HARVARD UNIVERSITY. LIBRARY OF THK MUSEUM OF COMPARATIVE ZOÕLOGY. v ipófjwv xai tq àirapív»; twv cpaxwv. áXXà r, u.àv jj.áXicra OTuepaTet twv òpopcov Stà tt.v àaOevstxv. r, Ss aTvxpívv) aáXtffTa sv rol? cpaxoíç còrpccpcí. rpoirov Sc' riva /.ai irapairXyíatcv eart ri; ipopá-yy;/; tw ÈirtpáXÀEiv xxi jeaTS£siv SXov coaTvep wXsxTavaiç. àuroTivÍTet -yap oííttoç Sflev xai roúvo,u.a síXwpE». Quer dizer: «Plantas ha que são manifestamente communs a muitas, mas que, por vegetarem de preferencia em algumas, parecem próprias d'ellas, como são a orobanca dos chicharos, e o amor d'hortelão das lentilhas. Aquella porém (a oro- banca) assenhoreia-se principalmente dos chicharos, enfraquecendo-os; em quanto o amor d'hortelão encontra mais farto alimento nas lentilhas. Este, em certo modo, avizinha-se mais da orobanca na maneira como se lança sobre a planta, senhoreando-a toda e suffocando-a com seus abraços, o que deu o nome á orobanca (afoga-chicharos)». Tem-se discutido se Theophrasto se referia á orobanca ou á cuscuta. Se attendermos só ao que diz sobre o amor d'hortelão (e nisso enganava- se, pois, embora este metta os seus ramos por entre os das plantas herbá- ceas com que vive, não é parasita), parece que fala da cuscuta, cujos longos filamentos se enlaçam em volta dos caules e ramos das plantas hospedei- ras, ao passo que a orobanca só se fixa nas raizes de outros vegetaes e nunca na parte aérea. Tal é a opinião de Sprengel e Wallroth. Com tudo Sibthorp e Beck julgam (e, a nosso ver, com muita razão) que Theophrasto falava da orobanca (naturalmente da O. crenata Forsk., communissima na Grécia e já mencionada por Dioscorides), não só porque no capitulo seguinte expóe a semelhança que ha entre a orobanca e o Cytinus (que também é parasita das raizes), mas porque, segundo Landerer, Theo- phrasto á cuscuta chamava aaSjra;. Accresce que na hypothese contraria seria difficil explicar como o nome Orobanche da cuscuta foi depois appli- cado á herva loura. J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 7 Lobelio (i58i), Caesalpini(i583), Clusio(i584),Dalechampio (i 586), Camerario (i 58(5) e Tabernaemontano (1^91) alludiram, nos seus trabalhos, a vários destes parasitas, mas apenas des- creveram com mais pormenores a O crenata Forsk. e a O. ra- mosa L. No século xvii os Bauhin no -rzoófycuo: (1620) e na Historia plantarum ( 1 6 5 1 ) , e Raius na Historia plantarum (1698) já descreveram nove orobancas, quatro das quaes devem ser ex- cluídas, pois as respectivas descripçÕes correspondem a plantas de outros géneros. No primeiro quartel do século xvii Pitton Tournefort fixou os limites do género, e contou doze espécies de Orobanche, e uma Cistanche a que chamou Phelipaea. No itinerário da via- gem feita em 1689-1690 por esse illustre botânico em Portugal, publicado pelo sr. dr. Júlio Henriques no vol. viu (1890) do Boletim da Sociedade Broteriana, estão, nos números 242 e 409, mencionadas duas Orobanchaceas. A primeira, colhida entre Vendas Novas e Montemor-o-Novo, sob a designação de Orobanche elegans aestiva atropurpurea, nas Instit. rei herb., vem descripta Orobanche Lusitanica flore atropitrpnreo, e parece corresponder, pela identidade dos habitats, á nossa forma platantha da Orobanche foetida Poiret. A segunda, colhida entre Silves, Villa Nova de Portimão e Lagos, foi de- signada pelo auctor, registando a synonymia da Orobanche elegantíssima rema flore Inteo Grisley, por Orobanche palus- tris máximo digitalis flore luteo, e mais tarde nos Goroll. clas- sificada como Phelipaea Lusitanica flore luteo, e certamente é espécie idêntica á Cistanche lusitanica Guim. (Tourn.). Em 1723 Micheli publicou em Florença uma memoria so- bretudo destinada a indicar os meios de limpar da O. ramosa os campos semeados de cânhamo. Guettard, em 1746, escreveu um notável trabalho sobre plantas parasitas, e, em especial, sobre as Orobanches. O eminente naturalista Linneu applicou a nomenclatura binomina a algumas espécies estudadas, a que juntou curtas e deficientes descripções; amplificou, e com medíocre exactidão por signal, a diagnose do género Orobanche de Tournefort; in- 8 BROTÉRIA cluiu no seu género Lathraea os géneros Clandestina, Phelipaea e Aublaíum de Tournefort; e no género Orobanche introduziu, alem. de quatro espécies certas, três das quaes ainda hoje con- servam o nome linneano, mais três que foi necessário passar para os géneros Conopliolis, Epiphegus e Phelipaea, por dis- cordarem da diagnose tournefortiana. Na Flora espanola de Don Joseph Quer (1784), tomo v, a pag. 3-2 e 33, são descriptas quatro espécies: a sua Orobanche major Caryophylla olens, que deve corresponder á O. graci- lis Smith, a O. ramosa L., a O. Jlore minore, que pode ser a O. minor Sutt., ou outra espécie da secção Minores, e a Orobanche Lusitanica flore atropnrpureo, idêntica á O.foetida Poiret, e, por ultimo, no tomo iv pag. 147, a Lathraea Clan- destina. Sutton e Smith (1797) descreveram cinco orobancas inglezas em uma monographia interessante, publicada nas Transactions OF LlNNEAN SOCIETY IV. No fim do século xvm estavam descriptas apenas i3 oro- bancas, e algumas Orobanchaceas de outros géneros. Durante o século passado muitos naturalistas estudaram esta familia, de modo que, aperfeiçoando e pormenorisando as dia- gnoses, mais fácil e corrente se deveria ter tornado a clas- sificação. Todavia se alguns houve que, compulsando toda a litteratura sobre estes parasitas, não innovaram espécies, senão sobre indivíduos realmente ainda não descriptos, outros por tal forma complicaram a synonymia das Orobanches, que, no inex- tricável labyrintho de espécies próximas, caso difiricil se tornou definir com segurança uma orobanca, e tão longe foi levada a innovação de espécies que Bentham e Hooker, enumerando ibo Orobanchaceas, dizem que esse numero deveria ser reduzido a dois terços. E, a este propósito, escreve também Facchini: «Ast opor t et orobanches speciernm numerum primwn mi- nuere, dein, cnm notae certae et constantes firmatae fuerint, novas bene constituías proponere». Durante o século xix as obras mais importantes que foram publicadas sobre a familia que estudamos são as seguintes: Na monographia de Wallroth (1825), em verdade o primeiro J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 9 estudo de indiscutível valor sobre este assumpto, foram des- criptas com exactidão 38 Orobanchaceas. Este trabalho clássico foi seguido pela monographia de Vaucher (1827), que, embora de bem menor merecimento, acompanhada de detestáveis es- tampas e sem o alcance e precisão da de Wallroth, não deixa de ser muito interessante para os que estudam esta família. Em 1829 publicaram-se duas importantes obras sobre estes parasitas : a Iconographia botânica vii de Reichenbach pae, com desenhos magníficos e muito fieis; e Beitrag zur Kenntniss der deutschen Orobanchen de F. W. Schultz. No Prodromus de De Candolle, no xi volume, Reuter (1847) descreveu, com a nitidez que o distinguia, 1 23 Orobanchaceas, em diagnoses tão perfeitas que o classificador não fica duvidoso sobre a interpretação, depois de ajustar uma d'ellas com o exem- plar estudado. Alem destas obras especiaes, encontram-se elementos para a classificação das Orobanches nas floras clássicas dos differen- tes paizes: Bertoloni para a Itália, Grenier et Godron para a França, Reichenbach filho para a Europa Central, para a Hes- panha Willkomm et Lange, para o Oriente Boissier, para a Si- cília Lo Jacono, etc. Como coroa de todos estes trabalhos, foi publicada, em 1890, pelo eminente botânico dr. Gtinther Ritter Beck vonMannagetta a magistral monographia do género Orobanche, em que foram estudadas as espécies do mundo inteiro, esclarecida a syno- nymia da litteratura especial, reduzido, segundo o asserto de Facchini, o numero das espécies a 83, e definidos os typos e formas em descripçÕes completas. Pena foi que Beck só exa- minasse um limitadíssimo numero de indivíduos portuguezes colhidos por Welwitsch, e que não podesse estudar os nossos riquíssimos herbarios. Muitas lacunas na classificação das for- mas estariam, certamente, preenchidas, e não ficaria trabalho de tão largo fôlego maculado com algumas interpretações menos exactas. No nosso paiz, onde os estudos botânicos, durante o século passado, sobretudo no primeiro e ultimo quartel, tomaram tão assignalado incremento, as orobancas teem sido, geralmente, I O BROTERIA menospresadas, pois não encontraram até hoje um monogra- pho (*). No Viridarium lusitanicum de Grisley (1789) as dificulda- des de interpretação foram vencidas a pag. 79 com a seguinte enumeração: N.° 1090 — Orobanche elegantíssima verna flore luteo G. (Cistanche lusitanica Guim.). N.° 1091 — Orobanche aliae 6 species G. Brotero na Flora lusitanica (1804) apenas descreve duas Orobanches e uma Lathraea: a O. b&rbata Brot. que, pelo vago da pequena diagnose, comprehende todas as espécies da secção Osproleon; a O. ramosa Brot. (non L.) que, pela mesma ra- são, pode abraçar todas as espécies da secção Trionychon \ e a Lathraea Phelipaea Brot. (non L.), que se identifica com a Cistanche lusitanica Guim. Na Phytographia o nosso primeiro botânico, confessando a difficuldade que encontrou na classi- sificação d'estas espécies (2), descreve, então com todos os pormenores, esta mesma Cistanche, a que deu o nome de Phe- lipaea tinctoria, e três orobancas: a O. barbata Brot. (non Poiret) que coincide com a nossa variedade O. pogonia da O. mauretanica Beck; a O. foetida Lusitanica Brot., que com- (') O facto de sermos nós que nos abalançamos a descrever as formas portuguezas d'esta intrincadíssima família, destinada por certo a natura- lista de maiores aptidões, precisa de uma explicação. Consultando, ha annos, o sr. dr. Júlio Henriques sobre a família das phanerogamicas cujo estudo nos aconselhava para uma these que nos servisse no caso fortuito de um concurso, foi-nos indicada a família das Orobanchaceas, única de certa importância, que não estava ainda estudada; mas accrescentava : «Prepare-se com a litteratura especial, e encha-se de paciência, porque ellas teem «dente de cavallo». Como sempre, tinha razão o nosso esclare- cido mestre e bondoso amigo. (2) «In hujus speciei et sequentis individuis, partium pubescentia, ma- gnitudo, longitudo, color, flor um demitas vel laxitas in spicis, calycis basis unifolia vel bi folia ita in Lusitânia variabilis, ut ad specificas differentias cons- tituendas valde dúbia et difficilia signa distinctiva suppeditent; quae tamen pro istis duabus speciebus distinguendis selegi, illa minus varia et saepius obvia, nonnullaque in oinnibus individuis semper firma». Phytographia lu- sitaniae selectior. F. A. Brotero (1S27), pag. 148. J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS II prehende algumas formas que adeante descrevemos na sub- espécie O. Broteri da O. foetida Poiret; e a O. ramosa Brot. (non L.) que se adapta á variedade O. instabilis da O. nana Noe. Note-se o facto extranhavel de que, estando já perfeitamente definidas, no tempo de Brotero, muitas ou antes quasi todas as orobancas vulgares em Portugal, em livros por elle compulsados, como se infere das citações da Phytographia, o nosso eminente botânico, que, aliás, era um classificador meticuloso e seguro, não tivesse reconhecido a maioria d'essas espécies, e se illudisse, alem do que seria de esperar, na synonymia das que descreveu. Em compensação, porém, Brotero deixou-nos na Phytographia quatro modelos de diagnoses d'estes parasitas. Na Flore Portugaise de J. C. Comte de Hoífmansegg et H. F. Link (1809) vêm descriptas a Cistanche lutea Hoíf. et Lk. com innovação do género Cistanche que, com justo mo- tivo, tem sido mantido, e as quatro Orobanches: O. gracilis Smith e sua variedade de espiga amarella O. panxanta Beck; O. minor Hoff. Lk. (non Sutt.), que, pelo indicio dos estames basi sat pilosis e por outros caracteres, deve corresponder a uma das formas que descrevemos da O. mauretanica Beck; O. foetida Hoíf. Lk. (Poiret) que coincide com a variedade O. xantopor- phvrea da nossa O. Broteri; e, por ultimo, a O. ramosa Hoíf. Lk. (non L.) que é análoga á nossa variedade O. instabilis de O. nana Noê. Durante um periodo de mais de 5o annos, quasi estaciona- ram os estudos de botânica systematica em Portugal. Apenas, nesse interregno, as férteis herborisações de Welwitsch for- neceram elementos para o arcabouço do «Herbario da Escola Polytechnica». Só depois de entrarmos no periodo de verda- deiro renascimento dos estudos botânicos, promovido pelo fal- lecido sr. Conde de Ficalho, e muito especialmente pelo sr. dr. Júlio Henriques, é que, desenvolvendo-se o gosto por estes estudos, enriquecidos os herbarios com exemplares colhidos ' em todo o paiz, e compiladas as monographias das varias famílias no Boletim da Sociedade Broteriana, se iniciou esse trabalho colossal, hoje quasi concluído, com o concurso de BROTERIA todos os nossos botânicos, da revisão da nossa flora, que não está agora menos conhecida que a de paizes mais ricos e mais avançados. O estudo das orobancas lucrou neste movimento. Pela «So- ciedade Broteriana» teem sido distribuídas 8 espécies d'esta fa- milia, classificadas, em regra, com precisão notável, pelo distincto naturalista, sr. dr. Joaquim de Mariz. Na distribuição chorogra- phica das espécies registraremos a nossa discordância na clas- sificação apenas em uma delias — O. coerulea Mey. No jornal A Agricultura Contemporânea (n.° 26, 16 de maio de 1887) foi publicado um artigo do sr. Pereira Coutinho sobre os parasitas phanerogamicos, em que são methodica- mente enumeradas e summariamente descriptas as espécies portuguezas dos dois grupos: parasitas phanerogamicos com chlorophylla, pertencentes a três famílias — Santalaceas, Lo- ranthaceas e Scrophulariaceas; parasitas phanerogamicos sem chlorophylla de quatro famílias — Cnscutaceas, Orobanchaceas, Cytineas e Hypopityaceas. Nas Orobanchaceas são mencio- nadas 1 1 espécies, das quaes só talvez deva ser eliminada uma, a Phelipaea Caesia Reut., sendo incorporados os res- pectivos exemplares, colhidos no Sabor, nas variedades da O. nana Noe, que mais se approximam da O. Muteli F. Schultz, sendo todavia possível e provável que, em futuras herborisações, ainda seja encontrada, em Portugal, a espécie reuteriana, em Hespanha bastante espalhada. Beck, tendo observado apenas exemplares colhidos por Wel- witsch, na distribuição geographica das espécies da sua mono- graphia, conta 10 orobancas portuguezas, numero que deve ser reduzido a 9, porque, embora a O. ramosa L. exista em Por- tugal, os exemplares por Beck observados e classificados como formas de transição para essa espécie, devem contar-se entre as variedades da O. nana Noé, em transição para a O. Muteli Schultz. Nesta monographia descrevemos 1 Cistanche e 19 Oroban- ches, das quaes 9 são novas para a flora portugueza, compre- hendendo naquelle numero de espécies muitas variedades no- vas para a sciencia. J. D' ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS l3 II Distribuição geographica As Orobanches habitam o hemispherio boreal nas quatro partes do mundo, fugindo das regiões polares e equatoriaes. No hemispherio austral apenas se encontram no Cabo, Aus- trália e Chili, certamente para ahi importadas em épocas rela- tivamente recentes. Em Portugal, por causa do clima temperado, vegetam com facilidade, e, embora não sejam, em geral, plantas muito vul- gares, encontram-se em variedade, de modo que a nossa flora contém approximadamente a quarta parte das espécies conhe- cidas (84 orobancas). Afora a O. crènata nos favaes, nunca as orobancas são mencionadas entre os vegetaes dominantes de uma região. Ap- parecem em pequeno numero em estações mais ou menos dis- tanciadas, e raras vezes se extende o habitat de cada forma a províncias distantes. Nos Trionychons: a O. ramosa L., espécie raríssima en- tre nós, apenas foi encontrada no Tramagal (margens do Tejo); a O. nana Noê, está muito mais espalhada desde o Algarve até Traz-os-Montes, revestindo varias formas, algumas ainda não descriptas; a O. Muteli Schultz, muito menos vulgar que a antecedente, tem sido colhida em algumas estações no centro littoral, Alemtejo e Algarve*, a O. trichocaljx Beck, espécie distincta e muito rara, foi descoberta por Welwitsch em Cintra, e mais tarde nos arredores de Coimbra; a O. arenaria Bork., finalmente, encontra-se na zona littoral da Beira, Douro e Minho, parasita da Artemísia crithmifolia L. Os Osproleons estão representados na nossa flora por maior numero de espécies. Da tribu Curvalae d'esta secção, que comprehende 1 1 espécies conhecidas, apenas uma existe em Por- tugal, a O. lucorum Braun, que tem sido achada nas serras da Arrábida e de Montejuncto. Já a rara e interessante variedade O. stenosiphou Beck da O. Muteli Schultz limita o seu habi- 1 4 BROTIÍRIA tat a essas duas serras, sendo facto digno de nota a seme- lhança das floras das duas montanhas e cadeias secundarias relativamente afastadas, pois as separa o largo estuário do Tejo. Espécies raríssimas, como o Limodorum Trabutianum Battendier, e muitas outras, teem sido encontradas somente nesses dois habitats. A tribu das Arcuatae está representada nas nossas charne- cas montanhosas pela O. Rapum Genistae Thuillier, que é re- lativamente vulgar nas províncias do norte do paiz, descendo só até ás Beiras, e que, nas Baixas do Guadiana e Algarve, reves- tindo uma forma inteiramente nova (O. psatyra Guim.), vegeta num pequeno numero de estações*, e pela raríssima O. insólita Guim., aífim da O. rigens Lois.. descoberta no Bussaco pelo sr. Wenceslau Lima, e não tornada a encontrar. Três espécies da tribu Cruenlae teem sido colhidas em Por- tugal. Uma d'ellas, a O. Broteri Guim., que consideramos uma subespécie da O. foetida de Poiret, está espalhada sob varia- díssimas formas em todo o paiz. Outra, a O. gracilis Smith, também tem sido colhida em todas as províncias. A terceira Cruenlae, a O. variegata Presl., apenas foi achada no Algarve, nos arredores de Portimão. A tribu Speciosafi, comprehende uma espécie somente pe- culiar ao centro littoral, a O. Crenata Forsk., que de todas as orobancas é a mais prejudicial ao agricultor ('). A difficil tribu das minores está largamente representada na nossa flora. Estando definidas para todo o mundo 14 espé- cies, afora as numerosas subespécies e variedades, nesta mo- nographia destrinçamos 7 espécies, subdivididas em muitas variedades, a maioria das quaes também é nova para a sciencia. A O. amethjstea Thuill. é planta vulgarisada nas Beiras e em (') A O. Crenata Forsk. por emquanto não se tem propagado muito em Portugal, encontrando-se, apenas na Extremadura, quatro variedades distinctas: a da serra de Monsanto, que é uma forma não descripta, talvez originaria; as variedades de Cintra, de Torres e da Lezíria do Tejo, que são muito conhecidas no extrangeiro, e que provavelmente foram, em época recente (sobretudo a ultima) importadas da Itália ou da Grécia. J. d'aS€ENSÁO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 10 Traz-os-Montes; no Alto Alemtejo, revestindo uma forma de transição para a O. mauretanica Beck, apenas foi encontrada em Campo Maior; no Algarve, também sob uma forma diffe- rente, tem sido encontrada em duas estações: Serra de Mon- chique e arredores de Faro. A O. densi flora Salzm., espécie rara, só tem sido colhida nas visinhanças de Lisboa. A O. mauretanica — .espécie innovada por Beck para acabar com a velha confusão em que cahiram Reuter, Brotero e muitos outros, misturando á O. barbata Poiret, forma vulgar na Eu- ropa central e mediterrânea, que deve ser considerada uma variedade da O. minor Sutt., a espécie muito distincta, peculiar a Marrocos, Hespanha e Portugal, que mal se parece com a for- ma de Poiret — é planta, não muito vulgar, do centro e sul do paiz, e que, alem disso, foi colhida nos arredores de Coimbra. As O. loricata Reich, e O. Picridis Schultz são plantas raras e peculiares ao sul do paiz. A O. minor Sutt. é de todas as orobancas a mais commum, pela facilidade de adaptação ás raizes de plantas de varias fa- mílias, facilidade que é muito rara nas outras espécies. Divi- dimol-a em três subespécies. A primeira, parasita das Compostas, Leguminosas, Umbelliferas e de uma Scrophulariacea, compre- hende variedades conhecidas, que teem sido achadas no Minho, nas Beiras, no Centro íittoral, e em vários pontos do Alemtejo. A subespécie nova O. neglecta Guim., que tem sido confundida com as variedades descriptas da O. minor Sutt., vegeta sob numerosas formas nas províncias do norte, é muito vulgar nos arredores de Coimbra e bastante espalhada nas províncias do centro. Esta subespécie, que talvez devesse ser considerada es- pécie distincta, parece adaptar-se apenas ás raizes das Compos- tas de vários géneros, não tendo, até agora, sido colhida, presa á raiz de nenhuma planta de outra família. A O. Bovei Reuter que, em nossa opinião, também deve ser considerada subes- pécie da O. minor Sutt., é orobanca rara do Centro Íittoral. A O. Hederae Duby, que é das mais vulgares, embora se adapte, quasi exclusivamente, á Hedera Helix L. e ás Aralias dos jardins, tem sido colhida nas províncias do norte, na Extre- madura, em Azeitão e na serra de Monchique. BROTERIA Por ultimo, a Cistanche lusitanica Guim. (Tourn.) apparece com frequência na zona marítima do Alemtejo e do Algarve, pa- rasita das Chenopodiaceas. III Utilidades, e prejuízos nas culturas Forskal assegura que os árabes empregam a cistanca (Cis- tanche lusitanica Guim.) na tinturaria. * O sr. Pereira Coutinho, no artigo apontado, diz que em di- .versos sitios de Portugal (e também noutros paizes) comem, em logar de espargos, algumas espécies do género Orobanche, em quanto as plantas são novas e tenras, antes de abrirem as flores. Cauvet cita varias applicações medicinaes, já em desuso, de algumas espécies que ainda não foram encontradas entre nós. Já D. Joseph Quer, na flora citada, aconselhava a O. gracilis Smith contra a dor de cólica, e contava as maravilhosas virtudes da Clandestina contra a esterilidade das mulheres, ainda que de edade avançada. Estas suppostas virtudes, porém, não compensam os graves prejuízos que taes parasitas muitas vezes causam aos lavradores. Entre nós apenas a O. crenata Forsk. tem sido origem de perdas importantes. E conhecida ha muitos annos nos arredores de Lisboa, nos valles da Serra de Monsanto, onde ha sitios muito eivados de sementes, que, durante largos annos, conservam o poder germinativo, e por isso excusado seria tentar ahi a cultura de leguminosas, que só serviriam de pasto aos parasitas com ren- dimento nullo. Em Queluz, vimos este anno (io,o3) um extenso faval muito damnificado, em terreno da Casa Real, e que se não estava completamente perdido, é porque, previdentemente, lhe tinham arrancado muitas toneladas de pennachos. Em Villa Franca de Xira, segundo informações do sr. Palha Blanco, a herva toura, por se desenvolver somente em maio, não causa maiores prejuízos; a outros lavradores, porém, que J. D ASCENSÃO GUIMARÃES". OROBANCHACEAS 17 talvez costumem semear a fava mais serôdia, ouvimos quei- xarem-se de estragos consideráveis nos seus favaes, causados pelo parasita. Em Itália, sobretudo na Sicília, está tão acclimatada a O. crenata que, nos livros que tratam de questões agrícolas e apre- sentam orçamentos culturaes, conta-se com uma percentagem para luctar contra a Orobanche. IV Nomes vulgares Os nomes vulgares mais generalisados das Orobanches, e esses nomes no mesmo sitio comprehendem todas as espécies do género, ás vezes com um qualificativo que designa a cor (quando ha espécies differentes), são os seguintes: nas margens do Tejo (Alhandra e Villa Franca) rabo de raposa, ou herva toura, como já lhes chamava Brotero; em Bellas e Queluz co- nhecem por pennachos a O. crenata Forsk., e pennachos aiuli- nhos a O. instabilis Guim., chamando rabo de raposa á Stachys hirta L. ; nos arredores de Dois Portos o nome vulgar é brinca- Ihetes; em Alemquer barba de bode, e em Cintra cauda de leão. V Morphologia e Physiologia As Orobanches, embora occupem um logar elevado na serie vegetal, foram dotadas de apparelho vegetativo pouco ditfe- renciado, que está em manifesta antithese com o apparelho re- productor, relativamente muito desenvolvido. Como não applicam a energia solar na elaboração da matéria orgânica primaria, pela ausência quasi completa de chloroleu- citos nos seus tecidos, estes parasitas assimilam as seivas que sugam nas raizes das plantas a que se encostam e prendem, BROTÈRTA e onde vegetam, queimando e transformando os princípios absorvidos ao sabor das exigências do seu modo de ser e das necessidades chimicas do laboratório das suas cellulas. O seu modo de vida, análogo ao de todas as plantas sem chlorophylla, e equivalente ao de todos os animaes cujo bio- plasma não cria matéria orgânica, depende sempre da presença de plantas verdes que elaborem nas suas folhas os princípios carbonados que lhes são indispensáveis para a germinação, ul- terior crescimento e florescência. Se a germinação se faz inde- pendentemente da planta hospedeira, isto é, se o seu parasitismo é apenas facultativo, como pretende Belzung, então o sapro- phytismo torna-se essencial, ou a existência, no meio da cultura ou caldo, de princípios orgânicos assimiláveis deve ser effectiva, para que o embryao, depois de exgottadas as diminutas reser- vas do seu albumen, não definhe e pereça. Na convivência com outras plantas as Orobanches não lhes retribuem, por qualquer forma, os serviços prestados; isto é — não são symbioticas. Ao contrario: o seu parasitismo preju- dica sempre a vegetação das plantas hospitaleiras, a ponto de (nas herbáceas) muitas vezes as empobrecer rapidamente de líquidos nutritivos, paralysando-lhes o crescimento, e acabando por matal-as. A O. crenata Forsk. nas leguminosas, especial- mente na fava, ervilha e chicharo; a O. ramosa L. nas culturas de linho e cânhamo, e a O. minor Sutt. nos trevos, são tão per- niciosas que, se não forem arrancadas antes da floração, chegam a perder por completo as novidades, e, se as deixam até á dis- seminação das sementes, inutilisam, por muitos annos, os terre- nos infestados, para a cultura d'aquellas espécies. A parte aérea das Orobanches consta apenas de uma hastea, em geral simples (d), mais ou menos escamosa, encimada sem- pre por uma inflorescencia; a parte subterrânea comprehende (') NosTrionychons é vulgar a divisão da hastea. Nos Osproleons, tendo nós observado innumeros exemplares, apenas encontramos, herborisando junto á Valia do Carregado, um individuo da O. Broteri Guim. com o ra- cliis dividido em falsa dichotomia. A Mor abortiva, inserta entre os dois ramos da espiga d'esse exemplar, referir-nos-hemos adeante, ao tratar da organisaçao dos verticillos floraes. j. d'ascensao Guimarães: orobanchageas ig a continuação da hastea, qfuasi sempre ahi engrossada, e raí- zes, mais ou menos numerosas, insertas na base. São plantas ordinariamente de aspecto unicolor, muitas ve- zes lívidas, e percorrem, de espécie para espécie, variados tons da gamma chromatica, com absoluta exclusão dos verdes. Como são em geral de porte pequeno, raríssimas vezes, quando floridas, attingem 85 cm. (O. crenata Forsk. e O. Ra- pum Genistae Thuillier) e, raras vezes também, descem a 4 cm. (O. nana Noe), variando a sua altura entre 20 e 5o cm. Fazendo um corte longitudinal na raiz (a que Van Tieghem chamou emergência) de uma Orobanche, corando-o com hema- toxvlina e examinando-o ao microscópio, nota-se logo a ausência de pêlos radiculares, substituídos alguma's vezes por curtíssimas papillas que não poderiam desempenhar o papel absorvente dos pêlos das raízes das outras plantas. Numa ou noutra raiz (não em todas, talvez por se ter se- parado) também se observa a coifa, corando de castanho as respectivas cellulas em gelificação. Na Estampa 1, ampliação diima raiz da O. Brotem', dis- tingne-se nitidamente a pilorhiza. O numero de camadas da coifa varia de espécie para espécie. .Muitas vezes a esfoliação faz-se, não por camadas, mas separada mente em cada cellula, ou em um grupo de cellulas, que se dividem tangencialmente, separando-se a cellula ou cellulas exteriores. O parenchyma cortical, regorgitando quasi sempre de amido, com quatro a oito ordens de cellulas alongadas segundo o eixo, de secção transversal polygonal nas camadas interiores, em ge- ral sem differenciação alguma, não termina interiormente por uma endoderme com os quadros característicos de engrossa- mento. Estes quadros, na O. Broteri por exemplo, só são dis- tinctos próximo da base das raizes. A columna central termina por um meristema, onde é dif- ficil distinguir as cellulas iniciaes que, differenciando-se, origi- nam, para o exterior, as camadas da coifa, e, para o interior, os tecidos cortieaes e o tecido procambial origem, por sua vez, do cylindro libero-lenhoso. 20 BROTERIA Este cylindro é formado de trachéas curtas, dispostas radial- mente com dois, quatro ou cinco poios, como se observa nos cortes transversaes (Estampa n), alternando com os grupos de cellulas alongadas de paredes crivosas do liber. As raizes, que deixamos descriptas, quando livres, repre- sentam, como depósitos de reservas, um papel secundário ou quasi nullo na alimentação do parasita. Todavia, se, no seu crescimento que é quasi sempre limitado, encontram uma raiz da hospitaleira, desenvolvem-se e transformam-se emhaustorios ou sugadores, passando a auxiliar o haustorio principal. Colhendo com cautella uma Orobanche adulta de modo que se não desprenda da raiz da planta hospedeira, e fazendo cortes normaes ao eixo d^sta raiz e longitudinaes em relação á parte inferior tuberculisada da hasteado parasita, nos pontos onde estão soldados os tecidos das duas plantas, é possivel, pela observa- ção ao microscópio, determinar o modo como se alimenta uma á custa da seiva da outra. A raiz hospitaleira, nas visinhanças do ponto de inserção da orobanca, apresenta os tecidos corticaes, que crescem avan- çando para o lado d'esta, consideravelmente hypertrophiados (Estampa m, fig. i — O. Hederae Duby sobre a Fatsia Japo- nica Dcne. et Planch.). Partindo dos cortes feitos num extremo da juncção para o centro, logo se verifica que o parasita vae dissolvendo e absor- vendo, primeiro esses novos tecidos que a sua victima lhe op- pôz no caminho, depois os tecidos antigos da casca, e, por ultimo, grande parte do cylindro interior. A fusão dos tecidos, em que parece até haver uma attracção, visto que se dissolvem primeiro irradialmente as paredes tangenciaes das cellulas da hospedeira, opera-a ella certamente por meio de diastases segregadas por meristemas nucleados e muito abundantes em espesso proto- plasma, dispostos muitas vezes em dentes de serra. São os haustorios dissolventes, que se observam bem nos cortes ex- tremos (Estampa m, fig. i). Nos cortes médios corados com safranina e hematoxylina, onde o tecido da orobanca já penetrou até ao centro da raiz hospitaleira, observam-se (Estampa iii, fig. 2) em vermelho os .!. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 21 haustorios formados por trachéas, e raras vezes em azul os tubos do liber, incidindo normalmente e terminando os vasos escalariformes e os tubos crivosos do parasita, respectivamente nos vasos e tubos da raiz da hospedeira, formando uniões cruza- das, que indicam claramente o caminho das seivas. Estes haustorios absorventes (em geral grupos de trachéas), que, na juncçao muito adeantada, estão differenciados dos haustorios dissolventes, no contacto inicial são apenas cellulares, accumulando então as duas funcçÕes. Assim, quando uma semente de orobanca germina sob a acção do liquido estimulante segregado pela raiz d'uma planta a que se possa adaptar (e, por esta forma, é possivel explicar que certas orobancas só vegetem sobre determinadas espécies, que, naturalmente, são as únicas que produzem o estimulo de que o seu embryão necessita para germinar e se desenvolver), o contacto da radicula embryonaria, só então diíferenciada, com a raiz nutritiva faz-se, a principio, apenas por uma ou poucas cellulas da camada externa, chamada neste caso impropria- mente pilifera. Essas cellulas hypertrophiam-se dividindo-se tan- gencialmente, e vão penetrando na raiz hospitaleira, dissociando os tecidos d'esta, até attingir o cylindro central, onde, tocando nos vasos e tubos crivosos. absorvem o alimento de que o para- sita carece para o seu desenvolvimento. Estes sugadores ou são formados por uma fileira de cellulas, ou por um grupo de filei- ras de cellulas, segundo o contacto primitivo se fez por uma ou mais cellulas. D'onde se infere que taes sugadores teem o valor morphologico de pêlos da raiz, sendo, como já dissemos, que as raizes das orobancas não apresentam mais nenhuns pêlos. Succede também, e é o caso mais vulgar, que o contacto se faz em maior extensão, e assim a divisão das cellulas na camada pilifera da raiz do parasita faz-se nas três direcções, de modo que o espesso sugadouro, dissociando os tecidos corti- caes da raiz a que se prende em maior extensão, atravessando a endoderme e o pericyclo, toca nos elementos libero-lenhosos, differcnciando-se então, primeiro nos pontos mais avançados, em curtas trachéas, vasos escalariformes, raras vezes pontua- dos, que, posteriormente, se ligam a elementos vasculares que 22 BROTERIA se adeantam do fascículo da raiz da orobanca. Estes feixes de trachéas, a que chamámos haustorios absorventes, não são pre- cedidos por camada alguma cellular. Seguem-nos, algum tanto afastados, em uma linha mais ou menos sinuosa, e apenas in- terrompida nos pontos que elles atravessam, uns meristemas, que, na fusão dos tecidos das duas plantas, limitam a raiz da orobanca, e cuja origem não conseguimos determinar, pois, ora nos pareceram provir da difíerenciação das camadas corticaes interiores, ora da camada pilifera. A este parenchyma de cel- lulas, visivelmente nucleadas e com abundante protoplasma, chamámos haustorios absorventes, porque, em cortes succes- sivos de uma juncção do parasita e da parasitada, limitando sempre os tecidos da primeira, se observa, no seu avanço, a dissociação e sequente absorpção dos tecidos da segunda. O conjuncto dos haustorios absorventes, que algumas vezes se bifurcam, e dos haustorios dissolventes, parece ter (se attender- mos á sua origem exogenica) o valor morphologico de um pêlo de raiz, ou antes de um aggregado de pêlos radiculares. Os haustorios dissolventes limitam-se, na maioria dos casos, a dissociar e absorver os tecidos hypertrophiados da casca da raiz nutritiva, parecendo, portanto, que o seu eífeito é apenas de dissociação desses tecidos-, a absorpção, porém, é manifesta quando esses haustorios attingem o lenho, eliminando todos os tecidos que atravessam, como se observa na Estampam, fig. 2, photographia ampliada de um corte da inserção de O. Hederae Duby sobre uma Araliacea, a Fatsia Japonica Dcne. et Planch. Os haustorios das duas naturezas distinguem-se claramente na Estampa iv que reproduz o parasitismo da O. Broteri Guim. sobre o Scorpiurus vernúculata L. Succede algumas vezes que o tecido da raiz da orobanca envolve quasi por completo a raiz hospitaleira. E o que se vê na Estampa v, ampliação de um corte transverso da fusão dos tecidos da O. Rapum Genistae Thuillier com a raiz do Cy- tisus albus Lk. Os tecidos do Cytisus estão limitados a uma estreita faixa de casca que aflora do tubérculo do parasita, pro- longada para o interior em forma de cunha, e a vários grupos de vasos disseminados no parenchyma do tubérculo. A esquerda, J. D^VSCENSÁO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 23 no terço inferior, nota-se a curiosa disposição de um vaso do parasita enrolado em espiral em torno de um fasciculo liberino do Cytisus. Como coisa excepcional, na hastea inferior de O. Rapum, nunca se observam as raizes que existem sempre, mais ou menos salientes, nas outras espécies que estudamos. Fundi- das com essa parte da hastea, formam volumosos tubérculos, que apenas apresentam protuberâncias irregulares, e que, sendo vivazes, produzem novos gommos ou rebentos de formação endo- genica, os quaes no anno seguinte deverão desenvolver-se em hasteas floridas. Na Estampa vi observa-se, em tamanho natural, uma raiz do Cytisus, em parte hypertrophiada, quasi envolvida por uma espécie de thalo, ou tubérculo de O. Rapum, d'onde brotaram as quatro hasteas floriferas da direita, e o rebento da esquerda que deveria desenvolver-se no anno próximo. Frequentemente, em varias espécies, o tecido do sugador, e não o das outras raizes, hypertrophia-se, e solda-se com o tecido da hastea subterrânea da orobanca, constituindo um tu- bérculo que, muitas vezes, se prende fortemente á raiz nutritiva, e que, sendo esta vivaz, vivaz se torna também, não se sepa- rando mais da planta hospitaleira. Alguns botânicos, porém, asseguram que a vitalidade d'estes tubérculos não vae alem de dois ou três annos, e que, decorrido esse período, as oro- bancas que apparecem no mesmo logar provêem da germinação de novas sementes sobre as raizes do mesmo arbusto. A duração d'estas orobancas é, portanto, um caso controverso, que não parece de difficil resolução. Nas raizes e tubérculos das orobancas nunca observamos crys- taes. O amido, em geral, é ahi abundante, constituindo os respe- ctivos parenchymas amyliferos verdadeiros depósitos de reserva. A abundância de raizes, nos Trionychons bastantes vezes filiformes, é algumas vezes um caracter especifico differencial importante (O. nana Noé). No decurso deste estudo chamamos raizes a estes órgãos pe- culiares ás orobancas, por ser essa a designação corrente. To- davia, como são de formação exogenica, mais correcto seria outro nome, por exemplo o de emergência, como lhes chamou Yan Tieghem. 24 BROTERIA # Num corte transversal da hastea aérea duma orobanca, da O. Broteri Guim., por exemplo (Estampa vn, fig. 2), observam- se distinctamente as três regiões: epiderme, casca e estela. A epiderme é formada por uma camada de cellulas, muitas vezes alongadas no sentido do raio, de secção tangencial poly- gonal, com a membrana exterior engrossada, cuticularisada, e quasi sempre convexa. Estas cellulas, em geral, não conteem amido; mas, em nu- merosas espécies, estão impregnadas de tanino e de substancias corantes, como a anthocyanina que cora de vermelho a O. Bro- teri Guim. e a O. Gracilis Smith. Na epiderme da hastea encontram-se sempre estornas (ou es- torna tas como escrevia Fonseca Benevides), mais ou menos abundantes segundo as espécies, formados por cellulas pro- eminentes, excepcionalmente volumosas na O. Broteri Guim., raras vezes pouco salientes, como succede na O. minor Sutt. As cellulas estomaticas, frequentemente, conteem algum amido. Como estes parasitas não teem chlorophylla nas suas cellulas, são pelos botânicos empregados para estudar a influencia das radiações luminosas sobre a transpiração do protoplasma, sem a complicação proveniente da absorpção d'essas radiações pelos chloroleucitos. Diz Van Tieghem que toda a transpiração das orobancas se faz pela hastea; ora, alem dos estornas da hastea, as oroban- cas também apresentam estes órgãos de transpiração nas esca- mas e bracteas, d'onde se infere, contrariando o asserto do il- lustre botânico, que esses phenomenos não são peculiares só á epiderme da hastea, devendo extender-se áquelles órgãos folia- res, ainda que pouco desenvolvidos. Os phenomenos de respiração podem ser estudados nas orobancas também sem a complicação dos productos de assi- milação chlorophyllina. A relação -^§-, para estes parasitas, é egual a 0,94. J. d'aSCENSÁO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 2 5 Alem dos estornas, ha outra differenciação, muito vulgar nas cellulas epidérmicas: os pêlos glandulosos, com a base con- stituída por uma ou mais cellulas salientes, encimadas por um pé filiforme composto de .poucas cellulas alongadas de con- teúdo hyalino, sendo a superior ordinariamente mais estreita, terminando por glândulas esphericas, muitas vezes amarellas nos Osproleoas. A abundância e grandeza dos pêlos caulinares são características de valor na classificação das espécies. O parenchyma cortical nas orobancas da secção Osproleon é composto de elementos bastante homogéneos, sem diferen- ciação da endoderme, envolvendo directamente a coroa fasci- cular. As suas cellulas, muitas vezes separadas por meatos, mais achatadas e de paredes um tanto mais grossas nas ca- madas periphericas, arredondadas e algumas vezes com as pa- redes lateraes sinuosas, encerram (sobretudo as das assentadas interiores) grãos de amido, e, nas membranas amarelladas, é frequente o tanino, na O. Rap um e noutras espécies. Na secção Trionychoa, entre as camadas de paredes del- gadas da casca e a estela, interpôe-se uma faixa, mais ou menos espessa, de tecido sclerenchymatoso, formado por fibras lenhosas resistentes. E essa a mais importante differença ana- tómica entre as duas secções do género Orobanche, represen- tadas na nossa flora. O numero das camadas da casca varia pouco na mesma esp2cie, e bastante de espécie para espécie. Na O. Broteri contamos 20 camadas de cellulas. Na estela não se ditferencía o pericyclo, e algumas vezes não se reconhece a zona cambial. Os feixes libero-lenhosos. dispostos em coroa circular, dis- tinguem-se claramente num corte transversal corado. Com a forma de cunha alongada, alternam os maiores, que algumas 26 BROTÉRIA vezes se fundem ou se juxtapÕem, com. outros mais curtos e mais estreitos de formação secundaria. O liber é constituído por cellulas alongadas segundo o eixo, e tubos crivosos de secção porygonal e paredes mais ou menos grossas conforme as espécies. A camada geratriz, que, como dissemos, com frequência não se distingue, mormente nos entre-nós superiores, quando apparece, reduz- se a uma ou poucas cellulas alinhadas ou se- paradas, de paredes pouco espessas. Os elementos lenhosos de maior diâmetro, que são em geral as trachéas interiores de origem primaria, teem paredes gros- sas e brilhantes, e apresentam-se diíferenciados em vasos de variada estructura e em fibras. Entre os feixes correm os raios medullares que, visto pe- netrarem os fascículos profundamente na casca, são formados, exteriormente, até proximamente á altura da camada geratriz, por parenchyma cortical, e, interiormente, pelo sclerenchyma de paredes muito mais espessas, em que se differencía a me- dulla externa. Na secção Trionyclion as cellulas dos raios medullares, teem paredes resistentes em toda a extensão. Em quasi todas as orobancas que observamos se divide a medulla em duas, e algumas vezes em três zonas distinctas. A exterior, sclerenchymatosa, é constituída por cellulas alongadas segundo o eixo, de paredes muito grossas sobretudo na parte aérea da hastea, e forma, com os feixes libero-lenhosos que ella circumda interiormente, o apoio da planta. Na O. Hede- rae Duby estas cellulas teem as paredes pontuadas, brilhantes e impregnadas de tanino. Na O. amethjstea Thuillier as cellulas d'esta zona, por não terem as paredes engrossadas, não se distinguem das cellulas da zona seguinte. A zona média, disposta em coroa, é formada por cellulas isodiametricas de paredes muito delgadas, com algumas lacunas. Finalmente, a zona interna, que frequentemente não se differencía, é constituída por cellulas de paredes algumas ve- J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 27 zes um pouco mais grossas, e com frequentes e largos meatos, que, muitas vezes, se dilatam a ponto de tornar a hastea fistulosa. No parenchyma medullar encontram-se amidoleucitos. Fazendo um corte [Estampa vu, fig. i (com menor amplia- ção do que a fig. 2)] na parte subterrânea da hastea acima do tubérculo, nota-se que a coroa alarga, augmenta o numero dos fascículos, e os tecidos teem paredes mais delgadas. No tubérculo inferior, onde vulgarmente se aninham nu- merosas larvas, e que é formado, conforme dissemos, pela rae- dulla hvpertrophiada, e pelo engrossamento das outras partes da hastea fundida com os sugadores, o numero de feixes libero- lenhosos da larga coroa ainda é maior, havendo outros disse- minados na medulla. Na Estampa vm, corte de um tubérculo da O. Broteri Guim, observa-se essa disposição, e ainda o afas- tamento e substituição da parte dos feixes da coroa pelos grupos de vasos que, tomando nova orientação, vão servir os haustorios. Pretendendo observar o caminho seguido pelos feixes nos entre-nós da hastea das orobancas, basta mergulhal-a durante algumas horas numa solução de eosina ou safranina, ou qual- quer outro corante da lignina, e cortal-a depois nos dois sentidos, verificando-se facilmente que, na visinhança do nó, o fascículo que deve sair, engrossa e salienta-se na casca, como se observa na Estampa vn, fig. 2; depois, á altura do nó curva-se, e, se- guindo quasi horizontal, vae alimentar a escama correspondente. Os dois feixes visinhos logo se approximam preenchendo a lacuna deixada pelo feixe que saiu; um dos feixes da coroa divide se em dois, de modo que, em dois entre-nós successi- vos, é idêntico o numero de fascículos. No tubérculo os fas- cículos curvam-se e unem-se num diaphragma lenhoso, onde vão incidir os haustorios absorventes, que estabelecem a cor- rente de seivas entre a planta nutritiva e o diaphragma de dis- tribuição. As escamas ou folhas rudimentares das orobancas teem uma organisação anatómica muito simples: mostram um feixe 28 BROTÉRIA libero-lenhoso na parte média e alguns fascículos lateraes, que se não anastomosam entre si, rodeados por um parenchyma de cellulas arredondadas de paredes grossas, separadas (sobre- tudo na face superior) por alguns meatos, e limitado pela epi- derme, que, na pagina inferior (e só nessa face) apresenta cellulas estomaticas, e, frequentes vezes, pêlos glandulosos. Mais ou menos compridas, triangulares, lanceoladas, raras vezes largamente ovadas, as escamas accumulam-se na parte inferior do caule, onde de ordinário são imbricadas e se apre- sentam glabras e com a base mais dilatada, tornando-se mais raras pela hastea acima, de modo que a sua frequência é, para algumas espécies, um caracter digno de nota. Em contraposição com a simplicidade das raizes, hastea e folhas das orobancas, sobresae o extraordinário desenvolvi- mento do seu apparelho reproductor. Como é desnecessária a diíferenciação dos órgãos vegetativos em grau mais elevado, em vista do parasitismo da planta, succede, como em outros pa- rasitas, que o poder de proliferação das suas cellulas se desvia e concentra na creação de um avultado numero de órgãos Mo- raes, e, em cada flor, de um grande numero de sementes. E se não fora esta actividade reproductora, por certo estes para- sitas não existiriam, ou, se existissem, seriam de uma raridade extrema, em razão da difficuldade que as sementes encontram em tocar numa raiz de planta que lhes seja propicia, sendo, em geral, para cada orobanca, muito limitado o numero de espé- cies a que se pode adaptar. Pelo contrario, se as orobancas po- dessem viver sobre todas as plantas com raizes, mal iria aos grupos superiores da serie vegetal. Houve já quem se desse ao trabalho especulativo de contar o numero (i.5oo) de sementes de um fructo, e de todas as flores de uma espiga, chegando á conclusão de que, se todas as sementes (100.000 appro- ximadamente) d'esse individuo germinassem, se desenvolves- sem e fructificassem regularmente, e outrosim todos os des- J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 2Q cendentes, em poucas gerações ficaria a superfície solida da terra completamente coberta d'estes parasitas. A inflorescencia das orobancas é um cacho, de ordinário reduzido a uma espiga, simples na secção Osproleon, algumas vezes composta nos Trionychons Os pedicellos, sobretudo nas flores superiores da inflorescencia, são de grandeza apre- ciável em varias espécies d'esta ultima secção [O. ramosa L., O. Muteli Schultz var.es (O.) emarginata Beck, (O.) trichòcatyx Beck], e, muito raras vezes, em algumas espécies da primeira [O. Broteri Guim. var. (O.) anomola Guim.]; na maioria dos casos, porém, são nullos. A forma e densidade da espiga são caracteres importantíssimos na classificação das espécies. Na inserção de cada folha ha sempre uma bractea que a protege e envolve no primeiro período do seu desenvolvi- mento, e cuja morphologia interna e externa é nitidamente semelhante á das escamas. Alem d'esta bractea de situação antica, no género Cistanche e na secção Trionychon das Oro- banches existem duas bracteolas lateraes, que se prendem á base do calyce, e que faltam por completo na secção Ospro- leon. # O calyce gamosepalo, quinquepartido na Cistanche e quadri- partido nos Trionychons, nos Osproleons apresenta formas muito variadas, sendo as quatro sepalas lateraes ora soldadas duas a duas, formando duas partes, livres anterior e posterior- mente; ora a quinta sepala posterior apparece, ainda que ru- dimentar, concrescente com as duas partes, que, por sua vez, se unem nas outras bordas da frente; ora as partes se coadu- nam apenas anteriormente, e se separam posteriormente, sem 3o BR0TÉR1A vestígios da quinta sepala. Estas partes do calyce são quasi sempre bidentadas, raríssimas vezes tridentadas, e, em alguns casos, inteiras. As lacinias do calyce, que na cistanca são arredondadas e obtusas, no género Orobanche revestem sempre uma forma mais ou menos pontuda, e em geral são inteiras, uma ou outra rara vez denticuladas. A inteireza ou grau de divisão, isolamento ou coadunação, pilosidade, forma e côr das sepalas constituem outras tantas notas distinctivas da maior importância no reconhecimento das espécies. Em cada sepala ha de ordinário três nervuras, sendo a média curtamente ramosa e mais dilatada, algumas vezes pro- eminente. Menos vezes existem cinco ou mais fascículos. Quando os dentes, ou ainda as parles inteiras do calyce, são muito es- treitos, não se distingue senão uma nervura. Nos Trionychons, nota-se frequentemente, na parte posterior do tubo, um pequeno feixe libero-lenhoso correspondente á quinta sepala, que, na parte superior, se não differenciou. Nos Osproleons também algumas vezes se observa este pequeno fascículo na sepala abortada, a qual apresenta a forma laminar esfarrapada. A corolla, gamopetala, tubulosa, irregularmente bilabiadae composta de cinco pétalas concrescentes, envolve e protege os estames e pistillo, que poucas vezes a excedem em compri- mento. As duas pétalas posteriores formam o lábio superior, e são facilmente reconhecidas pelo chanfro que, de ordinário, as di- vide^ e, ainda quando a soldadura é completa e o lábio inteiro, é possível marcar-lhes a linha de juneção pela separação e dis- posição das nervuras. As três pétalas do lábio inferior nunca se soldam superior- mente, sendo separados os três lobos por largas dobras con- vexas, que nos Trionyclions são peludas na pagina superior. Cada pétala é percorrida por três fascículos libero-lenhosos, .1. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACKAS parallelos e simples no tubo, quasi sempre ramificados nos lábios. Inferiormente, até á inserção dos quatro estames, e posteriormente no local do estame abortado, observam-se mais cinco fascículos; ao todo, portanto, são vinte os fascículos nas bases concrescentes das cinco pétalas. Entre as duas epidermes, formadas por cellulas sinuosas e com a parede externa mais ou menos cuticularisada, está o parenchyma formado por um pequeno numero de ordens de cellulas. As cellulas da epiderme exterior, sobretudo no dorso da corolla, dilferenciam-se, frequentemente, em pêlos glanduhfe- ros; abaixo e á roda da inserção dos estames também as cel- lulas da epiderme interior muitas vezes se alongam em pêlos, mas sem glândulas. As margens das lacinias, tanto do lábio superior como do inferior, glabras ou piloso-glandulosas, algu- mas vezes inteiras, apresentam com frequência divisões variadas — crenadas, repandidas, denteadas, fimbriadas, etc. A corolla offerece numerosos e por vezes decisivos cara- cteres differenciaes das espécies. A cor da corolla no exemplar verde ou secco. a grandeza, consistência, pilosidade, largueza do tubo, amplidão da fauce, contorno das lacinias, e (principal- mente nos Osproleons) a curva da linha dorsal, caracter desco- berto e pormenorisado por Beck, fornecem elementos capitães no trabalho da classificação das orobancas. O androceu isostemono é constituído por quatro estames didynamicos, tendo abortado um quinto estame posterior, que tornaria a flor pentamera no terceiro verticillo floral, como o é no segundo, e no primeiro (em vários casos manifesta- mente). Na parte superior da inserção dos estames, entre a corolla e a base de cada filete, observa-se, em todas as espécies, uma glândula, cujas cellulas epitheliaes segregam um néctar. Estas glândulas, algumas vezes de cores vivas (alaranjadas, verme- lhas, etc), apresentam-se horizontaes ou obliquas, rectilíneas 32 BR0TÉRIA ou curvadas em forma de crescente, e, raras vezes (O. densi- Jlora Salzm. e O. crocodea Giúm.J com dilatações auriculares. A altura da inserção dos estames sobre a base da corolla, pela sua fixidez quasi inalterável em todos os indivíduos de cada uma das espécies, também constitue um caracter diffe- rencial da máxima importância, porque, embora essa altura varie entre limites mais largos nalgumas formas de determi- nadas espécies (O. foetida Poiré, O. mauretanica Beck.j, na maioria dos casos conserva-se constante, fornecendo apoio se- guro ao classificador. Em algumas orobancas os estames inserem-se á mesma altura sobre a base da corolla; mas, ordinariamente, os dois da frente separam-se da corolla num ponto mais baixo. Os filetes, mais curtos nos estames anteriores, são, em geral, mais largos e grossos na base. Neste ponto, em muitas espécies, as cellulas epidérmicas da face interior alongam-se em pêlos sem glândulas, mais ou menos densos, semelhantes aos pêlos de que já falamos, e que também com frequência apparecem na parte subjacente da corolla. Na metade superior dos filetes, sob as antheras. também se observam, em vários casos, pêlos glanduliferos de pé curto. Os filetes constam de um (raras vezes três) feixe libero- lenhoso que sobe até ás antheras, rodeado por parenchyma e epiderme de paredes muito delgadas. O filete termina, na união com a anthera, pelo connectivo ' que, nalgumas espécies, como, por exemplo, em vários indiví- duos (não em todos) da O. minor Sutt., termina em ponta sa- liente. Na O. insólita Guim., interessante forma não descripta, affim da O. rigens Lois., em todos os exemplares que estu- damos, eram concrescentes na base, ou em toda a altura, dois filetes lateraes, sendo livres os do outro par, singularidade talvez abortiva que não vemos descripta em diagnose de nenhuma orobanca. A anthera, dorsifixa, divide-se em dois corpos ovóides parallelos ou divergentes, arredondados no lado exterior e ponteagudos no interior, abrigando, cada um d'elles, dois J. D'ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 33 microdiodangios. As paredes são constituídas por um pequeno numero de camadas (i a 3) de cellulas com paredes delgadas e cobertas por uma epiderme de cellulas de paredes onduladas, com cutícula frequentes vezes riscada. Entre os saccos pollinicos do mesmo corpo da anthera, ainda não aberta, ha sempre um delgado tabique, formado por cellulas também de membranas delgadas. Apenas, na linha de juncçao d'esta divisória com a parede superior da anthera, se vêem, nessa mesma parede, algumas fiadas de cellulas com membranas mais grossas, mas frouxamente ligadas. A dehiscencia longitudinal opera-se em virtude d'essa dif- ferenciação de estructura, pela desegualdade de resistência dos dois tecidos á exsiccação, que acompanha a maturação da anthera. Em muitas espécies, as bordas das fendas de dehiscencia são franjadas, disposição que evita a rápida saída dos grãos de pollen. Alem d'estes pêlos, algumas vezes também se obser- vam outros, mais ou menos densos, na base arredondada da anthera. Na secção Osproleon e na Cistariche encontram-se muitas vezes as antheras soldadas pelos lados, em coroa, arco, ou duas a duas. Os microdiodos, em geral amarellos, são esphericos nas orobancas, e teem na exina, mais ou menos verrugosa, três pequenas fendas, localisadas num meridiano, para a emergência do tubo pollinico. Na cistanca os grãos do pollen apresentam a forma de ellipsoide dividido em três goramos, segundo o eixo maior ('). Na classificação d'estes parasitas o androceu é o verticillo floral, que talvez forneça caracteres de maior valor. A altura de inserção dos estames, a pilosidade da base e ápice do íi- (') Humedecendo os grãos do pollen da Cistanche lusitanica Guim., turgescem e tornam-se esphericos, saindo então os tubos pollinicos pela exina que é reticulada com olhaes circulares. Mais de uma vez consegui- mos surprehender nestes microdiodos os phenomenos kariokyneticos na divisão do núcleo da cellula mãe nos dois gâmetas. 34 BROTÉRIA lete, a forma, a cor na anthera verde e secca, a existência de franjas nas fendas, e de pêlos na base dos saccos, o com- primento relativo e algumas vezes a cor das pontas lenhosas de cada um dos dois corpos em que se divide a anthera, a forma e inclinação da glândula da inserção, etc, constituem porme- nores que é sempre indispensável notar, por quanto alguns são decisivos na separação das espécies, e, ás vezes, das for- mas da mesma espécie. Quasi todos os botânicos, antigos e modernos, attribuem ao pistillo das Orobanchaceas duas folhas carpellares, e, como o diagramma floral d'esta familia, segundo julgam, em nada diverge do diagramma das Gesneraceas cujo gyneceu se divide manifestamente em dois carpellos (sendo os outros verticillos pentameros e a corolla gamopetala), Baillon, Van Tieghem e outros consideram as Orobanchaceas como uma tribu d'essa familia que tem por typo a Gesnera. A ausência de chloro- phylla, e o consequente parasitismo, não são julgados caracte- res differenciaes sufficientes para as conservar em familia in- dependente. Wight, Willkomm e outros auctores dividem as Orobancha- ceas, que enumeram como familia distincta, em duas tribus: Orobancheas com o ovário pluricarpellar, e Lathraeaceas (comprehendendo os Trionychons) com o ovário bicar- pellar. Beck também divide as Orobanchaceas em duas tribus: Oro- bancheas bicarpelladas incluindo os géneros Aeginetia L., Conopholis Wallr., Boschniakia C. A. Mey., Lathraea L., Cis- tanche Hoff. Lk., Orobanche (comprehendendo os Triony- clions, Osproleons e mais três secções exóticas Aphyllon, Myzorrliiza e Kopsiopsis), Phelipaea Tourn. e Epiphegus Nutall; Orobancheas Ir içar p ciladas com os géneros Platypho- /zs Max., Phacellanthus S. et Z. e Xylanche Beck. Em resumo, a quasi totalidade dos botânicos conta dois J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 35 carpellos nas orobancas: um posterior, com o dorso voltado para o rachis, anterior o outro com o dorso virado para a bractea. Num corte transversal ao meio do ovário de uma orobanca, por exemplo a O. Broteri (Estampa ix), á primeira vista, nota- se realmente um sulco na parte posterior e outro semelhante na anterior, pelos quaes se ha-de fazer a dehiscencia do fructo, e, na visinhança de cada um d'esses sulcos, um feixe libero-vascular, que parece corresponder ao fascículo central dos carpellos. Alem d'estes fascículos, observam-se mais quatro, no meio da inserção das quatro placentas, que fazem de feixes margi- naes. O corte, assim interpretado, foi o que, certamente, deu ori- gem ao asserto dos botânicos de que falamos acima. Mas um estudo mais profundo e minucioso desperta no animo sérias duvidas sobre a verdade d'essa interpretação. Em primeiro logar o afastamento anormal (já notado por R. Brown) das placentas lateraes cujos feixes, de carpello para carpello, deveriam soldar-se, como na Gesnera, ou ao menos approximar-se; alem d'isto, a existência de vasos e elementos liberiformes, entre esses feixes suppostos marginaes, e, mais ou menos condensados, entre os feixes das placentas anteriores e o feixe médio anterior, elementos que não existem no mesophyl- lum do carpello posterior; a coincidência de dois vincos (que parecem limitar o carpello superior) com os feixes das placentas posteriores, e não situados na linha mediana entre as placen- tas; e ainda a consideração de que os lobos do estigma não correspondem, como succede de ordinário, ao prolongamento dos suppostos carpellos, antes se cruzam em angulo recto — tudo isto são argumentos valiosos contra a interpretação cor- rente. Em vários cortes transversaes do ovário da O. Broteri Guim., feitos, na parte inferior, á altura das protuberâncias (Estampa x), observamos a nitida separação do fascículo anterior em dois; vimos mais nesse ponto que um tecido de cellulas peque- nas, semelhante ao da placenta, reveste inteiramente a cavidade anterior do fructo; e ainda que, no mesmo corte, são mais agru- 36 BROTÉRIA pados os feixes médios dos carpellos anteriores, que suppo- mos limitados pelos meios feixes das placentas anteriores e pelos dois feixes separados ou juxtapostos na linha média anterior. Em cortes feitos no estylete e na parte superior do ovário, notamos que o feixe posterior tende a desapparecer, e pareceu- nos que o superior provém dos feixes lateraes e do anterior então indiviso. Baseando-nos nestes elementos e noutros adeante expostos, julgamos poder concluir que o ovário da O. Broteri Guim., assim como o das outras orobancas e cistanca, onde encontramos dis- posição semelhante, é formado por cinco carpellos, que alter- nam com um verticillo abortado de estames, representado nas três protuberâncias anteriores, ou gibbas nectariferas, bem vi- síveis, e nas duas posteriores, menos distinctas, que se notam no corte transverso da parte inferior do ovário na O. Broteri Guim. (Estampa x), verticillo que se atrophia por completo noutras orobancas, ou é apenas representado por pequenas glândulas nectariferas, algumas vezes coradas. D'esta forma o carpello posterior é o único completo no ovário, embora se não prolongue no estylete, e tem um feixe central e dois marginaes com duas placentas que se soldam aos feixes e placentas marginaes dos carpellos visinhos. A estes, dotados de dois feixes e duas placentas marginaes, faltam, por atrophia, os fascículos centraes, ou estão representados por ele- mentos libero-lenhosos disseminados. Finalmente, aos dois an- teriores, providos de feixes marginaes e muitas vezes centraes, e de uma placenta marginal, falta a outra placenta; ou, se existe no tecido inferior do ovário, é rudimentar e estéril. O pistillo, em nossa opinião, consta portanto de cinco folhas, uma completa e quatro abortivas, oppostas aos estames, um abortivo e quatro completos, devendo contar-se, entre os dois verticillos reproductores, outro verticillo alternante de estami- nodios. Tomando esta orientação, firmada nos argumentos expostos, suppomos a flor typica de orobanca, pentamera em todos os cinco verticillos floraes, e, por consequência, não segui- mos o caminho trilhado pelos botânicos modernos que incluem as Orobanchaceas nas Gesneraceas, antes julgamos que devem J. d'aSCENSÁO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS '*>"] constituir uma família distincta. Ainda nos arreigou mais esta opinião o estudo do aborto, a que nos referimos na pagina 18 (em nota). Mais de uma vez temos observado (*) que é commum a regularisação dos verticillos floraes nos abortos pertencentes a espécies de flores irregulares, por forma que se lhes vêem folhas completas, que se não desenvolvem, por atrophia here- ditária, nas flores ordinárias, e assim o seu estudo é muito elucidativo na formação do diagramma theorico. No aborto (2) da O. Broteri Guim. (Estampa xi), de que falamos já, existia uma flor inserta entre os dois ramos extraor- dinários do rachis bifurcado, com os seguintes caracteres: uma única bractea mais larga que as das outras flores; oito sepalas, filiformes no vértice, coadunadas em dois grupos, anterior e posterior, levemente ligadas por duas sepalas rudimentares la- teraes; corolla com quatro profundas divisões — a anterior e a posterior trilobadas, semelhantes ao lábio inferior da flor ordi- nária; as lateraes apenas chanfradas, como os lábios superiores das outras flores; sete estames completos e três rudimentares apenas representados por nervuras interrompidas na base da corolla — as antheras soldadas em dois grupos lateraes de três, e uma com o seu filete isolado na parte posterior; ovários com dez gibbas nectariferas inferiores, alternando com dez gom- mos muito salientes, e com outras tantas placentas, correspon- dentes interiormente aos sulcos exteriores; estigma com cinco lobos distinctos, no prolongamento de cinco gommos alternos do ovário. (!) Nos areaes de Monte Gordo, no Algarve, encontramos curiosos exemplares de Linaria lusitanica Hoff. et Lk. com as flores abortivas regulares, sendo todas as pétalas eguaes, concrescentes, egualmente esporaúdas, e com os esporões normaes ao tubo corollino, disposição que dá á flor a forma de estrella. (2) O sr. dr. Annibal Bettencourt, distincto Director do Instituto Ba- cteriológico de Lisboa, photographou este interessante aborto, conse- guindo nós assim registrar, nessa photographia, talvez o mais valioso ar- gumento a favor da nossa interpretação da divisão carpellar no pistillo das orobancas. 