ARQUIVOS MUSEU NACIONAL Nimquan aliud natura sapienta dicit J. 14, 321 ín silvis academi qnoerere rerum, Quanquam Socraticis madet sermonibus Ladisl. Netto, ex Hor VUL. LV RIO BÉ JANEIRO Novembro de 1975 APRESENTAÇÃO Este volume dos Arquivos contém os trabalhos e os resumos ou títulos das comunicações apresentadas ao III ENCONTRO DOS MALACQLOGIS- TAS BRASILEIROS, em 1973. A reunião foi promovida pela Sociedade Brasileira de Malacologia com o apoio do Museu Nacional da Universidade Federai do Rio de Janeiro. A SHELL BRASIL S.A. (Petróleo) patrocinou o conclave, a exposição temporária sobre Conchas de Moluscos e a publicação do presente volume, cabendo a organização ao Professor Arnaldo Campos dos Santos Coelho, Coordenador da Sociedade Brasileira de Malacologia para a área do Rio de Janeiro, ARQUIVOS MUSEU NACIONAL Nunt|uan aliud natnra sapienta dicit J. 14, 321 In silvis academi qnoerere rerum. Quanqnam Socraticis madet sermonibus Ladisl. Netto, ex Hor VOL. LV 2 4 FFV *wr RIO DE JANEIRO Novembro de 1975 III ENCONTRO DOS MALACOLOGISTAS BRASILEIROS A Sociedade Brasileira de Malacoiogia foi fundada em 12 de julho de 1969, com os objetivos de: congregar os especialistas, profissionais e ama¬ dores; incentivar esse estudo e sua divulgação em todos os níveis culturais; tomar medidas para a preservação da fauna brasileira de moluscos e rea¬ lizar reuniões bi-anuais. A Sociedade promoveu os seguintes Encontros dos Malaeologistas Brasileiros: I — Juiz de Fora, MG, Universidade Federal de Juiz de Fora (1969); II — Vitória, ES (1971); III — Rio de Janeiro, RJ, Museu Nacional, UFRJ (1973) . De 5 a 7 de julho de 1973, a Coordenação do Rio de Janeiro realizou * o III Encontro com sede e apoio do Museu Nacional e o total patrocínio da SHELL BRASIL S.A. (Petróleo). Participaram trezentos especialistas, profissionais ou não e estudantes, destacando-se a delegação uruguaia, inclusive com a presença do Diretor do Museo Nacional de Historia Natural e Presidente da Soeiedad Malacológica dei Uruguay, Dr. Miguel A. Kiappenbach. Foram realizadas duas Sessões Plenárias e seis Sessões Ordinárias Científicas, com a apresentação de seis conferências e vinte e duas comunicações. EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA: CONCHAS DE MOLUSCOS Ao ensejo do III Encontro dos Malacologistas Brasileiros, foi inaugurada uma luxuosa exposição temporária, organizada em moldes e técnicas modernas de comunicação, disposta em três salas, ocupando a ala direita do pavimento térreo do edifício do Museu Nacional. ORGANIZAÇÃO' Patrocínio: SHELL BRASIL S,A. (Petróleo) Roteiro, Coordenação e Orientação: Arnaldo C. dos Santos Coelho Projeto e Execução: Irenio Maia e equipe Colaboração Geral: Renato Lima e Yeda Machado. Borges Paleontologia: Fausto Luiz de Souza Cunha e Cândido Simões Ferreira Aquários e Terrários: Pedro Jurberg e Luiz Carlos de Figueiredo Alvarenga Conchas do Rio de Janeiro: Arnaldo C. dos Santos Coelho Diorama — Conchas do Brasil: Luiz Correia de Araújo v Expressão Cultural: Geraldo Pitaguary, Irenio Maia, Joeny Mercadante e Arnaldo C. dos Santos Coelho Cessão e Empréstimo de Material: Departamentos de Antropologia, de Inverte¬ brados e de Paleontologia do Museu Nacional, Luiz Roberto Tostes, Luiz Correia de Araújo e Arnaldo C. dos Santos Coelho ÍNDICE Apresentação ........ 5 III Encontro dos Malacologistas Brasileiros ... 7 Exposição Temporária: Conchas de Moluscos . 9 BARROS-AR.AUJO, J.L. DE Superfamília Bulimuloidea do Brasil. Amphibulimidae: Simpulopsis ovctta (Sowerby, 1822) (Mollusca, Gastropoda, Pulmonata) .... . 15 BARROS-ARAUJO, J.L. DE Superfamília Bulimuloidea do Brasil. Odontostomidae: confirmação da validade de Anostoma ringens (Linnaeus, 1758), com um estudo morfológico complementar (Molus- ea, Gastropoda, Pulmonata) . 21 COELHO, A.C.S. & BARROS-ARAUJO, J.L. DE *• ■Superfamília Bulimuloidea do Brasil. Bulimulidae; Euáolichoíis laceria (Pfeiffer, 1855) (Mollusca, Gastropoda, Pulmonata) .. 29 COELHO, A.C.S. & CAMPOS, D.R.B. Contribuições ao conhecimento dos moluscos do Rio de Janeiro, Brasil. 1 — Bivalvia, Fteriomorphia, Arcoida, Arcoidea ... 35 CUNHA, F.L.S. & COELHO, A.C.S. Considerações sobre a ocorrência de moluscos gastrópodes na jazida fossilífera pleis- tocênica do Olho d’Água da Escada, Mossoró, RN, Brasil .. 59 GOMES, P.A.C.; NUERNBERG, S.; PIMENTEL NETO, M.; OLIVEIRA, G.P.; REZENDE, H.E.B.; BARROS-ARAUJO, J.L. & MELLO, R.P. Biologia da Lymnaea columella Say, 1817 (Mollusca, Gastropoda, Basommatophora, Lymnaeidae) ...... 67 JURBERG, P. & ALVARENGA, L.C.F. Sistema fechado de aquário marinho para exposição pública . 71? KLAPPENBACH, M.A. El género Amygãalum Megerle von Mühlfeld, 1811 (Mollusca, Pelecypoda: Mytilidae) en aguas brasilenas..... 75 LEME, J.L.M. Ensaios fílogenéticog em Pulmonata e sua importância na nova conceituação da su- perfamília Strophocheiloidea (Gastropoda, Stylommatophora) . 79 MATTHEWS, H.R.; COELHO, A.C.S.; CARDOSO, P.S. & KEMPF, M. Notas sobre a família Terebridae no Brasil (Mollusca, Gastropoda) .. 85. PARAENSE, W.L. Estado atual da sistemática dos planorbídeos brasileiros (Mollusca, Gastropoda) .. 105 REZENDE, H.E.B. Superfamília Bulimuloidea do Brasil. Bulimulidae: Drymaeus papyraceus (Mawe, 1823) (Mollusca, Gastropoda, Pulmonata) . 129 THOMÉ, J.W. Distensão de moluscos terrestres para fixação, com comentários sobre coleta e transporte (Nota prévia) .. 153 THOMÉ, J.W. Estado atual da sistemática dos Veronicelídeos americanos (Mollusca, Gastropoda) 155 TINO CO, I.M. Estabelecimento e desenvolvimento da província biogeográfiea das índias Ocidentais 167 COMUNICAÇÕES BONFATTI, I.D. Aspectos histológicos sobre Strophocheilus Spix, 1827 (Gastropoda, Pulmonata, Sty¬ lommatophora, Strophocheilidae) . 173 COELHO, A.C.S. & CAMPOS, D.R.B. Contribuições ao conhecimento dos moluscos do Rio de Janeiro, Brasil, 2 — Bivalvia, Palaeotaxodonta, Nuculoida, Nuculoidea e Nuculanoidea. 175 COELHO, A.C.S. & JURBERG, P. Moluscos marinhos brasileiros utilizados na alimentação humana e em outras aplica¬ ções...... 175 CUNHA, D.F. Estudos bibliométricos e planejamento de aquisições ....... 175 GOMES, C.M.B. Resultados das dragagens do N. Oc. “Almirante Saldanha” nas 2. a e 3. a etapas da GEOMAR VI — Moluscos ....... 175 LEME, J.L.M. Uma nova espécie de Gonyostomus da ilha dos Búzios, São Paulo, Brasil. (Gastropoda, Strophocheilidae) . ...... 174 LEME, J.L.M. A fauna malacológica do material recolhido pela Missão Arqueológica Franco-Brasi¬ leira, em Lagoa Santa, Minas Gerais..... 174 LEME, J.L.M. & SANDOVAL, G.J. Ensaios histoquímíeos em Megalo&ulimus paranaguensis (Gastropoda, Pulmonata) . 175 MACEDO, A.C.M. Os sedimentos associados à malacofauna: seu valor geológico. 174 MATTHEWS, H.R. & KEMPF, M. Malacofauna dos fundos de lama do nordeste do Brasil. 175 PARANAGUÁ, M.N. Desenvolvimento dos estudos sobre Mytella falcata^Mytella charruana (Bivalvia, My- tilidae). 174 REZENDE, COELHO, A.C.S.; IN ADA, T. & LANZIERI, P.D, Superfamília Bulimuloidea do Brasil. Bulimulidae: Pseuâoxychona spiritualis (Ihe- ring, 1912) (Mollusca, Gastropoda, Pulmonata). 175 SCARABINO, V. Adiciones a la fauna de Scaphopoda dei Atlântico Sudoccidental, I. Una nueva es- pecie dei género Pulseüum . 173 Arq. Mus. nac., RJ /v, 55/ nov. 1975 SUPERFAMÍLIA BULIMULOIDEA DO BRASIL. AMPHIBULIMIDAE: SIMPULOPSIS OVATA (SOWERBY, 1822) (MOIXUSCA, Cr ASTRO PODA, PULMONATÀ) - {}) (Com 15 figuras) J. L. B-ARROS-ARAUJO (-) Instituto dé Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro 11 aguai. R J Estamos considerando com prioridade a re¬ ferência Simpulopsis, ovata (Sowerby), com base no Artigo 24, do International Code of Zoologi- cal Nomenclature (1961), uma Tez que as indi¬ cações de BECK (1837) e de REEVE (1842) não constituíram trabalhos de revisão e que PILS- BRY (1899) ao mencionar o problema optou pela indicação S. [ impulopsis ] obtusa (Sowerby) com base em Pfeiffer, Entretanto verificamos que a indicação de PFEIFFER (1848: 511) para V. [Urina] obtusa “(Succinea)” Sowerby é consi¬ derada pelo próprio PXLSBRY (1899: 215) na si- nonímia de S. [ impulopsis ] brasiliensis (Mori- cand). REEVE (1842) e PILSBRY (1899) reprodu¬ ziram as figuras de SOWERBY (1822) . A indi¬ cação de REEVE (1862), pelo aspecto da figura e por referir-se no testo a Heiix brasiliensis Morieand, tratou efetivamente de outra es¬ pécie . Simpulopsis ovata (Sowerby, 1822) (Figs. 1-15) Succinea ovata Sowerby. 1822, pt. 9, 2. a p. não numerada do texto Succinea. Succinea obtusa Sowerby, 1822, pl. 172, fig. 2, nome e figura. Simpulopsis obtusa (Sow.): Beck, 1837: 100. Succinea obtusa Sowerby: Reeve, 1842: 89, pl. 180, fig. 2. (1) Trabalho realizado com auxílio do Conselho Nacional dc Pesquisas, nos Laboratórios de Zoologia Médica e Parasitoiogia do Departamento de Biologia Animal Instituto dc Biologia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e de Malacologia do Departamento do Invertebrados. Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, (2) Fim regime de Dedicação Exclusiva, COPERTIDE, U.F.R.R.J, Simpulopsis obtusa : Reeve, 1862, pl. 2, sp. 14, não S. obtusa (Sowerby) . S. [ impulopsis ] obtusa (Sowerby) : Pilsbry, 1899: 216, pL 64, figs. 86-87. Succinea Cbtusa Sowerby, 1822: Sherborn, 1929: 4508. Simpulopsis obtusa (Sow.) “Beck”: Sherborn, 1929: 4503. Simpulopsis (Simpulopsis) obtusa (Sowerby, 1820 ou 1822): Morretes, 1949: 162. MÉTODOS As técnicas de estudo utilizadas foram as descritas em BARROS-ARAÚJO (1971) . MATERIAL Depositado no Museu Nacional, Rio de Ja¬ neiro, RJ: cinco conchas de exemplares adul¬ tos e uma concha de indivíduo jovem, proce¬ dentes de Taquara, Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro, colecionados por E. Izecksohn, em II/ 1953 (M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 8055); 1 exemplar completo colecionado em Piãs, Ita¬ tiaia, Município de Rezende, Estado do Rio de Janeiro, a 750 rn de altitude, por R. Barth (M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 7846); 1 exem¬ plar completo colecionado em Itatiaia, a 800 m de altitude, por R. Barth, em 21/11/1959 (Col. Mol. H. S. Lopes n.° 7873); 1 exemplar com¬ pleto, colecionado na área da sede ao Parque Nacional das Agulhas Negras, em Itatiaia, a 830 m de altitude, por R. Barth, em 11/1960 (M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 7845); 1 exemplar completo, colecionado no Sumaré, Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, por J. cker e O. Leoncini, em 29/X/1967 (Col. Mpíi M. N. n.° 3556);. 1 exemplar completo, eoIeqí|. L 16 J. L. BARROS-ARAÚJO nado em Rio Bonito, Itatiaia, a 1500 m de alti¬ tude, por R. Barth, em 1/1959 (M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 7876) . 1 cm Figura I — Concha RADULA (Fig. 2): com aproximadamente 40 dentes de cada lado da fileira central. Os dentes têm a forma geral retangular, com o maior lado rio sentido longitudinal e dispostos em fileiras obliquas ã fileira central. O dente central é simétrico, com base ligeiramente es- treitada em. sua metade. Possui uma cúspide central estendendo-se da parte média até pouco antes do bordo inferior. Na parte superior exis¬ tem duas cúspides bem desenvolvidas e colo¬ cadas opostamente. Cada uma delas tem três prolongamentos no sentido inferior. O prolon¬ gamento que se situa mais medialmente é maior e mais longo; o intermediário é sempre mais re¬ duzido e o mais lateral é dirigido, mais ou menos, obliquamente ao eixo maior do dente. Todos os demais dentes têm uma cúspide no bordo late¬ ral superior igual à correspondente do dente da fileira central. Os dentes têm tamanho aproxi¬ madamente igual, com uma redução perceptí¬ vel a partir do 33.° dente, mas conservando de modo geral todos os caracteres dos dentes ante¬ riores. A cúspide mediana possui a partir dos primeiros dentes uma expansão no ângulo pos¬ terior interno, que em alguns dentes é mais pro¬ nunciada . CONCHA (Fig. 1): globosa, com cerca de 3 1/2 voltas, aumentando fortemente seu di⬠metro em cada uma delas, com 8 mm de altura e 14,4 mm de largura na última volta. Ampla volta corporal, bastante projetada, com abertu¬ ra oblíqua (9,4 mm por 9,7 mm) e perístoma não revirado. De consistência muito delgada e frágil, deformando-se facilmente sem se que¬ brar. Linhas de crescimento bem evidenciadas na volta corporal. De coloração variando entre o amarelo âmbar ao castanho claro, mostrando às vezes um leve tom esverdeado. Protoconcha finamente ponteada. 21 Figura 2 — Rádula MANDÍBULA (Fig. 3): lâmina delgada, pouco quitinizada, com placas levemente demar¬ cadas. Apenas o bordo anterior apresenta-se um pouco mais quitinizado e cortante. CÂMARA PALIAL (Figs. 4 e 5) : ampla, com o bordo columelar, onde vemos o trajeto da por¬ ção final do sistema digestivo e o ureter secun¬ dário, bem curto, em face da amplitude da volta corporal. Da mesma maneira, a veia pulmonar estende-se paralela e próxima a ele, até a de¬ sembocadura na aurícula. Desta maneira os va¬ sos do seu lado direito são curtos e delgados. Os SUPERFAMÍLIA BULI MU LO IDEA DO BRASIL (SIMPULOPSIS OVA TA) 17 vasos do lado esquerdo da veia pulmonar são mais longos, embora em número reduzido. Na sua superfície existe unia pigmentação distri¬ buída -em áreas, predominante no lado direito da veia pulmonar. C colar do manto é espesso, tendo na sua face externa um sulco em toda a extensão. Figura fi — Vista dorsal do sistema genital e parte do sis¬ tema digestivo. APARELHO GENITAL OVOTESTE (Pig. 8): constituído por um grupo de folículos, incluído no hepatopâncreas, próximo ao estômago. Seus canais convergem para um canal comum, desembocando todos no mesmo ponto. VESÍCULA SEMINAL (Figs. 6 -e 7): curta, sinuosa, mais volumosa em sua metade e colo¬ cada sobre o início do hepatopâncreas. GVISPERMODUTO (Figs. 7 e 9): o útero tem pregueamento bem marcado, iniciando-se baixo e tornando-se volumoso na altura do ponto inicial da próstata. Forma algumas sinuosida- des, no início e na altura de sua metade. O ca¬ nal da, espermateca, em sua porção mais desen¬ volvida, deixa sua impressão no início ao cruzar este órgão para tornar-se contíguo à próstata. A próstata (Fig. 7) é um órgão que se estende como uma lâmina na porção oposta ao preguea-. - mento do útero sendo mais alargada na sua porção distai, tem contíguo, o canal da esper¬ mateca que, ao cruzar o útero, encobrindo suas dobras, mantém-se preso fracamente à super¬ fície prostática por tecido conjuntivo. 18 j. I,. EARROS-ARAÚJO Figura 7 — Sistema genital Figura 9 -- Ovispermoduto Figura 10 — Canal da es- e canal da espermateca. permateca e espermateca. GLÂNDULA DE ALBUMINA (Figs. 6 e 7) : é curta, achatada no sentido lateral e ampla- mente aderida ao ovispermoduto. Figura 11 — Oviduto (início do pregueamento do útero). CANAL DA ESPERMATECA (Figs. 7, 9 e 10): é uma das principais características da espécie. Sua forma acompanha, em termos ge¬ rais, à de Simpulopsis citrino-vitrea (Moricand, 1836) conforme BARROS-ARAÚJO (1971) . Há uma redução brusca de calibre aproximadamente na sua metade, embora na espécie que estuda¬ mos neste trabalho, esta redução se faça de modo diferente. É um canal longo e calibroso, bem mais longo que o ovispermoduto, fato este evidente pelas sinuosidades que apresenta em suas primeiras porções. Sofre uma brusca re¬ dução no seu calibre, tendo como consequência, a sua metade final bem mais delgada. Grande parte do seu trajeto está acolado ao ovispermo- SUPERFAMÍLIA BULIMULOIDEA D’0 BRASIL (S1MPULOPSIS OVATA) 19 duto. Próximo de seu final, afasta-se dirigin¬ do-se para a parte inicial do hepatopâncreas, na face visceral do fundo da cavidade paliai, onde se localiza a espermateca. Esta é muito pouco desenvolvida, constituindo-se como uma ligeira dilatação do canal da espermateca, mas de paredes espessas. A vagina é longa, de luz ampla, seu limite posterior é claramente mar¬ cado pela redução forte de sua luz. correspon¬ dendo ao início do canal da espermateca. deferente, que se prende fracamente por tecido conjuntivo. A bainha muscular é ausente. Pou¬ co antes de notarmos um aumento acentuado da porção peniana e que corresponde ao início da região fálica, existe um espessamento da pa¬ rede do órgão que se mostra como duas porções colocadas frente a frente e que constitui o epi- falo. Antes dela, o órgão é tubular com luz bem evidente mas não muito ampla até o ponto onde existe a desembocadura do canal deferente. Figura 14 — Flagelo e músculo retrator do pênis. 0,05 mm Figura 15 — Desembocadura do canal deferente. PÊNIS (Fig. 12) : o falo é uma região muito desenvolvida, com dobras que dão ao órgão um aspecto um tanto sinuoso e bastante caracte¬ rístico. Sua luz é ampla, mostrando dobras de revestimento interno que são presentes em toda extensão. Seu limite com o epifalo é nítido. Preso na sua face interna, está colocado o canal Preso, do mesmo modo que anteriormente, está o canal deferente, que é sempre delgado, até a sua desembocadura. O flagelo é longo e delgado, com luz desenvolvida e presente em toda a sua extensão, extremidade um pouco romba. Com inserção lateral, existe o músculo retrator do pênis, que é uma faixa relativa- J, L. BARROS-ARAÚJO W mente desenvolvida em sua inserção no flagelo, mas que, em sua Origem é delgado. Estende sua inserção ãté próximo à desempoeadura do ca¬ nal deferente. ; AGRADECIMENTOS Ao Raul Garcia pela execução do desenho da concha. ABREVIATURAS USADAS aa — abertura anal ab —- abertura bucal au — abertura uretral br — bulbo da rádula cd — canal deferente csp — canal da espermateca epf — epifalo fa — falo fl — flagelo ga — glândula de albumina md — mandíbula mr — músculo retrator do pênis pr — próstata sp — espermateca ut — útero vs — vesícula seminal REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BABROS-ARAUJO, J.L. de, 1971 — Sobre a morfo¬ logia de Simpulopsis citrino-vítrea (Morieand, 1836). Arq. Mus. Nac., 54:77-80. Rio de Janeiro. BECK, H.H., 1837 — Index Molluscorum ... Mus. Ch. FrecL .., 124 pp. Hafniae. (não consultado) MORRETES, F,L„ 1949 — Ensaio de Catálogo dos Moluscos do Brasil. Arq. Mus. Paran., 7 (1) :5-216. Curitiba. PFEIFFER, L., 1848 — Monographia Heliceorum Vi- ventium. 2, 594 pp. Lipsiae. PILSBRY, H.A., 1899 — in TRYON JR., G.W. & PILSBRY, H.A., Manual ©f Conchology. Second Series, 12, 258 pp., 64 pis. Phíladelphia. REEVE, L. t 1842 *— Conchoíogia Systematica, ... 2, 337 pp., pis. 130-300, London. REEVE, L.Á., 1862 — Monograph ©f the gentis Sim- pulopsis in Conchoíogia Iconica: ... 13, 4 pp. text., 2 pis. London. SHERBORN, C.D., 1929 — Index Animalium. Sectio ’ Secunda. 18:4451-4690. London. SOWERBY, G.B., 1820/1834 — The Genera of Recent and Fóssil Shells ... 2 vol., 267 pis. London. Arq. Mus, nac., RJ /v. 55/ nov, 1975 SUPERFAMÍLIA BULIMULOIDEA DO BRASIL, ODONTOSTOMID AE: CONFIRMAÇÃO DA VALIDADE DE ANOSTOMA RINGENS (LINNAEUS, 1758), COM UM ESTUDO MORFOLÓGIGO COMPLEMENTAR (MOLLUSCA, GASTROPODA, PULMONATA). (*) (Com 16 figuras) J. L. DE BARROS-ARAUJO ** Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio dc Janeiro Itaguai RJ Ao reunirmos a literatura sobre o gênero Anostoma Fisher von Waldheim, 1807 verifica¬ mos haver dúvidas no tratamento das espécies principalmente entre Anostoma ringens (Lin- naeus, 1758) e Anostoma depressum Lamarck, 1822. LINNAEUS (1758: 769) descreveu Helix rin¬ gens indicando as ilustrações “Bonan. recr. 3 t. 330 ” e “Argenv. Conch. t. 32 f. 13”. GMELIN (1791: 3618) ao referir-se à espécie apresentou as indicações: “Mull. hist. ver. 2, p. 17. n. 216”; “List. conch. t. 99. f. 100”; “Favan. conch. t. 63. f. F 10”; “Chem. conch. 9. T. 109. f. 919. 920”; “v. Born. mus. Caes. Vindob. test, t. 14. f. 11. 12”; repete “Bonan”, e reti¬ ficou “Argenv. conch. t. 28. f. 13. 14”. LA’ MARCK (1822: 101) e DESHAYES & MILNE EDWARDS (1838: 152), respectivamente, ao des¬ crever e ao referirem Anostoma depressum uti¬ lizaram, entre outras, aquelas indicações como básicas. HANLEY (1855: 363) esclareceu: “Our author was not in possession of this quaint- looking Shell, which he described from a espe- cimen in the Tessinian Museum”, o que permi¬ tiu a PILSBRY (1901: 114-115) confirmar a des¬ crição original de LINNAEUS “exclusive of re- ferences”. (*) Trabalho realizado com auxílio do Conselho Nacional de Pesquisas, nos Laboratórios das Disciplinas de Zoolo¬ gia Médica e Paragítologia do Departamento de Bio¬ logia Animal, Instituto de Biologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e Malacologia do Departamento de Invertebrados, Museu Nacional, Uni¬ versidade Federal do Rio de Janeiro. Parte do trabalho de Tese para obtenção do grau de “M agis ter Scientiae’* na U.F.R.R.J. (**) Em regime de Dedicação Exclusiva, COPERTIDE. U.F.R.R.J. Das indicações apresentadas por LINNAEUS, GMELIN e LAMARCK tivemos a oportunidade de examinar as ilustrações apresentadas por LISTER (1685); ARGENVILLE (1757); BORN (1780) e CHEMNITZ (1786) e verificamos que os exemplares figurados não possuem o orifício característico para Anostoma ringens no lábio externo da concha o que permite concordar com as considerações de HANLEY (1855) e PILSBRY (1901) que evidenciaram serem corretas as in¬ dicações utilizadas por LAMARCK (1822) para a sua espécie Anostoma depressum . PILSBRY (1901) considerou Helix ( Helico- ãonta) ringicula Férussac, 1821 e Anostoma globulosa Lamarck, 1822 como verdadeiros sinô¬ nimos de Anostoma ringens (Linnaeus, 1758). Entretanto WEBER (1925: 278) considerou Anostoma ringens (Linnaeus, 1758) tendo como sinônimo Anostoma depressum Lamarck, 1822 e ilustrou (pl. 5, fig. 4) de fato um exemplar de A. depressum como sendo A. ringens (Lin¬ naeus, 1758) e ainda considerou e ilustrou o verdadeiro Anostoma ringens (Linnaeus, 1758) como sendo A. globulosum Lamarck, 1822, tendo como sinônimo A. ringicula (Férussac, 1821) . Com a realização dos estudos das partes moles inicialmente sobre Anostoma ringens (Linnaeus, 1758) (BARROS-ARAU J O, 1963) e de Anostoma depressum Lamarck, 1822 (BAR¬ RO S-ARAÚJO, 1973), as considerações e os es¬ tudos complementares sobre A. ringens aqui apresentados podemos confirmar a validade e a segura separação dessas espécies. MÉTODOS Foram utilizados os métodos descritos em BARROS - ARAU J O (1963). 22 MATERIAL Depositado no Museu Nacional, Rio de Ja¬ neiro (Col. Mol. M. N. e M. N. CoL Mol. H.S. Lopes): noventa e cinco conchas e nove exem¬ plares completos colecionados por E. Lobato em XI/1959, em Aurá, Belém, PA (M. N. Col. Mol. H.S. Lopes n.° 7738); um exemplar completo colecionado por E. Lobato, no Km 92 da Ro¬ dovia Belém—Brasília (M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 7758); seis conchas colecionadas por E. Lobato, em Aurá, Belém, PA, em XI/1959 (Col. Mol. M. N. n.° 3087), Anostoma ringens (Linnaeus, 1758) (Figs. 1-16) Helix ringens Linnaeus, 1758: 76.9. Helix ringens : Bom, 1780: 369, pl. 14, figs. 11 - 12 . Helix ringens : Chemnitz, 1786*: 86-89, pl. 109, figs. 919-920. Helix ringens : Gmelin, 1791: 1 (6): 3818. Anostoma globulosum Lamarck, 1822: 102, Anostoma globulosa : Sowerby, 1820: fig. 2. Helix (Helicodonta) ringicula Férussac, 1821: 39, n.° 114 n.n, Anostoma globulosa: Deshayes & Milne Edwards, 1838: 153, Anostoma globulosa: Reeve 1842: 74, pl. 169, fig. 2. Anostoma globuldum: Catlow Sz Reeve, 1845: 139. Anostoma globulosum : Férussac & Deshayes, 1851, X: 399 — 400, pl. 53, figs. 1-2. Helix (Helicodonta) ringicula ; Férussac & Deshayes, 1851, 1: 400. Helix ringens ; Hanley, 1855: 363. Anostoma globulosum : Reeve, 1863, pl. 1 sp. 2a, 2b. Anostoma globulosum : Fisher, 1869: 209, pl. XI, figs. 1-5. Anostoma globulosum : Fisher, 1871: 261-263, pl. 11. Anostoma ( Ringicella) ringens : Pilsbry, 1901: 114-115, pl. 5, figs. 27-29, 32-36; pl. 7, figs. 55-61, Anostoma globulosum: Weber, 1925: 278, pl. 5, fig. 7. Anostoma ( Ringicella ) ringens : Thíele, 1931: 663. Anostoma (Ringicella) ringens: Morretes, 1949: 159, Anostoma ( Ringicella) ringens: Zilch, 1960: 510, fig. 1786. Anostoma (Ringicella) ringens ; Barros-Araujo 1963: 149-152. J. I.. BARROS-ARAUJO Figura I — Concha CONCHA (Fig. 1): de tamanho médio, ten¬ do os exemplares adultos mais de 5 voltas, A abertura possui um pequeno orifício junto ao ângulo externo do perístoma. No bordo externo da abertura existem 4 lamelas bem constituídas, tendo ainda junto ao bordo interno do orifício uma pequena calosidade alongada no sentido transversal da última lamela. No bordo parietal da abertura existem duas lamelas grandes, a lamela parietal e a infra-parietal, sendo ausente a lamela angular. O bordo do epístoma é bas¬ tante refletido. No bordo externo da abertura existem 4 lamelas; basal, infra-palatal, supra- palatal e palatal superior. A parte externa da concha tem 44 sulcos profundos e correspondem no interior exatamente às lamelas. A colora¬ ção geral da concha é pardacenta, com uma faixa de cor marrom junto à sutura superior a partir da segunda volta. Na parte inferior da concha existem manchas alongadas de cor mar¬ rom dispostas irregular e espiralmente. A : pro- toconcha é de coloração mais pálida que o res¬ tante. Na única sutura visível inferiormente existe uma faixa de cor marrom. Da medida de 101 conchas obtivemos as seguintes médias: Comprimento — 24,7 mm; Largura = 18,9 mm e Altura 12,3 mm. SUPERf AMÍLIA BUUMULOIDEA DO BRASIL íANOSTOMA RINGENS) 23 2 4 e 8 TO 12 RÁDULA (Fig. 2) : com cerca de 30 dentes de cada lado da fileira radieular. Os dentes de uma mesma fileira não sofrem nenhuma modi¬ ficação apreciável em sua forma, quando exa¬ minados comparativamente. Pequenas varia¬ ções poderão ser notadas no seu tamanho, o que também acontece nas demais fileiras. Apenas, as fileiras mais próximas do bordo lateral, cujos dentes não tem urna forma bem definida, não permitem uma conclusão mais rigorosa. Quando examinamos os dentes de uma fileira transversal ou perpendicular à fileira radieular, observa¬ mos grandes variações. Assim, em primeiro lu¬ gar, observamos que gradativamente reduzem seu tamanho, tornando este fato muito mais evi¬ dente nas fileiras mais próximas do bordo la¬ teral. A variação da forma de cada dente é o fato mais marcante. Os dentes da fileira radi¬ eular têm a forma retangular, com os bordos posteriores mais alargados, expandindo-se em duas pequenas cúspides, dando um aspecto mais ou menos simétrico ao dente. Apenas as extre¬ midades destas cúspides são livres, já que a maior parte do bordo posterior, como pequena parte do corpo do dente, estão colocados por bai¬ xo do bordo anterior do dente imediatamente seguinte. Grandemente desenvolvida, vemos uma cúspide central, simetricamente colocada sobre o corpo do dente. Em sua parte anterior ocupa toda a largura do dente, estreitando-se em seguida, tendo seu bordo posterior arredondado ■e alcançando o terço posterior do dnete. Do 1,° ao 10.° dente a forma varia pouco, sendo mais evidente a redução gradativa do tamanho. São dentes que ainda conservam a forma apro¬ ximadamente triangular, mas, com o ângulo posterior externo projetado, formando uma cúspide, que se reduz progressivamente. O bordo posterior ainda permanece parcialmente enco¬ berto pelo bordo anterior do dente seguinte, fato este que deixa de acontecer a partir do 1I.° dente. A cúspide mediana tem seu bordo externo iniciado mais próximo do ângulo an¬ terior do dente que o bordo interno. Este início é marcado tanto de um lado como do outro por uma angulosidade bastante aguda, sendo a ex¬ terna mais forte. Existe também a partir do l.° dente, sendo nítida em quase todos os den¬ tes, exceto os mais próximos da margem late¬ ral, uma cúspide semelhante a uma lâmina, cuj o bordo posterior é sempre arredondado e dirigida para o lado interno do dente, formando este lado, com o eixo longitudinal da cúspide, um ângulo aproximado de 45°. Este fato faz com que ela cubra pareialmente o lado externo do dente anterior. A cúspide mediana tende, à medida que examinamos os dentes próximos ao bordo, a reduzir seu bordo externo, ao mesmo tempo que observamos a cúspide existente no ângulo externo posterior do dente tornando-se aguda e sempre encoberta pela cúspide lateral interna do dente seguinte. Este fato é bastante evidente a partir do 14.° dente. Nos bordos da lâmina radular observamos que os dentes aí presentes são rudimentares, não mostrando forma ou es¬ truturas definidas. Figura 3 — Mandíbula (vista dorsal). MANDÍBULA (Figs. 3-6) . É uma lâmina quitinosa disposta como um arco, tendo as ex¬ tremidades mais delgadas e bem próximas uma da outra. Não distinguimos qualquer esboço de placas, o que é claramente evidente nas espé¬ cies do grupo desprovido de orifício no ângulo de abertura da concha. Seu bordo anterior é fortemente quitinizado e espesso, com o ân¬ gulo anterior cortante, em contraste com o 7 J. L. BARROS-ARAÚJO Figura 4 — Mandíbula (vista frontal). Figura 5 — Mandíbula (vista v entrai). bordo posterior que é bastante delgado, do mes¬ mo modo que o inferior. O corpo da mandí¬ bula é extremamente frágil, não resistindo à fervura em potassa, restando apenas a faixa em forma de U, que corresponde à sua cone¬ xão com o arco, na parte mais interna deste. 2-c.ur. figura 8 — Câmara paliai (porção anterior) CÂMARA PALíIAL (Fígs. 7 e 8) . Estende-se em toda a última volta da concha e tendo seu fundo encurvado no sentido do eixo columelar. No que concerne ao sistema circulatório, exis¬ tem vasos bem definidos, em número relativa¬ mente pequeno, mas distribuídos esparsamente. Os quatro vasos principais distribuem-se em sen¬ tidos alternados, ao coração e à cavidade peri- cárdica, no fundo da cavidade paliai e do outro SUPERFAMÍLIA BULIMULOIDEA DO BRASIL (ANOSTOMA RINGENS) 25 lado a uma veia marginal que corre junto ao bordo interno do colar do manto, na parte an¬ terior. Esta veia marginal tem sua trajetória no bordo da cavidade paliai que tem contato com a sutura interna d.a última volta da con¬ cha; em face disto tem seu trajeto retilíneo, curvando-se em direção ao pneumóstoma quan¬ do atinge o ângulo anterior esquerdo da câmara paliai. Neste ponto afasta-se um pouco, o que permite afluírem a ela algumas colaterais no seu lado direito, São mais marcados os vasos junto ao reto e ureter, tornando-se mais tênues à medida que se afastam deste ponto. O primeiro vaso, o mais desenvolvido, é a veia pulmonar, que tem sua origem junto ao pneumóstoma, gra- ças à confluência de pequenos e curtos vasos, que existem nas adjacências. Sua porção ini¬ cial tem curtas e rnuito numerosas colaterais que, no lado esquerdo algumas parecem ser co¬ muns ao segundo vaso, Este segundo vaso pos¬ sui afluentes somente no lado esquerdo, cor¬ respondendo à sua desembocadura, em espessa- mento junto à face interna do colar do manto, um pouco à esquerda do pneumóstoma. A ter¬ ceira veia tem sua origem nas imediações do espessamento referido anteriormente, dirigin¬ do-se à cavidade pericárdica. A quarta veia é curta, sendo apenas esboçada, tendo sua de¬ sembocadura na veia marginal, após a curva¬ tura que esta sofre no ângulo anterior esquerdo da cavidade paliai. Relativamente ao sistema excretor, o rim tem forma triangular, com ân¬ gulos agudos em face dos três lados formarem concavidades para o interior do órgão. O ân¬ gulo mais anterior é contíguo à desembocadu¬ ra da veia pulmonar. Junto ao ângulo poste¬ rior direito é que se inicia a curva do ureter, para seguir seu trajeto junto ao reto. Forma na sua porção final duas câmaras separadas por uma projeção interna das paredes. A primeira câmara constitui-se como um alargamento do conduto e situada, como também parte da se¬ gunda, escondida sob o reto. A segunda câmara está situada na mesma direção, com a abertura para o exterior um pouco acima da abertura do pneumóstoma e abaixo cia abertura anal. Esta câmara cruzando o pneumóstoma no seu lado esquerdo, se estende em direção ao espes¬ samento existente no início do segundo vaso onde, entre este e o colar do manto, existe um pequeno conduto que, ao atingir a veia marginal deixa de ter limites precisos. A abertura anal é situada logo acima da abertura do conduto re¬ nal. Fazendo parte do manto e localizado no seu bordo lateral direito e próximo do pneu¬ móstoma existe uma projeção que se intro¬ duz no orifício do ângulo externo da abertura da concha. Figura 10 — Sistema genital (porção média). APARELHO GENITAL i OVOTESTE (Fig. 9): constituído de poucos ácinos, cada um com folículos bem constituídos. Seus canais excretores dirigem-se para a face côncava do hepatopâncreas, onde existe um ca¬ nal no qual desembocam, Este canal tem co¬ nexão com a vesícula seminal. 26 J. L. BARROS-ARAÚJO Figura 11 — Início das dobras uterinas. VESÍCULA SEMINAL (Fig. 10): órgão tu- buloso, enovelado e situado também na fac-e côncava do hepatopâncreas. Mostra uma pig¬ mentação na face externa, apoiando-se pela sua face interna, no tubo digestivo. RECEPTÁCULO SEMINAL (Fig. 10): órgão alargado e apoiado na face côncava da glândula de albumina. Sua extremidade posterior é del¬ gada e encurvada sobre si mesma. Embora apoiado sobre a glândula de albumina, comu¬ nica-se diretamente com a parte final do ovis- permoduto, próximo do ponto onde a esperma- teca está apoiada, e, que também corresponde ao início da próstata. OVISPERMODUTO (Fig. 11): bastante longo, estendido em toda a última volta do corpo, tendo na parte externa o útero e na parte interna a próstata. O útero tem um preguea- mento bem evidente, mas que torna-se baixo, desaparecendo no ponto onde também termina ventralmente, a próstata. PRÓSTATA (Fig. 11): órgão que acompa¬ nha toda a extensão do útero, como uma lâmina de aspecto reticulado, face â sua natureza glan¬ dular. Logo em seguida ao seu término, começa a esboçar-se o canal deferente que corre junto ao oviduto. O ovidut-o em seu aspecto externo é um simples tubo, relativamente curto e de ca¬ libre uniforme. CANAL DA ESPERMATECA: é um tubo do comprimento do ovispermoduto, desembocando na espermateca, que é esférica e colocada sobre o ponto de conexão do ovispermoduto com a glândula de albumina. Por abertura longitudi¬ nal do canal da espermateca, foi retirado um espermatóforo (Fig. 15) alongado, tendo na parte anterior uma concentração muito maior de espermatozóides. PÊNIS (Fig. 16): órgão no qual encontra¬ mos as variações mais evidentes quando estu¬ damos o sistema genital desta espécie e também quando comparamos com as demais espécies do gênero. Apresenta-se com as três regiões: falo, epífalo e flagelo, bem caracterizadas. O falo é SOTPERFAMÍLIA BULI MULO IDEA DO BRASIL (ANOSTOMA RINGENS) 27 \ 55* - -- Figura 16 — Pênis lango, mostrando em sua luz um conjunto glan¬ dular desenvolvido. Este conjunto torna-se me¬ nos desenvolvido, próximo do limite com o epi- falo. A bainha muscular envolve amplamente a porção distai do falo, sendo longa e nela ve¬ mos inserida medialmente uma faixa muscular. É perfurada próximo do seu bordo distai pelo canal deferente que caminha até este ponto, pelo seu interior. O epifalo é ligeiramente me¬ nos calibroso que o falo. É longo, tendo no seu limite posterior, onde desemboca o canal defe¬ rente, uma ligeira constrição, onde se inicia o flagelo. Sua luz é estreita em todo o trajeto. O flagelo (Figs. 13, 14 e 16) é longo, com uma luz até próximo da extremidade proximal. In¬ serida a esta porção, existe uma estreita faixa muscular que termina no músculo retrator do pênis. O músculo retrator do pênis é importante na caracterização desta espécie. Como todas as demais espécies do gênero, insere-se no canal deferente, próximo à sua desembocadura no pê¬ nis. Sempre existe uma faixa muscular acessó¬ ria que tem origem ou no próprio músculo re¬ trator ou acompanhando-o até sua origem na membrana conjuntiva que envolve as vísceras da região. RESUMO O autor esclarece alguns fatos que confir¬ mam a validade de A?wstoma rlngens (Linnaeus, 1753). Apresenta um estudo anatômico com¬ plementar e uma revisão bibliográfica baseada principalmente em HANLEY (1855). SUMMARY The author clarifies some facts which con- firm the validity of Anostoma ringens' (Linnaeus. 1758). This paper presents and additional ana- tomical sfcudy and a review of the bibliography, based mainly in Hanleye work (1855). ABREVIATURAS USADAS ap ■— apêndice au — aurícula bm — bainha muscular cd — canal deferente cm — colar do manto csp — canal da espermateca c.ur. — curva do ureter epf — epifalo fa — falo fl — flagelo ga — glândula de albumina hp — hepatopâncreas mr — músculo retrator do pênis ovd — oviduto 28 J. L. BARROS-ARAUJO ovt — ovo teste pn — pneumóstomo pr — próstata rm — rim rt — reto sp — espermateca ut — útero ve — ventrículo vg — vagina vm — veia marginal vp — veia pulmonar vs — vesícula seminal 3. a v. — 3. a veia 1. a c. ur. — l. a câmara do ureter 2. a c. ur. — 2 a câmara do ureter REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARGENVILLE, A.J.D. d’, 1757 — Histoire naturelle éclaireie dans une de ses parties prineipales la Conehyliologie. Part I, XÍV + 379 pp., 30 pis. Part II, 84 + CVI pp., 9 pis. Paris. BARROS-ARAUJO, J.L. de, 1963 — Sobre Anostoma (Ringieella) ringens (Linnaeus, 1758) (Gastropo- da, Pulmonata, Odontostomidae). Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 61 (I>:149-152. Rio de Janeiro. BARROS-ARAUJO, J.L. de, 1973 — Superfamília Bulirnulacea do Brasil. Odontostomidae: Anosto- ma depressum Lamarek, 1822 (Mollusea, Gastro- poda, Pulmonata). Rev. Bras. BioL, 33 (1):11-18. Rio de Janeiro. BGRN, L von, 1780 — Testaeea Musei Caesari Vindo- bonensis. XXXVI, 442 -f 15 pp., 18 pis. Vindo- bonae. 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DE BARROS-ARAÚJO (S) Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Itaguai, RJ Euãolichotis foi descrito por PILSBRY (1896: 108) e considerado como subgên-ero de Auris Spix, 1827, tendo sido Bulimus ãistortus Bru- guière, 1789, designada como espécie-tipo. Foi considerado por THIELE (1931: 652) e ZILCH (1960: 474) na categoria de gênero e com a se¬ guinte distribuição geológica e geográfica: do Pleistoceno ao Recente, na Colômbia, Venezuela, Brasil e Trinidad. Do ponto de vista anatômico é conhecido o estudo de SEMPER (1874) sobre E. distorta (Bru- guière, 1789), descrita da Venezuela e o de PACE (1894) sobre E. aurissciuri (Guppy, 1866), des¬ crita de'Trinidad. De acordo com PFEIFFER (1855), PILSBRY (1896) e MORRETES (1949), E. lacerta (Pfeiffer, 1855) é a única espécie referida para o Brasil: Pará. Euãolichotis lacerta (Pfeiffer, 1855) (Figs. 1-12) Bulimus lacerta Pfeiffer „ 1855: 94, pl. 31, fig. 15. Bulimus lacerta Pfr.: Pfeiffer, 1856: 64, pl. 18, figs. 5-6. B. lacerta Pfr.: Pfeiffer, 1859: 442. Auris. ( Euãolichotis ) lacerta Pfeiffer: Pilsbry, 1896: 115, pl. 41, figs. 40-41. Euãolichotis lacerta (Pfeiffer, 1855): Morrefes, 1949: 144. (1) Trabalho realizado com auxílios do Conselho Nacional de Pesquisas e Conselho de Ensino para Graduados da U.F.R.J.nos Laboratórios de Zoologia Médica e Pa¬ ra si tologúa do Departamento de Biologia Animal, Ins¬ tituto de Biologia da U.F.R.R.J. e da Malacologia do Departamento de Invertebrados, Museu Nacional, U.F.R.J, (2) Em regime de Dedicaçao Exclusiva (GOPERI IDE — U.F.R.J.). (3) Em regime de Dedicaçao Exclusiva (COPERTIDE - U.F.R.R.J.). MÉTODOS E TÉCNICAS Os exemplares vivos foram colocados em água aquecida a 60°C, para que fosse possível a retirada das partes moles das conchas, o que também foi conseguido através da janela na volta corporal (Fig. 1b). As partes moles foram conservadas em álcool 70° G.L. glicerina do. As dissecções foram realizadas em microscópio es¬ tereoscópico, onde também, quando convinha, foram desenhadas situações topográficas de in¬ teresse, utilizando a câmara clara adaptada ao aparelho. Uma vez separadas as partes de interesse: concha, câmara paliai, sistema genital e parte anterior do sistema digestivo (bulbo da rádula) , foram tratadas de modo conveniente. A parede da câmara paliai e o sistema genital foram co¬ rados pelo carmin clorídrico (Semichon), desi¬ dratados pela série crescente de álcoois e clari¬ ficados pelo creosoto, em que também foram conservados. O bulbo da rádula foi fer¬ via o em potassa a 10% para que fossem isoladas a rádula e a mandíbula . A man¬ díbula foi corada em uma mistura de ver¬ melho congo orange G, desidratada peia série de álcoois e clarificada em creosoto. A rádula foi clorada em uma mistura de vermelho congo orange G, desidratada na série de álcoois, pas¬ sada rapidamente em xilol, montada em bálsa¬ mo do Canadá entre lâmina e lamínula. Todas as partes, uma vez preparadas, foram desenha¬ das com auxílio de câmara clara adaptada ao microscópio. 30 A. C. S. COELHO, J. L. BARRO S-ARAÚJO MATERIAL ESTUDADO Depositado no Museu Nacional, Rio de Ja¬ neiro (Col. Moí. JM. N. e M. N. Col. H. S. Lo¬ pes) e no Museu Paraense Emílio Goeldí, Belém, Pará (M.P.E.G. Arqueologia) . Brasil, Pará: Belém, Santana do Aurá, M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 4614, 3 conchas, E. Lobato col. X/1956; Belém, Instituto de Pes¬ quisas e Experimentação Agropecuárias do Norte, Col. Mol. M. N. n.° 3571 (Figs. la. e b), 3 exemplares adultos, capturados vivos em bainha de açai, em mata de várzea, A. L. Peracehi col, VIII/1971; Primavera, São João de Pirabas, Rio Axindeua, Sambaqui do Viana (PA-SA 8), M.P.E.G. Arqueologia n.° 422 (Fig, lc), 1 con¬ cha. Figura 1 — Concha, a-b: Col. Mol. M. N. n.° 3571; c: M.P.E.G. Arqueologia n422. CONCHA (Figs, la-c): relativamente sólida e transparente, fusiforme-oblonga, umbilicada, medindo 34,5mm a 38,5mm de comprimento, es¬ pira curta, volta corporal bem alongada, colo¬ ração geral marrom clara com manchas esbran¬ quiçadas e de cor marrom dispostas em faixas contiguas, obliquamente ao eixo longitudinal da concha. Protoconcha com duas voltas convexas, lisa, esbranquiçada, com sutura bem delineada e separação da teleoconcha bem definida. Te- leoconcha praticamente com três voltas conve¬ xas, sutura bem marcada, com as linhas de cres¬ cimento bem evidentes. A volta corporal apre¬ senta, principalmente, a superfície dorsal, com o aspecto rugoso, a sutura submarginada e ligei¬ ramente erenulada. Abertura um pouco mais longa do que a metade do comprimento total da concha, oblíqua, estreitada inferiormente. Perístoma branco-leitoso, bem refletido e com a margem recurvada; lábio externo ligeiramente espessado para dentro da abertura, no meio e inferiormente; lábio basal arredondado; lábio columelar amplo, com forte calo de crista branca e base de coloração marrom escura resultante da dobra descendente do eixo columelar; calo parietal extremamente fino, aderido e transpa¬ rente, quase imperceptível nas conchas bem con¬ servadas . n rj r / l\k I \ L 'kXj^ k. r"\ \ u V \\ j V _ 2 " 4 !V \ \ a v\ j \ V o H \ í, h j ; )\ vv vv xj ~\ \ ' ,1 , \ 1 '“Vr' '■ ! \ ' P-4 - ,v J , 25 1 27 \ ^ V JQjgí 31 ~ 32 \ \ ,f ■ ^ tfJvH OG <>■ J yv ■ \YP V " ■ Vi ; r “ , 35 37 40 43 45 40 39 Figura 2 — Dentes da rádula . RÁDULA (Fig. 2): com cerca de 50 dentes de cada lado da fileira central, cujo tamanho diminui progressivamente, sendo os dentes mais próximos dos bordos laterais, de tamanho redu¬ zido e com forma às vezes pouco definida. O dente central, simétrico, com a largura posterior maior que a anterior; possui uma cúspide cen¬ tral que em sua base ocupa toda a largura do dente e, projetando-se adiante dela, ainda vemos uma delgada lâmina que se estende pouco além do comprimento do dente. Os primeiros dentes, até a altura do 10.°, são muito semelhantes, apresentando o ângulo posterior externo mais projetado; a cúspide central é ligeiramente des¬ locada para o bordo interno do dente. Neste grupo de dentes, observamos a partir do 2.° den¬ te, uma cúspide lateral externa situada, mais ou menos, na metade do dente. Esta cúspide deixa de ser bem acentuada nos dentes mais próximos do bordo lateral, embora possa modi¬ ficar sua forma em diversos dentes. Em alguns dentes observamos, acompanhando a direção desta ciíspide lateral, uma lâmina delgada se¬ melhante à anteriormente descrita. Os dentes a partir do 11.° têm a forma geral modificada, porém mantém-na aproximadamente retangular, com o maior eixo no sentido longitudinal. Tanto a cúspide central, quanto a que se situa no bordo StJPERFAMÍLIA BULIMULOIDEA 1)0 BRASIL (EUDOIJCHOTJS LACERTÂ)... 31 externo, modificam às vezes sua forma e posição, não deixando porém, em nenhuma ocasião, de estarem presentes. MANDÍBULA (Fig. 3); do tipo odontognato, com placas às vezes mal delimitadas, em nú¬ mero pouco maior que 20. As placas centrais são mais alongadas, de forma aproximadamente retangular. As placas laterais são mais curtas e mais delgadas. As placas centrais são mais quitinizadas, principalmente as mais próximas da linha mediana. rt Figura 6 — Câmara paliai: porção posterior. CÂMARA PALIAL (Figs. 4-6) : não muito ampla, possuindo em sua superfície vasos san¬ guíneos com uma distribuição característica dos Bulimulidae. O colar do manto possui espessura e comprimento normais. Ás aberturas excreto- ras têm uma posição superior ao pneumóstoma, atarindo-se contíguas, mas, separadamente. Os vasos sanguíneos distribuídos ao lado direito da 32 A. C. $. COELHO, J. L. BARROS-ARAÚJO veia pulmonar, estão dispostos de uma maneira uniforme desde as proximidades do pneumós- toma, onde são ligeiramente um pouco mais nu¬ merosos, até à curvatura do ureter secundário no fundo da cavidade. Os do lado esquerdo da veia pulmonar distribuem-se somente nas pro¬ ximidades do pneumóstoma, onde um vaso de curto trajeto limita a região; este vaso, em que todos os outros desembocam, tem início próxi¬ mo à metade do trajeto da veia pulmonar, de quem se afasta, caminhando em direção ao bordo interno do colar do manto, para voltar-se em direção ao pneumóstoma onde termina. A por¬ ção final do tubo digestivo, o reto, tem seu tra¬ jeto normal, terminando na abertura anal, no ângulo anterior direito da câmara paliai. Pa¬ ralelo e contíguo ao reto, desde o fundo da ca¬ vidade paliai, há o ureter secundário, que assim se dispôs, após originar-se no ângulo anterior do rim e caminhar junto à face direita e for¬ mar a curvatura junto ao ângulo posterior di¬ reito. A abertura do ureter dispõe-se ao lado direito do pneumóstoma, de onde são lançados os produtos de excreção. Estes produtos de ex¬ creção também podem caminhar por uma co¬ missura que cruza o pneumóstoma transversal¬ mente e comunica-se com outra, mais ampla, si¬ tuada por dentro do colar do manto, abrindo-se para o exterior por uma fenda existente à es¬ querda do pneumóstoma. Figura 7 — Aparelho genital APARELHO GENITAL OVOTESTE: constituído por um simples grupamento de folículos alongados, em conexão com um delgado e curto canal que se dirige à vesícula seminal. Está profundamente incluído no hepatopânereas em sua face côncava, logo atrás do estômago, situando-se desta maneira, aproximadamente na terceira volta da espira. Os canais excretores de cada folículo juntam-se, dando origem a um delgado canal que vai ter à vesícula seminal. VESÍCULA SEMINAL (Fig. 8) : é um tubo bastante enovelado, estendido sobre a metade proximal da glândula de albumina, estando par¬ cialmente colocado em um sulco existente em sua face côncava. Seu término é nas proximi¬ dades da junção do ovispermoduto com a glân¬ dula de albumina onde tem origem urn delgado canal, que se coloca em um sulco na sua face côncava, entre a glândula de albumina e a ve¬ sícula seminal. Este delgado canal termina no receptáculo seminal. Figura 8 — Vesícula seminal e receptáculo seminal RECEPTÁCULO SEMINAL (Fig. 8): órgão saeelforme com a extremidade proximal provida de fortes curvaturas que dão uma forma bas¬ tante sinuosa ao órgão. Após a desembocadura- do delgado canal provindo da vesícula seminal, apresenta aspecto retilíneo, mostrando em seu interior anfractuosidades na porção contígua ao canal, logo após à desembocadura deste. O in¬ terior é constituído por pequenos tubos contí¬ guos de aspecto sacciforme. GLÂNDULA DE ALBUMINA: desenvolvida, bastante alongada, com a extremidade proximal curvada por trás de uma forte curvatura do tubo digestivo (estômago), na porção distai do he- patopâncreas. É sulcada em sua face côncava onde se colocam o receptáculo seminal e a ve¬ sícula seminal. Esta face côncava é também contígua ao estômago. SUPERFAMÍIJA BULIMULOIDEA 1)0 BRASIL D.N.P.M. n.° 1267-IR e 1273-XR, respecfcivamnete cinco e quatro valvas soltas, M. G.O. Roxo col., W. J. Clench det. Macaé, Ilha de Santana (ao largo), Col Mol. M. N. n.