Qlljr i. H. Htil ffitbrary ííortlí (Earoltna BtaU Imopraitg Special Collections SB273 F64 CULTURA E PREPARAÇÃO 1)0 TABACO TineiiriA VOR JORDAN FLOYD. NA IMPR] Kua do THIS BOOK MUST NOT BE TAKEN FROM THE LffiRARY BUILDING. Os Caixas Geraes da Companhia do Tabaco , Sabào c Pólvora , sendo devedores a um ilhistre Cavalheiro (cujo nome, com pezar ommitlem -^ov lhes ser exigido) , e que tanlo se tem dedicado ao engrandecimento das nossas Colónias , da tra- ducçiio do presente Opúsculo , fizeram-no impri- mir para ser enviado para as nossas Possessões Ultramarinas , que tanto interesse podem tirar da sua publicação. NOTA PRELIMINAR. A s diflerentes variedades de tabaco, que se cultivam ^ em alguns dos Estados Unidos da America, e es- pecialmente no da Virginia , dão produclos que tecm primazia nos mercados da Europa. Foi para ensinar o melhor systema da cultura desta planta, e da preparação da sua folha , que Jór- dan Floyd , proprietário no condado de Dinwiddie , do mesmo Estado, publicou em 1833 uma memoria com o titulo de=iResuUado da Experiência. =i E' este escripto o que adiante damos traduzido do inglez, com o fim de se promover nas colónias portu- guezas da Africa , da Ásia e da Oceania , o melhora- mento da cultura , e da preparação d'uma planta que a ellas , bem como (x metrópole , pódc vir a produzir mui consideráveis riquezas. Na importante obra de Antonil , intitulada = (7tí/- tiira e Opulência cio Brazil = im^ircssa em Lisboa em 1711, e reimpressa no Bio de Janeiro em 1837, po- derá lêr-se a maneira como neste império se enrola o tabaco , e se fazem as mais preparações da sua fo- lha , e também como se cultiva a canna , se fabrica o assucar, e se exploram as minas ; além d'outras no* ticias que podem ser interessantes para as colónias portuguezas. Lisboa, Outubro de 18 li. O Traductor. PREFACIO. i^om a devida deferência á opinião do publico , vou ^ apresentar-lhe o seguinte systema de cullura e pre- paro do tabaco, esperando que a utilidade que ao paiz deve resultar d'uma obra deste género , faça relevar- rae as faltas que nella possam encontrar-se debaixo d'outras considerações. O nosso território (a Virgínia) ; e nuo só elle, mas todos os outros dos Estados Unidos onde se cultiva o tabaco , careciam ha muito tempo d'um methodo re- gular para a sua cultura , e preparação. Sentindo esta falta , pezava-me que até hoje nào tivesse apparecido alguém que , mais habilmente do que eu , publicasse por meio da imprensa, um tratado sobre este objecto. Agora porém, movido de repelidas rogativas c per- suasões , ahi submetto k approvaçào ou desapprovação do publico , o meu systeraa sobre a cultura e prepa- ração desta planta , fundado , não em meras theorias , mas nos resultados d'uma experiência de muitos an- nos , e escripto d'um modo tão simples e fácil , que espero seja entendido , ainda das pessoas que nunca viram o tabaco em planta. Apresento aquelles quezitos que mais provavelmen- te se hão-de oííerecer ao espirito d'um indagador , e a elles respondo tão claramente quanto a natureza do objecto o permitte, procurando sempre fundar as mi- nhas respostas nas razões mais satisfatórias. Todos sabem que esta planta para poder vir a com- pensar os trabalhos que dá ao cultivador, precisa de ser tratada com o maior desvcllo e attenção. Eu oííe- reço dois meios de curar o tabaco , ambos de egual proveito, segundo o cuidado com que forem postos em pratica : entre tanto assento que as estufas sJio prcfc- liveis : e se o leitor atteiider seriamente á minha ex- plicação , sem custo perceberá o modo de se servir delias , e a maneira como