38 BROTÉRIA É evidente que esta flor condensou os elementos de duas flores regulares, desenvolvendo-se, ou completando-se outros que na flor ordinária abortam. A sua constituição confirma a in- terpretação que apresentamos, e não poderia, certamente, ser ex- plicada attribuindo só dois carpellos ao gyneceir das orobancas. Outros abortos de orobancas, descriptos nas monographias especiaes, e que teem sido encarados como simples casos te- ratologicos, sem do seu estudo se tirar nenhuma illação, con- firmam plenamente o nosso modo de vêr. A epiderme das folhas carpellares, interior e exterior, é cuti- cularisada e constituída por pequenas cellulas de paredes espes- sas que, nas Estampas ix e x, se destacam, pela regularidade na disposição, dos parenchymas lacúnosos do mesophvllum, e da placenta de paredes muito mais delgadas. O tecido das pla- centas é uniforme, e formado de cellulas menores que as do mesophyllum. No parenchyma do futuro pericarpo observa-se, na visi- nhança das linhas médias anterior e posterior (por onde se rasgam pela exsiccação as fendas de dehiscencia da capsula, em virtude da desegual constituição dos tecidos), o engrossa- mento das paredes de algumas cellulas que envolvem os feixes libero-vasculares: o posterior, que é o médio no carpello; e o anterior, onde se faz a juncção dos feixes marginaes de dois carpellos. As cellulas, tanto das placentas e mesophjlhim, como da epiderme, estão sempre repletas de amido. Na base do ovário, e algumas vezes no ápice, as quatro pla- centas soldam-se em duas lateraes, unindo-se também na parte anterior, em que são estéreis, e distanciando-se muito na parte média, onde apresentam algumas vezes uma secção de forma singular. O estudo pormenorisado dos cortes dos ovários, nas diversas espécies de orobancas, pôde fornecer elementos diffe- renciaes importantes, que pouco teem sido aproveitados. O fructo é uma capsula, com o estylete caduco nos Trio- nychons e persistente nos Osproleons. A dehiscencia faz-se por duas fendas, anterior e posterior. J. D'ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 3c) Os óvulos, ou macrodiodangios, derivam da agglomeração do protoplasma em algumas cellulas da epiderme da placenta, e em uma cellula subjacente — a cellula mãe do endosperma — cujo núcleo augmenta muito de volume. Observa-se primeiro a protuberância ovular, esboço do funiculo; depois a cellula mãe do endosperma divide-se longitudinal e transversalmente, desen- volvendo-se mais só uma das cellulas resultantes, origem do sacco embryonario. Então, ainda o ovulo rudimentar se con- serva direito; mas, successivamente, pelo desenvolvimento ir- regular, mais apressado de um dos lados da protuberância, o ovulo vae-se incurvando até que o vértice do nucello se appro- xima do hilo. Ao mesmo tempo, a proliferação de cellulas epi- dérmicas origina a camada exterior do único tegumento, dei- xando só o micropylo aberto. As cellulas doesta epiderme são grandes e compridas. As cel- lulas interiores do tegumento, que são de origem exodermica e envolvem o sacco embryonario, estão dispostas em 3 ou 4 camadas e teem protoplasma espesso e dimensões menores. O sacco embryonario, muito desenvolvido, occupa quasi a terça parte do corte longitudinal do ovulo. O seu núcleo divide-se em dois, cada um dos quaes passa ainda por duas divisões successivas, formando-se os dois tetradios: o inferior, consti- tuído pelas três antípodas, que em breve são esmagadas e reabsorvidas, e pelo núcleo que se dirige para o centro do sacco, onde se vae fundir, mais tarde ou mais cedo, com um dos núcleos do tetradio superior, que por sua vez se desloca também, para formar a cellula mãe do albumen, que é de maiores dimensões. Os três restantes núcleos do tetradio su- perior são as duas synergides, muito pouco desenvolvidas, e a oosphera, ou macrodiodo. Realisada a fecundação, isto é, fundido o primeiro gameta masculino com a oosphera, e o segundo com a cellula mãe do albumen, o ovo, resultado da primeira fusão, não tarda em envolver-se numa camada cellulosica, e, alongando-se, desloca- se para o interior do sacco, onde começa já a limitada proli- feração do albumen. O ovo divide-se então numa cellula fili- forme, o suspensor, e noutra espherica, o embryão, nuns casos 40 BROTERIA collocado inferiormente em relação ao micropylo, noutros pró- ximo cTelle. A membrana divisória separa ao meio o sacco (Van Tieghem, Traité de Botanique, pag. 918). As cellulas estéreis do endosperma, synergides e antípodas, são então reabsorvidas. O embryão, conservando a forma espberica, subdivide-se radial e tangencialmente em cellulas homogéneas dispostas em três camadas. Cessa aqui a diíferenciação, pois não se lhe distingue radicula, cauliculo, nem gemmula, ou coty- ledones. O albumen em parte reabsorvido, á medida que se desenvolve o embryão, rodeia este por completo, e, na se- mente madura, não contém mais de dezoito camadas. As cel- lulas das camadas interiores do tegumento, comprimidas pelo albumen, achatam-se e escurecem. Na epiderme as paredes ra- diaes e interiores das cellulas ennegrecem e tornam-se mais grossas, ao passo que as exteriores se conservam tão delgadas e frágeis, que, ao quebrarem e deslocarem-se, fica o tegumento cortado por numerosas cavidades, cheias de ar onde a agua não penetra, o que transforma o tegumento da semente em apparelho de natação. O estylete, curvado na parte superior, consta de uma epi- derme glabra ou ornada de pêlos glanduliferos, de um frouxo parenchyma de cellulas, alongadas segundo o eixo, e de pare- des delgadas, envolvendo dois pequenos feixes libero-lenhosos, separados ou juntos, e algumas vezes de um canal conductor bem claro nas preparações. A pilosidade do estylete fornece um caracter differencial especifico importante. As duas folhas carpellares lateraes e médias terminam nos dois lobos do estigma. Raras vezes na O. crenatavar . plataphjlla Guim. são os três carpellos posteriores, ou os quatro anteriores, que estão representados nas três ou quatro lacinias do estigma. As papillas que cobrem o estigma são cellulas achatadas com um pigmento de varias cores, sempre claras nos Triony- chons; amarellas, vermelhas, alaranjadas, ou sanguíneas nos Osproleons. Os lobos do estigma, ora arredondados, ora elli- pticos, juntos ou afastados, constam de um parenchyma lacu- noso, nectarifero, coberto pelas papillas. Em virtude da flexão do estylete a superfície dos lobos do estigma está vertical ou voltada para baixo. J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 41 A cor e a forma dos lobos do estigma são descriptas em todas as diagnoses, porque fornecem caracteres muitas vezes capitães para distinguir as secções e as espécies. E difficil, e muitas vezes impossível, determinar nos exem- plares seccos a cor que o estigma teria, quando verde; todavia, com uma leve fervura, consegue-se, em alguns casos, restituir- lhe uma coloração approximada. A formula floral theorica das orobancas, segundo a nossa interpretação, é a seguinte: F = [5 S] + [5 P] + 5 E + 5 E' + [5 G] O diagramma da flor isomera typica das Orobanchaceas está representada na fig. 1. No carpello inteiro posterior, a FlG. 1 preto, e nos quatro carpellos abortados, indicados por dois traços, mostramos a disposição dos feixes libero-lenhosos, que encontramos em vários cortes dos ovários de espécies indígenas. O estudo da morphologia e organisação floral das oroban- cas mostra bem que estas plantas são entomophilas. Os necta- rios que existem sempre na parte superior da inserção dos estames (entre estes e a corolla), e que muitas vezes se diffe- 42 BROTERIA renciam na base do ovário, segregam um liquido adocicado, que os insectos procuram. O zygomorphismo da flor, em dois lábios, também favorece este processo de fecundação. Os hymenopte- ros maiores (abelhas e espécies do género Bombus) attrahidos pelas cores muitas vezes vivas d'estes parasitas que sobresaem entre as verdes da vegetação visinba, ou pelos aromas mais ou menos agradáveis que alguns d'elles exhalam, pousam no lábio inferior da corolla e introduzem pela fauce e ao longo do tubo a parte superior do corpo, até sugarem o néctar que cobre as glândulas coradas e o annel que medeia entre as bases da corolla e do ovário. Com a fricção do seu dorso nas antheras e inevitável agitação dos filetes, muitos grãos de pollen caem sobre o insecto, e se prendem depois, facilmente, ás papillas humedecidas do estigma d'essa ou de outra flor. A pollinisação também pôde ser directa. A curvatura da parte superior do estylete que volta o estigma para as an- theras, e a frequente coadunação d'estas, são disposições que favorecem a autofecundação, ao mais leve movimento da planta. VI Classificação Não tendo sido, até agora, as orobancas portuguezas obje- cto de um estudo demorado, e existindo nos nossos herbarios numerosíssimas formas não descriptas, encontrámos as maiores dimculdades na sua classificação. Casos houve em que as du- vidas de interpretação foram tantas, e a solução verdadeira tão difficil de encontrar, que foi necessário recorrermos ao estudo da arvore genealógica d'essas formas, descendo á observação dos mais minuciosos caracteres, para d'elles inferir o sentido e as direcções da sua variabilidade, se não da sua mutabilidade. Organisadas essas arvores, onde intercalamos, ou juxtapo- zemos, em razão das aflinidades e semelhanças, as formas já de- scriptas, separamos os ramos, ou grupos de formas próximas, J. d'aSCENSÁO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 43 representativos de espécies, fugindo sempre, com maior ou menor constrangimento, á divisão que trouxesse innovaçao de espécies. As orobancas estão muito avançadas na escala vegetal, em- bora, pela sua antibiose, e ausência de chlorophylla, representem uma regressão, análoga á regressão menos accentuada das Escrophulariaceas (família visinha). Comtudo são de origem relativamente recente, e atravessam um período de intensa va- riação. Nellas a mutabilidade é maior do que noutras famílias onde estejam latentes as energias de variação. Reduzimos, portanto, ao minimo o numero de espécies. Na parte systematica, em varias notas, descrevemos com pormenores a génese d'esses quadros de geração, e a orienta- ção seguida. Não fizemos trabalho completo. Nem em Historia Natural ha trabalhos definitivos, ao menos no estado actual da sciencia. Apenas facilitamos o trabalho d'aquelles que, de futuro, queiram estudar as nossas interessantes orobancas. Para a elaboração d'esta monographia preciosos conselhos e indicações recebemos dos srs. Dr. Júlio Henriques, Pereira Coutinho, Joaquim da Silva Tavares, Dr. Annibal Bettencourt, Dr. Moraes Sarmento, Dr. França, Dr. Marck Athias, José Veríssimo d'Almeida e Adolpho Moller. Foi decerto devido a tão valioso auxilio que conseguimos levar a cabo este trabalho. Muito penhorados aqui lh'o agra- decemos. J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 40 OROBANCHE Tournefort Plantae parasilae ad radices multarum herbarum et frulicum, absque cblorophylla, varii coloris, nunquam tamen viridis, saepe glanduloso-pilo- sae. Scapus simplex, rarios ramosus, ereclus, crassus vel gracilis, iuferne plus minusve luberculosus, superne semper florifer. Folia squaraiformia, sae- pissime acula; inferne plerumqne imbricatim densa. FJorescentia spicata, vel, rarius, racemosa, lloribus sessilibus, inferioribus breviler pedicellatis. Braetea una in floris insertione, et inlerdum duae bracleolae, imae calicis basi lateraliter insertae. Cálix persistens, gamosepalus, ter-quinque dentatus, vel solum postice, vel antice simul et postice biparlilus, partibus conjunctis vel separalis, inlegris vel bidentatis, laciniis acuminatis. Corolla tubulosa, in intima medielate constricta, vel dilatala, superne in fauce di- latata, plemraqne perspicue bilabiata: labium superius integrum, emar- ginalum, vel bilobum, valde fornicatum; labium inferius trilobum, lobis magnis plicis crebro separalis. S ta mi na quatuor didynamia, tertiae parti infimae tubuli corollae inserta; quinlum stamen posticum aborlivum; fila- menta pilosa vel glabra, supra filiformia, infra iucrassata vel complanata, ac gerentia, supra iuserlionem, glaudulam nectariferam; anlherae mucro- natae, glabrae, rarius pilosae, interdum sub stigmate lateraliter connatae; loculi longiludinaliler debiscentes*, po Minis cellulae spbaericae. Tria-quin- que staminodia (quandoque omnino desuni) degenerata in glândulas basi ovarii alfixas, et verticillum alternum cum carpellis et staminibus formantes. Ova ri um globosum, subovatum vel cyliodraceum, sulcatum, uniloculare, quinque carpellatum: imiiiii folium carpellare complelum, celera quatuor abortiva; placentae saepissime quatuor, geminalim lateraliter ut pluri- mum supra et infra concrescentes, parte media disjunctae, inuumeris ovulis tectae. Stylus glaber vel piloso-glandulosus, subreclus (in ápice plus minusve incurvus), inclusus vel exscrlus. Stigma varii coloris, infundibu- liforme vel pelialimi, integrum vel bilobum, sulco transverso divisum. Capsula persistens, unilocularis, subovata, postice et antice lissa, bival- vis; valvae stylo persistenti superius instruetae, ideoque in ápice cobaeren- tes. Semina mínima, corlice reticulato-foveolato. Embryo globosus, parti- bus post germinationem duotaxal discriminatis. 46 BROTÉRIA Clavis specierum Flores multipliciter, vel simpliciter, spicati; inferiores aliquando breviter pedunculati, bractea et bracteolis duabus, calicis basi affixis, suffulti; cálix gamosepalus Sectio Trionyehou Wallroth Flores simpliciter spicati, sessiles, solum bractea antice suffulti; cálix postice et antice fissus, saepe antice, rarius postice, connatus Sectio Osproleon Wallroth Antherae glabrae, vel parce pilosae (l), scapus ut plurimum ramo- sus, rarius simplex; dentes calicis tubum suura frequenter aequantes, rarius ipso paulo breviores, vel sublongiores 3 Antherae valde villosae; scapus simplex, rarissime ramosus (2). . . 5 fScapus inferne non incrassatus; cálix scutelatus, dentibus ovato- triangularibus, haud filiformibus: corolla erecta, 10- i5 mm. longa, supra gérmen parum constricta, lobis rotundato-obtusis. Floret Aug. — Octob.. 1 O. ramosa L. \Scapus inferne bulbosus; cálix campanulatus, dentibus crebro in ápice filiformiter acuminatis; corolla sensim prone curvata, 10-22 mm. longa, supra ovarium conspicue coarctata, lobis rotundatis, seu elliptico-acutis. Floret Apr. — Jun 4 fDentes calicis triangulariter subulati, saepissime filiformiter acumi- nati; corollae io-i5 mm., rarius 17-20 mm. longae, lobis, in lá- bio inferiore, frequenter elliptico-subacutis, integris, vel leviter denticulatis, vel rarissime repandis ... 3 O. nana. Noé 20 \Dentes calicis lanceolato-acuti, interdum ápice filiformes; corollae i5-22 mm., rarius 13-14 mm. longae, labii inferioris lobis ro- tundatis, repandis, seu crenulatis, saepe emarginatis 3 O. Muteli F. Schultz 25 (1) Beck e outros auctores attribuem á O. Muteli F. Schultz «an th eris glabris, vel basi cilis confervaceis lanato-comosis>; mas é certo que, nos exemplares portugue- zes d'essa espécie, sempre vimos as antheras glabras, ou muito pouco peludas na O. Mu- teli Sch. e emarginata Beck. (2) Entre os numerosos exemplares da O. trichocalyx Beck e da O arenaria Bork., colhidas em Portugal, não achamos nenhum com o caule ramoso; todavia Beck diz que a sua O. trichocalyx algumas vezes apresenta ramos lateraes mais curtos do que o eixo, e que a O. arenaria Bork., raríssimas vezes, também mostra essa difterenciação nos exemplares mais robustos. J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 47 6. Spica multíflora; calicis dentes duplo vel fere triplo tubo lon- giores; corollae 1 5-2 1 mm. longae 4 O. trichocalyx Beck Dentes calicis tubum subaequantes, lanceolato-acuti; corollae ma- gnae, 24-36 mm. longae £5 O. arenaria Bork. Corolla 25-3o mm. longa, papyracea, linea dorsali (fig. 2) e basi incurva vel recta, in lábio superiore declivi, in ápice sursum curva ... (Tribus (') Speciosae Beck). 1*2 O.crenataForsk. 60 Corolla 8-25 mm. longa (27 mm. ad summum in O. megista Guim.). 7 Fig. 2 /' Corolla in siccitate contextu firmo, interdum rígido ; linea dorsa- lis tota, a basi usque ad labium superius, plus minusve curva, fig. 3: a — Tribus Arcuatae b — » CURVATAE c — » Cruentae 8 Corolla sicca tenuiter papyracea, laciniis in margine glabris, linea dorsali in médio recta, vel subrecta (solum curva in O. Henriquesi Guim., O. mauretanica Beck, atque O. minor Sutt.), fig. 4: a, b — Tribus Cruentae c, d, e, f — Tribus Minores 11 Fig. 3 Fig. 4 (l)Tribu, em systematica, designa geralmente ama subdivisão de Familia; Beck, to- davia, dividindo o género Orobanche em Secções e Subsecções, chamou Tribus ás divisões da subsecção. 48 BROTÉRIA Gérmen in basi antica minime gibbosum; corolla 16-20 mm. longa, laciniis in margine glanduloso-pilosis; filamenta supra parce glandipilia (x), infra plus minusve pilosa (Tribus Gurvatae Beck) 6 O. luoorum A. Braun Gérmen in basi antica 3 — 5 gibbosum 9 'Filamenta inferne pilosa; corolla limbum versus rubra, in siccitate subatra, laciniis margine saepe glanduliferis 9/ (Tribus Cruentae Beck) O O. gfraeilis Smith 34 (Filamenta inferne glabra; corolla luteo-fusca, cum est sicca fusca, laciniis margine saepissime glabra. (Tribus Arcuatae Beck). 10 Filamenta sub antheris copiose et breviter glandipilia; corollae labium superius integram; stylus plus minusve glanduloso- pilosus *¥ O. Rapmn GJ-eiiistae Thuillier .29 Tilamenta superne glabra, vel parce glandipilia; stylus glaber, rarius parce et breviter glandulosus; corollae labium superius profunde bilobum 8 O. insólita Guim. 10 II \1 13 II Corolla obscure vinacea, supra staminum insertionem plus minusve dilatata (Tribus Cruentae Beck) 12 1 Corolla lutea aut violácea, anguste tubulosa (Tribus Minores Beck) i3 Calicis partes liberae, bidentatae, laciniis acutis ; corolla extus glan- duloso-pilosa; filamenta superne valde glandipilia IO O. variegata Wallr I Calicis partes antice coalescentes, bidentatae, laciniis longe fili- formiter acuminatis; corolla extus glabrescens; filamenta superne subglabra 11 O. foetida Poiret 46-46! iCorolla sub limbo constricta • 14 'Corolla sub limbo non constricta i5 Corolla albo-lutea, extus glabra; filamenta 3-4 mm. alte inserta, in- ferne parce pilosa, stigma luteum. 1S> O.HederaeDuby io5 I Corolla sordide violácea, extus glanduloso-pilosa, vel glabrescens; filamenta 2,5-3,5 mm. alte inserta.. 1® O. minor Sutt. 92 (1) Glandipilis — é uma abreviatura, sem foros de clássica, de glanduloso- p i 1 o s u s , muito usada por Reichembach filho, e por outros auctores. 15 J. D ASCENSÃO GUIMARÃES-. OROBANCHACEAS 49 Corolla sicca inferne albido-papyracea, linea dorsali tota cur- va, vel rarius (in indigenis) parte media subreeta; filamenta 2,5-5 mm. alte inserta, infra parce pilosa 13 O. amethystea Thuill. 62-621 ÍCorolla linea dorsali parte media saepe subreeta, cum est sicca plerumque concolor 16 [Filamenta in basi auricúlato-dilatata, 1 ,5-3 mm. alte inserta, parce ' pilosa, vel subglabra; flores 10-17 mm- longi J 14 O. deiisifloi-a Salzm. 74 (Filamenta in basi non dilatata 17 [Cabeis partes profunde bifidae, laciniis longissimis, trinerviis; fila- j menta superne, sicut stylus, copiose glandipilia; antherae j longe mucronatae 16 O. lorioata Reich. 88 (Filamenta superne glabra, vel parce glandipilia 18 Scapus valde squamosus; corolla lutea concolor; stylus bre- l vissime glandipilis; stigma fusco-purpureum, vel lateris j cocti colore IS O. mauretauica Beck 76 (Scapus plerumque modice squamosus; stylus glaber, vel perspi- cue pilis glanduliferis obsitus, vel sub stigmate vix glandulo- sus ; antherae breviter mucronatae 1 g Flores 0-20 mm. longi; filamenta ad médium usque valde pilosa, l 3-5 mm. alte inserta; stigma rubro-violaceum, vel purpureum. ] IT O. IPioridis Schultz 91 !()• Fores 10-18 mm. (plerumque i3-i5 mm.) longi; filamenta inferne J parce pilosa, vel lateraliter barbata, 2-3 mm. (rarius 1 ,5-2,5 mm., 2,5-3,5 mm.) alte inserta; stigma luteum vel violaceum 1® O. minor Sutt. 92 Clavis varietatum 3. O. nana Noé ICorollis intense coeruleis; calicis dentibus tubum suum aequanti- bus, vel superantibus 21 Corollis raro coeruleis, ut plurimum dilate lilacineis fere albidis, in | juvenilibus, sicut in scapo, bractea, et cálice evenit, saepe lu- teolis; calicis dentibus tubo suo sublongioribus -y. (O.) instabilis Guim. 23 26 5o BROTERIA Corollis io-i5 mm. longis; caiicis dentibus triangulari-subulatis, I filiformiter acuminatis, tubum suum aequantibus 22 2f /Corollis 12-16 mm., interdum majoribus et fere 20 mm. longis; ca- iicis dentibus sublanceolatis, in ápice minus filiformibus S. (O.) intercedens Beck 24 ! Scapo ut plurimum simplici; spica brevi.. . 0. nana Noê, %. genuína Scapo plerumque ramoso; spica elongata et laxa p. (O.) manostachys Beck Scapo simplici, seu parce ramoso, gracilimo, 4-20 cm. alto; spica i-multifiora; corolla 8-1 5 mm. longa, labii inferioris lobis saepe acutis -y. 1 (O.) debilis Guim. Scapo robustiore, saepe dense corymboso; spicis multifloris; co- rollis 10 mm., saepe 14-1 5 mm., rarius 17-18 mm., longis, labii inferioris lobis elliptico-subacutis, interdum rotundato-obtusis, rarius repandis vel emarginatis (tum pr. O. Muteli Schultz vel O. sinaica Beck) 7. 2 (O.) eleita Guim. Scapo humili, simplici; spica brevi, densa, rotundata; corollis ge- nuflexis, i3 mm., frequenter i5, rarius 18-20 mm., longis; ca- iicis dentibus tubo suo brevioribus 5. 1 (O.) comosa Wallr. 24/Scapo simplici, vel ramoso; spica elongata, densa vel laxa; co- rollis 12 mm., saepe i3-i4 mm., rarius 18-20 mm. longis; ca- iicis dentibus tubum suum saepe superantibus &. 2 (O.) addubitata Guim. 3. 0. Muteli F. Schultz Scapo crasso; cálice violáceo, in adultis siccis nigrescente; corolla parte media constricta, post anthesim inferne infla tis- sima, scariosa, laciniis minutis a. (O.) stenosiphon Beck Scapo plerumque gracili; cálice, in adultis siccis, fusco vel dilute colorato; corolla in tertia parte Ínfima constricta, in- ferne, post anthesim, saepe paulum infiata 26 ! Corolla 1 5- 1 8 mm. longa; antherae glabrae 27 Corolla majore et latiore, plerumque 20 mm. longa; antheris la- nato-comòsis 28 / Spica brevi-laxo-pauciflora; corollis violaceis,valde angustis, stricte „-] tubulosis |3. (O.) angustiflora Beck Spica cylindracea, densa; corollis dilute lilacineis, vel luteolis. . . f. (O.) sinaica Beck 25' J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 5l Calicis dentibus lanceolatis; corollis dilute coloraus, laciniis parce crènulatis vel denticulatis 0. Muteli Schultz, &. genuína iScapo simplici vel ramoso; corollis intense coeruleis, laciniis crè- nulatis, valde emarginatis; calicis dentibus fere triangulariter acutii, tubo suo subbrevioribus; tioribus interdum rainoribus. e. (O. ) emarginata Beck V. 0. lia pii ih Genistae Thuillier Spicis primo den-;itioris; calicis dentibus plerumque uninerviis, ra- l rins trinerviis; corollis ut plurimum circiter 20 mm., interdum | 2 5 mm., Iongis, laciniis margine glabris vel leviter scaberulis. 29' «■■ typica 3o J Spicis jam sub anthesi plerumque laxitioris; calicis dentibus pluri- 1 nerviis; corollis 25-27 mm- Iongis, laciniis in margine scaberu- lis, et saepe parce glanduloso-villosis. [i. (O.) bracteosa Reut. 33 Filamentis sub anthesi, germine in ápice, styloque parcissime \ glanduloso-pilosis, vel sublaevibus. To ta planta, cura est 3(1' sicca, fragilis a. 5 (O.) psathyra Guim. JFilamentis sub antheris, germine in ápice, styloque ut plurimum glandulo ".o-pilosis 3 1 iCorollis aeque Iongis ac latis; antheris exsertis 3|] a. 2 (O.) euryantha Beck (Corollis longioribus quam latis; antheris plerumque insertis 32 (Corollis dilute rub ro-f useis. . 0. Rapam (Jenistae Thuill. a. 1 typica 32]Coro!lis luteo-earneis vel lividis a. 3 (O.) palatina F. Schultz (Corollis luteis a. 4 (O.) hypoxantha Beck Í Spicis laxis, elongatis [3. 1 (O.) bracteosa Reut. Spicis densis, acuminatis, floribus minoribus [i. 2 (O.) pycnostaxys Guim. O. 0. gracilis Smith (Scapo parce squamoso ; filamentis superne perspicue et valde „.] dense piloso-glandulosis 0. gracilis Sraith, a. typica 35 j Scapo valde squamoso; filamentis superne parce glanduloso- pilosis, vel subglabris p. (O.) Spruneri Schultz q5 /Corollis totis citrinis vel albido-flavescentibus; stylo, et stigmate „.. 1 tia vis a. 11 (O.) panxantha Beck ' iCorollis in fauce purpurascentibus; stylo circum stigma ruhe- \ scente 36 52 BROTÉRIA „fi( Corollis 1 5-17 mm. longis 37 ( Corollis 20-27 mm- longis 38 37 38 'Corollis linea dorsali sensim curvata; antheris exsertis a. 1 ( O.) exandra Guim. (Corollis linea dorsali parum curva; antheris inclusis a. 2 (O.) elachista Beck Corollis circiter 20 mm. longis 3q Corollis 20-27 mm- l°ngis 44 ! Corollis aeque longis ac latis, vel brevioribus quam latioribus.. . . " a. 8 (O.) ampla Beck Corollis longioribus quam latioribus 40 .A Corollis purpureo-atris. Planta subglabra. . a. 7 (O.) psilantha Beck (Planta plus minusve glanduloso-pilosa 41 ICorollarum laciniis denticulato-incisis, vel dentem médium majo- 4 i < rem gerentibus a. 6 (O.) dentiloba Beck (Corollarum laciniis inaequaliter crenulatis, non denticulatis. ..... 42 (Scapo saepe humili; spica pauci-laxiflora 42 1 0. gracilis Smith. a. 3 typica (Spica multirlora ; 43 .A Spica elongata, in ápice rotundata a. 4 (0.) polyantha Beck (Spica subdensiflora, in ápice acuminata a. 5 (O.) cónica Beck /Scapo gracili; floribus 20-25 mm. longis; filamentis superne bre- . .] viter et parce glanduloso-pilosis «.9 (O.) orgeia Beck j Scapo firmo; floribus 22-27 mm- l°ngis; filamentis superne valde ' piloso-glandulosis a. 10 (O.) megista Guim. Scapo debili; spicis conicis, floribus 10-17 mm- longis • p. 1 (O.) st bus 20-25 r p. 2 (O.) Spruneri Schultz p. 1 (O.) strobilacea Guim ) Scapo firmo; spicis demum elongatis, floribus 20-25 mm. longis. 11. 0. foetida Poiret Filamentis 3-7 mm. supra basim corollae insertis, inferne pilosis; 1 stigmate luteo 0. foetida Poiret, A. genuína 46 'Filamentis 1-2, 5 mm., rarius 3 mm., alte insertis, inferne parce pi- losis vel glabrescentibus; stigmate luteo vel purpúreo 33. (0.) Broteri Guim. 47 J. D'ASCENSÁO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 53 . . ( Stigmate luteo a. ochrostigma Guim. 48 ( Stigmate purpúreo p. iodestigma Guim. 54 ÍPartibus calicis antice posticeque connatis; corollis dilatatis, in sicco rugosis, 17-22 mm. longis.. a. 1 (O.) siphonopoteria Guim. Partibus calicis plerumque postice separatis 49 [Spicis in ápice rotundatis, floribus 1 5-s3 mm., ut plurimum 17- \ 18 mm., interdum loneioribus; filamentis i-3 mm. alte insertis. 5o ™jSpicis in ápice acutis, floribus 1 3- 1 6 mm. (ut plurimum i5 mm.) longis; filamentis o,5-i,5 mm. alte insertis 5i Corollis sensim dilatatis, in sicco rugosis, 17-23 mm. (plerumque 20 mm.) longis. Planta sicca dilute castanea a. 2 (O.) platantha Guim. |Corollis parum dilatatis, i5-20 mm. longis. Planta sicca atro- purpurea 5 1 , Corollis extus glabrescentibus; filamentis inferne pilosis, antheris \ luteis, mucrone incurvo a. 3 (O.) diamesa Guim. 51 'Floribus inferioribus interdum conspicue pedicellatis; corol- i lis extus glandipilibus; filamentis inferne glabris, antheris cas- taneis, mucrone recto a. 4 (O.) anomola Guim. [Spicis densis ; partibus calicis antice, quandoque et postice, coa- lescentibus; corollis linea dorsali aequaliter curva. 3 " j a. 5 (O.) metalmena Guim. ÍPartibus calicis in floribus inferioribus liberis 53 / Spica densa, multiflora; corollae linea dorsali saepe concava. Planta „ „ J gracilis a. 6 (O.) apatela Guim. 1 Spica laxa, pauciflora; corollae linea dorsali aequaliter curvata. ' Planta humilis. a. 7 CO.) eyrystaxys Guim. ÍPartibus calicis in floribus inferioribus connatis; spicis in ápice ro- tundatis; corollis 12-1 5 mm. longis (3. 1 (O.) dittosa Guim. "'^Partibus calicis in floribus inferioribus liberis, rarissime breviter ' coalescentibus 55 55 [Filamentis inferne parce pilosis. Planta sicca atro-purpurea 56 (Filamentis inferne plerumque glabrescentibus 57 54 BROTÉRIA Spicis densis, in ápice acuminatis; corollis 13-17 mm- longis, linea I dorsali aequaliter curva (3. 2 (O.) amphibola Guim. 56 /Spicis inferne sublaxis, in ápice ut plurirrium rotundatis; corollis 17-23 mm. longis, linea dorsali in ápice magis curvata [3. 3 (O.) melamporphyrea Guim . /Spicis plerumque in ápice acuminatis; corollis 1 5- 1 7 mm. lon- 57) & ; ; 58 I Spicis plerumque in ápice rotundatis; corollis 10-12 mm., vel 12- l 14 mm., rarius 1 5- 16 mm., longis 5g I Corollis tubulosis, longioribus quam latis. Planta parce pilosa.. .. 1 [i. 4 (O.) xanthoporphyrea Guim. 58 /Corollis dilatatis, aeque longis ac latis. Planta parce pilosa J .- (15 (O.) epilecta Guim. 'Corollis tubulosis. Planta glaberrima [i 6 (O.) phalacra Guim. /Scapo tenuissimo; spicis multifloris; corollis 12-16 mm. longis. .. p. 7 (O.) pericalla Guim. jScapo gracili; spicis 3- 10 lloribus instructis; corollis 10-12 mm. longis (i 8 (O.)- leptomera Guim. Orobanches Broteri Guim. clavis altera, inserviens ad varietates di-. ST1NGUENDAS SICCORUM SPECIMINUM, NON HABITA RATIONE COLORIS STIGMATIS. .„ (Scapo tenuissimo; corollis 10-12 mm. longis.. . (O.) leptomera Guim. \ Corollis 1 2-23 mm. longis 471 . - (Planta glaberrima (O.) phalacra Guim. I Planta plus minusve pilosa 481 [Partibus calicis liberis, vel antice in floribus superioribus coale- ] scentibus; corollis dilatatis, aeque longis atque latis 481 (O.) epilecta Guim. (Corollis longioribus quam latioribus 491 .« \ Spicis densis, brevibus 5oj I Spicis plus minusve laxifloris. elongatis 53i „ft (Spicis in ápice rotundatis (O.) dittosa Guim. (Spicis in ápice acuminatis 5ij J. d'aSCENSÁO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 55 ÍPartibus calicis semper antice (aliquando etiam postice) concre- 5li| scentibus. .' (O.) metalmena Guim. (Partibus calicis postice liberis, antice in floribús inferioribus liberis. 52j !' Corollis 1 3-i 5 mm. longis; tilamentis o,5-i,5 mm. alte insertis. . . . (O.) apatela Guim. Corollis 1 5- 1 7 mm. longis; filamentis i ,5-3 mm. alte insertis (O.) amp/iibola Guim. ÍPartibus calicis antice et postice coalescentibus (O.) siphonopoteria Guim. Partibus calicis postice liberis 541 u Spicis siccis 30-40 mm. latis; corollis 1 --23 mm. longis; linea dor- sali in ápice valde curva. Planta sicca fusca, purpúrea (O.) melamporphyrea Guim. f Spicis siccis 3o mm. summum latis 55j uu (Spicis paucirloris, corollis i3-i5 mm. longis. (O.) eyrystaxys Guim. | Spicis multitioris 56t „ç, (Corollis plus minusve dilatatis, i6-23 mm. longis 571 (Corollis tubulosis, 12-18 mm. longis 5g4 I Floribús inferioribus pedicellatis; filamentis inferne glabris (O.) anomola Guim. Filamentis inferne parce pilosis 58t [Partibus calicis antice concrescentibus; corollis 17-23 mm. longis. fi j (O.) platantha Guim. MPartibus calicis antice plerumque liberis; corollis 16-20 mm. lon- gis (O.) diamesa Guim. „q (Filamentis superne perspicue glanduloso-pilosis 601 I Filamentis superne glabrescentibus 6ij ™ ( Antheris luteis (O.) diamesa Guim. lAntheris castaneis (O.) anomola Guim. [Spicis in ápice saepius acuminatis; filamentis i-2,5 mm. alte in- g 1 | sertis (O), xanthoporphyrea Guim. jSpicis in ápice rotundatis; filamentis o,5-i,5 mm. alte insertis. . . . (O.) pericalla Guim. 56 BROTÉRIA 12. 0. crenata Forskal ÍFloribus 25-3o mm. longis; squamis, bracteisque lanceolatis; sfig- 60 ] mate bilobo O. crenata Forskal, i typica ÍFloribus 20-25 mm. longis 6i Squamis, bracteisque late ovato-lanceolatis; partibus calicis a basi ovatis, bifidis; stigmate plerumque tri-quadri-quinquelobo. Planta parce pilosa 2 (O.) plaíaphylla Guim. 61 /Scapo, squamis, bracteis, et calicibus albido-villosis. Cetera uti in forma i, vel 2 3 (O.) lasiothrix Beck 'Calicis partibus bifidis, vel integris, angustis; dentibus stricte su- bulatis vel subfiliformibus 4 (O.) angustisepala Schultz líí. O. amettaystea Thuillier „,( Scapo valde squamoso; antheris fere longe mucronatis 63 "(Scapo parce squamoso; antheris plerumque breviter mucronatis . 67 fi ^Corollae lábio superiore integro, vel leviter emarginato 64 l Corollae lábio superiore bilobo, rarius emarginato 65 Filamentis inferne ut plurimum parce puberulis; stylo glabro, vel l infra stigma vix: glanduloso, vel perpaucis pilis aequalibus in- 64 1 structo |3. 5 ( O.) dúbia Guim. JFila mentis inferne puberulis; stylo paucis atque inaequalibus pilis glanduliferis [i 4 (O.) Henriquesi Guim. Scapo gracili; spicis in ápice rotundatis, apiculo sterilibus bracteis formato; calicis dentibus uninerviis; corollis siccis violaceo- 65 1 nigrescentibus s. (O.) Paulini Guim. I Scapo plerumque firmo; spicis saepissime in ápice acuminatis; calicis dentibus trinerviis; corollis siccis luteo-fuscis 66 [Filamentis siccis dilute trivenosis, et insertis glandulis in raodum arcus incurvis; stylo parce glandipili . . 6. 2 (O.) Molleri Guim. jFilamentis siccis obscure trivenosis, insertionis linea parum curva, subrecta; stylo subcopiose glandipili. .. [i 1 (O.) Ricardi Guim. Calicis partibus plerumque integris; stylo infra stigma parce (nec copiosius, nec brevissime) glandipili. O. ametliystea Th. a. typica ) Calicis partibus plerumque bidentatis; stylo infra stigma ut pluri- mum copiosius et brevissime glandipili 68 69 j. d'ascensÃo Guimarães: orobanchaceas 57 [Filamentis horizontaliter ac 3-4 mm. alte insertis p. 3 (O.) transiliens Guim. (Filamentis 2,5-3,5 mm. alte insertis - 69 Floribus 18-22 mm. longis; partibus calicis subaequaliter bifidis; corollae laciniis haud dense crenulatis; filamentis obscuriori- bus, inferne attenuatis, oblique dilatatis. y. (O.) crocodea Guim. Floribus [5-20 mm. longis; calicis partibus plerumque inaequali- ter bifidis; corollae laciniis dense crenulatis; filamentis dilute coloratis, neque attenuatis nec dilatatis 70 jBracteis ut plurimum subanguste lanceolatis, flores aequantibus \ vel brevioribus; filamentis dilute trivenosis, oblique insertis.. 71 70; Beck, Monog. d. Gatt. orob., pag. 91 (1890) — O. ramosa Brotero (non L.), Flor. lusit., 1, pag. 1 83 (1804) (pro parte) — O. ramosa Hotf. et Lk., Flor. lusit , 1, p. 3 1 7 (1809) (pro parte) — O. ramosa Brotero, Phvt. lus., 11, pag. i52, tab. 145 (1827) (') —Phelipaea Muteli p. nana Reut., in DC. Prodr. xi, p. 9 (1847) — Ph. ramosa p. simplex Visiani, Flor. Dalm , 11, pag. 180; Supp., p. 84 (1847) — ^- nana Reichenb. til., Icon. xx, pag. 88, tab. 1 5 1 (1862) [Willkomm hanc tabulam (Reich, fil.), in Prod. Flor Hisp., ii, pag. 628 descripsit] — Ph. ramosa -y. nana Boiss., Fl. Okient., iv, pag. 499. — Orobanche olbiensis Nymann, Syllog. fl. Eu- rop., pag. 1 33 (1854) — Phelipaea cernua sive Phelipanche cernua — Phelipanche pulchra sive Phelipaea pulchra, Phelipanche jloribunda (l) A diagnose e a estampa da Phytographia lòram feitas em presença de exemplares da O. nana Noe "y ( O ; instabilis Guim. (58 BROTÉRIA sive Phelipaea floribunda Pomel, Nouv. Mater, pour la Fl. atlant., pag. io5, 106 (1874) — Kopsia nana Freyn, Beitr. zur Flor. Bosn., in Verh. d. zool.-bot. Ges., pag. 623 (ií Scapus erectus, gracilis, simplex vel ramosus, inferne bulboso- incrassalus et saepissi?ne fibrillis cumulate extus in- structus, piloso-glandulosus, parum squamosus, 4S0 cm. altus. Squamae ovato-lanceolatae, glabrescentes vel subvillosae, siccae fuscae vel nigrescentes. Spica i-multi flora, denso-rotundata, vel cylindraceo-elon- gata, densa, in ápice deinde laxa, Jloribus inferioribits sessi- libns vel breviter pedicellatis. Btacteae squamis símiles, calicis longitudinem snbaequantes; bracteolae lineari-filiformes, calicis dentibns panlo breviores. Caliz gamosepalus, breviter campanulatus, snbvillosus, pro- funde bipartitus, laciniis bidentatis; dentes triangulari-su- bulati, aristati vel filiformes, tubum sintm aequantes, vel supe- rantes, dimidio vel fere tertia parte corolla breviores. Coiolla inferne, super ovarium, globoso-dilatata, subfiave- scens, post tertiam partem infimam, conspicue coarctata, su- perne cernua, saepe prone curvata et sensim ampliata, extus subvillosa, intense violaceo-coerulea, vel lilacinea ('), saepe 10 — crebrius i3, 14 — rarius 77 — rarissime 20 mm., longa; linea dorsali versus labium superius magis curva; labium superius bilobum, lobis rotundatis seu acutiusculis; labium inferius tri- lobum, lobis reflexis, elliptico subacutis, vel interdum subobtusis, conspicue inius pilosis, integris seu denticulatis, praeter morem repandis, plicis hirsutis, albis. Filamenta parti corollae constrictae inserta, in basi crassiora subvillosa, superne glabra; antherae in basi rotundatae, (') Brotero, na Flora lusitanica, ao referir-se a esta espécie ramosa, attribue-lhe «flores purpurei», e, na diagnose da Phytographia, diz que os lábios da corolla são «flava, vel purpúrea»; parece, todavia, ter havido engano na descripção das cores, visto que, não se encontram (nem é pro- vável que existam) variedades com flores purpurinas, sendo relativamente vulgares as formas de flores amarellas. J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 69 glabrae, rei comosae (Beck), jlavae rei subalbidae, breviter acuminatae. Gérmen subglobosum ; stylus parce piloso-glandulosus, an- theris paulo longior et ad ipsas curvatus; stigma subinfundi- buliforme, unisiílcatum, bilobum, lobis albidis. 1 .a Obs. Ut barum specierum (O. ramosa L. et O. nana Noe) discretionem faciliorem reddam, sequentem tabulam propono. O. rnniosa L O. nana Noe Scapus in basi parum bulbosus. Scapus in basi bulbosus et multis fibrillis velatus. Cálix scutellatus, 4-dentatus; den- tes ovato-triangulares , acuminati, corollae partem constrictam vix attingentes. Cálix campanulatus, 4-dentatus ; dentes triangular i-subulati, fi- liformiter acuminati, corollae dimidiatam longitudinem paulo breviores. Corolla erecta, rarius prone cur- vata, supra gérmen parum con- stricta: labii inferioris lobi saepe rotundato-obtusi, rarius angustati, integn vel repandi, vix ciliati. Corolla prone curvata, rarius ere- cta, supra gérmen perspicue con- stricta : labii inferioris lobi ellipti. co-subacuti, rarius obtusi, copiose pilosi; linea dorsalis magis cur- vata. Floret Aug. — Sept. Floret Aprili — Junio. Alia discrimina, verbi gratia — color magis violaceo-coe- ruleus in O. nana Noe, spicae forma, laxa elongata, in ápice acuta in O. ramosa L., densa, in ápice rotundata in O. nana Noe — in nonnullis varietatibus O. nanae Noe plerumque de- siderantur. 7° BROTERIA 2.a Obs. Hae orobanchae, valde variabiles, ne unam quidem notam firmam, stabilemque prae se ferunf, ideoque, ad eas omnes bene definiendas, opus esset unumquodque individuum singulatim describere. In sequentibus varietatibus O. nanae Noê, omnia specimina in Lusitânia lecta conjunxi: a. geuniaa — Orobanche nana Noê Scapo ut plurimum humili, gracili, simplici, io-i5 cm. longo. Spica brevi, pauco-densiflora. Corollis in fauce intense coeruleis: lobis ellipticis, subacutis, rarius sub- obtusis. Calicis dentibus filiformiter acuminatis. [i (O.) mauostachys Beck Scapo saepe ramoso. Spica elongata, laxa, rloribus coeruleis. Calicis dentibus filiformiter acuminatis, tubum suum aequantibus, vel rarissime parum superantibus. Corollae lábio inferiore lobis ellipticis, subacutis, vel rarius subobtusis. •y. (O.) iii«ts»l>ilíts Guim. n. var. Calicis dentibus subulatis, filiformiter acuminatis, tubo suo longioribus (5mm : 4""", vel 3""" : 2""",5). Corollis dilute violaceis, vel lilacineis subalbidis, saepe angustioribus: labii inferioris lobis elliptico-subacutis, vel aliquando rotundato-obtusis. Planta sicca saepe minus fusca, fere ochroleuca ut in O. ramosa L. 1 — (O.) debilis Guim. Scapo gracillimo, 4-20 cm. longo, simplici vel parce ramoso. Spicis i-multifloris. Corollis 8-1 5 mm. longis, labii inferni lobis saepissime acutis. 2 — (O.) elata Guim. Scapo robustiore, saepe dense corymboso. Spicis elongatis laxisvel densis, valde floridis. Corollis 10, saepe 14, rarius 17-18, rarissime 20 mm. longis., labii inferi- oris lobis elliptico-acutis, saepe rotundato-obtusis, rarius repandis vel emarginatis. J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 71 S. (O.) iutercedens Beck Calicis dentibus ut plurimum subulato-lanceolatis, vix acuminatis, vel subulato-fíliformibus. Corollis majoribus, valde constrictis, interdum fere 2 cm. longis, in- tense coeruleis. 1 — (O.) comosa Wallr. Spica brevi, rotundata. Calicis dentibus tubum suum aequantibus. Corollis sem per genuflexis, i3 mm., frequenter i5 mm., rarius 18-20 mm., longis, labii inferioris lobis subacutis vel obtusis. 2 — (O.) additbitata Guim. Scapo simplici vel ramoso. Spicis elongatis, densis vel laxis; floribus 12 mm., saepe 18-14 nim., rarius 18-20 mm., longis. Calicis dentibus subtrinerviis, tubo suo sublongioribus. Corollis in fauce plerumque amplioribus, et infra magis ventricoso- inflatis, labii inferioris laciniis frequenter rotunda to-obtusis, plicis latis separatis. i.a Obs. Formae « et (3 plerumque in eodera loco, aut sal- tem propinquae, reperiuntur. Varietas y. (O.) instabilis, a me constituía et nonnunquam cum O. ramosa L. confusa propter habitum et coTorem ochro- leucum (in sicco), omnibus aliis notis forma O. nanae Noe esse videtur, viam sternens ad O. Muteli F. Schultz, y. (O.) sinai- cae Beck. Circa Olisiponem in Tapada da Ajuda hanc varie- tatem frequenter inveni. Plantae humiliores (interdum 4 cm. vix attingentes) lacinias labii inferioris corollae elliptico-acutas, et calicis dentes filiformes gerunt; at robustiores lacinias easdem plus minusve obtusas et dentes minus filiformes, imo fere lan- ceolatos (sicut in O. Muteli Schultz), prae se ferunt. In Tapada de Qiielui omnes has formas vidi, floribus coeruleis, lilacineis, vel subflavescentibus. Varietatem 5. (O.) intercedentem Beck in duas subvarieta- tes dividere coactus sum, eo quod nonnulla specimina lusitanica valde differrent ab (O.) comosa Wallr. (qui hanc subvarietatem instituit ob specimina in Algarbiis lecta). Haec subvarietas, 72 BROTÉRIA (O.) comosa Wallr., quae hucusque tantum in partibus extremis Lusitaniae (nempe in Algarbiis et província Transmontana) in- venta est, viam aperit ad O. Muteli Schultz y. (O.) spissa Beck. 2.a Obs. Corollae longitudo media et calicis dentes filifor- mes (quae duae notae sunt maximi ponderis) ostendunt formas instabilem et addubitatam non ad O. Muteli Schultz, sed ad O. nanam Noe, revocandas esse. Hab. in arenosis (Daveau), rupestribus, agrisque apricis, ad radices permultarum plantarum. Floret Aprili-Junio. (v. v.). Distrib. geogr. —Europa: Hispânia, Gallia, Istria, Dalma- tia, Itália, Sicília, Corsica, Sardinia, Serbia, Graecia, Rumelia, Tauria, Caucasus; Ásia: Anatólia, Mesopotâmia, Syria; Africa: ins. Madeira, Tenerifte (*). Distrib. chorog.: a. genuína. Beira transmontana: — Adorigo (sobre as raizes (2) da Psoralea bituminosa L., Schmitz!). (!) Examinamos no herbario de Willkomm um exemplar colhido por Bourgeau em Teneriffe, como Ph. ramosa 1.., que, em nossa opinião, deve ser referido á O. nana Noe. Neste herbario, também classificados como Ph. ramosa C. A. Meyer, e ;tão exemplares colhidos em Castella a Nova, Anda- luzia (pr. Chiclana) e nas Baleares, que são formas manosiachys da O. nana Noe; á O. ramosa L. só pertencem os exemplares colhidos em Aragão e na Catalunha. (2) Na distribuição chorographica das espécies «parasita de», é, nesta mo- nographia, a formula adoptada, que corresponde á ligação, no exemplar do herbario que estudamos, do parasita á raiz hospitaleira ; outras designa- ções, ou formas de dizer, como «sobre as raizes de» ou «juncto a» etc, repro- duzem apenas a nota da etiqueta do collector, ou a existência, na mesma folha do herbario, da supposta hospitaleira, sem ligação anatómica. J. d'aSCENSÁO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS -]?> Beira littoral: — Coimbra: Eiras, Santa Clara (Moller! Manuel de Lucena! Vaz de Macedo!). Algarve: — Monchique (Moller!). p. (O.) manostachys Beck Beira transmontana: — Adorigo (E. Schmitz!). Beira meridional: — Castello Branco (parasita do Daucus Carota L., R. da Cunha!). Centro littoral: — Ancião, Lagarteira (F. de Carvalho!); Bellas (Daveau!). Alto Alemtejo: — Redondo (Pitta Simões!). Algarve: — Faro (parasita do Galium saccharatum Ali., Daveau!). 7. (O.) iustabilis Guim. y. 1 — (O.) debilis Guim. Centro littoral: — Arredores de Lisboa: Tapada da Ajuda (parasita do Sonchus oleraceus L., A. Guimarães!); Tapada de Queluz (parasita do Galium Aparine L. e da Medicago hispida Gãrtn., A. Guimarães!); Caparide (parasita do Galium saccha- ratum Ali., P. Coutinho, n." 1092!). Alemtejo littoral: — Areaes da Trafaria (Daveau!). y. 2 — (O.) elata Guim. Centro littoral: — Arredores de Lisboa: Campo Pequeno (P. Coutinho, n." 1093! 1094!); Tapada da Ajuda (parasita da Sherardia arvensis L., Daveau! — parasita da Melilotus infesta Guss., R. da Cunha !); Serra de Monsanto, próximo da Cruz d^liveira (parasita de Vicia Faba L., Pinardia coronária Less., juncto á Stachys hirta L., á Melilotus sp., e ao Petro- selinum segetum Koch, Welw.!), pr. do reducto (parasita da Melilotus infesta Guss., Daveau!); Lumiar, no horto botânico (parasita do Lepidium latifolium L., Tropaeolum majus L., Wclwitsch!); Tapada de Queluz [parasita da Oxalis cernua 74 BROTERIA Thbg., Soe. Brot. n.° i5oo (') como Phelipaea coerulea C. Mey., Daveau! Guimarães! parasita do Galium Aparine L., Gui- marães!]. Alemtejo littoral: — Trafaria (parasita do Pelargonium inquinam Ait., Daveau!). &. (O.) iuteroedens Beck ò. i — (O.) comosa Wall. Alemdouro transmontano: — Arredores de Moncorvo: Peredo, Maçore (J. de Mariz!). Algarve: — Portimão (Moller!); Arredores de Loulé: Bar- ranco do Velho (forma com as espigas algumas vezes mais frouxas — parasita da Torilis heterophylla Guss., José Bran- deiro!). ò. 2 — (O.) addubitata Guim. Alemdouro transmontano: — Arredores de Moncorvo, Larinho (J. de Mariz!); Bragança, margem do Sabor (P. Cou- tinho, n.° 1091!). Beira meridional: — S. Fiel: Monte Barriga, no souto, [forma de transição para a (O.) emarginata Beck, ou para a (O.) ramosa L. com as flores inferiores da espiga longamente pedicelladas, cálice menos tubuloso, quasi escutelado. Zimmer- mann!]. Beira littoral: — Arredores de Pereira (Barjona!); Coim- bra: Santa Clara (A. de Carvalho!? parasita do Çerinthe major L., Moller!); Camarrão (M. Ferreira!). (') Estes indivíduos, colhidos pelo sr. Daveau na Tapada de Queluz e distribuídos pela Sociedade Broteriana, se fossem estudados isoladamente, deveriam, talvez, ser incorporados na O. Muteli Schultz à. typica Beck por causa dos caules simplices, das flores azues maiores e das divisões do cá- lice um tanto mais lanceoladas; todavia, tendo eu colhido no mesmo local numerosos exemplares simples e ramosos, azues, côr de lilaz e amarellos, em tudo semelhantes ás innumeras variações da variedade (O.) instabilis Guim., julgo ter verificado que os exemplares colhidos pelo sr. Daveau per- tencem a essa variedade. J. d'aSCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS qb Baixas do Guadiana: — Beja (juncto á Vicia sátira L., R. da Cunha!). 3. Orobanche Muteli F. Schultz Synon. — Orobanche Muteli F. Schultz, apud Mutel, Flore Franc, ii, p. 353 et Atlas, t. 43, fig. 314; Suppl., t. 2, fig. 5 (i835); Beck, Monog. der Gatt. Orob., p. g5 — O. ramosa Brot (non L.), Fl. lusit., i, p. i83 (1804) (pro parte)— O. ramosa Hoffm. et Link (non L.), Flor. lusit., i, p. 3 17 (1809) (pro parte) — Phelipaea Muteli Reut., in DC, Prod., xi, p. 8 (1847); Moriss., Flor. sard., iii, p. 242; Reichenb. fil., Icon. xx, p. 89, t. i5o; Willkomm, Prodr. flor. Hisp., p. 269 — Ph. ramosa (3. brevispicata Ledeb., Flor. ross., iii, p. 3i3 (1847) — Phejipanche Muteli Pomel, Nouv. mat. pour la flor. atlant., p. i ob ( 1874) — Orobanche Muteliana Saint Lager, Catal. de la fl. du bassin de Rhone, p. 608 ( 1 883 ) — Kopsia ramosa Dumort. p. Muteli Caruel, Flor. ital., vi, p.35 9 (i885). Scapus gracilis, vel crassus, simplex rei ramosus, inferne bulboso-incrassatus, parum sqitamosus, glaber rei breriter ril- loso-glandulosus. Squamae orato-lanceolatae, obtusae, ut plurimum glabrae. Bracteae late lanceolatae, rei oratae, lacinias calicis aequantes rei non attingentes; bracteolae stricte lanceolatae, calicis tubum excedentes. Spica multijlora, in ápice acitta rei rotundata et densijlora, deinde cylindraceo-laxa, floribus erectis, hori\ontaliter paten- tibus, rei prone curratis. Cálix breviter campannlatus, dimidium corollae saepis- si/ne non attingens (partem tamen coarctatam plerumque ex- cedens), 4S dentatus, dente quinto minuto, pone orarium sito; dentes tubum suum subaequantes, lanceolato-acuminati, in ápice interdum sub filiformes. Coiolla i5-22 mm. (ut plurimum 16-17, rarissime in paucis Jloribus i3-i4 mm.) longa, infra fere albida, supra dilute coerulea, rei rarius subflarescens, in fauce saepius inten- sius colorata, inferne, super orarium, dilatata et post an- thesim etiam injlata, in tertia rei in media parte Ínfima, angustata, dein fauce tenus sensim dilatata, extus glandu- y6 BROTÉRIA loso-piiberida. Labium super ius porrectum, bilobum, lobis rotundato-obtusis vel acutiusculis; labium inferi us trilobum, lobis reflexis, elliptico-acutiusculis, vel rotundato-obtusis, mar- gine integris, crenulatis, vel repandis, interdum emarginatis, pi i eis latis exsertis, pi lis albidis tectis. Filamenta parti angustae corollae vel inferius inserta, in- ferne villosula, superne glabra vel brevissime glandulosa. An- therae luteae, siccae subalbidae, saepe glabrae, raro muliis pilis comatae, in ápice apiculatae. Stylus fsicut apex ovarii) parce glanduloso-villosus. Stigma albidum, flavum, vel subviride, bilobum. a. (O.) stenosiphou Beck Synon. — Trionychium Rosmarinum Welwitsch, Fl. lusit. exsicc. sect. ii, n.° 779 ffide Beck) — Phelipaea Rosmarini Welwitsch, in Herb. Scol. Polyt. Scapo crasso, post anthesim plerumque crassissimo, 4-25 cm. longo, simplici, vel parce ramoso (quandoque e basi unus duntaxat ramus erum- pit), atro-rubente, dense villoso. Spicis prius densis brevibus, deinde, in adultis, cylindrico-elongatis, infra laxis. Calicis dentibus (sicut bracteis) intense et obscure coeruleis, siccis fusco-nigrescentibus, glanduloso-villosis, tubum suum aequantibus, ut plu- rimum eo brevioribus, late lanceolato-acutis, interdum ápice subfiliformibus, nervis firmis, crassis, perduetis. Corollis lilacineis, longitudinaliter lineis violaceis perduetis, in fauce magis coeruleis, in médio constrictis, infra post anthesim inflatissimis, albo-scariosis, supra parum dilatatis, seu angustis, erectis, vel horizontaliter patentibus, seu prone curvatis, 1 5 - 1 8 mm. longis; labii inferioris lobis ro- tundato-crenatis, magnis plicis separatis. Filamentis infra coarctationem (4 mm. e basi) corollae insertis, brevi- ter villosis. Antheris glabris, luteis. Stylo violáceo, brevissime glanduloso. Stigmate luteo subviridi, sub- quadrato, in médio sulcato. (v. v.J. p. (O.) angustiflorn Beck Scapo gracili, simplici vel parum ramoso. Spicis brevibus, laxo-paucifioris. Corollis longe tubulosis, 18 mm. longis, erecto-patentibus, supra sta- J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 77 minum insertionem, in tertia parte Ínfima valde coarctatis, solum 2 mm. latis, versus faucem sensim (usque ad 4 mm.) dilatatis. 7. (O.) siaaica Beck Spicis cylindraceis, densis, saepe brevibus. Calicibus dilute coloratis, subcorneis, dentibus in basi triangulari-su- bulatis. Corollis i5-i8 mm. longis, dilute lilacineis, saepe flavidis. Obs. Quaedam specimina, ad O. nanam Noe, y. (O.) insta- bilem Guim. 2 elatam revocata, valde affinia sunt huic formae sinaicae floribus majoribus, lobis labii inferioris corollae ro- tundis et repandis. Alias notas a cl. Beck descriptas (i. e. «calicis dentes tubo suo breviores») rarissime in Lusitânia inveni. Praeterea scapus, simplex in O. sinaica typica, in (O.) insta- bilis Guim. 2 elata frequentei' est ramosus. £. í^eiiiiiiifi — O. Muteli F. Schultz Scapo parce ramoso, vel simplici. Spicis cylindraceis, densis, rarius laxis, ápice crebro acutis, floribus magnis, 18-22 mm. longis. Calicis dentibus late-lanceolatis, tubum suum subaequantibus. Corollis primum erectis, deinde plus minusve prone curvatis, tubu- loso-infundibuliformibus, dilute coeruleis vel carneis, laciniis labii inferioris latis, rotundatis, obtusis, parce crenatis vel denticulatis, magnis plicis se- paratis. Antheris lanato-comosis. Obs. Orobanche Mnteli Schultz forma genuína hactenus in Lusitânia non inventa. 1. (O.) emarginata Beck Synon. — Phelipaea emarginata Reuter, in DC. Prodr., xi, p. 9 — Ph. emarginata Heldreich, apud Lo Jacono, crit. OROB.,p. 26 — Trionychium cyano-stylon Welwitsch (in scheda). Scapo ut plurimum ramoso, rarius simplici. Spicis plerumque laxifloris, in ápice acuminatis, floribus magnis, 18-20 78 BROTERIA mm. longis (interdum minoribus 14-16 mm.), inferioribus remotioribus, perspicue pedicellatis. Calicis dentibus tubo suo brevioribus triangulari-lanceolatis, haud filiformibus. Corollis (sicut tota planta) obscure coloratis, labii inferioris lobis cre- natis, vel obtuse undulatis, vel leviter repandis, antice bidentato-emar- ginatis. Antheris glabris vel comosis. Stylo intense cyaneo. Obs. Specimina a cl. Welwitschio prope Bellas super ra- dices Thrinciae hirtae Rth. lecta, calicibus, floribus minoribus et antheris glabris, persimilia sunt speciminibus O. ramosae L. apud Tramagal inventis. Haec specimina médium locum habere mihi videntur inter has formas. Inter Queluz et Porcalhota (prope Olisiponem) etiam a me, mense aprili, ad radices ejusdem Thrinciae haec dúbia varietas lecta est. Gui hae notae inerant: flores majores [inferioribus conspicue et longe (5 mm.) pedicellatis]*, corollae erectae, supra ovarium aliquantulum coarctatae, parte superiore latiores, stylus cyaneus, antherae parce lanato-comosae. Haec planta, valde villosa et tota obscure cyanea, raro invenitur et diflicile admo- dum ab O. ramosa L., cum jam est sicca, distinguitur. Formae O. nanae Noe y. (O.) instabilis Guim. floribus in- tense coeruleis, stylo cyaneo, dentibus calicis minus filiformibus ac brevioribus, etiam huic varietati sunt valde aflines. Floret Aprili-Junio. (v. v.). Distrib. geogr. — Europa: Hispânia, Gallia, Itália, Istria, Dalmatia, Hercegovina, Serbia, Rumelia, Graecia, Rossia aus- tralis; Ásia: Cappadocia, Anatólia, Syria, C\^prus, Pérsia, Trans caucasia, Graecia, Syria, Arábia; Africa: Maroccus, Algéria. Ins. Canarienses, Aegyptus, Ab}rssinia, Caput Bonae Spei. Distrib. chorog.: a. (O.) stenosiphon Beck Centro littoral: — Serra de Montejunto [nas raízes do J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 79 Rosmarinus ojficinalis L. e do Quercus humilis Lam. (?), Wel- witsch! — nas raizes dos CistusQ), Moller!]. Alemtejo littoral: — Serra da Arrábida (Welwitsch !), Casal da Pimenta (parasita do Rosmarinus officinalis L., A. Guimarães !). p. (O.) aiigfustiflora. Beck Alemtejo littoral: — Serra da Arrábida: Casal da Pi- menta, nas minas duma casa (parasita do Anthemis Cotula L., A. Guimarães!). Alto Alemtejo: — Elvas [ao pé das Escrofularias (?), Senna !]. ■y. (O.) sinaica Beck Centro litoral: — Arredores de Lisboa: Tapada da Ajuda [formas de transição para a O. nana Noe 7. (O.) instabilis Guim. já mencionadas na distribuição d'esta variedade*, forma extrema da (O.) sinaica Beck parasita da Thrincia hirta Rth., R. da Cunha!]. Algarve: — Estoy (A. Guimarães !); Faro (Bourgeau!). e. (O), cmarginnta Beck Centro litoral: — Bellas (parasita da Thrincia hirta Rth., Welwitsch!); entre Queluz e a Porcalhota (parasita da Thrincia grumosa Brot., A. Guimarães!). 4. Ovol>*aiiclie ti-ioliocaJhrx Beck Synon. — O. trichocalyx Beck, monogr. der gatt. orob., p. 107, Cassei (1890) — Phelipaea trichocalyx Barker Webb et Berthelot, pjíytogr. canar. sect iii., p. 1 54, t. i85 (ií>36-i85o) — Trionychium lusitanum Wehvitsch (in scheda). Scapns simplex, íin speciminibus lusitanis) indivisus, rarius parce ramosus (in alienigenis), plerumque crassas, farctus, 8o BROTÉRIA interdum tortuosus, elatus, 14-40 cm. altus, in sicco sulcatits vel striatus, villoso-glanduloSus, valde squamosus. Squamae ovato-lanceolato-acutae, breviter villosae. Spicae multijlorae, cylindraceo-elongatae, ápice rotundatae vel acaminatae et densiores, inferne flor ibus remotioribus, saepe longe (6 mm.) pedicellatis, 5-25 cm. longae. Bracteae lanceolato-aculae, breviter piloso-glandulosae, cali- cis dentes snbaequantes. Bracteolae linear i-lanceolatae, den- tibns calicis multo breviores. Caliz plus minus glandipilis, 4-dentatus: dentes in basi ovato-triangulares, deinde longissime subulato-lineares, in ápice interdum flssi, biaristati, dimidium corollae valde sn- perantes, suo tubo duplo vel subtriplo longiores. Corollae 12-20 mm. (20-22 mm. Beck) longae, albido-coeru- lescentes (JVeliv.), plumbeo-coeruleae (Beck), super ovariam post anthesim inflato-scariosae, in tertia parte Ínfima velpaulo superius angustatae, exinde parce dilatato-infundibuliformes, erectae vel prone curvatae, rarius linea dorsali tota valde curva et tum deflexae vel decumbentes, extus dense et bre- vissime glanduloso-pilosae. Labium superius bilobum, lobis rotundis; labium inferius laciniis subplanis, ovato-acuminatis, repandis. Filamenta basi non incrassata, superne glabra, inferne parce villosa; antherae basi rotunda, in sutura longe (sed parce) ci- liatae, interdum fere lanatae. Gérmen ovatum; stj'lus parce piloso-glandulosus ; stigma peltaio-bilobum. i.a Obs. O. trichocalycis Bech forma lusitana, a planta ca- nariensi, floribus brevioribus et fortasse scapo crassiore tan- tummodo differt. 2.a Obs. Welwitsch hanc raram speciem, in agro cintrano, anno 1841. primus detexit, sed plantam nutricem non indicavit. Pteris aquilina L., ut nutrix Orobanches trichocalycis Beck indicata fuit, sed hujus rei in posterum exploranda est veritas. J. D ASCENSÃO GUIMARÃES." OROBANCHACEAS Habitat in insulis Canariensibus, Algéria et Hispânia me- ridionali. Floret Aprili-Majo-Junio. (v. s.J. DlSTRIB. CHOROG.: Beira littoral: — Arredores de Coimbra: Santa Clara (Lo- pes Manita!), Cabeço do Fidalgo (Moller!). Centro littoral: — Cintra (Welw.!). 