4 fa TA, +” q Companhia de (Doçambique NA EXPOSIÇÃO DA SOCIEDADE DE GEOGRAPHIA DE LISBOA MEMORIA R ALGODÃO E BORRACHA l. DEC 201965 Cam o so 1032418 Em 12 de mio de 1905 foi a Companhia de Moçambique convidada pela Sociedade de Geographia de Lisboa a concorrer á exposição de sua iniciativa, que deve realisar-se em principios de 1006, limitada a quatro productos de agricultura colonial portugueza, o café, cacau, borracha e algodão, com o proposito «de mostrar praticamente as vantagens, pro- gressos e importancia destas valiosas culturas nas suas relações com as industrias derivadas». Não é um impulso meramente mercantil que leva a Comp. de Moç. a corresponder ao convite que lhe foi feito. Mais alto é o seu intento. Modestos, mas perseverantes obreiros da parcella do territorio por- tuguez que temos por missão administrar e valorisar, o appello com que nos honra a Sociedade de Geographia, traduz-se para nós no imprete- rivel dever de acceita lo. . E certo que vae n'elle tambem o nosso interesse; por isso nunca mais grato nos foi o cumprimento d'um dever, do que n'esta occasião, em que temos ensejo de cooperar com a Sociedade de Geographia no seu levantado e patriotico fim. A riqueza d'um paiz depende do trabalho collectivo. O certamen que vae realisar-se, dará conta do que tem sido esse trabalho nas nossas colonias. De indole essencialmente pratica, poderá fazer-se por elle a synthese das energias dispersas e avaliar, de golpe, o caminho que temos percorrido. Estamos seguros que a Sociedade de Geographia demonstrará, mais uma vez, que Portugal é um paiz progressivo e á altura da sua missão historica e civilisadora. A Comp. de Mocç. concorre á Exposição com varias amostras de borracha, algodão e café, da colheita de 1905 no territorio da sua con- cessão na Africa oriental. D'estes productos, só um d'elles, —a borracha, fazia parte d'uma industria e commercio regulares, anteriores a 1904, no territorio de Ma- nica e Sofala. O cacau, ainda alli não é explorado commercialmente. O café, muito pouco. Quanto ao algodão, resolveu a (Comp. de Moç. proceder technica e scientificamente ao seu cultivo, depois das experiencias de 1903 e 1904 (*) em áreas successivamente maiores cada anno, até uma exploração em grande escala, e envidar esforços para chamar a attenção do capital sobre o estabelecimento de vastas emprezas no seu territorio, o qual, na critica dos mais competentes, tanto nacionaes como estrangeiros, é, sob o ponto de vista do algodão, um paiz ideal, (**) Já em 1905 algumas importantes emprezas particulares alli se de- dicam a esta cultura, como o leitor que queira ter a amabilidade de acompanhar-nos terá occasião de notar no decorrer d'esta Memoria. Propomo-nos narrar singelamente os factos, e pôr de parte a theoria sempre que a experiencia directa nos não forneça elementos incontras- taveis. E" por isso que, não tendo ainda bastantes bases culturaes praticas (*) Os resultados geraes da cultura em maior escala de 1905 são, por emquanto, desconhecidos. (xx) Vide relatorio Arnold «Parte technica». no nosso territorio ácerca do cacau, só perfunctoriamente poderiamos re- ferir-nos a este producto, que, como tantos outros proprios da região tro pical está sendo estudado nos nossos Jardins d' Ensaio. (*) Os agricultores d'outras regiões, os da Africa occidental, sobretudo por certo tratarão do cacau com a proficiencia que nós não possuimos, Quanto á mais rica das rubiaceas, o café, (x) damos ainda a palavra, como o fizemos para o cacau, aos plantadores das nossas colonias que a cultivam em larga escala. Reservamos pois, o melhor da nossa investigação para a historia da borracha e do algodão no territorio de Manica e Sofala, e sentimos que os apertados limites de tempo de que dispomos nos não permittam colligir a copia de elementos administrativos, technicos e estatisticos (“**) necessa- rios a evidenciar a toda a luz as suas excepcionaes aptidões para a cultura em grande escala d'estes dois productos, que, só á sua parte, constituem a riqueza de varios paizes. (*) Vide «Parte technica». (4x) Nos dois Jartins d'Ensaio do territorio tem-se vindo procedendo a estudos technicos sobre diversas variedades de café. D'entre as variedades estudadas podem-se notar: Coffea Arabica e a sua var. C. Bourbon; C. Sténophulla (indigena da Serra Leôa ing.); C Libéria; C. Rio Nuíiez; C. Maragogype. Os resultados, confirmados de anno para anno, são superiores. É fóra de duvida que as altitudes em que se encontram Mundigos, Chimoio, parte dos districtos de Manica, Mossurise, contrafortes da serra da Gorongozua, convéem ao café Arabica. e particularmente ao C. Stenophylla. O C. Libéria convém melhor ás alti- tudes decrescentes até à planicie, bem como aos terrenos que bordam o valle do Save e os principaes rios, até quasi ao mar. Ha varias plantações de café no territorio, algumas já importantes nos dominios de varios concessionarios e companhias concessionarias, (C. do Busi, do Moribane, etc. A mais vasta plantação existe na farm «Maruma» em Mossurise, pertencente ao inglez Dierkinz. O café desta procedencia tem valor já conhecido no mercado, havendo obtido na exposição agricola de Umtali o 2.º premio. O café é expontaneo em varios pontos do territorio. Do café bravo do Govuro (Coffea Moçambicana), oriundo das mattas do sul, tem sido transplantados para o jar- dim de Mambone alguns centos de pés que se dão bellamente e resistem ás seccas. Na nossa exposição na Sociedade de Geographia figura uma amostra d'este café. (x**) A exportação da borracha por conta da Comp. para os mercados da Europa começou em 1903. Até esse anno, e desde 1892, toda ou quasi toda a borracha do ter- ritorio foi venuida em leilão na Beira Quanto ao algodão, industria incipiente, os seus elementos de estatistica com- mercial só começarão a ser apreciaveis a partir de 1906. Café bravo (Govuro) A historia da cultura do algodão no territorio da Comp. de Moç. é tão curta como brilhante. De ha muito se sabia que, em principio, um territorio situado na zona tropical devia convir a uma planta justamente chamada uma filha do sol. Mas a Comp. de Moç., tendo de montar peça a peça a complexa fabrica do seu organismo politico, administrativo, economico e financeiro, tendo de valorisar as suas minas, de dotar os seus portos, de rasgar es- tradas e vias ferreas, de attender, n'uma palavra, a todas as exigencias d'um estado nascente, e a bracos com a intensa crise da Africa do sul, reservava-se para em occasião opportuna fazer arrancar á terra a sua fortuna latente. Essa occasião chegou. A orientação moderna do conselho de administração da Comp. de Moc. tem sido o fomento agricola do seu territorio em bases que a breve trecho influam poderosamente na balança commercial economica e industrial. Já, os resultados do seu esforço começam a clarear no horisonte, nuncios do dia, em que ao entregar ao Estado o territorio que das suas mãos recebeu maninho, rôto e selvagem, brilhe sobre elle o sol da pros- peridade. Será longo ainda, por certo, o trabalho de estructura d'esse organismo. Os seus pontos de ossificação já estão, porém, lançados; são muitos. D'elles, só cabe agora referir-nos ao algodão e á borracha. na goi ab sqioD sb iai of oniogta ob iúilua uh ih | O asmedivid ce BROS pt obmulte ofiovimos Cous eolgisnina mo voip, sides sê otiLHtas doz ob seit nei ds Smututent sianle sou 6 viviod Bê BxSlqrnod 6 rasrj a np tenor, ab clipos cp pol ab (OUDandadt S doienonnsa coviipneiarabs pesnitor ou “zo TEgALA 9h q2inHce) eusa po tosol abs ANDI ZAHA Er lar) ge Rdrosie VETxo qu RRLOIS pinta, EM CISL NIE Ss + snet Pi ela ob EVLÁS elr “bu pesso Gago gbgpued. canada obrtad plo Sh ash apaniris Epi pp aliaraão “pia ea ap nvno eg Do o O a Mp gu obivasao nego jinah uh RR DR 2itg “ab sprsbarm abaRinsio ER q aa sua esiioiltesr uma et alostagn guie trel e aba gor «20. sóimonosa Istaismirado agi EA do soul lato E E Ra) VIZÊ padtnarço om Anothia s rilsomed quicira taa gb “cobiilnest no, Celso ent sup oietatriaa ty queen topar Gs Sup ta «Bib oh au =eerie aja ide sis anel sitiris Arrotia fia os é «tddi tpdpsds E PA ON «esbabo o OBTiNtuna ae ty ariirianatr a Sh: ofieá faso eos fog vbiire oproliago «BOlut fiz peoleana É Pra ntpTe vu gh ofiuzo, 17 EAV ETA E viiantrad ss oroBtouio bu te: i9fuy dog ado da a celta ALGODÃO Algodão em flór — Sea -IsLAND O algodão no territorio de Manica a Sofala Em 1901 e 1902 só havia alguns ensaios de cultura de algodão n'um que outro ponto do territorio. Em 1903 começou a cultura a alargar-se, e, d'então para cá, a esta- tistica revela mais de 600 hectares de plantações (*). Colhidos os primeiros dados geraes sobre a aptidão do territorio para o cultivo gossypino nas experiencias de 1903 1904, começou a Comp. de Mocç. a serie de estudos preliminares scientificamente orientados nos seus dois Jardins d' Ensaios — o de Mambone e o de Chimoio, creados por essa epoca, dos quaes fallaremos detidamente em outro logar (**). Após os estudos technicos escolheu-se para novo campo de expe- riencia, alguns hectares de terreno perto de Nova Fontesvilla, povoação sobre a linha de caminho de ferro, a cerca de 100 kilometros da Beira, Os resultados d'este novo ensaio demonstraram que o algodão pro- duzido em nada era inferior ao typo d'aquelle semeiado, e forneceram dados sobre o desenvolvimento e producção das plantações que levaram a Comp. de Mocç. a resolver, em principio, a cultura do algodão no seu territorio com um fim commercial. N'esta ordem de idéas foram votadas verbas especiaes no capitulo das «explorações directas», e ordenadas plantações, fazendo-as acompa- nhar das indicações administrativas e technicas necessarias, da «Inspec- ção geral de exploração», e auctorisação para compra de sementes, ma- terial, etc. Ao mesmo passo, o agronomo da Comp. occupava-se da esco: lha d'um local apropriado para uma plantação modelo em larga escala, início de futuras plantações em outras áreas do vesto territorio, e d'um ramo de commercio que tudo indica sêr não só de grande vantagem para a Comp. de Moç. como para o paiz. (*) Vide Mappa A. (**) Parte technica. O local escolhido é a Cherinda, na zona litoral de Chiloane. Tem a área aproveitavel de uns 600 hectares, parte da qual se acha plantada de coqueiros (*). Entretanto o restante d'esta área, reconhecida como propria para a cultura do algodão, está sendo aproveitada a esse effeito. O projecto de plantação gossypina em 1906 é, no minimo, 120 hectares. Na «Parte technica» descrevemos detidamente a Cherinda, o seu solo, o clima e os processos culturaes n'ella empregados, dirigidos por um agronomo inglez. Ser-nos-ia grata a divulgação do calculo de lucros a que procede- mos, baseando-nos em informações particulares sobre as plantações de 1905 e nos resultados colhidos nas experiencias dos annos anteriores (**). Esse calculo, applicado ás culturas actuaes, em que se inclue a maior plantação da Comp., a de Cherinda, traduz um lucro minimo de 20 “% apesar do anno ter sido muito desfavoravel ás plantações em consequen- cia d'uma secca excepcional. Não queremos, porém, servir-nos de calculos de probabilidades que, sem bases authenticas, são falliveis. E" certo que a Comp. de Moç. tem na Beira uma repartição technica á qual incumbe esses trabalhos de estatistica, mas como já dissemos em nota, não podem estar elaborados ao tempo da publicação d'esta Memoria. Trilhando só o caminho dos factos (***), somos forçados a prescindir com magua d'esses preciosos elementos de informação, que estamos aliás persuadidos hão de confirmar de novo, e brilhantemente, a excellencia do territorio para uma vasta cultura gossypina. Mas ainda que os primeiros resultados não possam vir a classificar-se de exito estrondoso, ou mesmo brilhante, admittindo ainda — pura hy- (*) Dentro de 3 ou 4 annos o palmar da Cherinda contará 100:000 coqueiros. (**) Foi pedido telegraphicamente á repartição technica da Beira o calculo do agro- nomo Alexander sobre a futura exploração commercial do algodão. No calculo a que procedemos entrámos com os seguintes elementos: — Percenta. gem sobre trabalhos agricolas iniciaes e custo de machinas e material; lavras; grada- ções; sementeira, custo de semente, desbaste, sacha e amontõôa, estimativa sobre producção e seu custo, descaroçamento, limpeza, embarque e direitos de caes, frete e seguro maritimo, direitos de importação, corretagem e armazenagem na Europa; sellos. (***) Em algumas zonas restrictas do territorio, como, por ex.: em Cheringoma, sa- pothese—que não attinjam a força normal productiva do territorio, não se traduzirão elles por modo algum para a Comp. de Moç. (nem devem tra- duzir-se para os particulares) na desistencia da sua larga empreza proje- ctada. São a cada passo, e em todo o mundo, os exemplos de outras em- prezas, que para conseguirem estabelecer em bases solidas e definitiva- mente as culturas que pretendem implantar, levam annos successivos de porfiados e nunca desmentidos esforços. Assim succedeu á cultura da borracha em Ceylam, e á cultura do al- godão no Egypto. O emprehendimento da Comp. de Moç. não se limita ás suas culturas proprias. Traçado o plano, n'elle se incluiu não só o exemplo a dar, que foi sempre o mais suggestivo e irreductivel dos argumentos, mas a prévia propaganda, e depois as facilidades administrativas e o auxilio prestado sob varias formas, a todos aquelles, C.º* ou particulares, que se pro- ponham bona fide iniciar no territorio a industria algodoeira. A idéa era fecunda e rapido fructificou. Em 1904 concessionarios e colonos, já estabelecidos ou não, no ter- ritorio, vibraram n'uma forte corrente de enthusiasmo como se aos seus olhos faiscassem os deslumbramentos d'um novo Eldorado. A Comp. de Moç. resolveu então adquirir um largo stock de semen- tes (6 tonelladas), para sua applicação propria e fornecimento a particu- lares e aos indigenas. bemos de boa fonte que a percentagem de algodão limpo na área plantada se eleva a cerca de 300 k. Uma pequena plantação d'um h., feita em Lacerdonia (circ. de Sena), um pouco à la diable, produziu 480 k. de algodão não descaroçado e 5 k. de algodão limpo. Em Chemba (circ. de Sena) nas mesmas condições app, a producção foi de 671 k. de algodão sujo e mais 2y k. limpo. E" ponto assente entre os tratadistas da especialidade que a producção de uma plantação de algodoeiro não deve ser inferior a 250 ou 260 k. por hectare. Mas os factos attestam que nas duas Americas, no Oran, etc., e ainda no Egypto a média da producção é muitas vezes inferior à que citámos, obtendo se apenas 200, 150, 100 k. (na India) por h., descendo em Demerara e n'alguns pontos abaixo de 40 k., quando os terrenos estão exgotados, quando a cultura e a colheita não obedecem, ás regras modernamente preconisadas, em annos ruins, ou pelo desenvolvimento de al- guns dos terriveis flagellos que atacam o algodoeiro, como, por ex., a lagarta (alexia xilina), e entre as cryptogamicas, a ferrugem. 14 Escolheu-se a variedade de algodão do Egypto, mit-afifi, que reune, na generalidade, todas as qualidades adaptaveis ás condições geologicas e climatericas do territorio. As sementes foram distribuidas em novembro de 1904, e acto con- tinuo lançadas ás terras previamente trabalhadas. Assim a cultura em 1905 ficou estabelecida nas regiões e aos conces- sionarios descriptos no mappa « A», n'uma área superior a 600 hectares. As terras cultivadas com o algodoeiro occupam ainda, na grande maioria, uma área muito inferior á das respectivas concessões, que já existiam anteriormente a 1904 e se destinavam 4 outras varias culturas. Especialmente para plantações de algodão foram feitas as seguintes concessões: CONCESSÕES POR ARRENDAMENTO Anno de 1904 TERRENOS DE 2.2 E 3.º CLASSE Circumscripções Superficie 5H 9 500m aa 8.513m? 2.000H 150H 2.166! — 11.013m2 Avultam n'estas concessões 150 h. para particulares na circumscri- pção de Neves Ferreira e 2:000 na do Govuro. Dos 150 h. só podémos discriminar os que constam do'mappa «A» no qual incluímos apenas os elementos estatisticos documentados. Sabemos, comtudo, que a cultura do algodão n'aquella zona se eleva a 250 h, D'entre os numerosos concessionarios, alguns dos quaes, (Gomes Ri- cardo, por ex.), enviam amostras de algodão á Exposição da Sociedade de Geographia, cabe-nos fazer menção especial dos seguintes, não só pela área cultivada, mas, sobretudo, pela pureza dos productos obtidos, pela somma de trabalho e capitaes empregados e pelo proposito de alargarem successivamente as suas plantações: Rhodesia Cotton Syndicate. Comp. Agricola do Moribane. Propriedade Maria Helena. Empreza Mac Callum. (*) Vide Regimen de concessões (Parte administrativa). 15 A Rhodesian Cotton Co., (concessionaria da C. de M. nos blocos da Beira Railway) plantou 3 rows de algodão na extensão de um terço de milha em Bomboo-Creek. Tem um especialista encarregado da direcção dos trabalhos. A producção vantajosa e a excellente qualidade do algodão cujas amostras foram analysadas em Londres, levam a Rhodesian Cotton a projectar para a estação das chuvas de 1905 (fim do anno) uma plantação de 2000 acres. A Comp. do Moribane, na sua concessão da costa sul do Govuro, a propriedade «Visconde de Carnaxide» tem cerca de 30 h. em cultura sob a direcção do gerente agricola Grandmaison. O dr. Augusto Soares possue, tambem no Govuro, a propriedade «Maria Helena», dirigida pelo africanista Sousa Monteiro. São dois enthusiastas pela cultura do algodão, tendo conseguido, só com pessoal indigena. ultimar os trabalhos de derruba de matagal fe chado, limpeza de terreno e sementeira em 5 mezes, n'uma extensão de proximamente 100 h. Empreza Mac Callum. — É concessionaria no Govuro de 5000 h. destinados na sua quasi totalidade a plantações do algodoeiro. Os 6o h. em cultura do anno corrente são apenas o inicio dos trabalhos d'esta vasta empreza. À proxima plantação abrange 500 h., já preparados e que só aguardam a época das chuvas. O concessionario William Mac-Callum representa um importante grupo de capitalistas de Johanesburgo e dispõe para applicação imme- diata á cultura do algodão de consideraveis capitaes. A exploração a que metteu hombros foi precedida do levantamento da planta das terras para as quaes fez seguir acto continuo machinas agricolas e grande numero de muares e jumentos para lavoira. Os trabalhos começaram em outubro de 1904 sob a direcção do profissional — Zurcher. Os terrenos quasi virgens, de matta espessa e arvores frondosas difficultaram ou impediram o uso das machinas agrico- las, tendo o trabalho de ser feito a braço. A Comp. de Moc. em nada interveiu n'este esforço, mas já no anno corrente, como é justo e tem praticado em casos similares, lhe pres- ta auxilio facilitando-lhe a mão d'obra indigena, As amostras enviadas á Sociedade de Geographia de procedencia Mac Calium revelam algodão de 1.º qualidade. Não podemos n'este rapido apercu, entrar em mais amplos porme- nores que, de resto, seriam fastidiosos. Julgamos ter dito o essencial para frizar bem que a iniciativa parti- cular secunda com ardor os esforços da Comp. de Moçambique. serra da cultura do algodão no territorio em 1905 (x) | | Regiões e concessionarios | Hectares Eb | Total Circumscripção da Beira : | VESES L so Sos Ads MAE DOD CE SALS SD ES So dB Da ao 30 AntoniordeiMello vm. srs ct er everest poetas E soares ça 12 Bolanes tesao DD aa A o oro RES AAA A Da o) PóidoROSAFIO Mercy site ro ate ho oi Vo ooo RE RAR NA A US SO cg 10 DIVERSOS So adora PSU DTD RP pp 10 62 Circumscripção do Govuro: Ra Dr. Soares (prop. Maria Helena)................ Sb BP iToio) Mac: Callumis as sro nele isopor ee ape RR RR O) C. do Moribane (prop. Visc. de Carnaxide)... .. ..... [RS SS Circumscripção de Neves Ferreira : (xx) | Euechiç a o pie ste porrpeiere SD sufejo jo jota dS E So = Cale Po e apo ISS CI | 7, | GirunduSi ds clio tettos. Potato berro te A Era ot ente 00) | SIÍVA Sa atos oere NS Drago OR o on NON MANN RA RD 15 | Antonio de Mello: «pele eiiofociro fo esvef ago do later sie foda 15 | RhodesiaiCotton:Syndicatel e. e fi eat e reler eiorojado 4 176 Circumscripção de Chimoio: Gomestda; Silvas. sente ISSA nie Cir de OPS 1272) AIG RICaARdO; cheers fes sdo ie POR ISS A AE ai EAR SA Sc 14 SIMOCS (GUGA reto o es CEGA PORNOS. CORDA GONE 3 Ja Correa ciastisa sto Rise TS IDEIA DO See oo bravo (e S li) TB DIR BDG LAS PaRS RICO PST AEDES AUS OA Doo UE AS | 3 ABNT E a e po SONS A SOCO 15 Oneiderate ras erafdE. Mto Sel CPO B E BOA O HR OA O 5 52 Circumscripção do Bugzi CESSNA C.: Colonial do Búzi ET DANI RAIO PS O saci OAB 26 (2) 26 Circumscripção do Mossurise: REA | | Caward;- prin des e SSISA O fis das Cáloro PRESIDE, NO TOS) Circumscripção de Sena: IR) | Caldo iEuahola sr reta areia tetos apoio tato RN teta TOR oe 100 (?)| 100 502 WallamaBhilip pio. efe ea past st atear Tape Ao EN Se (2) ).;-ByRapozoi, atlas criado e abitarsfjo tt ASS os | (2) JAM CunhafS Seite ot iorofotaoeto ro RESET Sotsfo Seta (2) Exploração directa da Companhia de Moçambique Em Chiloane (prop. da Cherinda)......... ci... 41 Em Neves Ferreira (Nova Fontesvilla)................ 20 Idem; (Cheringoma-Mazamba).'. . usos. no Sapia alo ds 6 EmiS name enero St paro o ore PR REED oval 3(2) Em Chimoio (Jardim d'Ensaio e Peq. pintas | sd! No: Goyuros(JardimedEnsaio) xi. 15 45! a fish offer rest] Ti |O Terras de regulos cultivadas, em varias circumscri-| pções, com semente distribuida pela Comp. de b MOS trair iegoratorereae sorria ALA GA DIAL os AT pat SANA 6o 136 Recapitulação Particulares cuisine asas area iate po fe OS VS REST ao | 502 CompihdeiMocambique 5 Ni a 76 Indigenas; ss cs ereisçoraa isto eae ros tontsoraa ao Pasta pe foR Pa 6o otalideihectarestemicultura; serifa Ee ore po poe SER 638 (*) A estimativa”é muito por differença. A estatistica rigorosa só póde completar-se em 1906. (**) N'esta circumscripção cultivaram-se cerca de 250 hectares. PARTE ADMINISTRATIVA Não d'obra indigena As industrias florescentes do territorio, como a do assucar, a das sementes oleaginosas, a da borracha, e, no caso especial que nos occupa agora, a industria nascente do algodão, levam-nos a fallar da prestação do trabalho indigena, do qual em grande parte dependem. A machina (*), que revolucionou o mundo, é uma potencial do traba- lho. E' o braço multiplice e quasi infatigavel, e algumas vezes o unico braço que suppre todos os outros no exercicio do seu fim; pode mesmo estabelecer-se como these geral que industria sem machina não consegue já, não diremos competir, mas sequer subsistir por si propria. Em todo o caso é rara a industria em que a mão d'obra não repre- senta um factor economico dos mais importantes; o preço do salario é o escolho em que sossobram muitas vezes ainda aquellas que, sob todas as outras condições, melhor estão armadas para a lucta. Na cultura do algodão, na colheita, teem os naturaes um papel ca- pital. A extracção da borracha depende exclusivamente do braço indigena. Não podemos pois deixar de referir, rapidamente, o ponto em que o pro- blema da mão d'obra se encontra no territorio da Comp. de Moç. A não ser a «lei dos prazos», (dec. de 18 nov. de 1890), a que se deve em grande parte o desenvolvimento agricola das duas margens do Zam- beze, não teem ainda infelizmente as nossas colonias uma lei reguladora do trabalho indigena. (x) Vide capitulo «Machinas». IS A imperiosa necessidade de provêr de remedio esta situação, levou o cons. Eduardo Villaça a promulgar o dec. com força de lei de g de nov. de 1899. Esse decreto foi, porém, mandado suspender pelo governo pouco de- pois da sua execução nas provincias vltramarinas. Subsiste pois a lacuna, o statu quo, que, como nas outras colonias, pesa com os seus graves inconvenientes no territorio da Companhia de Moçambique. Tem esta Companhia pendente da approvação do governo, um regu- lamento que, seguindo o trilho do decreto Villaça, o modifica n'alguns pontos em que a experiencia e o conhecimento das condições regionaes o exigem. Os fins visados por esse regulamento são os seguintes: 1.º «Fixar os naturaes no solo, incitando-os á creação de propriedades indigenas. 2.º Melhorar as condições da sua vida moral e social. 3.º Melhorar as condições da sua vida economica. 4.º Obter sem violencias e por fórma equitativa os braços precisos para o desenvolvimento da agricultura e da industria no territorio». Sobre este ultimo ponto, á medida que os emprehendimentos se ameudam, “que os capitaes acorrem, que as industrias se desenvolvem, vae-se vincando a necessidade de proporcionar-lhes o seu natural meio de expansão: — a mão d'obra. Accentuamos desde já, que, propriamente a Comp. de Moç., tem-n'a, e de sobejo, para as suas explorações actuaes. (x) (x) Este facto, cremos que unico nas nossas colonias, tem por causa a maneira porque os indigenas são tratados no territorio. E” sabida a reluctancia dos natu- raes d'Africa para o trabalho, ao qual procuram esquivar-se por todas as formas. Os processos habituaes para obter os braços, empregados pelos paizes colonisadores euro- peus no continente africano, são em geral, a repressão e a violencia. Assim praticam, por ex., os belgas, os francezes e allemães ; as grandes emprezas só ás vezes a peso d'oiro conseguem recrutar os indigenas de que carecem. Pois podemos afiançar, porque nos é garantido pelo ex-governador do territorio, o cons. Theophilo J. da Trindade, que em consequencia da orientação suasoria e branda, da forma imparcial por que se administra a justiça, e das condições de alimentação e re- lativo conforto proporcionadas aos indigenas, são elles proprios que actualmente se veem offerecer á Beira, pondo a Comp. de Moç. em condições excepcionaes, talvez unicas, repetimos, de mão d'obra barata e mais do que suficiente para as suas actuaes neces- sidades. 5; Portugal” foi sempre um paiz colonisador; duro na guerra, mas brando na paz, sabe assimilar os povos e perpetuar o seu prestigio. 19 Os seus concessionarios, comtudo, obteem-n'a com difficuldade. E a Comp. de Moç. está legalmente manietada, sem poder prestar- lhes toda a força, todo o auxilio de que as emprezas estabelecidas no ter- ritorio necessitam para verem rasgar-se-lhes os largos horisontes. Vae, porém, mudar tudo isto, A regulamentação do trabalho indi- gena tem de sêr em breve um facto. E quando, assedeiado por difficuldades d'esta ordem, e pela crise ge- ral sul-africana, o territorio se tem desenvolvido economicamente, d'uma maneira lenta, mas constante e progressiva, não é ousada critica, nem visão aguda, a que lhe vaticinar prospera vida. (x) O regimen de concessões Em 2 de julho de 1902, o illustre homem de sciencia, actual presi- dente da Sociedade de Geographia, e então ministro da marinha, cons. Ferreira do Amaral, referendeu o decreto que regula a concessão de terrenos por aforamento no territorio da Comp. de Moc., e occupação provisoria dos mesmos, Consta de 46 artigos esse codice, modificado posteriormente n'alguns dos seus artigos, por ordens do governo do territorio, usando das atri- buições que lhe confere o n.º 33 das bases para a sua administração, approvadas por dec. de 7 de maio do enno acima referido. Do regulamento vamos extractar a parte que interessa ao presente trabalho, por ser inutil reproduzil-o na integra. Art. 1.º Os terrenos aforaveis sob a jurisdicção da Companhia de Moçambique, são de tres classes: 1.2 Terrenos destinados a povoação. 2.º Terrenos incultos deshabitados e destinados á agricultura ou in- dustria. 3.º Terrenos incultos com o mesmo destino; mas habitados por povoa- ões indigenas. “O Ato TOY + Sóunico: Entende: se que os individuos ou companhias estrangeiras (que pretendam aforar terrenos) prescindem de quaesquer direitos que, como taes, tenham ou possam vir a ter e se submettem, (x) As tarifas do caminho de ferro, quasi prohibitivas, tambem muito contribuiram para suflocar a natural expansão economica do territorio. Esta questão já está, porém, em parte resolvida, não só a bem do seu futuro, mas do progresso de toda a provincia de Moçambique. em tudo o que diz respeito á concessão de terrenos, ás leis portuguêsas e aos regulamentos da Companhia. Dos terrenos de 2.º classe Art. 15.º Os terrenos de 2.2 classe poderão ser concedidos a qualquer individuo ou Comp., nacional ou estrangeira, com a restricção indicada no $ unico do art. 10.º Art. 16.º A área maxima d'esses terrenos sem solução de continui- dade que poderá ser concedida é de 2:000 hectares. Art. 20.º O governador decide a pretenção e fixa os encargos a que o terreno deverá ficar sujeito. Art. 21.º Feita a concessão, mandará o chefe da circumscripção dar posse do terreno, entregando o respectivo titulo quando o concessionario tenha depositado na repartição de fazenda da circumscripção, no prazo maximo de trez mezes, a quantia julgada necessaria para as despesas de medição e levantamento da planta do terreno pedido, bem como a im- portancia de fôro e mais encargos da concessão durante um anno. Não procedendo assim, entender-se-á que desiste da concessão. Árt. 23.º Nos titulos de concessão especificar-se- á que o concessio- nario fica obrigado a ter bona fide occupado e em exploração, pelo menos parcial, o terreno concedido, ao fim de dois annos, a contar da data da concessão, sob pena de sêr esta declarada nulla e sem effeito. A interru- pção da exploração por espaço de tempo superior a um anno produzirá egualmente a caducidade da concessão. cc ro caco nas. efe Skaneliaiievo fel per oia oyo, elifrol/a a, mliova jo ipo) Fá DIO OO O O O O DIO QUO DD O . Dos terrenos de 3.º ciasse Art, 24.º As concessões de terrenos de 3.º classe regulam-se pelas mes- mas regras que foram fixadas para os terrenos de 22 classe, tendo mais em attenção os seguintes artigos d'este regulamento, referentes ás relações entre o concessionario e os indigenas estabelecidos no mesmo terreno. Art. 25.º Nas concessões de terrenos de 3.º classe poder-se-ão ex- ceder os 2:000 hectares prescriptos no art. 16 do presente regulamento; de tantos hectares quantas as palhotas de indigenas que existam estabe- lecidas no terreno por occasião da concessão. el Art. 26.º... $ unico. No caso de preferir que as palhotas sejam remo- vidas, terá o concessionario, de pagar a cada indigena uma indemnisação pela remoção da sua palhota................ RN fone Nona Ro FRANS a eae ate fesahs Ordem n.º 1449 do governo do territorio, de 15-11-1899 «++ 1.º Às concessões de qualquer terreno de 2.º ou 3.º classe, conforme a classificação lo regulamento de 2 de julho de 1892, serão feitas por titulos de occupação provisoria validos apenas durante dois annos; 2.º Findos os dois annos, a contar da data da concessão, se o con- cessionario não tiver aproveitado bona fide o terreno, segundo o fim in- dicado no requerimento, será o mesmo terreno considerado vago, po- dendo a Companhia dispôr logo d'elle como entender, sem que o primitivo concessionario tenha direito a qualquer indemnisação ou substituição; 3.º Se o concessionario, dentro do prazo de dois annos, demonstrar que occupou bona fide o terreno, deverá ser-lhe passado immediata- mentertitulo/ definitivo. = ca ara eleitorais pus orais esco dE do Va araras Ts a As transcripções que acima ficam do regulamento de concessão de terrenos, dizem apenas respeito aos de 2.º e 3.2 classe que são os desti- nados a explorações agricolas, e por conseguinte os unicos de que temos de occupar-nos. Diremos comtudo incidentalmente qual a totalidade das concessões e fóros das 3 classes de terrenos ao fim de 1904, e que constam do se- guinte mappa: [PLA C]ASSC: susto remeroro TH 9TQTM2 | 53 6208546 [22 632 classe..... 157.961! 2.294m2 6.5118464 Total... .. 138038! 