° 3683, seis valvas unidas e quatro val¬ vas soltas, arrasto do Barco Gandarense a 48m de profundidade, fundo de lama compacta, B. Prazeres e O. Silva cols. X/1963. Cabo Frio, Col. Mol. M. N. n.° 934, uma valva rolada, H. P. Travassos col. 11/1947; Col Mol. M. N. n.° 2307, uma valva, N. Santos, J. Machado, M. Gino, J. Magalhães e L. R: Tommasi cols. VII/1956. Baía de Guanabara, Praia de Jurujuba, Col. Mol. M. N. n.° 360, 361 e 363, três valvas soltas e roladas, G. A. Pekenn leg.; Enseada de Bo¬ tafogo Col. Mol. M. N. n.° 3684, dezesseis val¬ vas unidas, exemplares capturados vivos em fundo de lama-areia, dragagem, 8-10m de pro¬ fundidade, L. C. Araújo e L, C. Gurken cols. XI/1971. Praia do Recreio dos Bandeirantes, D.G.M., D.N.P.M. n.° 126-6-IR, seis valvas sol¬ tas, P. E. de Oliveira col,, W. J. Clench det.; Col. Mol. M. N. n.° 1365, dezessete valvas soltas e roladas, R.F,D.F. COL. 240, XV/1953; Col. Mol. M. N. n.° 1361, duas valvas bastante roladas, R.F.D.F. COL. 308, V/1954; Praia de Grumari, Col. Mol. M. N. n,° 1362 e 1370, vinte e sete valvas soltas, R.F.D.F. COL. 305, 1/1954; Bar¬ ra de Guaratiba, Col. Mol. M. N. n.° 1363, uma valva extremamente rolada, R.F.D.F. COL. 46 A, C. S. COELHO, D. R. R. CAMPOS 420, VIII/1956; Restinga da Marambaia, Gol. Mol. M. N. n.° 1364, uma valva bastante ro¬ lada, R.F.D.F. COL, 306, 1/1954. Baía de Se- petiba, Praia de Dona Luíza, Col. Mol. M. N. n.° 1367, duas valvas bastante roladas, R.F.D.F. COL. 432, XII/1956; Praia do Saí, Col. Mol. M. N. n.° 1371, quinze valvas roladas, R.F.D.F. COL. 386, 1/1956; Praia de Ibicuí, Col. Mol. M. N. n.° 1368 e 1372, quinze valvas bastante roladas, R.F.D.F. COL. 384, 1/1956. Baía de Marambaia, Col. Mol. M. N. n.° 901, uma valva rolada, Colônia de Pesca Darcy Vargas leg. IX/1947. Baía da Ilha Grande, Mambueaba, D.G.M., D.N.P.M. n.° 1268-IR, duas valvas soltas e roladas, M.G.O. Roxo col., W. J. Clench det.; Ilha Grande, Praia de Leste, Col. Mol. M. N. n.° 1369, uma valva rolada, R.F.D.F. COL. 393, III/1956. Consideramos de acordo com XHERXNG, DALL, LAMY, SHELDON, ABBOTT e WARMKE & ABBOTT que esta espécie é bastante seme- Anadara {Cunearca) chemniui (Philippi. 1851); Figura 14 — dorsal (Col. Mol. M. N. n° 3688), lhante a Anadara (C.) chemnitzi (Philippi, 1851) o que torna difícil apresentar caracteres conquiológicos diferenciais bem definidos. En¬ tretanto, ao confrontarmos séries de exempla¬ res das respectivas espécies podemos à primei¬ ra vista, pelo característico aspecto geral, es¬ tabelecer a triagem, especialmente com base na elevação, amplitude >e orientação dos umbos, nas medidas da área cardinal, na convexidade das valvas, na inclinação da carena umbonal e con¬ sequente expansão do contorno posterior da concha. Tivemos oportunidade de verificar, confir¬ mando IHERING (1895), DALL (1898) e LAMY (1907), que REEVE (1844, pl. 3, sp. 17) referiu- se a uma espécie que denominou de brasiliana mas que não pode ser creditada a Lamarek e OLS8GN (1961: 94-95) considerou essa referên¬ cia como sinônima de Anadara ( Cunearca ) bi- frons (Carpenter) espécie do Oceano Pacífico. Anadara ( Cunearca ) chemnitzi (Philippi, 1851) (Figs. 14-16) Arca Chemnitzi Philippi, 1851:50. A. ( Anomalocarãia) Chemnitzi , Philippi: Ihe- ring, 1895: 213. Arca ( Anomalocarãia) Chemnitzi PhiL: Ihering, 1897: 82. Arca (Arca) chemnitzi Philippi, 1851: Morretes, 1949: 9; Gofferjé, 1950: 254. A. ( Cunearca) Chemnitzi Philippi: Lamy, 1907: 272-274. dst a interna; Figura 15 — Ms ta externa; Figura 16 — vista Anadara chemnitzi (Philippi): Carcelles, 1944: 302. Anadara chemnitzi Philippi, 1851: Kempf & Matthews, 1968: 89. Anadara chemnitzi (Philippi, 1851) : Rios & Oleiro, 1968: 20, Anadara (Cunearca,) chemnitzi (Philippi, 1851) : Morretes, 1954: 38; Rios, 1966: 28; Rios, 1970: 153. Anadara ( Cunearca ) chemnitzi Philippi, 1851: Warmke & Abbott, 1962: 160, pl. 30-o. Cunearca chemnitzi Philippi: Testud, 1967: 175. CONTRIBUIÇÕES AO CONHECIMENTO DOS MOLUSCOS DO RIO DE JANEIRO, BRASIL 47 Concha medindo até 45mm de comprimen¬ to, de coloração básica branca,, de forma subtri- gonal, arredondada anteriormente; umbos ele- va dos e pouco amplos, em que os bicos estãc bem afastados da área cardinal e aparentemente dirigidos para o centro da respectiva área; área cardinal relativamente larga e curta; carena umbonal posterior abruptamente inclinada e expandida; superfície das valvas com escultura pouco discrepante em que as costelas da valva esquerda são ligeiramente mais largas e no- dulosas; perióstraco foliáceo, de coloração mar¬ rom , Localidade-tipo: “Indes Occidentales” (LA- MY, 1907) . Distribuição geológica: Pleistoceno de Cuba ao Recente (CARCELLES, 1944) „ Distribuição geográfica: Estados Unidos da América do Norte, Flórida e Texas; Antilhas (WARMKE & ABBOTT, 1962); Brasil, Rio Gran¬ de do Sul (IHERING, 1895); Argentina, Puerto Quequén (CARCELLES, 1944) . IHERING (1897) assinalou para o ponto de distribuição extre¬ ma, ao norte, o Cape Cod, Massachusetts, Esta¬ dos Unidos da América do Norte. Referências para o Estado do Rio de Janei¬ ro: Rio de Janeiro (LAMY, 1907); Estação 104, 23°08’S— 42°30 ! W 103m proí. e 23°12’S— 42°31’W, 102m prof., ao largo da Ilha do Cabo Frio; Es¬ tação 114, 23°04 , S — 44°14 ; W, 45m prof. e Esta¬ ção 115, 23°05’S — 44°17’W, 23m prof., nas pro¬ ximidades da Ilha Redonda; Estação 128, 23°32 t S — 45°06W, 18m prof. e Estação 131, 23°42 5 S — 45°14W, 18-20m prof., ao largo da Ilha Grande (TESTUD, 1967; lista das estações em FOREST, 1966); Juatinga (RIOS & OLEIRO, 1968). SMITH (1915: 93) ao estudar o material cole¬ tado na “Station 38, West of Falkland Islands” referiu-se baseado numa única valva a Arca {Anadara) chemnitzi Philippi, entretanto du¬ vidou daquela procedência e admitiu poder per¬ tencer a “Station 42 off Rio de Janeiro”. Procedências e material examinado: Oasí- míro de Abreu, Rio das Ostras, Praia dos Pes¬ cadores, Col. Mol. M. N. n,° 3688, duas valvas unidas e seis valvas soltas, triadas do cascalho depositado em praia seca, A. Coelho col. II/ 1971. Cabo Frio, Salinas Wilson, D.G.M., D.N.F.M. n.° 798-IR, duas valvas unidas, P.E. de Oliveira, L. I. Price e S. Mezzalira cols. Praia de Copacabana, D.G.M., D.N.P.M. n.° 1272-IR, uma valva bastante rolada, J. M. Oli¬ veira col., W. J. Clench det. como A. brasilia ¬ na. Baía de Sepetiba, Praia de Dona Luíza, Col. Mol. M. N. n.° 3687, uma valva rolada, des¬ membrada do lote Col. Mol. M, N. n.° 1367, A. (C.) brasiliana; Praia do Saí, Col. Mol. M. N, n.° 3686, oito valvas soltas, desmembradas do lote Col Mol. M. N. n.° 1371, A. (C.) brasiliana. Baía de Marambaia, Col. Mol. M. N. n.° 888, uma valva bastante rolada, Colônia de Pesca Darcy Vargas leg. IX/1943. Baía da Ilha Gran¬ de, Mambucaba, D.G.M., D.N.P.M. n.° 1339-IR, duas valvas soltas e roladas, desmembradas do lote D.G.M., D.N.P.M. n.° 1268-IR, A. (C.) brasiliana, A. (C.) c hemnitzi é bastante semelhante a A. (C.) brasiliana conforme as considerações apresentadas para esta última espécie. IHE- RING (1897) considerou a referência de OR- BIGNY (1846: 6-32-633) para Arca bicops Phi- lippi, 1845 como sinônima de A. chemnitzi e su¬ geriu ainda que Orbigny a teria confundido com A. brasiliana, ORBIGNY (1853: 318-319) repe¬ tiu a mesma referência. STEVENSON (1972: 196) referiu-se a bicops creditando-a a Orbigny, 1846 e considerando-a igual a Anadara chem¬ nitzi (Philippi, 1851) . Gênero Lunar ca Gray, 1842 ► Lunar ca Gray, 1842; 81, 92: Rost, 1955: 208- 209; Keen, 1960: 38. Lunarca Gray, 1857: Ols- son, 1961: 100-101. Subgênero Lunarca Gray, 1857: Newell, 1969: N254. Concha inequilateral, subequivalve, relati¬ vamente inflada, de forma ovalada; umbos pro- sógiros, baixos; área cardinal estreita, posterior aos bicos dos umbos; ligamento opistodético ; charneira arqueada com dentes divididos em duas séries: a anterior, curta e com dentes dis¬ postos irregularmente; a posterior, longa e com dentes dispostos regularmente; escultura da su¬ perfície das valvas costelada; perióstraco resis¬ tente e piloso. Espécie-típo: Arca costata Gray, 1857 (con¬ siderada como sendo baseada em um espécime deformado de A. pexata Say) — A. campechien- sis Gmelin; espécie-tipo por monotipia (OLS- SON, 1961) . 1 Localidade-tipo: Recente, costa atlântica dos Estados Unidos da América do Norte (NE¬ WELL, 1969). Distribuição geológica: do Eoceno ao Re¬ cente (NEWELL 1969) . 48 A. C, S. COELHO, D. R. B. CAMPOS Lunarca ovalis (Bruguièrc, 1789); Figura 17 — vista interna; Figura 18 — vista externa; Figura 19 — vista dorsal (Col. Mol, M. N. n.° 3681); Figura 20 — vistas interna e externa da valva esquerda; Figura 21 — vistas interna e externa da valva direita (fotos de Arca pectinoides cedidas por C. P. Palrner, Department of Paleontology, Britiêh Museum (Natural History), Reg. N.° 1969255, Rio de Janeiro). CONTRIBUIÇÕES AO CONHECIMENTO DOS MOLUSCOS DO RIO DE JANEIRO, BRASIL 49 Lunar ca ovalis (Bruguière, 1789) (Figs. 17-21) Arca ovalis Bruguière, 1789: 110. Anadara ovalis (Bruguière, 1789): Kernpf & Matthews, 1968: 89; Rios & Oleiro, 1968: 20. Anadara ( Lunarca ) ovalis Bruguière, 1789: Warmke & Abbott, 1962: 159-160, pl. 30-rn; Forti, 1969: 66-67, pl. 1, figs. 3a-b; Closs & Forti, 1971: 25, pl. 1, figs. 3a-b. Anadara ( Lunarca ) ovalis Bruguière: Abbott, 1954: 345 pl. 27-1. Anadara {Lunarca) ovalis (Bruguière, 1792): Rios, 1966: 27. Anadara ( Lunarca ) ovalis (Bruguière, 1789): Rios, 1970: 152. Arca americana Gray: Bigarella, 1949: 113, 130, tab. 2. Arca eampechiensis Gmelin: Caroelles, 1944: 302. Arca campechensis , Wood: Barattini & Ureta, 1960: 146-147. Arca {Arca) eampechiensis americana “Gray” Wood, 1828: Morretes, 1949: 9; Gofferjé, 1950: 254-255; Oliveira, 1960: 9. Arca ( Argina) campechensis Gmelin: Maury, 1934: 160-161, pl. 18, fig. 5. Arca ( Argina ) eampechiensis americana Wood: Haas, 1953: 203. Arca {Argina) eampechiensis pexata Say: Haas, 1953: 203. Argina eampechiensis Gmelin: Testud, 1967: 175-176. Argina eampechiensis americana “Gray” Wood, 1828: Morretes 1954: 38. Arca pectinoiães King «Sc Broderip, 1832: 336- 337. Lunarca pectinoiães (King & Broderip, 1832): Stevenson, 1972: 200. Concha medindo até 4Drnm de comprimento, de coloração básica branca, de forma ovalada; umbos quase totalmente unidos, desgastados fre¬ quentemente; superfície das valvas esculturada com costelas lisas; margem ventral da valva es¬ querda, geralmente sobrepõe-se à outra; periós- traco resistente, piloso com aspecto aveludado. Localidade-tipo: não foi possível constatar. Distribuição geológica: do Meso-Mioceno ao Recente (WOODRING, 1973: 516-517). Distribuição geográfica: Estados Unidos da América do ÍSTorte, Massachusetts, Cape Cod, Golfo dos Estados; Antilhas (WARMKE & AB¬ BOTT, 1962); Brasil, Rio Grande do Sul (RIOS, 1970); Uruguai, Rocha (BARATTINI & URETA, 1960); Argentina, Puerto Quequén (CARCELLES, 1944) . Referências para o Estado do Rio de Ja¬ neiro: Macaé (RIOS. 1970); Cabo Frio (RIOS & OLEIRO, 1968); Estação 102, 22°25’S — 40°13’W, 47m prof., bem ao largo da Ilha de Santana (TESTUD, 1967; lista das estações em FOREST, 1966); Niterói (OLIVEIRA, 1960; RIOS, 1970); Rio de Janeiro (KING & BRODERIP, 1832; IHE- RING, 1897; LAMY, 1907; STEVENSON, 1972 como L. pectinoiães ); Ilha Grande (HAAS, 1953); Estação 111, 16-19m prof., Ilha Grande, Enseada do Abraão; Estação 122, 23°2& , S — 44°48’W, 36m prof., Estação 128, 23°32’S — 45°06’W, 18m prof., Estação 129, 23°40 S S -- 45°01’W, 37m prof., Estação 131, 23°42’S — 45°14’W, 18-20m prof., bem ao largo da Ilha Grande (TESTUD, 1967; lista das -estações em FOREST, 1966) . Procedências e material examinado: Cabo de São Tomé, D.G.M., D.N.P.M. n.° 1256-IR, nove valvas soltas, M.G.O. Roxo coL 1940, W. J. Clench det. como Arca campechensis Gmelin. Casimiro de Abreu, Rio das Ostras, Praia dos Pescadores, Col. Mol. M. N, n.° 3678, duas val¬ vas, exemplar coletado recentemente morto em praia seca, A. Coelho col. 11/1971. Cabo Frio, Búzios, Praia de Matnguinhos, Col. Mol. M. N. n.° 3679, duas valvas, exemplar coletado recen¬ temente morto, em zona intertidal com maré baixa, R. Arlé, B. M, Tursch, S. Buitone, A. Rosas e A. Coelho cols. III/1962 Praia do Peró, D.G.M.,D.N.P.M. n.° 776-IR, dose valvas uni¬ das, exemplares coletados recentemente mortos em praia seca, P. E. de Oliveira, L. I. Frice e S ( . Mezzalira cols. 1943. Ilha do Pai (ao largo), Col. Mol. M. N. n.° 3680, quatro valvas, exem¬ plares capturados vivos, dragagem, 20-40m de profundidade, fundo de lama-areia, B. M. Tursch col. V/1962. Baía de Guanabara, Praia de Jurujuba, Col, Mol. M. N. n.° 359, uma val¬ va rolada, G. A. Pekenn col.; Col. Mol. M. N. n.° 1355, duas valvas roladas, R.F.D.F. COL. 410, V/1956; Praia das Charitas, D.G.M., D.N.P.M. n.° 781-IR, dez valvas unidas, exem¬ plares coletados recentemente mortos em praia seca, G. H. William col. 1943; D.G.M., D.N.P.M. n.° 975-IR, duas valvas unidas G. H. William col 1943, W. J. Clench det. como Arca transversa Say; Ilha do Governador, Praia da Freguesia, Col. Mol. M. N. n.° 2718, duas val¬ vas, exemplar coletado recentemente morto em praia seca, R. Goyanes col. VII/1957; Col. Mol. M. N. n.° 368, duas valvas, exemplar coletado recentemente morto em praia seca, D. R. Men¬ donça col. VIII/1963; Praia do Zumbi, Col. Mol. 50 A. C. S. COELHO, I). R. B. CAMPOS M, N. n.° 1351, três valvas soltas, R.F.D.F. CGL. 380, X/1955; Praia do Galeão, Col. Mol. M. N. n.° 1354, uma valva bastante rolada, R.F.D.F. COL. 450, V/1957; Enseada de Bota¬ fogo, Col. Mol. M. N. n.° 3682, seis valvas, exemplares capturados vivos, dragagem, 8-lüm de profundidade, fundo lama-areia, L. C. Araújo e L. C. Gurfcen cols. XI/1971; Urca, Col. Mol. M. N. n.° 1103, duas valvas soltas e roladas, A. Coelho col. VII/1957. Praia de Co¬ pacabana, D.G.M., D.N.P.M. n.° 1259-IR, qua¬ tro valvas soltas, P. E. de Oliveira col,, W. J, Glencli det. como Arca campechensis Gmelin; Praia da Gávea, D.N.P.M. n.° 1261- -IR, quatro valvas soltas e roladas, P. E. de Oliveira col. 1940; Praia do Recreio dos Ban¬ deirantes, Col. Mol. M. N. n.° 1350, oito valvas soltas e roladas, R.F.D.F. COL. 240, IV/1953; Col. MoLM.N. n.° 1359, três valvas soltas e rola¬ das, R.F.D.F. COL. 262, V/195S; Col, Mol. M.N.nA 1345, oito valvas soltas e roladas, R.F.D.F. COL. 308, V/1954; Praia de Grumari, Col, Mol. M. N. n.° 1353 e 138-0, cinquenta e sete valvas soltas e roladas, R.F.D.F. COL. 305, 1/1954; Col. Mol. M. N. n.° 1352, seis valvas soltas e roladas, R.F.D.F. COL. 423, VIII/1956; Barra de Guaratíba, Col. Mol. M. N. n.° 1347, quatro valvas soltas, N. Santos col. IV/1953; Col. Mol. M. N. n.° 1356, duas valvas soltas, R.F.D.F. COL. 420, VIII/1956. Restinga da Marambaia, Col. Mol. M. N. n. G 1348, doz-e valvas soltas e bastante roladas R.F.D.F. COL, 306, 1/1954. Baía de Marambaia, Col. Mol. M. N. n.° 881, duas valvas soltas, Colônia de Pesca Darcy Var¬ gas leg. IX/1943. Baía de Sepetiba, Praia do Saí, Col. Mol. M. N. n.° 1349, cinquenta e duas valvas coletadas em praia seca e bastante ro¬ ladas, R.F.D.F, COL. 386, 1/1956; Praia de Xbicui, Col. Mol. M. N. n.° 1346 e 1358, doze valvas soltas e bastante roladas, R.F.D.F. COL. 384, 1/1956. Angra dos Reis, Japuíba, Col. Mol. M. N. n.° 268, uma valva, H. P. Travassos col. A sinonímia para esta espécie é bastante extensa e confusa conforme pode ser verificada pelo tratamento dispensado por IHERING (1895: 214; 1897: 86-87) — Arca ( Argina ) indica Gmelin; DALL (1898: 650-652) — scapharca (Ar~ gina) campechensis Dillwyn; LAMY (1907: 292- 293) — A. ( Argina ) campechierisis Gmelin; SHFLDON (1916: 61-62) — Arca (Argina) cam¬ pechensis Dillwyn. K.ING &l BRODERIP (1832) descreveram do Rio de Janeiro Arca pectinoides que foi referida por STEVENSON (1972) como pertencente ao gênero Lunarca. Tivemos oportunidade de ve¬ rificar, baseados em fotografias dos síntipos de¬ positados no Britisb Museum (Natural History) (duas valvas soltas, Reg. No. 1969255), tratar-se de Lunarca ovalis (Bruguière) (Figs. 20-21). Família NOETIIDAE Stewart, 1930 Concha inequilateral, equivalve, de forma subtrapezoidal, romboidal, trigonal ou ovalada; umbos prosógiros ou opistógiros; área cardinal relativamente estreita; ligamento verticalmente estriado, alongado ou curto, prosodético, anfi- dético ou opistodético; charneira taxodonte, leve a fortemente arqueada; margem interna crenulada ou lisa; uma ou ambas as impressões dos músculos adutores com a característica es¬ trutura miofórica; com ou sem abertura bissal; superfície das valvas lisa ou costelada. Subfamílía NOETIINAE Siewart, 1930 Concha de forma trigonal a ovalada, comu- mente com carena umbonal posterior bem de¬ senvolvida; ligamento prosodético ou opistodé- tico ? há unia tendência para que as conchas opistógiras tenham ligamento prosodético e as conchas prosógiras tenham ligamento opistodé¬ tico; margem interna crenulada; superfície das valvas ornamentada com costelas primárias e secundárias; adultos vivem livres ou aderidos pelo bisso ao substrato duro. Gênero Noetia H, âz A. Adams, 1857 NCetia H. atual, do Atlântico Ocidental e Noetia centrota (Gup- py, 1867), espécie descrita do Plioceno de Trini- dad, esclarecendo que as figuras publicadas em Sei. Assoe. Triniâad Proc ., 1873, 2, pl. 3, figs. 4a-4b e reimpressas por Harris em Buli. Amer. Paleontology , 1921, 8 (35), pl. 1, figs. 4a-b para N. centrota (Guppy) são na verdade de N. bi- sulçata (Lamarek). Subfamília STRIARCINAE MacNeil, 1938 Concha de forma aproximadamente ovala¬ da, sub-retangular ou subquadrada; ligamento anfidético, curto v ou alongado; adultos vivem aderidos ao substrato duro. Gênero Arcopsis Koenen, 1885 Arcopsis Koenen, 1885: 86: Abbott, 1954: 344; Rost, 1955: 192; Keen, 1960: 30; Olsson, 1961: 84-85; Newell, 1969: N263-N264. Concha de forma sub-retangular; ligamen¬ to curto, restrito a uma área, aproximadamente triangular, sob os bicos dos urnbos; ausência de dentes na parte central da charneira; margem interna lisa; superfície das valvas finamente costelada e nodulosa; sem abertura bissal. Espécie-tipo: Arca limopsis Koenen, 1885* por designação subsequente de Reinhart, 1935 (ROST, 1955) . Localidade-tipo: Paleoceno de Copenhagen, Dinamarca (REINHART, 1935) . Distribuição geológica: do Paleoceno ao Re¬ cente (NEWELL, ^1969) . Subgênero Arcopsis Koenen, 1885 Arcopsis Koenen, 1885: 86: Reinhart, 1935: 30-32, pl. 3, figs. g, g ! ; Newell, 1969: N264. CONTRIBUIÇÕES AO CONHECIMENTO DOS MOLUSCOS DO RIO DE JANEIRO, BRASIL 53 Com os mesmos caracteres do gênero. Distribuição geográfica: cosmopolita (NE¬ WELL, 1969) . Arcopsis (Arcopsis) adam si (Smith, 18 PO); Figura 25 — vista interna. (Col. Moí, M. N. n,° 1979). Figura 27 — vista dorsal Figura 26 — vista externa Arcopsis ( Arcopsis ) adamsi (Smith, 1890) (Figs. 25-27) Arca Adamsi Shuttleworth. MS. Arca adamsi ShuttL: Guppy, 1867: 164. Arca Adamsi Shuttleworth: Dali, 1886: 243. Arca ( Acar ) Aâamsii, Shuttleworth, MS.?: Smith, 1890: 499, pl. 30, figs. 6, 6a. Arca Adamsi (Shuttleworth) Smith: Dali, 1901: 141. Arca adamsi Smith: Bigarella, 1949: 112. Arca adamsi adamsi Smith: Bigarella, 1949. tab. 2, Arca (Acar) adamsi adamsi “Shuttleworth” E. A. Smith, 1890: Morretes, 1949: 9; Goffer- jé, 1950: 253. .área ( Baròatia ) Adamsi Stuttlew.: Ihering, 1897: 80. Arca (Barbatia) Adamsi (Shuttleworth) Smith: Sheldon, 1916: 22, pl. 4, figs. 16-18; pl. 5, fig. 1. A. (Fossularca) Adamsi Shuttleworth: Lamy, 1907: 104-105. Arca ( Fossularca ) adamsi (Shuttleworth) Smi¬ th: Maury, 1925, legenda pl. 19, figs, 1 e 8. Acar adamsi adamsi “Shuttleworth” E. A. Smith, 1890: Morretes, 1954: 37. árcopsis adamsi (Dali, 1886): Kempf & Mat- thews, 1968: 89; Rios & Oleiro, 1968: 20; Rios, 1970: 151. Arcopsis adamsi Dali, 1886: Warmke Sz Abbott, 1962: 159, pl. 30-f. A7'copsis adamsi E. A. Smith 1888: Abbott, 1958: 111 . Arcopsis adamsi E. A, Smith: Abbott, 1954: 344, pl. 26-b. Arcopsis adamsi (E. A. Smith): Lopes & Alva¬ renga, 1955: 182. Arcopsis adamsi (Smith, 1890): Matthews Sz Kempf, 1970: 6, 43. Barbatia (Fossularca ) Adamsi (Shuttleworth) Smith: Dali, 1898: 629-630. Barbatia ( Fossularca) adamsi (Shuttleworth) Smith: Maury, 1925: 197-198, pl. 19, figs. 1 e 8. Fossularca adamsi Dali: Testud, 1967: 174. 54 A. C. S. COELHO, D. R. B. CAMPOS Concha medindo até 15mm de comprimen¬ to; coloração básica amarela clara; forma sub- retangular; bicos dos umbos prosógiros; super¬ fície das valvas finamente costelada e nodulo- sa, com aspecto reticulado; região ventral sua¬ vemente sinuosa sem formar abertura bissal; periõstraco fino e transparente, coloração ama¬ rela. Localidade-tipo: não indicada. Distribuição geológica: do Oligoceno ao Re¬ cente (DALL, 1898) . Distribuição geográfica: Estados Unidos da América do Norte, North Carolina, Cape Hatte- ras; Brasil (DALL, 1898); Brasil, Santa Cata¬ rina (RIOS, 1970) . Referências para o Estado do Rio de Ja¬ neiro: Cabo Frio (RIOS & OLEIRO, 1968) . Procedências e material examinado: Cabo Frio, Búzios, Praia de Manguinhos, Col. Mol. M. N. n.° 3671, duas valvas unidas, exemplar cap¬ turado vivo aderido ao substrato rochoso, na zona intertidal, descoberto na maré baixa, R. Arlé, B, M. Tursch, S. Buitone, A. Rosas o A. Coelho cols. m/1962; Col. Mol. M. N. n.° 3674, vinte valvas unidas, exemplares capturados vi¬ vos aderidos às rochas, na zona intertidal, des¬ cobertas na maré baixa, L. R. Tostes. P. Jur- berg e A. Coelho cols. VIII/1968; Ponta do Cavalo Ruço, Col. Mol. M. N. n.° 3672, doze valvas uni¬ das, exemplares capturados vivos aderidos ao substrato rochoso, 2-4m de profundidade, B. M. Tursch col. XII/1962; Praia do Forte, Col. Mol. M. N. n.° 1979, quatro valvas unidas, N. San¬ tos, J. Machado, M. Gino, J. Magalhães e L. R. Tommasi cols. VII/1956; Arraial do Cabo, Praia do Forno, Col. Mol. M. N. n.° 3675, dez valvas unidas, exemplares capturados vivos na zona intertidal, aderidos às rochas submersas na maré baixa, L. R, Tostes, P. Jurberg e A. Coelho cols. VIII/1968. Baía de Guanabara, Gragoatá, Col. Mol. M. N. n.° 3677, três val¬ vas, duas unidas, Devoto col. X/1949, H. S. Lo¬ pes leg. Arquipélago das Tijucas, Ilha Pontuda, Col Mol. M. N. n.° 3676, seis valvas unidas, tría¬ das de cascalho dragado a 18xn de profundida¬ de, L. C. Araújo e L. C. Gurken cols. XI/1971. Baía de S-epetiba, Ilha de Itacuruçã, Praia dos Mocambos, Col. Mol. M. N. n.° 3673, oito val¬ vas unidas, exemplares capturados vivos aderi¬ dos às rochas descobertas na maré baixa, B. A. Costa e A. Coelho cols. 1/1968; Praia do Saí, sete valvas soltas coletadas em praia seca, R.F.D.F. COL. 386,1/1956. Baía da Ilha Gran¬ de, Ilha do Algodão, D.G.M., D.N.P.M. n.o 137-IR, duas valvas unidas, Barão De Fíore col. 1940; Col. Mol. M. N. n.° 11593, quatro valvas unidas, Barão De Piore leg. 11/1942. Esta espécie tem sido creditada por alguns autores a Shuttleworth sem nenhuma outra in¬ dicação. Outros autores a tem creditado a DALL (1886) que ao referir-se a tal espécie a credi¬ tou a Shuttleworth também sem indicações. SMITH (1890), ao estudar o material de Fer¬ nando de Noronha descreveu a espécie baseado em mais dois exemplares pertencentes à Coleção Curning e rotulados, sem maiores indicações, por Shuttleworth como Arca Aâamsi, e ainda usou exemplares de St. Vicents, Jamaica e St. Tho- mas depositados no British Museum. Esclareceu também o fato de não ter encontrado a descri¬ ção original de Shuttleworth para a referida es¬ pécie. DALL (1898) ratificou estes esclareci¬ mentos , AGRADECIMENTOS *■ Pelas atenções, cessão e empréstimo de ma¬ terial aos colegas Luiz Roberto Tostes, Luiz Cor¬ reia de Araújo, Luiz Carlos Gurken (Rio de Ja¬ neiro, RJ), Eliezer de Carvalho Rios (M. O. R, G., Rio Grande, RS); Raul Garcia pelas ilustra¬ ções; ao colega Espedito Cordeiro da Silva Jú¬ nior pela atuação junto ao Professor C. Barry Cox, University of London, King’s College, que o encaminhou ao Professor C. P. Palmer, De¬ partment of Paleontology, British Museum (Na¬ tural History) e ao próprio Professor C. P. Pal¬ mer pelo envio das fotografias dos síntipos de Arca pectinoiães King & Broderip. SUMMARY Contributions to the knowledge of mollusks of Rio de Janeiro, Brazil. 1 — Bivalvia, Pterio- morphia, Arcoida, Arcoidea. Based on biblxographic research and on unstudied collections, five genera of bivalve mollusks are studied belonging to the families Arcidae and Noetiidae all from the coast of the State of Rio de Janeiro, Brazil. Aside from diagnostic characters, taxonomic observafíons as well as geological and of geographie distri- bution are made. CONTRIBUIÇÕES AO CONHECIMENTO DOS MOLUSCOS DO RIO DE JANEIRO, BRASIL 55 ABREVIATURAS USADAS Col. Mol. M.N. —- Coleção de Moluscos do Museu Naeional, UJÃR.J., Rio de Janeiro, RJ. M.N. Col, Mol H.S. Lopes — Museu Na¬ cional, U.F.R.J., Coleção de Moluscos Hugo de Souza Lopes, Rio de Janeiro, RJ. R.F.D.F. 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Em geral, os moluscos gastrópodes são encon¬ trados juntos com as ossadas fósseis durante as prospecções destes últimos. Aliás, a prospecção de vertebrados fósseis, de grande onerosidade e, por conseguinte, pouco comum, tem merecido, ultimamente, certa atenção. No caso dos ma¬ míferos, por exemplo, quase sempre associados a depósitos quaternários há uma fauna típica, extinta, que caracteriza os terrenos pleistocêni- cos. Nas últimas expedições realizadas pelo Mu¬ seu Nacional, notadamente no Nordeste, com o objetivo de coletar mamíferos pleistocênicos, técnicas específicas foram utilizadas no campo para o recolhimento efetivo de pequenos ossos, dentes isolados e mesmo fragmentos iniden- tificáveis à vista desarmada; sedimentos cor¬ respondentes aos níveis de coleta dos fósseis ou de perfis pré-estabelecidos foram cuidadosamen¬ te selecionados e levados para o laboratório para fins de estudo sedimentológico. O resultado deste trabalho propiciou a descoberta de uma expressiva fauna de microvertebrados — mar¬ supiais, roedores, quirópteros, aves, lacertílios (i) Com auxílio do Conselho cie Ensino para Graduados da Universidade Federal do Rio de Janeiro. (~) Em regime de Tempo Integral, COPER IIDE, L.E.R.j. 13) Em regime de Dedicaçao Exclusiva (COPERTIDE — IT.F.RJ.). etc. — associada a uma outra, do mesmo porte, relativa a moluscos gastrópodes náo-marinhos (CUNHA, 1966) . Os gastrópodes continentais, no Brasil, prin- cipalmente os de água-doce como os planorbi- deos, vêm sendo registrados desde o Cretáceo Inferior pelo menos e têm contribuído, como parte dos conjuntos bióticos, para a interpre¬ tação dos paleoambientes e o estudo da corre¬ lação de depósitos Similares ocorrendo em áreas diversas. Em virtude das dificuldades no levan¬ tamento de dados seguros para uma posição cor¬ reta dos nossos depósitos fossilíferos, tem havido uma certa discrepância no que tange a idade dos moluscos. PARODIZ (1969), por exemplo, realizou um trabalho de peso com o estudo dos moluscos não-marinhos do Terciário da Amé¬ rica do Sul, cometeu enganos quanto à posi¬ ção estratigrãfica de alguns dos nossos depósitos fossilíferos, confundindo-os no espaço e no tem¬ po. O mesmo PARODIZ (1969: 189) levantou cerca de 22 famílias desses moluscos, incluindo 10 de gastrópodes pulmonados. Somente no Olho d'Agua da Escada a presença de Vertigí- nidae e Bulímulidae mostra uma distribuição vertical que vem desde o tempo geológico da bacia calcária de Itaboraí (FERREIRA ás COE¬ LHO, 1971: 468-470). Os planorbídeos, também presentes no Olho d’Água da Escada, são co¬ nhecidos desde o Cretáceo Inferior na bacia do Recôncavo da Bahia. REGISTRO GEOLÓGICO DOS GASTRÓPODES PULMONADOS NO BF.ASIL (Fig. 1) Os primeiros registros no Mundo datam dos tempos paleozoicos, com raras ocorrências em terrenos carboníferos . Entretanto, somente a 60 F. L, S. CUNHA, A. C. S. COELHO partir do Jurássico aparecem formas mais diver¬ sificadas desses animais, cujo pleno desenvol¬ vimento dá-se no Cenozoico e muitas das vezes ocorrendo associados aos vertebrados. chostráceos e a vertebrados quelônios, croeodi- lianos e dinossauros, segundo o registro da loca¬ lidade de São José do Dio Preto, SP (MEZZ AU¬ RA, 1974: 116. ,145, est. 2, fig. 1 e la) . HOLOCENO Depósitos ofaaisj diversos r Sftios orqueoloqicos* cavemos e sambaquis PLEISTOCENO Deposito das cavernas., RN,. MG, PÜOCENO Fm.Pebas 1?) Amazônia - Peru MIOCENO (?) OLIGOCENO M Fm.Tremembe, SP (?) EOCENO (?) PALEOCENO INFERIOR CRETÁCEO J SUPEKl0R 1 INFERIOR Fm. Bauru, SP Fm, Sai va dor, BA • - Planorbsdae sã - Pulmonata Figura I — Registro geológico dos gastrópodes pulmonados no Brasil. No Brasil ocorrem desde o Cretáceo Inferior (OLIVEIRA & LEONARDOS, 1943: 569-576) . As primeiras referências sobre esta ocorrência fo¬ ram dadas por Samuel Allport, depois que cole¬ tou rochas sedimentares aflorantes na locali¬ dade de Monte-Serrate, Salvador, BA (LEO¬ NARDOS, 1970: 158-160, 220) . Este local, mais tarde, minuciosamente estudado pela Petrobrás, serviu de secção-tipo para a Formação Salvador (VIANA et al% 1971: 172-173, figs. 1, 9, 16). Esta formação interdigita-se com as demais uni¬ dades estratigráficas que compõem a coluna se¬ dimentar do Recôncavo, consideradas do Cre¬ táceo Inferior (Supergrupo Bahia) . A idade do terreno e a origem do ambiente gerador foram firmados com base na bioestratlgrafía dos os- tracõdeos não-marinhos e dos respectivos regis¬ tros litológicos. No Cretáceo Superior, os terrenos compre¬ endidos pela Formação Bauru — representando uma extensa área sedimentar na Bacia do Pa¬ raná, envolvendo parte dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e de Mato Grosso, capean¬ do o derrame basáltico — contêm gastrópodes pulmonados associados a outros invertebrados de água doce como bivalves, ostracódeos, con- O melhor registro de gastrópodes pulmona¬ dos é, sem dúvida, o da bacia calcária de São José de Itaboraí, Itaborai, RJ, que apesar de suas re¬ duzidas dimensões encerra riquíssima fauna de gastrópodes e de vertebrados. FERREIRA & COELHO (1971: 465-466) discerniram a respeito da idade dos fósseis dessa formação por consi¬ derarem as duas faunas independentes uma da outra, embora contidas no mesmo pacote sedi¬ mentar. Atribuíram aos gastrópodes idade re¬ lativa neocretáciea-eopaleocênica, por estarem contidos no calcário e concordaram com PAULO COUTO (1958: 12) quanto à idade neopaleocê- nica dos vertebrados, por ocorrerem estes em ca¬ nais preenchidos de sedimentos margosos. Por conseguinte, os vertebrados estão correlaciona¬ dos com a fauna de Rio Chico, do Paleoceno Su¬ perior da Patagônia. Em 1973 Cândido Simões Ferreira comuni¬ cou, no I Encontro Nacional de Paleontólogos (FERREIRA, 1974), a descoberta de exemplares de Biomphalaria na camada de bentonita da Formação Tremembé, associados a restos de ma¬ mífero atribuído a Leontinia , notoungulado tí¬ pico do Oligoceno Inferior (PAULA COUTO Sz MEZZALIRA, 1971: 482). CONSIDERAÇÕES SOBRE A OCORRÊNCIA DE MOLUSCOS GASTRÓPODES NA JAZIDA FOSSILÍFERA... 61 Os nossos terrenos geológicos fossilíferos continentais do topo do Terciário são pratica¬ mente desconhecidos, razão pela qual não há in¬ formações seguras soõre a ocorrência dos gastró- podes pulmonados, embora algumas referências sejam feitas, com reserva, à Formação Pebas, do Peru, com equivalência na área amazônica do Brasil (PARODIZ, 1969: 33, 216) . Outros registros de gastrópodes pulmonados são verificados em terrenos quaternários e quase sempre ocorrendo com vertebrados. Tais terre¬ nos formam os depósitos dos tanques, das caver- 62 L. S. CUNHA, A. C. S. COELHO nas, das lagoas, as vazantes de rios, as cobertu¬ ras de tufos calcários e outros, ainda não bem definidos, distinguindo-se, apenas, os terrenos pleisíocênicos pela^ presença de mamíferos ex¬ tintos neles contidos (CUNHA, 1986: 82-87) . A LOCALIDADE DO OLHO D’ÁGUA DA ESCADA Está situada no Distrito de Baraúna, nas proximidades do Povoado de Boa Sorte, na mar¬ gem da rodovia Mossoró, RN —- Limoeiro, CE (fig. 2). Tem esse nome devido a um brota- mento d’água natural (olho d’água) que permi¬ tiu a fixação de seu núcleo humano. A região é constituída, na sua estrutura geo¬ lógica, de sedimentos calcários componentes da Formação Jandaíra de idade cretãciea. É fre¬ quente o afloramento de extensos lajedos, onde a rocha nua, sujeita a intenso intemperismo, mostra os fenômenos cársticos bem evidentes como cavernas, dolinas, sumidouros e outros (figs. 3 e 4) . Figura 3 — Superfície externa do lajedo do Olho d'Ãgna da Escada. À direita, entrada da furna SE (Seg. CUNHA, 1966). Figura 4 — Escavações no interior da fuma SE (Seg. CUNHA, 1966). A caverna é constituída de duas furnas de tamanhos desiguais, abertas exteriormente e in¬ terligadas por um túnel; o seu maior diâmetro (40m) se dispõe na direção SE-NO. Uma das furnas, a maior (SE), tem o assoalho em forma de bacia, cuja concavidade é preenchida por se¬ dimentos numa espessura de cerca de 3m; em virtude da existência de vegetação arbustiva e mesmo de árvores copadas, os sedimentos ama¬ relos (pleistocênicos) são recobertos por uma fina camada de sedimentos escuros, ricos em matéria orgânica (Fig. 5) . A furna menor (NO) é desprovida de vegetação, permanecendo o calcário em lajes soltas; o nível do seu assoalho é bem inferior ao da furna maior sendo o escoa¬ douro natural das águas. Uma abertura foi feita na furna maior (fig. 4) para recolhimento de ossadas e respectivos sedimentos pleistocênicos. CAMPOS E SILVA (1971) investigou deta¬ lhadamente as estruturas calcárias desta caver¬ na no que tange a espeleotemas de ambientes não-marinhos como estalactites, estalagmites e terraços travertinos; no estudo das mieroestru- turas calcárias abordou com muita propriedade os principais tipos de fossilização ali ocorridos, inclusive os das microconchas de gastrópodes. Na época atual, a caverna permanece em regime seco a maior parte do ano, só recebendo águas pluviais por ocasião das estações chuvo¬ sas. OBSERVAÇÕES MALACOLÓGICAS. A ocorrência de conchas de moluscos no Olho d'Agua da Escada foi notada por Vingt-Un Rosado Maia e Fausto Luiz de Souza Cunha, em 1961, quando realizavam pesquisas em busca de mamíferos pleistocênicos. As primeiras conchas coletadas superficial- mente, associadas às ossadas pleistocênicas de répteis, aves e principalmente de mamíferos ex¬ tintos ( Uavlomastcdon > Eremotherium, Palaeo - lama, Panoehtus etc.) representavam gastrópo¬ des terrestres e aquáticos especialmente de gê¬ neros como Ânostoma, Tomigerus, Odontosto- mus e Biomphalaria (CUNHA, 1966) . Da análise e triagem dos sedimentos pleis¬ tocênicos coletados resultou uma coleção de con¬ chas de gastrópodes de pequeno porte que está depositada no Museu Nacional, Rio de Janeiro, RJ. O material estudado apresenta os mais di¬ versos estados de fossilização, enquadrando-se nos princípios estabelecidos por CAMPOS E SILVA (1971: 74, fig. 3) . Ern geral, as conchas são muito frágeis, delicadas e quase sempre re¬ vestidas ou preenchidas por calcário, o que di¬ ficulta, sem dúvida, a identificação. CONSIDERAÇÕES SOBRE A OCORRÊNCIA DE MOLUSCOS GASTRÓPODES NA JAZIDA FOSSILEFERA,.. 63 Sedimento holocênico com vegetação arbórea Sedimento pleistocèníco com vertebrados e gastròpodes fosseis GoScario creta"cico Figura 5 — Secção através do Olho d'Âgua da Escada (Modificado de CUNHA, 1966). GASTROPODA PULMONATA r STYLOMMATOPHORA Vertigo Müller, 1774 (Fig. 6) Distribuições geológica e geográfica conhe¬ cidas: do Paleoceno (?) ao Recente — Europa, Ásia, África, Antilhas, Américas (FERREIRA COELHO, 1971) . Ilhas Oceânicas; F. Noronha, Trindade. Figura 6 — Conchas de exemplares adulto c jovem de Vertigo (R. Garcia deL). Constituído de espécies cujo comprimento das conchas é exclusivjamente de poucos milíme¬ tros e, no dizer de PILSRRY (1948: 943), são ani¬ mais que vivem sobre e sob madeira e folhas caídas em locais úmidos ou em gramados e sob folhas secas nas margens de lagos. Examinamos exemplares em diferentes estᬠgios de crescimento: a abertura da concha de exemplar adulto apresenta as lamelas parietal- angular e columelar e as dobras basal e palatal- inferior bem evidentes. SUBULINIDAE Lamellaxis Strebel Sz Pfeffer, 1882 (Fig- 7) Distribuições geológica e geográfica conhe¬ cidas: Recente — região Neotropical (ZILCH, 1960). Ilhas Oceânicas: F. Noronha, Trindade. Espécies cujo comprimento máximo das conchas alcança 10 mm. Vivem normalmente em áreas cultivadas, o que tem propiciado uma am¬ pla distribuição por atuação humana. O' material está representado por exempla¬ res em difirentes estágios de crescimento que à despeito de conterem impregnações permitem, constatar o ápice mais rombo e o perfil das vol¬ tas menos convexo que em Lamellaxis micra (Orbigny, 1835) . Também, de um modo geral, como acontece com a espécie comparada, não há uniformidade na ornamentação axial. 64 Figura 7 — Conchas dc Lamellaxia cm diferentes estágios de crescimento (R. Garcia dei.). SYSTROPHIIDAE Hajypia Bourguignat, 1889 (Fig. 8) Distribuições geológica e geográfica conhe¬ cidas: Recente — América do Sul (ZIL-CH, 1960). Figura S — Vistas dorsal e ventral de concha de Happia (R. Ciarei a dei.). Examinamos uma concha incompleta, de fraca consistência, com incrustações calcárias, cujas voltas aparentam o desenvolvimento de espira baixa e de umbüico pouco acentuado. Parece pertencer ao gênero Happia, para o qual MGRRETES (1949: 138-139) registrou 12 espé¬ cies no Brasil. Essas espécies devem viver sob troncos de madeira caídos e rochas em locais úmidos . CONCLUSÕES A pesquisa paleontológica do Olho d 5 Agua da Escada suscita, de imediato, dois problemas fundamentais: l.° — reconstituição do paleo- amfoiente quaternário; 2.° explicação para a presença conjunta da rnicrofauna de vertebra¬ dos e gastrópodes associados no mesmo sedi¬ mento , F. L. S. CUNHA, A. C. S. COELHO No primeiro problema, a tentativa de inter¬ pretação das condições ambientais de deposição dos sedimentos do Olho d’Água da Escada, com base nos gastrópodes, é dificultada pelo pouco conhecimento que se tem da malacoíauna ter¬ restre brasileira, inclusive dos limites de distri¬ buição geográfica e dos próprios fatores ecoló¬ gicos. Por outro lado, também, o desconheci¬ mento de assembléias faunístieas de moluscos em termos bioestratigráficos de terrenos ceno¬ zoicos não-marinhos torna impossível, no mo¬ mento, qualquer correlação dessas faunas. Já a presença de grandes mamíferos, como masto¬ dontes, megatérios (herbívoros) e tigres-dentes- -de-sabre (carnívoros), entre outros, por si só justifica a suposição de um ambiente para o Olho d’Agua da Escada, completamente diverso do ambiente de caatinga, porém não o define precisamente. Quanto ao segundo problema, é admissível a presença conjunta dos microvertebrados com os micro gastrópodes no mesmo sedimento, mas com uma explicação independente para cada um. No caso dos vertebrados, as corujas das cavernas são as responsáveis diretas pelo acúmulo de grande quantidade de ossículos, em função das pelotas regorgitadas que, em síntese, reúnem representantes da fauna vivente na re¬ gião, principalmente de pequenos mamíferos. Os roedores cricetídeos, como Oryzoviys, por exemplo, têm representantes típicos de formas fósseis e viventes na região das cavernas do Olho d’Água da Escada e Lagoa Santa e, nas condições atuais, são de ampla distribuição em todo o Brasil. Os micro-gastrópodes, por sua vez, sugerem urna interpretação diferente, pois os gêneros representados podem corresponder a espécies exclusivamente fósseis ou fósseis e vi¬ ventes ainda. Os gastrópodes de porte milimé¬ trico, identificados no Olho d'Água da Escada, pertencem a gêneros de ampla distribuição con¬ tinental e até mesmo em ilhas oceânicas como Lamellaxis e Vertigo , sendo que este último ain¬ da apresenta uma longevidade digna de nota através dos tempos geológicos, É de se estra¬ nhar, pois, que animais tão diminutos, de am¬ biente continental, possam se espalhar por pon¬ tos tão distantes, sem que um elemento comum tornasse isso possível, é admissível que as aves possam preencher esta condição ao transportar extemamente, no seu corpo, os microgastrópodes pulmonados para qualquer distância e am¬ biente . SUMMARY A field reconnaissance of Pleistocene depo- sits in Mossoró, RN., Brazil, was made in 1961 CONSIDERAÇÕES SORRE A OCORRÊNCIA DE MOLUSCOS. ,. 65 (CUNHA, 1966) . This paper studies fóssil gas- tropods fomid in the limestone cave collected in deposit of the Olho cTÁgua da Escada, which contains many vertehrates as Haplomastoãon, Eremcnthertum , Palaeolama, Panochthus This cave keeps in an abundance of small vertebra- tes and land and freshwater gasíropods as A?ios- toma, Tomigerus, Odontostomus, Vertigo , La - mellaxis, Happia e Biomphalaria. It is the pur- pose of the present paper to identify the gas- tropods fossils from sediments inside of the cave and ío demonstrate their relationships with pieis toc ene micro vertehrates and vertehrates, in general, of the same age, A schematic geologic registei* for hrazilian pulmonates is also pre- sented. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMPOS E SILVA, A., 1971 — Petrografia e gênese de alguns calcários cenozoicos não-marinhos do Nordeste. Est. Sedimentol., 1 (2):69-85, 7 text-fig. Natal. CUNHA, F.L.S., 1966 — Explorações Paleontológicas no Pleistoceno do Rio Grande do Norte. Arq. Inst. Antropologia, Univ. Fe,d. RN, 2 (1/2) :75-116, 3 anexos, 12 ests. Natal. FERREIRA, C.S., 197.. . — Moluscos pulmonados de água doce da argila bentônica de Tremembé, SP. An. Acad. Bras. Ciênc., 46, 1974 (3). Rio de Ja¬ neiro (no prelo). FERREIRA, C.S. & COELHO, A.C.S., 1971 — Novos Gastrópodes Pulmonados da Bacia Calcária de São José de Itaboraí, RJ, Brasil. Geocronologia. An. Acad, Bras. Ciên., 43 (Suplem.): 463-472, 8 text-íigs. Rio de Janeiro. LEONARDOS, O.H., 1970 — Geociências no Brasil — a contribuição britânica, XIV -f 343 pp. Fórum Editora. Rio de Janeiro. MEZZALIRA, S., 1974 — Contribuição ao conheci¬ mento da Estratigrafia e Paleontologia do Are¬ nito Baurú. Inst. Geog. Geolog. Boi., 51:1-163, 14 fotos, 2 ests., 1 mapa. São Paulo. MORRETES, F.L., 1949 — Ensaio de catálogo dos moluscos do Brasil. Arq. Mus. Paran., 7 (1):5-216. Curitiba, MUNIZ, G.C.B. & RAMIREZ, L.V.O., 1971 — Tufo Calcário (Tufa) Quaternário com Moluscos, nos Estados da Paraíba e Pernambuco. An, Acad. Brasil. 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Sugere ainda as seguintes relações, embora menos con¬ vincentes do que as precedentes: a) a duração da vida e a limitação do tamanho da concha estão diretamente associadas e b) que o ta¬ manho das massas de ovos está diretamente associado com o tamanho da concha. BAILY, (i) Trabaho realizado na Seção cie Parasitologia do Ins- título de Pesquisa Agropecuária Centro Sul (IPEACS- MA), Laboratório de Biologia Animal da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado do Rio de Ja¬ neiro (LBA/SAA-RJ) e na Área de Parasitologia do Instituto de Biologia da UF.R.R.J. com o auxílio do Conselho Nacional de Pesquisas (Processos n.°s 95(59/72; 5893/72: 2859/71; 1325/71). PLÍNIO ANTÔNIO COSTA GOMES Laboratório de Biologia Animal Secretaria de Agricultura e Abastecimento Niterói, RJ SILVINO NUERNBERG MANOEL PIMENTEL NETO GILSON PEREIRA DE OLIVEIRA Instituto de Pesquisa Agropecuária Centro Sul Ministério da Agricultura ItaguaiJ RJ HUGO EDISON BARBOZA DE REZENDE JOSÉ LUIZ DE BARROS ARAÚJO ^ RUBENS PINTO DE MELLO Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de janeiro I taguaí, RJ no entanto, não faz referência ao comporta¬ mento biológico de L. columeila em relação às variáveis do meio ambiente, dificultando assim a análise comparativa dos resultados obtidos no presente trabalho. KRULL (1933), verificou a alta prolificida- de de Lymnaea columeila, reproduzindo-se fa¬ cilmente em tanques e em águas de pouca cor¬ renteza, favorecida pela presença de lírio d’água ou tabua ( Typha ), bem como quando submetida às condições de laboratório. Observou ainda que L. columeila apresenta em sua ecologia grande tolerância à água de pH alcalino (6,1 a 6,8), e ressalta ser potencial- mente importante como hospedeiro interme¬ diário da Fasciola hepatica Linnaeus, 1758, em virtude de produzir uma geração a cada dois meses, em condições de laboratório, sendo fa¬ cilmente criada. LEÕN-DANCEL (1970), trabalhando com Lymnaea columeila, estudou o ciclo biológico, bem como a infecção experimental com Fasciola hepatica em laboratório, em Porto Rico. Neste trabalho é adotada uma metodologia na qual os autores se basearam para a execução do presente estudo. REZENDE et al (1973), descrevem o acha¬ do de duas espécies do gênero Lymnaea La- marek, 1799: L. columeila Say, 1817 e L, ciihen - sis Pfeiffer, 1839, no Estado do Rio de Ja- 68 P. GOMES, S. NUERNBERG, M. NETO, G. OLIVEIRA, H. REZENDE, J, BARROS-ARAUJO, R. MELLO neiro. Ambas as espécies parecem ser impor¬ tantes como hospedeiros intermediários da Fascicía hepatica , sendo até o presente momen¬ to Lymnaea columella (fig. 1) a de maior dis¬ tribuição geográfica. Figura 1 Observou-se a frequência do molusco nas diferentes estações do ano em ribeirões, açudes e pequenos lagos dos municípios de Três Rios, Paraíba do Sul, Barra do Pirai, São Gonçalo, Magé, Teresópolis e Petrópolis, dentre os quais alguns de importância na pecuária do Estado. Em laboratório estudou-se o ciclo biológico completo da Lymnaea columella , MATERIAL E MÉTODOS Os moluscos coletados numa fazenda situa¬ da no município de Teresópolis, trazidos para o laboratório, efetuaram posturas, as quais ori¬ ginaram a população utilizada neste estudo. Na criação dos moluscos foi adotado o mé¬ todo de TAYLOR et MQZLEY(1948) modificado: a amostra de terra fértil, livre de detritos, foi colocada em recipiente com capacidade de 10 litros; adicionou-se água destilada, homoge¬ neizando sempre o material, até que adquirisse uma consistência pastosa, sendo decantado o excesso de água; a seguir a massa pastosa foi colocada em bandeja de plástico medindo 50 x 40 x 9 cm (fig. 2), de tal modo que a su¬ perfície se mantivesse inclinada 5 cm, consti¬ tuindo-se os viveiros. No centro da superfície inclinada, foi co¬ locada uma amostra de material proveniente do mesmo local onde foram capturados os mo¬ luscos, material esse rico em algas Oscilatória spp e Diatomaceas. Uma vez adquirida a solidez desejada do meio de criação, os viveiros foram colocados na posição horizontal e adicionados 2 litros de água bidestilada. Nas paredes do vi¬ veiro, imediatamente acima do nível da água foram feitos pequenos orifícios, para evitar o Figura 2 Figura 3 acúmulo de água. Estes viveiros, com cober¬ tura de tela de plástico (tamis — fig. 3), foram mantidos em recinto com cerca de 48% de som¬ bra, com a temperatura variando entre 18 a 32°C e a umidade relativa do ar entre 65 e 96%. Man¬ tidos nessas condições após 2 semanas da se¬ meadura das algas, houve crescimento suficien¬ te para a manutenção dos moluscos, durante a fase inicial de desenvolvimento. Posteriormen¬ te, usou-se folhas de alface ( Lactuca soMva A.) e de couve ( Brassica oleracea var. acephala L.) cortadas em pequenos pedaços, como alimenta¬ ção suplementar, colocadas 3 vezes por se¬ mana. A observação das diversas fases do ciclo biológico do molusco foi iniciada com várias pos¬ turas, cuidadosamente retiradas da parede do viveiro, com auxílio de uma espátula e coloca¬ das em placas de Petri, com papel de filtro ume- decido em água bidestilada e mantidas à tem¬ peratura de 27 a 29°C. Após a eclosão, os mo¬ luscos foram colocados em viveiros semelhantes ao anteriormente utilizado, isoladamente ou em grupos de 15, 30, 40, 50, 60 e 100 exemplares. BIOLOGIA DA LYMNAEA COLUMELLA. .. Afim de submeter os moluscos ao teste de resistência, foram preparados 8 viveiros, cada um com 30 exemplares, com 24 dias de nasci¬ dos. Decorridos 30 dias, observou-se grande nú¬ mero de massas de ovos e de moluscos recém- nascidos. Procedeu-se então à retirada de toda a água do viveiro, tendo-se o cuidado de pro¬ tegê-lo com cobertura, para evitar a entrada de água da chuva. Mantidos no mesmo ambiente que os outros viveiros, após um mês, tempo que foi sufícente para dessecação do meio, remo¬ veu-se a cobertura do viveiro e adicionou-se 2 litros de água bidestilada e pequenos fragmen¬ tos de alface e couve. RESULTADOS As posturas de Lymnaea columella, consti¬ tuídas por massas gelatinosas, medindo de 4 a 12 mm de comprimento por 3 a 5 mm de largu¬ ra, fora encontradas na parede do viveiro, junto à superfície da água, e sobre a massa pastosa do meio. O número de ovos variou de 8 a 32, com uma média de 18, observado em 140 posturas oriundas de uma colônia de 50 moluscos. Cada ovo mediu de 0,5 a 0,9 mm de comprimento por 0,4 a 0,7 mm de largura, contendo um embrião. De 15 moluscos criados individualmente e obser¬ vados durante 98 dias, foram obtidas 871 mas¬ sas de ovos, tendo cada massa de 17 a 44 ovos. A postura média por molusco foi de 24 ovos por dia. Os ovos foram colocados em placa de Petri, com papel de filtro umedecído em água bidestilada e mantidos à temperatura ambiente de 27 a 29°C. O período de incubação foi de 9 a 12 dias, com um índice de eclodibilidade entre 96 a 100%. Os moluscos criados em grupos de 15 e 30 por viveiro, alcançaram tamanho de 4 a 7 mm de comprimento de concha, com a idade de 19 a 24 dias, quando iniciaram, as posturas. O ín¬ dice de criabilidade foi alto, não sendo neces¬ sário mudá-los para outros viveiros. Como ali¬ mentação suplementar, foram utilizadas folhas picadas de couve e alface, não tendo sido regis¬ trada nenhuma alteração em seu comporta¬ mento . O uso de viveiros sem o cuidado prévio de inclinar a massa pastosa de terra e de adicio¬ nar algas, para os grupos de 40, 50, 60 e 100 moluscos, resultou no retardo do crescimento, com 15 a 25% de mortalidade, decorridos ape¬ nas 10 dias. Nas condições favoráveis anterior mente descritas, a longevidade dos moluscos oscilou de 115 a 145 dias, tomando por base 15 colô¬ nias de 15 e 20 exemplares. Nestas condições 69 atingiram 12 a 15 mm de comprimento de con¬ cha, tamanho esse raramente alcançado nas condições naturais de campo. Ngs testes de resistência à dessecação, os exemplares adultos foram muito sensíveis, pois dos 240 moluscos distribuídos igualmente em 8 viveiros e submetidos à dessecação progressiva durante 30 dias, somente 2 sobreviveram por mais 3 dias após ter-se adicionado água bides¬ tilada. Em 3 viveiros observou-se que 4 a 8 mo¬ luscos jovens com 1 a 4 mm de comprimento de concha, permaneceram vivos após o mesmo período de dessecação, notando-se 50 dias após, ter havido reprodução, com grande número de moluscos em atividade. Nos 8 viveiros obser¬ vou-se que as posturas que apresentavam ovos embrionados não eclodiram após o período de dessecação, revelando ao exame microscópico que todos -estavam mortos. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Em condições naturais, a campo, Lymnaea columella foi encontrada em tanques, açudes e pequenos lagos, cobertos por vegetações diver¬ sas e entulhos (fígs. 4, 5 e 6) . Nestes ambien¬ tes, foram observadas posturas sob pedaços de madeira e entulhos diversos. Figura 4 O período de maior incidência dos molus¬ cos correspondeu aos meses de menor precipi¬ tação pluviométriea, que na região compreende os meses de junho a novembro. LEÕN-DANCEL (1970) observou, também, a maior frequência dos moluscos em ambientes semelhantes, em período de estiagem, que em Porto Rico corresponde aos meses de novem¬ bro a abril, Para melhor compreensão dos aspectos eco¬ lógicos de Lymnaea columella , torna-se neces- 70 V. GOMES, S. NUERNDERG. M. NETO, G. OLIVEIRA, H. REZENDE, J. BARROS-ARAÚJO, R. MELLO Figura 6 sário um estudo mais apurado da dinâmica de população, durante as estações do ano, o qual já se encontra em fase de desenvolvimento. O comportamento dos moluscos em labo¬ ratório, em nossas condições, foi muito seme¬ lhante ao descrito por LEÓN-DANCEL (1970), verificando-se, também, maior resistência ã dessecação nas formas jovens do que a obser¬ vada para os ovos e os adultos, sendo o período de resistência dos jovens 10 dias mais longo, em relação ao registrado em Porto Rico. AGRADECIMENTOS À Secretaria de Agricultura e ao Grupo Exe¬ cutivo da Produção Animal (GEPA), do Esta- dO’ do Rio de Janeiro, nossos agradecimentos pelo apoio e facilidades dispensadas no decor¬ rer deste trabalho. Ao Sr. Carlos Piloto pela dedicação emprestada na confecção dos traba¬ lhos fotográficos. 8UMMARY The life cycle of Lymnaea columeUa Say was studied under laboratory conditions. The snails were collected from different localities in the State of Rio de Janeiro, Brasil. The shell of adults with an age of 19-24 days were about 4 to 7 mm in height. Colonies of 30 snails were easily bread in special trays 50x40x9 cm. Single adults produced about 24 eggs per day; 96 to 100% of eggs hatehed whithin a period from 9 to 12 days at a * temperature 27-29 °C. Adults and eggs were highly sensitive to dessication but young snails were very resistant. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAILY, J.L., 1931 — Some date ora growth, longe- vity and fecundity in Lymnaea columeUa Say. Biol. Gem, 7:407-428. KRULL, W.H., 1933 — The snail Pseudosuceinea columeUa (Say) as a potencially important inter- mediate host in extending the range of Fasciola hepatica Linn. J. Wash. Acad» Sei., 23:389-391. Washington, LEÓN-DANCEL, D., 1970 -— Life history of Lymnaea columeUa (Say) and its experimental infection with Fasciola hepatica (L.). J. Agr. Univers. Puerto Rico, 54(2) :297-305. REZENDE, H.E.B., ARAÚJO, J.L. de B., GOMES, P.A.C., NETO, M.P., NUENRBERG, S., OLI- VIEIRA, G.P. e MELLO, R.P., 1973 — Notas so¬ bre duas espécies de Lymnaea Lamarck, 1799, hos¬ pedeiros intermediários de Fasciola hepatica L. no Estado do Rio de Janeiro Arq. Univ, Fed. Rural do Rio de Janeiro, 3 (l):21-23. Itaguai. TAYLOR, E.L. & MOZLEY, A., 1948 — A culture method for Lymnaea truncatula. Nature, 161:894. London. Arq. Mus. nac., RJ /v. 55/ nov. 1915 SISTEMA FECHADO DE AQUÁRIO MARINHO PARA EXPOSIÇÃO PÚBLICA (Com 5 figuras) PEDROJURBERG Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro^ RJ LUIZ CARLOS DE F. ALVARENGA (1) Museu Nacional Rio de Janeiro, RJ Para a realização do III Encontro dos Ma- lacologistas Brasileiros, no Museu Nacional, Rio de Janeiro, julho de 1973, tivemos ensejo de co- laoorar para a execução de uma exposição pú¬ blica, desenvolvendo um sistema fechado de aquário marinho, com a preocupação de que a parte estética não fosse sacrificada pela parte técnica. Procuramos elaborar um sistema onde só ficasse visível a parte que contivesse os ani¬ mais, enquanto que a parte referente ã manu¬ tenção estivesse contida numa base, no centro da sala de exposição, integrando o conjunto arquitetônico. Baseamos o trabalho em JURBEFiG- & PIERI (1971), que contém maiores detalhes téc¬ nicos e bibliográficos, introduzindo aqui as mo¬ dificações e os aperfeiçoamentos necessários para atender ao objetivo. EQUIPAMENTO 1. Uma caixa de cimento amianto (Eternit), com capacidade de 150 litros; 2. Três aquários de plástico acrílico, com ca¬ pacidade de 13 litros cada um; 3. Um controlador de tempo, automático, Ser- mar Cronomat, mod. 7900; 4. Uma bomba/filtro, Eheím, mod. 381; 5. Um filtro interno, mod. I-l, Aquabrás; 6. Conexões, flanges e tubos de 1/4” de di⬠metro, de PVC; 7. Três lâmpadas fluorescentes; 8. Uma lâmpada ultra-violeta (Germicida); 9. Um aerador, Aquabrás, mod. Super; 10. Uma placa de acrílico; 11. Trezentos g de carvão ativo, granulado; 12. Seis kg de areia; 13. Algas ornamentais de plástico. (1) Estagiário do Departamento de Invertebrados, Masco Nacional, ILF.R.J. DISPOSIÇÃO DO SISTEMA O sistema foi disposto em três partes: in¬ ferior, mediana e superior. Parte inferior — Uma base de madeira (fig. 1 pi), revestida de feltro negro, com 1,20 m de altura, com uma porta (fig. 1 pm) e uma janela (fig. 1 ja) para permitirem o acesso. No interior, foram instalados: a caixa de cimento amianto (fig. 1 c), o controlador de tempo (fig. 1 cr), uma lâmpada fluorescente (fig. 1 lf) e a lâmpada ultra-violeta (fig. 1 luv) . O circuito elétrico está esquematizado na figura 4. Figura 1 — Esquema geral da montagem. Escala 1:15. Parte mediana — Um conjunto de três aquᬠrios (fig. 1 a, a 2 , a 3 ) colocados sobre a base de madeira, cobertos por uma placa de acrílico (fig. 3 ta) . 72 J. JURBERG, L. C. F. ALVARENGA Parte superior — Uma estrutura de madei¬ ra (fig. 1 ps) revestida de feltro negro, que des¬ cia do teto e faceava o conjunto dos aquários, uma janela (fig. 1 jii) permitia o acesso. No interior, foram instalados: o aerador (fig. laer), o conjunto de válvulas (fig. 3 fcf), tubos flexí¬ veis de plástico (fig. 3 tu) e duas lâmpadas fluorescentes (fig. 1 If) . O circuito elétrico está esquematizado na figura 5. Figura 3 — Sistema de emergência de aeraçâo, filtragem e circulação. FUN CIONAMENTO O sistema principal de circulação e filtra¬ gem (fig. 2), era realizado por meio de uma bomba/filtro (fig. 2 bf) com capacidade de 4,2 litros por minuto e com possibilidade de impul¬ sionar a água a 0,9 m de altura, permitindo ele¬ var a água da caixa (fig. 2 c) para o aquário Figura 2 — Sistema principal cie circulação c filtragem. As setas indicam o percurso da água. a t (fig. 2). A água circulava através dos aquᬠrios por vasos comunicanfes, v x -v 2 (fig. 2) atin¬ gindo o nível n x (fig. 2) dado pela altura do tubo t 2 (fig. 2) no aquário a 3 (fig. 2) e retor¬ nando através do tubo t s (fig. 2) à caixa c (fig. 2). O nível n 2 (fig. 2) da caixa, foi estabele¬ cido com dois propósitos: garantir um espaço (fig. 2 e) suficiente para receber, em caso de emergência, os volumes de águas dos aquários e a colocação da bomba/filtro, em um nível in¬ ferior, evitando com isso a perda de sucção. Este sistema estava ligado a um programa¬ dor de tempo variável (figs. 1 e 4 cr), regulado para funcionar durante 45 minutos em cada hora. Com isso, tentamos aliviar um pouco o trabalho da bomba. A adsorção de gases e o controle de bacté¬ rias foram realizados por meio de carvão ativo, dentro do reservatório filtrante da bomba Eheim e com o uso de uma lâmpada baetericida ultra¬ violeta (figs. 1 e 4 luv). O sistema de emergência de aeraçâo, fil¬ tragem e circulação (fig. 3), exclusivo dos aquᬠrios (figs. 1 e 3 a 1( a- 2 , a 3 ), composto de um aerador (figs. 1 e 3 aer) conectado a um con¬ junto de quatro válvulas (fig. 3 fev), três das quais enviavam ar para os aquários, através de tubos flexíveis plásticos (fig. 3 tu) e a outra para um filtro interno (fig. 3 fe) localizado no aquário a t (fig. 3) . Na saída do filtro fe (fig. 3), adaptou-se um tubo plástico sce (fig. 3), que enviava água ao aquário a a (fig. 3) . A cobertura de acrílico (fig. 3 ta) foi colo¬ cada para diminuir a evaporação da água e, por conseguinte, evitar o aumento da concentração salina. Figura 4 — Circuito elétrico da parte inferior. Não foi cogitado o uso de refrigeração no sistema, pois a sala de exposição era refrigerada, mantendo uma temperatura em torno de 25°C. SISTEMA FECHADO DE AQUÁRIO MARINHO PARA EXPOSIÇÃO PUBLICA 73 ORNAMENTAÇÃO Como substrato, foi utilizado areia fina e fragmentos de rochas,retiradas do ambiente na¬ tural, onde foram coletados os animais. Opta¬ mos pela utilização de algas (macroscópicas) ar¬ tificiais, devido aos problemas que as naturais apresentam num ambiente artificial. Para o re¬ vestimento, das estruturas de madeira das par¬ tes inferior e superior, foi usado feltro de cor negra para ajustar-se à decoração da sala de exposição, totalmente negra. A iluminação dos aquários foi obtida por meio de duas lâmpadas fluorescentes. ESPÉCIES MANTIDAS EM EXPOSIÇÃO Moluscos, gastrópodes: Urea, Rio de Janei¬ ro: TJiais haemastcma (Linnaeus), três exem¬ plares; Cerithium atratum (Born), quaJro exem¬ plares; Leucozonia nassa (Gmelin), um exem¬ plar. Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, RJ: PKalium granulatum granulatwm (Born), dois exemplares. Moluscos, bivalves: Urca, Rio de Janeiro, RJ: Perna perna (Linnaeus), cinco exemplares. Os animais foram transportados e manti¬ dos em recipiente próprio, preconizado por JUR- BERG & PIERI (1970), até a ocasião da instala¬ ção do sistema de aquários. AGRADECIMENTOS Ao Prof. Arnaldo C. dos Santos Coelho, do Museu Nacional, pelo incentivo e apoio para a realização do projeto e à Prof. Célia Neli Ricci, estagiária do Museu Nacional, pela revisão do texto. RESUMO Os autores descrevem um sistema fechado de aquário marinho, montado na sala de expo¬ sição sobre conchas de moluscos, por ocasião do III Encontro dos Malacologistas Brasileiros, Museu Nacional, Rio de Janeiro, RJ, julho de 1973. O sistema fez parte integrante do conjunto arquitetônico da sala de exposição e somente os aquários eram visíveis, já que as partes fun¬ cionais estavam no interior de estruturas de madeira, que serviam de base, na parte inferior, e complemento -estético, na parte superior, aos aquários. ABREVIATURAS USADAS a — aquários aer —• aerador b — bomba centrífuga (parte superior da bomba/filtro Eheim) c — caixa d'água de cimento amianto C r — controlador automático de tempo (Cro- nomat) e — espaço com capacidade para conter o vo¬ lume d'água dos aquários f -— filtro (parte inferior da bomba/filtro Eheim) fcf ■— válvulas controladoras de vazão fe — filtro interno de emergência i — interruptor ja — janela para manutenção da parte infe¬ rior jn — janela para manutenção da parte supe¬ rior lí — luz fluorescente luv — luz ultra-violeta n — nível cTágua pi — parte inferior * pm — porta para manutenção ps — parte superior r — reator s — “start” sae — sistema de ar de emergência sce — sistema de circulação de emergência t — tubo rígido de PVC; 1/4 de polegada de diâmetro ta — placa de acrílico tu — tubo flexível de plástico v — vasos comunicar, tes (tubo rígido de PVC) BIBLIOGRAFIA JURBERG, P. & PIERI, O., 1970 — Um recipiente para transporte e manutenção de moluscos ma¬ rinhos e outros animais. Itev. Brasil. BioL, 30(2): 151-153, 3 figs. Rio de Janeiro. JURBERG, P. &z PIERI, O., 1971 — Um sistema fe¬ chado de aquário marinho com compartimentos para observações individuais. Eev. Brasil. BioL, 3X(l):33-36, 3 figs. Rio de Janeiro. Arq. Mus. nac., RJ /v, 55/ nov. 1975 EL GÉNERO AMYGDALUM MEGERLE VON MÜHLFELD, 1311 EN AGUAS RRASILENAS (MOLLUSCA. PELEGYPOOA: MYTILIDAE) (Con 2 figuras) MIGUEL A, JULAPPENBAOH Museo Nacional de Historia Natural Montevideo, Uruguay El género Amygãalum Megerle von Mühl- felcl, 1811 fue mencionado por primera vez para Brasil por MõRCH (1853: 54) al listar dos ejem- plares de Amygãalum arborescens Chemnitz, 1795 con la sola indicación de “Brasília” como procedência. En su Catálogo considera MÕRCH como sinónimo de la especie de Chemnitz a Amygãalum ãenâriticum Megerle von Mühlfeld, 1811. Mas tarde IHERING (1897: 105) le incluye en la lista de mytilidos brasilenos, recogiendo la cita de MõRCH y expresando que no ha obíe- nido ejemplares pero que de confirmarse la indicación de este último, debe límitarse al norte de Brasil, ya que se trata de una especie antil- lana. IHERING (1900: 98) reitera Io expresado anteriormente, comentando que si existe en Brasil, debe ser al norte de Pernambuco. En el Catálogo de MORRETES (1949: 10) se le incluye en la maiaeofauna brasileira y siempre bajo el nombre de Chemnitz, sobre la base de la cita de MõRCH. Recién en nuestra lista de Mytilidos brasilenos (1965: 342) confirmamos la existên¬ cia dei género en aguas brasilenas, sobre la base de dos pequenos ejemplares, 1 am ent ab leni en t e bastante danados, que íueran obtenidos en ras- treos efectuados frente a la costa dei estado de San Pablo, en 1962, y que provisionalmente atri¬ buímos a Amygãalum ãenâriticum. Bajo esta determinación, RIOS (1970: 158) da cuenta de nuevos ejemplares obtenidos y aumenta el nú¬ mero de localidades conocidas. Con posterioridad pudimos estudiar mate¬ rial'de este género procedente de la costa atlân¬ tica de los Estados Unidos y dei Caribe, que nos permitió llegar a una conclusión definitiva so¬ bre los ejemplares de San Pablo, comprobando perteneeen a otra especie. Muy reci entemente pudimos, por deferencia de su director, Prof. E. de Carvalho Rios que mucho agradecemos, examinar los representantes dei género que nos ocupa que se guardan en las coleeciones dei Mu¬ seu Oceanográííco de Rio Grande. Encontra¬ mos allí cuatro lotes, integrados cada uno por un ejemplar y procedentes de distintos puntos de la costa brasileira, Esta información, unida a la que ya poseíamos, nos permite ofrecer un panorama relativamente claro de las especies dei género Amygãalum representados en dicha área y de su probable distribución. Género Amygãalum Megerle von Mühlfeld, 1811. Amygãalum Megerle von Mühlfeld, 1811: 69. Moúiella Monterosato, 1884; 12. ► Tipo dei género: Amygãalum ãenâriticum Megerle von Mühlfeld, 1811 = Mytilus arbores- cens Chemnitz, 1795 (por monotipia) . Caracterizado por la concha muy fina, mo- dioliforme, de brillante perióstraco y muy an- gcsta y compacta banda resilial. Algunas es¬ pecies construyen un refugio o nido reteniendo partículas de arena y lodo en una malla de finos hilos segregados por la glândula dei byssus, den¬ tro dei cual se aloja el animal con su concha. Viven a relativa profundídad y se conocen unas pocas especies, aparentemente de amplia distri- bución. Amygãalum ãendritícum M. von Mühlfeld, 1811. (Fig. 1) Amygãalum ãenâriticum Megerle von Mühlfeld, 1811, 5: 69. Modiola picta Lamarck, 1819: 112; Deshayes in Lamarck 1836: 21. Amygãalum arborescens Morch, 1853: 54. Modiola arborescens von Ihering, 1897: 105. Moãiolus pictus von Ihering, 1900: 96. Modiolus arborescens Morretes, 1949: 10. Amygãalum dentritícum (parte) Rios, 1970: 158. 76 M, A. KLAPPENBACH Figura 1 — Amygdatum dendriticum Mcgcrle vou Muhlfeld 1811. Ejemplar n.° 14.7 U dei Museu Oceanográfico de Rio Grande. Holotipo: ? Localidad Típica:? Descripeión: Concha modioliforme, muy delgada y frágil. Umbones poco prominentes, casi terminales. Bordes inferior y superior sub- rectos, relativamente paralelos. Ferióstraco brü- lante. Color general amarilio marfil. Farte pôster o-superior con un reticulado irregular, co¬ lor marrón. Parte antero-inferior con una man¬ cha difusa, de tono marrón-rojizo, variable en tamaho e intensidad, Puede superar los 50 mm. de longitud, aunque la mayoría de los ejempla- res que hemos visto no exceden de 40 mm. Distribución: Islas dei Caribe, costa norte de Brasil (estados de Pará y Marahón) . Comentários: Las localidades senaladas en la costa brasilena, dan razón a las provisiones de IHERING, cuando indieaba como área probable de esta especie, el norte de Brasil. Material examinado: M.O.R.G. No. 14711. Off rio Pará, N.O.A.S. (I. Pq. M.), Est. 1767, 12.XI.1967, Frof. 63 m. M.O.R.G. No. 15666. Off Preguiça, Ma., N.O.A.S. (I.Pq.M.), Est. 1739, 31.X, 1967, Prof. 46 m. Amygdalum sagittatum (Rehder, 1935) (Fig. 2) Moüiolus ( Amygdalum ) sagittatus Rehder, 1935: 128, pl. 7, figs. 11, 12. Amygdalum dendriticum? Klappenbaeh, 1965: 342. Amygdalum dendriticum (parte) Rios, 1970: 158. Holotipo: U.S.N.M. No. 93.999. Localidad Típica: Off Cape San Blas, Flo¬ rida (Golfo de México). Descripeión: También modioliforme y muy frágil, de umbones más salientes que en la es¬ pecie anterior, subterminales. Borde inferior notoriamente curvo, superior elevándose rápi¬ damente hacia atrás, de manera que el borde posterior es comparativamente más amplio que en A. dendriticum . Ferióstraco no tan brillante como en esta especie y color general blaneo-gris. El sector postero-superior presenta un reticula¬ do semitransparente que forma las “sagittas”, mientras que la zona antero-inferior es unifor¬ memente blanco-gris opaca, sin reticulado ni manchas. Los ejemplares observados apenas ex¬ ceden los 20 mm de longitud. El Holotipo rnide mm. 16.8 por mm. 9.0. Distribución: Golfo de México, Caribe, costa brasilena hasta la desembocadura dei Plata. Figura 2 — Amygdalum sagittatum (Rehder, 1935) Ejemplar n.° 15.087 dei Museu Oceanográfico de Rio Grande. Comentários: Esta especie es sehalada por primeira vez para Brasil y practicamente puede ccnsiderarse también primera cita para Uru- guay, ya que Chuy es localidad fronteriza entre ambos países y la ubicación exacta de la esta- ción dei “Almirante Saldanha” (34°32’S — 52° 35 5 W) aunque en aguas brasilenas, se ubica por debajo dei paralelo dei cabo Folonio, en terri¬ tório uruguayo. Los dos ejemplares colectados por L. R. Tommasi frente a la costa de San Pablo que habiamos identificado provisionalmente como A. dendriticum (KLAPPENBACH, 1965: 342) deben ser considerados como A. sagittatum. Material examinado: U.S.N.M. No. 93,999 — Gulf of México, off Cape San Blas, Florida. (U.S.B.F. sta. 2400), 169 fms., mud. ÇHolo- type) . MáO.R.G. No. 15087. Perfil, Santos, São Paulo, N. O. A. S. (I. Pq M.), Est. 2189, 24-IX-1969, Prof. 79 m. M. O. R. G. No. 15.148. Chui, N. O. A. S. (I. Pq. M.), Est, 2258A 34°32 ? S — 52°35 5 W Fondo: Arena cuarzosa, fina, Prof. 70 m. M.N.H.N. Col. FL GÉNERO AMYGDALUM MEGERLE VON MÜHLFELD, 1811 T Malac, No. 1766. Costa de San Pablo, Brasil (24°18’S — 44°50 5 W), Prof. 110 m. Fondo; Are- na, lodo y conchas. Col. L. R, Tommasi, 19. jun. 1962. ABREVIATURAS USADAS I.Pq.M. — Instituto de Pesquisas da Mari¬ nha, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. M.N.H.N, — Museo Nacional de Historia Na¬ tural, Montevideo, Uruguay. M.O.R.G. —-- Museu Oceanográfico de Rio Grande, Rio Grande, RS„ Brasil. U.S.N.M. — United States National Museum, Washington. U.S.A. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS DESHAYES, G.P., 1836 — in LAMARCK, J.B.P.A. DE MONET DE, Histoíre naturelle des animaux sans vertèbres .. 2e. E4, par Deshayes, G,P. & Milne Edwards, H. 7, VI A 735 p. Paris. IHERING, H. von, 1897 — Os Molluscos Marinhos do Brazíl, I Arcidae, Mytilidae, Rev. Mus. Paulista, 2:73-113. São Paulo. IHERING, H. von, 1900 — On the South American Species of Mytilidae, Proc. Maiaco. Soc. Lond., 4:84-98. London. KLAPPENBACH, M.A., 1965 — Lista Preliminar de los Mytilidae Brasilehos con claves para su de- terminación y notas sobre su distrttmción, An. Acad. Brasil. Ci., 37, Supl.: 327-352. Rio de Janeiro. LAMARCX, J.B.P.A. de M. de, 1819 — Histoíre naturelle des animaux sans vertèbres. 6 (1), 345 p. Paris. MEGERLE VON MÜHLFELD, J.K, 1811 — Entwurf eines neuen System,’s der Schalthiergeháuse. Ges. Naíiirf. Freunde, Berlin. Mag, f. d. neuesten entdeckungen in d. Ges. Naturk. 5:38-72. M O NT E R O S AT O-, T.A. dl, 1884 — Nomenclatura Generica e Speciíica dí Alcune Conchiglíe Medi- terranne. 152 p. Palermo. MÕRCH, O.A.L., 1853 — Catalogus Conchyliorum quae reliquit D. Alplionso d’Aguirra & Gadea co¬ mes Yoldí, 2:1-74. Hafniae. MORRETES, F. LANGE de, 1949. Ensaio de Catálogo dos Moluscos do Brasil, Arq. Mus. Paranaense, 7:1-216. Curitiba. REHDER, H.A., 1935 — New Caribbean Marine Shells, The Nautilus, 48 (4); 127-138, pl. 7, figs. 7-12. Philadelphia. RIOS, E.C., 1970 — Coastal Brazilían Seashells, 1-255, pis. 1-60, 4 mapas. Rio Grande, Arq. Mus. nae., RJ /v. 55/ nov. 1975 ENSAIOS FILOGENÉTICOS EM PULMONATA E SUA IMPORTÂNCIA NA NOVA CONCEITUAÇÃO DA SUPERFAMILIA STROPHOCHEILOIDEA (GASTROPQDA, STYLOMMATOP HOR A) (•) (Com 8 figuras) JOSÉ LUIZ MOREIRA LEME Museu de Zoologia Universidade de São Paulo São Paulo, SP INTRODUÇÃO Tendo por tema um assunto tâo vasto como a filogenia, é óbvio que muitos ângulos pode¬ riam ser abordados e, consequentemente, um sem número de esquemas evolutivos poderiam ser analisados. Esta exposição visa ilustrar uma sequência de raciocínio, apresentada com o objetivo de atingir a uma interpretação lógica e plausível da filogenia de um grupo estipulado de pulmo- nados terrestres e não tem qualquer pretensão de defender dogmas ou teorias estabelecidas. Considerando como definidas e aceitas tais proposituras passo à apresentação da matéria prima utilizada na estrutura e na exposição do tema: 1. Foram tomadas em destaque as seguintes famílias: Achatinidae, Acavidae, Dorca- siidae, Strophocheilidae, Megalobulímidae e Ellobiidae. 2. Os trabalhos relevantes foram os seguintes (enumerados em ordem cronológica): PILS¬ BRY (1911), CONNOLLY (1915), GERMAXN (1924), GRAHAM (1949), MORTON, (1955), DUNCAN (1960), VAN MOL (1967) e LEME (1973) . 3. Como base para a interpretação da deriva continental, foram utilizados os dados de DIETZ & HOLDEN (1970), muito embora publicações mais recentes, como a de HUGHES (1973) — por exemplo — tenham trazido informes em alguns pontos diver¬ gentes. Todavia, como os estudos de deriva (*) Texto da palestra apresentada no III Encontro dos Malacologistas Brasileiros. continental são de evolução muito rápida, pensando na aplicação didática, optei pelo trabalho de DIETZ & HOLDEN. 4. Foi tomada como evidência básica o padrão atual de distribuição das famílias Achati¬ nidae -e Dorcasiidae (na África) e de Stro- procheilidae na América do Sul (conceito de BEQUAERT, 1948) . I ► Na distribuição da família Achatinidae, dada por PILSBRY (1911: 616), uma ampla área do Hemisfério Sul é coberta por gêneros a ela pertencentes. Para o Brasil são assinalados 5 gêneros e para a África 33. Para THIELE (1931), os 5 gêneros brasileiros constituem a família Subulinidae, enquanto para MEAD (1950), dos 33 gêneros africanos, apenas 2 são componen¬ tes de Achatininae (ou Achatinidae) . Aceitan¬ do o conceito de que os gêneros assinalados por PILSBRY para outras localidades do Hemisfé¬ rio Sul estão hoje abrigadas em outras famílias, podemos considerar a família Achatinidae res¬ trita ao continente africano. CONNOLLY (1915: 31) mostra a distribui¬ ção das subfamílias de Acavidae, segundo uma hipótese da época, que elas teriam se originado no Ceilão e daí radiado pelo Hemisfério Sul. Os grupos que se dispersaram teriam sido iso¬ lados por submersão de extensas mansas de ter¬ ra, e teriam evoluído em4 subfamílias: Strophp- cheilinae (América do Sul), Dorcasiínae (Áfri¬ ca), Acavinae (Madagascar) e Caryodinae (Austrália) . GERMAIN (1924: 257) confirma tal distri¬ buição e estendendo o estudo ao nível de gênero inclui o gênero Macrocyclis, limitado ao Chile, 80 J. L. M. LEME Em THIELE (1931), já encontramos as 4 subfamílias, acima discriminadas, elevadas â categoria de família, o mesmo acontecendo com o gênero Macrocyclis. FRANC (1968) situa as famílias Strophoeheilidae e Dorcasiidae na su- bordem Mesurethra, Macrocyclidae e Acavidae — reunindo as subfamílias Acavinae, Caryodi- nae e Clavatorinae na subordem Sigmurethra. Constatamos assim, que, entre a sistemᬠtica de THIELE e a de FRANC, há uma diver¬ gência no tocante à posição taxonômica dos gê¬ neros Acavus , Caryodes , Ciavator e afins. En- Figura 1 — Padrão da tretanto, o importante é notar que, em ambas, Strophicheilidae e Dorcasiidae estão separados de Acavidae ao nível de subordens —* as duas primeiras em Mesurethra e a últ-ima em Sigmu¬ rethra . Analisando o padrão atual da distribuição de Achatinidae e Dorcasiidae na África e Stro- phocheilidae na América do Sul (fig. 1), no¬ tamos que em ambos os continentes há um grupo de espécies de distribuição ampla e outro de distribuição restrita. Para tornar mais didática a análise deste padrão de distribuição, julgo válido o emprego dos termos “dominante” e “restrito”, tão só e unicamente para distinguir, respectivamente, os grupos de distribuição ampla e restrita. Em outras palavras, estes termos nada têm com do¬ minância gênica, nem pretende refletir condi¬ ções estabelecidas de competição. Concluindo, são empregados apenas no sentido da maior ou menor ocupação de área, em amplitude conti¬ nental . ãv Strophoch&iíi á a * Ackafinidat D o r « strd a * distribuição geográfica. Feitas as devidas ressalvas, consideramos como grupo “dominante” na África a família Achatinidae e como grupo “restrito” Dorcasiidae. Na América do Sul ambos os grupos são consti¬ tuídos por espécies da família Strophoeheilidae (segundo conceito de BEQUAERT, 1948) . Esse padrão de distribuição mostra uma in¬ teressante coincidência: em ambos os lados do Atlântico os grupos “dominantes” abrigam es¬ pécies de grande porte, sendo em Achatinidae abrangidos os maiores pulmonados terrestres ENSAIOS FILOGENÉTICOS EM PULMONATA... 61 (cerca de 20 cm de comprimento) . Algumas es¬ pécies do grupo “dominante” da América do Sul atingem 16 cm de comprimento. Deve aqui ser mencionado que CQNNOLY (1915) considera o tamanho grande da concha como um caráter de primitividade, assinalan¬ do-o na sua lista de caracteres do precursor hi¬ potético dos Acavidae. Levantando a hipótese de que a família Strophocheilidae (conceito de BEQUAERT, 1948) é mais heterogênea do que se supõe, resta comprová-la através da anatomia compara¬ da, tendo como guia os ensaios filogenéticos se¬ lecionados para este mister. II No esquema de MORTON (1955: 168, fig. 15) para a origem das subclasses de Gastropo- da, um estoque primitivo de Archaeogastropoda aparece como precursor hipotético dos Proso- branchia, dos Opisthobranehia e Pulmonata. Tendo Ellobüdae como a família básica den¬ tre os Pulmonata, MORTON estabeleceu as re¬ lações filogenéticas entre seus gêneros tendo como substrato uma série de caracteres adapta- tivos. Nesse relacionamento, os gêneros Ophi - eardelus, Ovatela e Phytia apresentam o maior número de caracteres primitivos, enquanto a predominância dos caracteres derivados ocorre no$ gêneros Marinula, Ellobium e Melampus , Através da anatomia comparada de estô¬ mago, MORTON levantou a hipótese de que os Basommathopliora superiores teriam se origina¬ do diretamente do estoque primitivo de Proso- branchia, mostrando (pg. 136, fig. 3) que den¬ tre os Ellofoiídae as tendências evolutivas se¬ guem linhas próprias. Isto deu base a se atri¬ buir à família Ellobüdae um maior destaque em relação aos demais Basommatophora. Num estudo de gânglios nervosos, VAN MOL (1Ô67) estabeleceu linhas filogenéticas para os Pulmonata a partir de Ellobüdae, estoque bᬠsico para o qual propôs a criação de uma Or¬ dem, Archaeopulmonata, Nesta nova ordem reúne aos Ellobüdae as famílias Otínidae, Am- phibolidae, Gadinidae, Chilinidae, Slphona- riidae e Latiidae. Tomando por base outros caracteres, dife¬ rentes especulações poderiam ser feitas sobre tal relacionamento, mas se as fizesse fugiria do eixo principal da exposição. III Para a adaptação ao meio aéreo, os pulmo- nados sofreram transformações na câmara pa¬ liai, transformações estas que culminaram com a formação de um epitélio ricamente vaseulari- zado, ao qual se convencionou chamar de pul¬ mão. Outras transformações adaptativas surgi¬ ram principalmente no aparelho excretor, onde o desenvolvimento paulatino de vias urinárias apresenta-se como um exemplo de fácil demons¬ tração, como veremos a seguir. Nos Prosobranchia de vida aquática (fig. 2) a eliminação da urina no interior da câmara paliai não acarreta problema algum, pois a água circulante se encarrega de levar os excretas para o exterior. Os pulmonados de vida aérea, necessitam de uma via de transporte da urina, entre o poro renal e o exterior. A evolução das vias urinárias, ureter pri¬ mário e ureter secundário, é ilustrada pelas fi¬ guras 4 a 7. Em Ellobüdae (Archaeopulmonata), de vida aquática (fig. 3), encontramos ainda a mesma condição dos Prosobranchia, A figura 4 representa as espécies do grupo “dominante” sulamericano e a figura 5, as es¬ pécies dos grupos “restritos” dos dois conti¬ nentes. As espécies do primeiro grupo, além de apresentarem um poro excretor simples locali¬ zado na face lateral livre do rim, têm um septo elevado separando a” cavidade pulmonar em duas câmaras, respiratória e excretora (LEME 1973, figs. 30, 31). Tal septo pode ser interpretado como a pri¬ meira adaptação no sentido de impedir a po¬ luição do pulmão. Mesmo admitindo que o septo seja uma simples expansão do epitélio res¬ piratório, nada impede que sua presença física seja tomada como uma barreira contra a dis¬ persão da urina. Nas espécies dos grupos “restritos” (fig. 5) já há um esboço de ureter primário, junto ao qual se localiza o poro excretor. Estas espécies não apresentam septo pulmonar. Podemos por ora levantar as seguintes hi¬ póteses: a) nos grupos “restritos”, as mutações responsáveis pelo surgimento do esboço de ure¬ ter teriam coincidido com a eliminação do septo pulmonar; b) o grupo “dominante” sulameri- cano teria tido ancestral diverso do dos “res¬ tritos”. Outras semelhanças anatômicas foram constatadas em espécies dos dois grupos “res¬ tritos”, principalmente nos aparelhos digestivo e reprodutor. Pelo exposto, pode-se concluir que há maior semelhança morfológica entre os dois grupos “restritos” do que entre os grupos “dominante” e “restrito” da América do Sul. J. L, M. LEME 32 Figuras 2-7 — Esquema da evolução das vias urinárias; 2: Prosobranchia; 3: Melampus (Archaeopulinonata); 4: Stropho- cheilídae do grupo “dominante”; 5; Strophocheilidae do grupo “restrito”; 6: Acãvus (Sigmurethra); 7: Helix (Sigmurethra), Explicação das letras; b — bránquia; cp — câmara paliai; eu — esboço de ureter primário; gu — goteira urinária; p — pe¬ ricárdio; pe — poro exeretor; r — rim; rc — reto; up — ureter primário; us — ureter secundário; vp — veia pulmonar. As figuras 6 e 7 representam gêneros de Sigmurethra: a primeira, Acavus, com apenas o ureter primário completo e a segunda, Helix com ambos os ureteres cornpletamente desen¬ volvidos . IV Num ensaio sobre a evolução do sistema genital dos Pulmonata, DtTNCAN (1960: 602, fig. 1) mostra linhas evolutivas partindo de Acteon (Opistobranchia) e atingindo Basom- matophora e Stylommatophora superiores. Em seu esquema, o gênero Phyíia apresenta maior número de caracteres primitivos do que Leuco - phytia , o que confirma a posição destes dois gê¬ neros de Ellobiidae no quadro sinótico de MOR- TON (1955: 154, fig. 14); e o gênero Helix é tomado como padrão dos Stylommatophora. A eleição de Helix é válida para representar apenas os Sigmurethra, já que nos Mesurethra encontramos maior simplificação na genitália, expressada pela ausência de apêndices acessó¬ rios. ENSAIOS FILOGENÉTICOS EM PULMONATA... 83 LEME (1973: 318, fig. 38-42) demonstrou o desaparecimento de uma glândula do aparelho genital (glândula genital acessória) através de diversas espécies de .pulmonados terrestres. Constatando sua presença em todas espécies, estudadas, do grupo “dominante” americano, e nas de um único gênero do grupo “restrito” da América, e sua ausência nos Sigmurethra, con- siderou-a como um caráter de primitividade. Na genitália dos Achatinidae (grupo “do¬ minante” africano) encontramos órgão como bainha do pênis -e prepúcio, caracteres não co¬ muns dentre os Stylommatophora. Sintetizando o que concerne ao sistema ge¬ nital, temos: a) Dorcasiidae e os dois grupos sulamerieanos apresentam padrão primitivo; b) Achatinidae tem estruturas próprias dos Ba- sommatophora, como caracteres de primitivida¬ de; c) a glândula genital acessória é caráter exclusivo do grupo “dominante” e de apenas um gênero do grupo “restrito”, ambos da Amé¬ rica do Sul. V No esquema evolutivo de GRAHAM (1949: 756, fig. 24), para as transformações do estô¬ mago de gastrópodos e bivalvos, o ancestral hi¬ potético comum apresenta estômago forte volu¬ moso, com paredes internas constituindo um es¬ cudo gástrico e com um céeum alongado. A sim¬ plificação do estômago é acompanhada através dos Prosobranchia, onde o gênero mais avançado ( Nucella ) já não apresenta escudo gástrico. Na citada ilustração temos uma grande la¬ cuna, deixada pela passagem direta de Nucella (Prosobranchia superior) para Helix (Fulmona- ta superior), gênero este no qual o estômago nada mais é do que uma simples curvatura de ligação entre a porção distai do esôfago e a ini¬ cial do intestino. Estágios menos avançados são encontrados em espécies dos grupos sulamerieanos, nos quais o estômago ainda é volumoso, dotado de mus¬ culatura espessa -e de dobras internas. Um enfraquecimento progressivo da mus¬ culatura estomacal e o desaparecimento paula¬ tino das dobras internas é ilustrado por LEME (1973, figs. 22-28) . Pelo exposto, é perfeitamente aceitável a interpretação de que a evolução do tubo diges¬ tivo dos Stylommatophora caminha no sentido da simplificação estrutural, com o aumento da ação química em detrimento da ação mecânica. Nestes termos, por apresentar maior grau de complexidade estrutural no tubo digestivo, o grupo “dominante” americano é mais primitivo do que o “restrito”. Esta maior complexidade é expressada também pela presença de uma vo¬ lumosa válvula pré-retal (LEME, 1973, fig. B) em todas as espécies do primeiro grupo. VI Com os dados acima discutidos foi elabo¬ rado (LEME, 1973: 320) um quadro de caracte¬ res, no qual os dois grupos americanos que cons¬ tituem a família Strophocheilidae (conceito de BEQUAERT, 1948) foram relacionados com es¬ pécies de 15 famílias de Pulmonata abrangidas pelas 4 ordens que compõem esta subclasse: Ar- chaeopulmonata, Basommatophora, Stylomma¬ tophora e Systelommatophora. Pelo simples exame de tal quadro é fácil notar que os dois grupos americanos são dis¬ tintos entre si ao nível de família. Com base em tal argumentação, foi proposto por LEME (1973) o nome Megaiobulimidae para o grupo “dominante” americano, ficando na família Strophocheilidae apenas as espécies pertencen¬ tes ao grupo “restrito”. Com o desdobramento da família Stropho¬ cheilidae em duas outras, temos agora uma nova interpretação do padrão de distribuição nos dois continentes (fig. 1). A coincidência é ainda maior, pois passamos a ter duas famí- dias exclusivas da África (Achatinidae e Dor- easüdae) e duas exclusivas da América do Sul (Strophocheilidae e Megaiobulimidae) . Buscando em DIETZ êz HOLDEN (1970) sustentação para a interpretação de tal padrão de distribuição, temos os seguintes dados a con¬ siderar: a) no Permiano tínhamos a Fangea; b) no Triássico deu-se a separação de duas grandes massas de terra, Laurãsia e Gondwana; c) no Jurássico o rompimento do Gondwana e o início da separação dos dois continentes; d) no Cretáceo, a separação definitiva de África e América do Sul. A figura 8 visa analisar a distribuição das 4 famílas consderadas em função dos dados apresentados. Sendo estas famílias restritas aos dois continentes, podemos aceitar sua origem no Gondwana. Dois estoques gondw r ânicos teriam se dis¬ persado divergentemente. No fim do Jurássico um deles teria dado um ramo que ao evoluir se bifurcou. A separação dos dois continentes, no Cretáceo isolou os braços dessa bifurcação, deixando na África o grupo que evoluiu na famí¬ lia Dorcasiidae e na América do Sul o que evoluiu na Strophocheilidae. Estas duas famílias, jun¬ tamente com Megaiobulimidae constituem a su- perfamília Strophocheiloidea. J. L. M. LEME u O outro estoque primitivo, que se dispersou pela África, deu a família Achatinidae. A adoção de dados de trabalhos mais re¬ centes, que datãm o inicio da separação dos continentes no Cretáceo Inferior, levaria à des- A M. d» SUL AFRICA Figura 8 — Representação gráfica do padrão de distribuição geográfica e geológica. locação da origem dos Strophocheiloidea para p-eríodo posterior ao Jurássico, sem qualquer outra consequência para o tema discutido. Finalizando, pode ser admitido que em sua dispersão os Strophocheilidae e os Dorcasiidae teriam encontrado como obstáculo as duas ou¬ tras famílias — Megalobulimidae e Achatinidae — já estabelecidas, daí sua distribuição restrita. RESUMO À guisa de apresentação de palestra no III Encontro dos Malacologistas Brasileiros, foi ela¬ borado um esquema de argumentação, que teve como eixo principal a interpretação de ensaios filogenétieos e como objetivo a demonstração da origem gondwânica da superfamília Stro¬ phocheiloidea . Foi tomada como ponto básico a adoção do conceito de validade das subordens Mesurethra e Sigmurethra, validade contestável à luz de es¬ tudos mais recentes e de dados ainda inéditos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEQUAERT, J.C., 1948 — Monograph of the family Strophocheilidae a Neotropical family of ferres- trial molusks. Buíl. Mus. corap, Zool. Harvard, 100 (1): 1-210, 32 pis. CONNOLLY, M., 1915 — Notes on South Áfrican Mol- lusca. III. A monograph of the Dorcaliinae. 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Zool., S- Paulo, 23 (5):295-337. MEAD, A.R., 1950 — Comparativo genital anatomy of some Afriean Achatinidae (Pulmonata). Buli. Mus. eorap, Zool. Harvard, 105 (2) :209-291, 1 text- fig., 9 pis. MORTON, J.K., 1955 — The evolution of the Ellobii- dae with a discussion on the origin of the Pul¬ monata. Proc. Zool. Soc. Lond, 125 (1):127-168, 15 figs., 1 tab. London. FILSBRY, H.A., 1911 — Non-mariiie Mollusca of Patagônia. In SCOTT, W.B., 1905-1911, Rep. Prin- ceton Univ. Exp. to Patagônia. 1896-1899, 3 (2) Zoology (5) :513-633. THIELE, J., 1931 — llandbiich der systematischen Weichtierkunde. 1, VI + 778 pp., ills., Gustav Fischer, Jena. VAN MOL., J.J., 1967 — Êtude morphologique et phy- logénétique du ganglion cérébroide des Gastéro¬ podes Pulmonés (Mollusques). Mem. Acad. r. Bei. Ci, Sei., 8.°, 37 (5) :1-168, 50 text-figs., 3 pis. Arq. Mus. nac., RJ /v. 55/ nov, 1975 NOTAS SOBRE A FAMÍLIA TEREBRIDAE NO BRASIL (MOLLUSCÀ, GASTROPODA) (1) (Com 37 figuras) A família Terebridae, pelas características da rádula, bem como pela presença em algumas de suas espécies de uma glândula secretora de veneno associada à rádula, bastante semelhante àquela das espécies da família Conidae, é colo¬ cada na superfamília Conacea, subordem Toxo- glossa, tratando-se, portanto, de uma família de Frosobranchia, bastante evoluída. Embora a referida glândula secretora de ve¬ neno tenha sido amplamente estudada nos Co¬ nidae, o mesmo não ocorre com os Terebriclae. JNTo Brasil, apenas a espécie Hastula einerea (Born, 1778) foi estudada, do ponto de vista anatômico (MARCUS & MARCUS, 1960) . Existem diversos registros de casos fatais a seres humanos, ocasionados por algumas espé¬ cies da família Conidae (HALSTKAD, 1965), tratando-se geralmente de espécies piscivoras (facilmente distinguíveis pelo acentuado alar¬ gamento da parte anterior da abertura da con¬ cha, a fim de permitir a ingestão de pequenos (1) Com auxílios do Conselho Nacional de Pesquisas c Conselho de Ensino para Graduados da Universidade Federal do Rio de Janeiro. (2) Da Escola Superior de Agronomia de Mossoró, Rio Grande do Norte; Bolsista do Conselho Nacional de Pesquisas, (3) Em regime de dedicação exclusiva (COPERTIDE — UFRJ). (4) Endereço anterior — Laboratório de Ciências do Mar, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Pernam¬ buco. Brasil. HF.NRY RAMOS MATTHEWS (2) Laboratório de Ciências do Mar Universidade Federal do Ceará Fortaleza, CE ARNALDO C. DOS SANTOS COELHO (3) Museu Nacional Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro^ RJ PAULO DE SÁ CARDOSO Rua Comendador Palmeira 558 Maceió, AL MARC KEMPF (4) Instituto de Pesquisas da Marinha Ministério da Marinha Rio de Janeiro^ RJ peixes). Embora os Terebriclae possuam rádula semelhante, e algumas espécies atinjam, a um grande tamanho -— nõ Brasil, Terebra taurina (Lightfoot, 1786) alcança o tamanho de 160 mm —, nenhum caso de injúria a seres huma¬ nos foi registrado, existindo apenas evidência de que algumas espécies podem paralízar suas presas. Todas as espécies são carnívoras, ali¬ mentando-se, em geral, de p-equenos moluscos bivalves, crustáceos e anelídeos. Os Terebridae habitam, de preferência, fun¬ dos arenosos, onde vivem superficialmente en¬ terrados. As espécies que vivem na fração are¬ nosa dos bancos de algas calcárias (Rhodophy- ceae — Melobesiae) e dos recifes de coral, em águas rasas, usualmente apresentam um maior tamanho, bem como uma coloração mais viva, quando comparadas com aquelas que vivem em águas mais frias e mais profundas, que usual¬ mente apresentam uma ornamentação da con¬ cha mais elaborada. Quando ocorrem na faixa arenosa interti- dal, são frequentemente arrastadas pela arre¬ bentação, enterrando-se novamente quando a água reflui. Um comportamento semelhante já, havia sido assinalado por WADB (1967), para o bivalve Donax striatus (Linnaeus, 1758), a qual migra entre a faixa tidal, sendo também uma das presas dos Terebridae. Segundo MAURY (1924), o gênero Terebra Bruguière, 1789 surgiu no Eoceno, e a presença H. R. M ATT HE WS, A. C. S. COELHO, P. S. CARDOSO, M. KEMPF 86 nos calcários do Estado do Pará (Brasil), de numerosas espécies, notavelmente diferencia¬ das entre si, tem um importante valor estrati- gráfico. A referida autora (op, cit.) descreveu, as seguintes espécies fósseis: Terebra ãenoctans , T. paraensis , T, clethra, T. derbyi, e T. estada- na, todas do Mioeeno Inferior do Pará, apresen¬ tando a escultura característica do subgênero Strioterebrum Sacco, 1891. Acrescentou ainda que nenhuma outra espécie de Terebridae fóssil havia sido encontrada anteriormente, nas cama¬ das terciárias brasileiras. FERREIRA (1970) registrou a ocorrên¬ cia no Terciário marinho da Baia de São Mar¬ cos (Estado do Maranhão — Brasil), de um exemplar pertencente ao gênero Terebra, sub- gênero Strioterebrum, todavia, mal conserva¬ do, impossibilitou a sua determinação especí¬ fica. Acrescentou o referido autor que esta es¬ pécie difere de todas as outras previamente descritas da Formação Pirabas, tendo alguma semelhança com a espécie Terebra ( Striotere - brum ) isehna Woodring, 1928, descrita do Mio- ceno Médio da Formação Bowden, da Jamaica. No Brasil, a família Terebridae está repre¬ sentada por 10 espécies Recentes: Terebra tau¬ rina (Lightfoot, 1786), T. gemmulata Kiener, 1838-9, T . brasiliensis (Smith, 1873), T. côncava Say, 1822, T. ãislocata Say, 1822, T. proiexta (Conrad, 1846), T. doello-juraãoi Carcelles, 1953, Hastula cinerea (Born, 1778), H. salleana (Deshayes, 1859) e H. hasiata (Gmelin, 1791). As espécies Terebra taurina, T. côncava , T. ãislocata, T. protexta, Hastula cinerea, H. saüeana e R. hastata pertencem à fauna An- tilhana, enquanto que T. gemmulata e T. doello-juraãoi são da íauna Magelâníca, habi¬ tando portanto águas mais frias, sendo encon¬ tradas no Brasil somente nas costas sul e les¬ te. A espécie T. brasiliensis está registrada apenas para o Rio de Janeiro, Estado da Gua¬ nabara. Praticamente, as espécies de Terebridae que ocorrem no Brasil podem ser colocadas no gênero Terebra Bruguière, 1789, por apresenta¬ rem todas as características da família. Toda¬ via, alguns autores elevam o subgênero Hastula H. & A. Adams, 1853, à categoria de gênero (THIELE, 1931; WENZ, 1943; KEEN, 1958; MAR- CUS & MARCUS, 1960; CERNOHORSKY & JENNINGS, 1966; CERNOHORSKY, 1967) . Segundo CERNOHORSKY & JENNINGS (1966), as espécies do gênero Terebra não pos^ suem uma fita radular, enquanto que no gê¬ nero Hastula observa-se uma fita Gom 2 den¬ tes finos e recursos por fileira. No gênero Te¬ rebra, as voltas da teleoconcha apresentam urn sulco sub suturai, o qual não existe nas con¬ chas do gênero Hastula . O material que fundamenta o presente es¬ tudo está depositado nas coleções malacológí ■ cas das seguintes instituições brasileiras: Mu¬ seu Nacional (Col. Mol. M. N. e M. N. Col. Mol. H. S. Lopes), Rio de Janeiro, Estado da Guanabara; Laboratório de Ciências do Mar da- Universidade Federal do Ceará (LABOMAR), Fortaleza, Estado do Ceará; Museu Oceanográ- fico de Rio Grande (M.O.R.G.), Rio Grande, Estado do Rio Grande do Sul. Enquadramos as espécies de Terebridae do Brasil nos gêneros Terebra e Hastula, e no sub¬ gênero Strioterebrum, de acordo com a seguin¬ te chave, adotada em parte de KEEN (1958): 1 — Sulco subsutural ausente. Concha brilhan¬ te, lisa ou apresentando apenas elevações axiais ... Hastula 2 — Sulco subsutural presente. Terebra — Escultura espiral tornando-se menos evi¬ dente nas últimas voltas, com exceção do sulco subsutural . .. Terebra s.s, — Escultura espiral presente, com elevações axiais em todas as voltas . Strioterebrum Procuramos também elaborar uma chave para as espécies" do Brasil, salientando as prin¬ cipais características necessárias para iden¬ tificá-las: 1 — Concha apresentando sulco espiral sub¬ sutural . 2 — Concha sem sulco espiral subsutural . 3 2 — A parte posterior das voltas com diâmetro levemente maior do que o da parte an¬ terior. Concha medindo até 160 mm de comprimento . .. T. taurina — A parte posterior das voltas formando um grosso cordão, ornamentado com nódulos. Concha medindo até 19 mm de compri¬ mento . T. côncava — Sulco subsutural muito profundo. A parte posterior das voltas sem ornamentação; a anterior ocasionalmente com finos cor¬ dões espirais entre as elevações axiais. Concha medindo até 50' mm de compri¬ mento . ■...... T. ãislocata — A parte anterior de cada volta apresen¬ tando finas linhas incisas, entre as,eleva¬ ções axiais. Concha medindo até 25 mm de comprimento. T. proiexta — Sulco subsutural dividindo as elevações axiais . Ausência de ornamentação espi¬ ral. Concha medindo até 45 mm de com¬ primento . .. T. gemmulata NOTAS SOBRE A FAMÍLIA TEREBRIDAE NO BRASIL — Sulco sub suturai levemente indicado, não dividindo as elevações axiais, Conciia medindo até 12 mm de comprimen¬ to .