Xi Jf f^ t.^, ->^'^ \w HKt i' i** Ma ji-jnT .^^» ' A^ k^^-" ^.-^V> ** ^>, ^H-^^- / <**'5VX». , 7 <'1.//H>, ^ i^^^ '^i l^^*t^^lyl iípf 'Vt HARVARD UNIVERSITY, LIBRARY OF THE MUSEUM OF COMPARATIVE ZOOLOGY. ^^.Cs"^^ %\,AA>^ japuia BROTERIA 'o:p€i'-t>zoj c-'íieci>€i- 1904 (2 S) ®y2 % \ TERIA S (m. \ w eRs REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES r DO COLLEQIO DE S. FIEL VOLUME 2."-1903 ^j LISBOA Papelaria — LA BÉCARRE — Typographia 47, Rua Nova do Almada, 49 1903 (S ^^.C^^i^í" S) BROTE "ê) (S!é. W eJb REVISTA DE SCIENCIAS NATURAES DO GOLLEGIO DE S. FIEL SU M M AR IO r C. ZlMMERMANN MicrOSCOphl IV- £^eÍL7Í. C. Mendes — Lepidopteros da Re- gião de S. Fiel. J. S. Tavares — Revista anmial de Cecidologia. .1. Bresadola — Diagnoses Fungo- rinn novoriim. C. Mendes — iV/iTne/VíT pratica de caçar, preparar e conservar as borboletas (fora do texto). VOL. 11-1903 FA.SCIGTJLOS I E II COM UMA ESTAMPA (Publicados a 3o de Março) Dépôt exclusif pour Tétranger LISBOA Papelaria— LA BÉCARRE — Typographia 47, Rua Nova do Almada, 49 igo3 ^ \ lllllITÉlilA E AS IIE\IST.\S StlEMIFlCAS EXTR.HGEIllAS Varias revistas extrangciras têm feito referencias elogiosas á Broténa, e algumas copiaram o Índice do i." volume. A todas agradecemos os im- merecidos elogios. Mencionaremos só as seguintes: A Inscklen-Borse (de Leipzig) diz em seu n.° 46 (i3 de Novembro de 1902): «Começou a publicar-se em Lisboa uma nova revista de sciencias naturaes, chamada Brotéria, cujo redactor principal é o professor Joaquim da Silva Tavares. EUe publica no 1." volume trabalhos muito importantes sobre zoocecidias. Ainda o entomologista encontra no citado volume uma enumeração dos Lepidopteros da região de S. Fiel, feita por Cândido Mendes d'Azevedo, professor no mesmo collegio. Termina a revista por uma lista dos colleccionadores da fauna e flora portuguezas». A mesma revista pediu-nos a traducçao em allemao do nosso mo- desto estudo sobre o movimento da cecidia do Nanophyes pallidus Oliv., e publicou-a com as figuras em seu n.° 8 (19 de Fevereiro de 1908). Le Monde des Plantes (de Mans, França) no n." 19 (1 de Janeiro de i()o3) diz: «Os professores do Collegio de S. Fiel (Soalheira, Portugal) começaram a publicação de uma revista, a que deram o nome de Brotéria, em honra de Brotero, celebre botânico portuguez. O primeiro volume contem muito interessantes estudos sobre zoocecidias e fungos, em que são descriptas muitas espécies novas». Na Marcellia, Rivista Internationale di Cecidologia (de Pádua) no fasciculo IV, 1Q02, sobre o 1." artigo da Brotéria e outro publicado pelo mesmo auctor nos Annaes de Sc. Nat. (Porto, 1901) escreve o sr. dr. A. Trottcr : «Este trabalho do sr. Tavares representa uma das mais impor- tantes contribuições cecidologicas, que têm sido publicadas nestes últi- mos annos, tanto pelas muitas coisas novas que o auctor nos apresenta — numerosíssimas cecidias e substratos novos e 84 espécies de insectos novos c algumas variedades — como também pelo methodo esmerado e diligencia, com que os estudos estão redigidos. Alargar-nos-hiamos mais do que conviria, se quizessemos dar sobre elles noticia cabal. As cecidias enumeradas, algumas minuciosamente descriptas, são ao todo 029, e dis- postas conforme os grupos e géneros zoológicos dos insectos productores. Até o estudo dos commensaes foi pelo A. feito diligentemente e assim é que também nesta parte são varias as coisas interessantes que observou. Termina o trabalho por dois Índices alphaheticos, um dos cecidozoides, outro dos substratos». No Botanisches (Icntratbtait (llollaiida) n." 3, vol. q2, U)o3, o sr. dr. Jú- lio A. Henriques, depois de dar noticia do trabalho do sr. Torrend sobre os fungos da região de Setúbal, accrescenta: «É uma addicção importante á Hora mycologica portugueza». A propósito da Microscopia Vegetal do sr. C. Zimmermann, diz o mesmo egrégio botânico: «I^ um excellente es- tudo praciico para os estudantes portuguezes». MICROSCOPIA VEGETAL C. ZIMMERMANN do Quikett Microscopical Glub (de Londres) e Professor no Gollegio de S. Fiel (Continuado do rol. I, p. -fg) Infiltração Sc em seguida á deshydrataçao quizessemos fazer os cor- tes, encontraríamos ainda varias difficuldades; em muitos ca- sos, qualquer tentativa seria baldada. Embora o objecto tenha pela fixação e deshydrataçao alcançado certa consistência, esta comtudo não é tal, que se possam fazer cortes tão delgados e extensos, como requer o nosso estudo. Mister se torna pois, que o objecto seja completamente embebido numa substancia liquida ou em dissolução, a qual, depois de solidificada, lhe dê a dureza conveniente, sem pre- judicar-lhe a estructura, por delicada que seja. Esta substancia ha-de escolher-se tal que possa ser cortada junctamente com o objecto por uma boa navalha, como se tudo fora uma só massa homogénea: e serão tanto mais homo- géneas a massa e a consistência, quanto mais perfeita houver sido a infiltração. Diversas são as substancias que podem empregar-se. As mais usadas e merecedoras de toda a confiança são a paraf- Jina e a celloidina. Para não alongar demasiado o artigo, fa- larei somente da primeira, reservando para ulterior trabalho quanto ha que dizer da segunda. BROTÉRIA [30j , METHODO DA PARAFFINA Penetração dos objectos. — O primeiro cuidado é fazer embeber integralmente os objectos num dissolvente da paraffina. Entre estes dissolventes escolheremos só os três seguintes, que nos têm servido em nossos trabalhos. Destes três merecem ainda preferencia ao terceiro o primeiro e se- gundo. O primeiro é o xylol. Faremos previamente as 4 series seguintes com o xylol: I álcool absoluto 3 partes jxylol I parte (álcool absoluto 2 partes jxylol 2 partes c (álcool absoluto i parte xylol 3 partes d 1 xylol puro Na mistura a devem ficar os objectos, depois de feita a deshydratação, de i a 10 horas. Depois passam successiva- mente para b e c, ficando em cada uma d'estas mj^sturas o mesmo tempo que na primeira. Por fim lançam-se em xylol puro, onde permanecerão 4 a 10 horas, ou ainda mais, até que a penetração seja completa. Conhece-se que esta se perfez, quando os objectos mostram uma transparência perfeita. Con- vém renovar o xylol pelo menos uma vez. Não ha inconve- niente grave em prolongar mais do que é necessário esta pe- netração, podendo até os objectos ficar alguns dias no xylol. O segundo dissolvente, tão bom como o primeiro e de ma- nipulação muito commoda, é o óleo de cedro. Procederemos com elle do modo seguinte. Num tubo pequeno de vidro lançamos álcool absoluto em quantidade tal, que os objectos possam ficar mergulhados. [3i] c. zimmermann: microscopia vegetal 7 Com uma pipeta tomamos depois egual quantidade de óleo de cedro, fazendo-o passar delicadamente para debaixo do ál- cool. Os dois líquidos conservam-se separados no tubo em virtude da differença do peso especifico: o álcool fica em cima. Mergulham-se em seguida os objectos com todo o cuidado no álcool, de modo que fluctuem na superfície de separação dos dois líquidos. Pouco a pouco se irão embebendo no óleo de cedro, e mergulhando cada vez mais, até que por fim che- gam ao fundo do tubo. Ha então certeza de que a penetração é completa. Com uma pipeta tira-se todo o álcool, que sobre- nada ao óleo de cedro. O terceiro dissolvente, de muita utilidade, é o chloroformio. Com elle faremos as seguintes series: [álcool absoluto 2 partes *^ jchloroformio i parte [álcool absoluto i parte chloroformio 2 partes c jchloroformio puro Em a G. b ficarão os objectos cerca de 6 horas; em c dei- xal-os-hemos 6 a 8. Infiltração. — Feita a penetração, podemos proceder á infiltração, que se deve fazer lenta e gradualmente. Para o conseguir dissolveremos a frio uma pouca de parafiina em xy- lol, se foi elle que serviu na embebição. Nesta dissolução, que se pode fazer ou num tubo de vidro ou, melhor ainda, num vidro de relógio, deixaremos os objectos 2 a 4 horas, ou mais. Depois juntaremos paraffina até á saturação, deixando aqui os objectos por egual espaço de tempo, passando-os finalmente para um banho de paraflina pura, em ordem a completar a infiltração. As paraffinas não têm todas a mesma temperatura de fu- são. É preciso escolher uma com que se possam fazer cortes BROTÉRIA [3-2] muito fino.s, sem estes se enrolarem ou encarquilharem. Esta escolha depende da temperatura do ambiente, bem como da natureza do objecto. Deve pois em tempo quente empregar-se paraffina mais dura, isto é, de ponto de fusão mais elevado do que na estação fria. Não obstante o inconveniente que re- sulta da paraffina demasiadamente branda, é muito maior do que no caso contrario. Muitas vezes experimentei, que o calor produzido pela fricção da navalha nas passagens repetidas atravez da paraffina, ao cortál-a, basta, para ella abrandar, conseguindo-se assim bons cortes, depois dos primeiros que venham a estragar-se. Paraffina com o ponto de fusão a 45" é geralmente boa para uma temperatura de 14° a i8'\ Entre 18" e 22° servirá paraffina cujo ponto de fusão seja 48°; entre 22" e 2 5" convém empregál-a com a temperatura de fusão egual a 5o'\ Mas ainda neste caso o guia mais seguro é a experiência de cada qual ( •). Os objectos mettem-se no banho de paraffina pura em vi- dros de relógio. E recommendavel dar-lhes sempre dois ba- nhos successivos, pois no primeiro banho ficam alguns restos do dissolvente, que impedem que a paraffina tome a devida consistência. Muito importa que a paraffina não passe nunca alem do ponto de fusão durante o aquecimento; pois, se isto succedesse, não só lhe augmentaria a dureza ao objecto, mas haveria perigo de estragar os tecidos com o calor excessivo. Para manter a paraffina no ponto de fusão, aquece-se o banho ou numa jiiesa de injiltração ou numa estufa, em que, por meio de um thermoregulador, se possa obter temperatura determinada e constante. Para o uso ordinário é recommen- davel a mesa de infiltração, não só por ser muitissimo mais barata (qualquer latoeiro a pôde fazer), mas também porque nos casos ordinários serve tão bem como a estufa. A mesa convém que seja feita de uma lamina de cobre, porque este (') Paraffina com differentes pontos de fusão, adequados aos trabalhos microííraphicos, encontra-se á venda cm todas as fabricas de productos chimicos e microj^raphicos. [33] c. zimmermann: microscopia vegetal metal, em razão do seu pequeno coefficiente calorífico, presta- se melhor que os outros para manter uma temperatura con- stante. A do meu uso arranjei-a do modo seguinte. Tomei FiG. 9 uma lamina de cobre em forma de triangulo isosceles com uma base de q'^'^ e altura de 34*^"". A distancia de 24^^"^ da base dobrei a lamina em angulo recto; e á de 29'^"' dobrei-a de novo, mas em sentido opposto, dando ao todo a forma, que a fig. 9 representa. A lamina assim dobrada basta accrescentar três pés de ferro de 3 a b^^ de altura, e temos assim uma mesa barata e ao mesmo tempo muito commoda. Para aque- cer a mesa, colloca-se uma lâmpada de álcool por baixo da parte horizontal mais pequena, servindo a parte mais larga para aquecer os banhos. Para ter a certeza de que a tempe- ratura do banho de paraffina não excede a do ponto de fusão, é preciso ter cuidado, que nas bordas do vidro de relógio fi- I o BROTÉRIA [34] que sempre pequena quantidade de paraffina por dissolver: o que não é difficil de conseguir. Logo que a paraffina esteja quasi toda fundida, approxima-se o banho da base da mesa: depois de algumas tentativas, obter-se-ha um logar sobre a lamina, aonde a temperatura seja constante e tal, que sempre fique nas bordas do vidro uma pequena parcella de paraffina, que não chegue a fundir-se. Ahi pode ficar o banho todo o tempo necessário, sem ser precisa outra vigilância senão conservar a lâmpada accesa. Mas qual será o tempo necessário, para que os objectos no banho de paraffina pura fiquem completamente infiltrados? — Não é fácil marcar tempo certo: só a experiência pode dar resposta satisfactoria. Entretanto, tendo empregado como dis- solvente o xylol ou o óleo de cedro, e sendo os objectos pe- quenos, bastam ordinariamente duas horas. Ha porém casos, em que duas horas seriam excessivas: e outros em que mais horas não bastariam, sendo preciso até um dia e mais, prin- cipalmente quando tivermos usado o chloroformio como dis- solvente. Neste ultimo caso é claro que não conviria empre- gar a mesa de infiltração, mas sim a estufa com thermoregu- lador. Esta estufa, cujo constructor é o Dr. Hermann Rohrbeck (Berlin N. W., Karlstrasse, 20), é óptima e tem 3 repartições de temperaturas diversas, que se podem regular á vontade. A altura total é de 60'^"^ e a largura 28'^'^. Ha outros modelos adaptados ao mesmo fim, sobre os quaes qualquer constructor de apparelhos micrographicos dará os desejados esclareci- mentos. Inclusão. — Resta agora metter os objectos já infiltra- dos num bloco de paraffina. Vários processos ha para isto se conseguir: o mais simples de todos é o que ordinariamente uso e me parece recommendado por Bolles Lee e Henneguy. Corta-se com uma navalha um cubo de paraffina com a aresta de ijô*^"^ de comprimento. Com um arame de cobre bastante grosso, dobrado em angulo recto e aquecido na chamma de álcool, funde-se a paraffina numa das faces do cubo, até fazei' [35] c. zimmermann: microscopia vegetal 1 1 uma cavidade, onde caiba o objecto. Em seguida tira-se este rapidamente do banho de paraffina com uma pinça e mergu- liia-se na cavidade, dando-lhe ao mesmo tempo a orientação com que deve ficar. Se no meio doestas manipulações a paraf- fina se solidificar, funde-se de novo com o arame. Depois da inclusão deixa-se resfriar o bloco, ou, depois de ter adquirido certa consistência, lança-se em agua fria, onde em pouco tempo se solidifica e faz apto para ser cortado. Outro methodo, muito usado pelos microscopistas, é o da caixeta de cartão. Bilhetes de visita ou postaes servem perfei- ^ ^ tamente. Toma-se um cartão £ '$.. \::i~.SJ' cf' FlG. IO pouco mais ou menos da forma indicada na fig. lo e de tamanho proporcionado ao bloco que se quer obter. Dobra-se sempre no mesmo sentido, segundo as linhas a a', b b', c d e d d' . Do mesmo modo se dobra segundo as linhas A A, B B', C C qD D'. Estas do- bras obtêm-se applicando Ac so- bre Aã e apertando o cartão se- gundo a linha AA'. Nos outros ângulos procede-se de maneira análoga. Fica assim a caixeta ainda incompleta com azas nos ângulos. Para a completar, vi- ram-se as azas para fora, applicando-as ás faces mais estreitas da caixeta: dobra-se em seguida o excesso de altura das bor- das mais estreitas para fora e applica-se ás faces lateraes. Es- tas caixetas de cartão offerecem a vantagem de se poderem tirar d'ellas facilmente os blocos de paraflina solidifi- cados, sem perigo de os quebrar. A inclusão nas caixetas pode-se fazer ainda de dois modos: dar primeiro ao Fig. II objecto a desejada orienta- 12 BROTERIA [36] FiG. i: cão dentro por meio de agulhas e lançar em seguida a paraffina licjuida, retirando as agulhas só depois de solidificada; ou, com maior facilidade e expedição, dei- tar primeiro paraffina liquida na caixeta até uma certa altura, espe- rar que tome consistência sufficiente para o objecto, que se lhe colloca em posição certa, não poder mergulhar, e encher o resto com paraffina liquida. As caixetas de cartão podem ser vantajosamente substituí- das por molduras de metal ou vidro, que permittem dar ao bloco qualquer tamanho. As fig. ii e 12, que representam estas molduras, são tão claras que excusam de explicação. Succede algumas vezes ficarem bolhas de ar dentro do bloco ou não tomar a paraffina a devida homogeneidade em toda a extensão. Remedeiam-se todos estes inconvenientes com agu- lhas aquecidas, que se fazem passar varias vezes pelos pontos, onde estiverem as bolhas de ar, ou houver falta de homoge- neidade. Corte. — Antes de começar a cortar o bloco de paraffina, é necessário dar-lhe forma conveniente. Consegue-se isto por meio da truncatura das quatro arestas da face, em que ficou o obje- cto, dando ao bloco a forma de prisma recto, encimado por um tronco de py- ramide quadrilatera, como representa a fig. i3. As truncaturas continuam-se até ao objecto, deixando de um dos lados uma camada pequena de paraffina, que, ao cortar, deve ficar orientada para o gume da navalha. O bloco segura-se no niicrotomo, quer apertando-lhe com pinças a parte infe- lior, quer soldando-o antes, por meio de uma agulha aquecida, a um cubo de ma- Fig. r ^ / j 7 [37] c. zimmermann: microscopia vegetal i3 deira ou directamente á platina do microtomo, pois alguns já a têm para este fim. Se o corte do objecto tiver num sentido comprimento maior que no outro, procura-se que a aresta mais comprida fique pa- rallela ao fio da navalha. Apresentando. porém o objecto eni duas faces oppostas, perpendiculares ao corte, diíferente resis- tência, é necessário que a face de maior resistência esteja do lado do fio da navalha. Convém fazer ao principio os cortes mais grossos do que os que definitivamente se querem obter, diminuindo progres- sivamente a espessura. Tendo a paraffina a conveniente dureza, e cortando-se com uma navalha bem afiada, ficam os cortes estendidos, e d'este modo facilmente se fixam na lamina. Succede porém, que 4iem sempre se encontra paraffina ap- propriada, circumstancia esta que difficulta notavelmente a ma- nipulação. Se a paraffina for demasiado branda, têm os cortes tendência a encarquilhar; se demasiado dura, enrolam-se fa- cilmente; e, se não houvesse meio de evitar estes inconvenien- tes, ficariam os cortes irremediavelmente perdidos. Ás vezes basta alterar a temperatura do quarto, abrindo ou fechando ja- nellas, para modificar a dureza da paraffina. O enrolamento pode também evitar-se ao cortar, apertando a preparação á navalha com um pincel muito fino, o que dá ordinariamente melhor resultado do que os apparelhos (Schnittstrecker em al- lemãoj, que para este fim se inventaram e se ajustam á mesma navalha. Porém o processo mais commodo é o de cortar os objectos emjifa ou cadeia. Só o microtomo, em que a navalha se não move directamente á mão, permitte tal modo de cortar. O fio da navalha neste caso deve fazer um angulo recto com o mo- vimento d'ella, e o bloco de paraffina deve ser preparado de tal modo, que cada corte tenha a forma de um rectângulo com dois lados parallelos ao fio da navalha. Assim se consegue, que a borda posterior de cada corte se colle á anterior do se- guinte, formando uma cadeia ou fita continua. Neste caso só o primeiro corte se pôde enrolar. É comtudo indispensável, 14 . BROTÉRIA [38] que a paraftina não seja demasiadamente dura: pois então os cortes não se collariam uns aos outros. Pode-se muitas vezes evitar este inconveniente, approximando do bloco, sem tocar- Ihe, uma lamina quente. Este methodo de cortar em fita não só obsta ao enrolamento dos cortes, mas dá-nos também a certeza de que nenhum dos cortes se perdeu, o que em estudos embryologicos é de summa importância, facilitando ao mesmo tempo a fixação dos cortes á lamina. Ha ainda outro modo de estender os cortes enrolados ou encarquilhados. Falarei d'elle, quando tractar do modo como se collam os cortes á lamina. * Não me parece fora de propósito, dizer agora alguma coisa sobre o modo de afiar as navalhas do microtomo, não só porque este ponto exige o máximo cuidado, mas também porque nem sempre se encontra official que o saiba fazer: alem d'isso evi- tam-se despesas. Convém ter sempre duas pedras para afiar as navalhas, uma finíssima, outra mais áspera. Estas pedras fornece-as qualquer constructor de microtomos. Para as molhar empre- ga-se agua, e não azeite. Julgar que com azeite se pode obter um fio mais fino é engano. A superficie da pedra deve ser plana: se com o uso se tiver tornado concava, é necessário fazel-a de novo plana. Ao passar a navalha na pedra, é mister que o gume e as costas assentem simultaneamente nella. A navalha deve fazer certo angulo com a pedra, e mover-se de tal modo, que a parte anterior da navalha com respeito ao sentido do movi- mento seja sempre o gume. Passa-se alternativamente de uma extremidade da pedra á outra, sem nunca passar duas vezes no mesmo sentido. Ao principio pode-se carregar um pouco; depois cvite-sc a pressão. O fio estará bom, se em todo o comprimento cortar [39] c. zimmermann: microscopia vegetal ID um cabello seguro entre os dedos numa das extremidades, e, quando visto com uma lupa, apresentar uma perfeita continui- dade, sem o minimo indicio de dentes. Em seguida procede-se ao polimento. O melhor processo de polir é o recommendado por Hugo v. Moll. Numa lamina grossa de vidro, do tamanho das pedras de afiar, prepara-se com agua e cal de Vienna (Wienerkalk) a massa de consistência pastosa, e passa-se-lhe a navalha por cima com movimento em forma de arco, análogo ao de afiar. De quando em quando examina-se o fio com uma lupa; e, quando apresentar uma como linha brilhante em toda a sua extensão, podemos dar o polimento por acabado. Em logar de cal de Vienna pode também empregar-se diamantina. Em quanto se fazem os cor- tes, convém passar algumas vezes a navalha por um bom as- sentador ordinário. * Succede que a navalha, ao passar pelo bloco, tira o objecto da paraffina. Isto é indicio evidente de que os tecidos não ti- veram deshydratação completa. Querendo salvar o objeto, deita-se de novo em xjdol, afim de dissolver toda a paraffina, e sujeita-se a nova deshydratação mais completa. Como já disse, podem-se conservar indefinidamente os blo- cos de paraffina com os objectos. Para este fim é melhor met- tel-os em caixas feitas de propósito, como representa a fig. 14, as quaes podem conter 100, 200 ou Soo, ficando cada um no seu loculo com indicação do objecto, dos diversos processos empregados na preparação, etc. Pode também pôr-se em cada bloco seu numero, escrevendo num caderno as indicações ne- ^^^ cessarias. ■^^^^^^ Os cortes, tanto separados, FiG. 14 como em fita, tiram-se da na- l6 BROTÉRIA [40] valha do microtomo ou do apparelho, em que alguns microto- toinos os recebem, com um pincel macio ou com uma espátula. e collocam-se sobre uma folha de papel branco. Collagem. — As laminas ordinariamente empregadas para a collagem são as de formato inglez — 26X76""". O vidro deve ser branco e sem defeito. Antes de se usarem, é mister limpar laminas e lamellas(*j, de forma que se lhes tire a gor- dura, por pouca que seja. Hanaman (Amer. Natural, xn, p. b']3J recommenda o processo seguinte : Mettem-se as lamellas e laminas numa mis- tura de 8 partes de solução saturada de bichromato de potás- sio e I parte de acido sulfúrico forte. Ao fazer esta mistura é necessária cautela por causa do calor e vapores que se des- prendem. Siler (Journ. Roy. Mie. Soe. 1890 p. 5o8) deixa as laminas e lamellas algumas horas numa solução de 2 partes de bichromato de potássio, 3 de acido sulfúrico e 2 5 de agua. Em seguida lava-as em agua e limpa-as com um panno. Eu emprego ordinariamente acido azotico diluido. Deixo nelle meia hora ou mais as laminas e lamellas; depois lavo-as durante algumas horas em agua corrente, e por fim em álcool a 90;. E também recommendavel o methodo seguinte. Mergulham- se as laminas e lamellas durante alguns momentos em acido sulfúrico; depois passam-se para acido acético forte, para agua corrente e finalmente para álcool. Podem-se limpar muitas laminas e lamellas ao mesmo tempo, conservando-as depois resguardadas até servirem. Para collar os cortes sobre a lamina, emprega-se como (') Reservo o nome latiicllas pnra desit;nar umas laminasinhas delgadas de vidro, de íorma quadrada, rectangular ou circular, que se collocam so- bre a preparação da lamina fDeckí^his em aUcm.; coinrc-objecls cm franc; cover f(lass cm ingl./ [41] c. zimmermann: microscopia vegetal 17 fixativo ou a albumina de Mayer, ou o collodio de Schaelli- baum, que se encontram á venda nas lojas de productos mi- cfographicos. O primeiro emprega-se, quando se coram as preparações depois de cortadas; o segundo é muito commodo, quando os objectos se cortam depois de corados. A albumina de Mayer pode-a cada qual preparar do modo seguinte. Tomam-se 5o grammas de clara de ovo, a que se addiciona i gramma de silicato de sódio, dissolvido previamente em pequena quantidade de agua. Em seguida juntam-se-lhe 5o gr. de glvcerina pura. Mexe-se tudo muito bem, e filtra-se atra- vez de um panno tino. Este fixativo toma depois de algum tempo uma cor avermelhada, que não o estraga. A albumina de Ma3'er preparada deste modo conserva-se por seis mezes e mais. Para collar a preparação, estende-se com o Índice da mão ou com um pincel fino uma ténue camada d'este fixativo sobre uma lamina muito limpa. Sobre ella collocam-se com uma es- pátula, numa área pouco menor que a lamella, os cortes em duas ou três linhas. Se porém os cortes estiverem encarquilha- dos ou enrolados, põem-se primeiro sobre a camada do fixa- tivo algumas gottas de agua destillada, extendendo-as unifor- memente sobre a albumina com uma vareta de vidro. CoUocadas as preparações na agua, aquece-se tudo suavemente sobre uma chamma de álcool. A temperatura deve ser tal que os cortes se aplanem perfeitamente, sem que a paraffina se funda; pois, se se fundisse, os cortes não adheririam á lamina. Em seguida pÕe-se a lamina num logar accessivel ao ar, mas resguardado da poeira, até que se tenha completamente evaporado a agua. Pode-se accelerar a evaporação, collocando a lamina em logar quente, por exemplo numa estufa, aonde o calor não chegue á temperatura de fusão da paraíhna. Collados d'est"aite os objectos sobre a lamina, podem passar pelos hquidos dissolventes, corantes, deshydratantes e aclaran- tes, sem correrem risco de se separarem da lamina. Convém aqui, antes de se sujeitarem as preparações aos processos de coloração, dissolver a paraffina. Faz-se isto do modo mais rápido e commodo, segurando a lamina entre os dedos sobre uma chamma de álcool a distancia tal, que o calor BROTÉRIA [42] possa derreter a parafíina, sem destruir os tecidos. Depois so- pra-se fortemente em cima da preparação, para separar para os lados a maior parte da paraffina derretida, que se tira com um panno. O resto sairá nalguns segundos dissolvido no xylol que se lança sobre a preparação. * * Antes de levar a preparação para o corante, temos de re- parar se este é alcoólico ou aquoso, e se, para dissolver a matéria corante, se empregou álcool ou agua destillada. Se o dissolvente foi álcool (ordinariamente de 70°), é preciso que a preparação passe por via regressiva pela serie de alcooes mencionada na pag. 74 do vol. i da Brotéria, começando pelo álcool absoluto e continuando até ao grau do álcool do corante. No caso do corante ser aquoso, é mister percorrer esta serie de alcooes completamente até á agua destillada. Nesta passa- gem regressiva pelos alcooes basta que a preparação se de- more alguns segundos em cada um. Feita esta hydratação, parcial ou total, passa-se a prepara- ção para o corante. Ahi permanecerão os cortes o tempo que exigir a qualidade do corante e a natureza dos tecidos. Viria aqui, como em logar próprio, tratar dos principaes corantes e do seu emprego. Supponhamol-o feito, e continuemos a expor a serie das manipulações, por que, independentemente de qualquer corante, devem passar as preparações. Adeante indicarei os corantes de uso mais geral e os proces- sos, que exigem, notando desde já, que a coloração requer todo o cuidado e vigilância; pois, se for mal feita, longe de tornar o corte mais próprio para o estudo, e, digamol-o também, mais agradável á vista, inutilisal-o-ha, ou lhe diminuirá o valor. * # Depois da coloração e da competente lavagem, passam-se [43] c. zimmermann: microscopia vegetal 19 as preparações successivamente pela serie de alcooes, já men- cionada, começando pelo álcool que tiver o mesmo grau que a solução corante. Alguns segundos em cada álcool bastam. Em seguida a esta deshydratação, que deve ser completa, mergulham-se as preparações microscópicas um a dois minu- tos num liquido clarificador, que tem por fim, não só remover o álcool dos tecidos, mas também dar, em virtude da sua forte refrangibilidade, aos mesmos tecidos grande transpa- rência e facilitar ao meio conservador o embebêl-os comple- tamente. Servem para isso tanto o X340I, como o óleo de cedro. Em logar de mergulhar toda a lamina com os cortes nos differentes líquidos dissolventes, corantes, deshydratantes e cla- rificadores, podem-se collocar só algumas gottas d"esses líqui- dos sobre a lamina. Não recommendo .porém em geral este methodo, não só porque em vários casos é impossível, ou pelo menos muito difficil em virtude da grande volatilidade de cer- tos líquidos', mas também porque o primeiro processo é mais económico. Para mergulhar as laminas nos diversos agentes ha provetas, copos e c3dindros de varias formas, uns melhores que outros. Muito commodo é um cylindro de vidro com um operculo de metal, em cuja parte inferior ha 6 pinças, para segurar 6 laminas ao mesmo tempo (•). Quando basta deitar uma ou mais gottas do liquido sobre a lamina, podem.-se empregar frascos conta- gottas com uma pipeta, que serve ao mesmo tempo de rolha (fig. i5 e 16). Fig. i5 Para a preparação ficar prompta é preciso lançar uma gotta de liquido conservador na lamina e cobríl-a com uma lamella. Ha muitos meios conservadores; porém, o mais geralmente (') Cada cylindro custa 5oo réis. 20 BROTERIA [44] empregado no methodo da paraffina é o bálsamo de Canadá. Dissolve-se este no xylol em tal quantidade que tome consis- tência xaroposa. FiG. iG A gotta de bálsamo põe-se na lamina com uma vareta de vidro. Não deve conter bolha alguma de ar: e, se a tiver, ha-de-se tirar ou desfazer com uma agulha. Alem d'isso a gotta não deveria nunca ser maior nem menor do que é prcciso'^para tomar o espaço que medeia entre a lamina e a lamella. Isto consegue-se com a pratica. Também é necessário collocar a lamella com cuidado, sem a deixar cair sobre o bálsamo, de outra sorte licarão bolhas de ar debaixo d'ella. A maneira como eu procedo é a seguinte: Seguro a borda da lamella com uma pinça de metal na mão direita e apoio um dedo da esquerda sobre a lamina. Po- nho depois a borda da lamella opposta á da pinça em contacto com a lamina, de modo que faça com ella um angulo diedro tal que ainda não toque na gotta do bálsamo. Em seguida diminuo lentamente o diedro, até estar toda a lamella em contacto com a lamina. Por esta forma só raríssimas vezes me fica na pre- paração alguma bolha de ar. A lamella, depois de collocada sobre a preparação, aperta-se brandamente contra a lamina; e assim se expulsa muitas vezes qualquer bolha que tenha /içado. O ar pode tirar-se com a machina pneumática, pondo a preparação na platina debaixo de uma campânula. De ordinário porém mais vale deixar as [45] c. zimmermann: microscopia vegetal 2 i bolhas que não saírem facilmente, fazendo outra preparação, quando for preciso. Se a gotta de bálsamo não encher todo o espaço entre a lamina e a lamella, pode-se remediar este inconveniente, dei- tando mais bálsamo numa das bordas da lamella; pois este em breve lhe passará para baixo em virtude da capillaridade, sem deixar logar nenhum vazio. Quando se usa do bálsamo, não é necessário empregar ne- nhum cimento para soldar as bordas da lamella á lamina. Coloração. — A operação mais delicada e que requer do microscopista maior cuidado é a coloração. Na escolha do corante é evidente que não nos devemos guiar pelo facto de elle dar uma côr mais ou menos bonita, mas sim pela diffe- renciação que produz em grau elevado, modificando o Índice de refracção aos differentes tecidas e aos elementos cytologi- cos. Quanto maior for esta differenciação, mais relevo tem a preparação c mais apta se torna para o estudo*, pois assim não somente facilita melhor, distinguirem-se os diversos elementos uns dos outros, mas torna até visíveis alguns," que de outro modo se não poderiam divisar, por ser o seu Índice de refrac- ção egual ao do meio conservador. Os corantes, conforme o effeito, podem-se dividir em co- rantes de coloração diffiísa e de coloração electiva. A coloração diffusa tem por fim dar mais relevo a todos os elementos anatómicos de tal modo que se vejam aquelles, que de outra sorte não seriam visíveis, e se distingam melhor os que sem a coloração se não poderiam observar com a de- vida nitidez. Outro é o fim da coloração electiva. Esta cora somente determinados elementos anatómicos, deixando os outros inta- ctos, ou córando-os de maneira differente. D"aquí já se pode inferir, que' esta coloração leva grande vantagem á diffusa. A coloração electiva podemos ainda dividil-a em colora- ção electiva de eleição histológica e de eleição cytologica. A primeira cora 'todos os elementos, que se referem a um certo e determinado tecido; a segunda porém cora determinados ele- 22 BROTÉRIA [40] mentos oiolofçicos em todos os tecidos, embora estes sejam de ditíerente natureza. Assim, por exemplo, podem-se corar so- mente os núcleos (eleição nuclear); ou pelo contrario só determinados elementos do protoplasma (eleição plasmá- tica). A coloração ainda pode ser directa ou por ria progressiva, ou então indirecta ou por via regressiva. Teremos a coloração directa, quando interrompermos a acção da matéria corante sobre os cortes num dado momento; procedendo em seguida á lavagem. Este processo usa-se principalmente, quando se quer corar o objecto em massa ou in totó. Indirecta será a coloração, em que se coram os objectos ou os cortes intensa e diftusamente, seguindo-se depois a descoloração, com que tira- mos o colorante a alguns elementos, deixando aos outros a sua cor. Esta descoloração faz-se de ordinário com um álcool aci- dulado, e delia falaremos a seu tempo. Quanto á fineza da coloração e electividade, é preferível a indirecta, pelo menos com a maior parte dos corantes. Não nos importamos aqui com as diversas theorias, que se estabeleceram sobre a interpretação da electividade dos coran- tes. Pretende a theoria physica, que esta electividade provem da diversidade de constituição ph3'sica dos elementos vegetaes. A theoria chimica por seu lado attribue a electividade á dilfe- rente constituição chimica, querendo assim da diversidade de coloração deduzir a diversidade de constituição chimica. Estas theorias parecem demasiado exclusivistas e, a meu ver, mal andaria o microscopista, se deduzisse as suas conclu- sões, unicamente fundado nestas theorias. Não admira que a coloração tenha sido tão bem estudada, vista a sua grande importância. Assim é que o numero dos colorantes cresceu até ao ponto de não haver investigação es- pecial, que não tenha tambeni os seus corantes particulares. Não é pois minha tenção falar aqui de todas as matérias co- rantes, que isso daria um largo tratado; mas unicamente dos colorantes de emprego mais fácil e universal. 1. Horaxcarniim alcoólico de Grennacher. E sem duvida, a par do [47] c. zijmmermann: microscopia vegetal 23 carmalumen. a melhor matéria corante para colorações /// totó. E por elle que deve começar o principiante. Depois da fixa- ção, lavagem e deshydrataçao incompleta até ao álcool de 70", passam-se os objectos para o boraxcarmim. Nelle devem per- manecer dois ou mais dias. Não ha muitas vezes inconveniente algum em deixal-os nelle semanas inteiras. Convém porém, quando a coloração exigir muitos dias, addiccionar ao corante algum álcool de 80", com o fim de conservar melhor os teci- dos. Depois da coloração lavam-se os objectos em álcool de 70", até que já não larguem tinta alguma, fazendo em seguida a deshydrataçao e as outras manipulações. Se a coloração for demasiada, o que será muito raro, podc-se-lhe tirar o excesso por meio de uma lavagem com álcool de 70", ligeiramente acidulado. O boraxcarmim evidenceia brilhantemente os núcleos. A es- tabilidade da sua acção é muito grande em todos os meios con- servadores. Embora para a coloração que produz, qualquer fixa- dor dê bons resultados, comtudo é preferível o fixador mercurial. Para corar os cortes com o boraxcarmim, bastam de ordi- nário três a seis horas, não havendo comtudo inconveniente em lhe prolongar a acção. 2. Carmalamen de Mayer. — É excellente para a coloração in totó, de fácil manipulação, e talvez de maior delicadeza do que o boraxcarmim. Leva-lhe vantagem em poder penetrativo, de modo que se pode diminuir o tempo necessário para a colora- ção. Por esta mesma razão é melhor para objectos volumo- sos. Estes podem estar no corante o tempo que se quizer, sem perigo da coloração ser demasiado intensa. Como é aquoso, devem-se metter nelle os objectos antes de começar a deshv- dratação. A lavagem ha-de fazer-se com agua destillada, ou antes com uma solução de alúmen. 3. Hemaloxjiina de Delafield. — E também um corante recommen- davel aos principiantes. A coloração pode fazer-se tanto por via progressiva, como por via regressiva. No primeiro caso 24 BROTÉRIA [48] deve evitar-se a coloração demasiada, que é muito fácil. Para corar em massa bastam ordinariamente 4-6 horas, c alguns minutos apenas, para a coloração dos cortes. Como o corante é aquoso, deve-se fazer a lavagem com agua. Produz os me- lhores effeitos nas preparações em que o fixador foi chromo- acetico. Faz sobresaír com nitidez as paredes cellulares e os núcleos: por esta razão é excellente para estudos embr3olo- gicos. Para coloração iii totó recommenda Newton Evans, M. D. no Journal of Áplied Microscopy (Vol. iv pag. 1 172) o seguinte methodo, que me tem dado muito bons resultados. A hen^iato- xylina junta-se, antes de se usar, agua em quantidade egual ao seu volume. Os objectos devem ficar no corante cinco dias. Depois de curta lavagem em agua destillada, descóram-se du- rante 2 horas em álcool acidulado da seguinte maneira: Acido chlorhydrico i parte Álcool de tp" 70 partes Agua 3o » # Muito instructivas e de grande valor são as colorações, em que se empregam difterentes corantes successivamente, ou ao mesmo tempo. Podem assim dar-se aos diversos elementos cores differentes; pois uns fixam de preferencia uma matéria corante, outros outra; ou, fixando-as ambas em proporções diversas, tomam differente cor. Por agora mencionarei apenas algumas das matérias mais empregadas nesta espécie de coloração. 4. Safranina-liemaloxjlina. — Serve principalmente para o estudo do systema vascular. Os elementos lenhifeitos fixam a safra- nina, emquanto os elementos cellulosicos tomam a cor da he- matoxylina. O methodo pode ser o seguinte, applicavel uni- camente aos cortes: [4q] c. zimmermann: microscopia vegetal -ih i) Safranina anilinada (24-48 horas)-, 2) lavar levemente em agua; 3) descorar com álcool acidulado ('/iojO), até não extrahir tinta; 4) lavar levemente em agua; 5) deitar em hematoxylina (3-S minutos); 6) lavar em agua; 7) deshydratar, aclarar e montar. 5. Safranina-genciaua violeta orange. i) Safranina anilinada (2 a 3 dias, e mais); 2) lavar levemente em agua; 3) descorar em álcool acidulado (Viooo), até não extrahir tinta; 4) corar com genciana violeta (i-3 horas); 5) lavar em agua; 6) corar (apenas alguns minutos) em orange. Quando os cortes ainda largam nuvens roxas, mettem-se em álcool abso- luto, até não largarem tinta. 7j aclarar (essência de cravo ou bergamotaj; 8) montar. E este um methodo muito delicado e exige muita destreza e critério, principalmente na descoloração. ^ 6. Mistura tricolor de Elirlich-Heidenhain. 1) Metter os cortes 2 horas em acido acético diluido (yiooo); 2) tintura de iodo (i5 minutos); 3) lavar levemente em álcool; 4) corar (6-18 horas) na mistura tricolor; 5) lavar levemente em agua; 6) deshydratar o mais depressa possível; 7) aclarar com xylol; 8) montar em bálsamo. Este corante tem difterentes empregos, mas é sobretudo de grande vantagem nos estudos karyokineticos. A chromatina 26 BROTÉRIA . [5o] cora de azul no estado de repouso, e de verde no estado ki- netico; os elementos plasmicos tomam ditferentes cores. Con- vém que os cortes sejam muito finos. 7. Kernschwarz-safranina. i) Kernschwarz, até que os cortes tenham uma ligeira cor cinzento-amarellada (o tempo de duração varia segundo o kernschwarz é de preparação recente ou antiga; com material fresco bastam alguns segundosj; 2) lavar ligeiramente em agua; 3) safranina (24-28 horas: em logar da safranina pode-se também empregar genciana violeta ou azul de victoria); 4) deshydratar, aclarar e montar em bálsamo. 8. Safranioa-gencíaDa violeta. i) Safranina anilinada (2-4 horas); 2) lavar em álcool de 25"; 3) lavar em agua; 4) genciana-violeta (2-5 minutos); 5) lavar em agua; 6) desh3^dratar, aclarar e montar em bálsamo. Esta coloração é de applicação bastante geral. Deu-me muito bons resultados no estudo da exina e entina dos grânu- los de pollen. A exina fixa o roxo da genciana e a entina o encarnado da safranina. 9. Safranina-nigrosina. — Este methodo é também só applicavel aos cortes. Córam-se primeiro em safranina (2-3 horas) e depois em picro-nigrosina (3o minutos). A picro-nigrosina pode preparar-se do modo seguinte: Agua destillada 100 cm. Acido picrico i gr- Nigrosina i » Dissolve-se o acido picrico completamente em agua e junta- [5i] c. zijvimermann: microscopia vegetal 27 se-lhe a nigrosina. A picro-nigrosina também se pode comprar já preparada. 10. HematoxylÍDa-eozína. 1) Hematox3'lina (i5-3o minutos); 2) lavar em agua destillada; 3) lavar em álcool ligeiramente acidulado ('/looo), até que os cortes não larguem tinta; 4) lavar em agua tépida até os cortes retomarem uma bella cor azul; 5) lavar em agua ordinária; 6) eozina (5 minutos); 7) lavar em agua destillada; 8) deshydratar, aclarar e montar em bálsamo. 'II. Verde de melhylo. — Não deve faltar em nenhum laborató- rio micrographico, pois é incontestavelmente o mais importante e delicado de todos os corantes nucleares. É o colorante por cxcellencia da chromatina, córando-a quasi instantaneamente e com a máxima delicadeza. No núcleo não cora senão os chromosomas, não actuando sobre os nucleolos plasmáticos, caryoplasma e fuso karyokinetico, nem sobre a membrana nu- clear. Serve unicamente para cortes, e esses em preparações temporárias, pois a coloração é instável. Perguntar-me-hão agora, qual d'cntre tantos corantes se deverá preferir, e qual o melhor para o fim que se pretende. E impossível dar resposta, cathegorica, porquanto são tantas as circumstancias que influem no feliz êxito da coloração, que só a experiência em cada caso particular indicará o corante, que se ha-de preferir. Mais ainda: não basta sabermos que tal co- rante tem dado bons resultados a outros micrographos, para d'ahi concluirmos com certeza que a nós nos succederá o BROTÉRIA [52] mesmo. A pratica neste caso, como em muitos outros, é o melhor mestre e guia. O principiante, que deseja adeantar cm microscopia, não deveria nunca lançar mão de um novo corante, sem ter facili- dade no uso do que já conhece, e sem lhe saber bem os effeitos sobre os diversos elementos cytologicos. A principio applicará a coloração em massa, por ser mais fácil. Começará por exemplo pelo boraxcarmim; sirva-se em se- guida do carmalumen e da hematoxylina; e só bastante depois experimentará a coloração dos cortes em um, dois ou três co- rantes. Não desanime com os maus resultados, pois elles mes- mos contribuirão para augmentar os seus conhecimentos. * * Depois de exposto o mcthodo da paraffina, era agora talvez a occasião de tratar do segundo methodo (celloidina). Deixal-o- hei porém para o artigo seguinte, e interromperei a aridez d'este assumpto, propondo ao novel microscopista um exercício fácil. Escolhi de propósito um estudo, que não exige o em- prego do microtomo, para mostrar que também sem elle tem o microscopista vastíssimo campo de se instruir c deleitar. Para este primeiro estudo servirão vegetaes, que qualquer pode obter com a máxima facilidade. A estampa, que acompanha o texto, facilitará esse estudo. Não supponho conhecimentos especiaes em botânica, mas tão somente o pouco que exige o programma oíficial nas aulas de instrucção secundaria até ao quarto anno dos lyceus (inclusive). Granulo de Pollen do Pinns Pinaster Soiami. [P. marilima Brot.) O Piíius Pinaster Soland., a que Brotero deu o nome de Pinus marilima, é o pinheiro ordinário ou pinheiro bravo, que se cncontia em todo Portugal, já isolado, já formando pi- [53] c. zimmhrmann: microscopia vegetal 29 nhaes mais ou menos extensos. O poUen d'este vegetal é abun- dantissimo e no tempo da pollinisação (abril e maio) cae em tal quantidade que cobre ás vezes a terra circumjacente ao tronco do pinheiro. O povo dá a este phenomeno o nome de chiwa de enxofre. Neste tempo recolheremos algumas flores masculinas com o pollen maduro, mas ainda não disseminado, as quaes nos for- necerão material abundante para o estudo. Preparação: 1) Prepara-se em primeiro logar uma lamina com fixativo de Mayer, como foi dicto na pag. 17. 