3. Orobanche arenaria Borkhausen Synon. — Orobanche laevis L., Spec. plant., p. 632 (1753) (pro parte); — O. arenaria Borkhausen, Beitrage zur deutschen Flora, in Rõmer's neuem Magaz. f. bot., 1, p. 6 (1797); Schultes, Oesterr. Flora, n,p. 177 (1814); Schultz, Beitrag, p. 9, fig. 6; Reichenbach pat., Icon. vii, p. 47, fig. 929, 93 1 ; Koch, Deutschl. Flor., iv.p. 467; Noulet, Flore sous-pyren., p. 488; Dõll, Rhein. Flora, p. 341 ; Schlechtenda), Flora Germ., xii, 5, t. 4; Beck, Monogr. der Gatt. Orob., p. 128, Cassei, 1890. — Kopsia arenaria Du- mortier, Comm. bot., p. 17; — Orobanche de VArtemise commune J. P. Vau- cher, Monogr. des Orob., p. 65, tab. 14; — Phelipaea arenariaWalpers, Repert. botan., ih, p. 459; Reuter, in DC. Prodr., ix, p. 6; Grenier et Go- dron, Flore franç., ii, p. 625; Reichenbach fil., Icon. xx, p. 86, t. 145; Willkomm, Prod. flor. Hisp., ii, p. 628; Boissier, Flor. orient., iv, p. 495; — Phelipanche arenaria Pomel, Nouv. mater, pour la flore atlant., p. io3; — Kopsia Borkhauseni Caruel, Flora Ital., vi, p. 355. Scapus farctus, saepe crassissimus, 20S0 cm. altas, simplex, piloso-glandulosus, valde squamosus. Squamae 2 cm. circiter longae, ovatae (superiores lanceo- latae). Spica cylindracea, dense multijlora, jloribus amethystineis, inferioribus breviter pedicellatis. Bracteae lanceolatae, cálice subbreriores. Bracteolae stricte lanceolatae, dimidium longitudinis dentium calicis vix at- t ingentes. Caliz quadripartitus, postice dente quinto minuto, enervio: 8'2 BROTÉRIA dentes lanceolato-acuti, mediam corollam aequantes vel exce- dentes, tubo suo sublongiores, glanduloso-pilosi. Corolla 24-35 mm. longa, erecta, infra par um dilatata, in tertia parte Ínfima aliquantulum angustata, supra conspicue inflata, in dorso parum arcuata, raro prone curvata, extus bre- vissime villosa, vel subglabrescens. Labium superius bilo- bum, lobis acuminatis, repandis, dentatis; inferius lobis ro- tundato repandis, inter dum abrupte denticulatis. Filamenti supra basim corollae 5 mm. inserta, glabra; an- t hera 2 breinter apiculatae, in sutura a basi fere usque a d médium copiose lanatãe. Gérmen supra piloso-glandulosum. Stylus piloso-glandulo- sus, in ápice parum curvatus. Stigma bilobum, álbum. Crescit ia arenosis submaritimis Lusitaniae borealis, usque Figueira da Foz, ad radices imprimis Arlemisiae crithmifoliae L. Floret Majo-Junio. (r. s.). Distrib. geogr. — Europa: Hispânia, Gallia, Flandria, Ger- mânia, Helvetia, Áustria, Hungaria, Itália, Bulgária, Rossia; Ásia minor. Distrib. chorog,: Alemdouro littoral: — Caminha, Gabedello (na raiz da Thrincia spec. (?), R. da Cunha.!); Vianna do Castello: Gabe- dello (parasita da Arthemisia crithmifolia L., R. da Cunha !), Praia do Moledo (sobre a Arth. crith. L., R. da Cunha!). Beira littoral:- — Figueira da Foz: dunas, Leirosa (F. Lou- reiro!); Gala (na Arth. crith. L. e na Ágape (?), Moller!); Quiaios (na Arth. crith. L., A. de Carvalho! que foi quem, em 3i de julho de 1866, pela primeira vez, em Portugal, colheu esta espécie); Lavos (Manuel Ferreira!). J. n' ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 83 Sectio II OSPROLEON Wallroth Scapus siniplcx. Spica florit>us sessilihuN, ra- ríssimo breviter petlicellatis, una tautum t>ractea autica suflfultis. Oalicis partes la- terales, inte«frae vei bifidae, plerumqae an- tioe et postice liberae, rarius antice, raris- Siime autice et postice coalescentes. Coi'olla supra gérmen noa» constriota. Stigma laete colorutum. Capsula autice et postice ílelii- sceus, ápice clausa, stylo persistente. Tribus I CURVATAE Beck corolla flavida; línea dorsalis tota valde (in indigenis, parte media, interdum parum) curvata, versus labium superius magis compla- nata. Gérmen antice inferne non gibbosum. Stigma luteum, vel flavo- carneum, bilobum : lobi confluentes, sulco transverso profunde separati. (5- Orobanche lu.coi'u.111. A. Braunn Synon. — Orobanche lucorum A. Braunn, apud Schultz, Ann. d. Gewaechsk. d. Regensb., Ges. v, p. 504 ( i83o); Reichenbach fil., Icon. fl. Germ., xx, p. 96, t. 178; Schlechtendal, Flor. Deutschl., 5. Aufl., t. 1750; Beck, Monog. der Gatt. Orob., p. 186. Scapus gracilis vel firmus, cum est siccus (sicut tota planta) atro-rubens vel obscurefuscus, 16S0 cm. longus, striati/s,piloso- glandulosus, rarins subglabrescens, inferne valde (superne tantum parce) squamosus, in basi saepe clavato-incrassatus. Squamae erectae, ovato-triangulares, vel late aut stricte lan- ceolatae, inferne ut plurimum inibricatae et glabrae, superne remotiores et plus minus piloso-glandulosae . Spica prius subdense ellipsoidea, ápice rolundata, rarius acu- minata, postea cylindrica, infra laxa, floribus horizontal iter patentibus, vel prone curvatis. 84 BROTÉRIA Bracteae orato-lanceolatac, corollam longitudine aequanies vel panou superantcs, plerumque abundanter piloso-glandu- losae, in ápice spicarum juvenilium saepe comoso-condensatae. Calicis partes in basi Iate ovatae, separatae, integrae vel in- aequaliter bidentatae, dente antico saepe minuto; dentes longe vel breviter acuminati, saepe (informis alienigenis) apicem ver- sus subsubulati, tubo corollae multo breviores, uninervii (vel rarius deus posticus subtrinervius), copiose glanduloso-pilosi. Corolla campanulata subampla, vel subtubulosa, supra fila- mentorum insertionem plus minus inflata, flavo-rubens vel pallide flavicans, in sicco fusca vel atro-fusca, extus glandi- pilis; linea dorsalis tota aequaliter et valde curvata, vel (in indigenis) interdum in médio minus, et in ápice magis curvata; labium super ius integrum, emarginatum, vel bilobum, lobis porrectis; labium inferius subaequaliter trilobum, vel lobo médio satis majore; laciniae utriusque labii rotundatae, in margine inaequaliter crenatae, et copiose vel parce glandipiles. Filamenta i,5-3 mm. supra basim corollae inseria, infra saepius copiose et breviter pilosa, interdum minus, rarissime subglabra vel glabra, supra glabra vel perpaucis et brevibus glandulis obsita, nervo médio obscuro et usque ad basim co- rollae perducto. Ântherae apiculatae, interdum concrescentes, mucrone mine brevi, nunc elongato, basi latiore, siccae fuscae vel atrae, co- rollis concolores. in sutura breviter papillosopilosae. Gérmen globosum, ovoideum vel elongatum. Stylus glaber vel parcissime glandipilis. St igm a profunde bilobum, auran- tiaco-rubrum, vel flavo-carneum, tandem violaceofuscum. Beck de duabus sequentibus formis meminit, quae nunquam in Lusitânia sunt inventae. 1 — í^'/7zc<7 = Ox*ol>aiiclie lucorum A. Braunn Corolla fusco-rubra; lábio superiore emarginato, rarius bilobo. 2 — (O.) Rubi = Orobanche Rubi Duby Corolla dilute lutea; lábio superiore profunde bilobo. Florent Junio — Auquslo. J. d'aSCENSÁO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 85 i.a Obs. Orobanche lucorum A. Braunri, 4 maii 1846, in «Serra de S. Luiz», prope Vendas, super radices Qiiercus pseudo-coccife?\ie\Vebb. (?), a claríssimo botânico Welwitsehio primum lecta fuit. Idem insignis vir, quin eam describeret, ei nomen impo- suit Orobanche dr)'oplula n. sp. propter plantam nutricem (Qiiercus, graece <5p0ç). Annis 1848 et 1849, iterum ab ipso in «Serra de Montejuncto» et «Arrábida», ad radices Rubiae pere- grinae L. lecta, et propterea Orobanche Rubiae n. sp. secundo nominata. Post Welwitschium, tantum anno 1882, a claríssimo et mihi amicíssimo J. Daveau haec rara species super eandem Rubiam inventa est. 2.a Obs. Specimina lusitanica Orobanchae Rubi Duby satis affinia, colore luteo corollae, ab ea tamen valde diíferunt aliis notis, v. g.: corollis minoribus, lábio superioreplerumque integro, laciniis in margine minus glandipilibus vel subglabris, calicis dentibus brevi-lato-triangularibus (non longe subulato-acumina- tis), filamentorum vestimento, etc. Ideo huic varietati nomen hesperinam (occidentalem) imponere mihi placuit. |3. (O.) hcsperina Guim. n. var. Scapo plerumque gracili. Squamis tum lineari-lanceolatis, tum late ovatis. Calicis dentibus triangulari-acuminatis, antico minuto vel subnullo, postiço subtrinervio. Corollis erectis, vel horizontaliter patentibus, nunquam prone cur- vatis, brevioribus quam in formis typicis, i3-i6 mm. longis, luteis vel flavi- cantibus, extus parce glandipilibus, rarius subglabrescentibus; linea dorsali interdum aequaliter curvata, plerumque in médio minus arcmita vel subre- cta, in ápice aliquando declivi; lábio superiore porrecto, integro vel leviter emarginato, lábio inferiore inaequaliter trilobo, lobis minutis, sed médio majore, rotundo et in ápice saepius apiculato; omnibus laciniis in margine minute crenulato-dentatis, parce glanduloso-pilosib vel subglabris. Filamentis supra basim corollae 1, 5-2,5 mm. alte insertis, inferne parce et interdum longe pilosis, rarissime omnino glabris, superne glabris vel parcissime glanduloso-villosis ; antheris conspicue mucronatis. Stylo glabro vel raro glandipili. Floret Majo. (v. s.J. 86 BROTÉRTA Distr. geog. — Helvetia, Lombardia, Tirolia, Bavaria, Sa- lisburgia. Distr. chorog.: Centro littoral: — Serra de Montejuncto (muito rara, parasita da Rabia peregrina L., Welwitsch!). Alemtejo littoral: — Serra de S. Luiz, próximo de Ven- das (juncto ao Quercus pseudo-coccifera Webb, Welwitsch !); Serra da Arrábida (muito rara, parasita da Rubia peregrina L., Welwitsch!), valle entre El-Carmen e Portinho (parasita da Rubia peregrina L., Daveau!). Tribus II ARCUATAEBeck COROLLAE DILUTE FUSCO-VIOLACEAE VEL LUTEO-FUSCAE, INTUS AEQUALITER CO- LORATAE, SUPRA STAMINUM INSERTIONEM INFLATAE ; LÍNEA DORSALIS TOTA VALDE CURVATA VEL APICEM VERSUS COMPLANATA. GÉRMEN INFERNE AN- TICE TRIGIBBOSUM. StIGMA LUTEUM, BILOBUM: LOBI GLOBOSI, ANGUSTE CON- FLUENTES, SULCO TENUl TRANSVERSO SEJUNCTI (BeCK). T". Orobanche DEfcapnm Genistae Thuillier Scapus crassus, piloso-glandulosus, rarissime subglabrescens, (cum est siccus) sulcatus, copiose squamosns, 20-80 cm. alttts, inferne valde nodoso-incrassatus, absqi/e radicellis. Squamae inferiores triangulari-ovatae, glabrae vel in mar- gine interdum copiose villoso-lanatae, superiores nt plurimum dense glanduloso-pilosae, longe lanceolato-acutae, 2-4 cm. longae. Spica primam ovato-acuta, densa, demum cylindracea, saepe tota laxijlora, in ápice bradeis crebrius comatae, 5-40 cm. longae. Bracteae longe lanceolatae, longitudinem corollae aequan- tes, saepe superantes, valde fragiles, plerumque dense piloso- glandulosae. Calicis partes ovatae, separatae, vel rarissime antice parce connatae, tubo corollae sa'?pissime breviores, copiose glandu- J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS loso-pilosae, profunde et plerumque inaequaliter bidentatae, dentibus uni-tri-plurmerviis, longe attenuatodineari-acutis. Coiollae 1S-2J mm. longae, dilnte rubro fuscae, vel flavo- roseae, vel luteae, siccae luteo-fuscae, rei tabaci colore, extus plus mtnuspe glandulosopilosae, linea dorsali quandoque tota aequaliter curva, saepe in médio minus et in ápice valde cur- vata; labium super ius integrum, valde latum, aliquando in médio sursum versus subacuminatum, fornicato-carinatam, lobis patentibus vel revolutis; labium infer ius profunde tri- lobum, lobo médio majore, lobis elliptico-rotundatis, crebro acuminatis, lateralibus brevioribus, raro subdeficientibus, omnibus (sicut lábio superiore) in margine obsolete crenato- dentatis, omnino glabris, vel scaberulis, vel parce et breviter glanduloso-pilosis. Filameata in ima basi, vel rarissime 1-2, 5 mm. alte et obli- que inserta, inferne glabra, et ibi trijuetro-incrassata vel lateraliter dilatata, superne sub antheris breviter sed copiose piloso-glandulosa. Antherae aliquando exsertae, oblongae, conspicue aculeatae, in sutura plerumque papillosae, siccae sordido-albae, frequentius coalescentes. Gérmen subovatum, antice in basi luteum, trigibbosum, in ápice piloso-glandulosum. Stylus dense vel parce piloso-glandulosus. Stigma citrinum, bilobum : lobi globosi, longi, angusto-con- fluentes, velutini. Odor saepius gravis seufoedus, spermaticus (sec. A. Braunn). Variat : a. typioa — Orobanehe Rapum Genistae Thuill. Synon. — Orobanehe major Smith (non L.), Engl. Bot., t. 421 (1796); Sutton, in Trans. of the Linn. Soe, iv, p. 175; Orobanehe major La- marck (non L.), Flore franç., ii, p. 327; Orobanehe major Reiehenbach (non L.), Icon. crit., vii, p. 37, fig. 900; Desf., Flore atlant., ii, p. 58; — Orobanehe Rapum Genistae Thuillier, Flore Paris, ed. 2, p. 317 (1799); Poiret, in Lamarck, Enc. meth. Supp. iv, p. 199; Beck, Monogr. der Gatt. Orob., p. 188; — Orobanehe Rapum Thuillier, Cosson et Germain, Flore des env. de Paris, i, p. 3o8 et atl. t. xix A.; Reiehen- bach pat., Icon. crit., vii, p. 43, fig. 923; Reiehenbach fil, Icon. flore BROTERIA Germ., xx, p. 90, t. 157; Reuter, in DC. Prodr., xi, p. 16; Grenier et Godron, Flore franç., ii, p. 628; Willkomm, Prodr. flor. Hisp., 11, p. 621; — Orobanche foetidci Duby (non Desf.), Bot. Gall.,i, p. 349; — Orobanche Sarothamnophyta St. Lager, Cat. de la flore du bassin de Rhône, p. 609. Spicis primum densis, deinde laxifloris. Calicis dentibus frequentius uninerviis, rarius trinerviis. Corollis crebrius 18-20 mm., nonnunquam 25 mm. longis, lábio supe- riore fornicato, omnibus laciniis in margine glabris vel scaberulis. a. 1 — typica. Corollis longioribus quam latis. Antheris plerumque insertis. a. 2 — (O.) euryantha Beck Corollis aeque longis ac latis. Antheris exsertis. Obs. Cl. Moller, prope Gonimbricam (Santo António dos Olivaes), ad radices Ulicis nani Forst. formam legit sequentibus notis praeditam: scapo gracili; spica elongata, laxa, pan- ei flor a, floribus inferioribus valde remotis; calicis dentibus uninerviis; corollis 20 mm. circiter longis, laciniis in mar- gine parum crenulatis, minute scaberulis et parce ciliatis;fila- mentis superne piloso-glandulosis, inferne glabris, vel par- cissime pilosis (uno alterove raro pilo obsitis); antheris coalescentibus, exsertis, siccis subalbidis; stylo piloso-glan- duloso; tota planta sicca atra. Hoc specimen in (O.) euryantha Beck antheris exsertis in- cludendum, ab omnibus formis Orobanches Rapum differt ha- bitu debiliore et graciliore, atque rarissimis pilis basis staminum ; ab (O.) gracilis Smith v. (O.) psilantha Beck (cui persimilis in habitu et ad quam iter aperit), antherarum colore subalbido, non fusco, filamentorum vestimento, corollae laciniis non fim- briatis, etc. valde discrepai. a. 3 — (O.) palatina F. Schultz Corollis luteo-carneis vel lividis. a. 4 — (O.) hypoxantha Beck Corolla (sicut tota planta) lutea. j. d'ascensáq, Guimarães: orobanchaceas 89 a. 5 — (O.) psathyra Guim. n. subvar. (>). Calicis dentibus uni-trinerviis. Floribus erecto-patentibus. Corollis 18-20 mm. longis, extus parce villosis vel subglabris, Iaçiniis in margine leviter punctato-scaberulis. Filamentis sub antheris, germine in ápice styloque parcissime piloso- glandulosis, vel sublaevibus. Tota planta sicca valde fragilis. p. (O.) bracteosa Reuter S pieis jam sub anthesi saepius laxifloris. Bracteis corolla latioribus et longioribus (quandoque duplo). Calicis dentibus plurinerviis. Corollis saepe 25-27 mm- longis, laciniis majoribus, in margine scabe- rulis et saepe parce glanduloso-pilosis, lábio superno minus fornicato. 6. 1 — (O.) bracteosa Reuter Spicis laxifloris. [3. 2 — (O.) pycnostaxys Guim , n. subvar (2). Spicis densis, acuminatis, bracteis longe comosis, floribus minoribus. Obs. Forma (O.) psathyra Guim. in Lusitânia australi primo lecta, viam ad O. rigentem Loiseleur sternit. Hab. in ericetis parasita imprimis ad radices aliquarum Le- guminosarwn fruticum tríbus Genistearum R. Br., et rarius ad radices Cistorum. Floret Aprili-Augusto. Distrib. geogr. — Europa: Hispânia, Gallia, Britannia, Bel- ;ium, Germânia, Helvetia, Itália; Africa: Algéria. (') Psathyra provém do grego i[a6upò$ quebradiço. (?) Pycnostaxys deriva do grego itoxvòí denso, e a Obs. In monographia omnium Orobancharum, O. insó- lita Guim. prope O. bracteatam Viv. collocanda, et utraque parasita uti subspecies O. rigentis Lois., aut vice-versa, haben- dae erunt. Floret Junio. (v. s.). Distrib. chor.: Esta interessantíssima espécie foi descoberta no Bussaco (Beira Central) pelo sr. Wenceslau Lima, em 1879. nas raizes do Eryngium campestre L. e não tornou mais a ser encontrada. Tribus III CRUENTAE Beck COROLLA LUTEA, LIMBUM VERSUS RUBRA, FUSCO-PURPUREA, INTUS INTENSIUS COLORATA ET NITENS, INFERNE SUPRA INSERTIONEM STAMINUM DILATATA ; LÍNEA DORSALIS TUM AEQUAL1TER CURVATA, TUM PARTE MEDIA PARUM CUR- VATA VEL SUBRECTA, IN ÁPICE SAEPE DECLIV1S. GÉRMEN INFERNE ANTICE 3-5 GIBBOSUM. STIGMA LUTEUM STYLO RUBRO CINCTUM, VEL SANGUINEO- purpureum; LOBI GLOBOSI, ANGUSTI, CONFLUENTES, sulco tenui trans- verso SEPARATI. O. Orobanche gi*acilis Smith Scapus gracilis, interdum firmus, rarissime farcto-crassis- simus, W'6o cm. altus, interdum rubescens, plerumque piloso- glandulosus, rarius villosus, rarissime sitbglabrescens, inferne valde squamosus, quandoque parum nodoso-incrassatus, su- perne parce, rarius copiose squamosus. Squamae infernae laxe imbncatae, oratae, glabrae, apicem 94 BROTERIA versus late rei lineari-lanceolato-acuminatae, inaequaliier pi- loso-glandulosae. Spica saepe multijlora, primo crebro densa, cónica vel ovoi- dea, i)i ápice acuta vel rotundata, deinde cylindrica, tantitm inferne vel tota laxijlora. Bracteae ovato-lanceolatae, acutae, piloso-glandalosae, flores longitudine fere aequantes, in ápice spicae ut plurimum tor- tuosae, comam acutam formantes. Calicis partes distinctae, vel rarissime antice parce connatae, ovatae, bifídae, rarius integrae, dentibus ut plurimum inae- qualibus, divergentibus, lineari-subulatis, plurinerviis, copiose piloso-glandulosis, tubo corollae saepe brevioribus. Coiolla erecto-patens vel prone curvala, 12-27 mm- longa, inferne supra flamentorum inseri ionem anticedilatato-saccata, ubi (sicut in tubo) flava, superne extus et intus nervisque atro- rubens, extrinsecus plus minusve glanduloso-pilosa, intrinsecus glaberrima; linea dorsali aequaliter curva, inter dum in ápice minuto apiculo sursum versus terminata. Labium supcrius integrum vel emarginatum, raro bilobum, carinato-subforni- catum, lobis brevibus, saepe latis, primo porrectis, postea r.e~ Jlexis; labium inferias profunde trilobum, lobis magnis pli- cis, extus valde concavis, separatis, lobo médio lateralibuspaulo majore, prius concavo, raro dejlexo: utriusque labii lobis ro- tundatis, in margine fimbriato-glandiãosis, inaequaliter denti- culatis, denticulo médio inter dum mamio. Filamenta sanguínea, proxime basim corollae vel 1-2 mm. (rarissime 3-4 mm.) alte et oblique inserta, et prope insertionem glandulam nectariferam gerentia, inferne incrassata, dense (rarius parce) pilosa, superne plus minus piloso-glandulosa, raro subglabra; antherae oblongae, plerumque coalescentes, inclusae, rarissime exsertae, siccae dilute fuscae, in sutura parce papillosae, breviter mucronatae, mucronc interdum curvato. Ovariam subovatum, infra sanguineum, antice trigibbosum, supra piloso-glandulosum. Stylus sub stigmate et circa ipsum sanguineus, glanduloso- pilosus; stigma citrino-aurantiacum, post anthesim exsertum, J. d'aSCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACE AS gb bilobum vel bicruve, lobis globosis, anguste conjluentibus vel divaricatis, velutinis. Capsula cal icem longitudine excedais. Odor caryophyllaceus. Variat : «■ typica — Orobanche grraeilis Smith Synon. — Orobanche gracilis Smith, in Transact. of the Linn. Soc.^iv, p. 172 (1797); Willd., Spec. plant., iii, p. 35 1; Wallroth, Orob. gen.. p. 3g; Rei- chenbach fil., Icon. flor. Germ. et Helv., xx, p. 02, tab. i5q; Beck, Mo- nogr. der. Gatt. Orob., p. iq5; — O. cruenta Bertoloni, Rar. It. plant. dec. 3, p. 56 (1810), et Flora. Ital., vi, p. 430; Cosson et Germain, Flore des envir. de Paris, i, p. 3o8, t. xix; Reuter, in DC. Prodr. xi, p. 1 5; Grenier et Godron, Flor. franç., ii, p. Õ29;Willkomm, Prodr. flor. Hisp. 11, 621 ; — Orobanche de VUlex d'Europe Vaucher, Monogr. des Orob. p. 44 — Orobanche du Dorichnium ligneux Vaucher, ibidem, p. 46, t. 3 — Orobanche du Genèt germanique Vaucher, ibidem, p. 39; — Oro- banche caryophyllacea F. Schultz, Beitr., p. S ; — Orobanche Ulicis Des Moulins, in Ann. scienc. natur., ser. 2, iii, p. 71; — Orobanche cruenta ^. Ulicis Reut., in DC. Prodr. xi, p. i5. — Orobanche vulgaris Gaudin (non Poiret), Flora helv., iv, p. 176, t. 2;— Orobanche vulgaris Noulet, (non Poiret), Flore Sous-Pyren. p. 484; — Orobanche grandiuscula Moris., Diagn. stirp. Sard., p. 2; — Orobanche Welmtschii Nyman, Consp. fl. Europ., p. 552. Scapo parce squamoso. Floribus 12-27 mm. (plerumque 20 mm.) circiter longis. Corollae labii superioris lobis ut plurimum brevibus. Filamentis supra piloso-glandulosis. Sequentes formae in Lusitânia crescunt: a. 1 — (O.) exandra Guim. n. subvar. Scapo perexili. Spica laxa, interdum multiflora, floribus 10-17 mm. (crebrius i5 mm.) longis. Corollis linea dorsali aequaliter vel prone curvata, fauce minuta. Filamentis i,5 mm. supra basim corollae insertis; antheris ac stigmate interdum longe exsertis. Obs. Primo aspectu forma (O.) exandra abortiva esse vide- 96 BROTÉRIA tur, sed, cura omnia specimina lecta in eadem regione easdem notas constanter gerant, vera et constans forma dicenda. a. 2 — (O.) elachista Beck Scapo debili. Spica laxa, pauciflora, floribus erectis vel erecto-patentibus, 15-17 mm. longis. Corollis campanuliformibus, linea dorsali parce curvata, lábio superno inferno longiore. Filamentis i,5 mm. alte insertis. Obs. Utrum forma (O.) elachista Beck nostram (O.) exan- dram contineat, non facile dixerim. Sed forma diversa mihi vi- detur, cum Beck nihil de exandria formae (O.) elachistae Beck dicat. a. 3 typica — -O. gfracilis Smith Scapo saepe humili. Spicis pauco-laxifloris. Corollis 20 mm. circiter longis, longioribus quam latis. a. 4 — (O.J polyantha Beck Scapo gracili vel firmo, interdum crassissimo. Spicis multifloris elongatis, in ápice rotundatis. Corollis 20 mm. circiter longis, longioribus quam latioribus. a. 5 — (O.) cónica Beck Spicis subdensifloris, in ápice acuminatis. Corollis 20 mm. circiter longis, longioribus quam latis. a. 6 — (O.) dentiloba Beck Corollis 20 mm. longis, longioribus quam latis, laciniis saepe majoribus denticulato-incisis, vel dente médio majore praeditis. a. 7 — (O.) psylantha Beck Synon. — O. cruenta var. glabra Willkomm, Prodr. fl. Hisp., 11, P.G21. Scapo atro-purpureo. Corollis circiter 20 mm. longis, longioribus quam latis, siccis sub- glabrescentibus, nitentibus, obscure flavo-purpureo-atris. Planta glabrescens. a. 8 — (O.) ampla Beck Corollis 20 mm. circiter longis, aeque longis ac latis vel brevioribus J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: ORORANCH ACE \S 97 a. 9 — (O.) orgeia Beck Synon. — Orobanche versicolor Welwitsch, in schedis exsiccatarum. Scapo gracili, rarius firmo. Spicis prius densis, postea cyimdraceo-laxis. Corollis longioribus quam latis, 18-21 mm., plerumque 22-23 mm. interdum 24-25 mm. longis; laciniis saepe majoribus et intense coloratis. Filamentis plerumque 1-2 mm., rarius 2,5-3 mm , rarissime altius inser- tis, interdum superne breviter et parce glandipilibus. Obs. Diftert a varietate (3. (O.) Spfuneri Schultz imprimis scapo squamoso et spica Iaxiore. Nec confundenda cum O. variegata Wallr., a qua, bracteis squamisque glanduloso- pilosis (non villosis), insertione filamentorum i-3 mm. (non 3,b-q mm.) supra basim corollae, etc, multo magis discrepat. a. io — (O.) tnegista Guim., nov. subvar. (') Scapo crassiore, parce squamoso. Spicis magnis, multirloris, prius densis, dein laxifloris. Corollis longioribus quam latis, maximis, 22-27 mm- loogis, in fauce labii; intense ãtris, lábio superno magis dilatato, lobis reflexis. Filamentis inferne valde pilosn, superne dense glandipilibus, supra basim corollae 2-3 mm. alte insertis. a. 1 1 — (O.) panxantha Beck Stigmate styloque fiavis. Planta tota citrina, vel albido-flavescens. Obs. (O.) panxantha Beck, floribus minoribus, nonnunquam, cum est sicca, (Orobanchae) elachistae Beck aut (O.) exandrae Guim., valde similis. nec facile discriminatur. p. (O.) Spruaeri Schultz Scapo saepissime valde squamoso. Spicis prius densis, floribus 12-25 mm. longis. Corollae lábio superno lobis latioribm et nervis obscuris perductis Filamentis inferne pilosis (non pilosulis vel subglabris, sicut in O. va- riegata Wallr.), superne parce glanduloso-pilosis vel subglabris. (') Megista vem do grego (léywres máximo. q8 brotéria Formas sequentes in Lusitânia inveni: p. i — (O.) sirobilacea Guim., nov. subvar. (') Scapo debili. Spicis ovoideis, densis. Bracteis parce piloso-glandulosis vel subglabris. Corollis 10-17 mm. (ut phirimum i5 mm.) longis. Filamentis infra parce et breviter pilosis, o,5-i,5 mm. alte insertis. p. 2 — (O.) Spruneri Schultz Scapo firmo, crasso. Spicis prius densis, demum elongatis, inferne plus minusve laxis. Bracteis ut plurimum dense pilosis. Corollis 20-25 mm. longis. Filamentis inferne longe pilosis, o,5-3 mm. alte insertis. Habitat in montanis et ericetis, Leguminosis et Cistis prae- sertim innata. Floret Aprili-Julio. Circa Serpa Februario-Martio varietas (O). Spruneri Schultz lecta jam fuit. (v. v.). DiSTRiB. geogr. — Europa : Hispânia, Gallia, Helvetia, Ger- mânia, Áustria, Hungaria, Serbia, Bulgária, Itália, Graecia; Ásia: Transcaucasia; Africa: Algéria. Distrib. chor.: a. Orobanche gM-aeilis Smith x. 1 — (O.) exandra Guim. Beira transmontana: — Castello Mendo, Moita do Car- valho (R. da Cunha!). Beira meridional: — Arredores do Alcaide: Barroca do Chorão (parasita da Genista falcata Brot., R. da Cunha!), sitio da Serra (parasita do Sarothamnus grandiJJorus Webb, (') Sirobilacea deriva de arpoas» pinha. J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS Q() R. da Cunha!); Figueiró dos Vinhos (forma de transição entre a. i e y. 2, J. Victorino de Freitas!); arredores de S. Fiel (J. da Silva. Tavares!). Beira littoral: — Coimbra: Quinta Regional (forma de transição entre y. i e a. 2, Lopes Manita!). a. 2 — (O.) elachista Beck Beira meridional: — Arredores de S. Fiel (forma de tran- sição para a. ir, Zimmermann!). Algarve: — Serra do Alferce, Malhada Velha (José Bran- deiro!). a. 3—(0.J gracilis Smith Beira central: — Serra da Louzã: Villeirinho (Dr. Júlio Henriques !); próximo de Góes, na beira da estrada (A. Gui- marães !). Algarve: — Monchique (A. Guimarães!). y. 4 — (O.) polyantha Beck Centro littoral: — Arredores de Cascaes: Caparide (nas raizes dos Ulex e Cistus, Fl. lus. Soe. Brot., n.° 1029, P. Cou- tinho!). Alto Alemtejo: — Redondo (hastea muito desenvolvida e grossa, com i5 mm. de diâmetro na parte inferior, Pitta Simões !). Alemtejo littoral: — Do Poceirão a Pegões (nas raizes das Genistas, forma entre a. 3 e a. 4, Daveau!). a. 5 — (O.) cónica Beck Beira meridional: — Castello Branco, Carvalhinho (juncto ao Pterospartum tridentatum Spach, R. da Cunha!). a. 6 — (O.) dentiloba Beck Beira littoral: — Miranda do Corvo (B. F. de Mello!). Centro littoral:— Torres Novas, Casal Velho (parasita da Genista triacanthos Brot., R. de Cunha!); Hagrizolla (pa- rasita da Pulicaria odora Rchb., forma de transição para a. 1 e x. 2, R. da Cunha !). 100 BROTERIA a. 7 — (O.) psilantha Beck Algarve: — Monchique (na raiz do Cistus sp., Moller!). y.. S — fO.J ampla Beck Alemtejo littoral: — Valle do Zebro, pinhal (na raiz do Ulex sp., Moller !). «. g — (O.) orgeia Beck Alemtejo littoral: — Valle do Zebro, Arrentela, Seixal, Amora (parasita da Gcnista triacanthos Brot., Welwitsch!); Villa Nova de Caparica (nas Genistas, Daveau!). Algazarra (pa- rasita da Gcnista triacanthos Brot.,' Daveau!); S. Thiago do Cacem, e S. Bartholomeu (Daveau!). Algarve: — Entre Faro e S. Lourenço (nas raizes da Gc- nista triacanthos Brot., forma de flores menores, transitando para a forma typica da O. gracilis Smith, Welwitsch!); Pontal (parasita da Gcnista triacanthos Brot., J. Brandeiro!). a. io — (O.) megista Guim. Alemdouro transmontano: — Bragança, monte de S. Bar- tholomeu (nas Genistas, Moller!); Freixo de Espada á Cinta (J. de Mariz'). Beira meridional: — Castello Branco, Monte Brito (R. da Cunha!); arredores de S. Fiel: Gardunha, prox. da Torre (Zimmermann!. J. da Silva Tavares!). a. ii — (O.) panxantha Beck Beira meridional: — Arredores de S. Fiel (J. da Silva Tavares!). Centro littoral: — Próximo do Estoril, nos pinhaes (nas raizes dos Ulex, com a. 4, mas muito mais raro, n.° 1082, Pe- reira Coutinho!). p. Sprnneri Schultz [3. 1 — (O.) strobilacea Guim. Alemdouro littoral: — Braga (Álvaro Sequeira!). J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS IOI Alemtejo littoral: — Alfeite (parasita da Genista triacan- thos Brot., R. da Cunha !); serra da Arrábida (Welwitsch !). |3. i~(0.) Spruneri Schultz Alemdouro littoral: — Valença, Rapozeira, Olival de Santa Barbara (R. da Cunha !). Centro littoral: — Entre Malveira e o Cabo da Roca (Daveau!). Alemtejo littoral: — Arrentela (Welwitsch, íide Beck). Baixas do Guadiana: — Arredores de Serpa : Dandufo (juncto á Retama sphaerocavpa Boiss., Daveau!). IO. Orobanche variegata Wallroth Synon. — Orobanche variegata Wallroth, Orob., p. 40 (1825); Reichenbach fil., Icon. fl. Germ., xx, p. 93, t. 160. — Orobanche grandi/IoraPresl^FLOR. sic , 1, p. xxxiv; — Orobanche du Cytise à balais\Taucher, Orob., p. 43; — O. condensata Moris., Stirp. Sard. elench. 2, p. 8; Bertoloni, Flor. Ital., vi, p. 433 ; Reichenbach fil, Icon. fl. Germ., xx, p. g3, t. 2 1 3, fig. 1 ; — O. foetida DC., Flore franç., v, p. 392; Duby, Bot. gall., i, p. 349. Scapus firmus, 3o~65 cm. altus, valde squamosus, radicellis persistentibus, siccus atro-purpureus, striatus, et glandipilis. Squamae inferiores oblongae, glabrescentes, quandoque den- ticulatae vel creniãatae, imbricatae; superiores lanceolatae, longe acuminatae, satis sejunctae, in margine glabrae, extus obscure glanduloso-villosae vel pilosae. Spica cylindrica, multijlora, in parte superiore rotundata, inferne laxa, Jloribus erecte vel hori\ontaliter patentibus, 1S-2S mm. longis. Bracteae in basi lato-ovatae, dein attenuato-acuminatae, ob- scare glanduloso-villosae, vel pilosae. Calicis partes liberae, siccae fuscae, vel luteo-fuscae, biden- taiae, vel denticulo subtridentatis, dente antico saepe minore, dentibus tubo corollae brevioribus et longe glandulosopilosis. Coiolla rubro-fusco-sanguinea, labiis siccis atropurpureis, ceteris partibus castaneis, supra staminum insertionem conspi- 1 02 BROTERIA cue dilatata, extus subcopiose obscure glandulosopilosa; línea dorsalis in basi curva, parte media parum curva vel sabrecta, tandem declivis. Labium super ius iniegrum vel emargina- tum; labium inferi us lobis rotundatis, magnis plicis disjun- ctis, inaequalibus, lobo médio fere duplo; laciniae omnes in margine denticulato-crenulatae, glanduloso-villosae, glabre- scentes (in aliegenis) vel glabrae. Filamenta 2-4 mm. oblique alte inserta, inferne breviter et parce pilosa, superne perspicue glandipilia. Antherae oblon- gae, mucrone recto vel subincurvo, in sutura usque ad médium pilosae, siccae luteae. Gérmen ellipsoidewn, in basi antica trigibbosum. S tf lus co- piose glandipilis. Stigma bilobum: lobi divergentes, lutei, mox rubesc entes (Beck). Florct Majo-Junio. Obs. O. variemta Wallroth, nondum in Lusitânia indi- cata, solum anno 1847 a Welwitschio lecta fuit, in Algarbiis, prope Vi lia Nova de Portimão, ubi frequens in collibus mariti- mis, super radices Ononidis hispanicae L. Distrib. geogr. — Europ.: Gallia australis, Itália, Hispâ- nia (?); Africa: Algéria. 11. Orobanche foeticla Poiret Scapus debilis seu gracilis, vel valde jirmus, rarius crassus, g-jo cm. ai tus, in basi plerumque parum incrassatus, atro- purpureus vel atro-fuscus, parce glandipilis, perraro glaber, parce (rarissime copiose) squamosus. Squamae oblongo-lanceolatae, inferiores interdum 28 mm. longae, saepe glandulosopilosae, rarius glabrae. Spica 3-multifora, cylindracea, in ápice densa, rotundata, interdum prius tota densa, ovato-acuminata; jloribus erecto- palcntibus. rarissime hori^ontalipatentibus, 10 2j mm. longis. J. D'ASCENSÁO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS Io3 Bracteae lanceolatae, longe acuminatae, corollam longitu- dine subaequantes vel superantes, rarissime bveviores, ut plu- rimum copiose (rarius parce) albo-piloso-glandulosae, raris- sime glabrescentes, in ápice spicae saepe dense congestae. Calicis partes late oratae,plus minusve antice, relantice simul et poslice, connatae et in commissnra antica aliquando bre- viter denticulatae, interdum in spicae Jloribus inferioribus omnino separatae, in mediis parce, et in superioribus magis antice connatae, plerumque bidentatae; dentes saepissime longe fliformiter a?~istati, corollae tubum subaequantes, ut plurimum denticulis praediti, saepe copiose albo-piloso-glandulosi. Coiolla tota atro-purpurea rei solummodo rersus basim rufa, tubulosa vel rarius late saccata, supra insertionem stamimim paulum, sursum versus magis dilatata, infra labium inferius ma- gnis plicis instructa, tenuis, papyracea, extus glabra rei parce glandipilis; linea dorsalis valde variabilis, tum parte media par um curva et superius valde, tum tota par um curvata, tum in médio subrecta vel subconcava. Labium superius plicato- bilobum, emarginatum vel subintegrum, lobis erectis, patenti- bus vel retroversis, latis, rotundatis vel truncatis; labium in- fernum lobis subaequantibus vel médio majore, late rotundatis vel truncatis; laciniae omnes in margine glabrae, inaequaliter et profunde denticulatae vel crenato-dentatae, crispae. Filamenta o,5-j mm. supra-basim corollae oblique inserta, inferne glandulis in modum arcus incurvis saepius instructa, ubi (sicut accidit in parte corollae subjacente) pilosa solum in margine, vel glabrescentia (tunc solum pars subjacens est pi- losa), vel rarissime glabra, superne subglabra, vel pi lis glan- dulferis brevissimis obsita. Antherae siccae luteo-fuscae, castaneae vel luteae, plerumque in sutura pilosae ('). (!) Embora Beck não registre este pequeno pormenor dos saccos pol- linicos apresentarem pêlos nas bordas, observação que, aliás, fez nas dia- gnoses das espécies visinhas (O. variegata Wallr. e O. sanguínea Presl), é certo que verificámos a sua existência, não só em todas as variadíssimas for- mas portuguezas da O.foetida Poiret, mas ainda, no herbario deWillkomm, em exemplares hespanhoes da forma genuína d'esta interessante espécie 1 04 BROTERIA Gérmen ellipsoidewn, dilute parpurenm, vel atro-sanguineum. Stylus glandipilis, atro-purpureus. Stigma bilobum: lobi lutei) fusci rei purpurei, velutini, rotundati, denium elongali. Obs. Pulcra haec species in lusitanis collibus multiplicem formam exprimit et vere pol)Tmorpha dicenda. Hae formàe, quamvis similitudinem quandam referant cum Orobanche san- guínea Presl. ob insertionem non adeo altam et vestimentum staminum parcius pilosum, tamen ad Orobanchen foetidam Poiret revocanda, praecipue propter dentes calicis filiformes, colorem atriorem faucis corollae, dorsum.ejusdem corollae non prone incurvum, etc. Ad eas omnes ad hanc speciem Poiret referendas, opus mihi fuit descript onem ab omnibus admissam nonnihil immutare. Variat : i — A typica — Orotmuolie foetida Poiret Synon. — Orobanche foetida Poiret, Voyage en Berber. Itin., ii, p. iy5 (1786) (Orob. caule simplicíssimo, pubescente ; antheris exertis, mucronato- spinosis); Lamarck, Dict. Bot. Encycl. Meth., iv, p. 621; Beck, Mo- nog. der Gatt. Orob., p. 2c3; — Orobanche foetida Desf., Flor. atl., ii, p. 5(), t. 14 (1S0S); Reichenbach, Icon. vn, p. ^4, fig. 924; Reuter, in DC. Prodr. xi, p. 18; \Yillkomm,Pkoi)R. fl. Hisp., 11, p. 622. Floribus circiter 2 cm. longis, interdum longioribus. Corollae linea dorsali in lábio superno valde curvata; labii inferioris laciniis subaequalibus. Filamentis supra basim corollae 3-j mm. insertis, infra pilosis, supra piloso-glandulosis, vel subglabris. Stigmate luteo. Beck quatuor formas enumerat, nondum omnes in Lusitânia lectas. 1 — typica Floribus fere 2 cm. longis. Bracieià flores longitudine pafuni superantibus. J. D1 ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS IOb 2 — (O.) comi gera Beck Bradeis flores conspieue superantibus. 3 — (O.J Hookeriana Bali. Bradeis floribus explicatis dimidio brevioribus. Calicis dentibus saepe brevioribus. Staminibus imae basi corollae insertis. Planta subglaberrima. 4 — (O.) pusilla Beck Floribus parvulis, io-i5 mm. longis. i.a Obs. Clarissimus.Beck (O.) Hookerianam Bali., ab ipso nondura visam, in dubium revocat. Aliunde mihi etiam videtur hanc formam, sicut et ( O. Jpusi liam, posse aâ(O.J Broteri Guim. referri. Sunt enim vere formae ochrostigmae, ideoque prima brevibracteata ad formam (O.) diamesam Guim., secunda ad (O.) metalmenam Guim., imo et ad (O.) apatelam Guim., re- vocanda. 2.a Obs. Forma typica, in Hispânia australi sat vulgaris, forsan in posterum ad ripas Anae fluminis in Lusitânia inve- nietur. B — (Orobauche) Broteri Guim., subsp. nov. Svnon. — Orobanche foetida Lusitanica Brotero, Phyt. lus. sei.ect., 11, p. 149, t. 145;— Orob. Lusitanica, flore atropurpureo Tournefort, I. R. H., p. 176; — Orobanche barbata atropurpurea Brotero, Fl. lusit., 1, p. i83; — Orobanche foetida Hoffm. et Link, ¥1.. lusit., i, p. 3 16, t. 62. Floribus 10, quandoque 1 5 - 1 7, rarius 18-20 mm., longis. Corollae labii inferni laciniis inaequalibus, médio majore. Filamentis i-2,5 mm. (raro altius) insertis, parte Ínfima parce pilosis, interdum subglabris, rarissime gla^ris, supra glandipilibus vel glabrescen- tibus. Stigmate fusco, purpúreo, aurantiaco vel luteo. Planta inodora. Obs. Broterus (in Phytographia) hanc Orobanchen flori- bus atro-purpureis ita apprime describit ut nihil perfectius hac descriptione, cLamnum, mihi compertum sit. Nec solum me- o6 BROTÉRIA minit de forma stigmate fusco prope Olisiponem pervulgata, sed et formam luteam describit. Hac de causa aequum mihi visum est, hanc subspeciem tanti viri memoriae dicare. a. — (O.) ochrostigma Guim., nov. var. (') Stigmate lobis luteis, rarissime rufis, aurantiacis, vel fere luteis, mar- gine vix conspicue purpúrea. Hae formae in Lusitânia crescunt: a. i — (O.) siphonopoteria Guim., nov. subvar. (;) Spicis cylindraceo-elongatis, in ápice rotundatis, inferne laxis, fere ' usque ad basim scapi floribus remotis et istic subpedicellatis. Calicis partibus antice posticeque connatis. Corollis erecto-patentibus, dilatatis, in sicco rugosis, 17-22 mm. longis, extus parcissime glanduloso-pilosis vel glabris; linea dorsali magis curvata; lábio superiore integro-truncato vel bilobo, inferiore lobo médio lateralibus majore. Filamentis i-3 mm. alte insertis, inferne parce pilosis, superne glan- duloso-pilosis. Antheris oblongis, luteo-fuscis, mucrone recto. Planta firma, parce pilosa, cum est sicca castanea. a. 2 — (O.) platantha Guim., nov. subvar. (3) Synon. — Orobanche elegans aestiva atropurpurea Tourn., Itinerário (De- NOMBREMENT DES PLANTES QUE IAY TROUVE EN PORTUGAL EN 1689); O. lusitanica flore atropurpurea Tourn., Institutiones rei herbariae. Spicis elongatis, in ápice rotundatis, densis, parte infima laxioribus. Calicis partibus postice liberis, antice concrescentibus, vel inferne sub- liberis. Co7'ollis dilatatis, in sicco rugosis, 17-23 mm. longis, interdum extus in nervo dorsali breviter alatis, linea dorsali magis curvata, extus parce glanduloso-pilosis et brevissime sub lente villosis; lábio superno bilobo, lobis magnis retroflexis, lábio inferno lobis magnis, subaequalibus vel médio majore. Filamentis inferne parce pilosis, superne perspicue glandipilibus, supra basim corollae i-3 mm., interdum altius insertis. Antheris luteis, latis, longe et recte mucronatis. Planta robusta, in sicco castanea. (!) Ochrostigma deriva do grego àyoh; amarello, e aTfyu.a estigma. (2) Siphonopoteria provém de aícpwv tubo, e «o-nipcov copo. (3) Platantha deriva do wXarúí amplo, áv6&? flor. J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS IO7 a. 3 — (O.) diamesa Guim., nov. subvar. (!) Spicis cylindraceis, ut plurimum subdensis, rarius inferne laxis, in ápice rotundatis, rarissime acutis. Calicis partibus in fioribus supernis spicae coalescentibus, in inferio- ribus saepe concrescentibus, interdum liberis. Bradeis plus minusve piloso-glandulosis, glandulis fuscis. Corollis 16-20 mm. longis, saepe dilatatis et tum in sicco rugosis, non- nunquam tubulosis, extus glabrescentibus; linea dorsali insuper ut plurimum magis curvata, in médio aequaliter curva, rarius sub- concava; lábio superno integro vel bilobo, inferno lobis interdum subaequalibus, plerumque médio majore. Filamentis supra perspicue glandipilibus, infra parce pilosis, i-3 mm., rarius altius insertis. An th e ris luteis, plerumque subexertis, mucrone saepe incurvo. Planta gracilis, sicca atro-purpurea. a.. 4 — (O.) anomola Guim., nov. subvar. (2) Scapo atro-purpureo, 17-50 mm. alto, inferne lato-incrassato et longe copioseque squamoso. Squamis inferioribus glabrescentibus, ceteris dense albo-piloso-glan- dulosis. Spicis in ápice subacuminatis, densis et scopulas bracteis formantibus, inferne fioribus longissime remotis, quandoque conspicue (2 mm.) pedicellatis. Bracteis copiose et in sicco obscure glandipilibus, flores aequantibus vel superantibus. Calicis partibus antice coalescentibus, dentibus filiformibus, longe pi- loso-glandulosis. Corollis tubulosis vel subdilatatis, erecto-patentibus, i5-i8 mm. lon- gis, extus glandipilibus, tubo infra albo-luteo, supra dilute purpú- reo, labiis atro-purpureis; linea dorsali a basi usque ad labium superius parum (parte superna valde) curvata; lábio superno bilobo, inferno lobis subaequalibus, nonnunquam in médio longe apiculatis. Filamentis purpureis, supra basim 2-3 mm. alte insertis, inferne glabris, intra corollam (in parte subjacente) parce pilosis, superne glan- dipilibus. Antheris (tum vivis, tum siccis) castaneis, in sutura usque ad médium pilosis (pilis albidis), mucrone brevi, recto, in basi conjunctivo interdum breviter apieulato. Stylo glandipili, infra luteo-albo, supra vinaceo, bifurcato. (') Diamesa deriva do grego ítáuecroí intermédio {-) Anomola do grego áviaoio; dissemelhante. 08 BROTÉRIA Stigma bilobo, lobis luteis. Planta robusta, valde piloso-viscosa. a. 5 — (O.) metalmena Guim., nov. subvar. (') Scapo gracili, inferne parce incrassato, plerumque satis squamoso. Spicis plerumque acutis et densis. Calicis partibus antice coalescentibus, postice etiam aliquando con- crescentibus. Bradeis albo-glanduloso-pilosis. Corollis erecto-patentibus, i5-i6 mm. longis, extus parce glandipilibus; linea dorsali aequaliter curvata, in lábio superiore interdum magis incurva; lábio superno bilobo, inferno lobis subaequalibus. Filamentis supra basim corollae o,5-i,5 mm. (rarius altius) insertis, in- ferne pilosis vel rarius glabrescentibus, superne parce glandipi- libus vel glabrescentibus. An th e ris siccis luteis, mucrone incurvo. Stigmatis lobis luteis, interdum rufis vel aurantiacis. a. 6 — (O.) apatela Guim., nov. subvar. (2) Synon. — Orobanche foetida Poiret v. 4 (O.) pusilla Beck, Monog. der Gatt. Orob., p. 2o5. Scapo gracili, saepe valde squamoso, 30-40 cm. alto, solum breviore cum planta est juvenis. Spicis densis, acutis, rarius sublaxifloris. Calicis partibus in floribus supernis spicae coalescentibus, in floribus infernis iiberis, rarissime breviter connatis. Bradeis copiose albo-piloso-glandulosis, flores aequantibus, quin imo et saepe superantibus. Corollis 1 3 - 1 5 mm. longis, linea dorsali valde concava, in ápice magis incurva. Filamentis supra basim corollae o,5-i, 5 mm. alte insertis, inferne parce pilosis, vel subglabris, superne parce glandipilibus. An the ris luteis. Stigmatis lobis luteis, rarissime in margine purpureis. a. 7 — (O.) eyrystaxys Guim., nov. subvar. (3) (*) Metalmena deriva do grego prráXpÊvpc transitando. (2) Apatela provém de ar;a.rrX% enganoso. (3) Eyrystaxys, do grego eupuç frouxo, e ott/uí espiga, deveria escrever- se eyrystachys, porque o X grego corresponde ao Ch germânico. Já a paginas 89 escrevemos pycnostaxys em vez de pycnostachys; mas ahi fize- mol-o assim para distinguir a forma descripta da O. pycnostachya Hance. Em todo o caso, uma e outra palavra, como as escrevemos, são incor- rectas, e, embora se dê ao auctor da espécie liberdade para lhe dar o nome que lhe approuver, melhor seria ter adoptado outras. J. D'ASCENSÁO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS I 00, Ab Orobanche apatela, cujus est forma, differt scapo humiliore ( 1 5-25 cm. alto), spicis laxis paucifloris, et corollis linea dorsali aequali- ter curvata, vel subrecta, nunquam subconcava. p. (O.) iodestijçf ma Guim., nov. var. (') Calicis dentibus filiformibus. Corollis labii inferioris lobis inaequalibus, médio param majore. Stigmate lobis atro-purpureis, fuscis vel vinaceis, rarius aurantico- subluteis. Sequentes complectitur formas : p. i — (O.) dittosa Guim., nov. subvar. (2) Scapo crasso vel gracili, interdum valde squamoso, inferne parce in- crassato. Squamis plerumque lineari-lanceolatis, elongatis. Spicis densis, cylindraceis, in ápice rotundatis. Bradeis pilosis, flores aequantibus vel superantibus. Calicis partibus coalescentibus, rarius in floribus inferioribus sub- liberis. Corollis tubulosis, tantillum inflam, i2-i5 mm. longis, extus breviter et parce piloso-glandulosis; linea dorsali aequaliter curva vel in médio interdum subconcava. Filamentis glabrescentibus, o,5-i mm. supra basim corollae insertis. An th e ris perspicue mucronatis. Planta parce pilosa. p. 2 — (O.) amphibola Guim., nov. subvar. (3) Scapo firmo vel gracili. Spicis densis, elongato-acuminatis, bracteis in ápice comosis, siccis 20-25 mm. latis. Bracteis dense albo-glanduloso-pilosis, flores aequantibus vel exce- dentibus. Calicis partibus in floribus supernis connatis, in infernis liberis. Corollis 1 5 - 1 7 mm. longis, linea dorsali aequaliter curvata; lábio in- feriore lobis subaequalibus. Filamentis inferne parce pilosis, superne parce glandulosis, i ,5-3 mm. alte insertis. An th e ris siccis luteis vel fuscis. (') Iodestigma deriva de iá$m rubiginoso, e arifuá estigma. (2) Dittosa provém de &ittòí dissimulado. ^3) Amphibola vem de òjAçsêoXos duvidoso. 110 BROTIiKIA Stigmate ut plurimum piloso. Planta satis pilosa, sicca atro-purpurea. Obs. O. amphibola Guim. ad O. sanguineam Presl velut transitus extat. p. 3 — (O.) melamporphyrea Guim., nov. subvar. (') Scapo gracili, interdum subfirmo, elatiore. Spicis elongatis, in ápice denso-rotundatis vel acuminatis, inferne post anthesim laxifloris, siccis 30-40 mm. latis. Bradeis plus minusve pilosis. Calicis partibus in floribus superioribus spicae aliquando antice et postice coalescentibus, in inferioribus liberis. Corollis extus glabrescentibus, 17-23 mm. longis, fere totis atro-purpu- reis, linea dorsali in ápice saepe valde curvata. Filamentis 2-4 mm. alte insertis, infra parce pilosis, supra parce glan- dipilibus. Antheris luteis, vel fuscis. Obs. Forma gracilior scapo debili, in sicco valde similis Orobanchae ejrrystaxysi Guim., interdum promiscue invenitur. p. 4 — (0.) xanthoporphyrea Guim., nov. subvar. (2) Spicis elongatis, laxis, in ápice acuminatis, siccis 3o mm. latis. Bradeis flores subaequantibus, parce pilosis vel glabrescentibus. Calicis partibus inferne liberis, superne coalescentibus. Corollis tubulosis, 1 5 - 1 7 mm. longis, usque ad médium aut in totó fere tubo rufis; linea dorsali aequaliter curvata, rarius in ápice magis curvata. Filamentis 1-2, 5 mm. alte insertis, inferne glabris, vel glabrescentibus, vel pilosis in margine. Planta gracilis, parce pilosa. p. 5 — (O.) epileda Guim., nov. subvar. (3) Calicis partibus liberis, vel vix in floribus superioribus brevissime coa- lescentibus. Corollis campanulato-inflatis, supra insertionem staminum sensim dila- tatis, fere aeque latis ac longis. Gaetera ut in forma praecedente. (!) Melamporphyrea do grego piXa; negro, e 7vopcpúpc&; purpúreo. (2) Xanthoporphyrea do grego Çavôbí amarello e .-vopcpópÊ&ç purpúreo. (3) Epileda deriva de siuXsctoí escolhido. J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS I I I p. 6 — (O.) phalacra Guim., nov. subvar. (') Bradeis flore longioribus. Planta glaberrima. Cetera uti in forma (O.) xanthoporphyrea. p. 7 — (O.) pericalla Guim., nov. subvar. (2) Synon. — Orobanche ornithopodis Welwitsch, in schedis. Scapo 16-40 cm. alto. Spicis prius densis, postea cylindraceo-sublaxis, in ápice rotundatis, floribus subhorizontaliter patentibus. Bradeis parce glandipilibus, flores longitudine aequantibus vel supe- rantibus. Calicis partibus liberis, vel in floribus infernis breve coalescentibus. Corollis tubulosis, interdum tantillum subampliatis, extus subglabris, intus in sicco aliquantulum pilosis in basi, 12-16 mm. longis; linea dorsali inferne valde, superius aequaliter, vel in lábio superiore magis curva; lábio superiore emarginato, inferiore lobis subaequa- libus, lateralibus truncatis. Filamentis inferne glabris vel glabrescentibus, superne parce glandi- pilibus, o,5 — 1,5 mm. alte insertis. Antheris siccis luteis, con- junctis, in basi breviter apiculatis, mucronibus rectis, brevibus. Stylo parce glandipili. Planta gracilis, sicca subcastanea, in omnibus partibus parcissime glanduloso-pilosa, glabrescente. Obs. In herbario Polytechnicae Scholae nonnulla sunt spe- cimina hujus formae, a Welwitschio lecta, absque descriptione, et nomine Orobanche Ornithopodis n. sp. in scheda apposito. Cum vero aliae formae, ab hac valde diversae, supra eundem Orniihopodem inventae sint, nomen Welwitschianum non servandum putavi. g. 8 — (O.) leptomera Guim., nov. subvar. (3) (estampa xii) Scapo humillimo, subfiliformi, 9-14 cm. alto. Spicis 3-iofloris, sublaxis. Calicis partibus omnino liberis, vel in floribus supernis brevissime coa- lescentibus. Corollis minutulis, 10-12 mm. longis, interdum horizontaliter patenti- bus, linea dorsali aequaliter (saepe valde) curvata. (') Phalacra vem de cpaXaxpòç glabro. (2) Pericalla provém de t.i^iv.%úxc, elegante. (3) Leptomera deriva de '/x-n-w-^ii exiguo. 112- BROTERIA Filamentis o,5-i,5 mm. alte insertis, inferne parce pilosi >, superne glabris vel parum glandulosis. Antheris siccis luteo-fuscis, mu- crone subincurvo. Habitat in arvis cultis et incultis, aliquando inter segetes, ad Leguminosas herbáceas plerumque parasita. Floret Aprili-Maio. (v. v.J. Nome vulgar — Herva toura denigrida. Distrib. geogr.: Europa: Hispânia, Ins. Balear.; Africa: Algéria, Mauritânia. Distrib. chorog.: a. (O.) ochrostigmn Guim. a. i — (O.) siphonopoteria Guim. Baixas do Guadiana: — Beja: Coitos, nas searas (parasita da Medicago muricata W., R. da Cunha!). a. 2 — (O.) platantha Guim. Baixas do Sorraia: — Montemór-o-Novo. (Fl. lus. Soe. Brot., n.° io3o, Barros e Cunha!); Entre Vendas Novas e Montemór-o-Novo (com a designação de Orobanche elegans aes- tiva atropurpurca, n.° 242, Tournefort, no Itinerário). a. 3 — (O.) diamesa Guim. Algarve: — Loulé (J. Fernandes!); Lagos (Moller !); Villa do Bispo, Rapozeira (parasita da Scorpiurus subvillosa L., Welwitsch !) ; Sagres, Cabo de S. Vicente (parasita da Scor- piurus muricata L., Welwitsch!, A. Guimarães!). a. 4 — (O.) anomola Guim. Alemtejo littoral: — Serra da Arrábida: Casal da Pi- menta, na margem do caminho para a Lapa de Santa Marga- rida (A. Guimarães!). J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS I 1 3 a. 5 — (O.) mctalmena Guim. Alto Alemtejo: — Redondo (Pitta Simões!). Alemtejo littoral: — Cezimbra: Casaes d'Azoia, nas col- linas calcareas (parasita da Scorpiurus sp., forma de transição para y.. _j.,.J. Daveau !). Algarve: — Arredores de Faro: Santo António do Alto, Sr.a da Saúde (parasita da Medicago obscura Retz, e do Or- uithopus compressas L., A. Guimarães!, José Lourenço!, Bour- geau!). estrada de Faro a S. Braz (parasita da Scorpiurus vermiculata L., Daveau!). y. 6 — (O.) apatela Guim. Alemdouro transmontano: — Alfandega da Fé, Santa Justa (forma de transição para y. 5, D. Maria de C. Ochôa !). Alemdouro littoral: — Caminha : Camaride (forma de tran- sição para y. 5, R. da Cunha!). Beira littoral: — Coimbra: cerca de S. Bento (parasita do Lalhyrus latifolius L. y. heterophyllus Gou., do Lathyrus Ochrus DC. e da Vicia cordata Wulf., Moller!, Dr. Júlio Hen- riques!, Manuel Ferreira!), Arregaça (Fl. lus. exsicc, n.° q3o, Moller !), Monte de Santa Cruz (Joaquim de Mesquita Paul!); Figueira da Foz (F. Loureiro!). Baixas do Sorraia: — Montargil (forma de transição para a. 5, A. Cortezao!). y.. 7 — (O.) eyiystaxjs Guim. Alemtejo littoral: — Coina (parasita da Anthyllis hamosa Desf., Wehvitsch!). Algarve: — Arredores de Tavira: Santo Estevam (parasita da Medicago subvillosa L., J. Daveau!). '?>. (O.) iodestigina Guim. [j. i — (O.) dittosa Guim. Centro littoral: — Lisboa: Serra do Monsanto (parasita da Medicago muricata Benth., J. Daveau!); Cintra (parasita da Scorpiurus vermiculata L., Welwitsch!); Collares: Praia das 114 BROTERIA Maças (juncto do Lotus sp., Welwitsch!); entre a Malveira e Cascaes (pr o parte, J. Daveau!); Cascaes (nas raizes do Tri- folium repens L., n.° 1084 a, Pereira Coutinho!). |3. 2 — (O.) amphibola Guim. Centro littoral: — Arredores de Lisboa: (n.° 1084 b, Pe- reira Coutinho !), entre Queluz e a Porcalhota (parasita da Scorpiurus vermiculata L., A. Guimarães!); entre Malveira e Cascaes (pro parte, J. Daveau!). (3. 3 — (O.) melamporphyrea Guim. Centro littoral: — -Alcobaça, nos campos (juncto á Scor- piurus sp., Welwitsch !) ; Alemquer: Quinta de Pancas, Casal do Valle do Forno, nas searas (parasita da Scorpiurus sub- villosa, L., A. Guimarães!), Monte Gil (Moller!). [3. 4 — (O.) xanthoporphyrea Guim. Beira littoral: — Arredores de Coimbra: Tentúgal [forma de transição para a (O.) phalacra Guim., parasita do Ornilhopus compressus L., A. Guimarães!]. Beira meridional: — Arredores de Abrantes: Belver (n.° 1025, Pereira Coutinho!). Centro littoral: — Valia do Carregado, nas searas juncto á estrada [parasita da Scorpiurus sulcata L., forma abortiva (estampa xi), A. Guimarães !]; arredores d'Alemquer: Santa Qui- téria de Meca (nas raizes das Leguminosas, Fl. lus. Soe. Brot., n.° io3o, Barros e Cunha!), Quinta de Pancas (parasita da Scorpiurus submllosa L., A. Guimarães!); arredores de Lisboa: Pimenteira (parasita da Scorpiurus submllosa L., R. da Cunha!). Alemtejo littoral: — Entre Corroios e Cezimbra (parasita da Scorpiurus muricata L., J. Daveau!). [3. 5 — (O.) epilecta Guim. Beira littoral: — Formoselha (parasita da Scorpiurus ver- miculata L., exemplar com as antheras um pouco peludas na base, como na estampa n.° 1 58 do vol. xx da obra de Reichen- J. D 'ASCENSÃO GUIMARÃES". OROBANCHACEAS I I 5 bach fil., relativa á O. crinita Viv., forma da O. sanguínea Presl, A, Barjona!). Centro littoral: — Queluz (parasita da Scorpiúrus sub- 1'illosa L., J. Daveau!). (3. 6 — (O.) phalacra Guim. Beira littoral: — Arredores de Coimbra, Tentúgal (A. Gui- marães!). Centro littoral: — Dois Portos: Quinta do Hespanhol (João Perestrello!). (3. 7 — (O.) pericalla Guim. Alemtejo littoral: — Próximo de Fornos dEl-Rei, nos areaes (parasita do Ornithopus compressus L.; os exemplares, colhidos por Welwitsch em 1846, teem as flores mais pequenas do que os de 1849, colhidos pelo mesmo botânico, estabelecendo estes últimos uma transição suave para as duas formas ante- riores: [3. 5 e [3. 6). (3. 8 — (O.) leptomera Guim. Alto Alemtejo: — Portalegre: Senhora da Penha [parasita do Ornithopus compressus L., (estampa xii), R. da Cunha!]. Nota — -Para esclarecer os botânicos que, de futuro, te- nham de classificar esta critica espécie, descreverei em seguida, passo a passo, os elementos de que dispuz, as conjecturas que fiz, umas confirmadas em observações posteriores, outras (muito poucas) que esperam essa confirmação, e, por ultimo, as conclusões que tirei do meu trabalho. Quando, ha quatro annos, comecei de estudar as oroban- cas portuguezas, tractei primeiro, contando com a amabili- dade dos respectivos directores, de juntar as pastas, relativas a essa família, dos importantes herbarios da Escola Poly- technica e da Universidade, e outrosim as monographias e varias floras, que, com mais pormenores, descrevem esses parasitas. A monographia das orobancas do mundo inteiro do Dr. Beck Il6 BROTÉRIA prestou-me um valioso auxilio no inicio e decurso cTeste es- tudo*, e tão completa e perfeita me pareceu essa monographia, que julguei, a principio, dispensável o trabalho que ia encetar, por estar já tudo feito. Mais tarde, porém, verifiquei que o illustre botânico, por ter observado só um diminuto numero de indivíduos portuguezes, não descreve numerosas formas que se encontram a miúdo nos nossos herbarios, e ainda, em alguns casos, por dispor talvez de maus exemplares, seguiu um ca- minho por onde eu não enveredei, — justificando-se assim a necessidade d^ste meu trabalho, e a sua conveniência para a classificação methodica das orobancas portuguezas. O meu primeiro cuidado para facilitar a classificação, foi elaborar para as espécies próximas uns quadros com as cara- cterísticas de cada uma d'ellas, extrahidas das diagnoses re- spectivas. Para a aorobanca denigrida» organisei o quadro da pagina seguinte, em que resumi as descripções de quatro es- pécies. Da simples inspecção das notas d'este quadro inferi que a O.foetida Lusitanica de Brotero estabelecia transição da O.foe- tída Poiret para a O. sanguínea Presl, approximando-se da primeira na menor densidade da espiga, na grandeza da flor e na forma e divisão do calvce, e da segunda nos pêlos e altura da inserção dos filetes e na côr do estigma. Mas em qual das duas espécies deveria ser incluída ? Haveria de ser antes considerada espécie differente ? Pelo grau e importância dos caracteres julguei, a principio, que deveria ser tida como uma variedade, não descripta por Beck, da* O. sanguínea Presl, pondo de parte a ideia de a enumerar como espécie diversa, por não me parecerem, para assim proceder, sufficientes essas differenças. Beck, embora não mencione os livros de Brotero, observou certamente esta forma broteriana, pois diz ter visto exempla- res de Bemfica, onde só se encontram variações que, melhor ou peior, entram na diagnose da Phytographia ; mas, não at- tendendo ás características dos estames, e não podendo, em exemplares seccos, determinar a côr vermelho-escura do es- tigma, provavelmente só notou a grandeza e forma da corolla J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS Il7 0. variegata Waílr. Beck, pag. 201 Spica cylindra- ceo-multi-densi- flora, in basi la- xiflora, in ápice rotundata. Corolla subqm- pla, i5-25 mm. longa, supra in- sertionem stami- num dilata ta, extus glandulo- so-pilosa; lacinia media labii in- feriu duplo ma- jor lateralibus. Calicis partes bidentatae, libe- rae, dentibus acutis. Fila menta in- fra pilosula vel sub glabra, supra subcopiose pilo- sa, 3,5 — 4 mm. sup'-a basim co- rollae inserta. Antherae siccae luteae. 0. foetida Poiret Beck, pag. 2o3 Spica cylindra- ceo-multiflora, inferne laxa, in ápice denso-ro- tundata. Corolla tubu- losa, i5-25 mm. longa, supra in- sertionem sta- minum parum dilatata, extus g labrescens, papyracea; la- ciniae labii in- ferni subaequa- les. Calicis partes antice coale- sc entes, denti- bus in ápice sub- filiformibus. S ti g ma tis lobi lutei, mox rube- scentes. Fila menta in- frapilosa,supra sub gl abra, 3-j mm. supra ba- sim corollae in- serta. Antherae siccae luteo-fu- scae. Stigmatis lobi lutei. 0. foetida Lusita- nica Brot. Phytographia, pag. 149 Spica cylindra- ceo-elongata, in- ferne laxa, in ápice densa, sub- acuminata. 0. sanguínea Presl Beck, pag. 10S Spica cylindra- ceo-multi-densi- flora, in ápice a- cuminata. Corolla tubulosa, i8-23 mm. longa, sursum versus la- tior, extus gla- bra, labii inferni lobi inaequales, medius paulo la- tior et longior. Calicis partes antice 2,5-5 mm. alte coalescentes, dentibus in aris- tam desinentibus. Filamenta infra fere glabra, su- pra perpaucis pi- lis, prope basim corollae inserta. Antherae plus mi- im sve rufescên- tes. Stigmatis lobi fusci. Corolla tubulosa, médio dorso con- cava, 10-17 mm. longa, supra in- scrtionem stami- num vix dilata- ta, extus subgla- bra, papyracea, labii inferni laci- nia media latera- libus paulo major. Calicis partes antice breviter co- alescentes, denti- bus subulato-acu- minatis. Filamenta infra et supra subgia- bra,i,5-2mm.alte inserta. Antherae siccae ochroleu- cae vel luteolae. Stigmatis lobi s a n g u i n eo-pur- purei. I I 8 BROTÉRIA e os dentes filiformes do calyce, classificando esses exemplares como O. foetida Poiret. De Coimbra foram-me remettidos pelo distinctissimo botâ- nico, meu antigo mestre e querido amigo, o sr. Dr. Júlio Au- gusto Henriques, que, com a sua captivante amabilidade, tantos elementos me forneceu para este trabalho, alguns exemplares frescos de uma «orobanca denigrida» [(O.) apatela Guim.], com o estigma amarello e os dentes do calyce filiformes, no que se avisinham da O. foetida Poiret, mas com as espigas densas, pontudas, sepalas soldadas nas flores superiores da espiga e livres nas inferiores, as corollas com menos de 1 3- 1 5 mm. de comprimento, com a linha do dorso quasi sempre concava, e os filetes inseridos apenas o,5-i,5 mm. acima da base da corolla, caracteres estes que quasi a identificam com a O. san- guínea Presl. Mais tarde examinei exemplares frescos d'esta mesma orobanca, de muitas outras proveniências, notando sempre uma tal diversidade de formas, tantas variantes no fácies das plan- tas, na coloração e grandeza das flores, que cheguei a presumir que se tractava de uma espécie de um polymorphismo excepcio- nal, que essas differenças não tinham fixidez nem importância maior, e que não seria possível chegar a determinar-lhe um logar seguro na escala vegetal. Procedi depois ao estudo pormenorisado dos exemplares dos herbarios: annotei, em cada um, a robustez das hasteas, forma da espiga, grandeza relativa ao tamanho das flores e pêlos das bracteas, coadunaçao ou separação das sepalas nas flores superiores e inferiores da inflorescencia, porque observei haver nellas differenças importantes; desenhei as flores, a que restitui a configuração natural mergulhando-as em agua a ferver, to- mando nota da grandeza relativa das divisões do lábio inferior, da forma da linha dorsal e da altura de inserção dos estames; examinei á simples lente, ou ao microscópio com a objectiva de menor augmento, a pubescencia dos filetes na parte superior e inferior, a forma e cor das antheras, extensão e curvatura even- tual dos seus esporões, a pilosidade, desde a base até ao meio, das margens dos saccos pollinicos (que, antes da dehiscencia, J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS IIO, faz lembrar os dentes das juntas nos ossos da caixa craneana dos vertebrados superiores), o apiculo eventual do connectivo, a pubescencia do estylete, e, por ultimo, a configuração e cor provável do estigma, a que, pela fervura, restituía a forma na- tural, que não a cor infelizmente. Concluído este estudo, que, aliás, tive de fazer para todas as outras espécies, e para todos os exemplares de cada espé- cie d'esta difficil família, notei logo que havia concordância quasi absoluta nos caracteres mais importantes dos indivíduos, colhidos muitas vezes, com dezenas de annos de intervallo, no mesmo local, e, frequentemente, na mesma região; verifiquei ainda que ás modificações soífridas por determinados órgãos floraes, correspondiam, quasi sempre, alterações em outros ór- gãos de mui diversa funcção physiologica \ e, finalmente, obser- vei que, em alguns raríssimos casos, as pequenas variações pro- duzidas no decorrer do tempo (algumas vezes em cyclos ve- getativos relativamente próximos) irradiavam, separando-se e fixando-se, ao percorrer o espaço, em estações mais ou menos longínquas. Coordenando os elementos comparativos de que já então dispunha, agrupei todos os indivíduos em que era completa a coincidência dos mais importantes caracteres (e seja dito entre parenthesis que nestes estudos algumas vezes a natureza nos ensina chorographia)*, approximei, em seguida, depois de os ba- ptizar com vocábulos gregos, que mais ou menos lhes definis- sem um caracter importante, os grupos em que as differenças eram menores, formando assim novos agrupamentos, que, por sua vez, defini e alinhei de modo que se tocassem nos pontos ou formas, onde a semelhança era maior. Em resumo: tentei organisar a arvore genealógica, que se vê na pagina seguinte, das variadas formas da «orobanca denigrida». Comparando as formas extremas dos últimos ramos da ar- vore com o quadro da pagina 1 17, averiguei logo que os exem- plares colhidos por Welwitsch, em Portimão, entravam por com- pleto na diagnose da O. rariegata Wallroth. No outro extremo, não encontrei, porém, uma única forma que coincidisse com as da O. sanguínea Presl ate agora descriptas. O caracter dos dentes 120 BROTÈRIA ■BB S 5. « o » o ■—'—■" ir. oJ ""3 « . CT3 ■ o i a c ■g "C .