202"? | 601828010 | Fóro | 8.770m? 69980148 7.844H | 3.011m2 3858665 7.845H — 1.q781m? 1.0848713 22 Seria, talvez, interessante, fazer a discriminação minuciosa d'estes mappas, por nacionalidades, regiões, etc, mas a nossa marcha apres- sada, em linha recta, não nos permitte colher flôres na passagem. Até aqui apontámos o que se nos afigura essencial sobre concessões por aforamento no territorio, regimen que tem inconvenientes por vezes graves. Resta-nos fallar no regimen de Concessões por arrendamento Reconheceu-se praticamente que muitos dos pedidos de concessões visavam, não a um aproveitamento directo, mas á especulação. Assim, dos 138.000 h. concedidos, só uma parte, relativamente pequena, está em cultura. Para obviar a este mal, sem crear difficuldades aos proponentes de boa fé, poz-se ultimamente em pratica no territorio o seguinte systema: Nos talhões da Beira (1.º classe), reduziu-se o fôro para augmentar a entrada, que passa a sêr correspondente à remissão de um terço do fôro. Os das outras povoações são dados primeiro de arrendamento por um anno, e só convertidos em concessão definitiva se dentro d'esse pe- riodo o concessionario constroe uma casa, cuja planta seja previamente approvada. Quanto aos terrenos destinadas ás explorações agricolas (2.º e 3.8 classe), só são dadas directamente como concessões definitivas, parcellas de terreno inferiores a 50 h. Blocos de área superior dão-se de arrendamento por dois annos, por baixa renda. Findo esse prazo, é a concessão tornada definitiva, n'uma área qu'ntupla da que estiver aproveitada, com fôro regular mas muito supe- rior á renda. O resto do terreno fica livre. Assim consegue arredar-se, ou entravar-se a especulação, ao mesmo passo que, para os agricultores que teem propositos de trabalho” legi- timo, se torna um incentivo, reduzindo a um minimo «quasi estatístico» a despesa do terreno, durante o periodo em que os lucros são nullos ou escassos, e maiores as despesas de exploração com machinas, desbrava- mento e amanho das terras. A" sombra d'este systema, applaudido pelo publico do territorio, 25 foram arrendados mais de 7.845 h. de terreno em 1504, em grande parte destinados exclusivamente á cultura do algodão. (*) Uma tal iniciativa, logo no 1.º anno, comprova ainda que a Comp. de Moç. e os habitantes da sua colonia marcham unidos no emprehendi- mento d'uma vasta industria algodoeira. (*) Vide mappa A. Auxílio da Companhia aos cultivadores Os grandes concessionarios da Comp. de Moç. existentes no Go- vuro, que teem já em 1905, nas suas propriedades, uma área cultivada com algodão, variando entre 40 e 100 hectares, pouco ou nenhum auxilio necessitam e para estes a Comp. poderá mandar limpar e enfardar, ao preço do custo, a sua mercadoria, emquanto não tiverem montados os machinismos necessarios, (*) tratando os interessados do embarque e venda na Europa. A principal dificuldade para estes concessionarios é a mão d'obra; mas essa dificuldade procurará a Comp. remover-lh'a, como já dissemos. Com a applicação methodica e intelligente dos processos culturaes modernos, teem, julgamos poder assevera-lo, um lucro remunerador do seu capital, a não sêr que se deem annos excepcionalmente ruins. Qranto aos concessionarios de pequenos tratos de terreno, parcos recursos e pouco saber, é cedo ainda para fazer um prognostico seguro. Vejamos, comtudo, quaes as armas que a Comp. de Moc. lhes fa- culta para ficarem vencedores na lucta. O grupo de pequenos colonos que mais necessita do auxilio da Comp. compõe se de individuos de todas as raças incluindo os indigenas. Necessariamente a cultura por elles dirigida tem de deixar a desejar, sobretudo nos primeiros annos, e, por consequencia, os productos colhi- dos, não podendo soffrer uma nova escolha antes do embarque, hão-de ter uma certa depreciação no mercado. Foi proposito firme da Comp., que já em 1905 leva á pratica, favore- (=) Vide cap. Machinas. 25 cer por todos os meios ao seu alcance a industria algodocira, prestando auxilio aos pequenos cultivadores das trez formas seguintes: 1.º Fornecer-lhes, por intermedio das duas estações agricolas e re- partição technica, sementes, plantas, etc, e toda a sorte de instrucções e indicações praticas para os bons resultados das culturas que empre- henderem. 2.º Facultar-lhes as suas machinas de descaroçar e enfardar o al. godão, que poderão ser utilisadas por todos os plantadores cujos recur- sos não cheguem para a compra dos machinismos necessarios a este fim. 3.º Adiantar-lhes a quantia de 30 réis por cada kilo de algodão não descaroçado entregue na Beira nos armazens da Comp. Feita a venda e liquidadas as contas na Europa, a Comp. resti- tuir-lhes-á o saldo dos seus lotes, limitando-se a cobrar os varios desem- bolsos effectuados na transacção, sem desconto de nenhuma commissão ou percentagem. Cotação Se os elementos estatísticos de producção e venda, das estações com- petentes, unicos de fé em trabalhos d'esta ordem, nos escasseiam ainda, o mesmo não acontece com os que dizem respeito á qualidade do pro- ducto. Quem quizer seguir-nos n'esta nossa digressão até à Parte technica hade ter da sua leitura, estamos seguros, o convencimento de que o ter- ritorio de Manica e Sofala se presta maravilhosamente na sua quasi tota- lidade, a uma cultura vastissima e a uma abundante e remuneradora producção. Mas aqui convém desde já assignalar, com provas exhuberantes e indiscutiveis, que apesar da natural hesitação dos primeiros ensaios, apesar das culturas nem sempre serem dirigidas por profissionaes, e da colheita se fazer, tambem, por mãos inexperientes, causas estas da desvalorisação da mercadoria, todas as amostras desde 1903 para analyse na Europa, mantiveram inalteraveis as qualidadas dos typos originaes. (x) Esta e muitas razões de capital importancia, é que levaram os te- chnicos da Comp. a propôr, e a sua administração a abalançar-se no caminho da exploração commercial do algodão. E" sabida a tendencia que as variedades de qualidades seleccionadas teem de regressar á especie primitiva quando se acham em condições differentes ou peiores de solo, clima e cultura, n'uma palavra, de dege- nerar. Se umas vezes se desenvolvem regularmente, fructificam mal, ou quasi nada; outras vezes, se fructificam, o fio é mais curto, ou quebradiço ou baço, emfim, inferior. Plantas deslocadas do seu meio, cujos productos triumpham de ana- (x) Existe na séde da administração em Lisboa, uma planta de algodão colhido em 1905 em Mazamba (circumscripção de Neves Ferreira), de 4 metros de altura, toda co- berta de capsulas abertas de algodão. Esta planta longe de degenerar, reproduziu-se com as proprias sementes durante 3 annos successivos, desenvolvendo-se e fructificando como só raramente acontece nas zonas e terrenos privilegiados. lyses rigorosas, são, parece-nos, a prova pratica mais cabal das promessas theoricas d'um territorio. Damos em seguida as cotações que algumas das nossas remessas de algodão teem obtido nos mercados de Paris, Bruxellas, Hamburgo e Londres, e as informações recolhidas dos especialistas que examinaram as amostras. As differenças de valor explicam-se não pela desegualdade dos pro- ductos, mas pela extrema instabilidade d'esta mercadoria no mercado e principalmente pela baixa que soffreu de 1904 a esta parte. Bruxellas (Nov. e 1905) Apreciações obtidas por intermedio da « Société Coloniale Anversoise. » 1.º apreciação : La marchandise est de borne qualité et ressemble beaucoup à V'égyp- tienne. La valeur est de 1. fr. 5o le k. 2.2 apreciação (da Société Lausbergs.) La qualité est bonne et ressemble beaucoup à celle d' Egypte. 3.º apreciação : Nous considérons ce genre comme une qualité se vendant facilement grace à sa soie extrêmement fine, nerveuse, et longue. La valeur est de 1. fr. 5o le k., en prenant pour base la valeur actuelle du coton d' Amé- rique. Paris (Dez. de 1903) J'ai Pavantage de vous communiquer que votre coton vaut actuel- lement au Havre 85 fr. les 5o k. (*) Les cours sont élevés en ce moment, le coton de Louisianne «good middling» valant actuellement fr. 72 au Havre. (*) 306 réis ao par, por k. Votre coton est par conséquent supérieur, et en vous disant que le «good middling» n'est jamais descendu au dessous de fr. 51, vous pouvez en conclure, etc... Londres (*) Vendido à casa Thompson (março 1904) Valor bruto 372 réis 0 kilo » liquido 269 » » A venda foi á razão de 9 d. a lb. ing. (453 g.) Das amostras enviadas para Londres para analyse em set. de 1905 informam as casas Thompson e James Patrey: 1.º informação : The sample represents a cotton of very good useful character. The staple is of fair lenght and silkness. Value is properly cleaned 7 !/» to 8 d. per lb. 2.2 informação: The cotton is apparently grown from seed of a stapled description, such as Egyptian... The ripe fibre is good in colour, and the staple fairly even in lenght, and of remarquable strength. Value 7 !/a d. per Ib. Hamburgo Amostras analysadas em 1905 Informação de William Phillips and Co. «...O algodão do typo d'esta amostra poderá substituir muito van- tajosamente o algodão do Egypto de qualidade media. Para um lote importante encontra-se facilmente comprador a M 1.15 ou M. 1.25 por k.» (trad). (*) As amostras enviadas foram para se analysar a qualidade do producto; a venda foi eventual. Ao mercado inglez é completamente desnecessario enviar amostras previas, pois que todo o algodão é comprado em Liverpool nos leilões que teem logar na Bolsa, por intermedio dos corretores especiaes que tratam d'este negocio. Resumo da cotação: O kilo:—fr. 1.50; 1.70—M 1.15 A libra (453 gr):— 9 d; 7 !/a d. Minimo em réis, o kilo..... Papa do be 8 ca PS co NA RA 260 Maximo » » Di soa AUGE AR RD RAS 372 (Segundo as fluctuações do mercado). Vias de communicação A maior parte das plantações de algodão estabelecidas no territorio estão situadas perto do mar. As do interior communicam com os portos, ou por via ferrea (a li- nha que liga a Beira á Rhodesia), passando por Nova Fontesvilla e ser- vindo as plantações da circumscripção de Neves Ferreira, ou por via flu- vial, ou por estradas. O transporte, effectuado nos rios por almadias e nas estradas por carros de bois, sae por baixo preço. As plantações mais importantes, as de Chiloane e Govuro, ficam proximo do litoral ou dos rios; o servico de transporte é feito por lan- chas de vella. O custo de cada tonellada posta na Beira regula entre 1500 a 2000 TES: Tanto o porto da Beira, como o de Chiloane, e o de Bartholomeu Dias (no Govuro) são de facil accesso a grandes vapores. A Comp. de Moç. entrou em acordo com a «Empreza Nacional de Navegação» para o estabelecimento de carreiras regulares entre estes portos, tendo-se já effectuado algumas. As mercadorias carregadas directamente para a Europa podem re- duzir ao minimo as despesas de transporte. Machinas Actualmente possue a Comp. de Moc. para a industria do algodão as seguintes machinas e utensilios: 2 machinas de semear e accessorios (Fertilizer and Corn Machine). 2 machinas a vapor de descaroçar (Cotton Gins). 1 balança Fairbanks e accessorios. Us 1 machina de enfardar (prensa). Fardos. Saccaria. Cintos de ferro. Chapas de zinco. Puncções, etc. As machinas de debulhar ou limpar o algodão, com os seus res- pectivos accessorios e motor, estão montadas na Beira tendo começado já a funccionar. A sua producção é de 400 a 450 k. por dia, e por machina, de algodão limpo. A prensa tambem está installada na Beira, d'onde sairão directa- mente os fardos para a venda na Europa. O custo d'estas machinas e accessorios, compradas nas principaes casas de Inglaterra, orça por dois contos de réis. Para a producção calculada em 1905 é bastante o material existente. A" medida que as plantações e a producção augmentem, novos en- genhos irão sendo installados na Beira. Quanto aos grandes concessionarios, a Comp. do Buzi já tem machinismos para esta industria, bem como a empreza Mac-Callum. Os outros maiores concessionarios do Govuro — o dr. Soares, a Comp. do Moribane, etc., monta-los-ão em breve prazo se é que já os não possuem. Uma plantação d'algodão do Egypto (Bampoo-CrEEk) PARTE TECHNICA Levar-nos-ia muito mais longe do que comporta a indole deste tra- balho e o tempo de que dispomos, a analyse, in loco, dos processos cul- turaes seguidos na maioria das plantações do territorio da Comp. de Moc. Nem de todos temos exacta noticia, e seria um itinerario demorado e uma descripção nada amena por se repetir constantemente. De resto, se bem que algumas das plantações já occupem áreas d'uma certa importancia, a maioria restringe-se por ora a pequenas cul- turas que apenas servem de documentação ás faculdades productivas do territorio em pontos afastados. As plantações feitas por conta da Comp., e muitas d'aquellas que os pequenos concessionarios estabeleceram, foram oriantadas segundo as indicações geraes fornecidas pelos technicos da Comp., e iniciadas a par e passo com as dos agronomos, d'esta, ou dos seus grandes concessiona- rios. Vejamos no entanto d'uma maneira geral a sua situação por divisões territoriaes e as propriedades geraes das terras que foram cultivadas. Neves Ferreira. — As plantações d'esta circumscripção, situadas na zona media do territorio, (200 a 500 pés sobre o nivel do mar) acham-se esta- belecidas nas terras fortes a que os inglezes chamam black soil, faceis de trabalhar e pertencendo á serie calcareo -argilo-siliziosas com uma forte percentagem de humus. São terras de alluvião. Beira e proximidades. —(Zona baixa). Cultiva-se o algodão em sitios pri- mitivamente occupados por florestas, que foram desbravadas para se estabelecer a nova cultura. A natureza d'estes terrenos é exclusivamente alluvionaria; são em geral silico-argilosos, com uma camada de humus mais ou menos espessa, segundo as ondulações do terreno onde estão feitas as plantações, todas rodeiadas por languas que se transformam em larges lençoes d'agua durante a estação das chuvas. Chiloane e Govuro. — As culturas são estabelecidas perto do litoral. A maior parte dos terrenos pode classificar-se de silico-calcareos com uma percentagem de humus que vae augmentando á medida que se caminha para o interior, modificando-se então o terreno em silico-calcareo-argiloso. E” agora o momento de descrever a Propriedade da Cherinda, (em que já fallâmos incidentemente), pela qual a Comp. de Moç. iniciou a cultura technica do algodão, cultura que nos annos futuros será alli exercida em mais larga escala, Julgamos indispensavel essa des- cripção, senão completa, pelo menos de molde a pôr em relevo os cuida- dos que a administração da Companhia dedica ao estabelecimento em bases solidas da vasta empreza agricola projectada. A este fim, teremos ainda de referir-nos em capitulo especial aos seus Jardins d' Ensaio onde se teem realisado estudos aturados, não só ácerca do algodão, da borracha e do café, mas das principaes plantas tropicaes. A propriedade da Cherinda Varias razões levaram o agronomo Coulombier a escolher definitiva- mente o local da Cherinda para a plantação do algodoeiro em larga escala, depois de 2 annos de observação e experiencias nas regiões do Govuro e Chiloane. Esses estudos, porém, aliás interessantissimos, não veem a proposito aqui. A propriedade, ou herdade, escolhida, fica no continente de Chiloane, em frente da ilha de Chingune. Tem a fórma de peninsula alongada, banhada de um lado pelo mar, do outro pelo rio da Cherinda, navegavel para grandes lanchas e hiates, e ligada ao continente por um tracto de terreno baixo que as grandes marés alagam. A superficie aproveitavel da Cherinda é de 500 a 600 hectares, sus- ceptiveis de prolongamento a rumo O., para o outro lado da langua. O terreno é fresco, argiloso, com sub-solo calcareo á profundidade (a) Sal de 1 a 2 metros, em geral rico de humus. Apenas uma ou outra mancha está empobrecida pelas culturas indigenas. O clima é francamente maritimo, e a região muito povoada. A Cherinda tem, actualmente, bois e muares para os serviços agri- colas. Em breve será tambem applicada, como outros pontos do terri- torio (+), a uma grande creação de gado, que fornecerá o adubo de curral necessario ao algodão. Excellente materia prima, permitta-se-nos a expressão, vejamos os trabalhos a que, desde o seu inicio, foi sujeitada a Cherinda. O desbravamento do terreno começou em fins de julho de 1904, prolongando-se pelos mezes seguintes. Foi longo e arduo por o terreno ser muito arborisado (**). N'estes trabalhos preparatorios empregaram-se mais de 2:000 indigenas. Uma vez o terreno completamente limpo, praticou-se uma primeira lavra funda, e depois de passar-se a grade trez vezes á superficie do solo sobre a área a semeiar, abriram-se os regos da sementeira em cama lhões, sendo a distancia entre cada rego de 4 pés approximadamente. A plantação foi feita em linhas na direcção leste-oeste, a fim das plantas poderem receber regularmente o sol. Os trabalhos dirigiram-se de fórma a deixar ficar de um e outro lado do rego uma margem abaú- lada no eixo da qual foram arados regos mais pequenos onde se lançaram as sementes. Effectuou-se a sementeira com a Fertilizer and Corn Machine, en- (x) A Comp. possue manadas e rebanhos em alguns pontos do territorio. O com- mercio de gado, na circ. de Sena, é já importante. No gado da Cherinda serão incorporadas, em 1906, mais 118 cabeças. (+) Nos solos ferteis e poucas vezes arroteados, encontrou-se, diz o agronomo, trez especies de gramineas que são communs em todo o oriente. «A Imperata arundinacea, ou herva d'algodão (cotton grass), assim denominada por causa da haste lanuginosa que produz. As raizes d'esta planta numerosas e compri- das seguem juntas a mesma direcção ; são necessarios 3 annos de monda para se extir- parem de todo. E” sempre encontrada nos melhores terrenos. A Saccarum procerum ; outra herva damninha, destroe-se n'um anno. A Cyperens globosus; especie de raiz bulbosa de dificil extracção. genho que abre semeia e cobre o rego sem que haja necessidade de maiores trabalhos. A sementeira prolongou-se até fevereiro. (=) Passados 8 a 10 dias as plantas de algodão começaram a pungir e não tardaram a attingir a altura de 7 a 8 c. Procedeu-se logo ao desbaste deixando ficar apenas as plantas mais robustas, e tendo cuidado em que o espaço entre umas e outras não ex- cedesse 35 ago. Depois d'esta operação fizeram-se todos os amanhos de cultura (amontoa, sacha, etc.) necessarios para a manter em perfeito estado de limpeza, sem o que o algodoeiro não cresce nem produz satisfatoria: mente. O algodão dois mezes depois ae semeiado começou a dar flôres. A apparencia geral das plantações, n'esta época, era, no dizer do agronomo Alexander (**) «o melhor que se póde desejar». O mappa B, da pagina seguinte, resume os trabalhos de plantação do algodão na Cherinda, desde o seu inicio, bem como a área cultivada, e as despesas. (*) Terminou tarde, pelas razões apontadas, o que, a despeito de admiravel des- envolvimento de plantação deve ter prejudicado a sua producção. Nos annos seguintes coincidirá a sementeira com o inicio das chuvas, época reconhecida como a mais favo- ravel theorica e praticamente para o tcrritorio. (**) A cultura do algodão esgota os terrenos, quando lhes não são restituidos os despojos das plantas, e sobretudo, a farinha das sementes. D'antes assim se praticava. Hoje a semente é aproveitada para a extracção de oleo. As terras virgens (como grande parte da Cherinda) dispensam durante 2 ou 3 annos, o maximo, os adubos. Passado este periodo tornam se indispensaveis ; o adubo de cur- ral, na precentagem devida, é o melhor por ser completo. O solo de Cherinda, cuja analyse chimica está feita, exigirá a partir de 1907, um adubo cuja formula é a seguinte — Azote 3 º/,, potassa 3 1/, º/, acido phosphorico 8 º/,. (**) Alexander é um especialista inglez, com longa pratica da cultura gossypina na India; foi contractado pela Comp. de Moc., ao dar-se o fallecimentodo agronomo fran- cez Coulombier. B- cultura do algodão na Cherinda (*) E re rea Ee PREPARACÃO DO TERRENO SEMENTEIRA DO ALGCDÃO 5 == Cm eee Descripção Custo Total Descripção Custo Z Ea sm | Preparação de | Começo da se- terreno (junho | menteira em 17 a dezembro de| | de dezembro. 904). 5.5 9388546 : a E E tada AM D91 119968049 Por meio das ma- ds a à chinas de se-, mear (Fertilizer & Corn Machi- ne) 4 pés despaço entre as linhas. Sementeira feita entre as linhas com intervallos | de 15 pollega- | das. | Tempo gasto na | sementeira — 35 | | | 885 | 2568012 520 | 698342 | 1:1633903 Lavra, uma. Gradação, 3 vezes Sacha. Amôntoa. Colheita, etc. (**) dias. Custo pela ma- | Trabalho ma- Custo da semen- teira. | | Quantidade de semente empre- gada — k. 1.560. , Quantidade por hectare — k. 38. Desbaste de plan- tas (separação). | 161 N.º de plantas | por hectare — | | | 16.380. | Total das plantas na plantação — | 671 580. (*, O mappa é conforme aos elementos fornecidos pela repartição techniça do territorio. (**) Não ha ainda dados estatísticos china. 176 | 428000 nual. 85 | 11833 Total 538334 215460 Os jardins d'ensaio A agricultura é mais difficil de exercer nas colonias do que na Eu ropa, porque um grande numero dos elementos que influem na producção agricola são alli desconhecidos. As estações experimentaes tornam-se tão necessarias como os cami- nhos de ferro, as estradas e outras vias de penetração e communicação. A Inglaterra, a Hollanda, a Allemanha, e todos os paizes que sabem o que querem e para onde vão, teem jardins d'ensaio modelos nas suas possessões e d'elles tiram os mais fecundos resultados. Em Portugal ha dois. Modestos como são, já prestam serviços. Exis- tem no territorio de Manica e Sofala. x Reconhecidas pela Comp. de Moc., a bem seu e dos colonos do seu territorio, as vantagens dos jardins d'ensaio, mandou proceder pela repar- tição technica aos estudos previos necessarios para a escolha do terreno em duas zonas differentes—a zona media, e a zona baixa. Em meiados de 1904 foi creado o jardim de Chimoio, na zona media, ficando sob a direcção d'um encarregado technico. O outro, o jardim de Mambone, ficou estabelecido pelo agronomo Coulombier em abril de 1902. Só d'este ultimo nos occuparemos, por duas razões: 1.º, porque sendo mais antigo, são mais concludentes as experiencias effectuadas e os resul- tados colhidos. 2.º, porque a orientação que presidiu á creação do jardim de Chimoio, é fazer-lhe prestar na zona media identicos serviços gos do de Mambone, sobre o litoral. Vejamos em primeiro logar o alvo a que visam. (x) e Um jardim d'ensaio não é um jardim botanico. Não se destina, tam- bem, a exploração commercial. (**) O seu papel é differente. (*) Dos ensaios feitos sobre as variadas culturas só nos referimos, n'este logar, à do algodão. (**) A área do jardim de Chimoio é de 6 h.; a do de Mambone, 5 h. Compativeis com esta pequena área, e sem prejuizo dos estudos scientificos a que elles se destinam sobre grande numero de plantas, cuja ennumeração não vem a pêllo, deu-se n'um e n'outro jardim uma relativa extensão ás plantações do algodão. A ma- neira porque essas plantações se teem comportado em Chimoio é proximamente iden- tica áquella que mais adiante fica descripta pe o agronomo nas plantações de Mambone. 39 Arnold, (*) synthetisa-o em duas palavras : «A raison d'étre d'um estabelecimento experimental é a cultura scien- tifica durante um certo numero de estações de uma pequena porção de todos os productos existentes actualmente no territorio, ou que depois de scientificamente examinados possam ser adaptados ás suas condições cli- matericas e geologicas. Cada cultura pede uma observação technica de todos os dias, e o resultado d'essas observações compendiadas em relatorios mensaes, e, sobretudo, annuaes, forma um guia de grande valor que pode ser consul- tado com vantagem por todos os interessados em questões agricolas e mais especialmente pelos colonos que descjem emprehender a cultura commercial de qualquer producto». Tal é, com efleito, o verdadeiro fim de uma estação experimental scientifico-agricola, e a elle se propõe a de Chimoio e a de Mambone, além do auxilio que cada uma, na respectiva região, presta ao publico, fornecendo-lhe instrucções, sementes seleccionadas, plantas, etc. O jardim de Mambone O jardim ou granja deste nome fica situado na circumscripção do Govuro perto de Mambone, n'um local de nome Genga a alguns kilo- metros da foz do rio Save. Varias razões determinaram o agronomo Coulombier a dar preferencia a este local: a importancia da população indiana e européa, as installa- ções que já existiam em Mambone, a distancia à Beira mais curta que de qualquer outro ponto da circumscripção, o accesso facil, a abundancia da mão dobra, a natureza do solo, o clima, etc. O jardim ao abrigo dos ventos reinantes por uma forte palissada, é de 300 metros de comprido por 160 de largo, ou cinco hectares de super- ficie. Tem um systema perfeito de irrigação, varias installações, posto meteorologico, etc. A temperatura attinge a maior intensidade em janeiro e a minima em julho; a maxima á sombra quasi nunca excede 33º ou 34º c. e só raramente se eleva a 37º ou 38º. A maxima absoluta notada em Mambone (dez. de 1903) foi de 38º c., à sombra. Nos mezes mais frios, junho, julho e agosto, as mais baixas tempe- (*) A. J. Arno». Illustrado coronel do exercito inglez, inspector geral de explo- ração da Comp. de Moç. 40 raturas são em geral de 14º ou 15º c.; só accidentalmente descem a 10º ou 12º c. Poucas plantas tropicaes se resentem com a temperatura de 15º; a de 10º é mais escabrosa, mas, fugaz como é, não póde matar nenhuma d'ellas, á excepção da gutta-percha. Em outro logar ficam referencias ao regimen das chuvas, e quanto ás varias razões do clima, os ventos, o estado hygrometrico do ar, etc, assignalam-lhe as condições necessarias para o desenvolvimento de todas as plantas intertropicaes ; o clima só deixa um tanto a desejar para as que, como o cacau, são quasi que exclusivamente eguatoriaes. O solo do jardim é de terra franca contendo 25 a 35 o d'argila, 6o a 7o 9% de areia e 6 a 8 o de materias organicas. A permeabilidade d'este solo faz com que, conservando após as chu- vadas a necessaria humidade, não retenha um volume d'agua capaz de apo- drecer as raizes das plantas. A boa proporção de argila, e, sobretudo, o humus d'este solo, oppõem-se á evaporação brusca de agua e vae forne- cendo ás plantas a humidade de que carecem. A sua principal vantagem é a propriedade conservativa dos adubos, que, decompondo-se lentamente, estendem a sua acção por mais de dois annos. Os principios tornados soluveis, são represos no solo; a argila carrega-se de acido phosphorico ; e o acido humico forma com a potassa, a soda, o ammoniaco, etc., que entram na composição do terreno, os humatos que reteem os principios nutritivos das plantas. D'entre as experiencias technicas effectuadas no jardim de Mambone com differentes especies e variedades de algodão, vejamos aquellas, em maior escala, relativos ás variedades do Egypto — mit afifi e abassi. Damos a palavra ao agronomo : «Le sol a reçu deux béchages avant le semis; deux binages pen- dant le courant de la végétation et jusqu'a présent comme arrosage [eau des pluies seulement. Les cotonniers semés au début des pluies le 10 no- vembre ne recevront pas d'ailleurs d'autre arrosage, le sol étant assez frais pour les conduire jusqu'a la maturité des fruits. Il m'est facile à dé- duire des à present, et sans atcune contradiction possible, que le meil- leur moment pour le semis du coton au territoire est le début des pluies. S'il était possible de prévoir exatement ce début des pluies, semer 5 à 6 jours en avance n'en vaudrait que mieux. Voici exactement comment ce coton semé le 10 novembre s'est com- porté, et comment se comportera tout coton cultivé en grand à Che- rinda, et semé au début des pluies (je me rapporte à une année moyen- nement pluvieuse): a 4! Semées le 10 novembre les graines sont entrées immédiatement en germination et 10 jours plus tard les jeunes pousses se montraient à la surface du sol. Au début de décembre les jeunes plantes recevaient un binage et étaient en même temps éclaircies, c'est-a-dire que dans chaque paquet on n'est venu à laisser qu'une plante. Nous avons transplanté les pieds venus de l'éclaircissage, car nous savions que cette operation réus” sit três bien. (*) Au début de janvier les jeunes cotonniers hauts d'environ om,6o à om,70 étaient pincés dans le but de les rendre plus trappus et favoriser le développement d'une plus grande quantité de bourgeons et par la de fleurs. Quelques jours plus tard ils recevaient un autre binage et un but- tage, ce dernier dans le but d'offrir un point d'appui plus solide à la plante, donner plus de force à la partie souterraine et conserver plus de fraicheur au pied du cotonnier. Les premieres fleurs se montrerent au commencement de février mais la plus grande floraison eut lieu quinze jours plus tard ; elle se con- rinua jusqu'aux environs du 1 mars, époque a Vaquelle quelques pétales commençaient a tomber. Au 1 avril cette chute n'était pas encore termi- née mais les premiers fruits noues étaient déja gros comme une noix et ne tarderent pas a souvrir. Je suppose que la récolte commencera sous peu, sera la plus abondante dans les environs du 15 mai pour terminer en juin. Si du 15 juin nous regardons en arriêre, nous voyons que toutes les phases de la croissance, jusqu'a la fin de la cueillette, se sont accom- plies en temps propre: croissance rapide de novembre jusqu'a la fin de février, grace à la grande chaleur et à l'abondance des pluies; en mars a lieu la floraison qui se-fait lentement et dans de bonnes conditions ; les grandes pluies passées ne provoquent pas de coulure et la tempéra- ture plus basse ne pousse pas à Vaccroissement du feuillage; en avril le fruit se développe sous Pinfluence de quelques pluies et d'une douce température ; en mai il est múr et s'ouvre, les pluies sont terminées et la récolte s'opere dans de bonnes conditions. La plante a demandé 7 mois pour donner ses produits...» * As variedades do algodão ensaiadas no jardim de Mambone acham- se em condições geraes de clima, e procuradas de solo e cultura, proxi- mamente identicas ás plantações do litoral já feitas, e ás que venham ou possam vir a estabelecer-se a 25 ou 30 milhas da costa, do parallelo 22.º á Zambezia, n'uma superficie de centenas de leguas quadradas. (*) Methodo das Indias occidentaes. Dos ensaios 1905-1906, nada, é claro, podemos agora dizer. As sementes adquiridas pela Comp. de Moc. para esse effeito perten- cem ás variedades das mais cotadas do algodão americano. Na escolha das especies, vão continuar a experimentar-se as variedades de pellos compridos, como o algodão das ilhas Barbudas, muito cultivado na Georgia (Sea Island), na Florida, nas Carolinas, no Brazil, paizes de clima em geral similar ao do territorio. Pertencendo á mesma especie que o algodão do Egypto (Gossypium barbadense) tudo leva a crêr que os resultados colhidos com estas va- riedades americanas (*) não sejam menos brilhantes que os já obtidos com as mil-afift, abassi (**), pura e outras. (*) Além das culturas dos jardins d'ensaio, fazem-se e continuarão a fazer-se plantações com algodão da America em alguns pontos do territorio. A plantação, por ex., de Gomes da Silva, em Chimoio, composta unicamente de algodão americano, deve dar. segundo nos affirmam, uma producção notavel. (Vide ainda a este respeito as indicações ulteriores da Nota de pag 48 sobre a exhuberante producção n'esta parte do territorio), (**) A designação d'esta variedade de algodão barbadense introduzida na região do Nilo, provém do nome dos povos d'esta região, onde se cultiva em larga escala, nome conhecido de remotas eras. Já Camões os nota nos Lusiadas: «Os povos abassis de Christo amigos.» Referimo-nos em especial ás variedades mit-afifi e abassi, por serem aquellas com que em maior numero se fizeram em 1905 as plantações do territorio, grandes e pe- quenas. Plantação d'algodão americano em Bamboo-Creck 43 NOTA Tendo tratado até aqui constantemente do algodociro, não podemos deixar de to- car de leve na sua classificação e nos seus caracteres botanicos. O algodoeiro é uma Malvacea do genero Gossypium L.