2) sacode-se sobre o fixativo uma flor masculina: os grâ- nulos de pollen desprendem-se em grande quantidade e muitos ficam adherentes ao fixativo; 3) mette-se a lamina dois minutos, pouco mais ou menos, em álcool absoluto, lavando-a logo durante alguns segundos em agua; 4) córa-se durante 5 minutos numa solução aquosa de sa- franina, o que se pode fazer mettendo a lamina nos cylindros de vidro, que contêm as matérias corantes, ou collocando uma gotta do corante no pollen. Por meio de breve lavagem com agua tira-se o excesso da safranina, que adhere ao vidro e ao fixativo; 5) córa-se depois outros 5 minutos numa solução alcoólica de genciana violeta; 6) completa-se a deshydratação até ao álcool absoluto; 7) aclara-se a preparação durante 2 minutos em x3'lol; 8) Põe-se uma gotta de bálsamo de Canadá na preparação e cobre-se com uma lamella. Descripção. Observando agora a nossa preparação e at- tendendo só á forma e estructura dos grânulos de pollen, sem nos importarmos da coloração, veremos com um pequeno au- gniento (lente A, Zeiss) muitos grânulos de pollen, que se apre- sentam á nossa vista sob as formas a-d da estampa. Sem du- vida ficaremos surprehendidos com a forma singular, que nos olTcrece o granulo de pollen do Pimis Pinaster. Temos deante 3 o BROTHRIA [34] de nossos olhos um lindo exemplar de um granulo de pollen composto ou pluricdliãar. Observamos uma cellula central com duas vesiculas lateraes. Estas vesículas antes da matura- ção do granulo, estão repletas de um liquido aquoso, que na maturação desapparece, ficando as vesiculas cheias de ar. É este ar incluso que faz com que ellas se mostrem com a forma de saccos pretos, quando o granulo se observa ou a secco ou só na agua. Servem de balanceiros ao granulo, facilitando-lhe a disseminação, cujo agente é o vento. Usando de um augmento maior (Lente D, Zeiss) e procu- rando um granulo de pollen, que se nos apresente na posição da fig. a, notaremos que a cellula central, parte essencial e vegetativa do granulo, se nos mostra com a forma de um circulo, coberto em parte pelas vesiculas lateraes. Imprimindo ao tubo do microscópio pequenos movimentos ascendentes e descendentes, veremos que a cellula central e as vesiculas se distinguem com maior perfeição cada qual por sua vez; de forma que, se ao principio apparecerem mais claramente as vesiculas, ser-nos-ha preciso descer um pouco o tubo para a cellula central se mostrar nitida e clara. D'isto concluiremos que as vesiculas e a cellula central não estão no mesmo plano, ficando aquellas mais perto dos olhos do observador. Pondo a foco as vesiculas, admiraremos na membrana um finíssimo e delicado retículo, proveniente de engrossamentos locaes da membrana, os quaes, sem augmentarem notavelmente o peso ao granulo, servem evidentemente' p5ra dar solidez á membrana das vesiculas, conservando-as extendidas e retesadas, A forma das vesiculas nesta posição é comparável á de uma el- lipse com o eixo maior perpendicular ao do granulo de pollen no seu maior comprimento. Não nos enganaríamos, se affirmas- semos que a forma é a de um ellipsoide; mas acertávamos só por acaso. Com effeito para estarmos certos da figura de um objecto, é preciso observal-o em differentes posições; de outra sorte corremos risco de nos enganarnios. O estudo da cellula central fal-o-hemos num granulo que se nos mostre na posição da fig. b. Dilíere esta da anterior, em estarem as vesiculas lateraes mais aftastadas da ocular e [55] c. zimmermann: microscopia vegetal 3i portanto a cellula central, para assim dizer, pousada sobre ellas. Focaremos com a maior perfeição a cellula central. Como é sabido, a cellula pollinica tem muitas vezes duas membranas: uma interna de cellulose pura, summamente elástica e exten- sivel, que a seu tempo emitte o tubo poliinico; outra externa não elástica e cutinizada, umas vezes completamente lisa, ou- tras coberta de ponctuações, tubérculos, arestas, pellos e vários engrossamentos de formas e figuras variadas. Observando com attenção, distinguiremos facilmente a exina, que forma um an- nel roxo (por ter fixado a genciana violeta) em volta da entina corada pela safranina. A entina é lisa; só dos lados, d'onde partem as vesículas, se prolonga numas saliências ou tuberosidades, que diminuem ou desapparecem totalmente na borda livre da cellula central. A cellula pollinica, propriamente dieta, não tem a côr pura da safranina, mas é algum tanto roxeada, por ser vista atravez da côr violeta da exina. As duas linhas, que na fig. a q b parecem unir, em forma de arco, as duas vesículas entre si atravessando a cellula cen- tral, são as arestas da face inferior da mesma cellula, como distinctamente se pôde ver na fig. d. No centro da cellula ha um grande núcleo com seu nucleolo. Attendendo sô ás fig. a e b, seriamos talvez levados a julgar que a forma da cellula central é espherica. Porém a fig. c, que nos apresenta um gra- nulo de pollen, visto de lado, e a fig. d, em que o mesmo está obliquamente, mostram não ser essa a verdade. Também vemos que o núcleo não occupa o centro da cel- lula, mas se approxima da face superior, como se vê na fig. c. Do conjuncto das figuras podemos deduzir a forma da cellula poUinica e das duas vesículas lateraes. A primeira assemelha-se a um solido, cuja figura fundamental é um tronco de pjTamide com a base maior convexa, com a outra base e faces lateraes concavas, e com as arestas mais ou menos quebradas. Já acima indicamos a forma das vesículas lateraes. Effeitos da coloração. O exemplo proposto evidenceia-nos não somente as vantagens da coloração em geral, mas ainda a J2 BROTÉRIA [56] Utilidade especial da coloração dupla. Se observássemos o gra- nulo não colorido, a secco ou na agua, distinguiriamos apenas os contornos geraes do granulo, a cellula central ligeiramente amarellada e duas vesículas lateraes pretas. Em vão procura- ríamos o elegante reticulado polyedrico da membrana das ve- sículas lateraes: o próprio núcleo escaparia á nossa observação. Como a membrana vesicular e a exina só fixam o roxo da genciana e a cor da safranina, podemos d'ahi inferir que a constituição d estes invólucros é diversa, sem comtudo se poder dizer que esta differença é de natureza chimica ou physica, como já notamos acima. Assim também se não podia só pela egualdade da coloração da membrana vesicular e da exina concluir logicamente a egualdade da sua constituição, e muito menos affirmar que a membrana vesicular deriva da exina, embora na realidade assim seja. Observação. A coloração é estável e portanto própria para prepara- ções permanentes. Se as tintas não tiverem a intensidade desejada, basta prolongar ou diminuir a acção do corante. De um modo análogo ao granulo de pollen do Pimis pinaster pode- ríamos estudar também os grânulos de outras espécies do género Pinus, ou de quaesquer phanerogamicas. E um estudo interessantíssimo, que nos patenteará grande variedade de tamanhos e formas. Muitos grânulos nos encantarão com a sua belleza. Assim, por exemplo, são muito para vistos os grânulos do pollen do Convolvuhis tricolor, Lythrum salicaria, Oenothera biennis, Zostera marina, Cuciirbita pepo, Chycorium Intibiis, Passijlora caerulea; e dos géneros Scor^onera, Ciiphea, Dipsacus, Epilobiuin, etc. Mais tarde teremos occasíão de estudar a formação do pollen, assim como a sua funcção no phenomeno da fecundação. As figuras da estampa foram todas desenhadas ao natural (sem ne- nhum exaggero) com augmento de Soo diâmetros. Phragffiidium subcorticium schrank (Ph. Rosarum Futh., Uredo Diinialiim Pers.} Talvez já os meus leitores reparassem que as folhas da roseira apresentam muitas vezes na pagina interior uns montí- culos de pó alaranjado, que depois se laz preto. São ellcs for- mados por esporos de um itmgo parasita, chamado Phragmi- [Sy] c. zimmermann: microscopia vegetal 33 dium suhcorticiíim, pertencente ás Uredineas. Os esporos ala- ranjados são os ecidiosporos; os escuros, os teleutosporos ou esporos de inverno. F^ste fungo parasita é espécie autoica, i. e., as suas diííe rentes phases de vegetação dão-se na mesma planta. Estudaremos os teleutosporos, para o que é necessário colher folhas com esporos escuros. Preparação: i) Prepara-se uma lamina com fixativo de Mayer. 2) Com uma lanceta ou navalha deitam-se alguns monticu- los de teleutosporos no fixativo, aonde se desfazem com uma agulha. 3) Mette-se tudo durante dois minutos em álcool de 70". 4) Completa-se a desh3'dratação até ao álcool absoluto. 5) Aclara-se em xylol durante 1-2 minutos. 6) Monta-se no bálsamo de Canadá. Podemos também fazer lindas preparações permanentes de um modo mais simples. i) Colloca-se sobre a lamina uma gotta de álcool de 70° e para elle se levam os teleutosporos, como no processo an- terior, deixando-os permanecer ahi alguns minutos, 2) Tira-se o excesso de álcool com papel passento ou com um panno de linho limpo; mas ha-de-se ter cuidado não se eva- pore completamente o álcool, afim de evitar que entre os es- poros fiquem bolhas de ar. 3j Colloca-se sobre os esporos uma gotta de gelatina gly- cerinada ou ghxerina pura e guarda-se a preparação durante alguns dias ao abrigo da poeira. 4) Cobre-se com uma lamella, cujas bordas se cimentam hermeticamente, passando sobre ellas uma vareta de vidro, previamente mergulhada numa solução de bálsamo de Canadá no xylol. Soldada assim a lamella com bálsamo, já se pode con- servar. Mais tarde é sempre conveniente cobrir o bálsamo com outro cimento, que com o decorrer do tempo não abra gretas. Para isso recommendo o gold-siie, que é barato. Descripção. Os teleutosporos do Phragmidiuiii subcorti- 34 BROTÉRIA [58J ciutn são pluricellulares. Sobre um peciolo hyalino, engrossado ordinariamente no meio, reunem-se 4-9 cellulas com a forma de rosário. Estas cellulas são escuras, de membrana finamente verrugosa. A cellula na extremidade superior do esporo tem sempre uma papilla incolor. A fig. /representa um teleutosporo maduro. Numa phase mais atrazada de vegetação se encontra o esporo representado na fig. g. Pode observar-se nelle com nitidez a massa granulosa, que enche as cellulas e o peciolo. A cor das cellulas é amarella, levemente alaranjada. Fixando a attenção numa das cellulas e servindo-nos da lente -D, dis- tinguiremos um, dois e talvez três ponctos de cor mais clara. A primeira vista quiçá tomaríamos estes elementos por nú- cleos; porém enganar-nos-hiamos. São poros. Cada cellula tem quatro; mas a projecção óptica ordinariamente só deixa ver dois, por estarem em planos diversos. Para os ver todos (ainda que não ao mesmo tempo) moveremos levemento o tubo do microscópio para cima e para baixo. Observação. Esta preparação não exige coloração. Assim como estudamos os teleutosporos do Phragmidiuui subcorti- ciitm, podemos também estudar os ecidiosporos, teleutosporos e uredospo- ros de diversas uredineas, que tão frequentemente são parasitas de outros vegetaes, principalmente na pagina inferior das folhas. Micrasterias denticulata ii:cb E uma alga microscópica da familia das Desmidiaceas, de forma elegantíssima e S3'mctna quasi perfeita, que não deixará de excitar a nossa acimiração. Encontra-se frequentemente na agua dos tanques c charcos em grandes colónias, juntamente com os rotiferos, crustáceos e infusorios. Podemos conserval-a no estado de vegetação num aquário ou numa tina. renovando a agua de quando em quando. A luz é precisa para a assimilação do carbonco, mas deve vir de cima e não entrar pelos lados. Preparação. O melhor modo de observar esta desmidiacea é no estado natural de plena vegetação. Basta para isso col- [5g] C. ZIMMERMANX: MICROSCOPIA VEGETAL 35 locar uma gotta de agua com as algas sobre a lamina e co- bril-a com uma lamella. E verdade que assim fica o núcleo invisivel; mas, querendo-o evidenciar, colloca-se numa das bordas da lamella uma gotta de verde de methylo. que não tardará a correr para debaixo delia, se do lado opposto extra- hirmos a agua com papel passento. Pode porém succeder que muitas algas sejam arrastadas pela corrente para fora da lamella. Querendo evitar este inconveniente, deita-se a gotta de verde de methylo nas algas, antes de lhes sobrepor a la- mella. O núcleo está collocado no isthmo da cellula e apparecc brilhantemente, em razão do verde de methylo se combinar com a chromatina. Se o principiante não quizer apurar a paciência, fará me- lhor deixando as preparações permanentes d'esta alga, para quando tiver alcançado maior pericia. Consiste a difficuldade na quasi impossibilidade de evitar a plasmolvse. Não será inútil estudar aqui brevemente este phenomeno que já toquei noutra parte (vol. i, p. 71). Se depois de cobrirmos com a lamella o Micrasi crias col- locado numa gotta de agua, lhe fizermos entrar lateralmente a-lcool de 70", notaremos que o protoplasma se contrae em breve, o que facilmente se deprehende dô espaço incolor que fica entre elle e a parede celkilar. Com effeito o álcool, como muito ávido de agua, rouba ao protoplasma uma grande quantidade d'ella: dahi a contrac- ção. Nem somente se dá a plasmolyse em meios alcoólicos: nos assucarados, gl3^cerinados, etc, observa-se de modo idên- tico. Disto se colhe que é preciso sejamos acautelados no es- tudo do protoplasma, não seja que julguemos ser normal o que é causado pela plasmolyse. Depois de muitas tentativas consegui fazer bellas prepara- ções do modo seguinte. i) Metti boa quantidade de Micrastcrias num saquinho de papel passento e atei-o bem, para as algas não poderem sair. 3(*) BROTÉRIA [60] Mergulhci-o depois durante 3 minutos num frasco com solução forte de Flemmingí'), onde ficou uma hora. 2 ) Sem o abrir, metti-o no frasco lavador durante 3(3 horas. 3) Deitei-o depois numa solução de hematoxylina de Dela- field, diluída em agua (metade do seu volume) (-j. 4) Terminada a coloração, lavei de novo em agua durante 24 horas. 4) Por ultimo deitei as algas num vidro de relógio com agua, conservando-o em logar accessivel ao ar, mas resguar- dado da poeira. De 4 em 4 horas, pouco mais ou menos, jun- tei uma gotta de gelatina gh^cerinada. Passados 4 dias, es- tava seguro de que se tinha evaporado a agua e também de que o meio, em que as algas se encontravam, era só gelatina glycerinada. Descripção. O Micrastcrias dcnticulata é alga unicellular com cellula laminar, que forma a fronde da planta. E elliptica, com o eixo maior approximadamente de o, 23 mm. A fronde está dividida em duas partes, quasi symetricas, denominadas hemisomas, por meio de um estrangulamento bastante fundo. No isthmo, que une os hemisomas, fica situado o núcleo. A cavidade cellular está cheia de protoplasma granuloso, corado de verde pela chlorophylla, e tem muitos grânulos de amido. O hemisoma completamente desenvolvido consta de cinco lóbulos grandes, formados pelos dois estrangulamentos media- nos e por outros quatro radiaes, que chegam até ao meio do hemisoma. Cada lóbulo se divide ainda por um estrangula- mento menos fundo em dois lóbulos secundários', e estes de novo em outros, ficando os últimos coni a forma de dentes arredondados. Dá-se o nome de pjToiuidcs aos glóbulos incolores e re- frangentes, em torno dos quaes se agrupam os grânulos de amido. (>) CJr. pag. 71, vol. I da Brotéria. (2) Durante a coloração convém abrir o saquinho c observar-lhe os effeitos de quando em quando. Explicação das figuras da estampa 1 a-e: Çranulo de pollen do Pinos pinaster. a) Visto com as duas vesículas para cima. b) Visto com as yesiculas para baixo. c) Visto de face. d) Visto de face, mas um tanto obliquo. e) Qellula central do granulo, para mostrar as tube- rosiôaàes da exina. f) Zeleutosporo maduro do Phragmidium subcorticium. g) Z^eleutosporo não maduro do mesmo. h) jVíicrasterias denticulata (só o hemisoma supe- rior está completamente figurado), i) Closterium lunula. l{) pello escamoso de uma folha de olea Europaea. l) Ssporangio aberto do Scolopenárium officinale. t xic\m^\^^ tí& ^la-^u^XX ^xi& oõ-^^iVAc^x^ò .tiVT\\:) Xi-\tiCj^ ^Ti\\io\^^v ^TiVib ^t) moo o\t"vV (jq .ot-Xtid Ti-\^C3^ ^t>\\io\^s">í z^ moo o\^\^^ (^m otiu o■^o,c(^p^u^\^'3 (j^ .t>\viuvi\ mvi■n^V^o\S (^\ .safiqoiD^ £dío ^b ^A\o\^mvi ^b o^om^o^^ o\\s\ (^^ .aÍBflioftlo fnuíTí)n9qoín32 ob o^-^^àt> o\^T\Ti'\oae'^ ■) I Estampa. Ad nafuramdel.C.Zimmermann. Artist.Anst.v.GebrGotthelfr.Cassel. r6l] C. ZIMMERMANX: MICROSCOPIA VEGETAL 87 Não é raro encontrar exemplares em via de divisão, a qual se faz por meio de um septo mediano de formação cejitripeta: i. e, a formação do septo começa na parede cellular e, pro- gredindo successivamente para o centro, divide por fim o pro- toplasma. Assim se formam duas cellulas que ficam unidas. No isthmo, que separa os dois hemisomas, formam-se dois tubér- culos arredondados, cada um dos quaes se divide pouco a pouco em três lóbulos, depois em cinco e em sete permanecendo os dois individues bastante tempo unidos, embora cada um tenha vida independente. Do modo como se faz esta multiplicação do Micrasterias, conclue-se que os dois hemisomas são de edade diíferente. Observação. Na fig. h da estampa i está só o hemisoma superior com- pletamente figurado. Closterium lunula Urb. É também uma alga unicellular da familia das Desmidia- ceas, que vegeta nos mesmos logarcs, onde cresce o Micraste- rias. As manipulações também são as mesmas, Descripção. O Closterium lunula, cujo comprimento varia entre o,4mm. e o, 5 mm., e largura entre 0,07 mm. e 0,1 mm., tem, como o nome indica, a forma de crescente, com a face ventral pouco concava e as extremidades obtusas. O núcleo está na região equatorial. Os p3'renoides, em numero ordina- riamente egual num e noutro hemisoma, estão collocados em fileira, e diminuem progressivamente para as extremidades da fronde. Nestas mesmas extremidades distinguem-se com faci- lidade dois grandes hydroleucitos pulsáteis, cada um dos quaes tem seis a doze crystaes de sulfato de cálcio em continua tre- pidação. Talvez nos surprehenda o phenomeno que ofterece a parte cellular h3'alina mais próxima da membrana no lado ventral. Parece um corredor ou estrada, por onde caminham os crys- taes de sulfato de cálcio e outros elementos figurados do pro- 38 !5roti':ria . [62] toplasma. Na fig.'/ são estes corpúsculos indicados por pon- tinhos pretos. Veremos por exemplo como um crystal sae do h3^droleucito pulsátil e caminha rapidamente ao longo da mem- brana cellular, indo de encontro a outro c[ue vem do lado op- posto. Umas vezes passam de lado e caminham até chegarem ao hvdroleucito da extremidade opposta ao ponto de partida; outras param cm frente um do outro e voltam, cada qual para o logar, d'onde partiu. Veem-se ainda outros corpúsculos que andam continua- mente para deante e para traz, com movimento bastante limi- tado. Nem é menos para admirar o que succede ás vezes com dois corpúsculos, que, caminhando em sentidos oppostos, ao encontrarem-se, começam a ,andar no mesmo sentido, até che- garem a um dos hydroleucitos. Evidentemente não têm estes corpúsculos em si a causa do movimento; mas são arrastados pelas correntes protoplasmicas, que de outra sorte não ve- ríamos. Observação. A multiplicação do Closleritim faz-se de um modo aná- logo ao do Micrasterias. Não nos devemos contentar com o estudo d'estas duas algas, pois ha outras muitas e muito elegantes na agua doce, pertencentes aos géneros Spirogyra, Oscillaria,Oedogoniutn,Vaiicheria, Pediastruin, etc. O modo de preparação é para todas o mesmo. Podemos também empregar com vantagem como fixador uma solu- ção a Va^-Vs^/o '^'^ acido picrico, como já dissemos. Neste caso devem as algas permanecer 24 horas no fixador, seguindo-se a lavagem com álcool, e não com agua, como também já se disse. A hematoxvlina pode ser sub- stituída pelo boraxcarmim, que mostra o núcleo brilhantemente. Pello da folha de olea europaea l. Estes pellos (estampa i fig. k), de cuja elegância o obser- vador ficará admirado, revestem a pagina inferior das folhas da oliveira e dao-lhe o aspecto argênteo, que apresentam. Preparação. K simplicíssima. Raspa-sc um pouco a pagina [63] c. zimmermaxn: microscopia vegetal Sq inferior da folha com um escalpello ou canivete afiado. Os pellos, que em grande quantidade lhe ficara pegados, deitam- se numa gotta de agua e cobrem-se com a lamella. Não me parece necessário fazer preparações permanentes. Se comtudo alguém as quizer arranjar, pode empregar o pro- cesso indicado para os grânulos de pollen do Piniis Pinaster, ou para os teleutosporos do Phragmidium subcorticiíim. Descripção. Este pello pluricellular pode servir como typo dos pellos escamosos. As cellulas agrupam-se -segundo o eixo maior radialmente em torno de um centro, d"onde parte o pe- queno pediceilo do mesmo pello (que não deve ser tido como núcleo). As paredes cellulares tem cor ligeiramente amarellada. Esporangio do scolopendrium officinale Lqi. O Scolopciídriíim officinale (Estampa i, fig. 1.) (vulgarmente língua cervina), é um feto bastante frequente em Portugal, onde se encontra espontâneo e cultivado nas estufas e jardins como planta de ornamentação. Na pagina inferior da fronde (nome da expansão laminar do feto, a que o vulgo chama folha) veem-se em linhas parallelas e quasi perpendiculares ao eixo da mesma fronde, os soros, que, como se sabe, são formados pela reunião de esporaugios. Preparação. Podemos fazer o mesmo que indicamos no exemplo anterior. Descripção. Se observarmos um esporangio com a obje- ctiva D, surprehender-nos-ha a sua forma singular. Parece um capacete. A parede consta de uma só camada de cellulas, que deixam vêr os esporos escuros, contidos no esporangio. Estes esporos, quando maduros, apresentam na membrana engros- samentos em forma de cristas dentadas. Algumas cellulas cir- cumdam o esporangio em forma de meridiano (que occupa pouco mais ou menos três quartas partes da circumferencia) e têm a parede cellular interna lateralmente muito engrossada e lenhifeita. O conjuncto doestas cellulas forma o annel ou 40 BROTARIA Í^H] connecticulo do esporangio. apparelho mecânico, que lhe facilita a dehiscencia e por consequência a disseminação dos esporos. Em quanto as cellulas do esporangio estão muito vivas e cheias de liquido, os ramos dos engrossamentos em forma de U fi- cam sensivelmente parallelos e separados, em virtude da tur- gescência das cellulas. Quando porém na maturação o con- teúdo das cellulas diminuc e consequentemente a turgescência cessa, então esses ramos tendem a approximar-se. Dahi resulta que o connecticulo procura endireitar-se, com o que faz grande tensão sobre a res- tante parede do es- porangio, cujas cel- lulas têm a mem- brana delgada. Es- ta parte não tarda em romper-se e as- sim lança para lon- ge os esporos do interior. Observação. Se não tivermos á mão fron- des da língua cervina, podem servir quaes- quer fetos, como por exemplo o Polypo- dium viilgare, Pteris aquilina e Osnnmda rcf^alis, que não são raros nas diversas re- giões de Portugal. Nclles poderemos ob- servar esporangios de estructura análoga á do que nos serviu de exemplo. FiG i7(') (') Estufa de que falei a pag. lo, onde esta fig. não pode entrar por motivos independentes da minha vontade. LEPIDOPTEROS DE PORTUGAL I LEPIDOPTEROS Da região de S. Fiel (Beira Baixa) POR CÂNDIDO MENDES D'AZEVEDO 1'rofessor no GoUegio de S. Fiel {Continuado do i vol. pag. i5ij Fam. noctuid/e Sub-Fam. ACRONYGTIN.E Ghx. Dentas Stph. 98. Coryli L.— Maio. Gen. Acponycta o. 99. Leporina L. var. Bradyporina Tr. — Rara. 100. Aceris L. — Maio. loi. Psi L. — Maio. 102. Auricoma F. — Maio. La9:arla: Na Erica araa:oneusis. Fm Janeiro, no alto da Serra da Guardunha. Chrysalida no principio de Fevereiro. Em Junho tornei a en- contral-a nas faldas da Serra sobre uma silva. io3. Eupliorbiae F. — Rara. 42 BROTÉRIA [28] 104. Rumicis L. — Abril, Junho e Agosto. Lagarta: Commum em Outubro sobre plantas muito diversas, como: Louicera, Mcntha, Rtibus. Sub-Fam. TRIFINíE Gen. Agpotis O. io5. JantMna Esp. — Rara. loò. Pronuba L. — Maio. Louriçal. 107. Orbona Hufn. — Julho. Matta do Fundão. 108. Comes Hb. — Junho, Julho e Agosto. Quinta de S. Fiel e Matta do Fundão. io(). Castanea Esp. var. Neglecta Hb. iio. Agathina Dup. — Agosto, Serra da Estrella (Nave de S. António). 111. Xanthographa F. var. Ooliaesa HS. 112. Glareosa Esp. — Outubro. 11 3. Leucogaster Frr. — Maio e Agosto (J. da Cruz Tava- res!). 114. * Fidelis J. de Joannis (i. 1.) — Maio. S. Fiel e Quinta da Serra, pousada n'um carvalho (Q. pcduuciilata). Obs. Esta espécie, até agora inédita, não tardará em ser descripta pelo Rev. P. J. de Joannis. que lhe dá este nome em honra do Collegio de S. Fiel. 11 3. Puta Hb. Communissima em Março e Abril; Setembro e Outubro. [2(')] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 43 a) ab. ç Lignosa God. — Também commura. íiG. Exclamationis L. — Maio e Agosto. S. Fiel e Covilhã. 117. Tritici L. var. Eruta Hb. — Agosto, Serra da Estrella (Quinta do Ribeiro Negro). Obs. Segundo o Catalogo de Staudinger só se conhecia esta variedade do Valais, Hungria e Rússia meridional. a) var. Seliginis Dup. — Agosto, Serra da Estrella (Quinta do Ribeiro Negro). Obs. O mesmo Catalogo só cita esta variedade da Hungria, Sarepta e Alpes, e accrescenta que parece espécie diversa. 118. Obelisca Hb. — Rara. 119. Ypsilon Rott. — Agosto. Margens da Ocreza. Rara. 120. Segetum Schiff. — Março e Abril. 121. Trux Hb. — Setembro. 122. Saucia Hb. — Maio e Novembro. 123. Crassa Hb. — ^Agosto, Covilhã. Setembro, S. Fiel. Gen. Pachnobia Gn. 124. Faceta Tr. — Fevereiro, Março e Dezembro. Gen. Epineuponia Rbi. 125. Popularis F. — Agosto. Serra da Estrella (Nave de Santo António). 120. Oespitis (S. V.) F. — ^ Outubro. 44 BROTÉRIA [27] Gen. Mamestra Hb. 127. Brassicae L. — Maio, Julho e Setembro. 128. Albicolon Hh.— Maio. Rara. i2q. Oleracea L.^Maio; Setembro. i3o. Trifolii Rott. — Abril, Junho; Setembro c Outubro. i3i. Chrysozona Bkh. — Abril e Maio. Gen. DianthcBcia B. i32. Mag:nolii B. — Maio. i33. Albimacula Bkh. Junho: í34. Capsincola (S.^^) Hb — Abril. i35. Oarpophaga Bkh. var. OapsopMla Dup.— Abril. Gen. Miana Stph. 136. Strigilis Cl. — Junho. Gen. Bpyophíla Tr. 137. Raptricula Hb. — Junho; Setembro. a) ab. Deceptricula Hb. b) vai-. Oxybiensis Mill. cj ab. Striata Stgr. — b^m fins de Julho; mais rara que as outras formas. [26] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIET. 4? i38. Ravula Hh. — Junho; Setembro. Em grande numero em ambos os mezes. a) var. Ereptricula Tr, — Mais commum que a forma typica. Obs. Ha exemplares, em que as azas anteriores são d\im negro quasi uniforme, sem se distinguirem desenhos alguns. 139. Algae F. — Julho e Agosto. S. Fiel e Covilhã. Obs. Em Julho encontrei duas na Quinta dos Fornos, pou- sadas nos troncos dos sobreiros, nas quaes a cor verde era muito escura, 140. Muralis Forst. íGlandifera Hb.) — S. Fiel e Castello Branco em Julho. Serra da Guardunha e da Estrella em Agosto. 141. Perloides Gn. — Setembro. S. Fiel, Quinta dos Carva- lhos e do Ribeiro Negro. 142. Perla F, — Setembro. Gen. Valeria stph. 143. Jaspidea Vill. — Março e Abril. Gen. Pseudohadena Aiph. 144. Immunda Ev. var. Halimi Mill. Gen. Hadena Schrk. 145. Solieri B. — Setembro. Oledo (Fr. dos SanctosI) 146. Ocliroleuca Esp. — Junho. 46 BROTÉRIA [27] Gen. Metopoceras Gn. 147. Felicina Donz. — Abril, Maio e Junho. Gen. Cladocera Rhr. 148. Optabilis B.- Rara. Gen. Heliophobus B. 14c). Hispida HG. — Setembro e Outubro. Gen. Aporophila Gn. iSo. Lutulenta Bkh. — Outubro. i3i. Nigra Hw. — Outubro c Novembro. Lagarta: No Cytisus albus em Março e Abril. Gen. Epunda Gn. i52. Liclienea Hb. — Outubro. Gen. Polia (O.) Tr. i53. Flavicinota (S. V.) F. — Outubro e Novembro. Lagarta: No Cytisus albus em Abril. 1 54. Venusta B. — Outubro. i55. Xanthomista Hb. — Rara. a) var. Nigrocincta Tr. — Julho e Setembro. i5(k Canescens Dup. — Outubro. Ghn. Miselia o. 157. Oxyacanthee L. Novembro. [28] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 47 Gen. Dpyobota Ld. i58. Furva Esp. — Novembro. Soalheira e Lousa. Lagarta: No Qucrciis ilex (azinheira), em Maio. 159. Roboris B. — Novembro. Soalheira e Lousa. Lagarta: No Qiierciis ilex, em Abril e Maio. 160. Protea (S. V.) Bkh. — Novembro. Soalheira e Lousa. Lagarta: No Qiietxus ilex, em Maio. Gen. Chioaniha Gn. i(3i. Hyperioi F. — Março, Abril, Junho e Agosto. Gen. CallopíStria Hb. {EriopusTv.) \Cy2. Purpureofasciata Piller — Junho, Julho e Setembro. S. Fiel, Lousa e Castello Novo. i63. Latreillei Dup. — Fevereiro, Maio e Agosto. Gen. Tnachea Hb. 1(4. Atriplicis L. — Agosto, Covilhã (Ribeiro Negro). Gen. Trigonophopa Hb. IÔ5. Jodea HS. — Outubro. Gen. Bpotolomia Ld. i6(3. Meticulosa L. — Abril; Setembro e Outubro. Lagarta: No Umbiliciis pendulimis em Janeiro. Gen. Mania Tr. 1Õ7. Maura L. — Agosto. Dentro das minas. 48 BROTliRIA [29] Gex. Ccenobia Stph. 168. Rufa Hw. — Outubro, Gen. Tapinostola Ld. i(x). Myodea Rhr. — Outubro. 170. Fulva Hb. var. Fluxa Tr. — Outubro. Gen. Sesamia Gn. 171. Nonagrioides Lef. — Maio a Julho; Setembro e Outubro. Lagarta: No interior do caule do milho em Maio e Junho. Ainda que alguns annos se propaga bastante, não me consta que tenha causado por estes sitios estragos notáveis, como os que se contam d'outras partes. Gen. Leucania Hb. 172. Scirpi Dup. — Abril e Maio; Setembro. Covilhã e S. Fiel. 173. Putrescens Hb. — Setembro. 174. L álbum L. — Maio a Setembro. 175. Loreyi Dup. — Outubro. \qC). Vitellina Hb. — Abril a Junho; Setembro. 177. Albipuncta F. — Maio, Junho e Setembro. 178. Lythargyria Ksp. var. Argyritis Rbr. — Setembro. S. Fiel e Covilhã. Gen. Stilbia Stph. I7<). Anómala Hw. — Setembro, no alto da Serra da Guar- dunha. [3o] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 49 Gen. Caradrina (Hb.) O. i8o. Exigua Hb. — Junho a Setembro. i8i. Quadripunctata F. — Marco, Maio e Agosto. 182. Selini B. — Outubro. a) var. Notivaga Bell. (lu fusca Const.) — Maio. i83. Kadenii Frr. — Junho. 184. ? Germainii Dup. — Rara. 18Õ. Ambígua F. — Maio. Gen. Hydrilla B. 1 86. Pallustris Hb. — Junho, dentro de casa. Ribeira da Ocreza, em Agosto e Outubro. Gen. Taeniocampa Gn. 187. Pulverulenta Esp. — Marco. Lagarta: Em Maio nos carvalhos do Monte de S. José. 188. Stabilis View. — Março. Lagarta: Abril e Maio, nos carvalhos do Monte de de S. José. 189. Gracilis F. — Abril. Gen. Dicycla Gn. 190. Oo L.— Junho. Nos carvalhos do Monte de S. José. aj ab. Renago Hw. 5o BROTÉRIA [3l] Gkn. Anchoscelis Gn i()i. Lunosa Hw. — Outubro. Gex. Orthosia o. 192. Ruticilla Esp. — Março. 193. Pistacina F. — Outubro e Novembro. a) ab. Canária Esp. bj ab. Rubetra Esp. 194. Litura L. — Outubro. a) var. Meridionalis Stgr. — Novembro. Gen. HopOPina Rlanch. iq3. Croceago F. var. Corsica Mab. — Outubro. Lagarta: Maio, no Qiicrcus To^a. Monte de S. José. Gen. Orrhodia Hb. !()(). Ligula Esp. ab. Uniformis Stgr. — Março. 197. Rubiginea F. — Dezembro. a) var. Staudingeri Grasl. — Dezembro a Março. Gen. Calocampa Stph. 19!^. Exoleta L. Lagarta: Vi duas em Maio no C}iisi/s alhi/s, que SC metamorphosearam no principio de Junho. [32] C. MENDES: LEPJDOPTEROS DE S. FIEL Dl Gex. Xylocampa Gn. iqq. Areola Esp. — Fevereiro, Abril e Novembro. Gen. Lithocampa Gn. 200. Millierei Stgr. — Maio. Gen. Calophasia Stph. 201. Platyptera Esp. — Maio. Agosto, Serra da Estrella {F. Mattozo Santos 1. s. c. pag. 126). 202. Hamifera Stgr. — Abril e Maio. 203. Almoravida Grasl. — Abril c Maio. Gen. Cleophana b. 204. Baetica Rbr. — Abril e Maio. S. Fiel e Lousa. 205. Yvanii Dup. — Abril. Maio e Junho. Commum. Gen. Cucullia Schrk. 2o(3. VerbascS L. — Abril e Maio. Lao-aríã: Maio e Junho no yerbascum ihapsiis. 207. Chamomillee Schiff. — Abril. Gen. Eutelia Hb. 208. Adulatrix Hb. — Rara. Gen. Heliothis O. 20(). Dipsacea L. — Maio. S. Vicente da Beira. 52 BROTÉRIA [33] 2 10. Peltigera Schitt'. — Covilhã, Agosto. No alto da Serra da Estrclla e da Guardunha em Setembro. 211. Armigera Hb. — Junho e Setembro. Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos 1. s. c. pag. 128). 212. Incarnata Frr. — Maio, Serra da Guardunha. Gen. Acontia (O.) Ld. 21 3. Lucida Hufn. — Abril e Junho ^ Setembro. 214. Luctuosa Esp. — S. Fiel, Junho; Setembro. Lousa, Maio. Covilhã, Setembro. Gen. Eublemma Hb. 21 5. Arcuinna Hb. — Rara. Gen. Thalpochares Ld. 21(3. Dardouini B. — Junho; Setembro. 217. Polygramma Dup. var. Pudorina Stgr. — Junho, Serra da Guardunha. 21S. Ostrina Hb. — Junho. a) var. Carthami HS. — Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos 1. s. c. pag. i2()). Agosto, Serra da Guardunha. 2i(). Parva Hb. — Julho, S. F^iel. Quinta dos Carvalhos. Se- tembro. 220. Oandidana F.— Maio. S. P^iel e Soalheira. 221. Scitula Rbr. -Junho. [34] C. MEXDHS: I.EPIDOPTEKOS DE S. FIEL 53 Gen. Metoponia Gn. 222. Vespertalis Hb. — Junho. Sub-Fam. QUADRIFIRE Gen. Abpostola o. 223. Asclepiadis Schitf. — Abril. Gen. Plusia o. 224. Deaurata Esp. — Rara. 225. Aurífera Hb. — Setembro. Quinta do Ribeiro Negro. Rara. 2 2(3. Gutta Gn. — Junho. Agosto e Outubro. 227. Ohalcytes Esp. — Agosto. 22S. Gamma L. — Abril e Junho, Agosto a Outubro. Com- mum. 22(). Accentifera Lef. — Setembro. Rara. 230. Ni Hb. — Julho e Agosto. Gen. Euclidia o. 23 1. GlypMca L. — Maio. Monte de S. José. Gen. Leucanitis Gn. 232. Cailino Lef. — Abril e Maio. S. Fiel e S. ^'icente da Beira. 54 BROTÉRIA [35] Gen. Grainmodes Gn 233. Algira L. — Junho a Setembro. S. Fiel e Covilhã. Gen. Catocala Schr. 234. Elocata Esp. — Julho, Quinta dos Fornos. Agosto, Quinta dos Carvalhos. 235. Nypta L. — Julho e Agosto. Louriçal. 2 36. Sponsa L. — Julho a Setembro. Casal da Serra, Louriçal e Covilhã. Commum nos troncos dos castanheiros, 237. Premissa Esp. — Julho, Quinta dos Fornos, pousada nos troncos dos sobreiros Junctamente com a C. Coiircrsa e Nymphagoga. 238. Conjuncta Esp. — Julho, Quinta dos F^ornos. 239. Optata God. — Setembro. Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos 1. s. c. pag. i3o). 240. Nymphssa Esp. — Julho, Quinta de S. Fiel. 241. Conversa Esp. — Junho a Agosto. S. Fiel e Quinta dos Fornos. 242. Nymphagoga Esp. — Junho. Monte de S. José, Castello Novo e Lousa. Commum nos troncos dos carvalhos e sobreiros. Lagarta: No Quercus To^a em Abril e Maio. Gen. Apopestes Hh. (Spinthcrops b.) 243. Speetram Esp. — Fevereiro e Março; Setembro. Dentro 1.1c casa, principalmente nos sitios húmidos c sombrios. [36] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 55 244. Oataplianes Hb. — Março ^ Junho a Setembro. Frequente dentro de casa. 245. Dilucida Hb. — Rara. Gen. Toxocasnpa Gn. 246. Pastinum Tr. — Junho (L. M. Alves Correia!). Sub-Fam. HYPENINíE GeX. HePitlillia Latr. 247. Orinalis Tr. — Junho. Agosto, Serra da EstreHa (F. Mat- tozo Santos 1. s. c). Gen. Hypena Schr. 248. Obsitalis Hb. — Maio; Dezembro. 249. Rostralis L. — Commum em casa. Abril; Outubro. 250. Lividalis Hb. — Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos 1. s. c). Setembro, S. Fiel e Covilhã. Rara. Fam. GEOMETRID/E Sub-Fam. GEOMETRINíE Gen. Aplasta Hb. 25 1. Ononaria Fuesl. — Julho. Quinta dos Fornos e Matta do Fundão, sobre a Oiionis spinosa. a) var. Faecataria Hb. — Junctamente com a forma typica. Obs. A cor das azas varia muito, conforme se desenvolvem mais as escamas vermelhas, as cinzentas ou as amarelladas. 56 BROTÉRIA [37] Gen. Pseudoterpna Hb. 252. Ooronillaria Hb. — Maio-, Setembro, Lagarta: Encontrei-a em Fevereiro e Março no Adenocarpus intermcdius. Gen. Euchloris Hb. (Phorodesma B. 253. Pustulata Hufn. — Junho. Monte de S. José, sobre os carvalhos. Gen. Eucpostes Hb. 234. Herbaria Hb. — Junho e Julho; Setembro. Gen. Nemopia Hb. 255. Pulmentaria Gn. — Maio e Junho-, Setembro e Outubro. Sub-Fam. ACIDALIIN^ Gen. Acidâlia Tr. 256. Oclirata Sc. — Junho. 257. Macilentaria HS. — Junho. Gommum no Monte de S. José. 25^. Consanguinaria Ld. (Ruhdlata Rbr.). — ^Maio. Junho e Julho;, Setembro. Communi em S. Fiel c na Covilhã. 25y. Litigiosaria B. — Junho. Monte de S. José, 260. Lambessata Obth.—Rara, 2(")i. Sericeata Hb. — Communi em Junho na quinta de S. Fiel. [38] C. MENDES: LEPIDOFFEROS DE S. FIEL 67 262. Moniliata F. — Junho. Matta do Fundão. 263. Belemiata Mill. — Julho e Agosto. Quinta de S. Fiel, n\im regato onde só havia juncos e o Epilobiiim rir- gatiim. Obs. Esta espécie resiste por muito tempo á acção do cya- neto de potássio; mettida no mesmo frasco junctamente com outras Acidalias sobreviveu-lhes algumas horas. A mesma pro- priedade observei n'outra Acidalia que vivia no mesmo tempo e logar e sobre as mesmas plantas; não me foi porem possi- vel saber o nome delia. Bem pôde ser que seja alguma varie- dade desconhecida da espécie Belemiata. 204. Contiguaria Hb. — Maio; Setembro. 265. Virgularia Hb. — Junho. 2()(). Longaria HS. — Maio; Setembro e Outubro. 267. Subsericeata Hw. — Abril e Junho. 268. Laevigata Sc. — Julho. 2G9. Infirmaria Rbr. — Commum em Junho e Julho na Serra da Guardunha. a) var. Aquitanaria Const. —Entre esta variedade e o tj-^po apparecem muitas formas intermédias. Tam- bém a vi em Agosto na Covilhã. 270. Obsoletaria Rbr. — Junho. 271. Incarnaria HS. var. Ruficostata Z. — Outubro. 272. Helianthemata Mill. — Muito rara. 58 BROTÉRIA [39] 273. Ostrinaria Hb. — Junho, S. Fiel. Julho, Matta do Fundão. 274. Herbariata F. — Maio e Junho, 275. Elongaria Rbr. — Agosto, Covilhã. 276. Rusticata (S. V.) F. (Mmtelata Rbr.) — Julho. 277. * Zerlina Th.-M. (i. 1.) — Julho, Monte de S. José, Matta. do Fundão e Soalheira. Obs. Esta espécie, até agora inédita, será descripta pelo Sr. Thieny-Mieg que possúe ha annos um exemplar. Lagarta: Não a vi; mas a ajuizar pela vegetação das três localidades onde encontrei as barbole- tas, creio que posso affirmar com muita proba- bilidade, que vive no Quercus To:{a. 278. Interjectari i B. — Junho, Monte de S. José e Soalheira. Julho, Matta do Fundão. 279. Degeneraria Hb. — Maio e Junho. 280. Inornata Hw. — Rara. 281. Deversaria HS. — Junho, Matta do Fundão. 282. Turbidaria HS.— Julho, Quinta dos Fornos (Lousa). 283. Marginepunctata Goze — Abril a Junho; Setembro. Obs. Em Outubro encontrei um exemplar com as linhas transversaes muito mais grossas e escuras. 284. Luridata Z. var. Rufomixtata Rbr. — Rara. [40] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL Sq 2S5. Submutata Tr. — Junho e Julho. 286. Emutaria Hb. — Maio a Julho. 287. Imitaria Hb. — Abril a Junho-, Setembro e Outubro. 288. Ornata Sc. — Maio; Agosto e Setembro. Monte de S. José, Covilhã e S. Fiel. 289. Violata Thnbg. var. Decorata Bkh. — Junho. Appare- ceu-me também uma mais pequena na Quinta do Ri- beiro Negro em fins de Agosto. Lagarta: Castellejo, no serpão bravo (Thymus serpillwn), em Maio. Gen. Ephypa Dup. (Zonosoma Ld.j 290. Pupillaria Hb. — Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos 1, s. c. pag. i32). Abril a Julho. Commum. a) ab. Gyrata Hb. b) ab. Nolaria Hb. 291. Porata F. — Rara. 292. Punctaria L. — Junho, Soalheira. 293. Linearia Hb. — Abril e Junho, Castello Novo e Soalheira. Gen. Rhodostrophia Hb. (Pellonia Dup.) 294. Calabraria Z. — Commum em Maio e Junho. Gen. Timandra Dup. 295. Amata L. — Abril; Julho a Setembro. ()0 bkotéria [41 j Sub-Fam. LARENTIIN^ Gi:n. Sterrha HS. •if)!). Sacraria L. — Junho a Agosto. Commum principalmente nos restolhos. a) ab. Atrifasciaria Stefan. — Novembro, Louriçal do Campo. Obs. Só em Novembro vi exemplares com as azas escuras e com a faixa transversal negra; nos indivíduos dos outros mezes variava muito a cor da faixa, que ora era côr de rosa ou de sangue mais ou menos carregada, ora côr de castanha. • Gen. Lythria Hb. 2C)7, Sanguinária Dup. — Maio e Junho. Commum pelos cam- pos. a) var. Vernalis Stgr. — Esta primeira geração começa a apparecer logo nos primeiros dias mais quentes de Março e alguns annos até em Fevereiro. E muito mais pequena, mais escura, com as azas anteriores ferruginosas e as faixas vermelhas mais largas. Com estes mesmos caracteres apparece uma terceira geração em Setembro e Outubro commum na Serra da Guardunha. Distinguem-se pois duas formas nas três gerações d'esta espé- cie: uma que c a forma típica e que se pode chamar a geração do verão, outra que compre- hende as gerações da primavera c do outomno e que foi classificada por Staudinger com o nome de vernalis, talvez por conhecer somente a ap- parição da primavera. [4*-^] C. MENDES: LEPIDOI^TEROS DE S. FIEL 6l Gen. Ortholitha Hb. 298. Cervinata Schiff. — Rara. 299. Peribolata Hb. — Setembro e Outubro. Commum no pinhal da azenha do Collegio. Obs. Os exemplares d'esta localidade diíferem dos das outras regiões já na cor fundamental, que é mais escura, já no ondeado da faixa subterminal das azas anteriores. Gen. Odezia b. Soo. Atrata L. — Junho, Matta do F\indão. Obs. O único exemplar que vi doesta espécie, já não tinha cabeça; não obstante conservou-se por algum tempo no voo bastante alto, ainda que muito incerto. Gen. Anaitis Dup. 30 1. Plagiata L. — Abril; Julho a Novembro. Lagarta: Em Junho no Hypcricum uudiilahiiii. Gen. Chesias Tr. 302. Spartiata Fuesl. — Março; Outubro e Novembro. Com- mum. Lagarta: Em Março e Abril no Crfisiis albiís. 303. Rufata F. — Março. Commum. Gen. Larentia Tr. (Cidaria Tr.) 304. Ocellata L. — Junho, Matta do Fundão. 305. Miata L. — Rara. 02 BROTÉRIA [48] Sof). Salicata Hb. — Maio. 307. Flavolineata Stgr. — Setembro. Commum no alto da Serra da Guardunha, pousada nos rochedos da ver- tente septentrional. 308. Fluctuata L. — Commum em Março e Abril* Novembro e Dezembro. Soq. Fluviata Hb. — Abril, Junho, Julho e Setembro. 3 10. Dissimulata Rbr. (Uniformata Bell.) — Rara. 3ii. Sociata Bkh. — Junho, Matta do Fundão. Julho, Serra da Estrella fJ. S. Tavares!). 3 12. Flavofasciata Thnbg. (Decolorata Hb.) — Maio. Entre a Lousa e Oledo pousada n'uma azinheira. 3i3. Bilineata L. — Maio a Julho. Muito commum nos sitios frescos, principalmente na Matta do Fundão, onde chega a formar bandos. a) var. Infuscata Gmppbg. h) var. Testaoeolata Stgr. Obs. São muitas as variações nos indivíduos d'esta espé- cie, ora nas sinuosidades das linhas transversaes, ora na côr geral das azas anteriores, cujo tom varia desde o amarello d'oiro até ao amarello tostado. N'alguns exemplares as duas linhas medias, mas principalmente a externa, vêem accompa- nhadas d'um sombreado escuro sempre dirigido da linha para o disco. Gen. Tephroclystia Hh. (Eiipithecia Curt.) 314. Gratiosata HS. — Junho. [44j C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 63 3i5. Oblongata Thnbg. — Setembro. Rara. 3i6. Breviculata Donz. — Muito rara. 317. Pulcliellata Stph. — Communissima em Abril e Maio. Lagarta: Em Junho dentro da flor da Digital is Thapsi. 3 18. Roederaria Stndf. — Maio. 319. Venosata F. — Abril e Maio. 3-20. Scopariata Rbr. — Maio. Pardanta (entre S. Vicente e Souto da Casa). 321. Innotata Hufn. — Maio. 3'22. Semitinctaria Mab. — Fevereiro. Entre a Lousa eOIedo. Lagarta: Em Abril e Maio na azinheira (Qiiercus ilex). Metamorphoseou-se no mesmo ramo em que viveu, entre duas folhas que junctou uma á outra. 323. Pumilata Hb. — Muito commum de Abril a Julho e em Novembro. Também vi algumas em Fevereiro. a) var. Tempestivata Z. — Mais rara. b) var. Parvularia HS. — Julho e Agosto. Gen. Phíbalaptepyx stph. 324. Polygrammata Bkh. — Rara. Sub-Fam. ORTHOSTIXIN^ Gen. Chemerina b. 325. Oaliginearia Rbr. — Janeiro, Março e Abril. ()4 brotéria [45] Sub-Fam. BOARMIINíE Gen. Abraxas Leach 320. Pantaria L. — Junho, S. Miguel d'Acha. Agosto, S. Fiel (J. da Cruz Tavares!). Gen. Bapta Stph. 327. Pictaria Curt. — Março. Muito rara. Gen. Stegania Dup. 328. Trimaculata Vúl. — Abril e Maio; Setembro. aj var. .Oognataria Ld. — Junho c Agosto. Gen. Dei li n ia Hmps. (Caberá Tr.j 329. Pusaria L. — Maio e Junho, Matta do Fundão. Gen. Metrocampa Latr. 330. Marg-aritata L. — Junho, Matta do Fundão (M. Martins!); Setembro, em casa (J. S. Tavares!). Gen. Ennomos Tr. (Ew^onia Hb.) 33 1. Quercinaria Hufn. — Junho. 332. Alniaria L. — Junho. Quinta do Barão (Gastello Novo). 333. Fuscantaria Hw. — Junho. Gen. Eurymene Dup. 334. Dolabraria L. — Agosto. Quinta do Ribeiro Negro (Co- - vilhã). [46J C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL Gen. Opisthograptis uh. rRumia Dup.) 335. Luteolata L. — Abril, N. Senhora da Orada; Agosto, Quinta do Ribeiro Negro e S. Fiel. Gen. Vehilia Dup. 336. Macularia L. — Commum na Matta do P\indão no prin- cipio de Maio. No principio de Abril encontrei-a tam- bém em Cintra. 337. Notata L.— Agosto, Matta do P\indáo (L. Alves Correia!). Gen. Hybernia Lair. 338. Leucofsearia Schilf. — Fevereiro. Lagarta: Em Maio nos carvalhos íQiicrciis To-{a) do Monte de S. José. Gen. Ni^chiodes Ld. 33f). Lividaria Hb. — Fim de Agosto, Serra da Fstrella (Nave de Santo António). Gen. Hemerophila Stph. 340. Japygiaria Costa {Fvaciaria Stgr.). — Abril a Julho. Obs. São muito variáveis as cores desta espécie*, mas as variações só existem no espaço que medeia entre as duas li- nhas transversaes, no ápice e na parte média da margem externa nas azas anteriores, e nas azas posteriores no espaço comprehendido entre a linha transversal e a margem exterior. a) Em três $$ e n"uma ç que tenho, estas partes são d"um branco amarellado quasi côr de palha. bj N"uma ç são cinzentas com sombreados ferruginosos. 66 BROTÉRIA [47] c) N'outra ç são todas as azas d"unia côr quasi uniforme moreno acinzentado escura. d) Em vários SS são dum castanho claro, mas mais escuro que na variedade precedente, 341. Abruptaria Thnbg. — Abril e Julho. Obs. Também n'esta espécie variam muito as cores : a) A mais ordinária é o castanho claro ás vezes muito des- maiado, ou ruivo escuro. bj N'uma ç a margem externa das azas anteriores e a faixa media das posteriores era castanho claro e o resto das azas cinzento esbranquiçado. cj N'um S as quatro azas eram dum castanho muito es- curo quasi uniforme, distinguindo-se apenas nas azas anteriores uma linha transversal negra e nas posteriores uma terminal esbranquiçada. Foi esta a forma mais extraordinária que vi e mais diffe- rente do t3'po. Gen. Boarmia Ti. 342. Occitanaria Dup. — Setembro e Outubro. 343. Ilicaria HG. — Maio e Junho; Setembro. 344. Umbraria Hb. — Junho (L. Alves Correia!) Gen. Tephponia Hb. 345. Cremiaria Frr. — Agosto-, Covilhã (Quinta do Ribeiro Negro). 346. Castiliaria Stgr. Obs. No Catalogo de Staudinger (t. i. 39 iS a) esta espé- cie vem como uma variedade da espécie 0)\iiuTria Stgr.; mas [48] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 67 O auctor do catalogo citado duvida se é uma variedade ou an- tes uma espécie difterente. Gen. Pachycnemia Stph. 347. Hippocastanaria Hb. — Abril e Maio^ Outubro e No- vembro. Gen. Gnophos Tr. 348. Stevenaria B. — Abril e Maio. 34q. Onustaria HS.^- Abril e Maio; Setembro. Commum. aj var. Serraria Gn.— Esta variedade de cores escuras é muito mais rara que a forma typica; só vi um ou outro exemplar. 350. Mucidaria Hb. — Muito commum de Março a Junho; e em Novembro. E uma das espécies que apparece em maior abundância dentro de casa pousada nas pare- des ao pé das luzes. a) var. Grisearia Stgr. — Esta variedade também é com- mum. bj Além do typo e da variedade citada também é frequente outra variedade com os desenhos confusos e com a cor geral muito escura. Não me consta que tenha recebido nome especial, a não ser que seja a var. Liisitanica que vi mencionada n'uma lista, mas não descripta. 35 1. Asperaria Hb. — Setembro, no alto da Serra da Guar- dunha. a) var. Pityata Rbr. — Maio. 68 BROTÉRIA [49] 352. Tibiaria Rbr. — Setembro. Frequente nas urzes do alto da Serra da Guardunha. Obs. Staudinger no seu catalogo fi, 3q57) só cita esta es- pécie da França central e occidental. 353. Myrtillata Thnbg. var. Obfuscaria Hb. — Agosto, Serra da Estrella (Nave de Santo António). Obs. Na minha ultima excursão á Serra da Estrella em fins de Agosto de 1902 acampei n\ima grande explanada a 1700'", a que os da Covilhã chamam Nave de S.'° António e os de Manteigas Nave Argcnteira. Ahi pernoitei duas vezes com o intuito de recolher os lepidopteros nocturnos, mas por causa do mau tempo ficou frustrada a minha esperança. Cer- tifiquei-me porém da boa colheita que em tempo mais propi- cio se podia fazer, pois no regato que atravessa a Nave, vi afogadas grande abundância de variadas espécies^ supponho que por acodirem á imagem da lua, então muito brilhante, que se espelhava na agua tranquilla. Reconheci muitas delias, mas d'outras só pude averiguar que não as tinha, porquanto os fragmentos que restavam não eram sufficientes para se pode- rem classificar. Uma das mais abundantes era esta var. Obfus- caria. Gen. Anthoitictra b. 354. Plumularia B. — Junho. Em grande abundância nos car- valhos que cobrem a parte da Serra da Guardunha, que fica entre Alpedrinha e a Matta do Fundão. Estes carvalhos são o Qiiercus To^a, mas tosados de con- tinuo pelos rebanhos apenas se elevam alguns deci- metros. Obs. Na maior parte dos exemplares as azas são de còr de cannelhr, ha porem bastantes de còr castanho-escura e outros com todos os tons intermédios entre estas duas cores. Nas quatro azas a còr é sempre uniforme, ou seja a còr de can- [5o] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 69 nella ou o castanho-escuro, não apparecendo nunca a ditferença de tons representada na figura de Rambur (Cat. sjsfetji. dcs Lépid. de VAndãloiisie, PI. xvi, fig. 5;. Gen. Fidonia Tr. 353. Famula Esp. — Abril. Em grande abundância. Gen. Eurranthis Hb. (Athroolopha ia.) 33(). Pennigeraria Hb. — Maio e Junho. Castellejo e N. S.'' da Orada. Lagarta: Março e Abril, no Halimiiim occidcntale. 