-£ fe "sb 6 o c.<2 c.ò D. *• Ri - õl l 8 XI ■= — 8" « \2'? o p £< ».o-«i - u c-iU s o g a g xi s O fa X qírC I —g.2 e S D.C .8'go.s ^?r [o -gelssl ~'-_'X 1> 3 ?< ■3 ca > „, m tn — I ■K °" a> — "C 'í3 S- ./■ • I O • 5 ~-2ts o = £ Ipw OvA-21 g-g gxj . C/j Õ I ~ — • — u cr O— ' 3 t; 1 X mj O «r- 2õ = * 3 2.cS U« L"s.« ' c ■ » .2 £ /Ota fH'5g.» rt E •=:SS « M Ji £ X _; i Rí" Cutí ~* e ""' ~j O-SÍ ■ Ea-S ./-, c •_ £_ B«SÍ .2'53 í ° ■S c- 1. 'o í^ 'EL cl 73 ft.gt) Cu a Cu- « 1 -O "S.í = c :s §.2 Sm K«~ - t ■Pj ■/-. 6K P r- --S m-2 T3 u a^ 0'e'5j£ 1 0) i) 'Si « C3 ha- <3 , — p cu X C O OJX "« _? " ET3 - .a „, ^T~tij <:x uvr . *3 es E ■a Ér6 ^ S E x ~> ° £ X Cb P í- ^ b õ- E 0'Ec2 ■uc^i o a c ■* b~ Cu 3 v>-B 0=7, Q. 'S-ã^l l/J Q> •- O ■- tu O <= iu | .s'§E ■5 cr - -1. CU u? =t)„ ■~£ es 3 5 fe 5i « »* - Cu "^i *-.i> \ cr. .T- C3 O.S.2 b * ■u. „, hior-' 'El— ' Si EL cc £-1 C r° pTÍJ e s-s. ' — x: ' d-3 e E •= o O « 2E J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 121 filiformes do calyce acompanha todas as outras variações, e ape- nas alguns exemplares da (O.) amphibola Guim., se approxi- mam mais d'aquella espécie, sendo, todavia, evidente que todas as ramificações da variedade (O.) iodestigma Guim. se avisi- nham mais da espécie de Presl, do que da forma typo da es- pécie de Poiret. A natureza deu um salto maior na passagem da (O.) metalmena Guim., para essa varidade, do que na transi- ção provável da (O.) amphibola Guim., directamente, ou por intermédio de alguma forma por descobrir ou extincta, para a O. sanguínea Presl. Não é destituído de interesse o estudo nesta arvore das successivas variações sorfridas pela forma (O.) siplwnopotcria Guim.. que parece ser, em relação ás outras, a original, na pas- sagem, por exemplo, para a O. variegata Wallroth. As sepalas, anterior e posteriormente soldadas, desprendem-se primeiro na parte posterior, depois a pouco e pouco na anterior, em quanto a corolla, conservando a primitiva grandeza, vae ganhando em pubescencia, e a pilosidade dos filetes vae diminuindo na parte inferior e augmentando na superior. Na transição da mesma forma para a O. sanguínea Presl as partes do calyce soffrem idênticas alterações, não chegando comtudo a desligar-se senão em formas mais adeantadas; a corolla, cuja grandeza diminue ex abrupto na passagem para a (O.) metal- mena Guim., conserva-se constante ate á (O.) amphibola Guim. e O. sanguínea Presl, para outra vez augmentar de repente nas povphyreas, tornando-se mais tarde, por suaves transições, modestíssima na (O.) leptomera Guim.-, nos filamentos, a altura de inserção e a pilosidade, reduzidas nas primeiras formas, voltam a augmentar nas seguintes, para decair ou quasi desap- parecer nas ultimas. Na arvore genealógica das orobancas do mundo inteiro ha muitas lacunas. Espalhadas nos quatro continentes do hemi- spherio boreal (Europa, Africa do Norte, Ásia e America do Norte), são desconhecidas muitas formas intermediarias, entre as secções e ainda entre as espécies, que tenham vivido em continentes submersos, ou tenham, talvez por quaesquer cata- clysmos, desapparecido da superfície da terra. 122 BROTERIA Não é conhecida a forma, ou formas cTonde immediata- mente deriva a O. foetida Poiret. Presumia-se, com funda- mento, que delia haviam nascido as O. pariegata Wallroth e O. sanguínea Presl; mas a sciencia desconhecia as formas de transição. Como a Orobanche foetida Poiret cresce numa superfície re- lativamente muito limitada, é natural e provável que muitas das formas, que deixo descriptas acima, apenas existam em Portu- gal' e, se assim não fosse, estudadas isoladamente, a quantas espécies novas teriam dado origem! Mas o que parece assente e provado é que a difierenciação se deu no nosso território, irra- diando, por Hespanha e por Africa, as duas espécies derivadas. Se me fosse licito alterar a nomenclatura estabelecida, di- vidiria as formas descriptas na anterior arvore genealógica em três espécies; a primeira teria por typo a forma (O.) siphono- poteria Guim'., e abrangeria as formas (O.) foetida de Poiret, (O.) platantha Guim., (O ) diamesa Guim. e (O.) anomola Guim. *, a segunda teria por typo a (O.) metahnena Guim., e com- prehenderia as (O.) eyrysiaxjs Guim. e (O.) apatela Guim.; e, por ultimo, a terceira, sendo a (O.) dittosa Guim. a forma genuína, incluiria não só todas as formas da variedade (O.) iodestigma Guim., mas ainda como variedades, ou, quando muito, como subespécies, as O. sanguínea Presl e a O. crinita Viv. Todavia, como o estudo d'esta família, já de si difficil, tem sido excepcionalmente complicado com a innovação de muitas espécies, baseada frequentes vezes em simples variações ou formas, julgo mais conveniente, para não cair no mesmo erro, comprehender, numa única espécie, todas as «orobancas denigridas» com os estigmas amarellos ou purpurinos; e, se o estudioso quizer definir com mais precisão as formas dos exemplares do- seu herbario, ahi lhe deixo os elementos para a classificação. Não é fácil (e mesmo quasi sempre é impossível) nos exem- plares seccos determinar a cor do estigma. Fervendo-o elle re- toma a configuração natural, que não a cor. Nas formas extremas o estigma, quando amarello, tem os lobos redondos normaes ao eixo dos ramos em que se divide o estylete, e, quando verme- J. d'aSCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 123 lho, tem os lobos oblíquos em relação a esse eixo. Entre essas formas limites encontram-se, porém, muitas outras intermédias em que seria impossível dar indicação morphologica para che- gar a resultado seguro. Quando organisei o quadro genealógico, guiado por outros caracteres, desconhecia a côr dos estigmas de algumas formas, por exemplo da (O.) anomola Guim., que eu havia colhido o anno anterior, na Arrábida, sem lh'a ter annotado na etiqueta*, mas. tendo voltado áquella serra, sobretudo por causa da (O.) stenosiphon Beck, tornei a encontrar aquella forma, e verifi- quei que tinha acertado nas minhas conjecturas. Não pude verificar se a (O.) pericalla Guim. de Fornos cTEl-Rei tem o estigma vermelho, como presumo. Se por ven- tura, o que é muito improvável, o tem amarello, deve ser con- siderada uma variante muito afastada da.- (O.) diamesa Guim. Para facilitar a classificação dos exemplares seccos das dif- ferentes formas da «orobanca denigrida» organisei a clave da pagina 5q, em que não se tem em conta a còr do estigma. Tribus IV SPECIOSAE Beck COROLLA AMPLA, ALBIDA, LILACINEA, VEL OCHROLEUCA, NERVIS PERDUCTIS, FAU- CEM VERSUS VIOLACE1S, RUBRIS VEL PURPUREIS, SICCA PAPYRACEA, 2,5-3 CM. longa; línea DORSALIS IN basi curvata, DEIN RECTA, APICEM VERSUS SUB- DECLIVIS ET SURSUM VERSUS BREVITER CURVATA. StIGMA DILUTE COLORATUM. I'.2. Orobanche crenata Forskal Scapus crassas, firmus (rarius gracilis), inferne valde squa- mosus, crebro parum (interdum valde) incrassatus, superne plerumque parce squamosus, glanduloso-villosus, 3-8 cm. altus, striatus, violaceus vel ochroleucus. Squamae inferiores congestae, stricte lanceolatae, vel late (12 mm.) ovatae, aut ovato-lanceolatae, 35 mm. circiter longae, su- periores remotiores, lanceolatae, plus minus glanduloso-pilosae. Spica elegans, cylindraceo-multijlora, in ápice parum acula, 124 BROTERIA aut rotundata, saepe bradeis confertis comosa, crebro inferne laxijlora et supra densa, Jloribus prius erecto-patentibus, ra- rissime prone curvatis, fere decumbentibus. Bracteae ut plurimum violaceae, anguste vel ovato-lanceolatae, pi us mirins piloso-glandulosae, flores aequ antes vel super antes. Calicis partes saepe violaceae, separatae, plerumque in basi oyatae, bifidae, rarius trifidae vel integrae, r ar issime dente ter - tio aut secundo postice collocato, et ttini totam basim corollae fere involventes; dentes violacei, aifguste acuminati, insuper su- bulati, poene filiformes, rarius lanceolati, longe glanduloso- pilosi vel subglabri, tubum corollae subaequantes. Corolla 20S0 mm. longa, supra staminum insertionem sensim dilatata, albida vel livida, ncrvis violaceis, parallelis in tubo, deinde ramosis in lobis, extus parce piloso-glandulosa, glandu- lis luteis, hyalinis; linca dorsalis primo curvata, deinde subrecta usque ad labium superius, unde incurva descendit fere iisque ad apicem, cui apiculus interdum super impositus. Labium su- perius integrum, emarginatum vel bilobum, lobis magnis ro- tundis, patentibus vel refexis; inferius trilobum, lobis ma- gnis suborbicularibus, magnis plicis sejunctis, subaequalibus, vel lobo médio parum majore: lac in iaeomnes in margine inae- qualiter repando-crenulato-denticulatae, plerumque glabrae. Filamenta albida, supra basim corollae 2-5 mm. alte inserta, infra antice aurantiaca, incrassata et longitudinaliter sulcata, parte subjacente corollae copiose pilosa, supra glanduloso- pilosa, rarissime subglabra. Antherae frequentius coalescen- tes, fusco-violqceae, oblongae, breviter et recte mucronatae, mucrone albo. Gérmen oblongo-ovatum, parte media parum coarctatum, in ápice parce glanduloso-pilosum. Stylus violaceus, breviter et parce (rarius copiose) glandipilis. Stigma bilobum, in médio sulcatum; lobi integri (aliquando etiam bilobi), confitentes, albidi, lutei, dilute violacei vel carnei. Planta odore caryo- phfllaceo. Sequentes formae in Lusitânia crescunt: J. D 'ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 125 i typiea — Orobanche crenata Forskal Synon. — Orobanche crenata Forskal, Fi.or. Aeg. Arab., p. lxviii et ii3 ( 1 7-5); Beck, Monogr. der Gatt. Orob., p. 225; — Orobanche spe- ciosa DC. Flor. franç., vol. vi, p. 3q3; Reuter, in DC. Prodr.,xi, p. 19; Reichenbach fil., Icon. fl. Germ., xx, p. 91, t. 161; Grenier et Godron, Fi.or. franç., ii, p. 63 1 ;YVillkomm, Prodr. fl, Hisp.,ii, p. 622; Boiss, Flor. orient., iv, p. 5o6; — Orobanche pruinosa Lapeyrouse, Abrég. des pl. Pyren., Suppl., p. 87; Wallroth, Orob. gen., p. 52; Bertoloni, Flor. ital., vi, p. 437; — Orobanche de la fève Vaucher, Orob., p. 5i, t. 5; — Oro- banche congesta Reichenbach fil., Icon. fl. Germ., xx, p. 117, t. 214. Squamis et bracteis lanceolatis. Floribus 25-3o mm. longis. Calicis partibus in basi ovatis, bifidis vel trifidis. Stigmate bilobo. 2 — (O.) plataphylla Guim., nov. subvar. (') Squamis et bracteis late ovato-lanceolatis. Floribus 20-25 mm. longis. Calicis partibus in basi ovatis, bifidis. Stigmate ut plurímum tri-quadri-quinquelobo. (Estampa xiii). (2) 3 — (O.) lasiothrix Beck Scapo, squamis, bracteis et calicibus albido-villosis. Cetera ut in forma 1 vel 2. 4 — (O.) angustisepala Schultz Calicis partibus bifidis vel integris, angustis. Dentibus angustissimis, subulatis vel subfiliformibus. Cetera ut in forma 1. Obs. O. crenata Forsk., omnium Oro/n77zc/z<:77*//77zagriculturae maxime exitialis, permultos agros circa Olisiponem, Queluz, Alhandra, Villa Franca, Arruda, Dois Portos, Torres Vedras ita infestai, ut culturam nonnullarum Leguminosarum, v. g. Fabae, Ciceri, Pisi, Ervi, nonnunquam perdifticilem reddat. Floret Aprili-Junio. (v. v.). (!) Plataphylla deriva do grego rçXxrúí amplo, e ipúXXov folha. (?) Esta divisão do estigma é mais um argumento de algum valor, que favorece a interpretação que demos ao gyneceu das orobancas. 126 BROTÉRIA Distrib. geogr. — Europa : Hispânia, Gallia, Corsica, Áu- stria, Itália, Malta, Graecia, Creta, Cyprus, Turcia; Africa: Algéria, Aegyptus; Ásia: Syria, Ásia minor, Transcaucasia. Distrib. chorog.: i — tjpica. Centro littoral: — Villa Franca (parasita da Vicia Faba L., Palha Blanco!); Alhandra (parasita da Vicia Faba L. e ào Pisum sativum L., Dr. Assiz!). 2 — (O.) plataplylla Guim. Centro littoral : — Arredores de Lisboa: Tapada da Ajuda, Portella (parasita do Pisum sativum L., Hélminthia cchioides Gartn., Oruithopus sp., Melilotus vulgaris*W., Melilotus Fá- lica Lam., Cynodon dactflon Pers., Welwitsch !, n.° 1086 Pe- reira Coutinho!, A. Guimarães!), Queluz (parasita da Vicia Faba L., A. Guimarães!). 3 — (O.) lasiothrix Beck Centro littoral: — Arruda dos Vinhos (parasita -da Vicia Faba L., e do Pisum sativum L., A. Vaz Monteiro!); Serra de Cintra (parasita do Trifolium praiense L., Daveau!). 4 — (O.) angustisepala Schultz Centro littoral: — Torres Vedras: Runa [na raiz da Vicia Faba L., Fl. Lus. (Soe. Brot. 14.0 anno), n.u 1499, J. G. Barros e Cunha!]; Dois Portos: Quinta do Hespanhol (no Pisum sa- tivum L., João da Matta!). Tribus V MINORES Beck COROLLA ANGUSTA, SICCA PAPYRACEA, IO-22 MM. LONGA, SORDIDE ALBIDA VEL LUTEA, VEL RARISSIME OBSCURE VIOLÁCEA, VENIS PURPUREIS VEL VIOLA- SCENTIBUS; LACINIAE IN MARGINE OMN1NO GLABRAE; LÍNEA DORSALIS IN BASI CURVATA, IN MÉDIO SUBRECTA, APICEM VERSUS COMPLANATA VEL DECL1VIS, J. D ASCENSÃO GUIMARÃES*. OROBANCHACEAS I27 INTERDUM TOTA CURVATA. StIGMA LUTEUM, PURPUREUM, VIOLACEUM, VEL LATERIS COCTI COLORE; LOBI SUBGLOBOSI, SULCO TRANSVERSO TANTUM SEJUNCTI. 13. Or*ol>aiiclie -aiTietliystea. Thuillier Scapns gracilis autfrmus, 1 '5-45 cm. altus, siccus luteo-fuscus, vel violascens, saepe striatus, glanduloso-pilosus, rarius glabre- scens, inferne plerumque panun incrassatus et copiose sqiia- mosus. Squamae inferiores triangulares et glabrae, superiores lan- ceolato-acutae, glanduloso-pilosae, rarius glabrescentes. Spica cylindracea, in ápice crebro acuminata, bradeis co- mosa, rarius rotundata, multiflora, supra densa, infra inter- dum sublaxifora. Flores i5-23 cm. longi, primum erecto- pat entes, postea subhom\ontales, nt plurimum prone curvati, rei dejlexi. Calicis partes separatae, integrae, bidentatae, vel rarissime tridentatae: dentes angusti, anticus ut plurimum miuor, in- terdum aequales, e media sepala prodeuntes, paucinerrii, ple- rumque longe et parce glanduloso-pilosi, corollaetubum longitu- dine non attingentes vel aequantes. Coiolla tubulosa, extusfrequenter parce glanduloso-pilosa, sor- dido-alba, vel violácea, vel lutea, venis violascentibusperductis; intypo linea dorsalis in basi curj'ata, in médio subrecta, supra declivis, apiculo ibi parce sursum elato, in indigenis plerumque tota valde curvata, saepe post anthesim genuflexa vel deflexa. Labium super num profunde plicato-bilobum, interdum pli- cato-emarginalum, subintegrum, lobis patentibus, demum refle- xis; labium infernum lobis aequalibus vel médio paulo ma- jore, rolundatis, nonnumquam apiculatis et magnis plicis instructum; laciniae omnes inaequaliter (interdum profunde) crenulatae, in margine glabrae. Stamina 3-4 mm. (rarius paulo inferius vel paulo supcrius) alte inserta. Filamenta in basi dilat ata, ut plurimum breviter pilosa, interdum media parte pilosa, supra glabra vel parce 128 BROTÉRIA glanduloso-pilosa, trivenosa. Antherae in basi rotundatae, in typo breviter acuminatae, siccae saepissime fuscae, rarius luteo-fuscae vel Utteae. Gérmen ovatiun et glabrum. Stylus parce glandipilis vel ra- rius subglaber. Stigma lobis rotundatis, confluentibus, sulco transverso separalis, verruculosis, rubro-fuscis, violaceis vel luteis. Variat : a. typica — Orobaache amethystea Thuillier Synon. — Orobanche amethystea Thuillier, Flore Paris., ed. n, i.°, p. 3 17 (1707); Grenier et Godron, Flor. Franç., ii, p. 041; Reuter, in DC Prodr., xi, p. 29; Reichenbach fil., Icon. flor. Germ., xx, p. io5, t. 1 85, t. 216, fig. iv ; Willkomm, Pkodr. fl. Hisp., ii, p. 626; Beck, Monogr. der Gatt. Orob., p. 229; — O. elatior Poiret, Supp. iv, p. 201 ; —Oro- banche de VEryngium des champs Vaucher, Orob., p. 58, t. 10; — Oro- banche Eryngii Duby, Bot. Gallic, i, p. 35o; Cosson et Germ., Flore de Paris, i, p. 3 10, Atl. t. xix; — Orobanche Eryngii campestris Schultz, Flora L. B. Annal. der Gewaechsk. p. 5oo; — O. elatior fl micro- glossa Wallroth, Orob. gen., p. 5i; — O. barba/a Reichenbach pat., Icon. vn, p. 3i, fig. 881-882; — O. minor (3. glabriuscula Meyer, Chlor. Hannov., p. 3 ;o. Calicis partibus ut plurimum integris vel inaequaliter (rarius aequali- ter) bidentatis, siccis saepe dilute fuscis. Corolla prius erecta, patente, postea subhorizontaliter patente, tan- dem genuflexa (saepe deflexa), lábio superno profunde bilobo. Filamentis 3-q mm. supra basim corollae horizontaliter insertis, obscure trivenosis, in basi breviter pilosis vel puberulis, supra glabris. Antheris breviter mucronatis. Stylo parce (non brevissime) glandipih. Obs. Hujus formae, in Lusitânia nondum inventae, tan- tummodo aliqua specimina exsiccata alienígena vidi : ,v. c. Herbier Monillefarine (Seine-et-Oise). p. (O.) Henriquesi Guim., nov. var. Scapo gracili vel firmo. Spicis in ápice acuminatis, rarius rotundatis. J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 120, Calicis partibus inaequaliter infra médium bifidis, rarissime integris, in siccitate violascentibus; dentibus angustis, ut plurimum trinerviis. Corollis in dorso saepe curvatis, interdum subhorizontaliter paten- tibus, siccis faucem versus luteo-fuscis, parte media saepe violascentibus, in basi dilutioribus; lábio superno plerumque integro. Filamentis infra satis (nec breviter nec copiose) pilosis, supra parce glandipilibus, obscure vel dilute trivenosis, supra basim corollae 2,5-5 mm. oblique insertis. Antheris fuscis, perspicue mucronatis, mucrone albo. Sequentes formas in Lusitânia reperire est: |3. i — (O.) Ricardi Guim., nov. subvar. Scapo firmo, 35 cm. alto. Spicis i5 cm. circiter longis, apicem versus denso-acuminatis, bracteis comosis, inferne laxiusculis. Calicis partibus siccis fusco-violascentibus, in basi lato-ovatis, infra mediam partem inaequaliter bifidis; laciniis tri-quadrinerviis. Corollis tubulosis, 19-22 mm. longis, extus copiose glanduloso-pilosis, papyraceis, siccis inferne luteo-albis, superne luteo-fuscis ; linea dorsali primo valde curvata, postea genuflexa, demum deflexa; lábio superno profunde bilobo, lobis reflexis. Filamentis obscure trivenosis, supra basim corollae ^.-5 (rarius6-7) mm. oblique insertis, linea insertionis parum incurva, subrecta; inferne usque ad mediam partem puberulis, superne glabris vel parcissime glandipilibus. Antheris luteo-fuscis, mucrone albo, non minuto, in basi et in dorso saculi pollinici (non in sutura) interdum levi- ter pilosis. Stylo glandipili. Planta valde glanduloso-pilosa. Obs. i.a Differt ab O. Castellana Reuter, cui valde affinis, stylo satis piloso (non glabro, ápice parum glanduloso); abO. Pi- cridis Schultz íioribus majoribus, corollis inferne dilutioribus, filamentis infra minus pilosis, antheris conspicue mucronatis; ab O. crenata Forskall, corollis angustius tubulosis, laciniis mi- noribus-, ab O. mauretanica Beck, stylo pilis glanduliferis ma- joribus, corollis extus magis pilosis, etc; ab O. amethystea Thuillier typica, antheris longius mucronatis, corollae linea dorsali, insertione obliqua staminum, indumento et aliis notis; ab O. attica Reuter, calicis partibus inaequaliter bidentatis, stylo magis glandipili. [JO BPOTERIA Obs. 2.a Omni a specimina cognita (O.) Ricardi Guim. lecta sunt, anno 1881, ab indefesso Ricardo da Cunha, cujus memo- riae eam dicavi. p. 2 — (O.) Molleri Guim., nov. subvar. Scapo firmo vel gracili, 17-41 cm. alto. Floribus 17-21 mm. (in individuis minoribus 12-16 mm.) longis, post anthesim subhorizontaliter patentibus. Calicis laciniis trinerviis, siccis fuscis vel violascentibus. Corollis siccis inferne luteo-albidis, in médio violascentibus, in fauce luteo-fuscis, extus saepe copiose glanduloso-pilosis; linea dorsali primum tota curvata, postea genuflexa, in médio subrecta, versus apicem declivis; lábio superno emarginato vel bilobo. Filamentis dilute trivenosis, 3-4 mm. (vel rarius 1 ,5-3 mm.) supra basim corollae glandulae lunulatae suboblique insertis, inferne usquc ad mediam partem pilosis (non copiose), superne parcissime glandi- pilibus. Stylo parce glanduloso-piloso, rarissime glabrescente. Planta plerumque parce hirsuta. Obs. Adolpho Moller, solertissimus scrutator florae lusi- tanicac, hanc varietatcm anno i8qi invenit. Hac de causa ipsi mihi amicissimo eam dicavi. p. 3 — (0.) transiliens Guim., nov. subvar. Scapo parcius squamoso. Floribus 16-19 mm- longis, erecto-patentibus, serius in basi subgenu- flexis. Calicis partibus dilute fuscis, vix in nervo violascentibus. Corollis siccis subconcoloribus, luteo-albis vel luteo-fuscis, linea dorsali in médio et apicem versus subrecta, lábio superno leviter emar- ginato vel subtrilobo. Filamentis siccis obscure trivenosis, horizontaliter insertis, inferne bre- viter et parce pilosis. Stylo infra stigma copiosissime glandipili. Getera uti in (O.) Molleri Guim. Obs. Ad (O.) crocodeam Guim. probabiliter veluti transi- tum aperit. p. 4 — (O.) Henriquesi Guim., nov. subvar. (estampa xiii) Scapo gracili. Spicis supra acuminatis. J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 1 0 [ Calicis partibus inaequaliter bifidis, violascentibus. Corollis 1 5- 1 7 mm. longis, extus parce glanduloso-pilosis; lábio su- periore integro, linea dorsali interdum tota arcuata, crebrius in médio minus curvata vel subrecta, in ápice saepe declivi. Filamentis dilute subtrivenosis, supra basim corollae 2,5-4 mm. oblique glandulae lunatae insertis, inferne glabris vel parcissime glandi- pilibus. An th e ris conspicue mucronatis. Stylo paucis et inaequalibus pilis glanduliferis obsito. Obs. Haec forma, sequens et três praecedentes seriem continuam formare videntur. Cuinam speciei (O.) Henriquesi revocarem, diutius anceps haesi. Sunt enim multae species illi persimiles, ut Orobanches Picridis Schultz, O. loricata Reich., O. mauretanica Beck, O. crenata Forskáll,0. Castellana Reut., et O. amethystea Thuillier. Imo et mihi videbatur posse novam speciem jure constituere. Attamen assiduus et indefessus labor et praecipue cognitio seriei generationis, hanc meara abrupe- runt haesitationem. Hac de causa ipsam inter varietates O. ame- thysteae Thuillier retuli. Non sane injucundum erit notas praecipuas in médium pro- ferre, quibus a speciebus supra memoratis discrepat. Differt: ab O. Picridis Schultz floribus majoribus, colore di- lutiore imae corollae, filamentis plerumque inferne minus pilo- sis, antheris conspicue mucronatis, corollae dorso non subrecto, sed satis curvo; ab O. loricata Reich, partibus calicis non adeo profunde bifidis, stylo minus glandipili, filamentis superne haud valdc glandipilibus, imo subglabris; ab O. mauretanica Beck pilis styli majoribus, et antheris longius mucronatis*, ab O. cre- nata Forsk. filamentorum indumento inferne minus denso, su- perne non adeo glandipili, corollis angustius tubulosis, laciniis minoribus; ab O. Castellana Reut. (hucusque parum cognita) styli indumento, et lábio corollae superiore crebro integro; ab O. amethystea Thuill. typica antheris longius mucronatis, fila- mentis plerumque oblique insertis, lábio corollae superiore sae- pissime integro, scapo crebro magis squamoso, tandem corolla (praesertim in lábio superiore) magis glandipili. p. 5 — (O.) dúbia Guim., nov. subvar. Scapo gracili, abundanter squamoso. [ 32 BROTÉRIA Squamis late lanceolatis. Spicis in ápice rotundatis. Floribus erecto-patentibus, seriusgenuflexis Sepalis hirsutis, non obscure violaceis, luteo-fuscis vel dilute violaceis. Corollis inferne dilutioribus, lábio superno integro vel emarginato. Filamentis saepius inferne parce puberulis, rarius copiose pilosis. Stylo glabro, infra stigma vix glanduloso vel parce glandipili. Planta subcopiose albo-pilosa. Cetera uti in (O.) Henriquesi. Obs. Ab O. Castellana Reuter, cui valde similis, corollae lábio superno integro vel leviter emarginato (non profunde bi- lobo) differt. Ab O. loricata Reich, etiam differt scapo magis squamoso, stylo minus glandipili. Nota — A variedade (O.) Henriquesi Guim., colhida pelo sr. Dr. Júlio Henriques e por mim, numa herborisação que fizemos juntos na Serra de Louzã, em i883, é muito interessante por concentrar o maior numero de caracteres differenciaes em relação ás espécies descriptas (corollas muitas vezes flectidas com o lábio superior inteiro, antheras visivelmente bigornes, filetes insertos obliquamente, etc), e por constituir, com os ou- tros termos d'esta serie, um conjuncto apertado de formas com ramificações a que se prendem estreitamente outras variedades, consideradas até hoje espécies muito distinctas, como a O. ame- thystea Thuill., O. Picridis Schultz e O. Castellana Reut., e que, por outro lado, irradia, por intermédio de variedades que, a seguir, descrevo, neste trabalho, para as O. densijlora Salz. e O. mauretanica Beck. Isto prova apenas que a classificação das Orobanches, sobretudo das Minores, precisa de uma remodelação com- pleta. Seria necessário, dispondo de exemplares colhidos no máximo numero possível de estações, ou com as suas diagnoses completas, organisar a arvore genealógica de todas as formas, o que não seria, talvez, impossivel, porque estes parasitas teem a propriedade curiosa de persistência, nas respectivas esta- ções, das formas successivas que vão tomando na emigração de hospedeira para outra hospedeira, ou de estação para esta- ção. As variações na mesma estação, a que me referi noutra nota, teem uma amplitude pequeníssima, que pôde ir, em raros J. d'aSCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS l33 casos, num tempo apreciável, de forma a outra forma, mas que a existência simultânea, em vários' pontos, de formas de tran- sição quasi insensível faz pensar que taes variações, na mesma estação, não vão, atravez do tempo, alem de certos limites. Em resumo: nestas Orobanches as formas intermédias entre os typos de fácies muito differente não desapparecem, como succedeu, a maior parte das vezes, nas outras espécies; antes se manteem; e d'ahi provém a multiplicidade de formas com fixidez de caracteres que as avisinham umas das outras, facto que lhes originou, sem fundamento serio, a fama de plantas extremamente polymorphas de geração para geração. Organisada a arvore genealógica, dever-se-hiam agrupar em varias espécies as formas com um fácies quanto possível dis- tincto, e que, pelo menos, tivessem constante um caracter floral de importância. Ás differentes formas deveria conservar-se o nome dado pelo primeiro botânico que as descreveu; mas nas espécies, embora isso fosse contra as resoluções dos congres- sos de sciencias naturaes, não seria reconhecido o direito de prioridade ao auctor da diagnose da forma primeiro descripta em cada espécie, senão quando não sobreviesse antithese entre os nomes e os caracteres, de modo que não houvesse mais Orobanche amethystea de flores amarellas, O. Picridis pa- rasita de outras espécies que não a Picris, O. mauretanica que habita em terras que não são de mouros, etc. Ficaria, é evidente, muito alterada a nomenclatura clássica das espé- cies, mas seria consideravelmente diminuído o trabalho da classificação aos futuros botânicos, que poderiam chegar a de- terminar com relativa facilidade as Orobanches, actualmente tão complicadas. Verdade seja que, embora muitos botânicos o embaraças- sem, Beck já reduziu muito o trabalho no estudo d'esta fa- mília; mas a sua monographia não satisfaz a todos, nem podia satisfazer, com os elementos de que dispunha o illustre botâ- nico. Essa monographia tem um extraordinário valor; mas seria necessário, para um trabalho completo, condensar em uma só as monographias, que em geral estão por fazer, das orobancas dos diversos paizes, e concentrar os exemplares l34 BROTÉRIA colhidos, com descripção pormenorisada das cores, que se per- dem, em um herbario onde um especialista os estudasse, coordenasse e classificasse. . Essa obra colossal ha-de fazer-se. Para a facilitar deixo nesta monographia alguns elementos que talvez só venham a ser apreciados pelo naturalista que levar a vida a estudar as Orobanches do mundo inteiro. Mas se tal botânico terá de ser revolucionário, em con- traposição, eu fui tão conservador quanto me foi possível, não innovando espécie alguma ('), alterando as diagnoses das es- pécies clássicas para nellas intercalar as novas formas, e não adoptando nomenclatura que elevasse o numero das espécies. A orientação seguida, talvez com bases pouco scientificas, oíferece a vantagem pratica de reduzir o trabalho de classifica- ção áquelles que apenas pretendam limital-a ao reconhecimento das espécies. Para os que desejem determinar a forma, ahi deixo a descripção, o mais pormenorisada possível, de todas as variedades e variações mais distinctas, que existem nos nossos herbarios. Para estes apresento, a seguir, a diagnose da O. Henriquesi Guim., dedicada ao benemérito mestre, em recor- dação do mar de nuvens, e dos vários incidentes d'essa herbo- risação atravez dos córregos e alcantis da escalvada serra da Louzã. Orobanche Henriquesi Guim. (estampa xiii) Sc apus gracilis vel subfivmus, 1SS2 cm. altus, in basi param incvassatas, siccus striatus, obscure vel rarius dilate vioíascens, glanduloso-pilosus, infra imbricatim (ceterum cre- brius copiose) squamosus. Sqaamae erectae, inferiores triangulares, superiores l an- ceolato-acuminatae, glanduloso-pilosae. Spica c/lindraceo-elongata, 7-77 cm. alta, in ápice rotun- (*) A Orobanche insólita Guim., embora enumerada como espécie dis- tincta, deve ser considerada uma subespécie da O. rigens Lois., como opportunamente registrei numa observação junta á descripção d'essa orobanca. J. d'aSCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS l35 data (bradeis acwnen formantibus), rarius conico-acuminata, vel omnino rotundata; flores primwn erecto-p atentes, postea patentes, rarissime subhori^ontaliter patentes, i5-iy mm. longi. Bracteae lanceolato-acuminatae, violascentes, ut plurimum copiose albo-glanduloso-pilosae,/loribus infernis paulo brevio- res, médios aequantes, supernos parinn excedentes. Calicis partes separai ae, siccae obscure violascentes, in basi ovato-lanceolatae, in médio inaequaliter bifidae; dentes angitsti, longe acuminati, leviter attenuati, subulati, in ápice sub filiformes, longe glandulosopilosi, nervo médio inter dum prominule perducto, tubum corollae aequantes vel par um su- perantes. Corolla tubulosa, extus parce glandulosopilosa, sicca faucem versus luteo-fusca, vel sordide albo-violacea, in basi dilutior, venis violaceis praedita. Linea dorsalis in basi non valde curvata, mediam partem versus parum curva vel sub- recta, in lábio superno declivis, apiculo super imposito. La- bium superius carinatum, integrum vel leviter emarginatum, lobis latis, porrect is, demum patentibus; inferius lobis subaequa- libus, plicato-cochlearibus, rotundatis, inter dum in médio api- culatis; laciniae omnes plicatae, in margine glabrae, inaequa- liter crenulatae. Fi lamenta dilute subtrivenosa, supra basim corollae 2,5-4 mm- oblique et glandulae fere lunatae inserta, inferne parce pilosa, superne glabra vel rarissimis pilis glanduliferis obsita. Antherae glabrae, perspicue sublonge mucronatae, siccae luteae vel dilute fuscae. Gérmen ovatum, elongatum, glabrum. Stylus parce et inaequaliter piloso-glanduiosus, violascens. Stigma bilobum, lobis rotundatis, rubro-violaceis, sulco tranverso sejunctis. •y. (O.) crocodea Guim., nov. var. (') Scapo subHrmo, 35-40 cm. alto,- parce squamoso. Spicis in ápice densis, obtusis vel acuminatis. Floribus subhorizonta- liter patentibus, genuflexis, serius deflexis. (!) Crocodea deriva do grego xpoxá^Kis amarello. l36 BROTÉRIA Bradeis floribus brevioribus, in ápice spicáe interdum comosis. Calicis partibus in basi ovatis, subaequaliter infra médium bifidis, dilute luteis, dentibus sublatis, uni-subtrinerviis, nervo médio fusco pro- minulo instructis. Corollis iS-23 mm. longis, extus parce glandipilibus, siccis luteis, inferne dilutioribus, porrectis; linea dorsali inferne prone curvata, postea subrecta usque ad labium superius,ubi primum leviter declivi,deinde sur- sum versus elata; lábio superno bilobo vel interdum subtrilobo, lábio in- ferno lobis subaequalibus, remote crenulatis. Filamentis 2,5-4 mm- supra basim corollae oblique insertis, glandulis insertionis crebro elongatis, sublobato-dilatatis, inferne saepe abrupte attenuatis, fere absque venis, parce et breviter pilosis, superne glabris. An- theris fuscis, apiculo albo brevi. Stylo glabro vel sub stigmate parce glandipili; stigmate purpúreo, infundibuliformi, magno, in médio transversaliter sulcato. Obs. i.a Haec forma valde distincta, imo forsitan species nova, ab O. attica Reuter separanda, praesertim propter fila- mentorum formam et pilos minus densiores et tantum in basi (non usque ad mediam partem) conspícuos. Praeterea corollae non sunt valde glanduloso-pilosae. Obs. 2.a Ab O. densiflora Salz., cui valde affinis et ad quam transitum aperit, corollis majoribus, inferne dilutioribus, demum deflexis, filamentis plerumque altius insertis, diífert. 2>. (O.) carphita Guim., nov. var. (') Scapo gracili, parce squamoso, 20-35 mm. alto. Spica in ápice rotundata, inferne laxiore. Floribus erecto patentibus, vel subhorizontalier patentibus, deflexis. Bradeis ut plurimum subanguste lanceolatis, flores aequantibus vel brevioribus. Calicis partibus luteis vel dilute violascentibus, inaequaliter aut sub- inaequaliter biridis; laciniis angustis, uninerviis, in ápice filiformibus. Corollis ut plurimum angustis, tubulosis, 3-5 mm. latis, i5-2omm. lon- gis, extus parce et breviter glanduloso-pilosis, siccis inferne luteis vel albo-luteis, in viridi luteis vel albo-lilacineis; linea dorsali totp aequaliter curvata; lábio superno emarginato vel bilobo; omnibus laciniis dense crenulatis. Filamentis dilute trivenosis, 2,5-3,5 mm. (rarius 3-4 vel 2-3 mm ) obli- (') Carphita deriva de xapcpí-rns côr de palha. J. d'aSCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 1 37 que glandulae lunatae alte insertis, superne glabris, vel parce et breviter glandipilibus. Antheris breviter mucronatis. Stylo infra stigma plerumque parce glandipili,saepeglabro. Stigmate luteo (?), violáceo vel purpúreo. Sequentes continet formas: &. i — (O.) campylantha Guim., nov. subvar. (!) Scapo sicco rubro violáceo, glabrescente. Calicis partibus subaequaliter bifidis, rarius integris, violascentibus vel fuscis. Corollis omnibus spicae valde curvatis, cito deflexis, 4 mm. latis. Filamentis inferne parce pilosis. Antheris fuscis. S. 2 — (O.) carphita Guim. Synon. — Orobanche Evonymi Petrovic (?), Addit. ad flor. agri Nyssani, p. 144 ( 1 885); Beck (ut varietas Orobanches amethysteae Thuill.), Mo- NOGR. DER GATT. OrOB., p. 23 I. Scapo sicco dilute ochro-violaceo, satis glanduloso-piloso. Calicis partibus luteis, inaequaliter bifidis, rarius subintegris. Corollis 4-5 mm latis, luteo-albis. Filamentis usque ad médium subcopiose pilosis. Antheris siccis luteis vel dilute fuscis. c. (O.) Pauliui Guim., nov. var. Scapo gracili, satis squamoso, sicco (sicut tota planta) glabrescente, violaceo-nigrescente. Squamis ovatis. Spica in ápice densa, rotundata, bracteis acumen formantibus, in- ferne laxa. Floribus erecto-patentibus. Bracteis late lanceolatis, flores aequantibus vel superantibus. Calicis partibus liberis, in basi lanceolatis, obscure violascentibus, inaequaliter et profunde bifidis: dentibus uninerviis, anguste subulato- acuminatis,- minutis, dimidium corollae ut plurimum vix attin- gentibus. Corollis siccis fuscis, in basi dilutioribus, 5-6 mm. latis, i5-i6 mm. longis ; linea dorsali in basi curvata, in médio dorso leviter arcuata vel subrecta, supra abrupte complanata vel declivi; lábio superno emargi- nato vel bilobo, lobis porrectis (?); omnibus laciniis dense crenulatis. (') Campylantha do grego y.aiMrúXoç curvo, e ávôcs flor. 1 38 BROTÉRTA Filamentis 2,5-3,5 mm. supra basim corollae oblique glandulae fere lunatae (ferme duplici) insertis, obscure trivenosis, infra leviter puberulis, supra parcissime glandulosis vel glabris. An th e ris fuscis, subbreviter mucronatis. Stylo parce et breviter glandipili. Obs. i.a Diífert ab (O.) Henriquesi Guim. omnibus partibus minus pilosis, glabrescentibus, dentibus calicis uninerviis ac minoribus, antheris brevius mucronatis, filamentis minus pilo- sis, etc. Obs. 2.a Dr. Manuel Paulino d'01iveira, jam vita functus, hanc varietatem primus invenit. Propterea illam caríssimo meo quondam doctori dica vi. Ç. (O.) apalothrix Guim., nov. var. (l) Scapo gracili vel subfirmo, parce»squamoso. Spica in ápice dense rotundata. Bradeis late lanceolatis, flores aequantibus vel superantibus. Calicis partibus inaequaliter bifidis, interdum denticulo altero sub- trifidis. Corollis 6-7 mm. latis, 20 mm. circiter longis, extus parce glandipilibus vel glabrescentibus; línea dorsali parte media parum curvata, in ápice com- planata; lábio superno emarginato vel bilobo; omnibus laciniis dense crenulatis. Filamentis supra basim corollae 2,5 3,5 mm. glandulae lunatae sub- horizontaliter insertis, inferne perspicue trivenosis, leviter puberulis, su- perne glabris. Antheris fuscis vel luteo-fuscis, breviter mucronatis. Gérmen in ápice parce glandipili. Stylo parce et breviter (imprimis infra stigma) glanduloso-piloso. Planta sicca luteo-fusca, parce villosa. Obs. Ab (O.) dioristha Guim., varietate O. mauretanicaè Beck, ad quam reapse viam sternit (et propterea juxta ipsam lo- canda), differt scapo parcius squamoso, dentibus calicis pluri- nerviis et latioribus, filamentis inferius insertis (2.5-3,5 mm., non 3-5 mm.); stylo infra stigma copiosius glandipili (non totó aequaliter parce et breviter glanduloso-piloso). (!) Apalothrix provém de àTaXdôptl-, de pêlo suave. J. D'ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS l3o, Duas formas inveni: £. i — (O.) alloia Guim., nov. subvar. (') Scapo gracili. Spica in ápice densa, infra laxa. Floribus erecto-patentibus vel pa- tentibus. Calicis partibus in basi ovatis, parte media bifidis ; laciniis tubo co- rollae brevioribus. Corollae lábio superno emarginato. Antheris fuscis. Stylo infra stigma copiose et breviter glandipili. I. 2 — (O.) apalothrix Guim., nov. subvar. Scapo subfirmo. Spica apicem versus densa, in basi laxiuscula. Floribus erecto- patentibus vel patentibus, cito derlexis. Calicis partibus in basi late ovatis, supra mediam partem bidentatis; dentibus tubum corollae aequantibus vel fere superantibus. Corollae lábio superno bilobo. Antheris siccis luteo-fuscis. Stylo infra stigma non copiose sed tamen magis glandipili quam cetera. Habitat ad sepes, in locis herbosis subhumidis et umbrosis. Floret Majo-Junio, (O.) apalothrix Guim. Júlio. (O.) dúbia Guim. jam Majo circa Faro lecta est. (v. v.). Distrib. geogr. — Europa : Hispânia, Gallia, Germânia, Itália, Sicília, Serbia, Rumelia, Grécia; Ásia minor et Pérsia. Distrib. geogr.: p. (O.) Henriquesi Guim. (3. i — (O.) Ricardi Guim. Beira meridional: — Malpica: próximo do Pinhal (na Genista triacanthos Brot., R. da Cunha!). (*) Alloia de àXX Io; diverso. 140 BROTERIA (3. 2— (O.) Molleri Guim. Beira transmontana : — Arredores de Almeida : Junca (M. Ferreira!). Beira littoral: — -Miranda do Corvo (A. Moller!). Beira meridional: — Sernache do Bomjardim (Marcellino Marques de Barros!). Alto Alemtejo: — Portalegre (forma maior, Moller!). (3. 3 — (O.) transi li eus Guim. Beira meridional: — Castello Branco: Horta do Tanque (parasita da Digitalis Thapsi L., R. da Cunha!). (3. 4 — (O.) Henriquesi Guim. Beira central: — Ponte da Murcella (parasita da Digi- talis purpúrea L., M. Ferreira!); Góes (parasita da D. pur- púrea L., Dr. Júlio Henriques!, A. Guimarães!); arredores da Louza: senhora da Piedade (Dr. Júlio Henriques!, A. Guimarães!). Beira littoral: — Coimbra: Povoa (forma com as bracteas mais estreitas e as flores menores, Manuel de Lucena!); Portella, Santo António dos Olivaes [Socied. Brot. exsicc, n.° 678, mis- turada com exemplares da (O.) neglecta Guim., Costa Lobo!]. [3. 5 — (O.) dúbia Guim. Algarve: — Serra de Monchique (Moller!); arredores de Faro : Horta das Pontes (nos dois exemplares colhidos em annos successívos, um, parasita da Tolpis barbata Gartn., tem os filetes inferiormente quasi glabros e alguns pêlos glanduliferos no estylete, o outro, sem indicação da hospedeira, tem a parte inferior dos filetes abundantemente peluda e o estylete apenas glanduloso, A. Guimarães!, Welwitsch!); entre Olhão e Estoy parasita da Ormenis nobilis Gay, e da Tolpis barbata Gartn., Welwitsch!). 7. (O.) croeodea Guim. Beira littoral: — Arredores da Pereira (A. Barjona!). J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS I4.I Beira meridional: — Castello Branco: Olival nas proxi- midades do Castello (parasita de ura Daucus sp., Ricardo da Cunha !). à. (O.) carphita Guim. <5. 1 — (O.) campflantha Guim. Beira littoral: — Arredores de (Coimbra: Calça do Gato, Santo António dos Olivaes (parasita da Digitalis purpúrea L., Moller!), Jardim Botânico (Dr. Júlio Henriques!). §. 2 — (O.) carphita Guim. Alemdouro transmontano: — Bragança (forma com as flores um pouco menores e as bracteas mais estreitas do que a da estação seguinte, parasita da Digitalis tomentosa Lk., M. Ferreira!); Freixo de Espada á Cinta (J. de Mariz !). c. (O.) Pauliiii Guim. Alemdouro transmontano: — Bragança (Dr. Manuel Pau- lino d'01iveira!). £. (O.) npalotrix Guim. t. 1 — (O.) alloia Guim. Alemdouro transmontano: — Arredores do Vimioso: Ar- gozello (J. de Mariz!). t. 1 — (O.) apalothrix Guim. Alto Alemtejo: — Campo Maior (Daniel Filippe!). 14- Oi*ol>aiiclie densiílor*a Salzmann Scapus fínnus, i5-4o cm. altus, in basi parum uicrassatus, parce, copiose, aui dense squamosus, infra glabrescens, su- pra copiosc glandulosopilosus rei undique subglaber, cum est siccus j uscus vel atropurpureus, subnigrescens. 142 BROTERIA Squamae inferiores ovatae et glabrae, superiores anguste lan- ceolatae, i-3 cm. longae, copiose vel parce glanduloso-pilosae . Spica ovata rei cylindraceo-conica, in ápice acuminata, bra- deis comosa, varias rotundata, valde denso-multijlora. Flores patentes vel lwri\ontaliter patentes, io-i5 cm. (rarius ig cm.) longi. Bracteae stricte lanceolato-acuminatae, flores longitudine su- perantes, aequantes vel brevioves. Calicis partes antice coalescentes vel liberae, in basi oi>atae, infra médium inaequaliter vel aequaliter bifidae; dentes uni- nervii vel plurinervii (Reuter), subulati, apicem versus filifor- mes, tubum corollae subaequantes, sicci dilute fusci. Corolla tubulosa, saepius fere a basi ad faucem usque sub- ampliata, extus parce glandipilis vel glabrescens, lutescens (?) sicca dilute lutea vel rubro- fusca; linea dorsalis aequaliter curvata, rarius subrecta vel concava ; labium supernum plicato- emarginatum vel bilobum; labium infernum subaequaliter tri- lobum vel médio majore, lobis rotundatis vel truncatis, magnis plicis prominulis; omnes laciniae in margine glabrae, plus minus inciso-denticulato-crenidatae. Filamenta supra basim corollae i-3 mm. (rarius 4 mm.) inserta, inferne parce pilosa vel glabrescenlia, rarius subcopiose pi- losa, (glândula insertionis pleramque perspicue uno latere aut utroque elongato-subincrassata), dein attenuata 11011 trivenosa, superne glabra vel perpaucis pilis glanduliferis obsita. An- therae plus minus mucronatae, in sutura interdum pilosulae, siccae corolla dilutiores, infra mucronem interdum fuscae. Gemeu ellipsoideum, supra gl abram vel parce glandipile. Stylus brevis, (imprimis inferventem aquam immersus) utplu- rimum crassiusculus, parce glanduloso-pilosus vel rarius glaber. Stigma bilobum, serius conspicue bicrure, lobis subglobosis, luteis. Obs. Hujus rarissimae speciei, hucusque solum in regionibus Hispaniae australis et in Mauritânia inventae, duplex forma, eaque insignis, a Welwitschio duntaxat in Lusitânia lecta est. Superioribus annis eam semel atque iterum diligentissime J. D'ASCENSÁO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 1 43 quaesivi in locis ubi a Welwitschio reperta est, et nunquam inveni. Formae typicae herbarii Willkommi, in Algesiras et Pal- mones (Hispânia australi) lectae a R. Fritze, studui, et formas lusitanas ad hanc speciem revocandas esse exploratissimum habui. a. typica — O- cleusilloi-a. Salzmann Synon. — Orobanche densiflora Salzmann, Plantae hisi\ tingit. exsicc. (i825); Reuter, in DG. Prodr., xi, p. 19; Willkomm, Prodr. flor. hisp, 11. p. 622; Beck, Monogr. der Gatt. Orob., p. 282; — Orobanche ' crinita Reichenbach (non Viviani), Iconogr. vil, fig. 922. Scapo copiose squamoso, supra piloso furfuraceo. Spica floribus horizontaliter patentibus, stricte congestis, ut plurimum 10 i5 mm. longis. Corollis linea dorsali aequaliter curvata, lábio inferno lobis subaequa- libus, laciniis frequentei- inciso-denticulatis. Staminibus 1 ,5-3 mm. alte insertis. Planta satis glanduloso-pilosa, sicca dilute lutea vel rubro-fusca (Beck). p. (O.) evythriíia Guim., nov. var. (') Scapo parce squamoso. Spica in ápice bracteis filiformibus acuminate comosa, rloribus pa- tentibus minus compactis, 15-17-19 mm. longis. Sepalis antice brevius coalescentibus, vel liberis. Corollis linea dorsaliparte media ut plurimum concava, superne parum curvata, labii inferni lobo médio reliquis majore, laciniis omnibus (raro non dense) inciso-denticulatis. Filamentis 1-2 mm. alte insertis. An th e ris longius mucronatis. Stylo infra stigma minus incurvo. Cetera uti in typica. Planta sicca rubro fusca vel nigrescente, undique modice glanduloso- pilosa aut glabrescente. Obs. Welwitsch in schaeda scripsit Orobanche erubescens nov. sp., quin eam describeret. Quamvis O. erubescentis (') Erythrina vem do grego ipuôpivoí rubro. 144 BROTÉRIA Sauter, forma macroglossa Orobanches caryophyllaceae Smith, descriptio (non idem accidet, si specimen cum specimine com- paraveris) varietati lusitanicae satis similis sit, ab illa, tamen, sejungenda propter corollae lacinias margine omnino glabras (non glandipiles), filamenta glabrescentia (non a basi ad mediam usque partem copiose pilosa, neque apicem versus glanduloso- pilosa), corollas minores, etc. Cum igitur Welwitschianum nomen jam alii formae, prorsus diversae, impositum sit, eo non servato, huic nomen erythrina indidi, confusionis vitandae gratia. 1'. (O.) m;ií'raixma Guim , nov. var. (') Scapo copiose squamoso, imprimis apicem versus breviter glandipili- furfuraceo. Squamis pilose-furfuraceis, lineari lanceolatis, 10 mm. circiter longis. Spica globosa vel parce elongata, 3-7 mm. longa, densa, multiflora, iff ápice rotundata; rloribus horizontaliter patentibus, angustis, 11-17 mm. longis. Bracteis lineari-lanceolatis, interdum corollas subaequantibus, plerum- que paulo brevioribus, in ápice spicae comam brevem rotundam interdum formantibus. Calicis partibus liberis vel rarissime breviter coalescentibus, subae- qualiter bifidis, rarius dente antico minore; lacinis subulatis, uninerviis tubo corollae brevioribus. Corolla sicca obscure luteo fusca, concolore, extus parce glanduloso- pilosa, subglabrescente; linea dorsali in basi curvata, in meJio subrecta, in lábio superno subdeclivi, interdum parte media genuflexa aut subdeflexa; lábio superno plicato-emarginato; inferno lobis subaequalibus, rotundatis vel truncatis; omnibus laciniis frequenter inciso-crenulatis, rarius den- ticulatis. Filamentis 1,5-4 mm- alte oblique insertis, ut plurimum in basi uno la- tere (rarius utroque) tantillum elongato, sublobato, plerumque paulo superius attenuatis, rarius subtrivenosis, inferne infra médium satis pi- losis; superne glabrescentibus. Antheris siccis fuscis, longe mucro- natis. Stylo tenui,longiore quam in aliis varietatibus, parce glanduloso-piloso, pihs brevibus (rarius uno alterove reliquis longiore), vel omnino glabro. Planta sicca fere fusca (*) Macraixma deriva do grego aax.pòç longo aíy^.r, esporão. J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 143 Obs. Haec forma médium tenet locum inter O. densifloram Salzm. et O. loricat,am Reich., et ex utrave estenata; ideoque prope illas certe locanda. Mihi videtur magis affinis O. densi- Jlorae Salzm. Cum id initio mihi exploratum non esset et aliunde nondum descriptam crederem, eam contuli cum omnibus specie- bus sectionis Minores, et sequentes annotavi differentias : DlFFERT : Ab O. amethystea Thuillier corollis siccis concoloribus, antheris longius mucronatis, etc. Ab O. densijlora Salz. typica et (3. (O.) erythfina Guim. bracteis brevioribus, filamentis inferne magis pilosis, in inser- tione minus dilatatis, antheris longius mucronatis, stylo minus et brevius glandipili, etc; sed ipsi aliis notis valde affinis. Ab O. mauretanica Beck corollis minoribus et angustio- ribus, non erecto-patentibus, bracteis minoribus, antheris lon- gius mucronatis, etc; sed styli indumento, linea dorsali, interdum filamentorum parte inferna, saepissime calicis partibus, etc, ei satis similis. Ab O. Clausonis Pomel calicis dentibus antice non alte connatis, subulatis (non brevi-triangularibus). Ab O. Scolymi Pomel bracteis corollis brevioribus (non plus minus superantibus), corollis parte media non subinflatis. Ab O. canescente J. et C. Presl bracteis brevioribus corollis, siccis concoloribus, non erecto-patentibus, antheris longius mucronatis. Ab O. grandisepala F. Schultz sepalis binerviis (non pluri- nerviis), bidentatis (non tridentatis). Ab O. Esulae Pancic filamentis 1-4 mm. (non 5-6 mm.) alte insertis, stylo minus piloso, etc Ab O. versicolor e F. Schultz corollis extus in lábio superiore glabrescentibus (non longe lanuginoso-pilosis); filamentis inferne non longe pilosis. Ab O. arcuata F. Schultz sepalis subaequaliter bifidis (non integris nec obsolete 2-trinerviis), filamentis non ultra médium villoso-pilosis. 1 46 BROTÉRIA Ab O. Grisebachii Reut. filamentis non ultra médium longe pilosis, antberis longius acuminatis. Ab O. hadroantha Beck filamentis non ultra médium vil- losis, corollis siccis concoloribus, fuscis (non infra subalbidis, supra limbum versus dilute fuscis). Ab O. loricata Reichenb. indumento staminum et styli, longitudine bractearum, floribus non erecto-patentibus, etc; sed varietati [3. 2 (O.) balsensi Guim. valde affinis. Ab O. Picridis F. Schultz antheris longe (non breviter) mucronatis, filamentis et stylo minus pilosis, etc. Ab Q. laxa Pomel spicis densitioris (non laxifloris), calicis partibus non integris, etc. Ab O. Boissieri Reichenb. fil. partibus calicis bifidis (non integris), antheris longe (non breviter) acuminatis, etc. Ab O. fuliginosa Reut. antheris longe (non brevissime) acuminatis, corollis siccis concoloribus (non inferne luteo- lis), etc. Ab O. 0{anonis F. Schultz filamentis a parte Ínfima ad médium usque non copiose pilosis, corollis siccis concoloribus (non in basi albidis, superne luteo-fuscis), etc. Ab O. minore Sutt. antheris longe (non breviter) mucrona- tis, stylo plerumque glabro, calicis dentibus brevioribus, etc. Ab O. concolore Duby dentibus calicis minoribus, squamis angustis (non ovato-lanceolatis), etc. Ab O. oraneiise Beck calicis dentibus uninerviis (non plu- rinerviis), filamentis i-3,5 mm. (rarius 4 mm.) (non in médio co- rollae) alte insertis. Ab O. Bovei Reut. dentibus uninerviis (non plurinerviis), bracteis minoribus, spicis brevioribus (non elongatis), etc. Ab O. palaestina Reut. antheris longius mucronatis, bra- cteis brevioribus, corollas non longe superantibus, etc. Ab O. aethiopica Beck antheris longius acuminatis, bracteis flores non attingentibus vel subaequantibus (non eos longe su- perantibus), etc. Ab O. Hederae Duby corollis extus parce glandipilibus (non glabris, nec sub limbo constrictis), antheris longius mu- cronatis, etc. J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 147 Sed et comparationem institui cum speciebus dubiis sequen- tibus : DlFFERT : Ab O. Calendulae Pomel spicis non laxifloris, bracteis non ovato-lanceolatis, etc. Ab O. connata C. Koch sepalis non connatis, filamentis non paene sub médio corollae insertis, etc. Ab O. curvata Pomel corollis non conspicue arcuatis, ca- licis dentibus non setaceis, etc. Ab O. Kashmirica Clarke spicis densiíloris (non»pauci et laxifloris), cálice quadridentato (non quinquedentato), etc. Ab O. Knappii Pantoczek squamis non ovato-lanceolatis, filamentis non 5 mm. inferius insertis, etc. Ab O. leptantha Pomel bracteis brevioribus, calicis denti- bus non plurinerviis, etc. Ab O. Loti corniculati F. Schultz spicis multirloris (non 5-6 floris), scapo gracili (non tenui), etc. Ab O. lycica F. Schultz sepalis non plurinerviis, tubo co- rollae brevioribus, non aequantibus vel longioribus, etc. Ab O. subverticillata F. Schultz sepalis non quinquenerviis, corollis non arcuatis, etc. Floret Aprili, imprimis Majo, Junio. (v. s.J. Distr. geogr.: — Europa: Hispânia australis; Africa: Mau- ritânia. Distr. chorogr. : p. (O.) ei-ythi-ina Guim. Centro littoral: — Arredores de Lisboa: Estrada Real entre a Ajuda e Queluz (nas Leguminosas cultivadas, Wel- witsch! 1843). -j-. (O.) macraixma Guim. Centro littoral: — Arredores de Lisboa: Tapada da Ajuda (parasita da Carlina corymbosa L., Welwitsch! 1846). I _j.8 BROTÉRIA Alemtejo littoral: — Collina da margem esquerda do Tejo (parasita da Thrincia hispida Rth., Daveau!). 1£>. Orobanche mauretanica Beck Scapixs firmus, crassas, 12-60 cm. altas, dilute luteus, basim versus roseus, interdum 7'iolascens, siccus fuscas, luteo- fu- scas rei violaceo-fuscus, striatus, copiose glanduloso-pilosus, serius miuus rillosus, demum interdum subglabrescens, inferne valde incrassatus, saepe clavatus, imbricatim squamosus, su- perne plerumque valde squamosus. Squamae inferiores ovato-lanceolatae vel rarius anguste lan- ceolatae, superiores angustiores, 2-2,5 cm. longae, glanduloso- pilosae, scapo accumbentes. Spica cylindracea, multi flora, 3-28 cm. longa, in ápice densa, plerumque roiundata, interdum acuminata, inferne sublaxi- flora, rarius tota laxa vel tota densijlora, rachi crasso praedita. Flores erecto-patentes (in typo), interdum hori- \ontaliter patentes, saepe in médio prone curvati, deflexi, 7 5-22 mm. (rarissime io-i5 mm.) longi. Bracteae longe lanceolato-acutae, rarius late ovato-acutae, cito exsiccatae, demum dejlexae, fores aequantes vel superantes. Calicis partes liberae, vel antice coalescentes, parte media aequaliter vel inaequaliter dentatae, rarius integrae vel dente antico minuto, in basi lanceolatae, interdum ovato-lanceolatae ; dentes plus minusve angusti, longe acuminati, in ápice raris- sime filiformes, uninervii vel posticus subtrinervius, tubum corollae longitudine subaequantes, glandulosopilosi, luteofusci vel fusci, nervis atro-fuscis. Corolla tubulosa, supra parce vel sensim dilatata, extus parce glanduloso-pilosa, in lábio superno interdum pilosa, raris- sime glabra, sordide lutea, concolor, sicca luteofusca vel rarius fusca, nervis fuscopurpur eis; linea dorsal is in basi cur- vata, in médio parum curva vel subrecta, in lábio superno ul phtrimum declivis vel abrupte arcuata; labium super ius ca- rinatum, profunde bilobum, rarius integrum vel plicato-emar- J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 14Q ginatum, lobis magnis, reflexis vel rarius porrectis; labium ihferius lobis aequalibus vel médio majore, latis plicis dissitis; omnes laciniae rotundatae, in margine glabrae, inaequaliter denticulai o-crenulatae. Filamenta 3-5 mm. (rarius 1,5-3 mm.) supra basim corollae inseria, sicca trirenosa (interdum glandulae insertionis renas propinquas corollae non atiingunt, ac tunc filamenta sunt uni ve- nosa), glandulis luteis, inferne (sicut corollae pars subjacens) pilosa, superne glabra rei perpaucis pilis glanduliferis obsita. Antherae fuscae, siccae luteo-fuscae, breviter vel perspicue mucronatae. Gérmen inferne luteum, orato-oblongum, ápice parce glandi- pile, rei glabrum. Stylus sordide roseus, breviter glan- duloso-pilosus vel subglaber. Stygma lateris cocti colore, rei ceraceo-rubicundum (Welwitsch), vel luteum (? Beck), lobis subglobosis, verruculosis. Sequentes continet varietates: a. — O. mauretauica Beck Spicis 30-40 mm. (rarius 25 mm.) latis. Floribus 16-22 mm. (plerum- que 18-20 mm.) longis. Bmcteis lanceolatis. Calicis partibus bidentatis, dentibus tubum corollae aequantibus. Corollis extus parce glanduloso pilosis vel glabrescentibus, lábio superno bilobo. . Filamentis 3-5 mm. supra basim corollae insertis. Planta sicca flava, vel luteo-fusca. Variat: a.. 1 — (O.) dionstha Guím , nov. subvar. (') Spica in ápice rotundata vel rarius acuminata. (lalicis dentibus subangustis, aequalibus, rarius inaequalibus, uninerviis vel rarius subtrinerviis. Corollis extus primum glanduloso-pilosis, serius glabrescentibus im- primis in lábio superiore, in médio plerumque valde genuflexis, de- (') Dioristha provém do grego ^topíaOei; distincto. l5o BROTÉRIA flexis, rarius post anthesim erecto patentibus, nonnumquam fau- cem versus subdilatatis. Filamentis inferne parce pilosis. Antheris breviter mucronatis. Planta sicca luteo-fusca. Obs. (O.) dioristha Guim. ad (O.) apatelam Guim. velut viam sternit. a. 2 — {jenuina- O. mauretanica Beck Synon. — O. mauretanica Beck, Monogr. der Gatt. Orob., p. 233. Spica in ápice rotundata. Calicis dentibus aequalibus vel rarius inaequalibus, uninerviis, an- gustis. Corollis extus glabrescentibus, erecto- patentibus, versus faucem parce dilatatis. Filamentis inferne pilosis. Antheris breviter mucronatis. Planta sicca luteo-fusca. a.. 3 — (O ) pseudopogonia Guim., nov. subvar. (') Spica in ápice ut plurimum acuminata, bracteis longe comosa. Bradeis flores valde superantibus. Calicis partibus in basi ovatis, inaequaliter bidentatis, dente postiço longiore et latiore, subtrinervio. Corollis extus parce et breviter glanduloso pilosis, faucem versus sub- dilatatis, primum erecto patentibus, postea nonnumquam genu- flexis. Filamentis inferne breviter vel simul breviter et parce pilosis. An- theris perspicue mucronatis. Stylo plerumque parce et breviter glandipili, interdum satis piloso- glanduloso, pilis majoribus ac minoribus commixtis, rarissime gla- brescente. Planta sicca luteo-fusca. a. 4 — (O.) xeroxantha Guim., nov. subvar. (2) (estampa xiv). Spica in ápice rotundata, densa vel laxa. Bracteis, sepalis et corollis siccis flavescentibus. Calicis partibus in basi ovatis, inaequaliter bidentatis vel subintegris, dente postiço longiore et latiore, subtrinervio, antico minore vel subnullo. Co?~ollis in médio valde genuflexis. (') Pseudopogonia deriva do grego tyvjftxi falso, e •jwywvtaç barbado. (2) Xeroxantha toma sua origem em cr.pbç secco, e |av9ò; louro. J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS I 5 I Filamentis inferne pilosis, 2,5-5 mm. supra basim corollae insertis. Antheris perspicue mucronatis. Stylo breviter glandipili. Planta sicca flava. p. (O.) Welwitschii Guim., nov. var. Scapo interdum parcius squamoso. Spicis 2o-3o mm. latis. Floribus io-i5 mm. (rarius 17 mm.) longis, bracteis ovato-lanceolatis. Calicis partibus saepe integris, nonnumquam bidentatis, dentibus tu- bum corollae aequantibus vel brevioribus, apicem versus quandoque fili- formibus. Corollis apicem versus subangustatis, extus glanduloso pilosis vel gla- brescentibus, lábio superno integro vel plicato-emarginato. Filamentis i,5-5 mm. alte insertis. Antheris conspicue mucronatis. Planta sicca luteo-fusca. Obs. Hanc varietatem memoriae dicavi clarissimi Wel- witschii, qui eam primus invenit. Sequentes formas in herbariis reperi: p. 1— g-eiiuina =(0.) Welwitschii Guim. Spicis densis, rarius laxifloris, in ápice rotundatis vel acuminatis, 25-3o mm. latis. Bracteis flores superantibus. Calicis partibus in basi ovatis, plerumque integris, nonnumquam parte media inaequaliter vel subaequaliter bidentatis, dentibus siccis luteis vel luteo-fuscis, nervo uno prominulo obscure violáceo. Corollis albido-flavescentibus, dorso amoene violáceo, striatis, erecto- patentibus, labii superioris lobis porrectis, laciniis omnibus inter- dum apiculatis. Filamentis horizontaliter glandulae lunatae i,5-3 mm. alte insertis Stylo brevissime glandipili, stigmate violáceo (Welw.). [í. 2 — f0.y Helichrysi Guim., nov. subvar. Synon. — Orobanche liltoralis Welw., in schaeda (absque descriptionej. Spicis elatis, laxirloris, in ápice rotundatis, 20-2Ó mm. latis. Bracteis flores aequantibus. Calicis partibus integris, vel in médio aut supra subaequalibus, bi- dentatis, dentibus luteo fuscis, nonnumquam divaricatis, saepe subtrinerviis, corollis brevioribus. l52 BROTÉRIA Corollis erecto-patentibus, interdum genuflexis aut subdeflexis, labii superioris lobis patentibus, reflexis. Filamentis 3 4,5 mm. alte suboblique glandulae lunatae insertis, in- ferne plus minusve pilosis. p. 3 — (O.) leucothrix Guim., nov. subvar. (') Synon. — O. littoralis Wehv. |3 , in schaedis. Scapo (sicut squamis bracteisque) copiose albo-piloso. Calicis partibus profunde bifidis, corollae tubum subaequantibus. Filamentis nonnumquam ad médium usque dense pilosis, 2-3 mm. alte insertis. Stylus glanduloso pilosus. Stigma ceraceo-rubicundum (Welw.). Obs. (O.) Welwitschii Guim., O. 0\anonis Reut. affinis, praesertim per formam (0.) leucothricis Guim., meo quidem sensu, ut varietas O. mauretanicae Beck habenda est. 7. (O.) pogouia Guim., nov. var. Synon. — Orobanche barbata Brot , Fl. lus , 1, pag. iS3, Phytogr. Lus , 11, p. 146, tab. 142, fig. 1; — O. barbata Reut. (non Poiret), in DG Prodr., ix, p. 23; — O. minor Hoffm. Lk. (non Sutton), Fl. Portug , p. 3 1 2. Spicis 3o-35 mm. latis, floribus i5-20 mm. longis. Bradeis lanceolatis. Calicis partibus bidentatis, rarissime integris, dentibus tubum co- rollae aequantibus. Corollis extus parce glanduloso-pilosis vel glabrescentibus, lábio su- perno bilobo. Filamentis i,5-2,5 mm. alte insertis. Antheris conspicue mucronatis. Stylo plerumque vix glanduloso. Planta sicca luteo-fusca, rarius lutea. 7- 1 — g;enizina = fO.J pogonia Guim. Spica cylindracea, elongata, multirlora, in ápice denso-rotundata, rarius bracteis breviter acuminata, inferne laxirlora. Bradeis Mores superantibus, rarius aequantibus, interdum horizontali- ter porrectis. Calicis partibus parum infra médium inaequaliter bidentatis, dentibus angustis, subulato subfiliformibus, uninerviis, rarius subtrinerviis. Corollis 17-20 mm. longis, luteis, siccis luteo-fuscis, rarius fiavescenti- bus, linea dorsali in médio subrecta, labii inferioris laciniis fere aequalibus, frequenter denticulato-crenulatis. (') Leucothrix do XewwôptÇ, significa pêlo branco. J. D^VSCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS I 53 Filamentis inferne subcopiose pilosis, glandulae lunatae subdecurrenti insertis. Stylo plerumque vix glanduloso. y. 2 — (O.) eugenia Guim., nov. subvar. (l) Scapo sicco profunde sulcato. Spicis densis, ovoideo-acuminatis, bracteis longe comosis. Floribus plerumque prone curvatis, serius deflexis. Bracteis flores superantibus, valde albo-glanduloso-pilosis. Calicis partibus in médio inaequaliter bidentatis vel rarius integris, deptibus lanceolatis, uninerviis vel subtrinerviis. Corollis siccis luteo-fuscis, linea dorsali in médio curvata, labii infe- rioris lobo médio lateralibus majore, omnibus laciniis remote crenulato-repandis, plerumque patentibus. Filamentis inferne parce pilosis, deorsum versus decurrentibus, sub- oblique insertis. Stylo vix glanduloso, vel parcissime et breviter glandipili. 