*. T. brasiliansis — Teieoconcha com aparência nodulosa, consequência da intersecção das orna¬ mentações axial e espiral. Concha me¬ dindo até 17 mm de comprimento .. .. . T. doello-juradoi 3 — Elevações axiais estendendo-se, em cada volta, de uma sutura a outra ...... 4 — Elevações axiais presentes somente na parte posterior de cada volta. 5 4 — Concha brilhante, sem ornamentação es¬ piral, medindo até 37 mm de comprimen¬ to . H. hastata 5 — Frotoconeha de cor clara, com iy 2 voltas. Teieoconcha com 40 a 50 elevações axiais por volta, fracas e sinuosas; concha medindo até 50 mm de comprimen¬ to . B. cinerea — Frotoconeha de cor escura, com 3^2 vol¬ tas. Teieoconcha com 20 a 30 elevações axiais por volta, fortes e retas; con¬ cha medindo até 32 mm de compri¬ mento . .... B . salleana Família TEREBRIDAE As espécies pertencentes a esta família apresentam concha de formato turrieulado, com ápice agudo, um grande número de vol¬ tas, de perfil mais ou menos plano e regular¬ mente crescentes. Ornamentação geral de ele¬ vações axiais e espirais; estas últimas, quando ambas estão presentes, são sempre mais fra¬ cas. Volta do corpo pequena. Abertura oval; lábio externo fino; columela com uma, duas ou três pregas, às vezes lisa. Canal sifonal an¬ terior aberto, curto, ocasionalmente virado. Gpérculo córneo, fino e transparente, de for¬ mato oval ou unguículado, de cor marrom ou avermelhada. O animal apresenta uma cabeça bem de¬ senvolvida, com os tentáculos curtos e afasta¬ dos entre si. Os olhos são situados nas extre¬ midades de pequenas elevações, localizadas nos lados externos dos tentáculos. A probóscida é bastante alongada, apresentando, em algumas espécies, juntamente com a cabeça, forte pigmentação. O pé é arredondado e dividido an¬ teriormente; alongado e estreito posterior- mente . O animal é bastante ativo o que lhe per¬ mite penetrar rapidamente na areia, quando exposto pelo hidrodinamismo. 87 Gênero Terebra Bruguière, 1789 Terebra Bruguière, 1789: Ency. Methoã., Vers. Vol. 1, pl. XV. Terebra Bruguière, 1789: Thiele, 1931, PP. 374-375. Terebra Bruguière, 1789: Wenz, 1943, PP- 1484-1485. Espécie-tipo: Buccinum subulatum Li- naeus, 1767. Voltas da concha com um sulco espiral sub- sutural, que as divide em duas áreas distintas. Ornamentação espiral ausente nas últimas vol¬ tas, com exceção do sulco subsutural. Dentes radulares não ligados a uma fita radular. Subgênero Terebra Bruguière, 1789 Terebra Bruguière, 1789, Ency . MethoãVers, Vol. 1, pl. XV. Espécie-tipo: Buccinum subulatum Lin- naeus, 1767. As* mesmas características do gênero. Terebra taurina (Lightfoot, 1786) (Figs. 1-6) Buccinum taurinum Lightfoot, 1786, Fort , Cat, p. 142. Epitonium feldmani Rõding, 1798, Mus. Bolt., p. 94. Terebra flammea Lamarck, 1822, Anim.s. Vert . VII, p. 284. Terebra flammea Lamarck, 1822: Morretes, 1949, p. 110. Terebra (Myurelina) taurina (Hnmphrey, 1786): Morretes, 1954, p. 57. Terebra taurina Solander: Abbott, 1954, p. 265, pl. 13 fig. h. Terebra taurinum Lightfoot: Abbott, 1968, pp. 164-165, fig. 1. Terebra taurina Solander, 1786: Warmke h Abbott, 1962, p. 132, pl. 3 fig. i. Terebra taurinum Lightfoot: Stix, Stix & Abbott, 1969, pl. 142 fig. 6. Terebra taurina (Solander, 1786): Rios, 1970, p. 122, pl. 46. Terebra floridana Dali, 1889: Rios, 1970, p. 124, pl. 46-47. Descrição: concha medindo até 160 mm de comprimento; sólida e pesada. Cada volta da teieoconcha dividida por uma linha espiral; a parte posterior ocupando cerca de 2 /s da volta, e tendo um diâmetro levemente maior que o do Va anterior. A parte posterior das voltas é di¬ vidida, próximo ao centro, por um sulco espiral 88 H. R. MATTHEWS, A. C. S. COELHO, P. S, CARDOSO, M. KEMPF subsutural e apresenta, nas voltas da espira, uma linha de nódulos alongados axialmente, le¬ vemente orientados anteriormente no sentido contrário ao do crescimento da concha, e divi¬ didos pelo sulco espiral subsutural, A parte an¬ terior das voltas apresenta, em continuação a estes nódulos, ornamentação de elevações axiais, levemente orientadas anteriormente, no mesmo sentido do crescimento da concha, o que resul¬ ta em uma ornamentação axial divergente, na parte anterior das voltas. Referida ornamenta¬ ção é resultante da cicatriz deixada pelo lábio externo durante o crescimento da concha, pois este tem uma reentrância na parte mediana de sua margem. Durante o crescimento da concha, a ornamentação axial torna-se menos acentua¬ da, sendo que na de um animal bem desenvol¬ vido, a cicatriz do lábio externo representa ape¬ nas finas linhas de crescimento. Volta do corpo relativamente grande. Abertura alongada; lábio externo fino, com uma reentrância no centro de sua margem; columela retorcida, com duas pregas, a posterior mais fraca, estendendo-se anteriormente até a extremidade dorsal do ca¬ nal sifonal posterior; a anterior, mais forte, for¬ mando a margem columelar do canal sifonal anterior. Opérculo córneo, fino, de cor marrom, unguiculado. Concha de cor creme, com duas fileiras es¬ pirais de manchas pardo-avermelhadas; fre¬ quentemente as da parte posterior de cada vol¬ ta são duas vezes mais longas que as da an¬ terior. Em conjunto, as manchas se tornam oblongas axiais, sendo as anteriores menores e subquadradas, ocasionalmente coalescentes com as posteriores. Geralmente as primeiras voltas da teleoconcha são desprovidas de coloração. Distribuição geográfica; Sudeste da Flórida até as índias Ocidentais (WARMKE & ABBOTT, 1962). Brasil; Estados do Pará e Maranhão (KEMPF & MATTHEWS, 1968); Estado de Ala¬ goas (MATTHEWS & RIOS, 1967b); Território do Amapá, Estados do Pará, Maranhão, Alagoas, Bahia e Paraná (RIOS, 1978); Estados de São Paulo e Paraná (MORRETES, 1949) . Material examinado: Brasil: Estado do Ma¬ ranhão (Lat. 62° 22’ O S, long, 041° 51’ 5 W), CoL Mol. M. N. n.° 3651, uma concha.de indivídno jovem, Estação 1.731 A NOc “Almirante Salda¬ nha" drag., 37 m prol, X/1967, LABOMAR leg. X/1971 (figura 6) , Estado de Pernambuco, Re¬ cife, Col. Mol, M.N. n.° 3648, três conchas, H. Senna leg. (n.°s 32604 — 32605 da Antiga Cole¬ ção do M. N.). Estado de Alagoas, Maceió, Praia de Ponta Verde, LABOMAR n.° 506, duas con¬ chas, H. R. Matthews col. VII/1967; Col. Mol, M. N. n.° 3650, urna concha, P. S. Cardoso leg., IX/1971 (figuras 1,2 e 3); M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 3500, uma concha, P. S. Cardoso col. et leg.; Recife da Marinha, LABOMAR n,° 185, duas conchas, H. R. Matthews col., VII/1967; Jaraguá, Col. Mol. M. N, n.° 3649, duas conchas, P. s. Cardoso leg., IX/1971 (figu¬ ras 5 e 6). Estado do Sergipe, Aracaju, M, N. Col, Mol. H. S. Lopes n.° 1010, uma concha, D. Melo col., 1/1949. Estado da Bahia, Itaparica, Mar Grande, M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° I. 011, uma concha, H. S. Lopes col., VI/1951; Caravelas (ao largo), M.O.R.G. n.° 13710, uma concha de indivíduo jovem, NQc “Almirante Sal¬ danha” drag., 34 m prof., V/1968,1. Pq. M. leg,. referido por RIOS (1970) como Tereòra flori- dana Dali. Estado de São Paulo, Cananéia, Ilha Comprida, Ponta da Trincheira, Col. Mol. M. N. n.° 2797, uma concha bastante rolada, S. Ypiranga col., V/1958. Observações: a palavra latina Terebra, que significa verruma, trado ou broca, é feminina, portanto o adjetivo taurinus-a-um deverá for¬ mar- a categoria feminina, para a devida con¬ cordância da espécie com o gênero (Código In¬ ternacional de Nomenclatura Zoológica, Arti¬ go 14), não se justificando o emprego da forma neutra taurinum usada por ABBOTT (1968), ou da forma masculina taurinus usada por WARM¬ KE & ABBOTT (1962) . Trata-se da espécie de maior tamanho da família no Brasil. Habita, em geral, águas mais ou menos profundas, tendo sido dragada no norte e nordeste brasileiros, entre 36 e 46 me¬ tros de profundidade (KEMPF & MATTHEWS, 1968). Sua ocorrência no nordeste brasileiro não é muito frequente. Coletamos, também, diversas conchas na Praia de Ponta Verde e no Recife da Marinha, em Maceió (Estado de Alagoas). No primeiro local, foram encontradas enterradas superfi¬ cialmente em substrato de lama, em cerca de 1 metro de profundidade, enquanto no segun¬ do foram dragadas durante operações portuᬠrias, também em fundo de lama. Um pequeno número de exemplares vivos foi também coletado em águas costeiras de pe¬ quena profundidade, cerca de 1 metro na maré baixa, em zonas estuarinas com forte influên¬ cia marinha, enterradas em substrato de areia, em Suape e Cupe (Estado de Pernambuco). O fato de encontrarmos na literatura o* uso indiscriminado da indicação de diferentes auto¬ res para esta espécie levou-nos a um estudo mais acurado, que nos permitiu verificar ter SHERBORN (1931) no seu Index Animalium. considerado o nome T . taurina de Solander como nomen nuãum . Todavia, IREDALE (1916) % 1 (Um ;•:! i' -> «e*- 't A— #§ ' A;# y C4l' r&. *wr ■ r-V . * /'x-,% í t • . *i ~\y :.,{, v*> • ■' * • ^ -J. ^ Jifí ': ,?' '. •*> 1 . * * $6 i U w* 1 . %\ 4'# % iM r ',y ,11 fl “ M :.í ..14 W * ' ,1 Figura 2 — Detalhe de uma das voltas intermediárias da espira, mostrando a ornamentação nodulosa (Col. Mol, M. N. n.° 3.650). x I Figura 1 — Terehra taurina (Lightfoot, 1786), Vista geral mostrando a ornamentação e distribuição das manchas de coloração (Col. Mol. M. N. n.° 3.650, Ponta Verde, Maceió, Alagoas, Brasil. 3 Figura 3 — Detalhe da última volta da espira (Col. MoL M, N. u.° 3.650), Figura 4 — Detalhe da abertura (Col. Mol. M. N. n.° 3.649, exemplar A, Jaraguá, Maceió, Alagoas, Brasil). 3 Figura 5 — Vista lateral da volta corporal (Col. Mol. M. N. n.° 3.649, exemplar B). Figura 6 — Protocoucba (Col. Mol. M. N. n.° 3.651, Ma¬ ranhão, Brasil). 90 H, R. MATTHEWS, A. C. S. COELHO, P. S, CARDOSO, M. KEMPF analisando cuidadosamente o Portland Museum Catalogue considerou o nome válido, entre os de outras espécies, para as quais Solander uti¬ lizou nomenclatura binomial, ligando o taxon a uma ilustração anteriormente publicada, que é a de LXSTER (1686: 841, fig. 69), REHDER (1967) no seu detalhado estudq sobre o refe¬ rido catálogo, considerou o taxon válido 8 atri¬ buiu a autoria ao Reverendo John Lightfoot (1735-1788), a quem coube organizar a coleção para venda e preparar o respectivo catálogo impresso, o que, de acordo com o Artigo 50 do Código Internacional de Nomenclatura Zoológi¬ ca lhe garante a prioridade. Terebra gemmulata Kiener, 1838-1839 (Figs. 7-8) Terebra gemmulata Kiener, 1838-1839, Spec. Gen, Icon. Coq . Viv v pp. 15-16, pl. V figs. 11 e 11a. Terebra gemmulata Kiener: Reeve, 1860, pl. IX esp. 33a e b. Terebra patagonica Orbigny, 1841, p. 442, pl. 62 fig. 1. Terebra gemmulata Kiener, 1835: Carcelles, 1944, p. 261, pl. V. fig. 45. Terebtra gemmulata Kiener, 1835: Morretes, 1949, p. 110. Terebra gemmulata Kiener, 1835: Rios, 1970, p. 122, pl. 46. Descrição: concha medindo até 45 mm de comprimento. Formato alongado, com ápice agudo . Voltas da teleoconeha com perfil reto, Figura 7 — Terebra gemmulata Kiener, 1838-1839; Vista geral (M.O.R.G. n,° J4.022, Chui, Rio Grande do Sul, Brasil). ornamentadas por 14 elevações axiais, mais pro¬ nunciadas entre a sutura anterior das voltas e o sulco subsutural, com um grande nódulo junto a este último, e um outro menor, na área pos¬ terior das voltas. Estas elevações são um tanto grossas, pronunciadas e quase retas. Ausência de ornamentação espiral, embora esta seja per¬ ceptível em um pequeno exemplar muito rola¬ do (M. N. col. Mol. H. S. Lopes n.° 3499). Sutura distinta, levemente ondulada pelas ex¬ tremidades das elevações axiais . Abertura alon¬ gada; lábio externo fino; columela arqueada, lisa. Concha de coloração geral marrom-clara, com duas faixas espirais brancas, uma coinci¬ dente sobre os nódulos anteriores ao sulco sub¬ sutural; a outra, mais anterior, visível apenas na volta do corpo. Distribuição geográfica: Rio de Janeiro (Brasil) — Golfo de San Matias (Argentina! (RIOS, 1970) . Material examinado: Brasil: Estado do Rio de Janeiro, Cabo Frio, Col. Mol. M. N. n.° Figura 8 — Detalhe da última volta da espira (M.O.R.G. n.° 14.022). 1996, uma concha muito rolada, N. Santos e ou¬ tros cols., VII/1956. Estado da Guanabara, Rio de Janeiro, Praia do Leblon, M. N. Col. Mol, H. S. Lopes n.° 6043, uma concha muito ro¬ lada, J. P. A. Cardoso col., 1941; Recreio dos Bandeirantes, M. N. Col, Mol. H. S. Lopes n.° 1018, uma concha muito rolada, L. Travas¬ sos, H. S. Lopes e G. Jansen cols., 1949. Es¬ tado de São Paulo, Santos, Praia Grande, M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 1524, uma con- NOTAS SOBRE A FAMÍLIA TEREBRIDAE NO BRASIL 91 cha, L. Travassos col., em praia seca, V/1952. Estado de Santa Catarina, Piçarras, M. N. Col. Mol, H. S. Lopes n.° 2933, ama concha bas¬ tante jovem, F. W. Lange leg. VII/1S44; Praia Alegre, M. N. Col. H. S. Lopes n.° 3499, uma concha rolada, de indivíduo jovem, tipicamen¬ te T. gemmulata , porém com acentuadas linhas espirais, F. W. Lange leg.. Estado do Rio Gran¬ de do Sul, Chui, Col. Mol. M. N. n.° 3654, uma concha muito rolada, E. Martino leg., 1/1950 (n.° 36235 da Antiga Coleção do M. N.); Col. Mol. M. N. n.° 3653, uma concha, E. Martino col., em praia seca, 11/1969, E, C. Rios leg. VIII/1972; M.O.R.G. n.° 14022, uma concha, E. Martino leg. (figuras 7 e 8) . Observações: espécie de águas mais frias; seu limite norte alcança o Estado do Rio de Ja¬ neiro (Brasil). REEVE (1860) examinou os tipos de Te¬ rebra patagonica Orbigny e T. chüensis Des- hayes, afirmando que ambas são sinônimas da presente espécie. TRYON (1885) concordou com as observações daquele autor. Finalmeme, CARCELLES (1944) positivou T. patagonica como verdadeiro sinônimo de T. gemmulata. Figura 9 — Terebra brasiliensis (Smith, 1873): Vista geral ventral do holótipo (foto cedida por K..M. Way, Mollusca Section, Department of Zoology, British Museum (Natural History), Enseada de Botafogo, Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, Brasil). Terebra brasiliensis (Smith, 1873) (Figs. 9-13) Abretia brasiliensis Smith, 1873, Ann, Nat, Hist (4 th series) vol. XI, p. 271 (Rio de Janeiro). Abretiella brasiliensis (Smitht, 1873): Morre- tes, 1949, p. 110. Abretia brasiliensis Smith, 1873: Cernohorshy, 1969, p. 213 . Descrição: concha medindo até 12 mm de comprimento. Formato alongado e ápice pouco agudo. Teleoconcha com voltas de perfil bas¬ tante reto, interrompido apenas pelos acentua¬ dos nódulos situados junto à sutura posterior das voltas, que formam a extremidade poste¬ rior das elevações axiais. As referidas eleva¬ ções ocasionalmente são inconspicuas, perce¬ bendo-se apenas os seus nódulos, principalmen¬ te nas últimas voltas da teleoconcha. Ausência de ornamentação espiral. O sulco subsutural não é tão pronunciado como nas outras espécies de Terebra s.s., apenas é mais evidente nás últi¬ mas voltas da teleoconcha. Abertura alongada; lábio externo fino; columela sinuosa. Protocon¬ dia mamilosa, lisa, opaca, de cor amarelo cla¬ ra, com duas roltas. Coloração geral marrom, uma faixa ama¬ rela espiral, abaixo da sutura, na altura dos nó¬ dulos das elevações axiais. Figura 10 — Vista geral dorsal do holótipo. Distribuição geográfica: registrada, até o presente, apenas para o Estado da Guanabara (Brasil). A descrição original foi baseada em exemplares dragados na Enseada de Botafogo, em seis metros de profundidade pelo navio “Rattlesnahe” (SMITH, 1873). 92 H. R. M ATT HE WS, A. C. S. COELHO, P. S. CARDOSO, M. KJEMPF % Figura 1L — Terebra braúliensis (Smith, 1873): Vista geral (Col. Mol. M. N. n.° 3.658, expl. Â, Ilhas Cagarras, Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, Brasil), Figura 12 — Detalhe da última volta da espira (Col. Mol. M. N. n.° 3.658, expl. A). Material examinado: Brasil — Estado da Guanabara, Rio de Janeiro, Ilha Cagarras (ao largo) Col. Mol. M. N. n.° 3.658, três conchas, L. C. Araújo e L. C. Gurken cols., XI/1971, dragagem, 30-40 m prof., fundo de cascalho. Observações: trata-se, aparentemente, da espécie mais rara de Terebridae, no Brasil. Examinamos, até o presente, apenas cinco con¬ chas, dragadas em cerca de 30-40 metros de pro¬ fundidade, em fundo de cascalho, no Estado da Guanabara, apenas fora da respectiva baia. Figura 13 — Protoconcha (Col. Mol. M. N. n.° 3.658, expl. A). SMITH (1873) ao descrever a presente es¬ pécie não a ilustrou, e as outras referências que localizamos (TRYON 1885; MORRETES 1949; CERNOHORSKY, 1969), não foram, mais escla¬ recedoras . Obtivemos do British Museum (Natural HLstory) fotografias dos tipos que se acham lã depositados, o que nos permitiu a compa¬ ração com o nosso material e a confirmação da validade da presente espécie. Subgênero Strioterebrum Sacco 1891 Strioterebrum Sacco, 1891, Moll. Terr. terz. Piemonte Liguria 10, p. 33 Strioterebrum Sacco, 1891: Thiele, 1931, pp. 375-376. Strioterebrum Sacco, 1891: Wenz, 1943, p. 1480 Espécie tipo: Terebra basteroti Nysfc, 1843. Um sulco espiral subsutural divide todas as voltas da teleoconcha, as quais são ornamenta¬ das com elevações axiais e linhas espirais. Terebra côncava Say, 1822 (Figs. 14-16) Terebra côncava Say: 1822, Jour. Acad, Nat. Sei. Phil.j vol. 2, p. 235. Terebra côncava Say: Smíth, 1937, p. 132, pl. 33 fig. 7. Terebra côncava Say: Abbott, 1954, p. 266, pl. 26 fig. j. Terebra côncava Say: Smith, 1961, p. 175. Terebra côncava Say: Abbott, 1961, p. 117, fig. 203. Terebra côncava Say, 1822: Rios, 1970, p. 123. NOTAS SOBRE A FAMÍLIA TEREBRIDAE NO BRASIL Descrição: concha medindo até 19 mm de comprimento, fina e brilhante. Teleoeonclia com cerca de 12 voltas de perfis levemente côn¬ cavos. Um sulco espiral subsutural dividindo as voltas em duas áreas, a posterior ocupando aproximadamente V« das voltas e formando um cordão espiral, ornamentado com numero- sos e pronunciados nódulos. A região mediana das voltas, na sua parte côncava, apresenta cer¬ ca de 5 microscópicas linhas espirais incisas. A parte anterior das voltas, imediatamente an¬ tes da sutura da próxima volta, apresenta uma série com cerca de 20 pequenos nódulos espi¬ rais, Volta do corpo pequena. Abertura alon¬ gada; lábio externo fino, liso, e simples; colu- mela reta e lisa. Concha de cor cinza-amarelada. Distribuição geográfica: Carolina do Norte — Flórida (ABBOTT, 1954) . Brasil: Estado de Alagoas (MATTHEWS & RIOS, 1967 b; RIOS, 1970). Material examinado: Estados Unidos, Fló¬ rida, Tampa Bay, M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 6.225, três conchas, Lautier leg. (figuras 14 e 15) . Brasil-Estado de Alagoas, Maceió, Re¬ cife da Marinha LABOMAR n.° 260, uma con¬ cha, P. S ( . Cardoso leg., IX/1967; Ponta Verde, M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 6.044, duas conchas, McGinty det., P. S, Cardoso col. et leg. (figura 16) Figura 14 ~ Terebra côncava Say, 1822: vista geral (M. N. Col. Mol, H. S. Lopes n.° 6.225, Tampa Bay, Florida, U, S. A.) Observações: é uma espécie bastante rara no Brasil, Somente exemplares mortos foram por nós coletados, procedentes das Praias de Ponta Verde e Jaraguá, em Maceió (Estado de Alagoas), Figura 15 — Detalhe da última volta da espira (M. N. Col. Mol. H- S. Lopes n.° 6.225). Figura 16 — Protoconcha (M, N, Col. Mol. H. S. Lopes n.° 6,044, Ponta Verde, Maceió, Estado de Alagoas, Brasil). Terebra ãislocata Say, 1822 (Figs. 17-19) Terebra ãislocata Say, 1822, Jour. Acaã, Nat . Sei. Phil mf vol. 2, p. 235. Terebra ãislocata Say: Morris, 1951, p. 215, pl. 20 fig. 4; pl. 40 fig. 10. Terebra ãislocata Say: Abbott, 1954, p. 265, pl. 26 fig. i. Terebra ãislocata Say: Perry Sz Schwengel, 1955, p. 177, pl. 37 fig. 251. Terebra ãislocata Say, 1822; Warmke & Abbott, 1962, pp. 132-3, pl. 25 fig. d, 94 H. R. MATTHEWS, A. C. S. COELHO, P. S. CARDOSO, M. KEMPF Terebra dislocata Say: Abbott, 1968, pp. 64-5, fig. 2. Terebra dislocata Say, 1822: Rios, 1970, p. 123, pl. 47. Descrição: concha medindo até 50 mm de comprimento. Formato alongado, com ápice agudo. Frotoconcha escura. Teleoconcha com aproximadamente 15 voltas, todas divididas em duas partes por um profundo sulco espiral subsutural situado a 1 / 3 da sutura posterior; as voltas apresentam um perfil mais ou menos reto. Teleoconcha ornamentada com cerca de 25 elevações axiais, que se estendem de sutura a sutura, embora interrompidas pelo sulco sub¬ sutural. A maioria dos exemplares mostra fra¬ cas linhas espirais entre as elevações axiais. Abertura pequena; lábio externo fino; columela curta, com duas pregas espirais, unidas perto da extremidade anterior da columela. Canal sifonal anterior recurvo. Opérculo córneo, fino, transparente, de cor amarelada e de núcleo suto- apical. Concha de coloração geral cinza-rosada, com manchas espirais avermelhadas. Figura 17 — Terebra dislocata Say, IS22: Vista geral (M. N. Col. Mol. H. S, Lopes n.° 1.014, Alicetown, N. Búnini Is., Bahamas). Distribuição geográfica: Virgínia-FIõrida; Texas e índias Ocidentais (ABEOTT, 1954) . Brasil: Estado do Ceará (MATTHEWS & RIOS, 1967 b ); Estados do Maranhão e Ceará (KEMPF & MATTHEWS, 1968); Estados do Pará, Mara¬ nhão e Ceará (RIOS, 1970) . Material examinado: Estados Unidos, Flóri¬ da, M. N. Col, Mol. H. S. Lopes n.° 4.085, duas conchas, C. L. Northrop leg.; Fort Myers, M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 6.105, qua¬ tro conchas A. Meyer leg.; Cedar Keys, M. N, Col. Mol. H. S. Lopes n.° 1.760, três conchas, A. L. Goodwin leg. XI. 1952; M. N. Col. H. S. Lopes n.° 811, seis con- Figura 18 — Detalhe da última, volta da espira (M. N. Col. Mol. H. S. Lopes ií.° 1.014). Figura 19 — Frotoconcha (M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 1.014). chas, A. L. Goodwin leg.; Bahamas, N. Bixnini, Alicetown, M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 1.014, uma concha, Porter & Huntington leg, VI/1941 (figuras 17-19) . Brasil-Estado do Cea¬ rá, Fortaleza, Praia de Mucuripe (ao largo), LABOMAR n.° 167, duas conchas, H. R. Matthews col., VI/1967; (Lat. 03° 39’ S —Long. NOTAS SOBRE A FAMÍLIA TEREBRIDAE NO BRASIL 38°23’W), Col. Mol. M. N. n.° 3.652, uma con¬ cha rolada, “Pesquisador III” drag. 1/1968, 19 m prof., fundo de areia, LABOMAR leg. X/1971. Observações: esta espécie habita os subs¬ tratos de areia quartzosa, sendo usualmente co¬ letada com Hastula hastata, embora sempre em menor número de exemplares. Em frente à Praia de Mucuripe, Fortaleza (Estado do Cea¬ rá), foi dragada viva entre 18 e 25 metros de profundidade. Exemplares também foram dra¬ gados pelo NOc “Almirante Saldanha”, no nor¬ te e nordeste do Brasil, entre 17 e 52 metros de profundidade (KEMPF & MATTHEWS, 1968). Terebra protexta (Conrad, 1846) (Figs. 20-22) Cerithmm protextum Conrad, 1846, Proc. Acad . Sei. Phü. } vol. 3, ipart 1, p. 26. Terebra protexta Conrad: Morris, 1951, p. 215, pl. 40 fig. 8. Terebra protexta Conrad: Abbott, 1954, p. 266, pl. 26 fig. Jc. Terebra protexta (Conrad): Perry & Schwengel, 1955, p. 37 fig. 253. Terebra protexta Conrad 1845: Warmke & Abbott, 1962, p. 133, pl. 25 fig. c. Terebra protexta Conrad: Abbott, 1968, p. 164, fig. 7. Terebra protexta Conrad, 1845: Rios, 1970, p. 123. Descrição: concha medindo até 25 mm de comprimento. Formato fino e alongado, Proto- concha, bem como as primeiras voltas da teleo- coneha, de cor marrom. Teleoconcha com 13 a 15 voltas de perfis levemente côncavos, orna¬ mentadas com 16 a 22 elevações axiais, que se estendem de sutura a sutura, embora cortadas por um sulco espiral subsutural. As voltas são divididas em duas partes: a posterior, ocupando um pouco menos de 1 / 3 das voltas e a parte an¬ terior, apresentando uma ornamentação de 7 a 9 linhas espirais incisas, que embora se esten¬ dam pelos lados das elevações axiais, nunca as cruzam, sendo por estas interrompidas. Abertura alongada; lábio externo muito fino; columela retorcida, com duas pregas fracas, a anterior formando a margem do canal sifonal anterior, a posterior estendendo-se até a extremidade dorsal do referido canal, e de cor avermelhada. Concha de coloração geral branco-suja, ou pardacenta. Uma faixa espiral marrom, de tona¬ lidade mais clara que a da protoconcha, surge de dentro da abertura, próxima à parte poste¬ rior da columela, alcançando a margem inte¬ rior do lábio externo. 95 Distribuição geográfica: Carolina do Nor¬ te — Flórida e Texas (ABBOTT, 1954) . Brasil: Estado do Ceará (MATTHEWS & RIOS, 1967 b); Estados do Pará, Maranhão e Rio Grande do Norte (KEMPF & MATTHEWS, 1968); Territó¬ rio do Amapá, Estados do Pará, Maranhão, Cea¬ rá, Rio Grande do Norte, Alagoas e Rio de Ja¬ neiro (RIOS. 1970) , Figura 20 — Terebra protexta (Conrad, 1846): Vista geral (Col. Mol. M. N. n.° 3.669, Mucuripe, Fortaleza, Estado do Ceará, Brasil), Figura 21 — Detalhe da última volta da espira (Col. Mol., M. N. n. ü 3.669). Material examinado: Estados Unidos, Fló¬ rida, St. Petersburg, M. N, Col. Mol. H. S. Lopes n.° 926, seis conchas, Weeks, leg, 1951. 96 H. R. MATTHEWS, A. C. S. COELHO. P. S. CARDOSO. M. KEMPF Figura 22 — T crebra prole x ta (Conrad, 1846): Prütoconcha (Col. Mol. M. N. n.° 3.669). Brasil-Estado dp Ceará, Fortaleza,. Praia de Mucurípe (ao largo), LABOMAR n.° 213, duas conchas, H. R. Matthews col., 11/1967; LABO¬ MAR n.° 510, duas conchas, “Pesquisador III” drag. 20 rn prof., 1/1968; Col. Mol. M. N. n.° 3.663, uma concha, H. R. Matthews col. XII/1967, 20 m prof., fundo de areia, H. R. Matthews leg. XI/1971 (figuras 20-22); Praia do Meireles, M. N. Col, Mol. H. S. Lopes n.° 2.028, dois fragmentos, A. Sátiro col. et leg.. Estado de Alagoas, Paripueira, M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 6.045, quatro conchas fragmen¬ tadas, P. S. Cardoso col. et leg. Observações: um bom número de exempla¬ res foi dragado pelo NOc “Almirante Saldanha” no norte e nordeste do Brasil, entre 23 e 60 me¬ tros de profundidade (KEMPF & MATTHEWS, 1968) . Em frente à Praia de Mucuripe, em For¬ taleza (Estado do Ceará), diversos exemplares foram dragados vivos, em cerca de 30 metros de profundidade. A espécie parece habitar, de preferência, as frações arenosas dos bancos de algas calcárias (Rhodophyceae-Melobesiae) . Terebra doello-juradoi Carcelles, 1953 (Figs. 23-28) Terebra doello-juradoi Carcelles, 1953, Com . Zool, Mus. H. Mont v vol. 4, n.° 70, pp. 243-253. Terebra doello-juradoi Carcelles, 1953: Rios, 1970, p. 121, pl. 46, Descrição: concha medindo até 17 mm de comprimento. Formato bastante alongado e ápi¬ ce pouco agudo. Teleoconcha com voltas de per¬ fil abaulado, ornamentadas com cerca de 20 pro¬ nunciadas elevações axiais quase retas, com ele¬ vações espirais que produzem, nas intersecções, ama aparência nodulosa. Sutura larga, profun¬ da, de margens retas. Sulco espiral subsutural pouco pronunciado. Abertura alongada; lábio externo fino; columela lisa e arqueada. Coloração geral marrom-clara. Distribuição geográfica; Estado do Paraná (Brasil) — San Antonio (Argentina) (RIOS, 1970) . Estado do Rio de Janeiro (Brasil) . Material examinado: Brasil: Estado do Rio de Janeiro, Ilha do Pai (ao largo), Col. Mol. M. N. n.° 3.657, cinco conchas, quatro das quais, muito roladas, não apresentam a ornamentação característica bem evidenciada, B. M. Tursch col. V/1962, dragagem 30-40 m prof., fundo de lama-areia (figuras 25-23); Estreito da Ilha Grande, Col. Mol. M. N. n.° 3.656, uma con¬ cha com paguro, barco de pesca col. 50 m prof., L. R. Tostes leg. VI/1971 (figuras 23 e 24) . Es¬ tado da Guanabara, Rio de Janeiro, Ilha Ca- garras (ao largo), Col. Mol. M. N. n.° 3.655, uma concha bastante rolada, L. C. Araújo & L. C. Gurken cols. XI/1971, dragagem 30-40 m prof., fundo de cascalho. Figura 23 — Terebra doello-juradoi Carcelles, 1953: Vista geral (Col. Mol. M. N. n.° 3.656, Estreito da Ilha Grande, Estado do Rio de Janeiro, Brasil). Observações: espécie que habita águas mais frias. Seu limite norte de distribuição alcança o Estado do Rio de Janeiro (Brasil) . Examinamos cinco conchas bastante rola¬ das, medindo até 27 mm de comprimento, qua¬ tro delas procedentes de dragagens ao largo da Ilha do Pai, Estado do Rio de Janeiro, B. M. Tursch col., V/1962, em 30-40 metros de profun¬ didade, em lama-areia (Col. Mol. M, N. n.° NOTAS SOBRE A FAMÍLIA TEREBRIDAE NO BRASIL Figura 24 — Terebra doello-juradoi Caroelles, 1953: Detalhe da última volta da espira (Gol. Moí. M. N. n.° 3.656). Figura 25 — Vista geral (Col. Mol. M. N. n.° 3.657, expl. A, Ilha do Pai, Estado do Rio dc Janeiro, Brasil). 3.657) (figuras 25-28), a quinta, procedente de dragagem ao largo da Ilha Cagarras, Estado da Guanabara, L. C. Araújo e L. C. Gurken cols., 11/1972, em 30-40 metros de profundidade, em fundo de cascalho (Col, Mol. M. N. n.° 3.655). Este material tem características que não concordam com a descrição da presente espécie; embora bastante semelhantes, dife¬ rem pelas elevações axiais muito fracas, pelo maior número de Unhas espirais e pelo perfil das 97 Figura 26 — Detalhe da penúltima volta da espira (Col. Mol. M. N. n.° 3.657, expl. A). voltas bastante reto (figuras 25-27). Por falta de melhor material não nos é possível chegar a uma conclusão definitiva sobre a sua iden¬ tificação . Gênero Hastula H. & A. Adams, 1853 ► Hastula H. & A. Adams, 1853, Gen. Rec. Moll „ vol. 1. p. 225. Hastula H. & A. Adams, 1853: Thiele, 1931, p. 375. Hastula H. & A. Adams, 1853: Wenz, 1943, p. 1478. Figura 27 — Detalhe da última volta da espira (Gol, Mol. M. N. n.° 3.657, expl. A). 98 II. R. MATTHEWS, A. C, S. COELHO, P. S. CARDOSO, M. KEMPF Figura 28 — Terebra doello-jumdoi Carcelles, 1953: Proto- concha (Col. MoL M. N. n.° 3.657, expí. A). Espécie-tipo: Buccmum strigilatum Linna- eus, 1758. Sulco espiral subsutural ausente; voltas não divididas. Concha brilhante, lisa, ou apresen¬ tando apenas fraca ornamentação axial. Fita raduiar com dois dentes por fila, finos e re¬ curvos . distinta porém não acentuada e a separação da teleoconcha pouco distinta; cor branco-amare- lada. Teleoconcha com voltas de perfis retos, or¬ namentadas com 40 a 50 fracas elevações axiais que surgem na parte posterior das voltas, ime¬ diatamente após a sutura, estendem-se até a metade das voltas, ocasionalmente atingindo, nas primeiras voltas da teleoconcha, a sutura anterior. Estas elevações são finas, bastante próximas entre si e levemente sinuosas. A tex¬ tura da teleoconcha apresenta-se microscopica¬ mente pontuada. Abertura alongada; lábio ex¬ terno bastante fino; eolumela quase reta, com apenas uma leve prega na parte anterior, que vai formar a margem eolumelar do canal sifo- nal anterior. Opérculo córneo, fino, de cor mar¬ rom-clara. Concha usualmente de coloração geral cre¬ me ou pardo-azulada, com uma linha espiral de manchas de cor marrom-escura, na parte posterior das voltas, próximo à sutura. Co- lumeia cor de chocolate. A espécie apresenta uma grande variação de cor, sendo ocasional¬ mente encontrados exemplares melanísticos, ou mesmo albinos, sendo estes últimos bastante raros. . . -*•" —p '■ Distribuição geográfica: Sudoeste da Fló¬ rida — índias* Ocidentais (ABBOTT, 1954) . Brasil: Estados de São Paulo e Paraná (MOR- RETES, 1949); Estado do Ceará (MATTHEWS & RIOS, 1967a) ; Estado da Ceará até o Estado de Santa Catarina (RIOS, 1970) . Hastula cinerea (Bom, 1778) (Figs. 23-31) Buccinum cinereum Born, 1778, Index Mus . Caes . Vinâ., pp. 262-3. Buccmum cinereum. : Born, 1780, p. 267, pl. X figs. 11 e 12. Hastula cinerea (Born, 1780): Morretes, 1948, p. 110. 1 crebra cinerea Born: Morris, 1951, p. 216, pl. 20 fig. 7. Terebra cinerea Bom: Abbott, 1954, p. 286, pl. 26 fig. g. Terebra cinerea Born, 1778: Warmke & Abbott, 1962, p. 133, pl. 25 fig. b. Terebra cinerea Born: Abbott, 1968, pp. 164-5, fig:. 3. Terebra cinerea Born, 1780: Rios, 1970, p. 122, pl. 46. Descrição: concha medindo até 50 mm de comprimento. Formato alongado e ápice pouco agudo. Protoconcha lisa, curta, transparente, com apenas 1 y 2 voltas semiglobosas de sutura Figura 29 — Hastula cinerea (Born, 1778): Vista geral (Col Mol. M. N. n.° 2-800, Natal, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil). XOTAS SOBRE A FAMÍLIA TEREBRIDAE NO BRASIL 99 Material examinado: Brasil — Estado do Ceará, Acaraú, Praia da Ti j uca, LABQMAR n.° 53, seis conchas, H. R. Matthews leg., VI/1963; Paracuru, Praia do Raracuru, Col. Mol. M. N. n.° 3.661, quatro conchas, H. R. Matthews, col. 1/1966 (figura 31); Aracati, Praia de Majorlan- Úia, M. N. Col, MoL H. S. Lopes n.° 5.353, Figura 30 — Hastula Cinerea (Bom, 1778): Detalhe da última volta da espira (Col. Mol. M. N. n.° 2.800). Figura 31 — Protoconcha (Col. Mol. M. N. n.° 3.661, Pa¬ racuru, Estado do Ceará, Brasil). uma concha, G. Guilherme col., XII/1957. Estado do Rio Grande do Norte, Cabo de São Roque, Col. Mol. M.N. n.° 3.662, três conchas bastante roladas, A. L, Castro col., 1/1964; Natal, Col. Mol. M. N. n.° 2.SCO, uma concha, M. Alvarenga col., 1951 (figuras 29 e 30). Estado de Pernambuco, Recife, Barra das Jangadas, Col. Mol. M. N. n.° 3.663, uma concha, A. L. Castro col., 11/1964; Olinda, M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 1.008, três conchas, P. E. Oliveira col. et leg.; Rio Formoso, Praia de Tamandaré, Col. Mol. M. N. n.° 1.329, duas conchas fragmentadas, S. Ypiranga col., VIII/1959, Estado de Alagoas, Praia de Paripueira, M. N. Col. MoL H. S. Lopes n.° 6.041, três conchas, P. S. Cardoso col. et leg. Estado de Sergipe, Aracaju, Praia de Atalaia, Col. MoL M. N. n.° 2.788, duas con¬ chas, F. L, S. Cunha & M. Bleims cols., VI/1957. Estado do Rio de Janeiro, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Prainha, CoL MoL M. N. n.° 2.727, uma concha, S. Ypiranga & A. Coelho cols., VI/1957; M. N. Col. MoL H. S. Lopes n.° 1.009, quatro conchas, H. S. Lopes col. III/1951; Restinga da Marambaia, Colônia de Pesca Darcy Vargas, Col. MoL M. N. n.° 892, uma concha muito rolada, E. Martins col., IX/1943. Estado de São Paulo, São Vicente, Praia Grande, Col. MoL M. N. n.° 3.659, uma concha, A. Coelho col. VII/1962; Iguape, CoL MoL M. N. n.° 3.660, cinco conchas, R. Krone col. et leg. (n.° 34436 da Antiga Coleção do M. N.). Estado de Santa Catarina, Camboriú, M. N..CoL Mol. H. S. Lopes n.° 2.935, quatro conchas, H. S. Lopes col. 11/1954. Observações: trata-se da espécie mais co¬ mum da família no Brasil, bem como a de mais fácil coleta, pois habita a faixa intertidal, su¬ per fieialmen te enterrada em substrato de areia limpa, em lugares de salinidade mais elevada, com forte hidroüinamismo , Exemplares podem ser observados, quando são arrancados pela ar¬ rebentação das ondas, deslocando-se com estas, e penetrando rapidamente durante o seu re¬ fluxo . No Estado do Ceará (Brasil), esta espécie pode ser encontrada em grande quantidade, na maioria das praias que apresentam as condições ecológicas por ela exigidas. Encontramos gran¬ des concentrações na Praia de Paracuru, no município do mesmo nome. Sua ocorrência tam¬ bém é muito frequente no Estado de Pernam¬ buco, em todas as praias abertas, tais como Pina, Boa Viagem e Piedade, por exemplo. Hastula cinerea é bastante próxima da es¬ pécie H. salleana, da qual é ecologicamente sim- pátrica, ambas habitando a faixa interditai, em. idênticas condições ambientais (ver as obser¬ vações para essa espécie) . Hcistula salleana (Deshayes, 1859) (Figs. 32-34) Terebra salleana Deshayes, 1859, Proc . Zool. Soe. Lonã part XXVII, p. 287. Terebra salleana Deshayes, 1859: Reeve, 1860, voL XII, pl. XXIV fig. 129. 100 H. R. MATTHEWS, A. C. S. COELHO, P, S. CARDOSO, M. KEMPF Terebra salleana Deshayes: Abbott, 1954, p, 267. Terebra salleana Deshayes, 1359: Warmke & Abbott, 1962, "p. 133. Terebra salleana Deshayes: Abbott, 1968, pp. 164-165, fig. 6. Terebra salleana Deshayes, 1859: Cernohorsky, 1969, p. 219. Terebra salleana Deshayes, 1859: Rios, 1970, p. 123, pl. 47. Descrição: concha medindo até 32 mm de comprimento. Formato alongado, com ápice muito agudo. Protoconcha muito delgada, lisa, alongada, transparente, com 3 V 2 voltas, de su¬ tura profunda; separação da teleoconcha dis¬ tinta. Voltas da teleoconcha com perfis retos, ornamentadas com 20 a 30 eleva¬ ções axiais, que surgem da parte posterior das voltas, imediatamente após a sutura, e se es¬ tendem até a metade das voltas. Estas eleva¬ ções são um tanto grossas, afastadas entre si e quase retas. A textura da teleoconcha apre¬ senta-se microscopicamente pontuada. Aber¬ tura alongada; lábio externo fino; columela quase reta, com uma leve prega na parte an¬ terior, que vai formar a margem columelar do canal sifonal anterior. Concha variando de coloração geral, desde o cinza-azulado até o cínza-amarronzado, oca¬ sionalmente com uma linha espiral de man¬ chas. marrom-escuras, na parte posterior das voltas, próximo à sutura. Figura 32 — Hastula salleana (Deshayes, 1859): Vista geral (Col. Mo], M. N. n.° 3.666, expl. A, Atalaia Velha, Ara¬ caju, Estado de Sergipe, Brasil). Figura 33 — Detalhe da última volta da espira (Col. Mol. M. N. n. 0 3.666, expl. A). Figura 34 — Protoconcha (Col. Mol. VI. X. n. Q 3,666, expl. A). Distribuição geográfica: norte da Flórida- Texas e Colombia (ABBOTT, 1954) . Brasil: Estado do Ceará (MATTHEWS & RIOS, 1967 b ); Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Espí¬ rito Santo (RIOS, 1970); Estados de Sergipe e São Paulo. Material examinado: Brasil — Estado do Ceará, Paracuru, Praia de Paracuru, LABGMAR n.° 220, duas conchas, H. R. Matthews coh, XII/1966; Fortaleza, Praia do Futuro, LABO- MAR n.° 509, dez conchas, H. R. Matthews col., 1/1967; Col. Mol. M. N. n.° 3.664, uma con¬ cha, H. R, Matthews col. XII/1966, H. R. Matthews leg, XI/1971; Estado de Sergipe, Ara¬ caju, Atalaia Velha, Col. Mol. M. N. n.° 3.666, oito conchas, F. J. Passos col. XII/1965, D. R. Mendonça leg. 11/1966 (figuras 32-34); Estado de NOTAS SOBRE A FAMÍLIA TEREBRIDAE NO BRASIL São Paulo, Santos, Bertioga, Col. Mol. M. N. n.° 3.665, três conchas, C. Ozores col. V/1966, H. R. Matthews leg. XI/1971. Observações: esta espécie habita fundos de areia, na faixa intertidal, em condições ecoló¬ gicas idêntioas àquelas exigidas pela espécie Hastula cinerea, sendo ambas morfologicamen¬ te bastante próximas entre si. TRYON (1885) a considerou como sinônima de Terebra. cine¬ rea, WARMKE & ABBOTT (1962) ao citarem a ocorrência de Hastula salleana em Porto Rico sugeriram, a possibilidade de tratar-se apenas de uma forma da espécie Hastula cinerea. Tam¬ bém CERNOHORSKY (1969) ao referir os tipos de Terebridae depositados no British Museum (Natural History), considerou-a como sinôni¬ ma de Hastula cinerea. Todavia, alguns outros autores a tratam como uma espécie válida (ABBOTT, 1954; ABBOTTT, 1968; RIOS, 1970), sendo que ABBOTT (1968) ilustrou as duas es¬ pécies, ressaltando as diferenças existentes en¬ tre as duas. Examinamos uma grande série de exem¬ plares das duas espécies, constatando que real- mente existem diferenças constantes. Ambas as espécies são ecologicamente simpátricas, po¬ dendo viver no mesmo local e ambiente (fai¬ xa intertidal, substrato de areia limpa, sujei¬ to a forte hidrodinamismo e alta salinidade), estando, assim, sujeitas às mesmas condições ambientais, o que vem eliminar a possibilidade de se tratar de uma variedade ecológica. Também, a ausência de indivíduos com características intermediárias afasta a possibilidade de se tra¬ tar de uma espécie polimórfica. Hastula salleana se distingue de H. cine¬ rea pelo seu menor tamanho, por apresentar apenas 20 a 30 fortes e retas elevações axiais por volta (40- a 50 fracas elevações sinuosas em H . cinerea) , por sua protoconcha muito aguda, alongada, com 3 y 2 voltas, de sutura profunda e cor marrom-escura (globosa, curta, com ape¬ nas 1 y 2 voltas de sutura apenas distinta, cor branco amarelada em H . cinerea), e pelo di⬠metro bastante estreito de sua espira (bem mais amplo em H. cinerea) , Hastula hastata (Gmelin, 1791) (Figs. 35-37) Buccinum hastatum Gmelin, 1791, Syst , Hat., ed. 13, p. 3502. Terebra hastata (Gmelin, 1791) : Morretes, 1949, p. 110. Terebra hastata Gmelin: Morris, 1951. p. 216, pl. 40 fig. 6. Terebra hastata Gmelin: Abbott, 1954, p. 266, pl. 26 fig. h. 101 Terebra hastata Gmelin, 1791: Warmke & Abbott, 1962, p. 132, pl. 25 fig. a. Terebra hastata Gmelin: Abbott, 1968, pp. 164-5, fig. 5. Terebra hastata (Gmelin, 1971): Rios, 1970, p. 123, pl. 47. Descrição: concha medindo até 37 mm de comprimento. Formato alongado e bastante es¬ pesso, embora com ápice agudo. Teleoconcha com voltas bastante polidas e brilhantes, orna¬ mentadas com cerca de 20 fortes elevações axiais, próximas entre si, que se estendem, sem interrupção, de sutura a sutura, sendo que as extremidades posteriores são projetadas sobre a volta anterior, produzindo uma sutura den¬ teada. Sem ornamentação espiral. Abertura es¬ treita e alongada; lábio externo fino. Colume- la com três pregas, a anterior formando a mar¬ gem columelar do canal slfònal anterior; a se¬ gunda e a terceira são mais fortes do que a posterior; a mediana une-se à anterior, na ex¬ tremidade distai do canal sifonal anterior, en¬ quanto a posterior se estende espiralmente, até a margem dorsal do referido canal. Opéreulo córneo, fino, transparente, com núcleo subcen- tral, de cor avermelhada. Concha de coloração geral amarelo-mos¬ tarda, brilhante, com uma faixa branca em es¬ piral, localizada na parte posterior de cada volta, imediatamente após a sutura. Columela brilhante, branco - amarelada. Figura 35 — Hastula hastata (Gmelin, 1791): Vista geral (Col. Mol. M. N. n.° 3.fi67, expl. A, Mucuripe, Fortaleza, Estado do Ceará, Brasil). 102 H. R. MATTHEWS, A. G. S. COELHO, P. S. CARDOSO, M, KEMPF Figura 36 — Has tuia hasta ta (Omclin, 1791): Detalhe da última volta da espira (Col. Mol. M. N. n.° 3.667, expl. A). Distribuição geográfica: sudeste da Flóri¬ da e índias Ocidentais (ABBOTT, 1954) . Bra¬ sil: Estados do Ceará e Bahia (MORRETES, 1949); Estado do Ceará (MATTHEWS & RIOS, 1887 t>); Estado do Pará até o Estado do Ceará (KEMPF & MATTHEWS, 1968); Arquipélago de Fernando de Noronha e Atol das Rocas (MATTHEWS & KEMPF, 1970); Estados do Pará a Alagoas; Bahia e Rio de Janeiro (RIOS, 1970). Material examinado: Estado do Ceará, For¬ taleza, Praia de Mucuripe (ao largo), LABO- Figura 37 — Protoconcba (Gol. Mol. M, X. n.° 3.667, expl. B). MAE n.° 166, duas conchas, H. R. Matthews col., VI/1967; LABQMAR n.° 507, dez conchas, “Pesquisador III” drag. 20 m prof., 1/1968; Col. Mol. M. N. n.° 3,667, três conchas, H, R. Matthews col. V/1964, 30 m prof., fundo de areia, H. R. Matthews leg. XI/1971 (figuras 35-37) . Estado de Alagoas, Praia de Paripuei- ra, M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 6.042, uma concha, P. S. Cardoso col. et leg. Estado da Bahia, Itaparica, Mar Grande, M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 1.012, uma concha, H. S. Lopes col., VI/1951. Estado do Rio de Janeiro Cabo Frio Col. Moh M. N. n.° 1.994, uma concha muito rolada, N. Santos e outros cols., VII/1956; Praia do Pontal, Col. Mol. M. N. n.° 3.668, quatro conchas, A. Coelho col., II/1963. Cuba, Havana, La Chorrera, M. N. Col. Mol. H, S. Lopes n.° 1.101, oito conchas roladas, M. Jaume leg., III/1952. Ilhas Bahamas. M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 925, seis conchas, Weeks leg.. 1951. Observações: no Estado do Ceará, esta es¬ pécie é dragada em bom número, entre 15 e 20 metros de profundidade, em fundos de areia limpa, em ambiente idêntico ao habitado pela espécie Terebra dislocata , embora esta última seja menos frequente nas dragagens. O NOc. “Almirante Saldanha” dragou exemplares no norte e nordeste brasileiros, en¬ tre 21 e 75 metros de profundidade (KEMPF & MATTHEWS, 1968) . Embora, em geral, esta espécie habite águas mais profundas, ocasionalmente alguns exem¬ plares são encontrados em águas mais rasas, e até na faixa intertidal, quando esta apresenta um fundo de areia limpa, bem. protegido, e as¬ sim, livre de arrebentação. Coletamos diver¬ sos exemplares nessas condições, na Praia Mansa, Mucuripe, em Fortaleza (Estado do Ceará). Esta espécie é facilmente identificada, pois sua concha possui uma textura muito polida e brilhante; sua ornamentação, de fortes eleva¬ ções axiais de sutura a sutura, bem como a coloração amarelo-mostarda são bastante ca¬ racterísticas, Sua ocorrência no norte e nor¬ deste brasileiros, onde existam as condições eco¬ lógicas exigidas, é bastante frequente. Agradecimentos: a Katie M. Way, Mollus- ca Section, Department of Zoology, British Mu- seum (Natural History), Londres, pelo envio de fotografias dos tipos de Terebra brasüiensis (Smith, 1873), que nos foram indispensáveis para o presente trabalho, e ao Sr. Raul Gar¬ cia, pelas ilustrações a bico de pena. NOTAS SOBRE A FAMÍLIA TEREBRIDAE NO BRASIL SUMMARY The family Terebridae is represented in Brazil by ten Reeent species: Terebra taurina (Lightfoot, 1786), T. gemmulata Kiener, 1838-9, T. brasiliensis {Smith, 1873), T. côncava Say, 1822, T. âislocata Say, 1822, T, protexta (Conrad, 1846), T . ãoeilo-juradoi Carcelles, 1953, Hastula cinerea (Born 1778), H . salleana (Deshayes, 1859) and H, hastata (Gmelin, 1791) . Terebra taurina, T. côncava r T . âislocata, T . protexta, Hastula cinerea , H. salleana and H , hastata are from the Caribbean Zoogeogra- phical Area; T. gemmulata and H. ãoello-ju - radoi are from the Magellanic one, and T. brasiliensis seems to be endemic to Brazil. Identification keys for the genera, subge- nera and species living in Brazil are included, together with descriptions and figures of their shells. Brief ecological notes on the family are presented. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBOTT, R.T., 1954 — American Seashelis. D. 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A respeito de cada espécie são feitas refe¬ rências a caracteres morfológicos sujeitos a va¬ riações às vezes muito amplas. Citarei como exemplo o aspecto das superfícies laterais das conchas, geralmente mais ou menos côncavas, algumas vezes com um lado côncavo e outro mais ou menos plano ou mesmo convexo. Em espécies de concha bicôneava certo número de indivíduos de cada população pode apresentar um lado mais côncavo que o habitual, e nesses casos o outro lado tende a ficar menos côncavo ou mesmo aplanado. Nas espécies de concha fi- sóide ou helicoidal variações análogas incidem sobre a altura da espira. Tais aspectos, que ocor¬ rem como variações em alguns indivíduos de certas populações, podem constituir caracterís¬ ticas dominantes em outras populações, pelo fato de refletirem flutuações da frequência re¬ lativa dos genes que os determinam. Essas va¬ riações são responsáveis por grande número de sinônimos na literatura conquiliológica. Na enumeração dos caracteres da concha planispiral só em casos especiais é feita refe¬ rência à direção para a qual aponta a aber¬ tura. Na grande maioria das espécies planispi- rais a abertura da concha é geralmente diri¬ gida para a frente, mas ocorrem variantes com a abertura mais ou menos defletida para a es¬ querda e, em menor número, para a diríeta. (1) Contribuição do Centro de Identificação de Planorbí- deos para as Américas, mantido no Laboratório de Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília sob os auspícios desta Uni¬ versidade, da Organização Pan-Americana da Saúde e do Ministério da Saúde, e subsidiado financeiramente pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico. A direção da abertura só é referida quando esta é defletida em número significativo de indiví¬ duos de certa espécie (p. ex. Biomphalaria amazônica) ou quando a deflexão é caracterís¬ tica da espécie (p. ex. B. schrammi ). A velocidade de crescimento dos giros é de¬ terminada por mensuração, com ocular micro- métrica’, dos diâmetros dos giros sucessivos to¬ mados, em ambos os lados da concha, entre as suturas sobre a linha do raio vetor, dividindo-se o diâmetro de cada giro pelo do seu predecessor imediato. A média dos quocientes assim obti¬ dos representa a razão de crescimento da res¬ pectiva concha. O crescimento é considerado lento quando a razão é igual a 2.5 ou menor, rápido acima deste valor. O número de divertí cuias do ovoteste re¬ presenta a soma dos divertículos simples dos ra¬ mos e dos terminais dos divididos. Esta avaliação é mais fidedigna que a contagem dos troncos des divertículos, muitas vezes difíceis de ser in¬ dividualizados. O aspecto dos divertículos da vesícula se¬ minal varia de nodular a digitiforme. Os diver¬ tículos são referidos como nodulares quando não ocorrem elementos digitiformes na vesícula considerada, ou quando estes últimos são pou¬ co desenvolvidos e em número insignificante; são referidos como digitiformes quando este aspecto prevalece. A proporção entre comprimentos de órgãos dotados de tecido muscular, como a bainha do pênis e principalmente o prepúcio, constitui outro caráter amplamente variável, pois além da variação intrínseca também ocorre varia¬ ção devida ao estado de distensão de cada órgão no momento da fixação. Neste caso, como em outros de variação contínua e merística (p. ex. número de divertículos do ovoteste e da prós¬ tata), é de esperar que se encontrem valores maiores ou menores (provavelmente não mui- 100 i\\r\ 106 W. L. PARAENSE Figura 1 — Massa cefalopedal e parte cefálica do manto em Drepa.7iotre.ma (D. luciáum). Figuras 2 a 7 — Mandíbula e dentição; 2) Mandíbula de Biomphalaria^ Plesiophysa e Helisoma; 3) Dente central de Biomphalaria e Helisoma; 4) Dente lateral de Biomphalaria (exceto B. peregrina); 5) Dente lateral de Biomphalaria peregrina e Helisoma duryi; 6) Dente intermediário de Biornphalaria (exceto B, peregrina); 7) Dente marginal de Biomphalaria e Helisoma . Figuras 8 a 21 — Mandíbulas c dentição: 8) Mandíbula de Drepanotrema e Antillorbis; 9) Dente central de Drepanotrema e nntillorbis; 10) e 11) Dentes laterais de Drepanotrema e Antillorbis; 12) Dente intermediário de Drepanotrema e Antil¬ lorbis; 13) Dente marginal de Drepanotrema e Antillorbis; 14) Mandíbula de Acrorbis; 15) Dente central de Acrorbis; 16) Dente lateral de Acrorbis; 17) Dente marginal de Acrorbis f 18) Dente central de Plesiophysa; 19) Dente lateral de Ple¬ siophysa; 20) Dente intermediário de Plesiophysa; 21) Dente marginal de Plesiophysa. ESTADO ATUAL DA SISTEMÁTICA DOS PLANORBÍDEOS BRASILEIROS 107 to afastados) que os extremos aqui assinalados, à medida que se examine maior número de in¬ divíduos . A distribuição geográfica refere-se às uni¬ dades da Federação, excetuado o Território de Fernando de Noronha, de onde só se conhece o Pla,7iort)is norünhensis, cujo tipo, depositado no Museu Britânico, corresponde a uma forma juvenil do Drepanotrema depressissimum . A in¬ clusão de cada unidade federativa na distribui¬ ção da respectiva espécie significa apenas que esta foi ai encontrada, sem implicar sua difusão por todo o território da unidade referida. Não constituindo este trabalho uma revi¬ são crítica, mas simples condensação de obser¬ vações pessoais, coincidentes ou não com as de outros autores, sua bibliografia é limitada às descrições originais das espécies e dos sinôni¬ mos referidos e às descrições constantes de pu¬ blicações deste laboratório. 