são construidas. Durante estes últimos nove ou dez annos, tenho ven- dido o meu tabaco por 8 a 15 dollars (pezos duros) o quintal (112 arráteis) (*) preparado por este me- thodo, que julgo ser o melhor até hoje adoptado. Tal- vez pareça presumpçào d'amor próprio , o exaltar as- sim a minha invenção ; mas não tendo visto até ago- ra nenhum outro methodo proposto, nem indicado ou- tro caminho senão o antigo , seguido por pessoas que se dizem muito conhecedoras na matéria, decerto ser- me-ha perdoado o sustentar assim a minha opinião. Estarei prompto em todo o tempo a sujeital-a ao juizo de qualquer pessoa melhor informada do que eu, sobre este objecto ; mas só boas e fortes razões me poderão obrigar a despersuadir-me do que eu , com motivo , considero razoável. E' desnecessário que leve mais longe as minhas ob- servações sobre tal assumpto. Lisonjeio-me que esta ol^ra ha-de obter os suíFragios do publico , pelo que ella vale em si ; nem creio que obteria o seu favor por meio d'um longo e fastidioso prefacio. Confio pois inteiramente na sua indulgência relativamente ao meu cstillo, e na sua generosidade para que approve e pro- teja o meu trabalho. Richmond , Virginia , 1835. J. Floyíh (•) De G:200 a 11:800 réis os 112 arraieis , ou de 55 a 10o reis por arrátel, (moeda forlc).' RESUITADI) DA EXPERIE\'CIA. Pergunta 1.* Qual é o melhor tempo Je semear o tabaco ? Resposta. NoveraLro , e dezembro (') ou |»oiiro depois , mas com especialidade o mcz de novembro. P. 2^ Porque se deve semear o tabaco nos me- zes de novembro e dezembro com preferencia aos ou- tros mezes? R. Porque naquella estação a terra está em ge- ral mais secca e em melhor estado para se fazerem as queimadas do que era qualquer outra. Devem-se quei- mar bem as hervas ou matto , cavar a terra fundo , preparando-se assim para receber a semente. P. 3.* Qual é a melhor qualidade de terrena para fazer os viveiros? R. E' o terreno fértil, escuro, húmido e atirando um pouco a ariento ; mas se não for bastante forte para as plantas , deve-se-lhe deitar estrume de cava- Ihariça ; e depois de se ter enterrado a semente, cobre- se bem o viveiro com ramos seccos para guardar a semente do rigor do inverno. P. 4.'^ Que quantidade de semente se deverá se- mear em um viveiro depois de preparado? R. Isso depende inteiramente da vontade de cada um , segundo se quer que as plantas cresçam mais ou menos bastas. O melhodo que eu sigo é de semear em um viveiro de 6 palmos de largo e 40 de com- (*) No Brazil semcia-sc no mcz de maio, junho c ju- lho em talhões bem eslercados ou cm qucimaJas feitas oudo para is?o o terreno ó apropriado. O mesmo provavelinenlo SC deverá praticar nos territórios de Angola c .Moranilnque. 5; priílo , a semeiite que pôde caber em um cachimLw ordinário de barro (*). P. 5." Qual é a melhor qualidade de terra para crear o tabaco? R. O tabaco quer terra muito fértil ; e bom será que esta assente n'uma camada de barro; ella deve ter sido bem preparada com uma lavoura ou cava funda. Se para isso tiver sido necessário cortar arvo- res ou arbustos, convirá, sendo possivel, deixal-os em cima da terra pelo menos um anno antes de a cavar e semear. P. 6.* Para que se devem deixar as arvores e ar- bustos sobre a terra um ou mais annos antes de se cultivar? R. Porque quanto mais sombria e menos exposta ao sol estiver a terra , mais forte se tornará , e por isso de uma natureza mais nutriente para as plantas. A melhor estação para cortar o malto e arvores é o verão, quando as folhas, sendo abundantes, estrumam a terra pela sua putrefacção. P. 7.