente dito. Espero, porém, remediar esta falta nos mezes que ainda estão por publi- car, além de apresentar umas listas supplementares dos tres primeiros mezes do anno. JANEIRO FICARIA RANUNCULOIDES. MoEenchH. Habitat. — Leça de Balio, S. Gens, Rio Tinto, Avin- tes, margens dos ribeiros e campos humidos. COCHLEARIA DANICA, L. Hab. — Castello do Queijo, Leça da Palmeira, Boa Nova, Lavadores, V. do Conde, nos rochedos á beira mar- JOHNSTON. FLORA DOS ARREDORES DO PORTO / OXALIS PURPUREA, L. (EsTAMPA 1, FIG. 1) Hab. — S. Gens, Francos, Foz do Douro, Leça da Palmeira, proximidades de Avintes, Valladares, Magda- lena e Senhor da Pedra, nos campos humidos. Oriunda do Cabo da Boa Esperança, acelimada em muitas loca- lidades. MONTIA MINOR, GumeEL. Hub. — S. Gens, Leça do Balio, Santa Cruz do Bis- po, e varios outros logares, nas margens dos ribeiros e nas terras lamacentas. LAMIUM MACULATUM, L. Hab. — S. Gens, Leca do Balio, Custoias, e muitas outras partes, nas sebes, atalhos e muros velhos. BELLIS SYLVESTRIS, Cyr (Hargarula) Hab. — Nos pinhaes e nos mattos, abundante. CALENDULA ARVENSIS, L. (Herva vaqueira) Hab. — Nos campos cultivados, abundante. SENECIO SCANDENS, D. C (ESTAMPA 1, FIG. 2) Acelimada em muitas partes, principalmente do lado sul do Douro, nas sebes, em Valladares, Granja e proxi- midades do Senhor da Pedra. Oriunda do Cabo da Boa Esperança. FEVEREIRO TEESDALIA NUDICAULIS, R. Br. Hab. — Terras pedregosas ou areentas e margens das estradas, em S. Gens, Mattosinhos, e muitas outras partes. 8 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES VIOLA ODORATA, L. (Violeta) Hab. — Leça do Balio, Moreira, Santa Cruz do Bispo e Mattosinhos, principalmente junto aos muros. VIOLA SILVATICA, FR. Hab. — Nos atalhos — S. Gens, Leca do Balio, Fonte da Moura, e muitas outras partes. POTENTILEA SPEENDENS: Ram: Hab. — Alto da Bandeira, Valladares e Alfena, nas mattas e nos. pinhaes. BELLIS PERENNIS, L. (Margarida) Hab. — Margens das estradas e arrelvados, abun- dante. ERICA LUSITANICA, Run. Hab. — S. Gens, Leça do Balio, Serra de Santa Jus- ta, Alfena, Senhor da Pedra, e proximidades de Avintes, nas mattas e nas margens dos ribeiros. PRIMULA OFFICINALIS, Jaco. (Primavera) Hab. — Alfena, Leça do Balio, Santa Cruz do Bispo, Rio Tinto (proximidades da estrada do Porto a Vallongo) e proximidades de Avintes, nas margens dos rios e ri- beiros. LITHOSPERMUM PROSTRATUM, Lois. (Herva das sete sangrias) Hab. — Nas mattas e tojaes, abundante. OPHIOGLOSSUM LUSITANICUM, L. (Lingua de cobra) Hab. — Terra preta nas proximidades do mar, em Guarda, Leça e Lavadores. Tambem apparece em terras humidas perto da praia, nas proximidades de Espinho (em grande abundancia) e do Senhor da Pedra. JOHNSTON: FLORA DNS ARREDORES DO PORTO 9 ANEMONE TRIFOLIA, L. Hab. — Leca de Balio, Santa Cruz do Bispo e Alfena, perto da margem do Rio Leça, Rio Tinto, proximidades da estrada do Porto a Vallongo, S. Pedro da Cova, per- to das minas de carvão, e proximidades de Avintes, per- to do Rio Avintes. RANUNCULUS LENORMANDI, ScHuLTZ. Hab. — Margens dos ribeiros e terras lamacentas. Abundante. STELLARIA HOLOSTEA, L. Hab. — Nas sebes, Leça do Balio, Rio Tinto (proxi- midades da estrada de Vallongo) e varios outros logares. ERODIUM CICUTARIUM, Hérir. Hab. — S. Gens, Leça do Balio, Custoias e muitas outras partes, nos campos cultivados, e nas margens das estradas. GENISTA FALCATA, Bror. Hab. — Alfena, Leca do Balio e Santa Cruz do Bispo, nas margens do Rio Leça. Margens do rio Douro, proxi- midades de Fonte da Vinha, e mais acima. SHERARDIA ARVENSIS, L. Hab. — Nos campos, abundante. TARAXACUM OFFICINALE, Wice (Dente de leão) Hab. — Terras cultivadas e margens das estradas. Abundante. ERICA AUSTRALIS, L. Hab. — Entre Alfena e Vallongo (proximidades da es- trada), Serra de Santa Justa e margens do rio Avintes em Alheira Baixa. 10 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES EUPHORBIA HELIOSCOPIA, L. “Maleiteira) Hab. — Nos campos, vulgar. EUPHORBIA SEGETALIS, L. Hab. — Leça da Palmeira, Mattozinhos, Lavadores e Valladares, nas proximidades do mar. ALNUS GLUTINOSA, GARTN. (Amieiro) Hab. — Margens dos rios Leça e Avintes em varias partes, Valladares, nas margens dos ribeiros. NARCISSUS CYCLAMINEUS, BAKER. (ESTAMPA Il) Hub. — Nas margens dos ribeiros, quasi á flôór da agua. A's vezes está em flór em Janeiro ou mesmo em Dezembro. NARCISSUS BULBOCODIUM, L. Hab. — Campos cultivados, proximidades de Leça do Balio, Guarda e S. Gens. NARCISSUS PSEUDO-NARCISSUS, L. (Aarcizo) Hab. — Mattozinhos, nos tojaes. NARCISSUS TRIANDRUS, L. Hab. — Nos pinhaes, abundante. TRICHONEMA BULBOCODIUM, Ker. Hab. — Bouças, pinhaes e tojaes. Abundante em muitas localidades. MARÇO CARDAMINE PRATENSIS, L. | Hab. — Margens dos rios e dos ribeiros, em Leça do Balio, Mattozinhos, Valladares e outros locaes. CARDAMINE HIRSUTA, L. e Hab. — Leça do Balio, S. Gens, Mattozinhos e ou- JOHNSTON: FLORA DOS ARREDORES DO PORTO 11 tras partes, nas margens dos ribeiros e em terras humi- das. CHELIDONIUM MAJUS L. Hab. — Muros e rochedos humidos, em Mattozinhos e nas proximidades de Custoias, e Candal. VIOLA PALUSERIS, L. Hab. — Margens dos rios Leça, Ferreira, Avintes, e em varias localidades. MELANDRYUM PRATENSE, RoHL. var. COLORATUM RosrTr.? Hab. — Serra de Vallongo, nos rochedos. SILENE INFLATA, Sm. Hab. — Leça da Palmeira e Lavadores, nos rochedos . à beira mar. BRACHYTROPIS MICROPHYLLA, Wx. Hab. — Serra de Vallongo e nos montes, entre Alfe- na e Vallongo. HALIMIUM UMBELLATUM, SpacH. Hab. — Serra de Vallongo e Ponte Ferreira. ANTHYLLIS VULNERARIA, L. Hab. — Leça da Palmeira e Lavadores, proximidades do mar. SAROTHAMNUS GRANDIFLORUS, WEBB. (Gtesleira) Hab. — Entre S. Gens e Mattozinhos, nos bosques de carvalhos, e entre Santa Cruz do Bispo e Leça da Palmeira, nos rochedos graniticos das margens do rio Leça, e mais outras partes. GENISTA BERBERIDEA, Lc. Hab. — Nas margens dos ribeiros e terras pantano- 12 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES sas, em Alfena, na Serra de Vallongo, e nas margens do rio Ferreira, em S. Martinho do Campo e ao sul de Ponte Ferreira. PTEROSPARTUM CANTABRICUM, SpacH. (Carqueja) Hab. — Alfena e Serra de Vallongo, e nas proximida- des de Arnellas. ULEX EUROPAEUS, L (Tojo) Hab. —Abundante em todo o districto. Continúa com flóres quasi todo o anno. ULEX LUSITANICUS, Mariz. Hab. — Serra de Vallongo e Alheira Baixa, proximi- dades das margens do rio Avintes. RHAMNUS ALATERNUS, L. Hab. — Foz, pinhaes ao nascente do Castello do Quei- jo e Valladares, mas raro. POTERIUM, sp.? Hab. — Leça do Balio e Santa Cruz do Bispo, nos muros e nos rochedos graniticos. FRAGARIA VESCA, L. (Morango) Hab. — S. Pedro da Cova e Valladares, nas sebes e nos arrelvados. SAXIFRAGA GRANULATA, L. “Hab. — Nas fraldas do convento da Serra, em Cam- panhã, (Freixo e estrada de S. Cosme) Santa Lomba e Guifões, perto das morgens do rio Leça e em S. Marti- nho do Campo, margens do rio Ferreira. CIRSIUM PALUSTRE, Scopr. Hab. —S. Gens, Leça da Palmeira e Valladares, nas margens dos ribeiros e em terras pantanosas. JOHNSTON: FLORA DOS ARREDORES DO PORTO 4s CGREPIS: VIRENS; E; Hab. — Muros, campos cultivados e arrelvados, em muitos logares ao norte e sul do Douro. EVAX PYGMAEA, PErs. Hab. — Terras areentas nas proximidades do mar, em Leca da Palmeira, Mattozinhos e Valladares. COLEOSTEPHUS MYCONIS, Cass. (Nalmequer, Pam- pilho de Micão) Hab. — Abundante nos campos cultivados e em mui- tas localidades, tanto ao norte como ao sul do Douro. SOLIVA BARCLAYANA, D. €. Hab. — Abundante nas margens das estradas, proxi- midades da Boa Vista (Fonte da Moura), Quinta da Pre- lada, S. Mamede de Infesta, Rio Tinto (estrada do Porto a Vallongo), Vendas novas (idem), estrada do Porto a Ermezinde, rua da Restauração, Massarellos, Ouro, (per- to da estação dos carros americanos) S. Pedro da Cova, e margens do Rio Ferreira, ao sul de Porto Ferreira. Do lado sul do Douro, tambem apparece na estrada de Villar do Paraizo. Esta planta parece ter sido importada da America do Sul. DABOECIA POLIFOLIA, Don. Hab. — Alfena, nos pinhaes e nas serras entre a mes- ma e Vallongo. ANAGALLIS ARVENSIS, L. (Hurrião) Hab. — S. Gens, campos e terras cultivadas. PINGUICULA LUSITANICA, L. Hab. —Ponte Ferreira, na encosta do monte, Serra de Vallongo, nas margens dos regatos, e nos atalhos en- tre Santa Cruz do Bispo e a estrada de Pedras Rubras a Leça da Palmeira, em granito decomposto. 14 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES OMPHALODES LUSITANICA, Pourr. Hab. — Nas sebes e nos atalhos, em Leca do Balio, bosques entre S. Gens e a estrada de Leça, Fonte da Moura, Alfena, Valladares e varios outros lugares. MYOSOTIS PALUSTRIS, WirH. Hab. — S. Gens, Leça do Balio, Leça da Palmeira, e varias outras partes, nas margens dos ribeiros e em ter- ras lamacentas. ECHIUM PLANTAGINEUM, L. (Soagem) Hab. — Campos humidos, abundante. PHILLYREA ANGUSTIFOLIA, L. Hab. — No lado do nascente da Serra de Santa Justa, entre Lugar da Mó e Ponte Ferreira, e entre Alfena e Vallongo, nos montes. VERONICA SERPYLLIFOLIA, L. Hab. — Entre Santa Cruz do Bispo e Leça da Pal- meira, nos atalhos e nas margens das estradas. PEDICULARIS LUSITANICA, Hrrc. Link. Hab. — Nos mattos, tojaes e nos pinhaes. Abun- dantes. AJUGA REPTANS, L. Hab. — Nas margens dos rios Leça e Avintes em varias partes. ARMERIA LANGEANA, J. Henr. Hab. — Villa do Conde, Guarda, Boa Nova, Leça da Palmeira e Lavadores, nos rochedos á beira-mar. PARONYCHIA ARGENTEA, Lam. Hab. — Terras areentas nas proximidades do mar. Vulgar em muitos logares tanto norte como sul do rio Douro. JOHNSTON : FLORA DOS ARREDORES DO PORTO 15 RUMEX ACETOSA, L. Hab. — S. Gens, Leça do Balio, Valladares e outros logares, nas margens dos ribeiros e terras humidas. QUERCUS PEDUNCULATA, EumrH. (Carvalho) Hub. — Leça do Balio, nas margens do rio Leça, Valladares, Alfena, margens do rio Ferreira, ao sul de Porto Ferreira e outras partes. Plantado em muitas loca- lidades. POTAMOGETON NATANS, L. Hab. — S. Gens e Boa Nova, nos pantanos e nas aguas estagnadas. LAURUS NOBILIS, L. (Loureiro) Hab. — Perafita, Leça do Balio, proximidades de S. Gens e de Avintes. Subspontanea nas sebes e nas mar- gens dos rios e ribeiros. ORCHIS MORIO, L. Hab. — Serra de Vallongo. TRICHONEMA CLUSIANUM, Lee. Hab. — Terras areentas nas proximidades do mar, em Boa Nova, entre Foz e Mattozinhos, e Lavadores. SCILLA MONOPHYLLOS, Link. Hab. - Terras seccas e pedregosas, em S. Gens, Leça do Balio, Serra de Vallongo e varias outras locali- dades. Abundante. CONVALLARIA POLYGONATUM, L.(Sello de Salomão) Hab. — Leça do Balio (proximidades do rio Leça), Santa Cruz do Bispo (idem), Rio Tinto, (n'uns bosques de carvalhos, perto da estrada de Vallongo), S. Pedro da Cova, perto das minas de carvão, e Valladares, n'uns bosques de carvalhos. 16 | ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES MUSCARI RACEMOSUM, D. €. Hab. — Foz do Douro e Villarinha, nos campos cul- tivados. ORNITHOGALUM UMBELLATUM, L. (Leite de galli- nha) Hub. — S. Gens e Valladares, nos campos. POTENTILLA TORMENTILLA, Sist. Hab. — Nos pinhaes, abundante. COREMA ALBUM, Don. (Camarinheira) Hab. — Entre Ovar e Esmoriz, nas margens da estrada. HALIMIUM LIBANOTIS, Lage. Hab. — Nas mesmas localidades. INN OTAS Viola odorata. — Em flôr desde fins de novembro até meiados de fevereiro. Oxalis purpurea. — Floresce desde dezembro até março. Ophioglossum lusitanicum. — A fructificação continúa cerca do mesmo praso. Continuam em flór em fevereiro : Senecio scundens — Bellis sylvestris — Lamium macu- latum. Em Março : Anemone trifolia—Cochlearia danica — Viola silranica — Stellaria Holostea —Genista falcata — Polenhlla splen- dens — Euphorbia segetalis — Trichonema Bulbocodium — Narcissus Pseulo-narcissus — Narcissus Bulbocodium — Narecissus triandrus. - (Confina). Observações sobre 0 Systema nervoso e alfinidades zoologicas de alguns pulmonados terrestres POR AUGUSTO NOBRE Por pouco regular que pareca, não estão ainda exa- ctamente estabelecidas as affinidades zoologicas de alguns dos grupos dos pulmonados terrestres, como o dos Arionideos e o dos Helicideos. Alguns naturalistas reunem todos estes animaes em uma só familia, Helicile, outros porém collocam os Arionideos com os Limacideos na fa- milia Limacidee. São estas as classificações seguidas pelos principaes auctores e são sufficientes para demonstrar a funda diver- gencia que ainda existe na classificação de muitos dos grupos zoologicos. E” curioso notar que a demasiada importancia ligada ao apparelho lingual, ou radula, veiu collocar os Arioni- deos na familia dos Ielicideos. Um só caracter foi suffi- ciente para comprehender aquelles animaes n'este ultimo agrupamento, quando é positivo que em tudo o mais a sua organisação apresenta divergencias notaveis. Antigamente era a concha elemento sufficiente para a classificação methodica das especies ; reconheceu-se de- pois que tal process» não bastava e não satisfazia, dando logar a erros de importancia. Veiu em seguida o appare- lho lingual occupar o logar de principal caracter distin- Ann. de Sc. Nat., v. I., Jan. 1894. 2 > (9,0) ANNAÃES DE SCIENCIAS NATURAES ctivo das familias, e julgou-se que estava definitivamente encontrado o meio de resolver todas as lacunas e diffi- culdades que appareciam nas classificações zoologicas. Troschel chegou mesmo a estabelecer uma classificação dos molluscos baseada no seu apparelho lingual, classi- ficação que ainda hoje é geralmente adoptada. Os anatomistas, porém, teem pouco a pouco mostrado a insufficiencia de tal processo e provado que, não se deve concluir a affinidade das especies pela similhança do appa- relho dentario, quando tomado isoladamente. O affinco com que a maior parte dos naturalistas attribuem á radula um valor que na realidade ella não tem, é uma teimosia ana- loga à que nutriam os antigos conchyliologistas com a im- portancia que julgavam dever ligar á concha. Alguns malacologistas, convencidos da insufficien- cia da theoria de Troschel, Macdonald e de outros, e da verdade das affirmações dos anatomistas, que viam de um modo mais geral, porque attendiam à anatomia compara- da e não, restrictamente, aos caracteres externos e da radu- la, avançaram um pouco e ligaram uma importancia no- tavel ao systema reproductor, ampliando portanto um pouco mais as bases de uma boa classificação : cara- cteres externos e concha, quando a houvesse, externa ou interna, radula, maxilla e orgãos reproductores E” mesmo este o processo usado actualmente por grande numero de naturalistas, mas, não parece que o caracter tirado dos orgãos genitaes seja de valor tal que possam distinguir-se especies com a convicção de que se não errou, visto que este apparelho varia com a edade e porque, como se sabe, são os orgãos que mais tarde apparecem e se desenvolvem, soffrendo atrophiamentos durante os periodos de inactividade reproductora, e sendo “por conseguinte variavel o desenvolvimento dos orgãos segundo as épocas em que podem ser observados. Emquanto a maior parte dos malacologistas prose- guem na classificação das especies fundamentando-se em differentes caracteres isolados, outros fazem a anatomia AUG NOBRE: OBS. SOBRE O SYsT. NERVOSO 19 comparada dos diversos orgãos com o fim de estabelece- rem a classificação geral ou especial de algumas familias e especies, dando a maior importancia ao systema ner- voso, porque, está provado, podem operar-se modhifi- cações profundas na fórma do corpo sem que o plano «"aquelle systema seja alterado. E” claro que devem ser tomadas em consideração as relações entre o systema nervoso e os diversos orgãos, inctuindo a radula, maxilla e a concha: deve fazer-se emfim a anatomia do animal tomando por ponto de partida o systema nervoso, como a base mais importante da classificação natural, confor- me foi, desde ha muito, considerada por alguns naturalis- tas a partir de Cuvier e confirmado sobretudo pelos tra- balhos de lhering, Lacaze Duthiers, Bouvier, e outros mais. Toda a classificação baseada no estudo da concha, maxilla e da radula, não poderá ds modo algum ser apre- sentada como definitiva, muito principalmente depois que o valor da radula declinou pelas anomalias a que tem dado origem, em algumas das classificações em que tem sido tomada como base. A verdade d'este facto resalta mais uma vez do es- tudo, embora rapido, que segue. Tomei para typo dos Arionideos o Arion lusilanicus, Mabille, vulgar nos arredores do Porto. O estudo do systema nervoso d'este animal é feito nos principaes detalhes, emquanto que o das outras espe- cies do mesmo genero é simplesmente comparativo, as- sim com o de todos os outros grupos que são estudados : Felix, Geomalacus, Limax, Zonites, Ariophanta, Par- macella, Plutoma e Testacella. Quasi todos estes animaes foram obsequiosamen- te recolhidos vivos para este estudo pelo meu presado amigo e distincto inspector do Jardim Botanico da Uni- versidade de Coimbra, o snr. Adolpho F. Moller, a «quem a sciencia portugueza deve excellentes serviços pe- las suas infatigaveis investigações scientificas. 20 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES Disposição geral do systema nervoso — Como ordina- riamente succede, os centros nervosos occupam a parte: superior e posterior do bolbo pharyngeo e reunem se aos. ganglios inferiores ou viscero-pediosos abraçando o eso- phago pelas ligações lateraes, duplas. Tanto dos ganglios. superiores como inferiores nascem numerosos nervos que se distribuem para todas as regiões do corpo. Dos. ganglios superiores ou cerebraes partem, além dos con- nectivos, dois finos nervos que vão ligar-se aos pequenos. ganglios stomato-gastricos situados na base do esophago, entre as camadas musculares da pharynge, e ligados por um filamento que passa inferiormente áquelle canal no ponto em que elle penetra no bolbo pharyngeo, assim como outros nervos finissimos que veem terminar nos. octocystos situados na face superior dos ganglios pedio- Sos. Ganglios cerebraes — Em alguns dos individuos é fa- cil vêr distinctamente os ganglios que compõem esta mas- sa nervosa superior, n'outros porém os ganglios confun- dem-se mais ou menos. Quando os ganglios se apresen- tam nitidamente observam-se em numero de quatro, dois de cada lado, unidos por uma faxa nervosa. Dos dois ganglios anteriores partem quatro nervos : os dois primeiros pares (9, h e g' h', fig. 1), seguem quasi soldados até ao musculo retractor do tentaculo occular, inserindo-se o nervo q na parte mais dilatada do musculo. e o outro, h, na base do tentaculo (3, fig. 3); segue-se o nervo 1, que parte do lado inferior dos nervos g e h, e é um pouco mais grosso que o antecedente e que, assen- tando sobre a parte lateral do bolbo pharyngeo (4 fig. 3), se divide em dois ramos, um dos quaes se dirige para a maxilla e o outro, bipartindo-se novamente, vae innervar a parte superior da cabeça. Temos em seguida os nervos [. (fig. 4, 5, fig. 3) bastante grossos e que, correndo quasi paralellamente ao nervo m v2e innervar o tentaculo infe- rior. (Coniinia). ENE SIDE E CARA POR W. C. TAIT O meu primeiro ensaio de um catalogo das Aves de Portugal, foi impresso na Revista da Sociedale de Ins- trucção do Porto durante o anno de 1883; como porém depois de terem sahido alguns numeros aquella revista suspendeu a sua publicação, resolvi reproduzir o meu trabalho, ampliando-o, no jornal ornithologico de Lon- dres, Ibis, o que se effectuou durante o anno de 1887. Pouco se tem escripto até hoje ácerca da ornitholo- gia de Portugal e, realmente, segundo creio, só um pe- queno numero de pessoas se teem occupado d'estes es- tudos. Em 1862, o dr. Barbosa du Bocage publicou o cata- logo das Aves de Portugal existentes n'essa época no Museu de Lisboa, ao qual se seguiu o das que se acha- vam colleccionadas no Museu de Coimbra, publicado em 1889 pelo dr. Albino Giraldes, tendo sido um grande nu- mero d'essas especies offerecidas ao museu pelo snr. dr. Manoel Paulino de Oliveira, lente de Philosophia na Uni- versidade de Coimbra e actual director do museu e que, em tempos, fez da ornithologia a sua especialidade. Além d'estes trabalhos o rev. A. C. Smith inseriu no Ibis, em 1368, (pg. 428 a 460) um Skelch of the birds of Portugal Ann. de Sc. Nal., v. I., Jan. 1€94, 22 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES no qual enumera 193 especies. Posteriormente á publi- cação d'estes trabalhos teem sido adquiridas muitas ou- tras observações sobre este mesmo assumpto e algumas das especies que eram então consideradas como raras são actualmente reconhecidas como vulgares, pelo menos em certas localidades, ou, especialmente, durante alguma das estações do anno, sendo tambem outras fórmas differen- ciadas, taes como Silta cesia, Acredula irbia, etc. Infelizmente o numero dos cultores da ornithologia em Portugal tem continuado muito limitado, e. segundo creio, ha até hoje no paiz muito poucos ornithologistas amadores, entre os quaes se conta o meu presado amig dr. José Maria Rosa de Carvalho, de Coimbra. Trocamos durante muitos annos uma agradavel correspondencia so- bre o assumpto da nossa especialidade, sendo-lhe eu de- vedor de muitas informações relatadas n'esta memoria, especialmente no que diz respeito às aves dos arredores de Coimbra e aos nomes vulgares porque ali são conhe- cidas. N'ºestes ultimos annos, sabendo muitos dos meus ami- gos que eu colligia observações sobre aves, obsequiosa- mente me teem enviado exemplares com as datas de ca- ptura e localidades onde foram obtidos em tempo de caça, o que me tem sido de grande utilidade para fixar as da- tas de chegada dos emigrantes do outomno, raros e vul- gares. Posto que a fauna de Portugal seja, como natural- mente era de esperar, quasi identica à de Hespanha e muito similhante á de Italia, ha todavia alguns pontos de especial interesse no paiz, que constitue, como é sabido, a região mais occidental da Europa, differindo considera- velmente muitas das suas aves das da parte oriental do continente. A longa linha de costa portugueza banhada pelo Atlantico é favoravel ás observações relativas a aves ma- ritimas, algumas das quaes não se encontram talvez no Mediterranco. Portugal é tambem um dos principaes ca- We Co DATE AVES DE RORTUG A Ee minhos de emigração seguidos pelas aves na ida e volta da Africa. Algumas especies só apparecem durante o verão e outras no inverno. Por todos estes motivos seria muito para desejar que se fizessem em todos os paizes numero- sas observações sobre o chamado «Mysterio dos myste- rios»: a emigração das aves. O coronel Irby colligiu, durante a sua estada em Gi- braltar, excellentes observações ácerca da emigração das aves do sul de Hespanha, publicando-as no seu livro The ornilhology of the S'rai!s of Gibraltar, sendo estas, segun- do creio, as unicas que teem sido publicadas sobre a emi- gração das aves d'aquelle paiz. O que dá um particular interesse à ornithologia por- tugueza é a grande corrente de emigrantes que passam no outomno ao longo das costas, do norte para o sul, voltando na primavera em direcção contraria. Com a approximação do inverno observam-se à bei- ra-mar algumas aves que parecem chegar dos montes do interior de Hespanha e de Portugal, como, por exemplo, a Cotovia pequena (Alauda arborea, L.); o Picanço real (Lanius merilionalis, Temm.); Felosa preta, Cheide etc. (Melizophilus undalus, Bodd,. Esta ultima especie foi con- siderada como uma das aves que não emigram, mas é fóra de duvida que n'este paiz é parcialmente emigra- dora. Durante o mez de setembro » observador mais su- perficial não póde deixar de notar a passagem, para O sul, de muitos bandos de Rollas, Tralhões e Poupas, aos quaes se seguem os de Pombos torcazes, Lavercas, Dou- radas, Gallispos, Alcaravães, etc. E” interessante notar que, muitas das especies de aves que no outomno passam aos milhares do norte para o sul não regressam pelo mesmo caminho na pri- mavera. N'essa época do anno é certo que se observam no sul de Hespanha: parece, porém, que não é pela costa de Portugal que ellas voltam para o norte, mas sim que DA ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES essa passagem se eff2ctua mais pelo interior ou pela costa oriental de Hespanha. Não julgo todavia provavel que as aves ribeirinhas atravessem as serras do interior. Durante a primavera, repetidas vezes procurei, mas sempre em vão, os Acrocephalus aqualicus e 4. phragmils, Locustella nevia e Cyanecula wcolfi, nos logares pantano- sos da costa maritima onde são tão communs e certos de se encontrar durante toda a época da sua emigração ou- tomnal. Com o Chasco (Pratincola rubelra) dá-se um facto analogo : só reapparece no outomno. A partida d'esta especie em setembro e o seu regres- so a Gibraltar na primavera, são factos affirmados pelo coronel Irby. Seria realmente interessante investigar, se na volta para o norte da Europa, ella segue um caminho diverso d'aquelle por onde vem. As aves maritimas e ribeirinhas e ainda algumas ter- restres voltam para o norte pelo litoral. Os passaros granivoros: Pintasilgos, Milheiros, Ser- sinos e Verdilhões, muitos dos quaes se encontram aqui durante todo o anno, mas que, em maior numero do que geralmente se suppõe, emigram para o sul nos mezes do outomno, voltam depois para o norte na primavera atra- vez de Portugal, viajando todavia um pouco mais pelo in- terior do paiz do que quando se dirigem para o sul, o que é muito sabido dos passarinheiros. Palmén refere que, em algumas localidades, tem sido notado o facto de certas aves apparecerem unicamente no outomno (Zugslrassen der Vôgel, p. p. 18, 28 e 37) e tenta demonstrar isto por um modo que nada me satisfaz, quando os seus argumentos dizem respeito ás aves ribei- rinhas. Só na costa occidental da Peninsula iberica, se en- contram paragens adequadas a estas aves, onde seria de esperar que, como no outomno, apparecessem tambem durante a primavera, o que porém não succede. W. O.-EAIT: AVES DE PORTUGAL 25 Dá-se um caso analogo com uma ave que vive nos prados humidos, a Boieira (Motacilla Raw), a qual durante o outomno atravessa a costa de Portugal, substituindo a fórma do sul, a Lavandisca amarella (Motacilta flava). Esta ultima especie regressa na primavera, mas só uma vez tive occasião de observar a M. Rai n'esta estação. E' mais natural que esta ave atravesse o interior do que a Locustella neria e o Acrocephalus aquarncus ; sup- ponho comtudo que na primavera sobem a costa oriental de Hespanha, para attingirem a estação de verão em re- giões mais septentrionaes. Quando no outomno por uma bella manhã de vento leste nos encontramos em uma praia portugueza, e que para o sul passam voando bandos e bandos de aves emi- gradoras, um estranho sentimento de admiração e vaga curiosidade se apodera de nós ao pensarmos nas longin- quas paragens a que essas pequenas aves se destinam. De que paizes veem e para onde irão ainda? Que muitas d'ellas atravessam o estreito de Gibral- tar, seguindo a costa africana, sabemos nós, mas qual o limite da sua expansão geographica nas regiões do sul? Algumas das retardatarias passam o inverno com- nosco, como por exemplo a Lavandisca — Motacilla lugu- bris, o Corvo — Corcus frugilevus, o Gallispo — Vanellus vulgaris, a Laverca — Alaula arcensis, a Sombria — An- thus pratensis, desapparecendo na primavera. Em geral as aves terrestres emigram desde cerca de meia hora depois do nascer do sol até às 9 da manhã; passada essa hora demoram-se pelos campos em procura de alimentos, ou descansam nos mattos e pinheiraes. Tenho observado a maior parte das aves portuguezas na sua passagem para o sul taes como: Andorinhas, Pe- dreiros, Lavercas, Sombrias das duas especies (Inlhus trivialis e Anthus pratensis), Rólas, Felosas, (Phyllosco- pus trochilus), Pombos torcazes, Gallispos, Andorinhas do mar, Gaivotas, Patos, Macaricos e Borrêlhos, além de muitas outras. 