357. Plumistaria ^"ill. — Março e Abril. Commum a meia al- tura da Serra da Guardunha. Obs. N"uns individues são muito pequenos os pontos e li- nhas negras. n'outros desenvolvem-se tanto que prevalece esta côr nas azas superiores. O amarello das mesmas azas é mui- tas vezes quasi todo substituído pelo branco. Gen. Selidosema Hb 358. Ericetaria Mil. — Agosto e principio de Setembro; Serra da Estrella, nas vertentes da Covilhã, de Manteigas e de Unhaes da Serra a cerca de 1000"'. N"esta ultima vertente desce a altitudes mais ba;xas que nas outras, pois ainda encontrei muitas na Quinta da \'arzea. Em Setembro também é frequente nas urzes do alto da Serra da Guardunha a c)00 e a 1000"'. As urzes que mais abundam são a Eriça aragonensis e arbórea. a) var. Pyrensearia B. — Serra da Estrella. bj var. Pallidaria Stgr. — Serra da Estrella. BKOTÉRIA [3l] c) var. Oliveirata Mab. — Commum na Serra da Guardu- nha, rara na Serra da Estrella. Obs. Ha uma diíferença notável entre os individues da Serra da Estrella e os da Guardunha. Na Serra da Estrella predominam as variedades mais próximas do typo especifico como são: Pyrenaearia B. e Pallidaria Stgr. Na Serra da Guardunha quasi se encontra só a var. OUreirata Mab. Mas os exeniplares d"esta localidade tornam-se notáveis por terem a faixa media e a marginal extraordinariamente negras e algumas vezes a base das azas d'um cinzento-claro. As duas faixas alar- gam-se ás vezes tanto que occupam quasi todo o espaço in- termédio. Em alguns destes exemplares de cores mais carre- gadas a faixa media das azas anteriores prolonga-se pelas pos- teriores, não sendo porem n'estas tam escura. N'um $ da Matta do Fundão mal se distingue a faixa mar- ginal, por ser pouco mais escura que o resto da aza e por lhe faltar a nitidez de contornos, que cm geral_ se observa nos in- divíduos d'outras partes. 35(). Toeniolaria Hb. — Agosto e Setembro. S. Fiel, Serra da Gardunha e Serra da Estrella (Nave de S.'° An- tónio). Gen. Thaumnonoma Ld. (Ha lia Dup.i 300. Gesticularia Hb. — Maio. Gen. Diastictis Hb. 3()i. Artesiana (S. V.) F. — Rara. Gen. Phasiane (Dup.) ns. 'Mr2. Scutularia Dup. — Outubro. [52] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 7I Gen. Enconista Ld. 303. Miniosaria Dup. — P]m grande abundância desde o fim de Setembro e principalmente no meado de Outubro por toda a Serra da Guardunha e pelos campos em que existe o Cjiisi/s albiís. a) var. Perspersaria Dup. — Não é tam abundante ccmo a forma typica. Lagarta: Em Março e Abril no Cytisiis alhiis; a lagarta da var. Perspersaria também vive n'esta mesma planta. Vi algumas lagartas, que me pareceram desta espécie, a comer o Saro- thamnus patens e a Geiústa tridentata. Obs. Sobre a grande variabilidade com que esta espécie se apresenta n'estes arredores, já o R. P. J. de Joannis pu- blicou umas notas no Boletim da Sociedade Entomologica de França, 1900, pag. 189-191, fig. 1-4. Ahi faz menção d'uma forma intermédia entre as duas que receberam nome especial, na qual o fundo é d'uma cor uniforme tirando para brunête, muitas vezes mais sombrio que na var. perspersaria; mas as quatro linhas são muito nitidas como na forma miniosaria. Alem d'isso descreve uma serie de variações muito notá- veis pela posição das quatro linhas: a media e a subterminal ficam sensivelmente invariáveis, dando-se o deslocamento só nas outras duas, as quaes na i.'' ab. estão a distancia muito desegual da linha media — dista mais a extrabasilar — . Na 2.''- distam egualmente. Na 3.''^ unem -se pelos ângulos sobre a dobra dorsal. Na 4.''^ approximam-se ainda mais e confundem-se perto do bordo interno formando uma larga mancha preta. Já se vê que se encontram depois todas as formas intermédias. Tam variável é a espécie que cheguei a junctar 60 indiví- duos differindo todos uns dos outros. Em geral as formas es- curas predominam sobre as avermelhadas ou cor de rosa. N'um $ as azas anteriores eram todas cor de minio polvi- 72 BROTÉRIA [53] Ihadas apenas por alguns pontos pretos; mas de ordinário só as nervuras são desta cor. 3()4. Agaritharia Dardoin — Só apanhei uma em Outubro a meia encosta da Serra da Guardunha na vertente oriental. Gen. Scodflona b. 365. Penulataria Hb. (Ruhentaria Rbr.) var.? — Marco e Abril. Lagarta: No fim de Janeiro o meu collega, Sr. M. Martins encontrou uma já crescida na parte mais alta da Serra da Guardunha, juncto á Pyra- mide, debaixo d\im Cistiis (ledon?j. No fim de Fevereiro nietamorphoseou-se á superficie da terra cercando-se de folhas e areias; a borbo- leta saiu a 7 de Maio. A lagarta era d"um par- dacento-escuro uniforme. Obs. Foram 7 as borboletas que encontrei doesta espécie, todas semelhantes entre si, mas difierindo notavelmente da fi- gura que Rambur apresenta com o nome de riihentaria (Cat. S. And. 17,4). São muito menos claras, chegando a côr de tijolo a predominar nas azas anteriores, principalmente na margem interna, onde se torna mais carregada. De Setúbal, onde existe também a forma t^-pica penulata- ria, mandou-me o meu collega, Sr. Manuel Rebimbas, um exemplar muito differente do typo e inteiramente egual aos d'esta região. Os especialistas a quem consultei e que examinaram alguns indivíduos, foram concordes em afiirmar que pelo menos era uma variedade da (ispccla pcui/lataria. 'M')h. Fagaria Thnbr. (Belgaria Hb.) a ar.? — Setembro, no alto da Serra da Gardunha a cerca de 1000'". Obs. Não pude obter uma resposta decisiva sobre a classi- [54] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL yS íicação d'esta borboleta. Ha quem a julgue uma variedade da espécie Fagaria e também quem a tenha por espécie distincta. A única diíferença, que notei nos 5 indivíduos encontrados, foi que uns tinham a linha externa continua e outros tinham-na interrompida, reduzida apenas a alguns pontos. Esta linha fal- tava em todos nas azas posteriores, Gen. Aspilates Tr. 367. Ochrearia Rossi — Abril c Maio-, Setembro. Gen. Prosopolopha Ld. (Ligia Dup.) 368. Opacaria Hb. — Setembro e Outubro. a) ab. $ Rubra Stgr. Lagarta: Em Abril no Cytisus albus. Obs, As azas anteriores são muito variáveis: umas cor dé cinza, outras cor de tijolo mais ou menos sombria, outras só com as nervuras doesta côr. Encontrei uma ç em que a cor de tijolo era quasi tam carregada como na ab. $ rubra, o que me leva a crer que também se encontrarão çç d"esta côr e que portanto a ab. rubra não comprehende só $$. 369. Jourdanaria Vill. — Setembro e Outubro. Na Serra da Guardunha e no pinhal da azenha do Collegio. Fam. NOLIDyE Gen. Noia Leach 370. Oucullatella L. — Maio, Julho e Setembro. 371. Confusalis HS. — Stembro. Obs. O único exemplar, que tenho d'esta espécie, é uma variedade muito escura. "74 BROTÉRIA [^3] 372. Subchlamydula Stgr. — Abril e Junho. Fam. CYMBIDyE. Gen. Sarrothripus Curt. 373. Revayana Sc. (Undulana Hb.)— Junho e Julho; (3u- tubro. a) ab. Dilutana Hb. b) ab. Degenerana Hb. c) ab. Ilicana F. Gen. Earias Hb. 374. Vernana Hb. — Fim de Maio (J. da Cruz Tavares!). Rara. Gen. Hylophila Hh. 375. Prasinana L. — Junho e Julho. 37(5. Bicolorana Fuessl, — Maio a Agosto. Lagarta: Fm Maio no Quercus To^a. Monte de S. José. Fam. SYNT0MID>E Gen. Dysauxes Hb. (Naclia b.) 377. Punctata F. — Maio, Monte de S. José. aj ab. Servula Berce — Monte de S. José. [56J C. MENDES: LEPIDOFTEROS DE S. FIEL yS Fam. arctiid>e Sub-Fam. ARCTIIN.E Gex. Spilosoma Stph. 378. Mentliastri Esp. — Maio; Julho e Agosto. Obs. Em Agosto appareceu-mc uma na Quinta do Ribeiro Negro maior e mais branca que as de S. Fiel e sobretudo com muito menos pontos pretos. Gen. Phragtnatobia Stph. 379. Fuliginosa L. — Abril e Julho. Gex. APCtia Schrk. 380. Villica L. ab. Ang-elica B. — Maio. Aqui é muito rara, pois só vi uma; é porém frequente para o Sul de Portugal. 38i. Fasciata Esp. — Maio. Serra da Guardunha. Lagarta: Encontra-se em Março e Abril pela Serra da Guardunha junctamente com a Choudoslrega vandalicia, mas é muito mais rara. Sustenta-se de urzes e gramíneas. 38-2. Latreillei God. — Abril. Lagarta: No Monte de S. José encontrei duas em Maio no Cytisus ai bus, que se metamorpho- searam em Junho. Sairam as borboletas em Abril do anno seguinte. Gen. Euppepia o. 383. Pudica Esp. — Setembro. 7() BROTÉRIA [57] Lagarta: Encontrei-a em Março já crescida co- mendo gramíneas de varias espécies; no prin- cipio de Abril enterrou-se, sem comtudo se metamorphosear, como observei em Agosto ao revolver a terra em que se tinha escondido. Em todo este tempo, desde o principio de Abril até ao fim de Agosto, não comeu nada. Chrysalida no fim de Agosto, borboleta no fim de Setem- bro. Gen. Callimoppha Lati. 384. Quadripunctaria Poda (Hera L.) — Commum em Agosto na Matta do Fundão, pousada de ordinário nos tron- cos dos castanheiros. Quinta do Ribeiro Negro. Gas- te Ho Novo. Gen. Cosclnia Hh. (Emydia b.) 385. Striata L. — Julho. Serra da Estrella — Entre os Barros Vermelhos e a Lagoa Escura a uns 1600"' — (J. S. Tavares !). 38('). Cribrum L. var. Cândida Cvr. — Agosto e Setembro, Serra da Estrella e da Guardunha. Obs. O Sr. Mattozo Santos (l. s. c. pag. 123) cita esta es- pécie, mas só a variedade chrysocephala, como da Serra da Estrella. Náo me foi possível encontrar essa variedade. Possuo cinco exemplares d'esta região, três da Serra da Guardunha e dois da Serra da Estrella, um dos quaes é da vertente de Man- teigas e o outro da encosta da Govilha; mas nenhum d^elles tem os caracteres da chrysocephala; teem-nos porem muito distin- ctos todos os cjue me mandou de Lisboa o meu amigo, Sr. L. Alves Correia. Um dos exemplares da Serra da Guardunha tinha uma li- nha longitudinal preta ao meio das azas anteriores. [58] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 77 Sub-Fam. lithosiin.e Gen. Paidia Hb. 3S7. Murina Hb. — Julho e Agosto. Gen. Lithosia F. 388. Caniola Hb.— Outubro. > Fam. ZYGAENID/E Sub-Fam. ZYGAENINíE Gen. Zygaena F. 38q. Lonicerae Schcven — Abundante em Maio na Senhora da Orada e em Junho na Matta do Fundão. Perto de S. Fiel é mais rara. Gen. Ino Leach 390. Tenuioornis Z. — Maio. Castello Novo. 3()i. Notata Z. — Maio. Soalheira. 392. Statices L. — Maio e Junho. Soalheira. Obs. E notável a resistência que oppÕem á acção do C3^a- neto de potássio as borboletas doesta familia. Observei-o com as quatro espécies acima mencionadas e em especial o experi- mentei com a Zfgaena lonicera', que muitas vezes encontrei com vida depois de ter passado uma noite no frasco de cya- neto, onde em breve se finavam outras espécies mais corpu- lentas. 78 BROTÉRIA [bq] Fam. PSYCHID/E Obs. Deixo muito incompleto o estudo doesta família, não porque a descuidasse, mas pela difficuldade de obter das la- gartas as borboletas. Criei todos os annos algumas espécies, mas apezar de todos os cuidados não logrei nunca ver a imago de lagarta criada em casa. Este mesmo successo li que tiveram n'outras partes Naturalistas mais experimentados. Além das sete espécies aqui citadas por seus nomes, farei menção d^outra cuja lagarta vive das flores da Rcsedá, em Ju- nho, quinta de S. Fiel. Não sei o nome delia. Gen. Amicta Heyl. 393. Febretta Boyer {Vetiilella Rbr.) Lagarta: Commum nas giestas (Cytisiis albus) da Serra da Guardunha e de todos estes arredo- res em Junho e Julho. Mais commum ainda no alto da Serra da Estrella (J. S. TavaresI), onde se encontra em grande abundância sobre as gramíneas. Em Abril encontrei-as também ainda novas no Sarothamiius patens entre S. Mcente e o Casal da Serra. Obs. Por mais diligencias que fiz, vários annos consecuti- vos, não pude nunca obter a borboleta. Comparando porem a lagarta e a sua bainha ftegumentum) com a descripção e figu- ras de Rambur (Cat. Syst. Lep. Andai. pi. 3, fig. 2 b, c; e pag. 296) parecia-me fora de duvida ser esta espécie. Isto mesmo confirmou o Sr. Dr. Heylaerts, especialista n"esta fa- mília, que também me classificou, só pelas lagartas, os n."^ 394 e 39K. As bainhas são de ordinário formadas por pedacinhos de colmo de gramíneas, apezar da lagarta por estes arredores preferir para sustento o Cjiisi/s albi/s; vi porem uma feita de agulhas de pinheiros. [boj C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 79 O povo d'estes sítios conhece estas lagartas pelo nome de Pastores, talvez pela similhança que as bainhas teera com as capas que os pastores usam em algumas terras. Gex. Hyalina Rbr. (Fumaria Kirb.) 394. Albida Esp. var. Lorquiniella Brd. Laí^arta: As duas classificadas viviam uma nas urzes e outra nas giestas da Serra da Guar- dunha. Em Abril encontrei uma nas ílores da carqueja (Genista tridentata) nos montes de N. S.''^ da Orada, e outras em Maio nas flores do tojo (Ulex europaeus) na quinta de S. Fiel, as quaes pareciam também d'esta espécie. Gen. Oreopsyche Spr. 395. Leschenaulti Stgr. — Março, .Serra da Guardunha. 396. Muscella F. — Março, Serra da Guardunha. 397. Atra L. (Plimúfcra O.) — Março, Serra da Guardunha. Obs. D'estas três espécies só tive conhecimento pelas bor- boletas que apanhei a meia encosta e nas faldas da Serra da Guardunha. Gen. Phalacpopterix (Hb.) Kirb. (Stenophanes Heyl.) 398. Calberlse Heyl. Lagarta: Nas urzes da Serra da Guardunha e da Estrella, principalmente na Er^ica aragonensis e arbórea. Na Estrella também as encontrei no zimbro (Juniperiis nana). Obs. Estas lagartas hibernam, creio até que. vivem mais dum anno; vi-as principalmente em Abril e Agosto. A bainha é formada pelos raminhos mais finos das urzes intimamente 8o BROTÉRIA [6l] entrelaçados, uns longitudinal outros transversalmente. No Es- pinhaço do Cão (Serra da Estrella) encontrei em Agosto, pre- sas aos rochedos, muitas d'estas bainhas cujas borboletas já tinham saido. Gen. Apterona Miii. 399. Grenullela Brd. — Maio e Junho. Lagarta: Em Junho bastante commum; sustenta- se de plantas muito differentes, como são: Cyti- sus albits, Cistusledon e Helianthemiim Milhri. Na Quinta dos Fornos (Lousa) encontrei em Julho muitas chrysalidas presas aos troncos e ramos das sobreiras. Fam. sesiid/e Gen. Sesia F. 400. Ichneumoniformis (S. V.) F. — Junho, quinta de S. Fiel (M. Martins!). 401. Afíinis Stgr.— Junho, quinta de S. Fiel (M. Martins!). Serra da Guardunha. Obs. Muito mais hão de ser os representantes d'esta nu- merosa familia na região de S. Fiel. Supponho que nos pri- meiros annos hei de ter desprezado muitas espécies por á pri- meira vista as confundir com os hymenopteros. Fam. C0SSID>E Gen. Zeuzera Latr. 402. Pyrina L. — Junho. Lagarta: Nociva ás macieiras e a outras arvores de fructa, cujo caule roe por dentro. (Continua) REVISTA ANNUAL DE CECIDOLOGIA POR J. S. TAVARES A cccidologia, ou estudo das cecidias (*) e cecidozoides, tomou no ultimo quartel do século findo extraordinário des- envolvimento. Se em i858 Haimhofen (Beobachtinigen iiber die Menge und Vorkommen der PJlantiengallen. \tú\. k. k. zool. — bot. Ges. Wien. Bd. vin, p. 285-2C)4) contava apenas umas Soo espécies de cecidias, actualmente o numero das espécies europeias cresce a S.ooo, segundo o sr. dr. Trotter (Marcellia, vol. i, 1Q02, p. 5), as quaes se criam quasi todas em plantas phanerogamicas por forma que poucas são as que ■vegetam bem em plantas de géneros differentes, cingindo-se quasi todas a espécies de um só género, e até muitas a uma só espécie vegetal. Nestes últimos annos os trabalhos publi- cados sobre cecidologia são tantos que somente na mono- graphia das Cecidomyias, que é uma das famílias cecidoge- (1)0 nome cecidia (kokis em greí;o), proposto não ha muito pelo dr. F. Thomas (Zeitschr fiir die ges. Natiinviss. Halle, iSjS, Bd. viii, p. 5i3), e hoje geralmente acceite, designa qualquer defonnação vegetal, produ^^ida pela reacção da planta contra a invasão d' um parasita. Nesta definição ficam comprehendidas nao só as deformações que contem cavidades fechadas e que antes eram designadas com o nome de galhas; mas ainda as defor- mações que não têm cavidades ou em que estas nao são fechadas, as quaes alguns auctores chamavam galhoides. Vê-se por tanto que não basta qualquer deformação para haver cecidia, mas que é preciso que essa defor- mação seja produzida pela planta para se defender do parasita que tende a invadil-a. Assim as folhas enroladas mecanicamente por meio de tios, ou roidas interiormente pelas lagartas não constituem cecidias. Assim mesmo algumas excrescências das arvores, causadas pelo frio, também não são cecidias. Segundo o parasita que provoca na planta a formação da cecidia é um vegetal ou animal, assim a cecidia se chama respectivamente phytocecidia ou joocecidia. Darei o nome de cecido^oide ao animal, cuja presença na planta determina a formação da zoocecidia. Os cecidozoides podem ser insectos (hymenopteros, dipteros, hemipteros, coleopteros e lepidopteros), arachnideos (ácaros) e vermes (helminthos). Dos hymenopteros cecidoge- nicos a principal familia é a dos cynipides, os quaes produzem as cecidias principalmente nos carvalhos fQiiercusJ. Os cecidozoides das outras ordens de insectos preferem de ordinário os subarbustos e plantas herbáceas. 82 BROTÉRIA nicas, encheu o tão conhecido P. Kieffer 33 paginas dos An- naes da Sociedade Entomologica de França com a bibliogra- phia (Monographie des Cécidomyides d'Eiirope et dAlgérie Ann. de la Soe. Ent. de France, vol. lxix, i()oo). Nem alguém se admirará d'este ardor, direi antes, d'este enthusiasmo a respeito do estudo das cecidias, se considerar não só o que falta por explorar em campo tão fecundo, mas principalmente que este estudo abrange ao mesmo tempo os animaes cecidogenicos e as modificações que produzem nos tecidos das plantas, de arte que a sua biologia fica estrei- tamente relacionada com problemas de grande alcance, como são a parthenogenese e a teratologia, tanto considerada em separado, como nas suas relações com a morphologia normal. Não é porém meu intento alargar-me nestas considerações que me levariam longe, mas tão somente tocar neste breve artigo os principaes progressos" da cecidologia no anno findo de iqo2. Foi em 11)02 que principiou a sair a lume a primeira re- vista exclusivamente cecidologica. Tomou o nome de Marccl- lia em honra de Marcello Malpiglii, que tanto honrou a Itália, onde eila se publica sob a direcção do sr. dr. A. Trotter e com a collaboração dos cecidologistas mais distinctos (*). Como tomou feição internacional, admitte nas suas columnas todas as linguas das nações latinas, alem do allemão e inglez, e propÕe-se dar noticia de todos os estudos sobre cecidologia publicados desde iqoo. São manifestas as vantagens que para os cecidologistas derivam de uma tal. revista, nem ha porque me demorar na sua enumeração. Se os artigos publicados nos primeiros fascículos não têm importância extraordinária, são pelo menos muito interessantes. Entre todos, a meu ver, tem a (•) Marcellia. Rivista Inlcnidjionalc di dcciíioloí^ij. Redactor: dr. A. Trotter. Assignatura i5 íV. Cada volume consta de õ tasciculos. Óptimo papel e impressão nitida em typo elzevir. A correspondência deve ser di- rigida ao redactor (R. Scuo'a di V^iticultura ed Knologia, Avellino, Itali J. S. TAVARES: REVISTA DE CECIDOLOGIA 83 preeminência o estudo do sr. M. W. Beijerinck (de Delft, Hol- landa) sobre a geração sexual do Cjniips KoUari Hart. (Ueber die sexuelle Generation vou Cfiiips KollanJ, de que passo a dar breve noticia. Um facto prendeu desde ha muito a attençao dos naturalis- tas que têm estudado os cynipides. Ao passo que nalguns gé- neros as espécies constam de machos e fêmeas, outras não se compõem senão de fêmeas, cujos ovos se desenvolvem nor- malmente sem fecundação. E a este phenomeno que se dá o nome de parthenogenesc ou rcprodi/cção agamica. Assim no género Cfiiips não se conheciam, ainda ha bem pouco, senão formas agamicas, dando-se por isso a outro género próximo o nome de Audricus (por conter também machos) em contrapo- sição a este. Hartig nas suas pacientes pesquizas juntou 28.000 cecidias do Dryophania dirísa (espécie parthenogenetica) a ver se encontrava algum macho d'esta espécie e não lhe saíram senão fêmeas (umas lo.oooj. Géneros ha também cujaíi espécies constam de machos e fêmeas, mas os machos são tãó poucos que a maior parte dos ovos se desenvolvem parthenogeneticamente ou sem fecunda- ção prévia. O que é porém mais extranho é uma como gera- ção alternante, que liga duas espécies que entre si parece terem pouco parentesco e que até podem ser parte de géneros dif- ferentes. Uma destas espécies é agamica e os ovos desenvol- vidos parthenogeneticamente produzem uma geração sexual, formada de machos e fêmeas, cujos filhos são de novo agami- cos e assim por deante. Todas as espécies do género Cjnúps eram reputadas aga- micas. até que Beijerinck (Sur la cécidiogcnèse et la généra- lion alternante che{ le Cynips calicis. Archives Neêrlandaises des Sciences exactes et naturelles, t. 3o, 1807, pag. 387) de- nionstrou que o Cvnips calicis Burgsd. dá origem no Qnercns cerris a uma forma sexual que é o Andrici/s cerri, o qual por sua vez produz o Cjnips calicis no Qiieixiis pediinculata. O 84 BROTE RIA mesmo auctor acaba agora de descobrir a geração sexual do Cynips Kollari. Nunca elle observara as fêmeas do Cynips Kollari no ou- tono (que é quando na Hollanda saem das cecidias) a pôr nos gommos de inverno do Qiiercus peduuculata, mas levadas em outubro de i8c)8 para os gommos do Qiiercus cerris, logo nelles puzeram os ovos, que o A. observou uma hora depois. Em fevereiro do seguinte anno (i8()q) abrindo alguns d"estes bo- tões, encontrou os grupos tão característicos das cecidias do Andriciis circiilans, que elle conhecia muito bem. Doestas cecidias saíram em 12 de maio do mesmo anno os primeiros machos {$) e fêmeas (j) do Andricus circulaus, filhos do Cjniips Kollari. As ç do Andricus circulans assim obtidas puzeram os ovos nos gommos do Quercus cerris e haviam de produzir as ce- cidias do Cynips Kollari. Isto porém não succedeu, porque, como se sabe, as cecidias do Cynips Kollari não se criam no Qiiercus cerris e o A. não tinha então o Quercus pedunculat a no seu jardim, como seria preciso ('). Em outubro de i8qc) e de 1900 repetiu Beijerinck as suas experiências, que tinham sido feitas com todo o rigor, e teve o mesmo resultado. Não se pode portanto duvidar de que o An- dricus circulans é a forma sexual do Cinips Kollari, de sorte que este por parthenogenese dá origem ao Andricus circulans, o qual por sua vez gera sexualmente o Cjiiips Kollari. No mesmo artigo é Beijerinck de opinião que não ha espécie nenhuma agamica nos C3'nipides, que não tenha forma sexuada e que com o tempo todas se hão-de descobrir. Como se sabe, a parthenogenese não é rara nos insectos, e observa-se nalguns Hymenopteros, Hemipteros e Orthopteros. Em Portugal a cecidia do Cynips Kollari é das mais com- muns e cria-se em quasi todas as espécies de carvalhos indíge- nas (Quercus lusitanica, To:{a, pedunculala e hinnilis). Por tanto ha-de existir também a cecidia do ^indiicus circulans (') Quando isto escrevo (janeiro de ii)o3), escreve-me Beijerinck que já obteve cecidias do Cynips Kollari produzidas pelo Andricus circulans. Actualmente faz experiências com o Cynips to^ae (exemplares por- tuguezes). J. S. TAVARES: REVISTA DE CECIDOLOGIA 85 (embora não fosse vista até agora) e não no Qi/ercus ceiv^is, que não vive no nosso paiz. Por outro lado, como o Cynips Kollari voa pouco e eu lhe tenho encontrado a cecidia em car- valhaes de Q. To^a, onde não ha senão este carvalho, e em mat- tas de Qiierciis hisitanica (em que cresce também o Q. liumi- lis), segue-se que as cecidias do Andricus ciradans no primeiro caso se hão-de criar no Q. To^a, e no segundo ou no Q. lusi- tanica ou no humilis. # Foi também em 1902 que se completou a publicação de duas obras muito importantes sobre cecidologia, levadas a cabo pelo incançavel sr. P. Kieffer, Falo da Synopsis des Zoocé- cidies d'Europe (*) e de Les Cynipides (-). Em ambas vêm já mencionadas as espécies portuguezas. Les Cynipides é uma obra magistral, com que, pode dizer-se, desappareceram todas as difficuldades, com que antes se luctava na classificação d'esta importante familia. Cada Cynipide é ahi descripto minuciosamente, bem como a cecidia que produz. Occupa-se egualmente o A. dos commensaes e parasitas das especier? cecidogenicas. Para facilidade do estudo o texto é acompanhado de 27 estampas com as cecidias em tamanho natural. Na Synopsis o A. não nos descreve as espécies cecidogeni- cas ou cecidozoides, mas, seguindo a ordem alphabetica dos substratos, apresenta-nos em cada um o quadro synoptico dos caracteres das diversas cecidias que nelle crescem. D'esta sorte fica até certo ponto fácil classificar as espécies só por meio das cecidias, sem serem precisos conhecimentos especiaes a respeito de cada cecidozoide. Se porém a classificação é assim (') Annales de la Societé Entomologique de France. Vol. 70, 1902, 2" e 3." trimestres. (2) Esta obra forma o 7.° volume da collecção André, cujo titulo é : Species des Hymenoptères d'Eitrope et d'Algéne, de que estão já publi- cados, alem d'este, os seguintes volumes : i Mouches á scie, 11 Fourmis, 111 Sphégiens, iv, v, v bis Braconides, vi Chrysides, vii Mutillides. Cada vo- lume custa uns 3o fr. 86 BROTÉRIA mais fácil, não c tão segura, pois sabe-se que ha cccidias que não ditrerem muito umas das outras, e assim podem ser confun- didas, quando se não attende aos caracteres do cecidozoide. Não obstante, este trabalho é de muita importância e presta grandes serviços aos naturalistas. Foi ainda em i8r)2 que mais se desenvolveu o estudo da cecidologia portugueza e que as nossas espécies começaram a ser conhecidas. O sr. dr. A. Trotter publicava no Boletim da Sociedade Broieriaua (vol. xvni) a sua Ter^a coinunicaiione intorno alie galle (:{oocecidi) dei Portogallo; e o sr. Riibsaamen dava noticia na Marcellia (vol. i) de algumas espécies da Ma- deira (Ueber Zoocecidien i^on deu Canarischen Inseln imd Ma- deira). Dos trabalhos publicados nos Animes de Sciencias Naíuraes (Porto) e no i vol. da Brotéria não direi nada, pois julgo serem sufficientemente conhecidos dos leitores (*). * Por ultimo indicarei, ao correr da penna, os nomes de al- guns estudos sobre cecidologia, que me parecem mais impor- tantes, apparecidos neste anno: Kieffer — Ueber drei neiíe Cy- nipideugallen (Centralbl. f. Bact. Parasitenk. und Infecktionskr., Bd. viii); A. Corti — Le Galle delia Valtellina (Atti Soe. it. Sc. Nat. vol. 41); G. Cecconi — Coiilribii^ioni alia cedidiologia itá- lica (Le Sta\ioiii sperimentali agrarie italiaiie, vol. 3b) \ C. Houard — Snr quelques Zoocécidies noupelles ou peii connues, reciicillies en France (Marcellia, vol. i); C. Massalongo — Di iin nuoro genere di Ditteri galligeni (ibid.); T. De Stefani Perez — Niioin imetti galligeni e cecidii rechi e nuoj'i (ibid.) e M. Molliard — La (Jalle dii Cécidomyia Catlleya n. sp. (ibid.). (2) Não menciono aqui as duas espécies cecidogenicas, provenientes da ilha de S. Miguel (Açores), estudadas por Kn. Bohlin — Tra joocecidier pra Laiiriis canariensis var. a jOii ca — porque foram publicadas já em uioi (Kutoni. Ttdskr. Arg. xxii, njoi, p. 81 -(ja). MYCOLOGIA LUSITANICA DIAGNOSES FUNGORUM NOVORUM CURA AB. J. BRESADOLA (l) AGARICACE/E 3Jyceiia i*ii.l>iclii.la Bres. n. sp. (Mjxena nibro- marginata Fr. pr. p.?) Pileiís conico-campanulatus, Jiieinbranaceus, centro umbo- nato, caniosi/liís, giaber, striafo-siílcatus, rubellus, margine expallido, 8-12 mm. latiis; lamelhv distantes, adnato-subunci- natae, albae, acie fuscidulo-rubella; stipes pallidus, fistulosus, giaber, 3 — 4'^'"- longas, i — 2 mm. crassns,basi albo-tomentoso- Jibvillosus; basidia clapata, 25 — 30=^" — 8 p-.; sporae hyali- nae, snblimonif armes, 7 — g=4'^/ií — S^/i u. Hab..ad corticem Eucalypti globuli, norembri. Obs. Species haec Mycentv rubro-marginatae Fr. admodum próxima, forte hucusque cum ista confusa, nam cum ejusdem figura in Fries Icon. sei. tab. bene convenit, at a espécie hac, qualis a me et etiam ab auctoribus est intellecta, satis superque distincta. In Mycena rubro-marginata Fr. meo sensu, frequenter in (') Os exemplares foram por mim. enviados ao R. sr. P. Bresadola que os estudou e descreveu. Ás diagnoses e observações feitas pelo Mestre juntarei apenas em nota alguma indicação que me pareça de utilidade, sem em nada alterar o texto. Todas as espécies, afora duas, são da região de S. Fiel. C. Torrend. BROTÉRIA [4] Alpibus tridentinis observata, spora est elliptica, 10 — 12 = 7 — 8 /JL, et habitus generalis diversus (*). TELEPHORACE/E Cyx>liella cochleai*is Bres. n. sp. Ciipiilari-stipitata; cúpida subhemisphaerica, cerniia, hori- zontal iter posit a, angidum rectum fere com stipite efformans, grisea, villosida, 3-4 mm. lata; hymeniiim discoideum, e lcej>e radiatim rtigidosinn, griseo-fiimosum ; stipes farcti/s, teres, pallido-griseiis, puberulus, basi albo-tomentosus, 3 — 5 mm. lon- gits, I mm. circiier crassus; basidia clarata, 25 — 3o =^'/ — 8 [j-:; sporae h/aliiuv, oboj'ata' rei piriformes, 6 — g^4 V2 — 6 [j.. Var. si/bsessilis et auriformis, sed rarior. Hab. ad ierram inter nu/scos minores, decembri (^). UREDINACE>C Grymnosj>oraiTgiviiii Oxyceclri Bres. n. sp. Soris teleutosporiferis cartilagineo-gelatinosis, erumpenti- bns, gregariis, solitariis rei raro 2-3 connatis, verticalibus, conicis vel subcylindraceis, angidatis vel compressis, ápice ut phirimtmi subcapitatis, ex aiirantiaco fitscescentibus,' 2-4 mm. altis, basi i-i y^mm. crassis; telei/tosporis aurantiacis, oblongo- subellipsoideis, vel subfusiformibus, i-septatis, ad septa rix cofistrictis, 40 — 45=^18 — 21 //., rarissime 24 u..; pedicello lon- gissimo, hyalino, aequali, 5-6 ^. crasso. (') Este espécie distingue-se logo á primeira vista das outras Alycenas, descobertas em Portugal, pela sua côr avermelhada. Não é rara nos arredo- res de S. Fiel, onde cresce na casca dos eucalyptos. Parece-me que tam- bém a vi nos troncos dos carvalhos. (2) Esta espécie, que é muito elegante, foi descoberta pelo alumno do 6." anno, sr. António da Luz Preto. Depois encontrei-a outras vezes nas pedras e rochedos graníticos, entre o musgo pequeno. A primeira vista é fácil de confundir com os lichens. E de côr acinzentada e tem a forma de uma colher, dV)nde o nome especifico coclílcjris. [5] j. bresadola: diagnoses fungorum novorum 89 Obs. Gymnosporangio Sabince proximum, a quo soris duplo minoribus et sporis strictioribus praícipue diversum (*). HELOTIACE/E Cil>oi'Í£i l>rvTniieo-i'ixfsa Bres. n. sp. Ascomata 9;regaria, ceracea, stipitata, infiindibuliformia, dein patellaria, bnninco-ritfa, glabra, / Ys — 5 mm. lata; stipes subcoucolor, teres, 2 — S mm. longiis, V2 7iim. circiter crassus; asei elarato-siibfiisoidei, 120 — 135=6 — S f.., iodo poro subccerulesceutes ; paraphfsesjiliformes, 2 p.. cj^assa^, ápice siibclavato 3 p..; spoiw elongatae, biguttiilatae, 10 — 12 =^3 — 4 p..; contextíis excipuli subparenchfmaticus,fuscus, e eel- lidis 12 — 15 a. Hab. ad folia emortua Pistacice Lentisci (J). Hyposcypha Bres. n. gen. Ascomata ceraceo-carnosula, stipitata, ex urceolato scii- tellata, textura prosenchyniatica, se. e cellulis cylindraceis, elongatis, extiis ex hjphis terminalibiis, contextis, prolongato- disjunctis 1'illosa. Asei tereti-fusoidei, 8-spori. Sporae hyali- nae, oblongae j>el fusoideae. Paraphyses filiformes, ápice obtusas pliis mimisve j'el vix incrassatce. A genere Dasyscjpha differt deficientia pili genuini in ascomate. (') Esta espécie foi encontrada na quinta do Collegio de S. Francisco em Setúbal nos ramos do Jitniperus oxycedrus. Julgo ser a primeira vez que se descobriram em Portugal os teleutosporos d'um Gyvinosporangium. Com eftdto até hoje só se encontraram os ecidios do Gymnosporangiuni Juniperimirn no Sorbiis aiiciiparia da Serra da Estrella e do Gerez. Cfr. Ber- keley. — Some notes upon the Crypt. port. ^^'inter. — V. Contribut. ad flor. mycol. lus. Boi. da Soe. Brot. 1884. Alvieida. — Revista Agronómica, vol. i, n." 2. (2) Espécie encontrada em Setúbal na quinta do Collegio de S. Fran- cisco, onde é abundante e vegeta sobre as folhas caídas do lentisco. Para o ver é preciso escolher tempo chuvoso ; pois, logo que diminue a humi- dade, deseccam-se as hyphas e o fungo mal se distingue. 90 BROTÉRIA [6] I-Iyj>oscyplia vii*giiTea Bres. n. sp. Ex integro alba, cxsiccando siibstraminea; ascomata cera- ceo-camosula, distinctc stipitata, cândida, urccolato-poculifor- mia, dein scutellata, 7 V2 — -2*, 2 mm. lata; extus ex hyphis contextis in fibras desinentibus, dense pilosa; stipes teres, concolor, puberidus, i — / ^/% mm. circiter crassus ; asei siib- fusoidei, 45 — 60=4 — 5p.., iodo poro coerulescentes; paraphj-- ses filiformes, ápice fere subalteniiato, i f<í-[j.. crassae; hyphae terminales piliformes, 3 — 4 [x. crassae, usque ad 80 [)-. disjun- ctae, ápice obtuso, subaitenuato. Hab. ad ligna et truncos i'etustos Castanea^ vidgaris. Obs. Habitu et colore Lachno inrgineo (Batschj Karst. ita similis, ut tantum structura ascomatis, et forma paraphysum tute distinguenda ('). Helotiviiii ílavo-íViscesceiís Bres. n. sp. Ascomata ceraçeo-carnosiãa, gregária, cyathoidea, dein explanai o-concava, stipitata, ochroleuca, demwn fiiscescentia, I — 2 mm. lata; stipes hyalinus, dein subconcolor, '/a — / mm. longiis, Ys mm. crassus; asei subclavati, go — 100=^6 — (V p.. poro iodo loeriter coeruleo tincti ; paraphyses filiformes, 2 — 2 7-2 fjt-. crassae, ápice haud iucrassato; spora' subfusoideae, i3—i8=3—4 p.. Hab. ad corticem Eucaljpti globuli. (') O Hyphoscypha virgínea, como se vê da descripção e observação do sr. P. Bresadola, é espécie muito parecida ao Lachnum virgineinn (Bastch) Karst. Como por outro lado o Barão de Thiimen na 2.''' Con- trib. para a Fl. Mycol. Portugueza (Cf. Instituto de Coimbra 1879) cita o Dasyscypha virgínea (Batsch) Fr. como espécie portugueza, é provável que tenha havido engano, por se ter guiado só pelos caracteres exteriores e que na realidade elle mencionasse o Hyphoscypha virgínea com o nome de Dasyscypha virgínea f=Lachnuin vírgineum). Esta espécie não é rara na região de S. Fiel, pois a encontrei varias vezes na Soalheira e matta do Fundão nos troncos carcomidos dos cas- tanheiros. [7] J. bresadola: diagnoses fungorum novorum 91 Obs. Helotio citrino affine, sed notis datis bene distin- ctLim (1). HYPOCREACE^E IVectvia rosella Bres. n. sp. Habitus Hfpomycetis; pcrithecia dense gregária vel ra- riíis connata, ovato-globosa, rd orata, papillata, 160-200 [j.. circiter lata, roseo-aurorea, exsiccando satiiratiora, siibiculo byssoideo, albido, iniiata; asei c/lindracei, ápice truncati, iio — 120=8 — g u.; sporae-hyalinae, ellipsoideae, i — septatae, demum ad septum siibcoiistrictae, 12 — ij=^6 — 7 u.. Siibiculinn Fusarium sisteus hjphis 3 — 4 ^i u.. crassis, ápice coiiidiis falcatis, 3 — 5 septatis, hyalinis, 40 — 5o^4 — 4 '/â [J-- gercntibiis. Hab. ad asseres Piíii maritimae Brot. DEMATIACE/E Trichoí^poviniTi fntíscicliTlniia Bres. n. sp. Hfpluv in ca^spiti/Ios piibúnatos, dense gregários vel con- fluentes, fuscos, V2 — Vi '""'• crassos intertextae, rcpetito- ramosae vel potius repetito-dichotoniae, fuscidulae, ápice pal- lidae, septatae, 2 — — 3 \ [j.. crassae; conidia acro-pleurogena, hyalina pel dilutissime fuliginea, 4^ — 5 4=-^ — ^t P-- Habitat ad caules Jiiucidos Brassicae oleraceae, decembri. Obs. Habitus Trichosporii fusci, cui affinis. TUBERCULARIACE/E ^IDliacelia ssuboclii^acea Bres. n. sp. Sporodochia subplana, maculiformia, gregária, saepe con- Jluentia, ceraceo-gelatinosa, subochracea, 3 — 5 mm. lata ; spo- (1) Encontrei somente alguns exemplares na quinta do Collegio de S. Fiel. C)2 BROTÉRIA [8] rophora hacillaria, ápice attcnuala, paralhie stipilata, 20 — 25^=^2 \ [x.; conidia acrogena, hyalina, subfiisoidca rd oblonga, I — 2 guttulata, 8 — 10 ^^3 — 4 p.. Hãh. in Corticio Teniii Karst. ad assercs Pini maritimae Brot. A Ra^on y Fé (de Madrid) em seu numero de Fevereiro, igoS, (t. v, n.o 2) diz a respeito da Brotéria : «Verdadeiramente é muito honrosa para o Collegio de S. Fiel a empresa nada facil, a que seus illustrados professores acabam de metter mão, dando á luz o primeiro volume da Brotéria. Seguindo as pisadas do celebre naturalista portuguez, Félix d'Avellar Brotero, de cujo appellido tomou o nome a revista, propõem-se os reda- tores contribuir para o adeantamento das sciencias naturaes em Portugal, não se limitando somente ao estudo systematico de fauna e flora, mas abrangendo ainda outros ramos de maior importância em historia natural, como são a anatomia e histologia, tanto animal como vegetal. Quanto hão-de ganhar com a nova revista, não só a fauna e flora, mas ainda as sciencias naturaes em geral, pode já ver-se no primeiro volume, cujo Índice vamos copiar, juntando o que fôr preciso para dar idéa exacta do conteúdo. Por este resumo se vê de quanta utilidadade ha-de ser a revista nos diff"erentes ramos de historia natural não só para Portugal, mas ainda para as sciencias em geral. Mui dignos de louvor são os seus redactores e col- laboradores, a quem felicitamos cordealmente, desejando-lhes longa vida á sua publicação». No Mycological Notes (de Cincinnatti, E. U.) n." i3, (Fevereiro de 1903), o sr. C. G. Lloyd fala da Brotéria a propósito da Torrendia piílchella, elo- giando o nosso collega, sr. C. Torrend. Motivos especiaes nos impedem de traduzir e transcrever as phrases do sr. Lloyd, a quem neste logar paten- teamos o nosso reconhecimento. Ao Correio Nacional, Jornal do Commercio, Diário de Noticias, Sé- culo, Diário II lustrado, Novo Mensageiro, Palavra, Grito do Povo, Cru^ (de Vianna do Castello), Ordem (de Coimbra) e Correspondência da Co- vilhan muito penhorada agradece a Redacção as palavras de elogio e amá- veis expressões, com que saudaram o apparecimento da Brotéria. K chegada de algumas aves de arribação a S. Fiel em 1902 Em 1902 appareceram as andorinhas a lo de fevereiro. Costuma di- zer-se que as cegonhas vêm com as andorinhas. Eff"ectivamente 8 dias depois avistei a primeira cegonha. A 7 de março chegou a poupa e a 25 o cuco. A 2 de abril ouviu-se o canto do rouxinol e a 5 do mesmo mez o da poupa e peto real ou cavallo-rinchão J. S. T Cada volume annual da Brotéria consta de 4 fascículos, que são distri- buídos regularmente, dois a dois, em abril e novembro. O fascículo compÕe-se de 40 a 48 paginas, ao menos. Todos os volumes são, quanto possível, íUus- trados com estampas originaes. ASSIONATURA (pagamento adeantado) Para o reino e colónias. Para o Brazíl \ijp5oo réis 2^000 » (fortes) Não se recebem assignaturas por menos de um anno. A correspondência deve ser dirigida a J. S. Tavares, professor no collegio de S. Fiel. São nossos correspondentes: Em Lisboa — o sr. Paulo Emílio Guedes, R. Nova do Almada, 47; No Porto — o sr. José M. Constantino Bastos R. da Fabrica, 10; Em Braga — o Rev.'"<* sr. P. Manoel J. Martins Capella (Seminário Con- ciliar). Rogamos aos nossos estimáveis assignantes a fineza de satisfazerem as suas assignaturas ou directamente por um vale do correio pagável em Castello Branco, ou entregando a importância aos nossos correspondentes. Desejaríamos não fazer a cobrança pelo correio, que nos obriga a perda de tempo e des- pezas. Pour refranger : Abonnement. . . 10 Ir. ou 8 mares La correspondance doit ètre adressée fen /rançais, alleviand ou italienj à J. S. Tavares. S. Fiel. (PoriugalJ. -^2/ze-S-^- •VST. j"Tj:tT:g: EDITEUR ET LIBRAIRIE ANCIENNE POUR LES SCIENCES NATURELLES --$H*;-é-- Le plus grand magasin. Envoi de catalogues sur demande directe @ ^A-^"^'^S) % l i) W elb REVISTA DE SCIENCIÁS NATURAES DO GOLLEGIO DE S. FIEL SUM M A R IO r Carlos Ribeiro. L. Navás — Neurópteros prososto- mios de la Península Ibérica. J. S. Tavares — Arvores gigantes- cas da Beira. J. S Tavares — Movimento das plantas superiores. C. ToRREND — i^i/;i^^05 dc Setúbal. Sydow — Piljjlora Poríugals. M. N. Martins — Revista de Co- leopterologia. .1. S.Tavares — Zoocecidias de Portugal e da Madeira. C. ZlMMERMANN — O CpidiaSCOpio. J. S. Tavares — Bibliograpliia.ne- croloffia, etc. VOL. 1903 ■FA^&G. III E I-V COM TRÊS ESTAMPAS E UM RETRATO í Publicados a 3o de Outubro . Dépôt exclusif pour Tétranger 94 BROTERIA Sed cfttus, qui nimirum lusitanice Coiumissão dos Traba- lhos Geológicos appellatur, anno i858 in eum finem auctoritate regia institutus, ut diversa lusitani soli genera in charta des- criberentLir, campum ejus industria? non exiguum patefecit. Huic enim labori, ne tentato quidem, Carolus Ribeiro, illius coetus mérito praíses, manum solertem admovit usus opera insignis in re geológica viri J. F. Nery Delgado. Illud vero perspicuum animi est ad magna concipienda et praístanda parati argtimentum quod, non paucis gravibusque remotis difficultatibus, coetum agitandis anthropologia^ et ar- cheologiaí studiis, quíe de rebus historiíe humanai têmpora an- tecedentibus versarent, anno 1880, Olysipone convocavit (•). Hunc viri geologia^ peritissimi, ex aliis etiam acciti nationibus, celebrarunt, quos inter de hominis antiquitate vehementer in utramque partem disputatum est. Carolus Ribeiro sibi penitus persuaserat multisque conten- debat hominem in epocha tertiaria extitisse, ac non eo tempore dumtaxat quum solum plioca^num sed etiam miocamimi con- cresceret. Ac sibi quidem videbatur ineluctabile prorsus ex sili- cibus et quartzitis in fluminis Tagi valle ex agro miocanw effossis argumentum deducere. Existimabat enim hos silices excisos (lusitanice — silices e quart:{itos lascados) et in vitíe hu- mana? usus ab ipso homine, vi intelligendi praídito, accommo- datos fuisse. Verum clara manifestaque indicia nemo adhuc unus pro- ferre potuit, quibus originem humani generis tam longe repe- tendam esse demonstretur; quippe illud solum minime obscuris videtur signis comprobari, ab humana prole terram incoli cce- pisse in epocha quaternária, illo nimirum teniporis spatio, quod í^ctates inter glaciales decurrit, quando scilicet varia belluarum genera, nunc e médio jam sublata, qualia sunt: Elephas pri- migeniiis Blum., Rhinoceros tichorrhinus Cuv., Ursi/s speLviis Blum., per orbem terrarum vagabantur. (!) Congresso internacional de Anthropolofíia e ArcheoIoi;ia prehisto- ricas, sessão de Lisboa, iSSo. CAROLUS RIBEIRO gS Cíeterum Carolus Ribeiro e vita prius decessit, quam in eam opinionem, pro qua accrrime propugnaverat, viros doctos pertrahere potuisset. Incidit enim ejus mors Olj^sipone in idus novembres anni 1882. Inficiandum quidem non est, tanti viri memoriam nulla statua, nullo monumento auctoritate publica erecto posteritati commendari: quem honorem minimo forsan negotio adipisce- retur, si, quas animi vires in rerum naturalium studiis adhibuit, has in re publica administranda consumeret. Ast quid ipsi ju- cundius, quid gloriosius contingeret, quam patriíe nationis de- cus in exteras gentes ditfundere et inter lusitanos scientiarum naturalium cultores eminere? Studia certe lusitanai geologite, antequam is in hunc labo- rem incumbe ret. apud nos passim negligebantur ac turpiter jacebant. Si quid autem de his in publicum edi cceptum erat, id operas ac diligentia; exterorum virorum, quos inter EchM^ege et Sharpe numerandi, acceptum referimus, quandoquidem pri- mis saiculi elapsi annis nostram inviserant regionem. Haec ta- men eadem studia Carolus Ribeiro, superatis magno animi ro- bore, quas viam undique obstruebant, impedimentis, et feliciter inchoavit et ad extremum usque spiritum constanter promovit. Quam quidem laudem príestantissimi eo cognitionum genere viri in ipsum conferre non dubitarunt. Nam clarissimus Nery Delgado in primo eorum scriptorum libello, quit hoc titulo distinxit: «Communicações da Gommis- são dos Trabalhos Geológicos de Portugal», (t. i, p. 3) hxc voluit exarare: «E a Carlos Ribeiro que realmente compete a gloria de ter primeiro reconhecido a verdadeira successao dos terrenos componentes do nosso território e de lhes ter lixado a edade em varias noticias que precedem os seus relatórios sobre minas, redigidos desde i853 a 1837, isto é, antes da organisação da Commissão Geológica». Et notissimus L. F. de Almeida Couceiro (Breve Noticia sobre a Carta Geológica de Portugal, Lisboa, 1Q02, p. w) haec scribit: «Depois d'este triste successo (nempe mors Ca- roli Ribeiro), que enluctou a sciencia pátria pela perda de um dos seus mais illustres representantes, o logar de chefe da 96 BROfÉRIA secção geológica foi de direito conferido ao sr. Joaquim Fi- lippe Nery Delgado que, desde 1857, se encontrava ao lado do venerando creador dos estados geológicos de Portugal, como seu collaborador». In brevi autem de vita Caroli Ribeiro narratione a claris- simo P. Choffat confecta (Bulletin de la Société Géulogique de Frauce, t. xi, p. 3-2 1, séance du 29 Mars i883J sic legimus scriptum: Carlos Ribeiro appartient à ce petit groupe d'hommes qui doivent tout à eux-mêmes et qui sont parvenus aux hauteurs de la science grâce à leur énergie et à leur désir de connaitre. Pour ainsi dire livre à lui-méme dans un pays oíi la géolo- gie était encore considérée comme une science spéculative, il a eu le mérite de comprendre que cette science repose sur lobservation et qu'elle doit être étudiée sur le terrain et non dans le silence du cabinet. Doué d'un esprit vaste, aimant à passer par-dessus les dé- tails pour rechercher les caracteres généraux, Carlos Ribeiro n'était pourtant pas de ceux qui dédaignent Tinvestigation lente et qui veulent résoudre les problèmes sans leur vouer Tétude nécessaire, mais il avait compris que sa première tache con- sistait à reconnaítre les caracteres généraux du pays avant d"en aborder les détails. La première partie de son travail accom- plie, il avait aborde la seconde, et c'est au milieu d"une étude toute spéciale, celle de la faune du Crétacé, que la mort est venue le frapper. Carlos Ribeiro puisait dans Tamour de la science les for- ces nécessaires pour lutter contre les revers et les déceptions; on peut dire de lui qu"il ne connaissait pas le découragemcnt et qu'il allait toujours de Tavant, sans s^nquiétcr dcs difficultés que sa marche faisait naitre. II était donc fort bien doué pour Tétude diin pa\s neuf; aussi, presque toutes les connaissances géologiques que nous possédons sur le Portugal se groupent-elles autour de son nom, qu'elles soient directement le fruit de son travail ou qu"elles soient dues à son initiative. «Ce que nous voulons, c'est la lumière, peu nous importe le côté d"oLi elle nous vient», disait-il à Tauteur de ces ligues CAROLUS RIBEIRO 97 en Tengageant à prendre part aux travaux de Ia Section géo- logique. Un esprit aussi liberal ne pouvait en effet être en butte aux préjugés de nationalité que Ton rencontre malheu- reusement quelquefois encore parnii les savants, même dans les pays les plus avances. Fidèle à ce príncipe, Carlos Ribeiro a su faire profiter son pays de la coopération d^hommes célebres dans la science; parmi ceux qui sont étrangers à sa patrie, Je citerai Deshayes et Gaudry à Paris, Suess à Vienne, Oswald Heer à Zurich, de Loriol à Genève, dont les études ont été soit publiées par la Section des Travaux géologiques, soit utilisées pour ses pu- blications». Quam tamen posuerit operam in varietatibus lusitani soli investigandis, vel ex subjectis infra librorum, quos edidit, titulis, conjectura quisquam potest assequi. os NATURALISTAS PORTUGUEZES Carlos Ribeiro o general Carlos Ribeiro nasceu em Lisboa na freguezia de Santos-o-Velho a 21 de dezembro de 181 3. Aos 19 annos assentou praça e combateu pela causa liberal no exercito de D. Pedro IV. Depois de acabado o curso na Academia Poly- technica do Porto e Escola Militar, foi em 1848 nomeado en- genheiro para a exploração de umas minas de carvão. Foi só em [853 que começou a illustrar-se como naturalista numa serie de cartas acerca da geologia do Bussaco, dirigidas a Sharpe que d'ellas fez um resumo e o publicou no Qiiarlerly Journal da Sociedade Geológica de Londres. Desde esse mo- mento os estudos de Carlos Ribeiro e as suas publicações sobre o solo portuguez pode dizer-se se não interromperam mais senão com a morte. O bom acolhimento dos seus trabalhos e o renome que logo alcançou pode concluir-se doeste só facto que das suas (^Memorias sobre as minas de carrão dos districtos do Porto e Coimbra)) publicadas nas Memorias da Academia Real das Sciencias, desde 1867 a 1861, a primeira parte que tem o ti- tulo de ((Mina de carrão de pedra de S. Pedro da Cora», ap- pareceu logo traduzida em