* Qual é a razão porque é melhor para o tabaco o terreno que tiver por baixo uma camada de barro ? R. Porque esta sorte de solo é geralmente mais forte, e de mais fertilidade; é de mais fácil cultura, e não está tão sujeito a deteriorar-se pelo ardor do sol e pela evaporação da humidade como a outra terra. P. 8.* Servirá para o tabaco o terreno duro e barrento? R. Não; porque somente convirá um chão bom e fundo , e é preciso cuidado quando se fizerem os ta- lhões para o tabaco, que haja nelles o menos barro possivel; e ao mesmo tempo a terra precisa ser mui- to bem , e profundamente cavada antes de o plantar. (•) No Estado de Maryhnd inisiura-se com cinza a se- mente do tabaco quando se semeia paia que se espalhe hera; c com nrn ancinho alÍ5a-3« b«m a terra do viveiro. P. 9/ A que distaucia é necessário plantar o ta- baco ? U. Deve plantar-se em regos bem alinhados, dis- tantes uns dos outros B palmos, ou S palmos e meio; e as plantas do mesmo rego a 2 e meio a 3 palmos. Assim haverá espaço sufficiente para se poderem mon- dar as plantas e tratal-as ; pois se lhes deve prestar toda a altenção até se cortarem. P. 10.' Quando ó que as plantas do tabaco deve- rão ser transplantadas ? R. Quando estiverem bastantemente crescidas para se lhes poder bulir sem as quebrar, nem pisar. — O tabaco que for transplantado mais cedo , ser;'» melhor, pois terá nvais tempo para crescer e amadurecer. Ai covas em que se plantar deverão ter um palmo de al- tura , e ser bem estercadas. P. 11.* Deverá o tabaco ser lavrado ou cavado depois de plantado? R. Se tiver sido plantado em terra já usada para a sua cultura , lavre-sc bem com o arado , ou cave-sc bem com a enxada, até que comece a rebentar: as- sim que isto succeder , use-sc somente da enxada ou sacho para tirar o capim e outras hervas nocivas. So porém o tabaco tiver sido plantado em terreno rotea- do de novo, não se deve tornar a lavrar ou cavar, bastando que se lhe arranque a herva com um sacho de mondar. Os talhões do tabaco não devem fer mui- to grandes, mas de uma moderada dimensão. Quan- do se preparar um terreno já usado para tabaco, deve ser profundamente cavado ou lavrado e muito boni estercado , e depois fazem-se talhões , que distem 4 a 6 palmos entre si. P. 12." Porque é que não se deve continuar a lavrar ou cavar o terreno que já foi cultivada de ta- baco, quando este principia a rebentar? R. Porque a lavoura ou cava excita a planta 3 crescer , e quanto menos mechida for a terra depois 10 que o tabaco começa a crescer, tanto melhor; porque se depois de cavada sobrevier tempo muito chuvoso, apodrecerá a planta com a humidade; se o tempo se tornar muito quente , ficará queimada ; e em ambos os casos ficará perdida. P. IS.'* Porque motivo se não deve lavrar nem sachar o terreno roteado de novo quando o tabaco es- tiver a crescer? R. Porque o terreno contém muitas raizes ; de sorte que a terra está inteiramente aberta, e não tem perigo de se fazer cm terrões ; e se for lavrada que- jjrar-se-hão as raizes do tabaco, e murcharão as plan- tas. Para esta cultura toda a terra fraca deve ser bera estrumada. No caso da terra não ser bastante fértil , deita-se estrume nos talhões ou em cada cova. Vários insectos atacam as plantas do tabaco. As lagartas de- vem-se tirar á mão: para as formigas pòem-se nos regos cm que apparecem folhas de mandioca que ellas preferem ás do tabaco. P. 14.