7. 3 — (O.) Nicotianae Welw. Synon. — Orobanche Nicotianae glaucae n. sp. ? Wehv., in schaeda (absque descriptione). Spicis prius denso-acuminatis, bracteis comosis, dein inferne valde laxis. Floribus horizontaliter patentibus, remotis. Bracteis ovato-lanceolatis, albu-pilosis, flores superantibus vel aequan- tibus. Calicis partibus profunde bipartitis, dentibus lanceolato-aristatis, tu- bum corollae superantibus, vel rarius aequantibus. Corollis 1 5- 17 mm. longis, extus subtiliter glanduloso pilosis, linea dorsali tota curvata vel in médio subrecta, laciniis in margine crenulato inciso denticulatis. Filamentis ad médium usque copiose pilosis. Antheris mucronibus divergentibus. Stylo brevissime glanduloso-piloso vel subglabro. •y. 4— (O.) pyrroleuca Guim., nov. subvar. (-') Bracteis flores aequantibus vel rarius superantibus. Floribus i5 mm. longis, albo luteis, siccis flavescentibus. Glândula insertionis staminum subrecta. Cetera uti in forma 7. 1 (O.) pogonia Guim. (l) Eugenia deriva do grego efysvetos de linda barba. (?) Pyrroleuca quer dizer ruivo-esbranquiçado, do grego wuppòí ruivo e '/.vj/.-jí branco. 1 54 BROTÉRIA à. (O.) pityrodea Guim., nov. var. (') Scapo modice squamoso. Spica angusta (\5io mm.), inferne valde laxa. Floribus i5-iGmm. longis, erecto-patentibus, bracteis flores valde superantibus. Calicis partibus extus undique pilosis, liberis, infra mediam partem bifidis vel trifidis: dentibus trinerviis, inaequalibus, corollae tubum supe- rantibus. Corollis angustis, extus copiose glanduloso pilosis, lábio superno emar- ginato, subintegro vel bilobo. Filamentis 2,5-3,5 mm. alte insertis, inferne (imprimis lateraliter) pilo- sis, superne glabris vel parcissime glandipilibus. Antheris siccis fuscis vel dilute fuscis, perspicue mucronatis, mucrone albo. Stylo parce et breviter glanduloso-piloso vel subglabro. Tota planta fusca, obscure et copiose rufo furfuracea, pubescente. Obs. (O.) pityrodea Guim. ab algeriana O. Scolymi Pomel [Noup. Mat. pour lajlore atlantique, in Buli. de la Soe. de Cli- matol. dWlger (1874), p. 108], cui valde similis, calicis partibus antice liberis (non coalescentibus), spicis superne densifloris, inferne valde laxis (non undique densifloris), praecipue differt. s. (O.) ryparia Guim., nov. var. (2j Scapo leviter striato, modice squamoso. Spica angusta (20 mm. lata). Floribus erecto-patentibus, vel patenti- bus, i5 mm. longis. Bracteis flores aequantibus vel brevioribus, non lanate furfuraceis. Calicis partibus in basi ovatis, plerumque antice coalescentibus, supra médium bidentatis, dentibus uninerviis, in ápice filiformibus. Corollis angustis, extus vix glandulosis, linea dorsali in médio parce curvata, lábio superno galeato, plicato-emarginato, lábio inferno subaequa- liter trilobo, omnibus laciniis minimis, margine repando-crenulatis, glabris. Filamentis superne glandulosis, inferne latissimis, univenosis, parce pilosis, 2 mm. alte insertis. Stylo brevissime glandipili. Planta sicca sordide fusca, parce pubescente. Obs. Differt ab O. Scolvmi PomeJ spicis elongatis, laxis (non densifloris); bracteis (sicut scapo) non furfuraceo-pube- (1) Pityrodea do grego .TiToptóSvK furfuraceo. (2) Ryparia, do grego pumxpò;, significa sórdido. J. d'aSCENSÁO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 1 55 scentibus, sed scabris, parce pilosis; corollis in médio non sub- inflatis, laciniis crenulatis (non denticulatis); calicis partibus integris vel forsitan rainus profunde bidentatis, etc.*, abO. Clau- sonis Pomel, calicis dentibus médium tubum corollae non aequantibus, etc. Nota — Beck innovou a O. mauretanica para separar da O. barbata Poiret (que incorporou, e muito bem, na O. minor Sutt.) a O. barbata Reuter, que é espécie muito differente; e, não dispondo senão de exemplares africanos e de uma exsiccata portugueza de Welwitsch, da Serra de Monsanto, apenas de- screveu na sua monographia, em diagnose com muitos porme- nores, a forma observada, que é realmente muito distincta das espécies definidas. Ao estudar nos herbarios portuguezes a riquíssima secção das Minores, seguindo um processo idêntico ao que expuz na nota da (O.) Broteri Guim., isto é, organisando a arvore genealógica provável destas espécies, logo deparei com um grupo de formas (muitas das quaes estudadas isoladamente pareciam espécies novas) cujos ramos extremos tocavam nas O. amethystea Thuillier, O. mauretanica Beck, O. 0\anonis Reuter e O. Scolymi Pomel-, sendo, comtudo, o conjuncto de afíinidades maior para com a espécie de Beck. Por esse motivo adoptei, para todo o grupo, o nome d'esta ultima. Mas, para poder comprehender na O. mauretanica Beck todas as formas portuguezas affins, fui forçado a modificar pro- fundamente a diagnose do seu i Ilustre auctor, pondo de parte caracteres específicos importantes, como o da forma da espiga, altura de insersão dos estames (3-5 mm.), flores sempre levan- tadas, nervação e grandeza relativa das sepalas, linha dorsal e divisão do lábio superior da corolla, etc. Outros caracteres ha que falham menos vezes, como a abun- dância de escamas, os pêlos glandulosos de pé muito curto no estylete, a cor da corolla, a pilosidade dos estames, etc. Se todavia, alguns, ou muitos d'estes caracteres, differem entre si nos exemplares observados, ou não ajustam na dia- gnose de Beck, é certo que os fácies das três primeiras varie- 56 BROTÉR/A dades que descrevo se approximam muito, por gradações insensíveis*, e note-se que o fácies ainda é para o naturalista, em casos difficeis, um apoio dos mais seguros. O aspecto das duas ultimas variedades — (O.) pityrodea Guim. e (O.) ryparia Guim. é differente do porte das outras variedades*, mas ahi ha outras ligações morphologicas de valor,, como a coadunação anterior das partes do cálice na (O.) rypa- ria, e a pilosidade do estylete, em ambas semelhante á das outras variedades. E natural, se é que existe ainda, que venha a descobrir-se uma forma ou formas que estabeleçam transição suave entre os dois ramos de fácies differente da O. mauretanica Beck. Essa forma deve ser intermediaria entre a O. mauretanica Beck typica e as formas (O.) ryparia Guim. e O. Scolymi Pomel. E possi- vel, porém, que essas formas de transição não tenham existido, e que, segundo a orientação de alguns naturalistas modernos, as maiores alterações de forma sejam provenientes da mutação, ou de um salto embryonario de maior amplitude, na adaptação da espécie a um novo meio, á raiz de outra planta hospedeira. Essas theorias, aliás muito interessantes, mal encontram cabida neste estudo das orobancas portuguezas, porque, dispondo de numerosíssimos exemplares, notei quasi sempre transições suaves de forma para forma, de espécie para espécie, corro- borando o velho aphorismo — natura nonfacit saltus, que ora se pretende destruir. Beck na diagnose da O. mauretanica atribue aos lobos do estigma cor probabiliter lutei. Derivando esta espécie do ramo da O. amethystea Thuill. que tem os lobos do stigma purpureo- violaceos, mais naturalmente, conjecturei que deveriam predo- minar no seu estigma pigmentos destas cores. Numa herbo- risação recente na Serra de Monsanto recolhi exemplares da (O.) dioristha Guim., com os lobos do estigma cor de tijolo, verificando que não me illudira nessa conjectura. Na pagina seguinte vae impressa a arvore genealógica das Minores portuguezas com indicação das affins estrangeiras. J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS i57 1 58 BROTÉRIA Habitat in arvis cultis, herbosis, rarius in maritimis. Floret Aprili-Junio. (v. v.). Distrib. geogr. — Europa : Hispânia (?) ; Africa: Maureta- nia, Algéria. Distrib. chorog.: a. O. maaretanica Beck a. i — (O.) dioristha Guim. Centro littoral: — Arredores de Lisboa: Queluz (forma com as espigas- redondas na vértice, Welvvitsch !), estrada da Ajuda a Queluz, próximo do Posto da Guarda Fiscal [parasita do Eryngium campestre L. e do Lupinus albus L. (?), forma com as espigas algumas vezes agudas, A. Guimarães !]. Algarve: — Próximo de Lagos: charneca de Espiche (pa- rasita da Achillea Ageratum L., forma de transição para a typica, J. Daveau!). a. 2 — typica Centro littoral: — Arredores de Lisboa: nas faldas da Serra de Monsanto (juncto de Leguminosas annuaes, Wel- witsch, fide Beck). a. 3 — (O.) pseudopogonia Guim. Alto Alemtejo : — Portalegre : Arieiro (parasita do Eryn- gium campestre L., forma com pêlos curtos e abundantes na base dos filamentos, R. da Cunha !). Baixas do Guadiana: — Beja, Coitos, nas searas (parasita do Eryngium campestre L., forma com os filamentos pouco pilosos na base, R. da Cunha!). Algarve: — Faro: campos incultos arenosos [juncto das Le- guminosas, da Tolpis barbata Gartn., etc. (sub nomine O. bar- bata Poiretj, E. Bourgeau ! exsicc. n.° 2011]. J. DASCENSÁO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS I Sg a. 4 — (O.) xeroxantha Guim. Alemtejo littoral : — Ilha do Pecegueiro (Daveau !) Algarve: — Entre Portimão e Lagos, na valeta da estrada (estampa xiv, A. Guimarães!). p. (O.) Welwitschii Guim. [3. 1 — typica Centro littoral: — Berlenga, em frente do pharol (parasita da Calendula algarbiensis Boiss., exsicc. n.° 76 bis, sub nomine O. barbata Poir., J. Daveau!); Praia das Maçãs (parasita da mesma Calendula, Welwitsch!). (3. 2 — (O.) Helichrysi Guim. Centro littoral: — Pharol da Guia (parasita do Helichry- sum serotinum Boiss., sub nomine O. littoralis (*) Welw., Welwitsch !). Alemtejo littoral: — Trafaria (parasita do mesmo Heli- chrysum, J. Daveau !). |3. 3 — (O.) leucothrix Guim. Centro littoral: — Farol da Guia (parasita do mesmo Helichrysum, sub nomine O. littoralis (') Welw. [3., Wel- witsch!). Alemtejo littoral: — Trafaria (parasita do mesmo Heli- chrysum, J. Daveau!). 7. (O.) pog-oriia. Guim. y, 1 — typica Centro littoral: — Serra de Monsanto: entre a Ajuda ea (l) Estasrtduas formas da (O.) Welwitschii Guim., foram pela primeira vez colhidas em 1843, na margem direita do Tejo, próximo da foz, por Welwitsch, que logo as differençou, embora cresçam juntamente sobre as raizes da mesma planta. Quarenta annos depois, o sr. Daveau colheu, na outra margem, as mesmas duas formas. ÍÒO BROTÉRJA Cruz da Oliveira (parasita do Convolrulus tricolor L., Wel- vitsch !), entre Queluz e Bemfica (parasita da Scorpiurus sub- villosa L., A. Guimarães!); Bemfica (parasita do Convolrulus tricolor L., J. Daveau!)*, Cascaes (parasita do mesmo Convol- vulos tricolor L., n.° 1087, Pereira Coutinho!). Alemtejo littoral: — Villa Nova de Milfontes (parasita da Ononis Hispânica L., Welwitsch!). •/. 2 — (O.) eugenia Guim. Beira littoral: — Arredores de Coimbra: Baléa, Cabeço do Fidalgo (Moller !). y. 3 — (O.) Nicotianae Welw. Centro littoral: — Lumiar (parasita da Nicotiana glauca Grah., Welwitsch !). -/. 4 — (O.) pyrroleuca Guim. Centro littoral: — Arredores de Lisboa: prox. do cemi- tério de Bemfica, casal do Lumiar (parasita do Convolvulus tricolor L., J. Daveau!), Ponte Nova (parasita do mesmo Con- volvulus tricolor L., R. da Cunha!); Monsanto (parasita do mesmo Convolvulus tricolor L., 11. ° 1088, Pereira Coutinho!). &. (O.) pityi-odon Guim. Algarve: — Loulé (parasita da Crepis taraxifolia Thuill. Fernandes!). e. (O.) ryparia Guim. Beira littoral: — Buarcos (parasita da Calendula micro- phylla Lge., Moller!). 1(5. Orobanche loricata Reichenbach pat. Scapas gracilis, rarius subfirmus, i3-35 mm. altus, inferne minuto bulbo incrassatus, modice vel copiose squamosus, su- J. D'ASCENSÁO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS IÒ1 perue parce (imo ut plurimum parcissime) squamosus, levitei* striatus seu laevis, glanduloso-pilosus, siccus fuscas. Squamae erectae, oblongo-lanceolatae, io-25 mm. lougae, plus minus glaudipiles. Spica cylindraceo-elougata, multi flora, rarius iu individais miuoribus paucijlora, in ápice acumiuata vel rotundata, deusa, iu médio et inferne plerumque laxijlora. Flores i3-22 mm. longi, in tjpo erecto-p atentes, in formis lusitanis primum erecto -patentes, serius hori\ontaliter patentes. Bracteae lanceolato-acuminataejlores superantes vel aequantes, in médio deflexae, ibique saepe confractae, glanduloso-pilosae. Caleis partes in basi lanceolatae, rarius subovatae, infra mé- dium fere usque ad basim inaequaliter bifidae, rarius subinte- grae; dentes elongato-subulati, in ápice sub filiformes, triner- vii, glanduloso-pilosi, sicci fusci, tubum corollae aequantes. Corolla tubulosa, vel in fauce subampliata, tota violácea (Welwitsch), ochroleuca, faucem versus (praecipue in nervis) violácea (Beck), sicca subalba, in lábio dilute fusca (in alie- nigenis), vel tota fusca concolor (in indigenis), extus plus mi- nus glanduloso-pilosa; linea dorsal is in basi curvata, in médio subrecta, labium supernum versus curva, postea complanata vel declivis, in ápice apiculo superimposito; labium supernum siibintegrum, emarginatum vel bilobum, lobis pateníibus vel rarius porrectis; infernum lobis subaequalibus, plicis magnis separai is; omnes laciniae in margine glabrae, repando-cre- nulatae, rarius inciso-crenulatae, rarissime denticulatae. Filamenta uni-subtrivenosa, 2-4 mm. supra basim corollae hori^ontaliter vel suboblique inserta, inferne vel in médio vel paulo superius (sicut corollae pars subjacens) copiose pilosa, rarius parce pilosa, superne glanduloso-pilosa, parce glandi- pilia vel glabra. Antherae longe mucronatae . Gérmen cylindraceum, vel subovatum. Stylus siccus filiformis, elongalus, rarissime brevis, copiose glandipilis (in alienigenis) vel inferne plerumque glaber aut perpaucis brevibusque pilis glanduliferis obsitus, superne sub stigmate mine copiose ac breviter, nunc parce et breviter glandipilis. Stigma lobis hemisphaericis, subconjluentibus, rubris vel violaceis. l62 BROTÉRIA Variat : a. typiea — O. loricata Reichenbach Synon. — Orobanche loricata Reichenbach pat., Iconogr., vii, p. 41, fig. 917; Reuter, in DC. Prodr., xi, pag. 27; Reichenbach fil., Icon. fl. Germ., xx, p. 100, t. 176, t. 216, fig. 1; Beck, Monogr. der Gatt. Orob., p. 243; — O. de VAftemise des champs Vaucher, Orob., p. 62, t. i3; — Oroban- che Artemisiae Vaucher, in Grenier et Godron, Flor. franç., ii, p. 638. Scapo dense copioseque piloso. Spicis saepius in ápice acuminatis. Floribus erecto-patentibus. Bradeis flores superantibus. Corollis extus glandulosis. Filamentis superne plerumque glanduloso-pilosis. Stylo copiose glanduloso-piloso. Obs. Forma typiea in Lusitânia nondum reperta. p. — (O.) syuomora Guim., nov. var. Synon. — (O.) pseudoloricata Guim. — (O.) lusiianica Guim. (in litteris et in schedis). Scapo parce glanduloso-piloso. Spicis in ápice rotundatis, 3o-35 mm. latis. Floribus magnis, 17-22 mm. longis, primum erecto-patentibus, serius horizontaliter patentibus. Bracteis flores aequantibus. Calicis partibus fere usque ad basim bifidis. Corollis extus parce glanduloso-pilosis, glabrescentibus. Filamentis superne glabrescentibus, glândula insertionis anticorum in uno latere tantillum dihtata. Antheris longe mucronatis. Stylo vix infra stigma interdum copiose sed breviter glandipili. Obs. i.a (O.) sjnomora notatu digníssima, eo quod ejus for- mae ad três quatuorve species viam sternunt, in Algarbiis [ubi et (O.) dúbia Guim. probabiliter reperire est] multis in locis invenitur. Mea mens haec fuit ut a'd O. loricatam Reich, sequentes novas formas revocarem, quae ipsi peraffines sunt linea dorsali, fissura sepalarum, et antheris longe mucronatis. Id tamen per- difficile fuit, cum descriptionem Reichenbachi, forsitan ultra jus, immutare coactus sim. Quapropter extra limites, quos mihi proposui, non egredior. j. d'ascensáo GUIMARÃES: 0ROBANCHÁ.CEAS i 63 Obs. 2.a A.b O. amethystea Thuillier differt floribus non ge- nuflexis nec deflexis, corollis siccis inferne non dilutioribus, fi- lamentis saepe densius altiusque pilosis; ab O. Picridis Schultz antheris longe mucronatis, sepalis profundius bifidis, floribus horizontalibus; ab O. densijlora Salzm. glandulis staminum minus dilatatis, scapo minus squamoso, etc. p. i — (O.) synomora Guim. Calicis dentibus longissimis, non aristatis, tubum corollae subaequan- tibus, postiço uninervio majore. Corollis siccis obscure fusco-luteis, concoloribus, circa 17 mm. longis, in tubo 4 mm. latis, lábio superno plicato-emarginato, lobis por- rectis vel patentibus. Filamentis 2,5-4 mm- a^te insertis, inferne non copiose pilosis, superne parcissime glandipilibus. Stylo sub stigmate parce ac breviter glandipili, ceterum glabro. p. 2 — (O.) balsensis Guim., nov. subvar. (') Calicis dentibus longissimis, in aristam nigrescentem non attenuatis, tubum corollae aequantibus, postiço paulo majore ac trinervio. Corollis circa 20 (rarius 18-22) mm. longis, 5 mm. in tubo latis, siccis obscure fusco-luteis, concoloribus; lábio superno emarginato, duo- bus laciniis magnis, patentibus, reflexis. Filamentis 3,5-4 mm- alte insertis, inferne subcopiose pilosis, superne glabris. Stylo infra parce (supra sub stigmate copiose et breviter) glandipili. p 3 — (O.) ossonobensis Guim., nov. subvar. (2) Calicis dentibus longissimis, in ápice filiformiter attenuatis in aristam nigrescentem et subulato-setaceam, tubum corollae aequantibus, postiço paulo majore, trinervio. Corollis siccis a médio dorso ad labium superius violaceo-fuscis, venis violascentibus, infra et in fauce luteo-fuscis, 18-20 mm. longis, 4-5 mm. in tubo latis; lábio superno profunde bilobo, lobis paten- tibus, reflexis. Filamentis 2-3 mm. alte insertis, ultra médium dense longeque pilosis, superne glabris, vel perpaucis pilis glanduliferis, aut glandulis obsitis. Stylo parce glanduloso-piloso, vel glabro. (') Balsensis deriva de Balsa, nome antigo de Tavira. (2) Ossonobensis provém de Ossonoba, nome antigo de Faro. 1 64 BROTERTA Obs. Differt ab O. crenata Forsk. corollis minoribus, an- gustius tubulosis, laciniis minoribus praeditis. Habitat in collibus apricis, vel rarius in arvis herbosis. Floret Aprili-Junio. (v. s.J. Distrib. geog.— Hispânia australis, Gallia australis, Hel- vetia, Itália, Áustria, Germânia, Hungaria. Distrib. chorog. (3. 1 — (O.) synomora Guim. Algarve: — Serra de Monchique: Foia (sobre a Carlina sp., Welwitsch!); na charneca arenosa do Cabo de S. Vicente (forma de transição para a O. Picridis Schultz, com as anthe- ras mais curtamente mucronadas, Welwitsch !). ,(3. 2 — (O.) balsensis Guim. Algarve: — Nas collinas áridas próximo de Tavira (para- sita da Carlina corymbosa L., Welwitsch !). [3. 3 — (O.) ossonobensis Guim. Algarve: — Arredores de Faro: Horta das Pontes (A. Guimarães!). 17 . Oi*ot>anclie JPicridis F. Schultz Scapus io-jo cm. altus, in basi parum incrassatus vel bulbosus, ochroleucus vel violaceus, siccus striatus, glanduloso-pilosus vel glabrescens, superne parce squamosus, inferne plus mimts squamosus. Squamae lanceolato-aciiminatae, saepe copiose glanduloso-pilo- sae, 1,5-2,5 cm. longae. Spica cylindracea, multiflora, in ápice rohtndata, rarius sub- acuminata vel acuminata, superne densa, inferne laxa, rarius J. d'áSCENSÁO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 1 65 tota densa vel laxiflora. Flores erecto-patentes, serius patuli, i5-20 mm. longi. Bracteae laiiceolato-aciiminatae, fusco-violaceae, flores ae- quantes vel superantes. Calicis partes liberae, in basi ovatae, usque ad médium rei amplias bidentatae, rarius integrae; dentes uni-bi-subtrinerrii, íanceolato-acuminati, in ápice subjilif armes, tiibum eorollae àequantes seu rarius superantes, glanduloso-pilosi . Coiolla tubulosa, erecto-p aténs, serius patula, ochroleuca vel alba, uervis violaceis perductis, sicca dilate vel obscure fusco- lutea, inierdum in basi aliquanto dilutior, extus glanduloso- pilosa vel glabrescens; linea dorsali in basi modice curvata, in médio dorso subrecta vel parum curva, apicem versus ali- quando subdeclivis, ut plurimum in apiculum elata; labium super num plicato-emarginatum vel bilobum vel rarius inte- grum, lobis latis, obtusis, patentibus aut porrectis; infernum lobis subaequalibus, semiovatis vel truncatis, inter dum in mé- dio apiculatis, magnis plicis prominulis separatis; omnes laci- niae in margine inaequaliter crenulatae. Filamenta supra basim eorollae 3-5 mm oblique inserta, in basi vel in médio (rarius nlterius) copiose pilosa, supra glabra vel parcissime glandipilia. Antherae breviter mucronatae, in sutura plerumque pilosulae, siccae fuscae. Gérmen ovato-elongatum, glabrum vel rarius in ápice parce glanduloso-pilosum. Stylus parce glanduloso-pilosus (inter- dum copiose infra stigma, saepe ibi glaber atque in médio aequaliter glandipilis, rarissime subglaber). Stigma viola- scens vel purpureum, bilobum, rarius trilobum, lobis verruculo- sis confluentibus, sulco transverso sejunctis. Variat: a. i — typica — Orobanche Pieridis Schultz Synon.— Orobanche de la Picride épervièreV aucher, Monog. des Oi. O- arenaría Bork. — i3, 47, 81, 82 O. Artemisiae Vaucher — 162 (O.) attica Reut. — 129, 1 36, 1 85, 187 (O.) balsensis Guim. — 61, 146, 157, 163, 161 O. barbata Brot. — 10, i52 (O.) barbata Poiret — 15, 62, 155, 157, 159, 169, 170, 177 O. barbata Rchb. pat. — 128 O. barbata Reut. — i52, 1 55 O. Boissieri Rchb. fil. — 146, 186 (O.) Bovei Reut. — 15, 63, 141, 157, 175, 179 O. bracteata Viv. — 92, 93 (O.) bracícosu Reut— 51, 89, 91, 92 (O.) Broteri Guim. — 11, 14, 18, 19, 22, 24, 25, 27, 29, 31, 35, 36, 37, 52,54, 105 — 123, 155 c O. Calendulae Pomel — 147 (O.) campylantha Guim.— 57, 59, 137, 141, 157 O. canescens Presl — 145, 157, 173, 186 O. Cannabis Vaucher — 65 (O.) Carotae Des Moulins— 62, 157, 166, 167 (O.) carpliita Guim. — 57, 59, 136, 137, 141, 157, 173 O. caryophyllacea Schultz — 95 O. Castellana Reut. — 129, i3i, 102, 157 (') Nestas duas paginas, onde está (O.) angustifolia Beck, deve lêr-se (O.) angustissima Beck. J. d'âSCENSÁO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS I g5 O. centaurina Bertol. — 166 (O.) cetobricensis Guim. — 12, 157, 169, 170, 173, 177 O. Clausonis Pomel — 14D, 1 55, 157, 184 (O.) coarctata Beck — 187 (O.) comigera Beck — 105 (O.) comosa Wallr.— 50, 71, 72, 74 O. concolor Duby — 14(1 O. condensata Moris. — 1.01 O. congesta Rchb. fil. — i2_5 (O.J cónica Beck— 52, 96, 99 O. connata Koch — 147 13. O. crenata Forsk. — 7, i3, 14, 16, 17, 18, 19, 40, 47, 56, 123 — 126, 129, i3i, i(53 O. crinita Rchb. — 143 O. crinita Viv. — 1 15, 122 (O.) crocodea Guim.— 32, 57, 58, 130, 135, 136, 140, 141, 157 O. cruenta Bert. — 95 O. currata Pomel — 147 13 (O.J debilis Guim.— 50, 70, 73 1-1. O. densiflora Salz. — 15, 32, 49, 59, 102, i36, 141 — 148, 167, i63, i85 (O.) dentiloba Beck — 52, 96, 99 (O.) diamesa Guim. — 53, 55, 105, 107, 112, 120, 122, 123 (O.J dimitra Guim.— 63, 157, 172, 173, 177 (O.) dioristha Guim. — 60, 138, 149, 150, 156, 157, 158 (O.) dittosa Guim. — 53, 54, 109, 113, 120, 122 (O.J dryscolax Guim. — 62, 157, 170, 177 (O.) dúbia Guim. — 56, 58, 131, 132, 138, 139, 140, 157 E (O.) elachista Beck— 52, 96, 97, 99 (O.) elata Guim. — 50, 70, 73, 77 O elatior Poiret — 128 (O.) emarginata Beck — 29, 51, 74, 77, 79 (O.J epilecta Guim.— 54, 110, 114, 120 196 BROTERIA (O.) erubescens Sauter — 143 O. Erfiigii Duby — 128 (O.) erytlirina Guim.— 59, 143, 145, 147, 157 O. Esidae Pancic — 145, i85 (O.) eugenia Guim. — 61, 153, 157, 160 (O.) euryantha Beck— 51, 88, 90 O. Evonymi Petr. — 137, 187 (O.) exandra Guim.— 52, 95, 97, 98 (O.) eyrystachys Guim. — 53, 55, 108, 110, 113, 120, 122 F O. flavescens Gr. et Godr. — 166 O. foetida DC. — ioi O.foetida Desf. — 104 O. foetida Duby — 88 O. foetida Hffg. Lk. — 11, 10b 11. O. foeticla Poiret— 8, 14, 32, 48, 52, 102—123 O.foetida hisitanica Brot. — 10, io5, 116, 117 O. fuliginosa Reut. — 146, 186 Gr O. glabra W. — 96 (O.) glabriuscida Meyer — 128 O- O. g'i*aeilis Smith — 8, 11, 14, 16, 24, 48, 5i, 52, 88, 93 — 101, 169 O. grandiflora Presl — 10 1 O. grandisepala Schultz — 145 O. grandhtscula Moris. — 95 O. Grisebachii Reut. — 146, 186 (O.) gyrojlexa Beck — 63, 157, 181, 183 H O. hadvoantha Beck — 146, i85 IO. O- Hederae Duby — G, i5, 20, 22, 26, 48, 63, 64, 14o, 157, 174, 175, 179 — 184, 186, 187 (O.) Helichrysi Guim.— 60, 151, 157, 159 J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 1 97 (O.) Henriques! Guim. — 47, 56, 58, 128—131, 134, 135, 138, 139, 140, 157 (O.) hesperina Guim. — 85, 86 (O.) Hookeriana Bali. — 105 (O.) hypoxantha Beck — 51, 88, 90 (O.) hyrcana Beck — i85 S- O- insólita Guim. — 14, 32, 48, 91 — 93, 1 57 (O.) itistabilís Guim. — 11, 16, 17, 49, 70, 71, 72, 73, 77, 78, 79 (O.) iaterccdens Beck — 50, 71, 74 (O.) iodesíiíjma Guim.— 53, 109, 113, 120, 121, 122 K 0. Kashemirica Glárke — 147 O. Knappii Pantoczec — 147 O. laevis L. — 81 (O.) lasiothrix Beck— 56, 125, 126 O. laurina Ch. Bonap. — 168, 180 O. laxa Pomel — 146, i85 O. leptantha Pomel — 147 (O.) leptomera Guim. — 54, 111, 112, 115, 120, 121 (O.) leucothrix Guim.— 60, 152, 157, 159 O. littoralis Welw. — i5i, i52 16. O. loricata Rchb. — 13, 49, 61, i3i, i3'2, 145, 140, 167, 160 — 164, 166, 186 O. Loti covniculati Schultz — 147 €3. O. lucorum Braunn — 13, 48, 83 — 86 O. lycica Schultz — 147 m: (O.) macraichma Guim. — 59, 144 — 147, 157 O. major Rchb. — ^87 (O.) mauostacliys Beck— 50, 70, 73 I98 BROTÉRIA 1£5. O- mauretanica Beck — 10, 11, i5, 32, 47, 49, 59, 60, 61, 129, i3i, i32, i33, 1 38, 145, 148 — 160, i85, 187 (O.) megaphyllon Beck— 61, 157, 181, 184 (O.) megista Guim.— 47, 52, 97, 100 (O.) melamporphyrea Guim. — 51, 55, 110, 114, 120 (O.) metalmena Guim.— 53, 55, 105, 108, 113, 120, 121, 122 O. micrantha Wallr. — 65 O. microglossa Wallr. — 128 (O.) mínima Beck— 62, i57, 169, 176 O. minor Hffg. Lk. — 11, i52 IS. O- minor Sutt. — i5, 18, 24, 32, 47, 48, 49, 57, 59, 62, 146, 1D2, i55, 1 57, 166, 167 — 179, i85, 186 (O.) minúscula Beck— 64, 157, 181, 183 (O.) monochroa Beck— 64, 181, 183 (O.) monoclonos Wallr. — 66 (O.) Molleri Guim. —56, 58, 130, 140, 157 3, O- M/iiteli Schultz — 12, i3, 46, 5o, 51,06,67,71,72, 75—81, 129 O. Muteliana S. Lager — 75 3V £2. O- nana, Noe — 1 1, 12, i,3, 19, 23, 46, 49, 5o, 6ò, 67 — 75, 71, 72 (O.) neglecta Guim. — 15, 57, 59, 63, 140, 157, 170, 173, 177, 178 (O.) Nicotianae Welw.— 61, 153, 157, 160 O O. olbiensis Nym.— 67 (O.) ochrostigma Guim. — 53, 106, 112, 120 O. oranensis Beck — -146 O. Ornithopodis Welw. — 1 1 1 (O.) orgeia Beck— 52, 97, 100 (O.) ossonobensis Guim. — 61, 157, 163, 164 O. O^anonis Schultz — 146, 1 52, i55, 186 I* O. palaestina Reut. — 146 (O.) palatina Schultz — 5 1 . 88 O. pallens Schultz — 166 J. D ASCENSÃO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS IO,Q O. pallida Schultz — 166 (O.) panxantha Beck— 11, 51, 97, 100 (O.) Faulini Guim. — 56, 58, 137, 138, 141, 157 (O.) pericalla Guim. — 54, 55, 111, 115, 120, 123 {O.) phalacra Guim. — 51, 111, 115, 120 17. O- íMcriclis Schultz — i5, 49, 62. 129, i3i, i32, i33, 146, 157, i(53, 164—167, 187 (O) pityroclea Guim. — 61, 154, 156, 157, 160 (O.) platantha Guim.— 7, 53, 55, 108, 112, 120, 122 (O.) plataphylla Guim. — 40, 56, 125, 126 (O.) pogonia Guim. — 10, 60, 61, 152, 153, 157, 159, 170 (O.) polyantha Beck— 52, 96, 99, 100 O. pruinosa Lap. — 125 (O.J psatyra Guim. — 14, 51, 89, 90 (O.) pseudogastrodea Guim. — 63, 157, 174, 175, 1.79 (O.) pseudopogonia Guim. — 6, 60, 150, 157, 158 (O.) psilantha Beck— 52, 88, 96, 100 (O.) pumila Koch— 62, 157, 169, 177 (O.) pusilla Beck — io5, 108 (0.) pycnostachys Guim.— 51, 89, 91, 92 (°«) pygmaea Guim. — 63, 157, 173, 174, 178 (O.) pyrrholeuca (l) Guim. — 61, 153, 157, 160 B O. ?\wwsa Brot. — 10, 11, 67, 75 0. ramosa Hlfg. Lk. — n, 67, qb 1. O. ramosa L. — 7, 8, 12, i3, 18, 29, 46, 65 — 67, 69, 74, 78 Y. O- Bapum genistae Thuill. — 14, 19, 22, 23, 25, 48, 5i, 86 — 91 O. Reichardiae Freyn — 166 (O.) Ricardi Guim. — 56, 58, 129, 130, 139, 157 O. rigens Lois. — 14, 32, 89, 92, 93 (O.) rhyparia Guim. — 61, 154, 156, 157, 160 (O.) Rubi Vuby — 84, 85 (') No decurso d'esta monographia foi um tanto incorrecta a maneira por que se escreveram os nomes pyrrholeuca e rhyparia. Advertiremos também que o nome macraixma, segundo a etymologia, se deve escrever macraichma. 200 BROTERIA O. sanguínea Presl — 110, 114, 11 5, 116, 117, 118, 119, 120, 121, 122 O. Sarothamnophjta S. Lager — 88 O. Scòlymi Pomel — 14D, 154, 1 55, 1 56, ibj, 1 85 (O.) sinaica Beck — 50, 71, 77, 79 (O.) siphonopoteria Guim.— 53, 55, 106, 112, 120, 121, 122 O. speciosa DC. — 123 (O.) spissa Beck — 72 (O.) Sprnneri Schultz— 51, 52, 97, 98, 100, 101 (O.) stenantha Lo Jacono — 64, 157, 181, 183 (O.) stcii»syphou Beck — 13, 50, 7G, 78, 123 (O.) strangulata Guim— 63, 157, 174, 178 (O.) strobilacea Guim.— 52, 98, 100 O. subverticillata Schultz — 147 (O.) synomoia Guim.— 61, 157, 162, 164 T O. Tommasinii Rchb. fil. — 166 (O.) tinctoria Willd. — 190 (O.) transiliens Guim. — 57, 58, 130, 140, 157 (O.) trichodea Guim. — 63, 157, 175, 181, 183, 184 4. O- trichocalyx Beck — i3, 29, 47, 79 — 81 O. Ulicis Des Moulins — 95 IO. O- variegata Wallr. — 14, 48, 97, 101, 102, 117, 1 19, 120, 121, 122 O. Vancheri Noulet — -180 (O.) ventrosa Guim. — 63, 157, 171, 174, 179 O. versicolor Schultz — 145, 184, 186 O. vulgaris Noulet — 95 (O.) Welwitscbii Guim. -60, 151, 152, 157, 159 O. Welwilschii Nym. — 9D J. D'ASCENSÁO GUIMARÃES: OROBANCHACEAS 201 (O.) xanthoporphyrea Guim. — 11, 54, 55, 110, 111, 114, 120 (O.) xeroxantha Guim. — 60, 150, 151, 157, 159 GÉNERO PHELIPAEA Ph. drenaria Walpers — 81 Ph. caesia Reut. — 1 2 Ph. cernua Pomel — 67 Ph. coernlea Mey. — 74 Ph. emarginata Reut. — 77 Ph. lusitanica Tourn. — 190 Ph. lutea Desf. — 190 Ph. lutea Wbb. — 190 Ph. Muteli Reut. — 67, 76 Ph. nana Rchb. fil. — 67 Ph. pulchra Pomel — 67 Ph. ramosa Brot. — 67, 75 Ph. ramosa C. A. Mayer — 65 Ph. ramosa Hffg. Lk. — 67, 76 Ph. tinctoria Brot. — 10, 190 Ph. trichocal/x Barker — 79 N. B. — Esta monographia das Orobanchaceas Portuguesas é destinada a servir de these num concurso. 202 BROTERIA ÍNDICE das plantas hospitaleiras (,) Achillea Ageratum L., 15, a. i,! 1 58 Anthemis Cotula L., 3, [3.! 79 Anthjllis hamosa Desf., 11, B. et. 7,! 1 1 3 Artemísia crithmifoiia L., 5,! 82 Atriplex glauca L., (cistanca,!) 192 Atriplex Halimus L., (cistanca,!) 192 O Calendula algarbiensis Boiss., 15, [1. 1,! ibg Calendula arvensis L.. 18, B. y. 2, ! 179 Calendula microphylla Lge., 15, e. ! 160 Carduus tenuijlorus Curt., 18, B. !92 Conrolvulus tricolor L., 15, y. 1 e 4, ! 160 Crepis taraxacifolia Thuill., 15, <5. ! — 18, A. 3, a e b — 18, B. a., 2,1 160, 176, 177, 178 Cynodon dactylon Pers., 12, 2 126 Cytisus albus Lk., 7, (3. 1,! 91 13 Daucus sp., 13, y. ! 141 Daucus Carota L., 2, (3. ! 78 Daucus máximas Desf., 18, A. 3, b. I 177 Daucus meifolius Brot., 18, A. 1 e 6,! 176, 177 Digitalis purpúrea L., i3, (3. 4,! — 13, õ., 1,! — 18, A. 3,! 140, 141, 176 Digitalis Thapsi L., 13, [3. 3, ! 140 Digitalis tomentosa Hffg. Lk., 13, 3. 2, ! , 141 E Eryngium campestre L., 8 — 15, «. 1,! — 13, . a. 5,! — 11, B. (3. 1 , 2 e 5, ! 1 13, 114 Scrophularia sp., 3, (3 79 Sherardia arpensis L., 2, 7. 2, ! 73 Sonchus oleraceus L., 2, 7. 1 , ! 73 Stachys arpensis L., 18, Z?. 7. 2, ! 179 Stachys hirta L., 2, 7. 2 73 Suaedafruticosa Forsk., (cistanca,!) 192 T Thrincia grumosa Brot.,*3, e.! 79 Thrincia hirta Rth., 3, 7. ! 79 Thrincia hispida Rth., 14, 7.! -18, A 3, b. ! — 18, A 5,! — 18, #. a. 2,! — 18, B. [6 148, 176, 177, 178 Tolpis barbata Gãrtn., 13, [3. 5,! — 15, y.. 3 140, 1 58 Torilis heterophylla Guss., 2, ò. 1 , ! 74 Trifolium glomeratum L., 18, A. 5, ! 177 Trifolium praiense L., 12, 3 126 Trifolium repens L., 11, B. (3. 1 114 Trifolium subterraneum L., 18, C. ! 179 Tropaeolum majus L., 2, 7. 2, ! 73 (') A pagina n3, na distribuição chorographica da (O.) eyrystachys Guim., onde se lê Medicago subvillosa L., deve lêr-se Scorpiurus sub- villosa L. J. D ASCENSÃO GUIMARÃES! OROBANCHACEAS 207 XJ Ulex sp., 7, «. 1 — 9, y.. 4 — -9, a. 8 — 9, a. n 9o' 99' lco Ulex nanus Forst., 7, a. 2 90 Vicia cordat a Wulf., 11, B. a. 6, ! — 18, B. y. 2, ! . 1 13, 179 K/c/a Fa&j L., 2, 7. 2, ! — 12, 1, 2, 3 e 4, ! 73, 126 Vicia saúva L., 2, <5. 2 75 208 BROTÉRIA ÍNDICE das matérias I — Historia 5 II — Distribuição geographica 1 3 III — Utilidades, e prejuizos nas culturas 61 IV — Nomes vulgares 17 V — Morphologia e physiologia 17 VI — Classificação 42 Género Orobanche Tourn 45 Clavis specierum 46 Clavis varietatum 49 Sectio I — Trionychon Wallroth C5 Sectio II — Osproleon Wallroth 83 Tribus I — Curvatae Beck 83 Tribus II — Arcuatae Beck . 86 Tribus III — Gruentae Beck 93 Tribus IV — Speciosae Beck 123 Tribus V — Minores Beck 126 Género Cistanche Hoffm. et Lk 189 índice das espécies 1 q3 índice das plantas hospitaleiras 202 em que vive, para do coração se entregar a pesquizas e investigações que se não são de immediata utilidade, alguma cousa dizem do grau de illu- stração d'um povo. Está n'este caso o sr. Torrend, e bem haja s. ex a por querer por esta forma associar-se aos que trabalham pelo progresso da sciencia e pela ele- vação intellectual d^ste paiz que não é a pátria do sr. Torrend. Os estudos agora publicados em separata saíram pela primeira vez a lume na revista de Sciencias Naturaes Broteria; pela nova forma dada á publicação, torna-se mais fácil a distribuição da obra, a sua generalização, sempre muito restricta quando limitada a leitores d'um jornal de Índole scientifica especial como é a Broteria. A primeira contribuição comprehende approximadamente 3yo espécies e variedades de Basidiomycetas, principalmente da família das Agaricaceas. Na totalidade encontram-se 267 espécies que ainda não tinham sido obser- vadas em Portugal, três outras que pela primeira vez se mencionam como existindo na Europa, e onze inteiramente desconhecidas antes da publica- ção agora realizada pelo sr. Torrend: são espécies novas determinadas por um mycologista de incontestável auctoridade, o sr. Bresadola, de Trento. Na segunda «Contribuição», o sr. Torrend continua a numeração das espécies colhidas na região setubalense e que vão até 461, tendo que som- mar mais 5; com as 267 que pela primeira vez foram encontradas em Portugal. N'esta segunda Contribuição, não se limitou o auctor ás Basidiomy- cetas, mas inscreve fungos das outras ordens, embora em numero restri- cto. No emtanto é facto digno de nota não tanto o numero de espécies determinadas, como as 824 espécies que só n'aquella região tinham esca- pado á colheita de anteriores estudiosos, o que prova que em Portugal ainda ha muito que pesquizar, para que se possa considerar como regular ou approximada a nossa «Flora mycologica». N'estas contribuições do meu collega da Sociedade mycologica de França quero também suppor o começo d'um período de maior actividade no estudo dos fungos, estudo até agora muito descurado e restricto. O que será motivo para satisfação nossa, é que o auctor não pare no caminho encetado, e possa com trabalhos novos contribuir para alargar e comple- tar as collecçóes de fungos que no futuro poderão constituir a «Flora My- cologica de Portugal». PUBLICAÇÃO E CORRESPONDENTES DÁ BROTERIA Cada volume annual da Broteria consta de 4 fascículos, que são dis- tribuídos regularmente, dois a dois, em abril e novembro. O fascículo compõe-se de 40 a 48 paginas, ao menos. Todos os volumes são, quanto possível, illustrados com estampas originaes. São nossos correspondentes: Em Lisboa — o sr. Paulo Emilio Guedes, R. Nova do Almada, 47; No Porto — o sr. José M. Constantino Bastos, R. da Fabrica, 16; Em Braga — o Rev."10 sr. P. Manoel J. Martins Capella (Seminário Conciliar). AVISO IMPORTANTE Prevenimos os nossos estimáveis assignantes que preferirem pagar pelo correio, que lhes metteremos em conta para o futuro as despesas que com isso fizermos, isto é, mais 100 rs., alem da assignatura. REVISTA CHILENA DE HISTORIA NATURAL Publit-acioii Bimestral Ilustrada DEDICADA AL FOMENTO I CULTIVO DE LAS CIÊNCIAS NATUliALES EN CHILE DIRECTOR I REDACTOR Prof. CARLOS E. PORTEI* Director Jeneral dei Museo de Historia Natural de Valparaiso. — Laureado de Ia Academia International de Botânica (Le Mans).— Profesor de Historia Natural i Jerografía Descriptiva en la Escuela Naval. — Correspondiente de la Sociedad Cientifica 'António Alzate" (Méjico) i de la Asociacion de Naturalistas de Levallois.— Mieinbro de la Academia Internacional de Jeogratía Botânica, de las Sociedades Espanola de Historia Natural, Científica de Chile, Entomolójica de Francia, Belga de Microscopia, Francesa de Entomolojía i Zoolójica de Francia, dei Congreso Científico Latino-Americano de Montevideo, de la Comision International de Pesqueria (San Petesburgo), dei Congreso de Aquicultura i Pesca de la Esposicion de 1900 (Paris), etc. Esta Revista, en la que coloboram 72 distinguidos especialistas nacionales i estranjeros, está en él 7." ano de su publicacion. Se ocupa de Historia Natural en jeneral i mui especialmente dei estúdio de la Fauna. Flora i Jeolojia de Chile. Hasta el 3 1 de Diciembre de 1903, ha rejistrado en sus óprimeros tomos mas de i3otrabajos orijinalcs sobre Fauna, Flora i Jeolojia de Chile i de Sud-América, ha publicado 119 rewimenes de trabajos publicados en otras Revistas sobre Anatomia humana i comparada, Fisiolojía, Histolojía, Fauna i Flora chilenas i ha anunciado o analizado en su seccion bibliográfica mas de i,73o obras, folhetos, Revistas sobre ciências. Se publica bimestralmente por cuadernos de 64 o mas pájinas. Lleva lâminas i figuras intercaladas en todos sus números. Admitte can/e con todas las REVISTAS de Historia Natural, de Medicina, Micografía i Agricultura i publica noticias o anàlisis sobre cada < br a que se envie gratuitamente a la Redaccwn. Los tratados importantes de Anatomia, Zooiojia 1 Botânica, tendrán derecho a ser anunciados grátis durante un ano. Suseri - - 1 k~ „ „„*:,«'„,„j„ (e« ©1 estranjero 10 francos .eioiie*: alano,pagoanticipado ' ChUc 1Q ' Dirigirse ai Redactor, CAKLOS E. PORTER, Gaailla, 1,108. VALPARAISO (Chile) -^BSNÍN ■w. jtjjntk: ÉD1TEUR ET LIBRAIRIE ANCIENNE D POUR LES SCIENCES NATURELLES Le plus grand magasin. Envoi de catalogues sur demande directe BERLIN 2ST_ "W. B -^vS2^-- ut^ @ VuV^fa S) BBOTERIA W e) efe REVISTA DE SCÍENCIAS NATURAES DO COLLEaiO DE S. FIEL SU M M AR IO F Biographia de Brito Capello. Luisier (A.) — Revista de Bryologia. » » — Conservação dos Her- barios (fora do texto). Mendes (C.) — Lepidopteros de S. Fiel. Mendes (C.) — Revista de Lepido- pterologia. Rebimbas (M.) — Necrologia. Rick (Dr. J.) — Fungos do Brasil. Tavares (J. S.) — Descripção de es- pécies novas. Tavares (J. S.) — Arvores gigantes- cas da' Beira. Tavares (J. S.) — Direcção dos Na- turalistas Portugueses. Tavares (J. S.) — Modo pratico de conservar as cecidias e cecido- zoides (fora do texto). Tavares (J. S.) — Coisas úteis (fora do texto). Bibliographia e Revistas que tro- cam com a «Brotéria». VOL. 111-1904 IFASO- I"V COM DUAS PHOTOTYPIAS Publicado a 25 de Novembro Dépôt exclusif pour Tétranger ^az. juistk: BERLIN IN. W. S COLLEGIO DE S. FIEL ANNO LECTIVO DE 1903-1904 4=^- Director: P. José da Cruz Tavares Sub-director: P. Francisco Coelho dos Reis Corpo docente P. António Correia de Menezes P. Carlos Moreira Aranha Furtado de Mendonça P. Domingos José Gonçalves Pimenta P. João Baptista Maria Barret P. João Maria Le Thiec P. Joaquim da Silva Tavares P. Manuel Fernandes Santanna P. Manuel Luiz Cardoso Carreira P. Manuel Maria Rebimbas P. Manuel Narciso Martins Jorge Arthur Brito e Cunha José Bernardo Cardoso Lourenço Francisco Pereira Alumnos Internos, 293*, externos, 63; total, 356. Resultado dos exames Instrucção primaria i.° grau: ApprovaçÕes, 8 M. B. : 7 B. ; 4 S. ; total iq. Instrucção primaria 2.0 grau: DistincçÕes 3. ApprovaçÕes 17. Reprovação 1. Total 21. 5.° anuo (no Lyceu de Castello Branco): ApprovaçÕes 21. Reprovações 2. 7.0 anno (no Lyceu Central de Coimbra): Distincçao 1. Ap- provaçÕes 6. Total: DistincçÕes 4. ApprovaçÕes 63. Reprovações 3. RERUM NATURALIUM IN LUSITÂNIA CULTORES Félix Antonius de Brito Capello Quoniam in primo hujus operis volumine, duobus abhinc annis edito, totam seriem auspicaturi, vitam Felicis de Avellar Brotero, viri naturalis philosophiae peritissimi, vulgavimus, rem doctis non ingratam facturos nos credidimus, huic tertio volumini Felicis Antonii de Brito Capello vitam inserentes; quippe qui singulari assiduitate et diligentia, qua nonnullas naturae regiones, vel alienis pedibus intactas primus perlu- stravit, vel certe aliis jam non ignotas ipse accuratius explo- rava, si minus illius summi viri Broteri laudem attigit, profecto inter nostrates earumdem scientiarum cultores non mediocrem locum obtinuerit. Sed est ab initio ordiendum. Pater ejus, Félix Antonius Gomes Capello, tertium a mili- tari tribuno imperii gradum tenuit; quem qui tenent militiae pedestris majores a lusitanis dicuntur. Is uxorem duxit D. Guil- lielminam Amaliam de Brito Capello, ex qua Félix noster natus est in oppido Peninsulae, iv non. mart. anni mdcccxxviii. Qui cum in non. sept. anni mdcccxlvi, aetatis duodevicesimum egressus, stipendia facere coepisset, essetque in discendi ludo, quem Scholam Polytechnicam appellant, et in exercitus Gym- nasio versatus, curriculum studiorum, queis licet pedestrem militiam exercentes imbui, transegit ix cal. quintil. anni mdcccli. Anno autem mdcccliv, privatus (missionem enim paucis ante mensibus impetraverat) in Capitis \riridis insulas profectus, domicilium ibi collocavit; donec, triennio post, in pátrias .sedes 2 IO BROTERIA remigrare coactus esí, valetudinem gravi morbo tentatam cura- turus. Hoc autem médio tempore, et publicis operibus in oppido S. Antonii praepositus est, et legatus tribuno cohortis tor- mentariae, quae in oppido, cui a Littore nomen est, stationes habet, datus*, et mox in regii procuratoris vices subiit ea in insula, cui nostri ab Igne nomen indidere. Anno autem vertente mdccclvii, cholerae contagione iisdem in insulis grassante, ea civibus, dum apud eos commoratus est, officia praestitit, ut saepius publicis litteris, etquidem verbis amplissimis, fuerit a summis regni magistratibus laudatus. Ut vero, Olisiponem appulsus, e morbo recreatus est, primum qui- dem architecti metallis instituendis artem exercuit, deinde vero in operibus fuit Societatis Curatorum aquarum olisiponensium. Jam non ita multo post, ut erat naturalis historiae scien- tissimus, Curatori musei, quod vocant, Scholae Polytechnicae vicarius datus est, et tandem Regiae Scientiarum Academiae, cujus in albo erat jam inde a vi id. nov. anni mdccclxvi, com- mendatione ornatus, eligitur aquatilium animalium, maxime vero piscium, qui nostra maria frequentant, genera naturasque inquisiturus. Hinc in scientiarum naturalium peritissimis nomen habere coepit; totum enim se ad ea studia contulit, in iisque incredi- bili assiduitate et diligentia perstitit, donec mors labori in- stantem oppressit, xvi cal. maias anni mdccclxxix. Quae animi contentio eo magis mira debet videri, quia constat eum imbe- cilliori valetudine usum. Id enim Barbosa du Bocage, ejus fami- liarissimus, in hunc modum testatur: Ao ser oficialmente encarregado de estudos importantes acerca das nossas pesca- rias e dos peixes que frequentam os nossos mares, Félix de Brito Capello determinou formular uma lista conscienciosa das espécies que conseguira determinar, destinando-a a ser- vir-lhe de ponto de partida para os novos trabalhos que ia emprehender. A sorte, porém, que se lhe mostrara quasi sem- pre contraria no decurso da sua attribulada existência, não llje consentiu sequer a conclusão d'este modesto escripto, onde se acham resumidas e compendiadas as trabalhosas e intelli- FELICIS CAPELLO VITA 2 I I gentes investigações de muitos annos de aturada applicação. (In praefatione quam praemisit operi Felicis Capello, quod inscribitur: «Catalogo dos Peixes de Portugal»). Uxorem sibi adjunxer.at spectatissimam feminam, D.Juliam Adelaide Garcia Capello, ex qua duos suscepit liberos — Georgium Garcia Capello et D. Liam Garcia Capello Oliveira, qui etiamnum vivunt, magni nominis heredes relicti. # # Et hactenus quidem vitae Felicis de Brito Capello, re- rumque gestarum series; nunc de libris ab ipso conscriptis, deque tota suorum studiorum ratione, juvat pauca quaedam subnectere. Aliis omnibus aquatilium generibus sepositis, unice, fere dixerim. in crustatis marinis et piscibus cognoscendis elabo- ravit. Quo in studio maximé enituit, quam fuerit a natura curioso ad investigandum ingenio, quam firma constantique voluntate donatus; nulli ut eum labores frangerent, nullae objectae difticultates a propósito deterrerent. Quod si quis ad eadem studia animum advertens, difficultate, quam in iis arri- piendis experiatur, velit labores metiri, quos vir diligentissimus exantlarit, nae is vehementer errat. Jam etenim Capello ipse, aliique bene multi viri peritissimi, qui ab eo ad nostra usque têmpora floruerunt, imprimis Barbosa du Bocage, Steinda- cJiner, A. Guimarães, Lopes Vieira, B. Osório, Ferreira d' Almeida, Roquette, A. Girará, A. Nobre, Baldaque da Silva, et tandem Rex Lusitaniae serenissimus, qui cum rebus gerendis patriae, tum vero mysteriis pelagi scrutandis scientiae felicis- sime consulit, iter nobis ad haec studia complanatum, expedi- tumque praebuerunt. At vero tunc temporis, quo Capello noster in ea incubuit, omnia ex integro constituenda: nullae, ut ita dicam, nec piscium collectiones, quas adiret, nequc editi libri, unde qualemcumque rerum notitiam caperet. Nam de piscibus, qui in lusitano mari crescunt, vix libelli suppetebant duo: Alter a Dr. Vandelli conscriptus: Specimen faunae lusitanicae 2 I 2 BROTERIA (Mem. da Acad. Real das Scienc, vol. i, 1797): alter incerti auctoris: Observações sobre alguns peixes do mar e dos rios do Algarve (Mem. da Acad. R. das Scienc, vol. m). Ac de primo quidem haec ipse Capei lo: O Specimen faunae lusitanicae menciona apenas 86 espécies de peixes dos nossos mares e rios, e este algarismo por si só o está accusando de deficiente. Não é este porém o defeito capital do ensaio de Vandelli. Se essas 86 espécies se achassem alli bem descriptas, ou citadas por tal modo que fosse possivel reconhecel-as sem hesitação, se ao menos viessem bem averiguados os nomes vul- gares de todas ellas, sempre lucraria em consultar esse tra- balho, quem emprehendesse agora novas investigações sobre o mesmo assumpto. Infelizmente Vandelli publicou tão somente uma lista dos nomes latinos, dispostos conforme as regras da nomenclatura linneana e apenas em parte acompanhados das denominações vulgares, nem sempre exactas. Não cita os an- dores, onde encontrou descriptas as espécies que menciona, nem as estampas que, no seu entender, melhor as representam. (B. du Bocage e Capello — Peixes Plagiostomos — Introduc- ção). ' De altero autem: O outro escripto que citamos, contem os nomes vulgares de j6 espécies, a cada uma das quaes o auctor juntou, conforme pôde, a sjnwnvmia scientifca e as informa- ções, que os pescadores da localidade lhe deram acerca da sua frequência e hábitos. (B. du Bocage e Capello, ibid.j. Quibus ex verbis satis, ut opinor, in aperto ponitur non multum binos istos auctores illi adjumento fuisse. Hac re tamen minime commotus, inceptis nihilo secius perstat: adit piscatores olisiponenses, crebras ad caetobricenses litteras dat, rogat ut ex omni generc piscium quos ceperint, ad se mittant; saepius ipse in fórum piscarium descendit, si quid novi reperit, non praetermittit. Ita brevi tempore magnam vim piscium collegit, quos studio et observationi subjiceret. Verum hic in aliam, nec opinatam, incurrit dirficultatem. Nam, ut primum ad eos in sua genera et species distribuendos venit, voluitque singulis próprias sedes assignare, in plures incidit species hucusque omnino ignotas, neque in ceteris mari- FELICIS CAPELLO VITA 2l3 bus, quibus Europae littora alluuntur, uspiam inventas. In iis igitur describendis animum fortasse despondisset, nisi suppe- tias veniret Barbo\a du Bocage, vir rerum naturae peritissimus. Jam porro quam non poenitendos fructus ex hac diligentia et assiduitate perceperit, satis testantur libri ab ipso confecti, quos inde ab anno mdccclxiv coepit in lucem emittere: eorum titulos, subjecto ad calcem indiculo, notavi. In iis autem, quos primis illis temporibus vulgavit, erat opus pátrio simul et gallico sermone conscriptum: Peixes Plagiostomos — Primeira parte — Esqualos; in quo conscribendo multum consilio et opera Barbosa du Bocage usus est, ob eam, quam supra attigi, rationem. Quatuor ibi species novas recenset, genera duo constituit; cha- racteres autem diversos familiarum, generumque opportunis brevianis complectitur, ac velut sub uno aspectu ponit; mox- que ad species, maxime vero quae in nostro mari inveniuntur, accuratissime describendas delabitur. Generum vero, quae sub família Spinacidarum continentur, characteres nonnisi diversa dentium utriusque maxillae conformatione constant: quos ille depictos exhibet, quo facilius definiri liceat, ad quas sedes sin- guli pisces revocari debeant. Yolumen três picturatae tabulae annexae comitantur. In illo autem volumine, quod saepius jam nominavimus, Catalogo dos Peixes de Portugal, quindecim novas species com- memorat, quarum ipse descriptiones subscribit. Huic tamen operi, quod plane doleas, mors ultimam vetuit manum admo- vere. Age vero, consideranti numerum specierum in iis aliisque operibus de novo descriptarum, et simul difficultates auctori subeundas attente secum reputanti, profecto, ut dixi, non exi- guum ille suorum laborum proemium consequutus videbitur. Quod si nullum aliud tulisset, nisi ut viam, aliis subinde bene multis terendam, ad studium iyO-juc-/íy.; lusitanae aperiret, tamen, ut opinor, operam suam diligentiamque optime collocasse nemo unus negaret. Denique ad extremum vere mihi hoc videor esse dicturus: si Brito Capello, quemadmodum postremis vitae annis ad hi- storiae naturalis scientiam omni studio enixus est, ita ab initio 2 14 BROTERIA curas omnes conatusque intenderei eodem, paucis profecto e rerum naturae peritissimis primas concederei. Quod, ne quis forte a nobis dici miretur, ut amplíssimo testimonio confirme- mus, et simul clausula praeclara lucubratiunculam nostram concludamus, liceat rursus summum virum Barbosa du Bocage inducere loquentem: eo enim duce ac veluti antesignano Ca- pello noster usus est, cujus hortatu praeceptisque incepta per- geret via, objectasque idéntidem difficultates superarei. Sic enim ait: Parecem-nos desnecessárias extensas e conceituosas apreciações acerca dos escriptos scientificos do nosso saudoso collega e amigo, para que fique bem evidenciado o seu singular mereci meu/ o. As si/as obras provam mais eloquentemente do que as mais auetorisadas palavras, que a sciencia perdeu nelle um dos seus mais conscienciosos e dedicados cultores. Nada diremos do homem; dil-o melhor do que nós a profunda sau- dade que por elle sentimos, todos os seus amigos, todos os que o conheceram. Possa o seu exemplo servir de incitamento ás no- vas gerações, e convencel-as de que somente pelo estudo se al- cança a sciencia, somente pela pratica constante e desinteressada do bem se conquista fama honrada e immorredoura. (Ibid.). FÉLIX ANTÓNIO DE BRITO GAPELLO Estreamos ha dois annos a nossa série de biographias dos naturalistas portuguezes com a do príncipe de todos elles — Félix de Avellar Brotero*, seguiu-se-lhe a de Carlos Ribeiro: vai agora neste terceiro volume a do celebre ichthyologo Brito Capello, que, em r az cão do impulso, que com seus trabalhos e exemplo deu ao estudo da ichthyologia portugueza, merece um logar eminente na galeria dos nossos homens de sciencia. A 4 de março de 1828 nasceu em Peniche Félix António de Brito Capello, filho de Félix António Gomes Capello, ma- jor de infantaria, e de D. Guilhermina Amália de Brito Capello. BIOGRAPHIA DE BRITO CAPELLO 2 1? Completava, quasi dia por dia, os dezoito annos e meio de edade, quando assentou praça a 3 de setembro de 1846, e logo seguiu cursando as Escolas Polytecbnica e do Exercito, até concluir o curso de infantaria aos 14 de junho de i85i. Dois annos depois pedia a demissão e logo no seguinte pas- sava a Cabo Verde, onde se demorou até fins de 1857, em que uma perigosa enfermidade o obrigou a vir curar-se ao reino. Neste entrementes vestiu novamente a farda, — agora porém auctorizada com os galões de Primeiro Tenente de artilharia no batalhão da Villa da Praia, — foi encarregado em S. Antão das Obras Publicas, e depois feito Subdelegado do Procurador da Coroa na ilha do Fogo. Quando em 1857 a cholera-morbus, depois de assolar a capital e outros pontos do paiz, invadiu Cabo Verde, prestou Capello relevantes serviços áquelles povos. De boa mente os consignáramos aqui, se d'elles tivéssemos informações porme- norizadas; mas, do que temos, consta-nos apenas que foram taes, que lhe mereceram os elogios do Governo em varias portarias. De volta a Lisboa foi empregado qpmo ingenheiro de mi- nas,, e mais tarde encontramo-lo ao serviço da Companhia das Aguas. Passados tempos foi nomeado naturalista adjuncto ao Museu da Escola Polytechnica de Lisboa, e finalmente por proposta da Academia Real das Sciencias, de que era sócio correspondente desde 8 de novembro de 1866, encarregado do estudo da fauna marítima, e especialmente dos peixes que vivem nos nossos mares. Os seus trabalhos scientificos e as obras que nos deixou escriptas vieram confirmar o acertado da eleição, e grangear a Capello nome de naturalista eminente: tinha finalmente recebido a orientação scientifica, que mais qua- drava ao seu espirito, e assim podia este desenvolver toda a sua energia nessa região, em que estava completamente á vontade. Infelizmente as forças do corpo não correspondiam á actividade do espirito, como o testificam as seguintes pala- vras de Barboza du Bocage, extrahidas do Prologo, com que prefacia a obra de Capello — Catalogo dos Peixes de Por- tugal . «Ao ser officialmente encarregado de estudos importantes 2l6 BROTÉRIA «acerca das nossas pescarias e dos peixes que frequentam os «nossos mares, Félix de Brito Capello determinou formular «uma lista conscienciosa das espécies que conseguira deter- « minar, destinando-a a servir-lhe de ponto de partida para os «novos trabalhos que ia emprehender. A sorte, porém, que se «lhe mostrara quasi sempre contraria no decurso da sua attri-' «bulada existência, não lhe consentiu sequer a conclusão d'este «modesto escripto, onde se acham resumidas e compendiadas «as trabalhosas e intelligentes investigações de muitos annos «de aturada applicação.» Nestas lides scientificas empregou Capello os restantes an- nos da sua vida. Veiu a fallecer, aos 16 de abril de 1879, na edade de 5i annos. Era casado com D. Júlia Adelaide Garcia Capello, senhora a quem a natureza prendara com os dotes mais relevantes. Vivem ainda os dois filhos que d'ella teve: Jorge Garcia Capello, hoje chefe dos telegraphistas em Angola, .e D. Ida Garcia Capello Oliveira, — continuando a honrar o nome que tão glorioso lhes legara seu pae. Sobrevivem também dois irmãos de Capello, os tão co- nhecidos contra-almirantes: Conselheiro Guilherme Augusto de Brito Capello e Hermenegildo Carlos de Brito Capello. Até aqui a largos traços o discurso da vida de Félix de Brito Capello; permittam-se-nos agora duas palavras acerca da sua obra scientifica. São raros os felizes que aos primeiros alvores da intelligen- cia descobrem logo a vocação para que foram fadados. A maior parte, ainda d^quelles mesmos que chegam a extremar-se do vulgo, só depois de muitos emprehendimentos baldados é que finalmente vingam entrar pelo caminho, que os conduza á ce- lebridade. O seu espirito privilegiado suspeitava-lhe a existên- cia e anceava por elle, sem comtudo o poder avistar em largos annos de um vaguear inútil. Não raro porém succede, que não lhes bastando depois a vida para avançarem largamente por esse caminho, tem a gente pena de que não houvessem enve- BIOGRAPHIA DE BRITO CAPELLO 217 redado por élle mais cedo, de que não fizessem para logo bri- lhar o talento que Deus lhes confiara. Quer-nos ora parecer que o nosso naturalista pertenceu em grande parte a esta ul- tima categoria. Se Gapello, logo desde o principio da sua carreira, se tivesse dedicado ao estudo da natureza, de poucos naturalistas se glo- riaria hoje a sciencia, que se lhe avantajassem. Assim mesmo a sua obra é digna de admiração e imitação; por quanto ao seu aturado estudo e incansável diligencia se deve, ao menos em boa parte, a iniciativa e primeiros impulsos dados á Ichlhyolo- gia portuguesa. Limicara elle a área das suas investigações, quasi exclusi- vamente, aos crustáceos marinhos e aos peixes, mas foram es- tes os que mais lhe prenderam as attenções. E difficil avaliar hoje com exactidão até onde houve de levar o seu espirito in- vestigador, e sobretudo a força de vontade, que necessitou para arcar com as diíficuldades, que se lhe atravessavam deante a cada passo. Os que, actualmente, queiram seguir pelo mesmo caminho, sabem que não terão de embrenhar-se.em terrenos desconhecidos; basta-lhes que vão no encalço de exploradores tão experimentados e tão seguros como o são o próprio Ca- pello, Barboza du Bocage, Steindachner, A. Guimarães, Lopes Vieira, B. Osório, Ferreira dAi.meida, Roquette, A. Girard, A. Nobre, Baldaque da Silva, e finalmente Sua Magestade El-Rei. Emfim que hoje, devido assim ás explorações oceânicas de Sua Majestade, como aos pacientes trabalhos d'aquelles auctores, já o terreno da ichthyologia lusitana nos é perfeita- mente transitavel, nem ella tem segredos que ciosa nos recate. Mas, quando Brito Capello principiava os seus estudos, não era assim. Succedia-lhe o que a todos os descobridores, para os quaes cada jornada, que avançam, ou cada singradura, que surdem, é um tropel de dificuldades, que deixam vencidas. Talvez os que vêm depois, seguindo a mesma derrota, olhem com certo ar de compaixão para elles, vendo que levaram an- nos a realizar a viagem, que elles perfazem em mezes: mas são injustos, não reparando na ditferença que vai de seguir a um guia practico, que nos precate contra todos os perigos, e 2l8 BROTÉRIA nos mostre o caminho trilhado, a irmos nós mesmos, tropeçando a cada passo em um obstáculo, a descobrir esse caminho, se não é talvez a abri-lo á força de braço. Ora as circumstancias de Capello eram estas. Achava-se sem collecçÕes, que podesse consultar, sem livros que o esclarecessem. Havia então apenas dois estudos sobre os peixes portuguezes: o Specimen Faunae lusitanicae do Dr. Vandelli (Mem. da Acad. Real das Scienc, vol. I, 1797), e as Observações sobre alguns peixes do mar e dos rios do Algarve (Anonymo nas Mem. da Acad. Real das Scienc, vol. m). Quanto auxilio porém lhe prestassem estas duas obras, deprehende-se bem claramente das palavras do mesmo Capello, que assim fala d'ellas na Introducção á obra dos Peixes plagiostomos: «O Specimen Faunae lusitanicae menciona apenas 86 es- «pecies dos nossos mares e rios, e este algarismo por si só o «está accusando de deficiente. Não é este porém o defeito ca- ce pitai do ensaio de Vandelli. Se essas 86 espécies se achassem «alli bem descriptas ou citadas por tal modo que fosse possi- avel reconhecel-as sem hesitação, se ao menos viessem bem aaveriguados os nomes de todas ellas, sempre lucraria em consul- tar esse trabalho, quem emprehendesse agora novas investi- «gações sobre o mesmo assumpto. Infelizmente Vandelli publi- «cou tão somente uma lista dos nomes latinos, dispostos conforme «as regras da nomenclatura linneana, e apenas em parte acom- «panhados das denominações vulgares, nem sempre exactas. «Não cita os auetores, onde encontrou descriptas as espécies «que menciona, nem as estampas, que, no seu entender, melhor «as representam . . O outro escripto, que citamos, contem os «nomes vulgares de 76 espécies, a cada uma das quaes o au- «ctor juntou, conforme pôde, a synonymia scientifica e as infor- « mações que os pescadores da localidade lhe deram acerca da «sua frequência e hábitos.» Não desanimou comtudo, ao ver-se assim reduzido a ser guia de si mesmo. As primeiras diligencias, como era razão, dirigiu-as a reunir materiaes para o estudo. Não conhecia elle nem ainda os nomes vulgares de muitos peixes; mas por for- tuna encontrou-os em uma lista impressa, que se lhe deparara. BIOGRAPHIA DE BRITO CVPELLO 219 Dirigindo-se por ella, acudiu aos pescadores, pedindo exempla- res de toda a qualidade de peixe que colhessem, escreveu no mesmo sentido para Setúbal; foi elle próprio muita vez procu- rá-los ao mercado do peixe da cidade. Junctos os materiaes, começou o estudo. Mas aqui surgiram-lhe novas difficuldades. Imaginava elle a principio que todas as espécies, que houvesse de estudar, seriam já conhecidas em outros mares da Europa, havendo por isso o seu trabalho de reduzir-se a uma simples verificação de identidade Quando porém, bem fora do que ima- ginava, começou a oíferecer-se-lhe um cardume de espécies novas, que lhe era forçoso descrever, quiçá descoroçoaria, se não acudisse ao animar o sr. Barboza nu Bocage, e a coadju- vá-lo com a sua valiosa cooperação, até associar o seu nome ao de Capello, como o próprio sr. Bocage testifica : «O exame dos peixes Plagiostomos, que os pescadores tra- «zem habitualmente aos nossos mercados, forneceu-lhe ensejo «para realisar algumas das suas mais notáveis descobertas. «Começara estes estudos na supposição de que somente teria «de determinar espécies já bem conhecidas e vulgares nas cos- «tas do Atlântico e do Mediterrâneo, e por isso de dia a dia «augmentava o seu espanto ao depararem-se-lhe typos novos e «ignorados dos naturalistas, e crescia também a sua hesitação «em os descrever. Para vencer essas hesitações, filhas de uma «modéstia natural e excessiva, tivemos de associar-nos então «ao seu estudo para compartilharmos a responsabilidade de «declarar inéditas aquellas espécies que nenhum naturalista an- ates de nós examinara. E justo que se saiba que nas publica- «ções, onde os nossos nomes se acham associados, cabe ao «nosso unicamente a responsabilidade de redacção, e a Félix «Capello a merecida gloria que lhe resulta das investigações «scientificas alli consignadas.» — (Prologo ao Catalogo dos Pei- xes de Portugal por Félix de Brito Capello). Assim foi Capello continuando nos seus estudos, e logo desde 1864 começou a publicá-los pela imprensa. Uma das primeiras publicações, feita com a collaboração do sr. Barboza du Bocage, pela razão que tocámos acima, tem por titulo: Peixes Plagiostomos —Primeira Parte — Esqualos. (O texto em 220 BROTERIA vernáculo é acompanhado da versão franceza). Nesta obra descreve o auctor quatro espécies novas, e cria dois géneros também novos. Apresenta em quadros synopticos os caracte- res das famílias e dos géneros, e descreve minuciosamente to- das as espécies dos nossos mares. Na família das Spinacidae os caracteres dos géneros são tirados só da forma dos dentes de ambas as maxillas, os quaes vem representados em figuras para maior facilidade da classificação. Este trabalho é acom- panhado de trcs estampas a cores. No Catalogo dos Peixes de Portugal, que infelizmente ficou incompleto, apparecem i5 espécies com o nome de Capello, as quaes elle descrevera, como novas, em trabalhos anteriores. E um numero bastante elevado, como não po- derá deixar de reconhecer quem tomar em linha de conta as circumstancias, em que o estudo foi feito, e as grandes difficulda- des, que o nosso naturalista houve de vencer a cada momento. Quem quizer ter noticia dos outros trabalhos de Capello, encontrará abaixo o catalogo completo das suas publicações. Agora, para concluir, reproduzamos aqui a appreciaçao que do seu caracter e trabalhos scientificos fez o já tantas vezes citado sr. Barboza du Bocage; pois que elle foi, como já dissemos, quem a principio lhe guiou os passos, e infundiu alentos con- tra os obstáculos, em que a miude veiu a tropeçar no seu ca- minho:— «Parecem-nos desnecessárias extensas e conceituosas «appreciações acerca dos escriptos scientificos do nosso saudoso «collega e amigo, para que fique bem evidenciado o seu singu- «lar merecimento. As suas obras provam mais eloquentemente «do que as mais auctorisadas palavras, que a sciencia perdeu «n'elle um dos seus mais conscienciosos e dedicados cultores. «Nada diremos também do homem; dil-o melhor do que nós «a profunda saudade que por elle sentimos todos os seus ami- «gos, todos os que o conheceram. Possa o seu exemplo servir «de incitamento ás novas gerações, e convencel-as de que só- «mente pelo estudo se alcança a sciencia, somente pela pratica «constante e desinteressada do bem se conquista fama honrada «e immorredoura. (Prologo ao Catalogo dos Peixes de Por- «tugal por F. Brito Capello).» ELENCHUS OPERUM FELIGIS DE BRITO CAPELLO 1864. — Diagnose de algumas espécies inéditas da família «Squali- dae», que frequentam os nossos mares, por J. V. Barboza du Bocage e Ft-lix de Brito Capeilo. (Mem. da Acad. das Sc. de Lisboa, nov. ser., Cl. de Sc. Math., Phys. e Nat, t. m, parte 11, 1 865. Memoria n.