allemao no N^eues Jahrbuch, e em inglez no Quarícrh' Journal. Em i858 foi instituida a «Commissão dos Trabalhos Geo- lógicos», afim de se organizar a carta geológica do reino, que até esta data não havia ainda nenhuma. Carlos Ribeiro foi cn- CARLOS RIBEIRO QQ carregado de dirigir a Commissão com o lente de mineralogia e geologia da Escola Polytechnica, sr. Francisco Pereira da Costa, tendo como membro adjunto o distincto geólogo e en- tão alferes de engenharia, sr. Joaquim Filippe Nery Delgado. Em 1880, vencidas muitas difficuldades (e a todas era superior o seu grande animo), conseguiu reunir em Lisboa o Congresso internacional de Anthropologia e Archeologia pre- historicas, a que assistiram geólogos de fama, vindos de todas as partes da Europa. A questão mais debatida neste congresso foi a da antiguidade do homem. Carlos Ribeiro chegou a con- vencer-se e sustentou acerrimamente que o homem não appa- receu sobre a terra na epocha quaternária, mas sim na ter- ciária e não só no terreno mais recente d'esta (plioceno), mas ainda no mioceno. A prova encontrava-a- elle nos silices e quartzitos que descobrira no mioceno do valle do Tejo. Como alguns destes silices e quartzitos apparecem grosseiramente lascados, affirmava que isso não podia ser attribuido senão a um ser intelligente, qual é o homem ('). (') Se os argumentos que têm sido apresentados para provar a exis- tência do homem terciário fossem convincentes, teriamos que recuar a creação do homem não a 8 ou lo mil annos, mas a uma epocha muito anterior; não que fosse preciso admittir a existência de um homem prea- damita. Muito menos admissivel seria a hypothese de Mortillet e outros que consideram o homem terciário, que segundo elles lascou toscamente os silices descobertos por Carlos Ribeiro e outros paleontologistas, como uma lorma ancestral do homem e do macaco, ou, o que é o mesmo, como tronco commum d'estes dois ramos. Assim esse pitheco anthropoide do terreno terciário era, segundo estes auctores, um ser dotado de intelligen- cia e razão, capaz de lascar os silices e quartzitos, e quem deu origem ao homem e ao macaco, o primeiro racional, irracional o segundo. Por esta forma confessam implicitamente (contra a thcoria da evolução) que esse typo ancestral produziu um ser inferior a si, qual é o macaco, pois actual- mente é incapaz de accender fogo e lascar os quartzitos e silices. Mas a opinião do homem terciário está hoje pouco em voga, por se considerarem destituidas de valor as provas que se tem adduzido. Baste o testimunho de*A. Gaudry, presidente da Academia das Sciencias e profes- sor de paleontologia no Muséum d'Histoire Naturelle de Paris (ha poucos mezes jubilado), cuja auctoridade nesta matéria é de summo peso: «Mais avant Tàge froide du Mammouth, il y a eu Tépoque chaude qu'on appelle lOO BROTERIA A despeito das affirraações do sábio geólogo portuguez. pode hoje dizer-se que não se encontram provas claras do ap- parecimento do homem senão na epocha quaternária (systema malactnúco), phase interglaciaria, em que viveu simultanea- mente com alguns mammiferos, hoje extinctos, como são: Elc- phas primigenius Blum., Rhinoceros tidwrrlúiuis Cuv., Ursi/s spelaeus Blum., etc. Assim é que Carlos Ribeiro veio a fal- lecer (em Lisboa, na rua das Amoreiras, a i3 de Novembro de 1882), sem ver vingada a sua opinião, nem sequer no Con- gresso. Se lhe faltou a lapide commemorativa, que teria se houvera seguido a carreira politica, não lhe falta a gloria de ter hon- rado a sua pátria no extrangeiro e a de ter conquistado um lo- gar eminente entre os naturalistas portuguezes. Sobre os ter- renos portuguczes apenas se conhecia alguma coisa por tra- balhos de naturalistas extrangeiros, principalmente de Daniel Sharpe, que na primeira metade do século passado tinha visi- tado Portugal. Foi Carlos Ribeiro que teve a honra de iniciar o estudo dos nossos terrenos, elle que com animo invencivel l'âge chelléen. Alors les rennes n'étaient pas encore arrivés dans nos con- trées; nos pères avaient pour contemporains THippopotame, Ic Rhinoceros MercJdi, voisin, malgré Tabsence d'incisives, des Rhinoceros de Finde, de Java, de Sumatra, et aussi VElephas antiqmis, à peine discernable de TEléphant de Tlnde. M. Harlé et M. Boule ont donné dernièrement de nou- velles indications sur la phase chaude des temps quaternaires. D'oú sont vénus les hommes de cette époque chaude? II faut renoncer à chercher leurs ancêtres dans les terrains tertiaires de nos pays, car toutes les an- nonces d'hommes tertiaires ont été reconnues inexactes». (A. Gaudry — Contribittion à Ihistoire des liojiunes fossiles. Comptes Rendus à FAcadc- mie des Sciencies, n." 5, i()o3, p. 266). Quanto aos silices lascados do terreno terciário, alguns palcontolo- gistas, para resolverem a difficuldade, affirmam que as camadas onde elles se encontram não pertencem ao terreno terciário, seniío ao quaternário : outros, c a meu ver com mais razão, admittindo como do terreno terciá- rio essas camadas, negam a intencionalidade do lascado e julgam que os silices tomaram essa forma parlindo-se c lascando naturalmente pela acção do calor intenso (por exemplo do calor central), como se pode demonstrar experimentalmente, ao menos até certo ponto, submettendo os silices a uma temperatura elevada. CARLOS RIBEIRO lOI OS continuou, elle que até á morte dirigiu a «Commissão)) e depois a «Secção dos Trabalhos Geológicos», elle por ultimo que com seu exemplo ainda hoje anima os illustres geólogos que compõem a «Direcção dos Serviços Geológicos». Sobre as difficuldades com que teve de luctar, quando se organizou a Commissão Geológica, diz o sr. L. Filippe de Almeida Cou- ceiro (Brcre Noticia sobre a Carta Geológica de Portugal, Lisboa, 1902, p. b): «Faltava tudo. Não havia edifício idóneo, onde se instalassem e arrumassem convenientemente as col- lecções de rochas e de fosseis que se iam colligmdo; não dis- punha a commissão de bibliotheca própria, tendo de recorrer aos livros da Academia das Sciencias, da Escola Polytechnica, e aos que pertenciam aos membros da Commissão; não pos- suía collecções t^^pos estrangeiras para as confrontações dos exemplares do paiz, que ia recolhendo*, não tinha os instru- mentos indispensáveis para os trabalhos do campo; carecendo de pessoal auxiliar, artístico e de campo, teve de o educar ap- propriadamente para tão difficeis misteres; e, por ultimo, — tão atrazada estava ainda a cartographia geographica do paiz, não dispunha de uma carta geral do reino, em escala conveniente e com a necessária exactidão, onde podesse lançar o traçado geológico. Todas estas deficiências iniciaes dificultaram por muito tempo o livre exercício da nova instituição scientifica, que, se conseguiu manter-se e caminhar, foi devido ao muito zelo e dedicação dos illustres membros que a compunham». A gloria de iniciador dos estudos geológicos de Portugal reconhecem-na a Carlos Ribeiro os nossos mais eminentes geólogos. Assim o sr. J. F. Ner}' Delgado, actual director da Direcção dos serviços geológicos, escreve: «E a Carlos Ribeiro que realmente compete a gloria de ter primeiro reconhecido a verdadeira successão dos terrenos componentes do nosso ter- ritório e de lhes ter fixado a edade em varias noticias que precedem seus relatórios sobre minas, redigidos desde i853 a 1857, isto é, antes da organisação da Commissão Geológica». (CommunicaçÔes da Commissão dos Trabalhos Geológicos de Portugal, t. I, p. 3J. 102 BROTERIA O sr. L. F. de Almeida Couceiro no citado opúsculo (p. i i) accrescenta: «Depois d'este triste successo (o fallecimento de Carlos Ribeiro), que enluctou a sciencia pátria, pela perda de um dos seus mais illustres representantes, o logar de chefe da secção geológica foi de direito conferido ao sr. Joaquim Filippe Ner}^ Delgado que, desde 1857, se encontrava ao lado do ve- nerando creador dos estudos geológicos em Portugal, como seu collaborador». E o sr. P. Choffat na sua noticia necrologica acerca de Carlos Ribeiro (Buli. de la Soe. Géol. de France, t. xr. p. 32 i, séance du 2C) mars i883J: «Carlos Ribeiro appartient à ce pe- tit groupe dhommes qui doivent tout à eux-mêmes et qui sont parvenus aux hauteurs de la science gráce à leur énergie et à leur désir de connaítre. Pour ainsi dire livre à lui-même dans un pays ou la géolo- gie était encore considérée comme une science spéculative, il a eu le mérite de comprendre que cette science repose sur Tobservation et qu'ellc doit être étudiée sur le terrain et non dans le silence du cabinet. Doué d'un esprit vaste, aimant à passer par-dessus les dé- tails pour rechercher les caracteres généraux. Carlos Ribeiro n'était pourtant pas de ceux qui dédaignent Tinvestigation lente et qui veulent résoudre les problèmes sans leur vouer Tétude . nécessaire, mas il avait compris que sa p.remière tache con- sistait à reconnaitre les caracteres généraux du pays avant d'en aborder les détailes. La première partie de son travail acconv plie, il avait aborde la seconde, et c'est au milieu d'une étude toute spéciale, celle de la faune du Crétacé, que la mort est venue le frapper. Carlos Ribeiro puisait dans Tamour de la science les for- ces nécessaires pour lutter contre les revers et les déceptions; on peut dire de lui qu'il ne connaissait pas le découragement et qu'il allait toujours de Tavant, sans s"inquiéter des difficultés que sa marche faisait naitre. II était donc fort bien doué pour Tétude d"un pa\s neuf: aussi, presque toutes les connaissances géologiques que nous possédons sur le Portugal se groupent-elles autour de son nom. CARLOS RIBFIRO 100 qu'elles soient directement le fruit de son travail ou qu^elles soient dues à son initiative. «Ce que nous voulons, c'est la lumiére, peu nous importe le côté dou elle nous vient», disait-il á Tauteur de ces lignes en Tengageant à prendre part aux travaux de la Section géo- logique. Un esprit aussi liberal ne pouvait en effet étre en butte aux prejugés de nationalité que. Ton rencontre malheu- reusement quelquefois encore parmi les savants, même dans les pa3's les plus avances. Fidèle à ce príncipe, Carlos Ribeiro a su faire profiter son pays de la coopéracion d"hommes célebres dans la science; parmi ceux qui sont étrangers à sa patrie, je citerai Deshayes et Gaudry à Paris, Suess à Vienne, Oswald Heer à Zurich, de Loriol à Genève, dont les études ont été soit publiées par la Section des Travaux géologiques, soit utilisées pour ses pu- blications». Nem lhe faltaram distincções honorificas na sua pátria e no extrangeiro. Era sócio elfectivo da Academia Real das Scien- cias e de varias sociedades extrangeiras, commendador da Ordem de Christo, official da Legião de honra e da Instrucçáo publica de França, etc. Mas a sua gloria mais lidima são os escriptos que legou á posteridade e a carta geológica de Por- tugal, que deixou impressa com a collaboração do sr. J. F. Nery Delgado. Em seguida apresentamos a lista das obras de Carlos Ribeiro, para que ao menos dos titulos se veja o muito que trabalhou para o conhecimento do solo portuguez. ELENCHUS OPERUM CAROLI RIBEIROC) i852. — On tlie carboniferous and siliirian Formations of tlie Neigli- bouiiiood uf Bussaco iii Portiig^al. With notes by 1). Sharpe, Saller, Ru- pert Jynes Bunbury. (Quarterly Journal of the Gcol. Soe. ix, p. i36). i853. — Estndos geológicos do Bnssaco. — Cartas dirigidas a D. Sharpe om novembro de 1850 e janeiro de 1852. (O Instituto vol. i, pp. qi, 142, ]Ci2. Coimbra). i853. — C. Ribeiro e Costa Simões. — Jíoticia topugraphica e geoló- gica da Serra do Bussaco. (O Instituto, vol. i, p. 5. Coimbra). 1854. — Considerações geraes sobre a grande conserva d'aguas pro- jectadas na ribeira de Carenque. iSSy. — Reconhecimento geológico e hydrologico dos terrenos das vi- zinhanças de Lisboa. i858. — Memoria sobre as minas de carvão dos districtos do Porto e Coimbra. Este voliitue comprehende as memorias segiiinies: Mina de carvão de pedra de S. Pedro da Cova (assignada em i853). Mina de carvSo de pedra do Cabo Mondego (assignada em i853). Mina de carvão de Valverde e de Cabeço de Veado. Minas de carvão de pedra do districto de Leiria. Minas de ferro do districto de Leiria. i85q. — Memoriíis solsre as minas de chumbo de S. Miguel d'Ache e Segura e Castello da Ribeira das Caldeiras (assignadas em Abril de 1857). i85q. — Memoria sobre o grande filão metallifero que passa ao nas- cente d'Albergaria-a"Velha e Oliveira d'Azeuieis (assignada em Outubro de 1854) (2). (•) Esta lista loi publicada pelo sr. P. Choflat e reproduzida pela Revista de Sciencias Na- turaes e Sociaes (vol. v, n." 20, p. 175), d'onde & transcrc-vo com a devida vénia, com poucas modificações. (2) Estes 4 volumes (de 18:7 a i85gj foram também publicaios nas Memorias da Acadímia Real das Sciencias, vol. 1 1, 1^57-18 )i. A primeira parte da memoria sobre a mina de S. Pedro da Cova foi traduzida em allemão e inglez: Jalubuch de Leonhard e Bronuer, iS*)2, p. 257: Quar- terly Journal of the Geol. Soe, i863, p. q. CARLOS RIBEIRO 103 i8õi. — O Fogo do Globo (in Castilho: Os fastos de Ovídio). 1866.— Descripção do terreno quaternário das bacias do Tejo e Sado. (Commissão Geológica. Em portuguez e francez. In-4.'', 1 carta, 164 pag. Lisboa). 1867. — Note snr le terrain quaternaire dn Tortugal. (Buli. Soe. Géol. de France, t. xxiv, p. 692). 1867. — Memoria sobre o abastecimento de Lisboa com aa:nas de nas- cente e ag'nas de rio. (Commissão Geológica. In-4.'', ii3 pag. Lisboa). 1870. — Breve noticia acerca da constituição physica e preologica da parte de Portugal coniprelieudida entre os vales do Tejo e do Douro. (Jornal de Sc. Math. Phys. e Nat. Lisboa). 1871. — Descripção de alguns silex e quartzitos lascados encontrados nas camadas do terreno terciário e quaternário das bacias do Tejo e Sado. (Mem. da Acad. R. das Scienc. Em francez e portuguez. ^1-4.", 54 pag., 10 est. Lisboa). 1873. — Sur les silex taillés, découverls dans les lerrains miocéne et pliocéne du Portugal. (Congros intern. d'Anthrop. et d'Archeol. préhist. Sessão de Bruxellas, 1872). 1873. — Sur la position géologique des couches miocénes et pliocénes du Portugal, qui contiennent des silex taillés. (Ibid.) 1873. — Quelques mots sur Tâgc du cuivre et du fer en Portugal. (Ibid.) 1873. — Relatório acerca da sexta reunião do Congresso internacional de Anthropologia e de Arcbeologia prehistoricas, verificada no congresso de Bruxellas no mez de agosto de 1872. (Mem. da Acad. Real das Scienc). 1878 a 1880. — Estudos preliistoricos em Portugal. (Mem. da Acad. Real das Scienc). Cotnprehetide dois volumes: I — Noticia da estação humana de Licêa. II — Monumentos megalithicos dos arredores de Bellas. 1878. — Des formatiuns tertlalres da Portugal. (Congrès Internatio- nal de géologie. Paris. Sessão de 2 de setembro de 1878). 1878. — Quelques mots sur Tâge de pierre en Portugal. (Associat. fran- çaise pour Tavancement des sciences. Congrès de Paris, p. 894). I06 BROTÉRIA i8So.— Estudos prehistorjcos em Portngifl. — Noticia de algumas es- tações e momimeiítos preliistoricos. (Em portuguez e francez. 2 vol. in-4." com 28 est. Lisboa). ,,S8i. — Coupe du crétacé à Bellas (in Heer: Gontribution á la rtore fossile du Portugal. Section des Travaux Géologiques). 1884. — Discours du Sécrétaire (Jénéral: L'liomme tertiaire en Portugal: Les kjoekkenmoeddings de la vallée du Taje (dans le compte rcndu du congrès international d'Antropologie et d'Archéologie préhisto- riques. Sessão de Lisboa, 1880). Carlos Ribeiro e J. F". Nery Delgado 1864. — Carte géologique du Portugal (in Carte géologique de TEs- pagne et du Portugal, par Mrs. E. de Verneuil et E. CoUomb). 1868.— Relatório acerca daarborlsaçao geral dopaiz. (111-8.», 3 17 pag., 1 carta. Lisboa). 187(3.— Carta geológica de Portugal (escala de i/5ooooo). LONGINOS NAVÂS NEURÓPTEROS PROSOSTOMIOS DE LA FeniínsuLla. Iloérica Llamo Prosostomios (de Trpc^r.) hacia delante y rs-òij.z boca) á un grupo de Neurópteros poço numeroso, caracterizado por la prolongación dei aparato bucal en pico., rostro ó prosós- toma (^). Algunos autores han concedido los honores de orden á esta agrupación que han calitícado con cl nombre de Mecópteros (de [j-w-o:;: longitud y -uTífív ala), inraerecidamente, á mi Juicio, por cuanto las afinidades que los ligan á otras secciones de Neurópteros son muy íntimas. E inclu3'endo en el orden de los Neurópteros á los Odonatos, Termítidos, Tricópteros, etc, la categoria de los Prosostomios no alcanza siquiera la digni- dad de suborden. Algunos de sus caracteres orgânicos los acercan mucho á los Tricópteros por un lado, á los Lepidó- pteros por otro, mas el conjunto de ellos entra perfectamente en el cuadro de los Neurópteros propiamente dichos ó genuí- nos (genuini), . ó llámiense Liópferos Q.ilov liso, lampiíío y 7VT£p2v ala). Dando á esta última denominación el carácter de suborden, los distinguiremos facilmente dei suborden (orden según al- gunos) de los Tricópteros en Ia conformación de las alas, sin pelos ó más ó menos peludas en lo,s primeros, pêro que siem- pre dejan visibles las venas y venillas, y cubiertas de largos y densos pelos que.ocultan membrana y venas en los segundos. (') Fórmase esta palabra á semejanza de epistoina (éizí encima y aTcy.a boca) V otras análogas usadas en Entomologia. 108 BROTÉRIA [2] prescindicndo de otros caracteres no menos importantes, pêro que no son de este lugar, por los cualss facilmente se diferen- cian. A su vez los Neurópteros propios ó Liópteros pueden di- vidirse cn Odonatos (òòo-iiç, oúiv-ot diente y yvy.^oz mandíbula), si sus mandíbulas están aserradas ó provistas de dientes, y Oxi- iiatos (oçj agudo), si cl borde ó íilo de aquéllas es agudo y sin dientes. La sección de los Oxinatos se dividirá en Braqiiistomios (y^y-yy breve), cuya boca tiene la disposición normal, sección que comprende numerosas famílias, y la de los Prosostomios, de boca prolongada, que abarca dos solas. Lo que acaba de indicarse de la división de los Neurópte- ros podrá verse en el siguicntc cuadro. BROTERIA,VoL. ii, igoS fig. 2 ÇJila anterior iz.quierda) J-ig. 3 Cj7la anterior derecha) j-ig. / j-ig. ^ (Jlila anterior derecha) J-ig- 5 v.at. ^neiAa/a naa. Cj^Ia anterior izquierda) L. Navás dei. [3] L. NAVAS: NEUROPTEROS PROSOSTOMÍOS 109 IZ5 m O o ^ o •o •iH n O •d a a? ^ ^ +J 'O bc cj cs 03 O 73 03 O Ti •r-i O ■O O •CJ •r-l &c u (D +J 03 A o O n •1-1 •!-( o CO o 73 •i-H ^l •CD •■? n m O •i-i •o CQ O O) O 73 •l-H d o O) (D a 09 O U O •o 73 •o m o 73 •i-H l-H o u .,-1 Hq«<ígpáEHKiOa}^HOg^PLiPHHq CQ O 73 •iH o +J ai O O •i-i O O) m o O -rj 73 íá ?-• -1-1 •o 03 O O CD -rH 0 -O 0 ^ ° 5 § (Tl g ^a *-> ^ d. ■§ P-^ C/3 0 S f^ p .0 0 § ^1 I— j 0 *-. c« 0 •*-^ r^ P ■ í ( ^^ .'■^ CD c/i 3^ r -^ 0 Tí "tj-i rt t/3 v: rt a 0 ^ 'gos, de tejos. L c/; ^ D O SO)d31dO)dn3N >»'^ 5C Si -a X! 5 0 3 t/5 C/2 C/2 T3 0 r/J p 1^ ZJ 0 0 '-3 H 0 0-» T3 C/3 0 c« 0 ç/2 H C/2 0 J3 u 0 T3 Oh m OQ -0 ;í5 8 -ri r. S > d) 0) 1 v; 1) CS C/2 rt 0 E :^. 1j O- c 0 s (A, 0 0 t-, c«" c 0 u C ■0 CAI C C/2 < 0 G O-O C3 U ' 0 ii-sr. > ^ a L. Espécies dei género PANORPA 1. Subcostal confluente con la costal hacia la mitad de esta, macho antes dei estigma, que es amarillo. Alas con poças y pequenas manchas, ápice hialino. Prosóstoma, tórax y patas amarillentos I». ^^Ipiíia L. — Subcostal confluente con la costal en el mismo estigma. Ápice dei ala más ó menos manchado, á veces muy poço, de pardo ó negruzco 2. 2. Prosóstoma leonado, con el extremo negruzco, vértex rojizo. Banda transversal de la región dei estigma muy incom- pleta, la mediana ó discoidal igualmente interrumpida. Quinto segmento abdominal dei S apenas más largo que el sexto, re- dondeado posteriormente y con ancha fajã amarilla. Ir*. Cá ermaiaioa L. — Al menos una banda transversal dei ala, completa . . 3. 3. Sector dei radio dos veces bifurcado después dçl es- tigma, que es amarillo pálido . . 4. — Sector dei radio bifurcado una sola vez después dei es- tigma, que es amarillo obscuro 5. 4. Prosóstoma leonado con el extremo negro. Patas igual- mente amarillentas, como también una banda media longitu- dinal en el meso y metanoto. Alas con fajã negruzca transver- sal en la región dei estigma. En el arranque dei sector dei radio dei ala anterior una mancha que apenas desborda las dos venas (radio y su sector). Quinto segmento abdominal dei $ más largo que el sexto, posteriormente redondeado y con estrecha línea amarilla I*. coiiiimi.nis L. — Prosóstoma leonado con una línea longitudinal negra á cada lado. Vértex negro. Fajã mediana dei ala representada por cuatro ó cinco manchas bien visibles. Fajã estigmática completa, dirigida dei estigma hacia la mitad dei margen 112 BROTÉRIA [6] posterior dei ala. Mancha apical rodeando con frecuencia un espacio hialino, de suerte que parece exista una tercera fajã ante-apical (fig. 3) I*. wilg-ai-is Imhoff(<). 5. Prosóstoma y vértex rojos. Fajã estigmática bifurcada hacia atrás, siendo completas las dos ramas, ó ai menos la posterior. La fajã mediana completa ó poço menos, alcanzando á la vena costal la mancha que existe en el arranque dei sec- tor dei radio y continuándose con otra ú otras hasta el mar- gen posterior. Una mancha central entre esta fajã y la base dei ala. Tiridio poço visible, no ceilido de línea obscura; hor- quilla tiridial rosada. Quinto segmento dei abdómen en el $ con el borde posterior levantado ó en punta, en vez de ser redondeado como en las espécies anteriores. Membrana dei ala teilida de pardusco muy pálido junto á las venas. Patas rojizas (fig. 4) IP- niei*iclionalis Ramb., tipo. — Prosóstoma, vertex, tórax negros, ó ncgruzcos. Patas negruzcas. Membrana dei ala totalmente hialina junto á las venas. Tiridio muy visible, cenido de una línea obscura. Banda estigmática incompleta en su ramo exterior. Banda discoidal reducida á dos ó três manchas separadas, apareciendo dos ó três más entre ellas y la base dei ala (fig. 5). P*. mei^iclionalis Ramb. var. fenestrata, nov. Enumeración de las espécies I. Nemoptera bipennis Illig-, 1812 (lusitanica Leach., 181 5). — De las cuatro espécies de Nemópteras hasta el pre- sente bailadas en Europa (N. bipennis Illig., A'', coa L., A^ siniiata Oliv. y A^. [Halter] Ledereri Selys), sola esta espécie se ha encontrado en la península ibérica, donde ai parecer es bastante frccuente. Se ha citado de Gibraltar, Granada, Sierra Nevada-, Ma- drid, etc. Adernas la tengo de Uclés (Cuenca, P. Pantel, S. I.), Montarco (Dusmet), F^scorial (Vázquez), Cercedilla (Lauffer). (1) Algunos autores dan esta forma como idêntica cspccílicamcnte con la P. cotnmunis L., considerándola como varicdad de ella. [7] I- NAVÁS: NEURÓPTEROS PROSOSTOMIOS Il3 Se ha cogido varias veces en Portugal y recientemente en San Fiel (J. S. Tavares). No la he visto citada de las províncias septentrionales de Espana, Aragón, Cataluna, donde sin em- bargo es probable se encuentre, ya que se ha visto en Mar- sella (Kolbe). 2. Boreus Memalia L. — No citado aún de Espana, como tampoco las otras espécies europeas — B. Westipoodi Hg., B. gigas Br. 3. Bittacus tipularius L. (B. italicus Mtill.j. — Se en- cuentra en differentes regiones de Europa. En Espana se ha cogido en Montseny, Zaragoza (col. m.) y Castilla (Mus. Nac). 4. Panorpa alpina L. j b. » germânica L. j ^o bailadas aún en Espana. 7. Panorpa vulgaris Imhoíf. (P. commiinis L. f^ j^idgaris auct.J. — No citada hasta ahora de la península; la poseo de Gijón (Agosto 1900), Cangas de Tineo (Flórez), San Martinho d'Anta (Portugal) (Corrêa de Barros). 8. Panorpa meridionalis Ramb. — Indudablemente es la más abundante de la península ibérica. Sierra Nevada, S. Il- defonso, Nuria, Montsen}^, en Espana; Cintra, Sabugueiro, Ceia y Salamonde, en Portugal, son los sitios de que se ha citado. La tengo además de Villafranca dei Panadés (Múnera), Orti- gosa (Vicente) y Veruela (P. Saladrigas S. I.). Existe en el Museo Nacional de S. Ildefonso (Bolívar) y Panticosa (Es- calera). 9. P. meridionalis Ramb. var. fenestrata nov. Veruela, Ortigosa, San Martinho d'Anta (Corrêa de Barros). ARVORES GIGANTESCAS DA BEIRA O pinheiro de Castello Novo Junto da ribeira da Alpreada, ao lado da linha férrea, ha- via, ainda ha bem pouco, um pinheiro manso (Pinus pinea L.J, de dimensões tão colossaes, que era a admiração de quem o via de perto. Erguia-se numa coUina granitica, inculta e quasi sem vegetação, e dominava as baixas próximas, a noroeste, cha- madas do Pinheiro e pertencentes á quinta da sra. D. Maria da Piedade Ordiz Caldeira. O pinheiro bravo (Pinus pinaster Ait.J é commum na Beira, em quanto o manso é raríssimo. Em todo o termo de Castello Novo creio se não conhecia mais ne- nhum, e assim até por este motivo, independentemente do agi- gantado das proporções, prendia a attenção de todos. O tronco ramificava-se a 3'", 70 acima da terra em quatro formosas pernadas, que se dividiam só a muita altura e for- mavam uma copa muito larga e regular. O tronco era tão grosso que sete homens de mãos dadas não chegavam a abar- cal-o, pois faltavam ainda dois ou três palmos, como me contou um camponez que com outros seis companheiros fez a experiên- cia. A altura devia andar por uns 35'", a julgar pelo ponto aonde chegou ao cair. Em junho de 1898 um vendaval horroroso, que causou muitos estragos por estes arredores, fez também arruinar este gigante, cuja existência era de séculos. Num instante o vento tornou-se tão violento que se podia comparar a um furacão e os trabalhadores que estavam por aquellas paragens tiveram de segurar-se ás arvores, para não serem levados pela corda (que assim chamavam ao vendaval). Mas a rajada que passou pelo pinheiro devia ser muito mais violenta (segundo elles di- zem também), por quanto lhe torceu ao mesmo tempo três per- nadas, que cairam juntas e levaram parte do tronco lascado obliquamente ate á terra (Est. n, fig. i). Ficou ainda de pé a J. S. TAVARES: ARVORES GIGANTESCAS DA BEIRA ii5 quarta pernada, que era a mais pequena; mas o pinheiro não tardou em seccar, baqueando por íim já carunchoso no outono passado (1902). D'esta parte, photographada em terra, poderão dar alguma idéa a quem o não viu as estampas i e 11. Na est. i vê-se no centro e á direita o tronco, á esquerda a base da per- nada que o pinheiro ainda conservava, ficando atraz d'ella uma pequena porção commum ás três pernadas que o vendaval de i8g8 cortou. A est. 11 mostra na fig. 2 a pernada, a qual a certa distancia do tronco quebrou ao cair em terra. A fig. i representa o tronco do lado onde fendeu de alto a baixo, como disse aci- ma. A base do tronco arrancado vê-se na fig. 3. As dimensões do pi- nheiro (na parte que fi- cou em pé depois do ven- daval de 1898), tomadas por mim e cuja exactidão posso garantir, são as seguintes: Altura total 28 me- tros ( '). Tronco. A grossura total não se pôde saber ao certo, pois, como já adverti, falta uma parte de alto abaixo (Est. 11, fig. i). A base comtudo está inteira ou quasi, e mede 2'",8o de diâmetro e 8'",4o de cir- cumferencia (Fig. 3). A i™,6o acima do solo o tronco tem de circumferencia 5"\9o, e a 3'",7o (ponto onde se ramifica) 6"', 10. Pernada. É muito comprida e tem boa grossura em quasi Fig. 3 (') O comprimento foi medido no pinheiro depois de caído, e, como a pernada não estava bem vertical na atmosphera, a altura devia ser um pouco inferior a 28 m. Il6 BROTÉRIA toda a extensão. Assim, sendo a circumferencia da base 3'", 70, a sete metros acima do tronco ainda conserva uma circumfe- rencia de 2™, 90. O diâmetro, a dois metros do tronco, é i"\25. Era meu intento calcular a edade approximada do pinheiro pelo numero de camadas concêntricas do tronco ou pelo me- nos da pernada. Mas está tudo tão carunchoso, que não é pos- sível seguir as camadas, pois desfaz-se uma grande parte da madeira ao serrar (*). A altura do pinheiro, que eu calculo na parte destruida pelo furacão de 1898 em 35 metros, se absolutamente não é grande, em relação a esta espécie é muita, visto não costumar o pinheiro manso subir tanto na atmosphera como o bravo, mormente quando não ha cuidado em o ir limpando. Assim mesmo o pinheiro bravo não se ergue muito mais no pinhal real de Leiria, que é a região de Portugal, onde mais se des- envolve. Para prova d'isto seja-me permittido transcrever, com a devida vénia, uma passagem do sr. C. A. de Sousa Pimen- tel, bem conhecido silvicultor, em que trata do pinheiro bravo: «Este pinheiro em boa situação chega a attingir a altura de quarenta metros e não raro a de trinta metros com circumfe- rencia no pé de dois e três metros; mas em condições menos vantajosas, como nas mattas da bacia do Tejo, pode conside- rar:se bem desenvolvido, quando chega a adquirir metade ou um terço d'aqucllas dimensões. Os pinheiros das maiores grandezas das que acabo de in- dicar, só se encontrani na matta de Leiria, onde antigamente eram frequentes as arvores de dimensões gigantescas, mas d'estas já poucas se vêem e haverá quando muito uma dúzia d'ellas que sejam notáveis pela sua muita edade e corpulência. Um dos maiores pinheiros está no cerro da Alvinha e é o que representa a fig. 4, a qual reproduz uma photographia ti- (1) É por esta causa que não podemos, a nosso pesar, guardar no mu- seu uma rodela do tronco. J. S. TAVARES: ARVORES GIGANTESCAS DA BEIRA I I7 FlG. 4 Il8 BROTÉRIA rada em 1878; tem a altura de quarenta metros e três de cir- cumferencia no tronco, que se apresenta liso, direito e limpo de ramos e nós até á altura de vinte e sete metros. Este pi- nheiro está ainda muito vigoroso e com boa copa: calculo a sua edade em duzentos annos. Fronteiro a este vê-se outro que é alguma coisa mais baixo — trinta e oito metros — menos direito, mas mais grosso, pois mede quatro metros e vinte centimetros de circumferencia no tronco. Junto da ponte dos lavradores existem dois grandes pinhei- ros, sendo um muito alto — trinta e oito metros — e o outro que é menos elevado, mas bastante grosso, apresenta alguns grandes ramos pendentes, o que é raro observar no pinheiro bravo. No sitio das Eras, que é uma das parcellas da matta de Lei- ria onde os pinheiros se desenvolvem com mais vigor, medi em 1886 dois grandes pinheiros, que tinham a altura de quarenta, e quarenta e dois metros e o'", 8 e o"',9 de grossura, vendo-se no mesmo logar mais alguns que são pouco gigantescos. E preciso entrar na matta de Leiria e percorrer os seus melhores povoamentos, para vêr o pinheiro bravo em toda a sua exuberante vegetação, encontrando-se arvoredos cujos troncos muito vareiros e cylindricos, de casca lisa e delgada, apresen- tam as ramificações superiores da copa a mais de vinte metros de altura. Em outros logares do paiz, ou fora delle, não exis- tem pinheiros bravos tão altos como os maiores que alli se vêem, o que não admira, porque na matta de Leiria estão re- unidas as melhores condições para estas arvores prosperarem». (C. A. de Sousa Pimentel. — Os nossos pinheiros. Gazeta das Aldeias, n.*^ -íSq, p. 55, 1900). (Continua) ./. S. Tavares w o > © BROTERIA, VoL. ii, 1903 Estampa ii FiG 1 --•j-zR^" a^i--^ -^- Clichés de J. S. Tavares FlG. 2 MOVIMENTO DAS FLiNTAS SUPERIORES Um movimento não observado ainda Muitas plantas monocellulares (por ex. as Diatomaceas) são dotadas de movimento e deslocam-se na agua onde vivem. Os vegetaes superiores não podem mudar de logar e, quando muito, limitam-se a movimentos parciaes de alguns órgãos. Estes movimentos notam-se principalmente durante o cresci- mento do caule e folhas. Nos entrenós superiores, que estão augmentando em comprimento, se o crescimento é maior d'um lado do que do outro, o caule inclina-se para o lado de menor crescimento (nutação). Quando o augmento em comprimento se desloca de um modo regular em volta de um eixo, a parte superior do caule descreve uma hélice (circumnutação), que é fácil de ver nos caules volúveis (feijoeiro, lúpulo). Km quanto a folha está crescendo, a nutação, gravidade e luz fazem com que se mova mais ou menos e tome a posição definitiva que deve occupar na atmosphera. Mas alem d'estes movimentos que se notam nos órgãos ve- getaes durante o crescimento, ha ainda nas folhas completa- mente desenvolvidas de muitas plantas movimentos muito cla- ros, causados pelas acções mecânicas, pela luz e calor, e até ás vezes movimentos periódicos espontâneos. Pouco direi a respeito dos primeiros, que estão já bem estudados (embora o mecanismo não seja ainda muito claro) e juntarei alguma coisa sobre o movimento das flores, e sobre um facto que pa- rece provar a existência do movimento nos ramos depois de desenvolvidos. MoMiiii-iilo das folhas. Afora o movimento espontâneo das fo- lhas de poucas plantas, veem-se nas de muitos vegetaes movi- mentos periódicos, causados pela luz e calor (moinmento de vigia e somno), e outros produzidos pelas acções mecânicas. i.° — Movimento periódico de vigia e somno. Em muitas Papilionaceas dos géneros Vicia, Liipiniis, Robinia, Trifoliiim, 120 BROTERIA Phaseoli/s, etc, e em varias Oxalidaceas os foliolos não con- servam ás escuras a posição que tinham á luz. Umas vezes de noite dobram-se para baixo, ficando as paginas inferiores de uns encostadas ás dos outros (tremoceiro, trevo azedo, alca- çuz, acácia bastarda, feijoeiro), outras voltam-se para cima apoiando-se umas ás outras as duas paginas superiores de dois foliolos próximos (ervilha, luzerna, trevo); e não raro dobram- se ao longo do rachis ou peciolo primário da folha (sensitiva e varias outras acácias verdadeiras). Os foliolos assim dobra- dos durante a noite (posição de somno) evitam a irradiação e por conseguinte o demasiado resfriamento; em quanto de dia, como estão abertos e patentes (posição de vigiaj, recebem a maior quantidade possivel de luz, que lhes é precisa para a chlo- rovaporização e assimilação do carboneo. Que é a luz (e tam- bém em parte o calor) que provoca estes movimentos é fácil de o provar coUocando de dia a planta alternadamente ás escu- ras e á luz: então os foliolos tomam também alternadamente a posição de somno e vigia. Pelo que toca ao mecanismo do movimento, tem-se adver- tido que a maior parte das folhas, em que ha alternativa de somno e vigia, têm ao lado da base dos peciolos secundários um engrossamento, que pode ter mais ou menos liquido. A noite, como cessa a chlorovaporização e diminue a evaporação, o engrossamento enche-se de liquido e faz-se muito túrgido, e por consequência o foliolo dobra-se para o lado contrario áquelle onde está o engrossamento. De manhan, ao começar a chlorovaporização com a luz do sol, a turgidez do engrossa- mento diminue pouco e pouco e assim os foliolos retomam a posição de vigia. 2." — Mopiment os provocados. Estudal-os-hemos na sensitiva e na rorella. Varias espécies de género Mimosa, Cesalpineas das regiões tropicaes, com o porte das acácias ou austrálias, são cultivadas nos jardins e têm o nome de sensitivas por causa da sua grande irritabilidade. A mais conhecida c a Mimosa pudica. Basta tocar-lhe ao de leve num foliolo para elle tomar a po- sição de somno e para logo todos os foliolos da folha se do- J. S. TAVARUS: MOVIMENTO DAS PLANTAS SUPERIORES 12 1 brarem do mesmo modo. Um abalo maior faz fechar todos os foliolos de um ramo e ás vezes os de toda a planta. O que porém é mais para admirar é que baste não. raro uma nuvem que tolde o sol á sensitiva para lhe fechar os foliolos. Em to- dos os casos o movimento vé-se muito bem e é tanto mais rápido quanto mais forte for o abalo. As rorellas ou orvalhinhas (Drosera rolundifolia L. e D. intermédia HayneJ são plantas herbáceas, pequenas, espontâ- neas em Portugal e vivem de envolta com os musgos (princi- palmente do género Sphagniim) nos logares muito húmidos. As folhas têm a margem e a pagina superior cobertas de ce- Ihas glandulosas, compridas e purpúreas, que segregam um li- quido viscoso, de sorte que brilham ao sol como se estivessem orvalhadas e d"aqui lhe veio á planta o nome de orralhinha ou rorella. As celhas glandulosas estão levantadas e patentes; mas, quando se toca numa parte da folha, todas se dobram para esse ponto. Assim, se na folha pousar um insecto, fica logo enredado nas celhas dobradas e no liquido viscoso. No sen- tir de alguns botânicos a planta segrega nestas circumstancias um liquido, especial, que digere o cadáver do insecto, absor- vendo-lhe a folha as substancias nutritivas, que contém. Flores. Alem dos movimentos que se notam, como na fo- lha, durante o desenvolvimento das diversas peças floraes, as pétalas de muitas flores abrem pela manhan e fecham á noite, seguindo assim as alternativas de vigia e somno das folhas (tulipa, anémona, morrião). Assim o Hypecoum prociiinbens L. da tribu das Fumariaceas, herva espontânea no nosso paiz, ao declinar da tarde cerra as suas flores amarei las por forma que as duas pétalas maiores se encostam uma á outra e se unem estreitamente, abrigando dentro os outros órgãos da flor. Na manhan seguinte a coroUa abre de novo. Outras vezes pelo contrario as corollas desabrocham á noite e fecham de manhan (boas-noites, espia-caminho). Movimento dos ramos. Nos caules e ramos não foi ainda observado, que eu saiba, movimento algum, afora o de nuta- 122 BROTERIA cão e circLimnutação. Mas o facto de que vou falar parece de- monstrar que nos ramos pode haver um movimento periódico e espontâneo, bastante rápido. Passando por uma alameda de eucal3^ptos pouco crescidos, prendeu-me a attençao o movi- mento que notei na ramagem de um, ao lado dos outros cujos ramos estavam em repouso, visto não haver a mais leve ara- gem. Um dos ramos, collocado um metro acima do solo, tinha movimento vibratório rápido e amplo num plano vertical, de forma que se movia alternadamente para cima e para baixo. O numero de vibrações simples era de 140 por minuto, isto é, o ramo levantava-se 70 vezes e baixava outras tantas em cada minuto. Com quanto não bafejasse a mais ténue viração, peguei no ramo e fiz com que o movimento parasse, afim de me assegu- rar mais se era ou não casual. Pouco depois larguei-o branda- mente, e elle para logo começou a mover-se pouco e pouco, e o numero e amplidão das vibrações foi augmentando, de sorte que em breve attingiu as 140 vibrações por minuto. Elste ramo, cujo comprimento andava por o"\5o, parecia estar no foco ou centro do movimento, porque nos outros ia sendo mais lento e as vibrações menos rápidas á medida que se distanciavam d'elle. e havia até alguns dos mais afastados, mormente do lado op- posto, que estavam em repouso. Estive observando este movimento durante um quarto de hora, e, quando me apartei, ainda continuava pela mesma forma. O eucalypto tinha uns dois metros d'alto e grossura correspondente; era todo enramado e sem nada que o diffe- rençasse dos outros, a não ser a folha um tanto mais miúda. Nos ramos que se moviam também não havia particularidade nenhuma. Não sei portanto qual a causa do movimento, e menos ainda o mecanismo d'elle. O que posso assegurar é a sua realidade, pois o observei, além d'esta, mais três vezes no mesmo eucal3'pto e outras duas em eucalyptos dirtérentes. Nunca porém o vi senão pela manhan e á noite, ao despontar e pôr do sol. ^ _ ./ ^S. Tarares SEGUNDA CONTRiBUIÇÃO PARA O ESTUDO DOS FUNGOS DA REGIÃO SETUBALENSE POR CAMILLO TORREND Da Sociedade Mycologica de França e Professor no Gullegio de S. Fie Como prometti no meu trabalho anterior (Brotéria, vol. i, p. 96), vou completar agora o catalogo dos Fungos que des- cobri na Região Setubalense. Julgava eu que tinha já enume- rado todos os Basidiomycetas; mas na revisão das espécies não classificadas dei com varias pertencentes a esta ordem. Accresce que os Hypodermeae, de que não tratei ainda, foram ha pouco definitivamente coUocados nos Basidiomycetas por vários mycologos, especialmente pelo sr. Patouillard. A's espécies anteriormente enumeradas accrescento agora 93, das quaes bq novas para Portugal. Estas vão marcadas com um *. Os números também seguem em continuação com os do meu primeiro trabalho. Com quanto a minha «Primeira Contribuição», não tenha saido a lume ha mais de um anno, já posteriormente foram publicados vários estudos sobre os Fungos portuguezes, con- tando-se entre as espécies interessantes varias novas para a sciencia. Estes trabalhos foram quasi todos publicados pelos incansáveis mycologos, srs. J. Veríssimo de Almeida e M. de Sousa Camará, na Reinsta Agronómica. E' com grande satis- facção minha que falo da publicação de taes estudos. Aproveito esta occasião para rectificar algumas incorrecções que me escaparam na primeira contribuição e de que o sr. P. Bresadola benevolamente me advertiu. o n." I — Amanita Barlae Quel. — ^é, segundo o sr. Brc- sadola, a mesma coisa que Amanita baccata Fr. O n.° 242 — Boletus reí^uis — é especificamente diíferente do B. appendiciilatiis. O n," 278 — Lasdiia alba — é também conhecida da Africa, Austrália e America do Sul. Os n.*^'^ 263 e 264 são s3'non}'mos. Estas incorrecções terão de certo merecido a indulgência de quantos se occupam de mycologia, campo tão vasto e em que tão fácil é dar algum passo menos seguro, mormente em Portugal, onde, a despeito do muito que se tem trabalhado, muito falta ainda por investigar. S. Fiel — Junho, 1903. BASIDIOMYCEM AGARICACE/E Género Coprinus Persoon 370. * Boixcliei*i Quel. — Janeiro, fevereiro. Numa sebe, perto da quinta do Mocho. TELEPHORACE/E Gexero Cyphella Fries 371. * Lacera Fr. — Janeiro e fevereiro. Espécie muito elegante, encontrada muitas vezes nos caules das couves (Brassica oleracca) em putrefacção. Quinta da Conceição (Revoredo). Género Peniophora Cooke 272. * Incaimata Fr. — Fevereiro e março. Nos caules seccos da Centáurea scmpennrens. Quinta do Col- legio de S. Francisco. Género Copticium Persoon 373. # I5oiiil>ycinii.m (Sommerf.) Bres. Fung. Kmet. — Fevereiro. Num tronco carcomido de pinheiro, próximo de Algeruz. Obs. O sr. P. Bresadola nos Fungi Hitngarici Kmetiani, n.» 162, enu- merando a synonymia d'este fungo ( — Telepliora Somm. I^app. p. 284. Corticiíim seriim Fr. (non Pers.). Corticium granulatum Karst. Hattsv. 11, p. 244. Fungi Fenn. n.° 917 ! ), accrescenta esta importante observação: Sporae ellipticae, g-12 = 6-8 [>.., hyalinae; hyphae septjto-nodosae, 4-5 ;>.. — • Spectes ha;c a Corticio sero Pers. prorsus diversa, et potiits Corticio lácteo próxima. 1 2(1 BROTÉRIA [6J 374. Lfietexxm Fr, — Cf. iii Contrib. ad Fl. Myc. Lusit. Commum nos ramos dos carvalhos, silva (Rubiis fnicíicosi/sj e outras plantas, durante toda a esta- ção chuvosa. 375. # r^Txtetim Bres. — Fevereiro, março. Nos ramos seccos. CLAVARIACE/E Género Clavaria Linneu 376. # .Tuncea A. S. — Fevereiro, março. Obs. Esta espécie, por ser filiforme, não custa pouco a encontrar. K com tudo commum. Vive nas folhas caídas e em putrefacção. Encontrei-a abundantemente nas da figueira (Ficus caricaj e da cevadilha {Neriitm oleanderj. TREMELLACE/E Género Sebacina Tulasne 377. # Iiicwisttms (Pers.) Tui. vel n. sp. — Dezembro, janeiro. Obs. Esta espécie, sem duvida nova para a sciencia, não pôde ser clas- sificada com exactidão, por se não terem encontrado exemplares assaz desenvolvidos. Vi-a num ramo de sobreiro fOiíoxiis siibei-J a sair por uma fenda da cortiça. TULOSTOMACE/E Género Tulostoma Pcrsoon 378. * Gri-aniilosniii Lev. — Dezembro e janeiro. Obs. Esta espécie é o n." 34!) da minha «l^rimeira contribuição» (Hro- téria, vol. i, p. 147). Julguei ser o T. Diaiiuiiosum : mas o sr. P. Bre- sadola, depois de a estudar demoradamente, verilicoti que é a espécie mencionada. [7] c. torrend: fungos da região setubalense 127 USTILAGINACE^ O Género Ustilago Persoon Ohs. As espécies conhecidas em Portugal são : r. jiiomala Kunze — G. S. (2). U. Ischaeini Fuck. — i. U. Avenae (Pers.) Jens. — Alm. p. 22. U. seg''tum[\i\A\.) Ditm.— i,ii,iii,iv,X.". U. Carieis Pers.— X% X'' fU. iirceo- U. Sefariap Rab.— X». loniiu — III). U. violácea Pers. — G. S. U. Dracaenae Souza Cam. — S. C., U. Zeae Mays (DC.) Wint. — iv. fV. p. 22. Maydis Cda.— X% X'>). Encontrei duas d'estas espécies e outra nova para a flora portugueza. 379. * I5i*oiniivoi*£i- Fisch. v. Waldh. — Abril, maio. Foi encontrada pelo meu amigo, sr. Affonso Luisier, nas inflorescencias do Bronius sterilis. 380. Seg"etixiii (Buli.) Ditm. — Abril. Commum nas in- ílorescencias do trigo. (') Ainda que não consagrei attenção especial ás Ustilagineas e Ure- dineas de Setúbal, limitando-me a colheras que ia vendo, appareceram-me comtudo na coUecção não menos de 20 espécies, 2 ou 3 das quaes novas para a sciencia e 8 para a flora mycologica portugueza. (-) Para não multiplicar as citações e referencias ás Contribuições mv- cologicas portuguezas, servir-me-hei das abreviações da Florula Lusita- nica. Porém ás 10 ahi citadas devo accrescentar as duas do sr. Lagerheim, que foram omittidas, ás quaes para se distinguirem da decima da Florula, e da undécima da Brotéria {1° vol.) darei o nome de X" e X''. 0 quadro completo das Contribuições e Auctores citados em abrevia- ção é o seguinte : 1 = De Thuemen F. — Lisboa, 1S78 (^Jornal de Sciencias nialheui.^physic. e nat.J. II==De Thuemen F. — Conimbricae, iSyq (O Instituto). III = De Thuemen F. — Conimbricae, 1881 fO Instituto). IV=^De NiESSL G. — Conimbricae, i883 /O Instituto). V — WiNTER G. — Conimbricae, 1884 [Boletim da Sociedade Brote- riana). VI=WiNTER G. — Conimbricae, i885 (Boletim da Sociedade Brote- riana). VII = Berlese ET RouMEGUÈRE — Toulouse, 1887 (Revue Mycologi- que). 128 BROTÉRIA [8] 38i. Zete ]>Xfi.ys (DC.) Wint. — Abril. Nas inflorescencias do milho, especialmente nas espigas, onde produz ás vezes engrossamentos enormes. TILLETIACE/E Obs. As espécies conhecidas em Portugal são as seguintes: Entyloma fuscum Schroet. — X". Doassansia Lithropsidis Lag. — X". Urocystis Colchici Rah. — X''. Graphiola Phoenicis Poit. — ti, X''. Se não as encontrei em Setúbal, é porque não as procurei. Julgo até que as três primeiras hão de ser communs na flora setubalense, visto terem tantos substratos (espécies dos géneros Papaver e Alliimi. e Li- thropsis peploides). Género Entyloma De Bary 382. ^ Convolvirli Bres. n. sp, — Abril. Nas folhas do Conrohnãus Soldanella. ^'alle de Pixaleiro. Obs. A diagnose d'esta espécie sei-á em breve publicada na Brotéria pelo sr. P. Bresadola. VIII = Berlese et Saccardo — Toulouse, \^^() (Revue MYColoí:;ique). IX = J. Bresadola — Conimbricae, i8qi (Boletim da Sociedade Bro- teriana). X = Saccardo— Conimbricae, i8q3 (Boletim da Sociedade Broteriana). X" = Lagerheim — Revision des Ustitaffinees de llierbier \]'ehristcli, Conimbricae, 1889 (Boletim da Sociedade Broteriana). X'' = Lagerheim — Contrilnition à la Flore mycolof^ique Portiií;aise. Co- nimbricae, 1890 (Boletim da 'Sociedade Broteriana). Ai.M. =Verissimo d'Almeida - (Contribuição para a mycoflora de Por- tugal, Lisboa, iQoS {Revista Agronómica, \ . i). B. = Berkeley — Some notes upon t/ie Cryptogamic portion of the plants collected in Portugal, 1842-52, bv ])r. Fried. Wehvitsch. C. = Colmeiro — Enumeración de las plantas cr)-ptogámicas de Es- pana V Portugal. C Z. = Carlos Zimmermann, meu amigo e collega, citado pelo Sr. Gon- çalo Sampaio no seu Catalogo do Herbario da Academia Polytechnica do Porto. G. S. =: Gonçalo Sampaio, op. cit. ,1. H. = 1)r. Julio Henriques — (]ense 12C) MELAMPSORACE/E As espécies d'esta família conhecidas em Portugal são as seguintes Cronartium flaccidum (A. S.) Wint — VI fC. Paeoniae n). C. asclepiadeum (W.) Fr. — i, iii, v. Coleosporiííjii Canipamilae Lev. — X". C. Iniilae Fuck. — i, ( C. Sonchi ar- vensis Tui. — i, X% X''). C. JuiniatiDnThum. — Cf. Ih-cdoini- uiata. C. SoncJii arvensis Tui. — Cf. (1. Inulae. Melampsora aecidioides Schroet. — X''. (Ccvoma aecidioides). M. Eiiphorbiae Cast.