1. Gênero Drepanotrema Fischer & Crosse, 1880 Bo grego ârepanon : foice -[- trema\ orifí¬ cio, em referência à abertura falciforme da con¬ cha. Espécie-tipo: Planorbis anatinus Orbigny, 1835. Concha planispiral, pequena, com diâme¬ tro, nos indivíduos adultos, entre cerca de 3 mm (D. anaiinum ) e cerca de 15 mm (D. püeatum ) ; abertura falciforme, exceto no D. Keloicum, no qual é arredondada; giros esculpidos com pon¬ tos microscópicos em fileiras longitudinais (fig. 27), mais nítidos na concha embrionária. He- molinfa incolor. Pé longo e estreito, lanceolar. Massa cefalopedal (fig. 1) com uni par de fai¬ xas pigmentadas estreitas em cada uma das se- Figuras 22 a 26 — Aspectos anatômicos: 22) Saco bucal de Biomphalaria e Helisoma: glândula salivar (gs) por fora do anel ganglionar periesofagiano (ag); 23) Saco bucal de Acrorbis: glândula salivar (gs) por dentro do anel ganglionar periesofagiano t ag), saco radular (sr) espiralado; 24) Glândula salivar de Drepanotrema , Plesiopkysa e Antillorbis, por dentro do anel ganglionar periesofagiano (ag); 25) Região do estômago de Drepanotrema, Acrorbis c Antillorbis: alça do intestino ante¬ rior dorsal â glândula do albúmen (ga); 26) Região do estômago de Plesiopkysa: alça do intestino anterior caudal à glân¬ dula do albúmen (ga). 108 W. L. PARAENSE guintes localizações (exceto em D. kermatoiâes e D . heloicum) : no eixo de cada tentáculo, na face dorsal e nas faces laterais da cabeça, na margem de cada, mufla e nas margens do pé. Parede pulmonar com área elipsóide apigmen- tada logo atrás do colar do manto (fig. 1) . Tubo renal em J. Ausência de pseudobrânquia e de lamela pulmonar (crista retal e crista dor- solateral) . Mandíbula de uma só peça em fer¬ radura (fig. 8), composta de numerosas placas microscópicas dispostas lado a lado. Rádula em fita aproximadamente retangular; dente cen¬ tral (fig. 9) bicúspide, com uma ou mais cúspi¬ des minúsculas laterais na base de cada cúspide principal; dentes laterais (figs. 10 e 11) tri- cúspides, quase sempre com uma cúspide mi¬ núscula na base do entocone, do ectocone ou de ambos; dentes marginais (fig. 13) com a extremidade livre refletida a um nível acima da base de implantação. Glândulas salivares passando por dentro do anel ganglionar perie- sofagiano (fig. 24). Intestino anterior cruzan¬ do a superfície dorsal da glândula do albúmen (fig. 25) . Divertículos do ovoteste simples, pi- riformes ou um pouco alongados. Vesícula se¬ minal sem divertículos parietais. Bolsa do ovi- duto com projeções curtas ou mais longas, di- gitíformes. Divertículos prostáticos geralmente simples, podendo ocorrer certo número com poucas divisões, e desembocando diretamente no canal espermático. Dois flagelos no ápice da bainha do pênis. Pênis acicular, inerme, aber¬ tura terminal. Músculos retrator e protrator principais inseridos no ápice da bainha do pê¬ nis. 1.1. Drepanotrema anatinum (Grbigny, 1935) (Figs. 27-28), Do latim anas : pato, por ter sido encontra¬ do primeiro no estômago de patos da região das ilhas do rio Paraná. Localidade-tipo: ilhas do rio Paraná, “pou¬ co abaixo da cidade de Bajada, capital da pro¬ víncia de Entre Rios” (ORBIGNY, 1837; refe¬ re-se a Bajada Grande, porto da cidade de Pa¬ raná, Argentina) . Sinônimos no Brasil: Planorbis nigellus Lutz, 1918; AMsus lenzi Jutting, 1943. Dimensões máximas da concha: 4,2 mm de diâmetro, 1,9 mm de largura na abertura (1,5 mm no início do giro externo). Seis giros arredondados, crescendo lentamente em di⬠metro; giros mais internos incompletamente vi- Figura 27 — Concha tlc Drepanotrema anatinum e visão do pontilhado da concha, comum às espécies do gênero. Pr síveis em ambos os lados. Cada giro recobre lateralmente uma extensão considerável de seu antecessor, mais ou menos igual em ambos os lados, de modo que o giro externo predomina exageradamente sobre os demais, seu diâmetro, ao nível da abertura, quase igualando o da es¬ pira no lado direito. Lado direito convexo, apla¬ nando-se ao nível da espira, cujos giros mais internos aprofundam-se em estreita depressão afunilada. Lado esquerdo ligeiramente cônca- ESTADO ATUAL DA SISTEMÁTICA DOS PLANORBÍDEOS BRASILEIROS 109 vo, com a parte central também afunilada. Su¬ tura bem marcada em ambos os lados. Peri¬ feria arredondada, tendendo para a esquerda, às vezes acentuadamente. Abertura falciforme, lábio direito um pouco deprimido. Ovoteste geralmente com menos de 30 di¬ vertículos. Vagina com parede lisa. Esperma- teca geralmente claviforme, duto geralmente mais longo (até cerca de 2 vezes) do que o corpo'. Próstata com cerca de 8 a 20 divertí- culos arredondados, ovóides ou um pouco alon¬ gados; o mais anterior fica próximo ao ápice da espermateca. Prepúcio mais longo (cerca de 2 vezes) que a bainha do pênis. Flagelo maior mais longo (cerca de 2 a 3 vezes) que a bainha do pênis. Distribuição geográfica: todo o território brasileiro. Estudado por PARAENSE & DESLANDES (1956d). 1.2. Drepanotrema heloicum (Orbigny, 1835) (Figs. 29-30) Do grego helos : pântano. Localidade-tipo: Montevideo, Uruguai. Dimensões máximas da concha: 8 mm de diâmetro, 2,2 mm de largura na abertura (1,8 mm no início do giro externo). Cinco e meio giros arredondados, crescendo lentamente em diâmetro e bem visíveis em ambos os lados. Lado direito aplanado, com o giro central um pouco aprofundado. Lado esquerdo ligeiramente côncavo. Sutura bem marcada em ambos os la¬ dos. Periferia arredondada, tendendo para a esquerda. Abertura arredondada. Há indivíduos e populações de concha acen¬ tuadamente côncava, geralmente mais à esquer¬ da que à direita, com menor número de giros (um a menos que nos populações do tipo acima descrito, em indivíduos do mesmo diâmetro) que crescem um pouco mais rapidamente em diâmetro, são mais acentuadamente convexos e separados por sutura mais profunda. Imm Figura 29 — Concha de Drepanotrema heloicum. Figura 30 — Sistema genital de Drepanotrema heloicum. Ovoteste geralmente com mais de 30 e me¬ nos de 50 divertículos. Transição do útero para a vagina marcada por uma dilatação da parede dorsal. Vagina com parede lisa. Espermateca geralmente claviforme; duto, quando bem deli¬ mitado, quase sempre um pouco mais longo que o corpo. Próstata com cerca de 20 a 40 diver¬ tículos digítiformes (alguns bifurcados) com a parte apical geralmente dobrada para a direita. Divertículos prostãtices anteriores inseridos en¬ tre a espermateca e a glândula nidamental e parcialmente infletidos sobre a parede dor¬ sal da espermateca. Prepúcio mais longo (cerca de 2 a 5 vezes) que a bainha do pênis. Flagelo maior, de mais curto a mais longo (cerca de 0,5 a 4 vezes) que a bainha do pênis. Distribuição geográfica: Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Estudado por PARAENSE (1965). 1.3. Drepanotrema kermatoi&es (Orbigny, 1835) (Figs. 31-32) Do grego kerma: pequena moeda. Localidade-tipo: Callao, Peru. Dimensões máximas da concha: 12,5 mm de diâmetro, 1,8 mm de largura na abertura (1,4 mm no início do giro externo) . Seis e meio giros arredondados à direita, achatados à es¬ querda, crescendo lentamente em diâmetro e bem visíveis em ambos os lados. Lado direito ligeiramente côncavo, aplanado ou ligeiramente convexo. Lado esquerdo ligeiramente côncavo. Giro central não especialmente aprofundado. Sutura moderadamente marcada em ambos os 110 W. L. PARAENSE I mm Figura 31 — Concha de Drepanotrema k ermatoides. lados. Periferia carenada, tendendo para o ex¬ tremo esquerdo. Abertura falcíforme, lábio es¬ querdo muito ligeiramente convexo ou mesmo reto, lábio direito convexo, um pouco depri¬ mido . Massa cefalopodal difusamente pigmentada, cinzento-clara, não apresentando as faixas de pigmento comuns à maioria das espécies con- genérieas. Ovoteste geralmente com mais de 30 e menos de 50 divertículos. Vagina com parede lisa. Espermateca geralmente claviforme, duto frequentemente mais curto que o corpo e alar- hq 1 mm Figura S2, — Sistema genital de Drepanotrema kermatoides. 1.4. Drepanotrema lucidum (Pfeiffer, 1839) (Pigs. 33-34) Do latim lucidus : brilhante. Localidade-tipo: Cuba. Sinônimos no Brasil: PlanorMs purus Mar- tens, 1868; P. melleus Lutz, 1918; Hippeutis schubarti Haas, 1938. Figura 33 — Cincha de Drepanotrema lucidum. Dimensões máximas da concha: S mm de diâmetro, 2 mm de largura na abertura (1,6 mm no início do giro externo). Seis giros com su¬ perfícies laterais quase planas ou um pouco convexas, ligeiramente mais convexas à esquer¬ da do que à direita, crescendo lentamente em diâmetro; giros -mais internos incompletamente visíveis em ambos os lados, espeeialmente à di¬ reita. Lado direito ligeiramente côncavo, apla¬ nado ou mesmo ligeiramente convexo. Lado es¬ querdo ligeiramente côncavo ou mais ou menos aplanado. Giro central aprofundado em ambos os lados, principalmente à direita, onde desa¬ parece numa cavidade muito estreita. Sutura rasa em ambos os lados, um pouco mais pro¬ funda quando os giros são mais convexos, e geralmente ocupada por uma linha vermelha ferrugínea que também marca as estrias mais gando-se na direção da base. Próstata com cerca de 20 a 40 divertículos digitiformes (raros bi¬ furcados) com a parte apical geralmente dobra¬ da para a direita. Divertículos prostáticos an¬ teriores inseridos entre a espermateca e a glân¬ dula nidamental e parcialmente infletidos sobre a parede dorsal da espermateca. Prepúcio do mesmo comprimento até cerca de 6 vezes mais longo que a bainha do pênis. Flagelos muito curtos, algumas vezes rudimentares. Distribuição geográfica: Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Estudado por PARAENSE & DESLANDES (1958d). Figura 34 — Sistema genital cie Drepanotrema lucidum. ESTADO ATUAL DA SISTEMÁTICA DOS PLANO RB ÍDEOS BRASILEIROS 111 grosseiras. Periferia acentuadamente eonvexa, frequentemente subangulosa, com notável ten¬ dência para a esquerda. Abertura falciforme um pouco alta, lábio .esquerdo ligeiramente con¬ vexo, lábio direito convexo, um pouco deprimi¬ do. As conchas não incrustadas por material ambiental apresentam um brilho esmaltado pe¬ culiar . Ovoteste geralmente com mais de 20 e me¬ nos de 50 divertículos. Vagina com pequena, di¬ latação na parede dorsal junto ao ponto de in¬ serção da espermateca. Espermateca geralmente claviforme; duto, quando bem delimitado, ge¬ ralmente um pouco mais curto que o corpo. Próstata com cerca de 5 a 40 divertículos digi- tiformes (raros bifurcados), muitos com a parte apical dobrada, geralmente para a direita; o mais anterior fica próximo ao ápice da esper- mateca. Prepúcio de um pouco mais curto a um pouco mais longo que a bainha do pênis. Flagelo maior mais longo (cerca de 1,2 a 4,5 vezes) que a bainha do pênis. Distribuição geográfica; todo o território brasileiro. Estudado por PARAENSE & DESLANDES (1956e) . 1.5. Drepanotrema cimex (Moricand, 1839) (Figs. 35-36) Do latim cimex: percevejo. Localidade-tipo: Bahia (cidade do Salva¬ dor) . Dimensões máximas da concha: 8 mm de diâmetro, 1,1 mm de largura na abertura (0,9 m no início do giro externo) . Sete giros moderadamente convexos, um pouco mais acen- tuadamente à direita, crescendo lentamente em 1 mrn Figura 35 — Concha de Drepanotrema cimex. diâmetro e bem visíveis em ambos os lados, Lado direito largamente côncavo ou aplanado. Lado esquerdo aplanado, às vezes ligeiramente con¬ vexo e um pouco deprimido na parte média. Sutura bem marcada em ambos os lados. Peri¬ feria com carena embotada, no extremo esquer¬ do ou quase. Abertura falciforme, lábio esquer¬ do muito ligeiramente convexo, às vezes reto, lábio direito convexo, um pouco deprimido. Ovoteste geralmente com mais de 25 e me¬ nos de 50 divertículos. Transição do útero para a vagina marcada por uma dilatação da parede Figura 36 — Sistema genital de Drepanotrema cimex. dorsal, que entretanto pode faltar em certos in¬ divíduos. Vagina com parede lisa. Espermateca geralmente claviforme, corpo continuando-se gradualmente com o duto na maioria dos indi¬ víduos, algumas vezes as duas partes bem deli¬ mitadas com duto mais curto que o corpo e re¬ lativamente grosso. Próstata com 15 a 30 di¬ vertículos arredondados, ovoides ou um pouco alongados, raramente alguns digitiíormes; o mais anterior fica próximo ao ápice da esper¬ mateca. Prepúcio mais longo (cerca de 1,5 a 3,5 vezes) que a bainha do pênis. Flagelos muito curtos, quase sempre só um aparente; o segundo, quando aparente, com aspecto rudimentar. i Distribuição geográfica: todo o território brasileiro. Estudado por PARAENSE & DESLANDES (1958a). 1.6. Drepanotrema ãepressissimum (Moricand, 1839) (Figs. 37-38) Do latim ãepressissimus: achatadíssimo. Localidade-tipo: Bahia (cidade do Salva¬ dor) . 112 W. I,. PARAENSE Sinônimos no Brasil: Planorbis cultratus Grbigny, 1841; P. noronhensis Smith, 1890. Dimensões máximas da concha: 11 mm de diâmetro, 1,5 mm de largura na abertura (1,2 mm no início do giro externo) . Sete giros ligeiramente convexos, crescendo lentamente em Figura 37 — Concha de Drepanotrema depressissimum. diâmetro e bem visíveis em ambos os lados. Lado direito ligeiramente côncavo, aplanado ou ligei¬ ramente convexo. Lado esquerdo aplanado ou muito largamente côncavo, às vezeg ligeiramente convexo. Giro central não especialmente apro¬ fundado. Sutura moderadamente marcada em ambos os lados. Periferia com carena muito aguda tendendo para o extremo esquerdo. Aber¬ tura falciforme, lábio esquerdo muito ligeira - mente convexo ou mesmo reto, lábio direito convexo, um pouco deprimido. Ovoteste geraímente com mais de 30 e me¬ nos de 50 divertíeulos. Vagina corn parede lisa, muito curta. Espermateca ovóide ou claviforme, duto geralmente um pouco mais curto que o Figura 38 — Sistema genital de Drepanotrema depressissimum . corpo e alargando-se notavelmente na direção da base. Próstata com cerca de 25 a 60 divertí¬ eulos digitiformes (alguns bifurcados) com a parte apical geralmente dobrada para a direita. Divertíeulos prostáticos anteriores inseridos en¬ tre a espermateca e a glândula nidamental e parcialmente infleíidos sobre a parede dorsal da espermateca. Prepúcio mais longo (cerca de 2.5 a 6 vezes) que a bainha do pênis. Flagelo maior desde um pouco mais curto até cerca de 3,5 ve¬ zes mais longo que a bainha do pênis. Distribuição geográfica: quase todo o terri¬ tório brasileiro, não tendo sido assinalado ape¬ nas no Paraná e em Santa Catarina. Estudado por PARAENSE & DES,LANDES (1957a) . 1.7. Drepanotrema pileatum Paraense, 1971 (Figs. 39-40) Do latim pileatus : coberto com um barrete. Localidade-tipo: Formoso, município de Co- ribe, Bahia. Dimensões máximas da concha: 13 mm de diâmetro, 4,5 mm de largura na abertura (3,5 mm no início do giro externo). Sete giros ligeiramente convexos à direita e achatados à esquerda (onde pode aparecer forte curvatura próxima à sutura), crescendo lentamente em diâmetro. Giros mais internos bem visíveis em ambos os lados. Cada giro recobre lateralmente seu antecessor em maior extensão à direita que à esquerda, de modo que o giro externo predo¬ mina exageradamente sobre os demais no lado direito. Lado direito convexo, tendendo a apla¬ nar-se ao nível da espira. Lado esquerdo pro- fundamentte côncavo, limitando uma superfície conóide. Sutura rasa ou moderadamente marca- Figura 39 — Concha de Drepanotrema pileatum. ESTADO ATUAL DA SISTEMÁTICA DOS PLANORBÍDEOS BRASILEIROS nz da em ambos os lados. Periferia arredondada, tendendo para o extremo esquerdo. Abertura fal- ciforme, lábio esquerdo inclinado cerca de 45 graus para a esquerda, lábio direito convexo, um pouco deprimido. Ovoteste geralmente com mais de 50 e me¬ nos de 80 divertículos. Transição do útero para a vagina com uma dilatação rugosa da parede dorsal. Vagina com parede lisa. Espermateea geralmente claviforme; duto, quando bem deli¬ mitado, geralmente um pouco mais curto que o corpo. Próstata com 70 a 130 divertículos digi- tiformes (certo número de bifurcados, poucos trifurcados) com a parte apical ger aimente do¬ brada para a direita. Divertículos prostãticos anteriores inseridos entre a espermateea e a glândula nidamental e parcialmente infletidos sobre a parede dorsal da espermateea. Prepúcio de um pouco mais curto até cerca de 3 vezes mais longo que a bainha do pênis . Flagelo maior mais curto que a bainha do pênis. Distribuição geográfica: sudoeste da Bahia, noroeste de Minas Gerais. Estudado por PARAENSE (1971) . 2. Gênero Plesiophysa Fischer, 1883 Do grego plesios: próximo + physa: vesí¬ cula, bolha de ar (isto é, aparentada com Physa ). Espécie-tipo: Physa striata Orbigny, 1841. Concha fisóide, pequena, ovoide, sinistrai; giros esculpidos com linhas espirais muito finas cruzando as estrias transversais e eriçadas de pelos curtos, os quais são abundantes na con¬ cha muito jovem, tornando-se raros ou ausen¬ tes na concha adulta (fig. 41) . Umbigo reco¬ berto pela extensão calosa da borda columelar (concha imperfurada). Hemolinfa incolor. Pé oblongo, extremidade cefálica arredondada nos cantos, extremidade caudal mais estreita, de contorno ogival. Massa cefalopedal com pigmen¬ tação difusa, sem características especiais. Pa¬ rede pulmonar com manchas negras irregula¬ res. Tubo renal em S, com alças longas e muito próximas (fig. 42). Pseudobrànquia trifoliada; folheto proximal liso, folhetos médio e distai de superfície ondulada; abertura anal entre os fo¬ lhetos médio e distai, no encontro de suas mar¬ gens ventrais. Lamela pulmonar formada por uma crista de superfície não ondulada conti¬ nuando-se com uma crista dorsolateral no teto da cavidade pulmonar. Mandíbula em T, com uma peça transversal superior mais larga e duas peças laterais inferiores e verticais muito mais estreitas (fig. 2). Rádula em fita aproximada¬ mente retangular; dente central (fig. 18) com 5 cúspides, a medial maior e as duas laterais de tamanho decrescente; dentes laterais (fig. 19) tricúspides, com uma cúspide minúscula na base do entocone, do ectocone ou de ambos, às ve¬ zes também do mesocone; dentes marginais (fig. 21) com a extremidade livre refletida a um ní¬ vel abaixo da base de implantação. Glândulas salivares passando por dentro do anel ganglio¬ nar periesofagiano (fig. 24) . Intestino ante¬ rior justaposto à borda caudal da glândula do albúmen (fig. 2&). Divertículos do ovoteste cla- viformes, simples ou com poucas divisões. Ve¬ sícula seminal com divertículos parietais arre¬ dondados, Bolsa do oviduto lisa ou com peque¬ nas cristas na superfície lateral oposta ao lado prostático. Divertículos prostãticos simples ou com poucas divisões, convergindo para um ca¬ nal prostático próprio que desemboca no canal deferente. Base da bainha do pênis com um cir¬ culo de alvéolos glandulares. Dois ou mais fla¬ gelos no ápice da bainha do pênis. Pênis aci- cular, com papila terminal munida de estilete muito curto, abertura subterminal. Músculos retratares inseridos no prepúcio; músculo pro- trator principal inserido no ápice da bainha do pênis, outros inseridos no prepúcio. 2.1. Plesiophysa ornata (Haas, 1938) (Figs. 41-43) Do latim ornatus, em referência à estriação (ornamentação) espiral da concha. Localidade-tipo: São João do Cariri, Paraíba. Dimensões máximas da concha: 9 mm de comprimento, 5 mm de largura. Três e meio gi- Ué YV. L. PARAENSE r i f igura 41 — Concha de Ple.siophysa ornato, , ros arredondados,, crescendo rapidamente em diâmetro e separados por sutura profunda. Giro externo predominando exageradament-e sobre os demais. Espira geralmente achatada, algumas vezes sub aguda, com graus variáveis de eleva¬ ção. Abertura ovóide, relativamente ampla, cor¬ respondendo a cerca de 60-75% do comprimento da concha. Columela ligeiramente arqueada. Ovoteste geralmente com mais de 70 e me¬ nos de 150 divertículos. útero com parede pre¬ gueada. Vagina muito curta. Espermateca ge¬ ralmente globóide, algumas vezes claviforme, duto quase sempre um pouco mais curto que o Figura 43 — Sistema genital de Plesiophysa orna ta . corpo. Próstata com cerca de 2 a 7 divertículos, a maioria simples, alguns bifurcados, menos fre¬ quentemente trifureados. Divertículo prostático anterior inserido entre a espermateca e a glân¬ dula nidamental. Prepúcio mais longo (cerca de 3 a 10 vezes) que a bainha do pênis. Dois fla¬ gelos, o maior de mais curto a mais longo (cer¬ ca de 0,3 a 3,5 vezes) que a bainha do pênis. Bainha do pênis ^frequentemente em intussus- cepção no prepúcio. Distribuição geográfica: Paraíba, Pernam¬ buco, Espirito Santo e Minas Gerais. 3. Gênero Biomphalaria Freston, 1910 (Pig. 44) Do latim íns: duas vezes -j- do grego ompha- los: umbigo, em referência ao aprofundamento do giro central nos dois lados da concha. Espécie-tipo: Biomphalaria smithi Preston, 1910. ESTADO ATUAL DA SISTEMÁTICA DOS PLANORBÍDEOS BRASILEIROS 115 Sinônimos no Brasil: Planorbina Haldeman, 1843; Taphius H. & A. Adams, 1855; Armigerus Clessin, 1884; Tropicorbis Brown & Pilsbry, 1914; Australorbis Pilsbry, 1934. Concha planispiral, de pequena a grande, com diâmetro, nos indivíduos adultos, entre cer¬ ca de 7 mm (B. schrammi) e cerca de 40 mm (. B . glabrata) ; abertura de forma variada (trans¬ versal, semicircular, oval, cordiforme); giros es- Figura 45 — Complexo pulmonar de Biomphalaria glabrata juvenil. Figura 46 — Complexo pulmonar de Biomphalaria glabrata. adulta. eulpidos apenas com estrias de crescimento. He- molinfa vermelha devido à presença de hemo¬ globina. Pé oblongo, extremidade cefálica ar¬ redondada nos cantos, extremidade caudal mais estreita, de contorno ogiva!. Massa cefalopedal com. pigmentação difusa, sem características es¬ peciais. Parede pulmonar com manchas cinzen¬ ta-escuras ou negras irregulares tendendo a eoa- lescer-se. Tubo renal em J (fig. 45, tr). Pseu- dobrânquia foliãcea, aproximadamente triangu¬ lar, com a face lateral percorrida longitudinal¬ mente pela extremidade da crista retal; aber¬ tura anal na face lateral, no meio da metade cefálica. Lamela pulmonar formada por uma crista retal de superfície ondulada continuan¬ do-se com uma crista dorsolateral no teto da cavidade pulmonar. Mandíbula em T, com uma peça transversal superior mais larga e duas pe¬ ças laterais inferiores e verticais muito mais estreitas (fig. 2) . Rádula em fita aproximada¬ mente retangular; dente central (fig. 3) bi- cúspide; dentes laterais (fig. 4) tricúspides; dentes marginais (fig, 7) com a extremidade livre refletida a um nível abaixo da base de im¬ plantação . Glândulas salivares passando por fora do anel ganglionar periesofagiano (fig. 22). Intestino anterior cruzando a superfície ventral da glândula do albúmen (fig. 44, ia). Diverti- culos do ovoteste saculiformes, simples ou divi¬ didos. Vesícula seminal com divertículos pa¬ rietais curtos ou digitiformes, simples ou com poucas divisões. Bolsa do oviduto sacciforme. Divertículos prostáticos geralmente alongados, simples ou divididos, desembocando diretamente no canal espermático. Bainha do pênis e pre¬ púcio sem. órgãos glandulares anexos. Pênis acicular, inerme, abertura terminal. Músculos retrator e protrator principais inseridos na ex¬ tremidade proximal do prepúcio. 3.1. Biomphalaria glabrata (Say, 1818) (Pigs. 45-48) Do latim glabers sem pelo, liso, em referên¬ cia ao aspecto da superfície da concha. Localidade-tipo: ilha de Guadeloupe (PILS¬ BRY, por designação, 1934) . Sinônimos no Brasil: Planorbis, guadalou- pensis Sowerby, 1822; P. olivaeeus “Spix” Wag¬ ner, 1827; P. ferrugtneus “Spix” Wagner, 1827; P. lugubris Wagner, 1827; P. nigricans “Spix í,v Wagner, 1827; P, aWescens “Spix” Wagner, 1827; P. viriãis “Spix” Wagner, 1827; P. lunâii Beck, 1837; P. cumingianus Dunker, 1848; P becki Dunker, 1850; P. bahiensis Dunker, 1850 (em parta, material da Bahia); P. dentifer Moricand, 1853. 7 116 W. L. PARAENSE Figura 47 — Concha de Biomphalaria glabraia. Dimensões máximas da concha: 40 mm de diâmetro, 11 mm de largura na abertura (9 mm no início do giro externo) . Na grande maioria das populações, entretanto, o diâmetro máximo poucas vezes vai além de 30 mm. Seis a sete giros arredondados, crescendo lentamente em diâmetro e bem visíveis em ambos os lados, o central mais completamente à esquerda. Lado direito largamente côncavo, com o giro central profundo. Lado esquerdo formando concavidade rasa. Sutura bem marcada ern ambos os lados. Periferia arredondada, tendendo para a direita. Abertura oval. Figura 48 — Sistema genital de Biomphalaria glabraia . quentemente um ou mais grupos de lamelas no interior da abertura, a qual se desvia para a esquerda (PARAENSE, 1957), ficando essas con¬ chas muito semelhantes às de B. schrammi. Superfície ventral do tubo renal com uma linha pigmentada longitudinal nos indivíduos com cerca de 8 mm a 10 mm de diâmetro (fig. 45), sobre a qual levanta-se uma crista pigmen¬ tada (fig. 46) nos indivíduos maiores (PA¬ RAENSE & BESLANDES, 1959a). Primeiro dente lateral da rádula com as 3 cúspides triangula¬ res e pontiagudas (fig. 4) . Ovoteste geralmente com mais de 350 divertículos, a maioria com mais de 2 divisões. Divertículos da vesícula se¬ minal predominantemente alongados. Parede ventral da vagina expandida em bolsa bem de¬ limitada. Espermateca ovóide ou claviforme; duto, quando bem delimitado, quase sempre um pouco mais curto que o corpo. Próstata com cerca de 15 a 30 divertículos longos, delgados, predominantemente arborescentes, o anterior inserido entre a espermateca e a glândula nida- mental. Bainha do pênis de um pouco mais curta a um pouco mais longa que o prepúcio (relação entre os comprimentos dos dois órgãos de 0,5 a 1,5), Bainha do pênis relativamente delgada, porção média aproximadamente do mesmo diâmetro que a porção mais larga do canal deferente* Distribuição geográfica: Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espirito Santo, Goiás, Mara¬ nhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo e Sergipe. Estudada por PARAENSE & DESLANDES (1955a). 3.2. Biomphalaria tenagophiía (Orbigny, 1835) (Figs. 49-51) Do grego ienagos: pântano + philos : amigo. Há indivíduos e populações de concha mais larga, com menor número de giros (um a menos que nas populações do tipo acima descrito, em indivíduos do mesmo diâmetro) que crescem um pouco mais rapidamente em diâmetro, e mais ou menos igualmente côncavas em ambos os lados. Em certas populações a concha da maioria dos indivíduos é bem mais larga que habitualmente, chegando a apresentar apreciável grau de care- nação bilateral, mais acentuada à esquerda (PA¬ RAENSE, 1961), As conchas de indivíduos juvenis (2 mm a 9 mm de diâmetro) que vivem em ambientes su¬ jeitos a dessecação estacionai apresentam fre¬ Localidade-tipo: Província de Corrientes, Argentina. Sinônimos no Brasil: Planorhis ferrugineus “Spix” Orbigny, 1835; P. bahiensis Dunker, 1850 (em parte, material do Rio de Janeiro); P. bian- gulatus Sowerby, 1877; P. nigricans “Spix” Lutz, 1918; P. confusas Lutz, 1918; P. immunis Lutz, 1923; Aiisiralorbis amphiglyptus Pilsbry, 1951. Dimensões máximas da concha: 35 mm de diâmetro, 11 mm de largura na abertura (8 mm no início do giro externo) . Na grande maioria .ESTADO ATUAL DA SISTEMÁTICA DOS PLANO RB IDEOS BRASILEIROS 117 co Figura 49 — Complexo pulmonar de Biomphalaria tenagophila. das populações, entretanto, o diâmetro máximo poucas vezes ultrapassa 25 mm. Sete a oito giros carenados, mais acentuadamente no lado es¬ querdo, crescendo lentamente em diâmetro e bem visíveis nos dois lados, o central mais com¬ pletamente à esquerda. Lado direito variavel¬ mente deprimido, desde muito côncavo até quase plano, com o giro central aprofundado. Lado esquerdo geralmente mais côncavo que o direito. Sutura bem marcada em ambos os lados. Peri¬ feria arredondada, tendendo para a direita. Abertura deltoide, transversal nas conchas mais largas e tendendo a cordiforme nas mais estrei¬ tas. Em indivíduos ou populações de concha mais estreita há uma tendência à atenuação das ca- renas e ao achatamento do lado direito. Superfície ventral do tubo renal lisa, sem crista (fig. 49). Primeiro dente lateral da rá- dula com as 3 cúspides triangulares e pontiagu¬ das (fig. 4). Ovoteste geralmente com mais de 150 e menos de 350 divertículos, a maioria sim- Figura 51 — Sistema genital de Biomphalaria tenagophila. pies ou bifurcada. Divertículos da vesícula se¬ minal predominantemente alongados. Parede ventral da vagina expandida em bolsa bem de¬ limitada. Espermateea ovóide ou claviforme; duto, quando bem delimitado, quase sempre um pouco mais curto que o corpo. Próstata com. cerca de 8 a 30 divertículos longos, delgados, pre¬ dominantemente arboreseentes, o anterior inse¬ rido entre a espermateea e a glândula nidamen- tal. Bainha do pênis de um pouco mais curta a um pouco mais longa que o prepúcio (relação entre os comprimentos dos dois órgãos de 0,5 a 1,5). Bainha do pênis relativamente delgada, porção média aproximadamente do mesmo di⬠metro que a porção mais larga do canal defe¬ rente . Distribuição geográfica: Bahia, Distrito Fe¬ deral, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mi¬ nas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Estudada por PARAENSE & DESLANDES (1955b, 1956a) . 3.3. Biomphalaria peregrina (Orbigny, 1835) (Figs. 52-53) Do latim peregrinus: que viaja no estran¬ geiro, em referência à sua ampla distribuição geográfica. 118 W. L. PARAENSE Localidade-tipo: Rio Negro, na Patagônia, Argentina, Sinônimo no Brasil: Australorbis inflezus Paraense & Deslandes, 1956. Fígura 52 — Concha de Biomphalaría peregrina. elaviforme; duto, quando bem delimitado, quase sempre um pouco mais curto que o corpo. Próstata com cerca de 8 a 22 divertículos longos, delgados, predominantemente arborescentes, o anterior quase sempre recobrindo e ocultando o ápice da espermateca. Bainha do pênis de um pouco mais curta a um pouco mais longa que o prepúcio (relação entre os comprimentos dos dois órgãos de 0,5 a 1,7) . Bainha do pênis relativamente larga, porção média com. diâmetro muito maior que o da porção mais larga do canal deferente. Distribuição geográfica: Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Dimensões máximas da concha: 16,5 mm de diâmetro, 5,5 mm de largura na abertura (3,5mm no início do giro externo) . Cinco a seis giros arredondados, um pouco sub angulosos à esquerda, crescendo lentamente em diâmetro e bem visíveis em ambos os lados, o central mais completamente à direita. Lado direito aplanado ou ligeiramente côncavo, com giro centrai um pouco aprofundado. Lado esquerdo formando concavidade de profundidade variável. Sutura bem marcada em ambos os lados, geralmente mais profunda à esquerda. Periferia arredonda¬ da, tentendo um pouco para a direita. Abertura arredondada. Superfície ventral do tubo renal lisa, sem crista. Primeiro dente lateral da rádula com entocone e ectocone triangulares e pontiagudos, mesocone truncado (fig. 5). Ovoteste geral¬ mente com mais de 50 e menos de 150 divertí¬ culos, a maioria simples ou bifurcada. Diver¬ tículos da vesícula seminal predominantemente alongados. Parede ventral da vagina expandida em bolsa bem delimitada. Espermateca ovóide ou Estudada por PARAENSE (1986b) 3.4, Biomphalaria straminea (Dunker, 1848) (Figs. 54-55) Do latim stramineus ; de palha, em referên¬ cia à cor da concha. Loealidade-tipo: América do Sul, restrita por MARTENS (1873) para Lagunilla e Caracas, na Venezuela. Sinônimos no Brasil: Planorhis kuhnianus “Dunker” Clessin, 1883; P. cenMmetralis Lutz, 1918. Dimensões máximas da concha: 16,5 mm de diâmetro, 6 mm de largura na abertura (4,5 mm no início do giro externo). Cinco gi¬ ros arredondados, frequentemente um pouco subangulosos à esquerda, crescendo um pouco mais rapidamente em diâmetro que nas 3 espé¬ cies precedentes e bem visíveis nos dois lados, o central mais completamente à esquerda.. Lado direito variavelmente côncavo, tendendo muitas vezes a aplanar-se, com o giro central profundo. Lado esquerdo variavelmente côncavo, em geral mais largamente que o direito. Sutura bera mar¬ cada em ambos os lados, gêralmente mais pro¬ funda à esquerda. Periferia arredondada, medial ESTADO ATUAL DA SISTEMÁTICA DOS PLANOR.RÍDEOS BRASILEIROS 119 ou tendendo ligeiramente para a direita. Aber¬ tura ovoide ou arredondada. Superfície ventral do tubo renal lisa, sem crista. Primeiro dente lateral da rádula com as 3 cúspides triangulares e pontiagudas. Ovoteste geralmente com mais de 50 e menos de 150 di- veríículos, a maioria simples ou bifurcada. Di- vertículos da vasícula seminal predominante- mente alongados. Parede dorsal da vagina en ¬ rugada devido à presença de uma série de on¬ dulações transversais. Espermateca ovoide ou claviforme; duto, quando bem delimitado, quase sempre um pouco mais curto que o corpo. Prós¬ tata com. cerca de 5 a 20 divertículos relativa- mente curtos, os mais ramificados tendendo a arborescentes, o anterior quase sempre inserido entre a espermateca e a glândula nidamental. Bainha do pênis de um pouco mais curta a mais longa que o prepúcio (relação entre os compri¬ mentos dos dois órgãos de 0,3 a 2,5). Bainha do pênis relativamente larga, porção média aproximadamente do mesmo diâmetro que a porção mais larga do canal deferente. Três ca¬ madas musculares na parede do pênis, sendo a interna longitudinal, a média circular e a ex¬ terna oblíqua, bem evidentes no terço médio do órgão (nas outras espécies de Biomphalaria há uma camada interna longitudinal e uma externa circular) . Distribuição geográfica: todo o território brasileiro, exceto Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Estudada por PARAENSE & DESLANDES (1955c). 3.5. Biomphalaria schrammi (Crosse, 1864) (Figs. 56-57) Denominação específica em homenagem ao S.r. Sehramm, Subinspetor da Alfândega de Pointe-à-Pitre e autor de um catálogo das con¬ chas de Guadeloupe. Localidade-tipo: Pointe-à-Pitre, na ilha de Guadeloupe. Sinônimos no Brasil: Planorbisi janeirensis Clessin, 1884; Segmentina paparyensis F. Baker, 1914; Planorbis nigrila&ris Lutz, 1918; P. incer- tus Lutz, 1918. Dimensões máximas da concha: 8 mm de diâmetro, 2,2 mm de largura na abertura (2 mm no início do giro externo). Cinco giros arredon¬ dados, crescendo lentamente ou um pouco ra¬ pidamente em diâmetro e bem visiveis nos dois lados, o central mais completamente à esquerda. Lado direito moderadamente côncavo, com os I mm Figura 56 — Concha de .Biomphalaria schrammi e detalhe da região da abertura retirada para mostrar as lamelas. giros internos aprofundados numa depressão afunilada. Lado esquerdo moderadamente côn¬ cavo, com tendência ao nivelamento do giro ex¬ terno com o penúltimo. Sutura bem marcada em ambos os lados. Periferia arqueada, com tendência medial. Abertura ovóide ou arredon¬ dada, deíletida para a esquerda, às vezes exa- geradamente, nos indivíduos adultos. Perístoma espesso. Nos espécimes jovens, até cerca de 4 mm de diâmetro, a abertura é dirigida para a frente. Depois surge um conjunto de 6 lamelas no in¬ terior da abertura (2 parietais e 4 palatais), ao nível das quais o giro externo se estreita um pouco e depois expande-se novamente à me¬ dida que a concha cresce. Superfície ventral do tubo renal lisa, sem crista. Primeiro dente lateral da rádula com as 3 cúspides triangulares e pontiagudas. Ovoteste 120 eg Figura 57 — Sistema genital de Biomphalaria schmmmi, geralmente com mais de 30 e menos de 80 di- veríículos, quase todos simples ou bifurcados. Divertículos da vesícula seminal alongados ou ncdulares. útero relativamente muito longo. Vagina de parede lisa. Espermateca claviforme, muito longa, sempre mais longa que a próstata; duto, quando bem delimitado, mais ou menos duas vezes mais longo que o corpo. Próstata com cerca de 7 a 20 divertículos relativamente curtos, pouco ramificados, o anterior próximo ao ápice da espermateca ou inserido entre a espermateca e a glândula nidamental. Bainha do pênis muito íonga, prepúcio muito curto (relação entre os comprimentos dos dois órgãos de 4 a 8). Porção média da bainha do pênis com diâmetro muito maior que o da porção mais larga do canal de¬ ferente . Distribuição geográfica: todo o território brasileiro, exceto Amazonas, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Estudada por PARAENSE & DESLANDES (1956b) e PARAENSE, FAURAN & COURMES (1964) . 3.6. Biomphalaria intermedia (Paraense & Deslandes, 1962) (Figs. 58-59) Do latim intermedius : interposto, em refe¬ rência a certos caracteres anatômicos comuns a duas outras espécies (£. peregrina e B. síra- minea). W. L. PARAENSE Figura 58 — Concha de Biomphalaria intermedia . Localidade-tipo: Valparaíso, em São Paulo. Dimensões máximas da concha: 12 mm de diâmetro, 3 mm de largura na abertura (2,5 mm no início do giro externo) . Cinco a cinco e meio giros fortemente convexos nos dois lados, cres¬ cendo lentamente em diâmetro e bem visíveis em ambos os lados, o central mais completa¬ mente à esquerda. Lado direito moderadamente côncavo, tendendo a aplanado em muitos indi¬ víduos, com parte central mais ou menos es¬ treitamente afunilada. Lado esquerdo larga¬ mente côncavo. Sutura bem marcada em ambos os lados. Periferia arredondada, medial ou ten¬ dendo ligeiramente para a direita. Abertura ovóide ou arredondada. Figura 59 — Sistema genital de Biomphalaria intermedia . Superfície ventral do tubo renal lisa, sem crista. Primeiro dente lateral da rádula com as 3 cúspides triangulares e pontiagudas. Ovoteste geralmente com mais de 50 e menos de 150 di¬ vertículos, quase todos simples ou bifurcados. Divertículos da vesícula seminal digitiformes. Parede ventral da vagina lisa ou expandida em pequena bolsa semelhante à de B. peregrina po¬ rém muito menos desenvolvida; parede dorsal ESTADO ATUAL DA SISTEMÁTICA DOS PLANORBÍDEOS BRASILEIROS 121 com expansão lisa ou apresentando grau variᬠvel de enrugamento que lembra o de B. stra- minea porém muito menos desenvolvido. Esper- mateca claviforme ou ovoide; duto, quando bem delimitado, na maioria das vezes um pouco mais curto que o corpo. Próstata com 6 a 20 divertí¬ culos longos, delgados, predominantemente ar- borescentes, o anterior circundando o ápice da espermateca ou inserido entre este e a glândula nidamental. Bainha do pênis relativamente larga, porção média aproximadamente do mes¬ mo diâmetro que a porção mais larga do canal deferente. Indivíduos com enrugamento vaginal mais acentuado distinguem-se de 23. straminea pela presença de apenas duas camadas muscula¬ res na parede do pênis. Distribuição geográfica: São Paulo. Estudada por PARAENSE & DES, LANDES (1962) . 3.7. Biomphalaria amazônica Paraense, 1966 (Figs. 60-61) Denominação específica sugerida por sua ocorrência na Amazônia. Localidade-tipo: Manaus, Amazonas. Imrn Figura 60 — Concha de Biomphalaria amazônica. Dimensões máximas da concha: 8 m de di⬠metro, 2,5 mm de largura na abertura (2 mm no início do giro externo) . Cinco giros acentua- damente convexos nos dois lados, crescendo ra¬ pidamente em diâmetro e bem visíveis em am¬ bos os lados, o central mais completamente à es¬ querda. Lado direito moderadamente côncavo, tendendo a aplanado, com parte central mais ou menos estreitamente afunilada. Lado es¬ querdo largamente côncavo. Sutura bem mar¬ cada em ambos os lados. Periferia arredondada, com tendência medial. Abertura ovóide ou arre¬ dondada, frequentemente defletida para a es¬ querda . Superfície ventral do tubo renal lisa, sem crista. Primeiro dente lateral da rádula com as 3 cúspides triangulares e pontiagudas. Ovoteste geralmente com mais de 20 e menos de 80 di- vertículos quase todos simples ou bifurcados. Divertículos da vesícula seminal digitiformes. Parede ventral da vagina expandida em bolsa bem delimitada. Espermateca claviforme ou ovóide; duto, quando bem. delimitado, geralmen¬ te mais curto que o corpo. Próstata com 7 a 15 divertículos relativamente curtos e largos, pouco ramificados, o anterior circundando o ápice da espermateca ou inserido entre este e a glândula nidamental. Bainha do pênis mais curta que o prepúcio (relação entre os comprimentos dos dois órgãos de 0,2 a 0,8). Porção média da bainha do pênis aproximadamente do mesmo diâmetro que a porção mais larga do canal de¬ ferente. Distribuição geográfica: Amazonas. Estudada por PARAENSE (1966a). 3.8. Biomphalaria oligoza Paraense, 1975 (Figs. 62-63) Do grego oligozos: que tem poucos ramos, em referência ao pequeno número de divertí¬ culos prostáticos. Localidade-tipo: Morretes, Paraná. Planorbis phüippianus Dunker, 1848, nome adotado para esta espécie por LUCENA (1956) na combinação Tropicorhis phüippianus , é sinô¬ nimo de Planorbis peregrinus Orbigny, 1835 (ver PARAENSE, 1975) . 122 W. L. PARAENSE Dimensões máximas da concha: 11 mm de diâmetro, 3 mm de largura na abertura (2 mm tmm Figura 62 — Concha de Bwmphalaria oligoza. no início do giro externo) . Cinco giros arredon¬ dados, crescendo lentamente em diâmetro e bem visíveis nos dois lados, o central mais comple¬ tamente à esquerda. Lado direito ligeiramente côncavo, giro central mais ou menos profundo. Lado esquerdo largamente côncavo, mais esca¬ vado que o direito. Sutura bem marcada nos dois lados. Periferia arredondada, medial ou um pouco para a direita. Abertura arredondada. Ocorrem indivíduos de concha achatada à direita e mais profundamente escavada à es¬ querda, com giros crescendo mais lentamente em diâmetro, subangulosos à esquerda, sutura mais profunda à esquerda, lábio direito achatado e esquerdo fortemente arqueado (fig. 1 em PA¬ RAENSE & DESLANDES, 1958b) . Superfície ventral do tubo renal lisa, sem crista. Primeiro dente lateral da rádula com as 3 cúspides triangulares e pontiagudas. Ovot-este geralmente com mais de 15 e menos de 50 di~ vertículos, quase todos simples. Divertículos da vesícula seminal pouco desenvolvidos, noduia- res. Parede ventral da vagina expandida em pe¬ quena bolsa às vezes pouco nítida. Espermateca ovóide ou claviforme; duto, quando bem delimi¬ tado, quase sempre um pouco mais curto que o corpo. Próstata com 1 a 7 divertículos curtos, pouco ramificados, o anterior próximo ao ápice da espermateca ou inserido entre esta e a glân¬ dula nidamental. Muitos espécimes não têm di- vertículo prostático. Bainha do pênis de um pouco mais curta a um pouco mais longa que o prepúcio (relação entre os comprimentos dos dois órgãos entre 0,7 e 1,6) . Porção média da bainha do pênis com diâmetro de igual a maior que o da porção mais larga do canal deferente. Distribuição geográfica: Mato Grosso, Para¬ ná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Estudada por PARAENSE & DESLANDES (1958b) e PARAENSE (1975) . 4. Gênero Aerorüis Odhner, 1937 Do grego dkros: o mais alto 4 - do latim orüis : disco, em referência à altura da espira. Gênero monotípico. Espécie-tipo: Aerorüis petrieola Odhner, 1937. Concha helicoidal, pequena, com espira ele¬ vada, ultradextral, umbilicada. Hemolinfa in¬ color. Pé oblongo, extremidade posterior arre¬ dondada. Massa cefalopedal com pigmentação difusa, sem características especiais. Parede pulmonar com manchas negras irregulares. Tubo renal em J. Ausência de pseudobrânquia e de lamela pulmonar (crista retal e crista dor- solateral) . Mandíbula de uma só peça em fer¬ radura, composta de numerosas placas micros¬ cópicas dispostas lado a lado (fig. 14) . Rádula em fita muito longa, encurvada longitudinal¬ mente formando estreito tubo projetado em es¬ piral no saco radular (fig. 23, sr); dente cen¬ tral (fig, 15) com duas cúspides retangulares e uma cúspide minúscula medial; dentes la¬ terais (fig. 16) tricúspides com uma cúspide minúscula medial e duas laterais na base do entocone e outras tantas na base do ectocone; dentes marginais (fig. 17) com a ex¬ tremidade livre refletida a um nível acima da base de implantação. Glândulas salivares pas¬ sando por dentro do anel ganglionar periesofa- ESTADO ATUAL DA SISTEMÁTICA DOS PLANORBÍDEOS BRASILEIROS 123 giano {fig. 23, gs) . Intestino anterior cruzando a superfície dorsal da glândula do albúmen (fig. 25). Divertículos do ovoteste simples, geralmen¬ te piriformes. Vesícula seminal sem divertículos parietais. Bolsa do oviduto com projeções alon¬ gadas. Divertículos prostáticos quase todos sim¬ ples, desembocando diretamente no canal esper- mático. Dois flagelos no ápice da bainha do pê¬ nis. Pênis acicular, inerme, abertura terminal. Músculos retrator e protrator principais inseri¬ dos lateralmente na bainha do pênis. 4.1. Acrorfyis petricola Odhner, 1937 (Figs. 64-65) Do latim petra: pedra -p colo : habitar, em referência a seu habitat sobre pedras musgo¬ sas. Localidade-tipo: rio Ariranha, em Nova Teutônia, Santa Catarina. Figura 64 — Concha de Acrorhis petricola. Dimensões máximas da concha: 1,6 mm de compriento, 2,6 mm de largura. Três e meio giros arredondados, crescendo rapidamente em diâmetro e separados por sutura profunda. Giro externo predominando exageradamente sobre os demais. Espira elevada, vértice obtuso. Base achatada. Abertura ovoide, ocupando mais da metade da base. Columela arqueada. Ovoteste geralmente com cerca de 10 diver¬ tículos. Vagina com parede lisa. Espermateca arredondada ou piriforme, duto relativamente largo e mais curto em comparação com o corpo. Próstata com 5 a 16 divertículos digitiformes (raros com poucas divisões), podendo ter a parte apical dobrada para a direita, alguns de¬ sembocando em pontos do canal espermático opostos à desembocadura da maioria; divertí¬ culos anteriores inseridos entre a espermateca e a glândula nidamental, podendo infletir-se parcialmente sobre a parede dorsal da esper¬ mateca. Prepúcio mais longo (cerca de 2 a 5 ve¬ zes) que a bainha do pênis. Dois flagelos, o maior de mais curto a mais longo (cerca de 0,5 a 2 vezes) que a bainha do pênis. Bainha do pênis frequentemente em intussuscepção no prepúcio. Distribuição geográfica: Santa Catarina. Estudado por PARAENSE & DESLANDES (1959b). 