26 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAÉS A maior emigração de aves maritimas que tenho pre- senceado deu-se em uma manhã um tanto nublada; re- cordo-me de ter visto, entre outras especies: Gaivotas, Patos, Alcatrazes, Andorinhas do mar e algumas Pernal- tas. Em geral estas ultimas aves emigram principalmente durante as noites; pelo canto, porém, tenho podido reco- nbecer milhares de Maçaricos passando a certa altura, assim como varios outros, taes como: Borrélhos (Tringa alpina); Strepsilas interpres; Fusellos, (Totanus calidras), e Macaricos gallegos (Numentus phaopus), muito especial- mente em noites de nevoeiro porisso que constantemente vão chamando uns pelos outros. Em dias de primavera tenho tido occasião de ver o Maçarico gallego voltando ao norte em grandes bandos. Até hoje que eu saiba nenhumas observações teem sido publicadas sobre a emigração das aves nas costas de Portugal, Palmén-no seu Zugslrassem der Voôgel: (Vias de emigração seguidas pelas aves) apresenta a costa de Portugal como um d'esses caminhos, o que é exacto, toda- via, parece ter obtido poucas datas relativas a esta pas- sagem, referindo-se aquellas apenas a duas especies da costa septentrional de Hespanha e a nenhuma do litoral portuguez. Quando em 18 de abril de 1884, acompanhado pelo dr. Hans Gadow e pelo snr. Scott B. Wilson visitei o sul de Portugal encontrei dois exemplares de Alauda arcensis, Laverca, de plumagem muito escura, no pico de Foja, serra de Monchique, a sudoeste do paiz. Surprehendido pelo facto de ainda n'esta época en- contrar esta especie em Portugal, pois que dos arredores do Porto ella desapparece logo em fins de março, e por observar que esses dois exemplares de Foja possuiam uma plumagem muito mais escura que os dos arredores do Porto, fui levado a crêr que os dois exemplares de Foja podiam pertencer a uma fórma meridional d'esta es- pecie, quer seaentaria, quer emigradora, isto é: das que W.. 6. TAIT: AVES DE: PORTUGAL 27 apenas aqui passam o verão. Infelizmente, por um des- cuido do portador, perdi esses dois exemplares; mas, como esta especie f)sse mais tarde encontrada na serra do Roxo, arredores de Coimbra, obtive um ainda novo que mandei para Inglaterra. O snr. Howard Saunders informou-me porém, que de Riigen, Baltico, lhe tinha sido enviado um exemplar ainda mais escuro e que não via n'isso razão para constituir uma nova especie. Esta ave prendeu-me a attenção porque suppuz muito possivel que, a Laverca do sul, que no inverno frequenta os campos visinhos do Porto, não permaneceria em Portugal du- rante todo o verão, mas sim emigraria para o norte: França, Inglaterra, Allemanha, etc. Estes exemplares parecem-me de côr mais clara; só tive porém occasião de examinar dois adultos, e um novo da fórma mais escura. E” bem possivel que, com a approximação do inver- no, os que habitam o norte venham refugiar-se em regiões situadas mais ao sul, substituindo ahi um grupo da mes- ma especie, o qual, simultaneamente, caminhará para re- giões mais temperadas, como de resto succede com indi- viduos de especies differentes. Muito provavel me pa- rece portanto, que possa dar-se este facto entre indivi- duos de uma mesma especie. E” este um assumpto digno de attenção, mas que só por um aturado estudo da emi- gração das variedades geographicas póde ser sufficiente- mente determinado. Os meus apontamentos sobre a emigração das aves de Portugal começaram systematicamente em 1878, e, des- de então, tomei nota de numerosas observações que se en- contram condensadas n'este trabalho, constituindo ellas o maior interesse das minhas excursões em horas de ocio. A falta de mais tempo disponivel não me permittiu tor- nal-as tão completas como desejaria. |” por conseguinte inutil esperar-se um trabalho perfeito: fiz no entanto todo o possivel para realisar esse meu intento. Alguns ornithologistas americanos referem, se bem me recordo, que no limite meridional da expansão geogra- 28 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES phica das especies, o poder reproductor das aves se torna mais fraco. Supponho que este facto se dá em Portugal, a avaliar pelas observações que tenho podido fazer. Parece-me que a Tordeia e a Negrinha, aves que criam em Portugal, que é o seu limite meridional na Europa occidental, pôbem menos ovos aqui, do que em Inglaterra. Em geral tenho encontrado tres ovos nos seus ninhos, e só uma vez observei um ninho de Negrinha com cinco. Para podermos chegar a uma conclusão exacta n'este assumpto, seriam necessarios alguns annos de observa- ções minuciosas e frequentes visitas aos ninhos, durante a época de incubação, com o fim de observar se o ninho contém o numero completo de ovos, e comparar seguida- mente os resultados obtidos com os que teem sido regis- tados nos paizes mais septentrionaes. Durante as minhas excursões pelas diversas provincias de Portugal tive sem- pre o maior cuidado em obter, em cada localidade, os nomes exactos dados ás aves mais vulgares. A minha longa residencia n'este paiz e o intimo co- nhecimento da lingua, tem-me, segundo creio, ajudado a vencer muitas difficuldades e a corrigir erros da gente do campo, que em diversas localidades, dão o mesmo nome a aves differentes e até nomes errados, porque alguns dos camponezes nem mesmo conhecem os nomes das aves lo- caes, o que, diga-se de passagem, não constitue excepção, pois que succede isto em muitos outros paizes. Em geral até, a gente do povo tem aqui um sufficiente conheci- mento das aves mais communs e sabem distinguil-as pe- los seus nomes vulgares. São curiosas as observações relativas aos nomes vul- gares, muitos dos quaes são onomatopaicos, isto é: deri- vam o seu nome do canto das aves, como por exemplo : Pim-pim (Fringilla colebs), arredores do Porto; outros como a Arvella (Motacilla alba), Aveiro, teem similhança com o latim, outros são identicos como, Merula pro- vincia do Algarve (Turdus merula); Tordo (Turdus must- Wo GERALD AVES. DE PORTUGAL 29 cus, Turdus iliacus), encontrando-se tambem alguns que provavelmente derivam do mourisco, como Boita, Aveiro, (Cisticola cursitans); Bou-festo, Tanger (v. Cor. Irby, Orn. of the Str. of Gibraltar); Bibes, Algarve e Alemtejo, (Va- nellus vulgaris), Beebé!, Casa Branca, na costa de Marro- cos. Alguns são tirados de qualquer signal característico, como as pennas da crista do Vancllus vulgaris, Gallispo, arredores do Porto, (do Latim Gallus, o Gallo), outros dos seus habitos, Pica-pau, ou do seu alimento favorito, Papa-amoras (Sylvia ru/a) e emfim alguns ha que emba- raçariam por certo os philologistas que procurassem a origem dos seus nomes. Comprehende-se bem, que deem o nome de real á especie maior dos Pica-paus, mas qual a razão porque á especie mais pequena chamam gallego ? Este mesmo qualiticativo é applicado a outras espe- cies, taes como: Narceja gallega, Calhandra gallega, Tou- ro galiego, etc. Supponho que a explicação encontra a sua origem no facto seguinte. A Galliza é, como se sabe, uma das provincias do norte de Hespanha d'onde véem para Portugal ganhar a vida muitos criados e carregado- res, que constituem uma util e laboriosa classe; mas, como muitos d'elles se occupam tambem na profissão de aguadeiros e de outros trabalhos rudes, os portuguezes habituaram-se a olhal-os com uma certa superioridade, resultando d'isto ser dada á palavra gallego uma signifi- cação subalterna. E” provavelmente, como disse, este 0 motivo porque aquelle qualificativo se applica ás especies mais pequenas, havendo mais que uma no mesmo genero. Quando uma ave apresenta a plumagem de muitas côres vivas chamam-lhe, em geral, francez ou da Inha, talvez por que à gente do povo aprendesse a conhecer os brilhantes adornos com estes dois paizes, com os quaes Portugal mantém relações commerciaes de ha muitos se- culos. Para as incorrecções que possa haver n'este meu tra- 30) ANNAES DIE SCIENCIAS NATURAES balho contribuiram por certo, o pouco tempo de que dis- puz, a falta de exemplares de comparação e os poucos li- vros de historia natural, especialmente sobre ornithologia, que se encontram na Bibliotheca Publica. Approveito este ensejo para agradecer o benevolo e prompto auxilio do professor Alfredo Newton, de Cam- bridge, que teve a bondade de me communicar informa- ções muito completas, em resposta às minhas perguntas feitas sobre diversos pontos. Para a elaboração d'esta lista segui a classificação do catalogo das aves da Europa, de Dresser, mas em um pequeno numero de casos aventurei-me a juntar um ter- ceiro nome, segundo o systema trinominal. Parece-me muito arbitrario dar nomes de valor especifico a raças es- treitamente ligadas. A enumeração das aves que se segue, embora abran- ja informações concernentes a todo o paiz, refere-se espe- cialmente ús observações feitas sobre as aves dos arre- dores do Porto. (Confina). NOTE SUR UN POLSSON-LUNE (ORTHAGORISCUS MOLA, EE DE GRANDES DIMENSIONS, CAPTURÉ SUR IES CÓTES DU PORTUGAL PAR ALBERT A. GIRARD Les móles de petite taille mesurant tout au plus 40 centimétres de longueur totale, se montrent quelquefois, quoique toujours assez rarement, sur nos cótes et sont três bien connus des pécheurs qui les designent sous le nom de « Roda, Rodim, Rolim, Peixe-lua». On a observé quelquefois soit en plein Atlantique, soit échoués sur les cótes du nord de "Europe, des móôles de grandes dimensions, parmi lesquels je citerai comme un des plus remarquables celui échoué il y a une tren- taine d'années sur les cótes du Danemark, pesant 345 kilogr., mais un de ces môles gigantesques, qui sont tou- jours três rares, n'avait pas encore été recueilli sur nos cótes et était inconnu dans nos collections publiques. Tout recemment mon ami M.” Fréderic Burnay na- viguant dans un de ses remorqueurs à la latitude de Cabo Razo, à quelques lieues de Fembouchure du Tage, a ca- pturé un magnifique specimen encore vivant, qu'il a eu: la bonté de m'offrir et qui se trouvera bientôt exposé dans sa ANNÃES DE SCIENCIAS NATURAES la salle portugaise du Museum de Lisbonne. C'est celui que je m'empresse de signaler ici. Ln description de cette espéce a été faite souvent et même son anatomie est assez bien connue depuis les tra- vaux de Wallenbergh, Cleeland, Hasting, pour que je n'ai pas à m'y étendre, ) insisterai cependant sur les observa- tions suivantes. DIMENSIONS Longueur totale depuis Vextrémité du museau jusqu'à Vextrémité de la candales fria, df so Aa E GR Hauteur du corps entre la dorsale et Hanales ns o sm ADS et O DBO Hauteur de Vextrémité de Panale à celle de la“dorsaler sp Conv. 14,285 Epaisseur maximum au niveau de Ned sra O tera tais co boo T RT Nageoires: D. 17 ou lS: A: 18/€. 13: PAS. Poids: 120 kilogrammes. Dans ce specimen la longueur fait exactement une fois trois quart la hauteur, tandis que chez les individus de petite taille ces deux diameétres sont presque égaux, mais 1l est admis aujourd'hui, d'aprês la mesure de nom- breux échantillons, que ces différences regardées d'abord comme des caractéres spécifiques par plusieurs natura- listes, tiennent uniquement à Vàge, le móle devenant de plus en plus oblong avec la croissance. A Vétat frais cet individu était couvert d'une muco- sité épaisse et três adhérente qui ensevelissait pour ainsi dire les nombreux parasites qui s'v attachaient. J'ai pu observer le disque osseux independant du squelette qui forme le musecau de animal, et qui présente la particularité d'être «usé». Cette usure que [en avait A. GIRARD: NOTE SUR UN POISSON-LUNE So observé chez quelques jeunes specimens tient peut être au mode d'alimentation de cette espêce qui parait être exclu- sivement herbivore. A la gorge et le long de la ligne mé- diane, à 25 et 30 centimetres de la bouche, on voit aussi. deux autres petites plaques ossifiées, oblongues. L'estomac était absolument vide et les organes géni- taux três rudimentaires permettaient cependant de distin- guer deux testicules. Quelques naturalistes qui ont étudié le môle ont été frappés du nombre de ses parasites, nul ne mérite mieux que lui, dit Van Beneden, le nom dºhôtelle- rie. Je n'ai pu reconnaitre que quelques espêces, mais le nombre des individus était considérable. Sur la peau, prês de la fente des ouies et à la base des pectorales, abondait le curicux polystomien le Tristoma mole, Blanchart, et sur la bande qui se detache par sa couleur et s'étend depuis la nageoire dorsale jusqu'à Panale en bordant la caudale, ou la peau est moins épaisse et moins rude, toute une colonie de Pandarus, sp?, sétait établie en la perforant pour y loger leur téte. Sur les branchies j'ai recueilli de nombreux couples du Cecrops Latreilley, Leach, qui parait ne jamais faire dé- faut chez le môle, et en petit nombre un Caligus, sp?, peut- être celui déja figuré par Couch. Si je n'ai pu observer des vers dans Vintestin, le foie était tellement perforé par un cestode qu'il était trans- formé en une véritable éponge. Je crois pouvoir rapporter cet abondant parasite au Gymnorhynchus reptans, Ru- dolph, déja signalé par Cobbold dans le foie d'un jeune móle pris en Angleterre. NOTAS E COMMUNICAÇÕES Piscicultura — Ha trabalhos de piscicultura, que se relacionam muito com os serviços que o sylvicultor tem de desempenhar, especialmente, quando se occupa da arborisação de dunas ou de montanhas. Se se trata de fixar e cobrir de mattas resinosas os areaes da costa, depara-se, em muitos logares, com extensas lagoas de agua doce, aonde seria muito util introduzir e desenvolver a creação de boas especies de peixes. Se é no revestimento das nossas montanhas que tem de ser em- pregada a actividade do sylvicultor, este vae encontrar, nas origens e nas aguas altas de alguns dos nossos principaes rios, os logares onde nascem, reproduzem e vivem, temporaria ou permanentemente, algumas especies de peixes das mais apreciadas. Quem se occupa de serviços florestaes por conta do Estado, tem, com certeza, muita occasião de emprehender e dirigir serviços de piscicultura, e tudo que n'este sentido se fizer, terá seguramente muita utilidade, visto que as nossas aguas interiores são de uma pobreza ictiologica muito no- tavel e por isso offerecem fraco recurso para a alimentação publica. Esta pobreza não deriva da falta de boas especies, mas é motivada principalmente pelos processos seguidos na exploração das aguas, que mais parece terem em mira à total ruina da producção piscicula, do que auxiliar o seu desenvolvimento. Basta dizer que se pssca em qualquer tempo, escolhendo-se muitas vezes de preferencia a occasião da desova, que se usam apparelhos de malha muito miuda, empregando-se substancias venenosas e explosivas para matar o peixe e praticam-se outros abusos, cujas consequencias não podem ser mais funestas. Existem, é certo, algumas disposições adminis- trativas, que regulam o modo de exercer a pesca fluvial, mas não são cumpridas e por isso o despovoamento das aguas continua no mesmo es- tado ou peior de dia a dia. (!) Rios e ribeiros que eram, não ha ainda muitos annos, abundantes do (1) Ha poucos annos, parece-me que em 1882, foi tão grande a quan- tidade de peixe destruido por meio de dynamite no rio Zezere e seu afiluen- te ribeira d'Alje, tão inquinadas ficaram as aguas, que todas as pessoas de Figueiró dos Vinhos, que n'aquelle anno fizeram uso de banhos na Foz d'Alje, foram atacadas de febres muito graves e passados mezes ainda algumas se achavam muito doentes. Imagine-se a quantidade de peixe que tinha sido morto, para assim era pEr a agua de duas correntes tão caudalosas, como o são o Zezere e a Alje. NOTAS E COMMUNICAÇÕES So peixe, teem hoje grande escassez. A truta já é rara e todavia é um dos peixes que melhor se cria e multiplica nos rios de montanha e que, se fosse convenientemente explorada, poderia prestar abundante e delicado alimen- to aos habitantes de muitas localidades serranas do paiz. E' necessario estudar e pôr em execução algumas medidas tendentes a proteger e augmentar à producção ictiologica das aguas interiores e para nos guiarmos n'este caminho, vamos encontrar optimo ensino em alguns paizes da Europa, que de ha muitos annos tratam da cultura das suas aguas. Não precisamos até de ir muito longe, para nos aproveitar a expe- riencia alheia, pois que ha bastante tempo que a Hespanha fundoa com resultado feliz no mosteiro de Piedra um estabelecimento de piscicultura, que reune os elementos mais favoraveis para a creação dus peixes e que de certo ha-de contribuir muito para repovoar com as melhores especies os rios e lagos d'aquelle paiz, tanto mais que esta util instituição terá o seu complemento natural em algumas piscifacturas regionaes, que serão instituidas nas localidades mais adequadas para este fim. Uma das medidas, que primeiro occorre, quando se pensa nos meios de augmentar a povoação das nossas aguas, é auxiliar a propagação de algumas especies de salmonideos indigenas, que produzem carne selecta e são de facil multiplicação. , O salmão é uma d'estas especies e sem duvida a mais estimada. Appa- rece nos rios do norte: Lima, Cavado e sobretudo no Minho, os quaes, por causa da frescura e limpidez das suas aguas e outras condições, são muito propícios para a creação d'este peixe, que apesar d'isso é raro, o que motiva o seu elevado preço. Devia aproveitar-se a aptidão d'aquelles rios para a creação do salmão, estabelecendo-se em algum d'elles uma piscifactura destinada à reproduzir este peixe, o que teria certamente gran- de alcance economico. Um estabelecimento deste genero, de proporções modestas, seria suf- ficiente para produzir annualmente muitos milhares de salmões. O Cavado seria talvez o rio a preferir, pelo menos nos primeiros en- saios, caso apresente as condições mais favoraveis para a propagação do salmão, visto que tem à origem e todo o seu curso em territorio portuguez. Esta questão merece muito ser estudada, porque com pequeno dispen- dio poder-se-ha obter grande beneficio, accrescendo consideravelmente o numero dos salmões que visitam os nossos rios. Um peixe anadromo, que tem habitos identicos ao precedente e tam- bem convém propagar, é o sôlho (Acipenser sturio), dotado de grande corpolencia e carne de gosto muito delicado e que se reproduz em alguns rios do paiz, com aguas menos frescas é limpidas e que até turvam muito com as cheias. (1) , . (4) Segundo informações do snr. Adolpho Frederico Moller, este peixe é frequente no Guadiana (Mertola). 36 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES Outra medida que devia adoptar-se e fazer cumprir rigorosamente, pois que teria acção benefica e reparadora muito sensivel sobre a povoa- ção das aguas, é a do estabelecimento de reservas ou viveiros nos rios, em sitios que se julgassem mais adequados para a creação dos peixes,. prohibindo-se aqui a pesca em qualquer tempo. Estes animaes encontrariam assim um refugio seguro, especie de vi- veiro aonde poderiam reproduzir-se e crear-se tranquillamente, passando. depois a povoar outros logares dos mesmos rios. Não obstante termos no nosso paiz boas especies proprias de agua doce, como são a truta, a boga, o bordalo, etc., a introducção de al- guns peixes exoticos notaveis pela sua rusticidade e por constituírem bom alimento, póde offerecer vantagens e por isso deve ser ensaiada. Está. n'este caso a truta arco iris, que decerto póde aclimar-se nos nossos rios. - Este peixe, oriundo da America, tem rapido crescimento e a faculdade de resistir a maiores temperaturas do que à truta ordinaria; póde, por con- sequencia, viver em aguas menos frias e em menores altitudes e vir à po- voar grandes extensões dos nossos rios, que a truta indigena não póde habitar. Nas lagoas da serra da Estrella é muito provavel qne podesse ter lo- gar a introducção da truta dos lagos da Suissa (Trutta lacustris), que adquire o tamanho de bons salmões. No lago de Enol, situado proximo da historica Covadonga (Asturias), na altitude de 1:000 metros, fez-se ha poucos annos (1881) um ensaio n'este sentido, que teve o melhor exito. (1) Na serra da Estrella, a lagoa comprida tem uma superficie que julgo. não ser inferior à do Enol (12 hectares) e tambem não deve differir muito d'este relativamente à temperatura das suas aguas. A sua altitude, 1:500- metros, é muito provavel que não seja excessiva para o fim indicado, vis- to que na Suissa à truta dos lagos vive até esta altura. Disse já que junto das dunas se encontram lagoas de agua doce, ten- do algumas grande superficie. São devidas à invasão das areias, que en- contrando nascentes e ribeiras, obstruem o curso das aguas, forçando-as a formarem grandes depositos. Desde os areaes de Mira até Quiaios, veem-se seis lagoas, das quaes a maior não mede menos de 100 hectares de superfisie (lagoa da Vela) e todas juntas cerca de 250 hectares. Entre o Mondego e o Liz tambem existem outras lagoas, que são im- portantes, posto não occupem tão grande área como as precedentes. Co- nheço-as bastante e por isso vou tratar mais especialmente do seu apro- veitamento. Alguns d'estes depositos de agua teem à sua origem na extremidade (1) Vid. um interessante artigo intitulado: Un ensayo piscicula en el lago de Encl, por D. Ricardo Acebal, publicado no n.º 294 da Revista de Montes. NOTAS E COMMUNICAÇÕES 37 norte da matta nacional do Urso o formam uma série de brejos e lagoas, que sob o nome de Juncal Gordo, lagoa de S. José e lagoa do Linhos, oc- -cupam comprimento de mais de 4 kilometros e uma superficie não menor de 80 hectares, A lagôa do Linhos é, do lado do sul, o ultimo d'estes depositos e o maior de todos, visto que oceupa uma área de cerca de 35 hectares. As suas aguas são sangradas por uma levada, que vae dar movimento aos moinhos da Leirosa, correndo ao depois para o mar. A curta distancia, 500 metros, do extremo sul da referida matta, de- para-se tambem com outra lagoa, a da Ervedeira, assim denominada por estar junto do logarejo d'este nome. A sua figura é oval e mede 820 me- tros de comprido por 430 na maior largura. Tem 25 hectares de superficie e as suas aguas são principalmente devidas a infiltrações, pois que não se vê ribeiro algam que nella desague. Cercada ao nascente por terras de cul- tura, nos outros lados está limitada por dunas bastante soltas, que a inva- dem e teem reduzido bastante à sua extensão, phenomeno que se observa, mais ou menos, em todas as lagoas que confinam com areias movediças. As sua3 aguas conservam-se sempre limpidas e são pouco frias; em agosto de 1889 accusavam a temperatura de 22º centigrados. (!) A sua profnndidade é vária, achando-se o fundo a 2,4, 6 e 7 metros; as maiores funduras encontram-se em mais de metade da lagoa. As plantas que inferiormente a revestem são muito abundantes e for- mam um prado denso, alto e tão forte, que às vezes impede que a draga desça até ao fundo, que é formado de areia pouco lodosa. As Charas, Po- tamogeton, Nymphaeas, Nuphares, Typhas, ete., encontram-se em gran- de quantidade. Nas dragagens a que procedi achei abundancia e varieda- de de pequenos molluscos e annelideos. Mas a povoação ictiologica é insi- gnificante, porque só existem aqui duas especies de ruivacas (Leuciscus) de pequenissimo corpo. Parece-me que esta lagoa, em vista de estar situada junto de uma matta nacional importante, das suas aguas serem fechadas e de poder prestar aos peixes abundante alimentação, tanto animal como vegetal, offe- rece campo vasto e boas condições para se effectuar algum trabalho pisci- cula, que tenha por fim povoal-a com especies de peixes apropriados, que possam fornecer bom e copioso alimento. Passando em revista as especies que no nosso paiz vivem permanen- temente em agua doce, que são só as aproveitaveis para o nosso caso, ve- mos que a maioria dellas requerem aguas correntes, batidas e frescas, condições que não se realisam na lagoa da Ervedeira, que tem agua para- da e pouco fria como vimos. Mas ha duas especies de peixes, que tambem existem no paiz e decer- (1) Todas as observações que aqui deixo apontadas sobre a lagoa da Ervedeira, foram feitas n'aquelle mez e anno. 38 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES to devem adaptar-se perfeitamente n'esta lagca, porque encontram ahi as melhores condições de vida. Refiro-me à carpa ou sarmão (Cyprinus car- pio) e à tenca (Cyprinus tinca), as quaes se encontram nos nossos rios, particularmente no alto Tejo e seus affluentes. (1) A carpa é muito fecunda e rustica, cresce depressa e attinge facilmen- te 30 e 35 centimetros de comprido. Em tres annos póde ter o peso de 2 a 3 kilos e como tem vida muito longa, chega a adquirir peso e volume extraordinarios. A sua carne é de boa qualidade. Este peixe quer aguas tranquillas e fundas, bem vestidas de vegetação; alimenta-se de plantas, insectos, molluscos, vermes, etc. E" muito prolifico. Quando pesa 250 grammas põe 200:000 ovos; mas pesando 2:500 grammas chega a pôr 600:009 (Gauckler). E" provavel que a carpa portugueza apresente algumas variedades, como succede com a de outros paizes, preferindo-se, n'este caso, a varie- dade que fôr mais gostosa. Em Hespaaha, diz Graells, os pescadores dis- tinguem duas castas de carpas, umas que são as mais finas e não degene- radas, e outras que são pouco estimadas, por a sua carne ser ordinaria e abundante em espinhas. Segundo o mesmo author, a carpa não deve co- mer-se antes dos tres annos, porque d'esta idade em diante é um peixe que muitas pessoas apreciam, sobretudo quando colhido de fevereiro a abril, porque quando se aproxima a desova e depois d'ella, perde as suas melhores qualidades. A desova tem lugar no mez de maio e de junho, quando a tempera- tura da agua chega a 22º, A femea então procura as margens mais hervo- sas e abrigadas, aonde deposita os ovos, que apenas sahem, ficam adhe- rentes ás plantas; o macho que n'esta occasião não larga a f:mea, espa- lha o liquido seminal, agitando ao mesrno tempo a agua para facilitar a fecundação. À incubação dura apenas 6 ou 7 dias. A carpa tem muita vitalidade e transporta-se facilmente a grandes distancias, pondo-a dentro de vasilhas com agua, que se renova ou areja. algumas vezes. A tenca não cresce tanto como a carpa, nem é tão productiva; mas. póde viver em lagoas pouco limpidas, de fundo muito lodoso, aonde esta. ultima não se dá bem. O seu modo de vida é identico ao da carpa. A car- ne é menos estimada porque tem saibo à lodo, mas se a tenca fôr creada em agua fresca e limpa, torna-se saborosa. São estes dois peixes, — a carpa sobretudo, — que me parece de mui- ta utilidade introduzir na lagoa da Ervedeira, porque sem duvida ali se multiplicará rapidamente, de maneira que em poucos annos aquella lagoa, poderá produzir grande quantidade de pescaria. (1) A tenca apparece com frequencia no mercado de Castello de Vide e tanto este peixe como a carpa, vivem nas albufeiras d'Elvas (Snr. Adolpho Moller). NOTAS E COMMUNICAÇÕES 359 Para isto se conseguir basta estabelecer jnnto da lagoa um viveiro com 200 ou 300 metros quadrados de superficie, dividido em diversos compartimentos, para n'elles se crearem e multiplicarem as carpas e ten- cas separadamente, não só por especies, mas por edades. N'este viveiro os peixes poderão ser alimentados artificialmente para se desenvolverem mais depressa e ao depois de termos alguns centos de individuos já vigorosos, serão estes lançados na lagoa para acabarem de se desenvolver em liberdade e a povoarem. N'esta colonisação deve empregar-se principalmente a carpa, por ser de maior producção e valia. A tenca será utilisada mais para povoar os brejos e alagamentos d'agua menos limpida, que se encontram entre à ex- trema sul do pinhal do Urso e a lagoa dos Linhos. N'esta ultima lagoa pó le fazer-se, ao mesmo tempo que na da Erve- deira, egual trabalho piscicula, porque o viveiro que se estabelecer de cer- to produzirá a quantidade de peixe precisa para isso, e assim caminharia- mos mais depressa e não seria forçoso esperar que na lagoa da Ervedeira superabundasse peixe, para poder ser aproveitado na colonisação das ou- tras aguas, que ficam proximas. O aproveitamento d'estas lagoas, no sentido de que me tenho occupa- do, deve ser de muita utilidade, porque, em vista da vasteza das aguas e a força reproductiva das especies escolhidas, ha-de necessariamente pro-- uzir consideravel augmento de subsistencias para as povoações circum-- visinhas, as quaes, não obstante viverem perto do mar, só durante a qua- dra da pesca maritima podem ter alguma abundancia de peixe, e fóra d'este tempo consomem peixe salgado e muitas vezes já tão ardido e cor- rupto, que admira possa servir de alimento. Os peixes que indiquei não são, é certo, dos de carne mais fina e es- timada, visto que a estes ultimos são indispensaveis condições, que não se encontram nas lagoas de que trato; mas o que aquelles darão segura- mente é alimento abundante e sadio que substituirá grande parte da pes- caria que em mau estado de conservação é consumida quotidianamente por muita gente pouco abastada. Quando se trata do povoamento d'estas lagoas, augmenta a necessida- de que hoje já existe de as defender da invasão das dunas, devendo esta- belecer-se algumas sementeiras de pinheiros ao longo d'ellas, e tambem orlar as margens com plantações de salgueiros, amieiros e outras arvores proprias de lugares humidos ou alagados. Estes trabalhos de arborisação que podem realisar-se com pequeno dispendio e sem que se altere o plano geral da arborisação das dunas en- tre o Mundego e o Liz, evitarão immediatamente que as lagoas continuem a ser areadas e prestarão sombra e abrigo aos peixes, quebrando ao mes- mo temp» a força dos ventos, que muitas vezes faz levantar ondas curtas, mas bastante altas, que espraiando-se nos logares aonde os peixes des- ovam, podem destru'r muitos germens e creação miuda. 40) ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES Nas lagoas que lembro se submettam a este ensaio de piscicultura, não é uso pescar, porquanto, com» disse, as especies ictiologicas que as povoam são insignilicantes; além disso, tamb2m não se pratica à extrac- ção de plantas aquaticas, por consequencia, não se prejudicando interesses já existentes e creando-se uma cousa inteiramente nova, parece-me que ao depois será facil regular o exercicio da pesca nestas lagoas, permittin- do-a só sob condições, que não prejudiquem nem esterelisem a creação do peixe. De outra sorte, se depois de conseguirmos enriquecer estas aguas com boas especies de peixes, os methodos seguidos na pesca não forem racionaes e muito diversos dos que geralmente se usam, seriam perdidos todos os trabalhos e despezas que se fizessem. Tenho-me referido especialmente à lagoa da Ervedeira e tambem aos outros alagamentos que findam na lagoa dos Linhos, porque estas aguas estão junto de uma matta nacional que adiministrei ou de areias movedi- ças cuja arborisação me competiu dirigir, e, pelos motivos já apontados, prestam-se muito a ensaios de piscicultura, cujo resultado afigura-se me favoravel quanto possivel. (!) Parece-me que, tratando-se do aproveitamento das lagoas littoraes, convem começar aqui, porque o exito será seguro e o dispendio insiznifi- cante. Dados os primeiros passos e obtidos os primeiros beneficios, melhor será o ensejo de fazer encetar trabalhos de maior vulto em outros logares. As lagoas de Mira, da Veia, de Obidos, Albnfeira, de Melides, Santo André, etc., offsrecem vasto campo, cerca de 1:500 hactares, para se pôr em execução interessantes emprehcadimentos de piscicultara. E” possivel até que em algumas das lagoas do littoral do Alemtejo e do Algarve possa conseguir-se com proveito a introducção de peixes oriundos de paizes quentes. Termino a ui esta exposição, que julgo contêr alvitres aproveitaveis e que ligam intimamente com uma questão de maxima importancia, a alimentação da gente pobre. Tudo o que possa contribuir para o augmento dos recursos alimentares no nosso paiz, deve ser devidamente estudado e attendido, porque póde dar origem a muitos beneficios, que serão sobre- tudo partilhados pelas classes que mais carecem de auxilio. Lisboa C. A. DE SOUSA PIMENTEL. (1) No pinhal nacional do Vallado, situado no conselho de Alcobaça, uma das lagoas que ali existem, a do Saloio, cujas aguas são limpidas pode muito bem servir, apesar da sua pequena extensão (3,k60), para a creação de peixe, da carpa provavelmente. O peixe que aqui se produzisse poderia tambem ser aproveitado para povoar a lagoa de Pataias, que fica perto e que pela sua grandeza, natureza das aguas, vegetação etc., não deve diffsrir muito da lagoa da Ervedeira. NOTAS E COMMUNICAÇÕES 441 Subsidios para o estudo da Fauna de Portugal. — Ultimamente, a pedido do snr. dr. K. Mobius, sabio director do Museu Zoologico da Universidade de Berlim, tenho mandado para aquelle estabelecimento scientifico alguns exemplares de animaes da nossa fauna, producto das minhas explorações no paiz. O snr. dr. K. Mobius tem tido a amabi- lidade de me communicar a maior parte das vezes os nomes scicntificos das especies que lhe tenho enviado; e, como supponho que não deixará de ser interessante para os nossos naturalistas conhecer esses nomes e O local onde ellas habitam, apresento hoje a lista das especies de Lumbrici- deos das visinhanças de Coimbra e de alguns mexilhões de agua doce das vallas dos campos do Mondego. Lumbricideos : A!lolobophora fecida, (Sav:); A. trapesoides, (Dugês): A. chlorotica, (Sav.); A. Molleri, Rosa; A. complanata, (Dugês); A. pro- fuga, Rosa; Allurus tetraedrus, (Sav.) Em 1839 tinha eu enviado algumas especies de Lumbricideos de Por- tugal ao distineto professor do Museu de Zoologia e Anatomia comparada da Universidade de Turim o sor. dr. Daniele Rosa, entre as quaes ia uma especie que não mandei para o Museu de Berlim, a Allolobophora veneta? Rosa, var., emquanto que para este ultimo museu enviei uma especie que não foi na remessa que fiz então ao dr. Rosa, a A. profuga, Rosa, das vi- sinhanças de Coimbra e que, segando um trabalho d'este naturalista pu- blicado em 1889 no Boltetino dei Musei di Zoologia ed Anatomia comparata della R. Universit a de Torino, só tinha sido encontrada no Escurial. Nºes- te trabalho é egualmente mencionada a A. veneta, Rosa, var. e uma Peri- cheta, sp?, abundante no jardim Botanico da Universidade de Coimbra e que, segundo o snr. dr. Rosa, deve ter sido importada dos paizes tropicaes. — Os mexilhões de agua doce a que me referi são os seguintes: Unio littoralis, Guv., var. pianusis, Lea; U. dactylus, Morelet; U. mucidus, Morelet; U. pictorum, Linneu. Aproveito esta oceasião para tambem dizer qual o nome de um ouriço do mar que colligi em S. Thomé, na Bahia de Anna Chaves, e de que man- dei dois exemplares para o Museu de Berlim e que é o Cidaris tribuloi- des, Lin. Coimbra, Dezembro de 1893. ADOLPHO FREDERICO MOLLER. Cinclus aquaticus, Bechst; n. vulg., Melro ribeirinho, Vallongo. — Descrevendo os costumes d'esta especie, diz Brehm que ella mergulha e ca- minha debaixo d'agua, descendo e subindo à corrente. Degland, porém, affirma que o Cinclus caminha pelo fando da agua sempre em direcção op- posta à corrente. Nas nossas excursões pelas margens do Rio Ferreira, onde esta especie é muito abundante, tivemos occasião de observar, que um mel- 42 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES ro ribeirinho tendo mergulhado em um sitio onde a corrente era bastante forte, apparecera á superficie da agua à uma distancia talvez de dez me- tros do ponto onde desapparecera, deixando-se depois ser levado pela cor- rente até novamente mergulhar e assim successivamente durante um certo numero de vezes. Estas observações estão em desaccordo, como se vê, com a afilrmação de Degland. Esperamos porém em futuras excursões ter 0c- casião de obter mais algumas provas em favor do facto que observamos. E' costume quasi geral nas aves, abandonarem o ninho quando lhes roubam os filhos, esta porém parece accommodar-se no mesmo ninho como tenho observado frequentes vezes. Em principios de abril de 1892, um casal de melros ribeirinhos construiu o ninho no cabouco d'um moinho, com grande satisfação do moleiro que via na futura ninhada excellente isca para a pesca. E aqui usual entre os amadores da pesca tirarem os passaritos dos ninhos, e cortal-os em pedaços para iscarem os anzoes para à pesca da en- guia. Foi o que sucsedeu à ninhada installada no moinho; apesar d'isto, porém, os paes procederam a algumas reparações no niaho e efleciuaram nova postura que, escusado será dizer-se, teve egual sorte. Vallongo, Janeiro de 1894. JOÃO ALVES DOS REIS JUNIOR. Notas sobre a fauna da Serra do Suajo — Quando em junho e ju- lho de 1890 visitei a serra do Suajo com o fim de fazer uma explora- ção botanica, ofiereceu-se-me ensejo de tomar alguns apontamentos sobre a sua fauna. Como me parece que poucos naturalistas a teem visitado, ou pelo menos não teem publicado as suas observações, vou referir-me às notas que poude colher e que dizem respeito a especies vulgares e que eu conheç) por existirem no Museu de Zoologia da Universidade, visto que não são estes os assuínptos especiaes dos meus estudos. Já em tempos dei uma noticia sobre a serra do Suajo no Jornal de Horticultura Pratica; hoje amplial-a-ei com mais alguns apontamentos. Eis a lista dos anirnaes : Miumm'feros — Sus scrofa, Lin. (Javali), raro; Cerous capreolus, L. (Corso): Lepus meridionalis, Gené. (Lebre); Lepus cuniculus L., (Coelho); Canis lupus, Lin. (Lobo); Canis melanogaster, Ch. Bp. (Raposa); Árvicola amphibius, L. (Rato d'agua); Mus sy'vaticus, L. (Rato do campo). O Feliz pardina, Oken. (Lynce, ou Lobo cerval) era ali outr'ora vul- gar, segundo me disseram ; mas hcj: é extremamente raro pela caça ener- gica que lhe deram para evitar o> estragos que fazia no gado. O mesmo aconteceu na serra do Gerez. En Junho de 1890 disse-me um pastor d'esta serra ter visto, havia NOTAS E COMMUNICAÇÕES 43 pouco, o rasto de um Lynce, cousa que ha bastantes annos se não lem- brava de observar por aquelles sitios. Tambem fiz toda a diligencia por obter informações exactas sobre se a Cabra brava, (Capra hispanica Schimp.), especie quasi extincta entre nós, se encontrava na Serra do Suaj»; mas nenhum dos caçadores mais afamados d'ali, a quem interroguei, r1e deu noticia d'ella. Alguns chamam, no Suajo, Cabra brava ao Corso ou Cabrito dos montes (Cervus capreo- lus L. Pelo que poude averiguar, por pessoas d'ali, a Capra hispanica Sehimp. ainda se observa às vezes na Serra Amarella, proximo à nascente do Rio Homem e um pouco mais adiante; mas não passa o valle do Lima. No proprio Gerez ella é bastante rara; só quasi se encontra nos pin- caros elevados das margens do rio Homem, proximo à fronteira da Galiiza. Em fins de Julho de 1892, andando eu a berborisar na Serra do Gerez, o guia mostrou-me o rasto da Cubra brava, não muito longe do Borrajeiro, o ponto mais alto d'esta serra. Aves — Apenas tomei nota das especies seguintes: Aquila Adalberti; Dress. (Aguia real); Milvus regalis, Briss. (Milhafre de rabo de bacalhau) Striz flamea, L., (Coruja das torres); Corvus coraz, L. (Corvo); Cuculus canorus, L. (Cuco), Gecinus Sharpi (Péto real); Turdus merula, L. (Mel- ro); Perdriz rubra, Bris. (Perdiz), só nos pontos menos elevados; Starna cinerea, L. (Perdiz cinzenta); etc. Esta ultima especie, disseram-me os ca- çadores da Serra do Suajo ser ali vulgar, havendo lucaes, nos sitios mais altos, onde só ella se encontra. A Perdiz cinzenta tambem se observa, que eu saiba, na Serra do Ge- rez, nas immediações do Borrajeiro e mais ao norte do paiz, nas serra: de Rebordão e Montesinho, proximo a Bragança. Ainda não ha muito tempo que um caçador de Coimbra me afirmou, que tambem a havia nas encostas quasi inaccessiveis da margem esquer- da do rio Ceira, a uns 10 a 12 Kilometros de distancia d'esta cidade. Não garanto, porém, a veracidade d'este facto. Nas povoações menos elevadas da Serra do Suajo tambem se encon- tra o Pardal (Passer domesticus L.). No Gerez nunca o vi senão na base da serra, na povoação de Villar da Veiga. Reptis e amphibios:—Pelonectes Boscai, Lataste; Alytes obstetricans, Laur.; Bufo vulgaris, Dum. et Bib.; Rana iberica, Boulenger ; R. escu- lenta, G.; Lacerta ocellata, Tsch.; L. muralis, L.; Tropidosaura algira, L.; (1) Coelopeltas monspessulanus, Herm.; Anguis fragilis, L., etc. Não me foi possivel encontrar n'aquella serra um unico exemplar tan- to da Lacerta Gadowii, Boulenger, como da Vipera Latastei, Bosca, reptis muito frequentes, na Serra do Gerez. As pessoas a quem ali interroguei (1) AS Lacertas e a Tropidosaura só as observei nos pontos mais bai- Xxos da serra. 44 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES sobre à vibra não me souberam dar noticia alguma d'ella. Na serra do Gerez observei um ficto curioso com relação ao que se dá na Serra da Es. trella. e que se repete tambem na do Suajo. Vem a ser que, na Serra da Estrella, nos pontos altos, como nas Lagoas, Redonda e Secca só tenho visto o Triton marmoratus, Dam. et Bib. (T. Gesneri, Laur.) e à Rana esculen- ta, L. (R. viridis Dum. et Bib.); enquanto que nas reg des mais elevadas do Gerez e Suajo só observei à Rana iberica, Boulenger e o Peloneetes Boscai, Lataste. Este ultimo encontra-se tambem nas Caldas do Gerez e ainda mais abaixo. A Rana esculenta L., só a vi entre as Caldas do Gerez, Villar da Vei- ga e Caldo. O Triton marmoratus, Dum. et Bib. só proximo áquellas duas ultimas povoações se encontra. Em 1890 tive occasião de observar na Serra do Gercz, proximo a Leonte, n'um ribeiro, um exemplar da Chioglossa lusitanica, Bocage. O meu amigo o snr. Alfredo Tait disse-me tel-a tam- bem encontrado na sua propriedade, junto ás Caldas do Gerez. Aquelle distincto botanico amador e eu esforçamo-nos o mais possivel para des -obrirmos no Gerez o Pleurodeles Waltlii, Mich., salamandra de que o professor Simroth diz ter apanhado dois exemplares no sitio deno- minado Agua do Gallo, o que nós não podémos conseguir O que eu encontrei nas Caldas do Gerez foi a Salamandra maculosa, Laur., var. Molleri, Bedriaga. Peixes—Na Ribeira do Suajo e no Lima, ha à Trutta fario, Steind, (Truta); Chondrostoma p9'ytepis, Strind. (Bjga); Squalus cavedanus. Steind. (Escalo); Leuciscus pyrenaicus, Gthr. (Bordalo) e a Anguilla acu- tirostris, Yarrel. (Enguia), etc. Na ribeira da Peneda só via Truta. No Vez e na sua juncção com o Lima tambem hoj: ha grande abuondancia de Barbos. Ontrora o Vez era abundante em Trutas, Bogas, Escalos, etc.; mas segundo me disseram na villa dos Arcos, houve um individuo que teve a infeliz lembrança de deitar n'aquelle rio alguns exemplares de Barbos, os quaes depressa se propaga- ram e o resulado foi irem diminuindo as outras especies, pois, como é sabido, o Barbo sustenta-se na primavera com as ovas e creação dos outros peixes. Era conveniente guerrear o mais possivel os Barbos, pois que, além de destruirem as ovas dos outros peixes são de ivferior qualidade para a alimentasão. Já que estamos a fallar em peixes e se trata da creação no paiz de estabelecimentos aquicolas, convem lembrar que existem no Pinhal nacional do Urso, umas lagoas d'agua dore que se não devem despresar para este fim: ali se poderiam introduzir as Carpeas, (Cyprinus carpio, Lin.) as Tincas (Tinca vulgaris, Cuv.) e as Trutas dos lagos. As primeiras encontram-se em Elvas; as segundas em varios pontos do districto de Portalegre e no rio que vai de Alcobaça à Nazareth; as terceiras vcem à venda ao mercado de Bragança, pescadas n'umas lagoas hespanholas que ficam não muito distantes da frouteira n'aquelle ponto. NOTAS E COMMUNICAÇÕES ho As Tencas tambem se encontram no Tejo, proximo à Chamusca e em outros pontos d'aquelle rio. Se a memoria me não falha, dão-lhe o nome de Godião. Mas voltemos ao Suajo, assumpto da nossa noticia. Além dos animaes que já mencionei só tomei nota dos molluscos : Arion Nobrei, Pollonera e A. lusitanicus, Mabille, de um myriapodo do genero Iulus, frequente debaixo das pedras, e de algumas minhocas entre ellas a Allolobophora complanata (Deig). Tambem ali encontrei alguns Arachnideos, Insectos etc. mas de que não tomei notas pois como já disse o fim com que visitei aquella serra foi para fazer uma exploração botanica e mal me chegou o tempo para tratar d'outro assumpto. Coimbra, Dezembro de 1893. ADOLPHO FREDERICO MOLLER, Narcissus cyclamineus, Baker. —Esta interessantissima planta en- contra-se até hoje representada no Jardin du Roy, Paris 14623 e no Fheatrum Fiore, Frankfort, 1697. Depois d'isto ainda foi desenhada no Pall Mall Gazett de 15 de fevereiro de 1887 por occasião da sua introduc- ção em Inglaterra. O sur. dr. Juli) Henriques refe- riu-se a esta interessante planta no Boletim da Soc. Broteriana, fase. 2, 41889. Na estampa II d'estes Annaes está representada esta planta em reducção a !/;. Na figura que acompanha esta neticia acha-se desenhada a flôr em tamauho natural. A flôr é de um bello amarello de chromo. Esta planta é uma das mais interessantes da nossa flora pela historia que lhe anda li- gada, pois que passou por planta ima- ginaria durante unos duzentos annos que esteve Lo esquecimento. As N. A piscicultura em Portugal. — Não deve restar duvida de que a in- dustria que em Portugal póde fornecer alimento mais abundante, variado, sadio e barato é a piscicultura ; isto é: a arte de produzir, multiplicar e 46 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES engordar as melhores especies de peixes das aguas doces e maritimas sob o ponto de vista do consumo publico. A rede hydrographica do nosso paiz, presta-se de maneira notavel e convida mesmo à implantação d'esta industria e ao seu progressivo desen- volvimento, merecendo ser cuidada no intuito da sua conservação e da pro- tecção dos seres que a habitam. Ainda ha pouco tempo nada d'isto era attendido entre nós, mas feliz- mente um estadista notavel, convencido das vantagens que certamente re- sultavam para o paiz do aproveitamento de tão importante riqueza, pro- mulgou o decreto de 30 de setembro de 1892, creando uma commissão central, composta de individuos escolhidos pela sua posição official ou pelos seus conhecimentos e competencias, para promover uma propaganda activa e util, tendente a introduzir e desenvolver no paiz medidas apropria- das e estabelecimentos adequados aos fins da piscicultura. Pouco mais de um anno tem de existencia a Commissão central per- manente de Piscicultura, mas já tem assignalados os seus serviços por trabalhos de grande valor e verdadeira utilidade, e mais teria feito se não fôra a morosidade da resolução do ex-ministro das obras publicas às propostas da commissão, algumas das quaes não envolviam despezas, nem perturbações de outras instituições, visando puramente á distribuição de serviços; devendo comtudo consignar-se que a S. Ex.” ficam vinculados os primeiros despachos depois da creação d'estes serviços. Em 20 de abril do anno passado era approvado e publisado o regula- mento geral dos serviços aquicolas nas aguas interiores do paiz, proposto pela Commissão central: regulameato de grande alcance para a pesca in- terior e para a piscicultura e que se coadunava tão bem com os usos e costumes des povos, que não levantou contra si nenhuma representação ou protesto, facto digno de registar-se na epocha presente, em que quasi todas as medidas do poder central encontram resistencia na sua execução, a maior parte das vezes por uma simples questão de fórma e outras por excederem os justos limites da concentração administrativa. E" facto que este regulamento em via de execução carece de ser acompanhado de alguns meios de ficalisação, que faltam actualmente ás direcções incumbidas de o applicarem, mas pouco a pouco, não é difficil, havendo boa vontade superior, de os ir conseguindo, pondo-os à disposi- ção d'aquellas direcções. Já estão nomeadas Commissões regionaes, delegadas da Commissão central, em Vianna do Castello; Povoa de Varzim; Villa do Conde; Santo Thyrso; Porto; Aveiro e Coimbra. Estas Commissões tem alçada para se installar e formular o seu programma de trabalhos em harmonia com o regulamento geral, iniciando e desenvolvendo desde já a sua propaganda em favor da piscicultura. Já conseguiu tambem a Commissão central a creação de uma esta- ção aquicola no Rio Ave, para producção de cvulos das especies das aguas NOTAS E COMMUNICAÇÕES AT interiores, a fim de serem creados em piscinas de engorda ou lançados nos cursos que se queiram repovoar. Era da maxima vantagem que a cons- trucção d'este estabelecimento começasse já, para se poder aproveitar à primeira e proxima epocha de desovação, e estamos convencidos que o sr. ministro das obras publicas de quem depende actualmente à continuação d'este serviço, procederá com respeito a elle com tanta decisão e boa von- tade, como mostrou nos despachos em que approvou as ultimas propostas da commissão. Muito ha certamente a fazer para conseguir a piscicultura prática em Portugal, mas do que não resta duvida, é de que já alguma cousa ha feito depois da creação da Commissão central: uma regulamentação geral de serviços e exploração; commissões regionaes para larga propaganda ; e a approvação superior para a construcção de um estabelecimento de pis- cicultura que possa fornecer ovulos ou embryões à industria particular e aos cursos d'agua despovoados ou em via de despovoamento. O nosso paiz não é para grandes actividades, e portanto temos de nos contentar com que nos attendam pouco a pouco, porque sempre aigu- ma cousa se vae conseguindo, embora seja protelado o beneficio publico que derivava do exercicio e desenvolvimento d'esta industria, se ella fosse desde já montada nas suas bases principaes. Lisboa, 29—janeiro— 1894. BALDAQUE DA SILVA, Projecto de uma Estação Zoologica em Cascaes. — Annunciou-se a construcção de uma estação de Zoologia maritima em Cascaes, com aqua- rios, estabelecimento analogo aos que existem, de ha muito tempo, em diferentes pontos do Atlantico e do Mediterraneo. Já em 1886 tive oc- casião de me referir a estes estabelecimentos scientificos (1), mostrando as suas vantagens e a necessidade da sua installação no nosso paiz, visi- tado por muitos estrangeiros, que aqui veem procurar elementos de estudo, por ser, como é, um dos mais interessantes debaixo do ponto de vista zoolo- gico pela sua especial situação geographica. E" com effeito no nosso litoral que se crusam as faunas dos mares septentrionaes e as do Mediterraneo e africana, terminando muitas especies a sua expansão geographica nas cos- tas maritimas portuguezas. A fauna dos nossos mares é uma fauna mixta e como tal cheia de interesse para aquelles que a estudam. Estabelecimentos d'esta natureza são ainda olhados entre nós com desconfiança sobre os seus resultados praticos, excepção feita de meia du. zia de pessoas que lhes reconhecem o valor e utilidade: de resto uma pro- funda ignorancia ou desdem absoluto por tudo quanto em zoologia se faz (1) Estações Zoologicas, in Bol. Soc. Geogr. de Lisboa, 1886. 48 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES lá fóra e se deve fazer entre nós. Ignoram sem duvida que em todos os paizes maritimos ha estações zoologicas, a não ser quem tenha visitado Napoles, onde se encontra a primeira estação de Zoologia maritima, que constitue ponto forçado para os visitantes, pelos magnificos aquarios que possue. N'esta estação ha, além d'outras, algumas mezas de trabalho que os differentes governos costumam alugar para n'ellas trabalharem, durante praso ajustado, um ou mais naturalistas dos seus paizes. Não consta que Portugal tivesse lá mandado alguem não obstante a prodigalidade de commissões ao estrangeiro. Nem todos os laboratorios de zoologia maritima possuem installações como o de Napoles, o que não impede que d'elles saiam trabalhos scientifi- cos de valor. A Estação zoologica de Cette, onde pratiquei durante algum tempo, bem modesta é, e no entanto muitos trabalhos teem lá sido feitos não só de sciencia pura como de applicação ás industrias do paiz. Vê-se, pois, que não é necessario grande ostentação para se manter um estabe- lecimento d'esta indole, em Cascaes. A bahia de Setubal seria, sem duvida, o ponto mais apropriado para uma estação zoologica marinha; mas, a proximidade a que fica de Cas- caes e os meios rapidos e faceis de transporte, não prejudicam de modo algum a sua installação n'esta praia, frequentadissima e de facil visita. Além disto, a fauna d'estas duas regiões é muito analoza, ou quasi a mesma, e pelos motivos acima apootados, póde, à de Setubal, encon- trar-se perfeitamente representada nos aquarios da estação, em Cascaes. A ideia é excellente e proveitosa para o paiz, resta apenas que não fique em projecto, como desgraçadamente tantas vezes acontece em Por- tugal, onde, em gerai, tão pouco interesse se liga às questões scientificas, Aproveito o ensejo para communicar a todos aquelles que se interessam pelas questões scientificas, que em muito breve tempo será installado, sob iniciativa particular, um Laboratorio de Zoologia maritima, o primeiro no paiz, realisando d'este modo as intenções que desde 1886 tinha publica- mente apresentado e que em 1890 tive occasião de propôr ao ministro das Obras Peblicas o snr. Frederico Arouca, sob a dependencia das estações aquicolas, que, como base da reorganisação dos servicos aquicolas eu en- tendi dever comprehender no projecto de regulamento sobre as pescas flu- viaes e maritimas, cuja elaboração me tinha sido confiada pelo referido ministro em junho d'aquelle anno. Dezembro, 1893. AUGUSTO NOBRE. NECROLOGIA PEDRO ARTHUR MOR EEE Falleceu em 9 de d'Outubro ultimo no castello de Velars (Côte-d'Or) na edade avançada de oitenta e quatro annos este distincto naturalista francez que durante quasi meio seculo enriqueceu a sciencia malacologi- ca de numerosas memorias sobre a fauna de muitas regiões do globo. A malacologia portugueza e a das nossas colonias devem tão assigna- lados serviços a Morelet, que nos não podemos limitar ao simples tributo de homenagem de registar o seu falecimento. Nascido em 26 de agosto de 1809 mostrou nos mais verdes annos uma verdadeira paixão pelas viagens e depois de percorrer a Italia, a Corsega, a Sardenha, e de ter explorado a Argelia durante dous annos como mem- bro da expedição scientifica organisada pelo goverao francez, dirigiu-se em 184+ para Portugal que durante seis mezes percorreu em quasi todas as suas provincias. O resultado d'esta exploração foi a publizição do seu bím conhasid» trabalh» sobre os molluscos terrestres e flaviaos de Portugal, obra ainda hoje fundamental sobre a materia, que permittiu fixar o caracter até então desconhecido da nossa fauna malacologica. Depois de numerosas viagens na America, descriptas n'uma impor- tante obra em dous volumes— Voyage dans VAmeêrique centrale — Morelet dirigiu-se novamente para Portugal e em abril ds 1357 embarcava em Lisboa, em companhia do seu amigo Henri Drouet, com dastino aos Aço- res, terras até essa epocha quasi completamente desconhecidas dos zodlo- gistas. Reinava então em Portugal El-Rei D. João V, cultor illustrado das sciencias nataraes especialmente da canshyliolbgia, qua dispansou aos dous incansaveis exploradores a mais decidida protecção não concorrendo pouco para os valiosos resultados d'esta viagem. Durante seis m3zes Morelet e Drouet percorreram quasi todas as ilhas do Archipelago, com excepção de S. Jorgs, colhand» numerosos e impor- tantes dados sobre as pro lucçõ:s naturaes d'aquellas ilhas qua daram à conhecer em varias memorias. Morelet, n'uma excellente obra magnifica - 50 ANNAES DE SCIENSIAS NATURAES mente ilustrada, occupou-se mais especialmente dos molluscos terrestres reconhecendo 69 especies habitando o archipelago, das quaes não menos de 30 eram completamente novas para a sciencia. A conclusão à que chegou Morelet é que a fauna malacologica dos Açores distinguiu-se de um modo nitido da dos archipelagos visinhos, emquanto se liga estreitamente à do continente europeu, apresentando comtudo um caracter notavel de especialidade. Se foi esta a ultima exploração de Morelet a terras portuguezas, a sua penna auctorisada ainda firmou durante a sua longa vida scientifica al- guns trabalhos não só sobre a nossa fauna continental mas principalmente sobre a das nossas colonias. A Morelet devemos o primeiro trabalho de- senvolvido sobre a malacologia da ilha do Principe, pelas colheitas feitas em 1846 pelo distincto official da marinha franceza o Marquez de Folin. Foi elle tambem que se encarregou do estudo dos numerosos materiaes conchyliologicos reunidos pelo Dr. Frederico Welwitsch nas suas viagens no territorio d'Angola e em S. Thomé, collecções preciosissimas pela ignorancia quati completa que até então havia sobre essas regiões. Morelet publicou ainda muitas outras noticias sobre molluscos inse- ridos no Journal de Concyliologie de 1850 a 1890, algumas tendo referen- cias á nossa fauna colonial, e subscreveu ainda varios volumes puramente literarios. Todos os trabalhos d'este naturalista distinguem-se pela concisão e pela clareza. Adoptando o systema de especificação seguido pelos mais auctorisados conchyliologistas modernos, como Cuvier, Deshayes, Pfeiffer, Kobelt, Crosse e Fischer, era adversario declarado da moderna eschola ma- lacologista patrocinada por Bourguignat. Esta não lhe poupou algumas criticas ao seu primeiro trabalho sobre molluscos de Portugal, em parte fundadas emquanto à confusão de algnns typos especificos differentes, cri- ticas a que em parte se conformou na sua—Revision des mollusques ter- restres et Aluviatiles du Portugal, refutando outras com a maior probida- de scientifica. Morelet é incontestavelmente um dos naturalistas que maiores servi- ços prestou à malacologia portugueza ; oxalá o seu exemplo e o seu metho- do fossem seguidos, infelizmente alguns adeptos da nova eschola «producto- res de especirs novas», como Servain e Castro, explorando a nossa fauna malacologica ainda não de todo conhecida, vão-na transformando n'um verdadeiro chárs, sem especificação possivel. Os principaes trabalhos de Morelet relativos à nossa fauna continental e à das colonias são os seguintes: Description des mollusques terrestres et fluviatiles du Portugal. Paris, 1845, 8.º 14 pl. Revision des mollusques terrestres et fluviatiles du Portugal. In Jour- nal de Conchyliologie, Paris, 1877, 8.º A. GIRARD: ARTHUR MORELET 51 Notice sur PHistoire Naturelle des Açores suívie d'une description des mollusques terrestres de cet Archipel. Paris, 1860, 8.º, 5 pl. col. Testacea quedam Africe occidentalis terrestria et Aluviatilia. In Re- vue Zoologique, 1848, 8.º Series conchyliologiques, 1.1e livraison. Côte occidentale d"Afrique, Pa- Tis, 1858, 8.º gr., 3 pl. col. Voyage du Docteur Friederich Welwitsch à Angola et Benguela. Mol- lusques, 1860, 4.º gr. 9 pl. col. Coquilles nouvelles recueillies par le Dr. F. Welwitsch dans P Afrique equatoriale ; in Journ. de Conchyl., 1866, 8.º Notice sur les coquilles rapportées par M. M. Bouvier et de Cessac des iles du Cap.- Vert, 1873, 8.º Mollusques nouveaua de la côte occidentale d'Afrique. In Journ. de Conchyl., 1863, 8.º Morelet possuia uma rica bibliotheca e uma valiosa colleeção de mol- luscos terrestres e fluviaes comprehendendo os typos das numerosas espe- cies que tinha descripto. Diz-se que esta collecção foi adquirida pelo snr. Hugh Fulton de Londres. O Governo francez recompensára os serviços de Morelet nomeando-o Cavalleiro da Legião de Honra. Era em Portugal socio correspondente da Academia Real das Sciencias, e Commendador da ordem de Christo. Museu de Lisboa, 8 de Fevereiro de 1894, ALBERTO A, GIRARD. Contribution à Pétude des poissons dean donce | du Portugal d'aprês la collection dm Museé de Aoologie de PUniversitê de Coimbra PAR LE DR. LOPES VIEIRA aide naturaliste interin Avertissement Le Catalogue préliminaire des poissons d'eau douce du Portugal par Mr. F. H. Steindachner, Lisbonne 1864, à été la premiére publication qui ait parue sur ce sujet. La détermination des espêéces de poissons qui y sont consignées a été faite en présence des exemplaires qui se trouvaient alors au Musée de' Lisbonne, dont la collection avait été commencée, il y avait peu de temps, de quel- ques endroits du Portugal. (Vid. catal. cit., note pag. 6.) Dans cette publication on a énuméré les espéces, sans décrire les caractéres des exemplaires qui les répre- sentaient, excepté pour ceux des espéces Barbus Bocagei, Steind., Barbus comizo, Steind., Chondrostoma polylepas, Steind., qu'on a considérées comme nouvelles et dont on a donné les diagnoses résumées. Dans le Catalogo dos Peixes de Portugal por Felix de Brito Capello, Lisboa, 1880, on a mentionné les espêéces contenues dans le catalogue de Mr. Steindachner, en ajoutant quelques autres, également d'eau douce du Por- Ann. de Sc. Nat. v. I., Abril, 1894. 