— B., i,fM. He- lioscopiae — X% X\ G. S.). M. Hypericorum (DC.) Schroet. — IV, G. S. M. popitlina Tui. — ii, iii, v. C ochraccuni — Qí. Uredo Agriíno- M. Qiicrciis Schroet. — G. S.). niae-Eupatoria\ M. salicina Tui. — i, (M. Salicis ca- C. Pini I ag.— X% X''. (C^ Scuccio- preac (Pcrs.) Wint.— G. S. nis II. — G. S. — Alm. p. 226.) AI. Tremiilae Tui. — iii. C. SE Obs. E' esta sem duvida uma das famílias que mais nos revelam o tra- balho e aturado estudo de nossos mycologos. As espécies até agora des- cobertas em Portugal sfo 2 Gymnospoi-angiiim, umas 3o Uromyces, mais de 60 Piiccinia, 5 Phragmidiíim,., 5 Aecidium, 2 Cceoma e 9 Uredo. Estive em duvida se havia de publicar lista tão comprida; mas o de- sejo de apresentar aos mycologos portuguezes em quadro o resultado dos trabalhos de nossos predecessores, me resolveu a fazel-o. Só falo das espe- 3o BROTERIA [IO] cies indígenas, e não das que o sr. Lagerheim descobriu em varias plantas extrangeiras do herbario da Escola Polytechnica, como são: Uroniyces scutellatus, V. purpureus, U. Ixiae, U. Albiicae, U. Poae; Piiccinia Cy- nanchi, P. (lircaeae, P. Adoxae, P. Dorsteniae, etc. Gy'mnosporans;ium clavipes Cook. — II. G. Jiiniperimim (L.) Vill. — v, X\ — Alm.. p. 57 {Aecidtiim cormttiim Pers. — B) Uromyces Acelusae S c h r o e t . — G. S.— C. Z. U. Alliorwn Lev.— B., X ^ U. Anthyllidis Gre.v. — Cf. ['. Lupini. U. appendiculatiis Link — X". V. Behenis (DC.) Unger.— X'', i, vi. (Aecidium Bchennis DC. — i). U. Betae Kuh.— X''. U. ChaniaesycisS-àcc. — X^'f['.prae- núnens Lagerh. — X''). U. Chenopodii Schroet.— X''. U. Dactylidis Otth.— 1. X\ U. Dolichi Cook. — VIII, G. S. U. Eyllii~onii Pass. — X'\ U. Fabae (Pers.) De Bary — i (U. Orobi Pers. — vi). U. Genistae Fuck. — v, X''. U. Kalmusii Sacc. — X*. U. lineolatus Schroet. — X''. U. Lupini Pers. non Sacc. — i. (U. AnthyllidisJ. U. Lychnidis Lagerh. — X'' (U. vcr- ruculosus Schroet.). U. Medica f^inis Pass. — X'' fUredo Fabae v. Medicaginis falcatae DC). U. Ornithogali Lev. — iii. U. Orobi Pers.— Cf. U. Fahiv. U. Pekiamts Faiiow— X''. U. Pliaseoloriim De Bary^-i, iir. U. Pisi (Pers.) De Bary~Alm. p. 56. U. PolygoniYxick. — X''. U. praeminens Lagerh. — X^ fU. Chamaesycis Sacc. — X''). U. RuDÚciíin Fuck. — i. (U. Riirni- cis (Schum.) Schroet. G. S.). U. Scillariim Wint.— X% X\ G. S. U. Scrophulariae Berk. et Br. — X''. U. Sy Ienes Fuck. — X''. r. Terebenthi DC. — 11. U. Trifolii Lev.— X''. U. verruculosiis Schroet. (U. Ly- chnidis Lagerh. — X''). Piiccinia Ag?-osleiunae Fuck. — i. fJ^. Arenariac Schroet., P. Ly- chnideariiin Lk. — i, P. Stella- riac Dubv — i). P. Alia Rud.— I, V, viii, X% X", G. S. P. Amphibii Fuck. — 11. P. Andropogonis Fxick. — i, 11. P. anniilaris Wint.— iv, X'', G. S. P. Arcnariae (Schum.) Schroet. — Cf. P. Agrosteninae. P. Ãsperifolii West. — X^ X\—Cf. P. striacfor7uis. P. Asphodeli Duby.— X", C. Z. {Cii- tomyces Asphodeli Thiim. — i). P. Asteris Duby —V, X\ G. S. P. Bellidis Lagerh. — X^ (P. obscura Schroet. — G. S., Aecidium cotn- positarum Mart. ex p. — X'''). P. Berkeleyi Pass. — viii. — Alm. p. 223. fP. Vincae Cast. — X''; Uredo Vincae DC. — 11). P. biformis Lagerh. — X"". P. Bupleuri Cda. — X", B (Aecidium Falcariae DC. — B). P. Buxi DC— III, IV, X% B. /•*. Calamenthae Fuck. — i. fP. Men- tJiac l^ers.— II, X", G. S.— C Z.). P. Calcitrapae DC — 111 — Cf. P- Flosculosarum. :ii] c. torrend: fungos da região setubalense i3i P. Campanulae Carm. — G. S. P. Carieis (Schum.) Wint. — vii fP. Urticae (Schum.) Lag.— X""). P. Centaureae DC. — m. P. Cichorii Bell. — i. P. Cirsii Lasch. — i. P. Chondrillae Cda. — i. P. chondrillina Bub. et Syd. — C. Z. P. conclusa Thum. — i. P. Convolvitli Pers. — vi. P. coronatã Cda. — i, ii, m. fP. Ríia- mni West. — X^'). P. Corrigiolae Chev. — G. S. — C. Z. P. Crepidis Schroet. — X". P. Cressae (DC.) Lag. — X^" {Aeci- diiim Cressae DC. — B.). P. Crucianellae Desm. — X°. P. Cynodontis Desm. — i. P. Ficalhoana Lagerh. — X''. /-. Flosculosarum A. S. — iv, vi (P. Hieracii Mart. — X'' — Alm p. 226; P. Calcitrapae DC. — m). P. GalioriiDi Link — i, f . piinclataj. P. Gladioli Cast.— B. X% X". P. Graminis Pers. — viii fPoculiJor- mis West.— X"). P. Hieracii — Cf. P. Flosculosarum. P. Hypochaeridis Oud. — C. Z. P. Jasmiid DG. — X'\ P. Le Monnieriana Mai. — C. Z. P. Leontodontis Jac. — C. Z. P. Lychnidearum L.ink — i. — Cf. P. Agrostemnae. P. maculicola Alm.— Alm. p. 226. P. Magmtsiana Duby — X''. P, Malvacearmn Mont. — i, 11, iv, viii, G. S.— C. Z. P. Maydis Carr. — iii, G. S.— C. Z.' P. Menthae Pers.— 11, X", G. S. — C. Z. — {P. Calamenthae Fuck. — I). P. Mesnieriana Thum. — i, 'viii, ix, x.-G. S. P. obscura Schroet.— Cf.P. Bellidis. P. Pimpinellae Link— i, v, X". fP. Cnibelliferaruin DC. v. Tragii. — B). P. Piptatheri Lagerh. — X^ P. poculiforrnis.WesX. — Cf. P. Gra- minis. P. Prunorum Link — i. P. pulvinata Rud. — X''. P. punctata LK. — Cf. P. Galiorum. P. Rliamni — Cf. P. coronatã. P. Rubigo-vera. CL P. síriaefonnis. P. Sonchi Rob. et Desm.— X''. P. Sorghi Schw. — X\ P. Ste)lariae Duby — i. — Cf. P. Agrostemnae. P. striaeformis Wint. — X''. (P. as- perifolii (Pers.) West. — X'' ; P. Rubigo-vera (DC.)— iv — G. S.l. /-*. suaveolens (Peis.) Rostr. — ix, G. S. P. Tanaceti DC— v, X''. /*. Tragii^Ct'. P. Pitnpinellae. P. Tragopogonis Cda. — X". {P. va- riabilis Grev. - B.). P. Umbilici Guep. — G. S. P. Frticae (DC.) Lagerh.— X''. (P. Carieis (Schum.) Wint. — viP. P. Umbelliferarum DC. — Cf. P. Pimpinellae. P. vanabilis Grev. — Cf. P. Trago- pogonis. P. Vincae Pass. — Cf. P. Berkeleyi. P. F?o/í7e -(Schum.) DC— i, vi, X'', Alm. p. 89.- G. S. Pliragmidium apiculatum Rab. — i. Ph. asperum Wallr. — Cf. P. viola- ceum. Ph. Rosarum Fuck. — Cf. Pli. sub- corticium. Ph. Rubi (Pers.) Karst. — viii. Ph. subcorticium Schrank. — i, 11, iv, X% G. S. — C Z. (Coleosponum miniatum Pers. — i). Ph. triarticulatum B. et C — X''. l32 BROTERIA [12] Ph. violaceinn (Schultz) Wint. — ii, m, VI, X''. — G. S. (Ph. asperumj. Aecidium Behenis DC. — i. — Cf. Uro- myces Behems. A. Calystegiae Desm. — ii. A. Chenopodii DC — X". A. Compositariim Mart. — X''. — Cf. Píiccinia Bellidis. A. cormitiim Pers. — B. — Cf. Gym- nosp. juniperimmi. A. Cressae DC. — B. — Cf. Piiccinia Cressae. A. FaJcariae DC. — B. — Cf. Piicciíiia Biipleiíri. A. Petersii B. B.— Alm. p. b-j. A. Valerianellae Biv. Bern. — X^ Caeoma aecidioides — Cf. Melam- psora aecidioides. Caeoma merciirialis Link — iii, X\ C. Ricim Schlecht — i, ii, iv, X% B. Uredo Agrimoniae-Eupatoriae DC. ( Coleosporiíwi ochraceinn — i ) . U. Caraganae Thum. — iii. U. Castagnei Rev. — ii. U. confluens Pers. — B. [/. Dorynocpsidis ThUm. — i. U. Ficus Cast. — I. U. miniata Pers. — Cf. Phraguii- duiiu siibcorticiíiui. Tlúim.— i. U. pallens Sacc. — B. U. planiiíscida Mont. — viii. U. Qiierciis Brond — X''. U. Viiicae DC. — ii. — Cf. Piicciíiia Berkeleyi. Género Gymnospopangium Hedwig 385. # Coiiíii.sii.m. Plows. — Maio, junho. Uredosporos e ecidiosporos nos peciolos e limbos do Crataegus monogvna. A" beira de uni caminho próximo aos Conventos de S. Paulo. 386. Oxyceclri Bres. (Brotéria vol. ii p. 88). — Fevereiro. Teleutosporos num ramo de Junipenis oxycedrus. Quinta do CoUegio de S. Francisco. Género Uromyces Link 387. .A-lliorviiii Lev. — Maio. Nas folhas do Alliiim Am- peloprasum ou spliaeroccpliali/iii . Quinta do CoUe- gio de S. Francisco. 388. # ^4.iTtliyllicli?i!; (Grev.) vel. n. s. p. — Maio, junho. Ohs. Esta espécie foi descoberta nas folhas da Hippocrepis tini- siliguosa pelo meu amii;o e diligente investigador da flora setubalense, sr. [i3] c. torrend: fungos da região setubalense i33 A. Luisier. Depois também eu encontrei vários exemplares na mesma planta. O sr. Sydow, a quem o meu collega, sr. Zimmermann, enviou alguns exemplares, publicará em breve algumas observações interessantes acerca d'esta espécie. 3S9. Scillai*iTmWint — Maio, junho. Nas folhas da Scilla itálica. Salinas de N.''^ S."- da Graça. 390. # Scvitellatu-S Lev. — Maio. No caule e folhas dos ra- mos estéreis da Euphorbia Nicaeensis. Valle de Pi- xaleiro e Serra da Arrábida, vertente norte. Obs. Cito esta espécie como nova para Portugal, apezar de vir men- cionada pelo sr. Lagerheim na «Revision des Urédinées de Therbier de Welwitsch», pois o illustre professor não a observou senão numa Eii- pJwrbia do Herbario, proveniente de Compiègne. Género Puccitiia Persoon 391. Allii Rud. — Abril, maio. Nas folhas do Alliiim sphaerocepliahim . 392. Grlaclioli Cast. — Agosto. Nas folhas do Gladiolus Illyriciis, colhido por Welwitsch nas proximidades de Setúbal. Cf. Lagerh. Revision des Urédinées de Vherbier de Welnnsísch. X\ 393. Hypocliaeriílis Out. — Abril, maio. Nas folhas e caules da Hvpochaeris radicata, num campo pró- ximo ás salinas de N.'"^ S.''' da Graça. 394. Jasiiiini DC. — Abril. No Jasminium fructicans co- lhido por Welwitsch na Serra da Arrábida. Cf. Lagerh. Revision des Urédinées de Vherbier de Welwitsch. 395. ]VIesnier*Í£iii£i Thum. — Junho, julho. Nas folhas dó Rhaninus alaternus, próximo do Castello de S. Philippe. l34 BROTÉRIA [14] Género Phpagmidium Link 3()C). IriíTbi (Pers.) Karst. — Maio. Nas folhas do Riibiis sp ? Quinta do Almelao. 397. Svxt)cor*ticiviiii Schrank. — Maio. Quinta do Col- legio de S. Francisco. Obs. Os teleustosporos são muito communs nas paginas inferiores das folhas ; os ecidios Stão raros, e causam nos ramos engrossamentos que se rasgam depois irregularmente, ficando descobertos os ecidiosporos e caindo ao minimo choque em forma de poeira vermelho-alaranjada. Género Zaghouania Patouillard 3c)8. * JPliiil.yi*eae Cke. — Abril. Nas folhas da Phillyrea latifolia. Serra da Arrábida. Esta espécie é tam- bém frequente na região de S. Fiel. MYXOMYCETACE/E Obs. Os myxomvcetas encontrados até agora em Portugal são só 11, os quaes com os que vou citar perfazem 20. Este numero ha-de augmentar em breve, segundo espero, com a publicação do resultado das minhas in- vestigações na região de S. Fiel. As espécies que eram já conhecidas são : Physarum cinerum Pers. — iii. Comatricha Fnesiana (De B.) Rost. Fuligo séptica (L.) Hall. — 11. (Aetha- C.—{Stemonitis ovataj. Hum vaporarimnj. Lamprodenna nigrescens Sa cc. — x. Tilmadoche mitans {Pers.)Ro?.t. — iii. Trichia chrysospenna DC— i. Didyniium farinaceiím Schrad. — v. T. varia Pers. — viu. D. sqitamitlosiim (A. S.) Fr. — x. Lycogala cpidendron Fr. — 11, v. Stemonitis fusca Roth. — iv. Género Physarum Persoon 3qq. * Oomj>i*essiTiii A. S., f. ajfine. — Nos caules puti"idos das couves {Brassica olciMcca). [i5] c. torrexd: fungos da região setubalense i35 Género Leocarpus l.ink 400. * li^rag^ilis! Dicks (i7C)5). (L. i'ernicosiis Link, 1809). — Outubrc Revoredo. Outubro, novembro Na relva e musgo da matta Obs. esta espécie, commum em Portugal, presta-se melhor que nenhuma para o estudo das plasmodias. Quanto interesse não desperta em dias de chuva a observação d'essas largas placas viscosas, de côr amarella clara ou carregada, que se expandem em cima das cascas, das folhas e até das pedras! Quem voltar no dia seguinte por um tempo menos húmido já não encontrará as plasmodias, mas tão somente os esporangios ovaes, casta- nhos e luzidios (d'onde o nome de L. vernicosits, que a esta espécie deu Link). Não ha hoje quem ignore a maneira ccmo se consegue ver o movi- mento amiboide d'estesvegetaes interessantes. Approximando daplasmodia, exposta á luz difFusa, pouco intensa, uma folha húmida de papel, logo a plasmodia se move e começa a deslizar sobre elle. O movimento é tanto mais rápido quanto mais húmido está o papel e quanto mais affastado dos raios directos do sol, visto como o phototactismo da plasmodia é mais sen- sível perante os raios mais refrangiveis do espectro. Para ter a plasmodia, basta semear os esporos no musgo, coberto de detritos vegetaes, regando-o todos os dias e conservando-o em logar um tanto escuro. A plasmodia apparece três ou quatro dias depois. Se alguém quizer repetir estas e outras experiências e não tiver esporangios, da me- lhor vontade lh'o3 fornecerei. Género D i d ^ mi um Schrader 401. # Clfivris A. S. — Dezembro, janeiro. Nas folhas e ramos mortos dos eucalyptos. 402. # EílViisiiiii Link. — Janeiro, fevereiro. Na madeira e folhas em putrefacçao. 403. * IViíi^mpes?; Fr. — Janeiro. Nos caules pútridos das couves (Brassica oleracea) e nas folhas de loureiro (Laurus nobilis). Género Spumaria Persoon 404. * A.ll:>íi Pers. — Novembro, dezembro. Frequente em 36 BROTÉRIA [l6] varias partes, especialmente na matta dos Conven- tos de S. Paulo, aonde cobre muitas vezes as hervas e raminhos com a sua espuma caracteristica. p]m chegando á maturação mal se pôde apanhar em bom estado, porque se desfazem em pó os esporan- gios e a rede do capillicio. Género Comatricha Preuss 405. * 01>tu.sata Preuss — Janeiro, fevereiro. Num tronco carcomido de amendoeira (limygdaliis communis). Género LampB^odersna Rostafmski 406. # Ii*iíleii.m Mass. — Dezembro, janeiro. Na casca dos eucalyptos. Género Aí*cyi*ia Hill 407. * Funicea, Pers. — Dezembro, fevereiro. Frequente nos troncos carcomidos das arvores, especialmente dos pinheiros. PHYCOMYCEM Obs. Esta ordem tem sido muito pouco estudada entre nós. Das 20 e tantas familias que a formam, só de 3 conhecemos algumas espécies. São as seguintes : % [ Albugo cândida (Pers.) Kuntz. — v g ] .4. Capparidis De Bary— vi. I, IX, X".— B. .4. Lepigoni De Bary— X''. .4. PortuLicae (DC.) Kuntz.— i, X'. Phytophthora infestaus (IVlont.) De Bary — ii, v. Plasmopara vitícola (B. C.) B. et de F. — x. Bremia Lactucae Reg. — X". (Peronospora ganglifonnis — iii Peronuspora arborescens (Bcrk.) de Bary — iv. [17] c. torrfnd: fungos da região setubalense 187 P. calotheca De Bary— X\ P. effusa Rab.— X^ " P. gangiiformis (Berk.) de Bary — 111 — Cf. Brcmia Lactiicae. P. Lamii A. Braun— C. Z.— G. S. P. leptosperma De Bary — vii. P. Schachtii Fuck.— X^ P. Scleranthi Rab.— X". / Miicor nnicedo Buli. — C. S ^ ' Rhi^opiis nip-icans Ehr. — C, iii. fMucor ascophorus — 11; Asco- ^ « i phf)?'a Todeana — m). \ Sporodinia Aspergilliis (Scop.) Schroet. — v. Pela minha parte não encontrei senão as três espécies seguintes : Género Albugo (Persoon) Gray 408. Canclicla (Pers. ) Kuntz. (Cystopus caudidus) ( Pers.) Lev. — Março. Colhido pelo meu amigo, sr. J. Aii- drieux, no caule e folhas do Rapistruin ruíi;osum. E' a primeira vez que este substrato é citado. 40(). * ConvolvxxlaceíiviTiii Kuntz. — Maio. No caule e tiores do Conrolvuhis tricolor, próximo á estrada de Azeitão. Género Peronospora Corda 410. Lamii A. Braun. — Abril, maio. No caule e pedúncu- los do Latfiium amplexicaiile. Quinta do Valle da Pena, na serra de S. Luiz. ASCOMYGETJ] SuBORD. I — DISCOMYCETAE Obs. Como não encontrei espécie alguma das famílias Tuberinaceae c Exoascaceae, pertencentes a esta ordem, limito-me a citar as espécies mencionadas por Saccardo na Florula mycologica Lusitanica : Tuber brumale Vin.—C Taphrina áurea (Pers.) P>. — vu. Terfe:iia leonis Tui— B. fExoascus populi—i). i38 b:?otií:ria [i8] Terfcyia oligospenna Tui. — x. Taphrina ca'nil escens (Desm.) Tui CJioiromyces meandriformis Vitt. — ii, x''. — X. Das outras famílias encontrei as espécies seguintes: GEOGLOSSACE>E Obs. As espécies conhecidas cm Portugal Scão : Geoglossimi f^iabriini Pers. — i, C. Spathulana flavida Pers. — H. G. hirsutiiin Pers. — iv. Leolia liibrica Pers. — i, v. Eu só encontrei a primeira. Género GeogloSSum l>ersoon 411. Grlal)i*i.xiii Pers. — Março, abril. Na folhagem caída. Matta dos Conventos de S. Paulo, e quinta do Col- legio de S. Francisco. HELVELLACE>E Obs. As espécies mencionadas na Florula são : Morchella esculenta Pers.— C. Hclvella Licunosa Afz. — i, v, vii, B. Verpa digitaliformis Pers. — H. — C. H. nijcropiis (Pers.) Karst. — 11. Ultimamente na Revista Agruiioi>iicj (vol. 1, n." 4, p. 120) o sr. Mar- tinho França Pereira Coutinho mencionou a Helvella cr/i-z^a Scop., encon- trada junto a Caparide no mez de março, iqo3. Como eu a tinha também visto no mesmo mez iii)Oi) na região de Setúbal, parece que não deve ser rara no sul de Portugal. Alem d'esta, descobri mais três espécies, não menos interessantes e também novas para a nossa Flora Mycologica. Género Morchella Diilenius 412. Esculenta Pers. — P'evei'eii'o, março. Obs. Esta espécie não Ibi observada na região setubalense, mas na de [19] c. torrend: fungos da região setubalense i3q Torres Vedras em 1897. Se a menciono aqui, é porque o numero de es- pécies, que recolhi nesta ultima região, é tão insignificante que não vale a pena publical-as á parte. Género HeEvelIa Linneu 41 3. * A"ti*a Konig — Março. No sobral da quinta Barradas. 414. d'i»sptt Scop. — Março Sobral da quinta Barradas. Cfr. a observação da pag. precedente. 41 5. r^acu-iTLOsa Afz. — Dezembro, janeiro e fevereiro. Commum nos sitios relvosos e arenosos, especial- mente nos pinhaes. 416. * IVXoiiacliolla Fr. (non Schaef.) — Março. Foram co- lhidos numerosos exemplares á beira da estrada que vae para Azeitão, nas proximidades da quinta Esteval. 417. # IVanít Quel. Variedade da //. Qiicletii Btqs. — Espé- cie interessante e raríssima na Europa. Encontra-se porém com certa abundância na quinta Barradas, em março e abril. 418. # PezizoidLes f. ininor Afz. — Março, abril. Obs. Esta elegante espécie não parece rara na região setubalense, mas, pequena como é, pode passar desapercebida. Encontrei-a varias vezes nos sobraes da quinta do Mocho e Barradas. PEZIZACE Obs. As espécies até agora conhecidas em Portugal são as seguintes : Otidella fitlgens (Pers.) Sacc— iv. Plectania melastoma (Sow.) Fuck. Lachnea hirta Schum. — H. — iv. ^ ' L. scuíellata (L.) Gill. — C. Pe^ija aiirantia Pers.— B. W L. stercorea (Pers.) Gill. — 11. P. cochleata Huds. — H. 140 BROTÉRIA [20] Humaria maurilabra Cook. — X. Acetabula sul cata (Pers.) Fuck. — x. Discina venosa (Pers.) Sacc. — H. .4. viilgaris Fuck. — H. A estas se deve accrescentar a quasi totalidade das espécies encontra- das por mim na região setubalense, pois que entre 22 espécies, 20 são novas para Portugal. Género Sphaerospora Saccardo 419. * Bai-lae ? Boud. — Dezembro, janeiro. Obs. Apresento esta espécie como duvidosa, pois os exemplares que serviram ao sr. P. Bresadola para a classificação tinham o hymenio desco- rado. Foi encontrada na lama. Caminho do Valle da Pena. 420. # Ti*ecli.Í!s;poi*£i, Berk. et. Br. — Fevereiro, março. Commum nos sitios húmidos entre a relva e os musgos pequenos. Género Lachnea Fries 421. # Heniispliaerica (Fr.) Gill. — Dezembro, janeiro. Entre a relva e musgo nas clareiras das mattas de Revoredo e da Arrábida. 422. * In.sií>"i:iiíí4 (Crowan) Sacc. — Fevereiro, março. Esta espécie, que é muito linda, foi encontrada varias vezes nos detritos animaes, nos excrementos das aves, etc. Género Sarcosphaera Auerswald 423. * Ooi*oiTar*ia(Jacq.) Boud. ( Pe^iiaCorotiaria Jãcq.). — Março, abril. Obs. Espécie ao mesmo tempo muito notável e muito rara. (Cresce nos terrenos barrentos, onde se ergue durante as ultimas chuvas do in- verno. Conserva-se fechada durante alguns dias em forma de esphera pardacenta, com laivos esbranquiçados de forma irregular; depois abre, [2i] c. torrend: fungos da região setubalense 141 rasgando-se irregularmente em cúpula rigida; e por fim, quando sécca, fica macia. Foi encontrada na quinta do CoUegio de S. Franciíco e á beira de um caminho no pinhal da Commenda. 424. * Sepulta (Fries) Schroet. (Sepultaria sepulta Fr.) — Março, abril. Na terra húmida. Quinta do Collegio de S. Francisco. Género PI içaria Fuckel 425. * Alntacea Pers. — Fevereiro, março. 42(). * Cervina Fuck. — Março, abril. Nos sobraes e pi- nhaes próximos das quintas Barradas e do Mocho. 427. * ll>ex>i'esfs;a Pers. — Fevereiro, março. Commum nos sitios musgosos da matta d'Almeláo e da quinta Barradas. 428. * JPusttilata (Hedw.) Pers. — Nos campos relvosos e sobraes dos arredores da quinta do Mocho. 429. *- Sepiati*a Cook. — Março, abril. Nos logares húmi- dos, perto das nascentes e riachos. 430. * A^^esiculosa Buli. — Janeiro, fevereiro. Esta espécie foi encontrada varias vezes no estrume de cavallo. As suas cúpulas são grandes e elegantes. Género Huitiaria Fries 43 1. * Leu.com.ela (Hedw.) Fr. — Fevereiro, março. Fsta espécie, que é muito pequena, foi encontrada de- baixo dum sobreiro (Quercus suber) na quinta do Mocho, em companhia do Ascobolus rinosus. 142 BROTÉRIA ["22] Género Geopyxis Persoon 432. * di.pn.lar*iií«i ? L. — Fevereiro, março. Obs. Estava quasi inteiramente coberto pelo musgo, no pinlial próximo das salinas da Cotovia. Differe bastante do typo, não só pelo habitat, mas também pelos caracteres exteriores, especialmente pelo espique que é muito grosso. O sr. P. Bresadola não o pôde classificar com segurança, por lhe faltarem exemplares frescos. Género Urnula Fries 433. # Ci'aterixxiii(Schul.) Fr. — Fevereiro, março. Poucos foram os exemplares encontrados, e esses só nuns ramos e folhas em putrefacção da matta d^Almelão. E!sta espécie é muito bonita e muito rara na Europa. Eis o que diz sobre ella o sr. C. G. Lloyd nas suas tão bem redigidas «Mycological Notes, May, 1901». «Esta espécie tão commum entre nós (i. e. na America) na primavera, é muito rara na Europa. Foi encontrada na Hungria ha uns 35 annos, e chamada por Schulzer Pe^i^a adusta. Haslinski deu-lhe depois o nome de Crateriíim viicrocrater e Saccardo collocou-a no género Urniila. Quando ha pouco foi descoberta em França (1898) Boudier descreveu-a e illustrou-a fBiill. Soe. Myc. de FranceJ, dando ao mesmo tempo a synonymia». Deve accrescentar-se a isto que o sr. Boudier não se limi- tou a illustrar e descrever esta interessante espécie; mas mos- trou também quão immerecidamente Fries e Saccardo a tinham collocado entre as Cenangiaceas ou Dermataceas; e lhe assignou logar entre as Pezizaceas junto do Geopyxis, com que se pa- rece pelas suas thecas operculadas. Género Acetabula Fries 434. * Clipeata, (Pers.) Boud. — Fevereiro. Espécie muito elegante e raríssima, ao que parece, na região de Setúbal. Embora a procurasse muitas vezes não en- contrei senão muito poucos exemplares nas folhas mortas dos sobreiros. [•23] c. torrend: fungos da região setubalense 143 435. *- Leixconielas Pers. — Fevereiro, março. Achei grande numero de exemplares, não longe da matta dos conventos de S. Paulo. 43(). Sulcata (Pers.) Fuk. — Janeiro, fevereiro. Apparece com frequência na matta d'Almeláo e na quinta Barradas. 437. Vixlg'tii'is Fuck. (Peii{a acetabuluin L.). — Feve- reiro, março. Muito commum na quinta Barradas. Género Otidea Persoon 438. * Onotica (Pers.) Fuck. — Dezembro. Na matta d'Al- melão entre o musgo. 43(). * XJiiibi^ina (Pers.j Bres. — Janeiro, fevereiro. Na quinta do Mocho, entre as folhas caídas. ASCOBOLACE/E Género Ascophanus Boudier 440. # Carnetis (Pers.) Boud. — Fevereiro, março. No coiro de um sapato velho, exposto á chuva. Em S. Fiel encontrei-o também num caule de couve, que estava em decomposição. Género AsCOboluS Persoon 441. # Ci*oix£mii Boud. — Fevereiro. Espécie muito rara e interessante. F"oi encontrada uma só vez na casca de pinheiro, que estava já em terra. Matta Revo- redo. 442. * Vinosxis Berk. — Fevereiro, março. Na terra húmida do sobral do Mocho. Encontrei um bello grupo de mais de 3o exemplares, todos conchegados uns aos 144 BROTÉRIA [24] outros, como se fosse espécie cespitosa. Com as duas espécies precedentes constituc os únicos re- presentantes das Ascobolaceas portuguezas. Esta familia é portanto nova para a nossa íiora. HELOTIACE>E Obs. As espécies que já conhecíamos em Portugal são as seguintes : Sarcoscypha coccinea (Jacq.) Cook. Helothnn pallescens (Pers.) Fr. — vi. — C, IV, VI, VIII, IX. Arachnopep'ja Aurélia (Persi.Fuck DasyscypJia virgii^ea (Bats. ) Fuck. — iv. {Belonidiíim). — C. Sfamnaria Eqidseti (HoUm.) Sacc. D. nivea (Hedw.) Sacc. — iv. — 11. {St. Persooni). Lachnum sulfiireum (Pers.) Rhem. — II {Trichope^i^aJ. D'estas foram encontradas quatro na região setubalense. Descobri, alem d'isso, outras cinco novas para Portugal, e uma nova para a sciencia. Género SaPCOS'Cypha Fries 443. Ooccinea (Jacq.) Cook. — Fevereiro, março. Nuns ramos caídos da matta da Arrábida, e nas proximi- dades de Palmella. Género Ciboria Fuckel 444. lE5i'iTniieo-i*XTfa Brts. Fungi liisifauici iiori. Bro- tcria, vol. H. p. 8(). Nas folhas caídas do l^islacia Ifuliscits. é Género Arachnopeziza Fuckci 4p. A.tii*elia ? (Pers.) Fuck. — Dezembro. Num medronho em putrefacção da matta Revoredo. Não pòdc ser classificado com segurança. [•2 5] c. torrend: fungos da regiÂo setubalense 145 Género Dasyscypha Fries 44("). * Cei*ina (Pers.) Fuck. — Fevereiro, março. Obs. A esta espécie dão-lhe muita graça as cúpulas pequenas e esver- deadas, com que está ornada. Vi-a varias vezes nos ramos seccos dos carras- queiros [Qiiercus coccifera). Com respeito ao Z)í.7.y^5cy7'/?a v/r^mE Obs. Sáo três as espécies que em Portugal se conheciam d'esta fa- milia. Descobri outra nova para a nossa flora. Género Cenangium Fries 455. A.l>ietis (Pers.) Rehm. — iv. (C.ferniginosiim). Num ramo secco de pinheiro (Piniis maritima Brot.). Género Tryblidiella Saccardo 4^6. Elevata (Pers.) Rehm. — iv, viii. Sacc. (Tryblidium hys- teriniDii Pers.) — Num ramo secco de Biixiis scni- perrireus. Convento da Arrábida. 457. * ]E2.uf tila (Spreng.) Sacc. — Num ramo secco de Rhamniis ala/enii/s. Quinta do Collegio de S. Fran- cisco. Género Hymenobolus Montagne 438. A.g*aves Dur. et Mont. — i. Obs. E' a segunda vez que esta notável espécie é citada na Europa. Foi Thumen que em 1S7S a citou de Portugal pela primeira vez. STICTIDACE>E Obs. D'esta familia não descobri senão uma só espécie que por felici- dade é nova para a sciencia. As espécies portuguezas, antes descobertasi são : Stegia Laiiri (Cald.) Sacc. — iii. Naemacychis niveiis (Pers.) Sacc. St. Ilicis (Chev.) Fr. — iv, v, viii. — vi, viii. Propolis faginea (Schrad.) Karst. Stictis radiata (L.) Pers. — viii. — v. (P. alba). 148 BROTÉRIA - [28] Género Schizoxylon Persoon 45q. Oentaureae Bres. Myc. Lusit. novi, i()02. Gregariíim i'el sparsiDii ; ascomatibus coríicolis, submem- brauaceis, eriímpentibus, primitus subhemisphaericis, supra explauato-niarginatis, centro iimbilicatis, margine tomentoso- priiinoso ex albo florido-ceruginascente, dein lacerato-apertis ei iirceolatis, disco pallido j'el Jlavidulo, i mm. circiter latis et profuudis; aseis eylindraceis, ápice attenuato, convexo, rei subumbonato,basibreriteratteuiiaio-stipitatis,34o-36o^^g-i2ix., iodo haud íinctis ; paraphysibus Jiliformibus, epithecium iodo intensive caeruleiím efformantibus; sporis ascorum fere longitu- dine, septatis, in articulos cvlindraceos, ntrinque trimcatos, primitus variae longitudinis, sed demum cuboideos, 4-5=^4 [>.. secedeutibus. Hab. ad caules Centaureae sempervirentis, hieme. PHACIDIACE/E As espécies conhecidas em Portugal são: Trochila cralcriíiiii (DC.) I"'r. — 111. C. dentatiis (Kunz.) Sacc. — 11, iv. (Iryptoniyces máxima (Fr.) Rehm. C trigoniis (Kunz.) Sacc. — 11. — III. Rhystimj saliciniim (Pers.) Fr. — C. Rubiae (Mont.) Sacc.-iii. 'g.S.-G. Z.— B. Cocomyccs Delta. (Kunz.) Sacc. — B. (Phacidium). Eu não achei senão as duas seguintes : Género Trochila Fries 4(')o. d*atcM'iixiii (DC.j Fr. — Nas folhas mortas da hera (Hedera helix). Conventos de S. Paulo. Género CoCOtnyceS De Notaris 401. I>elta (Kunz.) Sacc. — Nas lolhas caídas do Laurus }U)bilis, nos mesmos Conventos. EIN BEITRAG ZUR PILZFLORA PORTUGALS VOAT H. IJXD 1^. SYOOW Die nachstehcnd verzeichneten Pilze wurden von Herrn Dr. Carlos Zimmermann in der Umgebung von S. Fiel im lahre iqoi gesammelt und uns freundlichst zur Bestimmung Liber- sandt. Es gliickte uns. in dieser Collection 3 neue Arten, Septoria Anarrhini, Sphaeridiíim Zimmermanni uná Sphoeronaema ma- crosporum aufzufinden, sowie eine Anzahl anderer Arten ais neu ftir die Flora Portugals nachzuweisen, von denen wir na- mentlich Puccinia choiidrillina und P. Le Monuieriaua er- wahnen mõchten. Herrn Dr. Carlos Zimmermann sprechen wir fur die freund- liche Uebersendung der Pilze unseren verbindlichsten Dank aus (*). UREDINEAE 1. Uromvces Acelosae Schrcet. — ii. — Auf Ri/niex Acetosella var. ai i st ralis Wk. 2. l. Anlbvllidis (Grev.) Schnet. — n, in. — Xwí Hippocrepis unisi- liqiiosa. (1) Os fungos citados neste trabalho foram enviados pelo nosso col- lega, sr. C. Zimmermann, aos srs. H. e P. Sydow, que os classificaram. São todos da região de S. Fiel, afora o Urotnyces Anlhyllidis^ que foi encon- trado em Setúbal. Nesta lista apparecem três espécies novas para a sciencia e varias novas para Portugal (estas foram por nós marcadas com um *). Os auctores notam no prologo que são novas em Portugal, entre outras, a Puccinia chondrillina e a P. Le Monnieriana. Agora porém não o são já, pois foram publicadas pelo sr. Gonçalo Sampaio (Herbario Poríiigiiej da Academia Polytechnica do Porto — i — Ci-yptogamia, iQirjJ, assim como outras tam- bém novas para a nossa fiora, que o nosso collega, sr. C. Zimmermann, en- viou para o Herbario da Academia Polytechnica do Porto. Nota da Redacção l5o BROTÉRIA [2] Diese Art wird auf verschiedenen Leguminosen-Gattungen, so Anthyllis, Hippocrcpis, Lotus, Liipiniis, Trigonella ange- geben. In der Form und Grõsss der Teleutosporen und der Zahl und Anordnung der Keimporcn der Uredosporen lassen sich bei diesen Nilhrpflanzen-Formen keine merklichen Unter- schiede erkennen; in der Ausbildung der Warzen der Teleu- tosporenmembran und der Dicke und Farbung derMembran der Uredosporen treten zwar kleine Verschiedenheiten auf, doch sind diese so gering, dass hierauf allein hin es nicht gut moglich ist, hier mehrere Artenzu beschreiben.Wohl abef ist es moglich, dass die einzelnen dieser Nahrpíianzen-Formen nur auf den speciellen Nãhrplianzen zu leben vermõgen und niclit auf andere Píianzen iibergehen. SoUte durch exacte Culturen dieses biolo- gische Verlialten dieser Fornien festgestellt werden, so wiire dann freilich eine Trennung in mehrere Arten erforderlich. Solange das Ergebnis dieser event. Culturen nicht bekannt ist, mussen wir schon die Art in dem erwahnten Umfange an- nehmen. Von Herrn Dr. P. Dietelwurde in Hcdwigia, iyo3, p. (97), hierauf auch schon hingewiesen. 3. U. Orobi (Pers.) Fuck. — n, ui. — Auf Lathyr its Cicera uná L. latifoliiis. 4. U. Rumicis (Schum.j Wint. — n, \u. — Auí Riimex pulcher. 5. U. Scillarum (Grev.) Wint. — Xuí Urginea Scilla. b. U. strialiis Schrcet. — 11. — Auf Lotus uliginosus. 7. U. Trifolii (Hedw.) Lév. — i, iii. — Auf Trifolium (rcpcnsj. 8. Tuccinia aiinularis (Str.) Wint. — Auf Tcucrium Scorodonia. (). V. Arenariae (Schum.) Schrcet. — Auf Stellaria graniinca und .S7. uliginosa. 10. V. Aspliodoli Dubv. — Auf Asphodclus occidcutalis. 11. I*. Buxi DC. — Auf Buxus seniperrirois. 12. * P. Carduonim Jacky. Auf (Jai-duus tenuifJorus und Car- duus spec. i3. I*. (Iciilaiircae DC. — 11, iii. — Auí (Jciitaurca paiiiculdía. 14. V. cboiídrillina BLibák et Syd. — Auí Chondrilla juucea. i3. I*. Corrijjiolae Chev. - Auf Corrigiola littoralis. !('). I*. dispersa Krikss. — i. — Auí Anchusa undulata. [3] SYDOW: EIN BEITRAG ZUR PILZFLORA PCRTUGALS l5l 17. P. Le Monnierianii Maire. — Auf Cirsium palustre var. spino sissiiiuiin. Diese von Maire in Buli. Soe. Mvcol. de France, 1900, p. (35, beschriebene Art, war bisher nur vom Original — Fundorte in Frankreich bekannt. Die portugiesischen Exemplare stim- men mit denselben ganz genau iiberein. 18. P. Mavdis Béreng. — Auf Zea Mays. \q. P. MeiíllKie Pers. — 11, iii. — Auf Nepcta spec. und Origaiiinu vulgar e. •10. P. punclata Link (syn. P. Galii (Pers.) Schw.) — Auf Ga- liiim erectum. 21. # P. Knniicis-sciilali (DC.)^^'i^t. — Xuí Riimex scuíatiis. ■11. * I». Saxifrajiae Schlecht. — Auf Saxifraga granulata. 23. * P. S|)or()Hla(^ DC. — Auf Spergula arvensis. 24. # I*. íhesii (Desv.) Chaill. — Kuí Thcsiitm divaricatiim. 25. P. Imbilicí Guep. —Auf Unibilicus peuduliiius fcfr. die Be- merkung zu Aecidium Umbilici Trott.). 2(). Phra()nii(lium Sanguisorbae (DC.) Schrcet. — \.uí Poterium Ma- miolii. 27. Pli. subcorliciíim (Schrank) \Mnt. — i. — ^Auf Rosa canina. 28. Pb. violaceum (Schltz.) Wint. —11, in. — Auf Ri/bus spec. 29. Ciymnosporanginm juDiperiniim (L.) Fr. — Auf Sorbiis Aiiciipa- ria. Fstrclla. 30. Zayhouania Phillucae (DC.) Pat. — ir. — Auf Phillyrca angus- t {folia. 3i. *• Aecidium Hcliii Thi^ini. — Auf Echiiim lusitanicum. 32. * Ae. Kaminciilacearuru Gmel. — Auf Raniinciiliis spec. 33. Ae. Umbilici Trotter in Buli. Soe. bot. Ital. 1901, p. 143. — Auf Umbiliais pcnduliniis. Trotter vermutete (l. o, dass dieses Aecidium zu Puccinia Umbilici gehõre. "Herr Dr. C. Zimmermann teilte uns freund- lichst mit, dass er die Puccinia aber nie an denselben PHan- ze.i, welche vorher das Aecidium aufwiesen, beobachtet habe. auch traten beide Sporenformen stets an raumlich getrennten Orten auf. Berucksichtigt man ferner die Thatsache, dass P. Um- bilici schon mehrfach in Frankreich, Belgien und England stets ohm das Aecidium ^efunden worden ist und dass auch von den ib-I BROTÉRIA [4] beiden ubrigen auf Crassulaceen auftretenden P. Rhodiolae B. et Br. und P. exanthematica M. Owan Aecidien nicht be- kannt sind, so mòchten wir eher annehmen, dass das Aeci- diiim Umbicili nicht in den Entwickelungskreis der P. Lhnbi- lici gehõrt, sondern eine isolierte Sporenform darstellt, welche nur zufallig mit der Puccinia vergesellschaftet an demselben Standorte voikam. Herr Dr. Zimmermann sandte uns s. Zt. lebende Umbili- ci/s — Pflanzen, welche teils mit dem Aecidiíim, teils mit der Puc- cinia besetzt waren. Wir cultivierten dieselben weiter und konnten dadurch die Beobachtungen Zimmermann's am Origi- nal— Fundorte bestatigen. Die das Aecidium tragenden Plian- zen starben allmahlich ab, ohne eine weitere Sporenform zu bilden; auf den anderen, die Puccinia aufweisenden Píianzen, entwikelten sich mehrere Wochen hinter einander auf den iungen Blattern neue Puccinia-Lager ohne vorherige Aecidien- Bildung. USTILAGINEAE 34. Uslilago bromivoía F. de ^^'aldh. — Auf Pyromits síerilis. 35. Eiilvioma Calendulac Oud. — Auf Blattern einer nicht naher bestimmten Composite. PHYCOMYCETEAE 30. Peronospora Laniii Al. Br. — Auf Lamiiim amplcxicaiílc. 37. Plasmopara \ilicola (B. et C.) Berl. et De Toni. — Auf Vitis i'iuifera. 38. Cyslopiis candiílus Lev. — Auf Eincds/rinji Pullichii. ASCOMYCETEAE 3(). Erysiplie Ciclioraccarimi D(L — Auf Plaulago BcUardi. 40. E. llarlii Lév. — Auf Hypcricum linearifoliiim. 41. Spliaerollicca liumiili (DC..) BLirr. Conidienform. Auf Humii- liis hipuhis. [b] SYDOWV EIN BEITRAG ZUR PILZFLORA PORTUGALS l53 42. Spli. pannosa (Wallr.) Lév. — Auf Rosa spec. 43. Lnciíiula Salicis (DC.) Wint. — Auf Salix riminca und Salix spec. 44. Phvllactiuia corylea (Pers.) Karst. — Auf Crataegus Oxya- cautha. 45. Eurolinm repeiis De By. — Auf Hippocrepis iiinsiliqi/osa. 46. Aspergilliis flaviis (De By.) Wint. — Auf Halimimn iiuihellatum. 47. Cliaclomiuni elaliim Kze. — Auf Grasern. 48. Cli. pannosum Wallr. — Auf durren Krauterstengeln. 4(). Poljsligrna rubrum (Pers.) DC. — Xuí Priinus domestica. 5o. Exoascus doformans (Berk). Fuck. — Kuí Amygdaliis Pérsica. 5i. Taplirina cpiphvlla (Sad.) Sacc. — Auí Al nus gli/tinosa. 52. LophodermiuiH aruiidinaceiíin (Schrad.). — Auf Grashalmen. 53. Phjllachora graminis (Pei ^.) Fuck. — Auf Grilsern. 54. Cenaugium Abielis (Pers.) Rehm. — Auf Rinde von Pimis Pinaster. BASIDIOMYCETEAE 55. Scliizoph}llum aliieum (L.). — Auf Pyriís commiinis. MYXOMYCETEAE 56. * Badlianiia hyalina (Pers.) Berk. — Auf durren Blattstielen. DEUTEROMYCETEAE 57. Acrostalagmus cinnabarinus Gda. — Auf faulendem Holze. 58. * Bolrylis Bassiana Bals. — Auf einer Coleoptere. 59. *- B. cinerea Pers. var. sclerotiophila (Kl.) Sacc. Auf Sclerotium duriim auf faulenden Krauterstengeln. 60. # Cladosporium elegans Penzig. — Auf C//r//s Aiirantium. 61. # Cl. sphacrospernium Penzig. — Auf Aesten von Citrus Au- vantiinn. 62. # Dolbiorella gregária Sacc. — A.uíY^Ànáo.yon Eucalyptus glo- biilus. 63. * Epicocoum purpureum Ehrbg. — Auf Blattern von Anuído Donax. 1 54 BROTÉRIA [6] 64. * K. Tulgare Cda. — Auf Blattern von Citrus Aurautium. (35. Oiiliiim ensiplioitles Fr. — Auf Blattern voo Echiiim lusitani- ciim, Oenothera, Poterium Magnolii, Thalicti^um glaiíciíin. (•){;). * 0. Fniíjr.iriae Harz. — Auf Blattern von Fragaria vcsca. (]-. 0. nionilioides Lk. — Auf Blattern von Secale Ccreale. ()8. Oíularia obliqua (Gke.) Oud. — Auf Blattern von Rumcx piil- cJicr. hq. Ppslalozia funérea Desm. — Auf dunen Blattern. 70. Pboma cucahptica (Thum.) Sacc.y". foliicola. — Auf Blattern von Eucalyptus globiihis. 71. * PbyHosticta cruenta (Fr.) Kickx. — Auf Blattern von iWrjíí'^- iiatiim oj/íciuale. 72. Pb. bedericola Dur. et Mont. — Auf Blattern von Hedcra Hdix. 73. Ph. limbalis Pers. — Auf Blattern von Biixiis soiipennrciis. 74. Pb. ruscicola Dur. et Mont. — Auf durren Blattern von Ri/sciíS aculeatus. 75. Poljlhrinciuni írifolii Kze. — Auf Blattern von Mcdicago hirta. 7(3. Ramniaria Tiilasnei Sacc. — Auf Blattern von Fragaria vcsca. 77. Scleroliuin durum Pers. — Auf durren Krauterstengeln. 78. * Scolecolrichum grarainis Fuck. — Auf Grasern. 79. ** Seploiia Anarrhini S\'d. nor. spcc. Maculis amphigcnis, miniitis, rotundatis cl ca. 2-3 mm. diam. }'el eloiigatis et subinde totum folium rcl maguam folii partem occupantibus^ demum exaridis albidis; pcrithcciis punctiformibus, 5o-8o u. diam., laxe aggregatis, atris, globosis, ápice late perti/sis, contextu indistiiicto; sporiilis hyalinis, filiformibus, flexuosis, utriuqiie rotundatis, primo intiis granulosis, deiíi iiidistincte mi/liiseptatis, 40 — ~o=^2—2^l-2 u.. Auf Blattern von Anarrhinum bellidifolium. No. (]. Cbelidonii Desm. — Auf Blattern von Chelidoiiiiim majus. Si. ** Sphaeridium Zimmermanni Sacc. et Syd. uoj'. spec. Auf faulendem Holze. Fine Beschreibung dieser neuen Art hat bercits Saccardo in Rendiconti dei Con- [y] SYDOW: EIN BEITRAG ZUR PII.ZFI.ORA PORTUGALS I 55 gresso di Palermo, ic)02, p. 14 (extr.), gegeben und zwar wie folgt: Sporodochiis gregariis, epix]'lis, rcrticaliter glo- hoso-opoideis, 25o — 33o u. diain., tcuuiter ceraceis, ex albo lacteis, supcrne levibus, infra basiquc ciliatulis; hyphis deiise vadiaiitibiis Jiliformibus, fere totis iii co- nidia globoso-cuboidea 2 — 2 ' 2 ^j-. diam. subhvalina longe catenulata transformai is. 82. *# Sphaeronaema macrosporum Syd. nor. spec. Perithcciis ciihnicolis, in series longitiidinales usque I cm. longas plerumque dcnse dispositis, per epider- midem físsam erumpentibus, globoso-conicis, saepe e ínnti/a pressione compressis, mcmbranaceis, atris, collo perithecii diametrnm circiter aequante rei breriore, crassiuscnlo ; sporulis cylindraceis, iitrinque rotunda- tis, hyalinis, continuis, intns granidosis, 3o — 38=5 — 6^li [j..; basidiis hyalinis, breribus. Auf Gras — Halmen. 83. Tricholliecium roseiim (Pers.) Link. — Auf Blattern von Daphne Gnidium, Fraxinus angiistifolia, faulenden Aepfeln, etc. S4. Vermicularia tricliclla Fr. — Auf Blattern von Hedera Helix. REVISTA ANNUAL DE COLEOPTEROLOGIA Mianoel IS. IVXai^tins Professor no Collegio de S. Fiel Grande foi na Europa o ardor e enthusiasmo sobre a en- tomologia, principalmente coleopterica, durante todo o século passado. Portugal porém, força é confessal-o, não rivalizou com as outras nações neste género de trabalhos; aos extran- geiros se deve a maior parte dos que ha sobre este ramo da nossa fauna. Se se tratasse de passatempos espectaculosos ou livros romanescos, mui outro seria o acolhimento e não lhes faltariam applausos e favores populares, sobre tudo por parte da mocidade estudiosa. Cultores d'este género de trabalhos actualmente, alem de jovens novéis, mas esperançosos, só conheço o sr. Maximiano de Barros que incançavelmente vae proseguindo, sobre o Con- celho de Sabrosa, estudos fructuosos e que não se limitam só á fauna coleopterica, de que já publicou um importante cata- logo nos Annaes de Sciencias Naturaes. Outro trabalhador infatigável e que infelizmente se finou com o século passado, foi o dr. Paulino de Oliveira, o nosso melhor entomologista e de grande nomeada no extrangeiro. Publicou elle o mais importante catalogo dos Coleopteros por- tuguezes, que comprehende 2.329 espécies. Comtudo está este catalogo longe de ser completo, nem podia deixar de ser. Não vêm nelle enumerados o magestoso Scarites Gigas (Tribut I Se- túbal), o Sinocylon muricatum, oTrichius fasciatus, nem outros insectos notáveis, para não falar das espécies mais pequenas. Muito campo tém portanto por explorar os futuros entomo- logistas portuguezes. Neste breve artigo vou passar em revista os principaes trabalhos que em i()02 vieram enriquecer a bibliographia da fauna coleopterica. M. N. MARTINS: REVISTA ANXUAL DE COLEOPTEROLOGIA ID7 Muito pouco se publicou em 1902 acerca dos Coleopteros portuguezes. Reitter (E.) descreveu uma espécie nova, o Sitones albonotatus, proveniente do Algarve, e o meu collega, sr. J. S. Tavares, continuou os seus estudos sobre as espécies cecidoge- nicas portuguezas. Se entre as espécies que publicou em 1902 (Brotéria vol. i, p. 41, 42; e 172-177) não appareceram senão duas novas para a nossa fauna (Nanophyes globiformis Kiesw. e Apion A.'rt7a/{z Wenckenji, com tudo deve-se advertir que va- rias se criam em cecidias que o auctor descreve pela primeira vez. Alem d'isso todos os leitores da Brotéria terão visto com prazer a descripçao do movimento na cecidia do Nanophfes pallidiis Oliv. Esse artigo despertou tanto interesse no extran- . geiro, que uma revista allemã (lusekten BõrseJ pediu logo ao auctor a tradticção, e publicou-a em seguida. Continuani a apparecer no extrangeiro não poucos traba- lhos sobre a fauna coleopterica. Occupando-se exclusivamente d"ella saiu a Rirista Coleotterologica Italiana, pelo dr. A. Torta. A melhor obra para a classificação dos Coleopteros enri- queceu-se com mais dois volumes; o das Byrridae und Coidae e das Mcloloníhidae, que comprehende os grupos dos Tachy- deminos, dos Sericinos e Melolonthinos, por E. Reitter. Sairam também a lume não poucos catálogos de coleopte- ros sobre determinadas regiões. Em nossa vizinha Hespanha publicou D. Ricardo Górriz o catalogo de la Cuenca dei F^bro, cuja fauna comprehende obra de Qoo espécies, das quaes r)oo vem enumeradas no sobredito catalogo (Boletim de la Soe. Aragonesa, p. \Sq). Sobre os Al- pes Marítimos saiu nova contribuição, em que os auctores Peyerimhoff e Sainte-Claire Deville descrevem 10 espécies no- vas para a sciencia: e Bourgeois (J.) continua a lista dos coleo- pteros da cordilheira dos Vosgos e vizinhanças (Mittheilungen 1 58 BROTÉRIA der Naiurhistorischen Geselhchaft in Colmar), acompanhada de importantes elucidações. A par d'estes podemos collocar os catálogos de F^verts (Chr.) sobre a Hollanda, assim como os de Johnson e Halbert sobre a Irlanda; o dos Tenebrionidios de França por Desbro- chers des Loges e o catalogo de Sâone-et-Loire por Viturat. As novas espécies para a sciencia paleartica vão escas- seando, nem isto é para admirar, depois de tantos annos de trabalho. Com tudo o celebre entomot^gista Rcitter (E.) conti- nua descrevendo as que vão apparecendo no Turkestão, Pér- sia, Áustria e Península hispânica. Ao lado de Reitter podemos citar R3'binski (M.) que em latim e com formosas illustrações descreve lo espécies novas da Galileia, e Semenow (A.) que muito fructuosos trabalhos tem feito sobre a fauna russa e caucasica. Bu3'sson (H.) occupou-se em particular dos Cardiophoriis; lakowleft" descreve 8 espécies de Pentodon; assim como Anri- villius (Chr.) tratou dos Longicoruios novos ou pouco conhe- cidos. Outros naturalistas poderia citar, se não temesse ser diffuso. Actualmente voltam-se as attençÕes dos naturalistas prin- cipalmente para a fauna exótica. E ella incomparavelmente mais rica e formosa que a paleartica. Ao todo apenas haverá umas trinta espécies d'esta para o género Ontophagus; pois H. d'Orbigny, alem d'outras espécies já conhecidas da Africa, descreve obra de 200 d'este só género, completamente desco- nhecidas. Sobre a mesma Africa continua L. Fermaire incançavel- mente os seus trabalhos, de que desde 1896 publicou já 14, com muitas especiqs e géneros novos. De Africa descrevera também a fauna Preiss (P.), Régimbart (M.), Hintz (E.\ ^^''eise (J.), etc. M. N. MARTINS: REVISTA ANNUAL DE COLEOPTEROLOGIA I DC) Os Staphilinidios de Cevlão são estudados por Bourgeois (J.), assim como é estudada por vários auctores a abundante caça ou colheita do dr.^^^ Horn. na mesma ilha. Os Malacodermios do Japão são descriptos por Olivier; os Cleridios de Sumiatra e Austrália por Schenklinos; os Elateridios da Austrália por Schwarz (D.) e finalmente Heller (K.M.) divulgou uma nova contribuição sobre a Papuasia. A America não ficou atraz nos estudos. Os Cassidios do Peru foram descriptos por Weise (J.) e bem assim os Cocci- nenlidios da America Meridional. Os novos Elateridios por Schwarz (O.); os Halticidios da America central e meridional por Jacoby (M.) e emfim os Passolidios e Lamellicornios la- parosticticos achados por Camillo van ^^olxem são publicados por Alfredo Preudhomme. * Dos coleopteros de nossos regiões os dois mais notáveis são o Lucaiius cernis, que em algumas partes chamam garro- cha; e o escaravelho ou Ateuchus sacer. Do primeiro só direi que em Portugal attinge dimensões verdeiramente gigantescas para taes insectos e incomparavelmente maiores que as dos extrangeiros. O segundo é bem conhecido por toda a gente e entre os Egypcios chegou a ter honras sagradas. Comtudo o seu desen- volvimento e primeiro estádio da vida ficou até este anno incó- gnito. Julgava-se que escondia os ovos dentro da bola que agil- mente vae rollando com as patas posteriores. E um engano, segundo verificou casualmente H. Fabre, depois de muitas di- ligencias infructiferas. Foi este notável naturalista auxiliado nos seus trabalhos por um pastorzinho que dum montículo de terra viu sair o Ateuchus e que, excavando, deu com uma cavidade grande como um punho. Nella havia uma construcção conifornie, dura e lisa, que encerrava o ovo desde muito procurado do Ateu- chus, ,cujo desenvolvimento Fabre foi depois examinando á vontade. J. S. TAVARES ZDOCECIDIAS NOVAS PARA A FAUNA POBIUGUEZA * AgTopyrum junceum p. b. 1. Ohloi^ops taeniojjuis Meig. (Diptero). Engrossamento um tanto fusiforme do colmo, cujo desen- volvimento cessa logo acima da cecidia (ordinariamente á dis- tancia de o"', 10 da terra). A camará larval está no eixo do colmo, coberta pelas bainhas imbricadas e mais compridas e largas do que no estado normal. O comprimento da cecidia é variável, podendo exceder 5o mm.