* Qual é o melhor modo de capar e deso- Ihar o tabaco? . R. Quando a planta tem 8 ou 10 folhas corta-sc com os dedos , o grelo , ou olho do topo , ao que se chama capar o tabaco ; feito isto, nascem outros olhos nas juntas das folhas , os quaes todos se devem tirar ; a isto chama-se dcsolhar; o que se faz pelo menos de 8 em 8 dias , deixando somente em cada planta as ditas 8 ou 10 folhas. Se o terreno for bom , as folhas mais altas serão as melhores. Para se obter tabaco fi- no , serão desolhadas as plantas o mais cedo que o permittir o seu tamanho, deixando o numero de fo- lhas acima declarado. Este é o methodo que a mi- nha longa experiência me provou ser melhor do que nenhum outro ; mas o lavrador pode á sua vontade desolhar ou não. Couvem que o terreno se conserve bt'm mondado alé as folhas estarem sazonadas. 11 P. 1.^.' Como se conhece que o tabaco está bem sazonado para se cortar? R. Pela sua côr; porque todo o tabaco quando esta perfeitamente sazonado, é amarello cora apparen- cia oleosa , c muito quebradiço ; e na parte inferior das folhas , junta-se uma substancia viscosa e pegajo- sa. Porém nem todo o tabaco que amarellece , está necessariamente sazonado ; pois que muitas vezes pôde adquirir essa côr por excesso de humidade, ou de sec- cura , e neste estado nào deve ser cortado. Quanto mais tempo o tabaco estiver na terra a sazonar , tan- to melhor , com tanto porém que nào seja atacado pela geada ou por doença. Mas se elle adoece com empolas , ou nódoas , ou outra moléstia , então deve ser cortado o mais de pressa que for possivel. P. 16.^ Quantas substancias se observam na plan- ta do tabaco? R. Duas. P. IT.** Quaes sào ellas, e como exercem as suas funcçòes? R. S3o a seiva e o óleo. A seiva é aquella subs- tancia por virtude da qual a planta se conserva no es- tado de verdura até o tempo de sazonar, cm que des- apparece , e a substancia oleosa toma então o seu le- gar; e por isso muito facilmente se conhece quando a planta está sazonada. P. 18.' Qual é o melhor modo de cortar, e de recolher o tabaco? R. Corta-se a planta perto do chão , e racha-se ao mesmo tempo de alto abaixo em duas partes; e logo entrega-se a um trabalhador que deve seguir o ceifeiro , o qual a vai pendurar em uma vara , apre- sentada pela ponta, por outro trabalhador, a que cha- raão o portador ; devendo ficar as duas partes da plan- ta rachada com o âmago ou interior , voltado para o mesmo lado , de sorte que pondo as varas no esten- dal fique o âmago exposto ao sol , u fim do murcha- 12 rcra melhor as plantas, antes de se recolherem. Quau- do se cortar o tabaco nào se consinta jamais que se ponha no chào nenhuma planta , vigiando attentamen- te que se execute o que acima fica prescripto, pois pondo-o no chão , não só o tabaco se torna muito su- jo, e se cresta ou queima ao sol, sem estar ainda completamente murcho ; mas neste estado mais facil- mente se estraga mechendo-!he. Com facilidade se pô- de , para este fim , fazer em qualquer parte do cam- po ura estendal, espetando no chào forquilhas atraves- sadas com páos. As varas carregadas de tabaco de- vem ser postas nos estendaes com promptidão, de sor- te que quando o portador trouxer uma delias , volto logo levando uma nova vara para ser carregada. A colheita do tabaco feita por este modo é muito mais fácil do que pelo antigo methodo. Dois bons ceifeiros , sendo acompanhados por gente que receba as plantas , são mais que sufficientes para conservar oito portadores em continuo exercicio ; e o mesmo numero de indivíduos, práticos neste methodo, poderão colher e dispor, pelo menos, uma terça parte mais de tabaco em cada dia do que pela maneira usual. Se o tabaco se achar em estado de ser colhido , e o tempo estiver húmido ou chuvoso, nào se receie cor- ta-lo, pois nào ha perigo de que elle sedamnifique; só sim, se, tendo sido cortado, estiver mirrado pelo ca- lor, e fôr apanhado em t<;mpo chuvoso. Apenas o tabaco estiver suííicientemcnte secco pelo sol , e da côr conveniente , recolhe-se para se pôr ao lume , havendo cuidado de o não quebrar ao pegar- Ihe. O tabaco que fôr cortado mais temporão precisa de pouco sol ; porém aquelle que fôr cortado mais se- rôdio , quando os dias são mais pequenos , precisa por isso mais tempo para scccar. P. 19.'