° 7.) 1864. — Sur quelqnes espèces inédites de «Squalidae» de la tribu «Aeanthiana», Gray, qui fréquentent les cotes du Portugal, par J. V. Bar- boza du Bocage et F. de Brito Capeilo. (Proc. Z. S. Lond., 1864, p. 260.) i865. — Descripçao de três espécies novas de crustáceos da Africa Occidental e observações acerca do Penoeus Bocagei, Johnson, espécie nova dos mares de Portugal. (Mem. da Acad. das Sc. de Lisboa, nov. ser., Cl. de Sc. Math., Phys. e Nat., t. 111, parte n, 1 865. Memoria n.° S; uma estampa.) 1866. — Espécies novas ou pouco conhecidas d'arachnideos d'Africa Occidental. (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. 1, 1868, p. 79; uma estampa.) 1866. — Peixes plagiostomos. Primeira parte, «Esqualos», por J. V. Barboza du Bocage e F. de Brito Capeilo. (Lisboa, 1 866, in-4.0, 40 p.; três estampas coloridas, e versão em francez.) 1867. — Peixes novos de Portugal e da Africa occidental e caracte- res distinctivos d'outras espécies já conhecidas. (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. 1, 1868, p. 154; uma estampa.) 1867. — Descripçao de dois peixes novos, provenientes dos mares de Portugal. (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. 1, 1868, p. 3 14.) 1867. — Discription de trois nonveaux poissons des mers du Portu- gal. (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. 1, 1868, p. 3 18; uma estampa.) 1867. — Catalogo dos peixes de Portugal que existem no Museu de Lisboa. (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. 1, 1868, p. 233, duas estam- pas, e p. 307; t. 11, 1870, p. 5i, uma estampa, e p. i3i.) 1867. — Descripçao de algumas espécies novas ou pouco conhecidas de crustáceos e arachnideos de Portugal e possessões portuguezas do ul- tramar. (Mem. da Acad. das Sc. de Lisboa, nova serie, t. ív, parte 1, 1867, p. 1-17; com duas estampas.) 1868. — >Toticia acerca de um peixe pouco conhecido, proveniente do Brazil* (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. 11, 1870, p. 64; uma estampa.) 2 22 BROTERIA 1869. — Sur 1'identité du «Promettens paradoxas, Cap.» et «Nesiar- chus nasutus, J. I. Johnson.» (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. n 1870, p. 154; une planche.) 1869. — Appendice ao Catalogo dos peixes de Portugal, que existem no Museu de Lisboa. (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. 11, 1870, p. 223.) 1869. — Lista de algumas espécies de peixes colligidos 011 observados na bahia de Lagos (Algarve). (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. 11, 1870, p. 229.) 1869. — Memoria relativa a um exemplar de «Squalns maximus L.», pescado nas costas de Portugal. (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, r. n 1870, p. 233 ; uma estampa.) 1870. — Algumas espécies novas ou pouco conhecidas de crustáceos» pertencentes aos géneros «Calappa» e «Telphusa». (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. 111, 1871, p. 128; uma estampa.) 1871. — Primeira lista dos peixes da Ilha da Madeira e Açores, e das possessões portuguezas d'Africa, que existem no Museu de Lisboa. (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. 111, 1871, p. iq5 e 280; t. iv, 1873, p. 83.) 1871. — Descripção de algumas espécies novas de crustáceos. (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. m, 1871, p. 2G2 ; uma estampa.) 1873. — Lista dos «Crustáceos decapodios» de Portugal, existentes no Museu de Lisboa. (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. iv, 1873, p. 233.) 1873. — Descripção de uma nova espécie de «Telphusa» da Africa occidental. (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. iv, 1873, p. 254; uma estampa.) 1873.— Segundo appendice ao Catalogo dos peixes de Portugal. (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. iv, 1873, p. 307.) 1875 —Appendice á Lista dos «Crustáceos decapodios» de Portugal. (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. v, 1876, p. 121; uma estampa.) 1876. — Algumas considerações acerca da industria piscícola em Por- tugal. (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. v, 1876, p. i5q.) 1876. — Terceiro appendice ao Catalogo dos peixes de Portugal. (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. v, 1876, p. 1 65.) 1876. — Catalogo dos crustáceos de Portugal. (Jorn. da Acad. das Sc. de Lisboa, t. v, 1876, p. 264; com uma estampa, e t. vi, 1877, p. 74.) 1878. — Description de quelques espèces du genre Galateia, du Bengo et du Quanza. (Mem. da Acad. das Sc. de Lisboa, nova serie, Cl. de Sc. Math., Phys. e Nat., t. v, parte 11, 1878. Memoria n.° 5; duas estampas.) 1881. — Catalogo dos peixes de Portugal. (Mem. da Acad. das Sc. de Lisboa, nova serie, Cl. de Sc. Math., Phys. e Nat., t. vi, parte 11, 1881, p. 3.) (Obra posthuma.) LEPIDOPTEROS DE PORTUGAL II MICROLEPIDOPTEROS Da região de S. Fiel (Beira Baixa) POR CÂNDIDO MENDES D'AZEVEDO Professor no Gollegio de S. Fiel (Continuado do u vol., pag. Ho) Fam. pyralidae Sub-Fam. GALLERIINAE Gen. Achroia i n 4o3. Grisella F. — Fim d' Agosto. Só encontrei dois exem- plares dentro de casa, á luz. Gen. Melissoblaptes z. 404. Bipunetanus Z. — Agosto e Setembro. Não é raro em S. Fiel e na Quinta dos Carvalhos. Gen. Galleria F. 405. Mellonella L. — Só me appareceu um exemplar, apezar de haver por estes sitios criação de abelhas, em cujos favos vive a lagarta. 224 BROTÉRIA [82] Sub-Fam. CRAMBINAE Gen. Cr a m bus f. 406. Inquinatellus Schiff. — Agosto. Serra da Estrella (F. Mattozo Santos, Jornal de Sciencias Mathematicas, Phjsicas e Nataraes de Lisboa, n.° xxxviii [1884], p. i3cj). Eu encontrei-o também em Agosto e Setembro na relva da Serra da Guardunha. 407. Divisellus Joan. (L. e J.) — -Setembro. Não é raro a meia encosta e no sopé da Serra da Guardunha, no feno secco. Obs. Esta espécie, quando a encontrei, era conhecida só da Syria e Argélia; já depois foi apanhada em Cannes. D^nde se conclue com muita probabilidade que apparecerá em toda a região mediterrânea. 408. Geniculeus Hw. — Agosto e Setembro. Frequente na Serra da Estrella e da Guardunha. 409. Contaminellus Hb. var. ? — Agosto e Setembro. Serra da Estrella e da Guardunha. Acode com frequência d luz dentro de casa. Obs. Pareceu a principio encontrar uma espécie inédita nos indivíduos que tomo aqui como da espécie contaminellus; mas depois de prolongados estudos parece mais provável que não passem duma variedade d'esta espécie. 410. Matrioellus Tr. — Setembro e Outubro. 411. Deliellus Hb. — Agosto e Setembro. Serra da Estrella. 412. Tristellus F. — Agosto. Serra da Estrella (F. Mattozo Santos, 1. s. c, pag. 140). Eu encontrei-o no fim de Agosto e principio de Setembro pelo matto da Serra [83] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 225 da Estrella (encosta de Manteigas e Espinhaço do Cão). Pela Guardunha em Agosto, Setembro e Outubro. 4 1 3. Selasellus Hb.- -Setembro. Raro. 414. Fulgidellus Hb. — Agosto. Serra da Estrella (F. Mat- tozo Santos, 1. s. c, pag. 1 3o). No fim de Agosto e principio de Setembro apanhei-o na mesma Serra, na vertente de Manteigas e na Nave de Santo António. 41 5. Latistrius Hw. — Abril e Setembro. No pinhal da quinta de S. Fiel. 416. Staudingeri Z. — Em Agosto e Setembro. Commum a todas as altitudes da Serra da Guardunha, pousado de preferencia nos rochedos. 417. Craterellus Sc. var. Cassentiniellus Z. — Pelo meado de Maio, em grande abundância por todos estes arre- dores, principalmente sobre o Cftisus albus Lk. 418. Hortuellus Hb. — Bastante raro. 419. Culmellus L. — Maio e Junho. Commum nos logares húmidos, como no leito e margens da Oereza e dos seus affluentes, entre as gramíneas e os juncos. 420. Pratellus L. — Julho. Serra da Estrella. Frequente na relva (J. S. Tavares !). a) var. Alfacarellus Stgr. —Em Maio, n'um regato da Serra da Guardunha, em Junho na ribeira da (Jcreza e em Julho na Matta do Fundão. Fora da Serra da Estrella não encontrei a forma typica, mas só esta va- riedade, sempre á beira d'agua ou em sitios húmidos. 421. Candiellus HS.— A luz em Julho, S. Fiel. Em Setembro, na Quinta dos Carvalhos. Raro. 226 BROTÉRIÀ [84] Gen. Platytes Gn. 422. Cerusellus Schiíf. — Nos mattos e sitios áridos. Raro. Gkn. Eromene Hb. 423. Anapiella Z. — Rara. 424. Ocellea Hw. — Também rara. Gen. Ancylolomia Hb. 425. Tentaculella Hb. — Agosto, Serra da Estrella (F. Mat- tozo Santos, 1. s. c, pag. i38). Setembro, Serra da Guardunha e da Estrella. 42(5. Oontritella Z. — Setembro e Outubro, na Serra da Guardunha, a todas as altitudes. No principio de Se- tembro commum também na Quinta dos Carvalhos, onde os exemplares eram maiores e dum amarello mais vivo. Obs. N'esta espécie, ao que parece, ha çç de duas formas: umas cinzentas e outras com as azas de deante inteiramente pretas, tendo apenas no meio um pontinho branco. A forma preta é mais rara. Sub-Fam. ANERASTIINAE Gen. Epidauria Rag. 427. Phoeniciella Rag. — No fim de Agosto. Quinta do Ri- beiro Negro (Covilhã). Obs. Esta é uma das espécies que ainda não tinha sido en- contrada na Europa-, até agora só era conhecida da Syria. [85] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 227 Em 1901 apanhei dois exemplares que na quinta men- cionada vieram á luz. Gen. Ematheudes z. 428. Punctella Tr. — Pouco frequente. Sub-Fam. PHYCITINAE Gen. Homoeosoma Gurt. 429. Sinuella F. — Agosto. Não é rara. q3o. Nimbella Z. — Abril e Junho. Commum. Gen. Plodia Gn. 43 1. Interpunctella Hb. — Agosto e Novembro. Alguns an- nos muito abundante nos celeiros de trigo. Lagarta: Juncta com uma teia alguns grãos de trigo e d'elles se vae sustentando. Quando se propaga mais, causa grandes prejuízos nos celeiros. Gen. Ephestia Gn. 432. Figulilella Gregson (Ficulella Barr.) — Junho. 433. Elutella Hb. — Abril, em S. Fiel; Setembro, na Quinta dos Carvalhos. Gen. Ancylosis z 434. Cinnamomella Dup. — Abril e Maio. Gen. Psorosa z. 40D. Nuoleolella Moeschl. — Bastante rara. 228 BROTÉRIA [86] Gen. Petnpelia Hb. 436. Sororiella Z. — Junho. 487. Subornatella Dup. — Junho. Castellejo. Lagarta: Encontrei-a em Maio, no Castellejo, sobre o serpão bravo (Thjnnus serpillum L.J. Gen. Asartodes Rag. 438. Monspessulalis Dup. — Julho. Serra da Estrella (J. S. Tavares !). Gen. Hypochalcia Hb. 489. sp.? — Em Maio á luz. O único individuo que encontrei deste género pertence com muita probabilidade a uma espécie inédita. Gen. Etiella z. 440. Zinckenella Tr. — Abril a Junho. Agosto c Outubro. Commum. Gen. Epischnia z. 441. Prodromella Hb. — Agosto, em S. Fiel. Principio de Se- tembro, na Quinta dos Carvalhos. Gen. Salebria z. 442. Palumbella F. — Frequente em Abril e Maio; Agosto e Setembro. 4)3. Semirubella Sc. var. Sanguinella Hb. — Agosto. Serra da Estrella (F. Mattozo Santos, 1. s. c, pag. 140). Em Junho e Agosto encontrei-a nas Serras da Estrella e da Guardunha, á beira dos regatos. [87] C. MKNDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 220, Gen. Nephopteryx z. 444. Geminella Ev. — Apparece principalmente nomeado de Junho-, encontrei-a também em Maio, meado de Julho e em Agosto, na Serra da Guardunha, nos restolhos do centeio, e com frequência á luz dentro de casa. Gen. Acrobasis z. 445. Obliqua Z. — Commum de Abril a Junho. Gen. Rhodophaea Gn. 446. Marmórea Hw. — Junho. Lagarta: Encontrei-a em Maio entre a Lousa e Oledo na Crataegus monogyna Jacq. Sub-Fam. ENDOTRICHINAE Gen. Endotricha z. 447. Flammealis Schiff. — Em Junho, commum na Matta do Fundão e mais ainda no carvalhal do Monte de S. José. Em Agosto, nas margens da Ocreza. Sub-Fam. PYRALINAE Gen. Aglossa Latr. 448. Pinguinalis L. — Commum em Maio; Setembro. 449. Cuprealis Hb. — Junho e Julho. Gen. Hypsopygia Hb. 460. Costalis F. — Junho. Rara. 23o BROTÉRIA [88] Gen. Pyralis L. (Asopia Tr.) 45 1. Obsoletalis Mn. — Maio e Junho. 402. Fariaalis L. — Commum em Junho dentro de casa. Gen. Stemmatophora Gn. 453. Gombustalis F. — Rara. Gen. Herculia Wlk. 454. Glaucinalis L. — Junho e Agosto. 455. Fulvocilialis Dup. — ■ Setembro. Quinta dos Carvalhos. Gen. Actenia Gn. 456. Brunnealis Tr. — Agosto. Covilhã. 457. Borgialis Dup. — De Junho a Agosto. Dentro de casa e nas faldas da Serra da Guardunha. Gen. Cledeobia Stph. 468. Moldavica Esp. var. Diffldalis Gn. — Em maio não é rara na Serra da Guardunha. 45g. Angustalis Schiff. — Julho e Agosto. Quinta de S. Fiel, n'um regato. Sub-Fam. HYDROCAMPINAE Gen. Stenia Gn. 460. Flavipunctalis Hmps. — Em Maio, no matto, entre Par- danta e o Souto da Casa. [89] C. MENDES! LEP1DOPTEROS DE Sv FIEL 23 1 Sub-Fam. SCOPARIINAE Gen. Scoparia Hw. 461. Resinea Hw. — Junho. Fundão. 462. Crataegella Hb. — Rara. 463. Frequentella Str. — Comraum desde o fim de Outubro por todo o inverno, principalmente sobre os rochedos musgosos. 464. Angustea Stph. — Abril e Junho. Sub-Fam. PYRAUSTINAE Gen. Er et a Wlk. (Spanista Ld.) 465. Ornatalis Dup. — Setembro. Quinta dos Carvalhos. Gen. Sylepfa Hb. 466. Ruralis Sc. — Commum em Junho. Gen. Glyphodes Gn. (Margarodes Gn.) 467. Unionalis Hb. — De Junho a Setembro. Novembro. Gen. Hellula Gn 468. Undalis F. — Junho, em casa (J. da Cruz Tavares !); em Outubro, perto da Povoa. Gen. Evergesti 3 Hb. (Orobena Gn.) 469. Frumentalis L. — Abril e Maio. 232 BROTÉRIA [çjo] 470. Politalis Schiff. — Abril a Junho. Gen. Nomophila iih. 471. Noctuella Schiff. — Commum pelos mattos e campos in- cultos, desde Abril até Setembro. Gen. Diasemia Gn. 472. Litterata Sc. — Abril e Julho. Em Maio encontrei uma no matto perto de Pardanta, maior, com a côr muito menos escura, d'um castanho-claro. 473. Ramburialis Dup. — Maio; fim de Outubro. Commum. Gen. Antigastra Ld. 474. Catalaunalis Dup. — Rara. Só encontrei um exemplar. Gen. Mecyna Gn. 475. Polygonalis Hb. — De Julho a Setembro. Por estes ar- redores são bastante constantes as cores d'esta espécie, podendo-se reduzir quasi todos os indivíduos á var. meridionalis Wk. As azas superiores arruivadas, as inferiores damarello vivo, com a faixa preta passando um pouco alem do meio da margem, mas sem chegar ao lado interno. Gen. Cynaeda Hb. (Odontia Dup.) 476. Dentalis Schiff. — Não é rara em Junho. Lagarta: Dentro do caule e das folhas do Echium lusitavicum Brot., em Abril e Maio. Gen. Titânio Hb. 477. Polliaalis Schiff. — Maio. Castellejo e S. Fiel. f Ç) I J C. MENDES : LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 233 478. Serioatalis HS. — Julho. Serra da Estrella (J. S. Tava- res!). Variedade differente com as azas anteriores mais negras por baixo. 471J. Schrankiana Hochenw. — Abundante em Julho, no alto da Serra da Estrella (J.. S. Tavares!). Gen. Pionea Gn. 480. Ferrugalis Hb. — Em grande abundância em Maio; Ou- tubro e Novembro. Também a vi em Agosto. 481. Silvalis L. de Joannis —Maio. Lousa, Portas do Ródão e Soalheira. Rara. 482. Verbascalis Schiff. — Junho. Gen. Pyrausta Schrk. (BotysJ 483. Repandalis Schiff. — Maio. 484. Nubilalis Hb. — Muito abundante de Maio a Agosto. Lagarta: No interior do caule do milho, onde causa os mesmos prejuízos que a Sesamia nonagrioides. 485. Cespitalis Schiff. — Agosto. 486. Sanguinalis L. — Abril; Julho. 487. Purpuralis L. — Junho. Ribeira d'Alpreada, perto de Castello Novo. 488. Aurata Sc— Março; Junho e Julho. Nesta espécie variam muito as cores, tanto o amarello das pintas e listas, como o tom escuro fundamental. Encontrei algumas, extraordinariamente pretas, com o amarello muito redu- 234 BROTÉRIA [92] zido. As da primeira geração em Março teem as cores muito mais vivas. a) var. Meridionalis Stgr. — Junho e Julho. Commum. 489. Acontialis Stgr. — Em Abril, sobre o rosmaninho (La- vandula stoechas L.) (M. Martins!). Rara, apezar da abun- dância de rosmaninho por estes campos. Gen. Noctuelia Gn. 490. Isatidalis Dup. — Março. Fam. pterophoridae Gen. Trichoptilus wisghm. 491. Siceliota Z. — Commum em Maio, pelos regatos da Serra da Guardunha e affluentes da Ocreza. Gen. Oxyptilus z. 492. Tristis Z. — Raro. 493. Distans Z. var. Laetus Z. — Agosto, Serra da Estrella (F. Mattozo Santos 1. s. c. pag. 141). Encontrei-o em Junho, no Monte de S. José e em Agosto em grande abundância, no matto da Quinta da Várzea (Unhaes da Serra). Gen. Platyptilia Hb. 494. Acanthodactyla Hb. — Outubro. Gen. Alucifa Wisghm. (Aciptilia Hb.) 495. Baliodactyla Z. — Junho. [93] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 235 496. Tetradactyla L. — Bastante rara. Gen. Pterophorus Geoffr. (Alucita Meyr.) 497. Monodaotylus L. — Outubro. Soalheira. 498. Miorodactylus Hb. — Matta do Fundão, no fim de Julho (J. S. Tavares!). Lagarta: Em Junho e Julho, no Eupatorium can- nabinum L. cecidogenica, formando um engros- samento fusiforme no caule e nos ramos (J. S. Tavares — Zoocecidias Portuguesas Novas — Brotéria, Vol. n, K)o3, pag. 166). Gen. Stenoptilia Hb. 499. Bipunctidactyla Hw. (Serotinus Z.) — Em principio de Setembro, num regato da Nave de Santo António (Serra da Estrella). Fam. orneodidae Gen. Orneodes Latr. (Alucita Z.) 500. Hexadactyla L. — Julho, S. Fiel. Agosto e Setembro, Quinta do Ribeiro Negro. 5oi. Húbneri Wallgr. — Agosto. Rara. Fam. TORTRICIDAE Sub-fam. TORTRICINAE Gen. A ca lia Meyr. (Terás Tr.) 5o2. Hastiana L. — Maio. Lagarta: Nos salgueiros. 236 BROTÉRIA [94] 503. Pernmtana Dup. — Outubro, Soalheira. 504. Variegana Shiff. — Junho e Julho; Outubro e Novembro. 505. Ferrugana Tr. — Junho; Outubro e Novembro. 1 506. Quercinana Z. — Agosto. Rara. 507. Contaminaria Hb. — Outubro. Só encontrei uma na Po- voa, sobre a Crataegus monogyna Jacq. Gen. Capua Stph. 508. Angustiorana Hw. — Maio (J. S. Tavares!). Lagarta: Dentro d'uma cecidia da Qiiercus suber L. — Contarinia cocciferae Tav. Gen. Cacoecia Hb. 509. Podana Sc. — Junho, Matta do Fundão. 5 10. Xylosteana L. — Em meado de Junho abundantíssima no carvalhal do Monte de S. José. Lagarta: Commum em Abril e Maio nas folhas enroladas da Quer cus To\a Bosc. 5 11. Rosana L. — Junho. Rara. Gen. Pandemis Hb. 5 12. Heparana Schiff. — Junho, sobre os amieiros da Ocreza. Gen. Eulia Hb. 5i3. Eatoniana Rag. — Em abundância só a encontrei na Quinta de S. Fiel. sobre o Ulex earopaeiís L. desde o meado de Maio até parte de Junho. O Ulex europaeus [95] C. MENDES: LEPIDOPTEKOS DE S. FIEL 2^ não existia por estes arredores; ha poucos annos foi aqui semeado, vindo a semente de outra parte de Por- tugal. Fora d'aqui encontrei sempre a borboleta solitária e em pequeno numero: no fim de Setembro em S. Fiel, á luz, bem como na Covilhã em Agosto e Setembro; no fim de Abril numa azenha da Ocreza. Vê-se pois pelas datas da apparição que tem duas gerações. Gen. Tortrix Meyr. 514. Loeflingiana L. — Maio, no carvalhal do Monte de S. José. a) ab. Ectypana Hb. — Como a antecedente. 5 1 5. Viridana L. — Abundante no principio de Junho, no car- valhal do Monte de S. José. Lagarta: Em Maio, nas folhas enroladas da Qiier- cus To\a Bosc. B16. Croceana Hb. — Maio. Nossa Senhora da Orada e Souto da Casa. Rara. Encontrei a pupa presa a um ramo de Halimium occidentale W., dentro d'um ninho peque- nino feito com as folhas. 5 17. Unicolorana Dup. — Abril, Quinta do Barão. Maio, Lousa. Frequente na Matta do Fundão. 5 iS. Amplana Hb. — Março e principio de Abril. Lagarta: Muito commum de Dezembro a Fevereiro por estes arredores e a todas as alturas da Serra da Guardunha, nas folhas da cebola albarrã (Ur- ginea Scilla Steinh.), as quaes enrola longitudinal- mente em forma de tubo. Gen. Cnephasia Curt. (Sckiapkila Tr.) 319. Wahlbomiana L. — Maio e Junho. 238 BROTÉRIA [96] Lagarta: Coramum em Abril e Maio, nas folhas da Digitalis Thapsi L. que é muito frequente pelos campos incultos, em torno da Serra da Guardunha. Sub.-fam. CONCHYLINAE Gen. Conchylis i.d. 520. Pallidana Z. — Junho. 52i. Nana Hw. — Rara. 522. Chamomillana HS. — Maio. Rara. 523. Maculosana Hw. — Maio. Portas do Ródão. 524. Reversana Stgr. — Maio. Castellejo. Gen. Euxanthis Meyr. 52 5. Straminea Hw. — Novembro. Gastello Novo, nos car- valhos. Sub-fam. OLETHREUTINAE Gen. Evetria Hb. 526. Duplana Hb. — Março. Abundante, mas localizada n'um pinhal, perto de S. Fiel. Gen. Olethreutes Hb. (Penthina Tr.) 527. Ochroleucana Hb. — Maio. 528. Lacunana Dup. — Maio, sobre os amieiros da Ocreza. Junho, Monte de S. José. Commum na Matta do Fundão. [Qy] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL ?3p, Obs. Um ou dois dos exemplares encontrados nos amieiros tinham as cores muito mais vivas e os desenhos mais distinctos que os da forma ordinária-, as azas anteriores eram d'um loiro dourado muito brilhante. 529. Rurestrana Dup. (Rupestrana Hein.) — Junho. Gen. PolychPOSiS Rag. (Eudemis Wck.) 530. Botrana Schiff. — Junho, Serra da Guardunha. Gen. Crocidosema z. 53 1. Plebejana Z. — Bastante rara. Gen. Steganoptycha stph. 532. Cortioana Hb. — Junho. Commum nos troncos dos car- valhos no Monte de S. José. 533. Minutaria Hb. — Rara. 534. sp. ? — Junho (J. da Cruz Tavares!). Do único exemplar apanhado á luz ainda se não poude apurar o nome. Gen. Gypsonoma Meyr. 535. Aceriana Dup. var. r — A cor de rosa do único exemplar encontrado faz duvidar se será antes uma espécie dif- ferente. 536. Incarnana Hw. — Outubro. Gen. Bactra Stph. (Aphelia Curt.) 537. Lanceolana Hb. — Abril e Maio. 240 BROTÉRIA [98J Gen. Semasia hs. 538. Seeboldi Rõssl. — Maio. No matto, entre a Pardanta e o Souto da Casa, e em Castellejo. Gen. Epiblema jn-. 53g. Sordicomana Stgr. — F^m meado de Maio, no matto, perto da Pardanta. 540. Tripunctana F. — Maio. Gen. Grapholitha Hein. 541. Nebritana Tr. — Maio. Carvalhal do Monte de S. José. 542. Succedana Froel. — Maio. Carvalhal do Monte de S. José. 543. Internana Gn. — Julho, Serra da Estrella (J. S. Tava- res!) sobre o piorno (Genista lusitanica L.). 544. Dorsana F. — Maio. Entre a Lousa e Oledo, sobre a Prunus spinosa L. Gen. Pamene iib. (Phthoroblastis Ld.) 54D. Gallicolana Z. var. Amygdalana Dup. — Sobral do Campo (J. S. Tavares!). Lagarta: N'uma cecidia da Querem To\a Bosc. parasita da Cynips Pautei i Tav. Gen. Tmetocera Ld. 546. Ocellana F. — Junho. Gen. Carpocapsa Tr. 547. Pomonella L. — Junho, Julho e Agosto. J9Ç)] c- MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 241 Lagarta: Bem conhecida pelos estragos que produz nos fructos, principalmente nas maças, de cujo me- socarpo se nutre. Encontrei-a também na laranja; somente que neste fructo sustenta-se das pevides, dentro das quaes vive e se chrysalida. Ao menos assim succedeu a duas que encontrei dentro d\ima laranja. ?qK. Splendana Hb. — Maio. Soalheira, sobre uma sobreira em cuja glande se costuma criar a lagarta (J. S. Ta- vares!). a) var. Reaumurana Hein. — Principio de Setembro, em Manteigas, sobre um castanheiro. E na castanha que vive a lagarta d'esta variedade que alguns julgam es- pécie diversa. Fam. glyphipterygidae Sub-fam. CHOREUTINAE Gen. Choreuiis Hb. ?4<). Bjerkandrella Thnbg. — Maio, Castellejo. Julho, perto de S. Fiel. ?do. Myllerana F. — Maio, Castellejo. Gen. Simaethis Leach 55i. Nemorana Hb. — Junho e Julho. Jardim de S. Fiel. Lagarta: Em Maio e Junho, na pagina superior das folhas da figueira (Ficus carica L.J, sob uma teia finíssima. 24'2 BROTÊRIA T100] Subiam. GLYPHIPTERYGINAE Gen. Millieria Rag. 352. Dolosana HS. — Maio, Portas do Ródão. Gen. Glyphipteryx Hb. 553. Faseoviridella Hw. — Maio. Matta do Fundão e Cas- tellejo. Commum no chão, debaixo das folhas velhas dos castanheiros. 354. Equitella Sc. — Abril; Novembro. Lagarta: De Janeiro a Março, minando o peciolo e limbo das folhas do Umbilicus pendulinus DC. Fam. YPONOMEUTIDAE Subi am. YPONOMEUTINAE Gen. Yponomeuta Latr. 533. Egregiellus Dup. — Maio. Frequente por toda a serra da Guardunha, onde ha urzes. Lagarta: De Janeiro a Abril, em grande abundân- cia, nas varias espécies de Eriça da Guardunha. Alguns annos multiplicam-se tanto, que em Abril deixam as urzes como seccas. b?C>. Rorellus Hb. — Julho. Rara. Gen. Swammerdamia Hb. 557. Lutarea Hw. — Setembro. Covilhã. 558. Pyrella Vill. — Fim de Junho. Rara. [iOl] C. MENDES: LEPIDOITEROS DE S. FIEL 243 Gen. Prays Hb. ?bq. Oleellus F. — Junho. Gen. Paradoxus Stt. d6o. Osyridellus Slt. — Setembro. Fam. plutellidae Sub-Fam. PLUTELLINAK Gen. Plutella Schrk. 56i. Maculipeanis Gurt. (Cruciferarum Z.) — Commum cie Maio a Agosto. Gen. Cerosfoma Latr. 562. Lucella F. — Junho. Carvalhal do Monte de S. José. 563. Persicella F. — -Junho. Quinta de S. Fiel. Fam. GELECHIIDAE Sub-Fam. GKLECHIINAE Gen. Metzneria Z. 564. Metzneriella Stt. — Principio de Maio. Matta do Fundão. Gen. Psoricoptera Stt, 563. Gibbosella Z. — Principio de Setembro. Covilhã. Gen. Platyedra Meyr. 5óó. Vilella Z. Rara. 244 BROTE' RIA [I02] Gen. Bryotropha Heín. 5G7. Figulella Stgr. — Rara. 568. Domestica Hw. — Junho. 569. Basaltinella Z. — As lagartas d'estas espécies vivem nos musgos. Gen. Gelechia z. 570. Distinctella Z. — Julho. Quinta de S. Fiel. 571. Pascuicola Stgr. — Março. 572. Peliella Tr. — Julho. Quinta de S. Fiel e dos Fornos. ?73. Interruptella Hb. — Março. 574. Solutella Z. — Maio. Castellejo. Apparecem exemplares d'uma variedade negra. 57b. Difflnis Hw. — Março e Abril. Commum na Serra da Guardunha. (LU a Tr.) 576. ? Salinella Z. — Abril. Muito commum pela Sena. D77. ? Junctella Dgl. — Abril e Maio. Serra da Guardunha. 378. Marmórea Hw. — Maio. :>79. ? Cauligenella Schmid — (J. S. Tavares — As Zooceci- dias portuguesas, n." 211). Lagarta: Encontrada em Maio, no Monte de S. José, formando um engrossamento no caule da Silene gaílica L. e em Junho perto de S. Fiel, na Sihne portensis L. Não se obteve a imago, mas a [lo3] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 245 cecidia é egual á que esta espécie forma na Si- lene nutans L. (J. S. Tavares, 1. c). (Teleia Hein. ) 58o. Oisti Stt. — Junho. N. S.;i da Orada. Lagarta: Em Maio, nos botões do Halimium occi- dentale W. 58i. Triparella Z. — Principio de Maio. Matta do Fundão. Gen. Tachyptilia Hein. 582. Scintillella F. — Em grande abundância pela Guardu- nha, em Junho e Julho. Lagarta: Nas flores do Cistus ledon Lam. em Maio. Gen. Xy stop hora Hein. 583. Farinosae Stt. — Junho. Rara. 584. Tenebrella Hb. — Só me appareceu um exemplar. Gen. AnacampSÍS Hein. 585. Anthyllidella Hb. — Fim de Agosto e principio de Se- tembro. Covilhã. 586. Vorticella Sc. — Abril e Maio. Lagarta: Commum em Março e Abril, no Adenocar- pus intermedius DC. cujas folhas ajuncta em forma de botão. Gen. Aristotelia Hh. 587. Ericinella Dup. — Fim de Agosto e principio de Setem- bro, nas urzes da Nave de Santo António (Serra da Estrella). 246 BROTÉRIA [io4] Gen. Ptocheuusa Hein. 588. Dejeotella Stgr. — Rara. Só me appareceu uma vez. Gen. Sitotroga Hein. 589. Cerealella Olivier — Maio. Gen. Rhinosia Ti. 690. Formosella Hb. — Rara, Gen. Euteles Hein. 591. Kollarella Gosta — Julho e Agosto. Commum nos fetos da Matta do Fundão. 592. Ratella HS. — Agosto. Quinta do Ribeiro Negro e dos Carvalhos. Gen. Paltodora Meyr. [Cleodora Curt., Hein.) 593. Lineatella Z. — Junho. Em grande abundância na quinta de S. Fiel. ^94. Cytisella Curt. — Maio, Portas do Ródão. Junho, S. Fiel. Gen. Ypsolophus z. 595. Juniperellus L. — Maio. Castellejo. Gen. Holcopocjon Stgr. 596. Bubulcellus Stgr. — Principio de Setembro. Covilhã. Gen. Epidola Stgr. 597. Stigma Stgr. — Principio de Setembro. Covilhã. [*Io5] C. MENDES : LEPIDOPTEROS UE S. FIEL 247 Gen. Symmoca Hb. 098. Signatella HS. —Julho. 599. Oxybiella Mill. — Junho. 600. Tofosella Rbl. — Gommum em Agosto c Setembro, pou- sada pelos penedos da Serra da Guardunha. Obs. Varia muito o tamanho das pintas das azas anteriores, chegando por vezes a unirem-se duas a duas. Também varia a cor fundamental das mesmas azas, a qual ora é muito clara mais ou menos amarellada, ora salpicada de cinzento-escuro ou castanho. 601. Griseosericeella Rag. — Principio de Maio. Matta do Fundão. Gen. Oegoconia stt. 602. Quadripunota Hw. —Julho, S. Fiel. Agosto, Covilhã. Sub-Fam. OECOPHORINAE Gen. Pleurota Hb. bo3. Honorella Hb. —Frequente em Maio e Junho, pelas fal- das da Serra da Guardunha. a) var. Heydenreichiella HS.— Commum com a forma antecedente. b) var. Nobilella Rbl. — Menos commum. 604. ? Protosella Stgr. —Pela escassez e mau estado dos exemplares não se poude apurar o nome com toda a certeza. 248 BROTÉRIA [I0(j] 605. Ericella Dup. — Commum em Maio, onde ha urzes. Perto da Pardanta apanhei uma, muito maior que a forma ordinária. Gen. Psecadia Hb. 606. Sexpunctella Hb.— Abril. Commum. 607. Pusiella Roemer — Abril e Junho*, Setembro. Gen. Depressaria Hw. 608. Assimilella Tr. — Julho. Rara. 609. Ulularia Rõssl. — Matta do Fundão. ôio. Nervosa Hw. — Junho. Durante o inverno encontrei-a entre o rhytidoma e o caule dos eucalyptos. Gen. Carcina Hb. 6,11. Quercana Sc. — Junho, S. Fiel. Agosto, Covilhã. Ou- tubro, Povoa. Lagarta: Encontrei-a dentro duma teia sedosa nas folhas da Quercus To\a Bosc. Gen. Lecithocera hs 612. Luticornella Z. — Junho. Na Soalheira, sobre as so- breiras e no Monte de S. José, sobre os carvalhos. Agosto, Covilhã. A var. Pallicornella Stgr. recebi-a de Setúbal, mas íVesta região não a encontrei. Gen. Oecophora Latr. {Dasycera Hw.) 6i3. Sulphurella F. — Maio. Quinta de S. Fiel. [1O7] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 249 614. Oliviella F. — Era Junho, na quinta de S. Fiel. Gen. Borkhausenia Hb. 6i5. Angustella Hb. — Só um exemplar. Fam. elachistidae Sub-Fam. SCYTHRIDINAE Gen. Epermenia Hb. (Chauliodus Tr.) G16. Daucella Peyer — Junho, S. Fiel. Agosto, Covilhã. Gen. Schythris Hb. {Butalis Tr.) Ô17. Grandipennis Hw. — Maio. N. Senhora da Orada. 618. Chenopodiella Hb.— Julho. 619. Acanthella God. — Commum em Maio e Junho. Sub-Fam. MOMPHINAE Gen. Mompha Hb. (Laverna Curt.) 620. Decorella Stph. — Fim de Agosto (J. S. Tavares!). Lagarta: Em Junho, na Matta do Fundão. Forma cecidia na haste do Epilobium virgatum Fr. no ponto de inserção das folhas. (J. S. Tavares, As Zoocecidias portuguesas, Addenda, n." 3ig). 621. Miscella Schiff. — Rara. Só dois exemplares. Gen. Mendesia J. de Joannis, n. g. 622. # Echiella J. de Joannis, n. sp. — Buli. de la Soe. Eri- 25o BROTÉRIA [jo8] tom. de France, 1902, pag. 23o-232. Em Fevereiro, Março e principio de Abril. Commum nos arredores de S. Fiel, onde cresce o Echium lusitanicum Brot. Lagarta: Em Janeiro e Fevereiro minando as fo- lhas, de ordinário a nervura central, do Echium lusitanicum Brot. Chrysalida: Dentro duma pequenina teia branca, oval, pegada ordinariamente á pagina inferior das folhas do Echium. No fim de Janeiro encontrei muitas recentes e depois outras por todo o mez de Fevereiro. Achei-as também em Outubro; porisso inclino-me a que haja duas gerações, mas não cheguei a averigual-o bem. Obs. Esta borboletinha branca, de 1 1 millimetros de en- vergadura, chama logo a attençao pelo seu voo singular. Ainda que lenta e ditficultosamente, sobe comtudo muito alto e ás vezes quasi a prumo. A diagnose do novo género e espécie publicada no Buli. de la Soe. Entom. de France, 1. s. c, é a seguinte: IVIendesia .l. de Joannis, n. g. Anlennes légèrement ciliées, Varticle basilaire épaissi par des écailles et frange de poils á sa partie inférieure. Palpes labiaux moderes, un peu courbés, mais remontant à peine vers le haut, troisième article plus court que le second. Palpes ma- xillaires inpisibles. Ocelles absenls. Tibias postérieurs forle- merit poilus. Ailes antérieures: ib fourchue, ia presente, 7 et 8 tigées, 7 aboutissant à la cote. Ailes inférieures lancéolées, ordinairement toutes les nervures partant de la cellule, 6 et 7 diin même point ; 6 parfois tigée avec 7, parfois séparée et presque parai lèle à 7. M. echiella J. de Joannis, n. sp. Albida. Anticis albidis, cretaceis, squamis fusco-brunneis [lO()] C. MENDES: LEPIDOPTEROS DE S. FIEL 25 1 conspersis, Une a apicali, maculisque tribus, in linea huic pa- rallela, fusco-brunneis, prima macula ad finem cellulae, se- cunda in vena mediana, tertia in plica dorsali. Posticis gri- seis. Subtus alis o-riseis. Ciliis aibis. CP Este novo género avizinha-se dos géneros Anjbia Stt. e Mompha Hb. ; mas distingue-se de Anybia pelos palpos mais curtos, de Mompha por lhe faltarem sobre as azas os tufos de escamas eriçadas, e d^mbos por ter as antennas notavelmente ciliadas e o primeiro articulo em baixo com uma basta franja de pellos. Na nervação das azas inferiores apresenta este género uma particularidade inteiramente anormal: a nervura 7 (contando só por uma as três internas) bifurca-se perto da extremidade, originando assim uma nervura supplementar da mesma natu- reza das outras. Em todo o caso esta nervura, ainda que mais frequente, não é constante; pois dos 8 exemplares estudados um tinha o numero normal de 8 nervuras. Gen. Stagmatophora hs. 623. Grabowiella Stgr. — Junho e Julho. Lagarta: Frequente de Março a Maio, dentro d'uma bainha semelhante á dos coleophoros, que se es- conde na axilla das folhas do rosmaninho (La- vandula stoechas L.). No Castellejo também é commum no Thymus serpyllum L. (V24. Serratella Tr. — Maio e Junho, S. Fiel; Setembro, Covi- lhã. Lagarta: Em Abril e Maio, no cimo da raiz mestra do Anarrhinum bellidifolium L. formando ce- cidia (J. da S. Tavares, As Zoocecidias portu gue\as, n.° 208). 2Ò2 BROTÉRIA [i io] Sub-Fam. COLEOPHORINAE Gen. Coleophora Hb. 6-25. Junoicolella Stt. — Só encontrei a borboleta. A lagarta apparece citada ora da Stellaria, ora da Calluna e lírica. 626. Lutipennella Z. — Junho. S. Fiel e Soalheira. Lagarta: Abril e Maio, no carvalho (Q. To\a) e uma no castanheiro. 627. Binderella Koll. — Junho. Lagarta: Em Abril appareceram algumas, já cres- cidas, nos amieiros (Aluas glutinosa Gártn.) da ribeira da Alpreada, Quinta do Barão (J. S. Ta- vares!). b28. ? Fusoedinella Z. — Como não obtive a borboleta, não posso assegurar que seja esta espécie. Lagarta: Em Julho, na base dos Cântaros (Serra da Estrella), grande quantidade de bainhas já vazias, pegadas ás folhas e ramos da Betula pubesceus Ehrh. (J. S. Tavares!). 629. Alcyonipenella Koll. — Principio de Maio, nas carvalhi- ças da Matta do Fundão. 630. Phlomidella Chr. — Principio de Setembro. Apanhada á luz na Quinta do Ribeiro Negro. 63 r. Trifariella Z. — Fim de Maio e principio de Junho. Lagarta: No Cvtisus albas Lk. em Abril e Maio. S. Fiel, Castello Novo, Soalheira. Deve ser da mesma espécie uma lagarta egual a esta, en- contrada em Maio na Matta do Fundão, que se sustentava de Sarothamuas graudijlorus Webb. [ill] C. MKNDES: LEP1D0PTER0S DE S. FIEL 2&3 632. Pyrrhulipennella Z. — N. S. da Orada c Serra daGuar- dunha. Lagarta : Abril e Maio, nas urzes (Calluna e Eriça). 633. Vibicella Hb. — Junho. Lacaria: Abundante na Genista Iriacanthos Brot. em Maio, perto de Castellejo e do Souto da Casa. Obs. As poucas borboletas, que me saíram das muitas la- gartas que recolhi, tinham as cores mais carregadas do que as das outras regiões. 634. Ibipennella Z.— Junho. Lagarta: Na Quer cus pedwicu lata Ehrh. em Maio. Castello Novo (J. S. Tavares!). 635. Struella Stgr. — Em fins de Maio e princípios de Junho, Portas do Ródão. Em Julho, Castellejo. Lagarta': Em abundância no Thymus scrpillum L. em Abril e Maio. 636. Onosmella Brahm — Fim de Maio. Quinta de S. Fiel. Lagarta: Até ao fim de Abril, em grande numero no Eclúum lusitanicum Brot. Vi-as pela primeira vez em Fevereiro, ainda pequenas. 637. Calycotomella Stt. — Junho. Lagarta: No Sarothammis palens Webb em Maio, na quinta de S. Fiel. No Adenocarpus interme- dius DC. na Soalheira, em Abril. No Cytisus albus Lk. encontrei também uma bainha que pela forma deveria ser desta mesma espécie. 638. ? Gnaphalii Z. — Das muitas lagartas que recolhi, não me saiu borboleta alguma \ por isso não me pude cer- tificar do nome. 2 54 BROTÉRIA. L112] Lagarta: Em Maio, no Helichrysum stoechas DC. Pardanta e Castdlejo. Suh-Fam. ELACHISTINAE Gen Elachista Tr. 63q. Megerlella Stt. (Adscitella Sít.J— Rara. 640. Pollinariella Z. — Maio. Lousa, sobre uma azinheira. 641. Argentella Cl. — Só um exemplar. (Continua). l 1 l REVISTA DE BRYOLOGIA (1903) POR A. Iviiisier Os estudos bryologicos, ainda que menos activos que os do vasto campo da Mycologia, oceupam comtudo um logar hon- roso na Historia Natural. Esta sciencia, fundada pela Historia Muscorum (1741) de Dillenius e pelas obras clássicas de He- dwig, verdadeiro Pae da Bryologia, reformada por Schimper e enriquecida com as bellas obras de C. Mupler, Lindberg, Husnot, Warnstorf, Bescherelpe, Limpricht, Brotherus, Schiffner, Stephani e tantos outros, vae registando cada anno numerosos trabalhos, alguns dos quaes de subido valor. Fala- rei só dos principaes que sairam no anno próximo passado de 1903. Em primeiro logar prende-nos a attenção a bella obra que o sr. G. Roth começou a publicar este anno em Leipzig: Die Europãischen Laubmoosebeschrieben undbe\eichnet. Desde a. luisier: revista de BRYOLOGIA 255 a appariçao da monumental Bryologia Europaea (i836-i85<>) e da Synopsis de Sghimper (1876), não fora publicada nenhuma Flora bryologica europèa. Era pois muito para desejar que um especialista, como Roth, aproveitando os ricos materiaes que nos trinta últimos annos tinham sido reunidos, enchesse esta lacuna e nos desse uma flora á altura dos progressos actuaes da sciencia. O sr. Roth examinou por si próprio quasi todas as espécies até hoje conhecidas na Europa (umas i.3oo), sujei- ta ndo-as a um minucioso exame e descrevendo-as em termos claros e concisos, e além d'isso desenhou-as por mão própria em esmeradas estampas que contribuem não pouco para dar á obra muito merecimento. Na parte systematica Roth segue a Schimper e Limpricht, conservando assim a antiga divisão das Bryineas em uMusci cleisiocarpi» e iMusci stegocarpi», que vários auctores olham como menos natural. Lindberg (Musci Scandinavici, iSjg) foi o primeiro, segundo creio, que rejeitou esta divisão e distri- buiu os géneros dos musgos cleistocarpos pelas demais famí- lias, conforme a aflinidade de seus caracteres anatómicos. Este exemplo foi seguido recentemente por outro illustre bryologo, o dr. Brotherus, na t.a Parte (3.a secção) das «Naturlichen Pflan~enfamilien» de Engler e Prantl. Roth pensou que, numa flora limitada á Europa, este systema, alem de tornar a clas- sificação muito difficil, perderia em grande parte as vantagens que pôde ter em uma obra que abrange o mundo inteiro. E creio que com muita razão. Quatro fascículos, apparecidos em igoSi1), abrangem o es- tudo das Andreaeceas, Archidiaceas (uma espécie apenas), da parte das Bryineas até ao fim das Orthotricaceas, e parte das Encalyptaceas. Na larga introducção é principalmente notável um capitulo, todo novo, sobre o importante papel desempe- nhado pelos musgos. (■ ) No mez de Agosto de 1^04 tinham já saído 8 fascículos. A obra toda será publicada em dez ou doze fascículos que formarão dois grossos volu- mes. Preço de cada fascículo 4 marcos. Tem cada um 12S paginas de texto e de/ estampas. 256 BROTÉRIA Pena é que uma obra de tanto alcance e interesse seja toda escripta em allemão, difficultando-se assim o seu uso para muitos naturalistas. Fazem também falia as chaves analyticas, tão úteis, para não dizer necessárias, na classificação. Outra lacuna, que os botânicos portuguezes lamentarão muito, diz res- peito á flora bryologica de Portugal. Na lista das obras con- sultadas, aliás bastante rica, acho apenas citado com relação a Portugal o « Tentamen btyogeographiae Algarpiae» do conde de Solms-Laubach (1868). Ainda que a litteratura bryologica portugueza é infelizmente muito reduzida comtudo não se pôde prescindir do pouco que temos, e principalmente do catalogo dos musgos portuguezes, publicado pelo sr. dr. Júlio Henri- ques no Boletim da Sociedade Broteriana (1890). O illustre bryologo, dr. Brotherus, continua a publicar nas ((Natiirlichen P/laii^enfamilien» a parte relativa aos musgos. Os fascículos 216 e 218, saídos este anno ('), occupam-se das Orthotricaceas (continuação), Splachnaceas, Funariaceas, Schi- stostegaceas, Drepanophyilaceas, Mitteniaceas e parte das Brya- ceas. Um importante estudo critico (2) de K. Warnstorf contri- buirá não pouco para elucidar um grupo dos mais difficeis e intrincados do género Hypnum. E este o que forma o sub-genero Drepanoclados C. Miill. (i85i), nome que, segundo as regras da nomenclatura, deve prevalecer sobre o de Harpidium, dado por Sui.i.ivant em i856. Drepanoclados — considerado por vá- rios bryologos e pelo próprio Warnstorf como género espe- cial— abrange varias espécies mais ou menos aquáticas com grande diversidade de formas. Por isso a distincção d'estas formas e a delimitação das espécies apresenta difificuldades quasi insuperáveis. Boa prova disto é o numero extraordi- (1) O «Botanisches Centralblatt», falando repetidas vezes d'esta publi- cação, dá a data de 1903 aos fascículos 208, 212, 214 6 215 que tratam dos musgos. Ora os fascículos 208 e 212 trazem a data de 1901 e os 214 e 21 5 a de 1902. (2) Die Europàischen Harpidien. Eine Bryologische Studie (mit 2 Taf.), Beihefte zum Botanischen Centralblatt, vol. xm ( ujoS), pag. 3S8-43o. a. luisier: revista de bryologia 257 nariamente avultado de trabalhos publicados sobre este grupo. Sanio, entre outros, numa serie de valiosos estudos (1880- 1887), que a morte infelizmente interrompeu, exgottou as com- binações dos alphabetos latino e grego — e foi-lhe preciso recorrer ainda a outros signaes— para grupar e ordenar tantas formas diversas. E não sei se foi sempre feliz. O sr. Warnstorf, divide as espécies europêas de Drepa- noclados, segundo as folhas são inteiras ou denteadas, em duas secções — «Integ)~ifolia» e «Serratifolia», com suas divisões e subdivisões (4). Interessantes notas criticas e descripção de varias espécies e formas novas, algumas pertencentes aos paizes do Norte, formam a segunda parte d'este estudo. De grande interesse também para os botânicos que se occu- pam dos Sphagnos, é o ultimo fascículo do primeiro volume da Kryptogamenjlora der Mark Brancienburg do mesmo auctor. Contém eila uma esmerada descripção, com chaves dichotomicas, dos Sphagnos de Brandenburgo, assim como um estudo geral d'este género difficil e um methodo de classifica- ção das espécies europêas, que dão a esta parte da obra um valor geral que não pôde passar desapercebido aos sphagno- logos europeus. Na Allemanha ainda foram publicadas outras obras bryo- logicas dignas de menção. O sr. dr. W. Limpricht levou a cabo a monumental obra de seu pae (2) sobre a flora bryolo- gica da Allemanha, Áustria e Suissa, que faz parte da segunda edição da celebre flora cryptogamica de Rabenhorst (3). Os fasciculos 38 e 3g, publicados este anno, trazem a continua- ção dos appendices com a descripção de muitas espécies que (!) O catalogo do sr. dr. Henriques menciona em Portugal apenas duas espécies de Drepanoclados: Hypnum aduncum Hedw. (Integrifolia) e H. Jluitans L. (Serratifolia). (2) Gustav Limpricht morreu a 20 de outubro de 1902. ^3) Dr. L. Rabenhorst's Kryptogamenjlora von Detitschland, Oester- reich und der Schweif, Zweite Aurlage, iv Bd. Die Laubmoose Deutschlands, Oesterreichs und der Schweif, von K. Gustav Limpricht. Leipzig, 1890- 190J (3 vol.). 2 58 BROTÉRIA não pertencem aos limites da obra, sobre tudo dos paizes do Norte. Entre outras floras locaes allemãs merece attenção a «Moos- Jlora des Har^esi», por Leopold Loeske. A região do Harz é um paiz privilegiado para os bryologos. Loeske descreve não menos de 637 Bryophytas. Citemos ainda os trabalhos de Laubinger sobre os musgos do Baixo Hessen e do Miinden; os de H. Zschacke sobre os do ducado de Anhalt; e o catalogo de Osterwald, que men- ciona as muscineas encontradas na Allemanha desde 1899 a 1901. Na Áustria, o incançavel bryologo, Prof. F. Matouschek, continua a serie de catálogos que anda publicando ha annos sobre a flora bryologica austro-hungara, sobretudo do Tirol. Deram ainda á luz outras contribuições sobre varias regiões da Austria-Hungria os srs. Litschauer, Péterfi, Rõll, Schiffner, Velenovsky. O sr. Podpera num estudo critico (') estabelece o paren- tesco de varias espécies europêas do G. Bryum, com a descri- pção de algumas espécies e formas novas. Na Inglaterra Braithwaite está continuando a sua iBritish Moss-Flora» (2) e J. Bagnall publicou no Journal ofBotanv um catalogo de 283 espécies de musgos e 63 de hepáticas, resul- tado de muitos annos de pacientes herborisações no condado de Worcester. Na mesma Revista encontra-se um catalogo do sr. W. Ingham: Mosses and hepatics of the East Riding, com 228 espécies de musgos e 55 hepáticas. Na Escócia seis espécies novas foram descriptas por Stir- ton. A parte NO. da ilha de Fyn na Dinamarca foi estudada pelo sr. Hansen que não encontrou menos de 235 espécies de musgos, algumas novas para a flora dinamarqueza. O mesmo sr. Hansen escreveu uma monographia das espécies dinamar- (!) Miscellen zur Kenntniss der europaischen Arten der Gattung Bryum (Beih. Botan, Centralbl., Bd. i5, H. 3, p. 483-492). (2) Foram publicados até agora três volumes (1 880-1903). a. i.uisier: revista de bryologia 25g quezas do G. Amblystegium, com 4 espécies novas para a sciencia. Este mesmo género foi ainda enriquecido por N. Bryhn com duas espécies novas, uma noruegueza, franceza a outra. Por sua parte o bem conhecido bryologo, sr. Kindberg, deu a lume uma flora manual bryologica dos paizes escandina- vicos (Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia, 767 espécies), que se distingue das obras d'este género pela originalidade da disposição. Pertence aos paizes escandinavicos a maior parte das espécies novas, achadas na Europa nos últimos annos, varias das quaes foram descriptas este anno por Bomansson na Revue bryologique. Esta ultima revista, a única europêa que se occupa exclu- sivamente de Muscineas, acaba de entrar no seu 3i.° anno. O sr. T. Husnot, seu fundador e director, é dos mais bene- méritos em estudos bryologicos. As suas numerosas obras e sobretudo a sua a Museologia gallica», honrada em 1894 pela Academia das Sciencias de Paris com o premio Montagne, são um titulo de gloria para a Botânica franceza. A flora bryologica de França está, desde ha annos, devi- damente explorada. Por isso apenas sairam este anno, que eu saiba, algumas contribuições locaes, por exemplo, o ((Catalogue des Sphaignes de la Flore parisienne» do sr. F. Camus, a d Flore bryologique de Roquehaute» do sr. Crozals, a «Première liste des mousses des environs de Vire (Calvados)-» do sr. Ballé. O sr. Camus deu ainda contribuições para o estudo das Mus- cineas da Córsega. Na Itália mencionarei apenas os trabalhos de Bottini e de Beguinot sobre os musgos do archipelago toscano. Muito prazer teria eu em fazer aqui menção de novos tra- balhos sobre as bryophytas portuguezas. Infelizmente não me consta que alguma contribuição tenha vindo enriquecer este anno a litteratura, ainda bem pobre, da bryologia portugueza. Passemos pois á America. Uma revista ainda recentemente fundada (em 1898), The Brvologist, consagrada exclusivamente ao estudo dos Musgos e Hepáticas, vae registando, com outras muitas revistas botâni- cas, as observações bryologicas de numerosos naturalistas ame- 26o BROTÉRIA ricanos. Lembrarei tão somente os estudos dos srs. Cardot e Theriot sobre os Musgos do Alaska, de Renauld e Cardot (') sobre algumas espécies novas norte-americanas, de R. Williams sobre a flora bryologica do território de Jukon, do estado de Montana e da Bolívia, de J. Holzinger sobre a da bacia su- perior do Minnesota, de G. N. Best sobre as espécies ameri- canas do género Leskea, de J. Grout sobre as espécies ame- ricanas do género Orthotrichum, da sr.a V. Britton sobre o género Splachnum e sobre os musgos da Florida e de Cuba. O género Streptopogon Wils, quasi exclusivamente sul-ameri- cano (2), foi objecto de uma monographia do sr. Salmon que exclue do género 5 das 26 espécies até hoje descriptas e reduz as restantes a 5 espécies e duas variedades. Ao mesmo se deve também uma serie de observações e notas criticas acerca de va- rias espécies, mormente sul-americanas. Ambos estes trabalhos sairam no Journal of Botany de Londres. As colheitas do sr. Duss nas ilhas de Guadalupe e da Martinica forneceram á sciencia 20 espécies novas, descriptas por Brotherus. Mencionemos também as contribuições do sr. Dusen para a bryologia das terras do estreito de Magalhães, da Patagonia e do Chile. Na Africa o sr. dr. Maclaud, presidente da commissão franceza para a delimitação das ,Guinés portugueza e franceza, e o sr. Administrador H. Pobeguin colheram, o primeiro ao longo dos limites do território portuguez, o segundo na provín- cia de Sankaran; varias espécies, muitas novas para a sciencia : foram estudadas pelo sr. Paris na Revue bryologique. Foram publicadas contribuições para a flora dos musgos de Mada- gáscar pelo mesmo Bryologo e na mesma revista. As Hepáticas, que nas diversas floras locaes são em geral (') O sr. J. Cardot publicou em 1897: Mosses of the Adores and of Madeira— St. Louis, 1897, in-8.°, 25 pp., 11 est. (2) 2 espécies encontram-se também na ilha de Madagáscar. a. luisier: revista de bryologia 261 a quarta ou quinta parte do numero total das Muscineas ('), foram também objecto de bastantes trabalhos neste anno de 1903. O illustre hepaticologo, sr. F. Stephani, que está publi- cando, ha annos, no Bulletin de VHerbier Boissier, as suas Species Hepaticarum, de que já foi publicado á parte o pri- meiro volume, continua na sua gloriosa tarefa. Occupou-se este anno do G. Plagiochila que encerra um numero considerável de espécies, das quaes o sr. Stephani já descreveu mais de 80 novas. Importantes estudos críticos sobre as espécies dos G. Gy- mnomitrium e Marsupella sairam na «Oesterreichische botani- sche Zeitschrift», devidas a outro celebre hepaticologo austríaco, o sr. V. Schiffner. Catálogos e estudos locaes foram publica- dos por vários botânicos: Massalongo: Le Specie ilaliane dei género Scapania (Malpighia, t. 16); Barsali : Contributo alia epaticologia dei Pisano (N. Giorn. bot. Ital., n.° 1); Velenovsky: Jatrovky ceské, cást 111. (Hepáticas da Bohemia. Parte 111) com numerosas observações biológicas e geographicas •, Crossland: Flora of Halifax (The Halifax Naturalist, vii); Ma viçar: He- paticae of Lochcarron (ann. of Scottish Nat. Hist.); Garjeanne: Les Hépatiques des Pays-Bas (78 esp.) (Revue bryologique). Na America: Evans: Yukon Hepaticae (Otawa Naturalist, vol. 17) e Hepaticae of Puerto Rico (Buli. Torrey Bot. Club, vol. xxx); Howe and Underwood : The Genus Riella ivith de- scriptions of new Species from North America and Canary Islands (Ibid.). No Japão: Yoshinaga: On some new Hepaticae from Tosa and Nikko (The Bot. Magaz. Tokyo, n.° 193). Sairam também em varias revistas estudos biológicos sobre (!) O catalogo, de que falei acima, menciona em Portugal 255 espécies de musgos; outro catalogo (Bolei, da Soe. Brot., iv., 1886) enumera 81 he- páticas; por conseguinte sobre 336 bryophytas portuguezas temos quasi exactamente a quarta parte constituída pelas hepáticas ; nem é de crer que herborisações posteriores tenham modificado sensivelmente esta pro- porção. 2Ô2 BROTÉRIA musgos e hepáticas. Direi apenas uma palavra sobre um ou outro. O sr. Grimme fez curiosas observações, que bem podem servir de exemplo para outras semelhantes em outros paizes, sobre o tempo da florescência dos musgos na Allemanha (1). De 207 espécies observadas, a maior parte floresce em de- terminado espaço de tempo, 1 1 no primeiro quartel do anno, 98 no segundo (abril-junho), 40 no terceiro, 6 no quarto : 42 em maio, etc. Não menos interessantes são os dados sobre o tempo que leva o desenvolvimento do esporogoneo, tempo que varia para as diversas espécies desde 4 (Catharinea tenella) até 24 mezes (Grimmia ovata). Nos paizes escandinavicos este tempo é um pouco menor. Em poucas espécies se fez a fecun- dação da oosphera e a disseminação dos esporos dentro do mesmo anno. Sobre a biologia do apparelho radicular appareceram este anno dois bons estudos: um do sr. H. Paul: Beiíràge %ur Biologie der Laubmoosrhi^oiden (2), e outro do sr. Benecke : Ueber die Keimung der Brutknospen vou Lunularia cru- ciai a (3). Consideram-se em geral os rhizoides dos musgos como ór- gãos análogos ás raizes das plantas vasculares e que servem como estas para fixar a planta ao substrato e absorver os ali- mentos que este pôde fornecer. Assim o pensaram, entre ou- tros, Hedwig, Schimper e mais recentemente Haberlandt (4) Limpricht (5), Pavillard (6) e ainda este anno Roth na obra de que falei acima (pag. 254). E porém sabido que os musgos podem absorver agua por (1) Ueber die Bliith^eit deutscher Laubmoose und die Entwickelungs- daaer ihrer Sporogone (Hedwigia, 1903, Vol. xlh). (2) in Botanische Jahrbilcher fur Systematik PJlan^engeschichte und PJlanjengeographie, Vol. 32, pag. 231-274. (3) in Botan. Zeitung, 1903, pag. 19-46. (4) Beitrdge fur Anatomié und Physiologie der Laubmoose — Jahrbu- cher fur Wissenschaftliche Botanik, Vol. xvn. (5) oper. cit., Vol. 1, pag. 5. (6) Eléments de biologie végétale, 1901, pag. 228. a. luisier: revista de BRYOLOGIA 263 todas as partes superficiaes, e já em 1888 Detmer (4) exprimia a opinião de que o apparelho radicular desempenha um papel pelo menos muito secundário nas funcções de nutrição. O sr. Paul, apoiando-se em numerosas e minuciosas obser- vações, chega á mesma conclusão: O systema radicular nor- mal serve principalmente para fixar a planta, e, se tem alguma parte na funcção de absorpção, este papel é pelo menos muito secundário. Verificou com effeito que este systema chega ao seu maior desenvolvimento nos logares onde a planta, por causa da natureza do substrato, pela exposição aos ventos ou por outros agentes naturaes, corre risco de ser facilmente arrebatada ; diminuindo, pelo contrario, até desapparecer de todo, onde não existe ou é pouco para temer tal perigo. A outra lei obedece a formação das raizes adventícias ao longo do caule e até nas folhas: tem estas por fim principal erguer a planta, quando pôde ser afogada pelas outras, e ainda fazer subir a agua para as partes superiores, onde a evaporação e chlorovaporisação são activas. Esta ultima funcção, que já era conhecida, dá-se ainda nas espécies mais ou menos aquá- ticas. O auctor refuta também a opinião dos que com Pfeffer e Warming attribuem aos rhizoides o poder de segregar um dis- solvente que decomponha as superfícies das pedras, para alli se fixarem. Nem tampouco é verdade penetrarem as radiculas na casca das arvores, onde não existem já d'antemão peque- nas fendas e orifícios formados quer por insectos, quer por fungos ou por qualquer outro meio. Muitas outras questões toca o autor neste trabalho deveras interessante, mas que de certo não deixarão de encontrar muitos contradictores. Citemos ainda : Cavers : On Saprophyiism and Mycorrhi\a in Hepaticce (The new Physiologist, 11, London, 1903, p. 3o-3í>) : Lohmann: Beitrag \ur Chemie nnd Biologie der Lebermoose (Beihefte Bot. Centralbl., vol. i5, 1903, p. 21 5-256)*, Porsild: Zur Entnnckelungsgeschichte der Gattung Riella (Flora, 1903, p. 431-4Ò6). (*■) Das Pflan^enphysiologische Prakticum (1888), p. 1 33. REVISTA BIENNAL DE LEPIDOPTEROLOGIA (1902, 1903) POR N'esta nova secção da Broiéria, que será preenchida de dois em dois annos, propuzera-me resumir a largos traços tudo o que no biennio passado se tivesse imprimido sobre lepido- pteros. O assumpto porém é demasiado vasto, pelo muito que a este respeito se publica nas revistas de historia natural, sobretudo nas exclusivamente entomologicas. Percorrem-se com subido ardor as regiões faunianas me- nos exploradas, estuda-se ainda a região palearctica e até a mesma Europa, onde o campo, por mais estudado, começa a tornar-se ingrato aos desejosos de descrever espécies novas. Mas não falta que estudar sobre as espécies já conhecidas; e com effeito muito sobre ellas se vae publicando. Na impossibilidade pois de abranger a tudo, ver-me-hei forçado umas vezes a cercear de todo, outras a mencionar só de relance o que houver de mais importante. Merecer-me-ha sempre particular attenção a subregião mediterrânea e n'ella mais ainda a península ibérica. Começando pelos trabalhos de interesse geral, apresenta- se-nos primeiro um biológico ou, como o auctor prefere que se lhe chame, bionomico. Já de ha muito se sabia que nas Satyrinas da estação das chuvas e das regiões húmidas as pintas ocellares da face infe- rior das azas eram mais e maiores que nas formas da mesma espécie nascidas na estação ou em sitios seccos. Nas Nympha- linas descobriu-se ha pouco uma differença análoga. Assim na Precis avtaxia do Sul d'Africa a forma da estacão secca tem C. MENDES: REVISTA DE LEPIDOPTEROLOGIA 265 o lado inferior das azas muito parecido a uma folha morta, sendo que a forma da estação húmida, além da margem branca, tem manchas oculares na face inferior. Numa conferencia á Sociedade entomologica de Paris, a 22 de Abril de 1903, tractou o sr. E. B. Poulton, professor na Universidade de Oxford, da razão de ser de tal differença, considerando-a nos lepidopteros da Africa austral. D'esta con- ferencia publicou um resumo nos Annales de la Soe. entom. de France, io,o3, pag. 407-412, d'onde extraio o que vou dizendo. Observara o sr. Poulton um lagarto a remirar com muita attençao a pinta ocellar d'uma Coenonympha pamphilus, arre- mettendo por vezes para lhe morder. Por outra parte obser- vou o sr. Marshal que otferecendo a uma ave de rapina um Papilio demodocus, a primeira arremettida foi contra os olhos das azas posteriores. O mesmo naturalista capturou no Sul d'Africa muitos lepidopteros com as manchas oculares rotas. Da consideração d'estes factos teve origem a suspeita de ver em taes olhinhos um meio de defesa. Assim se explicaria porque estas pintas estão situadas no ápice das azas anteriores e no angulo anal das posteriores, que vêem a ser as partes mais afastadas do corpo do insecto. Deste modo attraída a attençao do inimigo para partes não vitaes, ficaria a borboleta no pri- meiro ataque immune duma ferida mortal, dando-se-lhe entre- tanto ensejo de escapar. E sobretudo quando o insecto vae pousar que a utilidade d'estas pintas parece mais certa e importante, pois de ordinário é esse o momento escolhido pelo inimigo para o ataque. Pas- sado porém esse instante, se o insecto escapou vivo, a conti- nuação dos olhinhos á vista, em vez de defesa, seria antes um chamariz para outros inimigos. Por isso vemos que poucos segundos depois de pousarem, muitas Satyrinas abaixam as azas anteriores, ficando os olhinhos escondidos pelas posteriores. Vejamos agora como o sr. Poulton proseguindo na mesma supposição explica as diíferenças características das duas esta- ções, secca e húmida. Na estação húmida abundam muito mais os insectos e esvoaçam por toda a parte a cada raio de sol que atravessa as nuvens; por isso n'esta estação os inimigos dos 2Ô6 BROTÉRIA lepidopteros, não tendo falta de caça, facilmente desistem de perseguir a preza, se da primeira arremettida lhes escapou. N'este caso, como a abundância e o desenvolvimento das man- chas oculares não lhes é por este lado muito nociva, prevalece a utilidade de desviarem das partes vitaes a attenção do ini- migo. Mas na estação secca, em que escasseiam os insectos, as borboletas são então a maior porção do alimento dos inse- ctivoros; e inimigo, que começou o ataque, se o primeiro lhe falhou, renova-o até que vença. Por isso n'esse tempo tudo o que chame a attenção do inimigo, será extremamente nocivo. Vem por conseguinte muito a propósito a diminuição em nu- mero e tamanho d'esses olhos seductores. Temos pois uma explicação engenhosa e plausível da razão de ser d'estas pintas, da sua posição e differenças segundo as estações. Os factos, em que se funda, são ainda poucos, mas está aberto o caminho para outras observações que venham confirmar ou destruir em todo ou em parte as interpretações do sr. Poulton. Mas isto não é ainda tudo. Falta depois averiguar qual é a causa que influe e como iníiue n'estas differenças. Parece já muito provável que essa causa é o differente grau de humi- dade. Por mais que reconheça n'estas hypotheses uma certa plau- sibilidade, não posso porém n'um ponto concordar com o dis- tincto professor de Oxford. Diz elle que podemos affirmar d'uma maneira quasi certa, que estamos em presença d'um phenomeno de adaptação; que vemos um estado de cousas cuja razão de ser provém d'uma vantagem ganha na lucta pela vida: que as considerações expostas indicam a razão porque a selecção natural aproveitou e desenvolveu uma sensibilidade especial, relacionada com uma condição qualquer annexa a uma ou a ambas as estações. Agora n^sta interpretação parece-me menos feliz o erudito Presidente da Sociedade entomologica de Londres. Pois como se poderá conceber, que a adaptação, que a lucta pela vida e a selecção natural tenham sido capazes de fixar as pintas no ápice e no angulo anal ? Com que virtude produziriam numa C. MENDES: REVISTA DE LEPIDOPTEROLOGIA 267 geração manchas que não havia na outra, ou fariam desappa- recer da segunda as que existiam na primeira? Quanto a mim confesso que assim como ao ler o inte- ressante artigo do sr. Poulton me brotaram espontâneas as palavras do prologo d'esta Revista: o A natureza é um livro immenso, que tem ainda muitas folhas por abrir» ; assim tam- bém para as explicar me occorreram logo as seguintes: «Em todas ellas se encontra escripto o nome augusto do Creador». E nestes graciosos olhinhos que, ao mesmo tempo que afor- moseiam as azas dos lepidopteros, lhes dariam n'esta hypo- these um meio de defesa, lerei escripta a Providencia com que o Creador olhou pelo bem destas espécies, de modo que, sem deixarem de ser pasto dos insectivoros, o fossem comtudo mo- derado, conservando-se umas, sem a destruição das outras. Outro estudo de egual interesse é o que tem sido feito re- centemente, sobretudo pela Condessa de Linden, acerca da matéria corante das azas dos lepidopteros. Estes estudos foram compendiados na Insecten-Bõrse, 1903, n.cs 1 e 2, e por H. Belliard na Feuille cies Jeunes N atar alistes, 1903, n.09 392 e 393. Pelas experiências de Perry e de Poulton provou-se que as cores das escamas têem duas origens bem distinctas, umas ópticas, outras pigmentares. As ópticas são devidas ás interfe- rências provocadas pela estructura intima ou pelo relevo das escamas. Estudou-as principalmente A. Spuler. São pigmentares o amarello, o vermelho, o brunête, o azul mate e certos matizes brancos. O azul metallico, o verde, o branco de leite e de pérola são geralmente ópticos. Walter descobriu ainda outras cores de natureza diffe- rentc, que chamou superficiaes. Variam de tom segundo a na- tureza do ambiente e da escama, do angulo de incidência dos raios e da sua polarisação. D'estes elementos dependem os dif- ferentes matizes que o azul toma desde o vermelho até ao violáceo. 