-, grossura 5 mm., quando a grossura do colmo normal é i,5 mm. A cecidia d'esta espé- cie era só conhecida do Secale cereale L., do Triticuin ;'///- gare Vill. e dos Hordei/in luilgare L e disíichum L. A larva, que é de cor branca, metamorphoseia-se na cecidia e a imago sae em outubro do i." anno. Praia de S. Cruz, agosto, 1902; Povoa de "Wu^zim, \\\\i\ do Conde, agosto, iqoS. AlnUS glutinOSa Gaitn. I 2. Ei'iopli;>^es laevissi Nal. Esta cecidia, chamada Ccphaloneon piisliilaiuíu Brcmi, er- gue-se na pagina superior da folha com a forma de mamillo e abrc-se na inferior por um orifício pequeno, coUocado no cen- tro d'uma elevação circular pouco resaltada. Ordinariamente em cada folha ha muitas cecidias espalhadas no limbo, mas nunca se vêem nos ângulos que as nervuras secundarias fazem com a primaria, e por esta causa distinguem-se bem das do Eriophycs alui, que estão situadas só nesses ângulos. As ve- zes numa folha encontram-se as cecidias dos E. laej'is, alui e J. S. TAVARES: ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS NOVAS lOI brepitarsiís Fockeu (as d'esta espécie consistem num tufo de pêlos brancos ou bruneos e luzidios, que se criam na pagina inferior, raro na superior). Coimbra (Choupal), julho, igoS. Na Beira ainda não vi esta cecidia, apezar de a ter procurado muitas vezes. * Amarantus retroflexus l. 3. Apliis sp. *# Folhas novas encarquilhadas e um tanto crespas. O pul- gão vive na pagina inferior do limbo. Braga, em agosto de iqoj. Amygdalus eommunis l. 4. ^pliis sp. Folhas da extremidade dos ramos novos dobradas para baixo perpendicularmente á nervura média, mais ou menos amarelladas e muito encrespadas. As vezes a margem da fo- lha enrola-se para a pagina inferior. Provavelmente a cecidia é causada pelo Aphis persícae Boycr. Quinta de S. Fiel, maio e junho, 1903. * Anarrhinum beliidifolium Desf. 5. J?Lsj>lionclylifi n. sp.? (Diptero) Capsulas maiores do que no estado normal (o diâmetro pode chegar a 4 mm., em quanto nas capsulas normaes não excede 2,5 mm.), de paredes delgadas, membranosas, de su- perfície não egual e de cor tirante a roxo (ao menos em grande parte da capsula). A larva metamorphoseia-se na cecidia e a imago sae em julho do i ." anno. S. Fiel, junho, 1902. (3. Eriophj^cleo- ** Caule engrossado e curvo em forma de hélice (descreve [62 BROTÉRIA uma volta ou pouco mais). Os raminhos que nascem na ceci- dia ficam atrophiados. S. Fiel, junho, 1902. * Arbutus unedo í.. 7. .A.j>liicleo, ## Folhas novas arqueadas para a pagina inferior. Gardunha (Valle d^Urso), maio, 1902; Gerez, agosto, iqo3. * Artemísia critlimifolia l. 8. Tephi*iti!«í clioscui^ea Lw. (Muscideo). *# Esta espécie cria-se nos capítulos da Artemisia, os quaes não engrossam quasi nada. Os akenios desapparecem no5 pontos onde estão as larvas, as quaes se metamorphoseiam na cecidia e saem em agosto do i.° anno. Praia de Santa Cruz, agosto, 1902. 9. t?liopaloiii^^ia ■baccfiT*«.m Wachtl (Diptero). Cecidias bacciforn:ics, mais ou menos esphericas, ás vezes ovaes. Paredes grossas e carnudas em volta de uma cavidade larval tubular, em que se cria e metamorphoseia uma larva. Superfície exterior glabra. lisa e verde (não raro cor de rosa). Resulta da transformação de um ou mais foliolos, vendo-se ás vezes á superfície o ápice do foliolo, que entra na constituição da cecidia. A imago sae por um orifício que faz na ponta da cecidia. Em agosto já os exemplares estavam todos vazios. Este substrato é novo. Figueira da Foz (A. MoUer I), agosto, 1903. Bartzia áspera (Biot.) 10. Lej>icloj>tei*o. *•* Engrossamento lenhoso das raizes, em cujo interior, obliquamente ao eixo, vive a lagarta. O engrosíjamento pode chegar a i3-iX mm. de grossura (quando a raiz normal não J. S. TAVARES: ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS NOVAS l63 excede õ mm.) sobre 20 mm. de comprimento. Chiysalidação na cecidia, apparecendo a borboleta em fins de setembro do 2." anno. Setúbal (J. Andrieux !), 1901. Centáurea áspera l. n. .A.Tilax Latr*eillei Kieff. (Cynipide). Engrossamentos enormes do caule e ramos, constituídos pela meduUa muito desenvolvida, em cujo interior ha bastantes cavidades larvaes. A medulla é um tanto brunea, e mais ou menos compacta, mormente em volta das cavidades larvaes, onde é dura e por isso se pode dizer que lhes forma paredes próprias. O tamanho é capaz de muitas variações, podendo o com^primento exceder 3o mm. e a grossura 20 mm. A forma é mais ou menos globosa, ás vezes um tanto fiisiforme. D'esta cecidia falei já nas Zoocecidias Portugiie:{as (Ann. de Sc. Nat. vol. vn, 1900, p. 22, n.*^ Qj. Dois cynipides (os únicos que vi) sairam era novembro do i.*^ anno; mas é provável que muitos fiquem na cecidia até á primavera seguinte. A maior parte das cecidias apparecem parasitadas. Setúbal (J. Andrieux !), junho, 1902. ? Centáurea sp. 12. .A-ulax Ficliti Kieff. (Cynipide). Engrossamento mais ou menos globoso do caule e ramos. É formado pela medulla branca e um tanto esponjosa, em cujo interior ha varias cellulas larvaes (comprimento 2,5 mm.) com paredes próprias. O tamanho da cecidia é capaz de bastantes variações, podendo chegar a 3o mm. de comprimento e 20 mm. de largo. O cynipide passa o inverno na cecidia no estado de pupa e sae em abril do 2.° anno. Como a planta, em que foi encontrada a cecidia, estava já secca e sem folhas, não foi possível classifical-a. Provavelmente é uma centáurea. De todos os Aulax conhecidos é o Aiilax Fichti que mais se parece com esta espécie. Como por outro lado as diíferenças 164 BROTERIA são pequenas, classifico-o, ao menos provisoriamente, como A. Fichti; tanto mais que não conheço ao certo o substrato. A'er- dade é que a cecidia do A. Fichti descripta por Kieffer (en- grossamento espherico da folha, com o tamanho d"uma ervilha, contendo uma só camará larval) é muito differente d'esta; mas sabe-se também que não é raro nos Aulax haver uma cecidia nas folhas e outra no caule, bastante diversas. * Convolvulus meonantlius Hffg. Lk. i3. Eriophycleo. *# Pústulas bruneas, espalhadas pelo limbo e visíveis em ambas as paginas da folha, sem pêlos anormaes. Eiras (perto de Coimbra) (J. L. Mendes Pinheiro I), maio, 1900. Crataegus oxyacantlia l. ij. li^rioph^ es g'oniotlioi*£ix Nal. Margem das folhas enrolada para baixo, e encobrindo um tufo de pêlos curtos e bruneos, a que se dá o nome de Kri- neitm dandestinum Grev. Gerez (Leonte), agosto, igoS. # Crepis taraxacifolia Thuiii. [j. pectinata i5. .A^irlax sp. (Cynipide). Engrossamentos do caule e ramos, um tanto fusiformes, ás vezes muito compridos (o'", 10 e mais), formados pela medulla extraordinariamente desenvolvida e esponjosa, como na cecidia do Timaspis urospenni Kieff. No interior ha grande numero de cellulas larvaes sem paredes próprias (ao que parece) e com uma zona amarellada em volta, como nas cecidias do 7^i)íiaspis urospenni e Aulax hypochoeridis Kieff. A grossura da cecidia é capaz de bastantes variações e pode chegar a 8 mm. (quando a grossura do ramo normal é 4 mm.). A cecidia começa a crescer em maio, e o cecidozoide provavelmente sac na prima- vera seguinte. J. S. TAVARES: ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS NOVAS l65 Lousa, maio, iqo3. Esta cecidia foi já vista por Rostrup (1896) no C}'epis bieuuis L. Cydonia vulgaris Pers. iG. ^^pliisí poiíii Deg. (Hemiptero). Folhas enroladas para baixo em volta da nervura media e um tanto encrespadas. Castello Branco, abril. 1903. 17. Ei^iophyes pyi*i Nal. Pústulas verdes, pouco resaltadas, mas visíveis em ambas as paginas da folha. Belmonte (C. Torrend !), Castello Branco, abril, iqo3. Diotis candidissima Desf. 18. Tephritis sticticíi H. Lw. (Diptero). Deformação muito pouco visivel dos capítulos. A larva cria-se num akenio e ahi mesmo se metamorphoseia. As vezes num capitulo vivem 3 e mais larvas. A imago apparece em agosto do i.° anno. Santa Cruz, 1902. Eriça australis L. 19. Oeciclomyia*? (Diptero;. *# Cecidia muito viscosa, um tanto pyriforme, formada de folhas modificadas, largas, um tanto cordiformes, acuminadas, glandulosas, ás vezes com a margem côr de rosa, e pouco con- chegadas, de sorte que só na extremidade da cecidia é que se podem dizer imbricadas. Comprimento da cecidia 17 mm.-, grossura (na parte superior) 12 mm. Não encontrei senão 3 exem- plares e esses pouco desenvolvidos. No interior não tinham cavi- dade nenhuma larval. Não sei se o cecidozoide é uma cecidomyia ou um ácaro; inclino-me porém a que seja uma cecidomvia. Gerez (na encosta fronteira ao observatório), agosto, 1903. l66 BROTÉRIA * Eupatorium canabinum l. 20. Ptei*023liorii.s n:iicrod.actylia.s Hb. (Lepi- doptero). ** Engrossamento fusiforme do caule e ramos, ás vezes unilateral e sempre pouco resaltado. No interior vive a lagarta que se sustenta da meduUa da planta. Metamorphose na ceci- dia. A borboleta apparece no fim de julho e em agosto do i ." anno. Sabia-se que esta espécie se criava no Eupatorium cana- binum, mas ignorava-se que fosse cecidogenica. Estudei a ce- cidia durante 3 annos e não fica duvida que é causada por este lepidoptero. Assim abrindo a cecidia, quando nova (junho), não apparece senão a lagarta d'esta espécie. Matta do Fundão, junho e julho, 1902. Euphorbia sp. 21. Ceciclomyia (Diptero). Folhas do gommo terminal encrespadas, e enroladas de sorte que formam uma cecidia comprida, raras vezes globosa. Comprimento 30-40 mm., grossura 6 mm. As folhas que cons- tituem a cecidia são mais ou menos amarelladas. As vezes, depois de saídas as larvas (que parece se metamorphoseiam em terra), o gommo continua a desenvolver-se. Ainda não obtive a imago. Como a Euphorbia era muito pequena e sem fructos, não a pude classificar: provavelmente é a E. amygda- loides L. Matta do Fundão, junho, 1902; Nine (Barcellos), subúrbios de Braga (Bom Jesus), agosto, 1903. * Fuclisia sp. 22. Aphicleo. #* Folhas novas arqueadas para a pagina inferior. Ás vezes os pulgões vivem no pedúnculo da flor e então este dobra-se em forma de gancho. Jardim de S. Fiel, julho, 1903. J. S. TAVARES: ZOOCECIDIAS NOVAS PORTUGUEZAS 167 # Galium Broterianum b. r. 23. Eriojjliycleo- Os nós da parte superior do caule engrossam e os entre- nós correspondentes diminuem em comprimento, ficando tudo coberto de cotao mais basto do que no estado normal. Matta do Fundão, junho, 1902. # Galium parisiense l. 7. decipiens Jord. 24. Ti^ioza g-alii Fr. Lw. (Hemiptero). Na extremidade do caule e ramos os entre-nós diminuem cm comprimento de modo que as folhas ficam conchegadas, menos patentes do que no estado normal, de côr verde-ver- melho-escura, constituindo uma cecidia mais ou menos globular e não muito visivel. Encontrei só dois ou três exemplares. Lousa (quinta dos Fornos), maio, 1903. Esta espécie era só conhecida dos G. mollugo L. e pa- lustre L. * Genista triacanthos Brot. 25. Ag*i*oni;v5«ii:iíi. ? (Diptero). ** Engrossamento um tanto unilateral, fusiforme e pouco visivel. Comprimento 5 mm. (e mais), grossura 3 mm. (quando o raminho, em que está, tem de diâmetro i,5 mm.). Castellejo, maio, 1901. * Halimium umbellatum Spach. 7. verticillatum wk. 2(3. Ceciclomyia, (Diptero). Cecidias bastante parecidas com as da Perrisia halimii Tav., consistindo a principal differença em serem mais pequenas. São formadas de duas folhas oppostas de um gommo axillar. que limitam uma cavidade, onde vive a larva. Não obtive a imago. Gardunha ('a i.ioo m.), outubro, iqoi. l68 BROTÉRIA Hypocliaeris radicata l. 27. Atilax Auditei*? Kieíf. (Cynipidej. As cecidias consistem em pequenos engrossamentos da nervura média das folhas. Não obtive ainda o cecidozoide. Bem pode ser que seja o A. hypòchaeridis Kieft"., embora se não tenha visto até agora, senão em cecidias do caule. Gerez (encosta fronteira ao observatório), agosto, iqoj. Ilex aquifolium l. 28. .A-phis ilicis Kalt. Folhas novas dobradas ou enroladas para baixo perpendi- cularmente á nervura media. O pulgão vive na face inferior das folhas. Gerez (Leonte e Albergaria), agosto, igoS. 29. Emophycleo. ## Pústulas bruneas, pouco resaltadas, espalhadas pelo limbo, e só visíveis na pagina inferior das folhas. Gerez (Leonte e Albergaria), agosto, igo3. Juniperus oxycedrus l. 30. Olig^otropliiis junipei^inus (L.) Latr. (Diptero). Gommos terminaes modificados, constituindo uma cecidia formada de dois verticillos de escamas. Cada verticillo é com- posto de três escamas modificadas e um tanto ovaes. As três escamas exteriores têm de comprimento 10 mm. e de largura 4-5 mm. As interiores são muito mais pequenas em compri- mento e largura e limitam uma cavidade, onde cresce e se metamorphoseia a larva. A imago apparece em maio. Apezar de ter recolhido muitas cecidias, como estavam pa- rasitadas, não obtive senão uma imago. Kste exemplar ou tem os palpos anormaes, ou então é uma espécie nova. No Ohíi;otro- pliiis jinúpcrimis os palpos compÕem-se de 3 artículos, emquanto J. S. TAVARES: ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS NOVAS l6g no meu exemplar são formados de um só, cujo comprimento eguala a grossura. Como não encontrei a larva e não obtive se- não uma imago, classifico provisoriamente esta espécie como- Oligotrophiis jiiniperiíuis. Lamium maculatum i„ 3i. Contaiúiaia n. sp? (Diptero). Cecidia constituída pelas folhas encrespadas, conchegadas e enroladas ao longo da nervura media para a pagina superior, onde cresce uma larva branca, que se metamorphoseia na terra e sae em abril do 2.° anno. Matta do Fundão, abril, 1902. Como a cecidia é muito rara, não quiz sacrificar ao estudo as poucas larvas que encontrei. Apezar d'isso não obtive senão uma imago, cuja descripção é a seguinte: $ Rubcr; Jlagclliim, occipiit, mesonotum, pars postiça me- tanoti, macula mau;ua inter pedes médios et anticos, fasciae latae et transrersae supra abdómen, et articuli basales forci- pis bruneo-]iií(]\j; pedes sublutei; primum seíi;mentum abdominis línea transversa, sex sequentia ritta, lateraliter incisa, colo)i's brunei, notata: infra, eadem seL>;menta vittis transpersis, bru- neis, brevioribus insignita. Palpi 4 articulis, quorum primus sesquilongior, secundus duplo, tertius et quartus triplo longio- res quam crassiores. Articuli primus et secundus flagelli con- crescentes (in primo nodulus basalis duplo longior quam cras- siorj: a 2." articulo ad extremitatem usque nodulus basalis sphaeiícus, terminalis opato-globosus; nodulus terminalis arti- culi extremi appendice crassa obtusa, longitudine nodulum fere aequante: collum uoduli basalis semper brevius ipso nó- dulo; in nódulo terminali ipsum nodulum aequans; j'erticilli arcuati hyalini, triplo breviores setis. Vena transversa alae post tertiam partem primae venae longitudinalis sita. lligui- culi tarsorum patella longiores. Fórceps sicut in aliis specie- bus hujus generis. Longitudo corporis cí; i,S mm. 170 BROTERIA Não me atrevo a dar já esta espécie como nova sem pri- meiro ver a ç e a larva, as quaes não sei quando é que poderei • obter, visto ser a cecidia tão rara, como disse acima. * Lilium SpeciOSUm Thumb. 3-2. A.pliicleo. #* Folhas encrespadas, nalguns pontos de côr amarellada, e ás vezes com a margem do limbo dobrada para a pagina inferior (isto só num dos lados da folha). Jardim do CoUegio de S. Fiel, maio, iqoS. Lotus uliginosus Schk. e creticus L. 33. Ag*roiiiizyna (Diptero). ** Engrossamentos fusiformes e pouco visíveis nos ramos novos. O comprimento anda por uns 10 a 20 mm. e a grossura é 2 mm., quando o diâmetro do ramo é i mm. Perto de S. Fiel (no Lotus uliginosus) e S. Cruz (no Lotus creticus), junho e agosto, i()oi, 1Q02. No Lotus coruiculatus L. também em S. Fiel encontrei um engrossamento semelhante. Origanum vulgare l. 34. Ei*iopliyes oi*ig'ani Vai. Inflorescencia deformada, coberta de cotão branco, muito abundante. As flores pouco se desenvolvem e não chegam a desabrochar. Perto do Collegio do Barro, agosto, 1902. Oxalis sp. 35. Ei*ioi3li,ycleo- Folhas amarelladas, crespas, dobradas e como que amar rotadas. Subúrbios de Braga (alto da Morreira), agosto, 1903. J. S. TAVARES: ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS NOVAS I7I # Picris Sprengeriana Poir. 3(). A-xilax sp.? (Cynipide). ** Mínimos engrossamentos fusiformes do caule. Com- primento 3 mm., grossura 3,5 mm., (quando o diâmetro do caule é 3 mm.). Só encontrei dois exemplares. Louza, junho, igoS. Poterium sp. 37. Ei*iopliyes ^aiigixisoi^bae Can. Cotão muito basto e branco em quasi todas as folhas e in- florescencias. As folhas muitas vezes são deformadas. Noutras regiões da Europa o cotão tem sido visto em todos os órgãos da planta e não raro é amarellado. Arredores de Setúbal (G. Torrend I), junho, 1902. Pteris aquilina l. 38. I*ei'risia filicina Kieff. (Diptero). As pinnulas ou foliolosinhos da fronde enrolam-se em hélice para a pagina inferior, em volta da sua nervura principal, e fazem-se amarellos, tornando-se bruneos depois da maturação. Matta do Fundão, junho, 1902; Gerez (quinta do sr. E. Biel), subúrbios de Braga, agosto, 1903. Pyrus communis l. 3(). Aphisí sp. Limbo das folhas novas dobrado para a pagina inferior (onde vivem os pulgões) perpendicular ou obliquamente á á nervura media. Gerez (perto das thermas e em Leonte), agosto, 1903. Quercus ilex l. 40. Eriopliycleo- Na extremidade do ramo do anno anterior despontam na BROTERIA primavera seis e mais gommoSj os quaes crescem até o'",io — o'",i5; mas as folhas ficam rachiticas (chegando, quando muito, a uma terça parte do comprimento normal) e amarelladas, enrolam-se na margem e por fim caem, ficando assim o rama- lhete de raminhos despido de folhas. Estes têm cotão mais denso do que os ramos não atacados. Sobral do Campo, iqoo. * Quercus pedunculata Ehrh. 41. .A^ncli-icvis g'l£iiiclxilae Schenck (Cynipide). Cecidia em forma de glande (dahi o nome especifico), ou melhor de garraía ou cahacinha, pois a parte inferior é mais grossa do que a superior, a qual constitue um como gargalo. E uma modificaçcão dos gommos axillares, e está coberta de cotáo fino, muito branco e voltado para a base da cecidia. No ápice da cecidia ha um mamillo glabro. Os pelos são tanto mais brancos, quanto mais nova é a cecidia. Em agosto en- contrei um só exemplar completamente desenvolvido, o qual caiu em terra, mal lhe toquei. Os outros estavam ainda muito novos. Subúrbios de Braga (Bom Jesus), agosto, iqo3. # Quercus Toza Bosc 42. Ancli*icns coll£ii'is« Hart. (C3'n!pide). Cecidia mais ou menos oval, pequena (2-3 mm. de alto), de paredes delgadas, lenhosas, glabras (na base veem-se comtudo ás vezes alguns pêlos), terminada superiormente por uma ponta cónica, e inferiormente por outra mais grossa e recurvada. A cor, a principio amarellada, no tempo da maturação é bruneo- escura. Está sempre mettida dentro das escamas de um gcMnmo, umas vezes na direcção do eixo, outras lateralmente, e disposta de modo que não se vê (quando muito enierge a ponta). O gommo é de ordinário um tjnto mais grosso do que os que não contêni a cecidia. No lim do «nitono cac no chão, saindo o cynipide só na 2.'' prima\cra seguinte. Assim c que tendo J. S. TAVARES: ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS NOVAS lyS cecidias do anno passado, ainda não obtive o cecidozoide. Espero que sairá na primavera próxima. Também é de notar que havendo ordinariamente na base da ponta que coroa a ce- cidia um collar de cor diíferente (d'ahi o nome especifico col- laris), nas cecidias portuguezas ainda o não vi. Castello Novo, novembro, 1902. 43. Oj^nipicle. ** Cecidia elliptica, de paredes muito delgadas, pequena (comprimento 2,3 mm., largura 1,8 mm.) e situada dentro de um gommo, umas vezes entre as escamas, outras na direcção do eixo, no tecido lenhoso do raminho. O gommo exteriormente em nada differe dos normaes. Em janeiro já as cecidias estão va- zias. Entre S. Fiel e o Sobral, novembro, 1902. 44. C;v'Tiipi<:le. Cecidia um tanto oval (comprimento 5,5 mm., largura 2,5 mm.), peluda, sulcada longitudinalmente, e com uma contracção annular, pouco visível, perto da ponta. E uma transformação de um gommo adventício, coUocado num raminho bastante desen- volvido. Encontrei só um exemplar e desgraçadamente a larva morreu. Entre S. Fiel e o Sobral, março, 1903. Rliainnus alaternus l. 45. TVJyzus rhamni Boyer. (Aphideo). As folhas novas estão mais ou menos dobradas para a pa- gina inferior, onde vive o pulgão. Matta do coUegio de Barro, setembro, 1902; subúrbios de Coimbra, julho, 1903. * Scrophularia Schousboei Lge. 46. Contarinia scrophnlariae Kieft. (Diptero). Flores deformadas, como na cecidia da Asphondflia ver- 1-74 BROTERIA basci. o calix é pouco modificado; mas a corolla fica verde (ás vezes o ápice das pétalas é ligeiramente corado), não abre, engrossa e augmenta bastante em comprimento. Os estames (principalmente nos filetes), o ovário e est3dete também engros- sam bastante. Diâmetro da cecidia lo mm., altura 9 mm. As larvas, côr de limão, vivem sobre os filetes. Soalheira, maio, igo3. Scutelaria minor l. 47. Er*ioj>liycleo. Deformação dos gommos, cujas folhas ficam rachiticas, não patentes, com pêlos um tanto anormaes e coradas de rosa ou violeta. Na margem da Ocresa, julho, 1901. * Senecio Jacobaeoides Wk. 48. Aphicleo. Folhas muito encrespadas e enroladas para a pagina infe- rior ao longo da nervura media. Os pulgões vivem na pagina inferior das folhas, as quaes ficam um tanto mais pequenas do que no estado normal. Lousa, maio, igoS. Solanum nigrum l. e * tuberosum l. 4C). Ai:>liií?í vixmicis L. (Hemiptcro). Folhas novas muito encrespadas e enroladas para a pagina inferior, perpendicularmente á nervura média. S. Fiel e arredores de Coimbra fS. ni^^rum), Castello Branco (S. tuherosiim), 1902, i9o3; Gerez, subúrbios de Braga (Bom Jesus) (S. nigriim), agosto, 1903. * Thaliotrum glaucum Desf. 5(). dino(lix>lofsÍ!-í tlialictrieolíiRbs. (Diptero). Capsulas engrossadas, de forma um tanto oval e mais cur- J. S. TAVARES: ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS NOVAS 17b tas do que as norraaes. Paredes membranosas, sem modifica- ção de cor. Depois de saídas as larvas, que são de cor citrina, a cecidia torna-se brunea. Metamorphose na terra. A imago saiu em julho do 2." anno. Nas margens do rio Ave (A. Luisier !), julho, iqo2; Nine (concelho de Famalicão), agosto, igo3. õi. I*ei'risia n. sp.? (Diptero). Foliolos muito encrespados, com a margem dobrada para a pagina superior, formando uma cecidia mais ou menos esphe- rica e de tamanho variável (ás vezes como uma ameixa). As larvas vivem em sociedade e metamorphoseiam-se na cecidia em puparios ou casulos brancos. Não obtive senão uma imago e essa com as antennas anormaes. A cecidia parece diíferente da da Pcrrisia Thalictri Rbs., na qual os foliolos não são en- crespados. Por outro lado na Pcrrisia Thalictri as larvas são vermelhas e metamorphoseiam-se em terra, ao passo que na cecidia portugueza as larvas são brancas e a metamorphose faz-se na cecidia. Por esta causa parece-me espécie nova. A imago apparece em junho do i." anno. Matta do Fundão, junho, 1903. # Teucrium lusitanicum Lam. e scorodonia l. 52. *# I*ei'mt?íio, teiTCvii n. sp. (Diptero). Veja-se abaixo a descripção desta espécie. * Tliymiis capitellatus Hftg. Lk. 53. Erioj>hyes Tliomasi Vai. Gommos terminaes deformados, globosos, amarellados e cobertos de cotão branco. Noutras partes da Europa a cecidia tem sido vista também nas infiorescencias. Arredores de Setúbal (G. Torrend !), primavera, 1902. 54. Janetiella thymi Kieff. (Diptero). As 4 ultimas folhas de um gommo alargam-se, curvam-se. 1 76 BROTÉRIA e sobrepõem-se de modo que formam uma cecidia globosa e amarellada, A grossura anda por uns 3-4 mm. Arredores de Setúbal (A. Luisier !), 1901. Tamarix gallica Webb. 55. I?.li<>p£tlom.yia "tamaricis de Stef. (Dipteroj. Esta espécie acaba de ser descripta pelo distincto cecido- logista siciliano T. de Stefani. Da cecidia falei já nas minhas Zoocecidias Portuguesas (Ann. de Sc. Nat. vol. vii, p. 106, iqoo). Consiste num engrossamento pouco resaltado dos ramos novos, em cujo interior, na direcção do eixo, ha uma cavidade larval grande. Comprimento 5 mm.; grossura 2 mm. (quando a do ramo normal é i mm.). # Tuberaria vulgaris Wk. 56. Coccideo. #* Engrossamentos fusiformes dos ramos e ás vezes dos peciolos das folhas. Comprimento 10-12 mm., grossura 3 mm. (quando a grossura do ramo normal é i,3 mm.). Matta do Fundão, junho, 1902. Urospermum picroides Desf. 57. Tiiiia»x^i* xi.i-*ospei*iiii Kieff. (Cynipidc). Engrossamentos bastante resaltados do caule e ramos, for- mados pela meduUa muito desenvolvida e esponjosa, em cujo interior ha espalhadas muitas cellulas larvaes, sem paredes próprias e rodeadas de um espaço amarellado, como na cecidia do Aiilax JifpochaTidis Kietf. O tamanho é capaz de muitas variações, podendo o comprimento chegar a o'", 07. A cecidia apparece em junho. Os cynipides passam o inverno na cecidia já metamorphoseados em pupas e saem desde os fins de abril do anno seguinte. Da cecidia doesta espécie, que foi descripta ha pouco pelo sr. P. Kielíer, falei já nas minhas Zoocecidias Portuguesas J. S. TAVARES: ZOOCECIDIAS PORTUGUEZAS NOVAS I77 (Brotéria, vol. i, 1902, p. 7, n.° 242). Os caracteres das imago portuguezas concordam com os das italianas, havendo apenas ligeiras differenças, que por brevidade omitto neste logar. Setúbal (A. Luisier !). * Vicia disperma dc. 58. CecicloiTiyia (Diptero). Folha toda modificada. O rachis ou eixo commum engrossa bastante e curva-se para a parte superior: cada um dos foliolos dobra-se ao longo da nervura média para a pagina superior, de sorte que as duas metades do limbosinho se tocam e formam um como cartucho, em cujo fundo vive uma larva branca. Em volta do espaço, onde está a larva, as paredes tornam-se mais grossas e d'um verde muito claro, tirante a amarello. As vezes na folha alguns foliolos não são modificados e conservam-se norma es. Lousa (quinta dos Fornos), maio, igoS. 59. Coccicleo. Engrossamentos um tanto fusiformes dos nós, de cor aver melhada e alguma coisa recurvados, de modo que imitam um como S. Comprimento 10 mm., grossura 2,4 mm. (sendo o diâmetro do caule normal i mm.). Ibid. maio, 1903. # Vicea lutea l. 60. A.j>liicleo. O caule e ramos engrossam um tanto na ponta e curvam-se. Lousa (quinta dos Fornos), maio, 1903. # Vicia pyrenaica Poum 61. Oeciclomyia (Diptero). Cecidia bastante parecida com a descripta no n.° 58. Os ca- racteres da larva mostram que não é a Perrisia viciae Kieff. Matta do Fundão, junho, 1902. I7S BROTÉRIA Descripção da r*ei*r*isia teia.ci*ii n. sp. á^j Colore rubro; flãí^cllo, maciiUs pectoralibus, tribus rit- tis mesonoti (quariim media }iiinor),fasciis (haitd ita conspiciiis) diiplicibiis in uiioquoqiie abdoniiuis seu;)neiito infra, bruneis (in S etiam occipite, postscutello, et forcipe bruneis); supra abdó- men fasciis latis transpersis in 2." -6.'^ segmento, in i.'^ linea transi'ersa, in 7." linea media loní>-itudinali, e squamis nigi^is: pedibus subluteis: antennis in ç longiludine caput et thoracem aequantibus, 2-\-i3 articulis(^), duobus primisfuniculi concres- centibus, absque collo conspícuo, cylindricis, Ys rei 72 longio- ribus quam crassioribus, ultimo breviore, extremitate con- tracta; in $ pariter 2-\-i3 articulis, cylindricis, sesquilongio- ribus quam crassioi^ibus, collo primum '/a, dein V^, tandem ^4 longituxiinis articulorum aequante, articulo ultimo minore, oborato: palpis 4 articulis, duobus primis fere aequalibus, sesquilongioribus quam crassioribus; duobus ultimis etiam fere aequalibus, ter-quater longioribus quam crassioribus: unguicu- lis tarsorum bifidis et longitudine patellam aequantibus: ala- rum ora antica squamis nigris tecta; cubito ab extrema ala recedente: oculis in vértice confluentibus: forcipe anali sicut in aliis speciebus hujus generis. Longitudo corporis $2' 2-2,5 mm. Pupa. Aculeis verticalibus parpis, comeis, distantibus, bru- neis; papillis cingentibus minimis, absque spinulis dorsalibus; stigmatibus thoracalibus parte media in modum arcus palde incurpis, subluteis, diinidium longitudinis setarum cerricaliuni (quae sunt longissi/Jiae) aequantibus. Larpa incógnita. Cecidia. Os gonimos terminaes (raro axillares) augmentam em tamanho (comprimento i5 mm., grossura 8-10 mm.) e (') Quandoque cl ■2-\-r2 arliciilis. sed liinc ultinius c duobus concrcs- cenlibiis. J. S. TAVARES: ZOOCECIDIAS DA ILHA DA MADEIRA 1 79 fazem-se ovaes, sendo as folhas, de que são compostos, encar- quilhadas, dobradas longitudinalmente ao longo da nervura média, de modo que se cobrem umas ás outras, e engrossadas na base do limbo, onde de ordinário são amarelladas. Na pa- gina superior de cada folha vive ao menos uma larva vermelha. No Teucrium lusitanicum as cecidias são um tanto mais pe- quenas e as folhas (ao menos muitas vezes) não encrespadas. Começa a desenvolver-se na primavera. Metamorphose em terra. A imago apparece na 2.^ quinzena de abril do 2.° anno. Na Estrella em julho as cecidias ainda continham as larvas: na matta do Fundão em principio de junho já estavam vazias. Matta do Fundão e Ródão, maio de 1902; Nine (concelho de Famalicão), Gerez, subúrbios de Braga (Bom Jesus) (Teu- crium scorodonia), agosto, igoS; Serra da Estrella (perto da Lagoa do Paxão) (Teucrium lusitanicum), julho, 1902. -=-^{3^S«- J. S- Tavares PRIMEIRA CO^TRIliUICÀO PARA O ESTUDO DAS ZOOCECIDIAS ILHA DA MADEIRA As Zoocecidias da Madeira estão ainda por estudar. Só o sr. Ew^ H. Riibsaamen publicou em 1902 dez ácaro e hemi- pterocecidias (Ueber Zoocecidien j>on deu Canarischen Inseln und Madeira. Marcellia, vol. i, 1902, p. òo e seg.), colhidas por J. Bornmuller (*). (•) As plantas em que foram encontradas são: Arthrolobium ebracteatum DC. (Funchal), Galiimi productum Lowe (acarocecidia — no Pico Grande), Globularia salicina Lk. (duas hemipterocecidias, uma das folhas, outra do caule — ao sul do Funchal), Laurus canariensis W. B. (Trio^a alacris — l8o BROTÉRIA Parece-me por tanto que não será inútil a publicação de algumas espécies recolhidas e enviadas pelo meu amigo, sr. Carlos Azevedo de Menezes. Eu limitei-me a estudal-as: por isso o merecimento lhe cabe todo a elle, pois não só teve o trabalho de as procurar, mas também, conhecendo, como co- nhece, melhor que ninguém a flora madeirense, classificou todos os substratos, onde descobriu as cecidias. Todas ellas foram colhidas este anno desde abril até agosto. Sobejo motivo ha por tanto para aqui ficar bem patente o meu reconhecimento para com o distincto botânico do Funchal, cujas investigações' futuras estou certo nos tornarão conhecida toda a fauna ceci- dologica da Madeira. Ao ler este modesto trabalho, ninguém deixará de notar o grande numero de hemiptero e acarocecidias da Madeira, e ao mesmo tempo a escassez de cynipides e cecidomyias. O serem tão poucos os cynipides, é certamente causado pela falta de carvalhos, pois na Ilha não ha senão a carvalheira (Qiiercus peduncidata Ehrh.J e o sobreiro (Qiiercus siiber h.J, sendo este bastante raro. Não sei porém porque não appareceu ainda cecidom3'ia alguma, havendo na íiora madeirense tantas plantas que na Europa criam grande numero doestes insectosinhos tão pequenos como elegantes. As cecidias novas para a sciencia vão marcadas com dois *#, as que são novas na Madeira com um #, e os substratos novos com uma -j-. As que não são do Funchal, levam indicada a localidade, onde foram encontradas. S. Fiel, Agosto, 1903. nas mattas), Plantado coronopus L. (acarocecidia das folhas — no Funchal), Salix canariensis Chr. Sm. (acarocecidia das folhas — Ribeira do Inferno em S.Vicente; e outra acarocecidia também das folhas — Ribeira de Santa Lueia) e Scorpiwus sulcata L. (arredores do Funchal). J. S. TAVARES: ZOOCECIDIAS DA ILHA DA MADEIRA l8l X -A.cacia nielanoxylon c. Br. 1. Aphideo — ** Phyllodias um tanto crespas e enroladas de deante para traz perpendicularmente ás nervuras: ás vezes dobradas ao meio longitudinalmente a modo de barquinho e não raro recurvadas em forma de foice. — Principio de maio, numa quinta do Monte (arredores do Funchal). Apollonias Canai^iensis Nees {CarbusanoJ 2. Eriophydeo. — * Nas folhas (que são completamente glabras) ha na pagina superior umas elevações muito resalta- das, a que correspondem na inferior depressões cobertas de pêlos de côr brunea. O tamanho da cecidia é capaz de bas- tantes variações, podendo a largura chegar a 17 mm. e a al- tura a 6 mm. Esta cecidia pertence ao typo Ei^ineum. — Abril. •\- Batata edulis DC. 3. Psyllideo? — *# Folhas encrespadas. — Levada de Santa Luzia. Julho. -^ Biclens pilosa L. var. cliscoiclea Sch. 4. Ooccideo? — ** Folhas encrespadas. — Levada de Santa Luzia. Julho. •|- Conyza aiiibigTia DC. 5. Provavelmente Aphideo. — # Folhas encarquilhadas e ás vezes com a margem do limbo enrolada. — Maio. -J- I>alilia variabilis DC. 6. Coccideo. — ** Folhas encrespadas e com umas covi- nhas na pagina inferior, onde vive o cecidozoide. — Maio. 102 BROTERIA *^ I>atixra stramoniii.111 l. var. g-enu-inum Gr. et Godr. 7. ApMdeo. — ^*# Folhas encrespadas. O pulgão vive na pagina inferior. — Maio. -|- El*Ío"botrya .Taponica Lindl. (nespereira) 8. ApMdeo. — ## Folhas encarquilhadas e com a margem do limbo dobrada para baixo. — S. Martinho. Junho. •^ Eu-patorivxixi aclenoph.om.m Shr. q. ApMdeo. — ** Folhas novas um tanto crespas e dobra- das para a pagina inferior. — Levada de Santa Luzia. Julho. •\' Eicu-S comosa Roxb. 10. Eriophydeo? — *# Folhas dobradas para a pagina su- perior ao longo da nervura média, de arte que as duas me- tades do limbo ficam encostadas uma á outra, enrolando-se ainda a margem para dentro, e ficando ordinariamente a folha com a forma de foice. A parte convexa corresponde á mar- gem do limbo e a concava á nervura média. Sobre isto notam- se ainda umas pequeníssimas elevações de cor vermelho-escura, que se destacam bem sobre o fundo verde da pagina inferior do limbo. A estas elevações da pagina inferior correspondem na superior umas depressÕesinhas de cor escura. — Abril. •^ Grenista virg'ata Lowe 11. Ooccideo. — ## Engrossamentos fusiformes dos rami- nhos, cujo comprimento pôde chegar a 6 mm., e a grossura a 2 mm. (quando o diâmetro do raminho normal é i mm.). Rocha da Pena. Junho. J, S. TAVARES: ZOOCECIDIAS DA ILHA DA MADEIRA l83 -|- Lonicei^a etmsca Santi 12. Aphideo. — # Folhas um tanto encarquilhadas, desco- radas e com a margem dobrada para a pagina superior, onde vivem os pulgões. — Numa quinta do Monte. Maio. ]\Iei*CTi.rialis aniiua L. i3. ApMdeo. — * Folhas um tanto encrespadas. — Maio. Esta cecidia foi descoberta na França pelo sr. P. Pierre (1897). -|- ]>£ii*al3iliisí clivai*icata Lowe 14. Psyllideo — ** Folhas um tanto encrespadas. — Maio. Oxalis coi^niculata L. i5. Eriophydeo — * Folhas novas descoradas, enroladas e como que amarrotadas. — Rocha da Pena. Junho. Esta cecidia foi descoberta na Europa pelo sr. Thomas (iSqG). •J- I*assÍíloi*a eclnlis Sims. fmaracujáj 16. Psyllideo. — ** Folha encarquilhada, deformada e mais curta do que no estado normal, formando uns como refegos ou covinhas, umas vezes por todo o limbo, outras na extremi- dade de um ou mais lóbulos da folha. — Abril. " r*assiflora sp. (maracujá amarelloj 17. Psyllideo. — Folhas um tanto encarquilhadas. — Julho. Bem pode ser que esta cecidia seja produzida pela mesma es- pécie que a precedente. -J- I*elarg-on.iii.iTi hederaeíolirim Salisb. 18. Psyllideo. — ** Folhas encrespadas e ordinariamente rachiticas e descoradas. — Julho. 1 84 BROTÉRIA -^ I*ittosi3omm. corificenni Ait. fmocano) 19. Aphideo. — ** Limbo da folha enrolado para a pagina inferior, perpendicularmente á nervura média. As vezes as duas metades do limbo dobram-se para baixo ao longo da mesma nervura e a folha parece-se com um bote. — Numa quinta do Monte. Maio. 20. Eriopliydeo. — ** Pústulas pequenas, pouco resalta- das, de cor avermelhada, só visíveis na pagina inferior. Ibid. I*yru.s malixs l. 21. Apliideo. — * Folhas um tanto encarquilhadas e enrola- das para a face inferior, perpendicularmente á nervura média. — S. Martinho. Julho. <^iTei'Cii.s peclxincvilata Ehrh. 22. Neuroterus aprilinus Gir. (Hj-menoptero). — * Ceci- dia mais ou menos oval, formada pelas escamas internas do gommo, as quaes crescem e se soldam, deixando interiormente duas ou três cavidades larvaes, divididas por septos longitudi- naes membranosos. A parede da cecidia é delgada, mem- branosa, amarellada e ás vezes tem á superfície as pontas das escamas que se não soldaram. A cecidia cresce e des- envolve-se antes do gommo desabrochar, e, depois de saído o cynipide, murcha e sécca por tal forma que já se não pôde reconhecer. As escamas exteriores cobrem-na, ao menos em grande parte; mas os gommos, em que está, conhecem-se fa- cilmente, pois são muito mais grossos do que os normaes. —Abril. 23. Cynipide. — *# Cecidia ellipsoide, de paredes delga- das, sublenhosas, collocada dentro do gommo, de sorte que exteriormente nada manifesta a sua existência. Ordinariamente está situada não no eixo do gommo, mas lateralmente entre as J. S. TAVARES: ZOOCECIDIAS DA ILHA DA MADEIRA l85 escamas. Comprimento 2 mm; largura 1,2 mm. Em Portugal tenho encontrado esta mesma cecidia nos Qiiercus liisitaiuca, Toyã e pedunculata, mas ainda não consegui ver o cynipide, que sem duvida é espécie nova. — Maio. 24. Eriopliydeo. — **- Cecidias muito elegantes, grandes (comprimento 25 mm.; grossura 20-22 mm.), um tanto ovaes, de côr brunea clara e cobertas por muitas escamas grandes e pêlos muito compridos, bastos e branco-amarellados. Na parte superior as escamas vão diminuindo em comprimento e lar- gura, e assim vêm a formar no topo da cecidia um como um- bigo. O eixo é duro, lenhoso e em forma de maça ou clava, sendo mais grosso superiormente (o diâmetro ahi chega a 6 mm.). Não tem no interior cavidade alguma larval e está coberto por todos os lados de escamas e pêlos. Creio que a cecidia é uma transformação elegante do amen- tilho. Assim é que as escamas são de duas qualidades — umas largas, em forma de lamina, glabras na face superior, e com pêlos compridos e sedosos na inferior; outras delgadas, compri- das, mais ou menos filiformes, quasi glabras (na base com tudo ha um tufo de pêlos), divididas a certa altura em 4, 5 e mais ramificações peludas e filiformes (ás vezes um tanto espalmadas e com pêlos sedosos). Doestas escamas as primeiras parecem- me transformações do cálix, as segundas dos estames. Sou le- vado a isso não só pela forma d'umas e d'outras, mas ainda porque as escamas largas dobram-se em volta das delgadas e filiformes, como succede com o cálix e estames nos amentilhos normaes. O comprimento das escamas largas anda por 9 mm., o das filiformes chega a 12 mm. Na base da cecidia veem-se umas escamas imbricadas e muito mais largas que nas outras partes, as quaes julgo resultam da transformação das esca- mas do gommo, onde se creou o amentilho. Numa quinta do Monte. •^ Salix canariensis Ch. Smith. 25. Eriophyes tetanotrix var. laevis? NaL — Cecidias l86 BROTÉRIA em tudo parecidas ás que na Europa produz este ácaro no Salix aurita. Consistem em elevações resaltadas em ambas as faces do limbo e em cujo interior ha uma cavidade, onde vivem os ácaros. Na pagina superior a cecidia umas vezes é irregular; outras mais ou menos hcmispherica ou cónica, côr de rosa ou avermelhada, raro verde, com bastantes pêlos amarellados: na inferior é menos resaltada, peluda, ordina- riamente verde, e com uma depressão em volta da base. A altura da cecidia na pagina superior anda por i mm, e a lar- gura por 1-1,5 mm. (raro 2 mm.). Desenvolvem-se princi- palmente junto das nervuras da folha. — Abril ('). •|- Sid-a rliombifolia L. fchá bravo dos madeirenses) 26. ApMdeo? — *# .lunto da margem o limbo encarquilha. Sola.ULllll nÍg'1'Uin. L. (herva moira) 27. Aphis rumicis L. (Hemiptero). — * Folhas novas muito crespas e enroladas para a pagina inferior, perpendicularmente á nervura média. Y XJrtica- iTieml3i*ariacea Poir. 28. Trioza urticae? L. (Psj-llideo). — * Folhas novas muito crespas e mais ou menos arqucaJ.as. *!' Vinca iiiajoi* L. 29. Psyllideo. — #* Folhas muito encrespadas e ás vezes enroladas em hélice em volta da nervura média. — Levada de Santa Luzia. Julho. (') Esta cecidia parece-me dirterente das que descreve E. Riibsaamen (1. s. c. pag. 64), colhidas nas folhas do mesmo salgueiro. o EPIDIAS COPIO DE CARLOS ZEISS Numa visita que fiz em Londres á casa filial de C. Zeiss de lena tive ensejo de ver o novo apparelho de projecção, a que o constructor deu o nome de Epiciiascopio. É elle cer- tamente superior aos mais apparelhos do mesmo género, não Fig. 1 — Epidiascopio disposto para macroprojecções SÓ por se empregar para macro e microprojecçÕes (Fig. i e 2), e com os objectos em posição horizontal, mas^porque serve tão bem para preparações translúcidas e opacas, como para as transparentes. Assim é que vi e admirei as projecções nitidis- simas de uma serie de borboletas, do esqueleto do pé e da mão, descortês transversaes do rim e do pulmão, etc. BROTERIA Se compararmos o Epidiascopio com o banco óptico do mesmo constructor, veremos que o Epidiascopio, alem de poder receber os objectos collocados horizontalmente, tem ainda as vantagens seguintes; Fig. 2 — Epidiascopio disposto para microprojecçóes i) Serve para objectos de maior comprimento e largura. 2) Tem illuminação mais perfeita, quando se emprega a luz reflectida. 3) Pode passar mais rapidamente de uma projecção com luz reflectida a outra com luz transmittida. 4) Facilmente se dispõe para projecções em alvo obliquo. EPIDIASCOPIO DE C. ZEISS 189 5) E construído cuidadosamente e bem resguardado do pó, que ncão lhe entra dentro facilmente. O epidiascopio tem de comprimento i'",5; de largo o'", 76 e de alto i"',5. A altura é calculada por forma que se possa manipular o apparelho commodamente. i H Fig. 3 — Corte do Epidiascopio J — lâmpada. P — regulador do espelho parabólico. H — Regulador do arco voltaico. /í — espelho parabólico, / — espelho plano. S — diaphragma. O — objecto. K — objectiva. sp — espelho plano inclinado. T — condensador. W — refrigerante. Se O comprimento dos objectos, que se projectam, pôde ser qualquer, a grossura não deve exceder o"\i6, e a largura o'", 3o. Como origem luminosa serve uma lâmpada eléctrica (search- light-lamp), que funcciona com uma corrente continua de 3o a .^o amperes e com um potencial não inferior a 65 volts, A objectiva c uma só. Para se poderem empregar se- igO BROTERIA paradamente duas ou mais, é necessária uma disposição espe- cial. D'aqui vem que, usando-se uma só objectiva, o augmento depende unicamente da distancia que medeia entre o alvo e o epidiascopio. Com uma corrente de 3o amperes tem-se um au- gmento de 9 diâmetros numa área de o"\22 uniformemente il- luminada. Os objectos pequenos podem augmentar-se até 2 3 vezes. Com uma luz de 5o amperes, o augmento varia entre 14 e 37 diâmetros. O alvo para estas projecções convém que seja opaco. Para isso pinta-se com alvaiade e, antes de estar secco, polvilha-se com cal. A íig. 3 mostra como funcciona o apparelho, quando se emprega a luz reflectida (projecção episcopica). Os raios luminosos, emittidos pelo carvão positivo, incidem no espelho parabólico, que os reflecte em forma de cylindro luminoso. Este, antes de chegar ao espelho /, passa atravez do refrigerante W, ficando os raios caloríficos absorvidos pela agua. O espelho /illumina o objecto atravez do diaphragma: o objecto reflecte para cima os raios luminosos sobre a lente, e a imagem formada por esta, depois de reflectida pelo espelho sp, vae formar-sc no alvo. E também fácil de imaginar como funcciona o instrumento com a luz transmittida (projecção diascopica). Tirando o espelho /, a luz continua até incidir sobre outro espelho plano (que fica inclinado, á esquerda do primeiro), d'onde é reflectida sobre outro que se vê quasi na base da figura (o corte do espelho e supporte tem a forma triangular). D'aqui os raios luminosos passam pelo condensador, illuminam o objecto transparente, e a imagem, dada pela objectiva, é re- flectida pelo espelho sp sobre o alvo, como na projecção epis- copica. c. z. BIBLIOGRAPHIA<" Zoologia (excepto EntomologiaJ 9. Bethencourt Ferreira (J.). — Lista dos Reptis e Batracliios da Guiné da coUecção do sr. Newton. (Extrato do Jornal de Scienc. Math., Phys. e Nat., 2.^ série, t. 6, n.° 24, 1902). Nesta lista dá o A. conta dos reptis e amphibios remcttidos da Guiné pelo sr. Francisco Newton, encarregado da exploração zoológica nas pro- víncias de Cabo Verde e Guiné. 10. Bocage (José Vicente Barbosa du). — -Aves do Golung:o alto e N'daUa Tando no sertão de Ang-ola. (Extr. do Jornal de Sc. Math., Phys. e Nat., 2." serie, t. 7, iqoS). Continua o incansável naturalista, apezar do avançado da edade e pouca saúde, a estudar as aves das nossas possessões africanas, que suc- cessivamente têm vindo enriquecer as galerias do museu nacional. Esta lista comprehende as aves que o sr. José Pereira do Nascimento conseguiu reunir em 1900 ao percorrer varias localidades, situadas ao norte do Quanza. As espécies são acompanhadas dos nomes indígenas. 11. Bocage (J. V. B. du). — Aves da Ilha de S. Nicolau, arcbipelagro de Cabo Verde. (Extr. do Jornal de Sc. Math., Phys. e Nat., i()o3). Refere-se o A. a quatro espécies, enviadas pelo sr. F. Ne.wton. 12. Bocage (J. V. B. da). — Publicaçõos seientiflcas (1857-1901). Lisboa, 1901. Esta lista comprehende os titulos de não menos do que 177 memorias ou trabalhos do sr. Vicente Barbosa du Bocage sobre a fauna portugueza e das nossas colónias. Acompanham os titulos umas breves indicações sobre a matéria de que tratam. Esta simples enumeração é uma gloria, e mostra o quanto tem trabalhado o insigne naturalista nos 5o annos da sua (1) l'ara não alargar demasiado esta secção, resolvemos dar só a bibliographia dos traba- ilios offerecidos em diirlicado à redacção e impressos a começar de igoo. Por em quanto restrin- gimos também a bibliographia a Sciencias Naturaes, Mathecnaticas, Ptiysicas e Chimicas, ou a assumptos que tenham relação com estas matérias. Pelo que diz respeito a Portugal e colónias, o nosso desejo é inserir na Brotéria ao menos os titulos dos estudos relativos á nossa fauna e flora. Por isso transcrevemos sempre das revis- tas portuguezas, que trocam com a Brotéria, os índices que dizem respeito a estas matérias. Aproveitamos a occasião para agradecer aos Auctores a amabilidade da offerta dos seus trabalhos. 1 92 BROTERIA carreira scientifica e o qnanto pôde uma vontade decidida. Nobre exemplo de trabalho para as gerações novas, por vezes tão occupadas em frivolidades. i3. Boletim fla Sociedade de Gengraphia de Lisboa (janeiro, k)o3). Ivens Ferraz ; As pérolas e a sua pesca em Moçambique. 14. Delfin (Federico T.) — Catálogo de los Pecps de Cliile. (Extr. de la Revista Chilena de Historia Natural, t. iii e iv, in 8.», i33 pag. Valpa- raiso, 1901). Neste catalogo, o mais completo que appareceu até agora sobre os peixes dos mares do Chile, enumera o A. 242 espécies, a que junta em appendice mais oito, 3 das quaes descriptas pelo A. A synonymia e biblio- graphia são feitas com cuidado e esmero. i5. Jornal de ScienciasMatliematicas, PhysicaseNaturaes (Lisboa). índice. N." XI (fevereiro, K)Oo). Seabra (A. F. de): Sobre um caracter impor- tante para a determinação dos géneros e espécies dos Microchiropteros c lista das espécies d'este grupo existentes nas collecções do Museu Nacio- nal {continuação). — Barboza du Bocage (J. V.): Aves do Archipelago de Cabo Verde. — Bethencourt Ferreira (J.): Sobre alguns exemplares perten- centes á fauna do norte de Angola. N.o xii (agosto, 1900). — Seabra (A. F. de): Sobre um caracter impor- tante para a determinação dos géneros e espécies dos Microcliiropteros (continuação). — Idem: Mammiferos de Portugal no museu de Lisboa. — Idem: Diagnoses de quelques nouvelles espèces et variétés de Chiroptères de TAfrique. N." XIII (maio, 1901). — Bethencourt Ferreira (J.): Sobre a distribuição das cobras do género Naia em Africa. — Seabra (A. F. de): Algumas observações sobre a anatomia do Potamogale velox. — Barboza du Bocage (J. V.): Aves da Guiné portugueza. 16. Medicina Contemporânea (Lisboa) (desde janeiro a outubro de iqo3). índice. — Bernardino Roque (Ant.") : Contribuição para o estudo da malária e dos mosquitos de Angola (n.»'* 14, i5, 16, 17, 21, 22, 23). — Moraes Sarmento (Evaristo de) : Um novo processo para a conservação dos Culi- cideos de collecção (n." i3). 