4 54 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES tugal, qui seulement ont pu être connues récemment. Mais il est certain aussi qu'on ne les y decrit pas, et on cite seulement les publications faites en 1266 à Pétranger par Mr. Steindachner, et que je n'ai pu consulter, ou le Catalogue of Pishes im the British Museum, le seul ouvrage, que je connaisse, ou Jon peut voir tous les diagnoses des poissons d'eau douce du Portugal. Voilã pourquoi je me suis toujours rapporté au Ca- talogue du British Museum, de Mr. Ginther. L'istorre naturelle des poissons de France, par Mr. Moreau, Paris, 1881, réprésentante plus moderne d'une icthyologie semblable a celle de mon pays, me devait sur- tout servir de guide. Le résultat au quel je suis arrivé dans mes investi- gations est bien extraordinaire; car, pour quatre genres, je suis resté indécis quant à la distinction d'espéces que je trouvais faite et je n'ai pu harmoniser le résultat de mes observations avec celles des naturalistes autorisés qui les ont établies. Ne doutant pas de mes propres investigations, et n'ayant point de motif pour douter de celles des autres, il ne me reste seulement qu'à attribuer cette notable diver- gence à ce qu'il ne leurs a pas été possible d'examiner un nombre suffisant d'individus, condition que j'ai pu réa- liser. Quoiqu'l en soit, mon but n'est pas de discuter les compétences, ni même de m'attribuer des mérites que Je ne posséde pas, ou de me donner des honneurs qui ne me rapporteraient également aucun profit. Mon désir est d'harmoniser les observations des uns et des autres; de voir une contre épreuve des diagnoses faites et d'établir enfin une diagnose indubitable des es- pêces de poissons d'eau douce du Portugal. Qu'on le croit ainsi tel est mon but. Coimbra, janvier, 1894. DR. L. VIEIRA: POISSONS DU PORTUGAL o NOTE A Je n'ai pas, à Végard des espêces du genre Barbus d'eau douce du Portugal, à me rapporter à "Historre na- turelle des poissons de France, de Mr. le Dr. Moreau, parce que cet ichthyologiste ne s'occupe que des espéces qu'on trouve en France; et les espéces du Portugal, se- lon Pavis et les descriptions de Mr. le Dr. Steindachner, in Catalogue préliminaire des poissons d'eau douce du Portugal, Lisbonne, 1864, ainsi que les descriptions qu'on peut lire dans le Catalogue des poissons du British Muséum, vol. 8.º pag. 92 et 93, sont particuliêres à la péninsule Iberique. Je me suis donc servi des descriptions de Mrs. le Dr. Steindachner et le Dr. Giinther, en profitant de toutes les deux; et jai mis en parallêle les caractêres de pre- mier ordre de leurs descriptions et ceux trouvés dans les individus du Musée de Coimbra. Voici les conclusions que je dois faire ressortir de ce paralléle. Je n'y vois pas de différences qui permettent de dis- tinguer d'une maniére précise, comme il est nécessaire, les deux espeéces du genre Barbus. Ainsi, la forme de la ligne rostro-frontale n'est pas toujours droite chez les individus dont la tête est nota- blement allongée; ni n'est pas toujours convexe chez ceux qu'on dirait Barbus Bocage, Steind. Tels sont les in- dividus numeros 7, 8. La bouche n'est pas três fendue que dans le supposé Barbus comizo, Steind. Au contraire, on la voit aussi fen- due chez le numero 10, qui n'a rien de plus de semblable à celui-lã. Le grand rayon ossé de la nageoire dorsale n'est pas toujours fort et distinctement dentelé dans le Barbus, qu'on dirait comizo, parce qu'il a la tête et le museau ex- traordinairement allongés, comme on le voit dans Pexem- plaire empaillé numero O de la collection du Musée de * 56 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES Coimbra. D'un autre coté, on voit un rayon três fort et três dentelé dans [exemplaire numero 6, qu'on devrait appe- ler Barbus Bocage, pour tous les autres caractêéres. Les rayons de "anale, ainsi que la formule des sé- ries d'écailles ne permettent plus d'établir aucune dis- tinction. En vue d'un tel résultat, je n'ose pas appliquer aux exemplaires du Musée de Coimbra la distinction préten- due par Mrs. Steindachner et Giinther, ni je trouve as- sez justifiée cette distinction, malgré la grande autorité, généralement reconnue, de ces deux savants ichthyo- logistes, et de ce qu'on dit cette distinction constatée, non seulement dans les exemplaires observés au Musée de Lisbonne, mais aussi confirmée par des investigations accomplies par Mr. Steindachner en Espagne. Mais si Vallongement de la téte n'est pas suffisam- ment caractéristique d'une différence d'espêce des Barbus du Portugal, on peut se demander si elle ne sera pas un effet de Váge? On voit que les individus 0, 1, qui sont ceux de plus grandes dimensions, sont aussi ceux dont la tête est la plus notablement allongée. D'un autre coté, dans aucun des nombreux exem- plaires de la collection, que je n'ai pas trouvé nécessaire de mesurer, on ne voit Vallongement de la têéte. Il n'y a qu'une exception pour les exemplaires 4, 6; car le nu- mero 4, qui a 26 4 centimétres de longueur, a la tête três allongée, comme Vindique la mesure de 3 3; tandis que Vexemplaire numero 6, de 30 4 centimétres de longueur totale, ne présente pas la téte allongée. En remarquant que Pexemplaire numero 4 provient du fleuve Guadiana, ainsi que tous les autres qui présen- tent un allongement égale de la tête; tandis qu'on ne trouve pas un tel caractére dans aucun des exemplaires des autres fleuves, on pourra se demander si un sem- blable caractére ne sera pas exclusif d'une varieté du genre Barbus, propre à ce fleuve? Paralléle entre les Barbus” Bocage:i, Steind. et Barbus comizo, Steind. et les Barbus des fleuves et riviêres du Portugal de la collection du Musée Zoologique de "Université de Coimbra Numero | Nombre de fois Nombre de fois que | | | | | d “que Fhauteur du t la longueur de la tête | Forme de la li | | TESTE ) tese e comic dano retomam aana O Proto tn Bono sample aaa | Ale | Horde des tais | lalo ota g | | | 2 = - -— = [=== | — — is [E === = EE” = : Ra) | , | petite, horisonta- | a fr: Barbus Bocagei, Steind. | — Tal 5) | convexe | e e peu dentelé | 38 |80u9;47252;50u6 | | | . : | | três fendue, obli- |,. a n 19 E é 7/ 1 | verte ; , A 4 nt | & 1 o o Barbus comizo, Steind. ? | tab 1 recte ou concave | que, términale | três dentelé et fort | 9/6 ou 7 | 810u 91; 48250; 51 4 | Ê AR SRA mp A e a A A Ee long. tot. 92 | long. tot. 92 | droite, peu incl- | fendue, oblique, | peu fort, pas | ç Eh 0 | haut. du tronc? tête ? | née términale dentelé 38 954/6 | | no longa fot 574 long. tot. ge droite, três peu | três fendue, obh- | fort, peu ou pas TA 1 | aut. pi 9 8 | téte 9441 | inclinée | que, términale | dentelé io PRE | | ] | long. tot. 36 | long. tot. 36- lo 4| sinueuse, três peu | fendue, oblique, | . Qu a haut. 63 | 53 tête SR 3$| inclinée | términale | tort, dentelé idem 9/51/6 a Jong. tot. 374 (long. tot. 975] sinueuse, peu | | tros fort, trôs | 9/50/6 É “haut Ml o | tête 10 [35 anclinée idem | dentelé [Rm el ga E quelque peu con-| , | o. | 4 long. tot. 203 l53 long. tot. 26319 2 | cave, tréspeuin-, idem | fort, três dentelé | idem 8/49/6 hat, 43/08 | tête TERA Se a | | A lque peu con- | : E | long. tot. 294/-, long. tot. 2941, |U op. | petite, oblique, | po meo ido 9526 | NE 54 + této 6 4 e peu inch | E | fable, pas dentelé | idem [94 | : ] extra" rdinai- 6 long. tot. 30314 1 long. tol. 305 44 droite, ne idem rement fort, três | idem 9/49/6 haut, 7 4 E |tête 04) & rien inclinée dentelé 7 o lo Es E; do “pilas idem | idem | faible, pas dentelé | idem 8/49/6 . 4 E) | | PR droite, presqne en | o 9) o , | E | . | : 8 | e tot. o 5 E: pr Mo prolongement du idem | idem idem idem | ; dos. | É E je E ER no o “alta convexe, incline idem | idem 3/8 6/50/06 E 2 | | Da tot. 19 long. tot. 19 E fendue, oblique, | peu fort, pas 318 8/51/6 10 | ant. 31 43 tote hi [43 idem términale dentelé | / É . 4 | 4 g ; ' dE. Dol an E fE - go il , 2 y AM 1 ns otáligaat nt Ta H ; Espe qu) a 7 ' 3 /) E. TIP To o ani h 2 6 E TOR Le! RO ) «il mo TU HR o A : H f ' | + A casml ] k no i ss H f é 54 fa v tf á A ', ' ! Í E 12) ) | Fe o £ td , | | | Ed 4 ho! Garreiiita , ] F Rui EURSE til mu ADE IA E q E aggnmnto ha dif > Ê E RELA ( tb o Ê 5 Sta) La Pa + q q - *. | E Ao o] tuo puma un ) a E ita Pa iGUS oi JE eloa gd E a ft Ops qtos DU” a ed? nd pede paro HS ht reitê Toi A ; E CE TEM rá E Eteier gm mteplsep l cat tAs e”) fo ei ps ont a Jia [Lis és rr t yu abit tá dp ou HE np diiilo DE hub rol 1 mes papo | de ou | api pis RE) oa "E Paralléle entre les Leuciscus arcasii., Steind.; Leuciscus aula, Cuv. & Val.; L. alburnoides, Steind - L. macrolepidotus, Steind. et E poissons du genre Leuciscus qui se trouvent au Musée de Zoologie de "Université de Coimbra, provenants des fleuves et riviêres du Portugal. Numero | de | VPexem- | plaire | | SOC m=S O AN ODhO ra Dents pharyng. SA) idem idem idem De S'Ont pas EXAMINÊS 5/5 idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem Rayons des nageoires 10 0141 400011? Bro [O to pb 1704 DO | 10. (40 ou 12, ? | | | 40 40 ou 14] 9 ou 140 E Dm 2/7 vu om 2/7 Bio | 3/7 9/7 3/8 3/8 4/7 3/8 3/7 2/7 ul BT 2/7 ELG UI BS 2/7 SB BS 2/7 STA a 2/8 So 3/8. |. 3/8 2/7 3/8 3/8 bl 3/8 Bio || Dm 3/8 a o O a 3/8 6 | Bm 3/8 3/8 2/8 9/9 | 3/8 2:8 Series d'écailles de la ligne latérale | | | Serie d'ecailles entre la ligne la- | térale et la base de la ventrale Nombre de fois | que Phauteur | du tronc est con- tenue dans la | | Provenance longueur totale | | Ele 4 42 a 46 AE E Leuciscus arcasn. Steind. E) m , | 7 EF e 8 . q - SL e Mo | a Leuciscus aula. Cuv. & Val. 39 a 40 | ms Leuciscus alburnoides. Steind. % ! 81-91 ; E 33 a 36 DR Leuciscus macrolepidotus. Steind. 36 ou 37 24 se riviére d' Espinho. 40 | 21. os fleuve Mondego, Coimbra. 37 ou 88 24 31 |" adem. | o Br Se | vivitre de Condeixa. 32 2 + 3 "idem. 34 24 Br riviêre d'Ansos, Pombal. E 36 2 | 81 | ruisseau du Pinhal nacional, Leiria. 4) | 24 | a | fleuve Mondego, Coimbra. 38 24 o | viviêre d'Ansos, Pombal. 38 24 DEL | viviêre Antuã, Estarreja. 38 | 3 ro | riviêre d'Ansos, Redinha, | 34 0u 35 24 3 1 riviêre d'Espinho. 38 25 31 | leuve Arunca, Pombal. 41 2 + | a idem. o 39 240 3 31 | feuve Liz, Leiria. o 2 Sa | idem. 43 2 o | fleuve Guadiana. 45 2 A 1y | idem. ' ] bg , sa Fi ú ' = a e 1 8 q ) : . A | A io» ado. o Pi a pos a DE ç A = st > A = . e ém bes gu puto eq HA dio 15) = 8 q I Í EM l > à Bt H AR “o AD NF ATLAS Ed Pad, o a fes uu ei Fat ' A] a gracilis, (Costa) — Povoa de Varzim. Fusus rostratus, Olivi — Faro, (Capitão Castro). Nassa semistriata, Brocchi — Tejo, no Estoril. Velutina levigata, Penn — Foz do Douro, Leça. Lamellaria perspicula, Linneu — Estoril. Odostomia plicata, Mig. — Matozinhos. O. rissoides, IHanley — Matozinhos. Parthenia spiralis, Mtg.—Mutozinhos. Eulima distorta, Desh. — Leça. Clathurella purpurea, Mtg.— Foz, Estoril. Chenopus Serresianus, Michaud — Povoa de Varzim. Rissoia cimex, L. — Cascaes. R. costata, Adams — Matozinhos. R. striata, Montg. — Matozinhos. Adeorbis subcarinatus, Mtg. — Estoril. Janthina pallida, Harvey — Adherentes ás Vellelas rolladas sobre as praias em Cascaes e Setubal. Siphonaria Algesirse, Quoy et Gaimd. — Estoril e Cascaes. Utriculus truncatulus, Brug. — Matozinhos, Estoril, Haminea hydatis, Lin. — Barreiro. Encontrei em junho do anno passado uma quantidade extraordinaria de exemplares d'esta especie rolla- dos, e ainda com o animal, em uma praia por detraz da estação do caminho de ferro do Barreiro. Haminea cornea, Lk. — Setubal, Cascaes. Akera bullata, Miiller — Cascaes. Dentalium novemcostatum, Lk. — Algés. Syndosmia alba, Wood — Matozinhos. S. nitida, Miiller — Algés. Thracia papyracea, Poli — Setubal. Lyonsia norvegica, Chemnitz — Setubal. Kellia suborbicularis, Mtg.— Matozinhos, Foz. Lasxa rubra, Mtg. — Matozinhos e Foz, muito commum, sobre os roche- dos entre as algas que vivem no limite superior das marés. Anomia aculeata, Miiller — Foz, Matozinhos. Contribution à Vétude de Pohthyologie maritime PAR LE DR. LOPES VIEIRA Aide naturaliste interin au Musée de "Université de Coimbra Le 18 mai de Vannée courante, le Musée de PUni- versité de Coimbra a reçu de Buarcos, village sur le bord de la mer, à 39 kilomêétres de Coimbra, un poisson con- sidéré comme inconnu de tous les pécheurs de cette côte, à 6 kilométres de laquelle on Pavait pêché dans un filet, ou il se trouvait presque mort. Pour nous, qui cherchons depuis quelques années à connaitre toutes les espéces de poissons qui fréquentent la côte océanique du continent du Portugal; qui avons vu toute la pêche de Nazareth et de Povoa de Varzim (toutes deux d'un grand mouvement) et cela pendant les deux mois ou Ion travaille le plus; qui avons eu, pour le com- pte du Musée de Coimbra, des explorateurs à Lisbonne, Setubal, Nazareth, Buarcos, etc., ce poisson était une vé- ritable nouveauté. Long de 2.770, et, appartenant visiblement à Vordre des plagistomes et au groupe des squales, dont il présen- tait la forme générale, comme on peut le voir par la fi- gure ci-jointe (reproduction exacte d'une photographie de animal monté) il ne nous restait qu'à le chercher parmi les espéces comprises dans le groupe indiqué. Comme c'était le plus naturel, nous avons consulté premiérement le Mémoire de notre compatriote, le savant directeur du Musée National de Lisbonne, Mr. Barbosa du Bocage, publié à Lisbonne en 1866 et intitulé — Pois- Ann, de Sc. Nat., v. I. Junho, 1894, 138 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES (2) sons plagiostomes (Squales). Notes pour servir à Pachtyo- logie du Portugal. L'exarien de la clef des familles qui s'y trouve pag. 60, nous portait à considérer le poisson, dont nous par- lons, comme appartenant à la famille des Lamnidae et au genre Selache. Toutefois, en lisant la déscription de la seule espéce du genre Selache, qu'on y trouve consignée, nous avons remarqué que, bien que notre exemplaire ait quelques ca- ractêres généraux de Pespéce Selache maxima, Mull. A Henle, il se trouvait en désaccord, pour avoir — un mu- seau long et pointu, et non pas — un museau court, com- me on ly décrit; et aussi parcequ'il portait un creux à Vextremité du museau, lequel, três long et quelque peu relevé, rappelait fort celui d'un cochon. Alors nous avons ouvert le tom. I. pag. 306 de VHas- toire naturelle des powsons de France, de mr. le dr. E. Moreau, et nous y avons trouvé mentionné que — «le museau (du Selache maxima) parait de forme un peu va- riable, comme on peut facilement le voir en comparant les figures données par de Blainville, Lesueur, Yarrell, Couch, Gervais. Le Pélerin du Musée de Gênes, animal três bien monté, a le museau trés allongé, arrondi, ter- miné en pointe, ce qui lui a fait donner le nom de Selache rostrata: il a le museau semblable à celui du Squale pê- ché à Concarneau en avril 1876 (V. Journ. Zool., A. V. pl. XID. Le Pélerin étudié par de Blainville avait «le mu- seau três court assez obtus, relevé à son extrémité», Or, nous nous croirions autorisés, par cette indica- tion, à appliquer la description du Selache maxima, Mull. et Henle, au poisson du Musée de Coimbra, si Pon ny avait fait aussi mention d'une carêne sur les côtés du tronçon de la queue, caractére que lui accorde aussi mr. le dr. Giinther in Cat. of the fishes in the Brut. Mus., vol. VIII, pag. 394; mais qu'on ne rencontre pas, même à Vétat rudimentaire, chez Pindividu dont nous parlons. En outre, presque en même temps —O Occulente — (3) L. VIEIRA: CONT. À L'ÉTUDE DE L'ICHTHYOLOGIE 139 publié à Lisbonne le 1 mai 1894 nous parvenait, et on y voyait des gravures représentant un poisson de 8”",50 de jongueur totale, que le Musée National de Lisbonne ve- nait d'obtenir et de classer — Selache maxima ; cet individu présentant un museau entiêrement arrondi et une na- geoire caudale aux deux lobes égaux, et formant presque un croissant, ce qui était fort different de ce qu'on obser- vait sur le poisson du Musée de Coimbra. En présence de telles divergences, nous avons pris la résolution de consulter à cet égard, mr. le dr. G. A. Boulenger, le savant naturaliste du Brit. Mus., en lui en- “voyant un croquis de la téte, cou et portion caudale de notre poisson et en lui demandant son opinion sur ce sujet. Nous avons reçu de cet illustre savant opinion que le poisson du Musée de Coimbra lui semblait être le Squa- lius rostratus, Marc., que mr. le dr. Giinther, le célebre ichthyologiste du British Museum considêre comme vrai- ment identique au Selache maxima. En même temps, nous avons pu savoir aussi, par Pintermediaire du directeur de notre Musée, mr. le dr. Paulino d'Oliveira, que mr. Barbosa du Bocage, directeur du Musée de Lisbonne, auquel il avait communiqué les caractêres principaux que [on trouvait au poisson du Mu- sée de Coimbra, est encore indécis pour le considérer identique au Selache maxima. Nous n'avons pas d'opinion établie sur ce point, quel- que étrange que cela puisse paraitre | Nous n'avons pas pu consulter tout ce qu'on a écrit sur ce Squale; et nous ne savons pas non plus si Popi- nion d'autrui pourrait dissiper toutes les réserves que nous maintenons encore pour ce qui touche à une compléte identification entre le Selache maxima, Mull. et Henle, et le poisson qu'on voit representé par la figure ci-aprês et qui va être placé dans la salle des vértébrés du Portugal, au Musée de "Université de Coimbra. Quoiqu'il en soit, nous enregistrons ici "opinion des savants, SUP Ja faune melacologique des iles de S. Thomé et de Madêre PAR AUGUSTO NOBRE Aide naturaliste au Laboratoire de Zoologie de I'Académie Polytechnique de Porto (Suite) Pour terminer ce qui se rapportte à la faune de S. Thomé, je dirais que je vais prochainement publier une révision des mollusques marins, parce que les produits zoologiques de la nouvelle exposition Coloniale de Porto, qui m'ont été confiés, m'ont permis d'étudier quelques types mal représentés dans les collections que J'ai eu oc- casion d'examiner jusqu'a la publication de mon der- nier mémoire dans VInstituto. Je réserve donc pour ce tra- vail, quelques renseignements nouveaux. A Végard des mollusques terrestres, on voit que la faune s'accroit sen- siblement depuis les recherches de M. M. Moller et Cas- tro et dernitrement par celles de M. Newton, dont les produits viennent d'être étudiés, par M. Albert Girard, du Muséum de Lisbonne, qui en a décrit sept espêces nou- velles. Ann. de Sc. Nat. v. I., Junho 1894, AUG. NOBRE: SUR LA FAUNE MALACOLOGIQUE 141 ILE DE MADERE Dans une note préliminaire publiée dans VInstuuto (') javais fait connaitre une série de mollusques de Vile de Madere qui avaient été mis gracieusement à ma disposi- tion par Mr. Ernesto Schmitz de Funchal, J'avais resolu de publier cette liste avec les rensei- gnements dont je disposais parce que je la croyais interes- sante, quoique resumée, en attendant toutefois de nou- veaux éléments avec lesquels il me serait permis de pré- senter un travail plus complet. Je suis aujourd'hui en mesure de présenter d'autres renseignements, car, aprês la publication de mon premier mémoire, )'ai reçu, de la part de M. Schmitz, de nouveaux matériaux dont je vais m'occuper. Je dois toutefois si- gnaler, avant de traiter des nouvelles recherches de M. Schmitz, que M. le R. Boog Watson a fait publier dans le Journal of Conchology une intéressante notice sur la même faune de Madeére, dans laquelle il fait la critique des travaux antéricurement publiés: ceux de Mac An- drew et nos contributions. Ce ne [ut pourtant que Vannée derniêre que j'ai pris connaissance de ce mémoire, parce- qu'on ne peut se procurer facilement toutes les revues étrangêres, mais Je me crois encore en temps pour dire “de mon côté ce que je trouve nécessaire. Quoi qu'il soit, on doit, pensons-nous, toujours faire con- naitre sans retard les faits acquis pour la science, surtout quand ils proviennent de matériaux mis à notre disposi- tion pour Vétude, mais, à-la vérité, on ne peut toujours faire que des listes bien pauvres de details quand soi même on ne visite pas les régions au sujet desquelles on écrit. Voilã la raison pour laquelle mon mémoire a été consideré par M. Watson comme excessivement resu- (1) contribuições para a fauna malacologica da Ilha da Madeira. Ext, do Instituto n.º 3 de 1889, Coimbra, toi 142 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES mé. Je me suis borné a enrégistrer [habitat des espêces d'aprês les renseignements de Mr. Schmitz qui en général se rapportaient aux dragages par lui effectués dans la baie du Funchal et au Caniçal, et à plusieurs récoltes fai- tes sur les plages de la même baie. J'avais donc de for- tes raisons pour croire à [Vauthenticité des matériaux soumis à mon examen par Mr. Schmitz, et, quelques es- péces exceptées qui m'ont parues accidentelles, je n'ai eu de grands doutes au sujet des espéces énumérées sur ma liste. Je m'étais done conformé aux renseignements com- muniqués par Mr. Schmitz et je ny pouvais rien ajouter;, n'ayant encore visité Madere. Mon travail a eu au moins le mérite d'appeler Patten- ton de Mr. Watson sur la faune de Madêre, et ce natura- liste ayant résidé pendant dix années dans cette ile, per- sonne mieux que lui pouvait três vraisemblablement doter la science d'un travail important et peut-être complet. Malheureusement Mr. Watson aprês avoir publié deux mémoires sur divers groupes de mollusques de Vile de Madére, et enregistré une partie de ses récoltes à Madére dans son beau travail sur les Mollusques du Challenger, a laissé sous silence pendant bien des années ses précieuses recherches sur la faune de cette ile, ou il y a des faits interéssants que seule Pobservation directe peut permettre de constater ou encore [abondance d'exem- plaires à examiner, mais je n'ai pas eu cette bonne chance. C'est ce qui a lieu à Végard de Videntité du Lutorina canariensis, dVOrbigny et Lit. siriata, King. D'aprês les observations de Mr. Watson on arrive à la conclusion que la Li. canariensis a été établie par d'Orbigny sur des exemplaires jeunes du L. sirula, parce que, comme écrit Mr. Watson: «This species in its earliest stage atways présents the tubercles and the relative différence of shape, wich from hundreds of specimens on can trace in every shade of transition into the larger, smother, more globose, AUG. NOBRE. SUR LA FAUNE MALACOLOGIGUE 143 and altogether more common-place form of full growth described by King.» Le fait est d'autant plus important que, pour qui n'a pas à sa disposition un grand nombre d'exemplaires il est impossible de considérer les formes décrites par d'Or- bigny et King comme une seule espéce. Moi même je n'ai eu encore Poccasion de confirmer les observations de Mr. Watson, n'ayant à ma disposition qu'un petit nom- bre d'exemplaires. Sur ce point et sur la présence accidentelle de quel- ques espéces à Madêre je pense comme Mr. Watson qu'il faut de nouvelles recherches pour confirmer les données obtenues. " Toutefois la critique de Mr. Watson m'a suggéré quelques doutes que je me propose de présenter. Pecten Loveni, Dunker. Je n'ai vu autre part contestée Vespêce de Dunker. Mr. Gustave Dollfus m'écrivait en 1888 qu'il Pavait reçue aussi de Sierre Leonne envoyée par le Dr. Jullien. Nytilus edulis, L Je n'ai pas indiqué le M. edulis, L. comme vivant à Madere, mais la var. Galloprovincialis, que je considére comme une espêce différente. La forme edulis est un forme plutôt atlantique, la Galloprovincialis plus méditerranéenne. Sur notre litoral on constate la ra- reté du M. edulis sur les plages du sud. Cardium pauciscostatum, Sow. C'est Vespece de So- werby celle qui vit à Madere. Je crois que le O. echina- tum, L., est bien une espéce differente du C. pauciscosta- tum. Sow. Le G. echinatum, L. ne vit pas dans la Mediter- ranée. Tellina serrata, Brocchi: Mr. Watson ne considére pas comme improbable Poccurence de cette espéce à Madeêre. D'aprês Bertin—Révision des Tellinidêés du Muséum dº Hist. nat. de Paris (Nouv. Arch., 1878, pag. 205) «le T. fabula, Gron.; T. nitida, Poli etla T. serrata, Brocchi s'etendent Jusqu'au Sénégal, comme nous avons pu nous en assurer 144 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES par Pexamen de la belle collection de M. Petit de la Saus- save, actuellement en possession de Mr. Fischer.» Psammobia Ferroensis, Chem. Cette espêce a été pos- térigurement recueille à La Luz, Canaries, (Dautzenberg, Voyage de la Goelette Melita aux Canaries et au Sénégal.) et a été draguée au large des Açores par le Tallisman. Sealaria commutata, Monterosato. D'aprês Mr. Wat- son cette espéce a été généralement acceptée comme le S. pseudoscalaris, Brocchi. Avec M. le Dr. Kobelt (Prodo- mus), Mr. le Marquis de Monterosato, et MM. Bucquovy, Dautzenberg et Dollfus (Moll. du Roussillon) je les consi- dére comme espéces distinctes. Bufonaria scrobiculata, L. Ce nom a été adopté par Kie- ner. D'aprês Mr. le Dr. Hidalgo, le terme scrobilator doit être préféré, parce que ce nom n'est pas defectueux : Linné Pavait fait dériver de scrobis et nom de scrobrculus. Olivella leucozonias, Philippi. Vit aussi au Sénégal. Ringicula Somer, de Folin. Cette espéce que Mr. Watson dit ne pas connaitre a été décrite et figurée dans la Monographie du genre-Ringicula, par Morlet (in Journal de Conchyhológie; p.'128, pl. V, fig. 12; 1878). Vit au Cap Vert. Mr. Fischer comprend cette espece (Manuel de Conchyliologre à pag. 153), dans la liste des Mollus- ques de Cap Vert. Cºest une espéce plus petite que la R. conformis, Mont., plus étroite, avec la dent supérieure plus aigue, et le labre moins épais. La coulgur est d'un blanc plus pur. Telles sont les observations que je crois devoir join- dre à la critique du savant malacologiste anglais. Je donne ci-aprês la liste des derniéres trouvailles de Mr. Schmitz, que j'ai eu occasion d'examiner : je me rap- porterai toutefois dans ce qui va suivre uniquement aux renseignements fournis par M. Schmitz. (à sure). Uma excursão á serra de S. Gregorio POR ADOLPHO FREDERICO MOLLER Tendo sido encarregado pela Direcção do Jardim Bo- tanico da nossa Universidade de fazer uma exploração botanica ao norte do paiz, escolhi como ponto de partida a aldeia de S. Gregorio, no concelho de Melgaço. Parti para alli no dia 18 de junho do corrente anno. Acompanhou-me por alguns dias o nosso amigo, O snr. Augusto Nobre, redactor d'esta revista, que desejava explorar a fauna do rio Minho e seus affluentes. S. Gregorio é uma pequena povoação que fica situa- da na fronteira e dista de Melgaço oito kilometros. Outrora esta povoação teve um commercio impor- tante, mas depois decahiu muito; actualmente porém ten- de outra vez a animar-se. A estrada que a liga com Melgaço tem já 7 kilome- tros concluidos, falta-lhe o oitavo e ultimo, que anda em construcção. S. Gregorio não é séde de freguezia, a egreja matriz está n'uma pequena povoação a cerca de um kilometro de distancia. Este facto, de povoações importantes não serem sédes de freguezia, dá-se em varios pontos do paiz, como por exemplo na Mealhada e no Cargal do Sal que são ca- beças de concelho e teem a matriz em aldeias proximas. A parte alta de S. Gregorio está a cerca de 250 me- tros acima do nivel do mar e o rio Minho fica-lhe ao norte à distancia approximada de 1,500 metros. Ann. de Sc. Nat., v. I., Junho 1894, 146 ANNAÉS DE SCIENCIAS NATURAES Do nascente, banha a parte baixa d'esta povoação o pequeno rio ou ribeira de Trancoso, afíluente do Minho, que limita Portugal da Galliza e tem a sua origem proxi- ma a Alcobaça. Ha uma pequena ponte internacional sobre a ribeira de Trancoso, que liga S. Gregorio com uma pequena aldeia hespanhola e onde existe um posto de fiscalisação aduaneira. A estação do caminho de ferro da Galliza, marginal ao Minho e chamada Frieira, está approximadamente a 1,800 metros de distancia de S. Gregorio, porém, o cami- nho que conduz alli é mau e tem de se atravessar o Mi- nho em barco. Dos lados sul e poente de S. Gregorio está a serra que tem por ponto culminante o castello de Castro Labo- reiro o qual fica a cerca de 1,250 metros de altitude. Para se ir a esta povoação passa-se pela aldeia deno- minada Alcobaça, situada na fronteira e que fica perto de 2 1), horas de caminho de S. Gregorio. A poente de Aicobaça ha um monte que tem a mes- ma altitude de Castro Laboreiro. D'esta parte da serra já me occupei n'uma noticia que dei sobre a serra do Suajo no Jornal de Horliculiura Pra- fica, do Porto, no numero de novembro de 1890. O solo em volta de S. Gregorio é todo de origem gra- nitica. Esta povoação é abundante em agua e de boa quali- dade. S. Gregorio é saudavel e o seu clima