— Arbustos, plantas herba- ceas ou arboreas, teem todos espigão ou raiz mestra, folhas poly-lobadas pedunculadas bem como as flôres e fructos, que são axiaes. O fructo é um capulho, ou capsula 3-5 cellular, com valvulas de 5 a 10 sementes- A côr das sementes é variavel. Assim, no Sea-Island e Abassi são pretas. No Peterkin, são pretas umas e outras brancas. Nas variedades upland da America são, em geral, verdes. O typo Luisiania dá sementes acinzentadas. O algodão é constituido por filamentos mais ou menos compridos (2 a 7 c.) de cellulose pura, abrindo em forma de cabelleira sobre a capsula madura. À côr do algo- dão varia do branco lacteo, passando pelo cinzento, ao amarellado, segundo as varie- dades. Além dos fios compridos, outros se desenvolvem sobre as sementes de algumas especies de algodoeiros (G. herbaceum, G. hirsutum, etc), forrando-as d'uma camada es- pessa e curta de feltro loiro. N'outras especies (G. barbadense, G religiosum), o feltro não existe, e os filamen- tos despegam-se com facilidade das sementes. A pubescencia das sementes serve de base á classificação de Engler, em dois gru- pos, constituindo as especies : no) Gossypium barbadense » religiosum mio) G hirsutum a » herbaceum Alguns botanicos admittem só duas especies; Walpers admitte quarenta e cinco. Typos de algodoeiro na classificação Engler : Sea Island G. barbadense ) Egypto ! Florida ! ( Variedades do Peru G. rehgiosum | America meridional G. hirsutum EA ( Griffin norte americano | pia | Allen G. herbaceum — Algodões da India. Esta classificação deixa a desejar. Mais modernamente as variedades americanas cultivadas distinguem se pelos se- guintes caracteres: I—Porte da planta. II— Cumprimento dos fios. —III. Tempo de maturação. Long limb varieties | Sea Island | fios compridos | solos silicio- typos Petit Gulf | fiosmais curtos | sos e leve- mente ar- I— Porte da planta 4 King gilosos. Short limb varieties ) Gyra Climanmaãs typos | Grayson early prolific ritimo. Short Staple )2 a 2,5 c. Il — Comprimento dos fios ! Mean Staple | 2,5 a 3 c. Long Staple | 3 a 7,5 c. (Griffin, Sea Island) 44 As variedades do algodão tambem se dividem em temporãs, medias e tardias. O Sea-Island, por ex., é uma var. temporã. Esta consideração é d'uma grande importancia na cultura. | Var. avito temporãs ) DAREA NPos | King, etc. z | Bailey partem potao ari Caroline II — Tempo de maturação yP Zellner, etc Alg. norte-americano (Georgia, Florida, Carolinas, Griffin Texas, Upland), etc. Var. intermedias Drak cluster (reg. montanhosas) typos Texas Oak | Petit Gulf, etc. Var cerodias | pre (ernas dia hotão eba ecos Excelsior prolific YP Sea Island A dehiscencia da capsula serve tambem a distinguir as variedades. Em geral as capsulas abrem completamente no periodo da maturação. Em certas variedades porém (cluster) nunca se descerram de todo, e o algodão fica-lhes adherente a despeito das fortes ventanias. O futuro do territorio sob o ponto de vista do algodão Os archivos da Comp. de Mocç. estão repletos de notas, estudos e relatorios, referentes ao territorio da sua concessão, escriptos por func- cionarios seus, tanto nacionaes como estrangeiros. São fontes de consulta altamente interessantes, desde a simples im- pressão de viagem, ás methodicas e pensadas pequenas monographias de engenheiros, agronomos e outros especialistas, ácerca das regiões mi- neiras e agricolas. Dar-se uma vez a essa leitura, é ter a nitida convicção de que a Fortuna só aguarda energia e capitaes que a façam aflorar d'aquelle uberrimo solo. N'esta humilde pagina da nossa historia colonial, temos reservado para nós o gesto apagado de simples chronista, Temo-nos systematica- mente cingido a factos. Somos meridionaes: — não queremos passar por D. Quixote ou Tartarin. Mas doer-nos-ia suffocar no pó dos archivos o grito que outras boccas teem soltado. * Especialmente sobre algodão, de tudo que ha já escripto, limita- mo-nos á transcripção de algumas notas, ou paginas soltas de estudos de profissionaes estrangeiros. (1902 a 1905). Não comporta mais esta Memoria. « «Je ne doute pas que le climat de ce territoire convient le mieux au cotonnier. Aux Etats Unis on le cultive jusqu'au 37.º de latitude nord et au 40 sud la culture s'étend jusqu'au 30 ou 35*me paralléle. TI exige une assez grande quantité de pluie et si on peut Pirriguer il s'en trouvera bien; je pense cependant que dans la plupart des cas les eaux pluviales lu sufiront. «.. La température ne doit pas descendre au dessous de 14 a 15.º centigrades pendant tout le cours de la végétation. Ce fait ne se produit au Mozambique pendant le période de végétation (novembre-mai). Depuis le semis jusqu” au moment de la récolte cette plante demande de 13o à 150 jours; cela veut dire que le coton semé au début des pluies, aux environs du 15 novembre, arrive à maturité en mai alors que les pluies sont à peu prês terminées et que la chaleur est encore suffisante pour múrir le fruit du cotonnier. «.. Pour donner des bénefices cette culture vent être bien faite et quiconque s'y livre doit penser aux fumiers de ferme (x) et aux engrais chimiques. Dans les grands centres producteurs il est en effet reconnu qu'une dépense annuelle de 100 francs per hectare peut augmenter la récolte de 1250 gr. de coton brut. En Géorgie la culture du coton (Sea-Island) engage par année et par hectare environ 300 francs (avec application d'engrais chimiques) et le profit net par hectare est de 150 frances, souvent de 200 francs. Ici les dépenses sont un peu plus élevées à cause du prix de transport et le bénéfice se reduira à 125 ou 150 francs (**) ce qui n'est déja pas laid. -.. J'estime que le cotonnier est des plus précieux pour ce territoire; il ne demande pas un capital bien enorme. puisqu avec environ 30.000 francs on peut cultiver cent hectares. Il a "immense avantage de donner ses produits au bout de 5 à 6 mois. Les agriculteurs coloniaux sont généralement pressés de gagner de [argent et reculent souvent devant les cultures de longue attente. La culture du cotonnier répondra, je crois, à tous les désiderata des agriculteurs qui n'ont ni le temps ni les moyens d'attendre. (a) Coulombier . .««Jai rencontré beaucoup d'éssences végétales pleines de vitalité et qui cultivées seraient d'un grand rapport; entre autres la plus intéréssante à mon sens est certainement le cotonnier qui a fait la fortune du Texas de (*) Vide nota de pag. 36. (++) Vide nota de pag. 48. 47 la Louisianne et que en grande partie a contribué à faire celle de "E gypte. A mon avis cette culture doit être faite en grande dans la province de Chiloane jusque dans le Madanda...» (a) Paul Pacotte. * «.««Le cotonnier croit ici (na região do Moribane) à Pétat saurage, et atteint jusqu'a 3 metres de hauteur.» (*) (a) Paul Pacotte. «De Zibanga je me suis rendu à Cikata (prês du Sabi) altitude 7o metres, limite des circonscriptions de Chiloane et Mossurise... J'ai rencontré aussi dans cette route beaucoup de cotonniers magntifiques com- me croissance et dont le coton est três beau.» (a) Paul Pacotte. * -.cCe qui est certain c'est que le territoire possede de grandes su- perficies de terrain pouvant convenir au cotonnier: les rives du Zambêze, du Pungue, du Busi, du Save, du Govuro, Vintérieur de la circonscrip- tion du Govuro, de Chiloane, la plupart des terres élevées se rattachant aux grandes montagnes du territoire, etc.» (a) Coulombier. «O algodão analysado em Hamburgo por William Phillips & Co.; cultivado na circumscripção de Neves Ferreira, provém das sementes egypcias (mit-afifi) adquiridas pela Comp. de Moç. ha 3 annos e desde essa data até hoje reproduziu-se com as proprias sementes. A analyse de- monstra que a especie não degenerou e attesta a bôa qualidade do solo de Neves Ferreira. (**)» (a) 4. Smits. * -«.«Foi descoberta na plantação uma especie cruzada de algodoeiro que não pertence á variedade egypcia pura, e que parece adaptar-se (*) Não só no Moribane se encontra esta planta no estado selvagem. Cresce tam- bem sub-expontaneamente em differentes pontos do territorio, sendo muito vulgar e frequente em todo o districto de Manica do Govuro, em Chiloane, etc. E" uma planta arborescente, de desenvolvimento luxuriante, chegando a exceder 5 metros d'altura. Dá flores e algodão durante alguns mezes, de maio a agosto. O typo é — gossypium barbadense. () Parte do algodão plantado em 1904 em Neves Ferreira, no Govuro e outros pontos, produziu «sementes maiores» do que as originarias. 48 ainda melhor á Cherinda do que aquella. As sementes d'esta especie vie- ram misturadas com as mit-afifi, e as plantas estão aqui e alli dispersas na plantação. O algodão desta planta, se bem que levemente mais curto que o do Egypto, é comtudo mais fino e mais claro do que este. O algodão perten- cente a esta qualidade vae ser cuidadosamente colhido, e as sementes apartadas, a fim de se poder estabelecer uma cultura exclusivamente d'esta nova especie, a que o solo da Cherinda, mais do que qualquer outro, pa- rece convir.» (a) Alexander. Nota Os descobridores portuguêses encontraram algodão não só sub-expontaneo mas em cultura tanto na costa occidental como oriental d'Africa. O typo do algodão que se considera indigena do continente africano é o arboreum comquanto seja hoje alli muito raro. E' provavel que se deva aos arabes a introducção em Africa do algodão barba- dense, originario da America. Este algodão cresce expontaneamente nas regiões inter- tropicaes do continente negro, tendo sido encontrado pelos viajantes modernos, Kirk, Liwingstone, Capello, Serpa Pinto, em Loanda, Mossamedes, etc. no Zambeze e em Moçambique. A arte de tecer e fiar o algodão tambem é conhecida dos indigenas desde tempos muito antigos, na Africa occidental. Quanto á oriental, escreve Duarte Barbosa, em principios do seculo XVI: «Na mesma Cofala fazem agora nouamente grande soma dalgodam, e tecemno, de gve se fazem mvytos panos brangvos» (Cit. Conde de Ficalho). Temos pois provas irrefragaveis d'uma cultura e industria, mesmo no territorio da Comp. de Moç., tradicionaes, mas esquecidas, que se trata de fazer novamente acordar Um Vadanda fiando (MossurIsE) NOTA A Comp. de Moc. acaba de receber informações precisas de alguns pontos da zona media do seu territorio, ácerca da producção gossypina, que additamos aqui ás notas da pag. 12, 13 e 42, já impressas. Os numeros qne vão lêr-se são eloquentes. Significam uma producção mais que notavel, extraordinaria. Vejamos: No rel. da circ. de Néves Ferreira, referido a out. de 1905, lê-se que C. Puech se- meiou já tarde (março e abril) na sua concessão nas terras de Guengére na margem dir. do Pungué, oito h. cuja producção total se ignora ainda, e 3 h. em fev., que renderam 3 tonelladas de algodão não descaroçado. Fgual percentagem foi obtida em 4h. da prop. Girundusi, tambem na margem dir. do mesmo rio; quer dizer uma media de cêrca de 840 k. de algodão limpo por h., isto n'um anno de sécca. A producção em Bamboo-Kreek, na plantação de algodão americano do Syndicato inglez, n'uma área de 1 4 acres, ou 7o ares, foi ainda mais abundante. A colheita rendeu 1892 arrateis de algodão em capsulas, e como a variedade plan- tada produz 34 % app. de fibra pura, a colheita traduz-se por 367 Ibs o acre, ou 415 k. o hectare, isto é, 0 dobro, ou mais do dobro, das medias obtidas nos Estados-Unidos. A colheita do algodão do Egypto e Sea Island foi quasi egual. O que ha de mais curioso e notavel n'estes numeros, que revelam um solo de fertilidade espantosa, é que, segundo o rel. que temos presente, a producção seria muito maior se parte das capsulas, que amadureceram um pouco prematuramente, não tivessem apodrecido antes de abrir, e ainda porque, no começo da dehiscencia, grande numero d'ellas foram destruidas por uma tempestade. «Sem esse contratempo a colheita ter.se-ia approximado de 500 lbs. de algo- dão em rama por acre.» Em vista dos resultados obtidos, e para dar incremento á exploração, trata-se da constituição d'uma nova empreza com o capital de £ 60:000. Propõe-se tambem o Syndicato enviar para aquelle ponto do territorio, material completo para a lavoira a vapor, comprehendendo uma charrua, que, se chegar a tempo permittirá que em dezembro de 1906 estejam arroteados pelo menos 2000 acres de ter- reno. O agronomo, Stinson, avaliando a colheita em 300 Jbs. por acre e o preço de venda em Liverpool em 6 d. cada Ib., calcula que o lucro bruto d'essa plantação deve regular por £ 6. 8 sh. o acre, e que o lucro liquido, por egual superficie plantada, in- cluindo todas as despesas em Africa, em Inglaterra e os transportes, não será inferior a quatro libras esterlinas e dez shillings. O representante de Portugal no congresso algodoeiro realisado em Manchester a junho de 1905, o sr. Henrique Taveira, quiz gentilmente encarregar-se de apresentar um relatorio sobre a cultura do algodão no territorio de Manica e Sofala, expressamente es- cripto pelo coronel A. J. Arnold. Vamos traduzir trechos d'esse valioso documento, nas passagens em que se refere ás condições geographicas e climatericas do territorio e n'aquellas em que aborda os pontos essenciaes já tratados no decurso d'esta Memoria, Theoricamente, a situação geographica do territorio de Manica e Sofala é altamente adequada á cultura do algodão. Situado justamente a dentro da zona tropical, o territorio possue um clima que se caracterisa por es tações distinctas de calôr e chuva, que occorrem, nos mesmos periodos pode dizer-se, anno apoz anno. Às chuvas de janeiro a abril coincidem com os maiores calores; e o gráo de calor que se faz sentir logo que as chuvas cessam, ainda é o bastante para o maximo desenvolvimento da fibra das capsulas do algodoeiro. Assim, é possivel plantar a semente durante as primeiras chuvas, a fim d'estas forçarem a planta a attingir um perfeito crescimento; e con- tar com o calôr mais secco para a expansão da flôr e immediata colheita. O terreno, tambem, theoricamente, é adaptavel ao cultivo do algodão. As trez zonas em que o territorio pode approximadamente ser divi- dido, são: o litoral, a zona intermedia, de 200 a 500 pés, e a zona alta, na orla da Rhodesia. Todas estas zonas são susceptíveis de produzir algodão bom para o mercado. Mas, ainda theoricamente, as terras de alluvião do litoral, com as suas duas especies de solo, um, leve, arenoso e rico, outro mais pesado, mais forte mas egualmente rico e preductivo, deve admittir-se que sejam a zona mais eminentemente adequada ao cultivo gossypino. Do Zambeze ao parallelo 22º, existem, até 30 milhas da costa, cen- tos de milhas quadradas destas duas classes de solo, capaz todo elle de produzir algodão do mais remunerador. Theoricamente, portanto, o paix pode ser classificado como um paiz ideal para o algodão. Praticamente, já se reuniram provas bastantes para confirmar da ma- neira mais frisante, a deducção theorica que pode tirar-se do estudo das condições climatericas e territoriaes. A Comp. tem nos ultimos tempos ensaiado com bom exito dif- ferentes variedades de sementes em todos os districtos que lhe pertencem, começando por pequenas experiencias sob a direcção de chefes de cir- cumscripção sem conhecimentos technicos nem scientificos. O resuitado d'estas tentativas animou-a a fazer ensaios maiores e mais serios debaixo d'uma direcção technica e scientifica, e as novas experiencias, realisadas nas estações de agricultura experimental que a Companhia de Moçambi- que possue no seu territorio, confirmaram aquellas em mais larga escala. E finalmente este anno viu o inicio d'uma cultura de 75 h., plantada inteiramente com a melhor semente egypcia........cccciticscecs ces «Os ensaios anteriores tenderam a provar que a planta egypcias (Sea Island) que produz o algodão de fios compridos (long-staple) da classe mais valiosa, era melhor adequada ao solo e ao clima do territorio do que o algodão americano das terras altas (upland), de fio mais curto (short staple). A esta qualidade de algodão, tem, portanto, sido especialmente diri- gida a attenção da Comp. e até agora com indubitavel exito............ Este mesmo algodão póde ser produzido, limpo (ginned) enfardado e posto nos mercados europeus ao preço corrente de 4 d. por Ib. (arratel). Assim fica uma larga margem para as possiveis más estações e avalia- ções rapidas e feitas em bloco....... EE Rega A oon ago op NS A af no cobfonpfio tone : «O que deve estar presente a todos os espiritos orientados é que ha toda a esperança, (se é que não ha certeza absoluta), de que o poder pro- ductivo do clima e do solo por cada hectare é mais do que suficiente para dar grande proveito. Os esforços da Comp. de Moç. para estabelecer a industria gos- sypina teem sido secundados pelos esforços dos particulares, que já vão além dos seus. No momento actual a Companhia de Mocambique tem 75 hectares em cultura. (*) Alguns particulares teem plantado e em cultivo áreas que se elevam a 500 hectares. (**) A maior parte d'estas áreas fica nas visinhanças do rio Save (Go- vuro); outras, estão situadas nas planicies perto da Beira, outras, final- mente, em ou perto de Nova Fontesvilla, servidas pela linha do «Beira Railway». Os indigenas, nas cercanias da Beira, estão já iniciando esta cultura. Os esforços para instigar os naturaes a cultivar o algodão são louvaveis; os resultados, porém, são duvidosos, a não sêr que se exerça uma grande vigilancia sobre os indigenas. E” de presumir que do seu cultivo directo venha a resultar algodão de qualidade inferior, que, a não ser eclipsado por uma producção muito maior obtida pelos processos scientificos, possa prejudicar a fama do territorio. Relativamente a outras condições essenciaes do algodão : (*) Vide o mappa A (+) Idem No territorio ha mão d'obra bastante (e sempre crescente) para grande desenvolvimento d'esta industria. Comtudo, só um certo tempo dará aos naturaes a aprendizagem dos melhores methodos empregados, quer na cultura, quer na colheita. N'esta ultima operação tornar-se-ão necessarias nos varios districtos as mulheres e as creanças; e é de suppôr que, até que a sciencia e arte da cultura tenham sido fundamental e completamente ensinadas aos indige- nas. as colheitas se resintam até certo ponto pela mistura de algodão man- chado (tainted coloured), ou pelos desperdicios, folhas, troncos, etc. As facilidades para o mercado são grandes. O algodão produzido no litoral póde sêr enfardado, transportado e posto immediatamente a bordo dos navios que fazem escala pelos mer- cados da Europa. Os portos bons, e as despesas de transporte, frete, etc, não offere- cem obstaculo para o desenvolvimento da industria gossypina sob o ponto de vista commercial, Resumindo: — As conclusões geraes que desde já podem tirar-se, são : 1.*— O clima e o solo de Manica e Sofala são preeminente- mente adequados á cultura do algodão, 2º —“) algodão de fios compridos é mais promettedor do que o algodão americano de fios curtos. 31 As condições de mão d'obra, transporte, e em geral da administração são taes, que incutem grandes esperanças de que uma immensa industria se desenvolverá para vantagem do territo- rio e dos creditos de Portugal.» (a) A. J. Arnold Londres, 30 Maio, 1905. * Fechamos aqui o capitulo — Algodão — Agora todo o commentario seria superfluo e impertinente. BORRACHA Tvpo Ma-Tomboje. — (MossurisE) O estudo da borracha e das questões que com ella se prendem — áparte a questão industrial — está ainda na infancia. São conhecidos os, paizes e muitas das especies botanicas que a produzem, mas cada anno accrescenta a serie já vastissima d'essas especies á medida que as neces- sidades da exploração forçam a procurar mais a dentro dos sertões as florestas que fabricam essa preciosa essencia. A adaptação das especies exoticas nos dominios dos paizes coloniaes na zona tropical, é tambem um problema que só muita somma de tenta- tivas e experiencias scientificas virá com o tempo a resolver pratica e po- sitivamente. E no entretanto desde Neuville, um dos precursores da descoberta do cautchu e La Comdamine, o primeiro que forneceu dados scientificos sobre a Hevea e o seu latex (meiados do seculo XVIII; centenas de ho- mens (*) — botanicos, exploradores, chimicos — teem dedicado ás plantas da borracha estudos incessantes compendiados em milhares de memorias, tratados e publicações especiaes. Só a lista d'essa bibliographia dava um copioso tomo. N'ella figuram honrosamente alguns escriptores portuguezes. D'entre os varios ramos da sciencia botanica o mais moderno, o mais difficil, e tambem o mais incompleto é o da agronomia tropical. E" por isso que apesar do grande avanço dos estudos agricolas, o que resta a saber no campo das culturas coloniaes é immensamente maior. Quanto á borracha os pontos de interrogação succedem-se a cada passo. E não é raro vêr reputados tratadistas d'esta especialidade hesitar, e cté cair em contradições. Se o chimico, se o botanico, illuminam a estrada e dirigem a batalha, (*) A industria do cautchu, propriamente dita, foi creada em fins do 1.º quartel do seculo xix, a seguir a numerosas investigações d'uma pleiade de chimicos ingleses, franceses e allemães. A vulcanisação foi descoberta em 1842 por Nelson Goodyear. 6 (37 é ainda ao immenso exercito do colono indigena que quasi exclusivamente incumbe a tarefa, obscura, penosa mas utilissima, de fornecer aos mer- cados do mundo a materia prima que o bizarro chão tropical elabora no seio das suas florestas. D'uma maneira geral, a borracha deve ser estudada sob os aspectos —botanico, geographico, commercial e industrial. Sob o nosso ponto de vista da borracha no territorio da Comp. de Moç., ha ainda a considerar a importante parte administrativa. A ques- tão industrial fica de lado porquanto não existe no territorio a industria propriamente dita da borracha, isto é, a utilisação da materia prima e a sua transformação. A questão geographica e botanica abrange: 1.º o habitat; 2.º a de- terminação e descripção das especies vegetaes productoras do cautchu, a sua percentagem, os processos de colheita, etc. Na parte administrativa deve historiar-se as disposições e regulamen- tos em vigor, o seu fim, os seus resultados, relativamente à disponibili- dade actual e ás disponibilidades futuras da borracha. Finalmente a questão commercial trata da estatistica e das condições de producção, taes como: mão d'obra, os agentes directos e os interme- diarios, a venda nos centros productores; ha ainda os meios de trans- porte e a cotação nos mercados da Europa. Eis um vasto programma que não temos a pretenção de tratar a fundo. A nossa ambição resume-se a dar o perfil d'estas questões, estudan- do as aqui e além no decurso d'este singelo trabalho, sem um plano se- guido para o qual nos falta o tempo, alguns elementos de informação e competencia profissional da sciencia botanica. Desejariamos sobretudo dar uma ideia da riqueza natural do territorio em trepadeiras de borracha, da excellencia do seu producto, dos cuidados da Comp., não só para a conservação como para repovoamento das flo- restas, e ainda das tentativas animadoras de adaptação ao seu solo de plantas exoticas cautchuosas, fazendo com que os indigenas se interessem por esta nova cultura, PARTE ADMINISTRATIVA O commercio de borracha do Zambeze ao Govuro, actual concessão da Comp. de Moç., é muito anterior ao estabelecimento d'esta Comp. (x) O primeiro anno que figura na estatistica aduaneira do territorio é o de 1892, com uma exportação de 10 tonelladas e 789 kilos, pelo porto da Beira, no valor de 8:30g7260 réis. (++) Mas muito além de 1892 já a borracha era objecto de commercio, acambarcado pelos negociantes indios, os baneanes ou monhés, que a obtinham das mãos dos indigenas, fazendo-a exportar quer por Inham bane, quer pelos postos aduaneiros da Zambezia. Os indigenas, que quasi que por toda a parte só tinham que esten- der o braço, colhiam a borracha que queriam, vendendo-a aos commer- ciantes do interior. O principal objecto de permuta era a peca de panno (x) Por dec. de 20 de dezembro de 1888 ficou constituida a primitiva Comp. de Moçambique. A sua primeira Carta foi-lhe authorgada por dec. de 11 de fevereiro de 1891. Se- guiu-se a Carta de 7 de maio de :83, com as bases para a administração do territorio. O estatuto or ganico, ou nova Carta da Comp., tem a data de 17 de maio de 1867. Estes diplomas tem sido additados ou modificados consoante as necessidades e progresso do territorio. (+*) A Comp. de Moç. começou a cobrar a partir de 189) pela sua 1.º pauta adua- neira (dec. de 29 de dez. de 1892) o direito de 8 º/ ad valorem por k. de borracha ex- portada do territorio, para os portos estrangeiros, e de 6 9), ad valorem para os portos nacionaes. A 2. pauta (dec. de 13 de nov. de 1902) que actualmente vigora, mantém o direito de 8 9h para aquelles portos, e reduz a 2 º/ por k o da borracha que se destina ao paiz. Ur (0,0) no valor de 450 ou 500 réis, que elles recebiam a troco de 50 pares de borracha. (4) Sendo o peso medio de cada par 40 a 5o gr., ganhavam os Indios duplamente no panno e na borracha, que lhes saia por cerca de 800 réis o k.; isto é, n'aquella época, um negocio de pelo menos 50 º/% de lucros. N'este pé se encontravam as coisas quando a Comp. de Moç. to- mou conta do territorio da sua concessão. * Mas, historiemos um pouco porque é indispensavel. E n'esta altura cabe apresentar um resumido mappa do territorio, que dê ideia das suas divisões administrativas e das regiões a que constantemente nos referimos ao tratar do algodão, e d'aquellas a que precisamos reportar-nos no es- tudo da borracha. O territorio de Manica e Sofala, antigo, lendario Ophir, a que em tempos remotos acudiam as frotas de Salomão e as caravanas da rainha de Sabá (**) impelhdas pela aura sacra fames das minas de Manica, caiu, largos seculos apoz, em profunda decadencia. (x) O par era formado por dois pequenos rolos que os pretos faziam com a bor- racha em volta d'um pedacito de madeira em fórma de fuso. Este systema ainda usado pelos indigenas de Moçambique, mas que se trata de abolir de todo no territorio da Comp., depreciava um pouco nos mercados da Europa a borracha d'aquella procedencia, pela dificuldade em extrair dos involucros, ou dedos, o nucleo de madeira. Hoje, toda a borracha explorada pela Comp., pura e de 1.º qualidade, é enviada aos mercados im- portadores sem o fuso de madeira. À seu tempo desenvolveremos largamente este as- sumpto, e exporemos os processos de colheita do cautchu. (**) Bruce, na relação da sua celebrada viagem á Abyssinia segue, com Heeren, Quatremêre, Humboldt, e o português Gaspar Barreiros, esta opinião ; publica mesmo esse auctor uma curiosa carta destinada a mostrar como (attendendo ao phenomeno das monções e ao modo de navegar d'então), a viagem de Aziongaber a Sofala devia durar exactamente o tempo marcado na Biblia. (Conde de Ficalho, op. cit.) ... Ophir seria a primeira fórma do nome Afura ou Fura, montanhas do interior perto das quaes se encontravam ruinas de extranhas e antigas edificações. No rio da Sabia reviveria o nome d'esse legendario reino de Sabá. ..E” um sabio como Elyseu Réclus, que julga vêr em Sofala o porto de Ophir onde as frotas de Salomão e dos phenicios vinham carregar o oiro e talvez pedras preciosas. Esta é tambem a opinião de Anville. Outros veem no Buzi a via fluvíal por onde os triremes de Tyro subiriam até proximo de Manica. . Para alguns os primeiros estabelecimentos do interior eram de arabes e não de phenicios, uns e outros semitas, é certo, mas povos differentes, o que não exclue a pos- sibilidade das frotas phenicias frequentarem os portos d'essa importante colonia de ara- bes sabeanos. (Johnston) —Monog. op. cit. Nas ruinas situadas a 1.400 m. d'altitude entre 20.0 15' 24” lat. S. e 31º 37 45” L. EG., conhecidas pelo nome de Zimbaoe, que parece significar, na lingua do paiz, resi- dencia real, pode, logicamente, fixar-se a situação da antiga cidade de Ophir. ' = cid 55 16º LEGENDA umile de fronlaxas vo 0 utuniunção Escala Foosodo TERRITORIO 0, COMP2 ve MOÇAMBIQUE 59 No vasto laboratorio da Ethiopia a evolução da raça negra faz-se com desesperadora lentidão. Arrancado áquelle meio, em contacto sug- gestivo com as multidões que se caracterisam pela actividade e pela cu- riosidade metaphysica ou positiva da raça branca, o negro adapta-se, as- simila e civilisa-se. Entregue ás suas proprias forças, se não recua, pouco avança. Os seculos passam, e não revelam a marca do homem.O negro permanece ainda na sua mascara infantil, sem tradição, sem monu- mentos, sem historia. A conquista dos portuguêses levantou Manica e Sofala do seu pro- fundo marasmo, a que apenas prestava uma vida artificial o commercio dos moiros. «Se dermos fé aos nossos velhos chronistas, um só e collossal es- tado indigena teria comprehendido em tempos anteriores á chegada dos portuguêses a Sofala, todo o continente africano do Zambeze ao Cabo. Era este o celebre imperio do Monomotapa de que Duarte Barbosa é o primeiro a fallar, Fr. João dos Santos é mais modesto; para elle o impe- rio de Monomotapa não comprehendia mais do que toda a extensa região da Mocaranga, que se estendia do Cuame (Zambeze) ao Sabia (Save) e do Indico ao planalto central d'Africa. As primeiras relações dos portuguêses foram com o Quiteve, visi- nho de Sofala, e com o Monomotapa, soberano das terras de Sena. Um e outro senhores de jazigos mineiros, visinhos ambos do de Manica, bem depressa começaram a ser devassados pelos portuguêses á procura do oiro e do marfim.» (*) Dava-se isto pelos meiados do seculo XVI. Não é aqui logar para fazcr, mesmo em resumo, a historia da colo- nisação lusa em Moçambique, e da sua influencia sobre o indigena. Que essa influencia se exerceu e ainda exerce, é indubitavel. O prestigio dos portuguêses, não só costa a costa mas no sertão, é superior ao de todos os outros europeus. (-») Em Sofala e Sena existem ainda velhas fortalezas em ruina. Relativamente á agricultura, é um facto fóra de duvida a tentativa de vulgarisação do trigo; e a introducção do milho, de varias plantas oriundas da Europa e Asia, e de algumas especies americanas taes como a mandioca (Manihot utilissima), os pimentos, o tabaco, etc. O dominio português foi-se affirmando progressivamente, attingindo a sua culminancia por metade do seculo XVIII. (+) Monogr. op cit. (»*) Não é raro ouvir a representantes de varias tribus: F. falla francês .. F. falla allemão ou hollandês..., F. falla lingua de branco (português). So D'ahi para o futuro começou a decadencia. De ha muito estava pas- sado o periodo heroico do povo português. As especiarias d'Asia, o oiro e o marfim d'Africa amollentavam os costumes, polluiam as con- sciencias, e abastardavam a raça que só de raro em raro se affirmava em lampejos. O seculo XIX levantou Portugal mas as suas colonias apenas se iam arrastando. Sofala em 1858, Sena em 1874, eram povoações em ruinas. O com- mercio quasi nullo. As incursões do Muzilla. por terras de Gaza, e depois a guerra dos Bongas promoveram o abandono completo de Sofala (*) e accentuaram o desmantelamento da Provincia. Só depois da promulgação das leis liberaes e das viagens e conces- sões de Paiva d' Andrada comecou de novo a levantar-se a nossa Africa oriental; a liquidação do ultimatum e a queda do Gungunhana arredaram as principaes difficuldades do seu renascimento. O exemplo da Companhia das Indias e da British South Africa, duas poderosas Comp. inglesas soberanas, levou o governo a dar a con” cessão pedida ás Comp. de Inhambane (**), do Nyassa e de Moçambique. * Isto passava-se em 1892. Tinha ha pouco sido descoberto o porto da Beira. Da povoação, se esse nome pode caber-lhe, existiam algumas barracas do governo e a feitoria da antiga C. de Moç. O mais era um areal varrido do