268 BROTÉRIA Deixando porém as origens ópticas, vejamos a que ponto se chegou sobre a natureza dos pigmentos. Que haja uma certa relação entre o alimento e a matéria corante das lagar- tas, deduz-se com toda a probabilidade das experiências con- vincentes de Standfuss e Poulton, por mais que o contradigam Urech e outros. Mas pergunta se, se entre a matéria corante da lagarta e a da imago haverá também alguma estreita relação ? Nega-o egualmente Urech, mas persuadem-no as experiências doutros observadores, nomeadamente as mais recentes da Condessa de Linden. Comparando as azas das borboletas em differentes edades da chrysalida, notou ella que as cores se succedem d'uma ma- neira bem determinada, até se fixarem nas do insecto perfeito. Partindo do momento em que as azas da chrysalida são de amareilo-claro numas, esverdeado neutras — conforme a colo- ração sanguínea da espécie considerada — descobriu que se- guiam depois gradualmente uma das escalas seguintes: i.a Amarello, amarello sombrio, brunête amarello, brunête escuro ; 2.a Amarello, alaranjado, vermelho carmim; 3.a Amarello, róseo, vermelho carmim, cinzento*, 4.'' Amarello, alaranjado, vermelho de tijolo; 5.a Amarello esverdeado, verde. As Vanessas por exemplo seguem a segunda serie. Granulações pequeníssimas, a principio amarelladas, são as que soífrem estas transformações. Existem nas cellulas epithe- liaes da chrysalida, mas primeiro existiram já nas da lagarta, onde as depositara a corrente circulatória que nos intestinos as tomara de matérias impregnadas de chlorophylla. Esta mudança de cores, em especial do amarello em ver- melho, não é unicamente eífeito da acção vital. Observando ao microscópio, devidamente preparada, a pelle d'uma lagarta ou d'uma chrysalida, que se vae aquecendo suavemente, segue-se minuto por minuto a transformação dos grânulos amarellos incluídos no plasma sanguíneo, em grânulos que por exem- plo nas Vanessas são de vermelho carmim. Ha substancias C. MENDES: REVISTA DE LEPIDOPTEROLOGIA 269 que produzem o mesmo effeito, como é a gelatina glyceri- nada. Quanto ao estado chimico dos pigmentos, ainda se não pôde dar uma resposta definitiva. Por ora as propriedades e reacções indicam um albuminóide da secção das glycosides. E um producto bastante complexo, para cuja formação con- correu o animal, aggregando algumas moléculas novas á chlo- rophylla que fora elaborada pelos vegetaes. Mas se a substancia originaria é só uma, como se poderá explicar a pasmosa variedade de cores das azas dos lepidopte- ros? Julga Belliard que se devem attribuir á acção chimica dos raios solares. Com effeito expondo á luz uma solução de pigmentos encarnados, depois dalguns dias está descorada, tendo passado por todos os tons intermédios. Ora, como o invó- lucro e o casulo da chrysalida constituem para os raios solares uma espécie de crivo heterogéneo, conforme fosse a qualidade e quantidade de raios que penetrassem, assim seria diversa a acção exercida sobre as moléculas pigmentares. Haveria primeiro transformação plrysiologica da chloro- phylla em pigmentos vermelhos, depois variada descóração d'estes pela acção chimica dos raios solares. Assim se explica- ria como em muitos lepidopteros o encarnado avulta mais na primeira edade da chrysalida. Para decidir porém d^sta hy- pothese, requer-se ainda um estudo profundo das relações que existem entre as cores das azas e as propriedades ópticas de cada parte correspondente do pupario. Vindo agora á systematica, é talvez a península ibérica que na Kuropa concorre ainda com maior numero de espécies no- vas. De Portugal pouco se publicou n'este biennio. Alem do ca- talogo dos lepidopteros de S. Fiel, que se está publicando nesta mesma Revista, descreveu o sr. P.e J. de Joannjs duas espécies novas dos arredores de S. Fiel no Buli. Soe. ení. Fr.: Uma Agrotina — Lycophotia jidelis, — em io,o3, pag. 29 e a 27O BROTERIA outra Elachistida — Mendesia echiella — espécie e género novo, em 1902, pag. 23o. Ambas virão também descriptas no de- curso do meu catalogo. De Hespanha descreveu C. Dumont uma Agrotina nova — Euxoa Chretieni — de Granja, perto de Segóvia, Buli. Soe. ent. Fr., 1903, pag. 83; P. Chrétien uma Gelechiida — CEco- phora aragonella — de Albarracen, Anu. Soe. ent. Fr., 1903, pag. 405, PI. V, fig. 5; H. Rebel uma Talaeporiida — Disso- ctena albidella — de Algezares (Prov. de Murcia), íris, 1902, pag. 121, da qual Staudinger já dera alguns caracteres em 1859 sob a designação de par. a da granigerella. A diíferença principal das duas espécies está nas antennas que na grani- gerella constam de 19 artículos e na albidella de 23. As azas da nova espécie são um pouco mais curtas e mais claras que na granigerella, d'um branco argilloso e sem as sombras no fim da cellula media das azas anteriores. As posteriores são um tanto mais providas de escamas que na granigerella. Bem pôde ser que também se encontre esta espécie entre nós ao lado da granigerella que não é rara. Na sessão de 3o de Outubro de 1902 da Soe. ent. de Ber- lim apresentou Kruger uma var. nova de Lycaena Icarus da Prov. de Burgos. Vem descripta, mas sem nome, na acta da sessão, na Berl. ent. Zeit., 1903, pag. (24). Alem d'estas publicações, outras houve ainda sobre lepi- dopteros de Hespanha, que me não foi dado ver senão cita- das; porisso refiro apenas os títulos: Prout, — «On some geo- metrides collected in Spain by Dr. Chapman in 1901» (The Entomologisfs Record and J ournal of variation, vol. 14, — 1902 — pag. 198); Prout, — «Notes on spanish geometrides colle- cted by Dr. Chapman in 1902» (ib., vol. i5, — 1903— pag. 96); G. F. Hampson, — «New Forms of Pyralidae from Spain» (The Anuais and Magazine of Natural History, K)o3, pag. 58); Jones, — «Lepidoptera in Southern Spain during the last half of October, 1902» (The Entomologisfs Monthly Magazine, 1903, pag. 54); Lord Walsingham, — «Spanish and Moorish Micro-Lepidoptera» (ib., começa no N.° i63, Julho de 1903, pag. 179 e continua nos seguintes). C. MENDES: REVIST-V DE LEPIDOPTEROLOGIA 27 1 D'outras partes da Europa rareiam já muito as espécies novas. Não obstante ainda n'este biennio se descreveram al- gumas, principalmente da Grécia, Sicília, Córsega e Austria- Hungria por A. Fuchs, H. Rebel e Lord Walsingham. Algu- mas outras foram também descriptas em menor numero por outros entomologistas. Da Austria-Hungria descreveu Rebel 11 microheteroceros nas Verhandl. der k. k. Zool.-bot.- Gesellschdft in Wien, vol. 53, 1903. Fora da Europa, no resto da região palearctica vão sendo ainda abundantes. Rebel descreve 2(5 na íris de 1902, pag. 100-126, na maior parte da Arménia, Syria, Palestina, Tura, Ásia Menor Central. R. Puugeler na íris de 1902 descreve mais 20, com as quaes completa já o numero de q5 macrole- pidopteros novos da Ásia Central. Não devem n'este ponto passar inadvertidas duas mono- graphias de Schultz sobre Papilio podalirius e Lycaena eu- medon. Na de P. podalirius (Ber. ent. Zeit., 1902, p. 83), alem da bibliographia, deseripção e habitat de todas as var. e ab. anteriormente estudadas, ajuncta de novo 4 ab. novas- com uma estampa muito fiel. Na de L. eumedon, afora as 4 por outros já descriptas, descrevereis outras 4 formas. Depois das espécies novas interessa aos Lepidopterologis- tas a distribuição das espécies pelo globo. Cingindo-me ainda á região palearctica, é de grande importância para esse conhe- cimento na sub-região mediterrânea o catalogo dos lepidopte- ros recolhidos por M. Hotz na Morea e publicados por H. Rebel na Berl. ent. Zeit., 1902, pag. 83; e 1903, pag. 243. Das 437 espécies referidas, õ espécies e 2 variedades são novas. Com a n. sp. Gelechiella formou um gen. n. Tetano- centria da fam. Elachistidae. Muitas são novas para a Grécia da qual só havia de alguma importância um trabalho de Stau- dinger publicado em 1870. 272 BROTÉRIA Bom subsidio é também para o conhecimento da região palearctica um catalogo de 3ò2 macrolepidopteros caçados ao Sul dos Uraes por J. Tief e publicados por Max Bartel na íris de 1902, pag. 1 85. Descrevem-se 4 espécies e 5 var. novas. Com a nova espécie quadriplaga formou um gen. novo Netro- cerocora da fam. Noctuidae. Depois da «Fauna Lepidoptero- logica Volgo-Uralensis» de Eversmann em 1844, nada mais se publicara importante sobre lepidopteros dos Uraes. Outro catalogo local de lepidopteros da Europa, e esse muito mais abundante em espécies, se concluiu em 1902. E o catalogo dos lepidopteros da Alta Lusacia, província da Saxo- nia, em que K. T. Schutze enumera 1840 espécies. Para um catalogo local é um bel lo numero que bem mostra a riqueza d'essa fauna. A conclusão vem na íris de 1902, pag. 1-49. Por ser das balisas da nossa península merece-nos parti- cular attenção o catalogo dos lepidopteros dos Pyrinéus publi- cado por P. Roudon nas Actes de la Société Linnéenne de Bordeaux, vol. 57, 1902, pag. 177-355. São umas 12D0 espé- cies e variedades. Sobre a fauna exótica sempre direi alguma coisa, visto como para ella se voltam sobretudo as attenções dos Lepido- pterologos. São porém tantos os trabalhos a este respeito, ulti- mamente publicados, que se me torna de todo impossível enumeral-os sequer. Mencionarei apenas alguns dos mais im- portantes, já que mais me não permitte a falta de espaço. Na íris de 1903, pag. 71-169, apresenta o Dr. L. Martin uma monographia do género Cyrestis Boisd. em que descreve todas as espécies e subspecies conhecidas, algumas das quaes novas. Da região ethiopica descreve F. Thurau na Berl. ent. Zeit. de 1903, pag. 117, espécies e variedades novas de rhopaloceros da Africa Oriental — N}rassa e Kinga — que nos merecem espe- cial attenção por serem de localidades confinantes com a Africa Oriental portugueza, onde poucos estudos se têem feito. Algu- C. MENDES: REVISTA DE LEPIDOPTEROLOGIA 278 mas das formas agora descriptas já eu em tempos as tinha re- cebido de Chupanga e Zumbo por favor dos Missionários, Srs. Padres Cruz e Simon. Mais importante ainda é a descripção de 38 espécies novas, todas da fana. Arctiidae, que faz Max Bartel na íris de 1903, pag. 170. São todas da região ethiopica e nomeadamente algu- mas de Angola e do Nyassa. Da região neotropical publica Rich. Haensch numerosas espécies na Berl. ent. Zeit., 1903, pag. 1D7, da sub-fam. Itho- miinae, caçadas numa sua viagem ao Equador. Descreve 35 espécies novas. Do Brasil também descreveu umas 20 novas o sr. Foetterel na Revista do Museu Paulista, 1903. Na região indo-australiana é H. Fruhstorfer que mais se tem assignalado tanto na íris como na Berl. ent. Zeit. com os estudos sobre os lepidopteros do Tonkin, Hainão, Sião, Archi- pelago Malaio, etc. Na Stett. ent Zeit. de 190J, pag. 38-ii2 acrescenta Ed. Hering mais 85 espécies de Pyralidas de Sumatra em conti- nuação das 290 publicadas em 1901. Em seguida descreve também 9 Pyralidas novas dos trópicos; e numa estampa a cores, insuperável em nitidez e perfeição, desenha as 32 espé- cies novas de Sumatra. O agrupamento das espécies em géneros e a ordenada dis- tribuição d'estes está por sua natureza sujeita a continuas alte- rações, emquanto se fôr progredindo no conhecimento de novos insectos e da sua estructura. Para os lepidopteros palearcticos é geralmente seguida a terceira edição do catalogo de Staudin- ger e Rebel, de 1901, e, apezar das modificações que intro- duziu, vae-se já tornando familiar. Pareceu-me por isso de grande utilidade ir registrando as correcções que se forem pro- pondo. Apterona crenulella Brd. — a) 9 form. parthen. Helix Sie- bold : Na sessão da Soe. ent. de Berlim de 5 de Setembro de 1901, referida na Berl. ent. Zeit. de 1902, pag. 9 e 10, Dõnitz 274 BROTÉRIA apresentando a concha duma helix Siebold, d'onde saíra um $, pretende que seja reformado tanto o nome genérico como o especifico. Millière suppondo que não só as çç mas também os $$ eram apteros, formou o gen. Apterona incluindo n'elle três espécies de famílias inteiramente diíferentes. Por consequência dá uns caracteres tão geraes, que se podem ainda incorporar n^lle espécies d'outros géneros. A formação d'um género novo era reclamada pelas antennas extremamente pecti- nadas no meio. Foi em vista d'esta propriedade que Siebold formou o gen. Cochlophanes bem caracterizado. Em vez de Apterona Mill. deve portanto ser adoptado Cochlophanes Sieb. Quanto á espécie em logar de crenulella Brd. deve-se tomar para forma typica a helix Sieb. bem conhecida e bem descripta. Bruand caiu por certo n'algum equivoco desenhando para a sua crenulella antennas de helix e azas muito estrei- tas quasi em forma de lanceta. As de helix são largas, tanto as anteriores como as posteriores. Da parthenogenese d'esta espécie duvida muito Dõnitz. Pelo menos 'dos casos allegados diz que não se pôde concluir com certeza. Entre nós facilmente se poderá dissipar a duvida, pois a lagarta é frequentíssima \ mas convém contar com a grande difficuldade de obter d'ellas a borboleta. Orrhodia Staudingeri (Graslin) : — D. Lucas (Ann. Soe. ent. Fr. 1903, pag. 403, PI. v, fig. 3 e 4) acaba de tirar a duvida que havia, se esta forma se devia considerar espécie distincta, e, no caso de o não ser, se se havia de incorporar na espécie rnbiginea F. ou antes na ligula Esp., como faz Stau- dinger. Estudando os ovos de O. Staudingeri e comparando as lagartas viu a grande semelhança que as approximava de O. rnbiginea e as diíferenças bem sensíveis que as distinguiam de O. ligula. A lagarta da ligula é absolutamente liza e lis- trada de traços oblíquos característicos. A da Staudingeri é um tanto avelludada, com pintas exactamente semelhantes ás da rnbiginea. Crescendo ambas simultaneamente chegam a um ponto em que se não podem distinguir. Fica pois assente que O. Staudingeri de Graslin se deve considerar uma aberração de O. rubiginea F. C. MENDES: REVISTA DE LEPIDOPTEROLOGIA 2*]b Pieris daplidice var. albidice Obth.: — Na sessão de 4 de Dezembro de 1902 da Soe. ent. de Berlim (Berl. ent. Zeit. 1903, pag. 3i) G. Kruger apresentou exemplares d'esta var., trazidos da Prov. de Lerida (Hesp.), com os quaes mostra que Staudinger se equivocara, confundindo:a com a var. raphani, da qual é bem distincta pelo tamanho e pela cor. Spilosoma mendica Cl.: — Esta espécie é um dos exemplos mais evidentes de dimorphismo se.xual. A ç é sempre branca e os $$ uns são brancos, outros pretos. Até agora (Staudin- ger e Rebel, n.° 41 58) tomava-se por typo da espécie a forma preta que se denominava Spil. mendica Cl. e á forma branca do $ chamava-se ab $ rústica Hb. Mas o sr. Conde E. Turati (Atti d. Soe. It. di Sc. Nat. in Milano, K)o3, pag. 3q) propõe que se tome para typo da espécie a forma branca Spil. rústica Hb. ainda que obste a lei da prioridade de publicação, e que sejam consideradas aberrações a forma melanica do S. men- dica Cl. e outra forma isabel descoberta em Milão e por elle chamada ab. Binaghii Tur. — $ fulvescente seu fulvo infumato. Funda-se para a mudança no principio muito razoável, que, quando o $ é polymorpho, se deve tomar para typo especifico a forma que apresenta o isomorphismo do sexo e não uma heteromorpha. Finalmente ponho termo a esta resenha dando uma breve noticia dos livros recentes sobre lepidopteros. Da Historia Na- tural dos Lepidopteros Britânicos de J. W. Tutt publicou-se em 1903 o vol. in e trata-se duma traducção allemã. Pela abundância de conhecimentos que reúne, dizem d'esta obra que vale uma bibliotheca. Não se limita aos lepidopteros inglezes como o titulo parece indicar. Já se encontra também á venda o vol. 11 da preciosa Mono- graphia das Phycitinas e das Galleriinas do fallecido Ragonot, terminada por G. F. Hampson. Do mesmo Sir G. F. Hampson veiu a lume o vol. iv — Agrotinae — das Phalenas do Museu Britânico. Londres, 1903. 276 BROTÉRIA [i] A. Spuler continua a publicar em fascículos a terceira edi- ção dos Lepidopteros europeus de Hofmann e a segunda das Lagartas, com o texto inteiramente refundido e maior numero de figuras; um vol. com 95 e o outro com 60 estampas em 4.0 a cores. D'esta obra espero dar uma noticia mais por miúdo, quando estiver concluída. Fungos do Rio Grande do Sul (Brazil) Dr. J. Rick: professor no collegio de S. Leopoldo Ha muito tempo que os naturalistas europeus e brazileiros estão estudando a flora phanerogamica do Rio Grande do Sul e continuarão a revelar á sciencia os muitos tesouros, que ella encerra: infelizmente o mesmo se não pôde affirmar da cryptogamica. Ninguém ainda até agora d'ella se occupou séria e detidamente. Malme, colleccionador infatigável do Museu de Stockolmo, aqui veiu, é verdade, mas não com intento principal de collec- cionar fungos. Os que occasionalmente e só de passagem en- controu foram classificados por Starbaeck e Romelle, e publi- cados em Bih. k. Svensk. Vet. Akad. Handl. Estes materiaes, apesar de encontrados ao acaso, encerram já espécies e até géneros novos, realmente interessantes. A mycologia riograndense lucrou, porém, mais com os trabalhos de Spegazzini, que por mais de 20 annos explorou o Uruguay e Paraguay. A importância destes trabalhos para o Rio Grande vem-lhe não só de que uma parte d'estes fungos foram colleccionados neste próprio estado pelo dr. Puiggari, senão da grande semelhança da flora entre este e aquelles dois estados, como já pude averiguar muito bem nos poucos mezes que passei aqui. Nem deixam de ser também úteis os trabalhos [2] dr. j. rick: fungos do rio grande do sul 277 do dr. Mõller, actualmente professor na academia de Eleiswalde , que foi para o norte do estado o que Spegazzini para o sul. Com as obras, pois, de Spegazzini e Mõller e juntamente com as de Saccardo, Rabenhorst, Engler, Prantl, Fischer, Cook, etc, muito poderá já avançar o mycologo no estudo dos fungos d'este estado. Nas Agaricaceas é que elle tropeçará com mais difficuldades, por serem estas espécies difficeis de transportar e conservar; e por isso força é estudál-as na loca- lidade onde se criam. Para a classificação dos parasitas é indispensável o conhe- cimento da flora phanerogamica, por certo difficil nas regiões intertropicaes. Felizmente para a solução d'esta difficuldade posso contar com a sciencia e direcção de um abalisado natu- ralista, natural do mesmo Rio Grande. £ o illustre dr. d'UTRA, um dos melhores conhecedores da flora riograndense. O fim d'este meu modesto trabalho e dos que depois se lhe seguirem é preparar materiaes para o conhecimento da flora mycologica dos estados de Santa Catharina, S. Paulo, Rio Grande do Sul e Uruguay. Tem estas terras maior unifor- midade de flora mycologica, por terem também maior unifor- midade de clima. O Uruguay já foi estudado, se bem que não cabalmente; o de Santa Catharina leva bons auspícios por dili- gencia do dr. Mõller; para o do Rio Grande servirão estes trabalhos, segundo espero, agora encetados. E como desejo simplesmente contribuir para o prodromo da flora do Brazil meridional, não julguei opportuno reeditar as espécies já publi- cadas por Spegazzini, Starbaek e Romell, mas reportar-me-hei somente ás obras d'esses auctores, quando eu as encontrar também, para que mais tarde quem emprehender a composi- ção duma flora mycologica destas terras, ache naquellas obras as espécies pertencentes a esta flora. Outro fructo se colherá destes trabalhos e será o de es- clarecer géneros e espécies incertas e pouco conhecidas. Ha infelizmente em mycologia, como em outros ramos da botâ- nica, difficuldade e confusão nas classificações, sobre tudo quando feitas no extrangeiro com material secco. Estas difii- 278 BROTERIA [3] culdades são menores para quem estuda a flora fresca e colhida na própria região. E propósito meu evitar, quanto possível, descripções de espécies novas e por isso só o farei, quando os caracteres forem bem definidos, fixos e importantes. Na disposição das famílias seguirei a Engler e Prantl (Die Natiirlichen Pflan^enfamilien), a não ser que alguma vez me pareça melhor seguir Saccardo (Sylloge). Quando não indicar localidade, entende-se que o fungo foi colhido em S. Leopoldo. E minha tenção distribuir uma exsiccata de fungos rio- grandenses, se o tempo me dér para isso, para que assim pos- sam ser emendados os erros que hei-de commetter com cer- teza. Estou egualmente prompto a auxiliar qualquer estudo sério de mycologia, principalmente quando destinado a emendar as muitas incorrecções que se notam nas descripções de varias espécies. BASIDIOMYCETAE UREDINEAE Uromyces Spermacoces (Schw.) Thiim. — Auf Diodea sp. Uromyces Pontederiae Speg. — Auf einer Pon- tederiacea. In den Sumpfen um S. Leopoldo bliiht eine Pontederiacea, Pontede- ria wie es scheint, die in langlichen Pusteln ganz besetzt ist vom Pilz, auf Ober = u. Unterseite. Nos pântanos de S. Leopoldo cresce uma Pontederiacea, do gé- nero Pontederia ao que parece, cu- jas folhas por cima e por baixo estão atacadas pelo Uromyces com a forma de pústulas alongadas. Uredo Jugae Henn. — Auf Juga sp. Bringt Verbildungen des Bluten- standes hervor u. ist dem Exobasi- dium Lauri nicht so unáhnlich. Produz na inflorescencia defor- mações parecidas ao Exobasidium Lauri (Bory) Geyl. [4] DR. j. rick: fungos do rio grande do sul 279 IPliraguiiclrtim. subcorticium (Schrk.) Wint. — Kosmopolit auf Rosa. IPuccinia malvacearum Mont. — Auf vielen Malvaarten. AURICULARIACEAE Auricularia mesenterica (Dicks.) Fr. — Auf Laubholz. Gemein. Auricularia sambucina Mart. — Mõller sagt (p. 40 der Protobasidiomyceten), es sei dies der gemeinste Pilz der Tropen. Ich kann dasselbe auch von Rio grande do Sul bestátigen. TREMELLACEAE rJTreiTiella fuciformis Berk. — Auf Laubholz. Mõller giebt in seinen Protobasi- diomyceten an, dass Hennings die chromgelbe Farbe der im Holz sit- zenden Theile besonders hervor- gehoben habe. Auch ich fand das- selbe. Die Art wurde schon im botanischen Garten in Berlin auf verschiedenen Laubhõlzern beo- bachtet. O dr. Mõller diz nos seus Protoba- sidiomycetas que Hennings obser- vou nos exemplares apanhados na estufa das palmeiras em Berlim uma côr amarella, semelhante á do chro- mo, nas partes que estão debaixo da casca da arvore. Também eu obser- vei o mesmo. O fungo tem alguma semelhança com os Fucus, e d'ahi o nome especifico fuciformis. EXOBASIDIACEAE Exobasidium Lauri (Bory) Geyl. — Auf Laurus — Aesten u. an Nectandra — Zweigen. Eine schõne grosse Art. 28o BROTERIA [5] TELEPHORACEAE Stereixm hirsiattim (Willd.) Pers. an Stammen. Allenthalben Variiert sehr. Zuweilen fast un- behaart u. gezahnt u. glanzend. Nimmt auch grosse Dimensionen an. Espécie capaz de grandes varia- ções, mesmo relativamente ao ta- manho. As vezes cresce quasi sem filamentos, e não raro apparece como crenada e brilhante. Stereixm elegans Mey. — Auf Stammen gemein. Hat Thelephorahabitus. Telephora caperata B. e Mont. — Auf Stammen. In «Engler u. Prantl» ist (Seite 124) ein gutes Bild dieser Art CLAVARIACEAE Physalacria orinocensis Pat. — An Zweigen von Laubholz. Das Bild in Engler u. Prantl (Seite 1 3 1 ) stimmt vollstandig. Der Stiel sitzt immer schief. Kõpfchen spitz birnformig, aber von «pruina» habe ich nichts gesehen, ist vielmchr glatt. Der Stiel ist am Grunde von einem Filzring umgeben, der etwas aufsteigt. Meine Exemplare konnten vielleicht eine Varietat derPatouil- lardischen sein, der eine herzlich dlirftige Beschreibung gegeben hat. Saccardo driickt sich tiber die Hohi- heit des Fruchtkorpers zweifelnd aus. Er ist hohl. Meine Exemplare waren frisch weiss, trocken rotlich- selb. A gravura de Engler e Prantl (pag. 1 3 1 ) concorda perfeitamente. O es- pique está sempre inclinado. O Hy- meniophoro tem a forma de pêra alongada, sem pruina, antes liso. O espique está rodeado de um annel de feltro branco, que lhe cobre tam- bém toda a parte inferior. Os meus exemplares poderiam ser uma va- riedade dos de Patouillard, que os descreveu insufficientemente. A po- sição tão característica do pé, bem notada na figura, não é mencionada na descripção. Saccardo duvida a respeito da cavidade do pé. Existe realmente, não ha duvida. Os exem- plares, quando frescos, são bran- cos ; depois de seccos tornam-se um tanto vermelho-amarellos. [6] DR. j. rick: fungos do rio grande do sul 281 HYDNACEAE Irpex sinuosus Fr.— An Laubholz. Baumschneis. Bildet ausgedehnte Lager, ganz wie in Europa. Die resupinaten Theile haben ganz daedaleaartige Poren. Diese sind hier weiter u. meist zerrissen gezackt. Man ersieht aus dem Variieren dieser Theile am selben Object, wie vorsichtig man in der Aufstellung neuer Arten sein muss, zumal bei fleischig-leder- igen Basidiomyceten. P^orma camadas extensas em cima dos paus seccos. As partes resupi- pinadas têm poros semelhantes aos do género Daedalea. Este exemplo de variação mostra quanta cautela deve haver, quando se trata de de- screver espécies novas, principal- mente nos Basidiomycetas carnoso- coriaceos. POLYPORACEAE Poria vaporaria Fr. — An Laubholz. Eine weit verbreitete Art. Das erste Mal sah ich sie im Saminathal bei Feldkirch. Hier im Urwald traf ich sie wieder, aber ganz genau die europaische Art, mit vielleicht etwas stárker entwickelten Poren. Espécie muito cosmopolita. En- contrei-a pela primeira vez em Sa- minathal, perto de Feldkirch, e outra vez aqui nas florestas virgens. Tem o mesmo habitat, e dirfere unicamente nos poros que pare- cem aqui mais desenvolvidos. Poria áurea Peck. — An Laubholz. Eine wunderschõne Art, die wie Leder sich abheben lasst. Sie ist goldgelb mit winzigen Poren und hat gelatinbse Beschaffenheit. «Dis- sepimentis tenuibus», wie in der Beschreibung steht, kann ich nicht finden. Der Rand ist eher grau-gelb bvssusartig ais grlin-gelb. Trotzdem zweifle ich nicht, dass ich Poria áurea Peck. vor mir habe. Die so hervorstechende Farbe, die kleinen Poren, die gelatinose Beschaffen- heit, etc, bestimmen die Art. É uma espécie muito bonita, que cresce nos troncos cortados. É um tanto gelatinosa, còr d'ouro, com os poros muito pequenos. Não posso confirmar o «Dissepimentis tenuibus» da descripção de Sac- cardo. A margem é byssoidea, e antes grisalho-amarella do que ver- de-amarella. Apesar d'estas diffe- renças, que considero como inexa- ctidões da descripção, a espécie é Poria áurea Peck. A sua côr cara- cterística, os poros tão pequenos, o ser um tanto gelatinosa, em fim a facilidade com que se separa do substrato não deixam duvida. 282 BROTERIA [7] Polystictus versicolor* (L.) Fr. — An Laubholz haufig. Die Art ist hier õfter etwas behaart. Saccardo sagt mit Recht (Bd vi., pag. 253): «Ubique terrarum copiose colore et forma omnino ludens.» IPolystictixs h.irsu.tu.s Fr. — An Laubholz haufig. Gilt dasselbe wie vora Vorigen. JPolystietLis Sector Khr.— An Laubholz haufig. Polystictus sanguineus (L.) Mey. — An Laub- holz gemein. Polyporus "brixixialis (Pers.) Fr. — An Laubholz. Mit Seide uberzogene Poren. Polyporus flexipes Fr. ? — An Laubholz, zumal an Zweigen, die am Boden liegen. Ich fand Exemplare mit zierlich gevimpertem Rand und auch glatte. Ich glaube die Art ist von «arcula- rius» (Batsch) Fr. respective fusci- iiis JPelletieri (Crouan.) Sacc. Kuhkoth. Apothecien grõsser ais die europaischen. ■Auf [12] DR. j. rick: fungos do rio grande do sul 287 HELOTIACEAE Chlorosplenium oeruginascens (Nyl.) Karst. — Auf Laubholz. Baumschneis. Scheibe icm breit. Ist ganz unsere europãische Art mit dem stark blaugriin gefarbten Holze. Oh.lorosple11i11.1x1 IPuiiggfari Speg. holz. An Laub- Spegazzini selbst fragt an «an idem ac oeruginascens. « Ich habe die europãische Art oft gesehen in Vorarlberg u. Holland, u. finie keinen Unterschied zwischen jener u. der hiesigen. Trocken papierar- tig. Chlorosplenium brasiliense B. et Cook mag eine selbstandige Art sein. Chlorosplenium Puiggari ist es nicht. O próprio Speggazini pergunta : «an idem ac oeruginascens ?» — Vi muitas vezes este ultimo em Vor- arlberg e na Hollanda e não posso achar differença entre as formas brazileiras e ai europêas. — O Chlo- rosplenium brasiliense B. e Cook é que parece ser espécie própria. Erinella longispora (Karst.) Sacc. Apothecien 3'""' breit, herrlich entwickelt. Sieht von ferne dem Helotium citrinum gleich. Die Haare tragen Crystalldrusen. O disco bem desenvolvido tem 3""" de diâmetro. Parece-se muito com o Helotium citrinum. Os fila- mentos contêm cristaes. PATELLARIACEAE Irlysteropatella cliscolor (Speg.) Rehm — Aut Zweigen hàufig. Rehm hat Recht, wenn er eine eigene Gattung aufstellt Rir Arten wie diese, denn sie sind durch die Scheibenbildung wesentlich ver- schieden von echten Hysteriaceen. Diese Art ist ganz «patella». Die Farbe ist mehr «purpúrea» ais «fer- ruginea», doch wechselt sie stark. Ein hier sehr gemeiner Pilz. Rehm fez bem separando este do género Hysterium O disco as- semelha-se ao das Patellariaceas, e é sempre aberto, ainda que alon- gado. A còr é mais purpúrea que ferruginosa, e capaz de muitas va- riações. Este fungo é aqui muito commum. BROTERIA [i3] CENANGIACEAE Cenangium fallax Rick, nov. spec. Ápothecia gregária, subsessilia, coriacea, 2-3mm laia, exte- rius primitas alba, pruinata, dein fulva, disco branneo-fusco, griseopruinato; in subiculo griseo, dein fulvo, insidentia; margine subtumido, excedente. Asei cylindracei, graciles, 8o y.. longi, 3 lati, stipitati; sporae monostichae, hyalinae, ovoi- deae, biguttulatae, uniloculares, 6 p.. longae, 3latae. Subiculum etiam in speciminibus maturis bene evolutum et ápothecia cir- cumiens. Evolutio apotheciorum saepe retardata, saepius impe- dita. Ápothecia facile a substrato solvuntur. Habitat in stromatibus et stipitibus Xylariae cujusdam. Stromata Xylariae totaliter obdueta Cenangiofallaci videntur sistere Discomycetem compositum et stipite dotatum. Hincfal- lax! Cenangio tahitensi Pat. valde ajfinis est haec species; sed initio non est lateritia, at albo-grisea omnibus partibus. Pa- touillard si habuit tantum specimina vetera et sicca facile erra?~e potuit, cwn color albo-griscus postea evanescat. Hinc species a Patouillard descripta revidenda et judicium ferendum. — Substratum quoque est valde admiranduml PHACIDIACEAE Coccomvces t>i*asiliensis Karst. — ^Auf Laub- holz. Die Beschreibung Karstens ist sehr gut, nur veistehe ich nicht, warum er sagt «admodum tenuis.» Der Pilz ist etwas grosser ais Karsten angiebt. A descripçao que deu Karsten é boa: só não entendo o «admodum tenuis». O fungo é um tanto maior do que diz Karsten. [14] UR- J- hick: fungos do rio grande do sul 2S9 STICTIDACEAE Sch.i^ox.vion albo-velatum Rick, nov. spec. — Auf Laubholz. Apothecia subcorticia, prorumpentiá, tecto, griseo-alba membrana; disco gelatinoso, hjalino pallido, humefacto túr- gido; 2mm lata. Asei 800 ,u. longi, 14 lati. Sporae longiti/dine ascorum, 4 \t.. latae, multiseptatae, constrictae in septis, mox in partículas collabentes: particulae primitus biloçulares, dein nova partitione unilocnlares. Particulae uniloculares, 8 p.lon- gae, in aseis jam disjunctae. P ar aphy ses filiformes et ramifi- canles, longiores aseis. Die Art konnte vielleicht eine Robergea sein. Allein die im Schlauch zerfallenden Sporen zeigen auf Schi^oxylon hin. HYSTERIACEAE IPai-mn-lavia, Styracis Lév. ? — Auf ciner mir unbekannten Pflanze. Stimmt alies mit P. Styracis. — Eine Sporcnzelle ist oval Eine oder beide Endzellen tragen Anhángsel. ASPERGILLACEAE 3Ieliolíx luclibrincla Speg. — Auf einer Schinus- Art. Bedeckt ganze Baume mit schwarzem Ueberzug. Was die Erysipheen fíir die nõrdlichen Zonen, sind diese ftlr die siid- lichen. SPHAERIACEAE Olioeto!sp]iíi<»i*i£i incímrsstans Rick, nov. spec. St romã hyphis ferrugineis, setulisque inter se arcte aggre- gatis formatum. Perilhecia orbicularia, vix /""" diâmetro, 2Q0 BROTERIA [i5] nigra, rugulosa, ostiolo minúsculo, gregária, ligna vel cor- tices late pulvere nigro incrustantia. Asei cylindrici, jo p. longi, 12 lati, octospori. Sporaefusoideae, distinctae, brunneo- fuscae, 3 septatae, 25-3o p. longae, 5-6 latae, curvulae, cel- lulis idti?nis hyalinis, in septis vix constrictae, Paraphyses dilutae, filiformes. Ad ligna emortua et cortices. Lasiosphseria macrospora Rick, nov. spec. Perithecia lale gregária, ab initio superficialia, imm diâ- metro, globosa, pilis usque ad médium vestita, ostiolo glabro, minutulo, sed bene distincto; asei cylindracei, sessiles, 8-spori, usque 200 p. longi, io p. lati, versus apicem angustiores. Spo- rae anguiformes, hyalinae, mídtiseptatae, usque ad ioo p. longae, 3-4 p. latae, versus apicem angustiores, in septis sub- constrictae, singulis cellulis pulchre i-guttulatis; crines acuti, rigidi, at) o-umbrini. In ligno arte facto. Species sporis ad Ophiobolum trahi posset, sed, cum sit ab initio superjicialis, huc pertinet. Rosellinia griseo-cincta Starbaeck — An Laub- holz. Starbaeck hat eine ganz ausge- zeichnete Beschreibung dieser cha- rakteristischen Art gegeben, die sich auf faulenden Striinken im Urwald in grossen Lagern findet. Das subiculum ist sehr auffallend bei dieser Art. Ein weisser Reif umgiebt in schõnen Kreisen das mittehdte Perithecium, wahrend die jiingsten Stadien ganz bedecktsind von einem weissen hautigen Ueber- zug u. die ganz entwickelten Peri- thecien schwarz und reiflos wer- den. Der Typus ist sonst wie bei Rosellinia Aquila. Starbaeck fez uma descripção muito acabada d'esta espécie inte- ressante, que se extende em cama- das sobre os troncos podres das mattas. O subiculo é notável. Um pó branco e consistente circumda em anéis bem distinctos as perithe- cas meio-maduras, ao passo que os estádios anteriores ficam totalmente cobertos por uma camada do my- celio ou subiculo branco. As peri- thecas desenvolvidas são pretas e já sem anéis pulverulentos. [i6J DR. J. KICK: FUNGOS DO RIO GRANDIi DO SUL 29I VALSACEAE Eutypa comosa Speg. — Auf Laubholz hãufig. Der Pilz hat herrliche Mundungen, die aus rundlichen Perithecien- gruppen hervorgehen. Die Sporen sind zum theil mit zwei Oeltropfen versehen u. verschieden geformt. Man sieht fast rundliche bis ellip- tisch-kahnfõrmige, ganz wie Spe- gazzini angiebt. Er hat diese Art klar beschríeben. Esta espécie tem ostiolos muito compridos, que se levantam em cima das agglomerações orbiculares das perithecas. O fungo occupa ás vezes ramos inteiros. Os esporos têm forma variável desde a redonda até á elliptica, como o notou já Speggazini na descripção muito exa- cta d'este fungo. XYLARIACEAE Hypoxylon Laubholz. ;u.t>annxil£itixiii Hennings Auf Eine schõne nícht zu verkennende Art. Doch wiirde ich sie lieber zu Ustulina ziehen. É uma espécie bem caracterisada pelos anéis que formam as peri- thecas. Eu porém a consideraria antes como pertencente ao género Ustulina. Hypoxylon enteroleucum Speg. — Auf Laub- holz. Eine durch die weisse Stroma- farbe eles Innern u. die scharf be- grenzten vom Substrat sich oft abhebenden Stromata klar be- stimmie Art. In die Niihe gehõren Berterii u. creoleucum, doch hat letztere keine vorstehenden Peri- thecienmundungen, die bei unserer Art deutlich zu sehen sind. Esta espécie reconhece-se pela côr branca do interior do estroma e pela margem distincta e levan- tada. Differe ainda do H. creoleu- cum nos ostiolos salientes, que fal- tam a essa espécie. 2Q2 B ROTEEI A [17] Henningsinia clarissima Laubholz. Baumschneis. A. Mõll.— Auf Steht zwischen Hypoxylon u. Xylaria. Die Art ist kreiselfõrmig mit oberem u. unterem Rand. Sac- cardo (Bd. xvi, p. 4/0) sagt «genus cum Camilleacomparandum».— Ich glaube Camillea ist gleich Henning- sinia. Intermediaria entre os géneros Hypoxylon e Xylaria. Esta espécie tem a forma d'um pião, com mar- gem superior e inferior. Saccardo (tom. xvi-p. 45o), diz: «Genus cum Camillea comparandum». Creio até que estes dois géneros não se dis- tinguem. Xylaria leucosticta Penz. et Sac. ? — An Laub- holz. Hat meist die Form von Xyloco- ryne mit verschiedenen Spitzen am oberçn Theil der Keule; sie findet sich aber auch «ápice obtuso». Sonst leicht kenntlich durch die weissen Flecken, die ich abernicht Puncte nennen kann ; daher zweifle ich an der Richtigkeit meiner Be- stimmung. Encontrei esta espécie as mais das vezes na forma de Xylocoryne com pontasinhas na extremidade do estroma, algumas vezes também com «ápice obtuso». Conhece-se fa- cilmente pelas manchasinhas bran- cas da clava, que não são os pon- tos brancos da descripção, e por isso talvez não fique bem classifi- cada. Xylaria corniformis Fr. var. irregularis Speg. Die Art hat keinen eigentlichen Fuss u. ist am Grunde sehf schwach behaart, so dass sie kaum zu Xylo- coryne Saccardo's passt. Es ist eine der grossen kraftigen Formen u. trãgt die Perithecien in vielen con- centrischen Reihen bis auf die Mitte des Stromas hinein. Esta espécie não tem pé e é muito pouco avelludada, de modo que mal pôde pertencer ao sub- genero Xylocoryne de Saccardo. E uma das formas maiores e tem as perithecas dispostas em ordens concêntricas até ao meio do es- troma. lylaria arbustula Sac. — Auf Laubholz. Ich habe die Art schon im bot. Garten in Berlin gesehen. Dort Esta espécie, já vista por mim nn Jardim Botânico de Berlim no espi- [18] DR. j. rick: fungos do rio grande do sul 2q3 stand sie auf einer abgestorbenen I que de uma palmeira secca, cresce Palme. Hier besetzt sie beliebige i aqui nos troncos das arvores fron- Laubholzer. | dosas. Xylaria grammica Mont. — 'Auf Laubholz. Die ganze Keule ist mit grauen kurzen Areolen bedeckt. DESCRIPCÃO DE TRÊS GEC1D0HYIAS HESPANHOLAS SOVAS J. S. TAVARES Stefaniella salsolae nov. sp. $^ Colore cárneo, praeter Jlagellum antennarum, partem superiorem thoracis, sternum et pedes coloris brunei; septem prior ibus segmentis abdominis, parte super iore, vitta lata, transversa et brunea, squamis nigris tecta, et parte media in- terrupta, ornatis; iisdem segmentis 2-y, parte inferiore, linea transversa ejusdem coloris, notatis: palpis articulo uno, bre- víssimo et ellipsoideo; antennis in ç 2-\-8 articulis, in S 2-\-g, articulo ultimo (y$) semper e duobus conflato, et triplo lon- giore quam crassiore; aliis o_ in Jlagello sphaericis, praeter duos vel três primos aliquanto longiores quam crassiores ; in $ articulis jlagelli aliquanto duplo longioribus quam crassiori- bus; omnibus Sy absque collo, vel collo vix conspícuo: ai is quatuor nervis, quorum duo primi fere contigui orae anticae, secundas seu cubitus desinit parte media (vel par um idterius) orae anticae; tertius et quartus (qui valde incurvus in tertia parte apicali) inter se convenientes et angulum ejficientes sicut in aliis StG(zmie\\is;pedibusposticistibia aequalifemori, quamvis graciliore ; primo tarsorum articulo duplo longiore quam crassiore, secundo longiore tertio, qui terlia parte longitudine quartum superai; quarto quinquies, quinto quater longiore quam crassiore; unguiculis simplicibus, nigris; empodio breviore un- 294 BROTERIA guiculis et duos pulvillos, valde conspícuos, excedente: abdomine crasso aeque vel in ç aliquanto crassiore thorace; ovipositor? protactili et in duas partes divergentes dissecto, litteram Vimi- tantes, ita tamen ut pars superior sit duplo longior inferiore, et media parte dorsali linea ex chitina sit secta. Lima haec, a media ad extremam usque partem, uncinulis hyalinis est in- structa. Forcipe anali $ lamellula superiore biloba et brevi, media simplici et ápice rotundo, inferiore multo longiore et sicut in Lasioptera constituía; articulo apicali partium for- cipis crasso et brevi (duplo-triplo longiore quam crassiore), articulo basali, in parte injima, lobo vel apiculo iniructo. Corpore, pedibus, ora alarum antica, el duobus primis nervis squamis decidíeis tectis. Ovis cjlindricis, rubris, utraque extremitate rotundis, tri- plo longioribus quam crassioribus. Haec species differt ab omnibus Stefaniellis palpis uniarti- culatis. Larva et pupa incognitis. Longitudo corporis ç : /, 5-2 mm.; $ i, 5 mm. Cecidia. As cecidias, onde se cria esta espécie, são trans- formações dos gommos (ordinariamente axillares) em massas esphericas, cobertas de grande numero de folhas, muito maio- res e muito mais peludas do que no estado normal. A parte espherica, coberta pelas folhas, é carnuda (na maturação faz-se sublenhosa), e tem no centro uma cavidade larval, onde se cria e metamorphoseia a larva. Parece-me que pôde haver ás vezes mais de uma cavidade larval, posto que não posso affirmar com segurança esta particularidade. A cecidia é mais ou menos glo- bosa, ou então oval, e de tamanho variável, podendo o diâme- tro chegar a i5-i8mm. As folhas modificadas, que cobrem a cecidia, estão ornadas de pêlos bastos, compridos, acinzen- tados ou amarellados. Habitat. Na Salsola vermiculata L. y. microphylla Mocq. — Serra de Guará (Huesca, Hespanha). As cecidias foram colhidas pelo R. P. Navás. A metamorphose faz-se na cecidia. Apparecimento em maio. J. S. TAVARES : CECIDOMYIAS HESPANHOLAS NOVAS 295 Rhopalomyia hispânica nov. sp. $ corpore subbruneo ( color segmentorum abdominis in ora laterali clarior), ç colore cárneo, except is antennis, parte infe- riore thoracis, sterno, maculis in metapleuris, pedibus et ma- cia is abdominalibits, brune is. Hae maculae in abdomine ç ita sunt constitui ae: Inferius segmenta 2-6 tribus punctis (médium quandoque plus minus obsoletum), transverse positis, distincta ; 7um segmentnm macula plus minus quadrangulari notatum; super ius segmenta 1-6 insignita tribus lineis transversis, qua- rum media, juxia oram anticam sita, tertiam tantum partem latitudinis segmenti aequans; aliae laterales et prope oram posticam positae; yam segmentnm macula, velut lit leram V effingente, ornatum; Sam distinctum faseia, in utraque extre- mitate in duas partes se et a. Palpis duobus articulis brevibus (primo tamen sat longiore secundo), subrotundis; antennis c£ç 2 -J- i5 articulis, duobus primis in jlagello concrescentibus; in $ cylindricis, primo 2-j- longioribus quam crassioribus, et collo tertiam partem lon- gitudinis articulorum aequante; dein duplo longioribus quam crassioribus et collo dimidiatam longiludinem articulorum attingente; articulo penúltimo collo valde brevi; ultimo ovato, parvo, sine collo conspícuo: in ç articulis sicut in $, sed collo primum -|- vel -4- longitudinis articulorum aequante ; tandem fere absque collo conspícuo: oculis conjluentibus (S%); alarum ora antica villosa, cubito fere recto, et ad extremitatem alae, ubi ora non interrupta, per dueto; abdomine 8 gr aci 11 imo, fere duplam longitudinem capitis simul et thoracis aequante, for- cipe anali $ sicut in aliis Rbopalomyis, lamelhdis superiore et media bilobis, opipositore yprotractili, cavitate instrueto duplo longiore quam latiore: tibia antica -g- longiore primo iarso- rum articulo; primo articulo tarsorum triplo longiore quam crassiore, secundo duplo longiore tertio, qui -~ longitudine quartum superai. Quarto articulo fere duplo longiore quinto, qui 3-f- vel quater longior quam crassior ; unguiculis simpli- cibus, aliquanto brevioribus empodio, sed plusquam duplo lon- gitudine pulinhos aequantibus. Longitudo corporis S : 3 mm.; ç : 3,5 mm. 296 BROTÉRIA Pupa absque spinulis dorsalibus et stigmatibus thoracali- bus; seíis cervicalibus brevibus, duplo-triplo longioribus quam earum papilla; antennarwn vagina in basi dente triangulari et bruneo, in parte vero dorsali nódulo crasso, unicuique arti- culo respondente, inslructa; pupario abdominc hyalino, thorace translúcido, quamvis luteo et ex clútina. Larva incógnita. Cecidia. Esta espécie produz na base de um gommo um engrossamento mais ou menos oval, carnudo, avermelhado, com folhas á superfície, cujas bainhas são mais largas do que no estado normal. No interior ha duas cecidias internas, sol- dadas em toda a extensão, de forma ellipsoide, de paredes delgadas e, ao que parece, membranosas, com um compri- mento de 2 mm., e 0,7 — 1 mm. de largura. Não vi senão um exemplar d'esta cecidia. A principio confundi- a com outras semelhantes, cujo comprimento chega a 14 mm. e a grossura a 9 mm. e de que se distingue em ter duas cecidias internas, ao passo que as outras têm uma cavidade larval grande, sem ce- cidia interna. D'estas ultimas não obtive a imago, que talvez seja um muscideo. Apparecimento em maio do i.° anno. Habitat. Na Artemísia herba-alba Asso. — Serra de Guará (Huesca-Hespanha). As cecidias foram colhidas pelo R. P. Navás. Rhopalomyia Navasi nov. sp. $2 Differunt a Rhopalomyia hispânica Tav.: j."J palpis uno duntaxat articulo ellipsoideo instructis; 2.0) antennis 8 2-\-i3 articulis, penúltimo collo ita conspícuo sicut ceterorum, et ultimum articulum longitudine aequante; Ç 2 -f- 14 articulis, ultimo ex duobus coalescentibus, quorum primus brevior secundo; 3.°) cavitate ovipositoris non longiore quam latiore, et for - cipe $ lamellula media non biloba, sed ápice trunco; 4-°) maculis abdominis ç ita dispositis: Jnferius segmenta 2-6 duabus vittis transversis, quarum antica in médio angu- stiar et aliquantum incurva in utraque extremitate, postiça j. s. tavares: cecidomyias hespanholas novas 297 recta; jwn segmentam faseia longitudinali insignitum; supe- rii/s septem priora segmenta vitta laia distincta, 8am totum bruneum superius et inferius. Pupa sicut in specie praecedente, sed noduhs vaginae anten- narnm gracilioribus. Lavra incógnita. Claríssimo cecidiae collectori, R. P. Narás, htbenti animo dicari. Cecidia. Esta espécie produz cecidias muito elegantes na Artemísia herba-alba Asso, a. incana Bss. imitam uma espon- jasinha branca muito delicada e assim ficam parecidas ás da Rhopalomyia santolinae Tav., e ás do Andricns ramuli L. São transformações de gommos axillares e de ordinário juntam-se varias em grupos mais ou menos esphericos, cujo diâmetro, capaz de bastantes variações, pôde chegar a 12 mm. Cada uma consta de uma cecidia interna, ellipsoide ou então fusi- forme, de paredes delgadas e carnudas (na maturação suble- nhosas), de 2,5 mm. de comprimento e 1 mm. de largo, ro- deada por um tecido esponjoso e pela casca, que tem á superfície grande numero de filamentos muito bastos, compridos e bran- cos como a neve (na maturação louros ou brunetes). O com- primento dos filamentos pôde chegar a 4 mm. Quando cada cecidia está separada das outras, parece espherica por causa dos filamentos ('). Habitat. Na Artemísia herba-alba, a. incana Bss. — Serra de Guará (Huesca-Hespanha) (R. P. Navás!). As imagos appa- receram em maio. Parece-me que a metamorphose se faz na cecidia. (') Houard et Dakboux ^Catalogue des Zoocédies de 1'Europc, p. 43, fig. 77 e 78) descrevem e representam uma cecidia da Artemísia herba- alba, que se não é a da Rhopalomyia Navasi n. sp., é muito parecida com ella. Noto com tudo que as cecidias da espécie hespanhola são mais pe- quenas do que aquellas de que falam Houard et Darboux. DESCR1PÇÂ0 DE DUAS CEGIDOMYIAS NOVAS J. S. TAVARES Perrisia I5i*£ig*aii^?ae nov. sp. 7 NOMES E DIRECÇÃO DOS NATURALISTAS PORTUGUEZES i ZOOLOGIA O Sua Majestade El-Rei D. Carlos I. — Oceanographia, Ichthyologia e Ornithologia. Aprigio (Balthazar de Ferreira de Mello e Andrade). — R. Camará Pestana, 4, Coimbra. — Coleopteros. Barboza du Bocage (Conselheiro José Vicente), Director do Museu Nacional. Cardaes de Jesus, 48, Lisboa. — Vertebrados. Bethencourt Ferreira (Júlio de), Naturalista do Museu Na- cional. R. de S. Bento, 5io, Lisboa. — Batracios e Reptis. Biel (Emílio), Negociante e Photographo. Travessa d' Alegria, ou R. Formosa, 342, Porto. — Lepidopteros. Carvalho Monteiro (António Augusto de). R. do Alecrim, 70, Lisboa. — Lepidopteros. Corrêa de Barros (José Maximiano). S. Martinho d'Anta, Sabrosa. — Coleopteros. Deseja trocas com todos os paires, e compra, por preços convencionaes, Coleopte- ros de Portugal, conservados em álcool ou forma- lina, intactos. Fausto d'01iveira (Albino Augusto). S. Eulália, Villa Fer- nando. — Zoocecidias. França (Carlos), Naturalista do Museu Nacional. Real Insti- tuto Camará Pestana, Lisboa. — Echinodermes. (') Não omittimos diligencia alguma para que estas listas, que publi- camos pela segunda vez, venham completas quanto possível. Em todo o caso ha-de haver de certo omissões e por isso mais uma vez pedimos que nol-as attribuam a ignorância e não a outra causa. A Redacção 3o8 BR0TÉR1A Girard (Alberto Alexandre), Secretario scientifico de Sua Magestade El-Rei. R. de S. Bento, 47, Lisboa. — Ma- lacologia e Ichthyologia. Lopes Vieira (Dr. Adriano Xavier), Naturalista do Museu da Universidade, Coimbra. — Vertebrados. Martins (Padre Manoel Narciso), Prof. no collegio de S. Fiel. — Coleopteros. Mattoso Santos (Conselheiro Fernando), Lente de Zoologia na Escola Polytechnica e Naturalista do Museu Nacio- nal. R. Eduardo Coelho, 1 38, Lisboa. — Entomologia. Mendes (Padre Cândido d' Azevedo). Via Gioacchino Bclli, 3, Roma (*) (Itália). — Lepidopteros. Moraes Sarmento (José Evaristo de), Sub-director do R. Instituto Bact. Camará Pestana, Lisboa. — Culicidics. Nobre (Augusto), Director dos aAnnaes de Sciencias Naturaes» e Naturalista do Museu da Academia Polytechnica do Porto. R. do Castello do Queijo, Foz do Douro. — Malacologia. Noronha (Adolpho César), Negociante. Travessa do Surdo, Funchal. — Omithologia do Archipelago da Madeira. Osório (Balthazar Machado da Cunha), Lente de Zoologia na Escola Polvtechnica e Naturalista do Museu Nacio- nal. Paço d^rcos, Lisboa. — Ichthyologia e Carci- nologia. Rebimbas (Padre Manoel), Prof. no Collegio de S. Fiel. — Lepidopteros. Schmitz (Padre Ernesto). Seminário do Funchal, Madeira. — Omithologia, Malacologia, Ichthyologia e Arachni- deos do Archipelago da Madeira. Seabra (Anthero Frederico), Conservador do Museu (secção de Zool.). Museu Nacional, Lisboa. — Mammiferos, especialmente Chiropteros, e Entomologia. Sequeira (Eduardo), Proprietário. R. d^legria, 21 5, Porto. — Piscicultura, Apicultura, Collecção dos Vertebra- dos e Molluscos Portugueses. (') Está a concluir o seu curso na Universidade Gregoriana. NATURALISTAS PORTUGUEZES 3oo/ Tait (W. C), Negociante. R. d'Entre Quintas. Porto. — Orní- thologia. Tavares (Padre Joaquim da Silva), Prof. no Collegio de S. Fiel. — Zoocecidias e Orthopteros. Vieilledent (Paulino), Prof. no Collegio de S. Fiel. — Lepi- dopteros. II BOTÂNICA O Almeida (José Veríssimo de), Prof. no Instituto de Agronomia e Veterinária. R. do Conselheiro Monteverde, D4, Lisboa. — Nosologia vegetal e Mycologia. Barros e Cunha (J. Gualberto), Viticultor e Director do jornal Vinha de Torres Vedras. Runa. Camará (Manoel de Souza da), Prof. no Instituto de Agro- nomia e Veterinária. Villa Freire, Estrada da Damaia, Bemflca (Lisboa). — Nosologia vegetal e Mycologia. Cordeiro (Valério), Prof. no Collegio de S. Fiel. — Lichens. David (António Venâncio de Oliveira). Cruz da Era, Bemfica, Lisboa. Ferreira (Manoel). Eiras, Coimbra. Goltz de Carvalho (A.), Prof. em Buarcos. Guimarães (José d'Ascençao), Capitão de Engenheria. R. do Conde Redondo, 46, Lisboa. Henriques (Dr. Júlio A.), Lente de Botânica, Director do Jardim Botânico da Universidade e Redactor do Bo- letim da Soe. Broteriana. Coimbra. Johnston (Edwin J.). R. do Laranjal, 101, Porto. Luisier (Padre Affonso). Universitatsstrasse, 8, Innsbruck, Tirol (Áustria) (2). — Phanerogamicas e Muscineas. Mariz (Joaquim de), Naturalista e Conservador do Herbario (1) Quando juncto de cada nome não ha indicação alguma, entende-se que a especialidade é em Phanerogamicas e Cryptogamicas vasculares. (2) Está a concluir o seu curso na Universidade de Innsbruck. 3 IO BROTÉRIA da Universidade. Jardim Botânico, Coimbra.— Flora Lusitanica. Menezes (Carlos Azevedo de), Bibliothecario Municipal. Ave- nida João de Deus, Funchal, Madeira. — Phaneroga- micas e Crjptogamicas vasculares do Archipelago da Madeira. Moller (Adolfo Frederico), Jardineiro chefe do Jardim Botâ- nico da Universidade. Coimbra. Moraes Sarmento (José Evaristo de), Prof. na Escola de Phar- macia. Real Instituto Camará Pestana, Lisboa. — Flora Medica Lusitanica. Newton (Isaac). R. Oliveira Monteiro, g3, Porto. — Crypto- gamicas vasculares, especialmente Lichens. Noronha (Adolfo César de), Negociante. Travessa do Surdo, Funchal. — Phanerogamicas e Cryptogamicas vascu- lares de Porto-Sancto. Pacheco (Padre Manoel). Ignatius Colleg, Valkenberg, Lim- burg (Hollanda) (d). — Lichens. Palhinha (Ruy Telles), Prof. no Lyceu Central de Lisboa. Quinta da Arriaga, Oeiras. Pereira Coutinho (D. António Xavier), Lente de Botânica na Escola Polytechnica. Travessa das Mercês, Lisboa. Pestana (João da Camará), Agrónomo e Director do Labora- tório Camará Pestana. R. de S. Antão, 83, Lisboa. — Nosologia vegetal. Ricardo Jorge (Arthur). R. da Cruz de S. Apolónia, Lis- boa. Sampaio (Gonçalo), Naturalista do Museu da Academia Po- lytechnica. R. da Constituição, Q74, Porto. Silva (J. Gomes da). Macáo (China). — Flora Medica. Tait (Alfredo), Barão de Soutellinho. R. dEntre Quintas, 11 5, Porto. — Âmaryllideas. Tavares (Padre Joaquim da Silva), Prof. no collegio de S. Fiel. (') Está a concluir o seu curso. NATURALISTAS PORTUGUEZES 3 1 I Tavares Carreiro (Bruno). Ilha de S. Miguel, Açores. — Flora dos Açores. Torrend (Padre Camillo). Miltown Park, Miltown, Dublin (Irlanda) ({). — Mycologia. Zimmermann (Padre Carlos). Hales Place, Canterbury (In- glaterra) ('). — Phanerogamicas e Uredineas. III MINERALOGIA E GEOLOGIA 1) Pessoal scientifico da Commissão do Serviço Geológico: Presidente da commissão — Joaquim Filippe Nery Delgado (2). Geólogo contragtado — Prof. Paulo Choffat. Engenheiros de minas — Vicente Carlos de Sousa Brandão, Wenceslau de Sousa Pereira Lima e António Torres. Conductor principal de minas — Jorge Cândido Berkeley Cotter. 2) Não pertencentes ao pessoal scientifico da Commissão: Barjona de Freitas (António Alfredo), Tenente coronel do Estado Maior. R. d'Alegria, 64, Lisboa. Bensaude (Alfredo), Prof. de Mineralogia no Instituto Indus- trial. R. de S. Caetano, 6, Lisboa. Gomes (Jacintho Pedro). Naturalista do Museu Nacional (secção de Miner.). R. de S. José, 201, i.°, Lisboa. Guimarães (Dr. António José Gonçalves), Lente na Universi- dade. R. do Infante D. Augusto, 11, Coimbra. Lemos (Dr. Maximiano A. d'01iveira), Lente na Escola Medico- cirurgica do Porto. Avenida Campos Henriques, Gaya. (') Está a concluir o seu curso. (2) Toda a correspondência para o pessoal da Commissão pode ser dirigida para a sede — R. do Arco a Jesus, n3, 2.0, Lisboa. 3 12 BROTÉRIA Peixoto (António Augusto da Rocha), Naturalista do Museu da Academia Polytechnica do Porto (secção de Mi- ner.). R. da Egreja, 28, Mattosinhos. Roquette (Francisco Ferreira), Lente de Mineralogia na Es- cola Polytechnica de Lisboa. R. de Santa Martha, 55, 2.0 D., Lisboa. Severo (Ricardo), Engenheiro civil. R. Cedofeita, 548, Porto. Sousa (Francisco Luiz Pereira de), Tenente de Engenheria. R. Lagares, 32, Lisboa. IV BACTERIOLOGIA Alvares (Camillo Dionysio), 1." Assistente no Laboratório de Analyse Clinica do Hospital R. de S. José, Lisboa. Arantes Pereira (Manoel Joaquim), Director do Instituto Pasteur do Porto. R. da Picaria, 73, Porto. Bettencourt (Annibal), Director do Real Instituto Bacterioló- gico Camará Pestana, Lisboa. —Bacteriologia e Pa- rasitologia. Camará Pestana (João da), Agrónomo e Director do Labora- tório Camará Pestana. R. de S. Antão, 83, i.°, Lisboa. Carteado Mena (José Casimiro), Assistente do Instituto Pas- teur do Porto. R. da Firmeza, 144, Porto. Correia Mendes (Annibal), Director do Laboratório Bacte- riológico do Hospital D. Maria Pia. Loanda (Africa). — Bacteriologia e Parasitologia. Egas Moniz (Dr. António C. d'Abreu), Lente substituto de Medicina na Universidade. Coimbra. França (Carlos), Medico, chefe de serviço no Real Instituto Bacteriológico Camará Pestana, Lisboa. Guilherme Nunes, Analysta do R. Instituto Bacteriológico Camará Pestana. Odivellas. Kopke (Ayres), Prof. na Escola de Medicina Tropical. C. Marquez de Abrantes r/c, Lisboa. — Bacteriologia e Parasitologia. NATURALISTAS PORTUGUEZES . 3 I 3 Lepierre (Charles), Prof. de Chimica na Escola Industrial Brotero, Coimbra. Moraes Sarmento (José Evaristo de), Sub-director do Real Instituto Bacteriológico Camará Pestana. Edifício do Instituto, Lisboa. Nogueira Lobo (A. dos Santos). R. d' Alegria. Coimbra. Paula Nogueira (José Viegas), Prof. no Instituto de Agro- nomia e Veterinária. L. de Arroyos, 6, i,° E, Lisboa. Rasteiro (Joaquim Pedro da Assumpção), Agrónomo. Azeitão. Rego (António Balbino), Director do Laboratório de Bacterio- logia do Funchal. R. Bella de S. Thiago, Funchal, Madeira. Reis Martins (Miguel Augusto), Medico-veterinario, Chefe de serviço no Real Instituto Bacteriológico Camará Pes- tana. R. da Junqueira, 96, 2.0, Lisboa. Rezende Júnior (José Gomes de), Medico, Chefe de serviço no Real Instituto Bacteriológico Camará Pestana. R. da Escola do Exercito, 34, r/c D, Lisboa. Santos (Godofredo da Silva), Chefe de serviço no Instituto de Agronomia e Veterinária. R. Gonçalves Crespo, Bairro Camões, Lisboa. Souza Júnior (António), Lente na Escola Medica do Porto, e Medico Chefe do Laboratório de Bacteriologia do Porto. ANATOMIA Almeida (José Veríssimo de), Prof. no Instituto de Agronomia e Veterinária. R. do Conselheiro Monteverde, 54, Lisboa. — Anatomia Pathologica Vegetal. Azevedo Neves (João Alberto Pereira de), Director do Labora- tório de analyse clinica no Hospital R. de S. José, Lisboa.— Anatomia Humana Pathologica. Bazilio Freire (Dr. Augusto Soares da Costa), Lente de Me- dicina na Universidade. Penedo da Saudade, Coim- bra.— Anatomia Humana. 3 14 BROTÉRIA Camará (Manoel de Souza da), Prof. no Instituto de Agrono- mia e Veterinária. Villa Freire, Estrada da Damaia, Bemfica (Lisboa). — Anatomia Pathologica Vegetal. Pinto de Magalhães (António Gastello), Assistente no Labo- ratório de analyse clinica no Hospital R. de S. José, Lisboa. — Anatomia Humana Pathologica. Rezende Júnior (José Gomes de), Medico, Chefe de serviço no R. Instituto Bact. Camará Pestana, Lisboa. — Anatomia Humana Pathologica. Serrano (José António), Lente na Escola Medica. T. doFala- Só, 16, Lisboa. — Anatomia Humana. VI HISTOLOGIA Angelo da Fonseca (Dr.), Lente de Medicina na Universi- dade. Coimbra. — Histologia Humana. Athias (Marck), Preparador de Histologia e Physiologia na Escola Medica. R. de Santa Martha, 144, Lisboa. — Histologia Normal. Cardoso Pereira (Arthur). R. do Conselheiro Pedro Franco, 42, Lisboa. — Histologia Humana. França (Carlos). Real Instituto Bacteriológico Camará Pes- tana, Lisboa. — Histologia Humana, especialmente Systema Nervoso. Magalhães e Lemos (António de Souza). Hospital do Conde de Ferreira, Porto. — Systema Nervoso. Tavares (Padre Joaquim da Silva), Prof. no Collegio de S. Fiel. — Histologia Animal, principalmente Entomologica. Zimmermann (Padre Carlos). HalesPlace, Canterbury (Ingla- terra) . — Histologia Vegetal. NATURALISTAS PORTUGUEZES 3l5 VII OUTROS RAMOS DE HISTORIA NATURAL Bello de Moraes (Carlos), Lente de Physiologia especial na Escola Medica. R. de José Estevam, 3, 3.u, Lisboa. — Physiologia Humana. Bombarda (Miguel), Lente de Physiologia geral na Escola Me- dica. Edifício de Rilhafolles, Lisboa. — Physiologia geral. Ferraz de Macedo (Francisco). Calçada do Monte, i, Lis- boa. — Anlhropologia. Oliveira Soares (J. D.). R. Castilho, 28, 2.0, Lisboa. — Phy- siologia Humana. BIBLIOGRAPHIA ZO O I Ogi 8. ' excepto Entomologia) 1 [6. ¥). Carlos de Bragança. — Resultados das investigações seientifteas feitas a bordo do yacht «Amélia». — Pescas Marítimas. I — A pesca do atum 110 Algarve em 1898- (Avec um resume en français). (1 vol. in 4.0 grande, de 104 pag., três estampas e oito mappas. Lisboa, Imprensa Nacional). As campanhas scientificas, encetadas methodicamente por Sua Mages- tade a bordo do seu yacht «Amélia» e dirigidas ao estudo dos nossos mares, são interrompidas todos os annos, indo El-Rei estudar algum tempo (1) Para náo ahrgar demasiado esta secção, resolvemos dar só a bibliographia dos traba- lhos offerecidos cm duplicado á redacção e impressos a começar de igoo. Poremquanto restrin- gimos também a bibliographia a Sciencias Naturaes, Mathematicas, Physicas e Chimicas, ou a assumptos que tenham relação com estas matérias. Pelo que diz respeito a Portugal e colónias, o nosso desejo é inserir na Brotéria ao menos os títulos dos estudos relativos á nossa fauna e flora. Por isso tianscrevemos sempre das revis- tas portuguezas, que trocam com a Brotéria, os Índices que dizem respeito a estas matérias. Aproveitamos a occasiáo para agradecer aos Auctores a amabilidade da offerta dos seus trabalhos. 3l6 BROTÉRIA a costa do Algarve na occasião mais favorável, sobretudo relativamente á pesca do atum, que constitue uma das fontes de riqueza d'essa província. Começou Sua Magestade esse estudo especial em 1898, mas, por circum- stancias independentes de sua vontade, não pôde demorar-se senão poucos dias, e por isso distribuiu por todas as armações um typo de mappas em que se marcasse tudo o que dizia respeito ao que desejava estudar, sendo-lhe devolvidos pelos armadores, depois de os preencherem. A com- paração d'estes elementos e outros resultados, á face dos princípios que servem de lei na biologia marítima, forneceram a Sua Magestade certo numero de conclusões, deveras interessantes e que transcrevemos abaixo. No I capitulo descreve El-Rei as diversas espécies de atum que se encontram nos nossos mares, as quaes, para facilidade do estudo, vêm re- presentadas em três estampas. Depois do quadro para a determinação espe- cifica, em cada espécie trata dos caracteres exteriores, nome vulgar, ali- mentação, reproducção, extensão geographica e migrações. Estas são notáveis e sabe-se que os pescadores do Algarve apanham nas suas arma- ções o atum em duas épocas differentes, em maio e junho, quando elle vae gordo, antes da desova (atum de direito), e em julho e agosto, quando volta magro, depois da desova (atum de revej ou agostinho) No II capitulo tira El-Rei as seguintes conclusões, consequências da comparação dos resultados expostos nos mappas : /.a — Nas temporadas de pesca de atum, de direito e revelem i8g8,os peixes propriamente designados com o nome de «atuns e atuarros», «alba- córas», «bonitos, cachorretas e sarrajões», tiveram no mar do Algarve regi- mens completamente differentes. 