17. PoRTER (Carlos E.). — índice alfabético i sinonímico formado para la ultima edición espanola de Ia Anatomia Humana descriptira dei Prof. Ph. C. Sappey. i vol. in-S.", -iC-^^ p. Valparaiso, 1900. 18. PoRTER (Carlos E.).^Memorandum de Zoolojía. FIntrcga primera y segunda. Dois fascículos in-8.°, Valparaiso, inoo. Estes dois fascjculos são os primeiros de um resumo de Zoologia, BIBLIOGRAPHIA IqS que, em quadros bem feitos e claros, apresenta as classificações do reino animal e os caracteres principaes dos diversos grupos. Este trabalho do incançavel Director do Museu de Valparaiso é acompanhado de estampas a cores. O primeiro fasciculo comprehende os Protozoários: o segundo os Mesozoarios, Espongiários e Celenterados. 19. PoRTER (C. E.). — Programa de Morfolojía i Fisiolojía dei Houibre. I fase. in-8.", 16 p. Valparaiso, K)02. 20. PoRTER (C. E.). — El Museo de Historia Natural de Valparaiso durante el ano de 1902. i fase. in-S." de 80 pag. Valparaiso, iqo3. Entomologia f afora CeddologiaJ 21. Bezzi (Prof. Mário). — Di una specie inédita di Ditteri Italiani ap- partenente ad un genere nuovo per la fauna europea. (Estr. dal Buli. Soe. Entom. Ital., anno 35, 1908). Do género Asarcina (fam. Syrphidae — Dipteros) não se conhecia es- pécie alguma europeia. O A. descreve a A. Fiorii, proveniente da Emilia (Alta Itália). Estuda alem d'isso o género e apresenta o quadro das espé- cies até hoje conhecidas. 22. Bezzi (Prof. M.). — Alcune Notizie sui Ditteri cavernicoli. (Estr. dalla Riv. liai. di Speleologia, anno i, fase. 11, iqoS). O A. enumera 18 espécies de Dipteros da collecção do sr. A. Vire, apanhados em differentes cavernas de França. A estas segue uma lista das espécies exclusivamente cavernicolas, até agora encontradas nas diversas regiões do globo. 23. Bolívar (Ignacio). — Catálogo sinóptico de los Ortópteros de Ia Fauna Ibérica. (Separata dos Annaes de Sc. Nat. vol. iv e v. — Coimbra, 1900, in-8.», 168 p.). Trabalho muito importante, levado a cabo em 1897 pelo tão conhe- cido entomologista de Madrid, mas cuja publicação terminou só em 1900. Bastaria o nome do auctor para lhe dar valor. Veio este catalogo preencher a lacuna causada pelos últimos descobrimentos na Península, pois eram já muito deficientes a Sinopsis de los Ortópteros de Espana y Po7-tugal do mesmo auctor (Madrid, 1876- 1878), e a Enimieración de los ortópteros de Espana y Portugal do sr. Cazurro (Madrid, 1888). Pode dizer-se, sem perigo de errar, que, apezar de ser um catalogo synoptico, forma um dos trabalhos mais importantes sobre a fauna entomologica da nossa Penín- sula. O A. divide a ordem dos orthopteros em três subordens ou secções 194 BROTERIA novas — Dermapteros (que comprehende os Forficulidos), Dictiopíeros (que abrange os Blattidos e Mantidos) e Enorlhopteros ou orthopteros propriamente dictos (em que ficam incluídos os Phasmidos, Acrididos, Gryllidos e Locustidos). A ordem seguida é esta. Apresenta em primeiro logar a tabeliã dichotomica das íamilias. Em cada uma d'estas otTerece-nos o quadro synoptico dos caracteres dos géneros e espécies e por ultimo, ao enumerar as espécies, indica a synonymia e as localidades onde foram encontradas. D'esta sorte a classificação fica fácil. De Portugal cita o A. 83 espécies (3 Forficulidos, 8 Blattidos, 5 Man- tidos, I Phasmido, 35 Acrididos, 6 Gryllidos e 25 Locustidos). Este numero é bastante inferior á realidade e ha-de augmentar brevemente, segundo espero. O A. no decurso do catalogo descreve lo espécies novas (Stenobro- tJnis A)itigai — Barcelona; St. Cajiirroi — serras da Europa; Gryllodes Boscai — Valência; Ephippigera Catalaunica — Sora; E. Astitriensis — Astúrias; E. Nobrei — Estrella ; E. obsoleta — Madrid; Píerolepis Cordií- bensis — Córdova; scirtobaenus Lusitanicus — arredores de S. Fiel, desco- berto pelo meu collega, sr. J. B. Barret, e Antaxius Floresi — Puerto de Leitariegos). 24. Bolívar (I). — Un nuevo ortóptero uiinnecóíilo — Attapliila Beigi (com uma estampa). (Separata de Comunicacioues dei Mitseo Nac. de Buenos Aires. Tom. i, n.° 10, 1901). 2:. Bolívar (I.).— El género Taeniopoda Stal. (Separata dei Boi. Soe. Esp. de Hist. Nat., Junio, igoi). Nesta nota o A. apresenta um quadro synoptico dos caracteres dis- tinctivos das espécies do género Taeniopoda (todas da America central) e descreve mais três novas. 26. Bolívar (I.). — Ortópteros nuevos de Espana. (Separata dei Boi. Soe. Esp. de Hist. Nat., Enero, 1902). Alem de uma variedade, descreve o A. duas espécies novas (Pampha- gus piinctaliis e Gryllodes Carrascoi). 27. Bolívar (I). — ipuutes para el estiidio de los Pérlidos de Espaíia. (Se- parata dei Boi. Soe. Esp. de Hist. Nat.., Mayo, 1902). O A. menciona primeiro um artigo do sr. H. Albarda, publicado cm iSqq, em que mostra que seis espécies de Pérlidos hespanhoes, descriptas por Rambur, eram já conhecidas e estavam descriptas antes d'este auctor. Em seguida cita 16 espécies, quasi todas novas para Hespanha. 28. Bolívar (I.). — Nuevo Helioscirtus de Bio de Oro. (Ibid. Ociubrc, 1902). BIBLIOGRAPHIA I9D 29. Bolívar (I.). — Contribatious à l'étude des Phaneropterinae de Ia Píou- Telle-Gíiiínée, apparteuant au inuséum uational de Budapest. (Extr. du Termcs^etrajyi Fii^etek, 1902). O A. forma dois géneros e descreve 18 espécies novas. 30. Bolívar (I.). — Les Orthoptères de St. Joseph's College à Trichinopoly (Sud de rinde). Extr. des Anu. Soe. Ent. France, vol. 76, 78, 80, (1897, 1900, 1902), i5op. Estes orthopteros foram reunidos para a collecção do museu do col- legio de Trichinopoly por um grupo de professores e classificados pelo emi- nente orthopterologista, sr. I. Bolívar. A importância d'este trabalho é posta em relevo pelo grande numero de formas novas não só para a região de Trichinopoly e Madrasta, mas também para a sciencia. Assim o A. descreve ii5 espécies novas e estabelece 18 géneros também novos. Em três estampas, muito bem desenhadas, representa o A. varias es- pécies novas. 3i. HoRvÁTH (Dr. G.). — Héiiiiptères du voyage de M. Martinez Escalera dana l'A8Íe-Mineure. (Extr. de Termés^etraj^i Fiisetek, Budapest, 1901). Esta enumeração do tão conhecido Director do Museu de Budapest, comprehende os Hemipteros colhidos pelo sr. Martinez Escalera na sua viagem á Ásia Menor em 1898. Contém ella, alem de 9 espécies novas para a sciencia, 82 que não eram ainda conhecidas na Ásia Menor e assmi a fauna Hemipterologica d'esta região eleva-se a 298 espécies. 32. HoRvÁTH (Dr. G.). — Die nordauieríkanísche Apbiden*G}attung Hauia- melistes ia Europa (O género americano Hamamelistes na Europa). (Sonder-Abdruck aus der Wiener Ent. Zeitung, xx Jahrg., 1901). Conta o A. como descobriu que o género Tetraphis (Aphideos), que precedentemente tinha estabelecido para uma espécie que vive na Betula pubescens, é o mesmo que o género Hamamelistes formado na America do Norte (1887). 33. Lambertie (Maurice). — Contribution à la Faune des Héuiiptères, Hé- téroptères, Cicadiues et Psyllides du Sud-oueste de la France. (Extrait des Actes de la Soe. Linnéenne de Bordeaiix, t. 56, 1901). Este estudo, como o A. nota na introducção, é um supplemento ao Ca- talogo de E. R. Dubois e M. Lambertie sobre os Hemipteros da Gironda, publicado em 1896 nas Aetes de la Soe. Linn. de Bordeaux (t. 52). Em 100 paginas enumera o A. um grande numero de espécies. 34. Lambertie (M.). — Notes sur les Hémiptères-Homoptères nouveaux ou 19^ BROTÉRIA peii conuiis pour Ia (vironde. (Extrair des Procès-Verbaux dela Soe. Linn. de Burdeaux, Séance du q et 23 Avril, 1902). Entre as varias espécies interessantes, descobertas pelo A., ha uma Tamnotettix sp. nova. 33. Lambertie (M.). — Notes sur Phyllomorpha laciniata Vill. (Extrair du Buli. de la Soe. Ent. de France, n." 19, 1902). Esta espécie que era tida como muito rara em França, foi descoberta bastantes vezes pelo A. na parte inferior do tronco das macieiras. 36. Lambertie (M.). — Notes sur quelques Hémiptères — Homoptères iiou- veaiix ou peu coniius de Ia Oironde. — (Extr. des Procés -Verbaux Soe. Linn. de Bordeaiix, igoS). O A. menciona 11 espécies novas para a fauna da Gironda. 37. Lambertie (M.). — Coinpte rendu d'excnrsioiis à Citou. (Extr. des Procès-Verbaux Soe. Linn. de Bordeaux, 1903). 38. Lambertie (M.). — Notes sur quelqnes Hémiptères nouveaux ou rares pour Ia Gironde. (Extr. des Proeés -Verbaux Soe. Linn. de Bor deaux, i9o3j. 39. Mayr (Dr. Gustav). — Formiciden aus Aegypten und dem Sndan de- teruiiuiert und beschrieben. 1 fase. in-8.° de 11 pag., ic)02. Esta memoria do A. é relativa ás formigas colleccionadas no Egypto e Sudan pela Expedição Zoológica Sueca sob a direcção de L. A. Jiigers- Kiõld. Comprehende 27 espécies (duas das quaes novas). O A. descreve também algumas variedades novas. As formigas termitophilas da mesma coUecção serão estudadas mais tarde com os.outros insectos termitophilos pelo R. P. Wasmann. 40. Navás (R. P. Longinos). — Ortópteros y Neurópteros de Moncaya . (Zaragoza). (Estr. de las Jíctas Soe. Esp. de Húst. Nat., abril, 1900). O A. cita 82 Orthopteros e 84 Nevropteros. Entre estes é digna de menção a LJnibia Solieri Ramb., que julgo não estava ainda citada da Hes- panha central. 41. Nav.^s (L.)— Notas Eutomológlcas — Algunas costnnibres de Ias Iior- uiig:as y horniigalcones. (Estr. de las Aeta.s Soe. Esf. de Hisí. Nat.. junio, 1900). 42. Navás (L.). — El Baroii Edmundo de Sélys-Longcliamps (noticia ne- crológica). (Estr. dei Boi. Soe. Esp. de Hist. Nat., iqoi). BIBLIOGRAPHIA I97 43. Navás (L.). — Notas Neiiropterológicas. (Extr. dei Butlleti Inst. Catai. d'Hist. Nat., Mars, 1901). Comprehendem estas Notas 4 partes : '.'■' — Descripção do Ascalaphus Cuuii Sélys (a qual não tinha ainda sido feita ) ; 2.'' — Enumeração dos Ascalaphideos de Hespanha; S.'" — Estudo do género Chrysopa e enumeração das espécies hes- panholas ; 4/ — Estudo bastante completo dos Perlideos de Hespanha. 44. Navás (E.). — Dípteros de Espaíiã, por el P. Gabriel Strobl (nota bi- bliographical. (Estr. dei Boi. Soe. Esp. de Hist. Nat., Mavo, 1901J. 45. Navás (E.). — Notas Entomológicas. El género Orthetriun. El género Díplax. El género Pycnogaster en Espana. (Estr. Boi. Soe. Esp. de Hist. Nat., Enero, Marzo, Junio, 1902). O A. estuda cada um d'estes géneros e enumera as espécies hespa- nholas. 46. Navás (L.). —D. Miguel Cuní y Martorell (necrologia). (Estr. dei Boi. Soe. Arag. de Cienc. Nat., Junio, 1902). 47. Pantel (J.). — Sur la biologie du Meigenia floralis Mg. (Dipt.). fCom- munication préliminairej. (Extr. du Buli. Soe. Ent. France, 1902). O A. junta agora ao seu trabalho monumental sobre o Thrixion Hali- dayamim, umas breves, mas muito interessantes notas sobre o modo de vi ia de outro diptero, cuja larva se desenvolve no corpo da larva da Crioceris asparagi. A mosca póe os ovos sobre a Crioeeris, e as larvas, depois de saídas do ovo, furam a pelle e vivem algum tempo dentro do corpo uma vida errante, até se lixarem junto da pelle, onde abrem um orifício, para poderem respirar o ar livre. A metamorphose faz-se dentro do corpo da Crioceris já quasi devorado e reduzido á cutícula. Como cada Crioceris não pode fornecer alimento bastante senão a um parasita, quando ha vários, o mais forte mata todos os outros, ficando sósinho de posse do corpo da Crioceris que em breve morre. 48. Pantel (J.) e de Sinéty (R.). — Sur l'évolution de la spermatide cliez le Notonecta glauca. fComptes Rendiis de ÍAc. des Sc, i."\ i5 et 29 décembre, 1902). Estas breves communicações, em que está encerrado muito estudo, honram muito os seus auctores. Occupam-se elles, como o titulo indica, da evolução do esparmatideo até á formação do espermatozóide na Notonecta glauca, hemiptero muito commum nas aguas correntes e es- tagnadas. 198 BROTÉRIA Começam os AA. por descrever brevemente os diversos estádios que observaram, auxiliando-se para isso de figuras bastante claras. Depois de enunciados os factos, vem a sua interpretação. Quanto á origem e maneira de ser do acrosoma, seguem os AA. a opinião de Meves, que o deriva do idio^otna, mas separam-se d'elle nalgumas particularidades, por exemplo na origem d'este idiozoma, que julgam resultar de uma differenciação gra- dual do cytoplasma. Pelo que diz respeito ao Nebenkcni, também os AA. são da mesma opinião que Meves, o qual crê provém do coi-po mitochondriano. Por ultimo descrevem-nos os AA. as suas observações acerca das trocas de nucleina entre o núcleo e o corpo cellular, bem como entre o núcleo e o acrosoma. 49. ScHNEiDER (Prof. Dr. O.). — Ueber Melãiiistuiis korsischer Kâfer. (Son- der-Abdruch aus der Isis, Dresden, iqo2). O A. teve occasião em 189Q (abril) na sua permanência em Ajaccio de estudar o melanismo dos Coleopteros da Córsega. Sabia-se com effeito que os exemplares de varias espécies, provenientes da ilha, apresentam uma côr escura, que não têm os individuos de outras localidades. O A. chegou a reunir 40 d'estas espécies, em que a diíferença de côr é notável. São estas que estuda no presente trabalho. 50. ScHOUTEDEN (H.). — Aphídologisclie Notizen. (Separa t-Abdruck aus dem Zoologischen An^^eiger, Bd. 25, n." 681, 1902). Nesta breve memoria descreve o A. duas espécies novas — Geoica cy- peri e Aphis spiraeae. Esta é cecidogenica e vive na pagina inferior das folhas enroladas da Spiraea iilmaria. As cecidias tinham já sido vistas por Kaltenbach. 5i. De Sinéty (Robert). — Rechercbes sur la biologie et l'anatuniie des Phasiiies. (Thèse pour obtenir le grade de docteur ès-sciences). i vol. in-4.°, de 164 pag. e 4 estampas duplas. Lierre, 1901. Os Phasmidos constituem uma família de orthopteros mal represen- tada na Europa e que mal podem ser estudados nos exemplares apanha- dos ao acaso. O A. evitou esta difficuldade creando em casa as principaes espécies europeias e vários typos exóticos. Entre as primeiras tem o princi- pal logar a Leptynia attenuata Pantel, que lhe foi fornecida de Portugal. Diversos pontos de biologia mereceram a attenção do A. : partheno- genese e determinação do sexo, mudas e estádios larvaes, autotomia e re- generação, coloração e suas modificações influenciadas por diflierentes causas. A questão importante da parthenogenese foi estudada com atten- ção particular e por isso não admira que nos forneça documentos novos, como são a reducção do numero de ovos das posturas e a diminuição dos ovos não gorados. Os pigmentos cutâneos numa das espécies estudadas BIBLIOGRAPHIA I99 passam por variações periódicas, que o A. chama oscillações diurnas: pela acção da escuridade ou das radiações de ondas de grande comprimento produz-se no Dixippus morosas um melanismo accentuado, em quanto as espécies lucifugas de ordinário sotfrem de albinismo. A anatomia occupa o logar principal (pp. 25-164). Poi" outro lado, como uma das qualidades d'este trabalho é estar extraordinariamente condensado (coisa tão rara nos estudos d'este género), seria por certo dif- ficil dar uma idéa sobre esta matéria, sem sair dos limites de uma biblio- graphia. Seria obrigado a transcrever ao menos o Índice e mais ainda as conclusões geraes, que o A. tira (pp. i28-i38). Contentar-me-hei por tanto com tocar alguns pontos de maior alcance. Embora os capítulos que tratam do tegumento, apparelho digestivo e órgãos annexos, sejam de menor extensão, encerram comtudo novidades interessantes. Assim, por exemplo, o estudo dos tubos de Malpighi con- tribue efficazmente para o conhecimento da estructura, desenvolvimento, relações anatómicas e chimismo physiologico d'este órgão. O capitulo do apparelho respiratório mostra-nos que idéa se deve fa- zer do systema nervoso visceral dos insectos. Sabe-se que eram conside- rados como parte fundamental d'este systema dois engrossamentos pares, situados de cada lado do nervo recurrente e chamados ganglios pares an- teriores e posteriores. Já Heymons demonstrou que os ganglios posterio- res de nenhum modo são nervosos. Quanto aos anteriores o A. prova que differem dos órgãos bem caracterizados como nervosos, pelos caracteres histológicos e histochimicos, bem como pelas relações nervosas e tra- cheaes. Considera-os por tanto como apparelho de apoio, e como órgão intermediário da innervação da aorta (apparelho aorticoj. No apparelho respiratório o estudo das cellulas tracheolares leva o A. a uma concepção nova d'estas formações, commummente havidas como conjunctiv^as e destinadas para a fixação e arejamento das vísceras dos in- sectos (membranas tracheolares). As interpretações do A. são baseadas na falta de núcleos, differentes dos ordinários, nas cellulas tracheolares, resul- tado que está em opposição com os de Wistinghausen e Holmgren, e concorda com as ídéas de Lowne e as observações do sr. P. Pantel. Nas observações relativas ás formações hemosteatícas (cap. v) encon- tramos muitas particularidades cytologicas, que dizem respeito á divisão cinética da cellula somática dííferenciada. A cellula adiposa da Leptynia divide-se por cinese, mas o rejuvenescimento prévio, que se mostra nas mojificações de estructura, localiza-se na região central, nuclear e perí- nuclear. O numero dos chromosomas é muito superior ao das cellulas so- máticas ordinárias. E um facto novo que augmenta as descobertas (bem poucas até agora), que se têm feito nesta ordem de factos. Os capítulos VI e vii contêm o estudo anatómico minucioso do ap- parelho genital nos dois. sexos. Um appendíce é consagrado á homolo- gação do testículo e ovário. 200 BROTERIA A espermatogenese, estudada nos Phasmidos e em numerosos typos das principaes famílias da ordem dos Orthopteros, constitue a matéria do cap. VIII, que é o mais extenso e também o mais original. O A., sem ser diftuso, abandona a sua concisão habitual, afim de não tornar a leitura ditficil a quem não estiver familiarizado com esta matéria. Esclarece a litteratura, que é muita e diflficil, reunindo em grupos e discutindo as in- numeras opiniões dos auctores. No ponto principal da questão afasta-se de todos os espermatogenistas (que até agora têm estudado os insectos) e admitte uma dupla divisão longitudinal dos chromosomas nas cineses se- xuaes. Por esta forma os processos que parecem definitivamente demon- strados em relação aos animaes e plantas superiores, ficam abrangendo tam- bém o grupo dos insectos, que pareciam constituir excepção. E também interessante uma contribuição de valor que o A. ajunta para o conheci- mento do chromosoma especial, elemento cellular ha pouco descoberto. Por esta ligeira enumeração se verá quanta razão houve para a uni- versidade de Paris conceder ao A. o diploma de Doutor com menção hon- rosissima, e para a Academia das Sciencias coroar esta obra com o pre- mio Thore. Ao novel Doutor os meus sinceros emboras por taes honras e tão bem merecidas. Na parte material este trabalho corresponde ao merecimento do for- mal. Óptimo papel, impressão esmerada e 4 estampas duplas bellissimas, onde se podem admirar os desenhos das tão nitidas preparações que o A. soube arranjar. Cecidologia 52. Beijerinck (M. W.). — Ueber die sexuelle (xeneration von Cynips Kol- lari. (Extr. da Marcellia, vol. i, 1902). D'este notável trabalho já dei conta nesta Revista (vol. 11, p. 81). 53. Cecconi (Dott. Giacomo). — Terza contribuzione alia conosceuza delle Galle delia Foresta dl Vallumbrosa. (Estrato delia Malpighia, vol. xiv, 1900). Qaarta contribuzione, etc. (Estrato delia Malpighia, vol. xv, 1901). Quinta contribuzione, etc. (Estrato delia Malpighia, 1901). Sesta contribuzione, etc. (Estrato delia Malpighia, \o\. xvi, 1902). Nas duas primeiras Contribuições, publicadas antes de 1900 (cfr. Ma/- pighia, vol. XI, i8q7 e vol. xiii, 1899), e nas quatro seguintes occupa-se o distincto cecidologista italiano das cecidias da celebre floresta de Vallom- brosa. Segue a ordem alphabetica dos substratos e descreve cada uma das cecidias. Entre as espécies raras ou interessantes encontradas pelo A. mencionarei as seguintes: Liriomy^a urophorina Mik, Andricus pseiido- cocciís Kieff., Andricus histrix Trotter, Andricus superfetationis Pasz., As- BIBLIOGRAPHIA 201 phondylia Boi—i de Stef., Thamnurgus Kaltembachi Bach., Dasyneura capsiilae Kiett", Andricus pseiido-inflator Tav. e Eriophyes genistae Nal. (no Ulex europaeits). Esta ultima espécie é interessante nos Ulex, em que os raminhos novos se cobrem de pêlos abundantes e compridos. Não se sabia até agora que esta cecidia fosse causada pelo E. genistae Nal. O sr. dr. Trotter também a encontrou em Portuga! no Ulex Jiissiaei, e eu re- cebi-a do norte do nosso paiz nos Ulex eiiropaeiís e nanus. O trabalho do sr. dr. Cecconi termina por uma bella photogravura, reproduzida de um cliché do A. 54. Cecconi (Dott. G.). — Coiítribuzioni alia cecidolo^ria itálica. (Estrato de Le Stajioni sperimentali agrarie italiane, vol. 84, iqoi). Alem de vários substratos novos, menciona o A. varias zoocecidias novas para a Itália e entre ellas o Uynips mediterrânea Trotter, que ainda não tinha sido visto na Europa. 55. Cecconi (Dott. G.). — Contribuzioni alia cecidologia itálica. Scconda parte. (Ext. da mesma revista, vol. 35, iqo2). Neste interessante estudo apresenta o auctor varias coisas novas. As- sim por exemplo vemos mencionadas e descriptas de novo as cecidias do Andricus vindobonensis Mullner, Andricus Cecconi Kieíf., Andricus Zapel- lai KielT. e Dryophanta Cecconiana Kieff., de que em breve terei occasião de falar. As cecidias das folhas do Qiiercus suber L. que o A. encontrou e cujo cecidozoide não obteve, são provavelmente produzidas pela Contarinia lu- ieola Tav., que em Portugal se cria na azinheira e carrasqueiro CQQ. ilex e cocciferaj. Nas folhas do Tamarix gallica L. encontrou o A. as cecidias do Na- nophyes pallidus Oliv. que eu no nosso paiz descobri no Tamarix afri- cana Poir., e foi tal a coincidência que estudámos ao mesmo tempo a ce- cidia e o seu movimento tão notável (cfr. Brotéria, vol. i, p. 174). Este movimento das cecidias fôra já observado em França por Lucas (Ann. Soe. Ent. de France, t. 7, 1849, p. 44) e P. Gervais (Ann. Soe. Ent. de France, 1856, p. 44) e attribuido falsamente á larva do Nanophyes (Nano- des) tamaricis Gyll. D'esta sorte fica plenamente demonstrado pelas obser- vações do A. e pelas minhas que o A'^, pallidus Oliv. é cecidogenico e que a larva e pupa fazem saltar a cecidia com movimentos especiaes de projec- ção, rolamento e trepidação. Seria agora interessante observar se o Nano- phyes tamaricis Gyll. é ou não cecidogenico. 56. Cecconi (Dott. G.). — Zoocecidi delia Sardegna, raccolti dal Prof. F. Cavara. (Estr. dal Buli. Soe. Bot. It., 1901). Cfx.coNi (Dott. G.). — ^ Zoocecidi delia Sardegiia, raccolti dal Prof. F. Cavara. Seconda contribuzione. (Estr. da mesma Revista, 1901). 202 BROTERIA É esta uma boa contribuição para o estudo da fauna cecidogenica da ilha de Sardenha, que era quasi desconhecida. E notável uma cecidia nova do Urospermum picroides Desf. causada por um Aitlax, descripto ultima- mente pelo sr. P. Kieffer com o nome de A. urospenni. Esta mesma ceci- dia foi encontrada em Portugal e, como não obtive o cecidozoide, com duvida o attribui ao Aitlax tragopoginis (cfr. Brotéria, vol. i, p. 7). Noto também que as cecidias, de que o A. fala, encontradas na Santolina cha- maecyparissus L. devem ser produzidas pela Rhopalomya santolinae Tíw. No nosso paiz crescem na Santolina rosmarinifolia L. (cfr. Brotéria, vol. i, p. 28). Espécies interessantes são ainda o Flriophyes caitlobius Nal. (da Siieda fructicosa Forsk.), um Rhodites que o sr. P. Kieííer acaba de des- crever com o nome de Liebelia Cavarae e uma Stephaniella n. sp. (da Atriplex patula L.). 57. Ceccom (Dott. G.). — Intorno ad alcune galle raccolte allMsola di Cipro. (Estratto da Malpighia, vol. xv, 1901). Nesta breve nota enumera o A. 9 cecidias da ilha de Chypre, entre as quaes uma nova — - Eriophyes oleae Nal., que consiste em covinhas da face inferior das folhas, cobertas de pêlos, a que corresponde uma elevação na pagina superior. 58. CoRTi (Dr. A.). — Le Galle delia YaltcUina. Primo contributo. (Estratto dagli Atti de la Socielà Italiana di Science Natiirali; vol. 40, Milano, 1901). Secondo Contributo. (Estr. dagli Atti de la Soe. It. de Sc. Nat.; vol. 41, Milano, 1902). O A. nestes dois trabalhos, seguindo a ordem alphabetica dos sub- stratos, enumera 192 espécies, descreve as cecidias e apresenta a bibliogra- phia a respeito de cada espécie. Em todo o seu estudo se nota esmero e diligencia. Novas para a sciencia descreve 3 zoocecidias (na Ceitis austra- lis L., Anthyllis vulncvaria L. e Pkyteiima spicatinn L.l, cujos cecidozoi- des não conseguiu ver. Entre as espécies interessantes observadas pelo A., mencionarei o Oligotrophiis origani Tav., espécie portugueza encontrada por mim no Origamim virens Hffg. Na Valtellina descobriu-o o A. no Origanum vulgare L., em que não foi nunca visto em Portugal. bc). CoRTi (Dr. A.). — I cecidomidi dei Pavese. (Estr. dagli .4/// Soe. It. de Sc. Nat., vol. 42, ujoS). São 35 as espécies de cecidomyias, que o A. enumera, encontradas na região de Pavia. Entre estas menciona o A. uma duvidosa, descoberta pelo Prof. Cavara, na Eriça arbórea, que bem pôde ser produzida pela Per- risia Broteri Tav. Com tudo advirto que em Portugal sempre as cecidias d'esta espécie se criam na Eriça ciliaris e nunca na Eriça arbórea. 60. HouAUD (M. C). — Zoocécidies recueillies en Algérie. (^Extrait des BIBLIOGRAPHIA 203 Comptes Rendiis de l' Assoe. Franç. poiír Vavancement des Scienees, iqoi). O A. dá conta das cecidias que recolheu na Argélia numa rápida via- gem que fez em abril de igoo. Estas cecidias são 6o e algumas tinham já sido encontradas na Argélia. Uma das mais interessantes é uma hymeno- pterocecidia que consiste em um engrossamento do estame do Qiiereiís coe cif em. 6i. HouARD (M. C). — Note sur trois Zoocéoidies d'Alg:érie. (Extr. de la Marcellia, vol. i, 1902). Das três cecidias de que fala o A. só notarei que a que foi descoberta no Tamarix africana Poir. na Argélia não é a mesma que vive em Por- tugal e na Sicília no Tamarix gallica, cuja imago foi ha pouco obtida e descripta por de Stefani com o nome de Rhopalomyia tamarieis. 62. HouARD (M. C). — Siuiple liste de Zoocécidies recueillies en Corse. (Extr. de la Marcellia, vol. i, IM02). Comprehende esta lista 3o espécies, que o auctor colheu numa breve viagem, feita em setembro de 1901. São estas as primeiras cecidias men- cionadas da Córsega. 63. HouARD (M. C). — Sur deux Zoocécidies recueillies en Corse. (Extr. du Buli. Soe. Flnt. Fraiice, n.° 3, 1903). Estas cecidias são produzidas, uma pela Myopites Olivieri Kieíf. (que também é espécie portugueza) na Inula viscosa Aiton. e outra por uma cecidomyia desconhecida, na Eiiphorbia pithyusa L. 64. HouARD (M. C). — Sur quelqiies Zoocécidies de l'Asie Mineiire et du Cancase. (Extr. de la Marcellia, vol. i, 1902). O A. descreve umas cecidias muito interessantes, que crescem na pa- gina superior da folha do Fagus silvatica L. e parecem ser novas para a sciencia. Estão ao longo da nervura média e cada uma tem o aspecto de um tufo hemispherico de 5 a 9 mm. de diâmetro, formado de longos pêlos castanhos. O A. não logrou ver a imago. 65. HouARD (C). — Sur quelques Zoocécidies nouvelles ou peu connues, recueillies en France. (Extr. de la Marcellia, vol. i, 1902). Nesta enumeração apparecem varias zoocecidias interessantes (59), quasi todas novas para França. 66. HouARD (Dr. C). — Recherches Anatomiques sur les palies de Tiges: Pleurocécidies. i vol. in-8.° grande, de 419 pag., com 394 fig. Paris, 1903. O A. estuda anatomicamente as deformações do caule, em que os 204 BROTERIA entre-nós não diminuem em comprimento (cecidias lateraes do caule, ou pleurocecidias caulinares), deixando por tanto as que resultam da deforma- ção dos gommos e que trazem a diminuição dos entre-nós superiores facrocecidias caulinares). O trabalho está dividido em 6 capítulos. Estuda nos quatro primeiros as cecidias caulinares conforme a posição que o parasita occupa — epi- derme (cap. i), casca (cap. ii), formações secundarias libero-lenhosas (cap. Ill), e medulla (cap. iv). Os cap. v e vi são destinados ás conclusões geraes, relativas ás modificações que as cecidias produzem nos tecidos dos caules, e bem assim ás relações que se estabelecem entre as cecidias, caules e parasitas. Como me não é possível, sem me tornar extraordinariamente dif- fuso, acompanhar o A. no estudo de cada uma das cecidias (que são mui- tas), apenas direi algumas palavras sobre os últimos 4 capítulos. No iii en- contramos um estudo muito interessante sobre a anatomia da cecidia da Agromy^ia Kiefferi Tav., proveniente de Portugal. Eila apresenta 3 casos curiosos de estructura anatómica, sendo umas vezes o lenho do i." e 2° anno diminuído do lado da cecidia, occupando o lenho e liber os três qua- drantes e faltando no 4.° quadrante; outras vezes este ultimo quadrante existe, mas está separado e distante dos outros, ficando no meio a cavi- dade larval; e outras ainda, todo o tecido lenhoso se vê dividido em três ou quatro partes separadas, em volta da mesma cavidade. O cap. IV é o mais extenso e também talvez o mais importante. E aqui que nós assistimos a um phenomeno curioso. Como o parasita está na medulla e esta precisa de um alimento abundante, que muitas vezes lhe não pôde vir em tanta quantidade dos vasos libero-lenhosos, que ficam muito distantes, a zona geratriz na parte interna dá origem a pequenos feixes cylindricos e isolados, que se dirigem para a medulla e assim lhe levam os alimentos necessários á extraordinária miUtiplicação das suas cellulas fhyperplasia). Este facto (que pôde por exemplo ser estudado nas cecidias do Nanophyes telephii e Apion scutellare), mostra a força da acção cecidogenica do parasita, bem como da reacção da planta. No cap. V o A. faz um resumo minucioso e exemplificado das mo- dificações por que as cecidias fazem passar os tecidos dos caules. Estas modificações' não se limitam ao augmento das cellulas em volume (hy- pertrophia), antes dizem respeito principalmente á sua multiplicação extra- ordinária fhyperplasia) e á formação de novas camadas geratrizes, dando estas e as normaes origem a tecidos que não se vêem nas outras partes normaes e semelhantes dos caules, e que modificam os tecidos normaes. No cap. VI resume o A. as relações que se estabelecem entre o caule, as cecidias e os parasitas. Estes determinam uma acção que o A. chama cecidogenica e que se manifesta em volta dos mesmos em todas as direc- ções, não tanto ao pé, como principalmente a uma certa distancia, pela hypertrophia e hyperplasia das cellulas. O raio d'csta actividade cecidoge- BIBLIOGRAPHIA 2o5 nica depende do tamanho e numero dos parasitas e bem assim da edade e estructura dos tecidos, onde estão. Por outro lado a parte do caule não atacada produz uma }'eacção, cujo effeilo é afastar os tecidos da cecidia. A forma d'esta depende em grande parte da posição que occupa no caule. A nutrição dos tecidos da cecidia e do parasita é feita principalmente pelos feixes Uterinos do caule. Quando o parasita está longe d'elles, as camadas geratrizes internas produzem nos raios meduUares feixes de irrigação, cujo liber está do lado da cavidade larval. Finalmente notou ainda o A. que a cecidia não só influe no crescimento do caule, mas ainda na ramifi- cação, produzindo-lhe no primeiro anno uma curvatura e nos seguintes até a desorientação, como se o geotropismo negativo se tornara positivo. Quanto á disposição adoptada, em cada cecidia estuda o A. primeiro a forma d'ella, logo a anatomia do caule normal e por ultimo as modi- ficações causadas pela acção cecidogenica e reacção da planta. Interca- ladas no texto veem-se 3q4 fig., umas eschematicas, outras (e são as mais) representando os cortes dos tecidos das diversas partes da cecidia. D'este pouco se vê que esta obra, que mereceu ao A. o titulo de Doutor pela Sorbonua, é um estudo de merecimento e de trabalho muito aturado. 67. KiEFFKR (J. J.). — Description de quelques cécidouiyies nouvelles. (Extr. de la Marcellia, vol. i, fase. iv, Padova, iqo2). São 3 as espécies descriptas: Perrisia myosotidis, Cliiiodiplosis saro- thamni e Cl. iir/icae, encontradas nos arredores de Bitche (Lorena). 68. KiEFFEF< (J. J.). — Zwci iieue Hyiiienopteren luul Beinerkiingen iiber eiiiige Evaniiden. (Abdruck aus der Zeilschrift fiir Hynieiiopterologie und Dipterologie, iqo3). Os Hymenopteros novos são um Cynipide — Liebelia Cavarae e um Ichneumonideo — Phygadeuon nanopterus. O A. estabelece também o novo género Liebelia. 69. KiEFFER (J. J.). — Ueber drei neue CynipideugaUcn. (Abdruck aus dem Centralblatt filr Bakteriologie, etc. B. viii, n." 20, 1902). As cecidias que o A. descreve são as do Callirrhytis Marianii, An- driciis Ceccotiii e ^4. Zappellae. 70. KiEFFER (J. J.). — Neue europâisclie Cecidien. (Sonderdruck aus der.4//- getneiíien Zeitschrift filr Entomologie, B. 7.°, n.''.23, 1902). As principaes cecidias, que o A. descreve nesta breve memoria, são as do Cynips Korlevici e dos Callirrhytis Meunieri e C. Marianii. 71. MÍ.1LLNER (Mich. Ferd.). — Neue Zerr-Eichen-Cynipiden und dereu Gíal- len. (Separat-Abdruck aus den Verhandlungen der K. K. Zool. bot Gesell. inWien, 1901). 2o6 BROTÉRIA Apezar dos subúrbios de Vienna d'Austria estarem tão explorados por Giraud, Mayr e outros distinctos cecidologistas, o A. teve a fortuna de descobrir nestes últimos annos três espécies novas — Dryocosnnis Mayri, Neiírotenis cerrijloralis e Andricus vindobonensis, as quaes descreve mi- nuciosamente, representando as cecidias em duas estampas muiio nitidas e perfeitas. Alem d'estas cecidias que crescem no Qiierciis cerris, encon- trou o A. na pagina inferior das folhas do mesmo carvalho uma cecidia nova, um tanto parecida com a do Neuroterus mimitiiliis, cujo cynipide não obteve, mas que julga ser produzida pela forma agamica do Dryo- cosmiis Mayri n. sp. Estas descobertas interessam-me sobre maneira, pois conheço muito bem os subúrbios de Vienna e teria muito gosto em que o A. pudesse descobrir também as cecidias novas, que encontrei, e fosse tão feliz que obtivesse os cynipides que não cheguei a ver. 72. Nai.epa (Dr. Alfred). — Jieue Crallinilben ("-ji Fortset^ungJ. (Sonderab- druck aus dem akademischen An^eiger, n.° 17, iqo2). Nesta Communicação á Academia Real das Sciencias de Vienna des- creve o incançavel cecidologista mais três espécies novas de ácaros ceci- dogenicos — Eriophyes gYmnoproctiis (nas folhas e gommos da Malva moschata L.), E. vermicularis (nos gommos do Acej- obtusatmn Wk.) e E. salicorniae. 73. Nalepa (Dr. A.). — Neiíe (rallniilben '22 Fortset^ungJ. (Sondcrabdruck aus dem akad. An^. n.° 2G, ii)02). Duas novas espécies são descriptas pelo distincto A. nesta nova com- municação— EriopJiyes violae (vive nas folhas enroladas para cima, sem engrossamento, das Viola Riviniana Rchb. e tricolor L.), e Eriophyes son- chi (em pústulas, ordinariamente avermelhadas ou côr de rosa, das folhas do Sonchus inaritimus L.). Esta espécie foi também ha pouco encontrada por mim na praia de S. Cruz, nas folhas da mesma planta. 74. ScHouTEDEN (?!.). — Les Apliidocécidies Paléarctiques. (Extr. des An- nales Soe. Entom. Belg., t 47, iqoS). Este importante catalogo comprehende as cecidias de todas as espé- cies conhecidas de Aphideos, dispostas methodicamente segundo o nome dos substratos, em que se criam. Em cada planta as cecidias são apresen- tadas em tabeliã, dichotomica e, quando as cecidias são parecidas umas com as outras, o A. recorre aos caracteres dos pulgões para distinguir as diversas espécies. O trabalho é pois methodico e claro, e assim presta bons serviços aos cecidologistas. O A, confessa ter-se determinado a este estudo, por ver que o catalogo systematico dos srs. Darboux e Houard, e a Sy- nopse'do presbytero, sr. Kieffer, eram muito incompletos sobre este ramo. Termina o A. por um Índice alphabetico dos cecidozoides e planta-;, em que vivem. BIBLIOGRAPHIA 207 Descreve também o A. 3 espécies novas: My^iis ajugae, Aplns bni- nellae e Aphis leontopodii. 75. De Stkfani (Teodósio Perez). — Zoocecidii e Cecidiozoi delPAtriplex halímus iti Sicília. (Estr. dagli Atti dellMcji. Gioenía di Sc. Nat. in Catania, vol xiir, kioo). Comprehende e;te trabalho do tão conhecido cecidologista siciliano um estudo minucioso das cecidias que crescem na salgadeira (Atriplex halimusj. As espécies já conhecidas accrescenta o A. duas cecidomyias novas — Stephaniella tinacriae, cuja cecidia consiste em engrossamentos dos ramos novos, do peciolo ou da nervura média das folhas, e Asphon- dylia conglo}}ierata, cuja cecidia é uma transformação das flores numa como esphera. Descreve ainda uma cecidia nova de forma lenticular, que se desenvolve nas folhas, e cuja imago não obteve. E coisa extranha que sendo a salgadeira noutras partes tão rica de ceci- dias e tão commum á beira-mar, em Portugal se lhe não descobrisse ainda cecidia nenhuma. 76. De Stefani (T. P.). — Cecidiozoi e Zoocecidii delia Siclle. (Estr. dei Giornale di Science Nat. ed Econ. di Palermo, vol. 22, 1901 ). Neste artigo estuda o A. os ácaros cecidogenicos cia Sicilia, descre- vendo cada espécie, bem como a cecidia correspondente. Termina com duas estampas, em que estão desenhadas algumas cecidias e ácaros. 77. De Stefani (T. P.). — Due triille inedite e i loro aiitori. (Estr. dei. Boll. de Nat., a. xx, n.° 6, Siena, 1900). As cecidias são as do Aiilax soncJii De St. e do TycJiiiis argentatiis Chevr. 78. De Stefani (T. P.).— Coiitribiizione all'Eíit«mocecidolo^ia delia flora giciilii. (Estr. dal Niiovo Giornale botânico italiano, vol. viii, n.° 3 e 4, 1901). Neste trabalho apparecem umas 60 espécies cecidogenicas, todas no- vas para a Sicilia. Alem d'isso são descriptas 5 espécies novas para a sciencia: Crytosiphinn nem (Aphideo — no Nerium oleander); Psylla ili- cina (Psyllideo — nas folhas do Qiiercus ilex); Pteromahis myopites (pa- rasita); Isosoma stipae (chalcididae — na Siipa tortilisj e Beatomus liona- íiis (parasita). 79. De Stefani (T. P.). — I Zoocecidii siille lúante dei genere Pistacia. (Estr. dai Nuori Annali di Agricoltura Siciliana, an. xiii, iyo3, 37 p.). O A., depois de apresentar a historia resumida sobre as citações das cecidias das plantas do género Pistacia, ofterece ao leitor um quadro ana- lytico dos caracteres, por onde se podem reconhecer as difterentes cecidias 208 BROTÉRIA e em seguida descreve miudamente os cecidozoides. As espécie^ cecidoge- nicas são lo: dois ácaros (Eriopliyes pistaciae e E. Stefanii) e 8 aphideos do género Tetraneurj. São citadas as espécies portuguezas. É um estudo consciencioso e bem feito, como era de esperar do incançavel cecidolo- gista. 80. Trottízr (l)r. Alessandro). — Niiovo Contributo alia corioseeiízadcífli Eu- toinocecidi delia Fiara Itaíiana. Com 2 estampas. In-S.*", 24 p., 1901. O distincto cecidologista italiano apresenta nesta nova contribuição varias cecidias interessantes, sendo algumas novas para a sciencia. Entre estas citarei uma cecidomyia dos gommos e folhas do Biiplit/ulmiini Si.ili- cifolium, uma Schi^omyia dos fructos da Pliillyrea latifolia e uma cecidia do Querciis ilex, que provavelmente é causada pelo Plagiotroclius Kicf- ferianus Tav. 81. Trottkr (Dr. A.). — Di una nnora specie d'Acaro d'A9Ía Minore. (Atti dei R. Instituto Veneto, 1901, tom. 60). A espécie descripta pelo A. é o Eriophyes Tamaricis, que produz uma deformação nos gommos novos de Tamarix sp. 82. Trotter (Dr. A.). — Cécidomyies nouvelles. (Extr. du Buli. Soe. Ent. Fr., 1901, n.° 19). O A. descreve 3 espécies novas: Asphondylia phlomidis (proveniente da Grécia, onde se cria em cecidias globosas das folhas do Plilouiis fructi- cosaj^ Janetiella Fortiana (também da Grécia, onde se desenvolve em ceci- dias na extremidade de um ErysimumJ., e Rhopalomyia Achilleae (cria-se na extremidade dos raminhos de uma Achillea — Romelia). 83. Trotter (Dr. A.). — 1)1 una nuova specie dl Cinipide galligeno e delia sua galla glà nota a Teofrasto. (R. Academia dei Lincei. Estr. dal vol. XI, 1902) o Cynipide que o A. descreve é o Cynips Theophrastea. Cria-sc na Ásia Menor nos Qiiercus lusitanica e sessiliflora var. pubescens. 84. Trotter (Dr. A.).— Intoruo a tubercoli radicali di Datisca cannabina. (Estr, dal Buli. Soe. Bot. It., 1902). Nas raizes d'esta planta, cultivada no jardim botânico de Pádua, des- envolvem-se uns tuberculosinhos, bastante semelhantes aos que se criam nas raizes das Leguminosas. O A. estudou estes tubérculos e encontrou- Ihes no interior uns microorganismos, parecidos ao Bacillus radicicola Beijer. 85. Trotter (Dr. A.). — Deseriziune di alcune galle delPAuierica dei Sud. (Estr. dal Buli. Soe. Boi. It., 1902). lilBLIOGRAPHIA 209 Trata o A. de perto de 3o espécies cecidogenicas, que lhe foram en- viadas da America do Sul e colhidas na Republica Argentina, Patagonia e Brazil. 86. Trotter (Dr. A.). — Galle delia Penisola Balcânica e Ásia Minore (com 2 estampas). (Estr. dal Niiovo Giorual Bot. It., vol. x, i(p3). Estudo sobre as cecidias que o A. recolheu nas Províncias Balcânicas e Ásia Menor, numa viagem que em agosto de iqoo fez com o dr. Achille Forti. E uma contribuição importante para o estado da cecidologia d'essas regiões, que tão pouco exploradas estão. O A. encontrou grande numero de espécies (umas 200), algumas das quaes novas para a sciencia (entre outras as 3 cecidomyias, de que já falei acima, Cynips mediterrânea, C. TheopJirastea e C. tomentosa). E notável o grande numero de cynipides encontrados, entre os quaes abundam as espécies do género Cynips (24). As cecidias são todas descriptas (algumas minuciosamente). O trabalho termina por duas estampas, em que estão representadas as cecidias novas. Botânica 87. Amaral e Silva (Dr. V. Ferreira do). — La Yerba-mate. Sn cultivo, cosecha i preparacion. i folh. in-8.°, de 36 p. Valparaiso, iqo2. Tra- ducção do portuguez. (Estr. da Rev. Chil. de Hist. Nat.). A Iierva-niatte, também chamada congonha (Ile.v paragitayensis ou /. matte), é uma arvore da familia dos Ilicaceas com o porte de uma la- ranjeira frondosa, de 3 a 8'" de alto. Vegeta expontânea em grandes mattas, chamadas hervaes, desde Soo a 600 metros acima do nivel do mar, até altitudes mais elevadas, nos estados de Matto Grosso, Minas Geraes, S. Catharina, Rio Grande do Sul e mais que tudo no estado do Paraná (Brazil), em que constitue a riqueza principal. Com as folhas e parte tenra dos ramos prepara-se uma bebida, análoga ao chá, mas que não excita tanto o systema nervoso. E d'esta planta que o A. se occupa. O estudo é claro e logo se vê ser feito por um homem erudito. Depois de algumas noções geraes e de expor a analyse chimica, entra o A. na utilidade do matte, e em seguida expõe a maneira como se prepara, e descreve o modo de cultivo, colheita, etc. Quanto á utilidade, entre muitas coisas, diz : «O matte é uma bebida tónica, estimulante e diurética. Sustenta as forças do organismo, mitigando a sensação da fome, a tal ponto que o nosso povo " do interior pôde passar, sem grande sacrifício, dias inteiros sem alimentação solida de género algum, comtanto que não lhe falte o matte (mesmo sem assucar) As suas qualidades estimulantes e tónicas o tornam uma bebida alimenticia de primeira ordem para enfermos e con- valescentes, não se conhecendo até hoje nenhuma prohibição no seu uso, d'onde vem o emprego que d'elle se faz em hospitaes e casas de caridade. 210 BROTERIA Talvez porque contém menos ilieina ou cafeína, o matte excita menos o systema nervoso do que o café e o chá, não causando insomnias, e por isso recommenda-se a mulheres, creanças e pessoas nervosas e neurastenicas». O matte prepara-se em infusão em agua quente (exactamente como o chá) e neste caso toma-se com assucar, podendo misturar-se com leite, o que o torna mais agradável. Com a herva reduzida a pó prepara-se o matte sem assucar, a que dão o nome de cliiinarrão. Para este ser bom, segundo dizem, deve o bule ser uma cabaça com tubo (bomba) ordinariamente de metal, e com um crivo no fundo. Deita-se o matte moído, de modo que a tal cabaça fique meia, junta-se-lhe a agua quente, mette-se-lhe a bomba e depois do chimarráo abrir, cada qual vae chupando pela bomba por sua vez. Em se acabando o chimarráo, deita-se mais agua quente na cabaça e assim serve o mesmo matte umas poucas de vezes. Os apreciadores acham que não servindo a mesma bomba para todos, já o chimarráo náo sabe táo bem. Para dar uma idéa da importância industrial do matte, bastará dizer que, afora a grande quantidade que é consumida no Brazil annualmente, só em i8qq foram exportados para os paizes vizinhos 21.q12.8q9 kilos. Cada kilo vem a ficar por uns 5co réis fracos, nos portos de mar. 88. Boletim da Sociedade Broteriana. Redact. J. A. Henriques. Coimbra. Vol. XIX, 1902. índice por ordem dos auctores. Daveau (J.): I. Géographie botanique du Portugal. — II. La flore des Plaines et Collines voisines du littoral. — III. Les stations de la Zone des Plaines et Collines. — Luisier (A.): Apon- tamentos sobre a flora da região de Setúbal. Catalogo das plantas vascula- res dos arredores de Setúbal e da serra d'Arrabida. — Mariz (B. J. de): Sociedade Broteriana. — Idem: Espécies distribuídas, 1902. — Idem: Nota acerca de um Anagallis de Mattosinhos. — Saccardo (P. A.): Florai My- cologicas Lusitanicaí contributio duodécima. 89. Camará (Manoel de Souza da). — Estudo da oliveira. {Boletim da Di- recção Geral da Agricultura, 7." anno, n." (">. 1 fase. ín-8.° grande, de 225 pag. Lisboa, 1902). Eis um livro, ou antes um tratado, 110 género dos que dão muito tra- balho e que por isso mesmo illustram muito o seu auctor. Logo depois do cap. I (Historia) entra o auctor na taxonomia (cap. II), apresentando o qLiadio synoptico das variedades e subvariedades portu- guezas (algumas novas) e descrevendo-as em portuguez e francez. A des- cripçáo das variedades (14) e subvariedades (10) é acompanhada dos nomes vulgares e de figuras, que representam a folha, azeiton.i e caroço. Depois descreve (posto que muito resumidamente e só em portuguez) aí" variedades e subvariedades hespanholas, francezas e italianas. No cap. III occupa-se o A. da influencia nosf)logica e distribuição BIBLIOGRAPHIA 2 1 I geographica, e no IV dos conhecimentos culturaes. É este um dos capítulos mais interessantes e de certo o mais útil para os cultivadores. Fala-nos nelle do plantio, processos de multiplicação (entre elles a enxertia), cultivo e questão económica. O cap. V é consagrado á Nosologia. Nelle se mostra o A. especialista. Descreve em primeiro logar as doenças causadas pelos parasitas vegetaes (principalmente bacteriaceas e fungos) e logo as que são produzidas por animaes. D'estes os que mais atacam as oliveiras nas diversas regiões do mundo, onde se cultivam, são os Coleopteros (23 espécies) e Hemipteros (i3 espécies). D'este Índice dos capítulos se vê de quanta utilidade ha-de ser este trabalho para os olivicultores, e por isto sobeja razão ha para estarem agradecidos ao distincto professor do Instituto Agronómico. 90. Jornal Horticolo-Agricola. Porto. índice (n.