macareu nas marés do equinocio. O territorio meio despovoado pelas guerras anteriores andava á re- velia. Pômos agora um parenthesis no periodo decorrido de 1892 a 1905. A Beira é hoje uma pequena cidade com um commercio regular, testa de caminho de ferro e porto natural da Rhodesia. As suas minas desenvolvem-se lenta mas progressivamente. Muitos productos agricolas do territorio, como a canna dôce, as sementes oleosas, o algodão, etc., são conhecidos e apreciados. Tudo isto para realisar-se precisou tempo, capitaes, espirito perse- verante, intelligente e patrioiico. * E” agora occastão de voltar á borracha, de que nos affastou esta di- gressão retrospectiva, para que no confronto a que vamos submetter-nos, (*) A feitoria do Estado passou para a ilha de Chiloane. (**) Não chegou a constituir-se. 61 vendo o que temos feito, se não exija que esta parte da nossa exploração agricola attinja desde já o summo desenvolvimento e perfeição. As bases para a exploração regular da borracha no territorio, (pri- meiro reconhecimento de algumas das principaes regiões productoras, tentativa de introducção de plantas exoticas cautchuosas, estudos econo- micos), etc. foram lançadas em 1899. N'esse plano intervieram o delegado do conselho, os administradores d'então e o governador do territorio, que tem tido illustres continuadores. Até essa época a exportação de borracha era resumidissima (*) e, conforme diz um relatorio do governador, não havia noção alguma sobre a importancia que poderia ter, nem estudos de qualquer especie ácerca d'este assumpto. «A borracha era, como sempre fôra, colhida por indigenas que a ven- diam a «monhés estabelecidos no interior, os quaes por seu turno a reven- diam a algumas das poucas casas exportadoras da Beira. D'aqui a mais completa ignorancia ácerca da questão, importancia e situação das flo- restas, época preferivel para a colheita, etc.» Sabia-se que havia borracha mas ignorava-se a sua proveniencia. Informações desgarradas prognosticaram nas colheitas futuras um pro- ducto liquido de 40º/9(**); mas como e onde pratical-as? Tudo, emfim, estava por fazer. O piano começou a pôr-se em pratica pelo reconhecimento da região do Moribane e do Mossurise (***), ricas em florestas onde pululam as Lan- dolphias, e depois das outras principaes regiões productoras de borracha. Verificou-se que a quantidade que pode colher por dia cada preto, em media, varia conforme essas regiões, sendo maior em Mossurise e no Moribane por estarem os seus indigenas mais habituados ao trabalho da extracção. Verificou-se tambem que a qualidade da borracha era excellente em todos os districtos, provindo a differença de precos de não haver egual cuidado na colheita. (*) A media dos annos anteriores, 1892-1898 não attinge zo tonelladas na tota- lidade da borracha exportada pela Beira. As medidas adoptadas para logo se fizeram sentir, e em 1899 a exportação elevou- se a cerca de 40 tonelladas. A exportação em 1905 foi 100 tonelladas, numeros re- dondos. A borracha era vendida em leilão, na Beira. As remessas para os mercados da Europa datam de 1902. (**) Actualmente, o rendimento liquido da borracha exportada pela Comp. ex- cede a 55 9). (***) Essas regiões são, como veremos, além das citadas, Sofala, Govuro, Chi- loane, Neves Ferreira e Sena. [67] 13 Além d'isto, estudou-se as forças de cada uma das regiões relativa- mente á producção provavel, às possibilidades de trabalho indigena, salarios, comedorias, meios de conducção, etc. Feitos estes trabalhos previos, seguindo a nova orientação, passou a montar-se a machina administrativa, começando pela mudança e selec- ção do pessoal, até então exclusivamente burocratico. Nos boletins da Comp. de Moç. foram publicadas varias circulares (*) da secretaria geral, que não pensamos sequer em transcrever, porque esses documentos só poderiam figurar n'uma monographia completa, contendo instrucções sobre a cultura da Landolphia indigena e de algumas varie- dades exoticas de que se iam recebendo sementes ou plantas no territo- rio, da casa Godefroy Lebceuf, de Paris, e d'outros acreditados viveiristas. Já creada por essa época a inspecção geral d'exploração, sob a di- recção do coronel Arnold, e com a chegada do agronomo e outros te- chnicos que não tardou a effectuar-se, entrou a agricultura em geral eespe- cialmente a exploração da borracha n'um caminho methodico e para logo se foram vincando os contornos d'um bello horisonte n'este ramo agricola. Tinha se conseguido muito e á custa de grande energia. Mas era o começo, apenas. Para que uma cupula rasgue o espaco é preciso o ope- rario que dirige; o que executa; é preciso dinheiro, sciencia e tempo. A partir d'aquella época são innumeras as medidas de caracter admi- nistrativo e technico que se teem vindo tomando, e a muitas das quaes nos referiremos no decurso d'este trabalho. Mas para guiarmos o leitor que até agora, condescendente, nos tem acompanhado, e não nos perder- mos nós proprios nos meiandros de tão opulenta legislação, vão ser o nosso fio de Ariadne as ordens do governo do territorio promulgadas de aquelle periodo em diante. Pelo simples resumo e exposição chronologica ver-se-á sem esforço as principaes phases por que a questão da borracha tem passado. A apparente volubilidade e até contradição das medidas administra- tivas explica-se bem. Digamos previamente: Tendo a Comp. de Moc. trez grandes estradas a seguir (xx), só um estudo profundo das circumstancias (*) São as seguintes as circulares, nem todas publicadas nos boletins, enviadas ás circumscripções: N.º 40 de maio de 1899 » 43e 48 » jun. » » Creõz » out, » » 66a 72 » nov. » (**) Entre o monopolio da borracha e a exploração absolutamente livre, ha um meio termo que, por motivos que adiante expômos, a Comp. adoptou. E” um systema mixto de exploração por conta da Comp. de Moç., e de particulares, munidos de licença espe- cial, ficando ainda sujeitos a um imposto fixo por cada kilo de borracha apresentada a despacho na alfandega da Beira. do territorio pode pôr os dirigentes n'aquella que mais se coadune, quer com as necessidades momentaneas, quer com as condições de progressivo desenvolvimento. O carro agricola colonial precisa mão mais habil e forte que o Aut ressorts do snobismo theorico. Lá, o pur sang cede o passo elastico á pesada azemola. Mas ponhamos de lado a phrase pittoresca e voltemos á prosa hirta mas substanciosa. Eis o resumo das Ordens A primeira ordem que se publicou ácerca da exploração da borracha foi a n.º 1453 de 22 de nov. de 1899, a qual manda reservar as mattas da Madanda em Mossurise e em Chiloane, algumas mattas de Moribane e Cheringoma e uma parte da circumscripção do Govuro. Tudo o mais fi- cava aberto á exploração para particulares sem taxa nem licença. (a) Gorjão. A ordem immediata, n.º 1533, determina que as experiencias e cul- tura de borracha nas circumscripções e expediente relativo a esse serviço fiquem a cargo da Inspecção geral d'exploração. Segue-se a ordem n.º 1573, de 14 de fev. de 1900, na qual se permitte a exploração da borracha nas circumscripções do Sofala, Chiloane, Govuro, Mossurise, Neves Ferreira, Sena e Moribane. e se oneram os particulares com a licença de 13500 réis para o corte da borracha e 30 réis de taxa por cada kilo colhido; valida por 7 mezes. (a) F. Meyrelles do Canto. Vem depois a ordem n.º 2031 de 22 de nov. der9o1 que augmenta a taxa de 30 a 60 réis, a partir de 1 de jan. de 1902, mantendo as restantes disposições das ordens anteriores. (a) F. Meyrelles do Canto. Segue-se a ordem n.º 2063 de 30 de jan. de 1902, que mantendo a per- missão para a colheita da borracha nas circ. de Sofala, Chiloane, Govuro, Mossurise, Neves Ferreira, Sena e Moribane, eleva a taxa de licença a 454000 réis. Não altera o valor do imposto (60 réis). (a) Theoplulo José da Trindade. A ordem n.º 2204 de 10 de nov. de 1902, reserva para a Comp. a ex- ploração das mattas da Madanda e Mossurise e das do Moribane, Che- ringoma e Neves Ferreira. (a) Theophilo José da Trindade. Finalmente a ordem n.º 2537, de 31 de jan. de 1905, que transcrevemos na integra, substituindo as anteriores, permitte a colheita da borracha nas circumscripções do Govuro, Sofala, Sena e Chiloane, altera o valor da li- cença, e o do imposto, elevando-o de 60 a 120 réis O kilo, e reduz o pe- riodo de colheita de 7 a 6 mezes, estabelece multas, etc. 64 Ordem n.º 2537 Usando da faculdade que me confere o n.º 33.º das Bases para a administração do territorio; e Em substituição das ordens n.º* 1573, 2031 e 2063: Hei por conveniente determinar : Que desde o dia 15 de fevereiro até o dia 31 de agosto de cada anno, a partir do corrente anno de 1905, o commercio ou a colheita da borracha indigena, permittida nas circumscripções do Govuro, Sofala, Sena e Gorongoza, e na sub-circ. de Chiloane, a quaesquer individuos. quer directamente, quer por meio de indigenas, sempre que se trate de terrenos que não estejam legalmente concedidos, fiquem sujeitos ás se- guintes condições : 1.º Todo o individuo que pretender commerciar em borracha ou colher aquelle producto vegetal, deverá munir-se de uma licença especial intransmissivel, que será passada na Beira ou em qualquer das cir- cumscripções, valida unicamente por periodo de 6 !/2 mezes, acima de- signado ; ; 2.º Esta licença que custará 45%000 réis, será valida só para a sub-circ. na mesma licença designada, mas o mesmo individuo póde na Beira ou em qualquer circ. tirar licenças para commerciar ou extrahir borracha em varias circumscripções ; 3.º Cada kilogramma de borracha comprado ou colhido, será sujeito á taxa de 120 réis, a qual será paga pelo possuidor da licença, antes de ter o alludido producto sido transportado para fóra da circ. O pagamento effectuar-se-á na secretaria de qualquer das circ. ou no local que pelo respectivo chefe fôr determinado e ao interessado será dado recibo men- cionando a quantidade da borracha e a somma paga. Este recibo deverá acompanhar sempre a mercadoria e a sua apresentação poderá ser exigida por qualquer empregado da Companhia; 4.º “Todo o individuo que negociar em borracha, ou por sua conta a colha ou mande colher, deverá ter uma escripturação diaria de toda a borracha recebida ou colbida, e no ultimo dia de cada mez extrahirá d'ella e enviará ao chefe da circ, uma nota do total recebido ou colhido durante o mez. Os livros em que fôr feita esta escripturação, os arma- zens e depositos onde a borracha fôr guardada e todas as remessas d'este genero transportadas por via maritima, fluvial ou terrestre ficarão sujeitas a inspecção dos empregados da Comp. de Moç., os quaes terão direito de, na sua presença, fazer abrir qualquer sacco e mandar pesar o respe- ctivo conteudo ; 5.º A contravenção de qualquer das disposições contidas nos nu- meros anteriores será punida com multa não excedente a réis 450000, Rapidos do Buzi (perto de Spungabera) 65 com a apprehensão da borracha encontrada em poder do contraventor e com a annullação da licença. As auctoridades e mais pessoas a quem o conhecimento d'esta com- petir, assim o entendam e cumpram. Secretaria geral do governo do territorio de Manica e Sofala, na Beira, 31 de janeiro de 1905. (a) Theoplulo José da Trindade. Theoricamente, o plano primitivo, de tornar a Comp. de Moç. mo- nopolisadora de toda a exploração e commercio de borracha, era seduc- tor. Mas a discussão levantada no territorio em 1899 estabeleceu que, na pratica, esse projecto era inexequivel nas condições do territorio d'então, como o é ainda hoje. Tornava-se necessario preparar o futuro para não matar a gallinha dos ovos d'oiro. O exclusivo, entre outros inconvenientes peculiares a todos os exclu- sivos, topava com os seguintes obstaculos: 1.º À immensa área das florestas forçava, — sem impedir d'uma fór- ma absoluta a extracção e saida clandestina do cautchu — a uma formi- davel brigada de agentes de fiscalisação, cujo custeio absorveria uma grande parte dos lucros. 2.º Os indigenas, apegados aos velhos habitos, não se adaptam a me- didas radicaes. Passar-se-iam largos annos antes que os pretos, mesmo os mais submissos e obedientes, se deshabituassem de ir ás florestas colher a borracha, que é a moeda com que elles compram aos indios os pannos e objectos de seu uso familiar. Não venderiam a borracha aos negociantes do territorio, é certo, mas passariam a vende-la aos de Inhambane (x), l1- mitrophes do territorio sul da Comp. de Moç. Este regimen daria, pois, resultados oppostos áquelles que se preten- dia obter. A exploração da Comp. tornar-se-ia cara e difficil, e o commercio interior diminuiria, sobretudo nos primeiros annos, podendo crear-se uma crise na mão d'obra pelo exodo dos indigenas para fóra do territorio. Mas a verdade é que não podia continuar a subsistir o estado de coisas anterior, que só servia para enriquecer o negociante monhé sem aproveitar á Comp. de Moç., nem aos proprios indigenas, nem aos colo- nos europeus. (x) O sul da circ. do Govuro, limite do territorio, entesta com as terras de Gaza e de Inhambane. A demarcação da fronteiraa que se andava procedendo — e cuja con- clusão é recentissima — dava azo a que os chefes indigenas fronteiriços se disputassem o direito reciproco de mandar colher a borracha na região mais rica, reconhecida como ficando a dentro do territorio da Comp. de Moc. Essas pugnas deram muita vez em re- sultado serem os indigenas do territorio forçados pelos chefes de Inhambane a entre- gar-lhes a borracha colhida. A Comp. de Moc., posto que lesada nos seus interesses, não quiz intervir n'essas contendas emquanto a questão de limites não foi officialmente resolvida, a fim de não crear embaraços á acção dos delegados europeus. D'hoje para o futuro, porém, imporá a sua auctoridade, passando a fazer-se regularmente a explora- ção d'aquellas valiosas florestas. Publicou-se então a ordem n.º 1453. Reservando para a Comp. al- gumas das mais ricas mattas já reconhecidas, era ao mesmo tempo uma tentativa para dar ao publico ensejo de explorar as florestas restantes, in- teressando-o nos proventos d'essa industria e promovendo indirectamente o seu desenvolvimento. D'essa liberrima concessão aproveitaram-se a Comp. do Moribane, e a do Buzi; individualmente, porém, raros europeus affrontaram a concor- rencia dos indios que foram, afinal, os favorecidos de facto. O exame das ordens subsequentes (1573, 2031, 2063 e 2537), já ci- tadas, mostra claramente a orientação seguida, fructo da experiencia, e que póde assim resumir-se: — 1.º estabelecimento, e depois augmento de licença para colheita de borracha. 2.º Imposto sobre o kilo de borracha colhida. 3.º Exploração directa da Comp. de Moç., em determinadas mat- tas, alternadamente. 4.º Prohibição da exploração de indigenas e particu- lares em certas outras. Com este regimen, ou systema, a que com razão se chama mixto, tem a Comp. de Moç. conseguido um augmento successivo no rendimento da borracha salvaguardando a exploração futura. (x) - Os impostos (digamos a feia palavra!) lançados pela Comp., estão bem longe de outros iniguos e exgotantes que todos nós conhecemos. A materia tributavel é rica; farta de lucros a sua exploração. Temos já referido bastante para se avaliar nitidamente a verdadeira mina, pela qual abandonam as de cobre e oiro, que os moiros baneanes vêm de longa data explorando. Dimimuir-lhes os lucros não é esmaga-los. Mais ainda, a licença e a taxa que pagam, mal a sentem emquanto durar a alta consideravel que a borracha tem tido desde 1904, e que justifica a medida que muito apro- veita aos cofres da Comp. de Mocç. Actualmente o commercio da borracha dava ensanchas para um tri- buto, quer sobre a borracha colhida, quer sobre as licenças, bem mais ac- crescentado do que o que existe. Comtudo, a elasticidade d'esses impostos tem tambem, como a ma- teria sobre que incidem, um limite. Não póde a Comp. de Mocç. eleva-los tanto que instiguem o nego- ciante ao contrabando, indo vender a borracha á Zambezia, ou, principal- mente, a Inhambane. Hoje, porém, os lucros grandes e certos, e a fiscalisação apertada, (xx) (x) Vide cap. Protecção e repovoamento de florestas de Landolphia no territorio. (xx) Toda a borracha tem de ser manifestada nas circumscripções onde fôr co- lhida. Vide $ 3.º da ordem 2537. 68 não tentam o negociante a correr-lhe os riscos ou á deslocação do seu commercio para fóra do territorio. Digamos ainda, para terminar este capitulo, que o conselho de admi- nistração encarregou o administrador delegado, marquez de Fontes, de «estudar a forma de substituir o imposto de borracha por um augmento proporcional dos direitos de exportação, e de levar a conselho os resulta- dos do seu estudo.» Pode pois em breve ficar revogada a ultima ordem em vigor. Mas não antecipemos os acontecimentos. Até aqui tratámos da evolução administrativa da borracha nas suas linhas geraes. O exame mais desenvolvido fazemo-lo na parte intitulada technico- administrativa, em que se expõem as medidas adoptadas pela Comp. de Moc. para a exploração, conservação, e repovoamento das suas florestas. Antes, porém, de entrar em materia, julgamos indispensavel dar algumas indicações previas do que em outras colonias se passa ácerca d'estas importantissimas questões. Toda a região intertropical é apta a produzir, ou produz borracha, d'esta ou d'aquella familia ou genero botanico, de melhor ou peior qua- lidade segundo a planta productora, as condições em que se encontra e os methodos de extracção do latex. A America figura á cabeça do rol dos grandes centros productores. Segue-se a Africa e depois a Asia. Simplesmente com o fim de methodisar o nosso estudo dividiremos as plantas cautchuosas em duas grandes cathegorias: 1.º As Apocyneas cujo habitat é a Africa. 2.º As outras especies botanicas. A quasi totalidade do cautchu colhido em Africa provém de plantas da familia botanica das Apocyneas, quer pela extracção do latex, segundo diversos processos, (*) dos ramos aereos, quer pelo esmagamento ou cocção dos rhizomas. A maior parte da borracha é fornecida por trepadeiras do genero (*) Em outro logar nos referimos summariamente a esses processos. 00 Landolphia (*) mas outras Apocyneas são exploradas, taes como as Kikxia e Tabernaemontana, a Mascarenhasia, as raizes subterraneas dos generos Carpodinus e Clitandra. (**) A producção de borracha africana provêm ainda, mas em muito menor escala, de outras familias, por ex., certas Euphorbiaceas, alguns Ficus, etc. A importancia destas plantas e a enorme riqueza que representam, mede-se pelo afan com que são exploradas. As necessidades industriaes da borracha augmentam de anno para anno. As applicações deste producto são innumeras e as suas qualida- des tão preciosas que não admira que a borracha seja tão empregada, o que admira é que haja alguma coisa em que ella não se empregue ainda. Para corresponder, pois, ás exigencias industriaes e commerciaes cada vez maiores, a colheita da borracha tem proporcionalmente augmen- tado. A exploração tornou-se primeiro ávida, depois frenetica. Apesar disto a exportação total do continente africano nada ou pouco augmenta. Compulsando as estatisticas de 1895 a 1900 (***) tem-se a impressão nitida de que a maior parte das regiões d'Africa a custo se equilibram, e que d'entre ellas estão particularmente ameaçadas: — Madagascar, Lagos, e as possessões portuguêsas. Angola e Lagos tiveram durante muitos annos a preeminencia da exportação de borracha. A regressão ou estacionamento na producção africana teem sido mascarados pelo contingente, maior de anno para anno e aos saltos vertiginosos, trazido pelo estado independente do Congo. A borracha d'esta proveniencia era em 1886 de 18 t.; dez annos depois ele- vou-se a 2.113 t., desthronando já a nossa velha colonia. Em 1900 e annos seguintes attingiu o maximo, ou cerca de 4 mil tonelladas. Mas de que modo ? Vejamos. No principio da occupação do Congo, diz Coulombier, «os cipós de borracha pululavam até junto da costa; (*) Vide mappa D. (**) Clitandra Henriquesiana, C. Arnoldiana, C. Kala, mandjarica, por ex. (+**) Totaes da exportação d'A rica: 1895 11.500 T 1896 12.715 » 1897 11.907 » 1898 11.900 » 1899 11.500 » 1900 12.500 » 70 exploraram-nos d'uma maneira desenfreada, brutal, e dentro de pouco foi preciso ir procurar o cautchu a 100 k. da costa; passou-se depois a colhe-lo a 150 k., e esta distancia augmenta constantemente. » Este exemplo, que damos como typico, podiamos facilmente genera- lisalo a toda a Africa, costa a costa, ou no seu hinterland, francesa, allemã, inglesa e portuguesa. As plantas teem sido loucamente exploradas e destruidas. Nos casos de exsudação pelo tronco, eis o que succede: — Reunem-se X pretos, dá-se a cada um uma faca, e diz-se lhe: tens de apresentar-me logo uma porção tal (geralmente elevadissima) de borracha. O preto parte, fixa-se n'um ponto da floresta, e inutilisa as trepadeiras nas quaes se installa até á ultima gôta do seu succo. Em todo o caso, e ainda mesmo quando as partes aereas das Lan dolphias são destruidas, grande numero d'ellas podem reconstituir-se por si mesmas pelos rebentos, e ao fim de um largo periodo de annos tor- nar-se de novo fortes e exploraveis. Mas como o systema de extracção por exsudação é quasi sempre moroso, ou difficil, ou mesmo impraticavel, (+) as plantas são partidas ou decepadas para se lhes extrahir o latex da casca, ou então, em certas regiões, os pretos chegam a arrancar as partes das hastes horisontaes e subterraneas. E' certo que as reservas florestaes são immensas, incalculaveis. Não fallando no centro d'Africa, imperfeitamente conhecido, e mesmo em grandes tratos totalmente desconhecidos 'ainda dos europeus, as rela- ções dos viajantes garantem a existencia de vastos sertões virgens ou pouco explorados. Mas é tambem certo que a destruição continúa, alastrando por áreas cada vez mais consideraveis e internadas. Se a producção geral se mantém, é porque para o preto do sertão alguns dias de jornada a mais pouco significam. Cremos que vem longe ainda a época da desapparição das especies productoras de borracha. Comtudo essa época approxima-se; de vagar, mas inflexivelmente. Porque, por maiores que sejam as reservas de florestas de cautchu, não são inexhauriveis, e lá diz o velho adagio: onde se tira e não põe, mingua faz. O espestro ha-de approximar se, quando já não houver remedio, se a tempo e horas o não espantarem os governos previdentes a”golpes de energia administrativa e scientifica. (x) Mais adiante, n'um breve estudo comparado das Landolphia, voltaremos a este assumpto. E' isto o que se passa, ou, para sermos mais fieis narradores, é isto o que se tem passado. Antes de fallarmos no que ha feito na Comp. de Moç., vamos apon- tar alguns exemplos que definem a attitude dos respectivos paizes para o fim de entravar o descalabro das florestas de borracha. Na Africa oriental allemã, as ordens dadas n'este sentido importando fortes sancções penaes, começam já a produzir resultados satisfatorios segundo escreve o professor Warburg. No est. ind. do Congo, um decreto com data de 7 de junho de 1902 dispõe que deve sêr plantado annualmente nas florestas escolhidas pelos commissarios do districto, um certo numero de arvores ou trepadeiras de borracha. (x) Temos presente um relatorio da “Britsh South Africa, sobre a indus- tria da borracha na Rhodesia, com varios alvitres e disposições a tomar sobre o mesmo assumpto. Quanto á França, parece não ter enveredado nºeste bom caminho. A proposito d'uma consulta feita no anno corrente à insp. g. d'ex- ploração para que se compare a legistação da borracha na Africa occ. franceza com a do territorio da Comp. de Mocç., informa o inspector A. Smits. - «O espirito d> legislador no regulamento francez baseia-se n'uma orientação inteiramente diferente da nossa; essa orientação é a seguinte: «M. le gouverneur Ponty pose en principe que c'est Vindigêne lui même, pour le caoutchouc comme pour le coton, qui doit y être notre propre co- lon, et que le rôle de Veuropéen, purement commercial, consiste àTlui acheter ses produits». Como se vê a administração francesa não considera esta parte da Africa occ. como uma colonia de «peuplement» mas sim como uma co- lonia «commercial» e d'esta orientação é que derivam as medidas ado- ptadas pelo governo. Não podemos deter-nos no estudo de legislações comparadas, mas as referencias feitas apontam bem claramente, parece-nos, quanto esta questão é primacial para o futuro da exploração de borracha nos paizes tropicaes. Conhecido de longa data o perigo, são de hontem, pode"dizer se, as tentativas para o combater. (*) Um regulamento similar rege a exploração de caútchu nas colonias allemãs. 72 Mas nas colonias, da legislação escripta á pratica vae ás vezes um abismo, porque todas as questões em que entra o elemento indigena são eriçadas de dificuldades. Em todo o caso alguma coisa se começa a fazer de positivo quanto a protecção florestal. Quanto a repovoamento, áparte os factos isolados que apontamos, não conhecemos por emquanto resultados dignos de registo. A Comp. de Moç. tem na borracha do seu territorio uma grande ri- queza natural. Essa riqueza aproveita não só á Comp., pelos lucros liquidos da sua exploração directa, e os provenientes da taxa e licenças, como aos habi- tantes do seu territorio commerciantes europeus, indios ou moiros, e aos indigenas. Contribue tambem para avolumar os rendimentos aduaneiros, pela cobrança de direitos de exportação da borracha e de importação-dos va- rios artigos que servem de permuta no commercio interior que assim se mantém e desenvolve indirectamente. Podia a Comp. de Mocç., pelo direito que lhe confere a carta or- ganica, explorar a sua borracha d'uma fórma intensiva, exgotante, a tort et à travers. Entrar-lhe-iam nos cofres algumas centenas de contos. As estatisticas da borracha engrossariam com a proveniencia exportadora Moçambique Beira. Os livros da especialidade apontariam o facto; a Comp. de Moc. podia agitar os guizos do reclamo e o publico abriria olhos admirados e boccas exclamativas. A Comp. de Moc. não faz isto. Não quer faze-lo. N'esta orientação, mantendo o seu interesse, zela e prepara os destinos do territorio que lhe foi confiado e que é tambem uma parcella da patria. PARTE TECHNICO-ADMINISTRATIVA A exposição que vae seguir-se versa sobre os trez pontos a que já nos referimos: exploração da borracha nas florestas do territorio, sua conservação e repovoamento. São trez palavras que encerram uma copiosa legislação, tão copiosa que nos sentimos um pouco perplexos. Quanto á exploração, na impossibilidade de fallarmos em toda a se- ric legislativa, começaremos pelo fim, isto é, pelas medidas adoptadas para 1905, que dão implicitamente ideia do methodo seguido nos annos anteriores. Quanto á parte de conservação e de repovoamento, a despeito dos córtes que somos obrigados a fazer, ficará ainda muita materia a tratar. Por isso, paraphraseando o que um grande poeta escreveu em carta a um amigo, pedimos desculpa de ser extensos, mas não temos tempo de fazer a obra mais pequena. Exploração da borracha em 1905 Demonstrada a impossibilidade de adoptar um regimen uniforme de exploração para todo o territorio da Comp. de Moç., procura esta uma solução adequada á posição geographica de cada circumscripção, que ao mesmo tempo visa ao fim desejado: a preservação das trepadeiras. A exploração principiou em 15 de fevereiro. A orientação adoptada foi a seguinte: Continuaram em 1905 as areas abertas aos particulares em 1904. Govuro. N'esta circumscripção ficaram reservadas para a Comp. as 74 florestas (+) Inhadanda, Sangane, Inhamocea e Sangazive; o resto da cir. foi aberto á exploração particular. Chiloane. Aberta toda a circumscripção. Sofala. Aberta toda a sub-circ., exceptuando a floresta Munhambué que ficou reservada para a Comp. “Moribane. Fechada aos particulares e reservada para a exploração da Comp. Mossurise. Idem. Sena. Aberta. Gorongoza. Fechada. Licenças e fiscalisação de cobrança em harmonia com a ordem 2063. Imposto de borracha, 120 réis cada kilo, segundo a ordem 2537. Florestas de Landolphia O stock do territorio da Comp. de Moç. em trepadeiras de borracha é immenso, incalculavel. Os confins de algumas das regiões mais ricas não só não foram explorados como são ainda mal conhecidos. A exploração regular não attinge a decima parte de toda a área flo- restal. Teem algumas das florestas nomes especiaes; dá-se a outras os de regulos ou povoações; mas grande numero d'ellas estão inominadas . A região do territorio mais abundante em borracha é a designada no mappa E por Madanda (**) que se estende desde Sofala atravez o Mos- surise. Rico é tambem o Govuro, na parte que póde considerar-se um prolongamento da Madanda; riquissimo o Moribane; havendo ainda ma- gnificas florestas em Neves Ferreira (Cheringoma) e Sena (prazo Teu Teu). (ti) (+) Sobre distribuição das florestas e seus nomes, vide cap. seguinte. (**) A Madanda é toda a vasta região que se desenvolve entre o rio Lucite ao N, o Mossurise a O, o Lipendi e as terras de Sofala a E, e o Save a S. (Mon. op. cit.) Vide cap. «Atravez da Madanda». (***) Consideramos apenas aqui as grandes florestas sob o ponto de vista da explo- ração intensiva. Das outras, as secundarias, ou pouco povoadas, não fallamos. Como typo d'uma d'estas florestas póde citar-se a que, do kilometro q da Beira atravessa a linha ferrea e vae até proximo do rio Pungue n'uma extensão de 15 milhas, approximada - mente. hibabava em € uzi OI Eis a descripção summaria: MOSSURISE (*) Encontra-se a Landolphia (**) indigena concentrada em bandos e macissos n'uma área superior a 35000 h. A área distribuitiva eleva-se a 85000 h., dos quaes ha a descontar as povoações, plantações, (machambas), clareiras, etc. Florestas principaes: Mafuci, Maringa, Mutani, Mutanda, e as flores- tas do Arucato. Os indigenas de Mossuríse dão a todas as regiões onde ha borracha o nome generico de Miguacha. Média geral das plantas por h......... 130 (2%) » » da circ. das plantas....... om,22 a om,35. A difficuldade do abastecimento de agua e comedorias marca o li- mite de trabalhadores indigenas a empregar na colheita. A exploração actual é de cerca de 15 t. por anno. A producção augmentará; está já montado um tanque de 1000 litros para fornecimento d'agua, assente sobre um rodado e tirado por jumen- tos para serviço dos novos acampamentos, e procede-se tambem á aber- tura de poços, rasgam-se novos caminhos, etc. As florestas exploradas conservam-se em bom estado ; os proprios regulos cuidam d'ellas pelo interesse que lhes dá a percentagem da co- lheita e o pagamento aos trabalhadores que lhes facilita satisfazer o im- posto de palhota. (****) A borracha tem sido colhida em regra proximo das povoações e perto das estradas, o que facilita o transporte de mantimentos. (+) A exploração faz-se por zonas. (*) Vias de communicação : De Spungabér, vae-se ao rio Buzi e do vau d'este rio ao terminus que liga com a estrada Mafuci. D'aqui, passando por magnificas regiões para toda a cultura tropical, onde se acham já estabelecidas diversas farms, segue-se até à fronteira (Rhodesia). A séde do commando de Mossurise (Spungabéra), fi a ligada com as terras da South Africa, facultando o transporte de generos e impellindo os colonos ao trabalho agricola. (Notas do relat. do chefe da circ). (**) Vide cap. L. Kirkii. (***) No minimo. (e) Rel. cit. (+****) Para encurtar a descripção omittimos os pormenores identicos relativos ás outras circumscripções. a() / ) Em 1905 foram abertos caminhos na extensão de 450 kilom., a fim de começarem a explorar-se novas zonas virgens. MORIBANE A região da borracha em Moribane abrange uma area de 550 milhas quadradas. Florestas principaes:—Zomba, Maronga, Mabate, Menahina. M'pun- ga, Bunga. Ha ainda florestas menos importantes nas terras dos regulos Zui- gaena, Tura, e Inhamississi. Os principaes acampamentos são estabelecidos em Mussapa (rio) Muodzi, Mudzira e Mutucuto. A colheita da borracha realisa-se no fim da época das chuvas (*) a exploração faz-se tambem por zonas. Florestas exploradas: em 1904, M'punga; em 1905, Maronga, GOVURO As florestas em exploração do Govuro dividem-se em tres grandes zo- nas: duas junto ou mais perto do litoral, com faceis meios de transporte; a outra, para O interior do territorio. Essas tres zonas são: — Sangaziva — baixo Chenguene — alto Chen- guene. Florestas principaes: Inhamocea (2000 h); Sangazive (**) (2000 h); Sangane (1000 h); Inhadanda (1000 h); Brometo, Inhacan>, Macovane, Chatouco (sul da circ. margem esq. do Govuro); Chidindo; e as mattas em litigio Inha- pelle (2000 h) Injoco, Mangarrere. Os principaes acampamentos são situados junto á floresta de San- gazive e nas terras no regulo Maimelane. (*) A melhor época da colheita de borracha é, em geral, a estação das chuvas; no Moribane, pelas suas condições de altitude, a colheita faz-se no fim do regimen das aguas, podendo prolongar-se além de março. (**) A área total das florestas eleva-se a algumas dezenas de milhares de h. Para as explorar seriam necessarias muitas centenas de homens durante 3 mezes consecutivos empregados na extracção da borracha.Ora tal exploração não póde effectuar-se, porque parte das florestas ficam no interior do districto longe das vias de communicação e ainda porque tão elevado numero de colhedores é impossivel obter-se no Govuro. sm) SENA (*) As melhores florestas d'esta circumscripção ficam na Chupanga e são exploradas pela Comp. do Luabo, concessionaria da de Moçambique. A seguir em importancia ha ainda a matta Nheuze, no prazo Caia, e as mattas de Inhamunho, Santa e Absintha. SOFALA (++) Mattas principaes: Sororojô, junto a Messanga, povoação do regulo Inhangoro. Dovenhe. Chivenne, entre a langua d'este nome e a de Imbatuve. Munhembue. Acampamentos em Bave, Merigu, Chinuhumbo, Messumbi, Estove, Comacha. NEVES FERREIRA Vastas florestas nas terras de M'Siambose (praso Teu-Teu) fechadas á exploração para descanço e repovoamento, e outras mattas de menos valor em alguns pontos da circumscripção. (***) (*) Esta circumscripção, em que só incidentemente temos fallado, onde apenas em 1005 começou a cultivar-se o algodão, com uma exportação de borracha relativa- mente pequena (cerca de 12 ton.), é comtudo uma das mais ricas sobre outros pontos de vista, a que tem população mais densa e mão d'obra mais abundante, e aquella a que os governadores assignalam maior futuro O projectado c. de ferro Beira-Sena, cuja construcção está para breve, além da sua importancia como linha de penetração, trará mais facilmente á Beira os productos d'aquelle paiz, cujo commercio em gados, assucar, sal, sementes oleosas, etc., augmenta de anno para anno. Os meios de transporte actuaes, são: «Pela via fluvial, embarcações a vapor e al- madias no curso do Zambeze. Na estrada marginal d'este rio (um dos maiores da Africa oriental) carregadores e machileiros, carros de bois. Para o interior da circ., machileiros e gado de montada; os carros alli não se podem utilisar, por serem as terras cortadas por ravinas profundas. O meio de transporte mais economico é o fluvial, e o mais rapido o terrestre, sempre que se caminha para montante do Zambeze.» (Do rel. do chefe da circ.) (**) Nas terras do regulo Marombe, o maior, ha varias mattas importantes. Estas terras foram cedidas á C. do Buzi. (***) Digamos para terminar esta resenha, que na Machanga (junto á costa, na circ. de Chiloane) tambem ha alguma borracha. Protecção e repovoamento de florestas de Landolphias no territorio No territorio da Comp. de Moçambique, ha, sob o ponto de vista da borracha, florestas em exploração, e florestas exploraveis. Pertencem a esta ultima cathegoria aquellas que provisoriamente se não exploram, ou para lhes dar descanço, ou por estarem affastadas das vias de communicação. (*) A questão de protecção e repovoamento florestal foi examinada pela Comp. de Moç., e pratica-se no territorio, d'uma maneira geral, sob o triplice aspecto: 1.