5. Gênero Antillorbis Harry & Hubendiek, 1964 Do topônimo Antilhas -j do latim orbis : disco. Espécie-tipo: Planorbis circumlineatus Shut- tleworth, 1854. Concha planispiral, pequena, com diâmetro, nos indivíduos adultos, até cerca de 6 mm; aber¬ tura oval; giros esculpidos com pontos micros¬ cópicos em fileiras longitudinais (como na fig. 27., mais nítidos na concha embrionária. He- molinfa incolor. Pé curto, oval, extremidade caudal mais estreita, de contorno ogival. Massa cefalopedal com pigmentação difusa, sem ca¬ racterísticas especiais. Parede pulmonar com manchas negras de contorno oval ou irregular. Tubo renal em . petri- cola (Odhner, 1937). Rev. Brasil. Biol., 19 (3): 319-329. Rio de Janeiro. PARAENSE, W.L. & DESLANDES, N., 1962 — Aus- tralorbis intermedius sp. n. from Brazil, Rev. Bra¬ sil. BioL, 22 (4):343-350. Rio de Janeiro. PARAENSE, W.L.; FAURAN, P. & COURMES, E., 1964 — Observations sur la morphologie, la taxo- nomie, la répartition géographique et les gites d'Ausfralorbis schrammi. Buli. Soc. Pathol. Exot., 57 (6):1236-1254. PFEIFPER, L., 1839 — Bericht über díe Ergebnisse meiner Rei.se nach Cuba im Wínter 1338-1839. Ardi. Naturgesch. 5:346-358. Berlin. PILSBRY, H.A., 1934 — Review of the Planorbidae of Florida, with notes on other members of the family. Proe. Aead, Nat. Sei. Phil., 86:29-66. Phi- ladelphia. PILSBRY, H.A., 1951 — Notes on some Brazilian Planorbidae. Nautilus, 61 (1) :3~6, Philadelphia. PRESTON, H.B., 1910 — Additions to the non-marine molluscan fauna of British and German East África and Lake Albert Edward. Ann. Mag. Nat. Hist. Sth ser., 6:526-536. London, SAY, T., 1818 — Account of two new genera, and several new species, of fresh water and land shells. J. Acad. Nat. Sei. Phil., 1 (2);276-2S4. Phi¬ ladelphia. SHUTTLEWORTH, R.J., 1854 — Diagnosen neuer Mollusken. Beitráge zur naheren Kenntniss der Land-und Süsswasser-Mollusken der Insel Porto- rico. Mit. naturforseh. Gesellsch. Bern: 33-56 & 89-103. SMITH, E.A., 1890 — Mollusca, p. 483-503. In RI- DLEY, H.N., Notes on the zoology of Fernando Noronha, J. Linn. Soc., Lond ZooL, 20:473-570. London. SOWERBY, G.B., 1322 — The genera of recent and fóssil shells. Pt. 4 (sem. paginação). Stirling, London. SOWERBY, G.B., 1877 — Monograph of the genus Planorbis. In REEVE, L.A., Conchologia Iconica, vol. 20. SPIX, J.B, & WAGNER, J.A., 1827 — Testacea Flu- viatilia Brasiliensia. C. Wolí, Monachii. STROBEL, P., 1374 — Materiali per nna malaeostatica di terra e di aequa dolce delFArgentina meridio- nale. Ed. Biblioteca Malacologica, Pisa. SWAINSON, W,, 1840 —■ A treatise on malacology: or the natural elassification of shells and shell-fish. Longman, Orme, Brow, Green & Longmans, London. WAGNER, J.A., 1327 — In SPIX, J.B. & WAGNER, J.A, (1827). WETHERBY, A.G., 1879 — Notes on some new or little known North American Limnaeidae, J. Cin- cinnati Soc, Nat. Hist. 2:93-100. Arq. Mus. nac., RJ /v. 55/ nov. 1975 SUPERFAMlLIA BULIMULOIDEA DO BRASIL. BULIMULIDAE: DRYMAEUS PAPYRACEÜS (MAWE, 1823) (MOUJJSCA, GÀSTROPODA, PULMONATA) (1) (Com 34 figuras) HUGO EDISON BARBOZA DE REZENDE (2) Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Itaguai, RJ INTRODUÇÃO Continuando os estudos sobre os bulimulí- áeos neotropicais, objetivando correlacionar os caracteres apresentados pelas conchas, inclusive conchas embrionárias, radulas e mandíbulas aos caracteres anatômicos e histológicos, especial¬ mente do sistema genital, cuja aliança tem for¬ necido bases para interessantes observações, ain¬ da não suficientes para conclusões definitivas, porém de indiscutível importância para a com¬ preensão do sistema natural deste interessante grupo de moluscos. TÉCNICAS UTILIZADAS Os exemplares destinados ao estudo anatô¬ mico dos diferentes sistemas foram mortos por imersão em solução fisiológica aquecida, lenta e progressivamente até 60°C, obtendo-se deste modo boa distensão do animal e facilidade para a imediata dissecação. A medida que se eviden¬ ciavam os diversos órgãos, os sistemas eram de¬ senhados para o estudo de sua anatomia e re¬ lação . O estudo anatômico dos sistemas foi com¬ pletado mediante coloração pelo carmim acético (Semichon) para a melhor observação de de¬ terminadas estruturas. Muitos exemplares fo¬ ram conservados em álcool glicerinado. Alguns destes foram posteriormente, corados pelo car¬ mim clorídrico alcoólico. Os exemplares cora¬ dos, exceto rãdulas e mandíbulas, foram conser- (1) Trabalho realizado com auxílio do Conselho Nacional de Pesquisas, nos laboratórios das disciplinas Zoologia Médica e Parasitologia do Departamento de Biologia Animal, Instituto de Biologia, U.F.R.R.J. e Malaco- logia do Departamento de Invertebrados, Museu Na¬ cional U.F.R.J. Constitui parte da tese apresentada e aprovada na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, para a obtenção do grau de Mestre. ( 2 ) Em regime de Dedicação Exclusiva, COPERTIDE, U.F.R.R.J. vados em creosoto e salicilato de metila. As rãdulas foram obtidas pela destruição dos bul¬ bos em potassa a 10%. Foram lavadas em álcool a 70° G.L., distendidas, coradas por solução sa¬ turada de vermelho congo orange G, em álcool 96° G.L., desidratadas, clarificadas pelo xilol e montadas em bálsamo do Canadá. As mandíbu¬ las, ob.tidas pelo mesmo processo das rãdulas, não foram coradas, mas desidratadas, clarifica¬ das e conservadas em creosoto. Para o estudo histológico foram usados exemplares vivos, retirados das conchas pela fragmentação cuidadosa das mesmas e subme¬ tidos em seguida à ação de fixadores como for- mol a 10% e líquido de Bouin. Algumas horas depois, o material foi dissecado e as partes de interesse cuidadosa mente retiradas, desidrata¬ das, clarificadas e incluídas em parafina. O material incluído em parafina foi cortado em série na espessura de 5 a 10 micra. Os cor¬ tes foram submetidos às seguintes técnicas de coloração: Hemateina — Rosina (seg. COHN, 1946), Trierômieo de Gomori (seg. GOMORI, 1950), Astrafolau (modificado por PEARSE, 1960), Mucicarmin (seg. MAYER, 1896), Reação de Feulgen e P.A.S. (Solução de ácido periódico seg. LILLIE & GRECO, 1947 e Reativo de Sphiff seg. LILLIE, 1848). Na realização do P.A.S. é necessária a utilização de um controle sem qual¬ quer oxidação, para afastar a possibilidade de existência, no material, de aldeídos livres ca¬ pazes de dar a reação do pseudo-plasmal (SAN¬ TA ROSA, 1961) . Os desenhos foram efetuados com. o auxí¬ lio de câmara clara. MATERIAL EXAMINADO Depositado no Museu Nacional, Rio de Ja¬ neiro (Gol. Mol. M. N. e M. N. Col. Mol. H.S. Lopes) e no Museu de Zoologia da Universidade 130 H. E. B. REZENDE de São Paulo (M.Z.U.S.P.) - vinte e oito con¬ chas de adultos, 15 exemplares dissecados e con¬ servados em álcool glicerinado, 4 exemplares corados pelo carmim clorídrico alcoólico, 7 exem¬ plares fixados em, Bouin, incluídos em parafina e cortados para estudo histológico, 4 exemplares adultos conservados em álcool-glicerinado e 20 exemplares jovens com partes moles, Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janei¬ ro, Município de Itaguai, Estado do Rio de Ja¬ neiro, H. E. B. Resende col. 6/1/1967 (M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 8,056); 7 conchas de adultos, 6 exemplares dissecados com as genitᬠlias, câmaras paliais, 3 mandíbulas e 5 rádulas preparadas, Campus da U.F.R.R.J., Município de Itaguai, Estado do Rio de Janeiro, J. L. B. Araújo e H. E. B, Rezende col. IV/1963 (M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 7.801); 7 conchas de adultos, 8 dissecados e conservados em álcool glicerinado, 2 exemplares corados pelo carmim acético (Semichon), 2 rádulas e 2 mandíbulas, Campus da U.F.R.R.J., H. E. B. Rezende col. l/IV/1964 (M. N. Col. Mol. H. 8. Lope s n.° 8.030); 12 conchas de jovens e adultos, 1 exem¬ plar dissecado e conservado em álcool glicerina¬ do, Campo Grande, Rio de Janeiro, GB, J. M. Guimarães col. 1/1962 (M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 7.970); 4 conchas de adultos, 4 partes moles fixadas em formol 10% e conservadas em álcool glicerinado, 1 exemplar fixado pelo líqui¬ do de Bouin, incluído em parafina e cortado para estudo histológico, Campo Grande, Rio de Ja¬ neiro, GB, P. D. Lanzieri col. 7/III/1962 (M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n.° 7.799); 2 exempla¬ res adultos com partes moles conservadas em álcool glicerinado, Horto Florestal de Santa Cruz, Km 51 da Antiga Rio-São Paulo, Estado do Rio de Janeiro, E. Xzeekshon col, 1/1963 (M, N. Col. Mol. H.S. Lopes n.° 7.800); 7 conchas de adul¬ tos, 3 parte moles dissecadas e conservadas em álcool glicerinado, 1 rádula e 2 mandíbulas pre¬ paradas, Horto Florestal de Santa Cruz, H. Nó- brega da Cunha col. 1/1965 (Col. Mol. M. N. n.° 3.422); 1 exemplar conservado em álcool gii- cerinado, Campus da U.F.R.R. J., H. E. B. Re¬ zende col. V/1965 (M. N. Col. Mol. H. S. Lo¬ pes n.° 8.042); exemplares jovens e adultos com partes moles conservadas em álcool glicerinado, Canela, Salvador, Estado da Bahia, H. S. Lopes col. V/1951 (M. N. Col. Mol. H. S. Lopes n. ü 7.435); 2 conchas de jovens, Estado da Bahia, Bicego col. (M.Z. U.S.P, n.° 3.431); 1 exem¬ plar conservado em álcool, Garça Torta, Maceió, Estado de Alagoas, M. Ferrari col. 1/1959 (Col. Mol. M. N. n.° 3.112) . Drymaeus papyraceus (Mawe, 1823) (Fígs. 1-33) Helix ( Cochlogena ) Uta Férussac, 1821: 58, n.° 403 n.n. Helix papyracea Mawe, 1823: 168, flg. 7, fron¬ tispício . Helix Uta Quoy & Gaimard, 1824: 473-474, pl. 67, figs. 10-11. Bulimus litus : Deshayes in Férussac & Deshayes, 1851: 89-90, pl, 139, figs. 6-7. Bulimus lituratus Spix in Spix &■ Wagner, 1827: 7, pl. 7, fig. 3. Bulimus papyraceus: Reeve, 1848, pl. 39, sp. 236. Bulimulus papyraceus: Haynemann, 1868: 110. pl. 5, fig. 9. Bulimulus papyraceus : Martens, 1868: 179. Otcstcmus ( Mormus ) papyro,ceus : Sempar, 1874: 156-157, pl. 17, fig. 7. Bulimulus ( Mormus ) papyraceus: Clessin, 1888: 166. Drymaeus papyraceus: Pilsbry 1898: 250, pl. 51, figs. 1-3. Drymaeus ( Drymaeus ) papyraceus : Haas, 1939: 270. Drymaeus papyraceus : Parodis, 1946: 324-331, " figs. 14A, 15, 28A, 28C. Drymaeus ( Mormus) papyraceus lituratus: Mor- retes, 1949: 149. Drymaeus papyraceus : Jaeckel, 1952: 7. Drymaeus papyraceus: Parodiz, 1962: 444. Drymaeus papyraceus: Figueiras, 1963: 90. DADOS BIOLÓGICOS Como a maioria dos representantes deste gênero, Drymaeus papyraceus (Mawe, 1823) é arborícola. Muitos exemplares foram coletados no Campus da U.F.R.R.J., no dia 12/IV/1963 após dias chuvosos por J.L.B. Araújo eH.E.B, Rezende. Foram geralmente encontrados em árvores, na base dos troncos ou debaixo de fo¬ lhas ali acumuladas. Tivemos a oportunidade de observar que realizavam suas posturas espe¬ cialmente na base dos troncos das árvores sob folhas úmidas. Alguns, no entanto, deposita¬ ram seus ovos em concavidades de troncos apo¬ drecidos. Os ovos eram depositados um a um, aderidos uns aos outros formando massas. Em laboratório, colocados em caixas de criação, com algumas folhas de alface ( Lactuca saiiva L.), logo após a coleta, verificamos que continuaram a fazer suas posturas como em seu “habitat” natural. Pudemos ver até 3 moluscos realizando suas posturas, conjuntamente, deixando grande massa de ovos, sob uma mesma folha de alface. Os ovos são esféricos, em torno de 2 mrn de di⬠metro e apresentam à vista desarmada uma co- SUPERFAMÍUA BULIMULOIDEA DO BRASIL (DRYMAEUS PAPYRACEUS) 131 loração branco-translúcida . Estes ovos estão fir¬ memente aderidos uns aos outros por muco que dificulta sua separação, Estas posturas, quando realizadas sobre as folhas ou em local exposto, não resistiram muito tempo à dessecação tor¬ nando-se enrugados. Três exemplares que fo¬ ram. separados no dia da coleta, realizaram em três dias sete posturas, cada uma com 76 a 87 ovos, todas em concavidades, na superfície úmi¬ da da terra, às vezes sob folhas de alface. A -es¬ pécie, porém, apesar de nossos esforços não se adaptou ao cativeiro. Após alguns dias nas cai¬ xas de criação onde mantiveram sua atividade, retraíram-se para o interior de suas conchas, imobilizaram-se junto às paredes, aderidos por muco. Não se adaptaram aos alimentos usuais como alface ( Laiuca sativa L.), cenoura (Dauc- tus carota L.), couve (Brassica oleracea var. acephala L.) , repolho ( Brassica oleracea var. capitata L.) e folhas de batata doce ( Ipomea batatas L.) . Tiveram por isto, período de vida limitado em cativeiro. Os ovos d_as posturas rea¬ lizadas em 12/IV/1963 levaram 15 dias para o início da eclosão que se prolongou por três dias. Muitos ovos, no entanto, permaneceram com o aspecto primitivo e se perderam. Em 6/1/1967, tivemos oportunidade de co¬ letar alguns exemplares, após três dias de chu¬ vas intensas. Nesta oportunidade, pudemos con¬ firmar os dados anteriormente relatados, permi¬ tindo-se sacrificar um exemplar durante a pos¬ tura e através de cortes histológicos seriados, observar os diferentes estágios, desde a fecunda¬ ção até a constituição da casca na porção final do ovispermoduto, próximo ao oviduto. Os ovos se apresentavam ocupando todo o ovispermoduto uns após os outros. As posturas provenientes desta coleta permitiram observar a eclosão dos ovos -entre 15 e 18 dias. A prole obtida sobreviveu somente alguns dias em condições de laborató¬ rio. MORFOLOGIA E HISTOLOGIA CONCHA: as relações de comprimento, lar¬ gura máxima, comprimento e largura máxima da abertura de conchas selecionadas de adultos são apresentadas no quadro I. QUADRO I Comprimento da concha (a) Largura máxima da concha (b) Comprimento da abertura (c) Largura máxima da abertura (d) Número de voltas 31,8 mm 14,8 mm 16,75 mm 10,45 mm 6 1/4 29,6 mm 14,3 mm 15,75 mm 10,2 mm 6 1/4 31,0 mm 14,0 mm 16,9 mm 10,25 mm 6 1/6 32,3 mm 15,25 mm 17,2 mm 10,25 mm 6 1/4 32,5 mm 15,0 mm 16,75 mm 11,00 mm. 6 1/4 32,45 mm 15,0 mm 17,1 mm 10,7 mm 6 1/2 33,4 mm 15.45 mm 17.9 mm 11,55 mm 6 1/4 31,2 mm 14.55 mm 17,1 mm 10,25 mm 6 1/6 31,8 mm 15,0 mm 16,85 mm 10,55 mm 6 1/4 29,55 mm 15,15 mm 15,3 mm 11,22 mm 6 1/2 33,25 mm 15.05 mm 17,0 mm 10,35 mm 6 1/2 31,70 mm 14,80 mm 16,80 mm 10,00 mm 6 1/2 32,15 mm 14,55 mm 16,25 mm 9,50 mm 6 1/4 32,90 mm 14,95 mm 17,10 mm 10,30 mm 6 1/2 30,45 mm 15,00 mm 15,90 mm 9,9 rnm 6 1/2 34,0 mm 15,7 mm 17,40 mm 10,85 mm 6 3/4 28,85 mm 15,3 mm 15,60 mm 10,00 mm 6 1/4 33,4 mm 15,7 mm 17,35 mm 11,00 mm 6 1/2 31,50 mm 14,55 mm 15,90 mm 10,20 mrn 6 1/2 31,10 mm 14,30 mm 16,50 mm 10,35 mm 6 3/4 32,15 mm 16,10 mm 17,95 mm 11,50 mm 6 1/4 33,75 mm 16,45 mm 18,55 mm 11,50 mm 6 1/4 33,20 mm 15,30 mm 17,00 mm 10,50 mm 6 3/4 32,85 mm 14,80 mm 16,95 mm 10,50 mm 6 1/2 32,85 mm 15,55 mm 17,1 mm 10,45 mm 6 1/2 132 H, E. B. REZENDE As conchas apresentam uma estrutura de modo geral tênue e algumas vezes tão frágeis que se quebram ou se amassam com extrema facilidade. Algumas são translúcidas, porém a maioria é opaca e de coloração esbranquiçada ou acinzentada. Têm numerosas e irregulares faixas longitudinais castanho-escuras ou mes¬ mo negras (fig. 1). Em todas as conchas que examinamos pudemos observar que estas faixas irregulares têm disposição a mais variável pos¬ sível, porém quase sempre nas primeiras voltas pouco aparentes. Nas últimas voltas estas fai¬ xas longitudinais são bem nítidas. Observando- se com atenção a última volta, verifica-se que estas manchas se dispõem de tal maneira que dão a impressão de constituírem três cintas Figura 1 — Concha de adulto Figura 2 — Concha embrionária Figura 3 — Concha de jovem transversais de manchas interrompidas. A su¬ perfície da concha é lisa porém deixa ver com nitidez as linhas de crescimento. As voltas são moderadamente convexas. A abertura da con¬ cha é ovalada, o perístoma é frágil, moderada¬ mente expandido. Bordo columelar reto, bem refletido, delimitando um umbigo estreito, às ve¬ zes quase imperceptível. A concha embrionária (fig. 2), apresenta estrutura ponteada granular, que corresponde a pequeninas concavidades dis- postas em linhas axiais, características para os representantes deste gênero. A concha de jovens obtidos em laboratório tem forma achatada, com 1 volta e 3/4 e pe- ristoma cortante (fig. 3) . SISTEMA DIGESTIVO Observando-se a figura 5 podemos verifi¬ car a posição normal ocupada por grande parte dos sistemas genital, digestivo e nervoso. O bulbo da rãdula continua pelo esôfago, que é implantado dorsalmente. Inicialmente o esôfago é um tubo de pa¬ redes delgadas e de calibre reduzido, que vai se alargando para formar um saco de extremidade cefálica e caudal afiladas. Este saco é chamado pela maioria dos autores de papo. As pregas lon¬ gitudinais internas dão ao papo um aspecto es¬ triado (figs. 4 e 5) . As glândulas salivares en¬ volvem o papo especialmente nos seus dois ter¬ ços caudais, aderidas por trama de tecido con¬ juntivo. Muitas vezes são aparentemente coa- lescentes, porém sem verdadeiro funcionamento. Partem da glândula salivar esquerda dois canais: um desemboca dorsalmente no bulbo da rãdula junto do esôfago; o outro, no seu percurso, en¬ via poucos e finos canalículos que desembocam diretamente no papo. Este canal, ao alcançar o esôfago, dorsalmente, se bifurca, penetrando no bulbo da rádula de cada lado do esôfago. O duto da glândula salivar direita, envia nume¬ rosos e finos canalículos que penetram à seme¬ lhança de parte do duto esquerdo diretamente SUPERFAMiLIA BULIMULOIDEA DO BRASIL (DRYMAEUS PAPYRACEUS) 133 Figura 4 — Relação entre os sistemas genital, digestivo c nervoso. no papo. O tronco principal desemboca simetri¬ camente ao esquerdo no bulbo da rádula, junto do esôfago. Segue-se ao papo o estômago, tubo bem mais ealibroso, de superfície lisa e parede es¬ pessa. Ocupa posição superficial ao lado ante¬ rior do hepatopâncreas, dobra-se bruscamente fi¬ cando as extremidades cãrdica e pilórica no mesmo polo (fig. 5). Exatamente na região em que se dobra, o estômago recebe pela face ven- tral, de contato com o hepatopâncreas, o duto hepático posterior, quase na mesma altura. O duto hepático posterior tem ramificações que recolhem o produto de secreção deste lobo do hepatopâncreas. Por”sua vez, o duto hepático anterior apresenta três troncos coletores princi¬ pais, com ramificações primárias e secundárias que exercem a mesma função coletora. Ao es¬ tômago segue-se o intestino, que após realizar duas circunvoluções parcialmente incluído no lobo anterior do hepatopâncreas* emerge na al¬ tura da extremidade apical da glândula de albu¬ mina (fig. 10). O intestino, neste percurso como reto, limita o lado direito da câmara paliai (fig. 9). RADULA: examinando-se as rádulas de di¬ versos exemplares, verifica-se que o número de dentes é variável, em cada fileira, isto é: 69 a 83 dentes de cada lado do dente central. Estas fi¬ leiras transversais de dentes possuem um tra¬ jeto ondulado e o dente central localiza-se nu¬ ma concavidade. Os dentes apresentam, em sua grande maioria, base retangular, muitas vezes, porém pouco nítida devido à disposição das fi¬ leiras. A margem superior da base apresenta um prolongamento mais ou menos acentuado, principalmente nos dentes laterais (fig. 6) . O dente central apresenta base retangular, algu¬ mas vezes com uma reentrância na margem in¬ ferior da base e duas cúspides acessórias, tam¬ bém reduzidas, geralmente simétricas e agu- das. Os dentes colocados à direita e à esquerda 134 -7 '6 ~ 5 +5 +6 +7 Figura 6 — Dentes da ráclula do central, apresentam tricúspides. Nas rádulas estudadas, verificou-se a presença de mais uma cúspide, nos dentes laterais, por subdivisão da cúspide acessória externa. Esta subdivisão pode iniciar-se ora em um ora em outro dente late¬ ral, compreendido entre o 44.° e o 62.° (fig. 7). De um modo geral as cúspides estão voltadas para as margens laterais da rádula. As cúspi¬ des medianas são rombas, alcançando ou mesmo ultrapassando a margem inferior da base. As cúspides acessórias são assimétricas, de tama¬ nho variável, porém, tem maior desenvolvimento a cúspide interna, que está em íntima relação com a cúspide mediana. Possui um ápice ge- H. E. B. REZENDE 0 +66 Figura 7 — Dentes da rádula ralmente agudo. Não é raro encontrar-se dentes anômalos (fig. 6; 4- 1) . Os dentes das extremi¬ dades das fileiras apresentam diversas varia¬ ções (fig. 7: + 66, + 68) . MANDÍBULA: as mandíbulas dos exempla¬ res adultos examinados formam um ângulo SUPERFAMfUA BULIMULOIDEA DO BRASIL (DRYMAEUS PAPYRACEUS) 135 .obtuso bastante característico. São constituídas por uma placa triangular média, que muitas ve¬ zes se apresenta fendida (fig, 8) e de um número variável de placas imbricadas laterais. As placas são de largura quase regular, ligei¬ ramente imbricadas, o que permite a observação da maior parte de suas superfícies (fig. 8) . A partir da placa média, aumentam de compri¬ mento até a quinta ou sexta placa, aproxima¬ damente, quando então diminuem progressiva¬ mente de comprimento, sendo bem curtas as úl¬ timas placas. Na pl. 5, fig. 9 do trabalho de HEY- NEMANN, reproduzida na fig. 15 de PARODIZ (1946), encontramos o mesmo aspecto, porém, com o número de placas variando de 12 a 13 de cada lado, mais a placa média. PARODIZ (1948), ainda se referiu a 45-50 placas para a mandíbula de Drymaeus papyraceus. Nós observamos 32 a 40 placas nos exemplares estudados. CÂMARA PALIAL Retirando a concha de exemplares vivos, a câmara paliai aparece translúcida, deixando ver, com bastante nitidez, vasos, rim e coração. A metade proximal ao colar do manto, principal¬ mente o lado esquerdo da parede da câmara, apresenta pigmentação castanho-escura, distri¬ buída irregularmente em manchas. Notamos às vezes três ou quatro manchas de pigmentação mais acentuada, ora bem limitadas, ora unidas por pigmentação menos intensa. Na maioria dos exemplares examinados, leve pigmentação pode ser observada, marginando os vasos, evidencian¬ do a luz dos mesmos, especialmente no lado di¬ reito . Na face interna, a calibrosa veia pulmonar se destaca, porém, não alcança a veia marginal. Nesta região os vasos apresentam-se muito ra¬ mificados e anastomosados (fig. 9). O lado direito é rico em vasos desde a curvatura do ureter até o pneumóstoma. O lado esquerdo é rico em vasos somente em pequena área trian¬ gular, nitidamente limitada por tortuoso e ra¬ mificado vaso oblíquo de grosso calibre. A veia marginal é bastante nítida desde a base da área triangular, até a metade da câmara paliai. Observamos em alguns exemplares que a veia marginal prossegue até as imediações do peri¬ cárdio onde se ramifica. Exceto a área triangu¬ lar, todo o lado esquerdo é pobre em vasos. Além do pequeno número, são pouco nítidos e de per¬ curso pouco preciso. O rim é triangular, de cor acinzentada e possui vasos em sua superfície. Figura 9 — Câmara paliai SISTEMA GENITAL OVGTESTE: é constituído por grupos de folículos que se apresentam em número va¬ riável nos diversos exemplares que dissecamos. Na maioria dos exemplares observamos a pre¬ sença de um único e volumoso grupo de folí¬ culos (fig. 12) incluído parcialmente no hepa- topâncreas e, nestes casos, os canalículos cole¬ tores apresentam-se em feixe. Em outros exem¬ plares verificamos 2, 3 e mesmo 4 grupos de fo¬ lículos (figs. 10 e 11), dispostos lado a lado, bem evidenciados através a disposição de seus cana- IícúIgs coletores. Nestes casos, o volume do ovo- teste não é menor do que quando se apresenta como um só grupo de folículos. Em alguns exemplares, o ovoteste parece constituído por 4 grupos de folículos, porém unidos num , só bloco . O ovoteste é de cor branca, amarelada ou mesmo castanha. Na época da reprodução é fre¬ quente e de fácil observação a riqueza de óvu¬ los (fig. 10) na superfície dos folículos. Cruza a base do grupo de folículos a artéria genital que irriga a glândula hermafrodita e se con- 136 H. E. B. REZENDE tinua pela artéria hepática posterior (HYLTON SCOTT, 1939). Junto da vesícula seminal, corre o nervo genital que tamhém se ramifica na ta ase da glândula hermafrodita (fig. 12) . Qualquer que seja o número de grupos de folículos do ovoteste, eles se apresentam sempre mais ou menos profundamente incluídos no he- patopâncreas (fig, 11). Nos folículos do ovo¬ teste, são produzidos, lado a lado, óvulos e es¬ permatozóides por diferenciação a partir de um só tipo celular indiferenciado (BARTH Sz JAN- SEN, 1959) . Do grupo de folículos partem canalículos que em diferentes alturas vêm ter ao canal co¬ letor do ovoteste. A disposição e o número des¬ tes canalículos é variável com o número de gru¬ pos de folículos, O canal coletor do grupo de folículos é um tubo de luz regular, revestido por um epitélio cúbico simples, muito baixo. Abaixo do epitélio notamos uma lâmina de te¬ cido conjuntivo fibroso. CANAL COLETOR DO OVOTESTE: é um tubo curto, retilíneo e de pequeno calibre (fig. 10), tem epitélio do tipo cúbico simples ciliado. As células epiteliais medem 10 micra, com nú- ovf Figura ] l —■ Ovoteste de exemplar jovem Figura 12 — Aspectos da glândula de albumina e ovoteste em posição natural. SUPERFAMÍLIA RULIMULOIDEA DO BRASIL (DRYMAEUS PAPYRACEUS) 137 cleo ovóide que ocupa a metade basal das cé¬ lulas. Os cílios têm um comprimento igual à altura das células e partem de corpúsculos ba¬ sais localizados no bordo livre das células. Do corpúsculo basal, finos filamentos, provavelmen¬ te correspondentes às raízes ciliares, projetam-se no citoplasma dando aspecto finamente filamen¬ toso. Externamente à membrana epitelial, obser¬ va-se uma lâmina de tecido conjuntivo fibroso e células de núcleo ovóide, mais espessa que a dos canais que recebem os grupos de folículos. Figura i3 — Relação de órgãos do sistema genital e digestivo. VESÍCULA SEMINAL: é um tubo fortemen¬ te enovelado, um pouco menos acentuado na re¬ gião proximal ao ovoteste. Está sempre envol¬ vida por tecido conjuntivo. Apresenta-se em muitos exemplares de cor branca sem qualquer pigmentação na sua superfície (fig. 13) . Em cufros exemplares é observada intensa pigmen¬ tação castanha ou mesmo negra em toda sua extensão ou somente na metade proximal à glândula de albumina (figs. 10 e 12); esta pig¬ mentação existe em ambas as faces, porém é menos intensa na face de contato com o estô¬ mago. A vesícula seminal tem percurso oblíquo e relacionado com o estômago. Está sempre re¬ pleta de espermatozóides que lhe dão aspecto prateado, quando observamos regiões não pig¬ mentadas . A parede da vesícula seminal está consti¬ tuída por revestimento epitelial, sustentado por camada de tecido conjuntivo fibroso. No epi- télio, que é do tipo cúbico simples, notamos dois tipos celulares distintos que caracterizam duas diferentes áreas dispostas irregularmente. Observamos áreas onde as células epiteliais são ciliadas com 9 micra de comprimento (fig. 14) . O núcleo destas células é predominantemente esférico, cromatina escassa e localizado quase sempre na metade basal. O citoplasma é homo¬ gêneo acidofílico. Os cílios têm aproximada¬ mente a altura cias células e estão relacionados com corpúsculos basais bem visíveis ; A área res¬ tante, de maior extensão que a anterior, apre¬ senta revestimento epitelial aciliado. As célu¬ las alcançam 13 micra de altura. Os núcleos são extraordinariamente volumosos, em geral esfé¬ ricos. ocupam quase toda a altura das células e Figura 14 — Vesícula seminal: Na luz, vê-se massas de esper¬ matozóides, irregularmente dispostas, sendo hem visíveis as cabeças dos espermatozóides. Embaixo, a esquerda, observa- se parte da parede do tubo tom revestimento cúlrco simples. Tricrômico de Gomori. Oc. 10X, ob. 10N, Wild M20. Figura 15 — Vesícula seminal: Corte da parede onde se des¬ taca um revestimento epitelial cúbico simples aciliado. À esquerda, nota-se o núcleo da célula epitelial em forma de rim. A direita a cabeça do espermatozóide em forma de chama de vela, estendendo-se posteriormente a peça interme¬ diária. Observa-se que o espermatozóide ocupa uma depres¬ são na célula epitelial. Sob o epitélio nota-se delgada ca¬ mada conjuntiva. Hemateina-Âstrabláu-Èosina, Oc. 10X, ob. Wild M2(b 138 H. E, B. REZENDE estão irregularmente distribuídos. Outros nú¬ cleos em número reduzido têm forma extraor¬ dinariamente variável, estão distribuídos irre¬ gularmente junto*-ao polo basal das células, por vezes imediatamente abaixo dos núcleos volu¬ mosos jã referidos. O citoplasma destas célu¬ las é finamente espumoso e fracamente acidó- filo. Na lâmina epitelial existem espaços tubu- liformes, irregulares, nitidamente situados em depressões na superfície das células epiteliais e ocupados por espermatozóides (fig. 15) . Em corte transversal da parede da vesícula semi¬ nal, os espermatozóides observados na espessura do epitélio, apresentam-se cortados transver¬ salmente e localizados em diferentes alturas. Em outros casos são cortados obliquamente e finalmente são ainda evidenciados dispostos concentricamente em torno de um núcleo. Ca¬ beças de espermatozóides caracterizadas pela conformação em chama de vela são frequente¬ mente vistos na lâmina epitelial. A camada de tecido conjuntivo localizada externamente ao epitélio é delgada e está formada predominan¬ temente por fibras colágenas dispostas regu¬ larmente em feixes longitudinais e separadas por fibras colágenas de disposição circular. Si¬ tuadas entre as fibras colágenas, há células de núcleos alongados e citoplasma dificilmente evidenciável. Provalmente são fibroblastos. CANAL HERMAFRODITA: é um tubo de calibre reduzido, muito menor que o da vesícula seminal. É longo, despigmentado e de percurso ligeiramente enovelado (fig. 10) . Adere-se através tecido conjuntivo às primeiras grandes dobras do ovispermoduto para então retornar e penetrar no complexo do receptáculo, onde é envolvido por tecido conjuntivo formando um só Figura 16 — Canal hermafrodita: Corte transversal onde se destaca o característico pregueamento do revestimento epi¬ telial. Tricrômico de Gomori. Oc. 1GX, ob. 20X, Wild M2Q, conjunto. Ao exame dos cortes histológicos se¬ riados, o trajeto é sinuoso e a luz extraordina¬ riamente pregueada. O canal hermafrodita em corte transversal apresenta uma luz irregular de contorno estre¬ lado (fig. 16). A parede do tubo está formada por epitélio cilíndrico simples ciliado. As cé¬ lulas têm altura de 9 micra, citoplasma homo¬ gêneo acidófilo. Os cílios têm comprimento equivalente à altura da célula. Externamente ao revestimento epitelial notamos fibras muscula¬ res lisas em pequeno número, de disposição cir¬ cular e longitudinal. Nas pregas, as fibras mus¬ culares lisas têm orientação em direção ao ápice das mesmas. Associado às fibras musculares, notamos tecido conjuntivo, constituído por fi¬ bras colágenas e células. COMPLEXO DO RECEPTÁCULO: anatomi¬ camente se apresenta como um corpo cilíndrico, localizado na face côncava da glândula de albu¬ mina e na convexa do estômago (fig. 10) . Apre¬ senta dois segmentos distintos: um segmento de'diâmetro maior que tem acolado em quase toda a extensão a porção distai do canal her¬ mafrodita, o outro segmento, de diâmetro menor e uniforme, tem trajeto ligeiramente retorcido e extremidade distai arredondada. Histologi- camente, o complexo do receptáculo apresenta duas cavidades que diferem na forma, dimen¬ são e disposição, caracterizando o saco de fer¬ tilização e o receptáculo seminal. Se observar¬ mos um corte transversal do complexo do re¬ ceptáculo, no segmento distai à desembocadura na glândula de albumina, reconhecido pelo seu menor diâmetro e trajeto retorcido, notaremos um grande número de túbulos que caracterizam o receptáculo seminal. Se o corte trans¬ versal for realizado no segmento de maior diâmetro do complexo do receptáculo, tendo la¬ teralmente situado o canal hermafrodita, nota¬ remos uma área que é percorrida longitudinal- ente pelos túbulos característicos do receptᬠculo seminal e uma grande cavidade em forma de U, que envolve parcialmente o receptáculo seminal e oposta ao canal hermafrodita, reco¬ nhecida como saco de fertilização. Os túbulos do receptáculo seminal (cerca de 43) são de comprimento variável e têm orientações diver¬ sas em seu percurso. Têm origem em fundo cego, em diferentes alturas, na extremidade dis¬ tai do segmento de menor diâmetro do com¬ plexo do receptáculo. No terço distai deste seg¬ mento os túbulos apresentam trajeto paralelo ao grande eixo do mesmo. Nos dois terços se¬ guintes, os túbulos apresentam trajeto helicoi¬ dal, o que representa provavelmente um dispo¬ sitivo relacionado com o aumento de compri- SUPERFAMÍLIA BULIMULOIDEA DO BRASIL (DRYMAEUS PAPYRACEUS) 139 mento dos túbulos, No segmento restante do com¬ plexo do receptáculo, os túbulos têm percurso longitudinal (figs, 17 e 18) . Um pouco antes da abertura do canal hermafrodita, os túbulos vão confluindo em diferentes alturas, para o saco de fertilização. Figuras 17 e 18 — Complexo cio receptáculo: vista geral e corte parcial onde sc destacam os túbulos que caracterizam o receptáculo seminal. Xa luz observam-se espermatozóides. Tricrômico de Gomori. Oc. 10X, ob. 40X, Wild. M20, O saco de fertilização só é encontrado no segmento de maior diâmetro, sendo responsável pela diferença entre os dois segmentos do com¬ plexo cio receptáculo. Os túbulos que constituem o receptáculo seminal são de luz regular e di⬠metro variável (fig. 19) . Apresentam revesti¬ mento epitelial cúbico simples ciliado. As cê- lulas têm 8 micra de altura e apresentam nú¬ cleo central que é esférico ou alongado, neste caso com o maior eixo perpendicular à superfí¬ cie livre da célula. Nos exemplares que não es¬ tavam em atividade reprodutiva, a luz destes túbulos apresentava tufos de espermatozóides longitudinalmente dispostos, sendo que a cabeça dos mesmos se encontravam parcial ou total¬ mente incluídas nas células epiteliais, perpen¬ dicular ao grande eixo dos túbulos (fig. 20). Circundando os túbulos, no escasso tecido con¬ juntivo presente, dispõem-se fibras musculares lisas de orientação circular. Neste tecido inter- tubular, às vezes existem células irregular¬ mente distribuídas e caracterizadas por apre¬ sentarem núcleo volumoso de contorno irregu¬ lar e rico em cromatina de aspecto granular, com o citoplasma indefinido. Próximo à con¬ fluência dos túbulos, verifica-se que o epitélio passa a ser do tipo cilíndrico simples ciliado, com 12 micra de altura, apresentando o cito¬ plasma das células fraca afinidade ao P.A.S. na área supranuclear. Nesta região, entre o epité.i j do saco de fertilização e os túbulos do re¬ ceptáculo seminal, há células glandulares vo¬ lumosas, de contorno irregular e caracterizadas por apresentarem núcleo irregular de cromatina vesiculosa e citoplasma variando com. a ativi¬ dade cíclica da célula. Nas células onde a se¬ creção está armazenada, esta se apresenta sob a forma de granulações irregulares, compacta¬ mente arrumadas e de reação P.A.S. positiva. Em outras células, o citoplasma se mostrava com aspecto vacuolizado, de reação P.A.S. negativa ou fracamente positiva. O produto de secreção destas células é lançado no saco de fertilização, passando por entre as células epi¬ teliais de revestimento deste tubo. O saco de fertilização tem revestimento epi¬ telial que se apresenta com duas características: na face relacionada com os túbulos do receptᬠculo é do tipo cilíndrico simples ciliado (13 mi¬ cra) . O citoplasma destas células, imediata¬ mente acima do núcleo, apresenta reação P.A.S. positiva que não se estende até a superfície. Os cílios têm aproximadamente 8 micra de al¬ tura. O revestimento epitelial restante, na face não relacionada com os túbulos, é do tipo cúbico simples, medindo 8 micra de altura com cílios do mesmo tamanho. As células apresentam rea¬ ção negativa ao P.A.S. Externamente ao epi¬ télio do saco de fertilização, há tecido conjun¬ tivo e fibras musculares lisas de orientação pre¬ dominantemente circular, que se continua com aquele que reúne os túbulos do receptáculo se¬ minal. Neste tecido do saco de fertilização ve¬ rifica-se a presença de células glandulares idên- Figura 19 — Complexo do receptáculo: Corte transversal na altura em que os túbulos do receptáculo seminal iniciam o trajetO' helicoidal. Percebe-se que alguns espermatozóides apresentam a cabeça calcada contra as células epiteliais, Heraateina-Astrablau-Eosina. Oc. 10X, ob. 20X, Wild M 20. 140 H. E. B. REZENDE Figura 20 — Relação do complexo do receptáculo de albu- mina e o ovispermoduto. ticas àquelas que descrevemos anteriormente e localizadas entre o revestimento epitelial cilín¬ drico deste tubo e os túbulos do receptáculo se¬ minal. O' produto de secreção destas células glandulares é frequentemente observado pas¬ sando por entre as células epiteliais de revesti¬ mento e inclusive na luz do tubo. Num exèm- plar sacrificado durante a postura, notamos na luz do saco de fertilização a presença de vᬠrios óvulos, estruturas poliformes, volumosas, com 72 micra, arredondadas e caracterizadas por apresentarem área central homogênea, fra- éamente P.A.S, positiva com pequenos grânulos de reação negativa para esta técnica, dispostos irregularmente na zona periférica desta área central. Dispostos radialmente em torno desta área, encontramos vacúolos que provavelmente se dispõem formando labirinto vacuolar que se estendem inclusive à periferia da estrutura. Ex¬ ternamente a estes vacúolos que em cortes se apresentam radialmente, vê-se material homo¬ gêneo acidófilo e neste, um grande número de vesículas ou vacúolos, provavelmente decorren¬ tes do progresso de fixação. Cada vesícula é parcialmente ocupada por um grânulo P.A.S. positivo e circundado por um halo fracamente corado pelo Verde Luz. Entre as vesículas, ra¬ dialmente dispostas, numa pequena área, evi¬ denciam-se pequenas massas de material, cro¬ mático, facilmente demonstrável pela técnica de Feulgen. Pudemos também verificar junto a 'estes óvulos, espermatozóides. Nos exempla¬ res em que estes óvulos foram observados no saco de fertilização, a parede do mesmo se apre¬ sentava distendida e as células com aspecto pa- vimentoso. C tubo que se aprofunda na glân¬ dula de albumina, que em última análise não deixa de ser prolongamento do complexo do re¬ ceptáculo, apresenta em corte transversal, luz reduzida de contorno estrelado em decorrência do pregueamento da lâmina epitelial do tipo ci¬ líndrico simples ciliado, tendo cílios de compri¬ mento variável. Externamente à lâmina epite¬ lial, há fibras musculares lisas dispostas cir¬ cularmente e tecido conjuntivo. GLÂNDULA DE ALBUMINA: de tamanho variável segundo a época do ano e a atividade reprodutiva do molusco. Em alguns exempla¬ res é extraordinariamente volumosa (figs. 13 e 4) e em outros muito reduzida. No primeiro caso é geralmente de cor branca translúcida, às vezes gelatinosa e no segundo caso de cor ama¬ rela ou mesmo castanha. Quando reduzida, ge¬ ralmente se apresenta fortemente aderida ao hepatopâncreas, reto e tegumento, o que não ocorre quando volumosa onde se mostra prati¬ camente sem aderências. A glândula de albu¬ mina quando no máximo de seu desenvolvimen¬ to, apresenta principalmente na face côncava, sulcos que delimitam lobos, abrigando no terço proximal o complexo do receptáculo. O intes¬ tino após suas circunvoluções no hepatopân¬ creas emerge, delimitando um lobo na extremi¬ dade da glândula de albumina (fig. 10), que se pode apresentar aderido ao hepatopâncreas. Quando a glândula de albumina se apresenta muito desenvolvida, não se observa facilmente a passagem do intestino. Por destruição da glândula de albumina, pode-se evidenciar o ca¬ nal coletor da glândula que tem luz fortemente pregueada e orientação para o tubo que é pro¬ longamento do complexo do receptáculo (figs. 21 e 22) . A glândula de albumina apresenta exter¬ namente uma fina cápsula de tecido conjunti¬ vo. Desta cápsula partem traves que se vão lo¬ calizar entre as unidades desta glândula e que Figura 21 — Relação do complexo do receptáculo de albu¬ mina e o ovispermoduto. SUPERFAMILIA BULIMULOIDEA DO BRASIL (DRYMAECS PAPYRAGEUS) 1 mm Figura 22 — Glândula de albumina: Os túbulos glandulares estão na maioria seccionados transversalmente, observando-se no citoplasma das células glandulares, as massas intensa¬ mente acidófilas. À direita, parte da goteira central desta glândula, na área revestida por epitélio pavimentoso sim¬ ples. Tricrômico de Gomori. Oc. 10X, ob. 20X, Wild M20. são glândulas tubulosas (fig. 23) . Estas glân¬ dulas tubulosas, por vezes ramificadas, estão constituídas por células que em corte transver¬ sal destes túbulos assemelham-se a pirâmides truncadas, O núcleo dessas células está locali¬ zado no polo basal, O citoplasma das células é acídófilo, de reação P.A.S. positiva, apresen¬ tando-se homogêneo ou na forma de placas ir¬ regulares. Frequentemente observa-se no cito¬ plasma de tais células, inclusões fortemente aci¬ dófilas. Revestindo os túbulos glandulares, cuja luz é muito reduzida, observamos a presença de pequenas c élulas, de limites não visíveis e núcleos polimorfos, localizados no polo apical das célu¬ las glandulares( fig. 24). Os túbulos glandula¬ res estão radialmente orientados para uma ca¬ vidade em forma de fenda, central e longitu¬ dinal na glândula de albumina. A fenda da glândula de albumina, observada em corte trans¬ versal, aproximadamente no terço proximal ao ovispermoduto apresenta luz em forma de cres¬ cente, com a face côncava revestida parcial ou totalxnente por epitélio cilíndrico simples cilia- do. A face convexa deixa ver com dificuldade em determinados pontos, epitélio pavimentoso Figura 23 — Glândula de albumina: nota-se o revestimento epitelial cilíndrico simples dlíado da goteira da glândula de albumina . Figura 24 — Glândula de albumina: no centro, vê-se um tú- bulo glandular cortado transversalmente, sendo bem nítidos próximos à luz, os núcleos das células que provavelmente constituem o revestimento do túbulo. Tricrômico de Gomori. Oc, 10X, ob. 40X, Wild. M20. simples, sendo que nesta região observa-se a de¬ sembocadura dos tubos glandulares da glândula de albumina, A fenda longitudinal com as ca¬ racterísticas relacionadas, na extremidade pro- / 142 H. E. B. REZENDE ximal ao ovispermoduto, se continua com um tubo denominado coletor da glândula de albu¬ mina, que tem trajeto curto e orientado para o ponto de deságue do tubo que é prolongamento do complexo do receptáculo, no ovispermoduto. Exatamente neste local o tubo coletor da glân¬ dula de albumina vem se abrir. Este tubo é ca¬ racterizado por apresentar uma parede extra¬ ordinariamente pregueada e formada por um epitélio cilíndrico simples ciliado, tendo as cé¬ lulas epiteliais 17 micra de altura. Os cílios são curtos (3 micra) . Sustentando a lâmina epite- lial encontramos uma delgada camada de teci¬ do conjuntivo. Na luz do tubo observa-se secre¬ ção, produto das células da glândula de albu¬ mina . Figura 25 — Vista dorsal do ovispermoduto. Espermateea. OVISPERMODUTO; é um órgão constituí¬ do por dobras de disposição irregular, volumo¬ sas e em pequeno número na porção proximal, tornando-se menores e mais numerosas à me¬ dida que se aproximam do oviduto (fig. 25). Têm cor branca, mais acentuada nas grandes dobras próximas à glândula de albumina. Em alguns exemplares, as dobras do ovispermoduto, junto ao oviduto, mostram-se espessas com a superfície rica em grânulos castanho-amarela¬ dos, difusamente espalhados. Na época da re¬ produção, as dobras do ovispermoduto aumen¬ tam fortemente de volume, têm cor branca uni¬ forme e às vezes apresentam aspecto gelatinoso. Os exemplares dissecados durante a postura apresentavam a pane de extremamente delgada e a luz ocupada por ovos visíveis através da pa¬ rede do ovispermoduto. São esferas de paredes translúcidas e incrustadas por cristais branco- leitosos. Nesta fase é grande o contraste deste órgão em relação aos demais órgãos do sistema reprodutor (fig. 26) . A espessura e a cor da parede do ovispermoduto variam grandemente com. o estado funcionai do órgão. O ovispermoduto examinado em corte trans¬ versal, aproximadamente na metade de seu comprimento, apresenta luz de aspecto irregu¬ lar e limitada por epitélio do tipo cilíndrico simples ciliado. As células epiteliais cilíndricas são baixas (10 micra) e os cílios têm, no mᬠximo, pouco mais da metade da altura da cé¬ lula', Externamente ao revestimento epitelial en¬ contramos células glandulares que diferem na morfologia e na estrutura. A maior parte da parede deste conduto, apresenta células glan¬ dulares que não se dispõem constituindo adenô- meros, pois ficam isoladas abaixo da membrana epitelial. São glândulas unicelulares volumo¬ sas, dispostas em várias camadas, sendo maior o número nos exemplares em franca atividade Figura 26 — Vistas lateral e ventral do ovispermoduto. Canal da esperma tcca. Canal deferente. SU PE RF AM í LI A B ULIM U LO IDEA DO BRASIL (DRYMAEUS PAPYRACEUS) 143 de postura. As glândulas unicelulares apresen¬ tam corpo volumoso, onde se localiza o núcleo, na grande maioria excentricamente disposto e fortemente corado, contrastando com os núcleos vesiculosos das células" epiteliais de revestimen¬ to. O corpo celular se continua na forma de delgado prolongamento, de trajeto tortuoso, que vai se abrir na luz do tubo onde lança a secre¬ ção. O citoplasma destas células é acidófilo, fi¬ namente granular, com reação positiva ao As¬ trablau e negativa ao P.A.S. Próximo à glândula de albumina verificamos que estas células apre¬ sentam citoplasma parcial ou totalmente espu¬ moso, fracamente basófilo e fortemente corado pelo Astrablau. Células com estas característi¬ cas são extraordinariamente numerosas. Entre as células glandulares, observamos células iso¬ ladamente dispostas e localizadas na metade in¬ terna da parede do órgão, caracterizadas por apresentarem citoplasma granuloso de reação fortmeente basófila -e Astrablau negativa. O núcleo destas células frequentemente é obser¬ vado em localização lateral no limite da célula. Estas células glandulares, fortemente basófilas que morfologicamente lembram as acidófilas descritas, porém de menor tamanho, vão por in¬ termédio de um prolongamento se abrir na luz do tubo, entre as células epiteliais. Finalmente, podemos acrescentar que as células basófilas, em decorrência da presença de aldeídos livres, em seu citoplasma, dão reação positiva pseudo- plasmal (SANTA ROSA, 1961). Entre as célu¬ las glandulares notamos tecido conjuntivo, re¬ presentado por fibras colágenas. Nos exemplares fixados imediatamente após o início da postura, apresentando ainda ovos em toda a extensão do tubo, podemos observar que a secreção elabora¬ da pelas células glandulares é depositada con- centricamente em torno do ovo em camadas delgadas, durante o seu percurso neste segmen¬ to. A parede do ovispermoduto apresenta uma área localizada longitudinalmente desprovida das glândulas unicelulares. É marcada interna¬ mente por uma grande prega longitudinal, a go¬ teira prostática, que se comunica com o restan¬ te do ovispermoduto. Nesta prega observamos espaçadamente glândulas unicelulares com as características já descritas para a parede glan¬ dular do ovispermoduto. Abrem-se nesta go¬ teira os túbulos da glândula prostática. PRÓSTATA: consiste de uma massa lobu- lada (fig. 26), de tonalidade branco-leitosa, que avança irregularmente sobre as dobras do ovis¬ permoduto junto à goteira prostática (fig. 33) . A próstata é menos desenvolvida na região re¬ lacionada com o canal da espermateca (figs. 25 e 26), A próstata está formada por unidades tu- bulosas. Estruturalmente estas unidades estão constituídas por células glandulares com a for¬ ma de pirâmide truncada, em muitos casos de limites pouco precisos. O núcleo destas células é esférico, está colocado no polo basal da cé- Figura 27 — Próstata: Os túbulos glandulares cortados trans- versalmençe estão formados por células cm pirâmide trun¬ cada, caracterizadas pelo citoplasma do tipo granuloso. Os núcleos destas células têm localização basal, Tricrômico de Gomori, Oc. 10X, ob. 40X, Wild M20. lula. O citoplasma das células é granuloso (fig, 27). Os grânulos, de dimensões variáveis, são acidófilos e pelo Tricrômico de Gomori coram- se pelo Cromotrop. 