^ Como é que se deve dispor o tabaco na casa de curar para receber o calor do lume? R. Penduram-se nas varas, segundo fôr o seu com - primento , seis alé dez plantas , as cjuaes devem ficar de 5- a 6 pollcgadas distantes umas das outras ; e as varas huo-de col!ocar-sc de 10 a 12 pollegadas umas das outras. Quando se pendurar o tabaco nâo se deve pôr t3o unido que uma planta possa receber a humidade ex- halada pela outra. Depois que o fogo se houver accen- dido e se houver elevado ao gráo de calor convenien- te, não se deve este deixar diminuir, ató que o ta- baco esteja inteiramente curado , porque isso produzi- ria nelle uma espécie de suor que lhe daria mào chei- ro. Se a casa para curar o tabaco fôr pequena , de- pois de se ter curado o que nella couber, pendu- ram-se as plantas curadas mais juntas umas das ou- tras; e por este meio haverá logar para pendurar no- va porção de tabaco. P. 20." Como é que se conhece que o tabaco es- tá em bom estado para receber o calor do lume? R. A haste torna-se muito mole e dobradiça , e as folhas tornam-se esponjosas, ou antes tomam um as- pecto de pulrefacção , e ao mesmo tempo tem um cheiro desagradável. Quando o tabaco chega a este estado , está prcmpto e sazoado para ser exposto ao calor do fogo ; mas é essencial saber qual é a còr que se lhe quer dar , para o expor a este calor durante mais ou menos tempo. Se se deseja que elle seja de um agradável ama- rello claro, conserve-se pendurado até elle tomar essa côr, e é então que se lhe accende o lume. Se se quer côr de castanha escura , accende-se o fogo antes que se tenha feito amarello. Mas se se deseja de uma côr muito escura , neste caso anccnde-se o lume dois ou três dias depois que a planta tiver sido colhida ; po- rém deve-se tomar sentido em o não expor a um fo- go que seja forte de mais. P. 21." Que gráo de calor se deverá manter des- de que se começa a curar o tabaco? , 14 R. No principio deve-se elevar o calor até 8S gráos do thermómetro de Fahrenheit , o que se escre- ve =85° F. ==(*), em cuja temperatura se con- tinuará por tempo de 6 horas. Depois se fará su- bir gradualmente até 90° durante as 6 seguintes ho- ras. Mas se o tabaco não der signaes de seccar duran- te as 6 horas primeiras em que o calor fôr de 85 gráos, continua-se então por 12 horas fazendo subir o calor até 90 gráos. Deve haver cuidado em não augmentar o calor com muita rapidez , pois que isso faria mudar a cor que se deseja que o tabaco tenha depois de curado. Depois de se haver curado a folha por meio do di- to gráo de calor, eleva-se este a 95 gráos, a fim de se curarem os ramos e a haste ; e nas 3 horas seguin- tes eleva-se a 100°, e continua-se a elevar o calor 10 gráos cada 3 horas, até que tenha subido a 130 gráos, conservando esta temperatura pelas 24 horas seguintes : então dá-se-lhe mais força , elevando-o a 150 gráos. Quando o tabaco estiver pendurado na casa de curar, as extremidades da ultima camada ou fileira do tabaco, devem estar de 9 a 12 palmos distantes do alto das estufas , e a egual distancia do fogo nellas acceso. Deve observar-se que as regras antecedentes são destinadas ao serviço que se fizer com estufas. P. 22.