º Proteger as florestas directa ou indirectamente. 2.º Povoar es florestas em que o numero de trepadeiras é insufi- ciente para uma exploração remuneradora, e aquellas que não possuem landolphias em quantidade apreciavel. 3.º Manter e elevar a proporção de plantas cautchuosas indigenas nas florestas que a Comp. explora. A resolução do 1.º e 3.º ponto é urgente e actual. A do 2.º, é van- tajosa mas adiavel. N'esta orientação, a Comp. de Moç. assegura protecção ás florestas por varias razões empobrecidas (**) pela prohibição absoluta de n'ellas se cortar borracha durante alguns annos e outras medidas geraes de de- fesa florestal. Além d'isso, promove o seu repovoamento artificial pelas prescripções administradas aos chefes de circumscripção e pela propaganda entre os (*) Em varios pontos do territorio, como, por ex., a região a montante do rio Lucite, ao sul de Moribane, uma das menos conhecidas, ha largos trechos de florestas virgens de toda a exploração. Apartadas dos caminhos regulares, e das povoações indigenas, teem sido assignaladas pelas missões scientificas, e pelos caçadores de leões, elephantes ou cavallos marinhos. (**) Antigas colheitas desordenadas, proc ssos de colheita damnificadores, quei- madas, etc. 80 interessados, que são todos os concessionarios agricolas e ainda os indi- genas. (*) Não é utopia nem é mesmo difficil com perseverança e boa vontade, seguindo os principios culturaes largamente publicados pela Comp. (a que adiante nos referimos), lançar as bases de novos centros productores nas florestas, que são o meio onde a Landolphia vive e prospéra. (**) E a Comp. de Moç., logo que tenha livre o seu campo de acção fará o resto, destinando verbas orçamentaes para o completo repovoa- mento, ficando essas florestas dentro d'um certo numero de annos aptas para uma exploração methodica e remuneradora. (***) Passemos agora ao 3.º ponto, que é o principal. Este capitulo tem de ser dividido em 3 partes: a) exploração por zonas. b) extracção da borracha sem destruição das Landolphias. c) repovoamento systematico. a) Nas regiões ricas de borracha, as florestas reservadas para a Comp., são divididas em zonas que se exploram alternadamente. As zonas são de antemão fixadas, de fórma que a zona A, B, C, etc., só volte a ser aberta á exploração passados 3 ou 4 annos, conforme o estado em que se apresentam as trepadeiras da borracha. Nºeste intervallo de descanço, as plantas avigoram-se e intumescem do latex, e novas plantas germinam e crescem expontaneamente, b) Rigorosos principios regem a extracção do latex. Os chefes de circumscripção impõem-nos aos capatazes (europeus ou indigenas) que por seu turno os fazem observar pelos pretos colhedores, sob a vigilancia, tanto quanto possivel, dos policias florestaes de cada circumscripção, ou do chefe, ou ainda do agronomo nas suas visitas d'inspecção. (*) Veja-se o capitulo que trata da borracha do Ceará (Manihot Glaz'ovii). (**) As florestas do Arucato (Mossurise) estão sendo repovoadas em parte por meio de sementeira, em parte por transplantação de landolphias d'outras florestas. (***) Voltaremos a este assumpto no capitulo que trata da L. Kirkit. Repovoamento das florestas Cingimo-nos n'este capitulo ás fontes officiaes, por ordem chronolo- gica, que resumem a questão, a partir de 1901. Anteriormente a esta data havia a orientação geral, os estudos technicos, algumas experiencias isoladas em virtude de circulares anteriores, e pouco mais. D'ahi em diante, o plano amadurecido tem-se posto em pratica integralmente. Em 1901, o inspector d'exploração, Arnold, propõe: tato «Que se enviem ordens aos chefes de circumscripção a fim de instruirem os indigenas colhendo borracha por conta da Comp. de Moc., ácerca do melhor modo de sangrar as trepadeiras sem prejudica las, e ao mesmo tempo que se previnam os regulos que serão tornados responsaveis pela destruição da Landolphia quando esta fôr encontrada na visinhança das povoações». É tambem: «Que com o fim das trepadeiras se reproduzirem em quantidade Nota. Apesar da elevação da taxa de 60 a 120 réis por k. de borracha, !/; app. da producção total no territorio constituem a colheita por conta de particulares que se effectua nas florestas abertas á exploração. Só uma fiscalisação directa e rigorosa sobre os indigenas que trabalham por conta alheia poderia garantir a immunidade de todas as Landolphias E” provavel que n'essas ftorestas algumas das plantas sejam exploradas em excesso, e mesmo algumas destrui- das. Mas aquella fiscalisação completa é impossivel, a não sêr que se adoptem medidas draconeanas. Pretender que a Comp. de Moç. tenha resolvido completamente em meia duzia d'annos um problema tão complexo, e que os paizes coloniaes mais adiantados apenas começam a atacar de frente, seria faltar à verdade, e seria pretender um absurdo» Reservar as florestas mais ricas; conserval-as; fechar as florestas demasiado ex- ploradas para que expontaneamente se vão reconstituindo; iniciar o repovoamento d'outras, como, por ex. as do Arucato que estão em condições naturaes de se torna- rem fartos centros productores; e evitar desde já, pelos meios indirectos, pela apertada fiscalisação administrativa, que a exploração seja desordenada nas circumscripções aber- tas; fecha-las por seu turno opportunamente antes que perigue a sua conservação; tal é o plano que a Comp. de Moc. gisou, que tem levado á pratica e que espera poder proseguir. Eis o estado da questão. Q 2 apreciavel, se ordene aos chefes das circumscripções a observancia rigo- rosa da circular n.º 63, na parte relativa ao córte de estacas e á sua plantação pelos indigenas empregados na colheita...» No relatorio de 1902 do governador do territorio lê-se: «Mandei re- servar para exploração directa da Comp. as mattas da Madanda do Mos- surise; prohibi a exploração das mattas do Moribane, Cheringoma e Teu. Teu, para que descancem alguns annos e determinei o repovoamento de tolas as mattas por meio de sementeira e estacas.» Para 1903 foi votada a seguinte verba orçamental: Despesas — Explorações directas (ORÇAMENTO ESPECIAL) 1903 Repovoamento das mattas de Landolphia Cap: E arts 91 bis Goyviaro) sis. é se at a ST DODO PN RAS) Mio SStaris Cor setar eso 3754000 DE RT o Moribaner e o sas) 97940000 DD SDS DD Chiloaneen-n e -.. — I00%000 Do RD dq Sofala sediar 1007000 a DE E Pitas dE) Neves Eerreinatis a 10074000 1.425.000 Egual verba foi votada para 1904 e 1905. Os trabalhos, que já se vinham executando, passaram a sêr organi- sados systematicamente e desenvolvidos a partir de 1903 da fórma se- guinte: A colheita (*) é feita por brigadas ou partidos de serviçaes indigenas, (*) Em geral todos os serviços agricolas. O systema seguido é o de engajamento. Para o serviço de claims mineiros existe em Manica o recrutamento, tendo-se cr-a “o uma «secção de negocios indigenas» constituida por um chefe de secção, um auxiliar, e os policias e cy paes necessarios. engajados (*) para esse fim e dirigidos por capatazes, sujeitos ainda à vigilancia do chefe de circumscripção. Os dias de trabalho (**, dos indigenas colhedores são inscriptos no- minalmente em registos ad hoc. com a indicação do rendimento total de cada um, etc. Vejamos agora as instrucções especiaes e os processos empregados para o repovoamento quer por estaca, sementeira ou mergulhia. Circular n.º 7. Ao sr. chefe de... (1) Multiplicação das trepadeiras de borracha «O fructo da L. Kirkii (m'pira) alcança a sua maturação no mez de dez., principios de jan. E' necessario colhe-lo perfeitamente maduro; tem nessa occasião uma côr amarello-pallido, e a casca facilmente quebradica sobre a pres- são dos dedos. E” preciso não confundir este fructo com o da L. florida (kouza). Cada fructo contém em media 25 sementes. As sementes são revestidas de polpa. (2) Preparação da semente Os fructos em completa maturação caem facilmente; é sempre pre- ferivel colhe-los n'este estado, mas no caso de serem colhidos antes, é necessario deixa-los amadurecer á sombra. Abrem se os fructos maduros, toma-se uma celha meia d'agua, deitam-se-lhe dentro as sementes com a pôlpa e agita-se, comprimindo a massa por varias vezes; a pôlpa tira-se assim facilmente ficando as sementes a nu. Recolhem-se estas em seguida, (+) Os quadros do pessoal indigena são preenchidos pela apresentação voluntaria, ou, como dissemos, pelo engajamento. N'este caso, os cypaes portadores de ordens dos chefes de circumscripção, dirigem-se ás povoações e ahi se entendem com os regulos sobre o numero de homens necessario, acompanhando-os depois a apresentar-s: no commando. E” curioso o que se praticava ha poucos annos e crêmos que ainda se pratica, na sub-circumscripção de Chimoro.— Os regulos das terras circumvisinhas mandam todas as semanas á séde um preto, munido d'uma corda, na qual o chefe dá um certo numero de nós 10, 20, etc., e no dia aprazado apresentam-se pontualmente tantos serviçaes quantos os nós feitos na corda. (**) A Comp. de Moç contracta os indig:nas por um, dois ou trez mezes, quatro o maximo, com o vencimento de app. 2ipjoo reis mensaes (conforme as regiões, e 1)000 réis para comedorias. da lavam-se n'outro recipiente e deixam-se seccar á sombra durante o tempo justo e sufficiente para evaporar a agua. E” preciso nunca expôr as sementes ao sol; e preparar, apenas, cada manhã, as que se podem semeiar n'esse dia. As sementes assemelham-se a um feijão grande. As que não tiverem essa fórma e tamanho habitual devem ser rejeitadas. Sementeira directa (3) Escolha do terreno O melhor guia é a existencia da trepadeira natural; aliás, escolher- se-ão terrenos frescos, que na época das chuvas não fiquem alagados nem muito seccos durante a estiagem, limpos de arbustos, tojo ou matto e ao abrigo de queimades. A terra deve ser fundavel, rica, de consistencia media, isto é, sem excesso de areia ou argila. A Landolphia dá-se bem nos terrenos baixos, nas proximidades dos regatos, sob grandes arvores que deixem filtrar o sol atravez da folhagem, porque não é tanto a sombra das arvores que a Landolphia procura, como o seu apoio physico. (4) Preparação do terreno Para se não perder tempo, prepara-se o terreno quanto possivel no fim de época de estiagem ou, pelo menos, bastante tempo antes da se- menteira a fim de arejar a terra. Ao pé de cada arvore escolhida para apoio, culima-se o terreno a um metro de raio, limpando o de pedras ou quaesquer corpos estranhos que se atiram para longe Marcam se por meio de estacas, trez pontos, app. nas extremidades dum triangulo equilatero e affastados 0,50 da arvore. (Fig. 1) Fig. 1 Em cada um dos pontos faz-se uma cova, tendo cada uma o”,3 de diametro app. e outro tanto de profundidade. Se o fundo não fôr terra vegetal, separar-se-á uma porção para um dos lados da cova, fazendo se Fajo uma pequena orla em volta da abertura para conservar melhor a agua das chuvas. O fundo da cova deve ser constituido por terra vegetal que se calca levemente de tempos a tempos. Preparadas as sementes como indicâmos, (+) procede-se da maneira seguinte á Sementeira Fazem-se a dêdo no meio da cova trez pequenos buracos do compri- mento de duas phalanges, afastados uns dos outros o”,1; (Fig. 2) em cada um põe-se uma semente, e cobre-se depois de terra. Ao centro colloca-se uma estaca ou um signal indicativo do local. Um mez ou cinco semanas depois começam as pequeninas Landolphias a pungir á flôr da terra. Em redor d'uma arvore ter-se-ão pois g sementes que de ordinario todas vingam. Trez trepadeiras porém bastam para cada arvore. As res- tantes serão transplantadas na estação seguinte. A conservação das novas Landolphias requer alguns amanhos du- rante os dois primeiros annos. Passado este periodo a trepadeira estará bastante vigorosa para defender-se por si mesma contra as plantas selva- gens de qualquer natureza. Viveiros A creação de viveiros tem por fim o desenvolvimento das plantações e a substituição das Landolphias que eventualmente vão morrendo. 1.º Escolha de terreno, Escolha-se um terreno horisontal onde as aguas e a chuva não permaneçam. A terra levemente silico-argilosa, deve con- (*) À despolpação e lavagem das sementes não é absolutamente indispensavel, 86 ter em quantidade terra de matta, composta de detritos vegetaes. Cada viveiro estabelecer-se-á perto das habitações para que a vigilancia se torne mais facil e junto a ribeiras que asseguram as regas. E" preciso proteger o viveiro por uma palissada ou estacada e col- loca-lo sob a protecção d'uma renque d'arvores que côem atravez da fo- lhagem o sol ardente em excesso. 2.º Preparação do solo, Revolva-se o solo á profundidade de o”,5, tiran- do-se com todo o cuidado os seixos, raizes e quaesquer corpos extranhos. Tracem-se canteiros de 1m,5 de largura separados por carreiros de om,4; antes de semeiar cave-se de novo. 3.º Sementeira. Semeia se em regos de o”",03 de fundura as sementes espaçadas de o”,1 cada; tracam-se os regos com inter vallos de 10 a 12 c. e cobrem-se as sementes com terra fina. Conserve se sempre a terra hu- mida desde o dia da semeadura. Não chovendo, duas regas por dia são precisas. () terreno tem de ser sachado pelo menos uma vez em cada 15 dias. No fim de 10 a 12 semanas as plantas terão cerca de 40 c. de al- tura e as raizes 25 c. 4.º Transplantação. Semeiando-se no principio de jan., as Landolphias estarão de ordinario aptas a ser transplantadas nos ultimos dias de março. As plantas novas serão arrancadas dos viveiros por meio d'um forcado de dois dentes. Crava-se obliguamente a 1 decimetro da planta, que se se- gura com a mão esquerda e com a direita carrega-se sobre o cabo que serve de alavanca. Planta-se depois em buracos feitos com um plantador (Fig. 3) cuja comprimento permitte aprumar a raiz em toda a sua extensão. Multiplicação da Landolphia Alporques e estacas Desde fins de fev. até principios de jan. do anno seguinte não ha sementes de Landolphia. Por isso durante este tempo não se pode pen- sar em multiplicar-se por meio de sementeira. Tambem não podem guardar-se as sementes em jan. para se se- meiar mais tarde, por não durar muito a sua faculdade germinativa. Os meios a ernpregar para a multiplicação da Landolphia entre as duas estações das chuvas são os seguintes: por mergulhia ou alporque e por estaca. (x) 1.º— Alporques (**) : Uma planta velha de Landolphia tem sempre na sua base um, dois ou mais ronovos ou vergonteas que muitas vezes tem alguns metros de comprido. São esses renovos que, para o effeito de re- produccão, se donominam alporgues. Para alporcar procede-se da seguinte fórma: (Fig 4) — tendo-se escolhido a vergontea que se deseja e O sitio onde se quer crear a nova planta, abre-se entre a planta mãe e o ponto marcado um rego de 20 c/m de fundo e outros tantos de largura, e en- terra-se com precaução a vergontea escolhida para que se não quebre havendo o cuidado de se levantar a extremidade que se prende a uma vara no ponto que deve occupar a nova planta. Depois desta opera- ção cobre-se com terra fechando-se esse rego, calca-se e rega se. Deve-se operar de fórma que a nova planta fique a pequena distancia da arvore que lhe hade servir de apoio. Regar-se-á de tempos a tempos du- rante a estação secca a fim de facilitar a nascença das raizes destruindo se (*) Além do methodo natural. Vide a nota (**) (**) O alporque, preferivel à estaca, assegura a reproducção das Landolphias. Mas é ainda preferivel empregar o methodo usado no Mossurise e que consiste em fazer as transplantações directamente, colhendo os jovens L. onde pululam no solo e indo de- pô-las no local definitivo em que d'antemão se prepararam os tutores que servem de apoio à nova planta. Assim se teem vindo em parte povoando as florestas do Arucato com trepadeiras novas da Madanda. 88 as hervas ruins que possam prejudicar a nova planta e o seu desenvolvi- mento até que ella se possa defender. Nunca se deverá separar a nova planta da planta mãe. O alporque pode-se fazer em todo o tempo. 2.º— Estaca: A melhor época para se fazerem as estacas é nos me- zes de maio ou junho de fórma a estar bem enraizada para se transplantar na epoca das chuvas em dezembro. Maneira de se fazerem os alporques A pernada a escolher deve ser do proprio anno, bem desenvolvida, ou, na sua falta, pernada que não tenha mais de um anno. Reconhece-se que a vergontea está nas condições necessarias pela côr castanho carre- gado e consistencia lenhosa. Pernadas velhas ou rebentos no estado la- tente não se desenvolvem; a casca das primeiras é assaz dura para deixar passar a corôa de pequenas raizes que nascem geralmente no borda- lete que rodeia os rebentos. Ao contrario as pernadas novas e não ama- durecidas estam cheias de seiva, os gommos mal formados; e a es- taca n'estas condições apodrece quasi sempre na terra. Dever se á attentar em que as pernadas sejam bem direitas e os rebentos proximos tan'o quanto possivel; porque assim, mais numerosos para um dado comprimento de estacas, augmentam as probabilidades de enraizamento. 89 Tendo-se escolhido a pernada corta-se com uma sercetoria ou uma podôa em pedaços de 35 a 40 c. de comprido, procedendo-se de fórma que o corte inferior fique 2 c. abaixo do gommo e o corte superior o mais affastado possivel do ultimo rebento. (Fig. 5) 0,02 e AA qse 035 x quo Fig. 5 Plantações em viveiro: O solo do viveiro deve sêr coberto de som- bra, escolhido e preparado como se disse no cap. — Viveiros. Com um alvião ou uma enxada abre-se um fosso de 25 a 30 c. (Fig. 6) de fundo por 25 c. de largo tendo se o cuidado de se dar uma certa inclinação á parede contra a qual hão de encostar-se as estacas; a terra proveniente do fosso será deposta na borda (a). Isto feito, todas as estacas serão dispostas no fosso ou valla distantes 10 c. umas das outras bem encostadas contra q2s a 0,Ã0 Fig. 6 a parede da valla e de fórma tal que dois rebentos fiquem fóra da terra. Tape-se cuidadosamente a valla deitando-se terra fina contra as estacas; calque-se bem e regue-se varias vezes durante a operação para que a terra fique adherente á estaca.Distante da primeira fila de estacas uns 25 a 30 c. abrase uma outra valla procedendo-se da mesma fórma indicada. Em cada quatro filas de estacas faça-se um carreiro de 5oc. de largura para facilitar a irrigação. Os trabalhos em viveiros consistem em numerosas e abundantes re- gas e em amanhos todas as vezes que se reconheça necessario. Beira, 24 de março de 1903. Circular: Em additamento á circular n.º 7, e sendo da maior conveniencia tra- tar se do repovoamento da trepadeira Landolphia nas florestas da Comp. de Moç. sem que possa haver a menor hesitação como attenuante á falta de cumprimento das instrucções da referida circular, ordena s. ex.20 go- vernador que se chame a attenção do chefe da circumscripção (....... dh para que empregue todos os esforços e meios ao seu alcance (quando de todo em todo não possa seguir á risca essas prescripções) para que os ser- viçaes façam o maior numero de plantações de trepadeira, procurando de todos os modos possiveis que a proporção minima seja de 500 (*) semen- tes ou estacas para cada tonellada de borracha colhida na região, ten- do-se em vista a fórma por que deve ser feito o repovoamento das Lan- dophias e os requisitos para a sua existencia, taes como supportes, sombra, calor, humidade e solo conveniente. * Vejamos, rapidamente, os resultados praticos d'estas instrucções cla- ras e simples, redigidas por technicos, mas de modo a serem facilmente- interpretadas por não technicos. No fim do anno de 1903 a 1. G. d'Exploração publicou no seu rela- torio uma nota cuja summula é a seguinte: Em harmonia com as varias circulares d'esta inspecção, (**) os chefes de circumscripção mandaram para a secretaria geral uma descripção dos methodos smpregados para a multiplicação de Landolphia nas florestas onde cresce esta trepadeira. A conclusão que se tira d'esse serviço é que os modos efficazes de reproducção são os seguintes : 1.º A multiplicação por meio d'alporques. 2.º A multiplicação por sementeira directa na floresta (***) tendo por (*) Veremos mais adiante que o Moribane, com uma producção em 1905 de 3,8 t. app. de borracha de L. da floresta Bunga, é repovoado com trinta e cinco mil alpor- ques. Fazendo a conta, vê-se que, sem fallar nas sementeiras, a proporção se eleva a 921 plantas por t., ou perto de cento por cento mais do que a circular prescreve. (**) As circulares são de junho e julho. Julgamos superfluo publica-las uma vez que se lhes conhecem os resultados. (***) Como vimos, o methodo de transplantação directa de L. já feitas da flo. resta onde nasceram expontaneas para aquella que se pretende provar, usado no Mos- surize, dá resultados ainda mais promptos. E” o preferivel sempre que possa empre- gar-se. complemento a transplantação das arvoretas do solo onde germinaram para sitio onde se possam desenvolver convenientemente. 3.º O methodo por estaca deve ser abandonado, porque, em compa- ração com os primeiros, os seus resultados são inferiores. Em 1co4, tambem fim do anno e da mesma procedencia foi publi cada a seguinte nota: «E muito para desejar que todos os annos prosigam com persisten- cia e methodo os trabalhos de repovoamento de Landolphia.» Vejamos agora o que o actual inspector, Smits, relata em junho de 1905: «Durant le voyage que j'ai fait au mois de mai dernier, il m'a été donné de parcourir durant plusieurs jours les forêts du Moribane et les circonscriptions de Manica, Chimoio et Neves Ferreira; la quantité des essences à caoutchouc que [on rencontre dans les forêts de I'ouest cons- titue [une des grandes richesses de la Comp. de Moz. (+) Je me plais à rendre hommage à mr. le chef de la sous circonscrip- tion de Moribane qui m'a accompagné durant une grande partie de mon voyage. Tout en ayant su se concilier toutes les peuplades de son terri- toire, il a une grande autorité sur les noirs et posseéde une parfaite con- naissance du pays qu'il administre. Les sentiers indigênes sont néttoyés et rendus aussi pratiquables que la nature montagneuse du terrain le per- met. La récolte du caoutchouc se fait d'une facon methodique, les qones à exploiter sont parfaitement délimitées... «J ai pu constater que la conservation et la protection des lianes était assurée par les ordres données aux indigenes chargés de la récolte; ces ordres sont généralement suivies et respectées. Les lianes de Landolphia sont exploiees sans porter alteinte à leur mtalité, cesta dire que Pon ne coupe que [Vécorce sans entamer le bois; les picds des lianes et les jeunes pousses sont dégagés des herbes pour assurer leur croissance réguliere, enfin le cas échéant l'on pratique le marcotage sur les lianes que s'y prêtent.» Para fechar este capitulo reproduzimos algumas notas dos relatorios mensaes dos chefes do Govuro, Moribane e Mossurise relativos ao anno de 1905. (*) N'outro ponto da descripção da sua viagem, diz Smits: — «J'ai pu vérifier la présence de Landolphias dans d'autres forêts non exploitées comme étant trop pauvres et j'ai constaté également Vexistence d'excellent caoutchouc sur le territoire des cir- conscriptions de Neves Ferreira et Chimoio. Quelgues soins permettraient de créer de nouveaux centres de production.» Govuro Relat. do anno de 1904. Repovoam se as mattas onde a L. indigena já escasseia. Maio 1905. O repovoamento das florestas do Govuro effectucu-se já nas mattas do baixo Chenguene e nas de Sangazive (Macovane), mais a S. e mais proximas do litoral. Transplantaram-se 1000 Landolphias. Junho 1905. O repovoamento systematico das florestas tem sido feito, sobretudo com plantas de L. Kirkir. Convém que a sementeira se faça entre dez. e jan., e a transplanta- ção no anno seguinte, entre jan. e março. Mossurise Fev. 1905. Fez-se a sementeira de L. junto a 600 arvores preparadas em jan.; arranjaram-se mais 1000 tutores fazendo se sementeira e transplantações. As L. pouco fructo produziram este anno, tornando-se dificil obter sementes. Marco 1905. Repovoamento das mattas de Landolphia. Tem continuado, havendo mais 1200 arvores rodeiadas de sementes e peg. plantas de L.; continua a sementeira. As sementes enterradas em janeiro começam agora a germinar. CAÁbril 1905. Continua se a limpar grande área da floresta e a repovoar se de L. Maio 1905. Durante o mez trabalharam 16 homens na limpeza das plantações de L. já feitas. As trepadeiras que foram plantadas no Chibabava apresentam bom aspecto. Moribane Jan. 1905. Procede-se ao reprovamento de L. na floresta Bunga. Fev. 1905. Foram postas 7000 estacas (mergulhia) de L. Marco 1905. Foram postas 11000 estacas (mergulhia) de L. Maio 1905. Tem continuado o serviço de repovoamento a cargo da policia flo- restal com 15 indigenas. Em abril foram feitos 9000 alporques. Relat. do anno de 1904. A Comp. do Moribane plantou alguns milhares de pés de borracha (Ceará) extrahiu 1,5 T' das suas mattas de L., e cuida do repovoamento dessas maltas. As transcripções que fizemos estabelecem, parece-nos, sem a menor duvida, que a questão da conservação e desenvolvimento das florestas da Comp. de Moc. productoras de borracha está, desde já, assegurada. Não nos queremos deter em confrontos com o que se tem feito nos paizes 'coloniaes africanos mais precavidos e adiantados (a que de pas- sagem já nos referimos) confronto que, aliás, não receiamos. O nosso fim, apontando os factos do territorio, é tam sómente mos. trar que olhamos ao futuro e não nos furtamos aos trabalhos e respon- sabilidades do presente. Digamos comtudo que se, para a Comp. de Moç., a questão da bor- racha é importante, para as outras colonias é vital. Citámos n'outro logar exemplos de colonias estrangeiras. Quanto ás nossas, é tempo que as P. de Moçambique, Guiné e Angola se acautel- lem das ameaças futuras, Angola sobretudo, em cuja totalidade de red- /, . ditos entra a borracha com mais de 30 0% dr viquBunds v eporiioq vp vprsauo ERA * Landolphia| * * Ss sopucid seuTo! º SOJOT soputid seuos seuonhod sexta Es phias). LANDOL PHIA (APOCYNEA) Classificação e distribuição goographica Mappa D ia nsis — K. Shumann.... o Af oce, Ilhas Comores, Senegal, Congo, Hungo EoaiRé Taadotph var. Florida — Bentham. Eqe e (1) área geog. muito vasta ses] Angola, Ambaca, Terras de lacca. Eos | 3 aii lianiha E Oliver Mec Ê [AE or. Moçambique, etc. (Vide nota) Cgje petersiana — 1 Dier (*) área peog. grande... .....oo raras Dad A fee. trop. (Vide Ny E agi " gummifera — K Shumann (9... .. e Ebdo -+» Madagascar, ilha Maurícia, EE (voahena é | no bracteata— A. Dew oie so Sa E a PR ..... Congo france, o) o Lecomtei— A. Dew... ....... Cosa Rae caca na cos Peer Ines rr PROA | Malabars « “ Gentili — De Wild cocrAcepnire ces pa bes darsantr esceanos sec cAACONpO Delas , » Droegmanziana — De Wild...... cresc enereseneseeoro ua «+. Cassai. (4 () o lucida — K. Sch.,...csccrocsos TSfEie esc ma=Içe ee rece ++ Cassai (Congo interior). O ini ceia ; j :.. Senegal, Guiné, Sudão, Costu d'Oiro, | Af occ. e or. Cassai, Liberia, Serra Leõa, Cama Self ” owariensis — Pal, de Beauvais. (*). PTE LEE - - Es rões, Angola, até Djurland (orig. do Nilo) ER ” . Paederia — Spr..... Ee E E Ex u e Vabés E Muller... à EE ú | Congo belga, Gabão francez. EE E + Pacouria— Hier... 0.00 : | 8 v 4 Klami— Pierre E [9 Pa . Gabão, 2a v | Foren. E . D ) ÊS » Heudelota — A. de Candole, Heudelot. | ' ; v ) Michelini — Bent PESE (O) er E «esveveesoo. Guiné, Sudão, e do Senegal ao Alto Niger. “ Tomentosa — A. Dew.. cc) | + ÀTraunii Ses ae t as da a À . Bissao, etc, | “ angustifolia — K. Sch....., ERR REP Pc Pe ç Usambara. a Thollonii — A. Dew ....... RS à Congo medio, E) v parvifolia — K, Sch ERR ae : : +.» Angola. Bu v crassipes — Radlk : k Madagascar. “a v capensis — Ohv E quçes Transvaal 58. | Af or — Moçambique / Zambezia, Mossurise, Mo- sex vw KIRKII — Thiselton Dyer E ; ribane, Govuro, Sofala). Nyassaland, asi etc = VA£ or.