2R, Com forte aumento (oc. 15 x obj. 100 x), podemos ver que os gr⬠nulos estão circundados por halo claro e entre eles, o citoplasma é amorfo, eosinófilo e fra¬ camente corado pelo Fast Green de Tricrômico de Gomori. Pela técnica do P.A.S. observamos que os grânulos reagem positivamente. O ápice das células glandulares na luz do tubo não é livre devido à existência da célula de núcleo achatado e de limites não visíveis. Os tubos glandulares vão desembocar diretamente na go¬ teira prostática, não existindo um segmento que possa ser considerado como um conduto ex- cretor. Provavelmente, as células de núcleos achatados, situadas sobre o ápice das células glandulares dos túbulos prostãticos, constituem um conduto intratubular. Reunindo os túbulos prestáticos vemos tecido conjuntivo que se con¬ tinua com aquele da parede glandular do ovis¬ permoduto . ESPERMATECA: é geralmente alongada, não muito volumosa (fig. 25) com conteúdo, frequentemente constituído de uma massa cas¬ tanho-escura ou avermelhada. Mas raramente mostra maior desenvolvimento, forma arredon- 3 mm 144 H. E. B. REZENDE dada e repleta de líquido translúcido, além do constituinte descrito* A espermateca está rela¬ cionada com a base do rim, intestino, hepato- pâncreas e aorta em uma face, e a transição do papo e estômago na outra face, sempre fixada por tecido conjuntivo (fig. 13) . É um órgão de luz ampla, ocupada por ma¬ terial que se cora distintamente pelo Astrablau e Eosina. Apresenta revestimento epítelial ci¬ líndrico simples. As células do epitélio têm 16 micra, o citoplasma é acidófilo, existindo na su¬ perfície apical material corado pelo Astrablau. Externamente à lâmina epítelial, notamos del¬ gada camada de tecido conjuntivo e células que são, provavelmente, musculares lisas. CANAL DA ESPERMATECA: é longo, de ca¬ libre maior nos dois terços distais, afilando-se no terço proximal (fig. 28) , Tem percurso na base das dobras do ovispermodulo, junto à go¬ teira prostática, aderido por tecido conjuntivo. Figura 28 — Aspecto do canal da espermateca com esper¬ ma tóforo. Figura 29 — Espermatóforo no interior do canal da esper¬ mateca. Dobras do ovispermoduto. Próximo às grandes dobras do ovispermoduto, curva-se para terminar na espermateca. Este percurso final do canal da espermateca é en¬ volvido por forte trama de conjuntivo (fig. 13). Em dois exemplares surpreendemos espermató- foros no canal da espermateca (figs. 28 e 30) . Estes espermatóforos apresentavam forma se¬ melhante à lâmina de alfanje (fig. 31) e lem¬ bram a figura (pl. 5, fig. 1) apresentada por SOLEM (1955), para Drymaeus sulcosus (Píeiffer, 1841) . Apresentam uma extremidade bastante espessa e compacta e a outra extremidade afi¬ lada. O canal da espermateca é de luz irregu¬ lar. Está revestido por epitélio cilíndrico sim¬ ples, com 23 micra de altura. No bordo apical das células, com grande aumento (oc. 15 x obj. 100 x), notamos claramente a presença de uma planura estriada. Externamente ao epitélio, en¬ contramos camada predominantemente forma¬ da por fibras colãgenas e algumas fibras mus¬ culares lisas, de orientação circular. Entre es¬ tes -elementos, vêm-se células esparsamente loca¬ lizadas, ou reunidas em pequeno número e ca¬ racterizadas por serem geralmente alongadas, núcleo ovóide e citoplasma ocupado por peque¬ no número de grânulos fracamente acidófilos. Na luz do canal da espermateca, em alguns exemplares, surpreendemos a presença de esper- matcíoros (figs. 28 e 29) que, estruturalmente, representam, um “cartucho’’ tendo no interior espermatozóides (fig. 32) . Em corte transver¬ sal, apresenta cápsula de substância amorfa, eosinófila e de disposição laminar concêntrica, bem mais espessa num lado, Internamente obsérvam-se penetrações que descrevem semi¬ círculos, desta substância amorfa, com a conca¬ vidade voltada para a porção mais espessada do espermatóforo, sendo difícil acompanhar o trajeto na porção centrai do espermatóforo. Tudo faz crer que sejam camadas de substân¬ cia amorfa, depositadas após cada grupo de es¬ permatozóides. Internamente, entre estas lâmi¬ nas de substância amorfa, notamos espermato¬ zóides esparsamente distribuídos, havendo en¬ tre eles placas de substância amorfa acidófila, coradas pelo Cromotrop 2 R (fig. 32) . SUPERFAMÍLIA BULIMULOIDEA DO BRASIL (DRYMAEUS PAPYRACEUS) 145 Figura 31 — Espermatóforo; Corte transversal cio esperma¬ tóforo dentro do canal da espermateca. Hemateina-Astrablau- Eosína. Oc. 10X, ob. 6X, Wild M20. CANAL DEFERENTE: origina-se na porção distai do ovispermoduto, após o desaparecimen¬ to das glândulas tubulosas prostáticas, pela fu¬ são parcial de duas pequenas pregas da goteira prostática. Tem percurso paralelo ao oviduto, penetra no terço basal da bainha muscular do pênis, em altura variável, realizando muitas ve¬ zes trajeto sinuoso, para continuar paralelo ao falo sob a bainha. Mais raramente, o canal de¬ ferente penetra pouco acima do terço basal da bainha muscular (figs. 33 e 34). Sendo de com¬ primento menor que o do aparelho copulador masculino, o canal deferente força a flexão do aparelho copulador na altura do falo proximal e epifalo. Tem, nesta altura percurso destacado desses órgãos e aderidos a eles por tecido con¬ juntivo (figs. 33 e 34) . O canal deferente é um conduto de luz ir¬ regular, revestido por epitélio do tipo cilíndrico simples ciliado, incluído, durante seu trajeto inicial, na porção distai do ovispermoduto e porção proximal do oviduto. O canal deferente Figura 32 — Espermatóforo: Corte transversal. Na parte inferior observa-se porção da cápsula formada por lâminas concêntricas de material amorfo. No interior alguns esper¬ matozóides dispersos em material amorfo. Hemateina — Astrablau — Eosina — Oc. Iox. ob. 4QX, Wild M20. vai se exteriorizar próximo ao ponto em que o oviduto recebe o canal da espermateca. Deste ponto em diante o canal deferente passa a ser reconhecido como um tubo de luz regular e re¬ vestido por um epitélio cilíndrico simples cilia¬ do. As células medem 7 a 10 micra de altura. Externamente à lâmina epitelial, encontramos delgada camada constituída por tecido conjun¬ tivo e fibras musculares lisas de disposição pre¬ dominantemente circular. OVIDUTO: é curto, tendo uma extensão comparável aquela ocupada pela bainha do pê¬ nis (fig. 33), tem luz irregular estando reves¬ tido por epitélio cilíndrico simples ciliado. As células são altas, 26 micra, possuindo núcleos com a forma de bastonetes que se dispõem for¬ mando paliçada e localizados na metade basal da célula. Em alguns pontos, o epitélio é mais baixo. Sob o epitélio, encontramos uma espessa camada que está predominantemente ocupada por células glandulares que se dispõem sem 146 H. E, B. REZENDE constituir adenômeros e que lançam o seu pro¬ duto de secreção na luz do tubo por prolonga¬ mento que se estende por entre as células epi- teliais de revestimento. Estas células glandula¬ res, de volume e forma variáveis, geralmente apresentam núcleo excêntrico, sendo o citoplas¬ ma de aspecto glandular. Pelo Tricrômico de Gomori, evidenciam-se células com grânulos ccrados unicamente pelo Cromotrop 2 R ou pelo Verde Luz, havendo outras células que apresen¬ tam grânulos com afinidade para os dois co¬ rantes. Entre as células glandulares notamos escasso tecido conjuntivo e algumas células musculares lisas, de disposição irregular, sendo que, próximo à lâmina epitelial, elas têm tra¬ jeto circular. Externamente a esta camada suta- epitelial, caracterizada pelas células glandula¬ res descritas, vamos encontrar camada muscular de igual espessura à da camada sub-epitelial e que apresenta fibras musculares lisas, dispostas Figura 33 — Sistema copulador masculino, circular e longitudinalmente, havendo entre elas tecido conjuntivo. Figura 34 — Sistema copulador masculino. VAGINA: é muito curta (fig. 34) . Tem epi- télio semelhante ao do oviduto, havendo logo abaixo do epitélio, células glandulares idênticas às do oviduto, além de fibras musculares lisas de distribuição predominantemente circular que, próximo à abertura genital, se continuam com o tecido muscular da vizinhança. MÚSCULO RETRATOR: geralmente apre¬ senta-se como uma longa e delgada lâmina muscular, de comprimento variável e de inser¬ ção terminal no flagelo (figs. 33 e 34). FLAGELO: é curto, apresentando pouca va¬ riação em comprimento e espessura nos exem¬ plares dissecados (figs, 33 e 34). É provido de numerosas pregas longitudinais, curtas, delga¬ das a alternadamente dispostas, O revestimen¬ to epitelial é cilíndrico simples ciliado. As cé¬ dulas têm 8 micra de altura, apresentando nú¬ cleo ovóide que ocupa os dois terços basais da SUFERFAMÍLIA BULIMULOIDEA DO BRASIL (D RYMA EUS PAPYRACEUSj 147 célula. Citoplasma supranuclear levemente acidófilo. Os cílios medem 3 micra. A parede muscular apresenta camadas distintas; a cama¬ da interna de espessdra aproximadamente igual à externa. Apresenta fibras de orientação predo- minantemente circular e, entre estas, fibras lon- gitudinais. Nas pregas notamos fibras que as¬ cendem à borda livre da célula e, intercalado com estas, fibras de orientação longitudinal, A camada muscular -externa está formada por fi¬ bras dispostas longitudinalmente. Na parede muscular observa-se entre as fibras, tecido con¬ juntivo frouxo havendo espaçadamente e em pequeno número células que apresentam cito¬ plasma espumoso e com afinidade para o Astra- blau. EPIFALO: é facilmente evidenciado, quer nas preparações em soro fisiológico, quer nas co¬ radas, devido aos órgãos que o limitam; o fla¬ gelo e a porção proximal do falo, extremamente glandular e bem visível (figs. 33 e 34) . Tem um comprimento igual ou quase igual ao do falo. Seu calibre é ligeiramente variável e pouco me¬ nor que o do falo. Internamente apresenta pre¬ gas longitudinais, que são as mais espessas de todo o órgão copulador masculino. Na região de desembocadura do canal deferente, as pre¬ gas são curtas, dispostas, na maioria, obliqua¬ mente e voltadas para o ponto de abertura deste canal. Somente estas pregas protegem o orifí¬ cio de abertura do canal deferente. A porção proximal do epifalo apresenta re¬ vestimento epitelial cilíndrico simples. As cé¬ lulas são mais baixas do que as da lâmina epi¬ telial secretora da porção distai, com altura de 20 micra. O núcleo é vesiculoso, tem a forma de bastão e está localizado na metade basal des¬ sas células que são estreitas. A metade interna da parede muscular, neste segmento do epifalo, apresenta aspecto estrutural característico que é marcado pela presença de um grande núme¬ ro de células glandulares, que não se dispõem em adenômeros. Estas células glandulares são vo¬ lumosas, de limites imprecisos e citoplasma leve- mente basófilo. Seus núcleos geralmente ocupam posição central e apresentam variação morfo¬ lógica marcante. Em grandes aumentos é pos¬ sível observar que o citoplasma destas células está quase totalmente ocupado por granulações •esféricas, palidamente coradas. É também pos¬ sível observar que estas células cujos corpos si¬ tuam-se abaixo do nível da membrana epitelial, possuem um prolongamento do seu corpo que penetra por entre as células epiteliais da mem¬ brana de revestimento. Em alguns casos no¬ ta-se que, ao nível da superfície 'epitelial, o re¬ ferido prolongamento da célula considerada, projeta-se na forma de uma pequena saliência. Em outros casos o prolongamento celular que tem trajeto smuoso, se apresenta como imagem negativa, provavelmente, pelo fato de já haver eliminado sua secreção, Esta porção da cama¬ da muscular, ocupada por células glandulares, mestra fibras musculares lisas sem direção de¬ finida. O epifalo, próximo à desembocadura do ca¬ nal deferente, apresenta revestimento epitelial cilíndrico simples ciliado. As células são muito baixas, 13 micra, o citoplasma é acidófilo. Os cilios têm 4 micra de altura. Na camada mus¬ cular subjacente ao epitélio e mesmo profun¬ damente, podemos ver células irregulares, pe¬ quenas, citoplasma com afinidades aos coran¬ tes básicos. O produto de secreção destas célu¬ las de reação positiva ao P.A.S. e ao AstrablaU é lançado na luz do tubo. A parede muscular do epifalo mostra duas camadas distintas de espessura aproximada¬ mente iguais. Uma camada muscular interna, que apresenta fibras isoladas com disposições variáveis havendo entre elas tecido conjuntivo. A camada muscular externa tem as fibras com disposição predominantemente helicoidal e, en¬ tre estas, fibras musculares lisas longitudinais. O tecido conjuntivo frouxo é mais abundante na camada interna. r A porção distai do epifalo apresenta um re¬ vestimento epitelial cilíndrico simples. As célu¬ las são altas, 30 micra e com características se¬ cretoras. Os núcleos ocupam o polo basal das células, estando o citoplasma supranuclear ocupado por granulações acidófilas que na co¬ loração do Tricrômico de Gomori, apresentam afinidade ao Cromotrop % R. Na luz do tubo, principalmente na superfície livre das células, notamos acúmulo do seu produto de secreção. FALO: apresenta duas regiões distintas. Uma fortemente glandular de maior calibre e extensão, a porção proximal do falo e outra mais curta, quase totalmente envolvida pela bainha do pênis, de menor calibre, a porção distai do falo (fig. 33) . A porção proximal do falo pos¬ sui, internamente, pregas de percurso predomí- nantemente longitudinal, de menor espessura que as pregas da porção distai e de superfície irregular. Apresentam trajeto bastante sinuoso e ramificado. As ramificações das pregas, em geral, são curtas, oblíquas ou perpendiculares e podem ou não se unir às ramificações das pre¬ gas vizinhas. As cavidades resultantes se apre¬ sentam, muitas vezes, cheias de produto de se¬ creção do órgão. Este aspecto aproxima-se da¬ quele observado para Drymaeas sulcosus por SOLEM (1955, pl. 5, fig. 2) . 148 H. E. E. REZENDE Nas áreas vizinhas à porção proximal do falo, pode-se observar o aparecimento gradativo das pregas longitudinais, que se tornam caracte¬ rísticas desta porção do falo. A parede mus¬ cular é mais delgada do que a da porção distai do falo. Mostra arranjo regular das fibras que se apresentam dispostas longitudinal e circular¬ mente. Há uma predominância de feixes mus¬ culares lisos longitudinais que estão separados por fibras musculares lisas de disposição cir¬ cular, geralmente reunidas em pequeno núme¬ ro que se entrecruzam. Fibras musculares lisas partem da base das pregas e ascendem à borda apical destas. Escasso tecido conjuntivo é en¬ contrado entre as fibras musculares, sendo mais abundantes ao nível sub-epitelial e representa¬ do por finas fibras colágenas e células de nú¬ cleo ovóide, pobre em cromatina. O revestimento epitelial da porção proxi¬ mal do falo, nos exemplares estudados, varia de acordo com a atividade reprodutora do in¬ divíduo. Os exemplares em fase inicial de ati¬ vidade reprodutora, apresentam revestimento epitelial cilíndrico simples, predominantemente, havendo áreas em que as células epiteliais apre¬ sentavam-se cubóides. As células cilíndricas medem 22 micra, encerram núcleo ovóide, loca¬ lizado no polo basal e citoplasma acidófilo, de aspecto espumoso. Na luz do tubo observa-se material sob forma de placas irregulares, inten¬ samente acidófilas, havendo entre estes, mate¬ rial finamente granular ou homogêneo, de aci- dofilia menos intensa. Pelo Tricrômico de Go- mori as placas apresentam afinidade pelo Cro- motrop 2 R e o material restante pelo Verde Luz. Gs exemplares, que não estavam em fase reprodutiva, apresentavam revestimento epite¬ lial p avim entoso simples, estando a luz do órgão ocupada por secreção com as características já descritas. A porção distai do falo, envolvida pela bai¬ nha, embora glandular, não evidencia, à obser¬ vação externa, este aspecto (fig. 36). É cons¬ tituída internamente por pregas longitudinais, espessas, paralelas, deixando luz irregular quan¬ do observada em corte transversal. As pregas são profundas, e não incluem somente o epité- lio mas também arcabouço de tecido muscular subjacente. A lâmina epitelial é constituída por células dispostas em uma só camada. A super¬ fície das pregas é revestida por células cilíndri¬ cas, de núcleo predominantemente ovóide, que ocupa aproximadamente a metade basal da cé¬ lula. Existem áreas onde estas células cilíndri¬ cas alcançam 25 micra, indicando provavelmen¬ te acúmulo de s-ecreção no citoplasma supranu- clear, isto é, superficial. Aparentemente estas zonas da célula estão se destacando (secreção apócrina ?) . Entre as pregas o epitélio assume aspecto cubóide, medindo 11 micra. Externa- mente à mucosa, existe espessa camada mus¬ cular onde o arranjo das fibras musculares lisas permite observar duas camadas distintas. A ca¬ mada situada imediatamente abaixo da mucosa do tubo (camada muscular interna) é formada por feixes de fibras musculares dispostas, em sua maioria, no sentido longitudinal. Os feixes de fitar o-células musculares longitudinais, da cama¬ da muscular interna, acham-se separados por fibras musculares lisas, isoladas, ou em peque¬ nos grupos de arranjo circular, juntamente com tecido conjuntivo representado por fibras colᬠgenas e células de núcleo ovóide vesiculoso e li¬ mites imprecisos provavelmente também de na¬ tureza conjuntiva. As fibras musculares, cir¬ cularmente orientadas, não estão ordenadas coneentricamente, mas sim se cruzam em va¬ riados ângulos o que leva a pensar terem antes disposição helicoidal do que rigorosamente cir¬ cular. A camada muscular externa, mais es¬ pessa que a interna, é formada por fibras mus¬ culares lisas que sugerem, principalmente, orientação circular. Tecido conjuntivo com a mesma característica da camada mus¬ cular interna é observado nesta camada. Um dos exemplares examinados apresentou na luz deste segmento do falo secreção, intensamente acidófila, na quase totalidade sob a forma de placas irregulares, em material fi¬ xado pelo líquido de Bouin, havendo entre tais placas secreção homogênea fracamente acidô- fila, BAINHA MUSCULAR: é constituída por vo¬ lumosa capa muscular, que envolve a parte dis¬ tai do falo. Apresenta a extremidade distai, em relação ao orifício genital, livre e a extremidade proximal continuando-se com a túnica mus¬ cular do falo (fig. 37) . É constituída por fibras musculares volumosas de orientação circular. A bainha é inervada na extremidade distai, por nervo proveniente do gânglio cerebral. COMENTÁRIOS Para a denominação Helix ( Cochlogena ) lita Férussac, 1821, SHERBORN (1927: 3624) re¬ feriu-se à data 1821 e considerou n. n,; PARO- DIS, (1962: 444) considerou a data como sendo 1819, para Férussac em “Frodrome” p. 54 n.° 403, repetindo a informação de PILSBRY (1898: 25), FARODIZ ainda esclareceu o fato de haver somente a citação do nome da espécie, sem loca¬ lidade, descrição ou figuras. Deste modo, Helix lita é nomem nuüun. Helix ( Cochlogena ) lita SUPERFAMÍLIA BULIMULOIDEA DO BRASIL (DRV MA EUS PAPYRACEUS) 149 íoi referida como espécie nova sob o mesmo n.° 403 em FÉRUSSAC (1821/1822: 58)) (Tableau Systématique de la Famille des Limaçons Co- chlea), dando a seguinte informação: “Habit Les iles Sandwich? Comm, Gaudicho, Le Bré- sil?” O nome Helix papyracea Mawe, 1823 é con¬ siderado por SHERBORN (1929: 4743) como n, n., não fazendo referência à figura 7 (fron- tispiece); PILSBRY (1898: 250), compce, para Drymaeus papyraceus (Mawe), uma vasta lista sinonímica na qual consta Helix papyracea Mawe “The Linaean System of Conchology, p. 168, frontispíece, fig. 7 (1823) ”, O espécime figurado por QUOY & GAI- MARD (1824) dã a impressão de ser um exem¬ plar jovem e os próprios autores fazem menção a esta particularidade, no texto. Na descrição da concha julgam inédita esta espécie. O perís- toma dos exemplares estudados é cortante e acreditam em sua persistência nos adultos, em¬ bora na realidade seja refletido. Esclarecem ainda no rodapé que a espécie possui concha muito frágil, habita o Brasil, onde foi coletada abundantemente, pela manhã, em aberturas do aqueduto do Corcovado. As figuras 6 e 7 em FÉRUSSAC & DES- HAYES (1819-1851) correspondem a Drymaeus papyraceus , Grande lista sinonímica traz D. papyraceus como sinônimo de Bulimus litus. Esclareceram a distribuição no Brasil e Argen¬ tina, citando a possibilidade da existência de uma variedade mais globosa que lembra a es¬ pécie criada por SPIX, Bulimus inflatus B. Magus Wagner, novo nome) . Isto explica em parte o entendimento da descrição posterior de P. papyraceus papyrifactus Pilsbry, 1.898 cuja distribuição é Sul do Brasil (Paraná), Uruguai e Argentina. A figura e a descrição de Bulimus Hteratus Spix, em SPIX & WAGNER (1827: 7, pl. 7. fig. 3) caracteriza Drymaeus papyraceus . Consideram Helix Uta citada por QUOY & GAIMARD (1824) como sinônimo de B, lituratus. SPIX também se referiu a urn perístoma simples e tênue na des¬ crição da concha. A espécie 236 descrita e figurada por REEVE (1848, pl. 39) corresponde a Drymaeus papyra¬ ceus. Da sinonímia apresentada por REEVE, que muito confundiu autores posteriores, somente Bulimus lituratus Spix e Bulimus Uta Deshayes podem ser considerados sinônimos, Bulimus in¬ flatus Spix e Bulimus magus Wagner (sinôni¬ mos) podem ser um outro estado da espécie, de maior largura, segundo considerações do pró¬ prio autor. Nenhurn dos exemplares por nós estudados se assemelha a Bulimus litus apresentado por REEVE (1848, pl. 49 sp. 321). Segundo Hidalgo em PILSBRY (1898), foram obtidas espécimes coletados no Rio de Janeiro, correspondentes à figura 321 de REEVE ou pl. 51, fig. 6 de PILS¬ BRY, PILSBRY também teve dificuldades em situar o espécime referente à figura 321 de REEVE. Ambas espécies referidas por REEVE têm o Brasil como localidade citada. HEYNEMANN (1868: 110) estudou Dry¬ maeus papyraceus coletado por Hensel e que é citado por MARTENS (1868: 179). Descreve a constituição da mandíbula, onde encontrou além da placa triangular média, 12 a 13 peças laterais, num total de 25 placas aproximada¬ mente. Nos exemplares adultos que estudamos nunca encontramos menos que 30 placas. PA- RODIZ (1946) citou para o gênero Drymaeus 25-27 ou mais placas. HEYNEMANN descreveu ainda a rádula (pl. 5, fig. 9) que foi também reproduzida por PARGDIZ (1946) e concorda perfeitamente com as figuras que apresenta¬ mos. Em MARTENS, (1868: 179) encontramos a citação de Bulimulus papyraceus var. b) ven- trosicr baseado em REEVE (fig. 321) . PILS¬ BRY (1898: 252) afirmou que Drymaeus yapy- raceus papyrifactus r é, provavelmente, forma idêntica à referida por MARTENS como “b” com as medidas 30,5 mm de comprimento, 17 mm de largura e 17 mm de comprimento da aber¬ tura, procedente de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Ainda -em MARTENS, (1868: 179) Bulimu¬ lus papyraceus var. c ) major elongatus é na rea¬ lidade Drymaeus henselli (Martens, 1868), es¬ pécie de maior comprimento, menor largura e largo bordo columelar, localidade-tipo: Costa da Serra, Rio Grande do Sul. MARTENS, dis¬ tribuiu Drymaeus papyraceus (Mawe) em 3 re- regiões: I) Região do Rio de Janeiro: Costa Brasileira da Cap. S ( . Thomé até à ilha de Sta, Catarina. II) Região do Jaeuhy: Província Bra¬ sileira do Rio Grande do Sul. III) Região de La Plata; a) Região inferior dó Paraná, Província de Corrientes e Entrerios, b) Região do Uruguay, Banda Oriental e c) Região Costeira de Buenos Aires, Montevideo e Maldonado. Citou ainda ao pé da página que esta espécie alcança também as regiões do norte do Brasil. SEMPER, (1874: 156-157) fez uma descri¬ ção sucinta da anatomia; sistema genital, man¬ díbula e rádula, denominando a espécie Otosio- mus (Mojnnus) papyraceus. Na descrição do sis¬ tema genital, o autor se referiu à pl. XVIII, fig. 7, onde na realidade encontramos somente 150 H. E. B. REZENDE dentes de rádula de diferentes espécies, PXLS- BRY, (1898: 250) fez a mesma referência. Os aspectos anatômicos do sistema genital são abordados super ficialmente. Faz referência er¬ rônea à ausência do flagelo e citou haver en¬ contrado 4 espermatóforos, cilíndricos, brilhan¬ tes, medindo 5 a 7mm, de extremidades afila¬ das, dentro do canal da espermateca. SEMPER (1874: pl. XVII, fig. 7) mostrou alguns dentes da rãdula desta espécie que concordam com os dentes das rádulas por nós examinadas. Nos dois exemplares que estudou, as mandíbulas pos¬ suíam cerca de 40 placas e a rádula apresen¬ tava dentes tricúspides até o 58.° tendo a sub¬ divisão da cúspide acessória interna no 59.°. CLESSIN, (1888) citou somente a presença de Bulimulus (Mor mus ) papyraceus em “Ta- guara dei mondo niiovo”, coletada por Ihering (2 exemplares conservados em álcool). Este material parece estar relacionado com a cita¬ ção feita por MORRETES (1949) dando a pro¬ veniência Taquara, Rio Grande do Sul (Ihering). A concha de Drymaeus papyraceus foi ilus¬ trada por PILSBRY (1898, pl 51, figs. 1, 2, 3) que referiu como localidade-tipo Rio de Janeiro, mas figurou o material coletado “in the suburb San Domingo” por A. D. Brown (figs. 1 e 3); a figura 2 foi reproduzida por ilustração original de Bulimus literatas Spix de “Províncias mais ao norte do Brasil”, é mais fortemente marcada mas de forma e abertura características. Segundo PILSBRY (1898) e nós tivemos oportunidade de confirmar, ORBIGNY, (1837: 268) já havia considerado dois grupos no lito¬ ral do Brasil: um do Rio Grande do Sul à Bahia e Pernambuco que correspondería a Dry¬ maeus papyraceus e outro desde o Paraná até a Argentina, Corríentes e Missões que correspon¬ deria a Drymaeus papyraceus papyrífactus . Este último descrito por PILSBRY como sendo repre¬ sentado por conchas mais curtas e largas, de abertura maior e com somente 5 a 5 1/2 voltas. No entanto, PILSBRY esclareceu que na Bahia, Paz e Martínez coletaram exemplares que con¬ cordam com a ilustração de REEVE (sp. 238) *e semelhante à ilustração de PILSBRY (pL 51, fíg. 3) ou seja de Drymaeus papyraceus. HAAS (1939: 270) notificou a presença de Drymaeus papyraceus no Estado da Paraíba. PARODIZ (1946: 324), comparou os órgãos bucais de espécies de diferentes gêneros, inclu- sive Drymaeus papyraceus provenientes de Cor- rientes, dando Importância sistemática à forma e posição dos lóbulos do lábio inferior. Apre¬ sentou (p. 331, fig. 28A), alguns dentes da rᬠdula de material da mesma proveniência que diferem dos dentes da rádula de Drymaeus pa¬ pyraceus segundo HEYNEMANN (1868, fig. 28C) . MORRETES (1949: 149), forneceu a distri¬ buição geográfica da espécie segundo diversos autores. Em nossa lista sinonímica considera¬ mos a referência Drymaeus ( Mcrmus ) papyra¬ ceus lituratus (Spix, 1827) de MORRETES como sinônimo de Drymaeus , papyraceus . JAECKEL (1952) fez a citação do material de HAAS em seu trabalho sobre a malacofauna no nordeste brasileiro. A distribuição geográfica de acordo com PARODIZ (1957) é, para Drymaeus papyraceus : Brasil; Uruguay; Argentina; Corrientes; Entre- rios e Martim Garcia, Ilha no Rio de La Plafca. Para Drymaeus papyraceus papyrífactus: Para¬ ná (loc.-tipo) Brasil; Uruguay; Argentina (Buenos Aires), No trabalho de PARODIZ (1962) encontra¬ mos um interessante comentário acerca de uma publicação de BARATTINI (1951: 220) que apre¬ sentamos de maneira resumida: “a espécie ci¬ tada como Drymaeus litus (Reeve) não existe. Reeve coloca o nome lita Férussac na sinonímia de papyraceus; este erro foi devido à referên¬ cia de Pilsbry à fig. 236 de Reeve como litus que é sinônimo de papyraceus. Pilsbry refere-se a sua figura pl. 51, fig. 6 como sendo tomada da “Conchologia Iconica” mas não é a figura de Reeve”. BARATTINI citou Drymaeus litus Reeve, 1843: 236; Reeve não usou o nome genérico Drymaeus Albers 1850; não há litus Reeve; o ano da publicação da Reeve é 1849 e não 1843; pág. 236 é corretamente fig. 236. Neste traba¬ lho BARATTINI disse que a espécie existente no Uruguay segundo Reeve e Pilsbry seria uma va¬ riedade de Drymaeus papyraceus. PARODIZ (1962) citou que a figura de For- mica Corsi para Bulimulus sporaãicus (Anales- Mus . Nac . Montevideo, 2: 408 fig. 28, 1900) é Drymaeus papyraceus. A distribuição geográfica dada por PARODIZ (1982) para Drymaeus pa¬ pyraceus é a seguinte: Brasil (Rio de Janeiro para o norte); para Drymaeus papyraceus pa- pyrifactus : Rio Grande do Sul, Argentina e Uru¬ guay. Quanto à localidade-tipo para Drymaeus papyraceus , PARODIZ (1957: 24 e 1962: 444) teve opinião discordante, citando “Probably Rio de Janeiro” e “Type Locality: Bahia, Brasil”, respectivamente. FIGUEIRAS (1963: 90) atribuiu como loca¬ lidade típica a Bahia e a distribuição geográfi¬ ca da espécie como em PARODIZ (1962). Examinando a coleção do Museu de Zoolo¬ gia da Universidade de São Paulo, verificamos que grande parte do material da coleção, que foi determinada como Drymaeus papyraceus é, SUPERFAMÍLIA BULÍMULOIDÈA DO BRASIL (DRYMAEUS PAPYRACEUS) 151 ao entanto Drymaeus magus (Wagner) prove¬ niente do interior do Estado de São Paulo, Mi¬ nas Gerais e Goiás. O material proveniente de São Paulo: Iguape, Ilha Castilhos, Cananéia, e do Paraná: Antonina; Paranaguá e Curitiba, inclui exemplares determinados por Filsbry como Drymaeus papyraceus pajjyrifactus. Com¬ paramos todo o material com Drymaeus papy¬ raceus, observando que muitas conchas, princi¬ palmente aquelas coletadas no Paraná, apre¬ sentam grandes semelhanças com algumas con¬ chas do material em estudo. O material do Pa¬ raná e São Paulo é constituído de conchas de maior largura. Somente o estudo das partes moles de material semelhante e das mesmas procedências poderá ser esclarecedor da vali¬ dade de Drymaeus papyraceus papyrifactus (Pilsbry). AGRADECIMENTOS A Professor Sebastião Luiz de Oliveira e Silva pela realização das microfotografias e ao Raul Garcia pelos desenhos das conchas. RESUMO O autor estuda detalhadamente a anato¬ mia e histologia do sistema genital de Drymaeus papyraceus (Mawe, 1823). Descreve ainda a morfologia da concha, rádula, mandíbula e c⬠mara paliai. Paz referência a aspectos bioló¬ gicos e anatômicos de órgãos digestivos desta espécie conhecida prineipalmente pelos caracte¬ res conquiológicos. ABREVIATURAS USADAS a — aurícula an — anel nervoso ar — artéria bm — bainha muscular br — bulbo da rádula cc —- canal coletor ccg — canal coletor da glândula de albumina cd — canal deferente cep — canal excretor principal ces — canal excretor secundário ch — canal hermafrodita cr — complexo do receptáculo cst — canal da espermateca dha — duto hepático anterior dhp — duto hepático posterior ep — epifalo es — esôfago esp —■ espermatóforo est — estômago fl — flagelo ga — glândula de albumina gls -— glândula salivar hp — hepatopânereas it — intestino m — músculo mr — músculo retrator od — oviduto osd — ovispermoduto ovt — ovoteste óvu — óvulo p — papo pdf — porção distai do falo pe — pericárdio ppf — porção proximal do falo pr — próstata r — rim rs — receptáculo seminal rt — reto sf — saco de fertilização st ■— espermateca sto — estômago t — tentáculo ur — preter v *— vagina ve — ventrículo vs — vesícula seminal REFERÊNCIAS „ BIBLIOGRÁFICAS BARATTINI, L.P., 1951 —■ Enumeración sistemática y sinonímica de los moluscos dei Uruguay. 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Mus. nae., RJ /v. 55/ nov. 1975 DISTENSÃO DE MOLUSCOS TERRESTRES PARA FIXAÇAO, COM COMENTÁRIOS SOBRE COLETA E TRANSPORTE NOTA PRÉVIA JOSÉ WILLIBALDO THOMÉ Museu Rio-Grandense de Ciências Naturais Porto Alegre, RS Um dos maiores problemas do malacólogo continua sendo a grande contractilidade dos mo¬ luscos, o que impede a fixação dos animais em estado de distensão e relaxamento, problema- tizando os resultados dos estudos anatômicos. Grande número de métodos tem sido co¬ municados, com resultados variáveis, porém nunca plenamente satisfatórios. Para gastrópodes marinhos tem sido acon- selhado, entre outros, o cloral hidratado e o mentol como anestésicos, faltando contudo in¬ dicações precisas sobre quantidades e propor¬ ções a serem empregadas para bons resulta¬ dos. Tenho empregado, com bom resultado, imer¬ gir os gastrópodes e bivalves marinhos (com exceção dos litorâneos, que podem permanecer eventualmente emersos) em água doce, cuidan¬ do que ficassem bem distanciados um do outro e totalmente imersos (de preferência numa tina) e em total repouso por cerca de 24 horas. A distensão é boa, inclusive dos tentáculos e sifões e a fixação pelos métodos normais de álcool 70%, álcool 70% glieerinado, formol a 10% e outros, não provoca alterações. Contudo não tenho dados sobre se o emprego deste mé¬ todo seria viável, tendo em vista a utilização futura dos espécimes, em estudos anãtomo-his- tológicos. Para moluscos dulciaquícolas também há vários e bons métodos, destacando-se para pe¬ quenos gastrópodes a distensão e fixação pela água quente. Minha preocupação, desde muitos anos, tem sido com a distensão das lesmas terrestres da família Veronicellidae. Tentei todos os métodos conhecidos, como asfixia em águas desoxige- nada, aquecimento lento em estufa até 70-80°C dos animais mergulhados em água ou em solu¬ ção fisiológica, anestesia por “nembutal”, rela¬ xamento por “curare artificial”, associação da anestesia com relaxante, além de outros, sem¬ pre com resultados sofríveis. Ultimamente ten¬ tei o congelamento, com ou sem água, também sem bons resultados. Finalmente, consegui um método com re¬ sultados excepcionais. Simplesmente mergulhei as lesmas em água, num recipiente convenien¬ temente fechado e coloquei no refrigerador, com temperatura ao redor de 6°C (não no congela¬ dor) . Após quatro dias, com grande surpresa, verifiquei que todos os animais estavam total¬ mente distendidos, inclusive os tentáculos e, sen¬ do transferidos para os fixadores usuais, per¬ maneceram inalterados. Este material foi utilizado em dissecação e em preparações microscópicas, com bons resul¬ tados. Os cortes histológicos de 10 micrômetros de espessura coraram-se muito bem com hema- toxilina-eosina, estando os órgãos em posição natural, sem. qualquer contração ou entuineci- mento. Utilizando uma espécie de Bulimulídeo, o resultado foi idêntico no tocante ao total dis- tendimento. Falta agora determinar a temperatura ideal e o tempo mínimo necessário ao total relaxa¬ mento dos animais no refrigerador. Também, se será mais aconselhável a utilização de água comum de torneira ou de solução fisiológica apropriada, bem como se o método pode ser utilizado para qualquer gastrópode terrestre e mesmo para outros moluscos. Desejo acrescentar a esta comunicação al¬ gumas considerações sobre a coleta e transporte de “lesmas” e “caracóis”. Após vários anos de prática, verifiquei que são necessários para uma boa coleta, apenas uma boa coleção de sacos de plástico, uma pinça tipo histológica e, natural- mente, etiquetas de identificação além de cader¬ neta de notas. Os gastrópodes terrestres não apresentam peçonha e não são venenosos, po¬ dendo ser apanhados inclusive com a mão. Co¬ locados no saco plástico, conservam-se vivos por 154 J. W. THOMÉ vários dias, desde que se tenha o cuidado de abrir o saco por uns instantes diariamente para a conveniente aeração. Não deve ser adiciona¬ do ao saco de plástico: terra, água ou alimentos para as lesmas, que só prejudicam a conserva¬ ção viva dos animais capturados. Assim, a distensão e a fixação sempre podem ser realizados no laboratório ou em casa, para onde os animais devem ser trazidos vivos, gra¬ ças à utilização dos sacos de plástico. Já man¬ tive lesmas vivas deste modo durante mais de dois meses. Os animais, uma vez distendidos no refri¬ gerador e fixados (de preferência em formol a 10%, durante dois dias e depois transferidos, para conservação, ao álcool 70%, glicerinado a 10%), podem ser remetidos para permuta ou estudos, incluídos também em sacos de plásti¬ co, juntamente com papel absorvente embebido no liquido fixador (não usar algodão e sim pa¬ pel higiênico, papel toalha ou semelhante). Acondiciona-se os sacos de plástico em pe¬ quenas latas ou caixas, com o peso máximo de 500g e despacha-se pelo Correio como “amostra sem valor comercial — peças de história natu¬ ral” . Se o número de lotes é grande e os espéci¬ mes são pequenos, pode-se separar os diversos Lotes utilizando meias de “nylon” previamente descoradas em álcool, nas quais se amarra se¬ paradamente cada lote, incluindo a identifica¬ ção e juntando assim diversos lotes num mesmo saco de plástico. Os sacos de plástico devem ser resistentes e aconselho utilizar plástico com cerca de 0,4mm de espessura. O fechamento dos sacos de plás¬ tico deve ser feito o mais hermeticamente possí¬ vel, de preferência com o sistema de solda quente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS JAECKEL, S.H., 1953 — Praktikum der Weichtier- kimde. Fiseher Verlag, 87 p., il. Jena. OWEN, G. & STEEDMAN, H.F., 1958 — Preservation of Molluscs. Froc. malac. Soc. Xond., 33 (3):i01~103. London. RUNHAM, N.W.; ISARANKURA, K. & SMITH, B.J., 1-965 — Methods for narcotizing and anaestheti- zing Gastropods. Malacologia, % (2):231-233, Ann Arbor. Arq. Mus. nac., RJ /v. 55/ nov. 1975 ESTADO ATUAL DA SISTEMÁTICA DOS VERONICELÍDEOS AMERICANOS (MOLLUSCA, GASTROPODA) JOSÉ WILLIBALDO THOMÉ Museu Rio-Grandense de Ciências Naturais Porto Alegre, RS Desde 1961 estou me preocupando com este grupo de gastrópodes terrestres, completamente desprovidos de concha, com a denominação po¬ pular de “lesmas” (ou “babosas” nos países de idioma espanhol). Sua ocorrência é pan-tropi- cal, encontrando-se nas Américas representados por grande número de espécies, distribuídos des¬ de a Flórida, E.U.A. até a Patagônia e sul do Chile. As primeiras notícias de caráter científico sobre Veroníeelideos nos foram transmitidas por SLOANE (1725: p. 190-191, est. 233, f. 2-3), que assinalou a presença destas lesmas na Ja¬ maica, dando uma breve descrição das mesmas e figurando um espécime fixado em álcool. Es¬ tes desenhos (face dorsal e ventral) são repro¬ duzidos por 8CHEUCHZER (1733, est. 554), sem qualquer comentário adicional. SLOANE (1725) informa que Lopes de Gomara já teria assina¬ lado a presença de “caracoles sin cascara” nas Américas, o que não pude confirmar até hoje pela dificuldade de localizar o trabalho deste último autor. Somente quase 100 anos depois, BLAINVIL¬ LE (1317) descreve, ainda que incorretamente, a primeira espécie de Veronicelídeo, sob o nome de Veroniceila laevis de procedência desconhe¬ cida. Simultaneamente CUVIER (1817a: 284 e 1817b: 411) “redescobre” a menção feita por SLOANE (1725) e no segundo trabalho, em ro¬ dapé, propõe o nome Onchiãmm sloanii para a espécie, indicando, nas duas obras, a estampa e as figuras de SLOANE erroneamente) . CUVIER cita em ambas as obras: est. 273, fig. 1 e 2 de SLOANE, quando deveria ser: est. 233, fig. 2-3) . Conforme pude constatar pelo reexame do espécime-tipo de Veroniceila laevis Blainville, 1817 trata-se de espécie distinta de O. sloanei {— sloanii) Cuvier, 1817. Assim, V. laevis Blain¬ ville é a segunda espécie mencionada para as Américas e para o Mundo, mas a primeira vali- damente descrita, enquadrada em gênero pró¬ prio, que também é válido e dá origem ao nome da família: Veronieellidae, proposto por GRAY (1347: 178). FÉRUSSAC em 1819 (FÉRUSSAC & DES- HAYES, 1819/1851: 51,83) utiliza o novo gê¬ nero de Blainville como Veronicellus , caracteri¬ zando-o baseado na descrição errônea de Blain¬ ville como possuindo uma concha interna sob o manto. Logo a seguir (FÉRUSSAC, 1822) ao invés de corrigir a descrição de Blainville, esta¬ belece um novo gênero com a denominação de Vaginulus, que apenas se diferenciava do ante¬ rior pela errônea presença de uma concha in¬ terna no primeiro. No mesmo trabalho FÉRUS¬ SAC (1822) descreve quatro espécies novas, adju¬ dicadas ab novo gênero. Pouco depois, em 1823 (FÉRUSSAC & DESHAYES, 1819/1851: 96m, 96p- 96x) FÉRUSSAC republica a caracterização de seu novo gênero Vaginulus e além de redescrever e ilustrar as quatro espécies anteriormente cria¬ das, descreve mais outfa -e inclue no novo gê¬ nero duas espécies descritas anteriormente por CUVIER (1817b) . Conserva, contudo, ainda o gênero Veronicelius com a espécie V. laevis Blainville, 1817 (FÉRUSSAC & DESHAYES, 1819/1851: 96m,96z) . Das espécies do gênero Vaginulus, quatro são americanas: V. taunayi Férussac, 1821; V . langsãorfi Férussac, 1822; V. kraussi Férus¬ sac, 1823 e V. sloanei (Cuvier, 1817), elevando- se pois para cinco as espécies registradas, sendo que, destas, três com ocorrência nas Antilhas e duas provenientes do Rio de Janeiro ( V. taunayi e V, langsãorfi ). As datas dos “taxa” de FÉRUSSAC foram acertadas, segundo o exaustivo trabalho de KENNARD (1942) . Ainda na década de vinte do século XIX, mais duas espécies novas são assinaladas para a América: Onchiãium occiãentalis Guilding, 1825 e Vaginulus limayanus Lesson, 1830. Nesta época já se estabelece uma grande confusão entre os autores com a utilização dos gêneros Veroniceila Blainville e Vaginulus Férussac como sinónimos e sem chegarem a uma acordo sobre a prioridade de um sobre o outro. Esta discussão permanece até hoje, sem qualquer razão, visto que os tipos dos dois gêne¬ ros permitem verificar tratar-se de gêneros in- 156 J. W. THOMÊ dependentes, conforme já fora proposto, muito acertadamente, por COCKERELL (1891: 218) e como pude comprovar pelas redescrições realiza¬ das (THOMÉ, 1911 e em publicação) , Também o fato de quererem identificar as espécies Veroni - cella laevis Blainville, 1817, com Onchidium. sloanei Cuvier, 1817 tem provocado grandes dis¬ cussões polêmicas e pouco científicas entre di¬ versos pesquisadores por mais de século, desta¬ cando-se sobremodo as discordâncias entre Hans Hoffmann e Horace Burrighton Baker na década de 20 deste século (HOFFMANN, 1925, 1927a-b, BAKER, 1825b, 1928) ambos grandes conhecedo¬ res e estudiosos deste grupo de gastrópodes que, ■como outros, passaram a especular sobre a identi¬ ficação das duas espécies, sem examinar os tipos disponíveis ou estabelecer neótipos elucidativos. Tendo examinado anatomicamente espécimes- tipos dos Museus de Londres e Paris, posso afir¬ mar que ambas as espécies sâo válidas e per¬ tencem a gêneros distintos, os quais irei deter¬ minar em trabalho em elaboração. Até 1870 mais oito novos nomes são propos¬ tos para espécies americanas, uma no gênero Onchidium (O. cubense Pfeiffer, 1840) e as demais no gênero Vaginulus (V, soíeiformis Or- •bigny, 1835; V. floriãanus Leidy, 1851; V, su - perbus Gould, 1852; V. reclusus Allemão, 1857; 17. paranensis Burmeister, 1861; V. bo- narzensis Strobel, 1868 e V. tuberculosus Mar- tens, 1868) . Neste período surge nova altera¬ ção, sem justificativa plausível, passando o gênero Vaginulus ao feminino Vaginula, o que já é utilizado por BLAINVILLE (1828) e DESHAYES (FÉRUSSAC & DESHAYES', 1819 1851) sem qualquer explicação, FISCHER (1871) e posteriormente SIMROTH (1891) tentam jus¬ tificá-lo alegando ser Vaginulus um nome de¬ feituoso ou visto não poder haver uma “vagina” masculina. O gênero Vaginula é então utilizado pela maioria dos autores que mencionam ou es¬ tudam estas lesmas, até épocas recentes. No fim do século XIX o número de espécies descritas para as Américas aumenta vertigino¬ samente, sendo acrescidos 52 nomes novos, ele¬ vando-se assim a 67 os nomes específicos, utili¬ zando os autores indiseriminadamente os nomes genéricos Veronicella , Vaginulus ou Vaginula. O nome genérico Onchidium , visto a espécie-tipo pertencer a outro grupo animal, foi definitiva- mente abandonado nesta família. Outras espécies foram descritas por: STEARNS (1871), uma; FISCHER (1871), três; MILLER (1879), oito; STREBEL & PFEIFFER (1882), uma; HEYNEMANN (1885a-b), cinco; SEMPER (1885), vinte e duas; CQUSIN (1887), uma; PILSBRY (1890), uma; COCKERELL (1892, 1893), cinco; SIMROTH (1893), quatro e MAR- TENS (1898), uma. Destaca-se neste período o trabalho de SEMPER (1885), que utilizou pela primeira vez característicos anatômicos para a caracteriza¬ ção das espécies, que vinham sendo diagnostica¬ das apenas pela morfologia externa, apesar de que parte da anatomia de algumas espécies já era conhecida desde FÉRUSSAC & DESHAYES (1819/1851) . O maior mérito de SEMPER (1885) foi introduzir como característico sistemático a forma do pênis, o que até hoje é um dos melho¬ res dados distintivos ao nível de espécie. Também posso destacar neste período a obra de HEYNEMANN (1885b) onde o mesmo propõe diversas medições, com o fim d.e carac¬ terizar as espécies, além de relacionar pela pri¬ meira vez todas as espécies já descritas, enu¬ merando contudo somente 30 nomes para as Américas. A utilização de medições de parti¬ cularidades da morfologia externa continua sendo empregada até hoje, apesar de terem va¬ lor quase exclusivo para reconhecimento dos espécimes tratados e muito raramente também um valor secundário como característico sistemᬠtico. As medições propostas por HEYNEMANN (1885b) foram posteriormente bem definidas por GRIMPE & HOFFMANN (1925) . Este s in¬ cluíram ainda índices relativos, provenientes de certas medições dos quais somente o chamado “índice transverso” tem algum valor sistemᬠtico. Diversos autores desta época começam a se preocupar com a deficiência das diagnoses des¬ critivas, do número cada vez maior de -espécies descritas, porém nenhum trabalho de maior pro¬ fundidade para solução do problema foi desen¬ volvido. Mesmo grandes trabalhos posteriores como os de SIMROTH (1913, 1914), COLOSI (1922), HOFFMANN (1925), BAKER (1925b), FORCART (1953) não conseguem resolver ca¬ balmente o problema da determinação dos ca¬ racterísticos específicos válidos. Este assunto está desenvolvido em diversos trabalhos de THOMÉ (1969a-b, 1970a-b, 1971 e 1972a). Ainda devo destacar deste período o traba¬ lho de COCKERELL & COLLINGE (1893: 194- 195), onde relacionam 54 -espécies para as Amé¬ ricas e mais 3 de procedência desconhecida, mas que hoje sabe-se aqui ocorrerem, acrescentan¬ do também 6 nomes como variedades e um como sinônimo, o que dá uma relação de 64 nomes específicos. Falta nesta lista apenas Vaginulus superbus Gould, 1852, sugerido pelo autor, caso a sua espécie não fosse Vaginulus taunayi Fé- russac, 1821 e Vaginula maillardi Fischer, 1871 a qual foi descrita como procedente da ESTADO ATUAL DA SISTEMÁTICA DOS VERONICELÍDEOS 157 África, o que hoje admite-se tenha sido prove¬ niente de erro de etiqueta, conforme FORCAR'V (1952), confirmado por THOMÈ (1971), Na primeira década do século XX apenas três nomes foram acrescidos aos Veronicelideos americanos (DALL, 1905; GERMAIN, 1908, 1910). Destaca-se nesta década a obra de HEY- NEMANN (1906 — obra póstuma, editada por SIMROTH), que relaciona as mesmas espécies já citadas por COCKERELL & COLLINGE (1893), acrescida da espécie Veronicela stolli Mar- tens, 1898 e faltando Vaginulus superbus Gould e V . reclusus Allemão, com também 64 nomes relacionados para as Américas. Neste trabalho HEYNEMANN ressalta novamente a necessidade da indicação de diversas medições para caracterização das espécies, louvado em trabalho dos irmãos SARASIN (1899: 65-66) . Nas duas décadas seguintes chega-se ao maior desenvolvimento dos estudos sobre os Ve- ronicelídeos e até 1930 são descritas mais 53 no¬ vas espécies ou subespécies para as Américas. Destaca-se neste período o trabalho de SIM- RCTH (1914), onde são descritas 21 novas es¬ pécies, a maioria com bons detalhes anatômi¬ cos, mas sem critérios uniformes. SIMROTH também sugere neste trabalho o desdobramento do gênero Vaginula , sem contudo fazê-lo vali- damente. Logo a seguir temos COLOSI (1921), que acrescenta mais 14 nomes novos aos Vero- nicelídeos americanos. Noutro trabalho COLOSI (1922) é o primeiro a tentar uma sintese dos conhecimentos existentes até então sobre as les¬ mas sul-americanas. Introduz a descrição da região hermafrodita junto ao poro genital fe¬ minino, cujo valor sistemático é posteriormente ressaltado por BAKER (1925b), o que venho confirmando em meus estudos. COLOSI (1922) também propõe os primeiros novos “taxa” ge¬ néricos válidos, para Veronicelideos americanos, o que deve ser destacado sobremodo, visto que transcorriam 100 anos desde a proposição do último gênero: Vaginulus Férussac, 1822. A obra de maior repercussão neste período é de HOFFMANN (1925), única monografia so¬ bre todo grupo até hoje. Infelizmente, como declara o próprio auto-r, a finalidade maior do trabalho seria a filogenia e a zoogeografia da Família, pelo que a sistemática se tornara uma “obrigação secundária”. Constatamos hoje que a obra de HOFFMANN (1925) é extraordinaria¬ mente falha no capítulo da sistemática e em consequência também as suas extensas especula¬ ções sobre a “finalidade principal” — zoogeo- grafia e filogenia tornam-se pouco significati¬ vas. Contudo e assim mesmo continua sendo uma obra imprescindível e básica sobre os Ve¬ ronicelideos, devido especialmente a quase com¬ pleta compilação bibliográfica que o autor apre¬ senta. É interessante ressaltar que HOFFMANN, em seus 10 trabalhos sobre estes animais, des¬ creve apenas uma “variedade” nova para as Américas e isto em seu penúltima trabalho (HOFFMANN, 1935) . Nesta mesma época trabalha intensamente sobre esta Família o norte-americano BAKER (1925, 1926), que tem o mérito de estabelecer as prioridades e validade dos “taxa” genéricos, indicando as espécies-tipo respectivas. Nos últimos 40 anos e até a presente data são descritas mais 15 espécies novas o que eleva para 138 os nomes propostos para as espécies americanas de Veronicellidae. A estes nomes devo ainda acrescentar a espécie Vaginulus plebeius Fischer, 1868, cuja ocorrência tem sido reitera- damente mencionada para diversas regiões do continente americano, conquanto tenha sido des¬ crita sobre espécimes provenientes da Nova Ca¬ ledónia. Temos assim 139 nomes específicos re¬ gistrados para as Américas, sem considerações de sinonímia ou validade, os quais relaciono com a referência original. A espécie Vaginula telescopium Semper, 1885 citada pelo autor como da América do Sul, sabe-se hoje que ocorre somente na África (THOMÉ, 1972a). A respeito dos “taxa” acima do grupo-es¬ pécie, verifica-se que depois de COLOSI (1922), foram propostos mais sete nomes no grupo-gê¬ nero sendo que um gênero com espécies ocor¬ rendo em outras áreas geográficas. No grupo-família foram propostos “taxa” de subfamília por COCKERELL (1891) e HOF¬ FMANN (1925), todos com caracterização im¬ precisa e sem aceitação por qualquer outro au¬ tor até hoje. A família Veronicellidae, segundo BAKER (1956: 136) foi estabelecida por Gray em 1840, 1842. Como sinônimo teríamos Vagi- nulidae Gil, 1871, o que ainda não pude confir¬ mar, visto não ter localizado as obras em ques¬ tão. .