* Porque é que as estufas são melhores pa- ra curar o tabaco do que o modo ordinário de fazer fogueiras ? (*) Como, além do thermómetro de Fahrenheit, se faz uso do de Rcaumur e do Centígrado , na seguinte tabeliã , cm que se despresárão as fracções de gráo , se indica a corres- pondência entre estes instrumentos, SST. — 24°R. — aO^C. 90 —26 —32 9S —28 —3o 100 — 30 — 38 130 — U — 51 150 — 52 — GG 15 R. Porque com cilas so requer menos quantidade de lenha para a mesma quantidade de tabaco , c por- que ha muito menos perigo de incendiar a casa de curar. O tabaco torna-se mais agradável , e pôde ser curado em metade do tempo que se gasta pelo methodo ordinário , e fica livre inteiramente daquello fumo que muitas vezes dá máu cheiro ao tabaco , e impede por isso que tenha boa venda no mercado. P. 2'ò.'^ Quantas estufas são necessárias para uma casa de curar , que tenha 36 palmos de comprido so- bre 30 de largo .'* R. Quatro. P. 24.'' Como deverão ser ellas collocadas? R. Devem ser collocadas de maneira que d'um lado deixem uma passagem de 8 ou 9 palmos de lar- go, e outra de 6 palmos; e devem assentar em pila- res de pedra ou tijolo , com cannos ou chaminés , que communiquem com a parte de fora da casa — Veja- se a estampa. Figura 1.* Casa de curar de 36 palmos de com- prido e 30 de largo. A — Estufas de 5 palmos de comprimento. BB — Passagem de 6 palmos de largura. CC — Passagem de 8 palmos de largura. D — Cannos das estufas que sahem fora da casa. Fig. 2.* Parte inferior da estufa de 5 palmos de comprido sobre 3 de largo. Fig. 3.^ Canno da estufa com um cotovelo affas- tado da estufa 10 pollegadas. P. 25.'' Porque motivo deve haver quatro estu- fas, e como devem ellas ser feitas? R. E' preciso que sejam quatro , porque por este meio espalha-se o calor com mais egualdade e com maior effeito pelas folhas do tabaco. As estufas devera ser feitas de folha grossa de ferro , e ter 5 palmos de comprido, 3 de largo, e 3 de altura , com uma porta cm um dos topos de 10 pollegadas quadradas: o fundo Í6 devG ser uma grade de ferro formada do barras d'u- raa pollegada quadrada, postas na distancia d'uma pol- legada e um quarto umas das outras (veja-se a fig. 2.^), de sorte que deixem cahir facilmente a cinza. A chaminé ou canno deve ter pelo menos 8 pollegadas de diâmetro , com um cotovello situado a 10 pollegadas de distancia do alto da estufa, P. 26.^ E se taes estufas nào se poderem obter senão cora muita difficuldade , como é que se ha-de curar o tabaco? R. Fazendo fogueiras pelo seguinte modo: por baixo de cada renque de plantas de tabaco fazem-se cinco fogueiras era correnteza, para as quaes se corta a lenha , pouco mais ou menos do comprimento de 3 palmos, e racha-se em cavacos bem delgados para que se queime depressa ; mas antes de os accendcr, pòe-se no chão um madeiro sem ser rachado, de 6 ató 10 pollegadas de grossura , e para arranjar as fogueiras encosta-se a elle uma das pontas de cada acha, fican- do a outra no chão , e faz-se arder a lenha em laba- redas o mais promptamente que poder ser , para que o fumo seja o menos possível , e deixam-se subir as labaredas até 10 ou 12 pollegadas de altura. — Por este modo o calor que produzem , vem a ser quasi o mesmo que o das estufas. Observe-se a este respeito o que se disse na resposta á pergunta 21.'