— Assignalada no terr. da Comp. de Moç., E Watson). saves er em Mossurise. .. Delagoensis (?) a PERNA! «+». Lourenço Marques Novas especies * Landolphia Perricri — Jumel'e ] esto hesE «- Madagascar NO " Manhlh. vesasscaco Era E s +++ Gabão hesp. é Camarões (Barombi) . v sphazracarpa — Jumelle. (19) Ea é exerce. Madagascar v humilis — K, Sch ; E qansã « Stanley Pool “ Eminiana — Hiallier Eesedcrnda 7 Victuria Nyanza. “ amaena — Hua. (M).. . ” v dondeensis — Busse. (1?) y . a 5 Africa or. = ===>>> [') Ha controversia sobre esta especie. AGrm, o dr Preuss chegou pelos suas experiencias em Buéa (L e multo elustico. Mas Auk horas perde a elasticidade Af. ar. como esp rente da L. florida ilustre botânico nda especie em im uns que é improductiva ; outros, que da borracha de má qualidade; outros, bôx borracha. Seg ndo escreve o prof Warbur dee à Soneluado de que esta variedade produz [ater em quantidade cougulavel pelo aquecimento, e dando um csutchu class QUE a pubntancia obtida neta congulação do latex da L- florida do Sanegal, é primeiro branca, imúito elhatica é nho viseosa, mas mis SOLO na se fmavel Tu) PIE parece provavel é que se tenham confundido varias especies to o mesmo nome, Schlechter considera a É. florido vonterinds q4 lisavel da A acc. À confirmar esta opinião temos a do sr. Conde de Ficalha no livro Plantar uteir da Africa portugueço Disso vs (tanta ne referido à L. Kirkiyy é a L florida Habita em diflerentes partes de terras perto de Mocombique, e parti dede Cabo Delgido ate em frente de Ibo, encontrando-se logo na proximidade do mar, segund» consta das ioform ções do sr. HolmWood, vice-consul bela iaido nhecid 1 pelo nome vulgar mbungu. O latex da mbuwv ula, mais difbcil e lentamente que 0 da especie precedente « 1º) Coagula por meio do calor e dos acidos | Warburg) Cds mo Umfera, L. sphrocarpa, é L. Perrieri pertencem ao mesmo grupo — L florida [Widman). Q habitat d'esta L. é Madagascar. Outras especies ainda de L.. se encontram n'esta ilha. fi) AL Senegatensis não produz cautchu mas simplesmente uma substansia guitoide (Vilbouvitch) (o A coakulação do latex da [. omartensis, é dus aus proximus parentas Klantt e Foreti, faz-se por meio do calor e dos acidos. Di Adinidados com a L (Ricki Productoro, na opinião corrente, do reputado Cassai rubro. Segundo Wildeman este bom cautchu é produzido pela L. onarfensit, que tam- bem tem grandes allinidades com a É Asrk J Aus, Chevalier, nos seus estudos mod-rnos, diz que estes 4 nomes correspondem a uma unica especie botanica, a L. «tolo dos wolfs, em língua bambara “E Dl onEMeNTE não considerava esta planta uma [ Na opinião exacto, de Wildeman, Warbura, Morris, ele. é uma Landolph(a, produetora de Cavicho, originaria da 1f,or, e proxima parente da L Rrtker Existe A não sr pelo fructo, que é de forma diflerente da d'esta ultima, sá um exame technica COMBA aa RE SUL renças Na região do Momurise, a L. Watromi compete com a L. Kirkit, da qual pode con iderar-se uma varic Iade, na produeção é qualidade de coneieo Vino da dy Eru folhas & Nórea pequenas, 1ó esta L é a anterior — L Watson — (bem como a primacial Kirk) fornecem cautchu ao commerclo”[WVitbure) | Nilbouviteh cita a 1.* destas cinco especies (L.. sphasrocarga! e à ultima /L. dondeenst1) como productoras de esutchu y em proximo parentesco com a L. Kirkif, com a qual se encontra misturada [Wildeman) o) jão ha sados precisos sobre esta L Não se sabe se é explorada pelo Indigena. nem qual é a qualidade do producto As Landolplias marcadas com * são as especies ou variedades mais explorados por fornecerem melhor e mais abundante cautchu Landolphias O genero Landoiphia foi creado pelo botanico francez PaLisor DE BeauvoIs. E” a planta por excellencia productora de borracha da Africa tropical. Anpré Dewevre publicou em 1895 uma monographia em que des- creve 10 especies. Em 1898 Pierre descreveu mais duas. As Apocyneas (Landolphias e outras plantas) da Africa occ. e or., são descriptas em maior numero e desenvolvidamente pelo dr. Stapf, de Kew. Hua, K. Schuman, Jumelle, Busse e Halier deram nome ás cinco ultimas especies do mappa de Landolphias. Não escrevendo nós para botanicos. o fim a que visámos organisando este mappa, foi facilitar o confronto da L. Kirkii com as outras Lantol- phias, tanto da Africa occ., como da oriental. As notas são o commentario synthetico e comparativo que elucidam os pontos essenciaes. A L. Kirkit, por muitas razões primacial, reservamos-lhe um capitulo especial. Quanto ás outras L., vê-se em primeiro logar, que as especies repu- tadas melhores são a L. delagoensis, L. dondeensis, L. Watsoniana, (x) da Af. or., e as L. omwariensis, e L. Heudelotii, (suas variedades e L. congeneres), da Af. occidental. (6º) AL Watsoniana ou Watsoni, é originaria da Af. or., e tão proxima parente da L. Kirkii que quasi se confunde com ella, a não sêr no fructo que é globular (parecido na fórma e na côr com uma laranja de Portugal) emquanto que o da L. Kirk é pyri- forme. Assignalada no territorio da Comp. de Moc., como dissémos, encontra-se em grande quantidade nas florestas da Madanda, competindo com L. Kirkii na qualidade prima e unica de cautchu da procedencia do Mossurise Estes factos parecem-nos ter aqui tanto mais cabimento, quanto ácerea das qualidades productoras da L. Watson não estão ainda fixados todos os auctores. (Vide a nota 8 do quadro das Landul- phias). 90 Nota-se tambem que estas especies são todas proximas parentes da L. Kirkii. Não temos elementos para conhecer o valor comparativo das 2 pri- meiras. Quanto á L. delagoensis, sabemos que pertence ás raras especies cujo latex coagula expontancamente. E” provavel que o mesmo se dê com a L. dondeensis. A elevada cotação do cautchu de proveniencia L. Marques (e outros da Af. or. conhecidos no mercado por «Mozambique balls»), attestam o valor intrinseco da L. delagoensis. O cautchu da L. dondeensis Donde balls) é bem cotado, mas tem um valor um pouco mais baixo. Sobre as L. omwariensis e L. Heudelotii podemos informar: A L. omwariensis é abundante em latex com uma forte percentagem de borracha e poucas resinas. Esta L., d'um grande desenvolvimento, é productora d'uma das me. lhores borrachas da Af. occ. (estado independente do Congo) o Kassai vermelho e escuro, e dá bom rendimento. A coagulação não é expontanea, mas obtem-se sem difficuldade pelo calor, pelos acidos, etc. (*) A. L. Heudelotir fornece um producto de 1.2 qualidade e latex em abundancia que, segundo A. Chevalier, coagula expontanea e promptamente ao sol. (**) Wildeman diz a este respeito: «O indigena coagula em geral o latex, quando o colhe á moda dos Foulans, por meio de agua salgada e do summo do limão.» Quanto a rendimento, Chevalier reputa-o assaz fraco. «Nous es- timons, diz elle, qu'une liane adulte, soumise à une traite réguliêre deux jois "an, (***) ne peut donner plus de 5o g. de caoutchouc.» Citadas as melhores especies da Af. occ. e or., não temos que de- ter-nos sobre as outras. Quanto aos processos de extracção da borracha, já vimos que, em geral, os negros destroem a trepadeira que encontram, quer a cortem cerce, quer, se preferem a incisão, a quebrem puxando-a a si, ou enta- lhando-a tão profundamente que atacam o lenho, e, sempre, procurando exhaurir='he todo o seu latex. (5) Vide mais adiante — processos de coagulação. (**) Em Bissao, no momento em que o latex, não muito cspesso, sae do corte, os indigenas esparzem-no com o succo acido do fructo da propria planta, que conservam na bocca. (+**) E” excessivo. No territorio, as L. explorad s pela Comp. de Moç. são san- gadas uma unica 1€%, e só «em parte, até certa altura do tronco. 97 São raros os pontos d'Africa, (Serra Leôa, Akus e Bissao (*) por ex.,) em que os pretos adextrados se limitam a explorar as plantas sem as des- truir, ou inutilisando poucas d'ellas. Quanto aos processos usuaes e primitivos da extracção do cautchu bruto, applicados ás L. e outras 4pocyneas, podem dividir se em duas grandes cathegorias: 1 — Coagulação do latex extrahido por incisão das L. 2 — Extracção directa do producto com destruição dos tecidos. Na 1.2 cathegoria figura a coagulação pelo calor do corpo, pelo suor, pelo sal, pelo summo do limão; por meio de certos vegetaes tanninosos ou oxalicos, que os indigenas conhecem, dos succos das folhas do Bao- bab, da Tamarinda, e outros de determinação especifica ainda desconhe- cida. Emprega-se tambem a agua de sabão e ainda as urinas. No Congo é costume usar-se o summo d'uma gimberacea do genero Costus, ao que se diz, cujo nome é «bossanga.» A” segunda cathegoria pertencem os processos empregados nos dis- trictos de Quango e das Cataratas, em Angola e em Benguella. A maneira de proceder é a seguinte: Cortam-se os rhizomas em pedaços de 20 c., deixam-se ao sol durante uma semana e depois mettem se dentro d'agua. Ao cabo de 10 dias tiram- se para fóra e batem-se fortemente de maneira a separar a maior parte das substancias extranhas e facilitar a agglutinação em massa da bor- racha. Depois d'isto é a borracha fervida, tornada a bater e emfim secca ao sol. Em Benguella os caules são cortados em pedaços de 60 c., postos de molho, batidos, fervidos, espremidos, dando se-lhes a fórma de dedos ou mitali, sob a qual a borracha é entregue ao commercio. A base do methodo é sempre a mesma, embora a manipulação diffira um pouco segundo os paizes. Os processos descriptos, são, como dissemos, os primitivos e usuaes dos pretos. Por elles se obtém a maior parte da borracha exportada d'Africa. Além d'estes, mas fundando-se nos mesmos principios, ha os proces- sos de laboratorio e os mechanicos, por meio de machinas especiaes, não só applicaveis ás Apocyneas mas a quaesquer plantas cautchuosas para extracção do precioso producto. (+) Cit. de Warburg. 98 A preparação do cautchu bruto obtem se pelos seguintes processos (*) que annotamos resumidamente para melhor esclarecimento. evaporação pelo ar. (*%) absorpção do liquido pelo solo. (***) 15... Coagulação pelo calor a) calor natural do corpo (++) enfumação (*++*) «e. ebulição (ese b) calor artificial( SAS ) ' Re pelo vapor d'agua (++) coag. por evap. total d'agua, a quente (++) |écrémage O.... Coagulação por(..., “a co Ad lécrémage com addição d'agua (setseser) (*) Wildeman. (**) Coagulação expontanea — Só praticavel em algumas regiões do Gabão, Casa- mança e Moçambique. (+**) Em certas especies de Landolphia, o latex, escorrendo, chega ao solo que ab- sorve o sérum, o que activa a coagulação dos globulos de ca utchu Está n'este caso a L. «Intisy» de Madagascar. (****) No est. ind. do Congo e no Congo francez os indigenas usam recolher o la- tex na mão, estendendo-o sobre o peito e os braços; o calor e a transpiração actuam, e dá-se a coagulação. E” este o melhor dos methodos naturaes, preferivel ao da coagulação a frio. O cautchu fica apenas contendo uma certa porção de materias gordas, que muito pouco o desvalorisam. (**) Applicado pelos seringueiros do Pará ao latex das «Heveas». O das L. da costa occ. d'Africa tratado por este processo não dá resultados satisfatorios. (++) Methodo simples, usado em algumas regiões do Congo. O latex é fervido, espremendo-se o producto que se desseca depois. À applicação do calor tem de ser lenta para dar bons resultados, o que os indigenas poucas vezes conseguem. (eessees) Apparelho d'Hamet. Funda-se no methodo anterior. Approveita-lhe mui- tas vantagens e obvia aos inconvenientes apontados. (e “y Certos latex, taes como o da Hancornia Speciosa, coagulam completa- mente pelo calor sem deixarem sérum. Os indigenas do Pará, que o usam, quebram o recipiente de barro em que o latex foi aquecido. O cautchu apresenta-se em massa. (esses) Addiciona-se agua ao latex e deixa-se repoisar, a frio. Os globulos de cautchu separam-se e sobrenadam á superficie. Coagula "este modo o latex de certos «Ficus» o da «Hancornia Speciosa» e o de algumas especies de Landolphia. À borracha conhecida nos mercados por thimbles é obtida por este processo. 99 D...Coagulação pelos pro-| productos chimicos mineraes +) cessos chimicos | | productos chimicos vegetaes E C laçã 1 cessos leem a oagulação pelos pro barattage (*) mechanicos 5 centrifugação (*%) = Ê ea K.... Dissolventes o indigena (+++) u ão de reagentes : e = o proc. Arnaud e Verneuil (est) destruindo os tecidos De todos os processos que acabamos de rapidamente expôr, excluire- mos em 1.º logar os industriaes e os de laboratorio, que não são ainda applicados nem applicaveis em Africa á grande exploração. Dos processos indigenas mechanicos ou por cocção de rhizomas já fallámos. Quanto aos outros, e sejam quaes forem, vêse que n'elles intervém um agente de coagulação quer seja o calor, os saes, ou os acidos. Notámos já que o methodo empregado no Congo para coagulação do latex pelo suor e ca'or do corpo, é bom; E” mesmo dos melhores, se bem que o producto não fique completamente puro. A coagulação pelos succos vegetaes quando empregados em pequena quantidade, é de todos os systemas o que apresenta maiores vantagens mas torna-se necessaria a lavagem e depois a dessecação completa do cautchu. Só a generalisação d'este methodo poderá vir a resolver prati- camente a questão. Todos os outros são ou muito complicados ou muito caros. O processo mais vulgarisado entre os indigenas é actualmente o do sal marinho ou agua salgada, applicada directamente á ferida. É um pro- (*) Póde empregar-se: —o alcool, acido acetico, acido chlorydrico, sulphurico, etc, segundo a composição do latex. Quasi todos os saes Todos os acidos vegetaes (Hbiscus, cannabius; etc.) e plantas ou fructos adstringentes que encerram acido oxa- lico ou tannico. (5) O systema barattage (empregado nas desnatadeiras para separar a manteiga do sôro), applicado ao latex tem dado sempre mediocres resultados. (**) De todos os processos é este o melhor, mas só póde applicar-se em larga escala por meio de machinas especiaes. Tem sobre todos os outros a vantagem de não introduzir no latex nenhuma substancia que possa alterar-lhe a natureza. (++**) Já indicâmos este processo. (***) Funda-se no mesmo principio. E" um processo industrial, preconisado em França. Podem tratar-se por elle os rhizomas e até as cascas das plantas, que chegam a fornecer 8 a g % de bôa borracha. Nos paizes productores ainda se não usa. 100 cesso rapido, mas o cautchu assim obtido altera-se promptamente, tor- nando-se pegajoso, mesmo que se trate da L. Heudelotii. «A progressão do emprego do sal marinho, diz A. Chevalier, é a causa da diminuição do valor mercantil da borracha da Guiné francesa». L. Kirkir em exploração (MossuRIsE] A Landolphia Kirkii O meio natural da L. Kirkii, é como dissemos, a floresta. Cabe aqui transcrever uma pagina da monographia (*) já citada, que, em dois traços, fóca nitidamente o aspecto geral da flora do territorio. «. «Sobre o litoral, uma vegetação rasteira cobre as dunas, e o mangal verde-negro, monotono e sinistro, rodeia todos os portos e bahias, margina todos os braços de mar e rios até onde a maré se faz sentir, denunciando pela sua presença a salsugem das terras em que vive. No sul do territorio apparecem por vezes, á beira mar, pequenas moitas de elegantes casuarinas. As margens inundaveis, as terras da costa, todas as varzeas e languas, emfim, apresentam-se cobertas de uma vegetação herbacea, do capim, por vezes potente e forte, cobrindo um homem a cavallo, outras enfezado e rasteiro, sempre denunciando a humidade da terra. Nas terras arenosas e nos terrenos gneissicos da zona media, o matto arboreo occupa quasi toda a terra, formando florestas de variadas espe- cies, de pequeno porte, onde predominam quasi exclusivamente as legu- minosas medianas, e bastas Mimosas espinhosas. Nos cumes das montanhas encontram-se os picos isolados, os escar- pados cimos, escalvados e nús; mas as plataformas dos contrafortes e as pequenas porções de planalto que, por um lado, sobretudo no Barué, ainda attingem o territorio, mostram-se bem cheias de hervas e de ar- bustos, gramineas e leguminosas, fornecendo nutrientes e bons pastos. Mas nos flancos dos valles, nas vertentes das mantanhas, nos ter- renos schistosos, a vegetação torna-se luxuriante (**), as florestas potentes, cheias de excellentes essencias, enleiadas em inextricaveis liames. E” pre- ciso ter passado atravez de uma d'estas espessas mattas, abrindo, a po- (*) Coordenada, escripta e documentada pelo major Eduardo Costa, um dos pre- claros ornamentos do nosso exercito. (**) Especialisando o que atraz fica dito, accrescentaremos que o Chenguéne, al- guns pontos de Chiloane, Madanda, Mossurise, Moribane, serra da Gorongosa, Cheringo- ma parte da Chupanga e Luabo, são as terras de mais densa e potente vegetação, 102 der de machado e á força de trabalho, o seu caminho de todos os minu- tos, para bem se avaliar a grandeza imponente d'estas manifestações da natureza, para se apreciar os magestosos colossos do reino vegetal com o seu verde variado, com o seu cadencioso ramalhar, mergulhando em permanente sombra o estreito carreiro por onde se vae passando a tanto custo.» E" no meio d'esta maravilha animada, onde se entrelaçam em todas as direcções trepadeiras grossas e finas, sarmentosas e herbaceas, umas vestidas de folhas, outras nuas, n'uma atmosphera bochornosa e humida de estufa, que a LANDOLPHIA KIRKII vive e prospera, atirando-se em todas as direcções, rompendo pelo matagal, coleando como serpentes ou esti- cando-se pelos troncos das mais altas arvores em busca do sol. A L. Kirkii typica, tal como se encontra nas florestas do territorio da Comp. de Moç., é um liame ou cipó sarmentoso e possante. de 20 a 40 c. de cir=. no estado adulto, (*) que attinge mais de 30 metros de comprido. A haste é um pouco rugosa e castanho-escura. Da mesma raiz par- tem geralmente duas ou trez hastes, ás vezes quatro ou cinco que pare- cem outras tantas trepadeiras differentes. As folhas são oppostas, d'um verde muito intenso, pequenas, oblon- gas e pontagudas, de 4 a 7 c. de comprido por 2 a 4c de largura, com peciolos curtos. Fortes elos (**) na nascença dos ramos. As inflorescencias são terminaes e multifloras. Flôres brancas, pequenas, de 6 a 7 mm. de comprimento por 3 mm. de largo: corolla de cêrca de 10 a 12 mm. As flôres rescendem um arôma de jasmin. O ovario é ovoide, os fructos py- riformes, d'um amarello-cidra com 15 a 35 sementes. Estes fructos ma- duros são deliciosos; fazem lembrar a cereja agreste. O latex circula n'um tecido cellular entre o cambium e a casca. A L. Kirkir, tambem conhecida por satin:, tem no territorio o nome cafreal de m'huungo que se applica egualmente á L. Watsoni. Ao fructo de que os indigenas são avidos dão o nome de mulungo, mezamiro e mango, e com elles fabricam a utandala, bebida fermentada. Além das L. Kirk e Watsoni que imperam como soberanas nas flo- restas da Comp. de Moc., existem de mistura com ellas mas em menor (x) A espessura do caule, que pode attingir e exceder 5o c., não depende apenas da edade da Landolphia A regiio influe muito no seu desenvolvimento em diametro, e fórma de crescimento, como mais minuciosamente dizemos n'outro logar. (**) S ibstancia filamentosa que se enrola á maneira de gavinhas. 103 quantidade, outras Landolphias, taes como a L. owariensis, a L. Florida, a L. Petersiana (?) e outras essencias ainda não determinadas. Cada uma d'estas especies dá, no territorio, um latex de densidade differente. A coa- gulação é segura e facil. Basta addiccionar ao latex um pouco de agua salgada ou tratal-as pelos acidos para se operar promptamente. As experiencias estão feitas mas nenhum d'estes processos, ou qual- quer dos que descrevemos, tem sido empregado para exploração. Toda a borracha (*) exportada por conta da Comp. de Moc,, provêm do latex da L. Kirkii, (ou L. Watsoni) e é obtida pela coagulação expon- tanea d'estes latex ao ar sobre as incisões praticadas na casca. Todas as outras Landolphias teem sido systematicamente postas de parte. Assim a borracha do territorio se tem vindo affirmando de anno para anno, chegando a do «Mossurise» a attingir as mais elevadas cotações: (*) A" excepção, unica, do «Adeli Niger», que se lhe defronta nas qualidades chimicas e na elasticidade (?) mas tendo ainda assim uma percentagem mais elevada de perdas na lavagem por sêr mais impura, pode affoitamente declarar-se (***) e fazemol-o or- gulhosos, que a borracha d'aquella procedencia do territorio portuguez NÃO TEM RIVAL entre todas as borrachas do continente africano cotadas no mercado da Europa, seja qual fôr a região, e a familia genero ou especie botanica de que provenham. Accentuemos de passagem que a Comp. de Mocç., póde, logo que o quizer, proceder á exploração das outras essencias de cautchu do seu territorio. Como dissemos a experiencia está feita, e ainda recentemente a insp. g. d'exp. informava : «Il se peut que Ion obtienne seulement des cautchoucs de qualité moins belle qu'actuellement et qui auraient une valeur moindre sur le mar- ché européen, mais il suffira de veiller à ce que les deux qualités ne puis- sent se mélanger, ce qui sera facilité par la méthode diférente adoptée dans la récolte.» E accrescenta : «Les derniers procédés de coagulation ont ['avantage pour la plupart de permettre de traiter un grand nombre de lianes avec un personnel restreint, c'esta-dire d'obtenir un prix de revient minime. On arrive ainsi à rendre un caoutchouc parfois médiocre aussi rémunérateur qu'un autre de premiêre qualité mais qui nécéssite de grands frais.» (*) A” excepção d'alguma borracha de Man ihot Glaziovii, (vide este capitulo es- pecial) que não é sujeita a imposto nem a licença para colheita. (**) Vide «Dados mercantis comparativos.» tok (+ *) Vide a analyse da nossa borracha. 104 Reproduzimos a opinião textual. Devemos comtudo esclarecer agora, que o preco elevado da actual exploração da borracha da Comp. de Moc., é todo relativo. Uma tonellada da sua borracha rende, segundo as ultimas cotações, cerca de 2:400:%000 réis. O custo, incluindo todas as despesas além da mão d'obra, e que deve ainda descer nos annos futuros, não excede 800 a goo mil réis por tonellada. Fechamos aqui este parenthesis. Analyse technique et chimique d'un échantillon de Landolphia Kirkii Cette gomme a été récoltée dans le territoire de la Comp. de Mozambique (Mossurise) RÉCOLTE de 1905 Aspect de la gomme Boules régulitres, d'un jaune clair, assez rondes, pesant de 5 a 10 grammes, tres dures, fortement enroulées. Gomme élastique et três nerveuse. Gomme de tout premier choix, pouvant être classée au pre- mier rang des gommes de toute premiêre qualité. Lisbonne le 10 février 1906. (a) R. Catin Ingénieur agricole. Chef de fabrication. C.ie du caoutchouc. Monopole du Portugal. Comparaison de [analyse ci-dessus avec les essences reprises dans le tableau ci-joint. Le caoutchouc de la C.'º de Mozambique n'a qu'un seul con- current qui lui débatte ses qualités, c'est "Adeli Nyger de la Guinée française. Nous remarquons que cette gomme tout en ayant un pour- centage un peu inférieur en résine, renferme par contre plus d'impuretés qui donnent une plus grande perte au lavage. Les autres gommes du continent africain, n'entrent pas en concurrance. (Rubrica) R. C. 4 1 The o Fte VINDO + stands ad an | , Êo 4 A É 3 : ” q Pi O TT Es , J , o tales drop q HP ci OD p " E ê E ê rt ] ua q E por nu a O | | Ja » ' a Td = Pe j + tKS ada é ss =p! b REORSA o, a e ' ao = s as rim) Aq (BP « 3 vs G Air E ) x 7) IM A |] dd ta gt ) o E] NE = Tod Revue généender fir die Gummi-Industrie» Pays d'origine Sénégal français Gambie anglaise Guinée portugaise Angola Afrique Orientale portugaise Afrique Orientale allemande | | Prix payés en matkS Temer | ont pendant es mois Perte MOyenne em TÊSINE do Daoutel semembre | aulavage | omreentane 1905 mn LE = Es z — y | formes, rouges 15 a 409% 7% | E = 7 | formes, d'aspect | iche,noyaurose, 15 à 40º% 7º | . boules de cou- | | ntresse La plu- poing. Coupure 6,40 20 à 40% | 5.59% | tries ncires. Les | angées de sable. | olles, comme le jue 3-5 kgs. la q.60 o nme l'équateur. | 6.70 5.35 3.20 9.50 to kgs. três pu- nchátre renfer-| 7.70 é 59% qi latex. Dessus | 600 à 7.50 | »5 É 35 9.29% | —ine, noires, bru- | | tfortementen-| 9.50 à 9.60 | 10.20 39% peso, amarello 10,05 |cautchu muito | a > | 2,29% yse). | 11,50 | 3és par Penrou- r d'un morceau | | 'clair, jusqu'au 9.50 la pect rouge brun 9.00 10:20 ao o! de grosses bou- da égalementbou- | | ou blanchãtres | 5 3.79% nant pas dera-| Sar 8.35 4.69% | Revue générale des caoutchoues africains, publise par Mr. Edgar Herbst dans le “Kalender fr die Gummi-Industrie» Che ente Nom comercial » o» Mesploratio Pays donigloe | | 1 Soudan Nigger Sonégal français St. Louis Dakar 2 Soudan Twists om sa ! 4d can TOS | Pere mopenoe Cgi dolaique ape | ii ato Tan Boules de différentes formes, rouges ou brunes, sans odeur. Boules de ditiérentes formes, d'aspect | jaune brun-coupure blanche,noyaurose, | sans odeur Les plus belles sortes. boules de cou- | leur chair, entrelacées en tresse. La plu- port pgrosses comme Un poing, Coupure 'bianche avec ou sans síries noires. Les qualités ordinaires mélangées de sable. L. Heudelotii | D.C. - == | | Boules petites et moles, comme le | Gambie, souvent sale coupure, boules | humides parfois mouillées. | came ato Sorte e GE bo E PR a | Solado portogatse “ Biszoo boules | Es tosdeBica | Sbismo Niger | Ciches ERA O RE = Guluée Praaçalse Conakry Niger Conakry Adeh Nigger Sierra Leone Nigger rouge Manoh twists : slerra Leone | Liberia boules Monrovia | =. Boules tressées rouges ou blanches, | partie três belle, partie falsifide avec du | sable ou des racines. Comme les précéuentes, boules quel: | ve peu plus fraiches eten boules plus | “Soho L. owariensis otites Li Plus! oa 620 Pal, Beauv | - L. Heudelotii — — — =| | D.C | Grosses boules sombres, boules non | | tressées, intérieur, gris. Fortement élas- | [tique Odeur forte Grand Bassam Bassam Elfenhelnkiste Grand Bassam Nigger ELO | Assinte Niger PRRc Gold et Elfenbein Kúste lumps twists hakes Assim, Cap Coast Goldkiiste Lahore twists, niggers aa Lahore niggers Kiechen basta | Accra lumps v paste Es ema Dat do So E a, Quitee, Li Togo ea Sara Gleichman-Hafen Nigger Lagos lumps, biscuits, steips, Morceaux de boules irréguliéres, de- | | gréable | er d'une odeur desagréable. | hors gris, intéricur blanchátre. Molles | 475 à 525 [et souvent oxydées. Il y a aussi la bonne | 600 à 760 3o sorte. La plupart sabléuse. Odeur désa- ss Gros morceaux, d'extérieur gris, inté | qo a 5 rieur jaune, contenant beaucoup d'eau s | 30 5 So à 660 L. owariensis Pal. Benuv. Ficus Vogelii Micg Plus dur que les précédentes en forme | de bouteille. Couleur chair ct sombre Sortes mauvaises, molles la plupart oxydées Boules agelomérées et pressées, cou- | leurs différentes. | Caourchoues d'aspect soyeux comme les espéces Goid Kúste. La plupar: de 1 haut Congo noir 2 haut Congo noir espéce Rassai | 3 haut Congo boules haut Congo Jakema spindel Congo Lobay 4 Kassai noir prima 5 Kassai rouge prima Leopoldville Boma Banana Etat-Indepeudaot du Congo 6 Kussai Loanda Sankuru Kassai Loanda noisertes 7 Haut Congo — Equateur 8 Haut ( espê go — Katanga “quateur 9 Velle Streifen vo Haut Conga ordinaire 11 Bas Congo thimbles rouges Angola thimbles rouges | Loanda Nigger rouge prima Benguella Inhambane, Quilimane. Ibo, (boules, fusesux, etc ) Nyassa, Lindi-Bálle Ee Melquo Orlcutale Dn plindi altemande Lene antibar Tanga paniA S, Paulo de Loanda Angola Loanda noir prima | Mossamedes E E Ambriz Nova Redondo Benguella Nigger Meira (Comp. de Mocambque) Mossurise marbles Afrique Orlentale | portugalso Lovrenço Marques, Les mémes ports = [= Penites boules, noires, coupure blan- chátre, dures, peu de perte au lavage Comme lc Pará | L owariensis Pal Beauv. E Kant La plupart comme les boules du Ka- Pierre merun; petites, dures | | e mia) Ea L. Gentili Morceaux noirs, rassemblés en grap- De Wild [pes | Perites boules rouges, bandelettes | pressees, grises, rouges mélangées d'an- | neoux rouges. L, Drogegmanriana De Wild Chtandra Arnoldiana De Wild Clitandra Nzunde De Wild Co | elites boules agglomérées, aspect les agglomérées, aspect | |brun int, blanc de neige, trés elastique | Boules réun 5 | Cunies, presque 3-5 kgs. la [plus part três banne Comme Vequiteur, | [OJeur nuuscabond Kickxia elastica Preuss Urosses boules de 5, yo kgs. três pl res, partie rouge au hianchtre renter- mant encore parfois guy latex Dessus | rouge três impur | L. Thollonii Dew | | Logos Tote Lagos lumps | Lagos [ces canutchaues les biscuits et les strips | sont exportés en Angleterre | -- - = — e -— Reécolté de lianes mortes balles entre- | E | NaporsMiger Iacées, denses, molles, brunes RR 35 Sud Nlgger — | | Old Calobar == = = = | Benim lumps | Morceaux irréguliers, intérieur jaune. 550 | E Ê | E cenux verts. 5 | | Old calabar lump | | Wlelsia elas | Morceaux vert | | == Pe = CORSA | Preuss E = |— | E baul | Penites boules allant de la couleur| q amerda denio Dualea | chair au rouge, La plupart recouvertes | 70 | Kameruu Bat botes Victoria | de croútes noires, et agglomérees. De o | B Né | Knibi ces agglomérats sont decoupés des mor- | 68 | ro | | | ceaux en forme de bouteile | E Es EENUa L. owariensis = Gabun boules, Luango houles | q » Owariens . Abreville Pal, Beauv RE e | Congo françala Raro Brazzaville Lo Kiatmit Comme le Kamerun, | Congo boules Pieriê | = ES Es NE = | Ê Vongo portugals Thimbles rouges Cabinda Comme le Kamerun 4 L. Owariensis ; EM Boules réunies en chofne;noiresbru=| (go ERA Pág era nes OU rouges, séchos et fortement e E |roulees Dew Corpodinas lanc. | Chylorrhiza. K. Morcenux ronas og allongés, brum 6 3o so Sch [sale Caoutchones tres impor o FE 5 E | 10,06 RI ca Polass 5810 & do peso, amareito ) | 1 Watsoul tran vaoho: puras caoteho tm 11,50 | elastico, ete. (Vide anyfise) y Les fusesux sont tormés par Venrou- L. Kirkii lement de la fibre auto gun morceau | A Dyer | de bois, couleur jaune elis, josquiau 900 | t0ã0 Avec. var Delagoensis | rose Boules rouges, dns setrouke brum | 900 Pierre | ogglomérces. Il y à aus, és DOU- º aussi de Bros [es (Twist) ot a á x Lo. Kirkii e | Dyer | L. Dondeensis | Lapluparta, tbou ça artagglomy lemen! Chandra EE sn lestincásdas obgetreo Ed Dlanchâtres sau 83s pé ra Kalamondjari. intéricurem; e E as de ra- | Warb leloes: ent. Ne contegant P' ascarenhasia elastica | K Sc, | ATRAVEZ DA MADANDA Deixando para E. a circumscripção de Chiloane:(*) inundavel e mo- notona, parte do curso do fertil Save, para NE. Sofala, e o uberrimo Corcumacap rodo ARM os &boco daregiao da borracha Tscala 11800000 (a) Aachado SOS + (E Chibabara & * Ds á +* na ei N N SN Es id e ta -— 8 a PRNERO q a EN u TEA US i (o) VT DS sa VC UNA RPPN RR 2 Q ; HAL va aa vtada tas * S REAÇES) : te PANA AO + di Vi ae a) RATE 1 [am + X 4 7 Flores + : É ques 4 A k dias Eae AS, NE ES Apr N x N Ne 8! at x 7 sutentiso Na A ERES! x y N o As tuis + spqd du v's Sud s, a) ar a qu? H y e no / ba rquts = Ta, ssa aa ERR si O Ng Cpiico valle do Busi a N., vamos atravessar à vol d'oiseau a Madanda do Mossurise e o Moribane. (*) A circumscripção de Chiloane tem ainda população pouco densa e insufficien- tes vias de communicação, além do Save. N'alguns pontos ha falta d'agua, mas pódem ser artificialmente providos. A sua transformação depende do trabalho e da mão do agri- cultor. Chiloane é apta para a cultura do algodão que, como dissémos, brota exponta- neo do seu solo. 100 Mossurise Não tem o mesmo aspecto de Chiloane; tudo aqui é differente: clima, vegetação, população, regimen das aguas, riqueza do solo. Todo o paiz a oeste da Madanda é montuoso, a altitude varia entre 300 e 1300 metros; tem um solo vegetal fundavel e eminente para a cultura, o clima é temperado, em todas as encostas correm regatos, e os valles são banhados por cursos d'agua clara e limpida como a dos ribei- ros. N'uma palavra, toda a parte montanhosa do districto de Mossurise é apta á colonisação europêa que já se vae desenvolvendo. A planície que se encontra antes de se chegar á região alta, e que se chama Madanda, é muito povoada e todas as suas aldeias são ligadas por caminhos de 2 a 3 metros de largura, feitos por empreitada pelos in- digenas sob as ordens do chefe de circumscripção. (*) A partir de Zibanga, passando por Cikata (**) (perto do Save e li- mite das circumscripções de Chiloane e Mossurise) encontram-se já mut- tas essencias vegetaes cujo latex se coagula produzindo uma gomma elas- tica. Assim, por exemplo: A Mº Tuvote (nome cafre), especie de figueira Nota. A SE. do Mossurise e para o S. da cadeia dos montes Zinhumbo e Chitobe que limita a rêde dos tributarios do Busi, formando a divisoria d'aguas entre este rio e o M'Cune afluente do rio Gorongosa que vae desaguar no mar proximo a Sofala, na vertente S. que decresce rapidamente de 1200 a 1000 pés d'altitude e estendendo-se de- pois na mesma direcção em planicie de declive muito suave, e de 850 pés d'altitude, en- contra-se a região das florestas da MADANDA formadas por arvores em regra de pequeno porte mas de vegetação intensissima, apresentando o aspecto das florestas tropicaes, verdadeiramente impraticavel, tal é a quantidade de liames que se cruzam eentrelaçam em todos os sentidos, de arvore em arvore, de arbusto em arbusto, sobresahindo entre elles, pela quantidade e vista o «M'huungo» que se póde dizer cobre quasi totalmente essa região. Sem razão alguma apparente a floresta abre de repente, os liames começam a di- minuir, o «M'huungo» desapparece e entra-se nas planícies alagadas do M'Cune e Li- pembi... Encontra-se de distancia a distancia um ou outro monticulo de termites em torno de bouquets d'arvores. Entre Hadana e Mutani existem palmeiras bravas e lindos catos em grande quantidade. Seguindo a classificação de Schubler e Wrightson, o solo pareceu-me um: alluvião siliciosa e rica, com cal, e muito secco. O clima é verdadeiramente tropical: os dias são muito quentes, tendo observado durante o mez de set. 36º á sombra; as noites são frias e humidas e o cacimbo forte; os mezes mais chuvosos são nov., dez., jan. e fev., durante os quaes as chuvas teem periodos de grande intensidade; porém annos ha de grandes estiagens. (Do rel. do cap. Annibal Machado). (*) Este systema que, além do Mossurise, tem sido praticado no Moribane, Go- vuro e outras circumscripções, dota o territorio com uma rêde de communicações que ficam quasi de graça á Comp. de Moc. (**) Itinerario P. Pacotte, engenheiro. 