ás subfamílias propostas são : 1. Veronicellinae Cockerell, 1891: 218; ocor¬ rência: regiões tropiciais. 2. Meisenheimeriinae Hoffmann, 1925: 220; ocorrência: África, arquipélago Xndo-ma- laio, Polinésia ocidental, Austrália e Amé¬ rica. 3. Vaginulinae Hoffmann, 1925: 239; ocor¬ rência: América do SuL 4. Sarasinulinae Hoffmann, 1925: 245; ocorrência: América do Sul, Madagascar, ilhas Mascarenhas e Polinésia. 158 J. W. THOMÉ 5. Semperulinae Hoffmann, 1925: 254; ocorrência: arquipélago Xndo-maiaio, ilhas Seychelles, Mascarenhas e Brasil (?). Vemos assim que a subfamília proposta poi COCKERELL (1891), seria de ocorrência pan- tropical e as 4 propostas por HOFFMANN (1925) todas teriam também representantes nas Amé¬ ricas, sendo que duas com representantes so¬ mente na América do Sul e a última com repre¬ sentação duvidosa no Brasil. Tudo isto é muito vago e deverá ser re-examinado criteriosamente. Os gêneros propostos são : 1. F eroniceüa Blainville, 1817: 440-442. Espécie-tipo: Veronicella laevis Blainvil¬ le, 1817, por monotipia; procedência: des¬ conhecida . Sinônimo: Veronicellus Férussac, 1819 in FÉRUSSAC & DESHAYES, 1819/51: 51, 83, mesmo tipo. 2. Vaginulus Férussac, 1822: 6-, 8-9, 13-14, 27. Espécie-tipo: Vaginulus taunayi Férussac, 1821, electotipo por STGLICZKA (1873: 34-35); procedência: Rio de Janeiro, GB, Brasil. Sinônimo: Vaginula Blainville, 1828: 428, como nome substitutivo. Segundo KEN- NARD (1942: 118), a designação do tipo teria sido de Woodward em 1851, cujo tra¬ balho ainda não localizamos. 3. Angustipes Colosi, 1922: 486. Espécie-tipo: Vaginula ãifficilis Colosi. 1921, electotipo por BAKER (1925a: 15); procedência: Tucurnán, Argentina. 4. Latipes Colosi, 1922: 486. Espécie-tipo: Vaginula pterocaulis Sim- roth, 1914; electotipo por BAKER (1925a: 15); procedência: Merida, Venezuela. Sinônimo: Monocaulis* Colosi, 1922: 486, mesmo tipo, designado por BAKER (1925a: 15). 5. Phyllocaulis Colosi, 1922: 486. Espécie-tipo: F aginula borelliana Colosi, 1921, electotipo por BAKER (1925a: 15); procedência: Tucurnán, Argentina. Sinônimo: Phyllocaulus Hoífmann, 1925: 163, mesmo tipo, designado por BAKER 1925a: 16). 6. Sarasinula Grimpe & Hoffmann, 1924: 177. Espécie-tipo: F aginulus plebeius Fischer, 1868, designação original dos autores; pro¬ cedência: Nova Caledónia. 7. Belocaulus Hoffmann, 1S25: 198, 245, Espécie-tipo: Vaginula angustipes Hey- nemann, 1885, electotipo por BAKER (1925a: 16); procedência: Taquara, RS, Brasil. 8. Leidyula Baker, 1925b: 158. Espécie-típo: Vaginula moreleti Fischer, 1871, electotipo por THIELE, 1929/35: 491; procedência: Tabasco, México. Sinônimo: CyUndrocauliães Strand, 1928: 69, “nomen novum” para: Cylinãrocaulus Hoffmann, 1925: 141-2, 232; espécie-típo: Vaginulus floridanus Leidy, 1851, desig¬ nação presente; procedência: Charlotte Harbor, Florida, EUA. 9. Tenacipes Baker, 1931: 131, 133. Espécie-tipo: F eronicella (Tenacipes ) te- nax Baker, 1931, por monotipia; procedên¬ cia: “Cueva de Tiburón” Enseada de San Vicente, Finar dei Rio, Cuba. 10. Novovaginula Thiele, 1931 in: THIELE, 1929/35: 491. Espécie-tipo: Veronicella carinata Thiele, 1927, electotipo por THIELE, 1929/35: 491; procedência: Teresópolis, RJ, Brasil. 11. Heterovaginina Kraus, 1953a: 63, 65, Espécie-tipo: Vaginina ( H .) peruviana Kraus, 1953, por designação original do autor; procedência: Lomas de Atocongo, junto a Lima, Peru. Relação cronológica dos nomes específicos propostos : 1. Veronicellct laevis Blainville, 1817: 440-442, est. 2, f. IV (1-2), procedência desconhe¬ cida; 2. Onchiãium sloanei Cuvier, 1817b: 411, Ja¬ maica; 3. F aginulus taunayi Férussac, 1821 in Fɬ RUSSAC & DESHAYES, 1819/51: est. VIII-A, íig. 7; descrição em FÉRUSSAC (1822: 13), Rio de Janeiro, GB, Brasil; 4. Vaginulus langsãorfi Férussac, 1822: 13- 14, Rio de Janeiro, GB, Brasil; 5. Vaginulus kraussi Férussac, 1823 in: Fɬ RUSSAC & DESHAYES, 1819/51: 96x (1823) e est. VIII-D, f. 7-8 (1832), An¬ tilhas; 6. Onchiãium ocdãentaie Guilding, 1825: 322-324, est. 9, f. 9-12, ilha São Vicente (Antilhas) ; 7. Vaginulus limayanus Lesson, 1830 in. LESSON, 1830/31: 300, est. 14, f. 1, San Christoval, junto a Lima, Peru; estado atual da sistemática dos veronicelídeos 159 8. Vaginulus soleiformis Orbigny, 1835: 2 (—V. solea Orbigny, 1837 in: ORBIGNY^ 1835/46: 220-221, est. 21), Buenos Airesj Argentina; 9. Onchidium cubense Pfeiffer, 1840: 250 f CuTba; 10. Vaginulus floriãanus Leidy, 1851: 198, 251, •est. 4 (BINNEY, 1851-11: 17-18, est. 67), Meta-lee-chee Key, Charlotte Harbor. Flórida, EUA; 11. Vaginulus superbus Gould, 1852: 6, Rio de Janeiro, GB, Brasil; 12. Vaginulus reclusus Alie mão, 1857: 21S, Rio de Janeiro, GB, Brasil; 13. Vaginulus paranensis Burmeister, 1861, X: 494-495; 2: 20-21, junto ao manancial dl Marlopa, Paraná e até Tucumán, Argen¬ tina; 14. Vaginulus bonariensis Strobel, 1868: 550- 551, 2 f., ao redor de Buenos Aires; Pa- lermo, Tigre, Argentina; 15 . Vaginulus tubercutosus Martens, 1868: 174-175, Picada do Café, Rio Grande do Sul, Brasil; 16. Veronicella olivacea Stearns, 1871: 1, Ni¬ carágua; perto de Lobitos, Califórnia, EUA; 17. Vaginula gayi Fischer, 1871: 172, Valdi- via, Chile; 18. Vaginula maillardi Fischer, 1871: 154-155 (ilha Bourbon ?); 19. Vaginula moreleti Fischer, 1871; 168, est. 11, f. 5-6, ilha de Carmen, arredores de Palenque, Tabasco, México; 20. Veronicella andensis Miller, 1879: 134-135, 138-139, 188, est. 8, f. 5a-c, Andes ociden¬ tais, em 2500 m alt., Equador; 21. Veronicella arcuata Miller, 1879: 130-131, 138-139, 188, est. 9, f. 2a-c, na planície de Ibarra, a 2500 m alt,, Equador; 22. Veronicella atropunctata Miller, 1879: 132-133, 138-139, 188, est. 9, f. 3a-d, Ibar- ra, Equador; 23. Veronicella boetzkesi Miller, 1879: 134, 138-139, 188, est. 10, f. 4a-c, nos Andes ocidentais, em 2500 m alt.. Equador; 24. Veronicella cephalophora Miller, 1879: 135-139, 188, est. Ô, f. la-c, nos Andes ocidentais (?), Equador; 25. Veronicella complanata Miller, 1879: 133- 134, 138-139, 188, est. 10, f. 2a-c, nos An¬ des ocidentais, em 2500 m alt., Equador; 26. Veronicella quadrocularis Miller, 1879: 137-139, 188 est. 10, f. 3a-c, nos Andes ocidentais (?), Equador; 27. Veronicella teres Miller, 1879: 131-132, 138-139, 188, est. 10, f. la-c, na planície de Ibarra, Equador; 28. Vaginulus mexicanus Strebel & Pfeiffer, 1882: 130-131, 140-141, 144, est. 19, f. 1-19, 21, 23, 26-27, Vera Cruz, México; 29. Vaginula aberrans Heynemann, 1885b: 277, Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil; 30. Vaginula adspersa Heynemann, 1885b: 282, Chile; 31. Vaginula angustipes Heynemann, 1885b: 275-276, Taquara, Rio Grande do Sul, Bra¬ sil; 32. Vaginula fusca Heynemann, 1885a: 6-7, est. 1, f. 1-3, Rio de Janeiro, GB, Brasil; 33. Vaginula nigra Heynemann, 1885 a: 7, est, 1, f. 4-5, Chile; 34. Vaginula behni Semper, 1885: 310-311, est. 25, f. 9, est. 27, f. 9-10, Rio de Janeiro, GB, Brasil; 35. Vaginula bietenbergi Semper, 1885: 298, ■est. 24, f. 9, est. 26, f. 6, Puerto Cabello, Venezuela; 36. Vaginula boettgeri Semper, 1885: 305-306, est. 27, f, 1-2, Taubató (— Taubaté), São Paulo, Brasil; 37. Vaginulus coerulescens Semper, 1885: 293, est. 26, f, 9-10, Caracas, Venezuela; 33. Vaginula ãecipiens Semper, 1885: 295-296, est. 25, f. 3, Chile; 39. Vaginula dubia Semper, 1885: 296, est. 26. f. 12, Saint Thomas (Antilhas); 40. Vaginula galatheae Semper, 1885: 302- 303, est. 24, f. 7, est. 26, f. 15-16, Mon¬ tevideo, Uruguai; 41. Vaginula immaculata Semper, 1885: 300- 301, est. 26, f. 11, 13, Caracas, Venezuela; 42. Vaginula kjellerupi Semper, 1885: 314, est. 27, f. 15, Bahia, Brasil; 43. Vaginula kreiãeli Semper, 1885: 301-302, est. 26, f. 14, 19, procedência desconhe¬ cida; 44. Vaginula kroeyeri Semper, 1885: 315-316, est. 24, f. 11, est. 27, f. 16, La Plata, Ar¬ gentina; 45. Vaginula lamellata Semper, 1885: 311-312, est. 27, f. 8, Rio de Janeiro, GB, Brasil; 46. Vaginula linguaeformís Semper, 1885: 307-308, est. 25, f. 4, est. 27, f. 3, Guaya- quil, Equador; 47. Vaginula marginata Semper, 1885: 312- 313, est. 27, f. 11, Rio de Janeiro, GB, Bra¬ sil; 48. Vaginula martensi Semper, 1885: 316-317, est. 27, f. 18, Rio de Janeiro, GB Brasil; 160 J. W. THOMÉ 49. Vaginula moerchí Semper, 1885: 319, est. 25, f. 13, est. 27, f, 20, Guadeloupe (An- tilíias); 50. Vaginula multicolor Semper, 1885: 308- 309, est. 24, f. 12, est. 27, f. 4-5, Buenos Aires, Argentina; 51. Vaginula portoricensis Semper, 1885: 302, est. 24, f. 6, est. 26, f. 20, Porto Rico (Antilhas) ; 52. Vaginula punctatissima Semper, 1885: 299-300, est. 24, f. 4, est. 26, f. 18, 21, Porto Rico, Saint Thomas e Trinidad (An¬ tilhas) ; 53. Vaginula strebeli Semper, 1885: 293-294, est. 26, f. 7, México; 54. Vaginula varie gata Semper, 1885: 306- 307, est. 26, f. 17, est. 27, f. 34-35, Tau- baté, São Paulo, Brasil; 55. Vaginula voigti Semper, 1885: 326, est. 25, f. 6, est. 27, f. 24, procedência des¬ conhecida; 56. VeronicellOt marianita Cousin, 1887: 4, est. 4, f. 14, Gualaco y Azogues, Azuay, Equa¬ dor; 57. Vaginulus schivelyae Pilsbry, 1890: 297- 299, est. 5, f. 6-8, Saint George, Bermu- das; 58. Veronicella dissimilis Cockerell, 1892c: 134, Jamaica (Antilhas) ; 59. Veronicella jamaicensis Cockerell, 1892a: 55, Jamaica (Antilhas) ; 60. Veronicella virgata Cockerell, 1892b: 96, Porto Henderson, Jamaica (Antilhas) ; 61. Veronicella sloanei coffeae Cockerell, 1893: 127-128, Brokenhurst, Mandeville, Jamai¬ ca (Antilhas) ; 62. Veronicella lucíae Cockerell &ú Collinge, 1893: 220-221, Fond St. Jacques, Santa Lúcia (Antilhas) ; 63. Vaginula chilensis Simroth, 1893: 71-72, 86, Valdivia, Chile; 64. Vaginula jorãani Simroth, 1893: 72, 86, Paraguai; 65. Vaginula paraguensis Simroth, 1893: 72- 73, 86, Paraguai; 66. Vaginula taylori Simroth, 1893: 73, 86, Pa¬ raguai; 67. Veronicella stolli Martens, 1898 in: MAR- TENS, Ey, 1890/1901: 351, est. 19, f. 13-14, Retalhuleu, Guatemala; 68. Veronicella schivelyae bahamensis Dali, 1905: 446, est. 59, f. 1, próximo a Johnson’s place, Nassau e em Little Abaco, Nield^s place. Bahamas (Antilhas); 69. Veronicella riveti Germain, 1908: 63, La Galia, Yaguachi, Equador; 70. Veronicella aequatoriensis Germain, 1908: 63-64, Alausi, Loja, Equador; 70a. Veronicella alausiensis Germain, 1910: CS-C9, -est. 1, f. 2-3 (n.n. pro Veronicella aequatoriensis Germain, 1908); 71. Vaginula deltae Holmberg, 1913: 168, 170, 173-175, Isla Jorge, rio Barca Grande, Buenos Aires, Argentina (também às margens do rio Capitan, Argentina); 72. Vaginula missionum Holmberg, 1913: 169- 170, 178-179, Posadas, Misiones, Argenti¬ na; 73. Vaginula salamandra Holmberg, 1913: 163-169, 171-173, f. 2, ilha de Antequera, foz do rio Capitan, Buenos Aires, Argen¬ tina; 74. Vaginula tucumanus Holmberg, 1913: 169- 170, 177-178, Tucumán, Argentina; 75. Veronicella mexicana betheli Cockerell, 1913: 1-2, Puerto Barrios, Guatemala; 76. Vaginula abbreviata Simroth, 1914: 285- 287, est. 11, f. 10-15, Santa Catarina, Brasil; 77. Vaginula affinis Simroth, 1914; 326-327, est. 14, f. 121-123, Paraguai; 78. Vaginula albonigra Simroth, 1914: 284-285, Santa Catarina, Brasil; 79. Vaginula alticola Simroth, 1914: 308, est. 12, f. 59-62, Paramo Crus Verde, Colôm¬ bia (em 3600 m de alt.); 30. Vaginula buergeri Simroth, 1914: 300, 328- 329, est. 14, f. 124-126, Santo Domingo, República Dominicana (?); 81. Vaginula calcifera Simroth, 1914: 320-324, est. 14, f. 99-107, às margens do rio Bran¬ co, Território de Roraima, Brasil; 82. Vaginula columbiana Simroth, 1914: 300- 303, est. 12, f. 43-45, Peperital, Villavi- cendio, Colômbia (em lOOOm de alt.); 83. Vaginula cordilerae Simroth, 1914: 303- 305, est. 12, f. 50-53, Cafezal Argélia, na cordilheira do Leste, Colômbia (em l&OQm de alt.); 84. Vaginula fuhrmanni Simroth, 1914: 313- 314, est, 13, f. 70-72, Morron, na cordi¬ lheira Central Colômbia (em 2000 m de alt.); 85. Vaginula grisea Simroth, 1914: 283, est. 11, f. 8, Santa Catarina, Brasil; 86. Vaginula heynemanni Simroth, 1914: 287- 289, est. 11, f. 17-22, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil; 87. Vaginula longicaulis Simroth, 1914: 309- 311, est. 12, f. 66-69, Alto de Sibaté, Co¬ lômbia (em 2800 rn de alt.); ESTADO ATUAL DA SISTEMÁTICA DOS VERONICELÍDEOS 161 88. Vaginula minuta Simroth, 1914: 318-320, est. 13, f. 87-98, Cafezal Camélia, junto a Angelópolis, na cordilheira Central, Co¬ lômbia (-em 18UQ m de alt.); 89. Vaginula mcntana Simroth, 1914: 306-307, est. 12 f. 54-57, entre Boca dei Monte e Tambo, na cordilheira do Leste ,Colômbia (em 2400 m de alt.); 90. Vaginula nesiotis Simroth, 1914: 297-300, est. 12, f. 36-42, Kingston, Jamaica (An¬ tilhas) ; 91. Vaginula pallens Simroth, 1914: 284, est. 11, f. 9, Santa Catarina Brasil; 92. Vaginula prismática Simroth 1914: 314- 316, est. 13, f. 73-78, Cafezal Camélia, jun¬ to a Angelópolis, na cordilheira Central, Colômbia (em 1800 m de alt.); 93. Vaginula pterocaulis Simroth, 1914: 316- 317, est. 13, f. 79-86, Merida, Brienco, Ve¬ nezuela; 94. Vaginula punctata Simroth, 1914: 308- 309, 312-313, est. 12, f. 63-65, La Omion- Chingasa, Colômbia (em 1000-2400 m alt.); 95. Vaginula rufescens Simroth, 1914: 329- 330, est. 14, f. 127-130, Cafezal Camélia, junto a Angelópolis, na cordilheira Cen¬ tral, Colômbia; 96. Vaginula varians Simroth, 1914: 330-331, est. 14, f. 131-134, entre Boca dei Monte e Tambo, Colômbia (em 2.000 m de alt.); 97. Vaginula absumpta Colosi, 1921: 159, Asuncion, Paraguai; 98. Vaginula americana Colosi, 1921: 158, Bra¬ sil; 99. Vaginula attenuata Colosi, 1921: 159, Ca- randasinho. Brasil; 100. Vaginula borelliana Colosi, 1921: 156, San Pablo, Tucumán, Argentina; 101. Vaginula difficilis Colosi, 1921: 158, Tu¬ cumán, Argentina; 102. Vaginula erinacea Colosi, 1921; 158, Tu¬ cumán, Argentina; 103. Vaginula esilicaulis Colosi 1921: 160, Bal- zar, Vinees, Equador; 104. Vaginula festae Colosi, 1921: 156-157, Pun, Equador; 105. Vaginula laurentiana Colosi, 1921: 159, San Lorenzo, Argentina; 106. Vaginula lugubris Colosi, 1921: 157-158, Quito, Equador; 107. Vaginula morii Colosi, 1921: 158-159, San Francisco, Bolívia; 108. Vaginula propincua Colosi, 1921: 157, Pun, Equador; 109. Vaginula pulchra Colosi, 1921: 157, Quito, Equador; 110. Vaginula robusta Colosi, 1921: 156, Ca- randasinho e Urucum, Brasil; 111. Vaginula ameghini Gambetta, 1923: 8, f. 6, San Pedro, Paraguai; 112. Vaginula âoellojuradoi Gambetta, 1923: 5-6, f. 3-5, Santa Ana, Misiones, Argen¬ tina; 113. Vaginulus (Angustipes) antillarum Baker, 1926a: 1-4, est. 1, Guadeloupe (Antilhas); 114. Vaginulus (Latipes) cnidicaulis Baker, 1926b: 29-31, est. 4, f. 1-2, Kamakusa, Guiana (inglesa); 115. Vaginulus (Latipes) pullus Baker, 1926b: 31-32, est. 4, f. 3-4, Guiana (inglesa); 116. Veronicella brasiliensis Thiele, 1927: 325- 326, est. 26, f. 30, Ribeirão Pires, São Paulo, Brasil; 117. Veronicella carinata Thiele, 1927: 327, Te¬ res ópolis, Rio de Janeiro, Brasil; 118. Veronicella ãiscrepans Thiele, 1927: 328, est. 26, f. 33, Joinville, Santa Catarina, Brasil; 119. Veronicella fuscescens Thiele, 1927: 328, Barreira, Brasil; 120. Veronicella ( Vaginula ) gracilis Thiele, 1927: 326, est. 26, f. 31, Ribeirão Pires, São Paulo, Brasil; 121. Veronicella paMalis Thiele, 1927: 324-325, est. 29, Ribeirão Pires, São Paulo, Bra¬ sil; 122. Veronicella ríbeirensis Thiele, 1927: 326- 327, est. 26, f. 32, Ribeirão Pires, São Paulo, Brasil; 123. Veronicella rosilla Thiele, 1927: 327, Pe¬ rus, São Paulo, Brasil; 124. Veronicella ( Tenacipes ) ienax Baker, 1931: 131-134, est. 8, f. 3-5, Cueva de Ti- burón, Enseada de San Vicente, Pinar dei Rio, Cuba; 125. Vaginula tarsiai Coifmann, 1934: 25-31, f. 1-3, São Paulo, SP, Brasil; 126. Veronicella (Leiãyula) kraussi trichroma Baker, 1935: 84, Jamaica (Antilhas); 127. Veronicella lepiothali Baker, 1935: 83-84, est. 3, f. 2-4, Jamaica (Antilhas); 128. Angustipes langsãorfi kriegi Hoffmann, 1935: 215-217, Nueva Germania, Paraguai; 129. Vaginula beccarn Coifmann, 1935: 325- 328, f. 1, próximo à nascente do Demora¬ ra, Guiana (inglesa); 130. Vaginula guianensis Coifmann, 1935: 330- 332, f. 3-4, nos arredores do Mackenzie» Guiana (inglesa); 131. Vaginula deflorei Coifmann, 1938: 175- 177, f. 6-7, Jupuvura, Iguapé, São Paulo, Brasil; 162 J. W. THOMÉ 132. Vaginula demorretesi Coifmann, 1933: 166-171, f. 1-3, Horto Botânico do Ipiran¬ ga, São Paulo, SP, Brasil; 133. Vaginina iHeterovaginma) peruviana Kraus, 1953a: 63-65, f. 1, Lomas de Ato- congo, junto a Lima, Peru; 134. Angustipes ( Angustipes) coriaceus Kraus, 1954: 81-82, f. 1-2, junto a Campanillaya, na estrada de Tarma para San Ramón, na encosta oriental dos Andes, Peru (em 2600 m de alt.); 135. Phyllocaulis renschi Thomé, 1965: 202- 209, 4f., Linha Imperial, Nova Petrópo- lis, Rio Grande do Sul, Brasil; 136. Sarasinula arnaldoi Thomé, 1967: 524- 528, f. 1-2, 5-7, Taracuá, Uaupés, Ama¬ zonas, Brasil; 137. Sarastiiula lemei Thomé, 1967: 528-531, f. 3-4, 8-9, Santarém, Pará, Brasil; 138. Phyllocaulis boi-aceiensis Thomé, 1972b: 59-68, 9f., desde Joinvile, Santa Catari¬ na, a Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil; 139. Vaginulus plebeius Fischer, 1868: 145, No¬ va Caledónia. Distribuição das espécies ãescj-itas para as Américas apemas com a referência da citação original e consequentemente da localidade-tipo: 1. Estados Unidos da América do Norte . 1 espécie; 2 Bermudas . 1 espécie; 3. México . 3 espécies; 4. Bahamas (Nassau) . 1 espécie; 5. Cuba . 2 espécies; 6. Jamaica . 8 espécies; 7. República Dominicana . 1 espécie; 8. Porto Rico .. 2 espécies; 9. Saint Thomas. 1 espécie; 10. Guadeloupe. 2 espécies; 11. Santa Lucia . 1 espécie; 12. Saint Vincenfc . 1 espécie; 13. Antilhas (sem outra discri- nação) . 1 espécie; 14. Guatemala . 2 espécies; 15. Nicarágua . 1 espécie; 16. Guiana (inglesa) . 4 espécies; 17. Venezuela . 4 espécies; 18. Colômbia . 11 espécies; 19. Equador . . 17 espécies; 20. Peru . .. 3 espécies; 21. Bolívia . 1 espécie; 22. Paraguai... 7 espécies; 23. Chile . .. 6 espécies; 24. Argentina . 14 espécies; 25. Uruguai . 1 espécie; 26. Brasil . 39 espécies; 135 De procedência desconhecida, mas ocorrendo nas Américas . 3 Total: 138 26.1. Território de Roraima ... 1 espécie; 26.2. Amazonas . 1 espécie; 26.3. Pará . 1 espécie; 26.4. Mato Grosso . 2 espécies; 26.5. Bahia . 1 espécie; 26.6. Rio de Janeiro . 2 espécies; 26.7. Guanabara . 9 espécies; 26.8. São Paulo . 11 espécies; 26.9. Santa Catarina . 5 espécies; 26.10. Rio Grande do Sul. 5 espécies; 26.11. sem localização precisa .. 1 espécie. Total: 39 Das relações depreende-se a necessidade de uma intensa e criteriosa revisão dos “taxa” pro¬ postos, pois verifica-se que de tempos em tem¬ pos houve autores que propunham grande nú¬ mero de novos nomes, sem se deterem na vali¬ dade dos já existentes. A concentração de “es¬ pécies” em determinadas áreas por vezes se tor¬ na espantosa, como ocorre com o Equador, don¬ de foram descritas 17 “espécies” novas. Tam¬ bém da ilha da Jamaica são descritas 8 “espé¬ cies” e da cidade do Rio de Janeiro, Guanabara, encontramos 9 “espécies” descritas. A sinonimização destas numerosas “espé¬ cies” foi intentada por HOFFMANN (1925), in¬ felizmente mais intuitiva e especulativamente do que com dados concretos. Urge pois empre¬ ender este trabalho em bases científicas, a fim de que se possa identificar corretamente as es¬ pécies americanas de Veronicellidae, o que na atualidade é algo utópico, a não ser que se des¬ preze totalmente o Código Internacional de No¬ menclatura Zoológica. 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ESTADO ATUAL DA SISTEMÁTICA DOS VERONICELÍDEOS 165 THOMÉ, J.W., 1969b -— Erneute Beschreibung neo- tropischer Veronicellidae-Typen (Mollusca, Gas- tropoda): II. Arten aus der Sammlung des Sen- ckenber-Museums in Frankfurt a.M. — Areh. Molluskenk., 99:331-363, est. 6-13. THOMÉ, J.W., 1970a -— Redescríção dos tipos ...: III. Espécies depositadas no “II. Zoologisches Institut und Museum der Universitát” der Gõttingen, Ale¬ manha. — Hieringia, zool., (33) :73-88. THOMÉ. J.W., 1970b — Redescríção dos tipos ...: V. Espécies depositadas no “Museo ed Istituto di Zoologia Sistemática delia Università”, de Turim, Itália. — Xheringia, zool., (39) :19-31. THOMÉ, J.W., 1971 — Redescríção dos tipos .. .: VII. Espécies depositadas no “Muséum National d’His- toire Naturelle”, Paris, Fraiiça. — flieringia, zool., (40) :27-52, 3 est. THOMÉ, J.W., 1972a — Redescríção dos tipos ...: VIII. 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Mus. nac., RJ /v. 55/ nov. 1975 ESTABELECIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA PROVÍNCIA BIOGEOGRÁFICA DAS ÍNDIAS OCIDENTAIS (Com 4 figuras) IVAN DE MEDEIROS T1NOCO (*) Instituto de Gcociências Universidade Federal de Pernambuco Recife PE 5 INTRODUÇÃO A Província Biogeográfica das índias Oci¬ dentais, Antilhana, Caribeana ou Caraíbica, começa aproximadamente na região de Guaya- quil, no Equador, prolongando-se para o norte até o golfo da Califórnia, no lado ocidental das américas, estendendo-se, na costa atlântica, pelo golfo do México e península da Flórida, ao norte, até as proximidades do paralelo 33°S, ao sul. Os íoraminíferos são reconhecidamente os organismos bentônicos que melhor se prestam aos fins biogeográficos, em virtude de consti¬ tuírem seres bastante sensíveis às variações dos fatores mesológicos, tanto qualitativa como quantitativamente. Fundamentados no estudo das microfaunas de íoraminíferos e na vasta bi¬ bliografia disponível sobre os componentes e distribuição dessas associações, BOLTOVSKOY (1964, 1965) e, posteriormente, TINOCO (1971a) propuseram uma subdivisão da Província em sub-províncias distintas (Fig. 1) pela composi¬ ção e distribuição dos íoraminíferos bentônicos. ES3 '«ei** irutii *0*T « — * * C t 9 ! c a. [■———] lOIlE.UlllCUl LLHJ , uítrici. OCI Kltlll £53 c *"*■'** * rrw -1 ! »6*TI-míHTC I -J »** » I 1. 1 I I A A I* M t * H A ULAUCN1CA HA t l. t w r i t a W A M A C t Kl C A * A f I C A Figura 1 — Províncias biogeográficas marinhas americanas atuais (seg. BOLTOVSKOY, 1952, mod.). (*) Bolsista do Conselho Nacional de Pesquisas. I. Sub-Província Antilhana, que se esten¬ de do golfo do México (Latitude do Trópico de Câncer) e costa da península da Flórida, onde confina com a Província Biogeográfica Norte — Americana Atlântica, ao norte, até as proximi¬ dades da latitude 4°N, ao sul. II. Sub-Província Norte-Nordeste Brasi¬ leira, que se inicia aproximadamente no para¬ lelo 4°N, prolongando-se pela costa do Norte, Nordeste e Leste do Brasil, até a latitude de Cabo Frio (23°S), abrangendo as ilhas de Fer¬ nando de Noronha e Trindade. III. Sub-Província Sul-Brasileira, que se prolonga do paralelo 23°S ao 33°S, onde se con¬ fina com a Província Biogeográfica Sulámeri- cana Atlântica. IV. Sub-Província Panamenha, compreen¬ dendo a região pacífica das Américas, estenden¬ do-se do Equador, ao sul e golfo da Califórnia, ao norte, confinando-se com as províncias de águas temperadas, Norte-Americana Pacífica, ao norte e Sulamericana Pacífica, ao sul. Tudo leva a concluir que as subdivisões pro¬ postas com base na distribuição dos foraminí- feros devem convergir com aquelas fundamen¬ tadas na distribuição geográfica de outros taxa. O ESTABELECIMENTO DA PROVÍNCIA A análise correlativa entre as unidades li- toestratigráficas pré-cambrianas dos ciclos tec- to-orogenéticos brasileiros e africanos levaram vários pesquisadores, desde Wegener, a conside¬ rarem a união num único bloco, dos atuais con¬ tinentes da África e América do Sul. Essa pla¬ taforma continuou constituindo um único con¬ tinente, Gondwana, durante todo o Paleozoico e início do Mesozóico. No final do Jurássico, a então plataforma Afrobrasileira, apresentava-se como gigantesco bloco emerso com grandes áreas dominadas por sedimentação continental. Não foram encon- 163 I. M. TI NO CO trados quaisquer indícios de sedimentação ma¬ rinha nos dois continentes datados daquele pe¬ ríodo. No limite Jurássico-Cretáceo teve início a reativação Wealdeniana (ALMEIDA, 1969) que afetou toda a plataforma, iniciando-se o deli¬ neamento dos bordos atlânticos dos atuais con¬ tinentes africano e sulamericano e, que culmi¬ naria no Neocomiano pela formação de uma fenda, constituindo-se assim, o embrionário Oceano Atlântico Sul. Não há qualquer evidên¬ cia de sedimentação marinha, embora o mar Cretáceo-Inferior houvesse transgredido no es¬ tremo meridional da África, O enlarguecimento progressivo dessa fenda e o avanço do mar para o norte, formou um comprido e estreito mar semelhante ao atual Mar Vermelho. Houve de¬ posição de sedimentos com componentes e va- porítieos, sendo este fenômeno de espalhamen¬ to, aparentemente associado a essa fase de aber¬ tura das fendas continentais (BõSTROM et alii, 1972) . Durante o Aptiano-Albiano ocorreram as primeiras transgressões marinhas que se esten¬ deram por estreita faixa costeira marginal dos dois continentes ainda não inteiramente sepa¬ rados, verificando-se a deposição de sedimentos carbonáticos em quase todas as bacias, em am¬ bos os lados do Atlântico, Essa primeira fase transgressiva marinha está representada pelas formações sedimentares marinhas de Sergipe e Alagoas. Tudo leva a concluir pela existência de uma pequena transgressão marinha no Albiano Médio, que permitiu uma efêmera ligação entre dos oceanos do norte e do sul (REYMENT, 1969; PETROBRÁS, 1972) . BEURLEN (1962) analisando as faunas aptianas-albianas de ambos os lados do Atlân¬ tico (Angola, Gabão e Sergipe) e observando a grande semelhança entre as faunas da África do Sul, Madagascar, índia e Sergipe, conside¬ ra-as dentro de uma Província Afro-Indo-Mal- gaehe, bem destacada das faunas contempor⬠neas da Europa e dos Estados Unidos (Mar de Tethys) . REYMENT(1969) estudando a fauna de amo- nítas confirma a separação dos dois continentes à partir do Neocomiano, apontando como da maior importância a presença de Douvillioeras mammilaíum, do Albiano Inferior do Gabão, Angola e Brasil. Estudando as faunas de foraminíferos das formações cretáceas de Sergipe, PETRI (1962) aponta uma certa semelhança entre os forami¬ níferos da Formação Riachuelo e os do Grupo Washita do Texas. Contudo, vale salientar que aquele autor reconhece o alto índice de ende- mismo da microfauna estudada. Das 96 espé¬ cies descritas, 75 são espécies novas. Das 21 es¬ pécies conhecidas em outras localidades, 10 são espécies albianas das quais duas são planctôni- cas cosmopolitas. As 11 formas restantes são Campaniano-maestrichtianas. Tão alto grau de endemismo não somente impossibilita correlações seguras e precisas como dificulta a compreensão da história geológica áa região. Durante o Turoniano, ocorreram novas transgressões marinhas evidenciadas pelas for¬ mações sedimentares costeiras de Sergipe, Per¬ nambuco *e Rio Grande do Norte. Contudo mes¬ mo com o alargamento da fenda atlântica ha¬ veria uma ligação terrestre entre os dois con¬ tinentes (BEURLEN, 1964) não permitindo um intercâmbio faunístico entre as duas províncias biogeográficas bem distintas (Fig. 2) . A bacia costeira do Rio Grande do Norte, Grupo Apodi, constituiria a extremidade meridional do Atlân¬ tico do Norte, Província Biogeográfica Norte Atlântica (Tethys) com uma malacofauna cons¬ tituída de componentes daquela província em um ambiente de águas rasas de baía, onde fal¬ tam todos os elementos planctônicos. Faltam completamente os elementos afro-índicos. Figura 2 — Durante o Turoniano ainda perdurava a ligação América do Sul—Ãfrica, admitindo a distinção de 2 paleo províncias biogeográficas (baseado em vários autores). ESTABELECIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA PROVÍNCIA... 189 Os sedimentos carbonáticos da bacia do Apodi são ricos em bioclásüeos, como fragmen¬ tos de conchas, espinhos de equinóides etc. A microfauna de foraminíferos revela-se parti¬ cularmente rica em Miliolídeos, o que aponta um ambiente recifal-algal. A macrofauna apresen¬ ta-se com grande número de grandes gastró- podes, ostreídeos, cardiídeos, nerineídeos e ceri- thídeos além de abundantes equinóides distri¬ buídos em relativamente poucas espécies, o que aponta um ambiente especializado de águas ra¬ sas de plataforma submersa interna. A Formação Beberibe, em Pernambuco, re¬ presenta uma fácies particular da província Biogeogrãfica Atlântica (Afro-Indo-Malgache, de Beurlen) contendo elementos mediterrâneos. Trata-se de sedimentitos dominantemente silto- sos e arenosos com moldes internos de conchas de lameiibrânquios ( Atrina, Moâiolus, Tellina, Mulinciães , Pholaãomya, Liophistha, Corbula, etc.) quase sempre articulados, sem fragmenta¬ ção e preservados em sedimentitos finos sem ci¬ mento calcário, indicando um ambiente de bai¬ xa energia, provavelmente não inteiramente marinhos, Raros exemplares do cefalópode Pseudoschlcembachia umbulazi (Bailey), indi¬ cam uma correlação africana. Os sedimentitos turonianos de Sergipe, Membro (Formação) Sapucari — Formação CGntiguiba, encerram uma fauna de amonóides com gêneros e famílias descritas para o Turo- niano da África (Camarão, Gabão e Angola) observando-se a mesma semelhança com a fau¬ na de lameiibrânquios com Trigonarca e Lio - phista , tipicas do Turoniano africano, havendo mesmo possibilidade de um intercâmbio de fau¬ nas neríticas e litorâneas entre os dois conti¬ nentes . A fauna de Sergipe indica tratar-se de am¬ biente marinho de plataforma continental sub¬ mersa de mar aberto. A separação total dos dois continentes pode ter-se completado entre o final do Turoniano e o Caniaciano, faltando qualquer documentação lito-paleontológica que possibilite datar com pre¬ cisão tal evento. Segundo a hipótese do deslo¬ camento continental, o continente sulamerica- no durante o Cretáceo Superior iniciou um mo¬ vimento de deriva para NW, provocando a in¬ versão da drenagem do continente, oscilações lentas de níveis com invasão e retirada das águas do Atlântico, iniciando-se a ascensão an¬ dina. Já no Maestrichtia.no o testemunho paleon- tológico evidencia a ligação total entre os dois oceanos. As faunas até então bem distintas e diferenciadas tornam-se única. No Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Sergipe, uma fauna comum com Spheno&iscus e Pachydiscus\ A malacofauna da Formação Gramame apre¬ senta estreitas relações com a da costa atlân¬ tica da África, África do Sul e índia, com Tri¬ gonarca, Pseudocucullaea, Rouâairia, Helicau- lax, Tibia etc., surgindo por outro lado Turri- tella , Xenophora e Cypraea, do Maestrichtiano da América do Norte, As microfaunas marinhas cretáceas, maes- trichtianas, possibilitam correlação crono-eco- lógica total permitindo verificar que a Provín¬ cia Biogeogrãfica cretácea se estendia do sul dos Estados Unidos até a costa do Peru a oeste da América do Sul e pelo menos até a costa de Sergipe, no lado este do mesmo continente (Fig. 3) . A ausência de sequências cretáceas na eosta sul do Brasil e o pouco conhecimento das microfaunas cretáceas da Argentina não per¬ mitem afirmar com precisão a extensão da pro¬ víncia biogeogrãfica cretácea até maiores la¬ titudes . estabelecia-se a atual província, sendo pouco conhecidas as faunas bentônkas do Cretáceo argentino. As microfaunas maestrichtianas de fora- maníferos, tanto planctônica como bentônica do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela (na América do Sul), Angola e Nigéria (na África) e Mé¬ xico e Estados Unidos (na América do Norte) permitem grupá-las numa única província bio¬ geogrãfica, dado o grande número de espécies comuns (TINOCO, 1971b) . 170 I. M. TINOGO DESENVOLVIMENTO PÓS-CRETÁCEO No início do Terciário, Paleoceno, tal como no Cretáceo, as estreitas e restritas áreas sedi¬ mentares na costa brasileira encerram uma fau¬ na também comum, sendo as sequências sedi¬ mentares sobrepostas concordantemente àque¬ las cretáceas. No sul, na Argentina, houve uma pequena transgressão com uma pequena sequên¬ cia, com AllomorpTiina paleocenica Cushman, Pyramidina mínima (Brotsen), Quadrymorphi- na allomorphinoides Reuss, Alabamina mid - wayensis (Reuss) e Globorotalia pseuãobulloides (Plummer), No centro-oeste argentino MAILHE et alii. (1967) descrevem uma microfauna com 35 espécies de foraminíferos entre os quais ele¬ mentos planctônicos comuns aos do Nordeste brasileiro (Formação Maria Farinha) e às for¬ mações contemporâneas dos Estados Unidos e América Central. As formas bentônicas -estão apresentadas em sua maioria pelas mesmas es¬ pécies presentes nas áreas citadas. A microfau¬ na paleocênica descrita por BERTELS (1964) para a Formação Roca, no sul da Argentina si¬ tua inegavelmente a área dentro da mesma pro¬ víncia zoogeográfica, pela semelhança micro- faunística com o Grupo Midway (Estados Uni¬ dos) , Lizard Spring (Trinidad) e Formação Ma¬ ria Farinha, em Pernambuco. Durante o Eoceno, algumas poucas ingres¬ sões marinhas em Sergipe e na Argentina têm sido relacionadas com faunas contemporâneas dos Estados Unidos, Equador e Peru, sendo con¬ tudo associações pouco conhecidas e estudadas. Os sedimentitos miocênicos depositados em pequenas e restritas áreas do continente reve¬ lam que a Província ocupava uma área bem maior que a atual, havendo posterior diminui¬ ção pela ascensão da América Central e ilhas do Caribe, estabelecendo-se as correntes do Golfo e Equatorial, ascensão da península da Flórida e, por esse motivo, o isolamento da atual área norte do Golfo do México, onde predomi¬ nam faunas de clima temperado. Ao sul, du¬ rante o Mioceno na costa Argentina (MALU- MIAN, 1970) a microfauna de foraminíferos apresentava características de águas tempera¬ das pelo desenvolvimento de Glofyorotaüa ps- chyãerma , forma sinistrosa, típica de águas temperadas, assemelhavam-se à atual Sub-Pro- víncia Sul Brasileira. Na costa sul do Brasil, (CLOSS, 1967) a presença de Amphistegina ra¬ diola (Fichtel e Mall), atualmente ausente da sub-provincia Sul-brasileipa, evidencia h ex¬ tensão de águas equatoriais até aquela latitude. Na costa africana, as poucas sequências miocê- nicas não apresentam afinidades com o Mioce¬ no sulamericano. Essa extensão das águas equatoriais quentes evidenciadas pelas semelhanças faunisticas cre- táceo-mioeênicas na América do Sul pode não ter-se processado necessariamente pelo Atlânti¬ co, o que implicaria num movimento da massa continental para o sul, mas por um braço do mar Atlântico do norte que, até o Mioceno, separava o Escudo das Guianas do Escudo Brasileiro como proposto por H. Ihering em 1927, estudando e comparando a fauna e flora patagônica com as da Austrália e Nova Zelândia. O mesmo autor tam¬ bém comparou a fauna e flora do Brasil com aquelas da África. CAMP (1952) também che¬ gou às mesmas conclusões de Ihering (1927, in BGLTOVSKOY, 1958) dividindo o continente sulamericano em três partes durante o Terciᬠrio Superior. Por outros caminhos chegaram aos mesmos resultados L. Szidat (1955, in BOLTO- VSKOY, 1958) estudando os parasitas de pei¬ xes e J. Frenguelli (1923, 1928, in BOLTOVS- KpY, 1958) estudando diatomáceas. BOLTO- VSKOY (1958) estudando foraminíferos do Rio da Prata encontrou formas bentônicas antilha- nas ausentes da costa do Brasil, que só poderiam atingir o estado isolado em que se encontram, admitindo-se uma migração por um braço de mar durante o Mioceno (Fig. 4). Figura 4 — Provável divisão do continente Sulamericano em 3 partes durante o Terciário (Mioceno), por um braço de mar interior (em pontilhado) e a diferenciação das sub- províncias Antilhana e Brasileira. As setas mostram as co¬ nexões filétícas das floras (Seg. CAMP, 1952, modificado). ESTABELECIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA PROVÍNCIA... 171 Tudo leva a concluir que a Província Bio- geográfica das índias Ocidentais estabeleceu-se no Cretáceo Superior com a formação do Ocea¬ no Atlântico ocupando uma área bem maior que a atual, havendo redução gradativa até os tem¬ pos atuais. SUMMARY The f aunai study of mollusks and forami- nifera from the sedimentary formations of N-NE Brazil seems to confirm the idea that the mo der n Biogeographical Province of the West Indies was established during the Late Creta- ceous. The Province reached its greatest extent during the Miocene, decreasing until today when four subprovinces are distinguished based on benthonic foraminifera distribution . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, F.F.M., 1969 — ■ Diferenciação tectônica da Plataforma Brasileira. Anais do XXIII Cong. Rras. GeoL Salvador, BA., pp. 29-40, BEURLEN, K., 1962 — Ò Desenvolvimento Paleogeo- gráfico do Oceano Atlântico do Sul. Arq. GeoL Univ. Recife, 2:21-36. 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O trabalho foi planejado e orientado pela Chefia e auxiliares do Setor de Malacologia, De¬ partamento de Biologia do Instituto de Ciências Biológicas e de Geociências, da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG., onde está depo¬ sitado o material de nossa pesquisa, onde tam¬ bém estão sendo feitas a criação, determina¬ ção das espécies e dissecação dos animais em estudo. No Laboratório de Histologia e Embrio¬ logia do Departamento de Morfologia do mesmo Instituto, são feitas a fixação, desidratação, in¬ clusão em parafina, cortes, coloração e monta¬ gem de lâminas. Temos colecionadas 1 650 l⬠minas devidamente catalogadas. Dada a natureza dos tecidos em estudo, reduzimos à metade do tempo a desidratação e a diafanização. A morte do animal tem sido obtida pelo afogamento, sendo utilizados espé¬ cimes adultos. Os fixadores usados são Bouin e formol a 10% e os corantes utilizados têm sido a Hematoxilina-Eosina e o Tricrômico de Go- mory. Estamos estudando os sistemas respira¬ tório, circulatório, excretório, digestório, nervo¬ so e genitália; pé, glândula pediosa e manto. A inclusão tem sido feita em parafina e os cortes na espessura de cinco micra. O animal, antes do afogamento, tem sido mantido em je¬ jum durante vinte e quatro horas para melhor obtenção do material. Estamos fazendo obser¬ vações sobre o comportamento das glândulas de albumina, salivar, pediosa e hepatopâncreas, sob ação de diferentes fixadores. Em nosso plano constam dez cortes de cada órgão e de cada lote de dez lâminas, arquiva¬ mos uma como protótipo daquele mesmo lote. Estão sendo arquivados também, os blocos histológicos, as nove lâminas do lote de dez e a respectiva concha. A partir do oitavo animal, inclusive, até o décimo, pretendemos fazer cortes em alturas diferentes nos vários órgãos, para observação de possíveis variações histológicas. Podemos, no momento, citar algumas con¬ clusões : a) Os epitélios até agora observados são do tipo simples. Não foram notados epitélios estratificados. Há grande incidência de células do tipo cilíndrica e aciiiada. Três são os tipos morfológicos de células epiteliais; pavimentosa, cúbica e cilíndrica ou colunar. b) O tecido conjuntivo não possui varia¬ ções como nos mamíferos. As fibras colágenas são bem caracterizadas. c) O tecido muscular é abundante. As fi¬ bras não são estriadas, são mononucleadas e possuem disposição em feixes. d) A grande prdsença na estrutura histo¬ lógica do animal em estudo é o tecido glandular. Há pouca variação morfológica nas glândulas, mas pode-se notar que a presença delas é de¬ terminante. As glândulas em geral são aeinosas com notória variação de tamanho dos ácinos. Glândulas unicelulares e intraepiteliais foram observadas na mucosa do sistema digestório. Nas maiores, notamos presença de lóbulos e ãci- nos. ADICIONES A LA FAUNA DE SCAPHOPODA DEL ATLÂNTICO SUDOCCIDENTAL I. UNA NUEVA ESPECIE DEL GÉNERO PULSELLUM VICTOR SCARABINO Museo Nacional de Historia Natural Montevideo, Uruguay Se realiza una breve revisiôn de los esea- fópodos presentes hasta la fecha en la mala- cofauna dei Atlântico Sudoccidental, desde lat. 24°S, describiendo una nueva especie de Sipho- nodentaliidae, sobre material capturado frente a la desembocadura dei Rio de la Plata. 174 COMUNICAÇÕES Arq. Mus. nac., RJ /v. 55/ nov. 1975 A FAUNA MALACOLÓGICA DO MATERIAL RECOLHIDO PELA MISSÃO ARQUEOLÓGICA FR AN CO'-BR ASILEIR A EM LAGOA SANTA, MINAS GERAIS JOSÉ LUIZ MOREIRA LEME Museu de Zoologia Universidade de São Paulo São Paulo, SP A Seção de Moluscos do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, recebeu para classificação 37 amostras recolhidas em sonda¬ gens arqueológicas realizadas na região de La¬ goa Santa, MG, enviadas pela Seção de Arqueo¬ logia do Museu Paulista da USP. O resultado da classificação foi inicialmen¬ te apresentado como um simples relatório co¬ mentado, A pedido da Missão Arqueológica, tal relatório foi transformado em trabalho e apre¬ sentado no Congresso de Americanistas, Roma, Setembro de 1972 (aceito para publicação na França). No estudo das amostras foram considera¬ dos os seguintes dados cie campo: localidade, número e tipo de sondagem, tipo e profundida¬ de das camadas. Nas 30 amostras selecionadas foram encon¬ tradas conchas ou restos de conchas de molus¬ cos terrestres e de água doce, com predominân¬ cia absoluta dos primeiros. A espécie mais frequente foi Megalobulimus oblongus (Müller, 1774), encontrada em 26 das 30 amostras, vindo a seguir Thaumastus taunayi (Férussac, 1321), presente em 6 amostras. O dado mais importante é o registro da ocorrência de Megalobulimus yporanganus (Ihe- ring & Pilsbry, 1901) na região de Lagoa Santa, mostrando que süa distribuição foi mais ampla do que a atual, restrita a Santa Catarina e ao Sul do Estado de São Paulo. UMA NOVA ESPÉCIE DE GONYOSTOMUS DA ILHA DOS BÚZIOS, SÃO PAULO, BRASIL (GASTROPODA, STROPHOCHEILIDAE). JOSÉ LUIZ MOREIRA LEME Museu de Zoologia Universidade de São Paulo São Paulo, SP É o primeiro trabalho de uma série desti¬ nada ao estabelecimento de padrões de reconhe¬ cimento anatômico das espécies da Superfamília Strophocheiloidea. Visa mostrar que muitas vezes pequenas dissemelhanças conquiológicas, comum ente to¬ madas como variação, podem ser acompanhadas por profundas diferenças anatômicas. A gran¬ de convergência dos caracteres eonquiológicos tem dado margem a interpretações errôneas que levam à criação de subespécies, raças etc., além de invalidar possíveis espécies boas pela inclu¬ são indevida em listas sinonímicas. Nesse estudo anatômico é descrita uma es¬ pécie nova de Gonyostomus , e feita sua compa¬ ração com Gonyostomus goniostoma (Férussac), espécie até então conhecida apenas pelos ca¬ racteres eonquiológicos. DESENVOLVIMENTO DOS ESTUDOS SOBRE MYTELLA FALCATA = MYTELLA CHARRXJ AN A (BIVALVIA s MYTILIDAE). MARYSE NOGUEIRA PARANAGUÁ Laboratório de Ciências do Mar Universidade Federal de Pernambuco Recife PE 9 OS SEDIMENTOS ASSOCIADOS À MALACOFAUNA: SEU VALOR GEOLÓGICO ANTONIO CARLOS MAGALHÃES MACEDO Museu Nacional Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ Representa o Phylum Mollusea um dos fun¬ damentos da geocronologia relativa das rochas cenozoicas marinhas. Não obstante, a literatu¬ ra geo-paleontológica ressente-se de informa¬ ções precisas sobre a natureza do substrato en¬ volvente dos moluscos índices de idades geoló¬ gicas, dificultando a ampliação do potencial de correlação estratigráfica desses moluscos atra¬ vés do relacionamento com a microfauna pre¬ sente no sedimento e/ou rocha matriz. É suge¬ rido que a coleta de moluscos atuais, principal¬ mente daqueles já mortos, integrando o subs¬ trato sedimentar, seja feita com o sedimento associado, permitindo assim um amplo traba¬ lho de vinculação com as microfaunas residuais também presentes no sedimento. O 1 problema é considerado através de exemplos de coletas globais e seus resultados. COMUNICAÇÕES Arq, Mus. nac., RJ /v. 55/ nov. 1975 175 SUFERFAMILIA BULIMULOIDEA DO BRASIL. BULIMULIDAE: PSEUDOXYCHONA SPIRITUALIS (IHERING, 1912) (MOLLUSCA, GASTROPODA, PULMONATA) . HUGO EDISON BARBOZA DE REZENDE Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro It-aguaí, RJ ARNALDO C. DOS SANTOS COELHO Museu Nacional Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro^ RJ TETSUO IN ADA PEDRO D. LANZIERI Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Itaguaí, RJ É estudada dos pontos de vista anatômico e histológico a espécie-tipo do gênero Pseuão- xychona Pilsbry , 1931, com base em material procedente das proximidades da localidade-tipo no Espírito Santo. MOLUSCOS MARINHOS BRASILEIROS UTILIZADOS NA ALIMENTAÇÃO HUMANA E EM OUTRAS APLICAÇÕES ARNALDO C. DOS SANTOS COELHO Museu Nacional Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ PEDRO JURBERG Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro^ RJ Na qualidade de coordenadores gerais do referido projeto, os AA contarão com a colabo¬ ração de colegas malacologistas, de acordo com os grupos de suas especialidades ou áreas geo¬ gráficas em que estejam sediados, com a cola¬ boração de especialistas nos campos da nutri¬ ção, bioquímica e da manipulação de dados es¬ tatísticos com os seguintes objetivos: 1 — re¬ conhecer e identificar correta e atualizadamen¬ te as espécies de moluscos utilizadas na alimen¬ tação humana brasileira e em outras aplicações; 2 — estabelecer correlação dos nomes vulgares às respectivas espécies; 3 — apresentar dados e informações biológicas, ecológicas e de com¬ portamento; 4 — apresentar dados e informa¬ ções de valor nutritivos; 5 — propiciar informa¬ ções e dados que permitam a análise estatística das possíveis espécies que ofereçam elementos concretos para estudos de avaliação de estoques. CONTRIBUIÇÕES AO CONHECIMENTO DOS MOLUSCOS DO RIO DE JANEIRO, BRASIL 3 - BIVÀLVIA, PALAEOTAXODONTA, NUCULOIDA NUCULOIDEA E NUCULANOIDEA ARNALDO C. DOS SANTOS COELHO Museu Nacional Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro■ RJ DEA REGINA ROURET CAMPOS Divisão de Geologia e Mineralogia Departamento Nacional da Produção Animal Rio de Janeiro^ RJ ESTUDOS BIBLIOMÉTRICOS E PLANEJAMENTO DE AQUISIÇÕES DULCE FERNANDES DA CUNHA Museu Nacional Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro , R J RESULTADOS DAS DRAGAGENS DO N. OC. ALMIRANTE SALDANHA NAS 2. a e 3. a ETAPAS DA GEOMAR VI ^ MOLUSCOS CESAR MENA BARREIO GOMES Laboratório de Malacologia Museu de Ciências da PUCRGS Porto Alegre, RS ENSAIOS HISTOQUÍMICOS EM MEGALOBÜLIMÜS PARANAGUENSIS (GASTROPODA, PULMONATA) . JOSÉ LUIZ MOREIRA LEME Museu de Zoologia Universidade de São Paulo São Paulo, SP JOSÉ GERALDO SANDOVAL São Paulo, SP MALACQFAUNA DOS FUNDOS DE LAMA DO NORDESTE DO BRASIL HENRY R. M ATT HE WS Laboratório dc Ciências do Mar Universidade Federal do Ceará Fortaleza, CE MARC KEMPF Instituto de Pesquisas da Marinha Rio de Janeiro^ RJ COMPOSTO £ IMPRESSO NAS OFICINAS DA grafica olímpica editora, ltda. RUA DA REGENERAÇÃO, 475 - EONSUCESSO RIO DE JANEIRO - GB - BRASIL EM NOVEMBRO DE 1975