é temperado na estação invernosa e quente durante a calmosa. Para exemplo diremos que, no dia 26 de junho ás 2 horas da tarde estando a atmosphera bastante carregada de electricidade, dentro de casa marcava o thermometro 30º c. O quarto onde fiz esta observação thermometrica tinha duas janellas voltadas para o norte e estavam com as vidraças abertas. Na mesma occasião fiz a leitura do meu aneroide o qual marcava 738 mm. A cultura principal de S. Gregorio e povoações limi- trofes é a vinha, milho, batata, algum centeio e os pra- dos. A videira é toda cultivada em parreiras ou ramadas, F. MOLLER: EXG. À SERRA DE S. GREGORIO 147 mas estabelecidas a pouca distancia do solo, isto é, em média a cerca de 1,”"50 d'altura. O vinho é magnifico e achamol-o muito mais agrada- vel ao paladar do que o affamado de Monsão. Arvores fructiferas observamos a cerejeira, em grande quantidade, pereiras, macieiras, ameixoeiras, pecegueiros, laranjeiras, etc. Nºoutro tempo cultivava-se alli a oliveira, mas como a producção era muito incerta os lavradores foram-nas arrancando, de sorte que hoje esta arvore é alli rara; tal- vez valesse a pena introduzir as variedades hespanho- las de maturação precoce e proprias dos climas septen- “trionaes do paiz, taes como: Bellotudo ou Villotuda, Re- dondillo, Varal blanco. Empeltre, Racimal, Varal negro, Colchonuaa, Ojillo de Liebre, Carrasquena e Verdego, e so- bretudo esta ultima variedade. Emquanto a arvores florestaes encontram-se : O carva- lho, (Quercus pedunculata Ehrh.), castanheiro (Castanca vulgaris Lamk.), pinheiro (Pinus maritima Brot. non Lamk.), vidoeiro (Belula pubescens Ehrh.), amieiro (Alnus glutinosa Gãrtn.) e alguns salgueiros e entre elles o Salix atro-cinerea Brot., S. alba L. e S. viminals L. Proximo a uma azenha que fica junto à ribeira de Trancoso e não muito distante de S. Gregorio, vimos um lindo exemplar de vidociro com o tronco muito direito. Teria uns 20 metros de altura por 0,760 de diametro na base. As essencias florestaes abundam principalmente na parte inferior da serra, proximo aos ribeiros e corgas. A parte elevada tem pouco ou nenhum arvoredo e só matto rasteiro, e este mesmo não apparece em todas as locali- dades. O matto é constituido por Ulex (tojo), Cistus (sarga- cos) e Eras (Urzes). A flora em volta, de S. Gregorio e bastante rica em especies, mas não apresenta grandes novidades. E” porém 148 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES possivel que na primavera se encontrem nos montes espe- cles interessantes. Na epocha em que alli estivemos, as plantas dos mon- tes já estavam seccas ou tinham já florescido. Só na parte baixa da serra e nos altos, nos pontos onde havia agua, é que se encontravam plantas em flór. Ainda assim fizemos uma colheita muito soffrivel. Emquanto á fauna pouco pudemos observar, pois o nosso fim era fazer uma exploração botanica e pouco tem- po nos restava para outros estudos. Ainda assim pudemos averiguar o seguinte: habitam alli alguns mammiferos como a Iebre, (Lepus merilrionalis Gené), coelho (Lepus caniculus L.), raposa (Canis melano- gaster Ch. Bp.), texugo (Meles Tazxus. [.), Lontra (Lutra vulgaris L.) e, nos pontos mais distantes, o lobo (Canis lu- pus L.), Javali (Sus serofa 1) e corso (Cervus capreolus L.). Dentre as aves citarei: perdiz (Perdria rubra Bris.), codorniz (Goturniz communis Bonat.), cuco (Cuculus ca- norus L.), poupa (Upupa epops L.), côrvo (Corvus corax L.), pêéga (Pica caudata L.), gaio (Garrulus glandarius Vieill), pardal (Passer domeshiwus Briss.), tentilhão (Lrin- gilla celebs L., pintasilgo (Carduelis elegans Steph.), Al- veola (Motacilla alba 1..), papa-figo (Oriolus galbula L.). melro (Turdus merula L.), pisco Rubecula. familiaris Blyth.), chapim (Parus major L.), andorinha das chaminés (Hirundo rustica L.), andorinhão Cypselus apus Nl.), ete. No rio Minho encontra-se a truta (Trulta faro Steind), boga) Chondrostoma polylepis Steind), escalo (Leuciscus pyrenaicus Gthr), e a enguia (Anguilla deulirostris Yar- rel), camarões e mexilhões (Unios e Anodontas). Na epocha propria pescam-se salmões, truta marina, saveis e lampreias. Em Melgaço vimos a vender no mercado barbos que diziam ser pescados n'este rio. Na ribeira de Trancoso só se encontram a truta e a enguia. Em reptis observamos as especies seguintes : Rana esculenta L. var. hispanica, Michah. F. MOLLFR: EXC. À SERRA DE S. GREGORIO 149 Rana iberica Boulenger. Alytes obstetricans Laur. var. Boscai, Lataste. Salamandra maculosa Laur. var. Molleri. Bedriaga. Triton marmoralus Barb. du Boc. Pleurodeles Waltla Mich. Anguis fragilis L. Lacerta ocellata Daud. Lacerta muralis Laur. var. fusca Bedr. Psammodromus algirus L. Tropidonolus natria L. Emys cuspica Bosca. Proximo a Melgaço foi ha dois annos encontrado pelo servente do Museu de Zoologia da nossa Universidade o Chaleiles Bedriagai Bosca. O snr. Augusto Nobre n'um passeio que fez á serra capturou, ao atravessar um caminho, uma vibora que, quando m'a mostrou, vi logo que me achava em pre- sença de uma especie que não era a Vipera Latastey Bosca. Depois de eu regressar a Coimbra este nosso amigo escreveu-nos dizendo que já a tinha determinado e era a Vipera berus L., e que a descreveria no presente numero d'esta revista. Que saibamos, esta vibora até hoje só tinha sido encontrada por Steindachner nas visinhanças do Porto. Algumas pessoas, tanto em S. Gregorio como em Melgaço, affiançaram-nos que na serra, e principalmente entre Alcobaça e Castro Laboreiro, habita uma lacertidea a que lá dão o nome de Escorpião e da qual diziam ser um pequeno lagarto quasi com o aspecto de uma lagartixa (Lacerta muralis Laur.), pouco mais ou menos de um pal- mo de comprimento. Este animal, segundo me disseram, tem a particularidade de apresentar duas membranas, dos lados do corpo, que póde desenrolar ou estender para saltar como que voando ao mesmo tempo. Accrescentavam que este reptil apparece com mais frequencia no tempo das ceifas dos fenos, saltando ou voando deante das gadanhas e escondendo-se durante o 10 150 ANNAES DE SCIENCIAS N ATURA ES inverno nas medas das palhas e fenos; diziam ainda que os caçadores temem este animal, porque mordendo na ca- beça dos cães, produz-se uma grande inchação, resultando muitas vezes a morte. Talvez aqui haja confusão e seja antes a mordedura da Vaipera berus L., que cause isto, e não a d'aquelle ani- mal, pois tambem ouvi dar o nome de escorpião a esta vibora. Não temos elementos bastantes para conjecturar com segurança que especie de animalejo possa este ser, ainda não archivado, que saibamos, em nenhum dos Museus publicos do paiz. Porisso perguntamos aos mais entendidos e especia- listas: será tal lacertideo o Chamaeleo vulgaris Cuvier var. A. (C. linereus Aldrov., Laceria chamaeleon L.), que habitando principalmente na costa mediterranea da Africa septentrional, tem tambem sido encontrado no meio dia de Hespanha e na Sicilia ? Ou tratar-se-ha antes de uma especie de Draco ainda não determinada? Não abandonaremos a questão e daremos conta do que pudermos averiguar. Coimbra, Estudos sobre à fauna aquatica dos rios do norte de Portugal AUGUSTO NOBRE Comprehendo na memoria cuja publicação hoje início, os peixes, molluscos e crustaceos que vivem permanente ou temporariamente na agua dôce, valendo-me para isso dos materiaes que tenho recolhido e consultando o que já ha escripto sobre o assumpto pelo naturalista ulti- mamente fallecido Arthur Morelet — Description des mol- lusques ter. et fluv. du Portugal 1845 e Révision, etc. (Jour- nal de Conchyliologie, Paris 1877), assim como o recente e excellente trabalho do snr. dr. Lopes Vieira— Contribu- tion à Vétude des poissons d'eau douce du Portugal d"aprês la collechion du Musée de VUniversité de Coimbra, (Annaes de Sciencias Naturaes, vol. 1.º 1894). Tenho a certeza de que o meu trabalho não será com- pleto mas que dará uma ideia geral da fauna dos nossos rios: outros naturalistas o completarão algum dia. PROVINCIA DO MINHO “RIO MINHO O curso d'este rio, em terras portuguezas, prolonga- se desde S. Gregorio, a localidade mais septentrional do paiz, até à sua barra, abaixo de Caminha. De S. Gregorio para cima o rio atravessa a Galliza. Os affluentes do Minho são o ribeiro de Trancoso que Ann. de Sc. Nat., v. I., Junho, 1894.— Porto. x 152 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES serve de fronteira de S. Gregorio para o sul e o rio Coura que desagúa em Caminha. Ha ainda outras ribeiras a que me referirei quando isso tiver logar. Até Villa Nova de Cerveira, 11 kilometros acima de Caminha, o rio é muito largo e as margens bastante pla- nas; embora depois comece a estreitar-se pouco a pouco, só se torna apertado e de margens em rocha por vezes ta- lhadas quasi a pique, alternando-se com pequenas praias de areias e de seixos, antes de chegar a Melgaço e depois de ter passado Monsão, onde existem as aguas thermaes, em margem plana e innundada pelas pequenas cheias do rio. As aguas thermaes com a temperatura de 42º C., se- gundo a minha observação feita em um dos depositos de nascente, emergem a alguns metros do curso de verão do rio. O primeiro afiluente a que me referi é o ribeiro de Trancoso, o qual nasce pouco acima de Alcobaça, pequena povoação situada a uns 800 metros de altitude. O ribeiro corre por entre as montanhas portuguezas e hespanholas, com grande declive, recebendo as aguas de ambas as ver- tentes, aguas frescas e de terrenos graniticos, e que cor- rem tumultuosas por entre os despenhadeiros das serras como os que se encontram antes de chegar a Alcobaça. Ao passar por esta povoação, o ribeiro quasi insignificante ainda serve de fronteira: a sua origem fica pouco além, no macisso granitico que se eleva logo atraz de Alcobaça e que corre ao poente de Castro Laboreiro. Ainda porém se sobe até Portellinho, a nascente de Alcobaça, descendo- se então por um planalto atravessado por um ribeiro que, passando junto à villa de Castro Laboreiro, vae desaguar no rio Vez. N'aquelle ribeiro observei, antes de chegar á villa de Castro, um exemplar de Truta com 15 a 20 centi- metros, e muitos outros, pequenos e de dimensões com- prehendidas entre dois e quatro centimetros. Este ribeiro deve estar a uma altitude de 1,200 metros pois que o Cas- tello de Castro Laboreiro pouco se eleva sobre esse planalto, e a situação d'este castello é de 1,250 metros aci- / A. NOBRE: ESTUDOS SOBRE A FAUNA 153 ma do nivel do mar. D'elle porém darei mais detalhes quando me occupar do rio Lima e dos seus affluentes. Peixes (!) Barbus, sp.? Só vi exemplares de barbos nas mãos de uma mu- lher que de Melgaço se dirigia para S. Gregorio, e que me disse tel-os comprado n'aquella villa. Em S. Gregorio é porém desconhecido este peixe porque não vive no Minho nem em Trancoso, segundo informações que consegui obter, porque não recolhi exemplar algum. Ribeiro d'Ardélla, perto de Monsão, (dr. Lopes Vieira). Leuciscus macrolepidolus, Steind. Minho e affluentes (dr. L. Vieira). E? vulgar no rio Minho até S. Gregorio. Squalius cephalus, Siebold. Minho e affluentes (dr. L. Vieira). Não consegui obter esta especie no ribeiro de Tran- coso nem d'elle me souberam dar noticias. O Museu de Coimbra possue exemplares, que o empregado da explo- ração feita ao Alto Minho recolheu n'aquelle ribeiro. Chondrostoma, sp.? Rio Minho e seus affluentes (dr. L. Vieira). E' vulgar no rio Minho. Com relação ao ribeiro de Trancoso direi o mesmo que da especie precedente. Truta fario, Siebold. Minho e affluentes (dr. L. Vieira). Vulgar em todo o rio Minho e no ribeiro de Trancoso até Alcobaça e rio de Castro Laboreiro. (1) Adoplo a classificação seguida pelo snr. dr. Lopes Vieira. As es- pecies, cujo nome especifico ainda resta fixar, indico-as sem este nome, por- que, a meu vêr, é áquelle distincto naturalista que cabe o direito de as de- terminar definitivamente. As tabellas dos caracteres distinctivos do recente trabalho do snr. dr. Lopes Vieira são provas, mais que sufficientes, para”se ajuizar inteiramente do valor dos caracteres differenciaes attribuidos às di- versas especies de Barbus, Leuciscus, Chondrostoma e Trutta. 154 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES Em alguns exemplares do ribeiro de Trancoso, colhi- dos em fins de junho, observei os ovarios ainda em tão in- completo estado de maturação, que faziam prevêr uma eclosão ainda demorada por algum tempo. Este mesmo facto tive occasião de o examinar em exemplares colhidos poucos dias antes no rio Vez, nos Arcos de Val-de-Vez. Alosa vulgaris, Cuv. et Val. Vive no rio Minho subindo até além de S. Gregorio, onde é abundante até julho. Anguilla vulgaris, Ch. Bp. Abundante em todo o rio Minho e ribeiro de Tran- coso. Petromizon marinus, Linneu. Abundante até S. Gregorio. Encontra-se n'esta loca- lidade até meiados de abril. Flesus vulgaris, Moreau. Ribeiro Lapella e Monsão (dr. L. Vieira). Mugil capito, Cuv. et Val. Valença. Não a encontrei nem obtive informações a respeito do seu habitat, acima d'esta localidade. Salmo salar, Linneu. Apparecem em todo o Minho e em S. Gregorio até fins de abril. Molluscos Ancylus simplez, (Buc'hoz) Especie bem caracterisada em S. Gregorio, nas mar- gens do Minho, onde é muito commum debaixo das pe- dras e seixos. Em Monsão é extraordinariamente abun- dante. Encontrei-a egualmente nas torrentes da encosta de Alcobaça e no rio de Trancoso, mas tanto n'um local como n outro com menor desenvolvimento. Limnea ovata, (Drap.) Commum em todo o rio Minho. Em MonsãoesS. Gre- gorio notam-se alguns exemplares com a espira quasi A. NOBRE: ESTUDOS SOBRE A FAUNA 155 que inteiramente corroida e apresentando uma fórma muito approximada da especie designada pelo nome de canalis, que poderá ser considerada como variedade da especie ovata. Os exemplares são porém pouco desenvolvidos. Encontrei esta especie em Monsão nas aguas ther- maes a 39º. C. Limnea truncatula, (Miller). Rio Minho, em S. Gregorio. Só a observei n'esta lo- calidade mas é possivel que se encontre em todo o rio Minho. Planorbis spirorbis, (Linneu). Monsão e Valença, margens do rio. Planorbis albus, Miiller Monsão, margens do rio. Bihinia tentaculata, (Linneu). E' curioso notar que esta especie, commum no sul, sobretudo nos arredores de Coimbra, se encontre no ex- tremo norte em tão grande abundancia como em Monsão e Valença, sem apparecer em qualquer outro rio do norte do paiz. Não vi se ella se encontra em Melgaço, mas aci- ma, em S. Gregorio, nem um unico exemplar observei. E' verdade que as aguas do rio Minho, em S. Gregorio, correm com violencia por causa das numerosas pesquei- ras, e que em Monsão, o rio sendo mais largo, as suas aguas mais se espraiam. Em Monsão encontram-se até nos canaes de sahida dos tanques das aguas thermaes, a uma temperatura de 39º. C., sendo porém mais abundantes nas poças d'agua formadas pelos alargamentos do rio, a pequena distancia dos tanques e em aguas impuras ou quasi estagnadas. Em Valença são abundantissimas nas margens do Minho. Os exemplares de Monsão teem a côr acastanha- da ferruginosa mais escura que os de Valença, que são de côr amarella cornea, muito mais escura que os do norte da Europa e similhantes aos de França e Belgica assim como aos do sul de Portugal. Todavia a côr da concha varia, como se sabe, segundo as causas exteriores. a Wa 156 ANNÃES DE SCIENCIAS NATURAES A espira dos exemplares do norte do paiz apparece geralmente truncada, tem tres ou quatro voltas e raras vezes possue cinco. Na revisão que fui encarregado de fazer de alguns molluscos do Museu de Coimbra, encontrei exemplares que, segundo a etiqueta que traziam, haviam sido recolhi- dos no Porto. Nas minhas excursões ainda porém não consegui encontrar esta especie nos arredores d'esta cidade. Valvata piscinalis, Miller. Muito commum em Monsão e Valença. Esta especie, commum nos arredores de Coimbra, ainda não foi encon- trada ao norte d'aquella região. E” muito interessante a presença d'esta especie no rio Minho sem apparecer nos outros rios do norte de Portu- gal, onde, pelo menos, até hoje a não encontrei. Vive nos mesmos logares que a Bilhima tentaculata. Nas aguas thermaes de temperatura elevada não a encontrei. Os exemplares são muito desenvolvidos, apresentam 6 1/,a 7 m.m. de diametro e 6 de altura. Unio Batavus, (Maton et Rackett). Muito commum em todo o rio Minho, sobretudo em Monsão. Os exemplares que colhi apresentam um allon- gamento muito pronunciado. Unio littoralis, Cuvier. Muito abundante nas mesmas localidades. Concha bastante espessa e quasi sempre com os vertices muito corroidos. Umio pictorum, (Lin.) Encontrei um unico exemplar em Monsão, ainda novo, e no qual não consegui descobrir os caracteres attri- buidos por Morelet ao seu Umio mucidus. Anodonta eygnea, Linneu. Só recolhi um unico exemplar, em Valença, mas bem caracterisado embora ainda um pouco novo. Anodonta sp? Monsão. Um unico exemplar muito pouco desenvol- vido. A. NOBRE: ESTUDOS SOBRE A FAUNA 151 Pisidium Gasertanum, (Poli). S. Gregorio, nas presas d'agua. Os exemplares são bastante desenvolvidos, de concha fragil e translucida. Pisidium pusillum, (Gmelin). Dois exemplares recolhidos n'um pequeno reservato- rio de agua na margem da estrada que vae de Melgaço a S. Gregorio. São de côr amarellada. Creio poder attribuir a esta especie dois exemplares que encontrei perto de Alcobaça e que perdi. Pisidium amnicum, (Miller) Commum em Valença e Monsão. Embora defira um pouco da especie typica, considero-a como a mesma espe- cie, ainda que tenha o valor de uma variedade local. As differenças consistem na maior elevação dos vertices, dando ao galho uma fórma mais triangular, a maior sa- liencia dos dentes, côr mais escura, concha mais solida e mais alta, em diametro, e as estrias mais numerosas e fi- nas. O maior exemplar tem 8 !/, m. m. de comprimento, 7 m. m. de altura e 5 de diametro. Approxima-se de alguma das fórmas descriptas co- mo distinctas do P. amnicum, mas do seu grupo, e que, a bem dizer, não constituem mais que variedades embora algumas d'ellas sejam notaveis. Crustaceos (!) Caradrina Desmarestiy, Joli. S. Gregorio, nas margens do rio e entre as plantas aquaticas. Observei um exemplar em Valença. Gammarus pulezr, Lin. Aguas represadas de S. Gregorio. Abundante. (1) Especies classificadas pelo snr. dr. Manoel Paulino d'Oliveira. AREA DURLEIMSICUDEL POR EDWIN J. JOHNSTON This rare plant, of which the accompanying photo- type (Plate 6) is a representation, was found near Barcel- los by Snr. Antonio Ricardo da Cunha, keeper of the her- barium of the Polytechnic School in Lisbon. It has also appeared on the banks of the river Ferreira, about 7 miles east oi Oporto., The group of plants on the left and the flowering stem in the centre are on a scale of very nearly one half the natural size; the numbered figures on the right are of course magnified. Fig. 1. Section of leaf, the concavity being on the upper side. In some plants recently examined, the leaves were found to be channelled at the base, but with the edges rolled inwards near the middle and extremities. 2, Utriculus with glume, under side. The glume is ovate-acuminate, but the edges have partly rolled inwards upon its removal from the spikelet. 3. Utriculus, upper side. 4. Section of the same, showing the achenium in the centre. o. Part of male spikelet. 6. Male flower, under side. The edges of the glume have rolled inwards, as in Fig. 2. These figures were drawn from fresh specimens with the camera lucida, and they correctly represent what was under the microscope at the time, but the rapidity with Ann. de Sc. Nat., v. I., Junho 1894. —Porto. JOHNSTON: CAREX DURLZI 159 which the edges of the glumes curl inwards when deta- ched from the spikelets is so great as not to allow time to make some arrangement for keeping them flat. Several experiments were afterwards tried with l- ving plants, with the object of finding some way to keep the glumes in their natural shape, but as in every case the difficulty above mentioned invariably recurred, some modi- fication of plan seemed to be necessary, and it was thought that a dried plant might perhaps answer better, as not being liable to changes of form in any ofits parts. Accor- dingly, the above illustration, taken from such a specimen, represents a female spikelet, and also. separately, on the right and left, one of the utriculi as seen respectively from the upper and the under sides, in the latter case with the dark chestnut-brown glume underneath it. As there is hardly any perceptible difference in dimensions or in form between the dried and the fresh specimens, it is hoped that, taking the two illustrations together, they will, col- lectively, give a fair idea of the general appearance and specific characters of the plant. Descripção duma nova especie de Vaginula de Angola (ESTAMPA VIII) POR AUGUSTO NOBRE VAGINULA SIMROTHI, NOV. SP. Corpus elongatum, vel ovatum, dorsum convexum in speciminibus vero spiritu vine conservatis, subtilissime rugosum. Color obscure olivaceo- Viridis, infra pallidore; solea anguste, postice acuminata, media leviter ex- pansa, transverse rugosa; tentaculis anterioribus, parvis, rugosis, posteriori- bus, parvis, transverse striatis. (Coll. Nobre). Long. 42; lat. 23, alt. 12 mill. Hab. in Angola, Africe occidentalis. Corps allongé presque ovale, manteau convexe sur le dos dans les échantillons conservés dans Ialcool, três finement rugueux, intitrement par- semé de petites granulations presque seulement visibles à la loupe sur les bords inférieurs ; couleur vert-olivâtre sur le dos et jaunâtre inféricurement. Pied étroit, un peu conique postérieurement et un peu plus élargi vers le mic lieu de sa longueur, strié transversalement. Les tentacles supérieurs sont ridés transversalement, bleuâtres, les in- érieurs bifides et rugueux comme la peau de la tête. Longeur du manteau 42 m.m. » » pied 38 » » Largeur du manteau sur le dos By) Largeur du pied Hj » » Hauteur Lo 0) Largeur des bords du manteau 64/ » » Entre os productos zoologicos enviados á Expo- sição Colonial do Palacio de Crystal do Porto, encontrei um exemplar d'esta especie a que tenho o prazer de dar o Ann. de Sc. Nat., v. I. Junho, 1894, Porto. NOBRE: DESCR. D UMA ESPECIE DE VAGINULA 161 nome do snr. dr. H. Simroth, que estuda presentemente as Vaginulas da Africa Oriental, e ao qual o nosso paiz é devedor de algumas importantes memorias sobre os mol- luscos terrestres de Portugal e dos Açores. Fiz todas as minhas observações com um unico exem- plar muito contrahido pelo alcool. E” evidente pois que as medidas indicadas não são as do animal em vida. Pela mesma razão não completei as minhas investigações sobre a anatomia do animal. Os desenhos da estampa 8.º darão uma ideia da organisação da Vaginula Simrothi. Dos or- gãos genitaes, as observações que fiz são muito incomple- tas. Reservo todos os detalhes para quando me fôr pos- sivel obter novos exemplares. EXPLICAÇÃO DA ESTAMPA VIII Fig. 1— Animal, augmentado. » 2-—Radula; dentes centraes e lateraes. » 3—Dentes marginaes, » 4—Maxilla. » 5-—Systema nervoso central. » 6—Tubo digestivo, » T—Ganglios sob-esophagicos, vistos pela parte posterior. BIBLIOGRAPHIA C. A. de Souza Pimentel — ARVORES GIGANTEAS DE PORTUGAL— Lisboa, 1894, 1 brochura in-8.º, 22 pag., 5 photolypias e 1 estampa. O nosso estimadissimo collaborador o snr. Souza Pi- mentel, apresenta n'este breve estudo as arvores mais no- taveis que conhece, ou de que tem tido noticia, como o cas- tanheiro d'Alcongasta, que o snr. Pimentel considera como uma verdadeira maravilha de corpulencia e vigor de vegetação, os sobreiros de que no estrangeiro se não en- contram exemplares que excedam os nossos em corpu- lencia e qualidade superior dos seus productos, as azi- nheiras, os carvalhos, alguns colossaes, alguns pinheiros, notaveis pela sua altura, os cedros, os freixos, dos quaes o da villa de Trancoso é o maior do paiz e talvez da Eu- ropa, e os platanos. E” uma memoria interessante e cons- cienciosa, como todos os trabalhos do snr. Pimentel, e na qual é estabelecido o confronto entre a vegetação do nosso solo em tempos remotos e o da época actual, de que os exemplares descriptos pelo distincto agronomo e silvi- cultor não são mais que documentos historicos. Albert Alexandre Girard — ETUDES SUR UN POISSON DES GRANDES PROFON- DEURS DU GENRE HiMANTOLOPHUS DRAGUE SUR LES CÔTES DU PORTUGAL, ET DESCRIPTION D'UN ECHENEIS NOUVEAU DES CÔTES DU PORTUGAL — Lis- bonne, 1893, broch. in-8.º, 13 pag. e 2 pl. (Ext. do Bol. da Soc. de Geogr. de Lisboa, ser. 11, n.º 9). Nºesta memoria descreve o seu auctor mais um peixe curiosissimo, que até agora só era conhecido por tres exemplares recolhidos na Groenlandia e nas ilhas West- man, proximas da Islandia e que foi apanhado na rede de arrasto de um vapor de pesca por 80 a 90 braças de fundo nas alturas de Nazareth, ao norte de Lisboa. A descoberta d'este peixe vem trazer mais uma im- portante addição á fauna portugueza, e delimitar a zona Ann. de Sc. Nat., v. I., Junho 1894,.—Porto. BIBLIOGRAPHIA 163 em que vive, o que até agora era totalmente desconhecido, visto que dois dos outros exemplares tinham sido encon- trados mortos, um rollado sobre as praias da Groenlandia e outro fluctuando á superficie do mar, junto da mesma costa, sendo o terceiro pescado nas costas das ilhas West- man, mas talvez sem que fosse notada a profundidade em que foi apanhado. E” bem sabido porém que, grande parte das especies que nas regiões frias vivem em zonas pouco profundas se encontram, no Atlantico que banha as nos- sas costas, nas zonas abyssaes onde a temperatura é sen- sivelmente egual à d'aquellas regiões. O outro peixe, novo para a sciencia, é uma especie de Rémora (Echeneis) conhecido dos nossos pescadores pelos nomes de «pegadar, agarrador e peixe piolho», no- “mes fundamentados no facto de possuirem estes peixes uma ventosa na parte superior da cabeça. A. especie em questão Echeneais pediculus é prove- niente dos mares do Algarve. Duas novas contribuições para a fauna portugueza e bem tractadas como todos os trabalhos do bem conhecido naturalista do Museu de Lisboa. Balthazar Osorio — ESTUDOS ICHTYOLOGICOS ÁCERCA DA FAUNA DOS DOMINIOS PORTUGUEZES NA AFRICA — Lisboa, 1893, Dbroch. in-8.º, 13 pag. (Ext. du Jornal de Sc. Math. Phys. e Nat, Do Pé dios JA JO): Comprehendem estes estudos duas notas, uma sobre os peixes de Angola e outra sobre os de S. Thomé, Prin- cipe e ilheo das Rollas, e são a sequencia de outros já pu- blicados sobre as mesmas faunas, pelo mesmo auctor. Os peixes de Angola foram todos recolhidos pelo in- fatigavel naturalista Anchietta; e os das nossas outras possessões fazem parte das explorações dos snrs. Moller, Quintas e F. Newton. O snr. dr. B. Osorio descreve uma especie nova Ciúrhites atlanticus, colhida no ilheo das Rollas pelo snr. F. Newton. Esta memoria é mais uma utilissima contribuição para o estudo da fauna africana da qual o distincto natu- ralista adjunto ao Museu de Lisboa é um dos muis assi- duos ihvestigadores. 164 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES A. Milne. Edwards et E. — L. Bouvier — CONSIDÉRATIONS GENERALES SUR LA FAMILLE DES GALATHEIDES — Paris, 1894, broch. in-8.º, 136 pag. e gravuras. (Ext. des Annales des Sciences Naturelles, vol.) Esta memoria constitue a mais completa monographia que tem sido publicada até hoje sobre as Galatheias. Os seus auctores, sobejamente conhecidos, o primeiro um dos mais notaveis sabios francezes e o segundo seu brilhante collaborador nos trabalbos carcinologicos, e auctor de ex- cellentes memorias sobre o systema nervoso dos gastero- podes, tiveram á sua disposição, para o presente estudo, as collecções do Muséum de Paris e as que foram reco- lhidas por differentes navios exploradores — o Blake, o Hassler, o Travailleur, o Talisman e o Hirondelle. Não faltou pois riqueza de material para a elaboração da perfeita memoria de que nos occupamos, sabendo-se que as Glatheias são crustaceos das zonas abyssaes. Depois de um estudo dos caracteres adaptivos e heri- ditarios em que são analysados minuciosamente os cara- cteres e funcções physiologicas dos differentes orgãos, ap- pendices cephalicos, carapaça, abdomen, appendices bo- caes e thoracicos, guelras, sexualidade, coração e desen- volvimento, os auctores estudam os caracteres e classifi- cação das Galatheias, familias e sub-familias chegando á conclusão, d'accordo com J. Boas, e fundados nos nume- rosos caracteres communs que existem entre as Galatheias e os Paguros e nas homologias notaveis que approximam as Aegleineas d'este ultimo, que as duas familias se li- gam aos Macruros por uma fórma intermediaria com- mum, que esperam poder conhecer em investigações ul- teriores, estabelecendo todavia um systema das affinida- des da familia das Galatheias, cujo estudo fazem detalha- damente. O terceiro capitulo comprehende a distribuição geographica e bathimetrica das Galatheias. Por elle se vê que ha certas especies que nos interessam directamente por serem exclusivas, até então, ás costas portuguezas e hespanholas: Iptychus rubro-vittatus, A. M. Edwards. Elasmonotus vaillant. A. M. Edwards e Hunidopsis media, nov. sp., recolhidas respectivamente ás profundidades de 899, 1,068 e 717 metros. Além destas é citada outra especie, Galalhea sirigosa, L. recolhida nas ilhas Berlengas a 600 metros de profun- didade. Note sur le <«Lepidopus argentens», Bonat. Vel «Candatns», ginth. PAR LE DR. LOPES VIEIRA Aide naturaliste interin au Musée de PUniversité de Coimbra On verra, par la planche IX ci-jointe, qui est Pexacte reproduction photographique des animaux montés d'aprês nature, que le Musée de [Université de Coimbra posse- de dans sa collection, deux poissons du genre Lepulopus, dont Pun présente tous les caractéres des descriptions classiques du Lepilopus argenteus ou cawlatus ; et Pautre en a la configuration générale, mais diffêre de celui-la par Peffilé du corps, c'est-à-dire, parcequil a une hauteur du corps bien plus moindre relativement à la longueur. En effet, "exemplaire le plus grand, ayant 1,31 de longueur et 0",0)5 de hauteur, "exemplaire le plus petit, dont le corps a 1,0 de longueur, devrait avoir 0”,072 de hauteur ; puisque c'est: BB 240 do. QMDBE 00 OT 2 Mais il en a seulement 0,035; c'est-à-dire, une hau- teur à peu prês proportionelle à la moitié de Vautre, com- me on le voit bien par les figures de la planche IX. Le plus grand des deux poissons est venu du mar- Annaes de Sc. Nal. v. I., Outubro 1894. 