107 ainda não determinada. A M'gembire, que muito se approxima do Ficus Vogel; dá um latex muito abundante de que os pretos se servem para armar aos passaros. Uma outra planta arborescente (Dovetove?) com afinidades com o genero Kikxia (*), quanto à flor, á fórma dos fructos e á maneira porque o seu latex coagula. Cresce em grande abundancia em toda a Madanda e dá uma forte quantidade de latex. Encontra-se ainda n'esta região a Mezamera (L. Petersiana?) e a M'Canja, L. Florida indigena. A meio caminho de Mutanda para Tebéro, a rumo E. NE., e 250 metros d'altitude, começam a encontrar-se os primeiros cipós das L. Kir- ki e Watsoni, que vão crescendo rapidamente em quantidade, até Mu- jungo, onde passam a sêr exhuberantes, A floresta é de tal modo espessa, que é impossivel calcular com exactidão a quantidade de trepadeiras por hectare. Serão duzentas? duzentas e cincoenta? Trezentas ou mais, tal- vez. O solo está litteralmente juncado. De Mujungo passa-se á maior povoação de todo o districto de Mos- surise. Este acampamento tem mais de 5 kilometros de comprido por 1 kilometro de largo. É por toda a parte, em volta do acampamento dis- simulado na potente floresta de liames em que está encravado, ficam va- rios grupos de palhotas— go a 100 — com mil habitantes. A floresta espessa termina em Tucotuco, a 430 metros d'altitude. E” de notar que a maior abundancia de trepadeiras se dá entre 200 e 350 metros. A região, como dissemos n'outro logar ao tratarmos das florestas do Mossurise, estende-se sobre uma superficie total de 85.000 h., ou mais precisamente de 35:000 h. se descontarmos as clareiras, macham- bas, etc. Admittindo que a media de L. por h. é de 120, (**) admittindo que cada planta rende 80 g. de borracha, (***) um hectare pode dar 9,* 600 gr., e os 35:000 h. do Mossurise 336 tonelladas. (*) Esta Apocynea, de que se conhecem 7 especies pelo menos /K. africana, K, elastica, K. Latifulia, etc.), é productora do bom cautchu de Lagos (silk rubber) e dos Camarões. A especie da Africa or. descripta por Schumann, approxima-se muito, se é que se não trata da mesma especie, da que é assignalada no territorio da Comp. de Moc. (+*) E” muito dificil estabelecer com precisão uma media, que nunca deve sêr, comtudo, inferior a 125 ou 150 L. por h. (***) A media está calculada no Mossurise, onde as trepadeiras são muito delgadas relativamente ás do Moribane e outras regiões, entre go a 120 g. de cautchu por L. explorada. Adiante damos mais desenvolvidas notas. 108 Mas para esta vasta exploração seria necessario um exercito de co- lhedores de que o Mossurise não pode ainda dispôr, e tambem o abaste- cimento d'agua, que marca o limite da exploração actual, teria de fazer-se n'uma escala muito superior, por processos já estudados mas ainda não levados á pratica. Isto, é o futuro. O que fica provado é que ha borracha, muita, e da mais fina quali- dade. E que as florestas são methodicamente exploradas, não só com o fim de conserva-las mas de augmenta-las. Moribane Quanto ao Moribane, o seu aspecto physico é o mesmo que o de Mossurise; as aldeias e os principaes centros estão ligados por caminhos magnificos. A riqueza do solo e o seu clima temperado tornam-o egual- mente um paiz de colonisação para o europeu. A L. kirkii dá-se abun- dantemente em quasi todo o districto, attingindo grandes proporções em diametro do caule. A rumo nor-nordeste encontra-se borracha n'um per- curso de 60 k.; a região exhuberante occupa 22 k. de extensão. Perpen- dicularmente a este rumo, ou sul-sueste, a região da borracha estende-se por 5o k. e a floresta densa tem app. 20 k. São pois cerca de 40.000 h. coalhados de trepadeiras n'uma área de cem mil hectares. (*) (*) Ainda para o N. do Moribane, até além de Macequece, nos contrafortes do planalto de Manica, toda a região tem mais ou menos borracha e é eminente para a creação de vastas florestas. A'cerca d'esta região diz Guillaume Vasse, em missão do governo francez nos paizes tropicaes e de passagem no territorio. «Dans les três nom- breuses et journaliêres excursions faites dans tout le territoire compris entre le Minéni au S, la frontiêre anglaise au N et le Chimezia P E, je n'ai pu parcourir un seul ravn ou il y eut de l'ombre et de Phumidité sans y rencontrer des L. kirkii, vigoureuses et puissantes qui donnent un caoutchouc excellent. «.. Je ne crois pas me tromper en affirmant que dans le territoire étudié il y a prês d'un millier de ravins et de vallées oú les conditions climatologiques plaisent au L. kirkia. Kirkn (Valle do rio Chua I * A supremacia da L. Kirkii (*) é incontraversa. Se um ou outro bo- tanico lhe não confere todo o valor intrinseco a que tem direito, é porque a conhece mal, ou porque só a estudou como planta exotica fóra das con- dições naturaes do seu habitat. Os outros escriptores, e dos mais illustres, taes como (que tenhamos de memoria) Kirk, (**) Warburg e o nosso conde de Ficalho assignalam á L. Kirkii logar preeminente entre todas as outras. Warburg diz que clla,e a L. Watsoni, fornecem sun caoutchouc de toute premiêre qualitêr e Kirk classifica esta especie ccmo productora da melhor borracha e em grande quantidade. Tal é a opinião scientifica de homens tão auctorisados como insus- peitos. Damos em outro logar a prova mercantil expressa na alta cotação que obtém a nossa borracha, conhecida por pink rubber. Referimo-nos já á eloquente prova chimica que adiante vae publicada. Ha ainda a prova industrial nos productos trabalhados (***) que temos a vantagem de levar á exposição. Ahi bem patentes sob o exame dos entendidos na materia, hão de affirmar — permitta-se-nos o desassombro — as eminentes qualidades da planta que elaborou a sua materia prima. * A L. kirktt, que se reproduz facilmente, floresce e fructifica ao quarto anno, tem uma propriedade de inestimavel valor: —a coagulação (*) O que dizemos de L. Nirkii abrange a L. Watsoni. Quasi que se confundem botanicamente. A unica differença frisante entre uma e outra consiste no fructo, que, como dissémos, na L. Nirkii é pyriforme, e na L. Watsoni é globular. Na Madanda são indifferentemente conhecidas pelo mesmo nome cafre «M'huungo» e d'ellas, e só d'ellas, se extrahe a borracha que coagula expontaneamente e quasi que instantaneamente, so- bre os córtes em presença do ar. (**) Sabio botanico, companheiro de Livingstone. (***) Os objectos manufacturados que apresentamos na Exposição da Sociedade de Geographia de 1906 foram feitos pela «Companhia de Borracha» com cautchu da colheita de 1905 do territorio da Comp. de Moc. LIO expontanea do latex, que a um tempo garante a puresa do producto e a maior percentagem em cautchu bruto. A simples descripção do processo de extracção da borracha esclarece facilmente estes pontos. Eis como, em regra, se procede actualmente : A L. Kirkii e Watsoni é golpeada na posição em que se encontra. (*) Os cortes fazem-se com uma faca de gume direito, (**) em numero va- riavel. Esse numero depende da grossura do caule e das hastes da tre- padeira havendo muitas L. que permittem sem damno 25 ou 30 incisões. As incisões são (no Mossurise) de um decimetro de comprimento por meio d. de largo, tangenciaes, a fim de não atacar o cambium, começando a praticar-se da haste ou ramificações superiores, descendo em volta do tronco até á base. Entre as incisões são deixados espaços de um ou mais decimetros. Uma vez cortada a casca do tronco sarmentoso, ficam a descoberto os tecidos onde correm os vasos lactiferos. O latex muito denso, começa logo a exsudar da ferida, agglutinan- do-se em fórma de gottasinhas que se estendem com o dedo sobre a su- perficie do córte, constitundo-se uma delgada capa ou pellicula que coagula immediatamente (***) e impede o latex de correr. O processo da colheita segundo se pratica na éMadanda (****) é O seguinte : Coagulam-se as primeiras gottas que exsudam das incisões sobre o (*) Na exploração feita por conta da Comp. de Moç, está estabelecido este prin- cipio, que se segue tanto quanto possivel. No Moribane é rigorosamente observado. (**) No Mossurise, etc. emprega-se a faca especial «budding knife». (***) Nas Landolphias do Mossurise e do Moribane, principalmente. Emalgumas ou- tras regiões a coagulação total demora alguns minutos, e uma que outra gotta (rara), es- corre ao longo do tronco. ($i) Antigamente usava-se em todo o territorio o processo abaixo descripto. O chefe do Mossurise, capitão Annibal da Silveira Machado, aboliu-o no seu districto, indus- triando os pretos de anno para anno de maneira tal, que hoje o cautchu d'aquella pro- veniencia é quasi que absolutamente puro. O methodo do Mossurise, está destinado a generalisar-se a todo o territorio. O primitivo processo, já menos usado, consiste em applicar á camada de cautchu um pedacito da haste da propria Lando!phia, haste que se vae volteando en- rolando-se-lhe o cautchu de molde a constituir peg. fusos ou dedos. Terminado o fuso corta-se longitudinalmente e extrahe-se o nucleo. À borracha colhida por esta fórma conhecida no mercado inglez por «Saussage» tem uma peq. depreciação por conter algumas impurezas. Nota — A questão do desenvolvimento em diametro das Landolphias é muito curiosa O crescimento tambem é extravagante. O meio reage sobre a planta fazendo-a tomar aspectos diferentes. Se encon LI ante-braço esquerdo e applica-se esse nucleo á pellicula formada na fe- rida enrolando os filamentos de fórma a constituir pequenas bolas de 3 a 4 c. de diametro. Assim, já o facto d'uma bobine poder ser feita com um filamento continuo tirado directamente da ferida, seria garantia da bôa qualidade do cautchu. Quanto ao rendimento por L. é muito variavel, porque além d'ou- tras causas que vamos vêr, depende das proporções da planta productora. No Mussurise uma L. produz em media go a 120 g. (*). No Che- ringoma a media é de 100 a 150 ou 200 g., podendo uma exploração à outrance, sem comtudo decepar a planta, elevar essa producção a mais de meio k. nos maiores exemplares. Pelos methodos adoptados pela Comp. de Moc. na sua exploração, as Landolphias produzem muito menos do que podiam produzir. Em primeiro logar a planta só é golpeada até certa altura, tanto quanto o permittem os apoios das arvores a que se enleia. Os córtes são feitos de fórma a deixar intervallos entre uns e outros e é sobre os intervallos da casca intacta que nos annos seguintes as in- cisões se renovam, nunca sobre as cicatrizes recentes. tra alguma arvore alta enrosca-se-lhe em largas espiras no tronco ramificando a muitos metros. No caso contrario, que é frequente, braceja a pequena altura, copando em fórma arbustiva (como a L. Dondeensis) sobre o tutor a que se apoia. A L. parece amar a luz e o sol. Nos pontos da floresta mais umbria a planta estira-se com sêde de claridade até ás altas franças das arvores. Nos pontos onde o sol se infiltra ou bate desafrontado, as plantas novas redobram, pululam do solo. (Algu- mas notas para as considerações que acima ficam, e que nos parecem interessar ao es- tudo tão incompleto ainda das L., das suas preferencias e das suas condições physiolo- gicas, foram nos fornecidas pelo cap. Annibal Machado ) Parece que a região tem uma influencia decisiva na espessura do caule, porque, tratando-se da mesma especie, as Lantolphias no Mossurise medem de circ. o,"20 o,"22 a 0,"30. Em Cheringoma e n'outras regiões é vulgar alcançarem o,"35 a o,"40. No Moribane todas as trepadeiras são grossas (o,"40 a o,"50) chegando algumas, talvez seculares, a attingir, em diametro, a coxa da perna. Generalisando estas observações, será logico admittir que a multidão de especies e variedades de Landolphias proveem da distribuição geographica e da influencia cli- materica podendo suppôr-se todas oriundas de um ou resumidos typos primitivos. O diametro do tronco principal influe um pouco, no territorio, na quantidade media de L. por hectare. Regra geral: Na região onde a L é menos grossa, augmenta em quantidade, tornando-se ás vezes o seu numero extraordinario como no interior da Madanda. O que não impede que no Moribane, se bem que havendo menos, sejam exhuberantes. (*) A circ. do caule das L. Nirkti e Watsoni quando se tornam arbustivas, é um pouco inferior á das que ramificam a maior altura; mas em compensação, augmen- tando a superficie ceutchuosa, augmenta o rendimento da planta 112 Comprehende-se que, existindo o latex em toda a peripheria do lenho por baixo das camadas corticaes, arrancando estas no todo ou na maior parte, se obteria uma producção pelo menos dupla. Esse systema, porém, impediria o desenvolvimento da planta, e, insistindo-se com elle, acabaria por mata-la. Imquanto que pelo methodo seguido na exploração da Comp. de Moç. se as Landolphias rendem menos, é-lhes garantida a vida e a saude. No caso da nossa borracha é difficil avaliar ao certo a sua percenta- gem por unidade dada, 100 grammas de latex, por exemplo. Nem vemos bem como, (sem decepar o caule a pedaços) se possa colher um latex cuja coagulação se dá quasi instantaneamente. Comtudo é provavel que se tenham feito experiencias technicas no territorio, mas não as conhe- cemos, nem o seu resultado. Na pratica, como o latex coagula á medida que exsuda, reconhece-se que a perda de peso especifico pela evaporação é relativamente insigni- ficante. A percentagem de cautchu é maior ou menor, segundo as circums- tancias, mas sempre muito elevada. Depende da edade da planta, da qua- dra decorrida, das condições em que se encontra, da região, da estação em que se pratica, do estado hygrometrico do ar, etc. A colheita faz se, em todo o territorio, pela época das chuvas (*). E este o periodo mais favoravel, e em especial na Madanda, escassa d'agua fóra da estação invernosa. (**) (*) A colheita no Moribane, por condições especiaes de clima, faz se no fim e ainda depois do regimen pluvial. (**) Cabe aínda aqui citar, a este respeito, a opinião do cap. A. Machado. — À co- lheita deve ser feita no tempo das chuvas, de preferencia nos mezes de dez., jan. e fev., tempo de maturação do fructo em que a planta se prepara para nova floração, achando-se em todo o seu vigor, tornando a colheita mais abundante e sentindo-se menos dos seus effeitos que é sempre conveniente attenuar, por muito insignificantes que sejam. Com »rehende-se bem que, encontrando-se a borracha em suspensão na agua em fórma de globulos, e que sendo ella portanto o conductor mechanico que a leva atra- vez da rêde vascular, é evidente que, quando não existe no solo, a borracha deixa de circular, Na quadra da estiagem obtem-se, de liames bem formados, entre 29,5 a 38 gr. pela manhã cedo, quando as plantas conservam ainda a frescura do cacimbo da noite, e n'essa operação gastam-se duas horas. Ora na estação das chuvas, no mesmo tempo e dos mesmos liames, extrahe-se em media 120 gr. Como se vê, n'esta região, a producção no tempo secco é insignificante, repre- sentando um desperdicio remover a casca da planta para obter menos de um terço de que realmente produz. Além d'isto, torna-se deveras dispendiosa a colheita porque o indigena trabalhando 8 horas apenas pode extrahir a quantidade que em duas horas extrahe na época propria. 115 O producto colhido, enviado dos acampamentos florestaes para os centros de deposito, e d'ahi para a Beira, é o cautchu humido. Com o tempo ainda evapora um pouco e o coefficiente d'essa evaporação é ex- presso na quebra (*) da borracha que se verifica entre 20 e 70 kilos por tonellada ou uma média relativamente fraquissima de 4 4/ por cento. () Além d'esta quebra, ou diminuição de peso pela evaporação, toda a borracha sofre ainda, n'uma das phases da sua preparação industrial, o que technicamente se chama «perdas de lavagem». A borracha é tanto mais pura e productiva quanto menor é essa sua percentagem de perdas. Ainda sobre este ponto a borracha do Mossurise tem a primazia sobre todas as que conhecemos até mesmo sobre a borracha do Pará. Rj duty IS COMPAFR Vendido em 4 de NVendido em 4 de Outubro de 1904 le Fevereiro de 1904 LONDRES : Remetteram-se para ANTUkteram-se para HAMBURGO : 67 saccas. 3 saccas. DDR cr 46907 | Borracha peso liquido... . cha peso liquido...... ....... 5. 169% Borracha vendida: rracha vendida : | | . [Marcos 8.90 por 4.883 kilog. sr Ib. | Preço da venda: francos 1), » 850 » 58 | » 8.30 » 97 » | | Deisodo dna ar 4.570% | Peso liquido.... Peso liquido... cs. casas 5.038% SS So ER 120 | Quebras sia crens Quebra es sro cera 1315 E : E fas . : Ex 7 Jos da Beira, à importan- kilog. liquidos remettidos Rd ER a pesa 12.031 ou seja por kilog. |cia liquida de francos 5.535 ,31da de francos 14.559.55 ou seja por kilog. | “francos 11 04. » 11.46. | | Resumo de 1905 endas de borracha da Companhia de Mo- jue, effectuadas na Europa em 1905, foram | 11 kilog. liquidos, que produziram a quan- | ta de 47:194%022 réis ou seja uma media réis oiro por kilog. tebra no peso desde o dia de embarque | ia da venda, foi, no todo de 565 kilog., ou | ma media de 2,57º/% do peso liquido re- 2. at , o e see DADOS MERCANTIS COMPARATIVOS Vendido em 43 de Novembro de 1909 Vendido em 6 de Fevereiro de 1904 Vendido em 16 de Outubro de 1908 Vendido em 46 de Novembro de 1908 |Remetteram se para ANTUERPIA : | Bo saccos. | 5001 Remetteram se para LONDRES: 79 saccos (!) Borracha peso liquido 4.979 | Borracha peso liquido. ... Borracha vendida: Borracha vendida: Preços HD 3/4 por Ib... devendo 6D 3/4 por Ib Preço da venda: 19:50 por klog. Peso liquido Peso liquido Quebra Quebra (2) ou seja 3.15 g/º |ou seja 222% As despezas em Anvers incluindo o desconto | As despezas em Londres, incluindo o desconto de 29% foram de 21/4º/ foram (reduzidas a francos): Francos 1.770,05 | Francos 2.195,15 ou seja por kilog. liquido vendido... 0436893 | ou seja por Kilog. líquido vendido... 0/4489! ou seja 3,5% sobre 0 total bruto da -.| ou seja 4275 9% sobre o total bruto venda, francos 50.831,55 | da venda: francos 5134395 Ee saeseeoe e As mesmas despezas não incluindo o desconto | As mesmas despezas, não incluindo o desconto de 21/:9% foram trancos 483.30 ou seja por kilog. | de 2%) foram francos 116825 ou seja por kilo. liquido vendido 0/10 ou 0.05% sobre o total | liquido vendido 01239 ou 2,3:9% sobre o total bruto da venda, deduzido o referido desconto: | bruto da venda, deduzido o referido desconto francos 50,535,61 francos 50.317,05 Rss e Recebemos da venda de Londres, por 4 kilog. liquidos remertidos da Beira a importanci Recebemos da venda de Antuerpia, por 5.001 kilog, liquidos remetidos da Beira a importan- liquida de francos 50.052,50 ou seja por kilog.| cia liquida de francos 4914880 ou seja por francos 10.05 |kilog 9.827. Apezar da quebra haver sido de quasi 1% maior em Londres de que em Antuerpia, obtive- mos portanto 01223 de mais por kilog. em Lon- dres Vendido em 23 de-Hovembro de 1904 Remetteram se para HAMBURGO 4 31 saccas Ec peso liquido Borracha peso liquido... 1554 Borracha vendida Borracha vendida yr REM ve por 4392 Preço a venda: marcos 8.50 por ki E 28 Peso liquido Peso liquido, 1.514 Quebra... Quebra eo ou seja 3,570% ou seja 2. As despezas em Londres, incluindo o desconto | As m Hamburgo, incluíndo o des de 240% foram conto de 1% foram Francos 1.842,83 Francos 8193 ou seja por kilog. liquido vendido 013757 | ou seja por kilog liquido vendido o!a51 ou seja 3.4) 04 sobre o total bruto da ou seja 237% sobre o total bruto vendi, francos 53.625,60 | da venda: francos 1608806 esmas despezas não incluindo o desconto As mesmas despezas, não incluindo o desconto À am francos Soz 25 ou seja por kilog. de 19% foram francos 221.06 au sja por kilog 1 vendido 9102 ou 0.96% sobre o total liquido vendido 01146 ou 1,34% sobre O total bruto «ly venda, deduzido o referido desconto: | bruto da vendo, deduzido o referido desconto 285 francos 15 927.19 francos ebenos da venda de Londres, por 5.087 Recebemos da venda de Hambury B » por 5 c a a de Hamburgo, por 1.55 Hilog, liquidos remertidos da Beira a importancia Kilop. liquidos remetidos da Beira v important Remetteram-se para LONDRES - 31 saccos. Borracha peso liquido. o 1.769! Borracha vendid Preço da venda 3, ! por lb. Peso liquido 1.640] Quebra... .. ce... 129 ou seja 7,3% As despezas em Londres, incluindo o desconto | de 24/29 foram Francos,. 563.60 ou seja por kilog. liquido vendido 0/3436 | ou 3,60 *% sobre o total bruto da ven- day francos... 1564895 As mesmas despezas, não incluindo o desconto de 2 4/59, foram francos 172.35 ou seja por kilog liquido vendido 0/1095 ou 1,13 9% sobre o total bruto da venda, deduzido o referido desconto francos 1525770. Recebemos da venda de Londres, por 1.709 kilog liquidos remettidos da Beira, a importan cia liquida de francos 15.085,40 ou seja por kilog: francos 8.52 Resumo de 1903 | As vendas de borracha da Companhia de Mo- cambigue, effectuadas na Europa em 1903, foram de 20.443 hilog, liquidos, que produziram à quan- ua bruta de 39:481% 146 réis, ou seja uma media 1921 réis ouro por kilog. À quebra no peso desde o dia de embarque até o dia da venda, foi, no tado de 573 kilog ,ou seja uma media de 2.71º/ do peso liquido re- | mettido E Vendido em 27 de Janeiro de 1905 lemetteram-se para HAMBURGO || 38 35 saccas. Borracha peso liquido - 17 Borracha vendida : Marcos 9 por 145 kilog Pre 5) v S8o u Jo + devénia) 865 vu ta a » 840 » 16 » Peso liquido bat Quebra a | ou seja 2.47% | As despezas em Hamburgo, incluindo o des- conto de 1º/ foram: | Francos 436.50 | ou seja por kilog. liquido vendido o!a58 ou seja 237 0% sobre o total bruto da venda, francos. 18.418,75 As mesmas despezas não incluindo o desconto de 10h foram francos 252.32 ou seja por kilog liquido vendido 0149 ou 138 9% sobre o total bruto da venda, deduzido o referido desconto : francos 18.234,57 Recchemos da venda de Hamburgo, por 1.735 kilos. liquidos remettidos da Beira a importan cia liquida de francos 17.816 81 ou seja por kilog. francos liquida de francos 51.782,70 ou seja por kilog. cia liquida de francos 15.59662 ou seja por francos 10.18 kilog. francos 10.03 Resumo de 1904 As vendas de borracha da Companhia de Mo- cambique, efectuados na Europa em 1904, foram de 17764 ltilog. liquidos, que produzirsm a quan tia bruta de 34:390517 réis, ou seja uma media de 133935 réis oiro por kilog A quebra no peso desde a dia de embarque até o dia da venda, foi, no todo de 738 kilog , ou seja uma media de 3.98% do peso liquido re- Vináido em 4 de Março de 1904 Vendido em 5 de Novembro de 1904 Vendido em 4 de Outubro de 4904 ' Remetteram-se para LONDRES : | Remetteram-se para ANTUERPIA : Remetteram-se para HAMBURGO: Remelteram-se para HAMBURGO - 67 saccas |!) 67 saccas, | 68'saccas (1) | 10) sacas. Borracha peso liquido... 4.690" | Borracha peso liquido 4:77! | Borracha peso liquido 3397t | Borracha peso liquido. ..... ....., Sb Borracha vendida: | Borracha vendida: Borracha vendida: Borracha vendida: M a Preço da venda !/- por Ib, | Preço do venda: francos 11.05 por kilog | Preço da venda: marcos 7.72 por Kilog. seg oi sto E “a e cz | | | li ES sãos Peso liquido. 53] Peso liquid Gaat| | 457 Peso liquido, 46224 | Peso liquido. 3.204| Peso liquido. . 503 Quebra no Quebra 5 Quebra Quebra Br ou seja 2.56%, ou seja 117af |ou seja 5684 | ou seja 2.58% As despezas em Londres, incluindo o desconto| As despezas em Antuerpia, incluindo o des-| As desperas em Hamburgo, incluindo o des-| As despezas em Hamburgo, incluindo o des- | de 24/2% foram | conto de 2 9%, foram | conto de 1 5h, foram: (3) conto de 19 foram Francos. 71080 | Francos 2.078.00 | Francos | Francos 132075 ou seja por kilog, liquido vendido 0374) ou seja por kilog. liquido vendido. 01449 | ou seja por kilog; liquido vendido. 01243] ou seja por kilog: liquido vendido... 0!26216 ou 3.39% sobre o totalbruto daven- ou 4,06 0% sobre o total bruto da ven ou 2.52 94 sobre o total bruto da ven- ou seja 2.36 oh sobre o total bruto da a, francos So 449 | da, francos 5107530| da, francos “o919.50 | venda, francos 55 62 As mesmas despezas, não incluindo o desconto | As mesmas despezas, não incluindo o desconto! As mesmas despezas sem incluir o desconto de 2 0h, foram francos 1.057 10 ou seja por kilog. | Je 1 4, foram francos 470.56 ou seja por kilog. de 1% foram francos 761.18 ou seja por kilog liquido vendido 0/238 ou 2,11% sobre o total| liquido vendido 0/1456 OU 1.54 9 sobre O total) liquido vendido 015 ou 1.37 %h sobre O total bruto da venda dedurido o referido desconto: | bruto da venda deduzido o referido desconto: | bruto da venda, deduzido o referido desconto: francos So 053.80. francos Jo.610,31 francos 55.399,05 : Recebemos da venda de Antuerpia, por 4.677 Recebemos da venda de Hamburgo, por 3.307 Recebemos da venda de Hamburgo, por 5.169 «ilog. piálica remetudos da Beira, a importan | Kilog. liquidos remettidos da Beira, a importan- | Kilog. liquidos remetidos da Beira a importan- sia liquida de francos 48.996,70 ou seja por kilog. | cia liquida de francos 29.904:12 ou seja por kilog. | cia liquida de francos 54 257.62 ou seja por kilog. francos 10.47. francos E Bo cos 10.516. As mesmas despezas, não incluindo o desconto de 24/p 0 foram francos 449.45 ou seja por lulog liquido vendido ocoS4 ou 0.91 no sobre o total bruto da venda, deduzido o referido desconto francos 49.178.95 Keccbemos da venda de Londres, por 4650 kilog. liquidos remettidos da Beira, a importan «ia liquida de francos 48.729.15 ou seja por lalog francos 10.39 41, de B de Fevereiro Vendido em di de Fevereiro de 1905 Vendido em 26 de Fevereiro de 1906 Vendido em 48 de Novembro de 1806 Vendido em 44 de Fevereiro de 1906 Remetteram-se para HAMBURGO Remetteram se para HAMBURGO femetteram-se para MAMBURGO Remetteram-se para LONDRES 22 sacas. | 7 sacas 377 sacas. (1) 15 sacas. Borracha peso liquido 1.104'| Borracha peso liquido. 328t | Borracha peso liquido 5 18.809! | Borracha peso liquido 1agot Borracha vendida: Borracha vendida Borracha vendida Horracha vendida : | Marcos 10.05 por 10.707 kilo: | 1 RN Tolpo e] SA nica [63 Dor 38 hilog Preço da venda: marcos 9.10 por kilog. Preço da venda marcos q.10 por lilog E nt 2 ou 7a) » A » 103 Peso liquido, nogot Peso liquido. 18.309 | Peso liquido 213t Quebra, Quebra oo!) Quebra sp ou seja 1,35% ou seja 2.43% ou seja 2.65 0h | ou sejur 4,48 0% As despezas em Hamburgo, incluindo o des-| As despezas em Hamburgo, incluindo o des As despezas em Hamburgo, incluindo o des- A despez às em Londres, incluindo o nia conto de 19% foram conto de 1% foram conto de 1% foram 2 4/3 9h, foram Francos 291.68 | Francos | Francos. 5.322.060 Franco ou seja por kilog. liquido vendido 0267 ou seja por kilog liquido vendido otaz ou seja por kilo lquido vendido. 012906 | ou sejs por kilog, liquido vendido 0/4355 e su seja 21330 sobre o total bruto da [ou 3.5 9h sobre o total bruto da ven: ou 2359 sobre q total bruto da ven- ou 237% sobre o total bruto da ven ETA puiséi asas re o total brut ES fã Sa ud ! x 12 40237 | da, francos da, francos. pia a a O | á esconto | As mesmas despezas sem incluir o Jescon As mesmas desperas, não incluíndo o desconto ncluindo o desconto | As mesmas despezas, não incluindo o descont e ) e Às mesmos desnara 9 desconto 66 0 0 detidos | de 19/y foram francos 30.19 ou seja, por lúlo. |de 19 foram francos 3.050,56 ou seja por Kilo | de a !a no, foram francos 150.90 ou seja por kilog deito (foram AN O ot a vendido 011666 ou 1.35% sobre o total bruto da | liquido vendido 0/124 ou 1.02 0 sobre q total ou 1,369 sobre o total | liquido vendido francos 0.156 ou 1.299 sobre O itotal bruto da venda, deduzido o referido des | conto: francos 3.699 .06. EM Ss Recebemos da venda de Hamburgo, por 320 | venda, deduzido o referido desconto: 235.458 | bruto da venda deduzido o referido desconto | francos francos 14.719.50. LM" Recebemos da renda de Hamburgo, por a) Recebemos da venda de Londres, por 1.170 liquido vendido 0/1 bruto da venda, dedurido o referido desconto francos 1227837 ESSES Recehemos da vendpde Hamburgo, por 1.090 úidos remetidos da Beira, À Importan- | kilog, fquidos remertidos da Beira, a importan cin liquida de francos 12.034 ou seja por Iilop | et hi ' O a fMo pranto francos 1101 francos 11.04 Resumo de 1905 As vendas de borracha da Companhia de Mo | cambiçue, efectuados na Europa em 1405, foram de 31,411 kilop. liquidos, que produziram à quan- tia bruta de 47:19420022 réis ou seja uma media | 23204 réis oiro por lalog: A quebra no peso desde o din de emborque até o alia da venda, foi, no todo de 56£ kilog., ou soja uma medin de 2,57% do peso liquido re- metido o declararam, (7 re he Rest Jualit ny Ent Afro Aly ag he excépiioo má bave faken MANIHOT GLAZIOVII (Arvore do Ceará) Todas as plantas productoras de borracha (*) que nos seus paizes de origem são objecto de grande commercio, teem sido introduzidas como plantas exoticas nos paizes coloniaes, procurando-se adapta-las á cultura na esperança de larga remuneração. Teem sido particularmente objecto de ensaios as Hevea, Castilhõa, Landolphia, (**) os Ficus, etc., * a Ma- mihot Glaçiovir. Quanto a esta ultima, cultivada ha alguns annos pela Comp. de Moc., existem em varios pontos do territorio vastas sementeiras e algumas de. zenas de milhares de arvores já desenvolvidas e que começam a dar ren- dimento apreciavel. Antes de dizermos o que se tem feito e intenta fazer sobre a cultura da Manihot Glaziorii, (conhecida no Ceará e nos mercados por Mani- coba) vamos resumir um estudo comparado (***) das principaes arvores da borracha que elucida sobre a preferencia dada pela Comp. de Moç. á generalisação da cultura d'aquella planta entre os indigenas. (*) Cada anno augmenta a lista das plantas productoras de borracha. Seria longo e dificil citar todas. As plantas classicas, já mais ou menos estudadas são as seguintes: Ficus, Kikxia, Landolphia, Chylorrhiza, Carpodinus, Clitandra, Tabernaemontana, Mascarenhasia, Euphorbiacea, Rhpsaloides, etc. (Africa). Hevêa, Castilhõa, Hancornia Speciosa; e ainda, Sapium, Forsteronia, Brosimum, Galactodendron, Siphocamphytus, etc. (America). Na Asia figuram: o genero Willoughbeia; as plantas de Borneo; as Urceola, Cho- nemorpha macrophilla, Parameria, Dyera, Melodinus orientalis, Alstonia, e outras mais. (++) Ha varias tentativas de adaptação de Landolphias, mas sem indicações de valor sobre a cultura e o rendimento. Todas até hoje parece terem falhado. As mais vastas plantações que são citadas existem no Congo belga com a L. Klani: (?). Em mais pe- quena escala podem citar-se as seguintes: Em Buea, Soppo e no jardim d'ensaio de Victoria (Camarões) com as L owarien- sis, Klanii, Watsoni e Kirkit. Em Buitenzorg (Java) no jardim botanico. No jardim d'en- saio de Kamayen (Guiné fr.). Em Bissao. Na plantação Monte Café (S. Thomé). Em Sumatra, etc. (**) Coulombier. 