. A melhor dimensão para as casas de curar é a d'ura quadrado de 30 palmos por lado , ou d'um quadrilon- go de 36 palmos de comprido e 30 de largo. A sua altura deve ser sufficiente para que , postas umas de- baixo das outras , se possam suspender três fileiras do plantas , que distem 5 palmos entre si , sendo pendu- radas por baixo das traves ; devendo também pcndu- rar-se por cima das mesmas traves outras três fileiras com distancias cguaes ás primeiras. A distancia do lu- me a que devem ficar as pontas das plantas mais bai- xas será de 9 a 12 palmos como no caso de liavcr estufas. Í7 P. 27/ Qual ó a melhor qualidade de lenha para curar o tabaco? R. Na Virginia dá-se particular preferencia á le- nha da planta alli conhecida com o nome hickory , c na sua falta usa-sc de carvalho , bordo , freixo , ou doutras arvores ; misturando-lhes uma pequena por- ção de madeira de sassafraz , cujo aroma communica ao tabaco um cheiro agradável. — No Estado de Ma- ryland queimam lenha de nogueira branca , para dar ao tabaco uma bella côr amarella. Era todo o caso a lenha deve ser bem secca, e muito sã ; não se consen- tindo jamais que na casa de curar se queime lenha podre , ou que tenha cabido das arvores (*). P. 28." Se , quando o tabaco se estiver curando , sobrevier tempo húmido por bastantes dias , e a folha mostrar disposição para crear bolor , como é que isto se ha-de remediar? R. Fazendo algumas pequenas fogueiras de casca grossa de carvalho , ou de palha das espigas de trigo , para seccar a casa e destruir a humidade. Mas quan- to mais depressa se desfolhar , depois de ter sido cu- rado , tanto melhor. Todas as casas de curar (excepto aquellas em que se usam estufas) devem ter ventila- dores nos tectos para a sabida do fumo. — A manei- ra de construir um ventilador consiste em deixar uma abertura no tecto , de 9 palmos de comprido e 3 ou 4 de largo ; em torno da qual se porão taboinhas so- brepostas , como as que se usam nas janelias , até á altura de 4 ou 5 palmos, ficando fixas em ripas pre- gadas no telhado , e tendo um tecto particular com goteiras que vão deitar a agoa bem longe , para obs- (*] Era outros paizes usam-se outras qualidades de le- nha. Em cada logar seria conveniente que, por experiências repelidas, se examinasse qual lenha produziria melhor resul- tado, tanto pelo que respeita á còr do tabaco , como ao seu aroma; qualidades estas que, em parte, concorrem para o su- bido valor da producrão da Virginia, e das ilhas de Cuba e Filippinas. 18 tar a que a chuva peneire dentro. ;^Veja-se a figura 4/ que representa o tecto da casa de curar.) P. 29/ Como se deve descer o tabaco? R. Com muita altenção e de vagar. Elle deve ser estendido em taboas bem seccas, perfeitamente direi- tas , com as hastes das plantas sobrepostas umas 4s outras ; mas não ha-de ficar por muito tempo nesta situação , pois pôde creai bolor. Neste estado nunca se deve cubrir'com substancias vegetaes, como palha, ou feno, pois que adquire o cheiro destas plantas, e fica por isso destruído o cheiro que lhe é próprio. Na occasião de o desfolhar é quasi sempre melhor ajuntar as plantas da mesma cor. Para o enrolar ajuntara-se 6 ou 8 folhas , e com outra folha começa-se a enrolar, e assim se vae conti- nuando com outras folhas. P. 30.^ Por que motivo se deve descer o tabaco quando ainda estiver macio? R. Porque neste estado pôde ser mechido e lim* po muito facilmente sem se damnificar , o que se não pôde fazer com tanta conveniência quando estiver in- teiramente secco. P. 31.* O que se deverá praticar com o tabaco para o embarricar depois de ter sido desfolhado , es- tando macio? R. Estende-se na casa de curar , sobre varas que se arranjam em quadrados ; mas se sobrevier chuva , ou houver humidade durante muitos dias , accen- dem-se algumas fogueiras debaixo, delle para o sec- car. Com tudo, se 'a humidade não fôr muita, a tem- peratura do ar é preferivel para o seccar. Espera-se que o tabaco esteja perfeitamente secco , quer seja ao tempo , quer ao lume , c á medida que elle se fôr achando em bom estado, desce-se o mais brandamen- te possivel, e dcposita-se em outra parte, apertando-o primeiro entre as mãos para o endireitar , e depois carrega-se com grandes pczos para o conservar direi- to até se embarricar. 