11 o 166 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES (2) ché de Lisbonne pour le Musée de Coimbra en 1890; Pautre a été acquis, cette année, pendant [Vexploration zoologique accomplie à Setubal. En comparant les deux poissons je n'ai pu nullement supposer qu'ils puissent représenter une seule et même espeéce zoologique; car parmi les nombreux individus de Pespêce Lepilopus urgenteus, Bonat., que jai eu lieu d'examiner dans quelques-unes des plages du Portugal ou Pon pêche le plus, je n'ai jamais vu un poisson qui ressemble au plus petit des deux, par Pextension de son corp relativement à la hauteur. Toutefois Je dois ajouter que, en cherchant la des- cription d'une autre espéce du même genre dans les ou- vrages que j'avais à ma portée, je ne ly. ai pas trouvée. Ni PHist. Nat. des poissons par Cuv. & Val.; ni I'Hast. Nat. des poissons de France, par le Dr. E. Moreau, ou son Man. ichthyol. française, Paris 1892; ni le Cat. of the fishes in lhe Brit. Mus. par le Dr. Giúnther; ni The Bri. fishes par Day ne reconnaissent plus d'une espêce au genre Lepúlopus. Ces considé rations m'ont porté à faire une esquisse, en grandeur naturelle, de chacun des deux poissons et à consulter sur ceux-là Mr. le Dr. A. G. Boulenger, du British Museum, mon maitre en cette spécialité, en lui exposant mes doutes et en lui demandant la bienvaillan- ce de m'éclairer et de me donner son opinion à ce sujet la-dessus. Ma demande a été honorablement accueillie, et Mr. le Dr. A. G. Boulenger a formulé son jugement, en dé- clarant qu'il regarde les deux poissons comme absolument identiques et en ajoutant qu'on ne saurait en trouver au- cune autre espêce du même genre dans la mer qui bai- gne la côte du Portugal. Malgré la grande autorité du sage naturaliste, qui a certainement à sa portée tous les éléments d'étude qu'on puisse trouver n'importe oú, il reste encore dans mon esprit les motifs de doute que voici. PAI, ng nm 170 np A E PRI (3) L. VIEIRA: NOTE SUR LES LEPID. ARGENT., ETC. 167 ' Parmi les nombreux Lepidopus argenteus, Bonat., que je me suis mis en devoir dexaminer, je n'en ai ja- mais trouvé aucun, comme je Vai déja dit, qui puisse être comparé au plus petit de la planche IX, quant à la lon- gueur de son corps. En outre, à Setubal, plage oú Pon se livre grande- ment à la pêéche, aucun des pécheurs n'a connu ni n'a jamais vu un tel poisson;-et ce fut pourtant une circons- tance que [Vexplorateur du Musée de Coimbra a bien vé- rifiée, en interrogeant les différents pécheurs de cette pla- ge là, à fin de venir à bout de connaitre le nom vulgaire qui "on donne a ce poisson. D'ailleurs, on peut constater une différence-três sai- sissable à la configuration du bord de Popercle des deux poissons; puisqu'il a la forme d'un demi rectangle au plus petit des deux; et celle d'une demi-ovale au plus grand, comme on le voit dans la planche X. Je ne suis parvenu à remarquer aucune autre diffé- rence extérieure entre les deux poissons; et celle que Ion peut trouver à Pegard de la nageoire dorsale est tout-à- fait fictive et résulte de ce que Pon y trouve la membra- ne inter-radiaire anéantie, et les rayons osseux abaissés. Dans de pareilles circonstances, je crois de quelque utilité d'enregistrer ici les deux formes trouvées au Lepi- dopus ; en attendant que Pavenir veuille confirmer ou non leur identité. Subsídios para à fauna malacologica do archipelago de Caho Verde POR AUGUSTO NOBRE Ainda que a fauna das ilhas de Cabo Verde tenha sido já estudada por alguns naturalistas, não se póde di- zer que esteja inteiramente conhecida porque falta reco- lher quasi que inteiramente as especies pequenas, tão pouco exploradas em toda a região africana. Actualmente o snr. João Cardoso Junior procede a successivas explorações malacologicas na ilha de Santo Antão e cujo resultado amavelmente resolveu submetter ao meu estudo. As investigações do snr. João Cardoso Junior refe- rem-se tambem a algumas das ilhas do mesmo archipe- lago cuja fauna ainda não é conhecida ou está muito mal explorada. E' de esperar portanto que o snr. João Car- doso que, com tanta actividade tem feito conhecer a flora de Cabo Verde, muito principalmente a flora medica, pres- tará à malacologia africana excellentes serviços. Do que já tenho recebido, producto das suas colhei- | tas scientificas, publico hoje esta primeira lista a qual comprehende em geral as especies mais vulgares, re- servando algumas especies raras ou representadas por Annaes de Sc. Nat. v. I., Outubro 1894. A. NOBRE: SUBS. PARA A FAUNA MALAC. 169 exemplares unicos ou mal conservados para novo artigo, quando as novas colheitas do snr. Cardoso Junior me pro- porcionem ensejo de o fazer, resolvendo algumas duvidas “que os referidos exemplares me apresentam. Spirula Peroni. Lamk.—llha do Sal e de Santo An- tão. Oliva flammulata, Lamk. — Santo Antão, Santa Lu- zia, Sal, Harpa rosea, Lamk.—sS. Vicente, S. Nicolau, Santa PLuzia, Sal. Mitra cornicula, Linneu. — Santo Antão e Santa Luzia. Tritonidea viverrata, Kiener. = Buccinum lineatum, Dunker.=Inil. Moll, p. 19 e 66.= Purpura vwerratoides, d'Orbigny, Moll. des Canaries, p. 91, est. 6, f. 38.— Santo Antão, S. Vicente, Santa Luzia, S. Nicolau, Sal. Sobre os rochedos, entre as algas. Commum. “* Columbella cibraria, Lamk.—llha do Sal. O. rustica, L. var. síriata, Duclos.—S. Vicente, San- to Antão, Santa Luzia, S. Nicolau, Sal. Purpura hemastoma, L. — S. Vicente, S. Nicolau, Santo Antão, Santa Luzia, Sal. Vive sobre os rochedos, entre as plantas marinhas. Commum. P. neritoides, Lamk. —S. Vicente, Santo Antão, s. Nicolau, Santa Luzia. Commum sobre os rochedos. Triton olearius, Linneu.==7. suceintum, Lamk. Animaux sans verlébres, ed. Deshayes, tom. X, p. 628. — Ilha do Sal. Ranellu scrobiculator, Lamk, 1. c. p. 626, v. 9.— San- ta Luzia, S. Nicolau, Santo Antão. Cassis crumena, Brug.—S. Vicente, Santo Antão, S. Nicolau, Santa Luzia, Sal. Cypreuspurca, L. —- S. Vicente, Santa Luzia, S. Ni- colau, Santo Antão. CG zonata, Chemnitz.—S. Nicolau, Santa Luzia, San- “to Antão, Sal. C. lurida, L.— Santo Antão, S. Vicente, S. Nicolau, Santa Luzia, Sal. Entre os exemplares que examinei pro- 170 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES venientes de:S. Nicolau e de Santo Antão, notam-se al- guns com uma fórma accentuadamente globosa. Strombus bubonius, Lamk.—S. Vicente. Triforis perversus, L.—Santo Antão. Cerithium guiniacum, Philippi. — Ilha do Sal. Os exem- plares são mais pequenos que os da ilha de S. Thomé. Planazxis Hermannseni, Dunker, 1. c., p. 16, est. II, f. 33-34. — Santo Antão, entre as plantas marinhas da zo- na litoral. A especie de Santo Antão é a mesma que a de S. Thomé, Os numerosos exemplares que comparei, d'uma e d'outra ilha, não offerecem differenças sensiveis. Muito commum em Santo Antão. Turritella bicingulata, Lamk, 1. e., p. 256, vol. IX. — Santo Antão. Litorina globosa, Dunker, 1. c., p. 9, est. IV, f. 10. Santo Antão. Muito vulgar sobre os si he da zona à di toral. Fossarus ambiguus. (Lin.), Le Fossar, Adanson, Hist. Nat. du Senegal, p. 173, est. 13, f. 1. — Santo Antão. Calyptrea (Trochatella) radians, Lamk, L. c., p. 626. Santa Luzia; alguns exemplares teem a espira elevada e outros um pouco achatada. Janthina nitens, Menke.—Kobelt, Proomus, p. 294, | Santo Antão. Natica porcelana, d'Orbigny, l. c., p. 84, est. 6, É. 27-28. — Santa Luzia. Esta especie é a mesma que se en- contra na Madeira e em S. Thomé. Nerita senegalensis, Gmelin. Le Dunar, Adanson, |. c., p. 188, est. 13, f. 4. — Santo Antão, S. Nicolau. Esta especie parece que é commum sobre os rochedos. Não ha differença alguma entre estes exemplares e os que tive occasião de examinar provenientes de S. Thomé. Trochus Tamsi, Dunker, L. c., p. 16, est. 11, f. 40-42. Santo Antão, S. Vicente. Em Santo Antão esta especie é muito commum sobre os rochedos. Fissurella rosea, (Gmelin).—Lamk, L. c., p. 595, vol. VII. —Santo Antão. A. NOBRE: SUBS. PARA A FAUNA MALAC. A Spondylus gederopus, Lin.—Lamk, L. e., p. 184, vol. VIIL.—S. Vicente e S. Nicolau. Hinnites sinuosus, (Gmelin) —Lamk, Lc. v. VII p. 148. — Ilha do Sal. Parece que esta especie não deve ser rara. Chlamys jacobeus, (Lin.) Peecten jacobeus, (L.), Lamk, l. c., vol. VII, p. 130. Creio poder attribuir a esta espe- cie uma valva muito rollada, recolhida em S. Vicente. Perna isognomum, (Lin.) — Lamk, |. c., vol. VII, p. 75.— Isognomum perna, (Ostrea), Lin. —Dunker, 1. c., p. 44, est. VII, f. 7-10. Ilha do Sal. Pinna pernula, Chemnitz—Kobelt, !. c., p. 419. Mytilus senegalensis, Lamk, |. c., vol. VII, pag. 40. “Santo Antão e Ilha do Sal. Arca pulchella, Reeve, Gonch. icon, est. XVII, f. 122. A. Nox. Linneu, —Lamk, !. c., vol. VI, p. 461. San- ta Luzia, S. Nicolau. A comparação feita entre os exem- plares de Cabo Verde e do Mediterraneo não me deixa duvida alguma sobre a sua identidade. Não sei por con- seguinte qual será o valor especifico da Arca despecta, Fischer. Pelo que pude observar a concha modifica-se bastante, havendo exemplares muito curtos e outros muito longos. Cardium elicum, Born. —Lamk, 1. c., vol. VI, p. 404. Santo Antão e Santa Luzia. Este mollusco não deve ser raro. | Venus verrucosa, Linneu — Lamk, J. e., vol. VI, p. 338. Ilha do Sal, Santo Antão, Santa Luzia, S. Nicolau. Krauss (Sudafrik-Mollusk, p. 10) classifica os exempla-. res do sul d'Africa que teve para estudo, como pertencen- tes á V. verrucosa, considerando-os todavia como cons- “tituindo uma variedade. Dunker: intende que é uma es- pecie differente e designa-os sob o nome de YV. nodosa. Bodwich cita a Venus verrucosa como vivendo nas ilhas da Boa Vista e em S. Thiago. Dautzenberg considera a especie recolhida em Dakar como sendo a V. verrucosa. A meu vêr é sob esta designação que devem ser classi- 1/2 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES ficados os exemplares caboverdianos. As differenças mais notaveis entre os exemplares d'aquellas ilhas e os de Portugal dizem respeito à maior espessura das cannelu- ras transversaes e tambem ao maior desenvolvimento dos tuberculos, que podem ser modificações locaes mas sem valor especifico. Adanson sob o nome de Clovisse descre- ve uma especie muito variavel e que me parece concor- dar com a Venus casina dos nossos mares e não com a V. verrucosa. A figura dada por Adanson approxima-se tambem d'aquella especie. Jagonia reliculata, Poli—Lucina pecten, Lamk, L.. c, vol. VI, p. 230. Não encontro razão alguma para que se admitta distincção entre a J. reliculala e a J. pecten. Pela: comparação feita entre numerosos exemplares do Medi- terraneo. de Cabo Verde e de S. Thomé decidi-me a ac- ceitar a identidade das duas especies. A fórma das can-, nelluras varia muito, umas vezes são espessas e outras bastante finas. Ilha do Sal, Santo Antão e S. Nicolau. Agosto de 18914. 1-MARR Preparações esqueleticas no Museu da Universidade de Coimbra PELO DR. LOPES VIEIRA Não é ainda grande o contingente de preparações es- queleticas com que o Museu da Universidade de Coim- bra póde concorrer para illustrar praticamente o assum- pto. Não obstante, o que ahi se vê feito ou preparado ul- timamente, pertencendo já ao periodo de completa refor- ma ou total rejuvenescimento d'este vasto estabelecimen- to, é bastante para se poder ajuizar da nitidez dos seus processos de preparação e do completo exito obtido. Não ha, é certo, novidade n'esses processos. Mas, não obstante, não será destituida de interesse a sua apre- sentação; e poderá ella porventura contribuir para ani- mar algum curioso ou desinvolver alguma aptidão. * O esqueleto é tanto mais difflcil de preparar, quanto mais pequeno é o animal. Porisso, em geral, são relati- vamente faceis de obter os esqueletos dos nossos mami- “feros, quer terrestres quer marinhos e os das nossas aves mais corpolentas; e são tambem estes os que geralmen- te fazem objecto de collecção ou que avultam nas col-. lecções formadas Annaes de Sc. Nat. v. I., Outubro 1894. 174 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES (2) Os esqueletos dos peixes, ainda quando estes sejam corpolentos, offerecem sempre grandissima difficuldade, não só pela grande multiplicidade das suas peças, mas tambem pela frouxa união de muitas d'ellas. Torna-se até quasi impossivel de obter o esqueleto dos peixes car- tillagineos. O processo geralmente empregado para obter o es- queleto osseo, quer de mamiferos, quer de aves, ou d'ou- tros animaes consiste em despojal-os primeiro o mais possivel de todas as carnes, por meio de dissecção a es- calpello, thesoira e pinça; e submettel-os depois a mace- ração na agua fria, de modo que fiquem inteiramente co- bertos por esta, tendo o cuidado de renovar-lhes a agoa : sempre que esta se apresente tinta de sangue. A agoa deve ser despejada cautelosamente, e melhor será se empregue para isso um tubo de cautchouc, que sirva de syphão, o qual tenha adaptado, á extremidade que houver de mergulhar na agoa, um pedaço de tarla- tana, destinado a servir de filtro, que impeça a aspiração d'alguma pequena peça do esqueleto e a sua perda. A demora do esqueleto em contacto com a agoa suja obstaria á maior alvura d'aquelle, depois de preparado. A maceração tem por fim promover a putrefacção das carnes e a sua desagregação dos ossos, por maneira a deixar isolar esta. E' evidente que tal putrefacção carece, para se poder operar, do concurso de duas condições essenciaes —ca- lor e humidade. Porisso não se consegue em tempo frio; e precisa, para se obter com rapidez, de um ambiente quente. . Antes que a putrefacção comece a desligar as diver- sas peças osseas, é indispensavel ter o cuidado de pren- . der umas ás outras, por meio de um fio resistente, todas aquellas que possam depois offerecer alguma duvida ou difficuldade em serem dispostas naturalmente. Outras peças deverão ser postas em vasos separados para con- tinuarem em maceração. e AS e ig a O pa mio e K cosas riso a DD Epa à (ra (3) L. VIEIRA : RR tr ESQUELETICAS 175 Assim, na cabeça, haverá a separar os dentes da ma- xilla superior dos da inferior, desde que elles estejam em termos de vir a destacar-se espontaneamente. Todas as pecas da columna vertebral serão mantidas na sua posição relativa, fazendo passar um fio ao longo do canal medullar até à ultima vertebra lombar; e atando fóra as duas pontas a bastante distancia, para que ao longo do fio possam ser as vertebras deslocadas, affasta- das umas das outras e limpas. O sacro ficará solto. À cauda precisa de muito cuidado para se não con- fundir a posição relativa das suas differentes peças. O mais seguro é atal-as umas ás outras. As costellas precisam de ser numeradas por sua or- dem, por meio de placas de chumbo suspensas de um fio, com algarismos gravados e signal que indique a qual dos dois lados pertencem; pois vindo a desligar-se intei- ramente, dariam grande trabalho a armar e nunca se poderia garantir a inteira exactidão na sua collocação. As falsas costellas lucram em que se não deixe che- gar a maceração até ao ponto de desprender as articula- ções chondro-esterinaes e chondro-costaes; para o que mais vale que as cartillagens sejam retiradas da macera- ção ainda menos limpas, e se complete depois a limpeza pela dissecção e fricção a panno aspero. Os ossos da coxa e perna, como os dos braços e an- tebraços precisam tambem de ser ligados entre si. Finalmente deve haver cuidado especial com os pés e as mãos, pondo, a tempo, cada um delles separada- mente em maceração, por modo a nunca se poderem confundir os ossos do metatarso, metacarpo e dedos. Tambem se torna importantissimo não deixar des- agregar inteiramente uns dos outros os ossos de cada pata ou mão; nem tanto é necessario para a sua boa prepara- ção. Antes convem retiral-os, ainda quando relacionados pelos ligamentos e il-os assim limpando. Para que todas estas operações sejam feitas a tempo, E sto ati IA mi es E — 176 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES (4) é indispensavel visitar a maceração com frequencia; e, á medida que as partes molles se fórem desprendendo dos ossos, retirar da agoa as peças e ir-lhes extrahindo as car- nes e limpando os ossos, com o auxilio de um escalpel- lo, thesoira e pinca; tornando a immergir a peça na agoa, sempre que tiver de interromper-se ou deixar-se incom- pleta a preparação. Nem é preciso humedecer ou sujar as mãos, o que lhes communicaria o cheiro altamente enjoativo e des- agradavel da maceração. Quando porém isso aconteça, a melhor maneira de tirar das mãos o mao cheiro é a lavagem d'estas em agoa quente com sabão ou sabonete e depois a passagem RE agoa phenica a 2 por cento. A maceração póde fazer-se n'um quintal ou pateo ao ar livre, mas preserverada do pó por meio de uma cober- tura qualquer. . E n'estas condições não tem inconveniente algum. Jamais observei effeitos nocivos do trabalho aturado de dissecção feito sobre as peças em maceração, qualquer que seja o periodo em que esta se encontre. A' medida que se vão limpando os ossos, poem-se a enxugar e à branquear ao sol. Nada ha que possa supprir, e menos ainda substituir com vantagem, a acção descolorante da luz viva. Experimentou-se, á minha vista, a immersão dos os- sos em alcool e a barragem com calrem massa. Nada presta. O que a acção prolongada da agoa e da luz não fizerem, nada o consegue. Note-se, todavia, que os esqueletos de animaes gordos nunca podem ficar bem alvos; porque a gordura, accu- mulada na medulla e sobretudo nas epiphyses, vem sem- pre repassar o osso e dar-lhe uma côr amarellada. Uma vez bem seccos os ossos e tão branqueados quan- to possivel, segue-se o trabalho da armação do esqueleto. Vae-se indo por partes. Repoem-se os dentes que se hajam deslocado dos al- (5) L. VIEIRA : PREPARAÇÕES ESQUELETICAS di veolos e fixam-se n'elles por meio da goma arabica: arti- cula-se a maxilla inferior com a superior: colloca-se uma molla de arame enrolado em voltas unidas, fixando as extremidades da molla a pontos menos visiveis das duas maxillas, e por modo que estas sejam attrahidas uma para a outra e as queixadas se conservem unidas, como se o anima] tivesse a bocca fechada. Arma-se cada: membro separadamente, articulando entre si as correspondentes peças. Forma-se a columna vertebral; e para isso furam -se ao longo todos os corpos das vertebras, por modo a fa- zel-as atravessar por um arame de metal, que ha de li- gar-se, por uma das extremidades, ao craneo e pela outra ao sacro. A porção caudal é armada separadamente e suspensa do sacro, depois de articulado este com os ossos iliacos. Segue-se a articulação de cada costella com o esterno se d'elle chegaram a separar-se as costellas e ás vezes até a da cartillagem costal com a propria costella: depois a ligação da cabeça de cada costella com a faceta articu- lar do corpo das vertebras respectivas. Liga-se a cabeça à columna vertebral, ou fazendo com que o arame, que passa ao longo d'esta, penetre pelo buraco occipital e atravesse o alto do craneo, sendo ahi fixado por meio de uma pequena porca metallica; ou sim- plesmente fazendo-o atravessar uma rolha entallada no buraco occipital. Na outra extremidade liga-se a columna vertebral á bacia. Resta fixar os membros ao tronco. Para isto torna-se necessario montar provisoriamente o tronco e cabeça so- bre supportes de sarrafos de madeira e calcular, pela na- tural flexão e posição dos membros, e sobretudo pela po- sição do bordo superior da omoplata em relação ao bordo superior das apophyses espinhosas das vertebras, qual a posição natural dos membros anteriores, aos quaes falta o ponto de referencia certo que os membros posteriores en- RR replay E ut fa o Abs ES Sds Fe. NERO 178 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES (6) contram na cavidade cotyloidéa da bacia, a que tem de adaptar-se a cabeça do femur. Escolhida a posição natural dos membros em relação ao tronco, fixam-se então os membros e substituem-se os prumos de pao por outros de ferro, tendo uma forqui- lha na extremidade superior para se fixar onde convier, e geralmente ao corpo de uma vertebra. ' Quando a cabeça do animal é muito pesada torna-se indispensavel firmal-a sobre um prumo especial; bas- tando um outro ao meio da columna vertebral e outro junto da bacia. Para os pequenos esqueletos bastam dois supportes, porque a cabeça póde ser sustentada pelo ara- me dorsal. Está assim armado o esqueleto que resta collocar em peanha preta, para destacar. ; Succede por vezes que os membros. por seu pezo, não se sustentam na posição conveniente. Então é neces- sario amparal-os, prendendo-os a ferros verticaes que se lhe encostam. Accrescentarei que todas as ligações se conseguem, furando os ossos na sua posição natural por meio de ins- trumento appropriado e fazendo-os atravessar por arame de ferro galvanisado ou de latão, de grossura sufficiente, terminando fóra, de um e outro lado, por meio de um an- nel ou argolla vertical, feita a alicate de pontas redondas, com duas voltas do arame sobre uma rodella de lata que previamente se tem feito atravessar ao fio. Os esqueletos das aves são preparados por identico . processo ao dos mamiferos; mas como estas são pela maior parte pouco corpolentas, torna-se necessario não levar a maceração tão longe, afim de poder aproveitar as articulações naturaes, que, nos esqueletos pequenos, são difficillimas de substituir. (7) L. VIEIRA : PREPARAÇÕES ESQUELETICAS 179 2 Finalmente mais difficil ainda é a preparação osteo- logica dos peixes, á qual ainda se não dedicou o Museu de Coimbra, especialmente por falta de tempo para acu- dir a todas as necessidades de uma larga reforma e am- plo engrandecimento. Não obstante, o processo é ainda o mesmo, para os peixes de esqueleto osseo ou teleosteos; “e só differe notavelmente o que se aconselha para os pei- xes cartillagineos ou chondropterygeos. | Este ultimo processo não o conheciamos, nem jamais viramos descripto processo algum d'este genero. Foi o snr. dr. Gadow, professor de anatomia compa- rada na Universidade ingleza de Cambrige, quem obse- quiosamente nol'o indicou. Eis como elle o descreveu: «Se o peixe é fresco, ferve-se em agoa até que e pelle amoleça: então esfrega se esta e as carnes com uma es- cova macia ou com uma esponja. Em seguida ferve-se tudo n'uma solução aquosa de potassa caustica a 1 ou 2 por 100, durante poucos minu- tos e esfregam-se ainda as carnes. Repete-se este processo até que o esqueleto fique limpo de carnes, tendo o cuidado de o não ferver de mais, para-não destruir os ligamentos ». «Se o peixe tiver estado em alcool, põe-se de molho em agoa fria por um ou dois dias, conforme convier, e trata-se em seguida como acima». «Terminada a operação, humedecem-se os esqueletos em uma solução de acetato de potassa em glycerina, a 2 por 100, e conservam-se em. vaso apropriado, com tampa de vidro » O snr. dr. Gadow indicou um processo analogo, que differe muito do processo adoptado para os mamiferos e aves, para ser applicado aos peixes osseos. E” o seguinte: Ferve-se o peixe moderadamente em uma solução Sam esa A ASI DRT Da 180 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES (8) aquosa de potassa caustica a 2 por 100, tirando-o para fóra, de poucos em poucos minutos e esfregando-lhe as carnes, mas de modo a evitar que se soltem as peças do esqueleto ». Duas vezes experimentámos o processo de prepara- cão do esqueleto dos peixes cartillagineos, mas sem re- sultado assaz satisfatorio; em parte, certamente, por inex- periencia nossa, mas, em grande parte tambem, pela dif- ficuldade e incerteza inherente ao processo. Em todo o caso, a conservação do esqueleto de taes peixes exige uma redoma de vidro ou vitrina, que evite a dessicação, que os deforma e inutilisa completamente. a o! EA Esboço d'um Calendario da Flora dos arredores do Porto POR EDWIN J. JOHNSTON (Continuado de pag. 134) SOLIVA LUSITANICA, Less. Hab. — Margens das estradas e entre as pedras dos caes ou das calçadas, em Massarellos, Entre Quintas, Lor- dello do Ouro, Foz, Leça da Palmeira, rua do General Torres (Gaya) proximidades do Alto da Bandeira (estra- “da de Lisboa) e estrada de Avintes a Arnellas. Encontra- se tambem em varias ruas e praças d'esta cidade do Por- to. Muitas vezes é misturada com a Senebiera dilyma, Pers. CAMPANULA ERINUS, L. Hab. —Nos muros, na rua da Restauração, em Cam- panhã (Freixo) Candal, Areinho e Oliveira do Douro. CAMPANULA RAPUNCULUS, L. (Rapuncio.) Hab. —Margem do rio Leça, em Alfena, Leça do Ba- lio, Moreira e Santa Cruz do Bispo, e em Valladares, nos atalhos. ERICA SCOPARIA, L. - Hab. —Nos atalhos ao norte de Granja. Rara. Ann. de Sc. Nat. v. I., Outubro 1894. 12 182 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES ASTEROLINUM STELLATUM, Hrrc. ET Link. Hab. —S. Gens, Mattozinhos, Custoias, e Avintes nas areias e terras seccas. ANAGALLIS TENELLA, L. Hab. —S. Gens, Mattozinhos, Boa Nova, Alfena, Val- ladares e S. André, nos lameiros e em terras pantanosas. SAMOLUS VALERANDI, L. (Alface dos rios.) Hab. — Mattozinhos, Leca da Palmeira, Boa Nova e Guarda, nas margens dos ribeiros e em terras lamacen- tas nas proximidades do mar. ERYTHRAEA CENTAURIUM, Pers. (Fel da terra.) Hab. — Leça do Balio, nos pinhaes; ao norte de Val- longo, em terras seccas, nas margens do rio Douro, ao nascente de Fonte da Vinha, e Candal, no aqueducto da Serra do Pilar. ERYTHRAEA MARITIMA, Pers. Hab. —S. Gens. Leça da Palmeira, Boa Nova, Pera- fita, Serra de Vallongo, Alfena, S. André e outras loca-. lidades, nas mattas. ERYTHRAEA SCILLOIDES, CHaus. (E. PoRTENSIS Hrrc. ET LINK.) Hab. —S. Gens, Leça do Balio, Moreira, Santa Cruz do Bispo e Pampolide, na sombra dos atalhos. CICENDIA FILIFORMIS, ReicHs. Hab.—Mattas humidas, em S. Gens, Foz, Matto- zinhos e Boa Nova. CONVOLVULUS ARVENSIS, L. (Corriolla.) Hab. —Margens das estradas e campos cultivados, em S. Gens, Leça da Palmeira, Valladares, proximidades da Granja e outras localidades. DRE RDOS 715859 14, PT: JOHNSTON : FLORA DOS ARREDORES DO PORTO 183 SOLANUM DULCAMARA, L. Hab. —S. Gens, Leça do Balio e Valladares, nas se- bes. SCROPHULARIA SCORODONIA, L. Hub. —Nos muros e rochedos, na rua de Goncalo Christovão, rua da Pastelleira (Lordello) e outras locali- dades. SEROPHUEARIA FRUTESCENS E Hab. — Nas arcias do littoral, de ambos os lados do Douro. SCROPHULARIA AURICULATA, L. Hab. — S. Gens, Leça do Balio, Leça da Palmeira, Candal, e Valladares, nas margens dos ribeiros. VERONICA ANAGALLOIDES, Guss. Hab. — Arrabida (estrada da Foz), Mattosinhos, Boa Nova, Guarda, Quebrantões, Lavadoz, e S. André, nos ribeiros e em terras lamacentas. VERONICA SCUTELLATA, L. Hab. — Mattozinhos, em terras pantanosas ao nas- cente do Matadouro, Valladares e Alfena, nos lameiros. VERONICA OFFICINALIS, L. Hab. — Santa Cruz do Bispo, nos atalhos e bosques, e na Quinta do Bispo. EUFRAGIA VISCOSA, BENTH. Hab. — Mattozinhos, Boa Nova, Guarda, e Alfena, nos lameiros e arrelvados humidos. - LINARIA SPARTEA, Hrrc. ET Link. Hab. — Muros e campos cultivados, em Leça do Ba- lio, e proximo de Ermezinde e Vendas Novas. 