116 Heveas. — L'Hevea est un arbre qui ne pousse qu'en terrains extrême- ment riches, dans les alluvions des bords des fleuves et dans les pays oúil pleut 8 mois de ['année et à température de serre chaude. Nous avons le terrain fertile mais non pas les pluies 8 mois sur 12; si nous en avons 3 c'est tout. Nous sommes également loin de la tempé- rature à serre chaude. Actuellement en juin et juillet la température doit descendre à 6 ou 8 degrés centigrades tandis qu'elle ne devrait pas descendre au dessous de 13 degrés centigrades. On a reconnu d'au- tre part, que dans les pays ou cet arbre croit le micux, la température ma- ximum ne dépasse pas 38 degrés centigrades. Enfin on a remarqué qu'en dehors de son paiz d'origine "Hevea, bien que paraissant croitre normale- ment, ne donne que des produits inférieurs et en petite quantité. Les an- glais Pont abandonne a Ceylan pour ces raisons. De plus il ne peut etre saigné qu'ã láge de 10 ou 12 ans. La Compagnie aprês dix années d'at- tente ne peut courir le risque de se trouver en présence d'arbres sans valeur. Castilloas, — Le Castilloa ne veut pas que la température descende au dessous de 15 degrés centigrades. Il lui faut au moins 1,” 5o d'eau bien répartie dans toute ['année. Une période de secheresse de plus de quatre mois le tue ou le fait énormement souffrir. Nous n'avons pas ici toutes ces conditions. 1) ne produit d'autre part qua 8 ou ro ans. Enfin jusqu'a présent on n'a pas de renseignements précis. Quelques plantations ont été créées dans diverses colonies mais el- les sont encore trop jeunes pour qu'on en puisse tirer des conclusions cer- taines. Ficus. — Le Ficus elastica n'est pas difficile sur la qualité du terrain et, sous ce rapport, nous ne serions pas embarrassés, mais il exige une quantité de pluies qui ne tombe pas au Mozambique; il faudrait la rem- placer par irrigation et cela nous menerait trop loin. D'autre part, cer- tains auteurs affirment qu'il ne produit pas avant 25 ans. Rendement des Ficus à différents âges: (») DE ATIS E Ne pa dro te ARE uv RE Itai «2 grammes par arbre. 24 aja aviio aliens (8/0 asi (efa [aca toda pre seia 6/16, SN aa a 19. 7 6 AS EaD ERP RA RE É 78 FORA SE NR A Ê Ea en dao DS O(S) LO Ro a LES ENIO fo «67 OPC ELO A É ufa nar Os a Fo oo ao 5 3 Soo 16 saca Sae ANE o an TEEN Red p DOS (*) Romburgh. (**) Média obtida com 55 arvores. Too Ceci est une moyenne obtenue sur un petit nombre d'arbres. A unâge plus avancé les résultats sont plus satisfaisants; on cite des arbres ayant donné 20 kilos de caoutchouc à l'âge de 5o ans. Comme conclusion: le Ficus elastica n'est pas d'un três bon rapport mais sa culture pêut être conseillée comme culture accessoire dans les régions ou la plante existe à Vétat spontané et ou l'on se procure facilement et à peu de frais des plantes de bonne qualité. Telles sont les raisons pour les quelles 'Hevea, le Cas- tilloa et le Ficus elastica n'ont pas trouvé place dans le projet de culture. Leur place jusqu'a plus de renseignements, est au jardin d'essai. Cearas. — J'ai préféré le Ceara car il n'est pas difficile sur la qualité du terrain et croit bien en général au Mozambique. Les auteurs ont beau- coup discuté la aualité de cette plante et au Congo et en Guiné ou "on a fait des essais de culture on a obtenu, par endroits de bons résultats, ailleurs de mauvais. Cela doit surtout provenir du terrain dans lequel il a eté planté. Beaucoup de plantations ayant donné de mauvais resultats ont été effectuées en terrains d'alluvion riches, c'est justement ce que cet- te plante n'aime pas. Dans ces conditions, le latex qu'elle donne est três pauvre en caoutchouc et le plus souvent elle ne résiste pas aux vents. Des expériences faites par le service anglais ont montré que I'arbre peut être exploité des l'âge de 5 ans., et deux fois par an. Dans des es- sais faits par le même service sur une plantation de 6 ans, chaque arbre a donné environ 500 grammes de caoutchouc sec. Enfin nous savons qu'au Busi et à Sena on a obtenu des résultats qui donnent de ['espoir. (*) (x) Vide mais adiante a noticia sobre cultura e rendimento. Comquanto a Manihot Glaziovii não tenha hoje no territorio da Comp. de Moc., nem nunca virá a ter, a importancia da sua Landolphia, enten- demos que este estudo ficaria por demais incompleto se não dessemos aqui as instrucções que lhe são applicaveis. Elaboradas em vista do que a experiencia e technica aconselham, são singelas, mas claras e precisas. Vamos resumi-las : Sementeira (*) e preparação das sementes Processos a seguir: 1.º. Raspar ligeiramente com uma lima a parte mais alongada da se- mente (**) que corresponde á radicula do embrião, para diminuir a consis- tencia da casca. Desinfecta-las em seguida com uma solução de 1 litro de petroleo para 10 partes d'agua. (***) 2.º Pôr as sementes ao sol e rega-las muita vez durante o dia. 3:º Encerrar as sementes entre duas camadas de estrume de curral, ou melhor, de fibras apodrecidas de côco, e regar. (****) As sementeiras devem sêr feitas em pequenos regos á distancia de 20 c., sendo o intervallo entre as sementes de 1 c. Logo que emergem da terra póem-se erm viveiro que deve sêr leve, fertil e irrigavel, mas de modo nenhum frio, encharcado ou pantanoso. As arvoretas transplan- tam-se, com 40 a 50 c. d'altura, para o local definitivo. Colheita Epoca da colheita. — Sendo a Manihot G. uma planta cujo latex é es: pesso mas em muito pequena quantidade, é conveniente sangrar-se na (x) Entre parenthesis devemos dizer que os processos usuaes são os indicados, e parecem os melhores, mas muito dispensaveis no territorio. Alli a multiplicação (por meio de sementes frescas) é facil, mesmo expontanea, segundo temos noticia. A Manihot G. tende a tornar-se uma planta invasora. (**) Usava-se em Ceylam raspar as duas extremidades, com uma lixa, ou pedra pomes. (ex) Esta pratica tem por fim affastar as formigas e outros insectos avidos dos cotyledones. (s3:8*) Wildman reproduz um methodo extravagante para a germinação rapida da Maniçoba; consiste em cobrir simplesmente o terreno onde se faz a sementeira com uma camada de palha, feno, etc, de um pé de espessura e largar-lhe fogo. Este processo parece dar bons resultados. L1O occasião em que a seiva seja mais abundante. Esta occasião é evidente- mente durante a época das chuvas. Se se sangra em tempo secco, o pouco latex que corre das incisões não será bastante a recolher-se nos recipien- tes e sêr tratado como adiante se explica; coagular-se-á sobre a propria arvore e-dará' um producto de mediocre qualidade, contendo casca e latex não coagulado, communicando-lhe mau cheiro e diminuindo a sua elasticidade e nervo, D'outra fórma, fazendo-se uma unica sangria e extrahindo-se d'ella a borracha "que a arvore seja susceptivel de dar, isto cança-la-á enorme- mente precisando depois bastante tempo para se fortalecer. tê) fa Deve fazer-se pois duas sangrias no anno; uma alguns dias apoz o principio das chuvas em dezembro e a outra no fim da época, ou seja marcço-abril. Em cada uma das épocas operar-se-á varios dias seguidos sobre a mes- ma arvore até que se tenha obtido o que é susceptivel de fornecer, 120 Ferramentas necessarias para a colheita: — Uma faca, ou de preferencia a pe- quena machadinha que todo o indigena possue podem ser empregadas para fazer as incisões. Comtudo como com esses instrumentos é preciso gran- de pratica para regular o golpe a dar de fórma a não cortar senão a cas- ca sem chegar ao lenho, é preferivel um instrumento especial (fig. 2). Em lugar d'isto poder-se-á ainda fabricar goteiras de ferro, represen- tando em ponto pequeno os zincos que cobrem as empenas das casas (fig. 4) tendo uma das extremidades (a) cortante e a outra munida d'um espigão cujo emprego veremos depois. São necessarias além d'isso tigelinhas de folha de flandres da capa- cidade de 0,40 a 0,50, e um recipiente maior qualquer, por ex., um bal- de ou celha onde se junte o latex recolhido de todas as tingelinhas. Completa emfim o material um espatula de madeira (fig. 6) Modo de operar. — De manhã muito cedo o trabalhador encarregado da sangria fará com a machadinha ou o instrumento representado na fig. 2 uma ranhura vertical, desde o ponto mais alto a que possa chegar até Fig 1ã Frg2 o Fig) a baixo da arvore, vindo a juntar-se a esse golpe outios golpes em fórma de folha de feto. Se a arvore estiver plantada em terreno baixo e humido o latex será muito fluido e abundante, correndo em grande quantidade; n'este caso empregar-se-á a machadinha que fará as fendas mais pequenas, deixando verter menor quantidade de latex sem se correr o risco de fatigar a arvore. Ao contrario, tratando-se de arvores plantadas em terrenos seccos e pedregosos, o latex será espesso e pouco abundante e para que corra em quantidade suficiente os talhos serão feitos com o instrumento re presentado na fig. 3, ou com a goteira (fig. 4) cujas incisões são maiores. (x) No Brazil, o processo da colheita é defeituoso: raspa-se toda a surperficie da casca até á camada lactifera; o latex escorre e coagula por si mesmo, quer no tronco quer na terra ao pé da arvore; ás vezes accelera-se a coagulação empregando alumen ou sal. Nos ultimos tempos tem-se tentado introduzir na colheita certos melhoramentos; em logar de deixar o liquido coagular-se na casca ou no solo recolhe se em recipientes e coagula-se depois. (Wildman.) 121 Depois d'isto feito colloca-se em baixo da ranhura principal a calha (fig 4) que se fixa á arvore por meio do espigão e recolhe-se o latex n'um recipiente qualquer. Pode-se tambem fazer com os mesmos instrumentos duas ranhuras em fórma de V fixando se no vertice do V com argila uma das tige- linhas, de folha como indica a fig. 2-a, de barro como as que fazem os in- digenas, ou uma grande casca de ostra. Pratica-se d'este modo varios golpes sobre a mesma arvore e na mesma manhã. Em vez d'estes pro- cessos pode-se ainda fazer com um machado simples incisões verti- caes, pouco fundas, por baixo das quaes se collocam as tigelinhas. (fig. Sai) Deixa-se a arvore sangrar de qualquer d'estes modos, passa-se a ou- tra e assim por diante. Se no primeiro dia se não obteve a quantidade que se desejava extrahir repete-se a operação no dia seguinte. N'estas operações a mão deve ser leve e não ferir senão a casca, pois que atacando a madeira não só a arvore soffre, como succos diversos e extranhos correm juntamente com o latex, e alteram a qualidade tor- nando a coagulação difficil. Ao começo da operação o latex corre abundantemente; afrouxa depois a pouco e pouco formando uma pellicula de borracha ao fim de duas ou 3 horas a qual fecha a abertura, e faz parar completamente a saida do latex. O trabalhador percorre todas as arvores tirando as tigelinhas, e despeja n'um recipiente todo o cautchu que será tratado como se indica mais adiante. Nas bordas das tigelinhas e á surperficie do latex existem geralmen- te lagrimas e pelliculas de borracha; tudo isso se reune em bollas forman- de um cautchu de qualidade mediocre (contém latex não coagulado) que se não deve misturar com o outro. No dia seguinte para se continuar a colheita basta arrancar as pel- liculas que cobrem as incisões da vespera; o latex corre de novo. Devem- se tambem fazer algumas novas incisões. Sangria a branco. — Em certos casos, como, por ex., quando as planta- ções são muito cerradas, propondo-nos sacrificar uma das arvores, faz-se o que se chama a sangria a branco. Ataca-se primeiramente os ra- mos grossos e a parte superior do tronco, collocando-se as tigelinhas em tão grande quantidade quanto seja possivel, e depois procede-se do mes- mo modo na parte inferior do caule. Quando por esta fórma se não pos- sa obter mais latex corta-se a arvore rente ao chão fazendo o tronco e os ramos grossos em tóros de o,m 3o de comprimento que se pôem a san- grar em qualquer recipiente, tendo-se todo o cuidado em recolher as la- grimas que se coagularem sobre os tóros. Goagulação do latex. — São numerosos e variados os processos de coagu- lação do latex (x); aqui s2 indicam trez, praticos, pouco dispendiosos e que dão da melhor borracha. 1.º — Coagulação por enfumação (*x): — Faz-se uma cova na terra na qual se accende uma fogueira de pequenos troncos e ramos d'arvore collo- cando-se em cima da fogueira uma chaminé qualquer ; pode mesmo fazer- se a fogueira á superficie da terra collocando-se n'este caso a chaminé so- bre pedras postas para esse fim. Mergulha-se a espatula no vaso que contém o latex deixando escorrer o que tiver em excessso expondo a ao fumo e ar quente, tendo o cuidado de a virar rapidamente (como um fuso) para que não caiam no fogo al- gumas gôtas. So» a influencia do calor, a parte aquosa evapora-se de. pondo na espatula uma delgada pellicula de borracha. Repete-se a operação e continua a repcetir-se. Ao cabo de certo tempo a espatula está coberta de borracha muito bem preparada porque foi secca progressivamente e da espessura de 2 c. Com o auxilio de uma faca afiada, corta-se longitudinal- mente toda a camada de borracha que facilmente se desprende da espatula. Continuar-se-á assim até de todo se exgotar o latex. Um trabalhador pode obter d'este modo 2 a 3 kilos por hora. Os vapores empyreumaticos contidos no fumo, ao mesmo tempo que contribuem para a coagulação, obram como antisepticos impedindo toda a fermentação ulterior. Em logar bem secco e arejado collocar-se-ão os pães a seccar durante uns quinze dias, entregando se depois ao commercio. 2.º — Coagulação ao ar livre: — Sobre uma mesa bem lisa colloca- da ao sol e n'uma corrente d'ar, estende-se uma camada delgada”de la- tex. Ao cabo de pouco tempo produz-se a evaporação ficando uma fina camada de borracha. Estende-se de novo o latex e continuar-se-á até que a folha tenha a espessura de 1 c.; retira-se então e procede-se do mesmo modo até se exgotar o latex. O producto assim obtido contém pouca agua e é de facil transporte. 3.º — Coagulação pelo calor do corpo humano : O processo empregado pelos indigenas e que toda a gente conhece pode-se empregar quando haja poucas arvores a sangrar. A borracha obtida por estes trez processos é de qualidade superior. A borracha dever-se-á conservar em local bastante secco e arejado sobre taboleiros entrançados de vimes ou caniçado, sobrepostos, ou dis- pôr-se em camadas de alguns decimetros apenas, pois que em grandes porções fermentar Quanto ao transporte metter-se-á em caixas perfuradas para o are- jamento ou em barricas cujos fundos sejam egualmente perfurados. (*, Vide pg. 98. (=) Este processo é de certo o melhor ; dá um cautchu contendo pouca agua e de conservação facil, sem o cheiro putrido peculiar a certos cautchus coagulados por ov- tros processos e não fica viscoso nem quebradiço. Arvore do Ceará — (Govuro) - Sa E “4 * ) A * E = e D i y Ra ) sia pHESt E tio VE % E” impossivel calcular com exactidão o stock da Manihot Glaziovii no territorio. No emtanto para dar uma ideia d'essa quantidade vamos fornecer as seguintes indicações. Districto de Sena Chenba—290 plantas nos campos, algumas muito desenvolvidas. 2840 nos viveiros. — 300 sementes nos campos. 7000 sementes nos viveiros. Inharuca.— 1729 arvores da Comp. de Moc. (*) e 620 de diversos. Em viveiro 80000 sementes. Sança.—5400 arvores grandes. 6654 pés transplantados na Chiramba. Caia. —2551 arv. desenvolvidas da Comp. 4999 de diversos. 1000 se- mentes em viveiro. Lacerdonia. Em toda a subcirc., incluindo as que pertencem á Comp., existem 10.884 pés de Manihot G. grande parte dos quaes já arvores feitas, (1 a O annos), e em numero muito maior para transplan- tação. Tambara.— 10.500 arv. da Comp. e em viveiros 60.000. Fazendo a conta vê-se que, só na circ. de Sena ha para cima de 30.000 arv. do Ceará mais ou menos desenvolvidas (a idade varia entre 24» a 4 annos; de 5 ha ainda relativamente poucas); e em viveiro ou nos campos muitas dezenas de milhares semeadas. A cultura da arv. do Ceará faz-se, além desta circ., em outros pon- tos do territorio. As mais importantes são as seguintes : Em Chiloane (Machanga) ha culturas tanto da Manihot Glaziovii como da Castilhõa elastica. (*) As plantações da Comp. de Moc., são feitas principalmente com o fim de ge. neralisar esta cultura fazendo aproveitar a sua exploração aos indigenas, que ficam sendo os proprietarios de facto das arvores existentes nas suas povoações. 124 Em Chimoio fazem-se grandes sementeiras e ha bastantes plantas desenvolvidas. No Mossurise pode computar-se em 11.000 o numero de arvores do Ceará (algumas, com um anno, medem 2,"85 de alto por 0,”25 de tronco). Assim por ex.: 1000 na farm Maruma; outras tantas na farm Statonga; 400 na propriedade do inglez Caward; e 8000 em Chibabava, uma her- dade modelo (*) na margem direita do Save. No Buzi, além das importantes plantações da C.º d'este nome, ha, na C.º inglesa «Mozambique Cultivated Rubber» uma plantação de 22.500 arv. do Ceará plantadas com 16 pés d'intervallo cuja edade regu- la por 3, 5, 6 e 7 annos, vigorosas e promptas para serem exploradas commercialmente. No Govuro, dedicam-se tambem á cultura regular da Manihot G.: a Comp. do Buzi (concessão de Chicomo), o dr. Soares (concessão de Inhan- gondo) e a Comp. do Moribane (concessão de Chicacha). Esta Comp. possuia, em 1904, 8.000 pés de Maniçobas. Além d'estas culturas ha, ao norte de Fontesvilla, uma pequena matta de alguns centos de arvores do Ceará, no jardim de Mambone 250 arvores e 2580 plantadas em floresta. Para não alongar esta lista, diremos finalmente que em Macuire e Tam- barara existem bellas plantações sendo muitas das arvores de 4 a 5 annos. Démos uma idéa da cultura regular. Adiante fallaremos da cultura ndigena que é o objectivo da Comp. de Moç. (*) E” já uma importante cultura ácerca da qual diz um relatorio (set. de 1905) que temos presente. «Vae transplantar-se a borracha do Ceará que existe em viveiros no Inhaume para o Chibabava, em substituição d'algumas plantas novas que morreram na época passada. E” superior a 10.000 o numero de arvores «Maniçoba», em magnifico estado de vegetação variando a sua edade de 1 a 3 annos. Pode pois afirmar-se que a experiencia do terreno de Chibabava está feita, e que quanto maior numero de plantas se collocar maior será o futuro d'aquella propriedade. Ha terreno desbravado prompto a receber as plantas que vão ser transplantadas. FrRendimento da Manihot G. Temos noticia do rendimento da arvore do Ceará no territorio da Comp. de Moç. Tem sido colhida borracha nas plantações de 4 a 5 an- nos da circ, de Sena e do Govuro, em Macuire e Tambarara, etc. Os dados que apresentamos podem constituir um media geral da producção da Manihot G. no territorio e servir de elementos de comparação com o rendimento em outras colonias. Assim por ex.: Algumas arvores da propriedade de Mambone (Govuro) e Machanga (Chiloane), com 4 annos de plantadas, deram uma media de cautchu em 3 dias d'extracção, por um ou outro dos processos descriptos, de 120 grammas. As arvores ficaram um pouco fatigadas. Varias experiencias levadas a effeito na circ. de Sena, em arvores desenvolvidas, (5 annos app.) deram a percentagem de 300 gr. de cautchu por arvore. Das plantações de Macuire e Tambarara foram extrahidos 500 k. de cautchu de 2.500 arvores app., todas de 4 a 5 annos. O rendimento me- dio foi, portanto, de 200 gr. por arvore. Está estabelecido que a Manihot G. pode ser sangrada duas vezes no anno, isto é, em duas series de 3 a 4 dias cada uma. (*) Nas experiencias que referimos procedeu-se apenas a uma serie; multiplicando por 2 os resultados obtidos e fazendo o desconto de 10º/, pode calcular-se, como producção media annual: Arvores de 4//ANnOS: es. caio sia are 260 g. » o o Taes são os resultados praticos no territorio. Vejamos agora qual é, em geral, o rendimento theorico (**), e os re- sultados obtidos em outras colonias. (*) Teissonier, chefe do jardim d'ensaio de Kamayen (Guiné f.) admitte que a Manihot G. possa ser sangrada 3 vezes por anno. Cremos que, operando em larga es- cala, em parte alguma se pratica d'este modo. (**) Calculo sobre o rendimento medio no Ceará. Edade e rendimento da Manihot (. A primeira sangria deve praticar se aos 4 annos. A quantidade de latex a extrahir por cada arvore nas duas sangrias não deve exceder 850 8., O que corresponde a 150 g. de cautchu em cada sangria, ou 300 g. por anno. Forçar esta producção é cançar a arvore. Aos 5 annos poder-se-á extrahir nas duas colheitas : ONA fls EIS eo) a pensam ava, moiono 400 g, de cautchu Aos 6 annos(?) 1500 s- » DONO O DU ID puENDIO E oa 500 » » Aos 7 annos (?) 2300 g. SOR RS E E 800 » » Aos 8 annos(?) 2800 g. DA gd mo prelo a dO 1000 » » Nos annos seguintes extrahir-se-á tambem um Kilo de borracha por arvore e por anno. Poder-se-á augmentar esta quantidade até chegar a 1,5 k.(*) se a arvore o supportar. No caso de fadiga, não. Para avaliarmos com segurança a producção da Manihot G. nas outras colonias, oiçamos o prof. alletmão Warburg. Trad. «As indicações a este respeito differem muitissimo. Assim devia esperar-se. Chalot (Libreville), baseando-se em verificações pes- soaes, feitas n'uma plantação bem dirigida, diz que não deve contar-se com mais de 150 a 200 g. por arvore e por anno, fazendo-se a primeira sangria aos 4 annos. Bowyssou obteve os rendimentos seguintes: Com o systema de triplice candelabro (**), procedendo de cima para baixo, 140 15o e 175 g., segundo as arvores, ou uma media de 153 g. Procedendo de baixo para cima, apenas 110 g. (*) Na sua patria a Maniçoba dá, desde o 2.º anno, 75 gr de cautchu; no 6.º anno dá 450 g. e mais tarde a media de producção parece ser de 1 k. por arvore e por anno; o maior rendimento observado no Brazil foi de 1,5 k. e o mais fraco de 500 g. Na Asia e na Africa a producção é muito menos consideravel, e parece attingir apenas cêrca da 5.º parte da producção do Brasil. (Wildeman). (+*) Candelabro é o methodo de incisão por linhas parallelas, affastadas entre si de 10 c. sobre um eixo lateral em angulo curvilineo. Usa se o duplo, ou triplo candela- bro, ficando os eixos á distancia de 60 c. E” um methodo bom, como rendimento, mas não ao alcance dos indigenas. Com a incisão chamada «espinha de peixe» (arête de poisson), (*) So g. Fm Ceylam (Kandanuwara), arvores de 4 annos daram de r1o a 125 g.; segundo outro documento, colheu-se alli 225 g. sobre arvores de ro annos. Vimos n'outro logar que na India meridional o rendimento fo- ainda muito inferior: um grande numero de arvores já velhas só forne- ceram em media 30 g. por arvore; outras, de 18 annos, apenas 100 g., nenhuma deu mais de 225 g. No Malabar, não chega a obter-se mais de 10 gr. em media. Em Java, para arvores de 4 annos, a mesma percentagem; uma arvore de 20 annos, go gr. Uma unica arvore deu um producto relativamente abun- dante: 225 grammas. Os resultados comparetivos que apresentamos são brilhantes para a Comp. de Moç. Mas não ha que fiar n'elles, e a despeito das promessas é cedo ainda para o emprehendimento da grande cultura (**) com esta arvore cautchuosa, ou com qualquer outra, (***) quando pode constituir ovas florestas, d'uma riqueza certa e provada com as suas L. Kirkii e Watson. As culturas, já importantes, da «Maniçoba» que existem no territorio, estão longe ainda das vastas plantações effectuadas nas Indias, em Java, em Ceylam, nos Camarões, em S. Thomé, em possessões inglezas no Congo, etc., cujos resultados — alguns dos quaes acabámos de verificar — teem sido, valha a verdade, bem pouco animadores. Nota-se por toda a parte uma fraca producção; tem sido entretanto aconselhada, graças ao seu facil e rapido crescimento, como arvore de sombra (*::) para as grandes cultu ras. No territorio, os dois grandes inimigos da &Manthot G. são a ter- mite e o vento. As termites atacam a arvore pelas raizes e introdu- (*) Cortes lateraes obliquos reunindo-se n'uma goteira media vertical. Este processo parece damnificar mais a arvore que o de candelabro. (**) Estão feitos os estudos para a grande culturs da Manihot G. no territorio, tan- to para um capital dado, como para uma superficie dada. E” um dos valiosos trabalhos de Coulombier que sentimos não publicar por ser muito extenso (*»*) A despeito das contra-indicações theoricas somos informados de que a Hevea brasiliensis (uma das 14 var. d'esta Euphorbiacea) se desenvolve em certas regiões do territorio. Na propriedade Mozambique Cultivated Rubber C., junto á de Guara- Guara, existem 20.000 plantas peq. (a maior parte das quaes são Hevêa Brasiliensis ) promptas para se transplantar, e 1.200 Hevêas importadas de Ceylam que estão cres- cendo «além de toda a expectativa». (***) Só parte do anno, porque a folha da M. G. é caduca. 128 zem-se nas incisões feitas para a colheita do latex. As rajadas tempestuo- sas fazem presa nas copadas frondes e quebram ou derrubam muitas ar- vores. Muitas das primeiras culturas iniciadas não progrediram. A Comp. do Luabo, por ex., abandonou esta exploração. Tem-se comtudo reconhecido que se as plantações soffrem em varias regiões onde foram introduzidas, é provavelmente em consequencia das más condições em que estavam. Julgou-se bem fazer plantando em solos frescos e ricos, na margem dos rios. Ora tal situação não convém á éMa- nihot G. e está sendo posta de parte. No seu paiz a éM. G. vegeta de preferencia a uns 60 m. d'altitude, n'um solo de encosta, pobre, pedregoso, onde a agua da chuva (e ha an- nos em que não chove) apenas corre e passa. E” n'estas condições que, tanto quanto possivel, tem de ser plantada no territorio. Cessa o perigo de formiga branca; as raizes, forçadas a alongar-se para buscar o sustento tornam-se mais fibrosas; a planta resiste melhor ás rajadas; e até a borracha deve ser produzida em mais abundancia por- que está hoje provado que as plantas lacticiferas das regiões seccas dão menos cautchu quando as transplantam para regiões humidas. Cultura indigena da Manihot Glaziovii Além das plantações regulares a que já nos referimos, ha as planta- ções irregulares, em áreas mais ou menos extensas, disseminadas por di- versas circ. do territorio, plantações que se teem ido fazendo nos ultimos annos porinstigação dos chefes de districto. Recentemente dão se instrucções expressas para que essas culturas se desenvolvam o mais possivel, levan- do-se os indigenas a fazer sementeiras na visinhança das suas povoações, onde, como diz Smits, mais tarde poderão colher o seu producto, fonte para elles de receita que o europeu nunca teria podido explorar e um no- vo elemento de riqueza territorial. A maior parte dos indigenas fazem ainda as culturas com profundo desapego. Mas n'outros vae-se notando uma certa curiosidade e interesse. Ha, por ex., na circ. de Mossurise, uma plantação de 1000 arvores do Ceará, levada a effeito e cuidada pelo regulo Mangude nas suas terras. No Moribane, em Chimoio, etc., teem os indigenas vindo fazendo sementeiras e culturas com exito em algumas povoações, como ainda em set. nos era relatado pelo insp. de exploração que pessoalmente as ve. rificou. O relatorio annual (1904) do chefe de Chimbué, uma das sub-cir. de Sena, consigna os seguintes factos interessantes como symptoma: «(Os indigenas suppõem, creio, como pertencentes á Comp. de Moc., as arvores que teem nas povoações. Hoje vão-se persuadindo do contrario, porque os mandei prevenir, e certos indigenas já colhem alguma borra- cha que vendem às casas commerciaes d'esta localidade. Estas casas, a ins- tancias minhas, teem pago essa borracha por preço mais elevado a fim de incitar-se os indigenas a colher maior quantidade. Agora que elles conhe- cem o seu valor, e que estão convencidos de que são os unicos donos, hão-de naturalmente augmentar o numero de arvores de borracha. * As linhas que sublinhámos definem a questão. Em 1.º logar, só al- guns indigenas, e só em Sena, começam a vender a sua borracha. Em 2.º 150 logar, vê-se que o fazem por estarem convencidos de que são elles os unicos proprietarios. O relatorio leva a tirar a conclusão, de que se a propaganda logra convencer alguns pretos, é natural que, generalisando-se, se generalise aquelle convencimento, e que todos, ou muitos indigenas, passem a fazer de bom grado culturas da Manihot G. e a vender os seus productos. E' natural que isto aconteça, mas é difficil, muito dificil, e muito de- morado sobretudo. A indifferença geral que os indigenas manifestam pelas culturas que lhes não são tradicionaes, tem varias causas. Concorre para esse des- apego o desconhecimento quasi absoluto do valor do trabalho, e a sua natural indolencia. Mas uma outra razão, mais intrinseca, mais tenaz, do mina o espirito do preto, e essa só o tempo poderá varre-la, porque o tempo a enkistou no seu cerebro atravez das gerações. O preto tem a noção do direito natural e pratica-o, e reinvindica-o. com os da sua raça. Mas o instincto de propriedade quasi que se lhe apa ga na ideia preconcebida, de que, onde estão brancos, o quinhão do pre- to é nenhum. De que me serve — pensa elle — fazer plantações, se em estando cres- cidas o branco vem e m'as tira? Esta difficuldade é mais custosa de vencer que a termite e o vendaval. Esta ideia, é a montanha que a Comp. de Moc. tem de derruir. O ponto é precisamente convencer os indigenas de que as plantações por elles creadas, esta e outras, serão o fructo do seu trabalho, auxilio e re- medio para elles e suas familias. Conseguido isto passarão a fixar-se mais no solo, a ter amor á terra, a civilisar-se, emfim. Mas será impossivil alcançar este desiderato ? Não. Affirmamo-lo convictos. A fatalidade historica que impelle as raças para o progresso, não po- de fazer excepção para a raça negra. A influencia do meio e o peso da escravidão secular quebrou-lhe a energia, mas não as faculdades progressivas. E” plastico o barro de que o preto é formado. Mão, não é peior do que o branco; bom, pode servir-lhe muita vez de exemplo no desinte- resse e na dedicação. Pobre diamante bruto ! O que elle precisa para avançar, é integrida- de na applicação da justiça, lisura nos contractos, alimento ao corpo e luz no espirito. E”, em summa, ver no branco um protector, e não um delapidador, um tyranno que o corre a pontapé e lhe azorraga as carnes. y und “ = nm RU 4 / b eds à Sociedade de Ge Lisboa A Companhia qe Hogambi que ografia de Biological & Medical PLEASE DO NOT REMOVE CARDS OR SLIPS FROM THIS POCKET e at a GO UNIVERSITY OF TORONTO LIBRARY