2." — O apparecimento das principaes massas de atum de direito na costa do Algarve, em i8ooo réis. Em ultimo logar vêm as estampas e mappas a cores. 117. D. Carlos de Bragança. — Bulletin des Campagnes Scientiflques accomplies sur le yacht «Amélia». Vol. 1. — Rapport préliminaire sur les campagnes de 1896 à 1900. Fascicule I. — Introduction, campagne de 1896. (1 fase. in 8.° de 112 pag. com 6 est., Lisbonne, Imprimerie Nationale, 1902). Como o titulo indica, esta revista é destinada á publicação de notas e observações sobre as campanhas scientificas feitas debaixo da direcção de Sua Magestade El-Rei, a bordo do yacht «Amélia». Começaram ellas em 1896 e tèm-se continuado regularmente todos os annos em diversos pontos da nossa costa. 0 fascículo de que estou falando consta de duas partes — Introducção e campanha de i8g6. 1 — Introducção. — É dividida em varias partes, designadas pelas let- tras maiúsculas do alphabeto. A — Itinerários e Campanhas. Interessante descripção das regiões oceânicas exploradas desde 1896 a 1900. Logo na primeira campanha (desde a emboccadura do Tejo até ao Cabo de Espichel), foram feitas, em 57 estações diversas, 57 sondagens desde 26 a 1.200 m., 5o dragagens em fundos de 22 a 460 m., e 3 descidas dos covos e duas dos espinheis. B — Navios. Rápida descripção dos 3 yachts que suecessivamente foram empregados por Sua Magestade, e no ultimo dos quaes foi installado um laboratório. C — Apparelhos e Manobras. Nesta secção descrevem-se as machinas próprias para sondagem, dragas, engenhos de pesca (covos, espinheis, linhas, apparelhos, charões, etc). D — Methodos de conservação. E um capitulo de grande utilidade em que El-Rei expõe não só os methodos usuaes, empregados na conser- vação dos differentes animaes marinhos, mas ainda algumas modificações especiaes qne lhe deram óptimos resultados, inclusivamente para a con- servação das cores naturaes. Como prova da boa conservação dos exem- plares, acompanham o texto três phototypias de inexcedivel perfeição, que representam, nos frascos respectivos, um acalepho e dois alcyonarios, fixados pelo formol e conservados seja em álcool, seja em formol, seja ainda em formol com glvcerina. 3l8 BROTÉRIA II. — Campanha de 1896. N'esta parte primeiramente menciona Sua Magestade as 56 estações exploradas, enumerando em cada uma os resul- tados da dragagem (espécies recolhidas) e da sondagem (fundura, natureza do fundo, temperatura e densidade da agua, etc.) ; em seguida fala das pes- quizas de menos importância, observações feitas, acquisiçÕes e presentes de espécies interessantes que recebeu. O fascículo termina por um mappa que representa as pesquizas de Sua Magestade sobre as costas marítimas entre Aveiro e o cabo Espichel. 118. D. Carlos de Bragança. — Resultados das Investigações scientificas feitas a bordo do yacht «Ainelia». Ichthyologia. II — Esqualos obti- dos nas costas de Portugal durante as campanhas de 1896 a 1903. (in 4.0, 107 pag. e 2 estampas a cores, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904). Neste novo trabalho, em que o texto portuguez é acompanhado da traducção em francez, condensou El-Rei os resultados tão animadores das suas campanhas scientificas, concernentes aos esqualos dos mar espor- tuguezes. Depois da introducção em que descreve os processos practicos empregados, nas grandes profundidades, para a pesca dos esqualos, isto é, a linha e os espinheis, e em que divide os esqualos, conforme o ha- bibat, em costeiros e abyssaes, subdividindo os primeiros em sedentários e pelágicos, entra logo na enumeração minuciosa das espécies, indicando em cada uma a profundidade, logar, numero de exemplares colhidos, no- mes vulgares e outros dados que podem interessar. Das 3i espécies co- nhecidas como da fauna de nossos mares, encontrou El-Rei 29, ás quaes juntou mais três, uma nova para a sciencia (Odontaspis nasutus n. sp. Brag.), e duas novas para os nossos mares, de forma que o numero total dos esqualos portuguezes perfaz assim 3q. Das 29 espécies conhecidas pouco se sabia sobre a distribuição local e bathymetrica (profundidade). Esta distribuição foi fixada cuidadosamente e isto constitue uma das par- ticularidades mais interessantes d'este trabalho, a qual se pôde ver num quadro inserido na obra. São cinco as espécies que foram pescadas a uma profundidade superior a i.5oo m., chegando duas a ser colhidas a 2.000 m. Em appendice vem um quadro para a determinação especifica dos esqualos portuguezes, o qual ha de ser de muita utilidade. Numa estampa vê-se a explicação dos termos technicos e as diversas regiões do corpo dos esqualos. Das duas estampas a cores, representa a primeira o Odontaspis na- sutus n. sp., e a segunda, em tamanho natural, as duas espécies, tão pare- cidas, Eptomerus spinax L. e E.pusillus Lowe, cujos caracteres específicos El-Rei faz sobresair no texto, para a distineção ser fácil. BIBLIOGRAPHIA D l Q .119. D. Carlos de Bragança. — Catalogo illustrado das Aves de Portugal. (Sedentárias, de arribação e accidentaes). Fascículo I. (Lisboa, Im- prensa Nacional, 1002, in 4.0). Este primeiro fascículo comprehende 20 estampas a cores, em que são representadas outras tantas espécies, todas desenhadas do natural e com a habilidade e elegância que todos os entendidos reconhecem nos desenhos de Sua Magestade. A obra, que é de um luxo extraordinário, tem o texto em portuguez e francez, indicando-se em cada espécie os nomes vulgares (portuguezes, hespanhoes, francezes, inglezes e italianos), e outras observações úteis. 120. Bethencourt Ferreira (J.). — Sobre a distribuição das cobras do género Naia em África. (Extr. do Jornal de Sc. Math., Phys. e Nat., t. 6, n ° 23, 1901). Ha na Africa 6 espécies de cobra preta ou cuspideira, assim chamada pela propriedade que tem de expellir a saliva a certa distancia. Todas ellas são muito peçonhentas. O A., depois de apresentar, em tabeliã dichoto- mica, os caracteres que servem para a sua di-uincção, trata da distribuição geographica, costumes e propriedades. 121. Bethencourt Ferreira (J.j. — Sobre alguns exemplares pertencentes á fauna do norte de Angola (Reptis, Batrachios, Aves e Mammi- ferosj. (Extr. do Jornal de Sc. Math., Phys. e Nat., 2.-' serie, t. G, n.° 21, 1900). 122. Bocage (J. V. Barbosa du). — Contribution à la faune des quatre iles du (íolfe de Guinée. IV — lie de St. Thomé. (Extr. du Jornal de Sc. Math., Phys. e Nat., 2* serie, t. 7, n.° 26, 1904). D'esta lista vê-se que os mammiferos de S. Thomé são só 12 (um ma- caco, 5 chiropteros, um insectivoro e três roedores), as aves 64, os reptis 1 1, e os batracios 5. J. S. Tavares (S. Fiel). i23. Ci.iGNY (A.).~ Poissons des cotes d'Espagne et de Portngal; i.,e partie. Boulogne-sur-Mer, K)o3, 1 faseie, in 4.0 124. Delfin (Frederico T.). — Los Congrios dei Cbili. (Estr. de la Revista chilena, t. viu, p. 154-192). É este um estudo completo ou monographia do Genypterus chilensis Gthr. Nelle se lhe descrevem a habitação, alimento, reproducção, pesca, parasitas, etc. É um trabalho sobretudo practico e de grande importância local; pois, mais de dois terços dos pescadores chilenos se oceupam d'este peixe. A parte theorica e scientifiea está exposta no cap. v em que vêm as notas differenciaes entre o chilensis e blacodes Gthr. que devem ter em 320 BROTÉRIA conta os que tractem das espécies de Genypterus e não terão tanta facili- dade em os comparar como o A. i25. Delfin (Frederico T.). — Descripcion de un nuevo Traqninido chi- leno. (Est. de la Revista Chilena, t. 3." p. 117-120.) Como o titulo indica, é mais uma acquisição para a Ichthvologia do •Chili, a Notothenia Porteri n. sp., de que o A. dá uma descripção muito circumstanciada. 126. Giard (Alfred). — Sur un Protozoaire nouveíin de la famille des (íro- midae. (Extr. des Comptes Rend. des Séances de la Soe. de Biol., 1900). 127. O Insttfnto (Coimbra) (desde outubro 1903, a outubro 1904). Braga (Carlos de C). — Mimetismo (iqo3; n.us io, 11, 12; 1904; 1, 2). Barreiro (Abilio A. da S.). — Lei da Asymetria dos membros do homem (1904; n.os 3, 4, 5). Peres Rodrigues. — Malária e mosquitos (1904, n." 4). Machado (Álvaro R.). — Projecções orthogonaes do craneo (1904, n.° 6). 128. Jornal de Sciencias Mathematicas, Physicas e ííatnraes. (Lisboa). índice. N.° xxiv (maio, 1902). — Barboza du Bocage (J. V.): Aves e reptis do Cabo Verde, p. 206-210. — Seabra (A. F. de): Mammiferos de Madagáscar no Museu de Lisboa, p. 223-23o. — Bethencourt Ferreira (J.) : Lista dos reptis e batrachios da Guiné da collecção do sr. Newton (1900-1901), p. 23 1- 233- — Barboza du Bocage (J. V.) : Les Antílopes dAngola, p. 234-242; uma gravura no texto. N.° xxv (março, iqo3). — Barboza du Bocage (J. V.): Aves da ilha de S. Nicolau, archipelago do Cabo Verde, p. 1-2. — Barboza du Bocage (J. V.) : Aves do Golungo Alto e N'dalla-Tando, no sertão dAngola, p. 3-8. — Bethencourt Ferreira (J.) : Reptis de Angola da região norte do Quanza da collecção do sr. Pereira do Nascimento (1902), p. 9-16. — Bethencourt Ferreira (J.) : Reptis e amphibios de Madagáscar no Museu de Lisboa, p. 17-24. — Barboza du Bocage (J. V.): Cantribution à la faune des quatre iles du Golfde Guinée, pag. 25-5<|. — Seabra (A. F. de) : Mammiferos de Ca- zengo, p. 60-61. 129. Nobre (Augusto). — Academia Polytechnica do Porto — Museu de Zoologia (1902-1003, 1904). (Coimbra iqo3 e 1904). Finalmente começa o Museu do Porto a tomar desenvolvimento e importância que muito era de extranhar faltasse na segunda cidade do reino. Deve-se isto á incansável actividade do tão conhecido naturalista Augusto Nobre, coadjuvado por homens de boa vontade de varias partes BIBLIOGRAPHIA D2I do reino. Entre as espécies catalogadas devemos especialisar a Coronella cucculata; o Alytes cisternasi; o Hemidactylus twcicus e a Sphargis co- riacea; assim como o Accentor Collaris e Vipera berus var. presíer. i3o. Noronha (Adolpho de). — Aus deni Vogellebender Insel Porto Santo. (Separata do Ornithol. Jahrb., xiv, ): a identidade do ether com o fluido eléctrico e a unidade d'este ultimo, não são nenhuma coisa nova, como o auctor julga, e grande foi a minha sur- presa, quando na pagina 9 li: «A minha theoria funda-se pois, — em oppo- sição â que hoje reina — sobre a hypothese d'um único fluido eléctrico. (Meine Theorie stiijt sich daher — im Gegensat^ ^u der herrschenden — auf ein einyiges elektrisches Fluidum). O A. passa em revista os phenomenos eléctricos mais importantes e procura lhes uma explicação conforme com a sua theoria. A. Luisier (Innsbruck) 205. Júlio Gama (Director da Gaveta das Aldeias). — Alinanach das Al- deias. — 1904. E' um livrinho muito utii aos lavradores e gente de campo, pela quantidade de informações preciosas que proporciona sobre a agricul- tura. Está no 7.0 anno de publicação, e é collaborado por distinctos es- criptores, de reconhecida competência em assumptos agrícolas. Alem do calendário ordinário traz um calendário agrícola em que vêm succintamente enumerados os trabalhos de cada mez. Segue uma serie de artigos sobre a cal, succedaneos do espinafre, videiras americanas, plantação de estaca, pinheiros, etc, etc, concluindo tudo algumas receitas úteis para a de- struição dos ratos, limpeza das mãos e pelle, photographia de fructos. V. Cordeiro (S. Fiel) 206. Neves (Azevedo). — 0 Methodo de Finsen para o tratamento do Lúpus vulgar. (1 folh. in-8.° de 197 pag. ; Lisboa, Imprensa Nacional, 1904). É o relatório de uma viagem de estudo, que, sob proposta do enfer- meiro-mór do hospital nacional de S. José, foi ordenada pelo Ministro do Reino, em portaria de 23 de junho de 1903. O A., que é Director geral do Laboratório de Analyse Clinica d'aquelle hospital, dá conta n'este livro do que viu em Hamburgo, Berlim e Dresde, e, sobretudo, em Copenhague, onde o methodo é applicado sob as vistas do seu auctor. No prefacio, faz-nos travar conhecimento com Finsen, o sábio dina- marquez, fundador do methodo phototherapico, a quem o A. consagra phrases calorosas da mais viva e profunda admiração, pelo seu talento robustíssimo, pela sua vontade enérgica, tenaz e paciente, e ainda por uma qualidade moral hoje rara — o mais absoluto desinteresse. Ao serviço porém de espirito tão brilhante e sympathico, está um corpo débil e minado pela doença. Finsen é, na phrase do A., um asceta da sciencia. Das mãos de Finsen sahiu inteiro o methodo phototherapico, solida- 342 BROTÉRIA mente alicerçado nas suas bases scientificas. Graças a Finsen, é hoje pos- sível manusear a luz como novo instrumento de cura, com o mesmo rigor de precisão com que se manuseia o instrumento mais dócil. Possível, mas não fácil. De facto, o methodo de Finsen tem minúcias e delicadezas de technica, que é preciso conhecer muito bem e não as esquecer, na applicação a cada caso particular, pois só assim é possível obter os resultados brilhantes, consignados nas estatísticas do Instituto Finsen. Esses resultados fazem exclamar ao A. — uma das manifestações da tuberculose está vencida. Divide-se o livro em três secções. Na primeira expõe o A. as bases scientificas do methodo de Finsen; na segunda occupa-se do Instituto Finsen; na terceira diz o que sobre elle viu em Hamburgo, Berlim e Dresde. Na primeira parte, depois de uma breve referencia ás theorias, que pretendem penetrar a natureza da luz, como agente physico, mostra-nos como no espectro solar se distribuem as três espécies de radiações, lumi- nosas, caloríficas e chimicas, e como sobre ellas actuam substancias diver- sas, absorvendo umas e deixando passar outras. De posse d'este meio de analyse, mostra que é devido ás radiações chimicas do espectro e não ás caloríficas, como se tinha pensado, o vulgar erythema solar, e que a pigmentação também em parte, lhe é devida. Com- para, com este rubor, o emotivo e o devido á acção do calor e do frio, assentando as suas affirmações sobre numerosas experiências. Estuda a acção da luz sobre as plantas, provando a sua acção exci- tante (phenomenos de heliotropismo, etc), e a sua acção sobre os pheno- menos nutritivos, tanto nos vegetaes, como nos animaes. Nem as manifes- tações psychicas deixam de ser influenciadas por ella, como o demonstra a acção benéfica da luz vermelha sobre os lypemaniacos e a da azul sobre os maníacos. Demonstra que a acção da luz não fica limitada á superfície dos teci- dos, sendo porém as radiações chimicas que estes mais absorvem. Estas radiações podem penetrar a derme, se a epiderme não for muito espessa, se a pigmentação não fôr muito pronunciada, e se houver uma sufficiente ischemia. Dadas estas condições, as radiações chimicas irão alli produzir a sua acção phlogogenea e bactericida. Tanto uma como outra acção demon- stra-as o A. largamente em paginas successivas, em que os factos se accu- mulam por forma que fique bem fundamente radicada a convicção da reali- dade d'aquellas acções, as quaes dependem, na sua intensidade, não só dos factores já enunciados, mas ainda do grau de concentração da luz, do em- prego de lentes de quartzo, do estado recente das culturas, da temperatura e da sensibilisacão dos tecidos. BIBLIOGRAPHIA 343 Sobre estas bases inabaláveis, devidas a diversos experimentadores, mas sobre tudo a Finsen e a seus discípulos, estabeleceu este sábio o seu methodo phototherapico, para o tratamento principalmente do lúpus. Para a melhor e mais larga applicação do methodo, foi fundado o In- stituto Finsen, em Copenhague. Da descripção do actual Instituto, devido á liberalidade particular, au- xiliada pelo governo, pelos representantes da nação e pela família real, se occupa o A. iValgumas paginas. As despezasde sustentação (pessoal e outras) são cobertas por uma subvenção do parlamento e principalmente pelas mensalidades dos doentes, pois todos pagam, ou pelo seu bolso, ou pelo da communa a que perten- cem, se são pobres. O pessoal consta de uma administração superior, conselho admini- strativo, pessoal clinico e de laboratório, e pessoal menor. Clinico e de laboratório dissemos, porque ao lado das salas de clinica, onde os doentes são tratados, continuam as pesquizas de laboratório, pro- curando aperfeiçoar methodos e fazer novas conquistas, que possam apro- veitar aos doentes. Só recebe vencimentos o pessoal technico e o pessoal menor. Passa em seguida o A. a descrever o laboratório, os seus trabalhos, a sua instrumentação. Esses trabalhos, para cuja divulgação, ha uma publicação do Instituto, distinguem-se pelo máximo rigor do methodo e da technica, e para melhor attender ás necessidades de um e de outra, tem-se alli feito o invento de muitos instrumentos, que o A. descreve. E aqui seja-nos licito fazer um reparo : ao lado das descripçÕes dos differentes apparelhos, não se vê uma única gravura, o que prejudica nota- velmente o mérito d'este capitulo. Descreve-nos pois o actinoscopio e o photometro de Larsen, o thermostato de Bang, e mais adeante o photoktei- nometro também de Bang, que serve para diminuir as superfícies de re- fracção, manter a temperatura constante e permittir variar a intensidade da luz em graus determinados; e ainda um apparelho d'este auctor para a illuminacão gradual das culturas, a camará de Jansen para estudar a acção da luz filtrada atravez de qualquer tecido sobre culturas, um espectro- scopio de Bang e um apparelho para o emprego da luz concentrada. Com esta rica instrumentação comprehende-se que, na technica dos estudos de photobiologia, se possa attender ás maiores minúcias, e que os trabalhos possam revestir o maior rigor experimental. Em todas as experiências se attende sempre — á quantidade da luz, á sua qualidade, á temperatura, ao tempo da acção, á distancia do foco lumi- noso, e ainda se elimina a causa de erro proveniente da formação, nos caldos da cultura, de productos, que possam ter alguma acção sobre as ba- ctérias. 344 BROTÉRIA Compararam-se as diversas fontes luminosas, concluindo-se por adoptar o arco voltaico, e d'ahi o invento de uma serie de lâmpadas, que o A. descreve, assim como o seu funccionamenio, terminando por dizer-nos qual o critério que deve guiar-nos na escolha de uma lâmpada. Mas não bastavam ainda os apparelhos descriptos. Para a producção da ischemia era necessário um compressor, que o A. descreve, reservando-se para mais tarde nos descrever diversas variedades d'este instrumento. A leitura d'este capitulo põe-nos em relevo o rigor scientifico, com que no Instituto Finsen se procede nos estudos de photobiologia ; e na fi- xação do methodo e technica rigorosamente scientificos, está a gloria de Finsen e o segredo dos brilhantes resultados conseguidos. É claro que foi o estudo da cura do lúpus o principal fim em vista ; mas, além d'este, outros estudos se proseguem, como — acção da luz sobre os enzymas, sobre os tecidos do vestuário, sensibilisação de microorga- nismos, etc. Occupa-se em seguida o A. dos serviços clínicos. Assim como á frente do laboratório está collocado Finsen, á frente dos serviços clínicos está collocado o dr. Forchhammer, que tem para au- xilial-o um numeroso pessoal. Os doentes não são hospitalisados, mas nem por isso deixa o Instituto de exercer sobre elles assídua vigilância. O serviço da clinica divide-se em três secções — consulta, serviço de pensos e tratamento pela luz. Na consulta, acceita-se o doente, examinam-se os progressos da cura, registam-se as observações, executam-se os tratamentos das mucosas inac- cessiveis á acção da luz e marcam-se as regiões da pelle, que pela luz de- vem ser actuadas. Diz-nos o A. como alli se faz o tratamento do lúpus, quando tem a sua sede nas mucosas — nasal e conjunctiva, nos duetos lacrimaes, na larynge ; o penso prévio dos lúpus cobertos de crostas e hypertrophicos e o auxiliar do acne grave. Como se vê, nem só os luposos alli recebem tratamento. O serviço de pensos é auxiliar do phototherapico e tem installação e pessoal especiaes. O doente em tratamento, antes de ir para o serviço pho- totherapico, tem de passar por alli, e por alli torna a passar no fim da sessão da luz. Passa antes, para se lhe tirar o apposito e preparar a região em que a luz ha de actuar; passa no fim, para a collocação de novo apposito. O serviço phototherapico está exclusivamente confiado a senhoras. E foi bom que se escolhessem mãos de senhoras para a pratica de um methodo que exige tanta delicadeza, tanta paciência, tanta dedicação. Essa technica é descripta pelo A. minuciosamente, não só na sua applicação geral, mas ainda nas suas modificações, consoante a região que deve ser actuada. BIBLIOGRAPHIA 345 Seguem depois os dados estatísticos, com os quaes se demonstra bri- lhantemente a eíficacia do methodo. A estatística comprehende uma totalidade de 800 doentes, entrados no Instituto durante um período de seis annos (20-XI-1895 a 21-XI-1901). I — Curados 407 = 5i °/0 II — Quasi curados iq3 = 24 % III — Melhores 84 = 1 1 % IV — Não influenciados suficientemente ... 40 = 5 % V - Maus 71 = 9 % Os três primeiros grupos, em que a acção do methodo se mostrou efficaz, dão-nos uma percentagem de 86 % • Restam-nos 14 °/0, em que o methodo foi inefficaz (grupos IV e V). Mas o grupo V é formado por doentes que interromperam o tratamento por qualquer motivo. E no grupo IV, 14 doentes reagiram bem, mas sobre- vieram recidivas, devidas a affecções intensas nas mucosas; e 26 tinham arlecções muito intensas e profundas ; só 14, isto é, 2 °/0 tiveram resultado negativo. As estatísticas extranhas ao Instituto, a que o A. se refere, fazem-nos egualmente concluir pela excellencia do methodo. Termina o A. o que tinha a dizer-nos sobre o Instituto Finsen, com a nota bibliographica das suas publicações, em numero de 66. Segue depois uma breve referencia ao que viu, acerca do methodo de Finsen, en Berlim, Hamburgo e Dresde. D'alli podemos apurar uma con- clusão : onde se seguiam á risca os preceitos de Finsen, eram os resultados excellentes; onde taes preceitos se descuravam, eram os resultados medíocres. Termina o livro a nota das publicações, em numero de 2S6 a que o A. se refere no decurso do seu trabalho, o qual se lê sempre com um vivo interesse. D'esta leitura resulta-nos um intenso sentimento de admiração pela sommu de trabalhos realisados em photobiologia, e muito mais ainda pelo talento com que teem sido conduzidos; e a convicção do muito valor da phototherapia, que se affirma já brilhantemente na sua applicação ao tra- tamento do lúpus, e da qual muito teremos ainda que esperar no tratamento de outras doenças. Para que estas esperanças venham porém a ser uma realidade, bom é que as installaçóe; Finsen, segundo os moldes da de Copenhague, se espa- lhem por toda a parte. Oxalá que a projectada installação portugueza, junto do hospital de S. José, surja em breve tão perfeita, que nada deixe a dese- jar e que depois lhe possamos pqui registar, com louvor, os seus trabalhos. Dr. C. (Fundão) 346 BROTÉRIA 207. Pereira Coutinho (António Xavier). — Tratado elementar da cultura da Vinha (cepas europôas e cepas americanas, granjeios, doenças da Videira. (2.a edição, em harmonia com os progressos actuaes da Viticultura. Lisboa, 1904, in 8.°, 564 pp., 118 fig.). Este livro não precisa nem de recommendação, nem de encómio. O assumpto d'elle, o nome do auctor, a acceitação que teve a primeira edição, constituem a melhor das recommendações, o valor intrínseco, o seu mais subido elogio. Os Viticultores portuguezes têm nelle um tratado completo da cultura da vinha, onde estão cuidadosamente registados os resultados mais salientes das muitas observações que se têm feito tanto em Portugal como no extrangeiro, sobretudo nos últimos annos. Encontram-se neste livro as qualidades que tanto merecimento dão aos outros manuaes clássicos do mesmo autor e que se podem talvez resumir assim : uma exactidão scien- tifica inexcedivel e juntamente a arte de fi<~ar sempre singelo e pratico, ao alcance das intelligencias mais humildes. O livro do sr. Pereira Coutinho tem em particular o merecimento pouco commum de excitar ao estudo e á observação pessoal com chamar a attenção do leitor sobre uma infinidade de factos e particularidades, que têm por vezes consequências funestas, mas que, por parecerem pequenas, podem facilmente passar desaperce- bidas a olhos menos attentos. A obra abrange dez capítulos. O primeiro (pag. 7-43) contem noções elementares sobre a organisação morphologica e as funcçÕes physiolo- gicas de cada uma das partes da planta, o seu modo de vegetação, etc. — Vem em seguida (pag. 44-76) um capitulo muito instructivo sobre as varias espécies e formas selvagens da videira, as castas cultivadas portu- guezas, as differentes espécies americanas com as suas propriedades re- spectivas, os terrenos que exigem, os diversos hybndos para cavallos de enxertia e para productos directos, etc. No capitulo terceiro (pag. 77-97) o auctor examina as condições de clima e de exposição que cada uma das castas exige, as qualidades dos ter- renos e o modo de os melhorar. Os viveiros e as principaes operações que nelles se realisam, semen- teira, plantação de estaca, mergulhia e enxertia, formam a matéria do cap. iv (pag. 98-170). O auctor descreve por miúdo cada uma d'estas ope- rações, os seus processos, os instrumentos empregados, etc. No capitulo v (p. 171-225) o A. tracta do estabelecimento e plantação da vinha : escolha das videiras e do processo da formação da vinha, pre- paro da terra, vários modos, epocha e pratica das plantações, cuidados que estas exigem, plantações nas areias e nos terrenos submersíveis. O capitulo vi (p. 226-327) occupa-se do grangeio da vinha com os dois grupos de operações que este exige: i.°) os tratamentos directos da videira: poda em secco, empa, poda em verde; 2.n) os amanhos do solo: BIBLIOGRAPHIA 347 lavores da terra, adubação, regas; segue um paragrapho sobre a renovação das vinhas velhas ou cançadas, por meio da eameação e da enxertia. Os diversos modos de cultura : vinha alta e vinha baixa, systema Guyot, vinha cm cordões, vinha cm parreiras rasteiras — com as suas vantagens e inconvenientes próprios, — assim como a producção da uva de mesa e a industria da uva passada, são o assumpto do capitulo vu (p. 328-35 1). O capitulo viu tracta dos accidentes e dos desequilíbrios da vegetação e dos meios de lhes attenuar os effeitos. Os primeiros são causados pelos frios excessivos, a saraiva, os grandes calores, as chuvas e os ventos fortes; os segundos, muito mais frequentes depois da enxertia sobre as videiras americanas, são sobretudo : a chlorose, a sécca anormal das folhas mais velhas, a apoplexia, a vermelhidão, a thyllose, as paragens anormaes da vegetação, a irregularidade da rebentação e do desenvolvimento dos bagos, as verrugas. O A. indica cuidadosamente as causas certas ou prováveis d'estas moléstias, o modo de as tratar, etc. Emfim nos capítulos ix (p. SSi-qSi) e x (p. 452-548) o A. passa em revista os vários inimigos animaes e vegetaes da vinha (phylloxera, lagarta, caracoes, — oídio, mildio, black-rot, etc), o modo pratico de os conhecer, os melhores meios de os combater. Basta este rápido olhar para dar uma idéa da vastidão do assumpto. O sr. Pereira Coutinho tratou-o com a competência que todos lhe reco- nhecem. A. Luisier (Innsbruck) 208. Porter (Carlos E.). — Breves instrucciones para recoleccion de obje- ctos de Historia Natural. Destina-se este folheto sobretudo aos marinheiros Chilenos, que mais occasião têm para enriquecer os museus nacionaes, ao percorrerem as diversas regiões da terra. O incansável A. passa em revista a serie de todos os seres do globo, incluindo os vegetaes, os mineraes e até os fosseis Descreve os instrumentos mais em uso entre os colleccionadores. Expõe os meios de transporte, e modos de conservação, especialmente dos peixes, aves e mammiferos. Quanto á caça particulariza de modo especial a dos crustáceos e coleopteros. A ideia e sua execução é boa; é pena que sejam só «breves instrucciones». M. N. Martins (S. Fiel) 209. Santos Júnior (Augusto, Director clinico do estabelecimento hydro- logico do Gerez). — Caldas do Gerez: Aguas e Thermas. (Officinas do Commer cio do Porto, 1901). E' uma brochura elegantemente impressa, de 128 paginas, semeadas de lindíssimas vinhetas, na qual o A. se occupa da estancia hydrologica do Gerez, sob o ponto de vista therapeutico. Abre com uma noticia histórica, da qual se infere nada haver que nos dê a certeza de terem as virtudes destas aguas sido aproveitadas antes do 348 BROTÉRIA século XVII. Nessa epocha, foi em poças, abertas no chão, que os doentes as aproveitaram, por conselho do cirurgião Manuel Ferreira de Azevedo. Deveriam as curas ser maravilhosas, para que podessem mover D. João V. a interessar-se pelas caldas, mandando edificar o modesto estabe- lecimento balnear, que persistiu alli até ha bem pouco tempo, e que uma das vinhetas representa, assim como a capelia, que ainda hoje existe. A attestarem essas curas está ainda a inscripção latina «aegri surgunt sani», esculpida sobre a porta de um dos banhos, inscripção que a estancia gereziana adoptou, como lema da sua bandeira. O impulso para o resurgtmento do Gerez data do ultimo quartel do século XIX. Noticias, analyses das aguas, a cura da lithiase biliar do Dr. Gramaxo, clinico e professor portuense, a ulterior e minuciosa analyse de Souza Reis, o estudo clinico das aguas feitas pelo Dr. Ricardo Jorge e consecutivas publicações d'este professor, põem n'um tal relevo o valor d'ellas, que não tarda a formar-se a C.a das Caldas do Gerez, que, em 1899, abriu ao publico o novo edifício balnear. Descreve-nos o A. rapidamente a situação topographica da povoação das Caldas, ligada hoje a Braga por uma estrada; falla-nos das commodi- dades que pode alli encontrar o forasteiro, promettendo para breve a construcção de um hospital para tratamento gratuito dos pobres; não se esquece de indicar os melhores Jogares para passeios e excursões, e insere uma serie de mappas, onde se vêem as observações meteorológicas de maio a outubro, dos annos de 1895 a 1898. Passando a occupar-se das aguas thermaes, mostra-nos como foram cuidadosamente feitos os trabalhos de captação, indo procurá-las á sua emergência da rocha de granito porphyroide, onde brotam, subtrahindo-as assim a possíveis inquinaçóes. A característica chimica das aguas marca-se na designação seguinte — hyposalinas, bicarbonatadas-sodicas, silicatadas e fluoretadas. A sua tem- peratura vae de i8.° c. a 48. ° c. O A. combate a pretendida assimilação destas aguas com as de Cal- dellas, e descreve-nos o estabelecimento hydrologico. Seguem depois os capitulos mais interessantes para o medico — ■ aquelles, em que se occupa da acção das aguas e das suas applicações therapeuticas. No primeiro d'estes capitulos, que não pode deixar de ser mais do que uma synthese de observações numerosas sobre os doentes, que teem feito uso das aguas, começa o A. por affirmar a acção real do factor hy- drologico, demonstrado por esta simples observação: existência de certos effeitos em todos os doentes, que se submettem á acção das aguas ; não existência d'esses effeitos, se não fazem uso d'ella>. Esta acção das aguas, devida ás suas qualidades physico-chimicas, em conflicto com a cellula viva, tarde será que possa resumir-se numa formula simples e precisa. BIBLIOGRAPHIA 349 No estado actual da sciencia, o melhor que podemos fazer é, como acima dissemos, synthetisar os effeitos, revelados nas diversas observações. E' isso que faz o A., fallando-nos dos effeitos das applicaçóes externas e internas das aguas. Aquelles, afora a sensação de unctuosidade e limpeza, são uma tal ou qual exaltação da sensibilidade, e uma nova vida impressa ás cellulas da pelle, traduzida no desapparecimento de certas doenças cutâneas. Mas a acção não se limita á superfície ; vae até á profundeza dos tecidos peri- articulares e articulares e ainda das vísceras, como a observação clinica attesta. Os effeitos devidos ao uso interno das aguas, são muito mais largos e profundos. Começam a fazer-se sentir nas primeiras vias digestivas ; ac- centuam-se no estômago e intestinos, tornando-se verdadeiramente notá- veis sobre o fígado. Muito mais largos, porém, devemos reputá-los: «a obesidade, a gotta, as lithiases renaes, uricas e oxalicas, a diabete arthri- tica, e outras perturbações, que formam a serie braditrophica, encontram na cura gereziana medicação efficaz». Esforça-se depois o A. por determinar, no agente complexo hydrolo- gico, quaes os factores dos diversos effeitos observados, terminando por affirmar que «a energia da acção thermal é muito maior do que o fariam suppor a thermalidade e composição chimica especial. . .». Muito embora devamos attribuir, a este poderoso agente, uma acção muito sua, é claro que ella pôde ser ainda auxiliada por outros factores, como — o clima, mudança de meio, dieta appropriada. Todos estes facto- res da cura gereziana passa o A. em revista. O capitulo, em que se estudam as applicaçóes therapeuticas das aguas, sobreleva para nós em interesse. E' alli que se assentam as indica- ções e contra-indicaçÓes da cura gereziana; e a maneira por que o A. versa o assumpto mostra que está d'elle inteiramente seguro. Começa por affirmar-nos, e isso comprehende-se bem, que não con- stitue contra-indicação absoluta, ao tratamento gereziano, a fraqueza geral e até as doenças cardíacas. O que é preciso é determinar bem a causa de um e outros estados. Passando a analysar as indicações das aguas nas suas applicaçóes externas, assenta a sua indicação nitida em todas as manifestações do rheumatismo sub-agudo e chronico, quer articular, quer abarticular. São egualmente tributários d'estas aguas as formas chronicas da gotta, certas doenças do systema nervoso fneurasthenia, hysteria, nevralgias, myelites incipientes, paralysias e atrophias musculares de origem nevro- sica, ou peripherica, etc), e algumas doenças utero-ovaricas. As suas applicaçóes internas, começa por estudá-las nas doenças do fígado, onde, segundo o A., é mais accentuada a sua especialisação. Passando em revista os soffrimentos d'esta víscera, mostra quanto alli podem beneficiar— a simples atonia hepática, as congestões, não agudas, 35o BROTÊRIA do fígado, quer de origem gastro-intestinal, quer infecciosa, quer diathe- sica, as cirrhoses (com exclusão da de Hanot), as ictericias catarrhaes simples ou infecciosas, as colecistites, e a lithiase biliar. N'esta, é evidente, que o Gerez não pode dissolver os cálculos formados; contribue, sim, para a sua expulsão, e de certo deixnrá a víscera em melhores condições para evitar a formação de novos cálculos, o que constitue já um grande be- neficio. Refere-se ainda aos engorgitamentos do baço e aos prováveis bene- fícios colhidos pelo pâncreas. Nas doenças propriamente do tubo digestivo, menciona os estados espasmódicos do esophago e cárdia, as gastralgias de diversas origens, vómitos e certas perversões nervosas, e diversas espécies de dyspepsias, com suas consequências, como tratáveis por estas aguas, como egualmente o são alguns estados mórbidos do intestino. As enterites chronicas só deverão ser submettidas á acção das aguas, no período de acalmação. Experimentam alli também a acção benéfica das agu^s os doentes de lithiase renal, os albuminuricos por vicio de digestão hepática ou trophica, e os que soffrem doenças de nutrição filiadas no arthrilismo: obesidade, gotta, glycosuria. Mas estão contra-indicadas nas nephrites, nas lesões vesi- caes ou prostaticas e ainda quando haja hematúrias. Fecha o livro um pequeno capitulo, em que estabelece certas regras geraes, que o doente deve ter em vista, para tirar da acção das aguas o maior beneficio. E' este um livro que se lê com muito agrado e de que se colhe pro- veito, pois nelle se põe em relevo um instrumento de cura, cujo valor já não carece de demonstração, mas que não será ocioso continuar a estudar minuciosamente. Desejaríamos pois que outras publicações se seguissem a esta — os relatórios annuaes dos effeitos alli colhidos nos diversos doen- tes. Descrever-se-hia rigorosamente, ainda que de modo summario, o es- tado de cada doente, ao começar a cura; descrever-se-hia egualmente o seu estado á sahida, tendo o cuidado de indicar o modo por que as aguas foram usadas. Este modelo de relatório desejaríamos ver adoptado em to- das as estancias balneares, e julgamos que, sendo todos feitos com o mais rigoroso escrúpulo, nos elucidariam proveitosamente sobre as indicações e contra-indicações d'estes poderosos agentes de tratamento. Sobre esta base se poderia depois escrever um tratado de hydrologia medica, onde os clínicos poderiam encontrar mais do que vagos esclareci- mentos. Dr. C. (Fundão) 210. Santos (Fernando). — Subsídios para o estudo das aguas thermaes e potáveis do Gerez. (Dissertação inaugural apresentada á Escola Medico-Cirurgica do Porto, iqo3). O talentoso Auctor d'este opúsculo na primeira parte do seu trabalho BIBL10GRAPHIA 35 1 faz menção das differentes opiniões sobre a natureza chimica das aguas desde o seu descobrimento, opiniões que com razão classifica sem base scientifica até Rebello de Carvalho, que foi o primeiro que se serviu de reagentes. Em seguida, depois de ter mencionado varias analyses, que fizeram outros chimicos, apresenta a sua. O seu estudo comprehende duas partes. Primeira : Trabalho junto ás nascentes necessário para conhecer a natureza das aguas e desta forma dirigir o chimico na escolha das reacções, que deve effectuar. Segunda : Trabalho no laboratório. Em um quadro faz-nos o A. ver os reagentes empregados junto ás nascentes e os resulta- dos obtidos. Feito este primeiro estudo, segue-se o paciente e delicado trabalho do laboratório, que, como se deduz da sua descripção, o A. fez com rigor e proficiência de mestre. A conclusão, que depois de tão minu- ciosa analyse poude tirar é a seguinte : Aguas alcalinas, hj'po, meso e hyperthermaes, oligo- salinas, silicatadas, fluoretadas e carbonatadas sódi- cas, e levemente sulphydricas as nascentes — Forte, Contra-Forte e aguas Novas. Feita uma breve analyse bacteriológica das aguas, conclue que todas são muito puras. Por fim procede ao doseamento da silica e do lluor, por serem dois elementos que entram em proporção relativamente grande e offerecerem problemas dignos de ser estudados. Para o doseamento da silica abandona o methodo clássico, que levaria a resultados falsos por serem as aguas fluo-silicatadas; pois, segundo a equação — SiO- -f- 4 F1H = Fl'Si -f- 2 OH- — perder-se-ia parte da silica no estado de fluoreto de silício. Por isso prefere o methodo de Berzelius, que é exacto, embora um tanto complicado. Finalmente descreve os differentes methodos para o doseamento do flúor, que reputa pouco seguros, como poude concluir dos resultados que obteve em differentes ensaios. O A. remata o seu trabalho com um quadro da analyse chimica das aguas potáveis da povoação, se- guido da analyse bacteriológica de algumas, e conclue que todas pertencem á classe das muito puras ou pelo menos puras. M. Rebimbas (S. Fiel) 211. Tavares Proença (F. — Alumno da Faculdade de Direito). — Antigui- dades. I — Resultados das explorações feitas nos arredores de Cas- tello Branco em setembro e outubro de 1903. (Com 2 estampas. Coimbra, 19031. Interessante opúsculo em que o joven e esperançoso auctor dá uma breve resenha dos seus estudos archeologicos. Aproveitando o tempo das ferias, procedeu o A. a umas excavações nas proximidades da sua terra natal, encontrando n'ellas vários objectos do tempo dos romanos, signal de ter ahi existido uma colónia d'estes. Achou também outras antiguidades de que promette dar razão em publicações subsequentes, pois as julga anteriores á dominação romana. V. Cordeiro (S. Fiel) 352 BROTÉRIA REVISTAS SCIENTIFICAS QUE TROCAM COM A «BROTÉRIA» Allemanha Berliner Entomologische Zeitschrift Berlim Deutsche Entomologische Zeitschrift » Entomologische Litteraturblatter » Naturae Novitates » Zeitschrift ftir Oologie - » Bulletin de la Soe. cTHistoire Naturelle Colmar íris, Deutsche Entomologische Zeitschrift Dresde Verhandlungen des Vereins f. nat. Unterhaltung . . . Hamburgo Insekten Bõrse Leipzig Allgemeine Zeitschrift fiir Entomologie Neudamm Stettiner Entomologische Zeitung Stettin Austria-Hungria Annales Historico-naturales Musei Nation. Hungarici Budapest Rovartani Lapok • » Bulletin International de 1'Acad. des Sciences Cracóvia Berichte des Naturwis.-Medizinischen Vereines Innsbruck Annalen des K. K. Naturhistorischen Hofmuseum . . Vienna Verhandlungen der Zoolog-bot. Gesellschaft » Wiener Entomologische Zeitung » Bélgica Annales de la Soe. Entomologique de Belgique .... Bruxellas Bulletin de la Société Royale Linnéenne » Revue des Questions Scientifiques Lovaina Dinamarca Botanisk Tidsskrift Copenhague REVISTAS SCIENTÍFICAS QUE TROCAM COM A BROTÉRA 333 França Bulletin de la Soe. d'Ltudes Scientifiques Angers Actes de la Soe. Linnéenne Bordéus Bulletin de l'Acad. Internationale de Botanique ... Le Mans Anhales de la Faculte des Sciences- Marselha Bulletin de la Soe. de Sciences Nat. de 1'Ouest Nantes Miscellanea Eritomologica Narbonna Abeille ( L') Paris Bulletin du Muséum de 1 [istoire Naturélle » Bulletin Scientifique de la France et de la Belgique » Feuille des Jeunes Naturalistes » Travaux scientifiques de l'Université Rennes Hespanha Butlletí de la Institueió Catalana de Hist. Natural. . . Butlletí de la Institueió Catalana de Seienc. Natur. . Boletín de la Real Acad. de Ciências y Artes Memorias de la Real Acad. de Ciências y Artes .... Boletín mensual dei Obs. Astron.-Geodyn.-Meteorol. Memorias de la Soe. Espanola de Hist. Natural ..... Boletín de la Soe. Espanola de Hist. Natural . . . ,. . . Memorias de la Real Acad. de Ciências exactas, Fisic. y Nat Razon y Fé Boletín de la Soe. Aragonesa de Ciências Naturales Barcelona Granada Madrid Saragoça Hollanda Tijdsehrift over Plantenziekten Gent Archives du Musee Teyler Haarlem Inglaterra The Entomologist Londres The Journal of Conehology >•> 3 54 BROTÉRIA Itália Revista Goleotterologica Italiana Camerino Malpighia Génova Atti delia Soe. Italiana di Scienze Naturali Milão Bolletino delia Società di Naturalisti Nápoles Atti delia Soe. Toscana di Scienze Naturali Pisa Atti delia Soe. de Historia Natural Roma Bolletino delia Soe. Zoológica Italiana » Bolletino dei Laboratório ed Orto Botânico Sena Bolletino dei Naturalista » Revista Italiana di Scienze Naturali » Bolletino dei Musei de Zoologia ed Anat. comparata Turim Portugal, Archivo bibliographico da bibliotheca da Univ Coimbra Boletim da Sociedade Broteriana » Instituto (O) » Jornal de Sciencias Mathematicas e Astronómicas . . » Observações Meteorológicas e Magnéticas » Annaes do Club Naval Portuguez Lisboa Boletim da Ass. dos Conductores das Obras Public. » Boletim da R. Ass. Central da Agricultura Port » Boletim da R. Ass. dos Archit. Civis e Archeol. Port. » Boletim da Direcção Geral da Instrucção Publica. . . » Boletim da Sociedade de Geographia » CommunicaçÕes dos Trabalhos Geológicos de Port. . . » Jornal de Sciencias Mathem., Physicas e Naturaes . . » Medecina Contemporânea » Portugal em Africa » Revista Agronómica » Revista das Obras Publicas e Minas » Annaes de Sciencias Naturaes Porto Gazeta das Aldeias » Jornal Horticolo-Agricola » Medecina moderna » Porto medico » Portugália » Publicações do Gabinete da Academia Polytechnica » REVISTAS SCIENTI1 IÇAS QUE TROCAM COM A BROTÉRIA 355 Rússia Bulletin da la Soe. Impériale des Naturalistes Moscou Horae Societatis Entomologicae Rossicae S. Petkusburgo Suécia Entomologisk Tidskrift Stockholmo Suissa Verhandlungen dei- Naturfonschenden Gesellsehaít. . Bash.ea Mitteilungen d. Schw. Ent. Gesellschaft Schaffausen Societas Entomologica Zurich America Anales y Comunicaciones dei Museo Nacional Buenos Ayres Publications of the Field Columbian Museum Chicago Journal of the Cincinnati Society of Nat. History. . . Cincinnati Journal of Mycology Columbus The Canadian Entomologist London i Canada I Boletín dei Instituto Geológico México Parergones dei Instituto Geológico. » Memorias de la Sociedad «António Alzate» » Bulletin of the New York Botanical Garden Nova-York Boletim do Museu Paraense Pará Journal of Franklin Institute Philadelphia Proceedings of the Academy of Nat. Sciences » Missouri Botanical Garden S. Louis Revista do Museu Paulista S. Paulo Annual Report of the Entomolog. Society of Ontário Toronte Revista Chilena de Historia Natural Valparaiso Publicaciones dei Museo de Historia Natural » Publicações Scientificas do «Depart. of Agriculture» Washington Smithsonian Institution (Annual Report I » ÍNDICE Monographia das Orobanchaceas, por José cTAscensão Guimarães 5 Rerum naturalium in Lusitânia cultores — Félix António de Brito Capello 209 Elenchus operum Felicis de Brito Capello 221 Lepidopteros de S. Fiel, por C. Mendes de Azevedo 223 Revista de Bryologia (1903), por A. Luisier 254 Revista biennal de Lepidopterologia (1902 -1903), por C. Mendes d'Azevedo • 264 Fungos do Rio Grande do Sul, pelo Dr. J. Rick 276 Descripção de três Cecidomyias hespanholas novas, por J. S. Ta- vares 293 Descripção de duas Cecidomyas novas, por J. S. Tavares 298 Descripção de um Cynipide novo, por J. S. Tavares 3oi Arvores gigantescas da Beira, II — O castanheiro do Fundão, por J. S. Tavares 3o2 Necrologia — Dr. António Augusto da Costa Simões 304 Nomes e direcção dos Naturalistas Portuguezes 307 Bibliographia : 3 1 5 Revistas scientilicas que trocam com a Brotaria 352 NB. — Na pag. 3g foi omittida uma linha na composição, de sorte que o sentido ficou incompleto e falseado, devendo lèr-se assim ( linha 3o): ... a oosphera gameta feminino, que derivou da cellula mãe primitiva do endosperma, ou macrodiodo. Chegada de algumas aves de arribação a S. Fiel nos annos de 1903 e 1904 Andorinha ( Chelidon urbica L. ) Ave fria, abibe, abecuinha ( Vanellus vulgaris Bechst) ' Cavallo rinchão, peto real, peto verde (Geci- nus viridis, var. Sharpii Saund.) Cegonha ( Ciconia alba Willug'! Codorniz (Coturnix communis Bonnat) Cuco fCitculus canorus L.) Marreco, marrequinho, chapuz (Qiierquedula erecta I-.) Melheiroz, abelharuco, melharuço (Merops apiaster L.) . Noite-bó, cá-vae (Caprimulgus europceus L.) . . Papa-figo (Oriolus galbula L ) Pato real, adem (Anãs boscas L.) Pica-pau malhado (Picus medius L.) (3) Poupa fUpupa epops L.) Rola ( Turtur aw itus Rav) Rouxinol (Philomela luscinia L. ) Tordo musico (Turdus musicus L.) (4) i(jo;{ 5 fev. 5 março (1) fins de nov. 3 nov. 25 marco 12 abril fevereiro fevereiro 4 maio j maio 22 março 2 abril dezembro — 12 maio 12 abril 1 1 abril 12 maio (2) 18 abril 28 abril dezembro — — q abril 21 marco u marco 18 abril q abril 1 1 abril 2 abril i5 marco 1 1 abril 1ÍI04 (n Dia de neve. Em fevereiro já se vêem algumas em S. Fiel, mas os bandos não costu- mam chegar senão no principio de março. Partem na 2.a quinzena de setembro, raro na pri- meira metade de outubro. Juntam-se primeiro em bandos que se vão tornando cada vez mais densos e entretanto pousam nos beiraes e cornijas dos edifícios grandes, ou então nos fios do telegrapho em grande extensão. (2) Ja tinha sido ouvida por algumas pessoas do povo no principio de maio. (3) Ouvi-o em Castello Novo, quando andava martellando os carvalhos com o bico, para fazer sair as formigas e outros instetos de que se sustenta. (4) Este pas>aro chega em princípios de outubro e passa o inverno em Portugal. Ku porém nunca o vi >enão no principio da primavera. Ha alguns que se demoram até muito tarde, pois os tenho ouvido cantar em abril e meados de maio. «-SB»-* ENXAME DE EORMIGi^S Era 21 de junho d'este anno, pouco antes do pòr do sol, ao subir pela encosta do Gardunha, gosamos de um espectáculo muito para visto, contemplando nos ares um sem numero de uns como enxames, que se suecediam uns aos outros, todos em direcção certa e seguindo o mesmo caminho (da planície do Louriçal, por um pequeno valle da Gardunha, para o sitio da Cotovia). Cada enxame, com a forma de grandes rolos de incenso, devia compôr-se de milhares de indivíduos. Apanhamos alguns e vimos serem os machos e fêmeas de uma espécie de formiga (por nós não classificada ainda), que se elevavam aos ares. provavelmente para a fecun- dação, como fazem também as abelhas. >-<£$£— RETRATO DE F. BRITO CAPELLO Como o que vae neste fascículo, 800 réis a dúzia — LA BÉCA.RRE, rua Nova do Almada, 47, Lisboa. Publicação, assignatura e correspondentes tia BROTÈR1A .Cada volume annual da Brotéria consta de .4 fascículos, que são di- stribuídos regularmente, dois a dois, em abril e novembro. O fascículo compõe-se de 40 a 48 paginas, ao menos. Todos os volumes são, quanto possível, illustrados com estampas originaes. São nossos correspondentes Em Lisboa — o sr. Paulo Emílio Guedes, R. Nova do Almada, 47. No Porto — o sr. José M. Constantino Bastos, R. da Fabrica, 16. Em Braga — o Rev.mo sr. P. Manoel J. Martins Capella, Seminário Conciliar. Prevenimos os nossos estimáveis assignantes que preferirem pagar pelo correio, que lhes metteremos em conta para o futuro as despezas que com isso fizermos, isto é, mais 100 réis alem da assignatura. Pour Vêtranger: Abonnement 1 5 ir. = 1 2 mares = 12 sh. La correspondance doit ètre adressée à W. Junk, Berlin, AMT". 5, Alle- magne. Pour les échanges s\idresser à J. S. Tavares, S Fiel, Portugal. -^ssns^ \.r\ ÉDITEUR ET LIBRAIRIE ANCIENNE POUR LES SCIENCES NATURELLES $*#^ Ls plus grano magasin. Envoi de catalogues sur demande directe BER,lLI2Sr 3S3"_ W. 5 -^S-sesfr- I i *i\c/ jh:í i9íoia (O)j > . i;b 'llil OlDBÍI -fl J* 3bfl 1'Jluífib 'J* új .jPPK^ ' »b SJnsmBtediinfii ! j ESTAMPA I Corte do tubérculo e raizes da Orobanche foetida Poiret [(O.) Broteri Guim. var. (O.) xanthoporphyrea Guim.], para- sita da Scorpiurus subvillosa L. a — coifa. b — cylindro central da raiz em communicação com o dia- phragma lenhoso c do caule subterrâneo. d — casca hypertrophiada da raiz da Scorpiurus, envolvida pelos haustorios dissolventes e do parasita com a forma de den- tes de serra. /' — casca da raiz da Scorpiurus. g — cylindro central da Scorpiurus. Na raiz inferior não ha ligação vascular da estela h com o diaphragma c; mas na raiz superior onde se nota o contacto com uma radicula da hospedeira, já se ditferenciou essa ligação. Estas raizes ou emergências são manifestamente de forma- ção exogeniea. BROTERIA, VOL. III, 1904 AMPLIAÇÃO 18 ESTAMPA. I c n ■ - ■ ••• % - • - - Cliché photographico do Dr. Annibal Bettencourt — Rea! Instituto Bacteriológico de Lisboa. Phototypia de A. E. Amâncio Parasitismo da Orobanclie Broteri Guim. sobre a Scorphirus subvillosa L. ii A*iify ihm . ■ [>r . — -j ESTAMPA II Corte transversal das raizes da (Orobanclie) Broieri Guim. a — evlindro central com abundantes reservas de amido. b — casca com menos reservas, limitada interiormente pela endoderme de paredes engrossadas. c — tecidos em íielificacão. Õrobanchaceas ESTAMPA II AMPLIAÇÃO 25 Cliché photographico do Dr. Annibal Bettencourt— Real Instituto Bacteriológico de Lisboa. Phototypia de A. E. Amâncio Corte transversal de raízes da Orobanche Broterl Guim. ih 7/iifi fí-{:i Bub gfijn obibivib íjIv.\l'A r.\j \iin eb r\ 8Bi'i moa friydrriuJ f2BJonÍJ ihoJauíiri ú\j cb g • fj rnoj . .r;m .ylnauujjJíi: ESTAIVXJ?^ III Cortes na ligação do tubérculo da Orobanche Hederae Dubv com a raiz da Fatsia Japonica Dcne. et Planchon. FIG. 1 a — estela da raiz da Fatsia com formações secundarias. b — casca da raiz da Fatsia dividida nas duas zonas dis- tinctas, também com formações secundarias. c — tecidos hypertrophiados da casca da mesma raiz, em dissolução nas visinhanças dos haustorios. d — haustorios dissolventes do parasita, com as cellulas da camada limitante cheias de espesso protoplasma. e — tecidos do parasita. FIG. 2 a b q d — o mesmo que na figura antecedente. f — haustorios absorventes, formados por vasos escalari- formes. BROTÉRIA, VOL. Ill, U|<> \ ESTAMPA III FIG. 1 AMPLIAÇÃO 18 FIG. 2 Cliché photographico do L)r. Annibal Bettencourt Real Instituto Bacteriológico de Lisboa Rliototypia de A. E. Amâncio Parasitismo da Orobauche Ilederae Duby sobre a Fatsia Japunica Dcne. et Planchon I J.*l If.i \>MV ESTAMPA IV Corte da ligação do tubérculo da (Orobanche) Broteri Guim. com a raiz da Scorpiurus subvillosa L. a — cylindro central da raiz da hospedeira. b — casca da mesma, hypertfophiada em c. d — haustorios dissolventes com as cellulas exteriores cheias de espesso protoplasma. e — haustorios absorventes formados por vasos, e por tubos xrivosos em /*. g ligação dos haustorios absorventes com o diaphragma lenhoso. h — tecidos do parasita. BROTÉRIA, VOL. III, IQ04 ESTAMPA. IV ami'1.1 \( :ao 18 Cliché photographico do I)r. Annibal Bettencourt - Real Instituto Bacteriológico de Lisboa. Phototypia de A. I". Amâncio Parasitismo da Orobanclie Brotcri Guim. sobre a Scorpiurus subvillosa L. / /.«ri/: a rx i ■ ■ d • urrr/ri: ri ainsmtevjnsbiéíi í\\?a\ . /i a ii! gfiq j/ í).j crnu j- Dl83 UNp ESTAMPA "V Corte no tubérculo da Orobanche Rapwn Genistae Thuill., que envolve quasi por completo a raiz do Cvtisus albus Lk. a — tecidos da hospedeira, disseminados em b. c — haustorios dissolventes. d — haustorios absorventes formados por vasos pontuados ou reticulados. e — feixe liberino do Cytisus rodeado por uma trachea da Orobanche. f — tecidos do tubérculo da Orobanche. Os grãos de amido que se notam no parenchyraa do Cv- tisus são consideravelmente maiores do que os do parenchyma da Orobanche. Nesta preparação, bem como nas das estampas m e ív, nota-se uma tal attracçao exercida pelos tecidos do parasita sobre os vasos e ainda sobre os parenchymas da hospedeira que estes parece avançarem ao encontro dos primeiros. BROTERIA, VOL. III, 1904 ESTAMPA V AMPLIAÇÃO Cliché photographico do l>r. Annibal Bettencourt Real Instituto Bacteriológico de Lisboa. Phototypia de A. E. Amâncio Parasitismo da Orobanche Uapum Genistae Thuillier no Cytisus albus Link i / / M\r ' fsbi/Io/na siri ícjrni.rlf, abivlovn I ! Vi.) o I - .(I i:st^ltvijp^\. VI Tubérculo da Orobanche Rapam Genistae Thuillier sobre a raiz do C)-íi$us ai bus Lk. ( ) tubérculo não tem as raizes salientes como nas outras orobancas; mas apenas protuberâncias irregulares. A raiz da hospedeira está quasi completamente envolvida por tile. e apresenta, a jusante da insersao, um definhamento ou atrophia relativa, proveniente da deficiência de alimentação nessa parte da raiz. Do tubérculo brotam quatro hasteas. devendo, as da es- querda, desenvolver-se no anno seguinte. E notável o alargamento da raiz na parte média, envolvida pelo parasita. A casca do Crtisi/s extende-se mais de um cen- tímetro em todas as direcções sobre o tubérculo, como se pode ver na estampa. BROTÉRIA, VOL. III, 1904 ESTAMPA. VI Cliché photographico de .1. d;i Silva I COLLEGIO DE S. FIEL Phototypia de A. E. A.mancio Parasitismo da Orobanche Kapnm Gtenistae Thuillier sobre o Cytisus albus Link li / ^i\r j^^v&ii jnensjdi -vrb ;sl\t)j rnoj Bliubarn eb lohalza bítos — l ■ •; mi 3ÍI92C GmfO?3 3b 3J3 í;tn-J) ibam ab ESTAMPA VII Hastea da fOrobanche) Broteri Guim. F1G. I Corte na hastea subterrânea. a — zona exterior da medulla com cellulas esclerenchy- matosas. b — zona média da medulla com cellulas de paredes muito delgadas. c — zona interna lacunosa, formada de cellulas de paredes um pouco mais grossas. d — feixes libero-lenhosos de formação primaria, entremea- dos com outros de menores dimensões de formação secundaria. e — casca homogénea. f — corte de escama. FIG. 2 Corte na hastea aérea. , três zonas de medulla mais differenciada do que na b — ■ t hastea subterrânea. c — ' " — c o mesmo que na usura i. g — feixe a sair no primeiro entre-nó. h — feixe a sair no segundo entre-nó. BROTÉRIA, VOL. III, I904 FIG. I FIG. 2 ESTAMPA. VII AMPLIAÇÃO AMPLIAÇÃO M Cliché photographico do Dr. Annibal Bettencourt — Real Instituto Bacteriológico de Lisboa. Phototypia de A. E. Amâncio Cortes na hastea da Orobanche Broteri Guim. ih / j-. rn/:./. a^:i .£3 . i ESTAMPA "VIII Corte do tubérculo da (Orobanche) Broteri Guim., próximo do diaphragma lenhoso. a — medulla pouco differenciada. b — feixes libero lenhosos, dispostos era coroa. c — feixes libero-lenhosos disseminados. d — fragmentos do diaphragma lenhoso. e — casca. f — corte em raízes. q- — raízes com coifa. BROTÉRIA, VOL. III, 1904 ESTAMPA YIII AMPLIAÇÃO Br*» ■ «. _ •? -í • - 2 ■■ « "SC= $-Jpf% b m 1 ■, v Cliché photographico do Dr. Annibal Bettencourt— Real Instituto Bacteriológico de Lisboa. Phototypia de A. E. Amâncio Corte no tubérculo da Orobanche Broteri Guim. s i / *i \f v r^M - l ■ -im-.^- ib o - ESTAMPA IX Corte transverso no meio do ovário da (Orobanche) Broteri Guim. /*, d, a, c, b, e, g — carpello superior, completo, limitado pelos sulcos a e b, com um feixe libero vascular central c, e e os dois marginaes d e e, com duas placentas f e g que se soldam as placentas h e i dos carpellos visinhos; no mesophyl- lum d este carpello não se nota entre o feixe central e os marginaes nenhum elemento liberino ou lenhoso; as cellulas da epiderme exterior e interior destacam se com clareza; o parenchyma intermédio, bem como o das placentas, tem as cellulas carregadas de amido. /, /, b, k, n, l, m — segundo carpello; tem duas placentas i e ///, dois feixes marginaes j e /, e. em vez do fascículo cen- tral (que muitas vezes aborta por completo), vários elementos lenhosos k, disseminados. //, w, a, r, o, p, q — terceiro carpello s\ métrico com o se- gundo, mas onde o sulco em o é menos reintrante, ou foi des- locado para a parte inferior. 7, x, n, u, t — quarto carpello. em que a placenta em t abortou por completo; o fascículo ahi fundiu-sc com o fascículo marginal do carpello visinho, c o feixe central acha-se dissemi- nado em //, em elementos lenhosos. v, v, o, s, /quinto carpello semelhante e symetrico ao antecedente. BROTÉRIA, VOL. III, 1904 ESTAMPA IX AMPLIAÇÃO Cliché photographico do Dr. Annibal Bettencourt— Real Instituto Bacteriológico de Lisboa. Phototypia de A. E. Amâncio Corte no ovário da Orobanclie Broteri Guim. s / m 1/ at«:t IJp .«Ollsq-Il lyJ . ,l\ ■ . . - -y; i J p estampa :x: Corte transverso na base do ovário da (Orobanche) Broteri Guim., a altura dos nectarios. a, b e c — três nectarios distinctos, e d e e duas protube- râncias, que formam um verticillo de cinco saliências, alter- nando com os estames e com os carpellos. i — os dois fascículos marginaes anteriores dos carpellos quarto e quinto, que se vêem justapostos na estampa anterior, estão aqui afastados. /' — fascículo médio do primeiro carpello. g,j, — feixes libero-lenhosos provenientes da juneção dos fas- cículos marginaes do primeiro carpello, com os fascículos pos- teriores e também marginaes do segundo e terceiro carpellos. //, k, leixes libero-lenhosos provenientes da juneção dos fas- cículos anteriores e marginaes do segundo e terceiro carpellos respectivamente com os fascículos posteriores e marginaes do quarto e quinto carpellos. BROTÉRIA, VOL. III, I904 ESTAMPA X AMPLIAÇÃO 38 'N*. ••••;òft.. •;;■'• * < mm mm ,. ii V • ^ÇH^ l Cliché photographico do Dr. Moraes Sarmento — Real Instituto Bacteriológico de Lisboa. Phototypia de A. E. Amâncio Corte no ovário da Orobanche Broteri Guim. r acii/:atí T/iTtA^U .fniui) .ff! -ivib sb òi -maugniig oDnta jflUÍ j .iiLibi /ib . 1 Jifi í;bcil ;J-03frj'tqi; 'JU[; v .0! ESTAMPA XI (Orobanche) Broteri Guim. var. (O.) xanthoporphyrea Guim. FIG. i Aborto com a espiga dividida, e tendo no entre-nó da divi- são uma flor dupla, ampliada na fig. 3. Nesta flor distinguem- se as cinco lacinias do estigma, que correspondem a cinco carpellos alternos, dos dez que apresenta o ovário. FIG. 2 Exemplar normal. BROTERIA, VOL. Ill, HJO4 ESTAMPA XI FIG. 3 FIG. I Cliché photographico do Dr. Annibal Betten Real Instituto Bacteriológico de Lisboa Phototypia de A. E. Amâncio Orobanche Iíroteri Guim. var. (O.) xanthoporphyrea Guim. ii/ y-.c.f i:a i^:i miuí) l\\\uí . 6 .oiyrri .obi on jjbiyl |Q T/ViV iiWnrtO .f ESTAMPA XII Orobanche insólita Guim. FIG. I Planta colhida no Bussaco ('). FIG. 2 d — flor. e e k — gyneceu. /' — ciois estames soldados quasi até ao ápice. g — dois estames soldados quasi até ao meio. h — dois estames soldados até ao meio. i — estame isolado. / — flor pouco desenvolvida no vértice da espiga. / — parte do calvce (o dente maior está quebrado). m — bractea. (Orobanche j leptomera Guim. o l IG. 0 a — planta presa ao Ornithopus compressus L. b — partes do calyce. c — corolla. (1) Note-se que, tendo sido cortada a hastea ao meio para facilitar a exsiccaçao, a espiga não é tão frouxa na base como parece na photographia, porque, na parle coitada, foram separadas algumas flores (muito poucas). BROTERIA, VOL. III. 1 1 Ç)0 | FIG. 0 Cliché photographico de J. J;i Silva Tavares — COLLEGIO DE S. FIEL Miototypia de A. E. Amâncio Fig. i e 2, Orobanche insólita Guim.— Fig. 3 (Orobanche) Broteri Guim. var. (O.) íeptomera Guim. II 1 S / «I 1/ ath:i •uvA\ ( . Kill u lidfil A I I, / ./l l\\'jHLAn'|0 i^ta^h^a xiii Orobanche amethystea Tluiill. [5. \. (O.) Henriquesi Guim. IIG. 1. Planta em tamanho natural, parasita da Digitalis purpúrea L., colhida na Serra da Lou/ã. FIG. -1. a flor completa. b — lábio superior da corolla, inteiro. C — esta mes. Orobanche crenata Forsk. var. (O.) plataphvllã Guim. MC. D. a — gyneceu visto de frente, com estigma de cinco lobos. b — gyneceu com estigma quadrilobado. c — o mesmo visto de lado. d — gyneceu com estigma trilobado. c' gyneceu com estigma bilobado. BROTERIA, VOL. III, I904 ESTAMPA XIII Cliché photographico de J. da Silva Tavares- COLLEGIO DE S. FIEL Phototypia do A. E. Amâncio 1 e 2, (Orobatiche) Ilenriquesi Guim.— Fig. 3, Pistillos da Orobanche crenata Forskãll \ ar. (O.) plataphylla Guim. / 1 11/ y .th i i .•jrru.J ESTA^IPA XIV Orobanche mauretanica Beck. var. (O.) xeroxantha Guim. I IG. I. Planta era tamanho natural, colhida na estrada de Portimão a Lagos. FIG. 2. a, b, c, e d — flores completas um tanto ampliadas. e — corolla. f — bractea. g eh — partes do calyce. i — estame. / — gyneceu. BROTÉRIA, VOL. III, I904 ESTAMPA XIV Cliché photographico de J. da Silva Tavares — COLLEGIO DE S. FIEL Phototypia de A. E. Amâncio Orobanche uiauretaniea Beck var. (O.) xeroxantha Guim. 3 2044 103 224 408