184 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES LINARIA TRIORNITHOPHORA, WiLLD. Hab. — Nos bosques de carvalhos, atalhos, rochedos, e muros velhos, em Leça do Balio, entre S. Gens e a es- trada de Leça da Palmeira, atalhos ao nascente de Mat- tozinhos, Santa Cruz do Bispo, Fanzeres, S. Cosme (ao norte do monte), Candal, proximidades de Avintes (estra- da do Alto da Bandeira), e Valladares. LINARIA LUSITANICA, Hrrec. ET Link. Hab. — Nas areias do littoral, tanto norte como sul do Douro. Abundante. ANARRHINUM DURIMINIUM, Bror. | Hab. — Rua da Restauração, Arrabida, fraldas da Serra do Pilar, Rio Tinto (proximo da estrada de Val- longo), Villa Nova de Gaya (rua da Igreja e proximo da mesma) e proximo do Areinho, em muros ou rochedos humidos. ANARRHINUM BELLIDIFOLIUM, Desr. Hab. — S. Gens, Rio Tinto (proximo da estrada de Valongo), S. Pedro da Cova, Ponte Ferreira, e montes entre Vallongo e Alfena, em pedregulho, terras seccas, e nas fendas dos rochedos. SIBTHORPIA EVROPAEA, Hab. — S. Gens, Leça do Balio, Santa Cruz do Bis- po, Guifões, Perafita, Valladares, e outras localidades, na sombra dos atalhos, em muros humidos, ou granito decomposto. BRUNELLA VULGARIS, MoencH. (Herva ferrea). Hab. - S. Gens, Leça do Balio, Guifões, Vallada- res, e outros lugares, nos bosques, atalhos, e arrelvados. CALAMINTHA CLINOPODIUM, BEenTH. Hab. — S. Gens, Valladares, e outros lugares, em terras seccas, nas sebes e nas margens dos campos. epi po ra ss JOHNSTON: FLORA DOS ARREDORES DO PORTO 185 CALAMINTHA OFFICINALIS, MoencH. Hab. — S. Gens, e outros lugares, nas sebes e nos atalhos. EUPHORBIA ULIGINOSA, WELW. Hab. — Nos tojaes, na Granja, e entre Valladares e Lavadoz. OSYRIS ALBA, L. Hab. — Nas sebes, ao nascente do Castello do Quei- jo, nas proximidades da Pastelleira, (estrada de Lordello á Foz), Santa Cruz do Bispo, nos atalhos ao norte da Quinta, Leça da Palmeira, e entre Leça do Balio e Tra- vagem, nas margens do rio Leça. QUERCUS TOZZA, Bosc. (Carvalho pardo da Beira). Hab. — Entre S. Gens e a estrada de Leça da Pal- meira, Leca do Balio, e Valladares. ORCHIS INCARNATA, L. Hab. — Alfena, S. André, e de Valladares até Gran- ja, em campos humidos e nos lameiros. ORCHIS MACULATA, L. Hab. — Foz, Fonte da Moura, S. Gens, Moreira, Pe- dras Rubras, e Villar do Pinheiro, principalmente nos pinhaes, em terra um pouco humida. ORCHIS BIFOLIA, L. Hab. — Perafita, Avelleda, (proximo de Villar do Pi- nheiro) Pedras Rubras, ao norte da Quinta do Bispo, proximidades do Lugar do Freixieiro (estrada de Pedras Rubras a Leça da Palmeira) e perto da estrada de Leça da Palmeira, proximo a Villarinha, nos pinhaes e nos bosques de carvalhos, em terra um pouco humida. SERAPIAS CORDIGERA, L. Hab. — Nas mattas e nos pinhaes, em S. Gens, Leça 186 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES do Balio, Mattozinhos, Leça da Palmeira, Alfena, Serra de Vallongo, Valladares, e varios outros lugares. Abun- dante. SERAPIAS LINGUA, L. Hab. — Mattozinhos, Leça da Palmeira, Guarda, Al- fena, e Valladares, nos lameiros, e em arrelvados humi- dos. Ás vezes está em flôr em abril. IRIS FCETIDISSIMA, L. Hab. — S. Anna de Leça, nos bosques de carvalhos; Perafita, Cabanellas, e Pampolide, nos atalhos; Magda- lena e Granja, idem. Abundante na Granja. GLADIOLUS REUTERI, Boss. Hab. — S. Gens, Leça do Balio, Moreira, e Alfena, nos pinhaes; Serra de Vallongo, e margens do rio Fer- reira, ao sul de Ponte Ferreira. ALISMA PLANTAGO, L. (Tanchagem d'agua). Hab. — Rio Tinto, Alfena, Valladares, e Granja, nas margens dos ribeiros. ALISMA RANUNCULOIDES, L. var. REPENS, GREN. Hab. — Esmoriz e proximo do Senhor da Pedra, e ao poente de Valladares, nos pantanos e lameiros. TYPHA LATIFOLIA. L. (Tabia larga). Hab. — Lavadoz, e ao poente de Valladares, nos pan- tanos e lameiros. Talvez fosse plantada. (Continita). AVES DEPPORTUG A POR W. C. TARTE (Continuado de pag. 122) G. LOCUSTELLA 41 — LocusTELLA NAVIA, (Bodd.) Apparece de passagem em setembro e outubro em companhia do Acrocephalus aqualicus, e frequenta quasi os mesmos logares preferindo todavia as margens dos re- gos ou das vallas. O dr. Carvalho informou-me que esta especie é com” mum nos alluviões das margens do Mondego, abaixo de Coimbra em setembro e parte de outubro, e que uma oc- casião observára uma nos mesmos logares, em janeiro. Nunca a encontrei nos arredores do Porto senão no ou- tomno. 42 — LoOCUSTELLA LUSCINOIDES, (Savi.) O dr. Carvalho a quem devo a indicação d'esta espe- cie participou-me que já uma vez encontrou um exemplar novo e um adulto nos pantanos de S. Fagundo perto de Coimbra. Tenho procurado esta ave no Algarve e nas grandes marinhas de Aveiro mas sempre sem resultado. An. de Sc. Nat, v. I., Outubro 1894, 188 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES 43 — CerLIA ceTTI, (Marmora) Nome vulgar — Rouxinol bravo. Todos os annos costumam apparecer algumas d'es- tas aves nos arbustos dos regatos da beira-mar proximo ao Castello do Queijo (arredores do Porto) demorando-se desde outubro até março. Esta especie é um tanto emigradora. Em outubro encontrei-a muito abundante nas mar- gens do Mondego perto de Coimbra e o dr. Carvalho as- segurou-me que ahi canta e cria em todo o anno fazendo ninho nos arbustos. No inverno o seu canto brusco e forte mas um pouco semelhante ao do rouxinol chega por vezes quasi a causar susto quando irrompe inesperadamente de entre as moitas densas de arbustos onde não se póde penetrar. 44 — CISTICOLA CURSITANS, (Frankl.) Nome vulgar — Boita, Aveiro; Fuinha, Fuim, Estoi, Algarve; Cochicha, Ovar; Chincha-folles, Vagos; Ben- toinha, Santa Clara a Velha, Alemtejo. Muito abundante nos juncaes e pontas das plantas altas e viçosas dos pantanos, ou nos terrenos humidos das proximidades da beira-mar. à No seu canto repetido percebe-se distinctamente o monosyllabo [z%w-lz1t-izil, que se ouve até uma tão grande distancia que a ave já mal se avista. Costuma voar em circulos cantando a cada curva ascendente. É muito abundante em Estarreja e Ovar e em Mat- tozinhos é tambem vulgar. Faz ninho nas margens das salinas e bancos das en- seadas. Chega geralmente à Foz do Douro (embocadura do rio) em meiados de março e desapparece em fins de APIS TA ED do imo ET IGS MD ação Tso ca LD wW. C. TAIT: AVES DE PORTUGAL 189 agosto ou meiados de setembro, ficando um ou outro desgarrado até aos fins de outubro. No inverno nunca a encontrei nos arredores do Porto, mas o dr. Carvalho diz-me que nas proximidades de Coimbra se encontra em todo o anno mudando-se no inverno para as terras altas e campos de centeio. Perto de Abrantes já a tenho encontrado tanto no verão como no inverno. “É das primeiras e das ultimas a fazer ninho, pois que já em abril de 1880 vi um ninho com passaritos, em 20 de julho de 1879 encontrei um ainda a fazel-o e dois dias depois observei outro com uma ninhada e alguns “ovos ainda, e por ultimo, em 17 de julho de 1881 deparei com um ninho em que havia trez ovos ainda frescos. A estructura do ninho é das mais curiosas: tem a fórma d'um casulo de bicho da seda parecendo apezar d'isso, feito de seda froxa preso geralmente ás hastes ou folhas de plantas viçosas de um pé ou dois de altura. A abertura do ninho feita na parte superior é estreita e bem disfarçada. Á primeira vista quasi póde de facto confun- dir-se este ninho com uma porção de teias de aranhã e nem se dar por elle. Conforme notou o snr. Howard Saunders os ovos são muito variaveis. Um ninho por exemplo tem ás vezes trez ovos todos com manchas azul claro esverdea- do, outros não teem nenhumas. Os ovos de dois outros ninhos que encontrei tinham pintas vermelhas. Um outro dos ninhos apanhados tinha 4 ovos muito maiores com fundo branco e pintas avermelhadas em dois tons e leves manchas. São talvez estes os ovos chamados cór de cravo por alguns escriptores porque emquanto frescos são transpa- rentes e rosados. São maiores do que alguns ovos do Cedovem, um passaro maior, mas cujo colorido e pintas se assemelham muito ás da ave a que nos estamos referindo. Link e Hoffmannsegg levaram de Portuga! as pelles 190 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES e por ellas Temminck foi o primeiro que classificou esta especie. 45 — AccENTOR MODULARIS Nome vulgar — Negrinha, Porto e Esmoriz; Preli- nha, Leça da Palmeira. É sedentaria. Vulgar no norte de Portugal e muito - abundante proximo á barra do Douro onde tenho encon- trado ninhos e ovos. Parece-me ser este quasi o limite sul habitado por esta especie. É rara nos arredores de Coimbra segundo informa- ções do dr. Carvalho; o coronel Irby refere que poucas vezes se encontra em Gibraltar e isso mesmo só no in- verno. Os ninhos que tenho encontrado em Portugal teem geralmente trez ovos o que representa uma diminuição relativamente aos que de ordinario se encontram em In- glaterra. 46 — ACREDULAS IRBII, Sc. e Dres. Nome vulgar — Rabilongo, Megengro e Fradinho, Coimbra. Esta especie foi classificada pelos snrs. Sharpe e Dresser, segundo pelles obtidas no sul de Hespanha pelo coronel Irby. f Os drs. Bocage e Carvalho notaram que esta ave não concordava com a descripção da 4. caudala feita por Linneu. Fez ninho n'uma arvore coral do meu jardim e os seus habitos pareceram-me os mesmos das 4. roseas es- pecies do norte encontradas nas ilhas britannicas. TEM W. C. TAIT: AVES DE PORTUGAL 191 47 — PARUS MAJOR, (Linn.) Nome vulgar — Cedovem, Pinta caldeiras, Fradisco, Ferreiro, Porto; Mezengro, Melres e Caldas de Aregos; Patachim, Parachim, Douro; Papa-abelhas, Chincharave- lha, Penafiel; Passaro do linho. Semeia linho, Estarreja; Cachapim, Beja; Chinchinim, Santa Clara a Velha; Cal- deirinha, Quarteira, Algarve; Ferreirinho, Redondella, (Galliza). É sedentaria e muito vulgar. Esta especie começa a cantar em fevereiro e segun- do a versão popular parece dizer semeia linho, semeia li- nho, avisando de que é tempo de fazer essa sementeira. Entre o povo existe a crença de que, quando as aves cantam muito, é signal de boa colheita e que diz mais ainda, ludo bem, tudo bem. Tenho visto esta ave despedaçar com o bico ninhos de lagartas (Cnelhocampa púyocampa) feitos nos pinheiros e comer a larva. É a unica especie que tenho visto comer estas lagar- tas; os outros passaros só approveitam os casulos para fazer os ninhos. Como é sabido os pellos da Cnethocampa produzem uma grande inflammação na pelle das pessoas e portanto o P. major deve ter uma garganta, moela e estomago conformados de maneira a supportar aquella acção cuti- cante. 48 — PARUS ATER, (Linn.) É sedentario e vulgar nos pinheiraes das margens da embocadura do Douro. O dr. Carvalho diz-me que esta especie é rara nos arredores de Coimbra e o coronel Irby não a encontrou em Gibraltar. Vi-o fazer ninho n'um buraco do muro do meu jar- 192 ANNAES DE SCIÊNCIAS NATURAES dim, mas, provavelmente Portugal não estará longe do limite sul da sua distribuição geographica. 49 — PARUS CAERULEUS, (Linn.) Nome vulgar — Cedovem pequeno, Porto; Fura-bu- galhos, Penafiel; Chincharavelha, Caldas do Gerez. É vulgar e sedentaria esta ave; um casal fez ninho no muro do meu jardim. 50 — PARUS CRISTATUS, (Linn.) Sedentario e vulgar no norte de Portugal, principal- mente nos pinheiraes das encostas. Perto do Porto no tronco óco d'um carvalho de den- tro do qual eu tinha previamente tirado os ovos de Geci- nus Sharpii já um casal fez ninho. Segundo refere o dr. Carvalho não é rara nos arre- dores de Coimbra. 51 — SiTTA CAESIA Nome vulgar — Trepadeira azul, Penafiel; Carapito, Traz-os-Montes; Alhorca, Melres; Batoco, Abrantes. Sedentario e vulgar em alguns logares, mas muito local. Poucas se encontram nos arredores mais proximos do Porto. (Continúa). A pesca em Buarcos POR AUGUSTO GOLTZ DE CARVALHO O mar, com a sua disposição vantajosa de commu- nicação com a terra, foi incontestavelmente o que attrahiu a este logar os seus primeiros habitadores. Os penedos desde o Cabo Mondego até á foz do rio do mesmo nome, facilitam na baixa-mar a captura de grande numero de polvos, caranguejos, fanecas, tamhas, etc. Revestidos de abundante marisco os rochedos do lit- toral, que a maré descobre duas vezes por dia, convidam o homem a exercitar-se na importante industria da pesca maritima, industria que n'esta villa occupa maior numero de braços. Empregam-se aqui actualmente na pesca 60 embar- cações, sendo 8 barcos, 9 lanchas, 3 saveiros, 2 bateis e 88 bateiras, tripuladas por 500 homens approximada- mente. Os apparelhos de pesca em uso são de dois syste- mas — de rede e de farpa. Os primeiros cercam ou prendem a pescaria nas malhas e os segundos ferem o peixe em instrumentos metallicos apropriados. An. de Sc. Nat. vol. I. Outubro 1891 194 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES APPARELHOS DE PESCA DE MALHA E 1— Rede da pescada = Ysimples. .4 2— Rasca T 3— Sardinheira REDES DE ESPERA 2 ( 4 Pelisqneira ; E Composiaso soro Branqueira Rede fixa . . . 6— Meijoeira horisontal 10 — Rede de pé ou arrasto. 1 — Coa : 12 — Extramalho 13 — Rede de salto l4— Covo 15 — Copo 16 — Redefolle REDES DE MOVIMENTO . . De movimento ! 7— arte 8 — Zorro De movimento | 9-— Rede do mexoalho ascendente | DE FARPA 17 — Gorazeira APPARELHOS EMPREGADOS COM ISCA. . | 18 — Congrueira 19 — Canna 20 — Fisga 21 — Arpão * (22 — Bicheiro INSTRUMENTOS QUE NÃO LEVAM Isca 4 QUANDO SE EMPREGAM . . 1 — irede da pescata. Esta rede tem malha de 6a 8 centimetros de nó a nó, tem 42 metros de comprimento e 42,50 de altura. Está um ou mais dias no mar e apa- nha pescada, ruivo, cação, peixe-prégo, etc. Importa em 495980 réis. | 2— Rasca. As malhas d'esta rede teem 18 centime- tros de nô a nó e o panno tem 50 metros de compri- mento e 5 metros de altura. Costumam os pescadores tel-a no mar de 6 a 8 dias e apanha raia, rodovalho, pa- trucia, etc. O seu custo é de 25240 réis. 3 — Sardinheira. Tem a malha miuda (0",017) e 17 metros de comprimento e 6 metros de altura. Usa-se na pesca da sardinha de novembro até janeiro. Cada rede custa 54390 réis. GOLTZ DE CARVALHO: A PESCA EM BUARCOS 195 4 — Penisqueira. Esta rede tem tres pannos sendo o de dentro um panno de rede da pescada e os de fóra tem malhas mais apertadas. Tem 43 metros de comprimento e 32 50 de altura. Pesca linguados, raias, tremelgas, etc. Importa em 35780 réis. 5 — Branqueira. O panno do meio d'esta rede tem a malha egual á da sardinheira e os pannos de fóra teem as malhas como as da rede da pescada. olhe roballos, sargos, etc. Não excede o seu custo a 65000 réis. 6— Heyoeira. Esta rede fica preza a umas estacas de madeira que se cravam no fundo do mar quando a maré o permitte. Tem tres pannos sendo o do meio com malha mais miuda que os de fóra. Apanha roballos, sargos, corvinas, etc. Importa em 13500 réis. 7— Arte. Esta rede é lançada no mar a uma distan- cia de 2 kilometros da praia. Compõe-se de duas partes principaes — mangas e sacco. Apanha sardinha e im- porta em 3005000 réis a rede e as cordas, e outros obje- ctos em 7003000 réis. 8— Zorro. E uma rede que se puxa de terra ou de uma bateira para outra. Apanha sardinha e pilado e im- porta em 275000 réis. 9 — Rede do mexoalho. Rede que se puxa de uma bateira para outra e apanha pilado. Custa 225000 réis. 10— Rede de pé. Rede pequena que a pé ou a nado se lança no mar e é puxada de terra. Pesca fanecas, ca- marões, etc. Importa em 435000 réis. 11 — Coa. Rede de malha miuda que apanha tainhas, camarões, etc. Importa cada uma em 23000 réis. 12 — Extramalho. Rede pouco empregada. Serve para apanhar a solha e custa 15800 réis. 18 — Rede de salto. Esta rede é lançada com o im- pulso do braço para o mar, puxando-se em seguida. Apanha tainhas, sargos, camarões, etc. O seu custo é de 65000 réis. 14 — Covo. Tem esta rede um arco de ferro na bocca 196 ANNÃES DE SCIENCIAS NATURAES do sacco e uma corda para a puxar. Leva isca presa com fios e colhe faneca e safio. Importa em 15000 réis. 15 — Copo. Mais pequena que o covo. Apanha ca- marões. Custa 40 réis. 16 — Redefolle. Tem na bocca do sacco um arco com uma haste de pau. Apanha caranguejos quando sa- hem dos seus esconderijos attrahidos pela negaça. Ob- tem-se por 80 réis. 17 — Gorazeira. Cada linha tem 837,30 e um anzol em cada distancia de 1”,70. Um apparelho completo leva 40 linhas. Apanha ruivos, bacamartes, gorazes, raias, etc. Cada linha importa em 480 réis. 18— Congrueira. Cada linha tem dois anzoes. Os pescadores levam 6 linhas para o mar. Pesca faneca e congro. Cada linha custa 100 réis. 19 — Canna. De um fio prezo á extremidade de uma canna pendem dous anzoes pequenos. Pesca tainha e custa 120 réis. | 20 — Pisga. É como uma forquilha de 4 dentes far- peados. Crava-se em fundos de areia para apanhar o lin- guado. Custa 500 réis. 21 — 4rpão. Serve para arpoar cetaceos ou peixes grandes. Importa cada um em 15600 réis. 22 — Bicheiro. Emprega-se principalmente para apa- nhar o polvo que vem á negaça. "Custa 60 réis. (Continia). Observações sobre O systema nervoso e alfinidades zoologicas de alguns polmonados terrestres POR AUGUSTO NOBRE Helix aspersa, Z. Nos individuos desenvolvidos de Helix aspersa os ganglios cerebraes e os viscero-pediosos encontram-se fundidos, apresentando o aspecto de faxas, uma superior, o cerebro, e outra inferior constituindo a massa nervosa sob-esophagica (est. xt fig. 1). Ganglios cerebraes — Os ganglios são indistinctos. Toda esta massa cerebral tem a fórma de uma faxa da qual partem os nervos tentaculares e faciaes, assim como o genital, do lado direito. O nervo mais anterior (a) é o que se dirige para o tentaculo inferior bifurcando-se quasi na sua terminação, um dos ramos dirige-se para o tentaculo e outro para o seu musculo retractor. O nervo ocular occupa o penultimo logar (0). Em- quanto ao nervo penial vê-se que é manifestamente um nervo cerebral, (fig. xI p.). Ganglios viscero-pediosos — Nos individuos bem des- envolvidos é quasi impossivel distinguir os diversos gan- glios que constituem esta massa nervosa sob-esophagica. D'estes ganglios partem os nervos palliaes, o que se di- Ann. de Sc. Nat, v. I., Outubro 1894. 13 198 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES rige para a porção terminal dos orgãos reproductores (b) e o nervo columellar. Dos ganglios visceraes nascem alguns nervos que em feixe vão inserir-se nos tecidos do pé, e alguns outros la- teraes que terminam nas paredes do manto. O systemna nervoso dos Helicideos é bem conhecido principalmente na Hetir pomanlia, que não temos no nosso paiz mas da qual a H. aspersa é muito proximo repre- sentante. Os desenhos que acompanham esta curta descripção servirão para estabelecer o confronto entre o systema nervoso d'esta especie e o do Arion lusilanicus, assim como das que seguem, em face das conclusões a que chegamos no fim d'esta memoria. Plutonia atlantica, Mor e! Dr. D'este interessantissimo mollusco ha bons estudos parciaes feitos por Arruda Furtado e pelo dr. Simroth. O systema nervoso é porém pouco ou nada conhe- cido, pelo menos segundo as publicações a que me refiro. Arruda Furtado foi quem primeiro estudou anatomi- camente este animal, descrevendo os seus caracteres ex- ternos, systema digestivo, reproductor e concha. O desenho dos orgãos reproductores é um pouco confuso em razão de um erro lithographico que parece fazer communicar o canal da vesicula seminal com a por- ção livre do oviducto. O snr. Francisco Affonso Chaves, um dos directores do Muzeu Municipal de Ponta Delgada e naturalista a quem a sciencia açoriana deve excellentes serviços, offe- receu-me, para o meu estudo, tres exemplares em alcool de Plutonia com os quaes eu pude organisar esta noticia anatomica sobre o animal, que espero completar quando puder ter ao meu dispôr exemplares vivos para o estudo do systema circulatorio que, pelo exame que me foi pos- sivel fazer nos individuos contrahidos pelo alcool, offe- Ro AUG. NOBRE: OBS. SOBRE O SYST. NERVOSO 199 rece particularidades que merecem um estudo deta- lhado. Ácerca da Plutonia communicou-me o snr. Chaves algumas observações pessoaes que, pelo seu interesse, eu não posso deixar de tornar conhecidas. Arruda Furtado encontrou poucos exemplares na re- gião do Pico do Carvão. O snr. Chaves foi mais feliz pois que as encontrou nos Ginetes, nas Sete Cidades, e, no anno passado, nas Furnas, durante a exploração que fez com o distincto mineralogista, de Lisboa, o snr. Rego Lima, mas sempre em pequeno numero. * Uma exploração de 4 horas que desse dois exempla- res, era, segundo diz o snr. Chaves, uma exploração bem succedida. Em razão dos muitos pedidos que tão curioso mullusco tem motivado, o snr. Affonso Chaves resol- veu-se a estabelecer um viveiro com exemplares prove- nientes das Sete Cidades. Na primeira estação que fez com exemplares do Pico do Carvão foi pouco feliz, o que não succedeu já na segunda com exemplares prove- nientes das Sete Cidades e nos quaes o snr. Chaves fez algumas observações, como a mudança de coloração que se effectua segundo o meio em que vive o animal, rea- lisando-se esta alteração em poucos mezes. Assim: a côr geral das Plutonias que é castanho escuro (mais escuro que a indicada por Simroth), passa á cór amarella um pouco escura quando o animal vive entre a rama secca de pinheiro. Esta alteração da côr póde bem ser devida à mudança ou pobreza de alimentação ou á falta de luz. Sobre este ponto devia o snr. Chaves repetir as suas observações. Os phenomenos de homochromia são tam- bem vulgares nos molluscos, segundo os objectos a que se fixam. Systema nervoso : Ganglios cerebraes — Para se poder vêr distinctamente os ganglios que constituem o collar nervoso deve dissecar-se um individuo em imcompleto estado de desenvolvimento : do contrario os nervos apre- sentam-se quasi fundidos ou, pelo menos, pouco distin- x 200 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES ctos. N'aquelle caso, (Est. x11), vê-se o cerebro constituido por dois pares de ganglios que se salientam nitidamente sobre o bolbo pharyngeo, que é muito longo e musculoso. Os nervos que mais facilmente se observam par- tindo d'estes ganglios são os seguintes: um nervo muito. fino a que vae perder-se na pelle da cabeça, e que in- nerva provavelmente a bocca; outro egualmente fino que se insere nos tecidos junto do outro tambem muito del- gado, o nervo labial (c); em seguida a este encontra-se um nervo mais grosso, o nervo ocular (dl), que se intro- duz no musculo retractor do tentaculo no ponto indicado no desenho. Ao lado do nervo ocular vê-se outro nervo da mesma espessura e que depois de dar dous braços para o musculo retractor do tentaculo inferior vae termi- nar junto d'elle mas na pelle. Ainda pelo lado de fóra deste se encontra outro nervo egualmente fino que se dirige para os tecidos lateraes do manto. Se, pela disposição destes nervos, a Plulonia se appro- xima mais dos Arion que dos Hehia, pela situação dos ganglios stomato-gastricos as suas relações com as Tes- tacella são evidentes, das quaes differem todavia por ou- tros caracteres. Nervos stomalo-gastricos — Contrariamente ao que te- mos observado até aqui, estes ganglios ficam abaixo dos ganglios cerebraes, visto que a situação do collar nervoso. é no bolbo pharyngeo e não sobre o esophago como nos Helix e Arion. 7 D'estes ganglios partem, para cima, os connectivos que são os nervos externos, e outros que se inserem nos tecidos da pharynge. Para baixo seguem dois pares de nervos muito finos que se dirigem um d'elles para o esophago e o outro para as glandulas salivares, que são isoladas uma da outra. Ganglios viscero-pediosos — Nos individuos cujo des- envolvimento não é completo, os ganglios são em nu- mero de cinco e deixam entre si um espaço por onde passa a aorta. AUG. NOBRE: OBS. SOBRE O SYST. NERVOSO 201 Do ganglio da direita nasce o nervo penial (p) assim como outros nervos mais finos que vão terminar nas paredes do manto. Deste mesmo ganglio e para o lado inferior, partem alguns nervos um dos quaes (h) se dirige para a glandula hermaphrodita alojada em um dos lobu- los do figado. O ganglio superior (s) emitte um nervo que vae terminar na camara pulmonar ao lado do coração. O ganglio t dá origem a um dos connectivos que li- gam os ganglios viscero-pediosos'com os ganglios cere- braes. O ganglio v emitte o outro connectivo e alguns nervos dos quaes os l e |" se dirigem para a parte ante-- rior do bolbo, os nervos m para as paredes do manto e o nervo n para a camara pulmonar. Systema vascular — As observações gue consegui fa- zer com respeito a este systema teem apenas um cara- cter provisorio, porque só um dos exemplares dissecados me permittiu as observações que seguem ; os outros, muito contrahidos pelo alcool e ainda mais, de pequenas dimensões, não me serviram para a confirmação que de- - sejava, além do que só em exemplares vivos se podem fazer investigações a serio sobre o apparelho vascular. O que fére immediatamente a vista é a falta de rede pul- monar arborescente como a dos Arion ou da Testacella para não fallarmos nas dos Heliz, assim como outra par- ticularidade a da bifurcação da aorta, (r, fig. 4, est. xn) voltando o novo ramo, para a camara pulmonar, depois de passar por debaixo do intestino. Para o estudo d'este systema é porém necessario uma injecção córada, muito fina, pcrque as dimensões do animal são muito pequenas (ie, 1, est. x1r,) (1). (Conliniva). (1) Desenho, segundo exemplar vivo, copiado da memoria de Ar- ruda Furtado: Viquesnelia atlantica, Morelet et Drouet (in Jorn. de Sc. Math. Phys. e Nat. n.º 32, 1882). NOTAS E COMMUNICAÇÕES Rovista aquicola — Ào enthusiasmo que deu logar á pro- mulgação de medidas tendentes a iniciar entre nós a aquicultura succe- deu o que se tem visto, um silencio completo. Foi-nos porém affirmado que novamente se recomeçará esta campanha de que grandes beneficios resultarão para o paiz, o qual continua a ser o unico, que se diz civili- sado, onde a aquicultura não mereceu ainda a decidida protecção dos governos. Com o fim de provar tudo isto iniciaremos no proximo nu- mero uma serie de artigos de propaganda a fim de tornar conhecido no paiz o que lá fóra se vae passando relativamente á cultura das aguas, que, em alguns paizes, é motivo de tantos cuidados como a cultura das terras. Entre nós, nem ao menos as medidas que a Commissão central de Piscicultura conseguiu decretar são devidamente postas em pratica. Haja em vista o regulamento. E ainda ha dias foi dito no parla- mento que «aquillo de que o paiz mais precisa é de medidas que con- corram para o desenvolvimento do seu commercio e da sua industria, n'uma palavra, para a riqueza publica ». De util, porém, nada foi posto em pratica, de inutil e prejudicial algnma coisa se fez. Tudo isto virá a lume em artigos subsequentes. Emquanto á execução do regulamento... ainda não ha muito que dois regedores das visinhanças do Porto encontrando-se em exercicio criminoso de pesca em um dos rios mais proximos d'esta cidade mutua- mente se interrogavam se não tinham recebido o regulamento da pesca ultimamente publicado! Este facto define nitidamente a manha e estupi- dez d'esses simples, encarregados da execução da lei. Creio tambem que a pouco mais se resume a chronica aquicola o norte do paiz n'estes ultimos tempos. ANE Esponjas de S&S. Thomé. —Ha tempos mandei ao dr. Móúbius, director do Museu de Zoologia de Berlim, exemplares das es- ponjas do mar que em 1885 colhi em S. Thomé, quando alli estive em exploração botanica. O sabio director do Museu de Zoologia de Berlim encarregou um naturalista d'aquelle estabelecimento scientifico, o snr. W. Weltner, de proceder ao estudo d'estas esponjas. Ann, de Sc. Nat. v. I., Outubro 1894. NOTAS E COMMUNICAÇÕES 203 Ha poucos dias o snr. Weltner communicou-me o resultado do seu estudo, enviando a classificação dos exemplares conforme segue: Euspongia irregularis Ldf.; Hippospongia, sp; Stelospongia?; Chalinide; Clathria sp. As esponjas que mais abundam nas praias d'aquella ilha perten- cem á Luspongia irregularis Ldf. e á Hippospongia sp. As esponjas, depois de seccas, são muito difficeis de determinar, e a maior parte das vezes impossivel, sobretudo as arrojadas á praia e que se acham mortas. Para se poderem estudar convenientemente, devem colligir-se exemplares vivos; logo que se tiram da agua deitam-se n'um frasco com uma solução de alcool a 96 º/9. Passadas algumas horas deve re- novar-se a solução. No dia seguinte substitue-se aquella solução por uma a 75 º/, e assim se conservam os exemplares por muito tempo. Quando o exemplar fôr tão grande que não caiba no frasco, cor- ta-se de maneira a caber n'elle. Entre as esponjas de S. Thomé que mandei para o Museu de Ber- lim, diz-me o snr. Weltner que encontrou um exemplar d'um mollusco rachiglosso, que, dando-o ao seu collega n'aquelle Muscu o professor von Martens elle lhe disse, depois de o estudar, ser o Semifusus morio. ADOLPHO F. MOLLER. Achatina bicarinata. — Nas nossas ilhas de S. Thomé e ão Principe habita, nas florestas humidas e sombrias, um mollusco ter- restre de grandes dimensões o qual ahi designam pelo nome de Buzio do Matto ou Olé. Este mollusco é a Achatina bicarinata Brug. (A. si- nístrosa Pfeiffer) da familia das Stenogyras. Os negros em S. Thomé comem com prazer este animal. Os ovos da Achatina bicarinata, Brug. são quasi do tamanho dos de rolla. A sua clara é a colla mais forte que se conhece, segundo ouvi dizer no Principe. ADOLPHO F. MOLLER. = Habitat da Chioglossa lusitanica — No numero de abril d'este jornal o nosso amigo o sr. W. Tait publicou uma pe- quena notícia sobre o habitat da Chioglossa lusitanica Barboza du Bo- cage, no nosso paiz. Este senhor com certeza se esqueceu de indicar Coimbra, onde este amphíbio é vulgar. Esta localidade encontra-se indicada no traba- lho do sr. dr. J. de Bedriaga sobre os reptis e amphibios de Portugal e no catalogo do snr. dr. A. Lopes Vieira sobre estes mesmos animaes, A Chioglossa lusitanica Barboza du Bocage, é frequente nas vi- sinhanças de Coimbra. Temos encontrado o animal e os seus gyrinos no fim do inverno 204 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES e principios da primavera dentro d'agua, e no resto do anno debaixo das folhas seccas e humidas, herva cortada e secca em principios de decomposição e musgo molhado, proximo ás margens dos ribeiros e regatos. Onde mais a temos encontrado nos arredores de Coimbra é em diferentes pontos de Valle da Ribeira de Cozelhas, Cazal do Frade, Ribeiras de S. Paulo e Eiras. Em alguus d'estes pontos tambem se encontra o Plourodeles Waltlii Mich. mas é raro. Onde o encontrámos em grande abundancia foi em S. Gregorio proximo a Melgaço e Mertola e Villa Real de Santo Antonio. N'este ultimo ponto tambem capturamos alguns gyri- nos d'csta insteressante especie. 4 ADOLPHO F. MOLLER. Aranhas da ilha de S. Thomé. — No numero de de- zembro do Instituto do anno findo, publicou o sr. dr. Lopes Vieira uma lista de aranhas de S. Thomé, que nós haviamos trazido d'aquella ilha, quando em 1885 alli estivemos fazendo uma exploração botanica: Aquellas aranhas foram classificadas pelo dr. Ph. Bertkau, profes- -sor em Bonn. Ha pouco tempo aquelle sabio professor mandou-nos a determi- nação de mais tres especics de aranhas de S. Thomé da nossa collecção, que então não lhe tinha sido possivel estudar, as quaes são as seguintes. Cyrtophora Opuntine Forsk. Nephilengys cruenta Walk. var. Thomana Bertk. Nephila pilipes Lucas. ADOLPHO F. MOLLER. Reptis da Serra de Castro Laboreiro — Posso hoje dar mais algumas informações ácerca da decantada Lacertidea da Serra de Castro Laboreiro de que fallei no numero passado d'esta re- vista, assim como da Urpera berus L. Um amigo meu muito conhecedor da Serra da Soajo e a quem pedi informações ácerca d'estes dous reptis, diz-me o seguinte: « Fallando com um pequeno lavrador da Gavieira, povoação da Serra do Soajo, sobre o assumpto, disse-me, e confirmaram outros d'a- quella freguezia que se achavam na occasião presentes, que os dois ani- maes tambem apparecem nas visinhanças da Gavieira. As cobras pretas a que elles chamam Escorpião (Vipera berus L.) apparecem por ali bastantes, e, disse tambem, que havia dias (Julho) fôra ali morta uma de mais de tres palmos de comprimento. Todos conhecem ali esta cobra por ser muito venenosa. Emquanto ao lagarto de azas, são ali muito raros, mas ainda as- sim apparecem; affirmou-me que uma filha d'elle ainda ha pouco ma- tara um e o levara para o mostrar na povoação ». NOTAS E COMMUNICAÇÕES 205 De tudo o que for sabendo ácerca desta curiosa Lacertidea infor- marei os leitores d'esta revista. . Coimbra. ADOLPHO F. MOLLER. Estabelecimentos de Piscicultura na Sues cia — Segundo a Svensk Fiskeri Tidskrift,, os estabelecimentos em actividade n'aquelle paiz em 1892 eram 37, uns alimentados por agua do Tio e outros exclusivamente por agua de mina, tendo sido os mais anti- gos fundados em 1865. O mais importante, o de Hof, teve uma produc- ção de 840:000 ovos durante aquelle anno. ANE Congresso scienfifico —No congresso das sociedades sabias que se reunirá na Sorbonna (Paris) em 1895 serão tratadas varias questões entre as quaes ha a notar as seguintes: Monographias relati- vas á fauna e á flora dos lagos francezes — Estudo detalhado da fauna ichthyologica fluvial da França—Indicar as especies sedentarias e emi. gradoras e, n'este ultimo caso, as datas da sua chegada e da partida. Notar tambem a época da postura. Influencia da composição da agua — Estudo, sob o ponto de vista da Piscicultura, da fauna dos animaes in- vertebrados e das plantas que se encontram nas aguas — Cultura dos lagos; especies e variedades de Peixes que devem propagar-se n'elles. ANE Uma nova doença da vinha-A' Academia das scien- cias de Paris foi apresentada pelo snr. Prunet a descripção de um novo parasita da vinha, uma Chythridinea, pertencente ao genero Cladoch- trium de Nowakowski e a que deu o nome de C, viticolum. O snr. Prunet reconhece n'este parasita a causa das doenças mal definidas descriptas com o nome Anthracnose punctuada, A. deformante, Gom- mose bacillar, Roncet, mal nero e outras. A identidade d'algumas d'estas doenças com a maromba já tinha sido suspeitada por alguns dos nossos agronomos, e foi confirmada a 16 de agosto d'este anno pelo distincto agronomo o snr. Alfredo Carlos Le Cocqg, em seguida aos estudos a que procedeu nas cepas marombadas da Regoa. Já em 1886 o snr. Le Cocq tinha identificado. a maromba com o mal nero. AN. BIBLIOGRAPHIA Paul Choffat — DESCRIPTION DE LA FAUNE JURASSIQUE DU PORTUGAL: AMMO- NITES DU LUSITANIEN DE LA CONTRÉEE DE TORRES VEDRAS. Lisbonne 1893; 1 vol. in-4.º 82 pag. et 20 pl. É mais um dos excellentes volumes publicados pela Direcção dos Trabalhos Geologicos de Portugal. O auctor d'esta memoria, o bem conhecido e illustre geologo ao serviço da Direcção dos Trabalhos Geo- logicos, estuda os Ammonttes do Malm inferior d'aquella região, a que o snr. Choffat chama Lusitaniano e onde os cephalopodes são abundantis- simos, o que não succede nas outras camadas do Malm portuguez, onde, á excepção da região estudada é do Algarve, elles se encontram no es- tado esporadico As especies do Lusitaniano calcareo descriptas pelo snr. Choffat são as seguintes: Perisphinctes subrota; P. Tizianifarmis; P. Linki; P. Eschwegi; P. Janus; P. Fontannesi; P. Stuneri; P. Castro; P. Vandelli; P. Abadiensis: P. pseudolictor; P. Ribeiro:; P. Delga- doi; P. Mogoensis; P. pseudobifurcatus; P. Torresensis e cAspido- ceras lusitanicum além d'outras variedades e d'algumas especies novas talvez, mas cujos exemplares não permittiram uma descripção rigorosa. Esta nova memoria do snr. Choffat é muito bem feita e tratada com a alta competencia do seu auctor, bem reconhecida pelos bellos trabalhos que tem publicado sobre o jurassico portuguez. Dr. H. Simroth — ÚBER EINIGE AETHERIEN AUS DEN KONGOFALLEN UND BEI- TRAGE ZUR KENNTNISS DER PORTUGIESISCHEN UND DER OSTAFRIKANISCHIEN NACKTSCHNECKEN-FAUNA— Frankfurt A. Mein 1894. Broch. in-4.º, 38 pag. e 3 est. col. e gravuras no texto. O auctor faz n'esta excellente memoria o estudo monographico das Aetheria e descreve uma especie nova — A. zeteromorpha, prove- niente do Congo. Na segunda parte d'este trabalho estuda o distincto professor da Universidade de Leipzig alguns molluscos terrestres que lhe foram BIBLIOGRAPHIA - 207 enviados pelo snr. dr. Paulino de Oliveira, entre os quaes se encontram duas especies novas, Geomalacus grandis, oriundo da Serra da Es- trella, o que eleva a quatro o numero dos Geomalacus portuguezes, e Arion Hessei, de Coimbra. Além d'estas duas especies descreve ainda uma variedade nigrescens do seu Agriolimax immaculatus, a qual foi obtida em Portunhos (Gandra). Dos molluscos africanos descreve duas especies novas: Urocyclus rufescens, de Usambara, Darema, e Phaneroporus nnicolor, da mesma proveniencia. É dada ainda a descripção e desenhos d'outra especie já desco- berta pelo mesmo naturalista, o Trichotoxon Heynemanni, Simr. Esta memoria é acompanhada de 3 esplendidas estampas lithographadas e coloridas, segundo desenhos do seu auctor. P. Gourret — LES PÉCHERIES ET LES POISSONS DE LA MEDITERRANEE — (Pro- vence), 1 vol. in 16.º de 360 pag. com 109 fig. intercalladas no texto. A livraria Bailliêre et Fils acaba de publicar um volume da Biblio- theque des Connaissances utiles firmado per um naturalista competente o snr. Paul Gourret. Embora este livro diga respeito ás costas france- zas do Mediterraneo, não deixa de ser interessante para os que no nosso paiz se occupam de questões importantes como a das pes- cas. As medidas de protecção indicadas pelo snr. Gourret seriam real- mente uteis se fossem postas em pratica, mas, a respeito de inspecção aos mercados e prohibição temporaria da pesca aos amadores, etc., vê-se que succede em França o mesmo que entre nós: cada um faz o que póde. Em conclusão apresenta o snr. Gourret as causas do empobreci- mento da fauna ichthyologica do golfo de Marselha, entre as quaes figu- ram em primeiro logar as artes de arrastar, que no nosso paiz ainda encontram defensores vaidosos da sua presumida competencia. O livro fecha com uma lista de 234 peixes e a indicação dos seus nomes vulgares em francez e provençal, habitat, frequencia ou rari- dade, modo de captura, etc. O indice do livro em questão é o seguinte: logares de pesca; engenhos e redes de pesca — classificação das pescas em Marselha; modificações das costas e dos fundos; despejos no mar; va- sas do Rhodano, animaes vorazes; medidas de protecção; lista dos peixes. Como se vê é um livro util e que não deixaremos de recommen- dar aos que se interessam pelas questões maritimas. 208 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES B. Klika und dr. H. Simroth - BEITRAGE ZUR KENNTN'ISS DER KAUKASISCH — ARMENISCHEN MOLLUSKENFAUNA, Prag. 1893. Broch. in-8.º, 24 e 1 est. col. A primeira parte d'esta memoria é a relação das especies de mol- luscos que o dr. Vávra da Universidade da Bohemia recolheu no Cau- caso, 23 especies terrestres e fluviaes, das quaes uma d'ellas, Limax (Heynemannia) primitivus. Simroth, é nova para a sciencia. De todas as outras só uma pertence á fauna occidental, o Planorbis albus, Muller, Na segunda parte estuda o dr. Simroth os orgãos genitaes de Li- max primitivus, n. sp.; Paralimax Reibischi, Sith; Mesolimax Rei- bischi, Sith; Agriolimax subagrestis, Sith; A. agresticulus, Sith; e Daudebardia Lederi, Bôttger. Marchese di Monterosato — CONCHIGLIE TERRESTRI VIVENTI E FOSSILI D MONTE PELLEGRINO, Palermo, 1*9t. Broch. in 8.º gr. 9 pag. Lista das especies que se encontram no Monte Pellegrino, bem co- nhecido de todos os paleontologistas pelos magníficos jazigos fossilife- ros que possue. O auctor d'esta memoria, que é um dos primeiros ma- lacologistas da actualidade, considera-a como uma guia para todos os maisegloRi o que visitem aquella parte da Sicilia: São 43 especies vi- vas e 5 fosseis. Como se sabe é nas especies marinhas fosseis que consiste a ri- queza dos tufos calcareos de Pellegrino. ; Dr. WY. WWeltner — ANLEITUNG ZUM SAMMELN VON SUSSWASSERSCH WAMMEN NEBST BEMERKUNGEN UBER DIE IN JANEN LEBENDEN INSEKTENLARVEN, — Broch. in-8.º, 8 pag. el 10 fig. — Berlin 1894. Instrucções sobre a maneira de recolher e preparar as esponjas e larvas de insectos que vivem na agua dôce escriptas por pessoa compe- tente como é o snr. Weltner, naturalista do Museu de Berlin. Arnould Locard — DESCRIPTION DE MOLLUSQUES QUATERNAIRES NOUVEAUX RECUEILLIS AUX ENVIRONS DE CRÉMIEUX (ISERE), PAR M. LE DR. JAQUEMET. — Broch. in-8.º gr., 20 pay. — Lyon 1894. O snr, Locard descreve n'esta memoria 12 especies novas recolhi- das pelo snr. Jacquemet nos tufos quaternarios dos arredores de Cré- mieu, reconhecendo a presença de algumas fórmas absolútamente novas, BIBLIOGRAPHIA 209 algumas das quaes constituem especies bem definidas e outras apresen- tam variações importantes em relação á fauna actualmente viva na mesma região ou nas regiões circumvisinhas. As especies descriptas são as seguintes : Succinea Jacquemeti, Hya- linia stramicensis, Helix strigellina, H. strigella, H. elisula, IH. obs- trulenta, H. conulifera, H. fraviata, H. hispidellina, H. subsarinica, Zua pelrva e Z. precursor. A. Dahois — LA FECHE Á LA LIGNE EN EAU DOUCE SUIVIE DE LA CULTURE DES EAUX. — Vol. in-8.º gr., 152 pag. e 27 fiz. — Paris 1894, — Prix 2 fr. Existe em Paris uma bibliotheca de Pesca e de Piscicultura cujo fim principal é fazer a propaganda d'estas duas industrias, o que tem con- seguido em grande parte pela publicação de numerosas brochuras e de dois jornaes, um semanal e outro quinzenal, que são largamente distri- buidos por todas as classes e bem acceites pela sua leitura facil e atra- hente. Esta bibliotheca acaba de publicar o volume cujo titulo encima esta noticia, e que é sem duvida um dos mais interessantes por conden- sar todos os informes uteis ao pescador e piscicultor ácerca das es- pecies de peixes e crustaceos mais frequentes nas aguas dôces, illuci- dando sobre os seus habitos e processos de pesca, o que é de grande uti- lidade pela maneira concisa e pratica como é feito. Torna-se por isto um livro indispensavel a todo o pescador, e, como a maior parte das es- pecies indicadas vivem nas nossas aguas, não julgamos inutilidade re- commendal-o aos nossos amadores de pesca. O snr. Dubois começa por referir-se ao estado actual da pesca á linha em França cuja situação tem sião muito melhorada pelas cem so- ciedades de pesca que ha distribuidas por todo o paiz, e cujos fins utílis- simos, velar pelo cumprimento das leis sobre pesca, entre outros, estão produzindo os mais beneficos resultados. Na segunda parte — cultura das aguas — dá o seu auctor uma resu- mida noticia em que demonstra as vantagens que resultam da cultura das aguas, das quaes o estado já tira annualmente a somma de 950.000 francos pelo arrendamento dos 3397 lotes em que dividiu os cursos d'a- gua navegaveis e os canaes, o que pouco é comparado com a Inglaterra que tira em menor area 15 milhões de francos. À situação porém das aguas cultivadas deixa ainda muito a desejar em França, como o prova a enorme importação de peixes que lhe fornece a Alleihanha (800.000 trutas e ecrevisses), a Italia (300.000 trutas e en- guias) e a Inglaterra (900.000 trutas e salmões). Só para a Inglaterra calcula o snr. Dubois que a França em troca do seu peixe lhe envia 18 milhões de francos. A França paga ao estrangeiro a enorme somma de 51 milhões de francos só pelo peixe de agua dôce que importa porque o 210 ANNAES DE SCIENCIAS NATURAES do mar satisfaz ás necessidades dos mercados. Só Paris paga annual- mente mais de 15 milhões de francos pelo peixe de agua dôce que im- porta. Em França o preço médio do kilometro de pesca em aguas nave- gavejs é de 76 francos, emquanto que em Inglaterra esse valor sobe a 2500 francos. E” claro que esta differença provém do estado de cultura das aguas que na Inglaterra é cuidadosamente feito. Referindo-se á cultura d'um hectare de terreno calcula o snr. Du- bois em 5o francos as despezas a fazer e em 342, go francos o rendi- mento ao fim de dois annos. Eis um resumo da memoria do snr. Dubois que é acompanhada de desenhos de quasi todos os peixes a que se refere. Philippe Dautzenhberg — LISTE DES MOLLUSQUES MARINS RECUEILLIS Á GRAN- VILLE ET Á SAINT-PAIR — Broch. in-8.º p., 19 pag. (Ext. do Journ. de Conchy!, n.º 1 Janv-1893). Comprehende esta lista 150 especies ou mais 65 especies do que as mencionadas nos catalogos publicados até essa data, o que constitue uma util contribuição para a fauna d'aquella região. O auctor descreve algumas variedades novas ex color e ex fóúrma. Considera egualmente a fórma stellata do Pectunculus glycimeris, como uma variedade e não como uma especie distincta, o que achamos mais correcto do que a criação de especies á custa de caracteres de valor muito secundario. Pb. Dantzenberg — MOLLUSQUES NOUVEAUX RECUEILLIS AU TONKIN PAR M. LE CAPITAINE EM. DORR ET DÉCRITS PAR) ET DESCRIPTION D'UN MOLLUSe QUE NOUVEAU PROVENANT DU CONGO FRANÇAIS — Broch, in-8.º p. 11 pag' et 2 pl. (Ext. Journ. de Conchal, n.º 3 Juillet-1893). Do Tonkin são descriptas 8 especies novas: Ennea calva, E. ato- maria, Streptaxis (Eustreptaxis) Dorri, Xesta unilineata, Macrochlan- ris tenuigranosa, Microcystis Mirmido, Kaliella Haiphongensis e Pu- pina Dorri; do Congo francez é dada a descripção do Spatha sorru- gata, Ph. Dautzenberg — DESCRIPTION D'UN PERIDERIS NOUVEAU PROVENANT DU DAHOMEY — DESCRIPTION D'UNE NOUVELLE ESPECE DU GENRE LITTORINA PROVENANT DES CÔTES DE LA TUNISIE. Broch. in-8.º p. 6 pag. et 1 pl. (Ext. du Journ. de Conch, n.º 1 Janv. 1893). É do Perideris auripigmentum, Reeve, que a nova especie P. Lechatelieri mais se approxima, da qual se destingue todavia por alguns caracteres tirados da fórma e da côr. sed BIBLIOGRAPHIA 211 A Littorina Nervillei, da Tunisia, é pelo auctor considerada como proxima da L. functata, Gmelim pela sua côr, emquanto que pela fórma se assimelha um pouco á Littorina tenebrosa, Montagu (L. ru- dis, var tenebrosa) do Oceano Atlantico. Ph. Dautzenherg — MOLLUSQUES MARINS DE SAINT-JEAN-DE-LUZ — Broch, in-8.º gr. 2 pag. (Ext. Mem. Soc. Zocl. de France, tome vi, 1894). Enumeração das especies recolhidas vivas por dragagem effe- ctuada pelo snr. Chevreux no seu yacht Melita, entre as quaes ha al- gumas especies dos mares quentes, como — Ringicula conformis, e Jas gonia reticulata. Ph. Daufzenberg — DESCRIPTION D'UN HÉLICIEN NOUVEAU PROVENANT DE LA CÔTE OCCIDENTALE DU MARROC = Broch. in-8.º gr. 2 pag. et 3 fig. (Ext. du Bull. Soc. Zool. de France, t. xIx-1894.) O auctor descreve o Helix (Jacosta) Renati, recolhido em Ouali- diya pelo commandante René Schlumberger chefe da Missão militar franceza em Marrocos. Ph. Davtzenherg = LISTE DES MOLLUSQUES TERRESTRES ET FLUVIATILES RE- CUEILLIS PAR M. TH. .BARROIS EN PALESTINE ET EN SYRiE. Broch, in-8.º gr. 25 pag. el fig. (Ext. Rev. Biol. du nord de la France, t. Vl, 1893- 94). Não obstante ter já sido estudada por aiguns naturalistas a fauna malacologica da Syria e da Palestina, não havia ainda uma monographia tão completa em synonimia e outras informações como a que este dis- tincto naturalista acaba de publicar. Quatro especies novas vieram en- riquecer aquella fauna, graças ás investigações do professor Barrois; são ellas: Planorbis homsensis, Pyrgula Barroisi, Bithinella contempta e B. Praalmy É uma memoria bem feita e que constituirá uma util contribuição para os naturalistas que estudam a fauna d'aquella região. ASR INDICE Dr. B. MACHADO . .— As sciencias naturaes, pag. 1. EDWIN JouNsTON. .— Esboço d'um calendario da flora dos arredores do Porto, (Est. 1 e II), pag. 5, 84, 127 e 181. AucustO NOBRE . .— Observações sobre o systenia nervoso e affinidades zooloricas de alguns pulmonados terrestres, (Est. JL, XL e XIW, pago 17,75 é 197%. W. G Tar . . .«— Aves de Portugal, pag. 21, 67, 115 e 187. ALBERT. A. GIRARD .— Note sur une poisson-lune, pag. 31. Dr. Lopes VigIRA .— Contribution à Vétude des poissons d'eau douce du Portugal d'aprês la collection du Musée de Zoo- logie de "Université de Coimbra, pag. 52. Dr. Lopes VigIRA .— Sur les meurs du Petromyzon marinus, Linn. et du P. fAluviatilis, Linn., (Est. IV), pag. 79. Augusto NOBRE . .— Sur la faune malacolosique des iles de S. Thomé et de Madêre, (Est.- V), pag. 91, 141. W. CG Tar . . .—0Q mimetismo nos insectos americanos, pag. 101. Dr. LoPpES VigiRA .— Etude can du squelellet du chien et du loup, pag. 109. Augusto NOBRE . .— Nota ácerca do habitat da « Vipera berus» L. em Portugal, pag. 123. GOLTZ DE CARVALHO. — Sobre um caso teratologico do Portunus puber, pag. 125. AUGUSTO NOBRE .. .— Contribuições para a malacologia portugueza, pag. 135. Dr. Lopes VigiRA .— Contribution à Vichlhyologie marilime, (Est. VI), pag. 13%, ADOLPHO F. MOLLER.— Uma excursão à serra de S. Gregorio, pag. 145. Augusto NOBRE . .— Estudos sobre a fauna aquatica dos rios do norte de Portugal, pag. 151. EDWIN J. JonNsTON.— Carex Duria, Steudel, (Est. VII), pag. 158. AUGUSTO NOBRE . .-— Descripção d'uma nova especie de Vaginula de Angola, (Est. VIII), pag. 160. Dr. Lopes VigIBA .— Note sur le Lepidopus argenteus, Bonal. vel cauda- latus, Giintb, (Est, IX e X), pag. 165. AUGUSTO NOBRE . .— Subsídios para a fauna melacologica do archipelago de Cabo Verde, pag. 168. E Dr. Lopes VigIRA .— Preparações esqueleticas no Museu da Universidade de Coimbra, pag. 173. EDWIN J. JOHNSTON — Esboço d'um Calendario da Flora dos arredores do Porto, pag. 181. Wit Tam so COR Aves de"Poriucal pags ST, GOLTZ DE CARVALHO. — À pesca em Buarcos, pag. 193. Notas e communicações : ADOLPHO F. MOLLER.— Subsidios para a fauna de Portugal, dl; Notas so- bre a fauna do Suajo, 42; Notas zoologicas, 95; Esponjas de S. Thomé, 202; Achatina bicarinata, 203; Habitat de Chioglossa lusitanica, 203; Aranhas de S. Thonié, 204; Reptis de Castro Laboreiro, 204. A. DOS REIS JUNIOR. — Cinclus aqualicus, 41. ; É AucUsTO NOBRE. — Narcissus cyclamineus, 45; Projecto de uma estação zoologica em Cascaes, 47; Peixes da Povoa de Varzim, 96; Revista aquicola, 202; Estabelecimentos de Piscicultura na Suecia, 204; Congresso scientifico, 205; Uma nova doença da vinha, 205. BALDAQUE DA SILVA. — A piscicultura em Portugal, 45. CarLOS PIMENTEL. — À piscicullura, 34. W. U. Tarr. — Habitat de Chioglossa lusitanica, Barhosa do Bocage, 96, Necrologia : Pedro Arthur Morelet por Alb. A. Girard, 49. Bibliographia: Pag. 98 e 162. o “ = eai o ad SR e ea Se ; a. : ; 'D “d 'SNHANVOS OIDUNAS—G “To VRINdUNA SITVKO—[ ouod “JON 3 98241000 dijoya 2 *Bojoud TA + ET) sie asda SUE e siraeEs ES Espsta roer Ei h Hi E CER adm pr. E ES ESq=cÃa pimeuop 8 “HAXVE 'SOUNINV'IDAD SASSIDUYN OWOd “OJOxDA X 2B24Noo *díjojoyg 2 “Bojoud Ferra Co' . e a agp ANN. DE SC. NaT., vol. I. 1894 Esr. III Photog. e Phototyp. Courrege & Peixoto, Porto ARION LUSITANICUS, MABILLE | | ANN. DE Su NiT —YVOL | qn | N VULAAA | MN th gr di Ei BETRENAAL Petro nyz9n marinus, L. I, 1801 Petromyzon fluviatilis, L. Photog EsT. Petromyzon marinus, L. IV e Phototyp. Courre e & Peixoto, Porto me ANN. DE Sc. NAT.—YVOL. I, 1891. EsT. V ' e - o 3) tos Photog e Phototyp. Courreze & Peixoto, Porto. Mollusques des iles de S. Thomé et de Madére ANN. DE Sc Nat. — VoL. I, 1894 — PORTO EsT. VI Courrege Junior, Photh. — Porto CarEx DURLAI, S'cudel OLHO] — "UJ0Y] “101UN[ 9B211005 S0OJBNg 4 omod UOSSIOA NA “LSH "OLHOd — POST “TI "TOA — *LYN “DS HG NNY E ANN. DE Sc. NAT. — VOL. T, 1894 — PORTO Esr. VIII Aug. Nobre. del. Bjs Courrege Junior, Photh — Porto VAGINULA SIMROTHI, nov sp. ANN. DE Sc. NAT, — VOL. I, 1894. Est. 1X * ANN. DE Sc. NAT. — VoL. I, 1894. EsT. X iii A. RO 4 “a pedi” Y NA Rica Fal BE, NE TA is q : PC ENT | à Tolo “115 á WE Est. XI Ann. de Sc. Nat. —Vol. 1 1894 Aug. Nobre, des. Ann. de Sc. Nat. —Vol. 1 1894 SROO s Aug. Nobre, des. Primeiro anno—n.º À [à,1oM, Janeiro de 1894 ANNAES DE SCIENCIAS NATURÃES PUBLICADOS POR AUGUSTO NOBRE Naturalista adjunto ao Laboratorio de Zoologia da Academia Polytechnica, Director da Estação Aquicola do Rio Ave e Socio correspondente da Academia Real das Sciencias de Lisboa Dr. Bernardino “Edwin Johnston Augusto Nobre W.. CG. Tail Albert. A, Girard *SUMMÁRIO Machado A: sciencius nulurdes. Esboço de wm cal ndario da flora dos dos arredores do Porto. Observações sobre o systema nervoso e ulfinidades zoologieas de alguns pul-nonados terrestres, Aves de Portugal. Xote sur um Poison-l une, NOTAS E COMMUNICAÇÕES : € rlos Pimentel Adolpho Moller Alves dos Reis Junior Adolpho Moller A. N. Baldaque da Silva Augusto Nobre Albert. A. Girard ESTAMPAS : A piscicultura. Subsidios para « fuuna de Portugal. Cinclus aquaticus. Notas - sobre w fauna do Sujo. Narcissus cyceluminens. A Pescicul ura em Porlugal. : Esteio soubogica em Cascaes. A thur Morelet. “41, Flora dos arredores do Porto: Oxilis purpurea ; Senecio scundens. “M. Flora dos arredores do Porto: Nurcissus cyelumineus, “MI Arion tusitanicus, Mabille. 1 POR ROTA YPOGRAPHIA OCCIDENTAL 80, Rua da Fabrica, 80 1894 Vê » ”. É Aos gs pç cit A que UE RE Primeiro mon" 2 Aide Ga AININA ES SOLENCIAS NATURAES 13,4 6 Ro AUGUSTO NOBRE Naturalista adjuncto ao Laboratorio de Zoologia da Academia Polytechnica do Porto Director da Estação Aquicola do Rio Ave Socio correspondente da Academia Real das Sciencias de Lisboa SUMMARIO Dr. Lopes Vieira Contribution à Vétude des poissons deau dowce du Portugal, daprês la collection du Musée de Zoologie de PUniversité de Coimbra. Mat. Tait Aves de Portugal. Augusto Nobre Observações sobre o systema nervoso e afinidades zoologicas de alguns pulmonados terrestres. Dr. Lopes Vieira Sur les meurs du Pelromyzon ma- rinus, Linn., et du Petromyzon, fluviatilis, Linn. Edwin J. Johnston Esboço de um calendario da flora dos arredores do Porto. Augusto Nobre Sur la fanne mulacologique des iles de S. Thomé et de Mudêre. NOTAS E COMMUNICAÇÕES : Adolpho F. Moller Notas zoologicas, W. €. Tait Habital de Chioglossa lusitanica, Bo- cage. Augusto Nobre Peixes da Povoa de Varzim. BIBLIOGRAPHIA, ESTAMPAS : £ IV, — Petromyzon marinus, L.; Petromyzon fluviatitis, L, Y. — Mollusques des iles de 8 , Thomé et de Madeêre. A Acabado de imprimir a 12 de abril. PORTO — Typographia Occidêntal ia O Primeiro anno— n.º à Julho de 1894 LABORATORIO BIOLOGICO DA FOZ DO DOURO ANNAÃES DE SCIENCIAS NATURÃES PUBLICADOS POR AUGUSTO NOBRE SUMMARIO Ms Cos Lalbo pe sedes —0O mimetismo nos insectos americanos. Dr. Lopes Vieira . .—Elude comparative du squelette du Chien et du Loup. E DE O LEE a — Aves de Porlugal. - Augusto Nobre . . .—Nota ácerci do habitut da «Vipera berus», L. em Portugal A. Goltz de Carvalho. — Sobre um caso teratologico do « Portunus puber». Edwin J. Johnston .—Esboço de um calendario dt flora dos arredores do Porto. Augusto Nobre . . .—Countribuições para a malacologia portugueza. - Dr. Lopes Vieira . .—Contribulion à Vétude de Vichthyvlogie mariinme. Augusto Nobre . . .—Sur la faune malacologique des tiles de S. Thomé el de Madêre. Adolpho F. Moller .— Uma excursão à serra de S. Gregorio. Augusto Nobre . . .—LEstudos sobre a fuuna aquatica dos rios do norte de Portugal. Edwin J. Johnston .—Carex Duricei, Steudel. Augusto Nobre... . ..—Descripção d'uma nova especie de Vaginula de Angola. BIBLIOGRAPHIA, ESTAMPAS: PvI Carex Durixi, Steudel. “VII Poisson capluré à Buarcos. Past Vaginula Simrolhi, nov. sp. Acabado de imprimir a 21 de julho PORTO — Typographia Occidental Et 1 ES E SPEA SE VE SID DEN CE GRE UR (SEE RD di VR SD ca 1 ERRA, aa RE 1 O NDA ) E. o 1 de E nc qi Eat : a Librairie C. REINWALD & (:º, 15, rue des Saints-Pires, Paris ALARASU UUL O a Viennent de paraitre: ro LES FORMES DES ANIMAUX LEUR DÉBUT, LEUR SUITE, LEUR LIAISON La nature va du simple au complexe; elle pro- cêde au moyen d'une différenciation morphologi- que, continue et progressive, liée à la division du travail physiologique. (Principe fondamental, d'aprês H. MiLnE-EDwaRDS). LEMBRYOLOGIE COMPARÉE Le D' Louis ROULE LAURÉAT DE L'INSTITUT (GRAND PRIX DES SCIENCES PHYSIQUES), PROFESSEUR A LA FACULTÉ DES SCIENCES DE TOULOUSE Un volume grand in-8 de xxvi-1162 pages, orné de 1014 figures dans le texte et d'un RoRtIaniCE en couleur. Cartonné à Vanglaise. .. RE 8º fr. TRAIFÉ PHYSIOLOGIE HUMAINE COMPRENANT VHistologie et YAnatomie microscopique et les principales applications. A LA DE PRATIQUE Par L. LANDOIS Professeur de Physiologie et Directeur de W'Institut physiologique de [Université de Greifswald TRADUIT SUR LA SEPTIÊME ÉDITION ALLEMANDE Par G. MOQUIN-TANDON Professeur de Zoologie et d'Anatomie comparée à la Faculté des Sejences de Toulouse pa Un volume grand in-8º, orné de 356 puts dans le texte, Cartonné à Vanglaise. 32 fr. E ” à ag ERR as ES = E DEE E Primeiro anno-—n.º 4 Outubro de 1894 ló, 06 df LABORATORIO BIOLOGICO DA FOZ DO DOURO ANNAES à EA DE ' “PUBLICADOS E POR A “AUGUSTO NOBRE E aa ? ER SUMMARIO ps Dr, Lopes Vieira. .— Note sur RobepiopuS argenteus, Bonat. vel caudatus, o Gunth. é “Augusto Nobre. . .— Subsidios para a fauna malacologica do archipelago BE 4 ; de Cubo Verde. ae Dr. Lopes Vieira.. .— Preparações esqueleticas no Museu da Universidade ão de Coimbra. bs Edwin J. Johnston". — Esboço de um calendario da flora dos arredores do ás , Porto. e E to Re A: co de Carvalho— A pesca em Buarcos. é pe W. C. Tait. . . .— Aves de Portugal. | ca ; Aedo “Nobro: - — Observações sobre o systema nervoso e afinidades ei zoologicas de dedo pulmonados terrestres. da NOTAS E COMMUNICAÇÕES : ae AR a + Memsta aquicola. so “A. F. Moller . - .— Esponjas de S. Thomé — Achatina bicarinata.— Ha- A a ; “ bital da Chioglossa lusitanica. —Aranhas da gs E ilha de S. Thomé. —Reptig da Serra de Castro “Aos snrs. assignantes que ainda não satisfizeram a importancia aee suas assiêna tias roga-se q Sie. PORTO — T'ypographia Occidental Ú rar G É q bd, Ou Laboreiro. . E AN. 2. -— Estabelecimentos de Piscicultura na Suecia. —Con- o gresso scientifico.—Uma nova doença da vinha. a BABLIOGRAPHIA. | | o) E Ê a . a] - 78 ESTAMPAS : Fá - O E o 4 o E y .. . à “IXeX. ... .— Lepidopus argenteus, vel caudatus, Gúnth, E PXL OS... < .«— Systema nervoso de Heliz aspersa, L. rea bd Boo O a Organisação de Plutonia atlantica, Mor. et Drouet, Ea E a E = Es Acabado de imprimir a $ de novembro q gE + Se s vo : — ) Ed ie a (o) sp Ea) [o Ea 4 À “ — [ Mo PÇA, rault. Montpellier. Nimes. Universita di Torino. Torino. paign, Illinois. - Cambridge U. S. A. : “ Compte rendu des Séances da la Société de Physigue et d'Histoire Natuwrelle de Genêve. Genêve. = “ Napoli. PUBLICAÇÕES QUE TROCAM COM os ANNAES DE SCIENCIAS NE Ec Pica Saio ti q ro Fevereiro a Outnbro de 1894 Annalen des K. K. Naturhistorischen Hofmuseums. Wien. Annales de la Société d'Horticulture et d' Histoire Naturelle e pv e Annali del Museo Cívico di Storia Naturale di Genova, Genova. Archives du Musée Teyler. Haarlem. Ê Atti del” Academia Pontificia de” Nuovi Lincei. Roma. e Atti del Museo Civico di Storia Naturale di Trieste. Trieste. Atti della Societã Italiana di Scienze Naturalti, Milano. k Atti della Societã Toscana di Scienzi Naturali. Bergens Museum Aarbog. Bergen. * Biological Society. Washington. E Boletim da Sociedade Broteriana. Coimbra. e Boletim da Sociedade de Geographia. Lisboa. Boletim da Sociedade Martins Sarmento. Guimarães. Botetin de la Real Academia de Ciencias y Artes de Barcelona. Bulletin de la/ Société Belge de Microscopie. Bruxelles. Bultetin de la Société Central d' Aquiculture. Paris. 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DO Seb o, NAAS jon sas, Aa dy AP pe, ad do à nd A té a y E ad RE e TANDO Paio da LR ONÇA CS çà PAR SPOT tr , o: É é ARES e : PE e À a LEE Pd e oe RR er pedia Pagar OR POR RS aa a Ee ie GEP ação Era Ata ; ky + o 2 boat prn tag Jd os O al , E VAR 7 RS fo do ERAS DRT RR 2 MPACATS RR 6 a a cÊ MI