19 P. 3:2.* Qual ó a melhor estação para embarricar o tabaco? R. A primavera , porque o tempo é então mais quente , e póde-se bulir nelle sem tanto perigo. 33." Como é que se deve embarricar o tabaco? R. Para embarricar o tabaco devcra-se observar vários preceitos que lhe dão muito maior valor. 1.° Classifiquem-se as tolhas segundo a sua grandeza , côr e qualidade. 2.° Haja todo o cuidado era as pôr na barrica muito direitas, e um molho de cada vez, vol- tando sempre para fora a ponta de cada uma , e pon- do quatro ordens de folhas em cada camada ; isto é , forme-se no centro da barrica um quadrado de folhas ; e successivaraente , sobre as linhas deste quadrado po- nham-se folhas, sempre com os pés voltados para o centro da barrica ; c continue-se assim, de sorte, que os pés das folhas se vào com regularidade sobrepondo uns aos outros ; c depois de se terem posto duas ca- madas por esta maneira, começa-se então no contorno da barrica, eestendem-se outras duas camadas do mes- mo modo , indo do contorno para o quadrado. Depois comece-se novamente do quadrado para o contorno; e siga-se este processo alternadamente , pondo sempre duas camadas de folhas, até que a barrica esteja cheia. 3." Ponham-se na barrica umas dez camadas , antes de calcar o tabaco; tendo cuidado de pôr um panno entre este e o fundo da barrica para receber a poeira e evitar que se quebre. Os fundos das barricas devem ter duas ou três poUcgadas de grossura, devem ser de bua madeira, c ajustar bem nas barricas. Estas devem ser muito bem aplainadas por dentro para que o ta- baco se não esfarrape quando se calcar. Nunca se de- vem pôr folhas acima da borda da barrica para que não seja preciso carregar o fundo cora força. As di- mensões das barricas acham-se determinadas por lei no Estado da Virginia ; e são as seguintes : 52 polle- gadas de altura de um fundo ao outro; 3C a 38 no dia- 20 melro menor , e nao deve exceder 40 pollegadas no diâmetro maior. Não se devem rolar as barricas que contém tabaco fino, porque o damno que este soífre, pôde ser muito grande , diminuindo por isso o seu valor no mercado ás vezes de mais de um , ou de ura e meio por cento , sobre a despeza que se faria transportando-o em carros. As qualidades de tabaco , que mais geralmente se cultivam na Virginia , são conhecidas alli com os se- guintes nomes : Blue Prior, Yellow Prior, Sraall Frederick , Lar- ge Frederick , Long Green , White Stem , e Sweet scented-Orenoco (*). O lavrador poderá escolher o que mais lhe convier, mas o Blue Prior (Prior azul) é , na minha opinião , o que produz melhor do que qualquer outro em terras baixas , e nos terrenos férteis. E' uma qualidade de tabaco muito folhudo , e as suas hastes e fibras são menores do que em outra qualquer, e em fim, é o me- lhor para ser manufacturado. (*) Estas denominações podem ser traduzidas assim : Blue Prior Prior azul. Yellow Prior Prior amarcUo. Small Frederick Frederico pequeno. Large Frederict Frederico grande. Long green Verde comprido. White Stem Hastea branca. Sweet scented Orenoco Orenoco cheiroso. INSERT FOLDOUT HERE meli diarr N fino, gran ás Ví sobr( Al culti guini BI ge í scent O mas o qu( baix£ tabac menc Ihor (O Blue Yello Small Largc Long Whit Swee