°' de junho, julho e agosto, igoS). — Faculdade germinativa das sementes. — Moller (A. F.): A ar- borisação do Archipelago de Cabo-Verde. — Tait (W. C): Eucalyptus ficifolia. yi. Lagekheim (G.). — Zur Frage der Schutzuiittel der Pflanzen gegen Raupeiifrass. fMeios de defeca das plantas contra os destroços das la- gartas e larvas). Entomologisk Tidskrift, igoo, 24 p. O A. começa por expor, em traços geraes, a bibliographia e em seguida apresenta uma lista das lagartas e larvas das diversas ordens de insectos que são polyphagas, atacando grande numero de plantas (as quaes enu- mera), embora haja algumas entre estas, que ellas comem de preferencia. Chega como consequência d'esta lista á conclusão de que das arvores e ar- bustos as mais procuradas são as espécies dos géneros Qiiercus, Salix e Priinus, e das hervas as mais atacadas são as Compostas e as Chenopodia- ceas. Em seguida vêm as Rosáceas., Leguminosas e Umbelliferas. As plan- tas menos invadidas pelos insectos polyphagos são as das fíimilias das Ra- niinculaceas, Borraginaceas, Orchideas e Liliaceas. O A. estuda a razão porque estas plantas não são comidas pelas lagartas. Assim por exemplo diz-nos que nas Ranunculaceas são os princípios amargos, que em geral contêm os tecidos, que fazem com que os animaes não gostem d'ellas. Tem-se notado também que geralmente as plantas que tem bolbo, ou rhizoma (como são as Orchideas e Liliaceas) são pouco procuradas pelas "larvas, lagartas, caracoes e outros animaes. Por esta causa as dicotyledo- neas são ordinariamente mais invadidas do que as monocotyledoneas. Por ultimo expõe o A. as suas observações acerca da lagarta da Chei- matobia briimata L. (Lepidoptero), a qual, ainda que come de preferencia as folhas das arvores de fructa, comtudo é polyphaga. Assim o A. viu-a em i5o plantas de famílias muito ditTerentes, sem exceptuar as Coníferas, Liliaceas, Gramíneas, Polypodíaceas, Equísetaceas e Lycopidiaceas. 212 BRO TERIA 92. Lagerheim (G.). — Mykologische Studien. Beitrâge zar Keiintniss der parasitiscben Bacterien und der Bactorioideii Pilze (Mit einer Tafcl) . (Contribuições para o conJiecimenlo das bactérias parasitas e dos fungos bacterioides. Com uma estampa e figuras intercaladas. (Meddelanden Frdn Stockolms hõgskola, n." 204. Stockolm, 1900). Estuda o A. uma nova bactéria parasita e marinha, pertencente a um género também novo (Sarcinastrum UrospoiwJ, que descobriu na Estação biológica de Drobak (Noruega). Depois d'isto expõe o resultado das suas observações sobre um fungo parasita (não classificado pelo A.), o qual atacou a cecidia do Tylenchus Agrostidis (Steinb.) Bast., matando os ceci- dozoides. A cecidia tinha-se desenvolvido nos grãos da Poa annua. gS. Mknezes (Carlos Azevedo). — As Zonas Botânicas da Madeira e Porto Siiiito. (Extr. dos Ann. Sc. Nat. vol. viii, 1901. Porto, iqoS). Estudo interessante, embora resumido, da tlora da Madeira. O A. adopta a divisão de Lowe, que reduz a 4 as zonas botânicas da ilha, isto é : i." zona. — Dos cactos e bananeiras. Vae desde a beira-mar até cerca de 200 metros. 2.» zona. — Da vinha e castanheiros. Abrange os terrenos comprehen- didos entre i5o e ySo metros. 3.» zona. — Dos loureiros e íir^es. Extende-se desde o limite superior da zona precedente até i.65o metros. 4.^ zona. — Do'; altos cumes. Abrange todos os pontos elevados da ilha, comprehendidos entre i.65o e 1.843 metros. Em seguida menciona as plantas mais ou menos características d'es- tas zonas (sem exceptuar as culturaes), apresentando particularidades in- teressantes, ainda relativas ás temperaturas médias. O mesmo faz a respeito da ilha de Porto Santo e termina com umas estatisticas geraes sobre a vegetação do Archipelago, comparando ao mesmo tempo a tlora da Ma- deira com a mediterrânea. «O numero das espécies espontâneas (diz o A., p. 32), subespontaneas e cultivadas em grande, que existem no Ar- chipelago da Madeira é de 976, sendo ySg dicotyledoneas, 182 monocotyle- doneas, 5 gymnospermicas e 5o acotyledoneas vasculares. Conhecem-se também cerca de i5o musgos e hepáticas, 145 lichenes, e 60 algas marinas, achando-se as outras cryptogamicas cellulares todas muito mal estudadas ainda». Quanto á relação entre a Hora da Madeira e a mediterrânea, diz ainda o A.: «Se por um lado a vegetação do Archipelago da Madeira se ap- proxima da da região mediterrânea pela presença de um grande numero de espécies, entre as quaes são características a murteira, as urzes, a oli- veira e outras arvores e arbustos de folhagem persistente, por outro dif- fere d'ella em possuir dilTerentes lauraceas d'alto porte e algumas outras desconhecidas n'aquella regiãf)». BIBLIOGRAPHIA 2l3 Quando se acaba de ler este trabalho, tem-se pena que seja tão breve e ao me^mo tempo vem desejo de pedir ao egrégio botânico que compo- nha um trabalho de maior fôlego sobre este assumpto, em que não deixe «de dc;,envolver os pontos de flori^tica comparada e de biologia, em que d"esta vez mal tocou». 94. Pereira Coutinho (D. A. X.).^As Rubiaceas de Portugal. (Extr. do Boi. da Soe. Brot. xvii, U)Oo). É mais um estudo consciencioso e bem acabado, como se pôde dizer de todos os com que enriqueceu a bibliographia da flora portugueza o distincto botânico. Apresenta em latim as chaves dichotomicas dos géne- ros e espécies, com o que fica fácil a classificação, principalmente do gé- nero Galiimu cujas espécies, como é sabido, são difficeis de classifi- car. As 27 espécies portuguezas, que já eram conhecidas, juntou o A. as seguintes: Gciliuni divaricatum Lam., G. íeiíelliiin Jord., G. spíiriítm L. (non Brot.), G. miniitulinn .lord., G. vermiin Scop. e Vaillantia hispida L. 95. Sampaio (Gonçalo). — Herbario Portuguez da Academia Polytechnica do Porto. — I — C7-yptogamiae. (Separata do Anmiario de 1901-11J02 Coimbra, 1Q02. i fase. in-8.° de 95 p.). Com o assiduo cuidado do sr. G. Sampaio, naturalista adjunto do museu de Botânica, o herbario da Academia Polyteclinica tem augmentado extra- ordinariamente. Das plantas cryptogamicas dá elle uma enumeração inte- ressante no presente Anmiario. Neste catalogo estão enumerados 77 fungos, i5i algas, 2i3 lichens, 54 hepáticas, 143 musgos, 2 marsiliaceas, i isoetacea, 2 lycopodiaceas, 3 equisetaceas e 24 polypodiaceas. 96. Sampaio (G.). —Plantas novas para a Flora de Portugal. (2." serie). (Separata dos Ann. de Se. Nat., vol. viii. Porto, 1902). «Entre as plantas citadas n'este trabalho (diz o incançavel Auctor), encontra-se um numero relativamente considerável de Riibus, género cri- tico a cujo estudo me dedico ha cinco annos, no intuito de lançar alguns es- clarecimentos sobre a nossa quasi desconhecida flora batologica». O género Rubiis é, como todos sabem, um dos mais difficeis, e por isso grande serviço prestará o A. á sciencia pátria, se estudar todas as espécies portuguezas d'este género em trabalho especial e sem grande augmento de especiesno- vas, que, na minha humilde maneira de ver, poderia augmentar a confusão. Das i5 espécies citadas pelo A. como novas para a nossa flora, só 4 não pertencem ao género Riibiis. D'este descreve 3 espécies e algumas variedades novas para a sciencia. As espécies são: R. Caldasianus, R. trifoliatiis e R. poriuensis. 97. Trotter (Dr. A.). — Contributo alia Teratologia vegetale. (Estr. dal Buli. S jc. Br,i. it., IM02). 2 14 BROTÉRIA O A. neste breve estudo occupa-se principalmente da fasciaçcão por elle observada nalgumas plantas. Em Portugal também tenho encontrado bastantes exemplos d'estas fasciações. Botânica e zoologia y8. A Agricultura Cunteuiporanea (Lisboa) (tomo xii — desde julho de 190I;, a junho de 1902) ('). Almeida (J. Veríssimo de): Nos campos e laboratório (n."' i, 2, 3, 4, 5, 7) (serie de artigos sobre os fungos parasitas de muitas plantas cultiva- das).— Idem: Novo parasita das videiras (n." 8). — Idem: Um parasita da traça dos cereaes (n." 7). Camará (M. de Souza da): Phloetribus oleae (n.° 12). Santos (Godofredo da Silva): A cysticercose do porco e a tenia do homem (n." 5). 99. Gazeta das Aldeias (excellente revista agrícola do Porto) (desde ja- neiro a outubro de iqoS). Henriques (Júlio A.). — Luzerna arbórea (n.° 3y3). — Eucalyptos (n." 386). Magalhães (Dr. José). — Ténia (n."* 374, 379). Nogueira (J. V. de Paula). — Insectos e parasitas transmissores de doença contagiosa (n." 382). Pimentel (C. de Sousa). — Defeza das mattas dos pinheiros (n."* 370, 374, 376, 38o, 38i, 382, 394, 395). — A torcedora (lepidoptero) (n.° 371). — Um estudo sobre os insectos do sobreiro (n." 373). Rodrigues de Moraes (M.). — Anthrachnose (n.°* 308, 375). — Doença das folhas da amoreira (n." 377). — Fecundação da figueira, toque ou ca- prificação (n."' 378, 379, 38o). — Botrytis cinerea (n." 388). — Um ácaro da raiz da videira (n.° 393). — A anguillula das raizes (n.° 396). — A ferrugem da pereira (n.° 397). Sequeira (Eduardo). — A ferrugem das roseiras (n.° 3i)6). — Nova doença das macieiras (n." 373). — A mosca de serra (n." 383). — As Bembix (hyme- noptcros) (n." 391). — As invasões de cetonias (coleopteros) (n." 400). 100. Revista Agronómica. Publicação da Sociedade de Sciencias Af^rono- viicas de Portugal, i vol. in-8.° Lisboa, i()o3. E uma revista que honra não somente a Sociedade de Sciencias Agro- nómicas de Portugal, de que é órgão, mas ainda a sciencia pátria. Não se limita a Agronomia, como alguém julgaria levado sei pelo nome, mas abre as suas columnas a assumptos puramente scientilicos. Assim é que no (i) Esta revista acabou, sendo substituída pela Revista Agronómica. BIBLIOGRAPHIA 2l5 meio da indilTerença quasi geral para com o estudo da fauna e Hora por- tuguezas, nos consola a idéa de que a Revista Agro)iomica contribuirá muito para o desenvolvimento das sciencias naturaes em Portugal. Creio dizer tudo, se indicar os iiomes de dois dos seus directores, os srs. J. Veríssimo de Almeida e M. de Souza da Gamara, distinctos e bem conhecidos professores do Instituto de Agronomia e ambos especialistas em pathologia vegetal. Desde o i.° numero (janeiro de iqoS) estão elles pu- blicando uma serie de Contribuições sobre a Mycoflora portuguezas, em em que já ligaram o seu nome a 2 géneros e 20 espécies novas, as primeiras d'enlrc os fungos de Portugal descriptas por naturalistas portuguezes. O Índice dos primeiros números (de janeiro a outubro de iqoS) dará uma leve idéa da importância da Revista Agronómica. Contribuição para o estudo das leveduras portuguesas, por J. da Ga- mara Pestana. —Contributiones ad Mycojlorani Lusitanicauí, por J . Verissimo d' Almeida e M. de Sou^a da Camará. — Contribuição para o estudo da flora mycologica da Matta da Machada, por J. da Camará Pestana. — Subsi- dio para o estudo dajlora mycologica portuguesa, por Martinho de França Pereira Coutinho. — Quatro espécies de Cochonilhas, por M. de Sou^a da Camará. — Variedade de a:[eitona ainda não estudada em Portugal, por M. de Sou^^a da Camará. Accrescentarei que a parte materi.d não desdiz da scientifica : bom papel, typo elzevir e bastantes estampas originaes (algumas a cores). Geologia loi. Gouiniuiiicações da Direcção dos Serviços Geológicos de Portugal* T. IV. I vol. in-S." de xLviii-242 pag. e 5 estampas. Lisboa, 1900-1901. índice. Plano orgânico dos serviços geológicos. — Bei-keley-Cotter (J. C): Sur les molkisques terrestres de la nappe basaltique de Lisbonne. — Bleichert et Choffat: Contribution à Tétude des dragées calcaires des ga- léries de mines et de captation d'eaux. — Choffat (Paul): Le viii" congrès géologique International. — Idem: Dolomieu cn Portugal. — Idem: Echantil- lons de roches du district de Mossamedes. — Idem: A edade de pedra no Congo portuguezpor X. Stainier. — Idem: Bibliographie. — Delgado (J. F.N.): Les services géologiques.du Portugal de 185/ à 1899. — Idem: Les silex ter- tiaires d'Otta. — Idem: Notice sur les grottes de Carvalhal d'Aljubarrota. — Idan: Considera tions générales sur la classitication du systême silurique. — Lima (Wenceslau): Noticia sobre alguns vegetaes fosseis da Flora seno- niana fsensu lato) do solo portuguez. — Sousa-Brandão (Vicente de): Sur la détermination de Tangle des axes optiques dans les minéraux des ro- ches.— Idem: Sur la détermination de la position des axes optiques au moyen des directions d'extinction. — Idem: Sur Torientation cristallographi- que des seciions des minéraux de roches en plaques minces. 2lb BROTÉRIA 102. Couceiro (Luiz Filippe de Almeida).— Carta Geológica de Portugal. Edição de iS()(). Breve noticia d s processos graphicos empregados para a sua representação e reproducção. i folh. in-8." de 24 p., Lisboa, 1902. A carta geológica de Portugal, levada a cabo pelo.s distinctos geólo- gos, srs. Carlos Ribeiro e Nery Delgado, foi impressa só em 1876-78, posto que já tivesse apparecido em esboço na exposição de Paris de 1867. Como a tiragem foi só de i.ooo exemplares, exgottou-se em 1880, depois do Congresso internacional de Anthropologia, celebrado em Lisboa. A 2.^ edição foi preparada pelos srs. Nery Delgado e P. Chofifat e impressa fi- nalmente em i89() na casa Wuhrer (Paris). Não é uma simples reimpres- são, pois se lhe introduziram correcções e melhoramentos notáveis, devi- dos ao adeantamento dos estudos geológicos em Portugal e maior conhe- cimento dos nossos terrenos. E d'esta ultima edição que trata o A. Depois de expor a historia um tanto pormenorisada sobre os estudos geológicos em Portugal e principal- mente no que diz respeito á carta geológica, descreve em largos traços a maneira como esta nova edição foi feita. Não posso entrar em particula- ridades e por isso remetto o leitor para esse estudo, cujo auctor tomou sobre si a parte principal da execução material da carta. Mas, para que se faça alguma leve idéa das difficuldades com que foi preciso luctar, vou fazer duas breves transcripções em relação ao colorido : «Temos até agora dado uma summaria indicação dos meios emprega- dos para a preparação dos desenhos originaes de que se serviu o gravador para a gravura da base geographica, e para a da parte propriamente geo- lógica. Considera-se também completo, e convenientemente revisto, todo o trabalho de gravura; e o estampador procedeu já á tiragem das provas do conjuncto; isto é, á delicada operação de estampar na mesma folha de papel o que se encontra gravado em duas pedras difterentes, tendo o máximo cuidado no ajustamento para se evitarem as deslocações que inutilizariam o trabalho. Logo que chega iam a Lisboa estas provas do conjuncto, deu-se co- meço aos ensaios da tabeliã de convenções do colorido, em que teve de attender-se a vários requisitos, taes como : — Obediência ái regras geraes adoptadas pelos congressos interna- cionaes de geologia, com relação á escolha de cores convencionaes e de monogrammas; — nitidez' e differenciação de cores semelhantes para que não houvesse confusões e erros de interpretação, principalmente quando se empregam esses tons em pequenas manchas; — adopção de cores bases que, por meio de sobreposições e de reservas ou grises, dêem logar á formação de cores compostas, ou de tons mais ou menos intensos da mesma base, poupando-se assim um grande numero de estampagens, com vantagem para a economia e ra- pidez da obra». BIBLIOGRAPHIA 2 1' E logo depois accrescenta: «Não é para surprehender que um trabalho d'esta ordem, que exige muita experiência e muita consciência, não correspondesse logo na pri- meira tentativa ao resultado desejado, tanto no que respeita á acertada escolha das cores, como á exacta interpretação do complicado conjuncto de sobreposições e de grises. Só quem teve alguma vez de superintender em trabalhos d'esta na- tureza, pôde apreciar devidamente de quanta paciência precisa dispor o lithographo, e depois o revisor, para que nada escape : uma pequena mancha que esqueceu cobrir e que por isso apparece em branco; uma sobreposição que não se considerou e que affecta um retalho que ás vezes não tem mais que um millimetro quadrado de superfície; um contorno mal feito, que vem invadir a mancha contigua, ou deixar um claro entre as duas; um ajustamento imperfeito; tudo, emfim, são pequeninas cousas a que é indispensável attender e dar remédio. Para o trabalho de que nos occupamos, estes detalhes de acabamento obrigaram a remover, a retorar e a emendar, por mais de uma vez, nada menos de 22 pedras de grandes dimensões, pois que foram em numero de 14 as cores bases que entraram na composição da tabeliã de conven- ções, sem contar com as 4 pedras que serviram á estampagem a bistre e a preto, respectivamente destinadas á reproducção da base geographica e dos limites e monogrammas geológicos. Vencidas todas as difficuldades e corrigidos todos os erros, a prova chromolitographica definitiva foi, finalmente, apresentada em setembro de 1899; e a estampagem de toda a edição ficou concluída em junho de 1900». Se a i.'' edição da carta geológica foi tão apreciada no extrangeiro, esta não honra menos o nosso Paiz. Esteve ha exposição de Paris (1900) e mereceu um diploma de honra á Direcção dos serviços geológicos e uma medalha de curo a cada um dos seus sábios auctores, os srs. Nery Del- gado e P. Choffat. A carta consta de duas folhas (norte e sul) na escala de i:5oo.ooo e custa apenas i^5oo réis. io3. Navás (Longinos). — Xotas geoló^^icas. La ciieva de Maderuela 011 Vera (Província de Zaragoza). (Estr. de las Actas Soe. Esp. de Hist. Nat., diciembre, iqoo). O A., apoz breve introducção, descreve a caverna de Maderuela, cujo comprimento total (nos diversos corredores) é de 1 13 metros. Por ul- timcj dá noticia da sua fauna e íiora, sendo interessante a lista dás espé- cies fosseis, nas quaes ha 1 1 formas novas para Hespanha. 104. Tkotter (Dr. A. ).— Studi Cecidologici. Le galle ed cecidozoi fussili. (Estr. dalla Rivista Italiana di Paleontologia, anno ix, fase. i e 11, igoS). O A. reuniu nesta interessante nota tudo quanto se conhece sobre a 2 I 8 BROTÉRIA cecidopaleontologia. Dividiu-a em tres partes: cecidias fosseis, cecido^oides fosseis e bibliograpliiit. Quanto ás cecidias fosseis, são principalmente abundantes as acaro- cecidias, pois conhecem-se 21 espécies. Ainda se não descobriu cecidia alguma de Cynipide. Dipterocecidias só se conhecem ires, e das hemipte- rocecidias só uma appareceu até agora. As coleopterocecidias são por em quanto desconhecidas. Dos cecidozoides fosseis conhecem-se um Cynipide {Cynips succinea) e 18 cecidomyias, que bem podem não ser todas cecidogenicas Varia io5. Bethencourt Ferreir.\ (,I.). — Sezões ou Malária. Bases para o esta- belecimento da prophylaxia e therapeiitica etiológica. (Separata da «Medicina Contemporânea», i()02). Na primeira parte d'este trabaliio occupa-se o A. do hematozoario que produz as sezões ou malária. Foi elle descoberto, como se sabe, em 1880, sendo esse descobrimento e estudo que mereceu a Laverani a en- trada na Academia das Sciencias de Paris. O hematozoario vive no san- gue e pôde ter varias formas que uns auctores (os italianos) classificam como espécies diversas de dois géneros, e outros (os francezes) pretendem pertencer a uma só espécie. Quanto ao logar que deve occupar na escala zoológica, todos concordam hoje que deve ser collocado entre os Proto- zoários, na ordem dos Hemosporidios. O A. admilte 3 espécies differentes: Plasmodiuin nialariae Lav., PI. vivax G. F. e Laverauia praeco.v G. F. A primeira é de forma amihoide, vive nos glóbulos vermelhos do sangue ou hematias e leva 72 horas até á exporulação, durante a qual se produz o accrescimo e assim é a causa da febre quartan. A segunda, também se- melhante a uma amiba, é maior que a precedente e que a hematia, a qual envolve por todos os lados. Chega á esporulação depois de 42 horas e assim produz a terçan. A Laverauia praecox, entre outras fói-mas, toma a de crescente, que as duas espécies precedentes nunca apresentam. A sua esporulação faz-se em 22 horas e até em menos, originando assim as fe- bres irregulares (outono-estivaes). Em seguida fala-nos o A. da maneira como é transmillido o hemaio- zoario (e por conseguinte a malária). Esta transmissão é feita pelos mos- quitos, não do género Ciilex, mas pelas espécies de um género próximo, chamado Anopheles' O Anopheles inaculipennis vive na Fiuropa (incluindo Portugal) e parece que é a espécie d'esie género mais para temer. Sobre a maneira como o hematozoario passa do homem para o mosquito e d"este para o sangue humano, seja-me permittidc^ fazer uma breve transcripção do estudo que vou analysando: «O mosquito pica o individuo impaludado e injecta-lhe a peçonha das BIBLIOGRAPHI.V 21 9 suas glândulas salivares, liquido que tem a propriedade de impedir a coa- gulação do sangue, e absorve uma pequena quantidade d'este liquido e com elle os hematozoarios em differentes estádios de desenvolvimento. As formas juvenis morrem geralmente no tubo digestivo do insecto e são digeridas com o sangue absorvido, emquanto as formas adiantadas e capa- zes de reproducção continuam a evolucionar no apparelho digestivo que as alberga; ahi reproduzem-se, penetram no corpo do mosquito e enkys- tam-se nas paredes do estômago d'este. Os kystos assim formados desfa- zem-se, por assim dizer, em certo tempo, em fragmentos pigmentares que tomam uma forma aguçada ou de fuso. São os zoidios ou esporozoidios que se libertam por milhares, pela ruptura dos múltiplos hystos, na cavi- dade geral do insecto e que, levados pela circulação lacunar a todo o seu organismo, por uma razão desconhecida se alojam de preferencia nas glândulas salivares do diptero, de modo que, quando este pica um indivi- duo indemne de sezões, inocula com a excreção salivar grande numero de esporozoidios. Estes comportam-se como os esporos derivados dos corpos segmentados (rosace); penetram no glóbulo vermelho e transformam-se nos corpos amiboides que representam as formas juvenis ou imperfeitas dos hematozoarios. Assim termina a evolução exógena ou sexuada do pa- rasita». Na segunda parte trata o A. da prophylaxia e therapeutica. Como os mosquitos são os transmissores da malária, a principal medida prophylatica consiste em os destruir, não no estado de imago ou quando tem azas (que isso é impossível), mas no estado de larvas seccando-lhes os pântanos e aguas estagnadas, em que se criam, ou deitando á superfície da agua uma ténue camada de petróleo para as matar (M- Certas arvores (como são os eucalyptos) afugentam os mosquitos e por isso convém propagal-as junto das habitações (^). Também se deve procurar o constante arejamento da habitação e boa illuminação, pois os mosquitos são lucifugos e preferem as casas escuras e mal arejadas. Recommcnda ainda o A. o uso de redes muito finas nas varandas, portas e janellas para impedir que os mosquitos entrem. Depois da infecção produzida pelos mosquitos, aconselha o A. o uso da quinina em quantidade moderada e mais ainda os seus succedaneos que são os saes orgânicos de arsénico, como o cacodylato e methylarsenato. Para maior clareza, seja-me ainda permittido transcrever as conclusões do distincto auctor, não menos conhecido como medico do que como natu- ralista: «1." — As sezões resultam do parasitismo dos plasmodios especiaes que se reproduzem no sangue. (1) O A. não fala ainda de outro methodo efficaz, que é ter rans ou peixes na agua dos tan- ques e poç( s, pois comem quantas larvas lá se desenvolverem. (2) No collegio de S. Fiel vè se uma confirmação d'este principio, pois desappareceram as febres (antes frequentes) com a propagação dos eucalyptos. 220 BROTERIA 2.° — O impaludismo sob a forma de sezões ou qualquer outra é uma doença transmissível. 3." — O principal agente d'essa transmissão ou contagio indirecto é o mosquito do género Anopheles, que suga com o sangue do impaludado os germens malariaes e os inocula quando pica os oi-ganismos indemnes. 4." — A base da prophylaxia racional contra a malária é a extincção dos pântanos e semelhantes estagnações de agua e o aniquilamento dos insectos transmissores, principalmente no estado larvar. 5." — Todo o impaludado deve ser isolado cuidadosamente no sentido de evitar a picada dos mosquitos, e sujeito meihodicamente ao tratamento antiparasitario pela qviinina ou succedaneos sufficientemente enérgicos. G." — O desenvolvimento das plantações de quina, eucalyptos e outras espécies vegetaes úteis como remédio ou preventivo contra a malária, deve merecer os cuidados e o incitamento do Estado e dos particulares. 7." — A construcção de sanatórios apropi'iado5 para o tratamento dos impaludados é um meio que deve ser activamente poito em practica pelo governo ou pelas auctoridades locaes e objecto de merecida attenção do? beneficentes ou emprezarios, que queiram lançar-se n'e3la esperançosa tentativa». 106. Bolívar (J.) y Caldkrón (S.). — Nuevos elementos de Historia Na- tural. 1 vol. in-8." de 468 pag. e 3i8 fig. intercaladas no texto. Madrid, 1 900. Este livro forma um tratado de Historia Natural, pois comprehende a mineralogia, geologia, botânica e zoologia. É uma edição muito augmen- tada e, pôde dizer-se, inteiramente refundida dos Elementos de Historia Natural de Bolívar v Quyroga, cujas duas edições estavam já exgottadas. A obra é toda didáctica e muito clara, para o que concorrem as muitas figu- ras intercaladas no texto. Ainda que é destinada aos alumnos, os próprios professores encontrarão nella muitos factos e particularidades interessantes. Menciono em especial o tratadinho de biologia, que precede a botânica. Em 60 paginas condensaram os AA. grande numero de noções sobre a cellula, espécie, distribuição geographica dos seres vivos e taxonomia. Os exem- plos são muitas vezes tirados do terreno hespanhol (geologia), ou da fauna e flora pátrias (zoologia e botânica), acostumando assim os alumnos a es- timar e conhecer o que é seu, e affeiçoando-os ao estudo practico das plantas e animaes da península. Exemplo é este que todos os auctores de- viam seguir, não se contentando com os exemplos que encontram nos livros francezes e allemães, mas estudando a fauna e flora pátrias. 107. O Instituto ((>oímbra) (vol. 41) e 5o; ujo-i, lyoS). Ferreira (A. A. da Costa): A technica histológica e as theorías da os- teogenese (n." 3, U)o3). — Oliveira (Vasco Nogueira de): Sobre o índice or- bitario dos crânios portuguezes (n." 4, 1902). BIBLIOGRAPHIA 221 io8. Nobre (Dr. Francisco Ribeiro). — Tratado de chimica elementar. 2.' edição. I vol. in-S." de 416 pag., Porto, i()Oi. 109. Nobre (Dr. Fr. R.).— Licções de Physica (iv e v classe). 4.'' edição, i vol. in-8.° de 35o pag., Porto, ic)o3. 1 10. Nobre (Dr. Fr. R.). — LicçÕes de Physica (vi e vii classe). 2 vol. in-8.° de 600 pag.. Porto, 1903. Os dois primeiros volumes são conhecidos de todos os professores de physica e geralmente estimados, pois a sua concisão de ordinário não se oppóe á clareza. Os dois últimos acabam de ser impressos e vêm preen- cher uma lacuna, porque não havia em portuguez tratado algum, que cor- respondesse ao actual programma de physica de 6.^ e 7." classes. Parece-me que esta lacuna foi honrosamente preenchida pelo distincto professor do lyceu central do Porto. Menciono em particular as licções 23.=' e 24.", em que o A. descreve os raios X, as correntes de grande frequência e alta tensão, as experiências de Tesla, o telegrapho sem fio, etc. Todo o tratado da electricidade é ex- plicado pela theoria moderna dos campos eléctricos. I] I. Pinto de Magalh.\es. — Os Adenomas da glândula maniniaria (estudo de anatomia pathologicaJ.These inaugural, i folh. in 8.° de xv-120 pag. Lisboa, i()o3. A these do brioso e intelligente joven, que, durante o 5." anno da Es- cola Medica, mereceu o logar de assistente na secção de anatomia patho- logica no laboratório do Hospital de S. José, versa sobre matéria muito discutida, não quanto aos factos, mas quanto á sua interpretação. Depois de uma longa introducção sobre a histologia normal da glân- dula mammaria, o A. descreve-nos no cap. i os adenomas ou tumores be- nignos do seio, como «uns nódulos de consistência rija, bem isolados do resto dos tecidos da mamma, rolando sob os dedos, quasi sempre es- pontaneamente indolentes, ás vezes provocando leves dores á pressão; e que^ conservando por muito tempo um volume pequeno, como o de uma avellã por exemplo, pouco a pouco se vão desenvolvendo, sempre isola- dos e independentes, até que adquirem maior tamanho, como um ovo de gal- linha ou maior, apparecendo então umas vezes nitidamente lobulados, ou- tras totalmente lisos e seccos, sem vestígios de sulcos ou de lobulação». No cap. 11, o mais importante e mais claro, o A. estuda primeiro ma- croscopicamente os adenomas e logo desce a particularidades histológicas, concluindo que são formados dos mesmos tecidos que entram na constitui- ção da glândula mammaria normal, isto é^ conjinictivo e epithelial. Acapsula que rodeia o tumor é constituída por feixes fibrosos de tecido conjunctivo, disposto em camadas estratificadas, ondulantes e em continuação com o tecido conjunctivo próprio do tumor. BROTERIA A respeito do modo como a massa neoplasica é formada, bem como da disposição dos seus elementos histológicos, distingue o A. os adenomas fibro-acinosos ftypicos, piirosj, em que os elementos histológicos da glân- dula normal se modificam pouco, sendo as modificações sensivelmente eguaes nos dois tecidos — conjunctivo e epithelial; o contrario do que succede nos adenomas atypicos ou não puros. Nestes é de ordinário o te- cido conjunctivo, que se evoluciona e prolifera mais que o epithelial. Os ade- nomas^ que o A. chama tubulares, são formados de compridos canaes glan- dulares, em que o tecido conjunctivo intermédio forma uma delicada trama de feixes muito finos, e com varias qualidades de cellulas (plasmáticas, fu- chsinophilas, mastzellen, leucocytos variados, etc). Quando, em vez da for- mação tubular, ha evolução fibrosa do tecido conjunctivo, podem formar-se três typos de adenomas : Jibro-kystico,Jibroma intracanalicular e fibroma pericanalicular. Cada uma d'estas formas é descripta minuciosamente. Os cap. III (origem, etiologia e pathogenia dos adenomas da mamma) e IV (evolução dos adenomas) são principalmente destinados á discussão das opiniões e parecem-me um tanto confusos (naturalmente por eu ser leigo na matéria). A verdade é que o A. desde o principio da sua these mais de uma vez nos adverte que «a questão dos adenomas não é das mais esclarecidas», que «tem sido inutilmente embrulhada» e «muito discutida». Contentar-me-hei pois com transcrever as conclusões do A. : «Os adeno- mas da mamma são neoplasias formadas pelo tecido próprio da glândula, isto é, por tecido conjunctivo e tecido epithelial. Não se pôde dizer que derivam exclusivamente d'um ou d'outro tecido, porque a proliferação inicial de ambos está estreitamente ligada. Os adenomas são tumores essencialmente benignos, histologicamente sempre, e chimicamente só seriam malignos se pela sua localização estor- vassem o funccionamento de órgãos importantes. A tendência evolutiva dos adenomas é para a formação de grandes ca- vidades kysticas, ou para a producção de um nódulo fibromatoso, rijo e isolado. Não ha evolução maligna nos adenomas; nem o epithelioma, nem o sarcoma são evolução de adenoma algum. A etiologia inflammatoria exclusiva dos adenomas da mamma e dos adenomas em geral, não está provada. Ha distincção entre adenomas e proliferação glandular inHammatoria». 1 12. Saccahdo (Prof. P. A.). — Di Domenico Yandelli et delia píirte cli'ebi»e lo stndio padovano nella rífuriiia delPistruzíone superlore dei Porto» g^allo nel settecento. i folh. in-S." de \5 pag. Padova, moo. 1 13. SACCAKDf) (P. A.).— Delia parte ch'ebbe la scienza italiana »ella ri- forina delPistruzione superlore dei Tortugallo nel settecento. i f(^lh in-S." de i3 pag. Padova, i()Oi. Nestas duas memorias, diligente e cuidadosamente escriptas, o A. BIBLIOGRAPHIA 223 occupa-se principalmente de Vandelli e dos seus escriptos, tratando tam- bém dos outros professores italianos, que foram chamados pelo marquez de Pombal para ensinar na Universidade de Coimbra e no Collegio dos Nobres em Lisboa. Foi notável o numero d'esses professores eruditos, que vieram auxiliar a sciencia pátria, e ensinaram principalmente as sciencias mathematicas, physicas e naturaes. O A. conta não menos que onze. O mais conhecido é o paduano Vandelli, professor de historia natural e chimica na Universidade e fundador dos jardins botânicos da Ajuda e de Coimbra. Sem de modo algum lhe querer apoucar o merecimento, direi que o seu animo parece um tanto volúvel, deixando-se levar pelo espirito da época, o que fez com que quasi se tornasse encyclopedista. Se elle se tivera limi- tado a um ramo de historia natural (por exemplo á botânica), como fez Brotero, teria adeantado muito mais a sciencia em Portugal. Esse defeito porém é para desculpar numa era, em que os especialistas rareavam e em que Vandelli se via sem naturalistas que o auxiliassem na fundação dos museus. O A. nota isto mesmo: «Vandelli breve deixou os estudos espe- ciaes de historia natural, que lhe mereciam os elogios do grande Linneu, e que de certo faria avançar, se não se visse obrigado, em razão do ensino de muitas matérias, a alargar o campo da sua actividade scientifica. E pois preciso, para lhe apreciar a obra scientifica, consideral-o no complexo e attender ao logar e tempo, em que era preciso estudar tudo, por quanto era mister aclarar e ensinar differentes matérias numa época, em que os homens illustres e eruditos eram raros» (p. lo). Outra causa porque o nome de Vandelli se não tornou tão celebre, foi o ter por successor em Coimbra e mais tarde na direcção do jardim botânico da Ajuda a Brotero, o nosso primeiro naturalista e que tanto illustrou a sciencia pátria. Não obstante, a obra de Vandelli e dos outros professores italianos é digna de elogio, e pôde affirmar-se que a instauração das sciencias physi- cas e naturaes em Portugal, lhes é devida em grande parte. O A. bem mereceu por tanto da sciencia estudando essa época e a in- fluencia que teve a Itália na reforma dos estudos em Portugal. Comtudo a critica imparcial não o acompanhará em todos os elogios que faz ao marquez de Pombal. Também, apezar da diligencia com que as memorias são es- criptas, alguns equívocos pequenos lhe escaparam, como é. dizer (p. 6) que a rainha D. Maria chamara de Veneza a M. Franzini para ensinar as mathematicas a seu primogénito, mais tarde D. José I; pois, como sabem todos, D. Maria I era filha de D. José e não viceversa. Também affirma (p. 7) que os discípulos de Vandelli construíram a 25 de julho de 1784 o primeiro aerostato que se viu em Portugal, sendo que já muito antes (1709) o P. Lourenço de Gusmão (que foi o inventor da aerostaçao e não os irmãos Mongolfier, como alguns ainda julgam no extrangeiro), tinha subido em Lisboa deante da corte em balão captívo. J. S. Tavares 224 BROTERIA 3íTECI?,OXjOG-IjíL Conde cie Ficalho A 19 de abril ultimo linava-se em Lisboa o Conde de Ficalho (Fran- cisco Manoel de Mello), lente de Botânica na Escola Polytechnica. Nas- cera na mesma cidade em 27 de julho de 1887, sendo seu pae o marquez do mesmo titulo. Concluido brilhantemente o curso na Escola Polytechnica em 1860, ganhou nesse anno o concurso para lente substituto da cadeira de Botânica, vindo a ser nomeado lente cathedratico da mesma em 27 de janeiro de 1890. Era par do reino, sócio etfectivo da Academia real das Sciencias e da Sociedade de Geographia, membro da Legião de Honra e de varias ordens tanto nacionaes como extrangeiras, conselheiro de Estado etfectivo, ca- marista de Sua Magestade El-Rei, etc. «Intimamente involvido na politica, cultor delicado e feliz da littera- tura, artista, homem de sciencia, professor, sócio da Academia das Scien- cias, e ainda por demais homem da alta sociedade e com funcções officiaes no Paço, chega a espantar que, com uma existência tão multiplicada e com a attenção tão dividida, ainda lhe sobrasse tempo para escrever livros como Plantas úteis da Africa portuguesa, Garcia da Orta e o seu tempo, A revisão da familia das Rosáceas, etc, e ultimamente, ha apenas três annos, a bella Introduction ao excellente trabalho apresentado na Exposição Universal de 1900, Le Portugal au point de vue agricole, trabalhos estes todos em que se exigia maior esforço intellec-tual e de investigação, maior contensão d'espirito do que imaginação viva e bom gosto litterario. A in- telligencia superior do fallecido, a sua profunda cultura intellectual facili- tavam-lhe a execução de trabalhos que se tornariam impossíveis, se fosse menos dotado pela natureza e pela educação» (')■ Gomo botânico illustrou-se em vários estudos, como são: Revisão da Familia das Rosáceas; Apontamentos para o estudo da Jlora portuguesa; Flora dos Lusíadas; Plantas úteis da Africa Portuguesa, etc. liev. T. ^V. ]VIfii-s;hall Este distincto entomologista succumbiu a um ataque de influenza em 1 1 de abril ultimo, aos 76 annos de cdade. Tinha nascido a 18 de março de (I) Revista Agronómica, n " 6, p. 200, 1903. NECROLOGIA 225 1827 em Inglaterra (segundo creio). Era especialista em Hymenopteros e deixou impressos 3 bellos volumes sobre a familia dos Braconideos, que são parte da collecçao André. A morte surprehendeu-o trabalhando na tão diííicil como pouco conhecida familia dos Proctotrvpideos, cujo estudo tinha muito adeantado. A sua irman, Miss E. Marshall, recolheu cuidadosa- mente os manuscriptos e estampas e os entregou ao sr. André. O sr. P. Kiefter completará e dará a ultima mão a essa obra, e assim teremos em breve o gosto de ver começar a publicação d'esse trabalho, que faz tam- bém parte da collecção, de que falei acima. O sr. Marshall era um trabalhador incançavel. Conhecia, alem das linguas clássicas da antiguidade, a maior parte das da Europa; o que tudo o auxiliava muito, principalmente no conhecimento da bibliographia. Alem d'isso era um desenhista notável, e deixou aguarellas d'uma delicadeza extraordinária. Estava sempre prompto a auxiliar os seus amigos e mesmo os que pela primeira vez se dirigiam a elle. O auctor d'estas linhas, que não o co- nhecia pessoalmente, as vezes que lhe escreveu teve resposta delicada, achando-o sempre disposto a tirar-lhes as duvidas, em que se encontrava. IMIÍS E DIRECÇÃO DOS NATURALISTAS PORTllfi^EZES III Mineralogia e Geologia i) Pessoal scientiGco da Coinniíssão do Seniço Geológico: Presidente da commissáo — Joaquim Filippe Nery Delgado (*). Geólogo contractado — Prof. Paul Choífat. Engenheiros de minas — Vicente Carlos de Sousa Brandão, Wenceslau de Sousa Pereira Lima e António Torres. CoNDucTOR principal DE MiNÁs — Jorge Cândido Berkeley Cotter. 2) Não pertencentes ao pessoal scientifico da Commlssão: Barjona de Freitas (António Alfredo), Tenente coronel do Es- tado Maior. R. Alexandre Herculano, 1 13, 4.°, Lisboa. (') Toda a correspondência para o pessoal da Commissáo pode ser dirigidxi para a sede — R. do Arco a Jesus, ii3, 2.", Lisboa. 22b BROTÉRIA Bensaude (Alfredo),' Lente de Mineralogia no Instituto In- dustrial. R. de S Caetano, 6, Lisboa Gomes (Jacintho Pedro), Naturalista do Museu Nacional (secção de Miner.). R. de S. José, 201, i.", Lisboa. Guiirarães (Dr. António José Gonçalves), Lente na Univer- sidade. R. do Infante D. Augusto, 11, Coimbra. Lemos (Dr. Maximiano A. d'01iveira). Lente na Escola Medico- cirurgica do Porto. Avenida Campos Henriques, Gaya. Peixoto (António Augusto da Rocha), Naturalista do Museu da Academia Polytechnica do Porto (secção de Mi- ner.). R. da Egreja, 28, Mattosinhos. Roquette (Francisco Ferreira), Lente de Mineralogia na Es- cola Pol3iechnica de Lisboa. R. de Santa Martha, 55, 2.° D., Lisboa. Severo (Ricardo), Engenheiro civil. R. Cedofeita, 548, Porto. Sousa (F^rancisco Luiz Pereira de), Tenente de engenharia. R. Lagares, 32, Lisboa. IV Bacteriologia <'' Ag'uiar (Dr. Alberto Pereira Pinto), Lente na Escola Medica. R. D. Pedro, 11 3, Porto. Angelo da Fonseca (Dr.), Lente de Medicina na Universidade. Coimbra. Arantes Pereira (Dr. Manoel Joaquim), Director do Insti- tuto Pasteur. R. da Picaria, Porto. AtMas (Dr. Marck), Director do Instituto Pasteur. R. Nova do Almada, G9, Lisboa. Bello Moraes (Carlos), Lente substituto na Escola Medica de Lisboa. R. de José Eistevam, 3, 3." D., Lisboa. (') É principalmente nesta secção e seguinte que hei-de ter omittido muitos nomes, que tinham dii-eito a ser inseridos nesta lista. Por isso peço também aqui, como o fiz noutro logar (Brotéria, vol. i, p. iq.', em nota), benévola indulí^encia para a minha ignorância. ./ S. T. NATURALISTAS PURTUGUEZES 227 Bettencourt (Dr. Annibal), Director do R. Instituto Bacterio- lógico Gamara Pestana. R. de S. Antão, 83, i.", D. Costa Ferreira (António de), Quartanista de Medicina. Ga- binete de microbiologia da Universidade. Goimbra. Egas Moniz (Dr. António G. d'Abreu), Lente substituto de Medicina na Universidade. Goimbra. Gomes de Rezende (Dr.). Real Instituto Bacteriológico Ga- mara Pestana. R. de S. Antão, 83, Lisboa. Kopke (Dr. Ayres). Ibidem. Lepierre (Gharles), Prof. e chefe dos trabalhos practicos no gabinete de microbiologia da L^niversidade. R. d'Ale- gria, Goimbra. Nogueira Lobo (Dr. A. dos Sanctos). R. d"Alegria, Goimbra. Poiares (Dr. A^irgilio da Silva), Medico da Armada. Bolho, Gantanhede. Sarmento (Dr. José Evaristo Moraes). Real Instituto Gamara Pestana. R. de S. Antão, 83, Lisboa. V Outros ramos de Historia Natural Almeida (José Veríssimo de), Prof. no Instituto de Agrono- mia e Veterinária. R. do Gonselheiro Monteverde, 54, Lisboa. Anatomia paíhologica vegetal. Angelo da Fonseca (Dr.), Lente de Medicina na Universi- dade. Goimbra. Histologia humana. Athias (Dr, Marckj. Real Instituto Gamara Pestana. R. de S. Antão, 83, Lisboa. Histologia humana. Bernardino Machado (Gonselheiro Dr.), Lente na Universi- dade. Quinta dos Sardões, Gellas, Goimbra. Anthro- pologia. Cabral (Dr. Philomeno da Gamara Mello), Lente de Medicina na Universidade. Gouraça de Lisboa, i33, Goimbra. Histologia humana. Camará (^Manoel de Souza da), Prof. no Instituto de Agro- ;28 BROTÉRIA nomia e Veterinária. Travessa dos Remolares, 3o, i.° Lisboa. Anatomia pathologica vegetal. Costa Simões (Dr. António A. da), Lente jubilado de Me- dicina. Mealhada. Histologia humana. França (Dr. Carlos). Real Instituto Bacteriológico Gamara Pes- tana. R. de S. Antão, 83, Lisboa. Histologia humana, especialmente sjstema nervoso. Freire (Dr. Basilio Augusto Soares da Costaj, Lente de Me- dicina na Universidade. Penedo da Saudade, Coim- bra. Anatomia humana. Magalhães e Lemos (Dr. António de Sousa). Hospital do Conde de Ferreira, Porto. Systema nervoso. Nazareth (Dr. José António de Sousa), Lente na Universi- dade. Coimbra. Histologia humana. Neves (^Azevedo), Director do Laboratório de analyse clinica no Hospital R. de S. José, Lisboa. Anatomia hu- mana pathologica. Serrano (Dr. José António), Lente na Escola Medico cirúrgica de Lisboa. T. do Fala-Só, 16. Anatomia humana. Tavares (Joaquim da Silva), Prof. no collegio de S. Fiel. Histologia animal, principalmente entomologica. Zimmermann (Carlos), Prof. no Collegio de S. Fiel. Histo- logia vegetal. índice Microscopia vegetal, por G. Zimmermann 5 Lepidopíeros da Região de S. Fiel, por C. Mendes 41 Revista annaal de cecidologia, por J. S. Tavares Si Diagnoses fungorum novorum, por J. Bresadola. Sb Rerum naturalium in Lusitânia cultores — Carlos Ribeiro q3 Neurópteros prosostomios de la Península Ibérica, por L. Navás. 107 Arvores gigantescas da Beira. I — O pinheiro de Casiello Novo, por J. S. Tavares 114 Movimento das plantas superiores. — Um movimento não obser- vado ainda, por J. S. Tavares 1 1 9 Fungos da Região Setubalense, por C. Torrend i23 Ein Beitrag zur Pilzflora Portugals, von H. und P. Sydow 149 Revista annual de Goleopterologia, por M. N. Martins i5j Zoocecidias novas para a fauna portugueza, por J. S. Tavares. . . 160 Zoocecidias da Ilha da Madeira, por .1. S. Tavares 179 Epidiascopio de Carlos Zeiss 187 Bibliographia 191 Necrologia 224 Nomes e direcção dos naturalistas portuguezes 225 Maneira practica de caçar, preparar e conservar as borboletas, por C. Mendes (fora do texto). ERRATAS Pag. Linha Emenda 54 5 Nypta Nupta 89 14 Hyposcypha Hyphoscypha 90 I )) » i56 27 Sinocylon Xinocylon É a impressão que nos dá a leitura dos fascículos i e ii da Brotéria (vol. ii), únicos que tivemos a satisfação de receber, mas pelos quaes nos é facil reconhecer o grande merecimento da notabilissima revista, cujo ti- tulo é uma consagração á memória do nosso insigne botânico Brotero. Destacam-se n'esses fascículos um precioso estudo de C. Zimmermann sobre microscopia vegetal, acompanhado de gravuras e de uma soberba plancha, e a continuação de uma interessantíssima relação dos lepidopteros de Portugal, elaborada pelo distincto professor sr. Cândido Mendes de Azevedo. Vivamente aconselhamos aos estudiosos a Brotéria, que é sem duvida alguma a mais instructiva revista que hoje se publica entre nós». O Bibliographische Zeitschrift (de Berlim) (vol. iii, n.» 2, igoS) diz: «Nesta nova revista scientifica, cujo nome é uma homenagem a Brotero, celebre botânico portuguez, encontramos uma serie de trabalhos rigo- rosamente scientiíicos e de grande utilidade (Eine Reihe streng wissen- schaftlicher Arbeiten vorteilhaftj. Entre elles mencionaremos: Tavares, As Zoocecidias Portuguezas. — Tavares, Zoocecidias dos subúrbios de Vienna d' Áustria. — Torrend, Fungos da Região Setubalense, etc». No Insekten Bórse (de Leipzig) lemos (n." 18, Abril de igoS) : «A Bro- téria nos dois primeiros fascículos do 2." volume traz a continuação dos Lepidopteros da Região de S. Fiel, artigo devido á penna do sr. Cândido Mendes d'Azevedo. É este um trabalho de merecimento para a sciencia, tanto pelas indicações das plantas de que se nutrem as lagartas, e do tempo em que apparecem as borboletas, como pela verificação da existência de varias espécies em Portugal, de que não se sabia vivessem numa área tão vasta ('). O mal das laranjeiras Ha 5 annos a gomose ou lagrima invadira completamente um laran- jal que está em frente do CoUegio de S. Fiel. A folhagem amarella, os ramos seccos, as raizes podres, tudo prognosticava a próxima ruina do magnifico pomar. A pena causada por semelhante perda fez se empregassem diligencias por achar remédio ao mal; e achou-se felizmente. Consiste apenas em re- gar o laranjal com agua contendo sulfato de ferro dissolvido; sem ser necessário cortar a casca ou raizes arruinadas pela doença, como antes se usava. Praticamente coUoca-se o sulfato numa pequena ceira, na veia da agua, porém um pouco de lado, para a dissolução ser mais lenta. Me- lhor resultado se obteve espalhando o sulfato debaixo das laranjeiras em tempo chuvoso no outono e inverno. As melhorias depois das primeiras experiências tornaram-se eviden- tes; e todo o laranjal está actualmente muito viçoso, afora alguma arvore que ficou em lastimoso estado pelo systema de cura antigo. (l) Algumas espécies não eram ainda conhecidas na Europa. Nota da Redacção. Cada volume annual da Brotéria consta de 4 fascículos, que são distri- buídos regularmente, dois a dois, em abril e novembro. O fascículo comp6e-se de 40 a 48 paginas, ao menos. Todos os volumes são, quanto possível, íUus- trados com estampas originaes. ASSIGNATURA (pagamento adeantado) Para o reino e colónias i ígóSco réis Para o Brazíl 2^000 » (fortes) Não se recebem assignaturas por menos de um anno. A correspondência deve ser dirigida a J. S. Tavares. S. Fiel. São nossos correspondentes: Em Lisboa — o sr. Paulo Emílio Guedes, R. Nova do Almada, 47; No Porto^o sr. José M. Constantino Bastos, R. da Fabrica, 16; Em Braga-- o Rev.'"" sr. P. Manoel J. Martins Capella (Seminário Con- ciliar). Rogamos aos nossos estimáveis assignantes a fineza de satisfazerem as suas assignaturas ou directamente por um vale do correio pagável em Castello Branco, ou entregando a importância aos nossos correspondentes. Desejaríamos não fazer a cobrança pelo correio, que nos obriga a perda de tempo e des- pezas. Poitr 1'étranger : Abonnement 10 Ir. ou •'» vi '>> '• ■j-^v. \i< .JVT'? H.w> s>: